Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
O objetivo do estudo foi investigar o efeito das dicas verbais na aquisição da habilidade rebater na
Educação Física Escolar (EFE), com foco de atenção no seu aspecto perceptivo e motor. Participaram
do estudo 84 alunos de três turmas de uma escola (faixa etária entre seis a oito anos). Cada turma
correspondeu a um grupo: sem dicas, com dica perceptiva e com dica motora. O experimento teve três
fases: pré-teste, aulas de EFE e pós-teste. O grupo com dica perceptiva apresentou melhores resultados.
Portanto, verificou-se o efeito das dicas relacionado com a especificidade da tarefa no que se refere
às suas demandas de processamento. Assim concluiu-se que a dica de aprendizagem relacionada à
especificidade da tarefa mostrou o seu potencial como um conhecimento que orienta os alunos em
direção à melhoria da qualidade do movimento, confirmando a possibilidade de sua inclusão como
conteúdo de ensino da EFE.
PALAVRAS-CHAVE: Educação física escolar; Aprendizagem do movimento; Dicas verbais; Conteúdo de ensino.
Introdução
A compreensão de que a educação física escolar O presente estudo centra-se na aprendizagem do
(EFE) tem por finalidade disseminar conhecimentos movimento, cujo desenvolvimento no contexto da
historicamente produzidos e sistematizados relativos educação escolarizada é de inteira responsabilidade
à cultura de movimento, ou seja, o jogo, o esporte, da EFE. De acordo com HALVERSON4, aprender a
a dança, a ginástica e o exercício, tem estado pre- mover-se envolve contínuo desenvolvimento da
sente em muitas abordagens propostas ao longo das capacidade de usar o corpo efetivamente e harmo-
últimas décadas no nosso país. Esses conhecimentos niosamente com crescente evidência de controle
correspondem a um patrimônio cultural que deve e qualidade no movimento. Envolve também o
ser socializado nas aulas de EFE, com vistas a atender desenvolvimento da capacidade de mover-se numa
as finalidades da educação escolarizada1. No entan- variedade de maneiras, em situações esperadas e
to, surge o questionamento de como organizar o inesperadas e em tarefas crescentemente complexas.
ensino acerca desse patrimônio de modo a garantir A aprendizagem do movimento é, portanto,
uma aprendizagem significativa para o aluno. TANI1-3 um processo complexo que requer longo tempo e
propõe que esses conhecimentos poderiam ser orga- quantidade de prática5. Mas é exatamente por esse
nizados em três aprendizagens relativas à cultura de motivo que a possibilidade de sua efetiva imple-
movimento: aprendizagem do movimento, através mentação no contexto da educação escolarizada é
do movimento e sobre o movimento. colocada “em xeque”: como promover a melhoria
Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013 Jan-Mar;27(1):149-57 • 149
Silveira SR, et al.
da qualidade do movimento durante as aulas de crianças nas séries iniciais do ensino fundamental.
educação física quando se considera a realidade do Dessa forma, o conteúdo de ensino relacionou-se
sistema de ensino quanto a dias e horas de aulas aos movimentos fundamentais próprios dessa fase de
semanais, número de alunos por classe, espaços e desenvolvimento16. A escolha recaiu na habilidade
materiais didáticos disponíveis? motora rebater que, apesar de atender ao requisito
Uma possível solução para esse problema foi anterior, em razão de fatores culturais, não é muito
proposta por TANI1,3 ao apresentar outra dimen- praticada na nossa sociedade, comparativamente,
são dessa mesma aprendizagem: o conhecimento a outras habilidades como o chutar e o arremessar.
sobre como melhorar a qualidade do movimento. Sob o ponto de vista do estudo, isso se constitui um
Conhecer acerca de como melhorar a qualidade importante fator, pois deixa uma ampla possibilidade
do movimento significa ser capaz de identificar os para se verificar a ocorrência efetiva da aprendizagem.
