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Índice
Introdução 1
Aspectos Biológicos
- Definição e tipos de Síndrome de Down 2
- Características físicas 3
- Etiologia 5
- Prevenção 6
- Prognóstico 7
Aspectos Psicológicos
- Desenvolvimento e funcionamento cognitivo
- Características cognitivas
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Modelos de Intervenção Psicológica e Psico-Educativa no Desenvolvimento
da Criança com Síndrome de Down
Introdução
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Modelos de Intervenção Psicológica e Psico-Educativa no Desenvolvimento
da Criança com Síndrome de Down
Aspectos Biológicos
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Modelos de Intervenção Psicológica e Psico-Educativa no Desenvolvimento
da Criança com Síndrome de Down
▪ Características Físicas
De acordo com Sampedro et al. (1997), o Síndrome de Down origina problemas
cerebrais, de desenvolvimento físico e fisiológico e de saúde. A maioria das
alterações orgânicas sucedem durante o desenvolvimento do feto, permitindo assim
que o diagnóstico seja feito no momento do nascimento e que a criança beneficie de
uma intervenção precoce.
Benda (1960) cit. por Rondal (2002) refere que a maiorias dos bebés com esta
síndrome apresenta hipotonia muscular, disfunção decorrente tanto de imaturidade
cerebelar, como de factores relacionados com os sistemas esquelético e circulatório,
no entanto, existe uma variação do grau em que isto acontece. Os reflexos
primitivos (plantar e palmar de agarrar, o reflexo de Moro, o automatismo da
marcha, etc.) apresentam-se geralmente alterados e prolongados no tempo.
Lambert e Rondal (1992) citados por Sampedro et al. (1997) afirmam que a
aparência física destas crianças apresenta características muito particulares e
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específicas que, embora não afecte todos os indivíduos de igual forma, confere-lhes
um aspecto muito semelhante.
Os autores referem assim como principais características:
- “A cabeça mais pequena que o normal;
- A parte de trás da cabeça occipucio é geralmente proeminente;
- As fontanelas podem ser relativamente grande e encerrarem mais tarde que na
criança normal;
- O nariz é pequeno e com a parte superior achatada;
- Os olhos são ligeiramente rasgados com uma pequena prega de pele nos cantos
anteriores;
- A parte exterior da íris pode apresentar manchas de cor ligeira (chamas
manchas de Bruschfield);
- As orelhas são pequenas, assim como os lóbulos auriculares;
- A boca é relativamente pequena;
- A língua é de tamanho normal mas, em consequência da pequenez da boca
associada ao baixo tónus muscular da criança mongolóide, pode sair ligeiramente da
boca;
- Os dentes são pequenos e muitas vezes mal formados e mal implantados,
podendo mesmo faltar alguns;
- O pescoço é tipicamente curto;
- As mãos são pequenas com dedos curtos, apresentando frequentemente apenas
uma prega palmar em vez de duas;
- O dedo mindinho pode ser um pouco mais curto do que o normal e ter apenas
duas falanges, e a sua parte superior está frequentemente curvada na direcção dos
outros dedos da mão;
- Os pés podem apresentar um espaço ligeiro entre o primeiro e o segundo
dedos, com um pequeno sulco entre eles na planta do pé;
- A pele aparece ligeiramente arroxeada e tende a tornar-se seca à medida que a
criança cresce;
- Os cabelos são finos, relativamente ralos e lisos”.
Para além destas peculiaridades, Sampedro et al. (1997) acrescentam que, os
indivíduos portadores desta síndrome costumam apresentar uma altura inferior à
média e alguma tendência para a obesidade ligeira ou moderada, sobretudo a partir
do final da infância. No entanto, é possível, através de uma alimentação cuidada e
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redução dos processos infecciosos na criança, ultrapassar estes aspectos que não são
absolutos.
Por outro lado, as autoras referem ainda que, existe maior incidência de certos
problemas de saúde: sensibilidade às infecções, problemas cardíacos, do tracto
digestivo, sensoriais, etc.
