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Universidade Federal do Ceará

Centro de Humanidades
Departamento de Letras Vernáculas
Disciplina: Língua Portuguesa: Vocábulo
Profa. Dra. Hebe Macedo de Carvalho
Estagiário de docência: Izabelle Vasconcelos
Semestre: 2020.2

RESUMO
PERINI, Mário Alberto. O adjetivo e o ornitorrinco: dilemas da classificação das
palavras. São Paulo: Ática, 2002

Gabriel Loiola de Alencar Dantas

Em seu texto, Perini reflete acerca das questões que envolvem o ensino de
gramática no Brasil. Para essa reflexão, o autor se baseia em estudos linguísticos e
comparações com outra área da pesquisa científica, a biologia, partindo do princípio que
na classificação taxonômica é necessário “dispor de critérios objetivos para colocar um
animal nesta ou naquela classe”. (p.1). Dessa forma, Perini estabelece uma relação entre
a dificuldade de definir a classe do ornitorrinco, pois esse animal possui características
equivalentes a répteis e mamíferos, bem como de definir a classe do adjetivo, que se
confunde com a classe dos substantivos. Voltando-se para a questão linguística, o autor
contesta os significados tradicionais dos substantivos, que são os “nomes das coisas” e
dos adjetivos, que expressam “qualidades”, através da palavra “maternal”, que “é
adjetivo, porque expressa uma qualidade; e é substantivo, porque é o nome de uma
coisa.” (p.2), deixando claro a dubiedade dessas classes. Perini reforça seu
questionamento apontando que essas palavras com dupla classificação se encontram em
maior número na língua em relação àquelas que são bem definidas, logo, ele diz: “O
mínimo que podemos concluir é que a distinção entre substantivos e adjetivos, tal como
formulada nas gramáticas comuns, é inadequada.” (p.3). A partir dessas ambiguidades
que o autor encontrou nas definições gramaticais, ele aponta que não há uma
classificação definitiva desses termos, mas que estes, na verdade, “são uma grande
classe, dentro da qual se distinguem muitos tipos de comportamento gramatical.”
(p.3), o que o leva a propor “que as diferenças de comportamento dentro dessa
grande classe (que podemos chamar a classe dos nominais) provêm principalmente de
diferenças de significado.” (p.3). Portanto, o autor traz uma nova percepção das
classes gramaticais, prezando por uma classificação contextual, com base no uso, pois
as palavras estão em constante mudança, adquirindo novos significados e sobrepondo-
se entre as classes, logo, não haveria como conceber um significado estático para uma
entidade em constante movimento. Perini conclui seu texto com a seguinte
proposição, que, mesmo não sendo aceita pela maioria dos linguistas, está em
confluência com as ideias que foram estabelecidas, “a distinção entre a classe dos
"adjetivos" e a dos "substantivos" simplesmente não existe.” (p.3).

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