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[4] Harmonia familiar 2

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Capítulo 1: Trechos do Gosho


Budismo do Sol — Iluminando o Mundo -Terceira Civilização, ed. 603, nov. 2018, p. 50-65

Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

“Prática da fé para criar a harmonia familiar” —


Fazer do nosso lar um castelo de felicidade e de
segurança
[9] Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai - Parte 1 [de 5]

Explanação

Era Ano-Novo de 1961, o primeiro após assumir como terceiro presidente da Soka Gakkai e viajar para as
Américas do Norte e do Sul pela primeira vez, abrindo, de fato, o caminho do kosen-rufu mundial — sonho
acalentado por meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. A partir de então, 55 anos
se passaram [em janeiro de 2016, quando foi publicada, na revista Daibyakurenge, a parte 9 da série
“Budismo do Sol”].

Na ocasião, por ingressarmos numa nova era em nosso movimento, reiterei aos membros as “Três
diretrizes eternas”, o testamento de Toda senseipara a Soka Gakkai. Fiz o mesmo no Gongyo de Ano-
Novo, realizado em 1962 e em 1963, e daí em diante em quase todos os anos, porque o propósito da
nossa prática budista está sintetizado nessas diretrizes.

Às três diretrizes formuladas pelo mestre, duas outras foram acrescentadas pelo discípulo. Essas
diretrizes, de cooperação mútua entre mestre e discípulo, são conhecidas como “Cinco diretrizes eternas
da Soka Gakkai”. São elas:

1. Prática da fé para criar a harmonia familiar.

2. Prática da fé para conquistar a felicidade.

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3. Prática da fé para vencer as dificuldades. 2

4. Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade.

5. Prática da fé para alcançar a vitória absoluta.

O objetivo fundamental da prática da fé

Josei Toda nos apresentou as três primeiras diretrizes inicialmente em dezembro de 1957. Ele acabara de
concretizar o objetivo de sua existência: atingir a marca de 750 mil famílias afiliadas à Soka Gakkai.
Lutando contra a saúde extremamente debilitada, chegou a essas diretrizes depois de considerar
profundamente o assunto.

Ele estava empenhado em esclarecer a conduta da prática da fé que os membros deveriam almejar para
assegurar que cada um, sem exceção, conquistasse a felicidade. Ao mesmo tempo, desejava expressar o
verdadeiro objetivo da prática da fé.

Na Reunião Nacional de Líderes da Soka Gakkai, realizada no fim de dezembro daquele ano, anunciou-
se a concretização do objetivo de 750 mil famílias junto com as “Três diretrizes eternas da Soka Gakkai”.

Daquele dia em diante, os membros gravaram-nas profundamente no coração e avançaram no


movimento pelo kosen-rufu, ultrapassando todas as espécies de adversidades e desafios ao longo do
caminho.

Décadas depois, em dezembro de 2003, propus o acréscimo de duas novas diretrizes para o futuro do
kosen-rufu no século 21.

Hoje, nesta gloriosa nova era do kosen-rufu mundial, entramos numa etapa importante na qual a Soka
Gakkai avança a passos largos como religião mundial. É hora de renovarmos nosso juramento de
propagar amplamente a Lei Mística no mundo todo, isto é, de promover o kosen-rufu mundial.

A partir desta introdução, gostaria que estudássemos juntos cada uma das “Cinco diretrizes eternas da
SGI”, adotando como referência os escritos de Nichiren Daishonin e as orientações do presidente Josei
Toda. Desejo fazer isso como se estivesse num diálogo descontraído com meus jovens sucessores
sentados à minha volta.

Trecho do escrito 1

Carta para os Irmãos

Em todos os assuntos seculares, é dever dos filhos obedecer aos pais. No entanto, no caminho
para o estado de buda, a desobediência aos pais indica, em essência, a devoção filial. (CEND, v. I,
p. 521)

A família como espaço no qual cada integrante cresce e cria valor

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Gosto muito da ideia da família como espaço no qual cada integrante pode crescer e criar valor. A família 3
é um polo de segurança e de esperança tão necessárias na vida. É uma fortaleza de felicidade e de paz;
um ambiente para renovar a energia da vida todos os dias. É uma relação criativa que propicia avanço e
plena realização; um castelo de harmonia e crescimento.

Mesmo que seus integrantes vivam longe uns dos outros, família é sempre família. Nichiren Daishonin
valorizava muito sua mãe. Num de seus escritos, ele expressa arrependimento por não ter dado ouvidos
ao que ela dizia.[1]

Família é tema central e recorrente nos escritos de Nichiren Daishonin. Por essa razão, “Prática da fé
para criar a harmonia familiar” é a primeira das cinco diretrizes.

Toda sensei declarou:

A família é a base da sociedade. E a prática da fé para criar a harmonia familiar é fonte de energia para a
construção de uma família sólida. Essa fé é condição indispensável para a felicidade de cada família e
para a prosperidade da sociedade como um todo.

A família e o lar são o alicerce de comunidades e sociedades prósperas. O crescimento de cada membro
da família, tendo como base o respeito e o encorajamento mútuos nessa menor unidade social, que leva à
construção de um mundo harmonioso, constitui o ponto de partida para a paz.

Como concretizar a harmonia familiar, que representa um modelo em miniatura da paz mundial?

Em primeiro lugar, devemos nos esforçar para sermos pessoas alegres e radiantes como o “sol do lar”,
cuja presença envolva todos os familiares com a luz da compaixão.

Em segundo, precisamos nos respeitar mutuamente, reconhecendo que os vínculos familiares entre pais
e filhos ou entre cônjuges e parceiros consistem em laços cármicos que se estendem pelas “três
existências” — passado, presente e futuro.

