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Galliano - O Metodo Cientifico - Teoria e Pratica
Galliano - O Metodo Cientifico - Teoria e Pratica
Teoria e Prática·
Equipe editorial
Ana Lúcia Teixeira Vasconcelos
Maurício Rittner
Silvana Salerno Rodrigues
HARBRA
•
SÃO PAULO
Cambridge Londres
Filadélfia Bogotá
Nova Iorque México
São Francisco Sidney
1817
Supervisão : Maria Pia Castiglia
Revisão de Estilo: Maria Elizabeth Santo
Revisão de Provas: Vera Lucia J uriatto
Capa: Maria Paula Santo
Compo�ição e Arte:
.
.
AM Produções Gráficas Ltda.
Fotolitos: Programa Produções Gráficas Ltda. s/c
impressão GRÁFICA EDITORA HAMBURG LTDA.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
"
Apresentação
I UM POUCO DE TEORIA
- -
II A APLlCAÇAO PRATICA
, .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
Este livro foi produzido especialmente para você. Não é uma obra comum de
estudo; também não tem nada de revolucionário quanto aos cânones da didáti
ca. Trata-se de um esforço editorial que, na sua simplicidade, tem o mesmo
propósito que os amigos de ajudá-lo, introduzindo-o mais facilmente nos ní
veis elementares da metodologia . De modo algum pretende esgotar o assunto
que trata em suas páginas . Não é, portanto, um manual acabado, uma obra de
tese ou um repositório definitivo de conhecimentos metodológicos . Em outras
.
.
Antes de começar a usar este livro , examine o conteúdo com atenção . O ideal é
que você inicie o estudo pela parte teórica. Ela não está em primeiro lugar por
acaso. Se você possuir noções mais sólidas sobre a teoria do processo do co
nhecimento, entrará no terreno da prática com muito maior segurança. A teo-
.
ria informa por que se deve agir de determinada maneira na prática.
Isto não significa, porém, que você não'possa enfrentar as duas partes do
livro ao mesmo tempo, ou seja, estudar a teoria e aplicar o que aprender na
parte prática . Pode, e até deve, fazer as duas coisas concomitantemente. Este
livro foi construído precisamente para que não haja contradição entre o co
nhecimento teórico e sua imediata aplicação . Para muitas pessoas essa é, inclu
sive, a maneira mais rápida de se aprender com segurança alguma coisa. Por
outro lado, se os seus conhecimentos teóricos já forem suficieptes, então pule
a primeira parte e comece diretamente na segunda. Nela você aprenderá a dar
os primeiros passos para tornar sua atividade intelectUal mais eficiente.
Cada capítulo apresenta logo no início o seu plano esquemático. Exami
nando esse plano você adquire, numa simples mirada, uma noção do conteúdo
e , assim, pode imaginar de que lhe serve estudá-lo . Passe em seguida à leitura
do texto propriamente dito. Ao final da leitura, esforce-se para responder as
questões de auto-avaliação. Elas lhe servem de guia na verificação do seu apro-
. veitamento : se não conseguir respondê-las, isso indicará que não compreendeu
o conteúdo do capítulo. Se tal coisa acontecer, volte ao texto, não passe ao ca
pítulo seguinte . Releia o texto quantas vezes forem necessárias para poder res
ponder às questões de maneira segura. Ao mesmo tempo que servem de guia,
. as questões de auto-avaliação poderão lhe servir também como tema de algum
trabalho . Recomendamos que você faça um trabalho, mesmo curto, sobre
qualquer das questões que surgem ao final de cada capítulo isso ajudará a
fixar o que aprendeu. Você notará também que algumas questões de auto-ava
liação não são diretamente respondidas pelas informações apresentadas no
texto. Essa discrepância , no entanto, é proposital : seu objetivo é fazer com
que você possa desenvolver o assunto mediante reflexão baseada em seus pró
prios conhecimentos ou por meio de consulta a outras fontes .
Outra novidade quanto à composição do livro diz respeito aos resumos.
Na parte teórica você encontrará, ao final de cada capítulo, um resumo do
conteúdo, feito de maneira tradicional . Os capítulos da parte prática, porém,
não são resumidos da mesma forma. Por vezes , quando o conteúdo assim o
exige devido ao volume da informação, resumos esquemáticos surgem durante
o desenvolvimento do texto, ao final de algum tópico. Essa colocação visa a
facilitar a esquematização do aprendizado, já que o exagerado acúmulo de in-
.
.
A Equipe Editorial
• Introdução
• O método e você
• O que é método
• Método e técnica
• O valor do conhecimento
• A natureza e o desenvolvi
mento da ciência
INTRODUÇAO
-
o MÉTODO E VOCÊ.
Certamente você já conhece muitos métodos. Qualquer pessoa civilizada é
uma espécie de ilha cercada de métodos por todos os lados, ainda que nem
sempre tenha consciência disso. Pense, por exemplo, no que aconteceria se,
por distração, não seguisse o método adequado para atingir um objetivo tão
simples como estar calçado com meia e sapato.
Vejamos . Se não seguir a ordem correta das açôes, primeiro você calçará
o sapato; depois , verificando não ser possível pôr a meia no pé já calçado com
o sapato, descalçará o sapato; então, porá a meia no pé descalço e, novamen
te, calçará o sapato .
Qual teria sido a conseqüência imediata da distração?
Nesse exemplo de emprego de método, tão simples como corriqueiro, ao
deixar de seguir a ordem correta das açôes você não alcançou na primeira ten
tativa o resultado desejado: estar calçado com meia e sapato. Para alcançar o
resultado esperado, você teve de voltar ao início da seqüência correta das ações
- ou seja, observar o método. Quando o método não é observado, o mínimo
que pode acontecer é gastar-se tempo e energia inutilmente.
Passemos a outro exemplo banal. Desta vez o problema é colocar um au
tomóvel em movimento, impulsionado corretamente por seu próprio motor. O
carro, estacionado em um pátio, tem seu motorista já pronto para dirigi-lo.
Para colocá-lo em movimento o motorista tem de realizar uma série de opera
ções que requer uma seqüência definida:
Talvez você esteja sentindo que lhe falta ainda uma definição adequada ·
de método . Pois formule-a agora. Não recorra já a um dicionário. Pense nos
exemplos apresentados, recorra à memória para lembrar-se de outros métodos
que estão presentes em sua vida cotidiana. Trate de encontrar o que existe de co
mum entre eles . Raciocine um pouco mais e tente formular sua própria defmição
de método. Escreva-a numa folha de papel. Somente depois disso passe à leitura
do tópico seguinte.
, ,
O QUE E METODO
Se consultar mais de um dicionário, certamente você encontrará sentidos dife-
rentes para o significado do termo "método " . Não se preocupe muito com is-
•
Não se· trata de discutir aqui qual dessas definições é a mais precisa, a
mais adequada para expressar o que é método . Não há necessidade disso para
quem está se iniciando no estudo da Metodologia Científica . Essas definições
6 o METODO CIENTiFICO
MÉTODO E TÉCNICA
Existem métodos e existem técnicas , todos nós sabemos que é assim. Mas ,
considerando as definições de método já conhecidas , método e técnica não se
confundem, não são a mesma coisa?
Sim, quando tomados de um modo bastante amplo, os dois termos mé-
todo e técnica podem realmente confundir-se entre si. No entanto, racioci
nando com maior rigor sobre o significado de cada um deles pode-se notar a
existência de uma diferença fundamental entre ambos .
Voltemos ao ,exemplo de sair calçado com meia e sapato. Você não alcan
çará o resultado almejado se não seguir as etapas ordenadamente dispostas :
calçar primeiro a meia e depois o sapato . Esta ordenação das ações constitui o
método. Contudo, mesmo seguindo a indispensável seqüência das etapas que
deverão ser vencidas , você poderá chegar ao resultado desejado com menor
uso de tempo e energia, ou com maior perfeição, se empregar a técnica especí
fica dessa atividade.
Por analogia, pode-se dizer que método é a estratégia da ação . O método
indica o que fazer, é o orientador geral da atividade . A técnica é a tática da
ação . ' Ela resolve o como fazer a atividade, soluciona o modo específico e mais
adequado pelo qual a ação se desenvolve em cada etapa. Em outras palavras : a
estratégia adequada ganha a guerra; a táctca adequada ganha uma batalha.
A técnica, portanto, assegura a instrumentação específica da ação em ca
da etapa do método. Este, por seu turno, estabelece o caminho correto para
chegar ao fim por isso é mais amplo, mais geral .
Para que a diferença entre método e técnica se fixe ainda melhor em sua
mente, façamos juntos mais uma analogia.
ALGUNS ELEMENTOS BÁSICOS 7
Imagine que uma pessoa tem de hastear uma bandeira no topo de uma
montanha . Como essa pessoa esta no continente e a montanha situa-se em
uma ilha cercada de águas profundas, o "método" indicará as etapas a serem
ordenadamente vencidas , ou seja: a pessoa terá primeiro de atravessar o obstá
culo água, depois atingir o topo da montanha e, então, hastear a bandeira.
De fato, a bandeira não poderá ser hasteada sem que, de alguma forma, a
água seja vencida e o cume da montanha atingido . Qualquer inversão na or-
dem, das etapas indicada pelo "método" impossibilitará a consecução do re-
•
'
sultado desejado.
Contudo, mesmo obedecendo à seqüência das etapas, o objetivo de has
tear a bandeira no topo da montanha insular poderá ser atingido com maior
ou menor segurança, com maior ou menor economia de tempo etc ., dependen
do de como cada etapa será vencida. A pessoa poderá atravessar a água a na
do , de barco , avião ou helicóptero. (É claro que existem ainda outros meios
para realizar a travessia, mas estes são suficientes para o que desejamos de
monstrar .) Então , para fins de argumentação, denominemos "técnicas" os
meios citados . Temos, assim, quatro "técnicas " para vencer a primeira etapa.
Entre elas haverá uma mais adequada às condições da travessia e essa será a
"técnica" correta, a mais vantajosa para atravessar a água, ou seja, vencer a
primeira etapa do problema.
Vejamos.
A travessia feita de barco resolverá o fator segurança em relação à "técni
ca" nado. Seja qual for o tipo de barco (a remo, a vela ou a motor), utilizan
do-o a pessoa contará com um instrumento adequado para chegar à ilha. Isso só
não seria verdade se a pessoa fosse um peixe e a água o seu elemento natural .
Portanto, como qualquer barco possibilita a qualquer ser humano condições
melhores de vencer as extensões de água, a "técnica" barco é mais adequada e
segura do que a "técnica" nado até para os campeões de natação .
Considerando que a ilha possui um campo de pouso no sopé da monta
nha, a "técnica" avião acrescentará o fator rapidez à segurança oferecida pelo
barco . De fato, podendo voar em linha reta, sem ter de enfrentar as ondas e
correntes marítimas , e desenvolvendo maior velocidade do que o barco , um
avião poderá vencer adequadamente a extensão do obstáculo água. Portanto,
constitui uma "técnica" tão apropriada à travessia quanto o barco, mas com a
vantagem de possibilitar resultado semelhante em menos tempo .
A "técnica" helicóptero, no entanto, é ainda mais vantajosa do que as
precedentes (nado, barco, avião), porque além de oferecer as vantagens de se
gurança e rapidez a elas acrescenta o fator conveniência. Explicamos melhor:
se .qualquer pessoa pode vencer a primeira etapa viajando de barco ou avião,
ao chegar à ilha terá de resolver o problema de escalar a montanha a segun
da etapa a ser vencida . Nem a natação nem o barco poderão aj udá-la em nada
.
a pessoa quiser atingir aquele local para hastear a bandeira, terá de arriscar-se
a um salto de pára-quedas . O helicóptero, porém, poderá deixar qualquer pes
soa (seja ela alpinista ou não) no topo da montanha. Portanto, se o helicópte
ro não apresenta desvantagens razoáveis para a consecução da primeira etapa
8 . o METODO CIENTiFICO
o VALOR DO CONHECIMENTO
Pense em quanta informação foi necessária para você reconhecer no helicópte
ro a melhor "técnica" para a solução do problema de hastear uma bandeira no
topo da montanha de uma ilha. Imagine que você fosse a pessoa indicada para
hastear a bandeira e jamais houvesse visto um barco, não soubesse o que é um
avião nem um helicóptero. Como resolveria o problema?
A informação é necessária . Todos nós civilizados somos resultantes do
conhecimento acumulado .
Entre nós , as crianças são ensinadas desde cedo a calçar corretamente
•
10 o METODO CIENTiFICO
aristotélica, por acreditar que o cientista deve provar na prática tudo o que
afirma. Para refutar a teoria geocêntrica (a Terra como centro do universo)
desenvolveu argumentos que encontrou nas obras de Copérnico. Valendo-se
de um telescópio (que inventou ou redescobriu) com capacidade para aumen
tar até mil vezes a imagem observada, conseguiu ver as fases de Vênus: isto
veio provar que esse planeta girava em torno do Sol e que, conseqüentemente,
a Terra não era o centro do universo . Ao mesmo tempo, a observação dos qua
tro satélites principais de Júpiter sugeriu-lhe um modelo em miniatura do siste
ma solar.
Foi também opondo-se à lógica de Aristóteles que Francis Bacon ( 1 56 1 -
- 1 626) marcou sua passagem na história do desenvolvimento da ciência. Sua
nova lógica tinha como objetivo a satisfação das necessidades científicas de
sua época, cuj o propósito não era apenas o conhecimento em si, mas também
•
1 . Jamais aceitar por verdadeiras as coisas que não sejam evidentes (regra
da evidência).
2. Dividir a dificuldade examinada em tantas parcelas quantas sejam pos
síveis para melhor compreendê-las (regra da divisão ou análise) .
3. Conduzir os pensamentos em ordem, começando pelos objetos mais
simples e fáceis de serem conhecidos para, gradativamente, chegar ao
conhecimento dos mais compostos (regra da ordem ou dedução) .
12 o M"ETODO CIENTiFICO
Biografias auxiliares
PLA TÃO Filósofo grego da Antiguidade, Platão nasceu em Atenas no ano
de 427 a.C. e foi discípulo de Sócrates . Com a morte de seu mestre, deixou a
Grécia e viveu algum tempo na Sicília. Mais tarde, ao regressar a Atenas em
387 a.C., fundou sua escola, a Academia.
Conjecturando sobre os problemas da moral , Platão afirmava que quem .
pratica o mal não o faz apenas para os outros, mas também para si mesmo. Di
zia: "se quero o mal é porque o imagino erroneamente como um bem pa
ra mim" . O bem, ou seja, o conhecimento da justiça, é que faz os homens feli
zes. A justiça consistiria na relação entre as três partes da alma: a inteligência,
ALGUNS ELEMENTOS BAslCOS 13
ria na Antiguidade, teria nascido entre 585 e 565 a.C., em Salmos, ilha da Gré
cia. Com cerca de quarenta anos de idade, por motivos desconhecidos, deixou
a terra natal e fixou-se em Crotona, Itália, onde fundou uma confraria cientí
fico-religiosa. Criou um sistema de doutrinas com a finalidade de descobrir a
harmonia que preside o universo, a fim de aplicar suas leis na vida social . Co
nhecido pelo teorema que recebeu seu nome, Pitágoras concebia os números
não como símbolos de valor de grandezas, mas como coisas reais, entidades
corpóreas . Isso permitiu-lhe o desenvolvimento de numerosas teorias matemá
ticas e o relacionamento do universo real com a estrutura do universo numéri
co . Essa concepção chegou a pressupor o universo harmonicamente constituí
do por astros cuj as trajetórias estariam presas a esferas que possuíam um cen
tro comum. Tais esferas homocêntricas estariam separadas entre si por inter
valos equivalentes aos intervalos musicais e, em seu movimento, produziriam
sons de acorde perfeito . Em síntese, era esta a teoria da "harmonia das esfe
ras" a que Kepler tentou dar fundamento experimental .
RESUMO
Método e técnica não são a mesma coisa. Método é uma orientação geral, constituí
da por um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na inves
tigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim.
Técnica é um modo de realizar uma atividade, arte ou oficio, de maneira mais hábil,
mais segura e mais perfeita. Em linhas gerais, a técnica é a maneira mais adequada
de se vencer as etapas indicadas pelo método. Por isso diz-se que o método equivale
à estratégia, enquanto a técnica equivale à tática.
A existência de método e de técnica pressupõe conhecimento anterior, ou seja,
acúmulo de informação. Nem método nem técnica surgem do nada. Por isso diz-se
que o mero conhecimento, em si, é abstrato. Para ter valor é necessário que seja apli
cado ou, pelo menos, comunicado . O acúmulo. de conhecimento vulgar através dos
tempos ofereceu ao homem a possibilidade de começar a investigar objetivamente o
por quê das coisas, dando origem ao conhecimento científico.
No entanto, por muito tempo Ciência e Filosofia confundiram-se entre si, for
mando um único corpo de conhecimento. Somente a partir do Renascimento, com a
adoção do método científico de verificação quantitativa e experimental dos fatos e
hipóteses·, é
mento.
ALGUNS ELEMENTOS BAslCOS 15
•
•
• fntro(juçáo
• Conhécimento vulgar
• tonf,leoimento cientifico
; Conhecimento filosófico .
• Conhecimento teológico
.• Conhecimento e verdade
INTRODUÇAO
Diante da natureza, o homem animal racional não age como os animais
inferiores . Estes apenas esforçam-se pela vida. O homem, além disso, esforça
-se por entender a natureza e, embora sua inteligência seja dotada de limita
ções, tenta sempre dominar a realidade, agir sobre ela para torná-la mais ade
quada às suas próprias necessidades . E à medida que a domina e transforma,
também amplia ou desenvolve suas próprias necessidades .
Esse processo permanente de acumulo de conhecimentos sobre a natureza
e de ações racionais capazes de transformá-la compõe o universo de idéias que
hoje denominamos "Ciência" .
Ciência é , pois, o conhecimento racional , sistemático , exato e verificável
da realidade . Por meio da investigação científica o homem reconstitui artifi
cialmente o universo real em sua própria mente. Mas essa reconstituição ainda
não é definitiva . A descoberta e a compreensão de fatos quase sempre levam à
necessidade de descobrir e compreender novos fatos . E como o resultado das
investigações depende dos conhecimentos já adquiridos e de instrumentos ca
pazes de aprofundar a observação, a Ciência está sempre limitada às condições
de sua época. ,
O que era conhecimento verdadeiro para o sábio da Antiguidade, já não o
era para o cientista do Renascimento; e o que foi verdadeiro para o cientista do
século XVIII pode já não o ser para o cientista em nossos dias . Assim, diz-se
também que a ciência é falível, ou seja, pode ser exata apenas para determina
do· período. O conceito científico que o homem tem do mundo é cada vez
o CONHECIMENTO 17
mais amplo , mais profundo, mais detalhado e mais exato. Mas está ainda mui
to longe de ser completo. Assim, considerando-se o desenvolvimento histórico
da ciência, é lógico pressupor que o cientista do final do século XXI disporá de
conhecimentos muito mais desenvolvidos e exatos do que os de hoje.
Afinal, o que é conhecer? .' ,
não.
.
ferência, seus nervos auditivos entram em ação . Eles são atingidos pela voz do
conferencista, mas você fica conhecendo as idéias expostas mediante um pro
cesso intelectual . A voz do conferencista é apenas um veículo. Ela só interessa
na medida em que transporta o conteúdo da conferência. O conhecimento des-
se conteúdo ou seja, a "apropriação" das idéias é intelectual.
Nem sempre essas duas formas de conhecimento sensível e intelectual
- ocorrem isoladamente. Ao contrário, com freqüência combinam-se para
produzir conhecimento misto, ao mesmo tempo sensível e intelectual . Você
pode, por exemplo, conhecer-se. Seus sentidos lhe informarão sobre a cor de
sua pele, sobre seu cheiro, sua estatura, enfim, sobre suas características físi
cas . Mas será a mente que lhe informará sobre seus próprios pensamentos , so
bre sua maneira de agir ante determinado problema, sobre o tipo de entreteni-
mento que você prefére etc. E todas essas informações estão relacionadas a um
mesmo objeto: você. .
O conhecimento leva o homem a apropriar-se da realidade e, ao mesmo
tempo, a penetrar nela. Essa posse confere-nos a grande vantagem de nos tor
nar mais aptos para a ação consciente. A ignorância tolhe as possibilidades de
avanço para melhor, mantém-nos prisioneiros das circunstâncias . O conheci-
18 o METODO CIENTiFICO
CONHECIMENTO VULGAR
Também denominado "empírico", o conhecimento vulgar é o que todas as
.
missão de geração para geração e, assim, fazer parte das tradições de uma co-
.
letividade .
'
Não é necessário estudar Psicologia para se saber que uma pessoa está ale-
gre ou está triste . Você conhece o estado de humor dessa pessoa porque empi-
. .
CONHECIMENTO CIENTIFICO
As principais características do conhecimento científico serão apresentadas no
capítulo seguinte. Por ora, apenas como termo de comparação com os demais
tipos de conhecimento, basta um resumo de algumas delas .
O conhecimento científico resulta de investigação metódica, sistemãtica
da realidade. Ele transcende os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os
para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem .
Como o objeto da Ciência é o universo material , fíSico , naturalmente per
ceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante a ajuda de instrumentos de in
vestigação, o conhecimento científico é verificável na prática, por demonstra
ção ou experimentação. Além disso, tendo o firme propósito de desvendar os
segredos da realidade , ele os explica e demonstra com clareza e precisão, des
cobre suas relações de predomínio , igualdade ou subordinação com outros fa
tos ou fenômenos . Oe tudo isso conclui leis gerais, universalmente válidas para
todos os casos da mesma espécie.
CONHECIMENTO FILOSOFICO
•
CONHECIMENTO TEOLOGICO
O conhecimento teológico é produto da fé humaná na existência de uma ou
mais entidades divinas um deus ou muitos deuses . Ele provém das revela
ções do mistério, do oculto, por algo que é interpretado como mensagem ou
,
20 o METODO CIENTiFICO
manifestação divina. Tais revelações são transmitidas por alguém , por tradi
ção acumulada ao longo da história ou através de escritos sagrados .
Não é necessário que se seja monoteísta (acredite-se em um só deus) para
que o conhecimento proporcionado pela fé seja teológico. Os gregos da Anti
guidade eram politeístas (acreditavam na existência de muitos deuses), mas os
seus sacerdotes já possuíam e cultivavam o conhecimento teológico . Atual
mente, os sacerdotes de diferentes religiões ocidentais e orientais conhecem
distintas entidades divinas e seus atributos , bem como suas relações com o uni
verso e o homem em particular, portanto possuem conhecimento teológico .
De modo geral, o conhecimento teológico apresenta respostas para ques
tões que o homem não pode responder com os conhecimentos vulgar, científi
co ou filosófico. Assim, as revelações feitas pelos deuses ou em seu nome são
consideradas satisfatórias e aceitas como expressões de verdade. Tal aceitação,
porém, racional ou não, tem necessariamente de resultar da fé que o aceitante
deposita na existência de uma divindade .
CONHECIMENTO E VERDADE
De tudo o que acabamos de expor, podemos tirar algumas conclusões impor
tantes para o estudo:
•
1 . O ser precede o conhecimento que temos dele. Sem que os seres, os fa
tos, os fenômenos, enfim, o mundo sensível exerça ação sobre os ór
gãos dos nossos sentidos , é impossível obtermos qualquer conhecimen
to objetivo . Em outras palavras, isto significa que a causa de nossas
sensações é a própria realidade material . A montanha, o sapato, o som
etc. são seres reais eles existem independentemente da consciência
que tenhamos deles .
•
RESUMO
•
Obtemos conhecimento através das sensações que os seres e fenômenos nos dão de
si. Essas sensações proporcionam-nos a imagem do universo real. Quem conhece al
guma coisa de certo modo "apropria-se" do objeto que conheceu, transformando-o
em conceito . Mas o conceito não é o objeto real e sim uma forma de se conhecer a
realidade. O objeto real existe como ele é, independentemente do fato de o conhecer
mos ou não. Conhecimento verdadeiro é aquele que corresponde ã realidade objeti
va. Sem que houvesse a possibilidade de conhecimento da verdade objetiva a Ciência
.
seria inútil.
•
22 . o MElODO CIENTIFICO
- -
prevê uma realidade que ainda não conhece, ou seja, formula uma hipótese.
Essa hipótese pértence a que tipo de conhecimento: vulgar , científico, filosó
fico ou teológico? Por quê?
• Você é capaz de dar um exemplo de hipótese que depois foi confirmada pela
verificação experimental? .
. " .
clencla e suas , .
rlstlcas
INTRODUÇAO
.
No capítulo anterior foi dito que sem a possibilidade de posse da verdade obje
tiva a Ciência seria inútil. Ora, será que isso quer dizer que todas as ciências se
ocupam com a busca da verdade material? Não, porque nem todas as ciências
têm como propósito a realidade dos fatos . A Matemática pura, por exemplo,
não se ocupa com o conhecimento de fatos reais. 'Como as demais ciências, ela
é também racional , metódica, sistemática e verificável, mas não se ocupa dire
tamente com seres ou fatos ! O matemático trabalha com signos, abstrações
que freqüentemente representam seres ou fatos reais, mas que não são seres
nem fatos, são apenas números . Por exemplo : você pode somar cinco laranjas
e duas bananas para obter sete frutas; pode somar cinco homens e duas mulhe
res para obter sete pessoas . Em ambos os casos você realizou a mesma opera
ção aritmética, manipulando seres reais e obtendo um resultado real . Certa
mente cinco laranj as, cinco homens, duas bananas e duas mulheres são seres
reais. Mas, quem já viu um 5 e um 2 como ser ou fato real? O l1úmero matemá
tico é uma abstração, um conceito racional , uma espécie de forma vazia que
pode ser preenchida com diferentes tipos de conteúdo, desde que o conteúdo
sej a matemático. Em uma forma vazia 5 cabem cinco homens, cinco laranj as ,
cinco montanhas , cinco planetas, cinco universos etc. O número puro é, pois,
apenas um conceito ele, na realidade, só existe como concepção mental .
