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Volume 67 | Número 6 ISSN0034-7094

Suplemento 1
Dezembro 2017
REVISTA BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA • VOL. 67

Impact Factor 2016: 0.903

REVISTA
BRASILEIRA DE
ANESTESIOLOGIA
Supl 1 • DEZEMBRO 2017

BRAZILIAN JOURNAL OF ANESTHESIOLOGY


Official Publication of the Brazilian Society of Anesthesiology

64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia


Curitiba, 10 a 14 de novembro de 2017

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REVISTA Órgão oficial da

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Tolomeu Artur Assunção Casali Rogean Rodrigues Nunes

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Ricardo Lopes da Silva Maristela Bueno Lopes

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Volume 67 • Número 6 • Suplemento 1 • Novembro 2017

SUMÁRIO

RESUMOS
I) Administração e Qualidade TLO445 O PAPEL DO CHECKLIST ELETRÔNICO NA
TRANSFERÊNCIA DE PACIENTES DO CENTRO CIRÚRGICO
TLO801 ANÁLISE RETROSPECTIVA COMPARATIVA DA PARA UTI E SUA REPERCUSSÃO NA SEGURANÇA DO
DURAÇÃO DE CASO NUM PROCEDIMENTO CIRÚRGICO PACIENTE - S3
ENTRE O TEMPO ESTIMADO PELO CIRURGIÃO E O Rohnelt Machado de Oliveira, Mayara Galante Negri,
REALIZADO - S1 Beatriz Locks Bidese, Angélica Melissa Díaz García,
Gustavo Luchi Boos, Jorge Hamilton Soares Garcia, Eduardo Cesar Scherer, Ana Carolina Ferreira Ratin
Rodrigo Nolasco de Souza, Luiz Fernando Soares,
Marcos Lazaro Loureiro, Maurício Sperotto Ceccon

TLO243 AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA INCORPORAÇÃO II) Anestesia Ambulatorial


DE UM MODELO DE ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PRÉ-
OPERATÓRIO NO FLUXO DE CUIDADO DOS PACIENTES TLP733 COMPLICAÇÃO CARDIOVASCULAR (IAM) EM
NA SRPA E NA INCIDÊNCIA DE COMPLICAÇÕES NO PÓS- CIRURGIA AMBULATORIAL - S3
OPERATÓRIO IMEDIATO - S1 Izabella Fernandes Feracini, Flávia Lopes Delgado,
Claudia de Souza Gutierrez, Luciana Paula Cadore Stefani, Eduardo Piccinini Viana, Jaime Weslei Sakamoto,
Wolnei Caumo, Rafael Mohr Limberger, Eduardo Kohls Toralles, Jorge Barrios Alarcon, Vinícius Pinheiro Teles
Gabriela Leal Gravina

TLO304 CONTROLE DE QUALIDADE EM ANESTESIA


TLO596 DADOS PRELIMINARES SOBRE A INCIDÊNCIA DE AMBULATORIAL: AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS NA VISÃO
INTUBAÇÃO DIFÍCIL EM UM SERVIÇO PRIVADO DE DOS PACIENTES - S4
SÃO PAULO - S2
Jeconias Neiva Lemos, Lavínia Dantas Cardoso Neiva Lemos,
Gabriel Soares de Sousa, André Luis Ottoboni, Regiane Xavier Dias, Davi Jorge Fontoura Solla, Danilo Dantas Cardoso Neiva Lemos,
Guilherme Moura, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto
Norma Sueli Pinheiro Modolo

TLP525 GERENCIAMENTO DO FLUXO DE PACIENTES NA


SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA - S2
Luiza Alexi Freitas, Marcelo Gustavo Angeletti, Vanda Regina III) Anestesia e Terapia Intensiva
Machado, Luciana Cadore Stefani, Patrícia Wajnberg Gamermann
TLO490 ANALGESIA APRIMORADA COM PERIDURAL
TLO437 INCIDÊNCIA DE DESPERTAR INTRAOPERATÓRIO CONTÍNUA EM TRAUMA TORÁCICO – SEU PAPEL NO
EM CIRURGIAS ELETIVAS SEM MEDICAÇÃO CONTROLE DE VARIÁVEIS RESPIRATÓRIAS E
PRÉ-ANESTÉSICA - S2 HEMODINÂMICAS NO CTI - S4
Carla Valéria Rocha Ramos Giorgetta, Luiz Paulo Pereira Prado, Briana Alva Ferreira, Flávio Elias Callil, Paula Rios Gomes,
Reno Queiroz, Tania Carla de Menezes Cortez, Victória Régia dos Santos Freitas Lins,
Antonio Henrique Magalhães Plischke Caroline Garnier Farias de Lima Martins, Marina Silva Junqueira

© 2017 Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda.


II

TLP917 AVALIAÇÃO DA MORTALIDADE ASSOCIADA AO USO TLO677 FATORES DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIOS PARA LESÃO
DE CETAMINA PARA INTUBAÇÃO EM PACIENTES CRÍTICOS: RENAL AGUDA APÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO: RESULTADOS
REVISÃO SISTEMÁTICA - S5 DE UM ESTUDO TRANSVERSAL NO NORDESTE DO BRASIL - S8
Rodolfo Carvalho Soeiro Machado, Victor Guilherme Bittar Souto, Lia Cavalcante Cezar, Raimundo Martins Gomes Junior,
Cátia Sousa Govêia, Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Francisco Israel Araújo Costa, Renata de Paula Joca da Silva,
Luís Cláudio de Araújo Ladeira, Denismar Borges de Miranda Cláudia Regina Fernandes, Fernanda Paula Cavalcante

TLP523 INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO ENTRE A DIFERENÇA


VENOARTERIAL DE CO2 E O CONTEÚDO ARTERIOVENOSO
IV) Anestesia e Transplante DE O2 NO DESFECHO DE PACIENTES SUBMETIDOS A
TLO413 ANESTESIA NO TRANSPLANTE DE RIM DE DOADOR TRANSPLANTE HEPÁTICO - S8
VIVO NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE BOTUCATU: FATORES Amanda de Figueiredo Calili, Lívia Pereira Miranda Prado,
DE INFLUÊNCIA PARA O DESFECHO - S5 Days Oliveira de Andrade, Francisco Ricardo Marques Lobo,
Yara Marcondes Machado Castiglia, Luiz Gustavo Mondelli de Andrade, Débhora Dayanne Tres, Camila Vioto
Leopoldo Muniz da Silva, Verusca Michele Oliva
TLO327 NEUROPATIA RADIAL APÓS TRANSPLANTE DE
TLO137 ANESTESIA PERIDURAL PARA TRANSPLANTE FÍGADO: SÉRIE DE CASOS - S9
RENAL EM PACIENTE COM HISTÓRIA DE VIA AÉREA DIFÍCIL E Mariana Marques Albuquerque Teixeira,
MÚLTIPLAS COMORBIDADES - S5 Danuta Maria Duarte Bezerra de Lima, Gustavo Michel da Cunha Cruz,
Henrique Zechlinski Xavier de Freitas, Giorgio Pretto, Filipe de Juliano Farias Cordeiro, Elissa Carla Pinto Jaques,
Alencar Matos, Carolina Quintana de Quadros Brenner, Caio César Carlos Alberto Campos Falcão Filho
Sampaio de Castro Nôleto, Roberta Parastchuk
TLP539 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA DECORRENTE
TLO368 ARRITMIAS NO TRANSPLANTE CARDÍACO: DE HIPERCALEMIA DURANTE TRANSPLANTE HEPÁTICO –
RELATO DE CASO - S6 RELATO DE CASO - S9
Rafaela Souto e Souza, Fernanda Rebouças Botelho, José Carlos Rodrigues Nascimento, Mariana Viana Pinheiro,
Renato Machado de Almeida Junior, Felipe Nobre Muniz, Érica Freitas Camelo, Antônia Lima de Sousa,
Mariana Reines Bevilaqua Sullavan, Alexandre Mio Pos, Hélio José Leal Silva Júnior,
Marcos Daniel de Faria
TLP857 PRODUÇÃO DE SUBSTÂNCIA HEPARINOIDE EM
TLO333 AVALIAÇÃO CONTÍNUA DA CONSCIÊNCIA COM ÍNDICE TRANSPLANTE DE FÍGADO APÓS A REPERFUSÃO - S10
BISPECTRAL NO INTRAOPERATÓRIO DE TRANSPLANTE Enis Donizetti Silva, Cássio Campello de Menezes,
HEPÁTICO - S6 Claudia Marquez Simões, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto,
Frederico Resende Azevedo Parreira, José Carlos Rodrigues Maia Nogueira Crown Guimarães, Leonardo de Freitas Nascimento
Nascimento, Rogean Rodrigues Nunes, Tiêgo Rodrigues de Oliveira
Pires, Cristiane Gurgel Lopes, Rômulo Frota Lôbo TLP672 REATIVAÇÃO DO SERVIÇO DE TRANSPLANTE
RENAL EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO: SÉRIE
TLP037 CHOQUE E EDEMA PULMONAR NÃO CARDIOGÊNICO DE CASOS - S10
EM TRANSPLANTE HEPÁTICO – RELATO DE CASO - S7 Rafaella Campanholo Gradinete, Luiz Gustavo Orlandi de Sousa,
Raisa Melo Souza, Alexandre Bottrel Motta, Patrícia de Fátima Zanata Ribeiro Alves Gonçalves,
Luiz Guilherme Villares da Costa, Thales Abreu Tedoldi, Ana Cláudia Albernaz Valente, Paula Cristina Barros de Matos
Kelson Sousa Jacobina
TLO352 TRANSPLANTE HEPÁTICO DOMINÓ DE PACIENTE
TLO305 COMPLICAÇÃO PERIOPERATÓRIA NO TRANSPLANTE PORTADOR DE POLINEUROPATIA AMILOIDÓTICA FAMILIAR
RENAL – TROMBOSE DA ARTÉRIA ILÍACA EXTERNA - S7 PARA PACIENTE IDOSA COM HEPATOCARCINOMA. RELATO DE
Julia Maria Olsen, Kelson Sousa Jacobina, CASO - S11
Luiz Guilherme Villares da Costa, Thales Abreu Tedoldi, Paulo do Nascimento Júnior, Debora Alves Aude,
Carolina Ashihara Lucas Esteves Dohler, Joel Avancini Rocha Filho,
Norma Sueli Pinheiro Modolo, Leandro Gobbo Braz
TLO555 DISTÚRBIO DE COAGULAÇÃO SEVERO
DIAGNOSTICADO PELA TROMBOELASTOMETRIA APÓS PCR TLO391 USO DE FIBRINOGÊNIO SINTÉTICO COMO
NO TRANSPLANTE HEPÁTICO: RELATO DE CASO - S8 ALTERNATIVA AO CRIOPRECIPITADO NO TRANSPLANTE
José Carlos Rodrigues Nascimento, Edson Bulamarque Lopes Neto, HEPÁTICO - S11
Cristiane Gurgel Lopes Farias, Sara Lucia Ferreira Cavalcante, Luiz Guilherme Villares da Costa, Kelson Sousa Jacobina,
Manuela Bezerril Cipião Fernandes, Iana de Almeida Siqueira, Raffael Pereira Cezar Zamper, Enéas Eduardo Sucharski,
Edson Bulamarque Lopes Neto Carolina Ashihara, Flávio Takaoka
III

TLP642 VASOPLEGIA E PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA TLP336 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE HIPERTERMIA


RESPONSIVAS A INFUSÃO DE TERLIPRESSINA E AZUL PERIOPERATÓRIA MANTIDA APÓS ESTUDO
DE METILENO APÓS REPERFUSÃO EM TRANSPLANTE ELETROFISIOLÓGICO PARA TERMOABLAÇÃO DE VIAS
HEPÁTICO - S11 ANÔMALAS: UM RELATO DE CASO - S15
Matheus Leandro Lana Diniz Vinícius Jordão Souza Moreira, Mariana Gomes Rajão Santiago,
Alessandre Luiz Braga Júnior, Rodrigo Bernardes de Oliveira,
Gustavo de Paula Tofani, Renata Cunha Ribeiro

V) Anestesia em Cirurgia Cardiovascular


TLO409 EXTUBAÇÃO DE PACIENTE PÓS-CIRURGIA
TLO101 A FALHA NA ABORDAGEM CONVENCIONAL DA CARDÍACA EM SALA - S15
ESTENOSE PULMONAR CONGÊNITA E O IMPLANTE DE UM Samuel Leonardo de Oliveira Santos,
STENT NO CANAL ARTERIAL: UM RELATO DE CASO - S12 Luiz Gustavo Orlandi de Sousa, William Fontan Santiago,
Nathalia Magalhães Fonseca, Bruno Tecles Brandão de Oliveira, Werner Alfred Gemperli
Francisco Drummond Lima, Patrícia Melgaço de Alencar Arraes,
Rodrigo Bernardes de Oliveira, Gustavo de Paula Tofani
TLP178 HIPOTENSÃO ARTERIAL GRAVE APÓS O
USO DE HEPARINA EM CIRURGIA CARDÍACA: RELATO
TLO204 ANÁLISE DA SATURAÇÃO VENOSA CENTRAL DE CASO - S16
DE OXIGÊNIO PERIOPERATÓRIA E SUA RELAÇÃO COM
Priscila Evaristo de Carvalho, Josué Omena Barbosa Junior,
MORTALIDADE EM CIRURGIAS CARDÍACAS - S12
Marcius Vinicius Mulatinho Maranhão
Leandro Carvalho Longo, Marcelo Henrique Gomes Nunes,
Reinaldo Vargas Bastos de Miranda, César de Araújo Miranda,
João Pedro Motta Lima, Alécio Fonseca Leite TLP584 INSTALAÇÃO DE OXIGENAÇÃO POR MEMBRANA
EXTRACORPÓREA EM CRIANÇA DURANTE
TLP933 ANESTESIA COMBINADA PARA PACIENTE SUBMETIDO ANESTESIA PARA CORREÇÃO DE DEFEITO DO SEPTO
A NEFRECTOMIA RADICAL E TROMBECTOMIA DE ÁTRIO ATRIOVENTRICULAR - S16
USANDO CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA - S13 Mateus Meira Vasconcelos, Demócrito Ribeiro de Brito Neto,
Rodolfo Carvalho Soeiro Machado, Cátia Sousa Govêia, João Paulo Jordão Pontes, Rodrigo Rodrigues Alves,
Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Rafaela Feitosa Anselmi, Fernando Cássio do Prado Silva, Amanda Corrêa Vidica
Roberto Sodré Farias, Edno Magalhães
TLO649 MANEJO ANESTÉSICO DURANTE ABLAÇÃO
TLP617 ANESTESIA OPIOID-FREE COM USO DE ENDOCÁRDICA DE HIPERTROFIA SEPTAL POR
DEXMEDETOMIDINA PARA CIRURGIA DE CORREÇÃO DE RADIOFREQUÊNCIA – RELATO DO PRIMEIRO CASO
ANEURISMA DE AORTA ASCENDENTE E TROCA VALVAR NO BRASIL - S16
AÓRTICA: RELATO DE CASO - S13 João Henrique Zucco Viesi, Indara Mattei Dornelles,
Amália Tieco da Rocha Sabbag, Ingrid Caroline Baia de Souza, Sávio Cavalcante Passos, Adriene Stahlschmidt,
Jackson Davy da Costa Lemos Bruno Pereira Valdigem, David Costa de Souza Le Bihan

TLO536 ANEURISMECTOMIA VENTRICULAR GUIADA POR TLO737 TUMOR MIOFIBROBLÁSTICO INFLAMATÓRIO


ECOCARDIOGRAMA TRANSESOFÁGICO - S14 INTRACARDIÁCO: MANEJO ANESTÉSICO E RELATO
Yara Grott, Jean Abreu Machado, Leonardo Linhares Brollo, DE CASO - S17
Jaime da Mota Correa Junior, Dayane Gelenski,
Wagner Fernandes Júnior, Vinícius Martins Andrade,
Ewerton Villa Fonseca
Mateus Moreira Antunes, Alexandre de Castro Morais,
André Vinicius Campos Andrade, Cláudio Leo Gelape
TLO111 AVALIAÇÃO ECOCARCARDIOGRÁFICA
TRANSESOFÁGICA INTRAOPERATÓRIA NA CIRURGIA DE
MIECTOMIA: RELATO DE UMA SÉRIE DE QUATRO CASOS - S14 TLP875 USO DE DEXMEDETOMIDINA NA CORREÇÃO DE
CARDIOPATIA CONGÊNITA - S17
Marcello Fonseca Salgado Filho, Adrielle Aprigio de Queiroz,
Cassia Franco Matheus, Julianne Moreira, Isabela Scárdua Frizzera Gonçalves, Ariani Cristina Moraes Benites,
Maia Nogueira Crown Guimarães, Amélie Gabrielle Vieira Falconi Francisco Ricardo Marques Lobo

TLO337 BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESTRELADO PARA TLP979 VASOPLEGIA EM CIRURGIA CARDÍACA: UM RELATO
TRATAMENTO DE TAQUICARDIA VENTRICULAR REFRATÁRIA: DE CASO - S18
UM RELATO DE CASO - S14 Fernanda Lourenço Furigo, Anny Sugisawa,
Mariana Gomes Rajão Santiago, Vinícius Jordão Souza Moreira, Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz,
Marcela Pereira de Souza Leite, Rodrigo Bernardes de Oliveira, Felipe José Ferrer de Morais, Lucas Fernandes da Silva,
Gustavo de Paula Tofani, Fabrício Paulo Rossati Fábio Luis Ferrari Regatieri
IV

VI) Anestesia em Cirurgia Torácica TLP746 CONDUTA NO PACIENTE COM PNEUMOTÓRAX


IPSILATERAL E HEMOTÓRAX CONTRALATERAL PARA
TLP968 ANESTESIA EM PACIENTE COM PECTUS EXCAVATUM COLOCAÇÃO DE CATETER DUPLO LÚMEN DE LONGA
E REPERCUSSÃO HEMODINÂMICA: RELATO DE CASO - S18 PERMANÊNCIA - S22
Marcelo Kenji Lima Nishina, Larissa Fernanda Coêlho dos Santos, Fabricio Azevedo Cardoso, Bruno Verly da Silva,
Gualter Lisboa Ramalho, Ana Luisa Dantas Souto Caroline Souza Santos, Rodrigo Principe Passini Lannes

TLO479 INCIDÊNCIA DAS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES COM TLO963 ENDARTERECTOMIA DE CARÓTIDA SOB SEDAÇÃO E
A ANALGESIA PERIDURAL CONTÍNUA NO PÓS-OPERATÓRIO BLOQUEIO DE PLEXO CERVICAL: SERÁ UM CAMINHO MAIS
IMEDIATO DE CIRURGIAS TORÁCICAS - S19 SEGURO? - S22
Alisson Izidoro Angelo, Artur Antonio Rodrigues Burlamaque, Jennifer Liste Domingues, Viviana Ugenti, Glauber Gouvêa,
Bruno Bertagnolli Londero, Fábio Amaral Ribas, Rodrigo Pereira Diaz André, Priscila de Amorim Miranda dos Santos
Andréa da Silva Portela
TLP664 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE COM
TLO340 Relato de caso: ANESTESIA PARA TIMECTOMIA ALERGIA A IODO SUBMETIDO A ARTERIOGRAFIA ARMADA
TRANSESTERNAL EM PACIENTE COM MIASTENIA DE URGÊNCIA - S23
GRAVIS - S19 Karina Seixas Garcia, Leandro de Carvalho Lixa,
José Osiel de Almeida, Laís Campos Bittencourt, Luiz Henrique Costa, Thaís Albuquerque do Nascimento
Eduardo Campos Braga, Bruno Farah Alvarenga,
Gabriella Christiane Heuer Guimarães, Gustavo Acioli Murta Torres TLO977 MANEJO ANESTÉSICO DO REPARO ENDOVASCULAR
DE ANEURISMA DE AORTA TORÁCICO ROTO - S23
TLP213 RUPTURA DO ESTÔMAGO DECORRENTE DA Anderson Luis Silvas Amaral, Mili Freire Almeida Nascimento,
ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÊNIO VIA CATETER NASOFARÍNGEO Talita da Silva Portugal, Sammer Victor de Almeida
- S20
Felipe Almeida Ramos, Victor Costa Nuevo, TLO688 MONITORAÇÃO HEMODINÂMICA ASSOCIADA
Elidia Cristina Moraes das Chagas AO ÍNDICE BISPECTRAL E À TAXA DE SUPRESSÃO NO
TRATAMENTO ENDOVASCULAR DE DISSECÇÃO DE AORTA
TLO162 USO DE DEXMEDETOMIDINA EM DOSES NÃO TORÁCICA DESCENDENTE - S23
CONVENCIONAIS PARA VIDEOTORACOSCOPIA: RELATO DE Sara Lúcia Ferreira Cavalcante, Renato Labanca Delgado Perdigão,
CASO - S20 Pedro Ivo de Oliveira Gouveia, Cristiane Gurgel Lopes,
Kim Baminger Oliveira, Armando Vieira de Almeida, Rogean Rodrigues Nunes, Francisco Diego Silva de Paiva
Lucas Daniel Ribeiro de C. Salustiano, Werner Alfred Gemperli
TLP956 SEPSE E MÚLTIPLAS COMORBIDADES: UM DESAFIO
TLO128 USO DE SUGAMADEX EM PACIENTES COM MIASTENIA PARA O ANESTESIOLOGISTA - S24
GRAVIS - S20 Tarcisio Alves Souza, Camila Moraes de Souza C. Pereira,
Débhora Dayanne Tres, Francisco Ricardo Marques Lobo, Daubernai Bonoso Monteiro Neto,
Lucas Guizilini Ferreira, Camila Vioto, Bernardo Paraizo Garcia da Costa Thomaz,
Isabela Scárdua Frizzera Gonçalves, Amanda de Figueiredo Calili Fabricio Azevedo Cardoso, Ana Paula de Castro Araújo

TLO959 USO PERIOPERATÓRIO DO ESMOLOL EM ANEURISMA


ROTO DE AORTA ABDOMINAL: RELATO DE CASO - S24
VII) Anestesia em Cirurgia Vascular
Vinícius Pinheiro Nogueira de Almeida, Renato Lucas Passos de Souza,
TLP167 ANESTESIA PARA CORREÇÃO CIRÚRGICA DE Rafael Eugênio Montezzo, Isabela Borges de Melo,
FÍSTULA ARTERIOVENOSA FÊMORO-FEMORAL EM PACIENTE Rodrigo Vital de Miranda, Vinícius Dantas Ferreira Lopes
PORTADOR DE ANEURISMA DE VEIA ILÍACA CONCOMITANTE –
RELATO DE CASO - S21
Renata Sofia Guimarães, Paula Veriato Zenaide, VIII) Anestesia em Cirurgias Abdominais
Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso,
Ricardo Almeida de Azevedo, José Admirço Lima Filho, TLO035 ANESTESIA EM GASTRECTOMIA: HÁ DIFERENÇA APÓS
Samyr Lopes Arruda Carneiro A INTRODUÇÃO DE UM PROTOCOLO DE OTIMIZAÇÃO? - S25
Bruno Alfredo Gonçalves Salvetti
TLO227 ANESTESIA PARA IMPLANTE TRANSCATETER
DE VALVA AÓRTICA EM PACIENTE COM ESTENOSE TLP816 ANESTESIA PARA CORREÇÃO DE HÉRNIA
AÓRTICA GRAVE: RELATO DE CASO - S21 DIAFRAGMÁTICA CONGÊNITA - S25
Roberta de Carvalho e Silva Guedes, Fernanda Lourenço Furigo, Carolina Almeida Ramos, Carla Santos Nogueira,
Fábio Regatieri, Daniel Schneider, Pedro Brito de Oliveira Junior, Ricardo Almeida de Azevedo,
Marcelo Ribeiro Magalhães Queiroz, Daniel Cantidio Vinicius Sepulveda Lima
V

TLO915 ANESTESIA PARA HERNIOPLASTIA INGUINAL – FOCO TLO039 HEPATECTOMIA SEM HEMOTRANSFUSÃO EM
NA FARMACOECONOMIA - S26 PACIENTE TESTEMUNHA DE JEOVÁ - S29
Cristiane Nunes Mattei, Joana Zulian Fiorentin, Deilana Azevedo Barbosa, Marcelo Henrique Gomes Nunes,
Roberto Henrique Benedetti, Anna Paula Facco Mattiazzi Daniel de Carli, José Fernando Amaral Meletti,
Alexandre Cabaritti Teixeira Mendes, Tiago Silva e Silva
TLO339 ANESTESIA PARA PACIENTES SUBMETIDOS
A CIRURGIA CITORREDUTORA COM QUIMIOTERAPIA TLO423 MANEJO ANESTÉSICO DO INSULINOMA - S30
INTRAPERITONEAL HIPERTÉRMICA: UMA ANÁLISE Adlla Fernanda Ferreira Machado, Haward Hideo Uoieno Iosto,
RETROSPECTIVA DE UMA SÉRIE DE CASOS - S26 Maria Letícia Diniz Salvador de Carvalho, Kamila Kattan,
Ana Paula Santos Souza, Renata Mattos Mendonça
Sara Marina Gabirro da Silva Teixeira do Amaral,
Cristina Bertol Barbosa, Jamile Liara Pedroni, Maurício Ceccon, TLO450 MANEJO INTRAOPERATÓRIO DA FIBRILAÇÃO
Jorge Hamilton Soares Garcia ATRIAL - S30
Diogo Moreira Garzedim dos Santos,
TLO173 ANESTESIA PARA QUIMIOTERAPIA INTRAPERITONEAL Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso, Ricardo Almeida de Azevedo,
HIPERTÉRMICA – RELATO DE CASO - S26 José Admirço Lima Filho, Leonardo Carneiro Marques
Camilla Oliveira Lima, Thiago de Oliveira Costa, Ana Lígia Teles,
Mário Pereira Coutinho Júnior, Bruno José Aliano Costa, TLP159 OBSERVAÇÃO CLÍNICA DO MONITORAMENTO
Tânia Cursino de Menezes Couceiro CEREBRAL COM ELETROENCEFALOGRAMA E ESCORE
COMPARADO À TÉCNICA CARDIOVASCULAR QUANTO AO
TLP620 ANESTESIA PARA RESSECÇÃO DE NÓDULO SUSPEITO GRAU DE DEPRESSÃO CEREBRAL EM PACIENTES COM
DE INSULINOMA: RELATO DE DOIS CASOS - S27 ANESTESIA GERAL - S31
Raphael Rabelo de Mello Penholati, Vitor Michelstaedter Brochado, Regis Borges Aquino, Daniel de Bem e Canto, Marcos Dias da Silva,
Simone Duarte Brose
Daniel Werneck Rocha Pessoa, Vinícius Caldeira Quintão,
Núbia Campos Faria Isoni, Raquel Augusta Monteiro de Castro
TLP387 PARAGANGLIOMA: A MONTANHA-RUSSA DO
ANESTESIOLOGISTA - S31
TLO210 ANESTESIA PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE
TUMOR NEUROENDÓCRINO PRODUTOR DE POLIPEPTÍDEO Paula Chaves de Campos, Roberto José Valadares,
Helena Araujo Damasceno, Sérgio Renato Araújo Freitas
INTESTINAL VASOATIVO – RELATO DE CASO - S27
Alene Cunha do Nascimento, Cátia Sousa Govêia,
TLP201 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR MACIÇO
Felícia Benevides Praxedes, Rodolfo Carvalho Soeiro Machado,
BILATERAL EM PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA
Victor Guilherme Bittar Souto, Gabriel Magalhães Nunes Guimarães
AMBULATORIAL - S31
Lybia Silvani, Joni Quadrio Guedes, Dijair Gomes de Pontes,
TLP547 BRONCOASPIRAÇÃO EM PACIENTE COM NEOPLASIA
Alex Henrique Ribeiro Campos, Luis Antônio Borges,
GÁSTRICA SUBMETIDO A TRATAMENTO CIRÚRGICO - S28
Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros
Gabriella Gadelha Sarmento, Mariana Dacaro,
Ana Carolina Zandona Spinardi, Juliano Antonio Aragão Bozza,
TLP291 USO DE DOSE ALTERNATIVA DE FENTOLAMINA EM
Luis Antônio Borges CIRURGIA DE RESSECÇÃO DE TUMOR ADRENAL - S32
Matheus Swarovsky Figueira, Alexandre Minoru Tome Horiuchi,
TLO942 DOR PÓS-OPERATÓRIA EM APENDICECTOMIAS: Matheus Valejo Peixoto, Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros,
ANESTESIA GERAL BALANCEADA VERSUS Erasmo Barbieri Simões, Laís Hiroko Matsumoto
RAQUIANESTESIA - S28
Roberto Henrique Benedetti, Joana Zulian Fiorentin, Vinicius Heurich,
Dany William Taguchi, Natália Tozzi Marques, Thiago Mamôru Sakae
IX) Anestesia em Geriatria
TLP507 EDEMA AGUDO PULMONAR POR PRESSÃO NEGATIVA TLO020 ANESTESIA GERAL NO IDOSO COM SÍNDROME DE
APÓS EXTUBAÇÃO DE CIRURGIA DE COLECISTECTOMIA - S29 DOWN - S32
Luciane Bonella, Otávio Vilela de Figueiredo, Licia Martins Lima, Carolina Ashihara, Verônica Neves Fialho Queiroz, André Serson,
Karina Merlotti Mayor, Lourenza Giovani Fonseca, Kelson Sousa Jacobina, Thales Abreu Tedoldi,
Luis Antônio Borges Luiz Guilherme Villares da Costa

TLO066 FEOCROMOCITOMA E HIPERTERMIA MALIGNA: TLO573 ANESTESIA PARA GASTRECTOMIA TOTAL EM PACIENTE
RELATO DE CASO - S29 SEPTUAGENÁRIO COM TUMOR GÁSTRICO AVANÇADO - S33
Junnyane Gasparine Oliveira Silva, Rafaela Claudino de Freitas, Luiz Roberto Morais de Meira, Francisco Morato Dias Abreu,
Thais Silveira Rezende Daniel, Edvaldo Casoti Júnior, João Paulo Jordão Pontes, Fernando Cássio do Prado Silva,
Heitor Cunha Lima, Octacílio Prata Calixto Demócrito Ribeiro de Brito Neto, Alexandre de Menezes Rodrigues
VI

TLP1002 DEXMEDETOMIDINA REDUZ OCORRÊNCIA DE TLP791 ANESTESIA PARA NEUROCIRURGIA COM DESPERTAR
DELÍRIO PÓS-OPERATÓRIO: REVISÃO SISTEMÁTICA - S33 INTRAOPERATÓRIO - S37
Felícia Benevides Praxedes, Victor Cabral Ribeiro, Bruno Duarte Silva, Rafaella Pellicciotti Souza,
Denismar Borges de Miranda, Cátia Sousa Govêia, Nayara de Oliveira Campos, Rebeca Florence Portaro Blum,
Luís Cláudio de Araújo Ladeira, Gabriel Magalhães Nunes Guimarães Antonedson Pinto França

TLP646 HIPOTENSÃO COM INJÚRIA RENAL EM BLOQUEIO TLO073 ANESTESIA PARA TERAPIA DBS - S37
PERIDURAL E ANESTESIA GERAL PARA COLECISTECTOMIA COM
Ingrid Caroline Baia de Souza,
EXPLORAÇÃO DE VIAS BILIARES EM PACIENTE IDOSO - S34
Natália Pereira Bernardes, Paula Fialho Saraiva Salgado,
Marcelo Miguel Brito de Oliveira, Julio Adriano da Rocha Carvalho, Jackson Davy da Costa Lemos
Daniel Cordeiro da Silva, Renê Alves Moura Cavalcante,
Juscimar Carneiro Nunes, Luciana da Silva de Armond
TLO927 ANESTESIA VENOSA TOTAL PARA TRATAMENTO
CIRÚRGICO DE MENINGIOMA RETROCLIVAL - S38
TLO548 INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO PARA PERDA
DA VISÃO NO PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTES IDOSOS Carlos André Araújo Melo, Valter Oberdan Borges de Oliveira,
SUBMETIDOS A CIRURGIA NÃO OFTALMOLÓGICA - S34 Lauro d’Avila Silveira Barreto, Rafael Cerqueira Oliveira,
Ivani Rodrigues Glass, Marcos Antonio Costa de Albuquerque
Guinther Giroldo Badessa, Marianne Badessa, Felipe Colella de Barros,
Ricardo Zanlorenzi, Luiz Fernando dos Reis Falcão,
Maria José Carvalho Carmona TLO288 ASLEEP-AWAKE-ASLEEP: MANEJO ANESTÉSICO
DE CRANIOTOMIA EM PACIENTE ACORDADO - S38
Rafael Takamitsu Romero, Flávio Takaoka,
Luiz Guilherme Villares da Costa, Thales Abreu Tedoldi,
X) Anestesia em Neurocirurgia
Kelson Sousa Jacobina, Jean Beltoso Sena
TLP060 ANESTESIA EM PACIENTE COM ANEMIA FALCIFORME
E SÍNDROME DE MOYAMOYA - S34 TLO054 CRANIOTOMIA ACORDADA PARA RESSECÇÃO DE
Carolina Linhares Martins, Cláudia Helena Ribeiro da Silva, TUMOR GLIAL - S39
Rafael Coelho Tiburcio, Raquel Augusta Monteiro de Castro Thales Ricardo de Paula, Gabriela Soares Piassi,
Gabriel José Redondano de Oliveira, Israel Lugli de Godoy,
TLP794 ANESTESIA EM PACIENTE COM DOENÇA DE VON Walter Luiz Ferreira Lima, Tomás Gustavo Pires
RECKLINGHAUSEN COM TUMOR EM C2 - S35
Andréa Renata Machado Mesquita, Rogério Luiz da Rocha Videira, TLO819 MANEJO ANESTÉSICO PARA RESSECÇÃO DE
Patricia Pinheiro de Toledo Werneck, Ana Maria Neiva de Menezes, TUMOR CEREBRAL COM PACIENTE ACORDADA: RELATO
Luana Machado Grebos, Joana de Almeida Figueiredo DE CASO - S39
Ivandete Coelho Pereira Pimentel, Carlos Vitor Osório de Oliveira,
TLO196 ANESTESIA PARA BIÓPSIA ESTEREOTÁXICA DE Fernanda Rondon Fonseca Pirangy,
SISTEMA NERVOSO CENTRAL: RELATO DE CASO - S35 Mirlane Guimarães de Melo Cardoso,
Joni Quadrio Guedes, Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros, Mewryane Câmara Brandão Ramos, Kamila Vieira de Oliveira
Luis Antônio Borges, Harold Maluf Barretto,
José Carlos Santos Júnior, José dos Santos
TLO328 REVASCULARIZAÇÃO CEREBRAL EM CRIANÇA COM
DOENÇA DE MOYAMOYA E ANEMIA FALCIFORME – RELATO DE
TLO085 ANESTESIA PARA DESCOMPRESSÃO DE FOSSA
CASO - S40
POSTERIOR EM PACIENTE COM SÍNDROME DE ARNOLD-
Gilmar Pereira Coan, Eyder Figueiredo Pinheiro,
CHIARI DO TIPO I – RELATO DE CASO - S36
Emilio Carlos Del Massa
Guilherme Haelvoet Correa, Tatiana Saruhashi,
Amanda Fernandes Halla, André Asquini Costa,
Marcio Cardoso Krambek, Ayrton Bentes Teixeira TLO232 USO DE DEXMEDETOMIDINA EM NEUROCIRURGIA
COM DESPERTAR INTRAOPERATÓRIO - S40
TLP698 ANESTESIA PARA HEMIESFERECTOMIA EM PACIENTE Guilherme Vieira Cunha,
PEDIÁTRICO - S36 Jaqueline Cobucci Monteiro Junqueira de Souza,
Marcello Sias Frattani, Adriane Benvindo Monteiro, Luana Stutz, Rodrigo de Lima e Souza, Leonardo Alves Araújo
Renata de Oliveira Chedid, Fabiana Zarur Kornalewski
TLP920 USO DE DEXMEDETOMIDINA PARA BIÓPSIA
TLP740 ANESTESIA PARA HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA EM ESTEREOTÁXICA PARA DIAGNÓSTICO DE TUMORAÇÃO
PACIENTE GESTANTE - S37 CEREBRAL - S41
Natália Dolavale Mayworm, Fabiana Zarur Kornalewski, Carlos André Araújo Melo, Valter Oberdan Borges de Oliveira,
Renata de Oliveira Chedid, Brynner Mota Buçard, Marcos Eyder Leite Fragoso, Meirelles Barros Lima,
Alfredo Guilherme Haack Couto Ivani Rodrigues Glass, Marcos Antonio Costa de Albuquerque
VII

TLO256 USO DE MILRINONE PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL TLO577 PARALISIA HEMIDIAFRAGMÁTICA SINTOMÁTICA
PULMONAR EM NEUROCIRURGIA - S41 APÓS BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL SUPRACLAVICULAR
Isabela Scárdua Frizzera Gonçalves, Francisco Ricardo Marques Lobo, EM OBESA COM PROVÁVEL VIA AÉREA DIFÍCIL: RELATO DE
Victor Costa Nuevo, Amanda Calil da Silva, Débhora Dayanne Tres, CASO - S44
Camila Vioto Júlia Bernart, Abel Fernando Rech, Gustavo Marcinko,
Taiara Galvan Debiasi

XI) Anestesia em Obesidade


XII) Anestesia em Obstetrícia
TLO713 ANESTESIA LIVRE DE OPIOIDES NA GASTROPLASTIA
VIDEOLAPAROSCÓPICA REDUZ O TEMPO DE PERMANÊNCIA TLO268 ABORDAGEM ANESTÉSICA EM GESTANTE COM
NA RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA - S41 CARDIOPATIA LÚPICA SINTOMÁTICA – RELATO DE
José Carlos Corrêa da Cunha Filho, Luiz Fernando dos Reis Falcão, CASO - S45
Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, Rafael Amorim Ribeiro, Filipe de Alencar Matos, Henrique Zechlinski Xavier de Freitas,
Guinther Giroldo Badessa, Carina Fernandez Caio César Sampaio de Castro Nôleto, Roberta Parastchuk,
Geisa de Souza Oliveira Campanati
TLO1027 ANESTESIA PARABARIÁTRICA EM SUPEROBESOS - S42
Anderson Luis, Mili Freire Almeida Nascimento, Talita da Silva TLO163 ANESTESIA EM GESTANTE COM TAQUICARDIA
SUPRAVENTRICULAR REVERTIDA COM
TLO852 ASSOCIAÇÃO ENTRE OS PREDITORES DE VIA AÉREA METOPROLOL - S45
DIFÍCIL E DIFICULDADE NA INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL Benjamim Xavier Ramos, Sandra Fiegenbaum,
EM PACIENTES OBESOS SUBMETIDOS À GASTROPLASTIA Thadeu Emmerick Rangel, Assuero Florentino Bezerra Júnior,
REDUTORA NO HOSPITAL ANGELINA CARON - S42 Benedito Olímpio, Francisco Ricardo Marques Lobo
Emanuele Grizon da Costa, Emerson Alexandre Penteado de Carvalho,
Leonardo Luiz de Souza, Paula Moreira Yegros, TLO379 ANESTESIA EM GESTANTE MIASTÊNICA
Pedro Hahn Monteiro de Souza, Tiele Assis Rikimaru Caron COM PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE: RELATO DE CASO - S46
Vitor Tárcio de Queiroz Simão, Nely Marjollie Guanabara Teixeira,
TLP567 AVALIAÇÃO DO USO DE ANALGESIA José Carlos Rodrigues Nascimento,
CONTROLADA PELO PACIENTE COM FENTANIL Frederico Resende Azevedo Parreira, Tiêgo Rodrigues de Oliveira Pires,
ENDOVENOSO NO PÓS-OPERATÓRIO DE GASTROPLASTIA Aglais Gonçalves da Silva Leite
LAPAROSCÓPICA - S43
Dayane Gelenski, Manuela Danielski Niehues, Ney Bianchini, TLP841 ANESTESIA EM OBSTETRÍCIA DE PACIENTE
Yara Grott, Ewerton Villa Fonseca COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E HIPERTENSÃO
PULMONAR: RELATO DE CASO - S46
TLO1022 AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA DO EFEITO DA Rafaela Brasil e Silva Nunes, Cleóstenes Farias,
ANESTESIA GERAL LIVRE DE OPIOIDES VERSUS ANESTESIA Wagner de Paula Rogério, Cláudio Bustamante,
GERAL CONVENCIONAL EM OPERAÇÕES BARIÁTRICAS Luciana De Armond, Leopoldo Gonzales
VIDEOLAPAROSCÓPICAS - S43
Erivelton Neiva Rodrigues, Rodrigo de Lima e Souza, TLP001 ANESTESIA EM PACIENTE GESTANTE PORTADORA
Francisco Tadeu Mota Albuquerque, Daniel Nogueira Diniz, DE ANEMIA FALCIFORME E DHEG GRAVE – RELATO
Igor Neves Oliveira, Bruna Cândida Carvalho de Oliveira DE CASO - S46
Victor Cáppia, Luiz Antonio de Moraes,
TLO714 COMPARAÇÃO DAS COMPLICAÇÕES PÓS- Carlos Eduardo Salgado Costa, Teófilo Augusto Araújo Tiradentes,
OPERATÓRIAS NA ANESTESIA GERAL LIVRE DE Marília do Carmo Dalbeto
OPIOIDES VERSUS ANESTESIA GERAL COM OPIOIDES EM
GASTROPLASTIA VIDEOLAPAROSCÓPICA - S43 TLO1010 ANESTESIA GERAL EM GESTANTE COM ROTURA DE
José Carlos Corrêa da Cunha Filho, Luiz Fernando dos Reis Falcão, HEMATOMA SUBCAPSULAR HEPÁTICO - S47
Carina Fernandez, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, Alfredo Guilherme Haack Couto, Sofia Arruda de Lucena Rodrigues,
Rafael Amorim Ribeiro, Guinther Giroldo Badessa Isis Soares Roberti, Victhor Arthur Oliveira Matos,
Mariana Tonon Rosa, Christovan Rodrigues Silva
TLO922 COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS INTRAOPERATÓRIAS
EM PACIENTES OBESOS NO SERVIÇO DE ANESTESIA DE UM TLO215 ANESTESIA NA GESTANTE PORTADORA DE
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO QUATERNÁRIO - S44 NEUROFIBROMATOSE TIPO I – RELATO DE CASO - S47
Brunelise Brunet Diniz, Masashi Munechika, David Ferez, Flávio Francisco Vitale Neto, Patrícia Cristina Atihe,
Itamar Souza de Oliveira Júnior, José Luiz Gomes do Amaral, Gabriella Graziani Pioli, Henrique de Paiva Torres,
Luiz Fernando dos Reis Falcão Jacqueline Pinto Ventorin, Fernando Martinez Sanchez
VIII

TLO262 ANESTESIA NO CHOQUE HIPOVOLÊMICO EM TLO254 ASSOCIAÇÃO FENTANILA-BUPIVACAÍNA POR


PUERPÉRIO IMEDIATO - S48 VIA SUBARACNÓIDEA VERSUS BLOQUEIO DO PLANO
Thales Ricardo de Paula, Gabriel José Redondano de Oliveira, TRANSVERSO ABDOMINAL GUIADO POR ULTRASSOM PARA
Walter Luiz Ferreira Lima, Juliano Antonio Aragão Bozza, CONTROLE DA DOR PÓS-OPERATÓRIA EM CESARIANA - S52
Israel Lugli de Godoy, Tomás Gustavo Pires Taylor Brandão Schnaider, Leandro Cotrim, Antônio Mauro Vieira,
Allan Sousa Teles, Cristiano Dinato Dutra,
TLO685 ANESTESIA PARA CESÁREA EM GESTANTE COM Antônio Carlos Aguiar Brandão
HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA: RELATO DE CASO - S48
Aline Menezes Sampaio, José Carlos Rodrigues Nascimento, TLO124 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA DEXAMETASONA
Francisco de Lucena Cabral Júnior, Germana Medeiros Mendes, NA PROFILAXIA DE NVPO EM GESTANTES SUBMETIDAS
Francisco Diego Silva de Paiva, Rogean Rodrigues Nunes À CESARIANA SOB RAQUIANESTESIA: ENSAIO CLÍNICO
RANDOMIZADO DUPLAMENTE ENCOBERTO - S52
TLO899 ANESTESIA PARA CESÁREA EM PACIENTE Ruy Leite de Melo Lins Filho, Gabriela Ferreira Lima,
PORTADORA DE CARDIOPATIA NÃO COMPACTADA – RELATO Bruna Rietra Rio, Victor Macedo Lemos,
DE CASO - S49 Thiago Gadelha Batista dos Santos, Rossana SantAnna de Melo Lins

Anderson Luis Silva Amaral, Mili Freire Almeida Nascimento,


Talita da Silva Portugal, Sammer Victor de Almeida TLO014 AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE NEURITE PERIFÉRICA
PÓS-ANALGESIA DE PARTO - S53
Gisele Passos da Costa Gribel, Cesar Augusto de Soares Nogueira,
TLO138 ANESTESIA PARA CESARIANA EM GESTANTE COM
José Eduardo Guimarães Pereira, Dayse dos Santos de Almeida,
MIOPATIA CENTRONUCLEAR: UM RELATO DE CASO - S49
Benjamin Zylberberg, João Luiz Oyarzabal Giotti
Guilherme Rocha Melo, Karolynne Myrelly O.B. Figueiredo Saboia,
Mônica Braga da Cunha Gobbo, Renata de Paula Lian,
TLO231 BLOQUEIO DO GÂNGLIO ESFENOPALATINO COMO
Guilherme Portiolli Zocal, Kauê Silva Rossetto,
ALTERNATIVA TERAPÊUTICA PARA CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO
DE DURA-MÁTER EM PUÉRPERA - S53
TLO540 ANESTESIA PARA CESARIANA EM GESTANTE COM
Gabriela Pires dos Santos, Mailson Roberto da Cruz,
NARCOLEPSIA: RELATO DE CASO - S49
Elias Varela Bechara, Gisela Ferraz Lopes,
Filipe Lugon Moulin Lima, Vanessa Henriques Carvalho,
Bruno Carvalho Cunha de Leão
Maria José Nascimento Brandão, Celina Chen,
Andréa Paula Ferreira Rosa Lecznieski,
TLP665 BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL GUIADO
Angélica de Fátima de Assunção Braga
POR ULTRASSONOGRAFIA EM GESTANTE EM USO DE
ANTIAGREGANTE - S53
TLO296 ANESTESIA PARA CESARIANA EM GESTANTE
Carolina Moreno Fernandez,
PORTADORA DE MALFORMAÇÃO ARNOLD-CHIARI TIPO I - S50
Sayuri Kawamura Barcellos de Albuquerque,
Taylor Brandão Schnaider, Cristiano Dinato Dutra, Cynthia de Oliveira Rego, Bruno Mendes Carmona,
Paulo Junior Ribeiro Garcia, Thaína Alessandra Brandão, Artur Abel Tavares Fernandes Cavaco, Luis Paulo Araújo Mesquita
Antônio Mauro Vieira, Antônio Carlos Aguiar Brandão
TLP921 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROLONGADO EM
TLO224 ANESTESIA PARA CESARIANA EM PACIENTE COM GESTANTE COM ECLÂMPSIA RECEBENDO SULFATO DE
CARDIOMIOPATIA PERIPARTO - S50 MAGNÉSIO - S54
Ricardo Pinto Lobato Lopes, Edvaldo Casoti Júnior, Amanda Bernardes Lourenço Barbosa, Sérgio Renato Araújo Freitas,
Estevan Rosseto de Souza, Glauber Rocha Peclat, Natália Vieira, Bruno Carvalho Cunha de Leão, Thiago Almeida Brasileiro,
Rafaela Claudino de Freitas Samuel Reis da Silva, Rodrigo Dutra Porto

TLO149 ANESTESIA PARA CESARIANA EM PACIENTE COM TLO901 BLOQUEIO SUBARACNÓIDEO ALTO EM GESTANTE - S54
CRISE TIREOTÓXICA E HIPERTENSÃO PULMONAR SEVERA: Thiago Almeida Brasileiro, Amanda Bernardes Lourenço Barbosa,
RELATO DE CASO - S51 Tainã Medeiros Versiani Ribeiro Matos,
Lauro d’Ávila Silveira Barreto, Victor Sampaio de Almeida, Bruno Carvalho Cunha de Leão, Helena Araujo Damasceno,
Catarina Maria de Sena, Edmilson Barbosa Nogueira Neto, Felipe Pinheiro Bottrel
Letícia Bulhões Guimarães, Lilian Cibele Pereira Gomes
TLO083 COMPARAÇÃO DOS EFEITOS HEMODINÂMICOS
TLO322 ANESTESIA PARA LAPAROTOMIA EXPLORATÓRIA DA RAQUIANESTESIA FEITA NA POSIÇÃO SENTADA OU EM
SECUNDÁRIA À GRAVIDEZ ECTÓPICA ABDOMINAL ROTA – DECÚBITO LATERAL ESQUERDO EM GESTANTES SUBMETIDAS
RELATO DE CASO - S51 À CESARIANA - S55
Paula Veriato Zenaide, Renata Sofia Guimarães, Vanessa Nóbrega Cavalcanti, Raphaella Amanda Maria Leite Fernandes,
Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso, Ricardo Almeida de Azevedo, Sérgio Veloso da Silveira Menezes, Emmanuel Victor Magalhães Nogueira,
José Admirço Lima Filho, Samyr Lopes Arruda Carneiro Suzana Marine Duarte Martins Dourado, Mariana Carla Porto Cabral
IX

TLP643 COMPLICAÇÃO PÓS-ANESTESIA EPIDURAL PARA TLP161 HEMORRAGIA PÓS-PARTO – RELATO


CESARIANA - S55 DE CASO - S59
Matheus Leandro Lana Diniz, Lucas Rodrigues de Castro, Tania Cursino de Menezes Couceiro,
Samuel Reis da Silva, Cloves Alves Moutinho Júnior, Roberto de Oliveira Couceio Filho,
Cláudio Henrique Corrêa, Walkiria Wingester Vilas Boas Vaniely Kaliny Pinheiro de Queiroz, Mário Pereira Coutinho Júnior,
Marcelo Neves Silva, Joyce Mendes Soares
TLP840 CRISE CONVULSIVA EM CESARIANA PORTADORA
DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E SÍNDROME DA TLO556 HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA EM GESTANTE:
ENCEFALOPATIA POSTERIOR REVERSÍVEL: RELATO DE RELATO DE CASO - S59
CASO - S56 Aline Menezes Sampaio, José Carlos Rodrigues Nascimento,
Ozita Lamara Lobo Ferreira, Hugo Henrique Coutinho Lima, Francisco de Lucena Cabral Junior, Germano Pinheiro Medeiros,
Williams Barbosa Melo, Bruno Mendes Carmona, Cristiane Gurgel Lopes, Denise Medeiros Pontes,
Antonio Jorge Ferreira da Silva Júnior, Bruno Oliveira de Matos Aline Menezes Sampaio

TLO027 DOENÇA DE VON WILLEBRAND E CESARIANA: TLP040 INVERSÃO UTERINA APÓS PARTO NORMAL - S60
RELATO DE CASO - S56 Jean Beltoso Sena, Raphael de Freitas Silva,
Maria Manuela Martins Rolim , Rafael Peterson Soares Santos, Luiz Guilherme Villares da Costa
Renata Maria Bueno Oiticica, Roberta Ribeiro Marques Brandão,
Cláudio Abrantes de Lacerda Almeida, TLO106 LESÃO PULMONAR AGUDA EM PUÉRPERA APÓS
Guaracy Cavalcante de Albuquerque TRANSFUSÃO DE HEMODERIVADOS - S60
Charles Almeida da Luz, Estêvão Luiz Carvalho Braga,
TLO674 DUPLO BLOQUEIO PARA CESARIANA EM GESTANTE Paulo Alipio Germano Filho, Mara Lilian Périco Jordão,
COM ESTENOSE AÓRTICA SEVERA - S56 Carlos Eduardo Lopes Nunes, Núbia Verçosa Figueirêdo
Josiani dos Santos Garcez, Tayalles Tavares Leite,
Jamille Ferreira Leandro, Max Naves Lemes, TLO946 MANEJO ANESTÉSICO EM CESARIANA DE PACIENTE
Thiago Victor Sousa Chagas, Fernanda Paula Cavalcante PORTADORA DE TROMBOFILIA E PLACENTA PRÉVIA TOTAL - S61
Caroline Dias Lima, Cleber Wagner de Carvalho,
TLO362 EDEMA AGUDO DE PULMÃO DURANTE CESARIANA EM Naira Emy Oliveira Taketomi, Reginaldo Tavares Virgínio Filho,
GESTANTE PORTADORA DE ESTENOSE MITRAL GRAVE - S57 Felipe Souza Thyrso de Lara, Celso Schmalfuss Nogueira
Andreia Santos Cardoso, Maize Cordeiro de Melo,
Fernanda Rebouças Botelho, Fabiano Soares Carneiro,
TLP289 MANEJO ANESTÉSICO EM GESTANTE COM
Lucas Rodrigues de Castro, Marcela Lopes de Oliveira
CARDIOPATIA DESCOMPENSADA – RELATO DE CASO - S61
Mariah Fontes de Faria Brito Colnago Soares
TLP827 EMBOLIA AMNIÓTICA DURANTE CESARIANA:
RELATO DE CASO - S57
TLO936 MANEJO ANESTÉSICO PRECOCE DO CHOQUE
Dayane Giostri Cardoso Rampinelli, Rosana Cardoso Magalhães,
HIPOVOLÊMICO NA ATONIA UTERINA - S62
Marcia da Silveira Charneca Vaz, Leandro Cardoso de Lima,
Débora Bonato, Renan Muralho Pereira, Julio Faller,
Márcio Carneiro Vieira, Fabio dos Santos Cosso Martins
Ronaldo Antonio da Silva

TLO150 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OPIOIDES


INTRATECAL E BLOQUEIO DO PLANO TRANSVERSO TLP703 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE PLACENTA INCRETA
ABDOMINAL GUIADO POR ULTRASSOM PARA ANALGESIA PÓS-CURETAGEM - S62
PÓS-CESARIANA - S58 Marilia da Silva Faria de Macedo, Carlos Darcy Alves Bersot
Taylor Brandão Schnaider, Manuel Gouvêa Otero Y. Gomez,
Pedro Faria de Oliveira, Thaína Alessandra Brandão, TLO295 MORFINA ASSOCIADA À BUPIVACAÍNA POR
Antônio Mauro Vieira, Antônio Carlos Aguiar Brandão VIA SUBARACNÓIDEA VERSUS BLOQUEIO DO PLANO
TRANSVERSO ABDOMINAL GUIADO POR ULTRASSOM PARA
TLO279 EXIT-SÍMILE: DESAFIOS ANESTÉSICOS ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA EM CESARIANA - S62
Raphael Silva Bonelle, Soraia Menezes Genelhú, Taylor Brandão Schnaider, Rodrigo Alvares Paiva Macedo,
Lays Ignacia AltoéLopes, Celia Diniz Lima Gr, Alice Amorim Pereira Leandro Cotrim, Beatriz Moser de Souza, Thaína Alessandra
Brandão, Antônio Carlos Aguiar Brandão
TLP300 GESTANTE A TERMO USUÁRIA DE CRACK COM
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA, MANEJO TLO359 O PAPEL DO ROTEM® NO MANEJO PEROPERATÓRIO
ANESTÉSICO - S58 DE GESTANTE PORTADORA DE PTI - S63
Douglas Soares Pereira, Vagner Bonanni Nunes,
Rodolfo Ragnolli Perez, Josie de Kátia Grizo Criscuolo Miksche, Daniel Vieira de Queiroz, Bianca Lopes Loures de Castro,
Christiano Montenegro Fonseca Gustavo Guimarães Torres, Samantha Ceccon Camargo de Castro
X

TLP012 OSTEOGÊNESE IMPERFEITA: DA AVALIAÇÃO TLP630 ANALGESIA CONTROLADA PELO PACIENTE APÓS
PRÉ-ANESTÉSICA À SEGURANÇA NA ANESTESIA PARA O ARTRODESE DE NOVE NÍVEIS DA COLUNA TORACOLOMBAR - S67
PARTO CESÁREO - S63 Felipe Rodrigues Braz, Fernando Cássio do Prado Silva,
Gisele Passos da Costa Gribel, Dayse dos Santos de Almeida, Alexandre de Menezes Rodrigues, Demócrito Ribeiro de Brito Neto,
Bruno Romualdo e Silva, André Teixeira Souza Stehling, Amanda Corrêa Vidica, Bruno Oliveira Lamberti
José Eduardo Guimarães Pereira, Camille Cardoso Nielsen
TLO493 ANÁLISE DA SOBREVIDA DE PACIENTES ACIMA DE 45
TLO929 PERIDURAL EM GESTANTE EM STATUS ASMÁTICO – ANOS SUBMETIDOS A CIRURGIAS DE QUADRIL EM HOSPITAL
RELATO DE CASO - S64 UNIVERSITÁRIO - S67
Anderson Luis Silva Amaral, Talita da Silva Portugal, Rodrigo Moreira e Lima, Letícia Dalla Vecchia Grassi,
Mili Freire Almeida Nascimento, Sammer Victor de Almeida André Moreira Fogaça de Souza, David Nicoletti Gumieiro, Manuela
Campelo Carvalhal, Lais Helena Navarro e Lima
TLP475 RAQUIANESTESIA PARA CESARIANA EM PACIENTE
COM ARTROGRIPOSE MÚLTIPLA CONGÊNITA - S64
TLO349 ANÁLISE SOBRE A EPIDEMIOLOGIA E MORTALIDADE
Natália Vieira, Glauber Rocha Peclat, Rafaela Claudino de Freitas,
DA FRATURA PROXIMAL DE FÊMUR EM IDOSOS: UM ESTUDO
Ricardo Pinto Lobato Lopes, Edvaldo Casoti Júnior,
RETROSPECTIVO - S68
Octacílio Prata Calixto
Rodrigo Nolasco de Souza, Jorge Hamilton Soares Garcia,
Maurício Sperotto Ceccon, Eduardo Silva Freire,
TLP725 RAQUIANESTESIA PARA GESTANTE
Matheus Nilton Bernardi do Prado, André Dajori Ronchi
ACONDROPLASIA - S64
Leonardo Giovani de Jesus, José Alcindo Gil, Ana Cláudia Abdo Lopes,
Fabrício Hiroshi Ozomo TLO287 ANESTESIA COMBINADA PARA ARTROPLASTIA DE
QUADRIL EM PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DE
TLO944 Relato de caso: ANESTESIA EM CESÁREA FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA - S68
DE PACIENTE PORTADORA DE NANISMO Kleber Jordão de Souza, Thiago Zampari Ferreira,
ACONDROPLÁSICO - S65 Maurício Miranda Ribeiro, Marcelo Souza Xavier
Lívia Gaspar Tosato, Arthur Konishi Alves
TLO657 ANESTESIA PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO
TLP1019 UTILIZAÇÃO DE BLOQUEIO DO PLANO DE OSTEOMIELITE COXOFEMORAL EM IDOSA COM
TRANSVERSO DO ABDOME EM CESARIANA COM ANESTESIA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA GRAVE - S69
GERAL - S65 Felipe Rodrigues Braz, Thiago Rodrigues Braz,
Renan Muralho Pereira, Talison Silas Pereira, Julio Faller, João Paulo Jordão Pontes, Fernando Cássio do Prado Silva,
Mirian Gomes Barcelos, Daniel Moreira Grazia da Silva, Nubia Rodrigues Batista, Alexandre de Menezes Rodrigues
Ronaldo Antonio da Silva
TLP1015 BENEFÍCIOS DO BLOQUEIO PLEXO LOMBAR VIA
POSTERIOR EM CIRURGIAS DE ARTOPLASTIA TOTAL DE
XIII) Anestesia em Oftalmologia QUADRIL EM UMA ABORDAGEM MULTIMODAL – RELATO DE
CASO - S69
TLO355 ANESTESIA PARA CIRURGIA VITREORETINIANA NA Francisco de Lucena Cabral Júnior, Anderson da Silva Costa,
VIGÊNCIA DE TRATAMENTO COM CLOPIDOGREL - S66
Jennifer de Melo Rocha, Felipe Nobre Muniz,
José Roberto de Rezende Costa, Marcelo de Paula Passos, Tiêgo Rodrigues de Oliveira Pires, Victhor Castelo Branco Chaves
Lucas Araújo Soares, Márcio Placedino Martins,
Gustavo Carlos Heringer, Mário Carlos Alves Ribeiro
TLO320 DETECÇÃO DE ÊMBOLOS INTRACARDÍACOS POR
ECOCARDIOGRAMA TRANSTORÁCICO INTRAOPERATÓRIO EM
TLO294 BLOQUEIO OFTALMOLÓGICO EPISCLERAL MODIFICADO
ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO – RELATO DE CASO - S69
EM PORTADOR DE DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNA S - S66
Barbara Moura Carrasco, Thiago de Vito Rabelo,
Marcelo Bueno Ferreira, Jaqueline Costa Reis,
Carla Soares Meireles, Amanda Rodrigues Tirapani Diniz,
Daniel Espada Lahoz, Carolina Baeta Neves Duarte Ferreira
Rodrigo Machado Saldanha, Cristina Ribas Florentino

XIV) Anestesia em Ortopedia TLO292 EFEITO DA DEXAMETASONA, DA ONDANSETRONA


OU DO PLACEBO NA QUALIDADE DA RECUPERAÇÃO APÓS A
TLO133 AMPUTAÇÃO DE MEMBRO INFERIOR EM PACIENTE ADMINISTRAÇÃO DE MORFINA INTRATECAL EM PACIENTES
CARDIOPATA GRAVE: UMA ABORDAGEM DE BLOQUEIO SUBMETIDOS À CORREÇÃO CIRÚRGICA DE FRATURAS DE
GUIADA POR ULTRASSONOGRAFIA - S66 MEMBROS INFERIORES - S70
Marco Túlio Froes Duarte, Helena Araujo Damasceno, Miguel Antonio Teixeira Ferreira, Eduardo Toshiyuki Moro,
Luciana de Souza Cota Carvalho Laurentys, Renyer dos Santos Gonçalves, Cristiane Ferreira da Silva,
Bruno Carvalho Cunha de Leão, Anamaria Ruiz Combat Tavares Roberta Costa Vargas, Samira Joverno Calil
XI

TLP950 EMPREGO DAS ESCALAS DE WILSON, ARNÉ E TLP741 INTUBAÇÃO COM VIDEOLARINGOSCÓPIO EM
EL GANZOURI PARA AVALIAÇÃO DA VIA AÉREA DIFÍCIL: PACIENTE PEDIÁTRICO COM VIA AÉREA DIFÍCIL POR
VERIFICAÇÃO DO VALOR PREDITOR - S70 CISTO TIREOGLOSSO EM BASE DA LÍNGUA: RELATO
Antônio Fernando Carneiro, Tolomeu Artur Assunção Casali, DE CASO - S74
Felipe Bufaical Rassi Carneiro, Muriel Pires e Silva, Tobias Fidêncio dos Reis, Helena Berriel, Ricardo Shigueo Iquejiri
Daniela Agra de Castro
TLO654 MEMBRANA LARÍNGEA CONGÊNITA: UM DESAFIO AO
TLO280 IMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS DA SÍNDROME DE ACESSO DE VIA AÉREA - S74
FREEMAN-SHELDON NA CIRURGIA DE RECONSTRUÇÃO Karina Seixas Garcia, Leandro de Carvalho Lixa, Lívia Berti Ramos,
LIGAMENTAR - S71 Pamela Soares Correa
Thatiana Lips da Silva, Luiz Felippe Carvalho Guerreiro,
Mauren Cantarelli Noal, Carla Valeria Rocha Ramos Giorgetta TLO663 REINTUBAÇÕES REPETIDAS EM PACIENTE COM
GRANULOMA LARÍNGEO E QUELOIDE: RELATO DE CASO - S75
TLO308 INTERVENÇÃO PRECOCE PARA PREVENÇÃO Daniel Cordeiro da Silva, Christiane Rodrigues da Silva,
DE INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM PACIENTE Julio Adriano da Rocha Carvalho, Marcelo Miguel Brito de Oliveira,
COM RABDOMIÓLISE POR ESMAGAMENTO: RELATO Renê Alves Moura Cavalcanti
DE CASO - S71
Johnny da Silva, Fernanda Lourenço Furigo,
Fábio Luis Ferrari Regatieri, Marcelo Ribeiro de Magalhães
Queiroz, Vanessa Ramalho de Brito, Daniel Varoni Schneider XVI) Anestesia em Pediatria
TLO943 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE PORTADOR TLP157 ANESTESIA EM CRIANÇA PORTADORA DE DOENÇA DE
DA SÍNDROME DE RENDU-OSLER-WEBER EM CIRURGIA DE CHARCOT MARIE TOOTH – RELATO DE CASO - S75
ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO: RELATO DE CASO - S72 Camilla Oliveira Lima, Louise Farias Brito, Maria Célia Costa,
Allan Rafael dos Santos Tavares, Thayane Karine Verçosa da Silva, Gustavo Coser, Mário Pereira Coutinho Júnior,
Wagner de Paula Rogério, Mozer da Silva Campos, Tania Cursino de Menezes Couceiro
Adélia Rego Corrêa Meninéa, Rafaela Rodrigues Calado
TLO796 ANESTESIA EM LACTENTE ACONDROPLÁSICO PARA
GASTROSTOMIA COM FUNDOPLICATURA - S75
Ana Maria Neiva de Menezes, Jéssica de Bem Marques da Silva,
XV) Anestesia em Otorrinolaringologia
Alberto Esteves Gemal, Saulo Marcel Diaz Henriquez,
TLO683 ABORDAGEM DE VIA AÉREA EM PACIENTE COM Fernanda Martins Loureiro, Patricia Pinheiro de Toledo Werneck
LESÃO VEGETANTE OBSTRUTIVA EM PREGA VOCAL
SUBMETIDO À MICROCIRURGIA DE LARINGE - S72 TLP972 ANESTESIA EM NEUROBLASTOMA COM
Débora Oliveira de Souza, Leandro José Fonseca Miranda Ribeiro, INVASÃO EXTENSA DE CANAL VERTEBRAL TORÁCICO E
Mariana de Oliveira Alencar Queiroz, Simone Soares Leite, COMPROMETIMENTO VENTILATÓRIO - S76
Rodrigo Pereira Diaz André Fernanda dos Santos Oliveira, Flávio Coelho da Silva,
Alessandra de Carvalho Ministro, Alessandra Levy Antoniazzi,
TLP070 ANESTESIA GERAL EM PACIENTE PORTADOR Gustavo de Carvalho Pugliesi, João Manoel da Silva Junior
DE PAPILOMATOSE LARÍNGEA COM INSUFICIÊNCIA
RESPIRATÓRIA - S73 TLO371 ANESTESIA EM PACIENTE PEDIÁTRICA COM
Daniela Chinelato Marcelino, Luiz Felipe de Souza Tiburzio Megale, NEFROBLASTOMA DE ESTÁGIO IV - S76
Mônica Braga da Cunha Gobbo, Letícia Aparecida Ferreira, Eduardo Campos Braga, Bruno Farah Alvarenga,
Bárbara Monteiro Moreira, Luísa da Cunha Gobbo, Gabriella Christiane Heuer Guimarães, Leonardo Neves Santana,
Karolynne Myrelly O.B. Figueiredo Saboia José Osiel de Almeida

TLP249 IGNIÇÃO DE TUBO ENDOTRAQUEAL DURANTE TLP108 ANESTESIA EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM
MICROCIRURGIA DE LARINGE A LASER - S73 MASSA MEDIASTINAL ANTERIOR - S77
Celso Schmalfuss Nogueira, Caroline Dias Lima, Rafael dos Santos, Alessandra Levy Antoniazzi,
Felipe Souza Thyrso de Lara, Diego Trindade de Almeida, Alessandra de Carvalho Ministro, Amanda Giraldi Maryama,
Joice Dayane Tavares, Cleber Wagner de Carvalho Gustavo Carvalho Pugliesi, Jonas Jorge Junior

TLO823 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA PÓS- TLP967 ANESTESIA OPIOID-SPARING EM CRIANÇA COM
EXTUBAÇÃO EM PACIENTE COM VIA AÉREA DIFÍCIL HIPERSENSIBILIDADE AO LÁTEX E MIELOMENINGOCELE - S77
SUBMETIDO À MICROCIRURGIA DE LARINGE - S73 Flávio Amim Abrahão, Frederico Pessanha Pereira Nunes Junior,
Alice Alheira Meira, Maria das Graças P.R. Fontenelle, Caroline Dias Lima, Cleber Wagner de Carvalho,
Fátima Carneiro Fernandes, Glauber Gouvêa Diego Trindade de Almeida, Alfeu José Dal Ri
XII

TLO079 ANESTESIA PARA HERNIORRAFIA INGUINAL TLP637 MANEJO ANESTÉSICO DAS CRIANÇAS SUBMETIDAS À
VIDEOASSISTIDA MINIMAMENTE INVASIVA EM CRIANÇAS SOB RADIOTERAPIA: REALIDADE DE UM CENTRO DE REFERÊNCIA
VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA - S78 EM ONCOLOGIA - S81
Beatriz Régis Machado, Adriel Franco de Mattos, Caio Funck Colucci, Vinicius Heurich, Joana Zulian Fiorentin,
Marcio Lopes Miranda, Luis Henrique Cangiani, Flávio Maia Castilho Roberto Henrique Benedetti, Breno José Santiago Bezerra de Lima,
Rodolfo de Pinho Paes Barreto, Aline Costa
TLO932 ANESTESIA PARA PACIENTES EM USO DE CANNABIS
SATIVA: RELATO DE CASO - S78 TLO831 MANEJO ANESTÉSICO E DESAFIOS PERIOPERATÓRIOS
Evelyn Holanda Vasconcelos, Ítalo Martins Formiga,
PARA CIRURGIA DE SEPARAÇÃO DE GÊMEOS
TORACO-ONFALÓPAGOS: RELATO DE CASO - S82
Maria de Lourdes de Almeida P.M. Marques,
Márcia Adriana Dias M. Moreira Milton Halyson Benevides de Freitas, Maria Celia Ferreira da Costa,
Douglas Kaíque de Oliveira Lopes, Ivynny Caroline França de Oliveira,
Marina Carvalho de Gusmão Pereira
TLO718 BLOQUEIO DO QUADRADO LOMBAR EM CRIANÇA
PARA ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA DE CIRURGIA DE
TLP846 MANEJO ANESTÉSICO EM CORREÇÃO CIRÚRGICA
DERIVAÇÃO BILIODIGESTIVA - S78
DE CLOACA EM PEDIATRIA: RELATO DE CASO - S82
Ana Luiza Castro da Cruz, Diogo Barros Florenzano de Sousa,
Maria Moreno Braga, Lorena Jrege Arantes,
Pedro Paulo Kimachi, Diogo Rodrigues dos Santos
Beatriz Lemos da Silva Mandim,
Paulo Ricardo Rabello de Macedo Costa, Roberto Araújo Ruzi
TLO793 COMPARAÇÃO ENTRE MIDAZOLAM E ASSOCIAÇÃO
MIDAZOLAM/CETAMINA NO PRÉ-ANESTÉSICO EM CRIANÇAS - S79 TLO414 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE PEDIÁTRICO
Luciana Cavalcanti Lima, Camilla Oliveira Lima, COM SÍNDROME DO CORAÇÃO ESQUERDO HIPOPLÁSICO -
Carla Renata Gomes Brito, Iale Tarcyla Souza Parízio, RELATO DE CASO - S83
Giovana Barros e Silva Ribeiro, Julia Nery da Fonseca Francisco Ricardo Marques Lobo, Eneida Maria Vieira,
Carolina de Oliveira Sant’anna, Camila Vioto, Débhora Dayanne
TLP980 DEPRESSÃO RESPIRATÓRIA GRAVE APÓS Tres, Isabela Scárdua Frizzera Gonçalves
RAQUIANESTESIA EM PACIENTE PEDIÁTRICO SUBMETIDO À
CIRURGIA DE HIPOSPÁDIA - S79 TLO459 MANEJO DA VIA AÉREA EM CRIANÇA COM
Rayanne Mendes Guerra, Márcia Adriana Dias M. Moreira, AGENESIA DE NARINA E VIA AÉREA DIFÍCIL: RELATO
Juliano Teles de Vasconcelos, Alana Vital Nazianzeno DE CASO - S83
Rodrigo Thadeu Cei Pedroso, Keyla Adriana Gadelha Dias Martins,
TLP211 ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO PARA AVALIAÇÃO Giordana Oliveira Rotella, Antonio Jorge Ferreira da Silva Júnior,
DOS REFLEXOS LARÍNGEOS NA EXTUBAÇÃO TRAQUEAL DE Bruno Mendes Carmona, Arthur Abel Cavaco
CRIANÇAS SOB CAM-ACORDADO - S80
Ana Patrícia Santos de Oliveira, Cátia Sousa Govêia, TLP144 OBESIDADE EM CRIANÇAS SUBMETIDAS À
Luís Cláudio de Araújo Ladeira, Victor Guilherme Bittar Souto, ANESTESIA - S83
Alene Cunha do Nascimento, Gabriel Magalhães Nunes Guimarães Euler de Morais Albuquerque, Carlos Emerson Borges Silva,
Jairo Libório Dourado Reis, Thiago de Oliveira Costa,
Tânia Cursino de Menezes Couceiro, Luciana Cavalcanti Lima
TLO048 ENTEROCOLITE NECROSANTE EM RECÉM-NASCIDO
PORTADOR DE CARDIOPATIA CONGÊNITA COMPLEXA - S80
TLO885 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM ATIVIDADE
Israel Lugli de Godoy, Gabriel José Redondano de Oliveira,
ELÉTRICA SEM PULSO SECUNDÁRIO À ANAFILAXIA EM
Thiago Romanelli Ribeiro, Walter Luiz Ferreira Lima,
PACIENTE PEDIÁTRICO - S84
Thales Ricardo de Paula, Tomás Gustavo Pires
Daniel Dongiu Kim, Bruno Tose Gonçalves Barbosa,
Ana Carolina Lombardi, Mauro Henrique Junior,
TLO569 HEMIESFERECTOMIA FUNCIONAL PRECOCE PARA Maíra Bagodi Batista da Silva
TRATAMENTO DA HEMIMEGALOENCEFALIA ASSOCIADA À
EPILEPSIA REFRATÁRIA - S80 TLO062 PRÉ-ANESTÉSICO EM CRIANÇAS COM
Marina Ferreira Guimarães, Maria Amélia Neves, MIDAZOLAM VERSUS ASSOCIAÇÃO MIDAZOLAM E
Izabela Magalhães Campos, Fernanda Vilela Dias, CETAMINA EM DIFERENTES DOSES: OBSERVAÇÃO
Fernando Hernandes de Meneses, Paula de Siqueira Ramos CLÍNICA - S84
Regis Borges Aquino, Maria Cristina Smania, Marcos Dias da Silva,
TLP102 HIPERTERMIA MALIGNA EM PACIENTE PEDIÁTRICO Simone Duarte Brose
COM DEFICIÊNCIA DE COENZIMA Q10: A IMPORTÂNCIA DO
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PRECOCES - S81 TLP006 PREDITORES DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PEDIATRIA.
Bruno Tecles Brandão de Oliveira, Nathalia Magalhães Fonseca, RELATO DE CASO - S85
Francisco Drummond Lima, Andréa Silva Santos, Ítalo Pires Gomes, José Fernando Amaral Meletti,
Gustavo de Paula Tofani, Rodrigo Bernardes de Oliveira Reinaldo Vargas Bastos Miranda
XIII

TLO298 RELATO DE CASO DE HIPERTERMIA TLP638 EMBOLIA GASOSA POR CO2 APÓS TIREOIDECTOMIA
MALIGNA - S85 POR VÍDEO (TÉCNICA TRANSORAL) - S89
Marcele Morais Dorneles, Gabriela Belladona, Henrique Marques, Vagner Cavalcanti de Albuquerque, Antonio Tiago G. de Albuquerque,
Marilio Jose Flach, Marcelo Otto, Ricardo Coradini Abdala Alexandre Dubeux Dourado, Cecílio Pereira Lima,
Jefferson Trigueiro Neto, Eduardo Felipe de Carvalho Chaves
TLP1024 TROCA VALVAR EM PACIENTE PORTADOR DE
MUCOPOLISSACARIDOSE - S86 TLP454 ENFISEMA SUBCUTÂNEO MACIÇO E HIPERCAPNIA
Lucas Hemétrio Lazarini, Tiago Cordeiro de Macedo, DURANTE GASTRECTOMIA E COLECISTECTOMIA
Cláudia Helena Ribeiro da Silva
VIDEOLAPAROSCÓPICA: RELATO DE CASO - S89
Nazel Oliveira Filho, Priscilla Teixeira Costa, Herlon Mendes da Silva
TLO146 TUBO ENDOTRAQUEAL COM BALONETE EM
CRIANÇAS ABAIXO DE 8 ANOS: ESTAMOS MUDANDO ESSE TLO315 ESTUDO CLÍNICO RANDOMIZADO QUE COMPARA
PARADIGMA? - S86 A EFICÁCIA ENTRE A ANALGESIA INFILTRATIVA COM
ROPIVACAÍNA E O USO ENDOVENOSO DA NALBUFINA PARA
Bárbara Maria Figueiredo de Pontes Souza,
CONTROLE DA DOR PÓS-OPERATÓRIA DA COLECISTECTOMIA
Raphaella Amanda M. L. Fernandes, Jayme Marques dos Santos
VIDEOLAPAROSCÓPICA - S90
Neto, Flávia Augusta de Orange L. da F. e Silva, Julia Maria de
Flávio Andrade de Avelar, Thais Morato Menezes,
Lima, Teresa Monte de Hollanda Fernandes
Wanderson Penido da Costa, Rodrigo de Lima e Souza,
Gláucio Grégori Nunes Bomfá, Marcela Aparecida Corrêa Martins

XVII) Anestesia em Procedimentos TLO669 ESTUDO PILOTO SOBRE ALTERAÇÃO DA


Ginecológicos CONFORMAÇÃO DO DIAFRAGMA EM PACIENTE SUBMETIDO À
CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA. - S90
TLO582 INTOXICAÇÃO HÍDRICA DURANTE Fabrício de Paula Leite Battisti, David Ferez, Masashi Munechika,
VÍDEO-HISTEROSCOPIA CIRÚRGICA PARA MIOMECTOMIA - S86 Itamar Souza de Oliveira Junior, José Luiz Gomes do Amaral,
Luiz Roberto Morais de Meira, Bruno Oliveira Lamberti, Luiz Fernando dos Reis Falcão
Fernando Cássio do Prado Silva, Demócrito Ribeiro de Brito Neto,
Rodrigo Rodrigues Alves, Amanda Corrêa Vidica TLO265 LIMITAÇÕES DA CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA, O
PACIENTE IDOSO E SUAS COMPLICAÇÕES: RELATO DE CASO
TLP537 USO DE PALONOSETRON NA PREVENÇÃO DE NÁUSEA DE ENFISEMA SUBCUTÂNEO EXTENSO - S90
E VÔMITO NO PÓS-OPERATÓRIO DE HISTERECTOMIA - S87 Victor Cáppia, Marcelo Camargo Costa Faria,
Teófilo Augusto Araújo Tiradentes, Marília do Carmo Dalbeto,
Yara Grott, Jean Abreu Machado,
Mariana Akashi Miranda, Lucas Giurizatto Rodrigues
Maria Eduarda Angelo de Mendonça Fileti, Laura Martins Giraldi,
Lalucha Mazzucchetti
TLP691 QUEDA SÚBITA DE VALORES DE ÍNDICE
BISPECTRAL DURANTE ANESTESIA PARA HEPATECTOMIA
VIDEOLAPAROSCÓPICA - S91
XVIII) Anestesia em Videolaparoscopia Nubia Rodrigues Batista, Rodrigo Rodrigues Alves,
Fernando Cássio do Prado Silva, Mateus Meira Vasconcelos,
TLP787 ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS SOBRE ALTAS Alexandre de Menezes Rodrigues, Luiz Gustavo de Menezes Rodrigues
PRESSÕES DE PNEUMOPERITÔNIO - S87
Guilherme Valle de Oliveira, Mariana Pessoa Diniz, TLP025 RESSECÇÃO VIDEOLAPAROSCÓPICA DE
Cassiano Franco Bernardes, Paulo Antonio de Mattos Gouvêa, FEOCROMOCITOMA EM PACIENTE COM TUMOR BILATERAL:
Eliana Cristina Murari Sudré, Erick Freitas Curi RELATO DE CASO - S91
Amanda Engers de Oliveira, Luiz Cesar Anzoategui,
TLP679 BRONCOESPASMO EM PACIENTE NÃO ASMÁTICA Luiz Gustavo Orlandi de Sousa
CANDIDATA À COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA
ELETIVA: UM RELATO DE CASO - S88
Thaís Carlos de Souza, Marcelo Pena Moreira de Oliveira, XIX) Anestesia para Cirurgia de Cabeça e
Bruno Serra Guida, Karen Amaral Faria,
Filipe de Azevedo Teixeira Reis, Aline Ladeira Lavorato Solano
Pescoço
TLO671 ABORDAGEM PRÉ-OPERATÓRIA MULTIDISCIPLINAR
TLO631 COMPLICAÇÕES EM VIDEOLAPAROSCOPIA - S88 EM PACIENTE ONCOLÓGICO COM INFARTO DO MIOCÁRDIO
João Ghabriel do N. de Lucena Gonçalves, RECENTE - S92
Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira, Márcio de Pinho Martins, Tayalles Tavares Leite, Francisco Israel Araújo Costa, Aline Maia Rocha,
Fernando de Carvalho Corrêa, Fernanda Carvalho Maciel, Cláudia Regina Fernandes, Fernanda Paula Cavalcante,
Magno Moraes Queiroz Rodrigo José Alencar de Castro
XIV

TLO347 ANALGESIA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE TLP486 VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE COM BÓCIO
STEINERT - S92 MERGULHANTE - S96
Marina Minari, Renata Rodrigues Madrigano, Fred Assunção, Mário Henrique Almeida de Assis, Bruno Santos Afonso de Melo,
Dennys Alexandro Mezzetti, Mariana Fukui Frechette, Cecílio Pereira Lima, Stênio Edson Jota Ferraz,
André Nogueira Cimatti Débora Pinheiro Leite, Vandson Barbosa de Oliveira

TLO056 AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA MELATONINA NO


PERIOPERATÓRIO EM PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA
DE FACE - S93 XX) Anestesia para Cirurgia Plástica
Jane Auxiliadora Amorim, Sheyla Simony Teixeira Correia,
TLO154 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE PORTADORA
Rafaela de Oliveira Vasconcelos, Otávio Damázio Filho,
DE SITUS INVERSUS TOTALIS EM CIRURGIA
Rossana SantAnna de Melo Lins, João José de Almeida Medeiros
PLÁSTICA - S97
Rodolfo Antonio Straioto Q. Cavalcante,
TLP826 HIGROMA CÍSTICO INFECTADO: DESAFIO NO
Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, Leandro Criscuolo Miksche,
MANEJO DA VIA AÉREA - S93
Eduardo Barbin Zuccolotto, Cirilo Haddad Silveira,
Hyder Mattos Gurgel, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto,
Leonardo Ferrazzo
Claudia Marquez Simões, Enis Donizetti Silva,
Leonardo de Freitas Nascimento

TLO353 IMPOSSIBILIDADE DE INTUBAÇÃO EM PACIENTE XXI) Anestesia para Procedimentos


COM TUMOR DE TIREOIDE SEM SINTOMAS RESPIRATÓRIOS -
Urológicos
RELATO DE CASO - S94
Gilvan da Silva Figueiredo, Onofre Eduardo Carvalho de Oliveira, TLO471 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO APÓS EXTUBAÇÃO
Ana Cláudia Morant Braid, Luna de Carvalho Almeida, EM PACIENTE SUBMETIDO À CISTOPROSTATECTOMIA
Patrízia Santos Sousa, Rafael Costa Batista RADICAL - S97
Alan Kimura, Bruno Mendes Carmona, Artur Abel do Cavaco,
TLP744 MANEJO DA VIA AÉREA EM FRATURA BILATERAL DE Luis Paulo Mesquita, Rita de Cassia Rodrigues Rosa,
MANDÍBULA - S94 Thiago Coimbra Alves
Alinne Nascimento Maia, Marcelo Carneiro da Silva,
Luiz Gustavo Santiago Rocha

TLP429 MANEJO DE VIA AÉREA EM PACIENTE COM TUMOR XXII) Anestesia Venosa
CERVICAL AVANÇADO E ESTENOSE TRAQUEAL GRAVE:
RELATO DE CASO - S95 TLP1021 ANALGESIA MULTIMODAL PARA ESPLENECTOMIA
EM BAÇO GIGANTE - S98
Nicolau Viana de Araújo, André Fernandes Botrel e Silva,
Daiane Aparecida Vilela de Rezende, Vera Coelho Teixeira Thamires H. Tauil, Patricia Sena, Lucia C S Correa

TLP461 OBSTRUÇÃO DE VIA AÉREA POR CÂNULA DE TLP364 ANESTESIA VENOSA EM PACIENTE COM ESCLEROSE
MONTGOMERY: RELATO DE CASO - S95 LATERAL AMIOTRÓFICA. RELATO DE CASO - S98
Rodrigo Thadeu Cei Pedroso, Diego Cezar de Oliveira Corrêa, Ana Carolina Zandona Spinardi, Augusto César Santos Pellegrini,
Christian da Silva Pinho, Mario de Nazaré Fascio, Josenilson da Silva Passos, Vanessa Rafaela Souto Paiva,
Bruno Mendes Carmona, João Hermínio Pessoa dos Santos Gabriel José Redondano de Oliveira, Luis Antônio Borges

TLP470 TRAQUEOSTOMIA ELETIVA EM PACIENTE TLO052 ANESTESIA VENOSA TOTAL ALVO-CONTROLADA


COM TUMOR FACIAL SANGRANTE E VIA AÉREA PARA RESSECÇÃO DE TUMOR CEREBRAL COM O PACIENTE
DIFÍCIL - S95 ACORDADO - S98
Alan Kimura, Bruno Mendes Carmona, Sabrina de Souza Ramos, Orlando Domingues de Araújo Pontes,
José Mariano de Melo Cavaleiro de Macêdo, Luis Henrique Cangiani, Caio Funck Colucci, Lílian Eysink,
João Herminio Pessoa dos Santos, Giordana Oliveira Rotella, Flávio Maia Castilho
Hugo Henrique Coutinho Lima
TLO271 ANESTESIA VENOSA TOTAL EM PACIENTE
TLP874 TUMOR DE GLOMUS E ANESTESIA - S96 PEDIÁTRICO COM MIOPATIA MITOCONDRIAL - RELATO DE
Amanda Jiran Ferreira Marcos, Patrícia Lopes Gabriel, CASO - S99
Vinícius Caldeira Quintão, André Luiz Parreira Gomes, Nathalia Rodrigues Gontijo de Andrade,
Leonardo de Magalhães Machado N. Baptista, Ana Cláudia Mota Bonisson, Francisco Drummond Lima,
Felipe Coelho de Souza Felipe Guimarães Ribeiro
XV

TLP622 COMPARAÇÃO ENTRE O USO DE PROPOFOL TLP534 ANESTESIA GERAL COM USO DE SUGAMMADEX
E CETAMINA VERSUS PROPOFOL E REMIFENTANIL EM PACIENTE COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA:
PARA INDUÇÃO E MANUTENÇÃO ANESTÉSICA EM RELATO DE CASO - S102
CIRURGIAS ELETIVAS DE COLECISTECTOMIA Ana Jéssica Ferreira Lima de Castilho,
VIDEOLAPAROSCÓPICA - S99 Raimundo Júnior Prado de Oliveira, Danilo Galati,
Gabriel Elias Figueiredo, Márcia Aparecida Tedesco, André Menezes Baranda
Eduardo Arbache Bezerra, Leonardo Henrique Castanheira Frade,
Esther Alessandra Rocha, Desiré Carlos Callegari TLO059 APNEIA PROLONGADA APÓS USO DE
SUCCINILCOLINA: RELATO DE CASO - S103
TLO601 ESMOLOL REDUZ DOR NO PÓS-OPERATÓRIO Patrícia Constantini Kreling, Gabriella Aparecida Mulinari,
DE MASTECTOMIAS: ENSAIO CLÍNICO, DUPLO-CEGO Fernando Martins Piratelo, Larissa Salles Ottoboni,
E RANDOMIZADO - S100 Marina Bishop Brito Rebellato
Alex Julio Tramontini, Denismar Borges de Miranda,
João Francisco Volpe Junior, Luciano Franklin Seixas,
TLO640 AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE BLOQUEIO
Henrique Iamashita Miake, Fabrício Tavares Mendonça
NEUROMUSCULAR RESIDUAL NA SALA DE RECUPERAÇÃO
PÓS-ANESTÉSICA - S103
TLP074 FENÔMENO SEIZURE-LIKE DURANTE
Rohnelt Machado de Oliveira, Fabiano Tadashi Shiohara,
ADMINISTRAÇÃO DE PROPOFOL - S100
Janaina Siqueira Rosa, Camila Marquette Wille,
Lucas Araújo Borges de Moura, Thales de Abreu Tedoldi,
Jessica Kiyomi Nakamoto, Mônica Lais Vendruscolo
Kelson Sousa Jacobina, Luiz Guilherme Villares da Costa,
Raphael de Freitas Silva
TLP996 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PERSISTENTE
NO PACIENTE CRÍTICO: UM RELATO DE CASO - S104
TLP583 INFUSÃO CONTÍNUA INTRAOPERATÓRIA
DE BAIXAS DOSES DE DEXTROCETAMINA EM PACIENTE André Fernandes Botrel e Silva, Bruno de Oliveira Matos,
SUBMETIDA A CORREÇÃO DE ESCOLIOSE Verônica Lívia Dias, Fabio Maciel Rosa Pereira,
TORACOLOMBAR - S101 José Carlos Braga Nitzsche, Marcílio Batista Pimenta
Mateus Meira Vasconcelos, João Paulo Jordão Pontes,
Fernando Cássio do Prado Silva, Bruno Oliveira Lamberti, TLO184 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROLONGADO
Luiz Gustavo de Menezes Rodrigues, Amanda Corrêa Vidica APÓS USO DE SUCCINILCOLINA: RELATO DE
CASO - S104
TLP208 PRIAPISMO, EVENTO AVERSO RARO AO USO DO Leonardo Goldbarg, Antonio Feijo de Feijo,
PROPOFOL - S101 Guilherme Meirelles Leite R. da Silva, Fernanda Fischer,
Marcello Sias Frattani, Luana Stutz, Brynner Mota Buçard, Betânia Novelo, Taissa Morellato Basso
Alfredo Guilherme Haack Couto
TLO402 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROLONGADO
COM O USO DE SUCCINILCOLINA EM CIRURGIA
GINECOLÓGICA – RELATO DE CASO - S105
XXIII) Anestesia, Ética e Direito
José Luiz de Sousa Júnior, Romulo Guerra Guimarães,
TLO747 MANUSEIO INTRAOPERATÓRIO DE UM Débora Bonato, João Manoel da Silva Junior,
PACIENTE TESTEMUNHA DE JEOVÁ VÍTIMA DE Bruna Nunes Fernando, Anna Christina Brasileiro Silva Pacheco
POLITRAUMA - S102
Rafael Queiroz Araujo, Fernanda Moreira Gomes Mehlmann, TLO421 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR RESIDUAL APÓS
Marcus Meyer, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, USO DE SUGAMMADEX EM PACIENTE COM MIASTENIA
Guinther Giroldo Badessa, Luiz Fernando dos Reis Falcão GRAVIS - S105
Bruno Mendes Carmona,
Mário Nazareth Chaves Fáscio, Bruno Oliveira de Matos,
Sayuri Kawamura Barcellos de Albuquerque,
XXIV) Bloqueio Neuromuscular Thiago Coimbra Alves, Cayo Almyr Silva Favacho
TLO389 ADMINISTRAÇÃO DE SUGAMADEX NA REVERSÃO DO
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR INDUZIDO POR ROCURÔNIO TLO151 COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA EM
EM PACIENTE CIRRÓTICO - S102 PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVIS - S105
Hercilio Ribeiro de Souza , Davi Caetano Aguiar, Thiago Gonçalves Wolf, Denise Zamprogno de Sousa,
José Carlos Rodrigues Nascimento, Tito Augusto Guimarães Peixoto,
Francisco Diego Silva de Paiva, Nely Marjollie Guanabara Teixeira, Gustavo Henrique de Abreu Caetano, Dener Augusto Diniz,
Adriana Maria Gurgel da Costa Marcos Leonardo Rocha
XVI

TLP502 COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DA RECUPERAÇÃO TLO941 USO DE BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES POR


PÓS-ANESTÉSICA APÓS REVERSÃO DE BLOQUEIO PLANTONISTAS DE UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DO
NEUROMUSCULAR COM NEOSTIGMINA OU SUGAMMADEX EM HOSPITAL ANIS RASSI - S109
COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA - S106 Adélia Rocha Simeoni, Rodrigo Cavalcante Carlos de Carvalho,
Nathália dos Santos Lins, Rodrigo de Andrade Cunha, José Gilmar Gomes Júnior, Raimundo Nonato Filho,
Antonio Christian Evangelista Gonçalves, Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro
Carlos Alberto Campos Falcão Filho, Juliano Farias Cordeiro,
Raquel Araújo Parente

TLO223 COMPARAÇÃO DO TOFR NORMALIZADO COM


XXV) Bloqueios de Nervos Periféricos
O NÃO NORMALIZADO NA INCIDÊNCIA DE BLOQUEIO TLP067 BLOQUEIO DE NERVO FEMORAL E CIÁTICO GUIADO
NEUROMUSCULAR RESIDUAL - S106 POR ULTRASSONOGRAFIA PARA AMPUTAÇÃO TRANSTÁRSICA
Leandro Alvino Melo de Lima, Edgar Vieira do Nascimento, Jane EM PACIENTE CARDIOPATA - S110
Auxiliadora Amorim, Otávio Damázio Filho,
Paulo Cezar Pires Martins Junior, Américo Salgueiro Autran Neto,
Rogério Camilo Alcoforado Barroso Braga, Lucas Wanderley Lima
Paulo Alipio Germano Filho, Armin Guttman,
Estêvão Luiz Carvalho Braga, Ismar Lima Cavalcanti
TLP457 DESPERTAR PROLONGADO APÓS USO DE
SUCCINILCOLINA: RELATO DE CASO - S107
TLO247 BLOQUEIO DE PLEXO CERVICAL SUPERFICIAL
Thomás Cé de Oliveira, Breno José Santiago Bezerra de Lima,
E SEU USO NA CIRURGIA PARA CORREÇÃO DE FRATURA
Roberto Henrique Benedetti, Luciana Evangelista Rosa Moreira,
CLAVICULAR - S110
Carla Tortelli Bräscher, Rodolfo de Pinho Paes Barreto
Ana Luiza Sá Pinto da Nóbrega Lucena, Cleber Wagner de Carvalho,
Joice Dayane Tavares, Felipe Souza Thyrso de Lara,
TLO883 ENSAIO CLÍNICO ADAPTATIVO PARA A
Celso Schmalfuss Nogueira
DETERMINAÇÃO DA DE50 DO ROCURÔNIO PARA CONDIÇÕES
EXCELENTES DE RELAXAMENTO DA PAREDE ABDOMINAL EM
VIDEOCOLECISTECTOMIA - S107 TLP878 BLOQUEIO PECS 2 PARA INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS
Robson Almeida Brito, Cátia Sousa Govêia,
DA MAMA: RELATO DE CASO - S111
Edson Wander Xavier da Rocha, Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Clarissa Mayara de Sales Guimarães,
Nilvan de Oliveira Junior, Alene Cunha do Nascimento Eduardo Fernandes Orioli Guimarães, Carlos Darcy Alves Bersot,
Guilherme Castro Lobo F. dos Santos, Helen Suzart de Siqueira
TLO193 INFLUÊNCIA DA LIDOCAÍNA POR VIA PERIDURAL NAS
CARACTERÍSTICAS FARMACODINÂMICAS DO ROCURÔNIO: UM TLO458 BLOQUEIO PEITORAL (PEC I E II) GUIADO POR
ENSAIO CLÍNICO ALEATORIZADO - S107 ULTRASSONOGRAFIA PARA ANALGESIA EM ESTERNOTOMIA.
Angélica de Fátima de Assunção Braga, Pedro Velloso Margarido, RELATO DE CASO - S111
Fernando Eduardo Féres Junqueira, Rodrigo Thadeu Cei Pedroso, Bruno Mendes Carmona,
Franklin Sarmento da Silva Braga, Vanessa Henriques Carvalho, Mário de Nazaré Fascio, Hugo Henrique Coutinho Lima,
Ana Paula Chibeni Fernandez Bruno Matos, Rita Cassia

TLO134 MANEJO DA APNEIA PROLONGADA APÓS USO DE TLP403 BLOQUEIO PERIFÉRICO GUIADO POR ULTRASSOM
BLOQUEADOR NEUROMUSCULAR DESPOLARIZANTE: RELATO EM CRIANÇA COM SEQUELA PÓS-MENINGOCOCCEMIA:
DE CASO - S108 RELATO DE CASO - S111
Nicoly de Souza Lima Barberio, Letícia C. Cardoso Fontes dos Larissa Sales de Vasconcelos Oliveira,
Santos, Bruno Serra Guida, Karen Amaral Faria, Danielle Maia Holanda Dumaresq, Natália de Carvalho Portela,
Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Marcelo Biaggio Solano Marilman Maciel Benício Zan, Roberto César Pontes Ibiapina

TLO341 MIASTENIA GRAVIS: RELATO DE CASO - S108 TLO918 CIRURGIA EM MEMBRO INFERIOR SOB ANESTESIA
Marcos Eyder Leite Fragoso, Marcos Antonio Costa de Albuquerque, REGIONAL EM PACIENTES GRAVES – SÉRIE DE CASOS - S112
Karla Regina Gonçalves da Rocha, Lauro d’Avila Silveira Barreto, Silvia Amália de Melo Moura, Mayara Francy Pereira Nunes,
Rafael Cerqueira Oliveira Emilio Carlos Del Massa, Izabella Barbosa Reis,
Celso Júnio Frazão da Silva
TLP239 SUGAMMADEX EM PESO IDEAL VERSUS PESO
CORRIGIDO EM 20% E 40% PARA REVERSÃO DE BLOQUEIO TLP861 IDENTIFICAÇÃO DE LESÃO COMPLETA DE FIBULAR
NEUROMUSCULAR EM CIRURGIA BARIÁTRICA - S109 APÓS CIRURGIA ORTOPÉDICA SOB ANESTESIA GERAL E
Nádia Maria da Conceição Duarte, Ana Maria Menezes Caetano, BLOQUEIO CIÁTICO - S112
Silvio da Silva Caldas Neto, Josemberg Marins Campos, Patrícia Wajnberg Gamermann, Gilberto Braulio, Karina Biavatti,
Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho, Gustavo de Oliveira Arouca Marcelo Gustavo Angeletti, Pauline Elias Josende
XVII

XXVI) Bloqueios do Plexo Braquial TLP282 RAQUIANESTESIA CONTÍNUA UTILIZADA COMO


TÉCNICA ANESTÉSICA ALTERNATIVA APÓS PUNÇÃO
TLP1017 BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL PARA ACIDENTAL DA DURA-MÁTER - RELATO DE CASO - S116
OSTEOSSÍNTESE DE RÁDIO EM PACIENTE COM DOR Cyléia Brandão de Andrade, Anderson Sampaio Marui,
NEUROPÁTICA PÓS-LESÃO TRAUMÁTICA DE PLEXO Emilio Carlos Del Massa, Adelaide Moral Tarifa,
BRAQUIAL - S113 Claudiane de Paula Bastos
Carolina Esteves Monnerat, Paula Cristina Leitão de Assunção,
ELISA C. FIGUEIREDO, Edmar José Alves dos Santos TLO467 RAQUIANESTESIA TOTAL COM DOSE HABITUAL DE
BUPIVACAÍNA HIPERBÁRICA. RELATO DE CASO - S117
Amanda Targino Kataoka, Cynthia de Oliveira Rego,
Carolina Moreno Fernandez, Bruno Mendes Carmona,
XXVII) Bloqueios Neuroaxiais
João Hermínio Pessoa dos Santos, Luis Paulo Araújo Mesquita
TLP136 ANESTESIA EPIDURAL EM PACIENTE COM ESCLEROSE
MÚLTIPLA: RELATO DE CASO - S113 TLO673 TAMPÃO SANGUÍNEO PERIDURAL TORÁCICO PARA
Guilherme Meirelles Leite R. da Silva, TRATAMENTO DE PARALISIA DO NERVO ABDUCENTE DEVIDO À
Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, PUNÇÃO ACIDENTAL DE DURA-MÁTER: RELATO DE CASO - S117
Leandro Criscuolo Miksche, Antonio Takashi Kitayama, Cláudia Leal Ferreira Horiguchi, Gustavo Henrique de Abreu Caetano,
Guilherme Coelho Machado Nunes, Felipe Toledo Quoos Thiago Gonçalves Wolf, Sílvia Rabelo Lage Lamounier,
Annelyse de Abreu Peixoto, Paulo César de Abreu Sales
TLP717 BLOQUEIO MOTOR PROLONGADO APÓS BLOQUEIO
SUBARACNÓIDEO: REVISÃO E RELATO DE CASO - S114
Gabriel Augusto Oliveira, Jessica Kiyomi Nakamoto, XXVIII) Doenças Raras
Rafael Drabik Guimarães, Mônica Lais Vendruscolo,
Dennis Brandão Tavares, Fernando Mauro Carradore TLO670 ANESTESIA GERAL E BLOQUEIO EPIDURAL EM
CRIANÇA COM SÍNDROME DE PELIZAEUS-MERZBACHER:
RELATO DE CASO - S118
TLO278 BLOQUEIO SUBARACNÓIDEO PROLONGADO COM
BUPIVACAÍNA HIPERBÁRICA: RELATO DE CASO - S114 Maria Celia Ferreira da Costa, Tânia Cursino de Menezes Couceiro Filho,
Douglas Kaíque de Oliveira Lopes, Marina Carvalho de Gusmão Pereira,
Ana Paula Costa Moraes de Albuquerque, Fábio Luis Ferrari Regatieri,
Vanessa Cristina Vieira Silva da Câmara,
Fernanda Lourenço Furigo, Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz,
Roberto de Oliveira Couceiro Filho
Daniel Varoni Schneider, Maycon Luiz Silva Oliveira

TLP496 ABORDAGEM ANESTÉSICA DA DOENÇA DE BEHÇET:


TLO366 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DOR LOMBAR PODE
RELATO DE CASO - S118
SER IMPORTANTE PARA REALIZAÇÃO DE RAQUIANESTESIA –
Naiana Melo de Aragão Ximenes,
RELATO DE CASO - S115
Antonio Vinicius de Assis Feitosa Junior, Ana Carolina de Souza Moreira,
Thaliane Filarde de Oliveira, Karen Cristina Coimbra Ishii,
Leonardo Homem de Faria Martins,
Matheus Rocha Fagundes, Walkiria Wingester Vilas Boas,
Flávia Vieira Guimarães Hartmann
Ricardo Felipe Lima Andrade Valadares, Sérgio Silva de Mello

TLP498 ABORDAGEM ANESTÉSICA DE URGÊNCIA EM PACIENTE


TLO290 INTOXICAÇÃO SISTÊMICA POR ANESTÉSICO LOCAL COM HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA - S119
PÓS-EPIDURAL: RELATO DE CASO - S115
Huana Christina Rosa Nogueira , Eduardo Henrique Silva Bachião,
Tainã Medeiros Versiani Ribeiro Matos, Thiago Almeida Brasileiro, Yale Viana Alves, Camylla Prates Timo,
Isabella Dias Filogônio, Nathalia Campos Schimidt, Eduardo Vilela Borges dos Santos, Flávia Vieira Guimarães Hartmann
Anamaria Ruiz Combat Tavares, Hugo Leonardo Nogueira dos Santos
TLO365 ABORDAGEM ANESTÉSICA PARA CIRURGIA
TLO372 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA APÓS VIDEOLAPAROSCÓPICA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE
RAQUIANESTESIA - S115 RUBINSTEIN-TAYBI - S119
Laís Campos Bittencourt, Eduardo Campos Braga, Derik de Azevedo Quintas, Ayuri Mayra Jucá Meguro,
Leonardo Neves Santana, Bruno Farah Alvarenga, Thais Martins Moraes Benjamim, Flávio Gurgel Paulino Murta,
Daniel Richard Martins Mota, José Osiel de Almeida Alehandro Neves Terra, Felix Antônio Rocha Castillo

TLP388 PERFURAÇÃO DE DURA-MÁTER POR CATETER DE TLP007 ANESTESIA EM GESTANTE PORTADORA DE MIOPATIA
PERIDURAL COM CONSEQUENTE CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO: CONGÊNITA TIPO DESPROPORÇÃO CONGÊNITA DO TIPO DE
RELATO DE CASO - S116 FIBRAS - S119
Rafaela Souto e Souza, Alyne Andrade Lima, Patricia Batista Matos, Renata Sofia Guimarães, Hugo Eckener Dantas P. Cardoso,
Maize Cordeiro de Melo Marina Ayres Delgado, Ricardo Almeida de Azevedo, José Admirço Lima Filho,
Walkiria Wingester Vilas Boas Élio Ferreira de Oliveira Júnior, Samyr Lopes Arruda Carneiro
XVIII

TLO345 ANESTESIA EM PACIENTE COM ATROFIA MUSCULAR TLP381 ANESTESIA PARA CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA
ESPINHAL TIPO IV - RELATO DE CASO - S120 EM PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVIS: RELATO DE
Francielle Grivot Santa Helena, Florentino Fernandes Mendes, CASO - S124
Cristine Formighieri Angonese, Alice da Silva Fonseca, Leonardo Ambrósio Toledo, Flávio Rodrigues Figueiredo,
Márcio Rahel Farias Guimarães, Camila Alejandra Rodríguez Cuéllar Lara Clemente Paulino Ferreira e Silva, Nikole Albuquerque Diniz,
Tiarlles Miller Venturine de Resende Chaves, Luiz Paulo Villela Vieira
TLO926 ANESTESIA EM PACIENTE COM CIRROSE AUTOIMUNE
PARA CIRURGIA ABDOMINAL NÃO HEPÁTICA - S120 TLO003 ANESTESIA PARA PACIENTE PORTADOR DE
Victor Cabral Ribeiro, Cátia Sousa Govêia, SARCOIDOSE – RELATO DE CASO - S124
Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Guilherme Antonio Essado, Luiz Antonio de Moraes, Victor Cáppia, Teófilo Augusto Araújo Tiradentes,
Larissa Goveia Moreira, Cleyverton Garcia Lima Lucas Giurizatto Rodrigues, Andressa Midori Fusioka

TLP652 ANESTESIA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE TLO277 ANESTESIA PARA PACIENTE PORTADOR DE
HURLER ASSOCIADA À SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ - S121 SÍNDROME DIGEORGE – RELATO DE CASO - S125
Valney Luiz da Rocha Junior, Bruno Serra Guida,
Dirce de Abreu, Teófilo Augusto Araújo Tiradentes,
Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Letícia C. Cardoso Fontes dos Santos,
Andressa Midori Fusioka, Milena Candido Pantaleão, Larissa Sokol Rotta
Arnaldo Tavares da Silva Júnior, Karen Amaral Faria

TLP690 ANESTESIA PARA RESSECÇÃO DE TUMOR DE


TLO550 ANESTESIA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE WEST:
SUPRARRENAL PRODUTOR DE CATECOLAMINAS - S125
RELATO DE CASO - S121
Nubia Rodrigues Batista, Antônio de Pádua Faria,
Larissa Sales de Vasconcelos Oliveira, Mário Henrique Oliveira Santos,
Aline Tonin dos Santos, Bruno Oliveira Lamberti,
Danielle Maia Holanda Dumaresq, Marilman Maciel Benício Zan,
Roberto César Pontes Ibiapina, Cibelle Magalhães Pedrosa Rocha Lira Olimpia Alves Faria, Fernando Cássio do Prado Silva

TLO002 ANESTESIA EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM TLO168 ANESTESIA VENOSA TOTAL ALVO-CONTROLADA
HIPERPLASIA UNILATERAL DO PROCESSO CORONOIDE – PARA PACIENTE COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA:
RELATO DE CASO - S122 UM RELATO DE CASO - S126
Luiz Antonio de Moraes, Dirce de Abreu, Guilherme Portiolli Zocal, Kauê Silva Rossetto,
Carlos Eduardo Salgado Costa, Teófilo Augusto Araújo Tiradentes, Guilherme Rocha Melo, Bárbara Monteiro Moreira,
Diassis Tobias França Junior, Vinícius Catta Preta Soares Filho Mônica Braga da Cunha Gobbo, Renata de Paula Lian

TLO563 ANESTESIA EM UMA PACIENTE PORTADORA DE TLP514 ANESTESIA VENOSA TOTAL NO PACIENTE
SÍNDROME DE DUCHENNE - RELATO DE CASO - S122 COM SÍNDROME DE DIGEORGE PARA CORREÇÃO DE
Lineu Casagrande Junior, Carolina Lopes Iwakami, ESCOLIOSE - S126
Priscila Gomes Dantas Arthur Ferreira Paranaíba, Tolomeu Artur Assunção Casali,
Marília Moreira de Melo Silva, Daiane Malheiros Souza,
TLP018 ANESTESIA NA SÍNDROME DE SMITH-LEMLI-OPITZ EM Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro,
BUCOMAXILOFACIAL: RELATO DE CASO - S122 Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro,
Camylla Prates Timo, Naiana Melo de Aragão Ximenes,
Lucila Annie Baldiotti Farias
TLO558 ANESTESIA VENOSA TOTAL PARA COLECISTECTOMIA
VIDEOLAPAROSCÓPICA NO PACIENTE COM SÍNDROME DE
TLO681 ANESTESIA PARA CIRURGIA NÃO CARDÍACA EM CHARCOT-MARIE-TOOTH - S126
PORTADOR DE CARDIOPATIA CONGÊNITA COMPLEXA
Daiane Malheiros Souza, Tolomeu Artur Assunção Casali,
CORRIGIDA - S123
Arthur Ferreira Paranaíba, Marília Moreira de Melo Silva,
Pedro Henrique Araripe de Paula Fonseca, Alice Alheira Meira,
Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro
Marcelo Teixeira dos Santos, Viviana Ugenti

TLP726 CONSIDERAÇÕES ANESTÉSICAS NA PSORÍASE


TLP854 ANESTESIA PARA CIRURGIA ODONTOLÓGICA EM
PACIENTE COM SÍNDROME DE MOEBIUS, TRANSTORNO DO ERITRODÉRMICA: UM RELATO DE CASO - S127
ESPECTRO AUTISTA E EPILEPSIA - S123 Ana Luiza Castro da Cruz, Diogo Barros Florenzano de Sousa,
Roberto Albuquerque Bandeira, Paula Saraiva Aragão da Mata Pedro Paulo Kimachi, Enis Donizetti Silva,
Bruno Francisco de Freitas Tonelotto, Gabriel Soares de Sousa
TLO380 ANESTESIA PARA CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA
EM PACIENTE COM MIOPATIA DISTAL DO TIPO TLO412 CUIDADOS PERIOPERATÓRIOS NO PACIENTE COM
NONAKA - S124 HISTÓRIA DE CARDIOMIOPATIA INDUZIDA POR ESTRESSE
Leonardo Ambrósio Toledo, Flávio Rodrigues Figueiredo, (TAKOTSUBO) - S127
Lara Clemente Paulino Ferreira e Silva, Nikole Albuquerque Diniz, Maria Angela Tardelli, Carolina Baeta Neves Duarte Ferreira,
Luiz Paulo Villela Vieira, Tiarlles Miller Venturine de Resende Chaves Roberto Giannini Macedo
XIX

TLO572 DESAFIOS NO MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE TLO957 MANEJO ANESTÉSICO PARA CORREÇÃO DE
SUBMETIDO À RESSEÇÃO DE PARAGANGLIOMA: RELATO DE INSUFICIÊNCIA AÓRTICA GRAVE COMO CONSEQUÊNCIA DE
CASO - S128 PRESENÇA DE VALVA AÓRTICA QUADRICÚSPIDE NA ERA DA
Luiza Serra, Paulo Petrov ECOCARDIOGRAFIA - S132
Lúcia Caroline Schons Corrêa, Marilia da Silva Faria de Macedo,
TLP431 DOENÇA DE TAKOTSUBO: RELATO DE CASO - S128 Gabriel L F Chiozzo, Carlos Darcy Alves Bersot,
Álvaro Augusto Dias Crespo; , Gabriela Citron Vedana, Gabriel Luiz Figueiredo Chiozzo Oliveira
Diego Boniatti Rigotti, Volmar Jose Zasso
TLP707 MANEJO ANESTÉSICO PARA PACIENTE COM
TLO780 HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO A IRC EM SÍNDROME DE EHLERS-DANLOS - S133
ANESTESIA: SÉRIE DE CASOS - S129 Marilia da Silva Faria de Macedo, Luisa Borges Ribas,
Victor Guilherme Bittar Souto, Felícia Benevides Praxedes, Rodrigo Nóboa da Silva, Vitor Santos
Alene Cunha do Nascimento, Rodolfo Carvalho Soeiro Machado,
Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Cátia Sousa Govêia
TLO064 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE ANGIOEDEMA
FAMILIAR EM TROCA DE VALVA MITRAL - S133
TLO354 LAPAROSCOPIA EM PACIENTE PORTADOR DA
Renato Zitron, Thales Abreu Tedoldi, José Mateus Costa,
DOENÇA DE VON WILLEBRAND: UM RELATO DE CASO - S129
Kelson Sousa Jacobina, Luiz Guilherme Villares da Costa
Cláudia Helena Ribeiro da Silva, Alexandra de Vasconcelos Vieira,
Larissa Magalhães Lopes, Pedro Henrique Magalhães Lima,
TLO250 O DESAFIO DA VIA AÉREA DIFÍCIL EM CRIANÇA
Luis Felipe Guimarães Ribeiro
SINDRÔMICA - S134
Guilherme da Rocha Lee, Juliana Martins Mota,
TLO386 LARINGOESPASMO EM CRIANÇA COM SÍNDROME DE
Fátima Carneiro Fernandes, Viviana Ugenti, Glauber Gouvêa,
AARSKOG-SCOTT DURANTE INDUÇÃO ANESTÉSICA - RELATO
Marcelo Teixeira dos Santos
DE CASO - S130
Thiago Fernandes Marques, Maria Beatriz Assumpção Mourão,
Walkiria Wingester Vilas Boas, Patrícia Batista Matos,
TLO165 PLANEJAMENTO ANESTÉSICO DE PACIENTE
Marcella Carmem Silva Reginaldo, Wagner Arruda Silveira COM SÍNDROME DE KLIPPEL-TRENAUNAY: UM RELATO DE
CASO - S134
Igor Bantim Barbosa, Kimie Correia Konishi, Gizelle de Lima
TLO324 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE COM DOENÇA
DE SALLA, RELATO DE CASO - S130 Barbosa, Fabrício Tobias Duarte Carneiro, Tayane Farias Andrade,
Eliomar Santana Trindade
Antonio Emanuel Soares Vieira, Anamaria Ruiz Combat Tavares,
Tainã Medeiros Versiani Ribeiro Matos, Rodrigo Bernardes de Oliveira,
Nathalia Campos Schimidt, Thiago Amorim Ribeiro da Cruz TLO097 PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO NOS TUMORES
SECRETORES DE CATECOLAMINAS: UMA ABORDAGEM
TLP969 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE COM ERITEMA MULTIDISCIPLINAR - S134
MULTIFORME MAJOR: RELATO DE CASO - S130 Karolynne Myrelly Oliveira Bezerra de Figueiredo Saboia,
Izabela Magalhães Campos, Luana Magalhães Bernardo, Mônica Braga da Cunha Gobbo (TSA), Caio Eduardo Ferreira Pires,
Fernanda de Faria Mariano, Carolina Mendonça de G.C.dos Santos, Isabela da Costa Vallarelli, Guilherme Portiolli Zocal,
Hendrik Ranieri de Oliveira Carvalho, Camila Ferreira Garcia Guilherme Rocha Melo

TLO825 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE COM TLO940 RAQUIANESTESIA EM PACIENTE COM


ESCLERODERMIA - S131 MALFORMAÇÃO DE CHIARI TIPO I: RELATO DE CASO - S135
Stefan Belizário Leal, Gabriela Leis do Espírito Santo Azevedo, Wagner Barreto de Santana, Anne Carolyne Lelis Oliveira Pedroso,
Lorena Coutinho Ramos Gevú Barcelos, Valter Oberdan Borges de Oliveira, Daniel Fernandes Viana,
Patricia Pinheiro de Toledo Werneck, Alberto Vieira Pantoja, Ivani Rodrigues Glass, Marcos Antonio Costa de Albuquerque
Marco Antônio Cardoso de Resende
TLP851 RESPOSTA ANÔMALA À CURARIZAÇÃO DE UM
TLO668 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE COM PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS TIPO IIA – RELATO DE
LIPODISTROFIA CONGÊNITA DE BERARDINELLI – SEIP - S131 CASO - S135
Fernanda Paula Cavalcante, Francisco Israel Araújo Costa, Jordana Ferraro de Souza Pinto, Eduardo Piccinini Viana,
Josiani dos Santos Garcez, Aline Maia Rocha, Tayalles Tavares Leite, Jaime Weslei Sakamoto, Gildo Nunes Silva Neto,
Rodrigo José Alencar de Castro Marcos Guedes Miranda Junior, Marilia Regina Camelo

TLP251 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE COM SÍNDROME TLP004 SÍNDROME DE NOONAN: MANEJO ANESTÉSICO EM
DE RUBINSTEIN-TAYBI - S132 PROCEDIMENTO AMBULATORIAL – RELATO DE CASO - S136
Bárbara Monteiro Moreira, Mônica Braga da Cunha Gobbo, Vinicius Pinheiro Teles, Ladson Soares Mariano,
Daniela Chinelato Marcelino, Letícia Aparecida Ferreira, Eduardo Piccinini Viana, Jaime Weslei Sakamoto,
Guilherme Portiolli Zocal, Alessandra de Padua Ranzani Gildo Nunes Silva Neto, Izabella Fernandes Feracini
XX

TLP709 SÍNDROME DE TAKOTSUBO COMO COMPLICAÇÃO TLO960 BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESFENOPALATINO PARA
ANESTÉSICA – UM CASO RARO COM DIAGNÓSTICO NO TRATAMENTO DE CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO DURAL EM
INTRAOPERATÓRIO - S136 CIRURGIA NÃO OBSTÉTRICA NA GESTANTE - S140
José Maurício Pereira Assef, Dirce de Abreu, Ana Carolina Martins Gomes , Alison Rodrigo Lucas,
Teófilo Augusto Araújo Tiradentes, Larissa Sokol Rotta, Eber Ferreira Filho, Gisela Magnus, Daniely Batista Prates,
Izabela Cardoso Garcia Natasha Mendes Rocha de Faria

TLO338 TAMPÃO SANGUÍNEO PERIDURAL (TSP) COMO TLO034 BLOQUEIO DO NERVO FEMORAL, RAQUIANESTESIA
TRATAMENTO DA VASOCONSTRIÇÃO CEREBRAL REVERSÍVEL
E FENTANIL: AVALIAÇÃO DA ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA NA
NA HIPOTENSÃO INTRACRANIANA ESPONTÂNEA: RELATO DE
OPERAÇÃO DE RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO
CASO - S137
ANTERIOR - S140
Daniel Varoni Schneider, Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz,
Fábio Luis Ferrari Regatieri, Fernanda Lourenço Furigo, Úrsula Bueno do Prado Guirro, Elizabeth Milla Tambara
Bruna Brenha Ribeiro Subtil, Johnny da Silva
TLO619 CATETER INFRACLAVICULAR COM 20 DIAS DE
TLP775 USO DE MÁSCARA LARÍNGEA EM PACIENTE DURAÇÃO, PARA CIRURGIAS SERIADAS DE DESBRIDAMENTO
PORTADORA DE ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA DE MEMBRO SUPERIOR E FIXAÇÃO DE OSSOS DO
SUBMETIDA A ANESTESIA VENOSA TOTAL ASSOCIADA ANTEBRAÇO - S141
A BLOQUEIO DO PLANO DO MÚSCULO TRANSVERSO Liandra Felix Fontes, Thais Kroeff Machado,
ABDOMINAL – RELATO DE CASO - S137 Fernanda Bezerra de Mello Monte, Rafael Mercante Linhares,
Natália Luma Gomes, Esther Alessandra Rocha, Marina Pacheco Rosa Luciana Dantas Bastos Frango de Oliveira

TLO1013 COMPARAÇÃO ENTRE O USO PRÉ-OPERATÓRIO DE


XXIX) Dor Aguda GABAPENTINA E PREGABALINA: METANÁLISE DE EFEITOS
MISTOS - S141
TLP648 ANALGESIA CONTROLADA PELO PACIENTE APÓS
João Pedro Sant’ Anna Pinheiro, Débora Santos Rodrigues,
CIRURGIA UROLÓGICA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE
Fernanda Bortolanza Hernandes, Thaís Natália de Almeida,
STEVENS-JHONSON - S138
Karen Barros Parron Fernandes, Marcos Tadeu Parron Fernandes
Felipe Rodrigues Braz, Luiz Roberto Morais de Meira,
João Paulo Jordão Pontes, Fernando Cássio do Prado Silva,
Alexandre de Menezes Rodrigues, Lira Olimpia Alves Faria TLO370 IMPACTO DE UM SERVIÇO DE DOR AGUDA
PÓS-OPERATÓRIA NO TEMPO DE HOSPITALIZAÇÃO EM
TLO259 ANALGESIA PERIDURAL PÓS-OPERATÓRIA: HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO SUL DO BRASIL - S141
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO CONTROLE DA DOR Antônio Franciosi Prates, Anderson Miguel Capp, Letícia Uzeika,
EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO - S138 Francisco Fritsch Machry Krum, Luciana Paula Cadore Stefani,
Roberta Parastchuk, Jaqueline Rafaela Bernardes, Wolnei Caumo
Daiane Alves do Nascimento, Filipe de Alencar Matos,
Henrique Zechlinski Xavier de Freitas, Raôni Bins Pereira
TLO125 MANEJO ANESTÉSICO PARA O ALÍVIO DA DOR
AGUDA PÓS-COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA:
TLP316 ANALGESIA PLEXULAR CONTÍNUA COM CATETER
REVISÃO SISTEMÁTICA - S142
PERIFÉRICO PÓS-RESSECÇÃO DE OSTEOSSARCOMA CLÁSSICO
DE ÚMERO PROXIMAL: RELATO DE CASO - S138 Renato Ribeiro de Jesus, Adebaldo Maia Leite,
Kyle Roberto Coelho Junio, Felipe Magalhães Dias, Simone Soares Leite, Márcio Carneiro Vieira,
Márcio Placedino Martins, Sérgio Silva de Mello, Nivaldo Ribeiro Villela
Luiz Fernando Amancio Pereira de Oliveira
TLP864 PERFIL DE CONTROLE DA DOR PÓS-OPERATÓRIA
TLO382 ASSOCIAÇÃO DE METADONA A OUTROS OPIOIDES EM PACIENTES SUBMETIDOS A PROCEDIMENTOS
PARA O CONTROLE DE DOR CRÔNICA AGUDIZADA – RELATO CIRÚRGICOS ORTOPÉDICOS NO SERVIÇO DE DOR AGUDA
DE CASO - S139 PÓS-OPERATÓRIA - S142
Renata Pinheiro Modolo, Bruna Antenussi Munhoz, Gabriel Gondim Fonseca, Marcelo Vaz Perez, Thiago Ramos Grigio,
Daniellen Lins Lourenço, Ana Paula Santana Huang, Ayrton Bentes Teixeira, Henrique Fialho de Freitas, Daniel Valente
Yuri Louro Bruno de Abreu, José Carlos Canga

TLO071 QUALIDADE DA RECUPERAÇÃO APÓS


TLO795 AVALIAÇÃO DA DOR EM RECÉM-NASCIDOS
NASCIDOS DE PARTOS VAGINAL E CESÁREO DURANTE ADMINISTRAÇÃO DE MORFINA OU METADONA PARA
INJEÇÃO INTRAMUSCULAR: RESULTADOS PARCIAIS - S139 ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA EM PACIENTES SUBMETIDOS A
Esther A. L. Ferreira, Thalita Marqueze, ANESTESIA VENOSA TOTAL - S143
Catarina Leticia Rodrigues Barbalho, Damaris S. Nassif, Miller Fazoli Lambert, Eduardo Toshiyuki Moro,
João Vinícius Alves Lameu, Norma S. P. Módolo, Ana Luiza Naves Pereira, Thais Moura Artioli, Giuliana Graicer,
Guilherme A. M. de Barros, Thalita Marqueze Juliana Morini Bevilacqua
XXI

TLO588 TOLERÂNCIA AGUDA A OPIOIDES: RELATO TLO924 INFLUÊNCIA DA TERAPIA OPIOIDE AGUDA E
DE CASO - S143 CRÔNICA NA COGNIÇÃO DE PACIENTES COM DOR
Victor Resende de Melo Freitas, Thalita Marqueze, ONCOLÓGICA - S147
Murilo Moreira Thom, Diego Viana de Mello, Ana Paula Medeiros Hortêncio, Aline Mariana Silva Cândido,
Guilherme Antônio Moreira de Barros, Fernanda Bono Fukushima Kamila Vieira de Oliveira, Flávio Souza Melo,
Mirlane Guimarães de Melo Cardoso, Bianca Frota Farias de França
TLP756 TRATAMENTO MULTIMODAL DE DOR REFRATÁRIA
PARA PACIENTE VÍTIMA DE POLITRAUMA - S143 TLO480 PREVALÊNCIA DOS SINTOMAS EM PACIENTES
Isabela Borges de Melo, Débora Philippi Bressane, ONCOLÓGICOS PALIATIVOS – SÉRIE DE CASOS - S147
Pedro Luiz Ferreira, Rodrigo Vital de Miranda, Anderson Meneghini Capra, Antonio Andrigo Ferreira de Carvalho,
Renato Lucas Passos de Souza, Moisés Freitas Neves
Joana Zulian Fiorentin, Roberto Henrique Benedetti,
Maria Tereza Evangelista Schoeller,
TLP207 USO DE FICHA PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA DOR Breno José Santiago Bezerra de Lima
PARA REGISTRO E CONTROLE DA DOR - S144
Luís Fernando Rodrigues Maria, Jaime João Jorge,
TLP590 SISTEMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO EM
Gabriela Morais Reis, Rafael Oliveira Telles, Rafael dos Santos,
CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL
Jonas Jorge Junior
UNIVERSITÁRIO - S148
Richelane da Costa Reis Leite, João Batista Santos Garcia,
Vanise Barros Rodrigues da Motta, Carlos Eduardo de Melo Leite,
XXX) Dor Crônica e Cuidados Paliativos Erika Duailibe Mascarenhas Fernandes,
Silvana Maria Raposo Salazar
TLO205 COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS – UTILIZAÇÃO DO
PROTOCOLO SPIKES - S144
Amanda Fernandes Halla, Ana Paula de Souza Vieira Santos,
Guilherme Haelvoet Correa, Marcela Rangel Mariz,
Estanrley Barcelos Pinto, Ayrton Bentes Teixeira
XXXI) Ensino em Anestesia
TLO706 ANÁLISE DA CURVA DE APRENDIZADO DOS
TLO175 CUIDADOS PALIATIVOS EM TERAPIA INTENSIVA: RESIDENTES DE ANESTESIOLOGIA ATRAVÉS DE
IMPORTÂNCIA DO CUIDADO INTEGRAL E APLICATIVO - S148
MULTIDISCIPLINAR - S145 Rafael José Nalio Grossi, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto,
Letícia Aparecida Ferreira, Enis Donizetti Silva, Fernando David Goehler,
Karolynne Myrelly Oliveira Bezerra de Figueiredo Saboia, Gustavo Tadeu Olivetti, Claudia Marquez Simões
Mônica Braga da Cunha Gobbo (TSA), Maisa Carla Campos,
Caio Eduardo Ferreira Pires, Luísa da Cunha Gobbo
TLP191 ANESTESIA PARA TODOS: CONHECER, CONFIAR,
DIVULGAR (LANES/UFRJ) - S149
TLO116 CUIDADOS PALIATIVOS: A ABORDAGEM DA MORTE E
Fátima Carneiro Fernandes, Márcio Carneiro Vieira,
TERMINALIDADE NO CURSO DE MEDICINA - S145
Rafael C Franco, Rafael L Kader, Rodrigo R Araújo,
Lívia Martins Santos, Aline Felix Baggio, Luiza Macedo Poleza,
Gabriel M da Silveira
Thaís Marinho Figueroa, Yasmin Quiroga de Souza,
Clóves Amssis Amorim
TLO422 MANEJO DAS VIAS AÉREAS NA GRADUAÇÃO:
TLP955 CUIDADOS PALIATIVOS: O ANESTESIOLOGISTA DIAGNÓSTICOS DO CURSO DE MEDICINA - S149
INSERIDO NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL - S145 Alline Amaral da Costa Moreira, Luciano Alves Matias da Silveira,
Rayanne Mendes Guerra, Márcia Adriana Dias M.Moreira, Flora Margarida Barra Bisinotto, Aílton Batista de Araújo,
Gilvandro Lins de Oliveira Júnior, Bernardo Lima da Nóbrega, Claudine de Souza, Rodrigo Fonseca Abreu
Aline Moreira Meirelles, Raquel de Souza Ferraz dos Santos
TLP820 O CONHECIMENTO DO MÉDICO RECÉM-FORMADO
TLO958 DOR TOTAL – UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA AOS NA ABORDAGEM DA VIA AÉREA E A IMPORTÂNCIA DE CURSOS
PORTADORES DE DOR - S146 TEÓRICOS E PRÁTICOS NESSE CAMPO - S149
Pedro Victor Martins Vasconcelos, Bruna Daibert Danesin, Bruno Gomes Camacho, Maria Angélica Abrão,
Marcelo Vaz Perez, Thiago Ramos Grigio, Fernanda Fonseca Lopes, Thiago Russell R. Peclat da Silva,
Rodrigo Teixeira Magalhães, Ayrton Bentes Teixeira Luiz Henrique Christensen F. C. Bendlin, Simone Soares Leite

TLO038 ENSINO DE CUIDADOS PALIATIVOS NA GRADUAÇÃO TLO174 O ENSINO DE ANESTESIOLOGIA NO INTERNATO:


EM MEDICINA NO BRASIL - S146 AVALIANDO RESULTADOS NO HUCFF/UFRJ - S150
Úrsula Bueno do Prado Guirro, Gisele dos Santos, Leonel dos Santos Pereira, Márcio Carneiro Vieira, Victor Cheng,
Rogério de Fraga, Edison Luiz Almeida Tizzot Guilherme Lee, Fátima Carneiro Fernandes
XXII

TLO378 PRESSÃO DO BALONETE DO TUBO TRAQUEAL: XXXIII) Eventos Críticos e Complicações


ESTÃO TODOS OS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NESTE
CUIDADO? - S150 TLO829 ANAFILAXIA COM ROCURÔNIO E USO DO
Luciano Alves Matias da Silveira, Flora Margarida Barra Bisinotto, SUGAMADEX - S154
Laura Bisinotto Martins, Alline Amaral da Costa Moreira, Patricia Pinheiro de Toledo Werneck, Jéssica de Bem Marques da Silva,
Laís Araújo Oliveira, Pedro Henrique Sirotheau Correa Alves Stefan Belizário Leal, Talita Machado de Carvalho,
Diego Ferreira Affonso Pereira, Alfredo Guilherme Haack Couto

TLO202 PREVALÊNCIA DE SÍNDROME DE BURNOUT EM


RESIDENTES DE ANESTESIOLOGIA - S151 TLP186 ANESTESIA EM PACIENTE COM PERFURAÇÃO
COLÔNICA, PNEUMOMEDIASTINO E ENFISEMA SUBCUTÂNEO
Thiago Zampari Ferreira, Kleber Jordão de Souza, David Ferez
PÓS-COLONOSCOPIA - S154
Joice Dayane Tavares, Ana Beatriz Cardoso Pereira Romero,
TLO190 SALVANDO VIDAS - S151
Paula Foresti Faria, Cleber Wagner de Carvalho,
Fátima Carneiro Fernandes, Márcio Carneiro Vieira, José Caio dos Santos, Celso Schmalfuss Nogueira
Rafael C Franco, Paula Marsico P da Silva

TLP272 ANESTESIA SUBDURAL ACIDENTAL APÓS PUNÇÃO


PERIDURAL: RELATO DE CASO - S155
XXXII) Estudos Experimentais Antonio Emanuel Soares Vieira, Ressala Castro Souza,
Gustavo Rodrigues Costa Lages, Anamaria Ruiz Combat Tavares,
TLO763 A CLONIDINA PROTEGE O RIM DA LESÃO DE Nathalia Campos Schimidt, Marcelo Pandolfi Caliman
ISQUEMIA E REPERFUSÃO? ESTUDO EXPERIMENTAL EM
RATOS - S151 TLP644 ATELECTASIA APÓS INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
Aparecida Vitória Gonçalves de Souza, Woner Mion, SELETIVA EM LACTENTE - S155
Murilo Moreira Thom, Paulo do Nascimento Júnior, Henrique Bicalho Rosa, Márcio Placedino Martins,
Norma Sueli Pinheiro Modolo, Marília Pinheiro Módolo Anna Sylvia Pace Boardman, Wagner Arruda Silveira,
Luiz Fernando Amancio P. de Oliveira, Andreia Santos Cardoso
TLO768 AVALIAÇÃO DO FENOLDOPAM NA PROTEÇÃO RENAL
EM RATOS SUBMETIDOS À LESÃO DE ISQUEMIA/REPERFUSÃO TLP686 AVC BITALÂMICO INTRAOPERATÓRIO POR ARTÉRIA
ANESTESIADOS COM ISOFLURANO - S152 DE PERCHERON: RELATO DE CASO - S155
Aparecida Vitória Gonçalves de Souza, Woner Mion, Gustavo Acioli Murta Torres, Bruno Farah Alvarenga,
Marcelio Flavio Piccolo de Farias, Marília Pinheiro Módolo, Douglas Coelho Machado, Gabriella Christiane Heuer Guimarães,
Paulo do Nascimento Júnior, Norma Sueli Pinheiro Modolo Daniel Ricahrd Martins, José Osiel de Almeida

TLO120 DEXMEDETOMIDINA COMO ADJUVANTE EM TLO639 BLOQUEIO ESFENOPALATINO PARA TRATAMENTO DE


ANESTESIA PARA COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO DURAL: RELATO DE CASOS - S156
PARA REDUÇÃO DO CONSUMO DE ANESTÉSICO Walkiria Wingester Vilas Boas, Marcella Carmem Silva Reginaldo,
INALATÓRIO - S152 Andreia Santos Cardoso, Maíra Cota Torres, Henrique Bicalho Rosa
Alan Paulo Guimarães Medeiros, Derik de Azevedo Quintas,
Flavio Gurgel Paulino Murta, Giordano Bruno Ribeiro Palmeira de Freitas, TLO736 BRONCOASPIRAÇÃO COM USO DE MÁSCARA
Alehandro Neves Terra, Leandro Mereb da Oliveira LARÍNGEA EM PACIENTE COM HÉRNIA DE HIATO
DESCONHECIDA - S156
TLO283 INFLUÊNCIA DO PEEP E DA FREQUÊNCIA CARDÍACA Marcelo Carneiro da Silva, Marco Antônio Dias Jogaib,
NO GRADIENTE DA VIA DE SAÍDA DO VENTRÍCULO ESQUERDO Fernanda Andrade Soares da Silva, Yvve Priscilla Gatto,
DE PACIENTES COM MIOCARDIOPATIA HIPERTRÓFICA Santhiago de Pina Naves, Jessyca Augusta Teixeira de Azevedo
OBSTRUTIVA - S153
João Henrique Zucco Viesi, Indara Mattei Dornelles, TLO104 BRONCOESPASMO APÓS REALIZAÇÃO DE BLOQUEIO
Sávio Cavalcante Passos, Adriene Stahlschmidt, DE NEUROEIXO TIPO RAQUIANESTESIA EM PACIENTE
Bruno Pereira Valdigem, David Le Bihan SUBMETIDO A URETERORRELITOTRIPSIA - S157
Fredi Andreolla, Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo,
TLO047 PALONOSETRONA E ONDANSETRONA NA Leandro Crisculo Miksche, Eduardo Barbin Zuccolotto,
PROFILAXIA DE NÁUSEAS E VÔMITOS PÓS-OPERATÓRIOS Cirilo Haddad Silveira
EM MULHERES COM 60 ANOS OU MAIS SUBMETIDAS À
COLECISTECTOMIAS VIDEOLAPAROSCÓPICAS: ESTUDO TLO455 CHOQUE ANAFILÁTICO DESENCADEADO PELA
ALEATÓRIO E DUPLAMENTE ENCOBERTO - S153 CEFAZOLINA: RELATO DE CASO - S157
Rafael Vasconcellos de Mattos, Estêvão Luiz Carvalho Braga, Joelmir Colman, Leonardo José Scarton Forgiarini, Carlos Farias,
Diego Santa Rosa Santos, Gabriel da Costa Mourad, Cristine Formighieri Angonese, Rafael Klein Gomes,
Ismar Lima Cavalcanti, Núbia Verçosa Figueirêdo Florentino Fernandes Mendes
XXIII

TLO739 CHOQUE ANAFILÁTICO EM CIRURGIA DE TLP774 EVENTOS NEUROLÓGICOS ADVERSOS APÓS USO DE
COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPIA SOB ANESTESIA FLUORESCEÍNA SÓDICA INTRATECAL PARA DIAGNÓSTICO DE
GERAL BALANCEADA - S158 FÍSTULA LIQUÓRICA: RELATO DE CASO - S162
Bruno Peroni Rodrigues, Camila Campos Silveira, Andrea Ferrari Felippi, Ingrid Caroline Baia de Souza,
Guilherme Coelho Machado Nunes, Jackson Davy da Costa Lemos, Eneida Maria Vieira
Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, Clóvis Tadeu Bueno da Costa,
Bruno Luan Bosa TLP867 FALHA DE DESINTUBAÇÃO EM PÓS-OPERATÓRIO DE
ESVAZIAMENTO CERVICAL - S162
TLP010 CHOQUE ANAFILÁTICO INTRAOPERATÓRIO: Diego Munhoz Barrios, Ana Carolina Lombardi,
DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E CONDUTA PARA SEGURANÇA Bruno Tose Gonçalves Barbosa, Ayrton Bentes Teixeira
DO PACIENTE - S158
Gisele Passos da Costa Gribel, Benjamin Zylberberg,
TLO095 FIBRILAÇÃO ATRIAL APÓS REVERSÃO DO BLOQUEIO
Bruno Gomes Sant´Ana, Márcio da Silva Alves,
NEUROMUSCULAR: RELATO DE CASO - S162
Cesar Augusto de Soares Nogueira,
Lucas Bartholomeu Campos Barra Éric Guimarães Machado, Alexandre Almeida Guedes,
Amélie Gabrielle Vieira Falconi
TLP155 CHOQUE DURANTE INDUÇÃO ANESTÉSICA – A
IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: RELATO DE TLP500 FRATURA DE AGULHA NO ESPAÇO PARAVERTEBRAL
CASO - S159 DURANTE RAQUIANESTESIA: RELATO DE CASO E REVISÃO DE
Márcio Carneiro Vieira, Camila de Magalhães de Sá, LITERATURA - S163
Fátima Carneiro Fernandes Eurivaldo Valente de Brito, Nathália dos Santos Lins,
André Pereira Linhares, Gustavo Michel da Cunha Cruz,
TLP397 COMPLICAÇÃO PULMONAR GRAVE EM PACIENTE Elissa Carla Pinto Jaques, Igor Pelinca Calado
SAUDÁVEL: RELATO DE CASO - S159
Tiago Caneu Rossi, Flora Margarida Barra Bisinotto, TLO088 HEMORRAGIA INTRACRANIANA CEREBELAR APÓS
Luciano Alves Matias da Silveira, Karen Carneiro Sene, PUNÇÃO DURAL - S163
Vanessa Borges Barbosa, André Pedroza Francisco Thais Rodrigues Abra, Cibele Mari Shinike,
Carlos Gustavo Silva Katayama, Henrique Bortot Zuppani,
TLP755 DEPRESSÃO RESPIRATÓRIA TARDIA APÓS INFUSÃO Álvaro Antônio Guaratini, Ayrton Bentes Teixeira
DE MORFINA EM CATETER PERIDURAL - S159
João Gabriel de Castro Pereira, Guilherme Valle de Oliveira, TLO147 HIPERTERMIA MALIGNA FULMINANTE EM PACIENTE
Cassiano Franco Bernardes, Erick Freitas Curi, PEDIÁTRICO SUBMETIDO À CIRURGIA AMBULATORIAL:
Eliana Cristina Murari Sudré, Paulo Antonio de Mattos Gouvêa RELATO DE CASO - S164
Luiz Alberto Bouzas Regueira, Ethyenne Lacerda Moreira,
TLO433 DIPLOPIA E ESTRABISMO BILATERAL APÓS PUNÇÃO Elton Pereira de Sá Barreto Junior, Catharina Borges de Oliveira
INADVERTIDA DE DURA-MÁTER: RELATO DE CASO - S160
Thiago Lima Barreto da Serra e Silva, Patricia França Kalache Barreto,
TLO466 INJEÇÃO INTRA-ARTERIAL ACIDENTAL DE
Hannelyze Wagner, Juliana Midori Ito
CLOREXIDINA ALCOÓLICA - S164
José Mendes Mesquita Neto, Leonardo Carneiro Marques,
TLO447 EDEMA AGUDO PULMONAR POR PRESSÃO NEGATIVA
Diogo Moreira Garzedim dos Santos, Ricardo Almeida de Azevedo,
APÓS EXTUBAÇÃO TRAQUEAL EM APENDICECTOMIA ABERTA:
Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso,
RELATO DE CASO - S160
José Admirço Lima Filho
Márcia Aparecida Tedesco, Natália Luma Gomes,
José Carlos Canga, Esther Alessandra Rocha, Desiré Carlos
Callegari TLP375 INSTABILIDADE HEMODINÂMICA APÓS
POSICIONAMENTO EM DECÚBITO VENTRAL - S165
TLP602 EDEMA AGUDO PULMONAR POR PRESSÃO Felipe Milhazes Vicente, Márcio de Pinho Martins,
NEGATIVA: RELATO DE CASO - S161 Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira, Fernando Corrêa,
João Francisco Volpe Junior, Victor Hugo Ferreira Guilardi, Ana Maria Souza, Lívia Pires Peixoto
José Tadeu dos Santos Palmieri, Flávia Vieira Guimarães Hartmann,
Herbert Bassi Ferreira Dias TLP760 LESÃO DE NERVO FIBULAR APÓS
RAQUIANESTESIA PARA CIRURGIA EM MEMBRO
TLO114 EDEMA PULMONAR AGUDO POR PRESSÃO NEGATIVA CONTRALATERAL - S165
DEVIDO A BLOQUEIO NEUROMUSCULAR RESIDUAL - S161 Jamille Ferreira Leandro, Andressa Brasil Vasconcelos Costa,
Leonardo do Valle Souza Vasconcelos, Danielle Maia Holanda Dumaresq, Natália de Carvalho Portela,
Roberto Winter Guaspari Sudbrack, Gabriel Molinaro de Souza Esperon, Cibelle Magalhães Pedrosa Rocha,
Flávia Pelosi da Cruz Gouveia, Marco Aurelio Damasceno Silva Nely Marjollie Guanabara Teixeira
XXIV

TLO728 MANEJO ANESTÉSICO APÓS COMPLICAÇÃO DE TLO636 PNEUMOTÓRAX E PNEUMOMEDIASTINO APÓS


CATETERIZAÇÃO ARTERIAL PERIFÉRICA - S165 ANESTESIA GERAL: LARINGOESPASMO VERSUS LESÃO
Cirilo Haddad Silveira, Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, TRAQUEAL: RELATO DE CASO - S169
Leandro Criscuolo Miksche, Guilherme Coelho Machado Nunes, Luciana Dal Prá de Franceschi, Letícia Hellen Basso,
Fredi Andreolla, Antonio Takashi Kitayama Joana Zulian Fiorentin, Breno José Santiago Bezerra de Lima,
Roberto Henrique Benedetti, Rodolfo de Pinho Paes Barreto
TLO564 MANEJO DE PACIENTE PEDIÁTRICO COM SÍNDROME
GENÉTICA NÃO ESCLARECIDA SUBMETIDO A RESSONÂNCIA TLO385 PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO EM CIRURGIA PARA
NUCLEAR MAGNÉTICA: RELATO DE CASO - S166 RESSECÇÃO DE TUMOR ABDOMINAL: RELATO DE CASO - S170
Filipe de Azevedo Teixeira Reis, Nicoly de Souza Lima Barberio, Thiago Fernandes Marques, Marcos Daniel de Faria,
Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Bruno Serra Guida, Cloves Alves Moutinho Júnior, Ana Maria Vilela Bastos Ferreira,
Karen Amaral Faria Matheus Leandro Lana Diniz, Mariana Reines Bevilaqua Sullavan

TLO701 MANEJO TERAPÊUTICO E DIAGNÓSTICO TLP568 POSICIONAMENTO CIRÚRGICO PODE SIGNIFICAR


LABORATORIAL DE ANAFILAXIA DURANTE O PROCEDIMENTO UMA ARMADILHA: REAL OU IMAGINÁRIO - S170
ANESTÉSICO: RELATO DE CASO - S166 Daiane Malheiros Souza, Tolomeu Artur Assunção Casali,
Anderson Meneghini Capra, Antonio Andrigo Ferreira de Carvalho, Arthur Ferreira Paranaíba, Marília Moreira de Melo Silva,
Joana Zulian Fiorentin, Jane da Silva , Edelton Flávio Morato, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro, Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro
Roberto Henrique Benedetti
TLO579 RAQUIANESTESIA TOTAL APÓS PERIDURAL TORÁCICA
TLO103 PACIENTE COM ESTÔMAGO CHEIO: UM CASO PARA CIRURGIA DE MAMA: RELATO DE CASO - S171
INESPERADO - S167 Ana Luisa Maia do Nascimento, Bruno Mendes Carmona,
Luiz Felipe de Souza Tiburzio Megale, Marcelo Negrão Lutti, Sayuri Kawamura Barcellos de Albuquerque,
Juliano Moisés Tobal, Luiz Marciano Cangiani, Leandro Zamprogno da Silveira,
Sabrina de Souza Ramos, Helivelton Rocha Azevedo José Mariano de Melo Cavaleiro de Macedo,
João Hermínio Pessoa dos Santos
TLP745 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA DURANTE
RESSECÇÃO DE CARCINOMA PULMONAR POR LASER: TLO105 REAÇÃO ANAFILÁTICA AO ROCURÔNIO REVERTIDA
RELATO DE CASO - S167 COM SUGAMMADEX - S171
Marcella Martins Bellini, Marilia da Silva Faria de Macedo, Fredi Andreolla, Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo,
Luciana Valente Eduardo Barbin Zuccolotto, Leandro Crisculo Miksche,
Leonardo Ferrazzo
TLP335 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM PACIENTE COM
SEPSE ABDOMINAL - S168 TLO123 REAÇÃO ANAFILÁTICA EM GASTROPLASTIA
Lívia Pires Peixoto, João Ghabriel do N.de Lucena Gonçalves, VIDEOLAPAROSCÓPICA - S171
Jaime Garcia Pinto, Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira, Tomás Vitor de Souza G.Q.T.de Barros,
Fernando de Carvalho Corrêa, Márcio de Pinho Martins Monique Caribé Brasileiro Mattos, Felipe Souza Thyrso de Lara,
Ivan Almada Faria
TLO351 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM PROCEDIMENTO
DE TROMBECTOMIA - S168 TLO937 Relato de caso: CHOQUE ANAFILÁTICO, UM
Patrízia Santos Sousa, Antonio Herlandson Freire da Cunha, DESAFIO PARA O ANESTESIOLOGISTA - S172
Jose Mendes dos Santos, Vera Lucia Fernandes de Azevedo Brunelise Brunet Diniz, Fabrício de Paula Leite Battisti,
David Ferez, Masashi Munechika, José Luiz Gomes do Amaral,
TLP891 PCR EM PRÉ-ESCOLAR FALCÊMICO APÓS INFUSÃO Luiz Fernando dos Reis Falcão
DE GADOLÍNIO PARA RNM - S168
Carolina Almeida Ramos, Pedro Brito de Oliveira Junior, TLO080 Relato de caso: CRISE CONVULSIVA APÓS
Renata Sofia Guimarães, Paulo Max Gonzaga Oliveira, LIDOCAÍNA NA INDUÇÃO ANESTÉSICA - S172
Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso, Gizelle de Lima Barbosa, Kimie Correia Konishi,
Ricardo Almeida de Azevedo Diego Abel Leite Sousa, Igor Bantim Barbosa,
Mariluce Peixoto Santos, Vera Lúcia Fernandes Azevedo
TLP704 PNEUMOMEDIASTINO: COMPLICAÇÃO
PERIOPERATÓRIA EM CIRURGIA BARIÁTRICA TLP415 REPERCUSSÕES HEMODINÂMICAS E RESPIRATÓRIAS
VIDEOLAPAROSCÓPICA - S169 NA MUDANÇA DE DECÚBITO DORSAL PARA VENTRAL E SUAS
Julival Mendes Alves Júnior, Samira Almeida Maia, Erick Freitas IMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS: RELATO DE CASO - S173
Curi, Cassiano Franco Bernardes, Paulo Antonio de Mattos Gouvêa, Leticia Akemi Simamura, João Vitor Uratani, Juliana Midori Ito,
Eliana Cristina Murari Sudré Daniel Claro de Amaral
XXV

TLP615 REVERSÃO DE ANAFILAXIA COM USO DE TLP730 TOXICIDADE SISTÊMICA INDUZIDA POR ROPIVACAÍNA
SUGAMMADEX APÓS INDUÇÃO COM ROCURÔNIO - S173 APÓS INFILTRAÇÃO DE FERIDA OPERATÓRIA EM CIRURGIA DE
Eduardo Vilela Borges dos Santos, Huana Christina Rosa Nogueira, CIFOESCOLIOSE - S177
João Henrique Garcia Ricarte, Iasmin Sindeaux Botinelly, Isabela Borges de Melo, Rodrigo Vital de Miranda,
Flávia Vieira Guimarães Hartmann, Cláudio Henrique Freire Perre, Débora Philippi Bressane,
Pedro Paulo Guimarães Hartmann Moisés Freitas Neves, Luis Vicente Garcia

TLP684 SANGRAMENTO MACIÇO EM PACIENTE EM USO DE TLO782 TRATAMENTO DE CEFALEIA APÓS BLOQUEIO
DABIGATRANA - S174 SUBARACNOIDE COM BLOQUEIO ESFENOPALATINO: RELATO
Maia Nogueira Crown Guimarães, Claudia Marquez Simões, DE CASO - S177
Cássio Campello de Menezes, Julius Baranauskas, Rodolfo Luciano Cecilio Filho, Silval José Alves Filho,
Marielli Conde Dias André Aguiar Ferreira de Oliveira, Clovis Augusto Monteiro da Silva,
Gabriel Magalhães Nunes Guimarães,
TLO752 SÍNDROME COMPARTIMENTAL ABDOMINAL DEVIDO À Edson Wander Xavier da Rocha
SOBRECARGA HÍDRICA EM HISTEROSCOPIA - S174
Gabriella de Sá Veras Pinto, Anny Sugisawa, TLO676 TROMBOSE ARTERIAL AGUDA DE BYPASS
Fernanda Lourenço Furigo, Fábio Luis Ferrari Regatieri, ILIOFEMORAL EM PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE
Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz, Daniel Varoni Schneider LOBECTOMIA PULMONAR - S178
Felipe Robalinho Peçanha Pina Rodrigues,
TLP976 SÍNDROME DA INTOXICAÇÃO HÍDRICA PÓS-RESSECÇÃO Nathalia de Almeida Mastache, Sara Pereira Lima Soares de Sá,
TRANSURETRAL DE PRÓSTATA: RELATO DE CASO - S174 Daniele Oliveira Minelli
Rafael Reis Di Tommaso, Emilio Carlos Del Massa,
Eyder Figueiredo Pinheiro, Lucas Reis Rosa, TLP662 TROMBOSE ARTERIAL AGUDA EM CRIANÇA
Mariah Fontes de F.Brito Colnago Soares, APÓS INSTALAÇÃO DE MONITORIZAÇÃO INVASIVA DE
Gabriel Reis Di Tommaso PRESSÃO - S178
Priscilla Ribeiro Marques Monteiro, Thiago Monteiro de Carvalho,
TLO293 SÍNDROME DE HORNER APÓS PASSAGEM DE Leandro da Conceição Aquino, Leopoldo Palheta Gonzalez,
CATETER PERIDURAL (CPD) - S175 Rodrigo dos Reis Ferreira

Manoela Merolillo Marimon, Paula Benedetti de Camargo,


Melina Petry de Oliveira Souza, Juliana de Fatima Schmitt, TLO855 URTICÁRIA INDUZIDA POR ESTRESSE NO
Lorena Vanni Reali PERIOPERATÓRIO: RELATO DE CASO - S179
Teodoro Felipe Pereira de Souza, Roberto Cardoso Bessa Júnior,
Jaci Custódio Jorge
TLO909 TAMPONAMENTO CARDÍACO APÓS IMPLANTAÇÃO DE
MARCA-PASSO DEFINITIVO: RELATO DE 3 CASOS - S175
Teodoro Felipe Pereira de Souza, Wendell Valadares Campos
Pereira, Jaci Custódio Jorge XXXIV) Interações Medicamentosas
TLP330 TAQUICARDIA PAROXÍSTICA SUPRAVENTRICULAR NA TLO666 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROLONGADO PELO
INDUÇÃO ANESTÉSICA: RELATO DE CASO - S176 USO DA POLIMIXINA B: RELATO DE CASO - S179
Guilherme Camargo Thomé, Alexandre Almeida Guedes, Gustavo Simões Barbosa, Silvio Giordano de Freitas,
Leonardo José Vieira Amanda Alves Pinto, Paulo Alcantara Aguiar,
Jansen Xavier Fernandes, Adla Viana Ribeiro Barreto
TLP140 TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR PÓS-PUNÇÃO
DE VEIA JUGULAR INTERNA DIREITA: RELATO DE
CASO - S176 XXXV) Medicina Perioperatória
Carolina Rocha Torres, Márcio de Pinho Martins,
Claudia Valeria Luiza da Fonseca Ribeiro, TLP784 ANESTESIA PARA HISTERECTOMIA TOTAL EM
Fernando de Carvalho Corrêa, PACIENTE COM DISTROFIA MIOTÔNICA (SÍNDROME DE
Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira STEINERT): RELATO DE CASO - S179
Rafael Villela Silva Derré Torres
TLO821 TAQUICARDIA VENTRICULAR ASSOCIADA A
BLOQUEIO SUBARACNOIDE - S176 TLO426 AVALIAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DE CUIDADOS DE
Gabriela Leis do Espírito Santo Azevedo, PACIENTES CRÍTICOS - S180
Lorena Coutinho Ramos Gevú Barcelos, Daniel Máximo Cunha Pinto, Luciana Cadore Stefani, Patrícia Wajnberg Gamermann,
Jeane Cesário Bpatista, Alexandra Rezende Assad, Letícia Moreira Flores Machado, Priscilla Martinelli,
Marco Antônio Cardoso de Resende Mauren Matiazo Pinhatti
XXVI

TLO405 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO VOLUME XXXVI) Monitorização e Avanços


GÁSTRICO RESIDUAL APÓS INGESTÃO DE SOLUÇÃO DE Tecnológicos
MALTODEXTRINA DUAS HORAS ANTES DA CIRURGIA - S180
Natália de Carvalho Portela, Mário Henrique Oliveira Santos, TLO708 AVALIAÇÃO DE APLICATIVO MÓVEL PARA
Danielle Maia Holanda Dumaresq, Rômulo José de Lucena Castro Filho, DETERMINAÇÃO DA RESPONSIVIDADE VOLÊMICA - S184
Manoel Claudio Azevedo Patrocínio, Roberto César Pontes Ibiapina Rafael José Nalio Grossi, Gustavo Batocchio, Enis Donizetti Silva,
Fernando David Goehler, Claudia Marquez Simões
TLO682 IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE
FAST TRACKING NO JEJUM DE PACIENTES CIRÚRGICOS EM TLP837 FAZENDO A DIFERENÇA: APLICAÇÃO DO USO
UM HOSPITAL PRIVADO DE SÃO PAULO - S181 DA TERMOGRAFIA MÉDICA DIGITAL INFRAVERMELHA EM
ANESTESIOLOGIA PARA TRANSPLANTES - S184
Denys Pereira, Mirna Nucci Dertadian Rocha Prado,
Daniel Colman, Marcos Leal Brioschi, Fernando Martins Piratelo,
Guinther Giroldo Badessa, Ligia dos Santos, Rafael Queiroz Araujo,
Marina Bishop Brito Rebellato,
Luiz Fernando dos Reis Falcão
Christine Lima Cavalcanti de Albuquerque, Patrícia Constantini Kreling

TLO145 MANEJO ANESTÉSICO PARA CORREÇÃO DE


TLO545 MONITORIZAÇÃO ELETROENCEFALOGRÁFICA
FÍSTULA ARTERIOVENOSA DURAL EM PACIENTE COM
COM BIS E SR ASSOCIADA À PRESSÃO INTRACRANIANA EM
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR DIAGNOSTICADO NO
PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO GRAVE:
PRÉ-OPERATÓRIO - S181
RELATO DE CASO - S185
Rodrigo Souza da Silva, Caroline Biral Klas, Daniela de Andrade,
Fernanda Oliveira de Castro, Cristiane Gurgel Lopes,
Mariana Nazario, Carlos Júnior da Silva Correa,
Francisco Diego Silva de Paiva, Renno Soares Leitão,
Karine Aparecida Pecharki
Rogean Rodrigues Nunes, Denise Medeiros Pontes

TLO981 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE TUMOR


CARCINOIDE - S182
Marina Ayres Delgado, Carlos Henrique Viana de Castro, XXXVII) Outros
Renato Machado de Almeida Junior, Cloves Alves Moutinho Júnior,
Estevão Nobre Carrato, Matheus Leandro Lana Diniz
TLP1034 SÍNDROME DE RESSECÇÃO TRANSURETRAL DE
PRÓSTATA - RELATO DE CASO - S185
Lucas Hemétrio Lazarini, Tiago Cordeiro de Macedo,
TLP772 ÓBITO POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO NO
Cláudia Helena Ribeiro da Silva
PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIA ELETIVA - S182
Guilherme Valle de Oliveira, Aline Murari Sudré,
TLP483 ALERGIA AO LÁTEX: O ANESTESIOLOGISTA DEVE
Eliana Cristina Murari Sudré, Cassiano Franco Bernardes,
INVESTIGAR? - S186
Paulo Antonio de Mattos Gouvêa, Erick Freitas Curi
José Gilmar Gomes Júnior, Tolomeu Artur Assunção Casali,
Marília Araújo Pereira Garcia, Ana Luiza Boni,
TLP645 PCR APÓS INDUÇÃO ANESTÉSICA EM PACIENTE COM
Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro
DISTÚRBIO DE CONDUÇÃO ELÉTRICA CARDÍACO - S182
Danila Tomico Nakayama, Rafael Mercante Linhares,
TLO158 ANESTESIA PARA ELETROCONVULSOTERAPIA EM
Fernando Pinho Leventhal, Daniel Cunha da Trindade, GESTANTE – RELATO DE CASO - S186
Henrique Viana Lyra
Marina de Andrade Lima Arcoverde Areias,
Ruy Leite de Melo Lins Filho, Cecília Monteiro Silva,
TLO113 PREVALÊNCIA DE ANEMIA PRÉ-OPERATÓRIA: Nádia Maria da Conceição Duarte, Rodrigo Carneiro Martiniano,
EVIDÊNCIA PARA PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DO Goretti Karine Bezerra Cantilino
CONCEITO PATIENT BLOOD MANAGEMENT EM HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO - S183 TLP198 DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA E
Leandro José Fonseca Miranda Ribeiro, Iuri Eleuterio, ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO EM PACIENTE
Rodrigo Pereira Diaz André, Flávio Lobianco Vicente, SUBMETIDO À CIRURGIA ORTOGNÁTICA - S186
Glauber Gouvêa Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros,
Priscila Arapiraca Camargo, Luis Antônio Borges,
TLO476 PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO DO Rogéria Corrêa Dias, Fábio Paulino de Faria, Nelson Davi Bolzani
AMBULATÓRIO DE AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA NA
MELHORIA DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO - S183 TLO849 EFEITO DO SEVOFLURANO NO PULMÃO DE
Luciana Paula Cadore Stefani, Pauline Elias Josende, RATOS MECANICAMENTE VENTILADOS: ESTUDO
Alice Becker Teixeira, Wolnei Caumo, Carolina Alboim, PILOTO - S187
Luciana Eltz Julio Cezar Mendes Brandão,
XXVII

TLP970 HIPERTENSÃO PULMONAR EM CIRURGIA NÃO XXXIX) Terapia Intensiva


CARDÍACA – RELATO DE CASO - S187
Thiago Fernandes Marques, Marcos Daniel de Faria, TLP947 AFERIÇÃO ADEQUADA DA PAM EM
Ana Maria Vilela Bastos Ferreira, Marcella Carmem Silva Reginaldo, NEUROINTENSIVISMO – REVISÃO DA LITERATURA - S191
Estevão Nobre Carrato, Isabella Neiva Liboreiro Carla Amado Petroli

TLO822 MANEJO PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTE COM TLO953 ANÁLISE DO PERFIL DE UMA UTI CIRÚRGICA DE UM
DISREFLEXIA AUTONÔMICA - S188 HOSPITAL DE ENSINO TERCIÁRIO - S191
Luiz Gustavo Santiago Rocha, Alinne Nascimento Maia, Fátima Rosane de Almeida Oliveira, Claudia Regina Fernandes,
Cinara Bossardi, Danilo Martins Correia, Joseana Taumaturgo Magalhães Falcão, João Luis Melo de Farias,
Jessyca Augusta Teixeira de Azevedo Josenília Maria Alves Gomes

TLO331 MANEJO PRÉ-OPERATÓRIO DO TUMOR


CARCINOIDE - S188
Luana Stutz, Renata de Oliveira Chedid,
XL) Farmacologia
Alfredo Guilherme Haack Couto, João Rodrigo Baptista e Costa,
TLO029 ENZIMA FOSFODIESTERASE-5: ALVO
Brynner Mota Buçard, Marcus Roberto de Azevedo Malaquias
ALTERNATIVO PARA DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS
ANALGÉSICOS - S192
TLO092 OS EFEITOS ADJUVANTES DO USO INTRAVENOSO
Roberto Takashi Sudo, Guilherme C. Montes, Gisele Zapata Sudo,
DO SULFATO DE MAGNÉSIO NO PERÍODO PERIOPERATÓRIO
Márcio Carneiro Vieira, Celso F da Silva, Brumo E Dematté
EM ANESTESIA GERAL E BLOQUEIO DO NEUROEIXO – UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA - S188
Renata Pinheiro Modolo, José Carlos Canga,
Esther Alessandra Rocha, Bruna Antenussi Munhoz, XLI) Vias Aéreas
Fernando Furtado Sabaté, Marcelo Sperandio Ramos
TLP487 ABORDAGEM DE VIA AÉREA EM PACIENTE COM
TLO130 SEGURANÇA NA INFUSÃO DE CETAMINA EM TRAUMA EM FACE POR ARMA DE FOGO - S192
PACIENTE COM DEPRESSÃO MAJOR RESISTENTE AO Francisco Juarez Filho, Thiciane Barbosa Pereira,
TRATAMENTO COM MÚLTIPLAS COMORBIDADES CLÍNICAS: Paulo José Carvalho Pedrosa, Fábio Di Paulo dos Santos Sousa
RELATO DE CASO - S189
Cezar Daniel Snak de Souza, Marcelo Bueno Ferreira, TLO360 ABORDGEM ULTRASONOGRÁFICA DA VIA AÉREA
Carolina Baeta Neves Duarte Ferreira SUPERIOR EM PACIENTE PORTADOR DE ANGIOEDEMA
HEREDITÁRIO EM CONTEXTO DE EMERGÊNCIA - S192
Andreia Santos Cardoso, Luiz Fernando Amancio Pereira de Oliveira,
Alcebiades Vitor Leal Filho, Luis Eduardo Rias Cardoso,
XXXVIII) Reanimação e Ressuscitação Samuel Reis da Silva

TLO560 PARADA CARDÍACA INTRAOPERATÓRIA: UM


PROGNÓSTICO FAVORÁVEL – RELATO DE CASO - S189 TLO166 ACESSO À VIA AÉREA EM PACIENTE COM MASSA
CERVICAL - S193
Raphael Augusto Cezar Galvão,
Vanessa Cristina Vieira Silva da Câmara, Gustavo Araújo Cozer, Bruno Luan Bosa, Marcel Brandolise Takagi, Thiago de Freitas
Tânia Cursino de Menezes Couceiro, João Paulo Bezerra Leão, Gomes, Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, Leandro Criscuolo
Antonio Cavalcanti de Melo Filho Miksche

TLP716 REANIMAÇÃO EM PACIENTE COM CHOQUE TLP934 ALERTA DE VIA AÉREA DIFÍCIL:TUMOR DE
SÉPTICO SECUNDÁRIO À COLECISTITE AGUDA: RELATO LARINGE - S193
DE CASO - S190 Carneiro, Nathalia BR, Antônio Fernando Carneiro,
Milton Favarato Loureiro, Elizangela de Abreu Brito, Tolomeu Artur Assunção Casali, Daniela Agra de Castro,
Lucas Tonini Vieira, Diego Dalcamini Cabral de Souza, Muriel Pires e Silva, Carneiro, Felipe BR
Pedro Francisco Brandão, Felipe Schaeffer Ramos
TLO237 ANÁLISE DAS PRESSÕES DE BALONETES DE
TLO710 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR MACIÇO TUBOS ENDOTRAQUEAIS – ESTUDO OBSERVACIONAL
NA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA: PROSPECTIVO - S194
RELATO DE CASO - S190 Gustavo de Oliveira Arouca, Ana Maria Menezes Caetano,
Diego Dalcamini Cabral de Souza, Pedro Francisco Brandão, Nádia Maria da Conceição Duarte, Andréa Tavares Ferreira,
Milton Favarato Loureiro, Elizangela de Abreu Brito, Josemberg Marins Campos,
Lucas Tonini Vieira, Felipe Schaeffer Ramos Marina de Andrade Lima Arcoverde Areias
XXVIII

TLP503 ANÁLISE PRELIMINAR DA VIA AÉREA DO TLO218 AVALIAÇÃO DO GRAU DE CORMACK-LEHANE COM O
PACIENTE OBESO SUBMETIDO À COLOCAÇÃO DE BALÃO USO DO VIDEOLARINGOSCÓPIO MCGRATH MAC® - S197
INTRAGÁSTRICO VIA ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA APÓS A Jane Auxiliadora Amorim, Maria Adelaide Bezerra Barbosa,
REDUÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA - S194 Priscila Jalfim Lumba, Otávio Damázio Filho,
Cássia Caroline Gondo Hirai, Paolo Regaiolli, Victor Gomes Albuquerque de Aguiar, Fabio Ranieri Angelim Barros
Marcelo Sperandio Ramos, Natália Luma Gomes
TLO549 COMPARAÇÃO DA VISUALIZAÇÃO DA LARINGE
TLP041 ANESTESIA EM CRIANÇA PORTADORA DE E CONDIÇÕES DE INTUBAÇÃO EM CENÁRIO DE VIA
PAPILOMATOSE RESPIRATÓRIA RECORRENTE: RELATO DE AÉREA DIFÍCIL SIMULADO COM QUATRO MODELOS DE
CASO - S195 VIDEOLARINGOSCÓPIO: A INFLUÊNCIA DO POSICIONAMENTO
DA CÂMERA E DA ANGULAÇÃO DA LÂMINA - S198
Fernanda Guirado, Daniel de Carli, José Fernando do Amaral
Ricardo Zanlorenzi, Mauricio do Amaral Neto,
Meletti, César de Araújo Miranda, João Pedro Motta Lima, Tiago
Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, Beatriz Gonçalves Miron,
Silva e Silva
Luiz Fernando dos Reis Falcão, Guinther Giroldo Badessa

TLP659 ANESTESIA PARA ARTRODESE CERVICAL DE


TLO420 COMPARAÇÃO ENTRE INTUBAÇÃO TRAQUEAL COM
URGÊNCIA DEVIDO A GRAVE TRAUMATISMO
O VIVIDTRAC® E COM LARINGOSCOPIA DIRETA EM MODELO
RAQUIMEDULAR - S195 DE LESÃO DE COLUNA CERVICAL - S198
Luiz Gustavo de Menezes Rodrigues, João Paulo Jordão Pontes, Demóstenes Ferreira de Medeiros Neto,
Fernando Cássio do Prado Silva, Antônio de Pádua Faria, Jéssica Pereira Simões de Ataíde, Carlos Gilberto Rabelo Borba Carvalho,
Francisco Morato Dias Abreu, Lira Olimpia Alves Faria Bruno Santos Afonso de Melo, Jane Auxiliadora Amorim,
Marcius Vinicius Mulatinho Maranhão
TLO156 ASSOCIAÇÃO DE VIDEOLARINGOSCOPIA E
BRONCOFIBROSCOPIA FLEXÍVEL PARA INTUBAÇÃO EM TLO964 COMPLICAÇÃO VENTILATÓRIA POR FÍSTULA
PACIENTE ACORDADO COM VOLUMOSA MASSA TRAQUEOESOFÁGICA EM ANESTESIA PARA REABORDAGEM
CERVICAL - S195 DE DERIVAÇÃO VENTRÍCULO EXTERNA EM NEONATO - S199
Rafael Vasconcellos de Mattos, Estêvão Luiz Carvalho Braga, Harold Maluf Barretto, José dos Santos,
Armin Guttman, Paulo Alipio Germano Filho, Ismar Lima Cavalcanti, Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros, José Carlos Santos Júnior,
Núbia Verçosa Figueirêdo Stenio Costa Almeida, Luísa Domingues Aguiar Marinho

TLO230 AVALIAÇÃO DA MANOBRA DE SELLICK APLICADA TLO702 CONDIÇÕES DE INTUBAÇÃO NA OBESIDADE


EM UM MANEQUIM POR ANESTESIOLOGISTAS E MÉDICOS MÓRBIDA COM USO DE COXIM INTERESCAPULAR PADRÃO:
RESIDENTES EM ANESTESIOLOGIA - S196 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS LARINGOSCÓPIOS
Raniere Nobre Fonseca, Kate Millena Ferreira Barbosa, TRUEVIEW PCD E MACINTOSH - S199
José Williams Muniz de Siqueira, Jayme Marques dos Santos Neto, Eduardo Lopes Machado, Florentino Fernandes Mendes,
Raphaella Amanda M.L.Fernandes, Liége Caroline Immich, Sergio Luis Amantea, Jorge Luigi Gomes Orso
Sérgio Veloso da Silveira Menezes
TLO031 EDEMA PULMONAR POR PRESSÃO NEGATIVA –
TLP203 AVALIAÇÃO DA PRESSÃO DE INSUFLAÇÃO DO CUFF RELATO DE CASO - S200
DO TUBO ENDOTRAQUEAL EM PACIENTES SUBMETIDOS À Mônica Braga da Cunha Gobbo TSA, Isabela da Costa Vallarelli,
ANESTESIA GERAL - S196 Karolynne Myrelly O.B.Figueiredo Saboia,
Daniela Chinelato Marcelino, Letícia Aparecida Ferreira,
Débora Wanderley Passos, Narla Karine Galindo de Albuquerque,
Bárbara Monteiro Moreira
Jane Auxiliadora Amorim, Otávio Damázio Filho,
Carmem Maria Carício Maciel, Ana Cláudia Pereira Mourato
TLP094 EMPREGO DO GUIA BOUGIE PARA INTUBAÇÃO
NASOTRAQUEAL ASSOCIADO AO VIDEOLARINGOSCÓPIO EM
TLO629 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INTUBAÇÃO VIA ÁREA DIFÍCIL - S200
TRAQUEAL SEM BLOQUEADOR NEUROMUSCULAR EM
Gustavo Simões Barbosa, Priscila Pinto Máximo Balieiro,
CRIANÇAS SUBMETIDAS À ADENOIDECTOMIA: ESTUDO
Lilian Satie Ykeizumi, Anastácia Poliana dos Reis Fiorim,
OBSERVACIONAL - S197 Paulo Roberto de Alcântara Aguiar, Norival Alves Spineti
Felipe Coelho de Souza, Vinícius Caldeira Quintão,
Ana Flávia Vieira Leite, Raphael Rabelo de Mello Penholati, TLO785 ESTUDO COMPARATIVO DA PERFORMANCE CLÍNICA
Raquel Augusta Monteiro de Castro, Alexandre Rodrigues Ferreira E DO POSICIONAMENTO FIBROSCÓPICO DE QUATRO
DISPOSITIVOS SUPRAGLÓTICOS - S201
TLO334 AVALIAÇÃO DA VIA AÉREA: O QUE FAZER QUANDO Ana Júlia Souto Barreto Rezende, Ricardo Zanlorenzi,
OS TESTES PREDITIVOS NÃO DETECTAM DIFICULDADE - S197 Mauricio do Amaral Neto, Guinther Giroldo Badessa,
Karina Serejo Ferreira Mocarzel, Karina Serejo Ferreira Mocarzel Luiz Fernando dos Reis Falcão
XXIX

TLO482 EXPERIÊNCIA DOS ANESTESIOLOGISTAS EM TLO696 INTUBAÇÃO TRAQUEAL VIA NEOCAVIDADE FACIAL
INTUBAÇÃO TRAQUEAL NO PACIENTE ACORDADO - S201 COM USO DE BRONCOFIBROSCOPIA ÓPTICA - S205
Luana Nobre de Abreu Carvalho, Julival Mendes Alves Júnior, Erick Freitas Curi,
Vanessa Cristina Vieira Silva da Câmara, Cassiano Franco Bernardes, Eliana Cristina Murari Sudré,
Bianca Jugurta Vieira de Lima Alves, Louise Farias Brito, Paulo Antonio de Mattos Gouvêa, Guilherme Gomes Oliveira
Rafael Lucena Landim, Tania Cursino de Menezes Couceiro
TLO453 LESÃO DE TRAQUEIA COM TUBO DE DUPLO-LÚMEN:
TLO058 FALHA DE REINTUBAÇÃO PRECOCE APÓS MANEJO ANESTÉSICO DO CASO - S205
EXTUBAÇÃO EM PROSTATECTOMIA ROBÓTICA - S201 Raphael Augusto Cezar Galvão, Iale Tarcyla Souza Parízio,
Raphael de Freitas Silva, Thales de Abreu Tedoldi, João Paulo Bezerra Leão, Vanessa Cristina Vieira Silva da Câmara,
Tânia Cursino de Menezes Couceiro,
Kelson Sousa Jacobina, Marcus Vinicius Figueiredo Lourenço,
Dalyane Karolyne Araújo de Vasconcelos
Luiz Guilherme Villares da Costa

TLP856 MANEJO ANESTÉSICO DE USUÁRIO DE COCAÍNA COM


TLO910 GESTÃO DA VIA AÉREA DIFÍCIL EM UM SERVIÇO
PREDITORES DE VIA AÉREA DIFÍCIL – RELATO DE CASO - S206
DE ANESTESIOLOGIA DE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO:
Wagner de Paula Rogério, Leopoldo Gonzales (TSA), Mozer da
ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A SEGURANÇA DOS
Silva Campos, Adélia Rego Correa Meninea,
PACIENTES SUBMETIDOS À ANESTESIA - S202
Rafaela Brasil e Silva Nunes, Paulo Gabriel Brandão,
Marcelo Gustavo Angeletti, Ana Lúcia Costa Martins,
Carolina Alboim, Júlia Emília Nunes Pasa, Mônica Moraes Ferreira,
TLO180 MANEJO DA VIA NA DOENÇA DE MADELUNG - S206
Luciana Cadore Stefani
Luisa da Cunha Gobbo, Guilherme Rocha Melo, Kauê Silva
Rossetto, Renata de Paula Lian, Mônica Braga da Cunha Gobbo,
TLO082 INTUBAÇÃO ACORDADA EM PACIENTE COM Guilherme Portiolli Zocal,
DEFORMIDADE FACIAL: RELATO DE CASO - S202
Quesia Coriolano Macedo, Auridan Marinho Pessoa Neto, TLP935 MANEJO DE EDEMA PULMONAR EX-VACUUM NO
Francisco Sávio Alves Arcanjo, Gerardo Cristino de Menezes Neto, PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO – RELATO DE CASO - S207
João Paulo Rios Alves, André Pinho Sampaio Pedro Victor dos Santos Moura, Klaus Zanuncio Protil,
Felipe Magalhães Dias, Mariana Reines Bevilaqua Sullavan,
TLP777 INTUBAÇÃO NASAL POR FIBROSCOPIA EM PACIENTE Maria Beatriz Assumpção Mourão, Carlos Henrique Viana de Castro
COM ABSCESSO ODONTOGÊNICO – RELATO DE CASO - S203
Lucas Valente de Brito Oliveira, Rodolfo Luciano Cecilio Filho, TLO973 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL DEVIDO A BÓCIO
Fernando Aidar Gomes, Cátia Sousa Govêia, GIGANTE COM TÉCNICA LOCO-SEDATIVA E BOUGIE:
Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Edson Wander Xavier da Rocha RELATO DE CASO - S207
Priscilla Ribeiro Marques Monteiro, Kamila Vieira de Oliveira,
TLO358 INTUBAÇÃO NASOTRAQUEAL EM PACIENTE COM Carlos Vitor Osório de Oliveira, João Pedro Gonçalves Figueira,
ANQUILOSE DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR - S203 Ivandete Coelho Pereira, Fernanda Rondon Fonseca Pirangy
Sílvia Rabelo Lage Lamounier, Thiago Gonçalves Wolf,
Cláudia Leal Ferreira Horiguchi, Gustavo Henrique de Abreu Caetano, TLO952 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE COM
Paulo César de Abreu Sales, Ana Carolina Marini Minoda Prado BÓCIO GIGANTE: RELATO DE CASO - S208
Talita Brandão, Rafael Piccolo Dórea, Rafael Mercante Linhares,
Ednaldo da Silva
TLP152 INTUBAÇÃO NASOTRAQUEAL POR FIBROSCOPIA
EM PACIENTE COM VÁRIOS PREDITORES DE VIA AÉREA
DIFÍCIL - S204 TLP667 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE
COM DISTORÇÃO ANATÔMICA DE CABEÇA E PESCOÇO NA
Rodolfo Antonio Straioto Q.Cavalcante,
EMERGÊNCIA: RELATO DE CASO - S208
Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, Leandro Criscuolo
Guilherme Souza Melo, Sara Rolim Daga, Aline Boff
Miksche, Eduardo Barbin Zuccolotto, Cirilo Haddad Silveira,
Guilherme Meirelles Leite R. da Silva,
TLP931 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE
PORTADOR DE CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO SUPERIOR A
TLO474 INTUBAÇÃO RETRÓGRADA SOB SEDAÇÃO EM 60 CM SECUNDÁRIO À SÍNDROME DE VEIA CAVA SUPERIOR
PACIENTE COM VIA AÉREA DIFÍCIL – RELATO DE CASO - S204 PARA PROCEDIMENTO FORA DE CENTRO CIRÚRGICO - S208
José Augusto Buendia Melo, Christian da Silva Pinho, José Mendes Mesquita Neto, Bruno Emmanuel da Cunha Torres,
Giordana Oliveira Rotella, Bruno Mendes Carmona, Ricardo Almeida de Azevedo, Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso,
José Mariano de Melo Cavaleiro de Macedo, Bruno Oliveira de Matos José Admirço Lima Filho, Leonam Nascimento Costa,

TLP255 INTUBAÇÃO SUBMENTONEANA EM TRAUMA TLO046 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM SUPER-
MAXILOFACIAL EXTENSO - S205 SUPEROBESO PARA INTRODUÇÃO DE BALÃO
Ana Luiza Sá Pinto da Nóbrega Lucena, Cleber Wagner de Carvalho, INTRAGÁSTRICO: RELATO DE CASO - S209
Alexandre Rimuardo de Barros Padilha, Joice Dayane Tavares, Guilherme Souza Melo, Sara Rolim Daga, Roberta Marina Grando,
Celso Schmalfuss Nogueira, João Garcia Fabricio Batistella Zasso,
XXX

TLP928 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL OBSTRUÍDA TLO285 VENTILAÇÃO E INTUBAÇÃO SIMULTÂNEAS SOB
POR MASSA CERVICAL DEVIDO A LINFOMA VISUALIZAÇÃO CONTÍNUA - S213
NÃO HODGKIN - S209 Mauren Cantarelli Noal, Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira,
Andressa Pires Alves, Gabriel Pires Alves, Márcio de Pinho Martins, Fernando de Carvalho Corrêa,
Carlos Eduardo dos Santos Martins, Fernanda Buttura Broetto, Carla Valeria Rocha Ramos Giorgetta
Bruna de Souza Brito, Gabriela Simioni Persh
TLO797 VENTILAÇÃO MONOPULMONAR EM PACIENTE
TLP495 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL UTILIZANDO COM VIA AÉREA DIFÍCIL: VIDEOLARINGOSCOPIA E
BRONCOFIBROSCÓPIO EM PACIENTE COM ANQUILOSE BLOQUEIO BRÔNQUICO COMO ALTERNATIVAS SEGURAS E
ZIGOMÁTICO-CORONOIDE PÓS-TRAUMA: RELATO DE EFETIVAS - S213
CASO - S210 Ricardo Zanlorenzi, Ana Júlia Souto Barreto Rezende,
Angélica Ramos Lira, Bernardo Lima da Nóbrega, Mauricio do Amaral Neto, Guinther Giroldo Badessa,
Saulo Viana dos Santos Oliveira, Azuil Vieira de Almeida, Luiz Fernando dos Reis Falcão
Lorena Serpa Brandão, Márcia Adriana Dias Meirelles Moreira
TLO348 VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE COM SÍNDROME DE
TLP267 MANEJO DE VIA AÉREA EM PORTADOR DE GRISEL - S214
MICROSSOMIA E HIPOPLASIA MANDIBULAR – RELATO DE Carolina Linhares Martins, Nathália Vasconcelos Ciotto,
CASO - S210 Cláudia Helena Ribeiro da Silva, Magda Lourenço Fernandes
Nathalia Rodrigues Gontijo de Andrade, Ana Cláudia Mota Bonisson,
Francisco Drummond Lima, Luis Felipe Guimarães Ribeiro TLP478 VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE
POLITRAUMATIZADO COM COLAR CERVICAL SUBMETIDO À
TLP597 PREVISIBILIDADE DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM LAPAROTOMIA EXPLORADORA - S214
PACIENTE PORTADOR DE ACALASIA – RELATO Guilherme Meirelles Leite R. da Silva, Cirilo Haddad Silveira,
DE CASO - S211 Leandro Criscuolo Miksche, Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo,
Eduardo Barbin Zuccolotto
Julio Adriano da Rocha Carvalho, Luiz Ximenes Júnior,
Marcelo Miguel Brito de Oliveira, Daniel Cordeiro da Silva,
Renê Alves Moura Cavalcanti TLP485 VIA AÉREA DIFÍCIL EM RECÉM-NASCIDO PORTADOR
DA SÍNDROME DE PIERRE ROBIN - S215
Vandson Barbosa de Oliveira, Mário Henrique Almeida de Assis,
TLP868 SÍNDROME DE CRONELIA DE LANGES E VIA AÉREA:
Bruno Santos Afonso de Melo, Alexandre Dubeux Dourado,
UM DESAFIO PARA O ANESTESIOLOGISTA - S211
Stênio Edson Jota Ferraz, Débora Pinheiro Leite
Alyne Andrade Lima, Pedro Victor dos Santos Moura,
Maize Cordeiro de Melo, Patrícia Batista Matos,
TLO945 VIA AÉREA E INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL:
Eduardo Moreira Furtado Lima, Marina Ayres Delgado
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO MÉDICO E PRÁTICA
ADOTADA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DO HOSPITAL
TLO551 SURVEY SOBRE A DISPONIBILIDADE DE DO CORAÇÃO DO ANIS RASSI - S215
VIDEOLARINGOSCÓPIOS E HABILIDADE NO SEU MANUSEIO
Adélia Rocha Simeoni, Rodrigo Cavalcante Carlos de Carvalho,
POR ANESTESIOLOGISTAS BRASILEIROS - S212
José Gilmar Gomes Júnior, Raimundo Nonato Filho,
Ricardo Zanlorenzi, Klayne Moura Teixeira de Souza, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro, Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro
Mauricio do Amaral Neto, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano,
Luiz Fernando dos Reis Falcão, Guinther Giroldo Badessa

TLO188 USO DE DISPOSITIVO SUPRAGLÓTICO EM


XLII) Anestesia Regional e Dor
PACIENTE PORTADOR DE BÓCIO MERGULHANTE COM
Pós-operatória
DESVIO TRAQUEAL SUBMETIDO À ANESTESIA COMBINADA TLO499 ANALGESIA APÓS CESARIANA EM GESTANTE
PARA CIRURGIA NÃO CERVICAL - S212 PORTADORA DE PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
João Francisco Volpe Junior, Fabrício Tavares Mendonça, POR MEIO DE BLOQUEIO BILATERAL DO PLANO TRANSVERSO
Débora Jericó Almeida Martins, Henrique Iamashita Miake ABDOMINAL (TAP BLOCK) - S215
Eduardo Henrique Silva Bachião, Huana Christina Rosa Nogueira,
TLP553 UTILIZAÇÃO DE BRONCOFIBROSCÓPIO Ielli Lacerda Camilo, Camylla Prates Timo,
FLEXÍVEL NO MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM Flávia Vieira Guimarães Hartmann, Bruno de Castro Fernandes Epitacio
PACIENTE PELVEGLOSSOMANDIBULECTOMIZADO
SUBMETIDO À ROTAÇÃO DE RETALHO E FECHAMENTO DE TLP610 ANALGESIA REGIONAL E DOR PÓS-OPERATÓRIA: PEC
TRAQUEOSTOMIA – RELATO DE CASO - S212 BLOCK I MODIFICADO - S216
Gildo Nunes Silva Neto, Michelle Nogueira Nascimento, Roberta Parastchuk, Jaqueline Rafaela Bernardes,
José Eduardo Ferraz do Amaral Filho, Eduardo Piccinini Viana, Daiane Alves do Nascimento, Poliana Karolina Splendor,
Ladson Soares Mariano, Vinicius Pinheiro Teles Cyneraylly Lêba Saraiva Bessa, Denis Santolin
XXXI

TLP919 ANESTESIA ESPINAL PARA EMBOLIZAÇÃO DE TLO962 COMPARAÇÃO ENTRE ANESTESIA GERAL E
ARTÉRIA UTERINA: SÉRIE DE CASOS - S216 BLOQUEIO DE NEUROEIXO COMBINADO À ANESTESIA GERAL
Flávia Aparecida Resende, Bruno de Oliveira Matos, EM CIRURGIAS DE GRANDE PORTE: METANÁLISE - S220
André Fernandes Botrel e Silva, Pedro Maurício Quintino, João Pedro Sant’ Anna Pinheiro, Felipe de Oliveira Souza,
Luiz Gustavo Vecchio Salomom Gouveia, Cristiano Pereira Peluso Guilherme Koiti Santos Kasai, Vítor Pinheiro Sobottka,
Karen Barros Parron Fernandes, Marcos Tadeu Parron Fernandes
TLO472 BLOQUEIO ANESTÉSICO DO PLANO ERETOR
DA ESPINHA PARA ANESTESIA LIVRE DE OPIOIDE EM TLO428 EFEITOS DO SULFATO DE MAGNÉSIO PERINEURAL
MASTECTOMIA RADICAL COM ESVAZIAMENTO ASSOCIADO À SOLUÇÃO DE LEVOBUPIVACAÍNA (EXCESSO
AXILAR - S217 ENANTIOMÉRICO S75-R25) NO BLOQUEIO DE PLEXO VIA
Alan Kimura, Bruno Mendes Carmona, SUPRACLAVICULAR - S220
Mário de Nazareth Chaves Fascio, Antonio Jorge Silva Junior, Andressa Brasil Vasconcelos Costa, Carlos Breno Farias Braga,
Leandro Zamprogno da Silveira, Cayo Almyr Silva Favacho Danielle Maia Holanda Dumaresq, Cibelle Magalhães Pedrosa Rocha,
Manoel Claudio Azevedo Patrocinio, Roberto César Pontes Ibiapina
TLO109 BLOQUEIO BILATERAL DE PLEXO BRAQUIAL VIA
INFRACLAVICULAR COM USO DE ULTRASSONOGRAFIA EM TLO323 NEUROPRAXIA DE MEMBRO SUPERIOR APÓS
PACIENTE COM AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA AO NÍVEL DOS BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL E OSTEOSSÍNTESE DE
ANTEBRAÇOS - S217 ÚMERO: RELATO DE CASO - S221
Carla Soares Meireles, Rogério Augusto de Queiroz, Priscila Pinto Máximo Balieiro, Juliano Nunes Quineper,
Rodrigo Machado Saldanha, Rafael Teixeira dos Santos, Norival Alves Spineti
Cássia Franco Matheus, Adrielle Aprigio de Queiroz
TLO310 PEC BLOCK II CONTÍNUO PARA ANALGESIA
TLP061 BLOQUEIO DO MÚSCULO RETO ABDOMINAL PÓS-OPERATÓRIA DE TORACOTOMIA – UM RELATO DE
GUIADO POR ULTRASSOM COMO ANESTESIA PRIMÁRIA EM CASO - S221
HERNIORRAFIA UMBILICAL EM ADULTOS: UM RELATO DE Hazem Adel Ashmawi, Shirley Andrade Santos,
CASO - S218 Hermann dos Santos Fernandes, Leonardo Costa Soares Ferraz,
Gyanna Lis Vieira de Oliveira, Eloísa Bonetti Espada
Larissa Magalhães Lopes, Leonardo Diniz Corrêa Pinto,
Marta Eugenia Alcici, Cláudia Helena Ribeiro da Silva,
Marina Augusto Neves

XLIII) SAVA
TLP748 BLOQUEIO DO PLANO DO MÚSCULO ERETOR DA
ESPINHA PARA ANALGESIA PÓS-MASTECTOMIA BILATERAL TLO357 TAQUIARRITMIA REFRATÁRIA EM CIRURGIA PARA
MASCULINIZANTE - S218 RESSECÇÃO DE TUMOR INTRACRANIANO – RELATO DE
Danielle Nunes de Arruda, Fernanda Moreira Gomes Mehlmann, CASO - S221
Guinther Giroldo Badessa, Luiz Fernando dos Reis Falcão, Murilo Moreira Thom, Lucas Guimarães Ferreira Fonseca,
Adriano Brasolin, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano Lucas Esteves Dohler, Ana Lygia Rochitti de Carvalho,
Paulo do Nascimento Júnior, Norma Sueli Pinheiro Modolo
TLP473 BLOQUEIO DO PLANO TRANSVERSO ABDOMINAL EM
CRIANÇA – RELATO DE CASO - S219
José Augusto Buendia Melo, Cayo Almyr Silva Favacho,
Carla Vanessa da Silva Alcântara Lima, Bruno Mendes Carmona,
XLIV) Atualizações
João Hermínio Pessoa dos Santos, Luis Paulo Araújo Mesquita TLO363 APLICATIVO PARA CELULARES: TECNOLOGIA
DA INFORMAÇÃO FACILITANDO A AVALIAÇÃO
TLO951 BLOQUEIO NO PLANO DO ERETOR DA ESPINHA PRÉ-ANESTÉSICA - S222
PARA ANALGESIA EM COLECTOMIA: RELATO DE Pedro Filipe de Vasconcelos Pessanha,
CASO - S219 Breno Barbosa de Siqueira Carneiro,
Alberto Vieira Pantoja, Ricardo Souto Rebelo, Sérgio Veloso da Silveira Menezes, Raphaella Amanda
Nathan da Cunha Costa, Larissa Russano Ribeiro M.L.Fernandes, Jovande Moreira de Freitas Júnior

TLP599 CEFALEIA PÓS-RAQUIANESTESIA EM PACIENTE TLO008 MANEJO DO PACIENTE COM SOBREDOSE POR
SUBMETIDA À APENDICECTOMIA TRATADA COM METADONA E O PAPEL DA DEXMEDETOMIDINA – RELATO
BLOQUEIO DO GÂNGLIO ESFENOPALATINO: UM RELATO DE CASO - S222
DE CASO - S219 Luiz Antonio de Moraes, Teófilo Augusto Araújo Tiradentes,
L.C.A. Buzo, E.Y. Sakamoto, A.R. Cardoso, M.F.C. Nercolini, Victor Cáppia, Mauro da Cruz Assad Monteiro,
F.A. Guadagnin, R.Y. Casado Larissa Sokol Rotta
XXXII

TLO469 USO DA DEXTROCETAMINA EM DEPRESSÃO XLVIII) Anestesia Regional


REFRATÁRIA: RELATO DE CASO - S223
João Abrão, Hedicleber Pestana Severino, TLO460 ABSCESSO PARAVERTEBRAL APÓS ANESTESIA
Emília Domanoski Nogueira, Marcelo Antunes, PERIDURAL: UM RELATO DE CASO - S226
Silvio Luis Morais Nicolau Viana de Araújo, André Fernandes Botrel e Silva,
Vera Coelho Teixeira, Fabio Maciel Rosa Pereira,
Bruno de Oliveira Matos, Luiz Gustavo Vecchio Salomom Gouveia

XLV) Ventilação Mecânica TLO734 BLOQUEIO ANESTÉSICO DO PLANO ERETOR DA


ESPINHA PARA MASTECTOMIA COM ESVAZIAMENTO AXILAR:
TLO757 ANÁLISE DA VENTILAÇÃO REGIONAL PULMONAR RELATO DE CASO - S226
EM OBESOS MÓRBIDOS SUBMETIDOS À GASTROPLASTIA
Lorena Karla de Oliveira Costa, Wagner Rodrigues Mota,
VIDEOLAPAROSCÓPICA PELA TOMOGRAFIA DE IMPEDÂNCIA
Pedro Paulo Kimachi, Enis Donizetti Silva, Claudia Marquez Simões,
ELÉTRICA - S223 Rafael José Nalio Grossi
Camila Araújo Galindo Campelo de Melo,
Ana Maria Menezes Caetano, Victor Macedo Lemos, TLO100 BLOQUEIO ANESTÉSICO INTERFACIAL DO
Norma Sueli Pinheiro Modolo, Armele de Fátima Dornelas de Andrade, COMPARTIMENTO ILÍACO EM CIRURGIAS ORTOPÉDICAS DO
Antonio Christian Evangelista Gonçalves MEMBRO INFERIOR: SÉRIE DE RELATO DE CASOS - S227
Pablo Borges de Abreu, Renata Pinheiro Modolo,
TLO329 CONHECIMENTO DOS ANESTESIOLOGISTAS SOBRE Fabiana Vilarino Ribeiro, Onésimo Duarte Ribeiro Júnior,
AS ESTRATÉGIAS PROTETORAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA Esther Alessandra Rocha
NO PERIOPERATÓRIO - S224
Leonardo Queiroz de Freitas, Antônio Christian Evangelista Gonçalves, TLP077 BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESTRELADO GUIADO
Luiz de França Maia e Silva Filho, Carlos Gilberto Rabelo Borba, POR ULTRASSONOGRAFIA EM PACIENTE APRESENTANDO
Jane Auxiliadora Amorim, Ana Karla Alves Arraes Von Sohsten, TEMPESTADE ELÉTRICA – RELATO DE CASO - S227
Leonardo Queiroz de Freitas Gustavo Mendes de Sousa, Leandro de Carvalho Lixa,
Roberto Faria Carvalhosa dos Santos,
TLO800 PARÂMETROS VENTILATÓRIOS UTILIZADOS NO Henrique Wermelinger Garcia Toledo, Juliana Galavotti Barroso,
INTRAOPERATÓRIO DE HOSPITAIS PRIVADOS E PÚBLICO DE Filipe Ferreira Alves Pinho
SÃO PAULO - S224
Ricardo Zanlorenzi, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, TLP914 BLOQUEIO DE NERVO FEMORAL E CUTÂNEO
Luiz Fernando dos Reis Falcão, Guinther Giroldo Badessa LATERAL DA COXA PARA ANALGESIA EM TRATAMENTO
CIRÚRGICO DE FRATURA TRANSTROCANTERIANA
DE FÊMUR - S228
TLO197 VENTILAÇÃO MECÂNICA DURANTE ANESTESIA
GERAL PARA CIRURGIA ROBÓTICA: UMA REVISÃO Daniel Borges Jacometto, Guilherme de Holanda Cota,
Sanderland José Tavares Gurgel, Raquel Marina Gobbi de Oliveira,
SISTEMÁTICA - S225
Fernando Mayer Ferreira do Nascimento, Anderson Lachowski
Luiz Guilherme Villares da Costa, Carolina Ashihara,
Ary Serpa Neto, Verônica Neves Fialho Queiroz, Flávio Takaoka
TLO565 BLOQUEIO DE NERVO FRÊNICO APÓS BLOQUEIO
DE PLEXO BRAQUIAL VIA INTERESCALÊNICA EM PACIENTE
QUEIMADO: RELATO DE CASO - S228
XLVI) Pediatria Filipe de Azevedo Teixeira Reis, Nicoly de Souza Lima Barberio,
Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Bruno Serra Guida,
TLO374 CONDUTA ANESTÉSICA PARA ADRENALECTOMIA Karen Amaral Faria
EM PACIENTE PEDIÁTRICO PORTADOR DE CARCINOMA
ADRENOCORTICAL – RELATO DE CASO - S225
TLP244 BLOQUEIO DE NERVOS PERIFÉRICOS EM PACIENTE
Silvia Maria Giroldo, Ana Cláudia Albernaz Valente, SUBMETIDO À ARTROPLASTIA DE QUADRIL PORTADOR DE
Paula Cristina Barros de Matos, Ivoney Assad Villa Maior TUMOR CEREBRAL COM EFEITO DE MASSA - S228
Thiago Couto Silva, Roberto Yura, Lais Martins Lucas de Oliveira,
Érico Giachetta Gemignani
XLVII) Cirurgia Torácica
TLO566 BLOQUEIO DE PLANO SERRATIL ANTERIOR
TLO142 RELATO DO MANEJO DE UMA REJEIÇÃO PARA ANALGESIA DE FRATURA DE MÚLTIPLOS ARCOS
HIPERAGUDA DO ENXERTO EM UM TRANSPLANTE LOBAR COSTAIS - S229
PULMONAR INTERVIVOS - S225 Nathália Fagundes de Freitas Freire, Rafael Mercante Linhares,
José de Jesus Peixoto Camargo, Manoela Merolillo Marimon, Ricardo Heber Pinto Lima, Larissa Balmas Barbieri,
Sadi Schio, Fábio Amaral Ribas, Diego Grando Paola Fernandez Santos Viniegra, Sergio Lerner
XXXIII

TLO273 BLOQUEIO DO GÂNGLIO ESFENOPALATINO COMO TLO595 FALSA DOSE TESTE NEGATIVA APÓS
TRATAMENTO DE ENXAQUECA - S229 CATETERIZAÇÃO INADVERTIDA DO PLEXO VENOSO
Marina Augusto Neves, Cláudia Helena Ribeiro da Silva, EPIDURAL EM PACIENTE EM USO DE BETABLOQUEADOR:
Alexandra de Vasconcelos Vieira, Márcio de Sá Faleiros, DOCUMENTAÇÃO POR RADIOSCOPIA - S232
Ana Cláudia Mota Bonisson, Larissa Magalhães Lopes Mateus Meira Vasconcelos, Fernando Cássio do Prado Silva,
João Paulo Jordão Pontes, Alexandre de Menezes Rodrigues,
TLP528 BLOQUEIO DO PLANO ERETOR ESPINAL Rodrigo Rodrigues Alves, Demócrito Ribeiro de Brito Neto
GUIADO POR ULTRASSOM ASSOCIADO À SEDAÇÃO PARA
QUADRANTECTOMIA COM ESVAZIAMENTO AXILAR DIREITO TLP607 INTOXICAÇÃO POR ANESTÉSICO LOCAL EM
EM PACIENTE COM CÂNCER DE MAMA: UM RELATO ANESTESIA REGIONAL INTRAVENOSA - S233
DE CASO - S230 Luiz Felippe Carvalho Guerreiro,
L.C.A. Buzo, E.Y. Sakamoto, A.R. Cardoso, F.A. Guadagnin, Petrus Albuquerque Mereb de Medeiros,
M.F.C. Nercolini, I.R. Cardoso Valquíria Carina Otoya Oetting

TLO404 BLOQUEIO DO QUADRADO LOMBAR PARA TLP1012 RAQUIANESTESIA COM BLOQUEIO PROLONGADO
CIRURGIA DE RETIRADA DE ENXERTO ÓSSEO DO APÓS USO DE CLONIDINA - S233
ILÍACO - S230 Gustavo Oliveira Barros, Marcela Gomes de Melo Lima Reis,
Esthael Cristina Querido Avelar, Leonardo Henrique Cunha Ferraro, Marcelo Stuchi Pedott, André Vilela, Adelaide Moral Tarifa
Ana Paula Santana Huang, Graziella Prianti Cunha
TLP887 RAQUIANESTESIA PARA EXÉRESE DE
TLO527 BLOQUEIO DO QUADRADO LOMBAR TIPO II GUIADO CARCINOMA ESPINOCELULAR DE PELE EM MEMBRO
POR ULTRASSONOGRAFIA ASSOCIADO À SEDAÇÃO PARA INFERIOR DIREITO EM PACIENTE PORTADOR DE
OOFORECTOMIA: UMA SÉRIE DE CASOS - S230 EPIDERMÓLISE BOLHOSA - S234
L.C.A. Buzo, E.Y. Sakamoto, A.R. Cardoso, M.F.C. Nercolini, Victor Matheus Condé de Oliveira, Marcos Gonçalves Magalhães,
F.A. Guadagnin, S.B. Duarte Éric Guimarães Machado, Bruno César Soares Gomes,
Amélie Gabrielle Vieira Falconi,
Zamir Fernando Sanchez Guerrero
TLP721 BLOQUEIO DO QUADRADO LOMBAR TIPO II
PARA HERNIOPLASTIA INGUINAL: SÉRIE DE
CASOS - S231 TLO489 RAQUIANESTESIA TOTAL APÓS ANESTESIA
PERIDURAL TORÁCICA PARA CIRURGIA DE REDUÇÃO DE
Ana Luiza Castro da Cruz, Diogo Barros Florenzano de Sousa,
MAMA BILATERAL - S234
Pedro Paulo Kimachi, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto,
Claudia Marquez Simões, Marília Aquini Zamprogna Bruno Mendes Carmona, José Mariano de Melo Cavaleiro de Macedo,
Bruno Oliveira de Matos, Fábio Di Paulo dos Santos Sousa,
Carolina Moreno Fernandez, Diego Cezar de Oliveira Corrêa
TLO384 BLOQUEIOS DOS NERVOS ULNAR, MEDIANO
E RADIAL BILATERAL GUIADO POR ULTRASSOM PARA
OSTEOSSÍNTESE DE RÁDIO EM PACIENTE IDOSA – TLO206 RELATO DE CASO – TRATAMENTO DE RUPTURA DE
RELATO DE CASO - S231 CATETER PERIDURAL - S234
Francisco Nilson Fernandes Cardoso Filho, Isabel Cristina Shibuya,
Adriel Franco de Mattos, Luis Henrique Cangiani,
Gabriela Pereira Molina, Bruna Nunes Fernando,
Sabrina de Souza Ramos, Juliano Moisés Tobal,
Fernanda dos Santos Oliveira, João Manoel da Silva Junior
Helivelton Rocha Azevedo, Caio Funck Colucci

TLO396 CEFALEIA PÓS-RAQUIANESTESIA EM PACIENTES


SUBMETIDAS A CIRURGIAS GINECOLÓGICAS E OBSTÉTRICAS XLIX) Obstetrícia
DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO - S232
Tiago Caneu Rossi, Felipe Serrano Farias, TLO576 ANÁLISE DO CONSUMO DE HEMOCOMPONENTES EM
Flora Margarida Barra Bisinotto, Ana Beatriz Retamero Rodrigues, OBSTETRÍCIA PARA PARTOS NO ANO DE 2016 EM HOSPITAL
Daniela Costa Anastácio, Pedro Celeste Valadares UNIVERSITÁRIO - S235
Guilherme Haelvoet Correa, Diego Santos da Cruz,
TLP546 EXTENSÃO DA ANESTESIA SUBARACNÓIDEA Letícia de Aguiar Costa, Cárlei Heckert Godinho,
VERSUS ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA E CIRCUNFERÊNCIA Mônica Maria Siaulys
ABDOMINAL EM CESARIANAS - S232
Walfredo Ernesto Monteiro Neto, Gabriel Cruz Tamiasso, TLO722 ANESTESIA EM GESTANTE COM
Guilherme de Oliveira Firmo, MIELOMENINGOCELE - S235
Fabiana Mara Scarpelli de Lima Alvarenga Caldeira, Julia Maria Olsen, Kelson Sousa Jacobina,
José Maria Leal Gomes, Oscar César Pires Eduardo Luiz de Araujo Borges, Carolina Ashihara
XXXIV

TLO235 ANESTESIA PARA PARTO CESÁREO EM PACIENTE LII) Dor Crônica


PORTADORA DE SÍNDROME DE KLIPPEL-TRENAUNAY –
RELATO DE CASO - S236 TLP727 BLOOD PATCH COMO TERAPÊUTICA EFETIVA NA
Clara Elisa Frare de Avelar Teixeira, FÍSTULA DURAL TORÁCICA ESPONTÂNEA - S239
Angélica de Fátima de Assunção Braga, Moisés Freitas Neves, Vinícius Pinheiro Nogueira de Almeida,
Franklin Sarmento da Silva Braga, Vanessa Henriques Carvalho, Cláudio Henrique Freire Perre, Isabela Borges de Melo,
Rafael Miranda da Costa, Giselle Ioná Teixeira Rodrigo Vital de Miranda, Luis Vicente Garcia

TLO675 ANESTESIA PERIDURAL CONTÍNUA PARA TLO531 BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESTRELADO PARA
INTERRUPÇÃO CIRÚRGICA DA GESTAÇÃO EM PACIENTE TRATAMENTO DE LINFEDEMA PÓS-CIRÚRGICO: RELATO DE
COM DUPLA VALVOPATIA MITRAL E ESTENOSE REUMÁTICA – CASO - S239
RELATO DE CASO - S236 Ricardo Ribeiro Fenato, Ana Cláudia Nedeff de Paula,
Henrique Iamashita Miake, João Francisco Volpe Junior, Abel Fernando Rech, Gustavo Marcinko,
Rafael Villela Silva Derré Torres Adrianna Cristina de Vasconcelos Garcia,
Lauro João Provin de Miranda
TLO635 NÁUSEAS E VÔMITOS PERIOPERATÓRIOS
RELACIONADOS À ANESTESIA SUBARACNÓIDEA - S237 TLO456 BLOQUEIO NEUROLÍTICO DO NERVO SAFENO COM
Jorge Humberto Barreto Filho, Jorge Humberto Barreto Filho FENOL - S240
Fernanda Burtet Eymael, Joana Zulian Fiorentin,
Mario Cesar Pereira da Silva, Carla Tortelli Bräscher
L) Ecocardiografia
TLO966 DOR OCULAR: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO E
TLO611 DIAGNÓSTICO INTRAOPERATÓRIO DE TERAPÊUTICO - S240
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR AGUDO COM ECO
Rodrigo Vital de Miranda, Layana Vieira Nobre,
TRANSTORÁCICO - S237
Isabela Borges de Melo, Pedro Luiz Ferreira, Marcelo Antunes,
Fernanda Bezerra de Mello Monte, Rafael Mercante Linhares, Gabriela Rocha Lauretti.
Susumu Zapata Sudo, Jônia Lindenberg Braga Nóbrega,
Thais Kroeff Machado
TLO390 EFEITO DA ESTIMULAÇÃO BURST NA QUALIDADE
DE VIDA DE PACIENTES COM NEUROESTIMULADOR PRÉVIO
TLO886 PERICARDIOCENTESE GUIADA PELA
(ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 4 CASOS) - S241
ECOCARDIOGRAFIA INTRAOPERATÓRIA: RELATO DE UMA
Mariana Dacaro, Maíra Fernandes Gonçales,
SÉRIE CASOS - S237
Lígia Ferreira de Toledo, José Luiz de Campos, Israel Lugli de Godoy
Marcello Fonseca Salgado Filho, Cássia Franco Matheus,
Renata Domingues, Julianne Moreira Belo Crolman,
Marina Amato Defelippe, Adrielle Aprigio de Queiroz TLO723 HÁBITOS DE AUTOMEDICAÇÃO ANALGÉSICA ENTRE
PORTADORES DE DOR CRÔNICA NA POPULAÇÃO ADULTA DE
MUNICÍPIO DE PORTE MÉDIO DO INTERIOR DO ESTADO DE
SÃO PAULO - S241
LI) Monitorização Guilherme Antonio Moreira de Barros, Diego Viana de Mello,
TLO307 DESAFIO ANESTÉSICO NO PACIENTE PORTADOR DE Jéssica Tessaroli, João Vinícius Alves Lameu,
HIPERTENSÃO PULMONAR GRAVE EM CIRURGIA ELETIVA DE Marco Antônio Marchetti Calônego, Rodney Segura Cavalcante,
CVL: IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO INVASIVA - S238 Catarina Letícia Barbalho, Fernanda B, Diego Viana de Mello
Ana Luiza Lopes Pureza, Mariana Rodrigues Potting,
Renato Ribeiro de Jesus, Viviana Ugenti, Rodrigo Pereira Diaz André, TLP711 LIDOCAÍNA INTRAVENOSA PARA TRATAMENTO
Débora Cristina Chevi da Rocha DE DOR NEUROPÁTICA POR MIELITE DO CONE
MEDULAR - S242
TLP408 MONITORIZAÇÃO VENTILATÓRIA EM ANESTESIA Rafael José Nalio Grossi, Wagner Rodrigues Mota,
PARA CIRURGIA ROBÓTICA: RELATO DE CASO - S238 Mariana Bucci Sanches, Márcio Matsumoto, João Valverde Filho,
Gabriela Villar e Silva, Carlos Gustavo Favre Drummond, Claudia Marquez Simões
Marcus Vinicius Miguez Oliveira, Luis Fernando Lopes,
Bruno Hermont Jahara, Adla Viana Ribeiro Barreto TLP893 MANEJO DA DOR NEUROPÁTICA CRÔNICA
REFRATÁRIA APÓS CRANIOTOMIA: RELATO
TLP660 WAKE-UP TEST DURANTE ARTRODESE DE COLUNA DE CASO - S242
TORACOLOMBAR DE 10 NÍVEIS - S239 Vânia Maria Cavalcante de Araújo, Kamila Vieira de Oliveira,
Francisco Morato Dias Abreu, Fernando Cássio do Prado Silva, Mirlane Guimarães de Melo Cardoso, João Batista Garcia,
João Paulo Jordão Pontes, Antônio de Pádua Faria, Ivandete Coelho Pereira Pimentel,
Bruno Oliveira Lamberti, Rodrigo Rodrigues Alves Priscilla Ribeiro Marques Monteiro
XXXV

TLP1020 O PENSAMENTO CATASTRÓFICO DA DOR ESTÁ LIII) Ultrassonografia Perioperatória


ASSOCIADO COM NÍVEIS SÉRICOS DO FATOR NEUROTRÓFICO
DERIVADO DO CÉREBRO EM PACIENTES COM DIFERENTES TLO342 BLOQUEIO DO NERVO SUPRACLAVICULAR E
SÍNDROMES DE DOR CRÔNICA - S243 DO TRONCO SUPERIOR PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO
Wolnei Caumo, Jairo Alberto Dussán Sarria, Luciana C Antunes, DE FRATURA DE CLAVÍCULA EM PACIENTE PORTADOR DE
Joice D. Segabinazi, Ana Claudia de Souza, Felipe Fregni DOENÇA DE STEINERT. RELATO DE CASO. - S246
Cláudia Helena Ribeiro da Silva, Leonardo Diniz Corrêa Pinto,
TLP1004 PARAPARESIA APÓS BLOQUEIO EPIDURAL Alexandra de Vasconcelos Vieira, Pedro Marcos Silva e Gonçalves,
COM CORTICOIDE PARA ANALGESIA – RELATO Larissa Magalhães Lopes, Roberto José Valadares
DE CASO - S243
Rafael Villela Silva Derré Torres TLO356 BLOQUEIO DO PLANO ABDOMINAL TRANSVERSO
(TAP) SUBCOSTAL GUIADO POR ULTRASSONOGRAFIA (USG) EM
COLECISTECTOMIA ABERTA APÓS VIDEOLAPAROSCOPIA - S246
TLO319 PNEUMOTÓRAX ASSOCIADO À ABORDAGEM DE
Cláudia Helena Ribeiro da Silva, Alexandra de Vasconcelos Vieira,
PONTOS-GATILHO EM REGIÃO DORSAL ALTA
Daniel Davi Guedes de Moura, Larissa Magalhães Lopes
APÓS INFILTRAÇÃO DE ANESTÉSICO LOCAL – RELATO
DE CASO - S243
TLP895 BLOQUEIO PARAVERTEBRAL TORÁCICO ASSOCIADO
Carla Soares Meireles, Barbara Moura Carrasco,
À ANESTESIA GERAL EM PACIENTE SUBMETIDA À CIRURGIA
Rogério Augusto de Queiroz, Rafael Teixeira dos Santos,
DE MASTECTOMIA TOTAL SEGUIDA DE RECONSTRUÇÃO
Rodrigo Machado Saldanha, Gabriel Durso Caiaffa
MAMÁRIA: RELATO DE CASO - S247
Daniel Fernandes Viana, Valter Oberdan Borges de Oliveira,
TLO724 PREVALÊNCIA DE DOR CRÔNICA NA POPULAÇÃO Meirelles Barros Lima, Marcos Antonio Costa de Albuquerque,
ADULTA DE MUNICÍPIO DE PORTE MÉDIO DO INTERIOR DO Julio Cezar Mendes Brandão
ESTADO DE SÃO PAULO - S244
Guilherme Antonio Moreira de Barros, TLO395 COMO INSERIR A ULTRASSONOGRAFIA GÁSTRICA NO
Catarina Letícia Rodrigues Barbalho, Jéssica Tessaroli, TREINAMENTO DO ANESTESIOLOGISTA? AVALIAÇÃO DE UMA
Diego Viana de Mello, Thalita Marqueze, PROPOSTA - S247
Guilherme Saraiva Leal Lopes, Fernanda B. Fukushima, Tiago Caneu Rossi, Flora Margarida Barra Bisinotto,
Adriano Dias, Catarina Leticia Rodrigues Barbalho Luciano Alves Matias da Silveira, José Martins Sobrinho,
Mariana Andrade Lopes Mendonça, Fernando Rodrigues da Cunha Araújo
TLO790 SINERGISMO DA NEUROMODULAÇÃO CENTRAL
E PERIFÉRICA PARA CONTROLE DA DOR NA OSTEOARTRITE TLO398 ESTÃO OS PACIENTES EM JEJUM COM O ESTÔMAGO
DE JOELHO: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, VAZIO? - S248
DOUBLE-DUMMY. - S244 Renata Gimenes Cardozo Bomfim, Tiago Caneu Rossi,
Maria da Graça Tarragó, Jairo Alberto Dussán Sarria, Flora Margarida Barra Bisinotto, Luciano Alves Matias da Silveira,
Luciana Paula Cadore Stefani, Iraci L.S. Torres, Felipe Fregni, Nilson de Camargos Roso, Ivan Tomás Pereira
Wolnei Caumo
TLO961 O USO DA ULTRASSONOGRAFIA DE PULMÃO PARA A
TLO809 TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA NA FEBRE DE ESCOLHA DA PEEP COM O MENOR COLAPSO ALVEOLAR EM
CHIKUNGUNYA: ENSAIO CLÍNICO - S245 OBESO MÓRBIDO SUBMETIDO À TIREOIDECTOMIA - S248
J.P.L. Alves, S.V.S. Oliveira, M.A. Moreira, P.T.A.C. Neto, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto, Enis Donizetti Silva,
Claudia Marquez Simões, Maia Nogueira Crown Guimarães,
F.K.P. Miranda, K.F. Malheiros
Leonardo de Freitas Nascimento

TLP492 TRATAMENTO DE SÍNDROME DOLOROSA


TLO587 SÃO OS PACIENTES OBESOS DE MAIOR RISCO PARA A
COMPLEXA REGIONAL COM ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA
BRONCOASPIRAÇÃO? AVALIAÇÃO PELA ULTRASSONOGRAFIA
MEDULAR - S245 GÁSTRICA - S248
Rafael Cerqueira Oliveira, Jorge Taqueda Neto, Raquel Maisa Gonçalves, Victor Resende de Melo Freitas,
Marcos Antonio Costa de Albuquerque, Flora Margarida Barra Bisinotto, Tiago Caneu Rossi,
Marcos Eyder Leite Fragoso, Lauro d’Avila Silveira Barreto Jussara Gonçalves, Ana Cristina Abdu Peixoto

TLO836 VALIDAÇÃO E ADAPTAÇÃO DO INVENTÁRIO TLO949 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR MACIÇO


DE SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL PARA A POPULAÇÃO EM PÓS-OPERATÓRIO DE ELETROCONVULSOTERAPIA
BRASILEIRA: PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS E SUA DIAGNOSTICADO PELO ANESTESIOLOGISTA COM
RELAÇÃO COM O FATOR NEUROTRÓFICO DERIVADO DO ULTRASSONOGRAFIA BEIRA DE LEITO - S249
CÉREBRO - S245 Rodrigo Souza da Silva, Daniela de Andrade, Juliana Mendonça Torres,
Wolnei Caumo, Jairo Alberto Dussán Sarria, Luciana Paula Cadore Karine Aparecida Pecharki, Mariana Fagundes Gonçalves,
Stefani, Andressa de Souza, Iraci LS Torres, Randy Neblett Gabriel Sprenger Dalla Stella
XXXVI

TLO938 ULTRASSONOGRAFIA PULMONAR TLP361 SIMPATECTOMIA EM PACIENTE COM TEMPESTADE


PERIOPERATÓRIA - S249 ELÉTRICA E MIOCARDIOPATIA CHAGÁSICA - S253
César Antonio Tavares da Rocha, Isabela Dantas Bezerra, Andreia Santos Cardoso, Cesar Henrique Fornero,
Leusi Magda Romano Andraus, Pedro Ferro Lima Menezes, Fabiano Soares Carneiro, Estevão Nobre Carrato,
Talison Silas Pereira, Ícaro de Moura Sousa Thaliane Filarde de Oliveira, Raphael Romie de Oliveira

TLP401 ULTRASSONOGRAFIA TORÁCICA: FERRAMENTA


DIAGNÓSTICA NO PACIENTE CRÍTICO – RELATO DE CASO - S250
Isabela Dantas Bezerra, José Maria Corrêa da Silva, LVI) Temas em Geral
Talison Silas Pereira, Layla Melize Santos Menezes,
Gabriela Pereira Molina, Flávio Willamis Ferreira Melo Junior TLO658 REDUÇÃO NO ESTORNO DE CONCENTRADOS
DE HEMÁCIAS DO BLOCO CIRÚRGICO APÓS REAVALIAÇÃO
DA ROTINA DAS RESERVAS TRANSFUSIONAIS
AUTOMÁTICAS - S253
LIV) Cirurgia Torácica e Ventilação Mecânica
Giuliano Machado Danesi, Mônica Moraes Ferreira,
TLO1011 ANESTESIA PARA RESSECÇÃO DE TUMOR EM Tor Gunnar Hugo Onsten Tosten, Marize do Socorro Vulcão Leão,
CARINA - S250 Patrícia Wajnberg Gamermann, Luciana Cadore Stefani
Klaus Zanuncio Protil, Cloves Alves Moutinho Júnior,
Matheus Rocha Fagundes, Henrique Bicalho Rosa, TLO761 A IMPORTÂNCIA DA CHECAGEM DE DISPOSITIVOS
Walkiria Wingester Vilas Boas, Cesar Henrique Pereira da Silva Fornero E CATÉTERES NO INTRAOPERATÓRIO: SEGURANÇA PARA O
PACIENTE E ANESTESIOLOGISTA - S254
Rodrigo Vital de Miranda, Marcelo Antunes,
LV) Sistema Cardiovascular Isabela Borges de Melo, Layana Vieira Nobre,
Moises Freitas Neves, Pedro Luiz Ferreira
TLP236 AVALIAÇÕES AO LONGO DO TEMPO DE
PARADA CARDÍACA PERIOPERATÓRIA E PARADA TLO261 ANAFILAXIA APÓS ROCURÔNIO EM ANESTESIA
CARDÍACA POR FATOR ANESTÉSICO EM PACIENTES ONCOLÓGICA PEDIÁTRICA - S254
GERIÁTRICOS - S251
Alessandra de Carvalho Ministro, Alessandra Levy Antoniazzi,
Arthur Caus de Morais, Manuela Campelo Carvalhal,
Gustavo de Carvalho Pugliesi, Amanda Giraldi Maryama,
Karen Santos Braghiroli, Bruna Rocha, Mariana Gobbo Braz,
Pedro Henrique Nogueira Lôbo
Leandro Gobbo Braz

TLO005 ANESTESIA EM PACIENTE PORTADOR DE


TLO586 FIBRILAÇÃO ATRIAL INTRAOPERATÓRIO EM
IDOSOS - S251 ADRENOLEUCODISTROFIA - S255
Matheus de Bastos C. Soares Hungria, Ricardo Gonçalves da Rocha Junior, Estêvão Luiz Carvalho Braga,
Flávia Vieira Guimarães Hartmann, José Tadeu dos Santos Palmieri, Paulo Alipio Germano Filho, Ismar Lima Cavalcanti,
Joaquim Lucas de Castro, Bruno de Castro Fernandes Epitacio, Núbia Verçosa Figueirêdo, Armin Guttman
Pedro Paulo Guimarães Hartmann
TLP301 BRONCOESPASMO GRAVE APÓS CIRURGIA
TLO866 PACIENTE COM ESTENOSE AÓRTICA GRAVE OTORRINOLARINGOLÓGICA E A IMPORTÂNCIA
SUBMETIDO À CISTECTOMIA RADICAL - S252 DA RPA - S255
Cecilia Monteiro Silva, Marina de Andrade Lima Arcoverde Areias, Mariana Salles dos Santos, Thaise de Melo Francisco,
Cláudia Arruda Buarque de Gusmão, Rossana Sant’Anna de Melo Lins, Daniel de Souza Gonçalves, Mônica Lima Lopes Ranzeiro,
Sérgio Veloso da Silveira Menezes, Ana Maria Menezes Caetano Glauber Gouvêa, Simone Soares Leite

TLO132 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) DURANTE TLP325 BRONCOESPASMO SEVERO EM PACIENTE COM
ANGIOPLASTIA CORONÁRIA - S252 ASMA INTERMITENTE SUBMETIDA À ANESTESIA GERAL COM
Lucas Fernandes da Silva, Fernanda Lourenço Furigo, EPISÓDIO LEVE DE DISPNEIA NA MANHÃ DA CIRURGIA.
Fábio Luis Ferrari Regatieri, Marcelo Ribeiro de Magalhães SUSPENDER OU NÃO A CIRURGIA? - S255
Queiroz, Daniel Varoni Schneider, Marcelo de Oliveira
Adlla Fernanda Ferreira Machado, Haward Hideo Uoieno Iosto,
Kamila Kattan, Renata Mattos Mendonça, Laila Teixeira Musser
TLO217 REVERSÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
PULMONAR INDUZIDA PELA MONOCROTALINA EM
RATOS PELA LODENAFILA, INIBIDOR DA ENZIMA TLP127 EFEITO DA EFEDRINA ASSOCIADO AO PROPOFOL NA
FOSFODIESTERASE-5 - S252 FARMACOCINÉTICA DO ROCURÔNIO - S256
Roberto Takashi Sudo, Fábio das Índias. S. Carvalho, Renato Makoto Sakashita, José Fernando Amaral Meletti,
Allan Kardec N. Alencar, Tadeu Montagnoli, Antônio Rodolfo Meira de Araújo Galdame,
Margarete Manhães Trachez, Gisele Zapata-Sudo Gabriela Denardi Sousa, Leandro Carvalho Longo
XXXVII

TLO176 HIDROXIETILAMIDO (HES) 130/0.4: SEGURANÇA NO TLP628 CONDUÇÃO E CONTROLE ANESTÉSICO


USO RECENTE EM ANESTESIA PERIOPERATÓRIA - S256 FRENTE AO CENÁRIO DE SANGRAMENTO MACIÇO
Karolynne Myrelly Oliveira Bezerra de Figueiredo Saboia, EM PACIENTE SUBMETIDA À CIRURGIA DE
Mônica Braga da Cunha Gobbo, Edgar Yugue, Claudia M.R.P. Cavaliere, EMERGÊNCIA - S260
Guilherme Portiolli Zocal, Guilherme Rocha Melo Ana Luiza Lopes Pureza, Mariana Rodrigues Potting,
Viviana Ugenti
TLO653 HIPOVITAMINOSE D EM UM GRUPO DE RESIDENTES
E ANESTESIOLOGISTAS DE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: TLO656 CONDUTA ANESTÉSICA APÓS LESÃO
OCUPACIONAL? – ESTUDO PILOTO - S257
INADVERTIDA DE VEIA INOMINADA DURANTE
Fernanda Rebouças Botelho, Gabriel Faustino Sousa Soares, TIREOIDECTOMIA TOTAL COM ESVAZIAMENTO CERVICAL
Kyle Roberto Coelho Junio, Thiago Fernandes Marques,
EM PACIENTE TESTEMUNHA DE JEOVÁ - S261
Carlos Henrique Viana de Castro, Walkiria Wingester Vilas Boas
Francisco Morato Dias Abreu,
Fernando Cássio do Prado Silva, Luiz Gustavo de Menezes Rodrigues,
TLP735 PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL DO PACIENTE
João Paulo Jordão Pontes, Nubia Rodrigues Batista,
IDOSO A SER SUBMETIDO À CIRURGIA DE CORREÇÃO DE
Amanda Corrêa Vidica
CATARATA - S257
Mauro Henrique Junior, Ligia Andrade da Silva Telles Mathias,
Rodrigo Jaqueto Nomura, Marcela Rodrigues Santos do Nascimento TLO139 CONTROLE DE DANO EM SANGRAMENTO MACIÇO
DURANTE CIRURGIA GINECOLÓGICA - S261
Camila Calderoni Fraga, Iuri Eleuterio, Daniel de Souza Gonçalves,
LVII) Trauma e Reanimação Pedro Alexandre A.G.L. Loureiro, Rodrigo Pereira Diaz André,
Viviana Ugenti
TLO274 ABORDAGEM ANESTÉSICA DE GESTANTE VÍTIMA DE
PAF TORÁCICO - S258 TLO443 HEMODILUIÇÃO NORMOVOLÊMICA EM
Claudia Roberta de Miranda, Fernanda Sant Anna Bronca, PACIENTE TESTEMUNHA DE JEOVÁ SUBMETIDO À
Bruno Pacheco Ibraim, Flávio Elias Callil, ARTRODESE DE COLUNA TORACOLOMBAR VIA
Bárbara Daphne de Souza Valle F. Gomes, Letícia Maria Vaz dos Santos POSTERIOR - S261
Marina Bishop Brito Rebellato, Patrícia Constantini Kreling,
TLO647 CONTUSÃO CARDÍACA E PULMONAR EM William Jaramillo Orozco, Fernando Piratelo
POLITRAUMA – RELATO DE CASO - S258
Kamila Christine de Araujo, João Francisco Volpe Junior,
TLO705 INDICAÇÃO DE PREPARO HEMOTERÁPICO
Rúbia Garcia Dusi, Flávia Vieira Guimarães Hartmann
NO HOSPITAL SÃO PAULO (EPM/UNIFESP) A PARTIR DO
CÁLCULO DO ÍNDICE DE PACIENTES
TLP343 EMBOLIA GORDUROSA COMO CAUSA
TRANSFUNDIDOS - S262
EXTRACRANIANA DE MORTE ENCEFÁLICA NO PACIENTE
VÍTIMA DE TRAUMA - S258 Luiz Fernando dos Reis Falcão, Carolina Baeta Neves Duarte Ferreira,
Gyanna Lis Vieira de Oliveira, Roseny dos Reis Rodrigues, Roberto Giannini Macedo
Maria José Carvalho Carmona, Matheus Viana Lemo
TLP766 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE PACIENTE
TLP907 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE PORTADOR DE COM ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA E DOENÇA DE VON
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA PÓS-TRAUMÁTICA TARDIA E BREVE WILLEBRAND - S262
REVISÃO DA LITERATURA - S259 Mariane Molina Rodrigues de Oliveira, Thaís Carlos de Souza,
Priscilla Ribeiro Marques Monteiro, Wei Tsu Havim , Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Karen Amaral Faria,
Wei Tzon Hackan Chang Colares, Tereza Vitória Lira Pinto, Bruno Serra Guida
Ivandete Coelho Pereira Pimentel, Chang Yen Yin
TLO245 REVISÃO SISTEMÁTICA E META-ANÁLISE DO
TLP905 O RTS PARA O ACIONAMENTO DOS HELICÓPTEROS USO DO ÁCIDO TRANEXÂMICO PARA REDUÇÃO
DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL DE SANGRAMENTO EM CIRURGIAS DE
(CBMDF) – ESTUDO RETROSPECTIVO - S259
PRÓSTATA - S263
Rafael Villela Silva Derré Torres
Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho, Bárbara Thomé Cavalheiro,
Marcelo Arent Longo

LVIII) Transfusão e Hemostasia TLO520 USO DE RECUPERAÇÃO INTRAOPERATÓRIA


TLO844 AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA DAS RESERVAS DE DE SANGUE EM CIRURGIAS DE EMERGÊNCIA: SÉRIE DE
SANGUE VERSUS TRANSFUSÕES EM CIRURGIAS ELETIVAS NUMA CASOS - S263
UNIDADE DE SAÚDE TERCIÁRIA NO SUL DO BRASIL - S260 Jamille Ferreira Leandro, Luciana Maria de Barros Carlos,
Thiago Dias de Rossi, Karen Adriana Campos Pastorio, Danielle Maia Holanda Dumaresq, Velma Dias do nascimento,
Jorge Hamilton Soares Garcia, Sara Marina G. da S. Teixeira do Amaral Roberto César Pontes Ibiapina
XXXVIII

LIX) Educação e Pesquisa TLP393 CUFF: A VISÃO DOS ANESTESIOLOGISTAS DE UMA


CAPITAL BRASILEIRA - S267
TLO406 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS MÉDICOS Gabriel Mendes Andraos, Handel Meireles Borges Filho,
RESIDENTES SOBRE JEJUM PRÉ-OPERATÓRIO EM Karoline Domingos Chiari, Dário Humberto de Paiva,
CRIANÇAS - S264 Heber de Moraes Penna, Thiago Anderson Cabral Moreira
Maíra Fernandes Gonçales, Carolina Lima Moura,
Fernanda Bourroul Villela Pedras, Débora de Oliveira Cumino, TLP373 ESTABILIDADE HEMODINÂMICA EM CIRURGIA
Lígia Andrade da Silva Telles Mathias, Tamara Eiko Sakamoto PARA RESSECÇÃO DE GLÔMUS JUGULOTIMPÂNICO COM
EMBOLIZAÇÃO PREOPERATÓRIA - S267
TLO975 EDUCAÇÃO EM SERVIÇO DOS PROFISSIONAIS Raquel Augusta Monteiro de Castro, Carolina Linhares Martins,
NO CENTRO CIRÚRGICO DE UMA MATERNIDADE-ESCOLA Wanderson Penido da Costa, Cláudia Helena Ribeiro da Silva,
UTILIZANDO METODOLOGIA ATIVA DE APRENDIZAGEM - S264 Marcelo Fonseca Medeiros, Patrícia Lopes Gabriel
Josenilia Maria Alves Gomes, Eugenie Desirèe Rabelo Néri Viana,
Alessandra Cavaignac Machado, Emeline Moura Lopes, TLO266 ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A CONTAMINAÇÃO
Paula Daiane Silva de Souza, Cláudia Regina Fernandes DE BACTÉRIAS NOSOCOMIAIS EM CELULARES DE
ANESTESIOLOGISTAS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO - S268
Guilherme Haelvoet Correa, Davi Bruxelas de Freitas,
LX) Qualidade e Segurança Carla de Souza Formigoni, Mariana Volpe Arnoni,
Ligia Andrade da Silva Telles Mathias, Marcelo Jennè Mimica
TLO179 A EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS RESÍDUOS
DE GASES ANESTÉSICOS INDUZ DANOS NO GENOMA E TLP788 EVENTOS ADVERSOS OCORRIDOS NO
INFLAMAÇÃO EM MÉDICOS RESIDENTES? - S264 INTRAOPERATÓRIO DE PROCEDIMENTOS ANESTÉSICOS
Marcelio Flavio Piccolo de Farias, Gabriele Samara Garcia da Silva, REALIZADOS EM HOSPITAIS PRIVADOS E PÚBLICO DE SÃO
Lorena Mendes de Carvalho Lucio, Nayara M. de Arruda, PAULO - S268
Mariana G. Braz, Leandro Gobbo Braz Klayne Moura Teixeira de Souza, Ricardo Zanlorenzi,
Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, Guinther Giroldo Badessa,
TLO720 ANESTESIA EM ADULTO JOVEM COM HISTÓRICO Luiz Fernando dos Reis Falcão
FAMILIAR DE HIPERTERMIA MALIGNA: RELATO DE CASO - S265
Luciana Andrade Rezende, Luana Magalhães Bernardo, TLO314 INCIDÊNCIA DE SÍNDROME DE BURNOUT EM
Káren Brandão de Barros, Fernanda de Faria Mariano, MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS DE UM HOSPITAL
Waldo Sapucaia Roland, Daniel Câmara de Rezende TERCIÁRIO - S269
Thais Morato Menezes, Monik Gonçalves Vilela,
TLO091 ASPIRAÇÃO DE FRAGMENTOS DE ASPIRADOR Flávio Andrade de Avelar, Gláucio Grégori Nunes Bomfá,
DURANTE PROCEDIMENTO DE EXTUBAÇÃO EM ÉXERESE DE Andre Felipe Ferreira Barroso
PAPILOMA DE LARINGE. RELATO DE CASO - S265
Cláudia Rosana Prokopp Acosta, Eduardo Jorge Yamada, TLO065 MANEJO MULTIDISCIPLINAR NA UTI E CENTRO
Eduardo Francisco Mafassioli Corrêa, Vinícius Jacques de Lemos, CIRÚRGICO DE INTERCORRÊNCIA POTENCIALMENTE
Mauricio Vittorello, Alison Menna da Fontoura FATAL - S269
Renato Zitron, Marcus Vinicius Figueiredo Lourenço,
TLO451 AVALIAÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA ENTRE Luiz Guilherme Villares da Costa, Kelson Sousa Jacobina,
PROFISSIONAIS DO CENTRO CIRÚRGICO DE HOSPITAL Thales Abreu Tedoldi
UNIVERSITÁRIO - S266
Josenilia Maria Alves Gomes, Marta Maria Costa Freitas, TLO865 VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE OXIGÊNIO
Hudson Felipe Arnou Alves, Cláudia Regina Fernandes FORNECIDA POR DETERMINADOS HOSPITAIS DE SERGIPE E
SUAS IMPLICAÇÕES - S269
TLO446 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA COMUNICAÇÃO NA João Nicolle Tupiná Nogueira, Marcos Antonio Costa de
FREQUÊNCIA DE RELATO DE EVENTOS ADVERSOS ENTRE Albuquerque, Marcos Eyder Leite Fragoso, Julio Cezar M Brandão
PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO CENTRO CIRÚRGICO DE
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO - S266
Josenilia Maria Alves Gomes, Marta Maria Costa Freitas ,
LXI) Monitorização e Equipamentos
Hudson Felipe Arnou Alves , Cláudia Regina Fernandes
TLO416 AVALIAÇÃO DO GRAU DE INTENSIDADE LUMINOSA
TLO117 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS DE LÂMINA CONVENCIONAL EM LARINGOSCÓPIOS DA
ANESTESIOLOGISTAS DO ESTADO DO AMAPÁ - S266 MACINTOSH - S270
Raimundo Afonso Nascimento Ramos Junior, Karlene Aguiar Frederico de Souza Nogueira, Henrique Rocha Machado,
Lamberg, Flavio Gurgel Paulino Murta, Guilherme Paulo Leite Jane Auxiliadora Amorim, Otávio Damázio Filho,
Neto, Alehandro Neves Terra, Daniel Foinquinos de Melo Lucas Wanderley Lima, Guilherme Campos Soares Quintas
XXXIX

TLO110 AVALIAÇÃO DO LACTATO PLASMÁTICO EM TLP424 N-ACETILCISTEÍNA REDUZ O TEMPO DE


PACIENTES MONITORADOS PELO ECOCARDIOGRAMA INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM CIRURGIAS CARDÍACAS:
TRANSTORÁCICOS EM CIRURGIAS ABDOMINAIS DE GRANDE REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE - S274
PORTE - S270 José Eduardo Guimarães Pereira, Regina Paolucci El Dib,
Marcello Fonseca Salgado Filho, Thalita Camargo Santos, Leandro Gobbo Braz.
Patricia Silva Braga, Ícaro França Morais,
Amélie Gabrielle Vieira Falconi, Victor Matheus Condé de Oliveira
LXIV) Perioperatório
TLP699 DISTÚRBIO DE COAGULAÇÃO SEVERO
DIAGNOSTICADO PELA TROMBOELASTOMETRIA APÓS TLO904 ANÁLISE DO GRAU DE IMPLEMENTAÇÃO DO
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA DURANTE TRANSPLANTE PROTOCOLO ERAS EM HOSPITAL DE ENSINO - S274
HEPÁTICO - S271 Jorge Luigi Gomes Orso, Florentino Fernandes Mendes,
José Carlos Rodrigues Nascimento, Cristiane Gurgel Lopes, Uirá Fernandes Teixeira, Daieni Fernandes,
Edson Bulamarque Lopes Neto, Francisco Diego Silva de Paiva, Cristiane Weckerle Nazareth Conceição, Sabrina Drago Vlassis
Jennifer de Melo Rocha, Rogean Rodrigues Nunes
TLO971 CARACTERIZAÇÃO DOS PACIENTES PORTADORES
DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA NO
AMBULATÓRIO DE AVALIAÇÃO PRÉ OPERATÓRIA DO
LXII) Neuroanestesia HCFMRP-USP - S275
TLO689 ANESTESIA PARA IMPLANTE DE ESTIMULADOR Pedro Luiz Ferreira, Waynice Neiva de Paula Garcia,
Maria Fernanda Braggion Santos, Luis Vicente Garcia,
CEREBRAL PROFUNDO - S271
Jyrson Guilherme Klampt
Marcos Vinicius Calveli C. Ferreira,
Paulo Antonio Machado da Silva Lima, Felipe Souza Thyrso de Lara
TLP762 CHOQUE ANAFILÁTICO APÓS ANTIBIOTICO
PROFILÁTICO: RELATO DE CASO - S275
TLO570 ANESTESIA PARA RETIRADA DE TUMOR CEREBRAL
Leandro Bernardes, Diego Boniatti Rigotti
COM ESTIMULAÇÃO INTRAOPERATÓRIA EM PACIENTE
ACORDADO - S272
TLO350 ELEVAÇÃO DE TROPONINA PÓS-OPERATÓRIA EM
Pedro Reina Magalhães, Rafael Mercante Linhares,
UMA POPULAÇÃO DE ALTO RISCO – ANÁLISE DE FATORES
Nayara Hott dos Santos, Guilherme Holck, Thais Kroeff Machado,
DE RISCO PERIOPERATÓRIOS DERIVADOS DO ESTUDO
Danila Tomico Nakayama
LOAD - S275
Luciana Paula Cadore Stefani, Carolina Alboim, Otavio Berwanger,
TLO517 ANESTESIA SLEEP AWAKE SLEEP PARA
Luciana Eltz, Andreas Horner
CRANIOTOMIA: RELATO DE CASO - S272
Williams Barbosa Melo, Rodrigo Thadeu Cei Pedroso,
TLO1026 HIPOTERMIA NO PERIOPERATÓRIO: PREVALÊNCIA
José Augusto Buendia Melo, Bruno Mendes Carmona,
E VARIÁVEIS ASSOCIADAS - S276
Luis Paulo Araújo Mesquita, Mário Nazareth Chaves Fáscio
Luís Carlos Crepaldi Júnior, Jabson dos Santos Ferreira,
João Francisco Volpe Junior, Raul Silva Quirino,
TLO508 MEDIDA DO LACTATO SÉRICO PERIOPERATÓRIO E O Marcelo Cabral de Lucena, Fabrício Tavares Mendonça
DESFECHO CLÍNICO EM PACIENTES NEUROCIRÚRGICOS - S273
Rodolfo da Silva Queiroz
TLO183 INCLUSÃO DE RASTREIO COGNITIVO NA
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA DO IDOSO - S276
Thiago Robles Juhas, Yolanda Marques Mazzaro,
LXIII) Cirurgia Cardiovascular Gisele Maria Siaulys, Gabriela Tognini Saba,
Maria José Carvalho Carmona, Cláudia Maia Memória
TLO442 ANESTESIA PARA RECONSTRUÇÃO DE AORTA
TORÁCICA COM PARADA TOTAL DA CIRCULAÇÃO - S273 TLP032 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE HIPOVOLEMIA
Ewerton Villa Fonseca, Leonardo Linhares Brollo, ATRAVÉS DO CÁLCULO DE DELTA PP - S277
Jean Abreu Machado, Laís Constante Machado Larissa Sokol Rotta, Mauro da Cruz Assad Monteiro,
Nayron Fernando Oliveira Rodrigues, Victor Cáppia,
TLO731 MANEJO ANESTÉSICO PARA CORREÇÃO CIRÚRGICA Luiz Antonio de Moraes, José Maurício Pereira Assef
DA ORIGEM ANÔMALA DA ARTÉRIA PULMONAR DIREITA DA
AORTA: RELATO DE CASO - S273 TLO164 O TESTE DO RELÓGIO COMO MÉTODO DE RASTREIO
Gotardo Duarte Dumaresq, Cibelle Magalhães Pedrosa Rocha, COGNITIVO PRÉ-OPERATÓRIO EM IDOSOS - S277
Andressa Brasil Vasconcelos Costa, Cláudia Maia Memória, Gabriela Tognini Saba,
Danielle Maia Holanda Dumaresq, Graziela Viana Magalhães, Bárbara de Souza,
Rômulo José de Lucena Castro Filho, Marilman Maciel Benício Zan Katia Magdaleno Mendonça, Maria José Carvalho Carmona,
XL

TLP603 PCR POR MICROCHOQUE NO INTRAOPERATÓRIO: Consumo de propofol y tiempo de despertar en


CAUSA PROVÁVEL - S278 pacientes adultos bajo anestesia general
Rafael Mercante Linhares, Victor Agati Cavargere, guiada por el Cerebral State Monitor - S285
Luiz Carlos Bastos Salles, Sergio Lerner, Roberto Carvalho Brandão, Santiago Matteoda, Luciano Deganutti
Thais Kroeff Machado

Evaluación de los predictores de vía aérea


TLO306 USO DA CLONIDINA VENOSA COMO ADJUVANTE
PARA CONTROLE HEMODINÂMICO EM PACIENTE difícil en pacientes intubados con
DROGADITO - S278 videolaringoscopio - S289
Victor Matheus Condé de Oliveira, Alexandre Almeida Guedes, Gustavo Grünberg
Amélie Gabrielle Vieira Falconi, Zamir Fernando Sanchez
Guerrero, Éric Guimarães Machado, Talita Camargo Santos, Estabilidad hemodinámica en pacientes
con enfermedad sistémica severa múltiple
TLO182 USO DO 10-CS NO RASTREIO COGNITIVO PRÉ- sometidos a amputación de miembro inferior
OPERATÓRIO DO IDOSO - S278 con bloqueo de nervio periférico guiado por
Cláudia Maia Memória, Gabriela Tognini Saba, Gisele Maria Siaulys, ultrasonido - S293
Charlize Kessin de Oliveira Sales, Monica Robles Gonçalves,
Ana Bernal Alcalá, Jimmy Ospina Capcha
Maria José Carvalho Carmona

Experiencia en el uso de tramadol subcutáneo


para el manejo del dolor postoperatorio en
Artigos Premiados – CLASA población pediátrica - S299
Ana Sofía Del Castillo Sardi
Inyección epidural de betametasona en el síndrome
radicular lumbosacro: evaluación preliminar de su
eficacia - S280 SÍNDROME de bertolotti: ¿Causa infrecuente
Pablo Castromán, Marta Surbano, Santiago Ayala, Ana de lumbago? - S306
Schwartzmann, Sofía Castelli Fernando Furest Robaina
Rev Bras Anestesiol. 2017;67 (Supl. 1):S1-S279

Revista Brasileira
de Anestesiologia
Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
www.sba.com.br

64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia


Curitiba, 10 a 14 de novembro de 2017
FAZENDO A DIFERENÇA

I) Administração e Qualidade Conclusão: Os fatores que interferem na duração de caso de um


procedimento cirúrgico são diversos, a estimativa baseada em da-
dos subjetivos não representa a melhor escolha.
TLO801 ANÁLISE RETROSPECTIVA COMPARATIVA DA Referência:
DURAÇÃO DE CASO NUM PROCEDIMENTO CIRÚRGICO 1. Shukla RK, Ketcham JS, Ozcan YA. Comparison of subjective ver-
sus data base approaches for improving efficiency of operanting
ENTRE O TEMPO ESTIMADO PELO CIRURGIÃO E O
room scheduling. Health Serv Manage RES.1990;3:74-81.
REALIZADO
Gustavo Luchi Boos, Jorge Hamilton Soares Garcia,
Rodrigo Nolasco de Souza*, Luiz Fernando Soares, TLO243 AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA INCORPORAÇÃO
Marcos Lazaro Loureiro, Maurício Sperotto Ceccon DE UM MODELO DE ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PRÉ-
Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, Hospital OPERATÓRIO NO FLUXO DE CUIDADO DOS PACIENTES
Governador Celso Ramos NA SRPA E NA INCIDÊNCIA DE COMPLICAÇÕES NO PÓS-
OPERATÓRIO IMEDIATO
Justificativa e objetivos: A eficiência no agendamento das salas de
cirurgia requer a máxima precisão na estimativa do tempo usado Claudia de Souza Gutierrez, Luciana Paula Cadore Stefani,
em cada procedimento, minimiza o sub ou o sobreuso de um agen- Wolnei Caumo, Rafael Mohr Limberger*, Eduardo Kohls Toralles,
damento cirúrgico, melhora o aproveitamento da carga de trabalho Gabriela Leal Gravina
de um centro cirúrgico, assim como de um serviço de anestesia. Na Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil
maioria dos hospitais esse tempo é estimado de forma subjetiva
pelo próprio cirurgião. Nossa hipótese é que o cirurgião subestima a Justificativa e objetivos: A estratificação do risco de mortalidade
duração de caso num procedimento cirúrgico. Assim, o objetivo do e complicações no período perioperatório ainda é um desafio aos
nosso estudo foi comparar a duração estimada pelo cirurgião com o profissionais de diferentes áreas ligadas à assistência do pacien-
tempo realmente dispendido naquele procedimento. te. Embora existam diferentes modelos de estratificação de risco
Método: Estudo observacional retrospectivo, através da análise descritos na literatura, não há um instrumento validado, de fácil
de um banco de dados de um hospital privado de nível terciário. aplicabilidade, que possa servir universalmente para a predição de
Foram incluídos no estudo os procedimentos cirúrgicos de diversos risco perioperatório. As taxas de complicações pós-cirúrgicas per-
cirurgiões e especialidades distintas, feitos entre janeiro de 2012 e manecem elevadas e a sinalização dos pacientes de maior risco é
julho de 2017. Através da análise descritiva, inferir a relação média fundamental para que se direcionem cuidados apropriados, estra-
entre os valores estimados e o real da duração do procedimento ci- tégias preventivas e adequada alocação de recursos. O objetivo do
rúrgico, relacionados aos cirurgiões, tipos de procedimento e portes trabalho é avaliar prospectivamente o impacto da incorporação de
cirúrgicos mais frequentes, bem como a classificação ASA de cada um modelo de estratificação de risco pré-operatório (Modelo SAM-
paciente. Usou-se o teste t de Student para comparação de médias PE) no fluxograma de atendimento ao paciente na sala de recupera-
absolutas. ção pós-anestésica (SRPA) e na incidência de chamadas do Time de
Resultado: Foram incluídos 29.625 procedimentos, a média ± DP Resposta Rápida (TRR) no pós-operatório imediato.
em minutos da duração de caso estimada foi de 112,30 ± 64,29 e a Método: Trata-se de um estudo observacional, de base de dados,
duração de caso real de 141,90 ± 107,79, com uma diferença média que comparou a incidência de complicações pós-operatórias na
de 29,86 ± 89,40 minutos (p < 0,0001). Em média, os cirurgiões unidade de internação através do número de chamadas ao TRR
subestimaram em 36,4% a duração de caso do procedimento, em antes e após a implantação do modelo de risco. O modelo de risco
1,8% das vezes o valor estimado foi igual ao valor real, em 33% desenvolvido foi o Modelo SAMPE – que incorpora quatro variáveis:
dos procedimentos houve uma diferença máxima de 20% tanto para idade, classificação ASA, porte cirúrgico (maior, intermediário e me-
super como para subestimar o tempo real. Em procedimentos em nor) e caráter da cirurgia (eletiva ou urgência). O modelo foi desen-
pacientes ASA IV a duração de caso foi subestimada em 70% (± 9,2%), volvido e validado através da análise retrospectiva de um banco de
enquanto que ASA I, II e III mantiveram-se na média. Não foi possível dados de 20.834 pacientes cirúrgicos de um hospital universitário. O
estabelecer relação entre o cirurgião ou especialidade com maior projeto tem aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com número
número de procedimentos e uma maior aproximação do valor real. de inscrição 16-0229.

© 2017 Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda.