Em terceiro, devemos prestar uma contribuição positiva à sociedade e trabalhar para desenvolver
sucessores que também façam o mesmo.

Na sequência, gostaria de confirmar esses três pontos.

A verdadeira devoção filial

Nichiren Daishonin sempre demonstrava consideração pelos familiares de seus discípulos — como Shijo
Kingo, Toki Jonin, Abutsu-bo e a monja leiga de Ueno — e lhes orientava para que construíssem uma
família harmoniosa.

Além disso, seguindo o conselho de Daishonin, os irmãos Ikegami — Munenaka e Munenaga — e seus
familiares superaram adversidades, demonstrando uma magnífica prova da “Prática da fé para criar a
harmonia familiar”.

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O pai dos irmãos se opunha à fé deles no Sutra do Lótus e chegou até a deserdar o primogênito, 4
Munenaka. Em Carta para os Irmãos, Daishonin o incentiva fortemente em relação à sua deserdação.
Dessa forma, instruindo-o sobre a verdadeira forma da devoção filial, ele escreve:

“Em todos os assuntos seculares, é dever dos filhos obedecer aos pais. No entanto, no caminho para o
estado de buda, a desobediência aos pais indica, em essência, a devoção filial”[2] (CEND, v. I, p. 521).

Ele está dizendo que ouvir os pais e tranquilizá-los é, sem dúvida, um ato de devoção filial. Porém, no que
se refere a atingir o estado de buda, perseverar nesse caminho sem hesitar, mesmo sob oposição dos
pais, é a mais suprema forma de devoção filial.

Naturalmente, não se deve contrariar os pais sem necessidade.

Daishonin descreve que Shakyamuni, ao desobedecer a seu pai, o rei Shuddhodana, deixando o palácio
e abandonando a realeza para buscar a iluminação, ele estava na realidade trilhando o verdadeiro
caminho para saldar as dívidas de gratidão com seu pai (cf. CEND, v. I, p. 521). Não se trata de escolher
entre devoção filial e prática da fé. Daishonin nos ensina que o ato de abraçar continuamente a Lei
Mística, que assegura a iluminação para todas as pessoas, possibilita abrir, sem falta, o caminho da
verdadeira devoção filial.

Acervo Puro e Visão Pura: uma história do Sutra do Lótus sobre harmonia familiar

No escrito Carta para os Irmãos, Daishonin cita um exemplo de harmonia familiar registrado no Sutra do
Lótus: a história dos irmãos Acervo Puro e Visão Pura (cf. LSOC, cap. 27, p. 353-357).

Acervo Puro e Visão Pura, além da mãe, Virtude Pura, abraçaram os ensinamentos do Buda, mas o pai, o
rei Adorno Magnífico, era ferrenho seguidor de doutrinas não budistas.

Ao tomarem conhecimento do desejo do Buda de que o pai aceitasse os ensinamentos dele e, desse
modo, salvasse o reino, os irmãos primeiro conversaram com a mãe. Então, seguindo o conselho dela,
realizaram vários tipos de prodígios sobrenaturais diante do pai, que se extasiou com o que lhe foi
mostrado e decidiu assistir à pregação do mestre deles, o Buda.

Os “prodígios sobrenaturais” mencionados nessa história não são propriamente atos transcendentais,
mas uma metáfora para o crescimento dos irmãos como seres humanos — nos dias de hoje
correspondem à expressão da revolução humana deles.

Toda sensei costumava citar essa história para incentivar os jovens cujos pais não eram membros da
Soka Gakkai:

Não há necessidade de ter pressa e começar a explanar os princípios do budismo aos familiares. Mesmo
que leve tempo, primeiro se esforce para ser excelente pessoa e possa tranquilizar os pais. Desejo que se
tornem pessoas que realmente prezem, respeitem e estimem os pais.

Quando comecei a praticar o Budismo de Nichiren Daishonin aos 19 anos, meu pai se opôs

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veementemente à minha decisão. Foi muito difícil para minha mãe, que serviu de intermediária em nossa 5
relação. Por experiência própria, compreendo muito bem como pode ser difícil a situação daqueles cujos
familiares não praticam.

Com base nisso, gostaria de lhes recomendar que não caiam no sentimentalismo com discussões sobre a
sua fé nem tenham pressa de levar a família a praticar.

Como Daishonin apontou, mesmo que você seja a única pessoa da família a manter a fé na Lei Mística,
seus esforços para continuar avançando diligentemente no caminho para atingir o estado de buda
compõem a maneira genuína de respeitar e ajudar seus familiares.

Como praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin, devemos cuidar dos familiares e estimá-los. É
importante que realizemos nossa revolução humana e nos convertemos em fonte de luz capaz de
transmitir o brilho da esperança a todos.

O caminho direto para a construção da harmonia familiar é cada qual se tornar o radiante “sol da família”.

Trecho do escrito 2

Resposta à Honorável Konichi

A honorável Konichi, movida pelo grande afeto que devotava a seu filho, tornou-se praticante do
Sutra do Lótus. Tanto a mãe como o filho infalivelmente seguirão para o Pico da Águia.[3] Que
felicidade imensa será o momento do reencontro de vocês! Que felicidade imensa será! (cf. WND,
v. II, p. 964)

A família na órbita da eterna felicidade

O Budismo de Nichiren Daishonin é uma religião em prol do ser humano. É a filosofia da esperança capaz
de conduzir a família à órbita da eterna felicidade, fazendo-a superar todo o tipo de tristeza da vida e da
morte.

A morte é inevitável para todas as pessoas, e não há como escapar da dor de perder entes queridos.