Tendo em conta as características físicas destas crianças, Benda (1949) e
Buddenhagen (1971) cit. por Rondal (2002) comprovaram que a cavidade oral de
tamanho reduzido, a língua com protrusão, a laringe situada em posição demasiado
alta no pescoço com um espessamento da mucosa fibrosa, a língua que não forma
sulcos adequados para a distinção entre alguns sons e revela alterações ao nível da
sua mobilidade, a hipotonia dos músculos da fala, incluindo a língua, lábios, véu
palatino e músculos respiratórios, são os principais factores patológicos periféricos
associados ás alterações da fala. Rondal (2002) cita ainda outros autores que
assinalam as seguintes alterações capazes de provocar problemas ao nível da fala:
lábios largos com irregularidades de conformação (Oster, 1953), anomalias do
palato (Spitzer et al., 1961), fissura da língua (Blanchard, 1964), salivação
excessiva, hipotonia da língua e maxilar inferior de tamanho reduzido (Strauzzula,
1953), dentes imperfeitos (Kraus et al., 1968), nariz achatado, desenvolvimento
insuficiente dos seios faciais e das vias nasais (Spitzer et al., 1961), amígdalas e
vegetações adenóides hipertrofiadas, infecções respiratórias frequentes, incluindo
laringite, faringite e bronquite com produção de tosse, rouquidão e redução da
capacidade respiratória.
▪ Etiologia
Como já foi referido anteriormente, o Síndrome de Down é causado pela existência
de um cromossoma suplementar nas células do corpo. Contudo, Sampedro et al. (1997),
realçam que durante a gravidez não existe nenhum factor que contribua para a
manifestação desta anomalia.
De acordo com estudos realizados, as autoras afirmam que, aproximadamente,
quatro por cento dos casos de Síndrome de Down são devido a factores hereditários. No
entanto, não está provado que esta característica seja mais frequente em pais de crianças
com Síndrome de Down do que em pais de crianças normais.
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Outro factor etiológico, geralmente o mais conhecido, é a idade da mãe. A partir dos
35 anos, é significativamente mais frequente o nascimento de uma criança com
Síndrome de Down, chegando a atingir cerca de cinquenta por cento em mães com
idade superior a 40 anos. No entanto, o mesmo não se verifica relativamente ao pai
(Sampedro et al., 1997).
As autoras referem ainda outro grupo de causas possíveis, constituído por externos:
- Processos infecciosos (sendo os agentes víricos mais significativos os da hepatite e
da rubéola);
- Exposição a radiações: estudos realizados por Sigler (1961) e Uchida, Holunga e
Lawler (1968) citados por Sampedro et al. (1997) revelaram uma maior incidência da
síndrome quando os pais estiveram expostos a radiações;
- Alguns agentes químicos que podem ocasionar mutações genéticas tais como um
alto conteúdo de flúor na água (Rapaport, 1963 citado por Sampedro et al., 1997) e a
poluição atmosférica (Greenber, 1964 citado por Sampedro et al., 1997);
- Outros autores, como Benda (1960) citado por Sampedro et al. (1997), apontam
para problemas de tiróide na mãe como possível causa;
- É também relevante a relação entre a síndrome e um índice elevado de
imunoglobulina e de tiroglobulina no sangue materno, estando o aumento de anticorpos
associado ao avanço da idade da mãe;
- Deficiências vitamínicas.
▪ Prevenção
Sampedro et al. (1997) referem que o Síndrome de Down não é uma doença
curável, no entanto, através do estudo das causas possíveis para o seu aparecimento e do
conhecimento actual acerca do assunto, é possível realçar três factores elementares para
uma prevenção eficaz:
- A idade da mãe;
- O aconselhamento genético;
- A amniocentese.
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▪ Prognóstico
Robert Berkow et al. (1999) afirmam que as crianças com Síndrome de Down
tem uma maior probabilidade de contrair doenças do coração e leucemia e, caso uma
destas situações se verifique, a sua esperança média de vida é reduzida. Caso nenhuma
destas situações aconteça, a maioria das crianças com esta problemática vive até à idade
adulta.