processos e procedimentos essenciais à aquisição de A habilidade rebater refere-se à ação de propulsão
habilidades motoras. Dessa forma, a aquisição desse de um objeto, utilizando diretamente o próprio
conhecimento na escola possibilitaria ao aluno a sua corpo ou um implemento. Quando a propulsão
utilização em todas as oportunidades de prática fora se dá em relação a objeto em movimento, caso do
da escola, para melhorar a habilidade1,3. Assume- presente estudo, o desafio para o aprendiz é perceber
se, portanto, que ensinar os conhecimentos sobre a trajetória e o “timing” de deslocamento do objeto,
como melhorar a qualidade do movimento pode se de modo a executar a ação motora no tempo corre-
constituir um dos conteúdos fundamentais da EFE. to17-18. GALLAHUE et al.19 destacam dois fatores que
O processo de melhoria da qualidade do movimen- influenciam o rebater: a focalização e rastreamento
to ou a aquisição de habilidades motoras é o objeto da trajetória do objeto (uma bola, por exemplo) e
de estudo do campo de investigação denominado a velocidade máxima do movimento no instante
Aprendizagem Motora, que tem um longo histórico da rebatida.
de pesquisas realizadas. Assim, buscou-se na Apren- Dentre as características que tornaram o mo-
dizagem Motora um saber relativo à melhoria da vimento escolhido - rebater - relevante para o de-
qualidade do movimento que pudesse ser ensinado na senvolvimento do estudo junto às séries iniciais do
EFE. Essa busca resultou nas dicas de aprendizagem, ensino fundamental, que compreendeu alunos com
com vasto número de estudos realizados, sobretudo, idade entre seis e oito anos, destacam-se os seguintes
como estratégias cognitivas para a canalização de aspectos: a) configura-se como habilidade manipu-
atenção na aquisição de habilidades motoras6-11. lativa que representa ação motora com profundos
Dicas verbais podem ser entendidas como uma significados no processo evolutivo do ser humano;
forma de instrução verbal curta e direcionada, com b) configura-se como habilidade em grau de maior
alguns pontos-chave, para orientar o aprendiz aos complexidade em relação ao rebater bola estacio-
elementos importantes da habilidade motora a nária; c) é habilidade requerida em graus crescentes
ser executada6,12. As dicas têm por função guiar e de complexidade, nas diferentes manifestações da
estimular a imaginação do aprendiz para a ação, cultura de movimento; d) é habilidade que requer
ressaltando os componentes-chaves da habilidade informações que permitem ao aluno vislumbrar
motora, ou seja, configuram-se como um meio o como aprendê-las; e) nessa habilidade, depara-
alternativo de comunicar a informação significativa se com dificuldades de execução que passam por
da tarefa a ser executada6,10,12-14. demandas perceptivas e motoras; f ) na habilidade,
Apesar do histórico interesse de estudo relacionado nota-se a presença de característica peculiar para o
às dicas verbais na Aprendizagem Motora, pesquisas início da execução, possibilitando estabelecer hipó-
que investiguem sua efetividade no contexto da EFE teses distintas na demanda de atenção seletiva para a
como conteúdo de ensino são ainda escassas. Verifi- respectiva tarefa: a bola partirá externamente ao alu-
cam-se apenas dois estudos realizados com crianças no, levando-o, possivelmente, a necessitar de dicas
no contexto escolar: um deles utilizou dois exercícios de aprendizagem para canalizar sua atenção inicial
de solo de ginástica: parada de mãos e rolamento para no aspecto perceptivo, com vistas a acompanhar a
frente13; o outro, a rebatida15. Em ambos os estudos, trajetória da bola e realizar a ação20.
os resultados mostraram que o fornecimento das dicas Em suma, diante do potencial que as dicas têm
conduziu a uma significativa melhora no desempenho. em favorecer a aquisição de habilidades motoras e
O presente estudo se desenvolveu numa escola da da carência de estudos sobre o tema em ambientes
rede pública estadual de ensino de São Paulo, com escolares, o presente trabalho teve como objetivo
150 • Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013 Jan-Mar;27(1):149-57
Aquisição de habilidade motora rebater
investigar a utilização das dicas de aprendizagem como a identificação dos componentes-chaves da habilidade
conteúdo de ensino para promover a aprendizagem é fundamental para a eficácia das dicas, pretendeu-
do movimento. Na realidade, a dica pode ser vista, se também investigar se o tipo de dica - perceptiva
no presente trabalho, como um elemento de “dupla ou motora - pode influenciar diferentemente a
face”, ou seja, estratégia e conteúdo ao mesmo tempo. aprendizagem do rebater.