Nichiren Daishonin se esforçava ao máximo para confortar os discípulos que estivessem sofrendo pela
perda de um filho, apoiando-os e encorajando-os sinceramente por muitos anos.

Uma dessas pessoas foi a monja leiga Konichi, que morava na província de Awa (atual região sul da
província de Chiba). Konichi tinha um filho chamado Yashiro, fervoroso discípulo de Daishonin e muito
dedicado à mãe. Numa de suas cartas, Daishonin diz à monja leiga que se lembra claramente de ter se
encontrado com Yashiro e ficou impressionado com o belo aspecto e o caráter honesto dele (cf. CEND, v.
I, p. 691-692).[4]

Yashiro era samurai e, por algum motivo não mencionado, falecera no sexto mês de 1274. A monja leiga
Konichi, por ter perdido o marido, devia estar inconsolável após a morte do amado filho.

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O falecido filho conduz os pais ao estado de buda 6

Nichiren Daishonin recebeu a notícia da morte de Yashiro por meio de uma carta da monja leiga Konichi
em 1276, cerca de dois anos depois de ter se encontrado com ele. Daishonin respondeu que “É realmente
triste para uma mãe de idade avançada ser precedida na morte pelo filho! A senhora deve estar muito
ressentida com os deuses e budas” (CEND, v. I, p. 692), solidariza-se com a perda dela e compartilha do
seu sofrimento.

Então, ele a incentiva de todo o coração:

Mesmo que seu falecido filho, Yashiro, tenha cometido más ações [enquanto guerreiro], se a senhora, a
mãe que o trouxe à luz, expressar seu sofrimento e orar por ele dia e noite na presença do buda
Shakyamuni, como ele poderia não ser salvo? Além do mais, por ele ter acreditado no Sutra do Lótus,
pode ser que seja ele quem conduzirá os próprios pais ao estado de buda (cf. CEND, v. I, p. 694).

Nichiren Daishonin declara que, como a mãe e o filho abraçam o Sutra do Lótus, o ensinamento da
iluminação universal, com certeza atingirão o estado de buda.

As palavras dele devem ter sido fonte de coragem para a monja leiga Konichi, habilitando-a a viver com
otimismo e a se empenhar na prática budista com devoção ainda maior. Ganhando nova vitalidade por
meio da prática da Lei Mística, ela empreendeu esplêndida transformação do destino.

O Budismo de Nichiren Daishonin proporciona alegria tanto em vida como na morte

Em outra carta, intitulada Reposta à Honorável Konichi, escrita por Daishonin em 1281, ele louva a
destinatária referindo-se a ela como a “Honorável Konichi”. Daishonin afirma: “A Honorável Konichi,
movida pelo grande afeto que devotava a seu filho, tornou-se devota do Sutra do Lótus” (cf. WND, v. II, p.
964). Por intermédio de suas orações e da prática para que seu filho atingisse o estado de buda, a monja
leiga Konichi se tornara uma extraordinária devota do Sutra do Lótus.

Nichiren Daishonin também expressa nessa carta: “Tanto a mãe como o filho infalivelmente seguirão para
o Pico da Águia” (WND, v. II, p. 964). Ele enaltece a fé vitoriosa da mãe e do filho, imaginando o feliz
reencontro que eles seguramente vivenciarão.

Perder um ente querido é, de fato, algo triste e doloroso. Embora muitas vezes possamos compreender
racionalmente, leva um tempo até nosso sentimento e nossas emoções aceitarem a realidade.

O tempo que cada um necessita para aceitar a morte de um ente querido varia de pessoa para pessoa.
Nichiren Daishonin ensina que devemos recitar Nam-myoho-renge-kyo em memória do falecido, o
máximo possível, até acalmar nosso coração.[5]

Podemos perder um familiar em virtude de alguma doença ou, ainda mais bruscamente, num acidente ou
desastre natural. Entretanto, todos os que morrem durante sua jornada em prol do kosen-rufu com certeza
transformam o destino nesta existência e partem serenamente rumo ao Pico da Águia. E mesmo as

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pessoas que não praticavam o Budismo de Nichiren Daishonin serão abarcadas pela recitação do 7
daimoku dos familiares.

O budismo ensina a unicidade da vida e da morte. Daishonin nos garante que os familiares unidos pelos
laços da Lei Mística se encontrarão novamente após a morte (cf. WND, v. I, p. 1074).[6]

Da perspectiva do Budismo Nichiren, de alegria tanto em vida como na morte, com certeza podemos
manifestar elevada condição de harmonia [familiar] tanto em vida como na morte.

Trecho do escrito 3

Oferecimentos em meio à Neve

Dizem que Ueno [Nanjo Hyoe Shichiro], seu falecido pai, era um homem de grande sensibilidade.
Como você [Nanjo Tokimitsu] é filho dele, talvez tenha herdado as qualidades extraordinárias do
seu pai. O azul é mais azul que o anil, e o gelo é mais frio que a água. Quão gratificante! Quão
gratificante! (WND, v. II, p. 809)

Criar sucessores da fé é a missão da família

A terceira condição primordial para criar a harmonia é ser uma família aberta ao mundo, prestando
contribuição positiva para a sociedade e desenvolvendo, para o futuro, valorosos seres humanos
capazes.

Hoje, na nova era do kosen-rufu mundial, uma multidão de “valores humanos” com nova força e
habilidade está surgindo no mundo todo. Ao mesmo tempo, membros da segunda, terceira e quarta
gerações, que herdaram a fé diretamente dos pais e avós agora estão se desenvolvendo de maneira
esplêndida no âmbito do kosen-rufu.

À medida que nos aproximamos do centenário de fundação da Soka Gakkai (em 2030), o fator mais
crucial na construção de uma base sólida e duradoura para o kosen-rufu é a transmissão da fé de uma
geração para a seguinte dentro da família.

