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Reunião de Palestra

Junho 2021
Comunidade Japurá
DIPLOMACIA
HUMANÍSTICA
Gosho: “Os oito ventos”
Em relação ao seu próprio problema, eu o aconselho a
não ir ao tribunal. Não alimente rancor de seu senhor
feudal e nem deixe sua propriedade. Permaneça em
Kamakura. Atenda ao seu senhor feudal com menos
frequência que antes e preste-lhe serviço apenas de vez
em quando. Então, haverá possibilidade de que seu
desejo se cumpra. Jamais se comporte de modo
desonroso. Não se deixe perturbar pela avareza, pelo
desejo de fama e nem pela ira. (CEND, v. II, p. 55)
Cenário Histórico
• Este trecho de “Os Oito Ventos” é um de diversos escritos
em que Nichiren Daishonin orienta seu leal discípulo Shijo
Kingo em detalhes sobre a correta ação a ser tomada diante
de seu senhor feudal em uma situação que exigia muita
diplomacia.
• Shijo Kingo considerava ir ao tribunal contra o seu senhor
feudal Ema, que iria transferi-lo para feudos distantes de
Kamakura em função de sua fé no Budismo de Daishonin,
como também de mentiras e falsos rumores propagados
por colegas invejosos.
• Com base em sua correta visão dos acontecimentos,
Nichiren Daishonin instrui Shijo Kingo a agir com base
em valores como gratidão, fidelidade e paciência, sem ser
influênciado por sentimentos de rancor e de desejo pela
fama. É um importante direcionamento de diplomacia
humanística calcada no pensamento budista para
enfrentarmos situações sociais e profissionais
razoavelmente comuns mesmo nos dias de hoje.
• Por causa da devoção de Kingo aos ensinamentos
de Nichiren Daishonin, em 1276, seu senhor feudal
ordenou-lhe que abandonasse a localidade em que
vivia, próxima a Kamakura, e se mudasse para a
distante província de Echigo. Embora a carta não
contenha uma data, sabe-se que foi escrita em
1277.
• Daishonin aconselha Kingo a manter os bons
favores do seu senhor feudal Ema, e o lembra de
que este se absteve de hostilizá-lo durante o exílio
de Daishonin à Ilha de Sado, quando o governo
perseguia tanto o mestre quanto seus seguidores.
• Também o alerta de que só dando prioridade à fé e
controlando o ressentimento em relação ao seu
senhor feudal é que ele poderá encontrar uma saída
para esse impasse. Por fim, Daishonin afirma que
tribunais e outros recursos são secundários à fé e
que, para triunfar, Kingo deve proceder exatamente
como ele o orienta.
Vamos relembrar quais são os
oito ventos e seus significados
intrínsecos?
Um homem verdadeiramente sábio não será
arrebatado por nenhum dos oito ventos:
prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio,
censura, sofrimento e prazer. Ele não se inflama
com a prosperidade nem se desespera com o
declínio. Os deuses celestes seguramente
protegerão aquele que não se curva diante dos oito
ventos. (CEND, v. II, p. 53)
Mas, de que forma os oitos ventos poderão atrapalhar os
nossos processos diplomáticos, e também o caminho para a
iluminação???
Quatro Ventos Favoráveis

