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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA


DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA II
CURSO: CIÊNCIAS SOCIAIS NOTURNO
CÓDIGO: 1372-9 CH: 60 ANO/SEM.: 2012.1
PROFESSORA DRA: MADIAN DE JESUS FRAZÃO PEREIRA
ALUNO: PAULO ALFREDO DONJIE DE OLIVEIRA

3ª AVALIAÇÃO PARCIAL

Com base nos estudos trabalhados na disciplina sobre a Escola de Antropologia


Social Inglesa, desenvolva uma das questões abaixo.

2) Em “Uma análise de uma situação social na Zululândia moderna”, Max Gluckman


aborda novas questões, relacionadas ao contexto da descolonização, enfatizando que
o objeto da Antropologia não são os nativos isolados ou sistemas tradicionais
africanos. Do que se tratava, então? E qual perspectiva metodológica inaugurada por
esse autor, juntamente com a Escola de Manchester?

Inicialmente Gluckman considera a África do Sul como um sistema social


complexo com grupos que se relacionam entre si e com outros grupos numa
sociedade heterogênea. Dentro de um paradigma estrutural funcionalista ele tenta
adaptar essa concepção quando realiza seu estudo na Zululândia, não através de um
estudo isolado dos nativos ou de seus sistemas tradicionais, mas dentro uma visão
moderna daquele povo. Inaugura seu estudo dentro de um novo conceito que atribuiu
o nome “situação social” a partir da análise deste antropólogo sobre determinados
eventos e seus desdobramentos dentro de uma realidade envolvendo africanos e
brancos que vivem em reservas ao norte da Zululândia e mantêm relações de ordem
econômicas e políticas entre si , dependendo da sua inserção no sistema social. Seu
estudo parte da análise da Zululândia e seu relacionamento como um todo,
considerando que tal relação é igual nas demais reservas.

Gluckman passa a descrever eventos dia a dia de situações sociais,


considerando suas instituições, interrelações sempre verificando a possibilidade de
uma visão geral dessas relações. Preferiu observar eventos a tentar fazer uma
descrição da forma estrutural daquela sociedade, desconsiderando as informações de
que já sabia a cerca daquele povo.

O primeiro evento que registra diz respeito à inauguração de uma ponte no


distrito vizinho de Mahlabatini, além de perceber a atuação dos dois grupos que
participaram de algum modo na construção dessa ponte, tal cerimônia era de grande
importância por se tratar da primeira ponte daquela localidade, no que atraiu várias
personalidades locais desde pessoas comuns até autoridades do governo, dada a
relevância da obra foi preciso montar uma estrutura para o evento de inauguração.
Cada um comparecia vestido no melhor traje desde uniformes militares, a roupas de
várias combinações.

Iniciado o evento social foi seguido o rito do colonizador embora os nativos


quisessem apresentar suas manifestações locais. Foi dada a palavra a várias
autoridades locais, bem como de representantes zulus. O clima era de cooperação
entre brancos e africanos que ao final puderam fazer seus rituais de inauguração Zulu,
no que se tornou uma grande festa com grande distribuição de comida e bebida.

Durante a festa percebeu-se o papel desempenhados pelos líderes das


reservas numa demonstração de poder e prestígio dentro de um ambiente que se
pode analisar aquela situação social que ali se apresentava. Tentou analisar situações
particulares dos Zulus dentro de seu próprio sistema social.

A inauguração da ponte o autor pode perceber realidades diferentes


interagindo formando apenas um corpo social com suas particularidades, situação
segundo Gluckman criticada por Malinowski. Mas aqui está a sua crítica quanto a
noção de estrutura incorporada pela Antropologia social inglesa. Sua análise é
justamente dentro dessa perspectiva que é possível e foi descrita na cerimônia
envolvendo brancos europeus e zulus aos quais atribui o termo de zululandeses, posto
que zulu designa apenas os africanos.

A demonstração dada por Gluckman diante do que foi observado na cerimônia


da ponte retrata fielmente a estrutura social da Zululândia que goza de um equilíbrio
temporário onde se verificou dois grupos em cooperação apesar de suas diferenças
marcantes. Normalmente sua relação de domínio dos europeus sobre os zulus, mas
que em algum momento esse fato não se verifica e se observa certo equilíbrio entre
esses grupos, mesmo que de forma temporária.

Gluckman diante de seus estudos dos povos africanos envolvidos em meio a


vários conflitos locais, como o “Apartheid”, que representava o poder colonizador, o
qual dividia e segregava brancos e africanos. Em sua pesquisa houve a necessidade
de assistentes africanos que colocaram suas marcas na prática de pesquisa da Escola
de Manchester. Além de ter criado um departamento de antropologia para estudos e
intercâmbios entre a Inglaterra e a África. Sua linha de estudo inaugura uma
perspectiva de estudar de forma sistemática situações sociais no contexto urbano e
suas implicações nas relações entre os dois grupos quando dos encontros sociais do
colonizador e do povo Zulu.

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