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Como fazer uma boa redação – passo a passo

Profa. Gilda Sandes


Como ter ideias para escrever?

Primeiramente, leia a proposta da redação e circule o tema. Depois, leia


os textos motivadores e sublinhe as palavras mais importantes.
Você poderá utilizar o conteúdo destes textos para elaborar a sua
dissertação. Isso demonstra que você leu a prova, uma tarefa simples e
que pode ser vista com bons olhos por um corretor.
Feito isso, reflita sobre os textos e o que foi proposto e se questione.
Comece a organizar o que você já sabe sobre o tema e as informações
que conseguiu nos textos motivadores. Você pode escrever um
rascunho.
Como começar uma redação?

Faça uma árvore de ideias.


Ao terminar de ler a coletânea, escreva tópicos com todas as ideias (todas mesmo!)
que surgirem à sua cabeça.
Depois, você vai selecionar o que é relevante (mais importante) para a sua
dissertação. Em seguida, pense o que você pode escrever sobre cada uma das ideias.
Então escolha uma palavra que resuma estes pensamentos, que poderão ser os
argumentos do seu texto final.
A tese, que é um posicionamento sobre o tema, deve se relacionar com o grupo de
ideias que você escolheu.
Tudo isso deve ser um processo muito rápido. Se você não for capaz de pensar em
dois ou três argumentos – no mínimo – para a ideia, é porque ela não poderá ser
bem articulada no seu texto.
A redação do Enem é um texto dissertativo argumentativo, então selecionar e
entender quais são os seus argumentos é fundamental para mandar bem.
E a introdução?
Escreva a introdução por último. Todo texto dissertativo argumentativo precisa
de 1) introdução, 2) desenvolvimento e 3) conclusão.

1. A introdução é o primeiro contato (superficial) que o seu corretor terá com


a sua dissertação. Por isso, você pode deixar para escrevê-la quando terminar o
texto.
É recomendável que a introdução não ultrapasse 4 linhas. Você pode agregar
valor ao seu texto usando como exemplo outros textos e/ou conhecimentos
prévios que tenham relação direta com seu argumento. Além disso, você deve
expressar seu ponto de vista frente à situação problema apresentada.
Você pode introduzir também com uma citação de alguém importante. Neste
caso, não esqueça de usar aspas e colocar o nome do autor. Plágio anula sua
redação.
Pode também usar uma pergunta relacionada ao tema. Neste caso, você tem
que apresentar respostas ao questionamento ao longo do texto. Isso exige que
você conheça sobre o tema. Pode fazer uma afirmação sobre o tema usando seus
conhecimentos prévios.

Escolha uma estratégia e siga para o desenvolvimento


Como fazer o desenvolvimento?

O desenvolvimento da sua escrita terá que trazer argumentos que


darão força ao posicionamento do seu texto. Essa parte deve ter
dois parágrafos. É preciso que você apresente argumentos
relevantes e de maneira clara. Quem vai ler o seu texto precisa
entender sua mensagem e seu ponto de vista.
Tenha atenção às ideias que você escolheu e procure se lembrar de
exemplos que se relacionem com elas.
Podem ser fatos históricos, comportamentos da natureza, citações
de Filosofia e Sociologia, séries, filmes, músicas, publicidades,
estudos científicos e outros acontecimentos de acesso
público. Exemplos que aconteceram na sua vida pessoal não
contam.
O que precisa ter na conclusão?
Na conclusão, sempre proponha uma solução para o problema. Em alguns
vestibulares, isso não é necessário, então algumas pessoas se esquecem. Mas um
dos cinco critérios para avaliar a sua nota na redação do Enem é esta proposta.
Ou seja, sem ela, você já pode perder 200 pontos.
É importante retomar as ideias expostas no primeiro parágrafo, junto com os
argumentos que fundamentam seu ponto de vista e finalizam o texto.
Não esqueça que, ao propor a solução para o problema, você deve respeitar os
direitos Humanos. Uma das competências da redação no Enem é

“Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os


direitos humanos”.

Então quem não atender essa competência poderá perder pontos na prova.
Há alguns anos, as pessoas que não respeitassem os direitos humanos
automaticamente recebiam zero na redação. Apesar de esse critério de
eliminação não existir mais, ainda é muito importante considerar os direitos dos
indivíduos na hora de escrever a sua dissertação.
Opiniões preconceituosas, homofóbicas, que excite a violência ou a justifique de
alguma forma, também podem tirar preciosos pontos de você. Então Atenção.
Afinal não existe achismo na Redação do ENEM.
E o título?