Muitas pessoas com Síndrome de Down apresentam também problemas de
tiróide, que dificilmente se detectam, excepto nos casos em que são feitas análises ao
sangue (Robert Berkow et al., 1999).
De acordo com os autores, têm também tendência para sofrer de problemas
nos ouvidos, devido a repetidas infecções e à consequente acumulação de líquido no
ouvido interno (otite serosa). Desenvolvem ainda problemas de visão, provocados por
mudanças na córnea e no cristalino. No entanto, tantos os problemas auditivos como
visuais podem ser tratados.
Muitos casos de pessoas com Síndrome de Down apresentam também sinais
de demência quando atingem os 30 anos (perda de memória, maior deterioração da
inteligência e mudança de personalidade).
A maioria das pessoas com esta síndrome morrem cedo, embora algumas
vivam muitos anos (Robert Berkow et al., 1999).
Aspectos Psicológicos
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▪ Características cognitivas
✓ Percepção
Em comparação com outras crianças deficientes mentais, Sampedro et al.
(1997), afirmam que as crianças com Síndrome de Down revelam maiores défices em
aspectos como:
- Capacidade de discriminação visual e auditiva (especialmente quanto à
discriminação da intensidade da luz);
- Reconhecimento táctil na generalidade e de objectos a três dimensões;
- Cópia e reprodução de figuras geométricas;
- Rapidez perceptiva (tempo de reacção).
Num estudo acerca das potencialidades visuais em ambos os grupos, foi possível
concluir que a criança com Síndrome de Down percorre os passos normais de
desenvolvimento, no entanto, apresenta um certo atraso (Miranda e Frantz, 1973 citados
por Sampedro et al., 1997).
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✓ Atenção
Zeaman e Horse (1963) e Furby (1974) citados por Sampedro et al. (1997),
declaram que existe um défice de atenção nas crianças com deficiência mental.
Furby refere que os seus desempenhos são «medíocres» nas aprendizagens
discriminativas porque:
- Precisam de mais tempo para conduzir a atenção para o que ambicionam e
apresentam maior dificuldade em a transferir de um aspecto para outro do estímulo, o
que implica uma grande maleabilidade da atenção, e portanto, é necessária uma forte
motivação para manter o seu interesse;
- Revelam dificuldade em inibir ou reter as respostas mesmo após terem
examinado em pormenor os aspectos mais importantes e/ou as partes mais abstractas
dos estímulos, o que conduz a uma menor qualidade das respostas e a uma maior
frequência do erro.
✓ Memória
Relativamente à memorização, existem investigadores que determinam que as
impressões mnésicas permanecem menos tempo nos circuitos nervosos da memória a
curto prazo dos indivíduos com atrasos moderados e severos, do que nos normais
(Sampedro et al., 1997). No entanto, Spitz citado por Sampedro et al. (1997), é de
opinião que os mecanismos base da aprendizagem e memorização são os mesmos e que
a discrepância se encontra nos processos aplicados para organizar espontaneamente as
aprendizagens e memorizações.
Sampedro et al. (1997) referem que outros autores advogam que os maus
desempenhos e os problemas na aprendizagem e memorização resultam das dificuldades
na categorização conceptual e na codificação simbólica. A criança com trissomia
precisa de aprender determinadas tarefas, mas não apresenta um mecanismo de
estruturas mentais para as assimilar; orienta-se por imagens (o concreto) e não por
conceitos (o abstracto).
Sintetizando, os principais problemas referentes à memória em indivíduos com
atrasos encontram-se ao nível das estratégias usadas espontaneamente para organizar a
actividade mnésica.
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✓ Linguagem
Rondal (2002) afirma que a maioria das crianças com Síndrome de Down
começa a falar entre os dois anos e meio e os quatro anos, no entanto, existe uma
pequena percentagem de crianças que, por volta dos 18 meses, já emitem sequências de
sons semelhantes a palavras.
