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MESTRADO EM CONSTRUÇÃO
Jorge de Brito
Janeiro de 2003
ÍNDICE
1. Introdução 1
2. Humidade ascensional em paredes 5
2.1. Introdução 5
2.2. O fenómeno da capilaridade 6
2.3. O fenómeno da humidade ascendente 9
2.4. Condições para a ocorrência da ascensão capilar 11
2.5. Altura atingida pela água nos paramentos afectados 12
2.6. Fontes de alimentação de água às paredes 16
2.7. Anomalias devidas à ascensão capilar 16
3. Métodos de diagnóstico 21
3.1. Factores a considerar 23
3.2. Equipamento de ensaio 27
3.2.1. Processos de medição do teor em água nas paredes 27
3.2.2. Processos de medição das condições atmosféricas 28
3.2.3. Processos de medição da temperatura superficial das paredes 28
4. Concepção para prevenção da ascensão capilar 29
4.1. Considerações gerais 29
4.2. Selecção dos materiais 31
4.2.1. Alvenaria 31
4.2.2. Enchimento 32
4.2.3. Argamassa 32
4.2.4. Aditivos 32
4.2.5. Armazenamento dos materiais 32
4.3. Paredes 33
4.4. Pilares 37
4.5. Pavimentos térreos 37
4.6. Drenagens periféricas 37
4.6.1. Valas periféricas sem enchimento 39
4.6.2. Valas periféricas com enchimento 40
4.6.3. Execução de câmaras-de-ar nas paredes de fundação 41
4.6.4. Geodrenos 41
4.7. Drenagens superficiais 42
5. Técnicas de reabilitação 44
5.1. Impedimento do acesso de água às paredes 44
5.1.1. Secagem da fonte de alimentação da água 44
5.1.2. Tratamento superficial do terreno 45
5.1.3. Rebaixamento do nível freático 45
5.1.4. Drenagem do terreno 46
5.1.5. Execução de valas periféricas 47
5.2. Impedimento da ascensão de água nas paredes 48
5.2.1. Redução da secção absorvente 49
5.2.2. Introdução de barreiras estanques através do corte da parede 50
5.2.2.1. Substituição de elementos de alvenaria 51
5.5.2.2. Corte com serra 51
5.2.2.3. Método de Massari (corte por carotagens sucessivas) 52
5.2.2.4. Método de “Shöner Turn” (introdução forçada de materiais
metálicos 53
5.2.3. Introdução de produtos impermeabilizantes 54
5.2.3.1. Técnicas de introdução dos produtos 55
5.2.3.2. Produtos utilizados 58
5.2.3.3. Eficácia e limitações da solução 60
5.3. Remoção do excesso de água nas paredes 62
5.3.1. Sistema de electro-osmose (criação de um potencial oposto ao potencial
capilar 62
5.3.2. Drenos atmosféricos 64
5.4. Ocultação das anomalias 66
5.4.1. Execução de uma nova parede pelo interior 67
5.4.2. Aplicação de revestimentos especiais de parede 68
5.5. Análise comparativa dos métodos 71
5.6. Considerações finais 71
6. Bibliografia 73
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1. INTRODUÇÃO
Todo o material, em contacto com o meio ambiente (Fig. 1, à esquerda), sofre transformações
que podem ocasionar uma diminuição dos valores das suas propriedades físicas e químicas,
ocorrendo uma perda progressiva no desempenho do edifício. A forma e a velocidade com
que ocorre esta deterioração variam em função da natureza do material ou componente e das
condições de exposição a que fica submetido [3].
Fig. 1 - À esquerda, análise microscópica dos efeitos da migração de sais num pano de parede
e, à direita, protecção contra a ascensão capilar em paredes [5]
1
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2
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A realização do corte hídrico (corte de capilaridade) deve ser compatibilizada com a execução
da barreira pára-vapor / impermeabilização executada em zona corrente do pavimento térreo.
É fundamental ter presente que o recurso a revestimentos impermeáveis na faixa inferior das
paredes afectadas (sem a criação de uma barreira horizontal) só vem agravar o problema, uma
vez que, para que se restabeleça o equilíbrio entre a água que sobe por capilaridade e a que se
evapora, os efeitos da humidade ascensional vão acabar por se manifestar acima dessa barreira
estanque superficial criada por este tipo de revestimento [4].
Este documento pretende servir de apoio aos alunos do Mestrado em Construção do Instituto
Superior Técnico na cadeira de Reabilitação Não-Estrutural de Edifícios. Foca parte do
capítulo dessa mesma cadeira dedicado à drenagem de escavações e caves. Para além deste,
existe um documento específico sobre a drenagem das escavações na fase provisória [1] e está
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A elaboração deste documento não resultou de investigação específica sobre o tema efectuada
pelo seu Autor mas sim de alguma pesquisa bibliográfica e de monografias escritas realizadas
por alunos do Instituto Superior Técnico no Mestrado em Construção. Assim, muita da
informação nele contida poderá também ser encontrada nos seguintes documentos, que não
serão citados ao longo do texto:
4
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5
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2.1. INTRODUÇÃO
Na maior parte dos casos não se pode evitar que o solo seja húmido. Pode estar saturado ou
não de humidade, ou seja, os seus poros podem ou não estar cheios de água líquida. Grande
parte do solo encontra-se sempre saturada de água, formando a camada de água subterrânea ou
freática 1, cujo nível superior corresponde ao nível de água nos poços (Fig. 3ª, em cima).
Na realidade, o solo está saturado de água até um nível superior à dita camada devido às
forças capilares, subindo tanto mais quanto mais finos sejam os seus poros 2 - geralmente 20 a
30 cm sobre o nível da água freática [15]. A um nível superior, os poros, sem estarem
saturados de água, absorvem quantidades mais ou menos importantes. Finalmente, só muito
perto da superfície do terreno, o conteúdo de água do solo pode ser bastante baixo, graças à
absorção pelas raízes das plantas (Fig. 4, em baixo à esquerda) ou à evaporação por contacto
com a atmosfera e à acção dos raios solares (Fig. 5). Existe ainda a água higroscópica fixada
na superfície dos colóides por absorção (Fig. 4, em baixo à direita).
Deve então fazer-se a distinção entre o que sucede abaixo e acima da camada de água freática.
Na primeira zona, o solo encontra-se saturado e a água está sob pressão e, na segunda, a água
só penetrará nas paredes sob o efeito da capilaridade, ou seja, dentro da camada aquática fá-lo-
á sob a acção de forças muito mais importantes, tanto mais importantes quanto mais se desça
na referida camada.
1
A água existente no solo infiltrada nas camadas mais profundas, formando aí toalhas de água interligadas,
recebe a designação de água freática. Se fica limitada localmente, ou seja, quando depara com uma camada de
solo impermeável ou de difícil penetração, recebe a designação de água acumulada [14].
2
Nos poros de pequenas dimensões, a água movimenta-se no sentido ascendente, em oposição à força da
gravidade (efeito de capilaridade), diminuindo a velocidade de ascensão à medida que aumenta a distância ao
nível freático. Nas camadas sobrejacentes à água freática, forma-se uma franja de sucção (franja de sucção
capilar). Quando já não existe qualquer relação com a água freática, fala-se então de água de capilaridade. Em
materiais de porosidade grosseira, quase não se verificam ascensões de origem capilar, mas estas intensificam-se
significativamente com o decréscimo da granulometria [14].