Na época de Nichiren Daishonin, houve discípulos exemplares que herdaram corretamente a fé dos seus
pais e deram continuidade a ela, equivalentes aos membros da Divisão dos Estudantes, que crescem, se
desenvolvem e se tornam excelentes integrantes da Divisão dos Jovens dos dias de hoje. No topo dessa
lista está Nanjo Tokimitsu.[7]

Tanto Tokimitsu como seu pai, Nanjo Hyoe Shichiro,[8] e sua mãe, a monja leiga de Ueno, foram
discípulos que receberam orientações de Daishonin em épocas de dificuldade e as puseram em prática
na vida.

Originalmente, Hyoe Shichiro foi praticante dos ensinamentos da [escola] Terra Pura (Nembutsu), mas se
converteu à fé no Sutra do Lótus após um provável encontro com Nichiren Daishonin. Hyoe Shichiro

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contraiu uma grave doença, porém se manteve firme na fé e teve uma morte serena. Conforme Daishonin 8
descreve, “Ele (...) atingiu o estado de buda exatamente como ele era” (CEND, v. I, p. 479) e “encerrou
sua vida no estado de espírito de um verdadeiro seguidor [literalmente, tinha uma mente correta e firme
no momento da morte]” (cf. WND, v, II, p. 499).

O louvor ao aspecto de “azul mais azul que o índigo” de Tokimitsu

Empregando a metáfora “o azul é mais azul que o índigo” (WND, v. II, p. 809), Nichiren Daishonin escreve
uma carta a Tokimitsu: “Dizem que Ueno [Nanjo Hyoe Shichiro], seu falecido pai, era um homem de
grande sensibilidade. Como você [Nanjo Tokimitsu] é filho dele, talvez tenha herdado as qualidades
extraordinárias do seu pai” (Ibidem).

Tokimitsu estava com 7 anos quando seu pai faleceu [foi também nessa ocasião que ele se encontrou
com Daishonin pela primeira vez]. Posteriormente, ele se tornou chefe de sua família e administrador da
área local, herdando também dos pais a fé e a prática do Budismo de Nichiren Daishonin.

Quando Nichiren Daishonin fixou residência no Monte Minobu em 1274, Tokimitsu, na época um jovem
admirável de 16 anos, se encontrou novamente com ele. O jovem causou uma forte impressão em
Daishonin, conforme mostra outra carta [Resposta a Ueno]: “Não apenas tem uma perfeita semelhança
[com seu pai], mas até o coração é igual ao dele” (WND, v. II, p. 495).

Na carta Oferecimentos em meio à Neve, redigida em 1279, Daishonin emprega a metáfora do “o azul é
mais azul que o índigo” (Ibidem, p. 809) para expressar sua alegria pelo fato de Tokimitsu ter se tornado
excelente rapaz como sucessor do pai e por seguir firmemente os passos dele no caminho da fé.

As filhas abrem o portal

Evidentemente, a mãe de Tokimitsu, a monja leiga de Ueno, desempenhou papel relevante na evolução
do jovem como firme praticante. Nichiren Daishonin a incentivou em várias ocasiões. Ela superou a dor da
morte do marido e, atuando como esteio da família, se empenhava na prática budista com os filhos.

A julgar pela Carta de Condolências enviada por Nichiren Daishonin, aparentemente a monja leiga de
Ueno tinha muitos filhos (cf. WND, v. II, p. 887).[9] Uma de suas filhas, Ren’ani, era esposa de Niida
Shigetsuna[10] e mãe de Nichimoku Shonin [terceiro sumo prelado]; e a outra era esposa de Ishikawa no
Hyoe.[11] Essas filhas, que se casaram com homens de famílias de outras regiões, prosseguiram na
prática da fé em seu respectivo lar.

Na carta enviada a Tokimitsu, Daishonin comenta: “As filhas abrem o portal [de outra família] e os filhos
herdam o lar [onde nasceram]” (WND, v. II, p. 884). A missão das mulheres que herdam a fé no Budismo
de Nichiren Daishonin é abrir o portal da felicidade para sua família, o portal da prosperidade para sua
comunidade e o portal da vitória para o kosen-rufu.

É uma evidência da importância cada vez maior da missão de nossas dedicadas integrantes da Divisão
Feminina de Jovens — as Ikeda Kayo Kai — nesta nova era do kosen-rufumundial. Soube que alegres

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reuniões em pequenos grupos serão realizadas por todo o Japão em janeiro. Minha esposa e eu estamos 9
orando para que nossas jovens sigam em frente com esperança e otimismo, apoiando-se e incentivando-
se mutuamente, como autênticas componentes da Divisão Feminina de Jovens.

De qualquer modo, não seria exagero afirmar que a chave para a harmonia familiar reside no drama da
sucessão da prática da fé dos pais para os filhos. Por isso, Toda senseiencorajava insistentemente os
pais a criar os filhos nos jardins da Soka Gakkai.

Participar de reuniões da SGI juntos, como família, é extremamente significativo. Mesmo que as crianças
não as entendam totalmente, a oportunidade de vivenciar diretamente o espírito da fé constitui uma força
poderosa para ajudá-las a criar uma forte ligação com o Budismo Nichiren. Em especial, todos aqueles
que oferecem apoio à Divisão dos Estudantes desempenham papel genuinamente nobre e admirável de
“bons amigos”, ou influências positivas.

Os pais precisam acreditar no potencial dos filhos. Eles são bodisatvas da terra que prometeram realizar o
kosen-rufu mundial nos Últimos Dias da Lei. Certamente chegará o dia em que eles se levantarão,
despertando para essa missão.