Sampedro et al. (1997) afirmam que existe um atraso considerável no
desenvolvimento da linguagem em crianças com Síndrome de Down comparativamente
às outras áreas de desenvolvimento. Por outro lado, há um desajuste entre os níveis
compreensivo e expressivo.
Relativamente à compreensão, a evolução de uma criança com Síndrome de
Down é semelhante à de uma criança normal, ainda que atrasada em relação ao tempo e
dificultada pelos défices que revelam em aspectos específicos da organização do
comportamento.
A criança com Síndrome de Down revela dificuldade em tudo o que exige
operações mentais de abstracção, tal como qualquer operação de síntese, dificuldades
que se concretizam na organização do pensamento, da frase, na aquisição de
vocabulário e na estruturação morfo-sintáctica.
De acordo com Sampedro et al. (1997), o nível expressivo destas crianças é
frequentemente afectado pelos seguintes factores:
- Dificuldades respiratórias → Muitas crianças com deficiência mental
revelam uma organização desadequada do processo de respiração, situação que se
agrava nas crianças com trissomia 21, devido à frequente hipotonicidade e fraca
capacidade para manter e prolongar a respiração;
- Perturbações fonatórias → Originam alterações no timbre de voz, que surge
grave, de timbre monótono, por vezes gutural.
- Perturbações da audição → Estudos realizados apontam para uma incidência
de perdas auditivas que variam de ligeiras a moderadas, pelo que a capacidade auditiva,
sem estar gravemente alterada, é inferior ao normal.
- Perturbações articulatórias que derivam da convergência de vários factores:
hipotonia da língua e lábios, malformações do palato, inadequada implantação dentária,
imaturidade motora, etc.
- Tempo de latência da resposta demasiado prolongado.
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▪ Ideias gerais
Segundo Sampedro et al. (1997), a elaboração de um plano de intervenção deve
ser precedida, em qualquer caso, por uma informação detalhada acerca da criança, em
vários aspectos:
- Informação médica → Doenças relevantes que teve, existência ou não de
cardiopatias, problemas de visão ou audição, dificuldades respiratórias, outras
perturbações associadas.
- Informação psicopedagógica → Dados sobre o desenvolvimento,
personalidade e aspectos cognitivos da criança.
- Informação familiar e social → Nível sócio-cultural familiar e do meio em que
vive, atitudes e implicação dos distintos membros que o compõem, etc.
▪ Estimulação Precoce
Como já foi referido anteriormente, a criança com Síndrome de Down, é
diagnosticada no momento do nascimento, o que lhe é favorável na medida em que há a
possibilidade de iniciar assim uma estimulação precoce virada para o desenvolvimento
de todas as suas capacidades. Desta forma, com a informação disponível sobre a
síndrome, é possível estabelecer desde o início um objectivo geral que, sem
desconsiderar as diferenças individuais, possibilite o desenvolvimento de um programa
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✓ Plano de intervenção
A opinião dos especialistas concorda que plano geral de intervenção deve ser o
programa de desenvolvimento da criança normal, embora flexível e adaptado às
características individuais de cada caso (Sampedro et al., 1997).
De acordo com Johnson & Werner (1988), a intervenção com estas crianças
deve ser realizada em contexto educativo individual ou em grupo. É fundamental a
criação de um plano de intervenção composto por um conjunto de itens a partir dos
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mais uma vez a importância do trabalho conjunto entre todas as pessoas que interagem
com a criança, pois só dessa forma será possível a realização de todas as actividades no
seu contexto mais apropriado.
Os autores relatam que a eficácia de um programa educacional depende de duas
variáveis principais: a qualidade do plano de intervenção e, as técnicas e métodos
utilizados.
