Você está na página 1de 5

Sânscrito

 Sânscrito

A Mãe de
Todas as Línguas
$('!)
'!)"%
"% #%!& 
1
Considerada como a mais antiga língua da história humana, o Sânscrito é a língua progenitora e a
inspiração para virtualmente todas as línguas faladas na Índia. Este artigo busca as origens e história
desta língua venerável.

O Sânscrito é considerado um elemento chave na superfamília Indo-Ariana e mantém a posição de


uma língua clássica, junto com outras línguas como o Grego Clássico, Latim, Persa, Hebreu Árabe,
Chinês e Tamil. Para se conferir o título de língua “clássica” é necessário preencher certos
requerimentos:

1. As suas
suas origens
origens têm
têm de ter ocorrid
ocorridoo há muito tempo.
tempo.
2. Deverá
Deverá possuir
possuir uma tradição
tradição independe
independente
nte que surgiu
surgiu maioritaria
maioritariament
mentee por si mesma e não
como um ramo de outra tradição.
3. Terá de ter um grandi
grandioso
oso e rico
rico corpo
corpo de literat
literatura
ura antiga.
antiga.

O Sânscrito preenche todos estes requisitos com facilidade, tendo uma tradição com, pelo menos,
3000 anos e é a língua na qual todo o texto Hindu antigo, devocional ou não, foi escrito. O Sânscrito
tem uma posição similar na Índia face ao Latim e ao Grego na Europa Medieval, e é uma parte
centr
central
al da tradiç
tradição
ão Véd
Védica
ica/Hi
/Hindu
ndu.. Na sua forma
forma pré-cl
pré-clás
ássic
sica,
a, chamad
chamadaa Sânscr
Sânscrito
ito Vé
Védic
dico,
o, o
Sânscrito é um dos primeiros membros certificados da língua da família Indo-Europeia. O mais
antigo exemplo de literatura Sânscrita disponível é o Rigveda. No entanto, enquanto que a idade de
3000 anos seja uma estimativa moderada baseada nas datações dos primeiros manuscritos escritos
em Sânscrito, foi postulado que uma tradição oral tivesse sido extensivamente usada durante vários
séculos antes do início da escrita de obras religiosas como o Rigveda.

A palavra “samskrata”, em sentido restrito, significa “purificado, consagrado, santificado”. O


Sânscrito,
Sânscrito, geralmente
geralmente referido
referido como “Samskrata
“Samskrata Vak”, significa
significaria
ria uma “língua
“língua refinada”
refinada”.. O
Sânscrito, por definição, tem sido sempre considerado como uma língua maioritariamente utilizada
 para discursos religiosos e científicos e assume-se
assume-se ter contrastado com as línguas faladas pelo
pelo povo.
O mais antigo exemplo sobrevivente das tabulações das regras da gramática do Sânscrito é
“Astadhyavi” de Panini (literalmente traduzido como “Gramática de Oito Capítulos”) que data do
século V a.C.. “Astadhyavi” é essencialmente um conjunto prescrito de princípios gramaticais, que
definem, (ao invés de descreverem) a utilização correta do Sânscrito. No entanto, está repleto com
secções descritivas, principalmente para explicar aquelas formas Védicas do Sânscrito que já
estavam ultrapassadas
ultrapassadas na altura que Panini escreveu o livro.

Julga-se que o Sânscrito foi criado e depois refinado ao longo de muitas gerações, provavelmente
durante mais de um milénio, até que foi considerado completo e perfeito em todos os aspetos. O
Sânscrito não foi concebido como uma língua específica afastada de outras línguas, mas como uma
forma particularmente refinada de falar. Poder-se-ia fazer uma analogia entre a relação que o Inglês
“padrão” tem com diversos dialetos de Inglês falados no mundo. Acredita-se que a forma atual da
língua evoluiu da forma “Védica” anterior de Sânscrito e alguns académicos, frequentemente,
classificam o Sânscrito Védico e Sânscrito Clássico como línguas separadas. No entanto, ambas as
formas
formas de Sânscr
Sânscrito
ito aprese
apresenta
ntam
m graus
graus de semelh
semelhanç
ançaa notáve
notáveis,
is, com difere
diferença
nçass que oco
ocorre
rrem
m
 principalmente em áreas
áreas de fonologia,
fonologia, vocabulário e gramática.
gramática.