Prosperidade
Honra
Elogio
Prazer
Quatro Ventos Desfavoráveis

Declínio
Desgraça
Censura
Sofrimento
Em relação ao seu próprio problema, eu o aconselho a não ir
ao tribunal. Não alimente rancor de seu senhor feudal e nem
deixe sua propriedade. Permaneça em Kamakura. Atenda ao
seu senhor feudal com menos frequência que antes e preste-
lhe serviço apenas de vez em quando. Então, haverá
possibilidade de que seu desejo se cumpra. Jamais se
comporte de modo desonroso. Não se deixe perturbar pela
avareza, pelo desejo de fama e nem pela ira. (CEND, v. II, p.
55)
Explanação do Presidente da
SGI
Dr. Daisaku Ikeda
Nesse trecho, que é a parte final deste escrito, Nichiren
Daishonin orienta a respeito da ação que Shijo Kingo deve
tomar. Ele reitera seu conselho anterior sobre não ir ao tribunal
ou nutrir rancor contra o senhor de Kingo, por conta da
transferência de propriedade. E insiste para que Shijo Kingo
permaneça a serviço do senhor feudal Ema e fique em
Kamakura, embora assista seu senhor com menos frequência
que antes. Em outras palavras, ele aconselha Shijo Kingo a
esperar pelo momento certo e a exercer suas funções com
diligência e paciência — sugestões que refletiam a profunda
compreensão de Daishonin acerca da situação em que Kingo
se encontrava.
Ele também aconselha Shijo Kingo a não parecer de forma alguma
constrangido nem demonstrar culpa, porque não tinha feito nada de errado
e não havia qualquer razão para se humilhar. Deveria se comportar com
dignidade e autoestima como um budista, diz Daishonin.
Essa carta [em japonês] termina abruptamente com as palavras “avareza,
desejo de fama e ira” (cf. CEND, v. II, p. 55), deslizando numa frase
incompleta, sugerindo que falta o trecho final do escrito. Podemos supor, a
partir do contexto, que a mensagem era “Não se deixe perturbar pela
avareza, pelo desejo de fama e nem pela ira” (CEND, v. II, p. 550).
Conforme demonstrado, Daishonin oferecia regularmente orientações
concretas e específicas a Shijo Kingo em resposta a suas circunstâncias,
ensinando-lhe a essência das relações humanas e da vida.
Shijo Kingo gravou profundamente essas lições em seu coração e as pôs
em prática. Ele não tentou escapar da situação. Esperou pacientemente,
perseverou em seus esforços e sempre se esforçou para se comportar
adequadamente como ser humano. No final, demonstrou uma brilhante
prova da vitória tanto na sua comunidade como em sua profissão.
Em trechos anteriores desse escrito, Nichiren Daishonin relembra
cuidadosamente a Shijo Kingo que ele deveria ser grato ao senhor feudal
Ema pela bondade que tinha demostrado a ele, a seus pais e a toda a sua
família. Quando Daishonin foi perseguido pelo governo militar e exilado
em Sado, muitos de seus seguidores também foram perseguidos, mas
Ema nada fez contra Shijo Kingo. Somente por isso, diz Daishonin,
Kingo deve a seu senhor imensa dívida de gratidão, e, mesmo que ele
jamais venha receber qualquer consideração futuramente de seu senhor,
não deve se ressentir dele (cf. CEND, v. II, p. 53).
Assim, Nichiren Daishonin, de forma severa, embora benevolente,
aconselha Shijo Kingo que seria um erro dar a seu senhor a impressão
de que ele estava relutante em aceitar a atribuição de um novo feudo e
que desejava uma consideração especial [quando deveria
simplesmente procurar transmitir ao seu senhor que deseja estar por
perto para protegê-lo].
Em muitas outras cartas, Daishonin havia instruído repetidamente
Shijo Kingo sobre a correta atitude de um budista ao servir seu senhor.
Certa vez, quando Kingo expressou o desejo de se retirar da vida de
guerreiro para se tornar sacerdote leigo, Daishonin se opôs à ideia e
destacou a gratidão que deveria ter com seu senhor, escrevendo: “Mas
o senhor não deve abandoná-lo, por mais que sua vida esteja em
perigo” (CEND, v. I, p. 719 — A Consagração de uma Imagem do
Buda Shakyamuni Feita por Shijo Kingo).
E quando a possibilidade de Shijo Kingo ser transferido para outra
propriedade surgiu pela primeira vez, Nichiren Daishonin o instruiu a dizer
a Ema: “Neste momento, estou decidido a sacrificar a minha vida se algo
grave suceder ao senhor” (CEND, v. II, p. 10 — A Propagação Realizada
pelo Sábio).
O budismo ensina o princípio fundamental de que, acima de tudo, o que
conta é o nosso comportamento como seres humanos.
Considerando que muitos dos outros seguidores de Daishonin haviam sido
perseguidos por causa de sua fé durante o exílio em Sado, Shijo Kingo
tinha sido protegido por seu senhor. A partir dessa perspectiva mais ampla,
o senhor feudal Ema era um protetor do kosen-rufu. E sendo esse o caso,
Nichiren Daishonin procurou ensinar a Kingo que, em termos budistas ou
pela razão, servir fielmente ao seu senhor e benfeitor, Ema, era a coisa
certa a ser feita, a maneira correta de se comportar como ser humano.
Nova
Revolução
Humana –
Volume 21
O diálogo une as pessoas. E o budismo — uma filosofia de respeito à inviolabilidade da
vida — propaga-se por meio do diálogo. O diálogo exige coragem, além do calor
humano genuíno de aceitar e respeitar o outro. Também demanda sabedoria e paixão,
necessárias para se edificar a compreensão e a simpatia.
A habilidade para o diálogo pode ser considerada um indício da capacidade geral do
indivíduo. Ao nos esforçarmos para empreender diálogos, podemos aprimorar e elevar
nossa vida.
No dia 28 de janeiro de 1975, depois da fundação da SGI na Primeira Conferência para
a Paz Mundial em Guam, Shin’ichi retornou para o Japão. Estivera ausente
aproximadamente três semanas, tendo visitado Los Angeles, Nova York, Washington,
DC, Chicago e Havaí antes de voar para Guam. De volta ao Japão, participou de uma
reunião nacional de líderes da Soka Gakkai e de outras atividades, canalizando especial
esforço em manter diálogo com diplomatas, líderes de vários campos e jornalistas.
“O futuro do mundo depende da capacidade de promover o diálogo”, observou Felix
Unger, presidente da Academia Europeia de Ciências e Artes, com quem Shin’ichi
Yamamoto viria a publicar um diálogo. O diálogo pode mudar a época e transformar o
destino da humanidade.

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