Conforme descrito anteriormente, tradicionalmente Vale ressaltar que o presente estudo se caracteri-
ela tem sido vista como uma estratégia de direcionar zou como uma pesquisa experimental de campo em
a atenção do aluno para promover a aprendizagem. que as características do contexto foram respeitadas
Contudo, a informação nela contida a transforma na formação dos grupos, ou seja, cada grupo corres-
também num conhecimento que tem o potencial de pondeu aos alunos de uma turma de EFE. Portanto,
facilitar a melhora da qualidade do movimento. Com esperou-se por uma heterogeneidade no nível de
isso, o objetivo do presente estudo foi investigar se habilidade dos mesmos. Em razão disso, também se
a apresentação da dica influencia a aprendizagem da analisou a influência dos níveis de habilidade iniciais
habilidade de rebater. Ademais, considerando-se que na aquisição da habilidade do rebater.
Método
Tarefa de aprendizagem Delineamento e procedimentos
Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013 Jan-Mar;27(1):149-57 • 151
Silveira SR, et al.
Resultados
A distribuição dos alunos entre os estágios de indicaram semelhança entre os grupos no pré-teste,
desenvolvimento do rebater é apresentada na mas diferenças significativas no pós-teste (χ2 = 37,39; p
TABELA 1. É possível observar que no pré-teste todos = 0,001), com desempenho significativamente maior
os grupos tiveram a maioria dos alunos concentrada do grupo de dica perceptiva em relação aos outros. Os
no estágio inicial de desenvolvimento da habilidade. testes de Wilcoxon indicaram diferenças significativas
Esses resultados são semelhantes no pós-teste, com entre pré e pós-teste apenas para o grupo com dica
exceção do grupo de dica perceptiva, em que os perceptiva (Z = -4,46; p = 0,001). Com base nesses
alunos mudam para os estágios elementar e maduro. resultados, pode-se inferir que os grupos partiram do
Esse comportamento foi confirmado pelas análises mesmo estágio e apenas o grupo com dica perceptiva
inferenciais, uma vez que os testes de Kruskall Wallis apresentou ganho significativo ao longo das aulas.
152 • Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013 Jan-Mar;27(1):149-57
Aquisição de habilidade motora rebater
TABELA 1 - Distribuição dos alunos nos estágios No que diz respeito ao tipo de rebatida, pode-se notar
inicial (I), elementar (E) e maduro (M) no pré-teste que a distribuição dos grupos diferiu (TA-
de desenvolvimento da habilidade para os
três grupos no pré e pós-teste.
BELA 2); enquanto que a moda do grupo sem dica foi
2, a do grupo de dica perceptiva foi 1 e do grupo de dica
Padrão de movimento motora foi 3. No entanto, no pós-teste todos os grupos
Grupo apresentam a moda relativa ao estágio 3. Ao observar
Estágio Pré (n%) Pós (n%)
o desempenho entre o pré e pós-teste, nota-se que os
I 92,3 88,5
grupos sem dica e dica perceptiva apresentaram valores
Sem dica E 8 11,5 modais distintos. Esses resultados foram confirmados
M 0 0 parcialmente pelas análises inferenciais, uma vez que
I 93,1 13,8 os testes indicaram que não houve diferença entre os
Dica perceptiva E 6,9 55,2 grupos tanto no pré-teste quanto pós-teste, e diferença
significativa entre pré e pós-teste apenas para o grupo de
M 0 31
dica perceptiva (Z = -2,49; p = 0,013). Esses resultados
I 82,8 72,4 permitem inferir que os grupos partiram do mesmo
Dica motora E 17,2 24,1 tipo de rebatida e apesar do grupo de dica perceptiva ter
M 0 3,4 apresentado ganhos ao longo das aulas, o desempenho
no pós-teste entre os grupos foi semelhante.
TABELA 2 - Moda do tipo de rebatida e sua frequência relativa de ocorrência e mediana, valores mínimos e
máximos da distância da rebatida para os três grupos no pré e pós-teste.
Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013 Jan-Mar;27(1):149-57 • 153
Silveira SR, et al.
TABELA 3 - Moda do estágio de desenvolvimento da habilidade e sua frequência relativa de ocorrência de acordo
com o grupo de dicas e nível de habilidade inicial e os valores do teste de Wilcoxon.
