Você está na página 1de 56

Ciclo de Palestras:

Embrapa Hortaliças no Manejo Fitossanitário do


Tomateiro

Bacterioses Foliares

Alice Maria Quezado Duval

7 de outubro de 2020
Tópicos
A mancha bacteriana e a pinta bacteriana (e afins)
Importância

Sintomas
Agentes causadores da doença
Epidemiologia (fonte inóculo, clima)
Hospedeiras
Controle
Pesquisas em andamento

Perspectivas
Importância bactérias foliares
Prevalência das doenças causadas por grupos de patógenos: TOMI

Vírus
Grupo de doenças

BacFol

FunFol

BacSol

FunSol

0 20 40 60 80 100
Porcentagem de lavouras onde o grupo esteve presente

51 lavouras entre 2008 a 2011: GO, SP e MG Quezado-Duval et al.,


Boletim de Pesquisa 100, 2013
Dentre as BacFoliares: Predominou a mancha-bacteriana (88,2%) CNPq-MAPA/Edital 64
Importância bactérias foliares
Prevalência das doenças causadas por grupos de patógenos: TOME

Vírus

BacFol
Grupo de patógenos

FunFol

BacSol

FunSol

Nema

0 20 40 60 80 100
Porcentagem de lavouras onde o grupo esteve presente

83 lavouras entre 2008 a 2011: DF, GO, MT, MG, SP, RJ, ES, PR, SC, BA e CE.

Dentre as BacFoliares (76%): Predominou a mancha-bacteriana (65%)


Bactérias: Estrutura
flagelo

superfície de lipoproteínas

parede celular

DNA

cápsula de polissacarídeos membrana celular

plasmídeos
ribossomas
pili

protuberâncias de lipoproteínas

Agrios, 2000
Bactérias: Multiplicação
Fissão binária

Em 1 dia:
1 célula

1 milhão de progênies
Bactérias foliares
Ponto comum: Entrada passiva pelas aberturas naturais

Nectários
Estômatos Ferimentos
Hidatódios
Agrios, 2000

Ponto comum: Água livre e Molhamento foliar

 Facilita entrada células bacterianas e o estabelecimento da infecção


 Facilita dispersão (respingos + vento) e disseminação da doença
Água livre e molhamento foliar

Fotos: Gelson Goulart


Água livre e molhamento foliar
Molhamento foliar
Ciclo das bacterioses foliares

Plantas voluntárias doentes Plantas não-hospedeiras


(Sobrevivência epifítica)

Plantas sadias
Ciclo secundário

Plantas doentes no campo


Restos de plantas doentes
(folhas, hastes e frutos com sintomas)

Transplantio para campo

Plântulas doentes (viveiro)

Sementes infestadas/infectadas

Quezado-Duval & Lopes, 2010 -


CT 84, Embrapa Hortaliças
Mancha bacteriana: Sintomas
Mancha bacteriana: Sintomas
Mancha bacteriana: Sintomas
Mancha bacteriana: Sintomas
Mancha bacteriana: quem causa?
Xanthomonas campestris pv. vesicatoria
Complexo de espécies de Xanthomonas

 Xanthomonas euvesicatoria pv. euvesicatoria

 Xanthomonas euvesicatoria pv. perforans

 Xanthomonas cynarae pv. gardneri

 Xanthomonas vesicatoria
Identificação das 4 Espécies de Xanthomonas

Alexânia, GO, 2013

Foto: Edivânio Araújo, 2010

Araújo et a., / Tese de doutorado


UnB/Embrapa Hortaliças
Frequência das Espécies nas lavouras brasileiras (2009-2011)
98,90%
100,00%
TOMI » Predominância XP em
80,00%
277 isolados:
60,00%
» Agressividade
40,00%

20,00%
XP
0,55% 0,00% 0,55%
0,00%
X. perforans X. gardneri X. vesicatoria X. euvesicatoria

100,00%
TOME XE
80,00%
Alexânia, GO, 2013 Araújo / Dissertação
60,00% 50,50% MestradoUnB/Embrapa Hortaliças
44,20%
40,00%

20,00%
5,30%
» Adaptabilidade
0,00%
0,00%
X. perforans X. gardneri X. vesicatoria X. euvesicatoria
climática ao calor
Quezado-Duval et al., Araújo et al., 2004 / Acta
Boletim de Pesquisa 100, 2013 Horticulture
CNPq-MAPA/Edital 64
Espécies de Xanthomonas mancha bacteriana X
Temperatura
XP e XG: adaptabilidade térmica oposta

