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Introdução à Teoria da Contabilidade

Sérgio de Iudícibus – José Carlos Marion e Ana Cristina de Faria


Editora Atlas 5º Edição

RESUMO
(Prefácio)
A Contabilidade é um poderoso instrumento para a tomada de decisões, seja qual for o
tipo de usuário.

A Teoria da Contabilidade dá suporte para que a Contabilidade exerça o seu


papel como um sistema de informação e avaliação destinado a oferecer a seus usuários
com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de
produtividade, atendendo aos objetivos da Contabilidade, que são: avaliar a riqueza,
medir a variação da riqueza e proporcionar dados para a tomada de decisões.

Como objetivo de ter informação cada vez mais correta e reveladora, foi -se
formando um corpo doutrinário que, constantemente, está evoluindo e aperfeiçoando-se
ao longo do tempo. Surgem os Princípios Fundamentais que precisam ser seguidos na
prática a fim de que se produzam informações que atendam ao objetivo de bem
informar. Vai-se formando a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade que visa
basicamente à
estruturação dos relatórios contábeis.

O principal relatório é sem dúvida, o Balanço Patrimonial. Os conceitos de


Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido são importantíssimos para o objetivo principal da
Contabilidade: a tomada de decisões.

A Evolução da Contabilidade (pag. 3)

1.1 – A contabilidade na época em que não existia moeda, escrita e números.


O homem da antiguidade exercendo a atividade de pastoreio, não conhecendo os
números, a escrita, não sabendo o que eram as estações do ano, percebia a chegado do
inverno observando a natureza e sua experiência anterior, vendo as árvores secando e o
frio chegando. Sabia que precisava preparar toda a provisão para sustentar seu rebanho
durante o longo período do inverno e colocá-lo em lugar protegido para não perder suas
ovelhas.

Neste período de ociosidade o homem se questiona:


Quanto será que o meu rebanho cresceu desde o último frio até hoje?
Será que cresceu mais do que o do meu vizinho?

Como qualquer homem, ele era ambicioso, tinha desafios e queria ver sua
riqueza aumentando, já no início da civilização. Aqui entra a função da Contabilidade:
avaliar a riqueza do homem. Os aumentos e diminuições da sua riqueza.
Assim, alguns teóricos dizem que a Contabilidade existe, pelo menos, desde
4.000 antes de Cristo. Este pastor, para contar o conjunto que representava sua riqueza
utiliza -se de pedrinhas que estava ao seu lado, separando uma pedra para cada ovelha
do seu rebanho, guardando-as com cuidado, pois o conjunto representava a sua riqueza
em determinado momento, executando assim o que hoje o profissional contábil chama
de Inventário.
Ao fim do inverno o pastor voltava a cuidar do seu rebanho em outro ambiente,
administrando sua riqueza. Novas ovelhas nasciam e já se percebia que os nascimentos
eram maiores que a mortalidade e o descarte (uso). A lã era retirada e negociada. O
tempo passava e novamente a neve caia.

Nada mais natural que fazer nova contagem do rebanho. (pg. 5)


Um novo conjunto de pedrinhas era separado e comparado com o anterior,
verificando-se o aumento ou diminuição da sua riqueza. Todavia, o pastor não queria
apenas avaliar o crescimento do plantel.

Queria também avaliar a lã produzida naquele período, pois além de proteger a


família também fora utilizada como meio de troca na aquisição de instrumentos de caça
e pesca.
Além disso, havia uma quantidade de lã recém obtida no processo de tosquiamento
neste inverno.

O homem estima a troca das ovelhas e da lã por instrumentos, agasalhos e seu


estoque de lã e faz a representação do Total da Riqueza à sua disposição (pg.6),
considerando quantas
ovelhas ele utilizou do seu rebanho para consumo próprio e quantas ele negociou,
representadas por pedrinhas:

Ex: Instrumentos de caça obtidos – equivalem a 3 ovelhas;


Lã estocada = 4 ovelhas

O acréscimo do primeiro in verno para o segundo inverno foi correspondente a


14 ovelhas, que no sentido econômico, podemos chamar de lucro. Se existisse a moeda,
ao invés de 14 ovelhas este número seria representado por dinheiro. Fica evidenciado
que a Contabilidade é tão antiga quanto a existência do homem em atividade
econômica.