Orar pelo desenvolvimento dos filhos, jamais desistindo deles, é um teste da fé dos pais.

A filosofia sobre “harmonia” do Budismo Nichiren é a esperança da humanidade

A “Prática da fé para criar a harmonia familiar” é a mais fundamental das “Cinco diretrizes eternas da
Soka Gakkai”. Os esforços para manifestar esse tipo de fé compõem a essência da prática budista, e
também consistem no caminho infalível para a concretização do kosen-rufu.

Cultivamos forte compaixão pelo próximo ao nos dedicarmos juntos, como família, para desenvolver a fé
que cria a harmonia. Se formos capazes de ter compaixão por nossos pais, conseguiremos sentir
compaixão pelos outros também.

Muitas pessoas moram sozinhas ou não são casadas. Alguns casais não possuem filhos. Também há
famílias de pai ou mãe solteiros. Existem famílias de todos os formatos e tamanhos.

Contudo, pertencemos à família Soka. Estamos ligados pelo laço de vida mais profundo e belo de todos
— nosso juramento seigan do “tempo sem início”. Em nossa família de criação de valor, um compartilha
os sofrimentos com o outro. Os membros se unem para superar as dificuldades, enaltecem o crescimento
um do outro e se estimam. Transformam queixas em oração, críticas em incentivos e dividem alegrias e
tristezas. São a fonte de esperança para a mudança de nossa localidade e comunidade. A construção de
famílias genuinamente harmoniosas é a chave da construção de uma sociedade de fato pacífica.

Um fluxo constante de famílias harmoniosas da Lei Mística resplandece no mundo. É delas que a rede de
laços de amizade, harmonia e paz se expande para milhões e dezenas de milhões de pessoas. Uma
revolução positiva na família acarretará diretamente a mudança do destino da humanidade.

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Por meio da comprovação da “harmonia familiar”, está surgindo em todas as partes do nosso planeta o10
oásis da vida que proporciona paz e segurança na sociedade.

As famílias harmoniosas de membros da SGI são o sol da esperança de uma religião em prol da
humanidade.

(Daibyakurenge, edição de janeiro de 2016)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI

Capítulo 2: Trechos da Nova Revolução Humana


NRH, cap. “Tempestade Primaveril”, v. 4, p. 21

— Meu marido não pôde vir hoje, está viajando a serviço...

Essa senhora morava em Towada e o distrito ficava em Hachinohe. A nova responsabilidade como líder
poderia tornar-se uma considerável sobrecarga. Por isso, Shin’ichi havia pensado em, se possível,
encontrar-se também com o marido dela, explicar-lhe a situação e pedir seu apoio e compreensão.

Na manhã seguinte, Aiko Kasayama e algumas integrantes da Divisão Feminina foram se encontrar com
Shin’ichi na hospedaria. Ao vê-lo, Kasayama disse:

— É sobre o meu marido que gostaria de falar.

O marido dela recitava o gongyo e também a apoiava nas atividades, mas devido ao trabalho, que
ocupava todo o seu tempo, dificilmente participava de alguma reunião. Certa vez, um líder da Divisão
Sênior da localidade disse-lhe: “O seu marido não participa das atividades. Nós o chamamos de
‘bodisatva solitário’. Desse jeito não vale nada”.

O “bodisatva solitário” era uma referência àqueles que surgiram sozinhos, sem seguidores, cuja aparição
é descrita no capítulo “Emergindo da Terra” do Sutra do Lótus. Apesar de surgir de forma isolada, eles
não deixavam de ser bodisatvas da terra. Contudo, aquelas palavras ficaram marcadas em sua mente,
transformando-se numa preocupação de que seu marido não conseguiria tornar-se feliz.

— O senhor acha que meu marido é mesmo um “bodisatva solitário”? Será que ele não presta para nada?
— perguntou Kasayama com uma expressão tensa. Shin’ichi respondeu sorrindo:

— Não há com o que se preocupar. Fique tranquila. Seu marido a apoia nas atividades da organização e
ainda recita o gongyo todos os dias. Ele é um admirável bodisatva da terra. Com o tempo, com certeza,
também virá a participar das atividades. Por favor, transmita a minha seguinte recomendação a ele: “Sei
que causaremos muitos incômodos, mas desejo contar com o seu apoio e compreensão”.

Visivelmente mais tranquila, seu rosto ficou mais rosado. Uma única palavra pode preocupar as pessoas
e magoá-las. E pode também proporcionar tranquilidade e encorajamentos. Por isso, a escolha das

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palavras é muito importante. Falar ponderadamente, atentos às que usamos, é uma mostra da11
profundidade de nossa consideração. Os verdadeiros emissários do Buda dizem verdadeiras palavras de
esperança, coragem, incentivos aos seus companheiros, encaminhando-os a se aprofundarem na prática
budista.

NRH, cap. “Triunfo”, v. 4, p. 93

— O meu filho não quer praticar, por mais que eu insista. O que devo fazer?

— A senhora também demorou a praticar e somente começou numa idade avançada. Não é necessário
ter pressa nem insistir demasiadamente. A senhora, como mãe, deve em primeiro lugar dedicar-se
assiduamente na prática da fé demonstrando mesmo tempo um modo de vida exemplar. Se a senhora
viver sempre alegre e radiantemente, sem se deixar derrotar por nada, e se relacionar com a família com
carinho e dedicação, o seu filho começará a compreender a prática budista. Em conclusão, é o
comportamento como mãe e como ser humano que motiva a conversão dos familiares. Se a senhora se
tornar alvo do orgulho de seu filho, ele virá a praticar mesmo que a senhora não insista.

