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I.

Introdução

As relações internacionais são marcadas pela mundialização ou globalização do comercio, que se


traduz na construção de espaços económicos no seio dos quais as fronteiras geográficas,
vestígios de soberania em decadência, apenas tem um significado politico. A construção desses
espaços económicos que consagram uma cada vez maior integração económica dos estados
membros vista por um lado a promoção do desenvolvimento económico e social, e por outro
lado, do investimento privado, tornando os mercados mais atractivos e as empresas nacionais ou
comunitárias mais competitivas.

As comunidades económicas regionais são as bases sobre as quais se deverá erguer a integração
económica do continente africano, no entanto, tem sido notado as comunidades económicas
regionais não colocam a integração jurídica dos estados membros na lista das suas propriedades
enquanto que o direito é um instrumento da realização da integração económica. Os tratados
fundadores de umas raras comunidades de integração regional previram os instrumentos da
integração jurídica, mas, na grande maioria dos casos esta previsão não conheceu quaisquer
visíveis sucessos. É neste contexto que a experiencia de uniformização do direito dos negócios
dos estados africanos foi lancada pela organização para a harmonização em africa do direito dos
negócios (OHADA).

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II. Desenvolvimento

2.1 Origem da OHADA

A OHADA é uma ideia ou ainda, uma exigência dos operadores económicos africanos que
revindicam a melhoria do panorama jurídico e judiciário das empresas afim de assegurar os seus
investimentos. Tendo em consideração o abrandamento dos investimentos que se segui a
recessão económica e a insegurança jurídica judiciaria que reinaram na região a partir da década
80, tratava-se voltar a dar confiança aos investidores, tanto aos nacionais como os estrageiros
para favorecer o investimento do espirito empresarial e relançar os investimentos externos.

2.2. Razoes para a criação da OHADA

Para alem do contexto económico internacional que se impunha, muitas outras razoes são
geralmente aceites para justificar a criação da OHADA. Por um lado, a diversidade que
caracteriza as legislações africanas é um obstáculo a criação de um espaço económico integrado
e, por outro lado, esta diversidade é acompanhada de uma insegurança jurídica e judiciaria,
consequência da vetustez e da caducidade das legislações aplicáveis que desencoraja os
investimentos privados. Por ultimo, a integração económica apresenta diversas vantagens dado
que esta permite ao continente africano inserir-se no circuito do comercio internacional.

2.3. Entre indiferença e esperança

2.3.1. As causas da indiferença

Segundo Cistac (2012, p. 197) pode identificar dois principais factores causa desta indiferença:
um é qualitativo: a ausência de debate jurídica sobre a integração regional no seio da SADC
outro é quantitativo a OHADA ainda é percebida como um processo que implica exclusivamente
os estados da África Ocidental

2.3.1.1 Ausência de debate jurídica sobre a integração regional

A ausência de debate na SADC sobre as técnicas jurídicas sobre a integração regional constitui
um elemento essencial para compreender o estado de indiferença desta organização regional pela
OHADA. (CISTAC, 2012). Segundo o mesmo autor até agora a SADC privilegiou uma
abordagem económica da integração regional sem se preocupar, verdadeiramente das outras
dimensões do processo da integração e nomeadamente da sua dimensão jurídica. Neste sentido a

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integração jurídica foi negligenciada. Nesta perspectiva as prioridades retidas são essencialmente
económicas (harmonizar as politicas macroeconómicas prosseguir a estabilidade e convergência
macroeconómica e das politicas fiscais e monetárias) e financeiras (liberdade de circulação dos
capitais, liberalização do sector bancário e os mercados financeiros).

2.3.1.2 A OHADA ainda implica exclusivamente estados ocidentais (elemento quantitativo)

O elemento quantitativo da indiferença desdobra-se em dois aspectos destintos. Em primeiro


lugar, pode-se constatar que até agora, nenhum estado membro da SADC é membro da OHADA.
Para Cistac (2012, p.201) este estado de facto constitui, sem nenhuma duvida, um obstáculo a
compreensão, divulgação e finalmente, a adesão ao tratado da OHADA pelos estados membros
da SADC.