6
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Fig. 4 - Humidade do solo: em cima, água contida nos macros poros; em baixo à esquerda,
água retida em volta de partículas terrosas ou nos espaços capilares e facilmente absorvida
pelas raízes; em baixo à direita, água fortemente retida em volta das partículas terrosas e que
não é absorvida pelas plantas
Camada húmida
Ascenção capilar
Poço
da humidade do
solo saturado de
água
Camada aquática
subválvea
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fino de vidro - designado por tubo capilar - num recipiente com água (Fig. 6, à esquerda).
Verifica-se que o nível da água sobe imediatamente no interior do tubo, destacando-se do
nível da água do recipiente. Esta evidência mostra que deve existir necessariamente uma força
que, nas condições da experiência, se instala e produz o efeito observado. Esta força toma o
nome de força capilar e a sua acção designa-se por capilaridade.
O fenómeno da capilaridade, por sua vez, ocorre em resultado de uma outra propriedade dos
fluidos - a tensão superficial (Fig. 6, à direita). Entre as partículas ou moléculas constituintes
de um líquido exercem-se forças de atracção. Estas forças de atracção entre moléculas do
mesmo material designam-se por coesão.
molécula molécula
líquido
Uma molécula no interior de um líquido, longe portanto da superfície, será igualmente atraída
em todas as direcções pelas moléculas vizinhas, pelo que as forças de coesão se equilibram.
Contudo, para as moléculas próximas da superfície, dada a inexistência de outras moléculas
de líquido acima delas, as forças de coesão não estão equilibradas e, em resultado, a superfície
do líquido fica tensionada (Fig. 6, à direita). É também a tensão superficial que explica a
curvatura observada da água junto das paredes do tubo (Fig. 6, à esquerda).
Uma molécula junto à parede do tubo não sofre desse lado a acção de moléculas de água. No
entanto, pelo efeito observado, torna-se evidente que esta molécula é atraída pelas moléculas
do vidro e que essa força se sobrepõe à acção exercida pelas moléculas de líquido inferiores.
A atracção entre moléculas de diferentes materiais é designada por adesão. As moléculas que
sobem por adesão junto às paredes do vidro estão também a contribuir para a tensão
8
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O fenómeno de ascensão de líquido no tubo capilar não acontece, no entanto, com todos os
líquidos. Se a mesma experiência fosse realizada com mercúrio, por exemplo, verificar-se-ia
que este, além de não subir no tubo, ficaria ainda abaixo do nível original, e que a curvatura
nos bordos seria convexa (Fig. 6, à esquerda). Isto acontece porque o mercúrio não molha a
superfície do tubo ou, por outras palavras, não adere.
A diferença entre os casos da água e do mercúrio permite afirmar que um líquido em repouso
é molhante em relação à parede do recipiente que o contém se o ângulo de molhagem (θ) com
a parede é inferior a 90º, ou seja, se a superfície do líquido for côncava. O ângulo de
molhagem é tanto maior quanto maior a tensão superficial do líquido. Num tubo capilar, um
líquido molhante sobe até que o peso da coluna de água (F) equilibre a acção da tensão
superficial (σ). De acordo com o esquema apresentado na Fig. 7, pode assim escrever-se:
r
θ θ
σ σ
F
h
Ar
Líquido
F = ρ . g . π . r2 . h = cos θ . 2 . π . r
P c = -ρ . g . h
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p c = -2 . σ . cos θ / r
Nesta expressão, a tensão superficial (σ) vem expressa em N/m, o raio capilar em m e o
ângulo de contacto (θ) em graus º. A altura da ascensão capilar também se tira facilmente:
h = -2 . σ . cos θ / (r . ρ . g)
pelo que se conclui que, tanto a sucção capilar, como a altura de ascensão capilar são
inversamente proporcionais ao raio dos capilares. Estão assim intimamente relacionadas com
a estrutura interna do material. Verificando-se que a tensão superficial diminui com a
temperatura, também aqueles parâmetros são funções decrescentes da temperatura.
Analisando qualquer uma das duas últimas expressões, verifica-se que a acção da penetração
de um líquido por capilaridade num material pode ser contrariada de duas formas [16]:
A humidade ascendente pode ser definida como o fluxo vertical de água que consegue
ascender do solo - através do fenómeno da capilaridade - para uma estrutura permeável. A
ascensão de água nas paredes, que pode ocorrer até alturas significativas, é função de:
3
A porosidade de um material é o rácio entre os poros e canais (volume total de vazios) e o seu volume total,
normalmente expressa em percentagem. Esta percentagem indica o volume do material que não é sólido. Um ti-
jolo, por exemplo, possui uma porosidade alta (55%) relativamente a uma pedra granítica que possui uma poro-
sidade de 1%. Assim, quanto menor for o diâmetro dos poros, maior a altura teórica que a água pode atingir.
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• permeabilidade do material 4;
• quantidade de água que se encontra em contacto com a parede.
No caso de paredes de edifícios antigos - de alvenaria - os “caminhos” mais fáceis pelos quais
a água poderá ascender são as juntas ou ligantes de argamassa. Geralmente, para a água ascen-
der por um tijolo, terá primeiro de percorrer as juntas de argamassa à sua volta. De facto, elas
constituem o único “caminho” contínuo para a sua ascensão. Se os tijolos da alvenaria possuí-
rem um tratamento repelente à água e a argamassa utilizada for comum, a ascensão far-se-á do
mesmo modo. Mas se, pelo contrário, o ligante possuir características hidrófugas, o fenómeno,
de forma geral, não acontecerá. Constata-se assim que as argamassas utilizadas nas alvenarias
formam uma parte bastante importante do tratamento desta patologia (Fig. 8, à esquerda).
Tanto nas paredes de tijolo como nas de pedra, são geralmente identificáveis os sintomas de
humidade ascensional (Fig. 8, à direita) - através de uma “linha” horizontal na parede, ou seja,
pela diferença de tonalidade do paramento, de uma zona mais escura para uma mais clara.
Esta linha forma-se no ponto onde o equilíbrio entre capilaridade e evaporação é atingido,
deixando muitas vezes acumulações visíveis de sais cristalizados, usualmente designados de
“eflorescências” ou “salitre”. Para baixo da “linha”, a humidade ascende por capilaridade. As
eflorescências não aparecem nesta zona, pois a humidade mantém os sais em solução. Acima
da “linha”, a humidade varia de acordo com as condições climatéricas. Nesta área que, que se
poderá chamar de “transição”, a humidade por vezes é alta, de modo a suportar a capilaridade,
outras vezes é baixa e só existe vapor de água. Quando a água se evapora, os sais cristalizam e
ficam aí depositados. De facto, a banda de sais poderá ser um dos mais importantes
indicadores de uma possível humidade ascensional.
4
A forma como os poros estão interligados num determinado material define a sua permeabilidade. Quando os
poros do material não comunicam entre si, não permitindo a transferência de água, tem-se uma porosidade
fechada e o material é considerado impermeável. Se, pelo contrário, a porosidade for aberta, existindo
comunicação entre os poros por meio de tubos capilares, o material é permeável. No tijolo, grande parte dos
poros estão ligados, o que faz com que seja um material permeável. A pedra calcária, embora pouco porosa
(cerca de 15%), é muito permeável pois possui inúmeros poros interconectados que definem “caminhos” para a
subida da água. A permeabilidade é medida em perms. Quanto mais alto for este valor, mais alta a
permeabilidade do material e, naturalmente, mais condutor de humidade se torna.
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A humidade ascensional em paredes (Fig. 9), provocada pela água do solo, surge sobretudo
em construções antigas nos pisos inferiores, mas afecta também muitos edifícios novos. Com
efeito, a maioria dos materiais de construção utilizados, quer no presente, quer no passado,
tem capilaridades por vezes elevadas, permitindo que a humidade possa migrar através deles.