XG

XP

Quezado-Duval et al.,
Boletim de Pesquisa 100, 2013
CNPq-MAPA/Edital 64
Xanthomonas euvesicatoria pv. perforans

Lavoura, Caçador, SC Inoculação artificial


XEP Raça T4 em Sumaré, TOME 2011: Gargalo uso gene Xv3

Araújo et al., 2017. Plant Pathology 66:159-168


Mab por XEP: confundimento na diagnose
Erro na diagnose da doença Erro na escolha do controle químico

Fotos Acima/Esquerda: Frederick


Aguiar
Mancha bacteriana: Fontes de inóculo
Plantas voluntárias doentes Plantas não-hospedeiras
(Sobrevivência epifítica)

Plantas sadias
Ciclo secundário

Plantas doentes no campo


Restos de plantas doentes
(folhas, hastes e frutos com sintomas)

Transplantio para campo

Plântulas doentes (viveiro)

Sementes infestadas/infectadas

Quezado-Duval & Lopes, 2010 -


CT 84, Embrapa Hortaliças
Mancha bacteriana X Plantas espontâneas

Maria-pretinha Leiteiro Botão de outro

Joá Trapoeiraba
XEP e XCG: infectaram
por inoculação MP,
leiteiro e joá.

Sobrevivência entre
safras de tomate?
• Transmissão por
Araújo et al., 2016 (European Plant
sementes?
Pathology)
Plantas voluntárias: frutos remanescentes da colheita

Áreas de cultivo de TOMI na


entressafra em Morrinhos, GO
Plantas voluntárias X Mancha bacteriana (bact. foliares)

Porque pode ser transmitida via sementes, as Xanthomonas podem ocorrer nas plantas
voluntárias de tomate (tigueras) a partir de sementes que vão germinando em diferentes
tempos de ciclo a ciclo da cultura.

Várias detecções de Xanthomonas em tigueras no início do ciclo de tomate e nas culturas


intermediárias em áreas de TOMI de GO, SP e Norte de MG.

Menos comum em TOME (Colheita manual, uso de cobertura do solo com plástico -”mulching”).

COT, 2010
(CNPq-MAPA/Edital 64)
Mab: Plantas voluntárias

Mancha bacteriana
Septoriose

Goianápolis, GO/2012
Ocorrência em mudas
Ocorrência em mudas
Estudo da sobrevivência XEP em restos culturais
28 Fev- 17 Ago/2020

 Detectada até 28 dias após enterrar em vaso mantido úmido


(não detectado a partir de 42 dias)

 Detectada até 140 dias (Não detectado a partir de 154 dias)


Pinta bacteriana: Sintomas

Foto: Diego Yamada


*Lavouras de tomate mesa estaqueado = crescimento indeterminado
Pseudomonas syringae pv. tomato

 Temperaturas mais amenas


 (como X. c. gardneri)
 Infecção de sementes
 Raça 0 e 1 (não detectada no Brasil)
Pinta bacteriana: Ocorrências constatadas

Corumbá (962 m), GO, 2008


Pinta bacteriana: Ocorrências constatadas

Mucugê (983m), BA, 2015


Pinta bacteriana: Ocorrências importantes

São Gabriel de Goiás (1240 m), GO, 2018

Ocorrências conjuntas com outras doenças, inclusive com a mancha bacteriana (XCG)
Venda Nova dos Imigrantes, ES (7), Paty do Alferes (), RJ
PST vs podridão em fruto
Queima de folhas por outras Pseudomonas

Pseudomonas cichorii Pseudomonas syringae pv. syringae


TOME: SP (Silva Junior et al., 2009) TOMI: Cafelândia, SP
Serra Ibiapaba, CE
Quezado-Duval et al., 2013. BP 100 / CNPq-Mapa Edital 64
TOMI: GO
Ocorrências intrigantes: necrose da medula
Mitigação das
bacterioses foliares

Rotação de culturas (saber o histórico)

Evitar escalonamento (velho e novo)

Práticas para reduzir tigueras / restos plantas

Sanidade de semente e mudas

Escolha da variedade (resistência)

PPFs: Posicionamento e tecnologia de aplicação


Novos ativos, pulverização eletrostática, sistemas de previsão
Uso mais racional e eficiente!
Resistência varietal: Mancha bacteriana

Ausência de materiais comerciais com alto nível de


resistência (alguns genes identificados / QTL Rxv’s e Xv3/XEP T3)
Níveis quantitativos de R distintos entre as cultivares
Menor severidade