Apesar disso, o conhecimento matemático é científico e utilizado pelas
ciências que se ocupam com os fatos , naturais ou sociais . Aplicando o conheci
mento matemático podemos estabelecer relações de correspondência entre se-
24 o MÉTODO CIENTiFICO
RACIONALIDADE E OBJETIVIDADE
As ciências que se ocupam com os fatos da natureza e da sociedade apresentam
dois traços característicos que lhes são absolutamente essenciais e estão presen
tes em todas as suas demais características : a racionalidade e a objetividade.
Ou seja, seu conhecimento é racional e objetivo . Vejamos o que isso significa .
A CIÊNCIA E SUAS CARACTERíSTICAS 25
, ,
r r r
que ocorre, por exemplo, com certos ramos da Astronomia. Tais ciências , no
entanto, alcançam suficiente exatidão em suas formulações, de forma que dis
pensam a necessidade de se recorrer à comprovação experimental. Por isso diz
-se que a ciência fática é objetiva (ou empírica), no sentido de que a comprova
ção de suas formulações envolve a experimentação; mas isso não quer. dizer
que toda ciência fática seja necessariamente experimental.
28 o METODO CIENTíFICO
DE INVESTIGAÇAO METODICA
o cientista planeja o seu trabalho, sabe o que procura e como deve proceder
para encontrar o que deseja. É claro que o planejamento não exclui o imprevis
to, o casual mas, ao prever sua possibilidade, trata de aproveitar a interfe
rência do acaso, quando esta ocorre, e de submetê-la a controle.
O conhecimento científico não resulta da invenção isolada de um cientis
ta. Toda investigação efetuada pelas ciências baseia-se no conhecimento ante
rior, particularmente nas hipóteses já confirmadas, nas leis e princípios já esta�
belecidos o que representa o resultado do trabalho de inúmeros outros in
vestigadores . Além disso, o processo das investigações segue etapas , normas e
técnicas , cuja aplicação obedece a um método preestabelecido. Em verdade,
tais normas e técnicas podem ser continuamente aperfeiçoadas à medida que se
dispõem de novos instrumentos de verificação , efetuam-se novas experiências
bem sucedidas etc. E vale a pena recordar que as ciências fáticas não se distin
guem entre si apenas pelo objeto de sua investigação, mas também pelos méto
dos específicos que utilizam para investigá-lo.
, ,
PREDIÇOES
Baseando-se na investigação dos fatos e no acúmulo das experiências, o conhe
cimento científico pode predizer o que foi o passado e o que será o futuro. Mas
a predição científica nada tem a ver com a profecia. Ao contrário desta, ela se
baseia em suas leis já estabelecidas e em informações fidedignas sobre o estado
e o relacionamento dos seres ou fenômenos . Por isso, quando faz suas predi
ções sempre as subordina a determinadas condições . Por exemplo, prediz :
. "acontecerá F toda vez que ocorrer M, porque toda vez que ocorre, M é segui
do por ou está associado a F" .
Mas a predição científica, com justa razão, não é infalível . Como depende ·
de leis e de informações, pode falhar na medida em que essas leis e informa
ções apresentem imperfeições. Contudo, mesmo quando falha continua sendo
útil, pois sua falha pode permitir a correção das leis ou das informações em
que se baseou .
30 o MÉTODO CIENTiFICO
, , ,
RESUMO
As ciências que se ocupam com os fatos da natureza e da sociedade apresentam dois
traços característicos que lhes são fundamentais: a racionalidade e a objetividade. A
racionalidade diz respeito à forma conceituai de conhecer; a objetividade, à concor
dância com a realidade. Por isso a Ciência atém-se aos fatos, mas ao mesmo tempo
transcende-os no sentido de que busca conhecer a realidade além de suas aparên
cias. Com esse objetivo, decompõe os fatos a fim de melhor analisar os elementos
que compõem a totalidade e descobrir as interligações que justificam sua unidade no
todo.
O conhecimento científico exige formulações exatas e claras, pois requer que se
jam verificadas antes de aceitá-Ias como verdadeiras . E esta capacidade de verifica
ção determina sua comunicabilidade, pois sem comunicação . não há informação;
sem informação não há como verificar, observar, demonstrar ou provar uma for-
mulação . .
O conhecimento científico depende também da investigação metódica da reali
dade (resultantes dos conhecimentos adquiridos na busca permanente da realídade,
os métodos funcionam como garantia da exatidão do conhecimento adquirido) e é
,
Por outro lado, baseando-se nas leis e princípios que já domina, o conhecimento
científico também pode fazer predições. Isso não quer dizer que seja uma espécie de
"profeta" infalível, mas Suas falhas servem para revelar e corrigir deficiências nas
próprias leis e princípios em que baseia suas predições. Essa característica demons
tra sua abertura, pois está permanentemente sujeito à revisão, aperfeiçoamento e de
senvolvimento. Enfim, o conhecimento científico é útil, já que proporciona um ins
trumento valioso para o domínio da natureza e a reforma da sociedade em benefício
da humanidade.
•
•
• É possível aceitar-se como verdadeira uma formulação que não possa ser ex
perimentalmente comprovada?
• Por que motivo o conhecimento científico depende da investigação metódica?
• Quando interfere no fato que investiga, o cientista não está alterando a inte
gridade do fato?
• Por que o conhecimento científico esforça-se ao máximo para ser exato e cla
ro? Isso tem algo a ver com a busca da verdade?
• Que sentido tem o fato de o conhecimento científico ser sistemático? De que
nos serve conhecer e aplicar as leis da natureza?
•
•
• o cle ICO e
suas a es
INTRODUÇÃO
dade dos fatos . Tal crença é inteiramente falsa . Primeiro porque o método
científico não dá receitas, nem tampouco é um receituário . Segundo, porque
não é infalível tlem milagroso. O que realmente proporciona é uma orientação
geral que facilita ao cientista planejar sua investigação, formular suas hipóte
ses , realizar suas experiências e interpretar seus resultados. Tal orientação, po
rém, não é absoluta, definitiva e, segundo a circunstância e o objeto da in
vestigação, pode falhar. Além disso, o método científico pode ser aperfeiçoa
do. E o vem sendo através dos tempos.
CRITÉRIO DE VERDADEIRO
Ao avaliar uma proposição científica, o cientista não pode, conscientemente,
deixar-se levar por critérios subjetivos . É uma atitude anticientífica, por
exemplo, aceitar como verdadeira uma solução química vermelha, em detri
mento de uma verde, simplesmente porque o vermelho é sua cor preferida. O
gosto pessoal é um critério subjetivo de avaliação da realidade .
Atualmente , a rejeição consciente do subjetivismo como critério de julga
. mento é ponto pacífico na comunidade científica. É óbvio que isso não exclui
inteiramente a participação de algum subjetivismo na formulação de uma hi
pótese, ou em determinada maneira de efetuar uma técnica de observação. Co
mo o ser humano sente e pensa, ao contrário das máquinas , o·subjetivismo in
sinua-se sorrateiramente em sua atividade. Mas sua presença é conscientemen
te combatida pela Ciência porque, ao invés de ampliar, diminui a racionalida
de e a objetividade do conhecimento científico.
A Ciência também condena o argumento de autoridade como critério de
avaliação da realidade . Tal critério foi dominante por muito tempo , quando se
acreditava que a verdade era eterna e o conhecimento infalível e definitivo,
imutável . Então, a decisão sobre a veracidade de um enunciado científico era
tomada por comparação do texto do enunciado com o que algum "mestre" já
havia escrito sobre o assunto. O enunciado era aceito como verdadeiro se a
comparação lhe fosse favorável, ou seja, enquadrasse-o como compatível com
a "verdade eterna" expressa pelo "mestre" ; caso contrário , era rejeitado co
mo falso.
34 o METODO CIENTiFICO
PROCEDIMENTO RACIONAL
A formulação de enunciados , hipóteses , princípios e teorias e sua verificação
mediante o exame racional lógico ou a experimentação objetiva, são procedi
mentos comuns a todo tipo de atividade científica, tanto nas ciências fáticas
como nas formais (que tratam de números , funções , signos etc . , como a Mate-
mática) . .
Da aplicação da Lógica à Ciência, a partir de Descartes, derivaram as ba
ses do procedimento racional científico.
Esse procedimento emprega metodicamente duas técnicas de raciocínio
lógico: a indução e a dedução. Ambas assemelham-se entre si , no sentido de
que são operações mentais pelas quais de uma verdade reconhecida se passa a
outra verdade . Ao mesmo tempo , diferenciam-se entre si no sentido de que
partem de direções opostas : a indução parte do particular para o geral , en
.
quanto a dedução parte do geral para o particular .
Para a explicação dos fatos e fenômenos e suas causas, o procedimento ou
método racional pode ainda empregar duas técnicas complementares: a análise
e a síntese sendo que a análise corresponde à indução e a síntese à dedução.
Mas o procedimento racional (metódico) não tem aplicação geral . É apli
cável apenas aos fatos que a mente, e exclusivamente ela, apresenta como ver
dade. Sendo abstratos, tais fatos não encontram possibilidade de verificação
experimental objetiva e devem ser verificados por meio de demonstração ra-
•
cional . Isso não significa, porém , que os ramos da Ciência que o empregam
não sejam verdadeiramente científicos . Provar a teoria matemática dos con
juntos é algo necessariamente diferente, quanto ao método, do provar a dilata-
.
ção dos metais pela elevação da temperatura.
36 o METO DO CIENTIFICO
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Como o racional , o procedimento experimental é também método, ou seja,
ambos constituem métodos abrangidos pelo método científico. Nenhum méto
do eficaz surge do nada, de uma vontade subjetiva. Ao contrário, é sempre fru
to do acúmulo de observações da realidade. Até mesmo o procedimento racio
nal do método científico parte da observação dos fatos da realidade e da acei
tação de determinadas evidências ; daí em diante desenvolve-se com o uso da
razão , raciocinando por dedução ou indução.
Ligado diretamente à realidade, o método experimental é objetivo .
Aplica-se a fatos concretos e tem o propósito de verificar as hipóteses sugeri
das pela observação. Mas, além da observação, da hipótese e da experimenta
ção, esse procedimento metódico vale-se de um processo indutivo bastante cla
ro e muito comum . Mediante a indução , ele parte de um fato ou fenômeno
particular para estabelecer uma lei geral .
Em poucas palavras, isso pode ser explicado da seguinte maneira: se um
fenômeno se repete em muitos casos diferentes, mas em todos eles apresenta
um antecedente comum, esse antecedente pode ser considerado como causa do
fenômeno. Damos a seguir um exemplo.
O ar condensa-se em forma de orvalho na superfície das garrafas de cerve
ja bem geladas . Também condensa-se da mesma maneira no lado interior das
vidraças , quando faz frio no exterior, e nas lentes dos óculos, quando se bafeja
sobre elas . Ora, todos esses casos coincidem em um ponto: a condensação
ocorre quando a superfície apresenta uma temperatura mais baixa do que a do
ar . Isso quer dizer que a diferença de temperatura entre o ar e a superfície pode
ser considerada a causa da formação do orvalho. .
Esse exemplo é baseado em uma citação de Stuart Mill ( 1 806- 1 872), filó
sofo inglês que defendia a indução como única forma de raciocínio válida para
o conhecimento científico. Para ele, através da indução é possível determinar
-se as relações de causa e efeito de todos os fenômenos. Stuart Mill chegou in
clusive a expor quatro "métodos indutivos", segundo os quais essas relações
são formuladas: concordância, diferenças, variações concomitantes e restos.
No "método da concordância" o fenômeno a ser explicado realiza-se sempre
após o mesmo antecedente, ao passo que as outras circunstâncias variam ou
são eliminadas ; no "método das diferenças" a supressão de um fato a explicar
implica a supressão de um antecedente , que assim se revela como causa do fa
to; no "método das variações concomitantes" a mudança dos fatos a explicar
ocasiona modificações no antecedente que os causa; e no "método dos restos"
a parte mais inexplicável de um fato é reconhecida como efeito de circunstân
cia restante do antecedente, após a eliminação das circunstâncias cuja influên
cia é reconhecida.
o MÉTODO CIENTiFICO E SUAS APLICAÇÕES 37
TÉCNICAS DE OBSERVAÇÃO
Todas as pessoas são dotadas de certa capacidade de observação da realidade .
Para muitas delas essa capacidade é até motivo de orgulho e distinção. A ob
servação vulgar , porém , é caótica, assistemática e não oferece resultados signi
ficativos além dos obtidos no conhecimento vulgar . No entanto, para o traba
lhó de observação científica essa acuidade natural do ser humano tem de ser
metodizada, a fim de não se restringir à superfície aparente dos fatos . Os re
quisitos da boa observação científica são : exatidão, objetividade , precisão e
método .
Exatidão e objetividade
Diz-se que a observação é exata quando é capaz de abranger a globalidade do
fato observado, com todos os seus elementos (pelo menos os significativos) . E
é objetiva quando se atém apenas aos elementos componentes do fato . Esse
critério de obj etividade é importante para alertar o observador no sentido de
não adicionar elementos de sua subjetividade à observação. O fato deve ser
observado como ele é , não como gostaríamos que ele fosse .
Precisão
A observação científica rigorosa é considerada precisa quando consegue expri
mir numericamente tudo que seja suscetível de comportar medição no fato ob
servado . Habitualmente essa característica da observação requer o auxílio de
instrumentos precisos de medição.
Método
Devido à complexidade dos fatos e fenômenos a observar cientificamente, o
observador deve proceder metodicamente. O método da observação recomen
da que ele parta do mais importante do objeto observado para, em seguida,
ocupar-se do acessório ou complementar.
38 o MÉTODO CIENTiFICO
, ,
TECNICAS DE RACIOCINIO
As técnicas de raciocínio do método científico são basicamente duas: a indu
ção e a dedução . Vejamos em que consistem .
Indução
Na técnica da indução o raciocínio vai do particular para o geral . Foi Galileu
Galilei quem, no século XVI , deu início à questão de qual seria o melhor pro
cedimento para se obter um conhecimento mais seguro a respeito dos fenôme
nos naturais . Tratando de encontrar uma solução para o problema, ele teori
zou o método chamado experimental, que conclui uma lei geral a partir da ob
servação de casos particulares . Esse método, denominado da indução experi
mental , pode ser sintetizado nas seguintes etapas básicas :
1 . Observação do fenômeno.
2. Análise dos elementos constituintes do fenômeno e estabelecimento das
relações quantitativas entre eles .
3. Indução de hipóteses a partir da análise das relações dos elementos .
4. Verificação da veracidade das hipóteses através de sua experimentação .
S. Generalização do resultado obtido na experiência para disso obter uma
lei que parta da confirmação das hipóteses .
Depois de se observar determinado fato ou fenômeno em determinadas
condições, pode-se concluir por indução que ele é universalmente verdadeiro,
desde que as mesmas condições sejam mantidas . Foi de um conjunto de obser
vações, inclusive a simples queda de uma maçã, que Newton, por exemplo, in
duziu a lei da atração universal .
É também indutivo o raciocínio que vai do particular ao geral , afirmando
de um gênero algo que pertence a cada espécie desse gênero. Assim:
Pedro é mortal .
Antônio é mortal .
José é mortal.
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Com efeito, se Pedro, Antônio, José e alguns outros homens mais são
gordos, isto não quer dizer que todos os homens sejam gordos.
•
Dedução
40 o METODO CIENTIFICO
Exemplo A.
Se você está no Brasil, está na América do Sul.
Você está no Brasil .
Logo, você está na América do Sul.
. VOCE
-
Exemplo B .
Se você está no Brasil, está na América do Sul.
Você está na América do Sul.
Logo, você está no Brasil.
.VOCÊ
Exemplo C.
.
��f'.\CA DO 8,
� �.
ef'.AS/(
. VOCE
-
•
o MÉTODO CIENTIFICO E SUAS APLICAÇÕES 41
Exemplo D .
Se você está no Brasil, está na América do Sul.
Você não está na América do Sul.
Logo, você não está no Brasil .
• VOCÊ
, ,
ANALISE E SINTESE
Da mesma forma que a dedução e a indução, a análise e a síntese são processos
inversos que, ao invés de se excluírem, complementam-se mutuamente. A aná
lise parte do mais complexo para o menos complexo ; a síntese parte do mais
simples para o menos simples . Ambos os processos são essenciais no trabalho
científico porque, se a análise proporciona um conhecimento mais profundo
do objeto em estudo, é através da síntese que o conhecimento se completa.
42 o METODO CIENTiFICO
ROTEIROS DE APLICAÇAO
A rigorosa busca da verdade no exame dos diferentes tipos de problema com
que se defronta a Ciência obriga que cada objeto seja tratado de modo condi
zente com sua essência. De certa forma isso explica a grande divisão do traba
lho científico em múltiplos ramos e a ampla variação dos roteiros de aplicação
do método . Segundo Mário Bunge essa variedade pode, em linhas gerais, ser
exposta da seguinte maneira:
o METODO CIENTiFICO E SUAS APLICAÇÕES 43
RESUMO
o método científico é um instrumento insubstituível empregado pela Ciência na son
dagem da realidade. Formado por um conjunto de procedimentos, ele se apresenta
com uma unidade sistemática, mas sua aplicação depende do objeto de cada ciência
em particular, o que explica a relativa independência dos diversos ramos científicos.
Além disso, o método científico é também suscetível de modi ficação, sempre que es
sa modificação venha a tornar a Ciência ainda mais racional e objetiva.
A Ciência condena o subjetivismo (que inclui o argumento de autoridade e a
conveniência como critérios de verdade) porque, ao invés de ampliar, ele diminui ou
nega à raCionalidade e a objetividade do conhecimento . A Ciência só aceita como
verdadeiro o que é confirmável mediante verificação compatível com o método cien
tífico.
Composto por um conjunto de procedimentos, técnicas e regras, o método cientí
fico é descritivo quanto à descoberta de técnicas de investigação e normativo quanto à
exposição de regras capazes de ampliar a fecundidade do trabalho científico.
O procedimento (ou método) racional emprega metodicamente duas técnicas de
raciocínio: a indução e a dedução, operações mentais pelas quais de uma verdade re
conhecida passa-se a outra verdade. Sua utilização conduz a uma visão global que
não pode ser experimentalmente comprovada em laboratório. O procedimento (ou
método) experimental é também metódico e parte de um fato ou fenômeno particu
lar para, por meio da indução, estabelecer uma lei geral.
A observação científica tem por características a exatidão , a objetividade, a
precisão e o método . Quanto à técnica de raciocínio, é indutivo o pensamento ou co
nhecimento que do particular chega ao geral; e é dedutivo o pensamento ou conheci
mento que do geral chega ao particular.
O método científico emprega ainda os procedimentos de análise e síntese no tra
tamento do objeto em estudo. A análise parte do mais complexo para o menos com
plexo; a síntese, do mais simples para o menos simples . A análise decompõe o todo
em suas partes constituintes; a síntese recompõe o todo através de suas partes. As
sim, a análise aprofunda o conhecimento da realidade e a síntese completa esse co
nhecimento, conferindo-lhe Um sentido global.
o MÉTODO CIENTiFICO E SUAS APLICAÇÕES 45
•
•
• •
alor cla
nos
• Introdução
• Como se conhece alguma coisa
• Métodos de estudo
• A questão do tempo
• O aproveitamento das aulas
• O trabalho em grupo
A primeira reunião de traba
lho
As reuniões subseqüentes
• Método prático de estudo indivi
duaI
INTRODUÇÃO
Se você considera que seu método de estudar é eficiente e rendoso, parabéns_
Mas se sente as horas dedicadas ao estudo difíceis de serem vencidas e o esforço
dedicado à atividade intelectual pouco compensador, então não se envergo
nhe. Poucas são as pessoas que, mesmo tendo passado anos debruçadas sobre
livros , aprenderam sozinhas a arte de estudar com eficiência. A grande maio
ria ainda emprega métodos de estudo que deixam muito a desejar.
Pesquisas especializadas têm demonstrado que a ineficiência no estudo é
um dos grandes problemas enfrentados pelos estudantes . Até alunos conside
rados bons, com rendimento acima da média em algumas matérias, nem sem
pre empregam métodos eficientes de estudo para todas as disciplinas . No en
tanto, tais métodos existem e estão à disposição de todos, inclusive você.
Aplicando sistematicamente a orientação oferecida neste livro e dedican
do para isso alguma perseverança, qualquer pessoa poderá, em pouco tempo ,
constatar sensível melhora no desempenho acadêmico , sobretudo se estiver in
gressando em um curso superior .
É facilmente constatável o fato de um curso superior, qualquer deles, pos
suir características que o distinguem dos cursos de nível mais baixo. Essa dife
rença chega a ser inibidora para vasto número de estudantes que, desprepara
dos moral e intelectualmente, deixam-se abater ante as novidades do procedi- .
mento universitádo. E entre essas novidades , a necessidade de maior eficiência
no estudo ocupa um lugar de surpreendente destaque;
50 o METODO CIENTiFICO
•
Logo no início dos cursos, essa liberdade costuma provocar uma euforia
no estudante habituado a obedecer à antiga rigidez disciplinar . E essa sensação
quase sempre dá origem à impressão de que , na faculdade , a freqüência às au
las é dispensável . Trata-se de uma falsa impressão cujos prejuízos só são perce
bidos mais tarde.
A primeira diferença sensível que constatamos nos cursos superiores , por
tanto, é a quebra da rotina no horário das aulas diárias . Pouca gente percebe
que essa característica não resulta de distração ou de descaso por parte das au"
toridades responsáveis pela disciplina, mas, ao contrário, deve-se ao reconhe
cimento do fato de os estudantes universitários serem pessoas adultas e , por is
so, responsáveis por suas próprias ações .
A segunda diferença que salta à vista do calouro consiste na composição
das turmas, em geral formadas por estudantes de vários níveis culturais, cada
qual com sua formação específica. No entanto , essa composição heterogênea
não pode ser tomada em consideração pelo professor universitário . Para de
senvolver seu curso ele tem de pressupor que todos os alunos da classe já domi
nam certos conhecimentos básicos, pois para adquirir essa base cultural estu
daram um mínimo de onze anos . E não poderia agir de outro modo . Se baixas
se o nível de suas aulas para atender às deficiências dos alunos mais carentes,
MAIOR EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS 51
porque o pai sempre desejou ter um filho engenheiro, mas que realmente gos
tariam de ser pilotos de helicóptero ou locutores esportivos . Há, ainda, os que
. .
ingressanf num curso universitário mas sentem vocação irresistível para ativi-
.
dades menos intelectuais, como jogar futebol ou trabalhar a terra com as pró
prias mãos.
Sim , a forte motivação para o estudo é indispensável ao sucesso num curso
superior . E essa constatação torna ainda mais evidente a diferença de enfoque
sobre o aprendizado entre os cursos elementares, médios e superiores . Fazer
um curso superior não é apenas "ouvir" aulas para poder responder correta
mente a alguns testes e sair-se bem em provas e exames. Antes de tudo, o curso
deve ser encarado como instrumento insubstituível para o futuro trabalho pro
fissional . De um curso universitário bem feito pode depender, em grande par
te, o êxito profissional . E tal sucesso não ocorre por milagre. Por inúmeras ra
zões ele resulta de hábitos adquiridos e de habilidades desenvolvidas durante
os anos de faculdade. Na vida profissional cada pessoa é exigida com muito
maior rigor e freqüênêia do que na época dos cursos acadêmicos . Daí a impor
tância de se dominar métodos corretos e técnicas eficientes de estudo: os ele
mentos que permitirão a resolução de novos problemas, a qualquer momento
que esses problemas ocorram . O estudante que se preocupar em apenas repetir
o que ouviu nas salas de aula terá jogado fora a oportunidade única de fazer
com que o curso o conduza à plena capacidade de sucesso profissional .
faz. Ora, sabendo que é assim você pode aplicar conscientemente um método
prático e, em pouco tempo, melhorar de modo sensível o rendimento do seu
aprendizado.
METODOS DE ESTUDO
Numerosas pesquisas sobre métodos de estudo revelaram que duas pessoas
com o mesmo nível mental e o mesmo grau de escolaridade podem apresentar
rendimentos diferentes . Ou seja, uma pode apresentar rendimento superior ao
da outra.
Ora, é perfeitamente compreensível que duas pessoas de níveis mentais di
ferentes não alcancem o mesmo nível de rendimento no estudo, ou que isto
ocorra com pessoas de diferentes graus de escolaridade. No entanto, o rendi
mento também difere quando o nível mental e o grau de escolaridade são idên
ticos. Por quê?