2.3.2 Motivos da esperança

Segundo Cistac (2012, p.203) pode-se identificar pelo menos dois motivos de esperança: a
inevitabilidade do discurso jurídico sobre a integração fará com que a SADC tenha a obrigação
de referir-se ao tratado da OHADA e a próxima adesão da Republica Democrática do Congo ao
tratado OHADA terá, certamente efeitos substancias na criação da SADC como comunidade de
direito.

2.3.2.1 Inevitabilidade do discurso jurídico sobre a integração

Para Cistac (2012, p. 203) não se pode pensar num processo de integração sem a sua dimensão
jurídica ainda que não constitua ela só todo esse processo a perspectiva da integração económica
implica naturalmente uma integração jurídica. A tomada em conta a dimensão jurídica no
processo de integração é um elemento necessário para estabelecer um espaço protegido
juridicamente e judicialmente para lutar contra a heterogeneidade dos sistemas jurídicos que
favorecem a criação de obstáculos não tarifários que constituem uma fonte de perturbações das
escolhas económicas que fundamentam o circulo do investimento e o afastamento.

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2.3.2.2 O papel chave da República Democrática de Congo uma porta aberta para a
OHADA para a SADC.

Segundo Cistac (2012, p. 204) teoricamente nada impede um estado membro da SADC aderir ao
tratado da OHADA. Com efeito no plano territorial a adesão ao tratado de OHADA está aberta
sem condição aos estados membros da Uniao Africana (UA).

A adesão da Republica Democrática de Congo ao tratado de OHADA terá certamente


consequências nos debates jurídicos que terão lugar numa fase posterior sobre o processo de
harmonização do direito económico no espaço da SADC. Com o efeito os direitos comercial e
económico unificados da OHADA através do vector da Republica democrática do congo,
constituíram os factores incontornáveis em todas as negociações ou estratégias futuras de
harmonização do direito económico dos diferentes quadros jurídicos dos estados membros da
SADC. Nesta prespectiva todas as hipóteses podem ser exploradas. Em primeiro, o direito da
OHADA pode constituir uma simples informação para os estados membros da SADC. Pode
também servir de modelo de referencia quanto ao conteúdo das normas jurídicas uniformizadas e
das suas vantagens praticas. Em segundo lugar, o modelo da OHADA pode igualmente constituir
um método para a elaboração de uma estratégia futura para a realização de um processo de
harmonização ou uniformização do direito económico. Finalmente o modelo da OHADA pode
suscitar uma vaga de adesão parcial ou total dos estados membros da SADC a este tratado. A
OHADA tem vocação africana, isto é, a promoção da união africana, mais exactamente da
organização de um mercado comum africano, constitui um dos objectivos da OHADA.

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3. Conclusão

A SADC e Moçambique tem um olhar indiferente sobre a OHADA, por razão da ausência de
debate jurídica sobre a integração regional no seio da SADC outro é quantitativo a OHADA
ainda é percebida como um processo que implica exclusivamente os estados da África Ocidental
o que é no mínimo decepcionante. Com tudo ainda a razoes de esperança, razoes essas que
podemos destacar a inevitabilidade do discurso jurídico sobre a integração fará com que a SADC
tenha a obrigação de referir-se ao tratado da OHADA e a próxima adesão da Republica
Democrática do Congo ao tratado OHADA terá, certamente efeitos substancias na criação da
SADC como comunidade de direito. Neste contexto pode se afirmar que

as faculdades de direitos da região têm um papel muito importante para mudar o olhar dos
estados membros da SADC para a OHADA.

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Referencias bibliográficas

CISTAC, Gilles. Aspectos Jurídicos da integração regional. Escolar Editora: Maputo, 2012.

MOULOUL, Alhousseini. Compreender a organização para a harmonização do direito dos


negócios de África (OHADA).

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