Na ausência de qualquer espécie de barreiras estanques, esta migração pode ocorrer
horizontalmente ou na vertical e manifesta-se quando se reúnem as seguintes condições [6]:
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As paredes e as fundações estão em contacto com a água, não só quando são construídas
abaixo do nível freático mas também quando são construídas acima desse nível sobre um
terreno de elevada capilaridade. Este fenómeno é agravado quando as paredes estão
implantadas de tal forma que as pendentes do terreno adjacente permitem a escorrência de
água sobre elas (Fig. 10).
Fig. 10 [7] - Parede fundada abaixo do nível freático, à esquerda, ascensão capilar através do
terreno, ao centro, e escorrência de água sobre a parede, à direita
A ascensão da água nas paredes, que pode ocorrer até alturas muito significativas, varia em
função da porometria dos seus materiais constituintes (quanto menor o diâmetro dos poros,
maior a altura que a água pode atingir - Fig. 11), da quantidade de água que está em contacto
com a parede e das condições de evaporação de água que para aí tenha migrado [8].
Pode considerar-se que a ascensão de água numa parede progride até ao nível em que a quan-
tidade de água evaporada pela parede compense aquela que é absorvida do solo, por capilari-
dade. É devido a este facto que, sempre que se reduzem as condições de evaporação da parede
(com a colocação de um material impermeável), a altura da ascensão capilar aumenta até se
verificar um novo equilíbrio (Fig. 12). Na prática, a maior intensidade das humidades ascensi-
onais verifica-se no Inverno, quando a humidade relativa do ar está próxima da saturação [7].
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Fig. 12 [4] - Influência da colocação de um material impermeável na altura atingida pela água
A altura que a água pode atingir varia também com a espessura da parede, época de
construção, condições climáticas das ambiências (temperatura e humidade relativa) e
orientação da parede em causa (insolação - as paredes viradas a Norte são mais afectadas que
as orientadas a Sul, podendo alcançar diferenças de mais de 5 metros). Considerando
constantes as condições ambientes, e para uma dada constituição de parede, quanto maior for
a espessura, maior será a altura atingida pela humidade (Fig. 13) [8].
Outro fenómeno que vem aumentar a altura da ascensão capilar é a presença de sais no terreno e
nos próprios materiais de construção que, após terem sido dissolvidos pela água, são transpor-
tados através da parede para níveis superiores (Fig. 14). Quando a água atinge as superfícies
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das paredes e evapora, os sais cristalizam e ficam aí depositados. Este mecanismo dá origem a
uma progressiva colmatação dos poros e, consequentemente, uma redução da permeabilidade
ao vapor de água dos materiais, provocando um aumento do nível atingido pela ascensão capi-
lar [10]. Os sais depositados nas superfícies propiciam, por outro lado, a ocorrência de fenó-
menos de higroscopicidade 5, podendo ocorrer aumento de humidade relativa das superfícies.
A deposição dos sais à superfície pode dar origem à formação de eflorescências ou, quando a
cristalização ocorre sob os revestimentos da parede, criptoflorescências (Fig. 15) [8].
5
A higroscopicidade é a propriedade que os materiais possuem de absorverem a humidade do ar. Os sais
controlam a humidade relativa dos materiais, dissolvendo-se quando a humidade relativa do ar se eleva, e
cristalizando de novo quando a mesma baixa.
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Em termos gerais, a evaporação de água de uma parede húmida não provoca danos nas
respectivas superfícies desde que ocorra em permanência. No entanto, como há zonas em que
essa evaporação apresenta um carácter intermitente, verificam-se erosões nos revestimentos
das paredes, resultantes da cristalização dos sais solúveis sempre que a zona seca. Por outro
lado, a cristalização desses sais é acompanhada por um aumento de volume, o qual, na
sequência de diversos ciclos de humedecimento - secagem, provoca o desgaste dos materiais
superficiais [8]. É por esta razão que se pode observar na Fig. 16 as superfícies das paredes
erodidas, em resultado de evaporações intermitentes, cujos limites superior e inferior
correspondem respectivamente, às alturas máximas e mínimas atingidas pela água.
16
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Como foi referido anteriormente, para que possam ocorrer manifestações de humidade
proveniente do terreno, uma das condições necessárias é que as paredes estejam em contacto
com a água do solo.
Constata-se portanto que a água existe no solo, em zonas bem localizadas (águas superficiais)
ou distribuindo-se, de maneira mais ou menos uniforme, por largas extensões ou lençóis de
água subterrânea, muito próximos da superfície (águas freáticas). As águas superficiais
encontram-se com frequência, retidas no solo, devido a uma recolha defeituosa da água das
chuvas ou à ruptura de canalizações de água corrente e esgotos. Assim, a humidade do solo
penetra gradualmente pela parte inferior das fundações e pelo paramento em contacto com o
solo (Fig. 17), ascendendo por capilaridade, tornando-se depois visíveis os seus efeitos na
parte não enterrada das alvenarias [12] [13].
Fig. 17 - Formas de infiltração de água nas construções: à esquerda, através dos poros do
betão ou outro material constituinte da parede; ao centro, devido à presença de fissuras na
parede; à direita, devido à deterioração das telas protectoras e à pressão da água
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Fig. 19 - Caso de humidade ascendente causado pela drenagem de um tubo de queda directa-
mente no solo (à esquerda) e manifestação de eflorescências na base de uma parede (à direita)
Nas situações em que a humidade é proveniente das águas freáticas, a altura das manchas
correspondentes às zonas húmidas, é aproximadamente constante em cada parede, sendo
maior nas paredes interiores na medida em que as condições de evaporação são menos
favoráveis do que no exterior. Quando a humidade é proveniente de águas superficiais, a
altura das zonas húmidas varia ao longo das paredes, sendo menor nas paredes interiores do
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que nas exteriores, visto que estão mais afastadas da fonte de alimentação de água (Fig. 21).
Fig. 20 - À esquerda, piso manchado por deposições salinas e, à direita, inundação das
fundações de uma construção
Fig. 21 [8] - Variação das alturas atingidas pela humidade do terreno em paredes interiores e
exteriores, em função do tipo de alimentação: águas freáticas (à esquerda) e águas superficiais
(à direita)
Outra causa possível de anomalias nas paredes térreas devidas à humidade ascensional são as
alterações ao uso ao longo do tempo. Se houver um aumento do nível do solo adjacente à
parede, constituída por materiais impermeáveis apenas ao nível das fundações e das zonas que
se encontravam adjacentes ao terreno, a zona da parede constituída por materiais não
impermeáveis ficará em contacto com o terreno húmido. Assim, a parede que inicialmente se
apresentava com capacidade de resistir às migrações de água passa a ficar sujeita à acção da
água proveniente do solo em virtude de este contactar com zonas da parede que não foram
concebidas para esse fim (Fig. 22).
Os sais existentes no solo e nos materiais de construção dissolvem-se na água, sendo arrasta-
dos por esta até à superfície da parede, onde cristalizam (Fig. 23) quando ocorre a evaporação
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• nitratos: sais de origem orgânica, por isso mais frequentes em zonas rurais; o mais
corrente é o nitrato de cálcio, que cristaliza a 25 ºC e a uma humidade relativa de 50%;
• sulfatos: sais bastante higroscópicos e solúveis; cristalizam com grande aumento de
volume - o sulfato de cálcio, por exemplo, aumenta em 40% o seu volume;
• cloretos: provenientes essencialmente dos materiais de construção, da água e de
ambientes marinhos; absorvem grandes quantidades de água quando combinados com
outros sais, particularmente com os sulfatos;
• carbonatos: estão também presentes nos materiais de construção, transformando-se em
bicarbonatos sob a acção da água e do dióxido de carbono.