Muitos especialistas crêem que o principal fator dessa diferença reside
precisamente no fato de a pessoa de rendimento mais baixo carecer de método
para estudar . Há também outros fatores que contribuem para a desigualdade
do rendimento, como os psicológicos, ambientais etc. Ou seja, o ambiente que
a pessoa dispõe no momento de estudar pode predispô-la, ou não, para um
bom rendimento no estudo. Por outro lado, seu temperamento, sua sensibili
dade e uma série de outras características psíquicas também exercem influên"
cia no grau de rendimento .
. Mas, entre os diversos fatores, o método de estudo parece ser o decisivo
para determinar diferenças de resultados de aprendizado entre pessoas de nível
mental e grau de escolaridade idênticos .
Se, no entanto, o método é essencial , isso não quer dizer que seja suficien
te, porque duas pessoas com o mesmo nível mental, o mesmO grau de escolari
dade e aplicando o mesmo método de estudo podem apresentar rendimento di
ferente. O professor Délcio Vieira Salomon, uma das maiores autoridades bra
sileiras no assunto , afirma que a eficiência do estudo depende do método, mas
o método depende de quem o aplica (57 : p . 32) .
Isso significa que o método é um instrumento indispensável para se alcan
çar a eficiência, mas se esse instrumento estiver nas mãos de um desinteressado
ele pouco fará para torná-lo eficiente.
Há pessoas que, movidas por uma poderosa vontade de saber, desenvol
vem sozinhas seus próprios métodos para tornar maior o rendimento dos estu
dos . Mas como essa faculdade não é comum à maioria e o assunto ganha cada
vez maior importância ante a crescente complexidade do saber humano, os
métodos de estudo têm sido objeto de permanente pesquisa científica . Atual
mente os autores não divergem muito quanto ao método a ser adotado; sua
discordância começa no momento em que enumeram os processos e técnicas
que efetivam a aplicação .
Convém recordar , portanto, qual é a diferença entre método e técnica.
MAIOR EFICIENCIA NOS ESTUDOS 55
Se nos lembrarmos que sem estratégia não se ganha uma guerra e que sem
tática não se vence uma batalha, então teremos uma avaliação aproximada da
diferença, da correlação e dos respectivos valores de método e técnica . Se o
método fornece a orientação geral, a técnica soluciona os problemas para que
as diversas etapas indicadas pelo método sejam vencidas .
De modo geral, o método é quase sempre claro, simples e objetivo . O con
junto de normas e técnicas a serem aplicadas em obediência à sua orientação
geral é que pode torná-lo complicado e até difícil .
A QUESTAO DO TEMPO
Em nosso modo agitado de viver, principalmente nas grandes cidades, é muito
comum as pessoas queixarem-se de falta de tempo . Os dias parecem galopar
desenfreadamente numa sucessão sufocante e tudo que fazemos é lutar contra
os ponteiros do relógio . Perde-se tempo para comprar, para comer , para loco
mover-se. E os minutos consumidos no trânsito estrangulado ficam irremedia
. velmente perdidos , não há como recuperá-los . A vida corre e quando percebe
mos já é tarde, o que devia ser feito não o foi .
Como tudo que necessitamos fazer, estudo também requer tempo . Não há
como estudar e muito menos seguir um curso superior se não dispuser
mos de tempo para isso . Não existe método de estudo que amplie o rendimento
do aprendizado se para sua aplicação não se reservar um período diário . En
tão, é preciso conquistar esse tempo indispensável.
Achave desse segredo está em saber organizar nossas atividades , discernir
honestamente sobre quais delas são essenciais , quais são acessórias e fazer a
opção. Mas para isso é preciso, antes , saber como empregamos o nosso tempo.
A maneira mais prática de desvendar esse mistério é fazer um levantamen
to por escrito. Desse modo pode-se analisar objetivamente como transcorrem
as horas de nossa vida cotidiana .
.
Se este é o seu caso, aqui vão alguns conselhos que têm servido para mui-
tos estudantes ganharem tempo. "
Comece por anotar numa folha de papel todas as suas atividades diárias .
Procure registrar todas, sem esquecer-se de nada. Escreva as atividades, uma
sob a outra, em ordem cronológica, numa coluna à esquerda. Inicie com o des
pertar pela manhã e vá enumerando tudo até o deitar-se para dormir . Depois,
à direita de cada atividade, anote o horário em que ela tt'tn início e, mais à di
reita, aquele em que termina.
56 o METODO CIENTiFICO
Por exemplo:
nutos ou meia hora não representa nada. Contudo, essa é 'uma falsa impres
são. Dez minutos diários significam mais cinco horas de estudo ao fim de um
mês ; trinta minutos diários representam mais quinze horas mensais de estudo .
Portanto , não despreze as brechas. É comum estudantes do período noturno
obterem melhor rendimento que seus colegas do diurno porque, premidos pela
escassez de tempo, sabem melhor aproveitar os espaços vazios entre os horá
rios do trabalho.
MAIOR EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS 57
parar o estudante com uma árvore frutífera . Quem causa os frutos , diz ele, é
principalmente a árvore; quem aprende é principalmente o aluno . Tem que
haver na planta um princípio intrínseco, ativo, operante, capaz de produzir os
efeitos da frutificação, e no aluno, os efeitos da aprendizagem . A ação do agri
cultor , como a do professor, tem caráter de causa eficiente auxiliar , apenas
coadj uvante. Quem dá frutos, ou não, é a árvore; quem aprende, ou não, é o
aluno. Ninguém pode fazer um poste dar frutos ou ensinar teoremas a cabritos .
Portanto, sem diminuir a importância de quem trata da árvore nem a qua
lidade do adubo empregado para que os frutos sejam de melhor qualidade, a
questão apresentada aqui é que o estudante deve estar consciente de que o re-
•
RESUMO ESQUEMATICO
•
Antes de seguir adiante, façamos juntos uma revisão de tudo o que já examinamos
sobre o método de estudo eficiente. Se excluirmos as várias explicações, as normas
examinadas podem ser assim resumidas :
1. Planeje seu tempo - essa é a forma correta de "ganhar". tempo para o estudo;
a. Programe a utilização de períodos vazios em sua atividade.
b. Substitua o horário de uma ou mais atividades não-essenciais para obter
tempo de estudo.
c . Reserve ao menos um período mínimo para estudar todos os dias.
2. Não estabeleça períodos muito longos de estudo sem pausas para descanso .
. .
3. Freqüente as aulas.
4. Sempre que possível, prepare as aulas que vai assistir.
5. Assista às aulas com "silêncio interior" . Concentre sua atenção na explana
ção do professor.
6. Depois das aulas faça uma revisão de tudo o que aprendeu em classe.
o TRABALHO EM GRUPO
Ainda quanto ao aspecto rendimento/tempo, não se pode deixar de mencionar
o trabalho realizado em grupos de estudo. Psicólogos e pedagogos têm exalta
do as vantagens do estudo coletivo na realização de certas tarefas didáticas , re
comendando a formação de equipes de estudo. Esse moderno conceito de tra
balho demonstrou de tal modo suas qualidades de eficiência que a maioria das
escolas já o adota como método sistemático de organização das classes. Não
cabe aqui qualquer análise teórica sobre o seu valor, mesmo porque numerosas
obras de abalizados autores defendem-no com autoridade irretorquível. Mas ,
por outro lado, não se pode dispensar uma rápida apresentação do grupo fun
cional , já que isso aj udará bom número de estudantes a encontrar na equipe de
62 o MÉTODO CIENTIFICO
posição ideal do grupo é aquela que reúne seis ou sete pessoas com certa facili-
dade de comunicação entre si e possibilidades reais de se encontrarem fora das
instalações da escola . Além disso, é ainda necessário que todos os componen
tes estejam com verdadeira disposição para trabalhar, prontos a participar ati
vamente das diversas tarefas que lhes couberem , compreendendo que de seu
esforço individual, de sua contribuição pessoal, depende o êxito de todos.
Uma vez formado o grupo, não se podem permitir exceções no seu seio: o tra
balho deve, ser igual para todos, não se permitindo que os mais capazes reali
zem sozinhos tarefas que deveriam ser eqüitativamente distribuídas entre to
dos os compônentes .
Com essa decisão aceita por todos, o segundo passo é escolher o colega
que se incumbirá da coordenação do trabalho. Novamente é indispensável que
cada componente do grupo use de honestidade no julgamento que faz de cada
um de seus companheiros, a fim de eleger aquele que será o coordenador . Este '
deverá ser respeitado pelo grupo, pois sua incumbência principal será presidir
e coordenar as reuniões, distribuir as tarefas e cobrar a colaboração de cada
MAIOR EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS 63
As reuniões subseqüentes .
Haverá tantas reuniões de grupo quantas sejam necessárias para o término do
trabalho . No entanto, há uma regra geral para que elas sejam objetivas e efi
cientes . A regra é:
Em outras palavras, todos devem ter consciência de que a reunião não es-
tá se realizando como oportunidade de convívio social , mas como necessidade
de trabalho . É necessário que ninguém deixe de comparecer a ela sem que para
isso haja motivo de força maior . As conversas devem restringir-se ao tema da
reunião deixem-se para outro momento os comentários sobre generalida
des , atividades do centro acadêmico, viagens etc. E não se alonguem desneces
sariamente os debates . Ao defender um ponto de vista, o elemento da equipe
deve assumir uma atitude democrática e submeter-se à decisão da maioria.
A apresentação dos trabalhos ao grupo também deve obedecer a uma se
qüência orientada pelo coordenador e ser feita em ordem . O coordenador dará
a palavra primeiramente aos colegas que se incumbiram de fazer as pesquisas
mais gerais, como, por exemplo, em enciclopédias e dicionários. Só depois é
que deverão falar, também em seqüência programada, os que se compromete
ram a ler e analisar partes do texto básico .
Durante a apresentação do trabalho de um colega não deve haver interrup
ções, apartes etc. Quando cada um fala em sua vez, todos escutam o que todos
têm a dizer . Quando se estabelecem discussões simultâneas , ninguém aproveita
as idéias expostas. E quando alguém apresenta um trabalho , ainda que não se
esteja de acordo com o que está sendo apresentado, deve-se esperar que a apre
sentação chegue ao fim para se comentá-la. Piadinhas e tiradas espirituosas
.
são sempre de mau gosto nessas ocasiões, porque são inoportunas e impertinen
tes durante uma exposição. A atitude correta no trabalho é de seriedade e de res
ponsabilidade . Aqueles que têm observações a fazer sobre os trabalhos dos co
legas devem anotá-las e pacientemen,te aguardar sua vez de expô-las no mo
mento oportuno, ou seja, durante os debates.
Termiriadas as apresentações, os diversos trabalhos devem ser discutidos,
com cada qual expressando livremente sua opinião sobre um ponto em parti
cular ou sobre o conjunto em geral . Somente depois disso é que se deve tratar
de elaborar um esquema do estudo. Quase sempre o esquema dá motivo a no
vas discussões. Essas , porém , não têm caráter negativo quando se propõem 'a
explicitar as idéias principais do trabalho , estimar a correlação entre as partes ,
julgar a propriedade da argumentação e assim por diante. O resultado final do
estudo será sempre mais compensador, produtivo e eficiente se, ao debater o
trabalho, o grupo não se restringir aos limites da tarefa proposta mas, tomado '
de impulso, alcançar além do texto básico e adotar uma posição crítica em sua
análise.
,
É evidente que tudo isso não passa de uma visão genérica do trabalho de
grupo. Essa orientação serve apenas de base e poderá ser adaptada às tarefas e
condições requeridas por determinadas disciplinas de diferentes áreas . Mas,
seja como for, as normas de atitude e conduta aqui expostas são defendidas
por numerosos autores e resultam da acurada observação de incontáveis expe
riências bem sucedidas , nas quais as reuniões de grupos demonstraram ex
traordinária eficiência.
RESUMO ESQUEMÁTICO
• •
Survey-Q3R
Examinar-PL2R
onde P = perguntar; L =ler; os dois R = repetir e rever .
Em verdade essa fórmula prática pode ser aplicada por qualquer pessoa, in-
o
Em seguida, faça uma leitura rápida de todo o livro. Não se preocupe com
detalhes, nem com o aprofundamento da leitura. Nesse primeiro contato
ocupe-se apenas em captar a idéia geral, ou plano , da obra.
Já de posse dessa idéia geral, procure estabelecer uma relação entre o que
acabou de ler e o que sabe sobre o assunto. Não importa que ainda não tenha
entendido todo o pensamento do autor e que o relacionamento do tema estuda
do não seja muito profundo com o que você já sabia sobre o assunto. Mas é
valioso que após o primeiro contato com a obra você reúna informações sobre
o autor. Uma boa enciclopédia ajudará bastante nessa tarefa, informando
quem é o autor e qual a importância do seu trabalho, e até poderá informar so
bre o seu método expositivo.
Terminada essa fase do estudo você já deve estar com dados suficientes
para: identificar o que o livro tem para lhe ensinar . Então, volte à leitura do ca
pítulo inicial . Leia-o agora refletidamente, tratando de concentrar-se no que
diz o texto. Já não se trata de fazer uma leitura passiva, mas de ler com o obje
tivo de estabelecer o plano do capítulo . Assinale os trechos que considera im
portantes e que destacam o pensamento do autor, mas não deixe também de
dar atenção aos detalhes mais significativos, aos elementos utilizados pelo au
tor para desenvolver suas considerações , sua exposição do tema. Ao mesmo
tempo, reflita sobre o que está lendo e confronte os pontos de vista do autor
com os seus . Se surgirem dúvidas de compreensão do texto, procure solucioná
-las consultando outras obras, como dicionário e enciclopédias. Não dê a leitu
ra por terminada antes de ter certeza de que entendeu todo o texto e de que é
capaz de, com base nas anotações , fazer pelo menos um resumo do que leu,
valendo-se de suas próprias palavras .
Se o livro lhe parece de valor, não hesite em sistematizar o processo de
trabalho e utilize fichas para arquivar o que leu . Nas fichas , faça breves trans
crições dos pontos mais importantes (sem esquecer de anotar as páginas de on
de foram tiradas) , anote seus esquemas do que leu , e também suas próprias
conclusões . Essa documentação tem duplo valor: imediato e mediato. Imedia
to porque força a concentrar-se ainda mais no que está estudando , o que obri
ga a uma reflexão mais profunda no momento de escrever; mediato porque
poderá servir para o futuro, no desenvolvimento dos seus estudos. Precisamente
por isso você deve esforçar-se para anotar com clareza e concisão . É impossí
vel guardar tudo na memória e um bom arquivo de leitura será um auxiliar
inestimável quando você necessitar fazer referência ao que já leu .
Como se trata de estudar todo o livro, e não apenas o primeiro capítulo,
•
faça o mesmo com os demais capítulos . À medida que sua leitura avançar, não
deixe de relacionar os capítulos entre si. Mas ao estabelecer essa relação conti
nue consultando outras fontes . Essa consulta paralela serve para espicaçar sua
mente, ajudando-a a melhor analisar e julgar o texto em estudo.
O trabalho , porém, não deve acabar com a leitura do último capítulo . De
pois de você ter lido e anotado todo o livro, reveja suas fichas . Faça criteriosa
mente essa revisão , confrontando suas anotações com o texto original para
certific.ar-se de que estão corretas . Depois, repita se possível em voz alta -
o que aprendeu na leitura. Mas trate de fazê-lo como se estivesse comunican-
68 o METODO CIENTiFICO
do-se com alguém . É claro que você pode recorrer aos seus resumos pessoais
para isso, mas tente conseguir discorrer sobre o livro valendo-se apenas do pla
no da obra ou dos esquemas que elaborou na leitura dos capítulos . Esforce-se
para que essa "comunicação " seja clara e tenha seqüência lógica. O segredo
aqui é fazer a si a seguinte pergunta:
Se eu não tivesse lido o livro e uma pessoa me fizesse a explanação que es
'tau fazendo, como eu a receberia ? Seria suficiente para que eu entendesse todo
o pensamento do autor?
Essa atitude é importante e constitui um exercício valioso para você coor
denar as idéias e absorver de fato o que leu . Portanto , esteja alerta para que
nenhuma idéia significativa do livro fique esquecida na sua "comunicação" .
Finalmente, comente e discuta o que leu com outras pessoas, de preferên
cia com pessoas que tenham estudado o mesmo tema. Lembre-se, porém , que
em nenhum momento a fórmula de Morgan e Deese menciona a necessidade de
decorar partes do texto . Isso, em verdade, tem pouco ou nenhum valor. De
que adiantará citar de memória páginas inteiras se você não for capaz de ab
sorver a "mensagem" do autor? O que realmente importa é assimilar, absor
ver o conteúdo do que se leu, compreender as idéias do autor, saber relacioná
-las com outras idéias e chegar a uma conclusão pessoal honesta sobre o que se
estudou.
Ao aplicar esse método prático você desenvolve a capacidade de apreen
são do tema estudado, é estimulado a produzir idéias , a confrontá-las e a
j ulgá-las de modo racional, com espírito científico. Assim, exercitando a men
te e a habilidade de raciocinar, em pouco tempo seu estudo tortlar-se-á muito
mais eficiente.
RESUMO ESQUEMÁTICO
mento se faz sempre por fases ou etapas? E possível ser de outro modo?
• •
to racional?
• A quantidade de infOImação tem algo a ver com a qualidade do conhecimento?
ao estudo? Como?
• Devemos substituir pelo estudo todas as atividades não-essenciais que prati
• O que se deve fazer para alcançar o "silêncio interior " capaz de não interfe-
• Introdução
• A seleção do que ler
• Treinamento e ambiente
• Rendimento e rapidez
• A vez do vocabulário
----_.--------'
INTRODUÇÃO
.
Até agora esta parte prática discorreu sobre pontos básicos, tomando Q estudo
como um todo. Agora devemos aprofundar a metodologia do estudo a um dos
itens mais significativos: a leitura.
Em qualquer meio intelectual a leitura constitui um dos fatores decisivos
do estudo. É principalmente através dela que as pessoas ampliam e aprofun
dam seu campo cultural , porque os textos formam uma fonte praticam�nte
inesgotável de idéias e conhecimentos. Portanto, é preciso ler, sempre e muito.
Não basta, porém, ser alfabetizado para realmente saber ler . Há leitores,
por exemplo, que deixam os olhos passarem pelas palavras enquanto sua men
te voa por esferas distantes . Esses lêem apenas com os olhos . Só percebem que
não leram quando chegam ao fim de uma página, um capítulo ou um livro .
Então, devem recomeçar tudo de novo porque de fato não aprenderam a ler.
Sim, é preciso ler, mas também é preciso saber ler. De nada adianta devo
rar um livro de duzentas páginas em algumas dezenas de minutos, horas ou
dias se, ao terminar a leitura, não se pode dizer nada sobre o que se acabou de
ler. O tempo gasto em leituras assim é inteiramente desperdiçado. A quantida
de de leitura é sempre significativa, mas somente quando assimilada de manei
ra adequada, ou seja, quaado aproveitada. Caso contrário, é como se ir a um
concerto sinfônico e dormir . Há gente que faz exatamente isso e depois discute .
o desempenho do maestro. Aqueles que só lêem com os olhos e não com a
mente enganam-se a SI propnos .
• • •
A LEITURA NO ESTUDO 71
Cabe, porém, distinguir duas espécies de leitura: uma que se pratica mais
por cultura geral ou entretenimento desinteressado, outra que requer atenção
especial, profunda concentração mental e que é realizada por necessidade de
saber.
Na primeira pode-se classificar a leitura diária dos jornais e revistas de
atualidades. Evidentemente não se lêem jornais apenas como entretenimento.
As notícias e artigos sobre acontecimentos locais, nacionais e internacionais
são informações importantes que nos situam em nossa época, fazem parte d e
nossa vida e levam-nos ao conhecimento do mundo em que vivemos . Delas
muitas vezes depende nossa ação cotidiana, nossa conduta ante as questões so
ciais, econômicas e políticas . Portanto, a leitura de jornais e revistas de atuali
dades não deve ser menosprezada por qualquer intelectual , inclusive os estu
dantes . Mas não há dúvida de que a atenção dedicada à leitura das colunas de
notícias difere da requerida para o estudo de um texto.
A segunda espécie de leitura é a que se faz para aprender alguma coisa ou
para aprofundar o conhecimento que se tem de alguma coisa. Essa geralmente
é efetuada em livros e revistas especializadas e é nela que vamos nos deter ago
ra, pois quase sempre os estudantes encontram em tal espécie de leitura um
obstáculo difícil de vencer no estudo.
A leitura proveitosa ao estudo requer sempre dedicada atenção do leitor .
Pode-se mesmo dizer que atenção e concentração mental constituem o primei
ro requisito indispensável para uma leitura eficiente. Não é o único, mas sem
ele de nada adianta tentar melhorar o rendimento do que se lê buscando desen
volver outros itens. Sem dedicar atenção ao texto que está diante de nossos
olhos e sem nele concentrar nossa atividade mental , em verdade não se lê .
Por outro lado, sobretudo para o estudante que tem de assimilar grande
quantidade de livros indicados nas bibliografias das diferentes disciplinas , a
leitura veloz é também uma imposição de nossa época. Se já nos parece que o
tempo disponível não dá para a realização de tudo o que se tem de fazer
nas vinte e quatro horas do dia, como nos permitir ao luxo de leituras lentas ,
que se arrastam por dias, semanas e meses?
E, por acaso , é possível conciliar leitura atenta e proveitosa com leitura
necessariamente veloz?
Sim, não só é possível como menos complicado do que se costuma imagi
nar.
Também aqui a aplicação de um método é indispensável . E isso envolve
algumas normas , técnicas e atitudes corretas . No transcurso deste capítulo
examinaremos com mais detalhe a orientação prática para a aplicação de um
método de leitura eficiente. Por ora, mencionemos apenas as regras mais ele
mentares .
1. Jamais realizar uma leitura de estudo sem um propósito definido. A
definição do propósito da leitura evita a dispersão do espírito e ajuda a
concentração mental .
2. Reconhecer sempre que cada assunto, cada gênero literário, requer
uma velocidade própria de leitura. Uma história em quadrinhos, uma
72 o MÉTODO CIENTiFICO
solucionar uma dúvida . Um intelectual não lê apenas para estudar, mas por
qué tem sede de conhecer .
O estudante que deseja melhorar o desempenho no estudo deve, portanto,
estar atento para ler de tudo, livros, folhetos, revistas etc . , desde que a leitura
lhe forneça alguma fonte de prazer cultural . Por isso, é indispensável que visite
livrarias especializadas e saiba localizar o material que deseja. Mas isso não
significa que deva tornar a leitura uma atividade exclusiva da sua área específi
ca de estudos . É bom e proveitoso ler e conhecer outros assuntos . Isso tornar
-se-á mais fácil quando conseguir desenvolver a velocidade e a capacidade de
absorção da leitura .
••
mações sobre o autor ou sobre a obra em questão . Mas, e os estudantes que es
tão se iniciando na vida intelectual e não dispõem · ainda de bagagem cultural
suficiente? Como poderão selecionar previamente seu material de leitura para
tornar seu estudo mais proveitoso?
Tratando-se de estudantes normalmente matriculados em um curso, o
problema não é de solução difícil : basta consultar o professor. Ao fazê-lo, po-
rém, deve-se usar de franqueza e clareza, explicando o motivo da consulta e o
,.
damentaJ para esse julgamento, pois pode ser que o livro tenha sido lançado
recentemente .
Feito isso, você já disporá de um bom número de informações para deci
dir se o livro vale a pena ser lido agora, se sua leitura deverá ser postergada pa •
ra outra ocasião, ou se não merece maior atenção . Caso restem dúvidas , tenha
paciência e procure obter mais dados conclusivos . Tratando-se de livro recen
te, comece por informar-se sobre a obra e o autor através da leitora das seções
especializadas de jornais e revistas . Se a obra é clássica, consulte uma enciclo
pédia, a opinião do professor e de alguns colegas . Tudo isso é de grande valia
na opção entre este ou outro livro .
E aqui vai uma última recomendação nesse sentido: habitue-se a formar
.
ca pessoal. Ao descobrir uma obra importante para sua área de estudo, trate
de adquiri-la. Os livros são instrumentos de trabalho e uma biblioteca selecio
nada poderá prestar serviços inestimáveis à sua vida acadêmica e profissional .
Uma biblioteca pessoal não precisa ser grande , basta que seja bem selecio
nadá. Você pode iniciá-la com os livros indicados na lista bibliográfica de seu
curso, adquirindo sobretudo as obras citadas como fundamentais . Deixe para
segundo plano as complementares . Mas desde o início não dispense a posse de
um bom dicionário geral da língua e de um dicionário especializado na área de
seu estudo.
A orientação prática para a seleção prévia da leitura adequada ao estudo pode resu
mir-se nos seguintes passos principais:
1. Examinar o livro que desperta o interesse. Verificar título, autor, informa
ções nas capas, sumário ou índice, prefácio ou introdução, bibliografia, edi
tora, número da edição e data de publicação.
2 . Tratando-se de livro recente e havendo dúvida quanto â sua validade, consul
tar seções de resenhas de livros em revistas especializadas e jornais. Tratan
do-se de obra clássica, consultar enciclopédias ou a opinião de um especialis
ta no assunto.
