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MESTRADO EM CONSTRUÇÃO
Outubro de 2004
Prefácio
1. Alvenaria de pedra 1
1.1. A alvenaria de pedra 4
1.2. Tipos de paredes de alvenaria de pedra / cantaria 6
1.1.1. Parede de cantaria ou enxilharia 6
1.1.2. Parede de alvenaria de pedra aparelhada 8
1.1.3. Parede de alvenaria ordinária de pedra 9
1.1.4. Parede de alvenaria de pedra seca 10
1.1.5. Parede mistas de alvenaria 11
2. Diagnóstico 13
2.1. Considerações gerais 13
2.2. Técnicas não-destrutivas 14
2.2.1. Exame macroscópico 14
2.2.1.1. Inspecção visual pormenorizada 14
2.2.1.2. Monitorização de edifícios 15
2.2.2. Análise fotográfica 17
2.2.3. Análise de imagem 17
2.2.4. Fotogrametria 18
2.2.5. Termografia e termovisão 20
2.2.6. Boroscopia 21
2.2.7. Métodos electroquímicos 21
2.2.7.1. Medição da humidade superficial em paredes 21
2.2.8. Métodos químicos 22
2.2.8.1. Identificação de sais em eflorescências e na água 22
2.2.8.2. Medição da humidade no interior das paredes 23
2.2.9. Métodos dinâmicos 23
2.2.9.1. Tomografia sónica na alvenaria 23
2.2.9.2. Ensaios ultra-sónicos 24
2.2.9.3. Medição da velocidade dos impulsos mecânicos 25
2.2.10. Avaliação da porosidade por meio do ensaio de Karsten 25
2.2.11. Detecção de elementos metálicos ocultos 26
2.3. Técnicas destrutivas 26
2.3.1. Exame binocular e ao microscópio petrográfico 26
2.3.2. Ensaios de comportamento mecânico 28
3. Anomalias e respectivas causas 29
3.1. Considerações gerais 29
3.2. Agentes agressores 30
3.2.1. Agentes agressores e mecanismos de alteração 30
3.2.1.1. Agentes agressores 30
3.2.1.2. Mecanismos de alteração 34
3.3. Anomalias de origem física / mecânica 36
3.3.1. Erosão 36
3.3.2. Fendilhação / fissuração 36
3.3.3. Desagregação 40
3.3.4. Destacamento em placas 40
3.4. Anomalias de origem química 42
3.4.1. Alteração cromática 42
3.4.2. Sujidade / depósito superficial 43
3.4.3. Empolamento / bolha 44
3.4.4. Eflorescências / criptoflorescências 45
3.4.5. Arenização / pulverização 46
3.5. Anomalias de origem biológica 46
3.5.1. Presença de vegetação 46
3.5.2. Fungos / líquenes 47
3.5.3. Patina biológica 48
3.5.4. Outros agentes biológicos 49
4. Técnicas de reparação não estrutural 50
4.1. Considerações gerais 50
4.2. Soluções para humidades ascendentes 50
4.2.1. Formação de barreiras químicas 50
4.2.2. Corte mecânico com inserção de barreiras impermeáveis 51
4.2.3. Execução de valas drenantes 52
4.2.4. Drenos atmosféricos (ou de Knapen) 52
4.2.5. Sistemas electro-osmóticos 53
4.2.6. Remoção de bolores 54
4.2.7. Remoção de cogumelos 54
4.3. Soluções para humidades de condensação 54
4.4. Soluções para infiltrações 55
4.4.1. Barreiras físico-químicas exteriores 55
4.4.2. Técnicas para evitar infiltração (precipitação) 55
4.5. Rebocos desumidificadores 56
4.6. Rebocos armados em alvenarias 56
4.7. Argamassas projectadas em alvenarias 57
4.8. Resumo das técnicas de reabilitação não estrutural 58
5. Conclusões 59
6. Referências 62
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1. A PEDRA
Em Portugal e no mundo (Figs. 1 e 2), desde tempos remotos até praticamente ao primeiro
quartel do séc. XX, altura em que o betão armado se assumem como materiais estruturais, a
pedra foi sempre empregue como componente principal das estruturas, de forma isolada ou
assente em leitos de argamassa.
Fig. 2 - Templo de Atena Nike, Acrópole de Atenas, Grécia (à esquerda) e Coliseu de Roma,
Itália (à direita)
A escolha do tipo de pedra a utilizar varia consoante a zona do edifício em questão. Assim:
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nas zonas de Trás-os-Montes, Beiras e Douro Litoral, onde predomina o granito, é esta a
rocha mais utilizada na construção (Fig. 3, à esquerda);
no Douro e nas Beiras, é o xisto;
nas regiões de Lisboa e Alentejo, é o calcário.
Em alguns casos, pode-se encontrar o uso de cal hidratada com óleo. Este tipo de cal substitui
com vantagens qualquer tipo de argamassa bastarda, oferecendo grande plasticidade,
resistência e durabilidade, bem como ausência de fissuras durante e posteriormente à presa da
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Fig. 4 [14] - Duas fases (enchimento do forno e cozedura do calcário) da execução de cal
Fig. 5 - Pedreiro talhando pedras de cantaria, Castro d’Aire (à esquerda) [45] e aplicação de
argamassa como ligante entre as pedras na execução de uma parede de alvenaria ordinária de
pedra (à direita)
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trabalhabilidade;
compatibilidade com a função que deve exercer;
compatibilidade com o material que lhe vai estar adjacente - argamassa.