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3. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO
As várias fases que constituem uma intervenção com vista à resolução de um problema de
humidade ascendente podem esquematizar-se do seguinte modo [18]:
Exame externo:
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Exame interno:
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Fig. 25 - Aparelhos de medição do teor de humidade nas paredes com base na resistência
eléctrica
Exames adicionais:
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capacidade que o material possui para a atrair. Para isto concorre a sua composição química e
a presença de sais que se encontram nas paredes - seja por ascensão capilar, seja por
integrarem os componentes estruturais do material empregue.
A contaminação das alvenarias por uma banda de sais higroscópicos poderá confirmar a
existência de um problema deste tipo, mas não possibilitará a distinção entre uma ascensão
activa ou passada. Para a verificação de tais situações, será necessária a recolha - numa faixa
vertical - de amostras in-situ e a posterior determinação dos teores de humidade e
higroscopicidade de cada uma (Figs. 26 e 27 e Quadro 2). De facto, a altura onde os sais estão
presentes revelará a “história” da humidade - eles marcarão sempre a altura máxima a que ela
ascendeu. Assim, poder-se-á também utilizar este método para testar a eficiência de eventuais
barreiras instaladas.
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Quadro 2 - Perfil - tipo de uma parede - resultados dos ensaios (situação correspondente ao 1º
perfil da Fig. 28)
Altura Material Teores totais de Teores de Teores de Cloretos Nitratos
(mm) humidade (%) higroscopicidade (%) humidade (%)
2100 Argamassa 0.8 0.8 0 ns ns
1800 Argamassa 0.7 0.7 0 ns ns
1500 Argamassa 0.8 0.9 0 ns ns
1200 Argamassa 4.7 4.2 0.5 ---- ---
900 Argamassa 5.2 3.2 2.0 --- ---
600 Argamassa 6.3 1.6 4.7 • •
300 Argamassa 12.2 2.1 10.1 • •
100 Argamassa 15.1 2.2 12.9 ns ns
De facto, a fase de diagnóstico poderá levar um ano a ser executada - de modo a acompanhar-
se o problema por todas as estações. É também código de boa prática a resolução de um
problema de cada vez - caso o mesmo edifício possua mais do que uma patologia - e
monitorizar todos os seus efeitos antes de se proceder ao tratamento de qualquer outro. Este
processo também toma tempo. Finalmente, também poderão passar vários anos para que uma
parede seque completamente depois de ter sido submetida a qualquer processo de reabilitação.
Existem casos, em Veneza, que levaram 12 anos para que as barreiras introduzidas fizessem
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De forma geral, poder-se-á afirmar que, no caso de edificações de construção recente, em que
a constituição das paredes e o tipo de ocupação dos espaços sejam bem conhecidos, o
diagnóstico poderá ser consideravelmente facilitado, enquanto que em construções antigas, a
mesma análise será bastante mais dificultada [19].
Tomando como exemplo a Fig. 28, a interpretação dos resultados seria como se segue:
• ascensão capilar activa - os sais marcam a altura máxima a que a humidade ascendeu,
mas neste perfil esta continua ainda a subir; no caso da existência de uma barreira,
comprova-se a sua ineficácia;
• ascensão capilar controlada - neste caso, a humidade já atingiu no passado a altura dos
sais, mas neste momento encontra-se controlada ou reduzida;
• penetração de água da chuva acima de humidade ascendente - no último caso, existe a
presença de humidade acima da altura máxima de sais; este fenómeno sugere que exista
uma possível ocorrência de penetração de água da chuva ocorrendo acima do nível
máximo ao qual subiu; em casos como este, será impossível afirmar com certeza que um
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tratamento eliminaria a patologia, pois é impossível saber ao certo qual a sua fonte exacta.
Processos destrutivos:
Outras determinações:
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A presença da humidade em excesso nas obras de construção civil deve-se com frequência a
uma construção deficiente, que se pode traduzir nos seguintes aspectos, entre outros:
• os blocos de betão e os tijolos de barro vermelho são colocados sem terem a quantidade de
argamassa suficiente para se solidarizarem uns aos outros, já quebrados ou tortos;
• os materiais em contacto com o terreno são pouco densos e muito permeáveis;
• o betão ou argamassa utilizados não são obtidos a partir de um estudo da sua composição,
são fabricado com quantidades inadequadas dos seus constituintes, são mal vibrados /
compactados, a sua cura é mal efectuada (temperaturas inadequadas, tempo de cofragem
insuficiente, etc.) ou não têm os adjuvantes necessários (para serem hidrófugos);
• ausência ou defeito de impermeabilização (barreiras estanques) e/ou drenagem (valas);
• as armaduras podem criar o chamado “ninho de britas”, muito comum quando não se faz
um bom estudo da composição do betão, não se compacta o betão em condições ou existe
um excesso de armaduras, que cria um volume de vazios devido a uma acumulação de
inertes que o ligante não consegue preencher;
• má avaliação das condições geotécnicas (terrenos impregnados de água) e/ou climatéricas.
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Segundo [20], a maior parte das anomalias resultante da acção da humidade do solo (manchas,
eflorescências, descolamento de pinturas e rebocos) observam-se com as seguintes condições
de terreno e soluções de estanqueidade:
Convém também referir que algumas das soluções seguidamente descritas poderão constituir
soluções eficazes de reparação, sempre que as condições do local o permitam, lembrando
também que os custos para a eliminação das referidas anomalias serão sempre elevados.
Como seguidamente se irá confirmar, qualquer dos tipos de soluções enumeradas não se
esgota em si mesmo. De facto, a combinação inteligente de cada uma delas (Figs. 29 e 30),
adaptada a cada tipo de caso, poderá constituir um método mais eficaz e de maior
durabilidade.
31
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4.2.1. Alvenaria
Existem diversos tipos de tijolos que não contêm sais solúveis nem contribuem para a
ocorrência de eflorescências, e que são comercializados por diversas marcas e fábricas de
produção nacional e estrangeira. Recomenda-se que todas as faces sólidas e perfuradas do
tijolo sejam testadas quanto à sua tendência para a deposição de sais pelo ensaio da ASTM C-
67, “Standard Methods of Sampling and Testing Brick and Structural Clay Tile”.
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analisam-se as deposições de sais por comparação com as amostras que não foram imersas. O
tijolo deve ser classificado nunca acima de “ligeiramente salitrado” para ser aceitável.
4.2.2. Enchimento
Quando são usados materiais de enchimento que contêm sais solúveis, recomenda-se que
todos os pormenores da parede e o projecto sejam tais que os materiais que contenham sais
estejam separados dos tijolos exteriores aparentes. Esta precaução de projecto evita a
migração através da parede de sais solúveis em água, e que conduz à formação das
eflorescências. Isto pode ser feito através do uso de paredes com caixa-de-ar, por exemplo.
4.2.3. Argamassa
A principal contribuição das argamassas para a deposição de sais é o alto teor em álcalis do
cimento portland. A tendência do cimento para a salitragem pode ser prevista com razoável
rigor pela sua análise química. Os cimentos de alto teor em álcalis estão mais sujeitos a
produzirem eflorescências do que os cimentos de baixo teor.
4.2.4. Aditivos
Os aditivos para as argamassas não são geralmente recomendáveis por causa dos seus
componentes desconhecidos e da falta de dados sobre os seus efeitos na força de coesão e,
consequentemente, na resistência hidrófuga das alvenarias.