Apesar do pouco tempo, Shin’ichi dedicou toda a sua atenção em esclarecer as perguntas e incentivar os
participantes do diálogo.

NRH, cap. “Pacificação da Terra”, v. 4, p. 188

— A questão de “devotar a própria vida ao budismo” deve ser entendida nos tempos atuais como viver
com a determinação de que o kosen-rufué o propósito fundamental da vida. Esse é o significado de
oferecer a vida ao budismo. Uma vez que você é um componente da Gakkai e tem o kosen-rufucomo
objetivo básico de sua vida, é importante que se torne o melhor funcionário no local de trabalho. Se for
derrotado na profissão, não poderá comprovar a grandeza do budismo e ninguém desejará abraçar a fé.
Pelas mesmas razões deve se esforçar para criar uma vida familiar feliz e harmoniosa e também cuidar
da saúde. Portanto, viver uma existência dedicada ao kosen-rufusignifica se tornar uma pessoa feliz,
vitoriosa na sociedade.

NRH, cap. “Expansão”, v. 8, p. 56

A maioria pensava que os benefícios eram apenas do tipo conspícuo, que todos percebem em pouco
tempo. Por isso mesmo, ouviram atentamente as explicações de Shin’ichi, o qual falou sobre os dois tipos
de benefícios justamente para que estabelecessem uma visão correta sobre a prática budista.

— Em outras palavras, os benefícios inconspícuos referem-se ao ato de estabelecer uma indestrutível


condição de felicidade ao evidenciar a energia vital e a sabedoria com base na prática diária, polindo ao
mesmo tempo o próprio caráter e realizando a revolução humana. Por essa razão, espero que todos
aprimorem sua vida vivendo em prol do kosen-rufu juntamente com a Soka Gakkai da mesma forma como
uma árvore estende suas raízes com toda a perseverança para alcançar um frondoso crescimento. Se os
senhores persistirem na prática por dez, vinte ou trinta anos, conquistarão, com toda a certeza, uma vida

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de felicidade nunca antes imaginada. 12

Na sequência, Shin’ichi referiu-se às três diretrizes eternas da [Soka] Gakkai sobre a prática da fé.

— O presidente Josei Toda definiu os propósitos da prática da fé nas seguintes diretrizes: prática da fé
para criar a harmonia familiar; prática da fé para conquistar a felicidade; e prática da fé para vencer as
dificuldades. Nós falamos sobre o kosen-rufu como um movimento a ser promovido na sociedade, mas
seu verdadeiro eixo encontra-se em nosso lar, na família. A prova mais convincente para desenvolver o
kosen-rufu é a felicidade que estabelecemos em casa. E é essa felicidade que sustentará a nossa
convicção diante de qualquer pessoa. Portanto, embora o kosen-rufu e a propagação do budismo sejam
promovidos para o bem de outras pessoas, são na verdade para nosso próprio bem, para nossa própria
felicidade. Entretanto, devemos estar conscientes de que, para conquistar a felicidade, é preciso vencer
os obstáculos e as maldades que fazem parte da prática deste budismo. Se não houver essa luta, não
poderemos aprimorar o nosso caráter nem cultivar a capacidade para sustentar a felicidade. A luta
contínua contra os obstáculos e maldades nos torna fortes, faz com que evidenciemos uma vigorosa
energia vital e nos proporciona vitalidade para voar em direção à felicidade. Quero dizer a todos que a
felicidade deve ser conquistada por nós mesmos, sem esperar que os outros nos façam felizes. Não será
o governo e a política que proporcionarão a nossa felicidade. Ela depende unicamente da nossa
determinação e do fervor da nossa prática. Espero que os senhores abram valentemente o caminho para
a suprema felicidade.

NRH, cap. “Jovens Herdeiros”, v. 9, p. 88

Com a conversão do padrasto, sua casa começou a ser frequentada por muitos membros e os rapazes
tentavam convencê-lo sobre a prática do budismo. Ele se manteve resistente no começo; porém, ao sentir
que era tratado de igual para igual e ao perceber a seriedade com que falavam da prática budista, de
quanto era maravilhosa, acabou abrindo o coração.

Sua mãe estava inclinada a praticar o budismo, mas desejava converter-se junto com o filho. Quando
soube desse sentimento, Masaya resolveu abraçar o budismo para contentar a mãe. Embora fosse
revoltado, tinha no fundo um bom coração.

Logo depois da conversão, Masaya não conseguia empenhar-se na prática da fé. Porém, mantinha um
frequente diálogo com o padrasto a respeito do budismo, e isso criou entre os dois um relacionamento
mais íntimo.

Certa ocasião, o padrasto disse-lhe:

— Eu sinto agora quanto foi importante ter abraçado o budismo. Para falar a verdade, o motivo de minha
conversão foi criar uma família harmoniosa em que nós dois pudéssemos conviver verdadeiramente como
pai e filho.

Ao ouvir essa confissão, Masaya ficou emocionado; os olhos encheram-se de lágrimas. Desde então, o
convívio familiar tornou-se íntimo e harmonioso.

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NRH, cap. “Alto-Mar”, v. 22, p. 212 13

As primeiras palavras que saíram de sua boca expressavam preocupação pelos pais e familiares delas:

— Se houver alguma de vocês cujos pais ou familiares estejam doentes, por favor, permaneça após a
reunião. Gostaria de incentivá-la. Cuidem bem de seus pais e zelem por eles. Essa é a maneira
genuinamente humana de se comportar.

O budismo ensina a postura correta de se viver — o verdadeiro caminho da vida humana.