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As paredes de pedra / cantaria dividem-se em três grandes grupos de acordo com a Fig. 10.
Este tipo de parede é formada por pedras aparelhadas, designadas por enxilhares (ou silhares),
com forma de prismas rectangulares de dimensões variadas, e aparelho pouco cuidado
(enxilharia). Quando apresentar uma maior regularidade de dimensões e, por conseguinte, na
altura das fiadas, designa-se por cantaria.
As paredes de cantaria são a alvenaria de pedra aparelhada mais nobre. Este tipo de parede
pode ser ou não argamassada (Figs. 12 e 13).
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Fig. 11 - Cadeia da Relação, Porto (à esquerda) [14] e Mosteiro de Santa Maria do Bouro (à
direita)
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Este tipo de parede é formado por pedras com uma face aparelhada (a face à vista). Existem
vários tipos de aparelhos:
aparelho rústico;
aparelho regular.
O aparelho rústico ou aparelho poligonal era constituído por pedras irregulares de dimensões
variáveis, sobrepondo-se pelas suas faces semelhantes, mas sem formar leitos ou fiadas
horizontais (Fig. 14).
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São paredes constituídas por pedras toscas, angulosas ou roladas, de forma e dimensões
irregulares, assentes pela face que se apresentar mais regularizada, ligadas entre si por uma
argamassa ordinária de cal hidráulica e areia (Figs. 16). Esta é a solução construtiva mais
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São paredes também constituídas por pedras toscas, angulosas ou roladas, de forma e
dimensões irregulares, assentes pela face que se apresentar mais regularizada, mas, ao
contrário da alvenaria ordinária, esta não é argamassada (Fig. 18)
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Pode-se encontrar este tipo de alvenaria em algumas zonas do Minho, Douro, Trás-os-Montes
e Alentejo. É utilizada principalmente na construção de paredes das habitações que se
situavam em zonas rurais, como limite de terrenos e em enrocamentos (Fig. 19). O granito e o
xisto são as pedras escolhidas para esta alvenaria. A técnica de construção destas paredes
dispensa o uso de argamassa na ligação das pedras entre si, tendo-se desenvolvido
principalmente nas zonas onde a cal era escassa.
Fig. 19 [45] - Conjunto de edifícios em Mases, Lazarim (à esquerda) e Rua dos Quartéis em
Castelo Bom, Beira Alta (à direita)
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2. DIAGNÓSTICO
2.1. Introdução
Neste capítulo, faz-se referência ao estado do conhecimento actual das técnicas de inspecção e
ensaio de anomalias em alvenaria de pedra ordinária (Fig. 22), considerando também algumas
técnicas aplicáveis a elementos metálicos, por estes poderem fazer parte das alvenarias, sob a
forma de gatos ou chumbadores.
Alguns destes métodos são de aplicação simples e imediata (por exemplo, a inspecção visual
macroscópica). Outros exigem o emprego de equipamento sofisticado que obriga à colabora-
ção de equipas de especialistas (por exemplo, a termografia, a boroscopia ou a fotogrametria).
Para isso, tem de se conhecer as suas capacidades para poder solicitar o seu emprego e poder
interpretar os seus dados. Os métodos instrumentais de análise de elementos não estruturais
em alvenaria de pedra podem organizar-se em duas categorias (Quadro 1): os não destrutivos,
em que se podem observar e analisar os objectos sem que seja necessário destruí-los; os
destrutivos, que exigem que a amostra recolhida sofra manipulação adequada (moagem,
dissolução, etc.) de modo a permitir a aplicação das técnicas de análise.
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Como equipamento, tem-se um alongâmetro mecânico de milésimos, utilizado para medir, com
precisão, pequenos deslocamentos em juntas e fissuras. Usa-se também uma barra padrão,
cuja finalidade é corrigir os valores lidos da influência tanto de variações de temperatura no
aparelho, como de esforços a que este possa ser submetido durante a sua utilização.
A análise das leituras ao longo do tempo permite ter uma ideia da tendência do movimento
para um agravamento, para uma estabilização, para uma recuperação ou para uma variação
cíclica. Permitirá eventualmente estabelecer relações causa-efeito com acções ou ocorrências a
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Existem aparelhos que permitem medir a variação de fissuras e fendas, utilizando meios
mecânicos e eléctricos. Correntemente, porém, são colocados sobre as fissuras “testemu-
nhos” constituídos por calços de gesso, tiras de vidro ou de papel, que apenas permitem
detectar, grosseiramente, eventuais acréscimos da abertura ou deslizamento da fissura,
sem permitirem contudo, quantificar a sua evolução.