3. Formar arquivo e biblioteca pessoal de fontes de consulta.
TREINAMENTO E AMBIENTE
Quem estuda um texto não pode alienar-se dele. Como indica Paulo Freire :
"Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escre
veu . ( . . . ) É buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões
afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de rees
crever tarefa de sujeito e não de objeto " (2 1 : p . 1 1 ). O estudo de um texto ,
portanto , exige concentração e reflexão. Conseqüentemente, a leitura de estu
do proveitosa depende também de treinamento, sobretudo para pessoas que
. 76 o METODO CIENTIFICO
-se à vontade, é sempre aconselhável ler sentado para estudar. Todos os dife
rentes métodos e técnicas de leitura produtiva indicam que a posição adotada
pelo leitor deve permitir-lhe enxergar e respirar normalmente e que sua situa
ção corporal não deve provocar-lhe sono ou cansaço em pouco tempo. Não há
nenhuma obrigatoriedade quanto à posição sentada, mas, como já menciona
mos, o estudo pela leitura requer apontamentos e anotações, o que habitual
mente se faz em uma mesa e, de preferência, sentado.
A escrivaninha ou mesa de trabalho também é motivo de atenção . Acon
selha-se que seja despojada de adornos ou decorações . Embora esses detalhes
pareçam de pouca importância, exercem certa influência na concentração do
leitor que inicia o treinamento. A experiência demonstra que uma simples me
sa voltada para a parede e não para uma rua movimentada contribui de
maneira considerável para tornar a leitura do iniciante mais compensadora.
Antes de dar início à leitura é recomendável um prévio preparo do local de
trabalho. Essa preparação consiste em deixar à mão o caderno ou as fichas de
apontamentos, um lápis para sublinhar os trechos importantes do texto, uma
caneta para fazer as anotações, um dicionário da língua e demais obras de con
sulta requeridas pelo estudo.
Por último, o preparo psicológico constitui a derradeira condição que,
embora não sendo ambiental , aparece aqui por ser facilitada pelo sossego do
ambiente e a postura do leitor. Antes de começar a leitura é necessário livrar a
mente de todos os problemas não diretamente relacionados ao estudo do que
se vai ler. Pessoas habituadas à leitura proveitosa são capazes de atingir esse
•
grau de abstração a qualquer momento e sem esforço. Mas o mesmo não ocor
re com os iniciantes no treinamento. Em geral eles não conseguem fixar a aten
ção no texto porque sua mente está ocupada e até superlotada com pen
samentos que os alienam inteiramente da leitura. Quando isso acontece, os
olhos passam mecanicamente pelas palavras sem nada comunicar à mente,
porque esta está perdida em seu "ruído interior " .
Cada indivíduo pode desenvolver seu processo pessoal de chegar ao "si
lêncio interior " . No entanto, uma das técnicas que têm produzido resultados
significativos com numerosos estudantes é a da preparação mental por alguns
minutos, buscando a concentração de olhos fechados . Trata-se de uma atitu
de, uma postura ante a tarefa, semelhante à do atleta que vai saltar de um
trampolim um momento de total concentração no objetivo que deseja al
cançar . Obtido o estado mental desejado, resta apenas partir para a ação .
RESUMO ESQUEMÁTICO
o treinamento para a concentração total no texto em estudo pode ser resumido nas
seguintes providências:
1. Sentir-se fisicamente confortável no momento de ler.
2. Dispor de ambiente com condições de tranqüilidade, iluminação adequada e
silêncio.
3. Preparar-se psicologicamente para o estudo, buscando concentrar-se por al
guns minutos, de olhos fechados, a fim de alcançar o "silêncio interior".
.
78 o MÉTODO CIENTiFICO
RENDIMENTO E RAPIDEZ
Há criaturas que, embora tentando concentrar-se no texto, são incapazes de
absorver o conteúdo do que lêem . Em geral essa dificuldade se manifesta devi
do à ausência de velocidade e ritmo adequados à leitura. Normalmente não é
possível absorver-se um conteúdo filosófico , estudado e meditado pelo autor
de uma doutrina, com a mesma facilidade com que se assiste, e absorve, a um
espetáculo circense ou a um programa de variedades na televisão . Mas também
não se pode fazer a leitura de um texto filosófico , teórico, com tanta lentidão
que ao chegar ao final de um parágrafo já não nos lembremos do seu início. É
preciso que nossos olhos leiam com o ritmo e a velocidade da mente.
Quase sempre essa velocidade é a mesma com que falamos, narramos al
guma coisa, explicamos um fato a alguém . Por esse motivo, durante o treina-
. mento deve-se adotar, sempre que possível, a prática da leitura oral. Ler em voz
alta é também um exercício de ritmo de leitura. Ele permite maior emprego da
mente, pois esta quase sempre tem de perceber de forma mais consciente o que
é lido para comandar a ação dos órgãos da expressão oral. E aos poucos vai-se
adquirindo a capacidade de ler em voz alta sem tropeços, com expressão e até
. com certa riqueza de interpretação o que torna a leitura mais agradável e
proveitosa. Em verdade essa interpretação é significativa porque, ao fazer as
pontuações e as modulações da voz com naturalidade (como quem expressa o
que pensa), o leitor tem de entender o que está lendo.
Por outro lado, numerosos cursos de leitura silenciosa desenvolveram téc
nicas dinâmicas para acelerar a velocidade do ato de ler sem prejuízo da com
preensão do texto . Uma dessas técnicas relaciona-se com o emprego dos olhos
e condena o hábito de ler .sílaba por sílaba ou mesmo palavra por palavra. O
leitor "eficiente" deve abarcar no seu campo de visão todo um grupo de pala
vras ou unidades de pensamento expressas no texto .
Numerosas experiências comprovam que, ao ler, o olho não percorre em
movimento contínuo as linhas impressas, mas o faz aos saltos, numa seqüên
cia constante de deslocamento fixação deslocamento fixação e assim
por diante . Enquanto se desloca, não há leitura absorvível . Somente quando se
fixa sobre uma palavr.a ou grupo de palavras é que o leitor comum absorve, as
simila, capta o que está lendo .
Essa afirmação pode ser comprovada mediante um exemplo clássico, uti
lizado pelos especialistas , que consiste no seguinte. Percorra com os olhos con
tinuamente, sem fazer pausa, as três linhas abaixo .
79
Persistindo nesse exercicio, em pouco tempo sua leitura terá alcançado ve
· locidade satisfatória sem prejuízo da compreensão do texto.
RESUMO ESQUEMÁTICO
•
A VEZ DO VOCABULARIO
Talvez você julgue que domina um vasto vocabulário . Se tem o hábito de ler
freqüentemente e se sua leitura é ampla e abrange vários assuntos distintos, en
tão deve realmente dominar um vocabulário significativo. Contudo, faça uma
experiência e responda depressa qual é o significado das seguintes palavras :
•
A telépode
A telectàsia .
A tramentário
Azeite
Se você não consultou um dicionário, provavelmente só foi capaz de dizer
qual é o significado de azeite, óleo extraído da oliva ou azeitona. Em verdade,
dos quatro vocábulos apresentados no teste acima, "azeite" é o único de uso
freqüente e difundido na linguagem geral . Os demais são termos empregados
apenas em áreas específicas de atividade . Assim:
A telépode é um adjetivo usado em Zoologia para designar os seres aos
quais " falta qualquer dedo " .
.
A telectasia, um substantivo , é termo de Medicina e indica " falta de dila
tação" .
Atramentário é um adjetivo pertencente à Botânica, cujo significado é
"que apresenta coloração ou aspecto de tinta preta" .
•
Em verdade, não há porque optar por uma ou por outra orientação tática
sem antes experimentar ambas . É o leitor que deve decidir qual das duas táti
cas serve melhor à sua necessidade, de acordo com as circunstâncias da situa
ção real.
O que realmente importa na aquisição de maior domínio vocabular é, em
primeiro lugar , que se leia muito e freqüentemente; em segundo , que se escla
reça o sentido de todas as palavras desconhecidas , porque só assim pode-se ter
certeza de que o texto foi corretamente compreendido.
Se você não dispõe de fontes de consulta adequadas , ou não encontra de
terminado vocábulo em seu dicionário, não se deixe vencer pela inércia trate
de agir . Faça uma visita à biblioteca mais próxima, levando a lista das palavras
desconhecidas; consulte o professor ou um especialista da área do estudo; vá
à casa de um amigo que disponha da fonte de consulta requerida. Faça o que
Jhe for mais prático e conveniente, mas esclareça as dúvidas .
Às vezes uma palavra mal compreendida ou mal interpretada pode desfi
gurar ou mudar todo o sentido do texto . Corre-se esse risco principalmente
quando isso acontece com uma palavra-chave . Portanto, o tempo gasto em
pesquisar no dicionário ou em esclarecer as dúvidas com outras fontes jamais é
desperdiçado dele pode depender o resultado do estudo. Quem come gato
por lebre confunde alho com bugalho e certamente está sujeito a sofrer indi
gestão . Daí a significativa importância do domínio vocabular no estudo, outro
item do treinamento que visa a aumentar o rendimento da leitura produtiva.
RESUMO ESQUEMÁTICO
INTRODUÇAO •
Examinar = PL2R
o ESTUDO DO TEXTO 85
Portanto , mais uma vez devemos recordar que não se estuda um texto co
mo quem lê um romance por puro entretenimento. Os textos de estudo, mor
mente aqueles de cunho científico ou filosófico, requerem sempre o emprego
de razão reflexiva por parte de quem estuda. E isso pressupõe uma certa disci
plina intelectual, um método de abordagem para o objeto do estudo.
Para se compreender, analisar e interpretar um texto é necessário criar
condições capazes de permitir a compreensão , a análise, a síntese e a interpre
tação de seu conteúdo . Já sabemos que analisar é decompor um todo em suas
partes para melhor estudá-las; sintetizar é reconstituir o todo decomposto pela
análise. O julgamento só ocorre quando , completadas análise e síntese, a men
te apropria-se do conteúdo estudado e o interpreta.
O presente capítulo é dedicado à apresentação desse processo de razão re
flexiva e dos meios que o apóiam . Sem fugir ao objetivo de oferecer apenas
elementos práticos de ampliação do rendimento no estudo, exporemos aqui o
modo como se desenvolvem as etapas da análise e em que consiste o procedi
mento auxiliar de sublinhar , esquematizar e resumir o objeto da leitura.
.
,
É muito raro que ela apareça de modo tão evidente. E se há casos em que está
explícita, há também casos em que está camuflada no texto, confundida com
acessórios e pormenores de menor significado. Contudo, mesmo quando ape
nas implícita, é sempre possível encontrá-la nos textos lógicos e formulá-la em
uma frase-resumo. Obviamente haverá momentos em que, para expressar com
suas próprias palavras a idéia principal contida na unidade de leitura, você terá
maior ou menor dificuldade . Mas quando o objetivo de encontrar a idéia dire
triz tornar-se um hábito, essa dificuldade desaparecerá. Todo começo apresen
ta certos obstáculos inerentes à falta de prática. Portanto, não se impaciente e
desista. Continue tentando.
Se sua unidade de leitura resumir-se a apenas um parágrafo e você não
conseguir encontrar a idéia principal, passe para o parágrafo seguinte e não
deixe de ler também o parágrafo anterior. Muitas vezes o autor , por motivos
subjetivos ou estéticos, não faz a divisão dos parágrafos da maneira tradicio
nal, incluindo uma idéia básica em cada parágrafo. Daí a necessidade de se re
correr aos parágrafos vizinhos . De qualquer modo, no estudo eficiente é neces
sário que cada unidade de leitura seja exaustivamente analisada para se passar
à unidade seguinte, caso contrário alguns dados essenciais poderão ficar es
quecidos . Assim, de unidade em unidade se procederá a análise profunda de
todo o texto .
Mas como se faz essa análise?
Em várias etapas . Antônio Joaquim Severino classifica essas etapas em
análise textual, análise temática e análise interpretativa (59: p . 1 9-26) .
Vejamos em que consistem essas etapas . Mas, antes, é bom determo-nos
em como sublinhar, esquematizar e resumir .
COMO SUBLINHAR
Segundo o Novo Dicionário Aurélio (7 : p . 1 34 1 ) , sublinhar é: "traçar uma su
blinha em; tornar sensível; pôr em relevo, destacar, salientar" .
Sublinhar palavras ou frases durante a leitura é, porém, uma técnica nem
sempre bem compreendida. Há pessoas que têm seus livros com páginas e pá
ginas sublinhadas linha por linha e orgulham-se disso. Mas é um engano julgar
que se deve sublinhar tudo para que a leitura seja produtiva. Existe o sublinhar
correto e o sublinhar errôneo.
De modo geral, procede erroneamente quem sublinha tudo que julga ser
significativo logo na primeira leitura. Ora, no contato inicial com o texto
não se conhece ainda quais são seus detalhes mais importantes e muitas vezes
ainda nem se captou qual é a idéia principal. Sendo assim , como sublinhar? De
fato, sublinhar corretamente só é factível quando o estudante já tem o objetivo
de seu estudo plenamente traçado e age segundo um plano prévio, no momen
to adequado .
Antes de sublinhar é preciso, pois, ter um primeiro contato com a unidade
de leitura e questioná-la, procurando encontrar as respostas para as questões
formuladas ao texto. Durante essa fase, ao invés de sublinhar indiscriminada-
o ESTUDO DO TEXTO 87
COMO ESQUEMATIZAR
o esquema a que referimos aqui é a representação gráfica, sintética, do que se
leu . Esse tipo de anotação , geralmente feito em fichas, deve ser montado em
uma seqüência lógica que ordene claramente as principais partes do conteúdo
do texto e que, mediante divisões e subdivisões, represente sua hierarquia. As
sim, o esquema destaca o propósito da leitura, facilita a captação do conteúdo
e permite ao estudante refletir melhor sobre o texto. Além disso, possibilita
ainda a rápida recordação da leitura no caso de consultas futuras .
O esquema pode usar o método das chaves de separação, tal como neste
exemplo:
Modelos imitados
Aprendizagem por . Efeito modelador
observação Os efeitos da imitação Efeito desinibidor
Efeito eliciador
Fatores que afetam a imitação
Extinção de comportamentos
Aplicação à aprendizagem escolar
1 . Modelos imitados.
2. Os efeitos da imitação .
88 o MÉTODO CIENTiFICO
Estrutura lógica
Não serve para nada reunir atabalhoadamente idéias e conceitos encontrados
no texto e distribui-los de qualquer maneira. O levantamento do esquema deve
obedecer a um critério lógico, claro, de subordinação entre os elementos cole
tados . Portanto , esses elementos têm de ser cuidadosamente selecionados e su
bordinados entre si . Isso só é possível quando já se está de posse da idéia prin
cipal e dos complementos significativos do texto. Parte-se, então, para a orde
nação desses elementos , realçando o que é principal do que é secundário , com
plementar ou conseqüente .
Flexibilidade
.
A essas características básicas Délcio Vieira Salomon acrescenta aindaflexibi-
!idade (57 : p . 86) . E tem muita razão em chamar a atenção do estudante para
esse ponto importante. Como a realidade é dinâmica, o esquema também não
pode ser rígido, estático , qualquer que seja seu tipo: puramente teórico , no
sentido de que esquematiza abstraçães, ou elaborado com uma seqüência de
soluções práticas para resolver um problema concreto . O esquema é sempre
um instrumento auxiliar de orientação para um trabalho concreto . E é assim
que deve ser considerado . Se o tomámos como coisa acabada, rígida, definiti
va, ele pode simplesmente perder sua finalidade, pois teremos de ignorar a rea
lidade apenas para mantê-lo válido. Mas é precisamente a realidade que não se
pode ignorar . Se ao elaborar um esquema (de estudo, de leitura ou de qualquer
outro trabalho) você tem diante de si uma determinada realidade e depois des
cobre que ela se modificou, então é o esquema que deve ser adaptado à realida
de, e não o inverso. O que você não deve fazer, como diz o professor Salomon,
"é ignorar a novidade, distorcê-la ou mutilá-la, apenas porque o esquema não
a tinha previsto" .
COMO RESUMIR
Enquanto o esquema apresenta o plano do texto e sua seqüência lógica por or
dem de subordinação , o resumo é a condensação do texto . Diferindo do esque
ma sobretudo quanto à forma de apresentar o conteúdo , é especialmente útil
quando se necessita, em rápida leitura, recordar o essencial do que se estudou e
a conclusão a que se chegou . Sim, num resumo também cabe, desde que clara
mente identificada, a interpretação que o estudante faz de seu estudo.
Naturalmente a elaboração de um resumo obriga ao estudante concen
trar-se no estudo e manter com relação ao que lê uma atitude permanentemen-
te crítica, reflexiva. Como destaca João Alvaro Ruiz, "o trabalho de resumir
,
.
Como o esquema, o resumo é também um instrumento de trabalho é deve ser o
mais funcional possível . Portanto, pode e deve oferecer, ainda que de maneira
concisa, todos os elementos necessários à evocação do que se estudou sem que
seja indispensável uma nova leitura do texto original. Mas como a fidelidade
ao texto é obrigatória, assegure-se de que fique claramente manifesta a dife-
renciação entre o que é resumo do texto e o que é complementar e resultado do
•
A ANALISE TEXTUAL
Agora que já conhecemos a maneira de delimitar a unidade de leitura e que
aprendemos a sublinhar, esquematizar e resumir, podemos passar às etapas da
leitura analítica para o estudo e interpretação do texto.
A análise textual é a primeira forma de aproximação do estudante com o
texto e tem por objetivo básico a preparação para a análise temática que a se
gue e que permitirá a compreensão integral do pensamento do autor. Para
cumprir essa primeira etapa analítica, o estudante deve proceder de acordo
com a seguinte orientação .
Uma vez estabelecida a unidade de leitura, o primeiro passo para analisá-
. -la é, naturalmente, conhecer seu conteúdo, ou seja, lê-la do começo ao fim .
Essa leitura inicial , no entanto, tem apenas a finalidade de uma primeira apre
sentação do texto e do pensamento do autor ao estudante. Por isso, embora
atenta, não deve ser profunda nem se propor a esgotar a compreensão do tex
to. Ao contrário, ao invés de o leitor esforçar-se demasiadamente na com
preensão do texto durante esse primeiro contato, deve ir assinalando a lápis,
na margem, os vocábulos que lhe são desconhecidos, os pontos que requerem
posterior esclarecimento e todas as dúvidas que porventura interfiram na cap
tação do pensamento do autor . Na realidade, nessa etapa, a descoberta desses
pontos de dúvida e incompreensão é mais importante do que a própria com
preensão do que se lê .
Terminada a primeira leitura, çabe ao estudante tratar de esclarecer as dú
vidas vocabulares assinaladas . Raros são os textos de estudo que logo no pri
meiro contato revelam-se perfeitamente claros e compreensíveis . É, portanto,
. .
, ,
A ANALISE TEMATICA
Concluída a análise textual, a etapa seguinte é a da análise temática, cujo obje
tivo é a compreensão profunda do texto.
Se a preparação inicial foi bem feita, ao entrar nessa segunda etapa da lei
tura analítica o estudante já deve possuir os elementos necessários para retor
nar ao texto e alcançar a compreensão global de seu conteúdo . .
Esta fase da análise não trata, ainda, de interpretar ela se processa ape-
nas para apreender . Como assinalam alguns autores, nela o estudante não
"discute" com o texto, não debate seus conceitos ou idéias , somente interro
ga-o e deixe que fale em resposta . Esse "escutar " , no entanto, nada tem de
mecânico . Seria passivo, mecânico, se o propósito do estudo se restringisse à
memorização das palavras ou frases . Mas como o propósito da leitura é
apreender o conteúdo, o ato de "escutar" o texto envolve descoberta e refle
xão por parte do leitor.
O primeiro elemento a descobrir é a idéia central diretriz do trabalho
do autor de modo a clarificá-la no iriterior do texto . Nem sempre isso é tão
o ESTUDO DO TEXTO 93
fácil cómo pode parecer à primeira vista. As vezes essa diretriz não está incluí-
,
o MÉTODO CIENTiFICO
brado : se fazem parte do "esqueleto" são essenciais, caso contrário são com
plementares e secundários.
Finalmente, a análise temática só deve ser considerada completada quan
do o estudante consegue estabelecer com segurança ° esquema definitivo do
pensamento do autor . No momento em que isso ocorre ele pode dar-se por sa
tisfeito, porque realmente apreendeu o conteúdo do texto.
A ANALISE INTERPRETATIVA
Nesse caso, interpretar é tomar uma posição própria a respeito das idéias
enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é for
çar o autor a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das idéias expostas, é
cotejá-las com outras, enfim, é dialogar com o autor, como diz Severino (59:
p . 24).
É claro que isso não é simples, sobretudo para o estudante que não está
familiarizado com a temática do texto . Mas, se não é simples também não é
impossível . Para alcançar bom resultado nesta etapa, o estudante tem de estar
muito atento para não se deixar conduzir por sua própria subjetividade, nem
permitir a influência nefasta de preconceitos na interpretação que fará do tex
to. Deve lembrar-se de que o texto é o objeto de seu estudo e nele é que estarão
contidos os elementos a serem interpretados. Tomada essa precaução inicial, e
exercendo-a durante todo o processo, resta agora voltar ao texto com humildade.
Ao iniciar a análise interpretativa é conveniente relàcionar as idéias expos
tas pelo autor com o contexto da cultura científica e filosófica. Para isso, evi
dentemente, é preciso recorrer a outras fontes. Talvez os dados obtidos durante
a análise textual ajudem bastante, mas é fundamental que se busque comple.
mentá-los sempre que o caso em estudo disso necessitar. A comparação do
pensamento do autor com as idéias de seus contemporâneos e a associação
com idéias afins clarificam a unidade de leitura e permitem ao leitor uma visão
mais ampla da posição do autor na exposição do tema. Trata-se, então , de des
cobrir como o texto em questão está relacionado com o resto da obra do autor ;
a que corrente de pensamento filosófico ele se filia; se é uma contribuição ori
ginal à cultura científica ou filosófica, ou se nada tem de original .
. Depois , é preciso realizar a "leitura das entrelinhas" , isto é, descobrir ou
inferir o que está apenas implícito no texto e que serviu de base para o autor
fundamentar seu raciocínio. Esses elementos "camuflados" , uma vez desvela
dos , podem clarificar bastante a posição do autor ante o tema e torná-la mais
acessível ao estudante. Então, com tudo isso realizado já se pode adotar uma
posição pessoal em relação ao texto estudado.
o ESTUDO 00 TEXTO
RESUMO ESQUEMÁTICO
4. Adote uma posição crítica, a mais objetiva possível , com relação ao texto .
Essa posição tem de estar fundamentada em argumentos válidos, lógicos e
convincentes.
5. Faça o resumo do que estudou.
6. Discuta o resultado obtido no estudo.
• Tudo o que nos parece importante em um texto deve ser sublinhado logo na
primeira leitura? Por quê?
• Existem sinais convencionais já estabelecidos para se fazerem anotações à
uma técnica?
• Que condições são necessárias para se fazer um bom resumo?
através do texto?
• O que significa a expressão "realizar a leitura das entrelinhas " ? É necessário
ler as entrelinhas?
• Quantas leituras de uma unidade de leitura devem ser feitas para se chegar à
• Introdução
• A ficha e o fichário
• A documentação bibliográfica
• A documentação temática
• A documentação geral
INTRODUÇAO
-
muito que nossa mente fosse capaz de reter tudo, mesmo que o fizesse com um
mínimo de exatidão. Talvez não se possa confiar a ela a retenção de até o es
sencialmente indispensável para o exercício de nossa atividade intelectual . As
sim, a resposta à natural deficiência da memória é suprida pela documentação
pessoal sistemática. Sem ela o proveito do estudo corre sério risco de perder-se
com o tempo. Sem ela o intelectual está sempre sujeito a entrar em dúvida
quanto à providência correta a adotar no momento em que elabora um traba
lho, desenvolve um estudo ou tem uma idéia que requer fundamentação.
Há quem argumente que nessas situações é sempre possível recorrer-se a
um centro de documentação, uma biblioteca, uma fonte· específica de consul
ta. Mas, vale perguntar aos defensores desses argumentos: se a memória é falí
vel, como ativá-la corretamente para que encontre a fonte precisa do que ne
cessitamos, no momento preciso em que é requerida?
A documentação pessoal supre a necessidade da informação prévia até
mesmo para orientar a pesquisa em outras fontes de consulta, estabelece um
diálogo permanente com a memória e estimula constantemente a criatividade
intelectual . A tudo isso, acrescenta ainda as vantagens de ser prática (quando
bem feita) e estar sempre à disposição .
Os estudiosos da sistematização da documentação pessoal costumam sa
lientar a importância de o seu exercício ser praticado constantemente no estu
do e na aprendizagem , tornando-se um hábito indissolúvel do estudo . Isso sig
nifica que se deve documentar idéias , leituras, aulas, conferências , debates , se
minários, experiências práticas, enfim, tudo o que é documentável na área de
interesse do estudante.
Obviamente não se pretende com isso afirmar que a documentação pes
soal tenha de registrar tudo o que se estuda, aprende , lê ou escuta, mas apenas
aquilo que tem importância significativa. Uma documentação global, abran
gendo tudo, seria inútil, pois requeriria o emprego das vinte e quatro horas de
todos os dias somente para efetuar-se . Assim, a atitude a adotar é considerar
como documentável apenas o material que tenha real importância e utilidade
em função de nossa atividade intelectual, seja ela de estudos acadêmicos ou de
desenvolvimento profissional .