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As unidades de alvenaria (tijolos ou blocos) devem ser armazenadas afastadas do solo para se
evitar a sua contaminação pela terra e pela água superficial que possa conter sais solúveis.
Devem também ser tapadas com uma membrana impermeável para que se mantenham secas.
Os materiais cimentícios para as argamassas devem ser armazenados afastados do solo e, de
preferência, debaixo de cobertura ou dentro de casa. A areia para as argamassas deve ser
armazenada afastada do solo para se evitar a sua contaminação com terra, plantas, materiais
orgânicos ou águas superficiais, todos eles podendo contribuir para a deposição de sais. É
ainda aconselhável armazenar-se a areia e os outros inertes debaixo de uma membrana de
protecção, se possível.
4.3. PAREDES
Os mais meticulosos projectos de execução das paredes podem ser postos em causa pela
selecção de materiais impróprios ou por assentamento defeituoso. O inverso também é
verdadeiro, ou seja, o uso dos melhores materiais e o melhor assentamento não irá, por si só,
assegurar uma estrutura permanente e de sucesso, se o seu projecto for deficiente. O projecto
de uma parede em alvenaria e a selecção dos materiais para a sua construção deveriam, sob o
ponto de vista da resistência à penetração pela água, ser baseados consoante a exposição a que
cada parede irá estar sujeita.
De acordo com o DTU 20.1, “as paredes elevadas devem estar protegidas da ascensão capilar
proveniente da água do solo através de um corte hídrico localizado a uma distância de mais de
15 cm do solo exterior”. A forma de materializar o corte hídrico depende da tecnologia de
construção utilizada, devendo ser executado quer nas paredes exteriores, quer nas paredes
interiores, de modo a evitar totalmente a ascensão capilar. Por observação das Figs. 31 a 33,
depreende-se que não convém deixar pontos frágeis quando se executa o corte hídrico.
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Fig. 31 [7] - Corte hídrico bem executado (à esquerda) e corte hídrico mal executado (ao centro
e à direita)
Fig. 33 [20] - Colocação de uma dupla membrana para protecção de salpicos da água da chuva
• feltro betuminoso;
• chapa betuminosa armada;
• folha de polietileno (Figs. 34 e 35) colocada a seco sobre camada de argamassa de 300 a
350 kg de cimento por m3 de areia, com 2 cm de espessura, protegida por uma segunda
35
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Contudo, segundo [15] existem outros tipos de materiais que poderão exercer as mesmas
funções, conforme se pode verificar no Quadro 3.
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Não sendo adequadas para um corte hídrico efectivo, as pinturas protectoras (Fig. 36),
formando uma película contínua e envolvente firmemente ligada à superfície que cobrem,
podem ser utilizadas nas superfícies exteriores de paredes térreas.
Tendo em conta que a humidade do solo penetra nas faces das paredes pela acção das forças
capilares, sendo estas tanto mais intensas quanto mais finos forem os seus poros, poderá
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4.4. PILARES
Actualmente, a maior parte das construções é executada com estruturas reticuladas de betão
armado, preenchidas com painéis de alvenaria. O corte hídrico deve ser contínuo em toda a
envolvente da edificação. No entanto, a sua execução nos pilares, apesar de ser uma tarefa
possível, é de difícil realização.
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A drenagem pode ser efectuada horizontalmente, através de uma rede de tubagens porosas
convenientemente espaçadas que recolham as águas e as conduzam a um sistema de esgotos,
ou na vertical, através da execução de valas em torno da construção, que irão impedir a
aproximação da água à mesma.
Fig. 38 [20] - Colocação de uma barreira impermeável sob e sobre a laje do piso térreo
Em casos de terrenos pouco coerentes, os finos poderão ser arrastados para a vala, colmatando
os poros dos seus materiais de enchimento e impedindo o seu bom funcionamento. Nestas
circunstâncias, dever-se-á revestir toda a sua superfície com um manto geotêxtil, de modo a
anular estes inconvenientes.
Quanto à sua localização, as valas poderão ser executadas junto ou longe das paredes (Fig. 39;
à esquerda e à direita, respectivamente). No primeiro caso, dever-se-á ter em conta, tal como
no caso anterior, a permeabilidade dos rebocos ao vapor de água e, no caso de reabilitação, a
remoção de eventuais argamassas estanques que poderão afectar a secagem da parede. No
segundo caso, deverá existir o cuidado de criar e impermeabilizar um declive no terreno (da
base da parede para a vala).
39
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A profundidade das valas adjacentes às paredes não deverá exceder o nível das suas
fundações. Se a mesma for executada afastada das paredes, a sua profundidade máxima
deverá ser condicionada pela pendente de uma recta imaginária que una o nível inferior das
fundações existentes e o fundo da vala (Fig. 39, à direita), a qual não deve exceder 15% no
caso de o terreno ser constituído por areias finas, ou 30% se for argiloso [19].
Barreira impermeável
Eventual impermeabilização
do terreno periférico Barreira impermeável
Areia SUBSO LO
SUBSO LO
Areia
2m
Gravilha
Revestimento exterior
Gravilha
Revestimento exterior
Enrocamento Terreno
impermeável
Enrocamento
Pedras grandes
Pedras grandes
Dreno
Fig. 39 - Dois exemplos de valas (ambas com enchimento): junto à parede (à esquerda) e
afastada desta (à direita)
Existem dois tipos de valas periféricas: as sem enchimento e as com enchimento. As primeiras
são sempre executadas adjacentes ao muro, enquanto que as segundas poderão ser ou não
adjacentes ao muro [8].
As valas sem enchimento não são preenchidas com qualquer material, pelo que deverão
apresentar alguma resistência mecânica para resistir aos impulsos horizontais. Estas valas
deverão possuir inferiormente uma caleira de encaminhamento das águas recolhidas e
superiormente serem cobertas com grelhas para permitir a ventilação (Fig. 40).
40
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Fig. 40 [7] - Protecção contra a ascensão capilar do terreno através de uma vala periférica sem
enchimento
Uma das principais vantagens deste método é o facto de, para além de impedir o acesso das
águas laterais, favorecer a secagem das paredes contíguas garantindo nelas a permeabilidade
ao vapor de água (removendo revestimentos estanques). Mas, para que tal seja possível, terá
de ser prevista a colocação de um reboco permeável ao vapor ou, se possível, não lhes aplicar
qualquer tipo de revestimento. Dever-se-ão também adaptar soluções construtivas que
permitam uma adequada ventilação das valas, geralmente por grelhas de ventilação e pelo
próprio traçado que terá de contemplar várias exposições ao sol / sombra (que contribuirão
para a criação de temperaturas variáveis que, por sua vez, criarão o “efeito de chaminé”). As
larguras das valas oscilam entre 30 cm e 1 m e a sua profundidade deverá ser a do nível
inferior das paredes (acautelando os devidos aspectos de segurança estrutural).
Uma vala com enchimento afastada da parede deve preferencialmente situar-se a 1.5 a 2 m
desta. Possuem materiais de enchimento permeáveis no seu interior que irão conduzir as águas
infiltradas para uma tubagem existente no seu fundo (Fig. 41). Estes materiais deverão
constituir em média quatro camadas distintas, com granulometrias crescentes da superfície
para o fundo (Fig. 39) [21]. Nestes casos, deve ter-se o cuidado de impermeabilizar a
superfície do terreno adjacente à parede, a fim de evitar infiltrações para a zona que se
pretende drenar. Deve também garantir-se uma pequena inclinação do terreno no sentido da
vala. Quanto à sua profundidade, será condicionada pelo tipo de terreno.