Pode-se ainda utilizar o comparador de fissuras e o medidor óptico de fissuras (Fig. 24),
que permitem quantificar, respectivamente, com menor ou maior rigor a abertura das
fissuras, podendo ser utilizados para complementar os dados recolhidos pelo fissuróme-
tro, que apenas permite medir a variação da abertura. A análise das leituras ao longo do
tempo permite recolher o mesmo tipo de informação obtido com o alongâmetro (Fig. 25).
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As fotografias tradicionais (Fig. 26) são tiradas com luz branca, visível. Deve-se fazer
fotografias de aspectos de conjunto, bem como dos pormenores mais relevantes, como as
anomalias da alvenaria, o registo de restauros efectuados no decorrer do tempo, etc..
Designa-se por “análise de imagem” o conjunto de todas as técnicas, quer macroscópicas quer
microscópicas, que permitem, a partir da recolha da imagem, quer por fotografia como por
filmagem, tratar essas imagens matematicamente, de modo permitir a quantificação dos
aspectos observáveis nessa documentação gráfica. Com efeito, a análise de imagem baseia-se
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A principal vantagem desta técnica é ser não destrutiva, e permitir uma elevada rentabilidade
em termos de tempo gasto nas operações de exames e análise. É ainda uma técnica com
elevado grau de fiabilidade.
A informação contida num sinal pode ser transmitida de forma contínua ou discreta. Os sinais
contínuos ou analógicos podem ser interpretados como ondas ou vibrações e a sua descrição
matemática faz-se com base na análise de Fourier. Para que uma imagem possa ser
processada por um computador, tem de ser digitalizada ou seja expressa por uma série de
números. A digitalização das coordenadas espaciais de uma imagem faz-se por meio de uma
amostragem da imagem em que a grandeza da digitalização é definida pela quantificação do
nível do cinzento.
2.2.4. Fotogrametria
A fotogrametria (Fig. 27) permite obter uma representação gráfica e numérica fiel dos obje-
ctos fotografados, independente de qualquer hipótese preliminar sobre as formas geométricas
dos elementos que compõem e sobre a representação espacial destes. Esta técnica baseia-se na
reconstituição de uma visão binocular de um objecto, observado de duas posições diferentes.
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Esta representação é muito útil para a figuração de porções (fachadas, pilares, etc.) de
monumentos (Fig. 28) onde se pretende fazer o rastreio dos tipos litológicos presentes e/ou
das anomalias que os elementos exibem. Permite a “leitura” das fachadas, das colunas, das
abóbadas em termos da sua descrição pormenorizada, com representação gráfica adequada
que dá o tipo e a intensidade do fenómeno observado. É um precioso auxiliar da visão
macroscópica e do registo fotográfico.
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A temperatura de um objecto pode ser obtida função da energia radiante que ele emite e que é
proporcional à temperatura a que se encontra. É particularmente interessante a utilização de
radiações infravermelhas de origem térmica emitidas pela superfície do objecto (parede,
coluna. etc.) que se quer estudar (Fig. 29).
É necessário ter em atenção que não se obtêm medições correctas em objectos colocados atrás
de vidros pois estes não transmitem a radiação infravermelha. Devem ter-se cuidados
especiais com medições feitas em objectos expostos à radiação solar directa. Os valores
obtidos pecam por excesso, já que são a soma das radiações infravermelhas reflectidas e
emitidas pelo objecto em observação.
A termovisão é uma técnica de grande interesse já que, com base nas radiações infravermelhas
de origem térmica emitidas por uma superfície, usa uma câmara especial sensível àquelas
radiações e com resposta nos comprimentos de onda de 5 a 6 μm. A câmara pode explorar
superfícies horizontais ou verticais de monumentos e o sinal de saída do captador é tratado de
modo adequado por computador de modo a formar uma imagem do objecto em um monitor a
cores. Existe uma escala cromática a que corresponde a escala de temperaturas.
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Esta técnica possibilita revelar zonas mais húmidas do que outras, zonas de destacamentos
diversos, descontinuidades da superfície e modificações que houve em fachadas e paredes
(antigas portas, janelas, etc.).
2.2.6. Boroscopia
O boroscópio consiste numa haste delgada dotada, numa das extremidades, de uma ocular
e, na outra, de uma objectiva e um prisma. A fim de permitir a iluminação da cavidade a
observar, um segundo sistema óptico é montado no interior da mesma haste e conduz um
feixe luminoso intenso que é dirigido para o campo observado.
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Pode fazer-se uma análise tirimétrica, em que se usa uma solução titulante específica que é
adicionada progressivamente até a um ponto de viragem, detectado geralmente por mudança
de cor ou de condutividade. Outro tipo de análise a fazer é a colorimétrica, onde é usado um
excesso de reagente específico, que é adicionado, formando-se um produto corado e sendo a
intensidade da cor proporcional à concentração da espécie a analisar.
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Para este tipo de medição, dever-se-á recolher amostras da estrutura em estudo e colocá-las num
depósito metálico (Fig. 33) com uma tampa dotada de um sistema de aperto capaz de garantir
uma vedação hermética, onde se dá a reacção entre a humidade presente na amostra e o
carboneto de cálcio. Devido à vedação hermética do depósito, a produção de gás (originado na
reacção química) traduz-se num aumento de pressão, que é medido por meio de um manómetro.