Quanto à forma de documentar, a orientação geral indica que se usem fi
chas no tamanho conveniente para conter as informações merecedoras de re
gistro . (O hábito adquirido nos cursos médios de proceder à documentação em
cadernos não é recomendável por tornar a consulta posterior pouco prática,
quando não impossível .) Essas fichas serão organizadas em fichários, cuja or
ganização para consulta posterior pode variar muito de indivíduo para indiví
duo . Como a documentação pessoal deve, evidentemente, servir às necessida
des pessoais, individuais, do trabalhador intelectual , aqui só apresentaremos
algumas sugestões de procedimento a título de guia geral . Cada um as adapta-
ra a sua propna convemenCla e gosto.
r , , . • ..... •
A FICHA E O FICHARIO
Toda ficha de registro, também chamada de ficha de conteúdo, deve apresen
tar um cabeçalho geral , informando claramente o título do documento e a fon
te de onde foi obtido o material registrado . Ao ser preenchida, de preferência à
máquina, deve-se prestar muita ateI}ção na transcrição dos dados essenciais da
fonte (nome do autor, título da obra, capítulo, citação, número da página de
onde foi extraída a citação etc .), a fim de que sua função indicadora não fique
deturpada por erro de anotação . A fidelidade de indicação é condição indis
pensável para esse tipo de documento.
No preenchimento da ficha de conteúdo com transcrições, anotações, es
quemas, resumos e nossas próprias idéias , é fundamental adotar-se um código
de marcação, a fim de tornar facilmente identificável a natureza do registro .
Por exemplo, para essa finalidade Délcio Vieira Salomon indica o uso de aspas
(" . . . . ' ') para os casos de citações diretas ; o asterisco ao lado ( * ) para a identifi
cação de resumos; duas barras (1 . . /) para as idéias pessoais, distinguindo-as
.
A DOCUMENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
A documentação bibliográfica é formada pelo registro de informações especí
ficas sobre livros, revistas , apostilas , artigos de jornais e revistas , folhetos , te
ses de graduação etc. Ela deve ser feita à medida que o estudante vai tomando
contato com os diferentes textos ou com in formações sobre determinados tra
balhos escritos, tais como críticas , resenhas, apresentações etc . , sobre determi
nado livro ou assunto que possa ser de interesse imediato ou mediato para sua
atividade intelectual .
A ficha de conteúdo deve conter no cabeçalho o nome do autor ou auto
res, o título do texto (livro, artigo etc.) fichado, o local da publicação, o nome
da editora e demais informações bibliográficas pertinentes à correta identifica
ção do que se trata . Somente após esses dados é que tem início o registro que se
deseja fazer .
Muitas vezes a ficha de documentação bibliográfica é aberta e classificada
no fichário com apenas o registro de um mínimo de informações . Ela será pau
latinamente completada à medida que o estudante for ganhando maior familiari
dade com o texto e submetendo-o às diferentes etapas de sua análise. Conside
ra-se ideal para esse tipo de documento que o registro final corresponda ao re
sumo da análise temática do texto. Contudo, pode continuar aprofundando-se
para apresentar o resultado da análise interpretativa.
1 02 o MÉTODO CIENTiFICO
Como cuidado especial na anotaçãQ das fichas deve-se dar atenção para
que as várias informações sejam acompanhadas pela indicação entre parênte
ses da numeração das páginas a que se referem .
- ,
A DOCUMENTAÇAO TEMATICA
A documentação temática tem a finalidade de coletar elementos para o estudo
ou pesquisa dentro de determinada área. No início ela pode ser orientada de
acordo com a estrutura curricular de uma disciplina específica ou de todo um
curso . Se corresponder a todo um curso, então cada disciplina deverá ter sua
própria seção no fichário.
O registro temático é mais abrangente que o bibliográfico , pois a ele cor
responde assegurar a manutenção de informações não apenas extraídas de lei
tura, mas também de aulas , conferências, seminários, trabalhos e debates de
grupos de estudo etc . Nele devem igualmente constar as idéias do estudante,
para que não se percam com o passàr do tempo . Por tudo isso o estudante deve
habituar-se a transpor para fichas de conteúdo os apontamentos tomados em
classe, e fazê-lo de modo sistemático, a fim de tê-los à disposição para consulta
no momento oportuno.
É recomendável que o preenchimento das fichas evite longas transcrições .
A ficha deve funcionar como lembrete; portanto , oferecer apenas informações
resumidas . Se bem feita e indicando corretamente as fontes, tudo que se deseja
dela é que seja breve, mas suficientemente clara para permitir a compreensão
de seu conteúdo em consulta realizada muito tempo depois da data da anota
ção. Por isso , a extensão e a quantidade das transcrições não podem ser medi
das com réguas ou litros . Havendo real necessidade, é recomendável que os re
gistros apresentem as transcrições consideradas indispensáveis . A experiência
pessoal de cada um é que determinará a sua extensão e quantidade em cada ca
so particular.
A DOCUMENTAÇÃO GERAL
Ao contrário das anteriores , a documentação geral não é feita em fichas , mas
em pastas . Sua função é a organização e preservação de documentos extraídos
de fontes pouco acessíveis ou perecíveis . Recortes de jornais e revistas , cópias
xerocadas de capítulos, trechos de apostilas e livr o s esgotados, folhetos, tabe
las, estatísticas , mapas , gráficos etc . , tudo isso constitui documento comple
mentar da biblioteca pessoal e deve ser cuidadosamente montado em folhas
brancas de papel de formato oficio . Essas folhas serão então organizadas em
pastas e devidamente catalogadas por assunto. Sempre que for o caso , devem ter
registro em ficha de documentação bibliográfica ou temática para classifica
ção no fichário .
Aconselha-se que a montagem nas folhas de papel de formato ofício obser
ve o cuidado de deixar espaço suficiente para a anotação completa da origem do
A DOCUMENTAÇÃO PESSOAL 103
documento . Ou seja, nenhum documento deve ser montado em pasta sem es
tar devidamente identificado com o nome do artigo ou obra de onde foi extraí
do ; do jornal ou revista em que foi publicado; da conferência, do seminário ou
do ciclo de estudos em que foi apresentado ou discutido; o nome do autor ou
autores, a data de publicação e a página ou páginas que ocupava na fonte ori
ginal.
SEMANTICA
-
ESTILO
• o -
LINGUISTICA
tI.
VERDADE CIENTÍFICA
"A ciência jamais persegue o objetivo ilusório de tornar finais ou mesmo pro
váveis suas respostas. Ela avança, antes, rumo a um objetivo remoto e, não obstan
te, atingível: o de sempre descobrir problemas novos, mais profundos e mais gerais,
e de sujeitar suas respostas, sempre provisórias, a testes sempre renovados e sempre
mais rigorosos" .
Popper, K. A lógica da pesquisa cient., p. 308
"Embora não possa alcançar a verdade nem a probabilidade, o esforço por co
nhecer e a busca da verdade continuam a ser as razões mais fortes da investigação
científica" .
Idem, ibidem, p . 506
LINGÜÍSTICA
JAKOBSON, Roman
1973 Lingüística e comunicação
São Paulo, Cultrix, 6 ed.
162 p.
Tradução de Isidoro B1ikstein e José Paulo Paes
Prefácio de Isidoro B1ikstein
O livro trata das relações da Lingüística com a linguagem dos antropólogos; aspec
tos Iingüísticos da tradução; a Lingüística e a teoria da comunicação etc. Traz bi
bliografia em nota de rodapé apenas.
Dar especial atenção ao cap. "A procura da essência da linguagem".
alguém .
• Pode-se confiar na retenção da memória para pelo menos guardar o indis
pensável para o exercício da atividade intelectual?
• Que vantagens oferece o esforço de preparar uma documentação pessoal?
• É possível dizer-se que a documentação pessoal dispensa inteiramente o uso
da memória? Por quê? Ela é infalível?
• É desejável registrar tudo o que se conhece na documentação pessoal? Por
quê?
• De que maneira deve ser preparada a documentação? Existe alguma orienta
ção prática nesse sentido? Se existe, qual é?
• Que diferença há entre preparar a documentação em fichas ou em cadernos?
Qual das duas é mais prática?
• Existe algum tamanho padronizado para as fichas de conteúdo ?
• Qual é a diferença entre uma ficha de conteúdo e uma ficha de chamada?
• Quais são os elementos que devem constar do preenchimento de uma ficha
de conteúdo?
• Qual é a principal objeção contra a organização do fichário pela simples or
denação alfabética das fichas?
• Há alguma vantagem em se possuir dois tipos de fichas de chamada? Em que
consiste?
• Quais são as diferenças básicas entre a documentação bibliográfica e a docu
mentação temática?
• Que elementos são anotados nas fichas de documentação bibliográfica e nas
fichas de documentação temática?
• Que benefício traz a preparação de uma documentação geral?
Ui!'
racao •
. ,
o
a co nlcacao •
• Introdução
• A determinação do tema
• A seleção bibliográfica
Levantamento da bibliografia
• A leitura e a documentação
• A estruturação lógica
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão
• A redação provisória
INTRODUÇAO
Qualquer trabalhador intelectual tem freqüentemente necessidade de comuni
car a outras pessoas os frutos de seu saber, de seu aprendizado, de sua ativida
de . Essa necessidade decorre da própria vida, que constantemente solicita a
feitura de um relatório, a prestação de um exame, a defesa de uma tese, a reali
zação de uma conferência, a elaboração de uma monografia, a redação de arti
gos para jornais e revistas e assim por diante. Para que essa comunicação al
cance o reconhecimento da comunidade científica é praticamente obrigatório
que sua elaboração seja feita segundo uma orientação metodológica .
As normas aplicáveis ao método da comunicação científica constam de al
guns pressupostos de organização prévia, que aqui denominamos preparação,
bem como de elaboração material da comunicação propriamente dita, cuja
apresentação desdobramos em dois capítulos complementares: A técnica da
redação e A estrutura material do trabalho..
A decisão de enfocar exclusivamente o processo do trabalho redigido dá
-se pela simples razão de ser essa a forma mais usual de comunicar-se cientifica
mente alguma coisa. Além disso, quem narra ou expõe oralmente o resultado
de um estudo, em verdade "escreve" mentalmente sua comunicação . O estu
dante que presta um exame oral, por exemplo, para ser bem sucedido, tem de
fazer com que seu pensamento passe pelas diferentes etapas de organização e
desenvolvimento lógico requeridas para a redação. Assim, quem conhece e
pratica as normas de preparação e as técnicas de redação de trabalhos científi
cos está igualmente capacitado para comunicar oralmente o resultado do que
pesquisou, aprendeu ou descobriu .
106 o METODO CIENTiFICO
A DETERMINAÇAO DO TEMA
A comunicação científica visa sempre a um propósito claro, por isso trata sem
pre de um tema. É óbvio que se tal trabalho de comunicação for apenas um in
forme, um resumo de uma obra ou a apresentação de uma experiência, seu te
ma já estará previamente estabelecido. Há casos, porém , em que é necessário
fazer-se uma comunicação sem que o tema esteja previamente estabelecido .
Por exemplo, imaginemos que seja necessário elaborar uma comunicação cien
tífica original , da qual dependerá a aprovação do autor em um curso de douto
rado ou sua admissão em determinada instituição científica. Neste caso ele terá
de defender uma tese, ou seja, fazer uma monografia. Imaginemos também
que essa comunicação seja de tema livre, à escolha do autor . Então, que deve
rá ele fazer para encontrar o tema de seu trabalho?
Continuando a usar nossa imaginação, suponhamos que o autor da co
municação sej a você . É você quem precisa redigir um tr.abalho capaz de de
monstrar todo o seu valor como intelectual. Se o tema é de livre escolha, en
tão, a primeira coisa que terá de fazer é encontrar o tema de seu trabalho de
comunicação . E isso não é assim tão simples .
Sem dúvida, qualquer assunto pode ser objeto de estudo científico e, por
tanto , de comunicação científica. Mas, havendo possibilidade de opção, o
ideal é que você escolha um tema que lhe seja agradável e que esteja em harmo
nia com suas disponibilidades pessoais . Nem sempre é fácil conciliar o gosto
com as condições objetivas de um estudo. Digamos que seu tema preferido se
ja apenas para argumentar o ritual de iniciação religiosa dos maori. Se
. estiver disposto a restringir seu trabalho à pesquisa bibliográfica, a escolha de
tal tema demandará apenas uma atividade mais ou menos normal de localiza-
A PREPARAÇÃO DA COMUNICAÇÃq 1 07
.
ção e seleção das fontes . Mas se desejar fazer uma comunicação realmente ori
ginal e comprovar com pesquisa de campo a veracidade das informações de
que já dispõe, terá de prever uma viagem à Nova Zelândia para entrar em con
tato direto com os indígenas maori, e com eles conviver por algum tempo .
Ora, talvez essas condições estejam completamente fora de suas disponibilida
des materiais e, se assim for , tais condições invalidam a escolha desse tema.
Mediante esse exemplo você pode concluir que, mesmo não sendo tão do seu
agrado , o mais prático é escolher um assunto que você possa realmente desen
volver na sua comunicação .
Ainda assim, não se decida logo por qualquer tema. Há todo um universo
de assuntos que merecem tratamento sério e investigação científica. Portanto,
trate de escolher um que apresente problemática interessante e que mereça ser
realmente investigado , caso contrário sua comunicação não dará nenhuma
contribuição à ciência.
Tendo em mente esses diferentes aspectos relativos à escolha do tema, fa
ça em seguida um balanço de sua disponibilidade de tempo e de pesquisa, bem
como de consulta a eventuais especialistas da área que deseja abordar . Essas
considerações parecem frívolas , mas têm sua razão prática. Se você não dispõe
de muito tempo para dedicar ao trabalho que pretende desenvolver, não deverá
escolher um tema muito complexo, um assunto que requeira várias horas diá
rias de atenção exclusiva, porque não terá condições concretas de realizar bem
a tarefa a que se propôs. Por outro lado, ainda sob o ponto de vista das condi
ções práticas , é possível que, para um determinado assunto, você não possa
. contar com a bibliografia adequada nem com especialistas da área para
orientá-lo no trabalho . Então , o que fazer: deixar de lado o trabalho ou esco
lher outro tema? A resposta só pode ser uma: escolher outro tema mais de
acordo com as condições concretas de realização .
Ao fazer a escolha do assunto, é necessário também que você trate de deli
mitá-lo, de caracterizar claramente a perspectiva pela qual você irá enfocá-Io.
No caso dos indígenas maori , por exemplo, se o seu enfoque for apenas um le
vantamento comentado da bibliografia disponível sobre o assunto, então não
será necessário considerar uma viagem à Nova Zelândia etc. Em verdade, . a ca-
racterização da perspectiva do tratamento não é válida apenas para avaliar a
.
A PREPARAÇÃO DA COMUNICAÇÃO 1 09
RESUMO ESQUEMATICO
Tudo o que foi dito sobre como escolher o tema da comunicação, e sobre como pro
blematizá-lo, pode ser resumido nos seguintes pontos principais:
1. Tratando-se de tema livre, é sempre mais prático escolher um cujo desenvol
vimento na comunicação esteja realmente ao seu . alcance . Evite temas de
masiadamente complexos ou ambiciosos para suas possibilidades.
2. Uma vez escolhido o tema, planeje o tempo de qúe dispõe para realizar o tra
balho e consultar especialistas na área do assunto .
3. Delimite claramente a perspectiva pela qual você vai enfocar o tema, Isto
ajuda a selecionar a bibliografia.
4. Estabeleça uma hipótese de trabalho, baseada no conhecimento de que já
dispõe sobre o assunto.
S. Oriente sua investigação segundo a hipótese de trabalho,
6. A hipótese' de trabalho, enquanto hipótese, não é conclusiva, mas especulati
va. Somente após a investigação exaustiva dos fatos em que se baseia é que
pode ser confirmada ou não - jamais antes!
A SELEÇAO BIBLIOGRAFICA
-
Dissemos antes que a hipótese de trabalho pode ser confirmada ou não pela in
vestigação; é a investigação que lhe dará consistência ou negar-Ihe-á validade.
Tal investigação poderá ser efetuada mediante pesquisa experimental, pesqui
sa descritiva ou pesquisa bibliográfica.
As pesquisas experimental e descritiva são de aplicação específica para as
ciências empíricas e os interessados nessa atividade devem orientar-se através
de obras especializadas em sua área de estudo. A pesquisa bibliográfica, no en
tanto , é um meio de ação e de investigação de todo trabalhador intelectual.
Além disso , como não se pode compreender a realização de pesquisa experi
mental , nem de pesquisa descritiva, sem haver necessidade de efetuar também
pesquisa bibliográfica, somente desta última trataremos nesta obra introdutó
ria e de limites restr·itos. E o fazemos colocando uma definição mais precisa:
Levantamento da bibliografia
Se ao longo de seus estudos acadêmicos você formou o seu próprio fichário bi
bliográfico, chegou o momento de ele começar a revelar-lhe todo o seu valor.
Agora você já tem o tema e a hipótese de trabalho, então recorra ao fichário e
faça um levantamento das obras que necessitará para fundamentar sua hipóte
se e desenvolver sua comunicação. Tanto o fichário bibliográfico como o te
mático lhe serão de enorme valia nessa pesquisa. Caso, porém , o fichário não
seja sufici.ente, trate de complementá-lo consultando bibliotecas , centros de
documentação ou especialistas na área que você pretende abordar.
Normalmente o centro de consulta mais disponível é a biblioteca pública,
mas não esqueça que também há bibliotecas universitárias e bibliotecas institu
cionais com valiosos acervos a serem consultados.
Se você costuma freqüentar bibliotecas, certamente já goza de familiari
dade com o procedimento estabelecido para localizar e obter as obras em que
•
para obter a resposta bastará consultar o catálogo ou dirigir-se. à seção dos fi
chários e procurar o que deseja no arquivo correspondente: de autores, de títu
los ou de temas e assuntos . Ao encontrar o que buscava, anote os números de
referência do código da biblioteca, inscritos em cada ficha ou constantes no
catálogo e entregue seu pedido ao funcionário atendente. Em poucos minutos
a obra requisitada lhe será entregue.
As bibliotecas, no entanto , não são exclusivas no fornecimepto de infor
mações bibliográficas. Existem também repertórios e boletins bibliográficos,
que são publicações especializadas no levantamento do material publicado. Es
sas obras, lançadas periodicamente , podem abranger todas as áreas do conhe
cimento , assim como limitarem-se apenas a uma ou duas áreas , nas quais se es
pecializam . Mas , de qualquer modo , são excelentes auxiliares para o levanta
mento de bibliografias . Há autores que classificam entre os repertórios gerais
.
A LEITURA E A DOCUMENTAÇAO
-
res transformações .
Por seu turno , a documentação que você fará durante a leitura constitui
. uma tarefa preparatória da maior importância para sua comunicação científi
ca. Tome nota e faça apontamentos de todos os elementos úteis que for cap-
112 o METODO CIENTiFICO
tando durante a leitura. Para isso utilize as fichas adequadas, a fim de que to
do esse material esteja plenamente à disposição no momento em que você for
estruturar e redigir o seu trabalho . Em muitos casos esses apontamentos servi
rão como um primeiro rascunho de boa parte do texto . Por isso, ao fazer seus
apontamentos, não deixe de registrar :
1. Trechos significativos das obras estudadas e consultadas . Transcreva
literalmente e entre aspas . Não esqueça de citar a fonte de onde extraiu
o material (nome do autor, título da obra, nome da editora, ano da pu
blicação, número da página etc.).
2. Idéias de outros autores , que não necessitam de transcrição literal e po-
.
dem ser sumarizadas, mas que também devem ser acompanhadas da in-
,
RESUMO ESQUEMÁTICO
LEITURA
1. Uma vez coletado o material bibliográfico, estabeleça um plano para a sua
leitura.
2. Leia o material bibliográfico buscando fundamentos para a hipótese de tra
balho.
3. Reconheça o aparecimento de novas idéias durante a leitura do material.
4. Considere o plano original de leitura como provisório e flexível, portanto,
sujeito a transformações de acordo com os dados obtidos durante a leitura.
DOCUMENTAÇ ÃO
1. Faça a documentação da leitura nas fichas adequadas (veja Cap. 8).
2. Registre os trechos mais significativos das obras consultadas, entre aspas e
com os dados completos das fontes de origem.
3. Registre idéias que lhe pareçam interessantes, formuladas por outros auto
res, sem necessidade de transcrevê-las literalmente, mas com os dados com
pletos de sua origem.
4. Registre as idéias que lhe ocorrerem durante a leitura. Segundo o destino que
deseje dar a essas idéias, anote ou não as fontes de consulta que as suscita
ram.
1 14 o METODO CIENTiFICO
- ,
A ESTRUTURAÇAO LOGICA
A ordenação do material coletado consiste em dispô-lo inteligentemente, de
modo que as diferentes idéias se coordenem e relacionem de maneira lógica,
para que o objetivo da proposição sej a plenamente atingido . E nesse momento
,
Introdução
A Introdução é reservada à apresentação do assunto. Deve situar o problema
do tema para o leitor, revelando-lhe o que já foi estudado por outros autores a
esse respeito. Ao mesmo tempo, deve justificar a presente comunicação cientí
fica, assinalando sua importância e interesse. Há autores , principalmente entre
os iniciantes , que cometem o erro de produzir introduções demasiado pompo
sas ou ambiciosas , lotando-as com frases grandiloqüentes e considerações que
pouco, ou nada, têm a ver com o trabalho que introduzem . Às vezes é bem
mais difícil ser claro e conciso do que nebuloso e prolixo, mas é preciso buscar
pacientemente, perseverantemente, a clareza e a concisão.
Como a introdução deve esclarecer o leitor também sobre a natureza do
raciocínio desenvolvido na elaboração do trabalho, quase sempre é a última
parte a ser escrita.
A PREPARAÇÃO DA COMUNICAÇAo 115
Desenvolvimento
o Desen volvimento é também chamado "corpo" do trabalho. Destina-se à
fundamentação lógica do tema seu propósito é explicar, demonstrar e pro
var. Como diz Délcio V. Salomon: "É o momento em que, usando todo seu
poder de raciocínio, o autor consegue transformar-se de pesquisador em expo
sitor, desenvolvendo a passagem da lógica usada no contexo da investigação
para a lógica da demonstração: é a reconstrução que tem por objetivo explicar
- discutir demonstrar" (57 : p. 273).
O desenvolvimento explica ao esclarecer o que é obscuro, ao tornar evi
dente o que é complexo e para isso descreve, classifica e define. Discute ao
comparar as diversas posições relacionadas com o tema e ao provocar seu en
trechoque dialético . Finalmente, demonstra através de razões, aplicando a ar
gumentação apropriada à natureza de sua tese, partindo de verdades evidentes
e aceitas para concluir novas verdades .
•
Conclusão
A Conclusão é a síntese final . E a resultante de todo o trabalho , a meta, o ob-
,
RESUMO ESQUEMÁTICO
Para estabelecer o plano definitivo do trabalho que vai ser redigido, a: orientação su
mária é a seguinte:
1. Obtenha o plano definitivo do trabalho mediante a ordenação lógica das fi
chas de documentação.
2. Do ponto de vista formal, ordene as fichas classificando-as segundo as três
partes básicas dos trabalhos de comunicação científica:
a. Introdução.
b. Desenvolvimento.
c. Conclusão.
- , .
A REDAÇAO PROVISORIA
Muitos estudiosos da metodologia da comunicação científica não dão especial
ênfase ao item da preparação que consiste na redação provisória. No entanto ,
são pou�os os intelectuais não-experientes que podem dispensá-la inteiramen
te. Por esse motivo, recomenda-se que o primeiro texto seja sempre elaborado
em forma de esboço ou rascunho .
116 o METODO CIENTiFICO
- -
ção?
• Por que se diz que é no Desenvolvimento do trabalho que o alJtor transfor
visório?
, . Va
tecnlca cao
� -
· INTRODUÇAO
-
ção também pode ser elaborada com arte, expressando-se de modo artístico,
mas essa característica não lhe é intrínseca nem indispensável . Quando se redi
ge uma comunicação científica não se deve esperar dela a conquista de prêmios
literários da Academia Brasileira de Letras . Mas, ao mesmo tempo , não se po�
de admitir que uma comunicação científica não "comunique" . A comunica
ção tem por obrigação cumprir o objetivo de "comunicar " , e isso implica a
observação de certas leis gerais da comunicação . .
Ao expressar seu pensamento na redação de um texto, você tem de usar os
instrumentos da língua, cujas regras de emprego não podem estar sujeitas ao
estado de espírito de um indivíduo, pois são frutos da criação e da transforma
ção lenta de toda uma nação através de sua história. Assim , a comunicação es
crita realiza-se mediante- um código comum a língua regido pelas leis da
A TÉCNICA DA REDAÇÃO 119
Gramática. Esse código existe e é aceito por todos precisamente para não dei
xar dúvidas na comunicação. Quando não o observamos , corremos o risco de
nossa mensagem ser recebida de modo imperfeito ou errôneo. E a má recepção
(a recepção com "ruídos") causa sempre distorções , dúvidas , erros de inter
pretação . Na absoluta maioria dos casos a distorção, a incompreensão e o erro
de interpretação são de responsabilidade do comunicador , não do receptor da
mensagem . Ou seja, a deficiência causadora do "defeito" é sempre mais séria
quando sua origem está em quem comunica a mensagem. Portanto, se você
quer que sua mensagem seja corretamente interpretada, construa-a segundo as
leis gramaticais e faça tudo para que ela atinja seu receptor da maneira mais
di reta e clara possível.