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Os tubos de drenagem poderão ou não ser porosos, sendo de contemplar, neste último caso, as
devidas perfurações ou juntas desligadas entre os diversos troços (Fig. 42). Tendo em conta
que estes recolherão grande quantidade de finos provenientes do terreno, convém proceder-se
à execução de caixas de limpeza para manutenção periódica.
Fig. 42 [14] - Tubos de drenagem de material cerâmico, betão perfurado, plástico e betão
filtrante
A execução de valas periféricas com enchimento possui como grande inconveniente o facto de
não permitir a ventilação da parede. De modo a atenuar este tipo de problema, existem hoje
em dia soluções alternativas que se traduzem, nomeadamente, na colocação de elementos com
configurações adequadas junto ao paramento exterior tendo em vista a constituição de uma
42
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Uma variante consiste em colocar, junto ao paramento exterior do muro enterrado, peças
perfuradas com configurações adequadas que irão permitir alguma ventilação e, portanto,
facilitarão a evaporação (Fig. 44).
4.6.4. Geodrenos
É possível ainda recorrer à colocação de “telas filtrantes / geodrenos” (Fig. 45), constituídos
por dois materiais colados entre si: o primeiro, colocado junto à terra, em poliéster funciona
como filtro; o segundo, colocado junto à parede, é um emaranhado espesso de fibras sintéticas
ou plástico alveolar. Este dispositivo permitirá o escoamento da água para o dreno.
ORIFICIO DE
VENTILAÇÃO
TABIQUE
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5. TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO
São várias as formas sob as quais as anomalias devidas à presença da humidade podem mani-
festar-se. A cada tipo de causas correspondem conjuntos definidos de sintomas que, no entan-
to, não são específicos de um dado tipo de anomalias, podendo ocorrer noutros [8]. É fre-
quente que dois ou mais tipos de fenómenos apareçam associados, quer por existirem condi-
ções propícias para tal, quer porque, em certos casos, uns podem ser consequência de outros.
É preciso ter em conta que, em muitos casos, as soluções susceptíveis de serem utilizadas na
resolução de uma dada anomalia, podem contribuir para solucionar ou agravar outras que com
ela co-existam: uma solução orientada para resolver um certo problema pode dar origem a
anomalias mais graves do que as que existiam inicialmente, pelo que o processo de reparação
deve ser encarado como um todo e não como um somatório de pequenas intervenções
pontuais.
De uma forma geral, quando se depara com um edifício já construído, em que não foram
tomadas as devidas precauções e se verifica a presença de humidade ascensional nas suas
paredes, a metodologia de tratamento passa pelas seguintes acções:
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deficiente escoamento das águas pluviais recolhidas pela cobertura, muitas vezes causadas
pela inexistência de algerozes, caleiras ou tubos de queda, permitindo que a água descarregue
directamente sobre as paredes e sobre o terreno (Fig. 47).
Por vezes, os terrenos adjacentes às paredes afectadas apresentam um declive que permite às
águas pluviais entrar em contacto com estas. Nestes casos, um tratamento adequado do terreno
permite evitar a ascensão capilar, através de soluções que passam pela correcção do declive do
terreno, pela criação de valas drenantes nas zonas adequadas, pela impermeabilização
superficial do terreno, como forma de evitar a infiltração da água das chuvas, ou pela criação
de uma zona drenante superficial [8].
Este método consiste na execução de poços ou drenos verticais dispostos de tal forma que o
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novo nível freático do terreno se situe abaixo da cota mínima das zonas afectadas. É um tipo
de solução de difícil execução e dispendiosa e requer a existência de dispositivos que
conduzam a água recolhida nos poços ou nos drenos para um esgoto adequado a esse fim.
Estas soluções poderão ser eficazes nas situações em que a água é de origem freática, sendo
completamente ineficazes quando a ascensão capilar é originada pelas águas superficiais.
A drenagem pode ser efectuada horizontalmente, através de uma rede de tubagens porosas
convenientemente espaçadas que recolham as águas e as conduzam a um sistema de esgotos,
ou na vertical, através da execução de valas em torno da construção, que irão impedir a
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Com o intuito de eliminar a água em excesso adjacente aos elementos de construção, podem
executar-se valas periféricas (que, à partida, não resolvem problemas relacionados com as
águas freáticas). Esta técnica, bastante eficaz para impedir o acesso à parede de águas superfi-
ciais, deve ser preferencialmente utilizada quando existem infiltrações laterais, ou seja,
quando a profundidade atingida pelas águas superficiais no terreno seja inferior à cota mínima
das fundações das paredes, já que as valas periféricas não impedem totalmente a ascensão
capilar.
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Quando a profundidade da água for superior àquela cota, dever-se-á executar uma vala mais
profunda do que as fundações, tendo em conta as suas vantagens e inconvenientes.
Conforme referido anteriormente, as valas periféricas podem ser sem enchimento (Fig. 51) ou
com enchimento (junto - Fig. 52 - ou afastadas da parede afectada - Fig. 53).
Fig. 52 [9] - Valas com enchimento junto à parede afectada, incorporando geodrenos
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Este tipo de soluções é utilizado quando se está em presença de água cuja fonte de
alimentação é o nível freático. Pretende-se com estes métodos estabelecer um corte hídrico na
base das paredes, impedindo a ascensão da água. As soluções existentes consistem na:
Este conjunto de técnicas é o mais eficaz no que respeita à correcção das anomalias
provocadas pela ascensão capilar [7].
Esta técnica, cujo fundamento é muito interessante, consiste em tentar reduzir a secção
absorvente. Imaginada por Koch, consiste na substituição de parte do painel de material onde
se dá a ascensão capilar por espaços vazios, de forma a reduzir ao mínimo a quantidade de
tubos capilares por onde se possa dar a ascensão. O princípio é ilustrado na Fig. 54, onde se
pode observar a altura atingida pela água antes e depois da execução das aberturas semi-
circulares na base da parede.
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Enquanto que no método anterior se pretendia reduzir a secção absorvente, neste caso preten-
de-se pura e simplesmente criar um corte hídrico, impedindo totalmente a subida da água.
Relacionados com este método, podem distinguir-se quatro tipos de corte nas paredes, permi-
tindo em cada um deles, a introdução de diferentes tipos de materiais estanques (Fig. 55).
Este processo é, de entre todos o mais fiável, mas é também muito caro e susceptível de pôr
em causa a estabilidade das paredes. Quando cuidadosamente colocadas, as membranas
estanques garantem uma eficácia quase total.
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A técnica consiste em demolir a alvenaria, por pequenos troços, ao longo de uma faixa pré-
definida e substitui-la por materiais impermeáveis (novos blocos de alvenaria,
impermeabilizados e bastante mais densos na sua constituição, e argamassa modificada
hidrófuga nas juntas é utilizada), em toda a sua espessura e comprimento (Fig. 56). Deste
modo, é criada uma barreira física, de 20 a 30 cm que impede a ascensão da água à parede.
Este método, embora eficaz, é de execução difícil e morosa e é aplicável apenas em paredes
constituídas por elementos de alvenaria pequenos e regulares, pelo que tem caído em desuso.
Uma forma mais expedita de executar um corte na parede consiste na utilização de uma serra
de disco ou similar (Fig. 57, à esquerda), procedendo-se ao corte das paredes em troços
alternados com cerca de 1 metro de comprimento. A abertura do roço em paredes com acesso
pelas duas faces pode ser executada com um fio helicoidal (Fig. 57, à direita), o que facilita o
trabalho no caso de paredes de grande espessura.