S2 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Resultado: Foram coletados para análise os dados de 6.945 pacientes comparados com a literatura internacional (incidência aproximada
cirúrgicos admitidos na SRPA, entre janeiro de 2016 e fevereiro de de 5,8%). No entanto, deve-se lembrar que mesmo nos centros de
2017. Desses, 3.974 são do grupo controle (antes da implantação do excelência a cultura da notificação do evento adverso ainda não
modelo) e 2.971 são do grupo estratificado e identificado de acordo está nacionalmente difundida, e pode, com isso, prejudicar a notifi-
com o Modelo SAMPE. Ocorreram 530 chamados do Time de Resposta cação e consequentemente a incidência em nosso meio.
Rápida durante esse período, para esses grupos de pacientes durante Referência:
a internação na enfermaria. Para o controle de possíveis variáveis 1. Koh W, Kim H, Kim K, Ro YJ, Yang HS. Encountering unexpected
confundidoras e para determinar a possível associação entre múlti- difficult airway: relationship with the intubation difficulty scale.
plos preditores que influenciam as chamadas ao TRR, um modelo de Korean J Anesthesiol. 2016;69:244-9.
regressão logística está sendo desenhado. Os dados ainda estão em
análise e estarão disponíveis na apresentação deste tema livre.
Conclusão: É esperado que a incorporação do Modelo SAMPE impacte TLP525 GERENCIAMENTO DO FLUXO DE PACIENTES NA
positivamente no fluxo de atendimento do paciente cirúrgico e sina- SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA
lize aqueles pacientes que necessitam permanecer mais tempo sob Luiza Alexi Freitas*, Marcelo Gustavo Angeletti, Vanda Regina
cuidados intensivos ou semi-intensivos. Machado, Luciana Cadore Stefani, Patrícia Wajnberg Gamermann
Referências:
1. Moonesinghe SR, Mythen MG, Grocott MPW. High-risk surgery: Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil
Epidemiology and outcomes. Anesth Analg. 2011;112:891-901. Justificativa e objetivos: A sala de recuperação pós-anestésica
2. Pearse RM, Harrison D, James P, et al. Identification and char- (SRPA) tem um papel importante tanto na recuperação adequada
acterisation of the high-risk surgical population in the United dos pacientes submetidos à anestesia como na dinâmica e rotativi-
Kingdom. Crit Care. 2006;10:1-6. dade dos procedimentos feitos no bloco cirúrgico. A má gestão dos
leitos da SRPA pode levar a atrasos e cancelamentos de procedi-
mentos cirúrgicos. O objetivo do estudo é reduzir atrasos e cance-
TLO596 DADOS PRELIMINARES SOBRE A INCIDÊNCIA DE lamentos de procedimentos cirúrgicos através do aprimoramento da
INTUBAÇÃO DIFÍCIL EM UM SERVIÇO PRIVADO DE SÃO rotatividade dos pacientes na SRPA.
PAULO Método: Foi instituída uma planilha eletrônica compartilhada para
Gabriel Soares de Sousa*, André Luis Ottoboni, Regiane Xavier Dias, coleta de informações regulares referentes à situação dos leitos da
Guilherme Moura, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto sala de recuperação. No período da manhã, início e fim da tarde foi
feita a coleta de informações por uma equipe administrativa junta-
Serviços Médicos de Anestesia Ltda., São Paulo, SP, Brasil mente com a equipe de anestesistas sobre a condição clínica de cada
Introdução: Até o presente momento, os dados nacionais a respeito paciente que ocupava cada leito na SRPA. Os pacientes foram catalo-
de via aérea difícil (VAD) e de intubação difícil são escassos. Para gados nas seguintes denominações: 1) paciente sem previsão de alta;
tanto, foi feita uma análise descritiva de um indicador de qualidade 2) paciente com alta, porém sem leito disponível na enfermaria; 3)
acompanhado por nosso serviço, com o objetivo de avaliar a inci- paciente com alta prevista em algumas horas; 4) paciente com alta,
dência de intubação difícil durante o ano de 2016. mas com atraso de saída da SRPA; 5) paciente que aguardava o trans-
Método: Faz-se rotineiramente a análise das informações contidas porte para o leito na enfermaria. Após esse inventário, trabalhou-se
nas fichas de indicadores de qualidade da anestesia, fornecidas a com os entraves circunstanciais para as altas dos pacientes. Ações
todos os médicos anestesiologistas no período perioperatório. Esses como contato com o gestor de leitos do hospital para direcionar leitos
prontuários são revisados com o foco de identificar o diagnóstico de prioritariamente aos pacientes da SRPA, contato com as enfermeiras
VAD e intubação difícil, além de observar-se a necessidade de uso da enfermaria para agilizar o transporte dos pacientes e com as enfer-
de outros dispositivos para o acesso a via aérea, como videolaringos- meiras da SRPA para agilizar a passagem dos casos. Além disso, fez-se
cópios, fibroscópios, solicitação de ajuda e outros dados correlatos. o mapa das cirurgias em andamento na parte da tarde para previsão
da possibilidade ou não de cumprimento das cirurgias agendadas.
No presente estudo analisaram-se os dados de 1 de janeiro até 31
Resultado: Após seis meses de implantação dessa iniciativa, houve
de dezembro de 2016 com o objetivo de quantificar a incidência de
melhoria significativa no fluxo de pacientes na SRPA. Houve redução
VAD no departamento de anestesia de um hospital terciário privado
do tempo que o anestesiologista espera por maca da SRPA após o
da cidade de São Paulo.
término do procedimento cirúrgico e houve redução do número de
Resultado: Durante o período supracitado, fizeram-se 31.924 pro-
cancelamentos de cirurgias no fim do dia por falta de leito em SRPA.
cedimentos anestésicos no presente hospital, dos quais 45 (0,15%)
Conclusão: A dinâmica de admissões e altas na SRPA foi aprimorada
foram relatados como intubação difícil e/ou VAD não prevista. Ape-
através da implantação de medidas administrativas simples e envol-
sar de a avaliação pré-anestésica incluir a classificação de Mallam-
vimento de equipe multidisciplinar.
pati-Samsoon-Young, mobilidade e circunferência cervicais, distân-
Referência:
cia mento-tireoidiana, abertura bucal e apresentação prognata ou
1. Stefani LC, Menezes LFR, Felix EA. Rotinas da sala de recupera-
retrognata, 33 (73%) dos casos de VAD foram definidos como VAD
ção pós-anestésica. In: Gamermann PW, Stefani LC, Felix EA. Ro-
não reconhecida ou não prevista; 30 (66,6%) dos casos de VAD só ob-
tinas em anestesiologia e medicina perioperatória. Porto Alegre:
tiveram sucesso a partir da terceira tentativa, dos quais três (10%)
Artmed, 2017;534-47.
foram feitos por um segundo anestesista; 24 (53,3%) casos só foram
solucionados com o auxílio de dispositivos para acesso de via aérea
difícil, como fibroscópios e videolaringoscópios. TLO437 INCIDÊNCIA DE DESPERTAR INTRAOPERATÓRIO EM
Conclusão: O manejo da VAD é uma situação de elevada morbimor-
CIRURGIAS ELETIVAS SEM MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
talidade. Os estudos sobre preditores de VAD são de difícil execução
devido à baixa incidência desse cenário e às definições amplas (po- Carla Valéria Rocha Ramos Giorgetta*, Luiz Paulo Pereira Prado,
dem ir desde a chamada de ajuda a uma situação clínica específica Reno Queiroz, Tania Carla de Menezes Cortez,
até a dificuldade de ventilação, ou de intubação propriamente dita, Antonio Henrique Magalhães Plischke
enfrentada por um profissional com treinamento regular). No cená-
Hospital Municipal Salgado Filho, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
rio nacional, este é o primeiro estudo que demonstra dados prelimi-
nares sobre a incidência de VAD não prevista. Surpreendentemente, Justificativa e objetivos: O despertar intraoperatório, evento ad-
nossos resultados são bastante satisfatórios (0,15% de incidência) se verso da anestesia geral, deve-se ao desequilíbrio entre a proteção
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S3

farmacológica e a agressão cirúrgica, ocorre em cerca de 20.000 de cada procedimento. Os dados foram comparados com os registros
casos/ano. A consciência intraoperatória é avaliada por entrevis- alimentados por intensivistas no momento da recepção do paciente
ta formal ou no pós-operatório, quando o paciente refere o inci- cirúrgico na UTI. Foram analisados os dados de 60 pacientes, dividi-
dente. O pós-operatório imediato parece ser o momento ideal da dos em dois grupos: (A) Informações verbais do anestesiologista, (B)
avaliação. Sintomas: ansiedade, irritabilidade, insônia, pesadelos Informações através do checklist. O checklist foi formatado em qua-
repetidos, depressão e preocupação com a morte. O BIS reduz em tro módulos: 1) módulo história prévia (peso, altura, estado men-
77% esses eventos adversos, porém seu uso é limitado no Brasil. tal, alergias, vícios, doenças atuais, medicações em uso, cirurgias
Fatores de risco: pacientes ASA III e IV, cirurgia obstétrica, cardíaca, e anestesias anteriores, complicações, observações do exame físico
trauma, uso de bloqueadores neuromusculares e via aérea difícil. O e laboratorial); 2) módulo anestésico (técnica anestésica, via aérea
objetivo é avaliar a ocorrência desse evento, com vistas à melhoria difícil, cateteres vasculares, outros cateteres); 3) módulo cirúrgico
da técnica anestésica. (cirurgia feita, duração, antibiótico/profilaxia, hidratação, débito
Método: Um estudo prospectivo observacional. Até o momento fo- urinário, intercorrências, hemoderivados, drogas vasoativas/inotró-
ram avaliados 20 pacientes, ASA I e II, entre 18-60 anos, submetidos picas e outras drogas em infusão contínua); 4) módulo admissão na
a anestesia geral, sem medicação pré-anestésica, indução com fen- UTI (hora, nível de consciência: Ramsay e Glasgow, tipo de ventila-
ção, dados vitais, dados laboratoriais, analgesia).
tanil 5 mcg/kg, lidocaína 1-2 mg/kg, propofol 1-2 mg/kg e rocurô-
Resultado: Quando se compararam os grupos, o grupo A apresentou
nio 0,6-1,2 mg/kg, sulfato de magnésio 30-50 mg/kg, remifentanil
maiores diferenças de comunicação, com discrepâncias entre o re-
0,1-0,5 mcg/kg/min ou peridural contínua com ropivacaína 0,5% e
latório do intensivista e o registrado na ficha de anestesia. O grupo
manutenção com sevoflurano acima de 0,8 CAM para procedimentos
B apresentou uma comunicação mais uniforme entre os médicos,
em cirurgia geral e ginecologia com duração de 40 a 230 minutos.
melhorou o perfil de segurança do paciente (p < 0,05).
Todos monitorados com cardioscópio, PANI, capnógrafo, oxímetro
Conclusão: Em nosso estudo, a adoção do checklist eletrônico as-
de pulso, BIS (entre 40-60) e avaliação de movimentos intraopera- sociada à comunicação verbal diminuiu a possibilidade da omissão
tórios. Os pacientes assinaram termo de consentimento informado de questões importantes, que podem ser esquecidas caso se use so-
e foram avaliados na visita pré-anestésica. Para detecção da cons- mente a comunicação verbal, e aumenta a segurança do paciente.
ciência intraoperatória, aplicou-se o questionário Brice logo após a Referência:
extubação, 24-48h e sete dias após a cirurgia. 1. Bagatini A, Prates C. Lista de verificação cirúrgica (checklist) na
Resultado: Dos 20 pacientes, nenhum (0%) referiu consciência in- prática anestesiológica. In: Neto SVL, Diego LAS, Brandão JCM, et
traoperatória, três (15%) relataram sonho durante anestesia geral al. Segurança do paciente e prática médica. SBA, outubro/2014;
no pós-operatório imediato, dois (10%) nas 24-48h e um (5%) em 70-75.
sete dias subsequentes; quatro (20%) relataram se lembrar das úl-
timas palavras do anestesista no pós-operatório imediato, quatro
(20%) nas 24-48h e dois (10%) em sete dias subsequentes; nenhum
paciente com experiências ruins durante o período.
Conclusão: Um n maior viabilizaria uma melhor avaliação e até II) Anestesia Ambulatorial
mesmo um estudo comparativo com uso de benzodiazepínicos como
medicação pré-anestésica. O BIS oferece uma maior segurança na
incidência do fenômeno estudado. A CAM mínima de 0,8, adjuvan- TLP733 COMPLICAÇÃO CARDIOVASCULAR (IAM) EM
tes, aparelhagem adequada e atenção ao paciente são essenciais CIRURGIA AMBULATORIAL
para anestesia de qualidade. Em caso do despertar intraoperatório,
torna-se primordial o acompanhamento do paciente para evitarmos Izabella Fernandes Feracini*, Flávia Lopes Delgado,
sequelas no pós-operatório. Eduardo Piccinini Viana, Jaime Weslei Sakamoto,
Referências: Jorge Barrios Alarcon, Vinícius Pinheiro Teles
1. Nunes RR, Porto VC, Miranda VT, et al. Fatores de risco para o Complexo Hospitalar de São Bernardo do Campo, São Bernardo do
despertar intraoperatório. Rev Bras Anestesiol. 2012;62:3:365-74. Campo, SP, Brasil
2. Khan MF, Samad K, Shamim F, Ullah H. Awareness during anesthe-
sia – an update. Middle East J Anaesthesiol. 2008;19:4:723-35. Introdução: Cirurgias de pequeno porte em regime ambulatorial
podem apresentar complicações graves, principalmente as cardio-
vasculares, em pacientes idosos. Mesmo com todos os benefícios
TLO445 O PAPEL DO CHECKLIST ELETRÔNICO NA do procedimento ambulatorial, esses pacientes devem sempre ser
TRANSFERÊNCIA DE PACIENTES DO CENTRO CIRÚRGICO avaliados de forma adequada e ter os cuidados perioperatórios se-
melhantes aos não ambulatoriais. A literatura é escassa em traba-
PARA UTI E SUA REPERCUSSÃO NA SEGURANÇA DO
lhos que demonstrem as complicações perioperatórias em pacientes
PACIENTE
idosos nesse regime. O objetivo deste trabalho é demonstrar uma
Rohnelt Machado de Oliveira, Mayara Galante Negri*, complicação no intraoperatório de cirurgia ambulatorial, enfatizar
Beatriz Locks Bidese, Angélica Melissa Díaz García, a importância da avaliação pré-anestésica na redução da morbimor-
Eduardo Cesar Scherer, Ana Carolina Ferreira Ratin talidade (classificar o risco de eventos cardiovasculares) e diagnos-
ticar precocemente uma intercorrência a fim de evitar desfecho
Hospital Nossa Senhora das Graças, Curitiba, PR, Brasil
desfavorável.
Justificativa e objetivos: Torna-se de extrema importância o Relato de caso: Paciente masculino, 71 anos, 76 kg, hipertenso con-
aprimoramento de habilidades e competências para fazer uma co- trolado havia 10 anos com enalapril 5 mg/dia, tabagista (35 maços/
municação eficaz na transferência de um paciente cirúrgico para a ano), foi admitido em ambulatório oftalmológico, unidade tipo II,
UTI. A complexidade e a relevância da comunicação eficaz repercu- para feitura de Vitrectomia Via Pars Plana devido a descolamento
tem na segurança do paciente. Avaliar o processo de comunicação de retina. Apresentava nos exames complementares: hemograma e
de anestesiologistas e intensivistas através da elaboração de um RX tórax sem alterações, ECG com sobrecarga de ventrículo esquer-
instrumento de sistematização eletrônico foi o objetivo. do, avaliação cardiológica com liberação havia 15 dias. Paciente
Método: Estudo baseado num banco de dados eletrônico criado den- foi encaminhado para sala operatória com FC: 63 bpm, PA: 142/83
tro do sistema de gerenciamento hospitalar, permite ao anestesio- mmHg, Sat.O2: 98%, cardioscopia sem alterações; venóclise em MSD
logista registrar um checklist das condições do paciente ao término 20 G e cateter de O2- 2 L/min. Foi feita sedação com fentanil 50
S4 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

mcg + diazepan 5 mg EV e bloqueio peribulbar com ropivacaína a Discussão: O Heidelberg Peri-anaesthetic Questionnaire provou-
0,75% associada a hialuronidase 40 UTR/mL, pelas vias canto in- se uma ferramenta útil na identificação dos pontos de insatisfação
ferolateral (3 mL) e canto superomedial (4 mL). O procedimento dos pacientes. Essa ferramenta permitiu a identificação do perfil
estimado em uma hora e 30 minutos foi interrompido a cerca de 50 dos grupos de pacientes insatisfeitos dentro das diversas etapas do
minutos do início, pois o paciente iniciou com dor precordial tipo atendimento que envolvem a equipe de anestesia. Esses resultados
aperto, de forte intensidade, que irradiava para membro superior tornam possível o estabelecimento de prioridades nas diferentes
esquerdo, associada a náuseas. Imediatamente, houve alteração em etapas de atenção, com o objetivo de buscar uma maior satisfação
cardioscopia (supradesnivelamento de segmento ST), FC de 41 bpm, dos pacientes com os cuidados anestésicos.
PA: 85/42 mmHg. Solicitamos ao cirurgião a interrupção do procedi- Referências:
mento para estabilização hemodinâmica. Foram administrados 300 1. Schiff JH, Fornaschon AS, Frankenhauser S, et al. The Heidelberg
mg de AAS sublingual, 30 mcg de fentanil EV e 5 mg de dinitrato Peri-anaesthetic Questionnaire – development of a new refined
de isossorbida sublingual e foi feito contato médico em unidade psychometric questionnaire. Anaesthesia. 2008;63:1096-104.
hospitalar de referência. Transportado por ambulância com apoio 2. Moura AC, Ferreira MA, Barbosa J, et al. Satisfação com cuidados
médico após 25 minutos. Foi submetido a cateterismo e angioplas- anestésicos. Acta Med Port. 2014;27:33-41.
tia, em unidade terciária, devido a obstrução de artérias DA e CX e
colocação de stent.
Discussão: A avaliação pré-anestésica de pacientes que serão sub-
metidos a um procedimento ambulatorial é de máxima importân-
cia para identificar precocemente os indivíduos que apresentam III) Anestesia e Terapia Intensiva
um maior risco de morbimortalidade. Revela-se fundamental para
a programação anestésico-cirúrgica, orienta as condutas a serem
tomadas e interfere positivamente no prognóstico. TLO490 ANALGESIA APRIMORADA COM PERIDURAL
CONTÍNUA EM TRAUMA TORÁCICO – SEU PAPEL
NO CONTROLE DE VARIÁVEIS RESPIRATÓRIAS E
TLO304 CONTROLE DE QUALIDADE EM ANESTESIA HEMODINÂMICAS NO CTI
AMBULATORIAL: AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS NA VISÃO DOS Briana Alva Ferreira*, Flávio Elias Callil, Paula Rios Gomes,
PACIENTES Victória Régia dos Santos Freitas Lins,
Jeconias Neiva Lemos, Lavínia Dantas Cardoso Neiva Lemos, Caroline Garnier Farias de Lima Martins, Marina Silva Junqueira
Davi Jorge Fontoura Solla, Danilo Dantas Cardoso Neiva Lemos*, Hospital Estadual Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Norma Sueli Pinheiro Modolo
Introdução: O trauma torácico contuso representa cerca de 70%
Departamento de Anestesiologia, Faculdade de Medicina de das injúrias da caixa torácica. O trauma nem sempre leva à lesão
Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita de parênquima, porém a fratura dos ossos da caixa torácica impõe
Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil complicações respiratórias decorrentes da dor. Limitação ventila-
Justificativa e objetivos: A qualidade dos serviços prestados em tória, tosse ineficaz e atelectasia podem levar à descompensação
anestesiologia, que usualmente são medidos por índices de morbi- respiratória. A analgesia tem papel fundamental na recuperação
dade e mortalidade, passou a levar em consideração a satisfação dos desses pacientes. Este estudo tem por objetivo relatar o processo
pacientes nas diversas etapas do atendimento. Como satisfação é o de controle de dor e suas variáveis dentro de uma UTI com uso de
analgesia peridural contínua.
resultado dos cuidados prestados segundo a perspectiva do cliente,
Relato de caso: C.S.R., 50 anos, hipertensa, obesa. Internada na
essa medida proporciona uma base para que se possa melhorar os
emergência após esmagamento por ônibus. Na admissão, encontra-
cuidados na anestesiologia. Portanto, este estudo tem como objeti-
va-se lúcida, taquidispneica, taquicárdica e hipertensa. Relatava
vo avaliar o atendimento perianestésico em uma unidade de cirurgia
dor intensa em tórax, feita tomografia que evidenciou fratura de
ambulatorial, com base nas medidas de satisfação dos pacientes.
2ª a 6ª costelas à direita e 3ª a 8ª à esquerda, esterno e hemotórax
Método: Usamos o Heidelberg Peri-anaesthetic Questionnaire para
sem indicação de drenagem. Sem outras lesões associadas. Levada
avaliar as medidas de satisfação nas diversas etapas do atendimen-
ao CTI, recebeu analgesia venosa e apoio ventilatório não invasivo
to perianestésico em pacientes submetidos a cirurgia em regime
nas primeiras horas. Anestesiologistas da equipe decidiram instalar
ambulatorial. Respostas para cada questão foram ranqueadas como
e manejar um cateter peridural com vistas a um maior conforto da
“1”, “2”, “3” e “4” de acordo com a escala de Likert, corresponde- paciente e manejo do quadro respiratório. O cateter foi instalado
ram a “totalmente insatisfeito”, “insatisfeito”, “satisfeito” e “to- no nível de T6-T7 e iniciada terapia com ropivacaína e fentanil. As
talmente satisfeito”. Questões com escore de insatisfação abaixo da doses foram tituladas de acordo com a escala visual analógica de
média geral menos um desvio-padrão (DP) e questões com um alto dor e variáveis hemodinâmicas. O cateter permaneceu posicionado
DP interno foram selecionadas para análise de correlação. Foi feita por 12 dias; foram feitas diariamente avaliações acerca da intensi-
uma análise de regressão logística multivariada que correlacionou dade de dor, pressão arterial, PCO2 e PO2 arteriais. De acordo com
o grau de insatisfação nas questões com os dados de caracterização essas avaliações, o anestesiologista traçava a conduta em relação à
dos pacientes (idade, gênero, escolaridade, estado físico ASA), da analgesia. Nesse período foi necessária administração de ropivacaí-
anestesia (tipo, tempo e experiência prévia) e da especialidade ci- na 0,2% 20 mL em cerca de 70% das visitas. O fentanil foi mantido
rúrgica. em bomba infusora em doses entre 20-30 mcg por hora. A analgesia
Resultado: Avaliamos 1.211 pacientes de ambos os sexos, entre 18- permitiu que a paciente tivesse uma melhor adaptação à VNI, o
65 anos. Questões relacionadas à insatisfação envolveram o medo da que aprimorou seu quadro respiratório. No momento da retirada do
anestesia e da cirurgia, a sensação de frio, a necessidade urgente cateter, foram feitos 3 mg de morfina e foi iniciada analgesia veno-
de urinar e a dor na região operada, assim como a preocupação e a sa. Após 24 horas de retirada do cateter, a paciente encontrava-se
brevidade da equipe em aliviar a dor do paciente. Ser jovem, do sexo eupneica, normotensa e recebeu alta do CTI.
feminino, com nível de escolaridade superior completo, anestesia Discussão: A analgesia epidural tem grandes vantagens no paciente
geral, um longo tempo cirúrgico e cirurgias ginecológicas e urológicas crítico com trauma torácico sem indicação cirúrgica. Sua principal
foram variáveis relacionadas com um maior nível de insatisfação. vantagem é o aumento de até 27% na CRF quando comparada sua
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S5

aplicação com a terapia parenteral. Esse fato reduz a taxa de ne- anti-inflamatório e o impacto sobre a mortalidade que foi verifi-
cessidade de ventilação mecânica e, consequentemente, há menor cado em animais em quadro de choque séptico.
taxa de complicações associadas. O uso de analgesia regional no CTI Referências:
deve ponderar a relação risco/benefício, e as indicações para o seu 1. Hirota K, Lambert DG. Ketamine: new uses for an old drug? Br J
uso devem ser individualmente estabelecidas. A confirmação dos re- Anaesth. 2011;107:123-6.
sultados encontrados na bibliografia necessita ainda de avaliações 2. Waxman K, Shoemaker WC, Lippmann M. Cardiovascular ef-
acerca do assunto, já que ainda não há estudos suficientes, apesar fects of anesthetic induction with ketamine. Anesth Analg.
dos desfechos favoráveis. 1980;59:355-8.
Referência:
1. Hakim SM, Latif FS, Anis SG. Comparison between lumbar and
thoracic epidural morphine for severe isolated blunt chest wall
trauma: a randomized open-label trial. J Anesth. 2012;26:836-44.
IV) Anestesia e Transplante
TLP917 AVALIAÇÃO DA MORTALIDADE ASSOCIADA AO USO
DE CETAMINA PARA INTUBAÇÃO EM PACIENTES CRÍTICOS: TLO413 ANESTESIA NO TRANSPLANTE DE RIM DE DOADOR
REVISÃO SISTEMÁTICA VIVO NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE BOTUCATU: FATORES
DE INFLUÊNCIA PARA O DESFECHO
Rodolfo Carvalho Soeiro Machado*, Victor Guilherme Bittar Souto,
Cátia Sousa Govêia, Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Yara Marcondes Machado Castiglia,
Luís Cláudio de Araújo Ladeira, Denismar Borges de Miranda Luiz Gustavo Mondelli de Andrade, Leopoldo Muniz da Silva,
Verusca Michele Oliva*
Centro de Anestesiologia da Universidade de Brasília (UnB),
Brasília, DF, Brasil Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
Justificativa e objetivos: A indução anestésica para intubação de
pacientes hipotensos em estado crítico é um evento desafiador. A Objetivo: Estudar fatores que influenciaram o sucesso do transplan-
cetamina foi associada à redução de mortalidade in vivo de modo te renal de doador vivo.
dose-dependente, com redução significativa na produção de TNF- e Método: Estudo de coorte retrospectiva analítica, prontuários de
IL-6 em ratos sépticos, tornou-se a opção promissora para doentes Hospital Universitário de 160 receptores de rins e seus doadores. No
críticos e sépticos, mas ainda não há revisão acerca do perfil de segu- doador e receptor, estudaram-se dados de avaliação pré-anestési-
rança no uso em tais pacientes. O objetivo desta revisão sistemática ca, anestesia e anestésicos empregados e, no receptor, tempos de
de estudos observacionais e ensaios clínicos foi avaliar a mortalidade isquemia quente e fria, complicações no pós-operatório, evolução
em até 30 dias associada ao uso de cetamina em pacientes críticos. do TX quanto à creatinina sérica (Cr) – redução de 50% em 24h e
Método: Buscaram-se estudos na Medline, idioma inglês, de 1990 normalização em até 119h – e relação desses comportamentos com
a 2017, com as palavras-chave “ketamine” AND (“critical illness” alta hospitalar. Análise estatística: regressão de Poisson com técnica
OR “sepsis”) AND “intubation” AND “mortality”. De 416 artigos en- de passos para trás.
contrados, seis foram selecionados e após busca manual mais dois Resultado: Nos receptores, com intervalo de confiança 95%: fatores
foram acrescentados. protetores para redução inicial da Cr, hipertensão arterial, razão de
Resultado: Ao avaliar fatores de risco relacionados à mortalida- prevalência (RP) 0,49 (0,26-0,92), p = 0,020, anestesia inalatória,
de pós-indução em pacientes críticos, encontraram-se hipotensão RP 0,36 (0,18-0,69), p < 0,001; fatores de risco para não normaliza-
arterial e colapso cardiovascular e nenhum dos dois estudos en- ção da Cr, idade > 20 anos [entre 30-39 anos, RP 8,84 (2,05-38,11),
contrados mostrou que cetamina está relacionada ao desenvolvi- p = 0,003], tempo de isquemia fria > 120 min, RP 1,87 (1,06-3,29),
mento de hipotensão nesses pacientes. Um ensaio clínico rando- p = 0,020. Sem redução inicial esperada da Cr, ocorreu alta hospi-
mizado controlado que comparou o uso de etomidato e cetamina talar tardia.
em pacientes críticos não encontrou diferença entre os grupos em Conclusão: No receptor, foram fatores protetores para iniciar re-
relação ao escore de Sofa, condições de intubação e mortalidade dução da Cr hipertensão prévia e anestesia inalatória e, para sua
em 28 dias. normalização, idade < 20 anos e tempo adequado de isquemia fria.
Conclusão: Apesar de a cetamina ser adequada para uso em pa- Com redução inicial da Cr, a alta pode ocorrer em menor tempo.
cientes críticos e não implicar maior taxa de mortalidade nessa Referências:
população, há duas situações em que se questiona o seu uso: pa- 1. Gossmann J, Wilhelm A, Kachel HG, et al. Long-term consequenc-
cientes com trauma cranioencefálico, devido ao aumento de pres- es of live kidney donation follow-up in 93% of living kidney donors
são intracraniana, e pacientes em choque refratário com depleção in a single transplant center. Am J Transplant. 2005;5:2417-24.
dos estoques de catecolaminas. Porém, estudo de revisão demons- 2- Baid-Agrawal S, Frei UA. Living donor renal transplantation: re-
tra que os efeitos sobre a pressão intracraniana são atenuados ou cent developments and perspectives. Nat Clin Pract Nephrol.
2007;3:31-41.
revertidos pelo estabelecimento de ventilação controlada e que o
aumento da pressão de perfusão cerebral pelo aumento da pres-
são arterial é mais importante do que o aumento da pressão in- TLO137 ANESTESIA PERIDURAL PARA TRANSPLANTE
tracraniana. Sobre os pacientes em choque refratário, há apenas
RENAL EM PACIENTE COM HISTÓRIA DE VIA AÉREA DIFÍCIL
relato de dois em choque que evoluíram com parada cardíaca após
E MÚLTIPLAS COMORBIDADES
uso de cetamina para intubação em sequência rápida. Entretanto,
não foi possível avaliar se a parada decorreu do efeito depressor Henrique Zechlinski Xavier de Freitas*, Giorgio Pretto, Filipe de
da cetamina em situação de depleção de catecolaminas ou por Alencar Matos, Carolina Quintana de Quadros Brenner, Caio César
dose excessiva de anestésico em uma situação clínica na qual se Sampaio de Castro Nôleto, Roberta Parastchuk
questiona até o uso de hipnóticos. A partir dessa revisão sistemá-
Hospital Municipal São José (HMSJ), Joinville, SC, Brasil
tica, observa-se que a cetamina tem aplicabilidade no contexto
de pacientes críticos, sem evidência de aumento de mortalidade, Introdução: O transplante renal é a terapia de escolha em casos de
mas também não há estudos em humanos sobre o possível efeito insuficiência renal crônica (IRC) terminal. Ao anestesiar o receptor
S6 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

do órgão, deve-se dar preferência a drogas que não dependam de em fevereiro de 2017 no HC-UFMG com quadro de pioria clínica
metabolismo e excreção renais. A maioria dos centros adota como da ICC. Na internação foi iniciada dobutamina a 7,5 mcg/kg/min.
padrão a anestesia geral com drogas de metabolismo predominante- Evoluiu com flutter atrial tratado com impregnação de amiodarona
mente plasmático, associada ou não ao bloqueio peridural. e retorno ao ritmo sinusal. Em março, devido a nova pioria clínica,
Método e Resultado: Paciente L.M.S., feminino, 41 anos, com histó- foi iniciada noradrenalina e implantado BIA, foi então submetido ao
ria de lúpus eritematoso sistêmico, IRC dialítica por nefrite lúpica, transplante cardíaco. Feita sedação com midazolam 1,5 mg, ceta-
síndrome do pulmão encolhido, miastenia grave e asma, encontra-se mina 15 mg e fentanil 30 mcg para monitoração. Após confirmação
no centro cirúrgico para fazer transplante renal de doador cadáver, da retirada do órgão doador foi feita a indução com lidocaína a
cirurgia suspensa anteriormente por falha na intubação orotraqueal 1 mg/kg/h, sufentanil alvo 0,2 ng/mL, propofol alvo 2 mcg/mL e
após indução anestésica. Em uso de azatioprina, gabapentina, piri- rocurônio 0,6 mg/kg. Mantida dobutamina durante o período pré-
dostigmina, hidroxicloroquina, prednisona e sevelâmer. Negava aler- CEC e optado por anestesia venosa total nas doses citadas. Tempo
gias e vícios. Jejum de 12 horas. Exame físico sem alterações. Pesava de CEC: 85’, tempo de isquemia: 125’. Na saída da CEC, paciente
58 kg e media 1,6 m. Apresentava Mallampati 3 sem outros preditores apresentou BAVT, foi implantado MP com eletrodo epicárdico e tam-
de via aérea difícil. Trazia avaliação fibrobroncoscópica com paralisia bém foi identificado sangramento aumentado; foram administrados
de prega vocal esquerda associada a estenose subglótica de traqueia. plaquetas, complexo protrombínico, DDAVP e cloreto de cálcio, sem
Diálise feita por fístula arteriovenosa em MSE quatro horas antes da boa resposta clínica. Feito então fechamento do tórax com com-
cirurgia. Exames pós-diálise evidenciavam hemoglobina 10 g/dL, pressas. Paciente evoluiu no fim do ato operatório com três episó-
143.000 plaquetas, creatinina 3 mg/dL, ureia 43 mg/dL, sódio 134 dios de TV sustentada, sem resposta à cardioversão elétrica; houve
mEq/L, potássio 3,4 mEq/L, TAP 83%, KTTP 34seg e ECG sinusal. Ad- retorno ao ritmo de MP após 300 mg de amiodarona seguido por
mitida em sala cirúrgica, avaliada como ASA 3, cateter venoso jelco lidocaína em bólus. Manteve hipotensão, necessitou de noradrena-
18G em mão direita, monitoração com cardioscopia, pressão arterial lina, vasopressina e dobutamina. Na UTI, paciente apresentou PCR
não invasiva, oximetria de pulso e diurese. Midazolam 3 mg IV como em AESP revertida após 15’ de RCP. Porém, evoluiu com pioria da
medicação pré-anestésica. Punção peridural sob perda de resistência micro-hemodinâmica, com óbito no POI.
ao ar, nível T9/T10, implantado cateter e infundidos 100 mg de ro- Discussão: O coração transplantado é exposto a uma série de alte-
pivacaína 1% associada a 10 mcg de sufentanil. Iniciada sedação com rações anatômicas e fisiológicas que podem levar a arritmias, cujos
dexmedetomidina 2,5 mcg/kg/h por 20 minutos e manutenção com principais mecanismos envolvidos na gênese são o tempo de isque-
0,7 mcg/kg/h. Feito repique peridural de 50 mg de ropivacaína 1% mia, o tipo de anastomose e a rejeição do enxerto. O desenvolvi-
após uma hora do bloqueio, infundidos 1.000 mL de ringer lactato, mento de arritmias pós-transplantes é um preditor de pior resultado
usados como adjuvantes dimenidrinato 18 mg e ondansetron 4 mg. clínico, especialmente as taquiarritmias ventriculares ou arritmias
Cirurgia feita em três horas sem intercorrências, sedação Ramsay duplas/triplas, como a existente no caso relatado, no qual houve a
4, estabilidade hemodinâmica e oximetria de 98% em ar ambiente. presença de BAVT e TV sustentada. A terapia pré-transplante com
Instalada bomba de PCA com 4 mL/h de ropivacaína 0,33%, retirada amiodarona tem sido associada com bradicardia sinusal pós-trans-
em dois dias com controle álgico adequado. plante, requer MP temporário ou permanente em alguns pacientes
Conclusão: Vários estudos mostram que a anestesia locorregional devido à redistribuição da amiodarona dos tecidos do receptor para
pode ser empregada com êxito para o transplante renal. A o coração transplantado.
anestesia locorregional tem estabilidade cardiovascular e grau de Referência:
complicações semelhantes à anestesia geral, porém com melhor 1. Hamon D, Taleski J, Vaseghi M, Shivkumar K, Boyle NG. Arrhyth-
analgesia pós-operatória. Os riscos do bloqueio nesse tipo de pa- mias in the heart transplant patient. Arrhythm Electrophysiol
ciente estão ligados principalmente ao efeito residual da heparina Rev. 2014;3:149-55.
da diálise, plaquetopenia e a disfunção plaquetária, mesmo com
contagem de plaquetas normal.
Referências: TLO333 AVALIAÇÃO CONTÍNUA DA CONSCIÊNCIA
1. Hirata ES, Baghin MF, Pereira RIC, et al. Influência da técnica COM ÍNDICE BISPECTRAL NO INTRAOPERATÓRIO DE
anestésica nas alterações hemodinâmicas no transplante renal: TRANSPLANTE HEPÁTICO
estudo retrospectivo. Rev Bras Anestesiol. 2009;59:166-76.
Frederico Resende Azevedo Parreira*, José Carlos Rodrigues
2. Ricaurte L, Vargas J, Lozano E, et al. Anesthesia and kidney
transplantation. Transplant Proc. 2013;45:1386-91. Nascimento, Rogean Rodrigues Nunes, Tiêgo Rodrigues de Oliveira
Pires, Cristiane Gurgel Lopes, Rômulo Frota Lôbo
CET, Hospital Geral do Inamps, Fortaleza, CE, Brasil
TLO368 ARRITMIAS NO TRANSPLANTE CARDÍACO:
Introdução: Pacientes submetidos a transplante hepático devido à
RELATO DE CASO
cirrose hepática crônica com encefalopatia hepática têm múltiplas
Rafaela Souto e Souza*, Fernanda Rebouças Botelho, alterações da função do fígado, que podem levar a hipertensão in-
Renato Machado de Almeida Junior, tracraniana e por isso é importante a monitoração do nível de cons-
Mariana Reines Bevilaqua Sullavan, Alexandre Mio Pos, ciência no intraoperatório do transplante. O BIS (bispectral index) é
Marcos Daniel de Faria um parâmetro não invasivo crucial para o adequado manejo desses
pacientes.
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais
Relato de caso: E.A.S., 27 anos, sexo feminino, diagnosticada com
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
cirrose hepática crônica e encefalopatia hepática, comatosa, intu-
Introdução: O transplante cardíaco ortotópico é a terapia em longo bada sob ventilação mecânica e em uso de droga vasoativa. Exame
prazo mais efetiva para a doença cardíaca terminal. Corações trans- físico: EG grave, MELD (43), PAM: 67 mmHg, FC: 85 bpm. Exames
plantados geralmente apresentam ritmo sinusal na sala cirúrgica laboratoriais: Hb = 7,7 g/dL; Ht = 21,8%; plaquetas = 43.000;
após a reperfusão e a maioria dos pacientes não apresenta arritmias INR = 7,5; TTPa rel = 3,9; Cr = 1,2 mg/dL; Ureia = 53 mg/dL;
significativas no pós-operatório. O desenvolvimento de arritmias K = 4,3. Paciente foi monitorada com oximetria de pulso, cardios-
pós-transplantes é um preditor de pior prognóstico. copia, monitoração minimamente invasiva, capnografia e BIS. A
Relato de caso: A.F.M., 65 anos, IC idiopática havia sete anos, com anestesia foi mantida com infusão contínua de tiopental, gluconato
FEVE 23% e CF da NYHA IV. Sem outras comorbidades. Internado de cálcio e cisatracúrio; fentanil em bólus, manitol e elevação da
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S7

cabeceira a 30º. Durante o transplante, o BIS variou de 12-14 com cardíacas ou no ecocardiograma. Recebeu alta da UTI no sexto dia
taxa de supressão entre 66-71 no início da cirurgia, antes das dro- de pós-operatório sem sequelas.
gas anestésicas até a reperfusão. Após a reperfusāo houve melhoria Discussão: A apresentação clínica da paciente é compatível com os
do BIS (26-29) e da taxa de supressão (43-10); mantiveram-se as casos relatados em literatura de edema pulmonar não cardiogênico
mesmas doses dos agentes anestésicos, sem aprofundar a anestesia. secundários a TRALI ou lesão pulmonar secundária à lesão por isque-
Discussão: Pacientes com encefalopatia hepática apresentam mia/reperfusão hepática. A distinção entre essas duas entidades é
múltiplas alterações cerebrais devido à não metabolização de muito difícil, porque os fatores predisponentes são os mesmos. Em
substâncias tóxicas pelo fígado (produtos nitrogenados, amônia o estudo retrospectivo que analisou os casos de edema pulmonar não
principal deles). Essas substâncias tóxicas são capazes de influen- cardiogênico em receptores de transplante hepático, não se conse-
ciar a leitura do BIS, com taxa de supressão alta e BIS baixo (estado guiu isolar preditor de risco significativo, apesar da maior incidência
comatoso). Na paciente em questão, após transplante hepático e no sexo feminino.
reperfusão, houve melhoria dos parâmetros do BIS (diminuição da Referência:
taxa de supressão e aumento do BIS), visto que o enxerto trans- 1. Morita Y, Pretto EA Jr. Increased incidence of transfusion-related
plantado pode já atuar no metabolismo e diminuir as substâncias acute lung injury during orthotopic liver transplantation: a short
tóxicas que agiam na função cerebral. Pacientes submetidos a report. Transplant Proc. 2014;46:3593-7.
transplante hepático necessitam de monitoração cerebral contínua
com o BIS para evitar plano anestésico profundo, que possa causar
lesão cerebral. TLO305 COMPLICAÇÃO PERIOPERATÓRIA NO
Referências: TRANSPLANTE RENAL – TROMBOSE DA ARTÉRIA ILÍACA
1. Hwang S, Lee SG, Park JI, et al. Continuous peritransplant as- EXTERNA
sessment of consciousness using bispectral index monitoring for
Julia Maria Olsen, Kelson Sousa Jacobina,
patients with fulminant hepatic failure undergoing urgent liver
transplantation. Clinical Transplantation. 2010;24:91-7. Luiz Guilherme Villares da Costa, Thales Abreu Tedoldi,
2. Toprak HI, Sener A, Gedik E, et al. Bispectral index monitoring Carolina Ashihara*
to guide end- tidal isoflurane concentration at three phases of Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
operation in patients with end- stage liver disease undergoing
orthotopic liver transplantation. Transplant Proc. 2011;43:892-5. Introdução: Apesar da melhoria no resultado dos transplantes re-
nais obtida nos últimos anos, há alta prevalência de complicações
perioperatórias. O manejo anestésico tem papel fundamental na
TLP037 CHOQUE E EDEMA PULMONAR NÃO diminuição dessas complicações e no sucesso do procedimento.
Relato de caso: Paciente feminino, 40 anos, 48 kg, 155 cm, insufi-
CARDIOGÊNICO EM TRANSPLANTE HEPÁTICO – RELATO DE
ciência renal crônica dialítica por doença cística. Diálise entre 2010
CASO
e 2012, transplante renal em 2012, rejeição do órgão com reiní-
Raisa Melo Souza*, Alexandre Bottrel Motta, cio da diálise em 2014 e binefrectomia e enxertectomia em 2016.
Luiz Guilherme Villares da Costa, Thales Abreu Tedoldi, Capacidade funcional > 4 METS. Submetida a transplante renal
Kelson Sousa Jacobina (doador cadáver) sob anestesia geral. Monitoração: cardioscopia,
pressão arterial não invasiva, oximetria de pulso, capnografia e ín-
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
dice biespectral. Acesso periférico 18G e permcath em veia jugular
Introdução: Complicações pulmonares perioperatórias são muito interna, sem possibilidade de outro cateter venoso central. Em uso
comuns, mas sua incidência em transplantes hepáticos ainda é mo- de thymoglobulina. Indução anestésica com 100 mcg de fentanil,
tivo de investigações. A complicação mais comum é o edema agudo, 100 mg de propofol, 20 mg de cetamina e 50 mg de cisatracúrio,
que pode ser cardiogênico ou não cardiogênico, e ocorre em 14% a intubação orotraqueal e manutenção com anestesia venosa total
47% dos receptores hepáticos. As principais causas de edema agudo (profofol e remifentanil em infusão contínua). Recebeu 1.000 mL
não cardiogênico nos transplantes são lesão pulmonar secundária à de PlasmaLyte® e 500 mL de manitol até o momento da reperfusão,
lesão por isquemia/reperfusão hepática e lesão pulmonar aguda re- foi necessária noradrenalina. Na anastomose da artéria renal, PAM
lacionada à transfusão (TRALI), e o diagnóstico específico entre elas de 94 mmHg, mas frêmito da artéria renal lábil. Após reperfusão
pode ser difícil. O edema pulmonar grave aparece após a transfusão apresentou hipotensão (PAM 60 mmHg), recebeu 2.500 mL de Plas-
e normalmente após a reperfusão hepática, com hipóxia, necessi- maLyte®, 40 g de albumina, quatro concentrados de hemácias e
dade de drogas vasoativas e pioria dos parâmetros ventilatórios. A noradrenalina. Após término do procedimento, foi levada à UTI,
incidência geral de edema agudo relacionado à TRALI é de 0,075% sob IOT e noradrenalina. Evoluiu com perda do rim enxertado e
a 0,12%; a incidência em transplantes hepáticos é maior, embora foi abordada no dia seguinte; foi identificada ausência de fluxo na
ainda não determinada em grandes estudos. artéria e na veia renal e extensa trombose em artéria ilíaca exter-
Relato de caso: Paciente feminino, 63 anos, com cirrose hepática na e feita enxertectomia do rim transplantado e enxerto arterial
criptogênica, MELD 15 sem outras comorbidades prévias, foi subme- ilíaco-ilíaco externo.
tida a transplante hepático. Recebeu anestesia geral balanceada, Discussão: Trombose arterial é uma complicação possível no
monitorada com cardioscópio, oxímetro de pulso, capnografia, pres- transplante renal e uma das principais causas de perda precoce
são arterial invasiva com cálculo indireto de índice cardíaco, moni- do enxerto, e pode ser ocasionada por hipotensão. Apesar de a
toração de nível de consciência e temperatura esofágica. Durante a manutenção de volemia e pressão arterial ser de fundamental im-
cirurgia, recebeu dois concentrados de hemácias, 510 mL recupera- portância, a pressão de perfusão ideal no momento da reperfusão
dos por cell saver, 3.000 mL de cristaloides e 300 mL de albumina. renal não está estabelecida e a melhor estratégia de reposição
No fim do procedimento apresentou queda progressiva da pressão de fluidos no transplante também está em debate. O uso de dro-
arterial, taquicardia, queda da saturação de hemoglobina, queda gas vasoativas é aceito, e acredita-se que a hipotensão seja mais
do EtCO2 e saída de líquido claro pelo tubo endotraqueal. Recebeu deletéria do que a possível vasoconstrição renal. A monitoração
doses crescentes de noradrenalina em infusão contínua, adrenalina invasiva da pressão arterial é indicada para casos selecionados e
em bólus, hidrocortisona, difenidramina e ranitidina, pela hipótese nem sempre é facilmente obtida. Outros preditores da trombo-
de choque anafilático, e foi levada para UTI. Não apresentou al- se arterial são fatores inerentes à técnica cirúrgica e a fatores
terações eletrocardiográficas, alterações significativas de enzimas imunológicos. Estudos mostram que presença do IgA-aB2GP1 está
S8 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

associada à maior incidência de trombose e se questiona se a an- TLO677 FATORES DE RISCO PRÉ-OPERATÓRIOS PARA
ticoagulação seria benéfica. LESÃO RENAL AGUDA APÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO:
Referências: RESULTADOS DE UM ESTUDO TRANSVERSAL NO NORDESTE
1. Lemmens JM. Kidney transplantation: recent developments and DO BRASIL
recommendations for anesthetic management. Anesthesiology
Clin N Am. 2004;22:651-62. Lia Cavalcante Cezar, Raimundo Martins Gomes Junior,
2. Schmid S, Jungwirth B. Anaesthesia for renal transplant surgery: Francisco Israel Araújo Costa*, Renata de Paula Joca da Silva,
an update. Eur J Anaesthesiol. 2012;29:552-8. Cláudia Regina Fernandes, Fernanda Paula Cavalcante
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Universidade
Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
TLO555 DISTÚRBIO DE COAGULAÇÃO SEVERO
Justificativa e objetivos: Lesão renal aguda (LRA) é uma complica-
DIAGNOSTICADO PELA TROMBOELASTOMETRIA APÓS PCR
ção comum no pós-operatório imediato do transplante hepático. O
NO TRANSPLANTE HEPÁTICO: RELATO DE CASO
objetivo foi avaliar os fatores de risco pré-operatórios para LRA após
José Carlos Rodrigues Nascimento, Edson Bulamarque Lopes Neto, o transplante hepático.
Cristiane Gurgel Lopes Farias, Sara Lucia Ferreira Cavalcante, Método: Foi feito estudo transversal com adultos submetidos a
Manuela Bezerril Cipião Fernandes, Iana de Almeida Siqueira*, transplante hepático ortotópico em um hospital de referência em
Edson Bulamarque Lopes Neto Fortaleza, nordeste do Brasil, de janeiro a dezembro de 2016. Fo-
ram avaliados os fatores de risco pré-operatórios para o desenvol-
Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil vimento de LRA no pós-operatório. LRA foi definida de acordo com
Introdução: Entre 8% e 30% dos receptores de transplante sofrem os critérios do Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO).
da síndrome pós-reperfusão (SPR). A monitoração através de mé- Resultado: Foram incluídos 40 pacientes no estudo. LRA foi encon-
todos de tromboelastometria é importante durante o transplante trada em 85% dos casos nas primeiras 24 horas após o transplante,
hepático, para auxiliar na correção dos distúrbios de coagulação no a maioria deles (40%) foi classificada no estágio KDIGO 1. Os dados
perioperatório. pré-operatórios indicaram que os níveis séricos de albumina eram
Relato de caso: M.L.N., 60 anos, portadora de cirrose hepática por menores nos pacientes no estágio KDIGO 3, em comparação com o
vírus C e hepatocarcinoma. Internou-se para transplante hepático, grupo sem LRA, bem como os níveis de hematócrito. Os níveis de
com colecistectomia aberta prévia. Exame físico: orientada, MELD: bilirrubina direta (BD) eram maiores nos pacientes no estágio KDIGO
20, PA: 140 × 90 mmHg, FC: 89 bpm. Laboratório: Hb: 9,7 g.dL-1; 3 em comparação com o grupo sem LRA, bem como os níveis de
plaquetas: 48.040; INR: 1,4. Monitorada com oximetria de pulso, fosfatase alcalina (FA) e gama-glutamiltransferase (GGT). Em um
cardioscopia, pressão arterial invasiva, débito cardíaco, variação de modelo de regressão logística, os fatores de risco independentes
volume sistólico e saturação venosa central contínua. Indução: fen- para LRA foram: níveis elevados de FA, GGT e BD e níveis reduzidos
tanil 300 µg, etomidato 20 mg e succinilcolina 70 mg. Manutenção: de albumina.
isoflurano 1% a 2%. Início da cirurgia: FIBTEM: MCF = 0 mm. Apresen- Conclusão: Níveis reduzidos de albumina sérica e níveis elevados de
tou sangramento intenso, foi iniciada noradrenalina e depois vaso- BD, FA e GGT no período pré-operatório são fatores de risco para o
pressina, Hb variou de 8,3 g.dL-1 para 3,3 g.dL-1. Foram feitos: 6 CH, desenvolvimento de LRA após o transplante hepático.
Referências:
4 g de fibrinogênio, 2.000 UI de complexo protrombínico. Fase ane-
1. Barreto AGC, Daher EF, Silva Junior GB, et al. Risk factors for
pática, EXTEM: ML = 100%, CT = 115’’, CFT = 469’’, MCF = 29 mm.
acute kidney injury and 30-day mortality after liver transplanta-
FIBTEM: MCF = 4 mm. Hb = 3,6 g.dL-1. Foram administrados 4 CH, 5
tion. Ann Hepatol. 2015;14:688-94.
g de ácido épsilon-aminocaproico e 4 UI de PFC. Durante a fase de
2. Erdost HA, Ozkardesler S, Akan M, et al. Comparison of the RI-
reperfusão, evoluiu com PCR, inicialmente em TV e FV, depois com
FLE, AKIN, and KDIGO diagnostic classifications for acute renal
AESP. Feitos oito ciclos de reanimação com compressões cardíacas,
injury in patients undergoing liver transplantation. Transplant
desfibrilação e 8 mg de adrenalina. Houve retorno da circulação
Proc. 2016;48:2112-8.
espontânea após 20 minutos de PCR. A gasometria, antes da PCR,
apresentou: pH: 6,95, Hb: 7,4 g.dL-1 e lactato: 121 mg.dL-1, foram
administrados bicarbonato de sódio e cálcio. Gasimetria após PCR,
TLP523 INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO ENTRE A DIFERENÇA
pH: 7,9, Hb: 6,5 g.dL-1 e lactato: 102 mg.dL-1. Na fase neo-hepática
após PCR: EXTEM: ML = 0, CT = 477’’, MFC = 9 mm. FIBTEM: MCF
VENOARTERIAL DE CO2 E O CONTEÚDO ARTERIOVENOSO
= 0 mm. INTEM: CT = 699’’, MCF: 7 mm. Hb = 6,5. Para correção, DE O2 NO DESFECHO DE PACIENTES SUBMETIDOS A
foram feitos: 04 CH, 06 UI PFC, 20 UI de crioprecipitado e uma afé- TRANSPLANTE HEPÁTICO
rese de plaquetas. Após intervenção: EXTEM: ML = 0, CT = 85’’, CFT Amanda de Figueiredo Calili*, Lívia Pereira Miranda Prado,
= 340’’, Ângulo alfa = 43, MCF = 41 mm. FIBTEM: MCF = 10 mm. Days Oliveira de Andrade, Francisco Ricardo Marques Lobo,
INTEM: CT = 500’’, CFT = 457’’, ângulo alfa = 37, MCF = 37 mm. Débhora Dayanne Tres, Camila Vioto
Hb = 7,9 g.dL-1. Foi levada à UTI. Foi reoperada com anastomose
da artéria frênica no POI e recebeu alta hospitalar no 12o dia de Funfarme/Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
pós-operatório. (Famerp), São José do Rio Preto, SP, Brasil
Discussão: Neste caso foram feitas manobras efetivas de reanima- Justificativa e objetivos: O desenvolvimento de hipóxia tecidual
ção, acompanhadas pela capnografia e pelo controle dos distúrbios é uma das principais causas de falência orgânica pós-operatória e
hidroeletrolíticos e ácido básico. Os distúrbios de coagulação foram mortalidade após cirurgias de grande porte. O reconhecimento pre-
tratados de forma eficaz, usou-se a terapia específica guiada pelo coce e a correção da inadequação da perfusão tecidual são, portan-
ROTEM® . to, de importância especial na abordagem desses pacientes. Estudos
Referência: prévios propuseram o gradiente venoarterial central de dióxido de
1. Straub A, Schiebold D, Wendel HP, et al. Using reagent-supported carbono (ΔPCO2 = PvCO2-PaCO2) como uma medida útil para carac-
thromboelastometry (ROTEM®) to monitor haemostatic changes terizar o estado de fluxo insuficiente. Em situações de hipóxia teci-
in congenital heart surgery employing deep hypothermic circula- dual com baixo débito cardíaco, ocorre uma redução na produção
tory arrest. Eur J Cardiothorac Surg. 2008;34:641-7. global de CO2 e uma redução na depuração de CO2. Como resultado,
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S9

ocorre um aumento na ΔPCO2. Em situações de hipóxia tecidual com mg/dia. Todos os pacientes evoluíram com melhoria da sintomato-
débito cardíaco alto ou normal, no entanto, o ΔPCO2 pode estar logia após três, seis, 12 e 18 meses, respectivamente, sem sequelas
reduzida ou inalterada. A combinação entre a ΔPCO2 e a variação motoras permanentes. Além do posicionamento e do tempo prolon-
de conteúdo arteriovenoso de O2 (C(a-v)O2 = [CaO2-CvO2]) foi des- gado de cirurgia, outros fatores de risco para neuropatia periférica
crita como outra estratégia para a detecção de hipóxia tecidual foram encontrados, como: hipertensão arterial sistêmica, diabetes
nessas situações. Uma ΔPCO2 relativamente maior do que a C(a-v)O2 mellitus e desnutrição. Apenas um paciente não tinha fator de risco
pode sugerir a presença de produção anaeróbica de CO2 e, portan- pré-operatório conhecido para lesão de nervo periférico.
to, detectar estados de hipóxia. O objetivo do estudo foi avaliar a Discussão: A lesão perioperatória de nervo radial, apesar de ser
influência da relação ΔPCO2/C(a-v)O2 na mortalidade hospitalar de uma complicação rara e de bom prognóstico, está associada ao
pacientes submetidos ao transplante hepático (geralmente cirróti- prejuízo do retorno do paciente ao estado pré-operatório e pode
cos hiperdinâmicos). trazer complicações médico-legais à equipe, que deve estar atenta
Método: Foram analisados dados de prontuário de 137 indivíduos ao posicionamento e outros fatores de risco do paciente que podem
submetidos a transplante hepático entre 04/02/2011 e 31/05/2016 predispor a essa complicação. A semelhança da lesão de nervo radial
em um estudo transversal. Aplicou-se análise de variância para es- nos casos é significativa: em nenhum deles houve injúria direta cau-
tudo comparativo entre os grupos. sada ao nervo pela cirurgia, assim como também não foi injetada
Resultado: Para relação > 1,8 a mortalidade no grupo CHILD A foi substância neurotóxica; além disso, a cirurgia de transplante hepá-
67%, comparada a 32% com relação ≤ 1,8 (p = 1,00). No grupo tico é sabidamente um procedimento em que há, no curso natural,
CHILD C houve mortalidade em 72% dos pacientes com relação > períodos de grande instabilidade hemodinâmica e de distúrbios hi-
1,8 comparado a 28% com relação ≤ 1,8 (p = 0,60). A mortalidade droeletrolíticos. Além disso, dois dos quatro pacientes da série de
de pacientes classificados em CHILD B com relação > 1,8 foi de 73% casos foram submetidos à reoperação de transplante hepático, com
comparada a 27% com relação ≤ 1,8 (p = 1,00). Na análise entre exposição a fatores de risco já citados, que podem potencializar
grupos, o grupo CHILD A apresentou mais indivíduos (78%) com rela- uma nova disfunção de nervo periférico.
ção ≥ 1,8 do que o grupo CHILD B (70%) (p = 0,75). O grupo CHILD A Referências:
também apresentou maior número de indivíduos (78%) com relação 1. Cheney FW, Domino KB, Caplan RA, Posner KL. Nerve injury asso-
≥ 1,8 quando comparado ao CHILD C (69%) (p = 0,57). Também não ciated with anesthesia: a closed claims analysis. Anesthesiology.
houve diferença entre os grupos CHILD B e C para relação ΔPCO2/C(a 1999;90:1062-9.
-v)O2 (p = 1,00). Para mortalidade, ficaram livres de evento 68% de 2. Kroll DA, Caplan RA, Posner K, Ward RJ, Cheney FW. Nerve injury
pacientes com relação < 1,8, comparados a 73% com relação ≥ 1,8 associated with anaesthesia. Anesthesiology. 1990;73:202-7.
em 30 dias de seguimento (p = 0,44).
Conclusão: ΔPCO2/C(a-v)O2 não influencia na mortalidade intra-
hospitalar, o que deve ser confirmado em casuística mais numerosa TLP539 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA DECORRENTE
e maior tempo de seguimento. DE HIPERCALEMIA DURANTE TRANSPLANTE HEPÁTICO –
Referências: RELATO DE CASO
1. Emmanuel R, Emmanuel F, Oscar P, et al. Central venous-to-ar-
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of venoarterial PCO2 difference with arteriovenous O2 content Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil
difference to detect anaerobic metabolism in patients. Intensive
Care Med. 2002;28:272-7. Introdução: A hipercalemia é frequente durante o transplante he-
pático. A concentração sérica de potássio deve ser mantida dentro
de uma faixa estreita, pois uma concentração muito alta pode acar-
TLO327 NEUROPATIA RADIAL APÓS TRANSPLANTE DE retar graves consequências, como arritmias cardíacas ou parada
cardíaca. Relatamos um caso de hipercalemia intraoperatória no
FÍGADO: SÉRIE DE CASOS
transplante hepático e sua repercussão no ritmo cardíaco.
Mariana Marques Albuquerque Teixeira*, Relato de caso: Paciente, masculino, 56 anos, 65 kg, ASA III, por-
Danuta Maria Duarte Bezerra de Lima, tador de cirrose por esquistossomose, MELD 21. INR = 1,54 e ECG
Gustavo Michel da Cunha Cruz, Juliano Farias Cordeiro, normal. Foi submetido a transplante hepático sob anestesia geral.
Elissa Carla Pinto Jaques, Carlos Alberto Campos Falcão Filho Foram administrados 6.000 mL de ringer lactato albuminado a 2%.
Na hepatectomia houve hipercalemia diagnosticada pela gasome-
Hospital Jayme da Fonte, Recife, PE, Brasil
tria: pH = 7,32; PaCO2 = 41 mmHg; HCO3 = 20,8 mmol.L-1; BE =
Introdução: Lesão de nervo periférico é uma rara complicação após -4,2; hemoglobina (Hb) = 5,8 g.dL-1; lactato = 38 mg.dL-1; K+ = 5,6
cirurgia sob anestesia geral. Os nervos mais envolvidos nas injúrias meq.L-1; Ca++ = 4,48 mg.dL-1. O ECG apresentou pico da onda T, pro-
perioperatórias são os do plexo braquial. A incidência de lesão iso- longamento de PR, achatamento da onda P e alargamento de QRS.
lada do nervo radial é de 3% das lesões nervosas perioperatórias. As Foram administrados dois concentrados de hemácias (CH) e 250 mL
possíveis etiologias incluem hipovolemia, desidratação, hipotensão, do cell saver; 65 mEq de NaHCO3; 100 mL de glicose a 50% com 10
hipóxia e distúrbios hidroeletrolíticos, posicionamento e compres- UI de insulina; 2 g de gluconato de cálcio 10%. Na fase anepática
são de partes moles. houve correção do potássio e normalização do ECG: Gasimetria: pH
Relato de caso: Quatro pacientes, três mulheres, de 60, 32 e 16 = 7,26; Lactato = 48 mg.dL-1; K+ = 4,1 meq.L-1; Hb = 6,3 g.dL-1. Antes
anos e um homem de 60 anos, submetidos à cirurgia de transplante da reperfusão foram administrados: 1 CH e 50 mL do cell saver; 65
hepático ortotópico sob anestesia geral em posição supina, com o mEq de NaHCO3 IV e gluconato de cálcio 10%, 20 mL.h-1 em BIC.
braço esquerdo abduzido, apresentaram no período pós-operatório Dez minutos após a reperfusão, o paciente apresentou alteração
queixas relacionadas ao nervo radial no membro superior esquerdo. do ECG: pico da onda T, prolongamento de PR, achatamento da
Ao exame clínico, suspeitou-se de lesão do nervo radial em nível onda P e alargamento de QRS. Foi de imediato colhida gasimetria,
supracondiliano, confirmado por eletroneuromiografia. Não houve que evidenciou acentuada hipercalemia (pH = 7,34; lactato = 33
tratamento específico. Apenas o paciente do sexo masculino rece- mg.dL-1; K+ = 5,9 meq.L-1; Hb = 7,5 g.dL-1) e administrados 100 mEq
beu tratamento fisioterápico e medicamentoso com amitriptilina 25 de NaHCO3 IV, 100 mL de glicose a 50% com 10 UI insulina IV, 2 g
S10 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

de gluconato de cálcio 10% e 10 mg IV de furosemida. Em segui- Com o advento e a difusão da tromboelastografia, o tratamento
da, o paciente evoluiu com parada cardiorrespiratória (assistolia); desses distúrbios tornou-se cada vez mais específico e eficaz. No
foi administrada adrenalina (1 mg IV a cada três minutos) e foram entanto, muitas vezes não dispomos dos reagentes específicos a fim
feitas compressões torácicas; depois evoluiu para fibrilação ventri- de usar a tecnologia como um todo. No presente caso, diante da
cular, com reversão após uma desfibrilação com 200 Joules. Após suspeita da produção de substância heparinoide pelo enxerto, usou-
12 minutos da parada, houve retorno da circulação espontânea. No se o TCA para o diagnóstico diferencial e conseguiu-se com sucesso
fim da cirurgia, após administração de 1 CH e 200 mL cell saver, o tratar o distúrbio existente.
paciente foi levado para a UTI, com droga vasoativa e sob ventila- Referências:
ção mecânica. Houve normalização do ECG e correção do potássio: 1. Kettner SC, Gonano C, Seebach F, et al. Endogenous heparin-like
gasimetria (pH = 7,34; PaCO2 = 34,3 mmHg; HCO3 = 19,2 mmol.L-1; substances significantly impair coagulation in patients undergoing
BE = -6,5; lactato = 23 mg.dL-1; K+ = 4,2 meq.L-1; Ca++ = 4,73 mg.dL-1; orthotopic liver transplantation. Anesth Analg. 1998;86:691-5.
Hb = 8,7 g.dL-1). 2. Senzolo M, Agarwal S, Zappoli P, Vibhakorn S, Mallett S, Bur-
Discussão: A hipercalemia no intraoperatório de transplante hepá- roughs AK. Heparin-like effect contributes to the coagulopathy
tico requer tratamento imediato, para evitar desfecho desfavorá- in patients with acute liver failure undergoing liver transplanta-
vel como arritmias e parada cardiorrespiratória, principalmente na tion. Liver Int. 2009;29:754-9.
fase de reperfusão, na qual a hipercalemia é mais comum e acen-
tuada, por causa da conservação do enxerto com uma solução rica
em potássio. TLP672 REATIVAÇÃO DO SERVIÇO DE TRANSPLANTE
Referência: RENAL EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO. SÉRIE DE CASOS
1. Sahmeddini MA, Khosravi MB. Severe acute hyperkalemia during
Rafaella Campanholo Gradinete, Luiz Gustavo Orlandi de Sousa,
pre-anhepatic stage in cadaveric orthotopic liver transplanta-
Patrícia de Fátima Zanata Ribeiro Alves Gonçalves,
tion. Iran J Med Sci. 2012;37:208-10.
Ana Cláudia Albernaz Valente*, Paula Cristina Barros de Matos
Santa Casa de Campo Grande, Campo Grande, MS, Brasil
TLP857 PRODUÇÃO DE SUBSTÂNCIA HEPARINOIDE EM
Introdução: No cenário brasileiro, há claras disparidades regionais
TRANSPLANTE DE FÍGADO APÓS A REPERFUSÃO
no desempenho dos transplantes, as quais estão diretamente rela-
Enis Donizetti Silva, Cássio Campello de Menezes, cionadas às diferentes densidades populacionais, ao PIB e ao núme-
Claudia Marquez Simões, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto, ro de equipes multiprofissionais treinadas. O impacto da escolha
Maia Nogueira Crown Guimarães*, Leonardo de Freitas Nascimento anestésica para o paciente a ser transplantado ainda é controverso
no retardo da função do enxerto e no desfecho tardio. A anestesia
Serviços Médicos de Anestesia Ltda., São Paulo, SP, Brasil
geral é a técnica mais empregada devido à segurança oferecida por
Hospital Sírio-Libanês, São Paulo, SP, Brasil
anestésicos inalatórios praticamente desprovidos de efeitos tóxicos
Introdução: O transplante de fígado é um dos procedimentos mais no rim e agentes venosos de baixa excreção renal. Esta série de
complexos da cirurgia moderna. Nenhum outro interfere com tan- casos delineia o resultado da reativação do serviço de transplante
tas funções do organismo. Muitas são as intercorrências que podem renal em um hospital terciário.
ocorrer; uma delas é a liberação pelo enxerto de uma substância Descrição da série: No decorrer de 18 meses (fevereiro de 2016 a
semelhante à heparina no momento da reperfusão. O diagnóstico julho de 2017), foram feitos 11 transplantes renais, sete doadores
muitas vezes é difícil e depende do reconhecimento da equipe e da falecidos e quatro vivos; 82% dos receptores foram do sexo mascu-
pronta administração do reversor. lino e 18% do feminino, de 21 a 65 anos (47 ± 11,87). Os transplan-
Relato de caso: Paciente de 62 anos, diagnóstico de cirrose gor- tes ocorreram com tempo anestésico de 225 a 410 minutos (301
durosa não alcoólica, MELD 35, estável hemodinamicamente, en- ± 52,62) e tempo cirúrgico de 155 a 285 minutos (213 ± 36,11).
cefalopatia grau I, submeteu-se a transplante de fígado. Indução Observou-se preferência pela anestesia venosa total (73%) e a infu-
anestésica sem intercorrências. Durante o intraoperatório, houve são de cristaloides no transoperatório variou de 2.450 a 8.950 mL
a necessidade de usar noradrenalina 0,1 µg/kg/min para a manu- (4.789 ± 2.290) individualizada de acordo com o comportamento da
tenção de uma pressão arterial média de 70 mmHg. A análise da PVC. Durante as anestesias, houve necessidade de infusão de drogas
tromboelastometria inicial mostrou padrão normal da coagula- vasoativas em 18% dos casos e hemotransfusões em 9% dos casos
ção; no entanto, não dispúnhamos do reagente para fazer o canal sem correlação com a técnica anestésica. O tempo de isquemia fria
para o teste de heparina. Reperfusão do enxerto foi feita sem variou de 60 a 107 minutos (85,75 ± 19,12) para os rins de doadores
intercorrências, foi colhido um novo tromboelastograma 30 minu- vivos e de 310 a 1.440 minutos (711,14 ± 406,26) para os rins de
tos após a reperfusão, que apresentou diminuição do fibrinogênio doadores falecidos; 36% dos pacientes apresentaram diurese ainda
(MCF 3 mm) e que foi corrigida com 3 g de concentrado de fibri- no transoperatório, e todos foram levados para o CTI no POI; apenas
nogênio, devido a pequeno sangramento difuso. Após cerca de um (9%) transplantado apresentou falência na terapia de respiração
uma hora do último tromboelastograma, ainda havia sangramento espontânea e não foi extubado em sala cirúrgica. Observou-se im-
difuso nas bordas da ferida cirúrgica. Fez-se tromboelastrogra- portante queda da creatinina após o transplante renal: a dosagem
ma, que apresentou aumento do tempo de coagulação no Intem. inicial foi de 9,44 ± 3,32 e a final de 2,65 ± 1,63. O índice de com-
Aventou-se a possibilidade de ser efeito de substância heparinoi- plicações pós-operatórias imediatas (choque vasoplégico, coleção
de e, devido à falta do reagente específico para o tromboelas- retroperitoneal, trombose da veia renal e estenose de anastomose
tograma, optou-se pela coleta do tempo de coagulação ativada arterial) foi de 36%, culminando em remoção do rim transplantado
(TCA), que resultou em 584 segundos. Com esse resultado em para 27% dos pacientes.
mãos, administraram-se empiricamente duas ampolas de prota- Discussão: A reativação de um serviço de transplante renal tem re-
mina (20 mg) e observou-se melhoria do sangramento e queda do levância incontestável para a saúde nacional. A viabilidade do en-
TCA para 150 segundos. Ao fim do procedimento cirúrgico, pa- xerto depende de máxima eficiência e comprometimento de todos
ciente apresentou-se estável clinicamente, foi transferido à UTI os envolvidos nos cuidados perioperatórios. A partir desta série de
intubado e sem sinais de sangramento ativo. casos e análise crítica dos dados compilados, vislumbramos desfe-
Discussão: O manejo anestésico do hepatopata é um desafio. Um chos tardios mais favoráveis com foco na qualidade de vida do pa-
dos distúrbios mais proeminentes dos cirróticos é a coagulopatia. ciente transplantado.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S11

Referências: TLO391 USO DE FIBRINOGÊNIO SINTÉTICO COMO


1. Spiro MD, Eilers H. Intraoperative care of the transplant patient. ALTERNATIVA AO CRIOPRECIPITADO NO TRANSPLANTE
Anesthesiol Clin. 2013;31:705-21. HEPÁTICO
2. Pecoits-Filho R, Rosa-Diez G, Gonzalez-Bedat M, et al. Renal
replacement therapy in CKD: an update from the Latin Ame- Luiz Guilherme Villares da Costa, Kelson Sousa Jacobina,
rican Registry of Dialysis and Transplantation. J Bras Nefrol. Raffael Pereira Cezar Zamper, Enéas Eduardo Sucharski*,
2015;37:9-13. Carolina Ashihara, Flávio Takaoka
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil

TLO352 TRANSPLANTE HEPÁTICO DOMINÓ DE PACIENTE Justificativa e objetivos: Há uma tendência mundial de aumento
PORTADOR DE POLINEUROPATIA AMILOIDÓTICA FAMILIAR de transfusão de fibrinogênio nos cirróticos em coagulopatia du-
rante o transplante hepático. Apesar de o perfil de segurança do
PARA PACIENTE IDOSA COM HEPATOCARCINOMA. RELATO
concentrado de fibrinogênio sintético (CF) ser bem estabelecido, a
DE CASO
literatura ainda é escassa quanto ao seu uso no transplante hepáti-
Paulo do Nascimento Júnior, Debora Alves Aude, co. O objetivo deste estudo é comparar casos em que se usou o CF
Lucas Esteves Dohler*, Joel Avancini Rocha Filho, com controles em que o crioprecipitado foi usado para reposição de
Norma Sueli Pinheiro Modolo, Leandro Gobbo Braz fibrinogênio em relação a desfechos clínicos e segurança.
Método: Este estudo antes-depois foi feito durante a cirurgia e no
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu,
pós-operatório imediato na UTI. No período “antes” (controles),
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp),
consideramos pacientes submetidos ao transplante hepático opera-
Botucatu, SP, Brasil
dos no mínimo cinco anos antes da implantação do protocolo trans-
Introdução: O transplante de fígado dominó consiste em fazer a fusional, em uma época em que o CF não estava disponível. No
captação do órgão em doador falecido, transplantá-lo a um recep- período “depois” (casos), o tratamento da coagulopatia foi guiado
tor e usar o fígado desse receptor para um novo transplante em por resultados da tromboelastometria rotacional com o uso do CF
outro receptor. Os candidatos são aqueles com doença autoimune como alternativa ao crioprecipitado. Usamos o Propensity Score Ma-
ou defeito enzimático de progressão lenta para primeiro receptor tching para pareamento entre casos e controles. Foram avaliados 15
(segundo doador) e pacientes idosos como segundo receptor. Os pacientes que receberam concentrado sintético de fibrinogênio e 11
pacientes elegíveis para receptar esse órgão são aqueles cuja ex- que receberam crioprecipitado. Comparamos os grupos em relação
pectativa de vida é menor do que o tempo para desenvolvimento a complicações no pós-operatório (HDA, sepse e eventos trombóti-
da doença proveniente do fígado do primeiro receptor e os porta- cos) e também em relação a tempo de UTI, dias de VM, duração da
dores de carcinoma hepatocelular sem prognóstico com tratamento internação e mortalidade.
cirúrgico. Resultado: O grupo que recebeu CF apresentou menor incidência
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 70 anos, admitida para de episódios de HDA (média 20% vs. 81,8% p = 0,004). Não houve
transplante hepático dominó como segunda receptora. Apresenta diferenças entre as demais complicações estudadas. Além disso, o
carcinoma hepatocelular, fora submetida à hepatectomia parcial tempo de UTI foi menor (média 2 vs. 4 dias, p = 0,008) e com menos
havia seis meses. Apresentava-se sem hipertensão portal ou insufi- dias de ventilação mecânica (0 vs. média de 1 dia, p = 0,008) no
ciência hepática. Seu doador (primeiro receptor), homem, 29 anos, grupo que recebeu CF.
portador de polineuropatia amiloidótica familiar (PAF) grau 2 rece- Conclusão: O CF demonstrou-se uma alternativa segura, não ofe-
beu um fígado de doador cadáver. O fígado do segundo doador não receu riscos adicionais no contexto da reposição de fibrinogênio no
apresentava anormalidade macroscópica e o tempo de isquemia fria paciente submetido ao transplante hepático.
foi de seis horas. A paciente recebeu ampla monitoração e acessos Referências:
venosos calibrosos foram obtidos. Recebeu aquecimento por ar for- 1. Sabate A, Dalmau A. Fibrinogen: a clinical update on liver trans-
çado aquecido e aquecimento das soluções administradas. A indução plantation. Transplant Proc Elsevier Inc. 2015;47:2925-8.
da anestesia foi feita com midazolam, fentanil, etomidato e suc- 2. Solomon C, Gröner A, Ye J, et al. Safety of fibrinogen concentra-
cinilcolina, com a intubação em sequência rápida, e a manutenção te: analysis of more than 27 years of pharmacovigilance data.
com sevoflurano, cisatracúrio e remifentanil. A cirurgia durou cinco Thromb Haemost. 2015;113:759-71.
horas, não ocorreram alterações hemodinâmicas acentuadas e houve
emprego de noradrenalina na dose de 0,1 μg.kg.min-1 e dose total de
metaraminol de 8 mg. Não houve outras intercorrências e a paciente TLP642 VASOPLEGIA E PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
foi levada à UTI intubada e recebendo noradrenalina 0,1 μg.kg.min-1.
RESPONSIVAS A INFUSÃO DE TERLIPRESSINA E AZUL
Foi levada para a enfermaria quatro dias após com lactato sérico e
DE METILENO APÓS REPERFUSÃO EM TRANSPLANTE
função hepática normais; a alta hospitalar foi em oito dias.
Discussão: A PAF é uma doença degenerativa autossômica domi- HEPÁTICO
nante rara que causa aglomeração de proteínas em nervos perifé- Matheus Leandro Lana Diniz*
ricos e autonômicos, em fibras cardíacas e plexos intestinais. Essas
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais
proteínas amiloides são formadas pela pré-albumina, denominada
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
transtirretina, e uma mutação dessa proteína gera os depósitos. No
primeiro receptor, o transplante hepático impede a progressão da Introdução: O transplante hepático tem elevada taxa de morbimor-
doença, porém não trata lesões preexistentes. Quanto ao segundo talidade. Trauma cirúrgico, transfusão de hemoderivados, isquemia
receptor, o aumento na expectativa de vida e a demora em filas de hepática e resposta inflamatória são fatores de risco para o desen-
transplante tornam a técnica dominó atrativa, já que o impacto da volvimento de vasoplegia. Neste resumo, apresentamos um caso
doença hepática em longevos é importante. Até 2015, foram feitos provável dessa entidade, associado a PCR, responsiva a terlipressina
mais de 1.150 transplantes de fígado dominó no mundo; nosso rela- e azul de metileno.
to é mais um caso com bons resultados perioperatórios e precoces. Relato de caso: C.A.E., 69 anos, sexo feminino, 75 kg, hepatopata
Referência: por cirrose biliar secundária, MELD 17, história de varizes esofagia-
1. Wilczek HE, Larsson M, Yamamoto S, et al. Domino liver trans- nas de fino e médio calibres, trombose de veia porta recanalizada
plantation. J Hepatobiliary Pancreat Surg. 2008;15:139-48. previamente, hipotireoidismo, foi submetida a transplante hepáti-
S12 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

co. Estabelecida monitoração de rotina, PIA e cateter de Swan Ganz. to foi iniciada infusão contínua de prostaglandina, na tentativa de
Indução da anestesia com lidocaína, sufentanil, propofol e atracú- manter a patência do canal arterial, que, por sua vez, manteve
rio. Manutenção com sevoflurano, sufentanil e atracúrio. Duração fluxo intermitente. Indicada valvoplastia percutânea de urgência e
total de 10 horas, fase anepática três horas, sem intercorrências. tentado balonamento da artéria pulmonar, sem sucesso. Optado por
Gasometria arterial com parâmetros estáveis. Após a reperfusão do implantar stent no canal arterial que garantisse o fluxo até nova
enxerto houve queda contínua da pressão arterial média (PAM) que abordagem cirúrgica. Aos 16 dias de vida, foi levado ao centro cirúr-
se manteve baixa, a despeito de bólus de metaraminol, adrenalina, gico para cirurgia de Blalock Taussing. Após a indução, evoluiu com
CaCl2 e NaHCO3, além de infusão contínua de noradrenalina (NORA) hipoxemia grave, refratária a todas as abordagens anestesiológicas
(até 5 mcg/kg/min). O débito cardíaco manteve-se estável e a resis- e posterior parada cardiorrespiratória. Iniciadas manobras de reani-
tência vascular sistêmica diminuída; 20 minutos após a reperfusão, mação e, na suspeita de oclusão do canal arterial, feita abordagem
a paciente evoluiu com PCR em AESP e dois ritmos chocáveis por cirúrgica emergencial com anastomose da artéria subclávia com a
18 minutos. Recebeu massagem cardíaca interna, cinco doses de pulmonar e confirmação de trombo em stent no ducto arterioso.
adrenalina (0,01 mg/kg), uma dose de amiodarona (5 mg/kg), dois Procedimento com duração de 20 minutos e, após o qual, o paciente
choques, 100% FIO2 e manutenção de NORA em infusão contínua (5 obteve retorno da circulação espontânea. A assistência anestésica
mcg/kg/min). Diante da suspeita de choque vasoplégico foram ini- foi continuada e o paciente foi levado ao CTI.
ciadas a infusão de terlipressina (2 mg em 30 minutos) e azul de me- Discussão: As cardiopatias congênitas oferecem grande desafio ao
tileno (1 mg/kg em 10 minutos). Aproximadamente 10 minutos após anestesiologista. A prostaglandina E1 é uma das ferramentas para
o início de infusão dessas drogas houve o retorno da circulação es- se garantir fluxo pulmonar até a abordagem cirúrgica. No caso
pontânea, com aumento da PAM e redução da necessidade de NORA. em análise, o paciente enfrentou várias complicações, que foram
O procedimento prosseguiu sem maiores intercorrências após a a ineficácia do medicamento padrão, o insucesso da valvoplastia
PCR. Infundidos 6 U de concentrado de hemácias, 7 U de plaquetas, pulmonar e a trombose do stent no canal, com perda total do flu-
140 mL de crioprecipitado e 1.400 mL de plasma, além de 6.000 mL xo pulmonar. Apesar de instaladas as medidas para manutenção da
de cristaloides. Diurese total de 1.025 mL. Transferida ao CTI em hemodinâmica, o anestesiologista teve de lidar com a evolução para
IOT, em uso de NORA a 0,2 mcg/kg/min. Paciente extubada seis ho- PCR. A rápida identificação da intercorrência, a suspeita clínica de
ras após a chegada ao CTI, manteve nível de consciência adequado fechamento do canal e a abordagem cirúrgica imediata permitiram
e melhoria dos parâmetros hemodinâmicos. que tal complicação fosse revertida em tempo hábil. Portanto, o
Discussão: No caso descrito existem diversos fatores de risco para profundo entendimento da fisiopatologia que envolve as cardiopa-
o desenvolvimento de vasoplegia. Destacam-se: tempo prolongado tias congênitas é essencial para a maior efetividade dos cuidados
da fase anepática e quantidade de hemoderivados transfundidos. diante da complexidade desses pacientes.
Vasoplegia tem elevado índice de mortalidade, e seu adequado re- Referências:
conhecimento e tratamento são importantes para o anestesiologis- 1. Simoes LC, Neves F, Athayde JG, Lopes FA, Oliveira PS. Valvo-
ta, que pode eventualmente se deparar com tal situação. O azul de plastia pulmonar e aórtica com balão do recém-nascido ao adulto
metileno atua em diferentes pontos da cascata inflamatória. Inibe a jovem. Artigo de revisão. Rev Bras Cardiol Invas. 2005;13:77-84.
NO sintase e interage com a guanilato ciclase, compete com o sítio 2. Zielinsky P. Malformações cardíacas e fetais. Diagnóstico e con-
de ação do NO e evita o relaxamento do tecido muscular liso. duta. Arq Bas Cardiol. 1997;69:209-18.
Referência:
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experience with 1238 deceased donor transplants. Liver Trans- DE OXIGÊNIO PERIOPERATÓRIA E SUA RELAÇÃO COM
plantation. 2013;19:1262-71. MORTALIDADE EM CIRURGIAS CARDÍACAS
Leandro Carvalho Longo, Marcelo Henrique Gomes Nunes,
Reinaldo Vargas Bastos de Miranda, César de Araújo Miranda,
João Pedro Motta Lima*, Alécio Fonseca Leite
V) Anestesia em Cirurgia Cardiovascular CET de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ),
Jundiaí, SP, Brasil
Justificativa: A disfunção de múltiplos órgãos e sistemas é uma
TLO101 A FALHA NA ABORDAGEM CONVENCIONAL DA
importante causa de óbito definida pelo desequilíbrio entre oferta
ESTENOSE PULMONAR CONGÊNITA E O IMPLANTE DE UM
(DO2) e consumo de oxigênio (VO2). A cirurgia cardíaca, em especial,
STENT NO CANAL ARTERIAL: UM RELATO DE CASO proporciona riscos à manutenção do equilíbrio da relação DO2/VO2.
Nathalia Magalhães Fonseca*, Bruno Tecles Brandão de Oliveira, Nesse sentido, a SvcO2 permite avaliar indiretamente essa relação
Francisco Drummond Lima, Patrícia Melgaço de Alencar Arraes, através da extração tecidual de O2. Entretanto, a SvcO2 é uma
Rodrigo Bernardes de Oliveira, Gustavo de Paula Tofani variável cujo comportamento perioperatório não foi plenamente
estudado e sua relação com a mortalidade permanece controversa.
Hospital Vila da Serra, Instituto Materno Infantil, Nova Lima, MG,
Objetivo: Estudar o comportamento da SvcO2 no período
Brasil
perioperatório em cirurgias cardíacas e analisar sua relação com a
Introdução: A estenose pulmonar valvar é um defeito cardíaco fre- mortalidade.
quentemente encontrado. Até a década de 1980, o seu tratamento Método: Após aprovação pela Plataforma Brasil (CAAE:
era feito somente através de cirurgia. No entanto, nas últimas duas 48769015.0.0000.5412), foram avaliados 213 pacientes submetidos
décadas, as técnicas hemodinâmicas se desenvolveram e a valvo- a cirurgia cardíaca entre junho de 2015 e maio de 2017. Foram co-
plastia pulmonar com balão se tornou a abordagem de eleição dessa letadas gasometrias venosas centrais em três momentos: T0 (após
cardiopatia. O anestesiologista é peça fundamental no sucesso ope- indução anestésica), T1 (fim da cirurgia) e T2 (24 horas após). Pos-
ratório e no prognóstico desses pacientes, mas muitas vezes encon- teriormente, eles foram divididos em dois grupos, sobreviventes
tra limitações frente às diversas complicações. (S) e óbitos intra-hospitalares (O), e distribuídos em três faixas de
Relato de caso: RN termo com diagnóstico de hipoplasia de ven- SvcO2: (B) Baixo (< 70%), (N) Normal (≥ 70 e < 80%) e (A) Alto (≥
trículo direito e estenose pulmonar grave. Logo após o nascimen- 80%). Foram incluídos pacientes acima de 18 anos, que consenti-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S13

ram em participar e que fizeram cirurgias de revascularização do ou sintomas de eventos tromboembólicos, hematoma neuraxial ou
miocárdio, troca valvar e correção de aneurisma de aorta torácica. outras complicações durante a internação.
Os pacientes com infecção ou shunt arteriovenoso foram excluídos. Discussão: Apesar de nos casos de heparinização plena em cirur-
Estatística: MANOVA, qui-quadrado de Pearson e teste t (p < 0,05), gia cardiovascular ser preconizado o bloqueio de neuroeixo no dia
software SPSS-13. anterior, optou-se por raquianestesia no início do procedimento de-
Resultado: Dos 213 casos, 194 sobreviveram (91,2%) e 19 obitua- vido ao longo intervalo previsto entre a punção e a heparinização
ram (8,8%). Os valores médios de SvcO2 reduziram ao longo do no intraoperatório. A opção de anestesia combinada resultou em
perioperatório tanto no grupo S (T0 = 78,3%; T1 = 75,1%; T2 = 68,4%) estabilidade no manejo anestésico, não ocorreram complicações
quanto no O (T0 = 74,5%; T1 = 74,2%; T2 = 66,4%) (p < 0,001). Não neuroaxiais pós-operatórias.
houve diferença significativa entre os valores de SvcO2 dos grupos S Referências:
e O. O grupo O teve maior proporção de pacientes com valores altos 1. Ho AM, Chung DC, Joynt GM. Neuraxial blockade and hematoma
e baixos de SvcO2 (B = 57,9%; N = 26,3%; A = 15,8%) em comparação in cardiac surgery: estimating the risk of a rare adverse event
com o S, que teve maior proporção dentro da faixa normal (B = that has not (yet) occurred. Chest. 2000;117:551-5.
55,2%; N = 35,6%; A = 9,3%), porém sem significância estatística. Os 2. Fonseca NM, Alves PR, Pontes JPJ. SBA recommendations for re-
valores médios de hemoglobina tiveram redução semelhante à SvcO2 gional anesthesia safety in patients taking anticoagulants. Braz J
tanto no grupo S (T0 = 13,03 g/dL; T1 = 12,15; T2 = 10,8) quanto no Anesthesiol. 2014;64:1-15.
O (T0 = 11,74; T1 = 11,78; T2 = 10,2) (p < 0,001).
Conclusão: A marcante redução perioperatória da SvcO2 pode ser
resultado do aumento do metabolismo, da redução da DO2, da dis- TLP617 ANESTESIA OPIOID-FREE COM USO DE
função miocárdica e/ou da redução da hemoglobina. Embora não DEXMEDETOMIDINA PARA CIRURGIA DE CORREÇÃO DE
exista diferença significativa da SvcO2 entre os grupos, há uma ten- ANEURISMA DE AORTA ASCENDENTE E TROCA VALVAR
dência de haver no grupo O maior proporção de valores altos e bai- AÓRTICA: RELATO DE CASO
xos no pós-operatório, indica que valores superiores a 80% também
podem significar risco, pois traduziriam captação deficiente de O2. Amália Tieco da Rocha Sabbag, Ingrid Caroline Baia de Souza,
Entretanto, é necessário maior número de óbitos para confirmar Jackson Davy da Costa Lemos*
essa tendência. Hospital de Base, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
Referência: (Famerp), São José do Rio Preto, SP, Brasil
1. Balzer F, Sander M, Simon M, et al. High central venous saturation
is associated with increased organ failure and long term mortali- Introdução: O procedimento anestésico para cirurgia cardiovascular
ty-an observational cross-sectional study. Crit Care. 2015;19:168. é um desafio, deve englobar a escolha adequada de técnica que
propicie homeostase intraoperatória e estabilidade cardiovascular,
além de um pós-operatório indolor, com rápida recuperação, menor
TLP933 ANESTESIA COMBINADA PARA PACIENTE tempo de internação hospitalar e com menores riscos de compli-
cações.
SUBMETIDO A NEFRECTOMIA RADICAL E TROMBECTOMIA
Relato de caso: Paciente sexo masculino, 59 anos, 96 kg, hiperten-
DE ÁTRIO USANDO CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA
so, não tabagista, sem manifestação de sintomatologia cardiovascu-
Rodolfo Carvalho Soeiro Machado*, Cátia Sousa Govêia, lar (Euroscore: 2,5%). Em ecocardiograma de rotina, diagnosticados
Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Rafaela Feitosa Anselmi, aneurisma de aorta ascendente e insuficiência aórtica grave, con-
Roberto Sodré Farias, Edno Magalhães firmados por angiotomografia e aortografia. Submetido a cirurgia
eletiva para plastia de aorta ascendente e troca valvar aórtica. Ad-
Centro de Anestesiologia da Universidade de Brasília (UnB),
mitido em sala cirúrgica consciente, Glasgow 15, ansioso, pressão
Brasília, DF, Brasil
arterial (PA) 170 × 86 mmHg, SatO2 100%, com nitroprussiato de
Introdução: Trombo de tumor da veia cava inferior ocorre em 10% sódio (NPS) em bomba de infusão contínua (BIC). Optou-se por téc-
dos pacientes com diagnóstico de carcinoma de células renais (CCR). nica anestésica geral balanceada livre de opioide, com monitoração
O manejo perioperatório é desafiador, pois a cirurgia agressiva é a básica, pressão arterial invasiva, acesso venoso central e acessos
única forma de alterar o prognóstico clínico da doença. A decisão periféricos. Feita medicação pré-anestésica com metilprednisolona,
pelo uso da anestesia subaracnoide em paciente que será submetido difenidramina, ranitidina e ácido tranexâmico. Indução feita com
a circulação extracorpórea (CEC) é controversa devido ao risco de dexmedetomidina 1 μg/kg em 10 minutos, seguida de propofol (50
hematoma no neuroeixo. mg) e atracúrio (50 mg) e mantida com dexmedetomidina 0,5 μg/
Relato de caso: Homem, 32 anos, 70 kg, com tumor renal à direi- kg/h, atracúrio 7 μg/kg/min e sevoflurano. Após duas horas e meia
ta associado a trombo extenso (desde veia femural comum bila- de cirurgia, foi iniciada a circulação extracorpórea, com duração
teralmente até o átrio direito), derrame pleural bilateral e ascite de uma hora e 35 minutos. Paciente manteve-se estável hemodi-
volumosa. Capacidade funcional reduzida, estado físico ASA III. Pro- namicamente durante o procedimento. Ao término da cirurgia, foi
gramadas nefrectomia radical e trombectomia total, sob anestesia levado intubado para Unidade Coronariana (UCOR) com NPS em BIC
combinada. Monitoração com pressão arterial invasiva e não invasi- (5 mL/h), PA 120 × 60 mmHg, FC 94 bpm. Foi extubado duas horas
va, cardioscopia contínua, EtCO2, PVC, BIS e débito urinário. Punção após a admissão na UCOR e, no quarto dia de pós-operatório, inter-
subaracnoide com agulha Quincke 27G e administração de 400 mcg correu com fibrilação atrial, revertida com amiodaroana. Recebeu
de morfina. Anestesia geral com fentanil, propofol e rocurônio, ma- alta hospitalar no 14º dia de internação.
nutenção com sevoflurano e remifentanil. Administração de ácido Discussão: Práticas inovadoras com vistas ao bem-estar do pacien-
tranexâmico (1 mg/kg/h). Após sete horas e meia de cirurgia, foi te no pré, peri e pós-operatório devem sempre ser consideradas.
iniciado apoio hemodinâmico com CEC parcial para manipulação de O uso de dexmedetomidina em cirurgia cardiovascular mostrou-se
trombo atrial, com tempo total de CEC de 22 minutos. Após 10 horas vantajoso, uma vez que evita a exposição do paciente aos efeitos
e meia de cirurgia e 13 horas e 15 minutos de anestesia foi levado à adversos dos opioides, que podem contribuir negativamente no
UTI hemodinamicamente estável, intubado, recebia noradrenalina. intraoperatório. Além disso, permite um rápido desmame da ven-
Evoluiu com pouca dor no 1° DPO, com retirada das drogas vasoa- tilação mecânica, diminui o tempo de internação hospitalar, bem
tivas nos primeiros dias, recebeu alta da UTI após uma semana e, como custos. A dexmedetomidina apresenta-se como opção eficaz
alguns dias depois, recebeu alta hospitalar. Não apresentou sinais para diminuir os riscos de complicações pós-operatórias associados
S14 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

à cirurgia cardiovascular, como delirium, infarto agudo do miocár- TLO111 AVALIAÇÃO ECOCARCARDIOGRÁFICA
dio, infecção, insuficiência renal e eventos cerebrovasculares, como TRANSESOFÁGICA INTRAOPERATÓRIA NA CIRURGIA DE
ainda reduz o risco de mortalidade durante internação, em três dias MIECTOMIA. RELATO DE UMA SÉRIE DE QUATRO CASOS
e em até um ano após o procedimento cirúrgico.
Referências: Marcello Fonseca Salgado Filho, Adrielle Aprigio de Queiroz*,
1. Brandao PGM, Lobo FR, Ramin SL, et al. Dexmedetomidine as Cassia Franco Matheus, Julianne Moreira,
an anesthetic adjuvant in cardiac surgery: a cohort study. Braz J Maia Nogueira Crown Guimarães, Amélie Gabrielle Vieira Falconi
Cardiovasc Surg. 2016;31:213-8.
Hospital Santa Casa de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil
2. Ji F, Li Z, Nguyen H, et al. Perioperative dexmedetomidine impro-
ves outcomes of cardiac surgery. Circulation. 2013;127:1576-84. Introdução: A hipertrofia septal assimétrica (HSA) é a forma mais
prevalente de cardiomiopatia hipertrófica e o movimento sistólico
anterior da válvula mitral predispõe a uma obstrução dinâmica na
TLO536 ANEURISMECTOMIA VENTRICULAR GUIADA POR via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE), que pode cursar com
ECOCARDIOGRAMA TRANSESOFÁGICO baixo débito cardíaco e edema pulmonar. Entre as formas de trata-
mento, destaca-se a cirurgia de miectomia. O objetivo desta série
Yara Grott*, Jean Abreu Machado, Leonardo Linhares Brollo, Jaime de casos é demonstrar as medidas feitas pelo ecocardiograma tran-
da Mota Correa Junior, Dayane Gelenski, Ewerton Villa Fonseca sesofágico perioperatório durante os procedimentos de miectomia.
Hospital Nossa Senhora da Conceição, Tubarão, SC, Brasil Método: Foi desenvolvida uma análise retrospectiva dos exames
de ecocardiografia de pacientes submetidos a procedimento de
Introdução: Aneurismas de ventrículo esquerdo (VE) e insuficiência miectomia de janeiro de 2015 a janeiro de 2017. Os pacientes entre
cardíaca (IC) são complicações que decorrem do infarto do miocár-
18 a 70 anos, ASA 3 e 4, foram incluídos neste estudo. Foram excluí-
dio e trazem graves repercussões clínicas. O tratamento cirúrgico
dos os submetidos a cirurgias de emergência, cirurgia combinada e
visa à prevenção de isquemia miocárdica e correção do remodela-
que já tinham sido submetidos à alcoolização da artéria coronária
mento que ocorre após o infarto. O objetivo deste relato é apre-
septal. Após a intubação, a sonda ETE foi introduzida e os exames
sentar o caso de um paciente submetido a cirurgia de reconstrução
TEE perioperatórios foram feitos.
ventricular esquerda pela técnica de Dor/Jatene e revascularização
Resultado: Quatro pacientes foram avaliados de 2015 a 2017. To-
do miocárdio e seu manejo anestésico-cirúrgico.
dos eram do gênero feminino, ASA 3, com média de 61 ± 8,7 anos.
Relato de caso: Paciente masculino, 48 anos, branco, com história
Todos apresentaram hipertensão arterial sistêmica e história de dor
de infarto do miocárdio havia quatro anos com colocação de stent
torácica. Um paciente teve síncope durante o exercício e edema
em artéria coronária direita (ACD) e descendente anterior, hiper-
pulmonar. O ETE perioperatório mostrou que a fração de ejeção foi
tensão e IC NYHA III. Cateterismo mostrou reestenose de 40% da
ACD. Fração de ejeção (FE) de 32%, VE com hipertrofia excêntrica, de 66,5 ± 1,3%, o peso do ventrículo esquerdo foi de 301,5 ± 1,2 g,
acinesia das paredes anterior, lateral e inferior e trombo em ápice o volume diastólico final foi de 101,8 ± 10,1 mL e o volume sistólico
cardíaco. A conduta pré-anestésica constou de jejum de oito horas final foi de 29,7 ± 8,9 mL. Os dados ecocardiográficos perioperató-
e midazolam 15 mg. Feita monitoração com cardioscopia, oximetria rios mostraram que os dados pré-CEC de gradiente máximo da VSVE
de pulso, pressão arterial invasiva e temperatura. Indução anesté- foram de 114,4 ± 50,6 mmHg e pós-CEC de 42,4 ± 46,3 mmHg. O gra-
sica com etomidato, rocurônio e sufentanil. Manutenção com sevo- diente médio de LVOT pré-CEC foi de 52,4 ± 19,9 mmHg e pós-CEC
flurano e sufentanil. Após intubação orotraqueal, foi feita punção de 21,4 ± 25,6 mmHg. A distância da coaptação mitral (septo-sep-
de acesso venoso central com controle da pressão venosa central, tal) pré-CEC foi de 1,4 ± 0,4 cm e pós-CEC de 2,2 ± 0,2 cm. A vena
sondagem vesical e posicionada sonda de ecocardiografia transeso- contracta pré-CEC foi de 0,5 ± 0,2 cm e pós-CEC de 0,4 ± 0,3 cm.
fágica (ETE) (Phillips EnVisor®). Foi obtido FE de 30% através do ETE, A fração de ejeção pré-CEC foi de 66,5 ± 1,3% e pós-CEC de 53 ± 2,7%.
diâmetro diastólico final do VE de 75 mm e diâmetro sistólico final O tempo de clampeamento aórtico foi de 50,3 ± 30,7 min e o tempo
de 57 mm, antes da intervenção cirúrgica. Iniciada noradrenalina e de CEC de 82 ± 42,6 min. O tempo de intubação na UTI foi de 32 ±
aumento conforme necessidade. Administrada heparina não fracio- 27 horas e o tempo total de internação na UTI de 5 ± 2,4 dias. Um
nada e instalada a CEC, com tempo total de 79 minutos. O controle paciente morreu na UTI devido à síndrome de baixo débito pós-CEC.
da anticoagulação foi feito através do tempo de coagulação ativado Conclusão: Nos quatro casos de procedimento de miectomia septal,
(MCA 2000 FAJ®). Durante a CEC, foi feita infartectomia, reconstru- o ETE perioperatório ajudou na tomada de decisão sobre as estrutu-
ção de VE e ponte de safena para artéria diagonal. Feito controle la- ras anatômicas a serem ressecadas, avaliou a gravidade da regurgi-
boratorial pré, trans e pós-CEC. Hematócrito, lactato, glicemia, pH tação mitral antes e após a ressecção e orientou a equipe cirúrgica
arterial e eletrólitos foram mantidos em valores normais. Durante em relação ao gradiente máximo da VSVE e à distância C-sept.
saída de CEC, foi iniciada dobutamina e feito aumento progressivo Referência:
de noradrenalina. Feita nova avaliação com o ETE, que mostrou me- 1. Hensley N, Dietrich J, Nyhan D, et al. Hypertrophic cardiomyop-
lhoria dos parâmetros previamente avaliados: diâmetro do VE (dias- athy: a review. Anesth Analg. 2015;120:554-69.
tólico final 67 mm e sistólico final 54 mm) e FE de 40%. O paciente
permaneceu 48 horas em terapia intensiva, com alta hospitalar cin-
co dias após o procedimento. TLO337 BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESTRELADO PARA
Discussão: A reconstrução do VE resultou em um aumento da FE e TRATAMENTO DE TAQUICARDIA VENTRICULAR
contratilidade, o que corrobora a literatura. O ETE tem se desta- REFRATÁRIA: UM RELATO DE CASO
cado no cenário anestésico-cirúrgico, é efetivo em guiar terapias,
pode influenciar na decisão cirúrgica. Mariana Gomes Rajão Santiago*, Vinícius Jordão Souza Moreira,
Referências: Marcela Pereira de Souza Leite, Rodrigo Bernardes de Oliveira,
1. Almeida RM. Remodelamento reverso cirúrgico do ventrículo Gustavo de Paula Tofani, Fabrício Paulo Rossati
esquerdo: seguimento de 111 meses. Rev Bras Cir Cardiovasc.
Hospital Vila da Serra, Instituto Materno Infantil, Nova Lima, MG,
2009;24:470-7.
Brasil
2. Michel-Cherqui M, Ceddaha A, Liu N, et al. Assessment of sys-
tematic use of intraoperative transesophageal echocardiography Introdução: O gânglio estrelado é um gânglio simpático formado
during cardiac surgery in adults: a prospective study of 203 pa- pela fusão do gânglio cervical inferior com o primeiro gânglio toráci-
tients. J Cardiothorac Vasc Anesth. 2000;14:45-50. co. Localiza-se anteriormente ao processo transverso de C6-C7, la-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S15

teralmente ao músculo longo do pescoço, à traqueia e ao esôfago e estudo eletrofisiológico para termoablação de veias pulmonares.
medialmente ao músculo escaleno. Juntamente com o gânglio sim- Optou-se por anestesia geral balanceada com uso de sevoflurano.
pático cervical médio e superior, participa da inervação simpática Cirurgia conduzida com monitoração básica e pressão intra-arte-
do coração. O conceito do tratamento de problemas cardíacos com rial. Procedimento durou sete horas. Paciente evoluiu no tran-
o bloqueio simpático completou mais de um século; seu primeiro soperatório com hipotensão arterial, elevação da temperatura e
relato foi em 1916, para tratamento de angina severa. acidose metabólica persistente. Enviada a CTI em VM e ritmo car-
Relato de caso: Paciente de 69 anos, sexo masculino, portador de díaco sinusal. Iniciados bicarbonato de sódio, solução polarizante,
hipertensão arterial e cardiopatia hipertensiva com histórico de reposição de Ca²+, corticoterapia e aminas vasoativas. Manteve-
duas angioplastias prévias, foi admitido com dor precordial e sudo- se hipertérmica e com insuficiência renal aguda, hipercalemia e
rese profusa. ECG inicial mostrava elevação segmento ST entre V1 e elevação CK, foi indicada hemodiálise. Aventada então a hipótese
V4. Evoluiu com taquicardia ventricular sustentada (TVS) e instabili- de hipertermia maligna. Iniciada administração de dantrolene em
dade hemodinâmica; foi feita intubação orotraqueal e cardioversão dose de ataque seguida por dose de manutenção. Evoluiu com
elétrica sincronizada (CVE), com sucesso. Proposta cineangiocoro- retorno da FA; foram iniciadas amiodarona e correção de distúr-
nariografia de urgência, que evidenciou hipocinesia anterosseptal bios eletrolíticos, após cardioversão elétrica (CVE) sem sucesso.
grave e obstrução em terço distal de DA. Feita, então, angioplastia Nos dias seguintes, apresentou melhoria da acidose metabólica e
com implante de stent farmacológico. Todavia, o paciente evoluiu redução da temperatura, mas manteve arritmia cardíaca, eleva-
com novos episódios de TVS (cerca de 25) após o tratamento inicial. ção CK e necessidade de VM. Cursou com melhoria ventilatória e
Submetido a estudo eletrofisiológico (EEF) para avaliação de abla- hemodinâmica graduais; foi reduzida a sedação e foram suspensas
ção do foco da arritmia, evoluiu com instabilidade hemodinâmica; as aminas vasoativas. Nova CVE, com sucesso, retornou ao rit-
foi interrompido o procedimento. O paciente manteve os episódios mo sinusal regular. Transferida à enfermaria. Alta hospitalar com
de TVS após o EEF; logo foi proposto o bloqueio de gânglio estre- acompanhamento clínico.
Discussão: A hipertermia maligna pode manifestar-se após uma
lado. Esse foi feito após a palpação profunda do processo trans-
anestesia geral, principalmente com uso de halogenados. Há hiper-
verso de C6 e rechaçamento dos vasos cervicais, com introdução
catabolismo da célula muscular esquelética com grande consumo
de agulha 22G e administração de 8 mL de ropivacaína a 0,75%.
de energia, produção de CO2 e rápida elevação da temperatura,
Paciente evoluiu com interrupção dos episódios de TVS por 42 ho-
podendo gerar colapso cardiovascular. Nesse caso, a hipertermia
ras. Após esse período, novo bloqueio foi feito com novas 30 horas
associada a alterações clínicas e laboratoriais levantou a hipótese
de suspensão da arritmia. Nesse intervalo, foi possível programar
de hipertermia maligna; foi iniciado o tratamento preconizado de
a simpatectomia videolaparoscópica como tratamento definitivo.
imediato e mantido até a resolução do quadro clínico inicial. Entre-
Após o procedimento, o paciente evoluiu com melhoria da arritmia
tanto, a confirmação diagnóstica com teste de contratura muscular
e posterior alta para enfermaria.
cafeína-halotano não foi possível, pois a paciente recusou, mesmo
Discussão: A inervação autônoma do coração pode ser afetada por
orientada sobre a importância dele.
eventos isquêmicos coronarianos, que, por sua vez, aumentam a Referências:
atividade simpática, a geração e a refratariedade de arritmias ven- 1. Sudo RT. Centro Diagnóstico e de Estudo da Hipertemia Maligna da
triculares. O paciente relatado não apresentou resposta a qualquer UFRJ. Disponível em http://www.icb.ufrj.br/Extensao/Servicos/
droga antiarrítmica indicada e foi um candidato à anestesia regio- Centro-de-Hipertemia-Maligna-131. Acessado em 01/06/2017.
nal. O bloqueio do gânglio estrelado, método pouco invasivo e de 2. Amaral JLG, Carvalho RB, Cunha LBP, et al. Hipertermia malig-
fácil execução por profissionais treinados, foi eficiente e ofereceu na. Projeto Diretrizes. Disponível em https: //diretrizes.amb.
tempo hábil para programação do tratamento definitivo com o pa- org.br/BibliotecaAntiga/hipertemia-maligna.pdf. Acessado em
ciente após melhoria clínica. 12/06/2017.
Referências:
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torial of the Week. March 26, 2012. TLO409 EXTUBAÇÃO DE PACIENTE PÓS-CIRURGIA
2. Abrich V, Beshai JF. Left stellate ganglion block: increasing cli- CARDÍACA EM SALA
nician awareness in the eye of the electrical storm. American
College Cardiol. Jan 10, 2017. Samuel Leonardo de Oliveira Santos*, Luiz Gustavo Orlandi de Sousa,
William Fontan Santiago, Werner Alfred Gemperli
Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), Campo Grande,
TLP336 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE HIPERTERMIA MS, Brasil
PERIOPERATÓRIA MANTIDA APÓS ESTUDO
Introdução: O uso de altas doses de opioides e drogas de meia-vida
ELETROFISIOLÓGICO PARA TERMOABLAÇÃO DE VIAS
prolongada impossibilita um despertar precoce ao término do pro-
ANÔMALAS: UM RELATO DE CASO
cedimento cirúrgico, incorre em elevação dos custos e aumento de
Vinícius Jordão Souza Moreira*, Mariana Gomes Rajão Santiago, morbidades. O fast track, como cuidado multidisciplinar, permite
Alessandre Luiz Braga Júnior, Rodrigo Bernardes de Oliveira, reduzir efeitos indesejáveis no pós-operatório.
Gustavo de Paula Tofani, Renata Cunha Ribeiro Relato de caso: Paciente masculino, 59 anos, 1,72 m, 77 kg, HAS
em tratamento regular, coronariopata submetido a cirurgia de re-
Hospital Vila da Serra, Instituto Materno Infantil, Nova Lima, MG,
vascularização do miocárdio (torácica interna para diagonalis e
Brasil
safena para marginal). Exames laboratoriais dentro da normalida-
Introdução: As termoablações cardíacas são procedimentos que de com ECO com FE 63%. Admitido em sala cirúrgica, consciente,
submetem o paciente a riscos de elevação da temperatura corpórea orientado, eupneico, PANI 140*80 SAT 97% aa FC 64. Monitorado
no transoperatório. Estima-se que o cateter possa atingir tempe- com PAM, PVC, capnografia e BIS. Indução anestésica com midazo-
raturas acima de 50°C. A hipertermia perioperatória pode ser con- lam 0,05 mg/kg, lidocaína 1 mg/kg, fentanil 3 mcg/kg, etomidato
sequente a diversas causas, dentre eles a síndrome neuroléptica 0,2 mg e rocurônio 0,6 mg/kg procedida IOT sem intercorrências.
maligna, quadros infecciosos, feocromocitoma, tireotoxicose e a Gasometria arterial inicial ph 7,36; pCO2 38; pO2 98; SatO2 99,9;
hipertermia maligna. lactato 1,2; Hb 14,2; Htc 43; eletrólitos normais. Manutenção
Relato de caso: Sexo feminino, 49 anos, portadora de insuficiên- anestésica inalatória com sevoflurano 1,5 a 2,0 c.a.m. Feito com
cia cardíaca congestiva e fibrilação atrial (FA), foi submetida a repique de fentanil 2 mcg/kg; lidocaína 1 mg/kg e rocurônio 0,3
S16 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

mg/kg após 40 minutos da indução. Uso de noradrenalina para Referências:


manutenção de pam > 70 mmhg. FC variou entre 55-75 satO2 > 1. Jacka MJ. Cardiovascular instability requiring treatment after in-
99%. O procedimento durou cerca de 100 minutos entre a indução travenous heparina for cardiopulmonary by-pass. Anesth Analg.
e o fim da cirurgia sem circulação extracorpórea. Feita nova gaso- 2000;90:42-4.
metria ph 7,30; pCO2 3; pO2 102; SatO2 99,9, lactato 1,3; Hb 11,2; 2. Jacka MJ, Clark AG. Intravenous heparina for cardiopulmonar
Htc 33,5; Na 133; K 4,2; Bic 19,0; BE -3. Diurese de 1 mL/kg/h, bypass is an acute vasodilator. J Clin Anesth. 2002;14:179-82.
FC 80; PAM > 75; foi retirado agente inalatório e feita reversão do
bloqueio com sugamadex 2 mg/kg e morfina 10 mg. Após 20 minu-
tos, paciente despertou, calmo, respondeu a comandos simples, TLP584 INSTALAÇÃO DE OXIGENAÇÃO POR MEMBRANA
foi procedida extubação em sala cirúrgica. Paciente seguiu sem EXTRACORPÓREA EM CRIANÇA DURANTE ANESTESIA
falência cardíaca ou respiratória, sem uso de droga vasoativa, foi PARA CORREÇÃO DE DEFEITO DO SEPTO
levado à unidade coronariana. Após quatro dias, foi levada à en- ATRIOVENTRICULAR
fermaria e depois de 12 dias teve alta da unidade hospitalar, com
Mateus Meira Vasconcelos*, Demócrito Ribeiro de Brito Neto,
seguimento ambulatorial pela cardiologia.
Discussão: O despertar precoce, com extubação e ventilação es- João Paulo Jordão Pontes, Rodrigo Rodrigues Alves,
pontânea, propicia desfechos mais favoráveis a nossos pacientes, Fernando Cássio do Prado Silva, Amanda Corrêa Vidica
decorrentes de drogas adjuvantes e baixas doses de opioides. A de- CET Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil
cisão individualizada de cada profissional para extubação do pacien-
Introdução: O apoio circulatório mecânico na forma de oxigenação
te em sala demanda uma boa relação multiprofissional com equipe
por membrana extracorpórea (ECMO) é uma opção para o manejo
capacitada no perioperatório. Além disso, o preparo do paciente
hemodinâmico de crianças com cardiopatias graves. Alguns neo-
no pré-operatório, a feitura de enxertos e hemostasia adequada, a
natos com insuficiência cardiopulmonar secundária a cardiopatias
monitoração adequada no intraoperatório permitem o fast track em
complexas podem requerer o uso desse dispositivo. A instalação e
cirurgia cardíaca.
os cuidados com a ECMO são um desafio para todos os pacientes,
Referências:
especialmente as crianças pequenas.
1. Nogueira TM, Simões D. Fast track em cirurgia cardíaca: quando
Relato de caso: Paciente feminino, 10 meses, 7 kg, estado físico
e como fazer. Rev Med Minas Gerais. 2010;20(4 Supl 1):S31-S36.
P3 foi submetida a correção cirúrgica eletiva de defeito do septo
2. Constantinides VA, Tekkis PP, Fazil A, et al. Fast track failure
atrioventricular (DSAV) sob anestesia geral. Apresentava hipotireoi-
alter cardiac surgery: development of a prediction model. Crit
dismo, síndrome de Down e cardiopatia congênita compensada, sem
Care Med. 2006;34:2875-82.
hipertensão pulmonar. A indução anestésica inalatória foi feita com
óxido nitroso e oxigênio (50%/50%) associados a sevoflurano. Após
venóclise periférica, foram administrados midazolam 1,5 mg e fen-
TLP178 HIPOTENSÃO ARTERIAL GRAVE APÓS O USO DE
tanil 20 mcg e então foi feita intubação orotraqueal com tubo 4,0
HEPARINA EM CIRURGIA CARDÍACA: RELATO DE CASO sem cuff. A anestesia foi mantida com sevoflurano, oxigênio e ar
Priscila Evaristo de Carvalho*, Josué Omena Barbosa Junior, comprimido. Cateterizações de veia jugular interna direita, de arté-
Marcius Vinicius Mulatinho Maranhão ria radial esquerda e vesical também foram feitas. Após a correção
do DSAV, houve tentativa de saída da circulação extracorpórea (CEC)
Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), Universidade de
por quatro vezes, sem sucesso, devido a provável hipocontratilidade
Pernambuco (UPE), Recife, PE, Brasil
do ventrículo esquerdo. Após sete horas em CEC, optou-se por man-
Introdução: Instabilidade hemodinâmica grave, após o uso de hepa- ter a paciente em ECMO. A paciente foi então acompanhada à UTI
rina em cirurgia cardíaca, é um evento pouco frequente. Foi objeti- neonatal, onde permaneceu estável em ECMO. A retirada de ECMO
vo deste artigo apresentar um relato de caso de paciente submetido ocorreu após dois dias, sem intercorrências. A paciente evoluiu bem
à revascularização do miocárdio sem circulação extracorpórea que e recebeu alta hospitalar após um mês de internação.
apresentou hipotensão arterial grave após uso de heparina. Discussão: Após a falha de outras medidas terapêuticas, a ECMO
Relato de caso: Paciente masculino, 75 anos, 82 kg, ASA III, porta- pode ser empregada em crianças com cardiopatias graves com bons
dor de insuficiência coronariana, programado para revascularização resultados. Os desfechos desfavoráveis, que incluem, dentre outros,
do miocárdio sem circulação extracorpórea. Comorbidades: hiper- mortalidade elevada e longo tempo de internação hospitalar, podem
tensão arterial. Em uso de losartana, amlodipina, hidroclorodiazida ser minimizados. A contribuição técnica de todos os membros da
e isossorbida. Ao chegar à sala de cirurgia foram administrados 5 mg equipe pode ser decisiva para a obtenção dos melhores resultados.
de midazolam, venoso. Após monitoração foi feita anestesia venosa Referências:
total com o emprego de remifentanil, propofol e rocurônio. Após o 1. Gupta P, Gossett JM, Rycus PT, et al. Extracorporeal membrane
uso de heparina 3 mg.kg-1 apresentou hipotensão arterial grave (PAM oxygenation in children with heart disease and Down’s syndrome:
[pressão arterial média] = 30 mmHg) sem alterações na frequência a multicenter analysis. Pediatr Cardiol. 2014;35:1421-8.
cardíaca. Administrado metaraminol (0,5 mg) com resposta favorá- 2. Backes CH, Nicholson L, Rivera BK, et al. Extracorporeal mem-
vel (PAM = 88 mg). Permaneceu estável até o emprego da protami- brane oxygenation incidence, characteristics, and outcomes in
na, quando apresentou novo episódio hipotensivo (PAM = 40 mmHg) neonatal Down’s syndrome patients. ASAIO J. 2016;62:477-81.
revertido com o uso de metaraminol (0,5 mg), não apresentou ou-
tras intercorrências até o fim da cirurgia.
Discussão: A ocorrência de hipotensão arterial grave associada ou TLO649 MANEJO ANESTÉSICO DURANTE ABLAÇÃO
não a bradicardia, devido à diminuição da resistência vascular sis- ENDOCÁRDICA DE HIPERTROFIA SEPTAL POR
têmica, após o uso de doses elevadas em bólus, como as usadas RADIOFREQUÊNCIA – RELATO DO PRIMEIRO CASO NO BRASIL
em cirurgia cardíaca, é pouco frequente. Entretanto, exige trata-
João Henrique Zucco Viesi*, Indara Mattei Dornelles,
mento imediato, com o emprego de vasopressores, cujo emprego
Sávio Cavalcante Passos, Adriene Stahlschmidt,
normalmente reverte o quadro hipotensivo, embora assistolia, com
Bruno Pereira Valdigem, David Costa de Souza Le Bihan
necessidade de entrada rápida em circulação extracorpórea, tenha
sido relatada. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S17

Introdução: A miocardiopatia hipertrófica obstrutiva (MCHO) apre- com tamanho da lesão, local de crescimento, invasão tecidual (ge-
senta efeitos fisiológicos deletérios e está associada a aumento da ralmente extensa) e grau de infiltração.
morbimortalidade. Sabe-se que terapias de redução septal cirúrgi- Relato de caso: Feminina, 37 anos, relato de tosse seca e dispneia
cas e percutâneas são os únicos métodos eficazes para redução do aos grandes esforços havia seis meses. Ecodopplercardiograma tran-
gradiente da via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE). Dentre sesofágico (Ecote): FE 68%; Átrio esquerdo (AE) 38 mm; Massa hete-
elas, a ablação endocárdica de hipertrofia septal por radiofrequên- rogênea no septo interatrial com extensão até o folheto anterior da
cia (AEHSR) tem se tornado atrativa, particularmente em pacientes válvula mitral; Insuficiência mitral (IM) grave – prolapso do folheto
que não respondem à ablação septal alcoólica (ASA). anterior durante a sístole; Valva mitral com fluxo transvalvar tur-
Relato de caso: Feminina, 64 anos, miectomia prévia, apresenta bulento e acelerado, com gradiente de pico e médio 44,2 mmHg
dispneia progressiva apesar de tratamento clínico aprimorado. Ana- e 23,8 mmHg, respectivamente; Insuficiência tricúspide discreta e
tomia não favorável para ASA. Ecocardiograma transtorácico (ETT) pressão sistólica da artéria pulmonar de 55 mmHg. Proposta exé-
demonstrou hipertrofia septal assimétrica, movimento anterior da rese provável mixoma atrial e valvuloplastia mitral. Após monito-
válvula mitral e gradiente máximo da VSVE de 68 mmHg em repouso ração invasiva e acesso venoso central, indução com remifentanil
e 105 mmHg durante Valsalva. Por ser o primeiro caso de AEHSR em 0,4 mcg/kg/min, lidocaína 1 mg/kg, propofol 2 mg/kg, cisatracúrio
nossa instituição, procedeu-se com anestesia geral. Após cateteri- 1,5 mg/kg. IOT sob laringoscopia direta, tubo 7,5. Manutenção com
zação arterial, indução com etomidato, lidocaína, fentanil e cisa- sevoflurano e remifentanil. Paciente manteve estabilidade hemodi-
tracúrio. Parâmetros ventilatórios: volume corrente 6 mL/kg, PEEP nâmica no período de pré-circulação extracorpórea (CEC). Durante
4 cm H2O e relação I:E(1:2). Manutenção anestésica com remifen- a cirurgia, evidenciou-se tumoração que invadia todo o AE, ramos
tanil e sevoflurano. Variação da pressão de pulso, teste da elevação e sub-ramos da veia pulmonar direita e as cúspides da valva mitral
passiva das pernas e ecocardiografia guiaram a reposição volêmica. com 10 cm de diâmetro, de consistência dura, aspecto nacarado.
Bólus de fenilefrina quando necessário. Com auxílio da fluoroscopia, Feitas exérese da massa e substituição valvar mitral por prótese
posicionados cateteres para determinação do potencial de His. Pela biológica. CEC 110 min, com clamp aótico (Ao) de 93 min. Na saída
abordagem retroaórtica, guiada por ecocardiografia transesofágica, de perfusão, apresentou instabilidade hemodinâmica importante e
cateter terapêutico foi posicionado no local de maior contratilidade refratária a apoio inotrópico com dobutamina e noradrenalina. Fei-
septal. Ao término, constatou-se redução de 42% do gradiente da tas várias tentativas de cardioversão sem sucesso. Ecote evidenciou
VSVE. Administradas morfina, dipirona e ondansetrona. Extubação e IM importante. Optou-se por reentrada CEC (50 min, clamp Ao 40
condução à UTI. No primeiro dia de pós-operatório (PO), usaram-se min) e substituição por prótese mecânica duplo folheto. Infusão de
baixas doses de noradrenalina. Níveis de troponina se mantiveram 2.000 mL de cristaloide, 600 mL de hemácias, 500 mL de cell saver.
elevados durante as primeiras 48 horas, teve queda progressiva. Saída sem intercorrências, sem sinais de IM grave. A paciente apre-
Alta da UTI no 3° PO. No 4° PO, ETT evidenciou hipocontratilidade sentou boa evolução no pós-operatório, recebeu alta no sétimo dia
septal e reduções de gradientes em repouso (68 a 45 mmHg) e du- e manteve-se em fibrilação atrial. No oitavo mês de pós-operatório
rante Valsalva (105 a 73 mmHg). No 60° PO, além da melhoria clí- fez-se ablação para correção da FA, com manutenção em ritmo si-
nica, evidenciou-se redução do gradiente de 73% (105 a 25 mmHg). nusal, CF I da NYHA.
Discussão: A MCHO impõe particularidades à condução da aneste- Discussão: A notável dificuldade de saída de CEC, resolvida após
sia. Deve-se ter atenção especial à adequação da pré-carga e dos identificação de incompatibilidade da valva inicialmente selecio-
parâmetros ventilatórios, ao controle da estimulação simpática e nada, evidencia a importância e, muitas vezes, indispensabilidade
à manutenção da pós-carga, com vistas à redução da obstrução da do Ecote no manejo anestésico cirúrgico na cirurgia cardíaca, espe-
VSVE e aprimoramento hemodinâmico. A AEHSR é uma modalida- cialmente nos casos complexos e raros.
de terapêutica pouco invasiva e promissora para os pacientes com Referência:
MCHO, tem sido cada vez mais empregada e os anestesiologistas 1. Luo W, Teng P, Ni Y. A rare cardiac inflammatory myofibroblastic
devem se familiarizar com o procedimento. tumor involving aortic valve. J Cardiothorac Surg. 2017;12:13.
Referências:
1. Poon SS, Cooper RM, Gupta D. Endocardial radiofrequency septal
ablation – A new option for non-surgical septal reduction in patients TLP875 USO DE DEXMEDETOMIDINA NA CORREÇÃO DE
with hypertrophic obstructive cardiomyopathy (HOCM)? A system- CARDIOPATIA CONGÊNITA
atic review of clinical studies. Int J Cardiol. 2016;222:772-4.
Isabela Scárdua Frizzera Gonçalves*, Ariani Cristina Moraes
2. Varma PK, Raman SP, Neema PK. Hypertrophic cardiomyopathy
part II – Anesthetic and surgical considerations. Ann Card Anaes- Benites, Francisco Ricardo Marques Lobo
th. 2014;17:211-21. Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), São
José do Rio Preto, SP, Brasil
Introdução: A dexmedetomidina é um agonista α2-adrenérgico
TLO737 TUMOR MIOFIBROBLÁSTICO INFLAMATÓRIO
seletivo que tem propriedades úteis em anestesiologia por apre-
INTRACARDIÁCO: MANEJO ANESTÉSICO E RELATO DE CASO
sentar ação sedativa e analgésica, pode ser uma opção atraente
Wagner Fernandes Júnior, Vinícius Martins Andrade*, Mateus como agente único ou adjuvante às técnicas anestésicas habituais.
Moreira Antunes, Alexandre de Castro Morais, André Vinicius Os principais efeitos cardiovasculares da dexmedetomidina são ca-
Campos Andrade, Cláudio Leo Gelape racterizados por redução da pressão arterial média e da frequência
cardíaca, cuja intensidade das alterações depende da posologia. A
Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais
rápida infusão, por exemplo, pode levar a uma resposta inicial de
(IPSEMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
hipertensão temporária decorrente da vasoconstrição periférica. No
Introdução: O tumor miofibroblástico inflamatório (IMT) ocorre entanto, a hipotensão – causada pela significativa redução dos ní-
principalmente em crianças e adultos jovens do sexo feminino. É veis circulantes de catecolaminas – é seu principal efeito na pressão
uma neoplasia de baixo grau constituída por células miofibroblásti- arterial.
cas diferenciadas acompanhadas por células inflamatórias. Devido a Relato de caso: Paciente feminino, 7 anos, 21 kg, 1,22 m, ASA II,
sua rara manifestação intracardíaca (< 5% dos casos) e escassez de com diagnóstico de comunicação interatrial. Capacidade funcio-
casos clínicos descritos, o manejo anestésico-cirúrgico é complexo nal moderada. Sem relato de outras comorbidades, antecedentes
e imprevisível. As possíveis complicações são variáveis de acordo familiares cardiológicos, passado anestésico, uso de medicações e
S18 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

alergias. Ecocardiograma: comunicação interatrial tipo ostium se- tâncias vasorrelaxantes produzidas pelo endotélio, especialmente o
cundum com repercussão hemodinâmica. Fração de ejeção: 74,5%. óxido nítrico (NO), leva à diminuição da resistência vascular sistê-
Cirurgia proposta: fechamento de comunicação interatrial com uso mica. A síntese do NO pelo organismo é regulada pelas óxido nítrico
de circulação extracorpórea. Monitoração: cardioscopia, oximetria, sintases (ONS). Em situações de vasoplegia ocorre uma ativação das
capnografia, pressão arterial invasiva e venosa central, índice bis- ONS induzíveis, que aumenta exponencialmente a quantidade de
pectral, ecocardiograma transesofágico, termômetro nasofaríngeo NO. Esse aumento faz com que haja um relaxamento da muscula-
e retal e sonda vesical de demora. Indução: midazolam 0,04 mg/kg, tura lisa dependente de GMPc, que tem uma íntima relação com o
sufentanil 1,5 µg/kg, dexmedetomidina 0,5 µg/kg/hora, sevoflura- sistema AMPc, no qual age a noradrenalina. A via do GMPc, quando
no a 3% e rocurônio 0,6 mg/kg. Manutenção: infusão contínua de exacerbada, bloqueia a via do AMPc. O azul de metileno tem sido
dexmedetomidina 0,5 µg/kg/hora, rocurônio 0,2 mg/kg/40 minutos usado no tratamento de alterações hemodinâmica refratárias; sua
e sevoflurano a 2%. Balanço hídrico: +15 mL. Duração anestésica: ação consiste na inibição competitiva da enzima guanilato ciclase,
quatro horas. Desfecho: a paciente foi levada extubada à unidade produtora do GMPc. Essa inibição permite uma melhor atuação do
intensiva, hemodinamicamente compensada à custa de dopamina sistema AMPc induzida pela adrenalina, e gera assim uma melhor
5 µg/kg/minuto. No quinto dia de pós-operatório, recebeu alta em resposta vasoconstritora.
bom estado geral. Referências:
Discussão: A dexmedetomidina tem sido comumente adotada como 1. Fisher GW, Levin MA. Vasoplegia during cardiac surgery: cur-
adjuvante pelos anestesiologistas em cirurgias para correção de rent concepts and management. Semin Thorac Cardiovasc Surg.
cardiopatia congênita, sobretudo pelo seu perfil farmacológico, 2010;22:140-4.
permite a diminuição da necessidade de opioides e anestésicos ina- 2. Lenglet S, Mach F, Montecucco F. Methylene blue: potential use
latórios. Dessa maneira, o fármaco proporciona uma boa estabili- of an antique molecule in vasoplegic syndrome during cardiac
dade durante a cirurgia pela diminuição do tônus simpático com surgery. Expert Rev Cardiovasc Ther. 2011;9:1519-25.
atenuação das respostas hemodinâmicas e neuroendócrinas ao es-
tresse cirúrgico.
Referências:
1. Bagatini A, Gomes CR, Masella MZ, Rezer G. Dexmedetomidina:
farmacologia e uso clínico. Rev Bras Anestesiol. 2002;52:606-17. VI) Anestesia em Cirurgia Torácica
2. Mato M, Pérez A, Otero J, Torres LM. Dexmedetomidina, un
fármaco prometedor. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2002;49:407-20.
TLP968 ANESTESIA EM PACIENTE COM PECTUS
EXCAVATUM E REPERCUSSÃO HEMODINÂMICA: RELATO DE
TLP979 VASOPLEGIA EM CIRURGIA CARDÍACA: UM RELATO CASO
DE CASO
Marcelo Kenji Lima Nishina*, Larissa Fernanda Coêlho dos Santos,
Fernanda Lourenço Furigo, Anny Sugisawa, Gualter Lisboa Ramalho, Ana Luisa Dantas Souto
Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz, Felipe José Ferrer de Morais,
Centro de Ensino e Treinamento (CET), Sociedade Brasileira de
Lucas Fernandes da Silva*, Fábio Luis Ferrari Regatieri
Anestesiologia (SBA), João Pessoa, PB, Brasil
Instituto Paulista de Assistência Respiratória (IPAR), São Paulo, SP,
Introdução: Pectus excavatum (PE) é uma anomalia congênita co-
Brasil
mum do tórax anterior caracterizada por depressão esternal, resul-
Hospital São Camilo, Vila Pompeia, São Paulo, SP, Brasil
ta em um precórdio côncavo. Comumente, os pacientes são assin-
Hospital Geral de Itapevi, São Paulo, SP, Brasil
tomáticos, porém, estima-se que 35% dos portadores manifestem
Introdução: A vasoplegia é uma das principais causas de instabili- a forma mais grave do problema, com sintomatologia cardíaca e
dade hemodinâmica em cirurgia cardíaca. A síndrome vasoplégica pulmonar. No tratamento cirúrgico, há grande risco de perfuração
foi descrita em 1977 por Arkin, no contexto de pós-operatório de de grandes vasos, que leva a perda volêmica importante, além de
cirurgias cardíacas com circulação extracorpórea, e se caracteri- aumento no potencial de arritmias e consequências de um pneumo-
za por uma combinação de hipotensão, débito cardíaco normal ou tórax bilateral iatrogênico. Objetiva-se relatar o caso de paciente
aumentado e por uma redução da resistência vascular sistêmica, é submetida à cirurgia de PE devido a sintomatologia grave.
muitas vezes refratária ao uso de aminas vasoativas. Relato de caso: Feminino, 26 anos, ASA 3, tabagista, 72 kg, 170 cm,
Relato de caso: Paciente masculino, 47 anos, tabagista, hiperten- IMC 24,91 kg/m², com limitação importante nas atividades diárias.
so com IAM havia 18 horas apresentava lesão grave em tronco de Foi internada para cirurgia de correção de deformidade torácica
coronária esquerda, Killip IV em antiagregação dupla, submetido a (PE). TC de tórax: deformidade da parede torácica anterior, com de-
revascularização do miocárdio com mamária para DA sob anestesia pressão côncava do esterno na linha mediana, de forma simétrica,
geral, indução com midazolam 15 mg, fentanil 500 mcg, rocurônio com significativa compressão cardíaca, alteração na morfologia e
100 mg, manutenção com remifentanil e propofol em BIC e sevoflu- desvio para esquerda. Índice de Haler 7,6. ECO: Movimento anômalo
rano. Submetido a circulação extracorpórea por 50 minutos com 35 do septo interventricular, prolapso da valva mitral com insuficiên-
minutos de anoxia, apresentou sangramento de aproximadamente cia leve, insuficiência tricúspide discreta, movimento anômalo da
2200 mL; foram feitos seis concentrados de hemácias, oito bolsas parede do ventrículo direito em decorrência do PE que ocasionava
de plaquetas, oito de plasma e oito de crioprecipitado. Apresentou deformidade e invaginação diastólica, além de derrame pericárdico
hipotensão grave à saída da CEC; foi necessária infusão de noradre- mínimo; FE = 58%. RNM: Não se conseguiu avaliar veias pulmonares
nalina, vasopressina e azul de metileno, o paciente foi acompanha- e cavas devido a distorção. Na SO: venóclise com jelco 18G, moni-
do à UTI em uso de noradrenalina 0,6 mcg/kg/min e vasopressina toração com cardioscopia (110 bpm), PANI (127 × 63 mmHg), BIS e
2 U/h,, evoluiu a óbito após 12 horas. SpO2 (97%). Sedação com 4 mg de midazolam e 50 μg de fentanil
Discussão: A síndrome vasoplégica tem uma gênese multifatorial, para posicionamento em decúbito lateral esquerdo e procedida pe-
e no caso de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, ocorre prin- ridural T6-T7 com agulha Tuohy 17G, encontrado espaço por perda
cipalmente devido à exposição corporal a materiais não fisiológicos de resistência, aspiração negativa para sangue e líquor, infusão de
e ao uso de heparina/protamina. Desencadeia uma síndrome de 5 mL de levobupivacaína a 0,5% com vasoconstrictor, 1 mg de mor-
resposta inflamatória, apresenta uma produção excessiva de subs- fina e 10 μg de sufentanil, com passagem de cateter. Em seguida,
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S19

paciente foi pré-oxigenada por cinco minutos e feita anestesia geral as mais frequentes nas primeiras 24 horas de estada na UTI. Essas
venosa total com remifentanil (0,1 μg/kg/h), propofol em infusão complicações e os efeitos colaterais demandam constante vigilân-
alvo-controlada e rocurônio (0,6 mg/kg). Intubação com TOT 7,5 cia e um manejo correto por parte de toda a equipe assistente no
com cuff. Não houve hipotensão ou bradicardia. Paciente extubada pós-operatório.
sem queixas, retirado o cateter peridural e levada à UTI. A analgesia Referência:
peridural foi satisfatória, não apresentava dor no pós-operatório. 1. Duarte LTD, Fernandes MCCB, Fernandes MJ, et al. Analgesia pe-
Alta hospitalar após 72 horas. ridural contínua: análise da eficácia, efeitos adversos e fatores
Discussão: A cirurgia para correção do PE sabidamente melhora a de risco para ocorrência de complicações. Rev Bras Anestesiol.
função cardiopulmonar, a tolerância ao exercício e a autoimagem 2004;54:371-90.
do paciente, é terapêutica para pacientes com sintomatologia e um
desafio para os anestesiologistas.
Referências: TLO340 Relato de caso: ANESTESIA PARA TIMECTOMIA
1. Fokin AA, Steuerwald NM, Ahrens WA, Allen KE. Anatomical, his- TRANSESTERNAL EM PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS
tologic, and genetic characteristics of congenital chest wall de-
formities. Semin Thorac Cardiovasc Surg. 2009;21:44-57. José Osiel de Almeida, Laís Campos Bittencourt,
2. Sigalet DL, Montgomery M, Harder J, Wong V, Kravarusic D, Alas- Eduardo Campos Braga, Bruno Farah Alvarenga,
siri A. Long term cardiopulmonary effects of closed repair of pec- Gabriella Christiane Heuer Guimarães*, Gustavo Acioli Murta Torres
tus excavatum. Pediatr Surg Int. 2007;23:493-7. Fundação Santa Casa de Misericórdia de Franca, Franca, SP, Brasil
Introdução: Miastenia gravis (MG) é uma doença autoimune que
TLO479 INCIDÊNCIA DAS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES COM afeta o receptor nicotínico de acetilcolina na membrana-pós-si-
A ANALGESIA PERIDURAL CONTÍNUA NO PÓS-OPERATÓRIO náptica da junção neuromuscular, causando fraqueza do músculo
IMEDIATO DE CIRURGIAS TORÁCICAS esquelético. A incidência e prevalência de MG têm aumentado, e a
doença é subdiagnosticada. A origem precisa da resposta imune é
Alisson Izidoro Angelo, Artur Antonio Rodrigues Burlamaque, desconhecida, mas as anormalidades do timo desempenham papel
Bruno Bertagnolli Londero*, Fábio Amaral Ribas, relevante na produção dos anticorpos contra os receptores. Essas
Andréa da Silva Portela reações com anticorpos ativam o sistema complemento e resultam
Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, em lesão da membrana muscular e dos canais de sódio, com com-
Brasil prometimento da transmissão neuromuscular (TNM).
Relato de caso: Paciente, feminina, 33 anos, sem comorbidades,
Justificativa e objetivos: O alívio da dor no pós-operatório é um com história de fraqueza muscular generalizada e ptose palpebral,
dos objetivos do anestesiologista. Além disso, a analgesia peri-
em investigação ambulatorial de MG, encaminhada ao hospital com
dural contínua pós-operatória reduz a morbimortalidade, porém
dispneia. Iniciado tratamento com piridostigmina e prednisona. Ao
esses benefícios não são obtidos sem riscos ou efeitos adversos.
exame físico, PA 130 × 85 mmHg, FC 100 bpm, Sat O2 95%, ptose
Com isso, objetivamos identificar a frequência dos efeitos adver-
palpebral e perda de força muscular proximal em MMSS e MMII. Hb
sos decorrentes do uso da técnica analgésica com cateter peridu-
13,5, Ht 41,3, plaquetas 141.000, Ur 35, Cr 0,8, Na 138, K 4,8, INR
ral no nosso meio.
1,00, PTT 26. TC de tórax evidenciava aumento de timo, sem outras
Método: Fizemos um estudo observacional, descritivo, retrospecti-
alterações, foi programada timectomia transesternal. A anestesia
vo, com análise de prontuário e fichas de avaliação da dor, de 179
escolhida foi a geral balanceada, indução venosa com alfentanil 1,5
pacientes submetidos a cirurgia torácica de junho de 2016 a junho
mg, propofol 200 mg e rocurônio 25 mg. Mantida com sevoflurano
2017. Foram incluídos os pacientes que fizeram a técnica peridural
2%. Reversão do bloqueador neuromuscular (BNM) com sugammadex
contínua para analgesia pós-operatória no período. Foram excluí-
200 mg. Procedimento sem intercorrências. Evoluiu no pós-operató-
dos 26 pacientes. A técnica de anestesia usada foi a balanceada
rio no CTI com pneumonia e insuficiência respiratória aguda e ne-
com propofol 2-3 mg/kg, fentanil 3-5 mcg/kg, succinilcolina 1 mg/
kg, atracúrio 0,5 mg/kg e manutenção com sevoflurano. A solução cessidade de ventilação mecânica, tratada com meropenem e ami-
de analgesia usada foi 140 mL de soro fisiológico 0,9% + 50 mL de cacina. Tratada ainda com imunoglobulina humana por cinco dias.
ropivacaína 7,5% + 10 mL fentanil, com infusão de 5 a 10 mL/h a Recebeu alta dois meses após cirurgia, com discreta perda de força
critério médico. A noradrenalina foi a droga de escolha para a corre- muscular em MMSS.
ção da hipotensão relacionada ao bloqueio simpático causado pelo Discussão: A escolha da técnica anestésica é desafiadora. O risco
anestésico local. A dor foi avaliada através de uma escala numérica de insuficiência respiratória no pós-operatório é motivo de preo-
verbal da dor (EVA). A incidência de complicações/efeitos adversos cupação. É importante uma avaliação pré-anestésica detalhada
foi mensurada nas primeiras 24 horas de internação da UTI. Todos os e quando disponível avaliação da função pulmonar. Halogenados
pacientes receberam sondagem vesical de demora, de forma que a podem aumentar o efeito dos BNM adespolarizantes. Entre os
retenção urinária não pôde ser avaliada. fármacos venosos, o propofol é uma boa escolha por não alterar a
Resultado: Dos 153 pacientes analisados, 52,45% eram mulheres; função neuromuscular e pelo rápido retorno à ventilação espontâ-
90,18% brancos e a média foi de 59,44 anos (mínima de 20 e má- nea. Opioides com potencial de acúmulo devem ser evitados. Entre
xima de 85). Dos pacientes, 45,90% (n = 74) tiveram alguma com- os BNM, usar os de curta/intermediária duração. Pela variedade de
plicação/efeito adverso nas primeiras 24 horas do pós-operató- respostas aos BNM, desde extrema sensibilidade até uma respos-
rio, prurido foi a mais frequente (19,60%), seguido de parestesias ta convencional, semelhante à observada em pacientes sem MG,
(17,64%), dor (EVA igual ou maior do que 4) (15,68%) e náusea/ torna-se obrigatória a monitoração da TNM na MG, que deve ser
vômitos (12,41%). Além disso, houve dois casos de deslocamento sempre iniciada antes da injeção do relaxante. Recomenda-se o uso
do cateter, um de agitação, um de síndrome de Horner e um de de estímulo de forte intensidade, como SQE (TOF: train of four).
crise convulsiva. Estudos têm demonstrado a eficácia e segurança do sugammadex.
Conclusão: Este estudo demonstrou que as complicações e os efei- Referências:
tos adversos com a analgesia peridural e passagem do cateter para 1. Blichfeldt-Lauridsen L, Hansen BD. Anesthesia and myasthenia
o controle da dor pós-operatória em cirurgia torácica têm alta in- gravis. Acta Anaesthesiol Scand. 2012;56:17-22.
cidência na nossa casuística. O prurido, as parestesias e a dor são 2. Gilhus NE. Myasthenia gravis. N Engl J Med. 2016;375:2570-81.
S20 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLP213 RUPTURA DO ESTÔMAGO DECORRENTE 1620:1. As doses habitualmente preconizadas pela literatura para o
DA ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÊNIO VIA CATETER uso desse fármaco em anestesia se configuram em uma indução de
NASOFARÍNGEO 1 mcg/kg/h por 10 minutos, seguido de uma dose de manutenção
de 0,2 a 0,7 mcg/kg/h.
Felipe Almeida Ramos*, Victor Costa Nuevo, Relato de caso: Paciente C.R.A., masculino, 45 anos, 70 kg, ad-
Elidia Cristina Moraes das Chagas mitido no centro cirúrgico para videotoracoscopia com biópsia de
Hospital de Base de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, pleura. Na chegada, apresentava-se consciente, orientado, SpO2 de
SP, Brasil 99% em ar ambiente, FR 19, FC 88, PA 120/70. Instalada dexme-
detomidina na concentração de 2 mcg/mL em bomba de infusão
Introdução: A ruptura de um estômago saudável na ausência de contínua e iniciada dose de ataque de 17 mcg/kg/h por 10 minutos,
trauma abdominal é um evento relativamente raro. Quando ocor- seguida de manutenção com 8,5 mcg/kg/h durante o restante do
re, está associada à distensão excessiva causada por alimentos ou procedimento, associado a propofol 1% também em bomba de infu-
gases, massagem em manobras de ressuscitação cardiopulmonar e são, na dose de 20 mcg/kg/min. Analgesia efetuada com sufentanil
administração de oxigênio via cateter nasofaríngeo. Existem apenas em bólus, com uma dose inicial de 5 mcg previamente à incisão e
17 casos relatados na literatura de 1961 até 2017. O caso relatado a duas doses subsequentes com 3 e 2 mcg, respectivamente, antes da
seguir traz um paciente que sofreu ruptura espontânea do estômago inserção dos trocanteres e manipulação pleural. Feita também in-
após administração de oxigênio via cateter nasofaríngeo em uma filtração com lidocaína 1% nos locais de inserção dos trocanteres. A
broncoscopia. cirurgia durou uma hora e 40 minutos. No período, o paciente apre-
Relato de caso: Paciente sexo feminino, 43 anos, admitida na uni- sentou valores de PA que oscilaram entre 140/90 e 150/100 mmHg.
dade hospitalar com quadro de dispneia leve aos médios esforços FC se manteve entre 70 e 80 bpm. SpO2 sofreu queda no transcorrer
que evoluiu para dispneia intensa, tosse e ortopneia em duas sema- do procedimento, com valores iniciais de 99% que atingiram até
nas. Negou febre e outros sintomas associados ao quadro. Relatou 90% ao término da cirurgia, com recuperação rápida para 95% em
história de internamento anterior dois meses antes, após tentativa cateter nasal a 2 L/min na SRPA. Oxigênio suplementar oferecido
de suicídio, com lesão cortocontusa em região cervical anterior. Foi no transoperatório através de mascara facial com reservatório (Ba-
diagnosticada um granuloma intratraqueal e a paciente foi subme- raka) e uma FiO2 de 100% a 5 L/min, paciente manteve ventilação
tida a uma broncoscopia rígida para ressecção da lesão. O procedi- espontânea no transcorrer de todo o procedimento. Foi liberado da
mento cirúrgico ocorreu sem intercorrências e após a extubação a SRPA após uma hora e 15 minutos, com escore 10 de Aldrete-Kroulik
paciente apresentou tosse de difícil controle; foi submetida a bron- modificado.
coscopia flexível por suspeita de resquícios do granuloma. Após o fim Discussão: Uma propriedade útil dessa medicação é sua pequena
do procedimento, paciente apresentou melhoria da tosse e queixa influência no drive ventilatório, o que a torna valiosa em procedi-
de dor abdominal importante. Radiografia simples do abdômen diag- mentos nos quais se deseja manter a ventilação espontânea, princi-
nosticou pneumoperitôneo e a paciente foi submetida à laparotomia palmente naqueles em que há necessidade de instrumentação que
exploradora de urgência. Procedimento ocorreu sem intercorrências envolva vias aéreas. A literatura apresenta alguns relatos de casos
e a paciente recebeu alta hospitalar após uma semana. nos quais doses elevadas foram usadas, com o objetivo de empre-
Discussão: Os achados clínicos da ruptura gástrica são distensão e gar a dexmedetomidina como agente anestésico único. Quando bem
dor abdominal e diminuição dos ruídos hidroaéreos. Muitos pacien- indicada, essa técnica também pode ser aplicada em situações nas
tes apresentam vômitos e, alguns, enfisema subcutâneo. A etiopa- quais não se deseja manipulação de via aérea, como foi o caso aqui
togenia da ruptura gástrica neste caso está relacionada diretamente descrito, algo que comumente acontece em pacientes com comor-
à colocação do cateter após o limite do palato mole, abaixo da bidades respiratórias graves.
cartilagem cricoide, o que pode levar ao direcionamento do fluxo de Referências:
oxigênio para o estômago em vez de para a nasofaringe. Além disso, 1. Scott-Warren, VL, Sebastian J. Dexmedetomidine: its use in inten-
o fato de o paciente estar anestesiado, com consequente relaxa- sive care medicine and anaesthesia. BJA Education. 2016;16:242-6.
mento da musculatura cricofaríngea, e a deglutição de ar por estí- 2. Ramsay MAE, Luterman DL. Dexmedetomidine as a total intrave-
mulo do cateter no anel cricofaríngeo também contribuem para o nous anesthetic agent. Anesthesiology. 2004;101:787-90.
evento. A mortalidade da ruptura gástrica nesses casos chega a 53%
e a 100% nos pacientes não submetidos à laparotomia exploradora.
O fato de ser um evento raro pode levar à dificuldade diagnóstica TLO128 USO DE SUGAMADEX EM PACIENTES COM
em determinados casos. Pacientes idosos, com diversas comorbida- MIASTENIA GRAVIS
des, por exemplo, podem ter inúmeras suspeitas diagnósticas antes
Débhora Dayanne Tres*, Francisco Ricardo Marques Lobo,
de que se suspeite de ruptura gástrica. Isso traz a necessidade de o
anestesista estar atento à possibilidade sempre que se fizer uso de Lucas Guizilini Ferreira, Camila Vioto, Isabela Scárdua Frizzera
cateter nasofaríngeo para oxigenação. Gonçalves, Amanda de Figueiredo Calili
Hospital de Base, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
(Famerp), São José do Rio Preto, SP, Brasil
TLO162 USO DE DEXMEDETOMIDINA EM DOSES NÃO
Introdução: A miastenia gravis (MG) é um doença autoimune, rara,
CONVENCIONAIS PARA VIDEOTORACOSCOPIA: RELATO DE
que afeta a porção pós-sináptica da junção neuromuscular, causa
CASO diminuição dos receptores da acetilcolina na placa motora. O prin-
Kim Baminger Oliveira*, Armando Vieira de Almeida, cipal sintoma é a fraqueza muscular, que piora com o uso repeti-
Lucas Daniel Ribeiro de C. Salustiano, Werner Alfred Gemperli do da musculatura e melhora com o repouso. Ocorrem períodos de
exacerbação e remissão. Seu diagnóstico é feito através do exame
Santa Casa de Campo Grande, Campo Grande, MS, Brasil
clínico e físico e confirmado por exames laboratoriais que detectam
Introdução: A dexmedetomidina é o enantiômero S da medetomi- a presença de autoanticorpos.
dina e tem ação agonista em receptores alfa-2 adrenérgicos locali- Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 70 anos, 94 kg, 168 cm
zados no locus ceruleus, proporciona sedação semelhante ao sono de altura, diagnosticada havia um ano com MG, em uso de predniso-
natural, com depressão respiratória mínima. Tem uma alta seleti- na 40 mg/dia e piridostigmina 180 mg/dia. Internada eletivamente
vidade para esse receptor, com uma relação de afinidade a2:a1 de para ser submetida a timectomia por videotoracoscopia. A anestesia
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S21

geral foi iniciada com dexmedetomedina, na dose de ataque de 90 rais profundos; ectasia de artéria femoral D de 3,2 cm; dilatação
mcg em 20 minutos, em seguida feita manutenção com 0,5 mcg/ significativa de veias ilíacas comum e externa D. Admitido em sala
kg/h. Logo após foi feita a administração endovenosa de sufenta- de operação eletivamente para correção de FAV. Ato anestésico ini-
nil 50 mcg em bólus, propofol em infusão contínua alvocontrolada ciado com monitoração através de cardioscopia, oximetria de pulso,
(3 µg.mL) e rocurônio 50 mg. Após a indução, o bloqueio neuromus- pressão arterial não invasiva e venóclise com jelco 14G em MDS.
cular foi monitorado através do TOF (train of four) e estimulação Feita anestesia geral, indução com sufentanil 0,5 mcg/kg, lidocaína
com contagem pós-tetânica (CPT), mantidos em zero e entre 5-10, 1 mg/kg, propofol 2,5 mg/kg e rocurônio 0,6 mg/kg e manutenção
respectivamente. Doses adicionais de rocurônio foram administra- com sevoflurano 2%. Seguida a cateterização de artéria radial di-
das quando o CPT era maior do que 10. A duração da cirurgia foi de reita para obtenção de PA invasiva, além de acesso venoso central
270 minutos. Foi usado sugamadex (2 mg/kg) no fim da cirurgia para com cateter duplo lúmen 7 FR em veia jugular interna direita com
reversão do bloqueio neuromuscular. Com padrões satisfatórios de auxílio de USG. Paciente apresentou sangramento importante no in-
descurarização (T4/T1 > 0,9), a paciente foi extubada em sala cirúr- traoperatório, com instabilidade hemodinâmica, necessitou do uso
gica. Apresentava-se eupneica e com saturação de oxigênio de 97% de droga vasoativa (norepinefrina) e transfusão de um concentrado
em ar ambiente. Foi levada para a UTI, onde permaneceu por dois de hemácias. Levado à UTI ao fim do procedimento, foi extubado
dias. Teve alta hospitalar no sexto dia de pós-operatório. três dias após, com alta hospitalar, no 7º DPO.
Discussão: A escolha da técnica anestésica nos pacientes com MG é Discussão: Fístulas AV adquiridas decorrem de traumas fechados ou
desafiadora. Deve-se lembrar a fisiopatologia da doença e suas mo- lesões penetrantes, com laceração tanto da artéria como da veia,
dificações no funcionamento da placa motora. Consequentemente, estabelecem uma comunicação direta e imediata entre ambas. FAVs
ocorrem alterações na hidrólise da succinilcolina e dos bloqueado- crônicas com alto débito podem causar insuficiência cardíaca e di-
res neuromusculares (BNM) adespolarizantes, que potencializa seus latação da veia cava inferior e das veias ilíacas, além de edema das
efeitos. O uso contínuo da piridostigmina até o dia do procedimento extremidades inferiores. As repercussões cardiovasculares podem
não é consenso e os pacientes em uso dessa medicação podem ter ser exuberantes, porém podem estar ausentes em até metade dos
diminuição da resposta à neostigmina no perioperatório. Uma opção pacientes. A exposição cirúrgica no reparo aberto para o tratamento
segura e eficaz é o uso de sugamadex, um agente de reversão do de FAV de diagnóstico tardio pode ser um desafio, pela presença de
bloqueio neuromuscular induzido por aminoesteroides, com maior grandes vasos colaterais com anatomia complexa, frequentemente
afinidade pelo rocurônio. Cada molécula de sugammadex encapsula envolve perda sanguínea significativa. A complexidade e a morbi-
uma molécula de rocurônio. Mesmo bloqueios profundos podem ser dade potencial associada ao reparo cirúrgico mostram-se como um
revertidos com doses maiores de sugamadex, e o tempo de reversão desafio para o anestesiologista, que deve estar atento às possíveis
é semelhante ao de pacientes sem doenças neuromusculares. complicações e repercussões hemodinâmicas no perioperatório.
Referências: Referências:
1. Ulke ZS, Yavru A, Camci E, et al. Rocuronium and sugammadex 1. Pinto DM, Bez LG, Dias JO, Lopes CS, Mandi A. Iliac aneurysm as-
in patients with myasthenia gravis undergoing thymectomy. Acta sociated with arteriovenous fistula. J Vasc Bras. 2007;6:299-302.
Anaesthesiologica Scandinavica. 2013;57:745-8. 2. Pilan BF, Oliveira AM, Siqueira DE, Guillaumon AT. Tratamento de
2. Medeiros MF, Nunes MV, Santos LGT, et al. Anesthetics implications fístula arteriovenosa adquirida com repercussões hemodinâmi-
in myasthenia gravis – review. Rev Med Minas Gerais. 2016;26:60-4. cas graves: desafio terapêutico. J Vasc Bras. 2014;13:34-8.

TLO227 ANESTESIA PARA IMPLANTE TRANSCATETER DE


VALVA AÓRTICA EM PACIENTE COM ESTENOSE AÓRTICA
VII) Anestesia em Cirurgia Vascular GRAVE: RELATO DE CASO
Roberta de Carvalho e Silva Guedes*, Fernanda Lourenço Furigo,
Fábio Regatieri, Daniel Schneider,
TLP167 ANESTESIA PARA CORREÇÃO CIRÚRGICA DE Marcelo Ribeiro Magalhães Queiroz, Daniel Cantidio
FÍSTULA ARTERIOVENOSA FÊMORO-FEMORAL EM
Hospital Geral de Itapevi, São Paulo, SP, Brasil
PACIENTE PORTADOR DE ANEURISMA DE VEIA ILÍACA
CONCOMITANTE – RELATO DE CASO Introdução: Estenose aórtica é a doença valvar mais comum, com
prevalência de 2% acima de 65 anos. É grave aquela com área valvar
Renata Sofia Guimarães*, Paula Veriato Zenaide, menor do que 1 cm2, gradiente médio transvalvar ≥ 40 mmHg, velo-
Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso, cidade de jato transvalvar aórtico > 4 m/s. O implante transcateter
Ricardo Almeida de Azevedo, José Admirço Lima Filho, de valva aórtica (TAVI), uma técnica minimamente invasiva, foi re-
Samyr Lopes Arruda Carneiro centemente desenvolvido e é restrito aos 40% de pacientes com alto
Hospital Geral Roberto Santos, Salvador, BA, Brasil risco para cirurgia.
Relato de caso: Feminino, 90 anos, ASA IV. Exames laboratoriais sem
Introdução: Fístulas arteriovenosas (FAV) têm etiologia congênita alterações. Ecocardiograma transtorácico (ETT) com FE 77%, valva
ou adquirida. Clinicamente, apresentam-se com alterações locais aórtica espessada com sinais de fibrocalcificação, gradiente valvar
e sistêmicas, evidenciadas principalmente por dor, frêmito e insufi- aórtico de 110 mmHg. Monitorada com ECG, cardioscopia, termô-
ciência cardíaca de alto débito. metro, PANI. PAI, acesso venoso central e MP transvenoso provisório
Relato de caso: Paciente de 43 anos, sexo masculino, com história (MPTP) em femoral. Sedada com midazolam 1 mg, fentanil 50 mcg e
de perfuração por arma de fogo havia 25 anos com desenvolvimento manutenção com dexmedetomidina 0,03 mcg/kg/h e cateter nasal
de edema em membro inferior direito havia 15 anos e aparecimen- O2. Anestesia local para punção femoral. Após alocação de biopróte-
to de massa palpável abdominal. Ao exame, coxa direita bastante se sob estimulação ventricular rápida (EVR), obteve-se bom fluxo à
aumentada em relação à esquerda, com circulação colateral, hipe- aortografia. ETT intraoperatório mostrou VE com desempenho sistó-
remia, sopro contínuo intenso e frêmito em região proximal e me- lico preservado. Levada à UTI e evoluiu sem intercorrências.
dial da coxa direita, além de massa abdominal palpável pulsátil em Discussão: Dois dispositivos estão disponíveis: a válvula Edwards
quadrante inferior direito. Tomografia de MMII evidenciou FAV femo- Sapien (expansível por balão com EVR) e o CoreValve (autoexpansí-
ro-femoral direita (D) relacionada aos vasos distais dos vasos femo- vel). A EVR permite a cessação temporária do DC (PAS < 60 mmHg)
S22 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

para a valvuloplastia com balão e implantação da válvula aórtica, ventilação espontânea e interagia com o examinador; foi extubada.
evita mau posicionamento e embolização da prótese. Após a im- Discussão: As complicações imediatas (CIs) da colocação de CDLLP
plantação da válvula, observa-se frequentemente uma melhoria da podem variar de acordo com o sítio de punção. Os mais usados
função sistólica e diastólica devido à diminuição da pós-carga. Ideal são as veias jugulares internas, subclávias e femorais. A punção
minimizar o risco de insuficiência renal com uma correta hidratação arterial, hemorragia local e formação de hematoma são CIs relati-
pré-procedimento e uma avaliação dos vasos por angiografia, uma vamente frequentes. Pneumotórax e hemotórax são complicações
vez que a lesão vascular é a causa mais comum de morbimorta- menos frequentes e restritas aos procedimentos em veias jugulares
lidade. A abordagem transfemoral é a mais usada. As técnicas de e subclávias. Um percentual menor de CIs está relacionado à in-
anestesia para a TAVI podem variar de acordo com as características serção e manipulação de fio-guia, como arritmias cardíacas, per-
do paciente, doenças coexistentes e a experiência do anestesis- furação de ventrículo e derrame pericárdico com tamponamento
ta. O objetivo é proporcionar anestesia/analgesia menos invasiva cardíaco.
sem comprometer a segurança do paciente. A anestesia local com a Referências:
sedação é uma opção confiável à anestesia geral com menos com- 1. Siviero PCL, Machado CJ, Cherchiglia ML. Insuficiência renal
plicações respiratórias, melhor estabilidade hemodinâmica com crônica no Brasil segundo enfoque de causas múltiplas de morte.
menor uso de drogas vasoativas e menores complicações cardio- Cad Saúde Colet. 2014;22:75-85.
vasculares. Monitoração contínua pós-operatória deve ser feita por 2. Rocha PN, Braga OS, Ritt GF, Gusmão LF, Pontes LCS, Santos MLM.
pelo menos 48 horas. Podem ocorrer complicações como IAM, BAV, Complicações imediatas relacionadas à inserção de cateteres du-
mau posicionamento, IRA, AVC. TAVI é uma técnica desenvolvida plo-lúmen para hemodiálise. J Bras Nefrol. 2008;30:54-8.
para um perfil crescente de pacientes com estenose aórtica grave
e de alto risco.
Referências: TLO963 ENDARTERECTOMIA DE CARÓTIDA SOB SEDAÇÃO E
1. Klein AA, Webb ST, Tsui S, Sudarshan C, Shapiro L, Densem C. BLOQUEIO DE PLEXO CERVICAL: SERÁ UM CAMINHO MAIS
Transcatheter aortic valve insertion: anaesthetic implications of SEGURO?
emerging new technology. Br J Anaesth. 2009;103:792-9.
2. Franco A1, Gerli C, Ruggeri L, Monaco F. Anesthetic management Jennifer Liste Domingues*, Viviana Ugenti, Glauber Gouvêa,
of transcatheter aortic valve implantation. Ann Card Anaesth. Rodrigo Pereira Diaz André, Priscila de Amorim Miranda dos Santos
2012;15:53-63. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
Brasil
Introdução: O uso de técnicas de monitoração neurológica em cirur-
TLP746 CONDUTA NO PACIENTE COM PNEUMOTÓRAX
gia de endarterectomia de carótida (EAC) nos permite a detecção
IPSILATERAL E HEMOTÓRAX CONTRALATERAL PARA
precoce de alterações perfusionais e isquemia cerebral. Ainda não
COLOCAÇÃO DE CATETER DUPLO LÚMEN DE LONGA há um estudo que demonstre efetivamente uma redução de aci-
PERMANÊNCIA dente vascular perioperatório, e após 30 dias, com anestesia geral
Fabricio Azevedo Cardoso, Bruno Verly da Silva, Caroline Souza ou loco-regional. O estudo GALA comparou anestesia geral versus
Santos, Rodrigo Principe Passini Lannes* anestesia local1 e embora o uso da anestesia geral tenha sido asso-
ciado a um risco pequeno de stroke perioperatório, IAM ou morte, a
Hospital Municipal Souza Aguiar, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
diferença não foi estatisticamente significativa. Não foi observada
Introdução: As doenças renais e do trato urinário são responsáveis diferença na qualidade de vida após um mês da cirurgia, ou na du-
por aproximadamente 850 milhões de mortes anuais em todo o ração da cirurgia, ou no tempo de permanência em UTI ou de inter-
mundo e a incidência de insuficiência renal crônica (IRC) aumenta nação hospitalar. Sua maior desvantagem encontra-se quando se faz
em torno de 8% ao ano. No Brasil, a prevalência de pacientes em necessária a reversão para anestesia geral, compete pelo mesmo
tratamento dessa doença passou de 24 mil em 1994 para 60 mil em campo que o cirurgião.
2004. Dos pacientes com IRC 89,6% são submetidos à hemodiálise Relato de caso: J.N.F., masculino, 82 anos, com estenose de artéria
(HD), por acesso vascular ou por fístulas arteriovenosas, com suas carótida interna esquerda de 90%, com proposta de EAC. Portador
potenciais complicações. de HAS, IRC em tratamento conservador, AIT prévio, ex-tabagista
Relato de caso: Paciente, sexo feminino, 61 anos, IRC em HD, IAM (CT 60 maços-ano). Anestesia através de bloqueio de plexo cervical
havia 10 anos, com marcapasso e doença arterial oclusiva perifé- superficial e profundo e sedação venosa com midazolam (0,12 mg/
rica, Hb 7,0, ASA IV para implante de CDLLP em veia subclávia es- kg), fentanil (1 mcg/kg) e dexmedetomidina (0,3 mcg/kg/h), feita
querda. LOTE, cooperativa e eupneica em ar ambiente. Optou-se com monitoração básica, PA invasiva, SjO2 e medida de débito car-
por fazer o procedimento anestésico com sedação venosa inicial- díaco contínuo por análise de contorno de pulso e termodiluição
mente com midazolam 2 mg + fentanil 30 mcg e anestesia local com transpulmonar (PiCCO). Feito bloqueio de plexo cervical superficial
lidocaína 2% feita pelo cirurgião associada a um apoio de O2 sob e profundo com 20 mL de ropivacaína 1%. O procedimento ocorreu
máscara. O procedimento cirúrgico durou 75 minutos; o cirurgião sem intercorrências, com pequena variação pressórica em relação
referiu bastante dificuldade técnica. Cerca de cinco minutos após o aos níveis de entrada (20%). Ao clampeamento carotídeo, obser-
termino do procedimento, paciente se queixou de desconforto ines- vou-se deterioração clínica, com diminuição das respostas motora
pecífico associado a uma agitação leve. Em seguida, foi constatado e verbal e posterior ausência delas, seguida de grande queda de
pneumotórax ipsilateral ao acesso e feita drenagem torácica. Após saturação pela SjO2, optou-se pela feitura de clampeamento inter-
drenagem, paciente evoluiu com agitação vigorosa, referiu dispneia mitente em vez de shunt. Duraçāo do procedimento: 270 minutos.
até perda da consciência e evoluiu a PCR. Iniciada RCP. Após dois Paciente levado ao CTI acordado, sem queixas ou novos deficits
minutos, foi constatado hemotórax contralateral, feita a drenagem neurológicos.
de hemitórax direito associada à autotransfusão. Após seis minu- Discussão: O principal objetivo do anestesiologista na EAC é mini-
tos de PCR, foi puncionada a artéria femoral esquerda (PAM). Vinte mizar eventos isquêmicos, manter um perfil hemodinâmico estável
minutos após, a paciente evoluiu com nova PCR, revertida em 26 e proteger o cérebro com drogas que sejam capazes de reduzir o es-
minutos. Foram administrados dois concentrados de hemácias e a tresse oxidativo. O método mais eficaz de monitoração de isquemia
paciente foi levada para URPA com tubo orotraqueal em ventila- cerebral é a avaliação da cognição e nível de consciência durante o
ção mecânica. Após quatro horas, paciente apresentava-se vigil, em clampeamento da artéria carótida.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S23

Referências: cação ainda é limitada pela anatomia do vaso. Várias técnicas anes-
1. Warlow CP, Bodenham AR, Colam B, et al. General anaesthesia tésicas podem ser usadas, sem impacto na sobrevida do paciente. A
versus local anaesthesia for carotid surgery (GALA): a multicen- monitoração invasiva é definida pela condição clínica e localização
tre, randomised controlled trial. Lancet. 2008;372:2132-42. do aneurisma. A drenagem do líquor permanece controversa.
2. Vaniyapong T, Chongruksut W, Rerkasem K. Local versus gene- Relato de caso: Mulher, 75 anos, hipertensa, tabagista, com dor
ral anaesthesia for carotid endarterectomy. Cochrane Databases epigástrica e hematêmese. Angio TC evidencia aneurisma de aor-
Syst Rev. 2013;12:CD000126. ta torácica descendente, úlceras trombóticas sangrantes para in-
terior do aneurisma e extensão para aorta abdominal. Letárgica,
eupneica, com níveis tensionais elevados e sem queixas. Indicado
TLP664 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE COM ALERGIA cateter peridural para monitoração contínua de pressão liquórica.
A IODO SUBMETIDO A ARTERIOGRAFIA ARMADA DE Cateterização arterial, indução de anestesia geral e ventilação me-
URGÊNCIA cânica. Feitos acessos venosos central e periférico calibroso, sonda-
gem vesical e monitoração da temperatura. Apresentou hipotensão
Karina Seixas Garcia*, Leandro de Carvalho Lixa, durante insuflação do balão para fixação do stent, revertida após
Luiz Henrique Costa, Thaís Albuquerque do Nascimento liberação do fluxo. Extubada e levada para pós-operatório em UTI.
Hospital Federal do Andaraí, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Discussão: O reparo endovascular gera redução da resposta meta-
bólica ao trauma, do uso de analgésicos e do tempo de internação.
Introdução: O uso de contrastes iodados intravasculares em in- Porém, pode levar a ruptura, conversão para laparotomia ou des-
vestigações radiológicas é rotineiro na pratica cirúrgica. Cada vez locamento de trombos e, em longo prazo, a morbimortalidade é
mais, anestesiologistas estão envolvidos nesse cuidado. Embora o similar à técnica aberta. As monitorações arterial contínua e venosa
uso do contraste seja geralmente seguro, existem efeitos adversos central estimam mudanças agudas na pré-carga e a instalação de
importantes que precisam ser reconhecidos e medidas instigadas acesso calibroso permite infusão rápida de líquidos. Opta-se por ca-
para prevenir seus efeitos indesejados. Apesar de raras, ocorrem teter de artéria pulmonar em casos de função ventricular reduzida.
em 0,1% dos casos, enquanto 0,01% das aplicações intravenosas re- Acessos vasculares devem ser feitos em MSD, deixa-se o MSE à dis-
sultam em fatalidade. A taxa de mortalidade nos Estados Unidos é posição do cirurgião. A anestesia geral é preconizada. Bloqueios de
de 0,9:100.000. O objetivo deste relato de caso é demonstrar como neuroeixo (BNE) cursam com menor resposta ao estresse, ausência
foi conduzido o ato anestésico em paciente sabidamente alérgico a de ventilação mecânica e maior analgesia pós-operatória. Anestesia
iodo que necessitava de arteriografia de urgência. local sob sedação depende da experiência da equipe e tempo cirúr-
Relato de caso: Paciente J.F.F., 63 anos, hipertenso e diabético insu- gico. Indica-se UTI pelo risco de síndrome da implantação do stent.
linodependente, mal controlado, foi submetido à arteriografia com A hipotensão pode levar a migração da prótese, descolamento de
relato de alergia severa a iodo com quadro de angioedema diagnos- trombos, IAM, AVC, isquemia de membros e rotura da aorta. Ou-
ticado por médico intra-hospitalar após uso de xarope de iodeto de tras causas são reação alérgica a contraste iodado, uso de agentes
potássio. Começa na internação dessensibilização com prednisona vasodilatadores e, em caso de BNE, bloqueio simpático. Devido ao
40 mg 8/8h 1 dia antes do procedimento e n-acetilcisteína 600 mg risco de isquemia medular, principalmente em reparos abertos, a
8/8h pela cirurgia vascular. Loratadina no dia da cirurgia. Feito no drenagem de líquor é comum, porém controversa. Nos reparos en-
pré-operatório, uma hora antes do procedimento: ranitidina 50 mg, dovasculares, pode evitar hipotermia e hipotensão arterial. Embo-
metilpredinisolona 40 mg e difenidrina 50 mg. Optou-se por anes- ra, em curto prazo, o tratamento endovascular seja mais vantajoso,
tesia geral como garantia de VAS e preparado adrenalina 5 mcg/mL estudos não mostram diferença de mortalidade após dois anos.
e 50 mcg/mL em caso de urgência. Cirurgia transcorreu sem ins- Conclusão: Não há técnica anestésica preferencial; avaliação pré-a-
tabilidade hemodinâmica e sem intercorrências. Paciente recebeu nestésica, condições clínicas, experiência da equipe e duração do
alta para RPA acordado, estável hemodinamicamente e aldrete de 9. procedimento são cruciais para sua escolha.
Discussão: Concluímos que diante do aumento significativo do nú- Referência:
mero de exames com aplicação de agentes de contraste à base de 1. Wang H. Anesthesia management of endovascular repair of aortic
iodo é necessária uma cooperação estreita entre o anestesista e aneurysm. Austin J Anesth Analg. 2014:1:1002.
o médico intervencionista (cardiologista, radiologista ou cirurgião
vascular). Considerar modos opcionais de imagem e contraste me-
nos tóxicos e alergênicos, com menor dosagem e uso de formas res- TLO688 MONITORAÇÃO HEMODINÂMICA ASSOCIADA
ponsáveis para a proteção dos pacientes. No entanto, nenhuma des- AO ÍNDICE BISPECTRAL E À TAXA DE SUPRESSÃO NO
sas medidas de precaução é uma garantia contra uma reação grave. TRATAMENTO ENDOVASCULAR DE DISSECÇÃO DE AORTA
Referências: TORÁCICA DESCENDENTE
1. Brockow C, Christiansen G, Kanny, et al. Hypersensitivity reac-
Sara Lúcia Ferreira Cavalcante, Renato Labanca Delgado Perdigão,
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Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil
Introdução: A dissecção traumática da aorta torácica tem alta
TLO977 MANEJO ANESTÉSICO DO REPARO ENDOVASCULAR
taxa de mortalidade. O tratamento endovascular apresenta menor
DE ANEURISMA DE AORTA TORÁCICO ROTO
morbimortalidade precoce do que a cirurgia aberta. O desafio he-
Anderson Luis Silvas Amaral*, Mili Freire Almeida Nascimento, modinâmico durante a colocação da prótese é manter hipotensão
Talita da Silva Portugal, Sammer Victor de Almeida arterial sem prejuízo à perfusão de órgãos nobres. O uso da monito-
ração hemodinâmica minimamente invasiva (MHMI), aliado ao índi-
Hospital da Sagrada Família, Salvador, BA, Brasil
ce bispectral (BIS) e à taxa de supressão (SR), permite manutenção
Introdução: O reparo aberto de aneurisma de aorta promove gran- de débito cardíaco e perfusão cerebral adequados na vigência de
des alterações volêmicas, prolongado tempo de oclusão arterial e hipotensão permissiva.
elevada mortalidade. A terapia endovascular cursa com menor es- Relato de caso: Masculino, 68 anos, hígido, relatava queda de bici-
tresse hemodinâmico e elevado índice de sucesso, porém sua indi- cleta 10 dias antes, evoluiu com dor torácica. TC de tórax eviden-
S24 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

ciou dissecção de aorta torácica descendente Crawford I. Admitido mg/dL), tratada com glicose hipertônica 50%, 30 mL IV. Sinais vitais
em sala cirúrgica para correção endovascular, recebeu MHMI, BIS, e hipnose adequados durante os 90 minutos de procedimento, sem
SpO2 e cardioscopia. Apresentava FC 59 bpm, índice cardíaco (IC) uso de inalatórios. Usados bridion 200 mg e lanexat 0,5 mg IV para
2,8 L.min-1.m²-1 e PAI 184 × 99 mmHg. Feita anestesia geral com fen- extubação. Despertar tranquilo, sinais estáveis, foi levado à URPA.
tanil, etomidato, propofol e cisatracúrio, manteve estabilidade he- Alta da URPA após uma hora (Aldrete Modificado 9/10).
modinâmica e IC em torno de 2,5 L.min.-1m²-1, com BIS em torno de Discussão: Pacientes sépticos sempre se constituem um desafio e a
40, sem supressão. Mantido com sevoflurano e remifentanil. Feita abordagem anestésica adequada é fundamental. A cardiomiopatia
hidratação guiada por metas, manteve variação de volume sistólico grave com baixa FE e a sepse são contraindicações relativas ao
(VVS) abaixo de 10%. Antes da colocação da prótese, apresentou bloqueio regional. A indução e manutenção da anestesia geral
baixo débito cardíaco (IC 1,7 L.min-1.m2-1), com VVS 7%. Iniciada impõem algum grau de depressão miocárdica e o uso de agentes
dobutamina 2,7 mg.kg-1.min-1, com retorno do IC para 2,5 L.min-1. mais cardioestáveis e que possam ser revertidos garante maior
m2-1. Para evitar deslocamento do stent, imediatamente antes de segurança. A monitoração da consciência intraoperatória nos
sua colocação, foi iniciado nitroprussiato de sódio a 1 mg.kg-1.min-1, permite abrir mão do uso de agentes inalatórios para manutenção
obteve-se PAM entre 47 e 58 mmHg. Nesse momento, o IC caiu para em algumas situações.
1,8 L.min-1.m²-1, foi aumentada dobutamina para 5 mg.kg-1.min-1, Referência:
com recuperação do IC para 3,1 L.min-1.m²-1. Durante hipotensão 1. Butterworth JF, Mackey DC, Wasnick JD. Bloqueios espinal, epi-
permissiva, manteve-se BIS entre 37 e 43, com SR zero. Após apo- dural e caudal. In: Morgan & Mikhail. Clinical Anesthesiology. 5ª
sição da prótese, interrompeu-se o nitroprussiato, obteve-se IC em ed. Rio de Janeiro: Revender; 2017;743-72.
torno de 5 L.min-1.m²-1 e PAM máxima de 116 mmHg. Interrompida
dobutamina e reiniciado nitroprussiato. No fim, gasometria arterial
mostrava pH 7,40, HCO3- 19,8, PaCO2 32, BE -4, sem alterações TLO959 USO PERIOPERATÓRIO DO ESMOLOL EM
eletrolíticas. Manteve-se glicemia abaixo de 150 mg/dL durante a ANEURISMA ROTO DE AORTA ABDOMINAL: RELATO DE
cirurgia. Após despertar e extubação, o paciente encontrava-se sem CASO
deficit de força em membros e sem disfunção cognitiva, foi levado à
Vinícius Pinheiro Nogueira de Almeida*,
UTI em uso de nitroprussiato, manteve PAM em torno de 100 mmHg.
Discussão: O BIS, além de profundidade anestésica, fornece dados Renato Lucas Passos de Souza, Rafael Eugênio Montezzo,
sobre a perfusão cerebral, por meio da taxa de supressão. A MHMI, Isabela Borges de Melo, Rodrigo Vital de Miranda,
neste caso, guiou a conduta para a manutenção de débito cardíaco Vinícius Dantas Ferreira Lopes
adequado durante hipotensão permissiva. O uso combinado dessa Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
monitoração com o BIS permitiu garantir perfusão encefálica em da Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
cenário hemodinâmico desfavorável.
Referência: Introdução: O aneurisma roto de aorta abdominal é uma emergên-
1. Nunes RR, Fonseca NM, Simões CM, et al. Consenso brasileiro cia cirúrgica com alta taxa de mortalidade, varia de 53 a 90% entre
sobre monitoração da profundidade anestésica. Rev Bras Aneste- diferentes centros hospitalares. Sem tratamento, sua evolução atin-
siol. 2015;65:427-36. ge praticamente 100% de mortalidade em três dias.
Relato de caso: Paciente de 67 anos, masculino, 65 kg, hipertenso,
tabagista, IAM prévio, cardiopata, em uso de atenolol, foi admitido
TLP956 SEPSE E MÚLTIPLAS COMORBIDADES: UM DESAFIO no serviço de emergência com dor abdominal, estável hemodina-
PARA O ANESTESIOLOGISTA micamente, consciente. Suspeita de rotura de aneurisma da aorta
abdominal, feita confirmação diagnóstica por angiotomografia. Fei-
Tarcisio Alves Souza*, Camila Moraes de Souza C. Pereira, ta punção venosa central em veia jugular interna direita e iniciado
Daubernai Bonoso Monteiro Neto, protocolo de transfusão maciça ainda na sala de emergência. Pa-
Bernardo Paraizo Garcia da Costa Thomaz, ciente deu entrada no centro cirúrgico somente após preparo prévio
Fabricio Azevedo Cardoso, Ana Paula de Castro Araújo da sala e chegada de hemocomponentes. Após monitoração, feita
cateterização de artéria radial direita com cateter 20G e obtidas
Hospital Municipal Souza Aguiar, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
duas punções venosas periféricas 14G. Feita indução anestésica se-
Introdução e objetivo: A escolha da técnica anestésica em paciente quencial rápida com alfentanil 1 mg, etomidato 20 mg e succinil-
séptico com múltiplas comorbidades impõe uma avaliação criteriosa colina 70 mg, noradrenalina e dobutamina em infusão contínua.
e individual. O objetivo deste relato é oferecer uma opção de abor- Equipe cirúrgica simultaneamente introduziu balão através da ar-
dagem anestésica para esses pacientes. téria femoral para clampeamento supracelíaco previamente à lapa-
Relato de caso: A.A.A.P., masculino, 60 anos, 55 kg, ASA IV, sépti- rotomia. A partir do balonamento aórtico foi necessário controle
co, HAS, com cardiopatia compensada, DM descompensado, renal hemodinâmico com nitroprussiato de sódio e esmolol. Após laparo-
crônico (ClCr 31,92) agudizado (anarsarca) e DAOP. Deu entrada, de tomia foi feito clampeamento aórtico infrarrenal e colocada prótese
urgência, para amputação suprapatelar de MID com osteomielite. aortobifemoral. Paciente permaneceu com esmolol e noradrenalina
LOTE, pouco cooperativo, eupneico, sinais vitais estáveis, edema- no intraoperatório, e o manejo da volemia foi guiado por exames
ciado e com preditores de via aérea e ventilação difícil. AR com MV laboratoriais, visualização direta da veia cava no campo operató-
diminuído à direita, ACV com BNF, RR2T e sopro sistólico mais audí- rio, PVC e delta PP. Paciente permaneceu estável durante todo o
vel em foco mitral. Ecodoppler do dia com aumento das cavidades ato cirúrgico, com diurese satisfatória e aquecido. Recebeu 6 CH,
esquerdas, disfunção sistólica global de VE importante, disfunção 4 PFC e 1 aférese de plaquetas. Após o término do procedimento
diastólica de VE grau III, regurgitação mitral/tricúspide moderada e cirúrgico, o paciente foi extubado em sala e levado à UTI, estável
derrame pleural volumoso à direita. Posicionado com coxins occipi- hemodinamicamente, onde permaneceu com esmolol, cateter nasal
tal e interescapular. Monitoração padrão associada ao BIS e subme- de oxigênio e sem queixas.
tido a pré-oxigenação (O₂ a 100%) sob máscara facial por três minu- Discussão: Pacientes com aneurisma de aorta abdominal roto tam-
tos. Indução com midazolam 10 mg, fentanil 75 mcg, lidocaína 40 ponado têm maiores chances de sobrevivência se referenciados para
mg e rocurônio 60 mg IV seguida de laringoscopia direta e intubação unidades com estrutura e equipe especializada. Um planejamento
orotraqueal tubo 7,5 mm com cuff insuflado (Cormack II) e confirma- anestésico cirúrgico adequado é extremamente necessário para o
do por capnografia. A glicemia capilar evidenciou hipoglicemia (50 sucesso no desfecho. O uso de betabloqueadores no intraoperató-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S25

rio está indicado para proteção cardiovascular, principalmente em Referências:


usuários crônicos, nos quais estudos controlados demonstram dimi- 1. Giglio MT, Marucci M, Testini M, Brienza N. Goal-directed hae-
nuição da mortalidade. A terapia com esmolol reduziu a dose usada modynamic therapy and gastrointestinal complications in major
de nitroprussiato após o clampeamento aórtico e contribuiu para o surgery. Br J Anaesth. 2009;103:637-46.
controle da dor no pós-operatório. 2. Silva ED, Perrino AC, Teruya A, et al. Brazilian consensus on perio-
Referência: perative hemodynamic therapy goal guided in patients undergoing
1. Hope K, Nickols G, Mouton R. Modern anesthetic management of noncardiac surgery. Braz J Anesthesiology. 2016;66:557-71.
ruptured abdominal aortic aneurysms. J Cardiothorac Vasc Anes-
th. 2016;30:1676-84.
TLP816 ANESTESIA PARA CORREÇÃO DE HÉRNIA
DIAFRAGMÁTICA CONGÊNITA
Carolina Almeida Ramos*, Carla Santos Nogueira,
Pedro Brito de Oliveira Junior, Ricardo Almeida de Azevedo,
VIII) Anestesia em Cirurgias Abdominais Vinicius Sepulveda Lima
Hospital Geral Roberto Santos, Salvador, BA, Brasil
TLO035 ANESTESIA EM GASTRECTOMIA: HÁ DIFERENÇA Introdução: Hérnia diafragmática é um defeito do diafragma, evi-
APÓS A INTRODUÇÃO DE UM PROTOCOLO DE OTIMIZAÇÃO? denciado na gestação, que resulta na herniação dos intestinos para
Bruno Alfredo Gonçalves Salvetti* dentro do tórax. É mais comum do lado esquerdo e resulta em seve-
ra restrição do desenvolvimento pulmonar. As alterações fisiológicas
Hospital de Base de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto,
e anatômicas desses RNs exigem um manejo anestésico cuidadoso.
SP, Brasil
Relato de caso: RN L.S.S., quatro dias, com hérnia diafragmática
Introdução: A cirurgia abdominal de grande porte está entre o gru- à esquerda diagnosticada na idade gestacional de 22 semanas à US
po de procedimentos com maior risco anestésico cirúrgico. O alto obstétrica. Nascido a termo por parto cesáreo, evolui com apneia
grau de agressividade cirúrgica associado a um estado fisiopatoló- após ter sido colocado em berço aquecido, foi submetido à intu-
gico comprometido dos pacientes oncológicos gera altos índices de bação orotraqueal (IOT), manteve saturação 90% (confirmada na
complicações perioperatórias, altas taxas de morbimortalidade e hemogasometria). Levado à UTIN com FiO2 100% manteve labilida-
tempo de internação prolongado. Desfechos ruins após cirurgias de de da saturação. Exames laboratoriais sem alterações, ecocardio-
grande porte estão associados a desequilíbrios no balanço de oxigê- grama com hipertensão pulmonar (PSAP 38 mmHg), FO patente,
nio e prejuízo no fluxo microvascular. O uso de fluidos e/ou medi- FE: 88%. Levado ao CC para cirurgia de hérnia diafragmática aos
camentos inotrópicos no intraoperatório pode aumentar a oferta de quatro dias de vida. Admitido em VM, com padrão respiratório
oxigênio e reduzir a incidência de complicações. desconfortável. Indução anestésica feita com fentanil 5 µg/kg,
Justificativa e objetivo: A mortalidade cirúrgica dos pacientes cisatracúrio 0,2 mg/kg e manutenção com sevoflurano 2,5%. Pa-
submetidos à gastrectomia é elevada pelas comorbidades, pelo ciente evoluiu no intraoperatório com dificuldade para ventilar,
estadiamento da doença e pela idade do paciente. Baseado em hipercapnia, FC: 130 bpm, Sat: 99% com FiO2: 100%, normotérmi-
estudos de aprimoramento perioperatório, implantamos um co, normotenso, levado à UTIN estável compensado com adrenali-
protocolo de condutas para reduzir a mortalidade e o tempo de na em infusão contínua.
internação. Discussão: Na hérnia diafragmática congênita, a cirurgia deve ser
Método: Estudo caso controle quase randomizado, grupo controle, procedida após correção da acidose, hipóxia e hipotermia, por
para os pacientes manejados de forma padrão de 2013 a 2015, com esses motivos se faz necessária a feitura de IOT ao nascimento.
94 pacientes; e grupo protocolo, em 2015 e 2016, com 38 pacien- Durante IOT, não deve ser feita ventilação com máscara, pelo ris-
tes. A técnica anestésica foi anestesia geral combinada a peridural co de aeração das vísceras, que torna mais difícil a ventilação
lombar contínua. As metas eram: variação da pressão de pulso (VPP) do pulmão normal. Após a IOT, a ventilação mecânica invasiva
menor do que 13 e diferença arteriovenosa de CO2 menor do que 6 (VMI) deve ser feita com baixas pressões. Na VMI, ventilação e
mmHg (GAP CO2). Se parâmetros alterados, usava-se bolus de ringer expansão pulmonar são prioridades, porém deve-se evitar baro-
lactato para VPP maior do que 13 e GAP CO2 maior do que 6 mmHg. trauma. No intraoperatório, evitar fatores que aumentem a resis-
Após normalização da VPP, caso GAP CO2 maior do que 6, introduzia- tência vascular pulmonar, como acidose, hipotermia, hipoxemia
se dobutamina. e hipercarbia. Deve-se atentar para a necessidade de redução do
Resultado: O tempo de internação em UTI no grupo protocolo foi tônus simpático, com altas doses de opioides. Anestésicos voláteis
de quatro dias, comparado com cinco dias no grupo padrão. Esses halogenados podem causar hipotensão. No paciente em questão,
dados tiveram significância estatística, com valor de p bicaudal = gasometrias seriadas foram colhidas na tentativa de ajustar a VM,
0,0245. A diminuição de dias de enfermaria (p bicaudal = 0,4116), manteve pressões de via aérea 20 mmHg, FR 60 irpm, FiO2: 100%.
três dias de internação no grupo protocolo e quatro no grupo pa- Ao fim do procedimento, o RN manteve-se estável, compensado
drão. Óbitos do grupo protocolo (3/38) com média menor compa- com adrenalina em infusão contínua para manter FC > 100 bpm
rados com os do grupo controle (17/94), com p bicaudal = 0,2974. após necessidade de repetidas doses em bolus da droga. Levado à
Conclusão: O manejo de fluidos tem grande importância; a restri- UTIN evoluiu a óbito 12h depois, após PCR com ritmo de assistolia,
ção de volume compromete a perfusão de órgãos vitais e as anasto- com causa não identificada.
moses cirúrgicas, porém sua sobrecarga pode levar a edema pulmo- Referências:
nar, instalação de síndrome da angústia respiratória aguda, edema 1. Cumino DO, Valinetti EA, Nomura S. Malformação congênita em
de anastomoses e fístulas. Nosso estudo demonstrou diminuição pediatria. In: Duarte NMC, Bagatini A, Anzotegui LC. Curso de
significativa de dias de internação em unidade de terapia intensiva educação a distância em anestesiologia. São Paulo: Segmento
no grupo com cuidado perioperatório guiado por metas, o que pode Farma; 2005;93-113.
indicar uma menor incidência de complicações clínicas nos pacien- 2. Joshi S, George A. Anesthetic management of a case of congeni-
tes aprimorados. Redução essa que também favorece a diminuição tal diaphragmatic hernia; delayed diagnosis. Med J DY Patil Univ.
de custos hospitalares. 2013;6:281-3.
S26 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO915 ANESTESIA PARA HERNIOPLASTIA INGUINAL – Introdução: A cirurgia citorredutora (CC) com quimioterapia intra-
FOCO NA FARMACOECONOMIA peritoneal hipertérmica (QIPH) tornou-se uma opção terapêutica
para pacientes com carcinomatose peritoneal. A CC aborda a pato-
Cristiane Nunes Mattei, Joana Zulian Fiorentin,
logia macroscópica, e a QIPH, a microscópica.
Roberto Henrique Benedetti, Anna Paula Facco Mattiazzi*
Descrição de série: Entre 2014 e 2017, 10 pacientes foram subme-
Hospital Florianópolis, Florianópolis, SC, Brasil tidos a 11 procedimentos, oito do sexo feminino, média de 55 anos
(41-66), classificados em ASA II (36%), III (54%) e IV (9%). Em 91% o
Justificativa e objetivo: A hernioplastia inguinal é um procedi-
tumor primário era gastrointestinal, e em 9%, ovariano. O tempo de
mento de baixa complexidade que faz parte da rotina dos aneste-
anestesia foi de 630 minutos (390-960). A temperatura mínima atin-
siologistas. Avaliar a eficácia da analgesia empregada, as reações
gida foi de 33,39ºC (31,9-34,6ºC) e o pico hipertérmico de 37,63ºC
adversas (RA) e o custo relacionado é relevante ao predizer qual a
(36,5-39,7ºC). Grandes deslocamentos de fluidos ocorreram com infu-
técnica mais adequada para cada situação. Neste serviço, a técni-
são total de cristaloides de 9,2 L (5,5-16,5 L) e perda sanguínea de 1 L
ca anestésica de eleição é o bloqueio subaracnóideo, opta-se por
(400 mL a 2,4 L), necessitou de hemotransfusão em 64% e de vaso-
anestesia geral em falha ou contraindicação à raquianestesia. Para
pressor em 100% dos casos. A maioria (72%) terminou a cirurgia com
o controle da dor dispõe-se de analgesia endovenosa, opioide intra-
acidemia (pH médio 7,27) e hiperlactemia (média 3,98 mmol/L).
tecal e bloqueio nos nervos ileoinguinal e ileo-hipogástrico guiados
Foram extubados em sala 64% dos pacientes e 73% apresentaram
por ultrassonografia (BII).
complicações pós-operatórias (54% cirúrgicas, 18% infecciosas, 27%
Método: Estudo observacional, de coorte retrospectiva, com base
hidroeletrolíticas/renais, 27% outras). Permaneceram internados 14
nos registros dos prontuários dos pacientes submetidos à hernioplas-
(7-93) dias em UTI e o tempo total de internação foi de 24 (7-93) dias.
tia inguinal entre março e junho de 2017. Avaliou-se a dor através
Discussão: A CC com QIPH está associada a distúrbios hemodinâ-
da escala visual analógica (EVA). As variáveis quantitativas foram
micos, hidroeletrolíticos, respiratórios e de coagulação. Quando
descritas por médias e testadas por t de Student e Anova e as quali-
ocorre hipertermia na QIPH, se espera aumento da demanda meta-
tativas por frequências, percentuais e testadas pelo qui-quadrado.
bólica com aumento de gás carbônico, acidemia e outros distúrbios
Resultado: A técnica anestésica inicial dos 70 pacientes foi aneste-
hidroeletrolíticos, que podem exigir correção. Como foi identificado
sia geral, peridural e raquianestesia em 15,7%, 1,4% e 82,9%, res-
nesta série, a maioria dos pacientes apresentou acidemia e hiper-
pectivamente. O grupo raquianestesia apresentou falha de bloqueio
lactemia no fim do procedimento. Na QIPH com abdome fechado, o
em 8,6%, necessitou de anestesia geral. Dentre os 53 pacientes res-
aumento da pressão intra-abdominal leva a um aumento da pressão
tantes, 15,1% receberam raquianestesia sem adjuvantes, em 62,3%
associaram-se morfina intratecal (0,04-0,08 mg), 9,4% sufentanil de vias aéreas e redução da capacidade residual funcional, afeta a
intratecal (2,5-5 mcg), 3,8% sufentanil intratecal e BII e 9,4% ra- oxigenação e o débito cardíaco; torna-se necessário manter esta-
quianestesia e BII. Houve predomínio do sexo masculino (88,7%), bilidade hemodinâmica e controle da hidratação na CC, através da
ASA 2 (64,2%), com média de 53,6 anos e 71,8 kg. A dor (EVA) na uso de vasopressores e uso criterioso de cristaloides. Não existem
primeira hora variou entre 0 e 5 (média = 0,5) e em 12 a 24 horas critérios definidos para extubação, mas foi possível identificar que
entre 0 e 6 (média = 0,8). Ocorreram reações adversas em 22% dos a maioria dos pacientes foi extubada em sala. Devido às limitações
pacientes, com predomínio de prurido (11,3%), retenção urinária deste estudo retrospectivo, não foi possível obter alguns dados per-
(7,5%) e náuseas/vômitos (5,7%). Ao comparar os grupos quanto à tinentes, como os referentes à coagulopatia, distúrbio frequente-
dor, medicamentos adjuvantes e RA, não houve diferença estatisti- mente descrito na literatura. Com os dados obtidos neste estudo, é
camente significativa. possível identificar fatores a serem estudados de forma prospectiva,
Conclusão: Estudos feitos em outros países priorizam a anestesia ge- para melhor definir condutas.
ral como técnica anestésica de escolha. Ao observar que diferentes Referências:
técnicas não apresentaram superioridade entre si, direciona-se o foco 1. Kajdi ME, Beck-Schimmer B, Held U, Kofmehl R, Lehmann K, Gan-
para a farmacoeconomia. Dessa forma, buscaram-se os custos extras ter MT. Anaesthesia in patients undergoing cytoreductive surgery
aproximados de cada técnica: anestesia geral (R$ 121,53), peridural with hyperthermic intraperitoneal chemotherapy: retrospective
(R$ 37,57), raquianestesia sem adjuvantes (R$ 50,95), com morfina analysis of a single centre three-year experience. World J Surg
(R$ 58,04), sufentanil (R$ 59,10) ou associada ao BII (R$ 138,70). Oncol. 2014;12:136.
Referências: 2. Thong SY, Chia CS, Ng O, et al. A review of 111 anaesthetic pa-
1. Fusco P, Cofini V, Petrutti E, et al. Unilateral paravertebral blo- tients undergoing cytoreductive surgery and hyperthermic intra-
ck compared with subarachnoid anesthesia for the management peritoneal chemotherapy. Singapore Med J. 2017;58:488-96.
of post operative pain syndrome after inguinal herniorrhaphy: a
randomized controlled clinical trial. Pain. 2016;157:1105-13.
2. Okur O, Tekgul ZT, Erkan N. Comparison of efficacy of transver- TLO173 ANESTESIA PARA QUIMIOTERAPIA
sus abdominis plane block and iliohypogastric/ilioinguinal nerve INTRAPERITONEAL HIPERTÉRMICA – RELATO DE CASO
block for postoperative pain management in patients undergoing Camilla Oliveira Lima, Thiago de Oliveira Costa, Ana Lígia Teles,
inguinal herniorrhaphy with spinal anesthesia: a prospective ran- Mário Pereira Coutinho Júnior*, Bruno José Aliano Costa,
domized controlled open-label study. J Anesth. 2017;31:678-85.
Tânia Cursino de Menezes Couceiro
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
TLO339 ANESTESIA PARA PACIENTES SUBMETIDOS Recife, PE, Brasil
A CIRURGIA CITORREDUTORA COM QUIMIOTERAPIA Introdução: A quimioterapia hipertérmica intraperitoneal (Hipec)
INTRAPERITONEAL HIPERTÉRMICA: UMA ANÁLISE é uma opção de tratamento para pacientes com carcinomatose
RETROSPECTIVA DE UMA SÉRIE DE CASOS peritoneal. É uma abordagem eficiente e de caráter curativo.
Ana Paula Santos Souza, As alterações do equilíbrio hidroeletrolítico e cardiovasculares
Sara Marina Gabirro da Silva Teixeira do Amaral*, decorrentes da Hipec são acentuadas, tornam-se um grande desafio
anestésico. O emprego de protocolos tem demonstrado eficiência
Cristina Bertol Barbosa, Jamile Liara Pedroni, Maurício Ceccon,
em diminuir essas alterações.
Jorge Hamilton Soares Garcia
Relato de caso: Mulher, 61 anos, 66 kg, ASA 2, portadora de tumor
Hospital Governador Celso Ramos, Florianópolis, SC, Brasil pélvico ovariano submetida a histerectomia total ampliada, retos-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S27

sigmoidectomia, colecistectomia, apendicectomia, linfadenectomia Foi submetida a duodenopancreatectomia sob anestesia peridural
retroperitoneal, omentectomia associados à Hipec. Na SO medica- (bupivacaína 0,25% 20 mL, morfina 2 mg e fentanil 100 mcg) e anes-
da com midazolam 4 mg EV e posicionamento em colchão térmico, tesia geral balanceada. Foram infundidos cristaloides a uma taxa
com pernas abertas e semifletidas. Monitorada com cardioscopia, de 7 mL/kg/h, com diurese de 1,2 mL/kg/h. Até o momento da res-
oximetria de pulso, sondagem vesical, capnografia, temperatura secção da peça cirúrgica, a paciente foi mantida com reposição de
nasofaríngea, analisador de gases, PVC e PAM. Submetida a aneste- glicose IV a 0,15 g/kg/h. Monitoração da glicemia capilar: 117 mg%
sia geral associada à peridural torácica contínua (T9-10) com ropi- (pré-operatória); 48, 130, 127, 107, 110, 126, 136, 152 mg% antes
vacaína 54 mg, morfina 2 mg e manutenção com ropivacaína 0,2% da ressecção e manteve soroterapia com glicose; 192, 214, 238, 104
3 mL/h. Indução com fentanil (150 µg), propofol (110 mg), rocurônio e 83 mg% após ressecção e sem reposição de glicose, foi necessária
(40 mg); cetamina (15 mg). Intubação sob visão direta com tubo 7,5 insulinoterapia a 4 U/h; 83 mg% (pós-operatória), ainda na sala ci-
com cuff. VCM (VC = 400 mLFR = 12-14 irm e PEEP = 5). Manutenção rúrgica. O potássio sérico também foi mensurado, manteve-se em
com sevoflurano 0,6-1%. A hidratação foi mantida com cristaloide valores normais durante o procedimento. Ambos os pacientes foram
12 mL/kg/h e administrado profilaticamente sulfato de magnésio levados ao CTI.
1 g/h e feita correção da hipocalcemia. Após fechamento da ca- Discussão: O principal desafio nesses casos é o intensivo manejo gli-
vidade, feita perfusão com solução eletrolítica com glicose 1,5% cêmico perioperatório, além do controle da calemia. O tratamento
aquecida. Quando a cavidade abdominal atingiu 42ºC foi instalado pré-operatório pode ser feito com diazóxido, um benzotiadiazídi-
o quimioterápico, cisplatina, na dose de 75 mg/m², que permane- co cujo efeito hiperglicemiante é atribuído à inibição da secreção
ceu em circulação por 30 minutos. Nesse momento, detectaram-se de insulina; outros medicamentos seriam verapamil, fenitoína ou
taquiardia e aumento da fração expirada de CO2 e da glicemia. Hou- octreotide. Nos casos relatados, obteve-se controle glicêmico ade-
ve hipotensão arterial, que respondeu com a expansão volêmica e quado durante o ato anestésico, evitou-se, principalmente, hipogli-
uso de drogas (noradrenalina 2-5 µg/kg/min e dobutamina 3 µg/kg/ cemia grave.
min). O tempo anestésico-cirúrgico foi de 11 horas e 30 minutos. Ao Referências:
término do procedimento, a paciente estava hemodinamicamente 1. Service FJ. Insulinoma. Disponível em http://www.uptodate.
estável, quando foi extubada e transportada para UTI. com/contents/insulinoma. Acessado em 24/01/2016.
Discussão: A Hipec é eficaz, pois a infusão do quimioterápico é feita 2. Jensen, RT. Endocrine tumors of the gastrointestinal tract and
no local dos tumores. No entanto, a hipertermia aumenta a ati- pancreas. In: Longo DL, Kasper DL, Jameson JL, et al. Harrison’s
vidade celular e metabólica das células e resulta em aumento da principles of internal medicine. 18th ed. New York: McGraw-Hill;
frequência cardíaca, da fração expirada de CO2 e do lactato, o que 1991;3066-7.
pode ser observado neste caso. A hiperglicemia foi controlada com
insulina regular (12 UI). A cisplatina causa cardiotoxicidade dire-
ta e espolia magnésio, leva a aumento de intervalo QT e possíveis TLO210 ANESTESIA PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE
arritmias, justifica a reposição profilática desse íon feita antes da TUMOR NEUROENDÓCRINO PRODUTOR DE POLIPEPTÍDEO
instalação da Hipec. Foram observadas diminuição na pressão veno- INTESTINAL VASOATIVO – RELATO DE CASO
sa central decorrente da redução do retorno venoso e hipotensão
Alene Cunha do Nascimento*, Cátia Sousa Govêia,
arterial, que responderam com a instituição de drogas vasoativas.
A anestesia combinada proporcionou estabilidade hemodinâmica e Felícia Benevides Praxedes, Rodolfo Carvalho Soeiro Machado,
extubação precoce, adequado manejo da dor e menor requerimento Victor Guilherme Bittar Souto, Gabriel Magalhães Nunes Guimarães
de fluidos. Centro de Anestesiologia da Universidade de Brasília (UnB),
Brasília, DF, Brasil
Introdução: Vipoma é tumor neuroendócrino produtor de polipeptí-
TLP620 ANESTESIA PARA RESSECÇÃO DE NÓDULO
deo intestinal vasoativo (PIV) que se manifesta clinicamente por diar-
SUSPEITO DE INSULINOMA: RELATO DE DOIS CASOS
reia e distúrbios hidroeletrolíticos como hipocalemia e acloridria. É
Raphael Rabelo de Mello Penholati, Vitor Michelstaedter Brochado, tumor raro com tratamento que prioriza equilíbrio hidroeletrolítico e
Daniel Werneck Rocha Pessoa, Vinícius Caldeira Quintão, ressecção cirúrgica, porém existem poucas publicações com orienta-
Núbia Campos Faria Isoni, Raquel Augusta Monteiro de Castro* ção para condução do manejo anestésico nesses pacientes.
Relato de caso: Homem, 50 anos, com história de diarreia e hipoca-
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG,
lemia crônicas, diagnosticado por exames séricos e de imagem com
Brasil
vipoma pancreático que acometia o baço e com implantes hepáti-
Introdução: Insulinomas são tumores endócrinos do pâncreas que cos. Na admissão apresentava apenas hipocalemia refratária (2,93
secretam insulina. São característicos os sintomas neuroglipênicos mEq/L) e demais exames de imagem confirmaram o diagnóstico.
(confusão mental, cefaleia, desorientação, alterações visuais, com- Proposta cirúrgica de pancreatectomia corpo-caudal, esplenec-
portamento anormal e coma) e adrenérgicos (diaforese, tremores tomia e ressecção de metástase hepática. Optou-se por anestesia
e palpitações), além de níveis plasmáticos elevados de insulina, de combinada com bloqueio peridural analgésico com ropivacaína, su-
pró-insulina e de peptídeo C. fentanil e morfina e anestesia geral induzida com fentanil, propofol
Relato de caso: Paciente 1: A.A.C.A., 46 anos, masculino, hipoti- e rocurônio, manutenção com sevoflurano, remifentanil e peridural
reóideo controlado, ASA II. Foi submetido a nodulectomia pancreá- intermitente. Logo após indução, foram canuladas a artéria radial
tica sob anestesia subaracnóidea (bupivacaína pesada 12,5 mg e esquerda e a veia jugular interna direita. No procedimento, que
morfina 100 mcg) e anestesia geral balanceada. Foram infundidos durou sete horas, o paciente recebeu 5 mL/kg/h de ringer lactato
cristaloides a uma taxa de 5 mL/kg/h, com diurese de 0,8 mL/kg/h. como hidratação. Gasometrias foram feitas a cada hora. A glicemia
Até o momento da ressecção dos nódulos, o paciente foi mantido foi monitorada por meio das gasometrias. O paciente permaneceu
com reposição de glicose IV a 0,15 g/kg/h. Houve também monito- estável durante todo o procedimento. No fim da cirurgia, foi inten-
ração da glicemia capilar perioperatória: 66 mg% (pré-operatória); sificada a analgesia e feita reversão do bloqueio neuromuscular com
70, 111 e 112 mg% antes da ressecção dos nódulos e manteve-se atropina e neostigmina. Paciente foi levado para unidade de terapia
soroterapia com glicose; 139 mg% após nodulectomia e sem reposi- intensiva estável hemodinamicamente, acordado, extubado e sem
ção de glicose; 121 mg% (pós-operatória), ainda na sala cirúrgica. queixas. Foi posteriormente levado para enfermaria e para seu do-
Paciente 2: R.F.O.D., 31 anos, feminino, sem comorbidades, ASA II. micílio sem intercorrências.
S28 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Discussão: O vipoma ocorre devido ao aumento sérico do PIV, pro- devemos suspeitar, prevenir a broncoaspiração através de técnicas
duzido pelas células delta2 pancreáticas, o qual também é encon- apropriadas. Neste paciente, não foi preparada a indução anesté-
trado no sistema nervoso, considerado neurotransmissor. Os efeitos sica para a situação de estômago cheio, mas acreditamos com esta
desse peptídeo estão relacionados a estímulo sobre a musculatura experiência que a neoplasia gástrica também deva entrar na lista de
do TGI, aumento das secreções pancreáticas e intestinais e inibição pacientes propensos à regurgitação, dadas as condições secretivas
da secreção ácida gástrica, vasodilatação, aumento da glicogenó- do tumor e a perda de sangue para a cavidade gástrica.
lise e hipercalcemia. Esse tumor pode estar associado à neoplasia Referências:
endócrina múltipla tipo I e pode se originar nos gânglios do sistema 1. Mendelson CL. The aspiration of stomach contents into the lungs
nervoso simpático. O tratamento baseia-se no controle clínico e na during obstetric anesthesia. Am J Obstet Gynecol. 1946;52:191-
ressecção cirúrgica. O manejo anestésico deve basear-se no aprimo- 205.
ramento da hidratação e em evitar fármacos simpaticomiméticos. A 2. Marik PE. Aspiration pneumonits and aspiration pneumonia. N
monitoração deve ser mais invasiva quando se desconfia que tenha England J Med. 2001;344:665-71.
componente neurogênico. Existe controvérsia em quando e como
começar o tratamento com octeotrídeo.
Referências: TLO942 DOR PÓS-OPERATÓRIA EM APENDICECTOMIAS:
1. Apodaca-Torrez FR, Triviño M, Lobo EJ, et al. Vipoma extrapan- ANESTESIA GERAL BALANCEADA VERSUS RAQUIANESTESIA
creático. ABCD, Arq Bras Cir Dig. 2014;27:222-3.
Roberto Henrique Benedetti, Joana Zulian Fiorentin,
2. Jones I, Berrill A. Anesthesia for pancreatic surgery. Gastrointes-
tinal Colorectal Anesthesia. 2016:231. Vinicius Heurich*, Dany William Taguchi, Natália Tozzi Marques,
Thiago Mamôru Sakae
Hospital Florianópolis, Florianópolis, SC, Brasil
TLP547 BRONCOASPIRAÇÃO EM PACIENTE COM
Introdução e Justificativa: A apendicite aguda é a principal causa
NEOPLASIA GÁSTRICA SUBMETIDO A TRATAMENTO
de urgência abdominal cirúrgica, acomete aproximadamente 7% da
CIRÚRGICO população mundial. Assim, a escolha anestésica pode influenciar no
Gabriella Gadelha Sarmento*, Mariana Dacaro, desfecho pós-operatório, pode variar de acordo com a evolução da
Ana Carolina Zandona Spinardi, Juliano Antonio Aragão Bozza, doença, o perfil do paciente e a preferência da equipe médica.
Luis Antônio Borges Objetivo: Avaliar a intensidade da dor pós-operatória nos pacientes
submetidos à apendicectomia sob raquianestesia com uso de morfi-
Hospital Vera Cruz, Campinas, SP, Brasil na intratecal (RMI) e anestesia geral balanceada (AGB) e descrever
Introdução: A broncoaspiração é uma complicação muito temida em as principais reações adversas encontradas.
todo o período perioperatório, pois aumenta significativamente as Método: Fez-se um estudo observacional, de coorte retrospectiva,
taxas de morbimortalidade. A aspiração do conteúdo gástrico cau- entre março e junho de 2017. Avaliou-se a dor através da Escala Vi-
sa uma pneumonia química com repercussão clínica relacionada à sual Analógica (EVA). As variáveis quantitativas foram descritas por
quantidade e à acidez do conteúdo aspirado. O tempo de jejum pré médias e testadas pelos testes t de Student e Anova e as qualitativas
-operatório colabora muito com a prevenção desses eventos, mas por frequências, percentuais e testadas pelo teste qui-quadrado.
em algumas situações pode não ser suficiente. Resultado: Dentre os 43 pacientes avaliados, predominou o sexo
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 77 anos, 67 kg, ASA feminino (55,8%), ASA I (67,4%) e II (30%), com média de 32,7 anos.
II por diabetes II, apresentava neoplasia gástrica que cursava com Com relação à técnica anestésica, 11 pacientes (25,6%) foram sub-
anemia no pré-operatório com Hb 8,7 corrigida para Hb 11,5 com metidos à RMI – com dose de morfina entre 0,06-0,1 mg – e 32 pa-
duas unidades de concentrado de hemáceas. A proposta cirúrgica foi cientes (74,4%) à AGB. Ocorreu falha de bloqueio em dois pacientes
de gastrectomia videolaparoscópica, com duração de duas horas sob (4,6%), com sucesso após nova punção. A avaliação da dor na primei-
anestesia venosa total alvocontrolada. Com um jejum pré-operató- ra hora do pós-operatório resultou em EVA 1,63 (DP 3,29) e 2,07 (DP
rio de 10 horas, a anestesia geral foi induzida com a infusão de pro- 2,85), nos grupos citados, respectivamente. Já entre 12 e 24 horas,
pofol até o alvo desejado, bolus de sufentanila 30 mcg, rocurônio a EVA foi de 2,36 (DP 2,77) no grupo RMI e 1,05 (DP 2,31) no grupo
35 mg e, posteriormente, infusão do remifentanila na dose de 0,05 AGB, sem diferença estatisticamente significativa em ambos os mo-
a 0,1 mcg/kg/min. Imediatamente após a indução, houve regurgita- mentos de avaliação. Ao avaliar a prescrição perioperatória, admi-
ção de conteúdo gástrico, aparentemente em pequena quantidade. nistraram-se dipirona (63,6 vs. 93,8%), tenoxicam (72 vs. 65,6%) e
Prontamente, do tubo orotraqueal foi aspirada uma quantidade de dexametasona (100 vs. 100%) aos pacientes submetidos à RMI e AGB,
15 mL de líquido escuro. Os parâmetros da monitoração, que antes respectivamente. Já na prescrição pós-operatória, administraram-
da indução apresentavam uma oximetria de pulso de 99%, caíram se dipirona (100 vs. 90,6%), paracetamol (63,6 vs. 68,7%), tenoxicam
para 91% e a ausculta pulmonar apresentou roncos difusos bilateral- (91 vs. 72%), codeína (27 vs. 40,6%) e tramadol de resgate (45 vs.
mente. A gasometria arterial inicial verificada em sala (i-stat Abbott) 18,7%). Ocorreram reações adversas (RA) em 36,4% dos pacientes
teve como resultado um pH 7,37, pCO2 42 mmHg, pO2 66 mmHg, submetidos à RMI e em 21,9% à AGB, corresponderam à retenção
HCO3 24,8, sO2 92% e Lac 1,11. Foi feita lavagem brônquica com urinária (28,6% vs. 21,9%), náuseas e vômitos (9% vs. 9,45%) e
30 mL de soro fisiológico 0,9%, antibioticoterapia, aumento da PEEP prurido (18,2% e vs. 3,1%), respectivamente. A comparação das duas
para 8 mmHg e FiO2 60%. No fim da cirurgia, a gasometria arterial técnicas não demonstrou significância estatística em qualquer das
apresentou resultados de pH 7,31, pCO2 49 mmHg, pO2 105 mmHg, variáveis analisadas.
HCO3 24,1, sO2 97% e Lac 1,39. Optou-se por transferir o paciente Conclusão: Esta análise não demonstrou significância estatística ao
em ventilação mecânica para a UTI e aguardar um período mínimo comparar raquianestesia com opioides intratecal e anestesia geral
de 24 a 48 horas para avaliar a evolução pulmonar do quadro. Em balanceada em apendicectomias. Contudo, mais estudos devem ser
36 horas de UTI, o paciente apresentou parâmetros normais da ga- feitos para avaliar a relação de dor pós-operatória e a ocorrência
sometria arterial, evoluiu para o desmame do ventilador e teve alta de reações adversas.
da UTI no terceiro dia de pós-operatório. Referências:
Discussão: A regurgitação do conteúdo gástrico na indução anes- 1. Lima AP, Vieira FJ, Prado FG, et al. Clinical-epidemiological pro-
tésica é um evento de maior incidência em gestantes, pacientes file of acute appendicitis: retrospective analysis of 638 cases.
com curto tempo de jejum, no abdome agudo, situações essas que Rev Col Bras Cir. 2016;43:248-53.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S29

2. Keogh P, Keogh T, Anker R. Rapid sequence induction in patients rizante (succinilcolina). O feocromocitoma é um tumor, originário
with acute appendicitis: is it always justified? Br J Hosp Med. das células cromafins do eixo simpático adrenomedular, produtor
2016;77:546. de catecolaminas. O feocromocitoma e a HM podem se apresentar
como estado hipermetabólico durante a anestesia e pode ser muito
difícil distinguir as duas comorbidades. Tanto a HM quanto o feocro-
TLP507 EDEMA AGUDO PULMONAR POR PRESSÃO mocitoma podem se apresentar no intraoperatório com hipertensão
NEGATIVA APÓS EXTUBAÇÃO DE CIRURGIA DE arterial, taquiarritmias e instabilidade hemodinâmica, pode levar
COLECISTECTOMIA ao infarto agudo do miocárdio, edema agudo pulmonar, acidente
vascular encefálico e óbito.
Luciane Bonella*, Otávio Vilela de Figueiredo, Licia Martins Lima, Relato de caso: Paciente, 56 anos, portador de hipertensão arterial
Karina Merlotti Mayor, Lourenza Giovani Fonseca, crônica, submetido à anestesia geral balanceada junto a bloqueio
Luis Antônio Borges peridural para feitura de laparotomia exploradora de tumor retro-
Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, Campinas, SP, Brasil peritoneal. Desenvolveu no intraoperatório hipertensão, taquicar-
dia, elevação do ETCO2, fato que levantou a hipótese diagnóstica de
Introdução: O edema agudo de pulmão por pressão negativa (EPPN) feocromocitoma. Então, tomou-se a decisão de suspender a cirurgia
decorre de episódios de obstrução aguda de vias aéreas, é poten- para fazer melhor preparo do paciente. Contudo, ao término do
cialmente fatal quando não reconhecido ou mal diagnosticado. Tem procedimento e em avaliação continuada do quadro clínico do pa-
sido definido como edema não cardiogênico, com transudação de ciente, percebeu-se que após a cessação da manipulação do tumor
líquido para o alvéolo, por aumento da pressão negativa intratoráci- retroperitoneal e da certificação do plano anestésico o paciente não
ca, causado pela obstrução das vias aéreas superiores. obteve melhoria clínica; pelo contrário, evidenciou-se rigidez mus-
Relato de caso: Paciente de 57 anos, sexo feminino, ex-obesa, cular e acidose respiratória, quando então se suspeitou de HM. De
estado físico ASA II por hipotireoidismo e asma brônquica, ambos imediato, instituímos o protocolo de HM; nesse caso, o paciente em
controlados. Foi submetida a anestesia geral balanceada, induzi- questão preenchia critérios clínicos e laboratoriais que indicavam
da com fentanil 250 mcg, rocurônio 40 mg e propofol 100 mg e que o diagnóstico de HM era bastante provável, de acordo com a
mantida com sevoflurano com um fluxo adicional de gases de 2 L, escala de graduação padronizada. Por isso, foi administrado dantro-
para feitura de cirurgia de colecistectomia via aberta. Além disso, lene, imediatamente após a avaliação desses critérios, obteve-se
foram administrados previamente 2 mg de midazolam, 100 mg de melhoria imediata dos parâmetros ventilatórios, hemodinâmicos e
hidrocortisona e lidocaína 1% 70 mg. Paciente com PA: 120 × 80, laboratoriais, fato que adicionou mais um critério ao diagnóstico
FC: 90, SatO2: 97%. O procedimento teve duração de uma hora e 45 de HM.
minutos, sem intercorrências. No término do procedimento, proce- Discussão: O dantrolene é o tratamento específico de HM, visto que
deu-se à descurarização com 1 g de atropina e 2 g de neostigmina, a doença pode ser fatal, se não tratada de imediato, esse fárma-
quando o paciente iniciou com ventilação espontânea e fizemos a co deve ser administrado assim que houver suspeita de HM. Exis-
extubação. Após a extubação, apresentou dificuldade respiratória tem poucos casos, na literatura, de relato de feocromocitoma e
com esforços inspiratórios repetitivos e cianose, foi ventilada com hipertermia maligna que se manifestam de maneira simultânea em
pressão positiva e feita intubação orotraqueal, sem intercorrências. anestesiologia. Nesse caso, pode-se ter o diagnóstico duplo, objeti-
Nesse momento, apresentou PA: 200 × 140 e FC de 52 com secreção va-se, portanto, um alerta aos anestesiologistas para a necessidade
serossanguinolenta pelo tubo. Ausculta pulmonar com estertoração de diagnóstico diferencial ou concomitante e principalmente o tra-
difusa. Feitas medidas para edema agudo de pulmão, solicitados tamento precoce.
exames e a paciente foi levada para UTI. Eletrocardiograma e eco- Referências:
cardiografia normais, aumento da troponina I isoladamente, demais 1. Faiçal S, Shiota D. Feocromocitoma: atualização diagnóstica e
enzimas normais. Seguimento cardiológico normal. Paciente apre- terapêutica. Rev Assoc Med Bras. 1997;43:237-44.
sentou boa evolução, teve alta da UTI em dois dias e hospitalar no 2. Gomez RS, Silva YP, Peluso CP. Anestesia para cirurgia ortopédica
quarto dia assintomática. em criança com suscetibilidade à hipertermia maligna. Relato de
Discussão: O edema agudo de pulmão associado à obstrução da via Caso. Rev Bras Anestesiol. 2003;53:52-7.
aérea superior é uma condição clínica que pode agravar procedi-
mento cirúrgicos de baixa morbidade. O tratamento deve ser feito o
mais precocemente possível, pois a resolução é rápida e na maioria TLO039 HEPATECTOMIA SEM HEMOTRANSFUSÃO EM
das vezes não deixa sequelas. PACIENTE TESTEMUNHA DE JEOVÁ
Referências:
Deilana Azevedo Barbosa*, Marcelo Henrique Gomes Nunes,
1. Lang AS, Duncan PG, Shephard DA, et al. Pulmonary edema asso-
ciated with airway obstruction. Can J Anesth. 1990;37:116-20. Daniel de Carli, José Fernando Amaral Meletti,
2. Westreich R, Sampson I, Shaari C, et al. Negative-pressure pul- Alexandre Cabaritti Teixeira Mendes, Tiago Silva e Silva
monary edema after routine septorhinoplasty. Arch Facial Plast Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), Jundiaí, SP, Brasil
Surg. 2006;8:8-15.
Introdução: O hepatocarcinoma é uma neoplasia de alta prevalên-
cia mundial. A hepatectomia é um dos tratamentos preconizados,
TLO066 FEOCROMOCITOMA E HIPERTERMIA MALIGNA: com chance de cura para o tumor. Trata-se de uma cirurgia de gran-
de porte, com risco de volumosa perda sanguínea e necessidade de
RELATO DE CASO
hemotransfusão. Por convicções religiosas, as testemunhas de Jeová
Junnyane Gasparine Oliveira Silva, Rafaela Claudino de Freitas, (TJ) recusam-se a receber hemoderivados, e o emprego de opções à
Thais Silveira Rezende Daniel*, Edvaldo Casoti Júnior, hemotransfusão é obrigatório nessa população.
Heitor Cunha Lima, Octacílio Prata Calixto Relato de caso: Paciente masculino, 44 anos, TJ, diabético e hiper-
tenso controlados, candidato à ressecção hepática do segmento VIII
Hospital e Maternidade São José, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
devido à hepatocarcinoma. Em avaliação pré-anestésica, relatou a
Introdução: A hipertermia maligna (HM) é uma síndrome genéti- preferência por não receber transfusão de hemocomponentes. Fo-
ca, caracterizada por uma resposta hipermetabólica à exposição a ram prescritas três doses subcutâneas de 4.000 U de eritropoetina
anestésicos voláteis halogenados e ao relaxante muscular despola- recombinante em uma semana e houve aumento da hemoglobina de
S30 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

12,6 g/dL para 14,2 g/dL. Para a cirurgia, o paciente foi submetido comportamento. A dosagem de glicemia em jejum pode ser o prin-
a anestesia geral e peridural. Usou-se a técnica de hemodiluição cipal método de laboratório na investigação desses doentes, mostra
normovolêmica aguda, com coleta de 1.500 mL de sangue do pa- níveis iguais ou inferiores a 50 mg/dL. No manejo pré-operatório,
ciente, seguida pela administração de 3.500 mL de solução de Rin- o paciente deve ser admitido um dia antes da cirurgia programada.
ger Lactato e 500 mL de hidroxietilamido 6% para hemodiluição. O No período de jejum, pode ser iniciada a infusão intravenosa de 10%
sangue foi mantido em solução de continuidade com o paciente e de dextrose. O monitoramento frequente da glicose é importante
reinfundido no fim da cirurgia. A técnica de recuperação do sangue para prevenir níveis de glicose plasmáticos abaixo de 40-50 mg/
perdido (RSP) também foi empregada. Entretanto, apesar dos 1.000 dL. A técnica anestésica deve incluir medicamentos que diminuam
mL coletados no fim do procedimento, o sangue perdido não foi a taxa metabólica cerebral para oxigênio, como o propofol. Além
reinfundido, devido à manutenção da estabilidade hemodinâmica e disso, o propofol não tem efeito sobre a liberação de insulina e
pelo potencial risco de disseminação tumoral. Ao longo do procedi- regulação da glicose. A combinação de anestesia geral com propofol
mento cirúrgico não houve necessidade de hemotransfusão homólo- e bloqueio peridural é uma escolha útil de anestesia para remoção
ga nem uso de fármacos vasoativos. Houve coleta seriada de exames de insulinoma. O objetivo principal do manejo anestésico é preve-
laboratoriais, e o paciente apresentou hemoglobina final de 13,9 g/ nir hipoglicemia até ressecção tumoral e controle de hiperglicemia
dL e hematócrito de 35,1%, com contagem plaquetária de 156.000, de rebote logo após a ressecção. No intraoperatório pode ser feita
INR 1,06 e TTPa de 34 segundos. infusão de 10% de glicose e a monitoração a cada 30 minutos dos
Discussão: Devido à possibilidade de volumosa perda sanguínea de- níveis de glicose no sangue para manter a glicemia plasmática entre
corrente da hepatectomia e à recusa à transfusão sanguínea pelos 100-150 mg/dL. Normalmente, no pós-operatório a glicemia retor-
TJ, estratégias opcionais se fazem necessárias. A RSP consiste em na ao nível normal. Isso pode levar alguns dias, e nesse período
um procedimento aceito pelos TJ pela possibilidade de não haver de tempo pode-se optar por infundir glicose juntamente com uma
perda de continuidade do sangue com seu organismo, mas apre- monitoração rigorosa.
senta o risco de reinfusão de células e dispersão tumoral. No caso Referências:
relatado, foi demonstrado que o uso da hemodiluição normovolêmi- 1. Harris S. Hyperinsulinism and dysinsulinism. JAMA. 1924;83:729-3.
ca, associado ao uso de eritropoietina pré-operatória, foi estratégia 2. Goswami J, Somkuwar P, Yogesh Naik Y. Insulinoma and anaesthe-
suficiente e eficaz para evitar a hemotransfusão durante a hepatec- tic implications. Indian J Anaesth. 2012;56:117-22.
tomia, manteve adequados níveis de hemoglobina e hematócrito.
Dessa forma, como desejado pelo paciente, não houve necessidade
de transfusão sanguínea. TLO450 MANEJO INTRAOPERATÓRIO DA FIBRILAÇÃO
Referências: ATRIAL
1. Nakashima AKK, Sakae TM, Nakashima AK, et al. Dever ético e le-
Diogo Moreira Garzedim dos Santos*,
gal do anestesiologista frente ao paciente testemunha de Jeová:
Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso,
protocolo de atendimento. Rev Bras Anest. 2016;66:637-41.
Ricardo Almeida de Azevedo, José Admirço Lima Filho,
2. Goldaracena N, Méndez P, Quiñonez E, et al. Liver transplanta-
tion without perioperative transfusions single-center experience Leonardo Carneiro Marques
showing better early outcome and shorter hospital stay. J Trans- Hospital Geral Roberto Santos, Salvador, BA, Brasil
plant. 2013;64:17-21.
Introdução: A fibrilação atrial (FA) é a arritmia sustentada mais fre-
quente na prática clínica, e sua prevalência na população geral foi
estimada entre 0,5 e 1%. Está intimamente associada a fenômenos
TLO423 MANEJO ANESTÉSICO DO INSULINOMA
tromboembólicos. FA com frequência ventricular normal é geral-
Adlla Fernanda Ferreira Machado*, Haward Hideo Uoieno Iosto, mente assintomática e não causa problemas anestésicos maiores.
Maria Letícia Diniz Salvador de Carvalho, Kamila Kattan, Contudo, FA com frequência ventricular elevada pode causar com-
Renata Mattos Mendonça plicações cardiovasculares significativas, inclusive hipotensão arte-
rial, isquemia cardíaca, insuficiência ventricular e edema pulmonar.
Hospital Federal de Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Relato de caso: Paciente feminino de 56 anos, diabética, hiper-
Introdução: Os insulinomas do pâncreas são neoplasias das células tensa e com história de fibrilação atrial, deu entrada na unidade
betas das ilhotas pancreáticas, caracterizados pela produção exces- hospitalar com quadro de dor abdominal intensa e metrorragia. Re-
siva de insulina, geralmente são pequenos, solitários e benignos. feriu uso irregular de hipoglicemiantes orais, anti-hipertensivos e
Manifestam-se por sintomas neurovegetativos e neuroglicopênicos AAS. Tomografia computadorizada de abdome evidenciou distensão
secundários à hipoglicemia. A dificuldade diagnóstica e os sintomas de alças intestinais, sugestivo de abdome agudo obstrutivo. Exames
neuropsiquiátricos dessa doença frequentemente levam a erros no laboratoriais evidenciaram 1.650 leucócitos, com 8% de bastões, Ur:
diagnóstico. 133, Cr: 1,8, sem outras alterações. Foi indicada laparotomia ex-
Relato de caso: A.A.F.S., 46 anos, sexo feminino, sem comorbida- ploratória, optou-se por anestesia geral balanceada. Após monito-
des, com quadro de havia mais de um ano ter iniciado episódios de ração, constatou-se presença de fibrilação atrial com alta resposta
hipoglicemia associados a tremores e cefaleia matinal, submetida a ventricular (FC: 132 bpm) e pressão arterial média de 52 mmHg.
Ecoeda, que evidenciou insulinoma de 9 mm no corpo do pâncreas. Iniciada então infusão contínua de noradrenalina, com ajuste da
Foi submetida à enucleação de insulinoma sob bloqueio peridural e dose até melhoria hemodinâmica. Em seguida, procedeu-se a in-
anestesia geral balanceada, com duração de quatro horas. A indu- dução anestésica e infusão contínua de esmolol, 50 mcg/kg/min, e
ção foi feita com fentanil, propofol, rocurônio e a manutenção foi ajuste da dose até 200 mcg/kg/min, quando se observou redução
com sevoflurano e anestésico local no neuroeixo, antes da indução da FC para cerca de 110 bpm e melhoria parcial da pressão arterial
anestésica o HGT era de 104, foi feita infusão de glicose 10% 250 mL media. Após laparotomia, constatou-se que o caso se tratava de
e durante a cirurgia foram obtidas amostragens a cada 30 minutos isquemia mesentérica.
do HGT, todas sem alterações. Discussão: Diante de um caso de FA crônica, sobretudo sem possibi-
Discussão: Embora seja uma neoplasia rara, o insulinoma constitui o lidade de verificar a presença de trombos atriais, o controle da fre-
mais frequente dos tumores neuroendócrinos do pâncreas. O quadro quência cardíaca é de suma importância, tanto para controle de sin-
clínico caracteriza-se pelos sintomas neuropsiquiátricos; são os mais tomas como para redução da morbidade e mortalidade dos pacientes
frequentes: convulsões, sudorese, alterações da personalidade e do cirúrgicos. Os parâmetros de frequência cardíaca ótima, entretanto,
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S31

permanecem controversos. Evidências atuais afirmam não haver di- Referências:


ferença de desfecho quando se busca um controle de frequência mais 1. Lexmam AM, Tahle PO. Patient state index during sedation with
estrito (˂ 80 bpm no repouso) ou menos estrito (˂ 110 bpm no repou- dexmedetoidine in voluntais health. J Neurosurg Anesthesiol.
so). Bloqueadores de canal de cálcio, digitálicos e alguns antiarrít- 2011;23:424-5.
micos, como amiodarona, são descritos na literatura como opções 2. Purdon PL, Pierce ET, Mukamel EA, et al. Ectroencephalogram
de controle de frequência. Os betabloqueadores, entretanto, são os signatures of loss and recovery of consciousness from propofol. Proc
medicamentos mais comumente usados para esse fim e têm como Natl Acad Sci USA. 2013;110:E1142-51.
ação principal o bloqueio do tônus adrenérgico por meio da inibição
competitiva da ligação catecolaminas-receptores beta. No caso clíni-
co em questão, após o controle da frequência, observou-se melhoria TLP387 PARAGANGLIOMA: A MONTANHA-RUSSA DO
hemodinâmica do paciente, traduzido pela melhoria da pressão ar- ANESTESIOLOGISTA
terial média e menor consumo de noradrenalina no intraoperatório.
Paula Chaves de Campos, Roberto José Valadares,
Referência:
Helena Araujo Damasceno*, Sérgio Renato Araújo Freitas
1. Magalhães LP, Figueiredo MJO, Cintra FD, et al. II Diretrizes Brasilei-
ras de Fibrilação Atrial. Arq Bras Cardiol. 2016;106(4Supl.2):1-22. Hospital Julia Kubitschek, Belo Horizonte, MG, Brasil
Introdução: Paragangliomas são tumores secretores de catecolami-
nas provenientes de células cromafins extra-adrenais localizadas ao
TLP159 OBSERVAÇÃO CLÍNICA DO MONITORAMENTO
longo dos gânglios paravertebrais simpáticos da pelve, do abdome e
CEREBRAL COM ELETROENCEFALOGRAMA E ESCORE do tórax. A apresentação clínica é semelhante à dos feocromocito-
COMPARADO À TÉCNICA CARDIOVASCULAR QUANTO AO mas; a hipertensão é o sintoma mais comum (95%), podendo apre-
GRAU DE DEPRESSÃO CEREBRAL EM PACIENTES COM sentar também a clássica tríade cefaleia, taquicardia e diaforese,
ANESTESIA GERAL além de sintomas cardíacos agudos, como cardiomiopatia, infarto
Regis Borges Aquino*, Daniel de Bem e Canto, Marcos Dias da Silva, do miocárdio ou choque cardiogênico.
Simone Duarte Brose Relato de caso: L.O.R.M., feminino, 49 anos, auxiliar de limpeza,
admitida em sala cirúrgica para ressecção de tumor pélvico sugesti-
Hospital São Lucas (HSL), Pontifícia Universidade Católica do Rio vo de recidiva de paraganglioma perivesical com possível implante
Grande do Sul (PUC-RS), Porto Alegre, RS, Brasil secundário em púbis, sob peridural e anestesia geral. À admissão:
Justificativa e objetivos: Eletroencefalograma Patient State Index PA 150 × 90 mmHg, FC 60 bpm, RCR. Peridural com lidocaína com
(PSI) com medidas da frequência das ondas cerebrais e escore avalia vaso (teste) e morfina; passado cateter. Indução anestésica com mi-
o grau de depressão cerebral em pacientes submetidos à anestesia dazolam, remifentanil, lidocaína, propofol e cisatracúrio. Manuten-
geral e foi comparado com parâmetros cardiovasculares de pressão ção com sevoflurano e remifentanil. Durante punção de PIA, evoluiu
arterial (PA), frequência cardíaca (FC) e abafamento de bulhas que com hipotensão (PA 56 × 34 mmHg) devidamente corrigida com fe-
estimam o grau da profundidade da anestesia. Em nosso país não há nilefrina. Apresentou, durante assepsia da parede abdominal, pico
estudos com esse aparelho, e por essa razão objetivamos correlacio- hipertensivo (PIA 210 × 109 mmHg) e bigeminismo corrigidos com
nar esses dois métodos de controle da profundidade da anestesia. sulfato de magnésio. Após ressecção cirúrgica do tumor, manteve
Método: Aprovado no Comitê de Ética n = 38 pacientes acima de 18 hipotensão, foi levada ao CTI com noradrenalina.
anos com indicação de anestesia geral para cirurgias abdominais. Discussão: Na perspectiva de um anestesiologista, o objetivo princi-
Estado físico I e II, ambos os sexos e técnica anestésica padronizada. pal no tratamento perioperatório de pacientes com paraganglioma
O escore do aparelho indica zero (morte cerebral) e 100 (acordado); é minimizar a gravidade, a duração e a frequência da instabilidade
são esperados de 20 a 50 quando em plano anestésico e redução da hemodinâmica que provavelmente será encontrada durante a res-
frequência das ondas cerebrais de 30 (acordado) e entre 10 e 15 secção cirúrgica desses tumores. Pela grande variação periopera-
Hertz (em plano anestésico). No sistema cardiovascular, espera-se tória dos níveis de secreção tumoral de catecolaminas, o paciente
redução em torno de 20 a 30% da PA e FC e estima-se o aprofunda- pode apresentar importante labilidade pressórica de acordo com o
mento da anestesia e consequente depressão cerebral. Foram ano- tempo operatório, o que os torna clinicamente relevantes no con-
tados, de 5/5 minutos, os dados do aparelho e dos sinais clínicos, texto do perioperatório e um grande desafio para o anestesiologis-
antes, durante e após anestesia geral nesse delineamento de estudo ta. Nesse cenário, um entendimento completo da biossíntese, do
transversal. O desfecho foi a correlação entre as duas técnicas de metabolismo e da fisiologia das catecolaminas é fundamental para
profundidade da anestesia. Um componente da equipe foi destaca- o controle das manifestações cardiovasculares desse paciente com
do com a única função de registro dos dados do monitor cerebral. as drogas vasopressoras ou vasodilatadoras adequadas. Além disso,
Conclusão: A relação entre o escore do aparelho e a PA sistólica não o correto preparo pré-operatório do paciente com alfabloqueadores
tem ponto de corte com discriminação perfeita. Acima da PA sistóli- e betabloqueadores (quando necessários) ou bloqueadores do canal
ca 140 mmHg não houve paciente em plano anestésico, e abaixo da de cálcio auxilia o anestesiologista no manejo perioperatório desses
PA sistólica 90 mmHg todos estavam em plano anestésico, tanto no casos, interferindo diretamente no desfecho do procedimento.
controle dos sinais clínicos como no PSI. No monitor cerebral, todos Referência:
os casos considerados em plano anestésico com escores entre 15 e 1. Salinas FV. Contemporary perioperative and anesthetic manage-
50. A frequência das ondas cerebrais medidas pelo monitor que na ment of pheochromocytoma and paraganglioma. Advances Anes-
pré-indução apontaram a média de 25,3 e no transanestésico média thesia. 2016;34:181-96.
de 11,8 Hertz o que está previsto para plano anestésico. A frequên-
cia de 20 Hertz discrimina perfeitamente todos os casos em pré-
plano anestésico. Observou-se que todos os pacientes considerados TLP201 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR MACIÇO BILATERAL
em plano anestésico pelo médico anestesista com base nos dados EM PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA AMBULATORIAL
cardiovasculares, no aparelho, enquadraram-se entre os escores e Lybia Silvani, Joni Quadrio Guedes*, Dijair Gomes de Pontes,
as frequências esperados para esse plano. Na amostra estudada, o
Alex Henrique Ribeiro Campos, Luis Antônio Borges,
monitor de depressão cerebral correspondeu aos dados esperados e
Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros
de modo mais uniforme do que quando o paciente é considerado em
plano anestésico baseado nos sinais clínicos. CET Integrado de Campinas, Campinas, SP, Brasil
S32 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Introdução: O tromboembolismo pulmonar (TEP) consiste na obs- gramada cirurgia para ressecção do tumor. Durante o pré-operató-
trução aguda da circulação arterial pulmonar devido a coágulos san- rio, paciente recebeu bloqueio alfa e beta-adrenérgico. Na indução
guíneos, geralmente oriundos da circulação venosa sistêmica, com anestésica, optou-se pela anestesia peridural associada à geral ba-
redução ou cessação do fluxo sanguíneo pulmonar da área afetada. lanceada, com bupivacaína e fentanil no bloqueio associado ao sul-
A incidência de TEP em cirurgias não torácicas é de 5 a 10% e até fentanil, etomidato e cisatracúrio na indução para anestesia geral.
22% em pacientes com alto risco. Em cirurgias de pequeno porte, a Antes da incisão cirúrgica, foi usado o dobro da dose de fentolamina
incidência pode chegar a 2%. (10 mg) e 5 mg uma hora após, com manutenção da estabilidade he-
Relato de caso: Paciente sexo feminino, 44 anos, ASA II (hipertensa) modinâmica, sem uso de droga vasoativa ou hemoderivados durante
em uso de enalapril e fluoxetina devido a depressão; admitida para todo o procedimento. Foram infundidos 2.000 mL de cristaloide,
herniorrafia umbilical por hérnia recidivada em leito-dia. Negou perda sanguínea estimada de 400 mL.
complicações prévias em cirurgias anteriores (duas cesáreas e duas Discussão: Pacientes acometidos pela patologia em questão apre-
hernioplastias umbilicais, todas com bloqueio espinal), alergias, sentam quadro de hipertensão arterial refratária, taquicardia, ce-
vícios ou demais comorbidades. Feita raquianestesia com agulha faleia e palpitação. O relato de caso em questão evidencia uma
27G quincke em L3-L4 primeira tentativa com 15 mg de bupivacaína paciente com níveis pressóricos elevados de difícil controle e lesões
pesada 0,5% e 20 mcg de fentanil e sedação com midazolam 2 mg, de órgão alvo. Frente à apresentação clínica da paciente, o achado
ketamina 50 mg e propofol 20 mg EV. Ato cirúrgico com duração de acidental de tumor adrenal, a hipótese de tumor da adrenal foi
95 minutos sem complicações. Após aproximadamente 12 horas de aventada e o planejamento anestésico com bloqueio adrenérgico foi
pós-operatório, paciente evolui com taquidispneia, sudorese, dor devidamente instituído, com uso intraoperatório de dose dobrada
precordial e rebaixamento de nível de consciência; foi necessária para alfa bloqueio adrenérgico.
IOT + VM associada a DVA devido à instabilidade hemodinâmica. Le- Conclusão: O uso de fentolamina em dose dobrada no início da ci-
vada à UTI posteriormente. Evoluiu com manutenção da instabilida- rurgia mostrou-se benéfico para a paciente, e teve como desfecho
de hemodinâmica com altas doses de DVA e apresentou anisocoria uma adequada estabilidade hemodinâmica sem uso de drogas va-
em PO1 de herniorrafia. Foi feito angioTC com confirmação de TEP soativas.
maciço bilateral e infarto pulmonar, ECG + enzimas cardíacas de- Referências:
monstraram IAM de VD e parede inferior, e TC de crânio confirmou 1. Vargas AD. Adrenal hemangioma. Urology. 1980;16:389-90.
AVCI de artéria cerebral média. No 3º DPO abriu-se protocolo de 2. Sabanegh E, Harris MJ, Grider D. Cavernous adrenal hemangio-
morte encefálica com confirmação e posterior captação de órgãos. ma. Urology. 1993;42:327-30.
Discussão: Numa época em que se fala no projeto Acerto (Acelera-
ção da Recuperação Total Pós-Operatória) e consequentemente no
projeto Eras (Enhanced Recovery After Surgery), assim como na me-
dicina baseada em evidências, questionam-se então condutas perio-
peratórias quase que empíricas e repassadas sem questionamentos
IX) Anestesia em Geriatria
durante a prática médica. O relato exposto traz à tona uma pacien-
te submetida à cirurgia de pequeno porte, com doença de base sob
TLO020 ANESTESIA GERAL NO IDOSO COM SÍNDROME DE
controle (ASA II), que evolui com complicações fatais em serviço
DOWN
médico terciário de acordo com o protocolo de rápida aceleração
pós-operatória. Discutem-se com o caso acima possíveis condutas a Carolina Ashihara*, Verônica Neves Fialho Queiroz, André Serson,
serem tomadas para reduzir a morbimortalidade no pós-operatório Kelson Sousa Jacobina, Thales Abreu Tedoldi,
imediato em pacientes submetidos à anestesia regional em cirurgias Luiz Guilherme Villares da Costa
ambulatoriais.
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
Referência:
1. Projeto Acerto. Disponível em: http://projetoacerto.com.br/ Introdução: O aprimoramento dos cuidados em saúde possibilitou
Acessado em: 25/06/17. Enhanced Recovery After Surgery. Dis- o aumento da expectativa de vida nos pacientes com síndrome
ponível em: http://erassociety.org/Acessado em: 25/06/17. de Down: atualmente, alcançam a terceira idade e apresentam
comorbidades além das classicamente associadas à infância. Este
é o relato de caso do manejo anestésico de um paciente idoso e
TLP291 USO DE DOSE ALTERNATIVA DE FENTOLAMINA EM portador de síndrome de Down.
CIRURGIA DE RESSECÇÃO DE TUMOR ADRENAL Relato de caso: A.L.G., 62 anos, feminino, 69 kg, 1,46 m, portadora
de síndrome de Down, hipertensão, epilepsia e obesidade grau I,
Matheus Swarovsky Figueira*, Alexandre Minoru Tome Horiuchi, submetida à avaliação pré-anestésica ambulatorial para colecistec-
Matheus Valejo Peixoto, Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros, tomia videolaparoscópica. Vias aéreas com macroglossia e Mallam-
Erasmo Barbieri Simões, Laís Hiroko Matsumoto pati IV, sem critérios de apneia do sono, capacidade funcional > 4
CET Integrado de Campinas, Campinas, SP, Brasil METs, sem cirurgias prévias. Em uso de captopril, fenobarbital e
quetiapina. No dia da cirurgia, apresentou-se calma e orientada.
Introdução: O feocromocitoma é um tumor raro a partir de células Administrado midazolam 5 mg por via oral, como pré-anestésico.
cromafins que secretam catecolaminas, geralmente localizado na Admitida na sala operatória pouco sonolenta, cooperativa, com PA
medula adrenal direita. Dentro do contexto intra-hospitalar, cerca 150/76 mmHg, FC 59 bpm e SpO2 96%. Paciente foi cuidadosamen-
de metade das mortes ocorre no momento da indução anestésica ou te posicionada em sniffing position, desnitrogenada por 3 minutos.
durante procedimentos cirúrgicos para tratamento de outras doen- A indução anestésica foi feita sob monitoração de índice bispec-
ças associadas. Um adequado conhecimento da fisiopatologia desse tral com midazolam 6 mg, fentanil 100 mcg, propofol 50 mg e suc-
quadro pelo anestesiologista é de grande importância para controle cinilcolina 70 mg. A intubação orotraqueal com videolaringoscópio
da morbimortalidade do paciente. e cânula traqueal 7 foi obtida com sucesso na primeira tentativa.
Relato de caso: Paciente, sexo feminino, 36 anos. Deu entrada no Manutenção anestésica feita com cisatracúrio, propofol, remifenta-
pronto-atendimento com quadro de náuseas, vômitos, febre de 39ºC nil e sevoflurano. Cirurgia e anestesia sem intercorrências, paciente
e dor abdominal difusa. Exames de imagem e laboratoriais levan- manteve estabilidade hemodinâmica e de saturação de O2 em todas
taram hipótese diagnóstica de feocromocitoma, com aumento de as etapas. No fim, administrados atropina 1 mg e neostigmina 2 mg,
metanefrinas urinárias 22 vezes acima do valor de referência. Pro- extubação com TOF > 0,9 e levada à RPA acordada e sem queixas.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S33

Discussão: A trissomia do 21 é a mutação cromossômica mais fre- grande porte nesse grupo de pacientes constituem um desafio para
quente dentre os nascidos vivos. Muita atenção é voltada ao seu os anestesiologistas.
diagnóstico pré-natal, à investigação e à conduta das comorbidades Referências:
associadas à infância, como alterações craniofaciais, instabilidade 1. Rivera R, Antognini JF. Preoperative drug therapy in elderly pa-
cervical e malformações cardíacas congênitas. O atual aumento da tients, The American Society of Anesthesiologists. Anesthesiolo-
expectativa de vida dos pacientes com síndrome de Down impõe um gy. 2009;110:1176-81.
desafio ao manejo anestésico, pois pouco se sabe sobre o envelhe- 2. Sieber F, Paudine R. Geriatric anesthesia. In: Miller RD. Miller’s
cimento nessa população. O manejo perioperatório deve voltar-se Anesthesia. 8th ed. Philadelphia: Elsevier Saunders; 2015;
para avaliação individualizada e considerar as alterações anatômi- 2407-22.
cas e fisiológicas próprias da síndrome e as comorbidades associadas
ao envelhecimento, como arritmias cardíacas, diabetes, apneia do
sono e demência, que podem aumentar riscos anestésico-cirúrgicos, TLP1002 DEXMEDETOMIDINA REDUZ OCORRÊNCIA DE
inclusive de eventos adversos cardiovasculares. DELÍRIO PÓS-OPERATÓRIO: REVISÃO SISTEMÁTICA
Referências:
1. Maranhão MVM. Anestesia no portador de síndrome de Down. Felícia Benevides Praxedes*, Victor Cabral Ribeiro,
Anestesia em Revista. 2017;67:8-16. Denismar Borges de Miranda, Cátia Sousa Govêia,
2. Sobey CG, Judkins CP, Sundararajan V, et al. Risk of major car- Luís Cláudio de Araújo Ladeira,
diovascular events in people with Down’s syndrome. PLos One. Gabriel Magalhães Nunes Guimarães
2015;10:9.
Centro de Anestesiologia, Universidade de Brasília (UnB), Brasília,
DF, Brasil