Padrão de movimento
Teste Wilcoxon
Grupo Nível de Habilidade Estágio (n%)
Pré Pós Z p
Baixo 1 (100) 1 (100) 0,1 0,99
Sem dica
Alto 1 (89) 1 (83) -0,57 0,56
Baixo 1 (100) 2 (65) -3,57 0,001
Dica Perceptiva
Alto 1 (83) 2 e 3 (42) -2,73 0,006
Baixo 1 (82) 1 (81) 0,1 0,99
Dica Motora
Alto 1 (83) 1 (63) -2,0 0,046
Quando comparado o tipo de rebatida entre o Esses resultados permitem inferir que a mudança
pré e pós-teste considerando o grupo de dicas e o no tipo de rebatida ocorreu fundamentalmente
nível inicial de habilidade (TABELA 4), pode-se para crianças com nível de habilidade baixo inde-
notar que os subgrupos mudaram para desempe- pendentemente da presença ou tipo de dica, e para
nhos superiores, com exceção de dois subgrupos a dica motora em crianças com nível de habilidade
com nível de habilidade inicial alto (sem dica e dica alto. Considerando que o grupo sem dica com nível
perceptiva). As análises inferenciais confirmaram inicial baixo melhorou o seu desempenho no pós-
esses resultados, pois indicaram que houve diferença teste, o fato de o grupo dica motora com nível inicial
significativa entre pré e pós-teste para todos os sub- baixo ter também melhorado o seu desempenho
grupos de desempenho inicial baixo e apenas para pode ser interpretado como efeito da prática em si
o subgrupo de desempenho alto com dica motora. e não do tipo de dica.
TABELA 4 - Moda do tipo de rebatida e sua frequência relativa de ocorrência de acordo com o grupo de dicas e
nível de habilidade inicial e os valores do teste de Wilcoxon.
Na TABELA 5 é apresentada a mediana do pré e do pré e pós-teste. Com base nesses resultados, pode-se
pós-teste de acordo com cada um dos subgrupos. Pode- inferir que independente do nível de habilidade inicial
se observar que descritivamente os únicos subgrupos os alunos que receberam dicas perceptivas aumentaram
que apresentaram mudança nos valores medianos ao a distância do rebater, além dos alunos com baixo nível
longo das aulas foram os de dicas perceptivas com nível de habilidade que receberam dicas motoras. Mais
de habilidade tanto alto quanto baixo e o subgrupo de estudos são necessários para uma melhor interpretação
dicas motoras com nível de habilidade inicial baixo. do resultado relativo ao efeito da dica motora para
Esses resultados foram confirmados pelas análises alunos que iniciam com níveis baixos. Pode ser que se
inferenciais, que indicaram esses subgrupos como os tenha baixa frequência de acertos na bola, mas quando
únicos com melhora da distância da rebatida entre se acerta, consegue-se longas distâncias.
154 • Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013 Jan-Mar;27(1):149-57
Aquisição de habilidade motora rebater
TABELA 5 - Mediana da distância da rebatida de acordo com o grupo de dicas e nível de habilidade inicial e os
valores do teste de Wilcoxon.
Discussão
No presente estudo, dicas foram manipuladas no conteúdo de aprendizagem. Isto porque, caso contrá-
contexto da aprendizagem do movimento na EFE. rio, ele poderia incorrer em erros instrucionais de não
Considerando-as como conhecimentos sobre como fornecer a dica mais adequada para a aprendizagem.