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velocidade de propagação do som numa secção plana da estrutura em estudo, com o objectivo
de identificar heterogeneidades e áreas de deficiente resistência. O equipamento é constituído
por um gerador da onda de tensão, um martelo ou um impactor calibrado, um acelerómetro
receptor e um dispositivo para registar o impulso inicial e a onda recebida.
O uso dos ultra-sons (Fig. 35) na avaliação de descontinuidades e defeitos nos materiais
pétreos (e outros) é de aplicação corrente. Os ultra-sons têm a propriedade de percorrer um
dado objecto a uma velocidade de alguns milhares de metros por segundo (consoante os
materiais) e de serem reflectidos quando encontram materiais com densidades diferentes como
é o caso de uma descontinuidade do meio (fractura, poro, etc.) ou quando encontram a
superfície que limita o objecto em estudo. O tempo de atraso e a intensidade da onda
reflectida dão indicações sobre a posição e a natureza do defeito encontrado.
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A superfície do bordo do tubo que irá ficar em contacto com a parede é coberta com
mastique e pressionada contra a superfície. Após o endurecimento do mastique, o tubo é
cheio com água até ao seu nível máximo, sendo o abaixamento do mesmo medido aos 5,
10 e 15 minutos.
Existem detectores de metais (Fig. 37) que permitem identificar a localização / existência de
elementos metálicos dentro da alvenaria (por exemplo, esticadores) que têm, no entanto, o
inconveniente de também detectarem outros elementos metálicos não pretendidos.
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Com este exame, procura-se observar o material em condições de ampliação que podem ir de
duas a 20 vezes, na generalidade dos casos. Normalmente, este tipo de observação permite es-
tudar a textura e mesmo diagnosticar alguns produtos, mas principalmente permite separar e
escolher adequadamente material para exames mais elaborados (difracção dos raios X, infra-
vermelhos, etc.). O material, normalmente branco, facilmente solúvel na água, que é colhido
em crostas e eflorescências, é estudado previamente neste exame, já que não permite a
elaboração de lâminas delgadas e/ou superfícies polidas para exame no microscópio
polarizante (Fig. 38). Igualmente, são estudados à lupa binocular inúmeros fungos e líquenes,
fazendo-se assim uma análise prévia a que se seguirá, ou não, o exame mais pormenorizado
ao microscópio.
O microscópio polarizante permite que lhe sejam associados aparelhos fotográficos e sistemas
diversos de análise de imagem. A acrescentar ao já referido, o microscópio óptico, quer
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Estes ensaios visam contabilizar através de avaliações a amplitude dos danos. Podem efectuar-
se os seguintes ensaios, em laboratório ou in situ:
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Na origem das anomalias, podem estar erros humanos, provocados ao longo das várias fases
por que passa uma construção, e, de um modo que merece especial destaque, durante o seu
período de utilização, pela ausência, insuficiência ou inadequação da manutenção. A falta de
manutenção associada à avançada idade dos edifícios agrava a generalidade das situações
anómalas, contribuindo de forma decisiva para o estado de degradação dos materiais e, muitas
vezes, para o próprio colapso do edifício. Pode manifestar-se sob várias formas:
escorrência de águas;
materiais destacados dos paramentos;
zonas em que as alvenarias se encontram à vista (degradação dos revestimentos e/ou
acabamentos do exterior);
fendilhação dispersa nos paramentos;
degradação dos caixilhos dos vãos exteriores;
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As principais anomalias não estruturais que se podem encontrar nas paredes em alvenaria
ordinária de pedra podem incluir-se nos seguintes grupos:
As agressões raramente são originadas por um elemento único nem por um mecanismo de
alteração único. No entanto, para melhor sistematizar, optou-se por fazer uma clara separação
dos diversos tipos de agentes agressores e de mecanismos de alteração a que dão lugar.
Alguns agentes químicos capazes de deteriorar as alvenarias de pedra estarão na sua própria
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composição, nos materiais com as quais contactam - nas alvenarias de base, nas argamassas de
assentamento, nos materiais empregues nas suas ligações, etc. - no solo, em casos particulares
de exposição em atmosfera salina, ou na composição de produtos utilizados na limpeza ou
conservação das construções.
São normalmente sais solúveis - nomeadamente sulfatos, cloretos, nitratos, e com menos
frequência carbonatos - arrastados pela água que cristalizam quando esta se evapora
constituindo as eflorescências (quando a cristalização se dá junto à superfície) ou
criptoflorescências quando se dá no interior da pedra.
A água
Além da acção que pode exercer por si mesma, é indispensável, para que a água exerça a sua
acção destrutiva, a presença de gases e de sais solúveis, pois participa na maior parte das
reacções químicas que se dão nos materiais. Pode haver absorção de água, formando-se uma
película intergranular (sobretudo em argilas, micas, cloratos, etc.) que só se conseguirá
eliminar por intercâmbio molecular.
A água retida por acção capilar só poderá ser eliminada se forem aplicadas forças superiores
às da acção de sucção produzida pela capilaridade. A quantidade de água retida por
capilaridade dá uma informação valiosa acerca do tamanho dos poros. Também pode haver
água em circulação livre pelos micro-canais de maior diâmetro. Esta água é fácil de eliminar.