TLO573 ANESTESIA PARA GASTRECTOMIA TOTAL EM Justificativa e objetivos: O delírio agudo pós-operatório representa
PACIENTE SEPTUAGENÁRIO COM TUMOR GÁSTRICO uma complicação grave que acomete principalmente idosos e resul-
ta em aumento da morbimortalidade e declínio na função cognitiva
AVANÇADO
de longo prazo. O controle da dor está associado à redução do risco
Luiz Roberto Morais de Meira*, Francisco Morato Dias Abreu, e, embora exista uma forte associação entre o controle inadequado
João Paulo Jordão Pontes, Fernando Cássio do Prado Silva, da dor e o risco de delírio pós-operatório, alguns fármacos analgési-
Demócrito Ribeiro de Brito Neto, Alexandre de Menezes Rodrigues cos, particularmente opioides, são conhecidos fatores de risco para
Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil delírio e perda cognitiva pós-operatória. Esse paradoxo destaca o
equilíbrio crítico entre o controle adequado da dor, a escolha anal-
Introdução: O processo de senescência é acompanhado de redu- gésica e a redução do delírio. A dexmedetomidina promove efeitos
ção de reservas orgânicas e de modificações na farmacocinética de sedação, analgesia e, possivelmente, proteção contra delírio. O
e farmacodinâmica das drogas anestésicas. Ao lidar com esses pa- objetivo desta revisão sistemática de ensaios clínicos foi avaliar a
cientes idosos, o anestesiologista deve estar preparado para cuidar incidência de delírio pós-operatório associada ao uso de dexmede-
de adultos com baixa tolerância ao estresse cirúrgico. O adequado tomidina em pacientes adultos e idosos.
planejamento anestésico é um fator determinante para a efetiva Método: Feita busca no Medline, via Pubmed, com os termos “dex-
recuperação desses pacientes. medetomidine, delirium, elderly, clinical trials” em qualquer cam-
Relato de caso: Paciente masculino, 75 anos, 60 kg, estado físico
po, até julho/2017. Incluídos ensaios clínicos sobre o uso da dexme-
P2, portador de diabetes mellitus tipo 2 havia 25 anos, em trata-
detomidina para prevenção de delírio pós-operatório em pacientes
mento regular com insulina, metformina e vildagliptina, apresen-
adultos e idosos. A qualidade das evidências foi classificada com o
tava carcinoma gástrico invasivo com programação de gastrecto-
Grade. A busca inicial resultou em 44 artigos, dos quais 38 foram
mia total e linfadenectomia. Optou-se por anestesia combinada
excluídos por não estar relacionados ao período pós-operatório, tipo
geral e peridural. Foi monitorado com eletrocardiografia contí-
de estudo ou idade, além de outros fatores.
nua, oximetria de pulso, pressão arterial invasiva e índice bis-
Resultado: Nos seis ensaios participantes do estudo, a dexmedeto-
pectral. Após cateterização de veia periférica 14G e de artéria
midina foi comparada com placebo, propofol ou morfina. A maioria
radial direita 20G, foi iniciada sedação com fentanil 50 mcg e
dos estudos foi feita no período pós-operatório de cirurgias cardía-
midazolam 4 mg. O bloqueio peridural foi feito em seguida com
cas. Em todos os estudos a incidência de delírio pós-operatório foi
agulha de Weiss 16G em T11/T12, com injeção de levobupivacaína
0,2% 15 mL e instalação de cateter peridural, sem dificuldades. Na menor no grupo que recebeu dexmedetomidina. Considerando todos
indução da anestesia geral foram usados propofol 50 mg, sufen- os pacientes participantes, a incidência de delírio entre aqueles que
tanil 50 mcg, lidocaína sem vasoconstritor 40 mg e rocurônio 50 receberam dexmedetomidina foi de 10,2% (87/851) e de 21,1% nos
mg. Na manutenção, usou-se sevoflurano. Cateter venoso central pacientes dos grupos controle (188/890).
foi instalado em veia jugular interna direita. Durante o procedi- Conclusão: A dexmedetomidina mostrou-se superior às suas opções
mento cirúrgico, para manutenção hemodinâmica, foi necessária estudadas (placebo, propofol e morfina) para prevenção de delírio
dose de até 1 mcg/kg/min de noradrenalina em bomba de infusão pós-operatório. Considerando que o delírio ocorre em uma parcela
contínua. A cirurgia ocorreu em 260 minutos, sem outras inter- considerável de pacientes cirúrgicos, a redução na sua ocorrência
corrências. No fim, o paciente foi desintubado, estava acordado pode resultar em grande melhoria de bem-estar, menor tempo de
e orientado, sem dor e ao ser levado à UTI recebia noradrenalina internação hospitalar e melhor função cognitiva, além de redução
0,4 mcg/kg/min. Evoluiu de maneira satisfatória, com analgesia nas taxas de mortalidade e morbidade.
controlada pelo paciente; recebeu alta hospitalar após oito dias Referências:
de internação. 1. Maldonado JR, Wysong A, van der Starre PJ, Block T, Miller C,
Discussão: A morbimortalidade de pacientes septuagenários subme- Reitz BA. Dexmedetomidine and the reduction of postoperative
tidos a cirurgias de grande porte pode ser elevada. Relaciona-se a delirium after cardiac surgery. Psychosomatics. 2009;50:206-17.
isso uma diminuição das reservas fisiológicas, alterações farmacoló- 2. Yang X, Li Z, Gao C, Liu R. Effect of dexmedetomidine on preven-
gicas e o processo inflamatório promovido pela cirurgia. Uma moni- ting agitation and delirium after microvascular free flap surgery:
toração intraoperatória adequada permite reduzir essas complica- a randomized, double-blind, control study. J Oral Maxillofac
ções, especialmente as cardiopulmonares e cognitivas. Cirurgias de Surg. 2015;73:1065-72.
S34 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLP646 HIPOTENSÃO COM INJÚRIA RENAL EM BLOQUEIO Justificativa e objetivos: Alterações da função visual após cirurgia
PERIDURAL E ANESTESIA GERAL PARA COLECISTECTOMIA não oftalmológica já foram descritas previamente na literatura e
COM EXPLORAÇÃO DE VIAS BILIARES EM PACIENTE IDOSO têm incidência, duração e apresentação clínica variáveis. Contudo,
apenas as alterações mais graves são notadas e a real incidência
Marcelo Miguel Brito de Oliveira*, Julio Adriano da Rocha Carvalho, das disfunções visuais desde as alterações mais leves podem estar
Daniel Cordeiro da Silva, Renê Alves Moura Cavalcante, subestimadas. Pacientes idosos são considerados uma população de
Juscimar Carneiro Nunes, Luciana da Silva de Armond alto risco para esse tipo de complicação, o que pode aumentar a
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brasil incidência de delirium, quedas e prejudicar a qualidade de vida
no pós-operatório. O objetivo deste estudo foi avaliar a função vi-
Introdução: A anestesia peridural é um excelente método de anal- sual de pacientes idosos após cirurgias não oftalmológicas de longa
gesia em cirurgia. O bloqueio simpático resultante e seus efeitos, duração a fim de determinar a real incidência e os fatores de risco
algumas vezes, impõem um desafio ao anestesista frente à neces- para alteração da função visual no pós-operatório em todos os seus
sidade de sua reversão e seu controle, principalmente em idosos. níveis de gravidade.
Devido à reserva fisiológica reduzida, os efeitos do bloqueio em Método: Estudo observacional prospectivo, feito em 2014 e 2015 no
geriatria são mais expressivos, com chance de lesões de órgãos-al- Hospital das Clínicas da FMUSP. Foram incluídos pacientes entre 60 e
vo como os rins. O presente relato mostra a rápida instalação de 80 anos submetidos a cirurgia eletiva não oftalmológica com duração
hipotensão arterial após bloqueio peridural em paciente senil e maior do que 120 minutos sob anestesia geral. Exame oftalmológico
hipertensa, com necessidade de droga vasoativa e evolução para foi feito antes da cirurgia, no terceiro dia de pós-operatório (3º DPO)
insuficiência renal aguda (IRA). A discussão enfoca a anestesia nesse e no 21º dia de pós-operatório (21º DPO); foram feitos o teste de
grupo, a fim de reduzir a morbidade decorrente do procedimento. Logmar-Snellen, o teste de Jager chart, biomicroscopia, tonometria
Relato de caso: Colecistectomia aberta com exploração de vias bi- óptica, avaliação da motilidade ocular e fundoscopia.
liares em mulher, 64 anos, 1,45 m e 75 kg. Hipertensa, em uso de Resultado: Foram incluídos 107 pacientes. A alteração da função
atenolol, anlodipino, espironolactona e losartana. PA inicial 189 × visual foi diagnosticada em 21 pacientes (19,6%) no 3º DPO. Houve
70 mmHg, FC 68, SPO2 96%. Após posicionamento e antissepsia, in- uma diminuição de 27% da acuidade visual, segundo o teste
jetou-se em espaço peridural entre T7 e T8 levobupivacaína 0,25% de Logmar-Snellen, no 3º DPO. Esses pacientes apresentaram
15 mL e morfina 2 mg. Minutos após, notou-se queda da pressão um aumento na refração de aproximadamente 20% e uma leve
arterial média (PAM) abaixo de 50 mmHg, com uso subsequente de diminuição da pressão intraocular no 3º DPO quando comparado
etilefrina. Indução: alfentanil 2,5 mg, propofol 60 mg, rocurônio com os valores de base. Desses, sete pacientes (6,5%) mantiveram
48 mg. Anestesia geral com sevoflurano e remifentanil. Obteve-se a alteração visual no 21º DPO. Análise estatística multivariada
pressão arterial invasiva e acesso venoso central. Iniciada noradre- identificou diabetes mellitus, duração da cirurgia e hipotensão
nalina entre 0,1 e 0,3 mcg/kg/min. Hidratação total de 2.500 mL durante a indução da anestesia, saturação de oxigênio no fim do
de cristaloide. Diurese inicial de 200 mL e final de 300 mL. Nora- procedimento e índice de massa corporal como fatores de risco in-
drenalina retirada no intraoperatório com PAM acima de 65 mmHg. dependentes para alteração visual no pós-operatório.
Paciente levada à UTI em ar ambiente no pós-operatório, evoluiu Conclusão: Em pacientes idosos submetidos a procedimentos não
com IRA pré-renal com recuperação mediante hidratação venosa em oftalmológicos de longa duração e sob anestesia geral, a incidência
três dias e subsequente alta hospitalar. de alteração da visão foi elevada. A maioria dos pacientes recuperou
Discussão: O bloqueio peridural em idosos traz efeitos potencializa- a função visual, porém alterações clinicamente significativas podem
dos devido à redução de fibras mielinizadas nas raízes nervosas, com
permanecer por até 21 dias após a cirurgia. Obesidade, diabetes
menos taquicardia reflexa frente à hipotensão e maior efeito dos
mellitus, duração da cirurgia e técnica anestésica parecem aumen-
anestésicos locais. Contribuem também a pouca gordura epidural e
tar o risco de alteração da visão após a cirurgia.
redução dos espaços foraminais para a maior ascensão de drogas.1
Referências:
O risco de injúria renal está aumentado mesmo em hipotensão de
1. Berg KT, Harrison AR, Lee MS. Perioperative visual loss in ocular
1 a 5 minutos.2 Adiciona-se como fator etiológico da IRA o efeito
and nonocular surgery. Clinical Ophthalmology (Auckland, NZ).
vasoconstritor da noradrenalina, que potencializa o hipofluxo renal.
2010;4:531-46.
Para a redução de agravos na anestesia peridural em geriatria, de-
2. Newman NJ. Perioperative visual loss after nonocular surgeries.
ve-se observar, portanto, a sensibilidade desses pacientes aos anes-
Am J Ophthalmol. 2008;145:604-10.
tésicos locais. Disso decorre a necessidade de doses mais baixas,
considerando-se o uso de cateter epidural para titulação das drogas.
Referências:
1. Koh JC, Song Y, Kim SY, Park S, Ko SH, Han DW. Postoperative
pain and patient-controlled epidural analgesia-related adverse
effects in young and elderly patients: a retrospective analysis of X) Anestesia em Neurocirurgia
2,435 patients. J Pain Res. 2017;10:897-904.
2. Walsh M, Devereaux PJ, Garg AX, et al. Relationship between in-
traoperative mean arterial pressure and clinical outcomes after TLP060 ANESTESIA EM PACIENTE COM ANEMIA
noncardiac surgery. Anesthesiology. 2013;119:507-15. FALCIFORME E SÍNDROME DE MOYAMOYA
Carolina Linhares Martins*, Cláudia Helena Ribeiro da Silva,
Rafael Coelho Tiburcio, Raquel Augusta Monteiro de Castro
TLO548 INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO PARA PERDA
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG,
DA VISÃO NO PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTES IDOSOS
Brasil
SUBMETIDOS A CIRURGIA NÃO OFTALMOLÓGICA
Guinther Giroldo Badessa, Marianne Badessa, Introdução e objetivo: A anemia falciforme é uma hemoglobinopa-
tia homozigota resultante da alteração da cadeia beta da hemoglo-
Felipe Colella de Barros, Ricardo Zanlorenzi*,
bina. Essa entidade é caracterizada por anemia crônica hemolítica,
Luiz Fernando dos Reis Falcão, Maria José Carvalho Carmona
episódios recorrentes de vaso-oclusão e dor intensa, com progres-
Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São siva lesão orgânica de variados sistemas. A síndrome de Moyamoya
Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil é referida como arteriopatia intracraniana progressiva oclusiva e
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S35

presença de uma das condições associadas, como neurofibromatose de anestesia geral balanceada. Havia redução da mobilidade cer-
tipo 1, anemia falciforme, trissomia do 21, história de radiotera- vical, e em face às dificuldades possíveis para intubação, alguns
pia em tumor intracraniano ou alteração angiográfica unilateral. dispositivos para via aérea estavam disponíveis, como Airtraq® e
Pacientes sem esses fatores de risco presentes são denominados bougie. Optou-se por não usar bloqueio neuromuscular na indução
portadores de doença de Moyamoya. O objetivo deste trabalho é anestésica; foram então administrados 150 μg de fentanil e 170
descrever a conduta anestésica em criança com anemia falciforme mg de propofol após pré-oxigenação sob máscara. A intubação foi
e síndrome de Moyamoya. feita sob laringoscopia direta, Cormack-Lehane III, sem extensão
Relato de caso: Paciente, sexo feminino, 2 anos e 11 meses, negra, do pescoço e com uso de guia. A seguir, foram administrados 8 mg
13 kg, portadora de anemia falciforme e com quadro de isquemia de cisatracúrio. Houve cateterizacão arterial radial esquerda para
cerebral aos 2 anos, apresentou hemiparesia à direita e estrabismo monitoração e punção profunda em veia femoral esquerda, com
divergente. Propedêutica com angiorressonância sugestiva de Moya- auxílio de ecografia. O procedimento anestésico-cirúrgico ocor-
moya. Foi submetida à microcirurgia vascular para a correção da reu sem intercorrências, com êxito na extubação após o térmi-
malformação, sob anestesia geral balanceada. Dosagem prévia ao no. A alta hospitalar aconteceu após três dias, com melhoria da
procedimento com hemoglobina S de 30%, da hemoglobina total de sintomatologia.
7,2 mg/dL. Recebeu 10 mL/kg de concentrado de hemácias deleu- Discussão: Mesmo diante de um paciente apenas com manifes-
cotizadas e irradiadas no dia anterior à cirurgia. Indução anestésica tações cutâneas de neurofibromatose é necessária a exclusão de
com sevoflurano, fentanil e cisatracúrio, manutenção com remifen- tumores intracranianos ou de medula espinal. Embora os neurofi-
tanil e sevoflurano, hidratação intraoperatória com 10 mL/kg/h de bromas sejam benignos, eles podem levar à pseudoartrose e cifoes-
cristaloide, cefuroxima profilática, temperatura controlada, normo- coliose com hipertensão pulmonar, além de poderem coexistir em
capnia mantida e controlada por gasometrias seriadas, oferta de topografia laríngea, cervical ou mediastinal, com risco de disfunção
oxigênio mínima de 40%. Manteve estabilidade hemodinâmica du- respiratória e hipoxemia.
rante todo o procedimento, sem necessidade de aminas vasoativas Referências:
ou hemotransfusão. Extubação em sala operatória e levada ao CTI 1. Moorthy SS, Radpour S, Weisberger EC. Anesthetic manage-
pediátrico com oxigênio suplementar por cateter nasal, sonolenta, ment of a patient with tracheal neurofibroma. J Clin Anesth.
porém responsiva e movimentava os quatro membros. Alta do CTI no 2005;17:290-2.
dia seguinte à cirurgia, com analgesia fixa proporcionada com tra- 2. Francis L, Subramanyam R, Mahmoud M. Severe spinal and
madol e paracetamol e observação clínica na enfermaria por quatro chest deformity secondary to neurofibromatosis. Can J Anesth.
dias, com deficit motor prévio inalterado e programação de acom- 2016;63:488-9.
panhamento mensal pelo ambulatório de neurocirurgia.
Discussão: O paciente portador de anemia falciforme e síndrome
de Moyamoya requer cuidados perioperatórios específicos, de modo TLO196 ANESTESIA PARA BIÓPSIA ESTEREOTÁXICA DE
que proporcione adequados hidratação, normotermia, normovole- SISTEMA NERVOSO CENTRAL: RELATO DE CASO
mia, normocapnia, controle de dor, tromboprofilaxia e equilíbrio
Joni Quadrio Guedes, Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros,
acidobásico. Esses fatores implicam diretamente a recuperação e o
Luis Antônio Borges, Harold Maluf Barretto, José Carlos Santos
desfecho clínico do paciente.
Referências: Júnior, José dos Santos*
1. Firth PG, Head CA. Sickle cell disease and anesthesia. Anesthe- Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, Campinas, SP, Brasil
siology. 2004;101:766-85.
Introdução: Determinados procedimentos cirúrgicos intracrania-
2. Williams M, Lee JK, et al. Anaesthesia recommendations for
nos são feitos com pacientes acordados devido à localização de
patients suffering from Moyamoya disease. Disponível em: or-
lesões em áreas funcionais nobres. O desafio para o anestesiolo-
pha.net/data/patho/Pro/en/Moya_EN.pdf. Acessado em:
gista é a sedação e a analgesia que garantam estabilidade car-
03/06/2017.
diorrespiratória sem interferir no monitoramento eletrofisiológico
e nos testes cognitivos. Alguns critérios devem ser usados, como
drogas de rápido início de ação, facilmente tituláveis, com míni-
TLP794 ANESTESIA EM PACIENTE COM DOENÇA DE VON
mos efeitos sobre o sistema cardiovascular e respiratório e sem
RECKLINGHAUSEN COM TUMOR EM C2
interferir na avaliação neurológica. Além disso, cuidadosa seleção
Andréa Renata Machado Mesquita, Rogério Luiz da Rocha Videira, de paciente, importante interação médica com ele e meticulosa
Patricia Pinheiro de Toledo Werneck, Ana Maria Neiva de Menezes*, preparação psicológica e emocional são fundamentais para o su-
Luana Machado Grebos, Joana de Almeida Figueiredo cesso do procedimento.
Relato de caso: Paciente sexo masculino, 50 anos, ASA II devido a
Hospital Universitário Antônio Pedro, Universidade Federal
HAS, 138 kg, com episódios convulsivos recentes, indicada biópsia
Fluminense (UFF), Niterói, RJ
esterotáxica devido a lesões cerebrais expansivas com base em neu-
Introdução: A neurofibromatose tipo 1 ou doença de Von Recklin- roimagem. Feita medicação pré-anestésica de 30 minutos com mi-
ghausen é doença autossômica dominante, sem prevalência entre dazolan 7 mg EV, monitoração padrão, cateter de O2 100% 2 L/min,
sexos, causada pela mutação do gene NF1, que resulta em perda infusão inicial com midazolan 1 mg, alfentanil 500 mcg, feito en-
ou disfunção da proteína neurofibrina. Pacientes podem apresen- tão bloqueio transversal do escalpo bilateral com ropivacaína 0,2%
tar manifestações em diversos órgãos, com variedade de sinais e (dose total 30 mL), manteve escore de Ramsay 2. A cabeça foi presa
sintomas, como neurofibromas, manchas cutâneas, anormalidades com fixador de Mayfield, sem queixa de dor e sem alteração hemo-
esqueléticas, neurológicas, cardíacas e vasculares, que podem di- dinâmica, e os campos cirúrgicos foram ajustados para manter as
ficultar o ato anestésico. Relatamos o caso de ressecção de tumor vias aéreas e os olhos acessíveis. Mantido com bolus intermitentes
em vértebra cervical. 40/40 minutos de midazolan 1 mg e alfentanil 500 mcg. Em todo
Relato de caso: Paciente feminina, 17 anos, 48 kg, portadora de o procedimento apresentou flutuações mínimas de pressão arterial
neurofibromatose tipo I, sem antecedentes anestésicos e sem ou- e frequência cardíaca, sempre em contato com neurocirurgião e
tras comorbidades. Apresentava neurofibroma em C2 de 6 × 5 × 4 anestesiologista.
cm com compressão cerebelar e paraparesia crural progressiva. Discussão: Essa técnica permitiu os principais tempos cirúrgicos
Indicada cirurgia para ressecção de tumor cervical, com proposta sem ocorrência das principais complicações descritas, como agi-
S36 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

tação psicomotora, depressão respiratória, alterações hemodinâ- mente. A extubação ocorreu no quinto dia pós-operatório, com
micas e sonolência excessiva, sem manipulação das vias aéreas, e, boa evolução em enfermaria.
principalmente, não interferiu na avaliação cognitiva do pacien- Discussão: Tanto o aumento agudo na pressão intracraniana com
te. Nossa experiência está de acordo com dados da literatura, na subsequente compressão do tronco encefálico como a manipulação
qual Gulsen et al. (2006) dizem: “O uso da técnica de bólus com cirúrgica podem evoluir de bradicardia à parada cardiorrespirató-
fentanil causou menos estabilidade hemodinâmica. A técnica de ria. Durante procedimentos neurocirúrgicos que envolvem a fos-
infusão contínua de remifentanil ou alfentanil proporcionou maior sa posterior não são incomuns episódios de assistolia. Bradicardia
controle da função cognitiva, permitiu uma interação paciente/ pode ocorrer por manipulação do tronco encefálico ou por estimu-
equipe cirúrgica/anestesiologia harmônica durante todo proce- lação vagal cardioinibitória com aferência pelos nervos trigêmeo ou
dimento”. Portanto, o uso intermitente de alfentanil e midazo- glossofaríngeo. Nesses casos, a bradicardia melhora após a inter-
lam com respeito às características farmacológicas mostrou ser rupção do estímulo cirúrgico. Assim, a capacidade do anestesista de
um método eficaz e seguro, bem como a sensibilidade do anes- predizer o risco de assistolia, identificar e manejar esses episódios
tesiologista para manter contato psicoemocional estreito com o pode ser definitiva para o desfecho do caso.
paciente durante todo o ato cirúrgico, o que configura um dos Referência:
desafios fundamentais para um resultado favorável para esse tipo 1. Goyal K, Philip FA, Rath GP, et al. Asystole during posterior fossa
de procedimento. surgery: report of two cases. Asian J Neurosurg. 2012;7:87-9.
Referências:
1. Bilgin H, Başağan Moğol E, Bekar A, Işçimen R, Korfali G. A com-
parison of effects of alfentanil, fentanyl, and remifentanil on TLP698 ANESTESIA PARA HEMIESFERECTOMIA EM
hemodynamic and respiratory parameters during stereotactic PACIENTE PEDIÁTRICO
brain biopsy. J Neurosurg Anesthesiol. 2006;18:179-84.
Marcello Sias Frattani, Adriane Benvindo Monteiro, Luana Stutz*,
2. Sarang A, Dinsmore J. Anaesthesia for awake craniotomy - evo-
lution of a technique that facilitates awake neurological testing. Renata de Oliveira Chedid, Fabiana Zarur Kornalewski
Br J Anaesth. 2003;90:161-5. Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil
Introdução: A hemisferectomia é um procedimento cirúrgico
TLO085 ANESTESIA PARA DESCOMPRESSÃO DE FOSSA
agressivo, geralmente feito em crianças e indicado em casos de
POSTERIOR EM PACIENTE COM SÍNDROME DE ARNOLD-
epilepsia grave refratária à terapia medicamentosa. Os principais
CHIARI DO TIPO I – RELATO DE CASO objetivos da cirurgia são a melhoria do quadro convulsivo e da
Guilherme Haelvoet Correa, Tatiana Saruhashi, qualidade de vida. De acordo com a literatura, cerca de 70% dos
Amanda Fernandes Halla*, André Asquini Costa, pacientes apresentam boa resposta pós-operatória. Esse proce-
Marcio Cardoso Krambek, Ayrton Bentes Teixeira dimento está associado à morbimortalidade elevada, relaciona-
da com sangramento maciço, distúrbios metabólicos e eletrolí-
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), São ticos, coagulopatias, convulsões e instabilidade hemodinâmica
Paulo, SP, Brasil pós-operatória.
Introdução: A síndrome de Arnold-Chiari, que engloba alterações da Relato de caso: J.P.S.C., masculino, 6 anos, portador de epilep-
junção craniovertebral, é causada por alteração no desenvolvimen- sia refratária ao tratamento medicamentoso com oxcarbamaze-
to da fossa posterior ou por crescimento exagerado do componente pina, nitrazepam e topiramato, a ser submetido à hemisferecto-
supratentorial. Nos pacientes sintomáticos, geralmente com defi- mia direita. Quadro epilético iniciou aos 10 meses de idade com
cits neurológicos, é indicada a descompressão do forame magno. convulsões tônico-clônicas generalizadas, provocaram atraso no
Procedimentos que envolvem a fossa posterior estão associados a desenvolvimento global infantil. Paciente vigil, sem interação
algumas complicações relacionadas desde ao posicionamento até à com o examinador e exame físico sem alterações. Foi admitido no
manipulação direta do tronco encefálico. centro cirúrgico do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer
Relato de caso: Paciente masculino, 30 anos, ASA I e 65 kg. Re- calmo, acordado e foi feita indução inalatória com sevoflurano e
feria que após episódio de síncope apresentou parestesia em he- puncionado acesso venoso periférico. Após acesso venoso, foram
micorpo esquerdo por 24 horas, evoluiu com quadro persistente administrados 75 mcg de fentanil intravenoso e iniciadas infusões
de cefaleia e zumbido, principalmente após manobra de Valsal- intravenosas em bomba de remifentanil, propofol e dexmedeto-
va. Feito o diagnóstico de síndrome de Arnold-Chiari do tipo I, midina para manutenção anestésica. A intubação foi facilitada
foi indicada descompressão da fossa posterior com artrodese de pela administração de rocurônio 15 mg IV e um tubo orotraqueal
vértebras C1-C2. No centro cirúrgico, paciente não apresentava aramado número 5,0 com cuff foi usado. Feitas punções de veia
sinais de hipertensão intracraniana, e após a monitoração com femoral esquerda e artéria femoral direita (para medida de pres-
cardioscopia, oximetria e pressão arterial não invasiva foi feita são arterial contínua) com auxílio de USG, além de instalação de
venóclise e indução anestésica com fentanil 4 µg.kg-1, lidocaína bis, termômetro esofágico e manta térmica. O paciente manteve
1 mg.kg-1, propofol 3 mg.kg-1 e atracúrio 0,5 mg.kg-1. Intubação estabilidade hemodinâmica e normotermia durante todo o pro-
orotraqueal após laringoscopia direta ocorreu sem intercorrên- cedimento. Levado à UTI intubado após 10 horas de cirurgia, e
cias. Feita a cateterização da artéria radial direita para monito- o desmame da ventilação mecânica ocorreu no dia seguinte sem
ração da pressão arterial invasiva, novo acesso venoso periférico complicações.
em MSD e cateterização de veia jugular interna direita. Inserção Discussão: A hemisferectomia é um procedimento cirúrgico com-
do termômetro esofágico, sondagem vesical de demora e posicio- plexo que envolve uma série de possíveis repercussões neurológicas
namento em decúbito ventral para o procedimento cirúrgico. No e hemodinâmicas, o que implica a necessidade de um bom plane-
intraoperatório, apresentou episódio súbito de assistolia com du- jamento anestésico para o manejo perioperatório. Não há relato
ração aproximada de 20 segundos e recuperação espontânea após de necessidade de técnica anestésica específica. Optou-se pela in-
a interrupção do estímulo cirúrgico. A cirurgia durou 10 horas e o dução inalatória por tratar-se de paciente pediátrico sem acesso
paciente apresentou ainda outros dois episódios de bradicardia. periférico e pela manutenção anestésica com anestesia venosa total
Após o procedimento, foi levado para UTI intubado sob ventilação pela experiência da instituição. Preconiza-se o monitoramento da
mecânica, com colar cervical e sedação, estável hemodinamica- pressão arterial invasiva, assim como a instalação de um cateter
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S37

venoso profundo, devido à possibilidade de instabilidade hemodinâ- TLP791 ANESTESIA PARA NEUROCIRURGIA COM
mica com sangramento maciço durante o procedimento com neces- DESPERTAR INTRAOPERATÓRIO
sidade de correção imediata. O controle da temperatura é impor-
Bruno Duarte Silva*, Rafaella Pellicciotti Souza, Nayara de Oliveira
tante, já que existem evidências de pioria do desfecho em cirurgias
Campos, Rebeca Florence Portaro Blum, Antonedson Pinto França
neurológicas relacionadas à hipotermia.
Referência: Hospital São Luiz, Jabaquara, SP, Brasil
1. Emory L, Schubert A. Awake craniotomy, epilepsy, minimally in-
Introdução: Anestesia para craniotomia em paciente acordado re-
vasive and robotic surgery. In: Cottrell JE, Patel P. Cottrell and
presenta importante estratégia para ressecção de tumores em áreas
Patel’s neuroanesthesia. 7th ed. USA: Elsevier; 2017:305.
eloquentes do córtex cerebral. Permite o mapeamento cortical
adequado, maximiza a extensão da ressecção e minimiza o dano
neurológico. Estratégias anestésicas são descritas na literatura; a
TLP740 ANESTESIA PARA HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA
apresentada abaixo é denominada asleep-awake-asleep.
EM PACIENTE GESTANTE Relato de caso: Paciente masculino, 40 anos, militar, 70 kg, 1,73
Natália Dolavale Mayworm*, Fabiana Zarur Kornalewski, m, ex-tabagista (40 maços-ano), DPOC, alérgico à dipirona, sem
Renata de Oliveira Chedid, Brynner Mota Buçard, preditores de via aérea difícil. Iniciou quadro com crise convulsiva
Alfredo Guilherme Haack Couto tônico-clônica generalizada, alterações na fala e compreensão. A
investigação diagnóstica evidenciou astrocitoma grau II em área de
Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, Rio de Janeiro, RJ, Wernicke, com proposta de craniotomia com despertar intraopera-
Brasil tório e monitoração neurológica para exérese do tumor. Planeja-
Introdução: A hemorragia subaracnóidea é uma das várias síndro- mento anestésico: anestesia geral venosa total e bloqueio regional.
mes hemorrágicas intracranianas durante a gravidez; o aneurisma Monitoração: cardioscopia, SpO2, capnografia, PAi, TOF, termômetro
cerebral é a causa menos provável, e frequentemente ocorre na esofágico, SVD. Acessos vasculares: venoso periférico com Jelco® 18
vigência de distúrbios hipertensivos. O manejo anestésico dessas e central duplo-lúmen em VJID. Indução anestésica: midazolam 3
pacientes se torna complicado pelas questões neurocirúrgicas e mg, fentanil 150 mcg, propofol (TCI) e rocurônio 40 mg. Manejo da
também pelas mudanças fisiológicas que ocorrem durante a gra- via aérea: passagem de máscara laríngea (ML) Air-Q®. IOT (aramado
videz, além da presença do feto para o planejamento anestésico. nº 7,5) através da ML com auxílio de fibroscopia. Capnografia, aus-
Relato de caso: C.P.L., feminina, 40 anos, 16 semanas de idade culta e ventilação adequados. Manutenção: propofol (TCI), dexme-
gestacional, sem acompanhamento pré-natal, portadora de hiper- detomidina e remifentanil. Bloqueio supraorbicular e infiltração nos
tensão arterial sistêmica sem tratamento regular, a ser submeti- pontos de fixação do Mayfield (bupivacaína 0,5% com vasoconstri-
da à correção cirúrgica de aneurisma roto de artéria comunicante tor). Fixada cabeça pela equipe cirúrgica e alterada posição da mesa
anterior. Deu entrada no centro cirúrgico do Instituto Estadual do operatória para semideitada, com subsequente extubação após re-
Cérebro Paulo Niemeyer letárgica, desorientada, eupneica em ar versão do bloqueio neuromuscular (sugamadex). Mantida ventilação
ambiente, taquicárdica, hipertensa, com derivação liquórica exter- mecânica por máscara laríngea. Iniciada craniotomia. Identificado
na com drenagem de secreção sanguinolenta. Paciente foi pré-oxi- o tumor e iniciada fase de despertar intraoperatório. Desligadas as
genada com O2 a 100% e iniciada indução anestésica com adminis- infusões de drogas. Retirada máscara laríngea ao despertar. Iniciado
tração endovenosa em bomba de infusão de remifentanil (1 mcg/kg protocolo de testes pela equipe da neurologia. Ressecado tumor, de
por 10 minutos seguido de 0,1-0,3 mcg/kg/min), dexmedetomidina acordo com as margens permitidas pela monitoração neurológica.
(1 mcg/kg por 10 minutos seguido de 0,2-0,4 mcg/kg/h), propofol Reindução anestésica para fechamento da craniotomia e passagem
(em infusão alvo controlada modelo Marshall) e rocurônio 100 mg. da máscara laríngea. Após término da cirurgia, paciente despertou
A intubação orotraqueal foi feita por videolaringoscopia com tubo sem sequelas e sem dor. Levado à UTI. Alta hospitalar no 4º DPO.
aramado 7,0 com cuff. Puncionadas veia jugular interna direita com Discussão: A anestesia para craniotomia impõe vários desafios,
auxílio de USG e artéria radial esquerda para pressão arterial inva- como adequada seleção e preparo do paciente, escolha da técnica,
siva. A manutenção da anestesia foi venosa total e a paciente per- limitações de posicionamento, controle de via aérea e sucesso na
maneceu estável durante o procedimento. Administrado tramadol fase do despertar. Possíveis complicações intraoperatórias: convul-
(100 mg endovenoso) para analgesia pós-operatória. Paciente foi sões, dor, náusea e vômito, edema cerebral e falha no despertar.
extubada acordada ao fim do procedimento, com melhoria no nível Todas as etapas do caso descrito transcorreram sem intercorrências.
de consciência, e levada ao CTI. Até o momento, nenhuma técnica anestésica se mostrou superior a
Discussão: A correção cirúrgica de aneurisma cerebral roto é um outra. Fatores como experiência clínica e protocolos institucionais
procedimento delicado e com alto risco de complicações no intra e conferem maior peso à escolha.
no pós-operatório, e o manejo anestésico é fundamental no desfe- Referência:
cho dos pacientes. O bem-estar materno deve ser o foco principal, 1. Lashmi Venkatraghavan MD. Anesthesia for awake craniotomy.
mas é válido reconhecer que as intervenções podem ter o potencial UpToDate (www.uptodate.com). Apr 12, 2017.
de prejudicar o feto. Aumentos súbitos da pressão arterial são dele-
térios, e a hipotensão arterial induzida pode ser útil para a técnica
cirúrgica e por tornar menos provável o ressangramento. Entretan- TLO073 ANESTESIA PARA TERAPIA DBS
to, alterações no fluxo sanguíneo uterino podem levar à severa hi- Ingrid Caroline Baia de Souza*, Natália Pereira Bernardes,
póxia fetal. Assim, a pressão arterial deve ser reduzida apenas o Paula Fialho Saraiva Salgado, Jackson Davy da Costa Lemos
necessário para manter o bem-estar materno e pelo menor período
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), São
possível. A extubação deve ser feita no fim do procedimento, per-
José do Rio Preto, SP, Brasil
mite a avaliação neurológica ainda na sala cirúrgica. O principal
desafio de fornecer anestesia para neurocirurgia feita durante a Introdução e objetivo: A terapia de estimulação cerebral profunda
gravidez é proporcionar um equilíbrio adequado entre os objetivos (terapia DBS [Deep Brain Stimulation]) é usada para tratamento de
clínicos concorrentes e às vezes contraditórios. doença de Parkinson e outras condições neurológicas. O manejo anes-
Referência: tésico varia de acordo com o serviço. O objetivo deste trabalho foi re-
1. Bateman BT, Olbrecht VA, Berman MF, et al. Peripartum subara- latar o caso de dois pacientes submetidos à terapia DBS com a seguinte
chnoid hemorrhage. Anesthesiology. 2012;116:324-33. técnica anestésica: paciente em sala cirúrgica, sem pré-anestésico.
S38 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Método: Monitoração com cardioscopia contínua, oximetria de pul- indução com 250 mcg de fentanil, 100 mg de propofol e 40 mg de
so e PANI e venóclise em MSD. Iniciada infusão de dexmedetomidina atracúrio. Intubada com sonda aramada 8,0, acoplada à ventilação
contínua, punção de PAI sob anestesia local e bloqueio de escal- mecânica, FiO2 45% e PEEP de 7 cm H2O. Mantida com infusão con-
po com ropivacaína 0,5%. Paciente é transportado para tomografia tínua de propofol, sulfato de magnésio 10 mg/kg/h, lidocaína 1,5
computadorizada para auxílio do mapeamento cerebral. Após, o re- mg/kg/h e dexmedetomidina 0,6 mcg/kg/h. PAM em artéria radial
mifentanil é iniciado antes da craniotomia. Quinze minutos pré-ma- direita com cateter 20G e acesso venoso central em veia JID, com
peamento, as drogas são suspensas e, se sistólica maior do que 130 cateter duplo lúmen. Posicionada em decúbito lateral, com o lado
mmHg, é administrado nitroprussiato de sódio. Após o implante do tumoral em direção superior, o ombro homolateral deslocado an-
eletrodo, paciente é submetido à anestesia endovenosa total com teriormente e a cabeça discretamente rodada homolateralmente.
propofol, remifentanil e cisatracúrio. Procedimento cirúrgico sem intercorrências. No fim das 10 horas
Relatos de caso: 1) J.R.M., 74 anos, portador de mal de Parkin- de cirurgia, parâmetros respiratórios, hemodinâmicos e temperatu-
son, em tratamento. Técnica anestésica descrita acima. Paciente ra corporal se mantinham estáveis. Paciente foi extubada em sala
apresentou hipertensão, manejado com nitroprussiato de sódio. cirúrgica e levada à UTI em boa ventilação espontânea, satO2 98%
Para locação do gerador, submetido à anestesia geral. O paciente cateter nasal O2 2 L/min e deglutindo.
se manteve estável até o fim da cirurgia, quando apresentou pico Discussão: Diversos trabalhos in vitro e in vivo nos últimos anos
hipertensivo à extubação, tratado com metoprolol e nitroprussiato. demonstraram a neuroproteção induzida pela anestesia em diferen-
Levado à UTI acordado, sem queixas, em uso de nitroprussiato con- tes espécies e em modelos de isquemia focal, hemisférica e global.
tínuo. Recebeu alta no 3º DPO, sem intercorrências. 2) F.P., 70 anos, O propofol tem se mostrado neuroprotetor in vivo nos modelos de
portador de depressão e mal de Parkinson em tratamento. Técnica isquemia cerebral. Acredita-se que a neuroproteção induzida por
anestésica, a mesma. Após bloqueio de escalpo, houve necessidade esse anestésico deva-se a seus efeitos antioxidantes. A administração
de infiltração local adjuvante. Infusão de nitroprussiato de sódio foi de dexmedetomidina pré-isquemia reduz significativamente os
necessária para controle pressórico. Durante locação do gerador, níveis de catecolaminas no plasma e diminuiu as comorbidades
conversão para anestesia geral. Paciente se manteve estável até o neurológicas em parâmetros funcionais e histopatológicos. O
fim da cirurgia, quando apresentou pico hipertensivo à extubação, sulfato de magnésio melhora o desfecho no trauma cerebral e a
administrados metoprolol e nitroprussiato. Levado à UTI sonolento, lidocaína está associada a efeitos positivos em longo prazo para os
sem queixas, em uso de nitroprussiato. Recebeu alta no 4º DPO, pacientes, como: menor alteração cognitiva pós-operatória, melhor
apresentou crise convulsiva no 3º DPO. Sem outras intercorrências. qualidade de vida e redução do risco de dor pós-operatória crônica
Discussão: A anestesia para DBS visa manter o paciente confortável ou persistente.
sob sedação consciente. Para a monitoração das respostas neuronais, Referências:
a escolha dos fármacos anestésicos é fundamental. São preferíveis 1. Nunes RR, Duval Neto GF, Alencar JCG, et al. Anestésicos, pre-
drogas com meia-vida curta, baixa interferência nos potenciais neu- condicionamento e proteção cerebral. Rev Bras Anestesiol.
ronais e baixo risco de depressão respiratória, como a dexmedeto- 2013;63:119-38.
medina. Já o bloqueio do escalpo resulta em baixos escores de dor e 2. Villela NR, Nascimento Junior P. Uso de dexmedetomidina em
menor exigência de analgésicos. Em ambos os casos, a associação da anestesiologia. Rev Bras Anestesiol. 2001;53:97-113.
anestesia regional com a anestesia endovenosa proporcionou condi-
ções satisfatórias para a cirurgia, sem complicações.
Referências: TLO288 ASLEEP-AWAKE-ASLEEP: MANEJO ANESTÉSICO DE
1. Grant R, Gurenbaum S, Gerrard J. Anaesthesia for deeb brain CRANIOTOMIA EM PACIENTE ACORDADO
stimulation: a review. Curr Opin Anesthesiol. 2015;28:505-10.
Rafael Takamitsu Romero*, Flávio Takaoka,
2. Osborn I, Sebeo J. “Scalp block” during craniotomy: a classique
Luiz Guilherme Villares da Costa, Thales Abreu Tedoldi,
technique revisited. J Neurosurg Anesthesiol. 2010;22:187-94.
Kelson Sousa Jacobina, Jean Beltoso Sena
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
TLO927 ANESTESIA VENOSA TOTAL PARA TRATAMENTO
Introdução: A feitura de craniotomia com o paciente acordado pode
CIRÚRGICO DE MENINGIOMA RETROCLIVAL
ser requerida para a abordagem de tumores ou focos epileptiformes
Carlos André Araújo Melo, Valter Oberdan Borges de Oliveira, adjacentes a áreas corticais que coordenam a fala ou a motricidade.
Lauro d’Avila Silveira Barreto*, Rafael Cerqueira Oliveira, Esse procedimento impõe desafios ao anestesista: a tolerância aos
Ivani Rodrigues Glass, Marcos Antonio Costa de Albuquerque estímulos cirúrgicos dolorosos deve ser garantida sem prejuízo da
responsividade e da cooperação para a feitura de testes neurocog-
Centro de Ensino e Treinamento (CET) Menino Jesus de Praga,
nitivos.
Aracaju, SE, Brasil
Relato de caso: Paciente ACM., sexo feminino, 51 anos, sem co-
Universidade Federal de Sergipe (UFS), Aracaju, SE, Brasil
morbidades. Programação cirúrgica de exérese de lesão tumoral
Introdução: O manejo cirúrgico dos tumores que se originam da parietal esquerda. Feita monitoração com ECG cinco derivações,
região retroclival ou com extensão para ela sempre foi um desafio pressão arterial invasiva, oximetria de pulso, TOF, índice bispectral
para os neurocirurgiões e anestesiologistas. Sua localização profun- e diurese. Instalados meias elásticas e massageador pneumático.
da e relação com estruturas neurovasculares vitais aumentam o ris- Puncionado acesso venoso periférico calibroso. Pré-oxigenação por
co de deficit neurológico severo. cinco minutos e indução anestésica com fentanil 100 mcg, propofol
Relato de caso: Paciente, 63 anos, sexo feminino, 80 kg, ASA 3 alvo-controlado 2 ng/mL, rocurônio 40 mg, seguida de acoplagem
(hipertensão arterial mal controlada e diabetes não insulinodepen- de máscara laríngea. Posicionamento em posição semissentada. Fei-
dente). Havia seis meses, iniciou quadro compatível com síndrome to bloqueio do escalpe bilateral com ropivacaína 0,2% (nn. occiptais
cerebelar, evoluiu com tetraparesia progressiva. Após exames de maiores e menores, nn. auriculares maiores, nn. supraorbitários,
imagem, diagnosticada com meningioma retroclival. Monitoração nn. supratrocleares, nn. zigomático-temporais e nn. auriculotem-
com oximetria de pulso, cardioscopia e PANI. Venóclise periférica porais). Manutenção da anestesia com propofol e remifentanil al-
com cateter 16G. Foi colocado um cateter nasal, O2 3 L/min e ini- vocontrolados e dexmedetomidina 0,3 mcg/kg/h. Após a instalação
ciada a dose de ataque intravenosa de sulfato de magnésio 30 mg/ dos pinos, craniotomia e incisão da dura, foi revertido o bloqueio
kg e lidocaína 2 mg/kg durante 10 minutos em SF 0,9% 250 mL. Feita neuromuscular com sugamadex guiado pelo TOF e procedido o des-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S39

pertar. Mantida a infusão de dexmedetomidina 0,3 mcg/kg/h. Du- da cirurgia, estimado sangramento total de 400 mL. Hidratada
rante essa fase do procedimento, a paciente se manteve desperta e com 2 L de cristaloide manteve PAM de 80 mmHg sem necessidade
cooperou para a feitura de testes motores e verbais. Foram também de droga vasoativa. Diurese de 0,8 mL/kg/h, levada para pós-ope-
monitorados potenciais evocados motores e somatossensitivos. Não ratório imediato em UTI, apresentava-se lúcida e orientada no
houve queixa álgica ou de desconforto. Ao término da exérese, a tempo e espaço, sem deficit neurológico.
sedação foi aprofundada e foram infiltrados com ropivacaína os mm. Discussão: Levando em consideração a localização do tumor próxi-
temporais. A paciente evoluiu com recuperação sem intercorrências mo a áreas nobres, é evidente a importância de o anestesiologista
em unidade semi-intensiva, sem queixas álgicas até a alta, ocorrida oferecer condições cirúrgicas adequadas para o cirurgião fazer res-
após três dias. secção tumoral sem lesão de área sadia. Associado a isso, o anes-
Discussão: O desenvolvimento de novos fármacos e dispositivos de tesiologista deve estar preparado e evitar quadros de instabilização
via aérea permite uma abordagem segura e dinâmica para a fei- hemodinâmica por hemorragia e proteção de via aérea, haja vista
tura de craniotomia no paciente acordado, com rápida transição que se apresentava em respiração espontânea.
da profundidade anestésica de acordo com os diferentes tempos Referências:
cirúrgicos. O uso da dexmedetomidina promove sedação, ansiólise, 1. Sarang A, Dinsmore J. Anaesthesia for awake craniotomy – Evo-
adição à analgesia, com poucos prejuízos ventilatórios. A técnica lution of a technique that facilitates awake neurological testing.
asleep-awake-asleep, que compreende o uso intermitente de más- Br J Anaesth. 2003;90:161-5.
cara laríngea e a feitura do bloqueio de escalpo, é capaz de garantir 2. Bekker AY, Kaufman B, Samir H, Doyle W. The use of dexme-
mínimo desconforto e manutenção da responsividade. detomidine infusion for awake craniotomy. Anesth Analg.
Referências: 2001;92:1251-3.
1. Bekker AY, Kaufman B, Samir H, Doyle W. The use of dexme-
detomidine infusion for awake craniotomy. Anesth Analg.
2001;92:1251-3. TLO819 MANEJO ANESTÉSICO PARA RESSECÇÃO DE
2. Chaki T, Sugino S, Janicki PK, et al. Efficacy and safety of a li- TUMOR CEREBRAL COM PACIENTE ACORDADA: RELATO DE
docaine and ropivacaine mixture for scalp nerve block and local CASO
infiltration anesthesia in patients undergoing awake craniotomy.
Ivandete Coelho Pereira Pimentel, Carlos Vitor Osório de Oliveira*,
J Neurosurg Anesthesiol. 2016;28:1-5.
Fernanda Rondon Fonseca Pirangy,
Mirlane Guimarães de Melo Cardoso,
TLO054 CRANIOTOMIA ACORDADA PARA RESSECÇÃO DE Mewryane Câmara Brandão Ramos, Kamila Vieira de Oliveira
TUMOR GLIAL Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas
Thales Ricardo de Paula*, Gabriela Soares Piassi, (FCECON), Manaus, AM, Brasil
Gabriel José Redondano de Oliveira, Israel Lugli de Godoy, Introdução: A craniotomia acordada está indicada para
Walter Luiz Ferreira Lima, Tomás Gustavo Pires procedimentos em que a lesão cerebral está próxima a tecidos
corticais com funções indispensáveis, relacionadas ao córtex
Hospital Vera Cruz, Campinas, SP, Brasil
motor, sensorial, visual e linguístico, e necessita do mapeamento
Introdução: Células da glia são as células que mais dão origem a dessas áreas no intraoperatório com o paciente acordado. Os
tumores, chamados de gliomas. Cerca de 30% de todos os tumores principais desafios para o anestesiologista são adequar o plano
cerebrais são gliomas e apresentam-se frequentemente com cresci- anestésico aos estágios da cirurgia e manter a estabilidade
mento rápido. Homens e mulheres são afetados igualmente, porém hemodinâmica cerebral e cardiopulmonar. Algumas técnicas
a idade adulta é mais afetada. anestésicas estão descritas, mas no seguinte relato optou-se pela
Relato de caso: Paciente de 38 anos, 50 kg e sem comorbidades sedação consciente com uso de dexmedetomedina, sulfato de
prévias, com diagnóstico de tumor de célula glial em lobo frontal magnésio, cloridrato de lidocaína e remifentanil, manteve-se o
esquerdo de 7 cm, foi levada ao serviço de anestesiologia para paciente com respiração espontânea durante todo o procedimento
ressecção cirúrgica por craniotomia acordada com neuronavega- e titularam-se os anestésicos com base nos estágios cirúrgicos,
ção e neuroestimulação. Monitorada com pressão arterial invasi- conforme preconiza a técnica.
va, cardioscopia contínua, oximetria de pulso, monitor do nível de Relato de caso: Paciente feminino, 33 anos, 55 kg, ASA I, Mallam-
consciência e termômetro axilar. Manta térmica em membros in- pati II, com lesão expansiva intraparenquimatosa no lóbulo pa-
feriores e acesso venoso periférico 18G + 14G. Feita sedação com racentral à direita. Após monitoração com oximetria de pulso,
midazolam 3 mg EV e bloqueio de nervos da face e couro cabeludo eletrocardioscópio, pressão arterial não invasiva e cateter nasal
(ramo do n. supratroclear/n. occiptal menor/n. occiptal maior) com O2 2 L/min, procedeu-se a infusão intravenosa (IV) de sulfato
com ropivacaína 0,75%, total 15 mL. Iniciada infusão contínua magnésio 40 mg.kg−1, lidocaína 2% 2 mg.kg−1, dextrocetamina 5 mg
com dexmedetomedina 0,5 mcg/kg/h associada a propofol alvo- e midazolam 2 mg. Ao mesmo tempo, foram iniciados em bomba
controlado 0,5 mcg/mL (marsh) e remifentanil 0,05 mcg/kg/min. de infusão contínua remifentanil 0,2 mcg.kg.min−1 e propofol 0,6
Mantida em ventilação espontânea e cateter nasal de O2 (3 L/min). mcg.kg−1, enquanto eram puncionados acesso venoso central em
Posicionada em decúbito dorsal horizontal, com a cabeça leve- veia subclávia direita e pressão arterial invasiva (PAi). Fizeram-se
mente fletida e fixada (Mayfield). Após abertura do crânio, reduzi- bloqueios de nervos auriculotemporal direito, supraorbital direito
da a sedação para 0,3 mcg/kg/h de dexmedetomedina e remifen- e occipital maior e menor com ropivacaína 0,5% 20 mL. A anestesia
tanil 0,03 mcg/kg/min. Paciente apresentou superficialização do foi mantida com dexmedetomedina (0,1-0,6 mcg/kg/h) e remi-
nível de consciência confirmado pelo BIS e cooperativa durante o fentanil (0,015-0,05 mcg/kg/min) e a dura mater embebida em
início da ressecção do tumor perigiro pré-central. Após estimula- gaze com lidocaína 2% 20 mL. A PAi média variou de 60 mmHg a
ção cerebral, apresentou convulsão tônico-clônica generalizada e 100 mgHg e Fc 110-90 bpm. Após duas horas de cirurgia, paciente
discreta sonolência. Infundida fenitoína (750 mg), com cessação não manifestou resposta motora em domínio esquerdo após solici-
da crise confirmada pelo eletroencefalograma. Não houve perda tação verbal e a lesão foi ressecada parcialmente. Ao término da
da proteção de via aérea, manteve-se em ventilação espontânea. cirurgia, foi levada à UTI hemodinamicamente estável, movimen-
Após 15 minutos, elevação do nível de consciência e retomada a tava os quatro membros e evoluiu com hemiparesia esquerda no
ressecção tumoral com testes e auxílio da paciente. Após término pós-operatório imediato.
S40 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Discussão: O uso dos fármacos adjuvantes em craniotomia acordado sencadear eventos neurológicos negativos. O uso de drogas com
traz benefícios à técnica anestésica, pois oferece sedação e analgesia rápida metabolização e vigilância dos parâmetros supracitados
sem depressão respiratória. Sua associação com remifentanil foi útil, e assim o ato anestésico transcorreu sem intercorrências;
garantiu estabilidade hemodinâmica e adequada profundidade principalmente, evitou-se agudização da anemia ou ainda evento
anestésica, manteve o escore de Ramsay entre 2-3, permitiu a isquêmico cerebral.
cooperação do paciente quando estimulado verbalmente. Não Referência:
foram observados episódios de hipertensão, convulsão, náuseas e 1. Hobaika ABS, Teixeira VC, Cruvinel MGC, Ulhoa AC. Anestesia em
vômitos. A hemiparesia notada no pós-operatório é frequentemente paciente portadora de doença de Moyamoya: relato de caso. Rev
transitória, conforme a literatura. Bras Anestesiol. 2005;55:350-3.
Referências:
1. Jason C. Anesthesia for awake craniotomy: an update. Rev Co-
lomb Anestesiol. 2015;43(S1):22-8. TLO232 USO DE DEXMEDETOMIDINA EM NEUROCIRURGIA
2. Navdeep S, Girija PR, Arvind C, et al. Anaesthesia for awake COM DESPERTAR INTRAOPERATÓRIO
craniotomy: a retrospective study of 54 cases. Ind J Anaesth.
Guilherme Vieira Cunha,
2015;59:300-5.
Jaqueline Cobucci Monteiro Junqueira de Souza*,
Rodrigo de Lima e Souza, Leonardo Alves Araújo
TLO328 REVASCULARIZAÇÃO CEREBRAL EM CRIANÇA COM Hospital Madre Teresa, Belo Horizonte, MG, Brasil
DOENÇA DE MOYAMOYA E ANEMIA FALCIFORME – RELATO
Introdução: As ressecções tumorais em áreas eloquentes do cérebro
DE CASO são feitas com mais segurança com testes cognitivos para identi-
Gilmar Pereira Coan*, Eyder Figueiredo Pinheiro, ficação exata desses locais. Os pacientes devem estar acordados,
Emilio Carlos Del Massa confortáveis e colaborativos para que se identifiquem com clareza
as áreas que devem ser preservadas. A escolha das drogas anestési-
Hospital Santa Marcelina, São Paulo, SP, Brasil
cas que permitem esse processo constitui passo fundamental para o
Introdução: A doença de Moyamoya (DMM) é condição rara, sucesso do procedimento.
caracterizada por estenose bilateral da porção terminal da artéria Relato de caso: VLAS, branca, 57 anos, 50 kg, altura 1,69 m,
carótida interna e/ou das porções proximais das artérias cerebrais ASAII, em uso de fenitoína e dexametasona. Apresentava deficit
anteriores e/ou cerebrais médias. O diagnóstico é confirmado por inicial de paralisia facial à direita e plegia em MSD. Levada ao
angiografia cerebral. Em crianças, manifesta-se por fenômenos centro cirúrgico para ser submetida à craniotomia de lesão ex-
neurológicos: parestesia, cefaleia, alterações sensoriais, pansiva intracraniana em região parieto-occiptal esquerda. Feita
convulsões e movimentos involuntários. A doença falciforme é uma venopunção em MSD com cânula 16G. Monitorada com cardiosco-
condição inflamatória crônica permeada de episódios agudos, na pia, pressão arterial média invasiva, oximetria de pulso, capno-
qual as “hemácias em foice” são responsáveis pelos fenômenos metria e sonda vesical. Após inalação de O2 a 100% sob máscara, a
vaso-oclusivos e hemólise crônica. A clínica é constituída de sinais e indução da anestesia foi efetuada com infusão contínua alvocon-
sintomas: dor, anemia hemolítica e comprometimento progressivo trolada de propofol 1% (3,0 e mantido a 2,0 μg.mL–1) segundo mo-
de múltiplos órgãos. delo de Schnider, dexmedetomidina na dose de 10 μg.kg–1.h–1 em
Relato de caso: Paciente masculino, 10 anos, 28 kg, negou alergia, 10 minutos e manutenção 0,5 μg.kg–1 e remifentanil 0,2 μg.kg–1.
portador de anemia falciforme (SS), HAS, hemossiderose e DMM. min–1. Após perda do reflexo ciliar foi colocada e fixada uma más-
História prévia de seis episódios de AVCi (meses 06 e 09/2011; 05, cara laríngea (ML), acoplada à ventilação mecânica com O2 e ar
08 e 09/2016), na vigência de transfusão crônica. Em uso de: AAS (FiO2 de 0,5). Usado fixador de Mayfield e feito um bloqueio do
100 mg; ácido fólico 5 mg; captopril 12,5 mg 12/12h; hidroxiureia escalpo bilateral com ropivacaína 0,5% (75 mg). Mantida em anes-
500 mg; deferasirox 500 mg; com programação cirúrgica de tesia venosa total por cerca de 180 minutos, enquanto a equipe
revascularização cerebral. ASA 3. Venóclise prévia em VJED. cirúrgica acessava a área da lesão. A seguir, foi desligada a infu-
Monitoração (PA 110/70, FC 75, SpO2 99%). Pré-oxigenação com O2 são de propofol e foram reduzidas as doses de remifentanil para
100%. Indução com midazolam 2 mg, fentanil 150 mcg, cisatracúrio 0,05 μg.kg–1 e dexmedetomidina 0,2 μg.kg–1. Nesse momento, foi
6 mg e propofol 150 mg. IOT tubo 5,5 aramado com cuff. Checadas retirada a ML da paciente sem intercorrências; permaneceu co-
capnografia e ausculta torácica simétrica. VM em modo VCV; ma- municativa durante todo o procedimento cirúrgico, sem queixar-
nutenção com propofol em TCI 2 mcg/mL, sevoflurano 1% e solução se de episódios álgicos. Feitos mapeamento cortical, avaliações
salina (SF 0,9%) 100 mL, com remifentanil 2 mg, lidocaína 200 mg, cognitivas e visuais. A duração do ato anestésico-cirúrgico foi de
MgSO4 2 g, clonidina 150 mcg, a 10 mL/hem BIC. Uso de termô- 400 minutos; manteve-se acordada até o término do procedimen-
metro esofágico; punção arterial radial esquerda com gelo 22G, to. Levada à UTI, hemodinamicamente estável, sem aminas e em
a monitorar PAI; acesso central VJID, guiado por USG, e cateter bom padrão respiratório.
duplo lúmen 5F. A cirurgia durou três horas e 45 minutos, a aneste- Conclusão: A dexmedetomidina proporciona sedação moderada,
sia durou 6 horas. Feitos 4 mg de cisatracúrio uma hora e meia e a com analgesia mediada pelo sistema nervoso central, pequeno
três horas da indução. Infundidos 2.400 mL de Plasma Lyte, diurese potencial para causar depressão respiratória e, quando usada em
700 mL. Feita gasometria arterial seriada para controle de Hb e doses baixas, poucas alterações hemodinâmicas. Pacientes sedados
eletrólitos. Mantida PAM controlada e mantida acima de 70 mmHg com a droga podem ser mantidos sonolentos, mas são capazes de
à custa de infusão intermitente de noradrenalina em BIC. Aspirado responder prontamente e com coerência ao serem despertados. Tal
VAS e extubação em plano anestésico, teve um despertar tranquilo. benefício torna a dexmedetomedina um dos fármacos de escolha
Levado à UTI com PAM 75, FC 110, Sat O2 95%, recebia noradrenali- em neurocirurgias com despertar intraoperatório.
na 0,06 mcg/kg/min. Referências:
Discussão: A conduta anestésica desses pacientes deve priorizar 1. Santos MCP, Vinagre RCO. Dexmedetomidina para teste neuro-
manter níveis normais de PA, CO2, O2, pH, temperatura, glico- cognitivo em craniotomia com o paciente acordado: relato de
se, volemia, observados através de gasometria arterial seriada. caso. Rev Bras Anestesiol. 2006;56:402-7.
Com esses objetivos atingidos teremos adequado fluxo sanguíneo 2. Ard JL, Bekker AY, Doyle WK. Dexmedetomidine in awake cranio-
encefálico, pois estados perioperatórios desfavoráveis podem de- tomy: a technical note. Surg Neurol. 2005;63:114-7.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S41

TLP920 USO DE DEXMEDETOMIDINA PARA BIÓPSIA tência vascular (RV), leva à insuficiência do ventrículo direito (VD).
ESTEREOTÁXICA PARA DIAGNÓSTICO DE TUMORAÇÃO Define-se como pressão sistólica da AP ≥ 30 mmHg e a diastólica ≥
CEREBRAL 15 mmHg, pressão média na AP (PMAP) ≥ 25 mmHg em repouso ou ≥
30 mmHg durante exercício.
Carlos André Araújo Melo*, Valter Oberdan Borges de Oliveira,
Relato de caso: Paciente masculino, 42 anos, 95 kg, 1,70 m, ASA
Marcos Eyder Leite Fragoso, Meirelles Barros Lima, III, com síndrome de Eisenmenger (HAP e comunicação interventri-
Ivani Rodrigues Glass, Marcos Antonio Costa de Albuquerque cular) e hipertensão arterial sistêmica. Encontrava-se com dispneia
Centro de Ensino e Treinamento (CET) Menino Jesus de Praga, aos pequenos esforços e em uso diário de anlodipino 5 mg, hidroclo-
Aracaju, SE, Brasil rotiazida 25 mg e bosentana 250 mg. Após cinco dias da exodontia,
Universidade Federal de Sergipe (UFS), Aracaju, SE, Brasil apresentou-se em regular estado geral com convulsão, febre e osci-
lação do nível de consciência. Ao exame físico, auscultou-se sopro
Introdução: A biópsia estereotáxica (BE) é um procedimento
sistólico em foco tricúspide e murmúrios vesiculares diminuídos.
importante para o diagnóstico das lesões expansivas intracranianas.
Exames laboratoriais normais, com exceção do aumento de provas
Por ser um método menos invasivo, a sedação, como técnica
inflamatórias e hemograma que demonstrava leucocitose (desvio à
anestésica, pode ser usada. A dexmedetomidina é um agonista
esquerda). Ecocardiograma: comunicação interventricular. Estenose
alfa-2 adrenérgico que apresenta relação de seletividade entre os
pulmonar por banda anômala do VD. HAP (PMAP: 79 mmHg). Forame
receptores α2:α1 de 1600:1, com importante ação sedativa, analgésica
oval pérvio. Fração de ejeção: 59,7%. Cirurgia proposta: drenagem
e bom controle hemodinâmico frente ao estresse cirúrgico. Mesmo
de empiema subdural. Monitoração: cardioscópio, oximetria, cap-
em doses elevadas do fármaco não provoca depressão ventilatória.
nografia, pressões arterial invasiva, venosa central e de AP, índice
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 70 anos, 60 kg,
bispectral, termômetro e sonda vesical de demora. Indução anesté-
ASA III (hipertensão arterial não controlada e diabetes não
sica: midazolam 0,05 mg/kg, fentanil 5 µg/kg, etomidato 0,2 mg/
insulinodependente). Cerca de um mês iniciou quadro de apatia,
kg, atracúrio 0,5 mg/kg e fenitoína 10 mg/kg. Manutenção: após a
suspeitou-se de quadro depressivo, que evoluiu com afasia e
passagem do cateter de AP, constatou-se a HAP (PMAP: 50 mmHg),
deficit focal à esquerda, foi levada ao pronto-atendimento sob
optou-se pela introdução de milrinone e noradrenalina, devido a
suspeita de acidente vascular encefálico (AVE). Após tomografia
hipotensão. Sevoflurano a 1,5%. Balanço hídrico: 200 mL. Duração
computadorizada, foi descartado o AVE e evidenciou-se uma
da anestesia: 5,5 horas. Desfecho: O paciente foi levado intubado
tumoração cerebral. Admitida no centro cirúrgico já com o aparelho
à unidade intensiva, hemodinamicamente compensado à custa de
de estereotaxia, Glasgow 11 (4, 5 e 2). Monitorada com PANI,
milrinone 0,5 µg/kg/m e noradrenalina 0,1 µg/kg/m, foi extubado
cardioscopia e saturação de oxigênio. Apresentava PA: 180 × 110
no dia seguinte. No quinto dia de pós-operatório, recebeu alta em
mmHg, FC: 120 bpm e satO2: 97% em ar ambiente. Sedada com mi-
bom estado geral.
dazolam 1 mg e fentanil 30 mcg com melhoria dos parâmetros car-
Discussão: Os inibidores da fosfodiesterase tipo III são drogas ino-
díacos, apresentava PA 130 × 75 mmHg e FC: 78 bpm. Foi colocado
trópicas positivas e têm ação vasodilatadora sistêmica e pulmonar,
um cateter nasal, O2 3 L/min e iniciada a dexmedetomidina dose de
diminuem as RV. A hipotensão é um efeito adverso importante, já
ataque de 0,5 mcg/kg durante cinco minutos e manutenção de 0,7
que não apresenta seletividade para circulação pulmonar. Assim, é
mcg/kg/h. Feita infiltração local com lidocaína 2% com vasocons-
essencial associar com drogas inotrópicas para melhorar o débito
trictor e injetados 15 mg de cetamina.
cardíaco. Apesar da progressão terapêutica, não existe ainda um
Discussão: Diagnóstico preciso da lesão somente pode ser feito com
o exame histopatológico, pré-requisito para se selecionar o tipo de tratamento ideal. O conhecimento da fisiopatologia da HAP, farma-
tratamento adequado, seja cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. cologia das drogas e dos fatores que comprometem a pré e pós-car-
A biópsia de lesões cerebrais obtida por procedimento estereotáxico ga do VD é aspecto fundamental no controle perioperatório.
representou grande avanço na neurocirurgia minimamente invasiva, Referências:
permitiu atingir com segurança áreas localizadas profundamente no 1. Maranhão MVM. Conduta no doente com hipertensão pulmonar
encéfalo sem a necessidade de grande abertura do crânio e com e insuficiência ventricular direita. In: Cavalcanti IL, Cantinho
a preservação de estruturas cerebrais normais localizadas acima FAF, Assad A. Medicina perioperatória. Rio de Janeiro: Saerj;
da lesão. O uso da dexmedetomidina pode ser de grande auxílio a 2006:401-411.
esse procedimento por proporcionar sedação, analgesia e controle 2. Guimarães JI, Lopes AA. Diagnóstico, avaliação e terapêutica da
hemodinâmico, sem provocar depressão ventilatória, além de hipertensão pulmonar. Disponível em: http://publicacoes.car-
proporcionar proteção e diminuição do edema cerebral. diol.br/consenso/2005/039.pdf. Acessado em: 24/06/2017.
Referências:
1. Pittella JEH. Biópsia estereotáxica no diagnóstico de tumores
cerebrais e lesões não neoplásicas: indicações, acurácia e difi-
culdades diagnósticas. J Bras Patol Med Lab. 2008;44:343-54.
2. Villela NR, Nascimento Junior P. Uso de dexmedetomidina em XI) Anestesia em Obesidade
anestesiologia. Rev Bras Anestesiol. 2003;53:97-113.

TLO713 ANESTESIA LIVRE DE OPIOIDES NA


TLO256 USO DE MILRINONE PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL GASTROPLASTIA VIDEOLAPAROSCÓPICA REDUZ O TEMPO
PULMONAR EM NEUROCIRURGIA DE PERMANÊNCIA NA RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA
Isabela Scárdua Frizzera Gonçalves*, Francisco Ricardo Marques José Carlos Corrêa da Cunha Filho*, Luiz Fernando dos Reis Falcão,
Lobo, Victor Costa Nuevo, Amanda Calil da Silva, Débhora Dayanne Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, Rafael Amorim Ribeiro, Guinther
Tres, Camila Vioto Giroldo Badessa, Carina Fernandez
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), São CET GAAP – Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
José do Rio Preto, SP, Brasil Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista, São Paulo, SP, Brasil
Introdução: A hipertensão arterial pulmonar (HAP) é caracterizada Justificativa e objetivo: O número de cirurgias para obesidade
pela elevação da pressão da artéria pulmonar (AP) e de sua resis- tem crescido a cada ano. Para sua feitura é necessário submeter o
S42 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

paciente à anestesia geral. Classicamente, os opioides têm sido as peso ideal corrigido) em ventilação no modo pressão controlado,
principais medicações no intra e pós-operatório para o combate à com pressão inspiratória 22 cm H2O, PEEP 5 cm H2O e FR 14 ipm.
dor. Entretanto, são acompanhados de diversos efeitos colaterais, Colhidas gasometrias seriadas após indução, pós-instalação de
tais como: náuseas e vômitos, depressão respiratória, constipação, pneumoperitônio, quando foi desfeito e após extubação. Cirurgia
prurido, hiperalgesia, entre outros. Tais complicações aumentam o sob a técnica do Slleve, feita sem intercorrências. Optou-se por
tempo de permanência na RPA e de internação hospitalar. Devido a extubação em sala com paciente acordado. Levado para pós-ope-
isso, os protocolos de fast tracking sugerem a retirada do opioide ratório de 24 horas em UTI, teve alta hospitalar após 72 horas do
(opioid free anesthesia, OFA) e redução do seu uso (opioid sparing procedimento.
anesthesia). O objetivo deste estudo é comparar o tempo de per- Discussão: A cirurgia bariátrica nos superobesos apresenta indiscu-
manência na recuperação pós-anestésica (RPA) no pós-operatório de tíveis benefícios, porém associa-se a uma taxa de complicações em
gastroplastia de pacientes submetidos a duas técnicas de anestesia torno de 10% e 4% de óbito. O número de superobesos é crescente
geral: OFA e anestesia geral com opioides (STD). nos últimos tempos. A técnica desabsortiva, com alça jejunal mais
Método: Estudo retrospectivo de pacientes submetidos à gastro- longa, tem papel fundamental na perda ponderal nesses pacien-
plastia videolaparoscópica. Os dados foram coletados a partir dos tes. A escolha da técnica cirúrgica baseou-se na possível dificuldade
relatórios de anestesia e documentos de enfermagem da RPA. As para “liberação de alças” devido à cirurgia prévia abdominal baixa
OFA foram feitas por abordagem multimodal com dexmedetomidi- e à grande quantidade de tecido adiposo, justificou dessa forma
na, lidocaína, propofol, rocurônio e sulfato de magnésio. As STD postergar a derivação em Y de Roux para um segundo tempo cirúrgi-
foram feitas com opioide (fentanil, sufentanil e/ou remifentanil), co. Os grandes obesos têm reduzida capacidade residual funcional,
propofol e rocurônio. Foram analisados o tempo total do intraopera- volume expiratório residual e alta incidência de apneia obstrutiva
tório, tempo para despertar e tempo de RPA. Os dados paramétricos do sono, por isso dessaturação pode ocorrer rapidamente. O bom
foram representados como média e desvio-padrão e foi feita com- posicionamento torna-se fundamental, seja com uso do Fowler ou
paração pelo teste t de Student. de uma rampa para elevação do tronco e pescoço. A formação de
Resultado: Foram estudados 94 pacientes, 22 (25%) submetidos atelectasia, principalmente após a instalação do pneumoperitônio,
à OFA e 72 (75%) a STD. Não houve diferença entre os grupos em pode ser prevenida com PEEP, que se associa a melhor oxigenação
relação à prevalência de gênero, idade, peso e altura (p > 0,05), pós-operatória. Não há diferença de morbidade em UTI em pacien-
assim como também não houve diferença entre os grupos OFA e STD tes submetidos à anestesia geral com propofol ou desflurano/sevo-
no tempo total de sala operatória (134,1 ± 33,1 e 138,6 ± 17,5 min, flurano, mas parece haver diferença de oxigenação quando mantida
p = 0,537, respectivamente) e tempo de despertar (12,9 ± 5 e 15,2 anestesia com agentes inalatórios. As morbidades e limitações téc-
± 7,4 min, p = 0,117, respectivamente). Entretanto, o grupo OFA nicas justificam práticas de equipe multidisciplinar, desde o apri-
permaneceu menor tempo na RPA (109,3 ± 35,1 min) quando com- moramento de doenças prévias à adequação da técnica cirúrgica
parado com o grupo STD (132,3 ± 48,9 min) (p = 0,045). e anestésica, planejamento do transporte e cuidados especiais no
Conclusão: Foi demonstrado que a anestesia livre de opioides pós-operatório.
(OFA) não é inferior à anestesia padrão com uso de opioides em Referência:
relação ao tempo de permanência da sala operatória ou tempo de 1. DeMaria EJ. Bariatric surgery for morbid obesity. N Engl J Med.
despertar. Entretanto, a retirada do opioide pode reduzir o tempo 2007;356:2176-83.
de permanência na RPA devido à provável redução de sedação ou
complicações oriundas dessa medicação.
Referências:
TLO852 ASSOCIAÇÃO ENTRE OS PREDITORES DE VIA AÉREA
1. Mulier JP. Perioperative opioids aggravate obstrutive breathing
in sleep apnea syndrome: mechanisms and alternative anesthe-
DIFÍCIL E DIFICULDADE NA INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
sia strategies. Curr Opin Anesthesiol. 2016;29:129-33. EM PACIENTES OBESOS SUBMETIDOS À GASTROPLASTIA
2. Dillemans B, Cauwenberge SV, Mulier JP. What an anaesthe- REDUTORA NO HOSPITAL ANGELINA CARON
sist should know about bariatric surgery. Acta Anaesth Belg. Emanuele Grizon da Costa, Emerson Alexandre Penteado de
2009;60:177-80. Carvalho, Leonardo Luiz de Souza, Paula Moreira Yegros,
Pedro Hahn Monteiro de Souza, Tiele Assis Rikimaru Caron*
Sociedade Hospitalar Angelina Caron, Campina Grande do Sul, PR,
TLO1027 ANESTESIA PARABARIÁTRICA EM SUPEROBESOS
Brasil
Anderson Luis*, Mili Freire Almeida Nascimento, Talita da Silva Introdução: Os pacientes obesos frequentemente apresentam alte-
Hospital da Sagrada Família, Salvador, BA, Brasil rações anatômicas que podem dificultar a intubação orotraqueal.
A incapacidade de assegurar a via aérea no paciente é uma das
Introdução: A obesidade é uma doença multifatorial, metabólica, emergências mais graves da prática anestésica. Assim, antecipar as
de origem genética, agravada por fatores ambientais. O índice dificuldades de intubação orotraqueal é muito importante para o
de massa corporal (IMC) estima a distribuição de gordura; quando planejamento da indução da anestesia geral e garantia da segurança
maior do que 28, associa-se ao aumento em três vezes na morbida- do procedimento.
de em relação à população em geral. Segundo Mason, superobeso Objetivo: Verificar se os preditores de via aérea difícil se correla-
apresenta 225% de gordura acima do peso ideal ou IMC maior do que cionam com a dificuldade de intubação em pacientes obesos subme-
50 kg/m2. Esse subgrupo diferencia-se por maior número de comor- tidos à cirurgia bariátrica no Hospital Angelina Caron e, secundaria-
bidades associadas, risco cirúrgico e mortalidade. mente, avaliar a utilidade do questionário Stop-Bang como preditor
Relato de caso: Paciente 47 anos, masculino, IMC 86,5 kg/m2, de dificuldade de intubação em pacientes obesos.
tabagista, portador de hipertensão e diabetes tipo 2, com falha Método: Estudo observacional tipo coorte prospectiva a ser feito
em diversas tentativas de dietoterapia e perda ponderal. Fei- em pacientes submetidos à gastroplastia redutora sob anestesia
tas monitoração não invasiva e venóclise 18G. Posicionamento geral balanceada. Os pacientes foram avaliados antes da cirurgia,
e alinhamento de via aérea, indução venosa, IOT com TOT 8,0 foram observadas a presença ou não dos preditores de via área
G com cuff. Optou-se por monitoração arterial invasiva. Mantido difícil da Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA) e a apli-
sob anestesia venosa total (propofol, remifentanil, cetamina e cação do questionário STOP-Bang, a fim de detectar a síndrome
lidocaína 2% SV em infusões contínuas e doses habituais para o da apneia obstrutiva do sono. Em seguida, foi feita a indução da
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S43

anestesia geral e, durante a intubação, foi avaliada a dificuldade TLO1022 AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA DO EFEITO DA
de tal procedimento de acordo com a classificação de Cormack e ANESTESIA GERAL LIVRE DE OPIOIDES VERSUS ANESTESIA
Lehane, em que os graus 3 ou 4 são considerados como intubação GERAL CONVENCIONAL EM OPERAÇÕES BARIÁTRICAS
orotraqueal difícil. VIDEOLAPAROSCÓPICAS
Resultado: A classificação de Cormack e Lehane mais encontrada foi
a I, com 69,1%. Apresentou significância estatística ao se comparar Erivelton Neiva Rodrigues*, Rodrigo de Lima e Souza,
com o sexo: o masculino totalizou 11,1% com Cormack Lehane III, e Francisco Tadeu Mota Albuquerque, Daniel Nogueira Diniz,
o feminino, 99,3% com Cormack I e II. A dificuldade na laringoscopia Igor Neves Oliveira, Bruna Cândida Carvalho de Oliveira
também foi estatisticamente significativa (p = 0,033), com maior di- Hospital Madre Teresa, Belo Horizonte, MG, Brasil
ficuldade nos homens (14,81%) do que nas mulheres (3,38%); 60,6%
dos pacientes tinham números de 40,1 a 50 de índice de massa cor- Justificativa e objetivos: A anestesia geral convencional para cirur-
poral (IMC); desses, apenas 2,8% apresentaram um índice de Cor- gia bariátrica tem suas peculiaridades devido à existência de doen-
mack-Lehane maior ou igual a III. Pacientes com IMC maior do que ças concomitantes e alterações cardiorrespiratórias durante e após
55 tiveram uma porcentagem ainda menor (2,4%). Mallampati III e o ato cirúrgico. O uso de opioides faz parte do cotidiano da anes-
IV foram encontrados em 22,8% dos pacientes; apenas 2,4% deles tesia convencional; entretanto, pode trazer consequências, como
dificuldades respiratórias, aumento da sensibilidade à dor, além da
tiveram um Cormack-Lehane maior ou igual a III. Alto risco de sín-
alta prevalência de náuseas e vômitos, fatores que atrasam a alta
drome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) foi encontrado em 70,6%
hospitalar. O presente estudo tem como objetivo avaliar os efeitos
dos pacientes com IMC maior do que 55. Somente 2,8% de todos os
da anestesia geral livre de opioides no pós-operatório de cirurgias
pacientes de alto risco de SAOS apresentaram o Cormack-Lehane
bariátricas quanto à analgesia, prevalência de náuseas e vômitos,
maior ou igual a III.
reintrodução da dieta oral e permanência hospitalar.
Conclusão: A presença de preditores de via aérea difícil e alto risco
Método: Foram alocados de forma prospectiva e aleatória, após
para SAOS não implica dificuldade na intubação orotraqueal em pa-
consentimento do paciente e liberação do Centro de Estudo e Pes-
cientes obesos, desde que bem posicionados.
quisa local, 58 pacientes candidatos à cirurgia bariátrica com IMC
médio de 35 a 56 (G1: 32 no grupo convencional e G2: 26 no grupo
sem opioides).
TLP567 AVALIAÇÃO DO USO DE ANALGESIA
Resultados parciais: O estudo ainda em andamento mostrou que
CONTROLADA PELO PACIENTE COM FENTANIL apenas cinco pacientes do G2 receberam opioides de resgate no
ENDOVENOSO NO PÓS-OPERATÓRIO DE GASTROPLASTIA pós-operatório, versus 20 do G1: apenas três do G2 apresentaram
LAPAROSCÓPICA náuseas e vômitos, versus 15 do G1; 23 do G2 iniciaram dieta oral
Dayane Gelenski*, Manuela Danielski Niehues, Ney Bianchini, precoce, tempo menor de 24 horas versus 17 no G1. Todos os pa-
Yara Grott, Ewerton Villa Fonseca cientes do G2 tiveram alta hospitalar nas primeiras 48 horas, en-
quanto cinco pacientes do G1 receberam alta após 48 horas.
Hospital Nossa Senhora da Conceição, Tubarão, SC, Brasil Conclusão: A anestesia livre de opioides nos pacientes bariátricos
Justificativa e objetivo: Dor no pós-operatório é um importante se propõe a ter um nível de analgesia igual ou superior ao da anes-
fator de satisfação e morbidade no pós-operatório, e por isso tesia convencional, com diminuição dos efeitos colaterais, oferece
deve ser bem controlada. Um método moderno e eficaz usado uma melhor recuperação no pós-operatório, reintrodução precoce
atualmente é a analgesia controlada pelo paciente com opioide. da dieta e potencial diminuição do tempo de internação hospitalar.
Este artigo teve como objetivo avaliar o grau de satisfação, o nível Os resultados parciais do estudo sugerem sucesso potencial desses
de dor e a presença de efeitos colaterais em pacientes em uso objetivos.
Referências:
da técnica de analgesia controlada pelo paciente com fentanil
1. Apfel CC, Heidrich FM, Jukar-Rao S, et al. Evidence-based analy-
endovenoso (ACP-EV) no pós-operatório de cirurgia bariátrica
sis of risk factors for postoperative nausea and vomiting. Br J
laparoscópica.
Anaesth. 2012;109:742-53.
Método: Estudo observacional com delineamento transversal, que
2. Feld JM, Hoffman WE, Stechert MM, et al. Fentanyl or dexmede-
analisou o uso de analgesia controlada pelo paciente com ACP-EV no
tomidine combined with desflurane for bariatric surgery. J Clin
pós-operatório de cirurgia bariátrica laparoscópica em 61 pacien-
Anesth. 2006;18:24-8.
tes. Foram coletados dados sociodemográficos e antropométricos,
além de nível de dor de acordo com a escala visual analógica (EVA),
nível de satisfação (notas de 0-10) e presença de náuseas e vômitos,
TLO714 COMPARAÇÃO DAS COMPLICAÇÕES PÓS-
prurido ou depressão respiratória em 24 e 48 horas de pós-opera-
tório.
OPERATÓRIAS NA ANESTESIA GERAL LIVRE DE
Resultado: Os pacientes referiram predominantemente dor mo- OPIOIDES VERSUS ANESTESIA GERAL COM OPIOIDES EM
derada no primeiro pós-operatório (70,49%) e dor leve no segundo GASTROPLASTIA VIDEOLAPAROSCÓPICA
pós-operatório (91,8%). Os efeitos colaterais de maior incidência no José Carlos Corrêa da Cunha Filho, Luiz Fernando dos Reis Falcão,
primeiro e segundo pós-operatório foram náuseas e vômitos. Não Carina Fernandez, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, Rafael Amorim
houve caso de depressão respiratória. Os pacientes apresentaram Ribeiro, Guinther Giroldo Badessa*
altos índices de satisfação em ambos os momentos (9,29 após 24
horas e 9,73 após 48 horas). Presença de dor moderada/intensa foi CET do Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
preditiva de menor satisfação dos pacientes, com diferença estatis- Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista (GAAP), São Paulo,
ticamente significativa (p < 0,05). SP, Brasil
Conclusão: Analgesia controlada pelo paciente com fentanil endo- Justificativa e objetivo: O número de cirurgias para obesidade vem
venoso (ACP-EV) se mostrou um método eficaz e seguro no controle crescendo a cada ano. Com o objetivo de reduzir complicações pós-
da dor no pós-operatório de cirurgia bariátrica, além de proporcio- operatórias e o tempo de internação hospitalar, diversos protocolos
nar altos índices de satisfação. Sugere-se uma abordagem antie- fast tracking (Eras, Erabs etc.) têm sido publicados com diversas
mética multimodal para melhor controle de náuseas e vômitos no recomendações. Uma importante recomendação é a redução ou re-
pós-operatório. tirada do uso do opioide no perioperatório. Os opioides podem ser a
S44 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

causa de diversos efeitos colaterais, tais como: náuseas e vômitos, categóricos estão representados por frequência absoluta e relativa
depressão respiratória, constipação, prurido, hiperalgesia, entre e comparados pelo teste de qui-quadrado de Pearson. Foi conside-
outros. O objetivo deste estudo foi comparar a incidência de com- rado significância estatística p < 0,05.
plicações no pós-operatório de gastroplastia videolaparoscópica de Resultado: Foram identificadas 1.407 (6,9%) anestesias em pacien-
pacientes submetidos a duas técnicas de anestesia geral: anestesia tes obesos. Os eventos respiratórios mais frequentes foram bron-
geral sem opioide (OFA) e anestesia geral com opioides (STD). coespasmo (19; 1,4%), hipoventilação (10; 0,7%), e hipóxia (10;
Método: Estudo retrospectivo de pacientes submetidos à gastro- 0,7%). Foram identificadas como complicações respiratórias rela-
plastia videolaparoscópica. Os dados foram coletados a partir dos cionadas à obesidade com IMC > 35 kg/m2 na análise univariada:
relatórios de anestesia e documentos de enfermagem da RPA. As hipoventilação (OR 4,203; IC 95% 2,062-8,566, p = 0,0001), bron-
OFA foram feitas por abordagem multimodal com dexmedetomidina, coespasmo (OR 2,588; IC 95% 1,580-4,242, p = 0,0001), hipóxia (OR
lidocaína, propofol, rocurônio e sulfato de magnésio. As STD foram 2,487; IC 95% 1,264-4,895, p = 0,006) e dispneia (OR 7,454; IC 95%
feitas com opioide (fentanil, sufentanil e/ou remifentanil), propofol 2,495-22,271, p = 0,0001). Quando consideradas todas as complica-
e rocurônio. Foram analisadas as intercorrências de dor, náusea e ções respiratórias em conjunto, os pacientes obesos apresentaram
vômito (NVPO) e complicações respiratórias (dessaturação, dispneia uma incidência de 2,6%, e os não obesos, de 1% (OR 2,593, IC 95%
e respiração obstrutiva) na RPA. Os dados paramétricos foram re- 1,816-3,701, p = 0,0001, respectivamente).
presentados como média e desvio-padrão e foi feita comparação Conclusão: A obesidade associa-se com o aumento da incidência de
pelo teste t de Student. Os dados categóricos foram expressos em complicações respiratórias no intraoperatório, e é um importante
números relativos e comparados pelo teste qui-quadrado. fator de risco para hipoventilação e hipoxemia.
Resultado: Foram estudados 94 pacientes, 22 (25%) submetidos Referência:
a OFA e 72 (75%) a STD. Não houve diferença entre os grupos em 1. Fernandez-Bustamante A, Hashimoto S, Serpa Neto A, Moine P,
relação à prevalência de gênero, idade, peso e altura (p > 0,05). Vidal Melo MF, Repine JE. Perioperative lung protective ventila-
As OFA, quando comparadas com a STD, tiveram tendência a me- tion in obese patients. BMC Anesthesiology. 2015;15:56.
nor incidência de complicações no pós-operatório imediato (58,3%
× 61,1%, p = 0,81, OR 0,891, IC 95% 0,348-2,280), menos dor (50,0%
× 56,9%, p = 0,554, OR 0,756, IC 95% 0,299-1,909) e menos compli- TLO577 PARALISIA HEMIDIAFRAGMÁTICA SINTOMÁTICA
cações respiratórias (0% × 2,8%, p = 0,409). A incidência de NVPO APÓS BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL SUPRACLAVICULAR
na RPA foi de 12,5% no grupo OFA e 8,3% no grupo STD (p = 0,544). EM OBESA COM PROVÁVEL VIA AÉREA DIFÍCIL: RELATO DE
Conclusão: Apesar de ser um estudo-piloto e com baixo poder es- CASO
tatístico, foi possível demonstrar uma tendência de reduções de
complicações no pós-operatório imediato nos pacientes submetidos Júlia Bernart*, Abel Fernando Rech, Gustavo Marcinko,
à técnica de anestesia geral sem opioides. Taiara Galvan Debiasi
Referências: Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, Itajaí, SC,
1. Mulier JP. Perioperative opioids aggravate obstrutive breathing Brasil
in sleep apnea syndrome: mechanisms and alternative anestesia
strategies. Curr Opin Anesthesiol. 2016;29:129-33. Introdução: Apesar de ocorrer paralisia do nervo frênico em 67% dos
2. Dillemans B, Cauwenberge SV, Mulier JP. What an anaesthe- casos de bloqueio de plexo braquial supraclavicular, pacientes sem
sist should know about bariatric surgery. Acta Anaesth Belg. comorbidades cardiopulmonares usualmente experimentam apenas
2009;60:177-80. leves sintomas. O paciente obeso tem maior taxa de falha, porém
sem aumento descrito do risco de complicações com esse tipo de
anestesia regional.
TLO922 COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS Relato de caso: E.C.R., 43 anos, feminino, ASA II, Mallampati III,
INTRAOPERATÓRIAS EM PACIENTES OBESOS NO SERVIÇO distância mentotireoideana de 5 cm, obesidade grau II (IMC 39),
HAS, em uso de atenolol e clortalidona, sem pneumopatia, alergia
DE ANESTESIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
ou tabagismo prévios, submetida à microneurorrafia de nervo radial
QUATERNÁRIO
direito, com lesão documentada, por fratura de Holstein-Lewis. À
Brunelise Brunet Diniz*, Masashi Munechika, David Ferez, chegada na sala, monitorada conforme SBA, administrados 2 mg de
Itamar Souza de Oliveira Júnior, José Luiz Gomes do Amaral, midazolam e 50 mcg de fentanil endovenosos, feito bloqueio de
Luiz Fernando dos Reis Falcão plexo braquial supraclavicular direito, com agulha Stimuplex A50,
guiado por ultrassom, 20 mL de ropivacaína 0,75%, sem dificuldade
Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São
técnica. Transoperatório sem intercorrências, manutenção de spO2
Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
acima de 95% com apoio de oxigênio 2 L/min através de cateter na-
Justificativa e objetivo: As complicações respiratórias no pós-ope- sal, padrão ventilatório abdominal. No fim da cirurgia, transferida
ratório podem acometer até 10,1% de todos os pacientes submeti- à SRPA e, apesar de negar dispneia, apresentou moderado esforço
dos à anestesia geral, ocorre com maior frequência nos pacientes respiratório. Após 30 minutos, ao fazer mudança voluntária de de-
obesos, com incidência de 14,1%. Assim, torna-se imperativa a iden- cúbito, evoluiu com taquidispneia, sudorese, aumento do uso da
tificação das complicações respiratórias no obeso com a finalidade musculatura acessória, intenso desconforto, necessitou de 4 L/min
de preveni-las e tratá-las adequadamente. Este estudo visa à iden- em cateter nasal para spO2 de 91%. Devido à ausculta de MV redu-
tificar as principais complicações respiratórias no intraoperatório de zido à direita, submetida a fluoroscopia, evidenciou padrão de pa-
pacientes obesos submetidos a anestesia geral. ralisia hemidiafragmática direita. À radiografia de tórax, elevação
Método: Estudo descritivo retrospectivo com análise de 20.226 rela- de hemicúpula diafragmática direita. Orientado repouso absoluto,
tórios de anestesias feitas em um complexo hospitalar universitário monitorado nível de consciência e mantida oferta de oxigênio por
da cidade de São Paulo de 2015 a 2017. As complicações respirató- cateter nasal, com melhoria de padrão ventilatório 10 horas após
rias identificadas (hipoventilação, apneia, obstrução das vias aé- bloqueio. Documentada resolução de paralisia hemidiafragmática
reas, broncoespasmo, hipóxia e dispneia) foram relacionadas com com nova radiografia.
o índice de massa corporal (IMC), o corte foi de 35 kg/m2. Foram Discussão: Para cirurgias em membros superiores, principalmen-
excluídas as anestesias cujos relatórios apresentavam preenchimen- te acima e no cotovelo, o bloqueio supraclavicular é comum, efi-
to incompleto dos eventos adversos ou cirurgia ambulatorial. Dados caz e seguro, mas não isento de riscos. A incidência de pneumo-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S45

tórax varia de 0,5 a 6%. O uso de ultrassom, a redução de volume ca e a cliente foi extubada no mesmo dia. O recém-nascido, de
de infiltração e a pressão digital acima do sítio de inserção da Apgar 2/8, foi então levado ao hospital de referência, onde foi
agulha não reduziram significativamente a incidência de para- extubado já durante a noite.
lisia do nervo frênico. A obesidade tem efeitos negativos sobre Discussão: O manejo anestésico da gestante com cardiopatia
a função pulmonar e gera alterações anatômicas e fisiológicas é desafiador, principalmente no tocante ao binômio mãe-feto.
com potencial para dificultar a abordagem da via aérea, portanto A escolha da melhor técnica anestésica deve ser feita a fim de
deve-se ter máxima cautela. Avaliar a via aérea antes da feitura ter menor repercussão hemodinâmica e assim garantir melhores
do bloqueio é recomendado. Opções para controle regional da resultados.
dor incluem anestesia local, bloqueio de Bier, bloqueio infracla- Referências:
vicular e axilar. 1. Ben-Menachem E. Review article: systemic lupus erythematosus:
Referências: a review for anesthesiologists. Anesth Analg. 2010;111:665-76.
1. Franco CD, Gloss FJ, Vonorov G, et al. Supraclavicular block In 2. Bundhun PK, Soogund MZ, Huang F. Impact of systemic lupus
the obese population: an analysis of 2,020 blocks. Anesth Analg. erythematosus on maternal and fetal outcomes following preg-
2006;102:1252-4. nancy: A meta-analysis of studies published between years 2001-
2. Mak PHK, Irwin MG, Ooi CGC, et al. Incidence of diaphragmatic 2016. J Autoimmun. 2017;79:17-27.
paralysis following supraclavicular brachial plexus block and its
effect on pulmonary function. Anaesthesia. 2001;56:352-6.
TLO163 ANESTESIA EM GESTANTE COM TAQUICARDIA
SUPRAVENTRICULAR REVERTIDA COM METOPROLOL
Benjamim Xavier Ramos, Sandra Fiegenbaum,
Thadeu Emmerick Rangel*, Assuero Florentino Bezerra Júnior,
XII) Anestesia em Obstetrícia Benedito Olímpio, Francisco Ricardo Marques Lobo
Hospital de Base de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto,
TLO268 ABORDAGEM ANESTÉSICA EM GESTANTE COM SP, Brasil
CARDIOPATIA LÚPICA SINTOMÁTICA – RELATO DE CASO Introdução: As arritmias são relativamente comuns durante a ges-
Filipe de Alencar Matos*, Henrique Zechlinski Xavier de Freitas, tação. Sabe-se que o estado gravídico aumenta o risco para o surgi-
Caio César Sampaio de Castro Nôleto, Roberta Parastchuk, mento de algumas arritmias supraventriculares (TSV) e ventriculares
Geisa de Souza Oliveira Campanati (TV), principalmente nas mulheres com substrato eletrofisiológico
subjacente. Além das possíveis complicações graves para a paciente
Hospital Municipal São José (HMSJ), Joinville, SC, Brasil (EAP, AVC e morte), podem ocorrer eventos adversos fetais em cerca
Introdução: Várias são as manifestações apresentadas por pacien- de 20% dos casos (prematuridade, baixo peso ao nascer, disfunção
tes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) que contribuem para seu respiratória, hemorragia intraventricular e morte).
atraso diagnóstico. Pode ser manifestado por erupções cutâneas, Relato de caso: Primigesta, 20 anos, 60 kg, com 37 semanas de IG,
pericardite, nefrite, entre outras. O impacto do LES na anestesia história pregressa de seis episódios de TSV sintomática. Apresen-
nunca foi investigado, e a heterogeneidade das manifestações clíni- tou um estudo eletrofisiológico que mostrou três focos de ectopia
cas torna difícil o manejo desses pacientes. atrial. A paciente foi admitida em pronto-atendimento de outro
Relato de caso: Paciente de 36 anos, multípara, IG 31 semanas, serviço com queixa de palpitações e dispneia. ECG evidenciou TSV
diagnosticada com LES gestacional, foi levada com queixas de com 185 bpm, PA 80 × 50 mmHg, feita amiodarona 300 mg IV. Pa-
mialgia, precordialgia e febre, evoluiu com dispneia, edema de ciente é transferida e admitida no Centro Obstétrico com FC 150
membros inferiores e nefrite lúpica. Internada em UTI. Levada bpm e PA 130 × 80 mmHg. Foi feito novo ECG com ritmo de TSV. A
ao centro cirúrgico para interrupção gestacional de 32 semanas equipe da obstetrícia optou por interrupção da gravidez imedia-
com indicação obstétrica. Ao exame: REG, taquidispneica, FC: tamente devido à alteração na cardiotocografia. Feitas massagem
103 bpm, FR: 20, PAM: 117 × 75 mmHg, SpO2 95% em uso de ca- de seio carotídeo e adenosina na tentativa de reversão da TSV
teter nasal de O2, Mallampati 3, com boa abertura bucal; AP: sem sucesso. Feita monitoração com venóclise 2 AB 18 G, cardios-
MV reduzidos em bases pulmonares, creptos finos; AC: RCR, BNF, copia, pressão arterial invasiva e oximetria de pulso. Optou-se
sem sopros; boa perfusão periférica. Exames pré-operatórios: Hb: por feitura de anestesia geral devido à instabilidade hemodinâ-
8,4, Ht: 25, plaquetas: 239.000, Cr: 0,8, Na: 134, K: 3,8, Mg: mica relatada. Feita indução anestésica em sequência rápida com
1,6. Ecott: aumento severo de AE, IM moderada, HVE excêntrica alfentanil, propofol e succinilcolina, mantida com sevoflurano.
significativa, miocardiopatia dilatada de VE com função mode- Administrado metoprolol 5 mg com reversão imediata para ritmo
radamente deprimida; hipertensão pulmonar discreta, disfunção sinusal com FC 74 bpm. RN com Apgar 8/9, feito ocitocina 5 UI
diastólica de VE, grau I. RX tórax: infiltrado mais intenso em base com boa contração uterina. Paciente manteve-se hemodinamica-
de pulmão direito. Feita monitoração com cardioscopia, oxime- mente estável, manteve frequência 65-75 bpm. Extubada em sala
tria de pulso, pressão arterial não invasiva, capnografia e anali- sem intercorrências.
sador de gases. Pré-oxigenada por cinco minutos, e após adequa- Discussão: Inicialmente devemos priorizar manobras não farmaco-
do posicionamento, foram administrados, em sequência rápida, lógicas na tentativa de reversão da arritmia. Quando essas falham,
remifentanil, etomidato e rocurônio. Intubação orotraqueal, sob deve-se lançar mão da adenosina. Os betabloqueadores têm sido
laringoscopia direta, sem intercorrências. A anestesia foi mantida amplamente empregados e com boas respostas, no entanto atraves-
com sevoflurano (0,5 CAM). Puncionada artéria radial esquerda sam a barreira placentária e podem estar associados a efeitos ad-
para monitoração invasiva de pressão arterial e acesso venoso versos ao feto como depressão respiratória, bradicardia, restrição
central via jugular direita, quando foi iniciada dobutamina (4 de crescimento intrauterino e hipoglicemia. No caso em questão,
mcg/kg/min). A liberação para equipe obstétrica ocorreu após 25 optou-se pelo uso de metropolol devido à falha das medidas ante-
minutos de entrada em sala cirúrgica. O procedimento cirúrgico riores, e o desfecho foi reversão completa da arritmia. Apesar de o
durou cerca de 30 minutos. A gestante foi então conduzida à UTI, RN ter nascido com bom APGAR, a equipe da pediatria optou pela
sob ventilação mecânica, para posterior extubação precoce. O monitoração em UTI devido à história pregressa da mãe, e em um
procedimento cirúrgico ocorreu sem instabilidade hemodinâmi- dia recebeu alta.
S46 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Referências: TLP841 ANESTESIA EM OBSTETRÍCIA DE PACIENTE


1. Germinani H. Arritmias cardíacas e parada cardiorrespiratória na COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E HIPERTENSÃO
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Luciana De Armond, Leopoldo Gonzales
CET Integrado do Instituto de Anestesiologia do Amazonas,
TLO379 ANESTESIA EM GESTANTE MIASTÊNICA COM PRÉ- Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), Manaus, AM, Brasil
ECLÂMPSIA GRAVE: RELATO DE CASO
Introdução: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença
Vitor Tárcio de Queiroz Simão, Nely Marjollie Guanabara Teixeira, de origem autoimune, na qual anticorpos são direcionados
José Carlos Rodrigues Nascimento, contra antígenos nucleares, induzem uma resposta inflamatória
Frederico Resende Azevedo Parreira, e subsequente lesão tecidual. Devido a um perfil epidemiológico
Tiêgo Rodrigues de Oliveira Pires*, Aglais Gonçalves da Silva Leite favorável, pode coexistir durante a gravidez; as modificações
fisiológicas do organismo materno podem exacerbar a doença de
CET do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS), Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil base, levando a complicações para a parturiente e o feto. O caso
clínico a seguir é de uma paciente com diagnóstico de LES e hiper-
Introdução: A associação de miastenia gravis e pré-eclâmpsia du- tensão pulmonar, com programação cirúrgica de cesárea eletiva.
rante a gravidez é rara. Surgem conflitos quando se considera o ma- Relato de caso: Paciente de 23 anos, ASA III, 29 semanas de
nejo aprimorado de ambas as doenças, que representa um desafio gestação, com diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico e
para o anestesiologista devido a suas complicações. hipertensão pulmonar. Encontrava-se assintomática ao exame
Relato de caso: M.S.S., 28 anos, 75 kg, sexo feminino, diag- físico e anamnese. Ecocardiograma com presença de fração de
nóstico de miastenia gravis havia cinco anos, em uso diário de ejeção de 74%, aumento das câmaras cardíacas direitas e tronco
prednisona 60 mg, azatioprina 100 mg e piridostigmina 540 mg, pulmonar e hipertensão pulmonar moderada. Paciente monitorada
gestante de 30 semanas e cinco dias, foi internada com quadro em sala com oximetria, PNI, cardiografia. Feita indução venosa com
de pré-eclâmpsia grave. Decidido por resolução da gestação por fentanil 3 mcg/kg, etomidato 0,2 mg/kg, succinilcolina 1 mg/kg e
cesariana sob anestesia venosa total. Feita intubação orotraqueal atracúrio 0,5 mg/kg. Lot com tubo n° 7,0. Capnografia +. Não houve
em sequência rápida com o uso de alfentanil 3 mg, suxametônio intercorrências durante a intubação. Feito acesso venoso central em
80 mg, propofol 150 mg e manutenção com remifentanil e propo- sala. Manutenção anestésica obtida com sevoflurano. Durante ato
fol em BIC, sem uso de relaxante muscular adespolarizante. Ce- cirúrgico, paciente apresentou atonia uterina, feitos em sala 2 CH
sariana sem intercorrências obstétricas e recém-nascido levado à e 2 PFC. Paciente com sinais vitais estáveis, levada à UTI intubada,
UTI neonatal devido à prematuridade. Após término da cesariana, hemodinamicamente compensada, para acompanhamento pós-
paciente não apresentou respiração espontânea. Foi transferida operatório. Posteriormente extubada, apresentou crise convulsiva
para a UTI intubada, na qual permaneceu sob ventilação mecâ- tônico-clônica em UTI e pioria do quadro hemodinâmico e
nica por quatro dias. Teve como hipótese diagnóstica crise mias- respiratório, foi a óbito em unidade.
tênica. Após avaliação da neurologia, indicou-se imunoglobulina Discussão: O envolvimento pulmonar do LES pode variar entre sim-
endovenosa. Paciente foi extubada e levada à neurologia para ples quadros de pleurite até doenças intersticiais graves. A hiper-
controle clínico da doença. tensão pulmonar é uma das patologias associadas ao quadro, com
Discussão: A miastenia gravis (MG) é a doença mais comum que um alto índice de mortalidade. Seu manejo adequado consiste em
afeta a junção neuromuscular. Cerca de 80% dos receptores fun- aprimorar o fluxo sanguíneo pulmonar através da manutenção de rit-
cionais de acetilcolina podem ser perdidos, o que explica a fra- mo sinusal, diminuição da resistência vascular pulmonar – evitam-se
queza e facilidade de fadigabilidade desses pacientes e sua sensi- quedas significativas na resistência vascular sistêmica – e regulação
bilidade marcada aos bloqueadores musculares adespolarizantes. da pré-carga ventricular direita e das pressões arteriais pulmonares.
O controle da hipertensão é fundamental na pré-eclâmpsia. As A decisão da anestesia mais adequada leva em conta a severidade
opções de tratamento incluem labetalol, nifedipina e hidralazina. da doença; a potencial interação de drogas com imunossupressores,
No paciente miastênico, a hidralazina é considerada droga de es- a avaliação das vias aéreas e perfil de coagulação dos pacientes são
colha, dado o potencial de labetalol e nifedipina para exacerbar bastante complexas devido ao seu caráter multissistêmico.
a fraqueza muscular. O sulfato de magnésio, recomendado como Referências:
profilaxia de eclâmpsia em pacientes com pré-eclâmpsia grave, 1. Davies SR. Systemic lupus erythematosus and the obstetri-
pode precipitar uma crise miastênica na gestante com MG. A fra- cal patient implications for the anaesthetist. Can J Anesth.
queza pode desenvolver-se em concentrações séricas de magnésio 1991;38:790-6.
que são bem toleradas no paciente não miastênico. Em curto pra- 2. Jindal P, Kapoor R, Khurana G, et al. Anesthetic implications in
zo, o uso de fenitoína foi recomendado para a profilaxia convulsi-
systemic lupus erythematosus patients posted for cesarean sec-
va em pacientes miastênicos com pré-eclâmpsia. A crise miastêni-
tion: a series of five cases. J Obstet Anaesth Crit Care. 2013;3:97-
ca surgida durante a gravidez ou pós-parto pode ser tratada com
100.
imunoglobulina intravenosa ou plasmaférese. Ambas as terapias
podem ser usadas com segurança durante a gravidez. O manejo da
parturiente com pré-eclâmpsia e MG requer um monitoramento
TLP001 ANESTESIA EM PACIENTE GESTANTE PORTADORA
periparto intensivo e uma consideração cuidadosa deve ser dada à
escolha de medicações.
DE ANEMIA FALCIFORME E DHEG GRAVE – RELATO DE CASO
Referências: Victor Cáppia, Luiz Antonio de Moraes, Carlos Eduardo Salgado Costa,
1. Blichfeldt-Lauridsen L, Hansen BD. Anesthesia and myasthenia Teófilo Augusto Araújo Tiradentes, Marília do Carmo Dalbeto*
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vis and preeclampsia in late pregnancy. BMJ Case Rep. 2015. Introdução: Devido à natureza das complicações da doença falci-
doi:10.1136/bcr-2014-208323. forme (DF), os pacientes acometidos têm maior probabilidade de
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S47

se submeter a procedimentos cirúrgicos ao longo da vida do que a sobreposta e encaminhada para internação. Evoluiu com síndrome
população geral. Há maior risco de morbidade e mortalidade de- Hellp sem sinais de irritação peritoneal ou instabilidade hemodinâ-
vido à cirurgia e à anestesia, com maior mortalidade de gestantes mica. Levada para cesárea e laparotomia de urgência com achado
que necessitem de anestesia geral para cesariana do que gestan- cirúrgico de hematoma subcapsular hepático roto após queda im-
tes submetidas ao bloqueio do neuroeixo. Relatamos o caso de uma portante do hematócrito, aumento de enzimas hepáticas, plaque-
gestante portadora de DF que desenvolveu DHEG. Foi necessária a topenia e a presença de coleção hepática em USG abdominal feito
interrupção precoce da gravidez. à beira do leito. Admitida no centro cirúrgico em bom estado geral,
Relato de caso: Paciente gestante, 19 anos, negra, 45 kg, G1P0A0, vigil, hemodinamicamente estável, normocárdica e eupneica em
ASA PIII E, em acompanhamento no ambulatório de gestação de alto ar ambiente. Após monitoração e venóclise, foi pré-oxigenada com
risco portadora de DF e em uso de sulfato ferroso e ácido fólico. O2 a 100% e iniciada indução anestésica EV (alfentanil 1.000 mcg,
Estava com 34 semanas e 1 dia e diagnóstico de DHEG grave e es- lidocaína 80 mg, propofol 150 mg e succinilcolina 100 mg). Feita
plenomegalia. Relatou passado de internações por crises álgicas e intubação orotraqueal com tubo 7,00 com cuff sem intercorrências
múltiplas internações para transfusões sanguíneas e dispneia recor- e administrado cisatracúrio 8 mg EV. A manutenção da anestesia
rente. Na internação, referiu dor torácica, dispneia e taquicardia. foi feita com sevoflurano. Recebeu dois concentrados de hemácias
Parto cesáreo por indicação obstétrica, apresentava anemia com Hb e manteve estabilidade hemodinâmica. A criança foi levada à UTI
de 6,4 mg/dL, feitas transfusão de 1 CH durante o procedimento e neonatal (Apgar 7/8) e a paciente para a UTI, ambas extubadas. A
trombocitopenia com 93.000 plaquetas; rotina de exames laborato- evolução pós-operatória foi satisfatória em ambos os casos.
riais de DHEG apresentou alteração. Paciente em infusão de sulfato Discussão: Frequentemente, a síndrome Hellp tem poucos sinto-
de Mg, já feito. Preparados metaraminol para feitura em bolus e so- mas e necessita de diagnóstico laboratorial, entretanto nenhum
lução de ocitocina. Feita anestesia subaracnóidea, com Ag Quincke, dado laboratorial confirma o diagnóstico de hematoma ou rotura
27G, punção única entre L4-L5, líquor claro, com bupivacaína hiper- hepática. A queda súbita do hematócrito ou o aumento repentino
bárica e fentanil, feita sem intercorrências. Feita hemotransfusão das transaminases é bastante sugestivo, como ocorreu no presen-
de 1 CH, apresentou manutenção da estabilidade hemodinâmica, te caso. Anestesia geral (técnica de indução sequencial rápida) foi
não houve hipotensão durante todo o procedimento. RN nasceu sau- a técnica de escolha para obter melhor controle hemodinâmico,
dável. Feita ocitocina, com boa contração uterina. Procedimento pode minimizar as complicações associadas à perda sanguínea de
transcorreu sem intercorrências, com recuperação anestésica sa- grande monta, além de garantir anestesia adequada à exploração
tisfatória. da cavidade abdominal. Quando a pré‐eclâmpsia se manifesta com
Discussão: Vários autores relatam que há um aumento do risco de síndrome Hellp e suas possíveis complicações, como hematoma sub-
morbidade e mortalidade relacionada à cirurgia e anestesia na DF. capsular hepático, a anestesia geral pode ser o método mais seguro
Essa maior morbimortalidade deve-se principalmente à anemia crô- desde que seja previsto êxito no manejo das vias aéreas e o uso de
nica, ao aumento da taxa de eritrofalciformação devido à hipóxia e à drogas que controlem a resposta hemodinâmica, pode minimizar
acidose induzida pelo procedimento cirúrgico, à presença de lesões as complicações associadas à Hellp e diminuir a morbimortalidade
crônicas de órgãos e aos efeitos da imunodepressão associadas à DF. tanto materna como fetal.
Entre 25-30% terão uma complicação pós-operatória que pode ser Referência:
síndrome torácica aguda, infecção da ferida operatória, priapismo, 1. Del-Rio-Vellosillo M, Garcia-Medina JJ. Anesthetic considerations
AVC e episódios álgicos agudos. Parece haver menor incidência de in HELLP syndrome. Acta Anaesthesiol Scand. 2016;60:144-57.
complicações relacionada à DF em pacientes submetidos à anestesia
geral do que local. Pacientes submetidos à anestesia geral também
tiveram menor incidência de febre e infecções. São recomendações TLO215 ANESTESIA NA GESTANTE PORTADORA DE
manter hidratação, oxigenação, termorregulação e equilíbrio ácido- NEUROFIBROMATOSE TIPO I – RELATO DE CASO
básico no intraoperatório e no período pós-operatório uma analgesia
Flávio Francisco Vitale Neto, Patrícia Cristina Atihe*,
adequada, espirometria de incentivo, deambulação precoce, suple-
Gabriella Graziani Pioli, Henrique de Paiva Torres,
mentação de O2, e profilaxia de TVP com heparina.
Referência: Jacqueline Pinto Ventorin, Fernando Martinez Sanchez
1. Friedrisch JR. Cirurgia e anestesia na doença falciforme. Rev CET 9134 Integrado da Maternidade de Campinas, Campinas, SP,
Bras Hematol Hemoter. 2007;29:304-8. Brasil
Introdução: A neurofibromatose é uma doença autossômica domi-
nante caracterizada por manchas “café-com-leite” na pele e múl-
TLO1010 ANESTESIA GERAL EM GESTANTE COM ROTURA
tiplos tumores neurais periféricos que acometem o SNC, ossos, sis-
DE HEMATOMA SUBCAPSULAR HEPÁTICO
tema endócrino e vasos. Sua incidência é de 1:3.000 na população
Alfredo Guilherme Haack Couto, Sofia Arruda de Lucena geral e durante a gestação é menos frequente (1:5.000 a 1:18.500).
Rodrigues*, Isis Soares Roberti, Victhor Arthur Oliveira Matos, Os primeiros sinais da doença, durante a gestação, e o acometi-
Mariana Tonon Rosa, Christovan Rodrigues Silva mento de tecidos e órgãos dificultam a escolha da melhor conduta
anestésica, entre anestesia espinal e a geral.
Hospital de Ensino Alcides Carneiro, Petrópolis, RJ, Brasil
Relato de caso: Primigesta a termo, 32 anos, portadora de
Introdução: A síndrome Hellp, variante da pré-eclâmpsia grave, é neurofibromatose tipo I, submetida à cesariana eletiva, sem mais
um acrônimo de três critérios estabelecidos: hemólise, aumento das patologias associadas. A gestante referia surgimento das lesões no
enzimas hepáticas e plaquetopenia. O hematoma subcapsular hepá- quinto mês de gestação. A técnica anestésica escolhida foi o blo-
tico é uma complicação rara que tem mortalidade maior do que 50% queio peridural lombar contínuo no espaço L3-L4 com agulha de
em caso de rotura espontânea. O objetivo deste relato é apresentar Touhy 17G, administraram-se 100 mg de bupivacaína 0,5% com
a conduta anestésica e os cuidados perioperatórios de uma gestante vasopressor, associados a 100 mcg de fentanil e 1,5 mg de morfina,
com hematoma subcapsular hepático roto. e em seguida passado cateter peridural. O procedimento se deu
Relato de caso: E.G.C.G., feminina, 40 anos, 31 semanas de idade sem intercorrências, o RN apresentou boa vitalidade e a paciente
gestacional, portadora de hipertensão arterial sistêmica. Durante o evoluiu bem, com alta hospitalar em 48 horas.
pré-natal, constatou-se elevação de TGO, TGP e LDH, além de cres- Discussão: Pacientes portadores de neurofibromatose são um de-
cimento intrauterino restrito; foi diagnosticada com pré-eclâmpsia safio para o anestesiologista, devido ao seu comprometimento
S48 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

multissistêmico. Quando aliada à gestação, essa dificuldade au- Discussão: A rápida instalação do choque hipovolêmico, assim
menta, há riscos inerentes de cada técnica anestésica associados como a queda do fibrinogênio e a coagulopatia, são os pontos-
às peculiaridades da patologia. Quando optamos pela anestesia chave a serem evitados nessa condição. A ressuscitação volêmica
geral, além da via aérea difícil há o risco de comprometimento é similar aos pacientes com trauma, objetiva manter a oferta
tanto da ventilação quanto da IOT, devido à presença de neuro- de oxigênio sistêmica, evita por sua vez acidose, hipotermia e
fibromas na laringe e faringe, há até necessidade de traqueosto- coagulopatia. É bem documentado na literatura o benefício
mia. Há a possibilidade de haver neurofibromas intracranianos, do uso precoce de ácido tranexâmico nesses casos. Fizemos a
que, aliados ao aumento das pressões arterial e intracraniana terapia guiada por metas e a transfusão de hemocomponentes foi
numa laringoscopia sem plano anestésico adequado, podem piorar de 1:1:1. O índice de choque é um bom marcador para predizer
o quadro, além da sensibilidade aumentada aos bloqueadores neu- mortalidade com hemorragia. Evidencia-se que o protocolo de
romusculares adespolarizantes. Com o intuito de se evitar todas transfusão maciça bem estabelecido, iniciado prontamente
essas complicações e ao se submeter uma gestante portadora de associado às medidas intensivas, é condição que melhora a
neurofibromatose à anestesia regional, na raquianestesia pode- sobrevida dessas pacientes.
mos encontrar dificuldade de punção pela cifoescoliose que aco- Referências:
mete a maioria dos casos, além da necessidade de fugir das lesões 1. Pasquier P, Gayat E, Rackelboom T, et al. An observational study
cutâneas. Uma vez feita a raquianestesia, há o risco de formação of the fresh frozen plasma: red blood cell ratio in postpartum
de neurofibroma na medula espinal devido ao processo cicatricial hemorrhage. Anesth Analg. 2013;116:155-61.
desencadeado. Já na anestesia peridural, pode haver falha de blo- 2. Sohn CH, Kim WY, Kim SR, et al. An increase in initial shock in-
queio devido à distribuição irregular da solução anestésica pela dex is associated with the requirement for massive transfusion
presença de neurofibromas foraminais. Lidamos então com uma in emergency department patients with primary postpartum he-
situação difícil na gestante com neurofibromatose. Ao se decidir a morrhage. Shock. 2013;40:101-5.
técnica anestésica, o objetivo principal é a segurança do binômio
materno-fetal.
Referências: TLO685 ANESTESIA PARA CESÁREA EM GESTANTE COM
1. Reynolds RM, Browning GG, Nawroz I, Campbell IW. Von Recklin- HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA: RELATO DE CASO
ghausen’s neurofibromatosis type 1. Lancet. 2003;361:1552-4.
Aline Menezes Sampaio*, José Carlos Rodrigues Nascimento,
2. Segal D, Holcberg G, Sapir O, Sheiner E, Mazor M, Katz M. Neuro-
Francisco de Lucena Cabral Júnior, Germana Medeiros Mendes,
fibromatosis in pregnancy. Maternal and perinatal outcome. Eur
J Obstet Gynecol. 1999;84:59-61. Francisco Diego Silva de Paiva, Rogean Rodrigues Nunes
Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil
Introdução: Hemorragia subaracnóidea (HSA) é a terceira mais
TLO262 ANESTESIA NO CHOQUE HIPOVOLÊMICO EM
importante causa de mortalidade materna durante a gravidez. A
PUERPÉRIO IMEDIATO
taxa de mortalidade materna devido à ruptura de aneurisma é de
Thales Ricardo de Paula*, Gabriel José Redondano de Oliveira, 13% a 35%, e esse evento é clinicamente difícil de diferenciar da
Walter Luiz Ferreira Lima, Juliano Antonio Aragão Bozza, eclâmpsia.
Israel Lugli de Godoy, Tomás Gustavo Pires Relato de caso: Paciente de 38 anos, G4P3A0, 38 semanas e 2 dias
de idade gestacional, apresentou quadro de cefaleia de início súbito
Hospital Vera Cruz, Campinas, SP, Brasil
com pioria progressiva, associada a vômitos e hipertensão. Procurou
Introdução: Hemorragias puerperais imediatas são condições atendimento, recebeu como diagnóstico iminência de eclâmpsia.
frequentes com alta mortalidade. O anestesiologista deve Optou-se por fazer cesárea. Durante a punção da raquianestesia,
estar preparado para agir nesses quadros, que muitas vezes são observou-se LCR sanguinolento, suspenso o procedimento diante
dramáticos. da hipótese de HSA. A paciente foi transferida para hospital de
Relato de caso: Feminina, 28 anos, 100 kg, ASA 2, G2P1 – 40 sem. referência. Apresentava-se normo­tensa, sonolenta, com rigidez de
+2, antecedente de hipertensão arterial e taquicardia sinusal, nuca, sem dinâmica uterina. Grau III na escala de Hunt & Hess. A
submetida à cesárea sem intercorrências sob raquianestesia. Em sala TC de crânio evidenciou HSA Fisher IV. Ultrassonografia obstétrica
de RPA após uma hora e meia do término, evoluiu com hipotensão, era normal. Após avaliação, a neurocirurgia sugeriu feitura de
taquicardia e irritação peritoneal. Evoluiu com instabilidade arteriografia e clipagem eletiva ou embolização após resolução
hemodinâmica, necessitou de droga vasoativa. Optou-se por da gestação. Iniciada terapêutica clínica com dexametasona,
laparotomia exploradora de emergência. Paciente apresentava-se nimodipino, fenitoína, hidratação e repouso absoluto. Anestesia
com PA 65 × 35 mmHg, FC 180 bpm, Hb 5,0 g/dL e Ht 14%. Obti- para cesárea foi feita com remifentanil 1,5 mg.kg-1, seguida de
dos dois acessos periféricos 14G, pressão arterial invasiva, acesso manutenção com 0,7 mg.kg.-1min-1, e propofol 170 mg. IOT feita
venoso profundo em veia jugular interna direita e manta térmica. sob laringoscopia direta em sequência rápida, sem uso de bloquea-
Indução da anestesia geral com 3 mcg/kg de fentanil, 0,3 mg/kg dor neuromuscular. Optou-se por manutenção com sevoflurano e
de etomidato e 1,2 mg/kg de rocurônio – IOT em sequência rápida remifentanil. A hipotensão foi corrigida com metaraminol. Houve
e manutenção com sevoflurano (0,5-1,0 CAM). Obstetra e cirurgião retirada do bebê 7 minutos após a intubação. No fim do procedi-
constataram lesão do ligamento largo e artéria uterina, com hema- mento, foram administrados dipirona 2 g e morfina 4 mg e a ferida
toma volumoso que invadia o retroperitônio. Feita histerectomia foi infiltrada com ropivacaína 0,5%. Paciente foi extubada sem in-
subtotal + hemostasia e tratamento conservador do hematoma. Ad- tercorrências, manteve-se estável e sem deficits. No primeiro dia
ministrados 1 g de ácido tranexâmico, 3 L de cristaloide, 1 L de co- pós-operatório foi submetida à clipagem do aneurisma cerebral em
loide, seis unidades de concentrado de hemáceas, seis unidades de procedimento sem intercorrências.
plasma fresco congelado, 10 unidades de plaquetas, noradrenalina Discussão: Não há guidelines que definam a melhor técnica
(até 0,8 mcg/kg/min), repostos cálcio e bicarbonato de sódio. Após anestésica para cesárias em gestantes com HSA. No presente
transfusão, paciente apresentava fibrinogênio sérico (127 mg/dL), relato, optou-se pela anestesia geral para manter a estabilidade
optou-se por transfundir 10 unidades de criopreciptado. Ao término cardiovascular da parturiente, pois a hipotensão poderia
da cirurgia, a paciente foi levada para UTI intubada, sem droga va- comprometer a vascularização uteroplacentária e a hipertensão
soativa, Delta PP 8%, diurese 0,8 mL/kg/h e PVC 8 mm H20. aumentar o risco de sangramento cerebral.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S49

Referências: TLO138 ANESTESIA PARA CESARIANA EM GESTANTE COM


1. Bateman BT, Olbrecht VA, Berman MF, et al. Peripartum subara- MIOPATIA CENTRONUCLEAR: UM RELATO DE CASO
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Mônica Braga da Cunha Gobbo, Renata de Paula Lian,
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Guilherme Portiolli Zocal, Kauê Silva Rossetto,
caesarean section of a pregnant woman with cerebral arteriove-
nous malformation: a case report. Cases J. 2008;1:327. Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
Campinas, SP, Brasil
Introdução: A miopatia centronuclear ou miotubular é uma forma
TLO899 ANESTESIA PARA CESÁREA EM PACIENTE incomum e heterogênea de miopatia congênita e tem como caracte-
PORTADORA DE CARDIOPATIA NÃO COMPACTADA – RELATO rísticas a presença abundante de núcleos centrais em biópsia mus-
DE CASO cular e atrofia ou hipotrofia de fibras musculares do tipo I. Apesar
Anderson Luis Silva Amaral*, Mili Freire Almeida Nascimento, dos achados patológicos uniformes, há grande variabilidade clínica
Talita da Silva Portugal, Sammer Victor de Almeida e genética entre os subtipos. São frequentemente acometidas as
musculaturas da face, extraoculares, cervical e de membros. Em
Hospital da Sagrada Família, Salvador, BA, Brasil alguns casos, pode haver susceptibilidade aumentada à hipertermia
Introdução: A cardiomiopatia não compactada (CNC) é um distúrbio maligna. Até onde saibamos não há relato conhecido, até o mo-
congênito geneticamente heterogêneo, raro, ainda não classificado mento, de publicação no Brasil de anestesia para parto cesáreo em
pela Organização Mundial de Saúde. Caracteriza-se por padrão tra- gestante com miopatia centronuclear.
becular proeminente e recessos intratrabeculares profundos, não Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 34 anos, 73 kg, apresen-
conectados à circulação coronariana e cobertos por camada de en- tou quadro de dificuldades de sucção ao nascimento, deambulação e
deglutição na infância e fáscies alongada. Feito diagnóstico de mio-
docárdio, que promove formação de trombos. Parece que a inter-
patia centronuclear por biópsia muscular aos 12 anos. Em acompa-
rupção normal do processo de compactação do miocárdio durante
nhamento com neurologista e geneticista, com relato de provável
embriogênese seria a base fisiopatológica. A CNC está associada a
forma autossômica dominante da doença. Ao exame apresentou hi-
uma mutação genética hereditária, cuja prevalência ainda é desco-
potrofia da musculatura distal de membros inferiores. Clinicamente
nhecida. É considerada subdiagnosticada e acomete, em sua maio-
sem alterações cardiorrespiratórias. Exames laboratoriais normais.
ria, o sexo masculino. O diagnóstico é estabelecido por critérios
Eletroneuromiografia com padrão de miopatia primária moderada.
próprios, são necessários três dos quatro critérios para confirmação.
Recusou-se a receber bloqueio do neuroeixo. Feita monitoração com
O principal exame complementar é o ecocardiográfico e a resso-
ECG, oximetria de pulso e pressão não invasiva. Venóclise com cate-
nância nuclear magnética de tórax é indicada em casos duvidosos. ter 18G em MSE. Intubação em sequência rápida com uso de mida-
Há um largo espectro de manifestações clínicas, desde pacientes zolam (2 mg), alfentanil (2,5mg) e propofol (200 mg), sem intercor-
assintomáticos a ICC descompensada, eventos tromboembólicos, rências. A manutenção se deu com propofol a 100 mcg/kg/min. Ato
arritmias e morte súbita; todavia, todos apresentam acometimento cirúrgico sem intercorrências, extubação e levada à RPA. Analgesia
do ventrículo esquerdo, pode estar associado a outras anomalias do pós-operatória feita com fentanil 50 mcg EV e morfina 7 mg EV.
sistema cardiovascular. Discussão: A miopatia centronuclear é uma condição rara de in-
Relato de caso: Paciente de 30 anos, gestação a termo e diag- cidência geral desconhecida. É subdividida em formas autossô-
nóstico de CNC desde a infância, apenas em tratamento clínico. micas recessiva, dominante ou ligada ao X (essa última é a mais
Apesar da ausência de sintomas congestivos anteriores, passou a grave e com acometimento aproximado de um em cada 500.000
apresentar desconforto respiratório não incapacitante com a evo- nascimentos do sexo masculino). Há poucos relatos sobre manejo
lução da gestação, associado ao aumento de pressão de artéria anestésico. Caso haja a necessidade de anestesia geral, é indicado
pulmonar (PSAP 32 > 78 mmHg) e insuficiência mitral severa entre optar por uma técnica não desencadeante, pois há possibilidade de
o segundo e terceiro trimestres, verificados pelo ecocardiograma envolvimento da mutação do gene RYR1 (rianodina) relacionado à
transesofágico. Ao exame apresentava-se em ortopneia. A cesárea hipertermia maligna. Dessa forma, anestésicos voláteis devem ser
foi feita sob anestesia geral, precedida de punção de veia jugu- evitados. Succinilcolina também não deve ser usada, com o intuito
lar interna direita e artéria radial esquerda, com indução em se­ de se evitar possível hipercalemia associada. Existem indicativos de
quência rápida. Procedimento feito sem intercorrências. No fim, duração prolongada de bloqueadores musculares adespolarizantes.
a paciente foi extubada, internada em UTI por 72 horas, recebeu O uso de propofol, remifentanil, fentanil e óxido nitroso tem sido
alta hospitalar após sete dias, com retorno ao status clínico pré- apontado com sucesso.
gestacional. Referências:
Discussão: A condução dessa paciente considerou a condição sub- 1. Verma S, Balasubramanian SB. Clinical, electrophysiology, and
jacente ao quadro de CNC, que é a disfunção ventricular esquerda pathology features of dynamin centronuclear myopathy: a
demonstrada clinicamente e por exames complementares. Prioriza- case report and review of literature. J Clin Neuromuscul Dis.
ram-se medidas de apoio para melhor manejo clínico no que tange 2016;18:84-8.
à monitoração e escolha de agentes anestésicos. A literatura ainda 2. Brislin RP, Theroux MC. Core myopathies and malignant hyperther-
é incipiente para definição de protocolos de conduta. A adequa- mia susceptibility: a review. Paediatr Anaesth. 2013;23:834-41.
da classificação como cardiopatia específica é imprescindível para
diagnóstico precoce e distinção de outras patologias com caraterís-
ticas semelhantes. No caso descrito, o procedimento transcorreu TLO540 ANESTESIA PARA CESARIANA EM GESTANTE COM
sem intercorrências com a técnica anestésica adotada. Contudo, NARCOLEPSIA: RELATO DE CASO
são necessários novos estudos que reforcem as condutas anestésicas Filipe Lugon Moulin Lima*, Vanessa Henriques Carvalho,
para quadros dessa patologia. Maria José Nascimento Brandão, Celina Chen,
Referência: Andréa Paula Ferreira Rosa Lecznieski,
1. López FM, Bravo RM, Huerta DA. Características ecocardiográfi-
Angélica de Fátima de Assunção Braga
cas da cardiomiopatia não compactada: diagnóstico perdido ou
errôneo. Arq Bras Cardiol. 2009;93:e33-e35. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP, Brasil
S50 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Introdução: A narcolepsia é caracterizada por perda de limites en- Relato de caso: Paciente de 41 anos, G6PN1A4, idade gestacional
tre os estados de sono e vigília, pode ter desfechos desfavoráveis no de 37 semanas e 5 dias, admitida pelo Serviço de Obstetrícia para
pós-operatório de pacientes expostos a determinados anestésicos. cesariana eletiva por polidrâmnio; avaliação prévia da neurologia
Assim, a anestesia regional torna-se a técnica preferencial, porém com diagnóstico de MAC associado a platibasia. No centro obsté-
não há consenso no gerenciamento perioperatório dessa doença. trico, foi monitorada com PANI (130/90 mmHg), cardioscopia (80
Relato de caso: Gestante, 43 anos, 153 cm, 83 kg, IMC 35,45 kg/ bpm) e saturação arterial de oxigênio (99%). Foi proposta inicial-
m2, G5P4C1A0, ASA 2, 39 semanas de idade gestacional, jejum de 8 mente anestesia peridural, porém devido a alterações estruturais
horas, levada para cesárea eletiva. Tinha diagnóstico de narcolepsia da coluna vertebral e dificuldade de localização dos espaços lom-
em acompanhamento pela neurologia, fazia uso de metilfenidato, bares, a técnica foi descartada. Optou-se então pela anestesia ge-
suspenso na gravidez. As crises eram semanais em média, negava ral, em sequência rápida, com pré-oxigenação e administração de
qualquer outra comorbidade, alergias ou uso de medicamentos e propofol, fentanil e succinilcolina; feita IOT sem intercorrências e
referia que os episódios narcolépticos e catapléticos pioraram na após quatro minutos ocorreu a extração fetal; no exame inicial do
gestação. Queixava-se de dor em região hipogástrica e lombar, apa- recém-nato evidenciou-se Apgar 9/10. Após o término da cirurgia
rentava sonolência. Monitoração: cardioscópio, PANI e oximetria de foi feito bloqueio do plano transverso abdominal (TAP) guiado por
pulso; inicialmente, PA 140/90 mmHg, FC 87 bpm e SpO2 97%. Feita ultrassom, injetaram-se 20 mL de ropivacaína 3,75%, bilateralmen-
raquianestesia, punção única L3-L4 com Whitacre 27G, refluxo de te, para analgesia pós-operatória. Por via endovenosa, foram ad-
líquor claro, injetada solução de 12 mg bupivacaína pesada 0,5%, 20 ministrados dipirona e cetoprofeno. A paciente foi levada à sala de
mcg fentanil e 60 mcg de morfina, atingiu nível sensitivo T4. Infun- recuperação anestésica, de onde teve alta para a enfermaria, sem
diu-se via EV ondansetrona 8 mg e cefazolina 2 g antes da incisão intercorrências.
cirúrgica. Apresentou hipotensão arterial 100/60 mmHg associada Discussão: Não se conhecem recomendações para o manuseio
à náusea, tratada com hidratação vigorosa e bolus sucessivos de anestésico desses pacientes. Não existe contraindicação absoluta
efedrina e metaraminol. O recém-nascido apresentou Apgar 9/9. O para o bloqueio subaracnóideo (BSA), principalmente nos doentes
procedimento durou 120 minutos e a paciente permaneceu desper- submetidos à correção cirúrgica da malformação. No entanto,
ta durante esse tempo, na sequência foi para sala de recuperação a punção da dura-máter pode induzir alterações da pressão
pós-anestésica, onde permaneceu por 75 minutos. Recebeu alta da liquórica de forma imprevisível, como herniação amigdaliana, pelo
SRPA sem bloqueio motor, vigil, hemodinamicamente estável e sem forame magno. A anestesia peridural, injetada lentamente e com
dor. Nas primeiras 24 horas, não apresentou episódios narcolépti- pequenos volumes de anestésico local, pode evitar as alterações
cos, não houve alteração hemodinâmica e a dor avaliada pela escala hemodinâmicas do bloqueio simpático e a expansão rápida do
numérica verbal (ENV) oscilou entre 2 e 6 em 10, com necessidade espaço peridural, além de diminuir os riscos relacionados com a via
de dipirona para resgate. aérea, a função respiratória e o menor comprometimento da relação
Discussão: Tradicionalmente, complicações da narcolepsia in- de pressão cranioespinal (PCE). Contudo, existe o risco de punção
cluem hipersonia, recuperação prolongada, apneia e interações acidental da dura-máter, com todas as implicações associadas ao
medicamentosas. Burrow et al., em revisão de série de casos, BSA em pacientes com sinais de PIC aumentada, recomenda-se
sugeriram que pacientes em uso de medicação e submetidos à como técnica de escolha a anestesia geral.
anestesia geral não apresentavam tais riscos. No caso acima, a Referência:
medicação havia sido suspensa e a cesárea prévia fora feita sob 1. Landau R, Giraud R, Delrue V, Kern C. Spinal Anesthesia for ve-
raquianestesia nas mesmas condições. Pesado o risco e o benefí- sarean felivery in a woman with a durgically corrected type I
cio, repetiu-se a técnica com administração intratecal de anes- Arnold Chiri malformation. Anesth Analg. 2003;97:253-5.
tésico local associado a opioides, o que garantiu bom controle
da dor, sem complicações. Durante recuperação em SRPA e pós-
operatório em enfermaria, não foram observadas crises e a alta TLO224 ANESTESIA PARA CESARIANA EM PACIENTE COM
hospitalar foi permitida com segurança. CARDIOMIOPATIA PERIPARTO
Referência:
Ricardo Pinto Lobato Lopes, Edvaldo Casoti Júnior,
1. Burrow B, Burkle C, Warner DO, et al. Postoperative outcome of
Estevan Rosseto de Souza, Glauber Rocha Peclat, Natália Vieira*,
patients with narcolepsy. A retrospective analysis. J Clin Anesth.
2005;17:21-5. Rafaela Claudino de Freitas
Hospital e Maternidade São José, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Introdução: A cardiomiopatia periparto (CMPP) é uma doença
TLO296 ANESTESIA PARA CESARIANA EM GESTANTE
rara (1:3.000-15.000) com taxa de mortalidade materna de 85%,
PORTADORA DE MALFORMAÇÃO ARNOLD-CHIARI TIPO I
por descompensação da insuficiência cardíaca, arritmias e eventos
Taylor Brandão Schnaider, Cristiano Dinato Dutra*, tromboembólicos. Fatores de risco incluem idade acima dos 35 anos,
Paulo Junior Ribeiro Garcia, Thaína Alessandra Brandão, multiparidade, gestação múltipla, etnia negra, doença hipertensiva
Antônio Mauro Vieira, Antônio Carlos Aguiar Brandão da gestação e uso de tocolíticos. Na abordagem anestésica, a
técnica mais adequada leva em consideração principalmente a
CET/SBA da Faculdade de Ciências Médicas de Pouso Alegre, Pouso
classe funcional da NYHA.
Alegre, MG, Brasil
Relato de caso: Secundigesta, 17 anos, negra, 36 semanas, hipertensa
Introdução: A malformação de Arnold-Chiari (MAC) é caracterizada gestacional sem tratamento medicamentoso. Apresentava dor tipo
pela descida de estruturas mesencefálicas através do forame magno, cólica em baixo ventre, mialgia, cefaleia e edema de membros
alterações esqueléticas e disfunção neurológica. Na maioria dos pa- inferiores. Ao exame físico apresentava palidez, hipertensão,
cientes ocorre alteração do fluxo de líquido cefalorraquidiano, com taquicardia, edema 2+/4+, dispneia em NYHA III e crepitações
dissociação da pressão cranioespinhal. Existem quatro classes: na em bases pulmonares. Diagnosticado edema agudo de pulmão à
tipo I ocorre alongamento e deslocação descendente igual ou maior radiografia de tórax; taquicardia sinusal ao eletrocardiograma;
do que 5 mm das amígdalas cerebelares. A sintomatologia depende hipocinesia difusa, FEVE30% e insuficiência valvar mitral discreta
da localização e do tamanho da cavidade siringomiélica. As altera- ao ecocardiograma. Após indicação de cesariana, a gestante foi
ções fisiológicas da gravidez e do parto acarretam um risco adicional monitorada conforme resolução CFM1802/2006, obtidos pressão
de herniação do tronco e de compressão da medula espinhal. arterial invasiva e acesso venoso profundo e ofertado oxigênio
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S51

suplementar. Iniciada dobutamina em infusão contínua. Feito cateterismo de artéria radial esquerda para monitoração de pressão
bloqueio peridural com cateter, usados ropivacaína 1%, morfina e arterial invasiva e puncionada veia subclávia direita para instalação
sufentanil, obteve-se nível anestésico em T6. de cateter duplo lúmen. Feita anestesia peridural contínua, em L1-
Discussão: A CMPP é um diagnóstico de exclusão, baseado na L2, titulada a dose de lidocaína a 2% com vasoconstritor até um
disfunção ventricular esquerda comprovada por exames como bloqueio sensitivo em T6, com total de 240 mg (12 mL). RN nasceu
eletrocardiograma, radiografia de tórax e ecocardiograma, com Apgar 8 e 6, no primeiro e quinto minutos, respectivamente.
presente em gestantes desde a 17ª semana da gestação até o 5º mês No momento de retirada da placenta, houve queda de 15% da PAM,
do puerpério, sem cardiopatia pré-existente. Dentre as possíveis revertida com a interrupção da infusão do esmolol. Após infusão
complicações destaca-se: edema agudo de pulmão, infarto agudo de bolus lento de 2,5 unidades de ocitocina a paciente cursou com
do miocárdio, tromboembolismo pulmonar, miocardiopatia crônica. vasodilatação generalizada, rubor facial e cefaleia de remissão es-
Na CMPP a técnica anestésica é polemica, prefere-se o bloqueio pontânea. Procedimento durou 140 minutos. No fim, levada à UTI,
regional em NYHA I e II, anestesia geral ou regional na classe III de onde recebeu alta após 48h e alta hospitalar após cinco dias.
e geral na classe IV. O bloqueio peridural com cateter possibilita Conclusão: A crise tireotóxica não é indicação absoluta de interrup-
lenta instalação do bloqueio simpático, permite melhor adaptação ção da gestação e a feitura de procedimentos cirúrgicos na vigência
cardiovascular com a redução da resistência vascular sistêmica. Já da tempestade implica elevada morbimortalidade. A estabilização
o bloqueio subaracnóideo apresenta alterações cardiovasculares do quadro clínico antes do procedimento traz benefício ao binômio
intensas, é uma desvantagem. A anestesia geral apresenta elevada materno-fetal, com diminuição de eventos adversos. O bloqueio
morbimortalidade, apresenta alto risco de broncoaspiração e edema peridural é uma opção anestésica segura. A vantagem da titulação
agudo de pulmão, em pacientes com baixa reserva miocárdica. da dose, associada a lenta instalação do bloqueio simpático, pode
O relato do caso demonstra uma paciente classe funcional NYHA diminuir as repercussões hemodinâmica associadas ao bloqueio do
III associada a edema agudo de pulmão, na qual o emprego da neuroeixo.
anestesia peridural manteve boa estabilidade hemodinâmica e Referência:
satisfatória evolução do caso. 1. Wissler RN. Endocrine disorders. In: Chestnut DH (ed.). Obstetric
Referências: anestesia. Principles and practice. 3.ed. Philadelphia: Elsevier
1. Yamashita AM. Anestesia na gestante cardiopata. In: Cangiani Mosby; 2004:734-63.
LM, Slullitel A, Potério GMB, et al. Tratado de anestesiologia.
7.ed. São Paulo: Atheneu; 2011:2359-78.
2. Garcia LV, et al. Anestesia na gestante cardiopata. In: Noguei- TLO322 ANESTESIA PARA LAPAROTOMIA EXPLORATÓRIA
ra CS, Potério GMB, Videira RLR. Atualização em anestesiologia. SECUNDÁRIA À GRAVIDEZ ECTÓPICA ABDOMINAL ROTA –
Vol. XII: Anestesia em obstetrícia. São Caetano do Sul. São Paulo: RELATO DE CASO
Yendis; 2007:263-75.
Paula Veriato Zenaide*, Renata Sofia Guimarães,
Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso,
TLO149 ANESTESIA PARA CESARIANA EM PACIENTE COM Ricardo Almeida de Azevedo, José Admirço Lima Filho,
CRISE TIREOTÓXICA E HIPERTENSÃO PULMONAR SEVERA: Samyr Lopes Arruda Carneiro
RELATO DE CASO Hospital Geral Roberto Santos, Salvador, BA, Brasil
Lauro d’Avila Silveira Barreto*, Victor Sampaio de Almeida, Introdução: Gravidez ectópica abdominal definida como o implante
Catarina Maria de Sena, Edmilson Barbosa Nogueira Neto, do saco embrionário no peritônio, fora do trato reprodutor, é extre-
Letícia Bulhões Guimarães, Lilian Cibele Pereira Gomes mamente rara. Tem incidência de 1,3% e mortalidade 90% maior do
que uma gestação tópica. A hemorragia maciça desencadeada pela
Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães
ruptura do leito vascular no sítio de implantação é a complicação
Netto, Salvador, BA, Brasil
mais importante e constitui um grande desafio.
Introdução: A prevalência de hipertireoidismo em grávidas gira em Relato de caso: Paciente, 40 anos, 70 kg, G2P1cA0, admitida com
torno de 0,1 a 0,4%, porém a crise tireotóxica é uma condição rara queixa de dor abdominal havia dois dias, náuseas e vômitos. A USG
nesse período. A insuficiência cardíaca causada pela tireotoxicose é transvaginal identificou gestação ectópica abdominal, compatível
caracteristicamente uma cardiopatia dilatada de bom prognóstico com 15 semanas e 5 dias, placenta de inserção anterior, grau 0 de
por apresentar remissão importante no pós-operatório. maturidade e líquido livre em cavidade abdominal. Hemoglobina
Relato de caso: R.S.J., 42 anos, G5P4, com 32 semanas de ida- 6 g/dL. Indicada laparotomia exploradora por suspeita de abdome
de gestacional e indicação obstétrica de interrupção da gestação. agudo hemorrágico secundário à gravidez ectópica rota. Paciente
Apresentava história mal definida de doença tireoidiana sem diag- admitida vigil, agitada, sudoreica, taquicárdica e taquipneica. À
nóstico específico. A partir do terceiro trimestre apresentou disp- monitoração multiparamétrica não invasiva, PA 90 × 50 mmHg, FC
neia, ortopneia e dispneia paroxística noturna. Ao exame físico: 150 bpm e SPO2 98%. Submetida à anestesia geral com indução feita
emagrecida, com exoftalmia, aumento importante da tireoide. Ao com fentanil 3 mcg/kg, lidocaína 1 mg/kg, etomidato 0,3 mg/kg e
exame do aparelho cardiovascular observou-se turgência jugular succionilcolina 1 mg/kg, seguida de IOT sob laringoscopia direta e
com cabeceira elevada a 90º, sopro pansistólico 5+/6+, mais in- manutenção com sevoflurano e rocurônio 0,6 mg/kg. Obtidos dois
tenso no foco mitral, e presença de mixedema até 1/3 superior acessos venosos periféricos 16G e cateterizada a artéria radial. Ao
de membros inferiores. Ecocardiograma: aumento importante de inventário da cavidade, encontrada grande quantidade de sangue e
átrio esquerdo e de câmaras direitas, insuficiência mitral modera- coágulos, feto aderido ao epíplon em fossa ilíaca direita e placenta
da, PSAP: 75 mmHg. Exames laboratoriais: TSH 0,01 mUI/L, T4L: implantada em omento com importante área cruenta e sangramen-
4,43 ng/dl. Internada em UTI para compensação clínica e preparo to ativo. Feita omentectomia segmentar para remoção da placenta
cirúrgico. Iniciou o uso de tapazol, metildopa, metoprolol e lugol. e do feto e controle do sangramento. No período foram administra-
Após sete dias, não apresentava os sintomas sugestivos de crise ti- dos 2.000 mL de ringer lactato, três concentrados de hemácias e
reotóxica. Na admissão no centro cirúrgico, apresentava-se alerta e 1,5 g de ácido tranexâmico, 1 g de gluconato de cálcio e 30 mEq de
sem queixas. PA: 207 × 92 (140), FC: 68, SpO2: 98%. Iniciada infusão bicarbonato de sódio. Paciente cursou com melhoria dos parâmetros
de esmolol 500 mcg/kg/min durante um minuto, seguida de redu- hemodinâmicos sem necessitar de drogas vasoativas. Analgesia feita
ções até 50 mcg/kg/min com vistas à redução de 20% da PAM. Feito com dipirona 2 g e morfina 5 mg e estratégia antiemética com on-
S52 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

dansetrona 4 mg. Revertido bloqueio neuromuscular com 2 mg/kg anestésico local a una velocidad de inyección menor o mayor a
de sugamadex e procedida extubação. 60 segundos. Rev Col Anest. 2011;39:341-50.
Discussão: Abdome agudo hemorrágico em obstetrícia requer trata- 3. Cavalli RC, Baraldi CO, Cunha SP. Transferência placentária de
mento imediato devido à alta mortalidade materna, que pode che- drogas. Rev Bras Ginecol Obstet. 2006;28:557-64.
gar a 11% quando secundária a uma gravidez ectópica abdominal.
O sangramento é profuso com rápida deterioração hemodinâmica.
A atuação do anestesiologista objetiva principalmente a reversão TLO124 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA DEXAMETASONA
do estado de choque, através da infusão de cristaloides, hemode- NA PROFILAXIA DE NVPO EM GESTANTES SUBMETIDAS
rivados e drogas vasoativas. A coagulopatia deve ser prevenida e À CESARIANA SOB RAQUIANESTESIA: ENSAIO CLÍNICO
imediatamente tratada quando identificada. O controle da tempe- RANDOMIZADO DUPLAMENTE ENCOBERTO
ratura, da acidose e dos níveis de cálcio é obrigatório, bem como o
emprego precoce de antifibrinolíticos. Portanto, o trabalho da equi- Ruy Leite de Melo Lins Filho, Gabriela Ferreira Lima,
pe de anestesiologia tem impacto direto no desfecho desses casos, o Bruna Rietra Rio, Victor Macedo Lemos,
que torna imprescindível o conhecimento acerca desse raro quadro, Thiago Gadelha Batista dos Santos*, Rossana SantAnna de Melo Lins
bem como de suas complicações associadas.
Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco
Referência:
(UFPE), Recife, PE, Brasil
1. Alalade AO, Smith FJE, Kendall CE, et al. Evidente-base man-
agement of nos-tubal ectopic pregnancies. J Obstet Gynaecol. Justificativa e objetivo: A raquianestesia com o uso de anesté-
2017;20:1-10. sico local hiperbárico e morfina constitui técnica universalmente
aceita e recomendada para cesariana. Entretanto, a ocorrência
de efeitos colaterais, tais como náusea e vômitos, continua a ser
TLO254 ASSOCIAÇÃO FENTANILA-BUPIVACAÍNA POR um problema e não existe na literatura um consenso sobre o uso
VIA SUBARACNÓIDEA VERSUS BLOQUEIO DO PLANO profilático de medicamentos com o objetivo de reduzir tais efei-
TRANSVERSO ABDOMINAL GUIADO POR ULTRASSOM PARA tos. Este estudo tem como objetivo avaliar a eficácia da dexame-
tasona para profilaxia de náusea e vômitos após a administração
CONTROLE DA DOR PÓS-OPERATÓRIA EM CESARIANA
de morfina intratecal em pacientes submetidas a raquianestesia
Taylor Brandão Schnaider, Leandro Cotrim, Antônio Mauro Vieira, para cesariana.
Allan Sousa Teles, Cristiano Dinato Dutra*, Método: Ensaio clínico duplamente encoberto e randomizado,
Antônio Carlos Aguiar Brandão no qual foram incluídas 236 gestantes com indicação de cesaria-
na, estado físico ASA II ou III, sem uso prévio de antieméticos ou
CET/SBA da Faculdade de Ciências Médicas de Pouso Alegre, Pouso
analgésicos. A anestesia subaracnóidea foi feita com bupivacaína
Alegre, MG, Brasil
hiperbárica (12 mg) e morfina (0,08 mg). Após randomização, foram
Justificativa e objetivo: Como se sabe dos possíveis riscos fetais e distribuídas em dois grupos: o grupo A recebeu 10 mL de água desti-
complicações maternas pós-operatórias, devido ao uso de opioides, lada IV e o grupo B recebeu 2 mL de dexametasona diluídos em 8 ml
o bloqueio do plano transverso abdominal (TAP) guiado por ultrassom de água destilada, administrados após o clampeamento do cordão
pode se tornar uma opção válida nesses casos. O objetivo deste umbilical. As pacientes foram avaliadas no intraoperatório e 4, 6,
estudo foi comparar a analgesia entre anestesia subaracnóidea com 12 e 24 horas após a anestesia, registrou-se a ocorrência de náusea
fentanila associada à bupivacaína com bloqueio TAP guiado por e vômito, prurido e dor.
ultrassom em cesariana. Resultado: Os dois grupos foram semelhantes com relação a idade,
Método: Participaram do estudo primário, clínico, prospectivo, estado físico, histórias de tabagismo e NVPO. No período intraope-
aleatorizado, 40 pacientes, ASA I e II, constava cada grupo de 20 ratório, as incidências de náusea nos grupos A e B foram de 22,9%
pacientes. Grupo I: cloridrato de bupivacaína hiperbárica 0,5% 13 e 25,4%, respectivamente, e as de vômitos foram de 11,9 e 11%,
mg (2,6 mL) + citrato de fentanila espinhal 20 mcg (0,4 mL); Grupo
sem diferença estatisticamente significativa. Nas 24 horas após a
II: cloridrato de bupivacaína hiperbárica 0,5% 13 mg (2,6 mL) +
cesariana, as incidências de náusea nos grupos A e B foram de, res-
água destilada (0,4 mL), associada ao TAP guiado por ultrassom pós-
pectivamente, 19,5% e 16,9%, e as de vômitos foram de 13,6% e
cirúrgico. As pacientes foram avaliadas em períodos de 6h, 12h, 18h
7,6%, mas essas diferenças também não foram estatisticamente sig-
e 24h, aplicada a escala analógica visual de dor. Usou-se o teste de
nificativas. Também não houve diferença entre os dois grupos com
Mann-Whitney; o nível de significância estatística foi fixado em 5%.
relação à qualidade da analgesia pós-operatória e à incidência de
Resultado: Às 6h, o bloqueio TAP (média = 1,00; mediana = 0,00)
prurido.
apresentou melhor analgesia em relação à fentanila (média = 3,45;
mediana = 5,00), p = 0,002; às 12h não ocorreu diferença estatística Conclusão: A dexametasona não alterou significativamente a
entre os grupos: bloqueio TAP (média = 2,50; mediana = 2,00), fen- incidência de náusea e vômitos em pacientes submetidas à cesaria-
tanila (média = 3,60; mediana = 4,00), p = 0,090; quanto à avaliação na sob raquianestesia com bupivacaína hiperbárica (12 mg) e mor-
das 18h, também foi constatado que não ocorreu diferença estatís- fina (0,08 mg). Também não houve diferença na intensidade da dor
tica entre os grupos: bloqueio TAP (média = 3,00; mediana = 2,00), pós-operatória nem na ocorrência de prurido.
fentanila (média = 3,90; mediana = 4,50), p = 0,097; em relação ao Referências:
horário das 24h, também não ocorreu diferença estatística entre 1. Cardoso MMS, Leite AO, Santos EA, et al. Effect of dexametha-
os grupos: bloqueio TAP (média = 2,10; mediana = 2,00), fentanila sone on prevention of postoperative náusea, vomiting, and pain
(média = 3,20; mediana = 2,00), p = 0,137. after cesarean section: a randomised, placebo-controlled, dou-
Conclusão: Nas primeiras seis horas, o bloqueio TAP guiado por ble-blind trial. Eur J Anaesthesiol. 2013;30:102-5.
ultrassom apresentou melhor analgesia pós-operatória; a partir das 2. Imech A, Olaniyi O, Simeon O, Omotola O. Dexamethasone versus
12h, a analgesia pós-operatória foi semelhante nos dois grupos. a combination of dexamethasone and ondansetron as prophylatic
Referências: antiemetic in patients receiving intrathecal morphine for caesa-
1. Ripollés J, Mezquita SM, Abad A, et al. Analgesic efficacy of the rean section. African Health Sciences. 2014;14:453-9.
ultrasound-guided blockade of the transversus abdominis plane – 3. Allen TK, Jones CA, Habib AS. Dexamethasone for the prophylaxis
A systematic review. Rev Bras Anestesiol. 2015;65:255-80. of postoperative nausea and vomiting associated with neuroaxial
2. Cerón DCH, Vargas JRN, Eslava-Schmalbach J. Anestesia regional morphine administration: a systematic review and meta-analy-
subaracnóidea para cesárea y Pomeroy postparto. Aplicación de sis. Anesth Analg. 2012;114:813-22.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S53

TLO014 AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE NEURITE dura-máter. O bloqueio esfenopalatino, já usado em tratamento de


PERIFÉRICA PÓS-ANALGESIA DE PARTO enxaqueca e outras cefaleias primárias, assim como neuralgia do
trigêmeo, pode ser uma opção de tratamento.
Gisele Passos da Costa Gribel, Cesar Augusto de Soares Nogueira*,
Relato de caso: Paciente B.G.S., 40 anos, G2PC1, admitida na ma-
José Eduardo Guimarães Pereira, Dayse dos Santos de Almeida, ternidade em 22/06/2017 para cesariana eletiva no contexto de
Benjamin Zylberberg, João Luiz Oyarzabal Giotti gestação de alto risco por miomatose uterina, IG 38 semanas, sem
Hospital Central do Exército, Rio de Janeiro, RJ, Brasil outras comorbidades na história pregressa. Negava sintomas e sinais
no dia da internação. Parto cesáreo feito no mesmo dia, perante
Introdução: O crescimento acelerado do número de partos sob anal- bloqueio subaracnóideo, em nível L3/L4, com agulha 27G Quincke.
gesia regional trouxe reais benefícios para a gestante e a condução Procedimento sem intercorrências. RN único, vivo, sexo masculino.
obstétrica. O anestesiologista enfrenta desafios nas complicações Paciente desenvolveu após 36 horas do parto cefaleia holocraniana
neurológicas decorrentes da técnica ou do posicionamento, como a intensa, avaliada por ela na escala numérica de dor como 10/10 e
cefaleia ou neurites periféricas, que suscitam a abordagem multi- que melhorava em decúbito horizontal. Com a hipótese de cefaleia
profissional no pós-parto. pós-punção dural, foi iniciado tratamento clínico com hidratação,
Relato de caso: Gestante, 41ª semana, 42 anos, 52 kg, 1,52 m, analgesia, cafeína e AINE, proporcionou melhoria gradual da dor. No
IMC 22, ASA II, GIII P I. Diagnóstico de internação: oligodramnia e dia seguinte, como permaneciam os sintomas, foi avaliada pela equi-
gestação prolongada. Internada para indução do trabalho de parto. pe da anestesiologia e sugerido o bloqueio do gânglio esfenopalatino.
Às 10h, feita analgesia de parto combinada a pedido da paciente e Após monitoração adequada e colocação da paciente em posição su-
da equipe obstétrica, após assinatura do termo de consentimento pina a 0°, foi inserido um swab em cada narina da paciente, embebi-
informado. Feita raquianestesia com agulha calibre 27 em espaço do com 1 mL de lidocaína sem vasoconstritor a 2%, posicionaram-se
L3/L4, com bupivacaína isobárica e fentanil. Feitas a passagem do as pontas na nasofaringe posterior por 10 minutos. Após remoção, a
cateter peridural sem intercorrências e injeção de ropivacaína 0,2% paciente foi colocada em posição sentada e referiu alívio imediato
peridural mediante avaliação de horário da escala analógica visual e da dor. Relatou incômodo tolerável durante inserção dos swabs. Não
da concordância da paciente. Parto vaginal às 19:29, período expul- houve complicações. Após seis horas do procedimento, a paciente foi
sivo de duas horas. O recém-nascido era masculino vivo. Índice de avaliada novamente e relatou ausência dos sintomas, conseguiu per-
Apgar 8/9. Houve duas tentativas, sem sucesso, de uso de fórceps manecer sentada, deambular e amamentar. Foi acompanhada pelas
de Simpson e a paciente queixou-se de dor na região medial da coxa 48 horas seguintes, manteve ausência dos sintomas.
nesse momento. Durante o período de pós-parto imediato, ainda no Discussão: A cefaleia pós-punção da dura-máter tem sua incidên-
centro obstétrico, apresentou hipotonia revertida com metilergo- cia variada de acordo com o tipo de agulha usada. É baixa quando
novina e misoprostol e laceração de colo uterino, precisou retornar se usam agulhas ponta de lápis ou quincke 27G, chega a até 75%
na sala cirúrgica para revisão do colo. Injetado lidocaína a 2% 5 mL quando a punção ocorreu com uma agulha tuohy 16G. O gânglio
pelo cateter para o procedimento. Tanto no decorrer do período esfenopalatino está localizado na fossa pterigopalatina e contém
expulsivo e na revisão de colo, a paciente assumia posição de litoto- fibras simpáticas e parassimpáticas, assim como fibras sensoriais so-
mia. Após 12 horas do procedimento, na avaliação pós-anestésica, máticas. O bloqueio do gânglio esfenopalatino pela via transnasal se
a paciente ainda não apresentava movimento no membro inferior torna uma interessante estratégia de tratamento da cefaleia pós-
esquerdo além de parestesia. Iniciada prednisona 15 mg/dia. No dia punção dural, pelo fato de ser um procedimento não invasivo que
seguinte, paciente relatou paresia em membro inferior esquerdo, oferece baixo risco de complicações.
não conseguia caminhar nem fazer dorsiflexão, acompanhada de dor Referências:
na região dorsal do pé esquerdo. Ao exame físico, pulso presente, 1. Kent S, Mehaffey G. Transnasal sphenopalatine ganglion block for
sem empastamento de panturrilhas. Na avaliação de neurologista e the treatmente of postdural puncture headache in obstetric pa-
anestesiologista, a paciente apresentava neuropatia do fibular pelo tients. J Clin Anesth. 2016;34:194-6.
posicionamento em litotomia prolongado. Foram iniciados fisiote- 2. Katz D, Beilin Y. Review of the alternatives to epidural blood
rapia e acupuntura, obteve-se melhoria parcial no primeiro dia de patch for treatment of postdural puncture headache in the par-
tratamento, pois a paciente já caminhava e movimentava os dedos turient. Anesth Analg. 2017;124:1219-28.
do pé. Recebeu alta para tratamento ambulatorial.
Discussão: Essa lesão corresponde a 78% das neurites de membro
inferior. O mecanismo da neurite do fibular é compressão e isquemia TLP665 BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL GUIADO
por posição de litotomia prolongada associada a IMC baixo e fumo. A POR ULTRASSONOGRAFIA EM GESTANTE EM USO DE
evolução é geralmente favorável em até seis meses. ANTIAGREGANTE
Referência:
Carolina Moreno Fernandez,
1. Chang LY, Carabuena JM, Camann W. Neurologic issues and ob-
stetric anestesia. Seminars in Neurology. 2011;31:374-84. Sayuri Kawamura Barcellos de Albuquerque*,
Cynthia de Oliveira Rego, Bruno Mendes Carmona,
Artur Abel Tavares Fernandes Cavaco, Luis Paulo Araújo Mesquita
TLO231 BLOQUEIO DO GÂNGLIO ESFENOPALATINO COMO Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
ALTERNATIVA TERAPÊUTICA PARA CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO
Introdução: A ultrassonografia tem ganhado cada vez mais espaço
DE DURA-MÁTER EM PUÉRPERA
na anestesiologia. No tocante à feitura de bloqueios periféricos, os
Gabriela Pires dos Santos*, Mailson Roberto da Cruz, principais benefícios são: menor incidência de falhas, tempo para
Elias Varela Bechara, Gisela Ferraz Lopes, execução, risco de punção vascular e maior duração do bloqueio. É
Bruno Carvalho Cunha de Leão útil também em pacientes em uso de anticoagulantes, com altera-
ções anatômicas e aqueles não colaborativos. A gravidez apresenta
Hospital Julia Kubitschek (HJK), Fundação Hospitalar do Estado de
um risco aumentado para feitura de bloqueios do plexo braquial e
Minas Gerais (Fhemig), Belo Horizonte, MG, Brasil
anestesia geral, cabe ao anestesista avaliar e ponderar o risco-be-
Introdução: A cefaleia pós-punção dural é uma complicação comum nefício das técnicas anestésicas.
da anestesia de neuroeixo. Os sintomas geralmente surgem nos três Relato de caso: Mulher, 30 anos, 60 kg, estado físico ASA P2, 10
primeiros dias após a raquianestesia ou perfuração inadvertida da semanas de idade gestacional, com tumor de partes moles com au-
S54 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

mento progressivo do 3º, 4º e 5º dedos da mão direita havia nove Discussão: O magnésio é usado em anestesiologia por seus efeitos
meses, programada para amputação de mão direita. Antecedente cardiovasculares, de neuroproteção e antinociceptivos. Ele reduz a
de hipertensão arterial sistêmica, em uso de losartana 50 mgc/12 latência do rocurônio e prolonga a duração de ação do cisatracúrio e
h e ASS 100 mg/dia, Mallampati II. Exames laboratoriais normais. do rocurônio. Infusão prévia de magnésio abole as fasciculações in-
Assinou o termo de consentimento livre e esclarecido. Após moni- duzidas por succinilcolina, mas não prolonga a duração do bloqueio
toração, venóclise e sedação com doses habituais de midazolam e neuromuscular. Nesse caso, a opção por rocurônio, em detrimento
fentanil, foi submetida ao bloqueio do plexo braquial direito por via da succinilcolina, se deu pelo risco de hipercalemia em paciente
supraclavicular guiado pela ultrassonografia com 10 mL de levobupi- após crise convulsiva. Foi demonstrado que administração de bolus
vacaína 0,25% com excesso enantiomérico de 50% com vasoconstri- de 50 mg/kg de magnésio após recuperação espontânea do bloqueio
tor, associado ao bloqueio axilar direito com 15 mL de levobupiva- de uma dose de intubação de rocurônio (SQE 0,9) reestabelece pa-
caína 0,25% com excesso enantiomérico de 50% com vasoconstritor ralisia muscular (redução da SQE com nadir médio de 0,49 após 10
e 15 mL de lidocaína 1,5% com vasoconstritor. A cirurgia foi feita minutos com duração de 45 minutos). O mecanismo principal de tal
sem intercorrências e, ao término, a paciente foi levada à SRPA, efeito parece ser a redução de liberação pré-sináptica de acetil-
onde evoluiu de forma satisfatória, com controle álgico adequado colina via inibição dos canais de cálcio voltagem dependente, ate-
e sem alterações de sensibilidade ou motricidade no território dos nuação direta da excitabilidade das fibras musculares e alteração
nervos bloqueados. presumida do limiar elétrico das membranas musculares. Os aneste-
Discussão: Não raramente os pacientes admitidos no centro cirúrgico siologistas devem atentar para os efeitos e interações do magnésio
estão em uso de medicações anticoagulantes e/ou antiagregantes com outras drogas anestésicas, principalmente pelos riscos de ex-
plaquetários, cuja interrupção não é isenta de complicações. Os tubação em pacientes curarizados. Devem-se considerar também as
bloqueios dos nervos periféricos podem ser classificados como complicações e os custos advindos de intubação prolongada.
superficial ou profundo. A ultrassonografia deve ser considerada Referências:
para bloqueios periféricos profundos em pacientes, pois diminuem 1. Kim MH, OhAY, Jeon YT, et al. A randomised controlled trial com-
o risco de punções vasculares não intencionais. Assim, o anestesista paring rocuronium priming, magnesium pre-treatment and a
responsável pelo caso optou pelo bloqueio do plexo braquial combination of the two methods. Anaesthesia. 2012;67:748-54.
guiado pela ultrassonografia em detrimento da anestesia geral, que 2. Hans GA, Bosenge B, Bonhomme VL, et al. Intravenous mag-
apresenta mais riscos para o binômio mãe-feto em todas as fases nesium re-establishes neuromuscular block after spontaneous
da gestação. recovery from an intubating dose of rocuronium: a randomised
Referências: controlled trial. Eur J Anaesthesiol. 2012;29:95-9.
1. Rando K, Castelli J, Pratt JP, et al. Ultrasound-guided internal ju-
gular vein catheterization: a randomized controlled trial. Heart
Lung Vessel. 2014;6:13-23. TLO901 BLOQUEIO SUBARACNÓIDEO ALTO EM GESTANTE
2. Kapral S, Greher M, Huber G, et al. Ultrasonographic guidance
Thiago Almeida Brasileiro, Amanda Bernardes Lourenço Barbosa*,
improves the success rate of interscalene brachial plexus blocka-
Tainã Medeiros Versiani Ribeiro Matos,
de. Reg Anesth Pain Med. 2008;33:253-8.
Bruno Carvalho Cunha de Leão, Helena Araujo Damasceno,
Felipe Pinheiro Bottrel
TLP921 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROLONGADO EM Maternidade Odete Valadares, Fundação Hospitalar do Estado de
GESTANTE COM ECLÂMPSIA RECEBENDO SULFATO DE Minas Gerais (Fhemig), Belo Horizonte, MG, Brasil
MAGNÉSIO
Relato de caso: Gestante de 24 anos, primigesta, sem comorbida-
Amanda Bernardes Lourenço Barbosa, des, em trabalho de parto, submetida à analgesia epidural, com
Sérgio Renato Araújo Freitas*, Bruno Carvalho Cunha de Leão, punção mediana no espaço L3-L4, agulha Tuohy 18G, sob perda de
Thiago Almeida Brasileiro, Samuel Reis da Silva, resistência, punção única, passado cateter epidural e administrada
Rodrigo Dutra Porto ropivacaína 0,15% 16 mL. Três horas depois, trabalho de parto evolui
com distócia de progressão, indicou parto cesáreo. Equipe opta por
Hospital Julia Kubitschek (HJK), Fundação Hospitalar do Estado de
retirada do cateter e punção subaracnóidea, com agulha Whitacre
Minas Gerais (Fhemig), Belo Horizonte, MG, Brasil
27G, L2-L3, com infusão lenta de bupivacaína 12 mg, fentanil 15
Introdução: O sulfato de magnésio é usado frequentemente du- mcg e morfina 60 mcg. Após estabelecer posição supina, a paciente
rante o período perioperatório como adjuvante da anestesia, além evoluiu com dispneia, dessaturação e queda dos níveis pressóricos.
de ser o tratamento de escolha de crises convulsivas na gestante. Iniciamos infusão contínua de fenilefrina, 0,15 mcg/kg/min e assis-
Quando administrado na indução anestésica, prolonga a duração tência ventilatória não invasiva com pressão positiva. Houve me-
da ação e reduz a latência dos bloqueadores neuromusculares não lhoria espontânea do quadro respiratório após 20 min., foi mantido
despolarizantes. o uso de oxigênio suplementar por cateter nasal até o término do
Relato de caso: Gestante, 23 anos, primigesta com 36 semanas de procedimento.
idade gestacional, obesa, admitida com quadro de pré-eclâmpsia. Discussão: O bloqueio subaracnoide alto é uma complicação rara,
Recebeu bolus de sulfato de magnésio uma hora antes e foi mantida ocorre mais frequentemente durante técnica de punção epidural
infusão contínua de 2 g por hora. Apresentou crise convulsiva que com perfuração inadvertida de dura-máter. Na população obstétrica
cessou espontaneamente, transferida para bloco em pós-comicial, há um risco aumentado para essa complicação, devido a maior com-
arresponsiva, sem proteção de vias aéreas. Submetida a IOT em se- pressão meníngea pelo plexo venoso peridural dilatado, aumenta a
quência rápida, recebeu 250 mcg de fentanil, 200 mg de propofol e dispersão cefálica do anestésico. Início precoce de bloqueio motor,
100 mg de rocurônio (aproximadamente 1 mg/kg). Feita cesariana, dispneia e quedas abruptas da pressão arterial devem levar à sus-
mantida sedação com sevoflurano, manteve estabilidade hemodi- peição, com indicação de cesárea de urgência e apoio ventilatório
nâmica durante todo o procedimento. Monitorada de BNM com SQE invasivo em casos de bloqueio completo, apneia e hipotensão. Em
(sequência de quatro estímulos) que se manteve zerada até cerca relação à raquianestesia precedida de anestesia epidural, o meca-
de duas horas após a intubação, foi transferida sedada e em VM nismo exato da ocorrência do fenômeno ainda é desconhecido. Pos-
para unidade de emergência após quatro horas de intubação, com síveis explicações seriam a absorção de anestésico local do espaço
aparecimento apenas de T1 na SQE. peridural para o subaracnóideo, a hipótese de que a pressão epidu-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S55

ral se torne atmosférica após a inserção do cateter, resulte numa a incidência desse evento foi mais frequente nas pacientes
maior dispersão de anestésico local consequente de alterações no posicionadas em decúbito lateral esquerdo durante a feitura
volume e circulação do líquor, ou colapso do espaço subaracnóideo do bloqueio. A incidência de vômitos também foi maior nessas
abaixo do nível de punção, o que leva a maior dispersão cefálica. pacientes, mas sem diferença estatisticamente significativa.
Identificar quais pacientes estariam sob maior risco de desenvolver Referência:
tal complicação ainda é um desafio. Até que novos estudos sejam 1. Ngan Kee WD. Prevention of maternal hypotension after region-
publicados, é recomendável maior atenção ao fazer anestesia suba- al anaesthesia for caesarean section. Curr Opin Anaesthesiol.
racnóidea em gestantes já submetidas à anestesia epidural. 2010;23:304-9.
Referências:
1. Furst SR, Reisner LS. Risk of high spinal anesthesia following fai-
led epidural block for cesarean delivery. J Clin Anesth. 1995;7:71- TLP643 COMPLICAÇÃO PÓS-ANESTESIA EPIDURAL PARA
4. CESARIANA
2. Heather YZ. Reversal of high spinal anesthesia with cerebrospi-
Matheus Leandro Lana Diniz*, Lucas Rodrigues de Castro,
nal lavage after inadvertent intrathecal injection of local anes-
thetic in an obstetric patient. Can J Anaesth. 2014;61:1004-7. Samuel Reis da Silva, Cloves Alves Moutinho Júnior,
Cláudio Henrique Corrêa, Walkiria Wingester Vilas Boas
Hospital Municipal Odilon Behrens (HMOB), Belo Horizonte, MG,
TLO083 COMPARAÇÃO DOS EFEITOS HEMODINÂMICOS Brasil
DA RAQUIANESTESIA FEITA NA POSIÇÃO SENTADA OU
Introdução: Os bloqueios de neuroeixo sabidamente são responsá-
EM DECÚBITO LATERAL ESQUERDO EM GESTANTES
veis por redução da mortalidade materna no que tange à anestesia
SUBMETIDAS À CESARIANA obstétrica. Tanto a via intratecal como a epidural são opções para
Vanessa Nóbrega Cavalcanti, se conduzir uma cesariana consagradas na literatura, cabe ao anes-
Raphaella Amanda Maria Leite Fernandes, tesista saber lidar com as particularidades de cada uma.
Sérgio Veloso da Silveira Menezes, Relato de caso: A.G.R., 27 anos, secundigesta, ASA I, com relato de
Emmanuel Victor Magalhães Nogueira, cefaleia pós-raquianestesia em cirurgia cesariana prévia. Paciente
Suzana Marine Duarte Martins Dourado*, Mariana Carla Porto Cabral com monitoração-padrão não invasiva e com acesso venoso 18G foi
submetida à anestesia epidural com agulha Tuohy 18G sem rotação
Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco e técnica de perda de resistência com ar intermitente com 20 mL de
(UFPE), Recife, PE, Brasil ropivacaína 0,75%, 100 mcg de fentanil e 2 mg de morfina. Feitas dose
Justificativa e objetivo: A raquianestesia, técnica anestésica de teste e aspiração que se mostraram negativas. Bloqueio sensitivo foi
escolha para cesariana, pode causar distúrbios circulatórios influen­ alcançado em 10 minutos no nível de T4. Repercussão hemodinâmica
ciados pela posição da gestante durante e imediatamente após a suave com necessidade de um bolus de 40 mcg de fenilefrina. Parto
punção subaracnóidea e injeção do anestésico. Não existe consenso sem intercorrências, RN termo com escore de Apgar adequado, útero
na literatura sobre qual a posição relacionada com maior ou menor bem contraído, administrados ocitócito e sintomáticos. RN posiciona-
incidência de complicações cardiovasculares no intraoperatório. do para contato pele a pele na sala de parto e iniciada amamentação.
O objetivo deste ensaio clínico foi comparar a incidência das A partir desse momento, paciente demonstrou sonolência discreta
repercussões hemodinâmicas em raquianestesia na posição sentada e que progrediu para perda de consciência e apneia na SRPA (uma hora
em decúbito lateral esquerdo em gestantes submetidas à cesariana. após anestesia epidural). Paciente recebeu apoio respiratório.
Método: Foram incluídas no estudo 70 gestantes entre 18 e 45 Discussão: As complicações decorrentes de anestesias peridurais
anos, classificadas como estado físico ASA II ou III, divididas em dois decorrem de efeitos tóxicos sistêmicos dos anestésicos e alergias,
grupos de acordo com a randomização, para serem submetidas à raquianestesia total, cefaleia pós-punção da dura-máter, fístula li-
raquianestesia em posição sentada (Grupo S) ou em decúbito lateral quórica, bloqueio simpático, depressão respiratória, infecção, he-
esquerdo (Grupo D). Bupivacaína hiperbárica (12 mg) e morfina matoma peridural e outras. A anestesia subdural acidental é uma
(80 mcg) foram administradas em 10 a 15 segundos e em seguida complicação rara que varia de 0,2 a 7%. Esse diagnóstico foi su-
as pacientes foram colocadas em decúbito dorsal horizontal e gerido no caso descrito devido aos sinais e sintomas apresentados
mantidas com desvio manual do útero para esquerda até a retirada pela paciente e ao tempo em que ocorreram: depressão respira-
do feto. Foram registradas a pressão arterial e a frequência cardíaca tória e perda de consciência após uma hora do bloqueio, bloqueio
antes do bloqueio e posteriormente a cada 1 minuto nos primeiros simpático leve, anisocoria. Na injeção subdural, a clínica depende
10 minutos, a cada 3 minutos nos 10 minutos seguintes e a cada do volume e da dispersão do anestésico local nesse espaço, pode
5 minutos após 20 minutos de bloqueio. Hipotensão foi definida ocorrer depressão respiratória, hipotensão, bloqueio sensitivo alto
como redução na pressão arterial sistólica > 20% em relação aos e pode até mesmo afetar pares cranianos. O bloqueio muitas vezes
valores de referência. Bradicardia foi definida como frequência é desproporcional ao volume injetado, pode poupar fibras simpáti-
cardíaca menor do que 50 bpm ou abaixo de 80% do valor basal. cas e motoras e também pode ter uma clínica heterogênea quanto
A ocorrência de náuseas e vômitos e o uso de vasopressores também ao comportamento, pode ser extenso, restrito ou unilateral. O diag-
foram avaliados no intraoperatório. nóstico é muitas vezes retrospectivo e idealmente deve ser cor-
Resultado: A incidência de hipotensão foi maior no grupo D em roborado com exames de imagem. Fatores que podem contribuir
relação ao grupo S (84,8% × 58,1%), com diferença estatisticamente para a ocorrência de bloqueio subdural são: punção lombar recente,
significativa (p < 0,05). A presença de bradicardia não foi verificada cirurgias espinhais, punção em múltiplas tentativas e rotação da
no grupo D e em três pacientes (9,7%) do grupo S, mas essa diferen- agulha de peridural. Tratamento de apoio é oferecido de acordo
ça não foi estatisticamente significativa. O percentual de gestantes com a clínica apresentada.
com náuseas foi mais elevado no grupo S (38,7% × 30,3%). Entretan- Referências:
to, a presença de vômitos foi mais elevada no grupo D em relação 1. Agarwal D, Motha M, Tyagi A, et al. Subdural block and the anes-
ao grupo S (21,2% × 3,2%). Não houve diferenças estatisticamente thetist. Anaesth Intens Care. 2010;38:20-5.
significativas entre os grupos para bradicardia, náuseas e vômitos. 2. Shin S, Cho YY, Park SJ, Koo BN. Apnea and unconsciousness after
Conclusão: No presente estudo, a maioria das pacientes submetidas accidental subdural placement of an epidural catheter. Korean J
à cesariana sob raquianestesia apresentou hipotensão arterial, Anesthesiol. 2013;64:554-5.
S56 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLP840 CRISE CONVULSIVA EM CESARIANA PORTADORA Introdução: Doença de von Willebrand (vWD) é doença hereditária
DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E SÍNDROME DA de transmissão autossômica dominante ou recessiva em que o fa-
ENCEFALOPATIA POSTERIOR REVERSÍVEL: RELATO DE tor de von Willebrand (vWF) se encontra defeituoso ou deficiente,
CASO dificulta a adesão plaquetária ao endotélio lesado e compromete a
estabilidade do fator VIII. A incidência é estimada em 1% da popu-
Ozita Lamara Lobo Ferreira*, Hugo Henrique Coutinho Lima, lação e a associação com puerperalidade é rara. O tipo 1 (70%) tem
Williams Barbosa Melo, Bruno Mendes Carmona, deficiência quantitativa de vWF; o tipo 2 (25%), deficiência qualita-
Antonio Jorge Ferreira da Silva Júnior, Bruno Oliveira de Matos tiva; e o tipo 3 (5%), deficiência virtualmente completa. Tem clínica
variável, desde leve sangramento mucocutâneo até hemorragias
Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
graves. Os três principais critérios diagnósticos são: história de he-
Introdução: A síndrome da encefalopatia posterior reversível (PRES) morragia mucocutânea, história familiar de sangramento e análise
apresenta-se como uma nova entidade clinicamente caracterizada laboratorial do vWF.
por perda visual, alterações sensoriais, cefaleia e convulsões. Pode Relato de caso: I.K.F.M., 24 anos, G1P0A0, 34ª semana, grupo san-
estar associada a várias condições clínicas, principalmente insufi- guíneo O negativo, internada em 10/04/17 em maternidade de re-
ciência renal, hipertensão arterial e terapia imunossupressora. Sua ferência por doença hipertensiva específica da gestação e vWD. Em
patogenia ainda não foi esclarecida. Uma possível associação de questionário¹ aplicado em visita pré-anestésica, o escore foi 2 (-1
doenças autoimunes com a PRES foi recentemente sugerida. Têm a 4) devido a sangramento excessivo em extração dentária e re-
sido relatados achados tomográficos e de ressonância magnética solução clínica. Desconhecia família biológica. Diagnosticada com
que traduzem a presença de edema subcortical e, ocasionalmente, vWD após feitura de único exame laboratorial com vWF de 36%.
cortical nos lobos occipital e parietal. Em internamento, foi diagnosticada centralização fetal em ultras-
Relato de caso: Mulher, 33 anos, 63 kg, estado físico ASA P2, por- sonografia e solicitada interconsulta com hematologia que indicou
tadora de lúpus eritematoso sistêmico (LES) em uso de prednisona hemotransfusão de vWF/FVIII no procedimento. TP e TTPa normais.
e hidroxicloroquina, gestante a termo, programada para cesariana A cesariana foi feita em 21/04/17 e o vWF/FVIII foi administrado em
eletiva. Exames pré-operatórios normais. Após monitoração obri- sala cirúrgica. O procedimento foi feito sob anestesia geral. Feito
gatória e venóclise, foi feita raquianestesia com agulha 27G com ácido tranexâmico 1 g após indução. Intubação em sequência rápida
punção única em L3-L4 com injeção de bupivacaína hiperbárica com remifentanil 8 ng/mL, propofol 2 mg/kg e rocurônio 1,2 mg/kg.
0,5% 10 mg, morfina 0,04 mg e fentanil 20 mcg. Durante a cirurgia Manutenção de anestesia com remifentanil 4 ng/mL e sevoflurano
a paciente manteve-se com pressão arterial média de 100 mmHg 0,5 CAM. Extubada em sala, sem instabilidade hemodinâmica. Ácido
e frequência cardíaca de 110 bpm, mesmo após o nascimento do tranexâmico 10 mg/kg/h por seis horas pós-parto.
neonato. Cerca de 30 minutos após o início da cirurgia, a paciente Discussão: Os testes diagnósticos da vWD incluem medida da proteí-
relatou cefaleia leve. A cirurgia durou 70 minutos e, ao término, na vWF (antígeno vWF) e do FVIII:C e teste de capacidade do vWF de
durante a passagem para a maca de transporte, a paciente apre- ligar as plaquetas, com cofator de ristocetina vWF. Indivíduos com
sentou alteração visual, seguida de crise convulsiva tônico-clônica sangue tipo O têm níveis de vWF de 25% a 30% inferior àqueles com
única de duração aproximada de um minuto, tratada com midazo- outros tipos. A paciente tinha apenas a dosagem de vWF baixo, pode
lam 5 mg. Houve reversão total do quadro e a paciente foi levada ser interrogado possível vWD ou vWF baixo. O tratamento primário
ao CTI com Glasgow 15. Após 12 horas do ato cirúrgico, a ressonân- para o tipo 1 ou vWF baixo, sintomáticos, é DDAVP, que pode ser
cia magnética (RM) do crânio mostrou hiperintensidade subcortical usada em episódios de sangramento não severos ou como profilaxia
em T2, sem impregnação em ambos os lobos occipitais. A paciente antes de procedimentos invasivos ou pequenas cirurgias em pacien-
apresentou evolução satisfatória, recebeu alta hospitalar após três tes sabidamente responsivos. Os que não respondem a DDAVP, ou se
dias assintomática. contraindicada, são tratados com concentrados vWF/FVIII ou vWF
Discussão: Os achados de imagem e os sintomas descritos, apesar de recombinante. Antifibrinolíticos podem ser benéficos.
inespecíficos, podem ser sugestivos da PRES, uma vez que poderiam Referências:
representar uma forma particular de manifestação neurológica do 1. Bowman M, Mundell G, Grabell J, et al. Generation and valida-
LES, com achados característicos na RM e prognóstico geralmente tion of the Condensed MCMDM-1 VWD Bleeding Questionnaire for
favorável. Anti-hipertensivos, anticonvulsivantes e cuidados de von Willebrand disease. J Thromb Haemost. 2008;6:2062-6.
apoio compreendem o pilar do tratamento. A associação entre a 2. Bowman ML, James PD. Controversies in the diagnosis of Type 1
PRES e o LES é nova na literatura, trazendo novos desafios para o von Willebrand disease. Int J Lab Hematol. 2017;39(Supl 1):61-8.
ato anestésico nas pacientes portadoras de LES.
Referências:
1. Kur JK, Esdaile JM. Posterior reversible encephalopathy syndro- TLO674 DUPLO BLOQUEIO PARA CESARIANA EM GESTANTE
me – an underrecognized manifestation of systemic lupus erythe- COM ESTENOSE AÓRTICA SEVERA
matosus. J Rheumatol. 2006;33:2178-83. Josiani dos Santos Garcez, Tayalles Tavares Leite*,
2. Streck AS, Staub HL, Freitas CZX, et al. Síndrome da encefalo- Jamille Ferreira Leandro, Max Naves Lemes,
patia posterior reversível (PRES) e lúpus eritematoso sistêmico: Thiago Victor Sousa Chagas, Fernanda Paula Cavalcante
relato de dois casos. Rev Bras Reumatol. 2012;52:807-10.
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Universidade
Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
TLO027 DOENÇA DE VON WILLEBRAND E CESARIANA: Introdução: As doenças cardíacas representam a principal causa de
RELATO DE CASO mortalidade materna não obstétrica, pois há uma maior dificulda-
Maria Manuela Martins Rolim *, Rafael Peterson Soares Santos, de de adaptação cardiovascular às alterações hemodinâmicas da
Renata Maria Bueno Oiticica, Roberta Ribeiro Marques Brandão, gravidez. Entre as cardiopatias congênitas, a estenose aórtica por
válvula bicúspide apresenta maior prevalência entre as mulheres
Cláudio Abrantes de Lacerda Almeida,
em idade fértil.
Guaracy Cavalcante de Albuquerque
Relato de caso: C.A., 33 anos, 38 semanas e 5 dias de gestação, es-
Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), tenose aórtica severa por válvula bicúspide, assintomática, sem uso
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil de medicação. Ecocardiograma transtorácico evidenciou área valvar
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S57

aórtica 0,6 mm2, gradiente sistólico máximo 78 e gradiente sistólico sintomática persistente, refratária a bolus de 5 mg de efedrina.
médio 47 com integral da velocidade – tempo 0,22; átrio esquerdo Administrados 200 mcg de atropina, com aumento transitório da FC
34 mm, fração de ejeção 67% e função ventricular direita normal. para 100 bpm e da PA, manteve-se sistólica abaixo de 150 mmHg.
Programada resolução do parto por via cesariana eletiva. Feita mo- Infundidos 500 mL de SF0,9%. Intercorreu com queda da saturação,
nitoração com oximetria de pulso, cardioscópio e pressão arterial crepitação pulmonar bilateral com redução de MV associada a tosse
invasiva antes do duplo bloqueio. O bloqueio peridural ocorreu em com espuma rosácea. Diagnosticado EP com resolução gradativa dos
espaço L2-L3 com injeção de xilocaína com epinefrina 2% 5 mL e sintomas após medidas anticongestivas. Levada ao CTI estável, O2
passado cateter peridural. Em seguida, feita a raquianestesia em por CN.
L3-L4 com injeção de bupivacaína pesada 5 mg mais morfina 80 mcg Conclusão: O EP é associado a morbidade e mortalidade significa-
e sufentanil 2 mcg com volume total de 1,8 mL. O nível analgésico tivas. As causas mais comuns na gestação são: doença cardíaca de
sensitivo atingiu T6. O procedimento ocorreu em 40 minutos sem base, excesso de fluidos, uso de agentes tocolíticos e pré-eclâmp-
doses adicionais de anestésicos e estabilidade hemodinâmica sem sia. Nesse caso o quadro pode sido desencadeado pelo aumento da
necessidade de vasopressor durante todo o período, com a feitura FC, que causa redução do tempo de enchimento do VE. Independen-
da manobra de deslocamento manual uterino e infusão de 350 ml temente da patologia de base, o quadro deve ser diagnosticado e
de solução cristaloide, além de injeção lenta de ocitocina 10 U. tratado imediatamente.
O pós-operatório ocorreu em unidade de terapia intensiva por 48 Referência:
horas sem intercorrências. 1. European Society of Gynecology; Association for European Paedi-
Discussão: Gestantes com estenose aórtica têm risco aumentado atric Cardiology; German Society for Gender Medicine, Regitz-Za-
de mortalidade em procedimento anestésico, é criteriosa a escolha grosek V, Blomstrom Lundqvist C, Borghi C, et al. ESC Committee
da técnica entre anestesia geral e bloqueio de neuroeixo. Portan- for Practice Guidelines. ESC guidelines on the management of
to, o objetivo será manter a pré-carga, evitar hipotensão arterial cardiovascular diseases during pregnancy: the Task Force on the
sistêmica, depressão da contratilidade miocárdica e extremos de Management of Cardiovascular Diseases during Pregnancy of the
frequência cardíaca. European Society of Cardiology. Eur Heart J. 2011;32:3147-97.
Referências:
1. WR, Andrade LC. Anestesia para gestante cardiopata. Rev Med
Minas Gerais. 2009:19(Supl 1):S21-S62. TLP827 EMBOLIA AMNIÓTICA DURANTE CESARIANA:
2. Chandrasekhar S, Tolpin DA, Mangano DT. Anesthetic Manage- RELATO DE CASO
ment of the pregnant cardiac patient. In: Shnider and Levinson.
Dayane Giostri Cardoso Rampinelli*, Rosana Cardoso Magalhães,
Anesthesia for obstetrics. 5th ed., Philadelphia, Wolters Kluwer/
Marcia da Silveira Charneca Vaz, Leandro Cardoso de Lima,
Lippincott William e Wilkins; 2013:484-523.
Márcio Carneiro Vieira, Fabio dos Santos Cosso Martins
Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, Duque de
TLO362 EDEMA AGUDO DE PULMÃO DURANTE CESARIANA Caxias, RJ, Brasil
EM GESTANTE PORTADORA DE ESTENOSE MITRAL GRAVE
Introdução: A embolia amniótica, descrita por Meyer em 1926, é
Andreia Santos Cardoso, Maize Cordeiro de Melo*, entidade rara, de instalação abrupta e potencialmente fatal, com
Fernanda Rebouças Botelho, Fabiano Soares Carneiro, mortalidade materna de até 50% dos casos. Tem fisiopatologia imu-
Lucas Rodrigues de Castro, Marcela Lopes de Oliveira ne decorrente da entrada de líquido amniótico na circulação mater-
na, desencadeia eventos de degranulação, sintomatologia cardio-
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais
vascular e hematológica. Pode ocorrer em qualquer fase do parto.
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
O diagnóstico é de exclusão e apresenta prognóstico desfavorável.
Introdução: A estenose da válvula mitral (EM) moderada ou grave é Relato de caso: Mulher, 20 anos, negra, GII, PI, A0, IG 39 semanas,
mal tolerada durante gestação; o risco de descompensação depen- deu entrada em 04/01/2017, referia perda de líquido havia 24 horas
de da gravidade da estenose. A insuficiência cardíaca pode ocorrer e dor em região suprapúbica. Exame obstétrico: altura de fundo
em gestantes com EM, principalmente durante o 2o e 3o trimestre, uterino 38 cm, BCF 143 bpm, dilatação de 4 cm e bolsa rota com lí-
mesmo se previamente assintomáticas, e pode manifestar-se com quido meconial. Indicada cesariana e conduzida à sala operatória às
edema pulmonar (EP). Será relatado um caso de EP ocorrido durante 16h15. Sinais vitais: PA 120 × 70 mmHg, FC 88 bpm, saturação de O2
uma cesariana. de 99%. Feito bloqueio subaracnóideo entre L3-L4 com bupivacaína
Relato de caso: Gestante, 46 anos, IG: 39 + 2. Portadora de EM gra- hiperbárica 0,5%, 10 mg associados a morfina 80 mcg, atingiu nível
ve (reumática) assintomática, com tratamento clínico aprimorado. de bloqueio em T6. Parto cesáreo seguiu normalmente e nascimento
Capacidade funcional maior do que 4 METS. ECO: aumento impor- do RN às 16h40, APGAR 8 e 9. Administradas ocitocina 10 UI e ce-
tante de AE, área valva mitral por planimetria 1,4 cm2, ventrícu- fazolina 2 g em 200 mL de SF 0,9% EV. Às 17h, paciente apresenta:
los sem alterações. História de dois AVEs, sem sequelas. Submetida agitação, dispneia, piloereção, queda da saturação de O2 (88%) e
a valvuloplastia mitral percutânea por balão em 2008. Em uso de bradicardia (45 bpm). Feita intubação orotraqueal, administradas
propranolol, furosemida e heparina durante a gestação, a última hidrocortisona 500 mg EV, adrenalina 0,2 mg SC, atropina 0,75 mg
interrompida havia cinco dias. Internada por rotura prematura de EV. Após dois minutos, evolui para PCR revertida após um ciclo de
membranas. Iniciada indução do trabalho de parto, evoluiu com pa- RCP. Estável hemodinamicamente, foi levada ao CTI e reavaliada
drão fetal não tranquilizador à cardiotocografia. Indicada cesariana, pela equipe de obstetrícia, que optou por nova abordagem cirúrgi-
instalada monitoração básica e optou-se por anestesia regional. FC ca, que ocorreu às 19h. Paciente não sedada, PA 80 × 50 mmHg em
basal 50-60 bpm, PA em torno de 110/70 mmHg. Injeção de 10 mg de uso de noradrenalina, mal adaptada à ventilação mecânica. Iniciada
bupivacaína pesada e 60 mcg de morfina em espaço subaracnoide. anestesia inalatória (sevoflurano e O2) e bloqueador (rocurônio 50
Falha parcial de bloqueio. Nova punção com injeção de 7,5 mg de mg EV). Na abordagem, não foi evidenciado sangramento ativo ou
bupivacaína pesada. Bloqueio instalado no nível de T6. Repercussão atonia uterina. Retorno ao CTI às 20h25. Continuou internada por
hemodinâmica mínima, corrigida prontamente com bolus de 0,5 mg mais 21 dias para ajuste de índices hematimétricos, foi extubada no
de metaraminol. Extração fetal sem intercorrências. Administra- quinto dia. Teve alta assintomática em 26/01/2017.
das 3 UI de ocitocina em bolus lento, contração uterina adequada, Discussão: Por ser doença rara e apresentar-se com variáveis
iniciada dose de manutenção. Paciente evoluiu com bradicardia sinais e sintomas, há necessidade de diagnósticos diferenciais.
S58 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Portanto, é uma patologia grave e de difícil diagnóstico, porém 2. Horta ML, Lemonica IP. Passagem transplacentária e efeitos em-
medidas de apoio emergenciais e conhecimento melhor da doença briofetais de drogas usadas em anestesia. Rev Bras Anestesiol.
afetam diretamente o resultado da morbimortalidade. As preva- 2002;52:101-13.
lências são nas seguintes situações: durante trabalho de parto, 3. Carvalho FAE, Tenório SB. Estudo comparativo entre doses de
abortamento e período pós-parto imediato. A apresentação clássi- morfina intratecal para analgesia após cesariana. Rev Bras Anes-
ca é um quadro de insuficiência respiratória súbita, muitas vezes tesiol. 2013;63:492-9.
seguida de PCR. O diagnóstico é de exclusão, pois não há exames
diagnósticos de certeza. O tratamento é de apoio ATLS com vaso-
pressores e fármacos inotrópicos e, se necessária, reposição de TLO279 EXIT-SÍMILE: DESAFIOS ANESTÉSICOS
fatores de coagulação. Raphael Silva Bonelle, Soraia Menezes Genelhú,
Referências: Lays Ignacia Altoé Lopes*, Celia Diniz Lima Gr, Alice Amorim Pereira
1. De Almeida EP, Almeida MAC, do Amaral LM, et al. Embolia
Vitória Apart Hospital, Serra, ES, Brasil
pulmonar por líquido amniótico. Rev Bras Terap Intens.
2007;19;237-41. Introdução: O tratamento extraútero intraparto (EXIT), previamente
2. Meletti JFA, Miranda RVB. Embolia amniótica durante parto nor- descrito em 1992, envolve o parto parcial do feto enquanto mantém
mal sob analgesia. Rev Bras Anestesiol. 2008;60;397-402. a circulação uteroplacentária até a garantia da perviabilidade da via
aérea fetal. Esse procedimento, na maioria das vezes, é feito sob
anestesia geral com agentes inalatórios que promovem hipotonia
TLO150 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OPIOIDES uterina e facilitam a feitura da técnica cirúrgica. A técnica EXIT-
INTRATECAL E BLOQUEIO DO PLANO TRANSVERSO símile consiste na redução das vísceras da gastrosquise com a
ABDOMINAL GUIADO POR ULTRASSOM PARA ANALGESIA manutenção da circulação fetoplacentária, evita a demora entre
o nascimento e a redução cirúrgica e a deglutição de ar durante o
PÓS-CESARIANA
choro, que interferem negativamente na redução. Foi descrita sob
Taylor Brandão Schnaider, Manuel Gouvêa Otero Y. Gomez*, raquianestesia e remifentanil endovenoso, evitou a exposição da
Pedro Faria de Oliveira, Thaína Alessandra Brandão, mãe e do feto aos riscos de uma anestesia geral.
Antônio Mauro Vieira, Antônio Carlos Aguiar Brandão Relato de caso: Paciente 34 anos, G3PN1A1, IG 37 semanas e 1
dia, PS 2. Feto diagnosticado com gastrosquise desde a 12ª semana
CET/SBA da Faculdade de Ciências Médicas de Pouso Alegre, Pouso de gestação com acompanhamento multidisciplinar e controle
Alegre, MG, Brasil ultrassonográfico mensal até a 30ª semana gestacional e quinzenal
Justificativa e objetivo: Como se sabe dos possíveis riscos fetais e até o parto. Admitida em trabalho de parto e indicada cesariana.
complicações maternas pós-operatórias, devido ao uso de opioides, Foi monitorada com cardioscopia (DII E V5), spO2, PNI e feita venó-
o bloqueio do plano transverso abdominal (TAP) guiado por USG clise com extracath 18G. Optou-se por raquianestesia com levobu-
pode se tornar uma opção válida nesses casos. O objetivo deste pivacaína hiperbárica 0,5% 12,5 mg e morfina 80 mcg associada a
estudo foi comparar a analgesia entre anestesia subaracnóidea com remifentanil em infusão contínua de 0,05 mcg/kg/min 5 minutos an-
opioide ou o bloqueio TAP guiado com USG em cesariana. tes da incisão cirúrgica e de 0,1 mcg/kg/min da incisão até o clam-
Método: Participaram do estudo primário, clínico, prospectivo, peamento do cordão umbilical, total de 15 minutos de analgesia.
aleatorizado, 60 pacientes, ASA I e II, cada grupo com 20 pacientes. A redução das alças intestinais foi feita em 5 minutos por cirurgião
Grupo I: cloridrato de bupivacaína hiperbárica 0,5% 13 mg (2,6 mL) pediátrico com monitoração do bem-estar fetal pela pulsação do
+ morfina 80 mcg (0,4 mL); Grupo II: cloridrato de bupivacaína hi- cordão umbilical e saturação de oxigênio. A RN manteve saturação
perbárica 0,5% 13 mg (2,6 mL) + citrato de fentanila espinhal 20 de oxigênio de 98% durante e após o procedimento, sem necessida-
de de reanimação neonatal e oxigênio suplementar. Iniciou alimen-
mcg (0,4 mL); Grupo III: cloridrato de bupivacaína hiperbárica 0,5%
tação no 7º dia e alta hospitalar no 30° dia de vida.
13 mg (2,6 mL) + agua destilada (0,4 mL), associada ao TAP guiado
Discussão: A morbimortalidade da gastrosquise está associada às con-
com USG pós-cirúrgico. As pacientes foram avaliadas em períodos
sequências do tratamento cirúrgico como tempo de jejum e necessi-
de 6h, 12h, 18h e 24h, nos quais foi aplicada a escala analógica
dade de assistência ventilatória. A ação ultracurta do remifentanil,
visual de dor. Usou-se o teste de Kruskal-Wallis; o nível de signifi-
com início de ação de 1 minuto e meia-vida de 3 minutos, atravessa a
cância estatística foi fixado em 5%.
barreira placentária e é rapidamente metabolizada pelo neonato com
Resultado: Às 6h, o bloqueio TAP (média = 1,00; mediana = 0,00)
mínimo acúmulo. Associada à raquianestesia, promove uma anestesia
apresentou melhor analgesia em relação à morfina (média = 1,85; efetiva ao feto e à mãe, mantém a consciência materna com mínimo
mediana = 0,50) e essa em relação à fentanila (média = 3,45; me- efeito sedativo, diminui os riscos negativos de uma anestesia geral
diana = 5,00), p = 0,009; às 12h, a morfina (média = 1,35; mediana materna, além de diminuir a chance de necessidade de assistência
= 0,00) apresentou melhor analgesia em relação ao bloqueio TAP ventilatória fetal e manobras que distendam as alças intestinais e
(média = 2,50; mediana = 2,00) e esse em relação à fentanila (mé- piorem a morbidade pós-cirúrgica.
dia = 3,60; mediana = 4,00), p = 0,002; às 18h, a morfina (média Referências:
= 1,95; mediana = 1,50) apresentou melhor analgesia em relação 1. Whited C, Raynor E. The use of remifentanil in ex intrapartum
ao bloqueio TAP (média = 3,00; mediana = 2,00) e esse em relação treatment procedures. Open J Pediatr. 2013;3:366-9.
à fentanila (média = 3,90; mediana = 4,50), p = 0,007; às 24h não 2. Svetliza J, Palermo M, Espinosa AM, et al. Procedimiento simil-
ocorreu diferença estatística entre os grupos: fentanila (média = exit para el manejo de gastrosquisis. Rev Ibero-Americana Med
3,20; mediana = 2,00), morfina (média = 1,95; mediana = 1,50) e Fetal Perinatal. 2007;1:7-12.
bloqueio TAP (média = 2,10; mediana = 2,00), p = 0,190.
Conclusão: Nas primeiras seis horas, o bloqueio TAP foi quem
apresentou melhor analgesia pós-operatória; quanto ao uso da TLP300 GESTANTE A TERMO USUÁRIA DE CRACK
morfina, a analgesia foi melhor às 12h e 18h; no tempo de 24 horas, COM INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA, MANEJO
foi semelhante entre os três grupos. ANESTÉSICO
Referências:
Rodolfo Ragnolli Perez*, Josie de Kátia Grizo Criscuolo Miksche,
1. Ripollés J, Mezquita SM, Abad A, et al. Analgesic efficacy of the
Christiano Montenegro Fonseca
ultrasound-guided blockade of the transversus abdominis plane –
A systematic review. Rev Bras Anestesiol. 2015;65:255-80. Hospital Santa Casa de Jaú, Jaú, SP, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S59

Introdução: Gestantes em uso de drogas ilícitas estão cada vez mais bimanual, ocitocina e misoprostol. Após admissão na sala cirúrgica,
comuns na prática anestésica. O crack é a forma fumada da cocaí- puncionados acessos periféricos com cateter 16G e 18G e coletado
na. O seu consumo aumentado tornou-se objeto de estudo pela sua sangue para exames laboratoriais. Feita anestesia geral, indução
interação medicamentosa com os fármacos usados em anestesia e de sequência rápida com etomidato 0,3 mg/kg, fentanil 3 mcg/
seus efeitos sistêmicos. O pulmão é o órgão mais acometido após kg, succilcolina 60 mg. Feita e confirmada IOT, então liberou-
sua inalação; observam-se várias manifestações, como tosse, dor se a equipe cirúrgica para intervenção. Iniciada transfusão de
torácica, dispneia, edema pulmonar e hemoptise. concentrado de hemácias (CH) O negativo, cristaloide aquecido
Relato de caso: Paciente L.F.S., feminino, 21 anos, 55 kg, 155 cm, na vazão permitida pelo cateter 18G e autorizada liberação das
G3P2A0, gestação de 38 semanas pela DUM, chegou à instituição demais unidades sem prova cruzada. Transfundidas duas unidades
com insuficiência respiratória aguda, oximetria de 87% em ar am- de CH O positivo e três unidades de plasma fresco congelado (PFC)
biente após uso de crack, foi levada para UTI, onde uma equipe enquanto foram feitos curagem, laparotomia exploradora e sutura
multidisciplinar decidiu por interrupção da gestação. No centro de B-Lynch sem sucesso e optou-se para histerectomia subtotal
cirúrgico, optou-se por anestesia geral balanceada com etomida- e hemostasia. No fim da cirurgia foram infundidos 4 L de ringer
to 0,2 mg/kg, remifentanil em infusão contínua 0,4 mcg/kg/min, lactato, três unidades de concentrado de hemácias e três unidades
rocurônio 1,2 mg/kg com indução em sequência rápida e uso de se- de plasma fresco congelado, diurese 250 mL, HT 22%, Hb 7,5 g/
voflurano 0,75% CAM para manutenção, iniciado após a retirada do dL, plaquetas 220.000 e fibrinogênio 333 mg. A paciente apresentou
feto. Após seis minutos do início, criança viva, 3,020 kg, APGAR 10 parâmetros hemodinâmicos e respiratórios que possibilitaram a
no primeiro minuto e manteve no 5° e 10º. Hidratação com solução extubação. Levada à UTI, consciente, orientada, descorada++ (4+),
cristaloide conservadora, sangramento cirúrgico dentro do espera- temperatura 36°C e hemodinamicamente estável. Exames após
do. Paciente não apresentou instabilidade intraoperatória. Foi leva- transfusão: HB = 8,5 g, Ht 25,5%, plaquetas 103.000, fibrinogênio =
da em ventilação mecânica para UTI, sedação com fentanil e mida- 419 mg/dL, lactato 1,6 mg/dL, pH 7,38, creatinina 0,3 mg/dL e 24
zolam em infusão contínua, estável hemodinamicamente, mantida horas após internamento na UTI, descorada + (4+), Hb 8,9 mg/dL,
em ventilação mecânica por 14 dias, posteriormente colocada em HT 26, lactato 1,2 mg/dL, pH = 7,41, TTPA = 21, fibrinogênio = 419
espontânea e levada para a enfermaria. mg/dL, TTPA = 8,85, transferida para a enfermaria, recebeu alta
Discussão: A cocaína tem ação de anestésico local e estimulante do após quatro dias.
SNC, inibe a recaptação dos neurotransmissores catecolaminérgicos Discussão: O pronto diagnóstico por parte da equipe obstétrica e o
pelos receptores pré-sinápticos, exerce efeitos simpaticomiméticos. rápido tratamento baseado na meta de manter volemia adequada,
Portanto, a anestesia regional é temível pela hipovolemia relativa normotermia, fibrinogênio acima de 200 mg/dL e nível de
e baixa resposta a vasoconstritores de ação indireta, a anestesia hemoglobina acima de 7 g resultou em desfecho favorável e evitou
geral com sequência rápida é uma opção. A escolha do etomida- transfusão desnecessária.
to proporcionou rápida indução e efeitos hemodinâmicos mínimos.
Devido à succinilcolina competir com a butirilcolinesterase, há uma
diminuição do seu efeito nos usuários de crack, assim optou-se pelo TLO556 HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA EM GESTANTE:
rocurônio, que também tem a vantagem de não alterar o APGAR e RELATO DE CASO
o PH do cordão umbilical, e remifentanil, por ser mais adequado
Aline Menezes Sampaio, José Carlos Rodrigues Nascimento,
para prevenir flutuações hemodinâmicas indesejáveis, como na la-
Francisco de Lucena Cabral Junior, Germano Pinheiro Medeiros,
ringoscopia, e apesar de atravessar a placenta tem eliminação fetal
Cristiane Gurgel Lopes, Denise Medeiros Pontes*,
rápida pelas esterases plasmática e teciduais. A grávida por si é
um paciente de risco; ter o conhecimento das várias repercussões Aline Menezes Sampaio
sistêmicas do crack e sua interação com a anestesia faz-se de suma Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil
importância, para assim evitar os desfechos desfavoráveis decorren-
tes dessa prática. Introdução: Hemorragia subaracnóidea (HSA) é a terceira mais
Referências: importante causa de mortalidade materna durante a gravidez.
1. Correa CH, Oliveira LSG, Assis JEA, et al. Anestesia no paciente Mortalidade materna devido à ruptura de aneurisma ocorre em 13%
usuário de crack e cocaína – artigo de revisão. Rev Med Minas a 35%. Ruptura do aneurisma é raro durante a gravidez e é difícil de
Gerais. 2014;24(Supl 3):S14-S19. diferenciar de eclâmpsia.
2. Costa MRSR, Alves RF, Franca MD. Manifestações pulmonares Relato de caso: M.H.M.S., 38 anos, G4P3A0, 38 semanas e 2 dias,
causadas pelo uso do crack – artigo de revisão. J Pneumol. apresentou quadro de cefaleia de início súbito com pioria progres-
1998;24:317-21. siva associada a vômitos e hipertensão. Procurou atendimento, no
qual se aventou a hipótese de iminência de eclâmpsia. Optou-se
por fazer cesárea. Durante a feitura da raquianestesia, observou-
se LCR sanguinolento, foi suspenso o procedimento diante da hi-
TLP161 HEMORRAGIA PÓS-PARTO – RELATO DE CASO
pótese de HSA. Foi transferida para hospital de referência. Apre-
Tania Cursino de Menezes Couceiro, sentava-se estável hemodinamicamente, normotensa, sonolenta,
Roberto de Oliveira Couceio Filho, Vaniely Kaliny Pinheiro de Queiroz, respondia a estímulos e com presença de rigidez de nuca, sem
Mário Pereira Coutinho Júnior*, Marcelo Neves Silva, dinâmica uterina. Feita TC de crânio com evidência de HSA Fisher
Joyce Mendes Soares IV. USG obstétrico da admissão: sem alterações. Diante do laudo
da TC, avaliação da neurocirurgia sugeriu feitura de arteriografia
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
e embolização eletiva após resolução da gestação. Iniciada tera-
Recife, PE, Brasil
pêutica clínica com dexametasona, nimodipino, fenitoína, além
Introdução: No Brasil a hemorragia pós-parto é a segunda causa de de hiper-hidratação e repouso absoluto no leito. No dia seguinte,
morte materna e a atonia uterina responde pela maioria dos casos. a cesárea foi feita com anestesia geral balanceada. Para essa,
A abordagem multidisciplinar que vise a obedecer protocolos valida- houve monitoração com PANI, oximetria, BIS e cardioscopia. A in-
dos para o manejo do sangramento por parte da equipe anestésico- dução foi feita com remifentanil em bolus 1,5 mcg/kg, seguido
cirúrgica pode possibilitar desfechos positivos. de manutenção com 0,7 mcg/kg/min e propofol 170 mg. IOT sob
Relato do caso: Primigesta 17 anos, 53 kg, após parto transvaginal laringoscopia direta em sequência rápida sem uso de bloqueador
apresentou sangramento vaginal que não respondeu à manobra neuromuscular. Mantida a anestesia com sevoflurano e remifenta-
S60 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

nil. Em caso de hipotensão, foram feitas doses de metaraminol. hidroeletrolíticos são fenô­menos extremamente comuns nesses ca-
Houve retirada do bebê 7 minutos após a intubação. No fim do sos, deve-se atentar para hipocalcemia e hipercalemia secundárias
procedimento, foram feitas dipirona 2 g, morfina 4 mg e infiltra- à transfusão de hemocomponentes.
ção da ferida com ropivacaína 0,5%. Paciente foi extubada sem Referências:
intercorrências no fim do procedimento, manteve-se estável e 1. Giongo MS, Azzi T, Gios TS, et. al. Óbito pós-inversão uterina:
sem deficits. relato de caso. Arq Catarin Med. 2012;41:79-81.
Discussão: Não há guidelines definidos para qual tipo de aneste- 2. Walfish M, Neuman A, Wlody D. Maternal haemorrhage. Br J
sia se fazer nesse caso. Antes do procedimento, foram pensados Anaesth. 2009;103(Supl 1):i47-56.
os riscos e benefícios da anestesia subaracnóidea, peridural ou ge-
ral. Fez-se anestesia geral. O principal objetivo foi a estabilidade
cardiovascular da parturiente. A hipotensão poderia comprometer a TLO106 LESÃO PULMONAR AGUDA EM PUÉRPERA APÓS
vascularização uteroplacentária, e a hipertensão aumentaria o risco TRANSFUSÃO DE HEMODERIVADOS
de hemorragia.
Charles Almeida da Luz*, Estêvão Luiz Carvalho Braga,
Referências:
Paulo Alipio Germano Filho, Mara Lilian Périco Jordão,
1. Bateman BT, Olbrecht VA, Berman MF, et al. Peripartum subara-
chnoid hemorrhage: nationwide data and institucional experien- Carlos Eduardo Lopes Nunes, Núbia Verçosa Figueirêdo
ce. Anesthesiology. 2012;116:324-33. Hospital Federal de Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2. Coskun D, Mahli A, Yilmaz Z, et al. Anaesthetic management of
Introdução: Lesão pulmonar aguda associada à transfusão (TRALI),
caesarean section of a pregnant woman with cerebral arteriove-
na sua forma típica, é caracterizada como insuficiência respirató-
nous malformation: a case report. Cases J. 2008;1:327-9.
ria aguda, hipoxemia e edema pulmonar bilateral que ocorre em
até seis horas após a transfusão de hemoderivados que contenham
plasma. Sua fisiopatologia ainda não foi completamente desvenda-
TLP040 INVERSÃO UTERINA APÓS PARTO NORMAL
da. Entretanto, acredita-se na participação de anticorpos contra
Jean Beltoso Sena*, Raphael de Freitas Silva, antígenos leucocitários (classes I ou II) presentes no hemoderivado.
Luiz Guilherme Villares da Costa É uma condição grave, com incidência de aproximadamente um em
625 pacientes transfundidos, é considerada a maior causa de morbi-
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
dade e mortalidade associada à transfusão por diversos programas
Introdução: A inversão uterina é uma complicação grave, rara e po- de hemovigilância internacionais. É de difícil diagnóstico, exige um
tencialmente fatal, com mortalidade média de 15%; ocorre em um a alto grau de suspeição por parte do anestesista por apresentar ou-
cada 1.000 a 4.000 partos, no terceiro tempo do trabalho de parto. tras condições que gerem os mesmos sinais e sintomas. Entre os
Relato de caso: Paciente feminina, 32 anos, 59 kg, 1,65 m, diagnósticos diferenciais, constam sobrecarga volêmica e reações
G2P0A1, IG39 semanas, ASA P2, com queixa de perda de líquido transfusionais, entre outros.
vaginal, em bom estado geral, PA: 107 × 64 mmHg, BCF:150, colo Relato de caso: Paciente feminino, 70 kg, 41 anos, sem comor-
médio com 2 cm de dilatação. Após indução do trabalho de parto bidades, G4/P4, foi submetida à cesariana por DPP. No primeiro
com misoprostol e ocitocina, foi feito parto por via vaginal. Duran- dia de pós-operatório evolui com sangramento vaginal importante e
te a dequitação, apresentou sangramento de grande monta, com queda de 15 pontos no hematócrito. Recebeu 240 mL de concentra-
terceiro tempo prolongado, taquicárdica, sudoreica, pálida e hipo- do de hemácias ainda na enfermaria, onde apresentou hipotensão
tensa. Após diagnóstico de inversão uterina, a equipe anestésica associada à sudorese e calafrios. Interrompida a transfusão com
foi acionada. Paciente com PA: 98 × 38 mmHg, FC: 134 bpm e in- reversão dos sintomas. Levada ao centro cirúrgico com indicação
tenso sangramento vaginal após expansão volêmica com 1.000 mL de laparotomia exploradora. Admitida no centro cirúrgico hipoco-
de cristaloide pela equipe obstétrica. Em sala operatória, assegu- rada 3+/4+, com frequência cardíaca de 122 bpm e pressão arterial
rados dois acessos venosos calibrosos, monitorada com cardiosco- de 90 × 60. Hemograma inicial: Hb 5,5 mg/dL, Ht 16% e plaque-
pia, ECG, oximetria de pulso, termômetro axilar e pressão arterial tas 41.000/mL. Feita intubação orotraqueal em sequência rápida
não invasiva. Feita indução em sequência rápida com propofol 150 com etomidato 14 mg IV, rocurônio 90 mg IV e mantida anestesia
mg, fentanil 250 mcg, succinilcolina 100 mg e mantida anestesia inalatória com sevoflurano. Transfundidos 470 mL de concentrado
geral com sevoflurano a 0,7 CAM e remifentanil 2,5 ng/mL. A pa- de hemácia filtrada, 300 mL de plasma fresco congelado e 200 mL
ciente manteve-se estável, sem necessidade de drogas vasoativas de plaquetas. Após identificação de atonia e deiscência de sutura
em infusão contínua, recebeu 2.000 mL de cristaloides, 1,2 mg de uterina, foi feita infusão de 20 unidades de ocitocina IV, 0,2 mg de
metaraminol, 20 UI de ocitocina e 0,2 mg de ergometrina IM. Ao metilergometrina IM, 800 mcg de misoprostol via vaginal e 1 g de
término do procedimento, foram checados exames laboratoriais e ácido tranexâmico IV. Ocorreu interrupção do sangramento. Após 90
tromboelastometria que estavam dentro dos parâmetros normais, minutos, a paciente apresentou reversão da taquicardia inicial; foi
manteve-se estável, com HB de 8 mg/dL, sem droga vasoativa, extubada com PA 110 × 60 e FC de 88 bpm. Após 10 minutos da ex-
extubada e levada a UTI. tubação, evolui com importante insuficiência respiratória associada
Discussão: O principal sinal na inversão uterina é a hemorragia, à estertoração bilateral no tórax, saturação de 68%, pO2 40 mmHg,
de intensidade variável e constante, que pode levar a um impor- PCO2 39. Reintubada e levada ao CTI com FiO2 de 100%, pO2 50% e
tante comprometimento hemodinâmico. Paralelamente, o choque saturação de 88%. Após 48 horas, apresentou reversão do quadro
neurogênico ocorre de forma marcante devido ao estiramento dos sem intercorrências ou sequelas.
ligamentos largos, dos nervos peritoneais e de pressão sobre os ová- Discussão: A Trali é uma síndrome complexa que apresenta di-
rios. O tratamento obstétrico envolve a manobra de Taxe e, em versos diagnósticos diferencias, seu tratamento é basicamente de
casos mais graves, o procedimento de Huntington ou histerectomia apoio, evoluiu de forma benigna na maioria das vezes. O conheci-
subtotal, seguidos por infusão de uterotônicos após o reposicio- mento sobre sua fisiopatologia é escasso, o que dificulta o estabe-
namento. O apoio hemodinâmico abrange ressuscitação volêmica lecimento de medidas que identifiquem os pacientes susceptíveis
imediata com solução aquecida e drogas vasopressoras. A necessi- à Trali.
dade de transfusão sanguínea é frequente e deve ser individualiza- Referência:
da frente a intensos distúrbios da coagulação que ocorrem nesses 1. Bux J. Transfusion-related acute lung injury (TRALI): a serious
casos, a tromboelastometria é elemento fundamental. Distúrbios adverse event of blood transfusion. Vox Sang. 2005;89:1-10.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S61

TLO946 MANEJO ANESTÉSICO EM CESARIANA DE PACIENTE tabólicas tissulares. Na gestação, é considerada uma patologia de
PORTADORA DE TROMBOFILIA E PLACENTA PRÉVIA TOTAL alta letalidade materno-fetal e prognóstico reservado; é a principal
causa indireta de morte materna no período gravídico-puerperal.
Caroline Dias Lima*, Cleber Wagner de Carvalho,
No Brasil, a incidência de cardiopatia na gravidez é de 4,2%, índice
Naira Emy Oliveira Taketomi, Reginaldo Tavares Virgínio Filho, oito vezes superior às estatísticas internacionais.
Felipe Souza Thyrso de Lara, Celso Schmalfuss Nogueira Relato de caso: L.C.S., 36 anos, gestação gemelar, G8PN4C3A0 com
Irmandadade da Santa Casa de Misericórdia de Santos, Santos, SP, IG de 34 semanas. Diagnóstico prévio de insuficiência cardíaca devido
Brasil à estenose mitral moderada de origem reumática. História pregres-
sa de correção cirúrgica de megaesôfago idiopático havia 14 anos e
Introdução: As síndromes hemorrágicas são uma das principais causas valvuloplastia mitral percutânea em 2009. Admitida em março/2017
de morte entre gestantes no mundo, responsáveis por 25% da mor­ por insuficiência cardíaca (IC) descompensada, em programação para
talidade materna. Fatores de alto risco para sangramento periparto: resolução obstétrica após compensação de quadro clínico. Ao exame:
pré-eclâmpsia grave, anormalidades de implantação da placenta, BEG, aaa, LOTE, dispneica, FC: 72 bpm, PA: 100 × 70 mmHg, AC:
anemia prévia, plaquetopenia, sangramento anormal, coagulopatia, RCR 2T BNF sopro diastólico 3+/6+ em foco mitral. AP: murmúrio
uso de anticoagulantes e descolamento prematura de placenta. vesicular presente e estertores em bases bilaterais, saturação O2:
Relato de caso: Primigesta, 33 anos, 35 semanas e 4 dias de gesta- 98% em ar ambiente, MMII: presença de edema 2+/4+. Exames pré-
ção, ASA II, apresentou mutação C677T em gene MTHFR (metileno- vios: Ecott (11/16): Feve: 60%, mitral com estenose e fibrocalcifi-
tetra-hidrofolato-redutase) com diagnóstico de oligoâmnio e placen- cação importante, área valvar de 0,94 (Wilkins de 9) e pressão da
ta prévia total. Em uso de enoxaparina 40 mg/dia, AAS 100 mg/dia artéria pulmonar de 50 mmHg, ECG: ritmo sinusal, sobrecarga atrial
e progesterona via vaginal suspensos um dia antes do procedimento. esquerda e alterações da repolarização ventricular difusa. Evoluiu,
A programação cirúrgica consistia em cateterização das artérias hi- durante internamento, para trabalho de parto; foi indicada resolu-
pogástricas por acesso endovascular e sua embolização, se neces- ção obstétrica via alta devido à iteratividade. A paciente foi levada
sária, após a cesárea. Foi monitorada com cardioscopia, pressão para sala operatória (SO) monitorada com cardioscopia, PANI, SpO2,
arterial não invasiva, oximetria de pulso e acessos periféricos 18G capnografia e feita venóclise 18G em MSE. Antibioticoprofilaxia com
e 16G. Feita raquianestesia com 15 mg de bupivacaína hiperbárica, cefazolina 2 g EV. Após pré-oxigenação com O2 a 100%, feita indução
80 mcg de morfina e 5 mcg de sufentanil, punção única, sem inter- anestésica e IOT em sequência rápida com fentanil 150 mcg, lidocaí-
corrências. Após dequitação placentária, administraram-se 10 UI de na 2% sem vaso, etomidato 20 mg e succinilcolina 60 mg, IOT com
ocitocina, 3 UI em bolus lento de um minuto e 7 UI diluídos em soro tubo n 6,5 com cuff e posição confirmada por ausculta e capnografia.
fisiológico; dexametasona 10 mg, ranitidina 25 mg, dipirona 1 g e ce- Manutenção em VCM com propofol via venosa, em infusão com alvo
toprofeno 100 mg. Hidratação com 3.000 mL de solução cristaloide. regulado em 1,5 mcg/mL, remifentanil em BIC 0,1 mcg/kg/min e
A paciente manteve-se estável durante todo o procedimento, que cisatracúrio. Feito TAP block bilateral guiado por US com bupivacaína
durou duas horas e 40 minutos. Levada para o CTI no pós-operatório, com adrenalina 0,25% e lidocaína 1% sem vasoconstritor 40 mL. HV:
de onde recebeu alta em um dia. ringer lactato 1.200 mL. Ao término, descurarização, aspiração de
Discussão: Cesariana é o método recomendado para os pacientes orofaringe e extubação em SO sem intercorrências. Levada à UTI PA
com placenta prévia. A abordagem cirúrgica requer a localização 125 × 90 mmHg, FC 74 bpm, eupneica, satO2: 100%, estável e sem uso
da placenta para que a retirada do feto seja feita acima da borda de drogas vasoativas. Durante o procedimento a paciente apresentou
superior. A técnica endovascular baseia-se na inserção profilática de atonia uterina, foi indicada histerectomia subtotal. Evoluiu em UTI
cateteres com balão de oclusão das artérias uterinas ou ilíacas. Após
com choque séptico refratário de foco abdominal, foi a óbito cerca
a histerotomia, e na vigência de sangramento, os balões podem ser
de 72 horas de pós-operatório.
insuflados para controle da perda sanguínea. A escolha anestésica
Discussão: No Brasil, a principal etiologia de cardiopatia na gestação
deve ser feita de acordo com as condições hemodinâmicas da
é a doença reumática, e sua incidência é estimada em 50%. Além dis-
paciente. A raquianestesia é a técnica de escolha para pacientes
so, a valvulopatia mais frequente é a estenose mitral. A gestação e o
estáveis e a inserção de um cateter peridural pode ser considerada
puerpério relacionam-se a diversas alterações cardiocirculatórias que
nas pacientes que serão submetidas à colocação do balão
podem provocar grande deterioração clínica em mulheres com doen-
endovascular. A anestesia geral é feita na presença de instabilidade
ça cardíaca. Dispneia classe funcional III/IV, fibrilação atrial, endo-
hemodinâmica. É imprescindível a avaliação do sangramento durante
cardite infecciosa, antecedentes de tromboembolismo e hipertensão
a cirurgia para o manejo anestésico adequado, principalmente
pulmonar são os parâmetros que se correlacionam com mau prognós-
quando há fatores de risco, como a mutação do gene MTHFR, uso de
tico materno na gravidez. Sobre cardiopatia e gravidez recomenda-se
anticoagulante e presença de placenta prévia total.
que o tipo do parto é de indicação obstétrica. Em relação ao manejo
Referências:
anestésico, o balanço hídrico requer atenção especial, monitoração
1. Soares ECS, Osaman GC, Bastos CO. Anestesia nas síndromes he-
da pressão venosa central, capilar pulmonar e pressão arterial inva-
morrágicas da gestação. In: Cangiani, LM, et al. Tratado de anes-
siva devem ser avaliadas caso a caso. Pode-se optar por anestesia re-
tesiologia Saesp. 8ª ed. Rio de Janeiro, Atheneu; 2017:2313-32.
gional – epidural ou epidural combinada com raquianestesia –, evitar
2. Chen Z, Li J, Shen J, Jin J, Zhang W, Zhong W. Direct puncture
queda abrupta da resistência vascular periférica; se a opção for parto
embolization of the internal iliac artery during cesarean delivery
vaginal, deve-se usar fórceps para abreviar o período expulsivo, e se
for pernicious placenta previa coexisting with placenta accreta.
cesariana, a peridural é a anestesia preferida para manter as pressões
Int J Gynaecol Obstet. 2016;135:264-7.
de enchimento. No período pós-parto, a avaliação deve ser crítica nas
primeiras duas horas; avalia-se o uso de dose adicional de anestésico
pelo cateter peridural no pós-operatório ou pós-parto.
TLP289 MANEJO ANESTÉSICO EM GESTANTE COM Referências:
CARDIOPATIA DESCOMPENSADA – RELATO DE CASO 1. Yıldırım Öİ, Günüşen İ, Sargın A, Fırat V, Karaman S. The evalua-
Mariah Fontes de Faria Brito Colnago Soares* tion of applied anaesthetic techniques for caesarean in partu-
rients with cardiac diseases: retrospective analysis. Turk J Anaes-
Hospital Santa Marcelina, São Paulo, SP, Brasil
thesiol Reanim. 2014;42:326-31.
Introdução: A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica de ca- 2. Ituk US, Habib AS, Polin CM, Allen TK. Anesthetic management
ráter sistêmico, definida como disfunção cardíaca, que gera ina- and outcomes of parturients with dilated cardiomyopathy in an
dequado suprimento sanguíneo para atender às necessidades me- academic centre. Can J Anaesth. 2015;62:278-88.
S62 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO936 MANEJO ANESTÉSICO PRECOCE DO CHOQUE to pré-natal. Evoluiu com parto vaginal, nascimento de feto vivo
HIPOVOLÊMICO NA ATONIA UTERINA e retenção de restos placentários, solicitada assistência anestésica
para remoção desses. Lúcida, orientada, eupneica, taquicardíaca,
Débora Bonato*, Renan Muralho Pereira, Julio Faller,
hipocorada, PA 118 × 60 mmHg, FC 110 bpm, sem preditores de via
Ronaldo Antonio da Silva aérea difícil. Hemoglobina de 14,4 e INR de 1,01. Jejum para sólidos
Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de cinco horas. Indicada especuloscopia com tentativa de remoção
(IAMSPE-SP), São Paulo, SP, Brasil dos restos placentários. Monitorada, checada venóclise em mem-
bro superior direito e puncionado novo acesso venoso em membro
Introdução: A hemorragia é a segunda principal causa de morte ma-
superior esquerdo. Feito bloqueio subaracnóideo com injeção de
terna no Brasil, fica atrás apenas das síndromes hipertensivas. O cho-
bupivacaína hiperbárica 15 mg. Iniciado ato cirúrgico, evoluiu com
que hipovolêmico é a condição final da hemorragia puerperal, quem
hipotensão, corrigida com cristaloides, efedrina e fenilefrina. Não
devido ao estado de hipovolemia relativa ou absoluta, irá resultar
foi possível a remoção dos restos placentários. Indicada histerec-
na redução da perfusão tecidual e da oferta de oxigênio aos tecidos.
tomia devido à possibilidade de acretismo placentário. A paciente
Relato de caso: V.E.E.R., 36 anos, G1P0A0, apresenta-se em sala
evoluiu com novo episódio de hipotensão, tratado com albumina
de cirurgia para feitura de cesariana eletiva a pedido. Feita ra-
e reposição volêmica. Administrados 80 mcg de fentanil e 25 mg
quianestesia: bupivacaína hiperbárica 12,5 mg + morfina 60 mcg
de cetamina. Exame laboratorial intraoperatório: hemoglobina
+ fentanil 20 mcg. Cesariana feita sem intercorrências e RN com
de 7,4 g e hematócrito de 23%. Feita infusão de duas unidades de
Apgar 9/10. Controle conservador de atonia uterina (AU) com doses
plasma fresco e um concentrado de hemácias. Feita histerectomia
gradativas de ocitocina (total: 20 UI), ergotamina: 0,2 mg e miso-
com diagnóstico confirmatório de placenta increta. No fim do ato
prostol: 200 mg. Após procedimento, paciente evoluiu instável he-
cirúrgico, a paciente encontrava-se lúcida, estável hemodinamica-
modinamicamente; por provável AU grave e refratária às medidas
mente, sem queixas, Aldrete 9,0, foi levada à unidade de cuidados
farmacológicas, optou-se por reabordagem cirúrgica com anestesia
semi-intensivos.
geral em indução venosa (etomidato 16 mg + cetamina 80 mg +
Discussão: A formação adequada da decídua endometrial estabele-
rocurônio 40 mg + fentanil 100 mcg), intubação orotraqueal em
ce uma barreira que evita a invasão do miométrio pelo trofoblasto.
sequência rápida, cateterização de artéria radial para aferição de
Quando há deficiência no desenvolvimento da decidual a placenta
pressão invasiva e punção de acesso venoso central. Exames la-
pode aderir-se ao miométrio, condição essa denominada de acre-
boratoriais evidenciaram hemoglobina (Hb): 6,8g/dL e lactato: 5,9
tismo placentário. Quando a placenta estende-se profundamente
mmol/L. Iniciou-se ressuscitação hemodinâmica com 2.500 mL de
ao miométrio, essa é denominada placenta increta, que repre-
cristaloides e noradrenalina, além da infusão de duas unidades de
senta importante causa de sangramento obstétrico. Diante dessa
concentrado de hemácias. Exames de controle apresentaram Hb:
patologia são indispensáveis o reconhecimento precoce e o plane-
7,5 g/dL e lactato: 3,7 mmol/L. Feita histerectomia parcial para
jamento anestésico. O anestesiologista deve estar preparado para
controle da AU, seguida de extubação da paciente sem intercorrên-
casos de sangramento intraoperatório, com eventual instabilidade
cias e transferência para unidade crítica pós-cirúrgica.
hemodinâmica, prudente o uso de acesso venoso adequado para
Discussão: A paciente em questão apresentou sinais e sintomas de
administração de drogas e reposição volêmica, solicitação de he-
choque hipovolêmico, caracterizado por hipoperfusão tecidual rela-
moderivados e monitoração invasiva quando indicado. A anestesia
cionada com a diminuição da pré-carga, da pressão venosa central,
regional pode ser contraindicada devido à coagulopatia materna, ao
da pressão de oclusão da artéria pulmonar e do débito cardíaco,
risco de hematoma neuraxial e ao comprometimento hemodinâmico
associada ao aumento da resistência vascular sistêmica. A elevação
grave. Respeitadas essas condições, pode ser empregada em casos
persistente dos níveis de lactato sérico é um importante marcador
selecionados.
de mau prognóstico no estado de choque. Em contrapartida, seu
Referência:
declínio em valores acima de 10% nas seis horas após o início do tra-
1. Kocaoglu N, Gunusen I, Karaman S, Ergenoglu AM, Firat V. Man-
tamento está associado a menores taxas de mortalidade. A melho-
agement of anesthesia for cesarean section in parturients with
ria clínica, a estabilidade hemodinâmica e a diminuição do lactato
placenta previa w/w placenta accrete: a retrospective study.
sérico obtidos demonstraram que o reconhecimento e a abordagem
Ginekol Pol. 2012;83:99-103.
precoce do choque hipovolêmico foram fundamentais para a rever-
são da complicação apresentada.
Referências:
1. Fernandes CJ, Figueiredo EJA, Assunção MSC. Definição e classifi- TLO295 MORFINA ASSOCIADA À BUPIVACAÍNA POR
cação dos estados de choque. In: Knobel E. Condutas no paciente VIA SUBARACNÓIDEA VERSUS BLOQUEIO DO PLANO
grave. 4.ed. São Paulo: Atheneu; 2016:140-53. TRANSVERSO ABDOMINAL GUIADO POR ULTRASSOM PARA
2. Taniguchi LU. Choque hipovolêmico e reposição volêmica. In: ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA EM CESARIANA
Azevedo LCP, Taniguchi LU, Ladeira, JP. Medicina intensiva. Taylor Brandão Schnaider, Rodrigo Alvares Paiva Macedo*,
2.ed. São Paulo: Manole; 2015:174-83. Leandro Cotrim, Beatriz Moser de Souza, Thaína Alessandra Brandão,
Antônio Carlos Aguiar Brandão
TLP703 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE PLACENTA INCRETA CET/SBA da Faculdade de Ciências Médicas de Pouso Alegre, Pouso
PÓS-CURETAGEM Alegre, MG, Brasil
Marilia da Silva Faria de Macedo*, Carlos Darcy Alves Bersot Justificativa e objetivo: Como se sabe dos possíveis riscos fetais
e das complicações maternas pós-operatórias, devido ao uso de
Hospital Universitário Antônio Pedro (HUPE), Universidade Federal
opioides, o bloqueio do plano transverso abdominal (TAP) guiado
Fluminense (UFF), Niterói, RJ
por ultrassom pode se tornar uma opção válida nesses casos. O
Introdução: Acretismo é causa de retenção de restos placentários objetivo deste estudo foi comparar a analgesia entre anestesia
e hemorragia obstétrica. Nessas situações os principais objetivos do subaracnóidea com morfina associada à bupivacaína com TAP guiado
anestesista são ressuscitação volêmica, prevenção e correção dos por ultrassom em cesariana.
distúrbios hemodinâmicos. Método: Participaram do estudo primário, clínico, prospectivo,
Relato de caso: M.T.C.S., 40 anos, portadora de LES e diabetes ges- aleatorizado, 40 pacientes, ASA I e II, em cada grupo 20 pacientes.
tacional, G1P0A0, 38 semanas de gestação, sem acompanhamen- Grupo I: cloridrato de bupivacaína hiperbárica 0,5% 13 mg (2,6 mL)
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S63

+ morfina 80 mcg (0,4 mL); Grupo II: cloridrato de bupivacaína gestantes têm tendência pró-coagulantes, o que minimiza o risco
hiperbárica 0,5% 13 mg (2,6 mL) + água destilada (0,4 mL), de hemorragia. Apesar de ainda não bem estabelecido o valor para o
associada ao TAP guiado por ultrassom pós-cirúrgico. As pacientes grupo de gestantes, o Rotem®, no caso acima, revelou a manutenção
foram avaliadas em períodos de 6h, 12h, 18h e 24h, foi aplicada a da hemostasia apesar da grave plaquetopenia instalada, reduziu o
escala analógica visual de dor. Usou-se o teste de Mann-Whitney; o uso de hemoderivados durante a cirurgia.
nível de significância estatística foi fixado em 5%. Referências:
Resultado: Às 6h não ocorreu diferença estatística entre os grupos: 1. Young WW, Won M, Yeong SY, et al. Clinical aspects of pregnancy
morfina (média = 1,85; mediana = 0,50), bloqueio TAP (média = 1,00; and delivery in patients with chronic idiopathic thrombocytopenic
mediana = 0,00), p = 0,751; às 12h também não ocorreu diferença purpura. Korean J Intern Med. 2005;20:129-34.
estatística entre os grupos: morfina (média = 1,35; mediana = 0,00), 2. Armstrong S, Fernando R, Ashpole K, Simons R, Columb M. Asses-
bloqueio TAP (média = 2,50; mediana = 2,00), p = 1,000; quanto à sment of coagulation in the obstetric population using ROTEM®
avaliação das 18h, ficou novamente constatado que não ocorreu di- thromboelastometry. Int J Obstet Anesth. 2011;20:293-8.
ferença estatística entre os grupos: morfina (média = 1,95; mediana
= 1,50), bloqueio TAP (média = 3,00; mediana = 2,00), p = 1,000; em
relação ao horário das 24h, também não houve diferença estatística TLP012 OSTEOGÊNESE IMPERFEITA: DA AVALIAÇÃO
entre os grupos: morfina (média = 1,95; mediana = 1,50) e bloqueio PRÉ-ANESTÉSICA À SEGURANÇA NA ANESTESIA PARA O
TAP (média = 2,10; mediana = 2,00), p = 0,084. PARTO CESÁREO
Conclusão: A morfina e o bloqueio do plano transverso abdominal
guiado por ultrassom apresentaram analgesia pós-operatória Gisele Passos da Costa Gribel, Dayse dos Santos de Almeida,
semelhante, em cesariana. Bruno Romualdo e Silva*, André Teixeira Souza Stehling,
Referências: José Eduardo Guimarães Pereira, Camille Cardoso Nielsen
1. Carvalho FAE, Tenório SB. Estudo comparativo entre doses de
Hospital Central do Exército, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
morfina intratecal para analgesia após cesariana. Rev Bras Anes-
tesiol. 2013;63:492-9. Introdução: Osteogênese imperfeita (OI) é uma doença congênita
2. Ripollés J, Mezquita SM, Abad A, et al. Analgesic efficacy of the genética que resulta no defeito na formação de colágeno tipo I, afe-
ultrasound-guided blockade of the transversus abdominis plane – ta ossos, dentição, esclera e ligamentos. A interrupção gestacional
a systematic review. Rev Bras Anestesiol. 2015;65:255-80. eletiva, geralmente prematura, é indicada por restrição ventilatória
3. Horta ML, Lemonica IP. Passagem transplacentária e efeitos em- materna. A via de escolha é cesárea por maior ocorrência de despro-
briofetais de drogas usadas em anestesia. Rev Bras Anestesiol. porção cefalopélvica, rotura uterina e hemorragia.
2002;52:101-13. Relato de caso: C.A.S., 39 anos, primípara, gemelar, portadora de OI
tipo I, acompanhamento pré-natal no Hospital Maternidade-Escola da
UFRJ, incluiu a avaliação pré-anestésica, relatou osteossínteses de
TLO359 O PAPEL DO ROTEM® NO MANEJO fêmur e úmero, sob raquianestesia, e anestesia geral combinada com
PEROPERATÓRIO DE GESTANTE PORTADORA DE PTI bloqueio de plexo braquial, respectivamente sem intercorrências.
Internada por hipertensão gestacional, na 34ª semana. Em nova
Douglas Soares Pereira*, Vagner Bonanni Nunes,
avaliação, pela ultrassonografia da coluna lombar pesquisou-
Daniel Vieira de Queiroz, Bianca Lopes Loures de Castro,
se: presença de escoliose, localização e profundidade do espaço
Gustavo Guimarães Torres, Samantha Ceccon Camargo de Castro peridural entre L3 e L4 e sua relação com a linha de Tuffier. Feita
Hospital Federal dos Servidores do Estado, Rio de Janeiro, RJ, Brasil cesariana eletiva na 39ª. semana sob raquianestesia por ausência de
deformidades da coluna, estatura de 1,47 m e coagulação normal.
Introdução: A púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) é um dis- Após a monitoração básica e revisão de venóclise por jelco calibre 18,
túrbio hemorrágico autoimune, caracterizado pela produção de au- procedida a profilaxia antibiótica com cefazolina 2 g IV. A paciente
toanticorpos que leva a plaquetopenia. Gestantes com PTI podem foi submetida à raquianestesia com agulha de Quincke 27G em L3-L4
experimentar uma exacerbação do quadro e embora a gravidez não com bupivacaína hiperbárica 12,5 mg e morfina 80 mcg em posição
seja desencorajada, podem ocorrer complicações maternas e fe- sentada. Durante o procedimento, foi necessário para manutenção
tais, são necessários monitoramento e terapia adicionais. O valor da pressão arterial basal com metaraminol e efedrina, 1.200 mcg e
do hemograma e do coagulograma de rotina é questionado, devido 10 mg, respectivamente. Após a extração dos fetos, infundiram-se
ao atraso para a obtenção de resultado, testagem em plasma e a ocitocina 3 e 2 UI em bolus e 10 UI na segunda e terceira etapa de
falta de informação sobre a função plaquetária. A tromboelastome- infusão, total de 1.500 mL de cristaloides. O procedimento durou
tria rotacional (Rotem®) é um método de avaliação viscoelástica do uma hora e meia, sem intercorrências.
sangue total, que avalia a hemostasia a partir da formação e firmeza Discussão: OI promove baixa estatura e alterações de coluna
do coágulo de forma qualitativa e quantitativa. que podem dificultar ou elevar os riscos da raquianestesia. A
Relato de caso: Gestante de 24 anos, na 37ª semana de gestação, anestesia geral apresenta risco aumentado de trauma na intubação
portadora de PTI desde os 12 anos, com exacerbação durante a gestação e hipertermia maligna. A escolha da melhor técnica envolveu
refratária ao tratamento convencional, evoluiu com sofrimento múltiplas avaliações pré-anestésicas, inclusive exame clínico,
fetal agudo, recebeu indicação obstétrica de parto cesáreo. avaliação da coluna lombar por ultrassonografia e teste minucioso
Apresentava plaquetopenia importante (18.000 plaquetas.μL-1), da coagulação, possibilitou maior segurança no procedimento tanto
porém sem sangramento clínico. Foi submetida à anestesia geral para a paciente quanto para a equipe anestésica.
venosa e inalatória com técnica de sequência rápida e colhida Referências:
amostra de sangue e feito teste com o Rotem®. Apesar da plaque- 1. Murray S, Shamsuddin W, Russell R. Sequential combined spinal
topenia, o valor do MCF no ExTEM estava normal, optou-se pela -epidural for caesarean delivery in osteogenesis imperfecta. Int
não transfusão de plaquetas profilática. O perioperatório decorreu J Obstet Anesth. 2010;19:127-8.
sem intercorrências e sem sangramento. Foi feito bloqueio do pla- 2. Dinges E, Ortner C, Bollag L, et al. Osteogenesis imperfec-
no transverso abdominal guiado por ultrassonografia para analgesia ta: cesarean delivery in identical twins. Int J Obstet Anesth.
pós-operatória. A paciente não recebeu transfusão de plaquetas 2015;24:84-64.
nem concentrado de hemácias. 3. Cozzolino M, Perelli F, Maggio L, et al. Management of osteogene-
Discussão: É comum a transfusão profilática de plaquetas no sis imperfecta type I in pregnancy; a review of literature applied
momento do parto em uma paciente com PTI. ​​Fisiologicamente, to clinical practice. Arch Gynecol Obstet. 2016;293:1153-9.
S64 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO929 PERIDURAL EM GESTANTE EM STATUS ASMÁTICO – Introdução: A artrogripose múltipla congênita (AMC) é uma
RELATO DE CASO síndrome neuromuscular, não progressiva e rara (1:3000-6000).
No perioperatório deve-se levar em conta a dificuldade do manejo
Anderson Luis Silva Amaral*, Talita da Silva Portugal,
das vias aéreas e do bloqueio de neuroeixo, devido a fibroses,
Mili Freire Almeida Nascimento, Sammer Victor de Almeida deformidades articulares e encurtamento muscular. Nas gestantes,
Hospital da Sagrada Família, Salvador, BA, Brasil as alterações anatômicas e fisiológicas, próprias da gestação,
aumentam o risco do manejo da via aérea (VA), são classificadas
Introdução: A asma caracteriza-se por hiperresponsividade de como potencial via aérea difícil (VAD).
vias aéreas inferiores e limitação variável ao fluxo aéreo. É a Relato de caso: Primigesta, 26 anos, branca, 37 semanas, diabética
doença pulmonar mais comum na gravidez – 3 a 8% das gestantes. gestacional e AMC. Ao exame físico apresentava Mallampati III,
As alterações nas trocas gasosas se sobrepõem à esperada alcalo- palato em ogiva, pescoço curto e com extensão limitada, edema
se respiratória gravídica; PCO2 > 35 e PO2 < 70 sugerem maior se- 2+/4+ e importante escoliose lombar e torácica, dificultava definir
veridade na gravidez do que no estado não gravídico. A gravidade a linha de Tuffier e palpar os processos espinhais. Levada ao centro
da asma pré-gravidez correlaciona-se com o status na gestação. cirúrgico para cesariana. Procedimento feito com monitoração
Cerca de 20-36% das gestantes asmáticas cursam com quadros conforme resolução CFM1802/2006 e material para manejo de VAD
agudos no segundo trimestre relacionados à interrupção da te- dispostos em sala. Feita anestesia subaracnóidea em tentativa
rapêutica; a presença do feto como antígeno pode ser a causa. única, posição sentada, mediana, L3-L4, agulha 27G Quincke e 12
A taxa de complicações respiratórias é semelhante na anestesia mg de bupivacaína hiperbárica, 2,5 mcg de sufentanil, 60 mcg de
geral e regional. morfina, obtido nível anestésico com demorada ascensão, atingiu
Relato de caso: Paciente de 22 anos, 36 semanas de gestação, T4. Usada cunha de Crawford para desvio uterino e descompressão
com diagnóstico de asma havia 15 anos. Em uso diário de sereti- da veia cava. Procedimento ocorreu sem intercorrências e a
de 50/250 mg e uso irregular de berotec aerossol. Não necessitou paciente permaneceu estável hemodinamicamente, foi levada à
de internamento nos últimos três anos. Atendida por desconforto sala de recuperação anestésica. Após dois dias, puérpera e lactente
respiratório intenso, não responsivo à terapêutica habitual. No receberam alta.
exame inicial, observado murmúrio abolido em hemitórax direito Discussão: A AMC é diagnosticada ao nascimento por apresentar
e sibilos difusos ins e expiratórios em hemitórax esquerdo. Tenta- como características fenotípicas deformidade de duas ou mais
tiva de compensação com berotec e ipratrópio inalatório e corti- articulações, fraqueza ou encurtamento muscular e substituição de
coide venoso, com melhoria mínima. Optou-se por internamento tendões ou músculos por fibroses. Pacientes com AMC devem ter
em UTI e iniciado sulfato de magnésio venoso. Apesar da melhoria adequado preparo pré-anestésico, pois têm preditores de VAD como
parcial na ausculta, não houve melhoria clínica geral e foi indi- micrognatia, palato em ogiva, torcicolo congênito, mobilidade da
cada interrupção da gestação. Admitida no CO vigil, em posição língua reduzida e distância interincisivos menor do que 3 cm, além
antálgica e desconfortável. Optou-se por peridural contínua com de alterações anatômicas da coluna vertebral, como escoliose,
doses fracionadas de anestésico local. Logo após dose-teste, pa- cifose e hiperlordose, que dificultam o bloqueio de neuroeixo. Neste
ciente apresentou melhoria clínica e tolerância ao decúbito dorsal relato, além de ter AMC, a paciente em questão era gestante, o que
horizontal. Com nível sensitivo em T6, iniciou-se a cesárea, sem acrescentaria mais preditores de VAD, como edema de mucosas,
intercorrências. Pós-operatório 48h em UTI, levada ao alojamento sugerido pela pioria do Mallampati e pelo aumento de mama,
e alta hospitalar após quatro dias. O bloqueio de neuroeixo está in- que dificulta a laringoscopia. Entretanto, optou-se pelo bloqueio
dicado em cesáreas em pacientes asmáticas assintomáticas. Porém, subaracnóideo, devido a melhor analgesia no pós-operatório,
há relato de broncoespasmo (BCE) após feitura de bloqueio espinhal melhor desfecho para o neonato e baixa incidência de conversão
e, nos casos de status asmático, a escolha mais comum é anestesia para anestesia geral. A demorada ascensão do nível do bloqueio
geral. O bloqueio sensitivo alto pode induzir bloqueio adrenal im- pode estar relacionada às deformidades na coluna vertebral. Esse
portante, enquanto bloqueios abaixo de T6 podem gerar analgesia contratempo não trouxe revés ao procedimento cirúrgico, que foi
insuficiente a ponto de piorar a crise. Entretanto, a escolha pela feito com sucesso.
técnica regional se mostra relevante devido à não manipulação de Referências:
vias aéreas hiperreativas e ao bloqueio de prostaglandinas, como 1. Azbell K, Dannemiller L. A case report of an infant with arthro-
a PGF2, associada à ocorrência de BCE. O uso de anestésico local gryposis. Pediatr Phys Ther. 2015;27:293-301.
com epinefrina é controverso, enquanto o opioide melhora a qua- 2. Nora D, Osório J, Saldanha L. Efeitos fetais e repercussões
lidade do bloqueio. A avaliação do estágio do quadro de asma deve neonatais da anestesia obstétrica. Rev Soc Port Anestesiol.
ser criteriosa, a fim de determinar a melhor técnica anestésica. 2013;22:44-50.
Apesar de ser bem documentado o uso de anestesia geral em asma
grave, optou-se por anestesia peridural contínua e titulada, que,
associada à retirada do concepto, pode ter sido determinante na TLP725 RAQUIANESTESIA PARA GESTANTE
compensação da doença de base. ACONDROPLASIA
Referência: Leonardo Giovani de Jesus*, José Alcindo Gil,
1. Philip J, Sharma SV. Respiratory disorders in pregnancy. In: Gam- Ana Cláudia Abdo Lopes, Fabrício Hiroshi Ozomo
bling DR, et al. Obstetric anesthesia and uncommon disorders.
2.ed. Cambridge: Cambridge University Press; 2008:75-95. Associação Beneficente de Saúde do Noroeste do Paraná Norospar,
Umuarama, PR, Brasil
Introdução: A acondroplasia é a forma mais comum entre as osteo-
TLP475 RAQUIANESTESIA PARA CESARIANA EM PACIENTE condrodisplasias causadoras do nanismo. O anão pode ser acometi-
COM ARTROGRIPOSE MÚLTIPLA CONGÊNITA do por diversas alterações físicas, deformidades e cursar com vários
Natália Vieira*, Glauber Rocha Peclat, Rafaela Claudino de Freitas, distúrbios relacionados, principalmente nos sistemas respiratório,
cardiovascular, neurológico e osteoarticular, que trazem particula-
Ricardo Pinto Lobato Lopes, Edvaldo Casoti Júnior,
ridades à anestesia.
Octacílio Prata Calixto
Relato de caso: Paciente de 16 anos, feminina, acondroplásica,
Hospital e Maternidade São José, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 54 kg, 120 cm, gestante de 39 semanas, indicada cesariana pela
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S65

obstetrícia. Avaliação pré-anestésica: acondroplasia sem outras dúvida quanto à distribuição dos fármacos no canal espinhal e às
alterações sistêmicas e classificada como risco II pelos critérios da características anatômicas típicas do biotipo. Assim, o relato de
Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA). Na sala cirúrgica, caso, além de valor educacional, destaca a importância da ava-
foi monitorada com pressão não invasiva, oxímetro de pulso e ele- liação pré-anestésica para escolha da melhor técnica em cesárea
trocardiograma. Venóclise com abocath 20G. Feita raquianestesia de gestante acondroplásica, antecede as problemáticas de cada
no nível de L4/L5 com agulha 26G (bupivacaína pesada 7,5 mg paciente.
e morfina 60 mcg). Paciente evoluiu com hipotensão moderada, Referências:
controlada com etilefrina em doses intercaladas de 4 mg, total 1. Lange EM, Toledo P, Stariha J, Nixon HC. Anesthetic management
de 12 mg. Dispneia moderada tratada com máscara de O2 a 3 L/ for Cesarean delivery in parturients with a diagnosis of dwarfism.
min e proclive 30º. Iniciado ato operatório e retirada do recém- J Can Anesth. 2016;63:945-51.
nato, momento esse em que a paciente passou a se queixar de 2. Mitra S, Dey N, Gomber KK. Emergency cesarean section in a
dor. Administrados fentanil 50 mcg, propofol 30 mg, midazolam patient with achondroplasia: an anesthetic diliemma. J Anesth
2,5 mg. Feita infiltração da parede abdominal pelo cirurgião com Clin Pharmacology. 2007;23:315-8.
levobupivacaína 0,25 com adrenalina 1:200.000 50 mg. Ao término
do procedimento, mantida na RPA com O2 3 L/min, permaneceu
em condições hemodinâmicas estáveis. Retornou a movimentação TLP1019 UTILIZAÇÃO DE BLOQUEIO DO PLANO
dos membros inferiores após 120 minutos, sem queixa de dor ou TRANSVERSO DO ABDOME EM CESARIANA COM ANESTESIA
desconforto, foi então liberada para o leito. Alta hospitalar 48 ho- GERAL
ras após com acompanhamento pela equipe obstétrica conforme
Renan Muralho Pereira, Talison Silas Pereira, Julio Faller,
rotina de serviço.
Discussão: As comorbidades simultâneas do acondroplásico (restri- Mirian Gomes Barcelos, Daniel Moreira Grazia da Silva*,
ção torácica e às vezes falta do processo odontoide do axis) podem Ronaldo Antonio da Silva
dificultar o manuseio anestésico. A avaliação pré-anestésica auxilia Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual
a conduta e minimiza riscos. Apesar de a anestesia subaracnóidea (IAMSPE-SP), São Paulo, SP, Brasil
ser tecnicamente difícil e com distribuição imprevisível do anestési-
co, essa técnica pode ser uma opção viável. Introdução: O uso de bloqueios regionais tem sido ferramenta útil
na prevenção e no tratamento da dor pós-operatória em diversos
tipos de cirurgia da parede abdominal. A técnica do transversus ab-
dominis plane (TAP) block se destaca e tem sido amplamente em-
TLO944 Relato de caso: ANESTESIA EM CESÁREA
pregada atualmente.
DE PACIENTE PORTADORA DE NANISMO
Relato de caso: R.G.S., 29 anos, G1P0A0, apresenta-se em sala de
ACONDROPLÁSICO cirurgia para feitura de cesariana eletiva a pedido, com história de
Lívia Gaspar Tosato*, Arthur Konishi Alves pico febril (38,1°C) uma hora antes do procedimento, em uso de
ceftriaxone 1 g EV 12/12h, porém com foco infeccioso indetermina-
Santa Casa de Misericórdia de Limeira, Limeira, SP, Brasil
do. Durante monitoração em sala de operação paciente apresentou
Introdução: A técnica anestésica de escolha em cesarianas de pa- FC 150 bpm, PA 156/56 mmHg, febril ao toque e sudoreica. Feita
cientes portadoras de acondroplasia deve levar em conta a varia- anestesia geral com indução venosa (etomidato 20 mg + rocurônio
ção anatômica dessas, como alterações na estrutura esquelética, 100 mg + alfentanil 2,5 mg), intubação orotraqueal em sequência
as potenciais dificuldades ventilatórias e as possíveis complicações rápida, manutenção da anestesia com sevoflurano 1,5%, seguida de
relacionadas, sejam elas no intra ou no pós-operatório. coleta de exames laboratoriais, introdução de metronidazol 500 mg
Relato de caso: A.R.N.B., 39 anos, branca, 1,20 m, portadora de EV e ressuscitação volêmica com 2.500 mL de solução cristaloide
nanismo acondroplásico, estado físico ASA II, diabetes gestacional (30 mL/kg). Parto cesariano feito sem intercorrências e nascimen-
na última gestação, G6Pc3A3, submetida à cesárea agendada em to de RN com Apgar 9/10. No fim da cirurgia foi feito TAP block,
02/02/2017. Fez, na última gestação, acompanhamento no ambu- guiado por USG, com administração de ropivacaína 0,25%, 20 mL
latório de pré-natal de alto risco, fez quatro ultrassonografias obs- bilateralmente. Posteriormente, a paciente foi extubada e levada à
tétricas, sem alterações fetais. Em cesárea, paciente foi monitora- enfermaria, estável hemodinamicamente, negava presença de dor.
da com eletrocardiografia contínua, oxímetro de pulso e medidas Discussão: O TAP block é uma técnica importante que pode servir
de pressão arterial não invasiva a cada dois minutos. Optou-se por como opção para anestesia do neuroeixo em cirurgias da parede
anestesia geral, devido à lordose acentuada e história de aneste- abdominal, como laparotomia, abdominoplastia, apendicectomia,
sia geral em cesarianas prévias, com sucesso. Foi feita intubação cesariana, entre outros. A técnica, guiada por ultrassonografia,
orotraqueal (IOT), em sequência rápida, após a indução anestésica consiste no posicionamento da agulha no plano entre os músculos
venosa, sem dificuldades ou intercorrências, apesar de restrição de transverso do abdome e oblíquo interno e administração de anes-
extensão cervical. Mantida em ventilação mecânica, sob PCV. A ce- tésico local – ropivacaína 0,25%, 20-30 mL em cada lado (em adul-
sariana não apresentou intercorrências da parte obstétrica ou fetal, tos) – nessa topografia. Apresenta como vantagens a praticidade em
com nascimento do feto após sete minutos da indução. sua execução, a possibilidade de feitura antes e após a cirurgia e
Discussão: A acondroplasia é um dos tipos mais comuns de na- baixas taxas de complicação. No caso relatado, foi observado que
nismo desproporcional. Ocorre predominantemente em mulheres a paciente beneficiou-se com o TAP block, sem necessidade de ad-
(incidência de 1,5:10.000 nascimentos); o gene autossômico é do- ministração de opioides sistêmicos após a cirurgia para alcançar
minante. Os indivíduos portadores da doença apresentam um de- analgesia eficaz.
ficit na taxa de ossificação endocondral, causa de instabilidade na Referências:
coluna cervical, e consequente chance de trauma medular, além 1. Hadzic A, et al. Transversus abdominis plane block. Hadzic’s pe-
de potenciais dificuldades ventilatórias. A anestesia regional pode ripheral nerve blocks and anatomy for ultrasound-guided regio-
ser considerada, segundo alguns autores, mas com dificuldades nal anesthesia. 2.ed. New York: McGraw Hill; 2012.
técnicas, sem esclarecimentos da dose para anestesia peridural 2. Chestnut DH, Wong CA, Tsen LC, et al. Postoperative and chro-
ou raquianestesia e desde que sejam levadas em conta a anato- nic pain: systemic and regional analgesic techniques. In: Flood
mia vertebral e a história prévia da paciente acondroplásica. Por P, Aleshi P. Obstetric anesthesia: principles and practice. 5.ed.
outro lado, outros autores preconizam a anestesia geral, devido à Philadelphia: Elsevier; 2014:604-20.
S66 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

XIII) Anestesia em Oftalmologia funciona como cofator da proteína C ativada na inativação do fator
Va e também neutraliza a proteção contra a quebra do Fator Xa
garantida pela interação com o fator Va. Nas trombofilias, o trom-
TLO355 ANESTESIA PARA CIRURGIA VITREORETINIANA NA boembolismo venoso geralmente é resultado de um desequilíbrio
VIGÊNCIA DE TRATAMENTO COM CLOPIDOGREL hemostático entre proteínas pró e anticoagulantes, altera o equilí-
brio a favor da formação de trombos. Indivíduos sintomáticos porta-
José Roberto de Rezende Costa*, Marcelo de Paula Passos,
dores de deficiência de proteína S geralmente apresentam trombo-
Lucas Araújo Soares, Márcio Placedino Martins, se venosa profunda e/ou embolia pulmonar recorrentes. Tromboses
Gustavo Carlos Heringer, Mário Carlos Alves Ribeiro superficiais, cerebral, visceral ou de veia axilar são menos comuns.
Centro Oftalmológico de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil Relato de caso: Masculino, 41 anos, 75 kg, 175 cm. Diagnóstico de
glaucoma a ser submetido à revisão de trabeculectomia em olho
Introdução: O aumento populacional absoluto e proporcional de esquerdo (TREC OE) em regime ambulatorial. Antecedentes de de-
idosos é inequívoco. Enfermidades cardiovasculares frequentemen- ficiência de proteína S e TREC OE havia cinco meses. É acompa-
te acometem esses pacientes e, não raro, requerem tratamentos nhado pela oftalmologia e pela hematologia. Estava em uso de AAS
farmacológicos que alteram a homeostase da coagulação. Esses in-
100 mg 1x/dia suspenso havia um dia do procedimento por conta
divíduos também têm significativos riscos de requerer intervenções
própria. Foi avaliado pela equipe da anestesiologia e classificado
cirúrgicas não programadas. Cada vez mais, anestesiologistas pre-
como estado físico P2. A técnica anestésica escolhida foi bloqueio
cisam lidar com essa realidade, bem como estar preparados para
oftálmico com sedação, após discussão dos objetivos e riscos do pro-
tomadas de decisões, muitas vezes difíceis e contornadas de rele-
cedimento. Usamos monitoração não invasiva da pressão arterial,
vantes decorrências.
oximetria de pulso e cardioscopia. Fizemos punção venosa periféri-
Relato de caso: Na avaliação pré-anestésica, o relatório cardio­lógico
ca com cateter de teflon calibre 20G em membro superior esquer-
constava de: “Paciente feminina 56 anos, hipertensa, disli­pidêmica,
do e suplementação de oxigênio com cateter nasal com oxigênio
diabetes tipo II, IC-Feve 46%, coronariopatia grave com IAM prévio e
dois angioplastias em DA (stent farmacológico), em outubro/2016. a 2 L/min. A sedação foi feita com midazolam 2,5 mg e fentanil
Em uso de clopidogrel, que deverá ser mantido por um ano, e AAS 25 mcg em bolus e a técnica usada para o bloqueio oftalmológico
por toda vida. Diante da urgência da cirurgia oftalmológica, por reti- foi o bloqueio episcleral cantal medial modificado. Não houve in-
nopatia diabética proliferativa, com anuência da paciente, e ciente tercorrências relacionadas ao ato anestésico, porém a equipe de
dos riscos da suspensão dos antiagregantes plaquetários, optou-se oftalmologia observou a formação de trombos intracamerais no fim
por suspensão prévia temporária desses medicamentos, com reintro- do procedimento, sem repercussões para o paciente. No pós-opera-
dução pós-operatória após liberação do oftalmologista. Usa insulina e tório a evolução foi favorável, sem eventos adversos referentes ao
hipoglicemiante oral. Exames laboratoriais normais”. Medicação em procedimento anestésico.
uso: losartan 50 mg, carvedilol 25 mg, mononitrato de isossorbida 20 Discussão: Tendo em vista que o paciente apresenta uma coagu-
mg, anlodipina 5 mg, metformina 800 mg, AAS 100 mg, clopidogrel lopatia e esteve em uso recente de antiagregantes, os bloqueios
75 mg, atorvastatina 40 mg e insulina NPH 100 u/dia. Diagnóstico oftálmicos são um desafio. A técnica escolhida foi o bloqueio epis-
oftalmológico: retinopatia diabética proliferativa com descolamen- cleral modificado, uma vez que pode ser feito com menos punções
to tracional da retina, envolve a mácula. Não obstante o relatório oculares do que o bloqueio extracone, o que minimiza o risco de
apresentado, optou-se pela manutenção do clopidogrel periopera- punções vasculares. A evolução observada neste caso clínico indica
tório; isso após ampla discussão com paciente, parentes e equipe possibilidade de uso do bloqueio episcleral modificado em pacien-
cirúrgica. Feita a cirurgia proposta com bloqueio peribulbar (agulha tes anticoagulados, antiagregados e coagulopatas, o que poderá ser
descartável 0,55 × 20 mm - 24G 3/4”) e sedação, apresentou ótimas confirmado com ensaios clínicos futuros.
evoluções clínica e cirúrgica, sem intercorrências. Referências:
Discussão: Tanto a suspensão do clopidogrel quanto sua manutenção 1. Ten Kate MK, Van Der Meer J. Protein S deficiency: a clinical
são condutas que podem ensejar controvérsias. Informar de maneira perspective. Haemophilia [Internet]. 2008. Disponível em:
clara e objetiva, sopesar riscos e benefícios de cada conduta, em http://doi.wiley.com/10.1111/j.1365-2516.2008.01775.x.
conjunto com todos envolvidos, é a melhor forma de lidar com 2. Kumar CM, Williamson S, Manickam B. A review of sub-Tenon’s
situações desafiantes. Nesse caso, a manutenção do clopidogrel block: current practice and recent development. Eur J Anaesthe-
proporcionou estabilidade cardiovascular, não ocorreu sangramento siol. 2005;22:567-77.
pela punção anestésica nem pela manipulação cirúrgica; o que
corro­borou a conduta e se mostrou como decisão adequada, de
acordo com dados da literatura, e pode (eventualmente) valer em
outras situações.
Referências:
1. Herbert EN, Mokete B, Williamson TH, Laidlaw DA. Haemorrhagic
XIV) Anestesia em Ortopedia
vitreoretinal complications associated with combined antiplate-
let agents. Br J Ophthalmol. 2006;90:1209-10.
2. Grand MG, Walia HS. Hemorrhagic risk of vitreoretinal surgery in TLO133 AMPUTAÇÃO DE MEMBRO INFERIOR EM PACIENTE
patients maintained on novel oral anticoagulant therapy. Retina. CARDIOPATA GRAVE: UMA ABORDAGEM DE BLOQUEIO
2016;36:299-304. GUIADA POR ULTRASSONOGRAFIA
Marco Túlio Froes Duarte*, Helena Araujo Damasceno,
Luciana de Souza Cota Carvalho Laurentys,
TLO294 BLOQUEIO OFTALMOLÓGICO EPISCLERAL
Bruno Carvalho Cunha de Leão, Anamaria Ruiz Combat Tavares
MODIFICADO EM PORTADOR DE DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNA S
Hospital João XXIII, Belo Horizonte, MG, Brasil
Marcelo Bueno Ferreira*, Jaqueline Costa Reis,
Daniel Espada Lahoz, Carolina Baeta Neves Duarte Ferreira Introdução: Pacientes portadores de fibrilação atrial (FA) são mais
propensos ao desenvolvimento de fenômenos cardioembólicos, so-
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
bretudo aqueles com elevado escore CHA2DS2-Vasc.1 Além disso,
Introdução: A proteína S é uma proteína plasmática vitamina K de- boa parte é portadora de outras graves comorbidades, como a in-
pendente sintetizada em hepatócitos e no endotélio. Na coagulação suficiência cardíaca.2 O presente relato de caso aborda paciente
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S67

com insuficiência cardíaca e FA que apresentou isquemia crítica de foram administrados etomidato 20 mg, fentanil 250 mcg e rocurônio
membro inferior direito (MID), necessitou de amputação. 50 mg. Para manutenção, usou-se sevoflurano. Foi feita monitora-
Relato de caso: H.M.F., 78 anos, portadora de HAS, DM tipo 2, ICC e ção básica e da pressão arterial invasiva com cateter em artéria
FA (CHA2DS2-Vasc 8) foi admitida com relato de dor em MID. Sua his- radial direita e instalados cateter venoso central e sonda vesical de
tória pregressa revelava AVC isquêmico havia cerca de uma semana demora. A cirurgia ocorreu em 7 horas. A paciente manteve estabili-
da internação, RANKIN 2. Dupplex de MID evidenciou extremidade dade hemodinâmica com perda sanguínea de 1.100 mL e necessitou
não viável; ecocardiograma apresentou Feve 31%, RDA grau I de VE de transfusão de duas unidades de concentrado de hemáceas. No
e PSAP de 38 mmHg. Classificação de risco ASA IV E, foi levada para fim, foi desintubada e foi instalada bomba de ACP por via intrave-
amputação transfemoral. Foi feito como técnica anestésica blo- nosa com solução de morfina 0,2 mg/mL, programada para bolus
queio dos nervos ciático (abordagem subglútea, acesso posterior), de 1 mg e intervalo de 20 min. Em seguida, foi acompanhada à
femoral, cutâneo lateral da coxa e obturatório guiados por ultrasso- unidade de terapia intensiva. Na avaliação pós-operatória imediata
nografia (US), com solução de 40 mL de ropivacaína 1% e lidocaína e durante os três dias seguintes, apresentou baixos escores de dor
2% CV. Mantida sob sedação leve com 2 mg de midazolan e 10 mg e diminuição progressiva das demandas, com início de fisioterapia
de cetamina. Monitorada com pressão não invasiva, cardioscopia precoce sem dor forte ou limitação funcional. No quarto dia após
e oximetria de pulso. Obteve-se anestesia satisfatória e amnésia a cirurgia, o dispositivo de ACP foi retirado e a paciente recebeu
anterógrada, com estabilidade hemodinâmica durante todo o proce- alta hospitalar, apresentou autorrelato de satisfação com a terapia
dimento. Levada ao CTI para monitoração pós-operatória, adquiriu analgésica oferecida.
condições de alta após 24 horas, sem intercorrências clínicas. Discussão: A evolução do conhecimento farmacológico agregada a
Discussão: A feitura de bloqueio periférico constitui-se de boa téc- diferentes técnicas de administração de analgésicos tem aprimora-
nica anestésica em pacientes cuja resposta endócrino-metabólica do o tratamento da dor pós-operatória. A indicação de ACP venosa
se associa a grande estresse cardiológico,3 o que poderia desenca- para essa paciente foi uma solução usada devido à extensa área
dear descompensação do quadro, além da possibilidade de estabi- de ferida cirúrgica associada à instrumentação local prévia, o que
lidade hemodinâmica durante o procedimento.4 Soma-se a isso que inviabilizava abordagens analgésicas de neuroeixo. Esse método se
a desconexão da ventilação mecânica, em casos de anestesia geral, mostrou eficaz e seguro para o controle da dor pós-operatória, per-
nem sempre se faz de maneira rápida, está associada a grande mor- mitiu fisioterapia precoce, diminuição do uso de demais analgésicos
bimortalidade pós-operatória.5 e produziu elevada satisfação da paciente.
Conclusão: O bloqueio de membros inferiores, sobretudo quando Referências:
guiado por US, constitui-se de excelente técnica anestésica para 1. Barros GAM, Lemonica L. Considerações sobre analgesia contro-
pacientes portadores de insuficiência cardíaca. lada pelo paciente em hospital universitário. Rev Bras Aneste-
Referências: siol. 2003;53:69-82.
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5. Dres M, Teboul JL, Monnet X. Weaning the cardiac patient from Manuela Campelo Carvalhal, Lais Helena Navarro e Lima
mechanical ventilation. Curr Opin Crit Care. 2014;20:493-8. CET/SBA do Departamento de Anestesiologia, Faculdade de
Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
TLP630 ANALGESIA CONTROLADA PELO PACIENTE APÓS
Justificativa: A população mundial de idosos tem aumentado e com
ARTRODESE DE NOVE NÍVEIS DA COLUNA TORACOLOMBAR
isso ocorre incremento na incidência de fratura de fêmur e artro-
Felipe Rodrigues Braz*, Fernando Cássio do Prado Silva, plastia de quadril com necessidade cirúrgica. Esses procedimentos
Alexandre de Menezes Rodrigues, Demócrito Ribeiro de Brito Neto, são de alto risco de mortalidade e há falta de dados nacionais sobre
Amanda Corrêa Vidica, Bruno Oliveira Lamberti esses desfechos.
Objetivo: Avaliar perfil demográfico, sobrevida e características pe-
Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil
rioperatórias de pacientes acima de 45 anos submetidos à cirurgia
Introdução: A artrodese é um método de tratamento cirúrgico das de quadril.
afecções da coluna vertebral que causam instabilidade e elevados Método: Estudo clínico, observacional, prospectivo. Foram coleta-
escores de dor. É um procedimento feito para produzir fusão óssea dos dados de pacientes submetidos à cirurgia de quadril e alocados
articular, resulta em imobilidade e reduz as queixas álgicas. Nesses em dois grupos: artroplastia eletiva (G1) e fratura de fêmur (G2).
procedimentos, o anestesiologista pode ter papel determinante so- Os pacientes foram avaliados segundo questionário pré-operatório
bre a qualidade da analgesia pós-operatória. O emprego de analge- e feito seguimento de um ano com dados do prontuário eletrônico
sia controlada pelo paciente (ACP) pode ser uma excelente opção. e telefonemas. As variáveis foram expressas em média ± desvio-pa-
Relato de caso: Paciente feminina, 71 anos, estado físico P2, hi- drão e em porcentagens. A sobrevida foi avaliada pelo modelo de
pertensa e diabética, apresentou-se para reoperação de artrodese Kaplan-Meier.
toracolombar eletiva com instrumentação cirúrgica de nove níveis Resultado: Quando comparamos G1 vs. G2, houve diferença para
(T10 a S1). Em sua cirurgia anterior, feita dois anos antes, foi sub- as variáveis: média de idade (anos) 66,2 ± 8,2 vs. 75,20 ± 1,48 (p <
metida à artrodese em três níveis (L3 a S1); todavia, mantinha o 0,0001), IMC 28,9 ± 6,3 vs. 25,0 ± 9,3 (p < 0,0001), tempo de inter-
quadro álgico. Optou-se por anestesia geral. Na indução anestésica, nação (dias) 5,0 ± 12,7 vs. 10,3 ± 12,7 (p < 0,0001), intervalo entre
S68 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

a internação e a cirurgia (dias) 2,7 ± 12,3 vs. 5,9 ± 7,6 (p < 0,0001), nicas anestésicas mais frequentes foram anestesia geral (39,7%) ou
respectivamente. G1 tem maior prevalência de pacientes ASA I e II a associação de anestesia geral com bloqueio de nervo periférico
(p < 0,0001) e G2 de ASA III e IV (p < 0,0001). Não houve diferença (41,1%). A taxa de mortalidade foi de 11%, tempo de internação (>
da prevalência do tipo de anestesia em G1 vs. G2. O bloqueio de 5 dias); tempo entre internação e cirurgia (> 48 h); traumas de alta
neuroeixo apresentou maior prevalência na população total quando energia; necessidade de transfusão; internação em UTI/USI; pre-
comparado com a anestesia geral (91,3% vs. 8,7%, p < 0,0001), além sença de insuficiência cardíaca; tabagismo; arritmias; DPOC; neo-
de menor tempo de internação (3,2 ± 4,2 vs. 14,1 ± 20,1 p < 0,0001). plasias e hipotireoidismo foram associados a esse desfecho. Após
Os tipos de anestesia não diferiram quanto à sobrevida. A mortalida- análise univariável, permaneceram significativamente associadas a
de em um ano após a cirurgia foi de 26%, 22% desses ocorreram em mortalidade: insuficiência cardíaca (IC); necessidade de internação
30 dias e todos os óbitos foram no grupo G2. Quando se compararam em UTI/USI; presença de neoplasia; necessidade de transfusão no
o grupo de sobreviventes vs. óbitos, obtiveram-se: idade 73,2 ± 12,8 transoperatório. As demais variáveis não se confirmaram como fa-
vs. 79,8 ± 10,2 (p < 0,0004), internação 8,3 ± 6,1 vs. 14,9 ± 20,6 tores de risco.
(p < 0,05), intervalo entre a internação e a cirurgia 5,2 ± 4,8 vs. 7,7 Conclusão: IC, internação em UTI/USI, neoplasia e necessidade de
± 11,6 (p = 0,02), respectivamente. Pacientes com idade > 75 anos transfusão foram associados a uma maior mortalidade nessa popula-
têm menor sobrevida do que os demais (log-rank 26,6; p < 0,0001). ção, mais estudos são necessários para afirmar com maior precisão
Houve menor sobrevida dos pacientes em condição de urgência/ o real impacto de cada uma dessas variáveis, bem como a identifi-
emergência, quando comparada com a cirurgia eletiva (log-rank cação de outros fatores associados à mortalidade.
7,9; p = 0,005). Pacientes ASA I e II têm maior sobrevida do que os Referência:
ASA III e IV (log-rank 27,4; p < 0,0001). Quando IMC ≥ 24,9, houve 1. Daniachi D, Netto Ados S, Ono NK, Guimarães RP, Polesello GC,
maior sobrevida quando comparados com IMC < 24,9 (log-rank 4,3; Honda EK. Epidemiology of fractures of the proximal third of the
p = 0,03). femur in elderly patients. Rev Bras Ortop. 2015;50:371-7.
Conclusão: Esses dados sugerem maior mortalidade com o aumento
da idade, maior tempo de internação e maior tempo decorrido en-
tre a internação e a cirurgia. O tipo de anestesia não interfere na TLO287 ANESTESIA COMBINADA PARA ARTROPLASTIA DE
sobrevida, mas aumenta o tempo de internação. Há maior mortali- QUADRIL EM PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DE
dade para cirurgias de urgência/emergência, pior estado nutricional FRAÇÃO DE EJEÇÃO REDUZIDA
e ASA > II.
Referência: Kleber Jordão de Souza*, Thiago Zampari Ferreira,
1. Metcalfe D, Perry DC, Costa ML. Hip fracture surgery vs. elective Maurício Miranda Ribeiro, Marcelo Souza Xavier
total hip replacement. JAMA. 2016;315:941-2. Real e Benemérita Instituição Portuguesa de Beneficência e Casa
de Saúde Santa Rita, São Paulo, SP, Brasil