Aspecto que pode influenciar o progresso da Mab em


campo
Afetar a produtividade positivamente
Resistência varietal: Pinta bacteriana

 Algumas cultivares TOME e TOMI portam o gene Pto, mas


poucas

 Desejável em regiões serranas

Pto - Pto +
Sementes e mudas

 Difícil detecção (Baixa incidência)

 Tratamento de sementes na Literatura (não empregado)

• Térmico: calor seco, água quente, calor úmido  > 50oC

 Ocorrência em focos no viveiro e depois na lavoura se em


baixa incidência nas mudas

 Vistorias !!!
Produtos de proteção fitossanitária (AGROFIT)

 Formulações cúpricas

 Indutores de resistência: ASM e Lamarina

 Outros químicos

 Biológicos: Bacillus subtilis linhagem QST713

 Extrato Vegetal (Malaleuca alternifolia)


Princípios Ativos em PPF registrado para Tomateiro: alvos
Xanthomonas e Pseudomonas (AGROFIT)
Princípios Ativos XANT PST

Hidróxido de cobre (WDG_grânulos) X


Hidróxido de cobre (SC) X
Óxido cuproso (WP_pó) X
Oxicloreto de cobre X
Cloretos de benzalcônio X
Famoxadona + cymoxamil X
Famoxadona + mancozebe X
ASM X X
Lamarina X
Extrato de Malaleuca alternifolia X
Bacillus subtillis linhagem QST 713 X
Controle Convencional: Antibióticos e Cúpricos

 Formulações cúpricas:  Variam quanto à:


• Oxicloreto de cobre • Teor Cobre
• Hidróxido de cobre • Solubilidade (iônico x metálico)

• Óxido cuproso • Fitotoxicidade


Pontes, tese UFV/Embrapa
Hortaliças, 2012.
Plant Disease, 100:1-2, 2016

Indutores de resistência: ASM


Relação Produtividade e Número de aplicações semanais
Brasília, 2010
100

95
Produtividade (t ha )
-1

90

85
2
Y = 4,73 + 26,05*x + 1,87*x
2
R = 0,99
80

75
4 6 8 10

Número de aplicações
ASM em TOME
Relação Produtividade e Número de aplicações semanais

• 7 aplicações semanais ASM seguida de 3 aplicações


semanais de cobre:
Melhor relação benefício vs custo

• ASM + Cobre: Menor eficiência de controle que ASM

Assim, não é recomendado a mistura

ASM: Cultivares podem responder diferentemente


Garcia, Mestrado IF GO
Morrinho/Embrapa Hortaliças, 2019.
Equipamentos
Equipamentos

“Mãozinha”
Equipamentos
Tecnologia Eletrostática
Superfície inferior da folha
Aplicação Convencional Aplicação Eletrostática
Desenvolvimento equipamentos

Pesquisador Aldemir Chaim


Embrapa Meio Ambiente
Alguns trabalhos em andamento/Parcerias

• Testes da tecnologia eletrostática para controle da Mab

• Prospecção da Espécies / Raças anos recentes

• Avaliação da sensibilidade de isolados de Xanthomonas &


Pseudomonas ao cobre (UnB)

• Prospecção de bacteriófagos (IF GO Morrinhos)

• Avaliação de novos PPF (IF GO Morrinhos)

• Estudo de pontos críticos em viveiro de mudas (UFG)

• Apoio ao programa de melhoramento do tomateiro da


Embrapa Hortaliças

• Apoio a atores da cadeia (técnicos e produtores) /Diagnose


Perspectivas para melhor manejo
Envolvimento de todos os atores da cadeia produtiva
TOMI/TOME

• Diagnose correta

• Maior oferta de ativos e informações / integração de ativos

• Maior oferta de cultivares com algum nível de resistência

• Melhoria no posicionamento de cultivares

• Melhoria na tecnologia de aplicação / equipamentos próprios


para o tomate estaqueado

• Melhor entendimento da dinâmica no viveiro


Grata pela atenção
Parcerias:
UFG
UnB
IF GO Morrinhos
UNESP
Epagri (SC)
Emater-DF
Emater-GO
Processadoras e produtores

Contato: alice.quezado@embrapa.br
Ciclo de palestras

Embrapa Hortaliças no manejo fitossanitário do tomateiro

Próximas palestras:

09/10/20 - Bacterioses vasculares e pectolíticas


Carlos Alberto Lopes

14/10/20 – Resistência genética contra doenças e pragas


Leonardo Silva Boiteux

Você também pode gostar