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A origem dos gases que exercem uma acção agressiva contra os materiais encontra-se
basicamente no ar contaminado por efeitos das combustões nocivas dos automóveis,
indústrias, centrais térmicas, etc., e, de uma forma menos importante, na acção biológica de
certos fungos e bactérias. Os gases agressivos existentes numa atmosfera contaminada são
basicamente o CO2 e o SO2. Não obstante, numa atmosfera limpa também existe algum
conteúdo de CO2, ainda que consideravelmente inferior ao existente no ar contaminado.
Mais importante, pela sua maior agressividade e volume, é a acção do SO2. As agressões
causadas aos materiais pelo efeito do SO2 têm lugar a partir da interacção entre SO4H2 e os
constituintes, sobretudo em revestimentos com componentes calcários que se transformam em
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A produção de ácidos como consequência da acção de fungos e de bactérias, ainda que de pe-
quena influência em termos quantitativos, deve-se basicamente ao ácido cítrico e oxálico dos
fungos, e às oxidações do N2 do ar por certas bactérias que, com a inclusão da água da chuva,
se transformam em nitratos, além de outras oxidações, como a dos sulfuretos em sulfatos.
Os sais solúveis
O efeito dos sais solúveis é mais frequente e extenso. Geralmente, são sulfatos e cloretos de
sódio, de potássio, de cálcio e de magnésio, nitratos de sódio, de potássio e de cálcio e
carbonatos de sódio e potássio. Põem-se em movimento através da água, acumulando-se e
cristalizando nas zonas de evaporação. Os movimentos de água no estado líquido e as
alterações de humidade fazem com que os sais cristalizem, se hidratem e se dissolvam,
repetindo-se cada ciclo até à destruição do material.
A sua origem pode estar nos materiais originais ou de restauro, os quais podem contê-los ou
produzi-los por alteração. Pode estar igualmente no ar, como consequência da contaminação
ou do transporte desde as zonas marítimas. Pode também encontrar-se no solo como
consequência de transformações de resíduos orgânicos, introduzidos no material por
capilaridade. Finalmente, pode ser consequência do emprego de produtos de limpeza,
conservação e consolidação inadequados.
A poluição
A expansão dos centros urbanos, o seu trânsito cada vez mais intenso e as indústrias cada vez
mais numerosas e mais potentes têm contribuído para um vertiginoso acréscimo da poluição
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O grau de deterioração sofrido pela alvenaria de pedra está relacionado não só com a
composição qualitativa e quantitativa dos agentes de poluição como com as características dos
próprios materiais. Assim, a sua composição química (substâncias reactivas) e mineralógica
(minerais susceptíveis de meteoriação, ligação entre partículas) e as suas propriedades físicas
(porosidade, superfície específica, porometria) são parâmetros de que depende a sua
susceptibilidade aos agentes agressivos. Compreende-se, portanto, que o ataque e destruição
da alvenaria de pedra resultem de uma interligação complexa de factores, de difícil análise.
Como se disse, os poluentes atmosféricos têm uma importante acção na deterioração das
alvenarias de pedra. Como muitos deles se encontram presentes simultaneamente, é muito
difícil, senão impossível, quantificar o efeito de cada um isoladamente. Os poluentes com
maior incidência na deterioração das alvenarias de pedra são os seguintes: compostos
oxigenados de enxofre, dióxido de carbono, óxidos de azoto, ácido clorídrico e cloretos, ácido
fluorídrico e fluoretos, ácido sulfídrico, ozono, amónia e poeiras.
A dissolução e a hidrólise
A força mais intensa que é exercida pela água é o seu poder de dissolução. A capacidade de
dissolver da água intensifica-se por adições que lhe dão, muitas vezes, o carácter de um ácido.
Essas adições efectuam-se no ar na forma de CO2 e como NO2, resultante do N2 e do O2
existentes no ar.
Qualquer material vê afectada a sua resistência quando se dissolvem partes da sua estrutura.
Devido à heterogeneidade de muitos materiais, as partículas da superfície apresentam
diferentes solubilidades. A água penetra também nos vários pontos em diferentes
profundidades, produzindo uma superfície desigual e enfraquecendo progressivamente o
material. Com a dissolução das partículas facilmente solúveis, as zonas salientes que surgem
da superfície desigual perdem a sua coesão e estabilidade, destruindo-se com o tempo.
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Os processos biofísicos
Os líquenes são associações simbióticas entre fungos e algas. São considerados organismos
pioneiros, pois dão substância ao colonizar e tornar férteis para a fixação de outros
organismos, nomeadamente vegetais, às superfícies das alvenarias de pedra. Sobrevivem em
condições climatéricas muito precárias. A existência de líquenes (algas e fungos) é também
um indício de uma alta concentração de humidade (capilar, proximidade de lençóis
freáticos...) e constituem a primeira fase de um solo com capacidades de suportar espécies
mais elaboradas.
Os efeitos destrutivos das plantas centram-se essencialmente na expansão das suas raízes e na
acção química que o CO2 que libertam, auxiliado pela água, provoca nos materiais calcários.