Esta pode ser chamada de Fase Empírica da Contabilidade, em que se utilizavam


desenhos, figuras, imagens para identificar o patrimônio existente.

Pausa e Reflexão:
Assim, conclui-se que desde os povos mais primitivos, a Contabilidade já existia
em função da necessidade de controlar, medir e preservar o patrimônio familiar e, até
mesmo sem função de trocar bens para maior satisfação das pessoas.

Quais são os objetivos iniciais da Contabilidade? Resp: avaliar a riqueza, medir


a variação da riqueza e proporcionar d ados para a tomada de decisão.

Com o objetivo de ter informação cada vez mais correta e reveladora, os


sucessores desse homem vão criando um corpo doutrinário que constantemente, está
evoluindo e aperfeiçoando-se.
1.2 – Contabilidade na Bíblia (pg. 7)
O livro de Jó, ainda que não seja o primeiro da Bíblia, é considerado o mais
antigo. Jó era um homem muito rico e justo, e certamente, tinha um bom contador, pois
na descrição de sua riqueza, no versículo três do primeiro capítulo, observa -se: “E era o
seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois e quinhentas
jumentas”.
A relação de bens de Jó demonstra um cuidado no controle do seu patrimônio
pessoal.
Por questões espirituais Jó perde toda sua fortuna e depois a recupera. Ao
reencontrar um contador verifica que sua riqueza est ava duplicada em relação ao
primeiro inventário, descrito no capítulo 42, versículo 12 do Livro de Jó.
Este e diversos exemplos mostram que a Contabilidade já existia com o
primitivismo do s povos, ainda que o conhecimento da matemática, das letras, dos
negócios e até mesmo de patrimônio fossem limitados. Talvez na época de Jó, já se
introduzisse o Período Mneumômico da Contabilidade (uso da memória) por meio de
cuneiforme, ou seja, símbolos gravados em barro ou placa de argila, dando os primeiros
passos para os registros.
Outras evoluções foram observadas, principalmente nas escritas em pap iro
descoberto pelos egípcios.
1.3 – Contabilidade despertando como ciência. (pg. 8)
A Contabilidade no início da civilização teve um desenvolvimento muito lento
ao longo dos séculos. Praticamente no século XIII é que os números hindu-arábicos
(,1,2,3,...) vieram substituir o sistema Greco-romano (I,II,III,IV...) e hebraico, que
usavam letras para contar e calcular (desconheciam o zero)

A história dos números no Ocidente começa com o Livro do Ábaco, escrito em


1202 por Leonardo Pisano, conhecido como Fibonacci. Este livro, entre inúmeras
contribuições, inclui a Contabilidade (cálculo de margem de lucro, moedas, câmbio,
etc.) e juros.
Somente em torno do século XV (com presença relevante no século XIII), isto é,
praticamente após 5.500 anos (se ela existe desde 4.000 a.C.) é que a Contabilidade
atinge um nível de desenvolvimento no tório, sendo chamada de Fase Lógica-Racion al
ou até mesmo a Fase Pré-Científica da Contabilidade.
Pausa e Reflexão:
Este é o grande impulso que a Contabilidade precisava. Já imaginou a
Contabilidade sem os números arábicos, sem o zero, só com letras?
Do Renascimento para a Ciência (pg. 9)
O que toda história t em mostrado é que a Contabilidade torna -se importante à
medida que há desenvolvimento econômico. Profissão valorizada nos países do
primeiro mundo.

No Brasil até a década de 60, este profissional era chamado de “guarda-livros”.


Na década de 70 esta expressão desapareceu e observou -se um excelente e
valorizado mercado de trabalho para os contabilistas. Na idade Moderna, em t orno do s
séculos XIV a XV I, principalmente no Renascimento, inversos acontecimentos no
mundo d as artes, na economia, nas nações propiciaram um impulso espetacular das
Ciências Contábeis, sobretudo na Itália.
O Frade Franciscano O marco, neste período, foi a primeira literatura contábil
relevante pelo Frei Luca Pacioli em 1494, consolidando o método das partidas dobradas,
expressando a causa efeito do fenômeno patrimonial com os termos débito e crédito.
( esse método já era conhecido antes de Pacioli: era praticado no século XIII).
Esta obra pode muito bem ser vista como início do Pensamento Científico da
Contabilidade.
1.4 – Como tudo começou (pg. 10)
A Contabilidade não é uma ciência exata. Ela é uma ciência social aplicada, pois
é a ação humana que gera e modifica o fenômeno patrimonial. Todavia, a Contabilidade
utiliza os métodos quantitativos (matemática e estatística) como sua principal
ferramenta.