O Sânscrito Védico recebe esse nome por ser usado nos Vedas, os textos sagrados primitivos da
índia e bases do Hinduísmo. Estima-se que o primeiro desses Vedas, Rigveda, tenha sido composto
no segundo milénio a.C.. A forma Védica do Sânscrito existiu como uma língua principal até meio
do primeiro milénio a.C.. Assume-se que o Sânscrito fez a transição do estatuto de língua principal
 para uma segunda
segunda língua de religião e ensino
ensino após este período,
período, marcando assim
assim o início do Período

2
Clássico da história do Sânscrito. Uma outra forma de Sânscrito que se desenvolveu no mesmo
 período foi intitulada de Sânscrito Épico e é evidente na língua empregue no Mahabharata e outros
épic
épicos
os proe
proemi
mine
nent
ntes
es Hind
Hindus
us.. O Sâns
Sânscr
crit
itoo Épic
Épicoo empr
empreg
egaa um núme
número
ro mais
mais elev
elevad
adoo de
“prakritismos” (palavras emprestadas da fala comum) do que a forma mais refinada de Sânscrito
Clássi
Clássico.
co. Uma outra
outra forma
forma da língua
língua,, descob
descobert
ertaa por
por académ
académico
icoss lingui
linguista
stas,
s, é chama
chamadada de
“Sânscrito Budista Híbrido”. Essencialmente uma forma de língua Prakrit, está repleta
r epleta de elementos
Sanscritizados, que se assume terem sido usados com o propósito de ornamentação da língua.

A palavra “Prakrit” (Prakrta em Sânscrito traduz-se como “natural, usual”) refere-se à vasta família
de línguas e dialetos Índicos falados na Índia antiga. As Prakrits eram línguas literárias, geralmente
apoiadas por reis. O mais antigo uso de Prakrit que ainda existe hoje são as inscrições do Imperador
Ashoka, com as várias línguas Prakriticas intimamente associadas com diferentes dinastias e reinos
 patronos, junto com
com diferentes religiões e diferentes tradições literárias.

Uma relação forte é evidente entre as várias formas de Sânscrito e as “Prakrits” Indo-Arianas da
Idade Média (nas quais, entre outras coisas, a maior parte dos textos Jaínistas e Budistas foram
escritos), e as línguas Indo-Arianas modernas. Estima-se que as Prakrits descendem do Sânscrito
Védico e das suas outras formas e existem evidências de um grande número de intercâmbio de
termos, palavras e frases entre as formas posteriores de Sânscrito e as várias Prakrits que evoluíram.
O Sânscr
Sânscrito
ito demons
demonstro
trouu também
também influê
influênci
ncias
as recípr
recíproc
ocas
as com as língua
línguass Dravíd
Dravídica
icas,
s, hav
havend
endoo
influências do Sânscrito marcadas em todas as línguas Dravídicas que existem.

A metodologia da pesquisa linguística moderna é largamente derivada do trabalho feito pelos


antigos gramáticos de Sânscrito como Panini. A linguística amplamente acredita a sua origem a
estes gramáticos indianos que tentaram catalogar e codificar as regras inerentes ao correto uso do
Sânscrito.
Sânscrito. Na realidade
realidade,, a bolsa de estudos
estudos europeia
europeia em Sânscrito,
Sânscrito, iniciada
iniciada por Heinrich Roth e
Johann Ernst Hanxleden,
Hanxleden , precedeu a proposta da família Indo-Europeia por Sir William Jones,
assim
assim tendo
tendo um pap
papel
el importa
importante
nte no desen
desenvol
volvim
viment
entoo da linguí
linguístic
sticaa Ociden
Ocidental
tal.. As bases
bases da
ling
linguí
uíst
stic
icaa mode
modern
rnaa empr
empreg
egam
am muita
muitass form
formas
as das
das estr
estrut
utur
uras
as evol
evoluíuíra
ram
m nos
nos trab
trabal
alho
hoss dos
dos
gramáticos de Sânscrito, com vários termos chave para análise composta emprestada do Sânscrito.

