DIREITO EMPRESARIAL (Aula 5)

PROFª ERICA OLIVEIRA CAVALCANTI

Livros Empresariais (art. 1179-1195, CC/02)

A obrigação de manter livros empresariais advém do dever do empresário em manter
escrituração regular dos seus negócios. A organização contábil fica por conta de um
contador. Apesar da exigência legal de ampla publicidade com relação aos atos de
registro empresariais, os livros empresariais são protegidos pelo sigilo, conforme
dispõe art. 1190 do CC/02. Servem como meio de prova apenas quando autenticados
e desde que não possuam vícios intrínsecos ou extrínsecos.

- São requisitos intrínsecos dos livros empresariais aqueles relacionados à forma

como devem ser escriturados, que deve ser em idioma e moeda nacionais, de forma
contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano das movimentações, sem intervalos
em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as
margens (art. 1183).

- Os requisitos extrínsecos versam sobre a segurança que deve ser dada à

escrituração, ou seja, a necessidade de autenticação pela Junta Comercial para que
gozem da eficácia probatória. Ver art. 226. O Código de Processo Civil ressalta que
quando os livros empresariais preenchem todos os requisitos legais, estão
corretamente escriturados e autenticados, provarão a favor de seu autor, pois as
obrigações nela referidas serão tidas como verdadeiras e exigíveis em favor da
empresa. Ver CPC art. 378-382.

As empresas possuem livros empresariais de duas ordens: facultativos e obrigatórios:

Livros obrigatórios
É a parte da escrituração imposta a todos os empresários e sociedades empresárias,
sob pena de sanções. Dividem-se em comuns e especiais. Devem ser autenticados na
Junta Comercial antes de utilizados, sob pena de serem irregulares, perdendo sua
força probante. São exemplos de sanções a impossibilidade de propositura de ação de
verificação de contas para comprovar crédito junto a devedor e a prática de crime
definido pela Lei de Falências. Tal obrigação não atinge a atuação do pequeno
empresário (art. 1179, §2º).
- Comuns: devem ser adotados por qualquer tipo de empresa e independe da
atividade empresarial exercida. O único exemplo desta modalidade é o Livro Diário,
que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica,
de acordo com o art. 1180 do CC/02. Destaque-se que a adoção de fichas não
dispensa o uso de livro apropriado para o balanço patrimonial e de resultado
econômico (parágrafo único).
No Diário, devem ser lançadas, com individualização, clareza e caracterização
do documento respectivo, dia a dia, por escritura direta ou reprodução, todas as
operações relativas ao exercício da empresa. Também são lançados no Diário o
balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por
técnico em ciência contábil legalmente habilitado e pelo empresário ou representante
legal da sociedade empresária (art. 1184).
Se o Diário for substituído por fichas, o livro adequado será o Livro Balancete
Diários e Balanços, observando os mesmos requisitos extrínsecos do Diário. Nesse
tipo de livro, deverá trazer a posição diária de cada uma das contas ou títulos
contábeis, pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários; bem como o balanço
patrimonial e o de resultado econômico, no enceramento do exercício social (art. 1185
e 1186).

- Especiais: são de uso específico para cada atividade ou tipo societário. Devem ser
adotados obrigatoriamente nas hipóteses determinadas em lei, que os auxiliarão no
controle e desenvolvimento da empresa. São exemplos o Livro de Registro de
Duplicatas, Livro de Ações Nominativas das Sociedades Anônimas, Livro de Atas de
Assembleias Gerais.

Livros facultativos
Servem para aprimorar o sistema e controle da atividade empresarial. O número e a
espécie de livros facultativos ficam a critério do interessado, conforme redação do art.
1179. São exemplos o Livro Contas-Correntes e Livros de Caixa.

OBS: Além dos livros empresariais previstos na legislação mercantil, há ainda os de

ordem tributária, trabalhista, previdenciária, etc.