Relativamente às recompensas de comportamentos adequados e punições de
comportamentos inadequados, Johnson & Werner (1988) referem que, se uma criança
realizar um comportamento e a consequência do mesmo for positiva, sendo
recompensada por aquele comportamento, a criança tenderá a repetir o comportamento,
o que significa que as pessoas que intervêm directamente com a criança podem
influenciar o comportamento de uma criança recompensando-a por certos
comportamentos. Por outro lado, se uma criança realizar um comportamento e receber
uma consequência negativa ou for punida por aquele comportamento, ela tenderá a mão
repeti-lo.
Os autores salientam também outro factor determinante para a aplicação do
plano de intervenção, a motivação da criança. Esta dever ser constantemente motivada a
alcançar os limites externos das suas capacidades.
Por último, Johnson & Werner (1988) realçam a importância da articulação entre
todas as pessoas que interagem com a criança, de forma a existir uma continuidade do
trabalho desenvolvido num contexto para outro. Assim, pais, professores, técnicos
especializados, etc., devem, em conjunto, proceder à elaboração do plano de
intervenção, definindo as capacidades da criança, estabelecendo os objectivos a atingir e
as estratégias e métodos a utilizar.
Também Troncoso e Cerro (1998) afirmam que o princípio básico de
intervenção assenta na prestação de cuidados médicos, educativos e sociais, numa
perspectiva pluridisciplinar com a participação efectiva da família.
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▪ Áreas de Intervenção
✓ Percepção
Segundo Sampedro et al. (1997), a criança com Síndrome de Down é
frequentemente confrontada com tarefas que precisam de efectuar, não dispondo, no
entanto, de um mecanismo de estruturas cognitivas que lhe possibilitem apreender
adequadamente o mundo perceptivo.
Com o objectivo de trabalhar esta área, as autoras apresenta algumas estratégias
de intervenção:
- Realização de qualquer aprendizagem perceptiva através do maior número
possível de vias sensitivas;
- Estabelecer como principal objectivo de intervenção nesta área, a selecção,
reconhecimento e utilização precisa, por parte da criança, de estímulos relevantes num
dado momento;
- As actividades devem ser motivadoras, sistemáticas e sequencializadas;
- Incentivar a criança a verbalizar o que está a fazer enquanto realiza uma
determinada actividade.
Johnson & Werner acrescentam as seguintes actividades:
- Agrupar objectos semelhantes;
- Separar objectos;
- Realizar correctamente jogos de encaixe;
- Associar objectos a imagens;
- Agrupar objectos por cor;
- Associar imagens iguais;
- Associar objectos por tamanho;
- Associar sons dos animais com imagens e miniaturas de animais;
- Desenvolver o conceito de consciência do corpo;
- Organizar cartões de sequências.
✓ Estimulação sensorial
Johnson & Werner (1988) apostam na estimulação sensorial, propondo
actividades para as seguintes áreas: tacto, visão, audição e motora.
o Para o tacto as principais actividades a desenvolver são:
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✓ Atenção
Como já foi referido anteriormente, a criança com Síndrome de Down, revela
défices relativamente à capacidade de aquisição de hábitos de fixação, focalização e
mobilização da atenção. Assim, é importante realçar que a atenção estabelece uma
relação estreita com outras áreas do desenvolvimento, nomeadamente, a percepção
(principalmente visual e auditiva), a psicomotricidade (especialmente a relaxação) e a
linguagem (particularmente a linguagem oral).
Tendo em conta os factores anteriores, Sampedro et al. (1997), apontam como
estratégias de intervenção a implementar:
- Adaptar o ambiente de trabalho, de forma a torná-lo simples e sem estímulos
propiciadores de dispersão.
- Fornecer instruções verbais claras e precisas, acompanhadas por um modelo de
acção e, se necessário, indicar a tarefa guiando a criança com a mão.
- Adaptar o nível de exigência às capacidades da criança, tanto no que diz
respeito à dificuldade da tarefa como ao tempo indispensável para a sua realização.
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Iniciar com tarefas mais curtas, alterando progressivamente o tempo necessário para as
executar.