melhorar a qualidade do movimento, buscou-se O fato de a dica perceptiva ter influenciado positi-
verificar seu efeito na aprendizagem da habilidade vamente a aprendizagem vem reforçar a interpretação
rebatida. No geral, os resultados mostraram que a de que as dicas de aprendizagem, para serem efetivas,
rebatida foi mais bem aprendida pelos alunos que devem estar atreladas à especificidade da habilidade,
tiveram dicas perceptivas em suas aulas. particularmente focando o elemento essencial da
Esses resultados permitem sugerir a dica percepti- mesma6,10,22. O rebater, por se tratar de uma habili-
va “olho na bola” como uma informação crítica para dade aberta, requer do executante o processamento
o desempenho dos alunos na habilidade rebatida, de dados perceptivos para uma tomada de decisão
visto que ela promoveu a aprendizagem mais bem acertada acerca do momento correto para iniciar o
sucedida. O fato de a dica perceptiva ter direcionado movimento e assim atingir a bola no tempo e espaço
a atenção dos alunos para o objeto em movimento adequados - timing coincidente - e não executar o
e ter possibilitado a sua interação com o ambiente, movimento o mais rapidamente possível conforme
permite interpretá-la como importante conheci- sugeria a dica motora. Poderia ser pensado, ainda,
mento para a aprendizagem da rebatida. que ao direcionar a atenção seletiva para o aspecto
Ainda, o fato de não ter havido aprendizagem crítico da habilidade - trajetória da bola - a dica “olho
em todos os grupos que receberam dicas suporta a na bola” poderia estimular o desenvolvimento da
proposição sobre a efetividade de a dica depender de capacidade perceptiva que, ao longo das tentativas,
ela conter informação crítica para o desempenho da possibilitaria maior atenção ao aspecto qualitativo do
tarefa. Embora dicas sejam propostas como estraté- padrão de movimento. O fato de o grupo que iniciou
gia de atenção seletiva, elas devem envolver aspectos com nível alto de habilidade ter se beneficiado ao
essenciais para a realização da habilidade6,10-11,22-23. receber a dica motora vem reforçar essa interpretação.
A assunção da dica perceptiva “olho na bola” Isto é, para os alunos desse grupo, a dica perceptiva
como importante conhecimento para a melhoria “olho na bola” já se fazia redundante.
da qualidade do movimento ganha suporte no Ainda, o fato de as dicas motoras terem sido
contexto educacional em virtude do seu potencial efetivas para a aprendizagem dos alunos em estágios
de transferência, ou seja, “olho na bola” poderia ser avançados relativos ao padrão de movimento reforça
utilizado em uma gama de habilidades de rebatida em a sugestão sobre o direcionamento da atenção por
diferentes contextos como, por exemplo, no jogo de meio da dica adequar-se às características específicas
taco e no beisebol. Os resultados do presente estudo de cada aluno, da tarefa e do próprio ambiente6,24.
podem trazer implicações, também, para a formação Por exemplo, recente pesquisa25 mostrou que a dica
profissional no sentido de permitir reflexões sobre a não foi relevante em face de informações relaciona-
importância de o professor conhecer a tarefa ou o das às outras fases da habilidade de rolamento peixe
Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013 Jan-Mar;27(1):149-57 • 155
Silveira SR, et al.
Abstract
The acquisition of striking motor skill in school Physical Education: a study of learning cues as educational content
The purpose of this study was to investigate the effects of verbal cues on the acquisition of a striking
skill, focusing on their perceptual and motor aspects. The sample of this study was made of 84 public
school students aged between six to eight years old from three classrooms of the same school. Each
classroom constituted a group: no cue, perceptual cue and motor cue group. The experiment was carried
out in three phases: pre-test, classes with specific cue and post-test. The group which received perceptual
cue showed better results. Thus, it was verified that the effects of cues depend on the specificity of the
task concerning its information processing demands. It was concluded that task´s specificity related
cue demonstrated its potential as knowledge for the students to guide them towards improvement of
the quality of movement and confirms the possibility of its inclusion as a content to be taught in the
school physical education.
KEY WORDS: School physical education; Motor learning; Verbal cues; Educational content.
Referências
1. Tani G. Desporto e escola: que diálogo ainda é possível? In: Bento JO, Constantino JM, coordenadores. Em defesa do
desporto: mutações e valores em conflito. Coimbra: Almedina; 2007. p. 269-87.
2. Tani G. Perspectivas para a educação física escolar. Rev Paul Educ Fís. 1991;5:61-9.
3. Tani G. Abordagem desenvolvimentista: 20 anos depois. Rev Educ Fís. 2008;19:313-33.
4. Halverson LE. The young child… The significance of motor development. In: Engstrom G, editor. The significance of
the young child’s motor development. Washington: National Association for the Education of Young Children; 1971.
5. Ericsson KA, Krampe RT, Tesch-Römer C. The role of deliberate practice in the acquisition of expert performance.
Psychol Rev. 1993;100:363-406.