TLO349 ANÁLISE SOBRE A EPIDEMIOLOGIA E MORTALIDADE Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica
com alta mortalidade em pacientes com classe funcional III e IV, im-
DA FRATURA PROXIMAL DE FÊMUR EM IDOSOS: UM
põe um desafio ao anestesiologista, pelo risco de descompensação
ESTUDO RETROSPECTIVO da doença e prolongamento da internação hospitalar. Relatamos o
Rodrigo Nolasco de Souza*, Jorge Hamilton Soares Garcia, caso de um paciente com IC de fração de ejeção reduzida, de difícil
Maurício Sperotto Ceccon, Eduardo Silva Freire, compensação, submetido à artroplastia de quadril.
Matheus Nilton Bernardi do Prado, André Dajori Ronchi Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 81 anos, 178 cm, 78
kg, branco, ASA IV (hipertensão arterial sistêmica, diabetes melli-
Hospital Governador Celso Ramos, Florianópolis, SC, Brasil
tus II, ICFER (fração de ejeção 26%), classe funcional pelo New
Justificativa e objetivo: Tendo em vista a alta mortalidade e com- York Heart Association (NYHA) IV, com indicação de artroplastia
plexidade de idosos com fratura proximal de fêmur, abordagens de quadril por fratura de fêmur esquerdo. Chegou à sala cirúrgica
diferenciadas, multidisciplinares, têm sido colocadas em prática, estável hemodinamicamente, após 10 dias de internação para
com impacto positivo em vários desfechos. Os objetivos deste estu- compensação, com oferta de oxigênio por cateter nasal (saturação
do foram: fornecer dados acerca da epidemiologia e internação de de O2 92%), consciente. A ausculta pulmonar apresentava estertores
idosos com fratura proximal de fêmur e buscar correlacionar essas crepitantes discretos bibasais. Optou-se pela feitura de anestesia
variáveis com a mortalidade intra-hospitalar. combinada (geral + peridural), com analgesia pós-operatória pelo
Método: Estudo observacional, retrospectivo, através da análise cateter peridural. Após sedação, foram obtidas pressão arterial in-
de prontuário de pacientes com mais de 60 anos, operados em um vasiva e cateter venoso central. Punção peridural com introdução
hospital geral de janeiro de 2012 a dezembro de 2015. Foram ava- de cateter, foram administradas ropivacaína 20 mg e morfina 2 mg.
liados: gênero, idade, ASA, tipo de fratura, mecanismo do trauma, Na indução, administrados etomidato 20 mg, fentanil 150 mg e ro-
número e tipo de comorbidades, mês do ano, técnica anestésica, curônio 50 mg. Intubação orotraqueal sem intercorrências e venti-
necessidade de transfusão sanguínea, dias entre a internação e a ci- lação mecânica controlada por volume 7 mL/kg, fração inspirada de
rurgia, tempo de internação hospitalar e mortalidade. Fizemos uma oxigênio 50% e PaO2/FiO2 = 278 no intraoperatório. A manutenção
regressão logística multivariável para identificar fatores associados anestésica foi mantida com sevoflurano 1,5%, guiada por monito-
à mortalidade e, após, usamos tabelas 2 × 2, nas quais calculamos o ração de consciência (BIS). Anestesia com duração de três horas e
qui-quadrado, a razão de chance e a significância. balanço hídrico guiado por VPP. Procedimento sem intercorrências.
Resultado: Foram incluídos 165 pacientes. A média foi de 79,44 Ausculta pulmonar final semelhante à inicial. Bloqueador neuromus-
anos (± 9,68), com predomínio do gênero feminino, 126 (76,36%). cular revertido com sugamadex 2 m/kg e extubação sem intercor-
Os tempos médios de internação, espera entre internação e cirur- rências. Mantida analgesia pós-operatória com PCA peridural por
gia, cirurgia e alta foram de 12,97 (± 12,14), 6,30 (± 5,75) e 6,63 dois dias com analgesia eficaz, com escala numérica de dor menor
dias (± 6,63) respectivamente. Quanto à ASA, houve um predomínio do que 4. Permaneceu em UTI por 15 dias, evoluiu a óbito devido à
de pacientes ASA II (42,2%) e III (53,1%). Traumas de baixa energia descompensação da ICC por quadro infeccioso.
foram os mais frequentes, 95,8% dos casos; 39 pacientes (23,6%) Discussão: Alguns fatores, como resposta inflamatória, dor intensa
foram transferidos para UTI ou semi-intensiva (USI). A transfusão e hidratação abundante, são relacionados a pior evolução no pós-
sanguínea transoperatória ocorreu em 13 pacientes (9,0%). As téc- operatório e maior morbidade. O manejo anestésico com sevoflura-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S69

no, juntamente com anestesia peridural, permite reduzir a resposta TLP1015 BENEFÍCIOS DO BLOQUEIO PLEXO LOMBAR VIA
inflamatória ao trauma cirúrgico, por bloquear as vias aferentes e POSTERIOR EM CIRURGIAS DE ARTOPLASTIA TOTAL DE
reduzir a hiperreatividade simpática. Também permite a feitura de QUADRIL EM UMA ABORDAGEM MULTIMODAL – RELATO DE
analgesia adequada com uso de PCA peridural, a mobilização do CASO
membro e feitura de fisioterapia. Apesar disso, a mortalidade du-
rante internação é de 12%, e neste caso o paciente evoluiu desfavo- Francisco de Lucena Cabral Júnior, Anderson da Silva Costa,
ravelmente devido a quadro infeccioso. Jennifer de Melo Rocha*, Felipe Nobre Muniz,
Referências: Tiêgo Rodrigues de Oliveira Pires, Victhor Castelo Branco Chaves
1. González-Chon O, Alba SR. Insuficiencia cardíaca y anestesia. CET do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
Rev Mex Anest. 2012;35(supl. 1):S300-S305. (INAMPS), Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil
2. Li QS, Liu FQ. Effects of thoracic epidural analgesia on plasma
cAMP and cGMP levels in patients with heartfailure. J Cardiotho- Introdução: A artroplastia total de quadril é um procedimento cirúr-
rac Surg. 2013,8:217. gico que cursa com dor pós-operatória de grau moderado a intenso,
principalmente nas primeiras 24 horas. Analgesia pós-operatória
adequada é essencial para o conforto e satisfação do paciente, di-
TLO657 ANESTESIA PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO minui a morbimortalidade e promove uma rápida recuperação.
DE OSTEOMIELITE COXOFEMORAL EM IDOSA COM Relato de caso: Paciente feminino, 71 anos, 55 kg, ASA P2, internada
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA GRAVE por fratura de colo do fêmur esquerdo, indicada artroplastia total
de quadril. Capacidade funcional maior do que 4 METs. Exames labo-
Felipe Rodrigues Braz*, Thiago Rodrigues Braz, ratoriais sem alterações. ECG e ecocardiograma compatíveis com a
João Paulo Jordão Pontes, Fernando Cássio do Prado Silva, idade. História prévia de intolerância a opioides após ser submetida
Nubia Rodrigues Batista, Alexandre de Menezes Rodrigues à histerectomia total abdominal, apresentava episódios incoercíveis
Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil de náuseas, vômitos e prurido. Anestesia feita: bloqueio neuroeixo
associado a bloqueio de plexo lombar via posterior. Monitoração com
Introdução: A expectativa de vida da população tem crescido em PANI, cardioscópio, oximetria de pulso. Parâmetros iniciais: PA: 150
quase todo o mundo e doenças crônico-degenerativas, sobretudo × 90 mmHg, FC: 85 bpm, SaO2: 98%. Usado midazolam 1,5 mg IV para
cardiovasculares, têm aumentado na mesma proporção. Alguns des- sedação. Para o bloqueio subaracnóideo, usou-se agulha Quincke
ses pacientes têm limitações importantes de suas reservas orgânicas 26G e bupivacaína isobárica 0,5% (15 mg). Administrados dipirona 2
globais. De fato, pacientes cardiopatas graves têm se apresentado g, dexametasona 4 mg, bromoprida 10 mg, ondansetrona 4 mg EV..
cada vez mais para cirurgias complexas. Procedimento cirúrgico sem intercorrências. Ao seu término, feito
Relato de caso: Paciente feminina, 76 anos, 62 kg, estado físico bloqueio de plexo lombar via posterior sob técnica de Winnie, obtida
P3, recebeu indicação de tratamento cirúrgico de osteomielite de resposta adequada de contração do quadríceps femoral ao estimu-
fêmur direito e retirada de material infectado de síntese óssea lador de nervo periférico com agulha Tuohy 18G-100 mm, injetada
intramedular. Tinha antecedentes de hipertensão arterial, acidente ropivacaína 0,5%, 20 mL, com posterior passagem de cateter. Para
vascular encefálico, demência vascular e infarto do miocárdio controle da dor pós-operatória administrou-se dipirona 1 g 6/6 h e
com revascularização do miocárdio havia um ano. Ecocardiografia cetoprofeno 100 mg 12/12h, ambos IV. Duas horas após o término da
mostrava fração de ejeção de 32% com dilatação das câmaras operação, paciente sem dor, nota 0 segundo escala visual analógica
esquerdas. Optou-se pela feitura de anestesia peridural e (EVA). Um dia após o procedimento, negava náuseas, vômitos, pru-
sedação. Foi monitorada com eletrocardiografia contínua, rido ou retenção urinária e referia dor com nota 2 na EVA. Adminis-
saturação periférica de oxigênio e pressão arterial invasiva com trados 15 mL de ropivacaína 0,25% via cateter de plexo lombar. Após
cateterização de artéria radial esquerda. Obteve-se acesso venoso 48 horas da cirurgia, apresentava-se sem queixas de dor, náuseas,
20G, foram administrados 2 mg de midazolam e 50 mcg de fentanil vômitos ou prurido. Não necessitou de morfina de resgate. Recebeu
para sedação. A punção peridural ocorreu em L5/S1 com agulha alta hospitalar 72 horas após o procedimento.
de Weiss 16G, foi introduzido cateter e administrada dose teste Discussão: Analgesia para artroplastia de quadril pode incluir o uso
negativa de 3 mL de lidocaína 1% com vasoconstritor, seguida por de opioides sistêmicos, analgesia subaracnoide ou epidural e blo-
injeção via cateter peridural de 5 mL de bupivacaína 0,25% com queio de plexo de lombar posterior. O uso do bloqueio de plexo
vasoconstritor. O procedimento cirúrgico foi feito em 90 minutos, lombar diminui a dor pós-operatória e reduz a necessidade do uso
sem instabilidade hemodinâmica ou outras intercorrências. de opioides, promove analgesia unilateral e diminui os riscos dos
No fim, o cateter peridural foi retirado e optou-se pela feitura efeitos colaterais causados por eles.
de bloqueio do nervo femoral guiado por ultrassonografia com Referência:
agulha A50. Foram administrados 20 mL de levobupivacaína 0,25% 1. Anis S, El Moaty NA, Youssef A, Ramzy R, Hassan R. Lumbar plex-
com vasoconstritor. Em seguida, a paciente foi levada à sala de us block as a method of postoperative analgesia after hip sur-
recuperação pós-anestésica. Evolui bem e recebeu alta hospitalar gery. Egypt J Anaesth. 2011;27:127-33.
após três dias de internação.
Discussão: O manejo anestésico dessa paciente demonstra a viabili-
dade e plasticidade da anestesia peridural com bloqueio diferencial TLO320 DETECÇÃO DE ÊMBOLOS INTRACARDÍACOS POR
em idosos com baixa reserva orgânica. O planejamento anestésico
ECOCARDIOGRAMA TRANSTORÁCICO INTRAOPERATÓRIO
adequado ao quadro de cardiopatia grave proporcionou anestesia
EM ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO – RELATO DE CASO
segura e reduziu o risco de comprometimento hemodinâmico. O uso
de monitoração hemodinâmica invasiva também foi outro aspecto Barbara Moura Carrasco, Thiago de Vito Rabelo,
relevante para o desfecho alcançado. Carla Soares Meireles*, Amanda Rodrigues Tirapani Diniz,
Referências: Rodrigo Machado Saldanha, Cristina Ribas Florentino
1. Brull R, Macfarlane AJR, Chan VWS. Spinal, Epidural and Caudal
Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
Anesthesia. In: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al. Miller’s
(UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil
Anesthesia. 8.ed. Philadelphia: Elsevier; 2015:1684-720.
2. Dutra OP. II Diretriz Brasileira de Cardiopatia Grave. Arq Bras Introdução: O envelhecimento da população torna cada vez
Cardiol. 2006;87:223-32. mais comum a feitura da artroplastia total de joelho (ATJ) para
S70 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

reabilitação de quadros graves de osteoartroses. Durante esse o emprego da dexametasona e da ondansetrona. O presente estudo
procedimento cirúrgico são comuns os episódios de embolizações, propõe uma análise prospectiva, randomizada e duplamente enco-
em sua maioria sem repercussão clínica. berta para avaliar a qualidade da recuperação após a administração
Relato de caso: Mulher de 63 anos, obesa (IMC 34), diabética e de morfina intratecal em pacientes submetidos à correção cirúrgica
com hipercolesterolêmica em uso de metformina e sinvastatina. de fraturas de membros inferiores e que receberam de forma profi-
Passado de ATJ direito havia 10 anos, foi internada para cirurgia lática dexametasona, ondansetrona ou placebo.
eletiva de troca dessa prótese. Exames laboratoriais normais, exce- Método: Foram avaliados 118 pacientes, estado físico ASA I ou
to por hemoglobina de 11,8 g/dL e glicemia de jejum de 120 mg/dL. II, submetidos a cirurgias ortopédicas nos membros inferiores,
Eletrocardiograma com sinais de hipertrofia ventricular esquerda, distribuídos de forma randomizada em três grupos: dexametasona
ecocardiograma mostrava fração de ejeção de 63% e válvulas com- (8 mg), ondansetrona (4 mg) ou placebo (AD) administrados por via
petentes. Procedida monitoração (eletrocardiografia, oximetria de venosa imediatamente após a anestesia raquidiana (bupivacaína
pulso e pressão arterial não invasiva), venóclise com cateter intra- pesada 0,5% e morfina 0,1 mg). A qualidade da recuperação foi
venoso número 16G, sedação com 3 mg de midazolam e então ini- avaliada no dia seguinte por meio da aplicação do questionário
ciada infusão contínua de dexmedetomidina 0,8 mcg/kg/h. Feita ra- QoR-40. Também foi avaliada a presença de NVPO, dor, consumo de
quianestesia com agulha Quincke 27G em L3/L4 e injeção de 15 mg analgésicos e retenção urinária na SRPA e na enfermaria.
de bupivacaína 0,5% isobárica e bloqueio do plexo femoral e do ca- Resultado: Os parâmetros demográficos foram semelhantes entre
nal dos adutores com auxílio de neuroestimulador e ultrassom com os três grupos. Não houve diferença na qualidade da recuperação
200 mg de ropivacaína 0,5%. A paciente manteve-se estável após a (QoR-40) segundo o escore total ou para as diferentes dimensões
estabilização dos bloqueios. Isquemia do membro feita com garrote do questionário. As incidências de náuseas, vômitos, prurido e de
pneumático posicionado em coxa direita com pressão de 350 mmHg. retenção urinária, na SRPA ou na enfermaria, foram semelhantes
Iniciada monitoração com ecocardiografia transtorácica para avalia- entre os grupos. Nenhum paciente apresentou dor durante a
ção de função cardíaca e quantificação de reposição volêmica. Após permanência nesse setor. Em relação à ocorrência de dor na
cimentação da prótese com polimetilmetacrilato foram observados enfermaria, a intensidade foi significativamente maior no grupo
êmbolos cardíacos volumosos nas câmaras cardíacas direitas. Com a ondansetrona.
soltura do garrote o número de êmbolos aumentou significativamen- Conclusão: A qualidade da recuperação em pacientes que
te, no entanto não houve repercussão clínica. No fim da cirurgia, receberam morfina intratecal para o controle da dor pós-operatória
a avaliação ecocardiográfica já mostrava resolução do quadro. Pa- após cirurgia ortopédica de membros inferiores foi semelhante após
ciente foi acompanhada no período peri e pós-operatório pela equi- a administração profilática da dexametasona, da ondansetrona ou
pe de anestesiologia, não foram necessárias transfusões sanguíneas do placebo.
e sem apresentar repercussões clínicas de embolia. Referências:
Discussão: A formação de êmbolos durante a ATJ é um evento já co- 1. Szarvas S, Chellapuri RS, Harmon DC, Owens J, Murphy D, Shor-
nhecido, mais comum quando usada a técnica com cimen­tação. Pa- ten G. A comparison of dexamethasone, ondansetron, and dexa-
cientes submetidos a essa cirurgia normalmente têm comor­bidades methasone plus ondansetron as prophylactic antiemetic and an-
cardiovasculares decorrentes da idade. É importante a avaliação tipruritic therapy in patients receiving intrathecal morphine for
pré-anestésica criteriosa, assim como a monitoração intraoperató- major orthopedic surgery. Anesth Analg. 2003;97:259-63.
ria rigorosa. O ecocardiograma transtorácico é uma forma não inva- 2. Myles PS, Weitkamp B, Jones K, Melick J, Hensen S. Vality and
siva e de qualidade para avaliação de formação de êmbolos e suas reliability of a postoperative quality of recovery score: the QoR-
possíveis complicações. 40. Br J Anaesth. 2000;84:11-5.
Referências:
1. Christie J, Burnett R, Potts HR, Pell AC. Echocardiography of
transatrial embolism during cemented and uncemented hemiar- TLP950 EMPREGO DAS ESCALAS DE WILSON, ARNÉ E
throplasty of the hip. J Bone Joint Surg Br. 1994;76:409-12. EL GANZOURI PARA AVALIAÇÃO DA VIA AÉREA DIFÍCIL:
2. Perlas A, Chan VWS, Beattie S. Anesthesia technique and mor- VERIFICAÇÃO DO VALOR PREDITOR
tality after total hip or knee arthroplasty. Anesthesiology.
2016;125:724-31. Antônio Fernando Carneiro, Tolomeu Artur Assunção Casali,
Felipe Bufaical Rassi Carneiro, Muriel Pires e Silva,
Daniela Agra de Castro*
TLO292 EFEITO DA DEXAMETASONA, DA ONDANSETRONA Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo
OU DO PLACEBO NA QUALIDADE DA RECUPERAÇÃO APÓS A (CRER), Goiânia, GO, Brasil
ADMINISTRAÇÃO DE MORFINA INTRATECAL EM PACIENTES
Introdução: A abordagem da via aérea é sempre um desafio para
SUBMETIDOS À CORREÇÃO CIRÚRGICA DE FRATURAS DE
o anestesista, principalmente quando considerada difícil. Existem
MEMBROS INFERIORES diversas escalas para avaliação de via aérea difícil (VAD) que con-
Miguel Antonio Teixeira Ferreira*, Eduardo Toshiyuki Moro, sistem na combinação de elementos clínicos e dos testes direcio-
Renyer dos Santos Gonçalves, Cristiane Ferreira da Silva, nados. O determinante desses métodos é classificar e observar o
Roberta Costa Vargas, Samira Joverno Calil valor preditivo. Usamos três escalas para avaliar um paciente que
possivelmente apresentaria uma VAD com objetivo de verificar seu
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo, emprego.
SP, Brasil
Relato de caso: Paciente masculino, 53 anos, 115 kg, 1,80 m, ASA
Justificativa e objetivo: A administração da morfina pela via intrate- 2 (portador de apneia do sono e hipertensão arterial) em uso regu-
cal é reconhecida como uma das melhores formas de prevenir a ocor- lar de losartana 50 mg e hidroclorotiazida 12,5 mg diários. Exames
rência de dor pós-operatória em pacientes submetidos à cirurgia or- laboratoriais e ECG sem alterações. Indicado tratamento cirúrgico
topédica nos membros inferiores. No entanto, para muitos indivíduos para lesão de manguito rotador. Apresentou na avaliação da via
os benefícios observados são acompanhados de efeitos indesejáveis aérea os seguintes dados: sem história prévia de intubação difícil;
causados pela presença desse opioide no espaço liquórico. Náusea, ausência de prognatismo ou subluxação de mandíbula; distância
vômito, prurido e retenção urinária são os mais citados. Algumas in- inte­rincisivos – 6 cm; distância tireomento - 4,5 cm; distância es-
tervenções podem reduzir a ocorrência de tais complicações, como ternomento - 10,5 cm; circunferência cervical – 41 cm, mobilidade
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S71

cer­vical em torno de 90°, Mallampati III. Com base nesses dados, e contraturas musculares, além da susceptibilidade à hipertermia
todas as escalas usadas (Wilson - 4; Arné - 20; El Ganzouri - 7) apre- maligna, exige cuidado no posicionamento e manejo anestésico.
sentaram valores preditos de VAD. Para a anestesia, primeiro foi O uso do USG na obtenção de acesso venoso e na feitura de bloqueios
feito bloqueio de plexo braquial por via interescalênica auxiliado periféricos aprimora o resultado e reduz a morbidade relacionada
pelo neuroestimulador com injeção lidocaína 2% CV – 300 mg e bu- à dificuldade técnica. É importante evitar halogenados e a succinil-
pivacaína 0,5% CV – 100 mg. Em seguida, foi feita anestesia geral colina, ambos desencadeadores triggers para síndrome da hiperter-
balanceada, tomou-se o cuidado do posicionamento adequado do mia maligna. No caso em questão, embora a técnica regional tenha
paciente e com todo material de VAD disponível em sala. Na indução sido eleita, uma via aérea sabidamente difícil exige antecipação no
foram administrados fentanil 250 mcg, propofol 200 mg e atracúrio preparo para sua possível abordagem. O sistema de videolaringos-
50 mg. A intubação orotraqueal sob laringoscopia direta com câ- cópio deve ser escolhido conforme seu fabricante, uma vez que sua
nula nº 8,0 foi feita com sucesso, visualizado Comark-Lehane: 1. inserção pode ser impossibilitada pela pequena abertura de boca.
A manutenção da anestesia foi feita com O2 + sevoflurano 1,5%. O O estreitamento de coanas nasais faz com que a broncoscopia por
procedimento durou 100 minutos, não apresentou intercorrência e a via oral seja a técnica de eleição. O prévio conhecimento sobre a
extubação ocorreu na sala. O paciente foi levado para a SRPA, com síndrome de Freeman-Sheldon pelo anestesiologista permite maior
Aldrete-Kroulik: 9. segurança e qualidade no desfecho dos procedimentos cirúrgicos.
Discussão: O emprego das escalas para avaliação da VAD auxilia Referências:
como importante ferramenta. Essas escalas podem desempenhar 1. Cruickshanks GF, Brown S, Chitayat D. Anesthesia for Freeman
papel de destaque nessas situações. A grande vantagem dessas Sheldon syndrome using a laryngeal mask airway. Can J Anaesth.
escalas é a feitura de uma análise multivariada, aproxima-se da 1999;46:783-7.
realidade multifatorial do diagnóstico de via aérea difícil. Cabe ao 2. Jones R, Dolcourt JL. Muscle rigidity following halothane anes-
anestesista reconhecer uma VAD potencial, executar um plano de thesia in two patients with Freeman Sheldon syndrome. Anesthe-
ação para solucionar o problema, sempre garantir a segurança do siology. 1992;77:599-600.
paciente mesmo nas situações de dificuldade.
Referências:
1. Pedrosa FP. Avaliação da via aérea: fatores preditivos de dificul- TLO308 INTERVENÇÃO PRECOCE PARA PREVENÇÃO
dade. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, 2012. DE INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM PACIENTE COM
2. Melhado VB, Fortuna A. Via aérea difícil. In: Yamashita AM, Fortis RABDOMIÓLISE POR ESMAGAMENTO: RELATO DE CASO
EAF. Curso de educação a distância em anestesiologia, São Paulo,
Johnny da Silva*, Fernanda Lourenço Furigo,
Office Editora, 2004;4:16-107.
Fábio Luis Ferrari Regatieri, Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz,
Vanessa Ramalho de Brito, Daniel Varoni Schneider
TLO280 IMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS DA SÍNDROME DE Hospital Geral de Itapevi, São Paulo, SP, Brasil
FREEMAN-SHELDON NA CIRURGIA DE RECONSTRUÇÃO
Introdução: A rabdomiólise, degeneração das células musculares
LIGAMENTAR estriadas, leva à liberação de material tóxico intracelular, como
Thatiana Lips da Silva, Luiz Felippe Carvalho Guerreiro*, mioglobinas, eletrólitos e enzimas musculares, principalmente cre-
Mauren Cantarelli Noal, Carla Valeria Rocha Ramos Giorgetta atinofosfoquinase (CPK), na corrente sanguínea. Caracteriza-se por
mialgia, fraqueza muscular, edema e mioglobinúria. O quadro clíni-
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), Rio de
co consiste em efeitos locais pela compressão de músculos, vasos e
Janeiro, RJ, Brasil
nervos e/ou efeitos sistêmicos associados à redução do volume in-
Introdução: A síndrome de Freeman-Sheldon é uma desordem gené- travascular, desequilíbrio eletrolítico e lesão renal. O diagnóstico é
tica rara descrita em 1938 com alterações osteomusculares, dismor- feito com o aumento sérico das enzimas e constituintes musculares,
fismo facial característico (fácies em assobio) e presença de hérnia tais como a CPK e mioglobina.
inguinal bilateral. Os portadores dessa síndrome apresentam carac- Relato de caso: Homem, branco, 45 anos, ASA I, 80 kg, 1,78 m, com
terísticas de via aérea difícil e incidência aumentada de hipertermia ferimento extenso na coxa direita por esmagamento após queda de
maligna, o que torna o ato anestésico desafiador. árvore. Intervalo de duas horas entre o ocorrido e início da aneste-
Relato de caso: Paciente feminina, 17 anos, 50 kg, ASA I admitida na sia com monitoração básica e sedação leve (Ramsay 3) com drope-
SO alerta, lúcida, orientada e hemodinamicamente estável. Sinais ridol + fentanil 5 mg/0,1mg e midazolam 3,5 mg. Fez-se bloqueio
vitais: PA 110 × 70 mmHg, FC 75 bpm, SatO2 98% em ar ambiente. subaracnóideo nível L3-L4 com bupivacaína pesada 0,5% 10 mg,
Levada a cirurgia de reconstrução de mecanismo extensor da perna fentanil 0,05 mg e morfina 0,08 mg, nível adequado de bloqueio.
e tenotomia de Aquiles bilateral. O exame das vias aéreas revelou Mantido sob sedação e estável hemodinamicamente. Iniciado trata-
Malampatti 4, abertura de boca restrita com 2,3 cm, distância tireo- mento empírico para rabdomiólise com ringer lactato (RL) 1.500 mL
mentoniana de 4,0 cm e importante restrição à mobilidade cervical, e bicarbonato de sódio 8,4% (HCO3) 100 mL.
devido a contratura muscular estabelecida. Foi solicitado material Resultado: Hb 11,3, Ht 31, CPK 835, K 3,7, Na 140, Ur 18, Cr 0,9.
de via aérea difícil. A técnica anestésica escolhida foi bloqueio sub­ Não houve intercorrências intraoperatórias. Após 70 minutos de ci-
aracnóideo simples com bupivacaína isobárica 15 mg, bloqueio de rurgia, foi levado à SRPA e mantida hidratação com RL associado ao
nervo ciático poplíteo e femoral com auxílio do USG com ropivacaí- HCO3 no pós-operatório. Manteve débito urinário, pH urinário alcali-
na 0,3% 10 mL em cada sítio para analgesia pós-operatória e seda- no e escórias nitrogenadas normais, apesar do aumento da CPK. No
ção venosa feita com midazolam 5 mg e fentanil 100 mcg com su- 10º dia de internação, recebeu alta com redução dos níveis de CPK
plementação de O2 3 L/min. O procedimento cirúrgico transcorreu e função renal preservada.
sem intercorrências com duração de 150 minutos. Houve reversão Discussão: O quadro típico da síndrome de esmagamento deve-se
completa do bloqueio motor e sensitivo após 200 minutos e foi leva- à liberação do conteúdo das células musculares lesadas. Íons como
da para a enfermaria sem queixas. sódio, cálcio e água invadem a célula muscular e liberam potássio,
Discussão: As alterações fenotípicas craniofaciais, como migrogna- mioglobina, fosfato e urato na circulação. O evento final é choque
tia, fácies em assobio, cartilagem nasal pouco desenvolvida com (edema muscular), acidose metabólica, hipercalemia, síndrome
narinas estreitadas, impõem atenção a uma potência ventilação e compartimental e insuficiência renal aguda (IRA) oligúrica (oriunda
intubação difíceis. A presença de camptodactilia com desvio ulnar da isquemia, obstrução tubular pelos hemes pigmentados e lesão tu-
S72 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

bular pelo ferro livre). Níveis crescentes de CK estão associados ao Referências:


desenvolvimento de IRA e à mortalidade. O tratamento consiste na 1. Goulart AP, Moro ET, Guasti VM, et al. Manuseio anestésico de
retirada do fator etiológico e correção agressiva da hipovolemia. O paciente portador de telangiectasia hemorrágica hereditária
uso de HCO3 é fundamental para uma rápida alcalinização da urina, (síndrome de Rendu-Osler-Weber). Relato de caso. Rev Bra Anes-
evita a precipitação da mioglobina nos túbulos renais. É importan- tesiol. 2009;59:74-8.
te aumentar a diurese, o manitol e a furosemida são os diuréticos 2. Nascimento RTL, Santos LC, Mól MM, et al. Hereditary hemorra-
mais usados. Provavelmente evitou-se a IRA pela rápida conduta de gic telangiectasia (Rendu-Osler-Weber Syndrome): case report.
hidratação e alcalinização da urina no intraoperatório. Braz J Surg Clinic Res. 2015;10:25-30.
Referências:
1. Galvão J, Gusmão L, Possante M. Insuficiência renal e rabdo-
miólise induzidas por exercício físico. Rev Port Nefrol Hipert.
2003;17:189-97.
2. Uchoa RB, Fernandes CR. Rabdomiólise induzida por exercício e XV) Anestesia em Otorrinolaringologia
risco de hipertermia maligna. Relato de Caso. Rev Bras Aneste-
siol. 2003;53:63-8.
TLO683 ABORDAGEM DE VIA AÉREA EM PACIENTE COM
LESÃO VEGETANTE OBSTRUTIVA EM PREGA VOCAL
TLO943 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE PORTADOR SUBMETIDO À MICROCIRURGIA DE LARINGE
DA SÍNDROME DE RENDU-OSLER-WEBER EM CIRURGIA DE
Débora Oliveira de Souza*, Leandro José Fonseca Miranda Ribeiro,
ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO: RELATO DE CASO
Mariana de Oliveira Alencar Queiroz, Simone Soares Leite,
Allan Rafael dos Santos Tavares, Thayane Karine Verçosa da Silva, Rodrigo Pereira Diaz André
Wagner de Paula Rogério, Mozer da Silva Campos,
Adélia Rego Corrêa Meninéa, Rafaela Rodrigues Calado* Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF),
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
CET Integrado do Instituto de Anestesiologia do Amazonas, Brasil
Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), Manaus, AM, Brasil
Introdução: A cirurgia de laringe representa um desafio ao
Introdução: A síndrome de Rendu-Osler-Weber, ou telangiectasia anestesista, uma vez que a via aérea superior é compartilhada com
hemorrágica hereditária (THH), é uma rara displasia fibrovascular o cirurgião. Quando há patologia de laringe que distorce a anatomia
sistêmica, de transmissão autossômica dominante, que torna a torna o manejo da via aérea ainda mais difícil, é fundamental a
parede vascular vulnerável a traumatismos e rupturas, provoca formulação de um plano sequencial de abordagem da via aérea.
sangramentos em pele e mucosas. O presente relato tem como Relato de caso: A.S., masculino, 56 anos, ex-tabagista, obesidade
ênfase o manejo anestésico de paciente portador dessa síndrome. grau III, hipertensão arterial sistêmica de longa data em uso de
Relato de caso: Paciente de 73 anos, sexo masculino, ASA II, com losartana 50 mg/dia, submetido a microcirurgia de laringe para
programação cirúrgica de artroplastia total de joelho. Na avaliação ressecção de pólipo em prega vocal. Paciente referia dispneia
pré-anestésica, referiu histórico de epistaxe recorrente havia 25 ortostática devido a provável obstrução da via aérea superior.
anos e tratamentos com tamponamentos e cauterização nasal, Avaliação de via aérea com índice de Mallampati modificado III,
sem melhoria do quadro. História de cinco portadores da síndrome abertura satisfatória da cavidade oral (> 3 cm), mobilidade cervical
em parentes de primeiro grau. Ao exame físico, presença de preservada, distâncias esternomento e tireomento reduzidas e
telangiectasias disseminadas em face, tórax, abdome, membros, aumento da circunferência do pescoço. Procedimento feito em
região nasal, língua e palato duro. Exames laboratoriais pré- centro cirúrgico sem medicação pré-anestésica. Após monitoração
operatórios dentro da normalidade. EDA com ectasia venosa de básica, optou-se por intubação orotraqueal sob sedação e cabeceira
antro. Foi administrado ácido tranexâmico na dose de 1 g EV, três elevada. Iniciada infusão de dexmedetomidina em bomba infusora
horas antes do procedimento. Em sala operatória monitoração- 1 mcg/kg nos primeiros 10 minutos, seguida de anestesia tópica
padrão com oximetria de pulso, PNI e eletrodos cardíacos de cinco em oro e hipofaringe com lidocaína spray 10% e feito bloqueio
derivações. Pré-oxigenação com oxigênio a 100% 6 L/min; indução transcricotireóideo com 3 mL de lidocaína 2%. Paciente manteve-
venosa com lidocaína 2 mg/kg, cetamina 0,15 mg/kg, sulfato de se ansioso, não tolerou adequadamente laringoscopia direta (duas
magnésio 40 mg/kg, alfentanil 20 µg/kg, propofol 2 mg/kg e rocurô- tentativas). Iniciada administração de fentanil 60 mcg IV com
nio 0,6 mg/kg, em bolus. Intubação orotraqueal com capnografia nova tentativa de laringoscopia (Cormack-Lehane IIB). Após duas
positiva. A seguir, feito bloqueio do nervo femoral guiado por ultras- tentativas e com auxílio de bougie foi introduzido tubo orotraqueal
som, com ropivacaína a 1% 2 mg/kg. Manutenção da anestesia com 6,5 com cuff e confirmado o posicionamento pela capnografia e aus-
infusão contínua de dexmedetomidina 0,2 µg/kg/h e propofol 4 mg/ culta pulmonar. Cirurgia transcorreu sem intercorrências e o pacien-
kg/h. Ácido tranexâmico 2 mg/kg/h para controle de hemorragias. te foi extubado, desperto e com reflexos de proteção da via aérea
O ato cirúrgico durou 210 minutos. No intraoperatório, paciente he- preservados, manteve-se assintomático por todo o período em que
modinamicamente estável, com sangramento considerado normal esteve na sala de recuperação pós-anestésica.
para o procedimento. No fim da cirurgia, após receber sugamadex Discussão: O manejo de via aérea difícil tem como prioridade a
2 mg e obter TOF 117, foi extubado e levado à UTI. Alta hospitalar manutenção da oxigenação e minimizar traumas e complicações.
após 48 horas, sem apresentar complicação pós-operatória. A avaliação pré-anestésica, que identifica fatores de risco, permite
Discussão: A THH é uma doença autossômica dominante que provoca a adoção de estratégias, objetiva a segurança e reduz a morbidade
displasia vascular musculocutânea e visceral. Pode haver perda do paciente. A intubação acordada é indicada quando há predito-
sanguínea perioperatória acima da esperada em portadores dessa res de via aérea difícil em um procedimento eletivo. A preparação
síndrome. Assim, a avaliação pré-anestésica deve incluir a pesquisa psicológica é de suma importância, a fim de reduzir a ansiedade do
de malformações vasculares, para que seja possível reduzir os riscos paciente e mantê-lo colaborativo. A preparação farmacológica deve
de complicações. Como o sangramento não é resultado de defeito ser feita com medicações ansiolíticas e que não afetem a respiração
na cascata de coagulação, mas da exposição cirúrgica da estrutura espontânea. A dexmedetomidina, um agonista alfa-2 adrenérgico,
vascular malformada, a conduta perioperatória inclui o emprego de tem efeitos sedativo e analgésico sem afetar o drive respiratório.
antifibrinolíticos, quando não houver contraindicação. Além disso, a associação da anestesia tópica e o bloqueio transcri-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S73

cotireóideo torna o procedimento mais confortável ao paciente e TLP249 IGNIÇÃO DE TUBO ENDOTRAQUEAL DURANTE
facilita a instrumentação da via aérea. MICROCIRURGIA DE LARINGE A LASER
Referência:
Celso Schmalfuss Nogueira, Caroline Dias Lima,
1. Ramkumar V. Preparation of the patient and the airway for
awake intubation. Indian J Anaesth. 2011;55:442-7. Felipe Souza Thyrso de Lara, Diego Trindade de Almeida*,
Joice Dayane Tavares, Cleber Wagner de Carvalho
CET em Anestesiologia da Santa Casa de Misericórdia de Santos,
TLP070 ANESTESIA GERAL EM PACIENTE PORTADOR Santos, SP, Brasil
DE PAPILOMATOSE LARÍNGEA COM INSUFICIÊNCIA
Introdução: A ignição do tubo traqueal durante o uso de laser é um
RESPIRATÓRIA
evento raro, com incidência de 0,14 a 1,5%, porém pode acarretar
Daniela Chinelato Marcelino*, Luiz Felipe de Souza Tiburzio Megale, consequências graves, desde estenoses no leito de combustão até
Mônica Braga da Cunha Gobbo, Letícia Aparecida Ferreira, atelectasias.1 Independentemente do tipo de laser, diodo ou dió-
Bárbara Monteiro Moreira, Luísa da Cunha Gobbo, xido de carbono, o mecanismo de ignição é o mesmo, visto que o
Karolynne Myrelly O.B. Figueiredo Saboia campo cirúrgico abriga combustíveis, oxigênio e fonte de energia.
Aliar as vantagens da cirurgia minimamente invasiva ao manejo cri-
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
terioso da via aérea deve ser objetivo nos procedimentos com o uso
Campinas, SP, Brasil
de laser, para garantir segurança e satisfação.
Introdução: A papilomatose laríngea é causada pelo papiloma vírus Relato de caso: Paciente masculino, 39 anos, 65 kg, 1,63 m, ASA II,
humano, com predominância entre um e quatro anos de idade. O com planejamento de microcirurgia de laringe com uso de laser de
quadro clínico se baseia em estridor, roncos, afonia, obstrução da diodo, devido à leucoplasia, evidenciada por nasofibrolaringoscopia.
via aérea. O contágio ocorre na passagem pelo canal de parto ou Monitorado com cardioscópio, pressão arterial não invasiva, oxime-
pelo contato de sangue materno infectado. A presença dos tumores tria de pulso e capnografia. A anestesia foi induzida com alfentanil
na via aérea pode acarretar em obstrução laríngea severa e recor- 30 mcg/kg, propofol 2 mg/kg, atracúrio 0,4 mg/kg e mantida com
rente. A remoção cirúrgica para alívio dos sintomas é a primeira sevoflurano CAM1.0 e ventilação controlada a volume através de
escolha no tratamento. O anestesista e o cirurgião, ao compartilhar um tubo endotraqueal simples de PVC 6,0 com cuff e FIO2 de 40%.
o campo na manipulação da via aérea, podem ter dificuldades. Após 20 minutos, houve queda da curva de capnografia associada à
Relato de caso: R.A.B.D., 9 meses, masculino, 10 kg, 75 cm, deu liberação de fumaça pela cavidade oral. O tubo, comprometido por
entrada no centro cirúrgico em caráter de emergência por insufi- ignição na região do cuff, foi removido imediatamente e o paciente
ciência respiratória. Diagnosticado com papilomatose laríngea aos reintubado logo após resfriamento da região com gaze umedecida.
três meses, na vigência de dificuldade respiratória, e submetido Subsequentemente, a via aérea foi examinada, confirmou a ausên-
à cirurgia para remoção dos tumores nesse momento. Apresen- cia de lesão. Com o procedimento finalizado, a extubação foi feita
ta-se taquipneico, taquicárdico e com saturação de oxigênio de com o paciente acordado, sem intercorrências. Permaneceu por
85%, presença de estridor laríngeo e retração de fúrcula. Feita duas horas em sala de recuperação sob monitoração. Recebeu alta
indução inalatória com sevoflurano e posteriormente sufentanil
hospitalar sem queixas e prescrição externa de prednisolona 40 mg
e propofol. Laringoscopia identificou presença de tumores em re-
por cinco dias.
gião laríngea, epiglote e cordas vocais, mas a intubação ocorreu
Discussão: A introdução do laser representou um significativo avanço
sem dificuldades. Ao término da cirurgia paciente foi extubado na
na cirurgia das vias aéreas, já que permite maior precisão nas lesões-
UTI pediátrica com desconforto respiratório e manteve saturação
alvo; rápida cicatrização e redução de edema e sangramento.2 A
de oxigênio (SaO2) em 92%. Feita nebulização com adrenalina com
complicação mais temida relacionada ao seu uso é a ignição do tubo
melhoria do padrão respiratório, SaO2 de 97%, recebeu alta para
e o comprometimento da via aérea. No caso relatado, a ignição
enfermaria após 12 horas.
poderia ser evitada com tubo adequado e menor FIO2. A concen-
Discussão: A papilomatose laríngea é uma doença de acometimento
tração de oxigênio inspirada deve ser reduzida ao valor mais baixo
comum responsável por ocasionar roncos, dificuldade respiratória
possível para manter a saturação de oxigênio adequada, a fim de
e erosão de cordas vocais. O manejo anestésico é dificultado em
impedir a combustão. Preencher o cuff com soro fisiológico também
pacientes pediátricos devido a menor tolerância à hipóxia, reinci-
é medida preventiva. Além disso, é de grande importância que tan-
dência do quadro, propensão à disseminação e risco de obstrução
to o cirurgião quanto o anestesista reconheçam precocemente essa
da via aérea. A anestesia ideal consiste em garantir uma via aérea
segura, lembra que o prolapso dos papilomas pode ocorrer, dificulta potencial complicação para que faça o manejo imediato.
ainda mais a ventilação e a sua abordagem. Drogas anticolinérgicas Referências:
são indicadas para reduzir secreções na via aérea. A indução inala- 1. Li S, Chen L, Tan F. Laryngeal surgery using a CO2 laser: is a
tória é benéfica. Pequenas doses de sufentanil e propofol podem ser polyvinylchloride endotracheal tube safe? Am J Otolaryngol.
usadas. Os relaxantes musculares adespolarizantes devem ser evi- 2012;33:714-7.
tados na possível via aérea difícil. A lidocaína spray é bem indicada 2. Wang HM, Lee KW, Tsai CJ, Lu IC, et al. Traqueostomy tube ig-
previamente à intubação. nition during microlaryngeal surgery using diode laser: a case
Conclusão: O principal desafio no manejo anestésico no caso é a report. Kaohsiung J Med Sci. 2006;22:199-202.
abordagem da via aérea adequada e posterior extubação. O estrei-
tamento da via aérea e a variabilidade das lesões tornam neces-
sária a integração entre cirurgião e anestesista para prover o me- TLO823 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA PÓS-
lhor resultado ao paciente. São medidas fundamentais a avaliação EXTUBAÇÃO EM PACIENTE COM VIA AÉREA DIFÍCIL
pré-anestésica, o planejamento da anestesia e os cuidados intra e SUBMETIDO À MICROCIRURGIA DE LARINGE
pós-operatório no manejo da via aérea.
Alice Alheira Meira*, Maria das Graças P.R. Fontenelle,
Referência:
Fátima Carneiro Fernandes, Glauber Gouvêa
1. Bo L, Wang B, Shu S. Anesthesia management in pediatric pa-
tients with laryngeal papilomatosis undergoing suspension laryn- Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF),
goscopic surgery and a rewiew of the literature. Int J Pediatr Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
Otorhinolaryngol. 2001;75:1442-5. Brasil
S74 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Introdução: Microcirurgias de laringe constam como procedimen- no momento. Monitoração padrão, indução de anestesia geral com
tos que podem ser feitos dentro e fora do centro cirúrgico, o con- lidocaína 20 mg, midazolam 1 mg, propofol 80 mg. Intubação na-
texto ambulatorial tem maiores riscos inerentes às adversidades sotraqueal sob visualização direta com dispositivo acessório King
do ambiente. Vision com tubo 5,5 com balonete. Após intubação nasotraqueal ad-
Relato do caso: L.A.F.A., masculino, 51 anos, em acompanhamen- ministrado fentanil 50 mcg, fixação do tubo perpendicular ao filtro
to com ORL havia 17 anos, por papilomatose laríngea recorrente, labial. Plano anestésico feito com sevoflurano 3% e manutenção de
submetido a múltiplas microcirurgias de laringe para ressecção, a ventilação mecânica controlada a pressão. Cirurgia com duração de
última havia nove anos, apresentava videolaringoscopia atual com duas horas, transoperatório satisfatório, administrada medicação
extensão importante do papiloma. Exame: obesidade grau I; índi- analgésica dipirona 25 mg/kg e morfina 0,1 mg/kg previamente à
ce de Mallampati IV, boa abertura de boca, retrognatia e pescoço extubação. Paciente despertou sem queixas e permaneceu em sala
curto. Na SO: monitoração com ECG de cinco derivações, SpO2, cap- operatória por três horas para recuperação anestésica e, após,
nografia, PNI e analisador de gases, venóclise com extracath 20G. transferido para centro de terapia intensiva. Avaliado no período
Início de remifentanil a 0,1 mcg/kg/min, midazolam 1 mg IV, apli- PO a cada 12/12h, evoluiu sem queixas, medicação analgésica com
cação de lidocaína 10% spray em cavidade orofaríngea e laringe. opioide nas primeiras 24 horas e dipirona nas 72 horas de PO.
IOT com paciente acordado, manteve drive ventilatório, sob larin- Discussão: A falha na intubação em situação de via aérea difícil é
goscopia direta, terceira tentativa (Cormack-Lehane IIB), com TOT uma das principais causas de morbidade e mortalidade relacionadas
6,5 e duplo cuff; indução com propofol 100 mg, atracúrio 50 mg e à anestesia. Os videolaringoscópios oferecem vantagens como a vi-
manutenção com sevoflurano (1-1,3 CAM). A papilectomia se deu sualização de laringe prejudicada, menor movimentação da coluna
sem sangramento ou edema importantes, porém com alterações cervical, curva de aprendizado menor, melhor portabilidade e cus-
percebidas no padrão ventilatório, com redução do volume corren- to.2 O não alinhamento dos três eixos (oral, faríngeo e laríngeo) em
te e da PEEP, foi constatada a perfuração de ambos os cuffs do TOT, consequência da restrição dos movimentos do pescoço e/ou massa
durante manipulação com aparelho a laser usado pelo cirurgião. O intraorais tem pouca importância porque o dispositivo não requer
paciente mantinha SpO2 100% e a cirurgia estava perto do fim, de posição com elevação ótima do queixo para a laringoscopia. Usamos
modo que a troca do TOT não foi feita. À extubação, flumazenil o laringoscópio King VisionTM com sucesso em nosso paciente.
0,5 mg, hidrocortisona 100 mg, neostigmina 0,02 mg/kg e atropina Conclusão: O videolaringoscópio King VisionTM pode ser uma boa
0,01 mg/kg, aspiração de VA e extubação com paciente acordado. opção para a intubacão em pacientes com massas intraorais que
Observou-se em seguida diminuição da SpO2 com hipoventilação e apresentam abertura limitada da boca e limitação à laringoscopia
rebaixamento do nível de consciência, foi procedida nova IOT sob convencional.
laringoscopia direta, com TOT 6,5, seguida de manobras de recru- Referências:
tamento, recuperação de nível de consciência e nova extubação, 1. Kennedy TL, Whitaker M, Wadih G. Thyroglossal duct carci-
sem intercorrências. Paciente levado para o setor de recuperação noma: a rational approach to management. Laryngoscope.
acordado, manteve SpO2 100% em ar ambiente. 1998;108:1154-8.
Discussão: Pacientes que apresentam preditores de dificuldade à 2. Ali QE, Siddiqui AO, Amir SH, Ahmad S, Jamil S. Videolaringoscó-
intubação devem ter estratégias bem definidas no pré-operatório, pio King Vision para contratura grave do pescoço após queimadu-
tanto para intubação quanto para extubação. Dessa maneira, a ava- ra: uma experiência encorajadora. Rev Bras Anestesiol. 2016. In
liação adequada e o ambiente em que se dará o procedimento são press. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2016.08.006
fatores determinantes para o desfecho clínico. No presente relato,
a perfuração de ambos os cuffs do TOT provavelmente contribuiu
para a falha na extubação, na medida em que levou à hipoventila- TLO654 MEMBRANA LARÍNGEA CONGÊNITA: UM DESAFIO
ção e provável desenvolvimento de atelectasia, foram necessárias AO ACESSO DE VIA AÉREA
manobras de recrutamento para recuperação de SpO2 adequada.
Karina Seixas Garcia*, Leandro de Carvalho Lixa, Lívia Berti Ramos,
Referências:
Pamela Soares Correa
1. Coussa M, Proietti S, Schnyder P, et al. Prevention of atelectasis
formation during induction of general anesthesia. Anesth Analg. Hospital Federal do Andaraí, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2003;91:1835-9.
Introdução: As membranas laríngeas representam uma falha de
2. Ferez D, Rebuglio R. Manuseio da via aérea difícil. In: Cangia-
recanalização da via aérea glótica nas primeiras semanas da em-
ni LM, Slulitel A, Potério GMB, et al. Tratado de Anestesiologia
briogênese. Essas malformações são raras, compreendem apenas 5%
Saesp. 7ª ed. São Paulo, Atheneu, 2011.
das anomalias congênitas da laringe e podem ser particularmente
difíceis a ventilação e a intubação, constituindo um desafio para o
anestesiologista.
TLP741 INTUBAÇÃO COM VIDEOLARINGOSCÓPIO EM
Relato de caso: Paciente de 21 anos, do sexo feminino, com diag-
PACIENTE PEDIÁTRICO COM VIA AÉREA DIFÍCIL POR CISTO nóstico de membrana laríngea congênita, evoluiu com disfonia e
TIREOGLOSSO EM BASE DA LÍNGUA: RELATO DE CASO dispneia progressiva, indicada cirurgia. Após avaliação, programou-
Tobias Fidêncio dos Reis*, Helena Berriel, Ricardo Shigueo Iquejiri se o ato anestésico com anestesia tópica em orofaringe e hipofarin-
ge com lidocaína spray a 10% associada a bloqueio bilateral do nervo
Santa Casa de Campo Grande, Campo Grande, MS, Brasil
laríngeo superior e anestesia transcricotraqueal com lidocaína a 2%.
Introdução: O cisto tireoglosso (CT) é uma doença congênita, cau- Iniciada sedação leve com dexmedetomidina, midazolam e fentanil
sada por um defeito no fechamento do ducto tireoglosso durante o e posteriormente intubação orotraqueal acordada, com boa tole-
período embrionário. É o defeito embrionário mais comum do pesco- rância. A anestesia geral foi induzida com propofol e mantida com
ço. O ducto tireoglosso (DT) é uma estrutura embrionária transitória sevoflurano. Optou-se por ressecção endoscópica pela equipe de ci-
que deve desaparecer após a migração da tireoide.¹ A depender da rúrgica com resultado satisfatório. Não houve complicações durante
localização e do tamanho do cisto, a intubação com preservação da o procedimento. Extubação sem intercorrências.
via aérea se torna um desafio para o anestesiologista. Discussão: A técnica de feitura de bloqueio do ramo interno do ner-
Relato de caso: Paciente masculino, 7 anos, 21 kg, ASA I, estável, vo laríngeo superior associado a sedação leve com dexmedetomidi-
com massa expansiva em base da língua, propostos exérese da lesão na provou ser segura e facilmente exequível. Devido à redução dos
e inventário anatômico local. Ausência de tratamento adjuvantes reflexos de vias aéreas, pode-se manter a respiração espontânea e
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S75

efetuar a passagem do tubo traqueal com relaxamento adequado e


XVI) Anestesia em Pediatria
boa tolerância do paciente, é uma opção na vigência de abordagem
em possíveis intubações difíceis, quando o paciente apresenta je-
jum adequado. TLP157 ANESTESIA EM CRIANÇA PORTADORA DE DOENÇA
Referências: DE CHARCOT MARIE TOOTH – RELATO DE CASO
1. Rutter MJ. Congenital laryngeal anomalies. Braz J Otorhinolaryn-
Camilla Oliveira Lima, Louise Farias Brito, Maria Célia Costa,
gol. 2014;80:533-9.
2. Félix EA, Manhães WS. Bloqueio do nervo laríngeo superior. Uma Gustavo Coser, Mário Pereira Coutinho Júnior*,
opção para anestesia de vias aéreas superiores. Rev Bras Anest. Tania Cursino de Menezes Couceiro
1988;38:139-42. Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
Recife, PE, Brasil

TLO663 REINTUBAÇÕES REPETIDAS EM PACIENTE COM Introdução: A doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) é uma
polineuropatia hereditária motora e sensitiva crônica, caracterizada
GRANULOMA LARÍNGEO E QUELOIDE: RELATO DE CASO
por acometimento distal. CMT1 é o mais comum e resulta de alte-
Daniel Cordeiro da Silva*, Christiane Rodrigues da Silva, rações na bainha de mielina. O objetivo do trabalho é apresentar
Julio Adriano da Rocha Carvalho, Marcelo Miguel Brito de Oliveira, a conduta anestésica em paciente com DCMT que foi submetido à
Renê Alves Moura Cavalcanti cirurgia de correção de pé equino bilateral.
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 11 anos, 45 kg, porta-
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brasil
dor de CMT tipo 1A, internado para correção de pé equino bilateral.
Introdução: Fracasso na extubação é condição recorrente em uni- Responsável relata início dos sintomas há 7 anos, com marcha na
dades de terapia intensiva, demanda maior tempo de internação ponta dos pés e hipertrofia de panturrilhas.
hospitalar e complicações. O presente relato descreve um caso no Avaliação pré-anestésica: alterações neuromusculares citadas aci-
qual houve fracassos sucessivos em tentativas de extubação em uma ma, aparelhos cardiovascular e respiratório sem anormalidades,
paciente que apresentava edema e granuloma laríngeo e, ainda, Mallampati 1, Exames laboratoriais normais. Monitorizado com car-
lesão queloidiana em lóbulo de orelha esquerda. dioscopia, oximetria de pulso, capnografia, temperatura e pressão
Relato de caso: Paciente M.A.O.F., feminino, 17 anos, portadora de arterial não invasiva. A técnica anestésica optada foi anestesia geral
diabetes mellitus tipo 1, três anos de evolução e relato de má ade- venosa total, indução realizada com propofol (120 mg) e remifen-
são ao tratamento insulínico, evoluiu com descompensação clínica tanil (0,3 µg/kg/min) em infusão contínua, intubação orotraqueal
(cetoacidose diabética) e insuficiência respiratória aguda. Foram com tubo número 6,0 com cuff, quando plano anestésico adequa-
pro­ce­didas intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Apesar de do foi atingido, sem uso de bloqueador neuromuscular. Durante a
a condição metabólica ter sido compensada em poucos dias, apre- laringoscopia, apresentou laringoespasmo, o qual foi prontamente
sentou repetida necessidade de reintubação após períodos inferiores revertido com pressão positiva e seguida da intubação. A manuten-
a 48 horas em respiração espontânea. Após a quarta tentativa mal- ção anestésica foi com propofol 100 a 120 µg/min e remifentanil
sucedida, foram programadas traqueostomia eletiva e laringoscopia 0,2 a 0,3 µg/kg/min. Para a analgesia, foi usada cetamina (15 mg),
direta de suspensão. Paciente admitida na sala de operações em bom tramadol (50 mg) e dipirona (1 g), já que foi realizado bloqueio
estado geral, orientada, obedecia a comandos, intubada (tubo tra- do neuroeixo. Ao término do procedimento cirúrgico, o paciente
queal número 7,5), estável hemodinamicamente, sem sinais clínicos foi extubado e encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica,
de desconforto respiratório em ar ambiente. Procedeu-se à indução evoluindo sem intercorrências e encaminhado à enfermaria.
anestésica com opioide, hipnótico e bloqueador neuromuscular, ad- Discussão: CMT é a forma desmielinizante de transmissão autossô-
ministração de ventilação controlada e manutenção da hipnose com mica dominante ou ligada ao X, com início dos sintomas ainda na
sevoflurano. A laringoscopia direta sob suspensão feita revelou ex- primeira década de vida. A literatura anestésica disponível não esta-
tenso edema e eritema de região supraglótica e glótica (cartilagens belece qual a melhor técnica anestésica para os portadores de CMT.
aritenoides, bandas ventriculares, pregas vocais), ocluíram a fenda Tanto anestesia geral quanto bloqueio regional não são contraindica-
glótica, e, ainda, diminuto granuloma em processo vocal à esquerda. dos nesses pacientes. No presente caso, foi optado pela anestesia ve-
A equipe cirúrgica decidiu não fazer a exérese da lesão granuloma- nosa total pela preferência do responsável, após tomar conhecimen-
tosa devido ao intenso processo inflamatório local. Procedimento e to dos riscos e benefícios de ambas as técnicas, pelo tempo cirúrgico
despertar anestésico ocorreram sem intercorrências. A paciente re- reduzido e pela maior experiência do anestesiologista. Mesmo sem
cebeu alta dois dias após o procedimento cirúrgico, respirava através contraindicação formal ao bloqueio do neuroeixo, cada caso deve ser
da cânula de traqueostomia, em ar ambiente, sob acompanhamento avaliado isoladamente, considerar preferência do paciente, assim
multidisciplinar, a fim de fazer decanulação em tempo oportuno. como orientá-lo sobre a evolução da doença, independente da téc-
Discussão: Este relato descreve uma paciente que apresentou re- nica anestésica realizada. Foi optado pelo não uso de bloqueadores
petidas falhas em tentativas de extubação. Destaca-se, aqui, a as- neuromusculares, devido à resposta imprevisível desses fármacos.
sociação entre granuloma laríngeo e lesão queloidiana. Apesar de Medicações que desencadeiam hipertermia maligna, como succinil-
não existir clara correlação entre tempo de intubação e presença colina e anestésicos inalatórios, não foram utilizadas. No caso, o la-
de granulomas vocais, a presença de queloide confere maior susce- ringoespasmo apresentado pode ser atribuído ao plano anestésico
tibilidade ao desenvolvimento de granulomas laríngeos, demonstra inadequado ou ao relaxamento muscular insuficiente.
que fatores individuais parecem estar envolvidos na gênese dessas
lesões. Ressalta-se, ainda, a importância da feitura de índices de
desmame de ventilação mecânica, a fim de evitar reintubações pre- TLO796 ANESTESIA EM LACTENTE ACONDROPLÁSICO PARA
coces e diminuir a morbimortalidade associada. GASTROSTOMIA COM FUNDOPLICATURA
Referências:
Ana Maria Neiva de Menezes*, Jéssica de Bem Marques da Silva,
1. Goldwasser R, Farias A, Freitas EE, et al. Desmame e interrupção
Alberto Esteves Gemal, Saulo Marcel Diaz Henriquez,
da ventilação mecânica. J Bras Pneumol. 2007;33:128-36.
Fernanda Martins Loureiro, Patricia Pinheiro de Toledo Werneck
2. Young WG, Worsham MJ, Joseph CL, et al. Incidence of keloid
and risk factors following head and neck surgery. JAMA Facial Hospital Universitário Antônio Pedro, Universidade Federal
Plast Surg. 2014;16:379-80. Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil
S76 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Introdução: A acondroplasia é uma síndrome genética que afeta a bito elevado e termômetro (temperatura 37°C). Iniciada a anestesia
ossificação endocondral, por mutação no gene FGFR3. Sua herança com sedação com 1 mg de midazolam, induzida com sevoflurano, 3
é autossômica dominante, porém a maioria dos casos é resultante mcg de Sufentanil, 3 mg de cetamina, 50 mg de propofol e 10 mg
de mutação esporádica. É a principal causa de nanismo despropor- de rocurônio. IOT sob laringoscopia direta com cânula 4,0 arama-
cional, com incidência estimada em 1:25.000 nascidos vivos. Rela- da com cuff, confirmado com ausculta e capnografia. Puncionado
tamos o caso de lactente portador de acondroplasia e necessidade acesso central em subclávia esquerda e pressão arterial invasiva
de realização de gastrostomia com fundoplicatura. em artéria radial direita. Anestesia mantida com Sevoflurano e em
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 2 meses, 4 kg, 35 cm, ventilação mecânica controlada por pressão. Realizado ácido épsi-
diagnosticada com acondroplasia, pelo fenótipo e mutação do gene lo-amino caproico em BIC como profilaxia de sangramento. Hidra-
FGFR3. Indicação cirúrgica de gastrostomia e fundoplicatura para tada com 300 mL de Ringer Lactato e 1000 mL de NaCl 0,9%. Na
correção de doença do refluxo gastroesofágico e broncoaspiração abordagem anterior do tumor, a paciente apresentou episódios de
de repetição, após exclusão de causa pulmonar. A proposta anesté- instabilidade hemodinâmica, necessitando de Noradrenalina, após
sica foi geral balanceada associada a bloqueio intercostal esquerdo. posicionamento em DDH, que ocasionou maior compressão torácica
Entrada na SO após monitorização dos sinais vitais, indução inala- com prejuízo ventilatório associado. Foi ajustada a ventilação para
tória com sevoflurano 6%, apresentando dificuldade de ventilação garantir volume corrente satisfatório e otimizado de PEEP, o melhor
sob máscara devido à macroglossia e hipoplasia da via aérea, com ajuste foi o que garantiu o maior volume corrente. Foram admi-
rápida queda de saturação, oscilando entre 50-80% de SpO2. Rea- nistrados 468 mL de hemácias e 200 mL de criopreciptados, após
lizada intubação orotraqueal com TOT número 3,0 mm sem cuff, perda volêmica importante (400 mL). Ao término do procedimento,
na segunda tentativa, com melhora do quadro. Realizada punção a paciente foi encaminhada à UTI em ventilação mecânica, sem
venosa profunda por falha de acesso em veia jugular interna direita drogas vasoativas, PAM: 60 mmHg, FC: 135 bpm, ETCO2: 39, tempo
com ecografia, seguida de injeção de fentanil 8 μg, propofol 8 mg, anestésico: 7 h e 20 min. Entretanto, no 3º PO, apresentou sangra-
rocurônio 2,5 mg e antibioticoterapia com vancomicina 10 mL/h mento pulmonar com dificuldade respiratória e consequente parada
em bomba. O procedimento anestésico-cirúrgico transcorreu sem cardíaca, sendo constatado óbito.
complicações. O bloqueio intercostal esquerdo foi realizado com Discussão: A anestesia em lactentes é um desafio ao anestesiolo-
ropivacaína 0,2% 3 mL após o término da cirurgia. Paciente foi então gista, principalmente quando a cirurgia pode afetar a ventilação
encaminhada a UTI neonatal com auxilio de ventilação mecânica, pulmonar e a hemodinâmica no intraoperatório. O ajuste adequa-
sendo extubada no dia seguinte, com alta hospitalar uma semana do da ventilação mecânica sem comprometimento hemodinâmico
depois. é crucial para o manejo satisfatório desses casos. Pacientes com
Discussão: O paciente acondroplásico apresenta diversas altera- tumores em região torácica podem apresentar esses problemas no
ções fenotípicas, como macrocefalia, baixa estatura, alterações perioperatório, e o anestesista deve estar preparado para intervir.
no diâmetro anteroposterior do tórax, baixa capacidade residual Referência:
funcional, deformidades craniofaciais, anormalidades na via aérea, 1. Gómez-Ríos MÁ, Nuño FC, Barreto-Calvo P. Anesthetic manage-
limitação da extensão cervical, dentre outras. Tais características ment of an infant with giant abdominal neuroblastoma. Braz J
tornam o manejo anestésico por vezes difícil, principalmente de- Anesthesiol. 2017;67:210-3.
vido à dificuldade de ventilação e intubação orotraqueal, além da
dificuldade de acesso venoso.
Referências: TLO371 ANESTESIA EM PACIENTE PEDIÁTRICA COM
1. Kaushal A, Haldar R, Ambesh P. Anesthesia for anachondroplastic NEFROBLASTOMA DE ESTÁGIO IV
individual with coexisting atlantoaxial dislocation. Anesth Essays
Eduardo Campos Braga*, Bruno Farah Alvarenga,
Res 2015;9:443-6.
2. Krishnan BS, Naveen EIPE, Korulap G. Anaesthetic manage- Gabriella Christiane Heuer Guimarães, Leonardo Neves Santana,
ment of a patient with achondroplasia. Paediatric Anaesthesia José Osiel de Almeida
2003;13:547-9. Santa Casa de Misericórdia de Franca, Franca, SP, Brasil
Introdução: O nefroblastoma é o tumor renal maligno mais comum
TLP972 ANESTESIA EM NEUROBLASTOMA COM e a segunda maior causa de tumor abdominal maligno em crianças.
O objetivo deste relato foi apresentar uma paciente pediátrica com
INVASÃO EXTENSA DE CANAL VERTEBRAL TORÁCICO E
nefroblastoma submetida a nefrectomia e alertar as implicações
COMPROMETIMENTO VENTILATÓRIO
para a técnica anestésica.
Fernanda dos Santos Oliveira, Flávio Coelho da Silva*, Relato de caso: N.T.A., 3 anos, 13 kg, diagnosticada com nefro-
Alessandra de Carvalho Ministro, Alessandra Levy Antoniazzi, blastoma à esquerda, estádio radiológico IV (metástase hepática e
Gustavo de Carvalho Pugliesi, João Manoel da Silva Junior pulmonar na TC com contraste), em quimioterapia (QT). Sem outras
comorbidades. Ao exame: leve abaulamento em flanco esquerdo,
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, São Paulo, SP,
afebril, hipocorada +/+4, hidratada, eupneica, PA: 100 × 55 mmHg,
Brasil
FC: 125 bpm, FR: 30 irpm, SatO2: 97%. Exames complementares:
Introdução: Neuroblastoma é uma neoplasia extracraniana com in- anemia normocrômica e normocítica, leucocitose com desvio à
cidência de 7-8% dos tumores pediátricos. Relatamos um caso de esquerda, urina com hematúria, demais exames normais. TC com
paciente pediátrico com neuroblastoma extenso com comprometi- contraste: rim esquerdo com aumento de dimensões e lesão nodu-
mento do canal vertebral torácico e dificuldade respiratória. lar hipoecoica de aspecto heterogêneo de aproximadamente 5,4 ×
Relato de caso: E.R.C., 1 ano e 9 meses, 10 kg, feminino, iniciou 3,9 cm. Em uso de vancomicina e meropenem. Medicação pré-a-
quadro de paralisia flácida de membros inferiores há 16 dias devido nestésica: midazolam 5 mg. Indução com sevoflurano e oxigênio/
à formação invasiva sólida paravertebral à esquerda comprimindo ar comprimido. Puncionado cateter venoso periférico 20 e adminis-
medula espinal, segundo ressonância magnética. Propostas laminec- trado fentanil 100 mcg e rocurônio 20 mg. Posicionada em decúbito
tomia e toracofrenectomia esquerda. Ao exame físico, apresentava lateral e realizada raquianestesia com bupivacaína pesada 0,5% 6,5
murmúrio vesicular com presença de roncos difusos, estertores e mg. Realizou-se punção de cateter arterial 22 e sondagem vesical.
abolido em hemitórax esquerdo, além de leve dispneia. Monitoriza- Mantida com sevoflurano 2,5%. Submetida a nefrectomia e adrena-
da com ECG (FC 130 bpm), oxímetro de pulso (SpO2 93%) com decú- lectomia total à esquerda e linfadenectomia periaórtica. Durante
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S77

o procedimento, apresentou sangramento moderado e hipotensão tidão para mudanças de conduta intraoperatória, como mudança
arterial, sendo necessário o uso de 160 mL de concentrado de he- de posicionamento, broncoscopia rígida, esternotomia mediana e
mácias, 750 mL de SF 0,9% e metaraminol 0,5 mg/mL a critério. rápida reversão da anestesia.
Após término do procedimento, enviada ao CTI infantil, onde foi Conclusão: Não há justificativa para prática rotineira de anestesia
extubada e evoluiu sem intercorrências. geral nos pacientes com AMM. Portanto, deve-se individualizar cada
Discussão: Nefroblastoma tem pico de incidência aos 4 anos de ida- caso e, sempre que possível, realizar diagnósticos sob anestesia local.
de e é descoberta acidentalmente como massa palpável em flancos. Referências:
O diagnóstico e estadiamento são feitos por exames radiológicos. 1. Bradely A, Wilson K. ATOTW 320-Massas mediastinais anteriores em
A paciente apresentada estava em estadiamento avançado e, por anestesia pediátrica. Anaesthesia tutorial of the week. 2015, p.1-7.
isso, além da cirurgia, havia realizado QT. Encontrava-se anêmica, 2. Novaes MV. Anestesia para tumores do mediastino: Anestesia
porém estável hemodinamicamente. Optou-se pela técnica anesté- ideal. SAJ-Medicina Perioperatória, Joinvile, cap. 55, p.457-464.
sica combinada, com a raquianestesia empregada para uma aneste-
sia intraoperatória de melhor qualidade e analgesia pós-operatória.
Nefrectomia é um procedimento com alto risco de sangramento, e TLP967 ANESTESIA OPIOID-SPARING EM CRIANÇA
como foi possível puncionar cateter venoso de maior calibre, op- COM HIPERSENSIBILIDADE AO LÁTEX E
tou-se por não puncionar acesso central. Uso de cateter arterial MIELOMENINGOCELE
se faz necessário para mensuração constante da pressão arterial e
Flávio Amim Abrahão, Frederico Pessanha Pereira Nunes Junior,
coleta de exames intraoperatórios. O cateter de Foley é utilizado
para monitorizar o débito urinário e guiar a reposição volêmica. A Caroline Dias Lima, Cleber Wagner de Carvalho,
anestesia pode ser mantida com anestésicos voláteis e opioides em Diego Trindade de Almeida*, Alfeu José Dal Ri
doses baixas. Para melhor exposição cirúrgica, é necessário uso de Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos, Santos, SP,
relaxante muscular. Brasil
Referência:
1. Lee C, Luginbuehl I, Bissonnette B, et al. Doenças Pediátricas. Introdução: Garantir analgesia satisfatória para cirurgias de mem-
Nefroblastoma. In: Hines RL, Marschal KE. Stoelting, anestesia bros inferiores em pacientes previamente submetidos a cirurgias de
e doenças coexistentes. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2010. medula espinhal pode ser um desafio, à medida que dificulta os
626-627. bloqueios de neuroeixo. Por sua vez, empregar a analgesia multi-
modal, com significativa redução da carga de opioides, reduz os
efeitos colaterais destes, agregando maior segurança ao ato anesté-
TLP108 ANESTESIA EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM sico. Pacientes com histórico de mielomeningocele exigem cautela,
pois podem apresentar hipersensibilidade ao látex, e um evento
MASSA MEDIASTINAL ANTERIOR
anafilático grave no intraoperatório pode ser fatal.
Rafael dos Santos*, Alessandra Levy Antoniazzi, Relato de caso: Paciente masculino, 9 anos, portador de
Alessandra de Carvalho Ministro, Amanda Giraldi Maryama, sobrepeso, mielomeningocele corrigida em região lombossacra,
Gustavo Carvalho Pugliesi, Jonas Jorge Junior em uso de oxibutinina, IgE específico para látex 21,7 KU/L (alto
grau de sensibilidade), ASA II, com planejamento cirúrgico de os-
Hospital de Câncer Infantojuvenil do Hospital de Câncer de
teotomia varizante bilateral de tornozelos. Sala cirúrgica prepa-
Barretos - Fundação Pio XII, Barretos, SP, Brasil
rada látex free, monitorado com cardioscópio, pressão arterial
Introdução: Manusear pacientes com massa mediastinal anterior não invasiva, oximetria de pulso e capnografia. Realizada pré-o-
(AMM) representa um desafio aos anestesistas. Compressão de via xigenação, indução com propofol 2 mg.kg-1, fentanil 1 mcg.kg-1,
aérea, diminuição do débito cardíaco e obstrução de retorno venoso lidocaína 2 mg.kg-1, cetamina 0,25 mcg.kg-1, clonidina 0,75 mcg.
são causas de morbimortalidade. Após avaliação pré-anestésica kg-1, cisatrácurio 0,15 mg.kg-1. Procedeu-se intubação orotraqueal
cuidadosa, riscos associados à anestesia devem ser balanceados em e manutenção com sevoflurano CAM 1,0, lidocaína 2 mg.kg-1.h-1,
relação à necessidade do diagnóstico histológico. cetamina 0,25 mcg. kg-1.h-1 e clonidina 0,75 mcg.kg-1.h-1. Adminis-
Relato de caso: I.S. O, feminina, 15 anos, previamente hígida, trados dipirona 30 mg.kg-1, dexametasona 0,15 mg.kg-1 e ondanse-
apresentando dispneia e disfagia progressiva há 6 meses. TC de trona 0,15 mg.kg-1. O procedimento durou 180 minutos, com notá-
tórax evidenciando AMM de dimensões: 15,2 × 14,3 × 12,5 cm vel estabilidade hemodinâmica, sem exigência de doses adicionais
(L × T × AP) e compressão posterior dos brônquios-fonte, principal- de opioides. O bloqueio neuromuscular foi revertido com atropina
mente esquerdo. Submetida à radioterapia e uso de corticoides, 0,01 mg.kg-1e neostigmine 0,03 mg.kg-1, e a extubacão traqueal
sem melhora satisfatória. Encaminhada ao centro cirúrgico, para realizada ao atingir um padrão regular de respiração espontânea.
realização de biópsia de linfonodo cervical esquerdo, biópsia de me- A criança recebeu alta 1 hora após permanência em sala de recu-
dula óssea e mielograma. Optou-se por anestesia geral balanceada peração, sem necessidade de analgesia ou outras intervenções.
com Sevoflurano e dexmedetomedina (indução 1,0 mcg/kg/min em Evoluiu de modo satisfatório na enfermaria, não exigindo analgé-
10 minutos; manutenção 0,5 mcg/kg/h), ventilação espontânea sob sicos opioides.
máscara facial e avaliado nível de consciência com BIS. Paciente po- Discussão: A significativa redução de opioide e o bloqueio das múl-
sicionada com cabeceira elevada e discreto decúbito lateral esquer- tiplas vias da dor ofereceram condições satisfatórias para intubação
do (posição de conforto relatada pela mesma). Procedimento com e realização do procedimento proposto, sem instabilidades hemo-
duração de 90 minutos, sem evidência de depressão respiratória e dinâmicas. O sinergismo de fármacos não opioides, poupando opioi-
outras intercorrências. Paciente despertada em sala e encaminhada des, pode associar-se à alta precoce da SRPA e redução do consumo
à SRPA. e efeitos colaterais destes últimos no pós-operatório. A técnica fi-
Discussão: Incidência de complicações em pacientes com AMM varia gura uma boa opção, ao passo que garante satisfação do paciente e
entre 7 e 18% e está associada a perda do tônus das vias aéreas redução de gastos à instituição.
principais. Manutenção em ventilação espontânea é uma aborda- Referências:
gem segura e eficaz, associada à cabeceira elevada, para redução 1. Kehlet H, Wilmore D. Multimodal strategies to improve surgical
do deslocamento cefálico do diafragma. Atenção especial aos pa- outcome. Am J Surg. 2002;183:630-41.
cientes com sinais preditivos de gravidade: ortopneia, edema parte 2. Kumar RP. LatexAllergy in ClinicalPractice. Indian J Dermatol.
superior do corpo e estridor. A equipe cirúrgica deve estar de pron- 2012;57:66-70.
S78 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO079 ANESTESIA PARA HERNIORRAFIA INGUINAL Relato de caso: N.P.S.M.M., 4 anos, sexo masculino, branco, 22 kg,
VIDEOASSISTIDA MINIMAMENTE INVASIVA EM CRIANÇAS ASA 2, programado para adenoamigdalectomia com turbinectomia.
SOB VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA Portador de síndrome de Dandy-Walker, fazia uso de canabidiol
(CBD) 54 mg/dia para controle da epilepsia refratária. Portador de
Beatriz Régis Machado*, Adriel Franco de Mattos, Caio Funck Colucci, asma crônica e alérgico a ovo. Sem procedimentos cirúrgicos pré-
Marcio Lopes Miranda, Luis Henrique Cangiani, Flávio Maia Castilho vios. Monitorização de rotina. Não foi feita medicação pré-anestési-
CET Centro Médico Campinas, Campinas, SP, Brasil ca. Indução com sevoflurano 8%. Após plano anestésico, assegurado
acesso venoso periférico e iniciado indução venosa com clonidina
Introdução: A herniorrafia inguinal na criança é considerada uma ci- 2 mcg/kg, fentanil 2 mcg/kg e cisatracúrio 0,15 mg/kg. Durante
rurgia minimamente invasiva devido à sua baixa morbidade, peque- procedimento cirúrgico, mantido sevoflurano a 3% CAM. Realizada
nas incisões e rápida recuperação. Entretanto, ainda existe espaço infiltração com levobupivacaína com vasoconstritor 0,25%. Não ne-
para o acesso laparoscópico, seja pela realização de procedimentos cessitou de novas doses de opioides e manteve bom plano anesté-
em conjunto, procedimentos bilaterais e até por solicitação fami- sico durante todo o procedimento cirúrgico, que durou 75 minutos.
liar. O objetivo deste trabalho é descrever a técnica de herniorrafia Paciente permaneceu na unidade de recuperação pós-anestésica
percutânea videoassistida em ventilação espontânea e com pressão por 60 minutos. Pós-operatório imediato sem intercorrências.
mínima de pneumoperitônio. Discussão: Na literatura, os efeitos da cannabis sobre a anestesia
Descrição da Série: Seis crianças foram submetidas à correção ainda são controversos. Há relatos de que pode haver tolerância
de hérnia inguinal por técnica videoassistida. As crianças foram cruzada entre opioides e benzodiazepínicos, necessitando dessa
submetidas a indução inalatória com oxigênio, óxido nitroso e se- forma de doses maiores que habituais. Além disso, autores referem
voflurano, seguido de venopunção e administração de lidocaína necessidade de maiores doses de propofol e tiopental na indução,
(1 mg/kg) e propofol (2 mg/kg) por via venosa. Todas as crianças além de dificuldade em estabelecer um plano anestésico em pa-
foram intubadas e mantidas em ventilação espontânea durante cientes com alta CAM de sevoflurano, o que não foi o caso do nosso
a cirurgia. O pneumoperitônio foi realizado pela técnica aberta, paciente. Em contraste, vários estudos experimentais mostraram
com dilatação do anel umbilical, infusão de gás carbônico ou um aumento do efeito sedativo dos hipnóticos, opioides e agen-
ar ambiente e mantida a pressão intra-abdominal mínima de 2 a tes inalatórios. Os canabinoides apresentam efeito anticolinérgi-
4 mmHg. Realizada punção percutânea no nível do anel inguinal co, o que provocaria uma potencialização do relaxante muscular
interno, utilizando agulha de peridural ou pinça de aponeurose não despolarizante, porém, o paciente estudado fez uso usual do
(2 mm). O anel inguinal foi circundado com fio inabsorvível, e relaxante muscular e não teve prolongamento do despertar. Dessa
o nó foi confeccionado externamente e sepultado sob a pele. A forma, recomenda-se individualizar cada paciente, monitorizando
anestesia local com ropivacaína foi realizada durante ou ao final a profundidade anestésica e a função neuromuscular para titulação
do procedimento. O tempo médio da cirurgia foi de trinta minutos adequada das drogas.
para os procedimentos unilaterais e de 40 minutos para os bilate- Referências:
rais. As crianças receberam alta em 6h. Os procedimentos foram 1. Hernandez M, Birnbach DJ, Van Zundert AA. Anesthetic manage-
inicialmente executados em hospital quaternário e posteriormen- ment of the illicit-substance-using patient. Curr Opin Anaesthe-
te reproduzidos em hospital de campanha na região do alto do Rio siol. 2005;18:315-24.
Negro com segurança. 2. Richtig G, Bosse G, Arlt F, Heymann CV. Cannabis consumption be-
Conclusão: Podemos assumir que a herniorrafia minimamente agres- fore surgery may be associated with increased tolerance of anes-
siva não apresentou complicações relacionadas ao procedimento thetic drugs: A case report. Int J Case Rep Images. 2015;6:436-9.
anestésico-cirúrgico. O tempo cirúrgico foi razoável, a satisfação
familiar e da equipe foram boas e o aspecto estético foi considerado
animador. Recomendamos a realização de estudos controlados para TLO718 BLOQUEIO DO QUADRADO LOMBAR EM CRIANÇA
melhor nível de evidência. PARA ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA DE CIRURGIA DE
Referência: DERIVAÇÃO BILIODIGESTIVA
1. Leão ACC, Cumino DO. Sistemas ventilatórios pediátricos e ven-
tilação mecânica em crianças. In: Cangiani LM et al., Tratado de Ana Luiza Castro da Cruz, Diogo Barros Florenzano de Sousa,
Anestesiologia SAESP. 8.ed. São Paulo: Atheneu; 2017:2449-62. Pedro Paulo Kimachi, Diogo Rodrigues dos Santos*
Hospital Geral do Grajaú, São Paulo, SP, Brasil

TLO932 ANESTESIA PARA PACIENTES EM USO DE CANNABIS Introdução: Analgesia pós-operatória de cirurgias de grande porte
em cirurgia pediátrica é um desafio para o anestesista. Os bloqueios
SATIVA: RELATO DE CASO
periféricos mostram um benefício em relação ao bloqueio de neu-
Evelyn Holanda Vasconcelos*, Ítalo Martins Formiga, roeixo, pois são considerados menos invasivos e com menor chance
Maria de Lourdes de Almeida P.M. Marques, de complicações. O uso de uma abordagem guiada por ultrassom
Márcia Adriana Dias M. Moreira no nível do músculo quadrado lombar é relativamente novo e pode
prover uma distribuição mais ampla do anestésico local e, assim,
Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), Universidade
melhor analgesia.
Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB, Brasil
Relato de caso: Paciente feminina, 5 anos, 18 kg, ASA I, submetida
Introdução: Cannabis sativa é a droga ilícita mais consumida no à cirurgia de derivação biliodigestiva para tratamento de cisto de
Brasil e no mundo, e cresce o número de pacientes que consomem colédoco. Realizada anestesia geral balanceada, sem intercorrên-
de forma legal seus princípios ativos, devido às suas propriedades cias. Ao término da cirurgia, optou-se por realizar bloqueio do qua-
antiemética, analgésica e anticonvulsivante. Diversos estudos suge- drado lombar guiado por ultrassom para analgesia pós-operatória.
rem a interação da cannabis com medicações anestésicas. Contudo, Utilizou-se ropivacaína 0,2% 20 mL na abordagem lateral e 20 mL na
essa interação e suas complicações durante a prática anestésica em abordagem posterior. Foi extubada na UTI pediátrica após uma hora
pacientes que a consomem cronicamente ainda não é bem enten- do término do procedimento, sem queixas álgicas até 10 horas de
dida. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso clínico pós-operatório. Na 11ª hora de PO, apresentou dor 2/4, quando re-
de paciente que faz uso crônico do canabinoide e sua implicação na cebeu dipirona e tramadol 1,5 mg/kg. Não relatamos complicações
anestesia proposta. significativas, tendo uma relação risco/beneficio favorável como
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S79

alternativa de analgesia pós-operatória, concluindo melhora da dor tivamente). A diferença no tempo de permanência na SRPA não foi
sem a necessidade de invasão do neuroeixo. estatisticamente significativa.
Discussão: O bloqueio do quadrado lombar é um método eficaz para Conclusão: A adição de doses baixas de cetamina ao midazolam oral
o controle pós-operatório da dor após cirurgia abdominal. Descrito aumentam as taxas de sucesso do pré-anestésico, mas com maior
por Blanco, o bloqueio do plano fascial do QL confere um bloqueio incidência de efeitos colaterais, como náuseas e vômitos, sem au-
unilateral da parede abdominal, que pode se estender desde T6- mentar o tempo de recuperação.
L1. O músculo insere-se no bordo inferior da última costela e, por Referências:
quatro tendões, nos ápices das apófises transversas das vértebras L1 1. FunkW, JacobW, Riedl T, et al. Oral preanaesthetic medication
a L4. O anestésico local depositado na fáscia pode ser transportado for children: double-blind randomized study of a combination of
ao longo dela até o espaço paravertebral, o que confere o bloqueio midazolam and ketamine vs midazolam or ketamine alone. Br J
dos dermátomos citados. Há poucos relatos da utilização desse blo- Anaesth. 2000;84:335-40.
queio em crianças, sendo necessária a publicação de mais casos que 2. Kararmaz A, Kaya S, Turhanogku S, Ozyilmaz MA. Oral ketamine
reproduzam o benefício pós-operatório. premedication can prevent emergence agitation in children after
Referências: desflurane anaesthesia. Pediatric Anesthesia 2004;14:477-82.
1. Lapmahapaisan S, Tantemsapya N, Aroonpruksakul N, Maisat W,
Suraseranivongse S. Efficacy of surgical transversus abdominis
plane block for postoperative pain relief following abdominal TLP980 DEPRESSÃO RESPIRATÓRIA GRAVE APÓS
surgery in pediatric patients. Paediatr Anaesth. 2015;25:614-20. RAQUIANESTESIA EM PACIENTE PEDIÁTRICO SUBMETIDO À
2. Kadam VR. Ultrasound-guided quadratus lumborum block as a CIRURGIA DE HIPOSPÁDIA
postoperative analgesic technique for laparotomy. J Anaesthesiol
Rayanne Mendes Guerra*, Márcia Adriana Dias M. Moreira,
Clin Pharmacol. 2013;29:550-2.
Juliano Teles de Vasconcelos, Alana Vital Nazianzeno
Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), Universidade
TLO793 COMPARAÇÃO ENTRE MIDAZOLAM E ASSOCIAÇÃO Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB, Brasil
MIDAZOLAM/CETAMINA NO PRÉ-ANESTÉSICO EM CRIANÇAS
Introdução: A raquianestesia é uma técnica anestésica de funda-
Luciana Cavalcanti Lima, Camilla Oliveira Lima*, mental importância na prática da anestesiologia, e isso se deve ao
Carla Renata Gomes Brito, Iale Tarcyla Souza Parízio, elevado índice de sucesso e previsibilidade, além do baixo índice
Giovana Barros e Silva Ribeiro, Julia Nery da Fonseca de complicações relacionadas a esse tipo de procedimento. Quan-
do realizada em crianças, complicações associadas a esse tipo de
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
anestesia são bastante raras, sendo considerada segura e eficiente
Recife, PE, Brasil
nessa população.
Justificativa e objetivo: O período pré-operatório é um momento Relato de caso: Sexo masculino, 9 anos, 35 kg, 1,43 m, ASA II (em
muito estressante tanto para a criança quanto para os seus pais. uso de amitriptilina 25 mg ao dia para ansiedade), agendado para
Experiências estressantes durante o período pré-operatório po- realização de cirurgia de correção de hipospádia. Mãe negava histó-
dem causar alterações comportamentais na criança após a cirur- rico de alergias e relatava passado cirúrgico de correções de hipos-
gia, gerar traumas em relação ao ambiente hospitalar e dificultar pádia e adenoamigdaletomia, sem relato de complicações anestési-
a cooperação para futuros procedimentos. Muitos anestesiologistas cas. Exames laboratoriais e cardiológico sem alterações; exame de
consideram importante a administração de fármacos que produzem vias aéreas sem preditores de dificuldade para intubação. Paciente
amnésia, evitando a lembrança da separação dos pais ou de possí- colocado em DDH, monitorização com cardioscopia, oximetria de
veis dificuldades na indução anestésica. Dentre os fármacos pré-a- pulso e PANI e instalada venóclise periférica em MSE 22G. Adminis-
nestésicos que podem ser utilizados, o midazolam e os antagonistas trada medicação pré-anestésica com midazolam 2 mg, fentanil 30
não competitivos do N-metil-D-aspartato (NMDA), como a cetamina, mcg e cetamina 15 mg. A seguir, paciente colocado em DLD, realiza-
são opções. O estudo tem como objetivo comparar o midazolam e do bloqueio subaracnóideo em L3-L4, mediano, com agulha Quincke
a associação midazolam/cetamina com relação ao grau de amnésia 25G, punção única, líquor límpido e sem sangue, seguido da infusão
e ansiedade em crianças submetidas a procedimentos cirúrgicos. de 14 mg de bupivacaína com glicose 5% associada a 20 mcg de
Método: Foram incluídas 26 crianças submetidas a procedimentos fentanil. Recolocado em posição de DDH e iniciada monitorização
cirúrgicos de fevereiro a junho de 2015. Os participantes foram do nível de bloqueio. Após cerca de 3 minutos da posição em DDH,
aleatoriamente distribuídos em dois grupos: 1/M (midazolam) e 2/ paciente apresentou apneia súbita, sendo assistido com ventilação
CM (cetamina + midazolam). A ansiedade foi avaliada de acordo com sob máscara, sem sucesso de retorno a ventilação espontânea. Rea-
a Escala de Ansiedade Pré-Operatória de Yale modificada (EAPY-m) lizado IOT com tubo nº 6,0 e mantida com Sevoflurano 1%. Ocorreu,
em dois momentos, antes e após a administração da medicação pré‑ também, episódio de bradicardia revertido com atropina 20 mcg/
anestésica. A avaliação da amnésia consistiu na aplicação de um kg. Após 75 minutos da raquianestesia e término do procedimento
teste de memória e reconhecimento baseado no teste descrito por cirúrgico, paciente retornou à ventilação espontânea, sendo ex-
SNODRASS e VANDERWART. Os efeitos colaterais, o tempo de perma- tubado e encaminhado à unidade de recuperação pós-anestésica,
nência na sala de recuperação pós-anestésica e o grau de satisfação onde permaneceu por 90 minutos. Obteve alta para enfermaria es-
dos responsáveis são apresentados. tável hemodinamicamente, com pontuação máxima pela escala de
Resultado: A avaliação da ansiedade após a medicação ficou preju- Aldrete e Kroulik. Recebeu alta hospitalar após três dias da cirurgia,
dicada pelo grau de sedação em que as crianças se encontravam. sem maiores complicações.
Observa-se que a associação do midazolam à cetamina provoca uma Discussão: O bloqueio subaracnóideo alto em pediatria, principal
discreta redução do grau de amnésia. Ambos os grupos apresenta- hipótese diagnostica para o caso, ocorre em 0,63% a 0,8% dos casos,
ram efeitos colaterais, porém o grupo 1/M foi o único que apre- tendo como principais causas a dose excessiva de anestésico local
sentou agitação ao despertar (36,4%). A tontura foi observada em associado a maior velocidade de infusão, posicionamento inadequa-
ambos os grupos, com maior prevalência no da combinação (60%). do do paciente e desidratação. O reconhecimento precoce é funda-
Náuseas e vômitos apenas se fizeram presentes no Grupo 2/CM mental para o controle das complicações. A disfunção respiratória
(26,7% e 33,3%, respectivamente). O nistagmo e a sialorreia foram deve ser manejada com a instalação de um suporte ventilatório
vistos mais frequentemente no grupo 2/CM (33,3% e 20%, respec- (pressão positiva sob máscara ou mecânica) até o restabelecimento
S80 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

da função ventilatória espontânea. Se não houver suspeitas de anor- TLO048 ENTEROCOLITE NECROSANTE EM RECÉM-NASCIDO
malidades anatômicas, investigação adicional não será necessária. PORTADOR DE CARDIOPATIA CONGÊNITA COMPLEXA
Referências:
Israel Lugli de Godoy*, Gabriel José Redondano de Oliveira,
1. Lóez T, Sánchez FJ, Gárzon C, Muriel C. Spinal anestesia in pedia-
tric patients. Minerva Anestesiol. 2012;78:78-87. Thiago Romanelli Ribeiro, Walter Luiz Ferreira Lima,
2. Gupta A, Saha U. Spinal anestesia in children: a review. J Anaes- Thales Ricardo de Paula, Tomás Gustavo Pires
thesiol Clin Pharmacol. 2014;30:10-8. Hospital Vera Cruz, Campinas, SP, Brasil
Introdução: Enterocolite necrosante ocasionalmente pode afetar
recém-nascidos de termo ocorrendo pela associação de isquemia
TLP211 ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO PARA AVALIAÇÃO
intestinal e colonização bacteriana. No insucesso do tratamento
DOS REFLEXOS LARÍNGEOS NA EXTUBAÇÃO TRAQUEAL DE
clínico, a solução se dá em realizar laparotomia exploradora para
CRIANÇAS SOB CAM-ACORDADO remover o intestino necrosado.
Ana Patrícia Santos de Oliveira*, Cátia Sousa Govêia, Relato de caso: Paciente, 28 dias e 3.700 g em PO8 de bandagem
Luís Cláudio de Araújo Ladeira, Victor Guilherme Bittar Souto, pulmonar bilateral e colocação de stent em canal arterial por car-
Alene Cunha do Nascimento, Gabriel Magalhães Nunes Guimarães diopatia congênita complexa (coarctação de aorta + hipoplasia de
ventrículo esquerdo + patência do canal arterial), em tratamen-
CET, Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Brasil to (D10) para enterocolite necrosante, com proposta cirúrgica de
Justificativa e objetivo: A CAM-acordado, concentração alveolar na laparotomia exploradora devido a pneumoperitônio. Estava na UTI
qual o paciente é capaz de responder a comandos, varia entre 0,15 pediátrica intubado sob ventilação mecânica, portando cateter ve-
e 0,5 CAM. Existe controvérsia sobre extubar a criança em CAM-a- noso central (flebotomia) em veia safena e veia subclávia esquerda
cordado. O objetivo deste estudo foi avaliar reflexos laríngeos em (duplo lúmen), cateter venoso central de inserção periférica em
crianças durante extubação traqueal sob efeito da CAM-acordado MSD. Infusão contínua de milrinona (0,5 mcg/kg/min), furosemida
de sevoflurano em comparação com crianças extubadas sem sevo- (10 mg/kg/dia) e diálise peritoneal diária. Apresentava coagulopa-
flurano. tia (INR 2,0), plaquetopenia (80.000/mm³) e anemia (Hb 10,8 g/
Método: 32 pacientes de 2 a 10 anos, estado físico I ou II (ASA), dL), sendo realizada transfusão de concentrado de hemácias (15
submetidos à adenoamigdalectomia sob anestesia geral. Foram mL/kg), plasma fresco congelado (10 mL/kg) previamente à cirur-
divididos em dois grupos: grupo 1, com 16 indivíduos extubados sob gia. Transportado para o centro cirúrgico, sob monitorização com
efeito de CAM-acordado de sevoflurano (0,6%) há 10 min, e grupo oximetria de pulso pré e pós-ductal, cardioscopia contínua, termô-
2, com 16 indivíduos extubados com sevoflurano exalado < 0,1% há metro esofágico, capnografia, pressão venosa central e pressão ar-
10 min. A indução das anestesias ocorreu com fentanil e propofol, terial invasiva. Mantida analgesia com cetamina (45 mcg/kg/min) +
manutenção com sevoflurano, analgesia profilática com dipirona e fentanil (0,2 mcg/kg/min), bloqueio neuromuscular com cisatracú-
morfina, profilaxia antiemética com dexametasona e ondansetrona rio (0,15mg/kg) e associado sevoflurano 0,5 CAM. Posicionado em
e aspiração do conteúdo gástrico. Desfechos avaliados: necessida- DDH, iniciada cirurgia, apresentou sangramento em sítio cirúrgico,
de de uso de dispositivos de via aérea, secreção excessiva, pausas optado por transfusão de PFC (10 mL/kg), concentrado de plaquetas
expiratórias, tosse, laringoespasmo, dessaturação, tempo de des- (10 mL/kg) com resposta ineficaz. Evoluiu com instabilidade hemo-
pertar, tempo de alta e agitação de despertar. Aplicados estatística dinâmica, necessitando de adrenalina (0,1 mcg/kg/min), associado
descritiva, riscos relativos e análise bayesiana, com respectivos ín- à expansão volêmica com Plasma Lyte, com controle do débito uri-
dices de credibilidade (ICred95%) para cada desfecho. nário mantido em 2 mL/kg/h e ausculta pulmonar frequente para
Resultado: Das 32 crianças, 21 do sexo feminino, mediana das exclusão de congestão. Sangramento estimado em 75 mL, optado
idades: 8 anos (4-10) no grupo da extubação com sevoflurano e 6 por transfusão de concentrado de hemácias (10 mL/kg), com HB ao
(3-10) no grupo controle. A interpretação bayesiana verificou evi- fim do procedimento (colectomia + amputação do coto) de 13 g/
dência muito forte contra extubação em plano profundo quanto à dL. A reposição volêmica totalizou 30 mL/kg/h e, após cessada a
necessidade de dispositivos de via aérea e pausas respiratórias e administração de sevoflurano, foi interrompida a administração de
evidência positiva contra extubação em plano profundo com re- adrenalina com boa aceitação.
lação à ocorrência de tosse, laringoespasmo e dessaturação. Não Discussão: Neste caso, a perfuração deve-se a má perfusão intes-
foram encontradas diferenças nos desfechos secreção excessiva e tinal decorrente da cardiopatia presente, levando a peritonite,
tempo até atingir critérios de alta. Somente agitação apresentou septicemia e coagulação intravascular disseminada. Esses lactentes
evidência forte contra o grupo extubação superficial, com fator toleram mínima anestesia, tendo como escolha iniciar infusão de
bayesiano de 107 (probabilidade 107 vezes maior de incidência cetamina 0,5-1,0 mg/kg e, se a condição melhorar ,optar então por
ser maior no grupo controle), com ICred95% de 0,35 (0,03-0,76). fentanil 2-3 mcg/kg. A perda líquida pode ser enorme, necessitando
Tempo até atingir critérios de alta apresentou fator bayesiano de de reposição de solução cristaloide balanceada para manutenção do
0,47, não sendo importante. débito urinário e pressão arterial.
Conclusão: Extubação sob CAM-acordado promoveu maior neces- Referência:
sidade de dispositivos de via aérea, pausas respiratórias, tosse, 1. Berry FA, Castro BA. Anestesia neonatal. In: Barash PG, Cullen BF,
laringoespasmo e dessaturação. Somente a agitação mostrou-se Stoelting RK. Anestesia Clínica. 4 ed. Barueri SP. Manole, 2004;
menos provável no grupo de extubação em plano profundo de se- 1190
voflurano. Vale, portanto, considerar riscos e benefícios referen-
tes a cada técnica anestésica antes de se considerar extubação
em plano profundo, visando apenas a redução da agitação nesse TLO569 HEMIESFERECTOMIA FUNCIONAL PRECOCE PARA
grupo de pacientes. TRATAMENTO DA HEMIMEGALOENCEFALIA ASSOCIADA À
Referências: EPILEPSIA REFRATÁRIA
1. Saraiva RA. Anestésicos inalatórios. Rev Bras Anestesiol. 1994; Marina Ferreira Guimarães*, Maria Amélia Neves,
44:43-52.
Izabela Magalhães Campos, Fernanda Vilela Dias,
2. Oberer C, von Ungern-Sternberg BS, Frei FJ, Erb TO. Respiratory
Fernando Hernandes de Meneses, Paula de Siqueira Ramos
Reflex Responses of the Larynx Differ between Sevoflurane and
Propofol in Pediatric Patients. Anesthesiology, 2005;103:1142-8. Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S81

Introdução: A hemimegaloencefalia (HME) é malformação cerebral Relato de caso: G.F.F., 6 anos, com história prévia de deficiência de
congênita rara, caracterizada pela ocorrência de síndrome epilépti- coenzima q10 e diagnosticado com tumor abdominal, foi submeti-
ca de início precoce e de difícil controle medicamentoso, com com- do à anestesia geral balanceada para implante de cateter de longa
prometimento do desenvolvimento neuropsicomotor. O tratamento permanência para tratamento quimioterápico. Induzida anestesia
para casos refratários é a hemiesferectomia funcional, considerada com sevoflurano e mantida com sufentanil, atracúrio e sevoflurano.
especialmente difícil em portadores de HME. Evoluiu ao final do procedimento com quadro abrupto de hipercap-
Relato de caso: L.M.A.O., sexo feminino, nascida de parto vaginal, nia, EtCO2 chegando a 100 mmHg, taquicardia sinusal e hipertermia
a termo. Admitida na UTI, com 11 dias de vida para propedêutica de 38,5°C. Iniciado protocolo de hipertermia maligna. Houve res-
de crises convulsivas iniciadas após o nascimento e refratárias à te- posta imediata ao tratamento com dantrolene 2,5 mg/kg, além das
rapia medicamentosa. À admissão, apresentava-se hipotônica, sem demais medidas, como resfriamento ativo, ventilação com oxigênio
deficit motor focal. O vídeo-EEG registrou 47 crises convulsivas em puro e correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos.
17 horas e a ressonância nuclear HME. Em reunião multidisciplinar Encaminhado ao centro de terapia intensiva, onde recebeu assis-
frente à intratabilidade do caso, e apesar da idade da paciente tência ventilatória e manutenção da dose de dantrolene 1 mg/kg,
(2 meses, pesando 4180 g), optou-se pelo tratamento cirúrgico. 6 em 6 horas. Recebeu alta após 48 horas, sem sequelas. Retornou
A indução anestésica foi realizada com sevoflurano, propofol, su- à instituição para ressecção do tumor após 4 semanas. Submetido à
fentanil e cisatracúrio. Foi mantida ventilação controlada a pres- anestesia venosa total, sem intercorrências.
são, com necessidade de parâmetros ventilatórios altos. Realiza- Discussão: Apesar de rara, a hipertermia maligna é uma compli-
da punção de artéria femoral direita e de acesso venoso central. cação anestésica grave e seu diagnóstico precoce é essencial para
A anestesia foi mantida com sevoflurano e sufentanil em infusão o prognóstico. Nesse caso, o paciente apresentou um quadro clí-
contínua. A pedido do cirurgião, foi realizado hidantal. Durante a nico típico, porém tardio. A detecção precoce permitiu uma boa
cirurgia, foi administrado ácido épsilon aminocaproico. A reposi- evolução. Associado ao quadro de hipertermia maligna, o paciente
ção volêmica foi realizada com ringer lactato e plasma fresco, e a apresentava uma doença genética. A coenzima q10 é uma molécula
transfusão de concentrado de hemácias foi guiada pela estimativa fundamental no metabolismo energético e na proteção antioxidante
de perda sanguínea e gasometrias seriadas. Houve perda sanguí- das células. Níveis reduzidos estão associados a fadiga e fraqueza
nea significativa, que se acentuou na desconexão do hemisfério muscular. Não há descrita na literatura associação entre a hiperter-
cerebral, quando houve instabilidade hemodinâmica e distúrbios mia maligna e essa deficiência, apesar do acometimento muscular
hidroeletrolítico (Hb: 3,55 g/dL). A estabilização do quadro deu-se comum.
com reposição volêmica agressiva e administração de adrenalina, Referências:
bolus e infusão contínua. Foram infundidos 2800 mL de fluidos – 1. Carrillo-Esper R, Lázaro-Santiago G, Nava-López JÁ. Hipertermia
1710 de cristaloides, 620 mL de CH, 400 mL de Pl e 70 mL de maligna. Conceptos actuales. Rev Mex Anest. 2013;36:185-92.
PQT. Em decisão conjunta, optou-se pela interrupção da cirurgia. 2. Correia ACC, Silva PCB, Silva BA. Hipertermia maligna: aspectos
Encaminhada ao CTI, intubada, em uso de adrenalina. No 3° DPO, moleculares e clínicos. Rev Bras Anestesiol. 2012;62:820-37.
evolui com SARA, respondeu a medidas de suporte e foi extubada.
Do ponto de vista neurológico, vem apresentando melhora signifi-
cativa do contato e movimentação espontânea, com controle ade- TLP637 MANEJO ANESTÉSICO DAS CRIANÇAS SUBMETIDAS
quado das crises convulsivas. À RADIOTERAPIA: REALIDADE DE UM CENTRO DE
Discussão: Apesar de agressiva, a hemiesferectomia funcional é REFERÊNCIA EM ONCOLOGIA
o método mais eficaz de tratamento da epilepsia catastrófica da
Vinicius Heurich, Joana Zulian Fiorentin,
infância. Sugere-se que seja realizada até o primeiro ano, sendo
raros os casos descritos antes dos 6 meses. Está atrelada à perda Roberto Henrique Benedetti, Breno José Santiago Bezerra de Lima,
sanguínea perioperatória importante, transfusões sanguíneas maci- Rodolfo de Pinho Paes Barreto, Aline Costa*
ças, coagulopatias e complicações pós-operatórias. A realização da CET Sianest/Hospital Florianópolis/Cepon, Florianópolis, SC,
cirurgia em idade precoce e a presença de comorbidades pré-ope- Brasil
ratórias torna o manejo perioperatório desafiador.
Referência: Justificativa e objetivo: A imobilidade durante uma sessão de radio­
1. Fonseca FL, Melo RP, Cukiert A, et al. Hemisferectomia funcional terapia é essencial para o seu sucesso, o que nem sempre é possível na
precoce na hemimegaloencefalia associada a epilepsia refratá- população pediátrica. Visto ser um procedimento indolor, pacientes
ria. Arq Neuro-Psiquiatr. [online]. 2004;62:1063-7. com maior faixa etária podem ser submetidos à radioterapia
sem necessitar de intervenção anestésica. Dentre os indicadores
que sugerem necessidade de anestesia estão pacientes jovens,
TLP102 HIPERTERMIA MALIGNA EM PACIENTE PEDIÁTRICO ansiedade, posicionamento e complexidade do tratamento. Com
base nisso, realizou-se uma análise retrospectiva dos procedimentos
COM DEFICIÊNCIA DE COENZIMA Q10: A IMPORTÂNCIA DO
anestésicos realizados durante sessões de radioterapia em crianças
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PRECOCES
com idade menor ou igual a 7 anos, enfatizando o tipo de anestesia
Bruno Tecles Brandão de Oliveira*, Nathalia Magalhães Fonseca, e as intercorrências.
Francisco Drummond Lima, Andréa Silva Santos, Método: Estudo observacional, transversal, baseado nos registros dos
Gustavo de Paula Tofani, Rodrigo Bernardes de Oliveira prontuários físico e eletrônico dos pacientes com idade igual ou infe-
rior a 7 anos, submetidos à radioterapia sob anestesia entre janeiro
Hospital Vila da Serra, Instituto Materno Infantil, Nova Lima, MG,
de 2014 e março de 2017. As variáveis quantitativas foram descritas
Brasil
por médias, e as qualitativas, por frequências e percentuais.
Introdução: A hipertermia maligna é uma síndrome farmacogênica Resultado: Foram avaliados 26 prontuários, totalizando 476
rara, de herança autossômica dominante, desencadeada pelo uso procedimentos anestésicos. Todos foram monitorizados com
de relaxantes musculares despolarizantes e anestésicos voláteis. É oximetria de pulso e cardioscopia. O estado físico (ASA) variou entre
potencialmente fatal, porém, se instituído tratamento adequado, II (88%) e III (12%). Todas as crianças foram submetidas à sedação
diminui a mortalidade de 70% para menos de 10%. O conhecimento moderada/profunda sob ventilação espontânea, com manutenção
dos sinais e sintomas é, portanto, essencial para o prognóstico dos da perviedade da via aérea através de cânula orofaríngea, exceto
pacientes acometidos. uma criança, que necessitou de intubação orotraqueal devido ao
S82 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

quadro clínico. Em 420 pacientes (88,2%), utilizou-se apenas anes- identificar quais órgãos são compartilhados é fundamental para
tesia inalatória com sevoflurano, enquanto em 42 pacientes (8,8%), programação cirúrgica. Uma equipe anestésica para cada criança
anestesia geral balanceada e, em 14 pacientes (2,9%), apenas hip- é necessária, com monitorização e estação anestésica duplicada.
nótico endovenoso. Todas as crianças mantiveram relaxamento Avalição de comunicação circulatória entre os gêmeos pode
maxilar completo e sinais vitais estáveis durante o procedimento. ser feita pela administração de anticolinérgico em um deles
Ocorreram somente duas intercorrências durante os atos anestési- e avaliação da presença ou não de resposta no outro. Indução
cos, definidas como episódios de laringoespasmo (0,42%), manejado sequencial é realizada quando não existe comunicação circulatória.
com sucesso através de ventilação com pressão positiva. As medicações administradas em um gêmeo podem ter efeito
Conclusão: Mesmo considerando o baixo índice de intercorrências, inesperado no outro. Recomenda-se que as doses dos agentes
devemos lembrar que o acesso à criança durante uma sessão de ra- anestésicos sejam calculadas pelo peso estimado de cada gêmeo
dioterapia pode ser demorado. Nosso serviço apresenta uma média e infundidas separadamente. A intubação traqueal é um desafio na
de 20 segundos, tempo considerado grande tratando-se da popu- separação de gêmeos devido à posição atípica, e a estabilidade he-
lação pediátrica. A anestesia inalatória apenas com sevoflurano se modinâmica de ambos deve ser mantida durante o procedimento
mostra segura e possui baixa taxa de complicações nesta população, cirúrgico. Normotermia é outro desafio em cirurgias neonatais.
sendo a terapia ideal para radiação em crianças por ser bem tolera- Conclusão: A cirurgia de separação de gêmeos conjugados é um
do, apresentar rápida perda de consciência e alta estabilidade he- desafio, requerendo planejamento e coordenação de uma equipe
modinâmica. Nossa experiência institucional demonstrou segurança multidisciplinar durante todos os estágios.
no uso de anestesia inalatória para radioterapia pediátrica, com
baixas taxas de complicações.
Referências: TLP846 MANEJO ANESTÉSICO EM CORREÇÃO CIRÚRGICA
1. Owusu-Agyemang P, Popovich SM, Zavala AM, et al. A multi-insti- DE CLOACA EM PEDIATRIA: RELATO DE CASO
tutional pilot survey of anesthesia practices during proton radia-
Maria Moreno Braga*, Lorena Jrege Arantes,
tion therapy. Pract Radiat Oncol. 2016;6:155-9.
2. Vigneron C, Schwartz E, Trojé C, et al. General anesthesia in Beatriz Lemos da Silva Mandim,
pediatric radiotherapy. Cancer Radiother. 2013;17:534-7. Paulo Ricardo Rabello de Macedo Costa, Roberto Araújo Ruzi
Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
Uberlândia, MG, Brasil
TLO831 MANEJO ANESTÉSICO E DESAFIOS
Introdução: A malformação cloacal é uma patologia rara, de apre-
PERIOPERATÓRIOS PARA CIRURGIA DE SEPARAÇÃO DE
sentação variável, predominante no gênero feminino. Consiste na
GÊMEOS TORACO-ONFALÓPAGOS: RELATO DE CASO associação de imperfuração anal, onfalocele e extrofia de bexiga
Milton Halyson Benevides de Freitas, Maria Celia Ferreira da Costa, e parte do intestino. A correção cirúrgica é feita em várias etapas,
Douglas Kaíque de Oliveira Lopes, Ivynny Caroline França de Oliveira*, incluindo uma etapa definitiva usualmente prolongada. Exige plane-
Marina Carvalho de Gusmão Pereira jamento adequado de analgesia intra e pós-operatória, manutenção
do equilíbrio hidroeletrolítico, normotermia e profilaxia da ocorrên-
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
cia de alergia a látex.
Recife, PE, Brasil
Relato de caso: Paciente de 2 anos e 3 meses, gênero feminino,
Introdução: A separação de gêmeos conjugados é um desafio anes- ASA PII, peso 12 kg e programação cirúrgica para correção de cloa-
tésico-cirúrgico. Importantes fatores que devem ser considerados ca. Possui como antecedentes colostomia e cistostomia, alergia a
são: a presença de circulação interligada entre os gêmeos, compar- dipirona e ausência de outras malformações congênitas. Foi admi-
tilhamento de órgãos, dificuldade no manuseio de via aérea, grande nistrado midazolam 0,5 mg/kg VO como medicação pré-anestésica.
perda volêmica e extenso tempo perioperatório. Na sala cirúrgica, preparada látex free, a paciente foi monitorizada
Relato de caso: Gêmeos toraco-onfalópagos do sexo feminino com cardioscopia contínua, pressão arterial não invasiva e oxime-
diagnosticados e acompanhados no pré-natal pela equipe de tria de pulso. Após indução inalatória sob máscara facial com se-
medicina fetal do serviço. G1 não apresentava malformações, exceto voflurane 8% e acesso venoso periférico, foram administrados 30
a comunicação hepática com o G2, que possui múltiplas malforma- mg de propofol, 7 mg de cetamina, 50 µg de fentanil e 6 mg de
ções: agenesia de rins; pulmão hipoplásico; atresia de esôfago; co- rocurônio e realizada intubação orotraqueal com tubo 5 sem cuff.
ração unicameral; e agenesia pelve, bexiga e membros. A equipe Foi realizado acesso venoso central guiado por ultrassom e cateteri-
multidisciplinar envolveu obstetras, neonatologistas, 2 anestesistas zação de artéria radial, termômetro esofágico e utilização de manta
pediátricos e 5 cirurgiões pediátricos. Após 11 horas do nascimento, térmica. Posteriormente, foi feita a anestesia peridural lombar com
iniciou-se cirurgia de separação. Monitorização com cardioscopia, agulha Tuohy 20G e administrados 10 mL de bupivacaína 0,25% com
oximetria, capnografia, termômetro nasofaríngeo, débito urinário e vasoconstritor, 30 µg de clonidina e 0,8 mg de morfina. A anestesia
PNI foi instituída em ambos. Optou-se por indução inalatória simul- geral foi mantida com anestesia venosa total com infusão contínua
tânea com oxigênio a 100% e sevoflurano 4%. Intubação orotraqueal de propofol (8-12 mg/kg/h) e remifentanil (0,1-0,3 µg/kg/min).
com tubo 3,5 sem cuff em G1 foi executada e sem sucesso no G2, por Foram administrados durante a cirurgia 1150 mL de solução de rin-
ausência de tubo orotraqueal 2 no serviço, utilizando-se, portanto, ger lactato e albumina 4%, 10 mg de dexametasona, 960 mg de am-
máscara laríngea número 1. Peridural lombar (L1-L2) pela técnica de picilina-sulbactam, 600 mg de ceftriaxone, 130 mg de metronidazol
Dogliotti com seringa de vidro foi realizada em G1 com ropivacaína e 2 mg de ondansetrona. O tempo anestésico-cirúrgico foi de 12
0,2% (3 mL). Colchão aquecido e manta térmica foram utilizados. A horas. Paciente manteve-se hemodinamicamente estável e, ao fim
temperatura do ambiente foi mantida ao redor de 24°C. A hidratação da cirurgia, paciente foi extubada e encaminhada à UTI pediátrica.
foi calculada pela Fórmula de Holiday (4 mL/kg/h) e porte cirúrgico Discussão: O conhecimento das particularidades, suas implicações
(10 mL/kg/h) com ringer lactato e dextrose a 1%. Não foram utiliza- clínicas e da faixa etária nas quais se diagnosticam as patologias
das drogas vasoativas ou hemoderivados. Após 2 horas de procedi- urológicas constitui a base para o planejamento do procedimento
mento, a separação foi concluída, continuando os cuidados do G1 até anestésico adequado, incluindo a programação de analgesia intra e
término do procedimento e suporte de G2 até o óbito. pós-operatória, manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico, preven-
Discussão: Gêmeos conjugados são gêmeos monozigóticos, ção de hipotermia e profilaxia da ocorrência de alergia a látex, visto
monocoriônicos e monoaminióticos. Avaliação de imagens para ser comum a associação desta com patologias urinárias. A utilização
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S83

da anestesia venosa total associada à anestesia regional nesse con- 2. Silva JP, Lopes LM, Mattos SS. Síndrome do coração esquerdo
texto proporcionou um plano anestésico adequado com estabilidade hipoplásico. In: Croti UA, Mattos SS, Junior VCP, et al. Cardiolo-
hemodinâmica, despertar sem agitação, dor ou NVPO. gia e cirurgia cardiovascular pediátrica. 2.ed. São Paulo: Roca;
Referências: 2012:637-59.
1. Lerman J, Kondo Y, Suzuki Y, et al. General abdominal and urolo-
gic surgery. In: Cote C, Lerman C, Anderson BJ. A pratice of anes-
thesia for infants and children. 5.ed. Philadelphia; 2013:587-9. TLO459 MANEJO DA VIA AÉREA EM CRIANÇA COM
2. Costa PRR, Ruzi RA, Mandim BLS, et al. Anestesia venosa total na AGENESIA DE NARINA E VIA AÉREA DIFÍCIL: RELATO DE
criança. Rev Med Minas Gerais. 2016;26:S28-S33. CASO
Rodrigo Thadeu Cei Pedroso*, Keyla Adriana Gadelha Dias Martins,
TLO414 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE PEDIÁTRICO Giordana Oliveira Rotella, Antonio Jorge Ferreira da Silva Júnior,
COM SÍNDROME DO CORAÇÃO ESQUERDO HIPOPLÁSICO - Bruno Mendes Carmona, Arthur Abel Cavaco
RELATO DE CASO Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
Francisco Ricardo Marques Lobo, Eneida Maria Vieira, Introdução: A avaliação da via aérea no pré-anestésico tem por ob-
Carolina de Oliveira Sant’anna, Camila Vioto*, Débhora Dayanne Tres, jetivo identificar os fatores de risco que podem dificultar sua abor-
Isabela Scárdua Frizzera Gonçalves dagem durante a anestesia, com subsequente planejamento de seu
manejo para mantê-la pérvia. Apesar dessa avaliação, o anestesista
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), São
pode deparar-se com casos não reconhecidos de ventilação sob más-
José do Rio Preto, SP, Brasil
cara facial e/ou intubação difícil. Há diversos algoritmos e dispo-
Introdução: Síndrome do coração esquerdo hipoplásico (SCEH) é um sitivos desenvolvidos para orientar atuação do anestesista quando
conjunto de anomalias cardíacas congênitas que causa hipoplasia diante dessas situações.
significativa do ventrículo esquerdo e da aorta ascendente. Sua Relato de caso: Criança do sexo feminino, 6 anos, 10 kg, estado
forma mais grave apresenta atresia das valvas aórtica e mitral com físico ASA P1, programada para cirurgia de fechamento do canal la-
ausência de ventrículo esquerdo funcional. O objetivo deste relato crimal devido a dacriocistite de repetição, com histórico de roncos
é apresentar um caso de SCEH em criança submetida à cirurgia de e não colaborativa. Ao exame da via aérea, observou-se agenesia
Norwood com ênfase no manejo hemodinâmico durante a anestesia. de narina, Malampatti II, extensão do pescoço limitada, cicatriz de
Relato de caso: R.G.C.M., 14 dias, 2,85 kg, diagnóstico de SCEH. traqueostomia fechada há 7 meses e ausência de dentes. Exames
Ecocardiograma evidenciando atresia de valvas aórtica e mitral, pré-operatórios sem alterações. Após monitorização obrigatória,
ventrículo esquerdo com hipoplasia importante, comunicação inte- venóclise e pré-oxigenação, foi induzida com midazolam 2 mg, fen-
ratrial, aorta hipoplásica com 2 mm de espessura e ducto arterial tanil 50 mcg, sevoflurano 4% e rocurônio 20 mg. Em seguida, houve
pérvio com fluxo da direita para a esquerda. Paciente admitida em dificuldade de ventilação sob máscara facial mesmo após a inserção
sala cirúrgica em respiração espontânea ao ar ambiente, saturação de uma cânula de Guedel, inclusive com oscilação da saturação pe-
de O2 de 87%, FC 167 bpm, PA 49/20 mmHg, em bomba de infusão riférica de oxigênio entre 82 e 94%, momento em que o anestesista
contínua (BIC) de prostaglandina e soro de manutenção. Após moni- realizou rapidamente a intubação traqueal sob laringoscopia dire-
torização, indução anestésica com sevoflurano 2% mais ar compri- ta sem dificuldades e/ou intercorrências outras. A manutenção da
mido 2 L/min, fentanil 2 mcg/kg e pancurônio 0,1 mg/kg. Realizada anestesia foi com anestesia geral balanceada sob ventilação mecâ-
intubação sem intercorrências, não houve instabilidade hemodinâ- nica controlada. Ao término, a criança foi extubada com sucesso
mica. Mantida em ventilação mecânica com ar comprimido 2 L/min, após despertar.
sevoflurano 1%, com PCO2 entre 40-45 mmHg. Iniciada cirurgia com Discussão: Os algoritmos de via aérea difícil em geral priorizam
tempo de circulação extracorpórea (CEC) de 216 minutos, sendo 10 a ventilação sobre a intubação traqueal propriamente dita, consi-
minutos de parada circulatória total. Saída de CEC com milrinona, derando emergencial a situação ‘não intubo não ventilo’. No caso
adrenalina, dobutamina e cálcio em BIC. Após 67 minutos de saída relatado, as alterações anatômicas da paciente tornaram a ventila-
de CEC, paciente evoluiu com disfunção significativa de ventrículo ção sob máscara insuficiente para manter a oxigenação adequada.
sistêmico, seguida de parada cardiorrespiratória em atividade elé- Então, o anestesista optou por uma tentativa de intubação mesmo
trica sem pulso, feitos 10 ciclos de ressuscitação sem êxito, evo- sem as condições ideais, aparentemente invertendo a ordem de
luindo a óbito. prioridade dos algoritmos. No entanto, após a indução anestésica, a
Discussão: Apesar da baixa incidência, 0,016 a 0,036% dos nasci- ventilação só foi possível com a intubação traqueal.
mentos, a SCEH provoca 23% de óbitos por causas cardíacas durante Referência:
a primeira semana de vida e 15% no primeiro mês. O desafio nesses 1. Nekhendzy V, Tanaka PP. Análise do algoritmo da ASA para via
pacientes é manter um adequado equilíbrio entre os fluxos pulmo- aérea difícil. In: Martins MP, Moraes JMS, Pires OC. Controle de
nar e sistêmico. A perfusão coronariana se dá pela aorta hipoplá- via aérea. Núcleo SBA Vida. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira
sica, que “rouba” sangue pelo canal arterial. Deve-se aumentar a de Anestesiologia; 2012:31-8.
resistência vascular pulmonar para que o sangue seja direcionado
da artéria pulmonar para a aorta pelo canal arterial. Assim, impor-
tante estratégia nesses pacientes é manter o uso de prostaglan- TLP144 OBESIDADE EM CRIANÇAS SUBMETIDAS À
dinas do nascimento até o momento de CEC para manutenção do
ANESTESIA
canal arterial aberto, indução anestésica com FiO2 a 21%, drogas
que mantenham a estabilidade hemodinâmica e ventilação mecâni- Euler de Morais Albuquerque, Carlos Emerson Borges Silva*,
ca com hipercarbia permissiva, para diminuir a circulação sanguínea Jairo Libório Dourado Reis, Thiago de Oliveira Costa,
pulmonar. Tânia Cursino de Menezes Couceiro, Luciana Cavalcanti Lima
Referências:
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
1. Nicolson SC, Steven JM, Diaz LK, et al. Anesthesia for the patient
Recife, PE, Brasil
with a single ventricle. In: Andropoulos DB, Stayer SA, Mossad
EB, et al. Anesthesia for congenital heart disease. 3.ed. Wiley; Justificativa: A obesidade infantil é epidemia e possui impacto na
2015:567-78. saúde durante a infância e vida adulta. Crianças obesas são propen-
S84 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

sas a complicações perioperatórias. O índice de massa corpórea é a fologia normal. Realizada nova ausculta pulmonar, que revelou
medida clínica para diagnóstico de obesidade em adultos. Em crian- ausência de bulhas cardíacas e palpação sem pulso central, sendo
ças, para diagnóstico de obesidade, é necessário calcular o índice realizado diagnóstico de parada cardiorrespiratória em ritmo de
de massa corpórea e utilizar gráfico desenvolvido pela Organização atividade elétrica sem pulso. Iniciada compressões torácicas e,
Mundial de Saúde. Há necessidade de se definir a correlação en- após a primeira dose de adrenalina, surgiram placas eritemato-
tre o diagnóstico nutricional e a classificação do estado físico pela sas, com subsequente diagnóstico de anafilaxia confirmado pela
American Society of Anestesiology (ASA) e como ela pode afetar os dosagem de triptase sérica. Paciente transferido para unidade de
resultados perioperatórios. terapia intensiva sob intubação orotraqueal e infusão contínua de
Objetivo: Determinar a frequência de obesidade na população de adrenalina. Paciente extubada 6 horas após evento, recebendo
crianças submetidas à anestesia no Instituto de Medicina Integral alta hospitalar após 48 horas sem sequelas neurológicas e atual-
Professor Fernando Figueira (IMIP) e determinar se há correlação mente em seguimento com serviço de imunologia.
entre o diagnóstico de obesidade pediátrica e a classificação do es- Discussão: As reações anafiláticas dependem de sensibilização pré-
tado físico de acordo com a ASA. via para maciça liberação de citocinas pró-inflamatórias mediadas
Método: Realizou-se estudo observacional em 231 crianças, de 0 pela IgE, portanto sua incidência é variável e dependente de expo-
a 12 anos de idade, submetidas à anestesia no IMIP, no período de sição ambiental prévia. Látex é um dos principais gatilhos relacio-
agosto de 2015 a outubro de 2016. Dados demográficos e antropo- nados à reação anafilática grave durante anestesia na faixa etária
métricos foram registrados em formulário específico, bem como a pediátrica. O quadro clínico mais comum é respiratório com bron-
classificação do estado físico feita pelo anestesiologista do caso. coespasmo e, muitas vezes, não há manifestações cutâneas, como
Resultado: Observou-se que, de acordo com a classificação de diag- exantema ou angioedema, dificultando o diagnóstico. O tratamento
nóstico nutricional pela curva da OMS, 113 (48,9%) crianças foram deve ser feito com administração de adrenalina e infusão de crista-
consideradas eutróficas, 21 (9,0%) magras, 40 (17,3%) com sobrepe- loides, uma vez que a degranulação mastocitária causa intensa va-
so e 57 (24,6%) obesas. Dentre as 57 crianças obesas pelos critérios soplegia e, consequentemente, choque distributivo. Quanto maior
da OMS, apenas 3 foram assim consideradas pela avaliação subjetiva o tempo entre o início da reação anafilática e início do tratamento,
feita pelo anestesiologista do caso. Levando-se em consideração es- maior chance de complicações clínicas graves, como parada car-
sas 3 crianças, apenas 1 foi classificada como ASA II, sendo as outras diorrespiratória.
consideradas ASA I. Referências:
Conclusão: A avaliação subjetiva de obesidade em crianças sub- 1. Hollnberger H, Gruber E, Frank B. Severe anaphylactic shock wi-
metidas a anestesia não se correlaciona com o diagnóstico real de thout exanthema in a case of unknown latex allergy and review
obesidade pela análise da curva da OMS. As crianças obesas são clas- of the literature. Paediatr Anaesth. 2002;12:544-51.
sificadas incorretamente na classificação ASA. 2. Dinakar C. Anaphylaxis in children: current understanding and
Referências: key issues in diagnosis and treatment. Curr Allergy Asthma Rep.
1. American Society of Anesthesiologists - ASA Physical Status Clas- 2012;12:641-9.
sification System [Internet]. Asahq.org. 2017 [cited 16 March
2017]. Disponível em: https://www.asahq.org/resources/clini-
cal-information/asa-physical-status-classification-system. TLO062 PRÉ-ANESTÉSICO EM CRIANÇAS COM MIDAZOLAM
2. Patel AI, Madsen KA, Maselli JH, et al. Underdiagnosis of pedia- VERSUS ASSOCIAÇÃO MIDAZOLAM E CETAMINA EM
tric obesity during outpatient preventive care visits. Acad Pedia- DIFERENTES DOSES: OBSERVAÇÃO CLÍNICA
tr. 2010;10:405-9.
Regis Borges Aquino, Maria Cristina Smania, Marcos Dias da Silva,
Simone Duarte Brose*
TLO885 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM ATIVIDADE Hospital São Lucas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
ELÉTRICA SEM PULSO SECUNDÁRIO À ANAFILAXIA EM do Sul (PUC-RS), Porto Alegre, RS, Brasil
PACIENTE PEDIÁTRICO Justificativa e objetivos: Busca-se o pré-anestésico, em crianças,
Daniel Dongiu Kim, Bruno Tose Gonçalves Barbosa*, que ofereça sedação, amnésia, colaboração e hipnose. Como fár-
Ana Carolina Lombardi, Mauro Henrique Junior, maco único, o midazolam parece ser o que melhor se aproxima des-
Maíra Bagodi Batista da Silva sas condições. A adição de cetamina com propriedades hipnóticas e
analgésicas poderá ser útil, visando a sedação e também a elevação
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP,
do limiar de dor durante a venóclise acordado ou dormindo. Obser-
Brasil
vação clínica da associação midazolam e cetamina (em diferentes
Introdução: As reações anafiláticas representam um dos principais doses) quanto aos efeitos pretendidos e compará-los com o uso úni-
eventos críticos em anestesiologia, com mortalidade estimada de co de midazolam é o objetivo deste estudo.
10% dos casos confirmados. A interpretação das manifestações clíni- Método: Pacientes ASA I e II de 2 a 12 anos submetidos a cirurgias
cas e tratamento em tempo adequado são fundamentais para redu- de superfície tipo hérnia inguinal, postectomia e outras. Grupo
ção da morbimortalidade associada a anafilaxia. M com n = 30 e midazolam 0,5 mg/kg VO da ampola. No grupo
Relato de caso: M.M.B., 4 anos, em programação cirúrgica de MC0,5mg n = 30 midazolam 0,5 mg/kg associado à cetamina 0,5
adenoamidalectomia devido a quadro de hematúria macroscópi- mg/kg VO. GrupoMC1mg n = 31 com midazolam 0,5 mg/kg e ce-
ca recorrente associada a amigdalite, sem outras comorbidades. tamina 1 mg/kg. Quando crianças com mais de 15 kg, uso de uma
Realizada indução anestésica inalatória, venóclise e intubação ampola de midazolam (15 mg) em todos os grupos. Após adminis-
orotraqueal sem intercorrências, seguida de administração de tração dos fármacos, em 10 minutos os pacientes adentraram na
cefazolina e dexametasona. Administrada dipirona ao término sala de cirurgia, observados e pontuados, por anestesista enco-
do procedimento cirúrgico, que transcorreu sem intercorrências, berto, segundo a escala de sedação de Ramsay (1 = acordado e
porém, durante preparo para extubação, paciente apresentou agitado; 2 = acordado e colaborativo; 3 = dormindo e despertável
broncoespasmo moderado. Iniciado tratamento com salbutamol com estímulos verbais). Anestesia com sevoflurano, N20, oxigênio,
com melhora parcial da ventilação, porém com piora progressiva fentanil, atracúrio quando necessário. Intubação orotraqueal ou
da perfusão periférica, apesar da manutenção de ritmo cardíaco máscara laríngea. Analgesia com dipirona ou cetoprofeno nas do-
organizado, frequência cardíaca estável e capnografia com mor- ses usuais.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S85

Resultado: No grupo M, quatro pacientes com escore 1 e nenhum A distância do plano frontal e o mento em crianças é preditora
com 3. No grupo MC 0,5 mg, três pacientes com escore 1 e um de elevada sensibilidade na identificação de VAD em pediatria. A
com escore 3. No grupo MC 1 mg, quatro pacientes com escore avaliação das vias aéreas deve ser rotina nos consultórios de APA,
1 e nenhum com 3. Em todos os grupos, a grande maioria apresen- mesmo em crianças sem qualquer síndrome diagnosticada. Após o
tou escore 2. Em análise pelo método de Wilcoxon-Mann-Whitney reconhecimento de VAD em crianças, deve-se programar indução
com p = 0,467, não houve significância estatística entre os grupos. anestésica que preserve a permeabilidade das vias aéreas e a ven-
Conclusão: Observou-se sedação e colaboração em todos os grupos tilação espontânea com uso de broncofibroscopia.
na maioria dos pacientes. Não houve nítida diferença quanto ao Referência:
efeito sedativo ou possíveis efeitos colaterais, tipo salivação nos 1. Mirghassemi A, Soltain AE, Abtahi M. Evaluation of laryngoscopic
pacientes da cetamina. Nessa amostra, a associação midazolam/ views and related influencing factors in a pediatric population.
cetamina, nas doses usadas, quando comparada com midazolam Pediatric Anesthesia. 2011;21:663-7.
como fármaco único, não apresentou vantagens. Como impressão
subjetiva, nos grupos com cetamina os pacientes pareciam mais in-
diferentes ao meio ambiente. TLO298 RELATO DE CASO DE HIPERTERMIA MALIGNA
Referências: Marcele Morais Dorneles, Gabriela Belladona, Henrique Marques,
1. Valdovinas EH, Soto PC. Level of sedation in using midazolan vs Marilio Jose Flach, Marcelo Otto, Ricardo Coradini Abdala*
oral ketamine in pediatric pre-anestesia medication. Anesth Me-
xico. 2008:20;3:117-21. Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Universidade
2. Mendes CL, Vasconcelos LCS, Tavares JS, et al. Escalas de Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
Ramsay e Richmond são equivalentes para avaliação do nível de A hipertermia maligna (HM) é uma doença hereditária autossômica
sedação em pacientes gravemente enfermos. Rev Bras Ter Inten- dominante (1:15000 anestesias em crianças), doença primária do
siva. 2008;20:344-8. músculo esquelético, caracterizada por resposta hipermetabólica
aos anestésicos voláteis e a succinilcolina, em razão de um de-
sarranjo da homeostase intracelular do cálcio. As manifestações
TLP006 PREDITORES DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PEDIATRIA: clínicas variam, mas a apresentação inicial inclui hipercarbia, ta-
RELATO DE CASO quicardia, rigidez de masseter ou muscular generalizada; porém,
a maioria dos pacientes não desenvolve todos os sinais e sintomas.
Ítalo Pires Gomes*, José Fernando Amaral Meletti,
O tratamento precoce com dantrolene EV associado a medidas
Reinaldo Vargas Bastos Miranda de suporte pode levar à diminuição da mortalidade de 70% para
CET de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), menos de 10%. Neste trabalho, relatamos o caso de uma criança
Jundiaí, SP, Brasil que apresentou um episódio de provável HM. Paciente masculi-
no, 1 ano e 2 meses, 8 kg, com diagnóstico de luxação congênita
Introdução: Na anestesia pediátrica, 13% dos eventos adversos res- bilateral do quadril, sem outras comorbidades ou história fami-
piratórios estão relacionados à dificuldade de intubação traqueal. liar de HM. Admitido para cirurgia eletiva de correção de luxação
A incidência de complicações no manejo das vias aéreas em crian- do quadril esquerdo. Realizada anestesia geral balanceada com
ças é de 1,5%. Na avaliação da via aérea difícil (VAD) em crianças, fentanil (25 mcg), propofol (25 mg) e rocurônio (5 mg) para in-
é fundamental o conhecimento das peculiaridades anatômicas do dução e Sevoflurano para manutenção, com bloqueio peridural
sistema respiratório relacionadas à idade, além da identificação de lombar (BPDL) após indução. Foi realizada profilaxia antibiótica
crianças sindrômicas, com malformações craniofaciais e pacientes com cefazolina (250 mg), dexametasona (1,2 mg) e ondansetron
com tumores que alteram a anatomia das vias aéreas. (1,2 mg) como terapia antiemética e dipirona (250 mg) para dor
Relato de caso: Adolescente, sexo masculino, 11 anos, 40 kg, admi- pós-operatória. Foram administrados durante a cirurgia 200 mL
tido para cirurgia de adenoamigdalectomia por amigdalite crônica de solução fisiológica. Após cerca de 2 horas do início da aneste-
e hipertrofia de adenoide. Na consulta pré-anestésica, nega comor- sia, o paciente apresentou elevação da temperatura corporal de
bidades, sem cirurgias prévias, nega uso de medicações e alergias. rápida progressão, quando foi desligado o aquecimento externo.
No exame, apresentava pescoço curto, distância tireomentoniana Como a temperatura permaneceu em elevação (37,3 para 39,5°C)
de 5 cm, aumento da distância do plano frontal e o mento, arcada e foi constatada discreta rigidez de masseter, suspeitou-se de HM,
dentária superior protrusa, língua grande, distância interincisivos sendo cessado o agente inalatório e lavado o sistema de ventila-
menor que 3 cm, com mallampati IV. Concluiu-se que o pacien- ção com alto fluxo de O2, sendo modificada a técnica anestésica
te apresentava vários preditores que indicavam VAD. Na indução para O2 + N2O e bolus de propofol, conforme necessidade. Simul-
anestésica, foi realizada pré-oxigenação com oxigênio a 100% por taneamente, o paciente apresentou taquicardia (até 178 bpm) e
5 minutos e administrado por via endovenosa 3 mg de midazolam, aumento do CO2 expirado (42 para 48). Realizada gasometria ar-
400 mcg de atropina e remifentanil em infusão contínua na dose de terial de urgência, evidenciando acidose metabólica (PH: 7,26)
0,5 mcg.kg-1.min-1, associado a laringoscopia direta para adminis- com BE de -9, além de hipoglicemia, que foi prontamente tratada
tração de lidocaína spray a 10%, 3 puffs na hipofaringe. Foi realiza- com bolus de glicose conforme HGTs. Em contato com central de
da broncofibroscopia pela cavidade oral até a visualização da carina informações de HM, foi orientado tratamento com dose de ata-
traqueal, com progressão de cânula orotraqueal nº 6,0 e insuflação que de dantrolene (20 mg em bolus), manutenção da ventilação
de cuff, sendo acoplado ao aparelho de anestesia. Administrado mecânica (pela possiblidade de potencialização do bloqueio neu-
100 mg de propofol, fentanil (120 mcg), 20 mg de rocurônio e clo- romuscular pelo dantrolene) e recuperação em UTI por 48 horas.
nidina na dose de 80 mcg. Manutenção da anestesia foi realizada Após administração da droga, houve normalização da temperatura
com mistura de oxigênio e óxido nitroso na proporção de 50:50 e e CO2 expirado, bem como melhora da acidose metabólica em ga-
sevoflurano a 2%. A cirurgia transcorreu sem intercorrências com sometria posterior. Encaminhado paciente para UTI, onde recebeu
duração de 40 min. dantrolene de 6/6 horas por 24 horas e permaneceu sedado, em
Discussão: A identificação de VAD em crianças maiores sem anor- VM. No dia seguinte, foi desligada a sedação e o paciente foi ex-
malidades craniofaciais aparentes é um desafio no consultório de tubado. Porém, manteve rebaixamento do sensório com ECG 8 (1
APA. Nesses pacientes, a observação de vários preditores de VAD + 5 + 2) por mais de 24 horas após término da sedação. Realizado
podem indicar possíveis dificuldades no manejo das vias aéreas. TC de crânio, sem alterações. Apresentou melhora progressiva da
S86 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

consciência e resolução do quadro neurológico em 2 dias. Após 6 TLO146 TUBO ENDOTRAQUEAL COM BALONETE EM
semanas, o paciente voltou a ser anestesiado para correção de lu- CRIANÇAS ABAIXO DE 8 ANOS: ESTAMOS MUDANDO ESSE
xação de quadril direito, tendo sido tomadas todas as precauções: PARADIGMA?
uso de sistema Baraka sem contato prévio com agente inalatório,
Bárbara Maria Figueiredo de Pontes Souza,
indução com midazolam, fentanil e rocurônio e BPDL. Paciente
apresentou novamente súbita elevação da temperatura de 36,5 Raphaella Amanda M.L. Fernandes, Jayme Marques dos Santos Neto,
para 39,0°C, recebendo Dantrolene precocemente por duas ve- Flávia Augusta de Orange L. da F. e Silva,
zes. Encaminhado para UTI no pós-operatório, com boa evolução. Julia Maria de Lima, Teresa Monte de Hollanda Fernandes*
Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Recife, PE, Brasil
TLP1024 TROCA VALVAR EM PACIENTE PORTADOR DE
Justificativa e objetivo: A intubação traqueal, embora largamente
MUCOPOLISSACARIDOSE
utilizada em anestesia geral de adultos e crianças, está implicada em
Lucas Hemétrio Lazarini*, Tiago Cordeiro de Macedo, complicações pós-operatórias relacionadas ao uso do balonete, sen-
Cláudia Helena Ribeiro da Silva do a discussão sobre seu uso relevante dentro da prática anestésica.
Desde a introdução da intubação traqueal em pediatria, tubos orotra-
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG,
queais (TOT) sem balonete têm sido o padrão para crianças menores
Brasil
de 8 anos. Isso é baseado na presunção de que complicações são mais
Introdução: A síndrome de Hunter, ou mucopolissacaridose tipo II frequentes com o uso de TOT com balonete. Esse paradigma, no en-
(MPS II), é um raro e grave distúrbio genético que afeta principal- tanto, vem sendo contestado diante das reais desvantagens dos dis-
mente os homens. A doença interfere na capacidade de o organismo positivos sem balonete associadas ao surgimento de dispositivos com
degradar determinadas substâncias conhecidas como mucopolissa- balonete cada vez mais seguros e adaptados ao contexto pediátrico.
carídeos ou glicosaminoglicanos. As manifestações físicas incluem O objetivo deste estudo foi avaliar atitudes e práticas dos anestesio-
características típicas, como macrocefalia, instabilidade cervical, logistas brasileiros em relação ao uso de tubos endotraqueais com e
perdas auditivas, espessamento das válvulas cardíacas, doença obs- sem balonete durante anestesia geral em crianças abaixo de 8 anos.
trutiva das vias aéreas, apneia do sono, aumento hepático e esplêni- Método: Trata-se de um estudo prospectivo, de corte transversal,
co. Em alguns casos da doença, o envolvimento do sistema nervoso realizado com 450 anestesiologistas de todo o território nacional,
central pode ocasionar atrasos no desenvolvimento e problemas no através da aplicação de questionário online.
sistema nervoso central. A síndrome de Hunter é geralmente grave Resultado: A maioria (76,44%) dos anestesiologistas participantes
e pode representar “o pior problema de manejo de via aérea que o afirmou ter preferência pelo tubo com balonete, mas apenas 7,78%
anestesiologista pode enfrentar”. dos profissionais que responderam ao questionário referiram ter o
Relato de caso: N.R.H.S., 5 anos, 23 kg, sexo masculino, portador hábito de medir a pressão intrabalonete, e 13,38% referiram ter
de MPSII, internado há 12 dias por dispneia em repouso, suspeita acesso a tubos com microbalonetes (alto volume e baixa pressão).
clínica e ecocardiográfica de endocardite micótica com PSAP:32, Da mesma forma, ao comparar aqueles que preferem tubo com ba-
valva mitral insuficiente e estrutura hipocogênica de 6 × 7 mm em lonete com aqueles que preferem uso de tubos sem balonete, a
valva mitral. Optado por abordagem cirúrgica após 72h de piora escolha pelo uso do tubo com balonete foi mais frequente entre
clínica da criança. HPP: AVC 30 dias após o nascimento, com se- os anestesiologistas com menos de 15 anos de formação. O grupo
quelas motoras e deficit neurológico, epilepsia e atraso de desen- que utiliza balonete referiu ter necessitado menos frequentemente
volvimento esperado para a idade Passado anestésico cirúrgico: reintubar para trocar o TOT e também menor dificuldade para adap-
AGB para hernioplastia inguinal e RNMs, com relatos da família tar o paciente ao ventilador. Todavia, esse grupo também referiu ter
de IOT difícil. Recebido no bloco cirúrgico pela equipe de anes- presenciado mais complicações pós-operatórias.
tesiologia, paciente encontrava-se pouco reativo, hemiparético à Conclusão: A maioria dos anestesiologistas prefere o uso de tubos
esquerda, AVP, CN 4 L/min. Procedeu-se a tentativa de ventilação com balonete, referindo que o seu uso diminui a necessidade de
após midazolam 0,05 mg/kg + succinilcolina 0,1 mg/kg + fentanil reintubar para trocar o TOT e apresenta menos dificuldade para
3 mcg/kg + sevoflurano 8% máscara facial, que foi bem-sucedida. adaptar o paciente ao ventilador.
Optou-se então por proceder à IOT com uso de rocurônio 0,5 mg/kg Referências:
+ fentanil 2 mcg/kg, sem sucesso. Após três tentativas, conse- 1. Flynn PE, Black AE, Mitchell V. The use of cuffed tracheal tubes
guiu-se a IOT com uso de fio-guia e pinça de Maguil tubo nº 5,5 for paediatric tracheal intubation, a survey of specialist practice
com balonete, fixado em 16. Puncionado AVC em SCD 4F + PIA ra- in the United Kingdom. Eur J Anaesthesiol. 2008;25:685-8.
dial E Abbocath 22. Tempos: CEC: 69 min, clamp: 40 min, cirurgia 2. Bhardwaj N. Pediatric cuffed endotracheal tubes. J Anaesthesiol
4h30min. Após CEC, infundidos fentanil, rocurôrino e protamina Clin Pharmacol. 2013;29:13-8.
(70% de reversão da heparina). Ato anestésico sem intercorrên-
cias. Balanço hídrico positivo em 100 mL. Perdas sanguíneas míni-
mas sem necessidade de hemotransfusão. Levado ao CTI pediátri-
co sem drogas, onde foi extubado, sem intercorrências 24h após o
procedimento cirúrgico. XVII) Anestesia em Procedimentos
Conclusão: O conhecimento, por parte dos anestesiologistas, das Ginecológicos
alterações físicas, neurológicas, pulmonares e cardíacas em pacien-
tes portadores de MPSII é de grande importância, uma vez que es-
ses pacientes têm, presumidamente, Via aérea difícil, instabilidade TLO582 INTOXICAÇÃO HÍDRICA DURANTE
cervical, macroglossia, fragilidade de mucosas e capilares e repre- VÍDEO-HISTEROSCOPIA CIRÚRGICA PARA MIOMECTOMIA
sentam grande desafio ao ato anestésico. Uma consulta pré-anes-
Luiz Roberto Morais de Meira*, Bruno Oliveira Lamberti,
tésica adequada, multidisciplinar e com exames complementares
Fernando Cássio do Prado Silva, Demócrito Ribeiro de Brito Neto,
criteriosos e bem solicitados pode significar melhor resultado ao
Rodrigo Rodrigues Alves, Amanda Corrêa Vidica
final do ato anestésico cirúrgico, sempre visando a segurança, o
bem-estar e bons resultados desses procedimentos. Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S87

Introdução: A vídeo-histeroscopia permite a visualização da cavida- ao receptor 5-HT3 e meia-vida mais longa, garantindo um efeito
de uterina por meio de distensão por gases ou líquidos. As complica- mais duradouro. Sua dose preconizada pelo US Food And Drug Ad-
ções descritas são incomuns, ocorrendo em menos de 5% dos casos. ministration é de 0,075 mg por via endovenosa. Objetivou-se neste
A intoxicação hídrica é uma das mais relatadas, relaciona-se a gra- estudo avaliar a eficácia antiemética do palonosetron no pós-opera-
ves distúrbios hidroeletrolíticos, edema agudo de pulmão, confusão tório de pacientes submetidas à histerectomia.
mental e até convulsões. Método: Estudo observacional de delineamento transversal que
Relato de caso: Paciente feminina, 39 anos, 68 kg, estado físico teve como população de estudo 18 mulheres que preenchiam os
P2, portadora de hipotireoidismo em uso regular de levotiroxina critérios de inclusão: idade entre 15 e 60 anos e que tivessem sido
88 mcg, foi submetida à vídeo-histeroscopia para miomectomia submetidas a cirurgia aberta de histerectomia num período de qua-
sob anestesia subaracnóidea e sedação. Monitorização com ele- tro meses de estudo, sendo submetidas ao uso de palonosetron in-
trocardiografia contínua, oximetria de pulso e pressão arterial não jetável (0,075 mg) imediatamente após a indução anestésica e que
invasiva, instalada venóclise periférica com cateter 20G, cateter aceitassem responder ao questionário. Foram excluídas as pacientes
nasal de oxigênio a 2 L/minuto e iniciada sedação com midazolam cujo questionário não havia sido corretamente preenchido. A amos-
3 mg e fentanil 100 mcg. Bloqueio subaracnóideo foi realizado com tra foi determinada a partir da disponibilidade do medicamento em
agulha Quincke 27G em L3/L4 com bupivacaína hiperbárica 0,5% questão. Os dados foram colhidos na sala de recuperação pós-anes-
15 mg, sem dificuldades. Para a distensão da cavidade uterina, tésica por meio da aplicação de um questionário e com as seguin-
foi empregada solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9% (SF tes variáveis: idade, tipo de anestesia (subaracnóidea, peridural,
0,9%). Após 90 minutos de procedimento e uso de cerca 15 L de SF combinada e geral), náusea e sua intensidade (0 a 10), presença de
0,9% para distensão uterina, a paciente iniciou com desconforto vômito e sua intensidade (0 a 10), eficácia do antiemético referida
respiratório, confusão mental, queda da saturação periférica de pela paciente e desejo de utilizar novamente o medicamento.
oxigênio e ausculta pulmonar com estertores difusos bilateralmen- Resultado: Das pacientes, 66,67% foram submetidas à anestesia
te, sem alteração de níveis pressóricos. Nesse momento, foi diag- sub­aracnóidea, 29,03% à peridural, 3,23% à geral e 3,23% à combi-
nosticado edema agudo de pulmão por provável sobrecarga hídrica nada; 11,11% relataram náuseas no pós-operatório e 5,56% relata-
e o procedimento interrompido. Solicitada gasometria arterial, ram vômitos; 83,33% acharam o medicamento eficiente e o utiliza-
hemograma e dosagem de eletrólitos. Além disso, foi administrada riam novamente.
furosemida 40 mg, realizada sondagem vesical e iniciada ventila- Conclusão: O palonosetron é um medicamento antiemético de uso
ção com pressão positiva sob máscara facial. Exames mostraram bem-estabelecido por seu mecanismo de ação e efeito duradouro.
acidose metabólica hiperclorêmica com pH 7,15, hipocalcemia, Neste estudo, observou-se uma boa tolerabilidade e satisfação pelas
sódio e potássio séricos normais e hemodiluição. Após 90 minutos, pacientes submetidas à histerectomia que fizeram uso desse me-
a paciente evoluiu com melhora clínica e apresentava diurese de dicamento, sugerindo que esse medicamento deva ser incluído na
aproximadamente 5.700 mL. Foi então acompanhada à unidade de rotina de profilaxia de NVPO.
terapia intensiva, onde permaneceu por mais um dia para correção Referências:
de distúrbios hidroeletrolíticos. 1. Gan TJ. Risk factors for postoperative nausea and vomiting.
Discussão: Apesar de rara, a intoxicação hídrica é uma condição Anesth Analg. 2006;102:1884-98.
potencialmente grave. O anestesiologista deve estar atento aos 2. White PF, Scuderi P. Prevention of Postoperative Nausea and Vo-
primeiros sinais de sobrecarga volêmica. O procedimento deve ser miting (PONV): A Dose-Ranging Study Involving Palonosetron, a
prontamente interrompido e medidas de suporte devem ser inicia- Potent 5-HT3 Receptor Antagonist. Anesthesiology. 2005;103:703.
das: estimular a diurese, correção de distúrbios ácido-base e hi-
droeletrolíticos e, nos casos de edema agudo de pulmão, deve ser
instalado suporte ventilatório para manter oxigenação adequada.
Técnicas de anestesia regional são preferíveis à anestesia geral,
uma vez que permitem o reconhecimento precoce de alterações do XVIII) Anestesia em Videolaparoscopia
nível de consciência.
Referências:
1. Umranikar S, Clark TJ, Saridogan E, et. al. BSGE/ESGE guideline TLP787 ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS SOBRE ALTAS
on management of fluid distension media in operative hysteros- PRESSÕES DE PNEUMOPERITÔNIO
copy. Gynecol Surg. 2016;13:289-303.
2. Edwards MR, Grocott MPW. Perioperative fluid and electrolyte Guilherme Valle de Oliveira*, Mariana Pessoa Diniz,
therapy. In: Miller RD. Miller’s Anesthesia. 8.ed. Philadelphia: Cassiano Franco Bernardes, Paulo Antonio de Mattos Gouvêa,
Elsevier Saunders; 2015:1767-1810. Eliana Cristina Murari Sudré, Erick Freitas Curi
Centro de Ensino e Treinamento da Associação Feminina de
Educação e Combate ao Câncer (AFECC), Hospital Santa Rita de
TLP537 USO DE PALONOSETRON NA PREVENÇÃO Cássia, Vitória, ES, Brasil
DE NÁUSEA E VÔMITO NO PÓS-OPERATÓRIO DE
Introdução: A insuflação do pneumoperitôneo é um momento críti-
HISTERECTOMIA
co da cirurgia videolaparoscópica. Alterações cardiovasculares são
Yara Grott*, Jean Abreu Machado, comuns, podendo ocasionar mudanças na pressão arterial, demanda
Maria Eduarda Angelo de Mendonça Fileti, Laura Martins Giraldi, de oxigênio pelo miocárdio e na resistência vascular. Fatores a con-
Lalucha Mazzucchetti siderar: volume intravascular do paciente, posicionamento, estado
físico, técnica cirúrgica e velocidade de insuflação.
Hospital Nossa Senhora da Conceição, Tubarão, SC, Brasil
Relato de caso: Paciente masculino, 38 anos, 140 kg, 1,70 m, es-
Justificativa e objetivo: Náusea e vômito pós-operatórios (NVPO) tado físico ASA II (HAS), admitido na SO com proposta terapêutica
são complicações comuns da anestesia e cirurgia. A cirurgia de de cirurgia bariátrica. Foi realizado protocolo de cirurgia segura do
histerectomia é conhecidamente um procedimento cirúrgico hospital, monitorização conforme Res. Nº 1.802/2006 (CFM) e aces-
altamente emetogênico, necessitando de prevenção e controle so venoso periférico. Administrou-se midazolam (2 mg). Induziu-se
desses sintomas. As classes mais utilizadas de antieméticos são os anestesia IV com sufentanil (50 μg), propofol (150 mg), lidocaína
antisserotoninérgicos. O palonosetron possui uma maior afinidade (100 mg) e atracúrio (50 mg). Procedeu-se à IOT e iniciou-se ven-
S88 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

tilação mecânica controlada. A manutenção anestésica se deu com indução anestésica venosa com fentanil 200 mcg + lidocaína 75 mg
remifentanil (0,05-0,5 μg.kg-1.min-1) e sevoflurano (1 CAM). Paciente + propofol 150 mg + succinilcolina 75 mg. Realizada laringoscopia
posicionado em céfalo-aclive. Após cerca de 30 minutos de insu- direta para intubação orotraqueal, onde verificou-se classificação
flação do pneumoperitônio, paciente desenvolve hipotensão grave de Cormacke-Lehane IIIA, e primeira tentativa de IOT sem sucesso.
(PAM de 40), sendo necessários 50 mg de efedrina (bolus de 5 mg) e Notou-se, nesse momento, dificuldade de ventilação sob máscara
reposição hídrica de 1.000 mL de SF 0,9% com resposta parcial. Me- facial. Foi utilizado videolaringoscópio com auxílio de Bougie na
didas de suporte foram adotadas, estabilizando o quadro. A duração segunda tentativa de IOT, com sucesso, confirmada por capnogra-
da cirurgia foi de 105 minutos. A equipe buscou a causa constante- fia, que apresentava-se, porém, compatível com quadro de bron-
mente. A hipótese mais provável foi uma pressão intra-abdominal coespasmo. Ausculta respiratória diminuída difusamente. Paciente
de 20 cm H2O durante o pneumoperitôneo. Paciente foi extubado acoplada à ventilação mecânica, sendo mantida anestesia inalatória
na SO, encaminhado à SRPA, permanecendo estável hemodinamica- com oxigênio a 100% associado a sevoflurano. Administrados metil-
mente e sem deficit neurológico focal. prednisolona 125 mg EV e sulfato de magnésio 2 g EV, além de puffs
Discussão: Sabe-se que o peritônio e vísceras abdominais são inten- de broncodilatador inalatório, com melhora parcial do broncoes-
samente inervadas pelo sistema nervoso autônomo e, portanto, é de pasmo. Optou-se, junto à equipe cirúrgica, pelo cancelamento da
se esperar manifestações de ativação simpática, liberação de cate- cirurgia, sendo a paciente encaminhada ao CTI sedada, intubada e
colaminas, ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e acoplada à ventilação mecânica. A extubação ocorreu 6 horas após,
liberação de vasopressina. Assim, alterações cardiovasculares são sem intercorrências.
esperadas. Entretanto, o aumento exacerbado da pressão intra-ab- Discussão: O broncoespasmo no per-operatório em pacientes não
dominal pode levar à compressão da veia cava inferior, diminuindo portadores de asma pode ser desencadeado pela manipulação de
o retorno venoso e, com isso, levando à diminuição do enchimento vias aéreas, uso de drogas, plano anestésico inadequado, entre ou-
cardíaco e suas consequências. Portanto, a hipotensão, mesmo que tros. Uma variabilidade de tratamentos é proposta na prática anes-
não seja a alteração mais comum, é resultado do baixo débito car- tésica, dependendo da intensidade do quadro apresentado. O anes-
díaco pela estimulação vagal e pelo baixo retorno venoso durante a tesiologista deve estar apto a diagnosticar e instituir o tratamento
insuflação. O posicionamento do paciente e a ventilação mecânica diante de tal complicação, a fim de diminuir o risco de morbidade e
podem também ser agravantes. O tratamento da hipotensão envol- mortalidade nesses doentes.
ve retorno à posição prona, diminuição da profundidade anestésica, Referência:
1. Murphy S, Bleecker ER. National Heart, Lung, and Blood Inst-
expansão volêmica, diminuição da pressão de insuflação intra-ab-
tute. Expert Panel Report 2: Guidelines for the Diagnosis and
dominal e até baixas doses de vasopressores. Hipotensão refratária
Management of Asthma. National Institute of Health, 1997. NIH
pode requerer descompressão abdominal imediata, retorno para
publication 97-4051 Bethesda, MD, U.S.A.
posição neutra e exploração de condições ocultas mais raras, como
sangramento severo e pneumotórax.
Referência:
1. Cangiani LH. Anestesia para cirurgia videolaparoscópica. In: Can-
TLO631 COMPLICAÇÕES EM VIDEOLAPAROSCOPIA
giani LH, Carmona MJC, Torres MLA, et al. Tratado de Anestesio- João Ghabriel do N. de Lucena Gonçalves*,
logia. 8.ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2017:2813-35. Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira, Márcio de Pinho Martins,
Fernando de Carvalho Corrêa, Fernanda Carvalho Maciel,
Magno Moraes Queiroz
TLP679 BRONCOESPASMO EM PACIENTE NÃO ASMÁTICA Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), Rio de Janeiro, RJ,
CANDIDATA À COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA Brasil
ELETIVA: UM RELATO DE CASO
Introdução: Relato do caso de anestesia em videolaparoscopia
Thaís Carlos de Souza*, Marcelo Pena Moreira de Oliveira, evoluindo com enfisema subcutâneo, bradiarritmia e possível
Bruno Serra Guida, Karen Amaral Faria, capnotórax.
Filipe de Azevedo Teixeira Reis, Aline Ladeira Lavorato Solano Relato de caso: Feminina, 69 anos, portadora de HAS e artrite
reumatoide controlados, em pré-operatório de colecistectomia
Hospital Pasteur, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
videolaparoscópica. Avaliação complementar dentro da normalidade
Introdução: A incidência de broncoespasmo no per-operatório está e sem preditores de VAD. Na SO, foi monitorizada com cardioscópio,
situada próxima de 0,17%, alcançando 2,19% na população porta- PNI, oxímetro, analisador de gases e capnografia/capnometria.
dora de doenças obstrutivas. Até 45% de pacientes asmáticos apre- Sinais vitais dentro da normalidade. Anestesia proposta foi geral
sentam sibilos na indução da anestesia, enquanto 16% de não as- balanceada, com indução em sequência rápida. No momento
máticos podem apresentar o mesmo quadro. Devido à prevalência da insuflação da cavidade peritoneal, houve bradicardia sinusal
crescente, é razoável aventar a hipótese dos anestesiologistas se importante, que foi prontamente revertida com atropina e
depararem cada vez mais com casos de broncoespasmo no perope- desinsuflação do pneumoperitôneo. Após 1 hora de procedimento,
ratório, sendo assim de extrema importância o domínio no manejo foi detectado aumento da EtCO₂ (de 30 para 55 mmHg) e das pres-
terapêutico desses doentes. sões de vias aéreas (20 para 40 mmHg), mas com ausculta e satura-
Relato de caso: Paciente feminina, 32 anos, 75 kg, 1,60 m (IMC = ção normais (queda de 100 para 95%). Apesar disso, a paciente man-
29), estado físico ASA II, portadora de hipotireoidismo e em trata- teve-se estável e com ausculta pulmonar normal. Houve declínio
mento regular, sem outras comorbidades, candidata à realização de da EtCO₂ após ajustes ventilatórios e, dessa forma, o procedimento
colecistectomia videolaparoscópica eletiva. Exames laboratoriais pôde ser finalizado. Encerrada a cirurgia, foi detectado enfisema
pré-operatórios sem nenhuma alteração digna de nota. Na avalia- subcutâneo no tórax, com ausculta pulmonar normal e radiografia
ção pré-anestésica, foi avaliada via aérea que evidenciou Mallam- excluindo pneumotórax. Após a reversão do bloqueio neuromuscu-
pati III, com abertura de boca maior que 6 cm; porém, notou-se lar, a paciente foi extubada e transferida para um leito monitori-
presença de macroglossia. Admitida na SO em bom estado geral, zado com O₂ suplementar, mantendo boa SpO₂. Após 24 horas de
lúcida e orientada, eupneica em ar ambiente, estável hemodinami- evolução satisfatória, teve alta hospitalar.
camente. Monitorização com pressão arterial não invasiva, cardios- Discussão: Bradicardia sinusal é o evento adverso mais comum,
cópio, oxímetro de pulso e capnografia. Venóclise com jelco 20 e relacionado ao estiramento rápido da cavidade abdominal pelo
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S89

gás. Caso a arritmia seja sustentada, deve-se intervir com atropina entre PaCO2 e a EtCO2. Isso indica falha na troca de gás devido à
0,5 mg IV, esvaziar a cavidade peritoneal e limitar a insuflação redução da perfusão alveolar. A alta solubilidade do CO2 explica a
a menos de 2 L/min. Enfisema subcutâneo também é um evento rápida recuperação após a descontinuação do gás. Apesar de o eco-
comum e, em geral, não é grave. Ocorre pela penetração do CO₂ cardiograma poder confirmar o diagnóstico, a rapidez dos eventos
no subcutâneo pela passagem do gás da cavidade peritoneal para não nos permitiu realizar tal exame. A expansão vigorosa do volu-
áreas mais craniais. Decorre de traumatismo ou má formação. Pode me intravascular e PEEP auxiliam o tratamento, ao aumentarem a
ou não relacionar-se a altas pressões intra-abdominais e cirurgias pressão venosa. Ainda que testes de confirmação definitivos possam
prolongadas. Em geral, cursa com alta EtCO₂, pressão de via aérea estar indisponíveis no momento da manifestação, a monitoração
normal e não contraindica extubação. Deve-se estar atento ao au- contínua de EtCO2 e vigilância hemodinâmica ajudam na detecção
mento dessas pressões pela possível associação com pneumotórax. precoce dessa situação potencialmente catastrófica. O diagnóstico
Capnotórax é incomum e decorre de defeitos congênitos, trauma precoce e o tratamento imediato foram fundamentais na boa evo-
cirúrgico ou altas pressões de insuflação. Cursa com aumento súbito lução do caso descrito.
da EtCO₂, queda na complacência pulmonar e na SpO₂. Diagnosti- Referências:
cado pelo exame físico e de imagem. Evitado por técnica cirúrgica 1. Rajan S, Paul J, Kumar L, et al. Carbon dioxide embolism during
e relaxamento muscular adequados e baixas pressões abdominais. endoscopic thyroidectomy. Indian J Anaesth. 2016;60:65-6.
Tratamento baseia-se em esvaziar cavidade, ajustes na ventilação, 2. Kim SH, Park KS, Shin HY, Yi JH, Kim DK. Paradoxical carbon dio-
uso de PEEP e evitar toracocentese; a resolução é espontânea. xide embolism during endoscopic thyroidectomy confirmed by
Referências: transesophageal echocardiography. J Anesth. 2010;24:774-7.
1. Cangiani LH. Anestesia para cirurgia videolaparoscópica. In: Can-
giani LM. Tratado de Anestesiologia SAESP. 8.ed. São Paulo: Athe-
neu; 2017:2813-35. TLP454 ENFISEMA SUBCUTÂNEO MACIÇO E HIPERCAPNIA
2. Sposito CN, Mary Egan MG, Feitosa LC, et al. Situações de risco DURANTE GASTRECTOMIA E COLECISTECTOMIA
em cirurgias videolaparoscópicas. In: Silva Junior JM, Sá Malbou- VIDEOLAPAROSCÓPICA: RELATO DE CASO
isson LM. Situações de Risco em Anestesia. São Paulo: Atheneu;
Nazel Oliveira Filho, Priscilla Teixeira Costa*,
2012:261-70.
Herlon Mendes da Silva
Hospital São Rafael, Salvador, BA, Brasil
TLP638 EMBOLIA GASOSA POR CO2 APÓS TIREOIDECTOMIA
Introdução: Enfisema subcutâneo é definido como a presença de gás
POR VÍDEO (TÉCNICA TRANSORAL)
dentro do espaço localizado abaixo da derme, podendo ser identi-
Vagner Cavalcanti de Albuquerque, Antonio Tiago G. de Albuquerque, ficado através da visualização de uma área edemaciada, associado
Alexandre Dubeux Dourado, Cecílio Pereira Lima, a uma crepitação incomum à palpação da pele. Durante a cirurgia
Jefferson Trigueiro Neto, Eduardo Felipe de Carvalho Chaves* laparoscópica, a realização do pneumoperitôneo demanda a utili-
zação de um gás atóxico, inflamável, incolor, altamente solúvel no
CET Maria Auxiliadora, Caruaru, PE, Brasil
sangue e de fácil disponibilidade, sendo o gás carbônico (CO2) o
Introdução: Embolia por dióxido de carbono (CO2) é uma complica- mais utilizado. A ocorrência de enfisema subcutâneo, nesses casos,
ção rara, porém potencialmente fatal, dos procedimentos laparos- é notada, clinicamente, em taxas que variam de 0,43% a 2,3%.
cópicos. Embora a tireoidectomia endoscópica com insuflação de Relato de caso: Paciente masculino, 62 anos, 54 kg, ASA III, ex-
CO2 apresente vantagens estéticas e funcionais em relação à técnica tabagista, portador de estenose duodenal com dilatação gástrica
convencional, essa técnica pode causar embolia paradoxal venosa secundária à formação pseudodiverticular em bulbo, sem antece-
de CO2. dentes anestésicos relevantes. Admitido de forma eletiva para rea-
Relato de caso: MLBC, 61 anos, sexo feminino, 68 kg, ASA I, com lização de gastrectomia e colecistectomia por videolaparoscopia.
diagnóstico de nódulos tireoidianos bilaterais, submetida a tireoi- Em bom estado geral, FC: 70 bpm, PA: 155 × 80 mmHg, FR: 16 ipm,
dectomia total endoscópica, técnica transoral com insuflação de SpO2: 99% em ar ambiente. Submetido à monitorização com car-
CO2. A monitoração inicial da paciente era PA: 125 × 80 mmHg, dioscópio, oxímetro de pulso e pressão arterial não invasiva. Após
FC: 70 bpm e SpO2: 99%. Realizadas indução e manutenção com pré-oxigenação, realizada indução anestésica venosa, seguida de
remifentanil (0,1-0,3 µg/kg/min) e propofol 2% PFS (3-4 µg/mL). intubação orotraqueal (tubo 8,0), confirmada com capnografia. Ma-
Ventilação inicial (VCV; FR: 12 irpm; Vt: 400 mL; peep: 0; FiO2: nutenção do plano anestésico via inalatória com sevoflurano. Após
50%). Pressão de insuflação inicial de CO2 de 3 mmHg evoluindo 2 horas de procedimento, percebida elevação dos valores do ETCO2
até 8 mmHg. Paciente mantinha-se estável quando, após 2 horas (36-63 mmHg), irreversíveis após elevação do volume minuto, com
de cirurgia, apresentou sangramento, seguido de redução de ETCO2 manutenção da estabilidade hemodinâmica, da temperatura e sem
de 35 para 30 mmHg, dessaturação arterial (SpO2 60%), hipotensão alterações na ausculta respiratória. Identificado enfisema subcu-
(70 × 30 mmHg) e bradicardia (50 bpm). Com hipótese de embolia tâneo em tórax, MMSS, pescoço e face (até pálpebras). Reduzidas
pulmonar, procedeu-se à hemostasia, a cirurgia foi interrompida, pressões de insuflação do pneumoperitôneo, com melhora parcial
feita atropina 0,5 mg, aumento de FiO2 para 100% e colhida gaso- do quadro. Houve necessidade de conversão para técnica aberta
metria arterial (GA). A primeira GA apresentou pH 7,17, PaCO2 72 devido à dificuldade cirúrgica. O paciente permaneceu hemodina-
mmHg, PaO2 73 mmHg e HCO3 22,2 mmHg. Realizada modificação de micamente estável durante todo o procedimento, com duração to-
parâmetros ventilatórios (VCV; FR: 20 irpm; Vt: 450; peep: 5; FiO2: tal de 5h50min. Ao término, foi extubado e encaminhado à unidade
100%). Continuou-se a cirurgia. Após 1 hora, realizada nova GA (pH semi-intensiva.
7,37; PaCO2 31; PaO2 100 mmHg; HCO3 24,2 mmHg). Cirurgia finali- Discussão: Os principais fatores de risco associados à ocorrência do
zada e paciente extubada com sucesso. enfisema subcutâneo compreendem: a insuflação inadvertida ainda
Discussão: Durante cirurgias laparoscópicas do pescoço, a pressão dentro da parede abdominal, o uso de altos fluxos e alta pressão do
de gás intracavitária pode impulsionar a entrada intravascular de gás, múltiplos trocartes, tempo operatório > 200 minutos e cirurgias
CO2 por meio da abertura de vasos sangrantes, causando embolia extraperitoneais. Em raros quadros, pode ocorrer associado, ainda,
pulmonar. Suspeita-se de embolia por CO2 se houver queda repen- ao pneumotórax ou pneumomediastino. Apesar de indetectável na
tina no EtCO2 e SatO2, sugerindo estado agudo de hipercarbia e hi- maioria dos casos, deve-se aventar a possibilidade de ocorrência do
póxia. Além disso, outro critério diagnóstico é a grande diferença enfisema subcutâneo como complicação em cirurgias laparoscópi-
S90 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

cas, diante do contexto de hipercapnia, acidose, crepitação, modi- 2. Pavlidis TE, Atmatzidis KS, Papaziogas BT, et al. The effect of
ficações na complacência pulmonar e arritmias. O anestesiologista preincisional periportal infiltration with ropivacaine in pain re-
deve estar apto a identificar os fatores de risco e o quadro clínico, lief after laparoscopic procedures: a prospective, randomized
bem como iniciar medidas precoces diante da suspeição. controlled trial. JSLS. 2003;7:305-10.
Referência:
1. Girwalkar-Bagle A, Samuel M, Choudhary S. Massive subcuta-
neous emphysema and hypercarbia associated with laparoscopy. TLO669 ESTUDO PILOTO SOBRE ALTERAÇÃO DA
Anaesth Pain Intensive Care. 2015;19:50-3. CONFORMAÇÃO DO DIAFRAGMA EM PACIENTE SUBMETIDO
À CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA
Fabrício de Paula Leite Battisti*, David Ferez, Masashi Munechika,
TLO315 ESTUDO CLÍNICO RANDOMIZADO QUE COMPARA Itamar Souza de Oliveira Junior, José Luiz Gomes do Amaral,
A EFICÁCIA ENTRE A ANALGESIA INFILTRATIVA COM Luiz Fernando dos Reis Falcão
ROPIVACAÍNA E O USO ENDOVENOSO DA NALBUFINA
PARA CONTROLE DA DOR PÓS-OPERATÓRIA DA Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA Introdução: É sabido que pacientes submetidos a anestesia geral
desenvolvem atelectasias nas regiões dependentes do pulmão. Nas
Flávio Andrade de Avelar*, Thais Morato Menezes,
cirurgias videolaparoscópicas, essas alterações podem estar acen-
Wanderson Penido da Costa, Rodrigo de Lima e Souza,
tuadas em virtude do pneumoperitônio com o deslocamento cranial
Gláucio Grégori Nunes Bomfá, Marcela Aparecida Corrêa Martins do diafragma. Entretanto, especula-se que a elevação da parede
CET, Hospital Madre Teresa, Belo Horizonte, MG, Brasil abdominal em virtude do pneumoperitônio poderia alterar a con-
formação do diafragma, tornando-o mais retificado e, desta forma,
Introdução: A primeira colecistectomia por videolaparoscopia foi contribuindo para a abertura das bases pulmonares. O objetivo do
um acontecimento inusitado, realizado em 1987 por Mouret, em presente estudo piloto é avaliar a conformação da cúpula diafrag-
Lyon, na França. Após alguma resistência inicial, tornou-se a mais mática e do tórax em paciente sob anestesia geral antes e após a
importante inovação cirúrgica do fim do século passado, chegando insuflação do pneumoperitônio.
ao Brasil apenas em 1990, onde a primeira cirurgia por vídeo ocorreu Relato de caso: Estudo foi realizado com uma paciente do
na cidade de São Paulo. A colecistectomia videolaparoscópica sexo feminino ASA P1 que foi submetida à laqueadura tubária
(CVL), apesar de ser técnica minimamente invasiva e associada videolaparoscópica. Após a anestesia geral, foram realizadas duas
a menor trauma cirúrgico, está associada à dor intra-abdominal radiografias do tórax em incidência anteroposterior em apneia
e incisional no pós-operatório, devido principalmente a três expiratória, uma antes e outra após a insuflação do pneumoperitônio
mecanismos: primeiro, pela presença de gás pressurizado (dióxido (PnP) com pressão de 20 mmHg. As imagens obtidas foram analisadas
de carbono) ao nível peritoneal; em segundo lugar, por manipulação pelo software Horos v. 2.1.1. Foram analisadas a altura pulmonar
e/ou ressecção visceral; e terceiro, pelo nível da lesão da parede (distância do ápice da cúpula diafragmática até a primeira costela),
abdominal causada pela introdução de instrumentos cirúrgicos. o diâmetro do tórax (distância latero-lateral) e os ângulos dos seios
No período pós‑operatório, quando removida a maior parte do gás costofrênico e cardiofrênico. Todas as medidas foram realizadas em
intraperitoneal, a dor é significativamente reduzida, podendo os hemitórax direito.
outros dois fatores mencionados persistirem devido à liberação de Resultado: Antes do PnP, a altura pulmonar era de 15,8 cm, de-
analgésicos locais e sistêmicos. monstrando redução de 20,7% (3,3 cm) após insuflação do PnP. O
Objetivo: Comparar a eficácia analgésica da infiltração dos portais diâmetro latero-lateral teve um discreto aumento de 4,5% (23,1
cirúrgicos da CVL com a ropivacaína com a eficácia endovenosa (EV) para 24,1 cm). O seio costofrênico direito apresentou um aumento
da nalbufina, e verificar a influência dessas intervenções sobre o 13,5% (variando de 38,9 para 44,1°) colaborando para maior retifi-
consumo de analgésicos opioides. cação do diafragma; entretanto, o seio cardiofrênico reduziu sua
Método: Estudo prospectivo duplo-cego, randomizado, com 65 angulação em 10,1% (62,2 para 55,9°).
pacientes submetidos a CVL, divididos em três grupos: controle (C), Discussão: Este estudo piloto demonstrou que a insuflação do PnP a
uma pressão de 20 mmHg levou a uma redução significativa da altura
infiltração anestésica (I) e nalbufina (N). Foi aplicada a Escala Visual
pulmonar com insuficiente alteração da conformação diafragmática.
e Analógica da Dor (EVA) logo após a extubação, com 1 hora e 6
Tais achados parecem corroborar a hipótese de que o PnP resulta em
horas após a extubação.
uma compressão das regiões basais do pulmão, aumentando atelec-
Resultado: A dor relatada pelos pacientes do grupo infiltração anes-
tasias e diminuindo a aeração nas regiões dependentes pulmonares.
tésica foi significativamente menor do que a relatada pelos demais
Referência:
grupos durante toda a avaliação. Na extubação, houve predomínio
1. Andersson LE, Bååth M, Thörne A, Aspelin P, Odeberg-Wernerman
de dor leve em todos os grupos: 100% dos pacientes do grupo I,
S. Effect of carbon dioxide pneumoperitoneum on development
66,6% (C) e 72,8% (N). Na avaliação de 1 hora e 6 horas, houve of atelectasis during anesthesia, examined by spiral computed
predomínio de dor leve no grupo I (82,1% - 96,4%) e dor moderada tomography. Anesthesiology. 2005;102:293-9.
nos grupos C (73,3% - 73,3%) e N (63,6% - 54,5%), respectivamen-
te. Além disso, o percentual de pacientes do grupo I que solicitou
analgesia complementar foi significativamente menor do que dos TLO265 LIMITAÇÕES DA CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA,
demais grupos.
O PACIENTE IDOSO E SUAS COMPLICAÇÕES: RELATO DE
Conclusão: Constatou-se que a infiltração anestésica dos portais
CASO DE ENFISEMA SUBCUTÂNEO EXTENSO
cirúrgicos da CVL é uma técnica simples, praticamente isenta de
riscos e mais eficaz no controle da dor pós-operatória do que o uso Victor Cáppia, Marcelo Camargo Costa Faria,
da nalbufina EV, apresentando redução significativa no consumo de Teófilo Augusto Araújo Tiradentes, Marília do Carmo Dalbeto*,
analgésicos opioides. Mariana Akashi Miranda, Lucas Giurizatto Rodrigues
Referências:
Irmandade Santa Casa de Marília, São Paulo, SP, Brasil
1. Candemil RC, Sakae TM, Kestering DM, et al. Analgesia infiltra-
tiva na videocolecistectomia: Ensaio clínico randomizado. ABCD Introdução: O procedimento videolaparoscópico determina altera-
Arq Bras Cir Dig. 2011;24:262-6. ções hemodinâmicas e ventilatórias que podem ser agravadas em
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S91

pacientes geriátricos e com doenças associadas, levando a maior carcinoma de retossigmoide previamente ressecado. Optou-se por
morbidade. Discutimos um caso de uma paciente muito idosa e o anestesia combinada peridural e geral. Antes do início da cirurgia,
impacto da cirurgia e suas complicações nesses pacientes. foi instalada monitorização mínima, venóclise periférica com cate-
Relato de caso: Paciente, 91 anos, feminino, portadora de HAS, DM ter 18G e cateterização de artéria radial para aferição da pressão
2, HPP de taquicardia SV, TEP crônico, derrame pleural à E e doença arterial invasiva. Após sedação com midazolam 4 mg e fentanil 100
de Addison, em uso de rivaroxabana, carvedilol, captopril, atenolol, mcg, foi instalado cateter peridural em T11/T12. Em seguida, foi
insulina NPH e prednisona. Programada cirurgia videolaparoscópica realizada indução anestésica com propofol 120 mg, fentanil 250
para correção de hérnia hiatal importante. Recebida na SO Glasgow mcg, lidocaína sem vasoconstrictor 60 mg e rocurônio 50 mg. Para
13, com sonda nasoenteral sem débito, monitorização de rotina. manutenção, optou-se por sevoflurano. Acesso venoso foi instalado
Programada IOT com a paciente acordada devido ao quadro, feita em veia jugular interna direita, com punção guiada por ultrassono-
anestesia com lidocaína spray em mucosa orofaríngea, hipofaríngea grafia, para aferição da pressão venosa central. Para monitorização
e laringe de forma progressiva até que se posicionou corretamen- do nível de consciência, utilizou-se índice bispectral (BIS). Foi uti-
te o tubo orotraqueal, sendo feitos então hidrocortisona, fentanil, lizada técnica de hipotensão arterial deliberada para reduzir san-
etomidato e cisatracúrio e iniciada dexmedetomitina. A anestesia gramento intra-operatório. Durante a ressecção hepática, a pressão
foi mantida com propofol e dexmedetomidina, com estabilidade venosa central atingiu valores entre 2 e 4 mmHg. Nesse momento, o
hemodinâmica após IOT. Posicionada em proclive acentuado e ini- índice de supressão (SR) chegou a 60, e o valor de BIS foi a zero. De
ciado o procedimento; feito pneumoperitônio com pressão de 12 imediato, optou-se pela administração de bolus de metaraminol, e
mmHg. Um dado momento, observou-se aumento progressivo da os valores de SR e BIS retornaram para zero e 42, respectivamente.
ETCO2, sem alteração da Ppico, ou VC, aumentando a FR e relação Durante a cirurgia, nenhum outro episódio semelhante foi observa-
I:E, apresentando instabilidade hemodinâmica; iniciada noradrena- do. A duração da cirurgia foi de 4 horas, e a paciente recebeu 5.000
lina. Feita jejunostomia por carcinomatose peritoneal. Ao final do mL de cristaloide e 900 mL de concentrado de hemácias. Ao final, a
procedimento, foi observado enfisema subcutâneo extenso, sendo paciente foi desintubada, estava acordada e sem deficit cognitivos.
encaminhada para UTI em IOT. No segundo dia PO, houve redução Permaneceu na unidade de terapia intensiva por 2 dias, com analge-
expressiva do enfisema subcutâneo, havendo alta da UTI, permane- sia peridural controlada pela paciente. Recebeu alta hospitalar após
cendo na enfermaria oncológica para condução do caso. 3 dias de internação, sem alterações.
Discussão: O fator idade, por si só, não representa obstáculo impor- Discussão: A monitorização da atividade cerebral através do BIS
tante na seleção de pacientes para cirurgia videolaparoscópica. O proporciona maior segurança para tomada de decisões clínicas in-
processo fisiopatológico que ocorre no idoso atinge todo o organis- tra-operatórias, especialmente quando se empregam técnicas de
mo e poderá contribuir negativamente para a recuperação das re- hipotensão arterial deliberada. No caso apresentado, os valores de
servas funcionais limítrofes após agressão cirúrgica. Deve-se ter um BIS e SR aferidos foram associados a baixa perfusão cerebral, sendo
profundo conhecimento das alterações fisiológicas após o pneumo- possível a intervenção imediata graças a monitorização contínua da
peritônio e suas implicações após o envelhecimento, associado ou profundidade anestésica durante toda a anestesia. Dessa maneira,
não a patologias que podem ser descompensadas, ou mesmo na sua desfechos neurológicos negativos puderam ser evitados.
ausência, onde pequenas alterações na fisiologia desses pacientes Referências:
implicam grandes mudanças dos sistemas. Atenção deve ser dada 1. Nunes RR, Fonseca NM, Simões CM, et al. Consenso brasileiro
para prever alterações cardiovasculares e pulmonares, utilizando sobre monitorização da profundidade anestésica. Rev Bras Anes-
recursos que mantenham os parâmetros hemodinâmicos fisiológicos tesiol. 2015;65:427-36.
basais e VM adequada, priorizando o retorno das condições fisiológi- 2. Nunes RR, Chaves IMM, Alencar JCG, Franco SB, Oliveira YGBR,
cas o mais breve possível. No caso, foram selecionadas medicações Menezes DGA. Índice bispectral e outros parâmetros processados
de baixa meia-vida contexto-sensitiva e rápida metabolização. O do eletroencefalograma: uma atualização. Rev Bras Anestesiol.
ENF subcutâneo é uma complicação esperada do procedimento, e 2012;62:111-7.
o tratamento clínico é feito após exclusão de outras complicações.
Sabe-se que, apesar de poucas, quando ocorrem complicações são
mais graves no paciente idoso. TLP025 RESSECÇÃO VIDEOLAPAROSCÓPICA DE
Referência: FEOCROMOCITOMA EM PACIENTE COM TUMOR BILATERAL:
1. SAESP. Anestesia em Geriatria. 2006;11:181-7. RELATO DE CASO
Amanda Engers de Oliveira*, Luiz Cesar Anzoategui,
TLP691 QUEDA SÚBITA DE VALORES DE ÍNDICE Luiz Gustavo Orlandi de Sousa
BISPECTRAL DURANTE ANESTESIA PARA HEPATECTOMIA Associação Beneficente de Campo Grande, Santa Casa de Campo
VIDEOLAPAROSCÓPICA Grande, Campo Grande, MS, Brasil
Nubia Rodrigues Batista*, Rodrigo Rodrigues Alves, Introdução: O feocromitoma é um tumor raro, com incidência mé-
Fernando Cássio do Prado Silva, Mateus Meira Vasconcelos, dia de 1,5 caso por cada 1 milhão de pessoas. A suspeita clínica
Alexandre de Menezes Rodrigues, Luiz Gustavo de Menezes ocorre pela tríade de cefaleia intensa, sudorese e palpitações, sen-
Rodrigues do o diagnóstico confirmado pelo exame histopatológico. O trata-
mento definitivo é a retirada do tumor e da suprarrenal acometida.
CET Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil
Relato de caso: A.O., sexo masculino, 48 anos, hipertenso, diabé-
Introdução: A monitorização intra-operatória da profundidade tico, com TC de abdome revelando uma massa em cada adrenal.
anestésica pode contribuir para a redução de desfechos cognitivos Realizado alfa-bloqueio 15 dias antes da cirurgia com posterior uso
desastrosos a curto e longo prazo. Essa técnica de monitorização de betabloqueador. Em sala cirúrgica, foi feita monitorização bá-
pode beneficiar, entre outros, pacientes submetidos a cirurgias sica, BIS e puncionado com cateter de teflon calibroso. Sedação
com grandes alterações volêmicas, como observado durante uma com dexmedetomidina, midazolam e propofol para acesso venoso
hepatectomia. central e monitorização da transmissão neuromuscular. Em pre-
Relato de caso: Paciente feminino, 33 anos, 63 kg, estado físico P2, sença de PAM 85 mmHg, FC 75 bpm e BIS 84, indução anestésica
asmática em uso de salbutamol, foi submetida à hepatectomia vide- e intubação orotraqueal, mantendo anestesia balanceada com BIS
olaparoscópica de segmentos IV e V devido a metástases de adeno- entre 40-60 e relaxamento muscular para TOF 0. Mesmo com nitro-
S92 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

prussiato de sódio em BIC, após posicionado em decúbito lateral captação em pregas vocais e em comissura anterior. Estadiamento
esquerdo e iniciada a confecção do pneumoperitônio, a PAM che- T1bN0Mx. Indicada realização de biópsia sob anestesia geral. En-
gou até 190 mmHg. Houve outros picos hipertensivos com taquicar- caminhado ao ambulatório de avaliação pré-anestésica. Infarto há
dia, associando-se então esmolol a BIC. Checada glicemia capilar menos de 30 dias; cateterismo: 60% de obstrução 1/3 médio DA,
a cada hora e instalada noradrenalina por hipotensão no final da 70% em terço proximal e médio CD, função de VE normal. Cardio-
cirurgia. Devido à oscilação hemodinâmica, a retirada do tumor logista ponderou a necessidade da biópsia, optou por não realizar
à esquerda ficou para um segundo tempo, sendo então extubado angioplastia nem correção com stents ou revascularização, o que
paciente em sala operatória. Após 1.000 mL de cristaloide, foi pos- postergaria o diagnóstico da lesão. Foi estratificado como apre-
sível desligar a noradrenalina, instalar PCA venoso para analgesia sentando condição cardíaca instável, risco cirúrgico estimado 1-5%
pós-operatória e encaminhá-lo ao CTI. Teve alta hospitalar no 5º (cabeça e pescoço), capacidade funcional > 4 METs, alto risco de
dia de pós-operatório. complicações cardíacas perioperatórias, segundo Revised Cardiac
Discussão: O feocromocitoma é um tumor de células cromafins, Risk Index. Foi adicionada clonidina 0,1 mg às medicações de uso
localizado na porção medular da glândula adrenal em 90% dos ca- rotineiro. Procedeu-se ao ato cirúrgico, sendo realizada anestesia
sos. Apenas em 1992 a via videolaparoscópica foi descrita para essa geral com etomidato 20 mg, remifentanil em BIC, lidocaína 60 mg,
entidade, sendo aqui escolhida por seus benefícios consagrados de succinilcolina 70 mg, cisatracúrio 4 mg. Mantido controle adequado
menor dor no pós-operatório, menor incisão cirúrgica e sangramen- dos parâmetros hemodinâmicos (PAM > 80 mmHg, FC entre 50-60
to. As técnicas anestésicas permanecem controversas. Optamos bpbm) durante todo o procedimento, com duração de 60 minutos. A
pela dexmedetomidina, agonista alfa-2 adrenérgico, para os pro- intervenção anestésico-cirúrgica aconteceu sem intercorrências, o
cedimentos pré-indução, pois tem meia vida de eliminação de 2 paciente foi extubado e levado para sala de recuperação, onde foi
horas e gera boa hipnose e analgesia. Entre os halogenados que realizado novo ECG, sem alterações, e foram dosados os marcadores
não causam sensibilização do miocárdio aos efeitos arritmogênicos de isquemia cardíaca, que permaneceram normais. Alta no dia se-
da adrenalina, tínhamos disponível o sevoflurano. O PCA venoso foi guinte sem intercorrências. Diagnóstico: CEC de corda vocal, sendo
instalado ao fim, já que fica restrito o uso de morfina nesses doentes indicada radioterapia.
por sua ação vagolítica. Para alfa-bloqueio usamos o prazosin, pois Discussão: Em pacientes com condição cardíaca instável (IAM < 30
cursa com menor taquicardia e tempo de ação, permitindo o ajuste dias), opção de tratamento da cardiopatia deve ser discutida com
rápido da dose. Apesar da retirada de um feocromocitoma ser um equipe multidisciplinar, intervenções percutâneas com terapia anti-
procedimento de complexidade, a sobrevida aos 5 anos é de 95%; plaquetária podem ser realizadas se o procedimento cirúrgico puder
portanto, casos atípicos devem ser investigados a fim de descartar ser postergado; caso não seja possível, a otimização farmacológica
as causas de hipertensão secundária e restaurar a qualidade de vida para cirurgia não cardíaca é mandatória para redução do risco de
desses doentes. eventos cardiovasculares.
Referência: Referência:
1. Azevedo EC, Isoni NCF, Quintão VC, et al. Anestesia para suprar- 1. Kristensen SD, Knuuti J, Saraste A, et al.; Authors/Task Force
renalectomia em pacientes com feocromocitoma bilateral: rela- Members. 2014 ESC/ESA Guidelines on non-cardiac surgery:
to de dois casos e considerações sobre o tema. Rev Med Minas cardiovascular assessment and management: The Joint Task
Gerais. 2012;22:S3-S11. Force on non-cardiac surgery: cardiovascular assessment and
management of the European Society of Cardiology (ESC) and
the European Society of Anaesthesiology (ESA). Eur Heart J.
2014;35:2383-431.

XIX) Anestesia para Cirurgia de Cabeça e TLO347 ANALGESIA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE
Pescoço STEINERT
Marina Minari, Renata Rodrigues Madrigano, Fred Assunção,
TLO671 ABORDAGEM PRÉ-OPERATÓRIA MULTIDISCIPLINAR Dennys Alexandro Mezzetti, Mariana Fukui Frechette, André
EM PACIENTE ONCOLÓGICO COM INFARTO DO MIOCÁRDIO Nogueira Cimatti*
RECENTE Hospital Geral Pirajussara, Taboão da Serra, SP, Brasil
Tayalles Tavares Leite*, Francisco Israel Araújo Costa, Introdução: A distrofia miotônica de Steinert (DMS) é uma doença
Aline Maia Rocha, Cláudia Regina Fernandes, multissistêmica autossômica dominante, que se caracteriza em sua
Fernanda Paula Cavalcante, Rodrigo José Alencar de Castro forma clássica por fraqueza e atrofia muscular, catarata, fenômeno
miotônico, ptose palpebral, calvície frontal precoce no sexo mas-
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Universidade
culino, dificuldade na fala e deglutição e sonolência, além de al-
Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
terações hormonais e cardíacas. Do ponto de vista anestésico, essa
Introdução: Avaliação pré-operatória e manejo clínico do paciente síndrome se comporta com inúmeras particularidades, exigindo por
coronariopata grave podem reduzir o risco de eventos cardiovascu- parte do anestesista conhecimento especifico sobre ela.
lares perioperatórios. A tomada de decisão em pacientes que apre- Relato de caso: Paciente de 33 anos, sexo feminino, com diag-
sentam neoplasia e infarto recente com indicação de intervenção nóstico de DMS, com sintomatologia caracterizada por bradicar-
coronariana deve ser multidisplinar, inclusive com envolvimento do dia, fraqueza muscular, apneia do sono e catarata; possuia bócio
paciente e familiares, pois o retardo no diagnóstico interfere na multinodular, com indicação de tireoidectomia total. Em avaliação
evolução da doença. pré-anestésica, paciente apresentava exames laboratoriais e ecg
Relato de caso: Masculino, 73 anos, tabagista, hipertenso, corona- sem alterações. Deu entrada em bom estado geral; realizada moni-
riopata em uso de losartana 50 mg/dia, atenolol 25 mg/dia, AAS 100 torização com cardioscopia, oxímetro de pulso, PANI, capnografia,
mg/dia, rosuvastatina 20 mg, procurou ambulatório de cirurgia de temperatura e sondagem vesical. Fc 47 bpm, PA 100 × 60, SatO2 96%.
cabeça e pescoço com quadro de odinofagia, disfagia e rouquidão Realizado teste com atropina IV 0,5 mg, com sucesso, pré-oxigena-
progressiva há 6 meses. Laringoscopia mostrou lesão em prega vocal ção O2 100%, indução anestésica venosa realizada com midazolam
esquerda ultrapassando a comissura anterior. Tomografia evidenciou 5 mg, fentanil 300 mcg e propofol 150 mg. IOT via laringoscopia
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S93

direta, sonda nº 7 com cuff; realizada manobra de Sellick, sem in- gênero, idade, peso e estado físico. Na avaliação da qualidade do
tercorrências. Manutenção anestésica venosa total com remifen- sono da noite anterior à cirurgia, 20/66,7% pacientes do grupo M re-
tanil 0,1 mcg/kg/min e propofol 100 mcg/kg/min. Procedimento feriram sono melhor ou muito melhor que o habitual, enquanto to-
cirúrgico sem intercorrências. Realizada extubação sem uso de re- dos do grupo P referiram sono pior ou igual ao habitual, sendo essa
versores. Após extubação, paciente apresentou períodos de apneia; diferença estatisticamente significante (p < 0,001). A média da dose
após estimulo verbal, ocorreu melhora e estabilidade de saturação. final de remifentanil foi inferior e estatisticamente significativa no
Encaminhada à UTI. grupo M (0,295 ± 0,039 mcg/Kg/min vs. 0,373 ± 0,048 mcg/Kg/min
Conclusão: Para escolha de uma correta conduta anestésica, deve- no grupo P; p < 0,001). O tempo para extubação orotraqueal segura
se levar em conta as possíveis complicações. A utilização de drogas foi superior e estaticamente significativo no grupo M (14,86 ± 2,0
despolarizantes, como succicinilcolina e outros agentes que causam min vs. 12,36 ± 1,18 min grupo P; p < 0,001).
contraturas musculares, como o etomidato, ficam contraindicadas, Conclusão: Neste estudo, a melatonina foi eficaz na melhora da
pois acarretam uma contratura muscular prolongada, que pode, qualidade do sono na noite anterior à cirurgia e na redução do
em alguns casos, dificultar ou impedir a intubação orotraqueal. Os consumo de opioides no intraoperatório. Houve um aumento no
bloqueadores neuromusculares adespolarizantes têm efeito prolon- tempo necessário para extubação orotraqueal segura.
gado e imprevisível, sendo recomendadas a redução da dose e a Referências:
utilização de fármacos de curta duração, ou evitar o relaxamento. 1. Borazan H, Tuncer S, Yalcin N, Erol A, Otelcioglu S. Effects of
A reversão dos bloqueadores também fica contraindicada. Do ponto preoperative oral melatonin medication on postoperative anal-
de vista cardiovascular, grande parte apresenta distúrbios de condu- gesia, sleep quality, and sedation in patients undergoing elec-
ção, devendo-se considerar todos esses pacientes como portadores tive prostatectomy: a randomiz/ed clinical trial. J Anesth.
de tal, disponibilizando para rápida utilização medicações antiar- 2010;24:155-60.
rítmicas e marcapasso transtorácico. O uso da anestesia inalatória 2. Caumo W, Torres F, Moreira NL Jr,, et al. The clinical impact
também deve ser excluído, devido à sua depressão miocárdica e a of preoperative melatonin on postoperative outcomes in pa-
complicações no sistema de condução; tais drogas ainda devem ser tients undergoing abdominal hysterectomy. Anesth Analg.
evitadas devido ao maior risco na DMS de hipertermia maligna. 2007;105:1263-71.
Referências:
1. Goldman L, Ausiello DMA. (Ed.). Cecil Medicina. 23. ed. Rio de
Janeiro, RJ: Elsevier Saunders, c2009. 2 v. TLP826 HIGROMA CÍSTICO INFECTADO: DESAFIO NO
2. Miller RD, et al. Bases da Anestesia. Rio de Janeiro, RJ. Elsevier MANEJO DA VIA AÉREA
2012.
Hyder Mattos Gurgel, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto,
Claudia Marquez Simões, Enis Donizetti Silva*,
TLO056 AVALIAÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA MELATONINA NO Leonardo de Freitas Nascimento
PERIOPERATÓRIO EM PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA Serviços Médicos de Anestesia Ltda., São Paulo, SP, Brasil
DE FACE Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil
Jane Auxiliadora Amorim, Sheyla Simony Teixeira Correia, Introdução: O higroma cístico é um tumor benigno, congênito, de
Rafaela de Oliveira Vasconcelos*, Otávio Damázio Filho, origem linfática. Manifesta-se em várias regiões, porém a mais co-
Rossana SantAnna de Melo Lins, João José de Almeida Medeiros mum é o pescoço. Quando incide na faixa etária pediátrica, de-
pendendo do tamanho e localização, pode obstruir as vias aéreas,
Centro de Ensino e Treinamento (CET) em Anestesiologia dos
tornando seu manejo um desafio. O sucesso no manejo da via aérea
Hospitais da Restauração, Getúlio Vargas e Oswaldo Cruz, Recife,
difícil por um higroma cístico depende de uma detalhada avalia-
PE, Brasil
ção pré-operatória, com ênfase na formulação de um bom plano
Justificativa e objetivos: A melatonina é um hormônio que tem de abordagem à intubação, evitando a morbidade e mortalidade de
como possíveis efeitos benéficos a melhora na qualidade do sono, na uma situação “não intubo, não ventilo”.
ansiólise e sedação, além de efeitos analgésicos. Este estudo teve Relato de caso: M.N.J., 12 meses, 8 kg, feminina, diagnóstico
como objetivo avaliar os efeitos da melatonina, administrada no de higroma cistico infectado, medindo em seu maior diâmetro 12
pré-operatório, na qualidade do sono, sedação, analgesia e o tempo cm, submeteu-se a anestesia para drenagem. Sem comorbidades,
para a extubação em pacientes submetidos a tratamento cirúrgico jejum de 10 horas, acesso venoso prévio. Durante o planejamento
de fratura zigomática. anestésico, foram analisadas as imagens de tomografia e obser-
Método: Ensaio clínico, randomizado, duplamente encoberto. Na vou-se um estreitamento traqueal subglótico com desvio para a
visita pré-anestésica, os pacientes foram divididos aleatoriamente esquerda promovido pela massa tumoral. Optou-se pela indução
em dois grupos: Grupo M (melatonina 10 mg) e Grupo P (placebo). combinada, inalatória (sevoflurane) e venosa (fentanil 2 μg/kg),
Após a randomização foi administrado um comprimido de melatonina objetivando-se a manutenção da ventilação espontânea para a
ou placebo às 21 horas na noite anterior ao procedimento e 120 intubação orotraqueal (IOT). Além disso, a abordagem cirúrgica
minutos antes do início da cirurgia. Aproximadamente 30 minutos da via aérea estava disponível, caso necessário. Tentou-se a IOT
antes da indução foram avaliadas as variáveis: qualidade do sono inicialmente com tubo orotraqueal (TOT) número 3,5 com cuff;
e grau de sedação e ansiólise (escala de RASS). Todos os pacientes no entanto, só foi possível IOT com TOT número 2,5 na terceira
foram monitorizados com cardioscópio, oxímetro, capnógrafo, tentativa e com dificuldade para progredir a cânula. Não houve
pressão arterial não invasiva, índice biespectral (BIS) e submetidos dessaturação, manteve-se a ventilação espontânea durante todo
a anestesia geral balanceada com remifentanil, propofol, rocurônio o manejo da via aérea, além de conforto para a paciente. A anes-
e sevoflurano. Mantidos ventilação mecânica controlada e níveis tesia foi mantida com sevoflurane e bolus de fentanil 1 μg/kg
de profundidade anestésica pelo BIS entre 40-60. Ao término da conforme necessário, e a paciente foi acoplada à ventilação me-
cirurgia, foi avaliado o tempo necessário para extubação orotraqueal cânica. O procedimento foi realizado sem intercorrências. Ao tér-
segura. Foi realizada análise estatística descritiva e inferencial, e a mino, encaminhou-se a criança à UTI, intubada, devido à extensa
margem de erro utilizada nas decisões foi de 5%. manipulação do pescoço e da traqueia. Foi extubada no terceiro
Resultado: A amostra constou de 48 pacientes, sendo 30 alocados dia de pós-operatório, sem intercorrências.
no grupo M e 18 no grupo P. Os grupos foram homogêneos quanto a Discussão: O manejo anestésico da via aérea em neonatos e crian-
S94 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

ças com uma massa tumoral no pescoço representa um desafio. A Referências:


possibilidade de dificuldade de ventilar e intubar, hemorragia in- 1. Liou JY, Chow LH, Chan KH, Tsou MY. Successful anesthetic mana-
traoperatória e complicações pós-operatórias é real. Desta forma, gement of a patient with thyroid carcinoma invading the trachea
o conhecimento do grau de invasão do cisto ao trato respiratório with tracheal obstruction, scheduled for total thyroidectomy. J
possibilita a escolha da melhor abordagem anestésica. Buscando Chin Med Assoc. 2014;77:496-9.
otimizar a segurança, objetiva-se manter a ventilação espontânea 2. Liu L, Yue H, Li J. Comparison of Three Tracheal Intubation Te-
à indução até que a traqueia seja intubada. A extubação também chniques in Thyroid Tumor Patients with a Difficult Airway: A Ran-
deve ser meticulosamente planejada, pelo risco da abordagem de domized Controlled Trial. Med Princ Pract. 2014;23:448-52.
uma via aérea difícil na urgência. A presença de um anestesiologis-
ta experiente e a comunicação efetiva com a equipe cirúrgica são
fatores cruciais. TLP744 MANEJO DA VIA AÉREA EM FRATURA BILATERAL
Referência: DE MANDÍBULA
1. Braga AFA, Frias JAF, Braga FSS, et al. Anestesia para tratamen- Alinne Nascimento Maia*, Marcelo Carneiro da Silva,
to intraparto extra útero em feto com diagnóstico pré-natal de Luiz Gustavo Santiago Rocha
higroma na região cervical: relato de caso. Rev Bras Anestesiol.
2006;56:278-86. Hospital Regional do Gama, Brasília, DF, Brasil
Introdução: O manuseio inadequado da via aérea é a causa mais
frequente de complicações relacionadas à especialidade e é res-
TLO353 IMPOSSIBILIDADE DE INTUBAÇÃO EM PACIENTE ponsável por óbitos de causa exclusivamente anestésica. Em trau-
COM TUMOR DE TIREOIDE SEM SINTOMAS RESPIRATÓRIOS - mas maxilofaciais, as necessidades concorrentes tanto para a via
RELATO DE CASO aérea como para o acesso cirúrgico criam conflitos intra operatórios
Gilvan da Silva Figueiredo, Onofre Eduardo Carvalho de Oliveira, durante o reparo das fraturas maxilofaciais. No pós-operatório, o
Ana Cláudia Morant Braid, Luna de Carvalho Almeida, edema e a fixação maxilomandibular exigem um cuidado redobrado
para extubação.
Patrízia Santos Sousa, Rafael Costa Batista*
Relato de caso: Paciente de 25 anos, vítima de acidente motoci-
Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), Hospital Santo Antônio, Salvador, clístico, com fratura de face LeFort I e fratura de côndilo mandi-
BA, Brasil bular bilateral, programado eletivamente para redução de fratura
de mandíbula sob intubação nasal com paciente acordado. Paciente
Introdução: Estreitamento da luz traqueal por compressão ex-
previamente orientado consentiu com o procedimento. Ao exame
trínseca ou por lesões intratraqueais é um enorme desafio para os
físico, apresentava abertura bucal de aproximadamente 2 cm, au-
anestesiologistas. Tumores tireoideanos são exemplos de causa de
sência de protusão voluntária da mandíbula, Mallampati impossível
estreitamento. Pacientes sintomáticos alertam para o planejamen-
de ser avaliado. Sem comorbidades. Exames laboratoriais normais.
to prévio e condução; porém, no paciente sem sintomas, a equipe
Após monitorização e oxigenação foi instilada lidocaína spray em
pode ser surpreendida por uma dificuldade não prevista.
cavidade oral e hipofaringe, repetida por 3 vezes após intervalo de
Relato de caso: Paciente masculino, 54 anos, sem comorbidades,
alguns minutos. Administrados 50 mcg de fentanil e 2 mg de mida-
tabagista, a ser submetido a tireoidectomia por tumoração maligna.
zolam. Iniciada infusão contínua de dexmedetomidina, permane-
Na avaliação pré-anestésica, o paciente encontrava-se assintomá-
cendo o paciente acordado e cooperativo. Procedeu-se à IOT nasal
tico, Mallampati 1, sem preditores de via aérea difícil. Raio X de
com tubo aramado 6.5 com cuff sob laringoscopia direta. Confirma-
tórax apresentava desvio de traqueia por suposta compressão ex-
da intubação com capnografia e ausculta. Manutenção da anestesia
trínseca. Iniciada indução anestésica com propofol, fentanil e cisa-
com propofol e dexmedetomidina. Iniciado ato cirúrgico. Transope-
tracúrio. À laringoscopia direta, paciente Cormack 2B. Manobra de
ratório sem intercorrências com duração de 8 horas e 30 minutos.
Burp não melhorou visualização das cordas vocais. Tentada IOT com Ao término, paciente apresentava ventilação espontânea, sendo
tubos de diâmetros 7,5-5,5, sem sucesso. Realizada tentativa com extubado e encaminhado para SRPA, recebendo alta sem queixas.
laringoscópio articulado, visualizadas cordas vocais não totalmente Discussão: Em situações incertas de controle com segurança da
abertas (Cormack 1), tentada passagem do Bougie e TOT número ventilação e da oxigenação, está indicado o manuseio da via aé-
5,0, sem progressão em ponto abaixo das cordas vocais. Feita rever- rea com o paciente acordado, assim como quando houver alguma
são da indução com atropina, neostigmina, flumazenil e naloxona. dúvida quanto à possibilidade de intubação. Nessa técnica, o tô-
Paciente foi ventilado por máscara laríngea durante reversão da nus muscular e a estrutura funcional das vias aéreas permanecem
indução, porém sem adequado acoplamento; trocada por máscara preservadas. O mais importante é que se essas tentativas de in-
facial. Realizada nasofibroscopia com o paciente acordado, e visto tubação falharem, o paciente não tem sua ventilação espontânea
diâmetro da luz traqueal de aproximadamente 3,5 mm, mas o tubo comprometida. Técnicas de sedação são empregadas no intuito de
3,5 não progrediu. Não havia possibilidade de realização de tra- diminuir a ansiedade do paciente e ajudá-lo a tolerar melhor as
queostomia devido a desconhecimento da anatomia e extensão da manobras de intubação. Nesse cenário, a dexmedetomidina, com
lesão. Procedimento suspenso por impossibilidade de acesso seguro sua ação altamente seletiva para receptores alfa-2 adrenérgicos,
à via aérea. tem grande valia, por induzir sedação sem depressão respirató-
Discussão: Os tumores de tireoide são muito comuns, e a incidên- ria, contribuindo para menor sofrimento e maior colaboração do
cia de intubação traqueal difícil varia de 5,3 a 12,7%. Apesar da paciente com o procedimento. A fibroscopia é a solução mais ver-
impossibilidade de intubação, o paciente em questão foi maneja- sátil em lidar com o paciente acordado ou inconsciente, que é,
do com segurança pela equipe anestésica, sem intercorrências. O ou parece ser, difícil de intubar. No entanto, na indisponibilidade
caso tornou-se ainda mais complexo pela impossibilidade de rea- da fibroscopia, a intubação nasal com o paciente acordado é uma
lização de traqueostomia, que seria o tratamento definitivo para abordagem considerável, sendo realizada neste caso sem maiores
situações de via aérea difícil. É importante notar que a ausência dificuldades.
de sintomas respiratórios em pacientes com patologias da glân- Referência:
dula tireoide nem sempre assegura facilidade no manejo da via 1. Carli D, Correa NS, Silva TCBV, Maradei EM. Intubação nasotra-
aérea, devendo a equipe estar preparada para situações como a queal às cegas em paciente acordada candidata à hemimandi­
acima descrita. bulectomia - relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 2008;58:55-62.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S95

TLP429 MANEJO DE VIA AÉREA EM PACIENTE COM TUMOR possibilitando sua aspiração e permitindo a fala do paciente. É uma
CERVICAL AVANÇADO E ESTENOSE TRAQUEAL GRAVE: endoprótese de silicone, cujo ramo lateral externo mantém a fixa-
RELATO DE CASO ção e pode ser aberto em casos de obstrução. Além disso, pode ser
mantido por vários anos e costuma ser bem tolerado pelos pacien-
Nicolau Viana de Araújo*, André Fernandes Botrel e Silva, tes, sem causar lesões na parede traqueal.
Daiane Aparecida Vilela de Rezende, Vera Coelho Teixeira Relato de caso: Mulher, 40 anos, programada para retirada de tubo
Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG, Brasil T de Montgomery instalado há 10 anos em cirurgia por trauma de
traqueia. Ao exame físico sem preditores de VAD. Após pré-oxige-
Introdução: A rotina anestésica é repleta de desafios, especialmente nação com O2 100% sob máscara facial, induzida com fentanil 250
em pacientes portadores de via aérea difícil (VAD). Uma boa mcg, propofol 150 mg e rocurônio 50 mg, seguidos de intubação
avaliação pré-anestésica fornece argumentos para definir a
orotraqueal com tubo aramado nº 6,5 mm. Evoluiu com quadro de
estratégia ideal para uma anestesia segura. O objetivo deste relato
broncoespasmo, tratado com salbultamol spray (2 puffs), e colocada
é apresentar um paciente portador de VAD devido a um volumoso
em ventilação mecânica. Após exploração cirúrgica e radioscopia,
tumor da parótida esquerda e lesões metastáticas que invadiram a
não foi encontrada a cânula, optando-se, então, pelo fechamento
região cervical, comprimindo a traqueia. O paciente foi intubado
da incisão. Após a extubação, a paciente evoluiu com dificuldade
acordado, com auxílio de fibroscópio óptico.
respiratória e dessaturação, sendo reintubada com tubo nº 7 mm,
Relato de caso: Paciente de 48 anos, sexo masculino, 55 kg e 160
que foi trocado por um nº 6,5 mm devido à dificuldade de ventila-
cm de altura, ASA 3, Mallampati 4, abertura bucal 2 cm, pescoço
ção. Em seguida, a paciente evoluiu com enfisema subcutâneo, que
curto e importante limitação da mobilidade cervical. Portador de
se estendia até a face. Nesse momento, foi realizada outra tra-
adenocarcinoma metastático de parótida desde 2015, submetido
queostomia, com inserção de um tubo diretamente na traqueia para
previamente a quimioterapia e radioterapia, sem resposta clínica.
melhora do quadro respiratório, sendo subsequentemente substituí-
Foi admitido com queixa de dispneia, rouquidão e disfagia para
do por uma cânula de traqueostomia. Nesse momento, percebeu-se
alimentos sólidos, que iniciara há 5 dias e piorava progressivamente.
a ponta do tubo T de Montgomery, que fora enfim retirado. Ao final,
A tomografia de tórax evidenciou compressão traqueal intratorácica
a paciente foi encaminhada traqueostomizada à UTI, de onde rece-
pela massa tumoral, com consequente redução do seu diâmetro
beu alta no dia seguinte.
interno. Paciente foi encaminhado ao bloco cirúrgico, em carater
Discussão: As principais complicações do tubo em T são sua obs-
de urgência, pela equipe de cirurgia torácica, para confecção de
trução por secreções ressecadas e a migração. O correto posiciona-
traqueostomia em virtude do alto risco de insuficiência respiratória
e morte. A estratégia adotada foi de intubação nasotraqueal com mento da cânula, umidificação dos gases ventilatórios, irrigação e
paciente acordado, com auxílio de fibroscópio óptico. O paciente foi aspiração contínuas ajudam a prevenir a obstrução. Os dispositivos
monitorizado e pré-oxigenado com máscara facial, feita instilação de que possuem cânula interna ajudam no manejo dessa complicação,
lidocaína spray 10% na orofaringe com atomizador. Paciente mante- pois possibilitam sua retirada e limpeza. Quanto à migração, ela é
ve-se consciente e tolerou bem o procedimento, o qual foi realizado mais problemática quando ocorre nos primeiros cinco a sete dias,
com dificuldade. A intubação foi confirmada por visualização direta pois ainda há um trajeto delimitado da pele até a luz traqueal. Fios
traqueal. A anestesia foi induzida com propofol 200 mg e fentanil 100 de reparo deixados nos bordos da abertura traqueal e exteriorizados
mcg. Manutenção com propofol e remifentenil em infusão contínua. auxiliam no reposicionamento, especialmente nos pacientes obesos
Tempo cirúrgico de 40 minutos. Paciente foi extubado, manteve ven- e com pescoço curto. Geralmente está relacionada a uso de tama-
tilação espontânea com oxigênio suplementar pela traqueostomia e nho inadequado da órtese, pouca fixação devido à necrose de tumor
encaminhado ao CTI para monitorização respiratória. após radioterapia, crescimento tumoral em uma das bordas da ór-
Discussão: Existe uma grande variedade de dispositivos auxiliares tese, diferenças na estimativa do diâmetro da via aérea, regressão
nos casos de VAD. Entretanto, em alguns casos, restam poucos re- de estenose inflamatória e dilatação progressiva da via aérea como
cursos possíveis. A intubação com paciente desperto é um método processo de malácia. Há a necessidade de manter o controle rigoro-
seguro e eficaz, principalmente quando realizado com auxílio de um so em relação à técnica de fixação e ao posterior acompanhamento,
fibroscópio. Em virtude do estado crítico do paciente, optou-se pela a fim de evitar as incidências de migração das próteses.
anestesia tópica para intubação, já que a sedação poderia relaxar Referência:
as estruturas da via aérea e reduzir ainda mais o diâmetro traqueal. 1. Minamoto H, Terra RM, Cardoso PFG. Estenoses benignas da via
O pescoço curto, associado à massa cervical, dificultaria uma crico- aérea: tratamento endoscópico. Pulmão RJ. 2011;20:48-53.
tireoidostomia de emergência.
Referências:
1. Gaszynska E, Wieczorek A, Gaszynska T. Awake endotracheal in- TLP470 TRAQUEOSTOMIA ELETIVA EM PACIENTE COM
tubation in pacientes with severely restricted mouth opening-al- TUMOR FACIAL SANGRANTE E VIA AÉREA DIFÍCIL
ternativa devices to fiberscope; series of cases and literature Alan Kimura*, Bruno Mendes Carmona,
rewiew. Cent Eur J Med. 2014;9:768-72.
José Mariano de Melo Cavaleiro de Macêdo,
2. Isono S, Kitamura Y, Asai T, et al. Case scenario: perioperative
João Herminio Pessoa dos Santos, Giordana Oliveira Rotella,
airway management of a patient with tracheal stenosis. Anesthe-
siology. 2010;112:970-8. Hugo Henrique Coutinho Lima
Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
Introdução: A via aérea difícil é definida quando o anestesista
TLP461 OBSTRUÇÃO DE VIA AÉREA POR CÂNULA DE
convencionalmente treinado se depara com uma situação clínica
MONTGOMERY: RELATO DE CASO
em que o paciente apresenta dificuldades na ventilação com más-
Rodrigo Thadeu Cei Pedroso*, Diego Cezar de Oliveira Corrêa, cara facial ou máscara laríngea, na intubação orotraqueal ou em
Christian da Silva Pinho, Mario de Nazaré Fascio, ambas. Existem alguns preditores que auxiliam a classificação da
Bruno Mendes Carmona, João Hermínio Pessoa dos Santos via aérea como difícil, tais como obesidade, história de ronco ou
apneia do sono, presença de barba, traumas de face, movimento
Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
restrito de cabeça e pescoço, abertura da boca limitada, massa/
Introdução: O tubo T de Montgomery é usado em cirurgias de es- edema comprometendo as vias aéreas, entre outros. Diversos dis-
tenose subglótica ou de traqueia para manter a via aérea pérvia, positivos e técnicas são utilizados para abordagem da via aérea
S96 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

difícil, principalmente quando prevista durante a avaliação pré­ manipulação tumoral. Encaminhada à UTI, extubada, sem deficit fo-
anestésica. cais, em uso de NS, que usou por mais 10 dias. Evoluiu com rebaixa-
Relato de caso: Homem, 51 anos, 68 kg, estado físico ASA P1, pro- mento súbito de sensório 5 dias após, sendo submetida a tomografia
gramado para remoção de carcinoma epidermoide em hemiface de crânio, sem alterações. Causa foi atribuída a intoxicação por NS.
esquerda, com acometimento de órbita, maxila e cavidade oral. Para desmame completo de NS, foi necessário associar minoxidil.
Ao exame clínico da via aérea, apresentava limitação da abertu- Discussão: Manejo anestésico nesses pacientes é desafiador. Na ma-
ra da boca em aproximadamente 1-2 cm, o que impossibilitava a nipulação da massa tumoral, pode haver liberação de catecolaminas,
classificação de Mallampati 4. Após monitorização, venóclise e causando hipertensão e taquicardia, e de serotonina, desencadeando
pré-oxigenação com O2 100%, foi sedado com midazolam 2,5 mg síndrome carcinoide. Nessas situações, pode ser necessário o uso de
e fentanil 100 mcg. Em seguida, foi realizada traqueostomia, sem NS e de octreotide. Após ressecção, por disfunção vagal, pode haver
intercorrências, com passagem de tubo traqueal aramado com 7,0 gastroparesia, favorecendo o desenvolvimento de pneumonia aspi-
mm de diâmetro, com cuff. A indução da anestesia foi com propofol, rativa. A manipulação peroperatória pode, ainda, causar embolias
rocurônio e fentanil. A manutenção com propofol e remifentanil em aérea e tumoral e liberação de histamina e bradicinina, com desfe-
bomba de infusão contínua. Não houve intercorrências no intraope- cho de hipotensão e broncoespasmo graves. Paralisia de corda vocal
ratório e, ao final, foi extubado e encaminhado ao CTI, de onde unilateral pode manifestar com obstrução de via aérea superior na
recebeu alta após 24 horas. extubação. Outra complicação potencialmente fatal é sangramento,
Discussão: A broncoscopia flexível é considerada o padrão ouro para considerando sua alta vascularização. Por isso, é de fundamental im-
abordagem da via aérea difícil reconhecida. No entanto, em alguns portância o conhecimento das potenciais complicações, para que o
casos, sua execução não é possível. No caso relatado, apesar da anestesista seja capaz de tratá-las no peroperatório.
aceitação e colaboração do paciente, o tumor era sangrante e o Referências:
anestesista identificou uma grande possibilidade de falha durante 1. Lanier WL, et al. Diseases of autonomic and peripheral nervous
as tentativas de inserção do broncoscópio. Neste caso, a traqueos- systems. Stoelting’s Anesthesia and Co-existing disease. 6ª edi-
tomia eletiva estava indicada por evitar o contato com a lesão ma- ção. Elsevier, 2012;264-73.
ligna, impossibilidade de realização da broncoscopia, sangramento 2. Mather SP, Webster NR. Tumours of the glomus jugulare. Case
excessivo na cavidade oral e risco de obstrução fixa da laringe. report and anaesthetic management for the combined two stage
Referências: operation. Anaesthesia. 1986;41:856-60.
1. Cunha GP, Fabri DC. Cricotireoidostomia e traqueostomia. In:
Martins MP, Moraes JMS, Pires OC. Controle da Via Aérea. Rio de
Janeiro, Sociedade Brasileira de Anestesiologia/SBA, 2012;257- TLP486 VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE COM BÓCIO
70. MERGULHANTE
2. Lutke C, Tsuha GF, Rebuglio R. Controle da via aérea. In: Can­
Mário Henrique Almeida de Assis*, Bruno Santos Afonso de Melo,
giani LM, Slulitel A, Potério GMB, et al. Tratado de anestesiologia
Cecílio Pereira Lima, Stênio Edson Jota Ferraz,
SAESP. 8 ed. São Paulo, Atheneu, 2017;1059-78.
Débora Pinheiro Leite, Vandson Barbosa de Oliveira
Hospital Regional do Agreste Dr. Waldemiro Ferreira, Caruaru, PE,
TLP874 TUMOR DE GLOMUS E ANESTESIA Brasil
Amanda Jiran Ferreira Marcos, Patrícia Lopes Gabriel, CET Maria Auxiliadora, Caruaru, PE, Brasil
Vinícius Caldeira Quintão, André Luiz Parreira Gomes, Introdução: Bócio mergulhante (BM) compõe um grupo de tumores
Leonardo de Magalhães Machado N. Baptista, endócrinos de incidência relativamente alta, predispondo os pa-
Felipe Coelho de Souza* cientes a dificuldades no manejo da via aérea. O relato de caso se
refere a uma paciente com bócio mergulhante gigante e VA difícil
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG,
submetida à tireoidectomia parcial.
Brasil
Relato de caso: Paciente M.N.D.S., sexo feminino, 50 anos, 60 kg,
Introdução: Tumores de glomus são paragangliomas derivados de com quadro clínico de hipotireoidismo e BM. Durante consulta pré­
células da crista neural, podendo se desenvolver ao longo da ca- anestésica, a paciente apresentava-se estável hemodinamicamen-
rótida, aorta, nervo glossofaríngeo e orelha média. Correspondem te, ASA I, Mallampati I, dentição incompleta, distância tíreo-mento
a 0,6% dos tumores de cabeça e pescoço, mais comuns em mulhe- inferior a 12,5 cm e região cervical anterior com volumoso bócio,
res. Podem desencadear zumbido pulsátil unilateral, hipoacusia, determinando compressão de estruturas de vias aéreas. Tomografia
paralisia facial, disfonia, disfagia, obstrução de via aérea superior computadorizada com lesão nodular sólido-cística no lobo tireoidia-
e até hidrocefalia. Raramente malignos. Geralmente secretores de no direito, medindo 7,6 × 6,0 × 5,6 cm, com deslocamento para a
norepinefrina, colecistocinina, serotonina, calicreína, histamina e esquerda da traqueia, laringe e esôfago, além da redução do lúmen
bradicinina. traqueal de aproximadamente 0,8 cm de diâmetro laterolateral.
Relato de caso: TNO, masculino, 34 anos, diabético e dislipidêmi- Propusemos intubação orotraqueal com paciente acordado (sem
co, submetido a anestesia geral para resseção de tumor de glomus sedação), utilizando fibroscopia. Esclarecida a técnica à paciente,
em jugular direita. Recebeu anestesia venosa total com propofol efetuada anestesia tópica com lidocaína spray a 10% para melhor
e remifentanil, além de monitorização de potencial evocado. Após analgesia e conforto durante procedimento. A fibroscopia permitiu
início da manipulação tumoral, demandou uso de nitroprussiato de a visualização das estruturas e introdução do tubo com sucesso,
sódio (NS), além de esmolol para controle de taquicardia sinusal. seguida de indução venosa com fentanil (250 mcg), lidocaína (20
Após 11 horas de procedimento, encaminhado extubado à unidade mg), cisatracúrio (9 mg) e propofol (180 mg). Mantida em anestesia
de terapia intensiva (UTI), ainda em uso de NS, o qual demandou inalatória com sevoflurano a 2%, ventilação mecânica (VCV 420 mL,
por mais 5 dias. Evoluiu com paralisia facial à direita, sem outras PEEP 05, FiO2 40%). Procedimento realizado sem intercorrências.
intercorrências. ESO, feminina, 34 anos, previamente hipertensa e Feita descurarização com atropina 1,2 mg e neostigmina 2,4 mg e
renal crônica não dialítica, submetida à anestesia geral balanceada êxito na extubação.
para ressecção de tumor de glomus. Após a indução anestésica, foi Discussão: BM é mais comum em mulheres e representa 7% dos tu-
monitorizada invasivamente. Recebeu isoflurano 0,8 CAM e remifen- mores mediastinais e de 3 a 20% das tireoidectomias. Os grandes
tanil no peroperatório, demandando altas doses de NS após início da bócios podem distorcer a anatomia do pescoço, predispondo a maior
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S97

probabilidade de deformidade das VA e danos às estruturas circun- Além disso, a avaliação da via aérea deve ser feita em termos de
dantes (lesão de laríngeo recorrente, traqueomalácia e edema de dificuldade com intubação. Quanto ao tipo de anestesia, é preferível
glote). Assim, a indução anestésica pode apresentar complicações o uso de técnicas regionais à anestesia geral, visto que tais pacientes
catastróficas na intubação e extubação, já que até 35% dos casos podem ser portadores de alterações nas vias aéreas, ocasionando
apresentam algum grau de obstrução de VA. Nos pacientes com VA dificuldades de intubação e ou ventilação. A paciente do caso foi
difícil antecipada, a abordagem recai sobre técnicas de intubação submetida a bloqueio do neuroeixo tipo peridural contínuo, visto
acordado, como a broncofibroscopia. A presença de tumoração vo- que não havia contraindicações ao bloqueio, além de desencadear
lumosa pode impossibilitar a realização do bloqueio da inervação menor repercussão hemodinâmica.
laríngea, aumentando a importância da anestesia tópica de VA. Nes- Referências:
te caso, o uso da broncofibroscopia permitiu acesso seguro das VA e 1. Prajwal Patel HS, Dutta D, Kunal P, Gandhi A, Lakshmi M. Anes-
sucesso no procedimento. thetic management of a geriatric patient with situs inversus to-
Referências: talis. Int J Med Sci Public Health. 2016;5:373-6.
1. Agarwal A, Agarwal S, Tewari P, et al. Clinicopathological profile, 2. Koç A, Sönmez Y, Balaban O. Anaesthetic Management for Appen-
airway management, and outcome in huge multinodular goiters: dectomy in a Patient with Situs Inversus Totalis. Turk J Anaesthe-
an institutional experience from an endemic goiter region. World siol Reanim. 2016;44:105-7.
J Surg. 2012;36:755-60.
2. Ferez D, Rebuglio R. Manuseio da Via Aérea Difícil. In: Cangia-
ni LM, Slullitel A, Potério GMB, et al. Tratado de anestesiologia
SAESP. 7 ed. São Paulo, Atheneu, 2011;1408-16.
XXI) Anestesia para Procedimentos
Urológicos

XX) Anestesia para Cirurgia Plástica TLO471 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO


APÓS EXTUBAÇÃO EM PACIENTE SUBMETIDO À
TLO154 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE PORTADORA CISTOPROSTATECTOMIA RADICAL
DE SITUS INVERSUS TOTALIS EM CIRURGIA PLÁSTICA Alan Kimura*, Bruno Mendes Carmona, Artur Abel do Cavaco,
Rodolfo Antonio Straioto Q. Cavalcante*, Luis Paulo Mesquita, Rita de Cassia Rodrigues Rosa,
Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, Leandro Criscuolo Miksche, Thiago Coimbra Alves
Eduardo Barbin Zuccolotto, Cirilo Haddad Silveira, Leonardo Ferrazzo Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
Clínica de Anestesiologia de Ribeirão Preto (CARP), Ribeirão Introdução: O infarto agudo do miocárdio (IAM) é a primeira cau-
Preto, SP, Brasil sa de morte no Brasil, com cerca de 100 mil óbitos por ano. No
Introdução: Situs inversus é uma rara síndrome congênita autos­ entanto, um seleto número de casos se instala no perioperatório.
sômica recessiva em que os órgãos estão em uma imagem espelhada, A cistoprostatectomia radical é um procedimento agressivo e com
no lado contrário do habitual. Quando associada a dextrocardia, grande perda de volume sanguíneo esperado, demandando maiores
é denominada situs inversus totalis. A síndrome é associada cuidados durante o ato anestésico.
a anomalias cardíacas, alterações nas vias aéreas e infecções Relato de caso: Homem, 65 anos, 51 kg, 1,62 m, portador de tumor
pulmonares. O objetivo do caso em questão é apresentarmos uma vesical de parede posterolateral direita, tabagista, hipertenso
paciente portadora de situs inversus totalis que seria submetida controlado, com risco cirúrgico moderado. Ecocardiograma revelou
a uma cirurgia plástica eletiva de mastopexia com implante de fração de ejeção de 70%. Demais exames complementares normais.
prótese de mama. Na sala de cirurgia, foi monitorizado com cardioscopia, pressão
Relato de caso: Paciente feminina, 24 anos, que realizaria mastopexia arterial invasiva, SpO2 e capnografia. Instalado por venóclise acesso
com implante de prótese de mama. Na avaliação pré-anestésica, a venoso central. Sedação com midazolam 1 mg e fentanil 50 mcg.
paciente relatou possuir dextrocardia, que foi diagnosticada no Realizadas peridural analgésica e anestesia geral balanceada, sem
período pós-natal, sendo confirmada no exame fisico e em radiografia intercorrências. No intraoperatório, houve grande perda sanguínea,
de tórax. Em sala operatória, paciente foi monitorizada (oximetria sendo necessária a reposição com 2 concentrados de hemácias e
de pulso, cardioscopia com aplicação dos eletrodos na direção oposta 1 bolsa de plasma, além da administração de noradrenalina para
ao habitual, pressão arterial não invasiva). Realizada sedação com manutenção da PAM acima de 60 mmHg. Ao término da cirurgia,
midazolam e fentanil e posterior bloqueio do neuroeixo peridural o paciente manteve-se com PAM de 60-70 mmHg, mesmo após a
contínuo, em T10-T11, com posterior sedação com propofol em interrupção da noradrenalina. Então, o anestesista optou pela
BIC sem intercorrências. Procedimento cirúrgico ocorreu dentro extubação traqueal ainda na sala de cirurgia. Entretanto, o paciente
dos limites de normalidade. Ao final, paciente encaminhada a SRPA evoluiu com taquicardia supraventricular associada a dor precordial
estável hemodinamicamente e sem queixas. intensa. A taquicardia foi revertida com adenosina (6 mg, seguidos
Discussão: Situs inversus totalis é a condição em que todos os órgãos de 12 mg), mas a dor precordial aumentou de intensidade. Neste
internos estão em uma imagem espelhada. Isso inclui dextrocardia, momento, a cardioscopia mostrava onda T invertida na derivação
que é uma síndrome hereditária. Não há diferença entre as raças AVL. Foi aberto protocolo de infarto, com administração de O2 100%,
e sexo em termos de incidência. A maioria dos pacientes com morfina, esmolol, enoxiparina e reintubação. Após estabilização
situs inversus totalis é assintomática, exceto nos casos em que hemodinâmica, o paciente foi encaminhado ao CTI, realizado ECG
há malformação cardíaca associada. Entretanto, seu diagnóstico em 12 derivações e dosadas enzimas, que confirmaram o IAM.
é importante para várias enfermidades clínicas e cirúrgicas. A Discussão: Durante o ato anestésico, a extubação é sempre um mo-
avaliação pré-anestésica deve ser realizada em conjunto com mento crítico, onde há maiores chances de intercorrências. Definir
um exame físico diligente, considerando os sintomas e achados qual o melhor momento para realizá-la é um grande desafio. O estí-
existentes. Deve-se prestar especial atenção ao monitoramento, e mulo traqueal gerado pela extubação em pacientes submetidos a ci-
os eletrodos devem ser colocados de acordo com a dextrocardia. rurgias de grande porte pode desencadear potencial arritmogênico.
S98 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Por outro lado, sua manutenção desnecessária acaba retardando a TLP364 ANESTESIA VENOSA EM PACIENTE COM ESCLEROSE
recuperação no pós-operatório. A constatação de elevação enzimá- LATERAL AMIOTRÓFICA. RELATO DE CASO
tica, somada à ausência do supradesnivelamento de segmento ST,
Ana Carolina Zandona Spinardi*, Augusto César Santos Pellegrini,
configurou um enfarto subendocárdico. A conduta a seguir, frente à
estabilização clínica do paciente, foi aguardar o fim do pós-operató- Josenilson da Silva Passos, Vanessa Rafaela Souto Paiva,
rio imediato para submetê-lo a intervenção hemodinâmica. Gabriel José Redondano de Oliveira, Luis Antônio Borges
Referências: Hospital Vera Cruz, Campinas, SP, Brasil
1. Brandl DL. Infarto agudo do miocárdio. Revista UNIPLAC. 2017;5:1.
2. Cangiani LM, et al. Tratado de anestesiologia SAESP. São Paulo: Introdução: A esclerose lateral amiotrófica é uma doença neuro-
Atheneu, 2012. degenerativa que atinge o trato corticoespinhal, levando à morte
dos neurônios motores. Cursa com fraqueza muscular progressiva,
miofasciculação e atrofia muscular. Observa-se geralmente o iní-
cio entre os 50-60 anos e afeta quase duas vezes mais homens que
mulheres. A principal causa de morte é insuficiência respiratória,
geralmente 3 a 5 anos após o diagnóstico. O tratamento é multipro-
XXII) Anestesia Venosa fissional e baseado em cuidados paliativos. O objetivo deste relato
é discutir o manejo anestésico em paciente com quadro avançado
desta doença.
TLP1021 ANALGESIA MULTIMODAL PARA ESPLENECTOMIA Relato de caso: Paciente feminina, 78 anos, 63 kg, 160 cm, por-
EM BAÇO GIGANTE tadora de ELA com diagnóstico há 10 anos, com proposta cirúrgica
Thamires H. Tauil*, Patricia Sena, Lucia C S Correa de gastrostomia devido a disfagia grave. Consciente e cooperativa,
com quadro de tetraparesia flácida, disartria, disfagia grave e usuá-
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Universidade do ria de bibap domiciliar intermitente; não tolerava bem o decúbito
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil dorsal. A técnica optada foi anestesia geral com indução venosa
Introdução: A analgesia multimodal visa maximizar a eficácia anal- de propofol a 1%, sob bomba de infusão alvo-controlada, alfetanil
gésica e minimizar os efeitos colaterais adversos de um só medi- 1,5 mg e lidocaína 2% 40 mg, optando-se por não utilizar relaxante
camento. A experiência da dor ainda é uma intercorrência muito muscular. Pré-oxigenação com O2 100% sob máscara facial, seguida
frequente, com grandes prejuízos para o paciente e para o hospital, de inserção de tubo orotraqueal nº 7,0 com cuff, sem dificuldades
ao aumentar o tempo de internação hospitalar. técnicas; manutenção com propofol a 1% em bomba de infusão al-
Objetivo: Manejo anestésico para esplenectomia por baço de gran- vo-controlada e remifentanil na dose de 0,1 ug/kg/min, associado
de volume com analgesia multimodal. a medicações adjuvantes e hidratação com Ringer lactato durante
Relato de caso: Paciente masculino, 37 anos, previamente hígi- procedimento. O procedimento durou uma hora e decorreu sem in-
do, queixa de emagrecimento, massa abdominal em hipocôndrio tercorrências. Ao final da cirurgia, após recuperação da ventilação
esquerdo. Exames laboratoriais com pancitopenia e alteração de espontânea, foi realizada aspiração de vias aéreas superiores e re-
coagulograma. Investigação diagnóstica inconclusiva. Realizada tirada do tubo orotraqueal, e a paciente foi colocada em posição
anestesia geral balanceada com indução em sequência rápida: fen- sentada com oxigênio sob cateter com baixo fluxo, tendo sido en-
tanil 200 mcg; cisatracúrio 1 mg; propofol 140 mg; succinilcolina caminhada à RPA para observação. Alta para enfermaria com índice
100 mg IV. Após intubação, foram administrados cisatracúrio 10 mg de Aldrete e Kroulik 8, onde permaneceu por 24 horas em uso de
+ clonidina 60 mcg + sulfato de magnésio 2 g + cetamina 20 mg IV, BiPAP, tendo tido alta hospitalar sem alteração do quadro clínico
além de cafazolina 2 g + dexametasona 10 mg + ranitidina 50 mg + nem agravamento da doença.
tenoxicam 40 mg IV. Puncionada ARD para PAM e de VJID pela técni- Discussão: A escolha pela anestesia venosa total neste caso foi em
ca de Seldinger, sem intercorrências. Iniciada infusão venosa de 500 função da segurança e controle oferecido pela infusão alvo-contro-
mL de SF 0,9% com sulfato de magnésio 2,5 g + clonidina 75 mcg + lada, visto que a paciente exigia controle intenso da parte hipnótica
lidocaína 500 mg em BIC 1 mL/kg/h por 5 horas. A cirurgia trans- e analgésica associada à atenção na parte ventilatória devido às
correu sem sangramentos importantes ou outras intercorrências. Ao particularidades da esclerose lateral amiotrófica. Nessa técnica, ob-
final, foram administrados ondansetrona 8 mg + dipirona 2 g IV. No teve-se estabilidade hemodinâmica e um despertar com ventilação
pós-operatório, o paciente não apresentou dor, náuseas, vômitos ou espontânea ideal devido ao quadro de fraqueza muscular, tornando
qualquer queixa em relação ao ato anestésico. o procedimento mais seguro até a completa recuperação da pacien-
Discussão: O bloqueio de neuroeixo é atualmente uma das técni- te. Optou-se por não se utilizar relaxante muscular e anestésico ina-
cas mais utilizadas para analgesia intra e pós-operatória; porém, no latório, devido, novamente, à patologia da paciente, favorecendo,
caso em questão, foi preterida devido à alteração no coagulograma. assim, um melhor transcorrer cirúrgico e anestésico.
Optou-se, então, pela analgesia multimodal através da utilização Referências:
de fármacos que atuariam em diferentes receptores, buscando efei- 1. Sá S, Abreu F, Tavares J. Anestesia em doente com esclerose la-
tos analgésicos aditivos e sinérgicos, aumentando sua eficácia e, ao teral amiotrófica. Rev SPA. 2006;15:12-6.
mesmo tempo, reduzindo os efeitos colaterais quando comparado 2. Suma M, Deepu D, Tony TC, Amar N. Anesthetic management of
ao uso de um só medicamento. a patient with amyotrophic lateral sclerosis for transurethral re-
Conclusão: O planejamento anestésico deve ser sempre individua- section of bladder tumor. Indian J Anaesth. 2013;57:197-9.
lizado, baseando-se nas comorbidades de cada paciente e levando
em conta o trauma cirúrgico ao qual será submetido. A analgesia
multimodal tem sido adequadamente indicada, principalmente em TLO052 ANESTESIA VENOSA TOTAL ALVO-CONTROLADA
casos como este, no qual havia contraindicação ao bloqueio de neu- PARA RESSECÇÃO DE TUMOR CEREBRAL COM O PACIENTE
roeixo, sendo cada vez mais estudada e difundida. ACORDADO
Referência: Sabrina de Souza Ramos*, Orlando Domingues de Araújo Pontes,
1. Opioid Free Anesthesia (OFA) to optimize Enhanced Recovery
Luis Henrique Cangiani, Caio Funck Colucci, Lílian Eysink,
After laparoscopic bariatric Surgery (ERAS). IFSO 2013 Istanbul
Flávio Maia Castilho
1150 1850 1947 1977 2010 Jan Paul Mulier MD PhD Anaesthesiolo-
gist Sint-Jan Brugge-Oostende, Belgium. CET Centro Médico Campinas, Campinas, SP, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S99

Introdução: A ressecção de tumor cerebral com o paciente acorda- palato pós-forame incompleta e apneia obstrutiva do sono, em uso
do é uma importante técnica para tumores em regiões nobres (mo- de BiPAP noturno. Medicamentos: coezima Q10 e L-carnitina. Sem
tora, somatossensorial e área da fala) e visa a preservar a função história de cirurgias prévias. Admitida para realização de palato-
cognitiva. plastia primária, optando-se por AVT. Apresentava-se hemodinami-
Relato de caso: Paciente masculino, 58 anos, com glioblastoma em camente estável e sem sinais de disfunções respiratórias. Exames
região da fala, foi submetido à ressecção. Posicionado em decúbito laboratoriais sem alterações. Monitorização com ECG, oximetria,
dorsal com elevação do dorso (30°); foi realizada anestesia geral termômetro, PANI, capnografia e analisador de gases. Venóclise
por meio de infusão contínua de 0,5 mcg/kg/min de dexmedetomi- com cateter 22G, pré-medicação com midazolam 0,15 mg/kg e
dina, seguida pelas infusões alvo-controladas de propofol e remi- pré-oxigenação com O2 100%. Iniciou-se infusão venosa contínua de
fentanil, além de 0,6 mg/kg de rocurônio. A ventilação controlada propofol e remifentanil em TCI. Ventilação O2 4 L/min sob máscara
por volume foi estabelecida por máscara laríngea nº 5. O cirurgião facial e sistema Ress-Baraka, sem dificuldades. Laringoscopia direta
realizou bloqueio dos nervos cranianos com ropivacaína 0,75% para Cormack-Lehane II, intubação orotraqueal com tubo aramado 4.0
a craniotomia. A monitorização foi realizada por meio de ECG, FC, com balonete. Ventilação volume controlada com FiO2 40%. Afebril
SpO2, ETCO2, PAI, PVC, diurese por SVD, além do potencial evocado e estável durante todo procedimento, com duração de 2 horas, sem
somatossensitivo executado por neurofisiologista. Após 90 minutos intercorrências. Após término do procedimento, optou-se por troca
do início da cirurgia, momento em que o cérebro foi exposto, a do tubo orotraqueal aramado por tubo orotraqueal convencional nú-
infusão do propofol e do remifentanil foi descontinuadas, permane- mero 4.0 com balonete, por solicitação do CTI pediátrico.
cendo apenas a dexmedetomidina na dose de 0,2 mcg/kg/min. Após Discussão: A literatura atual é escassa sobre doenças mitocondriais,
15 minutos, o paciente assumiu a ventilação, e com 20 minutos, e os pacientes podem responder anormalmente às drogas
abriu os olhos ao comando. A máscara laríngea foi substituída por anestésicas. A incidência de HM na população pediátrica é 1/15.000,
um cateter nasal de O2, mantendo-se levemente sedado, e o neu- e é importante considerar sua ocorrência no transoperatório.
rofisiologista executou seus testes de cognição. Assim, permaneceu Anestésicos inalatórios e succinilcolina são contraindicados em
por mais 120 minutos até o término da cirurgia, quando foi enca- pacientes suscetíveis. Monitorização é essencial, especialmente
minhado para a UTI. Nela, permaneceu estável por 48 horas, sem temperatura e EtCO2, e o tratamento com dantrolene deve estar
deficit focais, e em seguida, encaminhado para a enfermaria, para, disponível. A AVT, apesar de pouco comum em crianças, é segura e
no 6º dia de pós-operatório, receber alta hospitalar. indicada nesses pacientes. É prudente encaminhar ao CTI pelo risco
Discussão: Há evidências crescentes de que a realização de res- de desenvolvimento de HM no período pós-operatório. Além disso, a
secção tumoral com o paciente acordado está associada a menores associação de apneia do sono com o edema de VA pela manipulação
taxas de morbimortalidade pós-operatória. Para a sua realização, cirúrgica pode gerar obstrução da VA e hipóxia.
é necessária uma equipe multidisciplinar, com planejamento ade- Referências:
quado: (1) escolha e preparo do paciente (informação, aceitação e 1. Fricker RM, Raffelsberger T, Rauch-Shorny S, et al. Positive ma-
cooperação); (2) entrosamento entre as equipes da anestesia e neu- lignant hyperthermia susceptibility in vitro test in a patient with
rocirurgia; (3) posicionamento do paciente (acesso do anestesista à mitochondrial myopathy and myoadenylate deaminase deficien-
via aérea do paciente e que o mesmo fique em posição confortável cy. Anesthesiolgy. 2002;97:1635-7.
e consiga visualizar o neurofisiologista); e (4) escolha da técnica 2. Schawartz J. Doenças da Pele e Musculoesqueléticas. In: Hines R,
anestésica (de acordo com o perfil farmacocinético dos anestésicos, Marschal K. Stoelting – Anestesia e Doenças Coexistentes. 5ed.
optou-se pela anestesia venosa total, o que permitiu uma rápida Rio de Janeiro, Elsevier, 2010;437-68.
depuração dos fármacos e um despertar rápido e suave).
Referências:
1. Burnand C, Sebastian J. Anaesthesia for awake craniotomy. Cont TLP622 COMPARAÇÃO ENTRE O USO DE PROPOFOL E
Educ Critic Care Pain. 2014;14:6-11. CETAMINA VERSUS PROPOFOL E REMIFENTANIL PARA
2. Piccioni F, Fanzio M. Management of anesthesia in awake cranio- INDUÇÃO E MANUTENÇÃO ANESTÉSICA EM CIRURGIAS
tomy. Minerva Anestesiol. 2008;74:393-408. ELETIVAS DE COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA
Gabriel Elias Figueiredo, Márcia Aparecida Tedesco*,
TLO271 ANESTESIA VENOSA TOTAL EM PACIENTE Eduardo Arbache Bezerra, Leonardo Henrique Castanheira Frade,
PEDIÁTRICO COM MIOPATIA MITOCONDRIAL - RELATO DE Esther Alessandra Rocha, Desiré Carlos Callegari
CASO Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil
Nathalia Rodrigues Gontijo de Andrade*, Justificativa e objetivos: A colecistectomia videolaparoscópica
Ana Cláudia Mota Bonisson, Francisco Drummond Lima, (CCVL) é uma cirurgia considerada segura e com baixa mortalidade,
Felipe Guimarães Ribeiro feita sob anestesia geral, sendo o propofol um fármaco de escolha
para a indução anestésica. Doses menores de propofol são necessá-
Fundação Benjamin Guimarães - Hospital da Baleia, Belo
rias quando se associam outros agentes anestésicos, resultando em
Horizonte, MG, Brasil
maior segurança do procedimento e menor possibilidade de reações
Introdução: A miopatia mitocondrial é uma patologia genética as- adversas, tempo de recuperação pós-anestésico e de internação. En-
sociada a doenças neuromusculares, disfunções cardiológicas, con- tre essas associações, a cetamina e o remifentanil destacam-se por
vulsões e endocrinopatias. O diagnóstico se baseia na história, dosa- seus efeitos analgésicos e anestésicos. O presente estudo pautou-se
gem de creatino-quinase e lactato, eletroneuromiografia e biópsia na importância da escolha terapêutica para indução e manutenção
muscular. O desenvolvimento dos sintomas é lento e progressivo, da anestesia, já que ela influencia tanto o período intraoperatório
entre eles: fraqueza, fadiga ao exercício e dor muscular. Os pacien- quanto o pós-operatório, contribuindo para a recuperação e satisfa-
tes apresentam risco de desenvolver hipertermia maligna (HM). A ção do paciente. O objetivo deste trabalho foi comparar a qualidade
anestesia venosa total (AVT) é indicada. anestésica entre o uso de cetamina e propofol versus o uso clássico
Objetivo: Relato de AVT para cirurgia em paciente pediátrico com do propofol e remifentanil na anestesia geral para CCVL.
miopatia mitocondrial submetida a palatoplastia. Método: Incluídos 30 pacientes, obedecendo aos seguintes crité-
Relato de caso: A.B.B., feminino, 6 anos, 12 kg, ASA II, portadora rios: classificação 1 ou 2 da American Society of Anesthesiologists;
de miopatia mitocondrial, displasia óssea, baixa estatura, fissura de idade entre 19 e 65 anos; ambos os gêneros. Foram excluídos: ín-
S100 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

dice de massa corpórea superior a 35; abaixo de 18 ou acima de 65 de sevoflurano em função do tempo foi menor no GE (diferença
anos de idade; alergia aos fármacos avaliados e recusa do paciente da média [DM]: 0,9092, IC 95%: 0,45-1,36, p < 0,001). Durante o
em participar do estudo. Os pacientes foram randomizados em 2 intraoperatório, o consumo de fentanil suplementar foi de 40,7%
grupos: o controle, que recebeu para manutenção anestésica pro- no GE e 76,6% no GC (OR: 4,18, IC 95%: 1,37-12,71, p = 0,01), com
pofol e remifentanil; já o outro, propofol e cetamina. Foram ava- média do consumo menor no GE (DM: 69,18, IC 95%: 31,45-106,89,
liadas as seguintes variáveis: tempo de cirurgia, tempo para des- p = 0,001). Ocorrência de dor foi menor no GE tanto em repouso
pertar, agitação ao despertar, dor ao despertar, uso de morfina em quanto sob esforço, respectivamente, na chegada da SRPA (DM:
sala de recuperação pós-anestésica (RPA), ocorrência de náuseas 1,75, IC 95%: 0,6-2,9, p = 0,009 e DM: 1,93, IC 95%: 0,68-3,17, p =
ou vômitos e dose de anestésico utilizado. A análise estatística para 0,013), na alta da SRPA (DM: 0,94, IC 95%: 0,15-1,74, p = 0,009 e
os dados numéricos foi feita aplicando-se o teste t de Student (p < DM: 1,00, IC 95%: 0,13-1,87, p = 0,015), 12 horas PO (DM: 1,14, IC
0,05), e para as variáveis nominais, o teste qui-quadrado. Para as 95%: 0,51-2,24, p = 0,01 e DM: 1,42, IC 95%: 0,26-2,59, p = 0,007)
análises, utilizou-se GraphPad Prism 5.0. e Excel. e 24 horas PO (DM: 1,34, IC 95%: 0,46-2,22, p = 0,003 e DM: 1,67,
Resultado: Não houve diferença estatística entre os grupos em re- IC 95%: 0,68-2,64, p = 0,001). No PO, o consumo de morfina foi de
lação ao tempo para despertar, agitação ao despertar, dor ao des- 22,2% no GE e 70% no GC (OR: 7,77, IC 95%: 2,34-25,84, p < 0,001),
pertar, necessidade de morfina em sala de RPA, ocorrência de náu- com média de consumo maior nos participantes do GC (DM: 2,48,
seas ou vômitos e dose de anestésico utilizado. Somente a variável IC 95%: 1,21-3,73, p < 0,001).
tempo de cirurgia foi maior para o grupo em que se usou propofol Conclusão: O esmolol diminuiu o gasto de anestésicos, dor no
e cetamina. pós-operatório imediato e o consumo de analgésicos durante a
Conclusão: Os resultados sugerem uma alternativa para realização internação, apesar de ter diminuído a frequência cardíaca no
de anestesia venosa total – cetamina em vez de remifentanil – com perioperatório de pacientes submetidas à mastectomia.
diminuição de hiperalgesia induzida por opioides, além de custos Referências:
menores. Outra possibilidade seria utilizar o isômero S(+) da ceta- 1. Dhir R, Singh MR, Kaul TK, et al. Effect of intravenous esmolol
mina em vez da mistura racêmica, como fora utilizada neste estudo. on analgesic requirements in laparoscopic cholecystectomy. J
Deste modo, é possível inferir que as complicações pós-operatórias Anaesthesiol Clin Pharmacol. 2015;31:375-9.
são minimizadas, levando a uma recuperação mais rápida e menor 2. Watts R, Thiruvenkatarajan V, Calvert M, et al. The effect of
tempo de internação. perioperative esmolol on early postoperative pain: a systema-
Referência: tic review and meta-analysis. J Anaesthesiol Clin Pharmacol.
1. Ferguson I, Bell A, Treston G, New L, Ding M, Holdgate A. Pro- 2017;33:28-39.
pofol or ketofol for procedural sedation and analgesia in emer-
gency medicine – The POKER study: a randomized double-blind
clinical trial. Ann Emerg Med. 2016;68:574-82. TLP074 FENÔMENO SEIZURE-LIKE DURANTE
ADMINISTRAÇÃO DE PROPOFOL
Lucas Araújo Borges de Moura*, Thales de Abreu Tedoldi,
TLO601 ESMOLOL REDUZ DOR NO PÓS-OPERATÓRIO
Kelson Sousa Jacobina, Luiz Guilherme Villares da Costa,
DE MASTECTOMIAS: ENSAIO CLÍNICO, DUPLO-CEGO E
Raphael de Freitas Silva
RANDOMIZADO
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
Alex Julio Tramontini*, Denismar Borges de Miranda,
João Francisco Volpe Junior, Luciano Franklin Seixas, Introdução: Muitas drogas usadas em anestesia podem induzir exci-
Henrique Iamashita Miake, Fabrício Tavares Mendonça tação do córtex cerebral durante a administração. A mioclonia indu-
zida por propofol, ou fenômeno seizure-like, ocorre em pacientes
Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil
de qualquer idade, com ou sem diagnóstico prévio de epilepsia, em
Introdução: O esmolol é um betabloqueador seletivo, de ação qualquer fase da sedação ou horas após seu término. A despeito dos
ultracurta, que antagoniza os receptores beta-1 adrenérgicos. muitos relatos de casos de Seizure Like Phenomena – SLP, existem
Estudos apontam efeito analgésico e atenuação da resposta poucos estudos sobre os mecanismos pelos quais a droga promoveria
inflamatória, além de diminuir o uso de anestésicos/analgésicos no excitação paradoxal do córtex.
perioperatório. Relato de caso: Homem de 61 anos, com tumor vesical, candidato
Objetivo: Avaliar o perfil analgésico adjuvante do esmolol à ressecção transuretral da bexiga. Na história clínica, hipertenso,
intravenoso em mastectomias. dislipidêmico, tabagista e portador de doença arterial periféri-
Método: Ensaio clínico randomizdo, duplamente mascarado, com- ca; em uso de AAS, losartana, anlodipino, atorvastatina, ateno-
parando o efeito analgésico do esmolol no pós-operatório (PO) de lol e heparina de baixo peso molecular. Exames complementares:
pacientes submetidas a mastectomia. Todas as pacientes recebe- hemoglobina de 10,2 g/dL; hematócrito de 31%; plaquetometria
ram anestesia geral balanceada. Um grupo (GE) recebeu esmolol de 210.000; coagulograma, eletrólitos e provas de função renal
em bolus de 0,5 mg/kg em 10 minutos, seguido de infusão contínua normais; ECG da última admissão normal. Submetido à anestesia
à taxa de 100 mcg/kg/min. O grupo controle (GC) recebeu solução geral, com passagem de máscara laríngea. Iniciou-se pré-oxige-
fisiológica 0,9%. Dados de alterações hemodinâmicas, consumo de nação e indução anestésica com 100 mcg de fentanil e 150 mg
anestésicos/analgésicos, avaliação da dor e eventos adversos no de propofol IV em bolus. Durante infusão de propofol, o pacien-
PO foram avaliados. Teste t de Student foi aplicado para avaliar as te apresentou hipertonia muscular, tremor simétrico e grosseiro
possíveis diferenças entre os grupos estudados, com nível de signi- de extremidades, hiperextensão da região cervical e de membros
ficância de 5%. superiores. Após 45 segundos, houve cessação espontânea do qua-
Resultado: Das 57 participantes, 27 foram distribuídas aleatoria- dro, e o paciente permaneceu sedado e sem alterações impor-
mente no GE, e 30 designadas para o GC. Não houve diferença tantes nos parâmetros de monitorização. Passada máscara larín-
nas características demográficas e clínicas das pacientes entre os gea e realizado procedimento cirúrgico sem intercorrências, com
grupos. Não houve diferença entre as variações de pressão arterial propofol mantido em bomba de seringa em modo TCI. A cirurgia
sistólica, PAM, BIS e incidência de hipotensão. Frequência car- decorreu sem intercorrências, com propofol mantido em bomba
díaca foi menor no GE entre os tempos 15 minutos a 5 horas e 30 de seringa em TCI. Paciente teve alta no dia seguinte, sem relato
minutos (p < 0,01). A média da área sob a curva da fração expirada de memória acerca do evento.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S101

Discussão: O propofol tem sido associado ao SLP. A fisiopatologia é Referências:


desconhecida; todavia, supõe-se que a droga, ao suprimir regiões 1. Minoshima R, Kosugi S, Nishimura D, et al. Intra- and postope-
inibitórias no córtex, favorece um estado de hiperexcitabilidade. rative low-dose ketamine for adolescent idiopathic scoliosis sur-
Durante a SLP, a convulsão tônico-clônica generalizada é a forma gery: a randomized controlled trial. Acta Anaesthesiol Scand.
epileptogênica mais frequente, especialmente no grupo com epi- 2015;59:1260-8.
lepsia. A SLP ocorre na indução, mas não durante a manutenção, 2. Kaur S, Saroa R, Aggarwal S. Effect of intraoperative infusion of
e pode ser observada tanto com o propofol quanto com outros low-dose ketamine on management of postoperative analgesia.
hipnóticos, com frequência variável. Não há consenso sobre qual J Nat Sci Biol Med. 2015;6:378-82.
conduta tomar na vigência do quadro, bem como há controvérsia
acerca da relação entre o propofol e esse tipo de complicação,
apesar do grande número de relatos de casos publicados nos úl- TLP208 PRIAPISMO, EVENTO AVERSO RARO AO USO DO
timos anos. PROPOFOL
Referência: AUTORES:
1. Walder B, Tramèr MR, Seeck M. Seizure-like phenomena and pro- Marcello Sias Frattani*, Luana Stutz, Brynner Mota Buçard,
pofol: a systematic review. Neurology. 2002;58:1327-32. Alfredo Guilherme Haack Couto
Hospital de Ensino Alcides Carneiro, Faculdade de Medicina de
TLP583 INFUSÃO CONTÍNUA INTRAOPERATÓRIA Petrópolis (FMP), Petrópolis, RJ, Brasil
DE BAIXAS DOSES DE DEXTROCETAMINA EM PACIENTE Introdução: O priaprismo induzido pelo propofol é um evento raro,
SUBMETIDA A CORREÇÃO DE ESCOLIOSE que desperta interesse e preocupação na comunidade médica, de-
TORACOLOMBAR vido ao uso difundido da droga e possível gravidade do caso. Seu
reduzido tempo de ação dificulta o estudo de possíveis efeitos co-
Mateus Meira Vasconcelos*, João Paulo Jordão Pontes,
laterais não anestésicos, até hoje pouco conhecidos. Poucos casos
Fernando Cássio do Prado Silva, Bruno Oliveira Lamberti, foram descritos na literatura mundial, e acreditamos que o presente
Luiz Gustavo de Menezes Rodrigues, Amanda Corrêa Vidica relato é um dos primeiros na literatura brasileira.
CET Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil Relato de caso: Paciente de 25 anos, masculino, ASA PI, can­
di­dato a cirurgia eletiva de retirada de cateter duplo J após
Introdução: A dextrocetamina é um antagonista do receptor n-me- ureterorrenolitotripsia. Após monitoração e venóclise, foram
til d-aspartato (NMDA) que tem demonstrado excelente atividade administrados 150 mg de propofol EV. Em seguida (cerca de 1 minuto)
analgésica até mesmo em doses subanestésicas. O fármaco apre- observou-se priapismo, fáscies de dor e o paciente referiu à região
senta um efeito poupador de morfina pela inibição da sensibilização peniana com a mão. Foram adminstrados 100 mcg de fentanil EV para
central, da hiperalgesia induzida por opioides e da tolerância aguda analgesia, e como houve persistência do priapismo e dor, foi realizada
a opioides. Sua infusão contínua, intraoperatória, em baixas doses, injeção de adrenalina 100 mcg no corpo cavernoso pelo urologista.
tem se mostrado efetiva e segura. Após 10 minutos, observou-se a completa resolução do quadro, sendo
Relato de caso: Paciente feminino, 28 anos, 70 kg, estado físico possível a realização do procedimento, com uso de doses tituladas
P1, foi submetida a correção cirúrgica de escoliose toracolombar de propofol EV, sem nenhuma complicação após essa administração.
de 13 níveis sob anestesia combinada geral e subaracnóidea. Discussão: O priaprismo é uma condição de ereção prolongada, sem
Inicialmente, após sedação com 2 mg midazolam e 100 mcg estímulo físico ou psicológico, geralmente persistente e dolorosa.
fentanil, foi realizada punção subaracnóidea com injeção de 50 Pode ser de baixo fluxo (veno-oclusivo), com dor e rubor intenso do
mcg de sufentanil e 100 mcg de morfina. Em seguida, foi realizada órgão, podendo levar à isquemia, ou de alto fluxo, que ocorre pelo
indução anestésica com 140 mg de propofol, 70 mcg de sufentanil, aumento do fluxo arterial, porém sem dor ou isquemia do membro. O
70 mg de lidocaína sem vasoconstritor e 70 mg de succinilcolina. tratamento do priaprismo veno-oclusivo é realizado com injeção de
Seguiu-se uma dose em bolus de 35 mg de dextrocetamina, e droga simpaticomimética no corpo cavernoso ou drenagem venosa
foi então realizada a intubação orotraqueal sob laringoscopia do corpo cavernoso em casos extremos. Poucos casos de priapismo
direta, sem intercorrências. A paciente foi mantida sob anestesia induzidos pelo propofol foram descritos. Senthilkumaran et al. des-
venosa total com infusão alvo-controlada de propofol e infusão creveram um caso de 75 minutos de priaprismo após administração
contínua de 0,25 mcg/kg/h de remifentanil e 0,2 mg/kg/h de propofol para redução de luxação de ombro em um paciente de 25
de dextrocetamina. Durante o procedimento, foi empregada anos, que se repetiu em um novo evento de administração da droga.
monitorização mínima associada à análise hemodinâmica do Vesta et al. descreveram 2 horas de priaprismo em um paciente de
contorno do pulso arterial, potenciais evocados, pressão arterial 17 anos submetido a ablação cardíaca e posteriormente sedação para
invasiva, índice bispectral, temperatura e diurese. Foi realizada realização de ECOTT, associando a dose total de propofol ao tempo
reposição volêmica guiada por metas, com infusão de 4.000 total de duração do priaprismo. De acordo com Senthilkumaran, a
mL de cristaloides, sem necessidade de transfusão sanguínea, emulsificação lipídica do propofol poderia induzir pequenos embo-
apresentando um sangramento total estimado em 900 mL e lismos gordurosos e agregação plaquetária local, com liberação de
hemoglobina final de 9,0 g/dL. Após 8 horas de cirurgia sem óxido nítrico e relaxamento da parede dos vasos, contribuindo para a
intercorrências, a paciente foi desintubada e acompanhada para gênese do quadro. A suscetibilidade individual e atuação na esterogê-
a unidade de terapia intensiva acordada, sem queixas álgicas nese adrenal também são hipóteses consideradas. Os casos relatados
e estável hemodinamicamente. Permaneceu internada por três até hoje afetam homens jovens e sem comorbidades; além disso, o
dias, mantendo baixos escores de dor. tempo de duração pode estar relacionado à dose total de propofol.
Discussão: A infusão contínua intraoperatória de baixas doses de Referências:
dextrocetamina se relaciona a uma eficiente analgesia pós-opera- 1. Senthilkumaran S, Shah S, Ganapathysubramanian, Balamurgan
tória. É capaz de bloquear os receptores NMDA de maneira efe- N, Thirumalaikolundusubramanian P. Propofol and priaprism, In-
tiva, enquanto as necessidades de opioides e os demais eventos dian J Pharmacol. 2010;42:238-9.
adversos associados a esse fármaco são reduzidos. Esta é uma téc- 2. Vesta KS, Martina SD, Kozlowski EA. Propofol-induced pria-
nica ainda promissora para o manejo da analgesia pós-operatória pism, a case confirmed with rechallenge. Ann Pharmacother.
de alguns pacientes. 2006;40:980-2.
S102 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