Precisamos dos métodos quantitativos, dos números, em tudo que fazemos na


vida. Desde que levantamos: horas no relógio, café sujeito a uma quantidade de colheres
de açúcar/adoçante, velo cidade do carro, nosso salário, recebimentos e pagamentos,
canal de TV, tudo envolve números.

Números – Não se pode falar em Contabilidade, mesmo que rudimentar, sem a


invenção da escrita e, dentro dela, da habilidade de contar, ou seja, antes das primeiras
manifestações da capacidade matemática do ser humano.
Moedas – Seu surgimento impulsionou enormemente o progresso das formas
rudimentares de Contabilidade, com base na troca, por volta, aproximadamente, do ano
de 2000 a.C. (antes utilizavam certos materiais preciosos como moeda).

Antes mesmo da partida dobrada que somente apareceria bem mais tarde,
provavelmente na Itália, a Contabilidade, em sua forma rudimentar, era cap az de
avaliar bens, direitos e obrigações, periodicamente, derivar, portanto, o Patrimônio
Líquido.

Balanço – O resultado dos períodos possivelmente era computado por diferença entre
os patrimônios líquidos em datas distintas, sem grande p reocupação em identificar as
causas das variações do mesmo. Assim, uma forma rudimentar de Balanço Geral f oi a
prime ira exteriorização do trabalho contábil.
A forma sistêmica de registro que, em sua fase final, produziria as
demonstrações contábeis, somente apareceria mais tarde, de forma desconexa e
episódica (partidas simples), até o advento das partidas dobradas e dos processos de
escrituração.

A História no Ensino – Assim, de certa forma, pode-se dizer que as


demonstrações contábeis finais nasceram antes dos processos de registro sistemático
que hoje lhes têm precedência no tempo.
Por esse motivo, alguns livros, dedicados a apresentar ao iniciante as primeiras
noções de Contabilidade, p referem fazê-lo demonstrando de forma simples
primeiramente os Balanços levantados após cada operação (estática patrimonial), em
lugar de apresentar o s registros analíticos nos livros contábeis – Diário e Razão,
principalmente.
Pausa e Reflexão: (pg. 11)
É correto pensar que o ensino da Contabilidade dever ia ser primeiro na base dos
relatórios e depois os registros contábeis? Por que?
1.5 -Início da era moderna na contabilidade: o tratado de Luca Pacioli (pg. 12)

Frei Francisco – Luca Paicoli publicou em Veneza, a Summa de arithmetica,


geometria, proportioni e proportionalita, em 1494, texto no qual se distingue, para a
história da Contabilidade, talvez a primeira exposição sistemática e completa dos
procedimentos contábeis as partidas dobradas de que se tem notícia (alguns autores
chineses recentes
defendem que as partidas do bradas já eram praticadas na China antes do que na Itália, o
que não tira o mérito de Pacioli).
Antes do trabalho de Pacioli, entretanto, é preciso ressaltar que alguns autores,
os quais tratavam principalmente de práticas comerciais da época e de matemática
comercial e financeira, tiveram grande importância como precursores de seu trabalho.
Destacamos:
1202 – Leonardo Fibonacci – lança o Livro do Ábaco –Liberabaci, u m compêndio
sobre cálculo comercial que, na verdade, pode ser considerado o marco que separa a
Contabilidade antiga da moderna.
1340 – Francesco di Balduccio Pegolotti escreve La pratica della mercatura , uma
espécie d e Manual do Comerciante de então e uma obra muito importante para a
análise da evolução da Contabilidade e, principalmente, dos usos e costumes
comerciais.
1458 – Benedetto Cotrugu lança Della mercatura et del mercante perfeto, que o famoso
historiador Federigo Meus considera como o mais perfeito trabalho sobre práticas
comerciais, antes de Pacioli.

Como se vê, aparece cerca de um trabalho de fundamental importância mais ou


menos a cada cem anos, até a obra de Pacioli; e assim ocorre aproximadamente até o
século XIX quando, pelo menos uma dezena d e grandes obras marca o século, tão
importante p ara a caracterização Científica da Contabilidade.

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