6. Landin DK. The role of verbal cues in skill learning. Quest. 1994;46:299-313.
7. Ladewig I. A importância da atenção na aprendizagem de habilidades motoras. Rev Paul Educ Fís. 2000;14:62-71.
8. Magill RA. Motor learning and control: concepts and applications. 9th ed. Boston: Mcgraw-Hill; 2010.
9. Schmidt RA, Lee T. Motor control and learning: a behavioral emphasis. 5th ed. Champaign: Human Kinetics; 2011.
10. Fronske H. Teaching cues for sport skills for secondary school students. 5th ed. Boston: Benjamin Cummings; 2012.
156 • Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013 Jan-Mar;27(1):149-57
Aquisição de habilidade motora rebater
11. Marques MTSP. Dicas verbais na aprendizagem de uma habilidade motora: foco no comportamento e na interação entre
os componentes [dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte; 2012.
12. Freudenheim AM, Iwamizu JS, Santos S. Da pesquisa sobre instrução à intervenção profissional. In: Corrêa UC. Pesquisa
em comportamento motor: a intervenção profissional em perspectiva. São Paulo: EFP/EEFEUSP; 2008. p. 231-9.
13. Masser LS. Critical cues help first-grade students’ achievement in handstands and forward rolls. J Teach Phys Educ.
1993;12:301-12.
14. Buchanan AM, Briggs J. Making cues meaningful: a guide for creating your own. Teach Elem Phys Educ. 1998;8:16-8.
15. Roach NK, Burwitz L. Observational learning in motor skill acquisition: the effect of verbal directing cues. In: Watkins
J, Riley T, Burwitz L, editors. Sport science: proceedings of the VIII Commonwealth and International Conference
on Sport, Physical Education, Dance, Recreation, and Health; 1986. New York: Spon; 1986. p. 349-54.
16. Oliveira JA. Aquisição de uma habilidade motora básica: a prática sistemática em foco [tese]. São Paulo (SP): Univer-
sidade de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte; 2006.
17. Williams HG. Perceptual and motor development. New Jersey: Prentice Hall; 1983.
18. Tani G, Manoel EJ, Kokubun E, Proença JE. Educação física escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvi-
mentista. São Paulo: EPU/EDUSP; 1988.
19. Gallahue DL, Ozmun JC, Goodway JD. Understanding motor development: infants, children, adolescents, adults.
7th ed. Boston: McGraw-Hill Education; 2011.
20. Silveira SR. Aquisição de habilidades motoras na educação física escolar: um estudo das dicas de aprendizagem como
conteúdo de ensino [tese]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física e Esporte; 2010.
21. Siegel S, Castellan Júnior J. Estatística não-paramétrica para ciências do comportamento. São Paulo: Artmed; 2006.
22. Pasetto SC, Araújo P, Corrêa UC. Efeitos de dicas visuais na aprendizagem do nado crawl para alunos surdos. Rev
Port Ciênc Desporto. 2006;6:14-9.
23. Medina-Papst J, Ladewig I, Marques I. Dicas de aprendizagem na aquisição de habilidades motoras: uma revisão. Rev
Educ Fís. 2009;20:625-35.
24. Bôscolo EFM, Santos LM, Oliveira SL. Natação para adultos: a adaptação ao meio aquático fundamentada no apren-
dizado das habilidades motoras aquáticas básicas. Rev Educ. 2011;6:21-8.
25. Medina-Papst J, Ladewig I, Rodacki AF, Marques I. Dicas de aprendizagem auxiliam as crianças com TDC na aquisição
de uma habilidade motora complexa? Rev Bras Ciênc Esporte. 2012;34:477-94.
26. Tokuyoshi JH, Bigotti S, Antunes FHC, et al. Retrato dos professores de educação física das escolas estaduais do Estado
de São Paulo. Motriz: Rev Educ Fís. 2008;14:418-28.
ENDEREÇO
Sérgio Roberto Silveira
R. Mário Maglio, 198 Recebido para publicação: 08/05/2012
05530-050 - São Paulo - SP - BRASIL Aceito: 19/10/2012
e-mail: ssilveira@usp.br
Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013 Jan-Mar;27(1):149-57 • 157