As aberturas praticadas nas paredes são preenchidas com materiais impermeáveis, como as
membranas betuminosas, as placas de chumbo, as folhas de polietileno ou de policloreto de
vinilo ou, ainda, as argamassas de ligantes sintéticos. A continuidade dos materiais utilizados
deve ser assegurada para garantir a total estanqueidade da zona tratada e o preenchimento do
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espaço eventualmente livre, existente após a aplicação destes materiais, deve ser garantido de
forma a não ocorrerem assentamentos posteriores.
Fig. 57 - Corte com serra (à esquerda) e com fio helicoidal [9] (à direita)
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Fig. 58 [4] [8] - Princípio do método de Massari (corte por carotagens sucessivas)
Nos espaços assim obtidos, procede-se, após limpeza, à introdução de uma argamassa de
ligantes sintéticos, constituída por pó de mármore, areia fina e uma mistura de resina de
poliéster com carbonato de cálcio. Esta composição, desde que aplicada com temperaturas
ambientes não inferiores a 20 ºC, assegura uma trabalhabilidade suficiente para o
preenchimento de cortes até 1.60 m de profundidade, polimerização total ao fim de 3 a 4
horas, resistências mecânicas adequadas, ausência de retracção e estanqueidade à água [8].
Uma vez endurecida a argamassa, avança-se para o troço seguinte.
Resta apenas referir que esta técnica acarreta custos e dificuldades de execução elevados.
O método de “Shöner Turn” (Fig. 59, à direita) consiste na introdução de chapas metálicas
onduladas (em geral, de aço inoxidável) nas paredes afectadas, através de martelos
pneumáticos que forçam a penetração das chapas através da aplicação descontínua de forças
de percussão baixas (200 a 400 N) com uma frequência elevada (1000 a 1500 vezes por
minuto) [7]. Como se pode imaginar, a aplicação deste método está restringida a alvenarias
executadas com elementos regulares e com juntas contínuas bem definidas, nas quais as
chapas metálicas são inseridas.
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Qualquer das barreiras físicas, descritas anteriormente, tem limitações de aplicação. O apareci-
mento de novos materiais sintéticos permitiu a colocação em prática de outras soluções de re-
paração das anomalias devidas à ascensão capilar. Este método consiste, basicamente, na cria-
ção de zonas estanques nas paredes através da introdução de produtos que, por via química,
impedem a progressão da água nas paredes (Fig. 60). Para este efeito, os tratamentos superfi-
ciais não são adequados já que os sais se podem continuar a formar no interior da parede.
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A barreira estanque deve ser localizada o mais próximo possível do nível do terreno (cerca de
15 cm acima deste - Fig. 67, à esquerda). A técnica inicia-se com a realização de furos,
levemente oblíquos em relação à parede e de diâmetro apropriado às hastes a introduzir na
parede para a impregnação, que deverão ter um afastamento de 10 a 20 cm e uma
profundidade total de 2/3 da espessura da parede. Se a parede for muito espessa (> 0.50 m) e
houver acesso a ambas as faces, devem fazer-se dois furos, um em cada face, desencontrados,
cada um deles com a profundidade de 1/3 da espessura da parede (Figs. 61 e 62). A obturação
dos furos - com argamassas adequadas e não retrácteis - só poderá ser executada após a
secagem total do paramento.
Fig. 62 - Possíveis tipos de colocação dos furos consoante a natureza da parede a tratar
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Estas regras são, na maior parte das situações, suficientes para obter uma boa distribuição do
produto em toda a espessura da parede - uma das condições de sucesso desta técnica é que a
barreira estanque abranja rigorosamente toda a espessura e largura da parede, de forma a não
deixar qualquer caminho livre que permita a ascensão capilar.
O processo através do qual estes produtos são introduzidos nas paredes (dependendo da
situação em causa ou do tipo de produto) pode ser por gravidade ou sob pressão (Fig. 63, à
direita e à esquerda, respectivamente).
No processo de introdução por gravidade (Figs. 64 e 65), os furos podem ser horizontais ou
inclinados no sentido da base da parede, sendo-lhes introduzidos frascos contendo o produto
impermeabilizante que, na sua parte inferior, possuem um tubo que permitirá a fácil
escorrência do produto para a parede. A difusão desse produto no interior da alvenaria é
efectuada pelas acções de gravidade e de capilaridade dos materiais.
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A utilização da técnica de injecção do produto sob pressão (Fig. 66) requer o uso de um
equipamento de pressão: uma bomba injectora, que pode estar ligada simultaneamente a
vários furos, ou empregue a cada um deles isoladamente (Fig. 67, à direita). A pressão
utilizada é variável, mas não deve exceder os 0.4 MPa, para evitar a rotura dos materiais
constituintes da parede. Esta introdução sob pressão tem a vantagem de facilitar a “expulsão”
da água contida nos poros, facilitando assim a penetração do produto.
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Deste modo, os novos rebocos a aplicar terão, para além da inevitável compatibilidade com o
suporte, uma importante função: a capacidade de prevenir a passagem dos referidos sais da
superfície ainda contaminada para o exterior, pois as paredes poderão levar anos a secar e a
sua base permanecerá sempre húmida. Como tal, poder-se-á distinguir duas fases distintas e
indissociáveis neste processo:
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• a substituição dos rebocos antigos - que irá exercer funções de prevenção relativamente a
futuros estragos.
Os produtos susceptíveis de serem utilizados nestas reparações são de dois tipos diferentes
(Quadro 4): os tapa-poros e os hidrófugos. Nos primeiros incluem-se as resinas epoxídicas, os
silicatos alcalinos e as acrilamidas. O segundo conjunto é constituído pelos siliconatos,
silicones (siloxanos e resinas silicónicas) e os organometálicos. Em geral, todos podem ser
aplicados sob pressão, embora apenas os silicatos alcalinos e os siliconatos possam utilizar o
processo de gravidade como método de aplicação [7].
Existe, portanto, um vasto conjunto de produtos aplicáveis por injecção e por gravidade /
difusão de forma a criar uma barreira estanque, devendo ser repelentes de água, em forma
líquida ou viscosa, e diluíveis em água e possuir as seguintes características principais [18]:
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No entanto, para que uma barreira química cumpra totalmente os objectivos para que foi
concebida, além dos aspectos já referidos, deve ter-se em atenção o seguinte:
As injecções não formam um “plano impermeável” como as membranas estanques, mas sim
uma banda difusa. Quando as soluções são injectadas em substratos heterogéneos (caso das
alvenarias), de um modo geral não preenchem igualmente toda a estrutura. Irão criar
“caminhos” preferenciais (Fig. 68) que correspondem às linhas de menor resistência dos
materiais: geralmente poros mais largos ou fendas. Infelizmente, não são estes os caminhos
mais importantes para a condução da água na parede. Para além disto, quanto mais húmida
estiver a parede, maior tendência tem este fenómeno de acontecer, especialmente com
sistemas baseados em solventes que não se misturam com água. O fenómeno (cuja designação
anglo-saxã é “viscous fingering”) assume maior significado no caso das injecções sob pressão.
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A eficácia deste tipo de sistemas poderá também ser afectada quando existem anteriores
soluções impregnadas na parede a tratar. Problemas semelhantes poderão ocorrer quando as
paredes são tratadas contra infestações de animais.
