dilemas com os quais os moradores de rua se deparam na realidade brasileira, que afronta, consequentemente, o ideal aristotélico - o ser humano é um animal político e deve viver inserido na sociedade para se desenvolver plenamente – devido á passividade social, familiar e estatal diante desses indivíduos. Posto isso, essa questão social se configura em um cenário desafiador, seja pela fragilidade das relações humanas, seja pela inescrupulosa atuação do Estado.
De fato, ao analisar a questão social dos moradores de rua por um prisma
estritamente sócio-familiar, nota-se que essas duas estruturas são, hodiernamente, frágeis. O sociólogo Zygmund Bauman define a sociedade atual como modernidade líquida, devido à fragilidade dos laços humanos que enfraquece a solidariedade e que0, estimula a insensibilidade em relação ao outro. Diante disso, pode-se utilizar a ideia de Bauman para explicar a falta sensibilidade da sociedade e do núcleo familiar diante dos moradores de ruas que são “invisíveis” aos olhos de uma população, em parte, segregacionista que está inserida em um sistema que prega o egocentrismo em detrimento de práticas filantrópicas , mitigando amadurecimento social.
Ademais, ressaltam-se as falhas do Poder Público. A banda 3030, na
música Mundo de Ilusões, enfatiza que a sociedade brasileira não possui senso crítico, sendo ela surda, muda e sem visão, pois muitas pessoas são insensíveis aos problemas sociais, já que estão amordaçados pela manipulação de um sistema tirano. Sendo assim, é indubitável que o trabalho do Estado em criar projetos de acolhimento aos moradores de ruas se resume em uma ‘’tarefa de Sísifo’’- árdua e inútil- já que grande parte da sociedade não coopera, pois o governo não fomenta campanhas educacionais que despertem o senso crítico na população e que minimizem a passividade social diante desse problema, dificultando a efetividade da dignidade humana dos moradores de rua. Portanto, O Poder Público deve oferecer casas populares, qualificações profissionais e encaminhamentos para empregos legais com carteira assinada aos moradores de ruas, por meio de incentivos fiscais para as empresas participantes dos projetos de solidariedade, a fim reinseri-los na sociedade ativa para que eles adquiram um propósito no meio social. Outrossim, A Mídia, por meio de novelas, de documentários e de propagandas, deve difundir campanhas de conscientização social, a fim de desconstruir ideologias retrógradas acerca dos moradores de rua, fomentando amadurecimento social.