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FENÔMENOS
DE TRANSPORTE
PROF. ALISSON COCCI DE SOUZA
2

AULA 03

Tensão de cisalhamento e
viscosidade
COEFICIENTE DE COMPRESSIBILIDADE 3

O volume de um fluido muda com a variação de sua temperatura ou pressão.

Geralmente, os fluidos expandem-se quando aquecidos ou despressurizados e


contraem-se quando resfriados ou pressurizados.

Aplicação de pressão:
redução do volume
COEFICIENTE DE COMPRESSIBILIDADE 4

O coeficiente de compressibilidade κ de um fluido é definido como:

𝜕𝑝 𝜕𝑝
κ = −𝑣 =𝜌 [𝑃𝑎]
𝜕𝑣 𝑇
𝜕𝜌 𝑇

Esse coeficiente indica o gradiente de variação do volume com a aplicação de


pressão sobre o fluido.

Sendo 𝜌 = 1/𝑣, então, diferenciando essa expressão, temos:

𝑑𝜌 𝑑𝑣
=−
𝜌 𝑣
COEFICIENTE DE EXPANSÃO VOLUMÉTRICA 5

A densidade de um fluido, geralmente, depende mais intensamente da


temperatura que da pressão.

A propriedade que representa a variação da densidade de um fluido com a


temperatura sob pressão constante é o coeficiente de expansão volumétrica
(𝛽).

1 𝜕𝑣 1 𝜕𝜌 1
𝛽= =−
𝑣 𝜕𝑇 𝑃
𝜌 𝜕𝑇 𝑝
𝑇
COEFICIENTE DE EXPANSÃO VOLUMÉTRICA 6

Exemplos:
TENSÃO 7

Consideremos uma força 𝐹 aplicada


sobre uma área 𝑑𝐴.

Cada componente da força resulta em


um tipo de tensão:

𝐹𝑛
• Tensão normal: 𝜎 = ;
𝐴

Ou, em termos de força: 𝐹𝑛 = 𝜎. 𝐴

𝐹
• Tensão de cisalhamento: 𝜏 = 𝐴𝑡;

Ou, em termos de força: 𝐹𝑡 = 𝜏. 𝐴


TENSÃO 8

Exemplo: um bloco de borracha se deforma pela tensão de cisalhamento gerada


pela aplicação da força 𝐹, porém, ao cessar a aplicação da força (e da tensão de
cisalhamento), o bloco retorna à sua forma inicial.
TENSÃO 9

Por outro lado, se uma força 𝐹 for aplicada sobre uma placa na superfície de
um fluido, este se deforma continuamente ao longo do tempo.

SÓLIDO: relação entre tensão e deformação

FLUIDO: relação entre tensão e taxa de deformação.


ATRITO ENTRE SÓLIDOS 10

Quando dois corpos sólidos se movimentam um com relação ao outro, surge


uma força de atrito na superfície de contato.

A intensidade da força requerida para movimentar a caixa


depende do coeficiente de atrito entre a caixa e o piso.
ATRITO ENTRE SÓLIDOS 11

Quanto maior for o coeficiente de atrito, maior será a resistência ao


movimento e maior será a força requerida para deslocar o bloco.

O atrito pode levar o sólido a se deformar. O tipo dessa deformação


depende da intensidade da tensão aplicada.
REOLOGIA 12

O ramo da ciência que estuda as deformações e escoamento da matéria


quando submetida a tensões é a Reologia.

Mais precisamente, a Reologia dos fluidos estuda a relação entre o


escoamento (transporte de matéria) e as variáveis que influenciam nesse
escoamento.
ARRASTO 13

Com relação ao escoamento dos fluidos, observa-se que há atrito entre o


fluido e uma superfície sólida ou entre entre camadas de fluidos (fluido
homogêneo ou mistura de fluidos heterogêneos).

Uma das forças que um fluido em movimento exerce sobre um corpo é


chamada de força de arrasto.
PERFIL DE VELOCIDADE E 14
DEFORMAÇÃO
𝑦
Perfil de velocidade: 𝑢 𝑦 = 𝑉
𝑙
𝑑𝑢 𝑉
Gradiente de velocidade: =
𝑑𝑦 𝑙

Para uma pequena distância percorrida 𝑑𝑎 =


𝑉𝑑𝑡, temos:

𝑑𝑎 𝑉𝑑𝑡 𝑑𝑢
𝑑𝛽 ≅ 𝑡𝑔𝛽 = = = 𝑑𝑡
𝑙 𝑙 𝑑𝑦

𝑑𝛽 𝑑𝑢
= Taxa de deformação = gradiente de velocidade
𝑑𝑡 𝑑𝑦
VISCOSIDADE 15

Experimentalmente observa-se que há uma relação direta entre tensão de


cisalhamento e a taxa de deformação (ou gradiente de velocidade). Para
uma classe de fluidos, essa relação é diretamente proporcional:

d𝛽 d𝑢
𝜏∝ 𝜏∝
𝑑𝑡 𝑑𝑦
Esses fluidos são chamados de fluidos newtonianos e, no escoamento
cisalhante unidimensional, a tensão de cisalhamento e o gradiente de
velocidade se relacionam através de uma propriedade do fluido: a
viscosidade (𝜇).