Dentre os animais, sobretudo as aves, é de assinalar a acção destruidora das pombas cujos
excrementos contêm nitratos, grande quantidade de enxofre e 2% de ácido fosfórico.
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Os processos bioquímicos
Não está completamente provada a acção dos fungos sobre as alvenarias de pedra. Os mais
activos, Aspergillum Niger, Spicaria sp e Penincillum sp, são responsáveis pela produção de
ácido cítrico e oxálico a partir de soluções de glucose a 5%, que poderá ser responsável pelo
desgaste do material nos locais onde se fixam.
3.3.1. Erosão
É uma modificação que arrasta uma perda de massa à superfície da parede. Se as causas da
erosão são mecânicas (resultado do impacto de partículas), designa-se como abrasão; Quando
as causas são químicas ou biológicas, designa-se como corrosão. Quando as causas são
antrópicas, diz-se usura [1]. As causas da erosão encontram-se nos agentes atmosféricos,
como o vento, a água de precipitação e a acção do gelo.
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As fissuras são aberturas longitudinais que afectam a superfície dos elementos ou apenas o seu
acabamento. A fissura constitui assim uma primeira etapa de uma fenda, apesar de possuir
uma origem e evolução distintas.
As fendas podem ocorrer nas zonas correntes das paredes, junto às aberturas de vãos, ou na
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No caso dos revestimentos do tipo cimentício (rebocos), podem observar-se vários tipos de
fendas / fissuras:
• sem orientação preferencial e de pequena largura (Fig. 44, à esquerda) afectando, em ge-
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ral, praticamente todo o revestimento do paramento; este, quando percutido com o cabo
de um martelo, soa a oco em várias zonas, em especial sobre as fendas, devido ao des-
colamento do revestimento relativamente ao suporte; com o decorrer do tempo, pode no-
tar-se uma evolução no sentido da predominância de fendas com orientação horizontal;
• com orientação preferencialmente horizontal desde o início (Fig. 44, à direita), em cor-
respondência com o traçado das juntas de assentamento dos tijolos ou blocos da parede;
• de traçado contínuo ao longo das junções de materiais de suporte diferente, quando
revestidas em continuidade;
• desenvolvendo-se a partir dos cantos de quadros de vãos abertos nas paredes do suporte.
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• desacompanhamento da cura.
As fissuras que se formam no revestimento e não penetram no suporte podem ou não ser
acompanhadas de perda de aderência nas zonas contíguas aos seus bordos. Deve, então,
começar-se por efectuar o diagnóstico da situação em presença. A detecção da existência ou
não de descolamento pode realizar-se de modo expedito, batendo ao de leve no paramento na
área adjacente à fenda, e verificando se soa a oco (tipo de som que indica a perda de aderência
do revestimento de suporte).
3.3.3. Desagregação
Este tipo de acções, juntamente com a poluição, são responsáveis pelo desgaste superficial das
paredes que, no caso de serem constituídas por pedras de má qualidade, podem atingir níveis
preocupantes de deterioração.
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O destacamento do reboco ocorre em geral depois de ter ocorrido o seu empolamento, devido
ao ataque da argamassa pelos sulfatos solúveis na água, em consequência da presença
prolongada de água no suporte. Relativamente aos rebocos de execução recente, o seu
destacamento pode ocorrer por nunca ter sido estabelecida a aderência entre este e o suporte,
ou por a retracção do reboco ter provocado a rotura por corte relativamente ao suporte (tosco
da parede ou camadas subjacentes de reboco antigo) em virtude de o reboco ser demasiado
“forte” para o suporte em questão.
Os diversos tipos de patologia referidos nas alíneas anteriores coexistem frequentemente num
mesmo edifício e são, em geral, independentes.
A alteração cromática define-se como uma variação de parâmetros de cor. Na sua origem
podem encontrar-se diversos factores (Fig. 47). Mancha é uma alteração cromática numa zona
circunscrita e contrastante com as zonas vizinhas.
As alterações químicas que podem conduzir à erosão química correspondem a uma alteração
molecular (reacção química a substâncias atacantes). Estes contaminantes podem ser atmosfé-
ricos, sais ou álcalis dissolvidos em águas de capilaridade, filtração ou acidentais e produtos
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A sujidade consiste num depósito compacto de extensão limitada, com crescimento não
paralelo à superfície, que resulta da acumulação de material estranho, de natureza diversa, que
resulta numa alteração cromática da rocha numa zona circunscrita e contrastante com as zonas
vizinhas (Fig. 48).
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O principal sintoma desta patologia (Fig. 49) é o descolamento do revestimento com formação
de convexidades em grandes áreas do paramento ou somente numa ou noutra área muito
localizada (correspondendo, por vezes, apenas às áreas das faces de alguns blocos da parede),
seguida de queda do revestimento. Este destaque do revestimento inicia-se nas zonas onde
começou o empolamento e depois, se essa zona não for reparada, alastra-se à generalidade do
paramento por perda de aderência do revestimento ao suporte.