XXIII) Anestesia, Ética e Direito Introdução: O sugamadex é uma droga que age como antagonista
seletivo dos bloqueadores neuromusculares (BNM) esteroidais: ro-
curônio e vecurônio. O medicamento é uma gama-ciclodextrina que
TLO747 MANUSEIO INTRAOPERATÓRIO DE UM PACIENTE forma um composto estável com o BNM na razão de 1:1. Pode ser
TESTEMUNHA DE JEOVÁ VÍTIMA DE POLITRAUMA administrado na reversão do BNM profundo, reduzindo a incidência
de bloqueio residual.
Rafael Queiroz Araujo*, Fernanda Moreira Gomes Mehlmann,
Relato de caso: Paciente, 56 anos, masculino, hipertenso, com cir-
Marcus Meyer, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano,
rose hepática crônica por vírus C e álcool, tendo como diagnósti-
Guinther Giroldo Badessa, Luiz Fernando dos Reis Falcão co pré-operatório peritonite ocorrida por hemoperitônio devido a
CET do Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista (GAAP) do lesão vascular intra-abdominal, optando-se por videolaparoscopia
Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil para correção da lesão. Chegou à sala operatória consciente, orien-
tado, eupneico, SpO2 98% em ar ambiente, pressão arterial 100 ×
Introdução: Estima-se que existam 7,8 milhões de testemunhas de
80 mmHg, frequência cardíaca 60 bpm. A indução anestésica foi
Jeová no mundo. Pacientes dessa religião recusam transfusão de
realizada com fentanil 400 mcg, propofol 250 mg, lidocaína 100
hemoderivados, gerando grande desafio à equipe médica assistente.
mg e rocurônio 1,2 mg/kg. Na manutenção foi utilizado isoflurano.
Se, por um lado, a transfusão constitui medida essencial em pacien-
Foi hidratado com SF 0,9% 750 mL. O procedimento cirúrgico foi
tes com choque hemorrágico, tal medida pode causar transtornos
psicológicos e sociais ao paciente. finalizado em 2 horas após a indução anestésica, e não houve dose
Relato de caso: Paciente testemunha de Jeová, masculino, 71 anos adicional de rocurônio durante esse período. Assim, foi realizada
de idade, portador de hipotireoidismo e hiperplasia prostática benig- monitoração da junção neuromuscular com a sequência de quatro
na, capacidade funcional acima de 4 METs, vítima de atropelamento, estímulos (TOF-Watch SX). O TOF apresentava relação T4/T1 de 2.
deu entrada no PS de um hospital público de São Paulo com fratura Foi administrado sugamadex na dose de 4 mg/kg em bolus. Após 2
de fêmur à direita, fratura de platô tibial à esquerda. hemoglobina minutos e 54 segundos da administração, a relação T4/T1 chegou a
(Hb) de 10,1 g/dL e coagulograma sem alterações. Foram discuti- 116%. Logo, o paciente foi extubado sem intercorrências e encami-
das as possibilidades terapêuticas com os familiares e o paciente, nhado para a sala de recuperação pós-anestésica.
que assinou o termo de consentimento para hemotransfusão com a Discussão: Neste relato, houve reversão completa do bloqueio neu-
condição de que seria realizada apenas se esgotadas todas as outras romuscular residual induzido por rocurônio em paciente hepatopa-
possibilidades de terapia. Foram programadas correções cirúrgicas ta, mostrando que, nesse perfil de paciente, a metabolização do
em dois tempos; primeiro, a correção do fêmur, e depois, do platô relaxante muscular dependente da função hepática está reduzida,
tibial. A fixação do fêmur foi realizada sob raquianestesia e sedação, prolongando a duração do seu efeito, sendo necessária a reversão
sem intercorrências durante o procedimento. A cirurgia de correção com o sugamadex.
da fratura de tíbia ocorreu quatro dias depois, com uso de garrote Referências:
pneumático. Hb pré-operatório de 8,9 g/dL. Durante a segunda cirur- 1. Abrishami A, Ho J, Wong J, et al. Sugammadex, a selective rever-
gia, houve falha do garrote pneumático, com necessidade de infusão sal medication for preventing postoperative residual neuromus-
contínua de noradrenalina para manutenção de estabilidade hemo- cular blockade. Cochrane Database Syst Rev. 2009:CD007362.
dinâmica. O paciente foi encaminhado à UTI com Hb de 6,5 g/dL, 2. Srivastava A, Hunter JM. Reversal of neuromuscular block. Br J
coagulograma sem alterações e noradrenalina em infusão contínua. Anaesth. 2009;103:115-29.
Optou-se por não transfundir concentrado de hemácias e manter o
uso de droga vasoativa enquanto fosse necessário. Três dias após a
segunda cirurgia, o paciente recebeu alta da UTI apresentando esta- TLP534 ANESTESIA GERAL COM USO DE SUGAMMADEX
bilidade hemodinâmica apesar da Hb de 5,4 g/dL.
EM PACIENTE COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA:
Discussão: Diante de casos de pacientes que recusam determinadas
terapias, cabe à equipe médica avaliar a relação custo/benefício de RELATO DE CASO
cada abordagem, garantindo a melhor assistência ao paciente. Em Ana Jéssica Ferreira Lima de Castilho*,
pacientes que se recusam a receber hemoderivados, é fundamental Raimundo Júnior Prado de Oliveira, Danilo Galati,
planejar a abordagem, usar materiais e equipamentos adequados e André Menezes Baranda
possuir um plano para tratamento de possíveis intercorrências. O
anestesiologista não deve se prender a valores laboratoriais absolu- Hospital Adventista de Manaus, Manaus, AM, Brasil
tos, mas sim adequar sua terapia de acordo com a clínica. Apesar de Introdução: A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença
os aspectos jurídicos não serem claros, devemos sempre respeitar neurodegenerativa, que envolve o neurônio motor inferior e supe-
as crenças e valores dos pacientes. rior, e pode evoluir com sintomas de fraqueza e atrofia muscular,
Referência:
fasciculações, hiperreflexia, espasticidade e paralisia bulbar. Aco-
1. Lawson T, Ralph C. Perioperative Jehova’s Witnesses: a review.
mete predominantemente homens, com faixa etária entre 40 e 50
Br J Anaesth. 2015;115:676-87.
anos de idade.
Relato de caso: Homem, 72 anos de idade, 80 kg, ASA III, diagnóstico
de ELA há seis anos, com antecedentes patológicos de gastrite duo-
denal péptica e diabetes mellitus tipo 2, em uso regular de riluzol
XXIV) Bloqueio Neuromuscular e insulina NPH diariamente. Apresentava comprometimento motor
leve em membros superiores e inferiores. Sem queixas respiratórias,
na fala ou deglutição. Deu entrada no pronto atendimento com qua-
TLO389 ADMINISTRAÇÃO DE SUGAMADEX NA REVERSÃO dro de abdome agudo inflamatório e programação cirúrgica. Pacien-
DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR INDUZIDO POR te foi monitorizado com oximetria de pulso, cardioscopia, pressão
ROCURÔNIO EM PACIENTE CIRRÓTICO arterial não invasiva, termômetro nasofaríngeo e monitorização de
Hercilio Ribeiro de Souza *, Davi Caetano Aguiar, bloqueio neuromuscular train-of-four (TOF). Foi realizada anestesia
geral com o paciente em decúbito dorsal, indução em sequência
José Carlos Rodrigues Nascimento, Francisco Diego Silva de Paiva,
rápida com fentanil 200 mcg, propofol 160 mg e rocurônio 64 mg.
Nely Marjollie Guanabara Teixeira, Adriana Maria Gurgel da Costa
O índice TOF inicial foi > 0,9. Após administração de rocurônio,
Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil realizada intubação orotraqueal com tubo número 8.0 com cuff
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S103

quando TOF não apresentou respostas. A manutenção foi feita com amostra sanguínea e enviamos ao laboratório. Cinco meses depois,
propofol e remifentanil em bomba de infusão contínua. Não foram recebemos o laudo da análise genética: o paciente é homozigoto
realizadas novas doses de rocurônio durante o ato anestésico. A ci- com dois alelos usuais, porém com atividade enzimática da pseudo-
rurgia iniciou por videolaparoscopia, sendo convertida para aberta colinesterase de apenas 14%.
com lise de aderências intestinais, hemicolectomia direita e cole- Discussão: Situações que diminuem a atividade da colinesterase
cistectomia. Teve duração de 4 horas e 20 minutos; administrados plasmática aumentam o tempo de recuperação do bloqueio produ-
3.500 mL de Ringer lactato, tenoxicam 40 mg, tramadol 100 mg, zido pela succinilcolina. Nosso paciente não possuía nenhuma das
ácido épsilon-aminocaproico 4g e gluconato de cálcio 10% 1 g. Ao condições classificadas como fisiológicas ou adquiridas, levando-nos
final, foi administrado sugammadex 4 mg/kg; após 10 minutos o TOF a crer que sua deficiência seria hereditária. Porém, ele era homozi-
foi > 0,9, e o paciente foi extubado, mantendo ventilação espontâ- goto para o gene usual e não o atípico, mas com atividade enzimáti-
nea, consciente e transferido para o CTI estável e sem necessidade ca de apenas 14%, o que pode explicar o tempo alto de recuperação
de suporte ventilatório. do bloqueio. Falta ainda uma avaliação clínica mais detalhada para
Discussão: Diante do quadro clínico exposto, foi escolhido o uso de tentar esclarecer a causa dessa deficiência, já que a forma genéti-
rocurônio e reversão com sugammadex com monitorização neuro- ca apresentada pelo paciente seria de uma enzima com atividade
muscular com uso do TOF. A realização de anestesia geral em pa- normal.
cientes portadores de ELA pode estar associada a depressão respi- Referências:
ratória aumentada e risco de broncoaspiração. Esses pacientes são 1. Braga AFA, Potelio GMB. Bloqueadores Neuromusculares e Anta­
mais sensíveis, com respostas prolongadas após uso de bloqueadores gonistas. In: Cangiani LM, Slulitel A, Potério GMB, et al. Tratado
musculares não despolarizantes. Neste caso clínico, o índice de TOF de anestesiologia SAESP. 7 ed. São Paulo, Atheneu, 2011;707-32.
mostrou-se eficiente para monitorização do bloqueio neuromus- 2. Pimenta KB. Bloqueio neuromuscular prolongado após admi-
cular. Devido a poucos relatos na literatura, há a necessidade de nistração de mivacúrio. relato de caso. Rev Bras Anestesiol.
se aprofundar mais em estudos de pacientes com essas desordens, 2005;55:5:552-7.
para melhor manejo anestésico.
Referências:
1. Kelsaka E, Karakaya D, Zengin EC. Use of sugammadex in a TLO640 AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE BLOQUEIO
patient with amyotrophic lateral sclerosis. Med Princ Pract. NEUROMUSCULAR RESIDUAL NA SALA DE RECUPERAÇÃO
2013;22:304-6. PÓS-ANESTÉSICA
2. Sá S, Abreu F, Tavares J. Anestesia em doente com esclerose la-
Rohnelt Machado de Oliveira, Fabiano Tadashi Shiohara,
teral amiotrófica - caso clínico. Revista SPA. 2006;15:12-6.
Janaina Siqueira Rosa*, Camila Marquette Wille,
Jessica Kiyomi Nakamoto, Mônica Lais Vendruscolo
TLO059 APNEIA PROLONGADA APÓS USO DE Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPr),
SUCCINILCOLINA: RELATO DE CASO Curitiba, PR, Brasil
Patrícia Constantini Kreling*, Gabriella Aparecida Mulinari, Justificativa e objetivo: Avaliar a prevalência do bloqueio
Fernando Martins Piratelo, Larissa Salles Ottoboni, neuromuscular residual entre os pacientes que receberam ou não
Marina Bishop Brito Rebellato anticolinesterásicos de forma empírica com objetivo de reversão do
bloqueio neuromuscular (BNM), sem a monitorização objetiva deste
Hospital Universitário Cajuru, Curitiba, PR, Brasil
durante a cirurgia.
Introdução: A succinilcolina é o único bloqueador neuromuscular Método: O estudo teve delineamento descritivo, observacional,
(BNM) despolarizante disponível nos dias de hoje. A duração do blo- transversal e de prevalência. Foram selecionados 100 pacientes que
queio após sua administração é determinada pela hidrólise através receberam bloqueadores neuromusculares de duração intermediária,
da colinesterase plasmática, um processo muito rápido, que faz com com ou sem reversão empírica do BNM com anticolinesterásico. O
que apenas 10% da dose injetada atinjam a junção neuromuscular. grau de BNM foi avaliado no momento da admissão do paciente na
Esse BNM é degradado mais lentamente nos pacientes com redução sala de recuperação pós-anestésica com o aparelho TOF Watch SX
dessa enzima, podendo causar apneia prolongada. no modo TOF. Simultaneamente, foi avaliada a temperatura com o
Relato de caso: Masculino, 15 anos, ASA I, 75 kg, interna para tim- termômetro DigiThermo Infrared Ear Thermometer ET-100B.
panoplastia eletiva. História de hernioplastia inguinal e adenoidec- Resultado: Dos 100 pacientes selecionados, três foram excluídos.
tomia eletivas, sem intercorrências. Ausência de história familiar Foi utilizada, em média, uma dose de 0,64 mg/kg ou de 2,11 DE95
de intercorrências anestésicas. Realizada indução anestésica com de rocurônio, 0,59 mg/kg ou de 2,68 DE95 de atracúrio e 0,1 mg/kg
fentanil 250 mcg, propofol 150mg e cisatracúrio 10 mg. Intubação ou 1,98 DE95 de vecurônio. A reversão do bloqueio neuromuscular
orotraqueal e manutenção com isoflurano. Procedimento com du- com neostigmina foi feita em 80,4% dos pacientes, e a dose média
ração de 4 horas, sem intercorrências. Sem necessidade de nova utilizada foi de 0,025 mg/kg. A média da temperatura de admissão
dose de BNM. Halogenado desligado e paciente assume ventilação na REPAI foi de 35,3 °C, variando entre 32,2 e 37 °C, e das medidas
espontânea com CAM < 0,4. Descurarizado com 2 mg de neostigmina do TOF, 80,5%, variando entre 2 e 133%. O percentual de pacientes
e 1 mg de atropina. Realizada extubação, porém paciente evolui com TOF < 90% está estimado em 52,6%, com intervalo de confiança
com trismo importante, ventilação errônea e dessaturação, com de 95% dado por 42,6% a 62,5%. Sendo assim, existe 95% de chance
incapacidade de ventilação sob máscara. Administrados 100 mg de de que este intervalo contenha o verdadeiro percentual de casos
succinilcolina, com relaxamento mandibular e ventilação sob más- com TOF < 90% na população estudada. O percentual de pacientes
cara. Após 15 minutos, paciente mantém apneia, introduzida más- com TOF < 90% foi calculado em 56,1% para o rocurônio, 37,5% para
cara laríngea. Com a possibilidade de tratar-se de paciente com o atracúrio e 71,4% para o vecurônio. Contudo, não houve associa-
pseudocolinesterase atípica, seguimos as orientações do Laborató- ção significativa entre o tipo de relaxante e o TOF (p = 0,173; teste
rio de Pseudocolinesterase Atípica da Universidade Federal de San- de Qui-quadrado).
ta Catarina: instalamos TOF, mantivemos o paciente sedado e em Conclusão: Os resultados desse estudo demonstraram que, a
ventilação mecânica. Após 4 horas, com TOF > 90%, a sedação foi despeito da reversão empírica do bloqueio neuromuscular, a
desligada e o paciente evoluiu com ventilação espontânea. Extu- prevalência de curarização residual permanece elevada. Mesmo
bado sem intercorrências após despertar. Após 24 horas, coletamos sendo conhecidas as consequências do bloqueio neuromuscular
S104 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

residual, ainda são utilizadas subdoses de anticolinesterásicos. clínica e neuromuscular na fase pós-anestésica, até a recuperação
Além disso, a monitorização objetiva do bloqueio neuromuscular completa do BNM.
parece ser uma medida de exceção, já que não é obrigatória e, Referências:
muitas vezes, não está disponível. Consequentemente, os pa­ 1. Kasiakou S, Falagas M. Toxicity of polymyxins: a systematic re-
cientes estão expostos ao risco de bloqueio neuromuscular view of the evidence from old and recent studies. Critical Care.
residual e suas complicações, reforçando a necessidade tanto de 2006;10:1-13.
monitorização como de reversão com drogas específicas para tal 2. Zwer F. Factors affect neuromuscular transmission and block. J
e em doses adequadas. Anesth Crit Care. 2016;6:1-6.
Referências:
1. Naguib M, Kopman AF, Ensor JE. Neuromuscular monitoring and
postoperative residual curarization: a meta-analysis. Br J Anaes- TLO184 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROLONGADO APÓS
th. 2007;98:302-16. USO DE SUCCINILCOLINA: RELATO DE CASO
2. Murphy GS, Brull SJ. Residual neuromuscular block: lessons
Leonardo Goldbarg, Antonio Feijo de Feijo,
unlearned. Part I: definitions, incidence, and adverse physio-
Guilherme Meirelles Leite R. da Silva, Fernanda Fischer,
logic effects of residual neuromuscular block. Anesth Analg.
2010;111:120-8. Betânia Novelo, Taissa Morellato Basso*
Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Porto Alegre, RS, Brasil
Introdução: A popularidade da succinilcolina é decorrente de seu
TLP996 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PERSISTENTE NO
rápido início de ação e curta duração. À medida que penetra na
PACIENTE CRÍTICO: UM RELATO DE CASO
circulação ela já é metabolizada pela enzima pseudocolinesterase.
André Fernandes Botrel e Silva*, Bruno de Oliveira Matos, A diminuição dessa enzima ocorre em uma série de situações, tais
Verônica Lívia Dias, Fabio Maciel Rosa Pereira, como gestação, doença hepática, insuficiência renal e algumas
José Carlos Braga Nitzsche, Marcílio Batista Pimenta drogas (prolonga cerca de 25 minutos). Nos casos genéticos
(pseudocolinesterase atípica) em que ocorre uma alteração na
Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG, Brasil
qualidade ou quantidade da enzima, o diagnóstico é feito por medida
Introdução: Alguns antibióticos (ATB) são capazes de causar blo- da atividade da pseudocolinesterase ou pelo número de dibucaína, já
queio neuromuscular (BNM); entretanto, isso raramente acontece que a dosagem da enzima é normal na maioria das vezes.
com as doses que são utilizadas para os tratamentos clínicos em Relato de caso: Paciente SRPL, 57 anos, sem comorbidades prévias,
pacientes sem doenças neuromusculares. Porém, quando associados candidata a exérese de lesão cervical superficial. Foi realizada
a bloqueadores neuromusculares, os ATB podem interferir direta- indução de anestesia geral com alfentanil 500 mcg, propofol 120 mg,
mente em sua ação. xilocaína 80 mg e succinilcolina 80 mg, intubação sob laringoscopia
Relato de caso: Paciente de 52 anos, vítima de agressão por arma direta sem intercorrências. Ventilação controlada por volume 500
de fogo, em 32º dia de pós-operatório de laparotomia exploradora mL, frequência respiratória 14, PEEP 5, FIO2 98%, manutenção com
com esplenectomia e rafia de lesões em estômago, esôfago, fígado sevoflurano. Não foram utilizadas doses adicionais de bloqueadores
e cólon, com sepse bacteriana, em uso de piperacilina + tazobac- neuromusculares. A cirurgia transcorreu sem intercorrências, com
tam, daptomicina e polimixina B, além de disfunção renal aguda duração de 70 minutos. Após 20 minutos do fechamento do vapo-
KDIGO 3 com níveis elevados de potássio sérico. Internado na UTI rizador, a paciente teve indícios de superficialização, porém sem
e admitido no bloco cirúrgico extubado e orientado para realiza- assumir adequadamente ventilação. Os parâmetros hemodinâmicos
ção de abordagem cirúrgica de fístulas intestinais. Procedeu-se à eram normais. Iniciou-se monitorização com TOF (train of four),
indução anestésica com fentanil 3 mcg/kg, rocurônio 1 mg/kg e que apresentava leitura de 10%. Cento e sessenta minutos após a in-
propofol 2,5 mg/kg; mantida anestesia com sevoflurano com fração dução, paciente mantinha-se com TOF 14%. Encaminhada para sala
expirada, objetivando uma CAM. O procedimento cirúrgico evoluiu de recuperação em ventilação mecânica, após dose de midazolam
sem intercorrências, com duração total de 180 minutos, necessi- 5 mg, fentanil 100 mcg e propofol 50 mg. Uma hora após chegada
dade de repetição apenas de doses de opioides e administração de na sala de recuperação (220 minutos após indução), realizado TOF
cisatracúrio 2 mg após 90 minutos de início da anestesia. O paciente 48%; após 250 minutos: TOF 75%; e após 310 minutos: TOF 100%.
apresentou BNM persistente ao final do procedimento, observado Realizada extubação, paciente com saturação de 100% com O2 em
qualitativamente ao estimulador de nervo periférico e resistente óculos nasal 3 L/min, mantendo sinais vitais estáveis.
à descurarização com neostigmina. Foi conduzido ao CTI intubado, Discussão: Pacientes com pseudocolinesterase plasmática atípica
aguardando eliminação espontânea da droga, e foi extubado 4 horas heterozigótica apresentam bloqueio levemente prolongado (20 a 30
após admissão. minutos). Aqueles com variação homozigótica produzem uma enzima
Discussão: Alguns mecanismos são citados como responsáveis pelas com pouca ou nenhuma afinidade pela succinilcolina. Esses apresen-
alterações causadas pelos ATB na atuação dos bloqueadores neu- tarão um bloqueio muito longo (4 a 8 horas), pois a enzima não tem a
romusculares, entre eles a redução da liberação de acetilcolina, habilidade de hidrolisar pontes de éster nos fármacos tais como a suc-
o bloqueio direto dos canais e a diminuição da sensibilidade dos cinilcolina e mivacúrio. Essa condição é reconhecida, muitas vezes,
receptores nicotínicos. O uso concomitante de polimixinas e re- somente depois que pacientes saudáveis submetidos a doses conven-
laxantes musculares curariformes, bem como outras drogas como cionais de succinilcolina ou mivacúrio apresentam paralisia prolonga-
succinilcolina, deve ser evitado, uma vez que esses agentes de- da de músculo esquelético. O quadro clínico e, se houver disponibi-
sencadeiam BNM. A interação das polimixinas com os neurônios lidade, os exames laboratoriais permitem a confirmação diagnóstica
foi associada à ocorrência de diversos eventos neurotóxicos, como da presença da colinesterase plasmática atípica. É essencial o uso do
fraqueza muscular, vertigem, confusão mental, alucinações, ata- estimulador de nervo periférico (TOF) para demonstrar a profundi-
xia, surdez, convulsões e bloqueio neuromuscular. Esse BNM produz dade do bloqueio neuromuscular e manter em ventilação mecânica
uma síndrome clínica miastenia-like, com falência respiratória ou contínua até que a função neuromuscular retorne ao normal.
apneia devido à paralisia muscular respiratória. Pacientes com fun- Referência:
ção renal alterada ou miastenia gravis possuem risco aumentado 1. Pimenta KB. Bloqueio neuromuscular prolongado após admi-
de desenvolver o BNM e paralisia respiratória, principalmente as- nistração de mivacúrio: relato de caso. Rev Bras Anestesiol.
sociados às polimixinas. Portanto, é recomendada a monitorização 2005;55:552-7.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S105

TLO402 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROLONGADO COM Relato de caso: Mulher, 19 anos, 71 kg, 165 cm de altura, em uso de
O USO DE SUCCINILCOLINA EM CIRURGIA GINECOLÓGICA – prednisona, metotrexato e piridostigmina. História de 3 episódios
RELATO DE CASO de insuficiência respiratória aguda com necessidade de intubação
traqueal para manutenção da ventilação. Internada para realiza-
José Luiz de Sousa Júnior*, Romulo Guerra Guimarães, ção de timectomia vídeoassistida. Exames pré-operatórios normais.
Débora Bonato, João Manoel da Silva Junior, Bruna Nunes Fernando, Foi realizada monitorização obrigatória (ECG, PANI, SpO2 e EtCO2)
Anna Christina Brasileiro Silva Pacheco e da junção neuromuscular pelo TOF-Watch® em membro superior
Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), São Paulo, SP, Brasil esquerdo, que foi calibrado antes da administração do bloqueador
neuromuscular. Após venóclise e pré-oxigenação sob máscara facial
Introdução: Os bloqueadores neuromusculares têm como função por 3 minutos, foi induzida com lidocaína 80 mg, fentanil 210 mcg,
interromper a transmissão neuromuscular e proporcionar o relaxa- propofol 150 mg e rocurônio 40 mg. Em 90 segundos, foi atingido
mento da musculatura esquelética, facilitando o acesso à via aérea bloqueio neuromuscular profundo, com ausência de resposta à se-
e melhorando condições cirúrgicas. A duração desse efeito é influen- quência de 4 estímulos (SQE) e à contagem pós-tetânica (CPT). A
ciada pelo tipo de droga, dose, concentração e condições clínicas anestesia foi mantida venosa total, com propofol e remifentanil.
do paciente. Não houve necessidade de dose adicional do rocurônio durante a
Relato de caso: Paciente R.S.F., 53 anos, 65 kg, feminino, subme- cirurgia. O procedimento durou 130 minutos e, ao final, a paciente
tida a exérese de mioma parido em caráter de urgência. Duração apresentava relação T4/T1 em 75%, sendo então revertido o blo-
prevista: 15 minutos. Comorbidades: hipertensão, hipotireoidismo queio com sugammadex 200 mg. Após 5 minutos, houve recuperação
e arritmia (extrassístole isolada). Nega alergias. Proposta anesté- da transmissão neuromuscular com relação T4/T1 > 0,9. Procedeu-
sica: Anestesia geral, justificada pela ausência de coagulograma se então à extubação, porém a paciente evoluiu com desconforto
pré-operatório. Indução venosa com 100 mg de propofol, 200 mcg respiratório e dessaturação, necessitando de ventilação assistida
de fentanil, 70 mg de succinilcolina. Paciente reagiu à laringosco- sob máscara facial. Nesse momento, a relação T4/T1 regrediu para
pia, sendo administrados mais 20 mg de succinilcolina e 100 mg de 63%. Administrou-se novamente sugammadex 200 mg, havendo me-
propofol, com posterior sucesso na intubação orotraqueal. Dura- lhora da relação T4/T1 em 3 minutos para 98%. A paciente foi enca-
ção do procedimento: 12 minutos. Suspensão dos fármacos e ten- minhada à unidade de terapia intensiva em ventilação espontânea,
tativa de despertar. Apresentou ventilação espontânea 10 minutos sem desconforto respiratório, mantendo saturação acima de 92%
depois, com posterior extubação. Cinco minutos após, iniciou qua- em ar ambiente.
dro de insuficiência respiratória e sinais de bloqueio neuromus- Discussão: A anestesia no paciente portador de miastenia gravis
cular residual, com queda da saturação periférica de oxigênio. deve ser cuidadosa em relação à titulação e escolha do bloqueador
Iniciadas medidas de ventilação não invasivas, porém, ineficazes, neuromuscular. A resposta do paciente muitas vezes é imprevisível,
sendo necessária reintubação. Prosseguiu-se com descurarização devido ao amplo espectro da doença. Assim, torna-se fundamental
com 1 mg de atropina e 2 mg de neostigmina. Realizadas novas a monitorização da transmissão neuromuscular durante o
tentativas de extubação, mas a paciente não apresentou respi- procedimento. O uso de sugammadex na reversão do rocurônio tem
ração espontânea. Transferida para UTI 1 hora depois, sendo ex- se mostrado seguro nesses pacientes, mesmo em doses habituais.
tubada novamente 4 horas após a admissão, sem intercorrências. Bloqueio neuromuscular residual é observado principalmente
Alta no dia seguinte. quando é necessária dose de sugammadex maior que 4 mg/kg.
Discussão: As possíveis causas para o bloqueio neuromuscular pro- Referências:
longado com a succinilcolina são o bloqueio de fase II e a deficiência 1. Kim RK, Kim SY. Rapid return of spontaneous respiration after ge-
de pseudocolinesterase. No bloqueio de fase II, a estimulação repe- neral anesthesia with sugammadex in a patient with myasthenia
tida causa alteração do receptor para o estado inativo. Há fadiga, gravis. J Lifestyle Med. 2016;6:43-6.
potenciação pós-tetânica, simulando um bloqueio neuromuscular 2. Sungur Z, Sentürk M. Anaesthesia for thymectomy in adult
adespolarizante. A deficiência da pseudocolinesterase pode ser con- and juvenile myasthenic patients. Curr Opin Anaesthesiol.
gênita ou adquirida e é investigada com dosagens de pseudocolines- 2016;29:14-9.
terase e teste de dibucaína. O diagnóstico diferencial é essencial.
Ventilação controlada e sedação devem ser mantidos até a recupe-
ração da força muscular. TLO151 COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA EM
Referência: PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVIS
1. Dell-Kuster S, Levano S, Burkhart CS, et al. Predictors of the
variability in neuromuscular block duration following succinyl- Thiago Gonçalves Wolf, Denise Zamprogno de Sousa*,
choline. Eur J Anaesthesiol. 2015;32:687-96. Tito Augusto Guimarães Peixoto, Gustavo Henrique de Abreu Caetano,
Dener Augusto Diniz, Marcos Leonardo Rocha
Hospital Universitário Ciências Médicas, Belo Horizonte, MG,
TLO421 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR RESIDUAL APÓS USO Brasil
DE SUGAMMADEX EM PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS
Introdução: Anestesia em pacientes com miastenia gravis está as-
Bruno Mendes Carmona, sociada a um aumento da mortalidade e de complicações, e maior
Mário Nazareth Chaves Fáscio, Bruno Oliveira de Matos, tempo de intubação na unidade de terapia intensiva.
Sayuri Kawamura Barcellos de Albuquerque*, Thiago Coimbra Alves, Relato de caso: Paciente LSP, 57 anos, feminina, 69 kg, 155 cm de
Cayo Almyr Silva Favacho altura, submetida a colecistectomia videolaparoscópica eletiva.
Previamente diagnosticada como portadora de miastenia gravis
Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
e síndrome de Sjögren, em uso rotineiro de hidrocloroquina, ci-
Introdução: A miastenia gravis é uma doença neurológica crônica, closporina e fluoxetina, mantendo bom controle da doença. LSP
de caráter genético e autoimune, que afeta a transmissão neuro- foi monitorada conforme padrão ASA, e a função neuromuscular
muscular. A timectomia vídeoassistida é uma das técnicas cirúrgicas foi mensurada com o dispositivo TOF. Foi utilizada uma única dose
utilizadas no tratamento dessa doença. Nesses casos, quando o uso de rocurônio (0,6 mg/kg) para facilitar a intubação orotraqueal.
de bloqueadores neuromusculares é necessário, a monitorização da Optou-se por mantê-la em infusão venosa contínua de remifen-
junção neuromuscular torna-se imperiosa. tanil (0,10-0,25 µg/kg/min) e propofol (TCI Marsh model efeito
S106 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

3 mcg/mL) até o desfecho do procedimento. A paciente evoluiu pós‑anestésica em relação aos escores do questionário QOR-40. No-
com boa estabilidade hemodinâmica durante o ato cirúrgico e, vos trabalhos são necessários, com maior tamanho amostral, para
ao final, houve uma reversão rápida e completa do bloqueio neu- ratificar os resultados encontrados.
romotor feita com sugammadex (2 mg/kg), sendo extubada com Referências:
sucesso antes da transferência à unidade de terapia intensiva. No 1. Amorim P, Lagarto F, Gomes B, et al. Neostigmine vs. Sugamma-
pós-operatório, se manteve estável, em ventilação espontânea, dex: observational cohort study comparing the quality of reco-
até a alta hospitalar. very using the postoperative quality recovery scale. Acta Anaes-
Discussão: Este relato de caso sugere que o uso de sugammadex é thesiol Scand. 2014;58:1101-10.
seguro e efetivo como antagonista do rocurônio em pacientes com 2. Abad-Gurumeta A, Ripollés-Melchor J, Casans-Francés R, et al. A
miastenia gravis, bem como o uso de propofol associado ao remifen- systematic review of sugammadex vs neostigmine for reversal of
tanil em infusão contínua permite controle da profundidade anesté- neuromuscular blockade. Anaesthesia. 2015;70:1441-52.
sica, boas condições operatórias, estabilidade hemodinâmica e um
bom tempo de recuperação pós-anestésica.
Referências: TLO223 COMPARAÇÃO DO TOFR NORMALIZADO COM
1. Jamal BT, Herb K. Perioperative management of patients with O NÃO NORMALIZADO NA INCIDÊNCIA DE BLOQUEIO
myasthenia gravis: prevention, recognition, and treatment. Oral
NEUROMUSCULAR RESIDUAL
Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2009;107:612.
2. De Boer HD, Shields MO, Booij LH. Reversal of neuromuscular Leandro Alvino Melo de Lima*, Edgar Vieira do Nascimento, Jane
blockade with sugammadex in patients with myasthenia gravis: Auxiliadora Amorim, Otávio Damázio Filho,
a case series of 21 patients and review of the literature. Eur J Rogério Camilo Alcoforado Barroso Braga, Lucas Wanderley Lima
Anaesthesiol. 2014;31:715.
Centro de Ensino e Treinamento (CET) em Anestesiologia dos
Hospitais da Restauração, Getúlio Vargas e Oswaldo Cruz, Recife,
PE, Brasil
TLP502 COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DA RECUPERAÇÃO
PÓS-ANESTÉSICA APÓS REVERSÃO DE BLOQUEIO Justificativa e objetivos: O bloqueio neuromuscular residual
NEUROMUSCULAR COM NEOSTIGMINA OU SUGAMMADEX (BNMR) apresenta incidência variável, entre 10,8% e 57%, e está
EM COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA associado a diversas complicações pós-operatórias, principalmente
respiratórias. A mecanomiografia (MMG) é o método padrão-ouro
Nathália dos Santos Lins*, Rodrigo de Andrade Cunha,
utilizado na sua avaliação, sendo diagnosticado o BNMR quando o
Antonio Christian Evangelista Gonçalves, valor do train-of-four ratio (TOFr) é < 0,9. Entretanto, pela faci-
Carlos Alberto Campos Falcão Filho, Juliano Farias Cordeiro, lidade técnica e baixo custo, a aceleromiografia (AMG) tem sido o
Raquel Araújo Parente método de monitorização quantitativa mais empregado na práti-
Hospital Agamenon Magalhães, Recife, PE, Brasil ca clínica, apesar de apresentar valores de TOFr basais significa-
tivamente superiores aos da MMG, subestimando a incidência de
Justificativa e objetivos: O objetivo do estudo foi avaliar a BNMR. Visando à adequada correlação desses métodos, o cálculo
qualidade da recuperação pós-anestésica, através do questionário da normalização do TOFr (TOFrN) tem sido apontado como capaz
QOR-40, em pacientes que receberam neostigmina ou sugammadex de melhorar a precisão da AMG em relação à MMG. O objetivo deste
para reversão do bloqueio neuromuscular após colecistectomias
estudo foi comparar a incidência de BNMR com a utilização do TOFr
videolaparoscópicas, uma vez que existem poucos estudos com esse
normalizado (TOFrN) e o não normalizado (TOFr).
objetivo na literatura.
Método: Ensaio clínico randomizado e duplamente encoberto
Método: Foi realizado um ensaio clínico duplo-cego e randomiza-
com uma amostra de 30 pacientes adultos, ASA I e II, de ambos os
do. A amostra foi composta por 23 pacientes adultos, submetidos a
gêneros, monitorizados no perioperatório com aparelho TOF-Wat-
cirurgia eletiva sob anestesia geral, e que receberam neostigmina
ch®SX calibrado através da estimulação periférica do nervo ulnar
(n = 11) ou sugammadex (n = 12) como agentes de reversão de
por AMG. Todos os pacientes tiveram seus sinais vitais monitori-
bloqueio neuromuscular. Foram excluídos do estudo: pacientes com
zados, foram submetidos à anestesia venosa total e foi aferido o
história de coagulopatia, infecção recente (< 1 mês), uso atual de
TOFr basal imediatamente antes da administração de 0,6 mg/kg de
um analgésico opioide ou corticosteroides, alergias a medicamen-
rocurônio. Medidas seriadas foram realizadas no intraoperatório, e
tos utilizados no estudo, comprometimento neurológico grave ou
suspeita de via aérea difícil. Todos os pacientes foram monitori- para reversão do bloqueio neuromuscular (BNM) foram administra-
zados com cardioscopia, pressão não invasiva, oximetria de pulso das, em todos os pacientes, neostigmina (50 mcg/kg) e atropina (25
e capnografia. Realizada anestesia geral balanceada com indução mcg/kg) quando o train of four (TOF) estava com três respostas ou
endovenosa: fentanil 3-4 µg/kg, propofol 2 mg/kg e rocurônio 0,6 TOFr ≤ 0,7 ao término da cirurgia. Os pacientes foram randomiza-
mg/kg. Manutenção da anestesia com sevoflurano 1-1,5 CAM (con- dos em dois grupos: Grupo T (TOFr) = 15 pacientes extubados com
centração alveolar mínima), associado a remifentanil 0,1-0,3 µg/ TOFr > 0,9 e Grupo N (TOFrN) = 15 pacientes extubados com TOFrN
kg/min em infusão contínua. Ao final do procedimento, o bloqueio (TOFr basal × 0,9). Todos os pacientes foram encaminhados à Sala
neuromuscular foi revertido de acordo com cada grupo randomiza- de Recuperação Pós-anestésica (SRPA) com os respectivos aparelhos
do, sendo feito sugammadex 4 mg/kg ou neostigmina 0,04 mg/kg de monitorização do BNM. Foram avaliadas a ocorrência de eventos
associado à atropina 0,02 mg/kg. A analgesia foi padronizada com respiratórios durante a permanência na SRPA. Foi realizada a análi-
dipirona 30 mg/kg e cetoprofeno 100 mg, e profilaxia antieméti- se estatística descritiva inferencial e considerado estatisticamente
ca com dexametasona 8 mg e ondansetrona 4 mg. O questionário significativo o valor de p < 0,05.
avaliou após 24 horas: conforto físico, independência física, estado Resultado: Os grupos foram homogêneos em relação a idade, gê-
emocional, apoio psicológico e dor. nero, estado físico e IMC. Dos 30 pacientes, 7/23% apresentaram
Resultado: Não houve diferença estatisticamente significativa nos BNMR. A análise complementar de comparação de proporções mos-
escores globais do questionário QOR-40 entre os grupos, bem como trou que a incidência de BNMR foi inferior e estatisticamente sig-
nos domínios conforto, emoções, independência, suporte e dor. nificativa no Grupo N (1/6,7% vs. 6/40% no Grupo T; z = -2,16, p =
Conclusão: Este estudo não mostrou diferença estatística entre os 0,01). Dois pacientes do Grupo T (2/13%) apresentaram saturação
grupos sugammadex e neostigmina na qualidade da recuperação periférica de oxigênio (SpO2) ≤ 94% na SRPA.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S107

Conclusão: Neste estudo, o uso do TOFrN reduziu significativamente TLO883 ENSAIO CLÍNICO ADAPTATIVO PARA A
a incidência de BNMR na SRPA, em comparação com o TOFr não DETERMINAÇÃO DA DE50 DO ROCURÔNIO PARA
normalizado. CONDIÇÕES EXCELENTES DE RELAXAMENTO DA PAREDE
Referência: ABDOMINAL EM VIDEOCOLECISTECTOMIA
1. Fuchs-Buder T, Claudius C, Skovgaard LT, et al. Good clinical re-
search practice in pharmacodynamic studies of neuromuscular Robson Almeida Brito, Cátia Sousa Govêia,
blocking agents II: the Stockholm revision. Acta Anaesthesiol Edson Wander Xavier da Rocha, Gabriel Magalhães Nunes Guimarães,
Scand. 2007;51:789-808. Nilvan de Oliveira Junior*, Alene Cunha do Nascimento
Centro de Anestesiologia da Universidade de Brasília (UnB),
Brasília, DF, Brasil
TLP457 DESPERTAR PROLONGADO APÓS USO DE
SUCCINILCOLINA: RELATO DE CASO Justificativa e objetivos: A cirurgia videolaparoscópica apresenta
uma série de vantagens em relação à cirurgia convencional, tais
Thomás Cé de Oliveira*, Breno José Santiago Bezerra de Lima, como menores incisões, menor comprometimento da função pul-
Roberto Henrique Benedetti, Luciana Evangelista Rosa Moreira, monar, menor incidência de íleo pós-operatório, deambulação e
Carla Tortelli Bräscher, Rodolfo de Pinho Paes Barreto alta hospitalar precoces e redução de custos. Um relaxamento da
parede abdominal excelente para esse procedimento é de suma im-
Hospital Florianópolis/Cepon, Florianópolis, SC, Brasil
portância. De acordo com a literatura científica existente, a dose
Introdução: A succinilcolina é um bloqueador neuromuscular des- eficaz (DE50) do rocurônio para um relaxamento abdominal exce-
polarizante, de início de ação rápido e duração de ação ultracurta, lente durante videocolecistectomia ainda não foi determinada. O
utilizado principalmente em induções em sequência rápida, quando objetivo deste trabalho foi determinar a DE 50 do rocurônio para um
o paciente deve ser intubado o mais rapidamente possível. relaxamento da parede abdominal excelente em videocolecistec-
Relato de caso: Paciente masculino com 66 anos de idade, 75 kg, tomia. Como desfecho secundário comparou-se a diferença entre
165 cm, sem comorbidades conhecidas, com história prévia de bióp- características do bloqueio neuromuscular consideradas excelentes
sia de laringe e traqueostomia, sem alterações em exames de la- e insatisfatórias.
boratório, candidato a exérese de tumor de laringe. Foi realizada Método: Desenho de ensaío clínico adaptativo. Foram selecionados
indução de anestesia geral com fentanil 250 mcg, propofol 100 mg pacientes submetidos a videocolecistectomia, submetidos a aneste-
e succinilcolina 70 mg, intubação sob laringoscopia direta e ma- sia com fentanil, propofol, rocurônio, sevoflurano e remifentanil.
nutenção com sevoflurano. Não foram utilizadas doses adicionais Foi administrada no primeiro paciente uma dose de rocurônio de 0,6
de bloqueadores neuromusculares. A cirurgia transcorreu sem in- mg/kg. A avaliação do relaxamento abdominal foi realizada pelo ci-
tercorrências. Noventa minutos após a indução e 30 minutos após o rurgião após o pneumoperitônio. A classificação de “excelente” con-
fechamento do vaporizador, o paciente ainda não apresentava mo- siderou critérios de rigidez abdominal, movimento diafragmático e
vimentos ventilatórios espontâneos. Os parâmetros hemodinâmicos visibilidade com pressão intra-abdominal de 15 mmHg. A alocação
eram normais. Nesse momento, iniciou-se monitorização com TOF do próximo paciente para uma dose acima ou abaixo de 0,6 mg/kg
(train of four), que apresentava leitura de 63%. A sedação e a venti- foi baseada na metodologia up-and-down de Dixon. Após obtenção
lação mecânica foram mantidas até a normalização do TOF (> 90%), de seis crossovers o estudo foi interrompido. Para análise dos fato-
o que ocorreu 4 horas após a indução. Foi realizada extubação, e res de confusão: dose do rocurônio, fração expirada de sevoflurano,
o paciente foi levado para a sala de recuperação. Apresentava-se temperatura, valor do train of four (TOF) ou contagem pós-tetâni-
lúcido e orientado, com sinais vitais estáveis, e referia memória do ca (CPT), tempo transcorrido entre a administração do rocurônio e
momento em que estava curarizado, mas sem sedação. O diagnós- avaliação pelo cirurgião. Teste de Wilcoxon-Mann-Whitney utilizado
tico de variante atípica da pseudocolinesterase foi confirmado por para os desfechos secundários.
teste genético. Resultado: Vinte e um pacientes participaram deste ensaio clínico.
Discussão: A succinilcolina é degradada rapidamente no plasma A DE50 do rocurônio para aquisição de relaxamento abdominal exce-
pela enzima pseudocolinesterase; por isso, a duração do bloqueio lente foi de 0,4 mg/kg. Na análise secundária, não houve diferença
neuromuscular não ultrapassa 13 minutos em pacientes normais. quanto ao tempo entre administração do rocurônio e a avaliação
Um aumento significativo no tempo de duração do bloqueio induzido pelo cirurgião, valor do TOF, temperatura, idade e peso (p > 0,05)
por succinilcolina pode ocorrer em indivíduos com variantes gené- entre os pacientes com relaxamento abdominal excelente e insa-
ticas da pseudocolinesterase. Em heterozigotos atípicos (1/480), a tisfatório.
duração do bloqueio aumenta para até 30 minutos, enquanto nos Conclusão: A DE50 do rocurônio encontrada para relaxamento da
homozigotos atípicos (1/3200) o bloqueio pode durar até 8 horas. O parede abdominal excelente em videocolecistectomia foi de 0,4
diagnóstico dessas variantes pode ser realizado através da medida mg/kg.
do número de dibucaína: valores acima de 80 indicam a enzima Referências:
normal; entre 40 e 60, a variante heterozigota atípica; e abaixo de 1. Kopman AF, Naguib M. Laparoscopic surgery and muscle relaxan-
20, a homozigota atípica. O tratamento do bloqueio neuromuscular ts: is deep block helpful. Anesth Analg. 2015;120:51-8.
prolongado consiste em manter o paciente sedado, monitorizado 2. Blobner M, Frick CG, Stäuble RB, et al. Neuromuscular blockade
e acoplado a um ventilador mecânico até que a succinilcolina seja improves surgical conditions (NISCO). Surg Endosc. 2015;29:627-36.
excretada pelos rins e a função neuromuscular retorne ao normal,
o que pode ser constatado através de uma leitura de TOF acima de
90%. TLO193 INFLUÊNCIA DA LIDOCAÍNA POR VIA PERIDURAL
Referências: NAS CARACTERÍSTICAS FARMACODINÂMICAS DO
1. Jensen FS, Viby-Mogensen J. Plasma cholinesterase and abnor- ROCURÔNIO: UM ENSAIO CLÍNICO ALEATORIZADO
mal reaction to succinylcholine: twenty years’ experience with
Angélica de Fátima de Assunção Braga, Pedro Velloso Margarido*,
the Danish Cholinesterase Research Unit. Acta Anaesthesiol
Fernando Eduardo Féres Junqueira, Franklin Sarmento da Silva Braga,
Scand. 1995;39:150-6.
Vanessa Henriques Carvalho, Ana Paula Chibeni Fernandez
2. Torda TA, Graham GG, Warwick NR, et al. Pharmacokinetics and
pharmacodynamics of suxamethonium. Anaesth Intensive Care. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP,
1997;25:272-8. Brasil
S108 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Justificativa e objetivos: Os anestésicos locais (AL), comumente por algum fármaco ou devido a uma enzima geneticamente varian-
empregados na prática clínica por diferentes vias de administração, te, podendo ser: silenciosa, resistente ao fluoreto e atípica – este
podem interferir em várias fases da transmissão neuromuscular, último caso podendo ter variáveis homozigota, com prevalência na
alterando as características farmacodinâmicas dos bloqueadores população de 0,04%, ou heterozigota, com prevalência de 4%. Tes-
neuromusculares. Em estudo realizado em ratos, no qual se avaliou tes laboratoriais podem ser feitos para diagnosticar quem possui
o efeito da lidocaína na transmissão neuromuscular e sua influência esse defeito genético enzimático, como número de dibucaína ou
no bloqueio produzido pelo rocurônio, observou-se que o AL não número de fluoreto. Essas variáveis genéticas estão relacionadas
alterou a amplitude das respostas musculares nem os potenciais de ao tempo de bloqueio, podendo ser leve a prolongado e durando
membrana, mas diminuiu a frequência e a amplitude dos potenciais cerca de 4 horas.
de placa terminal em miniatura e a resposta contraturante Relato de caso: C.C.S., 17 anos, sexo feminino, 50 kg, estado físico
à acetilcolina, evidenciando um efeito pré e pós-sináptico, ASA IE, submetida a apendicectomia videolaparoscópica. Na avalia-
respectivamente, que pode explicar a potencialização do bloqueio ção pré-anestésica, negou alergias, cirurgias prévias, uso de drogas;
produzido pelo rocurônio.1 O objetivo deste estudo foi avaliar a relatou estar de estômago cheio, exames laboratoriais com discreta
influência da lidocaína por via peridural na recuperação do bloqueio leucocitose, abdômen pouco distendido, sem nenhum preditor de
neuromuscular produzido pelo rocurônio. via aérea difícil. Realizada monitorização com pressão arterial não
Método: Foram incluídas no estudo 40 pacientes, ASA 1 e 2, invasiva, cardioscópio, oxímetro de pulso, capnografia, BIS. Não ha-
submetidas a cirurgias abdominais e distribuídas aleatoriamente via à disposição um monitor de bloqueio neuromuscular. Foi feita
em dois grupos de acordo com a técnica anestésica empregada: revisão de venóclise e indução anestésica com propofol 100 mg,
Grupo I (n = 20) – Anestesia Geral (AG) + Peridural; Grupo II (n = 20) remifentanil 0,3 mcg/kg/min, succinilcolina 50 mg EV; realizada
– Anestesia Geral. Nos dois grupos, todas as pacientes receberam intubação orotraqueal com tubo 7.0, acoplado à ventilação mecâ-
midazolam 2 mg EV 10 minutos antes do início da anestesia. A nica em sistema com absorvedor de CO2, FiO2 de 0,4 (O2/ar); feito
indução foi obtida com sufentanil (30-50 µg), propofol (2,0 mg/ cisatracúrio 5 mg e manutenção com remifentanil 0,2 mcg/kg/min
kg) e rocurônio (0,6 mg/kg). Seguiu-se ventilação sob máscara com e sevoflurano (1,5 CAM). Terminada cirurgia após 1 hora; porém, ao
O2 a 100% até obtenção de redução de 75% ou mais na amplitude realizar tentativa de extubação com analisador de gases com valor
da resposta do músculo adutor do polegar a estímulos isolados – zero, BIS 90, a paciente acordou com sinais subjetivos de curariza-
1Hz (aceleromiografia) quando se realizou intubação traqueal. ção residual; feito midazolam 5 mg e encaminhada ao CTI intubada.
A manutenção foi obtida com remifentanil e propofol em infusão Paciente foi extubada 6 horas depois, sem recordação intraoperató-
contínua e mistura gasosa de N2O/O2 (50%). No bloqueio peridural ria, com alta hospitalar após 2 dias. Atualmente, a paciente segue
foram utilizadas lidocaína a 1% (200 mg) + morfina (2 mg). Foram em investigação laboratorial para diagnóstico de portadora da enzi-
avaliados: duração clínica (DC 25%), Índice de Recuperação ma atípica da pseudocolinesterase.
(IR 25-75%) e tempo para obtenção de 90% de razão T4:T1 (TOF Discussão: O manejo anestésico, quando uma situação inespera-
0,9). A função neuromuscular foi monitorizada continuamente da de apneia prolongada ocorre, é de extrema importância para
com sequência de 4 estímulos (TOF). Na análise dos dados, foram o anestesiologista, para que o paciente tenha o melhor desfecho
empregados testes t de Student e qui-quadrado, e adotou-se um sem implicações traumáticas. O diagnóstico laboratorial serve de
nível de significância de 5% (p < 0,05). documentação para o paciente e para rastreio dos familiares, a fim
Resultado: Em relação aos dados antropométricos (idade, de evitar novas exposições à SCh e a outros fármacos sabidamen-
peso, estatura, IMC) e estado físico (ASA), não houve diferença te relacionados à apneia prolongada, como o mivacúrio e cocaína,
estatisticamente significativa entre os dois grupos. Os valores entre outros. Divulgar o tema, bem como os locais para realização
médios e desvios-padrão da DC 25%, do IR 25-75% e de TOF 0,9 (min) desses testes, faz diferença no manejo desses pacientes submetidos
nos dois grupos foram respectivamente: Grupo I – 55,4 ± 18,2 vs. a cirurgias emergenciais.
Grupo II – 41,4 ± 9,47 (p = 0,005); Grupo I – 19,5 ± 11,9 vs. Grupo Referência:
II – 18,3 ± 10,7 (p = 0,64); Grupo I – 92,8 ± 26,8 vs. Grupo II – 75,4 ± 1. Brull SJ. Neuromuscular Blocking Agents. In Barash, Cullen,
13,4 (p = 0,014). et al. Clinical Anesthesia. 8ed. Philadelphia, Wolters Kluwer,
Conclusão: A lidocaína por via peridural prolongou o bloqueio neu- 2017;527-63.
romuscular produzido pelo rocurônio.
Referência:
1. Braga AFA, Carvalho VH, Braga FS, et al. Influence of local anes- TLO341 MIASTENIA GRAVIS. RELATO DE CASO
thetics on the neuromuscular blockade produced by rocuronium:
Marcos Eyder Leite Fragoso, Marcos Antonio Costa de Albuquerque,
effects of lidocaine and 50% enantiomeric excess bupivacaine on
the neuromuscular junction. Rev Bras Anestesiol. 2009;59:725-34. Karla Regina Gonçalves da Rocha, Lauro d’Avila Silveira Barreto,
Rafael Cerqueira Oliveira
Centro de Ensino e Treinamento (CET) Menino Jesus de Praga,
TLO134 MANEJO DA APNEIA PROLONGADA APÓS USO Aracaju, SE, Brasil
DE BLOQUEADOR NEUROMUSCULAR DESPOLARIZANTE:
Introdução: Miastenia Gravis. Doença autoimune, neurológica, que
RELATO DE CASO
afeta a porção pós-sináptica da placa motora, cujos anticorpos li-
Nicoly de Souza Lima Barberio*, Letícia C. Cardoso Fontes dos Santos, gam-se às subunidades alfa dos receptores nicotínicos da acetilco-
Bruno Serra Guida, Karen Amaral Faria, lina, reduzindo o sítio de ação daquela na placa mioneural e, com
Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Marcelo Biaggio Solano isso, induzindo fraqueza dos movimentos esqueléticos voluntários.
Oitenta e cinco por cento dos casos referem-se ao timo: 10% timo-
Hospital Pasteur, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
ma, 80% hiperplasia folicular. Sobrevida de 5 anos em 90% pós‑ti-
Introdução: O bloqueador neuromuscular despolarizante conhecido mectomia.
como succinilcolina (SCh) é um fármaco utilizado para realizar intu- Relato de caso: Mulher, 37 anos, 53 kg, MG e nódulo de tireoide.
bações em sequência rápida, porque possui início de ação em 1 mi- Admitida para tireoidectomia e timectomia via transesternal. Em
nuto e paralisia muscular esquelética por 4 a 6 minutos. O bloqueio uso de piridostigmina 60 mg 4/4h, prednisona 55 mg/dia. Sem ci-
prolongado após uso de SCh pode ser causado por baixos níveis da rurgias prévias. Nega: álcool, tabagismo, alergia. DUM há 3 meses,
enzima colinesterase plasmática, pela supressão de sua atividade mas beta HCG negativo. VA: boa abertura oral, Mallampati II, DTM
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S109

> 12,5 cm, nódulo cervical anterior, mas boa mobilidade cervical. a profundidade do bloqueio. Ao final da cirurgia, após recuperação
AR MV presentes s/RA AVC: BCNF, 2T, sopro sistólico. Jejum adequa- espontânea da 2a resposta do TOF (T2), 2 mg.kg-1 de sugammadex
do, sem MPA, venóclise 20G MSD prévio. Cardioscopia, oximetria foram administrados a cada paciente de acordo com o cálculo de
de pulso, PNI, temperatura, capnografia, BIS. PA 120/90 mmHg, FC peso do seu grupo de alocação. Tempo de reversão foi definido como
74 bpm, SpO2 100%. Iniciado HV com SRL, pré-oxigenação O2 5 L/ o tempo entre a injeção do antagonista e a obtenção de TOF ≥ 0,9.
min e remifentanil BIC (0,5 µg/kg/min); após 1,5 minuto iniciados CRPO foi definida como presença de sinais e sintomas de comprome-
propofol TIC e fentanil 2 µg/kg, e após 2,5 minutos feitos 3 mg de timento da função neuromuscular na sala de recuperação pós-anes-
cisatracúrio, seguindo-se com assistência ventilatória por 5 minutos tésica (SRPA) – capacidade para se transportar com pouca ajuda da
e IOT 7.0 com cuff com capnografia e ausculta pulmonar. VM sob cama cirúrgica para a de transporte, adequação do padrão ventila-
modo VCV (VC 350 Pico 20 FR 12 FiO2 54% PEEP 5), diurese inicial: tório, habilidade para deglutir saliva e clareza de visão.
0,0 mL. Anestesia venosa total: Propofol 2% TIC e remifentanil BIC Resultado: Os grupos foram homogêneos quanto a gênero, idade,
(oscilando em 0,3-0,4). Hidrocortisona 100 mg, dexametasona 4 mg, tipo de cirurgia, peso corporal total e IMC. Os tempos de reversão
cefazolina 2 g, omeprazol 40 mg, cetoprofeno 100 mg, dipirona 2 g, do bloqueio, em segundos, foram (média e desvio padrão) 225,2
tramadol 100 mg, ondansetrona 8 mg. HV 1.500 mL de SRL. Primeira ± 81,2 no grupo PI, 173,9 ± 86,8 no grupo PC20 e 174,1 ± 74,9 no
cirurgia (tireoidectomia) em 60 minutos. Seguindo-se a 2ª cirurgia grupo PC40 (p = 0,087). Nenhum participante apresentou sinais de
(timectomia via esternotomia) 150 minutos. Favorecido um desper- CRPO na SRPA.
tar suave, sendo aspirado VAS e extubada em condições ideais, sem Conclusão: Considerando-se que não houve diferenças entre os gru-
intercorrências, sem descurarização. Conduzida com cateter de O2 pos quanto a tempo de reversão do bloqueio e frequência de CRPO,
2 L/min e monitorização até a UTI com PA 100/70 mmHg, FC 87 utilizando menores doses de sugammadex pelo peso ideal do que
bpm, DU 500 mL, tremores, SpO2 99% sob catéter nasal. Na UTI em pelos pesos corrigidos, conclui-se que o peso ideal pode ser utiliza-
1º DPO BEG, consciente, orientada, normocorada, eupneica, acia- do para calcular a dose de sugammadex para reversão do bloqueio
nótica, anictérica, afebril, ∆PAS 130-90, ∆PAD 80-60 mmHg, FC ∆ 82- neuromuscular induzido por rocurônio em obesos mórbidos subme-
94 bpm, FR 18, SatO2 99% Tax ∆ 35.9-36.6 °C, já com dieta liberada tidos a cirurgia bariátrica.
e alta programada para o 2º DPO. Havia sangue reservado. Referências:
Discussão: Não foram suspensos os anticolinesterásicos, pois a pa- 1. Van Lancker P, Dillemans B, Bogaert T, Mulier JP, De Kock M,
ciente tinha pouco tempo de remissão. Foram buscadas outras DAI. Haspeslagh M. Ideal versus corrected body weight for dosa-
Evitou-se MPA devido ao risco de depressão respiratória. Utilizou-se ge of sugammadex in morbidly obese patients. Anaesthesia.
BNM adespolarizante em 1/3 da dose convencional para facilitar 2011;66:721-5.
a IOT, não sendo necessários repiques durante intraoperatório, e 2. Badaoui R, Cabaret A, Alami Y, et al. Reversal of neuromus-
esperou-se sua reversão completa para iniciar a extubação com pa- cular blockade by sugammadex in laparoscopic bariatric sur-
ciente acordada e força inspiratória negativa com adequado VC. gery: in support of dose reduction. Anaesth Crit Care Pain Med.
Evitou-se a succinilcolina, pois seu tempo de duração eleva-se de 4 2016:35:25-9.
para 87 minutos em pacientes com MG. Embora não se tenha con-
traindicações aos anestésicos voláteis, evitou-se seu uso.
Referência: TLO941 USO DE BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES POR
1. Yao & artusio. Anestesiologia. Abordagem orientada para o pro- PLANTONISTAS DE UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
blema. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. DO HOSPITAL ANIS RASSI
Adélia Rocha Simeoni*, Rodrigo Cavalcante Carlos de Carvalho,
TLP239 SUGAMMADEX EM PESO IDEAL VERSUS PESO José Gilmar Gomes Júnior, Raimundo Nonato Filho,
CORRIGIDO EM 20% E 40% PARA REVERSÃO DE BLOQUEIO Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro
NEUROMUSCULAR EM CIRURGIA BARIÁTRICA Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo
Nádia Maria da Conceição Duarte, Ana Maria Menezes Caetano, (CRER), Goiânia, GO, Brasil
Silvio da Silva Caldas Neto, Josemberg Marins Campos, Justificativa e objetivos: A abordagem da via aérea e o procedimento
Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho, Gustavo de Oliveira Arouca* de intubação endotraqueal são práticas adotadas amplamente
no cuidado ao paciente. Sua necessidade e suas implicações as
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil
tornaram elementos que compõem o tratamento de grande número
Justificativa e objetivos: O uso de peso corporal total para dosagem de situações clínicas. Dessa maneira, com sua disseminação
de fármacos em obesos mórbidos pode resultar em desfechos ruins. mundial, existe uma enorme variabilidade de condutas e rotinas.
Ajustes devem ser realizados, considerando as peculiaridades da Vários aspectos da abordagem à via aérea ainda não apresentam
composição corporal desses pacientes. Sugammadex é um novo consenso ou dados mais fidedignos e de maior impacto que possam
agente indicado para reverter o bloqueio neuromuscular, cujo determinar a conduta mais eficiente e correta. O ambiente de
parâmetro de peso corporal para uso em obesos mórbidos ainda Terapia Intensiva apresenta grande diversidade de formação
carece de definição. O objetivo da pesquisa foi definir o parâmetro profissional e complexa atuação no cuidado ao paciente. A busca
de peso corporal para sugammadex em obesos mórbidos submetidos na literatura demonstra relativamente poucos estudos abordando
a cirurgia bariátrica. O tempo de reversão do bloqueio neuromus- a maneira como esses profissionais assimilam e executam o manejo
cular e a curarização residual pós-operatória (CRPO) foram os prin- da via aérea quando solicitados. Este estudo verificou, junto aos
cipais desfechos. médicos plantonistas de uma Unidade de Terapia Intensiva, o uso
Método: Ensaio clínico randomizado, duplamente encoberto, com de bloqueador neuromuscular em uma situação de intubação em
60 participantes submetidos a cirurgia bariátrica, índice de massa sequência rápida e uso de pressão da cartilagem cricoide.
corporal (IMC) ≥ 40 kg.m-2, distribuídos em 3 grupos: peso ideal (PI), Método: Os dados foram coletados através da aplicação de um
peso ideal corrigido com acréscimo de 20% da diferença entre o questionário. As perguntas foram divididas em quatro segmentos:
peso real e o ideal (PC20), e peso ideal corrigido com acréscimo de perfil demográfico, quanto ao conhecimento da via aérea, quanto
40% da diferença entre o peso real e o ideal (PC40). Todos recebe- à conduta na intubação endotraqueal e quanto à sequência rápida
ram anestesia geral venosa total e rocurônio em infusão contínua. A de indução. Os questionários, depois de respondidos, foram devida-
sequência de quatro estímulos (TOF) foi utilizada para monitorizar mente separados e mantidos em sigilo. Os resultados foram apre-
S110 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

sentados de forma descritiva, com o percentual de cada uma das nui morbidade peroperatória e melhora os resultados a curto/longo
opções de resposta. Nenhuma das respostas foi rasurada. prazo. A anestesia regional efetiva bloqueia os impulsos aferentes e,
Resultado: O uso de bloqueadores neuromusculares (BNM) é feito dessa maneira, resulta em atenuação da resposta cirúrgica. Sendo
poucas vezes, de acordo com 80% dos questionados, e 20% o uti- assim, o bloqueio combinado de nervo femoral e ciático com ropi-
lizam a maior parte das vezes. Quando do seu uso, succinilcolina vacaína a 0,5% gera anestesia adequada, sem maiores alterações
foi citada por 70%, brometo de pancurônio 50%, atracúrio 30% e hemodinâmicas, e deve sempre estar dentro do arsenal terapêutico
cisatracúrio por 10%. do anestesiologista.
Conclusão: Apesar de sabermos a importância do uso de BNM em Referências:
uma situação de ISR, seu uso não é muito difundido entre os médi- 1. Bendtsen TF, Haskins S, Kølsen Petersen JA, Børglum J. Do ultra-
cos plantonistas questionados. Além disso, drogas que não são uti- sound-guided regional blocks signify a new paradigm in high-risk
lizadas para esse fim, como pancurônio, atracúrio e cisatracúrio, patients? Best Pract Res Clin Anaesthesiol. 2016;30:191-200.
foram citadas por alguns plantonistas. 2. Kocun A, Bozdogan N, Turkoz A, et al. Femoral and sciatic nerve
Referências: block with 0,25% bupivacaine for surgical management of diabe-
1. Reynolds SF, Heffner J. Airway management of the critically ill tic foot syndrome: an anesthesic technique for high-risk patients
patient: rapid-sequence intubation. Chest. 2005;127:1397-412 with diabetic nephropathy. J Clinic Anesth. 2010;22:363-6.
2. Stocker R, Biro P. Airway management and artificial ventilation in
intensive care. Curr Opin Anaesthesiol. 2005;18:35-45.
TLO247 BLOQUEIO DE PLEXO CERVICAL SUPERFICIAL
E SEU USO NA CIRURGIA PARA CORREÇÃO DE FRATURA
CLAVICULAR
Ana Luiza Sá Pinto da Nóbrega Lucena*, Cleber Wagner de Carvalho,
XXV) Bloqueios de Nervos Periféricos Joice Dayane Tavares, Felipe Souza Thyrso de Lara,
Celso Schmalfuss Nogueira
TLP067 BLOQUEIO DE NERVO FEMORAL E CIÁTICO Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia da Irmandade
GUIADO POR ULTRASSONOGRAFIA PARA AMPUTAÇÃO Santa Casa de Misericórdia de Santos, Santos, SP, Brasil
TRANSTÁRSICA EM PACIENTE CARDIOPATA Introdução: O plexo cervical, formado pelos ramos anteriores dos
Paulo Cezar Pires Martins Junior*, Américo Salgueiro Autran Neto, quatro nervos cervicais, promove a inervação da pele anterolateral
Paulo Alipio Germano Filho, Armin Guttman, do pescoço e áreas ântero e retroauriculares, sendo indicado seu
Estêvão Luiz Carvalho Braga, Ismar Lima Cavalcanti uso como adjuvante em cirurgias do pescoço, como tireoidectomia
ou paratireoidectomia, endarterectomia de carótida e, mais recen-
Hospital Federal de Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ, Brasil temente, cirurgias claviculares.1,2 Há ainda poucos relatos literários
Introdução: Amputação de membro inferior é um procedimento co- do seu uso em osteossínteses de clavícula. É sabido que bloqueios
mum, sendo frequentemente aplicado em vasculopatas, diabéticos regionais são superiores à anestesia geral pura na analgesia pós-
e tabagistas. Esses pacientes, em geral, não toleram alterações he- operatória, trazendo assim um maior conforto ao paciente. O
modinâmicas associadas a bloqueio de neuroeixo ou anestesia geral. alívio da dor pode desempenhar um importante papel no resultado
Assim, o bloqueio de nervo periférico, que gera mínimos distúrbios cirúrgico. Este estudo tem como objetivo relatar o caso de um
hemodinâmicos, se encaixa como técnica anestésica adequada para paciente submetido à osteossíntese de clavícula submetido ao
pacientes graves. bloqueio de plexo cervical superficial associado à anestesia geral.
Relato de caso: N.J, masculino, 67 anos, HAS, portador de fibri- Relato de caso: EBA, 61 anos, 65 kg, 1,70 m, sexo masculino, hi-
lação atrial e insuficiência cardíaca, submetido a uma amputação pertenso e diabético, em tratamento com anti-hipertensivos e an-
transtársica do MID por oclusão arterial embólica. Em uso de HCTZ, tiglicemiantes orais, ASA II, apresentou-se ao serviço para realizar
espironolactona, amiodarona, carvedilol, AAS e enalapril. LOTE, re- osteossíntese de fratura de clavícula esquerda. Após avaliação pré-
gular estado geral, taquipneico em macronebulização, NYHA 3, ASA anestésica, checagem dos exames e confirmação do jejum ade-
P4, dispneico aos pequenos esforços. Ao exame: RCI, 3T, PA 90 × 60, quado, paciente foi orientado a respeito da conduta anestésica e
FC 101; ausculta pulmonar com estertores crepitantes bibasais, FR submetido a bloqueio de plexo cervical superficial com 15 mL de
18, Sat 91% em AA. Extremidades frias. Negou alergias. Sem predi- ropivacaína a 0,5% (75 mg), sob sedação com midazolam 2 mg EV.
tores de dificuldade de IOT. Exames complementares: EcoTT: dis- Logo após bloqueio, foi realizada anestesia geral balanceada com
função acentuada de cavidades esquerdas. FE 16% e PSAP 57 mmHg. 200 mcg de fentanil, 100 mg de propofol, 80 mg de lidocaína, 12
ECG – FA associado a achados de isquemia de parede inferior. Rx mg de cisatracúrio e mantida com sevoflurano CAM 1.0. Durante o
– congestão pulmonar. Laboratório alterado – K: 5,8; Cr: 1,3; TAP: ato cirúrgico, não apresentou, em nenhum momento, hipertensão
24,8s; INR: 2,24. Paciente admitido em sala, realizada venóclise em ou taquicardia, não sendo necessário o uso de repiques de opioides.
MSE com Jelco 18G, posicionamento e bloqueio de nervo femoral Ao fim do procedimento, que durou cerca de 3 horas e 30 minutos,
com auxílio de USG e injetados 20 mL e ropivacaína a 0,5%, seguidos paciente despertou sem dor, e assim continuou em seu tempo na
de bloqueio de nervo ciático via poplíteo com 20 mL de ropivacaína SRPA. No dia seguinte, feita visita anestésica no quarto do paciente,
a 0,5%. Procedimento com duração de 60 minutos, paciente hemo- que relata não ter apresentado dor nem ter feito uso de analgési-
dinamicamente estável com PAM de 63, FC de 100 bpm e SatO2 93% cos além de dipirona 500 mg via oral, prescrita pelo ortopedista
sob máscara de Hudson. responsável.
Discussão: Um grande número de técnicas provê ao paciente anes- Discussão: Como se sabe, a manipulação óssea gera bastante dor ao
tesia e analgesia. Porém, no contexto de um paciente grave, é paciente. Quando utilizada anestesia geral sem bloqueio em cirur-
necessário escolher baseado na estabilidade cardiovascular alcan- gias ortopédicas, um alívio dessa dor só é conseguido às custas de
çada. Bloqueios de neuroeixo levam a simpatectomia e vasodilata- altas doses de opioides; doses essas que podem trazer consequên-
ção, resultando em alterações hemodinâmicas importantes. Assim, cias inconvenientes, bem como retardo da alta. Bloqueios são opção
bloqueios de nervos periféricos tomam um papel de destaque pela segura, quando bem indicados. A técnica descrita é simples, utiliza
estabilidade cardiovascular e analgesia pós-operatória. Além disso, poucos materiais, é barata e deixou o paciente em questão bastante
nos pacientes de alto risco, anestesia regional guiada por USG dimi- satisfeito quanto ao seu procedimento.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S111

Referências: Introdução: Os bloqueios da parede torácica guiados por ultrasso-


1. Shanthanna H. Ultrasound guided selective cervical nerve root nografia são alternativos às técnicas tradicionais para a prevenção
block and superficial cervical plexus block for surgeries on the da dor. Em esternotomias para cirurgia cardíaca, esses bloqueios
clavicle. Indian J Anaesth. 2014;58:327-9. diminuem o uso de opioides no intraoperatório e auxiliam no con-
2. Kannan S, Kumar P. Clinical comparison of two different volumes trole da dor pós-operatória, permitindo extubação precoce, menor
of 0,5% bupivacaine for clavicular surgeries using combined inte- tempo de internação em UTI e redução da morbidade.
rescalene and superficial cervical plexus block. Inter Jour Basic Relato de caso: Mulher, 62 anos, 65 kg, 1,55 m de altura e estado
Med Science. 2014;5:issue5. físico ASA P3, submetida à revascularização do miocárdio por to-
racotomia, sob anestesia geral com midazolam 5 mg, fentanil 200
mcg, etomidato 20 mg, rocurônio 50 mg e sevoflurano 2%. Após a
TLP878 BLOQUEIO PECS 2 PARA INTERVENÇÕES indução, a paciente foi posicionada com braços em abdução (90°) e
CIRÚRGICAS DA MAMA: RELATO DE CASO realizou-se bloqueio peitoral (PEC I) bilateral com agulha tipo A-50
Clarissa Mayara de Sales Guimarães*, (25 G × 2 mm e cânula 0,70 × 50 mm) guiado por ultrassonografia
Eduardo Fernandes Orioli Guimarães, Carlos Darcy Alves Bersot, com agulhamento em plano, e probe em janela longitudinal. Partin-
Guilherme Castro Lobo F. dos Santos, Helen Suzart de Siqueira do da apófise coracoide, identificou-se a artéria axilar perfurando a
fáscia clavicopeitoral ao nível da 3ª costela, entre o músculo peito-
Hospital Federal da Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ral maior e menor. Injetados 10 mL de solução anestésica, sendo 5
Introdução: O bloqueio Pecs 2, também chamado de Pecs 1 modi- mL de levobupivacaína 0,5%, clonidina 25 mcg e água destilada. Em
ficado, é uma abordagem recente de anestesia regional que visa a seguida, para realização do bloqueio peitoral (PEC II) bilateral, o
bloquear os nervos peitorais, intercostobraquial, intercostais III-VI probe foi deslizado com janelamento oblíquo, na linha axilar média,
e torácico longo, sendo uma técnica efetiva, segura e de simples entre a 4ª e 5ª costelas, com agulhamento em plano, perfurou-se o
execução em cirurgias de mama e também possibilitando aborda- ligamento de Gerdy, na fáscia entre o músculo peitoral menor e o
gens sobre a axila, assim se tornando opção viável e vantajosa em serrátil anterior e, finalmente, foram administrados 20 mL de so-
relação à peridural torácica e ao bloqueio paravertebral. lução anestésica contendo levobupivacaína 0,5% em excesso enan-
Relato de caso: M.R.S., sexo feminino, 42 anos, 1,65 m, 63 kg, IMC tiomérico de 50%, clonidina 50 mcg e água destilada. O paciente
23,1, sem comorbidades, uso de medicamentos regulares, alergias, manteve-se hemodinamicamente estável durante as 5 horas de ci-
não tabagista ou etilista. História prévia de colecistectomia video- rurgia. Houve necessidade de doses adicionais de fentanil (1.000 mg
laparoscópica, e proposta cirúrgica de nodulectomia mamária à di- ao todo). Ao término do procedimento, a paciente foi encaminhada
reita por lesão suspeita. Realizada monitorização com cardioscopia, à UTI, onde foi extubada precocemente sem dor.
pressão não invasiva e oximetria de pulso seguida de venóclise em Discussão: A parede torácica anterior é inervada pelos nervos peito-
membro superior esquerdo com jelco 18 gauge. Ofertado O2 suple- rais medial e lateral, torácico longo, toracodorsal e ramos cutâneos
mentar sob máscara de Hudson 3 L/min e sedação realizada com dos nervos intercostais T2-T6. Os bloqueios PEC I e II combinados
midazolam 3 mg, fentanil 70 mcg, lidocaína 20 mg e propofol 50 mg. cobrem essa inervação, exceto a do nervo toracodorsal e parte dos
Administrados cefazolina 2 g e dexametasona 4 mg. Realizada antis- ramos cutâneos intercostais (por terem seu trajeto mais profundo
sepsia da pele de região infraclavicular e axilar para consequente entre o músculo serrátil anterior e os músculos intercostais). No
bloqueio Pecs 2 guiado por ultrassom. Posicionado o probe linear de entanto, por ser um bloqueio extenso, há dispersão errática do con-
alta frequência obliquamente em região infraclavicular, utilizando‑se teúdo, com possível bloqueio de áreas adjacentes, que pode atingir
a técnica em plano, com direcionamento medial para lateral da agu- a inervação paravertebral e abranger uma área de analgesia maior
lha 50 mm, seguido de injeção de ropivacaína 0,5% 10 mL entre os do que a localização da punção. Mais estudos são necessários para
músculos peitoral maior e menor e 20 mL entre os músculos peitoral avaliar sua eficácia analgésica em esternotomias. No presente caso,
menor e serrátil anterior ao nível da 3ª costela. Próximo ao fim da o bloqueio reduziu o uso de opioides no intraoperatório, com pa-
cirurgia, foram administrados dipirona 3 g e ondansetrona 8 mg. Não ciente mantendo-se estável, sem apresentar sinais de dor, culmi-
ocorreram intercorrências anestésico-cirúrgicas no intraoperatório, nando em extubação precoce no CTI (primeiras 4 horas), mantendo-
mantendo-se a paciente estável hemodinamicamente, sendo enca- se acordada, eupneica, sem referir dor em sítio cirúrgico.
minhada à sala de recuperação pós-anestésica com Aldrete 10. Referência:
Discussão: O bloqueio Pecs 2 é uma nova técnica de bloqueio regional, 1. Segura E. Bloqueios de parede torácica. Clube da Anestesia Re-
de fácil execução e segurança, associada a elevadas taxas de êxito. gional (CAR). 2014;74:15-7.
Possui ampla eficácia analgésica em cirurgias de mama, permitindo
também a realização de abordagens sobre a mama e axila associadas
a sedação leve, sendo uma excelente alternativa de analgesia multi- TLP403 BLOQUEIO PERIFÉRICO GUIADO POR ULTRASSOM
modal aos já consagrados peridural torácica e bloqueio paravertebral EM CRIANÇA COM SEQUELA PÓS-MENINGOCOCCEMIA:
ou à necessidade de realização de anestesia geral para procedimentos RELATO DE CASO
pouco complexos, como demonstrado no caso acima relatado.
Referência: Larissa Sales de Vasconcelos Oliveira,
1. Blanco R, Fajardo M, Maldonado Parras T. Ultrasound description Danielle Maia Holanda Dumaresq, Natália de Carvalho Portela*,
of Pecs II (modified Pecs I): A novel approach to breast surgery. Marilman Maciel Benício Zan, Roberto César Pontes Ibiapina
Rev Esp Anestesiol Reanim. 2012;59:470-5.
Instituto Doutor José Frota, Fortaleza, CE, Brasil
Introdução: A septicemia meningocócica é uma doença de rápida
TLO458 BLOQUEIO PEITORAL (PEC I E II) GUIADO POR progressão, com grande letalidade e complicações. A infecção por
ULTRASSONOGRAFIA PARA ANALGESIA EM ESTERNOTOMIA. Neisseria meningitidis pode alterar a coagulação, anticoagulação e
RELATO DE CASO fibrinólise, levando a coagulação intravascular disseminada, vascu-
Rodrigo Thadeu Cei Pedroso*, Bruno Mendes Carmona, lite e necrose de tecidos. Relatamos um caso no qual as sequelas
decorrentes das lesões isquêmicas pós-meningococcemia determi-
Mário de Nazaré Fascio, Hugo Henrique Coutinho Lima,
naram limitações e dificuldades para anestesia.
Bruno Matos, Rita Cassia
Relato de caso: Paciente masculino, 10 anos, admitido em UTI
Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil apresentando febre alta, cefaleia, dor no corpo, equimoses dis­se­mi­
S112 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

nadas, melena, desconforto respiratório e cianose de extremidades do MPA com fentanil, posicionados em decúbito em DDH, realizado
há 2 dias. O diagnóstico de meningococcemia foi confirmado. bloqueio de nervo safeno com discreta rotação lateral de MI (perna
Evoluiu com instabilidade hemodinâmica grave e piora da perfusão cruzada sobre o joelho), no canal dos adutores. O bloqueio ciático
periférica com necrose distal de pododáctilos e quirodáctilos, em fossa poplítea, com discreta flexão do joelho e introdução da
sendo programado debridamento cirúrgico das lesões em duas agulha A100 em plano guiada por USG. Em cada um dos bloqueios, foi
etapas: inicialmente, membros inferiores e, em um segundo realizada infusão de 10 mL de levobupivacaína CV 0,375% e 5 mL de
tempo, membros superiores. Na avaliação pré-anestésica, paciente lidocaína CV 1,5%. Não ocorreu falha em qualquer um dos pacientes.
estável, com lesões necróticas digitais moderadas. A monitorização Ao término, foram encaminhados a RPA com tempo médio de perma-
da oximetria não foi possível, pela dificuldade de posicionamento nência de 122 minutos. No pós-operatório imediato (POI), observou-
do sensor do oxímetro de pulso nas extremidades, como também se melhor controle de analgesia e ausência de dor por até 10 horas,
não se obteve curva satisfatória no lóbulo de orelha. Diante da e ausência de incidência de NVPO ou formação de hematoma local.
urgência do procedimento, optou-se por realizar bloqueio bilateral Discussão: A literatura é controversa quanto à anestesia regional
ao nível do tornozelo com lidocaína sem vasoconstrictor (10 mL a com bloqueio de nervos periféricos guiado por USG em pacientes
1%), guiado por ultrassom (pentabloqueio), associado à sedação anticoagulados ou em terapia antitrombótica. Em relação ao uso de
com midazolam (2 mg) e cetamina (0,5 mg/kg). Após 2 dias, foi antiagregantes (AINES), não há aumento de risco para surgimento
programado debridamento de lesões de membros superiores, sendo de hematoma; porém, quando associado a outros anticoagulantes,
realizado bloqueio bilateral ao nível do punho (5 mL de lidocaína esse risco é aumentado. O uso de USG em anestesia regional apre-
1%) guiado por ultrassom. Criança evoluiu com estabilização das senta menor incidência de acidente vascular, falhas de bloqueio e
lesões e alta hospitalar. complicações como arritmias e tromboembolismo venoso, além de
Discussão: Pacientes com quadro de infecção grave por Neisseria melhor controle de analgesia pós-operatória e redução de NVPO, e
meningitidis podem necessitar de cirurgia durante internamento pode vir a ser método de escolha para uma população que apresenta
por vasculite e necrose tecidual. Essa situação pode colocar o anes- múltiplas comorbidades e alto risco perioperatório.
tesiologista diante de um dilema entre a necessidade urgente da Referências:
cirurgia e a falta de condições mínimas de monitorização pela im- 1. Kaushal M, Rubin RE, Kaye AD, et al. Anticoagulation and Neu-
possibilidade do uso do oxímetro de pulso. A realização de bloqueio raxial/Peripheral Anesthesia. Anesthesiology Clin. 2017;35:21-
do neuroeixo em um paciente com infecção recente do SNC também 39.
levanta dúvidas, colocando o bloqueio periférico como excelente 2. Martins LES, Ferraro LHC, Takeda A, et al. Bloqueios de nervos
opção. O uso de lidocaína sem vasoconstrictor, por ter ação vaso- periféricos guiados por ultrassom em pacientes anticoagulados:
dilatadora, é seguro nesses casos e não está relacionado à piora da série de casos. Rev Bras Anestesiol. 2015;67:100-6.
necrose. A opção pelo bloqueio distal ao nível do tornozelo e punho
guiado por ultrassom permite o uso bilateral, proporciona analgesia
e utiliza dose reduzida do anestésico local. Este caso alerta para a TLP861 IDENTIFICAÇÃO DE LESÃO COMPLETA DE FIBULAR
necessidade de sensores de oximetria com posicionamentos alterna- APÓS CIRURGIA ORTOPÉDICA SOB ANESTESIA GERAL E
tivos, como na orelha e nasal. BLOQUEIO CIÁTICO
Referências:
Patrícia Wajnberg Gamermann, Gilberto Braulio, Karina Biavatti,
1. Van Deuren M, Brandtzaeg P, van der Meer JWM. Update on me-
ningococcal disease with emphasis on pathogenesis and clinical Marcelo Gustavo Angeletti, Pauline Elias Josende*
management. Clinical Microbiology Reviews. 2000;13:144-66. Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia do Serviço
2. Morey TE, Rice MJ, Vasilopoulos T, et al. Feasibility and accuracy de Anestesia e Medicina Perioperatória (SAMPE) do Hospital de
of nasal alar pulse oximetry. Br J Anaesth. 2014;112:1109-14. Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil
Introdução: As lesões de nervo periférico (LNP) possuem uma
incidência estável de 0,03% nas últimas décadas, apesar do uso de
TLO918 CIRURGIA EM MEMBRO INFERIOR SOB ANESTESIA
ultrassom. A incidência real é difícil de ser estimada, por falta de
REGIONAL EM PACIENTES GRAVES – SÉRIE DE CASOS
notificação, duração incompleta do seguimento dos pacientes, falta
Silvia Amália de Melo Moura, Mayara Francy Pereira Nunes*, de discriminação entre causas cirúrgicas e anestésicas etc. Os blo-
Emilio Carlos Del Massa, Izabella Barbosa Reis, queios de nervos periféricos não são fatores de risco independente
Celso Júnio Frazão da Silva para a LNP, e a grande maioria das lesões neurológicas associadas
aos procedimentos ortopédicos resulta do trauma nervoso direto,
Hospital Santa Marcelina, São Paulo, SP, Brasil
posicionamento durante a operação, tracionamento de estruturas,
Introdução: Pacientes admitidos para cirurgia de amputação e/ uso de retratores ou compressão por hematoma ou ataduras/gesso.
ou desbridamento de membros inferiores geralmente apresentam Relato de caso: Paciente masculino, 39 anos, ASA 1, sofreu fratura
múltiplas comorbidades e elevada morbimortalidade no pós-opera- exposta de tíbia esquerda após trauma de motocicleta, inicialmente
tório. O uso da anestesia regional pode reduzir morbimortalidade tratado com fixação transarticular. Três meses após, foi submetido
e as complicações cardiovasculares, porém não existe consenso na a osteossíntese de tíbia e fíbula sob anestesia geral associada a blo-
literatura sobre seu uso em pacientes anticoagulados e em uso de queio ciático, realizado via nervo poplíteo e guiado por ultrassom e
antiagregantes plaquetários. neuroestimulador. Foi injetada ropivacaína 0,4% com volume total de
Relato de caso: Seis pacientes, ASA III (6/6), feminino (2/6), mascu- 30 mL. O procedimento durou cerca de 210 minutos, e o tempo de
lino (4/6), média de idade 63,3 (43-76) anos, HAS (6/6), IAM (5/6), garrote foi de 180 minutos. No pós-operatório imediato, foi identifi-
ICC (3/6), DM (4/6), Grande Obesidade (1/6), IRC dialítico (1/6), cado pela equipe de cuidados pós-anestésicos o quadro de pé caído.
ex-tabagista (2/6), aneurisma de artéria poplítea (1/6). Drogas em Paciente não sabia informar se o inicio dos sintomas precedia ou não
uso: AAS (6/6), clopidogrel (2/6), heparina (1/6). Admitidos em Sala a cirurgia. Não havia registro do exame neurológico do paciente na
Operatória (SO) para cirurgia de desbridamento e/ou amputação de avaliação pré-anestésica. Foi indicada a realização de eletroneuro-
membro inferior sob anestesia regional. A média dos exames encon- miografia (ENM) da perna esquerda pela neurologia, que evidenciou
trados foi: Hb 9,8 (7,1-12,8 g/dL), Ht 29,9% (22,5-37,5%), plaquetas neuropatia axonal grave com desnervação do tronco fibular esquer-
292.500 (203.000 – 440.000), INR 1,33 (1,16-1,54), RTTPA 1,00 (0,81- do, de evolução estimada de 3 meses. Paciente foi encaminhado para
1,25). Em SO, foram monitorizados com PANI, SpO2 e ECG. Realiza- a reabilitação com equipes de dor crônica, fisiatria e fisioterapia.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S113

Discussão: A maioria das lesões após procedimentos ortopédicos sem intercorrências. A sedação venosa foi feita com midazolam 2
tem origem multifatorial. No caso em questão, o acidente que o mg EV + fentanil 50 mcg EV. Também foram administradas cetamina
paciente sofreu foi provavelmente o fator principal. O diagnóstico 15 mg EV bolus, cefazolina 2 g e, objetivando analgesia, dipirona 2
e o tratamento das lesões nervosas periféricas devem ter uma abor- g EV e bextra 40 mg EV. Na avaliação pós-operatória, realizada 24
dagem precoce. A ENM costuma ser realizada após 2-3 semanas para horas após a cirurgia, não houve alteração do exame físico inicial do
os casos nos quais há dúvida diagnóstica, pois as alterações decor- paciente, sendo encaminhado para Neurocirurgia e Clínica da Dor,
rentes da LNP levam semanas para serem identificáveis no exame. para acompanhamento.
Se realizada logo após a identificação da LNP, a ENM pode ter muita Discussão: Na prática clínica, muitos anestesiologistas optam por
utilidade na identificação de lesões preexistentes. não realizar bloqueio de nervos periféricos em pacientes com lesão
Conclusão: O caso descrito recebeu uma abordagem adequada no nesses nervos. Neste caso, a escolha por essa técnica foi devido
pós-operatório, incluindo o acompanhamento precoce para reabili- à maior segurança na realização do bloqueio guiado por ultrasso-
tação. Identificou-se importante falha na avaliação pré-anestésica. nografia. As vantagens dos bloqueios em relação à anestesia geral
Caso o exame neurológico tivesse sido realizado de forma adequa- também são amplamente descritas na literatura, com menos riscos.
da, a identificação do deficit neurológico prévio poderia evitar toda Referência:
a implicação médico-legal do dano neurológico após a realização 1. Treede RD, Jensen TS, Campbell JN, et al. Neuropathic pain:
de procedimentos cirúrgicos associados aos bloqueios anestésicos. redefinition and a grading system for clinical and research pur-
Referência: poses. Neurology. 2008;70:1630-5.
1. Joseph MN, Michael JB, Richard B, et al. The second ASRA prac-
tice advisory on neurologic complications associated with regio-
nal anesthesia and pain medicine executive summary 2015. Reg
Anesth Pain Med. 2015;40:401-30.
XXVII) Bloqueios Neuroaxiais

TLP136 ANESTESIA EPIDURAL EM PACIENTE COM


XXVI) Bloqueios do Plexo Braquial ESCLEROSE MÚLTIPLA: RELATO DE CASO
Guilherme Meirelles Leite R. da Silva*,
Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, Leandro Criscuolo Miksche,
TLP1017 BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL PARA
Antonio Takashi Kitayama, Guilherme Coelho Machado Nunes,
OSTEOSSÍNTESE DE RÁDIO EM PACIENTE COM DOR
Felipe Toledo Quoos
NEUROPÁTICA PÓS LESÃO TRAUMÁTICA DE PLEXO
BRAQUIAL CET Clinica de Anestesiologia de Ribeirão Preto (CARP), Ribeirão
Preto, SP, Brasil
Carolina Esteves Monnerat*, Paula Cristina Leitão de Assunção,
Elisa C. Figueiredo, Edmar José Alves dos Santos Introdução: Esclerose múltipla é uma doença inflamatória autoi-
mune do sistema nervoso central, sendo a mais comum desordem
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Universidade do
neurológica debilitante em adultos jovens. Mais prevalente entre
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
mulheres brancas entre a terceira e quarta décadas de vida. Os
Introdução: A dor neuropática é uma dor recorrente de lesão ou sintomas principais são ataxia, parestesia ou paresia de membros
doença do sistema somatossensorial, periférico ou central. Além inferiores e neurite óptica. Tal doença pode ser desafiadora para
disso, a distribuição da dor corresponde à topografia do(s) nervo(s) anestesistas, pelo comprometimento das estruturas neurais. Esses
lesados. Apresentamos um caso de lesão traumática de plexo bra- pacientes podem estar mais sucetíveis a exacerbações após ato
quial direito, com evolução para dor neuropática em membro supe- anestésico.
rior direito, associado a fratura de rádio distal direito, com proposta Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 49 anos, portadora de
cirúrgica. A técnica anestésica foi sedação + bloqueio do plexo bra- esclerose múltipla em acompanhamento com serviço de neuroi-
quial D, via axilar, guiado por ultrassonografia point-of-care. munologia em outro hospital terciário. Paciente em uso de fingo-
Relato de caso: Paciente masculino, 20 anos, vítima de aciden- limod 0,5 mg/dia, agendada para cirurgia de correção de varizes
te motociclístico há 15 dias, apresentando cicatriz e queimadura em membros inferiores neste hospital. Referiu estar sem exacer-
de 1º grau na região cervical anterior direita devido à colisão da bações da doença há 4 anos. Liberada pelo serviço de cardiologia.
moto nessa região. Dois dias após o acidente, evoluiu com dor no Monitorizada com pressão arterial não invasiva, eletrocardioscópio,
membro superior direito, relatada como em queimação, com áreas termômetro axilar e oximetria de pulso. Realizado bloqueio de neu-
com perda total da sensibilidade. Foi diagnosticado com fratura de roeixo peridural simples, técnica de Dogliotti com lidocaína 2% com
rádio distal direito e possível lesão de raízes do plexo braquial di- vasoconstritor 20 mL, punção única no espaço intervertebral L3-L4.
reito. Negava comorbidades, antecedentes anestésicos-cirúrgicos, Sedação com propofol 1% em TCI, mantendo sinais vitais estáveis.
alergias, tabagismo ou etilismo. Exame do membro superior direito Após término do procedimento, paciente encaminhada à SRPA, após
evidenciou: sensibilidade e movimento de elevação do ombro pre- 2 horas alta para casa com 10 pontos na escala de Aldrete-Kroulik.
servados; alodínea em regiões do braço e parestesia do antebraço. Quinze dias após o procedimento, na consulta de retorno no ambu-
Plegia na flexão e extensão do antebraço. Na mão, apresentava pa- latório de cirurgia vascular, a paciente negou qualquer tipo de perda
restesia na área hipotênar, e nos 4º e 5º quirodáctilos, com alodínea de força muscular ou exacerbação da doença.
se estendendo da região palmar do polegar ao 3º quirodáctilo, além Discussão: Esclerose múltipla cursa com desmielinização focal na
de paraparesia, com discretos movimentos de flexionar os dedos. medula espinhal e cérebro, crônica, degenerativa, com sintomas
Restante do exame fisico normal. Submetido à osteossíntese de rádio flutuantes, e tem, no ato cirúrgico, vários fatores que podem ter
direito, realizado bloqueio de plexo braquial direito pela via axilar, influência negativa, tais como estresse, infecção e hipertermia.
guiado por ultrassonografia, com agulha Stimuplex 50 mm + bloqueio A exacerbação da doença pode acontecer durante o pós-operató-
do nervo musculocutâneo e sedação venosa. Injetados 10 mL de rio, independentemente da técnica anestésica. A escolha do tipo
lidocaína a 1,5% com adrenalina 1:200.000 + 10 mL de ropivacaína de anestesia ainda é debatida. Apesar de vários estudos relatarem
0,75%. Bloqueio considerado satisfatório, e a cirurgia transcorreu piora dos sintomas de EM após bloqueio de neuroeixo, artigos mais
S114 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

recentes não demonstraram novos sintomas ou piora da condição póteses aventadas incluem espasmo transitório de artéria espinhal
neurológica após bloqueio de neuroeixo em variados tipos de cirur- anterior, diminuição da absorção devido a aterosclerose em tecidos
gias. Entre anestesia raquidiana e epidural, a segunda é considerada extradurais, baixo volume de LCR intrínseco ao paciente, transtor-
mais segura por muitos autores. As fibras desmielinizadas são mais no conversivo e fatores genéticos relacionados à sensibilidade das
sensíveis à toxicidade local na raquianestesia. Devem ser feitos es- células nervosas.
forços para diminuir a dose e a concentração de anestésicos locais, Referência:
a fim de baixar as chances de novas lesões e exacerbações. Indepen- 1. Ganem EM, Castiglia YMM, Vianna PTG. Complicações neurológi-
dentemente da técnica escolhida, o paciente deve ser informado cas determinadas pela anestesia subaracnóidea. Rev Bras Anes-
dos riscos de novos sintomas e/ou piora do quadro no pós-operatório tesiol. 2002;52:471-80.
devido à essa exposição.
Referência:
1. Kopp SL, Jacob AK, Hebl JR. Regional Anesthesia in Patien- TLO278 BLOQUEIO SUBARACNÓIDEO PROLONGADO COM
ts With Preexisting Neurologic Disease. Reg Anesth Pain Med. BUPIVACAÍNA HIPERBÁRICA: RELATO DE CASO
2015;40:467-78.
Ana Paula Costa Moraes de Albuquerque*,
Fábio Luis Ferrari Regatieri, Fernanda Lourenço Furigo,
TLP717 BLOQUEIO MOTOR PROLONGADO APÓS BLOQUEIO Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz, Daniel Varoni Schneider,
SUBARACNÓIDEO: REVISÃO E RELATO DE CASO Maycon Luiz Silva Oliveira

Gabriel Augusto Oliveira, Jessica Kiyomi Nakamoto*, Centro de Ensino e Treinamento (CET), Instituto Paulista de
Rafael Drabik Guimarães, Mônica Lais Vendruscolo, Assistência Respiratória (IPAR), São Paulo, SP, Brasil
Hospital Geral de Itapevi, São Paulo, SP, Brasil
Dennis Brandão Tavares, Fernando Mauro Carradore
Hospital São Camilo, Vila Pompeia, São Paulo, SP, Brasil
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPr),
Introdução: O aumento da duração do bloqueio subaracnóideo leva
Curitiba, PR, Brasil
o anestesiologista a considerar a possibilidade de complicações neu-
Introdução: O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um blo- rológicas associadas. Porém, essas são raras, e o prolongamento do
queio subaracnóideo prolongado, suas possíveis etiologias e diag- bloqueio pode estar relacionado a particularidades do próprio pa-
nósticos diferenciais. ciente e da técnica anestésica utilizada.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 17 anos, 1,62 m, 58 Relato de caso: J.S.D., masculino, 52 anos, 73 kg, hipertenso,
kg, admitida para doação de medula óssea. História prévia de mi- ASA II, sem cirurgias prévias, com proposta de artroscopia de joe-
grânea sem tratamento contínuo. Após monitorização, venóclise e lho direito por sinovite vilonodular. Paciente foi monitorizado com
sedação com midazolam 3 mg; procedeu-se ao preparo da raquia- ECG, pressão arterial não invasiva e oximetria de pulso. Reali-
nestesia. Assepsia da pele com solução de clorexidina alcoólica zada sedação com midazolam 3 mg, droperidol 2,5 mg e fenta-
0,5%, paciente sentada, punção lombar mediana, única, ao nível nil 50 mcg. Com o paciente sentado, realizou-se raquianestesia
de L4-L5 com agulha descartável e estéril 27G Quincke. Posição com agulha 27G Whitacre, punção única mediana em nível L3-L4
correta da agulha confirmada pela obtenção de líquor. Adminis- e administrados 15 mg de bupivacaína hiperbárica 0,5%, atingindo
tradas bupivacaína 0,5% hiperbárica (15 mg) e morfina (60 mcg) o nível T10 em 1 minuto. Paciente foi posicionado em decúbito
na velocidade de 15 seg/mL. Paciente permaneceu em decúbito dorsal e permaneceu estável durante todo o procedimento, que
ventral por 110 minutos, mantendo-se estável hemodinamicamen- durou 65 minutos. Ao final, paciente foi encaminhado à sala de
te. Foram administradas cefazolina (1 g), dexametasona (4 mg), recuperação, onde permaneceu por 8 horas e 45 minutos, até que
ondansetrona (8 mg) e dipirona (1 g) por via venosa. Encaminhada os bloqueios sensitivo e motor começassem a dar sinais de re-
à SRPA após término do procedimento, manteve estabilidade dos versão. Recebeu alta da R.P.A ainda apresentando limitação de
sinais vitais e recebeu alta do local após uma hora com Aldrete­ movimentos (Bromage 1 à esquerda; Bromage 2 à direita). Após
Kroulik igual a 9; ainda com bloqueio motor/sensitivo. Após 10 4 horas em leito hospitalar, paciente foi reavaliado pela equipe
horas da realização do procedimento, mantinha paraplegia e anestésica, que observou parestesia em quadril direito, ausência
anestesia ao nível de T10. Solicitada avaliação com urgência da de deambulação e de diurese espontânea, com necessidade de
Neurologia e realizada tomografia de coluna lombossacra. Não sondagem de alívio, sem outras queixas associadas (Bromage 0 à
foram visualizados sinais de hematoma subdural ou isquemia me- esquerda; Bromage 1 à direita). Após 10 horas de conduta expec-
dular. Mantida sob observação rigorosa, sendo realizada RNM de tante, paciente foi novamente reavaliado, apresentando reversão
coluna lombar e sacral 20 horas após fim da cirurgia, descartan- completa do bloqueio com deambulação e diurese presentes. Pa-
do hematoma, processo inflamatório ou compressão de raízes sa- ciente recebeu alta sem sequelas.
crais. Foram necessárias 23 horas para total reversão do bloqueio Discussão: A bupivacaína é um anestésico local amplamente utilizado
motor/sensitivo, não apresentando em nenhum momento inconti- para raquianestesia. A posição do paciente, a baricidade, o tipo e a
nência fecal. A paciente não apresentou sequelas, mantendo força dose da solução anestésica são fatores relevantes para a extensão
muscular de membros inferiores grau 5, reflexos tendinosos pro- e a duração do bloqueio. As complicações neurológicas, apesar de
fundos com resposta normal, sensibilidade álgica e térmica pre- raras, podem determinar sequelas graves. As mais frequentemente
servada em todos os dermátomos. relacionadas com bloqueio prolongado são hematoma espinhal,
Discussão: Os diagnósticos diferenciais a se considerar são: forma- sintomas neurológicos transitórios, síndrome da artéria espinhal
ção de hematoma, síndrome da cauda equina, irritação radicular anterior e síndrome da cauda equina. No entanto, a duração
transitória e síndrome da artéria espinhal anterior. Vários fatores aumentada da raquianestesia pode ocorrer sem a existência de
conhecidos estão relacionados a essas complicações; porém, duran- sequelas. Alguns estudos demonstraram que o baixo volume e
te nosso caso, não houve intercorrência durante técnica de pun- a velocidade de drenagem de líquor aumentariam o bloqueio
ção, alterações hemodinâmicas no intraoperatório, sinais de san- sensitivo. O aumento da temperatura da solução anestésica (37
gramento, coleções ou outros indícios de compressão de estrutura °C) produziria bloqueios mais extensos; variabilidades anatômicas
na RNM que pudessem justificar o ocorrido. Na literatura, foram poderiam retardar a eliminação ou facilitar a concentração
encontrados nove casos semelhantes, que também descrevem com- anestésica. Associações de medicações venosas e raquidianas
plicações neurológicas conhecidas e as descartam. Nesses, as hi- prolongariam a duração do bloqueio. Logo, é importante realizar
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S115

o diagnóstico diferencial e investigação rigorosa antes de atribuir TLO290 INTOXICAÇÃO SISTÊMICA POR ANESTÉSICO LOCAL
o prolongamento do bloqueio a particularidades do paciente e da PÓS-EPIDURAL: RELATO DE CASO
técnica anestésica utilizada.
Tainã Medeiros Versiani Ribeiro Matos*, Thiago Almeida Brasileiro,
Referência:
Isabella Dias Filogônio, Nathalia Campos Schimidt,
1. Arndt JA, Downey T. Exceptionally prolonged anesthesia af-
ter a small dose of intrathecal bupivacaine. Anesthesiology. Anamaria Ruiz Combat Tavares, Hugo Leonardo Nogueira dos Santos
2002;97:1042. Hospital Júlia Kubitschek (HJK), Belo Horizonte, MG, Brasil
Introdução: Uma das complicações da anestesia peridural é a in-
toxicação por anestésico local (AL). Estima-se que a taxa de crise
TLO366 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DOR LOMBAR
convulsiva seja de 1%. A realização de dose-teste, ainda que con-
PODE SER IMPORTANTE PARA REALIZAÇÃO DE
troversa, é uma das medidas mais usadas para detecção de injeção
RAQUIANESTESIA – RELATO DE CASO intravascular do anestésico, assim como administração lenta e aspi-
Thaliane Filarde de Oliveira, Karen Cristina Coimbra Ishii*, rações frequentes da seringa.
Matheus Rocha Fagundes, Walkiria Wingester Vilas Boas, Relato de caso: L.M.S., feminino, 27 anos, 55 kg, ASA I. Foi subme-
Ricardo Felipe Lima Andrade Valadares, Sérgio Silva de Mello tida a mamoplastia redutora em março de 2016. Após sedação com
5 mg de midazolam, foi colocada na posição sentada e realizada pe-
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais ridural com agulha de Tuohy 18G, em T9-T10. A solução anestésica
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil continha 2 mg de morfina, 100 mcg de fentanil e 16 mL de ropivacaí-
Introdução: A raquianestesia apresenta riscos de complicações, so- na a 1% (concentração final 0,75%). A primeira punção resultou em
bretudo em casos de urgência, sendo indispensável uma avaliação retorno de sangue pela agulha, sendo feita nova punção em T8-T9,
clínica apurada. O seguinte relato mostra o caso de um paciente pela técnica de perda de resistência, sem intercorrências. Não foi
com queixas de dor lombar e alterações em membros inferiores que realizada dose-teste. A solução foi injetada lentamente, manten-
foram equivocadamente atribuídas a sintomas urológicos, masca- do contato verbal com a paciente e aspirando a seringa a cada 3
rando uma contraindicação absoluta ao bloqueio de neuroeixo. mL, sem retorno de sangue. Após injeção de 15 mL (112,5 mg de
Relato de caso: Paciente masculino, 54 anos, 90 kg, hipertenso em ropivacaína – 2 mg/kg), houve crise convulsiva tônico-clônica gene-
uso de losartana 50 mg, sem outras comorbidades prévias. Encontra- ralizada, que cessou após administração de 15 mg de midazolam.
va-se em tratamento para infecção do trato urinário com uso de cef- Não houve instabilidade hemodinâmica. A ventilação foi assistida
triaxona e apresentava quadro de litíase renal de 6 mm, impactado com ventilação por pressão positiva (bolsa-máscara), e a cirurgia foi
em junção ureterovesical demonstrada em tomografia computadori- realizada. Ao final da cirurgia, a paciente acordou assintomática e
zada. Proposta de ser submetido a ureterolitotripsia com implante de foi encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica.
duplo J em caráter de urgência. Na avaliação pré-anestésica, queixa Discussão: A intoxicação sistêmica por AL é uma complicação temi-
de dor em região lombar de grande intensidade, que irradiava para da, apesar de rara, e que não se restringe apenas à Anestesiologia,
membros inferiores, dificultando a deambulação, associada ao início já que é corriqueiro o seu uso fora do centro cirúrgico. A toxicidade
do quadro urológico. Não foram relatados outros sintomas. Optou-se dos AL está diretamente relacionada à sua potência, e os sintomas
pelo bloqueio de neuroeixo, já que o paciente apresentava predito- no SNC são mais comuns, pois são observados a uma concentração
res de dificuldade de ventilação. Paciente monitorizado e posicio- plasmática mais baixa do que os sintomas no sistema cardiovascu-
nado sentado. Sem sinais flogísticos em região dorsal e presença de lar. O uso de dose-teste, descrito na literatura como um aumento >
pele íntegra. Realizada assepsia rigorosa e tentativa de punção me- 10 bpm na FC ou > 15 mmHg na PA sistólica, assim como aspiração
diana a nível de L3 – L4 com agulha Quincke 27. Retorno de pequena intermitente, pode apresentar resultados falso-negativos, sendo
quantidade de secreção amarelada de aspecto purulento, que rapi- ainda controverso o seu uso. O manejo da intoxicação consiste em
damente parou de refluir. Optou-se pela não realização do bloqueio. suporte ventilatório e circulatório. O tratamento das crises convul-
Paciente foi sedado com 5 mg de midazolam, 1,5 mg de alfentanil e sivas deve ser feito com benzodiazepínicos, evitando-se o uso de
200 mg de propofol. Estável durante todo procedimento, que durou propofol ou tiopental, devido à potencial piora da função cardíaca.
40 minutos. Sugerimos solicitação de interconsulta com a neurologia. O uso de emulsão lipídica em casos de parada cardíaca é recomen-
Paciente foi reavaliado no pós-operatório, sendo constatado que ele dado, com bolus inicial de 1,5 mL/kg de emulsão lipídica a 20%,
apresentava um quadro prévio de parestesia, redução da força em seguido de infusão contínua de 0,25 mL/kg até 10 minutos após
membros inferiores e perda de controle esfincteriano com mais de retorno da função cardíaca.
uma semana de evolução. Solicitada ressonância magnética de co- Referências:
luna torácica e lombar, que demonstrou abscesso epidural envolven- 1. Vasques F, Behr AU, Weinberg G, et al. A review of Local Anes-
do as vértebras de L4 e S2, com compressão medular. Submetido a thetic Systemic Toxicity Cases Since Publication of the American
laminectomia, sem intercorrências no procedimento. Apresentando Society of Regional Anesthesia Recommendations. Reg Aneth Pain
remissão gradativa dos sintomas neurológicos e acompanhamento do Med. 2015;40:698705.
quadro infeccioso pela infectologia. 2. Neal JM, Bernards CM, Butterworth JF, et al. ASRA practice advi-
Discussão: Descrevemos um caso no qual sintomas de dor lombar e sory on local anesthetic systemic toxicity. Reg Anesth Pain Med.
alterações de membros inferiores foram atribuídos à litíase renal e 2010;35:152-61.
não foram detalhados no contexto de urgência do caso. O conheci-
mento prévio do abscesso peridural contraindicaria a tentativa de
TLO372 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA APÓS
bloqueio, representando ainda um risco de meningite por dissemi-
RAQUIANESTESIA
nação infecciosa para o espaço subaracnóideo. Queixas de dor em
região lombar, sobretudo quando associadas a alterações neurológi- Laís Campos Bittencourt, Eduardo Campos Braga*,
cas, devem ser criteriosamente avaliadas clinicamente, mesmo em Leonardo Neves Santana, Bruno Farah Alvarenga,
casos de urgência. Daniel Richard Martins Mota, José Osiel de Almeida
Referência:
Santa Casa de Misericórdia de Franca, Franca, SP, Brasil
1. Brull R, Macfarlane AJR, Chan VWS. Spinal, Epidura, and Caudal
Anesthesia. In: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI et al. Miller’s Introdução: A raquianestesia é uma técnica amplamente utilizada
Anesthesia. 8 ed. Philadelphia, Elsevier, 2015;1684-720. e, embora considerada segura, não está isenta de riscos ou efeitos
S116 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

adversos. Entre as possíveis complicações, a mais temida é a parada mia do segmento I e IV com colecistectomia por presença de metás-
cardiorrespiratória (PCR). tases hepáticas de tumor colorretal. Escolhida técnica anestésica
Relato de caso: Paciente, 71 anos, retossigmoidectomia prévia combinada peridural e geral. Realizada, então, punção peridural
com colostomia à Hartman, internada para reconstrução do trân- T8-T9 com agulha Tuhoy 16G, sob técnica de perda de resistência.
sito intestinal. Portadora de HAS e DM2 em uso de atenolol e IR. Ao atingir o espaço, aspirada seringa, sem retorno de líquido, e
Exame físico: hipocorada (2+/4+), desidratada (2+/4+). PA: 160 × injetados no espaço 18 mL de ropivacaína 0,5% + morfina 2 mg. Após
80 mmHg; FC: 60 bpm; FR: 16 irpm. Exames laboratoriais sem alte- término da injeção, posicionado cateter peridural na marca de 12
rações. Realizada raquianestesia com bupivacaína pesada 0,5% 20 cm sem resistência e fixado com curativo transparente estéril após
mg + morfina 80 mcg. Nível sensitivo T4. Iniciada cirurgia, manten- aspiração negativa de líquido ou sangue. Posicionada paciente em
do-se estável hemodinamicamente por 40 minutos quando ocorreu decúbito dorsal e submetida à anestesia geral. Ao final do proce-
episódio de assistolia, não precedida de dessaturação. Realizadas dimento, com duração de 6 horas, foi realizada nova aspiração do
manobras de RCP e IOT tubo nº 7,5. Após um ciclo de reanimação e cateter para repique de anestésico e observado refluxo de 4 mL
1 mg de adrenalina IV, PCR revertida em ritmo sinusal. FC 100bpm, de líquido. Levantada a hipótese de localização subaracnóidea, foi
PA 86 × 60 mmHg e SatO2 100%. Após 30 minutos permanecendo es- feito teste com bupivacaína + glicose, com resultado positivo. Rea-
tável, foi extubada e encaminhada para o CTI. Permaneceu no CTI lizado coagulograma e, vindo este sem alterações, retirado cateter
por 2 dias, recebendo alta hospitalar no 3º dia de internação, sem peridural. Paciente evoluiu 2 dias após o procedimento com cefaleia
intercorrências. occiptal postural e vertigem. Otimizada então hidratação e anal-
Discussão: A PCR pós-bloqueio de neuroeixo é definida como a gesia e introduzida cafeína na dieta, com melhora importante dos
ocorrência súbita de bradicardia ou assistolia, com necessidade de sintomas e alta hospitalar após 2 dias.
manobras de RCP, em pacientes estáveis hemodinamicamente. Ge- Discussão: A punção acidental da dura-máter é uma das complica-
ralmente não há alteração pulmonar ou dessaturação prévia. Tem ções mais comuns da anestesia epidural. A migração do cateter pe-
como fatores de risco: FC < 60 bpm, jovens vagotônicos, uso de ridural é uma complicação inerente ao procedimento e pode trazer
betabloqueadores, alto nível do bloqueio e indivíduos < 50 anos consequências ao paciente, desde falha de anestesia/analgesia até
com BAV prévio. Em idosos, o uso da mesma dose de anestésico intoxicação e injeção intratecal não intencional. A injeção subarac-
local oferece um nível de bloqueio sensitivo mais alto. Há dois picos noide de quantidades inapropriadas de anestésicos e opioides pode
de incidência, sendo o primeiro precoce, devido ao uso de dose levar a bloqueio extenso, com comprometimento de musculatura
excessiva de anestésico local, e o segundo, tardio, relacionado a respiratória, hipotensão e parada cardíaca. É necessário teste do
eventos cirúrgicos. A etiologia é creditada ao bloqueio simpático, correto posicionamento do cateter antes de toda e qualquer infu-
que promove diminuição da PA, PVC e pré-carga, e ao consequente são. A migração do cateter peridural pode ser prevenida por uma
predomínio parassimpático vagal, que provoca efeitos inotrópicos, fixação mais aprimorada, como tunelização subcutânea e sutura. A
cronotrópicos e dromotrópicos negativos. Como o nível de bloqueio cefaleia pós-punção inapropriada de dura-máter pode ser tratada
simpático se estende dois a seis dermátomos acima do bloqueio com hidratação, analgesia otimizada e cafeína. Em casos refratá-
sensitivo, um paciente com nível sensitivo T4 pode ter fibras car- rios, podem ser realizados o bloqueio esfenopalatino e blood-patch.
dioaceleradoras bloqueadas, diminuindo a FC. Em pacientes com Referências:
múltiplos fatores de risco, é importante a administração de atropina 1. Day Y, Graham D. Epidural catheter migration. Anaesth. 2002;57:418.
anterior ao bloqueio. O tratamento adequado e precoce constitui-se 2. Raghupatruni V, Ganesh KS. Accidental migration of epidural ca-
de manutenção da pré-carga com reposição das perdas volêmicas, theter into subarachnoid space: a case report. Int J Sci Stud.
administração de um agente vagolítico associado a agentes simpati- 2015;3:200-1.
comiméticos, em especial a adrenalina, e medidas de suporte a fim
de reduzir a morbidade e melhor prognóstico do paciente.
Referências: TLP282 RAQUIANESTESIA CONTÍNUA UTILIZADA COMO
1. Limongi JAG, Lins RSM. Parada Cardiorrespiratória em Raquianes- TÉCNICA ANESTÉSICA ALTERNATIVA APÓS PUNÇÃO
tesia revisão de literatura. Rev Bras Anestesiol. 2011;61:110-20. ACIDENTAL DA DURA-MÁTER - RELATO DE CASO
2. Cangiani LM, et al. Anestesia subaracnóidea. In: Cangiani, LM,
Cyléia Brandão de Andrade*, Anderson Sampaio Marui,
et al. Tratado de Anestesiologia. 8.ed. São Paulo: Atheneu,
2017;1687-724. Emilio Carlos Del Massa, Adelaide Moral Tarifa,
Claudiane de Paula Bastos
Hospital Santa Marcelina, São Paulo, SP, Brasil
TLP388 PERFURAÇÃO DE DURA-MÁTER POR CATETER DE
Introdução: A punção acidental da dura-máter, durante a realização
PERIDURAL COM CONSEQUENTE CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO:
de uma anestesia peridural, pode ser utilizada para passagem de um
RELATO DE CASO
catéter subdural, realizando-se uma raquianestesia contínua para
Rafaela Souto e Souza*, Alyne Andrade Lima, Patricia Batista Matos, controle da dor no intra e pós-operatório.
Maize Cordeiro de Melo Marina Ayres Delgado, Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 75 anos, 57 kg. Admi-
Walkiria Wingester Vilas Boas tida em março de 2017 para tratamento cirúrgico de neoplasia de
ovário. HPP: diagnóstico prévio de angina instável risco moderado
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais
por Detsky modificado para este procedimento cirúrgico. Exames
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
pré-op: UR 30; CR 0,95; NA 134; K 4,8; HB 9,5; PLQ 408.000 LEUCO
Introdução: O bloqueio peridural, amplamente utilizado no perio- 7100 CATE: 05/04/17 DA 100% ocluída em proximal e CD 70% proxi-
peratório e para analgesia pós-operatória, pode apresentar compli- mal. ECOTT (13/03/17) AO: 32 AE: 38 VE: 46 × 29 FE: 67% PSAP: 37
cações. Destacam-se cefaleia pós-punção acidental da dura-máter, VE disfunção diastólica (alteração de relaxamento). Ao exame físi-
sangramentos, lesão neurológica, injeção intravascular e infecções. co: REG, AAA, palidez cutâneo mucosa 2+/4+, hidratada, eupneica.
O objetivo deste relato é descrever um caso de perfuração inadver- AP: MV universal SA; AC: BNF, RR, SS; PA: 114 × 76; FC: 68 bpm; ABD:
tida de dura-máter durante a passagem do cateter de peridural com distendido maços/ano, cessou 2 meses antes da cirurgia. Optou-se
consequente cefaleia pós-punção. para este procedimento por anestesia peridural com passagem de
Relato de caso: ECRS, 50 anos, sexo feminino, sem comorbidades catéter + geral balanceada. Monitorização: cardioscopia, oximetria
prévias, submetida a uma hepatectomia direita mais segmentecto- de pulso, PANI, PAI (J22) dois acessos venosos periféricos calibrosos
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S117

(J20 e J18), AVC em VJID guiado por US sem intercorrências, anti- Discussão: Durante a raquianestesia lombar, há dispersão da
bioticoprofilaxia cirúrgica. Ansiólise com 2 mg de midazolam e 50 solução anestésica hiperbárica no sentido podocefálico (decorrente
mcg de fentanil. Procedeu-se à punção do espaço peridural com do cefalodeclive), preferencialmente nas fibras posteriores
agulha Tuohy 18G, técnica de Dogliotti, posição sentada, interespa- nociceptivas, e menor das fibras motoras anteriores, fatores que
ço L1-L2, ocorrendo perfuração acidental da dura-máter. Decidido dificultariam a paresia da musculatura respiratória. No entanto,
por alteração da técnica anestésica para raquianestesia contínua, ocorre relaxamento da musculatura abdominal, que auxilia na
sendo introduzido o catéter no espaço subdural no orifício da per- respiração ativa e intercostal interna e externa, sem bloqueio
furação, injetados 80 cmg de morfina e 20 mcg de fentanil, sem frênico motor, causando dessincronização entre esses músculos
intercorrências. Indução anestésica com fentanil 200 mcg + lidocaí- respiratórios relaxados e o diafragma não bloqueado, caracterizando
na a 2% sem vaso etomidato 8 mg + cisatracúrio 10 mg. Durante o a respiração diafragmática. Assim, com a capacidade expiratória
intraoperatório, paciente se manteve estável, sem necessidade de prejudicada, há redução progressiva da frequência respiratória e
DVA. Transfundida uma bolsa de CH. Procedimento cirúrgico teve da consciência, com retardo na alteração da SpO2. No caso rela-
duração de 4 horas. Paciente foi encaminhada para UTI e, 8 horas tado, houve bloqueio acima do nível esperado, gerando a descom-
após o procedimento, foi reavaliava referindo dor de intensidade 2 pensação respiratória da paciente e perda do nível de consciência,
segundo a escala visual analógica da intensidade da dor; repicados caracterizando a raquianestesia total. A abordagem precoce foi
então 10 mcg de fentanil e 80 mcg de morfina e sacado o cateter, fundamental para o tratamento adequado dessa complicação pouco
sem intercorrências. frequente com doses habituais de anestésico local.
Discussão: Devido à coronariopatia da paciente, optou-se por anes- Referências:
tesia combinada, regional e geral, objetivando-se o melhor controle 1. Benitez PRB, Nogueira CS, Holanda ACC, Santos JC. Raquianes-
hemodinâmico e da dor intra e pós-operatória. Após punção aci- tesia lombar com bloqueio nociceptivo cervical: revisão críti-
dental da dura-máter durante tentativa de peridural, foi realizada ca de uma série de 1330 procedimentos. Rev Bras Anestesiol.
raquianestesia contínua, com o objetivo de um adequado manejo 2014;66:86-93.
anestésico no intraoperatório, como também uma melhor recupe- 2. Imbelloni LE, Moreira AD, Gaspar FC, Gouveia MA, Cordeiro JA.
ração pós-anestésica. Assessment of the densities of Local Anesthetic and their combi-
Referências: nation with adjuvants: an experimental study. Rev Bras Aneste-
1. Correia M, Dos Santos A, Lages N, Correia C. Laparoscopic chole- siol. 2009;59:154-65.
cystectomy under continuous spinal anesthesia in a patient with
Steinert’s disease. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pubmed/26952230 Acessado em 08/07/17. TLO673 TAMPÃO SANGUÍNEO PERIDURAL TORÁCICO
2. Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, E, et al. Anestesia Peridural PARA TRATAMENTO DE PARALISIA DO NERVO ABDUCENTE
e Anestesia Raquidiana. Manual de Anestesiologia Clínica. 7 ed. DEVIDO À PUNÇÃO ACIDENTAL DE DURA-MÁTER: RELATO
Porto Alegre, Artmed, 2015;508-33. DE CASO
Cláudia Leal Ferreira Horiguchi*,
Gustavo Henrique de Abreu Caetano, Thiago Gonçalves Wolf,
TLO467 RAQUIANESTESIA TOTAL COM DOSE HABITUAL DE
Sílvia Rabelo Lage Lamounier, Annelyse de Abreu Peixoto,
BUPIVACAÍNA HIPERBÁRICA. RELATO DE CASO
Paulo César de Abreu Sales
Amanda Targino Kataoka*, Cynthia de Oliveira Rego,
Carolina Moreno Fernandez, Bruno Mendes Carmona, Hospital Universitário Ciências Médicas, Belo Horizonte, MG,
Brasil
João Hermínio Pessoa dos Santos, Luis Paulo Araújo Mesquita
Introdução: A punção acidental da dura-máter é uma complicação
Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
conhecida e relatada na realização da anestesia peridural. A altura
Introdução: A raquianestesia, apesar de sua popularidade, possui de realização do bloqueio na coluna torácica se correlaciona com o
diversos efeitos indesejáveis, como cefaleia, bloqueio insuficien- risco de perfuração acidental de dura-máter (maior frequência na
te, hipotensão arterial, síndrome da cauda equina, radiculopatia, punção torácica baixa do que na média ou na alta) e de complica-
aracnoidite adesiva e raquianestesia total, causando este último ções associadas à punção (maior nas regiões torácicas média e baixa
hipoventilação, dessaturação e redução no nível de consciência, do que na alta). Tratamento conservador por meio de sintomáticos
vasodilatação, hipotensão arterial severa, bradicardia e parada car- é a opção recomendada para o paciente com apresentação branda.
diorrespiratória. Contudo, em casos graves, o tampão sanguíneo peridural (TSP) é
Relato de caso: Mulher, 57 anos, 61 kg, 1,55 m, estado físico ASA preconizado.
P1, com exames complementares normais, programada para cirur- Relato de caso: Paciente de 37 anos, feminino, ASA 1, submetida
gia de histerectomia. Após monitorização obrigatória, venóclise e à anestesia peridural para realização de mamoplastia de aumento.
sedação com midazolam 3 mg e fentanil 50 mcg, foi realizada a Realizado bloqueio peridural sob técnica asséptica, com punção me-
raquianestesia com bupivacaína hiperbárica 0,5% 20 mg, morfina diana inadvertida de dura-máter por agulha 17G, Tuohy ao nível de
0,1 mg e clonidina 150 mcg, com a paciente sentada. Ao término, T5-T6. Setenta e duas horas após o procedimento, a paciente apre-
a paciente foi posicionada em decúbito dorsal com cefalodeclive sentou vômitos contínuos, diplopia e borramento visual unilateral
de aproximadamente 25º. Após 5 minutos, evoluiu com desconforto sem cefaleia. Foi realizado tampão sanguíneo peridural com 10 mL
respiratório, gasping, dessaturação, hipotensão arterial e redução de sangue autólogo ao nível de T4-T5, com melhora importante e
do nível de consciência. O anestesista imediatamente reverteu o progressiva da alteração visual e da náusea e resolução dos vômitos.
celafodeclive, iniciou assistência ventilatória sob máscara facial A paciente foi acompanhada diariamente até a alta, sem apresentar
com O2 100%, administrou efedrina 10 mg e, em seguida, inseriu novos sintomas.
uma máscara laríngea nº 4 e iniciou a ventilação mecânica. Após Discussão: A perfuração da dura-máter com agulha de Tuohy provoca
15 minutos, a paciente assumiu o controle de sua respiração e cefaleia postural na maioria dos pacientes e, eventualmente, outros
despertou. A máscara laríngea foi retirada e a paciente manteve- sintomas como náuseas, rigidez do pescoço e zumbido. Em raras
se hemodinamicamente estável até o fim da cirurgia, que durou ocasiões, a paralisia de nervos cranianos pode ocorrer. No caso
140 minutos. Ao término, foi encaminhada à SRPA respirando em ar em questão, a paciente não relatou cefaleia, mas apresentou
ambiente, recebendo alta após 60 minutos. manifestações neurológicas sugestivas de tração de nervo abducente
S118 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

por hipotensão liquórica. Embora o TSP não apresente indicação pacientes com SPM. Revisão sistemática de pacientes com esclerose
imediata após o acidente de punção, devido à possibilidade de múltipla, outra doença desmielinizante, não conseguiu confirmar o
alguns pacientes não desenvolverem sintomas, sugere-se que, nos agravamento da doença com o BNE. Baseados nessa revisão, opta-
casos com diplopia, tal procedimento possa levar a uma melhora mos por realizar bloqueio epidural para controle do quadro álgico
parcial e/ou resolução precoce do quadro se realizado nas primeiras do paciente, apesar da possível dificuldade técnica enfrentada pela
24 horas do seu início. O volume de sangue autólogo usado difere de cifoescoliose. Chamou atenção que, apesar de a analgesia ter sido
acordo com o nível de injeção. Comparado com a área lombar, um adequada no transoperatório, o paciente acordou com dor. Repica-
menor volume é usado na área cervical e torácica. Todavia, existem mos a mesma dose de ropivacaína nesse momento. Antes da aneste-
poucos estudos sobre o TSP em região torácica e cervical e pouco se sia, questionamos possível modificação da sensibilidade dos nervos
sabe sobre o TSP no tratamento da paralisia do sexto par craniano. em doenças desmielinizantes e optamos por baixas concentrações
Referências: de anestésico, evitando complicações. No pós-operatório, questio-
1. França MA, Araujo SA, Abreu EMF, et al. Anestesia peridural: namos se o aparecimento da dor foi devido à pequena concentração
vantagens e desvantagens na prática anestésica atual. Rev Med usada ou se foi uma resposta inesperada, decorrente da doença.
Minas Gerais. 2015;25(Supl 4):S36-S4736. Referência:
2. Kim YA, Yoon DM, Yoon KB. Epidural blood patch for the treat- 1. Kamekura N, Nitta Y, Takuma S, et al. General Anesthesia for a
ment of abducens nerve palsy due to spontaneous intracranial Patient With Pelizaeus-Merzbacher Disease. Anesthesia Progress.
hypotension: a case report. Korean J Pain. 2012;25:112-5. 2016;63:91-4.

TLP496 ABORDAGEM ANESTÉSICA DA DOENÇA DE BEHÇET:


RELATO DE CASO
XXVIII) Doenças Raras Naiana Melo de Aragão Ximenes*,
Antonio Vinicius de Assis Feitosa Junior, Ana Carolina de Souza Moreira,
Leonardo Homem de Faria Martins,
TLO670 ANESTESIA GERAL E BLOQUEIO EPIDURAL EM
Flávia Vieira Guimarães Hartmann
CRIANÇA COM SÍNDROME DE PELIZAEUS-MERZBACHER:
RELATO DE CASO Hospital Regional de Sobradinho, Brasília, DF, Brasil
Maria Celia Ferreira da Costa, Tânia Cursino de Menezes Couceiro Filho, A doença de Behçet (DB) é uma afecção inflamatória multissistêmi-
Douglas Kaíque de Oliveira Lopes, Marina Carvalho de Gusmão Pereira, ca, autoimune, caracterizada por lesões vasculíticas que se mani-
Vanessa Cristina Vieira Silva da Câmara*, festam por meio de artrite, uveíte, lesões cutâneas e úlceras orais
Roberto de Oliveira Couceiro Filho e genitais, além de um estado de hipercoagulabilidade responsável
pela formação de trombos venosos e arteriais, com incidência de
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), 3,3 por 1.000.000 no Ocidente. Casos esporádicos envolvem super-
Recife, PE, Brasil fícies sinoviais, pulmões, sistemas nervoso central e cardiovascular.
Introdução: A síndrome de Pelizaeus-Merzbacher (SPM) está incluí- Este relato apresenta o caso de paciente portadora de DB que se
da no grupo de doenças degenerativas progressivas que cursam com apresentou para cirurgia de urgência. Paciente feminino, 54 anos,
defeito na mielinização do sistema nervoso central. Seus sintomas histórico de glaucoma, HAS controlada com metildopa e DB em re-
incluem retardo psicomotor e cognitivo, nistagmo, tônus muscular missão no momento. Passado cirúrgico de laqueadura tubária sem
anormal, convulsões e problemas respiratórios, tornando a realiza- intercorrências. Admitida para correção de fratura patelar. Moni-
ção de anestesia nesses pacientes bastante desafiadora. Neste caso, torizada com oximetria, cardioscopia e PANI. Feita venóclise em
chama atenção o quadro álgico do paciente, de forte intensidade, mão esquerda com jelco 18G. Efetuou-se raquianestesia em L3/L4,
causado pelo deslocamento da cabeça do fêmur, motivo de realiza- com agulha Quincke 25G, bupivacaína hiperbárica 20 mg e morfina
ção da cirurgia. 100 mcg. Bloqueio sensitivo em T10. Associada sedação com mida-
Relato de caso: Menino de 12 anos, 26 kg, portador de SPM, a ser zolam 3 mg e fentanil 100 mcg. Tempo anestésico de 155 minutos.
submetido a tratamento cirúrgico de luxação de quadril. Apresenta Variáveis intraoperatórias: SatO2 98-99%, FC 70-85 bpm, PANI 100-
importante cifoescoliose, passado de convulsões controladas com 120/50-70 mmHg. Encaminhada à sala de recuperação consciente,
carbamazepina, alimentação por gastrostomia. Proposta anestesia eupneica, sem dor, estável hemodinamicamente e bloqueio motor
geral com peridural analgésica. Monitorização feita com cardios- Bromage III. A DB, além de lesões tegumentares, pode cursar com
copia, oximetria, capnografia e pressão arterial invasiva. Além da síndrome da cauda equina, lesões de medula espinhal, meningite
indução inalatória com sevolflurano a 4%, foram feitos 50 mg de asséptica, trombose cerebral, aneurisma de artéria pulmonar e in-
propofol e 80 µg de fentanil, intubação orotraqueal com tubo 6,0 suficiência renal crônica. Atenção deve ser dada ao uso de AINES
com cuff, manutenção com sevoflurano a 2%. Realizada a peridural e corticosteroides, pelas complicações de seu uso crônico, como
lombar com injeção de ropivacaína a 0,3% (45 mg) e morfina (600 sangramentos e supressão suprarrenal. Os pacientes exibem uma
µg), passado cateter de epidural. A cirurgia ocorreu sem intercor- hiper-reatividade característica (patergia) a punções na epiderme,
rências, com extubação ao final. com formação de nódulos ou pústulas eritematosas assépticas, que
Discussão: Crianças com SPM frequentemente requerem anestesias podem servir de entrada para infecções secundárias. Conforme a
para exames diagnósticos, tratamento dentário, cirurgias ortopédi- literatura, anestesia regional não está contraindicada (CI), porém
cas e gastrostomias. Esses pacientes são hipersecretivos, não têm a punção da agulha está relacionada com inflamação e recidiva de
bom controle dos musculos faríngeos e da via aérea. Pelo risco de lesões, o que não ocorreu neste caso. Em pacientes com lesões de
refluxo gastroesofágico e broncoaspiração, podem ser gastrostomi- orofaringe, a abordagem da via aérea (VA) pode ser difícil pelo ede-
zados, o que aconteceu com nosso paciente, que não tinha compro- maciamento da mucosa, e máscara laríngea está CI nos casos ativos.
metimento ventilatório. Na literatura, existem poucos dados que Em pacientes pediátricos, a ultrassonografia da VA pode ser útil para
orientem o uso dos bloqueadores neuromusculares nos pacientes avaliação do diâmetro subglótico e predição do diâmetro do tubo
com SPM, e optamos por não utilizá-los. A anestesia geral é con- endotraqueal. Na presença de lesões na medula espinhal, o que não
siderada segura em pacientes com doenças desmielinizantes. Em foi constatado neste caso, pode haver riscos de hiper-reflexia auto-
relação ao bloqueio do neuroeixo (BNE), nenhum relato foi feito em nômica e de resposta hipercalêmica à succinilcolina. Muitas vezes, o
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S119

anestesiologista depara-se, como neste caso, com pacientes porta- TLO365 ABORDAGEM ANESTÉSICA PARA CIRURGIA
dores de doenças incomuns, em situação de urgência, cuja aborda- VIDEOLAPAROSCÓPICA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE
gem representa grande desafio ao exercício da especialidade. RUBINSTEIN-TAYBI
Referências:
Derik de Azevedo Quintas, Ayuri Mayra Jucá Meguro,
1. Gupta A, Banerjee N, Sharma J, Sood R. Repeated surgeries in a
Thais Martins Moraes Benjamim, Flávio Gurgel Paulino Murta,
patient with Behçet’s disease, what changes to expect? Anesth
Alehandro Neves Terra, Felix Antônio Rocha Castillo*
Essays Res. 2013;7:279-81.
2. Tetzlaff JE. Distúrbios da pele e dos ossos. In: FLEISHER, LA, et Hospital São Camilo e São Luís, Macapá, AP, Brasil
al. Anestesia e Doenças Incomuns. 5ed. SãoPaulo. Editora Mano-
Introdução: A síndrome de Rubinstein-Taybi (SRT) foi descrita pela
le, 2011;229-30.
primeira vez em 1963, por Jack Rubinstein e Hooshang Taybi, em 7
pacientes com características comuns: retardo mental, anomalias
TLP498 ABORDAGEM ANESTÉSICA DE URGÊNCIA EM craniofaciais e alargamento de polegares e hálux. Com a contribui-
ção de diversos autores, o escopo da síndrome foi expandido, sendo
PACIENTE COM HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA
a prevalência de cardiopatias congênitas em até um terço desses
Huana Christina Rosa Nogueira *, Eduardo Henrique Silva Bachião, pacientes digna de nota. Dadas as anomalias usualmente observa-
Yale Viana Alves, Camylla Prates Timo, das, os pacientes com SRT comumente necessitam ser submetidos
Eduardo Vilela Borges dos Santos, Flávia Vieira Guimarães Hartmann a anestesia geral. Desta forma, objetivamos descrever a condução
de anestesia geral em portador de SRT submetido a fundoplicatura
Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil
à Nissen por videolaparoscopia.
Introdução: A hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é uma ane- Relato de caso: Paciente masculino, 20 anos, 68 kg, 160 cm, IMC
mia hemolítica crônica rara, com incidência estimada anual de 1,3 26,6 kg/m², diagnosticado ao nascimento com SRT. Tem história de
por 1.000.000 de pessoas. A doença é causada por um defeito muta- fundoplicatura à Nissen na infância. Manifestou recidiva dos sinto-
cional no gene da fosfaditilinositolglicana, localizado no cromossomo mas, sendo recentemente encaminhado para novo procedimento e
X, e se apresenta como uma síndrome clínica única, caracterizada apresentando esofagite erosiva (Grau II de Savary-Miller) e hérnia
por anemia hemolítica, pancitopenia e fenômenos tromboembólicos, de hiato por deslizamento significativa. Durante avaliação pré-a-
associada a anemia aplásica e infecções recorrentes. Há uma escas- nestésica, não se evidenciaram quaisquer alterações. Na sala de
sez de literatura a respeito da abordagem anestésica desses pacien- cirurgia, durante pré-oxigenação com O2 a 100%, foi induzido com
tes, que podem necessitar de tratamentos cirúrgicos de urgência. fentanil (2,5 mcg.Kg-1), propofol (2 mg.Kg-1) e cisatracúrio (0,1
Relato de caso: Masculino, 17 anos, 48 kg, diagnosticado com HPN mg.Kg-1). Após laringoscopia, se constatou uma classificação Cor-
e aplasia de medula óssea. Fora submetido a ressecção de segmento mack e Lehane (modificada por Cook) classe 3B; com manobras de
de intestino delgado por trombose mesentérica. Em uso de ecu- otimização externa, obteve-se uma classe 3A e a pronta intubação
lizumab. Admitido para sinusectomia maxilar e ressecção de lesão orotraqueal (IOT) com tubo de 8 mm com balonete, confirmada com
fúngica de septo nasal pela urgência. Paciente em mau estado ge- módulo analisador de gases. Foi estabelecida ventilação mecânica
ral, desnutrido e hipocorado 2+/+4, atitude passiva. Exames ini- invasiva controlada a volume (7 mL.kg-1), e a manutenção anesté-
ciais: Hb 7,9 g/dL; Ht 22%; leucócitos: 800/mm³; plaquetas 37.000/ sica foi realizada com remifentanil (0,2 mcg.kg-1.min-1) e propofol
mm³. Monitorização básica seguida de anestesia geral balanceada: (100 mcg.kg-1.min-1) em bombas de infusão contínua. Ao término
indução com lidocaína 80 mg, fentanil 150 µg, propofol 150 mg e da cirurgia, foi realizada reversão do bloqueio neuromuscular e ex-
succinilcolina 80 mg. Relaxamento muscular insatisfatório para in- tubação após TOF > 0,9. O paciente foi levado à recuperação pós-a-
tubação orotraqueal (IOT). Optou-se por cisatracúrio 8 mg e IOT nestésica, onde permaneceu por 120 minutos.
foi realizada sem intercorrências. Manutenção com sevoflurano. Pa- Discussão: A SRT se caracteriza como uma síndrome autossômica
ciente extubado e encaminhado à sala de recuperação. dominante complexa e rara (afetando 1 para cada 125.000 nascidos
Discussão: A anestesia nesse paciente deve ser realizada visando à vivos), e devido às anomalias craniofaciais e possíveis cardiopatias
minimização do estresse, precaução de hipoxemia, acidose, desi- congênitas, esses pacientes devem ser submetidos a avaliação préa-
dratação e controle da dor, evitando-se, assim, hemólise e alteração nestésica minuciosa e ser considerados possíveis vias aéreas difíceis
da atividade imunorregulatória. Esses pacientes apresentam maior (VAD). No caso relatado, a IOT foi possível com simples manobra
risco de sangramento transoperatório por plaquetopenia e eventual de otimização externa, mas é prudente a separação de material
uso de anticoagulantes. Medicações potencialmente desencadea- para VAD (introdutor, fibroscópio e dispositivos supraglóticos) nesses
doras de ativação do complemento, como o propofol, devem ser pacientes. Nos pacientes com cardiopatia congênita, atenção espe-
evitadas, pois a mutação no gene da fosfaditilinositolglicana impede cial deve ser dada às medicações cardiodepressoras. No caso deste
a ancoragem de proteínas de superfície responsáveis pelo controle relato, a manutenção descrita mostrou-se segura.
da ativação da cascata do complemento. Devido à associação com Referências:
aplasia de medula, transfusões recorrentes e susceptibilidade a in- 1. Negri G, Milani D, Colapietro P, et al. Clinical and molecular
fecções, as técnicas anestésicas devem prezar pela estrita assepsia. characterization of Rubinstein-Taybi syndrome patients car-
Não encontramos na literatura explicação para a resistência ao blo- rying distinct novel mutations of the EP300 gene. Clin Genet.
queador neuromuscular despolarizante utilizado. O uso de eculizu- 2015;87:148-54.
mab, um anticorpo monoclonal humanizado que bloqueia a ativação 2. Oliveira C, Elias L. Anestesia em paciente com Síndrome de Rubin­
do complemento terminal no nível C5, é capaz de estabilizar os stein-Taybi: relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 2005;55:546-51.
níveis de hemoglobina e reduzir as necessidades transfusionais e
deve ser mantido no perioperatório. Os portadores de HPN podem
se beneficiar amplamente dos tratamentos disponíveis, com redu- TLP007 ANESTESIA EM GESTANTE PORTADORA DE MIOPATIA
ção do risco de sequelas graves e melhora considerável da qualidade CONGÊNITA TIPO DESPROPORÇÃO CONGÊNITA DO TIPO DE
de vida; entretanto, este paciente evoluiu para óbito, após 8 meses, FIBRAS
devido a infecção fúngica generalizada. Renata Sofia Guimarães**, Hugo Eckener Dantas P. Cardoso,
Referência:
Ricardo Almeida de Azevedo, José Admirço Lima Filho,
1. Arruda MMAS, Rodrigues CA, Yamamoto M, et al. Hemoglobinúria
Élio Ferreira de Oliveira Júnior, Samyr Lopes Arruda Carneiro
paroxística noturna: da fisiopatologia ao tratamento. Rev Assoc
Med Bras. 2010;56:214-21. Hospital Geral Roberto Santos, Salvador, BA, Brasil
S120 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Introdução: A miopatia congênita tipo desproporção congênita ovário e colecistectomia. O diagnóstico da doença muscular baseou-
do tipo de fibra (MCDTF) é uma rara doença genética causada por se em história familiar prévia e início de fraqueza em membros in-
mutações nos genes ACTA1, SEPN1, RYR1 ou TPM3, caracterizada feriores aos 27 anos. A paciente, no momento da cirurgia, encon-
por hipotonia e fraqueza muscular generalizada no nascimento trava-se com imobilidade dos membros inferiores e grau 2 de força
ou primeiro ano de vida. Este caso visa a apresentar o relato da em membros superiores, não se queixava de dispneia ou dificuldade
anestesia de uma gestante portadora de MCDTF. para tossir. Em tratamento com riluzol. Além disso, apresentava hi-
Relato de caso: Gestante 25 anos, G1/P0, 36 semanas e 4 dias pertensão arterial sistêmica, em uso de propanolol. Exames labora-
de gestação, portadora de miopatia congênita tipo desproporção toriais normais, ECG normal. Raio X de tórax com estrias atelectási-
congênita do tipo de fibras, confirmada por biópsia muscular. cas em bases pulmonares. Na sala cirúrgica, paciente monitorizada
Paciente com história de hipotonia e atraso do desenvolvimento com cardioscópio, oxímetro de pulso, pressão arterial não invasiva,
motor, fraqueza proximal em quatro membros, luxação do quadril, monitorização da JNM com TOF e capnografia pós-IOT com analisa-
escoliose leve, fácies alongada, palato em ogiva, baixo peso e dor de gases. Venóclise com Abocath 20. Após realizada a pré-oxi-
restrição pulmonar importante (capacidade vital 25%), em uso de genação, foi submetida a anestesia geral balanceada com fentanil
BiPAP. Foi contraindicado parto vaginal por deformidade anatômica 250 mcg, lidocaína 1% sem vasoconstritor 90 mg, propofol 150 mg
de quadril. Admitida em sala de operação para realização de e rocurônio 30 mg. Manutenção da anestesia com sevoflurano e in-
cesariana. Ato anestésico iniciado com monitorização através de fusão de cetamina S. Procedimento com duração total de 4 horas e
cardioscopia, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva, 30 minutos, sem intercorrências. Ao final do procedimento, pacien-
oxigenoterapia através de BiPAP e venóclise com jelco 18G. te com TOF 0, realizada descurarização com sugammadex 400 mg,
Realizada anestesia peridural contínua com punção em nível de com TOF retornando ao valor inicial. Paciente apresentou ventila-
L3/L4 e passagem de cateter peridural, com administração de ção espontânea, porém com volume corrente baixo; optou-se então
morfina 2 mg, fentanil 100 mcg e lidocaína 2,0% 320 mg, obtendo-se pelo uso de naloxona 0,08 mg. Após melhora do padrão ventilatório,
bloqueio com nível sensitivo adequado em T4. Paciente apresentou prosseguiu-se com a extubação, e a paciente foi encaminhada à sala
mínima repercussão hemodinâmica, permanecendo confortável em de recuperação anestésica.
ventilação espontânea durante todo o procedimento. Ao final, foi Discussão: A anestesia nesses pacientes inspira maior atenção e cui-
encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva acordada, em uso do dados por parte do anestesiologista, devido à maior sensibilidade
BiPAP, SpO2 98%, sem queixas e estável hemodinamicamente. dos portadores de SMA aos bloqueadores neuromusculares adespo-
Discussão: O manejo anestésico de pacientes com patologias larizantes e à hipercalemia induzida pela succinilcolina. Além disso,
musculares é um desafio. Podem ocorrer complicações associadas podem ocorrer complicações respiratórias decorrentes da fraqueza
à fraqueza muscular respiratória, miocardiopatia prévia e altera- muscular prévia. Infelizmente, há poucas informações disponíveis
ções na anatomia das vias aéreas, além das respostas esporádicas na literatura sobre o manejo anestésico para esse tipo de patolo-
imprevisíveis, como rabdomiólise e intenso catabolismo. Para iden- gia, porém sabe-se que o uso de relaxantes musculares, opioides e
tificar e minimizar os riscos, uma avaliação pré-anestésica minucio- tiopental podem apresentar um efeito prolongado de ação nesses
sa é fundamental. As deformidades da coluna vertebral, incluindo pacientes. Torna-se, portanto, imperativo o uso de drogas de elimi-
escoliose, cifoescoliose e lordose, são vistas em 25% ou mais de nação rápida, além da monitorização da JNM no transoperatório e
indivíduos. Por isso, abordagem do neuroeixo pode ser dificultada. na sala de recuperação, visando a minimizar intercorrências.
A função respiratória deve ser avaliada. O comprometimento res- Referências:
piratório leve a grave é observado em aproximadamente 30% dos 1. Watts JC. Total intravenous anaesthesia without muscle relaxant
indivíduos afetados. Em estágios avançados, essas patologias são for eye surgery in a patient with Kugelberg-Welander Syndrome.
acompanhadas por insuficiência respiratória. Assim, adequado su- Anaesthesia. 2003;58:96.
porte ventilatório pós-operatório pode ser necessário e, mesmo em 2. Liu XF, Wang DX, Ma D. Using general anesthesia plus muscle
casos de extremo cuidado no intraoperatório, o acompanhamento relaxant in a patient with spinal muscular atrophy type IV: a case
em unidade de terapia intensiva após procedimento cirúrgico é al- report. Case Rep Anesthesiol. 2011;2011:743587.
tamente recomendado.
Referências:
1. Clarke NF. Congenital fiber-type disproportion. Semin Pediatr TLO926 ANESTESIA EM PACIENTE COM CIRROSE
Neurol. 2011;18:264-71. AUTOIMUNE PARA CIRURGIA ABDOMINAL NÃO HEPÁTICA
2. Crean P, Hicks E. Essentials of Neurology and Neuromuscular Di-
Victor Cabral Ribeiro*, Cátia Sousa Govêia,
sease, em: Coté CJ, Lerman J, Todres D. A Practice of Anesthesia
Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Guilherme Antonio Essado,
for Infants and Children, 4th Ed. 2009;491-508.
Larissa Goveia Moreira, Cleyverton Garcia Lima
Centro de Anestesiologia da Universidade de Brasília (UnB),
TLO345 ANESTESIA EM PACIENTE COM ATROFIA Brasília, DF, Brasil
MUSCULAR ESPINHAL TIPO IV - RELATO DE CASO
Introdução: Presença de cirrose hepática em pacientes submeti-
Francielle Grivot Santa Helena*, Florentino Fernandes Mendes, dos a cirurgias eletivas aumenta em 47% o risco de complicações
Cristine Formighieri Angonese, Alice da Silva Fonseca, pós-operatórias e 2,5 vezes o risco de mortalidade intra-hospitalar.
Márcio Rahel Farias Guimarães, Camila Alejandra Rodríguez Cuéllar Como no presente caso, o manejo e a indicação cirúrgica de hepa-
topatas devem ser criteriosos.
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto
Relato de caso: Sexo feminino, 44 anos, 60 kg, 162 cm, com cirro-
Alegre, RS, Brasil
se hepática por hepatite autoimune, aguardando transplante he-
Introdução: A atrofia muscular espinhal (SMA) é uma doença rara, pático. Apresenta hipertensão porta, ascite moderada, varizes em
que afeta de modo severo o neurônio motor alfa da medula es- fundo gástrico (sangramento há 3 meses), em uso de propranolol
pinhal. Resulta em hipotonia, fraqueza muscular e atrofia, princi- como profilaxia de hemorragia digestiva. Foi submetida a laparoto-
palmente dos músculos de cintura escapular e pélvica, de modo mia exploradora para exérese de massa anexial direita de 390 cm3
progressivo. É herdada de forma autossômica dominante. a esclarecer. Exame físico: hipocorada +/4+, sem alterações car-
Relato de caso: Paciente feminina, 51 anos, 90 kg, portadora de diopulmonares. Plaquetas 48 mil; INR 1,72; TTPa 34,5 s; albumina
SMA tipo IV, foi submetida a ooforectomia bilateral por tumor de 3,6 g/dL; Hb 11,5 g/dL; Ht 33,5%. Monitorização incluiu PAI e BIS.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S121

Anestesia geral com fentanil 200 mcg, lidocaína 60 mg, propofol 100 intercorrências, sendo encaminhada à UTI pediátrica. Desacoplada
mg e atracúrio 25 mg. Punção de veia jugular interna direita guiada de BiPAP de forma eletiva e mantida em macronebulização no pe-
por USG. Antes de iniciar operação, administrados hidrocortisona ríodo pós-operatório.
(100 mg) e ácido tranexâmico (600 mg). Tromboelastograma estava Discussão: Existem poucos relatos de casos de pacientes com SH e
indisponível. Devido a sangramento intenso às primeiras incisões, SGB submetidos ao ato anestésico-cirurgico. A disfunção autonômi-
iniciou-se transfusão de plaquetas (50 mil). Realizada ooforectomia ca provocada pela SGB é de grande importância para o planejamen-
à direita e salpingectomia bilateral. Não houve intercorrências tran- to anestésico. A resposta compensatória do sistema cardiovascular
soperatórias. Analgesia com dipirona (2 g) e fentanil (100 mcg). À está diminuída, refletindo em hipotensão profunda com mudanças
extubação, aspiração da cavidade oral provocou lesão de mucosa e de decúbito, perda sanguínea e alta pressão positiva em vias aé-
sangramento leve. Na SRPA, apresentou sangramento da cavidade reas. As complicações da anestesia geral no paciente com SH são
oral e em punções de tentativas falhas de acessos periféricos. A vigi- comuns, e a morbimortalidade está primariamente relacionada com
lância pós-operatória foi reforçada devido à aparente coagulopatia, as alterações encontradas na via aérea. As considerações intraope-
com avaliação constante da função hepática. ratórias incluem o cuidado com o posicionamento, pelo risco de
Discussão: As alterações da coagulação em hepatopatas (diminui- subluxação cervical e acometimento da medula espinhal. A monito-
ção da contagem e função plaquetária, diminuição na produção de rização invasiva está indicada em pacientes com disfunção cardíaca
fatores pró e anticoagulantes e hiperfibrinólise) aumentam o risco ou pulmonar severa. A extubação deve ser feita com cautela devido
de sangramento intraoperatório. Essa paciente possuía classifica- ao risco aumentado de atelectasias e obstrução das vias aéreas.
ção A de Child-Turcotte-Pugh, que prediz mortalidade de 2% em Referências:
cirurgia abdominal. Coagulograma completo, albumina, provas de 1. Pasternak JJ, Lanier WL. Diseases of the Autonomic and Periphe-
função renal e hepática e avaliação eletrolítica são fundamentais ral Nervous Systems. In: Hines R, Marschall K. Stoelting’s Anes-
para classificar fatores de risco específicos. A monitorização he- thesia and Co-Existing Disease. 7 ed. Elsevier, 2018;15:315-25.
modinâmica incluiu PAI, mas para porte cirúrgico maior está indi- 2. Scott BK, Baranov D. Neurologic Diseases. In: Fleisher LA. Anes-
cada monitorização avançada. Os anestésicos foram selecionados thesia and Uncommon Diseases, 6 ed. Saunders, 2012;8:251-95.
de modo a adequarem-se ao metabolismo dos hepatopatas. Trom-
boelastometria pode guiar a transfusão de hemoderivados, mas o
sangramento intraoperatório e coagulopatia podem ser prevenidos TLO550 ANESTESIA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE
com transfusão de concentrado de hemácias, plaquetas e plasma na WEST: RELATO DE CASO
proporção 1:1:1. Deve-se, também, atentar à presença da tríade
Larissa Sales de Vasconcelos Oliveira*, Mário Henrique Oliveira Santos,
letal consequente à hemorragia incontrolável e transfusão maciça.
Danielle Maia Holanda Dumaresq, Marilman Maciel Benício Zan,
Referência:
1. Kiamanesh D, Rumley J, Moitra VK. Monitoring and managing hepa- Roberto César Pontes Ibiapina, Cibelle Magalhães Pedrosa Rocha
tic disease in anaesthesia. Br J Anaesth. 2013;111 Suppl 1:i50-61. Instituto Doutor José Frota, Fortaleza, CE, Brasil
Introdução: A síndrome de West é uma encefalopatia epiléptica
que ocorre caracteristicamente em crianças menores que 1 ano,
TLP652 ANESTESIA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE
e se apresenta com a tríade de espasmos, padrão de hipsarritmia
HURLER ASSOCIADA À SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
no eletroencefalograma e atraso ou regressão do desenvolvimen-
Valney Luiz da Rocha Junior*, Bruno Serra Guida, to cognitivo. Essa doença tem origem heterogênea, podendo estar
Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Letícia C. Cardoso Fontes dos Santos, associada a encefalopatia hipóxico-isquêmica, cromossomopatias,
Arnaldo Tavares da Silva Júnior, Karen Amaral Faria malformações e esclerose tuberosa, ou ser idiopática, com evidên-
cias mais recentes apontando para alterações genéticas. O objetivo
CET Hospital Pasteur, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
deste estudo foi relatar anestesia de uma criança com síndrome de
Introdução: A síndrome de Hurler (SH) ou mucopolissacaridose West submetida a tratamento cirúrgico de fratura de fêmur.
(MPS) é um erro inato do metabolismo devido ao acúmulo genera- Relato de caso: A.B.S., 8 anos, masculino, portador de síndrome de
lizado de glicosaminoglicanos. A deposição nos tecidos leva ao es- West. Admitido no serviço de traumatologia por fratura de fêmur
treitamento das vias aéreas, subluxação atlantoaxial, compressão esquerdo. Após monitorização, foi administrada pré-medicação com
medular, rigidez articular e muscular. Acometimento cardíaco pode midazolam 3 mg. Indução anestésica com fentanil 200 mcg, propo-
levar a insuficiência cardíaca e hipertensão pulmonar. A síndrome fol 100 mg e rocurônio 20 mg. IOT sem intercorrências. Posiciona-
de Guillain-Barré (SBG) é uma resposta imunomediada, geralmente mento inicial em DLD e punção subaracnoide em L4-L5 com injeção
precedida de infecções, ou até mesmo procedimentos cirúrgicos e de bupivacaína isobárica 0,5% 7,5 mg + morfina 40 mcg. Ventilação
vacinação. O acometimento tem progressão ascendente, com dor e inicial AC/PCV. Mantida hipnose com sevoflurano 2%. Transopera-
parestesias, associados a arreflexia e disfunção autonômica. A mor- tório sem intercorrências. Paciente extubado em sala. Não houve
talidade está relacionada a dependência de ventilação mecânica, registro clínico de atividade epileptiforme no transoperatório. Foi
arritmias e embolia pulmonar. conduzido à sala de recuperação sem intercorrências.
Relato de caso: Paciente de 14 anos, sexo feminino, estado físico Discussão: Os pacientes com síndrome de West apresentam diversas
ASA III, portadora de SH associada à SGB, submetida à cirurgia de alterações que podem repercurtir no manejo anestésico-cirúrgico.
fundoplicatura e gastrostomia videolaparoscópica eletiva. Monitori- A síndrome cursa com deformidades e contraturas em membros que
zada com pressão não invasiva, cardioscópio, oxímetro e venóclise podem dificultar a punção venosa e a intubação orotraqueal, muitas
em membro superior direito com jelco 20. Submetida a anestesia vezes sendo considerados como via aérea difícil. Existe também um
geral venoinalatória, com capnógrafo e analisador de gases em prejuízo do posicionamento correto do paciente no intraoperatório
circuito fechado com absorção de CO2 e ventilação controlada à que pode causar lesões por compressão se não houver proteção das
pressão. Acoplamento de traqueostomia ao ventilador e indução extremidades ósseas. Há também risco de convulsão e de interação
com sevoflurano 2% e oxigênio 50%, associados a fentanil 50 mcg, farmacológica dos agentes anestésicos com os anticonvulsivantes.
propofol 30 mg e rocurônio 20 mg endovenosos. Punção venosa pro- Alguns estudos sugerem uso seguro do midazolam como pré-anesté-
funda de veia subclávia direita pelo cirurgião após plano anestési- sico de escolha, indução com propofol ou com sevoflurano em altas
co. Antibioticoprofilaxia com cefazolina 1 g. Hidratação com Ringer concentrações, pois não alteram de forma importante o limiar con-
lactato 125 mL/h. Tempo anestésico-cirúrgico de 210 minutos, sem vulsivo, devendo-se evitar a cetamina. Em conclusão, a síndrome
S122 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

de West apresenta particularidades importantes que requerem um TLO563 ANESTESIA EM UMA PACIENTE PORTADORA DE
cuidado especial no perioperatório. SÍNDROME DE DUCHENNE - RELATO DE CASO
Referências:
Lineu Casagrande Junior, Carolina Lopes Iwakami,
1. Şahin SH, Çopuroğlu E, Uğur H, et al. Anaesthesia Management
of a Child with West Syndrome. Turk J Anaesthesiol Reanim. Priscila Gomes Dantas*
2014;42:362-4. Hospital Ipiranga, São Paulo, SP, Brasil
2. Pavone P, Striano P, Falsaperla R, et al. Infantile spasms syndro-
Introdução: A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma sín-
me, West syndrome and related phenotypes: what we know in
drome progressiva e irreversível, descrita por Guillaine Benjamin
2013. Brain Dev. 2014;36:739-51.
Amand Duchenne em 1868, sendo a mais comum e a mais grave
das distrofias – 1:3.500 nascidos vivos e maior incidência no sexo
masculino, por ser uma síndrome recessiva ligada ao cromossomo
TLO002 ANESTESIA EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM
X. Não há cura, porém é possível atingir um bom controle. Devido
HIPERPLASIA UNILATERAL DO PROCESSO CORONOIDE – às possíveis complicações anestésicas, objetivou-se relatar os riscos
RELATO DE CASO possíveis de ocorrência.
Luiz Antonio de Moraes, Dirce de Abreu, Relato de caso: C.P.S., 23 anos, submetida a cesariana de urgência
Carlos Eduardo Salgado Costa, Teófilo Augusto Araújo Tiradentes*, devido a dilatação total + mecônio +++/4, em posição pélvica, diag-
Diassis Tobias França Junior, Vinícius Catta Preta Soares Filho nosticada com distrofia muscular de Duchenne ainda na infância,
submetida a anestesia geral devido a artrodese de coluna prévia.
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Marília, Marília, SP, Brasil Indução anestésica com fentanil 200 mcg + propofol 200 mg. Pré-
Introdução: A hiperplasia do processo coronoide (HPC) é uma con- oxigenação com máscara facial, O2 a 100%, seguida de intubação
dição rara e aparece como uma redução da abertura bucal, acom- orotraqueal sem ventilação com cânula tipo “simples” 6,5 + cuff, la-
panhada ou não de dor, resultante da interferência do crescimento ringoscópio McCoy-Cormack 3, mantida em ventilação mecânica do
anormal daquele na superfície temporal do osso zigomático, ou na modo “volume controlado”. Adequada curva capnométrica. Boa ex-
face medial do osso zigomático. Relatamos um caso de HPC unilate- pansibilidade torácica, ausculta pulmonar simétrica bilateralmente,
ral em paciente pediátrico no qual será realizada coronoidectomia. com roncos e murmúrios vesiculares bilaterais. Realizada fixação
Relato de caso: Paciente feminino, 9 anos, 25 kg, em preparo para do tubo, oclusão ocular e ajuste dos parâmetros respiratórios. Ma-
realização de coronoidectomia. Portadora de hiperplasia do proces- nutenção com anestesia venosa total. Duração de 80 minutos. RN
so coronoide à D, pela radiografia panorâmica e TC crânio. Sem masculino, 2.545 kg, Apgar 6/8. Extubada sem intercorrências e en-
relato de comorbidades, alergias prévias, traumas, cirurgias ante- caminhada para UTI.
riores ou doenças familiares, ASA PI. A avaliação das VA apresentou Discussão: A avaliação pré-anestésica é fundamental para avaliação
limitação da abertura bucal, 2 cm, prejudicando a classificação de de preditores de via aérea difícil. Sabidamente, as miopatias apre-
Mallampati, havendo ainda dor à abertura bucal. Sem mais índi- sentam descompensações clínicas consideráveis – maior risco de hi-
ces alterados sugestivos de VAD. Recebida na SO chorosa, sem MPA, poventilação, arritmias e gastroparesia. Acompanhamento médico
monitorização habitual, sendo realizada sequência rápida para IOT regular tende a melhorar a qualidade de vida e morbimortalidade
nasal com atropina, fentanil, propofol e succinilcolina. À laringos- dos pacientes. A escolha das drogas anestésicas, a perfusão venosa
copia, apresentou Cormark-Lehane I, logo após foi curarizada com adequada e calibrosa e o tempo cirúrgico também são considera-
atracúrio. Manutenção da anestesia com sevoflurano 2%. Feitas ções essenciais, uma vez que o risco de comprometimento cardíaco
analgesia com dipirona e profilaxia de NVPO com ondansetrona, está presente em 50 a 80% dos casos, envolvendo uma limitação
realizada a reversão do BNM com atropina e neostigmina. Ao fim do importante da bomba cardíaca. Limitar-se ao uso de anestésicos
procedimento, a abertura bucal era significativamente maior, sendo inalatórios, principalmente halotano, devido à elevação maciça de
realizada extubação da paciente sem intercorrências. CPK, mioglobinúria e PCR, e reservas também quanto ao uso de
Discussão: A HPC é uma condição rara, que resulta na limitação dos succinilcolina, os quais aumentam o risco de hipertermia maligna.
movimentos mandibulares, decorrente da impactação do processo Deve-se garantir, sempre que possível, a assinatura do termo de
coronoide aumentado na porção posterior dos ossos zigomáticos. A consentimento livre e esclarecido anestésico no pré-operatório e
prevalência é desconhecida, afeta pacientes jovens, masculinos, ha- manter a equipe cirúrgica ciente das limitações. Constatou-se que a
vendo poucos casos envolvendo o gênero feminino na literatura. A anestesia regional é uma boa técnica a ser empregada, sem grandes
forma bilateral predomina sobre a unilateral. A TC mostra com pre- oscilações cardíacas ou manuseio de vias aéreas, assim como tam-
cisão o ponto de interferência do processo coronoide nos ossos zigo- bém a anestesia geral com uso de propofol e remifentanil, porém
máticos, ajudando no planejamento cirúrgico, sendo o tratamento sempre considerar as limitações.
a remoção total ou parcial daquele. A Anestesiologia se preocupará, Referências:
essencialmente, com as vias aéreas: abertura bucal é limitada nesses 1. Zatz M. A biologia molecular contribuindo para a compreensão
pacientes e, muitas vezes, dolorosa, limitando ainda mais a realiza- e a prevenção das doenças hereditárias. Cienc Saúd Coletiva.
ção dos testes de VAD. O Índice de Mallampati também fica prejudi- 2002;7:85-99.
cado, não tendo o anestesiologista uma visão clara das dificuldades 2. Wollinsky KH, Weiss C, Gelowicz M, et al. Preoperative risk as-
sobre a abordagem da VA. Demais testes de VAD não estão alterados. sessmentof children with Duchenne muscular dystrophy and intra
A maioria dos pacientes são pediátricos, dificultando técnicas de IOT and postoperative course. Med Klin. 1996;91(Suppl 2):34-37.
mais seguras, como com o paciente acordado. A fibroscopia se torna
uma técnica segura com o uso de medicação como a dexmedetomidi-
TLP018 ANESTESIA NA SÍNDROME DE SMITH-LEMLI-OPITZ
na, sendo a melhor alternativa na abordagem desses pacientes.
Referências:
EM BUCOMAXILOFACIAL: RELATO DE CASO
1. Ferreira AGM, Diefenbach RS, Heitz C. Limitação de abertura Camylla Prates Timo*, Naiana Melo de Aragão Ximenes,
bucal causada por hiperplasia bilateral do processo coronoide: Lucila Annie Baldiotti Farias
relato de caso. Rev Odont Cienc. 2006;21:199-202.
Hospital Regional de Sobradinho, Brasília, DF, Brasil
2. Iwaki Filho L, Mazottini R, Azevedo LR, Damante JH. Hiperplasia
bilateral do processo coronoide da mandíbula – relato de caso. A síndrome de Smith-Lemli-Opitz (SSLO) é autossômica recessiva,
Rev Bras Cir Periodonti. 2003;1:205-9. com erro do metabolismo do colesterol. Cursa com alterações no
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S123

desenvolvimento cognitivo, comportamental e físico. Via aérea difí- decorrente de PCR no pós-operatório de cirurgia cardíaca, epilepsia
cil, rigidez muscular e hipertermia são possíveis achados que repre- e sífilis congênita. Ao exame físico, eupneico em ar ambiente, SpO2
sentam desafio à anestesia. Paciente de 16 anos, masculino. Parto a 65%, apresentando baqueteamento digital e sopro sistólico +3/+6 à
termo, sem intercorrências. Deficit no desenvolvimento neurológico ausculta cardíaca. Laboratório com Hb 16,1 e Ht 49%. Na S.O., reali-
(sentar e andar tardios, irritabilidade, automutilação). Infância com zada monitorização básica, revisão de acesso venoso com extracath
comportamento autista, defensivo, alta resposta a estímulos auditi- 22G, pré-oxigenação, administração de midazolam 2 mg, propofol
vos, agressividade, comunicação por frases simples, severo distúrbio 30 mg, fentanil 20 mcg IV e sevoflurano 1-2% sob máscara. Realiza-
do sono e depressão. Aos dez anos, surgimento de deformidade em da injeção transcricotireoidiana de lidocaína 1% 2 mL, seguida por
MID. Diagnóstico tardio de SSLO, via testes séricos. Relato de episó- laringoscopia direta, IOT com TOT 5,5 com cuff. O procedimento foi
dios convulsivos, último há 1 mês. Sem cirurgias prévias. Uso regular realizado sem intercorrências e, ao final, foi administrado fluma-
de ácido valproico, clobazepam, risperidona. RNM de crânio e eco- zenil 0,05 mg IV, realizada extubação e o paciente encaminhado à
cardiograma normais. EEG com moderada desorganização da ativi- SRPA, tendo recebido alta para casa no final da tarde.
dade de base, atividade epileptiforme em regiões frontocentrais. Discussão: As cardiopatias congênitas podem ser classificadas quan-
Baixa concentração de testosterona. Ao exame físico: microcefalia, to às alterações anatômicas e de fluxo, sendo o paciente do pre-
sindactilia em MMII, ptose bilateral, nariz curto, orelhas de baixa sente relato portador de cardiopatia cianótica, com shunt direita-
implantação, palato ogival, pé cavo varo aducto supinado, genitália esquerda. Tal shunt pode ser piorado e cursar com aumento da
hipodesenvolvida, fotossensibilidade. Admitido em sala operatória cianose se houver elevação da resistência vascular pulmonar (RVP)
com mãe, permitiu somente oxímetro de pulso. Administrados 7,5 – por hipoxemia, hipercarbia, acidose metabólica, estímulo simpá-
mg de midazolam IM. O2 sob máscara. Após 20 minutos, venóclise tico ou ventilação com pressão positiva –, ou se houver reduções da
em MS, seguida de 30 mg de propofol, para monitorização com ECG, resistência vascular sistêmica (RVS) – com grandes bolus de propofol
BIS, temperatura axilar e PANI. Indução venosa em sequência rápida ou altas doses de anestésicos inalatórios. Portanto, o planejamento
com fentanil, rocurônio e propofol. Observado rash torácico, sem anestésico envolveu a manutenção da RVS – evitando-se sobredose
repercussões hemodinâmicas ou pulmonares. Intubação orotraqueal de anestésicos –, sem promover aumentos importantes da RVP – bus-
fácil, tubo nº 6,5. Manutenção anestésica com bombas de infusão de cando manutenção da ventilação espontânea, SpO2 entre 80-85% e
remifetanil e propofol. Infiltração anestésica com vaso constrictor normocarbia. Conhecer a fisiopatologia e a hemodinâmica especí-
pela bucomaxilofacial para restaurações dentárias. Ato anestésico fica de cada cardiopatia congênita é fundamental para a redução
de 148 minutos sem alteração dos sinais monitorizados superior a de riscos de complicações intra e pós-operatórias, especialmente
20%. Extubação sem intercorrências. Admitido na sala de recupe- na condução de cirurgias não cardíacas, com o intuito de reduzir a
ração estável, tranquilo, cooperativo, sem queixas. Diagnosticada morbidade nesse grupo de pacientes.
pelo aumento da enzima 7 dehidrocolesterol, a síndrome pode ser Referências:
tipo I (branda) ou II (severa, maior letalidade precoce). Entre os 1. Jooste E, Machovec K. Anesthesia for adults with congenital
sinais não encontrados neste paciente estão alterações em palato heart disease undergoing noncardiac surgery. UpToDate. 2017.
e úvula, cardíacas, gastrointestinais, visuais, polidactilia, incisivo https://www.uptodate.com/contents/anesthesia-for-adults-wi-
central único, lábio leporino. Devido às alterações craniofaciais, th-congenital-heart-disease-undergoing-noncardiac-surgery
pode haver intubação difícil. O uso de midazolam como pré-medi- 2. Marshall A. Hypoplastic left heart syndrome. UpToDate. 2016. ht-
cação mostrou-se adequado. Houve rash torácico, sem repercussões tps://www.uptodate.com/contents/hypoplastic-left-heart-syn-
sistêmicas. Sugerida avaliação sobre a reação desses pacientes aos drome
fármacos utilizados. Não ocorreram as demais complicações conhe-
cidas, como intubação difícil, rigidez muscular com ou sem hiper-
termia e broncoaspiração. TLP854 ANESTESIA PARA CIRURGIA ODONTOLÓGICA EM
PACIENTE COM SÍNDROME DE MOEBIUS, TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA E EPILEPSIA
TLO681 ANESTESIA PARA CIRURGIA NÃO CARDÍACA EM
Roberto Albuquerque Bandeira, Paula Saraiva Aragão da Mata*
PORTADOR DE CARDIOPATIA CONGÊNITA COMPLEXA
CORRIGIDA Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), Brasília, DF, Brasil
Pedro Henrique Araripe de Paula Fonseca*, Alice Alheira Meira, Introdução: A síndrome de Moebius (SM) é uma desordem neuro-
Marcelo Teixeira dos Santos, Viviana Ugenti lógica complexa, que se caracteriza pela paralisia congênita do
sexto e sétimo pares de nervos cranianos, de forma bilateral, na
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF),
maioria das vezes, além de malformações de estruturas límbicas e
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
orofaciais. Não é raro acometer outros pares de nervos cranianos,
Brasil
determinando, entre outros achados: surdez, disfagia, disfonia, es-
Introdução: As cardiopatias congênitas estão presentes em 6 a 9 trabismo divergente. A origem da SM ainda permanece inconclusiva,
de cada mil nascidos vivos, de modo que se torna necessário o co- sendo influenciada por fatores genéticos e ambientais, mas a isque-
nhecimento teórico para uma condução anestésica adequada des- mia fetal transitória é a teoria mais aceita para explicar a síndrome,
ses pacientes, visto que os procedimentos cirúrgicos são frequentes sendo ainda alguns casos relacionados ao uso de misoprostol, álcool
e complexos. Cabe ao anestesiologista o entendimento do tipo de e cocaína.
cardiopatia, bem como da reserva cardíaca e cirurgias corretivas Relato de caso: Paciente, sexo masculino, 10 anos, 24 kg, ASA II,
ou paliativas a que foi submetido o paciente, para corretamente portador de epilepsia não controlada em uso de carbamazepina 30
classificar o risco e traçar a estratégia anestésica. mL/dia e topiramato 50 mg/dia. Portador de transtorno do espectro
Relato de caso: G.A.S., masculino, 12 anos, ASA IV, portador de autista (TEA) e bronquite controlada (sem crises há 6 meses). In-
cardiopatia complexa, com ventrículo único tipo direito, VE hipo- ternado para exodontia, restaurações e profilaxia dentária. Exames
plásico, atresia mitral e pulmonar, submetido a cirurgia de Blalock- laboratoriais (hemograma, coagulograma e eletrólitos) dentro do
Taussig modificado à esquerda com 1 ano e derivação cavopulmonar padrão de normalidade. Monitorização com eletrocardioscópio, oxi-
aos 6 anos, com proposta atual de realização de osteotomia maxilar metria de pulso e PANI. Realizada venóclise com jelco nº 22 em mão
inferior sob anestesia geral. Apresenta cianose central ao choro, en- E. Indução anestésica com fentanil (2 mcg/kg) e propofol (2,5 mcg/
cefalopatia crônica não progressiva por sequela de hipóxia cerebral, kg). Intubação nasotraqueal com tubo aramado nº 5.5, com cuff. In-
S124 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

tubação confirmada com ausculta pulmonar e capnografia. Paciente TLP381 ANESTESIA PARA CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA
em ventilação mecânica com os parâmetros: modo VCV; V: 300 mL; EM PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVIS: RELATO
FR: 12; PL: 30; Peep: 5. Anestesia mantida com sevoflurano. Proce- DE CASO
dimento sem intercorrências e com duração de 5 horas. Paciente
levado acordado à SRPA, saturando bem (≥ 97%) e levemente agitado. Leonardo Ambrósio Toledo, Flávio Rodrigues Figueiredo*,
Discussão: Os cuidados nos quais devemos nos atentar para a anes- Lara Clemente Paulino Ferreira e Silva, Nikole Albuquerque Diniz,
tesia em pacientes com síndrome de Moebius variam desde via aé- Tiarlles Miller Venturine de Resende Chaves,
rea difícil devido à micrognatia e diminuição da abertura bucal até Luiz Paulo Villela Vieira
as precauções necessárias com outras patologias comumente asso- Hospital Semper S/A Serviço Médico Permanente, Belo Horizonte,
ciadas à síndrome, tais como epilepsia e TEA, no caso em questão. MG, Brasil
Apesar da epilepsia mal controlada, anestesia inalatória não ocasio-
nou no paciente movimentos convulsivos. Introdução: A miastenia gravis é um distúrbio da transmissão sináp-
Referências: tica causado por anticorpos contra os receptores nicotínicos de ace-
1. Ferguson S. Moebius Syndrome: a review of the anesthesic impli- tilcolina, causando falha na transmissão da junção neuromuscular e
cations. Pediatric Anesthesia. 1996;6:51-6. manifestando-se com fraqueza e fadiga. O efeito dos anestésicos na
2. Maranhão MVM. Epilepsia e anestesia. Rev Bras Anestesiol. junção neuromuscular, interação com as drogas de tratamento e o
2011;61:248-51. estágio da doença tornam-se então relevantes ao manejo peropera-
tório e escolha da técnica anestésica.
Relato de caso: Paciente feminina, 37 anos, 1,69 m, 74 kg, com
TLO380 ANESTESIA PARA CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA história de miastenia gravis bem controlada, em uso de prednisona
EM PACIENTE COM MIOPATIA DISTAL DO TIPO NONAKA e piridostigmina, sem outras comorbidades. Realizada colecistec-
tomia videolaparoscópica e hernioplastia umbilical sob anestesia
Leonardo Ambrósio Toledo*, Flávio Rodrigues Figueiredo, venosa total, com propofol em infusão alvo-controlada e remifen-
Lara Clemente Paulino Ferreira e Silva, Nikole Albuquerque Diniz, tanil em infusão contínua, sem o uso de bloqueadores neuromuscu-
Luiz Paulo Villela Vieira, Tiarlles Miller Venturine de Resende Chaves lares, em comum acordo com o cirurgião. Cirurgia realizada em 25
Hospital Semper S/A Serviço Médico Permanente, Belo Horizonte, minutos, apesar da falta de relaxamento muscular para adequada
MG, Brasil criação do pneumoperitônio. Utilizados dipirona, cetoprofeno e
metadona para controle da dor no pós-operatório. Ao fim do pro-
Introdução: Miopatia de Nonaka ou miopatia distal com vacúolos cedimento, cessadas as infusões anestésicas, a paciente, com força
marginados é uma doença causada pela mutação do gene GNE. Esse muscular preservada, é então extubada já consciente. Pós-operató-
gene é responsável pela síntese de ácido siálico, um monossacarí- rio imediato realizado em CTI, sem intercorrências, recebendo alta
deo terminal comum à glicolisação de lipídios e proteínas. As muta- após 24 horas.
ções do gene GNE são responsáveis pela rara desordem autossômica Discussão: A escolha da anestesia venosa total sem o uso de blo-
recessiva, chamadas também de miopatia do GNE. Os pacientes se queadores neuromusculares, para o procedimento sendo realizado
apresentam primariamente no início da vida adulta com fraqueza por cirurgião experiente, e de forma rápida, permitiu um bom ma-
distal, queda do pé e progressão lenta para musculatura de outras nejo peroperatório da paciente, com despertar e extubação preco-
extremidades, mas poupando o quadríceps. ce no centro cirúrgico.
Relato de caso: Paciente de 42 anos, sexo feminino, 1,71 m, 63 Referência:
kg, portadora de miopatia distal com vacúolos marginados (mio- 1. Nozari A, Bagchi A, Saxena R, et al. Neuromuscular Disorders and
patia distal tipo Nonaka) diagnosticada há cerca de 10 anos, sem Other Genetic Disorders. Ronald D. Miller. Miller’s Anesthesia. 8
outras comorbidades. Cirurgias prévias de nodulectomia em mama, ed. Canadá, Elsevier, 2015;1266-86.
curetagem uterina e cesariana, sendo a última complicada com TVP
no pós-parto. Submetida a colecistectomia videolaparoscópica, sob
anestesia venosa total, com propofol e remifentanil em infusão TLO003 ANESTESIA PARA PACIENTE PORTADOR DE
alvo-controlada, sem uso de bloqueadores neuromusculares. Além
SARCOIDOSE – RELATO DE CASO
da monitorização com ECG contínuo, SatO2, pressão não invasiva,
capnografia e temperatura, foi ainda utilizada a monitoração da Luiz Antonio de Moraes, Victor Cáppia,
consciência pelo índice bispectral (BIS), garantindo plano anestési- Teófilo Augusto Araújo Tiradentes*, Lucas Giurizatto Rodrigues,
co adequado. Ato cirúrgico realizado em uma hora, sem intercorrên- Andressa Midori Fusioka
cias. Após término do procedimento, cessadas infusões dos anestési-
Santa Casa de Misericórdia de Marília, Marília, SP, Brasil
cos venosos, paciente extubada após assumir respiração espontânea
e retorno da consciência. Pós-operatório imediato realizado em CTI, Introdução: A sarcoidose é uma doença granulomatosa crônica, de
sem intercorrências. etiologia desconhecida, que pode envolver qualquer sistema do
Discussão: Considerando a raridade do quadro e a escassez de refe- organismo. Segue o relato de um paciente portador de sarcoidose
rências na literatura sobre a implicação da doença no procedimento submetido à cirurgia para correção de instabilidade de ombro E.
anestésico, optou-se por cuidados específicos de complicações bem Relato de caso: Paciente masculino, 36 anos, ASA PII, portador de
estabelecidas em outras miopatias de causas genéticas, como o ris- sarcoidose e depressão, em uso de prednisolona, ranelato de es-
co de hipertermia maligna, justificando o uso da anestesia venosa trôncio, ácido valproico e amitriptilina, em preparo para cirurgia de
total, que permitiu um plano anestésico adequado para a realização correção de instabilidade no ombro E. Na APA, não havia alterações
do procedimento cirúrgico. significativas dos principais sistemas do organismo avaliados, ou al-
Referências: terações clínicas ao exame físico. Exames laboratoriais dentro dos
1. Nishino I, Carrillo-Carrasco N, Argov Z. GNE Myopathy: cur- limites da normalidade. Recebido na SO tranquilo e feita monitori-
rent update and future therapy. J Neurol Neurosurg Psychiatry. zação da PANI, ECG, oximetria, capnografia e analisador de gases.
2015;86:385-92. Indução da anestesia feita com fentanil 200 mcg, propofol 150 mg
2. Klingler W, Rueffert H, Lehmann-Horn F, Girard T, Hopkins PM. e rocurônio 30 mg, com IOT sem intercorrências. Manutenção da
Core myopathies and risk of malignant hyperthermia. Anesth anestesia com desflurano CAM 5 e remifentanil em BIC. Procedi-
Analg. 2009;109:1167-73. mento transcorre sem intercorrências. Feita analgesia com 2 g de
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S125

dipirona e profilaxia NVPO com 8 mg de ondansetrona; o TOF após ria dos pacientes com SD22q11 é identificada por hipocalcemia e
50’ revela 52%. Após atropina e neostigmina, 2’, 4’ e 6’, o TOF foi imunodeficiência no período neonatal. A hipocalcemia desenvolve-
respectivamente 71%, 85% e 96%. Extubação realizada sem intercor- se em qualquer momento e idade. Devido ao papel central do cálcio
rências, sem relato de complicações no pós-operatório. sérico no acoplamento excitação-contração do músculo cardíaco, a
Discussão: A sarcoidose é uma doença rara, de maior incidência em dosagem desse íon é fundamental no pré-operatório nesses pacien-
afroamericanos, pessoas com ascendência da Europa setentrional tes. Também se recomenda análise linfocítica antes de transfusões
e mulheres. A taxa de mortalidade é baixa, relativa aos sistemas sanguíneas, administração de componentes do sangue irradiados e
afetados. A preparação para a anestesia deve se concentrar nas VA e com sorologia negativa para o citomegalovírus em imunocompro-
função pulmonar, além da revisão de outros sistemas. Podem apre- metidos. A instabilidade vasomotora, o broncoespasmo e o sangra-
sentar dificuldade no controle da VA, necessitando de traqueosto- mento de vias aéreas são complicações possíveis que devem receber
mia eletiva ou IOT com fibroscopia, sendo necessária uma revisão de atenção diante de uma cirurgia. O anestesiologista deve fazer uma
radiografias, espirometria, TC de cabeça e pescoço e até laringosco- avaliação criteriosa da conformação da face e pescoço, uma vez que
pia indireta. Outros exames serão determinados pela história, como anormalidades faciais como fenda palatina podem ser um achado
ECG e ecocardiograma, caso haja envolvimento cardíaco. Recomen- nessa síndrome, visando a antecipar uma possível via aérea difícil.
dável exame neurológico completo para diferenciar lesões existen- Não foram encontradas indicações de técnicas anestésicas específi-
tes das resultantes da anestesia. O controle intraoperatório requer cas, estando a critério a melhor técnica para condução do caso. No
controle e vigilância da ventilação nos pacientes com doença res- relato acima, foi realizado bloqueio do neuroeixo sem intercorrên-
tritiva e consideração de suporte pós-operatório. Alguns pacientes cias na ausência de contraindicações.
apresentarão pacer ou desfibrilador implantável, necessitando de Referência:
cuidado especial. A PIA e Swan-Ganz bem indicados podem auxiliar 1. Hines RL, Marschal KE. Stoelting – Anestesia e doenças co-exis-
no controle dos pacientes com fibrose pulmonar. No caso descrito, tentes. Rio de Janeiro. Elsevier; 5 ed; pag 526.
foi evitado o bloqueio interescalênico por possibilidade de compro-
metimento ventilatório pós-operatório, sendo realizada constante
vigilância da ventilação do paciente, que não apresentava critérios TLP690 ANESTESIA PARA RESSECÇÃO DE TUMOR DE
para VAD, revelando o sucesso na condução do caso. SUPRARRENAL PRODUTOR DE CATECOLAMINAS
Referência:
Nubia Rodrigues Batista*, Antônio de Pádua Faria,
1. Fleisher LA. Anestesia e doenças incomuns. 5 ed. Ed Manole.
Aline Tonin dos Santos, Bruno Oliveira Lamberti,
2011:138-40.
Lira Olimpia Alves Faria, Fernando Cássio do Prado Silva
CET Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil
TLO277 ANESTESIA PARA PACIENTE PORTADOR DE
Introdução: Na maioria dos casos, os tumores primários da glândula
SÍNDROME DIGEORGE – RELATO DE CASO
suprarrenal não são secretores hormonais. No entanto, alguns de-
Dirce de Abreu, Teófilo Augusto Araújo Tiradentes, les podem ser funcionantes, liberando esteroides para a circulação
Andressa Midori Fusioka, Milena Candido Pantaleão*, sistêmica. Isso pode ser um importante desafio durante o manejo
Larissa Sokol Rotta perioperatório desses pacientes.
Relato de caso: Paciente masculino, 40 anos, 63 kg, estado físico
Santa Casa de Misericórdia de Marília, Marília, SP, Brasil
P2, com hipertensão arterial sem tratamento medicamentoso e
Introdução: Síndrome de DiGeorge é uma síndrome de deleção portador de ansiedade, com uso contínuo de ansiolítico, foi subme-
22q11.2, sem sinal patognomônico definido, sendo primordialmente tido a adrenalectomia sob anestesia combinada geral e peridural.
descrita com cardiopatia, hipocalcemia em qualquer idade e imu- Em ressonância nuclear magnética, apresentava nódulo de 2,7 × 2,4
nodeficiência neonatal. Segue relato de anestesia ortopédica em cm em glândula adrenal direita, com contornos regulares, ovalado,
paciente portador da síndrome. realce lento e progressivo de contraste. Antes do início da cirurgia,
Relato de caso: Paciente masculino, 16 anos, com diagnóstico de foi realizada venóclise periférica com cateter 18G e instalada mo-
síndrome de DiGeorge, em preparo para retirada de material de nitorização mínima associada a cateterização de artéria radial para
síntese em MI. História de cirurgias prévias em membros inferio- aferição contínua da pressão arterial. Após sedação com midazolam
res para alongamento de tendões. Sem evidências de cardiopatias 4 mg e fentanil 100 mcg, foi realizado bloqueio peridural T12/L1 com
ou outras comorbidades, apresentando assimetria facial, e exames 10 mL de levobupivacaína 0,5% com vasoconstrictor e morfina 2 mg
pré-operatórios sem alterações. Medicações em uso: metilfenida- e posicionado cateter peridural. Na indução anestésica, utilizou-se
to e vitamina D. Exame de via aérea: Mallampati 2. Exame físico propofol 120 mg, sufentanil 50 mcg, lidocaína sem vasoconstrictor
sem alterações. Fez uso de medicação pré-anestésica. Em S.O foi 60 mg e rocurônio 50 mg. Para manutenção, optou-se por sevoflura-
monitorizado, não apresentando nenhum sinal vital alterado. Op- no. Em seguida, foi instalado acesso venoso em veia jugular interna
tou-se por raquianestesia, uma vez que esta não apresentava ne- direita guiado por ultrassonografia. Devido à instabilidade pressórica
nhuma contraindicação. O paciente foi sedado com dexmetomidina, durante a fase inicial da cirurgia, foi necessária infusão contínua de
e realizada raquinestesia com bupivacaína e morfina, não havendo noradrenalina intercalada com nitroprussiato de sódio. A duração da
intercorrências. O paciente permaneceu estável durante todo o ato cirurgia foi de 2 horas, com infusão de 3.000 mL de cristaloide. Ao
cirúrgico, sem necessidade de drogas vasopressoras. Encaminhado à final, o paciente despertou, foi desintubado e encaminhado à unida-
SRPA, recebendo alta hospitalar 24 horas após, sem relato de com- de de terapia intensiva, onde permaneceu sem queixas por 1 dia. Foi
plicações. necessário o uso de vasodilatador nas primeiras 6 horas de pós-ope-
Discussão: A síndrome de DiGeorge apresenta padrão de herança ratório. Recebeu alta após 2 dias de internação.
autossômico dominante, com mais de 180 achados clínicos relata- Discussão: Alguns tumores de adrenal produzem grande variedade
dos, não existindo nenhum sinal patognomônico da doença; entre- de sintomas devido à secreção de catecolaminas e fatores humo-
tanto, algumas manifestações são mais características e deveriam rais. Este paciente apresentava um tumor benigno e funcionante.
levar um alto índice de suspeita clínica, como defeitos congênitos Durante o manejo anestésico desses pacientes, deve-se manter uma
do tipo conotruncal. A frequência geral de malformações cardíacas adequada volemia e controle pressórico. Na maior parte das vezes,
varia de 49-87%, sendo a segunda anormalidade cromossômica mais drogas vasoativas devem ser administradas para reduzir graves com-
frequente em associação a defeitos cardíacos. Além disso, a maio- plicações perioperatórias.
S126 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Referências: TLP514 ANESTESIA VENOSA TOTAL NO PACIENTE COM


1. Allolio B, Fassnacht M. Adrenocortical carcinoma: clinical upda- SÍNDROME DE DIGEORGE PARA CORREÇÃO DE ESCOLIOSE
te. J Clin Endocrinol Metab. 2006;91:2027-37.
Arthur Ferreira Paranaíba*, Tolomeu Artur Assunção Casali,
2. Marcelino J, Dias J, Martins F, Lopes T. Incidentaloma da glândula
suprarrenal. Avaliação e atitude terapêutica. Acta Urológica Por- Marília Moreira de Melo Silva, Daiane Malheiros Souza,
tuguesa. 2000;17:35-40. Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro,
Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo
(CRER), Goiânia, GO, Brasil
TLO168 ANESTESIA VENOSA TOTAL ALVO-CONTROLADA
Introdução: A monossomia parcial do 22q11.2 – síndrome de DiGe-
PARA PACIENTE COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA:
orge – decorre de uma mutação genética comum, estimada para
UM RELATO DE CASO 1/2.000 indivíduos. Apresenta amplo espectro fenotípico, podendo
Guilherme Portiolli Zocal, Kauê Silva Rossetto*, ocorrer alterações faciais, fenda palatina, cardiopatias congênitas,
Guilherme Rocha Melo, Bárbara Monteiro Moreira, imunodeficiência, hipocalcemia, escoliose, entre outras. Apresen-
Mônica Braga da Cunha Gobbo, Renata de Paula Lian tamos um caso que relata a utilização da anestesia geral venosa
total no paciente portador dessa síndrome submetido ao tratamento
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), cirúrgico de escoliose.
Campinas, SP, Brasil Relato do caso: Paciente M.E.N.S., 12 anos, feminina, programada
Introdução: A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é caracterizada para a realização de cirurgia corretiva de escoliose toracolombar
por degeneração progressiva do neurônio motor superior e inferior, (T4 a L3), sem outras comorbidades. Estava em uso contínuo de
do bulbo e sistema nervoso autônomo. É uma doença com origem piracetam e vitamina D, com relato de cirurgias prévias para cor-
desconhecida e tempo médio de sobrevida de três a cinco anos após reção de comunicação interatrial (CIA), adenoamigdalectomia e
o início dos primeiros sintomas. A fraqueza muscular é o sintoma exérese de cisto pilonidal, todas sem intercorrências. Os exames
inicial na ELA, ocorrendo em 60% dos casos, sendo que 30% iniciam pré-operatórios laboratoriais e ECG estavam normais. O exame das
com sintomas bulbares que incluem disfagia, disartria e alterações vias aéreas não apresentou fatores preditivos de via aérea difícil.
de fonação. A disfagia usualmente pode gerar pneumonia aspira- Realizada a monitorização, seguida da venóclise, sendo iniciada a
tiva, sendo um dos maiores prejuízos para a qualidade de vida do infusão de propofol e de bolus de sufentanil para intubação sob la-
paciente. A ELA não tem tratamento específico, apenas sintomá- ringoscopia direta. Realizada a tentativa de passagem de tubo 6,0,
tico. A principal causa de morte é a insuficiência respiratória, e porém sem êxito na progressão, então optou-se pela introdução do
em pacientes com suporte ventilatório é a infecção pulmonar. Pode tubo 5,5 com cuff, com sucesso. Iniciada a ventilação mecânica e a
ocorrer agravamento da função respiratória consequente ao uso de manutenção com propofol e remifentanil em bomba. Realizada pun-
relaxantes musculares, predispondo à broncoaspiração. ção de artéria radial direita para monitorização contínua da pres-
Relato de caso: EVN, 50 anos, masculino, consciente e orientado, são (PIA), acesso venoso central através da jugular interna direita e
IMC 22 kg/m2, em nutrição enteral com diagnóstico de esclerose administração de ácido tranexâmico. Consequente ao sangramento
lateral amiotrófica há 3 anos, apresentando tetraplegia flácida, com intraoperatório, realizada transfusão de um concentrado de hemá-
comprometimento respiratório, traqueostomizado, mantido em do- cias. Ao término do procedimento, a paciente foi extubada em sala
micílio sob ventilação mecânica. Submetido a uma broncoscopia, operatória acordada, sendo encaminhada para a UTI, onde recebeu
monitorizado com ECG, oximetria de pulso, pressão arterial não in- mais um concentrado de hemácias e teve alta após 2 dias.
vasiva e EEG bispectral (BIS), sob sedação alvo-controlada (propofol Discussão: Diversas manifestações clínicas já foram associadas à
4 µg.mL-1 e remifentanil 3 ng.mL-1). Utilizado modelo proposto por síndrome de DiGeorge, entre elas alterações da via aérea, cardíacas
Marsh com Ke0 de 0,6, e o modelo farmacocinético de remifentanil e esqueléticas. Diante de tantos fenótipos diferentes, a síndrome
utilizado foi descrito por Minto e utilizado em bomba de modelo é subdiagnosticada. Entre as manifestações mais comuns, constam
aberto. Após a indução, o paciente foi acoplado à ventilação me- alterações craniofaciais (fenda palatina, micrognatia, palato ogi-
cânica em pressão controlada com FiO2 40%, com concentrações de val) que podem provocar dificuldade na intubação. Nota-se, tam-
propofol e remifentanil tituladas de acordo com os valores encon- bém, uma fragilidade das vias aéreas (laringotraqueomalácia), que
trados no BIS, mantendo-se estável durante o procedimento, varian- pode dificultar a extubaçao. As cardiopatias congênitas são comuns
do a infusão de propofol entre 2,4 e 3,2 µg.mL-1 e o remifentanil e podem ser graves. A escoliose também é frequente, mas poucos
entre 1 e 3 ng.mL-1. Retornou à consciência quando a concentração possuem indicação cirúrgica. Quando o paciente não tem diagnós-
do propofol no local efetor foi de 1,4 µg.mL-1, sendo novamente li- tico firmado, mas apresenta conjuntos fenotípicos suspeitos, cabe
gado ao ventilador domiciliar, encaminhado para SRPA e, após 2 ho- ao anestesiologista tomar os cuidados perioperatórios adequados e
ras, obteve alta para domicílio, assistido pelo serviço de home care. orientar os familiares a procurarem investigação.
Discussão: A abordagem anestésica intraoperatória deve incluir Referências:
agentes de curta duração, sendo o propofol e o remifentanil 1. Rosa RFM, Zen PRG, Roman T, et al. Síndrome de deleção 22q11.2:
opções seguras. Caso a manutenção seja realizada com agente compreendendo o CATCH22. Rev Paul Pediatr. 2009;27:211-20.
halogenado, desflurano ou sevoflurano são preferidos, devido à 2. Bellas S, Marín F e Sepúlveda A. Síndrome de DiGeorge. Trata-
menor lipossolubilidade, com reversão e ajustes mais rápidos. Há miento anestésico. Rev Mex Anest. 2011;34:309-12.
contraindicação no uso de relaxantes musculares despolarizantes
devido ao risco de hipercalemia. Agentes adespolarizantes devem
ser usados com cautela, uma vez que podem resultar em fraqueza TLO558 ANESTESIA VENOSA TOTAL PARA
muscular prolongada. Sugammadex pode ser utilizado nesse cená- COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA NO PACIENTE
rio, com sucesso. Pela susceptibilidade a intercorrências ventila- COM SÍNDROME DE CHARCOT-MARIE-TOOTH
tórias, esses pacientes devem receber judicioso suporte ventila- Daiane Malheiros Souza*, Tolomeu Artur Assunção Casali,
tório pós-operatório.
Arthur Ferreira Paranaíba, Marília Moreira de Melo Silva,
Referência:
Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro
1. Prabhakar A, Owen CP, Kaye AD. Anesthetic management
of the patient with amyotrophic lateral sclerosis. J Anesth. Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo
2013;27:909-18. (CRER), Goiânia, GO, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S127

Introdução: A síndrome de Charcot-Marie-Tooth (CMT) caracteriza- etilismo, tabagismo e má adesão ao tratamento dermatológico. A
se como uma polineuropatia periférica hereditária motora e sensi- descontinuidade pelo paciente do imunobiológico resultou em exar-
tiva, com comprometimento distal, levando os membros a atrofia cebação da doença, o que o motivou a procurar assistência médi-
e fraqueza musculares. A incidência da doença é de 1 para 2.500, ca. Durante trajeto, paciente sofre queda de própria altura, com
e pode não ser raro que o anestesista se depare com a doença. No consequente fratura de fêmur esquerdo. Decidiu-se pela correção
entanto, são raros os relatos de casos de anestesia nos pacientes cirúrgica da fratura, em caráter urgente. O eletrocardiograma de
com CMT. O tema é controverso, considerando o uso de bloqueado- admissão mostrava traçado compatível com fibrilação atrial. Frente
res neuromusculares, dos anestésicos inalatórios e dos bloqueios do ao risco de insuficiência cardíaca de alto débito em pacientes com
neuroeixo nesses pacientes. PE, foi feito um ecocardiograma transtorácico, que mostrava fração
Relato de caso: Paciente de 66 anos submetido a colecistectomia de ejeção de 53% e sinais indiretos de hipertensão pulmonar. Seu
videolaparoscópica. Relata que, aos 30 anos, apresentou redução da hemograma, eletrólitos e função renal de admissão estavam dentro
força nos membros inferiores de forma progressiva e simétrica. Re- dos limites da normalidade. O paciente foi classificado como ASA
centemente, observou comprometimento dos membros superiores. III. Sua via aérea foi avaliada como possivelmente difícil, dada sua
Apresenta tetraparesia de predomínio distal nos membros superiores abertura bocal marcadamente reduzida e sua classificação Mallam-
e global nos membros inferiores. Submetido a estudo molecular as- pati modificada grau 3.
sociado ao histórico familiar e exame físico, o diagnóstico foi de CMT Discussão: A ausência de dados prévios na literatura sobre o assun-
do tipo 1. Paciente ex-tabagista, portador de DPOC leve e transtorno to; a limitação de recursos quanto à monitorização hemodinâmica
do humor, em uso de citalopram, omeprazol, risperidona e da asso- intraoperatória; e a urgência do quadro faziam deste caso um de-
ciação de formoterol e budesonida. A técnica anestésica escolhida safio. Dada a expertise do centro quanto às técnicas de bloqueio de
foi venosa total. A indução foi realizada com fentanil, propofol e neuroeixo (BN), decidiu-se pela realização de raquianestesia (RA).
atracúrio. Manutenção com propofol e remifentanil em bomba de Primeiramente, foram avaliadas contraindicações da RA, sendo a
infusão alvo-controlada, ventilação mecânica a volume controlado. única absoluta a recusa do paciente. Infecção do sítio de punção,
Procedimento ocorreu sem intercorrências, com duração de 100 mi- uma preocupação pertinente, foi considerada como relativa. Ne-
nutos. Paciente manteve-se estável hemodinamicamente. Extubação nhuma interação entre o metrotexate e os fármacos anestésicos a
foi realizada ainda na sala, dentro do período esperado. Paciente foi serem usados foi encontrada. Inicialmente, fez-se bloqueio periféri-
encaminhado à UTI, e a alta hospitalar ocorreu em 48 horas. co femoral com bupivacaína 0,5% e lidocaína 2%, em busca de maior
Discussão: Apesar do avanço no diagnóstico dos pacientes com conforto ao paciente durante posicionamento para a RA. O relato
CMT, ainda são limitadas as experiências anestésicas. A escolha da de alívio álgico foi imediato. Em seguida, foi realizada RA, após se-
técnica anestésica é um tema controverso, sendo que a anestesia dação inicial com diazepam e fentanil. Para o BN foram usados bu-
regional pode ser considerada um fator de risco para lesão neuroló- pivacaína isobárica 0,5% e morfina 0,2%. A sedação foi mantida com
gica e piora do prognóstico nesses pacientes. O uso de bloqueadores bolus intermitente de propofol O paciente teve alta pela equipe da
neuromusculares também é tema controverso, porque pode resultar ortopedia no segundo dia pós-operatório, com retorno programado
num tempo mais prolongado de recuperação. Alguns relatos mos- para o ambulatório de dermatologia, apesar de o quadro psoriático
tram um tempo mais prolongado, porém existe caso descrito com ainda manter-se exacerbado.
uso de atracúrio que mostrou que não houve alteração dos efeitos. Referências:
No caso apresentado, não houve retardo no despertar, mesmo com 1. Baluch A, Kak A, Saleh O, et al. Psoriasis and anesthetic conside-
o uso de atracúrio. Pacientes com CMT podem ser mais propensos rations. Middle East J Anaesthesiol. 2010;20:621-9.
a ter hipertermia maligna com uso de succinilcolina e anestésicos 2. Hazarika N, Kumar R, Sood R. Psoriasis: is a central neuraxial
inalatórios. Acreditamos ser mais prudente a escolha da anestesia block safe? Ain-Shams J Anaesthesiol. 2014;7:253.
venosa, porém a literatura não determina qual a técnica adequada
para paciente com CMT. A anestesia deve ser escolhida de acordo
com cada paciente e o tipo de cirurgia. TLO412 CUIDADOS PERIOPERATÓRIOS NO PACIENTE COM
Referências: HISTÓRIA DE CARDIOMIOPATIA INDUZIDA POR ESTRESSE
1. Porto AG, Jorge JC, Moura Almt, Alcantara RL. Anestesia em pa- (TAKOTSUBO)
ciente portador de doença de Charcot-Marie-Tooth: qual a me-
Maria Angela Tardelli, Carolina Baeta Neves Duarte Ferreira,
lhor técnica anestésica? Rev Med MG. 2011;21(4Supl4):S47-S50.
2. Garcia Alvarez PJ, Mola EC, Brizuela YE, Pérez YS, Fuentes HL. Roberto Giannini Macedo*
Manejo anestésico del paciente con enfermedad de Charcot-Ma- Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São
rie-Tooth. AMC. 2015;19:646-53. Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
Introdução: Cardiomiopatia induzida por estresse caracteriza-se
por disfunção sistólica e diastólica transitória do ventrículo esquer-
TLP726 CONSIDERAÇÕES ANESTÉSICAS NA PSORÍASE
do, com alterações da motilidade das paredes. Achados eletrocar-
ERITRODÉRMICA: UM RELATO DE CASO
diográficos e marcadores de lesão miocárdica são similares àqueles
Ana Luiza Castro da Cruz*, Diogo Barros Florenzano de Sousa, da síndrome coronariana aguda. A causa mais aceita é uma descarga
Pedro Paulo Kimachi, Enis Donizetti Silva, adrenérgica que lesa os cardiomiócitos. O excesso de catecolaminas
Bruno Francisco de Freitas Tonelotto, Gabriel Soares de Sousa pode ser por estresse mental, físico ou por administração exógena.
Não há estratégia anestésica definida para prevenir a cardiomiopa-
Hospital Geral do Grajaú, São Paulo, SP, Brasil
tia de Takotsubo ou sua recorrência.
Introdução: A forma eritrodérmica é o subtipo mais grave de pso- Relato de caso: Paciente masculino, 60 anos, hipertenso, DM tipo 2,
ríase, apresentando-se com eritema esfoliativo em mais de 75% da obesidade grau II, submetido a nefrectomia parcial e linfadenecto-
superfície corporal do paciente. Há poucos relatos na literatura a mia em 2013. Apresentou instabilidade hemodinâmica no intraope-
respeito do manejo anestésico em pacientes com psoríase, sendo ratório com choque refratário ao uso de noradrenalina. Na admissão
este o primeiro relato de ato anestésico em um paciente com a na UTI, apresentava ECG com supradesnivelamento do segmento ST
forma eritrodérmica da psoríase (PE). nas derivações V2-V6, curva de troponinas sugestiva de síndrome
Relato de caso: P.R.N., 58 anos, masculino, com história pregres- coronariana aguda. A angiografia coronariana não evidenciou lesão.
sa de psoríase vulgar, hipertensão arterial sistêmica, história de Ecocardiograma transtorácico com hipocinesia difusa, que melhorou
S128 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

durante a internação. Diagnosticado com cardiomiopatia de Takot- iniciado 15 dias antes da cirurgia, o qual tem a função de restabe-
subo. Em 2017, apresenta-se para nefrectomia parcial contralateral lecer a vasocontrição por conta das catecolaminas. A vasodilatação
realizada sob anestesia geral balanceada associada à peridural torá- periférica, associada à hidratação adequada, além de melhorar a
cica (T10-11), com monitorização básica, pressão arterial invasiva, hipertensão, restabelece o volume intravascular (geralmente de-
acesso venoso central, BIS, TOF, manta térmica, débito urinário. pletado), reduzindo a gravidade da hipotensão. O betabloqueador
Procedimento sem intercorrências, sem necessidade de transfusão pode ser acrescido ao esquema para controle da pressão e frequên-
de hemoderivados. Extubação em sala em plano anestésico, trans- cia cardíaca, mas sempre após o estabelecimento do bloqueio alfa.
ferido para UTI estável hemodinamicamente, com alta para o leito A mortalidade causada por eventos cardiovasculares em pacientes
em 2 dias. Acompanhamento com equipe da dor no pós-operatório. com incidentaloma que não tiveram preparo adequado é de quase
Alta hospitalar no 4º PO. 45%, passando para 3% uma vez que o alfa bloqueio é instituído.
Discussão: A etiologia mais aceita relaciona estímulo de estresse Ainda hoje muito se tem descoberto para diminuir esses números:
com aumento da liberação de catecolaminas, o que provoca estimu- o sulfato de magnésio atua como vasodilatador ao bloquear o canal
lação adrenérgica miocárdica, com alterações em sua contratilida- de cálcio e também antagoniza diretamente o receptor de cateco-
de e disfunção temporária. É importante, durante o ato periopera- laminas. Dessa forma, o sulfato de magnésio tem sido utilizado com
tório, a inibição da liberação de catecolaminas com adequada visita maior frequência no manejo desses pacientes críticos. Ainda não há
pré-anestésica, ansiólise, analgesia multimodal intra e pós-operató- definição da dose adequada a ser administrada; no caso exposto, fo-
ria, plano anestésico adequado e normotermia. Por fim, conclui-se ram utilizados 40-60 mg/kg, seguidos de infusão contínua de 2 g/h.
que o desenvolvimento da cardiomiopatia induzida por estresse não
é determinante para sua ocorrência futura.
Referências:
TLP431 DOENÇA DE TAKOTSUBO: RELATO DE CASO
1. Lüscher T.F, Prasad A, Ruschitzka F, et al. Clinical Features and
Outcomes of Takotsubo (Stress) Cardiomyopathy. N Engl J Med. Álvaro Augusto Dias Crespo; *, Gabriela Citron Vedana,
2015;373:929-38. Diego Boniatti Rigotti, Volmar Jose Zasso
2. London MJ, Hessel EA. Takotsubo (Stress) Cardiomyopathy and Centro de Ensino e Treinamento (CET) do Hospital Regional do
the Anesthesiologist: Enough Case Reports. Let´s try to answer Oeste (HRO), Chapecó, SC, Brasil
some specific questions. Anesth Analg. 2010;110:674-9.
Introdução: A doença de Takotsubo (DT), também conhecida
como cardiomiopatia induzida pelo estresse, é uma disfunção
TLO572 DESAFIOS NO MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE transitória do ventrículo esquerdo (VE) associada a dor torácica,
SUBMETIDO À RESSEÇÃO DE PARAGANGLIOMA: RELATO DE angiografia coronariana normal e alterações eletrocardiográficas
CASO que se assemelham ao infarto agudo do miocárdio (IAM). A DT é
muitas vezes diagnosticada e confundida com o IAM, apesar de
Luiza Serra*, Paulo Petrov ter fisiopatologia e tratamento distintos. Embora o prognóstico a
Hospital Regional de São José Homero de Miranda Gomes, São longo prazo dos doentes seja bom, com recuperação da função do
José, SC, Brasil VE, estudos recentes revelaram que 25-50% dos pacientes sofrem
complicações na fase aguda, como o choque cardiogênico, fibrilação
Introdução: Feocromocitomas são tumores neuroendócrinos origi-
ventricular, acidente vascular cerebral e outros. Relatamos o caso
nados de células cromafins da medula adrenal. A maioria tem locali-
de uma paciente agendada para colecistectomia videolaparoscópica
zação adrenal, mas 20% podem surgir em sítios extra-adrenais (pes-
que evoluiu com DT.
coço, tórax, abdome), sendo assim denominados paragangliomas.
Relato de caso: Paciente feminina, 77 anos, 77 kg, ASA II, hipertensa,
Por serem secretores de catecolaminas, desempenham um desafio
em uso de losartana 50 mg, sem alterações laboratoriais. Avaliação
no manejo anestésico dos pacientes que vão submeter-se à cirurgia
cardiológica prévia sendo considerada apta para o procedimento,
de resseção.
Relato de caso: Paciente de 47 anos apresentando hipertensão re- ECG com ritmo sinusal e hemibloqueio anterior esquerdo. À indução
fratária apesar do tratamento clínico otimizado. Submetida a inves- anestésica paciente apresentava-se hipertensa (170/80 mmHg),
tigação para hipertensão arterial secundária, tomografia evidenciou demais sinais normais, sendo realizada com rocurônio 50 mg, pro-
lesão sólida lateralmente à veia mesentérica superior e anterior à pofol 100 mg e remifentanil. Manutenção com remifentanil e se-
veia cava inferior, sugestivo de paraganglioma de Zuckerkandl. Es- voflurano. Procedimento com duração de 40 minutos, sem inter-
tabelecida necessidade de tratamento cirúrgico para ressecção, foi corrências. Após descurarização com atropina 1 mg e Prostigmine®
introduzido alfa-bloqueador ao esquema anti-hipertensivo. Aneste- 2 mg, durante a tentativa de extubação paciente apresentou pico
sia monitorizou pressão arterial invasiva, cardioscopia, oximetria hipertensivo (210/150 mmHg), seguido de pequena quantidade de
de pulso e capnografia. Puncionados acesso venoso periférico e cen- secreção rósea no TOT, ventilação espontânea sem manutenção de
tral. Preparo de bomba de infusão com nitroprussiato de sódio e ou- SpO2, com roncos e estertores à ausculta e ECG sem alterações apa-
tra com noradrenalina previamente à indução anestésica. Optou-se rentes. Nesse momento, paciente permanecia hipertensa, sendo
por anestesia geral balanceada e passagem de cateter de peridural, administrado furosemida e solicitado leito na unidade de terapia
visto a realização de laparotomia. A indução foi realizada com fen- intensiva (UTI), onde após a recepção apresentou hipotensão, sen-
tanil, propofol e rocurônio, com manutenção com isoflurano. Foi do iniciado vasopressor. Exames evidenciaram sinais de congestão
utilizada dose de ataque de sulfato de magnésio 40 mg/kg, seguida pulmonar ao RX de tórax, elevação de troponina e ECG sugestivo de
por 2 g/h durante todo o procedimento. Após retirada do tumor, isquemia subepicárdica anterior e lateral, sendo solicitado catete-
ocorreu necessidade do uso de vasopressor. Não houve exacerbação rismo de urgência, que revelou hipocinesia do VE anterior e apical,
catecolaminérgica durante o procedimento, e a paciente foi enca- FE de 35%, sem evidência de obstrução nos ramos coronarianos. A
minhada à UTI para recuperação. paciente foi extubada no 1º dia de PO, dopamina desligada horas
Discussão: A morbidade e a mortalidade relacionadas a feocromoci- após a extubação, alta da UTI no 2º dia de PO e posterior alta hos-
toma/paraganglioma têm reduzido bastante nos últimos anos, sendo pitalar no 5º dia de PO, sem sequelas.
o objetivo primordial manter a estabilidade hemodinâmica durante Conclusão: A DT tem fisiopatologia relacionada ao estresse
a cirurgia. O alfa bloqueio é a principal medida no preparo pré-ope- emocional ou físico agudo, o que, somado aos possíveis
ratório. A escolha foi prazosina, na dose de 4 mg, três vezes ao dia, subdiagnósticos, demonstra a necessidade de cuidados e atenção
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S129

do anestesiologista. A literatura destaca a relação com pacientes secondary and tertiary hyperparathyroidism. Maedica (Buchar).
do sexo feminino e hipertensão prévia. O prognóstico é bom; por 2012;7:117-24.
ser uma doença transitória, o paciente evolui com recuperação 2. Florescu MC, Islam KM, Plumb TJ, et al. Calcium supplementa-
completa da função do VE em duas a quatro semanas. tion after parathyroidectomy in dialysis and renal transplant pa-
Referências: tients. Int J Nephrol Renovasc Dis. 2014;7:183-90.
1. Rihl MF, Haas P, Holthausen RS. Cardiomiopatia de Takotsubo:
relato de caso. Revi AMRIGS. 2015;59:30-4.
2. De Araújo Rodrigues VL, De Souza JFS, Longhi A, et al. Cardio- TLO354 LAPAROSCOPIA EM PACIENTE PORTADOR DA
miopatia de Takotsubo: Relato de Caso e Revisão de Literatura. DOENÇA DE VON WILLEBRAND: UM RELATO DE CASO
Rev Bras Cardiol. 2014;27:135-8.
Cláudia Helena Ribeiro da Silva, Alexandra de Vasconcelos Vieira,
Larissa Magalhães Lopes*, Pedro Henrique Magalhães Lima,
TLO780 HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO A IRC EM Luis Felipe Guimarães Ribeiro
ANESTESIA: SÉRIE DE CASOS Hospital da Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil
Victor Guilherme Bittar Souto*, Felícia Benevides Praxedes, Introdução: A doença de von Willebrand ocorre devido à mutação
Alene Cunha do Nascimento, Rodolfo Carvalho Soeiro Machado, do cromossomo 12 e é caracterizada pela deficiência quantitativa
Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Cátia Sousa Govêia ou qualitativa do Fator de von Willebrand, ocasionando tempo de
Hospital Universitário de Brasília (HUB), Universidade de Brasília sangramento (TS) alargado, com número de plaquetas normais. O
(UnB), Brasília, DF, Brasil manejo anestésico torna-se desafiador pelo maior risco de sangra-
mento.
Introdução: O hiperparatireoidismo secundário à doença renal Relato de caso: Paciente masculino, A.P.D.J., 36 anos, 85 kg, ASA
crônica contribui para o surgimento de doença mineral e óssea, II, Mallampati II, gastroplastia prévia. Admitido para tratamento de
síndrome não responsiva à diálise, caracterizada pela fragilidade hérnia de Petersen, uma protrusão do delgado entre a alça alimen-
e distorção da arquitetura óssea. O hiperparatireoidismo carac- tar e o mesocólon. Doença de base: von Willebrand. Revisão labo-
teriza-se por alto turnover ósseo, elevação do produto cálcio- ratorial: Hb 12,3 g/dL, atividade de protrombina 63%, plaquetas
fósforo e reabsorção óssea subperiosteal. O tratamento envolve 181.000/mm³. Na cirurgia anterior, foram infundidos 4 frascos do
medidas clínicas e a paratireoidectomia. O objetivo deste estudo fator VIII por orientação do hematologista, mas apesar disso inter-
foi relatar o manejo perioperatório de seis pacientes submetidas correu com sangramento aumentado no intraoperatório. Foi orien-
a paratireoidectomia no Hospital Universitário de Brasília. tada pelo hematologista a infusão de 8 frascos de fator VIII:C 60
Série de casos: As pacientes, entre 23 e 67 anos, apresentavam minutos antes do procedimento, uma dose de 47 UI/Kg, além de
doença renal crônica estágio V, sendo três por hipertensão reserva de hemácias e plaquetas. Monitorizado com cardioscopia,
arterial, duas por diabetes e uma por glomerulonefrite. Os pressão arterial não invasiva, oximetria de pulso, temperatura, cap-
exames laboratoriais revelavam níveis séricos de cálcio e PTH nografia e analisador de gases. Indicada anestesia geral balanceada
acima da normalidade. No intraoperatório, observou-se em com remifentanil, propofol, cisatracúrio e manutenção com sevo-
cinco pacientes dificuldades de acesso vascular pela presença de flurano. A operação durou 90 minutos, seguida de descurarização e
fístulas e história de trombose. Duas apresentaram hipotensão 5 mg de morfina para analgesia pós-operatória. Manteve-se estável
arterial pouco responsiva a vasopressores após a indução da e sem necessidade de hemoderivados. Encaminhado para UTI. No
anestesia geral com propofol. A isso se devem alterações da 1º DPO, recebeu mais 25.000 UI do fator VIII e teve alta sem inter-
função endotelial, do tônus vascular, formação de edema e corrências.
alterações do intravascular induzidas pela diálise. Em dois casos, Discussão: A doença de von Willebrand é a doença hemorrágica he-
foram necessárias doses elevadas de vasopressores (efedrina reditária mais comum, afeta ambos os sexos e sua incidência che-
e norepinefrina) para compensação hemodinâmica. Foram ga a 2%. O anestesiologista deve ser cauteloso, a fim de diminuir
coletadas amostras seriadas de cálcio intraoperatório em todas o índice de complicações, e o hematologista deve ser consultado
as pacientes e iniciada administração de cálcio em bomba de mesmo em cirurgias de pequeno porte. A desmopressina somente
infusão contínua para profilaxia de complicações da síndrome da está indicada na DVW tipo I, uma vez que sua resposta é incerta nos
fome óssea, caracterizada por redução dos níveis séricos de cálcio outros subtipos e tem como contraindicação os subtipos 2B e DVW
devido a uma queda abrupta do PTH circulante após a cirurgia. tipo plaquetário (ou pseudodoença de von Willebrand). Administra-
Pode caracterizar-se por paresia, tetania, convulsões e arritmias, da pelas vias endovenosa (0,3 mcg/kg + 50-100 mL de SF 0,9% em
podendo exigir infusão contínua de cálcio. É mais frequente e 30 minutos), subcutânea (0,3 mcg/kg) ou intranasal (300 mcg para
grave em pacientes jovens, com elevação de fosfatase alcalina, adultos e 150 mcg para crianças). A dosagem do fator VIII:C deve
PTH pré-operatório elevado e queda rápida do PTH pós-operatório. ser feita a cada 12 horas no dia da cirurgia e diariamente a partir
A utilização de detecção radionuclear intraoperatória nas seis pa- do primeiro DPO, visando a manter os níveis plasmáticos abaixo de
cientes permitiu a localização das paratireoides acometidas, faci- 100 UI/dL e prevenir eventos tromboembólicos. A dose recomen-
litando o acesso cirúrgico e prevenindo complicações como disfo- dada para a realização de cirurgias de grande porte é de 40-50 UI/
nia e lesão do nervo laríngeo recorrente. Nesta série, não houve kg. Em pacientes devidamente tratados e com hematimetria e coa-
ocorrência de arritmias cardíacas ou outras complicações graves. gulograma normais, o bloqueio de neuroeixo é um contraindicação
Conclusão: O nefropata apresenta-se com comorbidades relativa pela maior incidência de hematoma espinhal se comparado
importantes. É fundamental, no manejo anestésico, não apenas o com pacientes hígidos. Os traumas anestésicos devem ser evitados,
balanço das implicações decorrentes da doença renal, mas também bem como a punção arterial para gasometria. A reserva de hemode-
das possíveis complicações cardíacas e da musculatura esquelética. rivados e de vaga em CTI é aconselhada.
O sucesso depende da cooperação entre as equipes da anestesia, Referências:
cirurgia, endocrinologia e nefrologia. 1. Barbosa FT, Cunha RM, Barbosa LT. Doença de von Willebrand e
Referências: Anestesia. Rev Bras Anestesiol. 2007;57:3:315-23.
1. Corneci M, Stanescu B, Trifanescu R, et al. Perioperative ma- 2. D’amico EA, Villaça PR, Rezende SM. Manual de diagnóstico e
nagement difficulties in parathyroidectomy for primary versus tratamento da doença de von Willebrand. Ed MS.1ed.
S130 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO386 LARINGOESPASMO EM CRIANÇA COM SÍNDROME Introdução: Doenças de armazenamento de ácido siálico livres são
DE AARSKOG-SCOTT DURANTE INDUÇÃO ANESTÉSICA - caracterizadas pelo acúmulo anormal de ácido siálico em tecidos do
RELATO DE CASO corpo e ocorrem devido a mutações do gene SLC17A5, que são her-
dadas de forma autossômica recessiva. Tais distúrbios são divididos
Thiago Fernandes Marques*, Maria Beatriz Assumpção Mourão,
em três subtipos, de acordo com a gravidade: doença de armazena-
Walkiria Wingester Vilas Boas, Patrícia Batista Matos, mento de ácido siálico infantil (ISSD), doença de Salla e doença de
Marcella Carmem Silva Reginaldo, Wagner Arruda Silveira Salla intermediária. Os sintomas podem variar muito; porém, todas
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais as desordens se caracterizam por neurodegeneração e disfunção
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil cognitiva. O fenótipo mais leve é a doença de Salla, caracterizada
por aparência normal, seguida de deterioração neurológica progres-
Introdução: A síndrome de Aarskog-Scott, também conhecida como siva, retardo psicomotor, espasticidade, atetose e convulsões. Por
displasia faciogênica, é uma doença genética rara, mais prevalente ser uma doença rara, o manejo anestésico requer cautela, pois o
no sexo masculino, e que pode apresentar alterações fenotípicas acúmulo de ácido siálico pode resultar em anormalidades anatômi-
com características faciais distintas, hipertelorismo, baixa estatu- cas e disfunções orgânicas, que podem aumentar o risco de morbi-
ra, anormalidades nas mãos, fenda palatina e anomalias cardíacas. mortalidade durante o ato anestésico.
O objetivo deste relato é descrever um episódio de laringoespasmo Relato de caso: M.S.M, sexo feminino, 18 meses, 7,6 kg, ASA III,
durante indução anestésica em um paciente com síndrome de Aar- com diagnóstico de doença de Salla, refluxo gastroesofágico com
skog-Scott. broncoaspiração de repetição, anemia e colelitíase. Submetida
Relato de caso: D.M.F., masculino, 2 anos e 4 meses, 12 kg, porta- em janeiro de 2017 a fundoplicatura com colecistectomia aber-
dor da síndrome de Aarskog-Scott e em tratamento de pneumonia ta e gastrostomia. Exames de imagem evidenciavam alterações
há 5 dias, apresentou piora do quadro clínico com queda da SpO2, em TC de crânio com agenesia de corpo caloso, USG de abdome
gemência e taquipneia. Em uso de ceftriaxona e oxacilina. Eviden- compatível com hepatomegalia discreta e colelitíase, ECO trans-
ciado derrame pleural em hemitórax direito, sendo encaminhado ao torácico sem alterações. Exames laboratoriais estavam normais.
bloco cirúrgico com a proposta de drenagem de empiema. Exames Paciente apresentava atraso neuropsicomotor, hipotonia truncal,
laboratoriais pré-operatórios: Hb: 9,1; Ht: 25; leucócitos 18.082. En- espasticidade de membros, distrofia muscular, flacidez cervical
contrava-se febril, taquipneico, SpO2 88% em cateter nasal 2 L/min. e alterações dentárias. A avaliação das vias aéreas não sinaliza-
Apresentava alterações faciais com discreto retrognatismo, hiperte- va preditivos para IOT difícil. Optou-se por uma anestesia geral
rolismo e nariz pequeno. Não havia relatos de alergias e comorbidades balanceada, com indução sob máscara com sevoflurano, e após
associadas. Iniciou-se a indução anestésica com midazolam (0,1 mg/ punção de acesso venoso foram administrados sulfentanil 4 mcg,
kg), fentanil (3 mcg/kg) e sevoflurano inalatório, objetivando plano propofol 7 mg e rocurônio 7 mg. Intubação orotraqueal em se-
anestésico ideal. À laringoscopia observou-se via aérea anteriorizada quência rápida, sem dificuldades. Manteve estabilidade hemodi-
e classificação III de Comack-Lehane, com dificuldade técnica para nâmica durante ato cirúrgico, sendo extubada em sala operatória
intubação. Durante a manipulação da via aérea, apresentou episódio após analgesia endovenosa. Encaminhada ao CTI pediátrico está-
de laringoespasmo importante e dificuldade em ventilar, com que-
vel, com bom padrão respiratório.
da rápida da SpO2, sendo revertida após administração endovenosa
Discussão: Pacientes com distúrbios de armazenamento de ácido
de suxametônio (1 mg/kg) e propofol (2 mg/kg). Após estabilização
siálico apresentam múltiplas comorbidades que requerem procedi-
clínica, realizou-se nova laringoscopia e procedeu-se à intubação
mentos cirúrgicos frequentes. Muitos apresentam diversas altera-
orotraqueal com auxílio de um bougie. Manutenção anestésica com
ções orgânicas, tais como hepatomegalia e cardiomegalia, o que
sevoflurano. Durante o procedimento cirúrgico manteve-se estável,
torna imprescindível uma avaliação pré-anestésica adequada. A li-
com SpO2 92% em ventilação mecânica com FiO2 100%, apresentando
teratura recomenda anestesiologistas experientes na utilização de
sibilos esparsos. Após drenagem torácica, foi encaminhado ao CTI
dispositivos avançados de vias aéreas e equipe preparada para via
pediátrico, sendo extubado no dia seguinte.
aérea cirúrgica.
Discussão: O laringoespasmo caracteriza-se pelo estreitamento das
Referências:
distâncias entre as regiões ariepiglótica e vestibular, levando ao en-
1. David A, A Gahl W. Free Sialic Acid Storage Disorders. Gene
curtamento do espaço entre as cordas vocais por contrações dos
Reviews (internet). Initial Posting: June 13, 2003; Last Update:
músculos faríngeos. Pode acontecer em qualquer momento da anes-
June 6, 2013.
tesia, e a demora no diagnóstico e tratamento pode levar a compli-
2. Clark BM1, Sprung J, Weingarten TN, Warner ME. Anesthesia for
cações graves. A presença de secreções e a manipulação da via aé-
patients with mucopolysaccharidoses: comprehensive review of
rea em um plano inadequado pode contribuir para tal. Neste caso, a
the literature with emphasis on airway management. Bosn J Ba-
dificuldade técnica para intubar, a condição clínica do paciente e o
sic Med Sci. 2017. doi: 10.17305/bjbms.2017.2201.
plano anestésico superficial podem ter contribuído para o laringoes-
pasmo. É importante que todo anestesiologista saiba diagnosticar e
tratar rapidamente, evitando complicações graves e risco de morte.
TLP969 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE COM ERITEMA
Referências:
1. Aarskog-Scott Syndrome. (2011, Nov. 2). Online Mendelian Inhe- MULTIFORME MAJOR: RELATO DE CASO
ritance in Man. June 14, 2012, http://omim.org/entry/305400. Izabela Magalhães Campos, Luana Magalhães Bernardo*,
2. Ahmad I, Sellers WFS. Prevention and management of laryngos- Fernanda de Faria Mariano, Carolina Mendonça de G.C.dos Santos,
pasm. Anaesthesia. 2004;59:920. Hendrik Ranieri de Oliveira Carvalho, Camila Ferreira Garcia
Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG, Brasil
TLO324 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE COM DOENÇA Introdução: Eritema multiforme (EM) é uma doença incomum, ca-
DE SALLA, RELATO DE CASO racterizada por reação mucocutânea grave, frequentemente de-
Antonio Emanuel Soares Vieira, Anamaria Ruiz Combat Tavares, sencadeada por medicamentos. A síndrome de Steven-Johnson e
necrólise epidérmica tóxica são duas formas de EM que se diferen-
Tainã Medeiros Versiani Ribeiro Matos, Rodrigo Bernardes de Oliveira,
ciam pela extensão da área corporal acometida. Ambas requerem
Nathalia Campos Schimidt*, Thiago Amorim Ribeiro da Cruz
adequado manejo peroperatório, haja vista as múltiplas disfunções
Hospital Júlia Kubitschek (HJK), Belo Horizonte, MG, Brasil sistêmicas associadas.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S131

Relato de caso: Mulher, 49 anos, ASA 2 (HAS e depressão), admitida ri, apesar de importante cifose da coluna vertebral, foi planejada
com extensas áreas bolhosas, descolamento de epiderme e fundo anestesia neuroaxial como técnica única. Houve múltiplas tentati-
dérmico avermelhado, acometendo aproximadamente 60% da área vas de bloqueio peridural torácico contínuo por médico em espe-
corporal, que iniciaram após uso de lamotrigina. Iniciada imunoglo- cialização (ME3) e dois anestesistas experientes, sem progressão do
bulina e levada ao bloco cirúrgico (BC) para antissepsia e desbri- cateter, quando se optou por anestesia geral. Com disponibilidade
damento. Recebida com AVP, ventilando espontaneamente em ar de material de via aérea difícil na SO, procedeu-se à indução venosa
ambiente, sendo monitorizada com PNI, ECG e SpO2. Devido à indis- com fentanil 250 µg, lidocaína 60 mg, propofol 100 mg e succinil-
ponibilidade de fibroscópio flexível no serviço, optou-se por sedação colina 60 mg. IOT sob videolaringoscopia com inserção de bougie
leve com midazolam, fentanil e clonidina para avaliação de via aé- para progressão do tubo orotraqueal 7,0 mm DI aramado, sem in-
rea (VA), considerando sua dificuldade de abertura bucal. Solicitado tercorrências. O procedimento transcorreu durante 105 minutos, e
Kit de VA difícil. À laringoscopia, presença de pouca quantidade de a paciente foi encaminhada à URPA após extubação com sucesso.
sangue e ausência de preditores de dificuldade. Prosseguiu-se à IOT Discussão: Não há recomendação bem definida para o manejo anes-
em sequência rápida com fentanil, propofol e succinilcolina, sem tésico em paciente com esclerodermia, de maneira que a escolha da
intercorrências. Mantida em VM controlada com sevoflurano. Infun- técnica dependerá do tipo de cirurgia, da compreensão da fisiopato-
didos 2.000 mL de SF 0,9%. Optou-se pela não extubação em sala logia da doença e de avaliação pré-operatória cuidadosa do pacien-
cirúrgica, e encaminhada ao CTI. Intercorreu no pós-operatório ime- te. Anestesia geral é complicada por intubação difícil e alto risco
diato com instabilidade hemodinâmica e dificuldade para punção de de broncoaspiração devido a inesperado acometimento esofágico
AVC e PIA. Optou-se por realizá-las em BC, onde foram puncionadas ou doença respiratória. Como esclerodermia frequentemente poupa
V. jugular interna e A. pediosa direita. Evoluiu com necessidade de a coluna vertebral, abordagens neuroaxiais, sobretudo a anestesia
traqueostomia por IOT prolongada e manejo álgico, infeccioso e vo- peridural contínua, que permite a titulação gradual do bloqueio,
lêmico cuidadosos. constituem alternativa segura. Apesar de relatos de bloqueio sensi-
Discussão: Devido ao extenso acometimento cutâneo do EM, o tivo prolongado, a anestesia regional complementa o manejo da dor
manejo volêmico na fase aguda deve ser similar ao de um grande pós-operatória e age na prevenção de crise vasoespástica; todavia,
queimado. As mucosas estão envolvidas em mais de 90% dos casos, desafios técnicos por dificuldade de posicionamento do paciente e
requerendo cuidado com VA, mucosa ocular e uretral. Aparelhos de alterações da anatomia complicam sua execução. A incorporação de
monitorização devem ser aplicados cuidadosamente sobre a pele, novas tecnologias, a exemplo de ultrassom para anestesia regional e
e o AVC pode ser uma alternativa à ausência de sítios íntegros para uso de videolaringoscópios no manejo da via aérea difícil, deve nos
AVP. Ademais, é imprescindível adequada antissepsia e manejo da assegurar maior sucesso, com menos complicações na condução de
superfície corporal para evitar infecções e traumas adicionais. Dis- casos desafiadores.
positivos ventilatórios podem agravar lesões existentes ou empurrar Referência:
resíduos de tecido necrótico pela VA, comprometendo a ventilação. 1. Dempsey ZS, Rowell S, McRobert R. The role of regional and neu-
O tiopental ou o methohexital foram implicados como agentes pre- roaxial anesthesia in patients with systemic sclerosis. Local Reg
cipitantes de EM e estão contraindicados. A cetamina parece ser Anesth. 2011;4:47-56.
ideal para procedimentos cirúrgicos menores, e o glicopirrolato é
útil para reduzir secreções de VA. Em cirurgia eletiva de EM crônico,
a anestesia regional pode ser realizada, desde que a pele no local TLO668 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE COM
esteja íntegra. LIPODISTROFIA CONGÊNITA DE BERARDINELLI – SEIP
Referência:
Fernanda Paula Cavalcante, Francisco Israel Araújo Costa*,
1. Marschall KE. Skin and Musculoskeletal Diseases. In: Hines RL,
Marschall KE. Stoelting’s Anesthesia and co-existing disease. Josiani dos Santos Garcez, Aline Maia Rocha, Tayalles Tavares Leite,
7ed. Philadelphia, Elsevier, 2018;507-38. Rodrigo José Alencar de Castro
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Universidade
Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
TLO825 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE COM
Introdução: Lipodistrofia generalizada congênita (LGC), ou sín-
ESCLERODERMIA
drome de Berardinelli-Seip, é uma condição autossômica recessiva
Stefan Belizário Leal*, Gabriela Leis do Espírito Santo Azevedo, rara, causada pela mutação do gene AGPAT2 ou gene BSCL2. Nessa
Lorena Coutinho Ramos Gevú Barcelos, doença, há perda de adipócitos funcionais, havendo depósito de
Patricia Pinheiro de Toledo Werneck, Alberto Vieira Pantoja, lipídeos em músculos, fígado e outros órgãos, além de alteração pe-
Marco Antônio Cardoso de Resende riodontal, elevação sérica de triglicerídeos e resistência à insulina.
Relato de caso: Sexo feminino, 4 anos, 15,9 kg, 104 cm, portadora
Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil
de LGC e DM tipo 1, apresentava quadro de odontalgia em arcada
Introdução: A esclerodermia é doença imune multissistêmica do te- dentária inferior. Foi indicada extração dentária sob anestesia geral
cido conjuntivo, mais frequente em mulheres entre 30 e 50 anos, por paciente não colaborativa. Não apresentava história prévia de
que pode interferir na escolha da técnica anestésica e, sobretudo, cirurgias, alergias, comprometimento neuropsicomotor e doenças
na abordagem das vias aéreas. Caracteriza-se por fibrose dos órgãos do sistema cardiovascular, além de não haver história familiar de
acometidos devido à deposição de colágeno nos tecidos. intercorrência durante procedimentos anestésicos. Fazia uso de
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 57 anos, 46 kg (IMC bomba de insulina. Ao exame físico apresentava fácies sindrômica
16,89 kg/m²), estado físico PIII, diagnóstico de esclerodermia (for- (acromegálica), redução significativa do tecido adiposo em tronco,
ma cutânea difusa), LES com doença renal em atividade e HAS, com membros e face, hepatomegalia e hipertrofia muscular. A criança
indicação cirúrgica por abscesso extenso recidivado em mama di- não permitiu o exame de vias aéreas. Os exames laboratoriais evi-
reita. Seguia em uso de meropenem há 10 dias para tratamento denciaram glicemia de difícil controle, aumento de enzimas hepáti-
da coleção, com pouca melhora clínica, além de hidroxicloroqui- cas, colesterol total e triglicerídeos elevados, hemograma e provas
na, prednisona (10 mg/dia) e bisoprolol de uso habitual. Ao exame, de coagulação normais. Foi submetida à indução anestésica com
apresentava vários preditores de via aérea difícil: distância interin- fentanil 40 mcg, propofol 120 mg, cisatracúrio 4 mg. Intubação na-
cisivos < 3 cm (microstomia), Mallampati IV, retrognatismo, palato sotraqueal sem intercorrências. Manutenção da anestesia com sevo-
estreito, pescoço curto e restrição da extensão cervical. A prio- flurano a 2%. Durante a anestesia, a paciente desenvolveu quadro
S132 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

de hipertensão e aumento da capnometria, chegando a valores de Encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica sem queixas.
PA 200/100 mmHg e etCO2 95 mmHg. Depois de nova verificação Discussão: Os principais desafios ao anestesiar esses pacientes
do sistema ventilatório e da calibração dos aparelhos, decidiu-se provêm de anomalias esqueléticas, cardíacas e de vias aéreas. Entre
suspender o procedimento cirúrgico. Após parar a manutenção com as alterações esqueléticas, devemos atentar principalmente para o
sevoflurano, o valor de etCO2 reduziu para 40 mmHg, e PA retornou dismorfismo facial, que proporciona difícil acesso às vias aéreas.
a níveis basais de 120/80 mmHg. Realizada extubação, sem inter- Quanto às alterações cardiológicas, devemos considerar os altos
corrências. Foi admitida na SR com PA 133/75 mmHg, glicemia 301 índices de malformações que predispõem a arritmias, evitando o
mg/dL, SatO2 97%, com alta da SR após 3 horas. uso de drogas com potencial arritmogênico. Com relação à via aé-
Discussão: Os poucos relatos de caso de anestesia geral em pacien- rea, deve-se atentar para o excesso de secreção mucosa e o refluxo
tes com LGC descrevem uso de agentes inalatórios sem intercor- gastroesofágico, que elevam o risco de broncoaspiração, bem como
rências. Foram observadas apenas alterações da farmacocinética e alterações na lobulação pulmonar e estenose traqueal, dificultan-
farmacodinâmica dos halogenados, pois o acúmulo de lipídeos no do ventilação adequada. Além disso, a utilização de pré-medicação
sangue eleva a solubilidade desses agentes por aumento do coe- deve ser avaliada cuidadosamente.
ficiente de partição sangue/gás, diminuindo a pressão parcial do Referências:
anestésico no sangue e no SNC durante a indução e recuperação da 1. Patel SM, Hakim M, Krishna SG. Anesthetic Implications in Ru-
anestesia. No entanto, surgiu um provável evento de hipertermia binstein-Taybi Syndrome. J Med Cases. 2015;6:534-6.
maligna neste caso. Não há dados na literatura sobre essa associa- 2. Oliveira CRD, Elias L. Anesthesia in patient with Rubinstein-Taybi
ção, sendo, portanto, necessários investigação adicional e cuidados Syndrome. Case report. Rev Bras Anestesiol. 2005;55:546-51.
especiais em síndromes raras.
Referências:
1. Steen ER, De Baerdemaeker LE, Van Limmen J, Wouters P. Some TLO957 MANEJO ANESTÉSICO PARA CORREÇÃO DE
pharmacokinetics of sevoflurane in a child with severe lipodys- INSUFICIÊNCIA AÓRTICA GRAVE COMO CONSEQUÊNCIA DE
trophy. A A Case Rep. 2014;2:61-4. PRESENÇA DE VALVA AÓRTICA QUADRICÚSPIDE NA ERA DA
2. Bhujel N, Clark H. Case Report: Dental management of Berar- ECOCARDIOGRAFIA
dinelli – Seip congenital lipodystrophy. Eur Arch Paediatr Dent.
Lúcia Caroline Schons Corrêa*, Marilia da Silva Faria de Macedo,
2016;17:137-40.
Gabriel L F Chiozzo, Carlos Darcy Alves Bersot,
Gabriel Luiz Figueiredo Chiozzo Oliveira
TLP251 MANEJO ANESTÉSICO EM PACIENTE COM Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Universidade do
SÍNDROME DE RUBINSTEIN-TAYBI Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Bárbara Monteiro Moreira*, Mônica Braga da Cunha Gobbo, Introdução: A valva aórtica quadricúspide (VAQ) é uma malforma-
Daniela Chinelato Marcelino, Letícia Aparecida Ferreira, ção congênita rara, com incidência entre 0,008% e 0,043%. Pode ser
Guilherme Portiolli Zocal, Alessandra de Padua Ranzani encontrada como uma anomalia isolada, podendo o paciente ser
assintomático, mas frequentemente está associada a insuficiência
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
aórtica (IAo) em 68% dos casos. As ecocardiografias transtorácica
Campinas, SP, Brasil
(ETT) e transesofágica (ETE) são utilizadas como método diagnósti-
Introdução: A síndrome de Rubinstein-Taybi (SRT) é condição co e acompanhamento dessa anomalia.
autossômica dominante, podendo surgir como mutação Objetivos: Discutir manejo anestésico para cirurgia para troca val-
espontânea, caracterizada por retardo mental, polegares largos, var e de correção da IAo grave.
anomalias faciais, baixa estatura, entre outros. A síndrome resulta Relato de caso: Paciente masculino, 60 anos, hipertenso, diagnos-
de uma mutação no gene CREBBP, localizado no cromossomo 16; ticado com VAQ após inicio de sintomas de dispneia a médios es-
esse gene controla a produção de proteínas responsáveis pela forços. ETT: IAo com dilatação da raiz da aorta (4 cm) e da aorta
atividade celular essencial para o desenvolvimento fetal adequado. ascendente (5,2 cm), fração de ejeção de 49%, aumento de câmaras
A prevalência da SRT é desconhecida, e sua incidência aproxima- esquerdas, função de ventrículo esquerdo limítrofe e refluxo aór-
se de 1:300.000 nascidos vivos. Os pacientes afetados por essa tico. Coronariografia sem lesões obstrutivas. Exames laboratoriais
condição podem ser um desafio para o anestesiologista, devido à dentro dos limites de normalidade. ECG com aumento de câmaras
possível dificuldade no manejo de via aérea, arritmias cardíacas e esquerdas. Raio X de tórax: dilatação de aorta ascendente. Paciente
risco de broncoaspiração. internado para compensação clínica, realização de troca de valva
Relato de caso: Paciente feminino, 39 anos, 71 kg, 146 cm, aórtica e colocação de prótese de aorta ascendente. O paciente deu
encaminhada para timpanomastoidectomia por otite de repetição. entrada no centro cirúrgico com pressão arterial 140 × 70 mmHg,
Diagnosticada com SRT aos 2 anos de idade. Sem antecedentes SatO2 76% em ar ambiente, frequência cardíaca de 90 bpm. Monito-
operatórios. Portadora de insuficiência aórtica discreta, hipertensão rizado com cardioscopia, oximetria de pulso, capnografia, pressão
arterial sistêmica, insuficiência renal, deficit visual e retardo arterial invasiva, capnografia e ETE. Anestesia geral balanceada.
mental leve. Em uso regular de ácido acetilsalicílico, pantoprazol, Puncionada veia jugular interna direita. Iniciada a cirurgia, o pa-
losartana, ácido fólico, clonazepam e sulfato ferroso. Ao exame ciente foi anticoagulado com heparina. Teste de coagulação ativada
pré-operatório apresentava-se com micrognatia, microcefalia, (TCA) inicial de 150 segundos. Durante circulação extracorpórea
nariz pontiagudo, palato arqueado e polegares alargados; restante (CEC), foi iniciado propofol para manutenção da hipnose. A CEC com
do exame sem alterações. Mallampati IV. Exames laboratoriais duração de 125 minutos e clampeamento de 100 minutos. O pacien-
evidenciando disfunção renal. Após monitorização e preparo te apresentou fibrilação ventricular após a saída de CEC, sendo ne-
de material para via aérea difícil, foi administrado midazolam e cessária desfibrilação. Com ritmo sinusal, foram iniciadas infusão de
iniciada indução anestésica com fentanil, propofol, lidocaína 1% noradrenalina e dobutamina, de acordo com a resposta do paciente.
s/v e succinilcolina. Intubação orotraqueal sob laringoscopia direta Durante a revisão da hemostasia, foi infundida protamina; TCA final
(Cormack III) com auxílio de bougie. A anestesia foi mantida com de 88 segundos. Ao término da cirurgia, o paciente foi transportado
propofol, e a paciente manteve-se estável durante o procedimento. para o CTI cardíaco intubado, com ventilação assistida e infusão
A extubação procedeu-se após o despertar, com paciente em ven- de noradrenalina e dobutamina. No pós-operatório, o paciente foi
tilação espontânea e presença de reflexos protetores de via aérea. extubado e evoluiu sem intercorrências.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S133

Discussão: A insuficiência aórtica por VAQ geralmente é detecta- ventilar o paciente em baixas pressões pelo risco de pneumo/he-
da em adultos. Defeitos cardíacos associados são raros e incluem motórax. Os pacientes deverão ser monitorizados por no mínimo
defeitos no óstio coronariano e aneurisma de aorta ascendente. A 24 horas, e mobilização precoce deve ser preconizada para evitar
identificação deste diagnóstico e seu tratamento são importantes perda de força musculoesquelética e cardiovascular.
devido ao risco de IAo progressiva, endocardite e pela possibilida- Referência:
de de origem anômala do óstio da coronária devido à presença do 1. Wiesmann T, Castori M, Malfait F, Wulf H. Recommendations
folheto acessório. O ETE, além de método diagnóstico, tem sido for anesthesia and perioperative management in patients with
essencial para monitorização e auxílio do manejo anestésico no in- Ehlers-Danlos syndrome(s). Orph Jour Rare Diseases. 2014;9:109.
traoperatório.
Referências:
1. Konrard R, Costa MNS, Salamé CK. Valva aórtica quadricúspide: TLO064 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE ANGIOEDEMA
uma revisão completa. Rev Bras Ecocardiogr Imagem Cardiovasc. FAMILIAR EM TROCA DE VALVA MITRAL
2009;22:39-52.
Renato Zitron*, Thales Abreu Tedoldi, José Mateus Costa,
2. Brzezinski M, Mertz V, Clements FM, et al. Transesophageal Echo-
Kelson Sousa Jacobina, Luiz Guilherme Villares da Costa
cardiography of the Quadricuspid Aortic Valve. Anesth Analg.
2006;103:1414-15. Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
Introdução: Angioedema hereditário (AEH) é uma doença que exige
a realização de algumas medidas perioperatórias para aumentar a
TLP707 MANEJO ANESTÉSICO PARA PACIENTE COM
segurança de procedimentos cirúrgicos, minimizando riscos princi-
SÍNDROME DE EHLERS-DANLOS palmente para garantir a perviedade das vias aéreas. Apresentamos
Marilia da Silva Faria de Macedo, Luisa Borges Ribas*, um relato de caso mostrando a condução perioperatória de uma
Rodrigo Nóboa da Silva, Vitor Santos troca valvar em paciente com AEH.
Relato de caso: Paciente feminino, 59 anos, com antecedente de
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Universidade do
febre reumática, estenose mitral, hipertensão pulmonar, insuficiên-
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
cia cardíaca e angioedema hereditário, foi internada para a substi-
Introdução: A síndrome de Ehlers-Danlos (SED) é caracterizada por tuição de valva mitral. A paciente fazia uso regular de oxandrolona;
hipermobilidade, instabilidade articular, alterações na pele, partes recebeu 1.000 unidades de inibidor de esterase C1 antes da cirurgia,
moles e fragilidade vascular. O objetivo deste trabalho é relatar o e a intubação foi realizada com videolaringoscópio para reduzir o
manejo anestésico para exérese de tumor de partes moles em pa- risco de trauma e edema das vias aéreas superiores. Após 6,5 horas
ciente portador da síndrome. (80 minutos de CEC) de cirurgia, a paciente recebeu novamente
Relato de caso: Feminina, 70 anos, hipertensa, ex-tabagista, por- 1.000 unidades de inibidor de esterase e foi encaminhada para uma
tadora da SED tipo II. Massa em região de coxa esquerda após UTI intubada, sendo extubada no primeiro dia pós-operatório. A alta
queda da própria altura há 1 ano. TC da lesão evidenciou aspecto da UTI ocorreu após 4 dias (medicação de resgate disponível duran-
benigno, sendo indicada exérese. Cirurgia prévia para drenagem te a internação).
de hematoma intra-abdominal e correção de luxação de joelho. Discussão: Angioedema hereditário (AEH) é uma doença autossô-
Alergia a penicilina e hemotransfusões, sem intercorrências. Exa- mica dominante, que afeta aproximadamente 1 em 10.000 até 1
mes laboratoriais, radiografia de tórax e ECG sem alterações. De- em 50.000 pessoas, e é responsável por 2% dos casos de angioede-
vido ao risco de hematoma espinhal e cefaleia pós-raquianestesia ma clínico. A deficiência ou disfunção hereditária do inibidor de
em alguns subtipos da doença, foi indicada realização de aneste- C1-esterase (C1-INH) da via de complemento clássica resulta na
sia geral. Pré-medicação com midazolam 3 mg EV, monitorizada liberação excessiva de mediadores de bradicinina e C2-kinina, que
com ECG de 5 derivações, oximetria de pulso e monitorização de aumentam a permeabilidade vascular, levando ao extravasamento
pressão arterial invasiva em artéria radial direita. Indução com de fluido e ao desenvolvimento de angioedema. As manifestações
lidocaína 80 mg, propofol 100 mg, fentanil 250 mcg, rocurônio 40 clínicas são episódios recorrentes de edema envolvendo principal-
mg. Intubação com TOT 7,0 mm com videolaringoscópio. Manuten- mente mucosa e pele, e a manifestação mais perigosa é o edema
ção da anestesia com remifentanil e sevoflurano a 2% e adminis- laríngeo devido ao risco de obstrução das vias aéreas e asfixia fa-
tração de acido tranexâmico 750 mg no intraoperatório. Analgesia tal. Os ataques podem ocorrer sem qualquer gatilho específico ou
pós-operatória com dipirona 2 g, descurarização com sugammadex podem ser precipitados por traumas menores (incluindo procedi-
200 mg e extubação sem intercorrências. A paciente evoluiu com mentos cirúrgicos e dentários), infecção, estresse e certas drogas
aparecimento de hematomas em região onde esteve a proteção ou alimentos. A profilaxia a longo prazo para reduzir a gravida-
ocular, sem comprometimento da visão, tendo alta da SPRA lúcida de e a quantidade de ataques pode ser feita com medicamentos
e orientada, sem queixas, sendo encaminhada à unidade de cui- androgênicos, como oxandrolona, que aumentam a produção de
dados intensivos. C1-INH, e com combinações de C1-INH. Como o trauma cirúrgico
Discussão: O conhecimento dos subtipos da SED e suas manifesta- e a manipulação das vias aéreas podem induzir ataques, o manejo
ções é imprescindível para o manejo anestésico cirúrgico desses anestésico deve incluir profilaxia de curto prazo, com o uso de
pacientes. A literatura descreve 6 subtipos (clássico – tipo I e II; combinações C1-INH antes do procedimento, se disponível. Alter-
hipermobilidade – tipo III; vascular – tipo IV; cifoescoliótica – tipo nativamente, o plasma congelado fresco (PFC) pode ser adminis-
IV A; artroclásica – tipo VII A e B; e dermatoparaxis – tipo VII C). trado até 6 horas antes de um procedimento agendado. Embora
História de sangramentos, complicações da doença e dificuldades a PFC seja uma boa fonte de C1-INH, ela também contém cininas
com via aérea devem ser sempre interrogadas. O paciente deve e C2 e C4, o que pode agudizar ataques. O gerenciamento anes-
ser bem posicionado; a hiperextensão dos membros e o uso de tésico também deve minimizar a manipulação das vias aéreas e
torniquetes devem ser evitados. Utilizar proteção em projeções manter o paciente cuidadosamente observado durante pelo menos
ósseas e olhos, pelo risco de descolamento da retina e rotura do 36 horas pós-operatório.
globo ocular. Evitar monitorização invasiva sempre que possível. Referência:
Profilaxia para náuseas e vômitos deve ser feita adequadamen- 1. Beleña JM, Núñez M, Vidal A. Perioperative management of a pa-
te, pelo risco de ruptura esofágica. Evitar repetidas intubações tient with hereditary angioedema undergoing lumbar interbody
e manipulações, usar tubos endotraqueais de menores calibres, arthrodesis. Int J Clin Anesthesiol. 2013;1:1011.
S134 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO250 O DESAFIO DA VIA AÉREA DIFÍCIL EM CRIANÇA Introdução: A síndrome de Klippel-Trenaunay (SKT) é uma rara
SINDRÔMICA doença congênita, de etiologia desconhecida. Caracteriza-se pela
tríade veias varicosas, malformação de capilares e hipertrofia de
Guilherme da Rocha Lee*, Juliana Martins Mota,
partes moles na extremidade acometida, podendo também asso-
Fátima Carneiro Fernandes, Viviana Ugenti, Glauber Gouvêa, ciar-se a malformações arteriovenosas e linfáticas. Esses pacientes
Marcelo Teixeira dos Santos são geralmente submetidos a múltiplas cirurgias associadas à pró-
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), pria síndrome. A SKT se reveste de interesse para o anestesiologista
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, por suas particularidades.
Brasil Relato de caso: Gestante, 26 anos, primigesta, 65 kg, ASA II com
diagnóstico prévio de SKT, sem outras comorbidades, em progra-
Introdução: A hialinose juvenil sistêmica é uma anomalia hereditária mação para cesárea e laqueadura tubária. Antecedente de corre-
rara, de caráter autossômico recessivo, associada a diferentes ção de varizes em membros inferiores sob bloqueio de neuroeixo
tipos de mutações no gene ANTRX2, responsável pela homeostase (BNE) sem intercorrências. Realizada consulta pré-anestésica, na
da matriz extracelular. É caracterizada pelo depósito de material qual foi evidenciada hipertrofia de partes moles em membro in-
hialino a nível da derme e múltiplos órgãos, estando associada a ferior direito, com hemangioma, edema e veias varicosas. Exame
contraturas articulares progressivas, lesões osteolíticas, anomalias físico da VA e exames laboratoriais sem alterações. Planejanda a
cutâneas, hiperplasia gengival e retardo do crescimento. A expec- execução de raquianestesia, cogitou-se realizar angiorressonância
tativa de vida é de 2 anos. Essa enfermidade está relacionada à via de coluna para excluir alterações vasculares no local de punção.
aérea difícil (VAD), tornando-se um desafio para prática anestésica. Entretanto, por necessidade de utilização de contraste endovenoso
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 1 ano e 7 meses, 8,3 (gadolínio) contraindicado na gestação, o exame não foi realizado.
kg, ASA pIII, com proposta de realização de angiotomografia cranio- A paciente foi submetida a cesariana sob anestesia geral balancea-
facial para investigação de tumor. Ao exame físico, fácies sindrômica, da, sem dificuldade na abordagem da VA. O ato anestésico se deu
macrocefalia e fronte olímpica, hiperplasia gengival severa, tumor sem intercorrências, bem como o pós-operatório. O recém-nascido
disseminado em cavidade oral, abertura de boca limitada (< 2 obteve Apgar 9/10.
cm) e mobilidade cervical restrita. USG perioral: irregularidade Discussão: Por ser uma doença caracterizada principalmente por
óssea mandibular e infiltração heterogênea da derme; ausência de neoformação vascular em diferentes sítios, fica evidente que uma
envolvimento vascular. Devido ao risco de obstrução e sangramento complicação anestésica temida relacionada à SKT é o hematoma
durante manipulação de via aérea, optamos pela indução anestésica espinhal decorrente de BNE. Como pode estar associada a VA difícil
em centro cirúrgico. Prosseguimos com indução inalatória com pela presença de hemangiomas e hipertrofia de partes moles na
sevoflurano + O2 + N2O em circuito de Baraka e manutenção de ven- região cervical e facial, há risco de sangramento oral importante se
tilação espontânea. Monitorização com pressão arterial não invasiva, ocorrer lesão vascular acidental. Técnicas de bloqueio, antes con-
cardioscopia, oximetria de pulso e capnografia. A paciente apresentou traindicadas, hoje podem ser consideradas se houver exame de ima-
sinais de obstrução ventilatória leve (roncos), sem dessaturação ou gem recente excluindo a possibilidade de malformação neurovascu-
queda importante do volume corrente, resolvida com a passagem de lar. Pacientes que não possuem exames de imagem geralmente são
cânula nasofaríngea bilateral. Em caso de obstrução grave e impos- submetidos a anestesia geral, como no caso descrito. O melhor mé-
sibilidade de ventilação sob máscara, havia à disposição máscaras e todo para estudo de malformações vasculares é a angiorressonância
tubos laríngeos, além de material para realização de cricotireoidos- com uso de contraste venoso. Afastando possíveis alterações anatô-
tomia por punção e traqueostomia cirúrgica. Procedeu-se à venóclise micas decorrentes da SKT, pode-se fazer o planejamento anestésico
após múltiplas tentativas, em MID, com EC 24G. Na ausência de obs- com muito mais segurança. Trombose venosa e embolia pulmonar
trução, consideramos segura a realização do exame fora do centro são mais comuns nesses pacientes, que requerem profilaxia para
cirúrgico, sob anestesia geral inalatória, com ventilação espontânea. eventos tromboembólicos e vigilância no pós-operatório. Deve-se
Discussão: A avaliação pré-operarória da via aérea na pediatria é observar que comumente esses indivíduos apresentam hemorragias
um desafio, pela falta de colaboração do paciente e ausência de frequentes e sangramentos maciços, podendo necessitar de hemo-
parâmetros objetivos. Além disso, há uma proporção maior de sín- transfusão mesmo em procedimentos de menor porte. Assim, identi-
dromes genéticas na população pediátrica, já que muitas, como a ficamos vários fatores que devem ser considerados no planejamento
hialinose sistêmica, não atingem a idade adulta. Em casos extre- e manejo anestésico de portadores de SKT.
mos, que se apresentam com claras evidências de dificuldade no Referência:
manuseio da via aérea, torna-se de suma importância o envolvimen- 1. Barbara WD, Wilson JL. Anesthesia for surgery related to Klippel-
to multiprofissional entre equipe anestésico-cirúrgica e o planeja- Trenaunay Syndrome: a review of 136 anesthetics. Anesth Analg.
mento minucioso da abordagem da via aérea, com a disponibilidade 2011;113:98-102.
de múltiplos dispositivos e de diversos tamanhos, além de alternati-
vas sequenciais em caso de falha de alguma técnica.
Referência: TLO097 PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO NOS TUMORES
1. Raj D, Luginbuehl I. Managing the difficult airway in the syndro-
SECRETORES DE CATECOLAMINAS: UMA ABORDAGEM
mic child. Continuing Education in Anaesthesia. Critic Care Pain.
2014;15:7-13.
MULTIDISCIPLINAR
Karolynne Myrelly Oliveira Bezerra de Figueiredo Saboia*,
Mônica Braga da Cunha Gobbo (TSA), Caio Eduardo Ferreira Pires,
TLO165 PLANEJAMENTO ANESTÉSICO DE PACIENTE COM Isabela da Costa Vallarelli, Guilherme Portiolli Zocal,
SÍNDROME DE KLIPPEL-TRENAUNAY: UM RELATO DE CASO Guilherme Rocha Melo
Igor Bantim Barbosa*, Kimie Correia Konishi, Gizelle de Lima Barbosa, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
Fabrício Tobias Duarte Carneiro, Tayane Farias Andrade, Campinas, SP, Brasil
Eliomar Santana Trindade
Introdução: Os tumores secretores de catecolaminas (TSC) são
Centro de Ensino e Treinamento (CET) das Obras Sociais Irmã Dulce raros, porém com grande relevância clínica. Os feocromocitomas
(OSID), Departamento de Anestesiologia, Hospital Santo Antônio, (FEO) são tumores neuroendócrinos, derivados de células cromafins
Salvador, BA, Brasil da medula adrenal, que podem ser descobertos a partir uma
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S135

hipertensão de difícil controle ou até mesmo acidentalmente. Por revelou malformação de Chiari tipo I, com posicionamento mais
outro lado, os paragangliomas (PPGL) derivam de células do gânglio caudal das amígdalas cerebelares em relação ao forame magno em
autonômico extra-adrenais e podem ter a mesma apresentação cerca de 6 mm e platibasia com invaginação e impressão basilar.
clínica; por isso, a técnica anestésica e os cuidados transoperatórios Relatório de neurologista orienta cuidados com o posicionamento
são semelhantes. A tríade clássica dos TSC consiste em episódios da coluna cervical durante a cirurgia. Nega cirurgias prévias ou
de cefaleia, sudorese e taquicardia. O diagnóstico pode ser feito outras comorbidades. Administrados 2 mg de midazolam IV como
a partir da dosagem de catecolaminas (epinefrina, norepinefrina), medicação pré-anestésica. Após monitorização padrão, foi realizada
seus metabólitos (metanefrina, ácido vanilmandélico) urinários e/ raquianestesia lombar em decúbito lateral esquerdo, através de
ou plasmáticos, além de exames de imagem (PET-CT e RNM). punção mediana única com agulha Quincke 27G, seguida de injeção
Relato de caso: Mulher, 57 anos, hipertensa, diabética. Diag­ de 15 mg de bupivacaína hiperbárica e 0,1 mg de morfina. Após
nos­ticada com PPGL em transição toracoabdominal. Internada o bloqueio, a paciente foi posicionada em decúbito dorsal com
em regime de terapia intensiva, 10 dias antes da cirurgia, para coxim sob a cabeça. Ato cirúrgico com duração de uma hora, sem
realização de bloqueio dos receptores alfa1-adrenérgicos com intercorrências. Paciente encaminhada à SRPA, orientada, com PA
doxazosina. Após inibição desses, foram associados alfa-2 agonista 110 × 70 mmHg, FC 72 bpm, SatO2 98% em ar ambiente. Após 15
e betabloqueador. Solicitados reserva de hemoderivados, avaliação minutos queixou-se de cefaleia occipital, aliviada com reposicio-
cardiológica, exames laboratoriais, dieta com alto teor de sódio, namento do coxim cervical. Mantida por 2 horas na SRPA e liberada
expansão de volume com solução salina hipertônica, controle para enfermaria sem queixas. Teve alta hospitalar 48 horas após a
glicêmico e pressórico, além de acompanhamento psicológico. Foi cirurgia sem apresentar quaisquer sintomas.
encaminhada ao centro cirurgico em boas condições clínicas. Discussão: Não existe contraindicação para a realização de aneste-
Discussão: Pacientes sem diagnóstico prévio de TSC apresentam sia espinhal em pacientes com malformação de Chiari tipo I. Como
alta mortalidade quando submetidos a qualquer procedimento há uma potencial alteração na circulação liquórica desses pacien-
cirúrgico. Devido à sua capacidade de ocasionar grande instabilidade tes, com aumento da pressão intracraniana (PIC), alguns autores
hemodinâmica, é fundamental a realização de um adequado acreditam que bloqueios de neuroeixo devem ser evitados. No en-
preparo pré-operatório. Deve-se buscar metas como controle da tanto, a anestesia geral não é isenta de riscos. A manipulação das
pressão arterial e frequência cardíaca, restauração do volume vias aéreas pode aumentar a PIC. Há aumento do risco de aspiração
sanguíneo circulante e profilaxia das crises adrenérgicas. Optou- pulmonar e hipóxia. Além disso, manter o paciente acordado permi-
se pelo uso da doxazosina por permitir rápido ajuste da dose e te um melhor monitoramento neurológico, permitindo intervenção
causar menos efeitos colaterais (hipotensão postural e taquicardia rápida se necessário. Nível de herniação tonsilar, gravidade dos sin-
reflexa). O betabloqueio é importante para controlar a frequência tomas e possibilidade de seguimento no pós-operatório são sugeri-
cardíaca e possíveis arritmias, porém só deve ser iniciado após dos como pontos relevantes a serem considerados no planejamento
instalação do bloqueio alfa, para que não ocorra crise hipertensiva anestésico desses pacientes.
grave ocasionada pela falta do antagonismo à vasoconstrição pelos Referências:
receptores alfa hiperestimulados. O uso de alfa2-agonista atua 1. Dahlem CS, Pereira AI, Gomes TV. Bloqueio subaracnoideu na
inibindo a liberação de noradrenalina, reduz o tônus simpático e malformação de Chiari tipo 1 – descrição de caso clínico. Rev Soc
participa da agregação plaquetária. Port Anestesiol. 2017;25:127-9.
Conclusão: Foi observada uma redução na morbimortalidade em 2. Choi CK, Tyagaraj K. Combined spinal-epidural analgesia for la-
pacientes portadores de TSC submetidos à compensação clínica boring parturient with Arnold-Chiari type I malformation: a case
pré-operatória. Essa abordagem não é exclusiva da anestesiologia, report and a review of the literature. Case Rep Anesthesiol.
tendo excelente resultado quando executada em conjunto com 2013;2013:512915.
equipe cirúrgica, clínica médica, terapia intensiva, radiologia,
psicologia e fisioterapia.
Referência: TLP851 RESPOSTA ANÔMALA À CURARIZAÇÃO DE UM
1. Lenders JWM, Duh Q, Eisenhofer G, et al. Pheochromocytoma PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS TIPO IIA – RELATO DE
and paraganglioma: an endocrine society clinical practice guide- CASO
line. Rev J Clin Endocrinol Metab. 2014;99:1915-42.
Jordana Ferraro de Souza Pinto*, Eduardo Piccinini Viana,
Jaime Weslei Sakamoto, Gildo Nunes Silva Neto,
TLO940 RAQUIANESTESIA EM PACIENTE COM Marcos Guedes Miranda Junior, Marilia Regina Camelo
MALFORMAÇÃO DE CHIARI TIPO I: RELATO DE CASO Complexo Hospitalar de São Bernardo do Campo, São Bernardo do
Wagner Barreto de Santana, Anne Carolyne Lelis Oliveira Pedroso*, Campo, SP, Brasil
Valter Oberdan Borges de Oliveira, Daniel Fernandes Viana, Introdução: A miastenia gravis (MG) é uma doença neurológica au-
Ivani Rodrigues Glass, Marcos Antonio Costa de Albuquerque toimune que afeta a porção pós-sináptica da junção neuromuscular
(JNM). Os pacientes miastênicos possuem anticorpos contra recep-
Centro de Ensino e Treinamento (CET) Menino Jesus de Praga,
tores da acetilcolina, destruindo e diminuindo o número de recep-
Aracaju, SE, Brasil
tores colinérgicos. Outro fator que demonstra um possível compo-
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão, SE, Brasil
nente imunológico são as anormalidades do timo; 75% dos pacientes
Introdução: A malformação de Chiari tipo I é uma anormalidade apresentam hiperplasia desse órgão, e 10% evidenciam timoma. As
anatômica congênita associada ao prolapso das tonsilas cerebela- crises miastênicas se manifestam com piora da fraqueza muscular e
res pelo forame magno. Sua incidência atinge 0,77% em estudos de do padrão respiratório. Este relato apresenta a conduta anestésica
ressonância magnética (RM), dos quais até 30% são assintomáticos. frente a uma paciente portadora de MG e sua resposta anômala à
É mais comum em mulheres e provoca cefaleia, cervicalgia, pares- curarização com rocurônio.
tesia em membros superiores, síncope e tontura. Relato de caso: Paciente, 45 anos, ASA II, hipertensa e portadora
Relato de caso: Paciente de 46 anos, feminino, 72 kg. Internada de MG (classe IIa), em uso de losartana, piridostigmina e predniso-
para histerectomia total abdominal eletiva por metrorragia e na, submetida a timectomia com duração aproximada de 2 horas.
mioma uterino intramural. Relata que há cerca de 3 anos iniciou A anestesia foi induzida e mantida em alvo-controlada com propo-
quadro de cefaleia occipital, cervicalgia e tontura. RM de crânio fol, remifentanil. Monitorizada com BIS e o bloqueio neuromuscular
S136 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