µ é a viscosidade absoluta (ou dinâmica)


𝑑𝑢 𝑁 𝑘𝑔
𝜏=𝜇 do fluido, dada em 𝑃𝑎. 𝑠, ou .
𝑚.𝑠
𝑑𝑦 𝑚2
VISCOSIDADE 16

A viscosidade representa a resistência interna ao movimento do fluido.

Para os fluidos newtonianos, a viscosidade é constante para diferentes taxas


de cisalhamento e não variam com o tempo. Para uma temperatura e
pressão
constantes .

Uma outra forma de representar a viscosidade é dada pela razão 𝜇Τ𝜌. Essa
razão é chamada de viscosidade cinemática, dada por:
𝜇
𝑣=
𝜌

Fluido 𝝁
𝒌𝒈ൗ 𝒗 𝒎𝟐
ൗ𝒔
𝒎. 𝒔
Exemplos: Água (20ºC) 1,002.10-3 1,004.10-6
Ar (20ºC) 1,825.10-5 1,516.10-5
VISCOSIDADE 17

A viscosidade é função da pressão e da temperatura:

𝜇 = 𝑓(𝑇, 𝑝)

A influência da pressão sobre a viscosidade


é muito pequena e pode ser desprezada
para pequenas variações de pressão.
Para gases, ocorre o mesmo quando se
trata da viscosidade dinâmica, mas não
para a viscosidade cinemática!

Influência da temperatura sobre a


viscosidade para líquidos e gases
VISCOSIDADE 18

Para gases, a viscosidade pode ser calculada como uma função do tipo:
1
𝑎𝑇 2
𝜇=
1 + 𝑏ൗ𝑇

Para líquidos, a viscosidade é aproximada pela expressão:


𝑏
𝜇= 𝑎10𝑇−𝑐

a, b e c são constantes determinadas experimentalmente.


Exemplo: ÁGUA
𝑎 = 2,414 x 10-5 N.s/m2, 𝑏 = 247,8 K e 𝑐 = 140 K para um erro menor que 2,5 % na
faixa de 0 a 370ºC.
VISCOSIDADE 19

Para uma grande variedade de fluidos, o


comportamento da viscosidade como função
da temperatura já é conhecido.

Esses dados estão disponíveis em tabelas e


gráficos nos apêndices dos livros de Mecânica
dos Fluidos.
FLUIDOS NEWTONIANOS 20

Fluidos newtonianos apresentam viscosidade constante, para quaisquer


valores de taxa de cisalhamento a uma temperatura constante.

A representação gráfica tensão vs. taxa de


deformação é uma reta, onde coeficiente
angular da reta é a viscosidade.

Exemplos: água, álcool e


gasolina.
Exercício 2 (2.42 – Çengel) 21

Uma chapa plana final de dimensões 20 cm x 20 cm é puxada horizontalmente


com velocidade de 1 m/s sobre uma camada de óleo de 3,6 mm de espessura
entre duas chapas planas, uma estacionária e a outra movendo-se com
velocidade constante de 0,3 m/s, como mostrado na figura a seguir. A
viscosidade dinâmica do óleo é 0,027 Pa.s. Considerando que a velocidade de
cada camada de óleo varie linearmente, (a) trace o perfil de velocidade e
determine o ponto em que a velocidade do óleo seja nula e (b) determine a
força que precisa ser aplicada sobre a chapa para manter o movimento.
Exercício 2 (2.42 – Çengel) 22

Dados : " = °

"' " " "" hm


' ,

A = 0,2×0,2 = 0,04m

}
i
is

h, = 1mm = IÔM h,

'

-
'

1mA
-

IÔM ! na

|
lhz = 2,6mm = 2,6 -



1m / S

✓ =
To
i.

i.
na

%
- - -
- -

;
à

Vw = 0,3m / s ←
-
,

01027Pa s
µ
-

0,3mA

de velocidade
%÷= :# %;= -9¥
consideração :
perfil i.

linear
Exercício 2 (2.42 – Çengel) 23

13,5Pa
Y 016mg %
= =

tensões I. A
(b) cálculo das I
IA F
- =
:
_
i.

lado % =p
DÊ F- ( IstoE ) A
= .

superior
:

F- = (27+13,5) .

0104
27Pa
(÷)
% = 0027 .

: % =

Lado inferior :
% =
µ ¥,
F=162£
E- = 01027 .