Os profissionais da comunicação como, por exemplo , os publicitários
- desenvolveram uma regra prática muito útil para enfrentar esse problema.
Em primeiro lugar, eles não têm vergonha de consultar dicionários e gramáti
cas, afinal essas obras existem para serem consultadas . Em segundo lugar, co
mo sua própria sobrevivência depende do efeito causado por suas mensagens ,
ao redigir qualquer trabalho eles se colocam mentalmente na posição de quem
vai lê-lo . Jamais escrevem como se estivessem dirigindo a mensagem para si
próprios, mas sempre com o propósito de comunicar alguma coisa a determi
nado "alguém" . É precisamente isso que você deve ter em mente ao redigir o
seu texto. Se o texto destina-se a um leitor especializado no assunto que você
está transmitindo, use também a linguagem especializada e desenvolva sua ar
gumentação como se estivesse conversando com um especialista. Mas se o tex
to destina-se a ser lido por uma pessoa comum, não especializada no assunto,
trate de construir sua mensagem em linguagem comum e empregando uma linha
de raciocínio e argumentos que sejam lógicos para leigos caso contrário sua
mensagem não atingirá o alvo, ou o atingirá incorretamente .
Não se conversa com uma criança de pouca idade da mesma maneira que
se conversa com um adulto, porque instintivamente se sabe que uma criança
não é capaz de entender idéias , raciocínios e argumentos que são próprios dos
adultos. Do mesmo modo, não se pode transmitir uma mensagem complexa a
um vaqueiro inculto da mesma maneira como a transmitimos, por exemplo, a
um engenheiro . Isso não quer dizer que o vaqueiro seja menos sábio do que o
engenheiro (provavelmente ele poderá ensinar muitas coisas sobre vacas a
qualquer engenheiro). O problema reside no fato de que, devido às limitações
de sua erudição, o vaqueiro dispõe de "instrumentos de recepção de mensa
gens" diferentes dos dominados pelo engenheiro. No entanto , se dirigirmos
nossa mensagem ao vaqueiro adequando-a aos seus "instrumentos de recep
ção " , ele poderá captar perfeitamente tudo o que desejarmos comunicar-lhe .
A questão, portanto, é adequar nossa mensagem , escrevê-la com um destino
determinado, visando a atingir um alvo determinado: o leitor. E a maneira
mais prática de se conseguir isso é colocarmo-nos na posição de quem vai ler o
nosso texto. Assim, ao redigir , faça a si próprio a seguinte pergunta: "Se eu
fosse fulano, estaria entendendo o que estou escrevendo ? " A resposta honesta
funciona como uma bússola. Se positiva, você está no caminho certo; se nega
tiva, tente outro caminho .
1 20 o METODO CIENTiFICO
o ESTILO
No que diz respeito à técnica da redação da comunicação científica, é preciso
dar atenção ao que se refere ao estilo.
Comunicar idéias é uma tarefa ao mesmo tempo apaixonante e complexa.
Em qualquer trabalho escrito a palavra é o símbolo que representa a idéia, o
pensamento . No entanto , como se tratá de um símbolo arbitrário pois cada
palavra pode ter mais de um significado é fundamental que o autor pondere
criteriosamente os termos que emprega. A fim de não confundir ou complicar
a compreensão do leitor , deve estabelecer a relação desses termos com o con
texto global da comunicação e, sempre que for o caso, determinar o significa
do próprio de cada unidade semântica, ou seja, apresentar a definição dos ter
mos chaves utilizados no texto.
A Filosofia, a Ciência e as Artes, e até mesmo as diferentes tecnologias ,
possuem vocabulários particulares e específicos . Daí a necessidade de se estar
atento para o significado de cada expressão empregada nos trabalhos dessa na
tureza. Na maioria das vezes não basta entender o significado dos termos iso
lados, é preciso conhecer as implicações que tais termos podem apresentar no
contexto de um estudo, onde o seu uso envolve uma compreensão q\ie vai além
do conhecimento de um único sentido semântico .
Só há uma maneira de se superar o problema: para dominar o misterioso
universo das palavras e suas implicações no contexto é necessário um contato
assíduo com as obras de cientistas e filósofos. É penetrando nos mecanismos
A TÉCNICA DA REDAÇÃO 121
internos de seus escritos que você poderá, realmente, adquirir um correto do
mínio vocabular. Enquanto isso não ocorrer, a solução é continuar usando
bons dicionários gerais e especializados .
Muitas vezes um mesmo termo é usado por vários autores com diferentes
significados, conforme as áreas de conhecimento que enfocam e as épocas em
que viveram . Por isso, em nome da objetividade da comunicação, toda aten
ção é pouca no emprego de termos e expressões. Mas, de modo especial , evite
modismos , gírias e banalidades vocabulares que poderão tornar seu trabalho
compreensível só para determinado grupo e determinada época.
Outro ponto que não deve ser negligenciado pelo autor é a obediência às
regras gramaticais . Já mencionamos este aspecto do problema; aqui apenas
enfatizamos a necessidade desse cuidado com a ortografia, a concordância e a
pontuação, pois são fatores que podem facilmente modificar o sentido de sua
mensagem .
Como orientação básica para o estilo a ser seguido no trabalho , observe o
seguinte esquema:
1 . Exponha as idéias com clareza e objetividade.
2. Utilize linguagem direta.
3. Redija com simplicidade , sem resvalar para o supérfluo e sem descam
bar para o excessivamente coloquial . Enfoque a matéria e particularize
os pontos necessários para a comunicação sem recorrer a um estilo pro
lixo, retórico ou confuso .
4. Use vocabulário técnico somente para o estritamente necessário . Seja
rigoroso e preciso no seu uso, a fim de evitar que seu texto se torne her-
metlco .
, .
pressões como "a presente tese", "no presente estudo " . E também de-
,
Objetividade e clareza
A linguagem científica tem como característica essencial a precisão e a objeti
vidade. Sendo expressão do conhecimento racional , ela é informativa por ex
celência, por isso não aceita expressão ambígua ou obscura. Seus argumentos,
conclusões e interpretações partem da realidade objetiva, ao contrário da ex
pressão literária, que é fruto da criatividade subjetiva do autor. E essa diferen
ça é fundamental.
A linguagem que veicula conhecimentos científicos tem de ser objetiva
por estar intrinsecamente ligada à própria natureza da ciência, que se baseia na
observação dos fatos . Por isso, o emprego de certos termos ou vocábulos que
denotam análise subjetiva podem comprometer o valor de seu trabalho . Ex-
.
1 22 o METODO CIENTiFICO
pressões como "parece-me" , "acredito que", "penso que" e assim por dian
te, são indicativas de subjetividade, de raciocínio individual, mesmo que seu
trabalho seja rigorosamente objetivo.
Isto se traduz na prática da seguinte maneira: se estiver descrevendo um
espaço , evite usar adjetivos. Não escreva sala grande, larga, pequena. Trans
creva objetivamente os dados das dimensões : oito metros de comprimento por
.
seis metros de largura etc.
Por outro lado, uma expressão clara e precisa pressupõe total compreen
são do assunto tratado, o domínio da matéria em seu todo e em suas particula
ridades . Se você não entendeu com precisão o que escreveu, certamente não
poderá transmiti-lo com clareza a outra pessoa.
Portanto , não é suficiente compreender mais ou menos a matéria, mas .
sim formular idéias claras, redigidas em linguagem clara. Para você se expres
sar com clareza é preciso, antes de tudo, pensar com clareza.
Vocabulário técnico
.
Embora se deva usar uma linguagem comum e corrente nos trabalhos científi
..
cos ainda que de modo objetivo e preciso . alguns conceitos só podem ser
formulados através de termos técnicos especializados, específicos, que não po
dem ser "traduzidos" por sinônimos de uso mais comum , cujo significado é
impreCISO.
• •
Mas isso não significa que se deva incorrer no extremo oposto . É um erro
bastante difundido considerar que os trabalhos científicos só devem ser escri
tos em linguagem entendida por iniciados na matéria. Aqui, mais uma vez, va
le a pena recordar a necessidade de o autor usar o seu bom senso pará estabele
cer o equilíbrio. Saber dosar a línguagem técnica com a comum, e fazê-lo com
naturalidade, é uma tarefa que deve ser empreendida por todas as pessoas
conscientes de seus objetivos na comunicação científica.
E claro que se os autores de trabalhos científicos não usarem a linguagem
, .
Uso de
Necessitando empregar abreviaturas em seu trabalho, recorra a um bom dicio
nário de português . Essas obras de consulta costumam trazer em suas páginas
iniciais uma lista de abreviaturas, siglas e sinais convencionais já consagtados .
Se você necessitar apenas um pequeno número de abreviaturas , estas poderão
ser identificadas no próprio corpo do texto . Mas se o número for considerável,
faça uma lista delas, em ordem alfabética, e insira-a no final do trabalho.
Algumas abreviaturas são comumente usadas e têm seu emprego consa
grado em vários tipos de texto. Estas são usadas sobretudo nas notas de pé de
página (rodapé). Sua utilização no texto corrido não é aconselhável , mas tam
bém não é proibida . Eis uma lista de algumas delas , mais empregadas em tra
balhos científicos: .
Palavras estrangeiras
As palavras ou expressões em idiomas estrangeiros devem ser destacadas no
texto . Se o trabalho for datilografado, estes vocábulos devem ser sublinhados ;
se impresso , devem ser compostos em grifo ou itálico, a variedade mais usada
para o destaque. Algumas gráficas compositoras que não possuem a variedade
grifo podem fazer o destaque utilizando a variedade negro ou negrito .
RESUMO ESQUEMATICO
A ESTRUTURA DO CONTEUDO
Seja qual for a espécie de comunicação científica que você vai redigir (ensaio,
relatório, monografia etc.), você deve elaborá-la como uma descrição ou uma
dissertação.
Descrição
No que concerne à descrição, a redação da texto não apresenta maior dificul
dade, mesmo para os iniciantes na comunicação científica. Descrever é, acima
A TÉCNICA DA REDAÇÃO 1 25
Dissertação
Os trabalhos científicos dissertativos são mais complexos do que os descriti
vos . A dissertação é mais rigorosa quanto à estrutura, pois baseia-se na orde
nação de idéias sobre um tema determinado . Ao dissertar sobre um assunto é
necessário que você sintetize os dados coletados , ordene-os e apresente-os ao
leitor . Essa apresentação pode, ou não, incluir sua própria interpretação do
-
A INTRODUÇAO
Embora a Introdução venha a constituir a primeira parte do trabalho, reco
menda-se que seja a última a ser redigida em forma definitiva. Isso se deve ao fa
to de ela ser uma espécie de cartão de visitas e, portanto, resultado de uma sín
tese que prepara o leitor para o que será exposto no desenvolvimento do traba
lho . Obrigatoriamente, ela inclui o enunciado do tema a ser tratado , bem co
mO suas implicações e limites .
Na Introdução, o autor precisa esmerar-se para esclarecer o leitor sobre o
estágio de desenvolvimento em que se encontra o assunto, mencionando o que
já foi realizado sobre ele dentro de sua área. Ao fazer essa apresentação, quan
do for o caso, cabe também analisar os trabalhos efetuados anteriormente e
que apresentem relação com o tema abordado.
Quanto aos principais itens que a introdução deve abranger, os seguintes
merecem atenção do autor:
Definição do assunto
É indispensável que a introdução exponha de modo claro e preciso qual é a
idéia central do trabalho.
do terna
Ao definir o assunto é preciso também esclarecer o ponto de vista sob o qual
ele será enfocado no desenvolvimento do trabalho. Nos casos em que o tema é
apresentado como problema ou indagação, o autor pode levantar uma ou mais
questões na Introdução e deixar para respondê-las no decorrer da exposição
A TÉCNICA DA REDAÇÃO ' " 1 27
matéria mais sugestiva para o leitor , já que não contará com os meios expressi
vos da comunicação oral para fazê-lo de outro modo.
Definição de termos
.
. Freqüentemente os trabalhos de comunicação científica empregam termos es
pecializados ou palavras do vocabulário comum que requerem definição pré
via para não confundir o leitor. Pela mesma razão, é neste item que o autor de
ve definir todos os neologismos que porventura empregará no desenvolvimen
to do seu trabalho .
Enunciação da documentação'
Nos trabalhos acadêmicos de pequena extensão, a indicação da bibliografia
utilizada pode ser feita na introdução . Contudo, quando o trabalho de comu
nicação é de maior porte, como as teses de graduação , de mestrado ou de dou
torado, a indicação da documentação utilizada pélo autor deve ser destacada
em capítulo especial, inserido após a conclusão, ou seja, no final do trabalho.
1 28 o METODO CIENTIFICO
Indicação da metodologia
•
o DESENVOLVIMENTO
Também conhecido como "corpo do trabalho" , o Desenvolvimento constitui a
parte mais extensa da comunicação científica. Não existem normas regulado
ras de sua extensão, mas o autor deve considerar sua explanação do modo
mais objetivo e conciso que lhe seja possível: ela deve ter, nem mais nem me
nos, a extensão suficiente para conduzir o leitor a uma completa percepção do
conteúdo. O objetivo do desenvolvimento é a exposição da idéia principal do
. trabalho, sua fundamentação racional e os resultados obtidos na investigação
do assunto . Em outras palavras, o corpo do trabalho desenvolve os tópicos in
dicados na introdução, analisa-os, destaca seus pormenores mais significati
vos, discute as diferentes hipóteses e apresenta a hipótese do autor, demons
trando-a através da documentação.
As principais características do Desenvolvimento são : divisão, constru
ção, método, equilíbrio e titulação. Passemos ao seu exame.
A TECNICA DA REDAÇÃO 1 29
.
. . Assim, já ao elaborar seu plano de redação você pode hierarquizar
. a parte
da Introdução da seguinte maneira: ·
a. Definição do assunto
b. Delimitação do tema ·
c. Situação do tema no
o guia da redação
tiver redigindo e essa desorientação obrigará a que todo o trabalho seja reíni
ciado para reencontrar a organização necessária.
A divisão e a subdivisão do trabalho são necessárias para que você possa
comunicar nitidamente ao leitor o processo do encadeamento de suas idéias .
Por isso, antes de procedê-las medite profundamente sobre sua mensagem e
verifique exatamente o que quer comunicar e como, a fim de evitar que cisão
exagerada do texto venha a causar a diluição do conteúdo. Use o seu bom senso.
De modo geral, os trabalhos acadêmicos mais simples, os ensaios univer
sitários , os artigos e as memórias , têm seu desenvolvimento dividido em ape
nas duas partes . As divisões mais específicas são reservadas aos planos mais
complexos e obras de maior extensão, como os tratados que estudam um tema
em todas as suas particularidades e generalidades, ou que analisam todo um
ramo do conhecimento .
tão simplista, certamente não realizará um trabalho significativo. Para que ele
seja merecedor de boa aceitação, sua análise dos fatos deve aprofundar-se, es
tender-se no tempo.
Em princípio , você deve estudar o período colonial brasileiro, tratando de
reconhecer as razões que levaram os colonos portugueses a empregarem a
mão-de-obra escrava. Em seguida, deverá fazer o mesmo com outras regiões
do mundo cujos colonos tiveram de valer-se de escravos. Isso já lhe dará ele
mentos de comparação entre a colonização brasileira e as de outras partes . De
pois, analise a política adotada nas colônias pelas diferentes metrópoles eurp
péias e as implicações internacionais do desenvolvimento colonial , sobretudo a
importância da independência de algumas colônias e a propagação dos ideais
filosóficos da Revolução Francesa. Estabeleça a relação de todos esses aconte
cimentos com o desenvolvimento do Brasil e a nossa independência, mas sem
perder de vista que Sua idéia principal, o tema de seu trabalho, é a abolição da
escravatura em nosso país . Então, continue estudando os fatos, dê especial
atenção à economia brasileira no período imperial, a situação do país durante
a Guerra do Paraguai e suas conseqüências, os principais elementos nacionais
que determinaram as diversas leis que foram abolindo aos poucos a escravatu
ra no país e assim por diante , até chegar à assinatura da Lei Áurea pela Prince
sa Isabel e sua provável influência na Proclamação da República etc.
Procedendo dessa maneira, você irá às origens do tema que terá de expor
em seu trabalho. E isso lhe permitirá fazer comparações e tirar conclusões com
segurança, pois contará com uma base sólida de conhecimentos específicos so
bre o tema.
Dê posse desse material, devidamente documentado, você poderá estabe
lecer seu plano de trabalho com firmeza . A partir dele, e segundo o objetivo
que destinar ao texto, você definirá o tipo de construção mais adequado para
desenvolver o corpo do trabalho : construção por oposição, por progressão ou
por cronologia.
entre as partes
Todo bom trabalho de comunicação científica mantém um equilíbrio sensível
entre suas diversas partes os diferentes componentes formam um todo ho
mogêneo .
É claro que tal equilíbrio não é físico, mas você pode senti-lo sem dificul
dade . Por exemplo, pode-se considerar equilibrado o trabalho de dez páginas
cuja estrutura contenha: .
1. Duas páginas reservadas à Introdução .
2. Sete páginas dedicadas ao Desenvolvimento.
3. Uma página destinada à Conclusão.
Evidentemente tal distribuição serve apenas como orientação . A propor
ção das partes varia em função de diversos fatores , como o tema, o enfoque,
as conclusões obtidas , a espécie de informação que se deseja passar ao leitor
etc.
Dependendo do tipo de trabalho, as proporções da Introdução e da Con
clusão podem ser ampliadas . O que importa é o autor manter-se alerta para o
equilíbrio entre as partes, a fim de que no conjunto não haja superestima de
uma parte em detrimento de outra. Ou seja, a dosagem de cada parte deve ser
adequada ao seu conteúdo e à sua finalidade.
Titulação
Embora este item esteja exposto aqui como parte integrante do corpo do tra
balho, em verdade suas características são válidas para qualquer tipo de titula-
1 34 o MÉTODO CIENTiFICO
ção, desde o título geral do trabalho até os subtítulos das menores subdivisões
das partes , capítulos ou seções.
Seja de parte, de capítulo ou de seção, o título deve resumir os elementos
mais significativos do conteúdo do texto que encabeça. Essa é a norma geral.
Na realidade, porém, a titulação também cumpre outros objetivos , como: des
pertar a atenção do leitor, criar expectativa em torno do tema apresentado e,
principalmente, facilitar a transmissão da mensagem através da divisão e orde-
.
nação da matéria .
Como os títulos constituem um elemento didático bastante útil e um efi
caz instrumento de comunicação, sua escolha deve receber especial atenção
por parte do autor de qualquer texto científico.
Como orientação geral, titule todos os elementos de seu trabalho : partes ,
capítulos e seções . Seja coerente a sistemática da titulação impedirá que, em
um mesmo documento, seções do mesmo nível ora tenham título, ora não o te
nham .
Para titular corretamente, siga a seguinte regra prática: escolha o título
somente depois de redigir o texto que ele encabeça. Assim, o título geral do
trabalho só deve ser escolhido depois de o trabalho estar pronto; o da parte, só
depois de redigidos os textos de todos os seus capítulos; os dos capítulos, só
depois de redigidos os textos das seções; e assim por diante. Com o texto pron
to torna-se muito mais fácil extrair dele os elementos mais significativos do seu
conteúdo para, com base nos requisitos já mencionados, elaborar-se um título
atraente para o leitor e capaz de alcançar o efeito que se deseja transmitir.
A CONCLUSÃO
A Conclusão do trabalho é sua parte final, o arremate da comunicação . Antes
de tudo, deve conter uma resposta (o mais inequívoca possível) para a proble
mática do assunto, proposta na Introdução . Além disso, é o ponto para o qual
convergem a análise , a argumentação e a demonstração elaboradas no corpo
do trabalho . E, por ser uma síntese final , deve também ser breve e concisa.
Muitos iniciantes na comunicação científica confundem a Conclusão com
um apêndice ou um resumo. É um engano . A Conclusão é uma decorrência ló
gica e natural de tudo que foi exposto anteriormente. Ela corresponde ao obje
tivo final da comunicação, é sua razão de ser. Sem ela a comunicação não tem
valor.
Em verdade, todá a investigação , toda a análise, toda a dissertação e toda
a argumentação só se justificam em função da Conclusão, ou seja, daquilo que
se quer provar , a tese que se quer comunicar . Os elementos que se apresentam
nas partes anteriores Introdução e Desenvolvimento só têm sua presença
assegurada no trabalho se contribuírem para a composição desta parte final.
Desde a Introdução o autor anuncia a Conclusão como hipótese de traba
lho . Ao longo do desenvolvimento, ele a vai confirmando ou negando . O fato
de algumas hipóteses serem falsas não invalida a necessidade de uma Conclu
são . Sua própria falsidade é a Conclusão final, ou seja, o autor ressalta essa
A TECNICA DÁ REDAÇÃO 1 35
. RESUMO ESQUEMÁTICO
DESCRIÇÃO
1. Descreva sem deixar de evidenciar os pormenores que distinguem a coisa des
crita.
2. Descreva segundo um critério lógico de apresentação da coisa descrita, de
modo que o leitor possa configurá-la.
3. Releia pelo menos três vezes a descrição, tratando de acrescentar informa
ções essenciais eventualmente omitidas e de eliminar elementos que não se
jam úteis ou que perturbem o objetivo da comunicação.
DISSERTAÇÃO
o ·
1. Para c meçar a dissertar, sintetize e ordene os dados coletados.
2. Faça sua dissertação de modo expositivo ou argumentativo.
3. Ordene sua linha de raciocínio e seus argumentos de modo que se apres·entem
em seqüência lógica para uma conclusão.
4. Uma das maneiras adequadas para a ordenação é dividir a totalidade do tex
to em Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.
5. Releia pelo menos três vezes a dissertação, tratando de acrescentar-lhe sem
pre maior objetividade, precisão e clareza . .
Quanto aos elementos fundamentais que tradicionalmente compõem a estrutu
ra do trabalho de comunicação científica - Introdução, Desenvolvimento e Conclu
são - suas características básicas são, respectivamente:
INTRODUÇÃO
1. Definição do àssunto do trabalho.
2. Delimitação do tema tratado.
3. Situação do tema no tempo e no espaço.
4. Demonstração da importância do tema.
5. Justificação da escolha do tema. .
6. Definição da terminologia empregada no texto.
7. Enunciação da documentação utilizada no trabalho.
8. Indicação da metodologia usada na elaboração do trabalho.
DESENVOLVIMENTO
1. Exposição da idéia principal do trabalho.
2. Análise dos diversos elementos que constituem o tema do trabalho.
1 36 o METODO CIENTiFICO
CONCLUS ÃO
1. A Conclusão deve ser breve, concisa e conter uma resposta, o mais inequívo
ca possível, para a problemática do assunto do trabalho.
2. A Conclusão é uma decorrência lógica e natural do que foi apresentado na
Introdução e exposto no Desenvolvimento do trabalho. Portanto, não é um
resumo do Desenvolvimento, mas o objetivo final do trabalho.
A TECNICA DA REDAÇÃO 137
ria
INTRODUÇAO
.
APRESENTAÇÃO DO TEXTO
De modo geral a apresentação dos trabalhos científicos é composta dos seguin
tes elementos básicos :
•
1 . Capa.
2. Página de rosto.
3. Página de dedicatória.
4. Índice geral .
5. Prefácio .
6. Núcleo do trabalho .
a. Introdução .
b. Desenvolvimento.
c . Conclusão.
Papel
Utilize um papel branco , de boa qualidade, de formato ofício . Infelizmente o
formato ofício ainda não está bem padronizado em nosso país, por esse motivo
você poderá encontrá-lo nas dimensões 29, 7 x 2 1 cm ou 3 1 , 5 x 2 1 , 5 cm . Qual
quer papel com uma dessas dimensões é adequado para a apresentação do tra
balho. Nesse sentido, você deve preocupar-se apenas com o fato de todas as
páginas do trabalho final terem exatamente as mesmas dimensões.
Datilografia
Ainda que um trabalho acadêmico mais simples possa ser redigido à mão, uma
comunicação científica só é admitida se datilografada ou impressa. Datilogra-
deixe o verso em
.
Espaços de entrelinhamento
A simples visualização da disposição gráfica do texto deve dar uma idéia corre
ta da distribuição hierárquica dos diferentes componentes . O uso do entreli
nhamento diferenciado tem o propósito de preencher essa necessidade. Para
entrelinhar seu trabalho, siga a seguinte orientação :
1 . Entre as linhas do texto: use 2 espaços simples (espaço duplo).
2. Entre as linhas de referências bibliográficas ou notas de rodapé: use 1
espaço simples .
3. Entre parágrafos : use 3 espaços simples (espaço triplo) .
4. Entre o número de página e o texto: use 3 espaços simples (espaço tri
plo) .
5. Entre o texto e ilustração, gráfico ou tabela e vice-versa: use 3 espaços
simples (espaço triplo).
6. Entre o texto e citações longas e vice-versa: use 3 espaços simples (espa
ço triplo) .
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Fig. 1 1 . 1 Modelo de folha-gabarito.
•
-
142 o METOOO CIENTIFICO
•
Nos capítulos
•
•
Nos tópicos
,
Nos subtópicos
Os títulos dos subtópicos equivalem à segunda divisão interna de capítulos e
são colocados à esquerda, sempre respeitando a margem de inicio de parágra
fo . Sua separação do texto é feita apenas mediante um travessão, continuan
do-se o texto na mesma linha do título . O travessão deve ficar entre duas batidas
livres de tecla depois do título e antes do início do texto .