(BNM) com acelerometria (TOF Watch) dos músculos adutores do orotraqueal com tubo 3,5 com cuff sob laringoscopia direta (Cook
polegar em sequências de quatro estímulos (SQE), realizado BNM 2B). Colocado em ventilação mecânica modo pressão controlada e
com rocurônio 0,6 mg/kg sem resposta adequada, SQE > 80%, rea- manutenção anestésica com sevoflurano. Manteve-se taquicárdico
lizada duas doses adicionais e sequenciais de 0,3 mg/kg espaçadas e normotenso durante o intraoperatório. Analgesia implementada
em 5 minutos. Paciente persistiu com sequência de quatro estímulos com dipirona 500 mg. Ao fim do ato cirúrgico, sugammadex 50 mg e
SQE > 60%. Optou-se por intubação orotraqueal sem relaxamento extubação 5 minutos após reversão do bloqueio neuromuscular, sen-
adequado. A reversão do bloqueio foi feita com sugammadex 2 mg/ do encaminhado à RPA e permanecendo por uma hora, recebendo
kg após duas horas de procedimento e após 2 minutos SQE > 90%. A alta oligossintomático.
paciente foi extubada sem intercorrências ao fim do procedimento. Discussão: O gerenciamento de anestesia começa durante o exame
Discussão: As alterações musculares devem ser levadas em consi- pré-anestésico. A ansiedade dos pais deve ser aliviada, e a crian-
deração para a escolha da técnica anestésica, priorizando o uso de ça, adequadamente sedada, buscando uma separação calma e livre
fármacos sem grande potencial de acúmulo e de rápida eliminação. de eventos. Os betabloqueadores que são administrados para ação
Caso seja necessário o uso de BNM, é prudente monitorizar o grau inotrópica e cronotrópica negativa devem ser continuados. Na au-
e certificar-se de que não haja bloqueio residual no momento da sência de acesso intravenoso, o sevoflurano é comumente usado,
extubação. O caso discordou da literatura no que tange à sensi- mas com um risco inerente de hipotensão. A presença de CMHO na
bilidade aumentada aos BNM adespolarizantes, pois apesar de uti- SN requer atenção quanto ao manejo de fluidos e à administração
lizada a dose preconizada pela literatura, não houve curarização de drogas anestésicas, para manter a hemodinâmica estável no pe-
adequada. Como hipóteses para essa resposta anômala, podemos ríodo perioperatório. Através da melhoria na assistência para com o
levar em consideração a possibilidade de mau armazenamento do atendimento aos pacientes sindrômicos, devemos estar preparados
BNM, falha na monitorização da JNM e principalmente a chance para promover o ato anestésico ambulatorial, vista a crescente de-
de que pacientes compensados clinicamente tenham respostas va- manda.
riantes. Concluímos, assim, que há necessidade de estudos amplos Referência:
para definição de melhores condutas em pacientes portadores dessa 1. Aggarwal V, Malik V, Malhotra Kapoor P, Kiran U. Noonan syn-
doença, especialmente aqueles que já se encontram compensados drome: An anesthesiologist’s perspective. Ann Card Anaesth.
com o tratamento. 2011;14:214-7.
Referências:
1. Kauling ALC, Almeida MCS, Locks GF, Brunharo GM. Miastenia gra-
vis: relato de dois casos e revisão da literatura. Rev Bras Aneste- TLP709 SÍNDROME DE TAKOTSUBO COMO COMPLICAÇÃO
siol. 2011;61:748-63. ANESTÉSICA – UM CASO RARO COM DIAGNÓSTICO NO
2. Medeiros MF, Nunes MV, Santos LGT, Ravaiane RB. Implicações INTRAOPERATÓRIO
anestésicas na miastenia gravis – revisão da literatura. Rev Med
José Maurício Pereira Assef, Dirce de Abreu,
Minas Gerais. 2016;26(Supl 1):S60-S64.
Teófilo Augusto Araújo Tiradentes, Larissa Sokol Rotta*,
Izabela Cardoso Garcia
TLP004 SÍNDROME DE NOONAN: MANEJO ANESTÉSICO EM Santa Casa de Misericórdia de Marília, Marília, SP, Brasil
PROCEDIMENTO AMBULATORIAL – RELATO DE CASO
Introdução: A síndrome de Takotsubo é uma cardiomiopatia induzi-
Vinicius Pinheiro Teles*, Ladson Soares Mariano, da por estresse, sendo seu diagnóstico de exclusão e raro acometi-
Eduardo Piccinini Viana, Jaime Weslei Sakamoto, mento intraoperatório, com incidência nos EUA em torno de 7.000 a
Gildo Nunes Silva Neto, Izabella Fernandes Feracini 14.000 casos/ano. Segue o relato de uma anestesia complicada pela
síndrome no intraoperatório.
Hospital de Clínicas Municipal de São Bernardo do Campo, São
Relato de caso: Paciente 70 anos, feminino, com HAS em uso de
Bernardo do Campo, SP, Brasil
IECA, sem cirurgias e alergias prévias. Preparada para dacriocistorri-
Introdução: A síndrome de Noonan (SN) é uma síndrome não cro- nostomia sob anestesia geral. Paciente sem uso de MPA, chegou à SO
mossômica com herança autossômica dominante. Os pacientes pos- com PA 90 × 50 mmHg, sem demais alterações. Indução com etomi-
suem fácies características, baixa estatura, deformidade do tórax e dato, fentanil e cisatracúrio; não houve oscilações hemodinâmicas
anormalidade cardíaca estrutural, sendo a estenose pulmonar (EP) após a IOT. Paciente se manteve estável e manutenção com aneste-
e a cardiomiopatia obstrutiva hipertrófica (CMHO) as mais comuns, sia venosa total. Durante o procedimento, a FC teve queda para 36
80% e 30% respectivamente, tornando-as suscetíveis a insuficiência bpm, e PA em aferição manual de 60 × 30 mmHg. Feitos atropina e
cardíaca congestiva aguda devido a flutuações hemodinâmicas. Se- etilefrina, porém não foram eficazes, sendo feito metaraminol. Evo-
gue o relato de um caso de manejo anestésico em paciente com SN luindo com extrassístoles ventriculares com aumento da FC para 140
submetido a tratamento odontológico ambulatorial para exodontia bpm, momento em que se observou o infradesnivelamento do seg-
e decíduos por abscesso dentário. mento ST, sugerindo complicação de uma coronarianopatia aguda
Relato de caso: Paciente, 2 anos, sexo masculino, 16 kg, com diag- intraoperatória. Solicitada a dosagem de marcadores cardíacos, que
nóstico clínico de SN, em uso de furosemida, espironolactona e estavam em níveis elevados. O quadro hemodinâmico permaneceu
propranolol, com preditores de via aérea difícil e sem alergia co- estável com o uso de metaraminol. No final da cirurgia, paciente foi
nhecida. História de CMHO, EP e comunicação interventricular (CIV) extubada, sendo necessário uso de noradrenalina. Estável hemo-
no ecocardiograma, além de taquicardia sinusal e sobrecarga das dinamicamente, com marcadores cardíacos positivos, foi realizado
quatro câmaras no eletrocardiograma. Antibioticoprofilaxia com CAT de urgência, sendo diagnosticada com IAM subendocárdico, com
amoxicilina 800 mg via oral uma hora antes do procedimento. A ausência de lesões coronarianas e hipocinesia septal-látero-basal,
medicação pré-anestésica escolhida foi midazolam 4 mg via oral com FE 45%-50%. Paciente permaneceu na Unidade Coronariana por
30 minutos antes da indução anestésica. Foi submetido a anestesia 2 dias, recebeu alta, sem maiores intercorrências.
geral por indução inalatória com sevoflurano 6% e mistura de ga- Discussão: A síndrome de Takotsubo, também conhecida como
ses frescos de oxigênio e ar sob máscara facial. Pela dificuldade de síndrome do coração partido, é uma cardiomiopatia induzida por
acesso venoso periférico, foi realizada punção de veia jugular inter- estresse, sendo uma disfunção transitória e segmentar do VE com
na direita com auxílio de ultrassom. Indução venosa com propofol alterações no ECG sugestivas de doença coronária aguda, com
50 mg, fentanil 20 mcg e rocurônio 10 mg, com posterior intubação ausência de coronariopatia obstrutiva. É provável que seja con-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S137

sequente à elevação aguda das concentrações séricas de cateco- demonstram que pacientes com HIE são mais propensos a requerer
laminas, o que acontece após importante estresse emocional ou repetidos tratamentos com TSP para a extinção da dor do que aque-
físico, e é determinada por uma libertação anormal de catecolami- les de causa iatrogênica, visto que as lesões ocorreram em áreas
nas (noradrenalina) provenientes do SNC até a inervação simpática mais frágeis da dura-máter e com maior diâmetro, predispondo a
do coração. Essa libertação cursará com discinesia da parede VE recidivas. No caso relatado, foi preciso só um procedimento para
sempre que houver uma situação de estresse. O diagnóstico é difícil remissão da dor.
e vai depender de exames complementares de diagnóstico para a Referências:
exclusão da síndrome coronária aguda, pois a sua apresentação é 1. So Y, Park JM, Lee PM, Kim CL, Lee C, Kim JH. Epidural Blood Pa-
muito semelhante. A descrição de casos da síndrome de Takotsubo tch for the Treatment of Spontaneous and Iatrogenic Orthostatic
no intraoperatório é rara, pois está limitada ao achado ECG, que Headache. Pain Physician. 2016;19:E1115-E1122.
pode aparecer de forma transitória no intraoperatório, e é difícil a 2. Schievink WI, Maya MM, Chow W, Louy C.. Reversible Cerebral
sua documentação. Vasoconstriction in Spontaneous Intracranial Hypotension. JAMA.
Referência: 2007;47:284-7.
1. Rodrigues LB, Batista A, Monteiro F, Duarte JS. Supradesnive-
lamento do segmento ST durante anestesia geral para cirur-
gia não cardíaca: um caso de Takotsubo. Rev Bras Anestesiol. TLP775 USO DE MÁSCARA LARÍNGEA EM PACIENTE
2015;65:403-6. PORTADORA DE ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA
SUBMETIDA A ANESTESIA VENOSA TOTAL ASSOCIADA
A BLOQUEIO DO PLANO DO MÚSCULO TRANSVERSO
TLO338 TAMPÃO SANGUÍNEO PERIDURAL (TSP) ABDOMINAL – RELATO DE CASO
COMO TRATAMENTO DA VASOCONSTRIÇÃO CEREBRAL
Natália Luma Gomes*, Esther Alessandra Rocha,
REVERSÍVEL NA HIPOTENSÃO INTRACRANIANA
Marina Pacheco Rosa
ESPONTÂNEA: RELATO DE CASO
Daniel Varoni Schneider, Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz, Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil
Fábio Luis Ferrari Regatieri, Fernanda Lourenço Furigo, Introdução: A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença de-
Bruna Brenha Ribeiro Subtil, Johnny da Silva* generativa do neurônio motor. Apesar de não existir um tratamento
curativo, o uso de medicações sintomáticas tem aumentado a pre-
Hospital São Camilo, Vila Pompeia, São Paulo, SP, Brasil
valência da doença. A gastrostomia é necessária quando a disfagia
Introdução: A maioria dos vazamentos de líquor é de causa iatrogê- se torna importante, e a principal causa de morte é a insuficiência
nica. Extravasamentos espontâneos ocorrem, sobretudo em pessoas respiratória. Como são poucos os estudos anestésicos desses pa-
jovens e de meia-idade, associados à hipotensão intracraniana, ca- cientes, e por esses apresentarem uma resposta alterada ao uso
racterizada por cefaleia ortostática. de bloqueadores neuromusculares, o manuseio anestésico deve ser
Relato de caso: Paciente sexo feminino, 55 anos, ASA I, sem his- cuidadoso.
tórico de cirurgia, internada por forte cefaleia. TC de crânio mos- Relato de caso: Mulher, 65 anos, ASA 3 e em fase terminal de ELA,
trava pequena hemorragia subdural no lobo frontal esquerdo. Foi em programação cirúrgica para gastrostomia aberta. Ao exame neu-
diagnosticada síndrome de vasoconstrição cerebral reversível por rológico, apresentava fraqueza muscular de membros, cervical e
estudo angiográfico, que mostrou alterações típicas de constrição disartria leve. Possuía exames laboratoriais dentro da normalidade,
da artéria cerebral média. Recebeu alta após melhora parcial com além dos seguintes valores de gasometria arterial: pH 7,45; PaO2
uso de dipirona e paracetamol. Retornou após 1 semana com piora 70 mmHg; PaCO2 42 mmHg; SatO2 93%; HCO3- 29,2 mmol/L; BE 4,6
da cefaleia, náusea e vômito, que melhoravam ao deitar e pioravam mmo/L. Na indução anestésica, a paciente encontrava-se em de-
em ortostase, sem deficit focais. TC revelou redução das dimensões cúbito elevado, e foram administrados remifentanil 0,1 mcg/kg/
ventriculares supratentoriais e rebaixamento das estruturas diencé- min e PFS 2% até inconsciência. Após, foi posicionada em decúbito
falo-mesencefálicas. A RM de neuroeixo apresentou fina lâmina no dorsal para passagem de máscara laríngea sem uso de bloqueadores
espaço epidural de T1/T2 a T11/T12 compatível com fístula liquóri- neuromusculares. Foi mantida em ventilação mecânica controla-
ca. O tratamento foi um tampão peridural (TSP) através da punção da a pressão com O2 e ar comprimido nas frações de 33 e 66%,
em L3-L4 e injeção de 15 mL de sangue autólogo. A dor melhorou em respectivamente. Visando à analgesia pós-operatória, foi realizado
minutos e desapareceu em 12 horas. bloqueio regional do plano do músculo transverso abdominal, guia-
Discussão: Fístulas liquóricas espontâneas são comumente localiza- do por ultrassom, com infusão de lidocaína 2% sem vasoconstritor
das nos segmentos cervicotorácico e lombar, de maior mobilidade na dose de 15 mL para cada dimídio abdominal. O procedimento
da coluna. A origem precisa do vazamento liquórico é desconheci- cirúrgico durou uma hora e ocorreu sem intercorrências. Ao final da
da. Suspeita-se que fatores mecânicos associados à fraqueza es- cirurgia, nova gasometria foi coletada: pH 7,36; PCO2 49 mmHg; PO2
trutural das meninges espinhais com presença de fendas durais, ou 59 mmHg; HCO3- 27,7 mmol/L e BE 1,4 mmol/L.
cistos, na aracnoide contribuam para origem espontânea. A inci- Discussão: Segundo Fga SP et al., a incidência da ELA no Brasil
dência de associação de cefaleia com hipotensão intracraniana es- não é bem definida; contudo, houve aumento na sobrevida des-
pontânea (HIE) é rara. Segundo Schievink et al., entre 56 pacientes ses pacientes. Anestesiologistas têm se deparado cada vez mais
com HIE em sua instituição, apenas um caso apresentou constrições com patologias como essa nos centros cirúrgicos. Apesar de saber
arteriais. Neste caso, a vasoconstrição cerebral foi iniciada por que a anestesia geral está mais associada à depressão respirató-
deslocamento do cérebro e estruturas associadas devido à perda ria prolongada nos acometidos por ELA, o bloqueio de neuroeixo
de volume de líquor. Dispõem-se de dois tipos de tratamento: tra- apresentava limitação técnica, uma vez que a paciente não tole-
tamento conservador e TSP. O mecanismo exato da eficácia de TSP rava decúbito dorsal. Não foi utilizado bloqueador neuromuscular
é indeterminado, podendo envolver aumento temporário da pres- adespolarizante ou despolarizante, já que há relatos de aumento
são do espaço peridural, vedação do vazamento pela coagulação do tempo de bloqueio com dificuldade de extubação em pacien-
do sangue injetado e cicatrização da dura-máter pela inflamação. tes com ELA. Por tratar-se de procedimento cirúrgico eletivo, e
A recomendação atual é a injeção de 10-20 mL de sangue autólo- diversos estudos mostrarem com segurança que a ventilação não
go no espaço peridural em coluna lombar, ainda que a fístula seja invasiva por pressão positiva prolonga a sobrevida do doente, foi
distante dessa região ou o local da fuga for desconhecido. So et al. escolhido o uso da máscara laríngea. A paciente, ao final da ci-
S138 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

rurgia, não apresentou dificuldades de manutenção da ventilação TLO259 ANALGESIA PERIDURAL PÓS-OPERATÓRIA:
espontânea ou necessitou de suporte ventilatório. A dor foi acom- CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO CONTROLE DA DOR EM
panhada durante sua permanência em sala de recuperação pós-a- UM HOSPITAL TERCIÁRIO
nestésica e não houve necessidade de analgesia complementar à Roberta Parastchuk*, Jaqueline Rafaela Bernardes,
instituída com o bloqueio periférico. Daiane Alves do Nascimento, Filipe de Alencar Matos,
Referência: Henrique Zechlinski Xavier de Freitas, Raôni Bins Pereira
1. Sertöz N, Karaman S. Peripheral nerve Block in patient with
Amyotrophic Lateral Sclerosis. J Anesth. 2012;26:314-15. Hospital Municipal São José (HMSJ), Joinville, SC, Brasil
Justificativa e objetivos: Tratar dor pós-operatória requer plane-
jamento e controle adequados, a fim de evitar complicações como
hiperalgesia e evolução a dor crônica. Estratégias simples, como a
aplicação de protocolos institucionais adequados a realidade e ne-
XXIX) Dor Aguda cessidades populacionais locais, poderiam reduzir a prevalência des-
sas situações. Nesse contexto, com a finalidade de atestar a qualida-
de do serviço prestado, a pesquisa objetiva identificar e caracterizar
TLP648 ANALGESIA CONTROLADA PELO PACIENTE APÓS os pacientes atendidos e demais fatores relacionados à aplicação de
analgesia neuroaxial peridural, assim como verificar efetividade, se-
CIRURGIA UROLÓGICA EM PACIENTE COM SÍNDROME DE
gurança e fatores de risco para ocorrência de complicações.
STEVENS-JHONSON
Método: Em estudo retrospectivo, foram avaliados 133 pacientes
Felipe Rodrigues Braz*, Luiz Roberto Morais de Meira, internados no Hospital Municipal São José, com idade maior ou igual
João Paulo Jordão Pontes, Fernando Cássio do Prado Silva, a 16 anos, submetidos a procedimento cirúrgico, que fizeram uso
Alexandre de Menezes Rodrigues, Lira Olimpia Alves Faria de analgesia pós-operatória peridural intermitente (CPI) ou através
de bomba de infusão controlada pelo paciente para controle de dor
Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil aguda (PCA), em 2015. Foram excluídos 18 pacientes da análise,
Introdução: A síndrome de Stevens-Johnson é uma rara e grave principalmente devido a erros presentes no instrumento de dados.
reação cutaneomucosa causada comumente por fármacos como as Analisamos: idade, sexo, procedimento cirúrgico, dias de acompa-
sulfonamidas, anti-inflamatórios não hormonais, agentes anticon- nhamento, analgésicos utilizados, vias de administração, efeitos
vulsivantes e alopurinol. Analgesia controlada pelo paciente (ACP) colaterais, complicações da técnica e satisfação com a terapêutica.
pode ser uma técnica adequada para proporcionar alívio da dor pro- Resultado: Dos 115 pacientes estudados, a média de idade foi de
longada pós-operatória, evitando-se o uso de medicamentos desen- 56,65 anos (19,64-84,54 anos), sendo 66 mulheres (57,39%). Um to-
cadeantes da síndrome. tal de 64 pacientes (55,65%) recebeu PCA e 51 (44,3%) receberam
Relato de caso: Paciente feminino, 31 anos, estado físico P2, re- CPI, sendo mais prevalente a punção torácica em 35 (54,68%) dos
pacientes que receberam PCA e a punção lombar em 46 (90,19%)
latava dois episódios de internações prévias devido a Síndrome de
dos casos que receberam CPI. As cirurgias oncológicas de abdômen
Stevens-Jhonson. Apresentava cólica nefrética com indicação de
superior e inferior constituíram o principal procedimento (53,91%).
ureterorrenolitropsia com colocação de cateter duplo J sob anes-
Permaneceram em acompanhamento por uma média de 2,374 dias
tesia subaracnóidea e sedação. Após monitorização com eletro-
(2,641 dias para PCA e 2,039 dias para CPI). O índice global de satis-
cardiografia contínua, saturação periférica de oxigênio e pressão
fação maior que 8 foi de 90,38%, e o de complicações relacionadas à
arterial não invasiva, acesso venoso 20G, administraram-se 5 mg
técnica foi de 42,61%; destas, 20% estavam relacionadas ao cateter
de midazolam e 50 mcg de fentanil para sedação. A punção suba-
peridural (10,43% exteriorização; 6,96% parestesias; 5,22% perma-
racnóidea ocorreu em L3/L4 com agulha Quincke 27G e foram ad- nência prolongada por alteração da coagulação) e 26,96% a efeitos
ministrados 15 mg de bupivacaína 0,5% hiperbárica. Também foram adversos (17,7% prurido; 14,29% náuseas e vômitos; 5,61% sonolência
administrados ceftriaxone 2 g, escopolamina 20 mg, dipirona 2 g e 1,8% depressão respiratória). Pacientes sem dor ou com dor leve
e hidrocortisona 500 mg. O procedimento ocorreu em 40 minutos, no primeiro, segundo e terceiro dias de pós-operatório constituíram,
sem intercorrências. Ao final, a paciente foi acompanhada à recu- respectivamente, 61,82, 69,66 e 64,29% da população estudada.
peração pós-anestésica consciente, orientada, estável hemodina- Conclusão: Os resultados foram considerados moderados quanto à
micamente, sem dor, com bloqueio sensitivo-motor ao nível de T8. qualidade da analgesia e à ocorrência de efeitos adversos indesejá-
Após remissão total do bloqueio de neuroeixo, a paciente apresen- veis. Houve elevado grau de satisfação e boa aceitação das técnicas
tou dor de forte intensidade (Escala Visual Analógica – EVA – igual empregadas. Há necessidade de aprimoramento constante do pro-
a 10), quando se optou pela instalação de ACP via intravenosa com tocolo institucional, mesmo frente à satisfação dos pacientes, para
solução de morfina a 0,2 mg/mL. A programação empregada em ACP garantir a melhor qualidade possível de atendimento.
foi de bolus de 1 mg e intervalo de 10 minutos. Após uma hora, a Referência:
paciente apresentava controle da dor com escores de EVA de baixa 1. Chou R, Gordon DB, de Leon-Casasola OA, et al. Management of
intensidade (0 a 3), que se mantiveram até sua alta após dois dias Postoperative Pain: A Clinical Practice Guideline From the Ame-
de internação em uso de ACP. rican Pain Society, the American Society of Regional Anesthesia
Discussão: A utilização de ACP por via intravenosa é uma alternativa and Pain Medicine, and the American Society of Anesthesiolo-
que se mostrou eficaz para o controle da dor desta paciente. Como gists’ Committee on Regional Anesthesia, Executive Committee,
resultado, observou-se que o emprego de ACP com infusão de opioi- and Administrative Council. J Pain. 2016;17:131-57.
des foi seguro e promoveu analgesia eficiente. Pode ser utilizado
como alternativa analgésica em pacientes com contraindicações das TLP316 ANALGESIA PLEXULAR CONTÍNUA COM CATETER
técnicas tradicionais de analgesia. PERIFÉRICO PÓS-RESSECÇÃO DE OSTEOSSARCOMA
Referências: CLÁSSICO DE ÚMERO PROXIMAL: RELATO DE CASO
1. Barros GAM, Lemonica L. Considerações sobre analgesia contro-
Kyle Roberto Coelho Junio, Felipe Magalhães Dias,
lada pelo paciente em hospital universitário. Rev Bras Aneste-
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Luiz Fernando Amancio Pereira de Oliveira*
2. Brull R, Macfarlane AJR, Chan VWS. Spinal, Epidural and Caudal
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Anesthesia. 8ed. Philadelphia, Elsevier. 2015;1684-720. Belo Horizonte, MG, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S139

Introdução: A maioria das cirurgias ortopédicas cursa com inten- morfina para 15 mg de 4/4 h, com melhora parcial da dor e dipirona
sa dor operatória e de difícil manejo. O bloqueio plexular contí- 1 g de 4/4 h. Optado por associação de metadona 5mg de 8/8h, com
nuo pode garantir uma analgesia pós-operatória prolongada e de sucesso no controle álgico.
qualidade, evitando muitos efeitos colaterais comuns à analgesia Discussão: A metadona possui forte poder analgésico e tem atin-
intravenosa com opioides. Diminui o tempo necessário de terapia gido satisfatória analgesia para casos de dor moderada a severa,
intensiva, gera melhor performance respiratória, provoca menos associada ou não a tumores ou em dores complexas, ambas de di-
repercussões hemodinâmicas e tromboembólicas, permite retorno fícil controle. Quando comparada aos outros opioides apresenta as
da funcionalidade gastrointestinal mais precoce e diminui o tempo vantagens de ser lipofílica, não produzir metabólitos ativos e neu-
de internação hospitalar. rotóxicos, sua excreção não ser predominantemente renal, além de
Relato de caso: Paciente feminina, 8 anos, proveniente de Pitan- poder ser titulada em pequenas doses. No entanto, possui meia-vida
gui/MG. Diagnóstico de Osteossarcoma clássico em úmero proximal longa, facilitando acúmulo e toxicidade. Age em receptores mi e,
E. Realizada quimioterapia neoadjuvante com última sessão em diferentemente da maioria das outras opções, também é um ago-
7/2/2017. Cirurgia para retirada da lesão em 07/3/2017. Monitori- nista NMDA, o que a torna boa opção para adjuvância com outros
zada com ECG, oxímetro de pulso e PNI. Induzida AG inalatória com opioides em dores de difícil controle. Por ser agonista NMDA, tem
Sevoflurano. Realizada punção AVP jelco 18G em MSE seguida de IOT demonstrado prevenção na tolerância de opioides, potencialização
com TOT 5,5 com balonete. Posicionado cateter em região interes- de analgesia e melhor controle de dor neuropática. Seu uso como
calênica próximo às raízes de C5 e C6. Administrado via cateter 8 adjuvante ainda é escasso na literatura, mas sua associação a ou-
mL de Ropivacaína 0,5% e iniciada infusão contínua de ropivacaína tros opioides parece estar associada ao melhor controle da dor em
0,2% a 2 mL/h ao final do procedimento e por toda a internação no pacientes com dor moderada a severa, além de oferecer uma alter-
CTI pediátrico. Paciente evoluiu sem dor e sem necessidade de uso nativa segura e bem tolerada nessas situações.
de opioides no pós-operatório até o momento da alta hospitalar. Referências:
Discussão: Bloqueio do nervo periférico com técnica de infusão 1. Wallace E, Ridley J, Bryson J, Mak E, Zimmermann C. Addition of
contínua é relativamente simples, além de seguro e efetivo para methadone to another opioid in the management of moderate to
proporcionar anestesia perioperatória. Este caso ilustra bem a si- severe cancer pain: a case series. J Palliat Med. 2013;16:305-9.
tuação, dada a evolução extremamente favorável no controle da 2. Vu Bach T, Pan J, Kirstein A, Grief CJ, Grossman D. Use of me-
dor da paciente, prevenindo repercussões negativas que um contro- thadone as an adjuvant medication to low-dose opioids for neu-
le com infusão intravenosa de opioide poderia oferecer. ropathic pain in the frail elderly: a case series. J Palliat Med.
Referências: 2016;19:1351-5
1. Gasparini JR, Mello SS, Marques RS, Saraiva RA. Analgesia
pós-operatória plexular contínua. Estudo dos efeitos colate-
rais e do risco de infecção dos cateteres. Rev Bras Anestesiol. TLO795 AVALIAÇÃO DA DOR EM RECÉM-NASCIDOS
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2. Borgeat A, Tewes E, Biasca N, et al. Patient-controlled inters- INJEÇÃO INTRAMUSCULAR: RESULTADOS PARCIAIS
calene analgesia with ropivacaineafter major shoulder surgery:
Esther A. L. Ferreira, Thalita Marqueze,
PCIA vs PCA. Br J Anaesth. 1998;81:603-5.
Catarina Leticia Rodrigues Barbalho, Damaris S. Nassif,
João Vinícius Alves Lameu, Norma S. P. Módolo,
TLO382 ASSOCIAÇÃO DE METADONA A OUTROS OPIOIDES Guilherme A. M. de Barros, Thalita Marqueze*
PARA O CONTROLE DE DOR CRÔNICA AGUDIZADA – RELATO Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
DE CASO Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
Renata Pinheiro Modolo, Bruna Antenussi Munhoz, Justificativa: Há algum tempo, pensava-se que os bebês não podiam
Daniellen Lins Lourenço*, Ana Paula Santana Huang, sentir dor, pois seu sistema nervoso seria imaturo para apresentar
Yuri Louro Bruno de Abreu, José Carlos Canga tal resposta fisiológica aos estímulos nócicos. Nas últimas décadas,
comprovou-se que o RN responde ao estímulo de dor e que a sua ex-
Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil
periência dolorosa é passível de diagnóstico e avaliação. Pesquisas
Introdução: O interesse pela associação de metadona a outros recentes buscaram responder se a dor avaliada nos neonatos teria
opioides para o tratamento de dor crônica moderada a severa tem alguma relação com a via de parto. Sendo assim, o presente estudo
crescido nos últimos anos, com o objetivo de ação em diferentes tem como objetivo avaliar e comparar a resposta à dor em RN de
receptores. Essa técnica tem apresentado resultados significativos parto vaginal e cesárea após o nascimento.
no controle da dor, com a vantagem de diminuir a incidência de Método: O estudo foi aprovado pelas comissões e comitês éticos
tolerância e possibilitar o uso de doses mais baixas de opioides, pertinentes antes do seu início. Foram avaliadas 80 crianças, nas-
com menores efeitos colaterais. Devido às ações da metadona em cidas entre o período de maio de 2016 a outubro de 2017 na Santa
receptores opioides (mi) e não opioides (NMDA), ela parece ser uma Casa de Misericórdia de São Carlos. O primeiro grupo foi composto
boa candidata a esse tipo de terapia. pelos RN de parto vaginal (em que não tenham sido empregados
Relato de caso: S.P.D., 34 anos, nega comorbidades. Relata que, fórceps ou extração a vácuo), e o segundo grupo pelos RN por cesá-
em agosto de 2016, iniciou quadro de sangramento vaginal, quando rea iterativa, sendo as parturientes submetidas a anestesia subarac-
procurou serviço médico, sendo realizada biópsia em setembro, fe- nóidea, na qual o emprego de opioide esteve restrito exclusivamen-
chando o diagnóstico de carcinoma espinocelular de colo de útero. te ao uso de morfina (dose máxima de 100 mcg). Excluídos do estudo
Em janeiro de 2017, evoluiu com náuseas e vômitos constantes e os RN que apresentaram escore de Apgar menor do que 7, alteração
dor abdominal, tipo cólica, que melhorava com AINEs. Entre janeiro do exame neurológico ou na presença de líquido meconial duran-
e março, a paciente foi submetida a 27 sessões de radioterapia, 4 te o parto. Foram utilizadas duas escalas para avaliação da dor, a
de braquiterapia e 3 de quimioterapia, sem proposta curativa. Em “COMFORT Behaviour Scale” (COMFORT b) e o NFCS – Sistema de
março, houve piora da intensidade da dor, sendo iniciada morfina 10 Codificação da Atividade Facial Neonatal, aplicadas antes do estí-
mg de 4/4 h e dipirona 40 gotas de 4/4 h, com melhora significativa mulo doloroso, imediatamente após e 10 minutos depois da injeção.
do quadro álgico. Em junho, paciente evoluiu com piora da dor, foi Nesses momentos, anotou-se a contagem de frequência cardíaca
internada no HEMC para controle álgico, sendo aumentada dose da (FC). O estímulo doloroso empregado foi a injeção intramuscular
S140 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

de vitamina K, procedimento rotineiro e já previsto nos primeiros napses no gânglio esfenopalatino. Dados recentes apontam eficácia
minutos de vida. Foi executado o exame físico e neurológico para para o tratamento da maior parte dos casos de cefaleia pós-pun-
confirmação da normalidade. ção dural, uma vez que sua principal contraindicação é o uso em
Resultado: De acordo com dados preliminares coletados, é factível pacientes com fraturas de base do crânio. Em gestantes, parece
que exista uma diferença na percepção da dor entre os RN de acor- ser interessante, se comparado ao tratamento sistêmico. Estudos
do com a via de parto a que os mesmos tenham sido submetidos. Os adicionais são necessários para avaliar sua segurança, efetividade e
RN de parto cesáreo tiveram elevação de FC 15% maior imediata- a incidência de complicações.
mente após a injeção, e mantiveram dor, segundo escala NFCS, por Referência:
10 minutos após o estímulo. Demais análises serão possíveis apenas 1. Abhijit S. Nair and Basanth Kumar Rayani. Sphenopalatine gan-
após o término da coleta dos dados. glion block for relieving postdural puncture headache: technique
Conclusão: Conclui-se que exista uma possível diferença na percep- and mechanism of action of block with a narrative review of
ção da dor aguda entre os RN de partos vaginal e cesáreo. efficacy. Korean J Pain. 2017;30:93-7.
Referências:
1. Anand KJ, Carr DB. The neuroanatomy, neurophysiology, and
neurochemistry of pain, stress, and analgesia in newborns and TLO034 BLOQUEIO DO NERVO FEMORAL,
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neonates after spontaneous birth and vacuum-assisted and cesa- LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR
rean delivery. Am J Obstet Gynecol. 2012;207:416.e1-6.
Úrsula Bueno do Prado Guirro*, Elizabeth Milla Tambara
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
TLO960 BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESFENOPALATINO PARA
Justificativa e objetivos: A raquianestesia é a anestesia padrão
TRATAMENTO DE CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO DURAL EM
nas operações do membro inferior, podendo ser associados opioides
CIRURGIA NÃO OBSTÉTRICA NA GESTANTE como o fentanil e bloqueios de nervos periféricos. O bloqueio do
Ana Carolina Martins Gomes *, Alison Rodrigo Lucas, nervo femoral (BNF) é de fácil execução e auxilia no controle da
Eber Ferreira Filho, Gisela Magnus, Daniely Batista Prates, dor pós-operatória. O objetivo deste estudo foi avaliar a analgesia e
Natasha Mendes Rocha de Faria os eventos adversos pós-operatórios dos pacientes submetidos a ra-
quianestesia com fentanil e BNF, de maneira isolada ou associados,
Hospital da Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil
na operação de reconstrução do ligamento cruzado anterior (RLCA).
Introdução: O tratamento da cefaleia pós-punção de dura-má- Método: Foram randomizados 220 pacientes de ambos os sexos,
ter grave é desafiador, especialmente em gestantes e puérperas. com idades entre 18 e 65 anos, submetidos a RLCA. No Grupo 1 (G1),
O tampão sanguíneo é uma maneira eficaz de tratar o problema, 45 pacientes receberam raquianestesia com 15 mg de bupivacaína
evitando a exposição fetal e neonatal a medicamentos, mas não é isobárica 0,5%; no Grupo 2 (G2), 34 pacientes receberam raquianes-
isento de riscos, sendo indicado quando há falha do tratamento clí- tesia com 15 mg de bupivacaína isobárica 0,5% e fentanil 25 µg; no
nico. O bloqueio do gânglio esfenopalatino tem mostrado resultados Grupo 3 (G3), 43 pacientes receberam raquianestesia com 15 mg de
positivos, embora com dados escassos, e parece ser uma alternativa bupivacaína isobárica 0,5%, fentanil 25 µg e BNF com 100 mg de bu-
promissora. pivacaína 0,5% sem vasoconstritor; e no Grupo 4 (G4), 44 pacientes
Relato de caso: Paciente de 35 anos, hígida, G2P1A0, 21 semanas receberam raquianestesia com 15 mg de bupivacaína isobárica 0,5%
de gestação, submetida a ureterolitotripsia rígida para tratamento e BNF com 100 mg de bupivacaína 0,5% sem vasoconstritor. Todos
de cólica nefrética associada a hidronefrose. Monitorizada com car- os pacientes receberam analgesia multimodal e poderiam solicitar
dioscópio e oximetria de pulso, antissepsia lombar e punção suba- tramadol a qualquer momento, caso o escore para a dor fosse igual
racnóidea realizada com agulha Quincke 27G, com retorno de líquor ou superior a 4, de acordo com a Escala Numérica. Foram avaliados
após 5 tentativas. Injetados 15 mg de bupivacaína hiperbárica a nos momentos 6, 12 e 24 horas após a raquianestesia.
0,5%. Paciente mantida em decúbito dorsal horizontal com desvio Resultado: Os grupos de pacientes não apresentaram diferenças
lateral esquerdo do útero, sem sedação. Procedimento durou 25 quanto às variáveis demográficas e clínico-cirúrgicas. Os escores
minutos. Infundidos 500 mL de cloreto de sódio a 0,9%. Sem in- médios de dor em 6 e 24 horas após a anestesia não foram dife-
tercorrências. Após 8 horas, queixou-se de cefaleia intensa (8/10 rentes. Na avaliação 12 horas houve diferença (G1 = 3,9 ± 2,6; G2
na escala visual analógica), em região frontal, fotofobia e náuseas, = 4,5 ± 2,3; G3 = 3,8 ± 3,2; G4 = 2,9 ± 2,3; p = 0,004). O tramadol
com piora em ortostatismo e melhora em decúbito. Optou-se pela foi solicitado por 46,7% no G1, 52,9% no G2, 18,6% no G3 e 36,4
realização de bloqueio de gânglio esfenopalatino, aplicando em no G4 (p = 0,009), com diferença entre G1 e G3 e também entre
cada orifício nasal 1 polpa digital de lidocaína geleia a 2%, introdu- G2 e G3. Os eventos adversos relatados foram náuseas e vômitos,
zidos 2 swabs estéreis embebidos com 0,5 mL de lidocaína líquida cefaleia pós-punção dural, dor no local do BNF, sensação de frio nos
a 2% com vasoconstrictor até que fosse oferecida resistência das pés e sangramento. As náuseas e vômitos foram os mais frequentes
paredes posteriores de cada fossa nasal.Através de cada swab, foi (4,65%) e ocorreram em pacientes que solicitaram tramadol. Ocor-
injetado 0,5 mL de lidocaína líquida a 2% com vasoconstrictor, repe- reu queda de um paciente do G3 e de um do G4.
tido após 5 minutos. Após 5 minutos da segunda dose de anestésico, Conclusão: Concluiu-se que a analgesia pós-operatória com raquia-
paciente relatou dor 5/10. Paciente mantida na mesma posição e nestesia e BNF proporcionou escores médios de dor menos elevados
com os swabs por 30 minutos após a aplicação da segunda dose e, no G4, no entanto, o grupo que pediu menos tramadol foi o G3. Os
quando reavaliada, dor 3/10. A dor se manteve com a mesma inten- eventos adversos com as técnicas estudadas foram raros e de menor
sidade após 60 minutos. Alta hospitalar com orientações de repouso, gravidade. Porém, deve-se estar atento à possibilidade de queda
hidratação e analgesia com paracetamol sem recorrência domiciliar. quando foi realizado o BNF.
Discussão: O bloqueio de gânglio esfenopalatino é indicado em ca- Referências:
sos de cefaleia aguda ou crônica e pode ser utilizado para anestesia 1. Secrist ES, Freedman KB, Ciccotti MG, et al. Pain management
cirúrgica e analgesia pós-operatória em cirurgias bucomaxilofaciais. after outpatient anterior cruciate ligament reconstruction: a
O bloqueio parece atenuar a vasodilatação cerebral induzida pela systematic review of randomized controlled trials. Am J Sports
estimulação parassimpática transmitida por neurônios que têm si- Med. 2016;44:2435-47.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S141

2. Thomazeau J, Rouquette A, Martinez V, et al. Acute pain fac- zados para tratamento da dor neuropática e, mais recentemente,
tors predictive of post-operative pain and opioid requirement in para controle da dor pós-operatória, com bons resultados. Contudo,
multimodal analgesia following knee replacement. Eur J Pain. na literatura não há uma comparação entre essas drogas quanto a
2016;20:822-32. eficácia analgésica e ocorrência de efeitos adversos. Esse estudo
é uma revisão sistemática com metanálise de efeitos mistos que
compara os efeitos da administração pré-operatória de gabapentina
TLO619 CATETER INFRACLAVICULAR COM 20 DIAS DE e pregabalina.
DURAÇÃO, PARA CIRURGIAS SERIADAS DE DESBRIDAMENTO Método: Foram incluídos nessa metanálise 14 ensaios clínicos ran-
DE MEMBRO SUPERIOR E FIXAÇÃO DE OSSOS DO domizados que compararam o uso de gabapentina ou pregabalina,
ANTEBRAÇO em dose única pré-operatória, com o uso de placebo. Os desfechos
analisados no pós-operatório foram: intensidade da dor, medida
Liandra Felix Fontes*, Thais Kroeff Machado, pela Escala Visual Analógica da Dor (EVA); ocorrência de náuseas e
Fernanda Bezerra de Mello Monte, Rafael Mercante Linhares, vômitos (NVPO); e grau de sedação, medido pela Escala de Ramsay.
Luciana Dantas Bastos Frango de Oliveira Resultado: Houve uma redução na EVA após o uso de gabapentina
Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil (Diferença das médias: - 1,2 ± 0,04, p = 0,001) e pregabalina (Dife-
rença das médias: - 1,1 ± 0,12, p = 0,001) em relação ao placebo. Na
Introdução: O desenluvamento é caracterizado por avulsão de te- comparação pelo modelo misto, não houve diferença entre a eficá-
cidos moles no qual extensa porção de pele se destaca da fáscia e cia das drogas (p = 0,82). Verificou-se a redução no risco de 35% da
músculos subjacentes. Este, além de subnotificado, é devastador, ocorrência de NVPO com a gabapentina (RR = 0,65, IC = 0,53-0,81,
precisando assim, para reabilitação desses pacientes, de uma abor- p = 0,001) e de 43% com a pregabalina (RR = 0,57, IC = 0,35-0,93,
dagem multidisciplinar. O objetivo do presente relato é exemplificar p = 0,02), sem diferença entre os grupos (p = 0,65). A gabapentina
a efetividade do bloqueio contínuo do plexo braquial infraclavicular aumentou cerca de 2 vezes o risco de sedação (RR = 1,99, IC = 1,40-
no controle da dor de uma vítima de desenluvamento de antebraço 2,83, p = 0,001), e a pregabalina, 8 vezes (RR = 8,2, IC = 1,1-65,0,
e mão direita com fratura de ossos do antebraço. p = 0,04). Houve diferença entre as drogas (p = 0,02), indicando
Relato de caso: Paciente masculino, 28 anos, 68 kg, 1,75 m, ASA que a pregabalina apresenta maior risco de causar sedação do que
IE, vítima de acidente automobilístico, chega ao centro cirúrgico a gabapentina.
apresentando desenluvamento de antebraço e mão direita, com Conclusão: Tanto a gabapentina como a pregabalina, quando utili-
fratura de rádio e ulna, sem sinais de instabilidade hemodinâmica zadas como medicação pré-operatória, têm o potencial de reduzir
e sem esforço ventilatório. Realizada venóclise com jelco nº 16G e a dor e a ocorrência de NVPO no pós-operatório. Ambas as drogas
monitorização com oximetria de pulso, cardioscopia e pressão arte- promovem sedação, efeito mais acentuado com a pregabalina.
rial não invasiva. Após uma sedação leve com Midazolam 2 mg IV e Referências:
Fentanil 50 mg IV, optou-se como técnica anestésica para a cirurgia 1. Park M; Jeon Y. Preoperative pregabalin prolongs duration of spi-
de desbridamento e colocação de fixador externo de MSD, realizar nal anesthesia and reduces early postoperative pain: A double-
o bloqueio contínuo do plexo braquial infraclavicular, guiado por blind, randomized clinical CONSORT study. Medicine (Baltimore).
ultrassonografia com um transdutor linear de 10 Mhz de frequência 2016;95:e4828.
e introdução de cateter com injeção de 20 mL de Lidocaína 1,5%, 2. Deniz MN, Sertoz N, Erhan E, Ugur G. Effects of preoperative
sendo esse, ao final da cirurgia, acoplado a uma bomba Elastoméri- gabapentin on postoperative pain after radical retropubic pros-
ca. O paciente foi acompanhado diariamente pelo Serviço de Dor do tatectomy. J Int Med Res. 2012;40:2362-9.
hospital, tendo o cateter sido mantido por 20 dias para abordagens 3. Fujita N, Tobe M, Tsukamoto N, Saito S, Obata H. A randomized
cirúrgicas e manutenção na analgesia, sem sinais de infecção. placebo-controlled study of preoperative pregabalin for posto-
Conclusão: A evolução do paciente, no presente caso, demonstra perative analgesia in patients with spinal surgery. J Clin Anesth.
que, a conduta anestésica e analgésica de colocação do cateter 2016;31:149-53.
contínuo contribuiu para o bom controle álgico, com diminuição 4. Hassani V, Pazouki A, Nikoubakht N, Chaichian S, Sayarifard
do uso de opioides, além de permitir um melhor aproveitamento A, Shakib Khankandi A. The effect of gabapentin on reducing
das sessões de fisioterapia com retorno funcional do membro mais pain after laparoscopic gastric bypass surgery in patients with
rapidamente. O acompanhamento pelo serviço de dor aguda é de morbid obesity: a randomized clinical trial. Anesth Pain Med.
fundamental importância para assegurar o bom funcionamento do 2015;5:e22372.
cateter junto com a assepsia necessária para evitar infecção.
Referência:
1. Joshi G, Gandhi K, Shah N, Gadsden J, Corman SL. Peripheral TLO370 IMPACTO DE UM SERVIÇO DE DOR AGUDA
nerve blocks in the management of postoperative pain: challen- PÓS-OPERATÓRIA NO TEMPO DE HOSPITALIZAÇÃO EM
ges and opportunities. J Clin Anesth. 2016;35:524-9. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO SUL DO BRASIL
Antônio Franciosi Prates*, Anderson Miguel Capp, Letícia Uzeika,
TLO1013 COMPARAÇÃO ENTRE O USO PRÉ-OPERATÓRIO Francisco Fritsch Machry Krum, Luciana Paula Cadore Stefani,
DE GABAPENTINA E PREGABALINA: METANÁLISE DE Wolnei Caumo
EFEITOS MISTOS Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre,
João Pedro Sant’ Anna Pinheiro, Débora Santos Rodrigues, RS, Brasil
Fernanda Bortolanza Hernandes*, Thaís Natália de Almeida, Justificativa e objetivos: A Associação Internacional para o Estudo
Karen Barros Parron Fernandes, Marcos Tadeu Parron Fernandes da Dor (IASP) tem estimulado a organização de Programas de Tra-
tamento de Dor Aguda (SDAP) para um manejo mais efetivo, bem
Irmandade da Santa Casa de Londrina (ISCAL), Londrina, PR, Brasil
como avaliar seu impacto em desfechos passíveis de mensuração.
Justificativa e objetivos: A gabapentina é uma droga antiepilética Estudos têm sido conduzidos para mostrar a necessidade de os
introduzida na pratica clínica para tratamento das crises parciais hospitais organizarem serviços de dor aguda pós-operatória, com
refratárias. Anos depois, surgiu a pregabalina, também desenvol- vistas a melhorar do tratamento da dor e para avaliar o proces-
vida como fármaco anticonvulsivante. Logo, passaram a ser utili- so de recuperação do paciente, redução do tempo de internação
S142 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

consequente ao uso de técnicas analgésicas mais eficazes. Então, Resultado: Dentro de uma proposta de analgesia multimodal, é im-
o objetivo deste estudo foi comparar o tempo de internação de portante considerar as contraindicações, os efeitos adversos, a dose
pacientes submetidos a cirurgias eletivas com alta probabilidade de e o momento ideal das intervenções. O anestesiologista poderá uti-
apresentarem dor pós-operatória intensa sob os cuidados de uma lizar ferramentas não opioides, como anti-inflamatórios não esteroi-
equipe multidisciplinar especializada do SDAP, comparado a uma des (AINES)/ inibidores da ciclo-oxigenase-2 (COX-2), gabapentina/
coorte submetida a procedimentos cirúrgicos equivalentes no mes- pregabalina, antagonistas dos receptores do N-methyl-D-aspartato
mo período, que tiveram seu tratamento da dor pós-operatório sob (NMDA), entre outras. Os opioides podem ser utilizados em doses
o cuidado da equipe cirúrgica. baixas associadas ou não à terapia multimodal e/ou ficarem restritos
Método: Trata-se de uma coorte naturalista, retrospectiva, que aos casos em que a analgesia multimodal não opioide for insuficiente.
incluiu 1.011 pacientes com idade superior a 18 anos, de ambos Conclusão: Ainda não há consenso sobre qual a melhor estratégia
os sexos, submetidos a cirurgia eletiva de grande porte, tais como analgésica a ser implementada para o alívio da dor aguda pós-cole-
cirurgias torácicas com toracotomia, cirurgias proctológicas com cistectomia videolaparoscópica, o que pode requerer sua aplicabili-
abertura da cavidade abdominal e cirurgias ortopédicas para próte- dade de forma individualizada. O presente estudo trouxe como con-
se de joelho e quadril. Os dados foram obtidos a partir do prontuário tribuições para a prática profissional o enriquecimento teórico das
eletrônico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) no período ferramentas analgésicas disponíveis para a abordagem da colecis-
entre 2011 e 2015. tectomia videolaparoscópica eletiva, além de alertar a equipe para
Resultado: Avaliamos retrospectivamente 1.050 pacientes assim considerar os efeitos adversos das intervenções implementadas.
distribuídos: cirurgia proctológica 506 (50,4%), cirurgia torácica Referências:
216 (21,36%) e cirurgia ortopédica 293 (29,17%). A média (SD) da 1. Anıl A, Kaya FN, Yavaşcaoğlu B, Mercanoğlu Efe E, Türker G,
internação hospitalar em pacientes sob o atendimento do SDAP foi Demirci A. Comparison of postoperative analgesic efficacy of
de 7,84 (4,41), comparado com controles correspondentes sob o intraoperative single-dose intravenous administration of dexke-
cuidado da equipe cirúrgica, que apresentaram uma média (SD) de toprofen trometamol and diclofenac sodium in laparoscopic cho-
internação de 9,72 (8,64). Foram fatores associados com prolongada lecystectomy. J Clin Anesth. 2016;32:127-33.
internação pós-operatória a mortalidade pós-operatória, a reopera- 2. Galvão TF, Pansani TSA, Harrad D. Principais itens para relatar
ção cirúrgica e os pacientes que necessitaram de terapia intensiva revisões sistemáticas e metanálises: a recomendação PRISMA.
pós-operatória. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24:335-42.
Conclusão: Estes resultados sustentam a hipótese de que uma mu-
dança no cuidado pós-operatório de pacientes submetidos a cirur-
gias com propensão para dor pós-operatória intensa, sob os cuida- TLP864 PERFIL DE CONTROLE DA DOR PÓS-OPERATÓRIA
dos de uma equipe multidisciplinar especializada do SDAP, reduziu EM PACIENTES SUBMETIDOS A PROCEDIMENTOS
o tempo de internação pós-operatório, comparado aos pacientes CIRÚRGICOS ORTOPÉDICOS NO SERVIÇO DE DOR AGUDA
submetidos a cirurgias equivalentes com o tratamento da dor pós- PÓS-OPERATÓRIA
operatória aos cuidados da equipe assistente.
Referências: Gabriel Gondim Fonseca*, Marcelo Vaz Perez, Thiago Ramos Grigio,
1. Dolin SJ, Cashman JN, Bland JM. Effectiveness of acute postope- Ayrton Bentes Teixeira, Henrique Fialho de Freitas, Daniel Valente
rative pain management: I. Evidence from published data. Br J Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP,
Anaesth. 2002;89:409-23. Brasil
2. Lee A, Chan SK, Chen PP, Gin T, Lau AS, Chiu CH. The costs and
benefits of extending the role of the acute pain service on cli- Justificativa e objetivos: O controle da dor pós-operatória (PO)
nical outcomes after major elective surgery. Anesth Analg. é frequentemente insuficiente, por diversas causas. O objetivo do
2010;111:1042-50. estudo foi verificar como está o controle da dor no serviço de Dor
Aguda PO em Hospital Terciário e Universitário, de acordo com pro-
tocolo estabelecido.
Método: Foram incluídos todos os pacientes operados pela Clínica
TLO125 MANEJO ANESTÉSICO PARA O ALÍVIO DA DOR
Ortopédica no período de 30 dias. O período de observação variou,
AGUDA PÓS-COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA:
em cada paciente, de 24 a 72 horas, de acordo com a alta hospitalar.
REVISÃO SISTEMÁTICA As variáveis consideradas foram: região operada, técnica anestésica,
Renato Ribeiro de Jesus*, Adebaldo Maia Leite, intensidade da dor (POI, primeiro, segundo e terceiro PO) pela escala
Simone Soares Leite, Márcio Carneiro Vieira, Nivaldo Ribeiro Villela verbal de quatro termos (dor ausente, leve, moderada e intensa) e
analgésicos prescritos pelo Serviço de Dor. Os dados foram registra-
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
dos em formulário previamente desenvolvido e armazenados online.
Brasil
Resultado: Ao todo, 125 pacientes foram operados no período de
Justificativa e objetivos: O manejo inadequado da dor pós-ope- tempo estabelecido. As regiões operadas foram: coluna (10), mem-
ratória em colecistectomia videolaparoscópica pode levar a mobi- bro inferior (48), membro superior (40) e membro inferior em crian-
lização tardia, insatisfação do paciente, atraso na alta hospitalar ças até 12 anos (27). A técnica anestésica foi Geral (45), Geral +
e desenvolvimento de dor crônica. Objetivou-se identificar qual a Bloqueio (51), Subaracnóidea ou Peridural (25), Bloqueio de Plexo
melhor estratégia terapêutica disponível pelo anestesiologista no Braquial (3) e Sedação (1). Em relação à intensidade da dor no PO
manejo da dor aguda pós-operatória em pacientes submetidos a co- imediato, 26,4% apresentaram dor moderada ou intensa ao chegar
lecistectomia videolaparoscópica eletiva. na SRPA e 19,2% ao receber alta da SRPA. No primeiro PO, 20% apre-
Método: Revisão sistemática que incluiu 38 artigos completos in- sentaram dor intensa ou moderada; no segundo, 16,8%; e no ter-
dexados nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrie- ceiro, 8,8%. Morfina foi prescrita em 33 pacientes, tramadol em 74
val System Online (MEDLINE), Scopus Info Site (SCOPUS) e Web Of e morfina + tramadol em 18 na SRPA. Outros analgésicos prescritos
Science, e Literaturas Latino-Americana e do Caribe em Ciências da foram dipirona, paracetamol e cetoprofeno.
Saúde (LILACS), com recorte temporal de cinco anos (2012 a 2016), Conclusão: Apesar da frequência de prescrição de morfina e outros
resultantes de estudos controlados e randomizados. Os estudos com opioides, houve prevalência alta de dor intensa ou moderada no POI
as estratégias anestésicas para o controle da dor aguda pós-colecis- e primeiro PO em cerca de ¼ dos pacientes. Faz-se necessária uma
tectomia videolaparoscópica foram submetidos a análise qualitativa. educação continuada a toda equipe hosptilar (médicos e enferma-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S143

gem), para que ocorra redução da prevalência de dor moderada a TLO588 TOLERÂNCIA AGUDA A OPIOIDES: RELATO DE
forte intensidade. CASO
Referência:
Victor Resende de Melo Freitas*, Thalita Marqueze,
1. White PF. The changing role of non-opioid analgesic techni-
ques in the management of postoperative pain. Anesth Analg. Murilo Moreira Thom, Diego Viana de Mello,
2006;10:S5-S22. Guilherme Antônio Moreira de Barros, Fernanda Bono Fukushima
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (HC/FMB
TLO071 QUALIDADE DA RECUPERAÇÃO APÓS – UNESP), Botucatu, SP, Brasil
ADMINISTRAÇÃO DE MORFINA OU METADONA PARA
Introdução: Opioides são agentes analgésicos de extrema eficácia,
ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA EM PACIENTES SUBMETIDOS sendo uma das principais formas de controle de dor pós-operatória.
A ANESTESIA VENOSA TOTAL Dentre os eventos adversos relacionados ao uso de opioides, desta-
Miller Fazoli Lambert*, Eduardo Toshiyuki Moro, camos a tolerância aguda e a hiperalgesia.
Ana Luiza Naves Pereira, Thais Moura Artioli, Giuliana Graicer, Relato de caso: Paciente de 19 anos e 60 kg é submetida a trata-
Juliana Morini Bevilacqua mento cirúrgico de escoliose. Em avaliação pré-anestésica, histó-
rico de escoliose dolorosa, com uso de AINEs/analgésicos simples
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia diário e ocasional de tramadol. Realizada anestesia venosa total,
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo, SP, Brasil sendo indução com sufentanil 30µg, propofol 130 mg e rocurônio 35
Justificativa e objetivos: A demanda crescente por técnicas que ga- mg; manutenção realizada com remifentanil e propofol em bomba
rantam o retorno rápido e seguro da anestesia geral resultou na popu- de infusão contínua; analgesia realizada com cetamina (CT) 50 mg
larização do remifentanil. A ultrarrápida duração desse opioide, em- EV (logo após indução), dipirona 2 g EV, morfina (MF) 6 mg EV e
bora permita a restauração quase imediata da ventilação espontânea, ropivacaína 0,2% 20 mL em canal vertebral – procedimento durou
torna o controle da dor pós-operatória um desafio para o anestesio- 480 minutos. Procedimento e despertar sem intercorrências; enca-
logista. A hiperalgesia e a tolerância aos opioides têm sido associadas minhada a SRPA sonolenta. Após 40 minutos da admissão, paciente
ao emprego do remifentanil e há evidências de que o fenômeno seja queixou dor de alta intensidade (VAS 10/10) em toda coluna to-
resultado da ativação de receptores NMDA. Considerando a terapia racolombar, sem posição antálgica e sem descritor específico da
disponível para a prevenção da dor pós-operatória, uma alternativa dor, além de contratura muscular importante em trapézios bila-
à morfina, opioide padrão utilizado para esse fim, seria a metadona. teralmente, inserção axilar do peitoral maior e serrátil anterior
Além da ação agonista nos receptores μ, esse fármaco é considerado esquerdos. Realizados, nesta ordem, com intervalo, e EV, pela
um antagonista NMDA. O objetivo do presente estudo foi avaliar, de equipe anestésica, CT 25 mg, MF 4 mg, MF 3 mg e fentanil 10 µg,
forma randomizada e duplamente encoberta, a qualidade da recupe- havendo melhora parcial do quadro (VAS 9/10). Chamado serviço
de dor aguda que, diante da estabilidade hemodinâmica e respira-
ração de pacientes submetidos a colecistectomia videolaparoscópica
tória, iniciou bomba de PCA e infusão contínua (IC) de fentanil, e
sob anestesia venosa total e que receberam morfina ou metadona.
gabapentina 400 mg 12/12 h. Nos dias subsequentes, introduzidas
Método: Setenta pacientes, estado físico ASA I ou II, submetidos a
novas medicações (baclofeno), fisioterapia analgésica e aumenta-
colecistectomia videolaparoscópica sob anestesia venosa total, re-
das as doses de fentanil e gabapentina (400 mg 8/8 h), havendo
ceberam de forma randomizada morfina (0,1 mg.kg-1) ou metadona
controle parcial da dor. No 4º PO, adicionado CT em IC a 5 mg/h e
(0,1 mg.kg-1) após a indução da anestesia. O tempo necessário para
realizado bloqueio de trigger points, havendo melhora parcial do
despertar, a intensidade da dor, o consumo de analgésicos, o tempo
controle álgico. No 5º PO optou-se por rotação de opioides e inicia-
de permanência na SRPA, a ocorrência de náuseas, vômitos e sono-
da morfina em bomba de PCA com resolução completa do quadro.
lência foram registradas. A qualidade da recuperação da anestesia
Discussão: Pacientes com dor crônica submetidos a cirurgias de
foi avaliada por meio da aplicação do questionário QoR-40 na manhã
grande porte e com manipulação nervosa são susceptíveis a maiores
seguinte à cirurgia.
escores de dor no pós-operatório. Nesse grupo de pacientes, a to-
Resultado: Os grupos foram comparáveis no que diz respeito ao sexo,
lerância aguda aos opioides pode se desenvolver rapidamente após
estado físico e IMC. A idade média e o tempo para despertar foram
sua exposição de curta duração no intraoperatório. Requerimen-
maiores no grupo metadona (média 12,0 vs 9,3 min). A qualidade da
tos analgésicos pós-operatórios em pacientes que receberam altas
recuperação, baseada nos escores totais ou nas cinco dimensões do
doses de remifentanil intraoperatório são frequentemente altos e
questionário QoR-40, foi semelhante entre os grupos. Não houve dife-
dose dependentes, podendo a hiperalgesia tardia estar relacionada
rença na intensidade da dor ou na incidência de náuseas ou vômitos
à tolerância aguda, resultado da sensibilização espinhal ao gluta-
durante a permanência na SRPA, mas o consumo de opioide utilizado
mato e substância P. Analgesias preventiva e multimodal, bem como
para o resgate foi significativamente maior no grupo que recebeu a
a rotação de opioides, são opções terapêuticas válidas. Cabe ao
morfina (p < 0,02). O nível de sedação avaliado pela escala de Ramsay
anestesiologista sempre adequar a analgesia à técnica cirúrgica e ao
também foi maior nesse grupo (p < 0,01). Durante a permanência na paciente, tornando fundamental, diante de grandes procedimentos,
enfermaria, a intensidade da dor, o consumo de opioides e a ocorrên- o planejamento analgésico perioperatório.
cia de náuseas e vômitos foram semelhantes entre os grupos.
Conclusão: A metadona, quando comparada à morfina, reduz a de-
manda por analgésicos durante a permanência na SRPA, mas não
TLP756 TRATAMENTO MULTIMODAL DE DOR REFRATÁRIA
altera a qualidade da recuperação da anestesia em pacientes sub-
PARA PACIENTE VÍTIMA DE POLITRAUMA
metidos a colecistectomia laparoscópica sob anestesia venosa total.
Referências: Isabela Borges de Melo, Débora Philippi Bressane,
1. Gottschalk A, Durieux ME, Nemergut EC. Intraoperative metha- Pedro Luiz Ferreira*, Rodrigo Vital de Miranda,
done improves postoperative pain control in patients undergoing Renato Lucas Passos de Souza, Moisés Freitas Neves
complex spine surgery. Anesth Analg. 2011;112:218-23.
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
2. Murphy GS, Szokol JW, Avram MJ, et al. Intraoperative metha-
da Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
done for the prevention of postoperative pain: a randomized,
double-blinded clinical trial in cardiac surgical patients. Anes- Introdução: A resposta fisiológica do organismo à dor pode in-
thesiology. 2015;122:1112-22. terferir negativamente no prognóstico do paciente. A dor aguda
S144 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

deve ser prontamente tratada de modo eficaz, utilizando analge- nista por 24 h. Em todos os casos, o EVN foi inferior a 3. Destacamos
sia multimodal para otimizar o efeito sinérgico de fármacos anal- a curiosidade por parte da enfermagem e médicos sobre a ficha e se
gésicos, adjuvantes e anestésicos locais e técnicas sistêmicas ou doravante ela seria rotina para todos os pacientes.
regionais. Conclusão: Houve adequado registro e tratamento da dor do pa-
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 33 anos, vítima de ciente baseado na ficha de avaliação da dor.
politrauma, admitido em nosso serviço 10 dias após procedimento Referência:
inicial para reabordagem de fratura de fêmur e tíbia esquerda e 1. Posso IP, Romanek, RM, Gatto BEO. Dor Aguda e Inflamação. In:
de falha de cobertura. Realizada raquianestesia no primeiro proce- Bagatini A, Cangiani LM, Carneiro AF, Nunes RR. Bases do Ensino
dimento e anestesia geral com passagem de cateter peridural nos da Anestesiologia. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Anes-
subsequentes. O esquema multimodal, o escalonamento de medi- tesiologia/SBA. 2016;1119-40.
camentos e a rotação de opioides fizeram parte da analgesia pós-
operatória, a citar: AINE, analgésicos simples, anticonvulsivantes,
tricíclicos, opioides fracos e fortes. A infusão contínua pelo cateter
aconteceu por período curto, pois este foi retirado devido a hipere-
mia local e deslocamento do mesmo. Diante da persistência de dor XXX) Dor Crônica e Cuidados Paliativos
intensa, de caráter nociceptivo pela cirurgia mais recente e neu-
ropático pelas outras abordagens, apesar do tratamento descrito,
optou-se por bloqueio periférico do nervo femoral e fibular guiado TLO205 COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS – UTILIZAÇÃO
por US com administração imediata de lidocaína 0,5%. Diante da DO PROTOCOLO SPIKES
diminuição imediata de 8 para 0/10 na escala da dor, passamos dois
cateteres perineural (um para cada nervo bloqueado) e mantivemos Amanda Fernandes Halla, Ana Paula de Souza Vieira Santos,
infusão contínua de ropivacaína 0,2% 10 mL/h com uma melhora Guilherme Haelvoet Correa, Marcela Rangel Mariz*,
sustentada de 2/10 na escala da dor. Estanrley Barcelos Pinto, Ayrton Bentes Teixeira
Discussão: A analgesia multimodal permite o uso de doses meno- Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP,
res de drogas para o controle da dor, reduzindo o risco de efei- Brasil
tos adversos. No trauma cirúrgico, a dor é resultado da ação de
mediadores químicos que levam a reação inflamatória, sensibili- Introdução: O protocolo Spikes é um modelo de comunicação
zação periférica e hiperalgesia. Se não tratada, a dor intensa e entre médico e paciente. Consiste em método mnemônico de seis
persistente gera sensibilização central, modulando a nocicepção. passos que pode proporcionar mais segurança ao médico na hora de
Assim sendo, faz-se importante o controle da dor a fim de evitar fornecer más notícias, e que apresenta quatro objetivos principais:
alterações hemodinâmicas decorrentes do estado álgico, interna- saber o que o paciente e seus familiares estão entendendo da situa-
ção prolongada, readmissão hospitalar e evolução para dor crôni- ção como um todo; fornecer as informações de acordo com o que o
ca. No caso apresentado, o uso do bloqueio de nervo periférico paciente e sua família suportam ouvir; acolher qualquer reação que
melhorou o controle da dor e reduziu a necessidade de drogas possa acontecer; e propor um plano de cuidado.
sistêmicas. Relato de caso: Paciente feminino, 5 meses, com atraso no de-
Referência: senvolvimento neuropsicomotor, dificuldade às mamadas, dispneia,
1. Joshi G, Gandhi K, Shah N, et at. Peripheral nerve blocks in the edema de MMII e distensão abdominal. Hospitalizada para suporte
management of postoperative pain: challenges and opportuni- clínico e investigação. Após diversas avaliações com especialidades,
ties. J Clin Anesth. 2016;35:524-9. exames laboratoriais e de imagens realizados, recebeu diagnóstico
de gangliosidose GM1 (GGM1), confirmado por ensaio bioquímico da
atividade de betagalactosidase. Mãe foi convocada para conversa
TLP207 USO DE FICHA PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA DOR com equipe multidisciplinar, com liderança da equipe de cuidados
paliativos, para a comunicação do diagnóstico e prognóstico da pa-
PARA REGISTRO E CONTROLE DA DOR
ciente, baseado no Spikes. Ela estava ciente da gravidade do quadro
Luís Fernando Rodrigues Maria, Jaime João Jorge, da filha, chorou ao receber a notícia, mas mostrou compreensão e
Gabriela Morais Reis, Rafael Oliveira Telles, Rafael dos Santos*, desejo que a filha não passasse por sofrimento.
Jonas Jorge Junior Discussão: A GGM1 é uma doença rara de acumulação lisossomal,
com prognóstico reservado. No tipo 1, forma infantil rapidamente
CET das Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA), Catanduva, SP,
progressiva, com início antes dos 6 meses de idade, a expectativa
Brasil
de vida é de até 2 anos, sendo o controle da doença realizado
Introdução: A dor é o quinto sinal vital e deve ser avaliada e ano- com sintomáticos e medidas de conforto e suporte. Para informar
tada em prontuário assim como a PA, pulso, frequência respira- pacientes e familiares sobre diagnósticos e prognósticos como o
tória e temperatura. Contudo, isso ainda não é rotina em vários da GGM1, o médico deve fazer uso de técnicas e subsídios para a
hospitais. O desconhecimento por parte do médico e equipe hos- comunicação de más notícias, que são informações que implicam
pitalar pode ser um dos motivos para a negligência da avaliação da alguma alteração negativa na vida de quem as recebe. A trans-
dor no prontuário em nosso hospital. Com o intuito de aumentar o missão da mensagem é situação estressante para o médico, que
registro da dor nos prontuários, fizemos uma ficha de avaliação e muitas vezes a evita ou faz de maneira inadequada. Para facili-
anexamos ao mesmo. tar essa comunicação, existem diversos guidelines, dentre eles o
Método: Paciente submetido a toracotomia com anestesia geral e protocolo Spikes, com seis etapas: Setting Up: preparar o médico
peridural torácica com cateter. A cirurgia transcorreu sem intercor- e o ambiente para a conversa, Perception: compreender o que o
rências. A dor foi regularmente avaliada na RPA, e se o paciente soli- paciente e a família já sabem sobre a doença e sua situação de
citasse remédio para dor ou EVN > 3 administravam-se 5 mL de neo- saúde; Invitation: averiguar o que o paciente e a família desejam
caína 0,25% + fentanil 25 mcg pelo cateter peridural. Paciente teve saber sobre a doença e o tratamento; Knowledge: transmitir a
alta da RPA com a ficha de avaliação da dor. A ficha era composta por informação de maneira clara, objetiva e sensível, adaptando a
cinco perguntas que abordavam: ENV, localização e irradiação da linguagem ao nível intelectual e cultural do paciente e familiares;
dor, circunstâncias associadas, tipo de dor e sintomas associados. A Emotions: ajudar paciente e familiares a passar pelos sentimentos
ficha foi preenchida de 6/6 horas por um médico anestesista planto- de medo, tristeza, ansiedade e negação que podem surgir nesse
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S145

momento; Strategy and Summary: resumir as informações para TLO116 CUIDADOS PALIATIVOS: A ABORDAGEM DA MORTE
facilitar o entendimento e esclarecer dúvidas e elaborar com o E TERMINALIDADE NO CURSO DE MEDICINA
paciente e a família um plano a ser seguido.
Lívia Martins Santos*, Aline Felix Baggio, Luiza Macedo Poleza,
Referência:
1. Linol CA, Sugustoll KL, Oliveria RAS, Feitosa LB, Caprara A. Uso Thaís Marinho Figueroa, Yasmin Quiroga de Souza,
do protocolo spikes no ensino de habilidades em transmissão de Clóves Amssis Amorim
más notícias. Rev Bras Educ Med. 2011;35:52-7. Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Curitiba, PR,
Brasil

TLO175 CUIDADOS PALIATIVOS EM TERAPIA INTENSIVA: Introdução e justificativa: A última Diretriz Curricular Nacional do
Curso em Graduação em Medicina propôs a formação de um profis-
IMPORTÂNCIA DO CUIDADO INTEGRAL E
sional humano, generalista, crítico e capaz de atuar em diferentes
MULTIDISCIPLINAR
níveis de atenção dentro do SUS, visando a prevenção, promoção,
Letícia Aparecida Ferreira, recuperação e reabilitação da saúde integral do ser humano, pauta-
Karolynne Myrelly Oliveira Bezerra de Figueiredo Saboia*, do em princípios éticos de respeito ao próximo.
Mônica Braga da Cunha Gobbo (TSA), Maisa Carla Campos, Método: O presente estudo possui caráter qualitativo, realizado
Caio Eduardo Ferreira Pires, Luísa da Cunha Gobbo através da análise de conteúdo de entrevistas. O instrumento da
coleta de dados foi composto por 3 (três) diferentes roteiros de en-
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
trevista, um para cada segmento de sujeitos a serem entrevistados,
Campinas, SP, Brasil
com perguntas de caráter subjetivo; em uma amostra composta por
Introdução: Os cuidados paliativos são um conjunto de interven- 3 segmentos de sujeitos, sendo eles: 5 (cinco) acadêmicos do último
ções multiprofissionais concedidos aos pacientes portadores de ano de cada universidade de Medicina em Curitiba, coordenadores
doenças crônicas e seus familiares, sem perspectiva de mudança de curso das 5 (cinco) universidades e 5 (cinco) médicos de espe-
no desfecho. A alteração no perfil demográfico populacional pro- cialidades variadas, selecionados aleatoriamente, formados nos di-
porcionou o aumento na expectativa de vida. Percebe-se, no Brasil, ferentes cursos de medicina da cidade de Curitiba, com exceção de
uma tendência à transição epidemiológica, com foco nas doenças uma das universidades, pois ainda não há médicos formados nesta
cronicodegenerativas, tornando-se fundamental o conhecimento e instituição.
elaboração de técnicas que visam à humanização do cuidado inte- Resultado: Ao analisar a percepção dos alunos acerca de seu prepa-
gral (físico, social, emocional e espiritual). ro em relação a questões sobre morte e terminalidade, nem sempre
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 57 anos, casado, é dado o embasamento necessário para a formação desse médico
tabagista, dislipidêmico, católico. Foi submetido a pneumectomia preconizado pela diretriz. Diante disso, questionou-se a importân-
direita com esvaziamento de mediastino (2016), por adenocarci- cia da formação médica em abordar de forma mais efetiva a temá-
noma de pulmão. Após um ano, evoluiu com dispneia aos mínimos tica da morte e terminalidade. Todos os coordenadores afirmaram
esforços. Realizada nova broncoscopia evidenciando recidiva tu- a importância de abordar a morte, porém não há uma intencionali-
moral (brônquio fonte contralateral/mediastino), sem condição dade objetiva que valorize o ensino da morte e terminalidade como
de abordagem cirúrgica. Houve conversa com o paciente (que se uma formação concreta. Na análise das entrevistas dos estudantes
encontrava consciente e orientado) e familiares sobre prognóstico e profissionais formados, foi reforçada a ausência da abordagem do
e medidas paliativas. Optou-se pela não realização de procedi- ensino da morte e terminalidade.
mentos invasivos, objetivando apenas intervenções para conforto Conclusão: A falta de discussão sobre a morte, associada a uma pos-
e analgesia. Evoluiu com quadro de insuficiência respiratória agu- sível falta de preparo dos professores, pode ter como consequência
da, sendo acompanhado por equipe de fisioterapia respiratória, alunos inseguros diante da morte, o que pode impactar negativa-
sedoanalgesia (morfina em infusão contínua), evoluindo a óbito na mente em sua saúde mental e no cuidado ao paciente terminal.
presença da família, sem dor ou desconforto ventilatório. Equipe Incluir os contextos familiar, social, espiritual e psicológico no olhar
multiprofissional manteve acompanhamento aos familiares após o sobre o paciente amplia a concepção de homem, saúde-doença,
falecimento. vida-morte. Diante deste contexto, questiona-se a importância de
Discussão: Percebe-se uma frustração em relação ao processo de a formação médica abordar de forma mais efetiva a temática da
morte. Parte disso deve-se à falta de capacitação na vida acadê- morte e terminalidade.
mica dos profissionais envolvidos no processo de paliação. O mo- Referências:
delo de saúde americano, com a medicina centrada na doença e 1. Siqueira JE. A arte perdida de cuidar. Bioética. 2002;10:89-106.
a intensa luta pela busca da cura, propiciou a cultura da negação 2. Fonseca A, Geovanini F. Cuidados Paliativos na formação do pro-
da morte. É árdua a mudança no contexto envolvendo os cuidados fissional da área de saúde. Rev Bras Educ Med. 2013;37:120-5.
dos pacientes em processo de terminalidade. Muitos acabam fale-
cendo longe de seus familiares, em ambiente frio e sem humani-
zação. Precisa-se ter empatia com o momento delicado vivenciado TLP955 CUIDADOS PALIATIVOS: O ANESTESIOLOGISTA
por todos, para que as decisões sejam compartilhadas. Trabalhar
INSERIDO NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
em equipe é fundamental, mantendo a coordenação do cuidado e
continuidade da assistência (que não se encerra na morte em si). Rayanne Mendes Guerra*, Márcia Adriana Dias M.Moreira,
Além disso, essas medidas fazem parte do pilar básico da assistên- Gilvandro Lins de Oliveira Júnior, Bernardo Lima da Nóbrega,
cia ao paciente oncológico. Aline Moreira Meirelles, Raquel de Souza Ferraz dos Santos
Conclusão: A abordagem multidisciplinar e integral do cuidado ao
Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), Universidade
doente assegurou melhor compreensão do desfecho clínico por to-
Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB, Brasil
dos os envolvidos. Com trabalho e dedicação, é possível mudar po-
sitivamente a experiência envolvendo o processo de morte, tanto Introdução e objetivo: A OMS dispõe que, dentre os princípios que
para os pacientes quanto para seus familiares. conduzem os cuidados paliativos (CP), destaca-se a promoção da
Referência: qualidade de vida e bem-estar ao paciente que enfrenta doença
1. Harman SM. Psychiatric and palliative care in the intensive care sem perspectiva de cura. Portanto, no âmbito dos cuidados palia-
unit. Rev Crit Care Clin. 2017;33:735-43. tivos o foco deve estar no cuidar, e considerando que o enfoque da
S146 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

terapia visa o alívio dos sintomas e não a cura, as ações médicas e alguns familiares iam visitá-la. Ao exame, a dor localizava-se na
devem ser integradas às de várias outras categorias profissionais, a região lombar e piorava ao movimento, Lasegue negativo, sem pon-
fim de propiciar ao paciente uma abordagem ampla e adequada. O tos gatilhos. Estava em uso de paracetamol 500 mg 6/6 h, tramadol
objetivo deste trabalho foi investigar a compreensão de anestesio- 100 mg 8/8 h e morfina 2 mg IV (SN). Foram introduzidos metadona
logistas sobre os cuidados paliativos. 5 mg 8/8 h, dipirona 2 g 6/6 h, amitriptilina 25 mg e gabapentina
Método: Realizou-se um estudo exploratório, descritivo, com abor- 300 mg. Regaste de morfina 2 mg se EVA > 7. Solicitado acompanha-
dagem qualitativa. Foram entrevistados 30 anestesiologistas. Os mento psicológico e assistente social. Após 56 h, continuava com
dados foram analisados de acordo com a técnica da análise de con- EVA 10 e feitos resgates de morfina. Aumentados gabapentina para
teúdo de Bardin. Os discursos propiciaram a construção da categoria 300 mg 12/12 h e metadona 10 mg 12/12 h. Após 24 h, encontrava-
temática Cuidados paliativos: o anestesiologista inserido na equipe se sonolenta, EVA 4, FR = 20 irpm, sem pupilas mióticas ou outros
multiprofissional. sinais de intoxicação narcótica. Com a progressão do câncer, houve
Resultado: Enfatizou-se que, nos CP, a integração e a harmonia da piora da dor, EVA 9, ECOG 4 e Karnofsky 20 e optou-se por morfina e
equipe multiprofissional deve assegurar um tratamento digno ao pa- cetamina em BIC, com uma melhora para EVA 3. Após 24 h, Karno-
ciente. Ademais, na prática dessa filosofia, um único profissional fsky 10, alterações neurológicas e respiração do tipo ‘gasping’. Após
não conseguirá suprir todas as necessidades que o cuidado integral reunião com as equipes de cuidado, a paciente e família e discussão
do paciente exige, pois o alvo deixa de ser a doença, que está além sobre a gravidade do caso, concordou-se em iniciar sedação para
das possibilidades terapêuticas de cura, e passa a ser o doente nas maior conforto. A paciente faleceu 60 dias após internação, à noite,
esferas física, psicológica, social e espiritual. Vale enfatizar que confortável, com a família presente.
é papel fundamental do médico anestesiologista a interação com Discussão: Devido ao difícil manejo da dor, especialmente em pa-
demais profissionais da equipe, para o ensino e manejo do uso de cientes em cuidados paliativos, é de extrema importância estabele-
medicações no controle da dor e sedação paliativa. O profissional cer uma boa relação médico-paciente para a possível diferenciação
deve ser encorajado a colaborar em programas educacionais de- dos tipos de dor do indivíduo. A partir desta definição, o manejo se
dicados à formação de outros profissionais em todos os ambientes torna mais palpável e controlável, tanto no meio intra como ex-
assistenciais. tra-hospitalar. Idealmente, abordagem interdisciplinar é necessária
Conclusões: O estudo possibilitou ressaltar que, segundo os parti- para que o paciente tenha alívio satisfatório da dor total e melhor
cipantes da pesquisa, diante de um paciente que necessita de cui- qualidade de vida.
dados paliativos, o médico deve saber trabalhar em equipe para Referência:
melhor atender às necessidades do doente. O anestesiologista re- 1. Saunders C. Introduction: history and challenge. In: Saunders C,
vela-se como um profissional essencial dentro do grupo de trabalho Sykes N, eds. The Management of Terminal Malignant Disease.
que conduzirá a assistência a esses pacientes. Dessa forma, consi- London, Great Britain: Hodder and Stoughton. 1993:1-14.
derou-se que, na seara dos cuidados paliativos, a equipe multipro-
fissional é indispensável, a fim de que um manejo total e integral
seja promovido. TLO038 ENSINO DE CUIDADOS PALIATIVOS NA
Referência: GRADUAÇÃO EM MEDICINA NO BRASIL
1. Santos MFO, Teles NO, Oliveira HJO, et al. Avaliação do conheci-
Úrsula Bueno do Prado Guirro*, Gisele dos Santos,
mento dos anestesiologistas sobre cuidados paliativos. Rev Bioét.
2014;22:373-9. Rogério de Fraga, Edison Luiz Almeida Tizzot
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
Justificativa e objetivos: A nova diretriz curricular recomenda para
TLO958 DOR TOTAL – UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA
as escolas médicas brasileiras contemplar o ensino de Cuidados Pa-
AOS PORTADORES DE DOR liativos (CP) na gradução; no entanto, as competências necessárias
Pedro Victor Martins Vasconcelos*, Bruna Daibert Danesin, aos discentes e docentes não estão descritas. O objetivo deste es-
Marcelo Vaz Perez, Thiago Ramos Grigio, tudo foi avaliar a educação em CP em países que têm o ensino dos
Rodrigo Teixeira Magalhães, Ayrton Bentes Teixeira cuidados no final da vida instituídos na graduação médica.
Método: Revisão da literatura com os termos “medical education”
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP,
e “palliative care”.
Brasil
Resultado: Nos Estados Unidos e na Europa, a educação em CP é
Introdução: A dor sempre foi enquadrada como experiência subje- descrita como necessária e foi discutida por comitês específicos. Os
tiva em resposta a estímulo nocivo de lesão tissular. Entretanto, na principais constituintes do ensino em CP são autonomia, dignida-
segunda metade do século XX, passou a ser compreendida de forma de, relação entre os profissionais do sistema de saúde e paciente,
mais ampla. Crenças, estado espiritual, medo, relações interpes- qualidade de vida, decisões em relação à vida e à morte, comu-
soais e a percepção do sentido da vida, entre outros, influenciavam nicação, educação pública, abordagem multiprofissional e luto.
diretamente na percepção e expressão da dor. Cicely Saunders foi Competências são descritas como “um conjunto de conhecimentos,
quem introduziu a teoria da Dor Total, sugerindo que a experiência habilidades e atitudes que afetam o desempenho de uma função ou
da dor possui 4 componentes: físico, psicológico, social e espiritual, papel, que se correlaciona com o desempenho no trabalho e pode
e estes se somam para criar a percepção da dor de forma individual ser avaliada por métodos estabelecidos padronizados, melhorados
por cada paciente. e desenvolvidos”. Nos Estados Unidos, a recomendação mínima foi
Relato de caso: Paciente feminina, 51 anos, casada, 3 filhos, do de 2 horas semanais por semestre em sala de aula abordando a
lar, internada para investigação de massa pélvica. Solicitada inter- terminalidade, seguido de rodízios em serviços específicos e em ins-
consulta após 2 dias de internação à equipe da dor por lombalgia tituições hospice. Na Europa, compreendida por 50 países e diversi-
intensa. Paciente acompanhada pela equipe de Cuidados Paliativos dade inerente, os CP são não ensinados em todos os países – em 14
e Dor, encontrava-se consciente e orientada com fácies de dor in- deles não se ensinam os cuidados na terminalidade, e um docente
tensa, EVA 10. Paciente estava chorosa, angustiada, preocupada especialista foi identificado em apenas 40% dos países. Por outro
com seus filhos, visto que precisavam trabalhar e não conseguiam lado, 13 países ensinam CP em todas as escolas. As competências
visitá-la. Refere ser evangélica e tinha esperança na cura do câncer. médicas essenciais são aplicar adequadamente os constituintes bá-
Nas últimas duas semanas, ficava a maior parte do tempo deitada sicos dos CP, manejar os sintomas desconfortáveis impostos pelo
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S147

adoecimento e processo de morte, atender às demandas psicosso- Conclusões: Estes resultados estão de acordo com estudos multi-
ciais e espirituais, acolher as necessidades familiares, atender aos cêntricos, quando sugerem que, independentemente da via de ad-
desafios clínicos e éticos da terminalidade e CP, atuar em equipe, ministração, tempo de terapia com opioide potente, faixa etária,
comunicar-se adequadamente com paciente, familiares e equipe e sexo, nível de escolaridade, os opioides podem interferir na função
autoconhecimento e desenvolvimento continuado. cognitiva dos pacientes oncológicos avaliados pelo MEEM.
Conclusões: Ensinar CP é muito mais que capacitar para a implanta- Referências:
ção de protocolos. Há que se rever o entendimento do que é viver e 1. Kurita GP, Sjøgren P, Ekholm O, et al. Prevalence and predictors
do processo de adoecimento e morte. A aquisição de competências of cognitive dysfunction in opioid-treated patients with cancer:
humanas, técnicas e bioéticas e o modo de aferir tal capacitação a multinational study. J Clin Oncol. 2011;29:1297-303.
ainda é um desafio do ensino no cenário mundial e também no brasi- 2. Kurita GP, de Mattos Pimenta CA, Braga PE, et al. Cognitive
leiro. Existem muitas capacidades técnicas que precisam ser desen- function in patients with chronic pain treated with opioids:
volvidas na equipe docente para que o aluno possa ser capacitado characteristics and associated factors. Acta Anaesthesiol Scand.
de maneira ideal. 2012;56:1257-66.
Referências:
1. Gamondi C, Larkin P, Payne S. Core competencies in palliative
care: an EAPC White Paper on palliative care education – part 2. TLO480 PREVALÊNCIA DOS SINTOMAS EM PACIENTES
Europ J Palliative Care. 2013;20:140-5. ONCOLÓGICOS PALIATIVOS – SÉRIE DE CASOS
2. Horowitz R, Gramling R, Quill T. Palliative care education in U.S.
Anderson Meneghini Capra*, Antonio Andrigo Ferreira de Carvalho,
medical schools. Med Educ. 2014;48:59-66.
Joana Zulian Fiorentin, Roberto Henrique Benedetti,
Maria Tereza Evangelista Schoeller,
TLO924 INFLUÊNCIA DA TERAPIA OPIOIDE AGUDA Breno José Santiago Bezerra de Lima
E CRÔNICA NA COGNIÇÃO DE PACIENTES COM DOR Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON), Florianópolis, SC, Brasil
ONCOLÓGICA Serviços Integrados de Anestesiologia (SIANEST), Florianópolis, SC,
Ana Paula Medeiros Hortêncio, Aline Mariana Silva Cândido, Brasil
Kamila Vieira de Oliveira*, Flávio Souza Melo, Introdução: Acredita-se que o envelhecimento da população au-
Mirlane Guimarães de Melo Cardoso, Bianca Frota Farias de França mentará a incidência de câncer. Este fator, associado ao surgimento
de novas tecnologias e diagnóstico precoce, levará ao aumento da
Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do
sobrevida desses pacientes, fazendo-se cada vez mais necessários os
Amazonas, Manaus, AM, Brasil
cuidados paliativos. A Organização Mundial de Saúde define: “Cuida-
Introdução: Opioides potentes são utilizados para o controle da dor dos paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe
aguda e crônica, devido às suas propriedades analgésicas. A morfina multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do
aparece como opioide potente de primeira linha no tratamento de paciente e seus familiares diante de uma doença que ameace a
dores de intensidade crescente, como a dor associada ao câncer. vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação
Vários estudos de observação clínica têm relatado a interferência precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sin-
dessa droga na função cognitiva em seres humanos. Este estudo tem tomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais”. Assim, conhecer
por objetivo correlacionar alterações na função cognitiva de pa- esta população é fundamental para orientar terapêuticas e melho-
cientes em uso de opioide potente para dor do câncer, assistidos em rar a qualidade de vida dos pacientes.
regime ambulatorial e na urgência da Fundação Centro e Oncologia Descrição da série: Foram coletados os dados de 11 pacientes em
do Estado do Amazonas (FCECON). cuidados paliativos e tratamento com acupuntura em um centro on-
Método: Estudo prospectivo, observacional e descritivo, utilizan- cológico. Esses dados compõem dados preliminares de projeto de
do-se o teste Mini Exame do Estado Mental (MEEM), validado no pesquisa desta instituição. Os pacientes apresentaram idade média
Brasil em 1998, para avaliação clínica da função cognitiva. A amos- de 52 anos (24 a 64 anos). Sexo feminino, 91% (10). Etnia branca,
tra é composta por pacientes oncológicos, maiores de 18 anos, 82% (9) e parda, 18% (2). Sítio do tumor primário: mama, 55% (6),
em uso de opioides potentes, que assinaram o TCLE, com CAAE nº colo uterino, 27% (3), sarcoma de ombro, 9% (1), medula espinhal,
05580712.9.0000.0004, distribuídos em dois grupos: Grupo I: Tera- 9% (1). Metástases: óssea 36% (4), e hepática 9% (1). Tabagismo ati-
pia crônica (Ambulatório de Dor) e Grupo II: Terapia aguda (Pronto vo, 9% (1), abstinente, 36% (4). Etilismo, 27% (3). Medicamentos
Atendimento). Os dados passaram por análise descritiva por meio de sintomáticos utilizados para dor: pregabalina, 91% (10), metadona,
medida de frequência relativa das variáveis. 64% (7), codeína, 36% (4), morfina, 27% (3), oxicodona, 18% (2).
Resultado: Foram incluídos no estudo 78 pacientes, sendo 36 no Antieméticos: ondasentrona, 27% (3), metoclopramida, 18% (2).
GI e 42 no GII, apresentando o seguinte perfil comum: predomínio Antidepressivos: venlafaxina, 18% (2), amitriptilina, 18% (2), fluo-
do sexo feminino, do câncer de colo do útero e ensino médio com- xetina, 9% (1). Benzodiazepínicos: diazepan, 18% (2), clonazepan,
pleto como escolaridade. No GI, a faixa etária mais frequente foi 9% (1). A prevalência dos sintomas pesquisados foi: dor, 100% (11),
26-50 anos, a morfina foi o opioide mais usado (44,1%) seguida da ansiedade, 82% (9), cansaço/fraqueza, 55% (6), sonolência, 55% (6),
metadona (35,29%) pela via oral, por um tempo médio de 8,2 me- falta de ar, 45% (5), náusea, 36% (4), perda do apetite, 36% (4),
ses. No GII a faixa etária predominante foi de 51-75 anos, 100% dos constipação, 18% (2). Quanto ao tipo de dor: neuropática, 82% (9) e
pacientes usaram morfina por via endovenosa por 32 horas, aproxi- nociceptiva, 18% (2).
madamente. A pontuação média do MEEM no GI foi de 23,47, e no Discussão: Comparando os dados encontrados com um estudo brasi-
GII foi de 22,72. No GI, a avaliação cognitiva alterada foi de 67,75%, leiro, estimou-se a incidência dos sintomas em: Dor (96%), Náuseas
e 32,35% tiveram pontuação adequada, ou seja, esperada para o e/ou vômitos (61%), constipação (48%), insônia (40%), dispneia (30%),
nível de escolaridade. No GII a avaliação alterada foi de 69,45%, e anorexia (28%) e linfedema (18%). Quanto ao tipo de dor, encontrou-
30,55% tiveram pontuação adequada. Estes resultados concordam se dor neuropática (74%), nociceptiva (69%) e incidental (25%). Con-
com estudos multicêntricos, exceto quando se avalia a dose equipo- cluímos que, embora a distribuição das prevalências seja semelhante
tente de morfina, que apresenta valores muito menores que outros aos dados da literatura, é necessário ampliar o estudo visando esta-
países, indicando que ainda se realiza subdoses para controle de dor belecer maior validade interna e utilização dos dados para estabele-
crônica oncológica. cer a melhor estratégia de tratamento destes pacientes.
S148 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Referências: Referência:
1. World Health Organization (WHO). Disponível em: <http://www. 1. World Health Organization (WHO). Planning and implementing
who.int/ncds/management/palliative-care/introduction/en/> palliative care services: a guide for programme managers. World
Acesso em 23/03/2017. Health Organization, 2016.
2. Salamonde GLF, Verçosa N, Barrucand L, et al. Análise clíni-
ca e terapêutica dos pacientes oncológicos atendidos no pro-
grama de dor e cuidados paliativos do Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho no ano de 2003. Rev Bras Anestesiol.
2006;56:602-18. XXXI) Ensino em Anestesia

TLP590 SISTEMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO EM CUIDADOS TLO706 ANÁLISE DA CURVA DE APRENDIZADO DOS


PALIATIVOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO RESIDENTES DE ANESTESIOLOGIA ATRAVÉS DE APLICATIVO
Richelane da Costa Reis Leite, João Batista Santos Garcia, Rafael José Nalio Grossi*, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto,
Vanise Barros Rodrigues da Motta, Carlos Eduardo de Melo Leite, Enis Donizetti Silva, Fernando David Goehler,
Erika Duailibe Mascarenhas Fernandes, Gustavo Tadeu Olivetti, Claudia Marquez Simões
Silvana Maria Raposo Salazar*
Serviços Médicos de Anestesia Ltda., São Paulo, SP, Brasil
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU- Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil
UFMA), São Luís, MA, Brasil
Introdução: Dentre várias atribuições do anestesiologista, o re-
Justificativa: Os cuidados paliativos (CP) buscam a melhoria da qua- sidente deve aprender a executar procedimentos práticos, como
lidade de vida dos pacientes e seus familiares diante de uma doença punção venosa e arterial, intubação orotraqueal, bloqueios nervo-
ameaçadora à continuidade da vida por meio da prevenção e alívio sos, dentre outros. Dentre as metodologias para análise da curva de
do sofrimento. Tal filosofia conjuga valores de pacientes, familiares aprendizado, a Soma Cumulativa (CUSUM) é um dos métodos mais
e corpo clínico, facilitando as transferências entre os vários setores utilizados para avaliar o desempenho individual em procedimentos
hospitalares. Uma atenção especial aos CP se faz necessária devido práticos, inclusive na medicina. Seu uso também tem sido associa-
a prestação de assistência humanizada ao alívio da dor e de outros do com melhor desfecho na garantia da qualidade de assistência
sintomas físicos, controle nas questões psicossociais e compreensão
à saúde. Ele permite a confecção da curva de aprendizado e a in-
da morte.
ferência sobre o desempenho estatisticamente embasado. Devido
Objetivo: Descrever a sistematização do atendimento em CP em um
à complexidade matemática do processamento dos dados deste
Hospital Universitário.
método, aliado ao desejo de avaliar a curva de aprendizado dos
Método: Trata-se de um relato de experiência descritivo do Grupo
residentes de um hospital privado terciário, realizou-se uma busca
de Estudo em Dor e Cuidado Paliativo, no período de março de 2016
detalhada de uma ferramenta para utilização desta metodologia,
a março de 2017. Os dados foram analisados com um instrumento
no entanto, sem sucesso. Esta lacuna motivou o desenvolvimento
de registro (livro de atas).
de um aplicativo para monitorização da evolução do residente atra-
Resultados: Foram acompanhados 42 pacientes nas seguintes unida-
vés da metodologia CUSUM.
des de internação: Clínica Médica Adulto (n = 11) e Pediátrica (n =
Relato de experiência: Desenvolveu-se um aplicativo para o sis-
7), Clínica Cirúrgica Adulto (n = 2) e Pediátrica (n = 2), UTI Cardioló-
tema Android no qual o usuário alimenta os procedimentos de
gica (n = 2), UTI Geral (n = 7), UTI Pediátrica (n = 3) e UTI Neonatal
estudo com seus nomes, critérios de sucesso e falha e seu desem-
(n = 5). Destes, contabilizaram-se 40% crianças (n = 17), sendo 11%
penho pessoal. Quando desejado, pode-se visualizar o histórico
da faixa etária neonatal (n = 5), 4% adolescentes (n = 2), 21% adultos
de desempenho, dados estatísticos e sua curva de aprendizado.
(n = 9) e 33% idosos (n =14). Realizaram-se 240 avaliações, sendo
cada paciente avaliado, em média, 5,7 vezes. Em todos indicou-se Esses dados são facilmente compartilhados por e-mail com a pre-
CP exclusivo após avaliação de funcionalidade usando como escala ceptoria, para avaliar periodicamente a evolução do residente
a Palliative Performance Scale (PPS). As doenças mais prevalentes e providenciar intervenção precoce, se necessário. Em vista de
foram: Tumor Cerebral (n = 8), Encefalopatia pós-PCR (n = 3), cân- avaliar o desempenho dos residentes do serviço, foi necessário
cer gástrico (n = 3) e Acidente Vascular Cerebral (n = 4). Reuniões avaliar a aplicabilidade da metodologia proposta e, para tanto,
familiares foram programadas para 100% dos pacientes. Em 2 casos, foi solicitada a utilização do aplicativo por dois residentes do pri-
a família foi contrária aos CP. Dentre as medidas adotadas, foram meiro ano, a fim de se obter um piloto para aplicação posterior. O
realizadas otimização de analgesia em 100% dos pacientes (n = 42), uso do aplicativo permitiu a avaliação do desempenho em tempo
suspensão de dieta em 11% (n = 3), desintubação paliativa em 3% real pelos próprios residentes, além de fornecer essas informa-
(n = 1), sessão espiritual 15% (n = 4), redução de monitorização ções objetivamente para a preceptoria. O residente que possuía
em 46% (n = 12) e espaçamento na coleta de exames em 61% dos experiência em atendimento de emergência apresentou melhor
pacientes (n = 26). Dos pacientes em unidade de terapia intensiva desempenho que o outro.
(n = 17), 64% (n = 11) vieram a óbito, sendo os demais transferidos Discussão: O aplicativo mostrou-se pertinente ao seu propósito. De-
para outras unidades de internação. Foram estabelecidas ordem de vido ao seu layout neutro, permite prontamente a utilização em
não reanimação em 26% dos casos (n = 11), e em um destes, apesar outras áreas da medicina, de acordo com os critérios e parâmetros
do acordo de limitação terapêutica e de investimentos, houve en- estatísticos desejados. Com isso, a avaliação da curva de aprendi-
caminhamento para UTI. zado – um importante recurso na promoção da assistência à saúde
Conclusão: A implementação de uma rede de CP é um desafio. A de qualidade – ficou disponível para os preceptores através de uma
experiência relatada segue a tendência nacional de criação de um nova ferramenta. Futuramente, mais testes serão necessários, com
programa de CP a partir de serviços de dor, apesar de necessitar o intuito de aprimorar a tecnologia.
de implementação de equipe multiprofissional para otimização e Referências:
eficácia do atendimento. O significativo público de pacientes que 1. Aguirre Ospina OD, Ríos Medina ÁM, Calderón Marulanda M, et
necessitam de CP evidencia a necessidade de investimento para am- al. Cumulative Sum learning curves (CUSUM) in basic anaesthesia
pliação desse projeto. procedures. Colomb J Anesthesiol 2014;42:142-53.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S149

2. de Oliveira Filho GR. The construction of learning curves for ba- Justificativa e objetivos: A manipulação das vias aéreas é prática
sic skills in anesthetic procedures: an application for the cumu- comum na vida médica, que necessita de prudência e, acima de
lative sum method. Anesth Analg. 2002;95:411-6. tudo, conhecimento, pois trata-se de uma situação delicada, que
exige habilidade e passível de complicações. Reconhecer uma via
aérea difícil (VAD) é estratégico, pois é uma forma de antever pos-
TLP191 ANESTESIA PARA TODOS: CONHECER, CONFIAR, síveis dificuldades e saber a melhor forma de agir, com redução de
DIVULGAR (LANES/UFRJ) complicações como sequelas neurológicas ou óbitos devido à hipo-
xemia. O objetivo desse trabalho foi analisar o perfil de conheci-
Fátima Carneiro Fernandes*, Márcio Carneiro Vieira,
mento, treinamento e experiência em vias aéreas de acadêmicos do
Rafael C Franco, Rafael L Kader, Rodrigo R Araújo,
sexto ano de medicina de uma Universidade Federal.
Gabriel M da Silveira Método: Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa Institucio-
CET Prof. Bento Gonçalves, Faculdade de Medicina, Hospital nal, os acadêmicos foram convidados a responder a um questionário
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), Universidade sobre vias aéreas. O questionário abordou conhecimentos teóricos
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil sobre preditores de vias aéreas, como Classificação de Mallampati
e Cormack-Lehane, práticas e domínio em intubação orotraqueal
Uma liga acadêmica é uma associação civil e científica livre, de dura-
(IOT) e uso e conhecimento de dispositivos auxiliares para manejo
ção indeterminada, sem fins lucrativos, com sede e fórum na cidade
das vias aéreas. Coletadas as informações, os dados foram tabula-
da instituição de ensino que a abriga. Visa enriquecer a formação
dos em planilhas para posteriores análises.
acadêmica em uma área específica, por meio de atividades que aten-
Resultado: Participaram da pesquisa 50 acadêmicos (adesão de
dam os princípios do tripé universitário de ensino, pesquisa e exten-
62,5%), com mediana de idade de 25 anos (22-37a) e divisões iguais
são. O ensino curricular embasa a abrangência da medicina e de suas
especialidades, norteando a escolha dos alunos para sua formação de sexo. A análise estatística mostrou que 100% dos acadêmicos co-
após a graduação. Com a anestesiologia, é um aspecto particular- nhecem a Classificação de Mallampati; porém, apenas 38% relatam
mente crítico, pois o seu ensino curricular é bastante restrito e per- conhecer a classificação de Cormack-Lehane. Quanto à prática de
mite visões distorcidas da atividade. A anestesiologia tem profundos IOT, 68% dos acadêmicos realizaram pelo menos uma IOT em pa-
alicerces científicos, farmacológicos e bioquímicos, além do desen- cientes durante a graduação. Sobre o conhecimento de dispositivos
volvimento de habilidades em procedimentos necessários a monito- auxiliares e supraglóticos, 86% disseram conhecer o Bougie e 82% um
rização ampla ou garantia de vias aéreas. Assim, a liga oferece ao dispositivo supraglótico (DSG). Quanto à necessidade de estabelecer
aluno a construção de uma visão crítica sobre a prática e seus reais uma via aérea cirúrgica, 32% dos estudantes referiram ser capazes
pré-requisitos, além da percepção de limites teóricos destes proce- de estabelecer uma via aérea cirúrgica.
dimentos, possibilidades de pesquisa, compreensão do impacto de Conclusões: Apesar de o ensino da anestesiologia em grade curricu-
comorbidades e uso de fármacos. A Liga Acadêmica de Anestesiologia lar ser obrigatória em nossa instituição, percebe-se a necessidade
(LANES), fundada no ano de 2016, tem caráter multi-institucional e de novas abordagens e intervenções em diferentes momentos do
multiprofissional. É constituída por uma diretoria administrativa e curso acadêmico. O estabelecimento de atividades nos âmbitos de
membros efetivos, como presidente, vice-presidente e diretores, a ensino, pesquisa e extensão deve ser estimulado para consolidação
citar: diretor científico, relações públicas, tesoureiro, entre outros. de conhecimentos de preditores e treinamentos em situações de
O programa teórico-prático se baseia em 2 edições por ano, com au- manejo de vias aéreas, assim como condutas frente à VAD e seus
las teóricas, 1 aula prática semanal no centro cirúrgico para acompa- fluxogramas, e uso de dispositivos auxiliares, como Bougie e DSG.
nhamento de um ato anestésico e 2 práticas ao fim do curso, no labo- Referência:
ratório de simulação/UFRJ, com estações de manuseio de vias aéreas 1. Ramalho AS, Silva FD, Kronemberger TB, et al. Ensino de anes-
e BLS. O programa teórico compreende assuntos como: manuseio de tesiologia durante a graduação por meio de uma liga acadêmica:
vias aéreas, anestésicos locais e toxicidade, anestésicos gerais inala- qual o impacto no aprendizado dos alunos?. Rev Bras Anestesiol.
tórios e venosos, avaliação pré-anestésica, bloqueadores neuromus- 2012;62:63-73.
culares, monitorização, PCR e reanimação, bloqueios do neuroeixo
(raquianestesia e peridural), metodologia científica etc. Ao final, há
uma avaliação de 20 questões objetivas para aferir captação de co- TLP820 O CONHECIMENTO DO MÉDICO RECÉM-FORMADO
nhecimento. A certificação é feita a partir de 75% de presença nas NA ABORDAGEM DA VIA AÉREA E A IMPORTÂNCIA DE
atividades teóricas, presença nas atividades práticas e realização da
CURSOS TEÓRICOS E PRÁTICOS NESSE CAMPO
avaliação teórica. No ano de 2016, primeiro ano, tivemos 15 alunos.
Já em 2017.1, tivemos 35 alunos. O fato de ser oferecido também a Bruno Gomes Camacho*, Maria Angélica Abrão,
alunos de outras universidades permite confrontar uma visão endó- Fernanda Fonseca Lopes, Thiago Russell R. Peclat da Silva,
gena do discente de medicina com uma realidade abrangente. Assim, Luiz Henrique Christensen F. C. Bendlin, Simone Soares Leite
é possível transformar a visão da anestesiologia na formação do alu-
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF),
no para além dos muros da UFRJ e contribuir como agente crítico de
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
seu conhecimento e de seu papel social.
Brasil
Referência:
1. Silva AS, Flores O. Ligas Médicas no processo de formação do Justificativa e objetivos: Ventilação sob máscara facial e intubação
estudante. Rev Bras Med. 2015;39:410-17. orotraqueal são considerados procedimentos essenciais nos cuida-
dos de vida. No entanto, o nível deste conhecimento não é satisfa-
tório, mesmo entre os profissionais mais qualificados. Em hospitais
TLO422 MANEJO DAS VIAS AÉREAS NA GRADUAÇÃO: com programas de residência médica é frequente que médicos em
DIAGNÓSTICOS DO CURSO DE MEDICINA treinamento sejam responsáveis por esse primeiro atendimento.
Alline Amaral da Costa Moreira*, Luciano Alves Matias da Silveira, Para aprendizado médico, o ensino de técnicas com simulações rea-
lísticas vem sendo utilizado. Objetivou-se, neste estudo, aplicar a
Flora Margarida Barra Bisinotto, Aílton Batista de Araújo,
prática da simulação em manejo da via aérea aos residentes do
Claudine de Souza, Rodrigo Fonseca Abreu
primeiro ano e avaliar seu desempenho.
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Triângulo Método: Recém-formados em medicina e atualmente residentes
Mineiro (UFTM), Uberaba, MG, Brasil primeiro anistas de clínica médica e cirurgia geral foram convida-
S150 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

dos a participar do estudo. Um pré-teste teórico foi aplicado para solicitados foram farmacologia, ACLS, monitorização e técnicas de
todos os participantes, seguido por uma aula teórica e um pós-teste controle das vias aéreas e de bloqueios regionais. O internato foi
teórico. Os participantes foram distribuídos em 5 grupos, e depois avaliado como bom por 88% e regular por 12%, sendo citado por
submetidos a uma primeira avaliação prática. A seguir, realizou-se 86% deles como importante para escolha da especialização futura.
aula prática com manequins, e, após, uma reavaliação dos testes Como pontos positivos, a teoria aplicada (33%), a atenção aos alunos
teórico e prático. Os residentes que obtinham uma nota igual ou su- (25%) e a realização de procedimentos práticos (25%) mereceram
perior a 15 eram considerados competentes. No teste teórico, nota destaque. Dentre os pontos negativos, notamos que todos apontam
igual ou superior a 7 foi considerada satisfatória. Para análise de da- para a baixa atividade prática. Novamente, quando avaliamos as
dos não paramétricos, o Wilcoxon flagged test e o Friedman ANOVA sugestões para aumentar as discussões clínicas e incrementar as
foram utilizados. As variáveis qualitativas foram analisadas através atividades com manequins, aflora o anseio do alunado por maior
do McNemar test. O valor de p < 0,05 foi considerado significativo. atividade prática.
Resultado: Dos 31 residentes convidados, 25 foram incluídos. Des- Conclusão: A queda no número de leitos nos hospitais de ensino é
ses, 1 foi excluído, 24 tiveram os dados práticos analisados e 22 os queixa manifesta dos internos e se reflete na pouca atividade práti-
dados teóricos. A competência dos profissionais na avaliação prática ca disponível. A introdução de um grupo com metodologia definida
aumentou de 20,8% para 87,5% no fim do curso (p < 0,0001). Na ava- aliada à simulação com manequins pode suprir essa demanda e deve
liação teórica, o número de estudantes com resultados satisfatórios ser incrementada.
saltou de 13,6% para 63,8% entre o pré e o pós-teste, e para 68,1% Referências:
no teste após a prática (p < 0,0001). 1. Rohan D, Ahern S, Walsh K. Defining an anaesthetic curriculum for
Conclusões: Demonstrou-se que curso teórico-prático para aborda- medical udergraduates. A Delphi study. Med Teach. 2009;31:e1-5.
gem da via aérea para médicos recém-graduados é eficaz para a 2. Lin YC. Improving the anesthesiology clerkship for medical stu-
aprendizagem. Também ficou evidente a discrepância entre a ava- dents. J Educ Perioper Med. 1999;1:E009.
liação teórica e prática. Assim, sugerimos a necessidade de avalia-
ção prática nos cursos da área médica.
Referências: TLO378 PRESSÃO DO BALONETE DO TUBO TRAQUEAL:
1. McGraw RC. Testing the Validity of an Assessrnent Process for ESTÃO TODOS OS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NESTE
Airway Management Skills. Tese [Doutorado em Educação] – CUIDADO?
Queen’s University, Kingston, Ontario; 2000.
Luciano Alves Matias da Silveira, Flora Margarida Barra Bisinotto,
2. Kuduvalli PM, Jervis A, Tighe SQM, Robin NM. Unanticipated diffi-
Laura Bisinotto Martins, Alline Amaral da Costa Moreira*,
cult airway management in anesthetized patients: a prospective
study of the effect of mannequin training on management stra- Laís Araújo Oliveira, Pedro Henrique Sirotheau Correa Alves
tegies and skill retention. Anesthesia. 2008;63:364-9. Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (UFTM), Uberaba, MG, Brasil
Justificativa e objetivos: A intubação traqueal (IT) é um procedi-
TLO174 O ENSINO DE ANESTESIOLOGIA NO INTERNATO:
mento comum tanto no centro cirúrgico (CC) como no centro de
AVALIANDO RESULTADOS NO HUCFF/UFRJ
terapia intensiva (CTI) e unidades de urgência e emergência (PS),
Leonel dos Santos Pereira, Márcio Carneiro Vieira, Victor Cheng*, com a finalidade de manutenção da ventilação mecânica (VM). A
Guilherme Lee, Fátima Carneiro Fernandes presença do balonete na porção distal do tubo traqueal (TT) é ne-
cessária para impedir a broncoaspiração, permitir o funcionamento
CET Prof. Bento Gonçalves, Hospital Universitário Clementino
adequado dos ventiladores e ainda ajudar na manutenção da posi-
Fraga Filho (HUCFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro
ção do tubo. No entanto, pode levar a complicações relacionadas à
(UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
sua execução e permanência prolongada. Uma pressão de insuflação
Introdução: O ensino médico é impactado diretamente por múl- exagerada, acima da pressão de perfusão do capilar que nutre a mu-
tiplos fatores, como a redução de leitos e de pacientes interna- cosa traqueal, pode levar a complicações isquêmicas com sequelas
dos. Assim,o foco do aprendizado afasta-se da unidade hospitalar importantes. A necessidade da manutenção da pressão adequada
e direciona-se aos cursos preparatórios para residência médica e pode ser desconhecida ou negligenciada pelos profissionais envol-
a formação prática é abandonada. Anestesia é uma atividade que vidos nos cuidados com o paciente. O objetivo deste trabalho foi
agrega atividades importantes a diferentes áreas da medicina. Daí avaliar as pressões dos balonetes dos TT de pacientes intubados em
a necessidade de interação, treino e vivência para sua compreen- várias áreas de um Hospital Universitário. Considerou-se estatistica-
são e prática. Objetivando reaproximar e estreitar a relação aluno/ mente significativo o valor de p < 0,05.
Instituição, o Serviço de Anestesiologia do HUCFF modelou um curso Método: Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) ins-
com temas de interesse amplo, habilitando preceptores por cursos titucional, foi realizado um estudo prospectivo, analítico e descri-
específicos e treinamento tanto em pacientes quanto manequins. tivo, no período de dezembro de 2016 a junho de 2017, no Pronto
Durante cinco anos foram feitas avaliações junto aos alunos sobre Socorro Adulto (PSA), CTI e CC de um Hospital Universitário, que
suas expectativas e visão final sobre o internato. constou da aferição aleatória da pressão do balonete dos TT de pa-
Método: Por cinco anos, o interno, ao se apresentar ao Serviço, cientes que se encontravam sob IT/VM. Utilizou-se, para este fim,
respondeu a um questionário com perguntas sobre sua opção de um manômetro de aferição calibrado (cuffômetro), cujo intervalo
especialidade, expectativas teóricas e práticas, quais atribuições o de medidas varia de 0 e 120 cm H2O. Foram considerados valores
interno deveria ter e que habilidades práticas dominava. Ao final do normais de medida o intervalo entre 25 a 30 cm H2O. Valores abaixo
período, novo questionário foi aplicado avaliando o internato, seus de 25 cm H2O foram considerados de risco para aspiração, e acima
pontos positivos e negativos, que tipo de avaliação deveria ser feita de 30 cm H2O, de risco para lesões traqueais.
e sugestões para melhoria do curso. Resultado: Participaram do estudo 390 pacientes adultos (50,8% do
Resultado: Dentre os participantes, 83% já tinham a anestesia como CC; 26,4% do PSA; 22,8% do CTI), com idade média de 51,65 ± 17,7
opção de especialização, o que se manteve. Sobre as expectativas, anos, 52,3% do gênero masculino e 47,7% feminino. O tempo médio
o treinamento prático predominou (32%), sendo que o interesse de permanência do TT no CTI e PSA foi de 5 dias ± 4 dias. Os valores
pela rotina da especialidade (25%) e por atividades teóricas espe- da pressão do balonete tiveram uma mediana de 35 cm H2O (5 – 120
cíficas (22%) também mereceu destaque. Os temas teóricos mais cm H2O), com 24,4% dos valores dentro da normalidade; 19,7% abai-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S151

xo de 25 cm H2O e 55,9% acima de 30 cm H2O. Quanto aos locais de Referências:


aferição, o CTI apresentou 50,6% de medidas adequadas, o CC 15,7% 1 Lima FD, Buunk AP, Araújo MBJ, et al. Síndrome de Burnout em
e o PSA 18,4% (p < 0,001 entre CTI e os grupos PSA e CC). residentes da Universidade Federal de Uberlândia – 2004. Rev
Conclusão: Este estudo mostrou que a maioria dos pacientes in- Bras Educ Méd. 2007;31:137-46.
tubados (75,6%) encontram-se com a pressão do balonete fora dos 2. Amariz AA, de Paula ACN, Rosário BCR, et al. Prevalência da Síndro-
limites adequados; e no CTI os cuidados são significativamente me de Burnout em Médicos e Médicos Residentes em Montes Claros
maiores em relação ao CC e unidades emergenciais. Faz-se ne- – MG no Ano de 2014. Rev Unimontes Cientific. 2016;18:62-75.
cessária, dessa forma, a divulgação de informações como essa,
assim como o ensino em Hospitais Universitários, pois mudanças
em condutas diárias podem ser esperadas, para melhor assistência TLO190 SALVANDO VIDAS
ao paciente. Fátima Carneiro Fernandes*, Márcio Carneiro Vieira,
Referência: Rafael C Franco, Paula Marsico P da Silva
1. Penitenti RM, Vilches JIG, Oliveira JSC, et al. Controle da pres-
são do cuff na unidade terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. CET Prof. Bento Gonçalves, Faculdade de Medicina, Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), Universidade
2010;22:192-5.
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Introdução: Na vigência da parada cardiorrespiratória (PCR), a rea-
TLO202 PREVALÊNCIA DE SÍNDROME DE BURNOUT EM lização imediata da ressuscitação cardiopulmonar (RCP), inclusive
RESIDENTES DE ANESTESIOLOGIA só com compressões torácicas por socorristas leigos da comunida-
de, contribui sensivelmente para o aumento da sobrevivência das
Thiago Zampari Ferreira*, Kleber Jordão de Souza, David Ferez
vítimas de PCR. As acões realizadas durante os minutos iniciais de
Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência de São atendimento a uma emergência são críticas em relação à sobrevi-
Paulo, São Paulo, SP, Brasil vênca das vítimas.
Descrição: O curso SALVANDO VIDAS tem como objetivo capacitar
Justificativa e objetivos: A Síndrome de Burnout (SB) é caracteriza-
jovens adultos, oriundos basicamente da comunidade do Morro do
da por Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DP) e Reduzida
Alemão e entorno, estudantes do E/SUBE/CRE (04.10.202) CIEP
Realização Profissional (RRP), que podem ocorrer entre indivíduos
YURI GAGARIN, Av. dos Campeões, s/n, Bonsucesso, RJ, turno no-
que trabalham com pessoas. Dados brasileiros demonstram que a
turno, a identificar a situação de risco e desenvolver atitudes que
prevalência da SB em médicos residentes varia de 4,5 a 20%; porém,
compõem o suporte básico à vida no atendimento pré-hospitalar.
para uma população específica de residentes de anestesiologia per-
Dessa forma, também se tornam eles próprios multiplicadores e le-
manece incerta. O objetivo deste estudo foi identificar a prevalên-
vam informação a outros grupos da comunidade. São 4 palestras
cia da SB e o perfil socioeconômico dos residentes de anestesiologia
teóricas e 1 atividade prática em manequim para treinamento das
de um hospital privado na cidade de São Paulo.
compressões torácicas. O programa aborda: aspectos legais da RCP
Método: Trata-se de um estudo piloto epidemiológico descritivo do
no pré-hospitalar; biossegurança e avaliação da cena de emergên-
diagnóstico de Burnout em médicos, com base no questionário res-
cia; avaliação das vítimas; reanimação cardiopulmonar de adulto
pondido por 23 residentes de anestesiologia na cidade de São Paulo
e criança; uso de EPIs na RCP; utilização de manequins; condutas
no período de abril a junho de 2017. Projeto inscrito na platafor-
em situações de risco: envenenamentos, eletrocussão, engasgos,
ma Brasil sob o número 65600417.7.0000.5483. A caracterização do
queimaduras, mordeduras, picadas de insetos, ferimentos, contro-
Burnout deu-se pelo questionário Maslach Burnout Inventory (MBI),
le de hemorragias externas, fraturas, desmaio, crises convulsivas,
e foi definido Burnout como alta pontuação em EE, acompanhado
incêndios, afogamento, TCE. Informações sobre atendimento hos-
por alto DP ou RRP. Outras características descritivas foram obser-
pitalar, cirurgia e anestesia. Uso de drogas como fator gerador de
vadas nos participantes, como horas semanais trabalhadas e perfil
grande número de mortes e acidentes. O curso ocorre 2 vezes no
socioeconômico.
ano, aberto a alunos, professores e comunidade, vagas limitadas a
Resultado: Dos 23 residentes, sendo 12 do sexo masculino, 73,9% se
55 alunos pela capacidade do auditório. A primeira edição de 2017
declararam brancos, 82,6% eram solteiros. Com relação ao trabalho,
teve 65 alunos. A avaliação é feita com base em relatórios feitos
86,9% trabalhavam mais de 60 horas por semana, sendo que 82,6%
pelos alunos ao final de cada palestra. Há distribuição de 1 apostila
relataram realizar plantões remunerados fora da residência e, des-
concisa com conteúdo. O bolsista-extensionista participa de todas
tes, frequentaavam a média de 2,8 hospitais e consideravam sua
as etapas, sendo avaliado no final do curso.
relação de trabalho estáveis em 73%. Nas horas livres, a atividade
Referência:
mais prevalente foi a atividade física 30,4%; 60,8% dormiam de 6 a
1. AHA – 2015. Guidelines BLS/ACLS – Atualização das Diretrizes de RCP
7 horas diariamente; 82,6% moravam há menos de 1 hora do hos-
e ACE. Disponível em: http://www.perc.ufc.br/wordpress/desta-
pital sede; 60,8% apresentavam sedentarismo; 8,7% apresentavam
ques-da-atualizacao-das-diretrizes-da-aha-2015-para-rcp-e-ace/
comportamento tabagista; e 17,6% de sinais de etilismo. Dos en-
trevistados, sete (30,4%) apresentaram burnout, sendo 5 mulheres
e 2 homens, quanto a EE; 34,8% apresentaram níveis altos, 43,5%
moderados e 21,7% baixos, quanto a DP; 17,4% níveis altos, 47,8%
moderados e 34,8% baixos e RP; 52,2% apresentam baixos níveis, XXXII) Estudos Experimentais
30,4% moderados e 18,4% alto.
Conclusões: A prevalência de SB encontrada neste estudo piloto
foi de 30,4%, superior à média geral dos residentes, embora o TLO763 A CLONIDINA PROTEGE O RIM DA LESÃO DE
perfil dos hospitais descritos sejam públicos. Além disso, obser- ISQUEMIA E REPERFUSÃO? ESTUDO EXPERIMENTAL EM RATOS
vou-se alta carga horária trabalhada, associada à necessidade de
Aparecida Vitória Gonçalves de Souza, Woner Mion,
se trabalhar também fora da residência para custeio básico do
Murilo Moreira Thom*, Paulo do Nascimento Júnior,
curso, devido ao baixo valor oferecido pelas bolsas. Enfim, a alta
Norma Sueli Pinheiro Modolo, Marília Pinheiro Módolo
incidência de SB demonstra a necessidade de se valorizar finan-
ceiramente o trabalho do residente, além de proporcionar flexibi- Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
lização da carga horária. Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
S152 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Justificativa e objetivo: A lesão de isquemia/reperfusão (I/R) re- com o emprego de biomarcadores precoces (NGAL, KIM-1 e L-FABL),
nal é uma importante causa de lesão renal aguda no período perio- correlacionando-os com KDIGO.
peratório, com elevada morbimortalidade em pacientes graves. A Método: Trinta ratos Wistar randomizados em 3 grupos: Isquemia
restauração do suprimento sanguíneo também ativa mecanismos de (I) (n = 10) – nefrectomia direita (ND), infusão de salina e mano-
lesão. O objetivo deste estudo foi avaliar se a clonidina poderia pro- bras de I/R; Fenoldopam (F) (n = 10) – ND, infusão de fenoldopam,
teger o rim em modelo experimental de I/R em ratos anestesiados 5 µg.kg-1.min, infusão intravenosa uma hora antes do procedimento
com Isoflurano. A função renal foi avaliada utilizando-se biomarca- isquêmico e manobras de I/R; Sham (S) (n = 10) – infusão de salina.
dores (NGAL, KIM-1 e L-FABL), correlacionando-os com KDIGO. Dosagens plasmáticas de NGAL e creatinina foram realizadas nos
Método: Trinta ratos Wistar randomizados em 3 grupos: Isquemia momentos: M1 (início plano anestésico); M2 (reperfusão renal ime-
(I) (n = 10) – nefrectomia direita (ND), infusão de salina e manobras diata); M3 (pós 6 horas reperfusão) e M4 (24 horas após o início do
de I/R; Clonidina (C) (n = 10) – ND, clonidina por via oral, (150 µg/ experimento). Dosagens urinárias de KIM-1, L-FABP foram avaliadas
kg/dia/2 dias) e 4 h pré I/R,); Sham (S) (n = 10) – infusão de salina. em M1 e M4.
Dosagens plasmáticas de NGALp e creatinina foram realizadas nos Resultado: Após a I/R, o Ngal plasmático apresentou aumento sig-
momentos: M1 (início plano anestésico); M2 (reperfusão renal ime- nificativo imediatamente após desclampeamento renal para o grupo
diata); M3 (pós 6 horas reperfusão) e M4 (24 horas após o início do F e I, apresentando diferença entre M1 e M2, mostrando-se como
experimento). Dosagens urinárias de KIM-1, L-FABP foram avaliadas biomarcador mais precoce na identificação da LRA após I/R. Em M4
em M1 e M4. o grupo F não diferiu do grupo S, confirmando seus efeitos renopro-
Resultado: O grupo C apresentou menor expressão de Ngalp com tetores nas dosagens plasmáticas. As dosagens de Kim-1 foram infe-
valores semelhantes ao grupo S. Houve aumento importante na riores no grupo F e similar grupo controle. A expressão do L-Fabp foi
expressão do Ngalp entre o término da cirurgia (M2) e M3 para o novamente inferior no grupo F em comparação com grupo I, corro-
grupo S. Estes resultados estão associados ao processo inflama- borando os efeitos renoprotetores do fármaco com redução da lesão
tório secundário devido ao procedimento cirúrgico infringido aos renal nos animais tratados. Histologicamente, o grupo F apresentou
animais. Em M4 o grupo C não diferiu do grupo S, confirmando seus desempenho superior aos demais grupos, sem diferença significativa
efeitos renoprotetores. Após procedimento cirúrgico, os grupos I e com grupo S. Após a lesão de I/R, o tecido renal apresentou baixa
C tiveram aumento da expressão do KIM-1 urinário. No entanto, o porcentagem de necrose tubular, inferindo proteção ao órgão. Os
grupo C apresentou melhor desempenho, com menor expressão do rins com lesão necrótica apresentaram maior degeneração na re-
biomarcador similar ao grupo S. A expressão do L-Fabp foi inferior gião de transição corticomedular com intensa presença de picnose,
no grupo C em comparação com o grupo I. Histologicamente, o cariorrexe, congestão e acúmulo de células inflamatórias. Segun-
grupo C apresentou desempenho superior ao grupo I, 25 e 75%, do critérios KDIGO, houve piora em todos os grupos nos momentos
respectivamente. Após a lesão de I/R, o tecido renal apresentou M1/M4 (24 horas após I/R), no entanto os piores valores foram no
baixa porcentagem de necrose tubular (< 25%) inferindo em pro- grupo I, com 100% de falência renal. O grupo S apresentou 100%
teção ao órgão. A região de transição corticomedular apresentou dos animais normais ou em risco. O grupo F apresentou o melhor
maior degeneração com presença de picnose, cariorrexe, conges- desempenho no modelo de I/R proposto com redução da lesão. Após
tão e acúmulo de células inflamatórias. Segundo critérios KDIGO, 24 horas 37,5% dos animais apresentaram melhora da função renal
houve piora em todos os grupos nos momentos M1/M4 (24 horas com reversão para risco em 12,5% e lesão em 25%.
após I/R), no entanto os piores valores foram no grupo I, com Conclusões: O fenoldopam permitiu a recuperação da função renal
100% de falência renal. O grupo S apresentou 100% dos animais após injúria isquêmica, acompanhado de evidente redução da apop-
normais ou em risco. O grupo C apresentou redução dos animais tose e necrose tubular aguda e melhora da função renal.
em falência renal em 75% entre os momentos comparados, res- Referência:
pectivamente. 1. Yi X, Zhang G, Yuan J. Renoprotective role of fenoldopam pre-
Conclusões: O emprego de biomarcadores como novas ferramentas treatment through hypoxia-inducible factor-1alpha and heme
para fornecer um panorama real da LRA com vistas ao seu diagnós- oxygenase-1 expressions in rat kidney transplantation. Trans-
tico e prognóstico da lesão e o emprego da clonidina é promissor plant Proc. 2013;45:517-22.
como fármaco renoprotetor. (Projeto financiado pela FAPESP).
Referência:
1. Billings FT 4th, Chen SWC, Kim M, et al. Alpha2-Adrenergic Ago-
nists Protect against Radiocontrast-Induced Nephropathy in TLO120 DEXMEDETOMIDINA COMO ADJUVANTE EM
Mice. Am J Physiol Renal Physiol. 2008;295:741-8. ANESTESIA PARA COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA
(Projeto financiado pela FAPESP). PARA REDUÇÃO DO CONSUMO DE ANESTÉSICO INALATÓRIO
Alan Paulo Guimarães Medeiros, Derik de Azevedo Quintas,
Flavio Gurgel Paulino Murta,
TLO768 AVALIAÇÃO DO FENOLDOPAM NA PROTEÇÃO
Giordano Bruno Ribeiro Palmeira de Freitas*,
RENAL EM RATOS SUBMETIDOS À LESÃO DE ISQUEMIA/
Alehandro Neves Terra, Leandro Mereb da Oliveira
REPERFUSÃO ANESTESIADOS COM ISOFLURANO
Aparecida Vitória Gonçalves de Souza, Woner Mion, Hospital São Camilo e São Luís, Macapá, AP, Brasil
Marcelio Flavio Piccolo de Farias*, Marília Pinheiro Módolo, Justificatica: A utilização de adjuvantes como a Dexmedetomidina
Paulo do Nascimento Júnior, Norma Sueli Pinheiro Modolo para o auxílio em anestesia geral vem sendo empregada a fim de oti-
mizar o controle das alterações inerentes ao procedimento cirúrgico
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
e anestésico. Neste ponto, o estudo analisou, comparou e quanti-
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
ficou o consumo de anestésico inalatório em pacientes submetidos
Justificativa e objetivo: A lesão de isquemia/reperfusão (I/R) renal a colecistectomia videolaparoscópica sob anestesia geral com o uso
é uma das principais causas da insuficiência renal aguda, comum de Dexmedetomidina.
no período perioperatório. A reperfusão pode agravar a lesão pelo Método e objetivo: Foi realizado estudo prospectivo, clínico e ana-
mecanismo da I/R. O objetivo deste estudo foi avaliar a possível lítico, que avaliou a influência do uso de Dexmedetomidina como
proteção renal do fenoldopam em modelo experimental de I/R em adjuvante na anestesia geral balanceada no período perioperató-
ratos anestesiados com Isoflurano. A função renal foi acompanhada rio quantificando volume usado de sevofluorano e sinais vitais dos
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S153

participantes. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: cárdica de hipertrofia septal por radiofrequência antes e após a
paciente com classificação de estado físico da American Society of modificação do gradiente. Os pacientes estavam com tratamento
Anesthesiologist (ASA) 1 ou 2, faixa etária de 18 a 65 anos, de am- clínico otimizado, incluindo o uso de betabloqueadores, e foram
bos os gêneros, submetidos a colecistectomia videolaparoscópica submetidos a anestesia geral sob ventilação mecânica controlada a
eletiva sob anestesia geral. Foram selecionados 30 pacientes, os volume (volume corrente de 6–8 mL/kg) para a realização do pro-
quais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: controle cedimento. Previamente à ablação, diferentes valores de PEEP (4 e
(GC) e experimental (GE). Os dados foram coletados por meio de 10 cmH2O) e FC (basal e 100 bpm) foram instituídos e os valores de
formulário próprio, com a verificação de sinais vitais (frequência GMVSVE registrados com as combinações destas variáveis. Ao todo,
cardíaca (FC), pressão arterial média (PAM) e saturação períférica foram realizadas oito aferições para cada paciente (quatro antes do
de oxigênio arterial (SatO2), em momentos predeterminados do pe- procedimento e quatro após). Obteve-se aumento da FC através de
rioperatório, cujos dados foram submetidos a análise estatística e estímulo via eletrodo atrial. Em um dos pacientes, foram induzidas
organizados em tabelas e gráficos. extrassístoles concomitantemente à avaliação dos gradientes.
Resultado e Conclusão: A FC apresentou diferença estatisticamente Resultado: A elevação do PEEP de 4 para 10 cm H2O esteve associa-
significativa entre os dois grupos em três momentos de avaliação: da a um aumento médio do GMVSVE de 22,5% ± 8,5%, de acordo com
início do procedimento cirúrgico (p = 0,0327), final do uso do halo- o paciente e FC estabelecida. Na presença de extrassístoles, o GM-
genado (p = 0,009) e cinco minutos após a extubação (p = 0,0004), VSVE teve o seu valor quadruplicado. Elevações da FC tiveram re-
nos quais a média da FC foi significativamente menor no Grupo Ex- percussões distintas nos diferentes pacientes avaliados: no primeiro
perimental, se comparado ao Grupo Controle. Com relação à PAM, obteve-se uma redução média de 40% ± 3% no GMVSVE, enquanto no
não se observou diferença estatisticamente significativa entre os segundo paciente obteve-se aumento de 35% ± 2%.
grupos. Em relação a SatO2, esta foi significativamente menor no Conclusões: O aumento do PEEP levou, invariavelmente, ao aumen-
Grupo Experimental cinco minutos após a extubação (p = 0,0095), to do GMVSVE em pacientes com MCHO. Extrassístoles tiveram o
resultado, porém, sem importância clínica, visto que nenhum pa- maior impacto na elevação do GMVSVE. Entretanto, elevações da
ciente apresentou queda nesse parâmetro para níveis inferiores a FC tiveram resultados conflitantes nos gradientes dos diferentes pa-
92%, com suplementação de oxigênio por cateter nasal. O consumo cientes analisados.
de sevofluorano foi claramente menor, e de forma estatisticamente Referências:
significativa (p = 0,0002), no Grupo Experimental, com uma redução 1. Varma PK, Raman SP, Neema PK. Hypertrophic cardiomyopathy
no consumo na ordem de 57,75%. Portanto, podemos concluir com o part II – Anesthetic and surgical considerations. Ann Card Anaes-
presente estudo que o uso de Dexmedetomidina como adjuvante em th. 2014;17:211-21.
anestesia geral para colecistectomia videolaparoscópica possibilita 2. Vives M, Roscoe A. Hypertrophic cardiomyopathy: implications
uma diminuição no consumo de sevoflurano, maior queda tanto da for anesthesia. Minerva Anestesiol. 2014;80:1310-9.
FC como da SatO2, porém com equivalência da PAM.
Referências:
1. Bagatini A, Gomes CR, Masella MZ, Rezer G. Dexmedetomidina: TLO047 PALONOSETRONA E ONDANSETRONA NA
farmacologia e uso clínico. Rev Bras Anestesiol. 2002;52:606-17. PROFILAXIA DE NÁUSEAS E VÔMITOS PÓS-OPERATÓRIOS
2. Afonso J, Reis F. Dexmedetomidina: papel atual em anestesia e EM MULHERES COM 60 ANOS OU MAIS SUBMETIDAS À
cuidados intensivos. Rev Bras Anestesiol. 2012;62:118-33. COLECISTECTOMIAS VIDEOLAPAROSCÓPICAS: ESTUDO
ALEATÓRIO E DUPLAMENTE ENCOBERTO
TLO283 INFLUÊNCIA DO PEEP E DA FREQUÊNCIA Rafael Vasconcellos de Mattos*, Estêvão Luiz Carvalho Braga,
CARDÍACA NO GRADIENTE DA VIA DE SAÍDA DO Diego Santa Rosa Santos, Gabriel da Costa Mourad,
VENTRÍCULO ESQUERDO DE PACIENTES COM Ismar Lima Cavalcanti, Núbia Verçosa Figueirêdo
MIOCARDIOPATIA HIPERTRÓFICA OBSTRUTIVA Hospital Federal de Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
João Henrique Zucco Viesi*, Indara Mattei Dornelles, Justificativa e objetivos: Apesar da investigação contínua e do de-
Sávio Cavalcante Passos, Adriene Stahlschmidt, senvolvimento de novos fármacos, as náuseas e os vômitos pós-ope-
Bruno Pereira Valdigem, David Le Bihan ratórios (NVPO) são frequentes, retardam a alta hospitalar e causam
insatisfação do paciente. Foram estudados os efeitos profiláticos
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil
da palanosetrona em comparação com a ondasetrona em doentes
Justificativa e objetivos: A miocardiopatia hipertrófica obstrutiva com 60 anos ou mais em colecistectomias videolaparoscópicas. O
(MCHO) é uma entidade genética associada ao aumento do gradien- objetivo primário foi determinar a frequência e a intensidade dos
te na via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE) e ao movimento episódios individuais de náuseas e vômitos em 2, 6, 24 e 48 h no
sistólico anterior da valva mitral, sendo uma importante causa de pós-operatório.
morte súbita em jovens. Do ponto de vista fisiopatológico, apre- Métodos: Foi realizado um ensaio clínico, prospectivo, aleatório e
senta muitos desafios à condução da anestesia. A manutenção da duplamente encoberto. Oitenta e duas mulheres, com 60 anos de
pré-carga, o controle da estimulação simpática e da frequência car- idade ou mais, foram alocadas em dois grupos: palanosetrona 75
díaca (FC) e o aumento da pós-carga são medidas preconizadas que µg ou ondansetrona 4 mg IV seguida de administrações regulares
levam à redução da obstrução da VSVE e, portanto, à otimização de 4 mg a cada 8 horas de pós-operatório, ambas antes da indução
hemodinâmica. Neste contexto, acredita-se que a ventilação me- anestésica. A frequência e a intensidade de NVPO, a frequência de
cânica com altos volumes correntes e elevada pressão positiva ao efeitos adversos, a necessidade de medicação de resgate e o grau
final da expiração (PEEP) seja inadequada em virtude da redução de satisfação com a terapia antiemética foram avaliadas em 2, 6, 24
do retorno venoso e aumento do padrão obstrutivo. Entretanto, até e 48 horas de pós-operatório.
então, não se tem conhecimento de estudos clínicos, reiterando de Resultado: Não houve diferença significativa na frequência e na in-
forma objetiva esta associação. Objetivamos avaliar a influência do tensidade de NVPO, entre os grupos estudados, nos períodos anali-
PEEP e da FC no gradiente máximo da VSVE (GMVSVE) de pacientes sados. A frequência total de náuseas pós-operatórias (0-48 h) entre
portadores de MCHO. as pacientes que receberam palonosetrona e ondansetrona foi de 60
Método: Medidas hemodinâmicas foram avaliadas por cateterismo vs 55% (p = 0,65), e a frequência total de vômitos foi de 35 vs 25%
em dois pacientes adultos com MCHO submetidos a ablação endo- (p = 0,33), respectivamente. Também não houve diferenças quanto
S154 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

aos efeitos adversos, ao uso de medicação de resgate e ao grau de obstrução de vias aéreas, broncoespasmo e choque. O tratamento
satisfação com a terapia antiemética. consiste na retirada do agente causador, administração de adrena-
Conclusões: A administração de dose única de palonosetrona na in- lina e expansão volêmica para correção de hipoperfusão tecidual e
dução de anestesia foi tão eficaz quanto a administração regular hipoxemia. O sugamadex age no encapsulamento das moléculas do
de ondansetrona na indução, seguida da administração regular, na rocurônio com reversão da ação e retirada da circulação.
profilaxia de NVPO em mulheres de 60 anos de idade ou mais. Referências:
Referências: 1. Abrão J. O estado de choque. In: Cangiani LM, Slulitel A, Poté-
1. Horn CC, Wallisch WJ, Homanics GE, et al. Pathophysiological rio GMB et al. Tratado de anestesiologia SAESP. 7 ed. São Paulo,
and neurochemical mechanisms of postoperative nausea and vo- Atheneu. 2011;889-902.
miting. Eur J Pharmacol. 2014;5:55-66. 2. Naguib M, Lien CA. Pharmacology of muscle relaxants and their
2. Bala I, Bharti N, Murugesan S, et al. Comparison of palonosetron antagonists. In: Miller, RD et al. Millers anesthesia. 7 ed. Estados
with palonosetron-dexamethasone combination for prevention Unidos, Elsevier. 2009;884-96
of postoperative nausea and vomiting in patients undergoing
laparoscopic cholecystectomy. Minerva Anestesiol. 2014;80:779-
84. TLP186 ANESTESIA EM PACIENTE COM PERFURAÇÃO
COLÔNICA, PNEUMOMEDIASTINO E ENFISEMA
SUBCUTÂNEO PÓS-COLONOSCOPIA
Joice Dayane Tavares*, Ana Beatriz Cardoso Pereira Romero,
Paula Foresti Faria, Cleber Wagner de Carvalho,
XXXIII) Eventos Críticos e Complicações
José Caio dos Santos, Celso Schmalfuss Nogueira
Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia da Santa Casa
TLO829 ANAFILAXIA COM ROCURÔNIO E USO DO de Misericórdia de Santos, Santos, SP, Brasil
SUGAMADEX Introdução: A colonoscopia permite, desde a década de 1960, a
Patricia Pinheiro de Toledo Werneck, visualização completa da mucosa do cólon e íleo terminal, sendo
Jéssica de Bem Marques da Silva, Stefan Belizário Leal*, considerada um método completo na investigação de doenças co-
Talita Machado de Carvalho, Diego Ferreira Affonso Pereira, lorretais. Consiste em um exame com possibilidade terapêutica que
Alfredo Guilherme Haack Couto vem sendo cada vez mais executado. Entretanto, como qualquer
procedimento médico, esta modalidade diagnóstica não é isenta
Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil de complicações. Estas podem estar relacionadas com o preparo
Introdução: Anafilaxia perioperatória, apesar de incomum, é even- de cólon, a sedação, a analgesia e com o exame colonoscópico
to associado à bloqueadores neuromusculares (BNM), látex e an- propriamente dito.
tibióticos. Entre os BNM, o rocurônio é hoje causa reconhecida e Relato de caso: Paciente feminino, 77 anos, 68 kg, diabética, hi-
seu antagonista, sugamadex, proporciona alternativa viável para pertensa, encaminhada em regime ambulatorial para realização
tratamento em casos de reação alérgica, inclusive as mais graves. de colonoscopia para acompanhamento de diverticulose crônica.
Relato de caso: A.M.L., 71 anos, masculino, 80 kg e 1,68 m, em uso Realizada anestesia geral endovenosa com uso de midazolam 2 mg,
de atenolol e clortralidona para HAS. Foi submetido a anestesia com- fentanil 50 mcg e propofol 60 mg. Durante exame, foi percebido
binada (geral balanceada associada à epidural contínua L2L3) para um divertículo entre cólon sigmoide e o reto, com dificuldade de
tratamento cirúrgico de tumor de reto. O paciente foi monitorado realização do exame. No final do procedimento, a paciente evoluiu
e foi feita venóclise com extracath 16G em MSE. Realizada indução com enfisema subcutâneo importante em face, região periorbital,
com sufentanil 35 μg, propofol 120 mg e rocurônio 50 mg seguida tórax e região abdominal direita. O exame foi interrompido imedia-
de IOT 8,0 mm DI, sem intercorrências. Após 90 minutos do início da tamente e foram realizados os primeiros cuidados. A paciente foi
cirurgia, o paciente foi submetido a injeção de 15 mg de rocurônio submetida a tomografia computadorizada com contraste, na qual
e apresentando rash e hipotensão refratária a doses de etilefrina foram constatados pneumoperitônio, pneumomediastino e edema
(total de 10 mg) e a infusão de cristaloide (PAM < 45 mmHg). O subcutâneo em abdome, tórax e região cervical. A paciente foi en-
cirurgião referiu importante do sangramento cirúrgico, sugerindo tão encaminhada ao centro cirúrgico com urgência. Solicitado pela
aumento da permeabilidade vascular. A hipótese de choque pelo equipe cirúrgica um acesso laparoscópico. No entanto, devido ao
rocurônio foi suscitada e foram administrados por via intravenosa pneumomediastino, primeiramente foi realizada uma drenagem do
100 μg de adrenalina em doses tituladas, 50 mg de ranitidina, 25mg mediastino, evitando maiores danos. Realizada então anestesia ge-
de prometazina, 300 mg de hidrocortisona e 2.000 mL de crista- ral em sequencial rápida com uso de midazolam 3 mg, alfentanil
loides. A despeito do tratamento inicial, o paciente permaneceu 1.500 mcg, etomidato 14 mg, lidocaína 70 mg, succinilcolina 70 mg
hipotenso. Devido à gravidade, foi puncionada VJIE com auxílio de e cisatracúrio 14 mg. Devido ao edema subcutâneo importante em
ecografia, iniciadas infusões de noradrenalina (0,08 μg/kg/min) e região cervical, o acesso central foi guiado por USG. A cirurgia foi
dobutamina (5 μg/kg/min) para auxílio no controle hemodinâmico. realizada com bons resultados.
O sugamadex (400 mg intravenoso) foi utilizado e resultou em esta- Discussão: A perfuração cólica é uma das complicações mais graves
bilidade pressórica e melhora do rash. O procedimento seguiu sem relacionadas ao exame de colonoscopia, pois está associada a maio-
intercorrências por cinco horas. Ao final, o paciente foi extubado res taxas de mortalidade e morbidade. Apesar disso, é um evento
com saturação de 98% em ar ambiente, lúcido e sem queixas. Foi muito raro, ocorrendo em 0,016% dos procedimentos diagnósticos e
encaminhado para a UTI com dobutamina (5 μg/kg/min). O paciente em torno de 0,5 a 3% das colonoscopias terapêuticas. O tratamento
teve alta hospitalar 7 dias após em bom estado geral. cirúrgico é recomendado nos casos de peritonite difusa ou quando
Discussão: O choque anafilático é quadro potencialmente fatal, que há deterioração clínica durante o manejo não cirúrgico.
requer diagnóstico e tratamento imediato. Pacientes suscetíveis, Referências:
após entrar em contato com antígeno apresentam reação imuno- 1. Varut L. Colonoscopic Perfuration: Incidence, Risk Factors, Ma-
lógica IgE dependente, com liberação de mediadores inflamató- nagement and Outcome. World J Gastroenterol. 2010;16:425-30.
rios. Após nova exposição, o paciente desenvolve sinais e sintomas 2. Dominitz JA, Eisen GM, Baron TH, et al. Complications of colo-
em tempo variável. As manifestações podem incluir angioedema, noscopy. Gastrointest Endosc. 2003;57:441-5.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S155

TLP272 ANESTESIA SUBDURAL ACIDENTAL APÓS PUNÇÃO Introdução: Relato de caso de lactente que evoluiu com atelectasia
PERIDURAL: RELATO DE CASO após intubação orotraqueal (IOT) seletiva.
Relato de caso: Paciente sexo feminino, nascido a termo, 2 meses,
Antonio Emanuel Soares Vieira*, Ressala Castro Souza,
4,68 kg, com diagnóstico de abscesso cerebral, sem outras comor-
Gustavo Rodrigues Costa Lages, Anamaria Ruiz Combat Tavares, bidades. Realizada correção de encefalocele, no primeiro dia de
Nathalia Campos Schimidt, Marcelo Pandolfi Caliman vida, sob anestesia geral e sem complicações. Evoluiu com abscesso
Hospital Júlia Kubitschek (HJK), Belo Horizonte, MG, Brasil cerebral e a neurocirurgia indicou drenagem. Na sala cirúrgica, foi
pré-oxigenada com oxigênio a 100%, indução anestésica com alfen-
Introdução: Anestesias peridurais são realizadas amplamente no tanil 15 mcg, propofol 20 mg e rocurônio 3 mg, seguido por IOT
nosso meio em analgesia de parto vaginal, clínica de dor e pro- sob laringoscopia direta (Cormack Lehane I) e inserção de cânula
cedimentos cirúrgicos em geral. Anestesia subdural acidental após endotraqueal (CET) nº 3 sem balonete, fixado na marca 11,5 cm.
punção peridural é uma complicação rara com incidência que varia IOT confirmada por capnografia de onda, ausculta bilateral do tó-
de 0,1 a 0,82%. rax e visualização da expansibilidade torácica. Manutenção anes-
Relato de caso: P.S.C., 42 anos, previamente hígido com histórico tésica com sevoflurano. Durante o ato anestésico, com duração de
de traumatismo raquimedular devido a ferimento por arma de fogo 55 minutos, apresentou piora gradual do padrão respiratório com
em 2011 evoluindo com lombalgia crônica desde então, também aumento do EtCO2 e da pressão de pico, apesar da manutenção da
portador de transtorno depressivo e obesidade. Em uso de metado-
saturação de oxigênio em torno de 96%. Após o término da cirurgia,
na, gabapentina e amitriptilina. Tomografia de coluna lombossacra
durante a extubação, constatou-se deslocamento acidental do tubo
(2016) evidenciando irregularidades ao nível das facetas articulares
para a marca de 13 cm e apresentou abolição da ausculta no hemi-
de T12/L1, abaulamento posterior difuso do disco intervertebral em
tórax esquerdo, sendo levantada suspeita de atelectasia do pulmão
L4/L5; L5/ S1 com compressão sobre as raízes emergentes de L5
ipsilateral. Radiografia de tórax evidenciou imagem de densidade
à direita. Compareceu ao ambulatório da clínica da dor com rela-
homogênea do hemitórax esquerdo e ponta da CET introduzida sele-
to de lombalgia intensa com irradiação para membros inferiores e
tivamente no brônquio principal direto. Houve o reposicionamento
impossibilidade de locomoção devido a quadro álgico. Optado por
da cânula na marca de 11 cm, sendo observada melhora parcial da
realização de analgesia peridural com paciente monitorizado (sinais
ausculta e do padrão respiratório. Encaminhada ao CTI, intubada,
vitais: PA: 130 × 80 mmHg, FC:82 bpm, SpO2: 98%), acesso venoso
onde evoluiu com resolução gradativa da atelectasia e dos parâme-
periférico 20G, punção peridural com agulha de Tuohy 17G a nível
tros respiratórios, sem sequelas.
de L3/L4, utilizado bupivacaína 0,15% 10 mL, clonidina 45 mcg e be-
Discussão: A IOT apresenta riscos imediatos e riscos em médio e
tametasona 3 mg, com teste de Dogliotti positivo. Após 25 minutos
longo prazos, que já foram descritos e discutidos amplamente. O
da realização do procedimento o paciente apresentou cefaleia, su-
intuito do relato é chamar atenção para os cuidados de posiciona-
dorese, mal-estar, bloqueio motor e sensitivo (T4). Sinais vitais:PA:
mento da CET. A localização ideal da extremidade distal do tubo é
70 × 50 mmHg, FC: 80 bpm, SpO2: 98% (ar ambiente), glicemia ca-
3 cm além das cordas vocais, sendo que a ponta da cânula não deve
pilar: 80 mg/dL. Realizada infusão de 500 mL de cristaloide e doses
ultrapassar a região cervical. A intubação seletiva do brônquio fon-
intermitentes de etilefrina. Paciente foi mantido monitorizado, em
te direito é facilitada devido à sua disposição anatômica, de modo
observação clínica apresentando melhora dos sintomas com rever-
que as sondas de aspiração e CET apresentam maior tendência a
são total do bloqueio sensitivo e motor após cerca de quatro horas
penetrar sua luz. A medida fundamental na prevenção da intuba-
após o procedimento. Recebeu alta com sinais vitais estáveis (PA:
ção seletiva é a ausculta de ambos os hemitórax. Recomenda-se
130 × 80 mmHg, SpO2: 99%, FC: 80 bpm), glicemia capilar; 89 mg\dL
radiografia torácica para avaliar a localização da ponta distal do
e sem queixas.
tubo, que deve ser feita imediatamente após a intubação. Deve
Discussão: Vários fatores predisponentes ao desenvolvimento de
ser realizada reavaliação periódica da posição do tubo. Além disso,
um bloqueio subdural foram identificados, tais como: dificuldade
é relevante a fixação correta da cânula, para evitar que esta seja
de punção peridural, cirurgias prévias de coluna e reposicionamen-
deslocada durante a manipulação do paciente, podendo ocasionar
to brusco da agulha. Um bloqueio subdural acidental pode ocorrer
em intubação seletiva ou extubação acidental.
quando ocorre perfuração da dura-máter, mas não da aracnoide,
Referências:
fazendo a agulha deslocar-se para este espaço. Deve-se considerar
1. Souza Nd, Carvalho WB. Complicações da intubação traqueal em
que uma injeção subdural ocorreu na presença teste de aspiração
pediatria. Rev Assoc Med Bras (1992). 2009;55:646-50.
negativo com bloqueio sensitivo extenso e inesperado, bloqueio mo-
2. Cheibub ZB, Brandão AB, Esberard Filho C, et al. Intubação Oro-
tor variável de início tardio e simpatólise desproporcional à dose
traqueal Seletiva. Rev Bras Anestesiol. 1983;33:301302.
administrada de anestésico local. Uma vez que a injeção subdural
for suspeitada, é aconselhável manter o paciente cuidadosamente
monitorizado.
TLP686 AVC BITALÂMICO INTRAOPERATÓRIO POR ARTÉRIA
Referências:
1. Vásquez CE, Tomita T. Bedin A, Castro R. Anestesia subdural DE PERCHERON: RELATO DE CASO
após punção epidural. Relato de dois casos. Rev Bras Anestesiol. Gustavo Acioli Murta Torres*, Bruno Farah Alvarenga,
2003;53:209-13. Douglas Coelho Machado, Gabriella Christiane Heuer Guimarães,
2. Agarwal D, Mohta M, Tyagi A, Sethi AK. Subdural block and the Daniel Ricahrd Martins, José Osiel de Almeida
anaesthetist, Anaesth Intensive Care. 2010;38:20-5.
Fundação Santa Casa de Misericórdia de Franca, Franca, SP, Brasil
Introdução: O acidente vascular encefálico (AVC) perioperatório
TLP644 ATELECTASIA APÓS INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL não é incomum; porém, a isquemia bitalâmica é um evento raro,
SELETIVA EM LACTENTE geralmente causado por uma variação anatômica das artérias para-
Henrique Bicalho Rosa*, Márcio Placedino Martins, medianas, a artéria de Percheron.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 82 anos, hipertensa,
Anna Sylvia Pace Boardman, Wagner Arruda Silveira,
diabética, insuficiência cardíaca, sem deficit neurologico prévio,
Luiz Fernando Amancio P. de Oliveira, Andreia Santos Cardoso
em uso de aas 100 mg, furosemida 40 mg, carverdilol 50 mg, in-
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais sulina NPH 30 ui pela manhã, 10 ui à noite. Pré-medicação com
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil midazolam 1,5 mg endovenoso para ansiolise. Submetida a mastec-
S156 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

tomia radical a esquerda sob anestesia geral balanceada. Indução orais (dipirona, AINE e tramadol), sendo então submetida a bloqueio
com fentanil 200 μg, etomidato 20 mg e cisatracúrio 10 mg, IOT esfenopalatino 6 h após início da cefaleia, com resultado do pro-
com TOT número 7,5 com cuff, manutenção com sevoflurano a 2% cedimento de EVA 1/10 imediatamente e EVA 0/10 2h após, sem
sob ventilação mecânica invasiva controlada a volume. Paciente recidiva da dor. Paciente 2 era uma mulher de 23 anos, 1,57 m e 74
hemodinamicamente estável durante todo procedimento cirúrgico, kg, sem comorbidades, com história de cefaleia típica, EVA 7/10, as-
mantendo pressão arterial média maior que 75 mmHg. Extubação sociada à turvação visual, iniciada 72 h após punção inadvertida da
em sala sem intercorrências. Após extubação paciente evoluiu com dura com agulha Tuohy 16G para analgesia de parto, intercorrendo
quadro persitente de flutuação do nível de consciência no serviço com rebaixamento do nível de consciência e dessaturação, além de
de recuperação pós-anestésica, embora hemodinamicamente está- bradicardia fetal, sendo então convertida para anestesia geral para
vel. Exame neurológico: abertura ocular ao chamado, sons incom- cesariana. Persistiu cefaleia após analgésicos orais (dipirona, AINE
preensíveis, obedecia a comandos, pupilas isofotorreagentes (GCS e tramadol), sendo então submetida a bloqueio esfenopalatino 24
11). Hemograma e bioquímica dentro da normalidade. Tomografia h após início da cefaleia, com resultado do procedimento de EVA
de crânio (TC) sem alterações significativas, aventada a possibili- 5/10 imediatamente e EVA 2/10 2 h após, sem piora da cefaleia até
dade de clearence lentificado de opioides, utilizou-se naloxona e a alta. Os bloqueios foram realizados com o paciente em decúbito
flumazenil sem melhora do quadro. Encaminhada ao CTI para moni- dorsal, com swab nasal embebido em lidocaína 2%, inseridos em
torização. TC de controle após 24 horas evidenciou área hipodensa cada narina e mantidos por 30 min, sendo replicada dose da lidocaí-
bitalâmica, suspeição de área isquêmica. RNM de Crânio confirmou na aos 10 e 20 min.
AVC bitalâmico e variante anatômica artéria de Percheron. Discussão: A paciente 1 teve resolução completa da cefaleia, e a
Discussão: O diagnóstico de oclusão da artéria de Percheron é paciente 2, embora não tenha obtido o mesmo resultado, teve re-
pouco comum, representado 0,1 a 2% dos AVCs isquêmicos, e 14 a dução importante da intensidade da dor, evidenciado sucesso no
18% dos talâmicos. As manifestações clínicas são variadas, desde tratamento da cefaleia com esse bloqueio, já relatado em outros
flutuação do nível de consciência, hipersonolência, confusão men- estudos. Se usado como tratamento de primeira linha, evitamos
tal, mutismo, desorientação temporal e alterações de memória. submeter os pacientes ao blood patch, um procedimento invasivo,
Fatores fisiológicos, patológicos e farmacológicos podem mascarar com riscos potenciais, como disfunção neurológica e infecção. O
sintomas dos AVCs perioperatórios. Drogas comumente usadas du- bloqueio esfenopalatino deve, portanto, ser encorajado, por re-
rante anestesia podem ser revertidas, entre elas narcóticos, ben- duzir o tempo de internação, reduzir os custos para o sistema de
zodiazepínicos e bloqueadores neuromusculares, descartando assim saúde, reduzir os riscos de complicações e melhorar a satisfação do
a possibilidade de clearence lentificado de anestésicos. O estudo paciente por oferecer um tratamento não invasivo.
radiológico imediato de todos os pacientes com suspeição de AVC Referência:
deve ser realizado, e inclui TC de crânio sem contraste e RNM para 1. Kent S, Mehaffey G. Transnasal sphenopalatine ganglion block for
determinar se o AVC é isquêmico ou hemorrágico e correlacionar os the treatment of postdural puncture headache in obstetric pa-
achados neurológicos e radiológicos. tients. J Clin Anesth. 2016;34:194-6.
Referências:
1. Mashour GA, Moore LE, Lele AV, Robicsek SA, Gelb AW.
Perioperative care of patients at high risk for stroke during or TLO736 BRONCOASPIRAÇÃO COM USO DE MÁSCARA
after non-cardiac, non-neurologic surgery: consensus statement LARÍNGEA EM PACIENTE COM HÉRNIA DE HIATO
from the Society for Neuroscience in Anesthesiology and Critical DESCONHECIDA
Care. J Neurosurg Anesthesiol. 2014;26:273-85.
Marcelo Carneiro da Silva, Marco Antônio Dias Jogaib,
2. Salinas Vela FT, Arcos Sánchez C. Síndrome de Percheron: lesio-
Fernanda Andrade Soares da Silva*, Yvve Priscilla Gatto,
nes talámicas bilaterales. Sanid Mil. 2014;70:30-2.
Santhiago de Pina Naves, Jessyca Augusta Teixeira de Azevedo
Hospital Regional do Gama, Brasília, DF, Brasil
TLO639 BLOQUEIO ESFENOPALATINO PARA TRATAMENTO
Introdução: As síndromes aspirativas constituem importante cau-
DE CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO DURAL: RELATO DE CASOS
sa de morbimortalidade durante a anestesia. A depressão da cons-
Walkiria Wingester Vilas Boas, Marcella Carmem Silva Reginaldo, ciência predispõe a tal complicação pela diminuição da função dos
Andreia Santos Cardoso, Maíra Cota Torres, Henrique Bicalho Rosa* esfíncteres esofágicos e dos reflexos protetores das vias aéreas. Fa-
tores de risco podem estar relacionados ao retardo no esvaziamento
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais
gástrico, como ocorre na hérnia de hiato.
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
Relato de caso: V.P.F., 39 anos, IMC: 27 kg/m², sem comorbidades,
Introdução: A cefaleia pós-punção dural é uma complicação da jejum adequado. Indicada Histerectomia Total Abdominal. Anes-
anestesia neuroaxial, com sintomas relacionados a tração das me- tesia peridural com 20 mL de Ropivacaína 1% + 2 mg de Morfina.
ninges e vasodilatação parassimpática reflexa desencadeados pelo Realizada medicação padrão, incluindo Dexametasona. Durante ato
vazamento de LCR no local da punção. A incidência é proporcional cirúrgico paciente apresenta dor e agitação. Realizado Propofol e
ao diâmetro da agulha, variando de 2% (Quincke 29G) a 70% (Tuohy introduzida máscara laríngea nº 4. Mantida em ventilação espontâ-
16G). O bloqueio esfenopalatino, já tradicionalmente usado para nea, com Propofol em BIC. Apresenta superficialização da anestesia
tratamento de algumas doenças, como enxaqueca e neuralgia do e regurgitação de grande quantidade de secreção amarelada pela
trigêmeo, através do bloqueio parassimpático da vasculatura cere- máscara, que é imediatamente retirada; realizada aspiração oro-
bral, é uma técnica promissora no tratamento da cefaleia pós-pun- faríngea e intubação orotraqueal. Ventilação mecânica controlada
ção dural, por tratar-se de uma técnica não invasiva e de baixo com diminuição progressiva da FiO2 até 50%, PEEP 5. Realizados
risco, boa alternativa comparada ao blood patch, padrão ouro do 300 mg de Hidrocortisona e mantida com Propofol em BIC. Ausculta
tratamento. respiratória com roncos. Mantém bom padrão ventilatório, SatO2 >
Relato de caso: Paciente 1 era uma mulher de 27 anos, 1,66m e 75 94%. Descurarização e extubação sem intercorrências. Observação
kg, sem comorbidades, com história de cefaleia típica, EVA 8/10, por 6 h na SRPA com bom padrão respiratório. 1º DPO relata tosse
associada a náuseas, iniciada 24 h após punção lombar com agulha produtiva, SatO2 96%, ausculta respiratória com roncos em região
Quincke 27G, sendo usado fentanil 25 mcg para analgesia de parto, posterior. TC de tórax com áreas de consolidação pulmonar bilate-
com período expulsivo de 3:30h. Persistiu cefaleia após analgésicos ralmente. Visualizado volumosa hérnia de hiato. Alta no 4º DPO com
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S157

melhora na tosse e bom padrão respiratório. TC de tórax no 7º DPO reto sobre os músculos lisos da árvore brônquica. O envolvimento
com diminuição do infiltrado pulmonar. do sistema respiratório ocorre principalmente como resultado de
Discussão: A incidência de aspiração pulmonar é de 3 em 10.000 um bloqueio alto na coluna vertebral, visto que a função prin-
anestesias. Pode ser completamente assintomática, apresentar qua- cipal do sistema simpático nesta área (T2-T4) é a broncodila-
dros subclínicos como tosse seca ou disfonia, ou sinais e sintomas tação pulmonar. Este processo também pode liberar mediadores
críticos como laringobroncoespasmo, taquipneia, cianose, hipóxia, inflamatórios. O tratamento inclui a suplementação de oxigênio,
até síndrome do desconforto respiratório do adulto. A aspiração esteroides intravenosos e nebulização com broncodilatadores.
pode desencadear pneumonite ou pneumonia aspirativa, ambas ca- Em decorrência desse fato, o anestesiologista deve sempre es-
racterizadas por infiltrado na radiografia. O tempo de jejum e a tar atento a identificação, manuseio e tratamento da forma mais
escolha da técnica anestésica são importantes. Intubação acordado precisa e efetiva.
ou intubação em sequência rápida são consagradas para pacientes Referências:
de risco. Na aspiração durante a indução deve-se realizar aspiração 1. Rodilla-Fiz AM, Gómez-Garrido M, Martínez-López F, Monsalve-
do conteúdo, posicionar a mesa em cefalodeclive e intubação tra- Naharro JA, Girón-La Casa M, López-Pérez A. Bronchospasm
queal imediata. Manter ventilação controlada com FiO2 100% e PEEP triggered by spinal anaesthesia. Case report and review of the
mínimo de 5. Antibióticos devem ser retardados até o isolamento literature. Rev Colomb Anestesiol. 2016;44:179-81.
do germe patogênico ou até sinais de infecção secundária. Não há 2. Prabhakar H, Rath GP. Intraoperative bronchospasm under spinal
evidências de que a administração rotineira de corticoides exerça analgesia: a case report Middle East J Anaesthesiol. 2007;19:225-9.
papel no manejo da aspiração pulmonar. Reconhecer os fatores de
risco é de suma importância para a prevenção da aspiração.
Referências: TLO455 CHOQUE ANAFILÁTICO DESENCADEADO PELA
1. Bisinotto FMB, Silveira LAM, Martins LB. Aspiração pulmonar CEFAZOLINA: RELATO DE CASO
em anestesia: revisão. Rev Med Minas Gerais. 2014;24(Supl.8)
Joelmir Colman*, Leonardo José Scarton Forgiarini, Carlos Farias,
S56-S66.
2. Samantaray A. Pulmonary aspiration of gastric contents: preven- Cristine Formighieri Angonese, Rafael Klein Gomes,
tion and prophylaxis. J Clin Sci Res. 2014;3:243-50. Florentino Fernandes Mendes
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto
Alegre, RS, Brasil
TLO104 BRONCOESPASMO APÓS REALIZAÇÃO DE Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
BLOQUEIO DE NEUROEIXO TIPO RAQUIANESTESIA EM (UFCSPA),Porto Alegre, RS, Brasil
PACIENTE SUBMETIDO A URETERORRELITOTRIPSIA Introdução: A anafilaxia é evento raro, porém grave. A incidência
Fredi Andreolla*, Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, varia de 1 anafilaxia a cada 6.000 ou até 20.000 anestesias. O obje-
Leandro Crisculo Miksche, Eduardo Barbin Zuccolotto, tivo deste trabalho foi relatar o caso de choque anafilático durante
Cirilo Haddad Silveira a anestesia.
Relato de caso: Paciente masculino, 25 anos, cirurgia proposta os-
Clinica de Anestesiologia de Ribeirão Preto (CARP), Ribeirão
teotomia de mandíbula, ASA I, sem histórico de asma ou atopias,
Preto, SP, Brasil
mas relata uso de antibióticos anteriormente. Realizada anestesia
Introdução: O broncoespasmo é uma complicação extremamente geral venosa total alvo-controlada com propofol e remifentanil.
rara da raquianestesia, pois não há manipulação das vias aéreas, os Após 20 minutos da indução anestésica, paciente com PA de 90/50
movimentos respiratórios permanecem estáveis e os tônus arterial mmHg, FC de 60 bpm, EtCO2 de 32 e SatO2 de 99%, foi infundido em
e venoso diminuídos minimizam o trabalho cardíaco e tendem a bolus cefazolina 2g IV diluída; houve queda brusca da PA, da EtCO2
aliviar qualquer congestão pulmonar preexistente. O presente e da saturação (PA 30/15 mmHg, EtCO2 12 e SatO2 85-90%), diminui-
relato de caso tem como objetivo apresentar um paciente que ção do murmúrio vesicular, ectoscopia normal. Não houve resposta
evoluiu com quadro de broncoespasmo após a realização de ao bolus de 10 mg de efedrina e 0,5 mg de metaraminol. Iniciou
bloqueio de neuroeixo tipo raquianestesia para realização de eritema leve em tronco e sibilos esparsos em bases pulmonares com
ureterolitotripsia. piora progressiva. Com suspeita diagnóstica de anafilaxia, foi rea-
Relato de caso: Paciente masculino, 36 anos, 97 kg, estado físico lizada infusão em bolus de adrenalina na dose de 50 microgramas
PI e avaliação cardiológica classe I, submetido a ureterolitotripsia (mcg) IV. Houve melhora da PA (60/30 mmHg), SatO2 92% e EtCO2 26.
rígida a laser. Monitorizado com SpO2, PANI e ECG (DII e V5). Rea- Essa melhora foi momentânea, piorando os parâmetros novamen-
lizada sedação venosa com midazolam (0,05 mg/kg) e fentanil(1 te. Realizado bolus consecutivos sem melhora. Iniciada adrenalina
mcg/kg), bloqueio subaracnóideo com agulha Quinke 27G no espa- em BI na diluição de 1 mg de adrenalina em 99 mL de SF 0,9% a
ço L3-L4, após assepsia e antissepsia, com 15 mg de bupivacaína 5 mL/h, sendo logo aumentado para 20 mL/h, e assim mantendo
hiperbárica e 5 mcg de sulfentanil. Após a realização da punção PA 75/42 mmHg, SatO2 98%, EtCO2 32 e FC 120 bpm. Novos bolus
lombar, sem intercorrências, paciente foi colocado em posição foram realizados até a estabilização do quadro. Administrada tam-
de litotomia. Logo após o início do procedimento, paciente evo- bém hidrocortisona 500 mg IV. Mantida sedação com propofol em
luiu com uma queda progressiva da saturação de oxigênio asso- BI e hidratação venosa com SF 0,9% de 1.500 mL. Procedimento foi
ciada a sibilos bilaterais difusos. Iniciou-se suporte ventilatório interrompido e paciente transferido para UTI com 20 mL/h de adre-
com bolsa-máscara, corticoides intravenosos e nebulização com nalina IV, intubado, com PAM entre 50 e 60 mmHg, SatO2 de 98%,
broncodilatadores. Tal quadro apresentou rápida resolução. Foi FC de 120 bpm. Após seis horas, paciente estável, sendo suspensa
encaminhado à sala de recuperação anestésica, recebendo alta adrenalina e extubado.
após período de observação clínica intensiva e estabilidade he- Discussão: As manifestações clínicas envolvem hipotensão arte-
modinâmica, sem apresentação de quadro semelhante até a alta rial, taquiarritmias, prurido, angioedema, broncoespasmo severo
hospitalar. e hipertensão pulmonar, urticária, edema de mucosas e eritema
Discussão: O diagnóstico de broncoespasmo atribuível à aneste- de forma generalizada. Outros sistemas, como coagulação e trato
sia espinhal deve ser feito após excluir todas as outras causas gastrointestinal, podem ser acometidos. Rocurônio e succinilcoli-
potenciais. Embora o mecanismo fisiopatológico não seja claro, na, látez e antibióticos estão entre os principais responsáveis pela
parece que o bloqueio neuroaxial pode ter efeito direto ou indi- anafilaxia. O tratamento dessa reação é baseado na interrupção da
S158 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

infusão de todas as drogas, suspensão da anestesia, garantindo pa- Referências:


tência das vias aéreas e oxigenação suplementar a 100%, e hidra- 1. Mertes PM, Malinovsky JM, Jouffroy L, et al. Reducing the Risk of
tação vigorosa com cristaloide. Adrenalina IV, IM ou via traqueal. Anaphylaxis During Anesthesia: 2011 Updated Guidelines for Clini-
Corticoide também faz parte do manejo. Não há evidência para uso cal Practice. J Investig Allergol Clin Immunol. 2011;21:442-53.
de anti-histamínico. 2. Dewachter P, Mouton-Faivre C. What investigation after an
Referências: anaphylactic reaction during anaesthesia? Curr Opin Anaesthe-
1. Mathias LA, Bernardis RC, Filho LP. Reações anafiláticas e anafi- siol. 2008;21:363-8.
lactoides em anestesia.
2. Cangiani LM, Carmona MJC, Torres MLA, et al. Tratado de Aneste-
siologia SAESP. 8 ed. São Paulo, Atheneu. 2017;3703-22. TLP010 CHOQUE ANAFILÁTICO INTRAOPERATÓRIO:
DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E CONDUTA PARA
SEGURANÇA DO PACIENTE
TLO739 CHOQUE ANAFILÁTICO EM CIRURGIA DE Gisele Passos da Costa Gribel, Benjamin Zylberberg,
COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPIA SOB ANESTESIA Bruno Gomes Sant´Ana*, Márcio da Silva Alves,
GERAL BALANCEADA Cesar Augusto de Soares Nogueira,
Bruno Peroni Rodrigues, Camila Campos Silveira, Lucas Bartholomeu Campos Barra
Guilherme Coelho Machado Nunes, Hospital Central do Exército, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo,
Introdução: A anafilaxia é definida como uma reação grave de hi-
Clóvis Tadeu Bueno da Costa, Bruno Luan Bosa*
persensibilidade sistêmica ou generalizada, de início súbito, com
Clínica de Anestesiologia de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP, ameaça à vida. As manifestações clínicas de anafilaxia periopera-
Brasil tória são muito variadas, devendo-se então considerar diagnósticos
diferenciais, tais como, asma, sepse, entre outros. A incidência de
Introdução: Anafilaxia é uma síndrome clínica que envolve múlti-
anafilaxia durante anestesias é de 1/5.000 a 1/20.000, e a mortali-
plos sistemas orgânicos, sendo letal em 3 a 10% dos casos periope-
dade varia entre 3 a 10%.
ratórios. Mesmo com uma avaliação pré-anestésica cuidadosa, há
Relato de caso: Paciente 67 anos, masculino, diabetes mellitus II,
risco de o paciente evoluir com reação anafilática ou anafilactoide.
ex-tabagista e consumo de álcool social, com exames pré-operató-
O objetivo do corrente relato é apresentar um caso de choque ana-
rios inalterados, ASA II. Há cinco anos realizou cirurgia de colocação
filático em anestesia geral balanceada, bem como a importância de
de cateter duplo J, e o procedimento transcorreu sem intercorrên-
uma investigação criteriosa subsequente.
cias. A internação foi para ser submetido a nefrectomia unilateral
Relato de caso: Paciente feminina, 38 anos, 51 kg, estado físico
direita. Na sala de operação, foi realizada monitorização básica e
PI, vem ao centro cirúrgico para ser submetida à colecistectomia
venóclise, e foram administrados midazolam e fentanil EV e infusão
videolaparoscópica. Após venóclise em membro superior esquerdo
de cefazolina em 100 mL de soro fisiológico. Em seguida, durante
e monitorização padrão, foram administrados 100 mL de solução a realização de anestesia peridural, queixou-se de prurido abdo-
fisiológica com cefazolina (1,5 g), ranitidina (50 mg) e dexameta- minal. Ao término, foi colocado em posição neutra e iniciou-se a
sona (10 mg). Após pré-oxigenação, foi realizada indução anesté- pré-oxigenação e indução com propofol, lidocaína 2% e rocurônio,
sica com fentanil 5 mcg/kg, propofol 2 mg/Kg e succinilcolina 2 evoluindo com eritema generalizado, sudorese, náusea, hipoten-
mg/kg; prosseguiu-se intubação orotraqueal com sonda 7,5 com são severa, dispneia e edema de lábios e língua. Pressão arterial
cuff sob laringoscopia direta, sem intercorrências. Após 10 minu- de 50 × 20 mmHg, frequência cardíaca de 134 bpm e má perfusão
tos, o bloqueio neuromuscular foi realizado com atracúrio 0,5 mg/ periférica. Realizada intubação orotraqueal com tubo 8,0 com cuff,
kg; manutenção anestésica com sevoflurano 1,3 CAM, ventilação com auxílio de videolaringoscópio (Mallampati III; Cormack Lehane
mecânica controlada com volume corrente de 350 mL, frequência IV). Foi substituída a infusão por solução de ringer lactato. Admi-
respiratória 12 ipm e pressão de pico de 17 cm de H2O. Passados 13 nistradas ranitidina, hidrocortisona e adrenalina endovenosa. Para
minutos da indução, a paciente iniciou com hipotensão refratária manutenção da pressão arterial foi utilizado, também, metarami-
a metaraminol e efedrina, taquicardia, piloereção e rash cutâneo. nol. A cirurgia foi suspensa e o paciente encaminhado à Unidade de
Fez-se necessária obtenção de pressão arterial invasiva em artéria Tratamento Intensivo (UTI), mantendo-se a intubação orotraqueal,
femoral direita e acesso venoso central em veia jugular interna monitorização e sem o uso de drogas vasoativas. Realizou poste-
direita. Foi administrada adrenalina 50 mcg em bolus, difenidra- riormente o ato cirúrgico sem os fármacos identificados por testes
mina 50 mg diluída em solução fisiológica, hidrocortisona 100 mg e ambulatoriais como alergênicos.
expansão volêmica com 20 mL/kg de ringer lactato. Após 30 minu- Discussão: No ato cirúrgico, o paciente é submetido a um nú-
tos, foi obtida melhora do quadro. A extubação da paciente ocor- mero grande de medicações, aumentando a chance de o aneste-
reu sem intercorrências e a mesma permaneceu em ventilação siologista vivenciar reações alérgicas intraoperatórias, devendo
espontânea e estável, sendo encaminhada à sala de recuperação administrar os fármacos sempre individualmente. A morbidade e
pós-anestésica responsiva e orientada. Foram coletadas amostras a mortalidade por anafilaxia perioperatória continuam gerando
sangue com 2, 20 e 24 horas, e seis semanas após o choque para números preocupantes. É importante saber diagnosticá-la e tra-
dosagem de triptase com resultados de 64 mcg/L, 23 mcg/L e 10,4 tá-la de forma rápida e eficaz. Todos estes pacientes devem ser
mcg/L, respectivamente. identificados e monitorados pela possibilidade de recorrência dos
Discussão: A reação anafilática pode ocorrer durante a indução sintomas.
anestésica mesmo em pacientes que não apresentam história de Referências:
alergia a drogas. Neste caso, o choque anafilático foi comprovado 1. Mulla ZD, Lin RY, Simon MR. Perspective on anaphylaxis epide-
com a alta dose de triptase sérica nas amostras seriadas. O agente miology in the United States with new data and analyses. Curr
causal deve ser confirmado através de testes cutâneos. Em decor- Allergy Asthma Rep. 2011;11:37-44.
rência desse fato, o anestesiologista deve estar atento à possibi- 2. Mertes PM, Laxenaire MC. Anaphylactic and anaphylactoid reac-
lidade de anafilaxia e instaurar o tratamento imediato, além de tions occurring during anesthesia in France. Seventh epidemio-
sempre orientar o paciente para que, em futuros procedimentos, logic survey (January 2001 – December 2002). Ann Fr Anesth Rea-
tal desfecho seja evitado. nim. 2004;23:1133-43.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S159

TLP155 CHOQUE DURANTE INDUÇÃO ANESTÉSICA – A Introdução: O edema pulmonar por pressão negativa (EPPN) apre-
IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: RELATO DE senta uma incidência de 0,5 a 1 caso/1.000 anestesias. Trata-se de
CASO um edema não cardiogênico, que ocorre devido à pressão negativa
exacerbada realizada em uma incursão inspiratória forçada, com
Márcio Carneiro Vieira, Camila de Magalhães de Sá*, transudação alveolar, comprometimento importante de trocas ga-
Fátima Carneiro Fernandes sosas e potenciais complicações pós-operatórias. O objetivo deste
CET Prof. Bento Gonçalves, Hospital Universitário Clementino trabalho foi relatar um caso de EPPN após extubação traqueal.
Fraga Filho (HUCFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro Relato de caso: Paciente masculino, 24 anos, pardo, educador físi-
(UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil co, admitido em regime ambulatorial para hernioplastia inguinal via
laparoscópica. Na avaliação pré-anestésica, paciente negou comor-
Introdução: A visita e a avaliação pré-anestésicas permitem a com-
bidades, uso de medicamentos e alergias. Ao exame físico, cardio-
preensão global do paciente, minimizando desfechos adversos e
pulmonar sem alterações, IMC de 26,3 kg.m-2, PA de 120/70 mmHg,
aumentando a qualidade da assistência. O envelhecimento da popu-
FC 55 bpm, eupneico. Preditores de via aérea difícil inexistentes.
lação gera maior demanda cirúrgica para os idosos, cuja avaliação
Exames laboratoriais, eletrocardiograma (ECG) e Raios X de tórax
deve ser mais criteriosa e atenta, principalmente na pesquisa de
sem alterações. Classificado como ASA 1. A indução anestésica foi
patologias associadas e alterações fisiológicas do indivíduo idoso.
realizada com midazolam (2 mg), fentanil (300 mcg), propofol (200
Relato de caso: N.R.C., masculino, 70 anos, com indicação cirúrgica
mg) e cisatracúrio (10 mg). Intubação orotraqueal sem intercorrên-
de ressecção anterior de reto. Há seis meses com relato de diar-
cias. A anestesia foi mantida, via inalatória, com sevoflurano 3,0%.
reia, perda de 20 kg e anemia. Nega comorbidades e alergias; CF
Ademais, foram administrados dexametasona (4 mg), nausedron (8
> 4 METs. Ao exame vigil, hemodinâmica estável, hipocorado 2+/4,
mg), dipirona (2 g), cetoprofeno (100 mg) e tramadol (100 mg). A
eupneico. Ausculta cardíaca normal. Altura:1,85, peso:80 kg. ECG
descurarização foi realizada com neostigmina (3 mg) associado a
sem alterações; K+, Ht e Hb, pré-operatórios (48 horas antes do
atropina (1,5 mg). Intraoperatório sem intercorrências, com alguns
ato), 3.2, 27 e 9.1, respectivamente. Dois preparos colônicos em
episódios de bucking em momento de extubação. Extubação oro-
menos de 10 dias para colonoscopia, com 2º preparo dois dias an-
traqueal sem outras intercorrências, sendo encaminhado estável à
tes da cirurgia. Clister com soro fisiológico no dia que antecede a
sala de recuperação pós-anestésica. Após alguns minutos, paciente
cirurgia. 1ª abordagem anestésica: Monitorização com ECG, SpO2 e
evoluiu com desconforto respiratório, taquipneia e queda de SatO2.
PANI, acesso venoso periférico. Passagem de cateter epidural para
Consciente, iniciou com tosse produtiva hemoptoica. À ausculta
analgesia pós-operatória e realizada pré-oxigenação por cinco mi-
pulmonar, apresentava estertoração bilateral. Raios X de tórax com
nutos. Feito midazolam 2 mg antes do bloqueio epidural. Indução
infiltrado bilateral. Imediatamente iniciada máscara facial com alto
com 200 µg de fentanil, propofol 100 mg e atracúrio 40 mg. Evolui
fluxo de oxigênio (FiO2 100%), furosemida (80 mg) e hidrocortisona
com choque na indução e imediatamente realizado o acesso arterial
(500 mg), restrição hídrica e posição semissentado. Apresentou me-
via radial esquerda e punção de veia jugular interna direita com
lhora progressiva do quadro, com manutenção de oxigenioterapia e
coleta de material para gasometria (acidose metabólica, K+ 2.17 e
fisioterapia respiratória nas próximas 24 h. Realizado ecocardiogra-
Ht 22). Reposto potássio, infundido cristaloide 2.000 mL , um CHA;
ma e marcadores cardíacos sem alterações. Paciente obteve alta
quadro revertido com drogas vasoativas e suspenso ato operatório.
sem sintomatologia em 48 h de pós-operatório.
Encaminhado ao CTI, realizada avaliação pela cardiologia e libera-
Discussão: O EPPN possui sua fisiopatologia conhecida, porém é
ção para 2ª abordagem cirúrgica. Com sete dias, após compensação
pouco diagnosticado e relatado. Acomete preferencialmente pa-
do quadro laboratorial (K+3,8, Ht 31,3 e Hb 9,8), realizada indução
cientes masculinos jovens, saudáveis e de porte atlético. Possui
com remifentanil 0,2 µg/kg/min, propofol 50 mg e atracúrio 40 mg.
curso transitório e autolimitado se, precocemente, medidas te-
Evolui com mesmo quadro de instabilidade hemodinâmica, com ne-
rapêuticas forem iniciadas. O seu diagnóstico imediato, clínico e
cessidade de drogas vasoativas no transoperatório. Feito um CHA
epidemiológico, associado a início de tratamento, devem estar em
e 4.000 mL de cristaloides. Segue para CTI com amina, intubado,
mente de anestesiologistas em situações de complicações pulmona-
evolui com IRA e diálise. Melhora progressiva e alta hospitalar após
res, com prognósticos favoráveis e redução de morbimortalidade.
um mês da 2ª abordagem.
Referência:
Discussão: Atenção especial deve ser dada à avaliação clínico-
1. Bisinotto FMB, Cardoso RP, Abud TMV. Edema agudo pulmonar
laboratorial quando se pretende abordar paciente com patologia
associado à obstrução das vias aéreas. relato de caso. Rev Bras
debilitante. A anemia e o distúrbio hidroeletrolítico com hipocale-
Anestesiol. 2008;58:165-71.
mia importante tiveram papel importante no desfecho anestésico
na primeira intervenção. A decisão da 2a abordagem cirúrgica foi
baseada na avaliação multidisciplinar. Exames para avaliação de
TLP755 DEPRESSÃO RESPIRATÓRIA TARDIA APÓS INFUSÃO
função miocárdica seriam muito úteis no planejamento do caso.
Referências: DE MORFINA EM CATETER PERIDURAL
1. Wijeysundera DN, Sweitzer B. Preoperative Evaluation. In: Miller João Gabriel de Castro Pereira*, Guilherme Valle de Oliveira,
RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al. Miller’s Anesthesia. 8th ed. Cassiano Franco Bernardes, Erick Freitas Curi,
Philadelphia: Elsevier Saunders. 2015;1085-155. Eliana Cristina Murari Sudré, Paulo Antonio de Mattos Gouvêa
2. Ramesh HS, Pope D, Gennari R, et al. Optimising surgical mana-
gement of elderly cancer patients.World J Surg Oncol. 2005;3:17. Centro de Ensino e Treinamento da Associação Feminina de
Educação e Combate ao Câncer (AFECC), Hospital Santa Rita de
Cássia, Vitória, ES, Brasil
TLP397 COMPLICAÇÃO PULMONAR GRAVE EM PACIENTE Introdução: O controle da dor pós-operatória é um desafio. A via
SAUDÁVEL: RELATO DE CASO peridural pode conferir diversos benefícios, reduzindo a morbidade
Tiago Caneu Rossi*, Flora Margarida Barra Bisinotto, e diminuindo tempo de internação. Porém, não é isenta de riscos.
Relatamos um caso de depressão respiratória tardia em um paciente
Luciano Alves Matias da Silveira, Karen Carneiro Sene,
após infusão de morfina por essa via.
Vanessa Borges Barbosa, André Pedroza Francisco
Relato de caso: Paciente feminina, 69 anos, IMC = 3 2 kg.m-2, ASA
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba, MG, III (hipertensa). Admitida para artroplastia total de joelho. Proce-
Brasil deu-se monitorização de acordo com a Res. Nº 1.802/2006 (CFM) e
S160 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

venóclise periférica. Após leve sedação, com a paciente sentada, analgésicos, cafeína e anti-inflamatórios. Após 8 dias da cirurgia,
inseriu-se cateter peridural, injetando ali lidocaína 2% com adrena- a paciente apresentou diplopia e estrabismo bilateral. Foi avaliada
lina (60 mg). Em seguida, realizou-se raquianestesia, administran- pela neurologia e oftalmologia, e foi solicitado TAC de crânio con-
do-se bupivacaína hiperbárica (14 mg) e morfina (80 μg). A sedação trastada. O laudo foi normal. O diagnóstico final foi estiramento do
foi complementada com midazolam (4 mg). Não houve necessidade VI nervo craniano relacionado à punção da dura-máter, com trata-
de qualquer complementação anestésica. Duração cirúrgica de 140 mento conservador. A paciente evoluiu com melhora dos sintomas
min. Na SRPA a paciente apresentou episódios de dessaturação, des- após 5 semanas, sem sequelas.
pertando aos estímulos. Detectou-se que a mesma tinha fortes si- Discussão: A paralisia de nervos cranianos é uma complicação rara,
nais clínicos de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). Alta que ocorre principalmente entre o quarto e décimo dia após a pun-
da SRPA após 120 minutos, desperta e estável hemodinamicamente. ção de dura-máter. Todos os nervos cranianos podem ser acometi-
Após 18 horas, queixava-se de dor em topografia cirúrgica de inten- dos, com exceção do I, IX e X par. O VI par é o mais acometido. A
sidade 8/10. Foi administrada morfina (2 mg) via cateter peridural. incidência varia entre 1:300 a 1:8.000. Imagens de RNM sugerem
Após 120 min, a paciente apresentou sonolência. Evoluiu com rebai- sinais de depleção do volume do LCR e hipotensão intracraniana,
xamento do nível de consciência, não resposta ao estímulo verbal, levando ao deslocamento caudal do cérebro e ao estiramento dos
sibilos pulmonares e miose. Ao exame, PANI = 80/40 mmHg; FC = nervos. O diagnóstico é clínico. A RNM pode ser de grande valia para
76 bpm; ΔFR = 8-10 ipm; SpO2 = 55%. A hipótese diagnóstica foi de- identificar diagnósticos diferenciais que necessitam de tratamento
pressão respiratória tardia devido a uso de morfina. Fez-se bolus de específico, como neoplasia, isquemia, trauma, aneurisma, esclerose
naloxona IV (80 μg) adicionando bolus de naloxona IV (40μg) a cada múltipla e encefalite. Ao todo, 80% dos pacientes evoluem com re-
2 min, com leve melhora. Paciente evoluiu com melhora das condi- solução espontânea do quadro após 2 semanas a 8 meses. Pouco se
ções ventilatórias, permanecendo com sonolência. Encaminhada à sabe sobre a eficácia do tratamento com tampão sanguíneo epidural
UTI, onde foi necessário o uso de naloxona 0,2 mg.h-1 por 12 horas, para paralisia de nervos cranianos, porém estudos sugerem que o
quando houve remissão total do quadro. tampão realizado após 24 h do início da diplopia não resulta em
Discussão: O uso de opioides por via peridural, apesar de consa- melhora da paralisia. A abordagem precoce, todavia, limita a com-
grado, pode apresentar efeitos colaterais indesejáveis, como pruri- pressão e o estiramento nervoso, prevenindo a degeneração, além
do, náuseas e vômitos, retenção urinária e depressão respiratória. de restaurar a pressão do LCR.
A depressão respiratória, cuja incidência é em torno de 1%, é um Referências:
evento potencialmente fatal e temido. Pode ser classificada como 1. Arcand G, Girard F, McCormack M, Chouinard P, Boudreault D,
precoce (primeiras 2 horas – *lipofílicos) ou tardia (até 24-48 h após Williams S. Bilateral sixth cranial nerve palsy after unintentional
administração – *hidrofílicos). Na presença de um evento adverso é dural puncture. Can J Anaesth. 2004;51:821-3.
fundamental a busca da causa raiz. No caso em tela, importantes 2. Béchard P, Perron G, Larochelle D, Lacroix M, Labourdette A, Dol-
fatores contribuíram: idade, obesidade, SAOS, morfina, lapso de bec P. Case report: epidural blood patch in the treatment of ab-
monitorização e carência de protocolo específico. A instituição de ducens palsy after a dural puncture. Can J Anaesth. 2007;54:146.
saúde, por sua vez, deve dispor de protocolo de analgesia pós-ope-
ratória seguro e eficiente.
Referência: TLO447 EDEMA AGUDO PULMONAR POR PRESSÃO
1. Pratice guidelines for prevention, detection and management of NEGATIVA APÓS EXTUBAÇÃO TRAQUEAL EM
respiratory depression associated with neuraxial opioid adminis- APENDICECTOMIA ABERTA: RELATO DE CASO
tration: An updated report by the American Society of Anesthe-
Márcia Aparecida Tedesco*, Natália Luma Gomes,
siologists task force on neuraxial opioids and the American So-
ciety of Regional Anesthesia and Pain Medicine. Anesthesiology. José Carlos Canga, Esther Alessandra Rocha, Desiré Carlos Callegari
2016;124:535-52. Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil
Introdução: O edema agudo pulmonar por pressão negativa (EPPN)
é uma importante complicação pós-operatória, apesar de rara. É
TLO433 DIPLOPIA E ESTRABISMO BILATERAL APÓS
uma das causas de insuficiência respiratória aguda, sobretudo du-
PUNÇÃO INADVERTIDA DE DURA-MÁTER: RELATO DE CASO
rante anestesia geral, após extubação traqueal. Apesar de o EPPN
Thiago Lima Barreto da Serra e Silva, ser geralmente uma condição benigna, casos fatais são atribuídos
Patricia França Kalache Barreto, Hannelyze Wagner*, ao atraso no diagnóstico dessa condição. Seu surgimento está asso-
Juliana Midori Ito ciado ao desenvolvimento de pressão negativa intratorácica devido
a uma obstrução de via aérea superior, o que ocasiona transudação
Hospital do Trabalhador, Curitiba, PR, Brasil
de líquido para o interstício pulmonar. O tratamento resume-se a
Introdução: A paralisia de nervos cranianos é uma complicação rara suporte clínico, destacando-se a realização de intubação orotra-
após punção da dura-máter. O diagnóstico e tratamento precoces queal imediata, de forma que seja instituída ventilação mecânica
são importantes, visando à redução da morbidade. apropriada.
Relato de caso: Mulher, 36 anos, 98 kg, 1,67 m, sem outras comor- Relato de caso: Trata-se de um paciente de 12 anos de idade, ASA 1,
bidades, submetida a abdominoplastia. PA 130 × 90 mmHg, FC 78. submetido a apendicectomia aberta por via laparotômica, sob
Demais exames sem alterações. Foi proposta sedação com midazo- anestesia geral balanceada, que apresentou, alguns minutos após
lam 0,05 mg/kg e anestesia peridural. A punção foi realizada com a extubação traqueal, taquidispneia importante, hipoxemia e ester-
paciente sentada, usando agulha Tuohy 16G e técnica de Dogliotti tores à ausculta pulmonar. À laringoscopia, evidenciou-se edema
(perda de resistência). A agulha foi inserida no espaço T8-T9, al- importante de vias aéreas superiores e saída de secreção sangui-
cançou profundidade de 4,5cm e ocorreu perfuração da dura-máter nolenta aerada pelas pregas vocais. Diante desse quadro, optou-se
acidental, com refluxo de líquor. Optou-se então por punção em pela reintubação, além da administração de morfina, furosemida
T7-T8, com sucesso. Após o bloqueio, a paciente foi posicionada em e hidrocortisona. Foi encaminhado à UTI, com melhora gradual do
decúbito dorsal, e manteve os sinais vitais estáveis durante a cirur- quadro clínico em 48 horas, sendo extubado sem intercorrências.
gia. No pós-operatório houve cefaleia holocraniana com piora dos Discussão: O EPPN é uma complicação rara, acometendo 0,1% dos
sintomas em posição ortostática. Após o diagnóstico de cefaleia pós- pacientes que realizam anestesia geral. Geralmente ocorre em pa-
punção da dura-máter, foi instituído tratamento com hidratação, cientes jovens do sexo masculino e previamente hígidos. Tem início
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S161

rápido, em minuto, mas pode retardar-se em até 4 horas após a ocor- Referências:
rência de um fenômeno obstrutivo. Clinicamente ocorre taquidisp- 1. Palmieri JTS, Benigno Jr OT, Fonte EBJ. Edema pulmonar pós-la-
neia, hipoxemia, hipercapnia, taquicardia, respiração paradoxal ou ringoespasmo. Relato de caso e revisão da literatura. Rev Bras
padrões ventilatórios incoordenados. Há também roncos e estertores Anestesiol. 1994;44:(Supl18):CBA013.
à ausculta, cianose e secreção rósea aerada. É uma condição autoli- 2. Silva JF, Carneiro FS, Melo MMO, et al. Edema Pulmonar por Pres-
mitada, em geral resolvendo-se em 12 a 24 horas e, na maioria dos ca- são Negativa (EPPN) em pós-operatório imediato de rinossepto-
sos, o tratamento é apenas de suporte. Este caso ilustra a importância plastia: relato de caso e revisão da literatura. Rev Méd Minas
de considerar e estar alerta ao desenvolvimento de EPPN em anes- Gerais. 2008;18:208-11.
tesia geral, especialmente após a extubação traqueal, para que se
tenha um diagnóstico precoce e, assim, seja realizado o tratamento
adequado imediato, diminuindo taxas de morbidade e mortalidade. TLO114 EDEMA PULMONAR AGUDO POR PRESSÃO
Referências: NEGATIVA DEVIDO A BLOQUEIO NEUROMUSCULAR
1. Bajwa SS, Kulshrestha A. Diagnosis, prevention and management RESIDUAL
of postoperative pulmonary edema. 2012;2:180-5.
Leonardo do Valle Souza Vasconcelos*,
2. Medical and Health Sciences Research. Mehta KK, Ahmad SQ,
Shah V, Lee H. Roberto Winter Guaspari Sudbrack,
3. Mehta KK, Ahmad SQ, Shah V, Lee H.Postobstructive pulmonary Gabriel Molinaro de Souza Esperon, Flávia Pelosi da Cruz Gouveia,
edema after biopsy of a nasopharyngeal mass. 2015;16:166-8. Marco Aurelio Damasceno Silva
CET Seba Jorge Eberienos, Hospital Municipal Lourenço Jorge, Rio
de Janeiro, RJ, Brasil
TLP602 EDEMA AGUDO PULMONAR POR PRESSÃO
Resumo: O edema agudo pulmonar (EAP) por pressão negativa é uma
NEGATIVA: RELATO DE CASO
entidade bem descrita, porém com poucos casos relatados. Seu re-
João Francisco Volpe Junior*, Victor Hugo Ferreira Guilardi, conhecimento é importante para que seja instituído tratamento ade-
José Tadeu dos Santos Palmieri, Flávia Vieira Guimarães Hartmann, quado, visto que este difere de outras causas de EAP. Relacionado ao
Herbert Bassi Ferreira Dias ato anestésico, pode ocorrer após a extubação, devido a causas que
levem a obstrução supraglótica ao fluxo aéreo por esforço inspirató-
Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil
rio. A reversão do bloqueio neuromuscular é uma etapa importante
Introdução: O edema agudo pulmonar (EAP) pós-obstrução de vias do processo anestésico, pois, se inadequada, pode acarretar blo-
aéreas é uma entidade frequente, porém com apenas cerca de 100 queio residual, podendo causar complicações respiratórias, gerando
casos publicados. O objetivo deste estudo é relatar um caso de pressão negativa intratorácica e consequente transudação alveolar.
laringoespasmo após extubação, seguido de EAP. Relato de caso: Paciente feminina, 26 anos, 60 kg, admitida para
Relato de caso: Homem, 21 anos, 90 kg, adicto de maconha e cocaí- realização de apendicectomia aberta. Sem comorbidades, ASA IE com
na, vítima de lesão occipital por arma de fogo, com indicação de DVE exames laboratoriais, exame físico dos aparelhos cardiovascular e
para hidrocefalia. Chegou na S.O. agitado e desorientado. Monito- respiratório normais. Indução anestésica com sequência rápida (Fen-
rização e indução venosa com manutenção inalatória. Dificuldade tanil 150 mcg, Propofol 150 mg e Succinilcolina 60 mg IV) manuten-
de IOT, devido a macroglossia e anteriorização de laringe. A cirurgia ção da anestesia com Rocurônio 40 mg IV e Sevoflurane a 2% inala-
durou 30 minutos. Interrompido o inalatório, revertido o BNM, tório. Hidratação venosa total na SO de 1.500 mL de ringer lactato.
inserida cânula de Guedel e aspirada orofaringe. Após 20 minutos, já Monitorizada com TOF WATCH SX para avaliação do grau de bloqueio
em respiração espontânea, com movimentos de membros superiores neuromuscular. Terminada a cirurgia, a paciente apresentava TOF de
e sustentação da cabeça, foi extubado, apresentando em seguida 15%, com ventilação espontânea, sendo então administradas Neostig-
dessaturação não responsiva a O2 e trismo, com grande dificuldade mina 2 mg e Atropina 1 mg IV. Procedida extubação imediatamente
para ventilação sob máscara. Decidiu-se pela reintubação após 60 após a injeção destas drogas. Neste momento, a paciente apresenta-
mg de propofol, com melhora parcial da SpO2 e drenagem de secre- va Volume Corrente baixo, dispneia, taquipneia, esforço ventilatório
ção espumosa rósea pelo tubo. À ausculta, estertores crepitantes importante e agitação psicomotora. Diante deste quadro, optou-se
e roncos difusos. Feitos 80 mg de furosemida e 10 mg de morfina. pela administração de Naloxone 0,2 mg IV. Na SRPA, houve piora do
Encaminhado para SRPA, onde foi mantido sedado, com 93% de SaO2 quadro, com agravamento da dispneia, eliminação de secreção rósea
com PEEP 12 e FiO2 de 1,0. RX de tórax com opacificação difusa pela cavidade oral e surgimento de estertores crepitantes difusos
bilateral. Eco transtorácico normal no 2º DPO. Após tentativas sem bilateralmente. Foi instituída oxigenoterapia em macronebulização
sucesso de extubação e presença de pneumonia associada à ventila- a 12 L/min e Furosemida 80 mg IV (diurese de 2,5 L), sem melhora do
ção, foi tratado com meropenem e realizada traqueostomia. No 11º quadro. A paciente foi encaminhada ao CTI.
DPO evoluiu com Glasgow 15 e em ventilação espontânea. Discussão: O EAP por pressão negativa, ou pós-obstrutivo, é defi-
Discussão: A ocorrência estimada dessa entidade é de 0,05 a 0,1% nido como transudação alveolar e intersticial após intenso esforço
em anestesias gerais. Homens jovens, saudáveis e com musculatura inspiratório contra uma obstrução glótica ou supraglótica. As princi-
torácica bem desenvolvida possuem risco aumentado pela capaci- pais fontes desta obstrução se relacionam a infecção de vias aéreas
dade de gerarem maiores esforços inspiratórios. O laringoespasmo superiores, tumores de faringe ou laringe, laringoespasmo e apneia
é a principal causa. No paciente em questão, além da composi- obstrutiva do sono. Em situações de bloqueio neuromuscular resi-
ção física condizente, a extubação pode ter ocorrido em plano dual, a fisiopatologia do edema agudo pulmonar por pressão nega-
inadequado, que é fator de risco para obstrução de vias aéreas tiva ocorre pela diminuição do diâmetro retrofaríngeo e obstrução
superiores. A pressão intratorácica negativa, secundária à obstru- respiratória alta, culminando com grande esforço inspiratório e al-
ção, provoca aumento do retorno venoso, diminuição do débito teração do gradiente pressórico transpleural.
cardíaco e permite a transudação de fluidos para dentro do alvéolo. Referências:
O caso descreve uma complicação perfeitamente evitável, de alta 1. Barbosa FT, Barbosa LT, Almeida JH, Silva KL, Brandão RR, Santos
morbidade e potencial mortalidade. A chave para uma abordagem LL. Negative pressure pulmonary edema after tracheal extuba-
segura consiste na extubação em plano adequado, no rápido tion: case report. Rev Bras Ter Intensiv. 2007;19:123-7.
reconhecimento da situação, reversão da obstrução e aplicação de 2. Bhattacharya M, Kallet RH, Ware LB, Matthay MA. Negative-pres-
ventilação com pressão positiva. sure pulmonary edema. Chest. 2016;150:927-33.
S162 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLP774 EVENTOS NEUROLÓGICOS ADVERSOS APÓS Introdução: Falha de desintubação é um evento raro, com altas
USO DE FLUORESCEÍNA SÓDICA INTRATECAL PARA taxas de complicações graves. Algoritmos de via aérea difícil redu-
DIAGNÓSTICO DE FÍSTULA LIQUÓRICA: RELATO DE CASO ziram os eventos adversos relacionados à intubação orotraqueal,
porém não alteraram os relacionados à desintubação. A incidência é
Andrea Ferrari Felippi, Ingrid Caroline Baia de Souza, baixa e varia de acordo com a população, de 0,1 a 0,45%.
Jackson Davy da Costa Lemos*, Eneida Maria Vieira Relato de caso: Paciente, 48 anos, tabagista, diagnóstico de neo-
Hospital de Base de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, plasia primária oculta com metástase cervical bilateral. Programa-
SP, Brasil da ressecção tumoral e esvaziamento cervical bilateral. Ausência
de preditores de via aérea difícil e de alterações anatômicas. Em
Introdução: Fluoresceína sódica (FS) intratecal tem sido utilizada sala, monitorizada e indução anestésica com fentanil, propofol
com sucesso desde a década de 1960 para o diagnóstico de fístula e atracúrio. Intubação orotraqueal com cânula aramada 7,5 com
liquórica (FL) de base de crânio, sendo um método de alta sensibi- balonete (Cormack Lehane I), fixada pela equipe cirúrgica. No in-
lidade e especificidade. Além disso, permite que o cirurgião iden- traoperatório, ocorreu desintubação acidental pela equipe cirúrgi-
tifique com precisão o sítio cirúrgico a ser reparado, facilitando o
ca. Prontamente reintubada com cânula aramada 7,0 com balone-
manejo intraoperaório.
te. À laringoscopia direta, via aérea sem edemas, sangramentos ou
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 9 anos, 58 kg, ASA II,
abaulamentos. Foi necessário realizar o sacrifício da veia jugular
com quadro de meningite de repetição e cefaleia, em uso de ami-
interna direita devido a acometimento tumoral. Tempo anestésico
triptilina 12,5 mg/dia. Não apresentava história de alergia ou inter-
7 h 40 min. Administrados 3.000 mL de cristaloides, diurese 700
corrências anestésicas prévias. Internada para diagnóstico e pos-
mL. Ao final da cirurgia, presença de edema palpebral moderado e
terior correção endoscópica de fístula liquórica de base de crânio,
fácies pletórica. Realizada desintubação, paciente estável hemo-
suspeitada por exame de imagem. Sob monitorização padrão, a in-
dinamicamente, encaminhada a recuperação anestésica. Evoluiu
dução para anestesia geral foi realizada com sevoflurano (5%), fen-
com queda de saturação para 87%, ofertado oxigênio por máscara
tanil (100 mcg) e rocurônio (20 mg) e mantida com sevoflurano (2%).
facial com melhora. Após 40 min, paciente apresentou agitação e
Criança posicionada em decúbito lateral direito, puncão única em
queda importante de saturação. Realizada tentativa de ventilação
L3-L4. Injetados 10 mL em bolus, pelo médico anestesiologista, de
com bolsa-valva-máscara sem sucesso. Nova intubação orotraqueal,
uma solução de FS 3,6% (1,8 mL FS 20% + 8,2 mL de água destilada,
com cânula 6,5 com balonete, com dificuldade de progressão. Im-
totalizando 360 mg do fármaco) preparada pela equipe cirúrgica.
portante edema de via aérea. Melhora da saturação de oxigênio
Não foi detectada exteriorização nasal de fluoresceína após 30 mi-
após a reintubação e necessidade de parâmetros ventilatórios al-
nutos. Ao fim do procedimento, criança foi extubada, apresentando
tos. À ausculta, murmúrio vesicular presente bilateral e estertores
episódios de apneia, fixação do olhar, agitação psicomotora, crises
crepitantes bibasais. Diagnóstico de edema agudo de pulmão por
de ausência, além de anisocoria. Realizada tomografia de crânio
pressão negativa. Melhora do quadro clínico após tratamento com
imediata, a qual não evidenciou alterações agudas. Transferida para
furosemida. Submetida a broncoscopia, que evidenciou edema in-
UTI onde permaneceu com crises de ausência e convulsões tônicas
tenso, mucosa local envolvendo toda a cânula orotraqueal desde o
mesmo com o uso de benzodiazepínicos e fenitoína. Após um dia de
arco faringopalatino até a hipofaringe. Mantida intubada por 4 dias,
internação, paciente recebeu alta hospitalar em bom estado geral,
regressão do edema e desintubação sem intercorrências.
consciente, orientada, contactuante, sem deficits motores ou neu-
Discussão: As principais causas de falha desintubação são obstru-
rológicos e em uso de fenitoína.
ção de via aérea, insuficiência respiratória e uso de anestésicos. É
Discussão: O uso de FS intratecal para diagnóstico de FL é consi-
importante a avaliação de fatores clínicos que possam ter impacto
derado um método diagnóstico seguro, embora esteja associado a
na ventilação após a desintubação, como manipulação de via aé-
raras complicações. Os efeitos colaterais estão relacionados com a
rea, traumas, queimaduras, sangramentos e radioterapia prévia.
dosagem, concentração e velocidade de injeção da droga no espaço
A desintubação deve ser sempre eletiva. Podem-se realizar testes
subaracnóideo. Doses menores que 50 mg e tempo mínimo de inje-
como o cuff-leak test ou a laringoscopia direta. Os dispositivos de
ção do fármaco em 10 minutos estão associados à menor incidência
curto-prazo para guiar a reintubação podem ser usados em casos de
de complicações, como parestesia, fraqueza ou espasticidade de
maior risco de falha, e deve-se ter sempre um plano de manejo de
membros inferiores, náuseas, confusão mental e deficits de nervos
via aérea caso a falha de desintubação ocorra.
cranianos. Alguns podem evoluir para convulsões tônico-clônicas
Referência:
generalizadas, crises de ausência, estado de mal epiléptico, torpor
1. Cavallone LF, Vannucci A. Review article: Extubation of the diffi-
e coma. O quadro pode se iniciar em 30 minutos ou até 12 horas e
cult airway and extubation failure. Anesth Analg. 2013;116:368-
regride em 7 a 10 dias. Diante da gravidade do quadro, o médico
83.
anestesiologista deve estar preparado para o diagnóstico precoce e
apto para, prontamente, manejar as complicações.
Referências:
TLO095 FIBRILAÇÃO ATRIAL APÓS REVERSÃO DO
1. Antunes P, Perdigão M. The use of intrathecal fluorescein in ce-
rebrospinal fluid leak repair: management from an anesthesiolo- BLOQUEIO NEUROMUSCULAR: RELATO DE CASO
gist’s point-of-view. Acta Anaesthesiol Scand. 2016;60:1323-7. Éric Guimarães Machado*, Alexandre Almeida Guedes,
2. Jacob AK, Dilger JA, Hebl JR. Status epilepticus and intrathe- Amélie Gabrielle Vieira Falconi
cal fluorescein: anesthesia providers beware. Anesth Analg.
Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
2008;107:229-31.
(UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil
Introdução: Arritmias cardíacas são importante causa de compli-
TLP867 FALHA DE DESINTUBAÇÃO EM PÓS-OPERATÓRIO cação durante o ato anestésico-cirúrgico. Podem ocorrer devido à
DE ESVAZIAMENTO CERVICAL alteração estrutural do coração ou por causas reversíveis. A neostig-
mina é o anticolinesterásico mais usado para reversão do bloqueio
Diego Munhoz Barrios, Ana Carolina Lombardi*,
neuromuscular. Atua inibindo a acetilcolinesterase, aumentando a
Bruno Tose Gonçalves Barbosa, Ayrton Bentes Teixeira
concentração de acetilcolina na fenda sináptica da placa motora.
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Seus efeitos adversos são: síncope, hipotensão arterial, arritmias
Brasil cardíacas e parada cardiorrespiratória, broncoespasmo, aumento da
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S163

salivação. A atropina, anticolinérgico, é usada em associação com a lombar, onde foi constatada a presença de corpo estranho, sendo
neostigmina para atenuar efeitos muscarínicos da acetilcolina. encaminhada para retirada do mesmo sob anestesia geral balancea-
Relato de caso: Paciente feminina, 78 anos, admitida para realiza- da. Posicionada paciente em decúbito lateral esquerdo e realizada
ção de colecistectomia convencional eletiva. Avaliação Pré-anesté- incisão paramediana à esquerda, com dissecção dos planos até iden-
sica: Sem comorbidades, ECG: BRE. Estado físico P2 (ASA). Indução tificação da agulha que se encontrava em plano muscular. Paciente
anestésica com fentanil, etomidato, cisatracúrio e lidocaína. Intu- evoluiu sem deficit motor ou queixa de parestesia.
bação traqueal e anestesia mantida com sevoflurano. Recebeu ain- Discussão: Artigo de revisão descreveu fatores de risco para quebra
da cefazolina, dipirona e dexametasona. Ato cirúrgico sem intercor- de agulha de raquianestesia: reposicionar a agulha sem a retirada
rências. Quando T4/T1 ultrapassou 90%, foi administrada atropina da mesma até o tecido subcutâneo; idade maior que 40 anos; bai-
e neostigmina nas doses habituais. Imediatamente após extubação, xa estatura; alterações anatômicas da coluna vertebral e número
paciente desenvolveu fibrilação atrial (FA) de alta resposta ventri- elevado de punções.2 A maioria dos casos descritos reportou bom
cular, sem instabilidade hemodinâmica. Recebeu deslanosídeo-C (01 prognóstico após a retirada do fragmento da agulha, sem sequelas
ampola IV lento), com retorno ao ritmo sinusal em 15 minutos. Após neurológicas. Para diagnóstico e definição da localização, pode-se
90 minutos na SRPA, a paciente recebeu alta para o leito com 10 recorrer à radiografia e fluoroscopia. No caso descrito, houve uma
pontos na Escala de Aldrette Modificada. reação inesperada do paciente, resultando em contração da muscu-
Discussão: A FA eleva o consumo de oxigênio pelo miocárdio, acarre- latura lombar e quebra da agulha. No entanto, a literatura ressalta
tando desequilíbrio entre oferta × consumo de oxigênio, razão pela a possibilidade de deformação e fratura da agulha nos casos em que
qual deve ser evitada, ou prontamente tratada quando necessário, há dificuldade de punção ou resistência aumentada à passagem da
pois pode ser tolerada nos jovens, mas catastrófica em idosos. Neste agulha, devendo-se avaliar o risco-benefício de se utilizar agulhas
caso, a paciente evoluiu com FA após uso de atropina e neostigmi- de fino calibre nestas situações.
na, e foi prontamente tratada com deslanosídeo-C, retornando ao Referências:
ritmo sinusal minutos após sua administração. Várias drogas anesté- 1. Cruvinel M, Andrade A. Fratura de Agulha durante punção suba-
sicas têm potencial disritmogênico, como isoflurano, suxametônio, racnóidea. Relato de Caso. Rev Bras Anestesiol. 2004;54:794-8.
sufentanil, pancurônio, neostigmina, atropina, epinefrina e nore- 2. Martinello C, Rubio R, Hurwitz E, et al. Broken spinal need-
pinefrina. le: case report and review of the literature. J Clinic Anesth.
Conclusão: Este relato corrobora a importância da vigilância do 2014;26:321-4.
anestesiologista quando da administração de agentes disritmogêni-
cos, devendo estar apto também a identificar e manejar as possíveis
complicações, a fim de prevenir possíveis desfechos desfavoráveis. TLO088 HEMORRAGIA INTRACRANIANA CEREBELAR APÓS
Referências: PUNÇÃO DURAL
1. Lorentz MN, Vianna BSB. Disritmias Cardíacas e Anestesia. Rev
Thais Rodrigues Abra, Cibele Mari Shinike*,
Bras Anestesiol. 2011;61:6:798-813.
2. Lock G, Fialho GL, Lima DC, Almeida MCS. Electrocardiographic Carlos Gustavo Silva Katayama, Henrique Bortot Zuppani,
changes after neostigmine-atropine mixture. J Anesthe Clinic Álvaro Antônio Guaratini, Ayrton Bentes Teixeira
Res. 2012;3-2. Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP,
Brasil

TLP500 FRATURA DE AGULHA NO ESPAÇO Introdução: A hemorragia intracraniana decorrente de punção sub-
dural é rara e incomum quando localizada no cerebelo. Foi encon-
PARAVERTEBRAL DURANTE RAQUIANESTESIA: RELATO DE
trado relato de apenas um caso na literatura, porém associado à
CASO E REVISÃO DE LITERATURA malformação arteriovenosa. Descreve-se um caso de hemorragia
Eurivaldo Valente de Brito*, Nathália dos Santos Lins, cerebelar após punção dural.
André Pereira Linhares, Gustavo Michel da Cunha Cruz, Relato de caso: A.F.R., 40 anos, feminino, ASA I, submetida a ra-
Elissa Carla Pinto Jaques, Igor Pelinca Calado quianestesia associada à anestesia geral para dermolipectomia e
abdominoplastia. Exames pré-operatórios normais. Evoluiu no pós-
Hospital Agamenon Magalhães, Recife, PE, Brasil
operatório imediato com cefaleia holocraniana com piora em posi-
Introdução: O advento de agulhas de menor calibre para realização ção ereta, associada a náuseas. Houve piora do quadro no 2º dia de
de raquianestesia diminuiu a incidência de cefaleia pós-punção de pós-operatório e, a despeito do tratamento para cefaleia pós-pun-
dura-máter e de complicações neurológicas. Por outro lado, houve ção dural, não houve melhora. Realizadas tomografia computadori-
maior surgimento de casos de deformação e quebra de agulhas, em- zada e ressonância magnética de crânio, que identificaram hemor-
bora ainda se trate de evento raro. A frequência de casos descritos ragia cerebelar, com hematoma intraparenquimatoso no hemisfério
varia de acordo com dados da literatura, sendo de 1 a cada 5.000 cerebelar esquerdo medindo cerca de 2,1 × 1,0 × 0,6 cm e sinais de
a 11.000 casos. hemorragia subaracnoide ocupando os sulcos da convexidade frontal
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 14 anos, 55 kg, admitida bilateral. Aventadas as hipóteses de hemorragia cerebelar secun-
na emergência com diagnóstico de apendicite. Após a monitorização dária a: hipotensão liquórica, síndrome da encefalopatia posterior
com eletrocardiograma, oxímetro de pulso e pressão arterial não reversível (PRES), síndrome da vasoconstrição cerebral reversível,
invasiva, paciente foi submetida a raquianestesia para realização trombose de veias cerebelares e malformação ateriovenosa (MAV).
de apendicectomia, em posição sentada, com punção paramediana A paciente foi avaliada pela equipe da neurocirurgia, que descartou
entre as vértebras L3 e L4, com agulha 27G tipo Quincke. Após a tratamento cirúrgico. Foi mantida em repouso no leito com cabecei-
punção, paciente relatou parestesia em membros inferiores, mo- ra baixa, hidratação venosa e analgesia. Houve melhora clínica no
vimentando-se bruscamente. Observou-se resistência à retirada do 8º dia pós-operatório, com alta hospitalar e retorno agendado com
mandril e ausência de refluxo de líquor. Durante a retirada da agu- equipe da neurologia para acompanhamento clínico. Ao retorno am-
lha, constatou-se que mais da metade da mesma ficou alojada na bulatorial apresentava melhora dos sintomas e tomografia de crânio
região paravertebral. Imediatamente, foi abortado o procedimento de controle sem evidências de hematoma intraparenquimatoso no
e encaminhou-se a paciente para avaliação da neurocirurgia. Na hemisfério cerebelar esquerdo.
avaliação neurológica, paciente referia dor lombar sem deficit mo- Discussão: A hipótese mais provável é de hemorragia cerebelar se-
tor ou parestesia. Realizada tomografia computadorizada de coluna cundária a hipotensão liquórica, pela punção subaracnoide. A di-
S164 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

minuição da pressão liquórica leva à dilatação dos seios venosos Referências:


e veias espinhais, e promove ainda a tração das estruturas intra- 1. Zhou J, Bose D, Allen PD, et al. Malignant hyperthermia and mus-
cranianas, com oclusão das veias ponte cerebelares, resultando em cle-related disorders. In: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI et al.
infarto hemorrágico e rotura das veias ponte cerebelares. As demais Miller´s Anesthesia. 8 ed. Philadelphia, Elsevier. 2015;1287-314.e8.
hipóteses também teriam relação com hipotensão liquórica e MAV 2. Da Silva HCA, Almeida CS, Brandão JCM, et al. Hipertermia ma-
foi descartada pelos exames de imagem. O caso reforça a importân- ligna no Brasil: análise da atividade do hotline em 2009. Rev Bras
cia do conhecimento dos diagnósticos diferenciais quando a clínica Anestesiol. 2013;63:13-26.
ou a evolução da cefaleia pós-punção subdural fogem do esperado.
Referências:
1. Sorianoa FL, Amorínb M, Lajarína B, et al. Cerebellar hemorrhage TLO466 INJEÇÃO INTRA-ARTERIAL ACIDENTAL DE
after spinal anesthesia. Rev Esp Anestesil Reanim. 2006;53:110-3. CLOREXIDINA ALCOÓLICA
2. Schievink WI, Maya MM, Nuño M. Chronic cerebellar hemorrhage in
José Mendes Mesquita Neto*, Leonardo Carneiro Marques, Diogo
spontaneous intracranial hypotension: association with ventral spi-
Moreira Garzedim dos Santos, Ricardo Almeida de Azevedo, Hugo
nal cerebrospinal fluid leaks. J Neurosurg Spine. 2011;15:433-40.
Eckener Dantas de Pereira Cardoso, José Admirço Lima Filho
Hospital Geral Roberto Santos, Salvador, BA, Brasil
TLO147 HIPERTERMIA MALIGNA FULMINANTE EM
Introdução: As injeções intra-arteriais acidentais, embora raramen-
PACIENTE PEDIÁTRICO SUBMETIDO À CIRURGIA
te descritas, podem ocasionar complicações graves como isquemia
AMBULATORIAL: RELATO DE CASO aguda e necrose tecidual. A clorexidina, em específico, além dos
Luiz Alberto Bouzas Regueira*, Ethyenne Lacerda Moreira, efeitos secundários à isquemia por oclusão arterial, pode acarretar
Elton Pereira de Sá Barreto Junior, Catharina Borges de Oliveira graves alterações teciduais diretas, culminando em apoptose e ne-
crose celular.
Santa Casa de Misericórdia da Bahia, Salvador, BA, Brasil
Relato de caso: Paciente de 68 anos, hipertensa, diabética, com
Introdução: Hipertermia Maligna (HM) é uma grave síndrome rela- história de arritmia cardíaca não especificada, admitida com
cionada à anestesia, caracterizada por elevação da temperatura, quadro de dor intensa em hipocôndrio direito, associado à febre
taquicardia, taquipneia, hipercarbia, rigidez muscular, acidose e esporádica. Ao exame, apresentava-se com regular estado geral,
hipercalemia. Retardo no diagnóstico e tratamento está associado FC: 115, FR: 18, PA: 165 × 85, T axilar: 37oC e SpO2: 97%. Exames
à alta mortalidade. laboratoriais evidenciaram 17.400 leucócitos, com 5% de bastões,
Relato de caso: LHLA, 12 anos, masculino, compareceu à consulta sem outras alterações. Tomografia de abdome total sugestiva de
pré-anestésica acompanhado da genitora, que negou comorbidades colecistite. Indicada, então, colecistectomia sob anestesia ge-
prévias ou história familiar de HM. Exames físico e pré-operatório ral balanceada. Após cateterização da artéria radial esquerda,
normais. Liberado para cirurgia ambulatorial de herniorrafia ingui- com objetivo de obter pressão arterial invasiva, procedeu-se com
nal esquerda, postectomia e exérese de cisto epididimial. Admiti- bolos intra-arterial acidental de 5 mL de clorexidina alcoólica.
do na sala operatória e realizada monitorização multiparamétrica, Constatado o erro, foram imediatamente infundidos 200 mL intra-
venóclise e administrados fentanil 0,5 mcg/kg e propofol 2 mg/kg. arterial de solução de soro fisiológico e heparina (5 U/mL). Após
Manutenção anestésica com sevoflurano via máscara facial, com 24 horas evoluiu com dor local e edema no membro acometido,
ventilação espontânea em sistema aberto e capnografia contínua. associado a rubor em topografia de artéria radial e terço distal da
Procedida anestesia locorregional com levobupivacaína 0,5% sem artéria braquial. Doppler de membro superior constatou oclusão
vasoconstrictor pelo cirurgião. Após início do procedimento cursou da artéria radial a partir do terço proximal. Iniciada então admi-
com taquicardia e hipercarbia. Suspeitou-se de plano anestésico nistração enoxiparina 40 mg/24 h, hidrocortisona 100 mg 8/8 h e
superficial com complementação de fentanil (total de 2 mcg/kg) dipirona 1 g 6/6 h. Após 3 dias houve redução parcial dos sinais
e bloqueio local. Evoluiu com contratura generalizada, sudorese flogísticos, sendo prescrito AAS e clopidogrel por 90 dias. Após
e hipertermia, 39,5°C. Feita suspeita de HM, solicitado e iniciado 21 dias houve resolução do quadro inflamatório, mantendo-se,
dantrolene intravenoso (3 bolus de 2,5mg/kg e infusão contínua porém, a oclusão da artéria acometida, constatada pela ausência
de 1mg/kg/h). Procedida intubação orotraqueal, resfriamento de pulso radial.
ativo e coleta de exames, sendo evidenciada acidose metabólica Discussão: Não há protocolos de conduta estabelecidos. As moda-
e hipercalemia. Apresentou episódios de parada cardiorrespirató- lidades de tratamento descritas na literatura incluem elevação do
ria. Realizada reanimação cardiopulmonar e administradas drogas membro, analgesia, bloqueios regionais, heparinização, agentes
vasoativas, gluconato de cálcio, bicarbonato de sódio e solução antiplaquetários, agentes fibrinolíticos, esteroides, vasodilatado-
polarizante, com retorno do pulso. Instalados cateteres venoso res e oxigenoterapia hiperbárica. Antibioticoterapia só é indicada
central, de hemodiálise e de pressão arterial invasiva e sondagem em caso de pacientes usuários de drogas pelo risco de infecção
vesical. Encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva onde, por Clostridium. No caso em questão, optou-se por tratamento
após 1 hora, evoluiu com piora hemodinâmica progressiva, assis- mais conservador, apenas com uso de hidrocortisona, heparina e
tolia e óbito. posterior dupla antiagregação plaquetária, por notar-se que não
Discussão: HM é uma síndrome clínica farmacogênica desencadeada houve comprometimento da circulação distal, mesmo após oclu-
por exposição a anestésicos halogenados e bloqueador neuromus- são total da artéria radial, havendo baixo risco de isquemia e ne-
cular despolarizante, succinilcolina. O quadro clínico decorre do crose tecidual.
aumento excessivo do nível intracelular do cálcio muscular esque- Referências:
lético, acarretando hipermetabolismo e rabdomiólise. Indivíduos 1. Arquilla B, Gupta R, Gernshiemer J, Fischer M. Acute arterial
suscetíveis apresentam, comumente, mutações no receptor de Ria- spasm in an extremity caused by inadvertent intra-arterial injec-
nodina tipo 1 e no canal de cálcio dihidropiridínico. Dantrolene é a tion successfully treated in the emergency department. J Emerg
única droga efetiva em reverter os sintomas por reduzir os níveis Med. 2000;19:139-43.
intracelulares de cálcio, reduzindo a mortalidade. Contudo, pre- 2. Faria G. Toxicidade da clorexidina injetada na pata de camun-
venção é a melhor estratégia, através de adequada história clínica dongos e adicionada em cultura de fibroblastos L929. Tese de
e identificação dos indivíduos suscetíveis, fundamental para o pla- Doutorado. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Patologia,
nejamento anestésico. 2007.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S165

TLP375 INSTABILIDADE HEMODINÂMICA APÓS Introdução: A lesão nervosa perioperatória é uma complicação pos-
POSICIONAMENTO EM DECÚBITO VENTRAL sível no paciente anestesiado. As lesões ocorrem quando o nervo é
submetido a estiramento, isquemia ou compressão. A lesão de nervo
Felipe Milhazes Vicente*, Márcio de Pinho Martins,
fibular ocorre normalmente quando o paciente fica em posição de
Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira, Fernando Corrêa,
litotomia ou em decúbito lateral. O nervo fibular comum é mais
Ana Maria Souza, Lívia Pires Peixoto frequentemente danificado a partir da compressão entre a cabeça
Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), Rio de Janeiro, RJ, da fíbula e alguma estrutura externa.
Brasil Relato de caso: A.A.P.N., 11 anos, sexo masculino, encaminhado
ao centro cirúrgico para ser submetido a debridamento cirúrgico e
Relato de caso: Homem, 71 anos, 80 kg, sem comorbidades, exa- troca de fixador externo de fratura de tíbia esquerda. Realizada mo-
mes laboratoriais normais, ECG em ritmo sinusal, será submetido nitorização básica, sedação com midazolam 3 mg + fentanil 50 mcg
a laminectomia em L3-L4 devido à compressão do canal medular.
+ cetamina 20 mg. Submetido a raquianestesia em posição sentada,
Realizada monitorização e venóclise na maca de transporte, pré-
após assepsia e antissepsia toracolombar, com punção em espaço
oxigenação sob máscara com FiO2 100%, indução venosa com fen-
L4-L5 e introdução de bupivacaína pesada 0,5% + morfina 60 mcg,
tanil 250 mcg, lidocaína 80 mg, propofol 160 mg, rocurônio 50 mg;
sem intercorrências. Durante o procedimento cirúrgico, o paciente
procedeu-se à laringoscopia direta (CL 1) e IOT com TOT 8.0 ara-
permaneceu em posição de decúbito dorsal. Sedação com midazo-
mado com cuff e iniciada anestesia inalatória com sevoflurano. Em
lam 1 mg + cetamina 20 mg. O procedimento transcorreu sem inter-
seguida, o paciente foi passado para a mesa cirúrgica em posição
corrências e durou 2 horas e 30 minutos. Após reversão do bloqueio
prona, utilizando coxins para prevenção de lesões no quadril, bra-
de neuroeixo, paciente passou a relatar quadro de parestesia em
ços em abdução com rotação externa e pescoço em rotação lateral
região lateral da perna direita, região dorsal do pé direito, além
direita com amortecimento das estruturas faciais. Após esse posi-
de não conseguir realizar o movimento de dorsiflexão do pé direito.
cionamento, apresentou, gradativamente, hipotensão arterial grave
Referiu ainda quadro de disestesia em região proximal da perna, em
e bradicardia com ritmo juncional, refratários à reposição volêmica
topografia de cabeça da fíbula. Ao ser interrogado, referiu sempre
e à atropina 1 mg em bolus durante 5 minutos de tentativas de
apresentar maior sensibilidade óssea em região lateral da perna,
reanimação. A alteração do posicionamento do paciente com coxim
com disestesia a percussão, porém que piorou após realização da
torácico e suporte de alinhamento da cabeça com o eixo vertebral
cirurgia. Avaliado por neurocirurgião, que confirmou diagnóstico de
levou de forma gradativa à estabilidade hemodinâmica e ao reapa-
lesão de nervo fibular direito, associado a alteração do arcabouço
recimento da onda P. O procedimento cirúrgico durou 90 minutos,
ósseo da fíbula. Radiografia da perna direita realizada não apre-
o ato anestésico foi finalizado com Sugamadex 200 mg e extubação
sentou alterações. Solicitada a realização de eletroneuromiografia.
em decúbito dorsal.
Apresenta discreta melhora da parestesia.
Discussão: O posicionamento em decúbito ventral possui riscos pe-
Discussão: A neuropatia fibular perioperatória é uma complicação
culiares, como as lesões por pressão da córnea, aumento da PIO
incomum consequente de cirurgias distantes da perna ou em posi-
com baixa acuidade visual pós-operatória e até mesmo isquemia
ção supina, de modo que a sua ocorrência em relação a essas cirur-
retiniana por oclusão de sua artéria central, lesões cervicais, ple-
gias sugere o envolvimento de outros fatores associados. Em muitos
xo braquial, genitália externa e ruptura de próteses mamárias. O
casos, o mecanismo preciso da lesão pode não ser detectado. Embo-
aumento da pressão intra-abdominal leva ao deslocamento cefá-
ra a maioria das mononeuropatias perioperatórias esteja associada
lico do diafragma e piora da ventilação, sendo o retorno venoso
à eventual posicionamento intraoperatório durante cirurgia gineco-
priorizado pelo sistema vertebral, ingurgitando as veias espinhais,
lógica, colorretal, urológicas e cirurgia perto da região fibular, um
o que aumenta o sangramento cirúrgico. A rotação do pescoço pode
estudo recente relatou que elas podem ocorrer durante operação
levar à compressão do fluxo sanguíneo cerebral a nível carotídeo
de qualquer duração.
ou vertebrobasilar, e afetar a drenagem venosa com aumento da
Referências:
pressão intracraniana, edema conjuntival e facial. No caso relata-
1. Singhal A, Varma M, Goyal N, Vij V, Wadhawan M, Gupta S. Pero-
do, é notório que a posição do pescoço levou à compressão dos
neal neuropathy following liver transplantation: possible predis-
barorreceptores carotídeos que, mediante a esse estímulo, envia
posing factors and outcome. Exp Clin Transplant. 2009;7:252-5.
impulsos pelos nervos glossofaríngeo e vago ao núcleo do trato so-
2. Cassorla L, Lee J. Patient Positioning and Associated Risks. In:
litário, em sua porção centrocaudal com sinapses hipotalâmicas e
Miller R D, Cohen N H, Eriksson L I, et al. Miller’s Anesthesia. 8
límbicas, gerando diminuição da atividade simpática, da frequência
ed. Canada, Elsevier. 2015;1256-61.
e contratilidade cardíaca, obtendo predomínio parassimpático. De-
vemos adotar medidas como manter a cabeça no plano sagital com
coxins ou pinos de fixação craniana, evitar compressão do globo
TLO728 MANEJO ANESTÉSICO APÓS COMPLICAÇÃO DE
ocular e usar suportes que elevem tórax/pelve aliviando a compres-
são abdominal. Com esses cuidados obteremos adequada condução CATETERIZAÇÃO ARTERIAL PERIFÉRICA
cirúrgica e estabilidade pós-operatória, a fim de que estejamos, de Cirilo Haddad Silveira*, Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo,
fato, fazendo a diferença para nossos pacientes. Leandro Criscuolo Miksche, Guilherme Coelho Machado Nunes,
Referência: Fredi Andreolla, Antonio Takashi Kitayama
1. Miller’s anesthesia. Ronald D. Miller et al. Eighth edition. Cana-
da. Tratado de Anestesiologia SAESP. Luiz Marciano Cangiani et Clinica de Anestesiologia de Ribeirão Preto (CARP), Ribeirão
al. 8 ed - Rio de Janeiro. Preto, SP, Brasil
Introdução: A cateterização arterial periférica é um método de
monitorização durante o procedimento anestésico. Embora seja de
TLP760 LESÃO DE NERVO FIBULAR APÓS RAQUIANESTESIA grande utilidade para controle hemodinâmico e manuseio tera-
PARA CIRURGIA EM MEMBRO CONTRALATERAL pêutico em pacientes graves, o caráter invasivo traz alto risco de
Jamille Ferreira Leandro*, Andressa Brasil Vasconcelos Costa, complicações. Este relato tem como objetivo relatar complicação
após punção de artéria radial.
Danielle Maia Holanda Dumaresq, Natália de Carvalho Portela,
Relato de caso: Paciente feminina, 60 anos, 85 kg, admitida no
Cibelle Magalhães Pedrosa Rocha, Nely Marjollie Guanabara Teixeira
centro cirúrgico para realização de transplante renal. Renal crônica
Instituto Doutor José Frota, Fortaleza, CE, Brasil dialítica, diabetes mellitus insulinodependente com complicações
S166 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

macro e microvasculares e hipotireoidismo. Indução anestésica com máscara facial com oxigênio e sevoflurano até plano anestésico.
sufentanil, propofol, atracúrio e manutenção com remifentanil e Cardioscópio, capnografia, PNI e oximetria de pulso. Venóclise em
propofol. Teste de Allen mostrou-se negativo; realizada punção ar- MSE com jelco 24G. Passagem de máscara laríngea 1,5. Mantida
terial da radial direita sem intercorrências. Após 2 horas de proce- anestesia inalatória com oxigênio, ar comprimido e sevoflurano, sob
dimento cirúrgico, apresentou queda da saturação de oxigênio e ventilação espontânea. Exame durou 35 minutos e transcorreu sem
cianose fixa em mão direita com gasometria arterial normal. Oxíme- intercorrências. Ao final, após retirada de máscara laríngea, pacien-
tro de pulso foi reposicionado e seus valores normalizados. Retirado te apresentou laringoespasmo severo, não sendo possível ventilar
o cateter arterial e realizadas manobras de aquecimento. Cirurgia sob máscara facial ou máscara laríngea. Realizada laringoscopia
sem intercorrências. Solicitada avaliação da equipe da cirurgia vas- para IOT, onde verificou-se classificação de Cormack-Lohane IV e
cular que constatou espasmo da artéria radial e ulnar, com ausência impossibilidade de passagem do TOT. Após 5 mg de Succinilcolina
de trombo ou embolo. Paciente apresentava fístula arteriovenosa foi possível ventilar novamente sob máscara laríngea, porém sob
não funcionante em membro superior direito, além de historia de pressões elevadas. Realizado contato com cirurgia pediátrica, que
punção de subclávia direita com colocação de cateter de Shilley indicou traqueostomia de urgência. Procedimento realizado 1 hora
há 10 dias associado a paresia do membro superior direito. Evoluiu depois sem intercorrências. Internação no CTI por 2 semanas, onde,
com dor em mão direita, sendo realizados três bloqueios estrelados após investigação cromossômica, descobriu-se tratar-se de criança
associados à bloqueio de plexo braquial guiado por ultrassom. No portadora de Síndrome de Edwards. Alta para residência traqueos-
terceiro pós-operatório, apresentou cianose intensa, ausência de tomizado e grastrostomizado.
fluxo ao Doppler e flictemas em mão direita. Equipe da cirurgia Discussão: A maioria dos fetos portadores de trissomia do cromosso-
vascular optou por realizar a amputação do membro, a qual ocorreu mo 18 não chega ao termo, indo a óbito durante a vida embrionária
sem intercorrências. e fetal. As crianças que nascem apresentam um prognóstico bastan-
Discussão: O caso demonstra que o teste de Allen pode não ser um te reservado, com cerca de 10% dos casos atingindo 1 ano de vida.
preditor útil de isquemia na ausência de lesão vascular, já que se A ausência de diagnóstico sindrômico do paciente no pré-anestésico
mostrou normal, apesar de insuficiência arterial no membro. Além e o antecedente anestésico sem relato de intercorrência nos deu
disso, paciente portadora de diabetes mellitus insulinodepende segurança para continuar o procedimento. Optamos pela máscara
descompensada, a qual, associada à arteriopatia difusa, aumenta laríngea por menor manipulação de via aérea e por não necessitar
os riscos de complicações após a cateterização, como vasoespasmo, de relaxamento muscular. Após traqueostomia de urgência, pacien-
trombose, embolização distal e proximal, neuropatia compressiva, te permaneceu no CTI por 2 semanas, quando foi realizada gastros-
hemorragia por desconexão acidental, formações aneurismáticas, tomia com posterior alta para residência.
fístulas arteriovenosas, infecção local e sistêmica, injeção inadver- Referência:
tida de medicações, necrose e gangrena de dígitos. Dessa forma, 1. Rosa RFM, Rosa RCM, Zen PRG, Graziadio C, Paskulin GA. Trisso-
deve-se atentar a possíveis complicações de procedimentos inva- mia 18: revisão dos aspectos clínicos, etiológicos, prognósticos e
sivos, observando as comorbidades do paciente, individualizando o éticos. Rev Paul Pediatr. 2013;31:111-20.
atendimento e realizando condutas mais seguras.
Referências:
1. Scheer BV, Perel A, Pfeiffer UJ. Clinical review: Complications TLO701 MANEJO TERAPÊUTICO E DIAGNÓSTICO
and risk factors of peripheral arterial catheters used for haemo- LABORATORIAL DE ANAFILAXIA DURANTE O
dynamic monitoring in anaesthesia and intensive care medicine. PROCEDIMENTO ANESTÉSICO: RELATO DE CASO
Crit Care. 2002;6:199-204.
Anderson Meneghini Capra*, Antonio Andrigo Ferreira de Carvalho,
2. Durbin CG Jr. Radial arterial lines and sticks: what are the risks?
Respir Care. 2001;46:229-30. Joana Zulian Fiorentin, Jane da Silva , Edelton Flávio Morato,
Roberto Henrique Benedetti
Hospital Florianópolis (HF), Florianópolis, SC, Brasil
TLO564 MANEJO DE PACIENTE PEDIÁTRICO COM Serviços Integrados de Anestesiologia (SIANEST), Florianópolis, SC,
SÍNDROME GENÉTICA NÃO ESCLARECIDA SUBMETIDO A Brasil
RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA: RELATO DE CASO
Introdução: Anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade severa,
Filipe de Azevedo Teixeira Reis*, Nicoly de Souza Lima Barberio, resultante da liberação de mediadores derivados de mastócitos e
Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Bruno Serra Guida, basófilos por degranulação, como a triptase. Medicamentos são os
Karen Amaral Faria principais responsáveis pelas reações anafiláticas graves, represen-
tando mais da metade das anafilaxias fatais.
Hospital Pasteur, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Relato de caso: Paciente feminina, 56 anos, 72 kg, ASA II, Mallampa-
Introdução: A Síndrome de Edwards é a segunda trissomia autossô- ti III, interna para correção de fratura de rádio distal. Tabagista 20
mica mais frequente observada ao nascimento, ficando atrás da Sín- maços/ano, desconhece alergias ou histórico familiar de hiperter-
drome de Down. As características fenotípicas comumente presentes mia maligna. Submetida a segmentectomia pulmonar há 20 anos de-
na síndrome consistem em: achados neurológicos; anormalidades de vido a trauma. Plano de realizar bloqueio de plexo braquial guiado
crânio, face, tórax e abdome, extremidades, órgãos genitais, pele por ultrassonografia. Apresenta-se com ritmo sinusal, FC = 65 bpm,
e fâneros; e malformações de órgãos internos. A incidência de via PA = 121/77 mmHg, SpO2 = 98. Realizou-se venóclise e instalação de
aérea difícil é alta nesses pacientes, e algumas características no oxigênio sob máscara facial (5 L/min), seguido de infusão venosa
exame físico podem nos alertar para isso, como microcefalia, nariz de fentanil 50 µg, midazolam 2 mg e cefazolina 2 g (bolus lento).
e boca pequenos, palato ogival e micrognatia. A paciente evoluiu com taquicardia sinusal (144 bpm), sudorese,
Relato de caso: Criança de 7 meses, 5,8 kg, prematura de 34 se- rebaixamento do sensório, PA = 55/33 mmHg, SpO2 = 78% e lesões
manas, história de síndrome genética sem especificação, submetida eritematosas em flancos e mamas. Optou-se por intubação orotra-
a ressonância nuclear magnética de crânio. Sem exames laborato- queal, reposição volêmica (1,5 L de cristaloide), efedrina em bolus
riais e antecedente anestésico de correção de herniorrafia inguinal (total = 30 mg) e hidrocortisona 500 mg, com melhora gradual dos
aos 4 meses, com sucesso. Na avaliação pré-anestésica identificou- parâmetros (PA = 130/80 mmHg, SpO2 = 98%, FC = 122 bpm). Mantida
se baixo peso para idade, hipoplasia de tecido adiposo, baixa im- hipnose com sevoflurano até transferência para UTI, mantendo-se
plantação de orelhas e unhas hipoplásicas. Indução inalatória sob estável, sendo extubada 2 horas após. Recebeu alta para enfermaria
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S167

em 24 horas. Coletaram-se amostras de soro para análise de triptase No caso descrito, toda a equipe foi surpreendida pela mudança re-
em 2, 4 e 24 horas, resultando nos seguintes valores: 59, 34 e 10,9 cente da clínica da paciente, porém não foi aventada hipótese de
ng/mL, respectivamente. Paciente aguarda a realização dos testes presença de líquido no estômago. Dessa forma, a escolha da técnica
cutâneos para definição do fator causal. anestésica pode ser considerada como inadequada, uma vez que a
Discussão: A anafilaxia afeta múltiplos sistemas como cutâneo, paciente apresentava fatores de risco importantes para a ocorrên-
respiratório, cardiovascular e gastrointestinal. Pode se apresentar cia de aspiração e não foi induzida sob sequência rápida.
como uma situação de emergência, potencialmente fatal se não Conclusão: Embora não tenha ocorrido vômito, ou regurgitação, o
manejada de forma adequada. Essa diversidade clínica pode dificul- caso mostra que mudanças na evolução clínica, especialmente em
tar e atrasar o diagnóstico, interferindo na sobrevida do paciente. abdômen agudo inflamatório, faz pensar na possibilidade da presen-
O tratamento se baseia na administração de adrenalina, manejo ça de líquido no estômago e medidas profiláticas devem ser insti-
da via aérea, reposição volêmica e medicamentos adjuvantes como tuidas. Portanto, a identificação dos fatores de risco, a reavaliação
anti-histamínico e corticoide. Após obter estabilidade clínica, é im- do paciente, o diálogo com o cirurgião e o correto planejamento
portante prosseguir a investigação diagnóstica com testes labora- anestésico são fundamentais na prevenção deste evento.
toriais e cutâneos. A triptase é o teste laboratorial confirmatório Referências:
mais utilizado nas anafilaxias mediadas por IgE. Consideram-se ele- 1. Beck-Schimmer B, Bomvini JM. Incidence, consequences and ma-
vados níveis maiores que 11,4 ng/mL. Os testes cutâneos conferem nagement. Eur J Anaesthesiol. 2011;28:78-84.
especificidade diagnóstica, definem o fator causal e possibilitam a 2. Pires OC et al. Complicações Respiratórias em Cangiani LM, Car-
prevenção secundária. Para uma adequada investigação diagnóstica mona MJC, Torres MLA et al. Tratado de Anestesiologia SAESP. 8ª
é fundamental o envolvimento das equipes assistenciais e labora- Ed. São Paulo, Atheneu. 2017;3735-52.
toriais.
Referências:
1. Volcheck GW, Mertes PM. Local and general anesthetics imme- TLP745 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA DURANTE
diate hypersensitivity reactions. Immunol Allergy Clin N Am. RESSECÇÃO DE CARCINOMA PULMONAR POR LASER:
2014;34:525-46. RELATO DE CASO
2. Montañez MI, Mayorga C, Bogas G, et al. Epidemiology, mecha-
Marcella Martins Bellini*, Marilia da Silva Faria de Macedo,
nisms, and diagnosis of drug-induced anaphylaxis. Front Immu-
nol. 2017;8:614. Luciana Valente
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
TLO103 PACIENTE COM ESTÔMAGO CHEIO: UM CASO
Introdução: A manutenção anestésica e controle da hipóxia durante
INESPERADO
utilização de laser em broncoscopia rígida requer atenção e colabo-
Luiz Felipe de Souza Tiburzio Megale, Marcelo Negrão Lutti, ração entre cirurgião e anestesista. Apresentamos um caso de para-
Juliano Moisés Tobal*, Luiz Marciano Cangiani, da cardiorrespiratória por hipóxia durante ressecção de carcinoma
Sabrina de Souza Ramos, Helivelton Rocha Azevedo pulmonar por laser com broncoscopia rígida.
Relato de caso: Masculino, 58 anos, ex-tabagista de 10 maços/ano,
CET Centro Médico Campinas, Campinas, SP, Brasil
HAS e DPOC. ECOTT com disfunção sistólica global moderada de VE,
Introdução: A broncoaspiração do conteúdo gástrico é uma compli- FE 36% e hipocinesia difusa de VE. ECG com FA e bigeminismo ven-
cação grave. O objetivo do relato é apresentar o caso de uma pa- tricular. Broncofibroscopia apresentando carcinoma epidermoide
ciente escalada para colecistectomia por vídeo, na qual a obstrução em corda vocal esquerda, brônquio-fonte direito e esquerdo, com
intestinal em um abdômen agudo inflamatório não foi diagnosticada obstrução de 85% da luz de ambos, com proposta de ressecção por
e, por isso, aumentou o risco relacionado à escolha da técnica anes- broncofibroscopia rígida e laser diodo. Monitorização com ECG, oxi-
tésica. metria de pulso e pressão arterial invasiva. Indução com etomidato
Relato de caso: Paciente feminina, 41 anos, 55 kg, estado físico ASA 20 mg, cisatracúrio 7 mg e remifentanil em infusão contínua. Manu-
II. Na sala cirúrgica, estava descorada, desidratada, emagrecida, tenção com propofol 1% em bomba infusora e bolus intermitente de
ictérica, PA 170 × 100, FC: 140 bpm, abdômen globoso, doloroso relaxante muscular. Iniciado o procedimento o paciente evolui com
e sem sinais de irritação peritoneal. Exames laboratoriais normais SpO2 de 39% e PCR em AESP, revertida após 1 minuto de manobras
e estava em jejum. Segundo o cirurgião, dois dias antes da cirur- de RCP. Realizada IOT e traqueostomia; puncionada veia femoral
gia, a paciente estava estável hemodinamicamente e sem distensão direita, iniciada infusão contínua de noradrenalina e suspensão de
abdominal. Após venóclise, hidratação e monitorização, iniciou a anestésicos venosos. Evolui com taquicardia ventricular, revertida
anestesia venosa total com midazolam (3 mg) , remifentanil, pro- com lidocaína. Reiniciada manutenção da anestesia com fluxo de
pofol, rocurônio (0,6 mg/kg) e lidocaína (60 mg), por via venosa. oxigênio a 10 L/min e alta frequência respiratória. Retorno ao pro-
Realizou-se a ventilação sob máscara facial, seguida de intubação cedimento com fluxo de ar comprimido a 12 L/min e oxigênio a 3
traqueal e ventilação mecânica. Quando foi colocada a sonda oro- L/min, mantendo FiO2 abaixo de 0,3, e períodos de apneia para uso
gástrica, houve drenagem rápida de grande quantidade de conteúdo do laser, até queda da saturação periférica de 94%. Procedimento
gástrico (400 mL) de cor escura, com partículas sólidas e odor féti- evoluiu sem novas intercorrências. Transferido para a unidade de
do. Na introdução dos trocartes, houve saída de líquido ascítico. A tratamento intensivo, traqueostomizado em ar ambiente. Diagnos-
colecistectomia foi cancelada e foram realizadas a paracentese do ticado IAM no pós-operatório, sendo realizado tratamento clínico,
líquido ascítico e biópsia das lesões peritoneais (adenocarcinoma). após o qual o paciente recebeu alta hospitalar sem sequelas.
Após a cirurgia, foi extubada e encaminhada à SRPA. Recebeu alta Discussão: A realização de broncoscopia rígida é ideal para proce-
hospitalar no 2º dia do pós-operatório. dimentos intrabronquiais como dilatação mecânica da traqueia ou
Discussão: Aspiração pulmonar do contéudo gástrico é um evento estruturas brônquicas e desbridamento de tumores por laser ou por
que pode levar à pneumonia, síndrome do desconforto respiratório meios mecânicos. É realizada sob anestesia geral, com passagem
e morte. Os fatores de risco são extremos de idade, pacientes debi- do broncofibroscópio rígido e ventilação através de uma entrada
litados, doenças do trato gastrintestinal, jejum inadequado, plano lateral no aparelho. Durante a utilização do laser, deve-se manter
anestésico inadequado, uso de dispositivos supraglóticos, ventilação uma FiO2 baixa, com uso de ar comprimido em alto fluxo e oxigênio
com pressão positiva, via aérea difícil e cirurgia maior que 2 horas. em baixo fluxo realizando ventilação intermitente com alto fluxo
S168 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

de oxigênio e alta frequência respiratória para oxigenação antes TLO351 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM
de novo período de apneia. O anestesiologista necessita realizar a PROCEDIMENTO DE TROMBECTOMIA
ventilação no tempo correto para evitar hipóxia e “fogo” nas vias
Patrízia Santos Sousa*, Antonio Herlandson Freire da Cunha,
aéreas. Pacientes com baixa reserva pulmonar necessitam de maior
atenção durante períodos de apneia, uma vez que a dessaturação Jose Mendes dos Santos, Vera Lucia Fernandes de Azevedo
ocorre em tempo menor e pode acarretar em intercorrências perio- Centro de Ensino e Treinamento (CET) das Obras Sociais Irmã Dulce
peratórias como a descrita anteriormente. (OSID), Hospital Santo Antônio, Salvador, BA, Brasil
Referência:
Introdução: A trombose venosa profunda (TVP) é uma patologia
1. Anesthesiologist’s manual of surgical procedures/editor, Richard
ainda frequente e a realização de trombectomia precoce reduz a
A. Jaffe; associate editors, Clifford A.Schmiesing, Brenda Go-
morbidade aguda e a incidência de síndrome pós-trombótica, ca-
lianu – Fifth edition.
racterizada por úlceras venosas, esclerose dérmica e dermatite de
estase.O objetivo deste relato é descrever um caso após trombec-
tomia percutânea que evoluiu com uma complicação grave, parada
TLP335 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM PACIENTE
cardiorrespiratória (PCR) e a conduta anestésica perante o caso.
COM SEPSE ABDOMINAL
Relato de caso: Paciente masculino, 60 anos, internado com quadro
Lívia Pires Peixoto*, João Ghabriel do N.de Lucena Gonçalves, de TVP em membro inferior direito, em pós-operatório tardio de ar-
Jaime Garcia Pinto, Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira, troplastia total de quadril (2 anos) e fazendo uso de rivaroxicabana.
Fernando de Carvalho Corrêa, Márcio de Pinho Martins Referiu outros episódios de TVP em cirurgias anteriores, além de ser
portador de diabetes mellitus tipo 2 , hipertensão arterial sistêmi-
Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), Rio de Janeiro, RJ,
ca, hipotireoidismo e falcemia. Realizada trombectomia percutânea
Brasil
via veia jugular interna direita associado à fibrinólise sob sedação
Introdução: Trata-se de relato de caso sobre Parada Cardiorrespi- profunda e monitorização adequada. Ao final do procedimento, o
ratória em paciente com sepse abdominal durante anestesia geral. paciente cursou com confusão mental e hipotensão grave, seguida
Relato de caso: R.J.G.S., 68 anos, hipertenso, diabético e dislipi- de PCR em AESP. Foram executadas manobras de reanimação cardio-
dêmico, atendido na emergência com suspeita de apendicite. Em pulmonar, devido ao local de cateterização venosa, suspeitado de
seis horas evoluiu com hipotensão não responsiva a volume e in- tamponamento cardíaco, sendo confirmado por ecografia. Realizada
suficência respiratória, sendo necessários intubação orotraqueal, punção pericárdica com RCE, e o paciente foi mantido ob cuidados
ventilação mecânica e uso de noradrenalina em bomba infusora por pós-parada e posterior drenagem pericárdica, sendo encaminhado
acesso central em veia jugular direita. Avaliado pela Cirurgia Geral a UTI, onde cursou com LRA não dialítica. O paciente recebeu alta
indicada Laparotomia Exploradora. Na SO encontrava-se intubado, da unidade de terapia intensiva sem sequelas neurológicas.
sedado com midazolam em bomba infusora e em uso de noradrena- Discussão: Tamponamento cardíaco (TC) secundário a perfuração
lina. Foi monitorizado com PNI, cardioscópio, oxímetro de pulso. cardíaca após angioplastia é um evento raro, porém de grande leta-
Acoplado a ventilação mecânica, anestesiado com rocurônio 50 mg lidade. Os primeiros relatos são de 1958, e estima-se que a incidên-
+ fentanil 250 mcg + midazolam 15 mg. Cerca de 1 hora após o início cia seja de 0,0001 a 1,4% e que a mortalidade associada seja de 65
de cirurgia, o paciente apresentou hipotensão e bradicardia, sendo a 100% no adulto. Os principais locais de perfuração são o ventrículo
aumentada a dose de noradrenalina e iniciada adrenalina em bomba direito e aurícula direita (AD), totalizando 80% dos casos, seguido
infusora, evoluindo com parada cardiorrespiratória em assistolia. da veia cava superior (VCS). Os sintomas de TC são dispneia, dor
Iniciadas manobras de ressucitação com massagem cardíaca e adre- torácica ou em epigastro, hipotensão, taquicardia, ingurgitamento
nalina no total de 3 mg, reanimado após 9 min com pressão sistólica jugular, pulso paradoxal, baixa voltagem no ECG , aumento da área
de 140 mmHg e em taquicardia supraventricular com frequência cardíaca e confusão mental. A tríade clássica de Beck (hipotensão,
cardíaca de 124 bpm. Equipe cirúrgica optou por uma abordagem abafamento de bulhas cardíacas e ingurgitamento jugular) pode não
de redução de danos, ressecando rapidamente a massa em ceco que estar presente em até 29% dos casos, podendo levar à morte por
causava a apendicite e matendo o paciente em peritoniostomia. En- colapso cardiovascular sem os sintomas clássicos. O aumento súbito
caminhado ao CTI em prótese ventilatória, em uso de noradrenalina da compressão cardíaca pelo derrame leva ao quadro de choque
e adrenalina dose beta. Evoluiu para óbito em 36 horas. grave. Devido a isso, o rápido reconhecimento e tratamento dessa
Discussão: A parada cardiorrespiratória representa um evento dra- condição são importantes, já que se trata de uma complicação po-
mático que pode ocorrer rapidamente sem sinais de alerta, entre- tencialmente fatal.
tanto pode ser revertida com as técnicas de reanimação cardiopul- Referências:
monar. Por conta disso, é essencial que toda a equipe anestésica 1. Booth SA, Norton B, Mulvey DA. Central venous catheterization
esteja treinada devidamente atualizada com o protocolo mais mo- and fatal cardiac tamponade. Br J Anaesth. 2001;87:298-302.
derno de RCP. Em 2015, a AHA publicou o guideline de atualização 2. Silveira L. Tamponamento cardíaco por cateterismo venoso cen-
em PCR que define novas práticas a serem adotadas por socorristas tral. Rev Port Cirurgia. 2009;9:55-8.
não leigos no ambiente intra-hospitalar, como: retirada da vasopres-
sina do algoritmo, uso da adrenalina mais precocemente, mudança
na ventilação durante a RCP, uso da capnografia como avaliação TLP891 PCR EM PRÉ-ESCOLAR FALCÊMICO APÓS INFUSÃO
de prognóstico, valorização de parâmetros como a profundidade de
DE GADOLÍNIO PARA RNM
compressão e frequência.
Referências: Carolina Almeida Ramos*, Pedro Brito de Oliveira Junior,
1. Ferez D, Falcão LFR, Badessa GG. Reanimação cardiorrespira- Renata Sofia Guimarães, Paulo Max Gonzaga Oliveira,
tória no adulto. In Cangiani LM, Carmona MJC, Torres MLA et Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso, Ricardo Almeida de Azevedo
al. Tratado de anestesiologia SAESP 8 ed. São Paulo, Atheneu.
Hospital Geral Roberto Santos, Salvador, BA, Brasil
2017;3409-45.
2. Neumar RW, Shuster M, Callaway CW, et al. Part 1: Executive Introdução: Gadolínio é um contraste utilizado para estudos de RNM
Summary: 2015 American Heart Association Guidelines Update desde década de 1980, com excelente perfil de segurança. Reações
for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascu- adversas sérias são incomuns, porém podem ocorrer, mas, como
lar Care. Circulation. 2015;132(18 Suppl 2):S315-67 anafilaxia, é extremamente rara.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S169

Relato de caso: L.G.S.S., masculino, 3 anos e 8 meses, falcêmi- mantida dieta zero e solicitada esofagografia com contraste. Ocor-
co, internado por crises álgicas abdominal e em membro infe- reu evolução satisfatória e alta hospitalar com 72 h.
rior direito, admitido no setor de bioimagem para realização de Discussão: As técnicas laparoscópicas trouxeram importantes avan-
RNM de coxa para afastar osteomielite no membro. Admitido em ços em várias especialidades cirúrgicas, com redução do estresse
ventilação espontânea, regular, sem uso de musculatura acessó- cirúrgico, menor dor pós-operatória e menor morbimortalidade.
ria, afebril, bom estado geral. Anêmico (Hb 7,4, Ht: 25%), leuco Pneumoperitônio acarreta alterações hemodinâmicas, respiratórias
13280 sem desvio (com ceftriaxone e oxacilina) com plaquetose e ventilatórias. Cirurgias bariátricas exigem instalação intraope-
(1.109.000). Monitorização básica (cardioscopia, PAMNI, oximetria ratória da sonda de Fouchet, que deve ser manipulada cuidado-
de pulso). Indução anestésica com inalatório (sevoflurano 8%), samente pelo risco de trauma esofágico. O pneumomediastino
realizadao venóclise 22G em MSE, passado ML nº 2,0. Adequado é uma complicação rara, associada, principalmente, a anomalias
capnografia. Conectado a VM modo controlado. Manutenção com congênitas, trauma diafragmático perioperatório, hérnia de hiato
sevoflurano (3,0%). Estável clinicamente com tendência normo- volumosa. O sintoma clínico de dor torácica assim como o trau-
cárdica (FC 120-140 bpm), normoxemia (SpO2: 94-96 %) e normo- ma esofágico ocasionado pela sonda de Fouchet pode confundir o
tenso (86 × 43 mmHg). Após injeção de contraste gadolínio, evo- diagnóstico de pneumomediastino. Ambas as etiologias devem ser
luiu rapidamente com bradicardia (FC 45 bpm), tendo realizado investigadas para afastar causas de origem cardiológica. No caso
prontamente atropina 0,5 mg, sem resposta, evoluiu com PCR em relatado, é importante reconhecer as complicações do pneumoperi-
ritmo de AESP. Procedida reanimação cardiopulmonar de acordo tôneo, a manipulação da sonda de Fouchet deve ser realizada pelo
com ACLS. Retornou a circulação espontânea após 15 min. Não ob- anestesiologista e atenção aos sinais de precordialgia de origem
servado rush cutâneo, broncoespasmo ou hipotensão. Gasometria cardíaca em pós-operatório imediato.
arterial pós-PCR revelava apenas hipercalemia (K:5,9) e acidose Referências:
metabólica (pH:7,0; HCO3:11,5). Mantido em VM via TOT e levado 1. Corrêa CMO, Brandão MJM, Hidrata ES. Considerações anestési-
a emergência estável clinicamente. cas na cirurgia laparoscópica. ABCD Arq Cir Dig. 2008,21:136-8.
Discussão: Desde o início do uso do gadolínio como meio de contras- 2. Clements RH, Reddy S, Holzman MD, et al. Incidence and sig-
te para exames de RNM atesta-se seu perfil de segurança, inclusive nificance of pneumomediastinum after laparoscopic esophageal
no paciente com anemia falciforme, sem evidências claras de que surgery. Surg Endosc. 2000;14:553-5.
o mesmo pudesse precipitar crises veno-oclusivas ameaçadoras à
vida. Se a injeção do mesmo causa hipóxia e, mais ainda, se essa
manifestação aguda pode levar a uma parada cardíaca, ainda são TLO636 PNEUMOTÓRAX E PNEUMOMEDIASTINO APÓS
necessários mais estudos para avaliar tal relação. Afastadas outras ANESTESIA GERAL: LARINGOESPASMO VERSUS LESÃO
causas para PCR em ritmo de assistolia e AESP, tem-se aqui um caso TRAQUEAL: RELATO DE CASO
de PCR de causa desconhecida após uso de gadolínio para RNM.
Luciana Dal Prá de Franceschi*, Letícia Hellen Basso,
Joana Zulian Fiorentin, Breno José Santiago Bezerra de Lima,
Roberto Henrique Benedetti, Rodolfo de Pinho Paes Barreto
TLP704 PNEUMOMEDIASTINO: COMPLICAÇÃO
PERIOPERATÓRIA EM CIRURGIA BARIÁTRICA Hospital Florianópolis (HF), Florianópolis, SC, Brasil
VIDEOLAPAROSCÓPICA Introdução: A anestesia geral é uma técnica anestésica amplamen-
Julival Mendes Alves Júnior*, Samira Almeida Maia, te utilizada, sendo considerada um procedimento seguro. Entre-
Erick Freitas Curi, Cassiano Franco Bernardes, tanto, podem ocorrer complicações respiratórias, dentre elas o
Paulo Antonio de Mattos Gouvêa, Eliana Cristina Murari Sudré laringoespasmo. O manejo adequado inclui ventilação com pressão
positiva (VPP), que pode ocasionar barotrauma, com consequente
Centro de Ensino e Treinamento da Associação Feminina de extravasamento de ar dos pulmões, acarretando em pneumotórax
Educação e Combate ao Câncer (AFECC), Hospital Santa Rita de e pneumomediastino.
Cássia, Vitória, ES, Brasil Relato de caso: Paciente masculino, 20 anos, ASA 1E, 100 kg (IMC =
29,8), história de asma na infância. Foi submetido a apendicecto-
Introdução: A videolaparoscopia acarreta modificações no organis-
mia, monitorado com oximetria de pulso, cardioscopia, pressão ar-
mo que podem levar a complicações perioperatórias importantes,
terial não invasiva e capnografia. Indução anestésica em sequência
sendo a maioria relacionada ao pneumoperitôneo. O objetivo deste
rápida com fentanil (3 mcg/kg), propofol (1,5 mg/kg) e succinilcoli-
caso é descrever um quadro de pneumomediastino, diagnóstico di-
na (1 mg/kg), seguido de intubação orotraqueal (IOT) com fio guia,
ferencial e conduta diante do mesmo.
através de laringoscopia direta, sem intercorrências. Anestesia
Relato de caso: Paciente sexo feminino, 21 anos, 118 kg, 1,68 m,
mantida com sevoflurano, bloqueio neuromuscular com atracúrio
IMC: 41,8 kg/m2, ASA III, obesidade mórbida, submetida a gastro-
(0,5 mg/kg) e complemento de fentanil (2 mcg/kg). O transopera-
plastia videolaparoscópica. Realizou-se o protocolo de cirurgia se- tório ocorreu sem intercorrências. Associou-se dipirona, ondanse-
gura da instituição, monitorou-se de acordo com a Resolução Nº trona, dexametasona, morfina (0,1 mg/kg) e 1.500 mL de SF 0,9%.
1.802 de 2006 do CFM e inseriu-se acesso venoso periférico com Descurarizado 45 minutos após a dose de atracúrio, com neostigmi-
cânula 18G. Realizou-se anestesia geral balanceada com sufentanil na (0,02 mg/kg) e atropina (0,01 mg/kg). Apresentou laringoespas-
(50 μg), propofol (120 mg), lidocaína (100 mg) e atracúrio (60 mg). mo imediatamente após a extubação, prontamente revertido com
A manutenção anestésica se deu com remifentanil (0,1 – 0,2 μg/ VPP. Evoluiu com dessaturação (SpO2 = 79%, mantendo-se entre 90 e
kg/min) e sevoflurano (1 CAM). Padrões no intraoperatório: ∆PAM: 95% após oferta de oxigênio) e tosse com secreção espumosa rosa,
74-56 mmHg; ∆FC: 78-54 bpm; ∆SatO2: 100-96 %; ∆PETCO2: 35-29 com aumento gradual da quantidade. Persistiu com desconforto
mmHg; ∆Temperatura nasofaríngea: 36,1-35,2oC; ∆TOF (T4/T1): respiratório, taquipneia e crepitação duas horas após a extubação,
95-0 %. Paciente foi extubada e encaminhada à SRPA. Duração do optando-se por nova IOT. Encaminhado à UTI, evidenciado pequeno
ato anestésico: 150 minutos. Após 15 minutos na SRPA, queixava-se pneumotórax bilateral, manejado através de drenagem torácica em
dor retroesternal de forte intensidade, contínua, compressiva, com selo d’água. Em tomografia posterior, evidenciou-se pneumomedias-
piora à inspiração profunda. Administrada morfina 10 mg, solicita- tino, enfisema subcutâneo, infiltrado e consolidações alveolares pe-
dos ECG, Raios X de tórax no leito, marcadores de necrose miocár- ri-hilares, derrame pleural e atelectasia bilateral. Em broncoscopia
dica. Raios X apresentavam uma linha de pneumodiastino, e demais realizada 36 horas após, demonstrou-se secreção sero-hemática,
exames sem alterações. Paciente foi encaminhada para o quarto, ausência de lesões endoluminais e discreta escoriação em parede
S170 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

anterior da traqueia 0,5 cm abaixo das cordas vocais. Paciente evo- A pressão intrapleural se eleva rapidamente produzindo um grave
luiu bem, não necessitando de intervenções adicionais e recebendo distúrbio hemodinâmico, com hipotensão e choque que podem levar
alta hospitalar com retorno normal às suas atividades cotidianas. a óbito se não diagnosticado e tratado precocemente.
Discussão: Embora o barotrauma ocorra com maior frequência, de- Referência:
ve-se aventar a possibilidade de lesão traqueal iatrogênica, cuja in- 1. Eckstein MHS. Thoracic trauma. Rosen’s Emergency Medicine:
cidência gira em torno de 0,05 e 0,37%. O reconhecimento precoce Concepts and Clinical Practice. 1.8th Ed. Philadelphia: Elsevier,
do quadro e o diagnóstico diferencial influenciam diretamente no 2014.
desfecho, devido ao manejo diferenciado dessas condições.
Referências:
1. Ioannidis G, Lazaridis G, Baka S, et al. Barotrauma and pneumo- TLP568 POSICIONAMENTO CIRÚRGICO PODE SIGNIFICAR
thorax. J Thorac Dis. 2015;7 (Suppl 1):S38-S43. UMA ARMADILHA: REAL OU IMAGINÁRIO
2. Fremont RD, Kallet RH, Matthay MA, et al. Postobstructive pul-
Daiane Malheiros Souza*, Tolomeu Artur Assunção Casali,
monary edema. Chest. 2007;131:1742-46.
Arthur Ferreira Paranaíba, Marília Moreira de Melo Silva,
Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro, Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro
TLO385 PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO EM CIRURGIA PARA Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo
RESSECÇÃO DE TUMOR ABDOMINAL: RELATO DE CASO (CRER), Goiânia, GO, Brasil
Thiago Fernandes Marques*, Marcos Daniel de Faria, Introdução: A manutenção da integridade cutânea é um cuidado a
Cloves Alves Moutinho Júnior, Ana Maria Vilela Bastos Ferreira, ser prestado ao paciente de forma integralizada por toda equipe ci-
Matheus Leandro Lana Diniz, Mariana Reines Bevilaqua Sullavan rúrgica no período intraoperatório. Os pacientes cirúrgicos apresen-
tam probabilidade maior de isquemia tissular devido à diminuição
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais
do fluxo sanguíneo capilar, por tempo prolongado de imobilidade
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
e pressão. A pele, enquanto barreira natural, é o órgão que está
Introdução: O pneumotórax hipertensivo resulta do acúmulo de ar mais sujeito aos agravos decorrentes do posicionamento cirúrgico.
progressivo na cavidade pleural, levando à hipertensão dentro dessa O objetivo deste relato foi apresentar um caso de lesão isquêmica
cavidade. A lesão do diafragma pode criar uma válvula unidirecio- da extremidade nasal após procedimento cirúrgico na coluna em
nal, permitindo que o ar entre no espaço interpleural e não possa posição prona.
ser evacuado. O objetivo deste relato é descrever a ocorrência de Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 58 anos, 85 quilos,
pneumotórax hipertensivo pós-lesão pleural no intraoperatório de internado para intervenção cirúrgica de revisão e extensão de ar-
cirurgia abdominal. trodese T2 a ilíaco, devido a quadro de espondilodiscite em an-
Relato de caso: J.C., masculino, 70 anos, portador de adenocarci- tibioticoterapia prolongada. A técnica proposta foi anestesia geral
noma esofagogástrico metastático com proposta de ressecção tu- balanceada. O paciente foi posicionado em decúbito ventral com
moral. Negava comorbidades e uso contínuo de medicamentos. Ex- apoio sobre tórax e quadril, com cabeça em posição neutra usan-
tabagista e ex-etilista. Negava alergias. Relato de cirurgia prévia de do encosto de cabeça em forma de ferradura gelatinosa. Paciente
gastrectomia total com linfadenectomia a D2 e esofagectomia distal aquecido com manta térmica posicionada nos membros inferiores.
com reconstrução em Y de Roux há 3 anos e quimioterapia e radio- Antes do início da cirurgia foi necessário o reposicionamento para
terapia adjuvante e paliativa no pós-operatório. Exames pré-opera- facilitar o acesso cirúrgico. A reposição volêmica ao final das 9 horas
tórios: Hb:9.8; Ht:31.1; EcoTT, Rx de tórax e ECG sem alterações. de procedimento foi de 2350 mL de cristaloides e 2 unidades de
Na sala cirúrgica foi realizada monitorização padrão, puncionada concentrado de hemácias. Ao retornar o paciente para o decúbito
artéria radial esquerda para monitorização de pressão, acesso veno- dorsal foi observado que a extremidade nasal mostrava uma dimi-
so calibroso e acesso venoso central em veia jugular interna direita nuição da perfusão tecidual. No primeiro dia de pós-operatório, o
com auxílio de ultrassom. Indução anestésica com fentanil 250 mcg, paciente evoluiu com equimose no nariz. Foi avaliado pela equi-
propofol 40 mg e atracúrio 25 mg e manutenção com isoflurano. pe da Otorrinolaringologia, que descartou necrose de septo nasal
IOT sem intercorrências. Necessitou de noradrenalina contínua em e acompanhado pela equipe de Cirurgia Plástica devido à evolução
baixa dose pós-indução. Durante a ressecção tumoral, ocorreram da lesão na ponta nasal com epidermólise e necrose de derme su-
alterações no padrão ventilatório com esvaziamento do fole, dimi- perficial. Foi realizado tratamento com curativo diário com rayon e
nuição da complacência pulmonar e necessidade de aumento do flu- dersani, associado a sessões em câmara hiperbárica.
xo de oxigênio. Comunicado à equipe cirúrgica sobre a possibilidade Discussão: O decúbito ventral é usado frequentemente para o aces-
de lesão do diafragma com acometimento pleural. Observou-se pe- so cirúrgico à coluna vertebral. A cabeça pode ser apoiada em coxins
quena lesão devido a erosão tumoral, sendo realizada frenorrafia, macios de preferência gelatinosos, nas estruturas ósseas ou pode
que evoluiu com instabilidade hemodinâmica com noradrenalina em ser virada para o lado. Constituem fatores de risco para lesões por
ascensão. Exames finais: Hb:7,7 e lactato: 4,2. Recebeu 600 mL de posicionamento cirúrgico, idade, comorbidades, estado nutricional,
concentrado de hemácias. Ao término da cirurgia, evoluiu com piora condição clínica, tempo de cirurgia, tipo de posição, falta de artigos
hemodinâmica, taquicardia, dessaturação e aumento de Noradrena- de posicionamento, hipotermia, agentes anestésicos e hipotensão
lina. Apresentava expansão torácica assimétrica, murmúrio vesicu- intraoperatória. No caso apresentado foi usado coxim em forma
lar reduzido e timpanismo à percussão em hemitórax esquerdo. Rea- de ferradura gelatinosa na cabeça, embora o reposicionamento e
lizado ultrassom de tórax que mostrou ausência de movimentação a condição clínica do paciente, hospitalizado devido a longo trata-
pleural, jugulares ingurgitadas e hipocinéticas. Realizada drenagem mento do processo infeccioso, parecessem ter sido determinantes.
de tórax com redução completa de Noradrenalina. Encaminhado ao O estado nutricional comprometido, além do tempo de intervenção
CTI e evoluiu com melhora hemodinâmica e laboratorial sendo ex- cirúrgica prolongada associada à diminuição da temperatura do pa-
tubado no 2DPO e permanecido dreno de tórax por mais de 7 dias. ciente, também são fatores de risco que corroboraram para evolu-
Discussão: O pneumotórax hipertensivo ocorre quando é criado em ção de lesão isquêmica das extremidades.
decorrência de lesão a um mecanismo de válvula unidirecional, que Referência:
permite que o ar entre no espaço pleural na inspiração, mas impede 1. Menezes S, Rodrigues R, Tranquada R, et al. Injuries Resulting
sua saída na expiração. A lesão do diafragma no intraoperatório com from Positioning for Surgery: Incidence and Risk Factors. Acta
acometimento pleural pode levar a um pneumotórax hipertensivo. Med Port. 2013;2612-16.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S171