De um modo geral, poder-se-á afirmar que os processos de injecção, seja por gravidade ou sob
pressão, podem atingir bons resultados, se utilizados inteligentemente e instalados de forma
conscienciosa. De facto, o sistema exige o recurso a mão-de-obra especializada, motivo pelo
qual tem começado a cair em desuso em alguns países, associando-se inevitavelmente ao
elevado número de falhas. Outra grande limitação da utilização deste tipo de sistemas é o
facto de a base das paredes permanecer sempre húmida, já que o processo não constitui uma
barreira totalmente estanque e uniforme. A utilização de emulsões à base de solventes poderá
também causar problemas nocivos à saúde dos utilizadores dos espaços tratados,
nomeadamente em condições higrométricas desfavoráveis / elevadas humidades relativas.
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Fig. 70 [7] - Provetes de tijolo vazado ensaiados em que se introduziu o produto na primeira
fiada de furos
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No conjunto das soluções destinadas a retirar a água em excesso das paredes, estão incluídos
os métodos de electro-osmose (baseados na diferença de potencial eléctrico que se forma entre
o terreno e a parede devida à ascensão da água) e os drenos atmosféricos (drenos de Knapen).
A ascensão de água nas paredes provoca uma diferença de potencial eléctrico entre o terreno e
essas paredes, cujos efeitos se somam às forças de capilaridade e à evaporação superficial.
Com base nesta constatação, surgiu a ideia de que, anulando essa diferença de potencial (com
eléctrodos do mesmo material) ou introduzindo uma tensão inversa (com eléctrodos de
materiais diferentes: cobre para o ânodo e aço galvanizado para o cátodo), a ascensão da água
deveria parar ou ser invertida: estava assim criado o princípio da electro-osmose (Fig. 71),
passiva ou semi-passiva, respectivamente (existe ainda a electro-osmose activa - Fig. 71, à
direita, que corresponde à interposição entre os eléctrodos da parede e do terreno de uma fonte
de corrente contínua, ainda que de baixa tensão - ≤ 1.6 V - para evitar a electrólise da água; no
entanto, a intensidade desta corrente perde-se com o tempo). O princípio consiste na
introdução na parede, de uma série de sondas condutoras ligadas entre si, que funcionam
como ânodo, ligadas a uma tomada de terra, que actua como cátodo.
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Existe ainda a electro-osmose forese, a qual surgiu como complemento das primeiras já
descritas, com a finalidade de ultrapassar o seu maior inconveniente: o reaparecimento dos
problemas de humidade após a interrupção do sistema. Esta forma de electro-osmose consiste
em introduzir “produtos de forese”, contendo partículas metálicas em suspensão, os quais são
injectados nas paredes, por forma a que, sob a acção da corrente eléctrica produzida, a água
contida na parede, ao deslocar-se, arraste consigo essas partículas que se irão depositar nos
poros do material da alvenaria. Desta forma, após um período de ano e meio a dois anos de
funcionamento do sistema, este poderá ser interrompido, uma vez que os poros, já obstruídos,
impedirão a ascensão da água na parede.
Esta escolha deverá ser exaustivamente ponderada, tendo em conta que as correntes favorá-
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veis se medem em milivolts e que terão de contrariar um sistema muito complexo de forças
que elevam a água nas alvenarias. Deverão ainda considerar-se factores como a natureza do
solo, sua topografia, grau de humidade e características eléctricas, bem como outros, relativos
ao edifício ou parede a tratar, tais como a natureza dos seus materiais, sua configuração,
orientação e características eléctricas. Quando as zonas a tratar estão perfeitamente localizadas
e delimitadas, a instalação é suficiente apenas nessa zona do edifício.
A eficácia deste método é bastante reduzida para sondas em cobre (cobrem-se com relativa
rapidez de uma camada protectora de carbonato-hidróxido) e reduzida para sondas em aço
inoxidável (varia também de acordo com o modo de contacto entre a sonda e a alvenaria e a
inércia química do condutor utilizado; no sentido de melhorar o desempenho do sistema,
deverá assegurar-se um contacto pleno entre a sonda e a alvenaria, pelo que poderá utilizar-se
uma argamassa para corrigir as eventuais folgas), pelo que não é muito utilizado. Quando o é,
aparece aplicado em associação com outros métodos, tais como a substituição dos rebocos ou
o aumento da ventilação natural, ambos na sua generalidade mais eficazes e mais económicos
que o próprio sistema da electro-osmose.
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Este processo consiste na execução de simples furos de arejamento (Fig. 74, à esquerda),
dispostos em quincôncio e inclinados de 20º a 30º com a horizontal, distando entre si cerca de
35 a 40 cm, não devendo a sua profundidade ultrapassar ¾ da largura da parede a tratar.
Nestes furos são colocados os drenos (Fig. 74, à direita), os quais podem ser cerâmicos,
plásticos ou metálicos, e apresentar diversas formas e dimensões, consoante o caso onde serão
aplicados. Em seguida, a cavidade deverá ser preenchida com uma argamassa porosa, de
forma a fixar o dreno e favorecer a circulação do ar. Finalmente, é aplicada uma argamassa de
acabamento e colocada uma grelha de protecção aparente na extremidade livre do dreno.
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Fig. 73 - À esquerda, dreno plástico e, à direita, parede tratada com drenos atmosféricos
plásticos
Por ser muito económico, este sistema foi muito utilizado, mas com pouco sucesso. Os drenos
não reparam, apenas atenuam o efeito da humidade e têm um efeito estético indesejável. Por
outro lado, este sistema não poderá ser aplicado em paredes muito espessas, mal consolidadas
ou em alvenarias de pedra. Em algumas circunstâncias, quando se registam humidades e
condensações excessivas, tais como em instalações sanitárias, lavandarias ou cozinhas, este
sistema poderá mesmo funcionar de forma inversa, aumentando o problema.
Estas soluções englobam as técnicas que, apesar de não terem interferência nas anomalias nem
nas respectivas causas, permitem que essas anomalias deixem de ser visíveis. Existem, assim,
dois tipos de soluções.
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Esta técnica consiste na execução de uma parede pelo interior, com a menor espessura possí-
vel, afastada 5 a 10 cm da parede inicial e sem qualquer ponto de contacto com esta (Fig. 75).
O espaço de ar entre as duas paredes deve ser, preferencialmente, ventilado. Nesse caso, o seu
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arejamento não deve ser dirigido para o interior do local a tratar, pois assim estar-se-ia a
promover o aumento da humidade relativa no interior (Fig. 77, à esquerda) [7]. A solução
ideal será aquela que possibilite uma ventilação para o exterior, através da localização de um
conjunto de orifícios a um nível inferior e superior que permita a circulação do ar (figura 77, à
direita - técnica já preconizada no século I a.C., pelo arquitecto romano Vitrúvio). Esta
solução obriga à colocação de isolamento térmico no interior da caixa-de-ar assim formada.
Fig. 77 [7] [22] - Ventilação do espaço da caixa de ar através de duas aberturas para o exterior
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De uma forma geral, a aplicação de revestimentos impermeáveis nas paredes vai impedir a
evaporação, aumentando a altura atingida pela ascensão capilar (Fig. 12). São soluções que
produzem bons resultados a curto prazo mas devem ser evitadas pois, a médio e longo prazo,
as anomalias reaparecem com uma intensidade muito superior à que tinham inicialmente.
Nos Quadros 5 e 6, são apresentadas duas análises comparativas dos diversos métodos de
tratamento de anomalias associadas à ascensão capilar apresentados.
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Caso contrário, o problema não tem solução, apesar de poder recorrer-se à ocultação das
anomalias. Daí que as soluções de reparação dos edifícios devam estudar-se com base em
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6. BIBLIOGRAFIA
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de estudo.
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