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As anomalias mais frequentes que resultam desta ocorrência são a formação e destacamento
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Esta anomalia caracteriza-se pela desintegração dos paramentos em fragmentos arenosos com
queda espontânea do material [2]:
Na sua origem estão outras anomalias e resulta de processos químicos associados às acções
físicas dos agentes atmosféricos (como o vento ou a chuva).
A profusão de ervas na fachada de edifícios de alvenaria de pedra é uma questão que merece
atenção, pois algumas plantas e árvores podem ser responsáveis pela degradação de muros e
fachadas de pedra, quer por se alimentarem de nutrientes contidos nas alvenarias de pedra,
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quer pelas suas raízes e rebentos pressionarem os poros da pedra, dilatando-os e degradando-
a. A hera é uma planta particularmente perigosa pois cresce muito rapidamente e fixa-se em
vários pontos da parede.
No caso da hera (à excepção das espécies decorativas), o problema mais sério é o seu rápido
crescimento através de caminhos aéreos, fixando-se nas juntas e provocando a sua abertura.
Regra geral, é fortemente recomendado que as plantas de grande envergadura sejam afastadas
completamente das paredes de alvenaria de pedra, pelas suas acções biofísicas extremamente
prejudiciais.
Apesar de não parecer à primeira vista, muita da sujidade presente nos edifícios aponta, na
realidade, para a presença de entidades orgânicas (Fig. 51, à direita). Mesmo os pequenos
pontos negros visíveis são frequentemente uma conjugação entre líquenes e musgos. Em
várias circunstâncias, o aparecimento de líquenes e mesmo de pequenos elementos vegetais
nas paredes de alvenaria de pedra podem não apresentar qualquer perigo ou efeito adverso. No
entanto, noutros casos, poderá mesmo ser necessário efectuar um tratamento de esterilização
por motivos de manutenção da aparência do edifício.
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seu extremo superior é que os líquenes são formadores de terreno fértil para o
desenvolvimento de fungos e de vegetais. A limpeza cuidada dessas zonas é assim
fundamental para a manutenção do edifício.
A patina biológica constitui uma camada fina, homogénea, aderente à superfície da parede, de
natureza biológica evidente e cor variável (normalmente verde). Esta anomalia corresponde ao
aspecto dos materiais após envelhecimento natural. São modificações naturais da superfície
dos materiais não atribuíveis a fenómenos de degradação, que levam à variação da cor original
dos mesmos.
Quando esta camada fina resulta da deposição de microrganismos, designa-se por película.
Constitui um estrato superficial de substâncias coerentes e estranhas aos materiais pétreos,
com espessura diminuta, que mantém o substrato íntegro.
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Seres vivos
Esta situação (Fig. 52, à direita) está relacionada com a presença da humidade (humidade
sazonal, roturas de tubos de queda e algerozes, telhas partidas, etc.) e corresponde ao apodre-
cimento da madeira incluída nas paredes resistentes devido aos fungos de podridão (líquenes,
algas, raízes - ataque químico) ou a ataques de insectos, térmitas e carunchos, afectando a sua
resistência mecânica. As causas mais importantes que originam esta anomalia são:
Fig. 52 - Bolores em alvenaria ordinária de pedra (à esquerda) e acção dos agentes biológicos
em elementos de madeira (à direita)
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Quando se detecta o fenómeno da humidade ascendente, o primeiro passo será secar a fonte de a-
limentação de água, tratar a alvenaria afectada e fazer-se um tratamento superficial do terreno.
Para tratar a alvenaria afectada, existem inúmeros métodos uns mais eficazes do que outros.
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Os produtos podem ser introduzidos por dois métodos: gravidade ou pressão (Fig. 53). No
primeiro caso, o produto escorrerá livremente para a parede através das forças gravíticas,
estendendo-se seguidamente, por difusão, por toda a sua espessura. A injecção sob pressão, tal
como o nome indica, é executada através da ajuda de uma bomba, que será ligada a vários
tubos introduzidos na furação existente.
De um modo geral, estes dois processos podem atingir bons resultados, se se recorrer a mão-
de-obra especializada. A maior desvantagem é o facto de a base das paredes permanecer
sempre húmida, já que o processo não constitui uma barreira totalmente estanque e uniforme.
A utilização de emulsões à base de solventes poderá também causar problemas nocivos à
saúde dos utilizadores dos espaços tratados, nomeadamente em condições higrométricas
desfavoráveis - elevadas humidades relativas.
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Deverão, sempre que possível, ser executadas valas drenantes interiores em pavimentos
térreos de madeira (Fig. 55, à direita). Estes devem ser reconstruídos sobre caixa-de-ar
(ventilada) com pelo menos 30 cm de altura.
Esta técnica consiste na introdução de drenos nas paredes (Fig. 56) de forma a proceder à sua
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secagem. É no entanto um método pouco eficaz e limitativo, pois não constitui uma solução já
que apenas atenua o efeito da humidade.
