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Geografia Econômica I

Profa. Mônica Arroyo.

Andréa Gonalez
Grazielle Cristina Bozi Costa
Lucas Daniel Moreira
Marcela Gomes Esteves
Willian Nogueira.

Atividade: Com base no capítulo 12 do livro “Adam Smith em Pequim. Origens e


fundamentos do século XXI” (ARRIGHI, Giovanni, 2008) e nas matérias jornalísticas de
outubro de 2008, responda as seguintes questões:

1) Giovani Arrighi propõe descartar “o mito de que é possível atribuir a


ascensão chinesa à sua suposta adesão ao credo neoliberal”. Explique como o
autor demonstra esta proposição.

Em seu texto Arrighi demonstra com vários argumentos que a ascensão chinesa não
deriva de uma adesão às propostas neoliberais.
As mudanças na estrutura econômica do país foram implantadas de maneira gradual
e movimentos bruscos e agressivos foram evitados. Terapias de choque, como as
defendidas no Consenso de Washington, foram relegadas. Além disso, há um claro
posicionamento que defende a criação de empregos em conjunto com as propostas de
reestruturação, possibilitando assim a estabilidade social. A busca de garantia de
reutilização proveitosa de recursos deslocados em virtude do aumento da concorrência é
outro indicativo da não adesão à postura neoliberal.
A China recebeu conselhos e auxílio de órgãos claramente vinculados ao programa
neoliberal (Banco Mundial), mas sempre os captou de acordo com seus próprios interesses
e nos termos que lhe conviesse, a mesma regra foi utilizada para a recepção de
investimentos estrangeiros: eram bem vindos, dede que servissem ao interesse nacional em
1º lugar.
Talvez o fator chave que defina a não adesão da China ao postulado neoliberal seja
o processo de privatização e desregulamentação mais seletivo que se deu no país. Ao invés
de privatizações em massa, como vistas em vários outros países em expansão econômica ,
na China o que se deu foi o estabelecimento de concorrência entre empresas privadas e
públicas e entre as próprias empresas públicas.

2) De acordo com Arrighi, as características do retorno da china à economia de


mercado na concepção de Adam Smith de desenvolvimento com base no
mercado. O autor fala das “características smithianas das reformas chinesas”.
Enumere essas características.

No decorrer da leitura do texto de Smith “Origem e dinâmica da ascensão chinesa”


podemos identificar inúmeras características smithianas fase expansão da economia
chinesa. Entre elas podemos citar: O gradualismo das reformas e da ação estatal que visava
expandir e dinamizar a divisão social do trabalho, a expansão maciça da educação, a
subordinação dos interesses capitalistas ao interesse nacional, o estímulo ativo à
concorrência entre capitalistas e o papel preponderante da formação do mercado interno e
da melhoria das de vida nas áreas rurais.

3) Arrighi afirma que forma de acumulação por desapropriação ocorreu em


conjunto com uma acumulação sem desapropriação. Aponte as diferenças
entre os dois processos de acumulação existentes na ascensão chinesa.
O processo de acumulação sem desapropriação se caracteriza pelo não retirada dos
meios de produção do campesinato sem haver criação de correspondente de condição de
demanda para a reabsorção dos empregos assalariados. Na China tal forma de acumulação
pode ser exemplificada com as Empresas de Aldeias e Municípios – EAMs. Advindas com
a descentralização fiscal e da avaliação dos quadros com base no desempenho econômico
das localidades, as EAMs tornaram – se fontes primarias da reorientação das energias
empresariais e principais agentes da realocação de excedentes agrícolas para a realização de
atividades industriais com uso intensivo de mão de obra que pudesse absorver
produtivamente e excesso de trabalhadores rurais, além disso podemos citar as EAMs
contribuíram para o reinvestimento e a redistribuição do lucro industrial nos circuitos locais
e em formas de consumo coletivo.
A fato é que a separação entre produtores agrícolas e meio de produção foi mais
uma conseqüência da destruição do capitalismo do que uma de suas pré-condições.
Como exemplos de acumulação por desapropriação podemos citar a tentativa de
transformar os direitos de propriedade vagamente definidos em propriedades por ações ou
puramente privadas. O processo de desregulamentação e de privatização, mesmo que
seletivo e gradual, também é índice de acumulação por desapropriação.

4) Nos últimos anos, a China desempenhou um papel importante no


redirecionamento de superávit do Sul para destinos do próprio Sul. O que isto
significa no contexto da hierarquia global de riqueza e poder comandada
pelos Estados Unidos.

No texto Arrighi pudemos observar que o advento da China no cenário econômico


mundial provocou uma inversão na influência dos EUA e da própria China na Ásia oriental
e também no mundo todo. Joshua Cooper ramos nos diz que a China lidera o surgimento
de um caminho para os outros países do mundo não só se desenvolverem, mas também para
se encaixarem na ordem internacional, de modo a permitir que sejam verdadeiramente
independentes, protegendo seu modo de vida e suas opções políticas.
A noção de localização, reconhecimento da importância de ajustar o
desenvolvimento às necessidades locais, e a noção de multilateralismo , reconhecimento da
importância da cooperação entre os estados para construir uma nova ordem global com
base na independência econômica, são fatores, trazidos pelo redirecionamento dado pela
China, muito atraentes para os países do Sul.
Sintetizando, China tem desempenhado um papel importante no redirecionamento
de superávit do Sul para destinos do próprio Sul, isto significa no contexto da hierarquia
global de riqueza e poder comandada pelos Estados Unidos que talvez estejamos
caminhando para uma contenção da subversão, liderada pela China, da hierarquia global da
riqueza, com o cooptação dos Estados do Sul em Alianças Norte-Sul. Outra possibilidade é
o ressurgimento de uma nova aliança do Terceiro mundo, visando contrabalançar a
subordinação econômica e política, porém levando em conta a integração econômica
global.

5) A partir do material jornalístico, faça uma análise dos possíveis impactos da


atual crise financeira no território chinês.

Com a leitura do material jornalístico publicado em outubro de 2008 em jornais de


grande circulação do Brasil podemos notar que a China inicialmente, em virtude do modo
de expansão de sua economia, menos liberalizante, resistiu melhor às crises econômicas.
Porém podemos notar que a economia chinesa está à mercê da desaceleração dos mercados
mundiais. Mesmo com uma estrutura econômica menos liberalizante a China é diretamente
dependente das economias externas, ou seja, importadoras de seus produtos. Com a crise
financeira mundial e a conseqüente desaceleração do mercado, os níveis de importação
desses países devem cair, assim como a produtividade chinesa, que corre o risco de ficar
com excedentes de produção encalhados e viver uma onda de demissões. A crise dos
excedentes pode ser agravada pela falta de poder aquisitivo do mercado interno chinês, que
atualmente possui uma renda per capta inferior a metade da renda brasileira.

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