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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

CIÊNCIAS SOCIAIS – INTRODUÇÃO À CIÊNCIA POLÍTICA


FRANCISCO OCTÁVIO B. DE SOUSA – Matr.:190045809

SCALON, Celi. "Desigualdade, pobreza e políticas públicas: notas para um


debate". Contemporânea, nº 1, 2011.

O objetivo do autor é “conjugar uma discussão sobre desigualdades”. Para tal tarefa
recorre ao argumento de que a desigualdade é a “marca mais expressiva da sociedade
brasileira” e, diferentemente do imaginário popular, esta não se trata de um fato natural, mas
sim uma construção social que apresenta diversas formas (prestígio, poder, renda, etc). Posto
isso, a questão não é somente entender as origens do processo de reprodução de
desigualdades, mas também explicar sua permanência [SCALON, 2011, p. 50 e 65].
Existem vários motivos a perpetuação das desigualdades no contexto brasileiro, sendo
os mais contundentes: (1) a pobreza, enquanto exclusão dos direitos básicos e de bem-estar;
(2) o código cultural que legitima a desigualdade fortalecendo a crença em soluções
“mágicas” e (3) a conectividade entre as elites [SCALON, 2011, p. 53-63].
O primeiro motivo, a pobreza, se conecta as desigualdades no que tange as
possibilidades de escapar de situações de privação e vulnerabilidade. Sua maior expressão é
no meio rural. E ela se fortalece através da tendência que os brasileiros tem de rejeitar a ideia
de que a origem familiar e as redes de relações são importantes para a ascensão social
[SCALON, 2011, p. 52-57].
O segundo aspecto, o código cultural, fica evidente na crença de que a escolaridade
sozinha ou o desenvolvimento econômico sozinho são capazes de superar as desigualdades.
Também é expresso na crença que só o controle populacional seria capaz de contornar a
situação brasileira, ou na ideia amplamente difundida de que as desigualdades são parte do
crescimento econômico [SCALON, 2011, p. 59-63].
A conectividade das elites mobiliza poder econômico, político e social, além de
transferirem para o Estado toda a responsabilidade por promover políticas de combate a
pobreza que não tenham custos privados. Essa conectividade só fortalece as elites,
enrijecendo a mobilidade social e aumentando o fosso das desigualdades [SCALON, 2011, p.
60-64].
A partir das observações acima, para o autor, a forma de lidar com a desigualdade
brasileira é complexa e passa por diversos níveis. É importante que a desigualdade seja vista
como problema político, que a meritocracia seja desmitificada no imaginário popular, que se
compreenda que não há uma relação fundamental e necessária entre igualdade, crescimento e
redução da pobreza, e que a própria viabilidade do crescimento econômico está ancorada na
capacidade do país de estabelecer patamares mínimos de igualdade [SCALON, 2011, p. 59].
Posto isso a redução das desigualdades deve passar por duas vias: a formulação de
novos modelos de desenvolvimento que superem as simplificações econômicas e a
implementação de políticas para melhor distribuição de bens e recursos sociais acompanhadas
da educação [SCALON, 2011, p. 62-64].

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