Em seguida, Shin’ichi disse frisou:

— O Budismo Nichiren nos habilita a transformar nosso carma, realizar a revolução humana e contribuir
para a construção de uma sociedade melhor. A única forma de estabelecer um estado de felicidade
indestrutível para si e para os outros e concretizar a paz duradoura para todos consiste em promover o
kosen-rufu, compartilhando este budismo com as outras pessoas. O kosen-rufu é o juramento de Nichiren
Daishonin e o juramento seiganda Soka Gakkai, que avança em perfeita consonância com o espírito de
Nichiren Daishonin.

NRH, cap. “Luz da Felicidade”, v. 25, p. 35-36

— Conheço-o muito bem. Sua família tem uma frutaria em Shinagawa, não é verdade? Visitei sua casa
uma vez. Creio que cerca de quatro anos atrás — afirmou Shin’ichi.

— Sim! O senhor nos visitou.

Em abril de 1973, Shin’ichi visitou a família para incentivar Otsuku, sua esposa e seus pais.

Shin’ichi disse aos membros da reunião:

— Se pudesse, gostaria de visitar a casa de cada um de vocês, fazer gongyoe conversar com vocês.
Gostaria especialmente de visitar aqueles com vários problemas, abraçá-los e encorajá-los de coração.
Os membros são preciosos seguidores do Buda. Embora não disponha de tempo para realizar isso
efetivamente, é meu sincero desejo. Esse tem sido o propósito de todos os nossos presidentes, desde
Makiguchi sensei. Quando os jovens não conseguiam convencer os pais a praticar este budismo,
buscavam orientações de Makiguchi sensei. Ele dizia: “Ensinar a verdadeira Lei é o maior bem que
podem fazer aos pais. O simples desejo de fazer isso é, em si, muito nobre. Permita-me visitá-lo”. E
expressando-se desse modo, viajava a todos os cantos do Japão. Em 1942, um ano antes de ser preso
em decorrência da repressão exercida pelas autoridades militares, Makiguchi sensei esteve em Koriyama
e Nihonmatsu, aqui na província de Fukushima, para visitar os pais de dois membros. Depois de dialogar
com eles, os pais de ambos abraçaram a prática budista e ingressaram na Soka Gakkai. Naquela época o
percurso de trem da Estação Ueno de Tóquio até Koriyama demorava aproximadamente seis horas.
Makiguchi sensei já estava com 71 anos na ocasião. Ele também foi a Yame, na província de Fukuoka, a
pedido de um rapaz, para falar sobre o budismo à família. A viagem de trem, na terceira classe com

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assento de madeira, levava mais de um dia. São essas atitudes de apoio sincero e de todo coração que14
estimulam os jovens.

Na primavera de 1939, o presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, visitou um casal
que morava em Yame, província de Fukuoka. O filho deles e o irmão mais novo do marido, que residam
em Tóquio, solicitaram a Makiguchi que os incentivasse a se tornar membros.

O presidente Makiguchi conversou com calma e pacientemente com o casal. Ouvindo sua exposição
lógica, bem organizada e determinada, eles decidiram se converter. Makiguchi sensei disse na ocasião:
“À luz dos ensinamentos do budismo, o fato de terem aceitado o Gohonzon significa que, no futuro, todas
as pessoas de Kyushu serão libertadas da miséria. Nichiren Daishonin afirma: ‘No início, somente
Nichiren recitou o Nam-myoho-renge-kyo, mas depois, duas, três, cem pessoas o seguiram, recitando e
ensinando aos outros. Assim também será a propagação no futuro’ (CEND, v. I, p. 404). Se vocês
olharem para o Gohonzon e recitarem Nam-myoho-renge-kyo, infalivelmente surgirão em Kyushu duas,
três, cem pessoas que virão a abraçar o Gohonzon, em consonância com o princípio de ‘emergir da terra’.

Ele acrescentou ainda: “Recitar Nam-myoho-renge-kyo é a prática para si e para os outros; não deve
recitar por si só, mas também ensinar outros a fazer o mesmo. Isso é importante. Se realizarem a prática
para si e para os outros, conseguirão superar todos os seus problemas”.

NRH, cap. “Espírito de Procura”, v. 27, p. 317-318

Então, Shin’ichi Yamamoto citou a história familiar de uma líder da Divisão Feminina cujo marido não
convertido há muitos anos decidiu iniciou a prática quando se deparou com uma doença. Com esse
exemplo, ele enfatizou a fé para conquistar a harmonia familiar:

— Se a pessoa que pratica este budismo continuar orando com toda a sinceridade, infalivelmente chegará
o dia em que seus familiares não convertidos também abraçarão a fé. Não é necessário se afobarem.
Naturalmente, o ideal seria que todos da família tivessem uma forte fé, mas deve haver muitos casos em
que o marido ou a esposa ainda não são convertidos. Podem existir pessoas que praticam sozinhas
dentro da família e se dedicam arduamente. Pode haver líderes que se sintam constrangidos ou
envergonhados porque seus filhos não se empenham nas atividades. E, nessa situação, pode haver
membros que observam tais líderes com censura e rigorosidade. Contudo, não devem ser derrotados!
Não devem sentir vergonha de nada. Tudo possui um profundo significado. O importante é orar
firmemente e esforçar-se com toda a seriedade, todos os dias, para que os filhos se tornem dedicados
praticantes e sejam felizes. Será algo muito mais preocupante se perderem a convicção na fé e se
desanimarem por questões relacionadas aos filhos, distanciando-se das atividades da Soka Gakkai, pois
esse é um aspecto de derrota para as maldades. Independentemente do que acontecer, não se deixem
esmorecer ou se abater por nada. Evidenciem a grandiosa energia vital ao máximo e lutem repletos de
coragem e orgulho. E incentivando afetuosamente os membros das gerações mais novas ao seu redor,
dediquem-se de corpo e alma para desenvolvê-los! Em meio a uma grande navegação em alto-mar
existem tempestades e ondas bravias. Na vida de uma pessoa, acontece o mesmo. Ainda que venham a