TLO579 RAQUIANESTESIA TOTAL APÓS PERIDURAL Introdução: As reações anafiláticas durante procedimento anesté-
TORÁCICA PARA CIRURGIA DE MAMA: RELATO DE CASO sico são raras, mas podem ser fatais. A causa farmacológica mais
frequente da anafilaxia perioperatória é o relaxante muscular. Su-
Ana Luisa Maia do Nascimento*, Bruno Mendes Carmona,
gammadex encapsula rapidamente o rocurônio, sendo que esta ca-
Sayuri Kawamura Barcellos de Albuquerque,
racterística pode torná-lo eficaz contra a anafilaxia.
Leandro Zamprogno da Silveira, Relato de caso: Paciente M.L.V.F., 46 anos, 82 kg, feminino, admiti-
José Mariano de Melo Cavaleiro de Macedo, da para artroscopia de ombro direito, em bom estado geral, pressão
João Hermínio Pessoa dos Santos arterial: 120 × 80 mmHg, frequência cardíaca: 70 bpm, aparelhos
Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil respiratório e cardíaco normais. Sedação com midazolam 2 mg, sul-
fentanil 5 mcg e propofol. Bloqueio do plexo braquial, usando ul-
Introdução: Raquianestesia total é um termo aplicado à anestesia trassom e eletroestimulação, com ropivacaína 0,5% 20 mL e clonidi-
excessiva do neuroeixo, inclusive com perda de consciência. É uma na 75 mcg. Indução anestésica com sulfentanil 25 mcg, propofol em
condição clínica rara, que tem sua ocorrência estimada de 1 caso bomba infusão contínua e rocurônio 40 mg, seguido de intubação
para 11.000 procedimentos. Pode ocorrer durante a realização de ra- orotraqueal. Após administração do rocurônio e intubação, apresen-
quianestesia com doses elevadas de anestésicos locais ou por injeção tou broncoespasmo (Saturação oxigênio: 78%), angioedema, pressão
inadvertida no espaço subaracnóideo durante a tentativa de anes- arterial: 60 × 30 mmHg e frequência cardíaca: 110 bpm, o que ca-
tesia peridural. A apneia e perda de consciência são atribuídas com
racterizou um choque anafilático. Administraram-se adrenalina 50
frequência à isquemia dos centros ventilatórios medulares devido à
mcg, metaraminol 250 mcg, oxigênio 100%, hidrocortisona 500 mg
hipotensão severa. Contudo, a perda de consciência pode ocorrer
e expansão volêmica. Somente após administração de sugammadex
devido ao efeito direto do anestésico local acima do forame Magno.
200 mg, a paciente apresentou melhora dos parâmetros hemodinâ-
Relato de caso: Mulher, 48 anos, estado físico ASA P2, hipertensa
micos e broncoespasmo. Devido à gravidade da reação alérgica, a
controlada com captopril, programada para setorectomia de mama
cirurgia foi suspensa. Realizada extubação e paciente encaminhada
direita devido a doença neoplásica. Realizada monitorização obri-
para sala de recuperação por 24 h. Devido à dor intensa e limitação
gatória, venóclise e sedação com midazolam 3 mg e fentanil 50
mcg. Em seguida, a paciente foi submetida a anestesia peridural laboral importante, a paciente foi submetida a novo procedimento
com agulha Tuohy 16 G entre os segmentos torácicos T9-T10 pela cirúrgico após 3 meses, sem uso de rocurônio, sendo que este pro-
técnica de Dogliotti. Não houve refluxo de sangue ou líquor no ca- cedimento foi realizado sem intercorrências.
nhão da agulha. O anestesista injetou a solução anestésica contendo Discussão: Estudos sugerem que grupos de amônias quaternárias
levobupivacaína 0,25% em excesso enantiomérico de 50% 30 mL e presentes nesta classe de relaxante muscular são os principais de-
morfina 2 mg. Após 3 minutos, a paciente evoluiu com perda de terminantes alergênicos que podem interagir com a imunoglobulina
consciência, apneia, midríase bilateral, bradicardia intensa (FC de E. Sugammadex atua como um receptor sintético, encapsulando a
42 bpm), hipotensão arterial (PANI de 80 × 40 mmHg), sendo as- molécula de rocurônio e promovendo sua dissociação do receptor
sistida com ventilação sob máscara facial e O2 100%, seguida de nicotínico de acetilcolina. Neste relato de caso, sugammadex foi
intubação orotraqueal. Após estabilização hemodinâmica e suporte utilizado empiricamente na tentativa de gerar uma nova molécula
ventilatório, a cirurgia foi realizada sem outras intercorrências e (complexo rocurônio-sugammadex) e evitar a exposição do medi-
durou 120 min, havendo a necessidade de doses fracionadas de camento aos receptores de IgE. A paciente em questão apresentou
etilefrina 2 mg para controlar a pressão arterial. A paciente desper- reação anafilática grau II e foi refratária à adrenalina. O presente
tou depois de 160 min do evento, abriu os olhos, assumiu a respi- caso sugere que a administração de sugammadex melhorou os sinto-
ração espontânea e foi encaminhada à SRPA, de onde recebeu alta mas anafiláticos que ocorreram após a administração do rocurônio.
após 90 min. A alta hospitalar ocorreu no 3º dia de pós-operatório Referências:
sem queixas, sem sequelas e sem memórias do intraoperatório. 1. McDonnell NJ, Pavy TJ, Green LK, et al. Sugammadex in the
Discussão: A raquianestesia total durante a realização de aneste- management of rocuronium-induced anaphylaxis. Br J Anaesth.
sia peridural apesar de previsível é rara de ocorrer, principalmente 2011;106:199-201.
quando não há sinais de perfuração não intencional da dura-máter, 2. Mertes PM, Laxenaire MC. Anaphylactic and anaphylactoid rea-
como no caso relatado. Uma vez instalada, deve ser de pronto diag- c-tions occurring during anaesthesia in France. Seventh epide-
nosticada e tratada com suporte ventilatório e hemodinâmico ne- miologic survey (January 2001-December 2002). Ann Fr Anesth
cessários. A decisão de continuar com procedimento cirúrgico deve Reanim. 2004;23:1133-43.
ser de toda a equipe médica, não apenas do anestesista responsável
pelo caso. Há de se considerar também sequelas neurológicas tar-
dias relacionadas aos conservantes e antioxidantes da solução de TLO123 REAÇÃO ANAFILÁTICA EM GASTROPLASTIA
anestésico local para anestesia peridural.
VIDEOLAPAROSCÓPICA
Referências:
1. Cangiani LM, Cangiani LH, Marcelo LN, et al. Anestesia Subarac- Tomás Vitor de Souza G.Q.T.de Barros*,
nóidea. In: Cangiani LM, Slulitel A, Potério GMB et al. Tratado de Monique Caribé Brasileiro Mattos, Felipe Souza Thyrso de Lara,
Anestesiologia SAESP. 8 ed. São Paulo, Atheneu. 2017;1687-724. Ivan Almada Faria
2. Kenneth D, Merlim LD. Raquianestesia e Anestesia Peridural.
Santa Casa de Misericórdia de Santos, Santos, SP, Brasil
Bases da Anestesiologia Moore. 6 ed. Rio de Janeiro, Elsevier.
2013;235-64. Introdução: As reações de hipersensibilidade imediata ocorrem em
uma de cada 5.000 a 10.000 anestesias. Consistem em severa e rá-
pida condição clínica potencialmente letal, mesmo em pacientes
TLO105 REAÇÃO ANAFILÁTICA AO ROCURÔNIO REVERTIDA previamente saudáveis. O diagnóstico pode não ser estabelecido,
COM SUGAMMADEX visto a diversidade clínica. O correto diagnóstico é fundamental,
bem como o correto tratamento clínico. Tais apresentações podem
Fredi Andreolla*, Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo,
ser divididas em graus, variando de I a IV, sendo o grau IV o de maior
Eduardo Barbin Zuccolotto, Leandro Crisculo Miksche,
gravidade. Os bloqueadores neuromusculares são os mais envolvidos
Leonardo Ferrazzo
(1:6.500 administrações).
Clinica de Anestesiologia de Ribeirão Preto (CARP), Ribeirão Relato de caso: Paciente sexo feminino, 34 anos, 94 kg, 1,60 m,
Preto, SP, Brasil portadora de HAS e hipotireoidismo, tabagista (ASA III), negou aler-
S172 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

gias durante a consulta pré-anestésica. Submetida a gastroplastia paciente evoluiu com bradicardia, hipotensão e hipocapnia. Adre-
por videolaparoscopia sob anestesia geral balanceada. Realizada nalina e hidrocortisona foram administrados, evitando um desfecho
monitorização padrão. Drogas usadas na indução: sufentanil 40 desfavorável. Neste momento, foi levantada a hipótese de choque
mcg, propofol 120 mg, lidocaína 100 mg, cetamina 20 mg, clonidina anafilático, apesar de o paciente não ter apresentado alterações
100 mcg, sulfato de magnésio 2,4 g, rocurônio 80 mg. Logo após cutâneas ou respiratórias. Após 90 minutos do evento adverso, foi
a indução, paciente apresentou episódio de broncoespasmo impor- dosada a triptase sérica sendo positivo com valor de 12,10 ug (refe-
tante (aumento de pressão de pico, baixo volume corrente e queda rência < 11,5ug/L).
da saturação). Iniciadas medidas para reversão do quadro do bron- Discussão: A anafilaxia é uma reação alérgica aguda grave e po-
coespasmo com sucesso. Então, foi observado aparecimento de rash tencialmente fatal. As reações alérgicas aos anestésicos geralmente
cutâneo principalmente em face, suspeitado de reação anafilática. ocorrem dentro de 10 minutos da exposição ao fármaco, mas tam-
Iniciada medidas terapêuticas. Paciente evoluiu com melhora do bém podem ocorrer mais tardiamente. Há evidência na literatura
quadro, foi extubada em sala e encaminhada para a sala de RPA, sobre a segurança das cefalosporinas em pacientes que relatam
onde permaneceu por 6 horas e recebeu alta para enfermaria sem alergia à penicilina. A anafilaxia é altamente provável quando o
novas intercorrências. Paciente foi orientada a procurar alergologis- quadro é agudo, com envolvimento de pele e mucosas, e compro-
ta para acompanhamento. metimento respiratório, cardiovascular ou ambos. A dosagem de
Discussão: A anafilaxia pode ocorrer em qualquer momento do pe- triptase sérica pode auxiliar no diagnóstico, sendo o melhor mo-
rioperatório, sendo mais comum após a indução da anestesia, de 30 mento para a dosagem dentro de 1 a 2 horas após o início da reação
a 60 minutos após o início da cirurgia ou da aplicação do fármaco. anafilática. No caso clínico relatado, o paciente apresentou apenas
O reconhecimento de uma reação alérgica durante a anestesia às manifestação cardiovascular, o que pode ter retardado o diagnósti-
vezes é difícil. Alguns sinais e sintomas iniciais são mascarados pela co de anafilaxia.
anestesia, como prurido, dispneia, rash cutâneo. Sinais cutâneos Referência:
estão presentes em até 90% dos casos de anafilaxia. Broncoespasmo 1. Nag DS, Samaddar DP, Kant S, Mahanty PR. Choque anafilático
pode se manifestar com o aumento da pressão das vias aéreas, o refratário perianestésico com cefuroxima em paciente com his-
aumento do ETCO2 ou a hipoxemia. Incidência de anafilaxia para tória de alergia à penicilina recebendo vários medicamentos an-
cada agente: BNM – 50 a 70% dos casos; látex – 12 a 17%; antibióti- ti-hipertensivos. Rev Bras Anestesiol. 2014;67:217-20.
cos – 12%. O anestesiologista responsável pelo paciente deve fazer
o encaminhamento ao alergologista se, durante a anestesia geral,
houver uma reação inexplicada de hipotensão grave, broncospasmo TLO080 Relato de caso: CRISE CONVULSIVA APÓS
ou edema durante a recuperação. LIDOCAÍNA NA INDUÇÃO ANESTÉSICA
Referências:
Gizelle de Lima Barbosa*, Kimie Correia Konishi,
1. Aun MV, Garro LS, Ribeiro MR, Motta AA, Kalil J, Giavina-Bianchi
Diego Abel Leite Sousa, Igor Bantim Barbosa,
P. Anafilaxia perioperatória: A experiência brasileira. Rev Port
Imunoalergologia. 2016;24:99-106. Mariluce Peixoto Santos, Vera Lúcia Fernandes Azevedo
2. Meng J, Rotiroti G, Burdett E, Lukawska JJ. Anaphylaxis during Centro de Ensino e Treinamento (CET) das Obras Sociais Irmã Dulce
general anaesthesia: experience from a drug allergy centre in (OSID), Departamento de Anestesiologia, Hospital Santo Antônio,
the UK. Acta Anaesthesiol Scand. 2017;61:281-9. Salvador, BA, Brasil
Introdução: A lidocaína é um anestésico local do tipo amida ampla-
mente utilizado na anestesia. Agindo nos canais de sódio voltagem-
TLO937 Relato de caso: CHOQUE ANAFILÁTICO, UM
dependentes e bloqueando a transmissão neuronal, desempenha
DESAFIO PARA O ANESTESIOLOGISTA
ação anestésica, anti-inflamatória, reduz o consumo de anestésicos
Brunelise Brunet Diniz*, Fabrício de Paula Leite Battisti, inalatórios e opioides, além de aliviar a dor pós-operatória. Entre-
David Ferez, Masashi Munechika, José Luiz Gomes do Amaral, tanto, não é isenta de efeitos colaterais e, dependendo da concen-
Luiz Fernando dos Reis Falcão tração no organismo, pode haver neuro e cardiotoxicidade. Sabe-se
que ela pode promover efeito anti ou pró-convulsivante, de acordo
Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São
com seu nível sérico.
Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
Relato de caso: Sexo feminino, 5 anos, 12 kg, portadora de sín-
Introdução: A anafilaxia consiste em uma reação imunitária sistêmi- drome de Emanuel, em programação para timpanoplastia com co-
ca. O período perioperatório é um momento crítico para o desenvol- locação de tubo de ventilação. Previamente submetida à correção
vimento de reações anafiláticas. A dosagem de triptase sérica pode cirúrgica de CIA e PCA sem intercorrências. Em uso regular de feno-
ajudar no apoio do diagnóstico clínico de anafilaxia. barbital e sem crises convulsivas há 2 anos. Exames complementares
Relato de caso: J.A.P., gênero masculino, estado físico ASA II, sem alterações relevantes. Ao exame físico, apresentava retro
apresentando hipertensão arterial sistêmica controlada. Refere e micrognatia, fenda palatina, implantação dentária anômala,
alergia à penicilina. Foi diagnosticado com provável neoplasia ma- macroglossia, estrabismo convergente e hipertrofia de membros.
ligna de glote. Cirurgia programada: microcirurgia de laringe com Foi pré-medicada com midazolam oral (0,5 mg/kg) 20 minutos antes
laringectomia total. Para a realização do procedimento, optou-se de entrar na sala cirúrgica. Realizadas monitorização e venóclise.
por monitorização básica, indução anestésica venosa e intubação Pré-oxigenada sob máscara facial com oxigênio a 100% e adminis-
orotraqueal sob laringoscopia direta. Manutenção anestésica com trada lidocaína 1% intravenosa (1 mg/kg). A paciente subitamente
isoflurano, remifentanil e propofol. Após o término da microcirurgia apresentou hipertonia de membros, apneia e dessaturação progres-
de laringe, foram administrados cefazolina e metronidazol. Logo siva. Realizada ventilação com pressão positiva, reestabelecendo
após, o paciente apresentou bradicardia, hipotensão arterial e hipo- oxigenação. Após estabilização clínica, optou-se por suspensão ci-
capnia. Foi constatada a parada cardiorrespiratória (PCR) e iniciada rúrgica e encaminhada à UTI pediátrica.
reanimação cardiopulmonar (RCP). Após 7 ciclos de RCP, o pacien- Discussão: A paciente, sabidamente portadora de síndrome genéti-
te foi para a UTI em uso noradrenalina e anisocoria. Na UTI, as ca associada a crises convulsivas, apresentou manifestação neuroló-
causas foram investigadas sem elucidação diagnóstica. O paciente gica atípica na indução anestésica, após administração de lidocaína
teve alta hospitalar e após 3 semanas internou para a realização da venosa em doses habituais. Não existe contraindicação absoluta
laringectomia total. Na cirurgia, a cefazolina foi administrada e o ao uso da lidocaína em pacientes com antecedente de convulsão,
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S173

embora se conheça seu potencial pró-convulsivante em doses ele- mecânica controlada. Procedimento realizado sem intercorrências.
vadas. Em níveis séricos abaixo de 5 μg/mL, há relato de inibição Discussão: O posicionamento do paciente pode ter importantes
de motoneurônios corticais, promovendo ação anticonvulsivante. consequências fisiológicas, que devem ser levadas em conta para o
Em concentrações maiores, em geral acima de 8 μg/mL, ocorre ajuste dos parâmetros anestésicos. Quando ocorre uma intercorrên-
neurotoxicidade, sendo a convulsão um dos primeiros sinais de cia associada à mudança súbita do decúbito dorsal para ventral, é
intoxicação grave. Isso se explica por supressão de neurônios preciso que se tenha um conjunto das possíveis causas mais prová-
inibitórios através de receptores GABA. Na presença de hipercarbia, veis e comuns até as menos prováveis.
os sintomas neurológicos podem ocorrer em concentrações meno- Referências:
res. A paciente fazia uso regular de fenobarbital. Não é rotineiro 1. Edgcombe H, Carter K, Yarrow S. Anaesthesia in the prone posi-
em nosso serviço dosar o nível sérico do anticonvulsivante que, se tion. Br J Anaesth. 2008;100:165-83.
abaixo do adequado, pode ter contribuído para redução do limiar 2. Galvin I, Drummond GB, Nirmalan M. Distribution of blood flow
convulsivo. Da mesma forma, não pudemos dosar o nível sérico de and ventilation in the lung: gravity is not the only factor. Br J
lidocaína na paciente. Assim, em indivíduos com história prévia de Anaesth. 2007;98:420-8.
crises convulsivas, deve-se atentar para a utilização correta dos an-
ticonvulsivantes no período perioperatório, bem como ter cautela
no uso da lidocaína, sob risco de ativar focos epileptogênicos. TLP615 REVERSÃO DE ANAFILAXIA COM USO DE
Referência: SUGAMMADEX APÓS INDUÇÃO COM ROCURÔNIO
1. Maranhão MVM, Gomes EA, de Carvalho PE. Epilepsia e Aneste-
Eduardo Vilela Borges dos Santos*, Huana Christina Rosa Nogueira,
sia. Rev Bras Anestesiol. 2011;61:232-54.
João Henrique Garcia Ricarte, Iasmin Sindeaux Botinelly,
Flávia Vieira Guimarães Hartmann, Pedro Paulo Guimarães Hartmann
TLP415 REPERCUSSÕES HEMODINÂMICAS E Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil
RESPIRATÓRIAS NA MUDANÇA DE DECÚBITO DORSAL PARA
Introdução: A anafilaxia durante a anestesia é um evento grave de
VENTRAL E SUAS IMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS: RELATO DE hipersensibilidade sistêmica, cuja incidência varia entre 1:1.361 a
CASO 1:20.000 cirurgias, sendo que 50 a 70% destes casos são secundários
Leticia Akemi Simamura, João Vitor Uratani, Juliana Midori Ito*, ao uso de bloqueadores neuromusculares, com mortalidade varian-
Daniel Claro de Amaral do de 3 a 10%. Neste relato apresentamos uma possível reação
anafilática, em que o rápido diagnóstico e tratamento contribuíram
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR),
para desfecho favorável.
Curitiba, PR, Brasil
Relato de caso: Paciente masculino, 27 anos, portador de estenose
Introdução: A anestesia na posição prona é uma necessidade quan- mitral grave. Admitido para troca valvar mitral. Monitorizado com
do se requer acesso às estruturas anatômicas posteriores. Sabe-se cardioscopia, oximetria de pulso e PAI. Submetido a anestesia geral
que são muitas as complicações quanto ao posicionamento. Portan- com fentanil 200 mcg, etomidato 18 mg e rocurônio 80 mg, capno-
to, a familiaridade com as complicações e estratégias de prevenção grafia 37 mmHg, SpO2 99%, PA 115 × 69 mmHg, FC 92 bpm. Imedia-
pode limitar a morbidade. tamente após indução anestésica, durante a punção de acesso cen-
Relato de caso: Paciente de 17 anos, portador de Neurofibromatose tral, paciente apresentou taquicardia, sendo administrado propofol
Tipo I, com diagnóstico de cifoescoliose cervicotorácica aos 12 anos. 50 mg. Após a cateterização, notou-se rash cutâneo generalizado,
Foi internado para colocação de halo craniano de tração devido à principalmente em tronco e face, ausência de expansão torácica,
piora progressiva do quadro, com plano de artrodese cervicotorácica silêncio pulmonar à ausculta e hipotensão arterial grave. SpO2: 70%,
após um mês. Com dados vitais e exames laboratoriais normais, foi FC: 120 bpm, PAM: 25 mmHg, EtCO2:0 mmHg. Iniciada adrenalina
encaminhado para cirurgia. Realizada indução com propofol, remi- venosa em bolus sequenciais, totalizando 780 mcg e em infusão
fentanil e succinilcolina; intubado com cânula orotraqueal aramada contínua 0,1 mcg/kg/min, além de noradrenalina 0,1 mcg/kg/
e colocado sob ventilação mecânica controlada, puncionados aces- min, bem como sugammadex 200+200 mg, após o qual a paciente
sos arterial e venoso central. Após o posicionamento em decúbito restabeleceu estabilidade hemodinâmica e ventilação pulmonar. Foi
ventral, evoluiu com piora do padrão ventilatório, aumento de pres- então extubado e encaminhado para UTI. Após dois dias, foi subme-
são de vias aéreas, dessaturação e abolição do murmúrio vesicular tido a cirurgia sob anestesia isenta de rocurônio ou propofol, sem
em hemitórax esquerdo. Confirmada posição da cânula orotraqueal, intercorrências.
aspiração de vias aéreas e mudança de parâmetros ventilatórios, Discussão: O diagnóstico de reação anafilática no paciente aneste-
sem melhora; reposicionado em decúbito dorsal. Radiografia de tó- siado nem sempre é evidente, e os sinais de rash, broncoespasmo e
rax excluiu possibilidade de pneumotórax por acidente de punção. colapso circulatório podem não estar presentes, ao contrário des-
Após um minuto do reposicionamento, houve melhora gradual es- te caso, que cursou com os sinais clássicos. O rocurônio, apontado
pontânea da ventilação e dos dados vitais. O procedimento cirúrgico como responsável por até 71% das reações anafiláticas no centro
foi adiado e foram solicitados exames para investigação adicional. cirúrgico, foi considerado como provável agente etiológico. Estas
A broncofibroscopia demonstrou, em árvore brônquica esquerda, reações pressupõem a existência de anticorpos IgE específicos, de-
óstio principal colabado em 100% da luz. A tomografia de tórax evi- vido ao contato prévio com grupamentos químicos, semelhantes aos
denciou estreitamento importante do brônquio fonte esquerdo. A grupos de amônio terciário ou quaternário da molécula de rocurô-
compressão extrínseca da árvore brônquica pela redução do espaço nio e são necessários exames laboratoriais e dermatológicos para
mediastinal, associada à broncomalácia, promoveu o desabamento confirmação do agente causal, o que não foi realizado neste caso.
do brônquio fonte esquerdo. Com esse diagnóstico, foi indicada a Independentemente do agente etiológico, a abordagem terapêutica
realização de esternotomia com ressecção dos corpos vertebrais T5 consiste na administração rápida de epinefrina, ressuscitação fluí-
e T6 por via anterior, para aumento do espaço mediastinal. Quaren- dica e oxigênio a 100%, tal qual realizada no caso. A literatura
ta e cinco dias depois, o paciente foi encaminhado para realização aponta ainda o uso do sugammadex em casos de reação alérgica ao
da artrodese cervicotorácica. Realizada indução nos mesmos parâ- rocurônio, na tentativa de formar uma nova molécula (rocurônio-
metros prévios. Ao posicionar o paciente em decúbito ventral, hou- sugammadex), evitando assim a exposição do rocurônio aos recep-
ve um breve momento de dessaturação, porém com recuperação tores IgE, conduta tomada no caso em questão e que contribuiu para
dos dados vitais em menos de um minuto. Mantido em ventilação o desfecho satisfatório.
S174 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Referências: TLO752 SÍNDROME COMPARTIMENTAL ABDOMINAL DEVIDO


1. Mathias LAST, Bernardis RCG, Piccinini Filho L. Reações Anafi- À SOBRECARGA HÍDRICA EM HISTEROSCOPIA
láticas e Anafilactoides em Anestesia. In: Cangiani, LM, et al.
Gabriella de Sá Veras Pinto*, Anny Sugisawa,
Tratado de Anestesiologia SAESP. 8. ed. Rio de Janeiro, Atheneu.
2017;3703-19. Fernanda Lourenço Furigo, Fábio Luis Ferrari Regatieri,
2. Valencia MIB. Anafilaxia Perioperatória. Rev Bras Anestesiol. Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz, Daniel Varoni Schneider
2015;65:292-7. Hospital São Camilo, Vila Pompeia, São Paulo, SP, Brasil
Introdução: A histeroscopia é um procedimento cirúrgico de grande
TLP684 SANGRAMENTO MACIÇO EM PACIENTE EM USO DE importância na área da ginecologia; entretanto, há complicações
graves que devem ser levadas em consideração no intraoperatório.
DABIGATRANA
Relato de caso: Paciente de 41 anos, ASA I, foi submetida a histe-
Maia Nogueira Crown Guimarães, Claudia Marquez Simões, roscopia para miomectomia sob anestesia geral com máscara larín-
Cássio Campello de Menezes, Julius Baranauskas, gea, monitorizada com oximetria de pulso, cardioscopia e pressão
Marielli Conde Dias* arterial não invasiva. Após 1 hora de cirurgia e utilização de 19 L de
SF 0,9% sob pressão para irrigação, a paciente apresentou instabi-
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo, SP, Brasil
lidade hemodinâmica (PA 70 × 40 mmHg e ETCO2 18), alteração ele-
Introdução: A dabigatrana é um anticoagulante com ação direta trocardiográfica (infradesnivelamento de ST), edema periférico e
sobre a trombina. O seu uso para profilaxia de tromboembolismo rigidez abdominal. Foi realizada coleta de exames laboratoriais que
em pacientes com fibrilação atrial crônica (FA) e risco aumentado evidenciaram acidose metabólica hiperclorêmica, enzimas cardía-
de acidente vascular cerebral está comprovado e é semelhante ao cas e sódio sérico normais, e hemoglobina de 7,1 mg/dL. Optado por
de outros anticoagulantes orais, com o benefício de posologia con- videolaparoscopia diagnóstica em conjunto com equipe de cirurgia
fortável, uso via oral e não haver necessidade de monitoramento. geral. Ao introduzir os trocateres houve melhora imediata do tra-
Existe o idarucizumab, reversor da dabigatrana, não disponível no çado eletrocardiográfico e foram visualizadas importante distensão
Brasil. de alças e moderada quantidade de líquido livre compatível com SF
Relato de caso: Paciente masculino, 82 anos, 68 kg, fibrilação atrial 0,9%, sem sinal de sangramento ou lesão inadvertida. Ao término do
em uso de dabigatrana 150 mg 12/12 h. Após síncope e trauma procedimento foi encaminhada intubada à UTI, sem droga vasoati-
crânio encefálico occipital chega em pronto atendimento com es- va, e na investigação pós-operatória foi levantada hipótese diagnós-
coriação occipital, desorientado, sem deficits focais. Apresenta tica de síndrome compartimental abdominal (SCA). Paciente evoluiu
dois episódios de crise convulsiva, focal em MSD e depois genera- com trombose venosa profunda, provável consequência do quadro.
lizada. Medicado com diazepam e hidantalizado. Encaminhado à Discussão: Nos procedimentos em que se usam fluidos para a irri-
tomografia, que constatou fratura de osso parietal com extensão gação cirúrgica a técnica anestésica preferida é o bloqueio locor­
para o temporal à esquerda, hematoma subdural frontotemporo- regional com sedação consciente, uma vez que se torna possível o
parietal à direita, coleção hemática parafalcina à esquerda asso- diagnóstico precoce de intoxicação hídrica e perfuração uterina.
ciada a hemorragia subaracnóidea nos lobos frontais e hematoma No caso acima, foi realizada a anestesia geral devido à recusa da
subdural frontal à esquerda. Exames: Cr: 1,13 (ClCr: 49,4) Hb:14,4, paciente por outra técnica. Os fluidos utilizados na histeroscopia
Pl: 202.000, TP: 23,4, INR: 1,7, TTPA: 45,4 (ref: 27). Encaminhado podem ser absorvidos através dos vasos abertos ou das trompas de
ao centro cirúrgico. Anestesia geral venosa total. Realizada cranio- Falópio na cavidade peritoneal. Devido ao excesso de SF 0,9%, hou-
tomia frontal direita para drenagem da contusão frontal direita e ve anemia dilucional e acidose metabólica hiperclorêmica, distúr-
craniotomia frontoparietal esquerda para drenagem de hematoma bios característicos dessa solução. O excesso de volume de irrigação
subdural hemisférico e inter-hemisférico. Cirurgia sangrante, com usado no caso explica o desenvolvimento da SCA, condição em que
dificuldade de hemostasia pelo distúrbio de coagulação. Análise da há uma pressão aumentada em um espaço anatômico confinado.
tromboelastografia intraoperatória mostrava um tempo de coagu- Isso acarretou um estado de diminuição de retorno venoso e baixo
lação prolongado. Ao fim do procedimento, coagulograma se man- débito cardíaco, observado na paciente. Inúmeras condições podem
tinha inalterado com queda da plaqueta para 156.000 e queda da estar associadas a SCA, entre elas a diminuição da complacência da
hemoglobina para 10. Recebeu, ao longo do procedimento, uma parede abdominal, o aumento do conteúdo intraluminal, a coleção
unidade de plasma fresco, 2 g de fibrinogênio e 1 g ácido tranexâ- abdominal com fluido, ar ou sangue, o extravazamento capilar e a
mico. Evolui com pupilas anisocóricas, reflexo fotomotor ausente ressuscitação volêmica, sendo esta última a principal causa.
bilateralmente e postura em extensão aos estímulos dolorosos no Referências:
segundo dia do pós-operatório. 1. Lee KC, Kim HY, Lee MJ, Koo JW, Lim JA, Kim SH. Abdominal com-
Discussão: O risco de sangramento maciço com o uso de dabigatra- partment syndrome occurring due to uterine perforation during a
na é menor ou semelhante ao visto com o uso de varfarina. O risco é hysteroscopy procedure. J Anesth. 2010;24:280-3.
comparável com o apixaban e rivaroxaban. Em face de sangramento, 2. Bersani AL, Gomes JO, Braga ILS, Guimarães HP, Lopes RD. Síndro-
entretanto, os novos anticoagulantes orais não possuem reversão me compartimental abdominal. Rev Bras Clin Med. 2009;7:313-21.
adequada disponível no Brasil e a avaliação de níveis plasmáticos
adequados necessita de exames de pequena disponibilidade na
prática clínica, dificultando o manejo e aumentando o risco de TLP976 SÍNDROME DA INTOXICAÇÃO HÍDRICA
consequências graves.
PÓS-RESSECÇÃO TRANSURETRAL DE PRÓSTATA: RELATO
Referências:
DE CASO
1. Deitelzweig S, Farmer C, Luo X, et al. Risk of major bleeding
in patients with nonvalvular atrial fibrillation treated with oral Rafael Reis Di Tommaso*, Emilio Carlos Del Massa,
anticoagulants: a systematic review of real-world observational Eyder Figueiredo Pinheiro, Lucas Reis Rosa,
studies. Curr Med Res Opin. 2017;33:1473-4877. Mariah Fontes de F.Brito Colnago Soares, Gabriel Reis Di Tommaso
2. Kermer P, Eschenfelder C, Diener HD. Antagonizing dabigatran
Hospital Santa Marcelina, São Paulo, SP, Brasil
by idarucizumab in cases of ischemic stroke or intracranial he-
morrhage in Germany – a national case collection. Int J Stroke. Introdução: A ressecção transuretral da próstata (RTUP) é uma téc-
2017;12:383-91. nica cirúrgica amplamente utilizada para o tratamento da hiper-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S175

plasia prostática benigna (HPB). Embora agrida menos estruturas fentanil, atracúrio e sevoflurano. No pós-operatório imediato, apre-
corporais e proporcione melhor recuperação pós-operatória, essa sentou paresia em mão direita, resolvida com pausa temporária da
técnica pode causar Síndrome da Intoxicação Hídrica (SIH). infusão e tração do cateter (2 cm). Após resolução dos sintomas, a
Relato de caso: Paciente de 68 anos, masculino, branco, ASA II, por- infusão foi reiniciada. No primeiro pós-operatório, a paciente apre-
tador de HAS, em uso regular de medicação, hipoacusia bilateral, sentou ptose palpebral à direita e anisocoria. Após detecção do qua-
fibrose medular, e sem história de alergias ou vícios. Apresentava, dro, foi solicitada avaliação da equipe de anestesiologia que pron-
inicialmente, Hb = 14,1; Ht = 40,3%; Plaquetas = 65.000; Na+ = 137; K+ tamente cessou a infusão e retirou o CPD. A paciente teve regressão
= 4,7; TAP 74,3%; INR: 1,25. Foi admitido na SO (Sala Operatória) com completa do quadro e alta do centro de tratamento intensivo no
proposta de realizar RTUP devido HPB. Monitorização com ECG, PANI, terceiro pós-operatório, sem sequelas.
e SpO2. Os sinais vitais iniciais em SO foram: PA 113 × 73 mmHg, FC Conclusão: É fundamental o acompanhamento pós-anestésico de
73 bpm; e SpO2 97%. Como técnica anestésica, paciente foi sedado pacientes com cateter peridural a fim de detectar precocemente
com Midazolam 2 mg e submetido a Raquianestesia em L3-L4, com sintomas de complicações associadas. Devemos estar atentos para
infusão de bupivacaína isobárica 15 mg e fentanil 20 mcg intratecal. desenvolvimento de síndrome de Horner, especialmente em blo-
Bloqueio sensitivo-motor com nível em T10 satisfatório. Foi posicio- queios peridurais altos (C8-T6). Assim que detectados os primeiros
nado em litotomia, e realizou-se procedimento cirúrgico proposto, sintomas, a interrupção da infusão pelo CPD é mandatória e espera-
utilizando solução de sorbitol 3% (cerca de 8 litros). Concomitante ao se resolução do quadro em 24 horas.
término do procedimento, que durou cerca de 80 minutos, paciente
apresentou quadro de confusão mental, alteração comportamen-
tal, bradicardia (FC 53 bpm), e hipertensão arterial (PA = 187 × 109 TLO909 TAMPONAMENTO CARDÍACO APÓS IMPLANTAÇÃO
mmHg). Na gasometria arterial, o Na+ encontrado foi de 116 mMol.L-1. DE MARCA-PASSO DEFINITIVO: RELATO DE 3 CASOS
Em virtude do quadro de SIH, foi iniciada correção lenta da hipo-
Teodoro Felipe Pereira de Souza*, Wendell Valadares Campos Pereira,
natremia, com solução salina hipertônica a 3%, e acompanhado na
SRPA com gasometria a cada duas horas. Após 6 horas de reposição, Jaci Custódio Jorge
paciente encontrava-se orientado em tempo e espaço, responsivo a Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais
comandos, sem alteração neurológica, e com Na+ de 134 mMol.L-1. (IPSEMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
Discussão: A SIH é causada pela absorção em grande quantidade
Introdução: Tamponamento cardíaco é uma complicação rara após
da solução de irrigação. Os fatores de risco relacionados ao proce-
implante de marca-passo, podendo resultar em aumento significati-
dimento incluem o tempo de ressecção, a pressão hidrostática da
vo de morbimortalidade. Tamponamentos agudo, subagudo e tardio
infusão, a quantidade e o tipo de líquido de irrigação infundido, a
têm sido observados. A perfuração aguda tem sido associada a apre-
quantidade de seios venosos abertos, além da pressão venosa e per-
sentações clínicas mais severas e associado a maior mortalidade.
da sanguínea. Seu quadro clínico varia de acordo com a gravidade
Relato de casos: Caso 1: Paciente de 87 anos, com diagnóstico de
das manifestações sistêmicas, cardiovasculares, neurológicas, e das
BAVT, em uso de MP transvenoso e proposta de implante de MP defi-
alterações metabólicas. A hiponatremia abaixo de 120 mMol.L-1 é
nitivo. Comorbidades: HAS, Doença de Alzheimer, ex-tabagista, IAM
considerada grave, e pode resultar em edema cerebral, aumento
prévio. Apresentava-se na admissão estável hemodinamicamente.
da pressão intracraniana e sintomas neurológicos, desde convulsões
Anestesia proposta: sedação + local. Monitorização não invasiva e
até coma. Dessa forma, cabe ao anestesista manter vigilância e sus-
sedação com midazolam e fentanil. Paciente mantido em VE sob
peitar quando surgirem os primeiros sinais dessa complicação, a fim
cateter nasal. Anestesia local com lidocaína 2%. Iniciado o procedi-
de evitar a instalação das manifestações graves da SIH.
mento, foi instalado o eletrodo e procedeu-se, então, a instalação
Referências:
do eletrodo ventricular. Após 150 minutos, com relato de dificulda-
1. Silva Jr JM, Barros MA, Chahda MAL, et al. Fatores de risco para
de técnica, o paciente apresentou quadro súbito de taquicardia,
complicações perioperatórias em cirurgias endoscópicas com ir-
hipotensão e dessaturação. Após ausência de resposta a metarami-
rigação. Rev Bras Anestesiol. 2013;63:327-33.
nol, iniciada noradrenalina. Paciente evoluiu com PCR em assisto-
2. Kim SM. Anestesia para Cirurgias de Próstata. In: Cangiani LM,
lia. Iniciados reanimação cardiopulmonar, IOT e bolus de adrenalina
Carmona MJC, Torres MLA et al. Tratado do Anestesiologia SAESP.
1mg a cada 3 min. Após ausência de resposta, aventada HD de
8 ed. São Paulo, Atheneu. 2017;2908-11.
tamponamento cardíaco, foi procedido toracotomia e drenagem
pericárdica. Após 35 min de PCR, paciente evolui com assistolia re-
fratária, indo a óbito. Caso 2: Paciente, 80 anos, com diagnóstico de
TLO293 SÍNDROME DE HORNER APÓS PASSAGEM DE
BAVT e proposta de implante de MP definitivo. Comorbidades: HAS,
CATETER PERIDURAL (CPD)
hipercolesterolemia, glaucoma. Estado hemodinâmico estável no
Manoela Merolillo Marimon, Paula Benedetti de Camargo, pré-operatório. Anestesia proposta: local + sedação. Monitorização
Melina Petry de Oliveira Souza, Juliana de Fatima Schmitt, não invasiva. Sedação com midazolam+fentanil. Paciente mantida
Lorena Vanni Reali* em VE com cateter nasal. Após 100 min de procedimento, durante
instalação do eletrodo ventricular paciente apresentou quadro súbi-
Sociedade de Anestesiologia (SANE), Porto Alegre, RS, Brasil
to de choque. Realizado ECO-TT à beira do leito que confirmou HD
Introdução: O bloqueio peridural alto está associado a inúmeras de tamponamento cardíaco. Paciente evoluiu com AESP, sendo rea-
complicações, como parestesias, náuseas, hipotensão e, raramente, nimada. Optado por realizar esternotomia e drenagem pericárdica.
Síndrome de Horner. Sete dias após procedimento paciente evolui com choque refratário
Objetivo: Relato de caso de Síndrome de Horner após passagem de indo a óbito no CTI. Caso 3: Paciente 80 anos, portadora de HAS,
CPD, com revisão da literatura. IC e dislipidemia, com quadro de BAVT submetida a implante de MP
Método/Resultado: Apresentamos caso de uma paciente feminina, definitivo sob anestesia local + sedação. Trinta min após admissão
56 anos, tabagista, submetida a lobectomia inferior esquerda por no CTI paciente apresentou quadro de instabilidade hemodinâmica.
neoplasia. Realizado bloqueio peridural com passagem de cateter Realizado Eco-TT, que evidenciou derrame pericárdico. Encaminha-
entre T4 e T5 após indução anestésica. Realizado bolus com Ropi- da ao bloco cirúrgico para reabordagem, admitida estável hemo-
vacaína 75 mg, mantida infusão contínua em bomba de infusão com dinamicamente. Realizada janela pericárdica sob anestesia local +
solução de ropivacaína (1,8 mg/mL) e fentanil (2,5 mcg/mL) a 8 sedação. Doze horas após, paciente evolui com choque cardiogênico
mL/h. A técnica anestésica utilizada foi balanceada com propofol, refratário, evoluindo com óbito.
S176 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Discussão: A inserção de dispositivos intracardíacos é recurso indis- TLP140 TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR PÓS-PUNÇÃO
pensável no tratamento de determinadas arritmias. A perfuração do DE VEIA JUGULAR INTERNA DIREITA: RELATO DE CASO
miocárdio após implante de MP é uma complicação rara e a ocorrên-
Carolina Rocha Torres*, Márcio de Pinho Martins,
cia de tamponamento cardíaco com choque cardiogênico é uma das
Claudia Valeria Luiza da Fonseca Ribeiro,
situações de emergência mais dramáticas, podendo ter resultados
devastadores, mesmo após diagnóstico preciso e intervenções cirúr- Fernando de Carvalho Corrêa, Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira
gicas precoces. Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Introdução: As taquiarritmias com complexo QRS estreito (< 0,09s)
têm origem sinusal ou supraventricular. São arritmias com batimen-
TLP330 TAQUICARDIA PAROXÍSTICA SUPRAVENTRICULAR
tos superiores a 100 por minuto, de início súbito, havendo ou não
NA INDUÇÃO ANESTÉSICA: RELATO DE CASO história desencadeadora. A FC pode variar ou manter-se constante.
Guilherme Camargo Thomé*, Alexandre Almeida Guedes, Estas características permitirão diferenciá-las.
Leonardo José Vieira Relato de caso: J.F., 67 anos, masculino, 80 kg, 179 cm, com histó-
ria de HAS e DM. Em uso de: hidroclorotiazida 50 mg (1X), losartana
Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
50 mg (2X), metformina 850 mg (3X). Sem história de tabagismo,
(UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil
etilismo ou alergia medicamentosa. Mallampati II, dentes falhos.
Introdução: A taquicardia paroxística supraventricular (TPSV) se Exames pré-operatórios (laboratoriais, Rx de tórax, ECG) dentro
apresenta com frequência cardíaca (FC) elevada, complexo QRS da normalidade. SV na chegada à sala de operação - FC:71 bpm,
estreito, onde não identificamos onda P eletrocardiográfica, com PA:165-90 mmHg, SatO2: 99%, HGT: 125 mg/dL. Cirurgia proposta:
ou sem instabilidade hemodinâmica. O mecanismo mais comum é a colectomia à direita, por neoplasia. Anestesia: sedação com geral
reentrada intranodal atrioventricular. Drogas anestésicas podem ser balanceada. Sedação feita com midazolan 3 mg. Indução com fenta-
gatilho para a taquiarritimia. nil 300 mcg, propofol 120 mg, rocurônio 50 mg, lidocaína 80 mg; IOT
Relato de caso: Paciente masculino, 54 anos, estado físico PII (ASA), sem dificuldades. Plano anestésico mantido com sevofloraneo 2%.
sem comorbidades cardiológicas. Em tratamento de tumor de as- Administrado SF0, 9% 500 mL, ciprofloxacino 400 mg, metronidazol
soalho de boca. Candidato a linfadenectomia cervical. Monitoriza- 500 mg, em veia periférica (jelco 18G). Iniciada cirurgia e punciona-
do com cardioscopia contínua, oximetria de pulso, pressão arterial da veia jugular profunda direita, baseada em anatomia, técnica de
não invasiva para anestesia geral balanceada. Administrados após Seldinger, com devidos cuidados assépticos. Após passagem de guia
venóclise: dexametasona 20 mg, ranitidina 50 mg, cefazolina 2g e de punção, paciente evolui com taquiacardia, sustentada, com QRS
indução com fentanil 200 mcg, propofol 150 mg associado a efe- estreito, ritmo regular, sem sinais de instabilidade. SV - FC: 129-172
drina 10 mg e cisatracúrio 7,5 mg. Após indução apresenta TPSV bpm, PA:120-68 mmHg, SatO2: 100%, EtCO2: 35-39 mmHg. Realizado
com FC de 250 bpm. Procede-se intubação orotraqueal imediata recuo imediato do guia de punção, sem resolução da arritmia. Ad-
e administração de 70 mg de esmolol EV em bolus, evoluindo com ministrado metoprolol 5 mg IV sem resolução, seguido de adenosina
instabilidade hemodinâmica. Iniciadas manobras vagais, realizado 2 6 mg. Paciente apresenta retorno no ritmo sinusal, queda da FC (85-
mg de metaraminol, apresentando melhora da instabilidade. Inicia- 68 bpm). Realizada punção profunda sem intercorrências, técnica
do amiodarona 300 mg (infusão em 15 minutos) com reversão para mantida. Cirurgia com duração de 200 min; administrado sugamma-
dex e realizada extubação, seguida de alta para RPA. Analgesia pós-
ritmo sinusal. Extubado em sala e encaminhado com 10 pontos na
operatória: morfina 5 mg. Coletadas enzimas cardíacas (4ª-12ª h) e
escala de Aldrette modificada ao CTI. Procedimento suspenso, sen-
ECG (12 derivações) ambos normais. Alta conforme rotina cirúrgica.
do realizado na semana seguinte sem intercorrências.
Discussão: Dentre as complicações de punções de veias profundas
Discussão: As arritmias são causa importante de complicações pe-
temos as arritmias, devido ao estímulo cardíaco direto, em geral
rioperatórias, diversas situações que ocorrem neste período podem
estímulo atrial, pelo guia de punção. A conduta é o recuo do guia e
funcionar como gatilho para alteração do ritmo cardíaco. As altera-
tratamento da arritmia, se esta for sustentada. O tratamento de-
ções podem ser de etiologia primária ou causas reversíveis. Normal-
penderá da característica da arritmia, podendo ser medicamentoso,
mente são benignas e não demandam tratamento; em alguns casos
elétrico, clínico ou conservador. Taquiarritmias de QRS estreito (<
podem cursar com gravidade. No caso em questão foi identificado
0,09 s) podem ter origem supraventricular ou sinusal. A presença
a TPSV, que, na maioria dos casos (55-60%), ocorre pelo mecanismo
de onda P no ECG é uma das formas de diferenciá-las, e a partir de
de dupla via nodal. Os efeitos simpaticomiméticos da efedrina se-
então tratar as causas da arritmia ou fazer o controle da FC, com a
riam o provável gatilho. O tratamento objetiva tirar o paciente da administração de medicações ou através da cardioversão.
situação de urgência, buscando estabilidade hemodinâmica e ritmo Referências:
sinusal. Na ausência de uma etiologia primária, identificar causa 1. Guideline CPR & ECG. American Heart Association; 2015. ht-
reversível. Medidas iniciais para controle da FC: manobras vagais, tps://eccguidelines.heart.org/index.php/circulation/cpr-ecc-
betabloqueadores e bloqueadores do canal de cálcio. Com instabi- guidelines-2/
lidade hemodinâmica tratam-se também os sintomas específicos. 2. Barolo SS. Diagnóstico diferencial de taquicardia com comple-
Para reversão, a droga de eleição é a adenosina (não disponível na xo QRS largo à beira do leito. Rev Latino-Americana Marcapasso
instituição, alternativas a amiodarona e diltiazem). Nos casos de Arritmias. Disponível: http://www.relampa.org.br/detalhe_arti-
falha do tratamento medicamentoso ou instabilidade grave, a car- go.asp?id=349 Acessado: 6/7/2017.
dioversão elétrica sincronizada é o tratamento de escolha.
Conclusão: Mesmo quando não evidenciada uma causa primária,
com ou sem fatores de risco, as arritmias podem ocorrer no perio- TLO821 TAQUICARDIA VENTRICULAR ASSOCIADA A
peratório com gravidade, demandando conhecimento eletrofisiopa- BLOQUEIO SUBARACNOIDE
tológico, bem como os diagnósticos diferenciais e seus tratamentos.
Referências: Gabriela Leis do Espírito Santo Azevedo*,
1. Bektas F, Eken C, Oktay C. Pseudoephedrine-induced paroxysmal Lorena Coutinho Ramos Gevú Barcelos, Daniel Máximo Cunha Pinto,
Jeane Cesário Bpatista, Alexandra Rezende Assad,
supraventricular tachycardia: a case report. J Emergency Medi-
Marco Antônio Cardoso de Resende
cine. 2010;38:5.
2. Lorentz MN, Vianna BSB. Disritmias Cardíacas e Anestesia. Rev Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), Universidade Federal
Bras Anestesiol. 2011;61:6. Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S177

Introdução: O bloqueio subaracnoide é anestesia regional relativa- Relato de caso: S.T.D., feminina, 13 anos, 29 kg, com histórico
mente segura, porém não está isenta de efeitos adversos. Dentre as negativo de alergia a quaisquer medicamentos ou alimentos. Possui
complicações relacionadas, as disrritmias cardíacas são temidas. A retardo do desenvolvimento neuropsicomotor e está sob investi-
eventualidade de tais casos precisa ser exposta, a fim de investigar gação para definição de qual síndrome genética é portadora. Foi
as causas desses eventos incomuns e possivelmente evitáveis. submetida a artrodese de coluna para correção de cifoescoliose de
Relato de caso: Paciente masculino, 69 anos, IMC 32 kg/m2, hiper- T1 a L4. Recebeu 2,5 mg de midazolam como pré-medicação e a
tenso em uso regular de losartana e hidroclorotiazida. Deu entrada anestesia foi induzida com sevoflurano sob máscara, por possuir
na emergência com quadro de LRA obstrutiva devido a cálculo ure- preditores de via aérea difícil. A indução foi complementada por
teral à esquerda em rim único, sendo proposta ureterolitotripsia. À 15 µg de sufentanil, 20 mg de propofol e 30 mg de succinilcolina.
admissão, o paciente apresentava digno de nota eletrocardiograma Realizou-se a IOT com tubo 5,5 com cuff. Foi realizada monitoriza-
com BRE prévio. Após monitorização com cardioscopia, PANI e oxi- ção do potencial evocado motor e sensitivo e a paciente recebeu,
metria, observaram-se PA 170/100 mmHg e FC:95 bpm, atribuídas à durante o intraoperatório, propofol (6 mg/kg/h), remifentanil (0,2
ansiedade. Realizada venóclise em MSD com extracath 18 G e seda- µg/kg/min), ácido tranexâmico e ketamina (3 µg/kg/min). Para
do com midazolam 2 mg IV. Seguiu-se para realização do bloqueio analgesia pós-operatória, foi realizada terapêutica multimodal com
subaracnóideo simples, com paciente em decúbito lateral esquer- infiltração de 3mg/kg de ropivacaína na ferida cirúrgica. Logo após
do, efetuaram-se antissepsia, assepsia e punção via paramediana o uso do anestésico local, houve taquicardia e hipotensão grave
em L3-L4 com agulha de bisel tipo Quincke 25 G, saída de LCR claro (50 × 20 mmHg), sendo tratada de imediato com metaraminol em
e injeção de bupivacaína hiperbárica 12 mg com fentanil 25 μg. pequenos bolus. Houve resolução do problema e manutenção da
Após 5 minutos, o nível sensitivo do bloqueio era T6. Nesse mo- estabilidade hemodinâmica até o final do procedimento. Foi trans-
mento, durante o posicionamento do paciente em litotomia, o mes- ferida para a UTI, com manutenção do tubo traqueal, mas sem dro-
mo evoluiu com instabilidade hemodinâmica (torpor e taquicardia, gas vasoativas, Duas horas após, houve necessidade da instalação
com FC = 200 bpm e PA 91/66 mmHg). A cardioscopia evidenciou de noradrenalina (0,5 µg/kg/min), sendo realizado desmame após
taquicardia ventricular monomórfica sustentada, com pulso cen- 8 horas e extubação 10 horas depois. Após 2 dias de cuidados inten-
tral presente. Optou-se então por converter a anestesia para geral sivos, a paciente foi encaminhada para a enfermaria e obteve alta
e proceder com cardioversão elétrica sincronizada. A indução se hospitalar em 5 dias.
constituiu de fentanil 150 μg, etomidato 20 mg IV e a seguir intu- Discussão: Um plano de ação frente um quadro de intoxicação sistê-
bação orotraqueal sob laringoscopia direta. Foram disparados dois mica por anestésicos locais é necessário e contribui para a redução
choques bifásicos consecutivos (100 J e 150 J), com reversão para da morbimortalidade do paciente. O manejo da vida aérea, infusão
o ritmo sinusal do paciente (BRE). Iniciou-se infusão de amiodarona lipídica e treinamento médico são fundamentais para manutenção
(150 mg em 30 min, seguido de 36 mg/h). Procedeu-se então com da estabilidade cardiopulmonar. Optou-se pela utilização de drogas
aspiração das vias aéreas e extubação orotraqueal. Realizado ECG vasoativas, no caso relatado, pelo acesso rápido e eficiente do anes-
ainda em sala, com reversão completa da taquiarritmia e estabili- tesiologista em sala à tal medicação, e mantida a conduta devido à
dade hemodinâmica, sem alterações do segmento ST. O paciente foi resposta positiva.
encaminhado a URPA, de onde teve alta para investigação diagnós- Referência:
tica cardiovascular. 1. Picard J, Meek T. Lipid emulsion to treat overdose of local anaes-
Discussão: A disritmia mais frequente relacionada à raquianeste- thetic: the gift of the glob. Anaesthesia. 2006;61:107-9.
sia é a bradicardia, sendo a taquicardia ventricular infrequente.
Sabe-se que os anestésicos locais promovem simpatectomia com
bloqueio das fibras cardioaceleradoras e vasodilatação periférica, TLO782 TRATAMENTO DE CEFALEIA APÓS BLOQUEIO
resultando em significativa redução da pré-carga e ativação de re- SUBARACNOIDE COM BLOQUEIO ESFENOPALATINO:
flexos cardíacos. Entre outras possíveis causas, merecem destaque: RELATO DE CASO
alterações abruptas no posicionamento do paciente e situações de
Rodolfo Luciano Cecilio Filho*, Silval José Alves Filho,
hipovolemia. Como a incidência e a etiologia dessas taquiarritmias
André Aguiar Ferreira de Oliveira, Clovis Augusto Monteiro da Silva,
são ainda desconhecidas, é preciso continuar buscando compreen-
der tais casos. Gabriel Magalhães Nunes Guimarães,
Referência: Edson Wander Xavier da Rocha
1. Biernawska J, Kaźmierczak J, Kotfis K, Żukowski M. The influence Hospital das Forças Armadas (HFA), Brasília, DF, Brasil
of regional anaesthesia and local anaesthetics on cardiac repo-
larization. Anaesthesiol Intensive Ther. 2016;48:135-41. Introdução: Diversos relatos e séries de casos de sucesso do blo-
queio esfenopalatino no tratamento da cefaleia após punção de
aracnoide (CPPA) foram relatados nos últimos anos. O bloqueio do
TLP730 TOXICIDADE SISTÊMICA INDUZIDA POR gânglio esfenopalatino causa um antagonismo predominante do sis-
tema parassimpático pelo anestésico local em relação ao simpáti-
ROPIVACAÍNA APÓS INFILTRAÇÃO DE FERIDA OPERATÓRIA
co, causando vasoconstrição relativa, com alívio da cefaleia por um
EM CIRURGIA DE CIFOESCOLIOSE
mecanismo semelhante ao que se acredita decorrente da ação dos
Isabela Borges de Melo, Rodrigo Vital de Miranda, sumatriptanos e cafeína. Relata-se caso de emprego bem-sucedido
Cláudio Henrique Freire Perre, Débora Philippi Bressane, dessa abordagem.
Moisés Freitas Neves*, Luis Vicente Garcia Relato de caso: Paciente de 45 anos, previamente hígida, compa-
receu ao pronto-socorro dois dias após a cirurgia de varizes sob ra-
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
quianestesia, queixando-se de cefaleia opressiva intensa, associada
da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Ribeirão Preto, SP,
a vômitos, com melhora em decúbito dorsal, sendo diagnosticada
Brasil
como CPPA e tratada clinicamente. Relatou que há dois anos, em
Introdução: Anestésicos locais são amplamente usados na prática episódio semelhante, foi necessário tratamento com tampão de
anestésica. Embora raras, as reações de toxicidade dos anestési- sangue autólogo peridural após tentativa de controle clínico dos sin-
cos locais são graves e potencialmente letais, principalmente nos tomas. Em nova avaliação dois dias após o atendimento no pronto-
pacientes sob anestesia geral nos quais o diagnóstico nem sempre socorro, devido à persistência dos sintomas, optou-se por bloqueio
acontece com a rapidez necessária. do gânglio esfenopalatino no centro cirúrgico. O bloqueio foi reali-
S178 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

zado com cotonetes nasais aplicados bilateralmente, embebidos em cidiu-se pela revascularização emergencial, o que foi feito 3 horas
lidocaína 2%. Na reavaliação após 5 minutos, em posição sentada, após. Nova indução anestésica com propofol 100 mg, fentanil 180
apresentou melhora discreta do quadro. Após novo bloqueio com µg e cisatracúrio 10 mg. A anestesia foi mantida com sevofluorano
levopubivacaína 0,5% sem vasoconstrictor por cinco minutos, foi e remifentanil. Iniciada anticoagulação plena com heparina não
reavaliada continuamente. Após 10 minutos, relatou melhora sig- fracionada (HNF) 5000 UI IV, e transfundido 1 CH. Realizada an-
nificante, qualificando em 50% a intensidade da cefaleia; após 30 gioplastia cirúrgica com cateter de Fogarty e retirada do trombo
minutos referiu 30%, e houve melhora completa em 60 minutos. em artéria femoral superficial. Observado fluxo trifásico ao dop-
Recebeu alta da recuperação anestésica em bom estado geral, com pler intraoperatório, retorno de todos os pulsos e normalização do
prescrição de cetoprofeno 100 mg duas vezes ao dia por dois dias e enchimento capilar. A paciente foi extubada e transferida para o
paracetamol 500 mg associado a cafeína 65 mg quatro vezes ao dia, CTI. Manteve-se a anticoagulação plena com infusão de HNF por
se necessário. 24 horas, sendo posteriormente introduzido AAS e enoxaparina 60
Discusão: No manejo da CPPA, considera-se o tampão sanguíneo mg 12/12 h. O CPD foi retirado na véspera da sua alta hospitalar,
peridural como o tratamento mais eficaz após falha de terapias que aconteceu no D7PO.
clínicas. Porém, a técnica está associada ao risco de nova pun- Discussão: As cirurgias oncológicas são procedimentos em que
ção acidental da dura-máter, sangramentos, infecções, síndrome atrasos superiores a 1-6 semanas para o preparo pré-operatório
da artéria espinhal e lesões nervosas. O bloqueio do gânglio es- impactam negativamente o desfecho do paciente. Nos vasculopa-
fenopalatino é usado há mais de 100 anos para tratamento de tas, devido ao risco de trombocitose reativa, a decisão pela des-
enxaqueca em consultórios de neurologia, e tem sido empregado continuação da terapia antiplaquetária crônica deve ser pesada
recentemente em anestesiologia no tratamento da CPPA. Apre- sistematicamente, com o risco de trombose arterial aguda, e o
senta como desvantagens o fato de ainda ser experimental para tratamento reintroduzido o mais rápido possível após a cirurgia.
esta finalidade e a ausência de efeito sobre os outros sintomas Particularmente em relação à anestesia, o manejo da anticoa-
da síndrome que não a cefaleia. Porém, por ser uma técnica mais gulação e os bloqueios de neuroeixo representam um desafio. A
simples e menos invasiva, emerge como uma opção relevante para combinação câncer, cirurgia e suspensão da terapia antitrombótica
o tratamento da CPPA. representam fator de risco independente para trombose vascular,
Referências: como ilustrado pelo caso aqui relatado.
1. Cohen S, Sakr A, Katyal S, et al. Sphenopalatine ganglion block
for postdural puncture headache. Anaesthesia. 2009;64:574-5.
2. Cardoso JM, Sá M, Graça R, Reis H, Almeida L, Pinheiro C, Ma- TLP662 TROMBOSE ARTERIAL AGUDA EM CRIANÇA APÓS
chado D. Bloqueio do gânglio esfenopalatino para cefaleia pós- INSTALAÇÃO DE MONITORIZAÇÃO INVASIVA DE PRESSÃO
punção dural em contexto de ambulatório. Rev Bras Anestesiol.
Priscilla Ribeiro Marques Monteiro, Thiago Monteiro de Carvalho*,
2017;67:311-3.
Leandro da Conceição Aquino, Leopoldo Palheta Gonzalez,
Rodrigo dos Reis Ferreira
TLO676 TROMBOSE ARTERIAL AGUDA DE BYPASS CET do Instituto de Anestesiologia do Amazonas, Manaus, AM,
ILIOFEMORAL EM PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE Brasil
LOBECTOMIA PULMONAR Introdução: Os cateteres arteriais são usados rotineiramente para
Felipe Robalinho Peçanha Pina Rodrigues*, monitorização hemodinâmica contínua na sala de operação, duran-
Nathalia de Almeida Mastache, Sara Pereira Lima Soares de Sá, te grandes cirurgias e em pacientes criticamente doentes. A canu-
Daniele Oliveira Minelli lação arterial fornece acesso fácil e conveniente, permitindo múlti-
plas amostragens e análise de gases e geralmente é considerada um
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA),
procedimento seguro, com poucas complicações graves.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Relato de caso: Paciente feminino, 8 anos, ASA III, agendada para
Introdução: A oclusão arterial aguda é uma emergência vascular. uma segunda cirurgia de correção de tetralogia de Fallot com in-
O pronto reconhecimento e tratamento dessa condição otimiza suficiência cardíaca descompensada. Submetida a reabordagem
o prognóstico e a viabilidade do membro. Sua ocorrência no pe- cirúrgica após 24 dias de internação na UTI. Após tentativas sem
ríodo pós-operatório impõe desafios quanto ao manejo da anti- êxito de canulação de ambas artérias radiais, foi canulizada a ar-
coagulação. téria tibial posterior esquerda com jelco 22G por punção única
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 51 anos, 60 kg, taba- sem transfixação de artéria ou hematoma local. Após cirurgia evo-
gista 70 maços-ano, portadora de HAS e doença arterial oclusiva luiu com discrasia sanguínea com necessidade de transfusão de
periférica, ASAIII, candidata à lobectomia superior esquerda com hemoderivados. Apresentou quadro de dor intensa e aguda com
ressecção de arcos costais por carcinoma primário de pulmão. ausência de pulso pedioso em membro inferior ipsilateral à pun-
Fora submetida à confecção de bypass iliofemoral à direita há 10 ção no quarto dia do pós-operatório, motivo pelo qual foi remo-
dias por doença obstrutiva em artéria ilíaca externa direita. Fazia vida a cânula arterial e solicitada uma avaliação da cirurgia vas-
uso de AAS 100 mg/dia e Rivaroxabana 20 mg/dia, ambos descon- cular, que prescreveu heparinazação e suspensão das transfusões.
tinuados 7 dias antes da cirurgia. Após admissão na sala operató- Diante da ausência de evolução satisfatória nas 24 horas posterio-
ria, além da monitorização padrão, foi puncionado acesso venoso res, foi submetida a novo procedimento cirúrgico para reperfusão
periférico calibroso, VJID com cateter triplo lúmen e PAM radial do membro através da trombólise intraarterial e trombolectomia,
direita. Peridural T9/T10. IOT com tubo dupla luz 35F para es- com melhora parcial da perfusão dos pododáctilos. No oitavo dia
querda. A anestesia foi mantida com sevofluorano, dexmedetomi- após constatada necrose, foi submetida a amputação infrapatelar
dina em infusão contínua e doses intermitentes de uma solução de do membro afetado.
lidocaína 1% e ropivacaína 0,375% pelo cateter de peridural (CPD). Discussão: A artéria tibial posterior tem sido utilizada em pacientes
Ao término da cirurgia, após a extubação, a paciente queixou-se pediátricos, sem grandes complicações. No entanto, existem tam-
de dor intensa em MID. Ao exame, membro frio, de aspecto lívi- bém relatos de casos de amputação de membros secundária a um
do, enchimento capilar > 7 seg, ausência de pulsos pedioso, tibial cateterismo desta artéria. A transfusão sanguínea em grande quan-
e poplíteo, caracterizando um quadro de oclusão arterial aguda, tidade leva ao aumento do risco de trombose devido a um mecanis-
categoria Rutherford IIb. Após contato com a cirurgia vascular, de- mo múltiplo de coagulopatia.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S179

Referências:
XXXIV) Interações Medicamentosas
1. Scheer BV, Perel A, Pfeiffer UJ. Clinical review: Complications
and risk factors of peripheral arterial catheters used for haemo-
dynamic monitoring in anaesthesia and intensive care medicine. TLO666 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR PROLONGADO PELO
Critical Care. 2002;6:198-204. USO DA POLIMIXINA B: RELATO DE CASO
2. Diab YA, Wong ECC, Luban NLC. Massive transfusion in children
Gustavo Simões Barbosa, Silvio Giordano de Freitas,
and neonates. Br J Haematol. 2013;4:15-26.
Amanda Alves Pinto, Paulo Alcantara Aguiar,
Jansen Xavier Fernandes*, Adla Viana Ribeiro Barreto

TLO855 URTICÁRIA INDUZIDA POR ESTRESSE NO Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
PERIOPERATÓRIO: RELATO DE CASO Introdução: É de conhecimento geral a importância das polimixinas
Teodoro Felipe Pereira de Souza*, Roberto Cardoso Bessa Júnior, em infecções bacterianas graves e multirresistentes. Outro ponto já
Jaci Custódio Jorge conhecido é a sua neuro e nefrotoxicidade, além de sua ação no blo-
queio neuromuscular (BNM). Existem alguns estudos evidenciando
Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais sua atuação no BNM em duas fases: pré e pós-juncional. Este relato
(IPSEMG), Belo Horizonte, MG, Brasil visa atentar ao uso de bloqueadores neuromusculares em pacientes
Introdução: Reações alérgicas são complicações que podem ser em uso desse antimicrobiano.
Relato de caso: C.A.O.S., homem, 35 anos de idade, 65 kg, neuropa-
minimizadas com adequada avaliação pré-operatória. Muitas ve-
ta há um ano após TCE. Postura espástica de MMSS, vigil, sem intera-
zes negligenciada, o estado emocional do paciente é fator que
ção com examinador. Admitido para drenagem ventricular peritoneal
pode desencadear reações idiossincráticas e exacerbar diver-
devido à hidrocefalia. Monitorização com oximetria de pulso, ECG e
sas doenças. A urticária é causada por mediadores vasoativos,
ETCO2. Revisão de acesso em VJID e PAM. CCIH sugeriu a adminis-
predominantemente a histamina liberada pelos mastócitos. Há
tração de polimixina B 500.000 UI, vancomicina 1 g e imipenem 500
muitas causas para a urticária, e a história clínica é o mais impor-
mg IV 1 hora antes da incisão. Após pré-oxigenação, prosseguiu-se
tante na identificação das prováveis causas. Na maioria das vezes
indução com midazolam 1 mg, fentanil 300 mcg, propofol 100 mg e
os sintomas são transitórios; entretanto, podem progredir para
rocurônio 40 mg IV. Intubação orotraqueal sob laringoscopia direta
reações sistêmicas e severas. atraumática, Cormack-Lehanne I. Acoplado à ventilação mecânica,
Relato de caso: Paciente sexo feminino, 70 anos, com diagnóstico manutenção com sevoflurano 2%. Ao término do procedimento cirúr-
de cisto renal e proposta de marsupialização de cisto renal. Co- gico (150 min.), foram administrados atropina 0,75 mg e neostigmine
morbidades: HAS, transtorno depressivo, osteoporose. Medicações 1,5 mg IV. Paciente permaneceu hipotônico, apesar da administração
de uso contínuo: hidroclorotiazida, venlafaxina, losartana, ome- de sugamadex 400 mg, flumazenil 0,5 mg e naloxona 0,4 mg IV. Após
prazol, carbonato de cálcio. Passado anestésico: cesariana, UTL e administração de gluconato de cálcio 2 g IV, houve melhora do drive
relato de hiperêmese no pós-operatório. Sem relato de tabagismo, respiratório, retorno da postura espástica admissional e prosseguida
doença cardíaca ou pulmonar. Relato de alergia a sulfa, com epi- extubação com sucesso. Encaminhado à SRPA.
sódio de rash cutâneo após uso de medicação com a substância há Discussão: BNM atua na musculatura esquelética de forma pré e
mais de 1 ano. Os dados vitais pré-operatórios eram: PA: 165 × 98 pós-sináptica e é de fundamental importância na anestesia geral.
mmHg FC:88 bpm SPO2: 98%aa. Não foi feita pré-medicação. Pa- A polimixina B atua de maneira semelhante, provocando depressão
ciente referia ansiedade para a realização do procedimento. Pre- da função neuromuscular, diminuindo a sensibilidade pós-sináptica
viamente à monitorização foi observada pequena área eritemato- à ACh e reduzindo a liberação quântica de ACh. Esses efeitos são
sa em tronco (sem sinais de gravidade e que paciente relatou ser difíceis de serem revertidos, e o recomendado é o uso do antago-
comum o aparecimento dessas manchas). Foi procedida então a nista do BNM e a manutenção da ventilação até que o paciente seja
monitorização não invasiva (PNI, ECG, SPO2) e puncionado acesso capaz de respirar sem auxílio. O uso de cálcio intravenoso não está
venoso em mse (18 G). Após monitorização e venóclise foi obser- indicado para reversão por alterar a farmacodinâmica do antibióti-
vado aumento do rash em tronco, já atingindo região abdominal, co e cursar com distúrbios hidroeletrolíticos. Assim, há que se ter
mmss e região cervical. Os dados vitais permaneceram estáveis, em mente que esses pacientes poderão demorar a sair de prótese
PNI: 170 × 96 FC: 90 bpm SPO2: 98%. Questionada, a paciente re- ventilatória e que sua reversão deve ser cautelosa e muito bem
latou que o rash já ocorreu de forma semelhante antes dos proce- avaliada pelo anestesiologista.
dimentos cirúrgicos anteriores e que melhorava espontaneamente Referências:
após aplicação de sedativo. Foi aventada a HD de urticária indu- 1. Miller R, Pardo M. Bases da anestesia. 6ª edição. Rio de Janeiro:
zida por estresse e optado por prosseguimento ao procedimento Elsevier, 2012.
anestésico. Foi realizada pré-oxigenação com O2 100%. Indução 2. Falagas ME, Kasiakou SK. Toxicity of polymyxins: a systematic re-
venosa com remifentanil 3 mcg/kg/min, fentanil 100 mcg, propo- view of the evidence from old and recent studies. Critical Care.
fol 130 mg, lidocaína 90 mg, atracúrio 25 mg. Logo após infusão do 2006;10:R27.
agente hipnótico foi observado recrudescimento do rash cutâneo
e não foram observadas alterações hemodinâmicas significativas.
Foi feita IOT e a anestesia foi mantida com sevoflurano e
remifentanil. O procedimento cirúrgico durou 90 minutos, a XXXV) Medicina Perioperatória
paciente foi extubada em sala e permaneceu na SRPA por 90 min.
Teve alta hospitalar no dia seguinte.
Discussão: Esse relato denota a importância de uma adequada aná- TLP784 ANESTESIA PARA HISTERECTOMIA TOTAL EM
lise emocional e psicológica na avaliação pré-operatória. Os papéis PACIENTE COM DISTROFIA MIOTÔNICA (SÍNDROME DE
da ansiedade e do estresse devem ser considerados cuidadosamen- STEINERT): RELATO DE CASO
te na prevenção, diagnóstico e tratamento de reações adversas no
Rafael Villela Silva Derré Torres*
perioperatório. Pacientes não devem ser diagnosticados como alér-
gicos até que todas as possibilidades, que incluem fatores psicológi- Consultoria para o Tratamento da Dor, Anestesia e Medicina
cos e emocionais, sejam investigadas. Aeroespacial
S180 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Introdução: A distrofia miotônica (DM), doença autossômica domi- manutenção do cuidado do paciente no pós-operatório.
nante, cursa com contratura muscular a estímulos mecânicos, elé- Método: Foi aplicado um questionário eletrônico para 61 médicos
tricos, hipotermia e tremores (shivering). A sensibilidade a anesté- envolvidos na transferência de cuidados pós-operatórios em
sicos pode trazer complicações pós-operatórias. O uso de opioides um hospital universitário. Dos entrevistados, 37 eram médicos
aumenta o risco de depressão respiratória. Relatamos uma aneste- intensivistas, 20 anestesiologistas e quatro cirurgiões. O questioná-
sia em portadora de distrofia de Steinert. rio englobava perguntas a respeito da adequação da transferência
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 42 anos de idade, por- verbal de informações relativas ao transoperatório, planejamento
tadora de DM, diabetes mellitus tipo II, apneia do sono e refluxo pós-operatório, clareza nas informações transmitidas, bem como a
gastroesofágico com proposta de histerectomia total abdominal. presença da equipe completa durante a entrega do paciente.
Fácies típica e atrofia muscular. Eletroneuromiografia (ENMG) com Resultado: Dos entrevistados, 62% consideraram que as informações
hiperexcitabilidade muscular e descargas miotônicas. Há 10 anos fornecidas eram insuficientes e que o plano de cuidado pós-opera-
submetida à miomectomia, nega intercorrências. Há seis anos, tório não era claro; 82% relataram que a estabilização do paciente
pancreatite após colecistectomia por vídeo. Uso de metformina, é realizada simultaneamente com a transferência de informações,
sitagliptina, contraceptivo oral. Consulta pré-anestésica com exa- prejudicando a compreensão do caso; 67% relataram que a equi-
mes laboratoriais e cardiológicos normais. Risco cirúrgico classe I pe estava completa no momento da transferência do paciente; 90%
(Lee). Titulado BIPAP pela polissonografia e instalado 10 dias an- consideraram que as informações fornecidas na ficha de anestesia
tes da cirurgia. Após dois meses de preparo, apresentou-se na sala eram incompletas e confusas, fazendo-se necessário a busca adi-
cirúrgica com PA: 153 × 95 mmHg; SpO2: 95%, FC: 89 bpm, ECG: cional de informações; 80% consideraram que em algum momento
ritmo sinusal. Introduzido cateter epidural L2-L3 para analgesia e a falta de informação completa do caso prejudicou o atendimento
feito bloqueio subaracnóideo com 16 mg de bupivacaína pesada, 2,5 do paciente, levando a condições como erro na administração de
µg de sufentanil e 75 µg de clonidina. Omitidos benzodiazepínicos, medicações, alergias ou atraso na correção de hipovolemia.
ansiólise com acompanhante. Instalados aquecedores e BIPAP, ainda Conclusão: O estudo identificou falhas importantes na transferência
apresentou hipoxemia. Gasometria arterial: pH: 7,34; pCO2: 37,0 de cuidados de pacientes entre o médico anestesiologista e o mé-
mmHg; HCO3: 20,0 mEq/L; K: 3,5 mEq/L; Ht 21%. Recebeu dois con- dico responsável pelo cuidado pós-operatório imediato. Essa falha
centrados de hemácias na SRPA. Permaneceu em UTI até o segundo pode ser muito danosa em pacientes críticos, por prejudicar a assis-
dia pós-operatório, com analgesia epidural até a alta, no terceiro tência médica. Torna-se necessário otimizar esse processo e padro-
dia PO. Apresentou tosse e febre baixa (37,6°C) no sétimo dia PO, nizar de maneira mais adequada a passagem dessas informações. O
recusando atendimento hospitalar. Reinternação no nono dia PO por estudo será repetido após a introdução de uma ficha padronizada de
atelectasia; tomografia de abdome normal; recebeu ceftriaxona e transferência de cuidados e de treinamento das equipes envolvidas.
fisioterapia respiratória, com alta definitiva no 17º dia PO. Referências:
Discussão: A síndrome de Steinert é multissistêmica com sintomas 1. Stefani LC, Menezes LFR, Felix EA. Rotinas da sala de recupera-
neuromusculares e apneia do sono, disfunção endócrina múltipla ção pós-anestésica. In: Gamermann PW, Stefani LC, Felix EA. Ro-
(diabetes, hipogonadismo, hipotireoidismo), alterações estruturais tinas em Anestesiologia e Medicina Perioperatória. Porto Alegre:
cardíacas e distúrbios gastrintestinais. O anestesiologista deve pre- Artmed, 2017; 534-47.
parar o paciente ao menos uma a quatro semanas antes de cirurgias 2. Whitaker DK, Booth H, Clyburn P, et al. Immediate post-anaes-
eletivas, com atenção ao sistema cardiorrespiratório. O procedi- thesia recovery 2013: Association of Anaesthetists of Great Bri-
mento foi bem-sucedido pela antecipação de potenciais complica- tain and Ireland. Anaesthesia. 2013;68:288-97.
ções no pós-operatório.
Referências:
1. Catena V, Del Monte DD, Rubini A, et al. Anesthesia and Myotonic TLO405 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DO VOLUME
dystrophy (Steinert’s Syndrome). The role of total intravenous GÁSTRICO RESIDUAL APÓS INGESTÃO DE SOLUÇÃO DE
anesthesia with propofol, cisatracurium and remifentanil. Case MALTODEXTRINA DUAS HORAS ANTES DA CIRURGIA
report. Minerva Anestesiol. 2007;73:475-9.
Natália de Carvalho Portela, Mário Henrique Oliveira Santos*,
2. Gaszynski T. Opioid-free general anesthesia in patient with Stei-
Danielle Maia Holanda Dumaresq, Rômulo José de Lucena Castro Filho,
nert syndrome (myotonic dystrophy). Case report. Medicine.
2016;95:37(e4885). Manoel Claudio Azevedo Patrocínio, Roberto César Pontes Ibiapina
Instituto Doutor José Frota, Fortaleza, CE, Brasil
Justificativa e objetivos: Períodos de jejum curtos e/ou prolonga-
TLO426 AVALIAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DE CUIDADOS DE
dos trazem repercussões perioperatórias indesejáveis ao paciente.
PACIENTES CRÍTICOS
Assim, o uso de uma solução adequada no momento ideal no pré-
Luciana Cadore Stefani, Patrícia Wajnberg Gamermann, operatório poderia melhorar sobremaneira os desfechos anestési-
Letícia Moreira Flores Machado, Priscilla Martinelli, co-cirúrgicos desses pacientes. O objetivo deste estudo é avaliar o
Mauren Matiazo Pinhatti* volume residual gástrico por meio de ultrassonografia após a inges-
tão de 200 mL de uma solução de maltodextrina a 12,5% e 8 g de
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS,
proteína do soro do leite duas horas antes da indução anestésica em
Brasil
pacientes submetidos à anestesia geral.
Justificativa e objetivos: Durante o transporte para a sala de Método: Foram incluídos no estudo 62 pacientes submetidos à anes-
recuperação pós-anestésica, o paciente deve ser acompanhado pelo tesia geral, de 18 a 65 anos de idade, estado físico I ou II, IMC abaixo
anestesiologista que realizou o procedimento anestésico. O trans- de 35 kg/m2, que foram divididos de maneira aleatória em dois gru-
porte e a transferência de cuidados são momentos críticos e devem pos de 31 pacientes. Foram excluídos do estudo aqueles portadores
ser conduzidos com segurança. A manutenção da linha de cuidado e de doença do refluxo gastroesofágico, hérnia hiatal, obstrução in-
a redução da fragmentação da assistência, especialmente no caso testinal, obesidade grau II, diabetes mellitus, gestantes e pacientes
de pacientes mais graves, deve ser o objetivo comum das partes en- com história de cirurgia gástrica ou esofágica. O grupo-controle foi
volvidas na transferência de informações. O objetivo deste trabalho submetido ao tempo de jejum pré-operatório hospitalar. O grupo
foi avaliar a adequação da transferência de cuidados do aneste- experimental recebeu 200 mL de uma solução de maltodextrina a
siologista que realizou a anestesia para o médico responsável pela 12,5% e 8 g de proteína do soro do leite duas horas antes da indução
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S181

anestésica. No centro cirúrgico, o volume residual gástrico foi me- grupo foi de 13h44 ± 5h51 (p = 0,035). As principais causas de não
dido por ultrassonografia por residente treinada. Eles eram escanea- suplementação foram “causas gerais” (problemas na agenda cirúrgi-
dos em decúbito lateral direito, no plano sagital, o antrogástrico era ca, falta de avaliação médica prévia etc.) com 47,6%, “ausência de
medido em dois diâmetros perpendiculares e as medidas eram usa- tempo hábil no pré-operatório” com 45,1% e contraindicação para
das para calcular a área seccional do antro por meio da fórmula: CSA maltodextrina em 7,3%.
= (AP × CC × π)/4 (CSA = área da elipse; AP = diâmetro anteroposte- Conclusões: A implantação do protocolo de fast tracking em um
rior; CC = diâmetro craniocaudal). Para estimar o volume gástrico hospital privado é capaz de reduzir significativamente o tempo total
foi usada a fórmula desenvolvida por Perlas: VG (mL) = 27,0 + 14,6 de jejum dos pacientes cirúrgicos. Entretanto, apresenta grandes
× CSA − 1,28 × idade (VG = volume gástrico; CSA = área da elipse). desafios, principalmente pela dinâmica da agenda cirúrgica e pelo
Resultado: Os dois grupos foram semelhantes quanto a idade, peso, fato de os pacientes se internarem apenas algumas horas antes do
altura e IMC. O tempo médio de jejum foi de 10,83 ± 1,68 horas no procedimento, impossibilitando a atuação da equipe de nutrição.
grupo-controle e de 2,70 ± 0,42 horas no grupo experimental. O gru- Referência:
po-controle apresentou volume residual gástrico de 117,30 ± 76,81 1. Xu D, Zhu X, Xu Y, Zhang L. Shortened preoperative fasting for
mL, enquanto o grupo-controle de 44,57 ± 45,54 mL (p = 0,0001). prevention of complications associated with laparoscopic chole-
Conclusão: Nosso estudo mostrou redução do volume residual cystectomy: a meta-analysis. J Int Med Res. 2017;45:22-37.
gástrico em pacientes que tiveram o jejum pré-operatório
abreviado. Esses resultados reforçam os dados da literatura e
confirmam os benefícios da abreviação do jejum já conhecidos, TLO145 MANEJO ANESTÉSICO PARA CORREÇÃO DE
como promoção da sensação de bem-estar nos pacientes, redução FÍSTULA ARTERIOVENOSA DURAL EM PACIENTE COM
da sede, da fome, da irritabilidade e da ansiedade e diminuição da TROMBOEMBOLISMO PULMONAR DIAGNOSTICADO NO
resistência insulínica pós-operatória. PRÉ-OPERATÓRIO
Referências:
1. Perlas A, Mitsakakis N, Liu L, et al. Validation of a mathematical Rodrigo Souza da Silva, Caroline Biral Klas, Daniela de Andrade,
model for ultrasound assessment of gastric volume by gastrosco- Mariana Nazario, Carlos Júnior da Silva Correa*,
pic examination. Anesth Analg. 2013;116:357-63. Karine Aparecida Pecharki
2. Steenhagen E. Enhanced Recovery After Surgery: It’s Time to Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), Curitiba, PR, Brasil
Change Practice! Nutr Clin Pract. 2016;31:18-29.
Introdução: O tromboembolismo pulmonar (TEP) é uma condição
grave à qual pacientes cirúrgicos têm risco elevado. Existem muitas
TLO682 IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DE UM PROTOCOLO publicações sobre prevenção e tratamento, porém pouco conteúdo
DE FAST TRACKING NO JEJUM DE PACIENTES CIRÚRGICOS sobre o manejo perioperatório do TEP estabelecido. Este relato de
caso mostra um paciente com TEP agudo submetido à correção de
EM UM HOSPITAL PRIVADO DE SÃO PAULO
fístula arteriovenosa dural medular.
Denys Pereira, Mirna Nucci Dertadian Rocha Prado, Relato de caso: Paciente masculino, 60 anos de idade, 70 kg, 1,78
Guinther Giroldo Badessa, Ligia dos Santos, Rafael Queiroz Araujo*, m, dislipidêmico, hipotireoidismo. Em uso de levotiroxina 75 mcg
Luiz Fernando dos Reis Falcão e rosuvastatina 20 mg. Paresia progressiva em membros inferiores,
força grau III, sem sintomas respiratórios ou cariovasculares. Angio-
Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
tomografia mostrou fístula arteriovenosa em nível de TII e embolia
Justificativa e objetivos: O jejum pré-operatório é uma prática pulmonar aguda bibasal, sem infarto pulmonar. Ecocardiograma e
bem estabelecida no preparo de pacientes que serão submetidos Doppler de MMII apenas com trombose em veia solear. Os riscos e
a procedimentos cirúrgicos. O objetivo é reduzir o volume gástri- benefícios foram discutidos com o paciente e as equipes de aneste-
co, minimizando os riscos de broncoaspiração. No entanto, jejum siologia, neurocirurgia e cirurgia vascular. Devido ao risco elevado
prolongado pode causar efeitos indesejáveis para o paciente, como de progressão para plegia por isquemia medular, decidiu-se man-
irritação, sede, desidratação, aumento do catabolismo proteico, ter o plano cirúrgico, iniciando anticoagulação com enoxaparina 80
maior desconforto pós-operatório e aumento da incidência de náu- mg duas vezes ao dia por três dias, suspendendo na noite anterior
seas e vômitos no pós-operatório. O protocolo de fast-tracking ERAS com retorno quatro horas após o procedimento e uso de botas de
(Enhanced Recovery After Surgery) indica a administração de uma compressão. Realizada anestesia geral, mantida com sevofluorano
solução de carboidrato via oral até duas horas antes da cirurgia, e remifentanil. Monitorização com cardioscopia, pressão arterial
com o objetivo de reduzir os efeitos adversos do jejum prolongado invasiva, oximetria de pulso, capnografia, pressão venosa central
sem aumentar o volume gástrico. O objetivo deste estudo foi ava- (PVC), temperatura e exames seriados. Procedimento realizado em
liar o impacto da implantação do protocolo ERAS no tempo total de decúbito ventral, duração total de seis horas sem intercorrências.
jejum de pacientes cirúrgicos em um hospital privado de São Paulo. Levado à UTI, respirando em névoa, Glasgow 14 com deficit motor,
Método: Estudo prospectivo realizado em um único centro na cida- força grau II. Alta da UTI na manhã seguinte com força grau V. Alta
de de São Paulo. A implementação do protocolo ERAS foi realizada hospitalar com anticoagulação dois dias após.
a partir da construção de um time multidisciplinar. O protocolo de Discussão: TEP ocorre em até 1,6% da população cirúrgica. Em ci-
jejum pré-operatório foi modificado com a introdução de maltodex- rurgias de maior risco, essa incidência chega aos 30%. O diagnóstico
trina 12,5% 200 mL até três horas antes das cirurgias. Foram cole- de TEP durante a anestesia é um desafio, sendo muitas vezes de
tados os horários de início do jejum, da administração da solução exclusão. Os sinais são elevação da PVC, alterações inespecíficas no
de carboidrato e do término do jejum de pacientes submetidos a ECG como arritmias atriais, anormalidade do seguimento ST e onda
cirurgias ortopédicas de grandes articulações, laparotomias e video- T e alterações mais específicas, como o padrão S1Q3T3 e P-pul-
laparoscopias. A análise foi realizada com base no tempo total de monale; elevação da PVC associada à instabilidade; o achado mais
jejum (última refeição ou suplementação no pré-operatório até a sensível é a hipoxemia arterial na gasometria e uma dissociação da
primeira alimentação no pós-operatório). PaCO2 com a capnografia, indicando espaço morto. A profilaxia é a
Resultado: Foram incluídos 525 pacientes. Destes, 44 (8,3%) rece- chave para a redução da incidência. Em nosso caso, a preocupação
beram maltodextrina 12,5% no pré-operatório e 481 (91,3%) não era com um novo evento, maior e mais grave; porém, o tratamen-
receberam o carboidrato. A média do tempo total de jejum dos pa- to com anticoagulação inviabilizava a cirurgia. A investigação da
cientes do primeiro grupo foi de 9h10 ± 3h44, enquanto no segundo origem do trombo foi importante para avaliar a conduta; uma TVP
S182 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

extensa indicaria um filtro de veia cava. A presença de trombos no 2. Mancuso K, Kaye AD, Boudreaux JP, et al. Carcinoid syndrome
ecocardiograma mudaria nossa avaliação do risco e talvez contrain- and perioperative anesthetic considerations. J Clin Anesth.
dicasse a cirurgia. Este relato mostra a importância da avaliação 2011;23:329-41.
pré-anestésica cuidadosa e da colaboração interdisciplinar.
Referências:
1. Matthew CD, Donald EM. Perioperative pulmonar embolism: diag- TLP772 ÓBITO POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO NO
nosis and anesthetic management. J Clin Anesth. 2011;23:153-65. PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIA ELETIVA
2. Tapson VF. Acute pulmonary embolism. N Engl J Med.
Guilherme Valle de Oliveira*, Aline Murari Sudré,
2008;358:1037-52.
Eliana Cristina Murari Sudré, Cassiano Franco Bernardes,
Paulo Antonio de Mattos Gouvêa, Erick Freitas Curi
TLO981 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE TUMOR Centro de Ensino e Treinamento da Associação Feminina de
CARCINOIDE Educação e Combate ao Câncer (AFECC), Hospital Santa Rita de
Cássia, Vitória, ES, Brasil
Marina Ayres Delgado, Carlos Henrique Viana de Castro,
Renato Machado de Almeida Junior*, Cloves Alves Moutinho Júnior, Introdução: O principal objetivo da avaliação pré-anestésica (APA)
Estevão Nobre Carrato, Matheus Leandro Lana Diniz é reduzir desfechos adversos, principalmente a mortalidade asso-
ciada à anestesia.
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 76 anos de idade, 100
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil kg, 1,80 m, ativo (> 4 MET), estado físico II (hipertensão arterial sis-
Introdução: Tumores carcinoides são neoplasias de tecido neu- têmica – HAS). Cirurgia proposta: esvaziamento ganglionar cervical
roendócrino de crescimento lento, com incidência de um a dois por melanoma, sem quimioterapia prévia. APA realizada 15 dias an-
casos por 100.000 indivíduos. Podem secretar uma vasta gama de tes da cirurgia. Utilizando informações do prontuário (hemograma,
substâncias bioativas, resultando na síndrome carcinoide, marcada coagulograma, eletrocardiograma [ECG] e avaliação cardiológica),
principalmente por rubor cutâneo, hiper ou hipotensão, diarreia, anamnese e exame físico, o anestesiologista considerou o paciente
dor abdominal, náusea, hiperglicemia, sangramento gastrintestinal, apto. Na admissão, o paciente estava agitado, dispneico, com cia-
falência de ventrículo direito, disfunção valvar e broncoespasmo. nose de extremidades, dor abdominal intensa, em emergência hi-
Embora cerca de 25% dos tumores carcinoides secretem substâncias pertensiva (PA = 230/130 mmHg), taquicardia (FC = 165 bpm), SpO2
= 87% e detecção de fibrilação atrial na cardioscopia. Diagnosticado
bioativas, menos de 10% dos pacientes desenvolvem a síndrome.
com edema pulmonar, foi encaminhado à unidade de terapia inten-
Relato de caso: W.A.T., 49 anos de idade, sexo masculino, taba-
siva onde recebeu O2 suplementar, furosemida, morfina, amiodaro-
gista e obeso, diagnosticado com tumor carcinoide em cólon as-
na, nitroprussiato de sódio, AAS e metoprolol. Ao ecocardiograma,
cendente durante investigação de dor abdominal; sem outros sinais
apresentava 47% de fração de ejeção do ventrículo esquerdo e hi-
ou sintomas. Exames laboratoriais e ECG sem alterações. Proposta
pocinesia difusa. Raio X do tórax com infiltrado intersticial difuso e
de ressecção por via laparotômica. Monitorizado com cardioscópio,
congestão peri-hilar. Troponina I, 1,33 mcg/L e CKMB, 20 U/L indica-
saturímetro e pressão arterial invasiva. Iniciada sedação com mi-
ram síndrome coronariana aguda sem supra de ST (SCASSST – KILLIP
dazolam e fentanil e realizada anestesia peridural com cateter e
3). Evoluiu rapidamente com choque cardiogênico, insuficiência re-
anestesia geral balanceada. Procedimento cirúrgico com duração de nal e respiratória. Foi intubada, ventilado mecanicamente e rece-
cinco horas. O paciente permaneceu estável hemodinamicamente beu drogas vasoativas. A grave instabilidade hemodinâmica impediu
durante todo o procedimento. Foi extubado na sala de cirurgia e o transporte para estudo hemodinâmico invasivo. Após 34 horas e
transferido ao CTI. nove tentativas frustradas de cardioversão elétrica, o paciente foi a
Discussão: O principal objetivo perioperatório nos tumores carcinoi- óbito por parada cardíaca em atividade elétrica sem pulso.
des é evitar a liberação de mediadores bioativos, o que é alcançado Discussão: A APA realizada não motivou solicitação de exames
primariamente evitando-se fatores como ansiedade, dor, hipóxia, adicionais neste caso, e nenhum dado científico impõe realização
hipotermia, drogas liberadoras de histamina e catecolaminas. sistemática de exames complementares. A idade avançada era in-
Anamnese e exame físico detalhados determinam a presença e a dicador menor de risco, e o risco da cirurgia proposta era interme-
gravidade dos sinais e sintomas da síndrome carcinoide, auxiliando diário (1–5%), resultando em escore zero de Lee. A ocorrência da
no planejamento anestésico. Exames laboratoriais (incluindo áci- SCASS no momento da admissão nos leva à reflexão de que, se o
do 5-hidróxi-indolacético urinário), de imagem e ECG são neces- paciente tivesse sido admitido alguns minutos mais cedo, antes de
sários. Sedação com benzodiazepínicos é recomendada. A indução se sentir mal, teríamos iniciado a anestesia. Como distinguiríamos
da anestesia deve ser lenta e cuidadosa, evitando-se medicações uma morte natural de uma complicação da anestesia? A APA, mesmo
que liberam histamina. Instabilidade hemodinâmica, hiperglicemia, bem-feita, pode não prever eventos desfavoráveis.
broncoespasmo e distúrbios hidroeletrolíticos devem ser corrigidos Referências:
no pré-operatório, se possível. Octreotide, um análogo da soma- 1. Mathias LAS, Bernardis RCG, Silva MP. Avaliação pré-anestésica.
tostatina, inibe o peristaltismo, a produção de ácido gástrico, a se- In: Cangiani LM, Carmona MJC, Torres MLA, et al. Tratado de
creção pancreática, a liberação de glucagon, insulina, secretina e Anestesiologia SAESP. 8.ed. São Paulo: Atheneu; 2017;1147-63.
peptídeo intestinal vasoativo, sendo muito efetivo no tratamento 2. Wax DB, Porter SB, Lin HM, Hossain S, Reich DL. Association of
da crise carcinoide; pode ser profilaticamente administrado por via preanesthesia hypertension with adverse outcomes. J Cardiotho-
subcutânea ou intravenosa; bolus podem ser administrados confor- rac Vasc Anesth. 2010;24:927-30.
me necessário para tratar os sintomas. Anestesia do neuroeixo pode
oferecer bom controle da dor e limitar a resposta ao estresse. Uma
vez que substâncias bioativas podem permanecer na circulação após TLP645 PCR APÓS INDUÇÃO ANESTÉSICA EM PACIENTE
a ressecção do tumor, é recomendado o monitoramento hemodinâ- COM DISTÚRBIO DE CONDUÇÃO ELÉTRICA CARDÍACO
mico e hidroeletrolítico cuidadoso no pós-operatório, preferencial- Danila Tomico Nakayama*, Rafael Mercante Linhares,
mente no centro de terapia intensiva.
Fernando Pinho Leventhal, Daniel Cunha da Trindade,
Referências:
Henrique Viana Lyra
1. Warner RR, Mani S, Profeta J, Grustein E. Octreotide treatment
of carcinoid hypertensive crisis. Mt Sinai J Med. 1994;61:349-55. Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S183

Introdução: Eventos cardiovasculares são os principais responsáveis Sua ocorrência aumenta a taxa de hemotransfusão e também a mor-
pela morbimortalidade relacionada a cirurgias eletivas não cardía- bimortalidade. Avaliação clínica e laboratorial juntamente com ade-
cas. A presença de cardiopatias ativas agrega maior risco de ocor- quada otimização pré-operatória têm potencial de otimizar desfe-
rência desses eventos no perioperatório. Dromopatias são comuns chos. O objetivo deste trabalho é identificar a prevalência de anemia
na avaliação perioperatória, e algumas arritmias podem representar pré-operatória em pacientes submetidos a cirurgias eletivas ortopé-
fatores independentes de desfecho desfavorável, mas distúrbios de dicas e abdominais de grande porte em um hospital universitário.
condução ventricular, quando associados a bloqueios atrioventricu- Método: Estudo transversal com análise de prontuários de pacientes
lares simples e assintomáticos, raramente são associados a ocorrên- candidatos a cirurgias eletivas ortopédicas e abdominal de grande
cias maiores, e a abordagem profilática desses pacientes é contro- porte, no período de 01/03/2017 a 1/06/2017 (n = 25).
versa na literatura. Resultado: A prevalência de anemia pré-operatória foi de 72%, com
Relato de caso: P.L.A., sexo masculino, 77 anos de idade, ASA I, 64% na cirurgia abdominal e 87,5% na ortopedia. Nenhum dos pa-
com coledocolitíase e indicação de exploração de vias biliares por cientes do estudo apresentava doença renal crônica grave ou ter-
laparotomia. No pré-operatório, verificou-se no ECG presença de minal. A presença de neoplasia maligna sabidamente conhecida ou
bloqueio AV de 1º grau e bloqueio de ramo esquerdo de 3º grau. fortemente suspeita foi de 76,4% dentre os pacientes candidatos à
Assintomático e estável hemodinamicamente. A combinação de cirurgia abdominal, e apenas 10% nos pacientes candidatos à cirur-
anestesias peridural e geral foi a técnica escolhida. Após punção gia ortopédica. A taxa de hemotransfusão foi de 48%, com 20% den-
peridural, foram injetados 3 mL de lidocaína 2% com adrenalina tre os doentes ortopédicos; destes, 100% apresentavam anemia pré-
(1/200.000) e 10 mL de ropivacaína 0,33%. Após 15 minutos, indução operatória. No grupo de cirurgia abdominal, a taxa de transfusão
anestésica com fentanil (125 mcg), propofol (70 mg) e rocurônio (40 foi de 58,8%, dos quais 80% destes apresentavam anemia pré-ope-
mg). Nesse momento, evoluiu com bradicardia (15 bpm). Injetados ratória. Os pacientes de cirurgia abdominal que não tinham anemia
atropina 0,75 mg e efedrina 20 mg. IOT com êxito e a bradicardia pré-operatória e foram transfundidos (20% dos casos) apresentaram
revertida, porém instaurou-se uma taquicardia ventricular sem sangramento cirúrgico maciço ou foram transfundidos após o tercei-
pulso. Feita desfibrilação com 360 J, seguida de massagem cardíaca ro dia de pós-operatório, na UTI.
externa (MCE) e aplicação de 1 mg de adrenalina. Nova desfibri- Conclusões: A anemia no paciente cirúrgico candidato à cirurgia or-
lação, MCE e 300 mg de amiodarona, com retorno da circulação topédica e abdominal de grande porte apresenta elevada prevalên-
espontânea. Introduzimos marca-passo transvenoso em átrio direi- cia. Uma avaliação multidisciplinar com clínicos, cirurgiões, hemo-
to, amiodarona 40 mg/h e noradrenalina 0,2 mc/kg/h. O paciente terapeutas e anestesiologistas, utilizando os conceitos de patient
foi transferido para unidade coronariana (UCO). Foram realizados blood management, poderia reduzir as taxas de transfusão e otimi-
ECG e gasometria arterial seriados, além de um ecocardiograma zar desfechos. Este trabalho faz parte de um projeto de otimização
transesofágico. Sem sinais de isquemia aguda ao ECG, gasometria pré-operatória e uso racional de hemocomponentes que está sendo
satisfatória, porém disfunção sistólica global de VE (FE de 28%) e implementado em um hospital universitário de alta complexidade.
acinesia de parede inferior. Foi extubado no 2º dia pós-PCR, estan- Referência:
do o paciente assintomático e sem deficits neurológicos. Submetido 1. Clevenger and Richards. Pre-operative anaemia. Anaesthesia.
à cineangiocoronariografia, que não evidenciou presença de lesões 2015;70(Suppl. 1):20-8.
obstrutivas. Após duas semanas, foi submetido ao procedimento,
monitorizado da mesma maneira, porém em uso do marca-passo e
com noradrenalina 0,2–0,8 mcg/kg/h sob anestesia geral, indução TLO476 PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO DO
com fentanil (150 mcg), etomidato (10 mg) e rocurônio (40 mg) e AMBULATÓRIO DE AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA NA
manutenção com isoflurano, sem complicações durante o procedi- MELHORIA DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO
mento e pós-operatório imediato, sendo extubado e enviado à UCO
após Aldrete 9. Luciana Paula Cadore Stefani, Pauline Elias Josende*,
Discussão: O paciente era portador de uma cardiopatia não isquê- Alice Becker Teixeira, Wolnei Caumo, Carolina Alboim, Luciana Eltz
mica insidiosa, que se manifestou com redução grave do débito Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia do Serviço
cardíaco durante a indução. Apesar do que é descrito na literatura de Anestesia e Medicina Perioperatória (SAMPE) do Hospital de
sobre essa associação de bloqueios, há a necessidade de avaliação Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil
individualizada, além de medidas cautelosas na abordagem desses
pacientes. Introdução: A avaliação pré-anestésica ambulatorial é um impor-
Referência: tante componente do processo de atendimento do paciente cirúr-
1. Gualandro DM, Yu PC, Calderaro D, et al. II Diretriz de Avaliação gico, estratificando o risco clínico-cirúrgico deste para melhorar
Perioperatória da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras desfechos perioperatórios e reduzir taxas de cancelamento. Com o
Cardiol. 2011;96(3 Supl.1):1-68. objetivo de priorizar o atendimento do paciente de alto risco pelo
Ambulatório de Avaliação Pré-Anestésica (APA), houve a implemen-
tação de estratégias por meio do uso da ferramenta de qualidade
TLO113 PREVALÊNCIA DE ANEMIA PRÉ-OPERATÓRIA: para controle de processos (PDCA).
EVIDÊNCIA PARA PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DO Método: Por meio do uso da PDCA definiu-se a estratégia para me-
lhorar a eficiência do APA. Os seguintes processos foram desenhados:
CONCEITO PATIENT BLOOD MANAGEMENT EM HOSPITAL
1) confecção de protocolos assistenciais com ênfase no protocolo
UNIVERSITÁRIO de necessidade de encaminhamento ao ambulatório, 2) divulgação
Leandro José Fonseca Miranda Ribeiro*, Iuri Eleuterio, dos protocolos entre as especialidades cirúrgicas em reuniões nos
Rodrigo Pereira Diaz André, Flávio Lobianco Vicente, serviços, 3) início do processo de consultoria ambulatorial por meio
Glauber Gouvêa de regulação das consultas pelo anestesiologista do ambulatório, 4)
análise dos resultados obtidos após seis meses da implementação,
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF),
realizada por coleta de dados do perfil das consultas agendadas no
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
APA referente ao período pré-intervenção (2013 a 2014) e pós-inter-
Brasil
venção (2015 a 2016). Avaliaram-se as variáveis: ASA, risco cirúrgi-
Justificativa e objetivos: A prevalência de anemia no pré-operatório co, especialidade solicitante e tempo de espera para o atendimento
pode chegar até a 30% dos pacientes candidatos à cirurgia eletiva. e para a cirurgia.
S184 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Resultado: Foram realizadas 1.286 consultas no APA entre o período interceptação em −0,4118. Finalmente, um resultado maior que
de 2013 a 2016, sendo 733 atendidas pré-intervenção e 553 após. 11% no aplicativo mostrou-se com a maior área sob a curva ROC na
Houve diminuição significativa nas consultas de pacientes de baixo discriminação de valores de VPP de 13%.
risco e aumento para pacientes de alto risco após a implementação Conclusão: Houve associação intrínseca entre os valores preditos e
do protocolo. Quanto às especialidades solicitantes, houve redução observados, podendo ser reduzidos a uma equação linear com índice
significativa de encaminhamentos de cirurgia geral, oftalmologia, de inclinação significante, o que determina o modelo de estimação
cirurgia pediátrica e cirurgia bucomaxilofacial. Na análise da variá- como bom preditor da VPP e, por extensão, também pode ajudar,
vel ASA dos pacientes atendidos, houve tendência à diminuição de em condições adequadas, na determinação não invasiva da respon-
pacientes ASA I. O tempo de espera entre a solicitação pela equipe sividade volêmica a partir da variação da pletismografia de pulso do
cirúrgica até a consulta e até a cirurgia diminuiu de 46 para 16 dias oxímetro (delta POP).
e de 131 para 84 dias, respectivamente. Referências:
Conclusão: A estratégia foi eficiente em reduzir o número de aten- 1. Michard F, Boussat S, Chemla D, et al. Relation between respira-
dimentos a pacientes de baixo risco no APA, possibilitando um au- tory changes in arterial pulse pressure and fluid responsiveness
mento do atendimento àqueles que podem ter o maior benefício. in septic patients with acute circulatory failure. Am J Respir Crit
A redução do tempo de espera para consulta possibilita maior rota- Care Med. 2000;162:134-8.
tividade de atendimentos, maior distribuição de consultas entre as 2. Cannesson M, Aboy M, Hofer CK, Rehman M. Pulse pressure varia-
especialidades e oportuniza a priorização do atendimento ao pa- tion: where are we today? J Clin Monit Comput. 2011;25:45-56.
ciente de maior risco.
Referência:
1. Wijeysundera DN, Austin PC, Beattie WS, Hus JE, Laupacis A. TLP837 FAZENDO A DIFERENÇA: APLICAÇÃO DO USO
Variation in the practice of preoperative medical consultation DA TERMOGRAFIA MÉDICA DIGITAL INFRAVERMELHA EM
for major elective noncardiac surgery: a population-based study. ANESTESIOLOGIA PARA TRANSPLANTES
Anesthesiology. 2012;116:25-34.
Daniel Colman, Marcos Leal Brioschi, Fernando Martins Piratelo,
Marina Bishop Brito Rebellato*,
Christine Lima Cavalcanti de Albuquerque,
Patrícia Constantini Kreling
XXXVI) Monitorização e Avanços CET do Hospital Universitário Cajuru, Curitiba, PR, Brasil
Tecnológicos Justificativa e objetivos: Faz diferença na prática diária do profis-
sional anestesiologista a incorporação de conhecimentos advindos
do vertiginoso avanço das ciências, sobretudo pelo emprego dos
TLO708 AVALIAÇÃO DE APLICATIVO MÓVEL PARA meios físicos aplicados à medicina — por exemplo, raio x, ultrasso-
DETERMINAÇÃO DA RESPONSIVIDADE VOLÊMICA nografia, ressonância nuclear magnética e termografia infraverme-
Rafael José Nalio Grossi*, Gustavo Batocchio, Enis Donizetti Silva, lha — que proporcionou a abertura das fronteiras do conhecimento e
Fernando David Goehler, Claudia Marquez Simões da compreensão sobre anatomofisiopatologia. O objeto deste traba-
lho é apresentar, a partir de um banco de dados de um dos autores,
Serviços Médicos de Anestesia Ltda., São Paulo, SP, Brasil o conceito de termograma tido como “normal” para perfusão homo-
Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil
gênea com os “termogramas alterados” em padrão perfusão não ho-
Justificativa e objetivos: A avaliação da responsividade volêmica mogênea, seja no órgão in situ ou ex vivo; e na avaliação do padrão
é etapa fundamental na terapia guiada por metas. Dentre os parâ- de temperatura corpórea em cirurgias que envolvem manipulação
metros disponíveis, a variação da pressão de pulso (VPP) é um dos vascular de grande repercussão hemodinâmica, reposição volêmica
que apresenta melhor relação de sensibilidade e especificidade para agressiva e grande exposição de cavidades corpóreas.
esse fim. Entretanto, sua disponibilidade não é universal nos moni- Método: Com uso de equipamentos de alta resolução (termovisores)
tores multiparamétricos, o que motivou o desenvolvimento e a ava- é possível captar o calor irradiado de qualquer superfície e processar
liação de um aplicativo para dispositivos móveis a fim de auxiliar em imagens ou filme digital térmico infravermelho, denominado
sua determinação. termograma.
Método: Foi desenvolvido um aplicativo no qual o usuário fotogra- Resultado: No caso específico do órgão ou tecido a ser transplanta-
fa o traçado da pressão arterial e, em seguida, delimita os pulsos do, durante a injeção da solução de preservação é possível avaliar
de maior e menor amplitude dentro do ciclo respiratório desejado, o estado da macrocirculação e da microcirculação com a difusão
sendo calculado então a VPP correspondente. Foi solicitado para os térmica se transmitindo do mais quente (hilo) para o mais frio, sem
residentes do segundo e terceiro anos de Anestesiologia do serviço o aparecimento de “pontos quentes” explicados pela presença de
que testassem o aplicativo em dez ondas simuladas. Os valores da isquemia com edema celular, infiltração de células inflamatórias,
VPP não eram conhecidos pelos participantes, mas antes de iniciar o congestão visceral, que obstruem a microcirculação. Pode-se ava-
experimento os mesmos eram ensinados sobre o uso do aplicativo e liar termograficamente a condição do órgão ou tecido no momento
treinavam a utilização em três ondas diferentes de pressão de pulos da retirada e irrigação pela solução de preservação. Quanto ao re-
conhecidos com auxílio do pesquisador. Os resultados obtidos foram ceptor, para o anestesiologista faz diferença a rigorosa monitori-
analisados por regressão linear e análise estatística descritiva. zação da temperatura corpórea desde o início dos procedimentos,
Resultado: Participaram da pesquisa 23 residentes de Anestesiolo- posto que tudo converge para o desclampeamento, momento mais
gia do segundo e terceiro anos. Foram analisadas 230 curvas com crítico em que pode ocorrer uma parada cardíaca devido a múltiplos
o aplicativo. Os erros em relação ao valor esperado apresentaram fatores: diminuição de 1°C na temperatura central, aumento de 1
padrão normal de distribuição no teste de Kolmogorov-Smirnov mEq/L de potássio sérico, acidose metabólica, produção de radicais
(≥ 0,1), com extremos de −4,47 e 4,21. Três testes (1,3%) obtiveram livres durante o clampeamento, hipotermia pela exposição de ca-
erro igual a zero, ou seja, o resultado foi exatamente igual ao es- vidades corpóreas e pela própria condição do órgão que está sendo
perado. Erros entre −1 e 1 pontos foram encontrados em 49,1% dos implantado (isquemia fria, normo e quente).
casos, e entre −2 e 2 em 82,6%. O erro médio foi de 0,5461 ponto. Conclusão: Os padrões termográficos podem ser documentados,
À regressão linear foi obtida inclinação de 0,9918 (≤ 0,0001) com repetidos e comparados pelos anestesiologistas de maneira eficaz,
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S185

totalmente inócua, e podem ser utilizados para documentação de 2. Myles PS, Daly D, Silvers A, et al. Prediction of neurological ou-
todo o processo de qualidade do órgão retirado até o momento de tcome using bispectral index monitoring in patients with seve-
seu implante, bem como, preventivamente, no controle da hipoter- re ischemichypoxic brain injury undergoing emergency surgery.
mia no paciente que irá receber o órgão, refletindo assim em maior Anesthesiology. 2009;110:1106-15.
segurança tanto para os profissionais anestesiologistas quanto para
os pacientes.
Referência:
1. Brioschi ML (ed). Princípios e indicações da termografia médica.
São Paulo: Andreoli, 2010;280. XXXVII) Outros

TLO545 MONITORIZAÇÃO ELETROENCEFALOGRÁFICA TLP1034 SÍNDROME DE RESSECÇÃO TRANSURETRAL DE


COM BIS E SR ASSOCIADA À PRESSÃO INTRACRANIANA EM PRÓSTATA - RELATO DE CASO
PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO GRAVE:
Lucas Hemétrio Lazarini*, Tiago Cordeiro de Macedo,
RELATO DE CASO
Cláudia Helena Ribeiro da Silva
Fernanda Oliveira de Castro, Cristiane Gurgel Lopes,
Francisco Diego Silva de Paiva, Renno Soares Leitão*, Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG,
Rogean Rodrigues Nunes, Denise Medeiros Pontes Brasil

Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil Introdução: A síndrome de ressecção transuretral (RTU) é o conjun-
to de sinais e sintomas neurológicos e cardiopulmonares causados
Introdução: Um dos objetivos no manejo de vítimas de trauma primariamente pela absorção excessiva do líquido de irrigação, po-
cranioencefálico (TCE) é evitar danos secundários ao tecido dendo ocorrer no intra ou pós-operatório de procedimentos de RTU,
cerebral, sendo necessário manter oferta de oxigênio e de pres- especialmente a RTU de próstata (RTUP).
são de perfusão cerebral adequada a fim de atender à demanda Relato de caso: L.V.L., 67 anos de idade, sexo masculino, portador
metabólica do cérebro lesado. A monitorização não invasiva com de câncer de próstata diagnosticado há 30 dias, portador de HAS
BIS e taxa de supressão (SR), que são índices gerados a partir do controlada e apneia obstrutiva do sono, com distúrbio restritivo
eletroencefalograma (EEG), pode ser uma ferramenta útil para o leve, sem acompanhamento ou tratamento. Levado ao bloco ci-
acompanhamento de pacientes com TCE. rúrgico pela equipe de urologia, com proposta de RTUP. Optado
Relato de caso: Paciente masculino, 64 anos de idade, hiperten- por BNE com bupivacaína pesada 12,5 mg + morfina 40 mcg, com
so, diabético, portador de hemocromatose, vítima de atropela- agulha de quincke 27, sem guia, punção única, atraumática, asso-
mento, encaminhado à emergência com rebaixamento do nível ciado à sedação leve/consciente com midazolam 3 mg + fentanil
de consciência. À admissão, apresentava PA de 180 × 110 mmHg,
50 mcg. Exames iniciais – Hb: 10,8; RNI: 1,07; Na2+ 133; glicemia:
FC 60 bpm, SpO2 99%, Glasgow 11, pupilas isofotorreagentes e
75. Após 120 minutos de procedimento, haviam sido utilizadas oito
hemiplegia à esquerda. Foi submetido à intubação traqueal
bolsas de glicina 1,5% transuretral e 700 mL de ringer lactato EV,
e iniciou-se sedação com fentanil e midazolam. Tomografia
quando o paciente iniciou com inquietação, agitação e aumento
de crânio (TC) revelava hemorragia subaracnóidea, contusão
em 20% da PAM inicial. Solicitado exame de sangue, que evidenciou
temporal direita e hematoma subdural agudo extenso, com desvio
hiponatremia com Na2+: 119. A equipe cirúrgica foi comunicada e
de linha média de 4,2 mm. Encaminhado ao centro cirúrgico para
solicitou-se suspensão do procedimento, o que não foi atendido.
implante de cateter para monitorização da pressão intracraniana
Iniciada reposição com Na+ a 3% 50 mL/h, puncionado PIA e rea-
(PIC). Ao final do procedimento, registrou-se PIC 63 mmHg, BIS
lizado furosemida 40 mg EV. Após 180 minutos do início da RTUP,
60 e SR 18, sugerindo sofrimento cerebral grave. Foi realizada
paciente mantendo-se agitado, com piora da confusão mental, hi-
uma nova TC, que evidenciou aumento do hematoma e necessi-
pertensão arterial importante e bradicardia; foi solicitado novo
dade de descompressão craniana. Realizada indução com fenta-
exame de sangue com resultado de Na2+: 109, momento em que o
nil, etomidato e cisatracúrio e manutenção com propofol (infusão
alvo-controlada). Após a indução, o paciente encontrava-se com procedimento foi suspenso e optou-se por encaminhar o pacien-
PIC 86 mmHg, BIS 24, SR 47 e PAM 130 mmHg, sendo submetido à te para CTI, com Na+ a 5% a 100 mL/h, CN 4L/min. No CTI, após
craniectomia descompressiva à esquerda, drenagem de hematoma quatro horas da entrada do paciente, foi realizada IOT por queda
intracraniano à direita e tratamento de fístula liquórica. Ao final importante da saturação e do nível de consciência do paciente,
da descompressão, a PIC reduziu para 14, o BIS se manteve 25 e a pupilas midriáticas fotorreativas e Na2+: 108. Paciente foi extubado
SR 40, e o paciente foi encaminhado para a UTI. 48 horas após entrada no CTI, porém com pequena confusão men-
Discussão: A monitorização eletroencefalográfica avalia a função tal e Na2+: 134. Alta para o andar com 72 horas, com TC de crânio
cortical e, em pacientes com lesão cerebral, o BIS e a SR podem sem achados significativos. Liberado para domicílio no quinto dia
variar de acordo com perfusão, metabolismo, hipóxia, hipertensão de pós-operatório, sem queixas.
intracraniana ou uso de sedativos. Neste caso, o registro de BIS re- Discussão: Apesar de não ser comum na prática anestesiológica
duzido com aumento de SR foi fundamental para sugerir deteriora- diária, a síndrome da RTUP é um evento que pode ter desfecho ca-
ção do quadro e indicar nova TC para reavaliação do hematoma. A tastrófico, podendo ser evitado ao se tomar medidas relativamente
persistência de SR alta e BIS baixo após descompressão pode sugerir simples, como otimização clínica pré-operatória do paciente, altura
dano cerebral. Alguns estudos mostram que o BIS provê informações do reservatório até 60 cm do paciente, evitar hiperidratação veno-
úteis para identificar pacientes com maiores chances de recupera- sa, diurético de alça pré-RTU, dosagem a cada 30 minutos do sódio
ção após lesão cerebral. sérico e habilidade do cirurgião para que a cirurgia ocorra no menor
Referências: tempo possível (máximo 60 minutos) e sem intercorrências, como
1. Dunham CM, Ransom KJ, McAuley CE, et al. Severe brain inju- ruptura da cápsula prostática. Quanto ao tratamento da síndrome
ry ICU outcomes are associated with Cranial-Arterial Pressure da RTUP, esse deve ocorrer de maneira eficaz e rápida, assim que
Index and noninvasive Bispectral Index and transcranial oxy- suspeitada ou diagnosticada, garantindo o melhor suporte clínico
gen saturation: a prospective, preliminar study. Critical Care. necessário, levando-se em conta as necessidades de cada caso es-
2006;10:R159. pecificamente.
S186 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLP483 ALERGIA AO LÁTEX: O ANESTESIOLOGISTA DEVE associada a riscos para a gestante e o feto, tais como broncoaspira-
INVESTIGAR? ção, trabalho de parto prematuro, aborto e óbito fetal.
Relato de caso: Paciente de 32 anos de idade, secundigesta, na 19ª
José Gilmar Gomes Júnior*, Tolomeu Artur Assunção Casali,
semana de gestação, com diagnóstico de transtorno bipolar, em uso
Marília Araújo Pereira Garcia, Ana Luiza Boni, regular de medicações, admitida com piora do quadro de agressi-
Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro vidade, taquipsiquismo e hipersexualização. Foi tentado o ajuste
Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo de psicotrópicos, sem melhora, e, após uma semana, optou-se por
(CRER), Goiânia, GO, Brasil iniciar as sessões de ECT. Chegou ao bloco cirúrgico em jejum ade-
quado, bastante agressiva. Realizada punção de veia periférica sob
Introdução: A ocorrência de alergia ao látex vem se tornando cada contenção e, pela agitação intensa, foi iniciada indução anestésica
vez mais frequente em nosso meio.1 No entanto, vários casos podem com etomidato (0,2 mg/kg), seguida de monitorização com oxíme-
estar sendo diagnosticados de maneira errônea. A identificação pre- tro de pulso, pressão não invasiva e cardioscopia. O relaxamento
coce e a instituição de medidas de prevenção e tratamento,2 bem muscular foi obtido com succinilcolina (0,5 mg/kg). A paciente foi
como a abordagem correta de investigação dos casos suspeitos,3 são ventilada com oxigênio a 100% por meio de máscara facial, cânula
essenciais. de Guedel e protetor para mordida. Realizada manobra de Sellick
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 8 meses de idade, durante todo o procedimento. A estimulação elétrica foi realizada,
com história de alergia à chupeta de borracha e suspeita de alergia e a duração da convulsão foi satisfatória. Após o procedimento, a
ao látex, encaminhado para tratamento cirúrgico de pé torto con- paciente foi encaminhada à sala de recuperação em respiração es-
gênito à direita. Foram utilizados para o procedimento materiais pontânea, sinais vitais estáveis e sem dor. Recebeu alta para enfer-
latex free, confirmados pelos fabricantes. Procedimento realizado maria após uma hora, em boas condições clínicas, sem contrações
sob anestesia geral balanceada, mantido em ventilação assistida sob uterinas deflagradas. Repetiu o procedimento outras nove vezes,
máscara facial. O paciente manteve-se estável hemodinamicamen- com técnica anestésica semelhante, boa resposta clínica e sem
te durante todo o procedimento cirúrgico, e ao final foi encaminha- complicações materno-fetais.
do para a sala de recuperação pós-anestésica acordado, escala de Discussão: A ECT é uma excelente opção não farmacológica para
Aldrete-Kroulik 10. Foram solicitadas pela equipe de anestesiologia o tratamento de quadros psicóticos, principalmente em pacientes
as dosagens de IgE total e IgE específico para látex. Após nove dias, refratários ao tratamento ou com contraindicação ao uso dos psico-
o resultado dos exames não se mostraram alterados e o paciente foi trópicos mais comuns. O manejo anestésico durante o procedimento
então considerado não alérgico ao látex. tem por objetivo provocar amnésia de curta duração e relaxamento
Discussão: O diagnóstico de alergia ao látex acarreta ao paciente muscular. O etomidato é uma excelente alternativa por prolongar a
uma mudança irreversível em sua vida, pois deve estar orientado da duração da convulsão. A succinilcolina é o relaxante muscular mais
importância de notificar sua condição alérgica sempre que neces- usado, por ser de curta duração. Na gravidez, tendo em vista a
sitar de qualquer procedimento com uso de material médico-hos- possibilidade de aspiração do conteúdo gástrico, a manobra de Selli-
pitalar. Um diagnóstico equivocado causa transtornos tanto para o ck está indicada e a intubação orotraqueal deve ser considerada
paciente, que passa a carregar o estigma de sua condição patológi- no terceiro trimestre. O deslocamento uterino é mandatório nessa
ca, quanto para a equipe do centro cirúrgico, que precisa planejar fase. São ainda importantes a monitorização dos BCF e da dinâmica
e executar o manejo adequado dos pacientes com alergia ao látex. uterina.
O anestesiologista tem um papel fundamental, uma vez que se en- Referências:
contra na linha de frente dos cuidados pré, intra e pós-operatórios. 1. Ding Z, White PF. Anesthesia for electroconvulsive therapy. Anes-
Mais do que uma assistência adequada do paciente no centro cirúr- th Analg. 2002;94:1351-64.
gico, cabe também ao anestesiologista investigar essa condição e, 2. Yang H, Seo HJ, Lee YK. Anesthetic care for electroconvulsive
assim, confirmar ou excluir definitivamente essa patologia. therapy during pregnancy. Korean J Anesthesiol. 2011;60:217-20.
Referências:
1. Becker HMG, Guimarães RES, Oliveira WD, et al. Alergia a látex
– relato de um caso. Rev Med Minas Gerais. 2006;15:252-4. TLP198 DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA E
2. Gaspar A, Faria E. Alergia ao látex. Rev Port Imunoalergologia. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO EM PACIENTE
2012;20:173-92. SUBMETIDO À CIRURGIA ORTOGNÁTICA
3. Sá AB, Garro LS, Fernandes FR, et al. Recomendações para o
diagnóstico de alergia ao látex. Rev Bras Alerg Imunopatol. Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros*,
2012;35:183-9. Priscila Arapiraca Camargo, Luis Antônio Borges,
Rogéria Corrêa Dias, Fábio Paulino de Faria, Nelson Davi Bolzani
CET Integrado de Campinas, Campinas, SP, Brasil
TLO158 ANESTESIA PARA ELETROCONVULSOTERAPIA EM
GESTANTE – RELATO DE CASO Introdução: A dissecção da artéria carótida interna (DACI) como cau-
sa de acidente vascular cerebral (AVC) é infrequente, porém signi-
Marina de Andrade Lima Arcoverde Areias, ficante, responsável por cerca de 20% do AVC isquêmico em pacien-
Ruy Leite de Melo Lins Filho, Cecília Monteiro Silva*, tes com menos de 50 anos. A fisiopatologia da DACI envolve fatores
Nádia Maria da Conceição Duarte, Rodrigo Carneiro Martiniano, genéticos, anatômicos e ambientais, podendo ser espontânea (mais
Goretti Karine Bezerra Cantilino comum em idosos) ou traumática (frequente em pacientes jovens).
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 45 anos de idade, 87
Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco
kg, ASA I, sem história médica relevante, com deformidade facial,
(UFPE), Recife, PE, Brasil
indicado para cirurgia ortognática bimaxilar. Sem alterações na
Introdução: A eletroconvulsoterapia (ECT) tem importante papel avaliação pré-operatória. Foi realizado monitoramento padrão e
na terapêutica de depressão e transtorno bipolar graves e resis- pré-oxigenação com máscara facial, indução venosa com sufen-
tentes aos tratamentos convencionais. Não raro, a gestação pode tanil, propofol e rocurônio, seguido de intubação nasotraqueal.
desencadear ou agravar sintomas psiquiátricos, e o uso de alguns Intubação fácil, sem modificações significativas nos sinais vitais.
psicotrópicos está associado a potencial efeito teratogênico. A ECT Mantido em ventilação mecânica. A manutenção da anestesia foi
torna-se, então, alternativa segura e eficaz, embora também esteja feita com sevoflurano e sufentanil. Durante a cirurgia, o paciente
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S187

apresentou flutuações mínimas da pressão arterial e da frequên- Conclusão: Neste estudo piloto, conseguimos observar uma alte-
cia cardíaca. Devido a fraturas indesejadas em mandíbula, houve ração no estresse oxidativo e na histologia pulmonar, avaliada por
aumento do tempo cirúrgico. Ao final do ato cirúrgico, o pacien- meio da medida da espessura do septo alveolar nos animais subme-
te foi extubado, apresentando laringoespasmo, logo identificado; tidos à anestesia e ventilados mecanicamente. Certamente outras
realizadas manobras de ventilação com pressão positiva e infusão variáveis, assim como o número de animais, devem ser estudadas no
de propofol, conseguindo-se realizar ventilação adequada com intuito de confirmar, ou não, nossos resultados preliminares.
máscara facial. A fim de proteger a via aérea, tentou-se manobra
de intubação orotraqueal, sem sucesso, realizando a passagem de
máscara laríngea. Após o paciente despertar, foi identificada he- TLP970 HIPERTENSÃO PULMONAR EM CIRURGIA NÃO
miplegia direita; o paciente foi encaminhado para TC de crânio, CARDÍACA – RELATO DE CASO
que tornou possível identificar AVCi de artéria cerebral média.
Thiago Fernandes Marques*, Marcos Daniel de Faria,
O paciente foi submetido à traqueostomia e craniectomia des-
Ana Maria Vilela Bastos Ferreira, Marcella Carmem Silva Reginaldo,
compressiva pela neurocirurgia; após o procedimento, o paciente
foi encaminhado para a unidade de terapia intensiva. Realizada Estevão Nobre Carrato, Isabella Neiva Liboreiro
angiotomografia, que revelou DACI. Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais
Discussão: A DACI é uma condição rara, que ocorre principalmente (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
em indivíduos jovens previamente saudáveis. As camadas vasculares
Introdução: A hipertensão pulmonar (HP) é uma patologia complexa
separam‐se, criam um falso lúmen, o que pode levar à estenose,
da vasculatura pulmonar com mortalidade e morbidade elevadas. As
oclusão ou formação de um hematoma intramural e pseudoaneu-
cirurgias não cardíacas constituem elevado risco para esses pacien-
risma. A formação de trombo pode levar à embolia. Sua etiologia é
tes, sendo importante a compreensão da patologia, da severidade
espontânea ou traumática, embora simples manipulação possa levar
da doença e das modalidades de tratamento para o sucesso dos cui-
a uma dissecação. No caso relatado, a manipulação excessiva du-
dados peroperatórios. Este relato de caso com desfecho fatal visa a
rante o ato cirúrgico e a intercorrência no momento da extubação
provocar uma reflexão sobre a técnica anestésica e a possibilidade
podem ter contribuído para DACI. O padrão ouro para o diagnóstico
de seu aprimoramento.
de DACI é a angiografia com contraste, que mostra sinal de colar,
Relato de caso: R.A.F., sexo masculino, 43 anos de idade, submeti-
duplo lúmen ou abas da íntima.
do à sinusotomia bilateral. Portador de bronquiectasias, asma e HP
Referências:
moderada com CP compensado, usuário de O2 domiciliar e classe
1. Martín-Mateos E, Gómez-Rios MA, Freire-Vila E. Disseccão
funcional NYHA IV. HPP revela pneumectomia esquerda aos 5 anos,
da artéria carótida interna após cirurgia laparoscópica. Rev
desconhecida a causa. Uso habitual de omeprazol, tiotrópio, se-
Bras Anestesiol. 2017 [In Press]. https://doi.org/10.1016/j.
retide e salbutamol. Exames prévios: espirometria com VEF1/CVF
bjan.2017.04.025
31,16; TC 6 minutos com dessaturação de 11% e distância de 179,20
2. Tveita IA Madsen MRS, Nielsen EW. Dissection of the internal ca-
m; CATE direito com PmAP 39, RCP 3,79 Wood e capilar pulmonar
rotid artery and stroke after mandibular fractures: a case report
22. ECO da internação evidenciou FE 64%, VE sem alterações, AD
and review of the literature. J Med Case Rep. 2017;11:148.
normal, VD aumentado e hipocontrátil, IM discreta, ITr leve, PSAP
44 mmHg. Avaliado em pré-anestésico, em conjunto com pneumo e
cardio, liberado como ASA IV. Submetido à anestesia geral venosa
TLO849 EFEITO DO SEVOFLURANO NO PULMÃO DE RATOS
total, monitorização padrão, venóclise periférica e cateterismo ar-
MECANICAMENTE VENTILADOS: ESTUDO PILOTO terial. Realizada pré-indução com NO e dobuta, seguido por indução
Julio Cezar Mendes Brandão* com lidocaína 50 mg, fentanil 250 mcg, propofol 100 mg e atracú-
rio. Anestesia mantida com infusão contínua de propofol, sufenta-
Disciplina de Anestesia, Dor e Medicina Intensiva, Universidade
nil, cetamina e atracúrio, associado à dobuta e NO. Estabilidade
Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
clínica durante toda a cirurgia, sem intercorrências. Extubado, bem
Introdução: A anestesia inalatória com agentes halogenados vem desperto. Após ex-TOT, intercorreu com sangramento vultoso e aspi-
evoluindo e se tornando cada vez mais segura graças aos novos ração, necessitando re-TOT. Após medidas clínicas, o paciente recu-
fármacos menos solúveis e à monitorização mais precisa, sendo perou a saturação, porém manteve ventilação ruim, com baixa com-
agentes utilizados até para anestesia ambulatorial e fora do centro placência e hipercapnia grave. Transferido ao CTI, grave, instável,
cirúrgico. A indução anestésica para a anestesia leva invariavelmen- com dificuldade de ventilação, evoluindo para o óbito no 2º DPO.
te a mudanças na mecânica pulmonar, podendo alterar as trocas Discussão: Pacientes com HP devem ser avaliados no pré-opera-
gasosas, incluindo a hematose. tório, identificadas etiologia e gravidade e determinados os riscos
Objetivo: Avaliar o estresse oxidativo no pulmão de ratos submeti- com base no estado funcional, na severidade da doença e no tipo
dos à anestesia geral inalatória ou intravenosa e ventilados meca- de cirurgia proposto. Os princípios do manejo anestésico consistem
nicamente. na prevenção da crise de HP e da falência de VD. Dessa maneira,
Material e métodos: Utilizamos oito animais divididos em dois gru- fatores desencadeadores, como transição da ventilação espontânea
pos de quatro animais por grupo, G1: anestesia com cetamina (40 para mecânica, adição de PEEP, posicionamento, acidose, hipóxia e
mg/kg) e G2: anestesia com sevoflurano (1 CAM; 3–4%). Os mesmos hipercapnia foram evitados neste caso. A escolha da anestesia ve-
foram paralisados com pancurônio e ventilados com VC de 8 mL/ nosa associada ao uso de um vasodilatador pulmonar seletivo e um
kg; PEEP de 1 cm H2O; FR de 60 e FiO2 de 60% durante 45 minutos. inotrópico, associado a PIA, permitiu bom controle hemodinâmico
Foram mensuradas espécies reativas do ácido tiobarbitúrico, TBARS, e estabilidade, garantindo adequada perfusão da coronária direita.
em nmol g−1, e a espessura do septo alveolar (unidades relativas) A despeito disso, à extubação o paciente intercorreu com aspiração
pela análise histológica. levando a equipe a refletir se a escolha por anestésicos venosos de
Resultado: A análise estatística demonstrou um aumento do estres- meia-vida mais curta ou uso de anestesia inalatória poderia con-
se oxidativo no grupo G2 (2,2 ± 0,74 nmol g−1 de tecido pulmonar) tribuir para melhor proteção da via aérea e mudança do desfecho.
comparado com o grupo G1 (0,96 ± 0,19 nmol g−1 de tecido Referência:
pulmonar), p = 0,018. A espessura do septo alveolar apresentou au- 1. Pilkington AS, Taboada D, Martinez G. Pulmonary hypertension
mento no grupo G2 (23,25 ± 0,95 u.r.) comparado com o grupo G1 and its management in patients undergoing non-cardiac surgery.
(16,25 ± 1,71 u.r.), p = 0,0004. Anaesthesia. 2015;70:56-70.
S188 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO822 MANEJO PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTE COM Introdução: A síndrome carcinoide representa um desafio anestési-
DISREFLEXIA AUTONÔMICA co e ocorre em cerca de 20% dos pacientes com tumor carcinoide.
Tumores carcinoides (neoplasias neuroendócrinas raras) ocorrem
Luiz Gustavo Santiago Rocha*, Alinne Nascimento Maia,
principalmente nos brônquios, região jejunoileal e colorretal, e ti-
Cinara Bossardi, Danilo Martins Correia, picamente secretam peptídeos gastrintestinais e/ou substâncias va-
Jessyca Augusta Teixeira de Azevedo soativas, causando labilidade pressórica, broncoespasmo, diarreia
Hospital Regional do Gama, Brasília, DF, Brasil e flushing, caracterizando a síndrome. A crise carcinoide resulta da
liberação maciça de compostos ativos pelo tumor, gerando instabi-
Introdução: A disreflexia autonômica é uma complicação lidade hemodinâmica ameaçadora à vida e pode ser desencadeada
cardiovascular de pacientes com lesão crônica de medula espinal, por estresse emocional ou cirúrgico, tornando o preparo pré-anes-
geralmente acima de T6. Ocorre em resposta a estímulos abaixo tésico essencial para reduzir os riscos do ato anestésico-cirúrgico.
do nível da lesão. Apesar de ser uma emergência clínica, é pouco Relato de caso: Paciente de 41 anos de idade, sexo masculino,
conhecida pelos médicos, que, diante de um paciente tetraplégico, ASA P1, admitido no ambulatório pré-anestésico com programação
avaliam a sensibilidade e os movimentos voluntários, ignorando as de biópsia hepática. Relatava diarreia intermitente e rubor facial
respostas do sistema nervoso autônomo. Um episódio não tratado após estresse, ingestão de cafeinados, bebidas alcoólicas e comi-
pode ter resolução espontânea ou apresentar diversas complicações das quentes há três anos, tinha exame físico sem alterações e ne-
hemodinâmicas, ou até mesmo levar ao óbito. gava outras comorbidades. Os exames laboratoriais apresentavam
Relato de caso: Homem de 39 anos de idade, tetraplégico por trau- aumento da serotonina sérica e de seu metabólito urinário (ácido
ma desde os 19 anos, encontra-se com choque séptico em sala de 5-hidróxi-indolacético). A USG e a cintilografia com octreotide ra-
recuperação pós-anestésica, aguardando leito em terapia intensiva diomarcado evidenciaram nódulos hepáticos e formações nodulares
após cirurgia de retirada de cálculo vesical e laparotomia explorado- peritoneais hipercaptantes, sugerindo tumor carcinoide. Programa-
ra por lesão acidental de intestino. Está lúcido e orientado, saturan- da internação três dias antes cirurgia e iniciada a preparação pré-
do 96% com O2 suplementar sob máscara de Venturi, com frequência anestésica do paciente com octreotide 0,1 mg SC 8-8h, ranitidina
cardíaca de 84 bpm. Em uso de noradrenalina, 0,05 mcg/kg/min, 150 mg VO 12-12h, ondansetrona 4 mg VO e loratadina 10 mg 1x/
para manter pressão arterial (PA) em torno de 140/90 mmHg (antes dia, além de midazolam 7,5 mg VO à noite e na manhã da cirurgia.
70/30 mmHg). Passa a apresentar episódios, com duração de 5 a 10 Ao ser admitido no centro cirúrgico, o paciente referia melhora to-
minutos, de agitação, sudorese intensa, calor, dispneia e aumento tal dos sintomas; procedida monitorização e venóclise. Realizada
da PA para até 200/110 mmHg, sem alteração da frequência cardía- anestesia geral balanceada com midazolam, remifentanil, propofol
ca. Iniciam sem estímulo aparente e cessam espontaneamente. O e cisatracúrio e manutenção com sevoflurano e remifentanil. No
manejo imediato é a interrupção da noradrenalina, mas com neces- intraoperatório, foi administrada nova dose de octreotide 0,1 mg
sidade de reinício ao término do quadro. Permanece assim por 24 SC. O paciente manteve-se estável durante todo o procedimento,
horas, quando foi realizado o diagnóstico de disreflexia autonômica, sendo extubado ao final da cirurgia e encaminhado ao CTI, Aldrete
e então passaram a ser administrados escopolamina e diazepam de 10, com boa evolução pós-operatória.
horário, sem novas crises. Discussão: O preparo pré-anestésico é essencial no planejamento
Discussão: A disreflexia autonômica é caracterizada pelo aumento do ato cirúrgico e facilita a prevenção de possíveis complicações.
da PA sistólica maior que 30 mmHg além da linha de base ou da PA Os pacientes com síndrome carcinoide sem preparo pré-operatório
diastólica maior que 20 mmHg, acompanhada por sudorese, piloe- apresentam maior incidência de complicações quando comparados
reção, vermelhidão facial, dor de cabeça, visão borrada, agitação, com os que recebem um preparo adequado, especialmente octreo-
entre outros. Em alguns casos pode apresentar grandes variações da tide. Apesar de a literatura já descrever complicações inerentes à
PA, como no caso apresentado, podendo levar a graves consequên- abordagem de pacientes com tumor carcinoide, foi possível obser-
cias, como hemorragia intracraniana, convulsão, coma, infarto do var a efetividade do preparo pré-operatório, mantendo perfil está-
miocárdio, edema pulmonar, descolamento de retina e morte. O be- vel e seguro da abordagem.
xigoma e o fecaloma são os fatores desencadeantes mais comuns. O Referências:
manejo da crise é realizado com anti-hipertensivos de efeito rápido 1. Miller RD. Miller’s Anesthesia. 8.ed. Canada: Elsevier, 2015;1124-6.
e curto, além da resolução do estímulo desencadeante. A literatura 2. Strosberg JR. Diagnosis of the carcinoid syndrome and tumor lo-
foca na prevenção dos principais desencadeantes, no manejo das calization. Disponível em: https://www.uptodate.com/.
crises na sala de emergência e na anestesia durante exames e pe-
quenos procedimentos. As referências sobre a anestesia para proce-
dimentos cirúrgicos de maior porte são de baixo nível de evidência e TLO092 OS EFEITOS ADJUVANTES DO USO INTRAVENOSO
não há preocupação com os estímulos dolorosos no pós-operatório.
DO SULFATO DE MAGNÉSIO NO PERÍODO PERIOPERATÓRIO
Essas alterações hemodinâmicas muitas vezes não são diagnostica-
das como disreflexia autonômica. Portanto, o anestesiologista deve
EM ANESTESIA GERAL E BLOQUEIO DO NEUROEIXO – UMA
ter conhecimento adequado sobre essa complicação para realizar o REVISÃO SISTEMÁTICA
tratamento correto. Renata Pinheiro Modolo*, José Carlos Canga,
Referência: Esther Alessandra Rocha, Bruna Antenussi Munhoz,
1. Furlan JC. Autonomic dysreflexia: A clinical emergency. J Trauma Fernando Furtado Sabaté, Marcelo Sperandio Ramos
Acute Care Surg. 2013;90:496-500.
Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil
Justificativa: O sulfato de magnésio tem ganhado espaço como ad-
TLO331 MANEJO PRÉ-OPERATÓRIO DO TUMOR juvante em anestesia geral por seu efeito poupador de opioides,
CARCINOIDE hipnóticos e bloqueadores neuromusculares, na prevenção da hi-
Luana Stutz*, Renata de Oliveira Chedid, peralgesia induzida por opioide e agitação ao despertar do sevo-
flurano em crianças e aumento da duração do bloqueio motor em
Alfredo Guilherme Haack Couto, João Rodrigo Baptista e Costa,
raquianestesia.
Brynner Mota Buçard, Marcus Roberto de Azevedo Malaquias
Objetivo: Realizar uma revisão sistemática sobre os efeitos adju-
Hospital de Ensino Alcides Carneiro, Faculdade de Medicina de vantes do uso intravenoso do magnésio em anestesia geral e raquia-
Petrópolis (FMP), Petrópolis, RJ, Brasil nestesia.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S189

Método: Pesquisa sistematizada, conduzida de acordo com PRISMA, protocolo foi de duas infusões semanais endovenosas de S-setamina
utilizando como databases o Pubmed e o Web of Science de 1996 a 0,5 mg/kg durante um mês, seguidas de uma infusão semanal endo-
2017 por meio das palavras-chaves: magnesium and analgesia and venosa de S-setamina 0,75 mg/kg no segundo mês. Realizadas mo-
anestesia and pain and postoperative period e limitando a estra- nitorização e venóclise com J20 em membro superior direito. A es-
tégia de busca apenas a ensaios clínicos randomizados duplo-cegos cala de MADRS foi aplicada para monitorar a gravidade dos sintomas
realizados em humanos. Foram encontrados 57 artigos, excluídos depressivos, enquanto a de CADSS foi aplicada com o objetivo de
seis por serem repetidos, 16 porque o título não abrangia a temáti- monitorar sintomas dissociativos produzidos pelo fármaco. A fun-
ca, cinco porque o resumo não abrangia a temática, quatro pois não cionalidade foi avaliada com a escala Functional Assessment Short
foram encontrados na íntegra e dois por não estarem em português Test (FAST) e a bateria MATRICS para avaliação cognitiva. A paciente
ou inglês, totalizando 24 artigos para a revisão. O desfecho primário iniciou o estudo com MADRS de 28, FC 98, PA 135 × 80, evoluindo
foi a avaliação da analgesia intra e pós-operatória com avaliação para MADRS de 3 com 24 horas da infusão. Durante as sessões, a
do consumo de sevoflurano ou propofol e opioide intraoperatório paciente apresentou períodos de hipertensão discreta, porém sem
e consumo de morfina pós-operatório, e como desfecho secundário relatar sintomas ou valores pressóricos que impossibilitassem a con-
tem-se a duração do bloqueio motor em anestesia de neuroeixo, tinuação da infusão. Nas sessões subsequentes, os valores do MA-
prevenção de hiperalgesia induzida por opioide e agitação ao des- DRS foram mantidos, com melhora importante da funcionalidade e
pertar relacionada ao sevoflurano em crianças. da cognição. Na nona sessão, a paciente apresentou MADRS de 33,
Resultado: Vinte artigos avaliaram o desfecho primário, 18 apre- quando optou-se por aumentar a dose para 0,75 mg/kg. O aumento
sentaram desfechos positivos estatisticamente significativos e dois da dosagem não foi acompanhado de aumento proporcional nos va-
apresentaram resultados negativos. Três avaliaram a duração do lores pressóricos ou de frequência cardíaca e sem piora da cognição
bloqueio sensitivo e motor em anestesia de neuroeixo, com 100% de ou funcionalidade. Ao final das 12 sessões, a paciente apresentou
resultados positivos. Dois artigos avaliaram agitação ao despertar remissão completa do quadro e foi encaminhada para seguimen-
relacionada ao sevoflurano. Apan A et al., em 2010, mostraram que to ambulatorial. Após dois meses do tratamento, tanto a paciente
o uso do sulfato de magnésio não teve influência sobre a agitação quanto os familiares negam episódios psicóticos, dissociativos, con-
ao despertar induzida pelo sevoflurano; porém, em 2013, Abdulatif vulsões ou idas ao pronto-socorro. A melhora da funcionalidade e da
M et al. mostraram redução da incidência de agitação ao despertar cognição foi mantida no período. A paciente retornou às atividades
em crianças submetidas à adenotonsilectomia sob anestesia geral domésticas, iniciou atividade física, perdeu peso e mantém-se ade-
com sevoflurano, não mostrando efeitos colaterais e nem atraso do rente ao tratamento medicamentoso. As medicações para o trata-
tempo de despertar. Um artigo abordou temática da hiperalgesia mento clínico foram mantidas, e foram adicionados lítio (litemia 1
induzida por remifentanil, tendo desfecho positivo com resultados mEq/mL) e venlafaxina. O clonazepam teve dosagem mantida.
estatisticamente significativos (p < 0,05), e um artigo mostrou dimi- Conclusão: O presente estudo relata um caso de sucesso na rever-
nuição da incidência de delirium pós-operatório quando comparado são aguda de sintomas depressivos e de segurança e estabilidade
ao grupo da dexametasona. de infusão da droga mesmo em um paciente com múltiplas comor-
Conclusão: Diversos estudos demonstraram a eficácia do sulfato de bidades.
magnésio como adjuvante em anestesia, diminuindo o consumo de Referência:
drogas intra e pós-operatórias sem aumento de efeitos colaterais e 1. Sanacora G, Frye MA, McDonald W, et al. A Consensus Statement
hemodinâmicos. on the Use of Ketamine in the Treatment of Mood Disorders.
Referências: JAMA Psychiatry. 2017;74:399-405.
1. Tramer MR, Schneider J, Marti RA, Rifat K. Role of magnesium sul-
fate in postoperative analgesia. Anesthesiology. 1996;84:340-7.
2. McCartney CJL, Sinha A, Katz AJ. Qualitative systematic review
of the role of n-methyl-d-aspartate receptor antagonists in pre-
ventive analgesia. Anesth Analg. 2004;98:1385-400. XXXVIII) Reanimação e Ressuscitação

TLO130 SEGURANÇA NA INFUSÃO DE CETAMINA EM TLO560 PARADA CARDÍACA INTRAOPERATÓRIA: UM


PACIENTE COM DEPRESSÃO MAJOR RESISTENTE AO PROGNÓSTICO FAVORÁVEL – RELATO DE CASO
TRATAMENTO COM MÚLTIPLAS COMORBIDADES CLÍNICAS: Raphael Augusto Cezar Galvão,
RELATO DE CASO Vanessa Cristina Vieira Silva da Câmara*, Gustavo Araújo Cozer,
Cezar Daniel Snak de Souza*, Marcelo Bueno Ferreira, Tânia Cursino de Menezes Couceiro, João Paulo Bezerra Leão,
Carolina Baeta Neves Duarte Ferreira Antonio Cavalcanti de Melo Filho
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
Recife, PE, Brasil
Introdução: A depressão é o transtorno psiquiátrico mais comum,
com prevalência global de 12%. Recentemente, a cetamina vem Introdução: A parada cardíaca (PCR) durante anestesia é evento
sendo pesquisada devido à sua capacidade de produzir remissão raro, porém de elevada morbimortalidade. Por acontecer em am-
aguda dos sintomas em pacientes portadores de depressão. biente controlado, a assistência imediata permite diagnóstico e tra-
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 54 anos de idade, IMC = tamento rápidos.
49,94. Antecedentes de hipertensão, diabetes tipo 2, DPOC, hipoti- Relato de caso: Homem, 67 anos de idade, ASA-3, 1º DPO de pneu-
reoidismo, obesidade grau 3, tabagista atual com quadro depressivo monectomia direita, internado em UTI para cuidados pós-opera-
grave iniciado em 2003, com melhora após 11 sessões de eletro- tórios. Agendado para revisão de coto brônquico direito devido a
convulsoterapia. Em 2016, iniciou novo quadro depressivo (CID-10: fístula bronco-pleural. Monitorizado com ECG, SpO2, PAI, capnogra-
F33.2); foi encaminhada no início de 2017 para nosso serviço fazen- fia, sonda vesical de demora e acesso venoso central. Submetido
do uso de mirtrazapina, clonazepam, sinvastatina, enalapril, hidro- à anestesia geral balanceada sob IOT com TET simples, guiado por
clorotiazida, levotiroxina, gliclazida, metformina e insulina NPH. broncofibroscopia para brônquio esquerdo. Foi associado repique
Após avaliação inicial, foi acordada com a paciente e seus familiares de anestésico local em cateter peridural previamente instalado no
a terapia experimental com S-cetamina em ambiente hospitalar. O procedimento anterior. Após 120 minutos de cirurgia, na sutura do
S190 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

tórax, paciente evolui com fibrilação ventricular (FV). Iniciada mas- carga de 200 J. Assumido o ritmo de atividade elétrica sem pulso,
sagem cardíaca externa (MCE) de alta qualidade, seguindo reco- mantiveram-se as manobras de RCP, com retorno da circulação es-
mendações do SAVC e SAVA. Após 1 minuto, administrou-se choque pontânea após 13 minutos. Contudo, evoluiu com bradicardia grave,
de 200 J com desfibrilador bifásico. A qualidade da massagem foi refratária à atropina e à infusão contínua de dopamina e de adrena-
guiada pelos valores da capnometria e curva da PAI, e a ventilação lina. Eletrocardiograma de 12 derivações mostrou ritmo de fibrila-
foi de 8-10 ventilações por minuto, evitando-se administrar volumes ção atrial com bloqueio atrioventricular total. A seguir, procedeu-se
excessivos. Houve reversão da FV para ritmo organizado, mas sem à instalação de marca-passo (MP) transvenoso e, finalmente, obti-
pulso central. Reiniciada MCE e iniciada abordagem de AESP. Iniciou- veram-se condições hemodinâmicas que possibilitaram o transporte
se administração de epinefrina 1 mg, EV com ciclos de RCP, visando para leito de terapia intensiva. Na unidade, permaneceu internada
a manter MCE de alta qualidade. A monitorização continuou como durante três dias, quando evoluiu para óbito devido à disfunção de
guia para MCE de alta qualidade. Troca de massageador e checagem múltiplos órgãos e sistemas.
de pulso a cada 2 minutos de RCP. Considerando-se AESP, busca- Discussão: Bradicardia em adultos é definida como frequência car-
mos as causas dentro dos 5H/5T. Gasimetria revelou hipercalemia, díaca inferior a 50 bpm. Sua causa pode ser fisiológica (cardiológica
tratada com solução polarizante de glicose e insulina. Novos exa- ou não cardiológica) ou induzida por drogas. Se houver sinais de
mes revelaram acidose metabólica e persistência de hipercalemia, comprometimento circulatório, o tratamento deve ser imediato e a
tratados com NaHCO3. Após 45 minutos de RCP em AESP, paciente atropina é a primeira opção terapêutica. Se essa medida for inefi-
apresentou retorno da circulação espontânea (RCE), evidenciado caz, deve-se considerar a infusão contínua de dopamina ou de adre-
por curva de capnografia crescente e persistente e curva de pulso nalina, bem como a instalação de MP transcutâneo ou transvenoso
na PAI. Para manutenção de valores pressóricos (PAS > 90 mmHg), (este último demanda profissional com treinamento específico).
iniciou-se administração de norepinefrina, posteriormente trocada Referências:
por epinefrina em infusão contínua. Paciente foi encaminhado à UTI 1. Link MS, Berkow LC, Kudenchuk PJ, et al. Part 7: adult advan-
para cuidados pós-PCR, sob sedação contínua. Após 48 horas, foi ced cardiovascular life support: 2015 American Heart Associa-
despertado e, quatro dias após evento, avaliado pela neurologia clí- tion Guidelines Update for Cardiopulmonary Resuscitation and
nica, sendo detectada polineuropatia periférica, típica de pacientes Emergency Cardiovascular Care. Circulation. 2015;132(suppl
críticos. Descartados sinais de hipóxia central; prognóstico neuroló- 2):S444-S464.
gico foi considerado favorável. 2. Martins MP, Annicchino F. Arritmias cardíacas: Diagnóstico e con-
Discussão: Este caso demonstra que educação continuada dos pro- duta. Suporte Avançado de Vida em Anestesia.
fissionais e o emprego dos guidelines e fluxogramas de RCP aumen-
tam a chance de evolução favorável da PCR.
Referência: TLO710 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR MACIÇO NA SALA
1. Vane MF, Nuzzi RXP, Aranha GF, et al. Parada cardíaca periope- DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA: RELATO DE CASO
ratória: uma análise evolutiva da incidência de parada cardíaca
Diego Dalcamini Cabral de Souza, Pedro Francisco Brandão,
intraoperatória em centros terciários no Brasil. Rev Bras Aneste-
siol. 2016;66:176-82. Milton Favarato Loureiro, Elizangela de Abreu Brito,
Lucas Tonini Vieira, Felipe Schaeffer Ramos*
Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, Serra, ES, Brasil
TLP716 REANIMAÇÃO EM PACIENTE COM CHOQUE
Introdução: O tromboembolismo pulmonar (TEP) é uma doença de
SÉPTICO SECUNDÁRIO À COLECISTITE AGUDA: RELATO DE
morbidade elevada; a imobilização pós-operatória e o trauma ci-
CASO
rúrgico representam importantes fatores de risco, por isso é funda-
Milton Favarato Loureiro, Elizangela de Abreu Brito, mental praticar a profilaxia adequada.
Lucas Tonini Vieira, Diego Dalcamini Cabral de Souza, Relato de caso: Paciente EBC, sexo feminino, 31 anos de idade,
Pedro Francisco Brandão, Felipe Schaeffer Ramos* ASA III (IMC 45 kg/m²), foi submetida à colecistectomia laparos-
cópica eletiva devido à colelitíase, sob anestesia geral. Depois do
Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, Serra, ES, Brasil
procedimento, permaneceu internada na sala de recuperação pós-
Introdução: Situações críticas durante anestesia demandam aten- anestésica devido à limitação quantitativa de leitos hospitalares.
dimento imediato e especializado a fim de se ofertar o tratamento No dia seguinte, após execução dos procedimentos de alta hospi-
mais adequado e eficaz. Quando se indica procedimento cirúrgico talar pela equipe cirúrgica, a paciente foi orientada a assumir a
em caráter de emergência, as chances de se enfrentarem eventos posição supina, quando apresentou insuficiência respiratória aguda
cardíacos agudos graves são consideravelmente maiores. com taquicardia, hipotensão e diaforese. Inferido o diagnóstico de
Relato de caso: Paciente AKM, sexo feminino, 81 anos de idade, 70 TEP, encaminhou-se a paciente para a sala de cirurgia a fim de se
kg, ASA VE, com proposta de colecistectomia de emergência devido proverem os cuidados intensivos necessários. De imediato, a via aé-
à colecistite aguda com choque séptico. Relato familiar de hiper- rea foi definitivamente controlada; ofertou-se suporte ventilatório,
tensão e cardiopatia não especificada. À admissão no centro cirúr- iniciou-se infusão de vasopressores em bólus e inseriram-se linhas
gico, apresentava-se ictérica, comatosa (Glasgow 8), em ventilação arterial e venosa central. Posteriormente, procedeu-se à infusão
espontânea apesar de insuficiência respiratória, SpO2 87% com oxi- contínua de alteplase, dobutamina e noradrenalina, além de bólus
gênio ofertado por máscara facial, PAM de 80 mmHg, FC de 70 bpm, de solução cristaloide. Porém, a evolução para atividade elétrica
em uso de noradrenalina a 0,2 mcg/kg/min. Apesar de solicitados, sem pulso foi inevitável e iniciaram-se, portanto, as manobras de
não havia resultados de exames complementares capazes de escla- ressuscitação cardiopulmonar com retorno da circulação espontâ-
recer a suposta cardiopatia. Após indução de anestesia geral em nea após 40 minutos. Encaminhada à UTI, permaneceu internada
sequência rápida com fentanil (1 mcg/kg), cetamina (0,5 mg/kg), por mais 24 horas, quando evoluiu com choque refratário e óbito.
midazolam (0,05 mg/kg) e succinilcolina (1 mg/kg), houve neces- Laudo de necropsia confirmou infarto pulmonar extenso, compatível
sidade de doses crescentes de noradrenalina com degeneração do com TEP maciço.
ritmo, que passou de juncional a taquicardia ventricular sem pulso. Discussão: O TEP acontece mais frequentemente quando um trom-
Nesse momento, abortou-se o procedimento cirúrgico – que ainda bo formado em veias profundas dos membros inferiores se despren-
não havia começado – e iniciaram-se as manobras de ressuscitação de e se aloja na circulação pulmonar. Pacientes com TEP maciço
cardiopulmonar (RCP), procedendo-se à cardioversão elétrica com podem evoluir com choque circulatório ou morte súbita. Por isso, a
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S191

prevenção do tromboembolismo venoso é crucial, e a estratificação de 70 mmHg também devem ser evitadas, pois estariam associadas
desse risco é fundamental para se prover profilaxia adequada. Ou- a piores desfechos (como injúria pulmonar aguda). Aparentemente,
tros fatores de risco incluem tabagismo, uso de anticoncepcionais não há uma justificativa plausível para o uso da aferição errônea
orais e trombofilias – hereditárias ou adquiridas. Os sintomas típicos da PAM para fins de cálculo da PPC diante do exposto. A PPC ótima
de TEP são dispneia, dor torácica, hemoptise, tosse, palpitações poderia ser mensurada também por uma monitorização multimodal
e síncope. Os objetivos do tratamento são suporte ventilatório e completa, porém observa-se a necessidade da adoção de protocolos
hemodinâmico, anticoagulação parenteral e definição da severida- bem-definidos de mensuração da PPC não apenas na prática clínica,
de do TEP. Pacientes que evoluem com instabilidade hemodinâmica mas também nos estudos clínicos sobre o tema.
devem receber terapia trombolítica. A embolectomia pode ser con- Referência:
siderada em situações especiais. 1. Kirkman MA, Smith M. Intracranial pressure monitoring, cerebral
Referências: perfusion pressure estimation, and ICP/CPP-guided therapy: a
1. Lederle FA, Zylla D, MacDonald R, Wilt TJ. Venous thromboembo- standard of care or optional extra after brain injury? Br J Anaes-
lism prophylaxis in hospitalized medical patients and those with th. 2014;112:35-46.
stroke: a background review for an American College of Physicians
Clinical Practice Guideline. Ann Intern Med. 2011;155:602-15.
2. Geersing GJ, Erkens PM, Lucassen WA, et al. Safe exclusion of TLO953 ANÁLISE DO PERFIL DE UMA UTI CIRÚRGICA DE
pulmonary embolism using the Wells rule and qualitative D- UM HOSPITAL DE ENSINO TERCIÁRIO
dimer testing in primary care: prospective cohort study. BMJ.
Fátima Rosane de Almeida Oliveira, Claudia Regina Fernandes,
2012;345:e6564.
Joseana Taumaturgo Magalhães Falcão*, João Luis Melo de Farias,
Josenília Maria Alves Gomes
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Universidade
Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
XXXIX) Terapia Intensiva Justificativa e objetivos: Hospitais terciários caracterizam-se por
realizar procedimentos cirúrgicos de alta complexidade em pa-
cientes de alto risco, com múltiplas comorbidades, parte desses
TLP947 AFERIÇÃO ADEQUADA DA PAM EM necessitando de pós-operatório em UTI. Os fatores de risco que
NEUROINTENSIVISMO – REVISÃO DA LITERATURA predispõem à permanência prolongada na UTI após procedimentos
Carla Amado Petroli* cirúrgicos foram identificados e amplamente estudados e são as-
sociados a má evolução do paciente e custos elevados. Embora o
Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS, Brasil
tempo de permanência na UTI possa ser afetado por políticas de
Introdução: Pacientes neurológicos internados em unidades alta hospitalar, por diferentes tipos de práticas e administração dos
de tratamento intensivo necessitam de cuidados complexos e leitos, a permanência prolongada na UTI pode afetar negativamente
monitorizações específicas. Uma das opções de monitorização da o estado de saúde, aumentando o risco de infecções, complicações
função cerebral é estimar a pressão de perfusão cerebral (PPC) por e, possivelmente, a mortalidade.
meio da mensuração da pressão intracraniana (PIC) e da pressão Objetivo: Avaliar taxa de admissão, taxa de ocupação, tempo de per-
arterial média (PAM) a fim de guiar as metas de tratamento no con- manência e taxa de óbito em UTI pós-operatória em um hospital uni-
trole da injúria cerebral. Porém, em algumas unidades de trata- versitário terciário, como medidas de resultados intra-hospitalares.
mento neurointensivo, a aferição da PAM para tal cálculo ocorre Método: Estudo retrospectivo relativo ao ano de 2016, em que se
de maneira errônea, podendo implicar consequências substanciais. avaliou a UTI cirúrgica do Hospital Universitário da Universidade Fe-
Revisão da literatura: Por definição, a PPC é mensurada por um deral do Ceará, com sete leitos. Coletaram-se os dados epidemioló-
cálculo matemático, em que duas pressões são subtraídas. Para que gicos referentes às admissões no período de janeiro a dezembro de
esse cálculo tenha validade, as duas pressões requerem o mesmo 2016. Foram observados o número de pacientes admitidos, a idade,
nível de referência – no caso da PAM, colocando-se o transdutor no a clínica cirúrgica de origem, o tempo de permanência na unidade,
nível do forame de Monro, em vez do nível do coração, a fim de o número de leitos ocupados durante os dias úteis da semana e o
evitar uma super ou subestimação da PPC e, consequentemente, número de óbitos.
efeitos adversos nos pacientes. Levando-se em consideração apenas Resultado: Em 2016, foram realizadas 4.543 cirurgias, das quais 18%
os cálculos matemáticos, em um paciente cuja elevação da cabeça (815) necessitaram de pós-operatório em UTI. A idade média dos
encontra-se a 50°, uma aferição da PAM ao nível do coração estima pacientes foi de 57,5 anos. Foram admitidos em média 68 pacientes
uma PPC maior em 18 mmHg. Como resultado, temos uma leitura de por mês, com taxa de ocupação média em dias úteis de 104%; o tem-
PPC de 60 mmHg, quando na realidade, ao nível da cabeça, repre- po médio de permanência foi de 2,5 dias, com taxa de mortalidade
senta uma PPC menor que 45 mmHg, o que determinaria medidas média de 7%. As especialidades que mais solicitaram leitos de UTI,
clínicas intervencionistas. Porém, alguns estudos observaram que, em ordem decrescente, foram: cirurgia cardíaca, cirurgia digestiva,
em algumas unidades de tratamento intensivo, a aferição da PAM é cirurgia vascular, cirurgia geral e cirurgia de cabeça e pescoço.
incorretamente realizada ao nível do coração, podendo implicar al- Conclusão: A UTI cirúrgica admite pacientes relativamente jovens.
terações no desfecho clínico dos pacientes. Observou-se que os pio- A taxa de ocupação é elevada, inferindo elevada solicitação; o tem-
res desfechos ocorreram em pacientes cuja PPC estimada foi abaixo po de permanência é baixo, possibilitando alta rotatividade, e o
de 60 mmHg e cuja aferição da PAM ocorreu ao nível do coração. In- índice de mortalidade é relativamente baixo para uma UTI cirúrgica
felizmente, a literatura sobre o tema é escassa em ensaios clínicos de um hospital de ensino terciário.
adequados. Apesar de as evidências dos trabalhos existentes serem Referências:
fracas estatisticamente, elas alertam para a importância de uma 1. Abelha FJ, Castro MA, Landeiro NM, Neves AM, Santos CC. Mor-
aferição adequada das pressões envolvidas, com implicância direta talidade e o tempo de internação em uma unidade de terapia
nas condutas e nos desfechos nos pacientes neurocríticos. intensiva cirúrgica. Rev Bras Anestesiol. 2006;56:34-45.
Discussão: Apesar de não haver evidências classe I que determinem 2. El-Fakhouri S, Carrasco HVCG, Araújo GC, Frini ICM. Epidemiolo-
o valor ideal da PPC para as diferentes injúrias cerebrais, há a reco- gical profile of ICU patients at Faculdade de Medicina de Marília.
mendação de que seja mantida entre 50 e 70 mmHg. Pressões acima RAMB. 2016;62:248-54.
S192 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

XL) Farmacologia Introdução: O traumatismo facial é uma ameaça à vida pelo rápido
desenvolvimento de hipoxemia secundária a dificuldades ventilató-
rias impostas pelas modificações locais do trauma. O controle de via
TLO029 ENZIMA FOSFODIESTERASE-5: ALVO ALTERNATIVO aérea no paciente politraumatizado constitui um dos pontos mais
importantes e vitais no tratamento das complicações. A intubação
PARA DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS ANALGÉSICOS
traqueal, se possível, deve ser realizada com a vítima consciente ou
Roberto Takashi Sudo, Guilherme C. Montes, Gisele Zapata Sudo, em sequência rápida, visando a minimizar a possibilidade de vômito
Márcio Carneiro Vieira*, Celso F da Silva, Brumo E Dematté e aspiração pulmonar.
Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), Universidade Federal do Relato de caso: Paciente de 45 anos de idade, vítima de três feri-
Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil mentos por arma de fogo em face, chega à emergência com san-
gramento oral ativo, principalmente devido à laceração da língua,
Justificativa e objetivos: Fármacos analgésicos disponíveis reduzem consciente e agitado. Após monitorização, foram obtidos os seguin-
sintomas da dor neuropática em 50% dos casos. Lee e cols. (2014) tes parâmetros: saturação 95%, PA: 100 × 60 e FC de 100. Pelo fato
observaram efeito antinociceptivo da sildenafila, inibidor da fosfo- de o paciente não conseguir permanecer na posição de decúbito
diesterase-5 (PDE-5) administrada pela via intratecal em ratos. Este dorsal e não estar em jejum, o mesmo foi mantido sentado, acorda-
trabalho investigou possível efeito antinociceptivo da lodenafila, o do, sem sedação; realizada tentativa de intubação orotraqueal por
mais recente inibidor da PDE-5 em modelos de dor aguda e crônica. laringofibroscopia, inicialmente sem sucesso devido a sangramen-
Método: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Uso de Ani- to ativo dificultando a visualização. Além disso, não era possível a
mais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (DFBC 40/16). A anti- realização do procedimento pela via nasal devido ao sangramento e
nocicepção foi avaliada em modelo de placa quente (dor aguda) após à possibilidade de fratura de base de crânio. Ainda com o paciente
administração de sildenafila (controle positivo) ou lodenafila (10, 30, sentado e com o anestesiologista posicionado em frente ao paciente,
100 μmol/kg, VO) em camundongos suíços (23-25 g) machos. Sinais foi realizada laringoscopia direta, que proporcionou tamponamento
de dor crônica como hiperalgesia térmica e mecânica foram induzi- por compressão contínua da região de sangramento da língua, pos-
dos pela ligadura de nervo espinal em L5 (LNE) em ratos Wistar (220- sibilitando melhor visualização da região. Com ajuda de um auxiliar
280 g). Os animais foram divididos em três grupos experimentais (n que manteve o laringoscópio posicionado, foi feita nova fibrosco-
= 6 por grupo): falso operado (sham) e tratado com veículo; LNE + pia e realizada intubação orotraqueal com sucesso, confirmada por
sildenafila (30 μmol/kg); LNE + lodenafila (30 μmol/kg). Após a insta- capnografia. Após IOT, paciente foi posicionado em decúbito dorsal
lação dos sinais de hiperalgesia (sete dias pós-LNE) estabeleceu-se o e iniciada indução anestésica com 10 mg de etomidato, 16 mg de
tratamento pela VO (gavagem) por sete dias. Os resultados foram ex- cisatracúrio, 2 mg de midazolam, 100 mcg de fentanil e manutenção
pressos como média ± EPM, e para a análise estatística utilizou-se o anestésica com sevoflurano inalatório. Seguiu-se realização de tra-
teste t de Student ou two-way ANOVA seguido do teste de Bonferroni, queostomia sem intercorrências. Durante o procedimento cirúrgico
com auxílio do programa GraphPad Prism® 6.0. realizado pela equipe da bucomaxilofacial, o paciente manteve es-
Resultado: A latência de retirada da pata ao estímulo da placa tabilidade hemodinâmica. Ao término do procedimento, o paciente
quente aumentou de 10,5 ± 1,1 para 14,1 ± 1,1 s (p < 0,05) e de 12,8 foi encaminhado para UTI, sem uso de droga vasoativa. Atualmente,
± 0,7 para 19,0 ± 1,2 s (p < 0,05) pelo tratamento com sildenafila após 30 dias do ocorrido, o mesmo segue consciente e orientado,
e lodenafila (100 μmol/kg VO), respectivamente. Não houve efeito estável, aguardando alta da UTI.
significativo nas doses de 10 e 30 μmol/kg. No grupo sildenafila, a Discussão: A intubação por meio da laringofibroscopia é arriscada
LNE reduziu a latência térmica de 11,7 ± 0,1 para 9,6 ± 0,2 s (p < quando há presença de sangramento na via aérea, que dificulta o
0,05), revertida pelo tratamento para 11,5 ± 0,2 s (p < 0,05). O li- campo de visão. O sucesso da abordagem relatada se deu em razão
miar para o estímulo mecânico reduziu de 39,6 ± 0,2 para 27,8 ± 0,8 do tamponamento do sangramento conseguido pela compressão di-
g (p < 0,05), revertida pelo tratamento para 36,5 ± 0,3 g (p < 0,05). reta da região, com melhora da visualização. O edema secundário
No grupo lodenafila, a LNE reduziu a latência térmica de 11,5 ± 0,2 ao efeito dos gases de expansão do projétil na região da boca resul-
s para 8,9 ± 0,2 s (p < 0,05), revertida pelo tratamento para 11,1 ± ta em obstrução respiratória progressiva. O anestesiologista precisa
0,2 s (p < 0,05). A latência mecânica reduzida de 39,7 ± 0,2 g para ficar atento para os sinais clínicos e procurar alternativas em face
27,8 ± 0,8 g foi revertida para 33,8 ± 0,5 g (p < 0,05). Não foram dessa ocorrência.
observadas diferenças significativas da atividade antinociceptiva Referência:
entre sildenafila e lodenafila. 1. Ferez D, Rebuglio R. Manuseio da via aérea difícil. In: Cangia-
Conclusões: Lodenafila é alternativa para o tratamento da dor agu- ni LM, Slulitel A, Potério GMB, et al. Tratado de Anestesiologia
da e crônica como a neuropática. SAESP. 7 ed. São Paulo: Atheneu, 2011;1397-418.
Suporte financeiro: CNPq; CAPES; FAPERJ; INCT/INOFAR.
Referência:
1. Lee HG, Kim WM, Choi JI, Yoon MH. Roles of adenosine receptor TLO360 ABORDGEM ULTRASONOGRÁFICA DA VIA AÉREA
subtypes on the antinociceptive effect of sildenafil in rat spinal SUPERIOR EM PACIENTE PORTADOR DE ANGIOEDEMA
cord. Neurosci Lett. 2010;480:182-5.
HEREDITÁRIO EM CONTEXTO DE EMERGÊNCIA
Andreia Santos Cardoso, Luiz Fernando Amancio Pereira de Oliveira*,
Alcebiades Vitor Leal Filho, Luis Eduardo Rias Cardoso,
Samuel Reis da Silva
XLI) Vias Aéreas Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
TLP487 ABORDAGEM DE VIA AÉREA EM PACIENTE COM Introdução: O angioedema é situação preocupante, desafiadora e
TRAUMA EM FACE POR ARMA DE FOGO geradora de controvérsias durante o atendimento de emergência.
Pode advir de reações histamínicas, ocorrendo em reação a agentes
Francisco Juarez Filho, Thiciane Barbosa Pereira*,
desencadeantes, conhecidos ou não, ou não histamínicas, decor-
Paulo José Carvalho Pedrosa, Fábio Di Paulo dos Santos Sousa
rente de condições hereditárias, drogas ou idiopáticos. A conduta
Universidade do Estado do Pará (UEPA), Belém, PA, Brasil nos variados casos é controversa, e a abordagem da via aérea (VA)
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S193

é o ponto crucial na avaliação inicial desses pacientes. Muitas vezes de longa data, estima-se que a dificuldade de intubação seja dez
não se consegue definir a melhor abordagem da VA em situações de vezes maior do que nos pacientes normais; naqueles com circunfe-
urgência. O objetivo deste relato é discutir a possibilidade de utili- rência cervical maior que 40 cm, acrescentam-se 5% nesse risco, e
zar a ultrassonografia (USG) em emergência envolvendo VA superior. maior que 60 cm, 35%. Em pacientes com preditores, devemos ter
Relato de caso: Homem, 17 anos de idade, sabidamente portador uma estratégia para intubação, bem como para extubação, clara-
de angioedema hereditário (fato informado pela mãe que o acompa- mente definidas – é mandatório evitar o catastrófico “não ventilo,
nhava), atendido no PS do HC-UFMG com quadro de taquidispneia, não intubo”. Conforme o algoritmo ASA, quando é prevista a intu-
estridor inspiratório e expiratório. Indicado PFC e conduta expectan- bação traqueal difícil, é mais seguro e prudente assegurar a VA com
te quanto à manutenção da VA. Apresentou piora do quadro clínico o paciente acordado. Quase todas as técnicas de intubação podem
antes de receber o hemoderivado. Optou-se, então, pela intubação ser realizadas em um paciente acordado. Para a maioria dos casos
orotraqueal. Administrados 20 mg etomidato, 200 mcg de fentanil e nos quais a VAD é antecipada ou conhecida, o uso de broncoscopia
80 mg de succinilcolina. Insucesso após múltiplas tentativas devido de fibra óptica continua a ser o padrão ouro. Ademais, poucas op-
a edema de glote. Apresentou hipoxemia, cianose central e difi- ções de técnicas alternativas bem treinadas e incorporadas à rotina
culdade de ventilação sob máscara. Acionada equipe de anestesia. são o diferencial para a redução de eventos adversos, além de uma
Impossibilidade de IOT após videolaringoscopia. Identificada mem- avaliação clínica cuidadosa no pré-operatório.
brana cricotireóidea por meio de USG; realizada cricotireoidostomia Referências:
de urgência. Administrado PFC. USG cervical ao nível da cartilagem 1. Apfelbaum JL, Hagberg CA, Caplan RA, et. al. Practice Guideli-
tireoide mostrou obstrução completa do adito da glote. No segundo nes for Management of the Difficult Airway: An Updated Report
dia de internação, a USG mostrou permeabilidade das cordas vocais. by the American Society of Anesthesiologists Task Force on Mana-
Equipe assistente optou por traqueostomia. gement of the Difficult Airway. Anesthesiology. 2013;118:251-70.
Discussão: A USG da VA poderia ter auxiliado na condução do caso. 2. Nekhendzy V, Tanaka P. Análise do algoritmo da ASA para a via aé-
Discutimos a possibilidade de utilizar tal recurso como adjuvante na rea difícil. In: Moraes JMS, Pires OC IV, Martins MP, et al. Controle
obtenção de uma VA avançada. da Via Aérea. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Anestesio-
Referências: logia/SBA, 2012;31-8.
1. JP Atkinson, M Cicardi, BL Zuraw, SFA Saini. Hereditary angioede-
ma: Epidemiology, clinical manifestations, exacerbating factors,
and prognosis. 2014 – UpToDate. Disponível em: https://www. TLP934 ALERTA DE VIA AÉREA DIFÍCIL:TUMOR DE LARINGE
uptodate.com/contents/hereditary-angioedema-pathogenesis
Carneiro, Nathalia BR, Antônio Fernando Carneiro,
-and-diagnosis
Tolomeu Artur Assunção Casali, Daniela Agra de Castro,
2. Bowen T, Cicardi M, Farkas H, et al. 2010 International consensus
Muriel Pires e Silva*, Carneiro, Felipe BR
algorithm for the diagnosis, therapy and management of heredi-
tary angioedema. Allergy Asthma Clin Immunol. 2010;6:24. Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo
(CRER), Goiânia, GO, Brasil
Introdução: Um dos maiores desafios para os anestesiologista é a
TLO166 ACESSO À VIA AÉREA EM PACIENTE COM MASSA
conduta diante de uma via aérea difícil, que é a situação em que o
CERVICAL profissional treinado tem dificuldade para intubar um paciente ou
Bruno Luan Bosa*, Marcel Brandolise Takagi, Thiago de Freitas Gomes, manter uma ventilação adequada para o mesmo. A avaliação pré-
Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, Leandro Criscuolo Miksche anestésica é fundamental para prever essa situação, e por meio
dela conhecemos a anatomia de cada paciente com o exame físico
Clínica de Anestesiologia de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP,
e os exames complementares. Assim, podemos nos preparar para o
Brasil
procedimento anestésico com segurança. O algoritmo da Sociedade
Introdução: Rotineiramente, a introdução de dispositivos para Americana de Anestesiologia para o manejo de via aérea difícil tem
acessar a via aérea (VA) de maneira definitiva é utilizada em anes- diminuído significantemente a morbidade e a mortalidade relacio-
tesiologia. Não é infrequente a dificuldade nesse acesso, sendo ne- nadas ao manejo das vias aéreas. Mesmo assim, ainda existem com-
cessário conhecimento e habilidade no manuseio de equipamentos plicações graves que podem levar a parada cardíaca, lesão cerebral
de resgate, bem como métodos alternativos que não a laringoscopia e morte. Entre as causas apontadas para desfechos ruins, podemos
tradicional. Relatamos o caso de paciente com massa cervical des- citar inabilidade de avaliação das vias aéreas de maneira preditiva,
viando as estruturas da VA de maneira visível clinicamente e confir- ausência de treinamento adequado e de equipamentos essenciais.
mada à tomografia computadorizada de cervical. O objetivo deste caso é planejar uma técnica segura para uma via
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 71 anos de idade, aérea difícil previsível.
branco, portador de hipertensão arterial, diabético, cardiopata is- Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 42 anos de idade, com
quêmico, peso 73 kg, altura 1,74 m, mobilidade cervical limitada, história de dispneia progressiva por dois anos. Antecedente pessoal
“sinal da prece” positivo, Mallampati IV, edêntulo, distância inte- de dependência de crack e cocaína. Avaliado em consulta pré-a-
rincisivos > 3 cm, tireomento > 6 cm, circunferência cervical 45 nestésica para realização de biopsia de tumor de laringe. Obtido
cm. Vem ao centro cirúrgico com proposta de ressecção de massa o consentimento informado. O paciente apresentou uma videola-
cervical de origem a esclarecer, aumento progressivo, com queixa ringoscopia que evidenciava lesão infiltrativa em laringe na região
de disfagia para sólidos e mínimo desconforto respiratório. Foi rea- supraglótica que representava importante obstrução da via aérea.
lizada ansiólise com midazolam 0,05 mg/kg e clonidina 1 mcg/kg, Monitorização feita com SPO2, ECG e PANI, venóclise em MSD. Mate-
anestesia tópica das vias aéreas superiores com lidocaína spray 10% rial de via aérea difícil em sala. Foi programada pela equipe cirúr-
em atomizador e procedida intubação nasotraqueal por fibrobron- gica, inicialmente, uma traqueostomia com o paciente acordado e
coscopia, estando o paciente acordado e colaborativo. O procedi- anestesia local com lidocaína sem epinefrina a 2%. Após uma via aé-
mento ocorreu sem intercorrências. rea definitiva, foi realizada anestesia geral balanceada e a monito-
Discussão: Diversos preditores podem ser utilizados para antecipar rização acrescida com a ETCO2. O procedimento cirúrgico aconteceu
uma via aérea difícil (VAD) e dependem de uma interação complexa sem nenhuma intercorrência e o paciente recebeu alta hospitalar
entre fatores do paciente, cenário clínico e habilidades do profissional dois dias depois.
que executa o procedimento. Nos pacientes com diabetes mellitus Discussão: O manuseio inadequado da via aérea é a causa mais fre-
S194 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

quente de complicações relacionadas à anestesia. Manter a venti- Referências:


lação espontânea em pacientes com via aérea difícil previsível é 1. Chopra M, Jones L, Boulanger C, et al. Prospective observational
uma das prioridades. Esse foi o motivo principal para providenciar measurement of tracheal tube cuff pressures in the emergency
uma via aérea definitiva no paciente que se mostrava colaborativo. department. Emerg Med J. 2010;27:270-1.
A história voltada para a via aérea aliada a uma propedêutica com 2. Hoffman RJ, Parwani V, Hahn IH. Experienced emergency medi-
exames específicos deve ser realizada sempre em todos os pacientes cine physicians cannot safely inflate or estimate endotracheal
que serão submetidos à anestesia. O conhecimento prévio a res- tube cuff pressure using standard techniques. Am J Emerg Med.
peito facilita a elaboração da estratégia a ser tomada e a correta 2006;24:139-43.
aplicação de algoritmos de conduta, contribuindo assim para a se-
gurança e a qualidade do ato anestésico. Neste caso, o conhecimen-
to da videolaringoscopia prévia foi de extrema importância para o TLP503 ANÁLISE PRELIMINAR DA VIA AÉREA DO
sucesso do procedimento. PACIENTE OBESO SUBMETIDO À COLOCAÇÃO DE BALÃO
Referências: INTRAGÁSTRICO VIA ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA APÓS A
1. Tanaka P, Pessoa R. O que falta para o manejo de via aérea difícil REDUÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA
no século 21. Rev Bras Anestesiol. 2015;65:235-6.
Cássia Caroline Gondo Hirai, Paolo Regaiolli,
2. Nekhendzy V, Tanaka P. Controle de via aérea. SBA. Consenso de
Marcelo Sperandio Ramos, Natália Luma Gomes*
VAD. SPA; 2015.
Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil
Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar a possível alte-
TLO237 ANÁLISE DAS PRESSÕES DE BALONETES DE ração nos parâmetros de predição de via aérea difícil nos pacientes
TUBOS ENDOTRAQUEAIS – ESTUDO OBSERVACIONAL obesos submetidos à colocação de balão intragástrico, relacionando
PROSPECTIVO a diminuição do IMC à possível melhora nos critérios de predição de
intubação difícil.
Gustavo de Oliveira Arouca*, Ana Maria Menezes Caetano,
Materiais e métodos: Participaram do estudo os pacientes de am-
Nádia Maria da Conceição Duarte, Andréa Tavares Ferreira,
bos os sexos que apresentavam IMC superior a 35 kg/m², os quais
Josemberg Marins Campos, Marina de Andrade Lima Arcoverde Areias foram submetidos à colocação de balão intragástrico via endoscopia
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil digestiva alta sob sedação monitorada. Na avaliação pré-anestésica
anterior à colocação do balão intragástrico, os pacientes tiveram
Justificativa e objetivos: A intubação orotraqueal (IOT) garante a os seguintes parâmetros estudados por meio de questionário preen-
perviedade e a segurança da via aérea e facilita a ventilação pulmo- chido pelos pesquisadores: sexo, idade, peso, altura para o cálcu-
nar. A pressão do balonete do tubo traqueal deve permanecer entre lo do IMC, comorbidades, história pregressa de via aérea difícil, e
20 e 30 cm H2O. Pressões acima desse valor comprometem o fluxo as medidas de: circunferência do pescoço, distância interincisivos,
sanguíneo traqueal, podendo causar isquemia. Entre as complica- distância tireomentoniana, grau de SAOS mensurado pelo questio-
ções associadas à hiperinsuflação estão rouquidão, dor orofaríngea, nário STOP-Bang, classificação de Mallampati, teste de mordida do
estenose traqueal e traqueomalácia. Pressões abaixo do valor re- lábio superior. A mesma avaliação em relação aos preditores de via
comendado podem estar associadas à hipoventilação e ao compro- aérea difícil foi repetida no ato da retirada do balão intragástrico,
metimento da segurança da via aérea. Existem duas técnicas para adicionando-se o parâmetro de Classificação de Cormack no ato da
insuflar e monitorizar a pressão do balonete. Na subjetiva, injeta-se laringoscopia direta sob anestesia geral, apenas para constatação.
uma quantidade aleatória de ar e, por meio da palpação do piloto, A análise estatística utilizada para variáveis contínuas foi realiza-
infere-se a adequação da pressão. Na objetiva, utiliza-se um manô- da pelo teste t de Student, com a ferramenta estatística embutida
metro analógico que evidencia o exato valor da pressão. O objetivo no programa Microsoft Excel. Optamos também por testar os dados
deste estudo foi verificar as pressões dos balonetes insuflados com com o teste de Wilcoxon no software Graphpad for Window, método
técnica subjetiva e o conhecimento dos anestesiologistas sobre os não paramétrico para comparação de duas amostras pareadas.
níveis pressóricos ideais e experiência com o método objetivo. Resultado: Notamos que apesar da implantação do balão gástrico,
Método: Estudo observacional com 47 participantes submetidos à a perda ponderal dos pacientes nos seis meses não foi acentuada
IOT com insuflação do balonete por técnica subjetiva pelo aneste- (média 11,92%). O grau de Mallampati praticamente não foi alterado
siologista do caso. Após a IOT, o pesquisador aferia a pressão intra- pela perda ponderal. Apesar de a diferença entre o IMC pré e pós-ba-
balonete com manômetro analógico, registrando o valor encontra- lão resultar estatisticamente significativa pela análise pelo teste de
do. Em seguida, aplicava questionário ao anestesiologista sobre seu t, clinicamente a alteração foi pequena. Em relação à circunferência
nível de conhecimento dos valores ideais de pressão de balonetes e cervical, obtivemos diminuição nas médias (de 40,36 para 36,69),
experiência profissional com manômetro analógico. porém com grande dispersão nos dados. Em razão de o desvio-padrão
Resultado: Dos 47 anestesiologistas pesquisados, 48,9% eram tanto das medidas pré quanto das medidas pós-balão ser maior que a
especialistas e 51,1% eram médicos em especialização (ME). Do total, diferença entre as médias, os resultados dificultam conclusões.
47 (59,5%) informaram saber os níveis ideais de pressão (69,5% dos Conclusão: Apesar de ter ocorrido perda ponderal, o impacto desta
especialistas e 50% dos ME). Com relação ao uso de manômetro ana- sobre os preditores de intubação difícil foi modesto nos 10 pacientes
lógico, 63,8% confirmaram já ter utilizado (69,5% dos especialistas e estudados que completaram o ciclo pré e pós-balão. Esses pacien-
58,3% dos ME). Dos 47 balonetes aferidos pelo pesquisador, 34 (72,3%) tes eram suspeitos de intubação difícil e merecedores de manuseio
estavam com pressões acima e cinco (10,7%) com pressões abaixo avançado da via aérea antes da colocação do balão, e continuaram a
dos valores preconizados. Apenas oito (17%) encontravam-se dentro ser classificados como potenciais portadores de vias aéreas difíceis
do limite ideal. Todos os anestesiologistas informaram que o uso do após a colocação do dispositivo.
manômetro analógico não está inserido na rotina desse serviço. Referência:
Conclusões: A técnica subjetiva para insuflação dos balonetes tra- 1. Nørshov AK, Rosentock CV, Wetterslev J, Astrup G, Afshari A,
queais mostrou-se ineficaz para garantir a adequação das pressões. Lundstrøm LH. Diagnostic accuracy of anesthessiologists predic-
Educação continuada e padronização de condutas poderiam estimu- tion of difficult airway management in daily clinical practice: a
lar o uso do manômetro analógico no serviço e aumentar a precisão cohort study of 188064 patients registered in the Danish Anaes-
das medidas e a segurança dos pacientes intubados. thesia Database. Anaesthesia. 2015;70:272-81.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S195

TLP041 ANESTESIA EM CRIANÇA PORTADORA DE dor. Medidas de estabilização da coluna cervical devem ser manti-
PAPILOMATOSE RESPIRATÓRIA RECORRENTE: RELATO DE das. Deve-se antecipar a possibilidade de ventilação e intubação
CASO difíceis. Além disso, é fundamental estar atento às possíveis reper-
cussões hemodinâmicas e ventilatórias decorrentes do trauma me-
Fernanda Guirado*, Daniel de Carli, José Fernando do Amaral Meletti, dular e lesões associadas.
César de Araújo Miranda, João Pedro Motta Lima, Tiago Silva e Silva Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 27 anos de idade, 87
Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), kg, estado físico P1, atleta de alto rendimento, vítima de lesão cer-
Jundiaí, SP, Brasil vical por mecanismo do tipo mergulho em água rasa durante compe-
tição. Apresentava espondilolistese C4/C5 com compressão grave do
Introdução: A via aérea difícil no paciente pediátrico apresenta bai- canal medular (apresentação clínica em Frankel A), com paraplegia
xa prevalência, porém o comprometimento ventilatório ainda está quase completa, exceto pelos movimentos de deltoide e bíceps bra-
entre as principais causas de emergência entre crianças. Por isso, o quial bilateralmente, além de anestesia completa abaixo do dermá-
anestesiologista deve estar atento à avaliação prévia da via aérea tomo de C5. Foi submetido à anestesia geral para descompressão
nessa faixa etária e estar preparado para o tratamento correto des- medular de urgência com redução da luxação e artrodese cervical
sa situação. O objetivo deste relato de caso é apresentar o manejo anterior. Na admissão ao centro cirúrgico, o paciente estava cons-
de um caso de via aérea difícil prevista devido à papilomatose res- ciente, ansioso, hemodinamicamente estável, sem dor, em jejum
piratória recorrente, afecção causada pelo papiloma vírus humano completo e em uso de colar cervical. Monitorizado com oxímetro
(HPV), subtipos 6 e 11, que tem baixa incidência mas deve estar de pulso, cardioscopia contínua, pressão arterial não invasiva; foi
presente entre os diagnósticos diferenciais nas queixas de disfonia obtido acesso venoso periférico 16 G. O colar cervical foi mantido
e dispneia. durante a indução anestésica. Dispositivos para abordagem de via
Relato de caso: Paciente de 3 anos de idade, sexo masculino, ASA 1, aérea difícil e videofibroscopia estavam disponíveis. Foi realizada
com queixa de disfonia e antecedente familiar materno de papilo- pré-oxigenação sob máscara facial e administrados propofol 150
matose de colo uterino durante gestação. Encaminhado pelo serviço mg, fentanil 250 mcg, rocurônio 50 mg e lidocaína sem vasoconstri-
de otorrinolaringologia com diagnóstico de papilomatose respiratória tor 60 mg. Seguiu-se ventilação sob máscara facial, e a intubação
recorrente, com ressecção cirúrgica indicada. O exame de nasofi- orotraqueal sob laringoscopia direta convencional ocorreu em ten-
broscopia evidenciou abertura das lesões durante expiração. Após tativa única sem dificuldades, mesmo em uso de colar cervical. Em
a certificação da disponibilidade, em sala cirúrgica, de equipamen- seguida, foi instalada monitorização invasiva da pressão arterial por
tos para obtenção e resgate de via aérea difícil, além de equipe de meio de cateterização de artéria radial. Manteve estabilidade he-
cirurgia pediátrica paramentada e preparada para obtenção de via modinâmica durante toda a cirurgia. Ao final, o paciente despertou,
aérea transtraqueal, realizou-se indução anestésica inalatória fra- foi desintubado, mantinha o mesmo deficit neurológico inicial e foi
cionada com sevoflurano. A intubação orotraqueal foi realizada sob acompanhado à unidade de terapia intensiva.
laringoscopia direta, com paciente em plano anestésico adequado, Discussão: Durante o manejo da via aérea na presença de lesão
sem intercorrências, e a cirurgia inicialmente programada ocorreu traumática de coluna cervical, manobras de estabilização da coluna
com sucesso. Durante o seguimento ambulatorial, o paciente apre- cervical devem, obrigatoriamente, ser respeitadas. Isso pode ser
sentou recidivas e foi submetido a outras intervenções cirúrgicas, obtido, entre outros, com estabilização manual ou uso de um colar
realizadas sob mesma técnica anestésica e com sucesso na intubação cervical posicionado adequadamente. É fundamental a disponibi-
e na ressecção das lesões. Segue em acompanhamento ambulatorial. lidade de dispositivos para abordagem de via aérea difícil. Nesses
Discussão: A papilomatose respiratória recorrente é um tumor be- pacientes, a estabilização hemodinâmica pode ser desafiadora, e o
nigno da infância, de caráter progressivo e recidivante. Seu tra- anestesiologista deve estar atento para tomar medidas de atenua-
tamento é baseado na manutenção da patência das vias aéreas. ção das respostas autonômicas.
Apesar de os casos de via aérea difícil em crianças não serem co- Referências:
muns, quando presentes representam alta incidência de morbimor- 1. Sharma A, Lawmin J, Irwin MG. Anaesthesia for spinal surgery.
talidade. Por esse motivo, são de fundamental importância a ava- Anaesth Int Care Med. 2012;13:99-1012.
liação pré-anestésica para identificação de fatores que dificultam 2. Ko JI, Ha SO, Koo MS, et al. Comparison of intubation times using
a ventilação e a intubação no perioperatório e o conhecimento das a manikin with an immobilized cervical spine: Macintosh laryn-
particularidades da via aérea infantil e de algoritmos que orientam goscope vs. GlideScope vs. fiberoptic bronchoscope. Clin Exp
o tratamento dessa emergência. Emerg Med. 2015;2:244-9.
Referências:
1. Black A, Flynn P, Popat M, et al. Development of a guideline for
the management of the unanticipated difficult airway in pedia- TLO156 ASSOCIAÇÃO DE VIDEOLARINGOSCOPIA E
tric practice. Paed Anesth. 2015;25:346-62. BRONCOFIBROSCOPIA FLEXÍVEL PARA INTUBAÇÃO EM
2. Ximenes Filho JA, Simoceli L, Imamura R, et al. Papilomatose PACIENTE ACORDADO COM VOLUMOSA MASSA CERVICAL
laríngea recorrente: experiência de 10 anos. Rev Bras Otorrin.
2003;69:599-604. Rafael Vasconcellos de Mattos*, Estêvão Luiz Carvalho Braga,
Armin Guttman, Paulo Alipio Germano Filho, Ismar Lima Cavalcanti,
Núbia Verçosa Figueirêdo
TLP659 ANESTESIA PARA ARTRODESE CERVICAL Hospital Federal de Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
DE URGÊNCIA DEVIDO A GRAVE TRAUMATISMO
Introdução: Todo paciente deve ter sua via aérea avaliada pelo
RAQUIMEDULAR
anestesiologista previamente ao procedimento cirúrgico – assim,
Luiz Gustavo de Menezes Rodrigues, João Paulo Jordão Pontes, possíveis dificuldades podem ser antecipadas e discutidas. Nessa
Fernando Cássio do Prado Silva, Antônio de Pádua Faria, situação, a equipe deve ser capaz de tomar decisões a fim de redu-
Francisco Morato Dias Abreu*, Lira Olimpia Alves Faria zir o número de intervenções e complicações associadas ao contro-
le da via aérea (CVA). Nesse contexto, fica evidente a diversidade
CET do Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil
de equipamentos presentes no arsenal do anestesiologista e que
Introdução: Na anestesia de urgência de pacientes com lesão trau- podem ser usados de múltiplas maneiras ou associações para se
mática de coluna cervical, o manejo da via aérea pode ser desafia- chegar ao CVA.
S196 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Relato de caso: D.A.A.P. 58 anos de idade, gênero masculino, ta- alta precisão acoplada, os participantes foram requisitados a reali-
bagista, apresentou tumor cervical volumoso à direita, sem outras zar a manobra de Sellick por três vezes. Por fim, foi mostrado o re-
comorbidades diagnosticadas. Foi submetido à traqueostomia trans- sultado das pressões e um breve treinamento da manobra utilizando
tumoral de urgência. O exame físico revelou Mallampati classe IV, a força correta, caso houvesse erros durante a avaliação.
abertura bucal de 2 cm, flexo-extensão do pescoço limitados pela Resultado: Foram avaliados 50 residentes dos três anos em
tumoração, circunferência cervical de 57 cm e dentição incomple- anestesiologia e 33 anestesiologistas com diferentes níveis de
ta. A tomografia computadorizada cervical evidenciou desvio impor- experiência. Por meio de questionário, 45,8% dos entrevistados re-
tante da traqueia para a esquerda. Admitido na sala de operações, feriram uso frequente da manobra e 86,7% dos participantes tra-
foi realizada infusão de dexmedetomidina e anestesia tópica de balham em urgência. A força média de todos os participantes nas
orofaringe com lidocaína a 2%. Seguiu-se à passagem de videolarin- três tentativas foi de 27,22 N, e a taxa de erros na localização da
goscópio canalizado (VLCC), que confirmou importante desvio tra- cartilagem foi de 73,5% no total de tentativas. Não houve diferença
queal e visão da glote classe 3B de Cormack-Lehane modificada por estatisticamente significante quanto aos anos de experiência dos
Cook, além de um tumor friável com sangramento insidioso. Reali- profissionais.
zada introdução do broncofibroscópio flexível via VLCC e conseguin- Conclusão: Dentro do grupo estudado, a manobra de Sellick não
te intubação traqueal, que foi confirmada por ausculta pulmonar e foi realizada de maneira adequada pela maioria dos profissionais
capnografia regular. Com a via aérea garantida, foi realizada indu- avaliados.
ção de anestesia geral e consequente procedimento cirúrgico sem Referência:
intercorrências. 1. Taylor RJ, Smurthwaite G, Mehmood I, Kitchen GB, Baker RD. A
Discussão: A abordagem multimodal da via aérea, principalmente cricoid cartilage compression device for the accurate and reprodu-
em cenários em que há dificuldade prevista, deve ser lembrada pelo cible application of cricoid pressure. Anaesthesia. 2015;70:18-25.
anestesiologista. Diversos acessórios, como bougie, estilete lumi-
noso, videolaringoscópio ou até o broncofibroscópio flexível podem
ser usados em combinação para benefício do paciente, por meio TLP203 AVALIAÇÃO DA PRESSÃO DE INSUFLAÇÃO DO CUFF
da redução do tempo do procedimento, frequência e gravidade de DO TUBO ENDOTRAQUEAL EM PACIENTES SUBMETIDOS À
complicações ou falha de CVA. No presente caso, o uso do VLCC ANESTESIA GERAL
possibilitou avaliação da via aérea sob visualização indireta, facili-
Débora Wanderley Passos*, Narla Karine Galindo de Albuquerque,
tando a introdução do broncofibroscópio flexível, reduzindo a possi-
bilidade de sangramento e lesão inadvertida de estruturas friáveis, Jane Auxiliadora Amorim, Otávio Damázio Filho,
com incremento da segurança. Sobremaneira, cabe destaque para a Carmem Maria Carício Maciel, Ana Cláudia Pereira Mourato
manutenção da ventilação espontânea com o paciente sob sedação Centro de Ensino e Treinamento (CET) em Anestesiologia dos
consciente. Portanto, o CVA de modo multimodal pode ser efetivo Hospitais da Restauração, Getúlio Vargas e Oswaldo Cruz, Recife,
em cenário de volumosa massa cervical. PE, Brasil
Referências:
1. Frerk C, Mitchell VS, McNarry AF, et al. Difficult Airway Society Justificativa e objetivo: A intubação endotraqueal é um proce­dimento
2015 guidelines for management of unanticipated difficult intu- realizado em pacientes que necessitam de assistência ventilatória
bation in adults. Br J Anaesth. 2015;115:827-48. mecânica durante a anestesia geral. Embora seja um procedimento
2. Sharma D, Kim LJ, Ghodke B. Successful Airway Management de medida protetiva, não é isento de riscos. A morbidade associada
with Combined Use of Glidescope® Videolaryngoscope and Fibe- é atribuída, entre outros fatores, a valores inadequados de pressão
roptic Bronchoscope in a Patient with Cowden Syndrome. Anes- de insuflação do cuff. Quando a pressão do cuff atinge valores acima
thesiology. 2010;113:253-5. dos recomendados (25-30 cm H2O), é possível a ocorrência de danos
à mucosa traqueal, que vão desde a diminuição do fluxo sanguíneo
capilar no epitélio até isquemia, podendo causar complicações no
TLO230 AVALIAÇÃO DA MANOBRA DE SELLICK APLICADA pós-operatório, como tosse, dor na garganta, rouquidão e disfagia.
O objetivo deste estudo foi aferir a pressão de insuflação do cuff no
EM UM MANEQUIM POR ANESTESIOLOGISTAS E MÉDICOS
intraoperatório e avaliar as complicações e a relação dessas compli-
RESIDENTES EM ANESTESIOLOGIA
cações com a pressão de insuflação do cuff.
Raniere Nobre Fonseca*, Kate Millena Ferreira Barbosa, Método: Estudo descritivo com 108 pacientes programados para
José Williams Muniz de Siqueira, Jayme Marques dos Santos Neto, cirurgias eletivas, submetidos à anestesia geral com no mínimo 120
Raphaella Amanda M.L.Fernandes, Sérgio Veloso da Silveira Menezes minutos de intubação. Foi utilizado um cafômetro para aferição da
pressão de insuflação do cuff. Os pacientes foram divididos em dois
Hospital das Clínicas (HC), Universidade Federal de Pernambuco
grupos: grupo A (n = 40), com pressão de insuflação entre 25-30 cm
(UFPE), Recife, PE, Brasil
H2O, e grupo B (n = 68), acima de 30 cm H2O. Após a extubação, to-
Justificativa e objetivos: A intubação orotraqueal é um procedi- dos os pacientes foram questionados sobre a presença de tosse, dor
mento frequente na anestesiologia. Uma de suas principais indica- na garganta, rouquidão ou disfagia, e foi avaliada a relação dessas
ções reside na proteção das vias aéreas em pacientes com risco de complicações com a pressão de insuflação. Foi realizada uma aná-
regurgitação e consequente broncoaspiração. A manobra de Sellick lise estatística descritiva e inferencial e considerado significativo o
consiste na compressão da cartilagem cricoide contra o esôfago valor de p < 0,05.
com força de 30 a 40 Newtons, realizada durante o procedimento Resultado: Os grupos foram homogêneos em relação à idade e ao
de intubação em sequência rápida, e tem como objetivo prevenir estado físico (ASA). A média da pressão de insuflação do cuff nos 108
regurgitação e aspiração de conteúdo gástrico. A efetividade dessa pacientes avaliados foi de 50,31 ± 22,93 cm H2O; no grupo A foi de
manobra depende, entre outros fatores, de sua correta aplicação 27,10 ± 2,96 cm H2O e no grupo B 63,96 ± 17,99 cm H2O. A incidência
anatômica e da intensidade da força exercida. O objetivo deste es- de complicações foi significativamente maior no grupo B (45,6% vs.
tudo foi avaliar a localização da cartilagem cricoide e a força apli- 15% no grupo A; p < 0,01). A chance de incidência de complicações
cada durante a manobra de Sellick em um manequim. no grupo B é 4,75 vezes maior do que no grupo A [OR: 4,75 (IC 95%;
Método: Estudo transversal envolvendo anestesiologistas e residen- 1,76–12,78)].
tes de anestesiologia do estado de Pernambuco. Após a localização Conclusão: O uso do cafômetro como técnica para mensuração da
da estrutura em um protótipo do pescoço humano com balança de pressão de insuflação do cuff mostrou-se de fácil execução. Essa
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S197

medida, inserida na prática diária, poderá minimizar significativa- TLO334 AVALIAÇÃO DA VIA AÉREA: O QUE FAZER QUANDO
mente o número de complicações pós-operatórias inerentes à intu- OS TESTES PREDITIVOS NÃO DETECTAM DIFICULDADE
bação endotraqueal.
Karina Serejo Ferreira Mocarzel*
Referências:
1. Liu J, Zhang X, Gong W, et al. Correlations between controlled Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
endotracheal tube cuff pressure and postprocedural complica- Brasil
tions: a multicenter study. Anesth Analg. 2010;111:1133-7.
Introdução: A via aérea difícil (VAD) é definida como a situação clí-
2. Martins RHG, Dias NH, Braz JRC, et al. Complicações das vias
aéreas relacionadas à intubação endotraqueal. Rev Bras Otorri- nica na qual um anestesiologista experiente tem dificuldade com a
nolaringol. 2004;70:671-7. ventilação da via aérea superior com máscara facial, dificuldade na
intubação endotraqueal ou em ambas. A VAD é a principal causa de
mortalidade e morbidade ligada à anestesia. A prevalência na popu-
TLO629 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INTUBAÇÃO lação está entre 1–6%, e os desfechos de manuseio de VAS envolvem
lesão cerebral ou morte em 85% dos casos.1
TRAQUEAL SEM BLOQUEADOR NEUROMUSCULAR EM
Relato de caso: J.F.F., sexo masculino, 41 anos de idade, é admiti-
CRIANÇAS SUBMETIDAS À ADENOIDECTOMIA: ESTUDO
do pelo setor de neurocirurgia com a proposta de neurólise no nervo
OBSERVACIONAL ulnar e medial direito devido à lesão traumática por PAF. Paciente
Felipe Coelho de Souza*, Vinícius Caldeira Quintão, ASA 1, 68 kg, medindo 1,63 m e apresentando IMC de 25,85 kg/
Ana Flávia Vieira Leite, Raphael Rabelo de Mello Penholati, m2, boa capacidade funcional, nega uso de medicações regulares,
Raquel Augusta Monteiro de Castro, Alexandre Rodrigues Ferreira nega alergias. Ao exame da via aérea, constatou-se que apresenta-
va Mallampati 1, abertura de boca adequada, complacência mandi-
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG,
bular adequada, boa mobilidade cervical, distância esterno-mento
Brasil
> 12,5 cm, porém apresentava distância mento-hioide < 6 cm como
Introdução: A intubação traqueal (IT) sem o uso de bloqueador neu- único preditor de via aérea difícil. Paciente já havia sido submeti-
romuscular (BNM) pode ser realizada em algumas situações em anes- do à artrodese de coluna lombar sem intercorrências anestésicas.
tesia pediátrica, especialmente quando existem contraindicações ao Optou-se por realizar anestesia geral venoinalatória. Monitoração:
uso de BNM ou quando o procedimento é rápido. A intubação traqueal ECG de cinco derivações, oximetria de pulso, PANI, capnografia e
sem o uso de BNM previne os efeitos adversos da succinilcolina e analisador de gases. Venóclise: MSE EC 18G. Realizada pré-oxigena-
dos BNM adespolarizantes, como anafilaxia e bradicardia. Algumas ção e administração de fentanil 250 µg + lidocaína 40 mg + propofol
cirurgias de otorrinolaringologia em crianças são curtas e não reque- 150 mg + atracúrio 45 mg IV. Em seguida, o paciente foi ventila-
rem bloqueio neuromuscular. Alguns autores não adotam essa técnica do por 5 minutos. Realizada laringoscopia, que revelou Cormack
anestésica em razão da possibilidade de prejuízo à qualidade da IT. Lehane 3B. Realizadas duas tentativas de IOT por dois profissionais
Outros autores postulam que com uma hipnose profunda e bem feita, diferentes. Paciente foi ventilado novamente e optou-se para uma
as condições de intubação seriam excelentes. nova tentativa de IOT com o videolaringoscópio GLIDESCOPE. Houve
Método: Estudo observacional com o objetivo de avaliar a qualidade
melhora na visualização da glote, de 3B para 2A. A IOT foi realizada
da IT por meio da escala de Goldberg em crianças de 1 a 9 anos,
com sucesso com o auxílio do dispositivo.
ASA 1 ou 2, submetidas à adenoidectomia eletiva. Os responsáveis
Discussão: Uma adequada avaliação da via aérea com o objetivo de
assinaram termo de consentimento. Todas as crianças receberam
prever uma VAD é essencial para a abordagem do paciente. Porém,
pré-medicação com clonidina 4 mcg/kg via oral. A indução anes-
quando a dificuldade não é previsível por inexistência de testes
tésica foi realizada com doses incrementais de sevoflurano (3–8%)
com alto poder preditivo para a detecção de VAD e a abordagem da
e, após venóclise, todas as crianças receberam propofol 2 mg/kg,
fentanil 2 mcg/kg e lidocaína 2 mcg/kg. A manutenção foi feita com via aérea é feita de maneira convencional, é essencial que o anes-
sevoflurano (2–4%) e todas receberam dexametasona 0,15 mg/kg, tesiologista tenha um plano emergencial. Os videolaringoscópios
ondansetrona 0,15 mg/kg e dipirona 50 mg/kg no intraoperatório. A representam uma boa opção de resgate quando os laringoscópios
escala de Goldberg classifica as condições de intubação como “ex- convencionais falham.2
celentes”, quando as cordas vocais estão relaxadas e o paciente não Referências:
tosse; “boas”, quando as cordas vocais estão relaxadas e o paciente 1. Cook T (ed). Major Complications of Airway Management in the
apresenta tosse leve; “ruins”, quando as cordas vocais estão movi- United kingdom - Report and Finding of the 4th National Audit
mentando e o paciente apresenta tosse ou bucking; e “impossíveis Project of The Royal College of Anaesthetists and The Difficult
de intubar”, quando as cordas vocais estão fechadas e a mandíbula Airway Society. In: Airway Assessment and Planning. London: The
não relaxada. Royal College of Anaesthetists; 2011;135-42.
Resultado: Das 43 crianças incluídas no estudo, 26 (60,5%) eram do 2. Stroumpoulis K, Pagoulatou A, Violari M, et al. Videolaryngoscopy
sexo masculino e o peso médio foi 18,6 kg. Em 40 crianças (93%) a IT in the management of the difficult airway: a comparison with the
foi considerada “excelente”, e em três (7%) foi considerada “boa”. Macintosh blade. Eur J Anaesth. 2009;26:218-22.
Nenhuma criança apresentou náuseas ou vômitos. Três (7%) apre-
sentaram laringoespasmo, duas durante a extubação e uma durante
a indução; todas foram tratadas com manobras manuais. Nenhuma TLO218 AVALIAÇÃO DO GRAU DE CORMACK-LEHANE COM
criança apresentou bradicardia, hipotensão arterial ou complica- O USO DO VIDEOLARINGOSCÓPIO MCGRATH MAC®
ções em relação às vias aéreas.
Conclusão: A IT sem o uso de BNM é descrita na literatura e consi- Jane Auxiliadora Amorim, Maria Adelaide Bezerra Barbosa*,
derada segura em casos selecionados. Uma hipnose boa e profunda Priscila Jalfim Lumba, Otávio Damázio Filho,
é mandatória a fim de se evitar o uso de drogas BNM e seus possíveis Victor Gomes Albuquerque de Aguiar, Fabio Ranieri Angelim Barros
efeitos adversos. Apesar de os dados da literatura não serem conclu-
Centro de Ensino e Treinamento (CET) em Anestesiologia dos
sivos sobre técnicas sem o uso de BNM, o presente estudo mostrou
Hospitais da Restauração, Getúlio Vargas e Oswaldo Cruz, Recife,
excelente qualidade da IT e alta taxa de sucesso.
PE, Brasil
Referência:
1. Same M, Smith J. Should neuromuscular blockers be used for Justificativa e objetivos: A videolaringoscopia é uma técnica de
every paediatric intubation? Br J Hosp Med (Lond). 2016;77:374. manejo da via aérea desenvolvida para facilitar o sucesso da intu­
S198 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

bação traqueal. O videolaringoscópio McGRATH MAC® é um dispositi- relacionada à anestesia está a dificuldade em se garantir uma via
vo que demonstrou promover otimização na visualização da glote em aérea patente. Os videolaringoscópios consistem em conjunto de
pacientes com via aérea de fácil e de difícil manipulação. O objetivo cabo e lâmina com sistema de captação da imagem que torna possí-
deste estudo foi classificar e comparar a visibilidade da glote com o vel a visualização da hipofaringe e da laringe, de maneira indireta,
uso do videolaringoscópio McGRATH MAC® e da lâmina de Macintosh com o intuito de possibilitar a intubação orotraqueal mesmo sem to-
em pacientes com preditores ou não de via aérea difícil. tal alinhamento dos eixos oral, faríngeo e laríngeo. O objetivo deste
Método: Estudo transversal e observacional com 80 pacientes trabalho é comparar as condições de intubação de um manequim
programados para cirurgias eletivas sob anestesia geral. Na TruCorp® AirSim executadas com quatro videolaringoscópios dife-
avaliação pré-anestésica, foi realizado exame clínico das vias aé- rentes, dos quais um deles é um modelo experimental (Video-R).
reas. Em sala operatória, todos os pacientes foram colocados em po- Método: Estudo experimental utilizando quatro modelos de video-
sição olfativa, monitorizados com cardioscópio, oxímetro de pulso, laringoscópios (Glidescope®, McGrath-MAC®, KingVision® e Video-R).
pressão arterial não invasiva, capnografia e bloqueio neuromuscular O Video-R é uma modelo experimental de videolaringoscópio
com TOF-Watch SX®. Após pré-oxigenação, procedeu-se à indução construído a partir da adaptação de uma microcâmera posicionada
anestésica venosa com fentanil, propofol, lidocaína e rocurônio. Ao a 3,2 cm de distância da ponta de uma lâmina de McCoy número 3.
ser atingido o valor de TOF ≤ 1, a laringoscopia foi realizada em dois Foram comparadas as pressões exercidas na via aérea do manequim
momentos: com a lâmina de Macintosh e, imediatamente após, com adaptando-se um sensor de pressão no conjunto “língua-valécula”
o videolaringoscópio. A visualização das vias aéreas foi avaliada, em do manequim TruCorp® por meio do orifício de insuflação da língua
ambos os momentos, com a classificação de Cormack-Lehane. Em desse. As videolaringoscopias foram realizadas por anestesiologistas
todos os pacientes, a intubação traqueal foi realizada com o video- com no mínimo dois anos de experiência após término da residência
laringoscópio. Foram avaliados o número de tentativas, o sucesso médica em anestesiologia. Foram observadas melhor visualização
da intubação e as complicações. Utilizou-se o teste Wilcoxon para obtida, pressão exercida sobre as vias aéreas do manequim e tempo
dados pareados, com margem de erro de 5%. necessário para IOT entre quatro modelos de videolaringoscópio,
Resultado: Dos pacientes envolvidos no estudo, 47 (58,7%) eram além do número de tentativas para sucesso da IOT.
homens; 67 (83,7%) estavam na faixa etária entre 18–60 anos; 61 Resultado: Foram incluídos na pesquisa 30 anestesiologistas.
(76,2%) eram eutróficos ou com sobrepeso, enquanto 19 (23,8%) O Glidescope® se destacou com 17 (56,7%) visualizações de
tinham obesidade grau I ou II. Apresentaram limitação da exten- grau I na escala de Cormack-Lehane, com mais da metade dos
são da cabeça ou flexão do pescoço sobre o tórax 12 (15,0%); 59 anestesiologistas intubando na primeira tentativa e pressão média
(73,7%) foram classificados como Mallampati I ou II, e 21 (26,3%), na via aérea na laringoscopia de 57,6 mmHg. O KingVision® se
III ou IV. A intubação traqueal ocorreu com sucesso na primeira ten- destacou pela média de tempo de IOT de apenas 15,7 segundos.
tativa em 66 pacientes (82,5%), enquanto em 14 (17,5%) ocorreu O videolaringoscópio McGrath-MAC® obteve excelente avaliação
após duas ou mais tentativas; apenas em um paciente não foi possí- pelos anestesiologistas, excelente visualização da laringe (93,4% de
vel a intubação com o videolaringoscópio. Entre as complicações, 7 Cormack-Lehane modificado I e IIa) e baixo número de tentativas
(87,5%) pacientes apresentaram lesão em partes moles, e 1 (12,5%), para IOT, mesmo não sendo o melhor dispositivo em nenhum dos
dessaturação < 92,0%. A análise estatística mostrou diferença sig- critérios avaliados. Já o Video-R, apesar de considerado bom ou
nificativa em relação ao grau de Cormack-Lehane com o uso do satisfatório pela maioria dos anestesiologistas, apresentou a maior
videolaringoscópio, p < 0,001. Com o uso do videolaringoscópio, o pressão exercida sobre as vias aéreas na manobra de IOT entre
grau de Cormack-Lehane foi I em 67 pacientes (83,8%), IIa em 10 todos os equipamentos avaliados.
(12,5%), IIb em 2 (2,5%), III em 0 (0%) e IV em 1 paciente (1,3%). Na Conclusões: O Glidescope® foi o dispositivo que proporcionou
laringoscopia direta com a lâmina de Macintosh, o grau foi I em 25 melhores condições de intubação, seguido do KingVision® e do MC-
pacientes (31,3%), IIa em 23 (28,8%), IIb em 18 (22,5%), III em 13 Grath-MAC®, que ficaram próximos na maioria dos resultados. O
(16,3%) e IV em 1 paciente (1,3%). modelo experimental Video-R apresentou resultados discrepantes
Conclusão: O grau de Cormack-Lehane foi mais favorável à em relação aos outros dispositivos tanto na pressão exercida na via
intubação endotraqueal, com melhora estatisticamente significati- aérea quanto na visualização da laringe.
va na visualização da glote, no momento em que se fez a laringos- Referência:
copia indireta com o videolaringoscópio em relação à laringoscopia 1. Caplan RA, Posner KL, Ward RJ, Cheney FW. Adverse respiratory
direta com a lâmina de Macintosh. events in anesthesia: a closed claims analysis. Anesthesiology.
Referência: 1990;72:828-33.
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Anaesthesia. 2010;65:716-20. TLO420 COMPARAÇÃO ENTRE INTUBAÇÃO TRAQUEAL
COM O VIVIDTRAC® E COM LARINGOSCOPIA DIRETA EM
MODELO DE LESÃO DE COLUNA CERVICAL
TLO549 COMPARAÇÃO DA VISUALIZAÇÃO DA LARINGE
E CONDIÇÕES DE INTUBAÇÃO EM CENÁRIO DE VIA Demóstenes Ferreira de Medeiros Neto,
AÉREA DIFÍCIL SIMULADO COM QUATRO MODELOS Jéssica Pereira Simões de Ataíde*,
DE VIDEOLARINGOSCÓPIO: A INFLUÊNCIA DO Carlos Gilberto Rabelo Borba Carvalho, Bruno Santos Afonso de Melo,
POSICIONAMENTO DA CÂMERA E DA ANGULAÇÃO DA Jane Auxiliadora Amorim, Marcius Vinicius Mulatinho Maranhão
LÂMINA Centro de Ensino e Treinamento (CET) em Anestesiologia dos
Ricardo Zanlorenzi*, Mauricio do Amaral Neto, Hospitais da Restauração, Getúlio Vargas e Oswaldo Cruz, Recife,
PE, Brasil
Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, Beatriz Gonçalves Miron,
Luiz Fernando dos Reis Falcão, Guinther Giroldo Badessa Justificativa e objetivos: A via aérea difícil é um dos principais desa­
fios na prática anestésica. Dispositivos de videolaringoscopia estão
CET do Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista (GAAP) do
sendo aprimorados, tornando-se práticos e de fácil acesso, possibi-
Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
litando seu uso em situações de vias aéreas críticas, que dificultam
Justificativa e objetivos: De acordo com a Sociedade Americana a laringoscospia direta (LD). O objetivo deste estudo foi comparar a
de Anestesiologistas (ASA), entre as principais causas de morbidade visualização das estruturas laríngeas e a intubação orotraqueal (IOT)
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S199

em modelo de lesão de coluna cervical, com uso de laringoscópio va-máscara, com melhora de todos os parâmetros ventilatórios.
convencional e com o videolaringoscópio (VDL) VividTrac®. Realizada nova IOT com tubo orotraqueal na qual iniciou novamente
Método: Estudo descritivo e observacional com 57 residentes de queda da saturação e escape de ar em orofaringe; optou-se por pas-
anestesiologia, comparando duas técnicas de IOT: LD com lâmina de sagem de máscara laríngea e ventilação assistida, com melhora dos
Macintosh e com o uso do VDL. As variáveis pesquisadas foram: ano parâmetros ventilatórios e da saturação. Por suspeita de FTE, o RN
de residência médica, tempo de prática em laringoscopia, número foi reencaminhado para UTI neonatal ventilando espontaneamente
de tentativas, tempo e sucesso na IOT, Grau de Cormack-Lehane com boa saturação em suporte de O2, revelando presença de FTE em
modificado, contato com a arcada dentária, necessidade de mano- exames subsequentes.
bras associadas, uso de fio-guia e experiência pessoal com o uso de Discussão: A FTE se manifesta no RN dentro de horas a dias de vida.
VDL. A margem de erro utilizada nas decisões dos testes estatísticos Considerada uma anomalia cirurgicamente corrigível dos sistemas
foi de 5%. gastrintestinal e respiratório, as considerações de anestesia pe-
Resultado: Dos participantes, 41 (71,9%) eram do segundo ou ter- rioperatória são de extrema importância para o anestesiologista.
ceiro ano de residência e 36 (63,2%) declararam ter até dois anos A prematuridade e as anormalidades congênitas graves associadas
de prática em laringoscopia; 40 (70,2%) já tinham utilizado VDL continuam a ser os maiores contribuintes para a mortalidade as-
anteriormente, e desses, 15 (37,5%) referiram o uso do VividTrac®. sociada à FTE. Precisamos colocar a ponta do tubo endotraqueal
Em relação ao manuseio, 46 (78,9%) julgaram como fácil o manuseio (TET) abaixo da fístula, mas acima da carina, para garantir proteção
do VividTrac®, e 56 (98,2%) utilizariam o dispositivo novamente. O das vias aéreas, ventilação adequada e evitar a dilatação gástrica
tempo para intubação traqueal foi superior com VDL, porém sem durante a ventilação por pressão positiva. A dificuldade reside em
diferença estatística significativa (1,48 ± 2,04 vs. 1,36 ± 0,88; p = manter a posição adequada do TET durante a manipulação cirúrgica.
0,558). O sucesso na primeira tentativa de IOT foi estatisticamente Para prevenir a dilatação gástrica de RN, recomenda-se a aplicação
superior com o VDL (46, 80,7% vs. 24, 42%; p < 0,01). Sete (12,3%) de um cateter de embolectomia com ponta de balão ou um cateter
participantes não conseguiram sucesso na intubação com LD, e cin- Fogarty com auxílio de broncoscópio de fibra óptica para ocultar
co (8,8%) não obtiveram sucesso com o VDL (p = 0,754). Quanto à o TET. Na maioria dos centros médicos brasileiros, no entanto, o
visualização das estruturas glóticas, 56 (98,2%) classificaram como broncoscópio pediátrico de fibra óptica pode não estar disponível,
Cormack-Lehane I e IIa com o uso do VDL e 21 (36,8%) com a LD, de- e esse procedimento é demorado. Existe necessidade urgente de
monstrando melhor visualização com o primeiro método (p < 0,001). encontrar uma estratégia para resolver esse problema, ainda mais
Houve contato com a arcada dentária na tentativa de intubação por quando se depara com o encontro acidental de tal diagnóstico.
25 (43,9%) durante LD e seis (10,5%) com o VDL (p = 0,001). Dezeno- Referências:
ve (33%) dos participantes necessitaram de manobras associadas na 1. Diaz LK, Akpek EA, Dinavahi R, Andropoulos DB. Tracheoeso-
LD, não sendo necessárias tais manobras com o VDL. phageal fistula and associated congenital heart disease: impli-
Conclusões: O VividTrac® melhorou a visualização de estruturas gló- cations for anesthetic management and survival. Ped Anesth.
ticas sem modificar significativamente o tempo e o sucesso para 2005;15:862-9.
IOT, não sendo necessário o uso de manobras acessórias na amostra 2. Al-Rawi O, Booker PD. Oesophageal Atresia and Tracheoesopha-
avaliada. geal Fistula. Continuing Education in Anaesthesia. Critical Care
Referências: Pain. 2007;7:15-9.
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BMC Anesthesiol. 2012;12:32.
Eduardo Lopes Machado*, Florentino Fernandes Mendes,
Liége Caroline Immich, Sergio Luis Amantea, Jorge Luigi Gomes Orso
TLO964 COMPLICAÇÃO VENTILATÓRIA POR FÍSTULA Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
TRAQUEOESOFÁGICA EM ANESTESIA PARA REABORDAGEM (UFCSPA), Porto Alegre, RS, Brasil
DE DERIVAÇÃO VENTRÍCULO EXTERNA EM NEONATO Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto
Harold Maluf Barretto, José dos Santos, Alegre, RS, Brasil
Marllon Lanzuerksy Romio Brandão Barros, José Carlos Santos Júnior, Introdução: A intubação traqueal (IT) é etapa importante da anes-
Stenio Costa Almeida*, Luísa Domingues Aguiar Marinho tesia, e pode estar associada a eventos com elevada morbimor-
talidade. A ocorrência de complicações respiratórias em obesos
Complexo Hospitalar Ouro Verde, Campinas, SP, Brasil
decorrentes da IT tem sido bem documentada. Em um cenário de
Introdução: O recém-nascido (RN) que apresenta fístula traqueoe- mudanças globais no perfil da população, a obesidade tem cons-
sofágica (FTE) não diagnosticada com toda certeza acarretará em tituído um problema de saúde pública de caráter epidêmico, e a
complicação ventilatória, podendo ser fatal quando imperceptível e técnica de acesso à via aérea (VA) carece de padronização. Diante
duvidosa para o anestesiologista. disso, elaboramos um estudo para comparar o grau de exposição da
Relato de caso: RN com idade corrigida de 38 semanas, 1,8 kg, sub- VA em obesos.
metido à reabordagem de derivação ventrículo externa (DVE) por Metodologia: Delineou-se um estudo do tipo quase-experimento e
hidrocefalia, sem outros diagnósticos definidos; recebido intubado foram incluídos os obesos candidatos à cirurgia bariátrica. Foram
e em ventilação espontânea com suporte de O2, saturando 99%, com submetidos a um protocolo padronizado e coletada fotografia da VA:
frequência de 150 bpm, descorado 1+/4+, recebendo dexmedetomi- etapa 1 – com o coxim interescapular e laringoscopia com Trueview
dina em BIC. Iniciada anestesia balanceada sem uso de BNM, seguida PCD; etapa 2 – com coxim e laringoscópio lâmina curva Macintosh;
de ventilação assistida e posicionamento, quando houve dessatu- etapa 3 – sem o coxim e uso do laringoscópio lâmina curva Macin-
ração sem melhora da ventilação com pressão positiva. Detectada tosh; etapa 4 – sem o coxim e uso do laringoscópio Trueview PCD.
expansividade limitada de ambos hemitórax e escape de ar pela As imagens coletadas foram randomizadas e dois anestesiologistas,
orofaringe; retirou-se o tubo e iniciou-se ventilação com bolsa-val- de maneira independente, cegados em relação ao dispositivo como
S200 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

para o uso do coxim interescapular, as classificaram de acordo com a Discussão: O EPNN é uma complicação potencial a ser considerada
escala de Cormack-Lehane clássica. Para evitar possíveis vieses, os em jovens saudáveis, como no caso, que são capazes de gerar altas
pacientes foram submetidos à anestesia venosa total padrão. pressões negativas em resposta a uma via aérea obstruída. A patogê-
Resultado: Foram incluídos 33 pacientes: etapa 1 – Cormack-Leha- nese é multifatorial, envolve a inspiração contra a glote fechada e
ne I = 32 (97%), II = 1 (3%), III = 0 (0%), IV = 0 (0%); etapa 2 – I = 19 a geração de uma pressão subatmosférica alta com consequente au-
(57,6%), II = 7 (21,2%), III = 6 (18,2%), IV = 1 (1%); etapa 3 – I = 16 mento do retorno venoso e transudação de líquido para o interstício
(48,5%), II = 6 (18,2%), III = 10 (30,3%), IV = 1 (3%); etapa 4 – I = 31 pulmonar. Hipóxia e agitação associados ao quadro desencadeiam a
(93,9%), II = 2 (6,1%), III = 0 (0%), IV = 0 (0%). liberação de catecolaminas, que resultam no aumento da pré-carga
Discussão: O uso do videolaringoscópio Trueview PCD com coxim e pós-carga associados à queda do débito cardíaco. O EPNN é clas-
interescapular padrão obteve os melhores resultados (etapa 1), en- sificado em tipo I, quando resultante de obstrução de vias aéreas
quanto o uso de laringoscópio de lâmina curva Macintosh sem uso de superiores secundárias (por exemplo, laringoespasmo, hipotonia
coxim (etapa 3) apresentou o pior escore. Essa diferença é estatisti- residual por anestésicos). O tipo II ocorre quando há desobstrução
camente significativa em alguns estratos que apresentam preditores de quadro crônico de vias aéreas com consequente perda de auto
para VAD: sexo masculino (p = 0,009) e escore Mallampati III e IV (p = PEEP, como no caso de cirurgias de exérese de tumores. O diagnós-
0,009). Nossa pesquisa não mostrou diferença quanto à mudança de tico é clínico; diagnósticos diferenciais possíveis são broncoespas-
visualização da VA relacionada ao IMC, dado corroborado por outros mo, pneumonite aspirativa e edema por sobrecarga hídrica. O EPNN
estudos. é súbito, mas pode retardar em até quatro horas após fenômeno
Conclusão: Nosso estudo apontou que o videolaringoscópio True- obstrutivo. É autolimitado, em geral se resolve em 12-24 horas e o
view PCD em associação ao uso do coxim interescapular padroniza- tratamento é de suporte.
do obteve os melhores resultados, com visualização completa da via Referências:
aérea (Cormack-Lehane I ou II) em 100% dos pacientes. 1. Bhattacharya M, Kallet RH, Ware LB, Matthay MA. Negative pres-
Referências: sure pulmonary edema. Chest. 2016;150:927-33.
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and tracheal intubation. Anesth Analg. 2002;94:732-6.
Gustavo Simões Barbosa*, Priscila Pinto Máximo Balieiro,
Lilian Satie Ykeizumi, Anastácia Poliana dos Reis Fiorim,
TLO031 EDEMA PULMONAR POR PRESSÃO NEGATIVA – Paulo Roberto de Alcântara Aguiar, Norival Alves Spineti
RELATO DE CASO Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Mônica Braga da Cunha Gobbo TSA, Isabela da Costa Vallarelli*, Introdução: A incapacidade de se proceder à intubação orotraqueal
Karolynne Myrelly O.B.Figueiredo Saboia, Daniela Chinelato (IOT) sob laringoscopia direta por vezes expõe o anestesiologista à
Marcelino, Letícia Aparecida Ferreira, Bárbara Monteiro Moreira necessidade de atuação emergencial, com maior possibilidade de
êxito ao dispor de dispositivos auxiliares para assegurar a permeabi-
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
lidade da via aérea. Entre esses, o guia Bougie tem a vantagem de
Campinas, SP, Brasil
ser um dispositivo simples e pouco dispendioso. Múltiplos empregos
Introdução: O edema pulmonar por pressão negativa (EPNN) é uma têm sido descritos, entretanto sem ênfase no uso como guia para a
complicação pós-anestésica rara, porém potencialmente fatal, que intubação nasotraqueal.
pode agravar procedimentos cirúrgicos de morbidade baixa. O tra- Relato de caso: VPM, sexo feminino, 60 anos de idade, 1,60 m,
tamento precoce e a prevenção são fundamentais. 75 kg, com diagnóstico de hidrocefalia de pressão normal e indica-
Relato de caso: KRF, 15 anos de idade, 53 kg, 1,72 m, sexo mas- ção de derivação ventrículo-peritoneal, portadora de hipertensão
culino, ASA I, laboratoriais prévios e eletrocardiograma sem alte- arterial sistêmica, hipotireoidismo, dislipidemia e obesidade grau I,
rações, foi submetido à cirurgia de timpanoplastia. Utilizados na em uso regular de hidroclorotiazida, enalapril, sinvastatina e levo-
indução midazolam 2 mg, fentanil 200 mcg, propofol 150 mg e tiroxina. Nega procedimentos anestésicos prévios. A avaliação pré-
rocurônio 50 mg e realizada intubação sem intercorrências. Rea- anestésica observou abertura limitada de boca, incisivos centrais
lizada infiltração local no início por cirurgião; manutenção fei- superiores longos, pescoço curto, restrição de mobilidade cervical e
ta com propofol e remifentanil em infusão contínua. Paciente se Mallampati IV. Após admissão em sala operatória, procedeu-se à pré-
manteve estável com hidratação adequada. Durante extubação, oxigenação e indução anestésica com fentanil 400 mcg, lidocaína 80
apresentou quadro de esforço respiratório e agitação, com neces- mg, propofol 150 mg e succinilcolina 100 mg. Realizadas seis tenta-
sidade de infusão de propofol e ventilação sob pressão positiva. tivas de IOT sob laringoscopia direta – as duas primeiras pelo ME 3
Em segundo despertar, ocorreu quadro similar ao primeiro, com e as demais por dois staff diferentes em duas tentativas cada, sem
remissão espontânea. Após 30 minutos, já em sala de recupera- sucesso. Tentado auxílio do videolaringoscópio Glidescope® por qua-
ção pós-anestésica, o paciente apresentou perda súbita de cons- tro vezes, também sem sucesso. Após nova dose de succinilcolina
ciência, dessaturação, taquicardia e hipertensão, com estertores 100 mg e propofol 50 mg, optou-se por uso do videolaringoscópio da
difusos à ausculta pulmonar. Oferecido oxigênio e administrado marca King Vision® que, apesar de possibilitar visualização da glote,
furosemida. Realizado raio X de tórax, no qual foi detectado in- não tornava possível o direcionamento do tubo orotraqueal (TOT)
filtrado intersticial difuso, além de eletrocardiograma e enzimas mesmo com uso do Bougie. Por fim, optou-se pelo uso deste guia via
miocárdicas, sem alterações. Encaminhado ao leito com índice de nasal assistido pelo King Vision®, quando foi possível a passagem de
Aldrete e Kroulik de 10. Paciente teve alta no dia seguinte com TOT 7,5 mm com cuff pela narina direita, o qual foi acoplado à ven-
investigação cardiológica negativa. tilação mecânica volume controlado, acrescida de sevoflurano para
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S201

a manutenção da anestesia. O procedimento teve duração de 90 TLO482 EXPERIÊNCIA DOS ANESTESIOLOGISTAS EM


minutos, com parâmetros ventilatórios e hemodinâmicos estáveis. INTUBAÇÃO TRAQUEAL NO PACIENTE ACORDADO
Ao final, o bloqueio neuromuscular foi revertido com sugammadex
Luana Nobre de Abreu Carvalho,
200 mg, e a extubação ocorreu sem intercorrências.
Discussão: O guia Bougie utiliza técnica simples, com baixo custo e Vanessa Cristina Vieira Silva da Câmara*,
grande taxa de sucesso. Desenvolvido para auxiliar na IOT, mostra- Bianca Jugurta Vieira de Lima Alves, Louise Farias Brito,
se eficaz em casos de via aérea difícil. No presente caso, seu uso foi Rafael Lucena Landim, Tania Cursino de Menezes Couceiro
essencial como auxílio de métodos considerados mais sofisticados e, Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
embora não possibilite dispensar os demais equipamentos adjuntos, Recife, PE, Brasil
este relato reforça a importância de incluí-lo entre os artefatos dis-
poníveis em qualquer ambiente hospitalar. Introdução: A intubação no paciente acordado é uma opção para o
Referências: manejo da via aérea difícil (VAD) antecipada, além de também ser
1. Arisaka H, Sakuraba S, Furuya M, et al. Application of gum elastic indicada em diversas situações de urgência e emergência. Por ser
bougie to nasal intubation. Anesth Prog. 2010;57:112-3. empregada com menor frequência e por sua grande variabilidade
2. Márcio de PM, José MSM, Oscar CP. Controle da Via Aérea. Rio de nas técnicas utilizadas, muitos anestesiologistas podem sentir in-
Janeiro: Sociedade Brasileira de Anestesiologia/SBA, 2012; p.21- segurança em sua realização. Conhecer a formação, a técnica e as
30; p.174-85. dificuldades encontradas pelos profissionais nesse procedimento é
importante para garantir uma prática anestésica mais segura.
Objetivos: Avaliar a segurança adquirida durante o período da re-
TLO785 ESTUDO COMPARATIVO DA PERFORMANCE sidência médica em intubação em paciente acordado, descrever
a técnica anestésica de preferência e identificar as complicações
CLÍNICA E DO POSICIONAMENTO FIBROSCÓPICO DE
ocorridas.
QUATRO DISPOSITIVOS SUPRAGLÓTICOS
Métodos: Após aprovação pelo Comitê de Ética e assinatura do Ter-
Ana Júlia Souto Barreto Rezende*, Ricardo Zanlorenzi, mo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes, foi
Mauricio do Amaral Neto, Guinther Giroldo Badessa, realizado estudo de corte transversal prospectivo envolvendo os
Luiz Fernando dos Reis Falcão médicos anestesiologistas da instituição. Foi desenvolvido questio-
nário em que se buscou avaliar a experiência dos participantes com
CET do Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista (GAAP) do
a técnica de intubação em paciente acordado. Todas as informa-
Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
ções coletadas foram registradas, e realizada dupla digitação para
Justificativa e objetivos: O manuseio da via aérea é um dos aspectos reduzir erros na entrada dos dados. A análise foi realizada com o
mais importantes da anestesiologia, terapia intensiva e emergência. programa estatístico STATA 12.1 SE.
Dispositivos supraglóticos são úteis no manuseio da via aérea difícil Resultado: Foram aplicados 100 questionários, todos preenchidos
(VAD), fazendo parte dos consagrados algoritmos de VAD do mundo adequadamente. Quanto à formação na residência médica, ape-
(Difficult Airway Society e American Society of Anesthesiologists). nas 4% dos participantes referiram segurança em todos os aspectos
Entretanto, por razão dos diversos dispositivos disponíveis no mer- abordados relativos à técnica de intubação em paciente acordado. A
cado, postulamos que deve haver diferenças em sua performance via de acesso oral foi preferida por 98% dos participantes; emprego
clínica. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar quatro diferentes da anestesia local/bloqueio de nervos da via aérea e uso de equi-
dispositivos em relação à sua eficácia e usabilidade. pamentos auxiliares foram relatados por 93% e 78% dos anestesio-
Métodos: Estudo prospectivo com 60 pacientes maiores de 18 anos, logistas, respectivamente. Em relação aos fármacos empregados, a
ASA I-IV, submetidos a procedimentos em que a via aérea foi mane- maioria referiu não usar antissialagogo (58%); as medicações mais
jada por meio de dispositivos supraglóticos. Foi realizada avaliação administradas para a sedação de paciente foram o uso combinado
fibroscópica e da performance clínica de quatro diferentes dispositi- de midazolam e fentanil. Entre as complicações relatadas, 45% re-
vos supraglóticos (LMA-Unique, Air-Q, i-Gel e AMBU Aura-i) que eram feriram a necessidade de mais de uma tentativa para obter sucesso
escolhidos de maneira randomizada para serem utilizados em cada na intubação (dificuldade mais prevalente, seguida por acessos de
indivíduo, sendo divididos de maneira proporcional (15 pacientes tosse e crise hipertensiva).
para cada modelo). Todas as técnicas de inserção foram realizadas Conclusão: Evidencia-se a necessidade da implementação de pro-
de forma padronizada. gramas de desenvolvimento de habilidades para a realização da téc-
Resultado: Entre os 60 casos realizados, 34 (56,7%) dos pacientes nica de intubação traqueal em paciente acordado nos programas de
era do sexo masculino e 26 (43,3%) do sexo feminino; 56 (93,3%) residência médica. Houve grande variabilidade da técnica anesté-
dos procedimentos foram urológicos. De todas as inserções de dis- sica de preferência, esperada pelas diversas opções, evidenciando
positivos supraglóticos, nove (15%) tiveram reação no momento da sucesso existente na literatura. Várias complicações foram relata-
inserção, e apenas um paciente apresentou laringoespasmo como das, as mais frequentes de menor gravidade, que não desqualificam
complicação. A média de tempo de inserção entre os dispositivos a segurança do procedimento.
não obteve diferença com significância estatística, assim como vi- Referência:
são endoscópica e facilidade de inserção. A visão fibroscópica mais 1. Law JA, Morris IR, Brousseau PA, Ronde S, Milne AD. The inciden-
frequente foi a grau III, em 25 casos (41,7%). A máscara Air-Q se ce, success rate, and complications of awake tracheal intubation
destacou em relação às demais ao mostrar um pressão de vedação in 1,554 patients over 12 years: an historical cohort study. Can J
média de 32,5 ± 4,5 cm H2O; i-Gel apresentou média de 27,7 ± 4,8 Anesth. 2015;62:736-44.
cm H2O, AMBU de 29,6 ± 4,1 cm H2O e LMA de 26,5 ± 5,1 cm H2O.
Conclusões: Foi possível observar grande semelhança entre os qua-
tro dispositivos avaliados, com baixo índice de complicações, visão TLO058 FALHA DE REINTUBAÇÃO PRECOCE APÓS
fibroscópica satisfatória e pressões de via aérea média suficientes EXTUBAÇÃO EM PROSTATECTOMIA ROBÓTICA
para adequada ventilação mecânica. Raphael de Freitas Silva*, Thales de Abreu Tedoldi,
Referência:
Kelson Sousa Jacobina, Marcus Vinicius Figueiredo Lourenço,
1. Brimacombe J, Berry A. A proposed fiber‐optic scoring system to
Luiz Guilherme Villares da Costa
standardize the assessment of laryngeal mask airway position.
Anesth Analg. 1993;76:457. Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
S202 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Introdução: A cirurgia robótica vem se tornando frequente no am- situações de VAD na prática clínica. Com isso, cada vez mais há
biente cirúrgico de grandes centros, principalmente em cirurgias necessidade de seguirmos protocolos e algoritmos bem-definidos.
oncológicas urológicas. Portanto, as complicações relacionadas ao Justificativa e objetivos: Organizar e orientar o raciocínio do
posicionamento, à ventilação e à hemodinâmica devem ser reco- manejo frente a uma situação de VAD por meio de treinamento teó-
nhecidas e manejadas pela equipe. rico-prático, bem como pelo desenvolvimento de habilidades com
Objetivos: Revisar e discutir as complicações relacionadas ao posi- novas tecnologias, a fim de melhorar a segurança e a qualidade do
cionamento na cirurgia robótica, bem como relatar conduta frente atendimento ao paciente cirúrgico de nossa instituição.
à dificuldade de manejo de via aérea ao término do procedimento. Método: Para a gestão desse processo criou-se um grupo de trabalho
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 64 anos de idade, em VA em nosso Serviço de Anestesiologia e definiu-se estratégia
85 kg, 1,75 m, hipertenso, Mallampati IV, distância interincisivos de melhoria do processo em quatro etapas: etapa 1: confecção de
menor que 3 cm, macroglossia, circunferência cervical maior que protocolos adaptados à realidade da nossa instituição; etapa 2: le-
40 cm, sem preditores de ventilação difícil, portador de neoplasia vantamento das necessidades para o atendimento da VAD, elabo-
prostática, internado para realização de prostatectomia robóti- ração de um módulo móvel contendo os materiais e equipamentos
ca eletiva. Admitido em sala operatória, monitorizado com car- específicos para essa abordagem; etapa 3: treinamento do grupo de
dioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva, sem VA em workshops nacionais e internacionais; etapa 4: treinamento
medicação pré-anestésica. Puncionado acesso venoso periférico, de habilidades e simulação realística de casos de VAD para todos os
iniciada denitrogenação e infusão de dexmedetomidina 0,3 mcg/ anestesiologistas.
kg/h. Em seguida, administrados fentanil 150 mcg, xilocaína 2% Resultado: Até o momento, foram realizadas 12 reuniões e con-
sem vasoconstrictor 100 mg, propofol 160 mg e rocurônio 100 mg, feccionados quatro protocolos assistenciais: VAD prevista, VAD não
seguidos de intubação orotraqueal, auxiliado por videolaringoscó- prevista, VAD duvidosa e extubação em situação de risco. Foram
pio e sonda guia. Durante o procedimento, infundidos 1.500 mL de realizadas 240 horas de aperfeiçoamento na habilidade de fibro-
solução cristaloide, com duração de aproximadamente três horas, broncoscopia em parceria com o Serviço de Pneumologia. Nosso Ser-
sem intercorrências. Após aspiração das vias aéreas, reversão do viço de Anestesiologia foi contemplado com dois novos equipamen-
bloqueio neuromuscular, com paciente responsivo e com abertura tos para VAD: videolaringoscópio e fibrobroncoscópio. Foi realizada
ocular, realizada extubação sem intercorrências. Durante trans- capacitação do corpo clínico nos equipamentos recebidos e treina-
ferência para a maca, paciente apresentou disfunção respiratória mento com simulação de casos para todos os anestesiologistas.
seguida de queda de oximetria e taquicardia. Iniciada ventilação Conclusão: A gestão da VAD requer estratégias multimodais para
com bolsa e máscara, sem sucesso. Solicitada ajuda e optado por que haja melhoria na assistência. Apesar de existir protocolos
nova indução anestésica e intubação orotraqueal. No procedimen- internacionais, nunca havia sido realizada a adaptação desses
to, evidenciou-se edema de via aérea, com falha de reintubação, protocolos à realidade de nossa organização. Nosso Serviço de Anes-
mesmo com dispositivo supraglótico. Houve nova tentativa de tesiologia visualizou uma oportunidade de otimização de equipa-
ventilação e IOT com videolaringoscópio, porém sem sucesso. Op- mentos, além de treinamento dos anestesiologistas, o que poderá
tou-se imediatamente por punção critcotireóidea (com kit), mas ser estendido a outros setores da instituição com interesse na área
houve dificuldade de progressão do guia. Nesse ponto, frente à de VA.
deterioração hemodinâmica secundária à respiratória, foi realiza- Referências:
da traqueostomia de urgência. Após medidas, houve estabilização 1. Frek C, Mitchell VS, McNarry AF, et al. Difficult Airway Society
clínica, recebendo oxigênio suplementar por máscara não reina- 2015 guidelines for management of unanticipated difficult intu-
lante, em ventilação espontânea, sendo encaminhado à UTI. O bation in adults. Br J Anaesth. 2015;115:827-48.
paciente recebeu alta hospitalar três dias após o fechamento da 2. Apfelbaum JL, Hagberg CA, Caplan RA, et al. Practice guidelines
traqueostomia. for management of the difficult airway: an updated report by the
Discussão: O posicionamento em cefalodeclive acentuado e prolon- American Society of Anesthesiologists Task Force on Management
gado promove alterações hemodinâmicas, respiratórias e neuroló- of the Difficult Airway. Anesthesiology. 2013;118:251-70.
gicas, tornando esse procedimento desafiador à prática anestési-
ca. Portanto, é necessário um amplo conhecimento das alterações
fisiológicas, de possíveis complicações, bem como conhecimento TLO082 INTUBAÇÃO ACORDADA EM PACIENTE COM
técnico e atualizado para controlar e prevenir complicações, espe- DEFORMIDADE FACIAL: RELATO DE CASO
cialmente como aparelho respiratório.
Quesia Coriolano Macedo*, Auridan Marinho Pessoa Neto,
Francisco Sávio Alves Arcanjo, Gerardo Cristino de Menezes Neto,
TLO910 GESTÃO DA VIA AÉREA DIFÍCIL EM UM SERVIÇO João Paulo Rios Alves, André Pinho Sampaio
DE ANESTESIOLOGIA DE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: CET Dr. Oziel de Souza Lima, Santa Casa de Misericórdia de Sobral,
ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A SEGURANÇA DOS Sobral, CE, Brasil
PACIENTES SUBMETIDOS À ANESTESIA Introdução: A intubação acordada é indicada em casos com predi-
Marcelo Gustavo Angeletti*, Ana Lúcia Costa Martins, ção de intubação ou ventilação difícil, trauma facial, risco aumen-
Carolina Alboim, Júlia Emília Nunes Pasa, Mônica Moraes Ferreira, tado de aspiração e em pacientes com trauma raquimedular. Para
Luciana Cadore Stefani o sucesso da intubação acordada, é fundamental que o paciente
esteja ciente e cooperativo com o procedimento.
Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia do Serviço
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 65 anos de idade, sem
de Anestesia e Medicina Perioperatória (SAMPE) do Hospital de
comorbidades, 70 kg, jejum de 10 horas, com boa capacidade fun-
Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil
cional, encaminhada ao bloco cirúrgico para realização de retirada
Introdução: Complicações relacionadas ao manejo das vias aéreas de corpo estranho em cavidade nasal (miíase). Paciente apresentan-
(VA) são a principal causa de morte ou dano cerebral permanente do deformidade facial importante devido à cirurgia prévia há 23 anos
relacionada à anestesia. Via aérea difícil (VAD) é a situação na na qual foi retirada a pirâmide nasal por tumor em face. Avaliação
qual o profissional treinado tem dificuldade de realizar a intubação pré-anestésica da via aérea: Mallampati IV, língua grande, extensão
traqueal e/ou a ventilação de um paciente. Apenas o treinamento limitada do pescoço (menos de 35°), distância tireomentoniana 3
apropriado e o raciocínio ágil podem salvar vidas nas catastróficas cm, distância mentoesternal 7 cm. Proposta: intubação traqueal
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S203

acordada seguida de anestesia geral balanceada. Primeiramente, ção com propofol 2 mg/kg, fentanil 3 mcg/kg e rocurônio 0,6 mg/
foi realizada explicação do procedimento e obtido consentimento kg de peso ideal, via endovenosa. Retirado fibroscópio, deixando
da paciente e do familiar (filho). Iniciada dexmedetomedina em o tubo traqueal posicionado e confirmado por visualização endos-
bomba infusora na dose de 1 mcg/kg, durante 10 minutos; realizada cópica. Após bloqueio neuromuscular, a paciente não apresentou
infusão venosa de 150 mg de lidocaína e 2,5 g de sulfato de magné- abertura bucal maior do que a observada no momento pré-indução.
sio em bólus. Foi realizada anestesia tópica com lidocaína spray 10% Foi mantida em plano anestésico com sevoflurano inalatório e remi-
na cavidade oral; procedeu-se então à laringoscopia convencional fentanil em bomba de infusão endovenosa. Procedimento realizado
com cooperação da paciente, e intubação com tubo 7,5 com boa sem intercorrências. Bloqueio neuromuscular antagonizado com
tolerância, confirmada com capnografia. Realizados posteriormente sugamadex 200 mg endovenoso. Extubação com paciente comple-
80 mg de propofol e 6 mg de cisatracúrio. A manutenção da anes- tamente acordada e com reflexos de via aérea preservados, sem
tesia foi realizada com sevoflurano 2% e remifentanil 0,1 mcg/kg/ intercorrências.
min; a dexmedetomedina foi suspensa após a indução. A cirurgia Discussão: Abscessos odontogênicos causam trismo e edema impor-
procedeu, e no fim a paciente foi extubada sem intercorrências. tantes. A fibroscopia possibilitou a visualização das vias aéreas com
Discussão: O manuseio das vias aéreas, tão comum no dia a dia paciente sob sedação leve e com acesso nasal, visto que a limitação
do anestesiologista, pode levar a complicações graves. A avaliação da abertura bucal tornou-se um desafio neste caso. Destaca-se o
pré-anestésica e a identificação de uma via aérea difícil são funda- fato de que não houve melhora na abertura bucal após o relaxamen-
mentais no bom planejamento da anestesia proposta. Na detecção to muscular, o que poderia ter levado a um quadro de “não ventilo,
de uma VAD, uma das condutas preconizadas é a intubação oro- não intubo” após uma indução anestésica inadvertida. A abordagem
traqueal ou nasotraqueal com o paciente acordado, uma técnica das vias aéreas nesses casos depende da experiência do profissional,
segura quando bem indicada. A primeira medida é explicar ao pa- da familiaridade com algoritmos de acesso à via aérea difícil e da
ciente o motivo da intubação acordada e os riscos do procedimento; disponibilidade de dispositivos de via aérea.
segue-se então para a sedação consciente. Pode-se, ainda, fazer Referências:
antissialagogo, anestesia tópica ou bloqueio do nervo laríngeo su- 1. Schumann M, Biesler I, Börgers A, et al. Tracheal intubation in
perior e do ramo lingual do nervo glossofaríngeo. Nesse contexto, a patients with odentogenous abscesses and reduced mouth ope-
sedação leve possibilita o conforto do paciente e mantém a respi- ning. Br J Anaesth. 2014;112:348-54.
ração espontânea. Manter o paciente acordado garante a segurança 2. Darshane S, Groom P, Charters P. Responsive contingency
do procedimento quando a intubação ou o controle da ventilação planning: a novel system for anticipated difficulty in airway ma-
não é garantido. nagement in dental abscess. Br J Anaesth. 2007;99:898-905.
Referências:
1. Lima R, Silva W. Intubação Acordado. In: Martins M. Controle de
Via Aérea. 5.ed. Núcleo SBA Vida. Rio de Janeiro: Sociedade Bra- TLO358 INTUBAÇÃO NASOTRAQUEAL EM PACIENTE COM
silera de Anestesiologia; 2012;103-18. ANQUILOSE DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
2. Miller R, Grosso S. Respiratory Care. In: Miller’s Anesthesia. 7.ed.
Sílvia Rabelo Lage Lamounier*, Thiago Gonçalves Wolf,
New York: Livingstone; 2015;3061-80.
Cláudia Leal Ferreira Horiguchi, Gustavo Henrique de Abreu Caetano,
Paulo César de Abreu Sales, Ana Carolina Marini Minoda Prado
TLP777 INTUBAÇÃO NASAL POR FIBROSCOPIA EM Hospital Universitário Ciências Médicas (HUCM), Belo Horizonte,
PACIENTE COM ABSCESSO ODONTOGÊNICO – RELATO DE MG, Brasil
CASO Introdução: Preditores de via aérea difícil devem ser sempre avalia-
Lucas Valente de Brito Oliveira*, Rodolfo Luciano Cecilio Filho, dos antes do planejamento anestésico, para que a segurança do ato
Fernando Aidar Gomes, Cátia Sousa Govêia, anestésico-cirúrgico seja alcançada.
Gabriel Magalhães Nunes Guimarães, Edson Wander Xavier da Rocha Relato de caso: G.M.S., 50 anos de idade, sexo masculino, sem
comorbidades conhecidas, tabagista e etilista crônico, apresenta
Hospital Universitário de Brasília (HUB), Universidade de Brasília
quadro de dor abdominal progressiva com uma semana de evolu-
(UnB), Brasília, DF, Brasil
ção. Ultrassonografia abdominal revelou coledocolitíase com dilata-
Introdução: Os abscessos em cabeça e pescoço representam risco ção de vias biliares intra e extra-hepáticas. História prévia de duas
de vida no momento da indução anestésica devido às relações com laparotomias (por perfuração de arma branca e, posteriormente,
as vias aéreas, incorrendo na possibilidade de ruptura e broncoas- após um atropelamento – não fornece maiores informações), além
piração de seu conteúdo e na dificuldade do manejo das vias aéreas de hérnia incisional volumosa e sintomática em abdome. Solicitada
pelas alterações anatômicas. Assim, faz-se necessário o planeja- anestesia para colecistectomia aberta + hernioplastia. Ao exame,
mento da abordagem das vias aéreas. paciente emagrecido, agitado, porém colaborativo. Apresenta an-
Relato de caso: Paciente de 64 anos de idade, hipertensa e disli- quilose de ATM, sem nenhuma possibilidade de abertura de boca
pidêmica, com abscesso submandibular de origem odontogênica há – familiares relataram ser decorrente de abandono de tratamento
cinco dias, a ser submetida à drenagem e extração dental de pro- após a fratura pelo atropelamento. Avaliado pela otorrinolaringo-
cesso primário, em caráter de urgência. Avaliação das vias aéreas: logia e cirurgia bucomaxilofacial, indicado apenas tratamento fi-
trismo e abertura bucal reduzida (< 2 cm). Iniciada sedação intrave- sioterápico. Optou-se por anestesia geral opioide free, intubação
nosa com dexmedetomidina, dose de ataque 1 mg/kg em 10 minu- nasal com fibroscópio em paciente acordado, associadas a cateter
tos e manutenção de 0,7 mcg/kg/h. Equipe cirúrgica de prontidão de peridural para analgesia pós-operatória. Iniciado o procedimento
para realização de cricotireoidostomia de emergência. Anestesia anestésico com administração venosa contínua de dexmedetomidi-
translaríngea com 5 mL de lidocaína 2% sem vasoconstrictor, asso- na 0,7 mcg/kg/h e posterior punção lombar com passagem de cate-
ciada à lidocaína gel em narina direita. Realizada broncofibroscopia ter de peridural. Realizado bloqueio transcricotireoidiano, lidocaína
nasal sob respiração espontânea e sedação com dexmedetomidina. spray pelas fossas nasais e procedeu-se à passagem do fibroscópio
Após visualização de pregas vocais, aplicados na glote mais 5 mL de e tubo nasotraqueal com sucesso. Logo após, paciente foi sedado e
lidocaína 2% sem vasoconstrictor pela via acessória do fibroscópio. curarizado, administrados sulfato de magnésio e lidocaína 2% EV, e
Introduzido dispositivo até visualização de carina, sem reflexo de ropivacaína 1% pelo cateter de peridural. Paciente permaneceu he-
tosse. Avançado tubo nasotraqueal 7,0 e insuflado balonete. Indu- modinamicamente estável e com bom padrão ventilatório durante
S204 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

todo o procedimento. Extubado sem intercorrências e sem queixas. aliado à intubação acordado, é considerado atualmente como padrão
Evoluiu sem dor ou outras queixas nas primeiras 24 horas. Realizado ouro da VAD prevista. É imprescindível uma consulta pré-anestésica
repique apenas com morfina 2 mg e optado por retirada do cateter para orientação do paciente, objetivando colaboração no momento
devido à agitação e risco de evasão hospitalar do paciente. Perma- da intubação e explicação dos riscos relacionados à técnica.
neceu sem queixas de dor durante todo o pós-operatório, ganhando Referências:
alta da cirurgia geral após dois dias. 1. Etemadi SH, Bahrami A, Farahmand AM, et al. Sitting Nasal In-
Referências: tubation With Fiberoptic in an Elective Mandible Surgery Under
1. Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al. Miller’s Anesthesia. 8.ed., General Anesthesia. Anesthesiol Pain Med. 2015;5:e29299.
2015. Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthe- 2. Apfelbaum JL, Hagberg CA, Caplan RA, et al. Practice Guide-
sia. 7.ed. 2013. lines for Management of the Difficult Airway. Anesthesiology.
2. Cangiani LM, Slullitel A, Potério GMB, et al. Tratado de Anestesio- 2013;118:251-70.
logia. 2011.
3. Kovacs G, Law AJ, Petrie D. Awake fiberoptic intubation using an
optical stylet in an anticipated difficult airway. Ann Emerg Med. TLO474 INTUBAÇÃO RETRÓGRADA SOB SEDAÇÃO EM
2007;49:81-3. PACIENTE COM VIA AÉREA DIFÍCIL – RELATO DE CASO
4. Morgan Jr GE, Mikhail MS, Murray MJ. Clinical Anesthesiology.
José Augusto Buendia Melo*, Christian da Silva Pinho,
3.ed. New York: Langone Medical Books/Mcgraw-Hill, 2002.
Giordana Oliveira Rotella, Bruno Mendes Carmona,
José Mariano de Melo Cavaleiro de Macedo, Bruno Oliveira de Matos
TLP152 INTUBAÇÃO NASOTRAQUEAL POR FIBROSCOPIA Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
EM PACIENTE COM VÁRIOS PREDITORES DE VIA AÉREA
Introdução: A obtenção de via aérea definitiva em paciente com via
DIFÍCIL
aérea difícil (VAD) constitui um grande desafio ao anestesiologista,
Rodolfo Antonio Straioto Q.Cavalcante*, principalmente quando não se dispõe de equipamentos mais avan-
Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo, Leandro Criscuolo Miksche, çados como videolaringoscópio ou broncofibroscópio flexível, o que
Eduardo Barbin Zuccolotto, Cirilo Haddad Silveira, ainda é uma realidade na maioria dos hospitais brasileiros. Nesse
Guilherme Meirelles Leite R. da Silva, contexto, a intubação retrógrada continua sendo uma alternativa
minimamente invasiva, de baixo custo, segura e extremamente útil
Clinica de Anestesiologia de Ribeirão Preto (CARP), Ribeirão para casos de VAD reconhecida ou suspeita, quando não se conta
Preto, SP, Brasil com o auxílio da broncoscopia flexível.
Introdução: A via aérea difícil (VAD) é um dos temas mais importan- Relato de caso: Homem, 53 anos de idade, 70 kg, estado físico ASA
tes com que os anestesiologistas têm que lidar. Quando é prevista, P1, portador de anquilose da articulação temporomandibular (ATM)
exige um plano de ação do anestesiologista tanto ao dispositivo que e cirurgia proposta de artroplastia interposicional, seguida de coro-
será utilizado quanto ao tipo de indução anestésica. A intubação em noidectomia. Previsão de via aérea difícil devido à abertura de boca
paciente acordado sob fibroscopia é considerada o padrão ouro da de 1,5 cm; retrognatismo moderado e distância mentoesternal de
maioria das situações de VAD. 10 cm. Exames pré-operatórios normais. Durante a avaliação pré-
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 60 anos de idade, anestésica, o paciente foi orientado e concordou com técnica de
aposentado, ex-trabalhador rural, hipertenso controlado, agenda- intubação proposta. Após monitoração, venóclise e oxigenação, foi
do para realizar cirurgia de retirada de material de síntese sub- sedado com midazolam 3 mg e fentanil 50 mcg. Realizados bloqueio
mandibular. Tem história prévia de câncer de laringe há 30 anos, do nervo laríngeo superior e instilação de lidocaína 2% intratraqueal
submetido à laringectomia total, hemimandibulectomia direita, através da membrana cricotireóidea, por onde foi introduzido ca-
traqueostomia, radioterapia e cirurgias com rotação de retalho teter venoso 16 G em direção cefálica em 45°, e, através deste,
muscular. Identificada VAD ao exame: abertura bucal diminuída, progrediu-se um cateter de peridural 18 G em direção até que este
flexão e extensão de pescoço limitadas, distância esterno-mento saísse pela boca. Em seguida, este foi tracionado em ambas as ex-
< 12,5 cm, distância tireomento < 6 cm, distância interincisivos < tremidades e progrediu-se um tubo endotraqueal 7,5 mm até que
3 cm, complacência retromandibular diminuída. Realizada medica- este estivesse posicionado dentro da traqueia (confirmado pelos
ção pré-anestésica com escopolamina 20 mg EV. Em sala operatória, ruídos respiratórios e capnografia). Logo após, seguiu-se indução
realizada venóclise e monitorização básica recomendada. Optou-se anestésica habitual com propofol, fentanil e rocurônio. A cirurgia
por intubação nasotraqueal por fibroscopia com paciente levemen- durou 170 minutos e não teve intercorrências. Ao término, o pacien-
te sedado. Após oxigenação com máscara facial a 5 L minutos e FIO2 te apresentava ventilação espontânea, foi extubado após despertar
100%, foram injetados 5 mcg de sufentanil e 2 mg de midazolam; e responder a comandos verbais, sendo, em seguida, encaminhado
realizada anestesia tópica com lidocaína spray 10% e instilação de à SRPA sem queixas.
oximetazolina nasal. Realizada então a passagem do fibroscópio Discussão: Cabe ao anestesiologista desenvolver táticas para abor-
por via nasal e intubação com sonda aramada (número 7) sem in- dagem de VAD, mesmo em situações adversas com poucos recursos
tercorrências, confirmada por capnografia e subsequente indução disponíveis. O caso descrito demonstra que a intubação retrógrada,
anestésica com 100 mg de propofol, 35 mcg de sufentanil, 40 mg quando bem indicada, continua sendo uma opção segura para abor-
de rocurônio e mantida a anestesia com infusão alvo-controlada de dagem da VAD com o paciente consciente, pois mantém a ventilação
propofol e remifentanil. Ao fim, administrou-se dipirona 2 g, nau- espontânea, o tônus dos esfíncteres esofagianos, com redução do
sedron 4 mg e revertido o bloqueio neuromuscular com sugamadex. risco de refluxo e, em caso de insucesso, na intubação o paciente
Após procedimento com duração de 120 minutos, o paciente foi não corre o risco de sofrer hipóxia, pois respira espontaneamente.
extubado sem intercorrências e encaminhado à SRPA eupneico e Referências:
hemodinamicamente estável. 1. Junior FBP, Tunes RS, Silva ALR. Temporomandibular Joint
Discussão: O reconhecimento da VAD é um passo importante, pois por Ankylosis Caused by Gunshot: a Case Report. Rev Cir Traumatol
meio dele serão traçados os planos de abordagem para a manutenção Buco‑Maxilo-Fac. 2005;5:37-42.
da via aérea segura. A intubação de paciente acordado, quando pos- 2. Heck JR, Martins FK, Tsukazan MTR, et al. Intubação orotraqueal
sível, possibilita ao anestesiologista mais segurança, pois o paciente com tubo de duplo-lúmen pela via retrógrada. Rev Bras Aneste-
permanece em respiração espontânea. O uso de fibroscópio flexível, siol. 2011;61:474-8.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S205