O título deve ser curto e resumir o que foi abordado no texto,


além de chamar a atenção do leitor.
Mas não perca tempo com esta tarefa! No Enem, o título é
opcional. Você pode entregar o seu texto sem ele e não haverá
desconto de nota. Porém, em outros vestibulares pode ser que
seja obrigatório incluir um título.
Fuja dos erros mais comuns na Redação Enem

1 – Fuga ao tema
A proposta da Redação Enem tem um tema dado em um enunciado e três
textos de apoio relacionados ao assunto. Supondo que o tema sugerido
pelo exame seja “combate à crise hídrica”.
Porém, caso o candidato escreva um texto apresentando boas
informações sobre a questão da escassez de água, apresentando dados
geográficos e informações sobre o abastecimento, sem falar, no entanto,
de ações efetivas de combate e prevenção do gasto excessivo de água.
Qual será a nota? – A nota será zero.

É preciso abordar todo o tema, mas evitando focar-se em um único


aspecto do assunto.
A proposta do tema e os textos de apoio estão aí para colocá-lo no
caminho certo. Considerar apenas um deles é um pecado muito grande. É
preciso ler e considerar todos os textos antes de escrever a redação.
2 – Ambiguidade: Frases que sugerem duplo sentido

Ela resulta de textos mal elaborados, surgindo quando uma mesma frase possui
sentidos diferentes, até mesmo contrários, obscurecendo a interpretação do autor
em relação ao tema e suas intenções a partir daquele texto.

EX: Errado: A mãe de Pedro entrou com seu carro na garagem. (De quem era o
carro?)
Correto: A mãe de Pedro entrou na garagem com o carro dela.

3 - Uso indevido de pronomes possessivos


Errado: A mãe pegou o filho correndo na rua. (Quem corria? A mãe ou o filho?)
Correto: A mãe pegou o filho que corria na rua.

4. Uso indevido de formas nominais


A orientação é que o candidato seja bastante específico naquilo que escreve e
certifique-se de que as frases expressem exatamente aquilo o que está querendo
dizer. Para isso, é essencial reler cada sentença posta no papel.
5 – Evite períodos muito longos
Frases longas podem ser um problema na hora de manter a coesão do texto.
Uma frase comprida, geralmente com mais de 25 palavras, dá maior chance
aos erros, pois o uso inadequado de conectivos pode prejudicar o
entendimento do texto.
Além disso, as frases longas prejudicam a compreensão e abrem margem para
problemas de concordância.

6. Generalização e terceirização de problemas

Uma das cinco competências da Redação Enem exige que o candidato elabore
uma proposta de intervenção do tema. Porém, é preciso evitar argumentos que
coloquem terceiros na luta pela causa.
A ideia é que o alune pense a proposta de intervenção detalhadamente a partir
de suas próprias ações. Além disso, a generalização é um problema que deve
ser evitado, nada de falar “vamos todos agir”.
O candidato deve detalhar como algo pode ser feito, sugerindo, por exemplo,
programas sociais nas escolas públicas. Evite palavras como “todos”, “nunca”,
“jamais” e “sempre”, pois elas tendem a nos fazer cair em generalizações
indevidas.
7 – Gírias e expressões da oralidade
A primeira competência da Redação Enem avalia a capacidade dos candidatos
de demonstrar seu domínio sobre a norma padrão da língua portuguesa. Desta
maneira, o candidato deve evitar expressões típicas da língua falada, registros
de oralidade de gírias como “né”, “daí”, “tipo assim”, “tá ligado”.
Além disso, cabe destacar que também é preciso evitar o uso de abreviações
da internet, como “vc”, “cmg” “tb”, “q”, “pq”, “qdo”, “pra”. Use sempre as
palavras por extenso.

8 – Erros ortográficos
Nem é preciso entrar muito neste tema. Todos sabemos que estes erros devem
ser evitados a todo custo, pois ganham a antipatia do corretor na mesma hora.
Mas como evitá-los?
Com muita leitura em um momento anterior ao exame, e com muita atenção
dos autores para os recursos utilizados e para a forma e o tom com que
escrevem. Alguns erros ortográficos mais comuns são:
“concientização” no lugar de “conscientização”;
“pretencioso” no lugar de “pretensioso”, e,
“compreenssão” no lugar de “compreensão”.
9. Uso incorreto das palavras “mal” e “mau”
Mau é um adjetivo, ou seja, qualifica um substantivo, como ocorre em
“menino mau”. Já mal pode assumir a função de substantivo ou advérbio, ou
seja qualifica um verbo, como em “mal feito” ou rege um adjetivo, como em
“um mal irreparável”. Para facilitar, procure substituir as palavras por seus
antônimos: “mau” está sempre em oposição a “bom” e “mal” está sempre em
oposição a “bem”.