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se tornar líderes da Soka Gakkai, vão se deparar com vários tipos de adversidades em sua vida. Pode ser15
que venham a travar uma contínua batalha contra a maldade da doença ou sofram com o desemprego,
com o fracasso nos negócios ou com a desarmonia familiar. Pelo fato de os seres humanos não
conseguirem escapar dos “quatro sofrimentos” e “oito sofrimentos”, viver, em si, significa uma “batalha
contra os sofrimentos e as dificuldades”. Por isso, o fato de possuir diversos sofrimentos não é nada
vergonhoso. Basta que sejam autênticos, com todos os sofrimentos e angústias, despojados de quaisquer
adornos. O importante é possuir uma força inabalável para não recuar e nem ser derrotado por nada. É
avançar corajosamente pelo grande caminho do kosen-rufu com toda a disposição, determinado a
transformar seu destino.

Notas:

[1] Nichiren Daishonin escreve: “Quando minha mãe ainda era viva, contrariei muito as palavras dela.
Agora que ela me precedeu na morte, não posso deixar de sentir um profundo arrependimento” (WND, v.
II, p. 898).

[2] Daishonin afirma: “Quando Aquele que Assim Chega Shakyamuni era príncipe, seu pai, o rei
Shuddhodana, não podia suportar a ideia de perder seu único herdeiro e, por essa razão, não permitiu
que o príncipe renunciasse ao trono. O rei manteve dois mil soldados em guarda nos quatro portões do
palácio para evitar que o príncipe partisse. Contudo, o príncipe acabou deixando o palácio contra a
vontade do pai. Em todos os assuntos seculares, é dever dos filhos obedecer aos pais. No entanto, no
caminho para o estado de buda, a desobediência aos pais indica, em essência, a devoção filial. O Sutra
sobre a Contemplação da Mente como Solo explica a essência da devoção filial da seguinte maneira: ‘Ao
renunciar às próprias obrigações e ingressar na vida budista, as pessoas poderão saldar todas as suas
dívidas de gratidão’. Em outras palavras, com o propósito de entrar no verdadeiro caminho, a pessoa
abandona o lar contra a vontade dos pais e atinge o estado de buda. Dessa forma, ela pode realmente
saldar a dívida de gratidão que tem para com eles” (CEND, v. I, p. 521-522).

[3] Pico da Águia, ou terra pura do Pico da Águia, é uma expressão que indica a eternidade do estado de
buda.

[4] Nichiren Daishonin escreve: “Seu filho, em especial, me impressionou. Destacava-se dos demais por
seu belo porte, e seu ar pensativo não demonstrava qualquer traço de obstinação” (CEND, v. I, p. 691-
692).

[5] Em O Inferno é a Terra da Luz Tranquila, Nichiren Daishonin escreve: “Deve fazer o bem por todos os
meios possíveis, em benefício de seu falecido marido [oferecendo orações pela felicidade eterna dele]”
(CEND, v. I, p. 479).

[6] No escrito Reposta à Mãe de Ueno, Daishonin escreve: “Todas as sementes de uma mesma espécie
são iguais entre si e se diferenciam das sementes de outras plantas. Se vocês cultivaram em seu coração
as mesmas sementes do Myoho-renge-kyo, poderão renascer juntos na mesma terra do Myoho-renge-
kyo” (CEND, v. II, p. 342).

[4] Harmonia familiar 2 | BM - Ed.1 - 20/11/2020 - Mariana da Glória Severino Lima (706548)
[7] Nanjo Tokimitsu (1259–1332): Leal seguidor de Nichiren Daishonin e administrador da vila de Ueno,16
distrito de Fuji, província de Suruga. A partir do período em que Daishonin passou a residir no Monte
Minobu, Nanjo Tokimitsu manteve um relacionamento muito próximo com ele, recebendo com frequência
orientações. Tokimitsu desempenhou papel admirável, defendendo os seguidores de Daishonin durante a
Perseguição de Atsuhara, o que levou Daishonin a denominá-lo “Ueno, o Reverenciável”.

[8] Nanjo Hyoe Shichiro (m. 1265) era vassalo do governo militar de Kamakura. Inicialmente, foi
administrador da Vila Nanjo; daí o nome Nanjo. Mais tarde, mudou-se para se tornar administrador da vila
de Ueno, distrito de Fuji, província de Suruga; portanto também é conhecido como Ueno. Sua esposa é
citada como a monja leiga de Ueno. Em algum momento, entre 1260 e 1264, durante uma viagem oficial a
Kamakura a trabalho, Hyoe Shichiro se encontrou com Daishonin e se converteu aos ensinamentos dele.
Depois da morte de Shichiro, sua esposa continuou criando os filhos sozinha, mantendo a fé nos
ensinamentos de Nichiren Daishonin.

[9] Daishonin expressa: “Ela perdera os pais, os irmãos e até seu amado marido a precedera na morte,
mas ainda tinha muitos filhos para confortar seu coração” (WND, v. II, p. 887).

[10] Niida Shigetsuna: Seguidor leigo que vivia na Vila de Hatake, distrito de Nitta, província de Izu.

[11] Ishikawa no Hyoe [n.d.]: Também conhecido como Ishikawa Shin Hyoe Yoshisuke. Seguidor leigo e
administrador da Vila Omosu, distrito de Fuji, província de Suruga, que, como se acredita, se converteu
aos ensinamentos de Nichiren Daishonin por influência de sua esposa e da família Nanjo.

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