A literatura Sânscrita é informalmente dividida em várias zonas, conforme as formas literárias que o
Sânscrito tenha tanto na estrutura como na literatura. O primeiro período, chamado de Período
Védico, está entre, aproximadamente, 2000 a.C. e 500 a.C., e a literatura Védica forma a base para
maior desenvolvimento do Hinduísmo. Os quatro Vedas – Rig, Yajus, Sama e Atharva - são
considerados pedras basilares na formação da filosofia e pensamento Hindu. Os Vedas não foram
escritos de uma assentada mas foram compilados durante vários séculos por milhares de pessoas.
Como resultado disso, os Vedas providenciam um olhar profundo no desenvolvimento histórico e
cultural da Índia durante este período. Em termos de conteúdo, os Vedas contêm observações que
abrang
abrangem
em linhas
linhas inteir
inteirame
amente
nte difere
diferente
ntess de pen
pensam
sament
entoo e crença
crençass religi
religiosa
osas.
s. As Upa
Upanis
nishad
hadss
formam uma parte dos Vedas, e são firmemente filosóficas na sua fundamentação.

O período entre, aproximadamente, o séc. XII e o séc. II a.C. assistiu à composição de dois
grandiosos épicos Hindus, o Mahabharata e o Ramayana. Ambos os épicos são considerados
trabalhos coletivos, que foram escritos algures no séc. II a.C. após uma evolução contínua após
séculos de tradição oral.

Panchatantra foi outra grandiosa coleção de histórias escrita por volta do ano 200 a.C.. Uma coleção
de fábulas em Sânscrito tanto em formato prosa como em verso, é considerado um tratado político
criado pelo académico Vishnu Sarma para instruir os jovens príncipes de Kashinn nos meandros da

3
ciência política. Tendo
Tendo viajado por todo o mundo através das rotas marítimas da Pérsia e do Sudeste
Asiático, esta coleção de fábulas é considerada como a mais antiga forma de histórias existente no
mundo e é considerada como a fonte de muitas fábulas morais desenvolvidas, virtualmente, em
todos os cantos do mundo.

Outra coleção de histórias que provocaram um impacto por todo o mundo foram os Contos de
Jataka. Embora fundamentalmente associadas com a tradição budista e escritas em Pali, acredita-se
terem evoluído de histórias em Sânscrito relacionadas que existiam anteriormente à escrita deste
contos. É assumido que os Contos de Jataka inspiraram outras histórias noutras partes do mundo,
especialmente as histórias contidas nas fábulas de Aesop, Sindbad o marinheiro e As Mil e Uma
 Noites.

Um componente principal da ideologia Hindu são os Puranas. Tradicionalmente atribuídos a Vyasa,


Vyasa,
os académicos contemporâneos colocam a conceção deste corpo de textos entre 400 a 100 d.C.. os
Puranas são uma parte importante da “Smriti” Hindu, com discussões abrangentes sobre vários
tópicos como devoção a Deus nos seus vários aspetos, ciências tradicionais como Ayurveda,
Jyotish, cosmologia, e conceitos como dharma, karma, reencarnação, entre outros. Abrangendo
dezoito puranas divididos em três categorias intituladas Brahma Puranas, Vishnu Puranas e Shiva
Puranas, fazem a eulogia aos três principais deuses da consciência Hindu, Brahma o criador, Vishnu
Vishnu
o preservador e Shiva o destruidor.
destruidor.

A Índia tem uma rica tradição de artes teatrais que, contrariamente à crença de alguns académicos,
não nasceu a partir das invasões Gregas da Índia. O teatro sempre existiu como uma instituição
indígena, pelo menos, desde o período Védico na história do Sânscrito.

O teatro Védico deve as suas origens à religião. O episódio Yama-Y


Yama-Yami
ami no Rig-Veda,
Rig-Veda, por exemplo,
apresenta uma das formas iniciais de teatro da literatura Indo-Europeia. O teatro, com o tempo,
evoluiu para uma tradição que era independente do ritual religioso. Apesar de influências modernas
Helenísticas, as peças Sânscritas, frequentemente, diferenciavam em muito das suas homólogas
Gregas em relação à natureza das peças, que iam da tragédia à comédia ligeira. Os dramaturgos
muitas
muitas vezes
vezes recria
recriavam
vam temas
temas mitoló
mitológic
gicos
os ou histór
histórico
icoss pré-ex
pré-exist
isten
entes
tes para
para formar
formarem
em nov
novos
os
trabalhos.