10 – Falta de progressão textual


As ideias do texto devem fluir da maneira mais compreensível e natural
possível. Antes de iniciar a redação, elabore um roteiro com as suas ideias
sobre o tema e a ordem em que serão trabalhadas.

11. Erro no uso dos conectivos:


No momento específico da redação do texto, para ajudar a dar fluência, faça
uso de conectivos – conjunções que ligam as orações e ajudam a estabelecer
ligação entre as orações. “Contudo”, “entretanto”, “porém”, “todavia”, “no
entanto”, “embora”, “ainda”, “uma vez que”.
12 – Não use palavras “difíceis”
Na ânsia de demonstrar o domínio da norma culta, muitos candidatos
podem empregar termos sofisticados e incomuns de maneira equivocada.
Se você não tem certeza sobre o uso de uma palavra ou outra, seja pela
grafia ou pela sua significação, evite-a. Não troque o certo pelo duvidoso.

13 – Uso errado da Crase


Equívocos com relação ao uso da crase são muito comuns. Lembre-se que
a crase denota a junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”.

Portanto, a crase nunca será utilizada diante de nomes masculinos, verbos


ou pronomes como “você”, “ele”, “ela”

12 – Uso incorreto do pronome relativo “onde”


Os pronomes relativos substituem nomes de uma oração anterior e relação
entre duas orações. Este pronome só deve ser utilizado como referência a
lugares: “a briga aconteceu na escola onde o professor dava aulas”.
Em caso de dúvidas, a melhor opção é substituir a palavra por
conjunções como “no qual”, “na qual” e “em que”.
Exemplo de Redação do Tema que acredito que possa cair no ENEM:
O AUMENTO DA DEPRESSÃO ENTRE OS JOVENS NO BRASIL
A palavra depressão tem origem do latim "depressus", que significa abatimento ou infelicidade. Hoje, o
Brasil ocupa a segundo lugar como o país com os maiores casos de depressão na América, de acordo com a
OMS. Sendo mais de 50% dos casos entre jovens com 17 a 25 anos.
O aprimoramento tecnológico, embora acobertado por seus benefícios globais, também contribui
efetivamente para esses dados estatísticos. Analogamente, como previsto por Marx quando diz: “cada
geração cultiva em si os germes para sua própria deterioração”, as novas tecnologias atuam como “germes” e
a depressão como “deterioração”. Outro fato colaborativo para o enraizamento da doença depressus na
sociedade, é a pressão psicológica exercida pelas instituições escolares, com provas conteudistas além da
conta e testes à todo momento.
Sendo assim, ao que se pode observar, a cada ano que se passa, a geração juvenil se integra mais ao
mundo dos “zeros e uns” e ausenta- se do mundo real. Consequentemente, tornando as relações humanas
cada vez mais superficiais, contribuindo para a sensação de vazio e solidão presente em 90% dos casos de
depressão, conforme dados da OMS.
Concomitantemente, sob outro parâmetro, “ansiedade, agitação e euforia, também são sintomas de
alarde para tal doença”, alerta a OMS. Não obstante, são sentimentos muito comuns no âmbito escolar e que,
por isso, requer uma atenção específica por parte dos educadores. De acordo com a psiquiatra Sônia Palma,
25% dos adultos diagnosticados com depressão, afirmam que o primeiro episódio do mal ocorreu antes dos
18 anos, justamente no período de conclusão escolar e inserção na vida universitária.
Contudo, quando bem trabalhadas, as instituições escolares, tanto públicas como privadas, podem exercer
um papel fundamental no combate a depressão. Centros de apoio ao jovem podem ser abertos com o
objetivo de dar ouvidos ao adolescente que, muitas vezes, não possui com conversar. Assim como reuniões
administrativas realizadas pelos próprios alunos, apoiados pela direção do colégio, para discutirem meios de
tornar o ambiente escolar mais agradável, a fim de combater os casos de ansiedade e euforia dos alunos por
contas da provas e, numerosas, tarefas de casa. Desse modo, seguindo o pensamento do sociólogo Paulo
Freire, a modificação social acontecerá à partir da reconstrução de sua base: a educação.

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