(1-2%7-03)
Exercício 3 (2.59 – Fox) 25
Um viscosímetro de cilindros concêntricos pode ser obtido pela rotação do
membro interno de um par de cilindros encaixados. A folga anular entre os
cilindros deve ser muito pequena de modo a desenvolver um perfil de velocidade
linear na amostra líquida que preenche a folga. Um viscosímetro tem um cilindro
interno de 75 mm de diâmetro e altura de 150 mm, com uma folga anular de 0,02
mm. Um torque de 0,021 N.m é requerido para manter o cilindro girando a 100 rpm.
Determine a viscosidade do líquido que preenche a folga do viscosímetro.
Exercício 3 (2.59 – Fox) 26

Fluido newtoniano


7- µ de
-

dy

Jw
! -1
a

} ;Í

" " '

U
'

-
_
' '

O
' ' '
'
É?
v.
F

F-
1-

-
=

E
F. R

f- = 0,021
010375m
R = 37,5mm =

a = 0,02m
-

0,0375
150mm
=
0,150m
H =

IÔM
a 2-
F=Q56N-
=

T = 01021N -

W = 100 rpm
Exercício 3 (2.59 – Fox) 27

I =

É i .
A = ÃD - H
Transformando W :

A = IT 01075
- -
0,150
i .
A = 01035nF • =
.at :# t.IE#-I.I%F1
W =
10,47 rad / S
E = 0£ i .
E =
16Pa
0,035 0,037s
✓ = 10,47 .

V O , 39m /S
¥,
v -
o =

a-
'

V = cu . R [ m/s ]
¥ =

?%÷ = 195005
Exercício 3 (2.59 – Fox) 28

E =
µ
.

¥,
a- ⇐÷ .

µ=Q21ÔR
FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS 30

Fluidos não-newtonianos não apresentam uma relação diretamente


proporcional entre tensão e taxa de deformação.

Desse modo, esses fluidos não apresentam


uma viscosidade definida, sendo essa uma
função da taxa de cisalhamento.

Dentre os tipos de fluidos não newtonianos,


destacam-se dois tipos principais, os
independentes e os dependentes do tempo.

Fluidos não newtonianos independentes


do tempo
FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS 31

Os problemas envolvendo fluidos não newtonianos dependentes do tempo


são mais complexos e fogem do escopo aqui abordado. Dentre os fluidos
independentes do tempo, podemos citar:

Plásticos de Bingham (plásticos ideais): comportam-se como sólidos até ser


atingida uma tensão limite τ0, a partir da qual o fluido passa a apresentar
comportamento linear entre τ e du/dy, semelhante a um fluido newtoniano.

Exemplos: creme dental, argila, lama de perfuração;

𝑑𝑢
τ = τ0 + 𝜇
𝑑𝑦
FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS 32

Pseudoplásticos : em repouso, apresentam suas moléculas em um estado


desordenado, e quando submetidas a uma tensão de cisalhamento, suas
moléculas tendem a se orientar na direção da força aplicada. E quanto
maior esta força, maior será a ordenação e, consequentemente, menor será
a viscosidade aparente.

Exemplos: graxa, óleo de motor, tinta e polpa de


frutas;
FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS 33

Dilatantes: apresentam um aumento de viscosidade aparente com a tensão


de cisalhamento. No caso de suspensões, à medida que se aumenta a
tensão de cisalhamento, o líquido intersticial, que lubrifica a fricção entre as
partículas, é incapaz de preencher os espaços vazios. Ocorre, então, o
contato direto entre as partículas sólidas e, consequentemente, um aumento
da viscosidade aparente.

Exemplos: suspensões de amido de milho


e de areia, caldas a base de açúcar.
FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS 34

Para os fluidos não newtonianos cuja aplicação da tensão de cisalhamento


não depende do tempo, podem ser representados por um modelo
exponencial, dado por:

𝑛
𝑑𝑢 𝑑𝑢
𝜏 = 𝜏0 + 𝑘 = 𝜏0 + 𝑘γ𝑛 sendo =𝛾
𝑑𝑦 𝑑𝑦

Nessa equação, k é o índice de consistência do fluido [Pa.sn] e n é chamado


índice de comportamento do escoamento.
FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS 35

A tabela a seguir apresenta o comportamento do índice de consistência e


do índice de comportamento para os diferentes fluidos não-newtonianos
citados anteriormente.

Fluido k n 𝜏0
Newtoniano >0 1 0
Pseudoplástico >0 0<𝑛<1 0
Dilatante >0 1<𝑛<∞ 0
Plástico de Bingham >0 1 >0

𝑛
𝑑𝑢
𝜏 = 𝜏0 + 𝑘
𝑑𝑦
EXERCÍCIO 36

Com base nos dados experimentais a seguir, determine o tipo de fluido e suas
propriedades reológicas.
du/dy (s-1) τ (Pa)
10 39,97126
20 77,20579
30 126,9995
40 180,7857
50 237,7504
60 297,383
70 359,3299
80 423,3295
90 489,1795
100 556,7183
EXERCÍCIO 37

Utilizando a ferramenta de ajuste de curvas do MATLAB, é possível obter o


melhor ajuste aos dados experimentais.

- Modelo de potência: 𝑦 = 𝑎 𝑥 𝑏

FLUIDO DILATANTE

Índice de consistência: 𝑘 = 2
Índice de comportamento: 𝑛 = 1,222
EXERCÍCIO 38

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