Esta técnica (Fig. 57) consiste em inserir eléctrodos na alvenaria e no solo ligando-os entre si
através de fios condutores. As sondas inseridas na parede funcionam como ânodo, enquanto
que as tomadas de terra actuam como pólos negativos, ou cátodos. Assim, estabelece-se a
corrente entre pólo positivo e negativo provocando a deslocação da água carregada de sais
(nitratos e sulfatos) que será anulada ou invertida. É uma técnica morosa e cara, que requer
um profundo conhecimento dos materiais a tratar e do teor de sais das alvenarias. É muitas
vezes utilizada em associação com outros métodos.
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• remoção de todas as peças de madeira afectadas e das que com elas contactam;
• limpeza com escova de arame das zonas afectadas das alvenarias para remoção de
elementos soltos, e eventual remoção do reboco local;
• utilização de um maçarico para garantir a queima de todas as zonas afectadas, numa
altura até 0.50 m acima das mesmas;
• esterilização das alvenarias com um fungicida adequado;
• aplicação de madeiras novas secas, tratadas com produtos fungicidas;
• refazer a parte da alvenaria ou do reboco afectado ou removido;
• melhorar as condições de ventilação.
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Fig. 58 - Melhoria do isolamento térmico pelo interior (à esquerda) e pelo exterior (à direita)
Para diminuir a humidade relativa do ar, pode fazer-se um reforço da ventilação dos espaços
através: da correcção de eventuais deficiências no sistema de extracção do ar; instalação de
dispositivos mecânicos de extracção do ar, com funcionamento automático ou instalação de
grelhas de ventilação especiais na zona superior das paredes exteriores de cada compartimento.
Deve também fazer-se um reforço da temperatura do ambiente, para assim se conseguir uma
diminuição da humidade relativa do ar ambiente e um aumento da temperatura superficial das
paredes, tendo o cuidado de não utilizar aquecedores de combustão, por estes libertarem
grandes quantidades de vapor de água.
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substituição dos rebocos existentes por outros, constituídos por argamassas bastardas
(de cimento, cal aérea e areia, ou cal hidráulica e pozolana e areia);
aplicação de sistemas de pintura impermeáveis à água, mas permeáveis ao vapor de
água.
Trata-se da aplicação de rebocos (com tratamento de fundo à base de produtos antisalinos e/ou
hidrófugos, 1 ou 2 camadas) que possuem em geral bons parâmetros de permeabilidade (Fig.
59, à direita). As argamassas a utilizar devem permitir o fabrico de um reboco que possua as
seguintes funções:
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Aspecto final
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Quadro 3 - Resumo das intervenções no âmbito da reabilitação em função das anomalias não
estruturais
ANOMALIAS NÃO ESTRUTURAIS INTERVENÇÕES PROPOSTAS
DE ORIGEM Destacamento e
FÍSICA / degradação das Tratamento de juntas
MECÂNICA argamassas de ligação
Limpeza com pastas de argilas absorventes ou com pastas gelatinosas
Sujidade
dissolventes
DE ORIGEM
Limpeza por micro-jacto de precisão de partículas abrasivas. No caso
QUÍMICA Crostas
de crostas negras, limpeza com laser pulsado ou com ultra-sons
Eflorescências Limpeza com compressas biológicas
Limpeza com biócidas e aplicação de herbicida próprio. Após
Vegetação secagem, remoção total das plantas com recurso a ferramentas
manuais.
DE ORIGEM
Fungos, algas e Pré-escovagem a seco, com recurso a escovas macias e seguidamente
BIOLÓGICA
líquenes limpeza com biócidas
Limpeza por micro-jacto de precisão de partículas abrasivas e com
Pátina, película
produtos químicos
Após estes tratamentos, deve-se introduzir camadas superficiais de protecção hidrófugas
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5. CONCLUSÕES
“O património edificado constitui uma referência histórica de extrema importância, quer sob o
ponto de vista social, quer sob o ponto de vista técnico, fornecendo elementos preciosos para
o entendimento da própria evolução da capacidade humana de adaptação ao meio envolvente,
desde os primórdios da História” [3].
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A nível da reabilitação, cada caso deve ser analisado separadamente, de modo a que a
intervenção seja tão específica quanto possível. É por isso extremamente importante,
desenvolver uma metodologia de base, eficaz para efectuar uma reabilitação adequada ao
problema em causa.
Para a caracterização dos materiais e anomalias, é elaborado um plano de ensaios, que permite
quando possível, determinar de uma maneira mais eficaz, as causas e os possíveis modos de
intervenção. É importante salientar que a escolha do método de diagnóstico dependerá da
consideração de alguns factores, como o valor histórico do edifício em estudo, os danos
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Propõe-se por isso como metodologia base, tendo em vista o processo de reabilitação:
Assim, para se poder definir com maior exactidão o processo de intervenção a adoptar, é
necessário um diagnóstico eficaz, onde a recolha de informação é uma das tarefas básicas a
desenvolver inicialmente. Essa recolha consiste na análise dos dados antecedentes e na
observação in situ da situação presente. A observação pode ser feita: através de uma simples
inspecção visual; realizando ensaios sobre a construção, ou sobre provetes dela retirados e
efectuando medições.
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[32] Ferreira, A. L., “Causas e Classificações de Patologias de Alvenaria de Pedra”,
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[33] Martins, F., “Patologias e Técnicas de Reparação mais Correntes Pontes Ferroviárias de
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