- Dispor de um vasto repertório de actividades, para que seja possível mudar de
tarefa, evitando assim o desinteresse da criança e, procurando que os processos de
atenção sejam generalizados a diversas situações. È também importante intercalar
tarefas com diferentes níveis de exigência e interesses, de forma a que a criança não se
canse.
- Recompensar o empenho e sucesso da criança.
Troncoso e Cerro (1998) sugerem que a atenção seja trabalhada por etapas, isto
é, iniciar pela estimulação da atenção visual, para obter um bom contacto ocular,
posteriormente, trabalhar a atenção auditiva utilizando diversos estímulos sonoros
(rocas, campainhas, música, etc.) e ir avançando gradualmente até níveis mais
superiores, como responder a uma instrução verbal ou a uma indicação física.
✓ Memória
Sampedro et al. (1997) afirmam que, na evolução infantil, surge em primeiro
lugar, um tipo de memória relacionada particularmente com o processo perceptivo e
referente ao reconhecimento ou recordação de dados momento a momento, designada
de memória imediata. Posteriormente, surge um outro tipo de memória relacionada com
as operações lógicas do pensamento e que tem em conta a ordem sequencial dos dados,
denominada memória sequencial.
Como já foi referido anteriormente, a criança com Síndrome de Down revela
alguns défices relativamente à percepção (rapidez perceptiva, capacidade de
discriminação visual e auditiva, etc.) e à atenção, requisitos fundamentais para uma boa
memorização. Para além destes défices, são também frequentes as dificuldades
específicas de organização do material memorizado.
Relativamente à capacidade de memória, Sampedro et al. (1997), destacam a sua
importância não apenas para as aprendizagens escolares, mas também para o
desenvolvimento global da pessoa. Assim, torna-se necessário intervir, com o objectivo
de potencializar de forma sistemática essa capacidade. Para tal, as autoras sugerem:
- Trabalhar o reconhecimento antes do recordar.
- Estimular a aquisição de um nível suficiente de memória imediata antes de
reforçar a memória sequencial.
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✓ Aspectos psicomotores
Segundo Sampedro et al. (1997), se a criança com Síndrome de Down beneficiar
de um programa de intervenção precoce adaptado, o seu desenvolvimento motor não se
revelará muito diferente do desenvolvimento das crianças «normais», contudo, a sua
fraca tonicidade, défice de atenção e outras características próprias podem dificultar
esse desenvolvimento.
A típica lentidão do andar, vestir-se, pegar em coisas, etc., não demonstram
atraso psicomotor grave, mas sim uma deterioração destas capacidades, que podem
melhorar com a aplicação do programa, em que os pais serão colaboradores directos.
A criança «normal» adquire espontaneamente os conhecimentos e formas de
desempenho nesta área, mas a criança com Síndrome de Down, para aprender, necessita
de ser ensinada (Sampedro et al., 1997).
Para as autoras, o problema específico do desenvolvimento psicomotor da
criança com trissomia 21 (atraso em adquirir o equilíbrio, a preensão, a marcha, etc.)
depende directamente da psicomotricidade. Associados aos problemas sensoriais e
perceptivos (visuais, auditivos e/ou tácteis), estes irão reflectir-se no conhecimento do
espaço, desencadeando alterações na coordenação, organização prática, inércia,
alterações no controlo postural e equilíbrio, pelo que é fundamental a implementação de
uma educação psicomotora adequada.
A intervenção psicomotora pode ser realizada individualmente ou em grupo, de
acordo com a idade e as necessidades da criança. O contexto considerado mais
adequado é a sala de aula, local onde a criança está integrada, funcionando como
complemento a outras actividades e favorecendo não apenas o desenvolvimento
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psicomotor mas também a socialização (tendo em conta tudo quanto o movimento tem
de aproximação ao outro e de comunicação corporal). Para além disso, a educação
psicomotora evita a apatia, promove o interesse e aumenta a curiosidade, aspectos
importantíssimos na intervenção com crianças com Síndrome de Down (Sampedro et
al., 1997).
