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Domínio  Oralidade · Compreensão do oral Fichas de trabalho 163

Transcrição do registo
Nota: Os textos apresentados correspondem à transcrição literal do discurso dos intervenientes,
caracterizando-se, nalguns casos, pelas marcas próprias da oralidade, dada a sua espontaneidade.

“As Ilhas de Darwin – Teoria da Evolução” 06 min 03 s

Recursos Paulo Santos, Thomas Dellinger, RTP Madeira, 2009

Há 150 anos, Charles Darwin apresentou ao mundo a sua teoria da evolução. Foi uma revolu-
ção das mentalidades e na forma como olhamos para a vida e para a extraordinária diversidade
biológica do nosso planeta, com milhões de espécies. Foi preciso uma viagem de cinco anos e
duas décadas de reflexão e muito trabalho para que o naturalista inglês apresentasse ao mundo
5 as suas ideias, às quais dedicou uma vida inteira e onde as ilhas ocupam um lugar importante.
[…]
Durante quase dois milénios, a explicação para a existência da natureza era encontrada no
Livro do Génesis, o primeiro dos livros da Bíblia, e era aceite. Deus tinha criado o Mundo e todos
os seres nele existentes, feitos a partir de um desenho perfeito, imutável.
Em 1809 nasceu na Grã-Bretanha um homem que viria a abalar esta crença. Mas apenas
10 cinquenta anos mais tarde, a 24 de novembro de 1859, Charles Darwin apresentaria ao mundo a
ideia de que as espécies evoluem. A teoria da evolução foi apresentada no livro A origem das Es-
pécies e mudou a forma como a ciência e a vida eram olhadas. Darwin tinha iniciado uma cadeia
de eventos que viria a abalar os fundamentos da sociedade.
A primeira edição esgotou em pouco tempo. Seguiram-se muitas outras, num livro que, ainda
15 hoje, é publicado. Darwin chamou-lhe um resumo forçado, apesar de ter cerca de quinhentas
páginas. E foi o resultado de cerca de vinte anos de um enorme trabalho de minúcia, de grande
precisão.

Paulo Santos: Mas para desenvolver uma das teorias mais revolucionárias da história da ciência,
Darwin teve uma inspiração: foi uma viagem pelo mundo a bordo do navio da marinha britâ-
20 nica HMS Beagle que mudou completamente a perspetiva do naturalista sobre a vida. Vamos
conhecer um pouco do percurso deste homem, da sua teoria e olhar com particular atenção
para a importância das ilhas.

De todas as ilhas que serviram de fonte de inspiração durante a viagem, o arquipélago das
Galápagos ocupou um lugar especial. As formas curiosas, estranhas até, dos animais e plantas
25 deslumbraram o naturalista. Na altura, estas ilhas, do outro lado do mundo, no Pacífico, a mil
quilómetros da América do Sul, eram virtualmente inatingíveis. Era outro mundo. Mas também
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as ilhas portuguesas viriam a ocupar um lugar na história desta teoria. No caso dos Açores,
Charles Darwin visitou a ilha Terceira no regresso a casa, cinco anos depois de ter partido. Ape-
sar de nunca ter estado na Madeira, Darwin tinha aqui correspondentes: naturalistas, estudiosos
30 e homens da ciência da Europa que, movidos sobretudo pela esperança de cura das suas doen-
ças, devido ao bom clima da Madeira, encontraram na exploração da natureza da ilha uma forma
de ocupar o tempo. Desta correspondência resultaram dados importantes para que Darwin for-
mulasse a sua teoria. As ilhas não impressionaram só pela paisagem, elas funcionaram como
laboratórios para observar a evolução.
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António Frias Martins: Porque é que nas ilhas se vê melhor do que no continente? Precisamente

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porque no continente, amplo como ele é, vasto como ele é, há muito mais possibilidade de vi-
sitas, de trocas, do que há nas ilhas distantes. E as ilhas distantes atuam, portanto, como la-
boratórios em que há uma grande contenção de variáveis. Há poucas variáveis, de maneira
que, quem lá chega, quem chega a estas ilhas, esquece-se do resto do mundo.
40 Thomas Dellinger: A primeira é que tem uma área restrita. Sendo uma área restrita, o número de
espécies, o número de organismos que vivem nas ilhas é reduzido, o que, logicamente, dado
os seres humanos não terem uma capacidade ilimitada, é mais fácil de estudar. A segunda
questão tem a ver com, tem a ver também com esse mesmo facto de haver menos espécies,
mas de elas permanecerem em conjunto durante algum tempo e, portanto, não serem invadi-
45 das continuamente por outras espécies oriundas de zonas circundantes, o que faz com que
tenham mais tempo de evoluir, de se adaptar e, portanto, de criarem organismos únicos que
só, normalmente, existem nessas ilhas. […]

fotocopiável

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