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SEXUALIDADE FEMININA
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Thays Bieberbach
Tabela 1: O orgasmo
Você sente vergonha de ter um orgasmo alguém? Só com alguém
pouco íntimo ou sempre?
Embora a maioria não "Sim, é embaraçoso pensar que ele está ali, me
sentisse vergonha com espiando enquanto estou completamente
um parceiro descontrolada. Também fico embaraçada
constante, uma boa quando ele fica assim."
parcela das mulheres "Sim, mas talvez seja porque aprendemos que
se sentia os movimentos convulsivos e a perda de
envergonhadas. controle do corpo são coisas feias. Talvez,
teoricamente, não sejam feios, ao contrário."
"Sim, tenho vergonha até de expressar a
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minha satisfação por qualquer coisa que ele
faz em mim. Fico especialmente envergonhada
de pedir a quantidade de estímulo que preciso
para ter um orgasmo."
Fonte: Relatório Hite, 1976, p. 102/103
CONCLUSÃO
Ao longo desse texto percebemos que apesar de todas as
tentativas de tornar o sexo algo restrito aos consultórios médicos, às
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confissões e condenado ao desaparecimento, fazendo crer que os atos
"ilícitos" só eram possíveis em locais rentáveis como a prostituição, não
tiveram o efeito esperado pelo patriarcado e sociedade da época. Foi
durante o século XX que a sexualidade passou a ser pesquisada e
divulgada à população pelas grandes mídias. O Relatório Hite usou de
depoimentos pessoais e anônimos de várias regiões dos Estados
Unidos.
Essa pesquisa marcou época nos Estados Unidos. O Relatório
Hite, revoltou muitas pessoas conservadoras e homens por dizer que as
mulheres, principalmente as casadas, não tinham orgasmos, ou sequer
sabiam o que era exatamente. O relatório exibiu um modelo de sexo
que explorava as mulheres, em que elas tinham que se submeter a tudo
o que os homens queriam, acreditando que se eles tinham prazer e se
excitavam daquela forma, as mulheres também deveriam ter as
mesmas sensações.
A revolução sexual dos anos 60 foi uma resposta às mudanças
sociais de longo prazo que afetaram a estrutura das famílias, em que o
papel da mulher passou a ser questionado. Até o final da Segunda
Guerra Mundial, acreditava-se que quanto maior a taxa de natalidade,
melhor era para a nação, mais pessoas, mais riquezas, mais forte as
forças militares, maior o número de consumidores, porém com o
surgimento da pílula anticoncepcional, esse paradigma foi quebrado.
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Com o desenvolvimento de políticas públicas e dos direitos
humanos, a família grande e numerosa deixou de ser uma reserva
econômica, quando a criança ajudava na renda, deixando de estudar e
indo trabalhar para juntar dinheiro para seus pais na velhice. Criar
uma criança era caro e ter famílias com 5, 6 filhos deixou de ser uma
preocupação. O casamento como forma de direito de propriedade,
começou a existir para “garantir” a paternidade, mas a partir do
momento que essa preocupação em ter filhos deixa de existir, o
casamento já não tem tanta importância e não é tão necessário,
permitindo dessa forma às mulheres uma liberdade sexual, porém, essa
mudança no papel da mulher na sociedade, fez com o que o status que
tinha antes, diminuísse, na medida em que ter filhos, foi deixando de
ser prioridade. Ao mesmo tempo, essa liberdade fez surgir novas
possibilidades de independência feminina. Assim como para os
escravos depois da abolição, a independência era algo mais fácil de
falar do que de se praticar. (HITE, 1976), elas não tiveram as mesmas
oportunidades de educação e emprego que os homens, isso as manteve
como dependentes deles e de uma forma mais intensa, até mesmo fora
do casamento, porque o casamento ainda mostrava uma segurança.
O movimento feminista da segunda fase nos anos de 1960 e 1970
buscou e ainda busca tornar a mulher realmente independente e livre,
potencializando a mulher.
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Quando questionamos no segundo e no terceiro capítulo se a
revolução sexual, realmente existiu é porque levantamos a questão de
que essa revolução sexual deu o direito às mulheres de fazer sexo sem
casamento e poligâmico. Porém, essa liberdade não deu de verdade
uma liberdade real para que elas pudessem explorar a sua sexualidade.
Não é possível decretar que as mulheres sejam sexualmente livres,
quando não são economicamente livres (HITE, 1976), é como colocar
as mulheres numa posição mais vulnerável, de propriedade e de fácil
acesso.
REFERÊNCIAS