Nos casos em que o trabalho tem suas seções numeradas progressivamen
te, todos os títulos (excluindo-se o da capa e da página de rosto) devem ser po
sicionados na margem esquerda do texto ou na margem de início de parágrafo .
Citações
Durante a elaboração do texto você pode valer-se de três tipos de citações: a ci
tação textual , a livre e a mista.
Citação textual
.
Este tipo de citação consiste na transcrição literal das palavras do autor, res
peitando todas as suas características formais, inclusive a pontuação . Em seu
trabalho, ela deverá aparecer sempre entre aspas.
Havendo alguma incorreção no documento citado, · você pode apontá-la
através de expressão latina sic, escrita entre parênteses e fora das aspas, indi-
cando que os termos estavam assim mesmo no original . .
Nem sempre, porém, você necessitará citar textualmente um trecho com
pleto de outro autor . É comum que neéessite apenas de uma parte de um pará
grafo ou frase. Nesse caso, sempre que omitir o final ou o começo da proposi
ção citada, use reticências antes do início da citação, mas dentro das aspas, e
após o seu términO, mas antes de fechar as aspas . Se a transcrição abordar ape
nas parte de uma frase ou parágrafo , o sinal de reticências deve ser colocado
entre parênteses, o que indicará a retirada de parte do texto original . No se
guinte exemplo : " . . . reuniu seus companheiros ( . . . ) e confabulou com eles .
.
Depois de alguns minutos voltou-se para Geminiano . . . " (Erico Veríssimo, In-
,
Citação livre
A citação livre observa fielmente o conteúdo do texto original , suas idéias, mas
não o transcreve com os mesmos termos. Ao usá-las em seu texto você não ne
cessita colocá-las entre aspas (nem deve), mas continua sendo obrigado a men
cionar a fonte de onde foi extraída, indicando o autor, a obra e a pflgina .
•
Citação mista
Este tipo de citação é constituído por uma mistura dos dois tipos anteriores.
Nela você pode transcrever entre aspas apenas alguns termos ou expressões do
autor original , completando a frase com suas próprias palavras .
As citações curtas podem ser incorporadas ao próprio corpo do texto. As
citações longas, porém , devem receber espaço apropriado, em parágrafo espe
cial , observando-se a margem que lhe é adequada (veja o tópico Margens e ex
tensões de linhas, neste capítulo).
Para os casos de citações de trechos em língua estrangeira há duas opções:
você pode transcrever o trecho no idioma original e traduzi-lo em nota de ro-
1 44 o METODO CIENTiFICO
ZlU .
Notas
As notas , tanto de rodapé como de fim de capítulo , são muito úteis nos traba
lhos de comunicação científica porque permitem que o corpo do texto fique li
vre de referências secundárias . Tais referências , se mantidas no corpo do tex
to, provocariam uma quebra de seqüência no discurso e, assim, criariam entra
ves para a comunicação com o leitor. As notas servem, sobretudo , para a indi
cação de fontes bibliográficas , a indicação de textos paralelos e relacionados
com o assunto, a remissão do leitor para outras partes do mesmo estudo, a tra
dução de citações utilizadas no texto em sua língua original e também para in
cluir comentários e observações do próprio autor do trabalho.
As notas devem ser datilografadas com entrelinhamento de espaço sim
ples, tendo seu início junto à margem esquerda do texto, sem abertura de espa
ço de parágrafo . Quando situadas no rodapé, é costume separá-las do texto
por um traço contínuo (travessão ampliado por vários toques de tecla) de cerca
de 2,5 ii 3 cm, a partir da margem esquerda. Como é difícil calcular previamen
te o espaço que ocuparão na página, é recomendável que se divida a página a
ser datilografada em duas metades, reservando-se a parte superior para o texto
e a parte inferior para as notas. Este procedimento é mais utilizado nos traba
lhos acadêmicos por ser mais prático do que o agrupamento das notas nos fi
nais dos capítulos ou do trabalho .
. As notas de indicação bibliográfica devem conter apenas o nome do au
tor, o título da obra e o número da página de que foi eXtraída a citação . Estes
dados são suficientes para a localização da fonte ; demais informações são
apresentadas na seção da bibliografia e segundo normas estabelecidas (veja o
tópico Bibliografia, neste capítulo). Na nota de rodapé, o nome do autor é ins
crito na ordem direta.
Finalmente , uma última observação quanto às notas : lembre-se de que a
cada nova citação deve corresponder uma nova nota de indicação bibliográfi
ca, mesmo que a transcrição seja de uma passagem ou trecho já citados. Nestes
casos, proceda como exemplificamos abaixo:
Celso Cunha, op. cit., p. 1 7 1 se a obra já tiver sido indicada anterior-
mente .
Id. , ibid. , p . 1 7 1 se autor e obra tiverem sido mencionados imediata-
mente antes dessa indicação de fonte.
Id., Gramática do português contemporâneo, p . 1 7 1 se o autor tiver si
do mencionado imediatamente antes dessa indicação de fonte bibliográfi
ca, mas com referência a outra obra.
Havendo necessidade de referência genérica a algum elemento que apare
ça diversas vezes e em vários lugares do texto citado, ao invés de indicar a pági-
A ESTRUTURA DO MATERIAL 1 45
Destaques gráficos
Nos trabalhos de comunicação científica o recurso de destacar graficamente
certas palavras, títulos ou trechos é regido por normas já consagradas . Ao ela
borar seu trabalho você deve observar essas normas , pois elas esclarecem o lei
tor a respeito do significado de cada destaque em particular .
Títulos de obras, termos estrangeiros e trechos que você queira ressaltar
devem ser sempre sublinhados . Nomes de revistas, jornais e documentos em
geral não devem ser sublinhados , mas apenas aparecer entre aspas .
Na preparação de textos originais para impressão você pode recorrer ain
da a outros tipos de destaque, a saber: impressão em grifo (ou itálico), impres
são em negro ou negrito, impressão em versaI (letras maiúsculas) e impressão
em versalete (letras maiúsculas , mas de dimensão intermediária entre as maiús
culas comuns do texto e as minúsculas) .
O uso do grifo e do negro ou negrito é indiferente qualquer um desses
recursos gráficos pode ser empregado no texto impresso para destacar-se ter
mos ou expressões de outros idiomas (neste caso seu uso é obrigatório), pala
vras ou trechos do próprio texto sobre os quais você deseja chamar a atenção
do leitor. No entanto, o critério de utilização deve ser sistemático . Se utilizar o
grifo, por exemplo, para destacar as expressões estrangeiras , continue usando
-o para todos os casos semelhantes. O que não se deve fazer é misturar os crité
rios , ora destacando palavras estrangeiras com grifo, ora com negro ou negri
to. A negligência ao critério sistemático de emprego só confunde o leitor e de
monstra falta de cuidado com o trabalho .
A composição em versaI é empregada nos títulos das partes , das seções e
dos capítulos do trabalho , bem como na grafia do sobrenome dos autores na
seção final das referências bibliográficas, tal como está regulamentado pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (veja anexo no final deste livro) .
A composição em versalete tem seu emprego reservado para as siglas
(ONU, OEA, INAMPS, CEPAL, OTAN etc.) e para marcas ou nomes de pro
dutos industriais (FORD, SHARP, BRASTEMP, OMO, SECURIT etc .).
•
Tabelas e ilustrações
Embora a palavra, tanto a escrita como a oral, seja um dos mais eficazes ins
trumentos de comunicação, às vezes um outro recurso gráfico pode cumprir
melhor sua função no trabalho científico . Este é o caso das tabelas e de certas
ilustrações . De fato, a presença de materiais ilustrativos , como tabelas , gráfi
cos, diagramas, mapas , desenhos , fotografias etc . , promove a compreensão
146 o METODO CIENTiFICO
.
direta de certas informações que de outra maneira exigiriam grande número de .
palavras. A utilização do recurso ilustrativo depende exclusivamente do pro-
pósito . visado pelo autor. . .
Portanto, havendo necessidade de ilustrar seu trabalho, não tenha dúvi-
das em fazê-lo. Mas não abuse. Empregue uma ilustração somente quando ela
•
se fizer realmente necessária para cumprir uma função . Nas comunicações téc
nicas ou científicas as ilustrações não aparecem para embelezar , mas para in
formar . Devem ser partes integrantes do texto como instrumentos auxiliares de
s ua compreensão; devem conter somente informações úteis para aclarar sua
mensagem .
Para efeito de ordenação sistemática no trabalho, tanto as tabelas como
as demais ilustrações são denominadas figuras e numeradas em seqüência cro
nológica, segundo a ordem em que aparecem nas páginas . Ao numerá-las , an
tes do número use a abreviação Fig • • precedendo a legenda e dela separada por
travessão, quando houver legenda. Assim :
•
A capa
A capa do trabalho deve conter o nome do autor, o título do trabalho, o nome
da cidade e o ano em que o texto foi escrito. Somente nos casos de trabalhos
acadêmicos é que recebe ainda o nome da instituição, com a indicação da fa
culdade e da cadeira com a qual o trabalho está relacionado. Disponha esses
elementos de maneira sóbria e estética, da seguinte maneira:
. 1 . A 3 cm da extremidade superior do papel , quando for o caso, escreva
em versais o nome da instituição, o nome da faculdade, o nome do cur
so e o nome da cadeira . •
ENERGIA
CAR VAO
!!J. PETRÓLEO
USI NAS
H I D R E LETR I CAS
• prontas
"" em a m p l iação
te. em construçao
-
T E R M E L ET R I CAS
C�) prontas
(i'.) em a m p l iação
7
7,3 ~ Fumantes - 1 .272 homens
O
Z Não fumantes - 8 1 2 homens
«
a:
O
o..
o
o
o•
� 4
a:
O
o.. 3
2,4
« 2,1
X
« 2
I-
0,9
1
0,4
°
I NC I DÊ N C I A MORTES P O R TOTAL D E M O R TES
DE E N FA RTE C O R O N A R I OPAT I AS
DO M i OCÁR D I O
COORDENADAS ALTITUDE
ESTAÇÕES Da cuba do
Latitude Longitude Da estação barômetro
(S) (W. Or.) (Hp) · (Hz)
--------------- ....:.
. - - -- - -- - - 4- ---
Reci fe-PE (3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 °01 ' 00" 34°51 '00" 56,00 62,00
Garanhuns-PE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8°53' 00" 36 ° 3 1 ' 00" 927,00 • • •
Belo Horizonte-MO . . . .
. . •. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . _ 9°55'57" 43° 56'32" 9 1 5 ,00 9 1 5 ,87
Barbacena-MG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1 ° 1 5 ' 00" 43 ° 46 ' 00 " I 126,00 . 1 104,00
Poços de Caldas-MO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1 °47 ' 00" 46°34'00 " I 1 89,00 . 1 1 99,00
São Lourenço-MO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22°06 ' 00" 45 ° 01 ' 00" 873,00 . 873,00
Vit6ria-ES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20° 18 ' 52" 40° 19' 06" 3 1 .01 . 36,30
Rio de Janeiro-RJ (4) . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . 22°54'24" 43° 10'21"
. . . . . 30,00 . 26,00
Cabo Frio-RI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22°53' 00 " 42°02 ' 00" 2,00 3,00
Resende-RI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22° 29' 00 " 44°28'00" 439,00 . 404,00
Teresópolis-RJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22° 27 ' 00" 42°56'00 " 874,00 876,00
São Paulo-SP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23°32'36 " 46°37'59" 792,06 . 795,03
Franca-SP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20°33' 00" 47° 26' 00" 1 035,00 . 1 036,00
Santos-SP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23°56 ' 00 " 46°20'00" 2.00 . 9,00
Curitiba-PR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . '. . . . 25°52'48" 49° 1 6 ' 1 5 " 947,49 . 949,17
Guarapuava-PR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25°24'00" 5 1 °28'00" 1 1 16,00 . • ••
A página de rosto
Para efeito de numeração das páginas , a página de rosto deve ser considerada
como a de número 1 do trabalho, mas não leva qualquer numeração . Sua dis
posição gráfica deve ser a seguinte:
Exatamente à mesma distância da extremidade superior do papel em que
você colocou o título do trabalho na capa de abertura, coloque o título na pá
gina de rosto, também observando as mesmas distâncias das margens esquerda
e direita. Na página de rosto o título deve ser completo , incluindo subtítulos,
se os houver (veja o exemplo na Fig. 1 1 .7).
Com o seu nome, proceda da mesma forma que na capa. E, no pé da pági
na, não deixe de mencionar o nome da cidade e o ano da conclusão do traba
lho .
A página de dedicatória
Espaços especialmente reservados às dedicatórias não são indispensáveis nos
trabalhos de comunicação científica. No entanto, quando se tratam de teses,
de mestrado, de doutorado , ou de livre-docência, ou de trabalho destinado à
publicação , as dedicatórias são freqüentemente usadas pelos autores . Nesses
casos os agradecimentos do autor ao orientador são justificáveis e merecidos .
A página de aprovação
Esta página não é comum para qualquer trabalho de comunicação científica.
Em verdade só deve constar das teses universitárias que passarão por um pro
cesso de avaliação. Sendo este o caso, é necessário que o autor preveja espaço
suficiente para a assinatura dos membros pa comissão julgadora.
1 50 o METODO CIENTiFICO
PENSAMENTO E LINGUAGEM
por
Fernanda Ortiz Frei
PRINCÍPIOS E CONDIÇÕES DA
APRENDIZAGEM SEGUNDO A
VISAO DE KLAUSMEIER
-
por
Regina Rozeda Irff
RG 02582 2?C2 " N? 40
"
)\gosto -- 1 980
PENSAMENTO E LINGUAGEM •
por
o índice geral
Embora sob essa denominação , o índice geral é, de fato, um sumário completo
do trabalho com a indicação dos diferentes títulos de partes , seções e capítulos
e seus respectivos números de páginas . Por esse motivo, deve ser a última coisa
a ser preparada, embora faça parte das páginas iniciais. Dele devem constar
todos os elementos constituintes da estrutura do trabalho, desde a introdução
até a seção da bibliografia, passando por todos os capítulos e suas subdivisões ,
bem como pela listagem das ilustrações, pelos apêndices e anexos e pelos de
mais índices especiais localizados na parte final do trabalho .
o prefácio
Também denominado prólogo ou proêmio, quando escrito pelo próprio autor
o prefácio pode substituir a introdução, apresentando as observações prelimi
nares sobre o trabalho. Pode ocupar uma ou mais páginas .
O núcleo do trabalho
"
I PARTE
II PARTE
III PARTE
uma parte para começar outra seqüência no início da parte seguinte . Proceda
conforme este exemplo :
I PARTE
1 . Capítulo
2. Capítulo
3 . Capítulo
I I PARTE
4. Capítulo
5. Capítulo
6. Capítulo
III PARTE
7. Capítulo
etc. etc.
Apêndices e anexos
Os apêndices e anexos do trabalho constjtuem uma seção especial, por isso de
dique-lhes uma nova página de abertura, tal como as páginas de abertura das
partes. Os apêndices têm por objetivo complementar o raciocínio do autor sem
prejudicar a explanação ou o discurso no núcleo do trabalho . Os anexos são
constituídos de documentos, nem sempre elaborados pelo próprio autor, que
complementam o objetivo da comunicação , fundamentando a argumentação .
Apêndices e anexos só çlevem ser acrescentados ao trabalho se a estrutura da
argumentação o exigir.
Comunicação
entre animais, 26, 34, 70
não verbal , 28, 37
oral, 1 3 , 33, 85, 1 03
verbal , 17, 38, 63 , 1 05
Comunidade
autoridade, 45
características , 1 2
conceitos, 1 3 , 1 5
domínio, 23 , 38 •
luta, 73
solidariedade mecânica, 35, 39
solidariedade orgânica, 4 1 , 45, 1 02, 107
etc. etc.
o índice onomástico
Este índice indica ao leitor a localização , no trabalho, de todos os autores cita
dos , inclusive nas diferentes notas e nas referências bibliográficas . Ele deve ser
. organizado em ordem alfabética, tomando�se em consideração , para esse efei-
to, a primeira letra do sobrenome. Por exemplo:
Frege , Gottlob , 97 .
Freud, SigolUnd, 10, 32, 45, 80, 95
Gide, André, 1 3
Gonçalves Dias , Antônio , 27,. 84
Gorki, Máximo, 73
Guimarães Rosa, João, 3 3 , 58, 97
etc. etc.
A bibliografia
A relação bibliográfica tem por finalidade apresentar ao leitor as obras e auto
res que serviram de base para a elaboração do trabalho, oferecer uma idéia ge
rai de toda a documentação consultada e , ainda, oferecer a possibilidade ao
leitor de aprofundamento do tema mediante consulta pessoal às fontes origi
nais. Tal é sua importância na comunicação técnica e científica que a elabora
ção das referências bibliográficas é hoje regida por norma estabelecida pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas desde 1 970, e deve ser rigorosamen
te obedecida. Para sua melhor informação e orientação, na seção de anexos
deste livro essa norma da ABNT é transcrita na íntegra.
•
1 56 o METODO CIENTiFICO
A capa de encerramento
Nada deve constar na página da capa de encerramento. Trata-se de uma folha
de papel em branco, que também não deve ser numerada. Ela só existe para
proteger seu trabalho e conferir-lhe um acabamento final .
pressos?
• Quanto à classificação de figura, uma tabela e um mapa são a mesma coisa?
E um gráfico?
• Que elementos devem aparecer na capa do seu trabalho de comunicação?
racao •
ra a
-Introdução
-Problemas legais
-Indicações tipogT'áficas
-Provas e correções
-Sinais convencionais de revisão
Exemplo de uso dos sinais de
revisão
- ' -
INTRODUÇAO
Quando estiver datilografando a versão definitiva de seu texto, aproveite para
tirar uma cópia em carbono. Essa recomendação pôde parecer ingênua, mas
por não observá-la muito autor já passou por maus momentos . A história está
cheia de exemplos de escritores que perderam seus textos originais e jamais
conseguiram refazê-los, simplesmente porque não possuíam uma cópia. Por
certo este não é o caso de uma comunicação técnica ou científica, que sempre
podem ser refeitas . Mas, pense um pouco: não seria tarefa angustiante ter de
refazer todo o trabalho, nem que fosse s6 a redação final, por não ter tido a
precaução de tirar uma cópia? Nesses casos, quase sempre o abalo psicológico
e o desgaste moral causados pela situação chegam a desestruturar um pouco o
autor imprevidente.
Seja qual for o tipo do seu trabalho, a cópia sempre lhe será útil . Ela lhe
garantirá acesso imediato ao fruto de seu estudo e assegurará a integridade do
trabalho no caso de uma eventual perda do original. Vale a pena recordar,
1 58 o M ETODO CIENTIFICO
PROBLEMAS LEGAIS
Se o seu texto vai ser publicado em forma de livro ou de artigo de revista, jor
nal etc . , você precisa tomar alguns cuidados especiais para observar a legisla
ção sobre direitos autorais em vigor . Por exemplo: a inserção de trechos de ou
tras obras (estejam eles na língua de origem, sejam traduzidos por você mesmo
ou por outras pessoas) é regulamentada por lei . Para utilizar textos de outros
A PREPARAÇÃO PARA A IMPRESSÃO 1
autores você precisa solicitar autorização expressa de cada autor. Se ele já esti
. ver morto, a autorização deverá ser requerida ao editor da obra original , ao
agente literário ou aos herdeiros do autor.
Solicite essa permissão 0\1 autorização enquanto ainda. estiver trabalhan
do na preparação do seu próprio texto. Assim, se por acaso ela lhe for negada,
você ainda terá tempo de proceder à substituição necessária sem que isso venha
a prej udicar a unidade do texto final . Durante a preparação é mais fácil substi
tuir um trecho alheio e adequar a argumentação a um novo exemplo do que
com o texto final pronto .
A obrigatoriedade de autorização para a reprodução pública não se res
tringe apenas ao material escrito , mas estende-se também ao ilustrativo, como
tabelas , gráficos , letras de música, desenhos, mapas , diagramas, fotografias
etc. Muitas vezes as fotografias exigem até duas autorizações para a reprodu
ção: uma do fotógrafo ou do editor proprietário do original, outra da pessoa
fotografada. Um pequeno descuido nesse sentido poderá causar-lhe o desgosto
de um processo judicial e o conseqüente pagamento de indenização .
INDICAÇÕES TIPOGRÁFICAS
Lembre-se de que o tipógrafo não tem por quê ser versado na matéria do seu
texto. Portanto , precavenha-se e esteja alerta para as transcrições de fórmulas,
termos técnicos, gráficos, sinais etc. Faça uma boa revisão do texto antes de
enviá-lo à gráfica para composição, a fim de evitar erros ou má compreensão
por parte do tipógrafo.
Especialistas na preparação de textos originais técnicos e científicos elabo
raram algumas regras básicas que apresentamos aqui para sua orientação pes
soal .
1. Os símbolos gráficos especiais e as letras do alfabeto grego (bem como
de outros alfabetos não latinos, como o árabe) devem ser escritos à
mão. Os termos e os número,s que compõem as equações e potências
podem ser escritos à máquina.
2. As potências e equações escritas em linhas separadas não devem apre
sentar sinal de pontuação entre ,elas .
3. Utilize linhas horizontais para as frações correntes , mas linhas oblíquas
para as frações do numerador, do denominador e de expoentes .
4. Na medida do possível, empregue nas fórmulas símbolos já usados
com freqüência. Só recorra ao emprego de símbolos especiais como re
curso extremo .
5. Proceda da mesma maneira quanto ao uso dos sinais gráficos . Utilize
parênteses, colchetes e chaves a pontuação universalmente emprega-
da nas fórmulas técnicas .
1 60 o MÉTODO CIENTIFICO
PROVAS E CORREÇÕES
De modo geral, a partir da data do envio dos originais para a composição, bas
tam cerca de quinze dias para você estar recebendo as primeiras provas de pá
ginas . A primeira prova é assim chamada porque se trata da primeira de uma
série . Haverá quantas provas forem necessárias para que o trabalho de compo
sição se apresente sem qualquer incorreção.
Para os trabalhos acadêmicos e as teses de um modo geral , normalmente
são suficientes duas provas tipográficas . Mas, é claro, isso depende da quali
dade da oficina tipográfica escolhida para a composição .
Algumas oficinas maiores e mais bem equipadas possuem seus próprios
revisores . Nesse caso, você pode valer-se dos serviços especializados desses
profissionais. No entanto, como o texto é um produto de sua criatividade, cer
tamente você terá o justo desejo de participar da revisão e correção das provas .
Essa participação é até recomendável, pois os revisores profissionais têm ape
nas a função de corrigir erros tipográficos e de ortografia, não lhes cabendo
observar erros de conteúdo . Eles seguem fielmente o texto original . Se você
deixou passar algo errado no original, certamente esse erro será reproduzido
,
na prova tipográfica. Por essa razão, é até muito bom que você também parti
cipe do trabalho de revisão das provas .
O melhor método de leitura de revisão é o que confronta a prova com o
original . Essa confrontação deve ser feita por duas pessoas: enquanto uma lê
em voz alta a prova, a outra vai seguindo a leitura e comparando-a com o ori
ginal do texto . Se você estiver revendo, faça a leitura da prova, pois é na prova
que deverão ser feitas as correções e alterações necessárias .
Se o seu trabalho contém ilustrações, gráficos, desenhos, fotografias etc.
com legendas, ao fazer a revisão verifique cuidadosamente se esses elementos
estão corretamente situados nas páginas recomendadas e se as legendas confe
rem com as ilustrações que lhes correspondem . Não é raro que durante a com
posição o tipógrafo troque as legendas de lugar, inverta a posição de uma ilus
.
tração e assim por diante.
Terminada a revisão da primeira prova, devolva-a à gráfiça para que se
jam processadas as devidas correções e alterações . Alguns dias depois você re
ceberá a segunda prova. Se a revisão da primeira foi feita atentamente e com
outra pessoa, agora você não necessitará de companhia para revisar a segunda .
Tudo o que tem a fazer é cotejar as primeira e segunda provas, verificando se as
alterações (emendas) foram feitas de acordo com suas indicações. Feito isso,
faça uma nova leitura completa da segunda prova. O procedimento mais práti
co para cotejar as duas provas é o que superpõe a segunda sobre a primeira
prova, a fim de constatar se tudo foi realizado conforme pedido.
A PREPARAÇÃO PARA A IMPRESSÃO 1 61
nhas inteiras, saltos de palavras , frases ou títulos invertidos etc . É comum, por
exemplo, acontecer de o tipógrafo corrigir uma palavra e errar outra que esta
va certa na mesma linha. Portanto, não se limite a ler apenas as correções que
mandou fazer leia também pelo menos uma linha acima e uma linha abaixo
da emenda.
Se a primeira prova apresentou muitos problemas e você teve de fazer cor
reções freqüentes ou muitas alterações, então não deixe de efetuar a revisão da
segunda também acompanhado por outra pessoa, a fim de realizar a leitura
confrontada.
As provas de páginas oferecem-lhe a oportunidade de observar o aspecto
definitivo de sua obra impressa, tanto no que se refere ao material escrito co
mo no que concerne à apresentação gráfica e formal . Por isso mantenha-se
alerta durante a revisão as provas constituem a última possibilidade de que
você dispõe para efetuar qualquer tipo de alteração.