Assim, de acordo com as autoras, os objectivos de intervenção devem ser, por
um lado, melhorar as capacidades instrumentais (controlo motor, equilíbrio,
coordenação de movimentos, relações espácio-temporais) e, por outro, melhorar as
capacidades de adaptação da criança e a sua relação com os outros, mediante uma
linguagem corporal.
Da mesma forma, Sampedro et al. (1997) afirmam que, o desenvolvimento
psicomotor tem também uma estreita relação com as aprendizagens escolares, sobretudo
com as aprendizagens relacionadas com a aquisição das técnicas instrumentais: leitura,
escrita e cálculo.
Assim, de acordo com as autoras seria importante definir como principais
objectivos:
- Referentes à criança: domínio do esquema corporal; domínio da expressão
corporal, aumentando assim a possibilidade de comunicação do corpo através do
movimento; domínio da motricidade e aquisição da motricidade fina.
- Referentes ao meio ambiente: eliminação de hábitos mal adquiridos e aquisição
de comportamentos sociais que lhe possam facilitar uma melhor integração na
sociedade.
As autoras acrescentam ainda, no que diz respeito a considerações
metodológicas, que se deve ter em conta o seguinte:
- Considerar como ponto de partida as experiências anteriores da criança;
- Utilizar todos os canais sensoriais, procurando que o meio seja rico em
estímulos;
- Respeitar a sequência de cada processo de aprendizagem para evitar lacunas
ou pseudo-aprendizagens;
- Procurar que as actividades psicomotoras se processem pela seguinte
sequência: manipulativo-vivencial (todas a aprendizagem deve ser iniciada pela
vivência e/ou manipulação operativa do conceito/movimento); verbalização acerca dos
movimentos realizados, com o objectivo de facilitar a representação simbólica do
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✓ Cuidado pessoal
Johnson & Werner (1988) realçam a importância da inclusão desta área no
plano de intervenção da criança, sugerindo algumas actividades:
- Treino de alimentação, estimulando a criança a comer e beber sozinha;
- Treino da higiene pessoal;
- Realização de actividades da vida diária como: pentear-se, lavar e secar as
mãos, limpar o nariz, escovar os dentes, etc.
✓ Leitura e escrita
Sampedro et al. (1997) afirmam que os mecanismos necessários para a leitura,
tanto a nível perceptivo como cognitivo, são mais lentos e incorrectos na criança com
Síndrome de Down do que nas outras crianças, uma vez que o processo perceptivo se
encontra alterado, especialmente ao nível da percepção visual e auditiva, assim como a
outros níveis, nomeadamente, associação das imagens visuais, auditivas, articulação,
motoras e gráficas, requisitos necessários para a aprendizagem da leitura e escrita.
Especificamente na área da leitura, é frequente apresentarem dificuldades em
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✓ Lógico-matemática
Sampedro et al. (1997) destacam como principais objectivos de trabalho:
- Estimular um bom desenvolvimento perceptivo;
- Tentar que a criança diferencie o mundo que a rodeia e compreenda as
relações entre os objectos;
- Estimular a aprendizagem do esquema corporal, uma vez que este se
encontra ligado às primeiras noções numéricas;
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✓ Linguagem
Quando se fala em características da criança com Síndrome de Down nesta área,
são referidas as perturbações que geralmente este revela, tanto a nível da fala
(respiração, voz, ritmo, articulação…) como a nível da linguagem propriamente dita,
que implica funções intelectuais superiores, que vão desde a estruturação do
pensamento até à intenção de comunicar.
Assim, Sampedro et al. (1997) referem que esta área apresenta características
multifactoriais que conduzem a uma complexa acção psico-educativa, sem, no entanto,
a separa das outras áeras educativas.
De acordo com Lambert citado por Sampedro et al. (1997), a intervenção na área
da linguagem deveria basear-se nos seguintes princípios: «1) iniciar desde muito cedo e
continuar a um ritmo regular; 2) envolver por completo a família da criança; 3) ser de
tipo evolutivo, isto é, usar os dados disponíveis acerca do desenvolvimento da
linguagem na criança normal» (Lambert e Rondal, 1982 cit. por Sampedro et al., 1997).