Alguns dos mais famosos dramaturgos Sânscritos incluem Sudraka, Bhasa, Asvaghosa e Kalidasa.
Algumas das mais importantes peças são “Mriccha Katika” de Sudraka (que se assume ter sido
escrita no séc. II a.C.); “Swapna Vasavadattam e “Pratijna Yaugandharayaanam” por Bhasa, um
dramaturgo apenas ultrapassado por Kalidasa; e “Vikramorvashiyam”, “Malakavikagnimitram” e
“Abhjnana Shakuntalam”
Shakuntalam” por Kalidasa, o maior dramaturgo da literatura Sânscrita.

O escritor Bharata compôs uma pedra angular na literatura Sânscrita que definiu amplas linhas
mestras para a forma como a música, dança, literatura e teatro deveriam ser expressas. Intitulado
“Natya
“Natyasha
shastr
stra”,
a”, també
também
m é credit
creditado
ado com o estabe
estabelec
lecime
imento
nto das nov
novee “Rasas
“Rasas”,
”, emoçõe
emoçõess que
 poderiam encontram
encontram expressões artísticas.

Vários trabalhos de poesia desenvolvidos entre o séc. III e VII d.C. utilizaram a mais criativa forma
de Sânscrito, nos maiores tons literários estilísticos. Os mais notáveis trabalhos de poesia na história
da literatura Sânscrita foram atribuídos a “Kumarasambhavam” e “Raghuvamsham” por Kalidasa,
“Kiratarjuniya” por Bharati, “Shishupala Vadha” por Sri Maagha e “Naishadiya Charitam” por Sri
Harsha. Neste período, o primeiro romance em Sânscrito foi escrito por Bana Bhatta, que apelidou o
seu trabalho de “Kadambari”.

4
Outro trabalho significativo que surgiu no séc. XI foi “Katha Saritsagara” uma adaptação poética de
um trabalho anterior no dialeto Paischali intitulado “Brihat Katha”. Este trabalho inspirou várias
histórias dentro das “Mil E Uma Noites” e é conhecido pelas crianças por toda a Índia pelas
histórias “Vikram
“Vikram aur Betaal” que esta antologia continha.

Após o séc. XI, o desenvolvimento da literatura Sânscrita declinou consideravelmente devido ao


crescimento de línguas derivadas como Hindi, Bengali e outras línguas. Porém, a influência do
Sânscrito nas culturas literárias nestas línguas é bem evidente, sendo que trabalhos em Sânscrito são
constantemente reinventados
reinventados e reinterpretados ao longo dos tempos.

Hoje em dia, o Sânscrito é principalmente usado como uma língua cerimonial, em hinos e mantras.
Mas as evidências do Sânscrito ainda existem por debaixo da consciência nacional da Índia
moderna. Bengali e Marathi ainda conservam uma enorme base do vocabulário Sânscrito. O hino
nacional, “Jana Gana Mana” é composto numa extremamente Sanscrizada forma de Bengali. A
canção nacional, “Vande Mataram”, originalmente um poema retirado do livro “Anandmath”,
escrito por Bankim Chandra Chattopadhyay é puro Sânscrito, como um tributo à mãe de todas as
línguas indianas de hoje.

 No presente cenário, o Sânscrito é considerado por muitos académicos como uma língua morta.
Mas o Sânscrito continua a demonstrar a mesma persistência que teve ao longo de muitos milénios.
O Governo da Índia promove ativamente o Sânscrito como uma terceira língua no sistema de
educação primário e académicos contemporâneos espalhados no mundo começaram a estudar e a
encorajar conversação em Sânscrito, entre uma crescente comunidade estudantil. Parece manifesto
que o Sânscrito irá resistir e permanecer para viver na consciência das futuras gerações da
humanidade.

Publ
Publica
icado
do orig
origin
inalm
almen
ente
te em www.bhashaindia.com e traduzido por Gustavo Cunha para
www.yogavaidika.blogspot.com.. Copy
www.yogavaidika.blogspot.com Copyri
righ
ghtt © 2003
2003-2
-200
0077 Micr
Micros
osof
oftt Co
Corp
rpor
orat
atio
ion.
n. Todos
odos os Dire
Direito
itoss
Reservados.

Você também pode gostar