Durante a revisão, verifique se foram realizadas todas as correções indica
das e se não houve introdução de novos erros. Mas , na medida do possível,
não faça muitas alterações no conteúdo . Você teve oportunidade para alterar o
conteúdo antes de enviar o texto para composição . Agora, essas alterações au
mentarão o trabalho da tipografia o que implica maiores gastos e am
pliarão a margem de erro, o que poderá criar um círculo vicioso de erro-corre
ção-erro bastante dispendioso .
Todo autor tem sempre tendência a retocar, burilar o texto, substituir
uma palavra por um sinônimo de mais efeito e assim por diante . No entanto ,
tais retoques devem ser reduzidos ao mínimo absolutamente indispensável
quando o texto já se encontra na fase das provas de composição . Caso contrá
rio, eles retardarão o prazo de publicação e multiplicarão os custos da compo
sição.
Um número razoável de alterações feitas pelo autor nas provas é assimila
do gratuitamente pela oficina tipográfica ou pelo editor; mas, passando desse
número razoável, as alterações deverão ser pagas pelo autor. As correções de
correntes de erros da composição tipográfica têm, naturalmente, o valor do
seu custo absorvido pela própri� oficina gráfica.
A revisão de provas, como dissemos, é uma atividade especializada e pos
sui seu vocabulário particular, do qual alguns termos já foram expressos neste
capítulo . Além disso, ela contém também todo um código de conduta e de si
nalização . Mas qualquer pessoa pode revisar provas, bastando para isso
aprender a série de sinais que indicam as correções a serem efetuadas.
A correção de provas difere das correções feitas nos originais. Estas, co
mo vimos, são anotadas no entrelinhamento do próprio texto. A correção das
provas, no entanto, é feita por anotações convencionais à margem do texto. É
na margem que o tipógrafo vai buscar a indicação das alterações e correções.
Na eventualidade dé ser necessário acrescentar um trecho extenso ao texto
.
já composto, faça-o também na margem da folha ou em página à parte que de
verá ser anexada à prova. Proceda da mesma maneira quando a prova apre-
sentar omlssoes extensas.
. -
1 62 o METODO CIENTiFICO
- . -
.,
Sinal • Significado
.
• unir (letras , palavras)
• separar
------- .
• abrir parágrafo
----.----�-
"") .
juntar linhas eliminando parágrafo
c
----� . • grifo
-------,
A PREPARAÇÃO PARA A IMPRESSÃO 1 63
• maiúscula ou versai
• versalete
• negrito
• alinhar à esquerda
• alinhar à direita
• abrir a entrelinha
_ .... _ - - _ .
. anular a correção anotada
Para cada erro encontrado na prova, use na margem , sempre que possível
na continuação da linha em que o erro foi notado, o sinal convencional para
indicar a necessidade de correção. Quando houver mais de um erro na mesma
linha, os sinais de correção na margem devem ser feitos na ordem .em que ocor-
rem os erros e separados entre si por uma barra diagonal .
de operação.
No sinal à fi
, a ra inexistente deve aparecer / IP.
junto à precedente ou à ,t'guinte. Abra o espaço entr a- /se
lavras co sinaJt;orrespondente de separação . Au en- /tt !
te a entre inha, localizando o espaço desejado com a
barra horizontal longa e o sinal de �I
-:tt.
-------_ r
separação acompanhando-a.
perior e a linha inferior da que foi corrigida . Você é capaz de explicar a razão
desse procedimento?
• Antes de mandar realizar o trabalho de composição e de impressão você deve
•
NORMAS DA ASSOCIA�O
BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS
Transcrição Integral
3 DEFINIÇOES
-
.
4 LOCALIZAÇÃO A referência bibliográfica pode aparecer :
.a. Em bibliografias e catálogos .
b. Em notas de rodapé ou de fim de texto .
c. Encabeçando resumos ou recensões.
d. Na legenda bibliográfica.
(*) Nesta norma os elementos complementares estão reproduzidos em destaque grãfico, dentro da
ordem dos elementos.
ANEXO 1 69
EXEMPLOS
Elementos essenciais Elementos também complementares
g . Publicações pertencentes a
.
uma sene:
,
SOUSA, João Francisco de & Ran- ' SOUSA, João Francisco de & Ran
gel Filho , Antenor . Relação dos gel Filho, Antenor . Relação dos
principais alimentos de origem ve principais alimentos de origem ve
getai. Rio de Janeiro , 1 968 . Sepa getal. Rio de Janeiro, 1 968 . Sepa
rata da Revista Brasileira de Far rata da Revista Brasileira de Far
mácia, Rio de Janeiro, 48(6) : 27- mácia, Rio de Janeiro 48(6) : 27-
. -42, nov. ldez. 1 967. -42, nov. ldez. 1 967 .
m. Folheto mimeografado:
NETTO , Adolfo Ribeiro . A carreira NETTO , Adolfo Ribeiro . A carreira
de medicina veterinária. São Pau de medicina veterinária. Pref.
lo, Fundação Carlos Chagas , Walter Sidney Pereira Leser;
1 967 . Mimeografado. ilust. Raphael Valentino Riccetti.
São Paulo, Fundação Carlos Cha
gas, 1967. 1 8 p . iI. (Série Orienta
ção Profissional , 1 ) . Mimeografa
do.
n. Congressos :
CONGRESSO NACIONAL DE CONGRESSO NACIONAL DE
PREVENÇÃO DE ACIDENTES PREVENÇÃO DE ACIDENTES
DO TRABALHO, 1 2 . , Guarapa DO TRABALHO, 1 2 . , Guarapa
ri, out . 1 973. Anais. Rio de Janei ri, out . 1 97 3 . Anais. Rio de Janei
ro, Dep . Nac . Segurança e Higie ro , Dep. Nac . Segurança e Higie
ne do Trabalho, 1 973. ne do Trabalho, 197 3 . 382 p .
EXEMPLOS
Colaboração assinada, em
c.
'
enciclopédia:
AL VAHYDO, Robert. Adubos ln:
Enciclopédia Delta Larousse. 2.
ed. Rio de Janeiro, Ed. Delta,
1 964. v. 14, p . 7226-39.
ANEXO 1 73
g . Trabalhos publicados em
anais de congresso: •
EXEMPLOS
mudança de título:
MID-AMERICA; an historical re MID-AMERICA; an historical re
view. Chicago, The Institute of view. Chicago, The Institute of
Jesuit History, 1919. J�suit History, 1919. Trimestral .
d. Publicação com tradução do $ 2.00. 6525 Sheridan Road, Chi
título : cago 26, III. Antiga Illinois Ca
tholic Historical Review .
EXEMPLOS
Elementos essenciais Elementos também complementares
•
,
1 76 o MÉTODO CIENTIFICO
DROIT SOCIAL. Les régimes com DROIT SOCIAL. Les régimes com
plémentaires de retraite. Paris, V . plémentaires de retraite. Paris, V.
25 , n. 7/8, juil. /aoilt 1 962. Nú 25, n. 7/8, juil. /aoilt 1 962. p.
méro spécial. Dir. Jacques Dou 383-476. Numéro spécial . Dir.
blet. Jacques Doublet.
e . Suplementos :
BOLETIM INFORMATIVO DO BOLETIM INFORMATIVO DO
CIESP-FIESP. Panorama econô CIESP-FIESP. B. inf. CIESP
mico . São Paulo, v . , 65, n. 614, -FIESP Panorama econômico .
1 96 1 . Suplemento mensal , 30. São Paulo, Centro e Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo, v . 65 , n? 6 1 4, 1 96 1 . Suple
mento mensal, 30.
EXEMPLOS
EXEMPLOS
EXEMPLOS
ACQUAZUL ENGENHARIA S. A.
Ata da Assembléia Geral Extraor
dinária, realizada em 26 de maio
de 1 962. Diário Oficial do Estado
da Guanabara, Rio de Janeiro, 27
set. 1 962. Sociedades. p. 2 1 .253,
c. 2
ARRUDÃO, Matias . A técnica e a
impostura. Jornal da Tarde, São
Paulo, 22 out. 1 974. p. 4, 2 c.
BRASIL. Leis, decretos etc. Decre
to n ? 64.972 de 1 1 de agosto de
1 969. Diário Oficial, Brasília, 1 2
ago. 1 969. Seção 1 , pt. 1 , p. 6849-
-50. Altera o enquadramento do
pessoal do Ministério do Exército
beneficiado pelo art . 2? da lei n?
. 3 . 967 de 5 de out. 1 96 1 .
ANEXO 181
EXEMPLOS
Elementos essenciais
relhos radiorreceptores.
tria e Comércio de Aparelhos Ele
trônicos " Sterlin" Ltda. São
Paulo, SP . T. n? 1 4 1 . 1 3 8 , 1 9 jul.
1 962. 6 fev. 1 968 . IBBD Notícias,
Rio de Janeiro, 2(1 12) : 1 3 6-7,
jan . labr. 1 968.
1 82 o METODO CIENTiFICO
e. Partes litigantes.
f. Nome do relator, precedido da palavra " Relator " .
g. Data do acórdão, sempre que houver .
h . Indicação da publicação que divulgou o acórdão, sentença etc., de
acordo com as regras cabíveis da presente norma.
i. Voto vencedor e voto vencido, quando houver .
EXEMPLOS
•
uniforme e coere'rlte num mesmo trabalho e sua função deve ser sempre a de
tornar a referência facilmente compreensível .
6.3 Numeração
6.3.1 Em listas bibliográficas , as referências devem ser numeradas
consecutivamente, em ordem crescente.
6.3. 1.1 Quando ordenadas alfabeticamente, os números devem prece-
der as respectivas referências .
ANEXO 1
3 1 2:325
BARRETO , Adolfo Castro . Povoamento e população ; política po
pulacional brasileira. Rio de Janeiro. J. Olympio, 1 95 1 , 41 1 p.
(CoI. Documentos Brasileiros, 68) Bibliografia .
•
3 3 1 .024:338
NOVAIS, Paulo. Economia e recursos humanos. Rio de Janeiro ,
Ed . Renes, 1 97 1 . 141 p .
6.4 Autores São tratados como autores , além dos escritores , os or-
ganizadores ou compiladores de obras coletivas, os ilustradores e outros quan
do constarem da folha de rosto das publicações como seus principais responsá-
veIS .
•
6.4.1 Os autores são indicados pelo último sobrenome, s�guido dos de-
mais componentes do nome e transliterados, se necessário . O sobrenome,
quando constituir a entrada da referência, deve ser apresentado em destaque
gráfico .
Exs . : ANTONIL, André João
Goethe, J. W.
La FONT AINE, Jean de
Oliveira, Elvia de Andrade
6.4.2 Quando a obra tem dois autores , mencionam-se ambos, na or-
dem em que aparecem na publicação, ligados por "&", sempre o sobrenome
antecedendo o prenome.
Ex. : MURET, Pierre & Sagnac, Philippe
6.4.3 Quando há mais de dois autores, menciona-se o primeiro, segui-
do de et alii ou et ai. Quando a identificação da obra o exigir, mencionam-se
todos separados por ; . .
1 86 o METODO CIENTiFICO
ANEXO 1 87
6.7.4 Quando o local não aparece na publicação , mas pode ser identi-
ficado , deve ser citado na referência. Sendo impossível determinar o local, in
dica-se: s.l.
6.8 Editora ,
6.8.1 O nome da editora deve ser transcrito tal Como figura na publi-
cação referenciada. Abreviam-se os prenomes e suprimem-se os elementos que
designam a natureza jurídica ou comercial, desde que dispensáveis à sua identi
ficação.
Exs . : Anhembi (e não Editora Anhembi S.A.)
Ed . Atlas (e não Editora Atlas S.A.)
E. Blücher (e não Editora Edgard Blücher Ltda.)
Ed. Américas (e não Editora das Américas ou Américas)
6.8.2 Quando há duas ou mais editoras pode-se indicar apenas a pri-
meIra.
•
6.9 Data
6.9.1 Indica-se o ano de publicação em algarismos arábicos, sem qual-
quer espacejamento .
•
6.12.1
ram na publicação, abreviadas conforme o ca,so.
Exs . : GOODE, William J . & Hatt , Paul K . Métodos em pesquisa social. .
6.14 Separata
6.14.1 Quando se tratar de separata, menciona-se a publicação da qual
foi extraída, de acordo com a norma aplicável.
Circunscrito
• •
Conceber -
-
GLOSSÁRIO 1 93
Dedução - 1. ilação, inferência; o que resul Fálica - diz-se da ciência que tem por obje
ta de um raciocínio; conseqüência lógica; to os fatos naturais ou culturais, em oposi
2. processo pelo qual, com base em uma ou ção às ciências formais, como a Matemáti
mais premissas, chega-se a uma conclusão ca e a Lógica, cujo objeto são formas, sig
necessária, em virtude da correta aplicação nos, funções etc .
, da lógica. Fidedigno - digno de confiança, confiável,
Deslindar - aclarar, desenredar. merecedor de crédito.
Despojado - livre de ornatos, simples.
Despojar - privar da posse de alguma coisa, Genérico - 1 . geral, que tem o caráter de ge
retirar algo de alguma coisa ou de alguém. neralidade; 2. o oposto de específico.
Desvelar - aclarar, trazer à tona, descobrir, Globalidade - qualidade do que é global,
esclarecer, elucidar, revelar. íntegro, lotaI.
Diacronia - caráter dos fenômenos observa Grandiloqüente que tem linguagem pom
-
da. em abstrato.
Estafa - cansaço, fadiga. Inadvertência imprevidência, descuido, .
Estipular determinar , ajustar previamen
-
negligência.
-
te, estabelecer.
Indução operação mental que consiste em
Evocação ato de trazer alguma coisa à
-
lembrança ou à imaginação .
posição geral, com base no conhecimento
Exíguo escasso, minguado, curto, peque
. de certo número de dados singulares ou de
-
no. .
proposições menos gerais.
Explícito - expresso nitidamente, evidente. Induzir 1. inferir, concluir; 2. sugerir, per
Extrapolação 1. ato de levar além de; 2.
-
suadir; 3. incorrer.
processo pelo qual se infere o comporta Inequívoco claro, sem possibilidade de
mento de um fato fora de uma situação,
-
deixar dúvida.
mediante o seu comportamento dentro des
Inferência provávei admissão da provável
sa situação.
-
de, ultrapassar .
mitidas como verdadeiras .
Inferir- tirar por conclusão , concluir, de
Factível
•
-exequível, que pode ser feito. duzir por raciocínio .
Falível -sujeito a falhas, a enganos. Inserido - introduzido, incluído , entranha
Famigerado de muita fama, célebre. do.
•
1 94 o MÉTODO CIENTiFICO
Nota: Nesta apresentação bibliográfica você poderá identificar as obras citadas no texto . Mas aqui
há também outras. Há aquelas que forneceram valiosos subsídios para a elaboração deste livro e,
além delas, ainda outras que poderão aprofundar o estudo agora iniciado, dando-lhe consistência
e solidez. Alguns dos títulos indicados são de edições estrangeiras. Outros, embora nacionais, es- .
tão com suas edições esgotadas há mais de vinte anos. É provável, portanto , que você não os en
contre à venda em livrarias, pelo menos naquelas que só oferecem livros novos em suas prateleiras .
Apesar disso, tomamos a decisão de não os omitir nesta bibliografia, considerando que se o fizés
semos estaríamos sonegando informações preciosas para o desenvolvimento dos temas que enfo
camos muito ligeiramente, e de maneira apenas introdutória, em nosso texto. Para nós, a metodo
logia é sempre um as�unto fascinante. Assim, imaginamos que diante dele também você tenha uma
atitude positiva. Uma atitude suficientemente positiva para levá-lo a visitar bibliotecas, na tentati
va de estudar essas obras fundamentais de que as livrarias não dispõem .
01. ALMEIDA PRADO, H . de; A técnica de arquivar. São Paulo, Polígono, 1970.
02. Organize sua biblioteca. São Paulo, Polígono, 1970.
03. ALTICK, R.D. Preface to criticai reading. New York, Holt, Rinehart and Winston, 1967.
04. ASTI VERA, A. Metodologia da pesquisa científica. 4. ed. , Porto Alegre, Globo, 1 978.
05. BACHELARD, G. Le nouvel esprit scientifique. Paris, P .U.F., 1952.
06. BAKER, S. The praticai stylist. 4. ed. , New York, Harper & Row, 1977 . .
07. BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, A. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de
Janeiro, Nova Fronteira, s.d.
08. BUNGE, M. La ciencia, su método y su filosofia. Buenos Aires, Ed. Siglo Veinte, 1 978.
09. CASTRO, C. de M. Estrutura e apresentação de publicações científicas. São Paulo , McGraw
-Hill do Brasil, 1976.
10. ÇEGALLA, D.P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 19. ed., São Paulo, Ed. Nacio
nal, 1978.
1 96 o METODO CIENTiFICO
11. CERVO, A.L. & BERVIAN, P.A. Metodologia cientifica. 2. ed., São Paulo, McGraw-Hill do
Brasil, 1 978.
12. CHAUCHARD, P. A linguagem e o pensamento. São Paulo, DIFEL, 1957.
13. CUNHA, C. Gramática do português contemporâneo. 7. ed., Belo Horizonte, Ed. Bernardo
Álvares, 1 978.
14. DESCARTES, R. Discurso do m�todo. Rio de Janeiro, Edições de Ouro, s.d.
15. ECO, H. As formas do conteúdo. São Paulo, Perspectiva/Ed. Universidade de São Paulo,
1974.
16. EINSTEIN, A. Comment je vois le monde. Paris, Flammarion, 1952.
17. FERRARI, A.T. Metodologia da ciência. 3. ed., Rio de Janeiro, Kennedy, 1 974.
18. FESTINGER, L. & KATZ, D. Los métodos de investigación en las ciencias sociales. Buenos
Aires, Paidos, 1972.
19. FEYERABEND, P.Contra o método. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1977.
20. FIGUEIREDO, C. Novo dicionário da língua portuguesa. 3. ed. , Lisboa, Ed. Portugal-Brasil,
s.d., 2 v.
21. FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro, Paz e Terra,
1976.
22. . . Extensão ou comunicação ? 3. ed. , Rio de Janeiro , Paz e Terra, 1 977.
23. GARCIA, O.M. Comunicação em prosa moderna. 4. ed. , Rio de Janeiro, Fundação Getúlio
Vargas, 1976.
24. GATES, J.K. Como usar livros e bibliotecas. Rio de Janeiro, Lidador, 1972.
25. GOODE, W. & HATT, P. Métodos em pesquisa social. 3. ed., São Paulo, Ed. Nacional ,
1969.
26. HAYAKAWA, S.l. A linguagem no pensamento e na ação. 2. ed. , São Paulo , Pioneira, 1972.
27. HEGENBERG, L.H.B. Introdução à filosofia da ciência. São Paulo, Herder, 1965.
28. HEMPEL,. C.G. Filosofia da ciência natural. Rio de Janeiro, Zahar, 1 970.
29. HOUAISS, A. Elementos de bibliologia. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1967,
2 v.
30. HUISMAN, D. & VERGEZ, A. Curso moderno de filosofia. Rio de Janeiro, Freitas Bastos,
1 967.
31. JAKOBSON, R. Lingüística e comunicação. 6. ed. , São Paulo, Cultrix, 1973.
32. JASPER, K. Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo , Cultrix, 197 1 .
33. KAPLAN, A. A conduta na pesquisa. São Paulo, Herder, 1 969.
34. KLAUSMEIER, H.J. Manual de psicologia educacional: aprendizagem e capacidades huma
nas. São P�ulo, Harper & Row do Brasil, 1977.
35. KOCHE, J .C. Fundamentos de metodologia científica. Caxias do Sul, Universidade de Caxias
do Sul, 1978.
36. LALANDE, A. Vocabulário técnico y critico de la filosofia. Buenos Aires, EI Ateneo, s.d.
37. LIARD, L. Lógica, São Paulo , Ed. Nacional , 1965.
38. LUFT, C.P. O escrito científico. 3. ed., Porto Alegre, Lima, 197 1 .
39. MADDOX, H. Como estudar. 2. ed., Porto, Civilização Ed., 1969.
40. Mc CRIMMON, J . Writing with a purpose. 2. ed. , Cambridge, Mass. , The Riverside Press,
1 957.
41. MIRA Y LOPES, E. Como estudar e como aprender. 2. ed. , São Paulo, Mestre Jou, 1968.
42. MOLES, A. A criação científica. São Paulo, Perspectiva/Ed. Universidade de São Paulo,'
197 1 .
43. MORGAN, C.T. & DEESE, J. Como estudar. 5 . ed. , Rio de Janeiro , Freitas Bastos, 1972.
44. NAGEL, E. et alii. Filosofia da ciência. São Paulo, Cultrix, 1957.
45. NASCENTES, A. Dicionário ilustrado da língua portuguesa da Academia Brasileira de Le
tras. Rio de Janeiro, Bloch Ed., 1 972, 6 v .
46. NERICI, l.G. Metodologia do ensino superior. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1967.
47 PAIVA BOLÉ O, M. Para um maior rendimento do trabalho intelectual. Coimbra, s. ed.,
•
1 952.
48. POLITZER, G. Princípios elementares de filosofia. 6. ed., Lisboa, Prelo, 1977.
49. Princípios fundamentais defilosofia. 2. ed. , São Paulo, Fulgor, 1 963.
BIBLIOGRAFIA 1 97
50. POPPER, K.R. A lógica da pesquisa científica. São Paulo, Cultrix/Ed. Universidade de São
Paulo, 1975.
51. Conhecimento objetivo. Belo Horizonte, Itatiaia, 1975.
52. PURTILL, R.L. Logical thinking. New York, Harper & Row, 1 972.
53. REY, L. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo, Blücher, 1972.
54. RODRIGUES LAPA, M. Estilística da língua portuguesa. 6. ed. , Rio de Janeiro, Acadêmica,
1970.
55. ROSENTAL, M. Da teoria marxista do conhecimento. Rio de Janeiro, Vitória, 1 956.
56. RUIZ, J .A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo, Atlas, 1978.
57. SALOMON, D.V. Como fazer uma monografia: elementos de metodologia do trabalho cientí
fico. 5 . ed. , Belo Horizonte, Interlivros, 1977.
58. SALVADOR, A.D. Métodos e técnicas da pesquisa bibliográfica. 2. ed. , Porto Alegre, Suli-
na, 197 1 .
59. SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo , Cortez & Morales, 1975.
60. SILVA, R.P. et aliL Redação técnica. 2. ed. , Porto Alegre, Formação, 1975.
61. SILVEIRA BUENO, F. A arte de escrever. 7. ed., São Paulo , Saraiva, 1949.
62. UVAROV, E.B. et aliL Dicionário de ciência. Lisboa, Europa-América, 1972.
63. VIANA, M.O. A arte de redigir. 3 . ed., Porto, Liv. Figueirinhas, 1 957.
64. WARTBURO, W. Von & ULLMAN, S. Problemas e métodos da lingüística. São Paulo , DI-
FEL, 1975. '
investigação metódica e, 28
leis e, 29
B predições e, 29
sistemático, 28
Bacon, Francis, 10, 1 1 utilidade do, 30
Bibliografia, 155 veracidade do, 27
levantamento da, 109 e verdade, 20
Buarque de Holanda Ferreira, A., 5 filosófico, lO, 19
teológico, 19
valor do, 8
c vulgar, 18
Copérnico, Nicolau, 10
Campo de visão, 79
•
Capa, 1 46
de encerramento, 156 D
Ciência, 16, 22 .
e suas características, 23-31 Datilografia, 1 39
fática Dedução, 35, 39
objetividade, 24-25, 30 síntese e, 35, 41
racionalidade, 24-25, 30 Descartes, René, lO, I I
natureza e desenvolvimento da, 9 Descrição, 124
Citação, 143 Destaques gráficos, 145
livre, 143 Dissertação, 125
mista, 143 Dócumentação pessoal, 98-104
textual, 143 bibliográfica, 101-102
Comunicação, 105 geral, 102
.
determinação do tema na, 106-109 temática, 102
o METODO CIENTíFICO 1 99
E e a documentação, 1 1 1
regras de, 7 1
Einstein, Albert, 1 1 rendimento e rapidez da, 78
Entrelinhamento, 140 seleção da, 73
Esquematizar,. 87 treinamento e, 75
Estudo unidade de, 85
do texto, 84-97 vocabulário e a, 8 1
idéia principal, 85 Linguagem e comunicação, 1 1 8-1 1 9
em grupo, 61 objetividade e clareza, 121
individual, 66 vocabulário técnico, 122
leitura e, 70-83
maior eficiência no, 49-69
métodos de, 54
M
F Margens, 140
Material, estrutura do, 138-1 55
Figueiredo, Cândido de, 5 Método, 4-5
científico, 32-45
e suas aplicações, 32-45
G procedimento .
experimental e, 36
Galilei, Galileu, 1 0- 1 1 , 38 racional e, 35
Grupo, o trabalho em, 61 subjetivismo e, 33
tecmcas
, .
de observação, 37
de raciocínio, 38
H e técnica, 6, 14, 55
Precisão, 37 s
Prefácio, 153
Problema, roteiro de formulação de, 43 .Silogismo, 39
Provas, 160
Sintese, 35, 41
Ptolomeu, 10
biografia de, 1 3- 1 4
R T