Em primeiro lugar, é importante iniciar a intervenção bastante cedo, se possível,
logo nos primeiros meses de vida da criança, com o objectivo de a sensibilizar para o
mundo sonoro e vocal e estimular as suas vivências (Sampedro et al., 1997).
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✓ Aspectos sócio-afectivos
Sampedro et al. (1997) apontam como factores positivos nesta área, e que devem
ser considerados no trabalho com a criança com Síndrome de Down, o gosto pelo
jogo, pela competição, o apego, a imaginação e o desejo de agradar e aprender. Por
outro lado, também existem obstáculos ao seu desenvolvimento tais como: a
fatigabilidade, a apatia, o curto tempo de atenção e, em algumas situações, a
teimosia.
Para as autoras, um dos objectivos primordiais na intervenção psico-educativa é
o desenvolvimento social e afectivo, que não poderá ser atingido sem uma
aprendizagem social que vai sendo adquirida num meio harmonizado, tanto no
contexto familiar como social e escolar. A criação de um clima familiar e afectivo
adequado, ira repercutir-se de forma positiva no desenvolvimento da criança, cujas
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da Criança com Síndrome de Down
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Modelos de Intervenção Psicológica e Psico-Educativa no Desenvolvimento
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✓ Imitação
Johnson & Werner (1988), consideram a imitação importante no
desenvolvimento geral da criança, pelo que a incluem no plano de intervenção,
propondo algumas actividades como:
- Responder quando alguém diz “Olha para mim!”;
- Imitar um comportamento não-verbal simples;
- Imitar movimentos feitos com boca;
- Imitar sons;
- Repetir palavras.
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Conclusão
Com a realização deste trabalho, e com base na pesquisa efectuada, penso que as
ideias chave no que se refere à intervenção com crianças com Síndrome de Down é, em
primeiro lugar um diagnóstico precoce e, posteriormente muita estimulação, que como
foi referenciado ao longo do trabalho, deverá ser realizada através de um conjunto
organizado de estímulos e exercícios adequados às capacidades da criança e à fase de
desenvolvimento em que se encontra. A estimulação deve ser iniciada nos primeiros
anos de vida para garantir à criança uma evolução tão normal quanto possível.
Os exercícios terão melhores resultados se forem incorporados na rotina da
criança e da sua família, pelo que, poderão ser aproveitados vários contextos e
actividades como, brincadeiras, passeios, músicas que a criança goste, actividades na
hora do banho ou durante a refeição, estamos constantemente a estimular a criança. Essa
estimulação tem um efeito surpreendente bom, porque é realizada com carinho e prazer.
A articulação dos pais com outros técnicos, como Médicos, Fisioterapeutas,
Terapeutas da Fala, Psicólogos, Professores e até com outros pais que tivessem passado
pela mesma situação permite ajudar não só a criança ter uma estimulação mais
adequado como ajuda os próprios pais a encarar o problema e a perceber como lidar
com o seu filho.
Os pais devem ter também consciência de que o ambiente em que a criança vive
e se desenvolve tem um papel fundamental neste processo. A relação de afecto, de
respeito e de aceitação entre pais e filhos é de extrema importância para o
desenvolvimento da criança.
Por outro lado, sabe-se que nos dias de hoje ainda se levanta a questão da
inclusão e exclusão, da intolerância e do convívio com crianças portadoras de Síndrome
de Down, pelo que, cabe-nos a nós, técnicos, desmistificar o problema e dar um
contributo para melhorar a relação de todos com o problema, a fim de acabar de vez
com os preconceitos que rodeiam estas pessoas especiais, mas que até podem levar uma
vida normal.
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Bibliografia
Robert Berkow, M. D. et al. (1999). Manual Merck – Saúde para a família (pp.
1274). Loures: Oceano Grupo Editorial (17ª ed.).
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