TLP255 INTUBAÇÃO SUBMENTONEANA EM TRAUMA Introdução: O tratamento cirúrgico de alguns tumores de cabeça e
MAXILOFACIAL EXTENSO pescoço pode resultar em formação de neocavidade. O caso em tela
demonstra a evolução de um tumor mucoepidermoide de parótida,
Ana Luiza Sá Pinto da Nóbrega Lucena*, Cleber Wagner de Carvalho,
já em segunda abordagem para tratamento paliativo de áreas de
Alexandre Rimuardo de Barros Padilha, Joice Dayane Tavares, necrose. A neocavidade resultante do primeiro tratamento permitia
Celso Schmalfuss Nogueira, João Garcia a visualização da epiglote. Utilizou-se para abordagem da via aérea
Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia da Irmandade o broncofibroscópio óptico (BFO).
da Santa Casa de Misericórdia de Santos, Santos, SP, Brasil Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 43 anos de idade, IMC
15,4 kg/m2, ASA III, portadora de tumor mucoepidermoide de paró-
Introdução: O manejo da via aérea em traumas maxilofaciais tida esquerda, com duas abordagens cirúrgicas prévias para ressec-
extensos permanece como um desafio, mesmo para o anestesiologista ção tumoral, tendo recebido radioterapia e quimioterapia. Paciente
experiente. A intubação submentoneana continua como alternativa apresentou recidiva da doença, necessitando de traqueostomia e
útil, apesar de possíveis consequências, tais como sangramento, gastrostomia para cuidados paliativos. Na SO, após aplicação do
enfisema subcutâneo, estenose traqueal, lesão do nervo laríngeo protocolo de cirurgia segura da instituição, monitorou-se a paciente
e fístula esôfago-traqueal. Introduzida por Hernandez Altemir em de acordo com a Resolução nº 1.802/2006 do CFM. Realizou-se anes-
1986, ela suplanta a traqueostomia por ser uma técnica rápida, sim- tesia tópica via punção da membrana cricotireóidea com lidocaína
ples e segura, com menos efeitos adversos, servindo também para (60 mg). Feita intubação orotraqueal, paciente acordada, com au-
pacientes que necessitam de ventilação mecânica por longo tempo, xílio de BFO, via neocavidade facial. Após, indução anestésica com
politraumatizados e traumas neurológico ou torácico severos. fentanil (200 μg), lidocaína (40 mg), propofol (80 mg) e atracúrio
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 19 anos de idade, 70 (20 mg), mantida com sevoflurano (1 CAM). Paciente manteve-se
kg, 1,80 m, ex-tabagista, etilista, ex-usuário de Cannabis sativa, hemodinamicamente estável e não ocorreu qualquer intercorrência
ASA II, com planejamento cirúrgico de osteossíntese de ossos da no peroperatório. A alta hospitalar se deu com 48 horas, seguindo-se
face por trauma panfacial. Monitorado com cardioscópio, pressão em ambulatório multidisciplinar.
arterial não invasiva, oximetria de pulso e capnografia. Realizada
Discussão: Os tumores de glândulas salivares são raros, acometem
pré-oxigenação, indução com fentanil 9 mcg/kg, lidocaína 1,5 mg/
principalmente a parótida e são em sua maioria benignos. O maligno
kg, midazolam 2 mg, propofol 2 mg/kg e succinilcolina 1 mg/kg.
mais comum é subtipo mucoepidermoide, que pode apresentar uma
Procedeu-se à intubação oral, seguida por incisão submentoneana
recidiva local de até 40%.1 O tratamento baseia-se em ressecções
pela equipe de cirurgia, com posterior passagem da extremidade
parciais ou totais da parótida, associadas ou não à QT e RT.1,2 No
distal do tubo aramado 8,0 pelo orifício. Após confirmação de cap-
caso descrito, não houve sucesso no tratamento cirúrgico e clíni-
nografia e murmúrios vesiculares bilaterais e simétricos, fixou-se
co, com uma recidiva local extensa, friável e necrosada. Utilizou-se
o tubo com ponto simples em pele. A manutenção se deu por se-
da BFO para realizar a intubação traqueal, uma vez que havia a
voflurano CAM 1.0 e cisatracúrio 14 mg, com repiques de 6 mg a
possibilidade de grande lesão local e sangramento devido às distor-
cada 50 minutos. Realizada adjuvância com cetamina 0,5 mg/kg.
ções anatômicas ocasionadas pelo tumor, que poderiam ser letais se
Administrados dipirona 2 g, dexametasona 10 mg, ranitidina 50 mg e
realizasse uma laringoscopia convencional. Visualizava-se a epiglote
ondansetrona 8 mg. O paciente tolerou satisfatoriamente o método
através da neocavidade facial à esquerda. Assim, apresenta-se um
empregado. O bloqueio neuromuscular foi revertido com atropina
caso raro, de um tumor extenso de cabeça e pescoço, com via aérea
0,01 mg/kg e neostigmina 0,04 mg/kg, e a extubacão traqueal foi
desafiadora pela intrínseca relação da área tumoral e estruturas
realizada ao atingir um padrão regular de respiração espontânea.
anatômicas nobres, devendo, então, o anestesiologista estar treina-
Discussão: A intubação submentoneana é uma boa alternativa ao
do e preparado para lidar com essas situações adversas. A intubação
manejo das vias aéreas dos pacientes com traumatismo maxilofacial,
acordada com a BFO foi uma técnica eficaz devido à colaboração da
evitando-se traqueostomia cirúrgica, visto que pode ser realizada
paciente, disponibilidade do equipamento e preparação da equipe.
com facilidade e agilidade. No presente caso, estabeleceu-se uma
Referências:
via aérea efetiva, de melhor acesso ao anestesiologista, e espaço
1. Junior AT, Almeida OPA, Kowalski LP. Neoplasia de parótida: aná-
suficiente para o cirurgião manejar e reduzir as fraturas. A simpli-
lise de 600 pacientes atendidos em uma única instituição. Braz J
cidade da técnica, que não requer equipamento especializado ou
Otorhinolaryngol. 2009;75:497-501.
experiência aguçada, torna-a vantajosa, de modo a permitir ao ci-
2. Condutas do INCA/MS. Tumores das glândulas salivares. Rev Bras
rurgião e ao anestesiologista melhor qualidade nos cuidados dispen-
Cancerol. 2002;48:9-12.
sados ao enfermo.
Referências:
1. Akbari H, Heidari-Gorji M, Poormousa R, Ayyasi M. Submental in-
TLO453 LESÃO DE TRAQUEIA COM TUBO DE DUPLO-
tubation in maxillofacial fracture: a case report. J Korean Assoc
LÚMEN: MANEJO ANESTÉSICO DO CASO
Oral Maxillofac Surg. 2016;42:166-8.
2. Kumar K, Kumar B, Mohan A, Kishore A, et al. Assessment of Raphael Augusto Cezar Galvão, Iale Tarcyla Souza Parízio,
the Efficacy of Submental Intubation in the Management of Mi- João Paulo Bezerra Leão*, Vanessa Cristina Vieira Silva da Câmara,
dfacial and Panfacial Trauma Patients. J. Maxillofac Oral Surg. Tânia Cursino de Menezes Couceiro,
2015;14:674-81. Dalyane Karolyne Araújo de Vasconcelos
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),
Recife, PE, Brasil
TLO696 INTUBAÇÃO TRAQUEAL VIA NEOCAVIDADE FACIAL
COM USO DE BRONCOFIBROSCOPIA ÓPTICA Introdução: Lesão de traqueia é uma complicação incomum entre
Julival Mendes Alves Júnior*, Erick Freitas Curi, anestesiologistas treinados, e normalmente ocorre na manipulação
da via aérea. O risco dessa complicação tende a ser maior quando
Cassiano Franco Bernardes, Eliana Cristina Murari Sudré,
tubos de duplo-lúmen são utilizados por causa de suas peculiarida-
Paulo Antonio de Mattos Gouvêa, Guilherme Gomes Oliveira
des. A suspeição, o diagnóstico e o tratamento imediatos da injúria
Centro de Ensino e Treinamento da Associação Feminina de traqueal são fundamentais para a evolução favorável do paciente.
Educação e Combate ao Câncer (AFECC), Hospital Santa Rita de Relato de caso: Homem, 81 anos de idade, ASA-2, agendado para
Cássia, Vitória, ES, Brasil videotoracoscopia diagnóstica à direita para investigação de derra-
S206 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

me pleural. Após indução anestésica, foi realizada intubação oro- via aérea difícil: distância interincisiva menor que 3 cm e Mallampa-
traqueal (IOT) sob laringoscopia direta com tubo de duplo-lúmen ti IV. Dentes em mau estado de conservação. Paciente monitorizado
esquerdo (TDLE) 39Fr. do tipo Robertshaw, sem dificuldades. A IOT em sala com oximetria, PNI, cardiografia. Uso de lidocaína spray
foi confirmada com capnografia e ausculta de ambos os hemitó- em região oral e injeção de 3 mL de lidocaína 2% em cartilagem
rax. Realizadas ventilações manuais para testar posicionamento de cricoide. Realizada sedação com midazolam 2 mg, clonidina 150
TDLE. Houve, inicialmente, resistência à ventilação, sendo o TDLE mcg e sulfato de magnésio 3 g. Intubação orotraqueal com pacien-
reposicionado. Observou-se aumento de volume em região peitoral te acordado, com auxílio de dispositivo tipo bougie. Capnografia
e cervical que, à palpação, evidenciou enfisema subcutâneo. Devido positiva. Indução com fentanil 3 mcg/kg/peso, propofol 2,5 mg/
à dificuldade de ventilação e ao aumento do enfisema, trocou-se kg/peso e rocurônio 0,6 mg/kg/peso. IOT com tubo aramado 8,0.
TDLE por tubo simples (TET) sob nova laringoscopia direta. À larin- Observado em sala que cuff foi danificado durante intubação; troca
goscopia, visualizamos aumento de volume em via aérea superior de tubo foi realizada com auxílio de bougie, sem outras intercorrên-
por provável expansão do enfisema para partes moles. Diante da cias. Manutenção da anestesia com sevoflurano e solução de sulfato
suspeita de ruptura de alguma estrutura da árvore traqueobrônqui- de magnésio em bomba. Paciente manteve-se hemodinamicamente
ca, realizou-se broncofibroscopia para diagnóstico. Foi evidenciada estável durante a indução e toda a cirurgia, com frequência e ritmo
lesão de parede posterior de traqueia em 1/3 médio. O TET foi cardíaco normais. Extubação sem intercorrências. Após monitoriza-
avançado para além da lesão, manobra que resultou em ventilação ção de sinais vitais, paciente encaminhado para SRPA.
adequada, impediu expansão do enfisema e do escape de ar através Discussão: O problema mais frequentemente relatado durante a
da ruptura. Diante da suspeita de doença neoplásica e estando o anestesia geral do paciente usuário de cocaína é a hipertensão arte-
paciente com parâmetros vitais estáveis, optou-se por seguir com rial grave, que ocorre principalmente durante a indução, laringos-
o procedimento cirúrgico. Por tratar-se de videotoracoscopia e não copia e intubação, levando à necessidade ainda maior de um pla-
desejando submeter via aérea à nova manipulação, foi utilizado nejamento anestésico adequado em uma potencial via aérea difícil
bloqueador brônquico Arndt 9,0Fr para isolamento pulmonar direi- nesses pacientes. Diversas drogas podem ser utilizadas com esse
to, com sucesso. Ao término, o paciente permaneceu intubado. Foi intuito, diminuindo assim a incidência de eventos adversos durante
conduzido à UTI para tratamento conservador da lesão traqueal. o ato anestésico.
Extubado no 61 DPO, sem intercorrências. Referências:
Discussão: Lesão de traqueia durante IOT é complicação poten- 1. Hernandez M, Birnbach DJ, Van Zundert AAJ. Anesthetic mana-
cialmente grave. O diagnóstico deve ser realizado por visualização gement of the illicit-substance-using patient. Curr Opin Anaesth.
direta da lesão sob broncoscopia flexível, sendo esta a conduta 2015;18:315-24.
adotada no caso em questão. A literatura sugere que lesões com 2. Luft A, Mendes FF. Anestesia no Paciente Usuário de Cocaína. Rev
pequena extensão longitudinal em parede posterior e que se situem Bras Anestesiol. 2007;57:307-14.
em 1/3 médio e superior da traqueia podem ser tratadas de manei-
ra conservadora, devendo o TET ou uma cânula de traqueostomia
ser avançada para além da lesão e o paciente encontrar-se estável TLO180 MANEJO DA VIA NA DOENÇA DE MADELUNG
clinicamente. No caso relatado, tal manobra impediu mais escape
Luisa da Cunha Gobbo, Guilherme Rocha Melo*, Kauê Silva
de ar, possibilitou a cicatrização da traqueia e resultou em evolução
Rossetto, Renata de Paula Lian, Mônica Braga da Cunha Gobbo,
promissora.
Referência: Guilherme Portiolli Zocal
1. Panagiotopoulos N, Patrine D, Bernard M, Koletsis E, Dougenis D, Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP), Pontifícia
Lawrence D. Conservative versus surgical management of iatro- Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Campinas, SP,
genic tracheal rupture. Med Princ Pract. 2017;26:218-20. Brasil
Introdução: A doença de Madelung é uma doença benigna de etio-
logia rara, que se caracteriza pela deposição de múltiplas massas
TLP856 MANEJO ANESTÉSICO DE USUÁRIO DE COCAÍNA
de tecido adiposo não encapsuladas em região cervical e tronco
COM PREDITORES DE VIA AÉREA DIFÍCIL – RELATO DE CASO superior. A doença é mais comum em homens brancos do Mediter-
Wagner de Paula Rogério, Leopoldo Gonzales (TSA), râneo com história de etilismo. O objetivo deste estudo é relatar o
Mozer da Silva Campos*, Adélia Rego Correa Meninea, caso de uma paciente com doença de Madelung e relacioná-lo com
Rafaela Brasil e Silva Nunes, Paulo Gabriel Brandão, a dificuldade do manuseio da via aérea.
Relato de caso: Paciente de 47 anos de idade, branca, sexo femi-
CET Integrado do Instituto de Anestesiologia do Amazonas,
nino, sedentária, índice de massa corpórea 42 kg/m2, com história
Manaus, AM, Brasil
pregressa de apneia obstrutiva do sono, internada com diagnóstico
Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), Manaus, AM, Brasil
de câncer ductal em mama esquerda, com proposta de realização
Introdução: A cocaína é a droga ilícita mais associada a óbitos, e de mastectomia simples sob anestesia geral. Paciente foi avalia-
seus efeitos sistêmicos são resultado do aumento simultâneo dos da no ambulatório pré-anestésico como provável via aérea difícil
níveis de catecolaminas e bloqueio de sua recaptação, levando a devido à abertura bucal de 2,8 cm, distância mentoesternal < 12
um antagonismo de ambos os receptores alfa e beta. Os órgãos-alvo cm, mobilidade cervical limitada devido ao grande acúmulo de te-
afetados são essencialmente os sistemas respiratório (injúria pulmo- cido adiposo em região cervical e à impossibilidade de avaliar o
nar), neurológico (hipertermia, hemorragia de SNC etc.) e cardíaco Mallampati. Medidas preventivas foram realizadas antes da indução
(taquicardia, hipertensão, intervalo QT prolongado, vasoespasmo anestésica, visando a quadro de possível via aérea difícil. Monito-
coronariano e isquemia miocárdica etc.), e suas manifestações de- rizada com cardioscópio, pressão arterial não invasiva e oxímetro
pendentes de seu uso agudo ou crônico. O relato a seguir é de um de pulso. Solicitado fibroscópio, porém a paciente não era colabo-
usuário crônico em uso recente de droga, com fator adicional de rativa para abordagem de via aérea acordada. Realizada indução
apresentar preditores de via aérea difícil. anestésica com propofol, remifentanil e succinilcolina, ventilação
Relato de caso: Paciente 32 anos de idade, sexo masculino, ASA II, sob máscara facial difícil. Após a laringoscopia, foi classificada
com programação cirúrgica de correção de fratura de órbita. Rela- com Cormack 3B, optado por uso do AIRTRAQ para visualização das
tava ser usuário crônico de cocaína, fazendo uso recente da subs- cordas vocais, sendo intubada na segunda tentativa. Manutenção
tância. Em visita pré-anestésica, foram evidenciados preditores de anestésica realizada com propofol em bomba alvo-controlada modo
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S207

TCI, evoluindo sem intercorrências no intraoperatório, com tempo estável, evoluindo com melhora do padrão respiratório. Recebeu
cirúrgico de 120 minutos. alta para a enfermaria após 12 horas de observação. Alta hospitalar
Discussão: Via aérea difícil é definida como uma situação clínica após 24 horas de internação.
na qual o anestesiologista tem dificuldade para intubar o paciente, Discussão: Pacientes jovens providos de maior força muscular to-
manter ventilação manual sob máscara facial ou ambos. A impossi- rácica podem gerar pressões inspiratórias de até 100 mmHg. Essa
bilidade de ventilar um paciente ou intubá-lo ocorre em 0,01 a 2,0 característica física, associada a um despertar agitado, quadro
em cada 10 mil anestesias, com consequências catastróficas como não raro em extubações, levam sempre à necessidade de avaliação
lesão cerebral, lesão pulmonar, parada cardiopulmonar e óbito. A quanto ao uso da cânula de Guedel no momento da extubação, ain-
doença de Madelung gera proliferação de lipomas em pescoço e da que apenas para evitar o estrangulamento do TOT por espasmo
tórax, criando deformidades como estreitamento da traqueia, alar- da musculatura mastigatória. Tal medida simples pode reduzir de
gamento de pescoço, resistência ao fluxo de oxigênio e diminuição maneira importante o risco de inspiração forçada em uma via aérea
da expansibilidade torácica, resultando em dificuldade de ventila- obstruída, culminando com a evolução para o edema pulmonar de
ção sob máscara facial, além da diminuição da flexão e extensão de pressão negativa.
pescoço. A doença causa dificuldade de bloqueio do nervo laríngeo Referência:
superior, glossofaríngeo, entre outros, por distorção anatômica, di- 1. Deepika K, Kenaan CA, Barrocas AM, Fonseca JJ, Bikazi GB. Ne-
ficultando o uso do fibroscópio com o paciente acordado. O manejo gative pressure pulmonary edema after acute upper airway obs-
da via aérea na doença Madelung deve ser realizado com cautela truction. J Clin Anesth. 1997;9:403-8.
devido ao alto grau de complexidade, sendo o AIRTRAQ uma boa
alternativa para a intubação traqueal em paciente com via aérea
difícil e sem mobilidade cervical. TLO973 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL DEVIDO A BÓCIO
Referência: GIGANTE COM TÉCNICA LOCO-SEDATIVA E BOUGIE:
1. Tian M, Liu Y, Zhi Z, Li Y. Multiple symmetric lipomatosis and RELATO DE CASO
gynecomastia: A case report and relative literature review. Clin
Priscilla Ribeiro Marques Monteiro, Kamila Vieira de Oliveira,
Lipidol. 2017;11:763-7.
Carlos Vitor Osório de Oliveira*, João Pedro Gonçalves Figueira,
Ivandete Coelho Pereira, Fernanda Rondon Fonseca Pirangy
TLP935 MANEJO DE EDEMA PULMONAR EX-VACUUM NO Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do
PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO – RELATO DE CASO Amazonas, Manaus, AM, Brasil
Pedro Victor dos Santos Moura*, Klaus Zanuncio Protil, Introdução: Para melhorar o sucesso na gerência de via aérea
Felipe Magalhães Dias, Mariana Reines Bevilaqua Sullavan, difícil, nos últimos anos foram descritas várias técnicas alternativas
Maria Beatriz Assumpção Mourão, Carlos Henrique Viana de Castro à laringoscopia convencional, desde o uso de fibroscópio e
videolaringoscópio até equipamentos que permitem intubação “às
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte,
cegas”, como estilete luminoso, combitube, máscara laríngea e o
MG, Brasil
bougie, que é um dispositivo de fácil manuseio, não oneroso e dis-
Introdução: O edema pulmonar por pressão negativa, ou edema ponível em todos os lugares. Sabendo-se que cirurgia de tireoide é
pulmonar “ex-vacuum”, é o extravasamento de fluidos do leito considerada fator de risco na gestão de via aérea difícil, o objetivo
capilar pulmonar para os alvéolos decorrente da geração de grandes deste relato é descrever o manejo de via aérea difícil conhecida,
pressões negativas intratorácicas. Tais pressões advêm da obstrução com uso de bougie, em paciente portadora de bócio gigante, que
aguda da via aérea superior por laringoespasmo ou corpo estranho, gerava compressão de traqueia/esôfago, distorção anatômica e a
por exemplo. O tratamento, que deve ser instituído prontamente, técnica anestésica.
engloba O2 a 100%, ventilação com pressão positiva e reintubação Relato de caso: Paciente com indicação de tireoidectomia, 27 anos
nos eventos mais graves. de idade, 1,60 m, 60 kg, abertura bucal < 3,5 mm, Mallampati III,
Relato de caso: J.P.C.R., sem comorbidades prévias, submetido à movimentação do pescoço < 80°, mandíbula prognática e TC mos-
ureterostomia percutânea por ureterolitíase. A equipe anestésica trando massa volumosa à custa de lobo esquerdo da tireoide com
optou por realizar bloqueio periférico (TAP block) com agulha A100, desvio acentuado da traqueia para a direita. Em sala cirúrgica, foi
com auxílio de ultrassonografia, para analgesia; além de aneste- monitorizada com ECG, saturação periférica de oxigênio (SpO2),
sia geral com intubação orotraqueal (tubo não aramado 8,5 mm). pressão arterial não invasiva (PANI); ofertado O2 100% sob máscara;
A ventilação no perioperatório deu-se com VC: 500 mL e FiO2: 40%, foram administrados via intravenosa (IV) durante 10 minutos clo-
mantendo SatO2: 99%. O procedimento cirúrgico transcorreu em 180 ridrato de lidocaína 2% 1,5 mg/kg−1, cloridrato de dextrocetamina
minutos, sem intercorrências. Ao final da cirurgia, na extubação, 0,12 mg/kg−1, sulfato de magnésio 30 mg/kg−1 e cloridrato de cloni-
paciente iniciou despertar mais agitado, evoluindo com espasmo do dina 1 µg.kg−1 seguido de cloridrato de lidocaína spray em cavidade
masseter e consequente obstrução do tubo orotraqueal, iniciando oral, 2 mg de midazolam IV e subsequente laringoscopia (paciente
esforços inspiratórios vigorosos com rebaixamento do sensório. Op- acordada e colaborativa), observando-se Cormack-Lehane grau 3a
tado por sedação imediata, com reversão do espasmo e iniciada com desvio acentuado à direita, sendo intubada na terceira tentati-
ventilação manual com pressão positiva, com colocação de cânula va utilizando bougie com tração do lobo esquerdo da tireoide para
de Guedel paralela ao TOT e estabilização do quadro. Aguardado a esquerda. Após confirmação de intubação por curva em capnó-
novo início de despertar, no qual o paciente acordou mais tranquilo, grafo, foram injetados IV propofol 2,5 mg/kg−1, 5 µg.kg−1 de citrato
sendo então extubado, mas mantida a cânula de Guedel próxima da de fentanila e brometo de rocurônio 0,6 mg.kg−1 e mecanicamente
dentição frontal a fim de manter a cavidade bucal aberta. Apesar ventilada com O2 + sevoflurano + ar comprimido, sendo extubada no
do despertar tranquilo e da ventilação satisfatória, foi mantido em final do procedimento.
máscara ventilatória, com evolução da SatO2 mais baixa que o es- Discussão: Os portadores de bócio apresentam fator de risco
perado e leve esforço respiratório, porém estável. Solicitada então independente para intubação endotraqueal difícil, definido como
radiografia de tórax, que evidenciou infiltrados peri-hilar e peri- desvio da traqueia > 1 cm do seu eixo avaliado em raio X de tórax e
férico difuso importantes, com gasometria arterial denotando pH: associação com deformidades do seu trajeto devido à compressão
7,34; PCO2: 40,8; PO2: 71,6; HCO3: 22,0; BE: −3,4; e SatO2: 92,8%. externa. O manejo das vias aéreas em tais pacientes apresenta de-
Foi então transferido para o CTI, acordado e hemodinamicamente safios únicos, necessitando, portanto, de planejamento para evitar
S208 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

as dificuldades que levem à hipóxia e a sequelas neurológicas. A TLP667 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE
técnica anestésica de escolha deve ser assentada no quadro clínico COM DISTORÇÃO ANATÔMICA DE CABEÇA E PESCOÇO NA
do paciente. A utilização de fármacos adjuvantes, além de manter EMERGÊNCIA: RELATO DE CASO
a hemodinâmica, diminui a ansiedade e ajuda a tolerar a anestesia
Guilherme Souza Melo*, Sara Rolim Daga, Aline Boff
tópica e as manobras de intubação. A literatura apresenta o fibros-
cópio como padrão ouro no manejo de via aérea difícil, mas outro Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia (CET) ANEST,
dispositivo também pode ser utilizado com sucesso – como visto nes- Chapecó, SC, Brasil
te relato, o bougie.
Introdução: A via aérea difícil (VAD) é definida como uma situação
Referência:
clínica na qual o anestesiologista treinado tem dificuldade para in-
1. Amathieu R, Smail N, Catineau J, poloujadoff MP, Samii K, Adnet
tubar o paciente, manter ventilação manual sob máscara facial ou
F. Difficult Intubation in Thyroid Surgery: Myth or Reality? Anesth
ambos. A Sociedade Americana de Anestesiologia associa duração
Analg. 2006;103:965-8.
maior que 10 minutos e/ou número de tentativas maior que três
para conceituar intubação difícil. Relatamos o caso de manejo de
via aérea em paciente submetido à cirurgia de emergência com cri-
TLO952 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE COM térios de VAD.
BÓCIO GIGANTE: RELATO DE CASO Relato de caso: V.L., 53 anos de idade, sexo masculino, encami-
Talita Brandão, Rafael Piccolo Dórea*, Rafael Mercante Linhares, nhado para cirurgia de emergência após acidente com máquina
Ednaldo da Silva agrícola, com laceração perineal e choque hipovolêmico. História
prévia de mandibulectomia e sessões de radioterapia em região
Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
cervical, abertura bucal < 3 cm, ausência de dentes, Mallampati
Introdução: A anestesia para tireoidectomia pode ser complicada IV, mobilidade cervical limitada. No centro cirúrgico, em ventilação
pela possível dificuldade de acesso à via aérea (VA), sobretudo em espontânea com máscara de Venturi, confuso e agitado, Glasgow
pacientes com bócio volumoso que produzem desvio traqueal. Apre- 14 (O4V4M6), monitorizado com oximetria de pulso, cardioscopia e
sentar esse caso tem por objetivo discutir o manejo anestésico ade- pressão arterial não invasiva, dois acessos venosos periféricos. PNI
quado ante um paciente com bócio tireoidiano gigante. 119/81 mmHg, FC 129 bpm, SpO2 97%. Realizada sedação com mi-
Relato de caso: R.B.F., sexo feminino, 45 anos de idade, estado dazolam 2 mg, ofertado O2 por óculos nasal, anestesia transcricoide
físico ASA 2, obesa, apresentando bócio tireoidiano atóxico gigante com lidocaína 2% 5 mL, anestesia tópica de orofaringe com lidocaína
com crescimento lento há 10 anos, sem acompanhamento clínico, spray e tentativa de intubação orotraqueal (IOT) por laringoscopia
função tireoidiana normal. Nos exames de imagem (radiografia e to- direta, sem sucesso, com intubação esofágica desencadeando vômi-
mografia computadorizada de tórax) foi visualizado desvio traqueal tos. Nova tentativa de IOT, “às cegas” com tubo orotraqueal (TOT)
importante para direita. Na avaliação pré-anestésica, apresentava com guia metálico com nova intubação esofágica, sendo mantido
Mallampati 2, mobilidade cervical reduzida, presença de apenas tubo no esôfago servindo de conduto para aspiração. Optou-se en-
um dente (incisivo central), pescoço curto e grosso (circunferência tão por IOT por fibrobroncoscopia. Realizadas três tentativas de IOT
cervical maior que 50 cm), região submandibular endurecida, mas- com fibrobroncoscopia – as duas primeiras por um anestesiologista
sa cervical volumosa que impossibilitava abordagem para bloqueios inexperiente e na terceira, paciente intubado via nasal com tubo
e acesso cirúrgico da VA. A equipe decidiu por intubação orotra- nasotraqueal (TNT) aramado nº 6,0 por cirurgião geral/endoscopis-
queal acordada. Foi explicada a necessidade da realização dessa ta. Paciente permaneceu estável durante todo o procedimento, e
técnica para que a paciente concordasse e houvesse colaboração. foi encaminhado à UTI intubado pela possibilidade de aspiração de
Realizada venóclise MSE jelco 18G, monitorizado com pressão não conteúdo gástrico. Recebeu alta hospitalar após 23 dias de interna-
invasiva, oximetria de pulso e cardioscopia. Pré-oxigenado com O2 ção. Retornou após um ano para reconstrução de trânsito intestinal,
100%, infundidos midazolam 2 mg, Precedex® 1 mcg/kg por 10 mi- com intubação programada com fibrobroncoscopia sob sedação com
nutos, em seguida 0,5 mcg/kg/min, remifentanil 0,02 cmg/kg/min, midazolam, remifentanil e anestesia tópica de VA com solução de
realizada anestesia tópica em orofaringe com spray de lidocaína a lidocaína gel e líquida e pela técnica spray as you go pelo fibrobron-
10% 8 puffs. À broncofibroscopia, foram evidenciados importante coscópio intubado sem intercorrências.
edema na glote e desvio traqueal à direita. Após tentativas sem Conclusão: Devem ser desencorajadas múltiplas tentativas de la-
sucesso, foi utilizado videolaringoscópio VividTrac® com melhor vi- ringoscopia e intubação não otimizadas. Quanto mais tentativas,
sualização das cordas vocais e progressão do bougie. Em seguida, maior o risco de ocasionar vômitos, edema e sangramento na VA
introduzido o tubo arramado nº 7,0 com cuff, conjuntamente rea- com probabilidade de criar uma situação de extrema gravidade, que
lizada indução anestésica com propofol 160 mg, rocurônio 50 mg. é a perda da capacidade de ventilação sob máscara e intubação.
Intubação ocorreu sem repercussões hemodinâmicas significativas. Após diagnóstico de potencial VAD, a técnica mais segura ante o
Cirurgia realizada sem intercorrências. Extubação realizada com caso apresentado seria a intubação com o paciente acordado, com
reversão de bloqueio neuromuscular com sugamadex com bom pa- auxílio de broncofibroscopia, sendo essa opção o padrão ouro. Con-
drão respiratório. Paciente encaminhada à unidade pós-operatória tudo, o sucesso da intubação requer alto nível de treinamento dos
sem queixas. operadores, para que o profissional esteja capacitado a utilizá-la
Conclusão: Bócios tireoidianos volumosos predispõem os pacien- nos casos de VAD antecipadas ou não antecipadas.
tes a VA difíceis. Nos pacientes com VA difíceis antecipadas, a
abordagem recai sobre o broncofibroscópio ou videolaringoscópio
com paciente acordado. Neste caso, por conta da presença volu- TLP931 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE
mosa, tornou-se impossível bloqueio de inervação da VA, assim PORTADOR DE CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO SUPERIOR A
como acesso cirúrgico. O videolaringoscópio, no presente caso, 60 CM SECUNDÁRIO À SÍNDROME DE VEIA CAVA SUPERIOR
possibilitou o acesso seguro à via aérea e sucesso no procedimento PARA PROCEDIMENTO FORA DE CENTRO CIRÚRGICO
cirúrgico. José Mendes Mesquita Neto, Bruno Emmanuel da Cunha Torres*,
Referência:
Ricardo Almeida de Azevedo, Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso,
1. Gilfillan N, Ball CM, Myles PS, et al. A cohort and database study
José Admirço Lima Filho, Leonam Nascimento Costa,
of airway management in patients undergoing thyroidectomy for
retrosternal goitre. Anaesth Intensive Care. 2014;42:700-8. Hospital Geral Roberto Santos, Salvador, BA, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S209

Introdução: O manejo adequado da via aérea é uma das atribuições corporal (IMC), adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
do anestesiologista. Os melhores resultados para a abordagem da como referência de medida para obesidade, dividindo-a em três
via aérea são obtidos com: a) identificação dos parâmetros de difi- níveis, sendo a OG, ou grau III, IMC acima de 40 kg/m2. A classifica-
culdade (classificação de Mallampati, abertura bucal, distância tire- ção da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica divide obesidade
omentoniana, circunferência do pescoço, movimentação da região em seis níveis. Desses, a super-superobesidade é classificada com
cervical); b) conhecimento adequado dos protocolos; c) utilização IMC maior de 60 kg/m2. Relatamos o caso do manejo da via aérea em
de equipamentos adequados (bougies, videolaringoscópios, disposi- um paciente com super-superobesidade e critérios de via aérea difí-
tivos supraglóticos, broncofibroscópicos). cil (VAD) para o procedimento de colocação de balão intragástrico.
Relato de caso: AMSB, 62 anos de idade, hipertensa e diabética, Relato de caso: PCVJ, 43 anos de idade, sexo masculino, 227 kg,
passado de IAM com cirurgia de revascularização miocárdica; doença 1,65 m, IMC 83,37 kg/m2 (super-superobesidade), ASA III, ex-taba-
renal crônica dialítica. História prévia de síndrome de veia cava su- gista há quatro anos, apresentava insuficiência cardíaca e epilepsia
perior (SVCS) há três meses, sendo submetida à angioplastia de veia controladas. Em uso de captopril, furosemida, carvedilol, AAS, co-
central, sem intercorrências. Admitida na unidade de hemodinâmica deína, ciclobenzaprina. Via aérea: boa abertura bucal, Mallampati
em julho de 2016 com novo episódio de SVCS, apresentando dispneia III, CC > 40 cm, pescoço curto; DTM > 6 cm; DME > 12 cm; boa mobi-
importante associada à dor e edema de região torácica superior, ma- lidade cervical e protrusão mandibular grau II, Stop-Bang 4. Capaci-
mas, região cervical e face. Com proposta de nova angioplastia de dade funcional impossível de avaliar devido à restrição ao leito pelo
veia cava em caráter emergencial. Ao exame físico, peso de 59 kg, excesso de peso. Exames pré-operatórios normais, ECG normal. Nega
altura 1,60 m, abertura bucal limítrofe 4,5 cm, distância tireomen- procedimentos cirúrgicos prévios e alergias. Admitido para colocação
toniana 11 cm, diâmetro de pescoço 61 cm, Mallampati 2, extensão de balão intragástrico por via endoscópica para posterior redução
cervical limitada pela dor e edema, delta SpO2 91–94%, com O2 100% de estômago. Monitorização com oximetria de pulso, cardioscopia e
sob cateter nasal, FC 67 bpm, pressão arterial 123 × 62 (87) mmHg. pressão arterial não invasiva, acesso venoso calibroso, mantido com
Feita sedação com 100 mcg de fentanil. Pré-oxigenação sob máscara; óculos nasal 4 L/min de O2. Manutenção de carrinho de VAD em sala.
anestesia tópica com lidocaína spray 10%. Inserido videolaringoscó- Inicialmente foi realizado preparo do material e marcação da carti-
pio com visualização de corda vocal, mas com dificuldade de progres- lagem cricoide com USG. Realizada sedação com midazolam 1 mg IV.
são do tubo orotraqueal (TOT). Foram evidenciados dessaturação de Borrifados dois puffs de lidocaína spray em cavidade oral. Preparada
instalação rápida e bradicardia, resolvidos com atropina 0,5 mg e solução de lidocaína 2% 4 mL + lidocaína 2% gel 4 mL, totalizando 8
ventilação sob máscara. Optou-se por intubação com laringoscópio mL (160 mg), administrada com atomizador na orofaringe, solicitan-
convencional após indução com etomidato 20 mg e rocurônio 70 mg. do ao paciente que mantivesse solução em orofaringe por 1 minuto
À laringoscopia direta, Cormack IIIB, introdução de bougie, seguida e após deglutisse, processo realizado três vezes. Após o paciente
de inserção de TOT número 7,5. Intubação endotraqueal confirmada tolerar uso de Guedel, foi autorizado início de procedimento, que
por meio de capnografia e expansão torácica simétrica. durou 20 minutos, com o paciente acordado, sem intercorrências. O
Discussão: A via aérea difícil é um desafio para o anestesiologista, paciente relatou bem-estar e satisfação quanto à técnica anestésica,
principalmente fora do centro cirúrgico. O exame físico minucioso obtendo alta hospitalar no dia seguinte.
da via aérea favorece melhores resultados para abordagem preci- Conclusão: O diagnóstico de super-superobesidade indica atenção
sa. No caso, o único parâmetro de dificuldade era a circunferência do anestesiologista para o risco de VAD. Alternativas para manejo
do pescoço, superior a 50 cm, e uma discreta diminuição na movi- da via aérea devem estar disponíveis, bem como planos alternativos
mentação da região cervical. A circunferência do pescoço já é esta- para o manejo devem ser elencados previamente ao procedimento.
belecida como parâmetro de dificuldade de intubação orotraqueal Neste caso, a opção pela anestesia tópica da via aérea foi utiliza-
e de ventilação para pacientes portadores de obesidade mórbida. da com sucesso na introdução de balão intragástrico, assegurando
Excesso de tecido adiposo na região cervical anterior é a melhor maior segurança na manutenção da perviedade da via aérea, pre-
explicação para o manejo de VA mais dificultoso em pacientes com servando a ventilação espontânea, paciente com sedação conscien-
circunferência superior a 50 cm. A utilização de protocolos e de te apresentando alto grau de satisfação.
dispositivos (videolaringoscópio e bougies) favoreceu o sucesso na Referência:
abordagem do referido caso. 1. Diretriz Brasileira de Obesidade – ABESO, 2016.
Referências:
1. Brodsky JB, Lemmens HJ, Brock-Utne JG, Vierra M, Saidman
LJ. Morbid Obesity and Tracheal Intubation. Anesth Analg. TLP928 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL OBSTRUÍDA POR
2002;94:732-6. MASSA CERVICAL DEVIDO A LINFOMA NÃO HODGKIN
2. Apfelbaum JL, Hagberg CA, Caplan RA, Blitt CD, Connis RT. Prac-
Andressa Pires Alves*, Gabriel Pires Alves,
tice Guidelines for Management of the Difficult Airway: An Up-
Carlos Eduardo dos Santos Martins, Fernanda Buttura Broetto,
date Report by the American Society of Anesthesiologists Task
Force on Management of the Difficulty Airway. Anesthesiology. Bruna de Souza Brito, Gabriela Simioni Persh
2013;118:251-70. Centro de Oncologia Cascavel (CEONC), Cascavel, PR, Brasil
Introdução: Os linfomas apresentam um espectro amplo de sinais;
em alguns casos, o crescimento de massas. O manejo de via aérea
TLO046 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM SUPER-
difícil em situações não ideais é fator decisivo na manutenção da
SUPEROBESO PARA INTRODUÇÃO DE BALÃO
vida do paciente. Manobras das vias aéreas difíceis são a maior cau-
INTRAGÁSTRICO: RELATO DE CASO sa de morbidade relacionada à anestesia. A habilidade do anestesio-
Guilherme Souza Melo*, Sara Rolim Daga, Roberta Marina Grando, logista em avaliar as condições e o grau de acometimento dessa via
Fabricio Batistella Zasso, aérea o ajudará a tomar a melhor decisão.
Relato de caso: Paciente J.L.V., sexo masculino, 55 anos de idade,
Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia (CET) ANEST,
queixa de massa cervical expansiva com um mês de evolução. Rela-
Chapecó, SC, Brasil
ta disfagia e odinofagia. Ao exame físico, massa cervical fixa, dolo-
Introdução: A obesidade grave (OG) é considerada doença epidêmica rosa, de aproximadamente 10 cm de diâmetro obliterando o ângulo
em vários países, destacando-se como problema de saúde pública. da mandíbula e o terço inferior da carótida. Foi encaminhado para o
O índice aceito para a classificação de obesidade é o de massa centro cirúrgico como urgência para realizar traqueostomia devido
S210 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

à dificuldade respiratória. Apresentava: cianose central, frequência 2% em cavidade oral (cinco puffs) e lidocaína gel em narina direita. O
cardíaca: 120 bpm, pressão arterial: 170/110 mmHg, saturação de broncofibroscópio foi introduzido no tubo endotraqueal 7 mm, após
O2: 88%. Considerado estômago cheio. Seguindo as orientações dos lubrificação de ambos com lidocaína gel. Passagem do fibroscópio fle-
guias de manejo de via aérea da American Society os Anesthesiolo- xível pela narina direita, com visualização da glote, instilação de 10
sits (ASA), foi realizada intubação do paciente acordado com auxí- mL de lidocaína a 1% SV pelo canal de trabalho do aparelho, seguido
lio de fibrobroncoscopia flexível. Feito uso de 80 mg (1 mg/kg) de da progressão pelas cordas vocais, com posterior introdução do tubo,
lidocaína 2% sem vasoconstritor e spray. Logo após a passagem do checagem do posicionamento e insuflação do balonete. Seguindo-se à
tubo endotraqueal (7,5), indução de anestesia com propofol 150 mg retirada do fibroscópio, indução anestésica com fentanil, propofol e
e fentanil 250 mcg. Manutenção com isoflurano (1 CAM). Dificuldade cisatracúrio e manutenção com sevoflurano e remifentanil. O proce-
para realizar traqueostomia pelo tamanho da massa, que causava dimento teve duração de 4h30, sem intercorrências.
desvio da anatomia cervical e de suas estruturas. Após realizada Discussão: Neste caso, o reconhecimento prévio da VAD por meio de
traqueostomia, o paciente apresentava drive respiratório com SatO2 uma avaliação pré-anestésica bem-realizada, bem como a habilida-
98%. Foi encaminhado para cuidados de UTI logo a seguir. O anato- de dos profissionais com o manuseio do broncofibroscópio, conside-
mopatológico coletado durante o procedimento apontou como mas- rada a técnica de escolha no manuseio de VAD prevista, foi essencial
sa de origem de linfoma células B. para uma abordagem segura e eficaz. Assim, antecipar uma VAD por
Discussão: A dificuldade no manejo de via aérea difícil ainda é um meio da história clínica e de exame físico é de extrema relevância
fator importante na mortalidade relacionada à anestesiologia. A no cotidiano de anestesiologistas, a fim de evitar sequelas neuroló-
identificação de uma via aérea difícil e a capacidade de manejá-la gicas permanentes e/ou óbito.
diminuiria essa mortalidade. Identificar a via difícil por meio do es- Referências:
treito do palato, a distância tieromental estreita e até algumas con- 1. Rodrigues AJ, Scordamaglio PR, Palomino AM, et al. Intubação de
dições como epiglotites, traumas, tumores, obesidade, hematomas, via aérea difícil com broncoscópio flexível. Rev Bras Anestesiol
entre outras doenças inflamatórias e infecciosas. Ao avaliar todos 2013;63:359-62.
esses critérios, o médico deve ser treinado para tomar a decisão 2. Figueiredo LFP, Ferez D. Diretrizes para o manejo da via aérea
adequada. No caso apresentado, o uso do fibroscópio com o pacien- difícil. Rev Assoc Med Bras. 2003;49:129-30.
te acordado se fez fundamental para a sobrevivência do paciente
em questão. A intubação endotraqueal com fibra óptica é indicada
em pacientes instáveis, como o paciente que corre risco de morte TLP267 MANEJO DE VIA AÉREA EM PORTADOR DE
ao ser submetido à anestesia geral, pois ao rebaixar o nível de cons- MICROSSOMIA E HIPOPLASIA MANDIBULAR – RELATO DE
ciência ocorrerá maior dessaturação, o que tornou a decisão ideal CASO
para esse paciente, inclusive na ausência de bloqueio de laríngeo
recorrente e bloqueio transtraqueal pelo desvio total da anatomia Nathalia Rodrigues Gontijo de Andrade*, Ana Cláudia Mota Bonisson,
do paciente pela presença da massa. Francisco Drummond Lima, Luis Felipe Guimarães Ribeiro
Referência: Fundação Benjamin Guimarães - Hospital da Baleia, Belo
1. Manuseio das vias aéreas. In: Stackhouse RA, Infosino A. Ba- Horizonte, MG, Brasil
ses da Anestesia. In: Miller RD. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2012;204-30. Introdução: A anestesia para crianças com anormalidades craniofa-
ciais é um desafio até mesmo para o anestesiologista mais experien-
te. A malformação de arco branquial pode acarretar microssomia
TLP495 MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL UTILIZANDO facial, assimetria malar, hipoplasia maxilar e mandibular. Os pa-
cientes podem apresentar complicações respiratórias como apneia
BRONCOFIBROSCÓPIO EM PACIENTE COM ANQUILOSE
obstrutiva do sono (AOS), dificuldades alimentares e ter o manejo
ZIGOMÁTICO-CORONOIDE PÓS-TRAUMA: RELATO DE CASO das vias aéreas (VA) e intubação traqueal muito difícil, senão im-
Angélica Ramos Lira*, Bernardo Lima da Nóbrega, possível. Compreender os fatores de risco é essencial para traçar
Saulo Viana dos Santos Oliveira, Azuil Vieira de Almeida, estratégias de prevenção.
Lorena Serpa Brandão, Márcia Adriana Dias Meirelles Moreira Objetivo: Relato de caso de manejo anestésico em paciente com
microssomia e hipoplasia mandibular.
Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), Universidade
Relato de caso: E.S.B., sexo masculino, 8 anos de idade, 25 kg, ASA
Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB, Brasil
II, com malformação de arco branquial (microssomia, micrognatia,
Introdução: Via aérea difícil (VAD) é definida quando existe difi- assimetria de mandíbula, agenesia de pilares anterior e posterior) e
culdade de manutenção da ventilação sob máscara, de intubação diagnóstico de AOS leve. Exames laboratoriais sem alterações. Ad-
traqueal ou ambos por médico experiente. Diversas situações estão mitido para realização de osteotomia e distração mandibular. Apre-
relacionadas, como traumas de face, obesidade e algumas síndro- sentava-se hemodinamicamente estável e sem sinais de disfunções
mes congênitas. O objetivo deste trabalho é apresentar a conduta respiratórias. Avaliação da VA: anquilose e abertura bucal limitada,
anestésica no caso de VAD em paciente com diagnóstico de anquilo- Mallampati IV, microretrognatia, retração da língua. Monitorizado
se zigomático-coronoide pós-trauma, com programação cirúrgica de com oximetria de pulso, ECG, PANI, termômetro, capnografia e ana-
osteotomia de mandíbula. lisador de gases. Indução inalatória com sevoflurano a 7%, O2 4 L/
Relato de caso: LTCS, sexo feminino, 44 anos de idade, 61 kg, taba- min sob máscara facial e sistema Ress-Baraka. Venóclise com cate-
gista. Ao exame físico, apresentava abertura bucal de 4 mm, dificul- ter 22G e administração de lidocaína 1 mg/kg, propofol 3 mg/kg e
tando a avaliação do Mallampati, ausência de elementos dentários succinilcolina 1 mg/kg. Laringoscopia direta com Cormack-Lehane
superiores, sem outros preditores de VAD. Exames laboratoriais e ris- IV, sendo disponibilizado o broncofibroscópio para intubação nasal
co cirúrgico sem alterações. Paciente orientada sobre o procedimento com tubo aramado 5,0 com balonete. Administrados fentanil 3 mcg/
anestésico e intubação nasotraqueal acordada. Monitorizada com car- kg e cisatracúrio 0,15 mg/kg. Manutenção da anestesia com sevo-
dioscopia, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. Adminis- flurano a 2% de CAM e O2 a 60% sob ventilação volume controla-
trados midazolam 1 mg e fentanil 50 mcg como pré-anestésico, após da. Procedimento realizado em quatro horas, sem intercorrências.
venóclise periférica com jelco 18G. Realizado bloqueio do nervo larín- Reversão do bloqueio neuromuscular e extubação com paciente
geo superior bilateralmente e transcricoide com lidocaína 1% sem va- acordado, respondendo a comandos verbais. Encaminhado ao CTI,
soconstrictor 3 mL e 5 mL, respectivamente, além de lidocaína spray Aldrete-Kroulik 9.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S211

Discussão: Microssomia acarreta maior dificuldade de manejo das joso do que a laringoscopia direta na abordagem de uma via aérea
VA, necessitando de planejamento individualizado e multidiscipli- difícil. No entanto, é válido ter alternativas nos casos de insucesso
nar, devendo o anestesiologista prever possíveis casos de VA difícil e da broncofibroscopia.
se antecipar. O sucesso depende da disponibilidade de conhecimen- Referências:
tos e equipamentos necessários. A laringoscopia de fibra óptica é o 1. Maish MS. Esôfago. In: Townsend CM, Beauchamp RD, Evers BM,
padrão ouro para a intubação, e a ventilação espontânea é desejada et al. Sabiston – Tratado de cirurgia: A base biológica da prática
durante a indução da anestesia para assegurar controle contínuo das cirúrgica moderna. 19.ed. Saunders, Elsevier; 2014;1796-802.
VA. Métodos alternativos devem estar disponíveis, incluindo cricoti- 2. Rosenblatt WH, Sukhupragarn W. Airway Management. In: Barash
reotomia e traqueostomia de urgência. A extubação é preconizada PG. Clinical Anesthesia. 7.ed. Wolters Kluwer; 2013;762-802.
com o paciente acordado, e é prudente encaminhar ao CTI, pois
a associação de AOS com edema de VA pela manipulação cirúrgica
pode gerar obstrução da VA e hipóxia. TLP868 SÍNDROME DE CRONELIA DE LANGES E VIA AÉREA:
Referências: UM DESAFIO PARA O ANESTESIOLOGISTA
1. de Berr D, Bingham R. The child with facial abnormalities. Curr
Alyne Andrade Lima*, Pedro Victor dos Santos Moura,
Opin Anaesth. 2011;24:282-8.
Maize Cordeiro de Melo, Patrícia Batista Matos,
2. Ferez D, Rebuglio R. Manuseio da via aérea difícil. In: Cangia-
ni LM, Slulitel A, Potério GMB, et al. Tratado de anestesiologia Eduardo Moreira Furtado Lima, Marina Ayres Delgado
SAESP. 7.ed. São Paulo: Atheneu; 2011;1397-418. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Sergipe (UFS),
São Cristóvão, SE, Brasil
Introdução: Uma via aérea difícil (VAD) pode ser prevista por ava-
TLP597 PREVISIBILIDADE DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM
liação minuciosa, e a suspeita pode evitar catástrofes. Algumas sín-
PACIENTE PORTADOR DE ACALASIA – RELATO DE CASO
dromes estão relacionadas à VAD, como a descrita a seguir. A sín-
Julio Adriano da Rocha Carvalho*, Luiz Ximenes Júnior, drome de Cornelia de Langes é um transtorno genético infrequente,
Marcelo Miguel Brito de Oliveira, Daniel Cordeiro da Silva, com incidência de 1:1.00.000 de indivíduos. Algumas características
Renê Alves Moura Cavalcanti são retardo mental, atraso de crescimento, anomalias craniofaciais
(micrognatia, fenda palatina, palato ogival), hérnia diafragmática e
Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), Manaus. AM, Brasil
refluxo gastroesofágico. Apresentamos dois casos de pacientes com
Introdução: Acalasia refere-se a qualquer esfíncter que mantém to- a síndrome, submetidos à anestesia geral.
nicidade contínua e destruição dos nervos do esfíncter esofageano Relato de casos: S.D.M., 22 anos de idade, sexo masculino, 14,9
inferior (EEI), resultando em hipertensão e falha de relaxamento na kg, cirurgia eletiva de extração dentária. Apresentando retardo
deglutição faríngea com dilatação do esôfago e progressiva perda mental, refluxo gastroesofágico, micrognatia, pequena abertura
do peristaltismo.1 Apresenta incidência de cerca de 6:100.000 ha- de boca e distância mentotireoideana curta. Solicitada equipe de
bitantes, com maior prevalência em mulheres jovens e pessoas de cirurgia torácica em sala, indução com sevoflurano + remifentanil
meia-idade.1 Sua patogênese, em sua maioria, é idiopática.1 A via e intubação nasotraqueal com fibrobroncoscópio, tubo 6 aramado
área difícil é definida como dificuldade de manutenção de ventila- com cuff. Manutenção com inalatório + remifentanil. Extubação
ção sob máscara, dificuldade de intubação orotraqueal ou ambos.2 acordado sem intercorrências. A.D.B., 21 anos, sexo feminino, 38
O objetivo deste relato é mostrar o caso de insucesso de intubação kg, submetida à laparotomia exploradora de urgência por obstrução
traqueal com uso de broncofibroscópio em paciente com preditores intestinal. Apresentava retardo mental, agitação, retrognatia, inci-
de via aérea difícil. sivos protusos, fenda palatina e palato ogival. Hospital sem fibro-
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 59 anos de ida- broncoscópio ou videolaringoscópio disponíveis. Devido à urgência
de, 74 kg, AP1, diagnóstico de acalasia com proposta cirúrgica do procedimento, optou-se por ansiólise com midazolam 3 mg e
de cardiomiotomia. Ao exame, Mallampati I, abertura da boca tentativa de intubação com paciente acordada com remifentanil e
maior que 3 cm, distância tireomento < 6,5 cm, circunferência lidocaína spray. Equipe de cirurgia em sala, pronta para via aérea
do pescoço > 40 cm. Monitoramento com cardioscópio, oxímetro cirúrgica se preciso. Feita laringoscopia, com visualização Cormack
de pulso, pressão não invasiva, capnografia e sonda vesical de Lehane IIIa e intubação com auxílio de bougie, tubo 6,5 com cuff.
demora. A paciente foi orientada quanto ao procedimento; após Manutenção com inalatório + remifentanil. Extubação acordada
seu consentimento, foram posicionados coxins em dorso e região sem intercorrências.
occipital, iniciou-se a oferta de O2 pelo cateter nasal 2 L/min, Discussão: A avaliação de via aérea é imprescindível. O aneste-
remifentanil por via venosa em infusão alvo-controlada de 2 ng/ siologista deve reconhecer uma provável VAD e executar planos
mL, anestesia tópica com lidocaína gel 2% sem vasoconstritor em para abordagem, garantindo a segurança do paciente. A síndrome
fossa nasal direita, seguida de introdução de broncofibroscópio. de Cornelia de Langes, por apresentar alterações craniofaciais im-
Não foi possível o bloqueio dos nervos laríngeo superior e larín- portantes, pode predizer uma VAD. Os pacientes portadores dessa
geo recorrente devido às alterações anatômicas causadas pela síndrome também podem apresentar predisposição a infecções de
doença de base. Não se obteve sucesso pela hiper-reatividade da via aérea e hiper-reatividade brônquica. O caráter de urgência da
glote ao manuseio do broncofibroscópio. Seguiu-se à instilação de cirurgia pode dificultar a aquisição de materiais para intubação; as-
lidocaína spray 10% em orofaringe. Após 3 minutos, tentou-se la- sim, a equipe cirúrgica deve estar preparada para a obtenção de via
ringoscopia direta, classificada como Cormack-Lehane classe III e aérea cirúrgica rápida, se preciso. Nesses pacientes também deve
optando-se pelo uso do bougie, seguindo-se de sucesso na intuba- prosseguir uma extubação segura, devido a potenciais problemas
ção orotraqueal e indução anestésica por via venosa com propofol respiratórios pós-operatórios que podem levar a uma necessidade
2 mg/kg e bólus de besilato de atracúrio 0,4 mg/kg. Ao final do de reintubação de urgência. Como a maioria das queixas respirató-
procedimento, realizou-se extubação traqueal e a paciente foi rias acontece após o procedimento, pacientes devem recuperar em
encaminhada para sala de recuperação pós-anestésica, na qual unidade hospitalar por, pelo menos, uma noite.
permaneceu por duas horas sem intercorrências. Referências:
Discussão: Para uso do broncofibroscópio com sucesso, o anestesio- 1. Moretto A, Scaravilli V, Ciceri V, et al. Sedation and general anes-
logista precisa de prática na utilização. Após desenvolver a apetên- thesia for patients with Cornelia De Lange syndrome: A case se-
cia necessária para o manuseio, o uso deste revela ser mais vanta- ries. Am J Med Genet Part C Semin Med Genet. 2016;172C:222-8.
S212 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

2. Washington V, Kaye AD, Anesthetic management in a patient Porém, ela poderia ser a primeira escolha em um paciente com via
with Cornelia de Lange syndrome. Middle East J Anaesthesiol. aérea difícil?
2010;20:773-8. Relato de caso: Paciente, 82 anos de idade, 45 kg, portadora de
HAS, dislipidemia, DPOC, neoplasia de mama direita com indicação
de mastectomia radial com linfadenectomia. Associado ao quadro,
TLO551 SURVEY SOBRE A DISPONIBILIDADE DE apresenta bócio mergulhante com desvio traqueal importante à
VIDEOLARINGOSCÓPIOS E HABILIDADE NO SEU MANUSEIO direita. A tomografia mostrou volumosa formação expansiva sólida
em mediastino anterosuperior medindo 8,9 × 6,3 × 4,3 cm, com
POR ANESTESIOLOGISTAS BRASILEIROS
deslocamento traqueal e vascular. Optado por anestesia geral com-
Ricardo Zanlorenzi*, Klayne Moura Teixeira de Souza, binada com bloqueio de nervo peitoral ecoguiado (PECS 2). Acio-
Mauricio do Amaral Neto, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, nada a equipe de broncoscopia, porém programada uma mínima
Luiz Fernando dos Reis Falcão, Guinther Giroldo Badessa manipulação da via aérea. Paciente com monitorização padrão e do
índice biespectral (BIS), venóclise em MSE J18G, infusão lenta de
CET do Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista (GAAP) do
ringer lactato com cefazolina 2 g e dexametasona 4 mg. Submetida
Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
à antissepsia e procedido bloqueio PECS 2 com agulha de nervo pe-
Justificativa e objetivos: Há pelo menos dois componentes neces- riférico, 22G × 2’’, 0,70 × 50 mm, infundidos 30 mL de ropivacaína
sários para oferecer treinamento para qualquer tipo de dispositivo. a 0,4%. Pré-oxigenação, indução com lidocaína 80 mg, fentanil 100
Primeiramente, o equipamento deve estar disponível. Em um se- mcg seguidos de propofol 50 mg chegando ao BIS de 47 com boa
gundo momento, deve-se ter um número suficiente de instrutores ventilação sobre máscara, procedendo passagem de ML, de segunda
habilitados a usar o dispositivo. Publicações recentes demonstram a geração, nº 4, com única tentativa, sem intercorrências. Acoplada a
eficácia do videolaringoscópio (VL) em situações de via aérea difícil ventilação mecânica e mantida anestesia inalatória com sevoflurano
predita e em situações de resgate, nas quais a laringoscopia direta com CAM entre 0,5–0,7 titulados pelo BIS e padrões hemodinâmicos.
foi insuficiente para o sucesso da intubação orotraqueal. Dessa ma- Procedimento cirúrgico com duração de 135 minutos, sem necessi-
neira, o objetivo deste trabalho é avaliar a disponibilidade e a ha- dade de administração de opioides ou adjuvantes, hidratação veno-
bilidade no uso desses dispositivos por anestesiologistas brasileiros. sa total de 800 mL de cristaloides. Ao final, realizados dipirona 2 g,
Métodos: Foi realizada pesquisa na plataforma Survey Monkey com ondansetrona 4 mg. A paciente evolui bem no pós-operatório com
anestesiologistas de todo o Brasil. O questionário foi elaborado com dipirona 1 g de 6/6h e necessidade de 3 mg de morfina na SRPA,
recebendo alta hospitalar em 24 horas de pós-operatório.
base em estudo realizado com o mesmo objetivo em 2015 no Reino
Discussão: Embora patologias cervicais sejam associadas à via aérea
Unido.
difícil, existem divergências na literatura sobre a presença de bócio
Resultado: Foram obtidas 230 respostas, das quais 104 (44%) eram
tireoidiano ser um fator de risco para intubação difícil. É escassa a li-
provenientes do estado de São Paulo. Dos indivíduos que respon-
teratura sobre os sintomas e as características da tumoração que indi-
deram à pesquisa, 52 (22%) eram médicos residentes em aneste-
quem um maior risco. São raros os relatos do uso da ML em pacientes
siologia e 183 (78%) eram médicos anestesiologistas, dos quais 65%
com tumoração cervical, e em sua maioria são mecanismos-ponte
provinham de instituição privada e 32% de instituição pública; 172
para a intubação endotraqueal ou dispositivos de resgate. Neste mo-
(73%) anestesiologistas diziam ter acesso aos VL. Os dispositivos mento, descrevemos o uso de dispositivo supraglótico com sucesso em
mais frequentemente citados foram King Vision, por 97 (57%), segui- paciente portador de bócio mergulhante com desvio traqueal subme-
do de C-MAC e Airtraq®, com 68 (40%) cada um, sendo esses dispo- tido à anestesia combinada para cirurgia não cervical.
sitivos próprios em 60 (35%) dos respondedores. Dos médicos anes- Referências:
tesiologistas ou residentes que responderam à pesquisa, 54 (32%) 1. Loftus PA, Ow TJ, Siegel B, et al. Risk factors for perioperative
não utilizaram o VL mais de 10 vezes e 100 (43%) não realizaram airway difficulty and evaluation of intubation approaches among
nenhum tipo de treinamento para utilizar esse dispositivo. Como patients with benign goiter. Ann Otorhinolaryngol. 2014;123:279-85.
consequência, 85 (37%) não se sentem com conhecimento suficiente 2. Ferson DZ, Rosenblatt WH, Johansen MJ, et al. Use of the Intu-
para ensinar a utilizar um VL. Mesmo assim, 128 (56%) utilizariam o bating LMA-Fastrach™ in 254 Patients with Difficult-to-manage
VL como primeira opção em uma via aérea difícil predita, e 90 (39%) Airways. Anesthesiology. 2001;95:1175-81.
preferiram o VL ao laringoscópio convencional.
Conclusões: Mesmo sendo um dispositivo citado nos algoritmos de
via aérea difícil, podemos observar que sua disponibilidade ainda TLP553 UTILIZAÇÃO DE BRONCOFIBROSCÓPIO
é limitada em nosso país, muitas vezes com o anestesiologista FLEXÍVEL NO MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM
precisando adquirir seu próprio dispositivo de via aérea difícil, sem PACIENTE PELVEGLOSSOMANDIBULECTOMIZADO
treinamento suficiente para utilizar o dispositivo. SUBMETIDO À ROTAÇÃO DE RETALHO E FECHAMENTO DE
Referência: TRAQUEOSTOMIA – RELATO DE CASO
1. Cook TM, Kelly FE. A national survey of videolaryngoscopy in the
United Kingdom. Br J Anaesth. 2017;118:593-600. Gildo Nunes Silva Neto*, Michelle Nogueira Nascimento,
José Eduardo Ferraz do Amaral Filho, Eduardo Piccinini Viana,
Ladson Soares Mariano, Vinicius Pinheiro Teles
TLO188 USO DE DISPOSITIVO SUPRAGLÓTICO EM Complexo Hospitalar de São Bernardo do Campo, São Bernardo do
PACIENTE PORTADOR DE BÓCIO MERGULHANTE COM Campo, SP, Brasil
DESVIO TRAQUEAL SUBMETIDO À ANESTESIA COMBINADA
Introdução: A cirurgia de pelveglossomandibulectomia (PGM) altera a
PARA CIRURGIA NÃO CERVICAL anatomia de via aérea e é um fator complicador para o anestesiolo-
João Francisco Volpe Junior*, Fabrício Tavares Mendonça, gista. Este relato pretende apresentar a conduta anestésica frente a
Débora Jericó Almeida Martins, Henrique Iamashita Miake um paciente que já fora submetido a uma PGM, submetido à nova ci-
rurgia de cabeça e pescoço com via aérea difícil (VAD) para rotação de
Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil
retalho do músculo peitoral maior e fechamento de traqueostomia.
Introdução: A máscara laríngea (ML) usualmente promove menor Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 63 anos de idade, ex-
estímulo álgico em relação à intubação endotraqueal. É alicerce tabagista, diabético e hipercolesterêmico em uso domiciliar de met-
dos fluxogramas de via aérea difícil como mecanismo de resgate. formina e sinvastatina. Em avaliação pré-anestésica, apresentou his-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S213

tória de PGM com radioterapia; ao exame, abertura de boca limitada barba, história de roncos, Mallampati IV, distância tireomentoniana <
(2 cm), extensão cervical reduzida, classificação de Mallampati IV, 6 cm, flexão e extensão normais, pescoço curto e grosso, abertura de
distâncias esterno e tireomentonianas diminuídas com traqueostomia boca > 3 cm e ausência de dentes. Paciente entra para procedimento
sem cânula. Optou-se por mantê-lo acordado e prosseguir a intuba- com PA: 150 × 90 mmHg; FR: 63 bpm; SatO2 100% em ar ambiente;
ção com BFF. Paciente foi sedado com midazolam e fentanil, mantido HGT 122; pré-medicado com clonidina. Indução anestésica com pro-
em ventilação espontânea. Em seguida, realizada anestesia tópica pofol, lidocaína e fentanil EV. Para o acesso à via aérea foi utilizado
com lidocaína 2% spray e administrada lidocaína sem vasoconstritor um novo dispositivo que consiste em uma máscara laríngea acoplada
intravenosa. O BFF foi introduzido no tubo endotraqueal (TET), am- a uma câmera para visualização direta, permitindo a IOT com TOT
bos lubrificados com lidocaína geleia. O aparelho foi introduzido pela através da máscara laríngea com ventilação intermitente à intuba-
boca até a hipofaringe, realizada instilação de solução de lidocaína ção, além de permitir a retirada da máscara laríngea após a IOT com
1% sem vasoconstritor através do canal de trabalho. Aguardados 2 mi- TOT sem necessidade de interromper a ventilação.
nutos, sem reflexo de tosse, seguiu-se a progressão do aparelho pelas Discussão: O novo dispositivo de acesso à via aérea difícil permite a
pregas vocais, subglote e traqueia proximal. Em seguida, o TET foi intubação sob visualização direta sem interromper a ventilação me-
avançado para traqueia distal e posicionado acima da carina para evi- cânica. Dispositivo útil, pois possibilitou a ventilação mesmo na pre-
tar intubação seletiva. Concomitantemente, o balonete foi insuflado, sença de critérios para ventilação difícil, não ocorrendo dificuldade
BFF retirado e iniciada indução anestésica com fentanil, propofol e em ofertar oxigênio para o paciente.
rocurônio. Manutenção anestésica com sevoflurano e remifentanil. O Referências:
procedimento teve duração total de 1h30, sem intercorrências. Ao 1. Ferrez D, Rebuglio R. Tratado de Anestesiologia SAESP. Manuseio
fim do procedimento, monitorização pelo TOF apresentava sequência de via aérea difícil. 7.ed. São Paulo: Atheneu; 2011;1397-418.
de quatro estímulos de três respostas, revertido bloqueio neuromus- 2. Henderson J. Airway management in the adult. In: Miller RD (ed).
cular com sugamadex e paciente extubado após 3 minutos. Miller’s Anesthesia. 7.ed. Philadelphia: Churchill Livingstone El-
Discussão: O paciente portador de doenças que alteram a anato- sevier; 2010;1573-610.
mia de via aérea se apresenta como desafio para o anestesiologis- 3. Apfelbaum JL, Hagberg CA, Caplan RA, et al. Practice guidelines
ta. As inúmeras cirurgias prévias e radioterapia às quais o paciente for management of the difficult airway: an up- dated report by
foi submetido acarretaram a presença de microstomia; retrações the American Society of Anesthesiologists Task Force on Manage-
e restrição da extensão cervical culminaram com a caracterização ment of the Difficult Airway. Anesthesiology. 2013;118:251-70.
de uma VAD. No presente caso foi essencial a observância da con-
dição de via aérea do paciente, que tornou necessário o uso do BFF
na condução segura da intubação. Sua utilização é, segundo a ASA, TLO797 VENTILAÇÃO MONOPULMONAR EM PACIENTE COM
considerada método de escolha no manuseio da VAD em cirurgias VIA AÉREA DIFÍCIL: VIDEOLARINGOSCOPIA E BLOQUEIO
eletivas e associada à adequada orientação do paciente, à seda- BRÔNQUICO COMO ALTERNATIVAS SEGURAS E EFETIVAS
ção consciente, a anestesia tópica e a destreza no manuseio do
Ricardo Zanlorenzi*, Ana Júlia Souto Barreto Rezende,
equipamento foram de crucial importância no desfecho favorável
deste caso. Mauricio do Amaral Neto, Guinther Giroldo Badessa,
Referência: Luiz Fernando dos Reis Falcão
1. Apfelbaum JL, Hagberg CA. Practice Guidelines for Manage- CET do Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista (GAAP) do
ment of the Difficult Airway: An Updated Report by the ASA Task Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
Force on Management of the Difficult Airway. Anesthesiology.
2013;118:251-70. Relato de caso: Paciente J.P.R., 15 anos de idade, 32 kg, 1,45 m.
Estado físico considerado ASA II à custa de paralisia cerebral e com
exames laboratoriais dentro da faixa de normalidade. O mesmo foi
recebido em cama específica, em decúbito lateral esquerdo, com
TLO285 VENTILAÇÃO E INTUBAÇÃO SIMULTÂNEAS SOB
halo craniano e tração utilizados no período de preparo para a ci-
VISUALIZAÇÃO CONTÍNUA
rurgia de correção de escoliose. Essa seria feita por via anterior e
Mauren Cantarelli Noal*, Patrick Augusto Gama Lima de Oliveira, posterior, com a primeira etapa por toracotomia. Havia, portanto,
Márcio de Pinho Martins, Fernando de Carvalho Corrêa, necessidade de ventilação monopulmonar, com isolamento do pul-
Carla Valeria Rocha Ramos Giorgetta mão direito para a via de acesso do procedimento. Avaliação das
vias aéreas durante a avaliação pré-anestésica sugeria ventilação
Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), Rio de Janeiro, RJ,
por máscara facial sem dificuldades, porém a impossibilidade de
Brasil
posicionar o paciente para laringoscopia tornaria a intubação por
Introdução: O maior desafio do anestesiologista ainda é o controle meios convencionais severamente prejudicada. Houve então a op-
da via aérea. O avanço tecnológico permitiu seu acesso com maior ção pela manutenção do paciente em sua posição original e indu-
facilidade. Alguns pacientes, além da IOT, também apresentam cri- ção venosa. Conforme esperado, a ventilação manual foi fácil, após
térios difíceis para a ventilação sob máscara facial, o que pode tor- indução com propofol, fentanil e rocurônio. Foi então realizada
nar o procedimento catastrófico na ausência de alternativas para videolaringoscopia com Glidescope® (lâmina 3) e com uma visuali-
seu adequado controle. zação da laringe grau II de Cormack-Lehane foi inserido na via aé-
Relato de caso: JOS, 72 anos de idade, sexo masculino com indi- rea um cateter vascular Fogarty (COOK®) número 6. Em seguida, foi
cação de realizar colangiopancreatografia retrógrada. História pato- realizada intubação traqueal com tubo aramado número 6,5. Após
lógica pregressa: hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemia em confirmada capnografia e expansibilidade em ambos os hemitórax,
tratamento com nifedipina, losartana, metoprolol, metformina e com ajuda de um fibroscópio, o cateter Fogarty foi posicionado na
atorvastatina. Ao exame físico: 128 kg com 1,70 m, tabagista 20 ma- entrada do brônquio fonte direito, 1 cm abaixo da carina. Insufla-
ços/ano, capacidade funcional com restrição da avaliação devido à ção sob visão direta mostrou efetivo bloqueio do brônquio sem her-
dificuldade em deambular. Exames pré-operatórios: ECG apresentan- niação do balonete do cateter acima da linha da carina. Uma vez
do bradicardia sinusal, raio X de tórax com hiperinsuflação, Hb: 15 feita a via de acesso, manobra de apneia possibilitou desinsuflação
g/dL, HT: 46%, creatinina: 1,0 mg/dL, ureia 33 mg/dL, teste de es- “ativa” do pulmão direito pelo cirurgião conseguindo rapidamente
forço farmacológico normal e ecocardiograma apresentando fração excelente exposição cirúrgica. Após total esvaziamento do pulmão
de ejeção de 72% sem demais alterações. Vias aéreas: presença de manipulado, o balonete do Fogarty foi insuflado sob visão direta
S214 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

e bloqueio total do brônquio fonte direito foi obtido. Ao final do nha ciência das implicações anestésicas na SG para a adoção dos
procedimento, o pulmão direito foi reexpandido sob visão direta e cuidados necessários à abordagem da via aérea. Essas medidas po-
o Fogarty foi retirado. O paciente foi conduzido para UTI, extubado dem evitar consequências catastróficas como deficits funcionais,
18 horas depois e teve alta hospitalar após quatro dias. deformidade cosmética e até lesão neurológica irreversível.
Discussão: Em pacientes com intubação difícil antecipada, a Referência:
escolha de uma técnica alternativa à laringoscopia convencional é 1. Bocciolini CD, Dall’olio E, Cunsolo PP, Cavazzuti P. Grisel’s syn-
recomendada pelo algoritmo da ASA e possibilitou acesso à laringe drome: a rare complication following adenoidectomy. Lauda-
sem maiores dificuldades. A técnica de bloqueio brônquico permite dioacta Otorhinolaryngol Ital. 2005;25:245-9.
ventilação monopulmonar com tubo traqueal simples, muito mais
fácil de ser inserido do que um tubo de duplo-lúmen, especialmente
em pacientes com via aérea difícil. O esvaziamento ativo do pulmão TLP478 VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE
não dependente pelo cirurgião praticamente elimina o período lon- POLITRAUMATIZADO COM COLAR CERVICAL SUBMETIDO À
go de latência entre o início da ventilação monopulmonar e a ob- LAPAROTOMIA EXPLORADORA
tenção de exposição cirúrgica. O bloqueio brônquico extra-axial (ou
Guilherme Meirelles Leite R. da Silva*, Cirilo Haddad Silveira,
para-axial) elimina a necessidade do uso de adaptadores específicos
Leandro Criscuolo Miksche, Paulo Sérgio Mateus Marcelino Serzedo,
e permite ampla utilização da técnica.
Eduardo Barbin Zuccolotto
Referência:
1. Campos JH. Current techniques for perioperative lung isolation CET Clinica de Anestesiologia de Ribeirão Preto (CARP), Ribeirão
in adults. Anesthesiology. 2002;97:1295-301. Preto, SP, Brasil
Introdução: O uso do colar cervical no trauma é preconizado para
estabilizar o pescoço do paciente, evitando progressão de uma pos-
TLO348 VIA AÉREA DIFÍCIL EM PACIENTE COM SÍNDROME
sível lesão medular. Essa imobilização pode dificultar a intubação
DE GRISEL orotraqueal e o acesso à via aérea. Nesses casos, a ASA preconiza a
Carolina Linhares Martins*, Nathália Vasconcelos Ciotto, intubação sob ventilação espontânea. Este relato tem como objeti-
Cláudia Helena Ribeiro da Silva, Magda Lourenço Fernandes vo apresentar um caso de via aérea difícil com uso de videolaringos-
cópio sob ventilação espontânea.
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG,
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 50 anos de idade, 55
Brasil
kg, vítima de queda de 6 metros, admitido no centro cirúrgico para
Introdução: A abordagem da via aérea é um dos pontos crucias da laparotomia exploradora por pneumoperitônio. Previamente hígi-
anestesia e pode se tornar um grande desafio em situações clínicas do, Glasgow 15, em uso de colar cervical. Liberado pela equipe da
que cursam com instabilidade da coluna cervical, dificultando neurocirurgia para o procedimento. Monitorizado com eletrocardios-
sua extensão durante a intubação traqueal. Como exemplo de tal copia, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. A equipe
situação, destaca-se a síndrome de Grisel (SG), que consiste em su- anestésica optou por intubação sob ventilação espontânea pela im-
bluxação atlantoaxial secundária a processo infeccioso de vias aéreas possibilidade de movimentação da cabeça devido ao colar cervical.
superiores. O objetivo do presente relato foi discutir as dificuldades e Após conversar com o paciente sobre o procedimento, realizou-se
as soluções para abordagem da via aérea em paciente portador de SG. sedação com midazolan 2 mg e fentanil 20 mg e anestesia tópica
Relato de caso: Paciente de 21 anos de idade, sexo masculino, ASA com lidocaína 1% aplicada na via aérea com atomizador. Foi utilizado
1, apresentando lesões líticas em corpo vertebral de C1 e C2, fratura para intubação o videolaringoscópio KingVision® para a otimização
de processo odontoide e deslocamento anterior de C1 sobre C2. Na da primeira tentativa e tubo endotraqueal nº 7. O paciente permane-
otoscopia, visualizou-se otorreia purulenta abundante em OE. Com ceu colaborativo, sedado, porém consciente até a insuflação do cuff.
o quadro sugestivo de SG, foi indicada biopsia de lesão de C2, sob Após isto, foram administrados propofol e rocurônio. A manutenção
anestesia geral, para confirmação diagnóstica. Estava em uso de da anestesia foi feita com remifentanil e propofol, e foi realizado
colar cervical para garantir estabilidade da coluna. A avaliação da bloqueio TAP para analgesia pós-operatória. O paciente não referiu
via aérea mostrou Mallampati 4 e alteração da arcada dentária (api- lembrança do procedimento de intubação, e foi encaminhado para a
nhamento dentário severo). Para indução anestésica, optou-se por sala de recuperação hemodinamicamente estável.
intubação orotraqueal com auxílio de fibroscopia óptica, mantendo- Discussão: O presente caso é importante por retratar o manejo corre-
se a cabeça em posição neutra. Após a administração de lidocaína, to da via aérea em pacientes com risco de lesão da coluna cervical em
midazolam e remifentanil, realizou-se a intubação traqueal, com su- uso de colar cervical submetido à cirurgia de urgência. A lesão da co-
cesso. Em seguida, procedeu-se à indução anestésica com propofol luna cervical afeta 2–5% dos pacientes com trauma contuso. O aneste-
e atracúrio. A manutenção foi feita com isoflurano e o procedimento siologista deve estar familiarizado com técnicas para minimizar o risco
cirúrgico durou cerca de 60 minutos. Ao final, após assumir a ventila- de lesão da medula durante o manejo das vias aéreas. Uma opção
ção espontânea, o paciente foi extubado sem intercorrências. aceitável para o manejo das vias aéreas em pacientes com possível le-
Discussão: A SG é uma entidade rara, caracterizada por desvio ro- são cervical seria o uso dos videolaringoscópios em combinação com a
tacional entre C1 e C2, secundária a um processo inflamatório ou estabilização manual ou com colar cervical, a fim de minimizar o des-
infeccioso com origem na região cervical. Ocorre mais frequente- locamento da coluna cervical. Desse modo, a intubação orotraqueal
mente em crianças, com 68% dos casos até os 12 anos e 90% até os no paciente acordado, associada ao uso de videolaringoscópio, mos-
21 anos de idade. A decorrente subluxação atlantoaxial contrain- trou-se padrão ouro nos algoritmos de via aérea difícil em vítimas de
dica a extensão cervical, dificultando o manuseio da via aérea. A politrauma com suspeita de lesão de coluna cervical. Deve-se envolver
intubação por fibroscopia torna-se mandatória para garantir o su- o paciente de maneira integral, realizando condutas mais seguras para
cesso e aumentar a segurança do procedimento. No caso relatado, a manutenção do seu bem-estar e evitando lesões neurológicas.
o paciente apresentava dificuldade adicional devido à alteração Referências:
da arcada dentária. Assim, optou-se por realizar intubação com 1. Krishnamoorthy V, Dagal A, Austin N. Airway management in cer-
o paciente acordado, para garantir a respiração espontânea, caso vical spine injury. Int J Crit Ilness Inj Sci. 2014;4:50-6.
houvesse dificuldade na introdução ou no posicionamento do tubo 2. Mosier JM, Stolz U, Chiu S, Sakles JC. Difficult airway management
traqueal. Com todos esses cuidados, o procedimento transcorreu in the emergency department: GlideScope videolaryngoscopy
com segurança. Portanto, é fundamental que o anestesiologista te- compared to direct laryngoscopy. J Emerg Med. 2012;42:629-34.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S215

TLP485 VIA AÉREA DIFÍCIL EM RECÉM-NASCIDO PORTADOR a necessidade de serem realizadas intubações com técnica correta.
DA SÍNDROME DE PIERRE ROBIN Existe uma lacuna no que tange à realização desse procedimento no
ambiente de UTI, seja pela falta de padronização ou pelo conheci-
Vandson Barbosa de Oliveira, Mário Henrique Almeida de Assis*,
mento limitado a respeito do assunto, como apontado em alguns
Bruno Santos Afonso de Melo, Alexandre Dubeux Dourado,
estudos. Por isso, neste estudo, avaliamos o conhecimento dos mé-
Stênio Edson Jota Ferraz, Débora Pinheiro Leite dicos da UTI acerca das peculiaridades da via aérea nesse ambiente.
Hospital Regional do Agreste Dr. Waldemiro Ferreira, Caruaru, PE, Métodos: Os dados foram coletados por meio da aplicação de um
Brasil questionário. As perguntas foram divididas em quatro segmentos:
perfil demográfico, quanto ao conhecimento da via aérea, quanto à
Introdução: Sequência de Pierre Robin (SR) é uma anomalia congê-
conduta na intubação endotraqueal e quanto à sequência rápida de
nita rara, caracterizada pela ocorrência de micrognatia e glossopto-
indução. Os resultados foram apresentados de maneira descritiva,
se, com ou sem fissura de palato. A incidência na população geral é
com o percentual de cada uma das opções de resposta.
de 1/8500 a 1/14000 nascidos-vivos.
Resultado: Quanto à definição de via aérea difícil (VAD), 40% a defi-
Relato de caso: Recém-nascido (RN) de M.D.S, sexo feminino, por-
niram como uma situação de intubação difícil, e 60% como uma situa-
tador da síndrome de PR, 2,695 kg, comprimento 50 cm, PC 33 cm,
ção de ventilação sob máscara e intubação difíceis; 50% já fizeram
PT 29. Nascido de parto vaginal com 37 semanas, presença de me-
cônio em maternidade de baixa complexidade na cidade de Caruaru curso sobre via aérea difícil; 40% dos entrevistados sempre avaliam
(PE), com Apgar de 4 no primeiro minuto necessitando de O2 sob a via aérea antes de um intubação traqueal, 30% a maior parte das
ventilação com máscara facial. Após estabilização, foi transferido vezes e 30% poucas vezes; 50% dos entrevistados sempre realizam a
para a unidade de alto risco. Apresentou piora do quadro respira- pré-oxigenação, e 50% alegaram seu uso na maior parte das vezes.
tório, necessitando IOT, inicialmente tentada pelo neonatologista Quanto a considerar o paciente de UTI e jejum desconhecido como
sem sucesso. Solicitado auxílio da equipe de anestesiologia, que “estômago cheio”, 70% assim o fazem. Todos (100%) utilizam opioide
observou micrognatismo, fenda palatina, macroglossia e glossop- em suas intubações. Todos os entrevistados (100%) confirmaram ter
tose. Foi tentada intubação com lâminas retas 1 e 2 e tubo 3 sem conhecimento sobre a sequência rápida de indução (SRI). Todos a
cuff, sem sucesso. Manteve saturação adequada sob ventilação com consideraram indicação para pacientes com “estômago cheio” ou je-
máscara facial. Com objetivo de melhorar a visualização das estru- jum desconhecido. Quando indicada, 40% dos plantonistas afirmaram
turas, foi realizada glossopexia com fio de nylon 3-0 para tracionar que a realizam sempre, 50% a executam a maior parte das vezes e
e exteriorizar a língua. Essa manobra facilitou a laringoscopia, com 10%, poucas vezes. Apesar de 100% dos médicos afirmarem conheci-
sucesso da intubação, confirmada por capnografia. mento sobre a SRI e as diferenças entre SRI e intubação clássica, eles
Discussão: Uma das maiores preocupações ao realizarmos um pro- não souberam indicar corretamente essas diferenças. A redução en-
cedimento anestésico está relacionada à via aérea (VA) e sua ade- tre os intervalos entre as medicações, a pré-oxigenação e o não uso
quada manutenção. A presença de uma via aérea difícil (VAD) não de ventilação assistida foram assinalados por 20% dos questionados.
antecipada é sempre um grande desafio, que muitas vezes pode Conclusões: O conhecimento médico sobre intubação endotraqueal
evoluir para uma catástrofe. A síndrome de Pierre Robin se expres- por parte dos plantonistas não foi satisfatório, mesmo entre os
sa por obstrução das VA e dificuldades alimentares que são mais profissionais mais qualificados para tal prática. Constatou-se
frequentes e mais graves no período neonatal. Várias modalida- diversidade quanto à formação profissional dos médicos plantonistas
des de tratamento são descritas na literatura: tratamento postural da UTI. Evidenciou-se uma diversidade de condutas adotadas no mane-
(a criança é colocada em posição prona), intubação nasofaríngea, jo da via aérea, sem que houvesse conformidade entre os participan-
glossopexia, traqueostomia e, mais recentemente, distração man- tes, ainda que todos tenham afirmado a existência de um protocolo de
dibular. O manejo anestésico deverá ser composto por uma avalia- via aérea na UTI. Ressaltamos a necessidade de avaliar se as práticas
ção pré-operatória adequada, com planejamento para abordagem clínicas adotadas correspondem às respostas dos questionários.
da VA e complicações associadas, manejo adequado da IOT e da ex- Referências:
tubação. Por fim, a prioridade no tratamento deve ser a manuten- 1. Reynolds SF, Heffner J. Airway management of the critically ill
ção da permeabilidade das VA, o mais precocemente possível. Sem patient: rapid-sequence intubation. Chest. 2005;127:1397-412.
o tratamento adequado, a hipóxia crônica pode levar ao cor pulmo- 2. Stocker R, Biro P. Airway management and artificial ventilation in
nale, e crises recorrentes de hipóxia podem levar a dano cerebral. intensive care. Curr Opin Anaesthesiol. 2005;18:35-45.
Referências:
1. Marques IL, de Sousa TV, Carneiro AF, Peres SP, Barbieri MA, Be-
ttiol H. Sequência de Robin – protocolo único de tratamento. J
Pediatr (Rio J). 2005;81:14-22.
2. Melhado VB, Fortuna A. Via aérea difícil. In: Yamashita AM, Fortis
EAF. Curso de educação à distância em anestesiologia. Vol.IV; São
XLII) Anestesia Regional e Dor
Paulo: Office Editora; 2004;16-107. Pós-operatória

TLO945 VIA AÉREA E INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL: TLO499 ANALGESIA APÓS CESARIANA EM GESTANTE
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO MÉDICO E PRÁTICA PORTADORA DE PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA
ADOTADA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DO POR MEIO DE BLOQUEIO BILATERAL DO PLANO
HOSPITAL DO CORAÇÃO DO ANIS RASSI TRANSVERSO ABDOMINAL (TAP BLOCK)
Adélia Rocha Simeoni*, Rodrigo Cavalcante Carlos de Carvalho, Eduardo Henrique Silva Bachião*, Huana Christina Rosa Nogueira,
José Gilmar Gomes Júnior, Raimundo Nonato Filho, Ielli Lacerda Camilo, Camylla Prates Timo,
Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro, Nathalia Bufaiçal Rassi Carneiro Flávia Vieira Guimarães Hartmann,
Bruno de Castro Fernandes Epitacio
Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo
(CRER), Goiânia, GO, Brasil Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil
Objetivos: Em unidades de terapia intensiva (UTI), a intubação oro- Introdução: A púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) é a doença
traqueal (IOT) é procedimento de rotina. Dessa maneira, é evidente autoimune mais frequente no período reprodutivo, com incidência
S216 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

de 1-2/1.000 partos. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINES) Relato de caso: SBC, 43 anos de idade, sexo feminino, foi enca-
são os fármacos tradicionalmente utilizados para analgesia pós-ope- minhada para nova abordagem de mastectomia à esquerda com
ratória em cesariana; entretanto, em pacientes portadores de PTI, linfadenectomia axilar por recidiva tumoral após cirurgia, quimio-
o uso de AINES pode interferir na hemostasia primária e predispor a terapia e radioterapia há dois anos. Apresenta história de TVP após
sangramentos. O bloqueio bilateral do plano transverso abdominal fratura de MIE; ex-tabagista, 87 kg, IMC 31,2. Relato de Shivering
pode ser uma boa alternativa analgésica nesses casos. em pós-operatório. Laboratoriais dentro da normalidade. Realizado
Relato de caso: Gestante a termo, 37 anos, 87 kg, com diagnóstico AGB com agentes venosos (propofol 160 mg, fentanil 350 mcg, ro-
prévio de PTI crônica, em uso regular de prednisona. Admitida para curônio 40 mg) e manutenção com sevoflurano CAM 0,6. Realizada
cesariana devido à desproporção cefalopélvica. Plaquetometria de antissepsia, colocação de campos estéreis e visualização das fáscias
73.000/mm³, TAP 12 s, TTPA 35 s. SpO2 98%, PANI 132 × 78 mmHg, musculares por meio de auxílio de ultrassom com injeção de ropiva-
FC 92 bpm. Realizada raquianestesia L3-L4, AG Quincke 27G, com caína 0,3% 20 mL entre músculos serrátil anterior e peitoral menor
bupivacaína pesada 12 mg e morfina 0,1 mg. Nível sensitivo em T6. e 10 mL entre músculos peitorais maior e menor com observação de
Duração da cirurgia: 75 minutos. Não administrado AINES. Procedido dispersão do anestésico local e exclusão de injeção intravascular
TAP block bilateral ecoguiado com 40 mL de ropivacaína 0,5% (2,5 ou lesão a estruturas nobres adjacentes. Paciente não precisou de
mg/kg). Probe posicionado transversalmente à linha axilar anterior, repiques de opioides durante o procedimento. Despertar realizado
no ponto médio entre o rebordo costal e a crista ilíaca. Punção com ausência de dor. Permaneceu durante período de internação
com agulha 20G (32 mm) em plano e deposição do anestésico entre com EVA 0 segundo equipe assistente. Não apresentou náuseas ou
as fáscias dos músculos oblíquos interno e transverso do abdome. vômitos no pós-operatório ou necessidade de solicitação de medi-
Paciente permaneceu sem queixa de dor por 36 horas, sendo o pri- cação analgésica. Permaneceu por menos de 24 horas internada.
meiro resgate analgésico feito com tramadol 100 mg. Discussão: O PEC Block I modificado está indicado em toracotomias
Discussão: Gestantes portadoras de PTI apresentam destruição anteriores, inserções de cateteres com infusão contínua, colocação
plaquetária autoimune de causa desconhecida, com prejuízo na de expansores de mama, portocaths e dispositivos implantáveis,
hemostasia primária. Durante o parto, seja por via vaginal ou ce- além de cirurgias de ombro abertas. Segundo a técnica descrita,
sárea, deve ser mantida contagem de plaquetas acima de 50.000/ o PEC I atinge inervação dos peitorais medial (C8–T1) e lateral (C5–
mm³, tendo em vista o maior risco de sangramento em contagens C7); o PEC II abrange, além disso, a região axilar do nervo intercos-
menores. Os AINES, amplamente utilizados para controle álgico tobraquial, intercostal (T3–T6) e torácico longo, compreendendo a
pós-cirúrgico, ao inibirem a enzima cicloxigenase-1, podem oca- área sensitiva cirúrgica prevista neste caso. A associação com anes-
sionar disfunções constitutivas na formação do tromboxano A2 e tesia regional reduz o consumo de opioides no intra e no pós-opera-
consequente alteração do tampão plaquetário, devendo ser evita- tório, assim como a incidência de náuseas e vômitos, dor aguda no
dos. O TAP block com anestésico local de longa ação, ao bloquear pós-operatório imediato, desenvolvimento de dor crônica, custos,
os ramos anteriores dos nervos espinais de T10 a L1, promoveu tempo de internação e alta hospitalar. Abordagem axilar da técnica
analgesia da parede anterior do abdome (pele, músculos e peritô- descrita sob visualização direta do ultrassom previne pneumotórax,
nio) desde a cicatriz umbilical até a região inguinal, sem interferir punção intravascular e injeção inadvertida através da lesão, que
na contagem plaquetária, por um período de 36 horas. A morfina poderia disseminar células tumorais.
intratecal, por apresentar duração clínica restrita (em torno de 6 Referência:
horas), inviabiliza alívio da dor por tempo suficiente para garantir 1. Blanco R, Fajardo M, Parras Maldonado T. Ultrasound description
conforto pós-operatório. O TAP block, neste caso, foi uma alter- of Pecs II (modified Pecs I): A novel approach to breast surgery.
nativa eficaz e segura de analgesia pós-operatória em gestante Rev Esp Anestesiol Reanim. 2012;59:470-5.
portadora de PTI.
Referências:
1. Hohlfeld T, Saxena A, Schrör K. High on treatment platelet reac- TLP919 ANESTESIA ESPINAL PARA EMBOLIZAÇÃO DE
tivity against aspirin by non-steroidal anti-inflammatory drugs ARTÉRIA UTERINA: SÉRIE DE CASOS
– pharmacological mechanisms and clinical relevance. Thromb
Flávia Aparecida Resende, Bruno de Oliveira Matos*,
Haemost. 2013;109:825-33.
André Fernandes Botrel e Silva, Pedro Maurício Quintino,
2. Lima IF, Linda F, Santos A, et al. Bloqueio do Plano Transverso
Abdominal Contínuo Bilateral em Doente com Cirurgia Abdominal Luiz Gustavo Vecchio Salomom Gouveia, Cristiano Pereira Peluso
Prévia. Rev Bras Anestesiol. 2013;63:422-5. Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG, Brasil
Introdução: A embolização da artéria uterina (EAU) é uma
alternativa à histerectomia para o tratamento de miomas. Apesar
TLP610 ANALGESIA REGIONAL E DOR PÓS-OPERATÓRIA:
do seu caráter minimamente invasivo, cursa com um período pós-
PEC BLOCK I MODIFICADO
operatório (PO) doloroso devido à isquemia do mioma e miométrio,
Roberta Parastchuk*, Jaqueline Rafaela Bernardes, principalmente nas primeiras horas após o término do procedimento.
Daiane Alves do Nascimento, Poliana Karolina Splendor, Além da dor isquêmica, as pacientes podem apresentar febre e
Cyneraylly Lêba Saraiva Bessa, Denis Santolin fadiga nas primeiras 48-72 horas, como componente da resposta in-
flamatória à embolização. O objetivo do relato dos casos foi mostrar
Hospital Municipal São José (HMSJ), Joinville, SC, Brasil
a mudança de conduta de um serviço após vários casos de pacientes
Introdução: O câncer de mama é o tumor maligno mais frequente com pós-operatório desfavorável.
em mulheres, responsável por 40% dos casos de dor no pós-operató- Relato de caso: Foram analisadas nove pacientes do sexo femini-
rio de mastectomia e por 50% das pacientes desenvolverem sintomas no submetidas à embolização seletiva da artéria uterina com mi-
de dor persistente e distúrbios sensoriais, interferindo na qualidade cropartículas de álcool de polivinil para tratamento de miomatose
de vida. A técnica anestésica mais comum é baseada em anestesia uterina durante o ano de 2016. A idade média das mesmas foi de 40
geral balanceada (AGB) com predomínio de opioides. Nesse contex- anos, classificadas em estado físico ASA I ou ASA II, com indicação
to, surge a analgesia multimodal com objetivo de prevenir a dor clínica para o procedimento por metrorragia. O procedimento nos
crônica e reduzir o consumo de opioides. O PEC Block é uma alter- primeiros seis casos foi realizado com sedação e anestesia local com
nativa simples, menos invasiva e com menor risco de complicações lidocaína 2% sem vasoconstritor no território de punção da artéria
em relação à falha da técnica peridural torácica ou paravertebral. femoral direita. O pós-operatório imediato foi realizado no centro
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S217

de terapia intensiva para controle álgico com escala visual de dor dor e náuseas. A dor pós-operatória foi avaliada pela escala visual
média de 8 pontos em 10 e tempo para alta hospitalar médio de 48 de dor e pela escala numérica (0-10) de dor, às 12 e às 24 horas
horas. Em virtude dos níveis elevados de dor, optou-se por mudar após a cirurgia, e não houve queixas da paciente, que retornou ao
a técnica anestésica para realização de raquianestesia com bupiva- ambulatório de pós-operatório também sem nenhuma dor limitante
caína 0,5% na dose de 12,5 mg com acréscimo de morfina espinal a e incapacitante.
1,5 mcg/kg de peso. As três pacientes subsequentes evoluíram com Discussão: O bloqueio ESP está associado a menor risco de lesão
redução dos níveis de dor com média de 4 pontos em 10 na escala nervosa, e pneumotórax é considerado seguro em pacientes com
visual analógica e alta hospitalar após 24 horas de internação. distúrbios de coagulação. Há evidências de que a imunossupressão
Discussão: Devido ao inconveniente do PO doloroso, os trabalhos induzida por opioides pode afetar o resultado da cirurgia, incluindo
sugerem que seja escolhida uma técnica anestésica que possibilite maior risco de infecção e metástase na população portadora de cân-
uma boa analgesia, principalmente após o término do procedimen- ceres. Os opioides de ação ultracurta causam tolerância e hiperal-
to. O anestesiologista pode lançar mão da analgesia controlada pelo gesia pós-operatórias. A vantagem do bloqueio ESP é a simplicidade
paciente, medicações com ação preemptiva, bloqueios de neuroei- e a segurança para execução, relacionadas à sua sonoanatomia, de
xo com adjuvantes e bloqueios de nervos locais. Cada uma dessas fácil reconhecimento. As técnicas de anestesia regional para cirur-
alternativas tem peculiaridades quanto a custo, eficácia, incidên- gias mamárias são eficazes em controlar e prevenir a dor aguda,
cia de efeitos colaterais. Tanto o bloqueio de neuroeixo quanto a reduzindo os efeitos adversos dos opioides.
analgesia controlada pelo paciente apresentam baixos escores de Referências:
dor; entretanto, o bloqueio proporciona uma analgesia superior nas 1. Forero M, Adhikary SD, Lopez H, Tsui C, Chin LJ. The erector
primeiras 24 horas, apesar de custos e riscos de complicações serem spinae plane block: a novel analgesic technique in thoracic neu-
maiores. ropathic pain. Reg Anesth Pain Med. 2016;41:621-7.
Referências: 2. Bolin E, Harvey N, Wilson S. Regional anesthesia for breast surgery:
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tervent Radiol. 2015;38:1157-61. TLO109 BLOQUEIO BILATERAL DE PLEXO BRAQUIAL VIA
2. Kooij S, Moolenaar L, Ankum W, et al. Epidural analgesia ver- INFRACLAVICULAR COM USO DE ULTRASSONOGRAFIA EM
sus patient-controlled analgesia for pain relief in uterine artery PACIENTE COM AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA AO NÍVEL DOS
embolization for uterine fibroids: a decision analysis. Cardiovasc ANTEBRAÇOS
Intervent Radiol. 2013;36:1514-20.
Carla Soares Meireles, Rogério Augusto de Queiroz,
Rodrigo Machado Saldanha, Rafael Teixeira dos Santos *,
TLO472 BLOQUEIO ANESTÉSICO DO PLANO ERETOR Cássia Franco Matheus, Adrielle Aprigio de Queiroz
DA ESPINHA PARA ANESTESIA LIVRE DE OPIOIDE EM Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG,
MASTECTOMIA RADICAL COM ESVAZIAMENTO AXILAR Brasil
Alan Kimura*, Bruno Mendes Carmona, Introdução: A anestesia regional oferece vários benefícios, como
Mário de Nazareth Chaves Fascio, Antonio Jorge Silva Junior, analgesia pós-operatória de qualidade, redução do uso de opioides,
Leandro Zamprogno da Silveira, Cayo Almyr Silva Favacho da sensibilização dos neurônios periféricos e centrais e redução de
cronificação da dor. O bloqueio bilateral do plexo braquial tem sua
Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
indicação controversa na literatura por suas possíveis complicações.
Introdução: O câncer de mama é a neoplasia maligna mais comum Com o uso da ultrassonografia, houve redução dos riscos. Sua indica-
em mulheres, afetando uma em cada oito mulheres nos EUA. O blo- ção deve ser reavaliada levando-se em consideração o binômio risco
queio do plano eretor da espinha (ESP) foi relatado pela primei- × benefício, mas com auxílio da ultrassonografia houve ampliação
ra vez em 2016. Ele bloqueia os ramos dorsal e ventral dos ner- das suas indicações.
vos espinais torácicos e é usado em cirurgias de parede torácica. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 46 anos de idade, 80
Atualmente, as técnicas anestésicas livres de opioides têm se popu- kg, trabalhador rural, deu entrada em centro cirúrgico após ampu-
larizado entre os anestesiologistas por evitar os efeitos indesejáveis tação traumática dos dois punhos em acidente com máquina agrí-
desses fármacos (depressão respiratória, sedação, náusea, vômito, cola. Vigil, orientado, taquipneico, normotenso, taquicárdico e dor
constipação, íleo paralítico), que podem aumentar a morbimortali- intensa (EVA = 10). Realizada anestesia geral com 800 mcg fentanil,
dade pós-operatória. 200 mg cetamina, 80 mg de succinilcolina e manutenção com se-
Relato de caso: Mulher, 44 anos de idade, 68 kg, estado físico ASA voflurano 1 CAM e rocurônio 20 mg. Feita limpeza e regularização
P2, grande tabagista, programada para mastectomia radical com dos cotos. Ao término, realizado bloqueio do plexo braquial pela
esvaziamento axilar à esquerda. Hipertensa controlada com losar- via infraclavicular bilateralmente guiado por USG administrando-se
tana 50 mg, em uso de codeína e paracetamol para controle da dor 50 mg (20 mL) de bupivacaína 0,25% com adrenalina 1:200.000 em
oncológica. Realizada sedação com midazolam 2 mg e, em segui- cada lado. Extubado e encaminhado ao CTI negando dor; 12 horas
da, bloqueio do plano eretor da espinha guiado por ultrassonografia após procedimento, permanecia sem dor (EVA = 0).
ao nível de T4, com levobupivacaína 0,375% 20 mL com epinefrina Discussão: O bloqueio bilateral de plexo braquial tem sua indica-
1:100.000. Logo após o bloqueio, a paciente evoluiu com hipoten- ção quando se necessita evitar anestesia geral pela presença de
são arterial de 70 × 40 mmHg e bradicardia 40 bpm. Administrado comorbidades, previsão de via aérea difícil, recusa do paciente ou
efedrina 10 mg, que reverteu o quadro. A indução foi com 0,15 mg/ quando se deseja uma analgesia pós-operatória adequada, princi-
kg de cetamina, 30 mg/kg de sulfato magnésio, propofol 140 mg, palmente quando há histórico de adicção ou efeitos adversos do uso
rocurônio 25 mg e clonidina 120 mcg, seguida de passagem de más- de opioides. A dor pós-operatória tem elevada prevalência, e muitas
cara laríngea nº 4. A manutenção anestésica foi com propofol em vezes é negligenciada, levando à sensibilização central, hiperalge-
dose alvo-controlada. Feitos sintomáticos dexametasona 8 mg, dipi- sia e dor crônica, causando impacto na funcionalidade e na quali-
rona 1 g e cetoprofeno 100 mg. A cirurgia durou 2 horas e não houve dade de vida. As principais complicações são intoxicação aguda por
outras intercorrências. Ao término da anestesia, a máscara laríngea anestésico local, bloqueio do nervo frênico e risco de pneumotórax
foi retirada e a paciente foi encaminhada à SRPA com TOF > 0,9, sem bilateral. A USG permite a visualização dos nervos, vasos, músculos
S218 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

e pleura; assim, utilização de menores volumes anestésicos, redu- 2. Jairam AP, Kaufmann R, Muysoms F, Jeekel J, Lange JF. The fea-
zindo a chance dessas complicações. A abordagem infraclavicular sibility ol local anesthesia for the surgical treatment of umbi-
tem menor chance de comprometimento da mecânica ventilatória lical hernia: a sistematic review of literature. Disponível em:
do que as vias interescalênica e supraclavicular. Em pacientes sem <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28108822>.
doenças respiratórias significativas, essas alterações respiratórias
costumam ser bem toleradas. Revisão sistemática concluiu que a
presença de complicações com bloqueio bilateral não é maior do TLP748 BLOQUEIO DO PLANO DO MÚSCULO ERETOR DA
que quando realizado unilateralmente e que deve sempre ser rea-
ESPINHA PARA ANALGESIA PÓS-MASTECTOMIA BILATERAL
lizado com USG.
Referência:
MASCULINIZANTE
1. Petrar SD, Seltenrich ME, Head SJ, et al. Hemidiaphragmatic pa- Danielle Nunes de Arruda*, Fernanda Moreira Gomes Mehlmann,
ralysis following ultrasound-guided supraclavicular versus infra- Guinther Giroldo Badessa, Luiz Fernando dos Reis Falcão,
clavicular brachial plexus blockade. A randomized clinical trial. Adriano Brasolin, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano
Reg Anesth Pain Med. 2015;40:133-8.
CET do Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista (GAAP) do
Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
TLP061 BLOQUEIO DO MÚSCULO RETO ABDOMINAL Introdução: No planejamento anestésico para cirurgias de mastec-
GUIADO POR ULTRASSOM COMO ANESTESIA PRIMÁRIA EM tomia, deve-se considerar a alta incidência de dor pós-operatória,
HERNIORRAFIA UMBILICAL EM ADULTOS: UM RELATO DE culminando com elevado consumo de opioides, o que pode poster-
CASO gar a alta hospitalar devido a seus efeitos colaterais. Tal fato pode
ser evitado associando-se técnicas de anestesia regional periférica
Larissa Magalhães Lopes*, Leonardo Diniz Corrêa Pinto,
ou peridural. O bloqueio do plano do músculo eretor da espinha
Marta Eugenia Alcici, Cláudia Helena Ribeiro da Silva,
(BPMEE) guiado por ultrassonografia é uma técnica segura e que
Marina Augusto Neves pode ser utilizada como opção para analgesia pós-operatória de
Hospital da Unimed, Belo Horizonte, MG, Brasil mastectomia.
Relato de caso: Paciente de 30 anos de idade, 57 kg, submetida à
Introdução: O bloqueio da bainha do reto abdominal foi inicial-
mamoplastia masculinizante. Após sedação leve com midazolam 3
mente descrito por Schleich em 1899 para facilitar cirurgias em
mg, droperidol 1 mg e fentanil 20 mcg, a paciente foi colocada em
adulto. Atualmente, sua maior utilização é como técnica analgé-
posição sentada para escaneamento da coluna torácica partindo de
sica adjuvante em laparoscopias. No entanto, a direta visualização
C7 até localização do processo espinhoso de T5. Utilizando o trans-
das estruturas musculares por meio da ultrassonografia permitiu aos
dutor linear a 3 cm lateral à linha média e paralelo à coluna verte-
anestesiologistas maior segurança do local de aplicação do anesté-
bral, foi visualizado o processo transverso e identificado o músculo
sico e a expansão do seu uso como método anestésico isolado em
eretor da espinha. O bloqueio foi realizado com punção em plano
procedimentos abdominais envolvendo esse músculo. O objetivo é
com agulha de raquianestesia Quincke 22G no sentido craniocaudal
demonstrar os benefícios e a ampliação do uso dessa técnica em
até que a ponta da agulha alcançasse a fáscia toracolombar entre o
adultos, que já tem papel bem-definido na pediatria e no controle
processo transverso e o músculo eretor da espinha. Foi depositada
de dor pós-operatória.
Relato de caso: Paciente R.P.S.M., sexo feminino, 32 anos de ida- ropivacaína 0,5% 20 mL. A punção contralateral seguiu os mesmos
de, ASA I, Mallampati II, 65 kg, admitida para correção de hérnia passos da primeira punção. Foi realizada anestesia geral com propo-
umbilical. Recebeu como pré-medicação 2 mg de midazolam e 100 fol 2 mg/kg, fentanil 3 mcg/kg, atracúrio 0,5 mg/kg. A manutenção
mcg de fentanil endovenosos, mantida em cateter nasal com oxigê- foi realizada com propofol 100 a 150 mcg/kg/min. O consumo total
nio a 2 L/min. Feita assepsia local, colocadas compressas estéreis, de opioide no intraoperatório foi de 5,6 mcg/kg. Após 60 minutos
realizado botão anestésico a 5 cm lateralmente à cicatriz umbilical de pós-operatório, na RPA, paciente não referiu dor ao movimento
com agulha 25 × 8 e infiltração de 2 mL de lidocaína 2%. A seguir, e repouso. A sensibilidade térmica estava alterada e não houve res-
foi posicionado o probe do ultrassom entre a linha alba e a linha posta ao pinprick entre os dermátomos de T2 a T8. Os testes foram
semilunar a nível paraumbilical com visualização do músculo reto realizados novamente 180 minutos após o término da anestesia e
abdominal e suas bainhas anterior e posterior. Introduzida a agulha apresentaram os mesmos resultados. Avaliada 12 horas após o blo-
de bloqueio de nervo bisel 70 mm sob visualização direta até região queio, referiu dor zero (0-10) ao repouso e 2 (0-10) à movimenta-
posterior do músculo, sem ultrapassar sua bainha posterior. Injeta- ção. A primeira dose de resgate analgésica foi solicitada 19 horas
dos 10 mL da solução anestésica de lidocaína 1% + ropivacaína 1% após o bloqueio, quando a paciente referia dor 5 (0-10) durante a
objetivando dissecção do reto abdominal de sua bainha posterior movimentação.
e observou-se propagação do anestésico pela musculatura. O ato Discussão: Um dos fatores que tornam o BPMEE interessante é
anestésico teve duração de 15 minutos, e o bloqueio foi satisfatório sua capacidade de promover analgesia da parede anterior do
para o procedimento cirúrgico. A paciente recebeu alta domiciliar tórax mesmo que sua realização seja feita na região dorsal,
precoce, assintomática. o que evita a distorção anatômica entre os peitorais (local de
Discussão: A anestesia local já demonstrou ter inúmeras vantagens realização do PEC), que pode gerar dificuldade para o cirurgião
em relação à anestesia geral ou regional na herniorrafia umbilical, reconhecer os planos de dissecção dependendo do procedimento
apesar de ainda faltarem estudos convincentes e consenso sobre cirúrgico a ser realizado. O BPMEE pode substituir a peridural em
a melhor técnica ou quais fármacos utilizar. A prática guiada por pacientes anticoagulados, poupando a abordagem do neuroeixo e
ultrassom diminuiu as chances de perfuração peritoneal inadverti- a suspensão do anticoagulante. Até o momento, poucos estudos
da, de complicações no perioperatório como hipotensão e prurido, envolvendo esse bloqueio foram realizados; entretanto, mostra-
diminuiu a permanência hospitalar e aumentou a aceitabilidade do se ser uma técnica potencial para analgesia pós-operatória de
paciente. mastectomias.
Referências: Referência:
1. Willschke H, Bösenberg A, Marhofer P, et al. Ultrasonography- 1. Forero M, Adhikary SD, Lopez H. The Erector Spinae Plane Block:
guided rectus sheath block in paediatric anaesthesia – a new A Novel Analgesic Technique in Thoracic Neuropathic Pain. Reg
approach to an old technique. Br J Anaesth. 2006;97:244-9. Anesth Pain Med. 2016;41:621-7.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S219

TLP473 BLOQUEIO DO PLANO TRANSVERSO ABDOMINAL sia pós-operatória. Com o transdutor linear [ap2], identificaram-se
EM CRIANÇA – RELATO DE CASO o processo transverso de T7, os músculos trapézio, romboide maior
e eretor da espinha. Realizada punção craniocaudal em plano, com
José Augusto Buendia Melo*, Cayo Almyr Silva Favacho,
agulha de Quincke 22G, da fáscia do músculo eretor da espinha, com
Carla Vanessa da Silva Alcântara Lima, Bruno Mendes Carmona, injeção de 30 mL de ropivacaína 0,5% bilateralmente. Houve melhora
João Hermínio Pessoa dos Santos, Luis Paulo Araújo Mesquita da dor após 30 minutos (redução de 7/10 para 4/10). Após 12 horas do
Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil bloqueio, recebeu por solicitação 10 mg de nalbufina venosa. Mantida
com dipirona 2 g a cada 4 horas e cetoprofeno 100 mg a cada 12 horas.
Introdução: O bloqueio do plano transverso abdominal é uma técnica Discussão: O controle da dor pós-operatória em cirurgias colorre-
anestésica recente, que promove analgesia regional para procedimen- tais se relaciona ao prognóstico. Os opioides venosos, por efeitos
tos cirúrgicos que acometem a parede abdominal, visando a melhor indesejáveis no pós-operatório imediato, como náuseas e vômitos,
controle da dor pós-operatória, com a menor necessidade de uso ve- íleo adinâmico e interferência no processo de cicatrização, devem
noso de opioides. As principais indicações são em cirurgias com incisão ser evitados. A analgesia epidural contínua com o uso de anestésicos
do abdome inferior como apendicectomia, histerectomia, cesariana locais é benéfica nesses casos, não obstante a maior incidência de
e herniorrafia, ou quando a anestesia peridural está contraindicada. hipotensão relacionada à simpatectomia, além de possibilidade de
Relato de caso: Paciente de 8 anos de idade, 20 kg, sexo masculi- abcessos e hematomas peridurais. O bloqueio ESP é uma alternativa
no, sem comorbidades, submetido à cirurgia de correção da fenda a essa abordagem, por produzir analgesia de boa qualidade, com
palatina com enxerto ósseo retirado da crista ilíaca esquerda. Após uma técnica relativamente simples e com poucos efeitos hemodinâ-
monitorização obrigatória, venóclise e sedação com midazolam 2 mg micos. Entretanto, a literatura é escassa em relação à sua utilização
EV, recebeu pré-oxigenação (O2 100%) sob máscara facial, seguida de para controle da dor de cirurgias abdominais. Neste relato, o blo-
indução anestésica com fentanil 50 mcg, propofol 60 mg e rocurônio queio ESP foi fundamental na analgesia pós-operatória, apresentan-
20 mg. Após intubação, foi mantido em ventilação mecânica do um controle satisfatório por mais de 12 horas. A redução do con-
controlada a volume com sevoflurano 2,5%. Foi realizado bloqueio do sumo de opioides venosos também impactou no desenlace do caso.
plano transverso abdominal, com técnica guiada por ultrassonografia, Embora já existam trabalhos em andamento avaliando a analgesia
com administração de 10 mL de levobupivacaína 0,25% em excesso contínua por cateteres no plano do músculo eretor da espinha para
enantiomérico de 50%, sendo observada a hidrodissecção das cama- analgesia em cirurgias abdominais, ainda não foram publicados, mas
das das fáscias quando injetado o anestésico local entre os músculos são promissores de acordo com relatos como este.
oblíquo interno e transverso esquerdos do abdome. Cirurgia realizada Referências:
sem intercorrências; ao término, o paciente foi encaminhado à SRPA 1. Forero M, Adhikary SD, Lopez H, Tsui C, et al. The Erector Spinae
e, em seguida, ao leito de origem, de onde recebeu alta hospitalar Plane Block: A Novel Analgesic Technique in Thoracic Neuropa-
após 12 horas sem dor no local da incisão abdominal. thic Pain. Reg Anesth Pain Med. 2016;41:621-7.
Discussão: O bloqueio do plano transverso abdominal é um blo- 2. Chin KJ, Adhikary S, Sarwani N, et al. The analgesic efficacy of
queio sensitivo da parede abdominal, conferindo analgesia da pele, pre-operative bilateral erector spinae plane (ESP) blocks in pa-
músculos e peritônio parietal. A inervação da parede anterolateral tients having ventral hernia repair. Anaesthesia. 2017;72:452-60.
abdominal se dá pelos ramos anteriores dos nervos da medula de
T7-L1, que passam entre o músculo oblíquo interno e transverso
do abdome. A injeção de anestésico local entre tais músculos visa TLP599 CEFALEIA PÓS-RAQUIANESTESIA EM PACIENTE
ao bloqueio dessa inervação, e a extensão desse bloqueio depende SUBMETIDA À APENDICECTOMIA TRATADA COM BLOQUEIO
em grande parte do volume injetado para acometer o maior nível DO GÂNGLIO ESFENOPALATINO: UM RELATO DE CASO
possível. O uso dessa técnica anestésica tem vantagens em relação
L.C.A. Buzo, E.Y. Sakamoto, A.R. Cardoso, M.F.C. Nercolini,
ao bloqueio peridural, como o fato de ser menos invasivo, gerando
um controle da dor pós-operatória de mesma eficácia, diminuindo F.A. Guadagnin, R.Y. Casado*
o tempo de internação, principalmente na população pediátrica. Hospital do Rocio, Campo Largo, PR, Brasil
Introdução: Cefaleia pós-punção dural é uma das complicações
mais comuns após bloqueio subaracnóideo. Com incidência variá-
TLO951 BLOQUEIO NO PLANO DO ERETOR DA ESPINHA
vel, os fatores de risco incluem pacientes jovens, sexo feminino,
PARA ANALGESIA EM COLECTOMIA: RELATO DE CASO
tipo de agulha utilizada, número de tentativas, entre outras. O tra-
Alberto Vieira Pantoja, Ricardo Souto Rebelo, tamento geralmente é clínico, sendo utilizado tampão sanguíneo
Nathan da Cunha Costa*, Larissa Russano Ribeiro peridural em casos de falha no tratamento clínico ou dores de forte
intensidade. O bloqueio do gânglio esfenopalatino é uma técnica
Hospital Universitário Gaffrée Guinle (HUGG), Universidade
não invasiva inicialmente utilizada para tratamento de cefaleias
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Rio de Janeiro, RJ,
primárias, mas que vem se tornando uma opção segura para o tra-
Brasil
tamento de cefaleia pós-punção.
Introdução: Descrito como eficaz no controle da dor torácica neu- Relato de caso: T.A.C., sexo feminino, 36 anos de idade, 75 kg,
ropática, o bloqueio no plano do eretor da espinha (bloqueio ESP) ASA I, sem antecedentes de complicações anestésicas, submetida
extrapolou os limites torácicos, sendo usado na analgesia de cirur- à cirurgia de apendicectomia sob anestesia subaracnóidea. Após 36
gias abdominais. Relatamos o caso de paciente submetida à colec- horas do procedimento, a paciente apresentou queixa de cefaleia
tomia direita. holocraniana, de forte intensidade, com piora em posição supina
Relato de caso: Mulher, 29 anos de idade, ASA P1, apresentando-se (10/10 na escala numérica de dor) e melhora em decúbito dorsal,
para colectomia direita por adenocarcinoma de cólon. A proposta associada a náuseas. Sem sinais focais. Administrados analgésico,
anestésica foi anestesia geral balanceada, associada à epidural con- cafeína, AINE e hidratação, sem alívio significativo após 4 horas.
tínua. A indução foi feita com remifentanil 0,3 mcg.kg−1.min−1, lido- Realizado bloqueio do gânglio esfenopalatino transnasal com insti-
caína 80 mg, propofol 160 mg e atracúrio 40 mg após introdução de lação de 1,5 mL de xilocaína 2% em cada narina e, após 5 minutos,
cateter epidural em [ap1] T8-T9. Ao final da cirurgia, referiu dor que aplicado swab com ponta embebida com lidocaína spray 10% e li-
não melhorou após 10 mL epidural de ropivacaína 0,3%. Referindo docaína gel 2% sobre o gânglio esfenopalatino por 10 minutos. Após
7/10 na escala analgésica. O bloqueio ESP foi utilizado para analge- procedimento, paciente referiu alívio completo da dor sentada
S220 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

(0/10). Alta para casa no dia seguinte, com prescrição de analgesia 3. Onan B, Onan IS, Kilickan L, Sanisoglu I. Effects of epidural anes-
associada à cafeína e orientações de retorno se piora dos sintomas. thesia on acute and chronic pain after coronary artery bypass
Após 48 horas do bloqueio, a paciente referiu dor em posição supina grafting. J Card Surg. 2013;28:248-53.
(3/10) e, após sete dias, alívio completo dos sintomas. 4. Ladjevic N, Likic-Ladjevic I, Dzamic Z, Acimovic M, Dragicevic
Discussão: O gânglio esfenopalatino é uma estrutura nervosa lo- D, Durutovic O. Combined general and epidural anaesthesia ver-
calizada na fossa pterigopalatina, que parece estar relacionada a sus general anaesthesia for radicalcystectomy. Acta Chir Iugosl.
algumas cefaleias primárias. Uma hipótese é que ocorra ativação 2007;54:89-91.
desse gânglio, causando vasodilatação mediada por via parassim- 5. Wongyingsinn M, Baldini G, Stein B, Charlebois P, Liberman S,
pática como mecanismo de compensação da diminuição do volume Carli F. Spinal analgesia for laparoscopic colonic resection using
cerebral pela perda de LCR, causando a cefaleia. O bloqueio desse an enhanced recovery after sugery programme: better analgesia,
gânglio pode atenuar a vasodilatação cerebral e causar alívio dos but no benefits on postoperative recovery: a randomized con-
sintomas. O bloqueio do gânglio esfenopalatino ressurge como fer- trolled trial. Br J Anaesth. 2012;108:850-6.
ramenta para o tratamento da cefaleia pós-punção dural, neces-
sitando de mais estudos para definir sua eficácia e complicações.
Referências: TLO428 EFEITOS DO SULFATO DE MAGNÉSIO PERINEURAL
1. Cardoso MJ, Sá M, Graça R, et al. Bloqueio do gânglio esfenopa- ASSOCIADO À SOLUÇÃO DE LEVOBUPIVACAÍNA (EXCESSO
latino para cefaleia pós-punção dural em contexto de ambulató- ENANTIOMÉRICO S75-R25) NO BLOQUEIO DE PLEXO VIA
rio. Rev Bras Anestesiol. 2017;67:311-3.
SUPRACLAVICULAR
2. Cohen S, Sakr A, Katyal S, Chopra D. Sphenopalatine ganglion blo-
ck for postdural puncture headache. Anaesthesia. 2009;64:574- Andressa Brasil Vasconcelos Costa*, Carlos Breno Farias Braga,
5. Danielle Maia Holanda Dumaresq, Cibelle Magalhães Pedrosa Rocha,
Manoel Claudio Azevedo Patrocinio, Roberto César Pontes Ibiapina
Instituto Doutor José Frota, Fortaleza, CE, Brasil
TLO962 COMPARAÇÃO ENTRE ANESTESIA GERAL
E BLOQUEIO DE NEUROEIXO COMBINADO À Justificativa e objetivos: O prolongamento da analgesia em proce-
ANESTESIA GERAL EM CIRURGIAS DE GRANDE PORTE: dimentos ortopédicos sob anestesia regional pode ser obtido com
METANÁLISE adjuvantes como o sulfato de magnésio. O presente estudo visa a
avaliar as ações do sulfato de magnésio perineural no bloqueio de
João Pedro Sant’ Anna Pinheiro*, Felipe de Oliveira Souza, plexo via supraclavicular, guiado por ultrassonografia, com solução
Guilherme Koiti Santos Kasai, Vítor Pinheiro Sobottka, de levobupivacaína (excesso enantiomérico S75-R25).
Karen Barros Parron Fernandes, Marcos Tadeu Parron Fernandes Métodos: Em ensaio clínico, duplo-encoberto e randomizado, 46
Irmandade da Santa Casa de Londrina (ISCAL), Londrina, PR, Brasil pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos de 23 indi-
víduos. Grupo controle (GC) – somente anestésico local (AL); grupo
Justificativa e objetivos: A maioria dos pacientes submetidos às cirur- sulfato perineural (GSP) – sulfato de magnésio perineural + AL. Foi
gias de grande porte não recebe manejo analgésico adequado no pós feita análise do tempo para a solicitação pelo paciente da primeira
-operatório, o que aumenta o risco de complicações. A dor pós-opera- analgesia de resgate; do consumo de opioide de resgate no pós-ope-
tória, ao limitar a função respiratória do paciente, pode resultar em ratório, do grau de satisfação da técnica anestésica e da escala EVA
atelectasias e pneumonias. Além disso, a presença de dor também 24 horas após o bloqueio anestésico.
restringe a mobilidade do paciente, aumentando o risco de eventos
Resultado: O tempo para solicitação da primeira analgesia de
tromboembólicos. Contudo, entre 50% e 75% dos pacientes subme-
resgate foi maior no grupo GSP, 21,08 horas (± 4,84), em comparação
tidos às cirurgias de grande porte não recebem manejo analgésico
ao grupo GC, 16,56 horas (± 5,63), p = 0,006. O tramadol foi utiliza-
adequado. Este estudo é uma revisão sistemática com metanálise que
do para analgesia de resgate e seu consumo em miligramas foi con-
compara a técnica de anestesia combinada de bloqueio de neuroeixo
tabilizado durante 24 horas após o procedimento cirúrgico. O grupo
associada à anestesia geral com a técnica única de anestesia geral.
GC apresentou maior consumo 91,30 mg (± 66,83) se comparado ao
Método: Foram incluídos nesta metanálise apenas ensaios clínicos
grupo GSP 34,78 mg (± 57,27) p = 0,004. A latência do bloqueio sen-
randomizados de cirurgias de grande porte, ou seja, aquelas em que
sitivo e motor, em minutos, foi avaliada nos dois grupos, não sendo
há grande potencial de perda de fluidos e sangue, totalizando oito
evidenciada diferença estatística entre eles. O valor médio da la-
estudos. Os desfechos analisados foram intensidade da dor, medida
tência do bloqueio motor no grupo GC foi de 12,39 minutos (± 7,31)
pela escala visual analógica (EVA), e ocorrência de complicações
respiratórias e vasculares no pós-operatório. e de 10,43 minutos (± 10,43) no grupo GSP, p = 0,30. O valor médio
Resultado: A técnica combinada apresentou melhor controle da dor, da latência do sensitivo foi de 5,34 minutos (± 2,55) no grupo GC
com redução dos escores da (diferença das médias: −2,41 ± 0,46, p e de 4,56 minutos (± 2,69) no grupo GSP, p = 0,31. Os grupos eram
= 0,001). Houve menor incidência de complicações respiratórias na semelhantes quanto aos dados demográficos e não houve diferença
técnica de bloqueio e anestesia geral, com redução de 23% no risco de estatística quanto ao grau de satisfação dos pacientes e escala EVA
ocorrência (RR = 0,77; IC = 0,60–0,99; p = 0,04). Não houve diferenças nas 24 horas que se sucederam ao bloqueio.
em relação à ocorrência de complicações vasculares (p = 0,09). Conclusão: O sulfato de magnésio perineural por via supraclavi-
Conclusões: Podemos concluir que nas cirurgias de grande porte cular prolongou a analgesia do anestésico local de longa duração
a técnica combinada anestesia de neuroeixo associada à anestesia levobupivacaína com excesso enantiomérico S75-R25, aumentando
geral promove melhor controle da dor pós-operatória e menor inci- o tempo para a solicitação da primeira analgesia e diminuindo o
dência de complicações respiratórias, quando comparada à técnica consumo de opioide no pós-operatório, sem aumentar a ocorrência
de anestesia geral. de efeitos colaterais.
Referências: Referências:
1. Bardia A, Sood A, Mahmood F, et al. Combined epidural – general 1. Sirvinskas E, Laurinaitis R. Use of magnesium sulfate in anesthe-
anesthesia vs. general anesthesia alone for elective abdominal siology. Medicina. 2002;38:147-50.
aortic aneurysm repair. JAMA Surg. 2016. 2. Reddy KN, Sachidanand RS, Rao BS, Kumar DP, Srinath MM. Com-
2. Shir Y, Frank SM, Brendler CB, Raja SN. Postoperative morbidity is parative Study of Ropivacaine vs Ropivacaine with Magnesium
similar in patients anesthetized with epidural and general anes- Sulphate for Brachial Pluxus Block. J Evid Based Med Health.
thesia for radical prostatectomy. Urology. 1994;44:232-6. 2015;2:6387-98.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S221

TLO323 NEUROPRAXIA DE MEMBRO SUPERIOR APÓS Introdução: Cirurgias torácicas tendem a cursar com dor pós-ope-
BLOQUEIO DE PLEXO BRAQUIAL E OSTEOSSÍNTESE DE ratória de forte intensidade, seja devido à toracotomia ou ao dreno
ÚMERO: RELATO DE CASO torácico tubular. A literatura sugere analgesia contínua peridural
torácica por cateter como método de escolha. Porém, em casos de
Priscila Pinto Máximo Balieiro, Juliano Nunes Quineper*, contraindicação, é necessário buscar alternativas.
Norival Alves Spineti Relato de caso: A.T.O., sexo feminino, 18 anos de idade, 50 kg, 1,60
Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), Rio de Janeiro, RJ, Brasil m, em pós-operatório (PO) de esofagectomia via torácica por lesão
cáustica. No terceiro dia PO, ainda intubada, evoluiu com dor inten-
Introdução: Apesar de a incidência de neuropatia periférica asso- sa (referida através de sinais) e agitação, necessitando de aumento
ciada à anestesia ser baixa, ela tem significativa morbidade, já que de dose de infusão de fentanil e consequente depressão respirató-
seus efeitos podem ser devastadores, com sequelas graves e perma- ria. Em uso de fentanil intravenoso (IV) contínuo, média de 4,8 mg/
nentes, além de ser a causa mais frequente de processos judiciais diária, equivalente em morfina oral (EMO) 1440 mg, dipirona IV 8 g/
na prática anestésica. Nesse sentido, torna-se importante conhecer dia. Solicitada avaliação do grupo da dor para otimização da anal-
suas possíveis causas com a finalidade de minimizá-las. O objetivo gesia com peridural torácica possibilitando, assim, extubação. No
deste relato de caso é alertar sobre os possíveis efeitos adversos entanto, havia limitações para tal técnica, como por exemplo: uso
após realização do bloqueio do plexo braquial (BPB), enfatizando de drogas vasoativas, posicionamento da paciente e alargamento
possíveis causas e as precauções e medidas de segurança que podem de INR. Foi sugerida analgesia regional periférica, com bloqueio dos
ser tomadas para evitá-los. nervos peitorais tipo II (Pec block II) contínuo, por meio de cateter
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 34 anos de idade, ASA I, locado no plano entre os músculos serrátil anterior e peitoral menor,
com história de osteossíntese de úmero prévia, queixando-se de qua- à direita. A instalação foi realizada no leito, guiada por USG, sen-
dro álgico importante que impossibilitava atividades diárias, porém do injetada ropivacaína 0,375%, 10 mL entre os músculos peitorais
com função motora preservada e crepitação da placa. Foi submetida maior e menor, e 20 mL entre os músculos serrátil anterior e peitoral
à BPB por via interescalênica, pela técnica do Click Fascial (fáscia menor, para introdução de cateter em nível de 4º arco costal. Foi
interescalênica), com perda de resistência. Infundidos 30 mL da so- mantida infusão de ropivacaína 0,2% em bomba de analgesia con-
lução de ropivacaína 0,35% (100 mg) + lidocaína 0,66% sem vasocons- trolada pelo paciente, ritmo de 5 mL/h, bólus de 5 mL, intervalo
tritor (200 mg). Após 5 minutos do bloqueio, a paciente refere início de 30 minutos e limite em 4 horas de 60 mL. Após 24 horas da ins-
de parestesia e diminuição de força, seguimento com anestesia geral talação da analgesia, prosseguiu desmame da sedação e extubação.
balanceada (AGB) com 350 mcg de fentanil, 170 mg de propofol, A paciente referiu alívio de 40%, 50%, 20% e 70% em intensidade
15 mg de cisatracúrio e intubação orotraqueal (IOT) por laringos- da dor nos dias sequenciais ao bloqueio, e redução no consumo de
copia direta para realização de osteossíntese de úmero. Colocada opioides diário para 12, 54, 27 e 99 mg EMO. Após o 5º dia, teve o
em posição de cadeira de praia e acionado manguito pressórico para dreno de tórax retirado e evoluiu com bom controle álgico com uso
redução do sangramento intraoperatório. Após 15 horas do término de analgésicos comuns e opioides fracos, sendo retirado o cateter.
da cirurgia, a paciente apresentou deficit motor no dermátomo cor- Discussão: A analgesia padrão ouro para cirurgias torácicas invasi-
respondente ao nervo radial. Optou-se por tratamento fisioterápico e vas é a via peridural torácica, relacionada à menor incidência de
medicamentoso, com resolução do quadro após nove semanas. complicações. Mas nem sempre é viável, devido a contraindicações
Discussão: A grande maioria dos casos de lesão neurológica no PO sob como coagulopatia, instabilidade hemodinâmica e dificuldade de
anestesia regional está relacionada com fatores cirúrgicos: trauma posicionamento. O Pec Block II descrito em 2012, já estabelecido
para mastectomias, consiste no bloqueio dos nervos intercostobra-
neural direto, posicionamento, trauma por estiramento, manipulação
quial, 3º ao 6º intercostal e torácico longo, podendo ser opção quan-
e compressão (edema, gesso muito apertado, garrote, hematoma).
do peridural torácica não é possível. A instalação de cateter para
Todavia, pode ocorrer por fatores anestésicos, como injeção intra-
infusão contínua e técnica de analgesia controlada pelo paciente
neural, toxicidade do AL, isquemia e transsecção do nervo com a agu-
possibilita analgesia duradoura e menos efeitos colaterais.
lha. Desse modo, é importante uma boa avaliação pré-operatória do
Referência:
paciente, a fim de descartar fatores que contraindiquem o bloqueio,
1. Block BM, Liu SS, Rowlingson AJ, et al. Efficacy of postoperative
além de avaliar a presença prévia de deficit neurológico. Deve-se
epidural analgesia: A meta-analysis. JAMA. 2003;290:2455-63.
atentar para posicionamento do paciente durante a cirurgia, mesmo
que a mesma não tenha um tempo prolongado. O BPB é utilizado
tanto como alternativa para a anestesia geral como para analgesia
pós-operatória. Apesar de serem raras as complicações neurológicas,
é necessário adotar métodos preventivos para reduzir a ocorrência.
Referências: XLIII) SAVA
1. Casati A, Chelly J. Neurological Complications after Interescale-
ne Brachial Plexus Blockade: What to make for it? Anesthesiolo-
gy. 2002;97:279-80. TLO357 TAQUIARRITMIA REFRATÁRIA EM CIRURGIA PARA
2. Long TR, Wass CT, Burkle CM. Perioperative interscalene blocka- RESSECÇÃO DE TUMOR INTRACRANIANO – RELATO DE CASO
de: an overview of its history and current clinical use. J Clin Murilo Moreira Thom*, Lucas Guimarães Ferreira Fonseca,
Anesth. 2002;14:546-56. Lucas Esteves Dohler, Ana Lygia Rochitti de Carvalho,
Paulo do Nascimento Júnior, Norma Sueli Pinheiro Modolo
Departamento de Anestesiologia, Faculdade de Medicina de
TLO310 PEC BLOCK II CONTÍNUO PARA ANALGESIA PÓS-
Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
OPERATÓRIA DE TORACOTOMIA – UM RELATO DE CASO Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
Hazem Adel Ashmawi, Shirley Andrade Santos,
Introdução: Taquicardias podem ser classificadas de acordo com o
Hermann dos Santos Fernandes, Leonardo Costa Soares Ferraz,
complexo QRS, a frequência cardíaca e a regularidade do ritmo. A
Gyanna Lis Vieira de Oliveira*, Eloísa Bonetti Espada diferenciação entre taquicardia sinusal, supraventricular de com-
Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São plexo estreito e a de complexo largo pode não ser simples, e o cor-
Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil reto tratamento depende dessa diferenciação. A multiplicidade de
S222 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

fatores envolvidos no surgimento dessas arritmias no período perio- foi apresentar um aplicativo desenvolvido para dispositivos móveis,
peratório pode dificultar seu correto diagnóstico e tratamento, que, de fácil manuseio e acessível a todos os usuários, com a finalidade
mesmo nesse período, deve ser feito segundo o Advanced Cardiac de informatizar e otimizar a avaliação pré-anestésica, possibiitando
Life Support (ACLS). também a criação concomitante de um banco de dados para o regis-
Relato de caso: Homem, 35 anos de idade, portador de hipertensão tro dos atos anestésicos.
arterial sistêmica e história prévia de tromboembolismo pulmonar. Método: Trata-se de uma pesquisa aplicada de produção tecnológica
Durante o tratamento com anticoagulantes, apresentou acidente para desenvolvimento do aplicativo chamado “APA Fácil”, para
vascular encefálico hemorrágico. Nessa ocasião, também foi diagnos- registro de informações referentes à avaliação pré-anestésica.
ticado tumor temporoparietal direito. Para a drenagem do hemato- Para o desenvolvimento do aplicativo foram realizadas as seguintes
ma e exérese do tumor, realizou-se indução anestésica com midazo- etapas, adaptadas da metodologia ADDIE: 1) revisão da literatura; 2)
lam, sufentanil, propofol e rocurônio e manutenção com sevoflurano planejamento; 3) desenvolvimento; 4) implementação e avaliação.
e remifentanil. A reposição volêmica foi realizada com cristaloides Resultado: O aplicativo desenvolvido teve tamanho final de 10,78
e, devido à perda sanguínea acentuada, foi administrado concentra- Mb, com 39 telas, permitindo o registro detalhado da avaliação
do de hemácias. Houve instabilidade hemodinâmica com taquicardia pré-anestésica, ato anestésico e recuperação anestésica e pós-
sinusal tratada com metaraminol e noradrenalina, com melhora do operatório. O “APA Fácil” permite registros off-line e sincronização
quadro. Na sala de recuperação pós-anestésica, intubado e receben- com banco de dados na plataforma web.
do noradrenalina, o paciente apresentou novo episódio de hipoten- Conclusão: O produto “APA Fácil” mostrou-se ferramenta adequada
são arterial com frequência cardíaca de 150 bpm. Identificou-se, no e de fácil utilização na avaliação pré-anestésica e está disponível
cardioscópio, taquicardia de complexo estreito em ritmo regular, para uso. Sugere-se a realização de estudos subsequentes para ade-
sem visualização de ondas P. O eletrocardiograma de 12 derivações quada validação do produto na prática clínica, bem como controle
evidenciou traçado semelhante ao do cardioscópio. Feita hipóte- longitudinal de qualidade.
se diagnóstica de taquiarritmia supraventricular com instabilidade Referências:
hemodinâmica; realizou-se manobra vagal, sem efeito. Realizou-se 1. Mathias LAST, Mathias RS. Avaliação pré-operatória: um fator de
cardioversão elétrica sincronizada com 50 J, sem efeito. Outros qua- qualidade. Rev Bras Anestesiol. 1997;47:335-49.
tro choques sincronizados foram realizados (100, 150, 200 e 200 J), 2. Muravchick S, Caldwell JE, Epstein RH, et al. Anesthesia Informa-
sem reversão da arritmia. Administrou-se adenosina, 6 e 12 mg, sem tion Management System Implementation: a pratical guide. Int
alteração sustentada, e amiodarona segundo doses recomendadas Anesth Res Soc. 2008;107:1598-607.
(ACLS). Nesse momento, a frequência cardíaca diminuiu. O paciente
evoluiu com sepse e óbito 11 dias após. Em discussão posterior, o
diagnóstico da taquicardia foi taquicardia sinusal. TLO008 MANEJO DO PACIENTE COM SOBREDOSE POR
Discussão: Taquicardia sinusal não é uma arritmia, mas uma res- METADONA E O PAPEL DA DEXMEDETOMIDINA – RELATO DE
posta fisiológica simpática a várias situações como dor, infecção, CASO
anemia, hemorragia, insuficiência cardíaca, hipotensão, choque e
administração de fármacos noradrenérgicos, entre outros. O trata- Luiz Antonio de Moraes, Teófilo Augusto Araújo Tiradentes,
mento deve ser dirigido para a causa de base; tentativas de diminuir Victor Cáppia, Mauro da Cruz Assad Monteiro, Larissa Sokol Rotta*
a taquicardia sinusal podem piorar a frequência cardíaca e a situa- Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Marília, Marília, SP,
ção hemodinâmica. Desse modo, não se deve tratar a taquicardia Brasil
sinusal com cardioversão ou antiarrítmicos. O correto diagnóstico é
o pilar para o tratamento. Introdução: A sobredose de opioides ocorre em pessoas com baixa
Referência: tolerância ou inexperientes no uso, dependentes que misturam com
1. Annicchino F, Martins MP. Arritmias cardíacas: diagnóstico e con- outras drogas que deprimem o SNC e pessoas que variam dosagem.
duta. In: Martins MP, Duarte NMC, Pires OC. Suporte Avançado Quando exame clínico objetivo é sugestivo, administra-se naloxona
de Vida em Anestesia. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de como prova terapêutica. Metadona tem efeito analgésico e sedativo
Anestesiologia; 2011;161-74. e pode provocar depressão da consciência, miose e depressão res-
piratória, broncoespasmo, bradicardia, hipotensão, taquiarritmias,
EPA, liberação de histamina, anafilaxia, rabdomiólise, IRA e rigidez
muscular.
Caso clínico: Paciente do sexo feminino, médica, 60 anos de idade,
XLIV) Atualizações 40 kg, usuária crônica de metadona por sd do plexo piriforme. Reali-
zou vários tratamentos à base de opioides em altas doses. Admitida
no PS confusa, hipoativa, com rubor facial, xerostomia, sonolência,
miose, constipação, hipotensa, FC 90 bpm, SatO2 84%. Fez uso de 15
TLO363 APLICATIVO PARA CELULARES: TECNOLOGIA DA
mg VO de metadona devido à dor refratária à dose habitual. Solici-
INFORMAÇÃO FACILITANDO A AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
tada avaliação da anestesia; em suplementação de O2 sob máscara
Pedro Filipe de Vasconcelos Pessanha*, a 3 L/min contínuo, naloxona 0,08 mg, posteriormente abriu quadro
Breno Barbosa de Siqueira Carneiro, álgico e foi iniciada dexmedetomedina 0,5 mcg/kg/min. Submetida
Sérgio Veloso da Silveira Menezes, Raphaella Amanda M.L.Fernandes, a exames laboratoriais evidenciando valores DLN. Não foram ne-
Jovande Moreira de Freitas Júnior cessárias doses suplementares de naloxona; recebida alta após re-
solução do quadro. Dois dias após alta, retornou ao PS com quadro
Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco
similar, por nova sobredose de metadona. Optou-se pela suspensão
(UFPE), Recife, PE, Brasil
da metadona e iniciada clonidina 0,45 mcg/dia. Após reesolução do
Justificativa e objetivos: A medicina atual está em constante pro- quadro no PS, recebeu alta com acompanhamento psicoeducacional
cesso de informatização e modernização. A avaliação pré-anestésica e cognitivo-comportamental. Desde então, paciente encontra-se
adequada é essencial para o melhor resultado do ato anestésico. com quadro álgico controlado.
Métodos que facilitem a realização dessa avaliação e que tornem Discussão: Os índices da prevalência de uso de drogas vendidas com
seus dados disponíveis para acesso no momento da anestesia são de receita entre os médicos são mais altos do que na população geral,
grande utilidade na prática anestésica. O objetivo deste trabalho devido ao acesso mais fácil às drogas. Não existem clínicas especia-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S223

lizadas disponíveis para tratamento de manutenção com metadona. pal mecanismo de ação é a inibição dos receptores N-metil-D-aspar-
Seu uso está restrito aos pacientes internos de hospitais psiquiátri- tato (NMDA), por meio de uma ação direta, não competitiva. Atua
cos, internados em clínicas de dependência de substâncias e hospitais também no funcionamento dos receptores dopaminérgicos, seroto-
gerais. Em ambientes ambulatoriais, o tratamento de manutenção ninérgicos, colinérgicos, de opioides e nos canais de sódio. Segundo
farmacológico de pacientes dependentes de opioides é realizado Zarate et al., a ação antidepressiva da cetamina EV (0,5 mg/kg/40
utilizando buprenorfina, naltrexona e clonidina, de acordo com a min) pode ser notada nas primeiras 24 horas, estendendo-se por
orientação já citada e baseada em evidências científicas. Em revisão uma semana, efeito este semelhante ao obtido após dois meses de
sistemática da COCHRANE, foram observados benefícios comprovados tratamento convencional, possivelmente devido à neuroplasticida-
na adição do uso de agonistas alfa-2 adrenérgicos (clonidina, lofexi- de e produção de BDNF.
dine) como terapia alternativa ao usuário crônico da metadona com- Referências:
parado aos pacientes que fizeram uso de placebo. Como o uso da me- 1. Zarate Jr CA, Singh JB. A Randomized Trial of an N-methyl-D-as-
tadona é a principal forma de tratamento para adictos de opioides, a partate Antagonist in Treatment-Resistant Major Depression.
criação de clínicas especializadas no tratamento desses pacientes no Arch Gen Psychiatry. 2006;63:856-64.
Brasil é uma iniciativa importante e deve ser ativamente estimulada. 2. Murrough JW, Iosifescu DV, Chang LC, et al. Antidepressant
Referência: efficacy of ketamine in treatment-resistant major depres-
1. Gowing L, Farrell M, Ali R, White JM. Clonidine, lofexidine, and sion: a two-site randomized controlled trial. Am J Psychiatry.
similar medications for the management of opioid withdrawal. 2013;170:1134-42.
Disponível em: <http://www.cochrane.org/CD002024/ADDICTN_
clonidine-lofexidine-and-similar-medications-management-o-
pioid-withdrawal>.

XLV) Ventilação Mecânica


TLO469 USO DA DEXTROCETAMINA EM DEPRESSÃO
REFRATÁRIA: RELATO DE CASO
João Abrão, Hedicleber Pestana Severino**, TLO757 ANÁLISE DA VENTILAÇÃO REGIONAL PULMONAR
Emília Domanoski Nogueira, Marcelo Antunes, Silvio Luis Morais EM OBESOS MÓRBIDOS SUBMETIDOS À GASTROPLASTIA
VIDEOLAPAROSCÓPICA PELA TOMOGRAFIA DE IMPEDÂNCIA
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
ELÉTRICA
Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
Camila Araújo Galindo Campelo de Melo,
Introdução: Os primeiros antidepressivos foram os inibidores da
Ana Maria Menezes Caetano, Victor Macedo Lemos*,
MAO. Mais tarde, surgiram os inibidores específicos da recaptação
Norma Sueli Pinheiro Modolo, Armele de Fátima Dornelas de Andrade,
de serotonina. Todos têm um período de latência de pelo menos
duas semanas. Essa demora torna os antidepressivos pouco úteis Antonio Christian Evangelista Gonçalves
nas urgências psiquiátricas. A cetamina, um inibidor de receptores Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco
NMDA, introduzido inicialmente na medicina veterinária na década (UFPE), Recife, PE, Brasil
de 1960, se confirmou na medicina humana em anestesia ambula-
Introdução: O tratamento cirúrgico da obesidade é considerado
torial e em procedimentos de curta duração. Zarate e cols. (2006)
método efetivo em levar à redução do peso a longo prazo. No
mostraram que os inibidores NMDA podiam ser úteis no tratamento
entanto, a técnica e o tempo anestésico-cirúrgicos podem resultar
das depressões resistentes ao tratamento convencional.
em efeitos deletérios na mecânica respiratória desses pacientes.
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 61 anos de idade, com
Neste contexto, a tomografia de impedância elétrica (TIE) apresen-
quadro de depressão grave, tratado com nortriptilina (50 mg/dia)
ta-se como ferramenta capaz de monitorar continuamente a ven-
e quetiapina (100 mg/dia) sem resultado significativo. Foi subme-
tilação pulmonar à beira do leito de maneira não invasiva e livre
tido a sete sessões de ECT (cinco frustros), sem melhora. Indicada
de radiação. O objetivo do estudo foi avaliar, por meio da TIE, a
cetamina conforme protocolo: duas sessões semanais (0,5 mg/kg)
ventilação pulmonar, bem como sua distribuição dentro da caixa
até um total de 13 sessões e, a partir daí, uma sessão semanal até a
torácica durante o intraoperatório de obesos submetidos à cirurgia
data atual. Este protocolo é o mesmo usado por Murrough. O pacien-
videolaparoscópica.
te foi avaliado pela escala de depressão de Hamilton, antes e após
Descrição da série: Estudo transversal tipo série de casos no qual
o tratamento, semanalmente. Constatou-se melhora do humor, da
foram incluídos seis pacientes obesos mórbidos submetidos à gas-
atividade e do apetite após a quinta aplicação (tabela 1).
troplastia videolaparoscópica. Avaliou-se a ventilação pulmonar e
sua distribuição regional com a TIE durante seis momentos: pré-in-
Tabela 1 – Escala de Hamilton na avaliação do efeito da cetamina
dução anestésica, 5 minutos após a intubação orotraqueal (IOT),
angulação da mesa cirúrgica (posição de Trendelenburg reverso),
Sequência de infusão Pontuação insuflação, desinsuflação do pneumoperitônio e extubação. Para
1ª 30 análise dos dados foram obtidas as medidas de variação de impe-
dância elétrica (ΔZ) total, regional (direito, esquerdo, anterior e
2ª 28
posterior) e volume corrente. Cinco mulheres e um homem compu-
7ª 25 seram a amostra, com idade média de 32 ± 7,88 anos e IMC médio
9ª 24 de 44,70 ± 3,35 kg/m2. Após analisados os dados da TIE, os seguintes
resultados foram expressos em média ± DP nos momentos pré-in-
11ª 22 dução/IOT/angulação/insuflação/desinsuflação/extubação: ΔZtotal
13ª 21 = 23,27 ± 9,17 AU/ 17,13 ± 6,55 AU/ 16,75 ± 8,35 AU/ 10,30 ± 5,25
AU/ 21,57 ± 3,16 AU/ 19,23 ± 15 AU. Evidencia-se que a ventilação
Discussão: A cetamina atua principalmente no sistema límbico, pulmonar sofreu redução durante o intraoperatório, principalmente
córtex cingulado, hipocampo e córtex frontal, regiões responsáveis após insuflação do pneumoperitônio, retornando aos valores iniciais
pela modulação do humor, cognição e do autocontrole. Seu princi- após a desinsuflação. Em relação à distribuição regional da venti-
S224 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

lação, observou-se que o pulmão direito e a região anterior foram sendo utilizados de maneira adequada; no entanto, a utilização de
preferencialmente ventilados desde a intubação orotraqueal até a peso predito para esse cálculo ainda é pouco utilizada. Observa-se
extubação. ainda erro na medida empregada de pressão máxima de via aérea e
Discussão: A redução global na ventilação pulmonar pode estar driving pressure e uma baixa frequência de utilização de manobras
relacionada ao aumento das pressões inspiratórias e redução da de recrutamento alveolar no perioperatório. Desse modo, os dados
complacência, consequentes à elevação da pressão intra-abdominal apontam para a necessidade de desenvolvimento de programas de
após posicionamento e insuflação do pneumoperitônio, sendo educação médica continuada em ventilação mecânica associada à
agravadas pela própria obesidade. A distribuição preferencial da anestesia visando a melhorias no atendimento ao paciente.
ventilação para a região anterior pode ser atribuída ao deslocamento Referência:
cefálico de vísceras abdominais devido ao relaxamento do diafragma 1. Hemmes SN, Serpa Neto A, Schultz MJ. Intraoperative ventilatory
após indução anestésica. strategies to prevent postoperative pulmonary complications: a
Referências: meta-analysis. Curr Opin Anaesthesiol. 2013;26:126-33.
1. Stankiewicz-Rudnicki M, Gaszynski W, Gaszynski T. Assessment
of ventilation distribution during laparoscopic bariatric surgery:
an electrical impedance tomography study. Biomed Res Int. TLO800 PARÂMETROS VENTILATÓRIOS UTILIZADOS NO
2016;74:231-62. INTRAOPERATÓRIO DE HOSPITAIS PRIVADOS E PÚBLICO DE
2. Nguyen NT, Wolfe BM. The physiologic effects of pneumoperito- SÃO PAULO
neum in the morbidly obese. Annals Surgery. 2005;241:219-26.
Ricardo Zanlorenzi*, Adeli Mariane Vieira Lino Alfano,
Luiz Fernando dos Reis Falcão, Guinther Giroldo Badessa
TLO329 CONHECIMENTO DOS ANESTESIOLOGISTAS SOBRE CET do Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista (GAAP) do
AS ESTRATÉGIAS PROTETORAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
NO PERIOPERATÓRIO
Justificativa e objetivos: A ventilação mecânica no intraoperatório
Leonardo Queiroz de Freitas, Antônio Christian Evangelista Gonçalves, é causa de lesão pulmonar e surgimento de complicações pulmona-
Luiz de França Maia e Silva Filho, Carlos Gilberto Rabelo Borba, res no pós-operatório (CPP) com consequente piora do desfecho em
Jane Auxiliadora Amorim, Ana Karla Alves Arraes Von Sohsten*, pacientes cirúrgicos. Apesar de a maioria dos pacientes submetidos
Leonardo Queiroz de Freitas às cirurgias terem pulmões normais, a literatura atual preconiza a
utilização da estratégia ventilatória protetora com baixo volume
Universidade de Pernambuco (UPE), Recife, PE, Brasil corrente (VC) e baixo driving pressure (DP). O objetivo deste es-
Justificativa e objetivos: Os avanços na compreensão dos malefí- tudo foi avaliar o perfil dos parâmetros ventilatórios utilizados no
cios da ventilação mecânica, lesão pulmonar induzida pela ventila- intraoperatório.
ção, levaram ao desenvolvimento de estratégias de proteção pulmo- Método: Estudo multicêntrico observacional prospectivo realizado
nar em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo em dois hospitais privados e um público da cidade de São Paulo. Fo-
(SDRA). Em revisão de literatura, estudos sugerem que essas es- ram coletados dados demográficos e parâmetros ventilatórios, tais
tratégias também podem beneficiar pacientes sem SDRA, incluindo como: modo ventilatório, VC, PEEP, DP, pressão de pico e platô,
aqueles que são submetidos à ventilação mecânica durante aneste- fluxo de gases frescos e fração inspirada de oxigênio. Esses parâme-
sia geral para procedimentos cirúrgicos. Nesse contexto, o objetivo tros foram coletados em três tempos distintos, sendo representados
deste estudo foi avaliar o conhecimento do conceito de ventilação como média aritmética. Dados não paramétricos estão representa-
mecânica protetora e sua aplicabilidade no perioperatório entre os dos por mediana e quartis (p25-p75), e dados categóricos por fre-
médicos anestesiologistas. quência absoluta e relativa.
Métodos: Um questionário anônimo, com 22 questões objetivas, foi Resultado: Foram avaliados 112 pacientes com mediana de 42 (30–
aplicado em um grupo composto por 68 anestesiologistas que atuam 56) anos; a maioria era ASA P2 (74,1%) por comorbidade cardiovas-
em hospitais públicos e privados. As variáveis pesquisadas relaciona- cular (50,9%) e tabagismo (35,7%). Cinquenta e três (47%) pacientes
das à prática clínica desses profissionais foram: tempo de atividade eram obesos. Os indivíduos foram ventilados no intraoperatório com
profissional, padrões ventilatórios, volume corrente, driving pressu- mediana de VC de 8,5 (7,8–9,4) mL/kg de peso predito; entretanto,
re, pressão positiva ao final da expiração (PEEP), pressão máxima 8,9% dos anestesistas utilizaram VC > 10 mL/kg de peso predito. A
na via aérea, recrutamento alveolar, fração inspirada de oxigênio, maioria utilizou PEEP de 5 (4–6) cm H2O. A mediana de DP foi 12,7
relação de ventilação mecânica com complicações pulmonares após (10–15,3) cm H2O, porém 65 (58%) anestesiologistas toleraram DP
as cirurgias e a frequência de atualização científica acerca desse > 13 cm H2O, sendo 38 (34%) quando realizado videolaparoscopia.
assunto entre os anestesiologistas. A mediana do fluxo de gases frescos foi de 2 (1,6–2,5) L/min e FiO2
Resultado: Os participantes têm idade média 35,5 ± 1,566 anos, 32 de 47% (42–52).
(59%) concluíram a especialização há menos de 10 anos, 58 (90,6%) Conclusões: Anestesiologistas brasileiros atuantes em hospitais pri-
utilizam o modo ventilatório controlado a volume e 52 (78,7%), o vados têm demonstrado redução do volume corrente no intraopera-
volume corrente entre 6-7 mL.kg−1 de peso predito, porém apenas tório; entretanto, apesar das evidências atuais de que a ventilação
26,8% fazem esse cálculo por meio do peso predito; 52 (77,6%) utili- mecânica protetora também consiste do baixo DP (< 13 cm H2O),
zam PEEP entre 5–10 cm H2O; 38 (57%) permitem pressão máxima na este ainda está aquém do ideal na prática clínica.
via aérea de 35 mmHg e apenas 15 (22,7%) utilizam 15 mmHg para Referências:
driving pressure. Manobras de recrutamento alveolar são realizadas 1. Bender SP, Paganelli WC, Gerety LP, et al. Intraoperative lun-
por 41 (60,2%) dos indivíduos; 46 (68,6%) utilizam frações inspiradas g-protective ventilation trends and practice patterns: a report
de oxigênio menor que 50%; 57 (86,3%) reconhecem que a maneira from the multicenter perioperative outcomes group. Anesth
de ventilar influencia na recuperação de todos os pacientes, inde- Analg. 2015;121:1231-9.
pendentemente do estado clínico; 40 (60%) referem ter realizado 2. Neto AS, Hemmes SN, Barbas CS, et al. Association between
atualizações em relação ao assunto nos últimos 12 meses. driving pressure and development of postoperative pulmonar
Conclusões: A população avaliada tem menos de 10 anos de atuação complications in patients undergoing mechanical ventilation for
profissional e refere estar atualizada em relação ao assunto. A PEEP general anaesthesia: a meta-analysis of individual patient data.
e os valores de referência para calcular o volume corrente estão Lancet Respir Med. 2016;4:272-80.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S225

TLO197 VENTILAÇÃO MECÂNICA DURANTE ANESTESIA Introdução: Carcinomas adrenocorticais são tumores raros que po-
GERAL PARA CIRURGIA ROBÓTICA: UMA REVISÃO dem ocorrer em qualquer faixa etária. Clinicamente, se associam
SISTEMÁTICA a sinais virilizantes e a outras manifestações do hiperadrenalismo
secundários à produção excessiva de andrógenos, estrógenos, mi-
Luiz Guilherme Villares da Costa, Carolina Ashihara*, neralocorticoides e glicocorticoides. O manuseio perioperatório de
Ary Serpa Neto, Verônica Neves Fialho Queiroz, Flávio Takaoka pacientes com distúrbios endócrinos representa um desafio para a
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil equipe médica.
Relato de caso: E.S.G., sexo masculino, 2 anos e 4 meses de idade,
Justificativa e objetivos: O advento da cirurgia roboticamente as- 16 kg, ASA III, com diagnóstico de tumor virilizante de adrenal direi-
sistida representou um significativo avanço tecnológico no campo da ta, admitido em sala cirúrgica para adrenalectomia. Monitorizado
cirurgia minimamente invasiva. O uso do pneumoperitôneo e posição com cardioscópio, PANI e SpO2 antes da indução anestésica, a qual
em cefalodeclive acentuado, nas principais cirurgias pélvicas e abdo- foi realizada com administração intravenosa de midazolam 0,06
minais, pode afetar a mecânica respiratória e tornar o manejo ven- mg/kg, fentanil 5 mcg/kg, lidocaína sem vasoconstrictor 1,25 mg/
tilatório desafiador. Considerando o crescente número de pacientes kg, propofol 3 mg/kg e rocurônio 0,6 mg/kg. Realizada intubação
submetidos a essa modalidade cirúrgica, conduziu-se uma revisão sis- orotraqueal com tubo endotraqueal nº 5,0 sem balão e instalada
temática objetivando avaliar a mecânica pulmonar e a atual prática ventilação mecânica controlada a volume visando à normocapnia.
ventilatória durante anestesia geral em cirurgias robóticas.
Realizada anestesia peridural sacral confirmada pela perda da resis-
Método: Estudos que reportam a prática ventilatória e a mecânica
tência do ar, sendo administradas levobupivacaína sem vasoconstric-
pulmonar em pacientes adultos submetidos à cirurgia robótica fo-
tor 0,25% 12 mL e morfina 0,15 mg. Complementada monitorização
ram pesquisados por meio dos bancos de dados da Medline, Scopus,
com capnógrafo, termômetro esofágico, PAI, PVC e débito urinário.
Web of Science e Central com os seguintes termos: (“mechanical
Manutenção anestésica com sevoflurano 1%, propofol 70 mcg/kg/
ventilation” OR “ventilation” OR “invasive ventilation”) AND (“ro-
min e remifentanil 0,2 mcg/kg/min. Administrados suplementação
botic” OR “robotic surgery” OR “Da Vinci” OR “robotic assisted” OR
perioperatória de corticosteroide (hidrocortisona 2 mg/kg), infusão
“robotic-assisted”). Foram usados os seguintes critérios de inclusão:
total de 35 mL/kg de cristaloides (soro fisiológico 0,9%) e 17 mL/kg
1) qualquer tipo de estudo que avalie a prática ventilatória e a me-
de hemoderivados (concentrado de hemácias), atingindo diurese de
cânica pulmonar; 2) pacientes adultos; e 3) submetidos a qualquer
3,9 mL/kg/h. O procedimento anestésico-cirúrgico teve duração de
cirurgia roboticamente assistida. Estudos conduzidos na população
230 minutos, com infusão de nitroprussiato de sódio iniciada antes
pediátrica, revisões e relatos de caso foram excluídos.
da incisão cirúrgica e mantida durante todo o procedimento (PAM
Resultado: Os critérios de inclusão foram preenchidos por 17 estu-
68-124 mmHg; FC 88-130 bpm; glicemia 108-333 mg/dL). Realiza-
dos, totalizando 824 pacientes. A ventilação controlada a volume
da reversão do bloqueio neuromuscular com sugamadex 3 mg/kg.
foi o modo ventilatório mais utilizado. O volume corrente ajustado
Paciente encaminhado ao CTI pediátrico, intubado, em ventilação
variou entre 6 a 10 mL/kg, com a maioria dos estudos utilizando
espontânea, em uso de nitroprussiato de sódio 2 mcg/kg/min com
valores abaixo de 8 mL/kg. Valores de PEEP abaixo de 5 cm H2O
PAM 100 mmHg. Extubação realizada após 4 horas do término do
foram utilizados na maioria dos estudos. Após a insuflação de CO2 e
procedimento e mantidos cuidados intensivos por 72 horas. Alta hos-
o posicionamento da mesa cirúrgica, todos os trabalhos mostraram
pitalar após sete dias e seguimento do tratamento com radioterapia
um importante aumento nas pressões de pico e de platô e diminui-
e quimioterapia.
ção na complacência pulmonar.
Discussão: Os momentos intraoperatórios associados a maior risco
Conclusões: A cirurgia robótica e o uso da insuflação de CO2 na ca-
para pacientes portadores de carcinomas adrenocorticais são se-
vidade a ser operada para otimizar o campo cirúrgico, somados a
cundários à hipertensão e/ou arritmias, que podem ocorrer durante
posições extremas da mesa operatória, podem levar a grandes au-
indução anestésica, intubação orotraqueal, incisão cirúrgica, explo-
mentos nas pressões de pico e platô com redução na complacência
ração abdominal e manipulação do tumor. Não há recomendação
pulmonar. O aumento dos gradientes pressóricos pulmonares tem
quanto à técnica anestésica específica para esse perfil de paciente.
sido implicado como agente capaz de promover lesão pulmonar. A
É preciso estar preparado para antever as repercussões do distúrbio
estratégia ideal para a ventilação mecânica nesse grupo de pacien-
hormonal de base na resposta metabólica ao estresse provocado
tes ainda precisa ser estabelecida; entretanto, o presente estudo
pelo procedimento anestésico-cirúrgico.
indica que a ventilação mecânica protetora com o uso de volume
Referência:
corrente ajustado inferior a 8 mL/kg parece ser a prática ventilató-
1. Fleisher LA, Mythen M. Anesthetic Implications of Concurrent
ria preferida pelos anestesiologistas.
Diseases. In: Miller RD (Ed). Miller’s Anesthesia. 8.ed. Canada:
Referências:
Elsevier; 2015;39:1156-225.
1. Lee JR. Anesthetic considerations for robotic surgery. Korean J
Anesthesiol. 2014;66:3-11.
2. Campos J, Ueda K. Update on anesthetic complications of robo-
tic thoracic surgery. Minerva Anestesiol. 2014;80:83-8.

XLVII) Cirurgia Torácica

XLVI) Pediatria TLO142 RELATO DO MANEJO DE UMA REJEIÇÃO


HIPERAGUDA DO ENXERTO EM UM TRANSPLANTE LOBAR
PULMONAR INTERVIVOS
TLO374 CONDUTA ANESTÉSICA PARA ADRENALECTOMIA José de Jesus Peixoto Camargo, Manoela Merolillo Marimon,
EM PACIENTE PEDIÁTRICO PORTADOR DE CARCINOMA Sadi Schio, Fábio Amaral Ribas, Diego Grando*
ADRENOCORTICAL – RELATO DE CASO
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto
Silvia Maria Giroldo, Ana Cláudia Albernaz Valente*, Alegre, RS, Brasil
Paula Cristina Barros de Matos, Ivoney Assad Villa Maior
Introdução: A rejeição hiperaguda é um evento raro no transplante
Santa Casa de Campo Grande, Campo Grande, MS, Brasil pulmonar, com poucos casos descritos na literatura. Relatamos o
S226 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

manejo perioperatório de uma rejeição hiperaguda em um trans- cação de bloqueio peridural para tratamento de varizes de membros
plante pulmonar intervivos. inferiores. Realizada uma punção no espaço L3-L4, após antissep-
Relato do caso: Paciente de 15 anos de idade, 40 kg, com fibrose sia adequada, com agulha de Tuohy 18G pela técnica de perda de
cística e comprometimento pulmonar em fase avançada, para o qual resistência e efetuada a injeção de lidocaína a 2% com adrenali-
é proposto o transplante de lobos pulmonares intervivos. Apesar do na associada a fentanil (100 µg). No oitavo dia de pós-operatório,
risco imunológico alto, com painel de células reator (imunização apresentou dor lombar com limitação da deambulação e febre. Os
HLA prévia) e com prova cruzada positiva por citometria de fluxo, exames complementares evidenciaram leucocitose com desvio à
prosseguiu-se com a proposta terapêutica com os doadores vivos esquerda, aumento de marcadores inflamatórios e à ressonância
(mãe e irmão), pelo risco da perda da janela clínica (sem infecção) nuclear magnética presença de processo infeccioso na musculatura
para o transplante. A anestesia foi balanceada, a ventilação seletiva paravertebral posterior e gordura peridural de T12 a L5, condicio-
com tubo de Carlens 35, a monitorização convencional e hemodinâ- nando estenose do canal e deformação dos contornos do saco dural,
mica com cateter de artéria pulmonar. O implante do lobo direito com agrupamento das raízes da cauda equina em seu interior. O
do pulmão do irmão foi feito sem suporte extracorpóreo (CEC) e tratamento foi realizado com cefepime, vancomicina e dexameta-
sem intercorrências. A seguir, o clampeamento da artéria pulmo- sona até resultado de três amostras de hemocultura com cresci-
nar esquerda revelou pressão arterial pulmonar média (PAPm) de 70 mento de Staphylococcus aureus multissensível e descalonamento
mmHg associada a um colapso hemodinâmico. Foi instalada a mini- para oxacilina. Houve piora da dor e da limitação funcional, com
CEC. Em torno de 20 minutos após reperfusão do enxerto direito, aparecimento de coleção no músculo psoas, entretanto novos
foi observada diminuição importante da complacência nesse lobo. exames não revelaram compressão medular ou do saco dural, sem
Uma broncoscopia revelou grande volume de fluido sanguinolento. necessidade de descompressão cirúrgica. O paciente evoluiu com
O implante esquerdo foi feito sem intercorrências. Na saída de sala, melhora das queixas álgicas, recebendo alta após 26 dias de inter-
a fração inspirada de oxigênio (FiO2) era de 45%, a saturação de nação hospitalar, sem sequelas neurológicas.
oxigênio da hemoglobina (SHbO2) de 94%, a pressão de platô inspira- Discussão: O abscesso peridural e a meningite após o cateterismo
tória de 28 cm H2O, a pressão expiratória final (PEEP) de 7 mmHg e peridural têm incidências de aproximadamente 1:1000 e 1:50.000,
no RX de tórax o pulmão direito estava infiltrado. No pós-operatório
respectivamente. A ocorrência dos mesmos após punção única não
imediato houve piora ventilatória e foi instalada a ECMO (membra-
é bem definida pela literatura. Pacientes que desenvolvem abscesso
na de oxigenação extracorpórea) VV (veno-venosa). A evolução foi
peridural são frequentemente imunocomprometidos; a punção pode
com piora hemodinâmica por uma síndrome inflamatória sistêmi-
estar relacionada com algum grau de dificuldade de inserção do
ca grave, necessitando de derivação da ECMO para VA (venoarte-
cateter, produzindo um hematoma epidural ou subcutâneo assinto-
rial), inclusive para possibilitar boa condição hemodinâmica para a
mático que posteriormente atua como foco para infecção. O caso
plasmaférese. Foi iniciada imunoglobulina antitimócito. A evolução
relatado apresentou um perfil diferente do que foi encontrado na
hemodinâmica subsequente foi favorável, possibilitando derivação
literatura por não estar relacionado com a introdução do cateter no
para ECMO VV no quinto dia e sua retirada no sétimo dia.
espaço peridural e pelo fato de o paciente não apresentar fatores
Discussão: A rejeição hiperaguda ocorre por meio da ligação entre
de risco bem-definidos.
anticorpos pré-formados do doador aos enxertos dos receptores.
Referência:
Sua manifestação pode ocorrer de minutos a horas após a reperfu-
são do enxerto. As consequências são diminuição da complacência 1. Christie IW, McCabe S. Major complications of epidural anal-
pulmonar com piora da relação PaO2/FiO2, acompanhada de uma gesia after surgery: results of a six-year survey. Anaesthesia.
síndrome inflamatória sistêmica grave com mortalidade elevada. 2007;62:335-41.
Nesse caso, o suporte com a ECMO VV e após com a ECMO VA foi 2. De Tommaso O, Caporuscio A, Tagariello V. Neurological compli-
indispensável e possibilitou as condições hemodinâmicas, ventilató- cations following central neuraxial blocks: are there predictive
rias e o tempo para a realização da terapêutica com plasmaférese e factors? Eur J Anaesthesiol. 2002;19:705-16.
imunoglobulina antitimócito.
Referência:
1. Camargo JJ, Camargo SM, Schio SM, et al. Hyperacute rejection TLO734 BLOQUEIO ANESTÉSICO DO PLANO ERETOR DA
after single lung transplantation: a case report. Transplant Proc. ESPINHA PARA MASTECTOMIA COM ESVAZIAMENTO AXILAR:
2008;40(3):86. RELATO DE CASO
Lorena Karla de Oliveira Costa*, Wagner Rodrigues Mota,
Pedro Paulo Kimachi, Enis Donizetti Silva, Claudia Marquez Simões,
Rafael José Nalio Grossi
XLVIII) Anestesia Regional Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil
Introdução: O manejo anestésico evoluiu com o uso de técnicas
alternativas que promovem maior segurança, rápida recuperação e
TLO460 ABSCESSO PARAVERTEBRAL APÓS ANESTESIA
conforto no perioperatório. O bloqueio do plano do eretor da espi-
PERIDURAL: UM RELATO DE CASO nha (ESP) surge como alternativa promissora para alívio de dor pós-
Nicolau Viana de Araújo, André Fernandes Botrel e Silva, operatória. O anestésico local é injetado entre o processo transver-
Vera Coelho Teixeira, Fabio Maciel Rosa Pereira, so da quinta vértebra torácica (T5) e o músculo eretor da espinha,
Bruno de Oliveira Matos*, Luiz Gustavo Vecchio Salomom Gouveia com dispersão que pode atingir níveis de T1 a T9. Ainda não existem
relatos de esse bloqueio ter sido realizado de maneira anestésica.
Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG, Brasil Relato de caso: Mulher, 75 anos de idade, hipertensa, diabética
Introdução: A anestesia peridural é utilizada de maneira consisten- tipo 2, dislipidêmica, obesa grau I, com transtorno afetivo bipolar.
te e segura na prática moderna. Embora a técnica pareça relati- Acidente vascular encefálico isquêmico e coronariopatia com mio-
vamente simples em mãos experientes, não está livre de compli- cardiopatia isquêmica prévias. Submetida à angioplastia com stent
cações. O objetivo deste relato é apresentar um caso de abscesso convencional há tres meses, por cintilografia miocárdica isquêmica.
paravertebral envolvendo anestesia peridural após punção única. Em uso de AAS, carvedilol, hidroclorotiazida, furosemida, metfor-
Relato do caso: Homem, 61 anos de idade, ASA II pela presença de mina, sinvastatina, risperidona, biperideno, valproato de sódio e
Síndrome de May-Thurner e passado de trombose venosa, com indi- clonazepam. Carcinoma invasivo em mama direita, com indicação
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S227

de mastectomia radical e esvaziamento axilar. Foi realizado ecocar- como controle álgico inadequado pelo bloqueio, sendo realizado re-
diograma, que evidenciou acinesia em parede inferior do ventrículo pique no cateter com 10–20 mL de lidocaína 1% sem vasoconstritor.
esquerdo (VE) e septo, pressão sistólica pulmonar de 36 mmHg e Se qualquer parâmetro continuasse aumentado, ocorria realização
fração de ejeção = 0,55. Hipoperfusão transitória e persistente em de novo repique após 10 minutos. Em caso de aumento > 50–60%
segmentos do VE e septo interventricular. Monitorização básica, de dos valores iniciais, iniciou-se infusão contínua de opioide. Sete pa-
temperatura e débito cardíaco não invasivos, e índice bispectral. cientes apresentaram dor no intraoperatório, com necessidade do
Acesso periférico 20G e cateter nasal de O2. Sedação com 50 mcg de uso de remifentanil 0,1 mcg/kg e desligado 15 minutos do final.
fentanil e propofol em infusão alvo-controlada. O bloqueio ESP foi Dor pós-operatória foi analisada por fáscies álgicas após extubação,
realizado em decúbito lateral esquerdo, sob técnica asséptica. Pun- necessidade de morfina e dor relatada pelo paciente. Todos (100%)
ção guiada por USG em plano com injeção de 20 mL de ropivacaína apresentaram dor após 24 horas.
a 0,5%, adrenalina 1:200.000 e dexametasona 8 mg entre o múscu- Discussão: Uso de bloqueios de nervos periféricos se relaciona com
lo eretor da espinha e o processo transverso de T5, com dispersão alta precoce em comparação à anestesia geral e bloqueio neu-
confirmada de T2 a T9. A cirurgia ocorreu sem intercorrências e roaxial. Dalens demonstrou que hidrodissecção da fáscia ilíaca com
necessidade de drogas vasoativas. Despertou sem dor, e manteve- AL pode alcançar o plexo lombar, promovendo bloqueio silmutâneo
se estável hemodinamicamente por 2 horas na sala de recupera- do nervo femural, obturador e cutâneo lateral, com bloqueio da re-
ção pós-anestésica, sendo encaminhada à unidade semi-intensiva. gião. Esse bloqueio é considerado seguro e eficaz. Seu uso é menos
Acompanhada pelo serviço de dor, não manifestou queixas álgicas frequente se comparado ao bloqueio do neuroeixo, pela falta de
em 24 horas, recebendo dipirona intravenosa 2 g de 6/6 horas. O prática e recursos. Escolha do AL foi ropivacaína, pois causa menor
bloqueio ESP pode ser uma alternativa anestésica para cirurgias de grau de bloqueio motor comparado à bupivacaína.
mama em pacientes de alto risco cardiovascular, os quais se benefi- Referências:
ciam de técnicas com menor repercurssão hemodinâmica. A sonoa- 1. Miller RD (ed.). Miller’s Anesthesia. 8.ed. Philadelphia: Chur-
natomia é de fácil reconhecimento e, seguindo a técnica descrita, chill Livingstone, 2015. Mcclure JH. Ropivacaine. Br J Anaesth.
não há estruturas nobres com potencial risco de lesão. Nesse caso, 1996;76:300-7.
não foram observadas alterações hemodinâmicas, usualmente vistas
após os bloqueios mais utilizados para tal cirurgia, como a peridural
torácica e o bloqueio paravertebral, proporcionando assim maior TLP077 BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESTRELADO GUIADO
segurança cardiovascular a essa paciente, considerada de alto risco. POR ULTRASSONOGRAFIA EM PACIENTE APRESENTANDO
Referência: TEMPESTADE ELÉTRICA – RELATO DE CASO
1. Forero M, Adhikary SD, Lopez H, et al. The Erector Spinae Plane
Gustavo Mendes de Sousa*, Leandro de Carvalho Lixa,
Block. Reg Anesth Pain Med. 2016;41:621-7.
Roberto Faria Carvalhosa dos Santos,
Henrique Wermelinger Garcia Toledo, Juliana Galavotti Barroso,
TLO100 BLOQUEIO ANESTÉSICO INTERFACIAL DO Filipe Ferreira Alves Pinho
COMPARTIMENTO ILÍACO EM CIRURGIAS ORTOPÉDICAS DO Hospital Federal do Andaraí, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
MEMBRO INFERIOR: SÉRIE DE RELATO DE CASOS
Introdução: A tempestade elétrica é um fenômeno definido como
Pablo Borges de Abreu, Renata Pinheiro Modolo*, a ocorrência de múltiplos episódios de taquicardia ventricular (TV)
Fabiana Vilarino Ribeiro, Onésimo Duarte Ribeiro Júnior, sustentada em um período de 24 horas, podendo ser refratária às
Esther Alessandra Rocha modalidades de terapia convencional. Tendo em vista o papel da
atividade simpática na perpetuação da TV, o bloqueio de gânglio
Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil
estrelado guiado por USG pode ser uma opção paliativa no controle
Introdução: Cirurgia de artroplastia de membro inferior ganha po- desse evento.
pularidade pelo seu sucesso no tratamento da osteoartrite de joelho Relato de caso: Paciente F.C.F., sexo feminino, 66 anos de idade.
e quadril. São procedimentos dolorosos, com limitações clínicas, ECG mostrava BAV 1º grau; área eletricamente inativa em parede
complicações pós-operatórias e podem não alcançar alívio da dor e anterior. Ecocardiografia evidenciou aumento de cavidades esquer-
melhora da função. Anestesia regional possibilita analgesia local e das; disfunção sistólica de VE de grau moderado (FE = 41%) e hipo-
reduz necessidade de opioides perioperatórios e efeitos colaterais. cinesia em região inferior apical e anteroseptoapical. Desenvolveu
Anestésicos locais (AL) diminuem a dor pós-operatória, com analge- taquicardia ventricular sustentada durante a internação, sendo sub-
sia de melhor qualidade, por até 48 horas após cirurgia. metida a diversas desfibrilações de 150 J, em média, permanecendo
Série de casos: Nove pacientes, ambos os sexos, 40 a 85 anos, ASA refratária à lidocaína e amiodarona venosas, em infusão contínua.
I e II, submetidos à cirurgia de artroplastia de joelho ou quadril. Apesar das medidas, não houve restauração do ritmo sinusal. Pri-
Monitorização com cardioscópio, oximetria, PANI e BIS. Após admis- meiramente foi realizado bloqueio de gânglio estrelado via percu-
são em sala, foi administrado midazolam (0,05 mg/kg). Identificado tânea utilizando técnica convencional. A paciente não apresentou
ligamento inguinal (interseção do terço lateral com o terço médio, TV por 12 horas. Foi então realizado bloqueio de gânglio estrelado
2 cm abaixo do ligamento inguinal), procedeu-se ao botão anestési- à esquerda, guiado por USG, utilizando agulha de Quincke 22G, in-
co. Realizado estudo prévio ultrassonográfico (USG) da região para jetados 5 mL de solução de lidocaína 2%, sem intercorrências. Após
identificacão de estruturas anatômicas. Probe linear foi posicionado o procedimento, a paciente permaneceu estável até ser submetida
com centro no local do botão anestésico, 2–3 cm abaixo do liga- à simpatectomia cirúrgica. Entretanto, a mesma precisou ser enca-
mento inguinal. Iniciou-se introdução da agulha, com visualização minhada posteriormente ao Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio
durante trajeto. Administrada ropivacaína 0,5% abaixo da fáscia, de Castro (IECAC) para terapia ablativa.
40–60 mL, limite de 3 mg/kg. Procedeu-se à introdução do cateter Discussão: Há evidências na literatura acerca do bloqueio da inervação
de peridural, colocado até 15 cm de sua marcação, com visualização simpática para o tratamento das arritmias ventriculares. O bloqueio
através do USG. Após bloqueio, indução anestésica foi realizada: de gânglio estrelado parece ser uma intervenção efetiva, ainda que
fentanil 100–150 mcg, propofol 2 mg/kg ou etomidato 20 mg e ro- temporária, no controle da taquicardia ventricular refratária.
curônio 0,6 mg/kg ou atracúrio 0,5 mg/kg. Plano hipnótico mantido Referências:
com propofol 2%, dose de 1,5 a 2,5 ug/mL, manutenção de BIS entre 1. Malik AA, Khan AA, Dingmann K, et al. Percutaneous Inferior
40 e 60. Aumento de 30% nos valores dos parâmetros foi considerado Cervical Sympathetic Ganglion Blockade for the Treatment of
S228 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Ventricular Tachycardia Storm: Case Report and Review of the TLO565 BLOQUEIO DE NERVO FRÊNICO APÓS BLOQUEIO
Literature. J Vasc Int Neurol. 2014;7:48-51. DE PLEXO BRAQUIAL VIA INTERESCALÊNICA EM PACIENTE
2. Hayase J, Patel J, Narayan SM, Krumen DE. Percutaneous Stella- QUEIMADO: RELATO DE CASO
te Ganglion Block Suppressing VT and VF in a Patient Refractory
Filipe de Azevedo Teixeira Reis*, Nicoly de Souza Lima Barberio,
to VT Ablation. J Cardiovasc Electrophysiol. 2013;24:926-8.
Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Bruno Serra Guida,
Karen Amaral Faria
TLP914 BLOQUEIO DE NERVO FEMORAL E CUTÂNEO Hospital Pasteur, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
LATERAL DA COXA PARA ANALGESIA EM TRATAMENTO
Introdução: A anestesia regional é de execução difícil e de utilidade
CIRÚRGICO DE FRATURA TRANSTROCANTERIANA DE limitada em pacientes queimados em razão de as lesões incidirem,
FÊMUR aleatoriamente, nos mais diversos dermátomos, além da perda de
Daniel Borges Jacometto*, Guilherme de Holanda Cota, continuidade da pele representar contraindicação absoluta para a
Sanderland José Tavares Gurgel, Raquel Marina Gobbi de Oliveira, analgesia condutiva periférica e central. Outros problemas de difícil
Fernando Mayer Ferreira do Nascimento, Anderson Lachowski manuseio dizem respeito à efetiva e prolongada analgesia que esses
pacientes exigem, devido às intensas respostas neuroendócrino-me-
Hospital Santa Rita, Maringá, PR, Brasil tabólicas que acompanham o quadro álgico.
Introdução: Fraturas de quadril são uma questão de saúde públi- Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 55 anos de idade, 95
kg, 1,78 m, estado físico ASA II, etilista social e hipertenso em uso de
ca, com altas taxas de mortalidade e perda de funcionalidade. Em
losartana, submetido à lavagem com posterior curativo cirúrgico de
grande parte, estão ligadas a estados osteoporóticos; a taxa de inci-
queimaduras de 3º grau em membro superior direito e região dorsal
dência aumenta exponencialmente com a idade em ambos os sexos.
direita. Exames laboratoriais sem alterações. Admitido na SO lúcido,
O tratamento cirúrgico ocorre em 98% dos casos, pois a fixação for-
corado, ritmo cardíaco regular em dois tempos, FC de 93 bpm, PA de
nece analgesia e chance de reabilitação e reduz o risco de compli-
143 × 81 mmHg, murmúrio vesicular reduzido universalmente com
cações. Em idosos, essas complicações são ainda mais graves devido
saturação de oxigênio de 92% em ar ambiente. Sedação com mida-
à perda de funções. O bloqueio do nervo femoral é uma técnica
zolam 5 mg e fentanil 50 mcg em doses fracionadas, oxigeniotera-
de anestesia regional para proporcionar anestesia e analgesia do pia suplementar com O2 sob máscara de Hudson 4 L/min e posterior
membro afetado. Pode reduzir a dor e o uso de opioides no período bloqueio de plexo braquial direito via interescalênica, guiado por
perioperatório e complementa a raquianestesia e a anestesia geral. USG, agulha de neuroestimulador 50 A, e ropivacaína 0,5% 20 mL.
Descrição: M.J.D., sexo feminino, 87 anos de idade, 1,50 m, 55 kg, Procedeu-se então à anestesia geral com máscara laríngea nº 5, após
ASA II, hipertensa em tratamento regular, submetida a tratamen- indução venosa com propofol 120 mg e fentanil 150 mcg. Tempo ci-
to cirúrgico de fratura transtrocanteriana de fêmur esquerdo com rúrgico de 60 minutos, transcorrido sem intercorrências. Na SRPA, o
DHS. Exames: Hb 11,30 g/dL; Ht 34,40%; plaquetas 61.000; KPTT paciente iniciou quadro de dispneia moderada associada à saturação
28’’; TAP 76%. À admissão, FC 82 bpm em ritmo sinusal, PA 134 × de oxigênio de 84%. À inspeção, notava-se respiração predominan-
81 mmHg, SpO2 94% em ar ambiente, consciente, lúcida e orienta- temente intercostal ipsilateral ao bloqueio com retração da parede
da; terminando transfusão de 5 U de plaquetas, sem controle pós- abdominal. A ausculta do hemitórax direito revelou murmúrio vesi-
transfusional. Devido a essa situação, optou-se por não puncionar cular ausente em base. O hemitórax esquerdo mantinha o padrão do
neuroeixo e realizar anestesia geral associada a bloqueio periférico. exame físico pré-operatório. A hipótese diagnóstica foi de bloqueio
Após sedação com 50 mcg de fentanil, foi realizado bloqueio de ner- do nervo frênico ipsilateral. Mantido paciente consciente, com su-
vo femoral com levobupivacaína sem vasoconstritor, 30 mL a 0,25% primento de oxigênio sob máscara de Hudson e colocado em posição
e nervo cutâneo lateral da coxa com levobupivacaína sem vaso, 10 semisentada com elevação do dorso em 30°. Paciente permaneceu
mL a 0,25%, guiado por ultrassonografia. Após o bloqueio, foi in- na RPA por mais 2 horas, com melhora total do padrão ventilatório,
duzida anestesia geral com propofol 100 mg, introduzida máscara sem dor, sendo então encaminhado para o quarto.
laríngea nº 4 e manutenção em ventilação espontânea com sevoflu- Discussão: Alguns eventos adversos ao bloqueio de plexo braquial
rano 1,5%. Durante todo o intraoperatório os dados hemodinâmicos via interescalênica têm sido descritos como pneumotórax, lesões
mantiveram-se estáveis, na mesma linha de base apresentada antes nervosas, injeção intravascular inadvertida, síndrome de Horner e
do procedimento, sem alterações significativas de pressão arterial bloqueio do nervo frênico. No caso exposto, optamos pela combi-
e frequência cardíaca. O procedimento desenvolveu-se sem inter- nação bloqueio periférico + anestesia geral pela extensão da área
corrências. A paciente foi extubada em sala em plano anestésico, queimada, que abrangia membro superior e região dorsal. Acredita-
encaminhada para SRPA com cateter nasal O2, SpO2 98%, e mantida mos que a via interescalênica não tenha sido bem-indicada em um
em observação. Ao despertar e ser questionada sobre analgesia, a paciente já com provável injúria pulmonar por inalação de fumaça,
paciente referiu estar sem dor. podendo ter sido realizado o bloqueio pela via perivascular axilar.
Discussão: O bloqueio de nervos periféricos é uma alternativa se- Referência:
gura à anestesia do neuroeixo para procedimentos ortopédicos nos 1. Cangiani LH, Rezende LAE, Neto AG. Bloqueio do Nervo Frênico
após Realização de Bloqueio do Plexo Braquial pela Via Interes-
membros inferiores. Proporciona importante analgesia pós-operató-
calênica. Rev Bras Anestesiol. 2008;58:152-9.
ria e estabilidade hemodinâmica intraoperatória, com menor con-
sumo de opioides e halogenados para manutenção da anestesia. No
caso descrito, foi possível manter os níveis de frequência cardíaca e
pressão arterial estritamente próximos aos valores pré-operatórios,
TLP244 BLOQUEIO DE NERVOS PERIFÉRICOS EM PACIENTE
sem a necessidade de dose adicional de opioide ou maior concen- SUBMETIDO À ARTROPLASTIA DE QUADRIL PORTADOR DE
tração de inalatório no procedimento. O caso relatado mostrou uma TUMOR CEREBRAL COM EFEITO DE MASSA
técnica anestésica eficaz e de realização relativamente fácil e que Thiago Couto Silva*, Roberto Yura, Lais Martins Lucas de Oliveira,
pode ser uma alternativa ao bloqueio de neuroeixo. Érico Giachetta Gemignani
Referência:
Hospital Geral Pirajussara (HGP), Taboão da Serra, SP, Brasil
1. Watson MJ, Walker E, Rowell S, et al. Femoral nerve block for
pain relief in hip fracture: a dose finding study. Anesthesia. Introdução: Os bloqueios de nervos periféricos dos membros infe-
2014;69:683-6. riores não são utilizados como técnicas anestésicas de rotina como
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S229

os bloqueios do plexo braquial, possivelmente pelo fato de não se tramal 100 mg 8/8 horas, contatado o serviço de dor aguda. Optou-se
conseguir anestesiar todo o membro inferior com uma punção úni- pela realização de bloqueio de plano serrátil anterior, em decúbito
ca, além de a abordagem muitas vezes ser mais profunda e de di- dorsal, transdutor linear do USG longitudinal ao eixo do corpo na
fícil execução. Além disso, classicamente as técnicas anestésicas linha médio-axilar ao nível do mamilo, identificados músculos grande
do neuroeixo são bastante eficazes, de fácil e rápida execução.1 dorsal, serrátil anterior e intercostais, costelas e pleura. Agulha 22 G
Entretanto, em alguns casos, nos deparamos com condições clíni- e 50 mm, com o bisel em direção à pele em ângulo de 30–40° para o
cas nas quais os bloqueios periféricos se tornam a melhor escolha plano facial entre a borda posterior do músculo anterior do serrátil e
anestésica. a correspondente costela. Na localização correta, foram injetados 40
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 53 anos de idade, 75 mL de ropivacaína a 0,33% sob visualização direta da propagação do
kg, ASA III. História de tumor cerebral ressecado parcialmente em anestésico, profundamente ao músculo serrátil anterior e acima da
2013 acarretando epilepsia secundária e hemiplegia à esquerda. borda da costela. Paciente relatou melhora da dor e maior amplitude
Efeito de massa em tomografia computadorizada pós-operatória. de movimento do braço ipsilateral. Em 24 horas, foi submetida à
Asma grave e em uso de tramadol 100 mg (8/8h), dipirona 1 g (6/6h), drenagem torácica direita, negava dor na região. Após novas 24 ho-
fenobarbital 100 mg (noite), amitriptilina 75 mg (noite), salbutamol ras, relatava EVA 3 ao repouso e 8 ao movimento; foi realizado novo
17,4 g dois puffs inalatório (12/12h), allenia duas cápsulas (12/12h), bloqueio com mesma técnica e volume, relatando EVA 0. Nas 48 horas
meflazona 200 mg dois comprimidos (12/12h), carbamazepina 400 seguintes, sempre se queixando de dor, realizados novos bloqueios
mg (noite), topiramato 50 mg (noite), zolpidem 10 mg (1x/dia). diários com alívio imediato da dor. Após cinco dias e realização de
Exames laboratoriais normais. Pré-operatório de artroplastia parcial quatro bloqueios, apresenta EVA 0. Retirado dreno de tórax no sétimo
de quadril à direita. Paciente avaliado pela equipe de neurologia, dia de acompanhamento, mantendo sem dor.
que não contraindicou o procedimento. Em sala cirúrgica: monitori- Discussão: Uma das vantagens dessa técnica guiada por USG é a
zação contínua com cardioscópio, PA não invasiva, oxímetro de pul- diminuição do número de punções, já que com uma punção são atin-
so, SVD, venóclise em MSE (J18), cateter nasal (2 L/min). Realizada gidos ramos cutâneos laterais dos nervos intercostais em diferentes
técnica de Winnie para o bloqueio do plexo lombar com estimulador níveis metaméricos. O plano serrátil parece ser um procedimento
de nervos periféricos, injetados 20 mL de bupivacaína 0,375% com seguro e mais simples que múltiplos bloqueios intercostais ou para-
adrenalina (1:200.000) quando alcançado estímulo 0,4 mA. Bloqueio vertebrais para parede anterior. Quando realizados corretamente,
de nervo ciático via posterior por técnica de Labat com estimulador há relato quase que imediato de alívio e uma sensação de plenitude,
de nervos periféricos, injetados 10 mL de bupivacaína 0,375% com algo não alcançado com injeção intramuscular do serrátil anterior
adrenalina (1:200.000) quando alcançado estímulo 0,4 mA, apenas ou de músculos intercostais.
para bloqueio motor. Realizada sedação com propofol em bomba de Referências:
infusão contínua a 50 mcg/kg/min. 1. Antonakakis JG, Ting PH, Sites B. Ultrasound-Guided Regional
Discussão: O bloqueio periférico, como técnica anestésica exclu- Anesthesia for Peripherol Nerve Blocks: An evidence-based re-
siva para este caso, diminuiu o risco de possíveis efeitos indesejá- view. Anesthesiol Clin. 2011;29:179-91.
veis da manipulação do neuroeixo em um paciente com lesão ce- 2. Blanco R, Parras T, Mcdonnell JG, Prats-Galino A. Serratus pla-
rebral expansiva ou da manipulação da via aérea de um paciente ne block: a novel ultrasound-guided thoracic wall nerve block.
com diagnóstico de asma grave, evitando desfechos desfavoráveis Anaesthesia. 2013;68:1107-13.
que poderiam ser causados pela anestesia geral ou pelo bloqueio
de neuroeixo, diminuindo a morbidade. Mesmo sem o uso de USG,
obteve-se sucesso na tentativa de diminuir complicações peri e pós- TLO273 BLOQUEIO DO GÂNGLIO ESFENOPALATINO COMO
operatórias, com anestesia plena do sítio cirúrgico. É necessário, no TRATAMENTO DE ENXAQUECA
entanto, o conhecimento da anatomia e o domínio da técnica pelo
Marina Augusto Neves*, Cláudia Helena Ribeiro da Silva,
anestesiologista para a realização do bloqueio com sucesso.
Alexandra de Vasconcelos Vieira, Márcio de Sá Faleiros,
Referência:
1. Tratado de anestesiologia SAESP. 8.ed. São Paulo: Atheneu, Ana Cláudia Mota Bonisson, Larissa Magalhães Lopes
2017;1857. Centro de Ensino e Treinamento (CET) em Anestesiologia do
Hospital da Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil
Introdução: A enxaqueca é uma perturbação álgica primária comum
TLO566 BLOQUEIO DE PLANO SERRATIL ANTERIOR PARA
e incapacitante. Em 2010, foi classificada como a terceira doença
ANALGESIA DE FRATURA DE MÚLTIPLOS ARCOS COSTAIS
mais prevalente e a sétima causa específica de incapacidade no
Nathália Fagundes de Freitas Freire, Rafael Mercante Linhares, mundo. O gânglio esfenopalatino é uma estrutura extracraniana com
Ricardo Heber Pinto Lima*, Larissa Balmas Barbieri, rica inervação situada na fossa pterigopalatina. É inervado pelo ramo
Paola Fernandez Santos Viniegra, Sergio Lerner maxilar do trigêmeo, formado de raízes autonômicas (simpáticas e
parassimpáticas) e sensitivas. O bloqueio do gânglio esfenopalatino
Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
(BGEP) promove a atenuação da vasodilatação cerebral induzida pelo
Introdução: A dor na parede torácica anterior está entre as mais estímulo parassimpático na vasculatura cerebral, restaurando o diâ-
incapacitantes e difíceis a se tratar. O bloqueio do plano serrátil foi metro normal dos vasos meníngeos e promovendo alívio da cefaleia.
descrito recentemente por Blanco et al. como uma alternativa de Relato de caso: Paciente M.A.N., sexo feminino, 33 anos de idade,
anestesia regional em procedimentos torácicos, pois leva ao blo- com história de enxaqueca clássica associada à cefaleia tensional
queio dos ramos cutâneos laterais dos nervos intercostais torácicos, e queixa de dor por até sete dias. Realizado BGEP por via transna-
proporcionando analgesia à parede torácica anterolateral. sal com a paciente em decúbito dorsal. Inseridos os swabs nasais a
Relato de caso: L.M.A., 83 anos de idade, sexo feminino, 55 kg, 90°: inserção lenta, até atingir resistência da nasofaringe posterior
hipertensa, portadora de doença de Parkison, história de cirurgia de e através do lume do swab é injetado um volume de 0,20 mL de
aneurisma cerebral aos 35 anos e angioplastia coronária. Admitida lidocaína 4% em cada narina a cada 5 minutos, em um total de 1,20
por queda da própria altura com trauma em região do tórax direito mL (0,60 mL de cada lado). Retirados swabs nasais ao final de 15
após perda de consciência, levando à fratura de seis arcos costais minutos. Foram realizados três procedimentos nesta paciente, em
associado a hemotórax. Queixava de dor intensa (EVA 10) em hemitó- tempos diferentes, conforme demanda clínica. No primeiro proce-
rax direito a movimentação, fazendo uso de dipirona 1 g 6/6 horas e dimento, a paciente apresentou remissão completa da dor por um
S230 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

período de quatro dias. No segundo, houve melhora parcial da dor ca analgésica para diversas cirurgias que envolvam os dermátomos
e optou-se, então, por repetir o BGEP após uma hora com sucesso de T7 a L3. Reduzindo significativamente o consumo de opioide,
e remissão da dor por três dias. No último procedimento, houve é uma opção quando o bloqueio peridural é contraindicado. Rela-
melhora total da dor. Paciente acompanhada por 30 dias após último tamos o caso do paciente em que o bloqueio do quadrado lombar
bloqueio sem queixa de novos episódios álgicos. tipo III foi utilizado como técnica anestésica para o procedimento
Discussão: O uso indiscriminado e crônico de analgésicos e/ou an- cirúrgico de retirada de enxerto autólogo do osso ilíaco.
ti-inflamatórios pode agravar a intensidade da dor e cronificar o Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 32 anos de idade, ASA I,
quadro de cefaleia. O BGEP se apresenta como uma opção de trata- 90 quilos, referenciado ao serviço de cirurgia da mão do Hospital São
mento pouco invasiva e capaz de reduzir ou mesmo de interromper Paulo para procedimento cirúrgico de osteossíntese de escafoide com
o uso de medicamentos. Além da enxaqueca, tem sido descrito tam- retirada de enxerto ósseo autólogo do osso ilíaco. Foi escolhido como
bém no tratamento de outras cefaleias como neuralgia trigeminal, técnica anestésica o bloqueio do plexo braquial associado ao bloqueio
dor facial atípica e cefaleia pós-punção de dura-máter. A abordagem do quadrado lombar tipo III à esquerda, ambos guiados por ultrassom,
transnasal é a mais comumente utilizada, mas a técnica pode ser sendo administrados 30 mL de bupivacaína a 0,375% com vasocons-
também realizada por via transcutânea ou transoral. O baixo risco, trictor no bloqueio do quadrado lombar e 20 mL de bupivacaína a
a facilidade de execução e os bons resultados relatados pela lite- 0,375% com vasoconstritor no bloqueio do plexo braquial via axilar.
ratura justificam maior investigação do método para determinar a Para avaliação do bloqueio, foi realizado teste de sensibilidade térmi-
real eficácia do tratamento proposto. ca com gaze umedecida e sensibilidade dolorosa por meio do teste de
Referências: pinprick. A área bloqueada abrangia os dermatomos de T7 a L1 com
1. Classificação Internacional de Cefaleias (2014)/International uma latência de 20 minutos. Durante o procedimento, o paciente foi
Classification of Headache Disorders ICHD-3 (2013). sedado com fentanil 50 mcg e midazolam 5 mg, mantido em ventila-
2. Cady R, Saper J, Dexter K, et al. A double-blind, placebo-con- ção espontânea com cateter de oxigênio 3 L/min. Para a incisão cirúr-
trolled study of repetitive transnasal sphenopalatine ganglion gica, optou-se pela infiltração da pele com 5 mL de lidocaína 2% sem
blockade with tx360® as acute treatment for chronic migraine. vasoconstrictor porque o paciente referiu leve desconforto durante a
Headache. 2015;55:101-16. incisão cirúrgica, com remissão total dos sintomas após a infiltração.
Durante todo o procedimento, o paciente permaneceu sem queixas
álgicas e consciente. Após a cirurgia, o paciente foi encaminhado para
TLP528 BLOQUEIO DO PLANO ERETOR ESPINAL a sala de recuperação anestésica, onde permaneceu sem queixas álgi-
GUIADO POR ULTRASSOM ASSOCIADO À SEDAÇÃO PARA cas, recebendo alta 6 horas após a realização do bloqueio.
Conclusão: O bloqueio do quadrado lombar tem se mostrado promis-
QUADRANTECTOMIA COM ESVAZIAMENTO AXILAR DIREITO
sor para analgesias de diversos procedimentos cirúrgicos abdominais e
EM PACIENTE COM CÂNCER DE MAMA: UM RELATO DE CASO
para procedimentos ósseos do quadril. Isso ocorre pela grande disper-
L.C.A. Buzo, E.Y. Sakamoto, A.R. Cardoso, F.A. Guadagnin, são do anestésico pela fáscia transversalis, proporcionando bloqueio
M.F.C. Nercolini, I.R. Cardoso* extenso dos nervos tóraco-lombares. Porém, há poucos relatos de
casos como técnica anestésica. Este relato mostra mais uma possível
Hospital do Rocio, Campo Largo, PR, Brasil
utilização do bloqueio do quadrado lombar como técnica anestésica
Justificativa: O bloqueio do plano eretor espinal (ESP) guiado por para cirurgias que envolvem estruturas ósseas da região da bacia.
ultrassom consiste em uma técnica anestésica regional relativamente Referências:
nova que tem se mostrado útil para anestesia e analgesia em proce- 1. Blanco R, McDonnel JG. Optimal point of injection: the quadratus
dimentos cirúrgicos toracoabdominais. É efetuado a nível dorsal e pa- lumborum type I and II blocks. 2013. Disponpivel em: HTTP://
ravertebral, tendo como referência o processo transverso da vértebra www.respond2articles.com/ANA/forums/post/1550.aspx.
abrangendo dermátomos desejados, podendo ser uni ou bilateral com 2. Parras T, Blanco R. Randomised trial comparing the transversus
potencial de bloqueio somático e visceral e de fácil execução. abdominis plane block posterior approach or quadratus lumbo-
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 52 anos de idade, ASA III, rum block type I with femoral block for postoperative analgesia
67 kg, sem antecedentes de complicações anestésicas e com câncer in femoral neck fracture, both ultasound-guided. Rev Esp Anes-
de mama à direita com indicação para quadrantectomia e esvazia- tesiol Reanim. 2016;63:141-8.
mento axilar. O bloqueio do ESP foi executado à direita a nível T5
guiado por ultrassonografia, onde foram infiltrados levobupivacaína
com vasoconstritor a 0,5% 20 mL e dexametasona 8 mg associado TLO527 BLOQUEIO DO QUADRADO LOMBAR TIPO II
à sedação alvo-controlada com propofol. O procedimento cirúrgico GUIADO POR ULTRASSONOGRAFIA ASSOCIADO À SEDAÇÃO
iniciou-se 25 minutos após e foi executado com sucesso, sem queixas PARA OOFORECTOMIA: UMA SÉRIE DE CASOS
álgicas, garantindo alta precoce da paciente sem queixas.
L.C.A. Buzo, E.Y. Sakamoto, A.R. Cardoso, M.F.C. Nercolini,
Conclusão: O bloqueio do ESP associado à sedação foi satisfatório
e neste caso se mostrou seguro para o procedimento cirúrgico pro- F.A. Guadagnin, S.B. Duarte *
posto, com grande potencial para futuras anestesias regionais para Hospital do Rocio, Campo Largo, PR, Brasil
pacientes com contraindicação ao bloqueio de neuroeixo ou como
Justificativa e objetivos: O bloqueio do quadrado lombar (QL)
opção analgésica pós-operatória associada à anestesia geral.
consiste em uma técnica anestésica regional que abrange os ramos
nervosos de T5 a L1 com crescente potencial para anestesia e anal-
gesia intra e pós-operatória de cirurgias abdominais superiores e
TLO404 BLOQUEIO DO QUADRADO LOMBAR PARA
inferiores. Resultou em maior eficácia e durabilidade analgésica, já
CIRURGIA DE RETIRADA DE ENXERTO ÓSSEO DO ILÍACO que oferece maior amplitude de bloqueio (T5 a L1) ao comparar-se
Esthael Cristina Querido Avelar*, Leonardo Henrique Cunha Ferraro, ao bloqueio do plano transverso abdominal.
Ana Paula Santana Huang, Graziella Prianti Cunha Relatos de caso: Caso 1 – Paciente do sexo feminino, 59 anos de
idade, 72 kg, previamente hígida, menopausada, ASA I, sem ante-
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
cedentes de complicações anestésicas, com indicação de ooforec-
Introdução: O bloqueio do músculo quadrado lombar foi descrito tomia bilateral por cisto ovariano complexo com incisão cirúrgica
em 2007 por R. Blanco e tem mostrado bons resultados como técni- à Pfannenstiel. O bloqueio bilateral do QL tipo II guiado por ultras-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S231

sonografia realizado com 20 mL de levobupivacaína com vasocons- Referências:


tritor a 0,33% e dexametasona 4 mg, por lado, associado à sedação 1. Ueshima H, Otake H, Lin JA. Ultrasound-guided quadratus lum-
com propofol alvo-controlada. Caso 2 – Paciente do sexo feminino, borum block: an updated review of anatomy and techniques.
34 anos de idade, 60 kg, previamente hígida, ASA I, sem antece- Biomed Res Int. 2017;2017:2752876.
dentes de complicações anestésicas e também com indicação para 2. Martínez-Segovia M, Tornero CT, Montero M, Escolar VR. Ultra-
ooforectomia à esquerda por endometrioma ovariano. O bloqueio sound can guide new regional blocks. Tech Reg Anesth Pain Ma-
bilateral do QL tipo II guiado por ultrassom foi feito com 20 mL de nag. 2012;16:164-71.
levobupivacaína com vasoconstritor a 0,33% e clonidina 30 mcg por
lado e associado à sedação com propofol alvo-controlada.
Conclusões: Ambos os procedimentos cirúrgicos foram iniciados TLO384 BLOQUEIOS DOS NERVOS ULNAR, MEDIANO
após 20 minutos e executados com sucesso sem queixas álgicas intra E RADIAL BILATERAL GUIADO POR ULTRASSOM PARA
e pós-operatórias e sem complicações. O bloqueio do quadrado lom- OSTEOSSÍNTESE DE RÁDIO EM PACIENTE IDOSA – RELATO
bar tipo II consistiu em uma opção anestésica e analgésica satisfató- DE CASO
ria para os presentes procedimentos cirúrgicos, de fácil execução,
com riscos mínimos e bem-tolerada. Adriel Franco de Mattos*, Luis Henrique Cangiani,
Sabrina de Souza Ramos, Juliano Moisés Tobal,
Helivelton Rocha Azevedo, Caio Funck Colucci
TLP721 BLOQUEIO DO QUADRADO LOMBAR TIPO II PARA CET Centro Médico Campinas, Campinas, SP, Brasil
HERNIOPLASTIA INGUINAL: SÉRIE DE CASOS
Introdução: Os bloqueios periféricos guiados por ultrassonografia
Ana Luiza Castro da Cruz*, Diogo Barros Florenzano de Sousa, são amplamente utilizados para a realização de cirurgias nos mem-
Pedro Paulo Kimachi, Bruno Francisco de Freitas Tonelotto, bros superiores. Produzem boa analgesia pós-operatória, dispensam
Claudia Marquez Simões, Marília Aquini Zamprogna a realização de anestesia geral e têm alta efetividade.
Relato do caso: Paciente de 88 anos de idade, 52 kg, estado físico
Hospital Geral do Grajaú, São Paulo, SP, Brasil
ASA II, sexo feminino, foi submetida à osteossíntese de rádio distal
Introdução: A dificuldade do manejo de dor perioperatória é comum bilateral devido à queda de própria altura. Portadora de hiperten-
em cirurgias abdominais. Quando não controlada, aumenta a inci- são arterial, bexiga hiperativa e osteoporose, faz uso contínuo de
dência de complicações pós-operatórias. As técnicas de anestesia anlodipino 5 mg e amoxacilina para tratamento de infecção urinária
regional efetivas para cirurgia abdominal incluíram mais recente- crônica. Exame físico compatível com a idade, PA 130 × 60 mmHg,
mente o bloqueio do quadrado lombar. FC 52 bpm, auscultas cardíacas e respiratória normais e hematoma
Relato dos casos: Todos os pacientes submetidos a essa técnica na face. Exames laboratoriais normais. Foi realizada venopunção no
anestésica realizaram cirurgia de hernioplastia inguinal unilateral membro inferior direito com cateter 20G e instalação de solução de
totalmente extraperitoneal (TEP) por via laparoscópica e optou-se ringer lactato. Administrado 1 mg de midazolam e iniciada a infusão
pela realização de sedação associada ao bloqueio semilunar do reto de dexmedetomidina 0,5 mcg/kg em 5 minutos seguida da infusão
contralateral ao sítio cirúrgico para inserção do trocater da óptica contínua na dose de 0,3 mcg/kg/h. Foram realizados os bloqueios
cirúrgica conjuntamente ao bloqueio do quadrado lombar do tipo II. dos nervos mediano, ulnar e radial, bilateral, no cotovelo com so-
Bloqueios realizados foram guiados por ultrassom com probe linear lução de ropivacaína 0,75% (5 mL) e lidocaína 2% com adrenalina
de alta frequência. Dentro da analgesia multimodal, foram utiliza- 1:200.000 (5 mL) e mais 5 mL de soro fisiológico preparados em duas
dos sulfato de magnésio 40 mg/kg e cetamina 0,2 mg/kg. Sedação seringas (15 mL em cada uma), guiado por US. O total do volume
com fentanil 1–1,5 mcg/kg, propofol em infusão contínua. Caso 1: administrado foi de 15 mL em cada membro, totalizando 30 mL. O
Paciente do sexo masculino, 50 anos de idade, 78 kg, ASA III. Para o volume injetado da solução de anestésico local em cada nervo foi
bloqueio do QL, foram usados 30 mL de ropivacaína 0,5%, e para o de 5 mL. A seguir, o cirurgião instalou garrote pneumático nos dois
bloqueio semilunar, 20 mL de ropivacaína 0,5%, realizado com agulha membros. O tempo de latência foi muito baixo (4 minutos). A dura-
Whitacre 22G. A cirurgia transcorreu sem intercorrências ou queixas ção da cirurgia foi de 85 minutos, e o tempo total de anestesia foi
álgicas. O paciente teve alta com 27 horas de pós-operatório, com de 125 minutos. A paciente permaneceu levemente sedada (Ramsay
ausência de dor. Caso 2: Paciente do sexo masculino, 42 anos de 2), confortável e não se queixou de dor ou de desconforto devido
idade, 64 kg, ASA II. Foram usados para o bloqueio do QL 30 mL de ao garrote, permanecendo internada e recebendo alta hospitalar no
ropivacaína 0,5%, e para o bloqueio semilunar, 20 mL de ropivacaína dia seguinte, sem queixas.
0,5%, com agulha sonovisível A 100 21G. Cirurgia sem intercorrência Discussão: A realização dos bloqueios periféricos garantiu que a pa-
ou queixas álgicas pós-operatórias. Alta em 16 horas de pós-operató- ciente fosse submetida à cirurgia sem a necessidade de se realizar
rio. Caso 3: Paciente do sexo feminino, 47 anos de idade, 50 kg, ASA anestesia geral e garantiu uma boa analgesia pós-operatória. Por se
I. Para o bloqueio do QL, foram usados 25 mL de ropivacaína 0,5%, tratar de paciente idosa, havia maior risco de disfunção cognitiva
e para o bloqueio semilunar, 15 mL de ropivacaína 0,5%, com agulha pós-operatória, o que não ocorreu. A utilização da dexmedetomi-
sonovisível A 100 21G. Cirurgia sem intercorrência ou queixas álgicas dina produziu os estados de sedação e analgesia adequados para
pós-operatórias. Alta em 14 horas de pós-operatório. a paciente, uma vez que o garrote pneumático foi insuflado em
Discussão: O bloqueio quadrado lombar tem como base a distri- uma região que estava fora da área de analgesia produzida pelos
buição de anestésico local (AL) adjacente à borda anterolateral do bloqueios dos nervos ulnar, radial e mediano realizados no cotovelo
músculo quadrado lombar. Apresenta distribuição confiável, sendo bilateralmente. A solução de anestésico local com lidocaína e ropi-
uma opção segura, pois a cavidade abdominal é protegida pelo vacaína, diluídas com solução fisiológica, respeitou a dose tóxica,
psoas. Tem como vantagem um bloqueio sensitivo amplo (T6-L1) apresentou curta latência e alta efetividade.
comparado ao TAP block (T10-T12), com analgesia visceral e da pa- Referências:
rede abdominal. O bloqueio semilunar ocorre na dispersão de AL no 1. Hadzic A (ed.). Ultrasound-guided porearm blocks in peripheral
nervo intercostal sem perfurar a bainha do reto, antes da emersão nerve blocks and anatomy for ultrasound-guided regional anes-
do ramo anterior. É realizado ao longo da linha semilunar para blo- thesia. 2.ed. Nova York: McGraw-Hill, 2012.
quear os nervos intercostais em diferentes níveis. Por se tratar de 2. Aldecoa C, Bettelli G, Bilotta F, et al. European Society of Anaes-
um bloqueio de fáscia, utilizamos altos volumes para a eficácia, thesiology evidence-based and consensus-based guideline on
visto que a visualização do nervo não é possível. postoperative delirium. Eur J Anetsh. 2017;34:192-214.
S232 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO396 CEFALEIA PÓS-RAQUIANESTESIA EM PACIENTES Introdução: A raquianestesia é a técnica anestésica mais utilizada
SUBMETIDAS A CIRURGIAS GINECOLÓGICAS E OBSTÉTRICAS em todo o mundo para cesariana. A gestação a termo apresenta vá-
DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO rias características que influenciam a dispersão cefálica de anesté-
sicos locais no LCR. Entre elas, podemos citar o aumento da lordose
Tiago Caneu Rossi*, Felipe Serrano Farias, lombar e da pressão intra-abdominal com ingurgitamento das veias
Flora Margarida Barra Bisinotto, Ana Beatriz Retamero Rodrigues, peridurais, o que resulta em diminuição no volume do LCR.
Daniela Costa Anastácio, Pedro Celeste Valadares Objetivo: Comparar o nível do bloqueio sensitivo e motor em ges-
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba, MG, tantes submetidas à anestesia subaracnóidea de acordo com IMC e
Brasil circunferência abdominal.
Método: A presente pesquisa teve início após aprovação do Comitê
Justificativa e objetivos: A cefaleia pós-punção da dura-máter de Ética e pesquisa sob o protocolo CAAE 20686213.1.0000.5501.
(CPPD) pode ocorrer após realização de raquianestesia (RA) ou após Foram avaliadas neste estudo prospectivo 40 mulheres com indi-
perfuração acidental durante a realização da anestesia peridural, cação de cesariana eletiva. As pacientes foram divididas em dois
e é a principal complicação dos bloqueios espinais. Apesar de ser grupos; grupo de M (índice de massa corpórea) e grupo A (aferição
autolimitada, na maioria dos casos ela pode causar grandes trans- da circunferência abdominal). As pacientes do grupo M foram aloca-
tornos aos pacientes, pois retarda a recuperação, pode prolongar o das em dois subgrupos: 1M – pacientes com IMC ≤ 30 e subgrupo 2M,
tempo de internação ou ser causa de reinternação, o que leva ao pacientes com IMC > 30. As pacientes do grupo A foram alocadas em
aumento dos custos hospitalares. O objetivo deste trabalho foi ava- dois subgrupos: 1A – pacientes com circunferência abdominal < 100
liar a incidência de cefaleia pós-raquianestesia em pacientes sub- cm e 1B – pacientes com circunferência abdominal ≥ 100 cm. Todas
metidas a procedimentos cirúrgicos em um Hospital Universitário. as pacientes foram submetidas à punção lombar com agulha 25G
Método: Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, um es- tipo Quincke no interespaço L3–L4 ou L4–L5 com a paciente sentada,
tudo prospectivo, analítico e descritivo, entre dezembro de 2016 a injeção de 3 mL de solução – 2,5 mL bupivacaína hiperbárica (12,5
abril de 2017, foi realizado. Foram coletados dados de 130 pacientes mg) e 0,5 mL de morfina (100 mcg) – em velocidade semelhante. As
submetidas a procedimentos ginecológicos e obstétricos. Os dados avaliações foram realizadas no momento 2 e 5 minutos após a admi-
foram coletados no dia do procedimento e posteriormente em dois nistração do anestésico no espaço subaracnóideo, utilizando teste
tempos para diagnóstico de CPPD, (T1) 48 horas e (T2) sete dias após de temperatura para o nível de bloqueio sensitivo e pela escala
o procedimento cirúrgico. As análises foram realizadas por meio de Bromage para o nível do bloqueio motor.
resultados descritivos e odds ratio para associação de causalidade. Resultado: As alturas do bloqueio sensitivo avaliadas no segundo
Resultado: Das 130 pacientes incluídas no estudo, cinco não foram lo- minuto (M2) após sua realização nos grupos IMC ≤ 30 versus IMC >
calizadas, sendo excluídas do acompanhamento. A média de idade das 30 foram semelhantes. Porém, avaliação semelhante realizada no
pacientes foi de 36,8 ± 16,1 anos, e a média do IMC (índice de massa quinto minuto (M5) mostrou maior extensão e maior bloqueio motor
corporal) de 29,4 ± 6,8 kg.m−2. Foram classificadas como obesas (IMC nos subgrupos 2M e 1B.
> 30 kg.m−2) 39,27% das pacientes. Quanto às cirurgias realizadas, Conclusões: Houve maior extensão do bloqueio sensitivo e maior
50% foram cesarianas e as demais foram distribuídas entre cirurgias bloqueio motor no quinto minuto após a realização da anestesia no
ginecológicas e obstétricas diversas. Todas as pacientes foram subme- grupo com IMC > 30 kg.m−2 e circunferência abdominal > 100 cm.
tidas a RA com agulha Quincke, nos calibres 20 (0,77%), 25 (38,4%), Referências:
26 (45,4%) e 27 (15,43%). Os residentes em anestesiologia realizaram 1. Mcdonnell NJ, Keating ML, Muchatutua NA, et al. Analgesia After
99% das anestesias (68% do primeiro ano [R1], 25% do segundo [R2] e Caesarean Delivery. Anaesth Intensive Care. 2009;37:539-51.
6% do terceiro [R3]), e 1% realizada por staff do serviço. Durante o 2. Nani FS, Torres ML. Correlation between the BMI of pregnant wo-
acompanhamento, 5,6% (n = 7) dos pacientes desenvolveram CPPD. men and the development of hypotension after spinal anesthesia
Comparando a categoria dos residentes e a incidência de cefaleia, ob- for cesarean section. Rev Bras Anestesiol. 2011;61:21-30.
servou-se um OR > 1 quanto à experiência do anestesiologista (R1 vs.
R2, R3 e staff) e quanto ao calibre da agulha (25 vs. 26 e 27). Quando
comparados os grupos obesos e não obesos, observou-se uma OR < 1. TLO595 FALSA DOSE TESTE NEGATIVA APÓS
Conclusão: A incidência de CPPD neste estudo foi superior ao compa-
CATETERIZAÇÃO INADVERTIDA DO PLEXO VENOSO
rado na literatura. Contribuíram para isso o grupo de estudo, consti-
EPIDURAL EM PACIENTE EM USO DE BETABLOQUEADOR:
tuído de pacientes jovens do sexo feminino, a utilização de agulhas
cortantes e a baixa experiência dos anestesisologistas, por ser um DOCUMENTAÇÃO POR RADIOSCOPIA
Hospital Universitário. Maior calibre da agulha e menor experiência Mateus Meira Vasconcelos*, Fernando Cássio do Prado Silva,
profissional foram fatores de risco de maior associação à CPPD. Um João Paulo Jordão Pontes, Alexandre de Menezes Rodrigues,
dado importante é que pacientes obesas apresentaram menos CPPD Rodrigo Rodrigues Alves, Demócrito Ribeiro de Brito Neto
quando comparadas às não obesas, o que corrobora a literatura atual.
Referência: CET Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil
1. Hoehr ACR, Londero RG. Cefaleia pós-punção em pacientes puérpe- Introdução: A cateterização inadvertida do plexo venoso peridural
ras submetidas à raquianestesia. Revista AMRIGS. 2012;56:125-8. pode ocorrer em até 9% das anestesias peridurais com introdução
de cateter. Caso não seja reconhecida, pode trazer complicações
relacionadas à intoxicação por anestésicos locais, como colapso car-
TLP546 EXTENSÃO DA ANESTESIA SUBARACNÓIDEA diovascular e convulsões. Para sua identificação, a administração de
VERSUS ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA E CIRCUNFERÊNCIA uma dose teste de solução com vasoconstritor é um dos métodos
ABDOMINAL EM CESARIANAS mais comumente empregados.
Walfredo Ernesto Monteiro Neto, Gabriel Cruz Tamiasso*, Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 64 anos de idade, 75 kg,
Guilherme de Oliveira Firmo, estado físico P2 devido à hipertensão arterial tratada com proprano-
lol, foi submetido à nefrectomia parcial e enterectomia videolapa-
Fabiana Mara Scarpelli de Lima Alvarenga Caldeira,
roscópica sob anestesia combinada peridural e geral. O paciente foi
José Maria Leal Gomes, Oscar César Pires
sedado com 2 mg de midazolam e 100 mcg de fentanil e posicionado
CET do Hospital Municipal de São José dos Campos, São José dos em decúbito lateral esquerdo para punção peridural e instalação de
Campos, SP, Brasil cateter. A punção foi realizada em T11/T12 com agulha de Weiss 16G
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S233

e observada dose teste negativa para 3 mL de lidocaína 2% com adre- 25 minutos). Em seguida, retirou-se a faixa de maneira rápida e
nalina. Foi então introduzido o cateter peridural por cerca de 6 cm a paciente iniciou quadro de agitação psicomotora, convulsão, ta-
sem dificuldades e injetada a mesma dose teste, após sua aspiração quicardia sinusal (FC: 120 bpm); PA e SpO2 normais. Administrou-se
sem refluxo de sangue, e constatada novamente dose teste negativa. diazepam 10 mg EV e mantida oferta de O2. A agitação e o clônus
A indução anestésica foi realizada com propofol 150 mg, fentanil 150 cessaram em 5 minutos, evoluindo com desorientação e normali-
mcg e rocurônio 50 mg, seguida de intubação orotraqueal sem inter- zação dos sinais vitais. A paciente adormece e é mantida em sala
corrências. Em seguida, foi monitorizado com pressão arterial inva- operatória por 30 minutos, despertando sem memória do ocorrido,
siva. Antes do início da cirurgia, foram injetados 10 mL de lidocaína sem alteração neurológica e cardiovascular.
1% com adrenalina pelo cateter peridural, quando foi observada uma Discussão: O anestesiologista deve estar preparado para enfrentar
elevação abrupta da pressão arterial com posterior retorno aos níveis eventos adversos na anestesia regional; a intoxicação por AL requer
basais, sem alteração da frequência cardíaca. Nesse momento, foi medidas decisivas devido a suas reações importantes no sistema
considerada a hipótese de dose teste positiva. Após o término do pro- nervoso central e cardiovascular. É necessário interromper o uso do
cedimento, foi realizada radioscopia com injeção de contraste pelo AL, ofertar O2, manter vias aéreas pérvias e controlar convulsões.
cateter peridural para avaliar sua localização. Foi observado que o Subsequentemente, deve-se iniciar o manejo de arritmias e/ou te-
contraste seguia o trajeto dos vasos epidurais. O cateter foi retirado rapia com emulsão lipídica, se necessário.
e o paciente foi acompanhado até a unidade de terapia intensiva. O Referências:
paciente permaneceu internado por três dias e recebeu alta hospita- 1. Junior AR, et al. Anestesia Regional Intravenosa. In: Cangiani LM,
lar sem outras complicações. Slulitel A, Potério GMB, et al. Tratado de anestesiologia SAESP.
Discussão: O risco de cateterização do plexo venoso epidural pode 7.ed. São Paulo: Atheneu, 2011;1667-88.
ser reduzido se algumas estratégias forem aplicadas: posicionamento 2. Santhosh MCB, Rohini BP, Roopa S, Raghavendra PR. Estudo de
em decúbito lateral, pré-distensão com fluidos e limitando-se a lidocaína a 0,5% e combinação de lidocaína a 0,25% com fentanil
inserção do cateter em 6 cm ou menos. A administração de uma dose e vecurônio em anestesia regional intravenosa para cirurgias de
teste de solução com vasoconstritor pelo cateter peridural deve ser membros superiores. Rev Bras Anestesiol. 2013;63:254-7.
uma manobra de rotina, até mesmo quando a dose teste pela agulha
for negativa. Em pacientes que utilizam betabloqueadores, além da
frequência cardíaca, outros parâmetros hemodinâmicos devem ser TLP1012 RAQUIANESTESIA COM BLOQUEIO PROLONGADO
avaliados. APÓS USO DE CLONIDINA
Referências:
Gustavo Oliveira Barros, Marcela Gomes de Melo Lima Reis,
1. Souza MP, Magalhães E, Cascudo EF, et al. Accidental Catheteri-
Marcelo Stuchi Pedott, André Vilela, Adelaide Moral Tarifa*
zation of Epidural Venous Plexus: Tomographic Analysis. Rev Bras
Anestesiol. 2016;66:208-11. Hospital Santa Marcelina, São Paulo, SP, Brasil
2. Mhyre JM, Greenfield MLVH, Tsen LC, et al. A systematic review
Introdução: A clonidina é um derivado imidazólico alfa-2 agonista,
of randomized controlled trials that evaluate strategies to avoid
que reduz o tônus simpático no sistema nervoso central, sendo uti-
epidural vein cannulation during obstetric epidural catheter pla-
lizada como adjuvante em anestesia venosa, em bloqueios periféri-
cement. Obstetr Anesthesiol. 2009;108:1232-42.
cos e de neuroeixo, tendo como vantagens menos efeitos colaterais
que os opioides.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 30 anos de idade, ASA 2
TLP607 INTOXICAÇÃO POR ANESTÉSICO LOCAL EM
com plaquetopenia a esclarecer (130.000), submetida à reconstru-
ANESTESIA REGIONAL INTRAVENOSA ção de ligamento cruzado anterior direito. Paciente em SO, sendo
Luiz Felippe Carvalho Guerreiro, monitorizada com PANI, SpO2 e cardioscópio, com acesso venoso pe-
Petrus Albuquerque Mereb de Medeiros*, Valquíria Carina Otoya Oetting riférico J20, sedada com midazolam 5 mg e fentanil 50 mcg, realiza-
da raquianestesia em L4-L5 com agulha Quincke 27G, punção única,
Hospital Municipal Salgado Filho, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
com infusão intratecal de bupivacaína pesada 0,5% 12,5 mg e clo-
Introdução: A anestesia intravenosa regional é uma técnica aplica- nidina 30 mcg. Procedimento cirúrgico sem intercorrências, reali-
da em cirurgias de partes moles de membros superiores ou inferio- zado, após, bloqueio femoral à direita com levobupivacaína 0,125%
res de curta duração. É uma técnica eficiente, de fácil realização e com vasoconstritor 20 mL guiado com USG. Paciente recebeu alta
pode estar associada a eventos adversos (toxicidade pelo anestésico da RPA com movimentação de MMII, porém com diminuição da força
local, lesões nervosas e dor). A intoxicação por anestésicos locais em MID. Após 13 horas da anestesia, paciente queixa-se de bloqueio
(AL) é um evento raro, podendo ocorrer pela liberação acidental motor presente com plegia em ambos MMII e diminuição da sensibi-
do torniquete durante o procedimento ou da liberação rápida do lidade térmica em nível de T8. Refere ainda leve dispneia, pareste-
torniquete no término do procedimento. sias em mãos e boca, além de taquipneia (FR: 25 ipm) e taquicardia
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 59 anos de idade, 60 kg, (FC: 110 bpm). Realizada RM de coluna lombar e torácica, sem alte-
ASA I, candidata a cirurgia do túnel do carpo D, nega alergias e co- rações. Avaliada pela neurocirurgia, que evidenciou inconsistências
morbidades. É realizada monitorização, venóclise contralateral ao das queixas com o exame neurológico, sendo interrogado distúrbio
membro a ser operado com J18 e oferta de O2 a 100% sob máscara conversivo. Paciente apresenta retorno da função motora, após 42
de Hudson. Sedação com midazolam 5 mg EV, venóclise com J22 no horas da anestesia, sem outras queixas, recebendo alta hospitalar.
membro a ser operado (região dorsal da mão D). Feita exsanguina- Discussão: A clonidina, quando associada a anestésicos locais, na
ção passiva de MSD mantendo-o elevado, uma faixa de Esmarch é dose de 1–2 mcg/kg, pode dobrar a duração da anestesia cirúrgica
enrolada em torno do braço em espiral, da mão até o braço D, neste e do bloqueio motor, além de melhorar a qualidade do bloqueio
local outra faixa Esmarch é colocada ao redor da circunferência anestésico com propriedades sedativas. Na dose de 15 mcg, melho-
desse mesmo braço para exsanguinar completamente a extremida- ra a qualidade da analgesia pós-operatória sem aumentar os efei-
de. Mantida a segunda faixa no braço, prosseguimos com injeção de tos colaterais. No caso relatado, a duração do bloqueio foi acima
lidocaína 0,5% 35 mL EV no membro a ser operado. Após a injeção, do esperado, apesar de a paciente ter recebido alta da RPA, sem
o braço é colocado ao nível da mesa cirúrgica e o jelco da mão queixas, sendo levantadas as hipóteses de bloqueio residual e he-
anestesiada é removido. Inicia-se a cirurgia com a paciente sedada matoma subdural, porém com hipótese mais provável de distúrbio
e sinais vitais normais até o término do procedimento (duração de conversivo.
S234 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Conclusão: Nessas situações, sempre se deve descartar complica- TLO489 RAQUIANESTESIA TOTAL APÓS ANESTESIA
ções severas como o hematoma subdural, mesmo sendo raras. A clo- PERIDURAL TORÁCICA PARA CIRURGIA DE REDUÇÃO DE
nidina pode prolongar analgesia e o bloqueio, porém com duração MAMA BILATERAL
inferior ao encontrado neste caso.
Referência: Bruno Mendes Carmona, José Mariano de Melo Cavaleiro de Macedo,
1. Crespo S, Dangelser G, Haller G. Intrathecal clonidine as an ad- Bruno Oliveira de Matos, Fábio Di Paulo dos Santos Sousa*,
juvant for neuraxial anaesthesia during caesarean delivery: a Carolina Moreno Fernandez, Diego Cezar de Oliveira Corrêa
systematic review and meta-analysis of randomised trials. Int J Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
Obst Anesth. 2017;32:64-76.
Introdução: A raquianestesia total ocorre após administração de
dose elevada de anestésico local no espaço subaracnóideo, quando
TLP887 RAQUIANESTESIA PARA EXÉRESE DE da realização de anestesia peridural com perfuração inadvertida da
CARCINOMA ESPINOCELULAR DE PELE EM MEMBRO dura-máter. O objetivo deste relato de caso é abordar a possibilida-
INFERIOR DIREITO EM PACIENTE PORTADOR DE de de perfuração da dura-máter inadvertida, sem alterações perti-
EPIDERMÓLISE BOLHOSA nentes no momento da execução do procedimento.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 33 anos de idade, esta-
Victor Matheus Condé de Oliveira*, Marcos Gonçalves Magalhães, do físico ASA I, deu entrada em sala operatória para realização de
Éric Guimarães Machado, Bruno César Soares Gomes, diminuição de mama bilateral, realizada monitorização com ECG,
Amélie Gabrielle Vieira Falconi, Zamir Fernando Sanchez Guerrero oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. Estabelecida ve-
Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora nóclise com cateter de teflon 18G no membro superior esquerdo,
(UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil em seguida administrados 5 mg de midazolam IV como medicação
pré-anestésica. Colocada a paciente em posição sentada e reali-
Introdução: Epidermólise bolhosa (EB) é uma doença dermatológica zada, após assepsia local, punção do espaço peridural com agulha
de caráter genético com modos dominante e recessivo de transmis- Tuohy 16G entre os segmentos torácicos T1–T2. A identificação do
são. A forma dominante simples é caracterizada por vesículas nos espaço peridural foi feita por meio do sinal da gota pendente (sinal
locais de fricção e trauma. Descrevemos um caso de raquianestesia de Gutierrez); o procedimento foi realizado sem qualquer intercor-
em um paciente portador de epidermólise bolhosa com previsão de rência. Administrados, durante um período de aproximadamente 5
via aérea difícil. minutos, 60 mg de levobupivacaína excesso enantiomérico a 0,5%
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 30 anos de idade, e 100 µg de fentanil, perfazendo um volume total de 14 mL. Após
com forma dominante de EB agendado para exérese de carcinoma 5 minutos do correto posicionamento da paciente em leito cirúrgi-
espinocelular de membro inferior direito. Na avaliação pré-anes- co, houve diminuição da saturação, tendo a paciente relatado difi-
tésica, apresentava mútiplas lesões bolhosas e úlceras em parte culdade respiratória. A seguir, houve perda da consciência, apneia
do dorso e tronco, membros superiores e inferiores e reabsorção
e midríase. Iniciada ventilação sob máscara com pressão positiva
óssea de mãos e pés. Ao exame de vias aéreas foram evidenciadas
e oferta de oxigênio a 100%, intubação orotraqueal com tubo nº
baixa mobilidade atlanto-occiptal, abertura bucal menor que três
7,5 e colocada em ventilação mecânica. Após 15 minutos, a pa-
dedos, Mallampati IV e história anestésica anterior de dificuldade
ciente apresentou retorno do tônus do músculo masseter, e após 30
de intubação traqueal. Pré-medicado com 7,5 mg de midazolam
minutos, início dos movimentos respiratórios. Houve retorno com-
oral, deu entrada na SO e foi monitorizado com SPO2 no lóbulo
pleto dos movimentos ventilatórios após 60 minutos, e retorno da
da orelha, ECG com eletrodos próprios para pele sensível (sem
consciência após 90 minutos, feitos 120 mg de propofol e 35 mg de
adesivo) e pressão arterial não invasiva em MSE após proteção
rocurônio. O procedimento cirúrgico estendeu-se por 5 horas sem
do membro com algodão estéril e atadura de crepom. Venóclise
que houvesse necessidade de suplementação anestésica adicional.
com cateter endovenoso 20G em prega antecubital direita, sem
A paciente não referiu nenhuma lembrança do ato cirúrgico, sem
garroteamento, e fixação daquele também com atadura de cre-
queixas de cefaleia ou parestesias, e recebeu alta hospitalar após
pom. Sedado com 3 mg de midazolam IV, realizada raquianestesia
48 horas sem queixas clínicas.
simples sem infiltração prévia na posição sentada, punção única
Discussão: O quadro clínico secundário contempla o bloqueio de
no interespaço L3–L4, e injeção de 7,5 mg de bupivacaína hiper-
toda a inervação oriunda da medula espinal e troncocerebral, ge-
bárica 0,5%. Latência sensitiva testada em T10 após 5 minutos.
Paciente posicionado em decúbito dorsal com colocação de co- rando prioritariamente bradicardia, hipotensão grave (bloqueio
xins protetores em pontos de apoio. Procedimento realizado em simpático extendido), midríase (paralisia do terceiro par craniano)
aproximadamente 40 minutos, sem intercorrências. Encaminhado e apneia (por paralisia de musculatura respiratória ou disfunção
à SRPA, lúcido, orientado, sem queixas. Alta hospitalar no dia aguda do tronco cerebral). Embora esses acidentes sejam preocu-
seguinte. pantes e apresentem risco de morte, a maioria pode ser tratada
Discussão: As lesões cutâneas associadas à EB podem ser desenvol- com tranquilidade e sucesso, desde que o diagnóstico e o trata-
vidas em resposta a traumas, fricção ou pressão, podendo provocar mento sejam precoces e eficazes, com monitorização e vigilância
dificuldades significativas no manejo de vias aéreas e anestesia ge- rigorosa com o paciente.
ral. O planejamento anestésico em relação à técnica, monitoriza- Referência:
ção e posicionamento é fundamental na abordagem desses pacien- 1. Delfino J, Vale N. Anestesia peridural, atualização e perspectiva.
tes. A raquianestesia se mostrou menos traumática, segura e eficaz São Paulo: Atheneu; 2000;55-6.
para o procedimento proposto.
Referências:
1. Farber NE, Troshnski TJ, Turco G. Spinal Anestesia in an in- TLO206 RELATO DE CASO – TRATAMENTO DE RUPTURA DE
fant with Epidermolysis Bullosa: case report. Anesthesiology. CATETER PERIDURAL
1995;83:1364-7. Francisco Nilson Fernandes Cardoso Filho*, Isabel Cristina Shibuya,
2. Akpolat N, Tilgen H, Gürsoy F, Saydam S, Gürel A. Thoracic epidu-
Gabriela Pereira Molina, Bruna Nunes Fernando,
ral anaesthesia and analgesia with bupivacaine for transsternal
Fernanda dos Santos Oliveira, João Manoel da Silva Junior
thymectomy for myasthenia gravis: case report. Eur J Anaesthe-
siol. 1997;14:220-3. Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), São Paulo, SP, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S235

Introdução: O bloqueio peridural associado ao uso de cateteres Paulo, buscando entender como o consumo de hemocomponentes
viabiliza a realização de anestesia e analgesia no perioperatório. está distribuído na população obstétrica do hospital, para o desen-
Apesar dos benefícios, o procedimento não é isento de riscos, como volvimento de protocolo mais racional de transfusão.
a ruptura do cateter. Desse modo, relatamos um caso de ruptura do Método: Estudo retrospectivo de todos os pacientes submetidos a
cateter de peridural e discutimos os possíveis tratamentos. partos no Centro Obstétrico da Santa Casa de Misericórdia de São
Relato de caso: Paciente de 50 anos de idade, sexo feminino, 66 kg, Paulo, durante o ano de 2016, divididos em três grupos (alto, médio
sem comorbidades, submetida à videolaparoscopia devido à adeno- e baixo risco de sangramento, de acordo com protocolo do Hospital
carcinoma endometrial. A paciente foi monitorizada, sedada e em e Maternidade Santa Joana). As variáveis estudadas foram: idade,
posição sentada, realizada em L2–L3 punção peridural com agulha idade gestacional, paridade, apresentação, tipo de anestesia, indi-
17, sendo identificado o espaço pela perda de resistência com ar. cação do parto ou patologia obstétrica associada, número de bolsas
Foram injetados 20 mg de ropivacaína, 10 mcg de sufentanil e 2 mg e tipo de hemocomponente transfundido, fator de risco para sangra-
de morfina. Na sequência, houve dificuldade na progressão do cate- mento e motivação para transfusão. Os dados foram compilados em
ter peridural; optou-se então pela remoção do conjunto e reposicio- tabelas e gráficos, com valores absolutos, médias e desvio-padrão,
namento. Entretanto, o cateter rompeu de 2–3 cm da extremidade taxas de transfusão, indicadores de qualidade.
distal. Assim, foi decidido continuar o procedimento com anestesia Resultado: No ano de 2016, 1.768 pacientes foram submetidos a
peridural simples e geral venosa, realizada com fentanil, propofol partos, com idade média de 27 ± 7 anos e IG média de 38 semanas e
e atracúrio. Manutenção com propofol e remifentanil em TCI. Ao 4 dias. A taxa de cesariana no serviço é de 42,08%, e o tipo de anes-
término do procedimento, foi realizada radiografia toracolombar, tesia mais empregada é a raquianestesia (45,2%), seguido do duplo
sem evidência de fragmento. A paciente foi extubada sem intercor- bloqueio (30,57%). Cerca de 150 hemocomponentes foram destina-
rências e encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica sem dos a 24 pacientes, com taxa de 84 componentes transfundidos para
queixas. Evoluiu no pós-operatório sem queixas e exame neurológi- cada 1.000 pacientes. Com relação aos grupos de risco, os pacientes
co normal. A paciente realizou TC e RNM de tórax e abdômen, que de alto risco tiveram taxa de transfusão de 25,4%, enquanto médio
também não evidenciaram o fragmento. Foi avaliada pelas equipes e baixo risco apresentaram taxa de 2,76% e 0,1%, respectivamen-
de anestesia e neurocirurgia e, por não apresentar sintomatologia, te. Oito pacientes receberam mais do que quatro CH, com taxa de
indicou-se tratamento expectante com seguimento ambulatorial. A transfusão maciça de 4,52 para cada 1.000 partos. Os fatores de
paciente permanece sem queixas após dois anos do procedimento. risco mais associados à transfusão de hemocomponentes foram coa-
Discussão: A ruptura de cateter peridural é uma complicação rara e gulopatia (100%), placenta prévia (30%), descolamento prematuro
temida para a qual não há tratamento consensual. Medidas simples de placenta (26,6%), corioamnionite (25%) e DHEG (11%). Anestesia
reduzem o risco de ruptura, como manuseio por pessoal treinado, geral foi associada a risco de 25% de transfusão.
não inserir o cateter mais que 5 cm no espaço peridural, não tra- Conclusões: Os resultados demonstram que o conhecimento do per-
cionar contra resistência, não utilizar ferramentas de apreensão ou fil populacional da instituição possibilita planejar melhor o cuidado
fixá-lo com sutura. Todos os pacientes com essa complicação devem dos pacientes, realizando uso mais racional dos hemocomponentes
ser avaliados com exames de imagem, além de acompanhamento e antecipando-se a eventos adversos hemorrágicos. Com relação aos
ambulatorial com neurologista ou neurocirurgião. O tratamento ex- pacientes de baixo e médio risco, houve divergência com os dados
pectante deve ser instituído, desde que o paciente não apresente encontrados na literatura, por dificuldade de obtenção de informa-
sintomas neurológicos. A laminectomia para remoção do fragmento ção em prontuários por preenchimento inadequado. A atualização
deve ser indicada caso o paciente apresente deficits neurológicos, periódica desses dados é fundamental para o enriquecimento do
síndromes de compressão medular, dor durante a tentativa de re- banco de dados e deverá ser continuada nos próximos anos.
tirada de um cateter ou caso a ponta do cateter esteja emergindo Referências:
pela pele, constituindo porta de entrada para infecções. 1. Frank SM, Rothschild JA, Masear CG, et al. Optimizing preopera-
Referências: tive blood ordering with data acquired from an anesthesia infor-
1. Reena VA. Fracture of epidural catheter: a case report and re- mation management system. Anesthesiology. 2013;118:1286-97.
view of literature. Saudi J Anaesth. 2017;11:108-10. 2. Hospital e Maternidade Santa Joana. Protocolo de hemorragia
2. Hobaika ABS. Quebra de cateteres peridurais: etiologia, preven- obstétrica. São Paulo; 2016.
ção e conduta. Rev Bras Anestesiol. 2008;58:227-33.

TLO722 ANESTESIA EM GESTANTE COM


MIELOMENINGOCELE
Julia Maria Olsen, Kelson Sousa Jacobina,
XLIX) Obstetrícia
Eduardo Luiz de Araujo Borges, Carolina Ashihara*
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
TLO576 ANÁLISE DO CONSUMO DE HEMOCOMPONENTES
Introdução: O manejo anestésico das gestantes com mielomeningo-
EM OBSTETRÍCIA PARA PARTOS NO ANO DE 2016 EM
cele tem algumas particularidades decorrentes das alterações ana-
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO tômicas presentes nessa malformação congênita.
Guilherme Haelvoet Correa*, Diego Santos da Cruz, Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 24 anos de idade, 65 kg,
Letícia de Aguiar Costa, Cárlei Heckert Godinho, 1,65 m, com mielomeningocele operada na infância e pé torto con-
Mônica Maria Siaulys gênito, com sequela motora em membros inferiores e incontinência
urinária. G2P1C1, 40 semanas, feto em posição pélvica, indicada
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP,
cesárea eletiva. Capacidade > 4 METS. Ao exame: cicatriz em re-
Brasil
gião mediana da coluna, de L5 ao cóccix, atrofia e força muscular
Justificativa e objetivos: A padronização do uso de hemocom- diminuída em membros inferiores e deformidade nos pés. ASA III.
ponentes em procedimentos cirúrgicos no ambiente hospitalar é Monitorização: cardioscopia, oximetria de pulso e pressão arterial
prática rotineira em grandes serviços e promove maior segurança não invasiva. Acesso venoso periférico 18G. Optou-se pela aneste-
anestésico cirúrgica. O objetivo do estudo foi mapear o perfil de sia geral. Pré-oxigenação com O2 a 100%, indução anestésica em
pacientes do Centro Obstétrico da Santa Casa de Misericórdia de São sequência rápida com 80 mg succinilcolina, 500 mcg de fentanil e
S236 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

200 mg de propofol, intubação orotraqueal, manutenção com anes- sariana com incisão mediana e secção corporal longitudinal uterina
tesia venosa total (profofol e remifentanil infusão contínua). Rece- para extração fetal. No intraoperatório, apresentou dois episódios
beu durante a cirurgia 1.500 mL de ringer lactato, 2 g de cefazolina, de hipotensão arterial. A evolução pós-operatória seguiu sem com-
10 mg de dexametasona, 100 mg de cetoprofeno, 2 g de dipirona, 8 plicações ou intercorrências.
mg de ondansetrona e 20 unidades de ocitocina após a dequitação. Discussão: É desconhecida a incidência de gravidez em portadoras
O procedimento transcorreu sem intercorrências, e a paciente foi da SKT. Os casos relatados são escassos, e a descrição da abordagem
extubada e encaminhada à recuperação anestésica. anestésica é rara. A gestação pode complicar e exacerbar as mani-
Discussão: As malformações congênitas da espinha são um grupo festações da síndrome, com aumento do risco obstétrico, devendo,
heterogêneo de anormalidades, e a escolha da técnica anestésica portanto, ser evitada. É descrito o risco de coagulação intravascular
no parto depende da extensão da lesão, das alterações anatômicas disseminada, cuja ocorrência está principalmente relacionada à ex-
e das sequelas neurológicas de cada paciente. Há poucos relatos na tensão das lesões vasculares, e caracteriza-se por plaquetopenia,
literatura sobre este tema. Os exames de imagem são importantes redução de fibrinogênio e de outros fatores de coagulação. Além
para o entendimento das alterações anatômicas e exclusão de es- disso, pode haver associação de hemangiomas cutâneos com mal-
pinha bífida oculta. O bloqueio de neuroeixo pode ser considerado, formações vasculares no neuroeixo, com risco aumentado de he-
e a punção deve ser preferencialmente acima da lesão. Há risco morragia, hematoma, compressão radicular e medular, resultando
de dispersão irregular dos anestésicos e, na peridural, de punção em lesão neurológica permanente. Neste caso, o bloqueio espinal
indesejada da dura-máter. A anestesia geral foi escolhida neste caso foi evitado devido ao antecedente de hemiparesia, à extensão dos
devido às alterações anatômicas e neurológicas da paciente e au- hemangiomas cutâneos em dorso e, principalmente, à ausência de
sência de exames de imagem. A anestesia geral para cesárea tem al- exames de imagens para avaliação de malformações vasculares no
gumas particularidades, devendo-se atentar para a possibilidade de sistema nervoso central, com maior risco de desenvolvimento de um
dificuldade na intubação orotraqueal, aspiração do conteúdo gás- hematoma neuroaxial e piora do deficit neurológico prévio.
trico e despertar no intraoperatório. O bloqueio ílio-hipogástrico- Referência:
ilioinguinal ou transverso abdominal podem ser considerados para 1. Sivaprakasam MJ, Dolak JA. Anesthetic and obstetric conside-
a analgesia pós-operatória. A alergia ao látex deve ser investigada rations in a parturient with Klippel-Trenaunay syndrome. Can J
ativamente, principalmente em pacientes com sondagem vesical Anaesth. 2006;53:487-91.
recorrente.
Referências:
TLO675 ANESTESIA PERIDURAL CONTÍNUA PARA
1. Griffiths S, Durbridge JA. Anaesthetic implications of neurolo-
gical disease in pregnancy. Contin Educ Anaesth Crit Care Pain.
INTERRUPÇÃO CIRÚRGICA DA GESTAÇÃO EM PACIENTE
2011;5:157-61. COM DUPLA VALVOPATIA MITRAL E ESTENOSE REUMÁTICA
2. Flood P, Rollins MD. Anesthesia for Obstetrics. In: Miller RD. Anes- – RELATO DE CASO
thesia. 8 ed. Philadelphia: Elsevier, 2015;2343-50. Henrique Iamashita Miake, João Francisco Volpe Junior*,
Rafael Villela Silva Derré Torres

TLO235 ANESTESIA PARA PARTO CESÁREO EM PACIENTE Hospital Materno Infantil de Brasilia (HMIB), Brasília, DF, Brasil
PORTADORA DE SÍNDROME DE KLIPPEL-TRENAUNAY – Introdução: A gravidez é um período de alto risco para mulheres por-
RELATO DE CASO tadoras de valvulopatias. A escolha entre a técnica regional ou geral
requer um entendimento sobre a lesão e a manutenção da apropriada
Clara Elisa Frare de Avelar Teixeira*,
meta hemodinâmica. Os objetivos hemodinâmicos da paciente com
Angélica de Fátima de Assunção Braga,
dupla lesão mitral associada à estenose aórtica se mostram desafia-
Franklin Sarmento da Silva Braga, Vanessa Henriques Carvalho, dores.1 A escolha da técnica anestésica deve buscar o menor efei-
Rafael Miranda da Costa, Giselle Ioná Teixeira to hemodinâmico, bom controle álgico pós-operatório, redução das
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, complicações e adequar a proposta obstétrica ao binômio mãe-filho.
Brasil Relato de caso: Paciente de 23 anos de idade, gestante, 54 kg, com
dupla valvopatia mitral pós-reumática (estenose + insuficiência) as-
Introdução: A síndrome de Klippel-Trenaunay (SKT) é uma doença sociada à estenose aórtica, fração de ejeção de 67%. Foi encaminha-
vascular congênita rara, caracterizada por hemangiomas cutâneos, da ao Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) com 38 semanas e
varicosidades e assimetria de membros, que pode evoluir com 5 dias para interrupção cirúrgica da gestação. Referia ainda alergia
distúrbios de coagulação e hemorragia como complicações mais à dipirona. Após elucidar a gravidade do caso à paciente, optamos
frequentes na paciente grávida. A gestação é desaconselhada para por propor anestesia peridural contínua. Paciente com monitorização
mulheres portadoras dessa síndrome devido ao aumentado risco padrão com PANI, cardioscopia, temperatura e oximetria de pulso,
obstétrico. venóclise J 18G em MSD. Assegurada linha arterial invasiva em artéria
Relato de caso: Paciente com 29 anos de idade, 99 kg e 1,67 m radial direita sobre técnica asséptica com botão anestésico com lido-
de altura, IMC 35,4 kg/m2, estado físico III da ASA, 27 semanas de caína 2% sem vasoconstritor 0,5 mL, cateterizada com jelco plástico
idade gestacional, com diagnóstico de SKT. Foi internada para ten- agulhado J 20G. Paciente sentada, sob técnica asséptica, anestesia-
tativa de inibição de trabalho de parto prematuro (TPP). Como ma- do o trajeto em leque com lidocaína 2% sem vasoconstritor, 8 mL em
nifestações da SKT, apresentava hemangiomas cerebral e cutâneos, L3–L4, puncionado em mesma topografia com agulha de Tuohy 16,
principalmente em tronco e região lombar, paresia em membros Dogliotti positivo, dose teste com lidocaína 2% com vasoconstritor 3
superior e inferior esquerdos e assimetria de membros, necessitan- mL, então progredido cateter sem intercorrências, fixado e posicio-
do uso de bengala para locomoção. Ao exame físico: ausência de nada a paciente em decúbito dorsal. Catéter peridural conectado à
malformações vasculares em vias aéreas, escore 3 pela classificação bomba de infusão com lidocaína a 2% sem vasoconstritor a 5 mL/h.
de Mallampati; exames laboratoriais normais; angiotomografia com- Após 10 minutos, testado nível do bloqueio sensitivo em T6. Inicia-
putadorizada de abdome mostrava útero irregular, com múltiplas da a cesárea. Procedimento sem intercorrências. A paciente pode
varizes e vasos de permeio de origem arterial e varizes perianexiais presenciar o nascimento do filho. ∆PAM 70–80 mmHg; ∆SpO 294–99%;
bilaterais. Cesariana sob anestesia geral venosa total indicada após ∆FC 80–100 bpm. Encaminhada à UTI, acordada, sem queixas álgicas
falha de inibição do TPP. Monitorização, acesso venoso central e ou sinais de baixo débito. Recebeu alta da UTI no 4º DPO e alta do
periférico, cateterização de artéria radial, diurese. Operação ce- hospitalar no 5º DPO, sem intercorrências.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S237

Discussão: Atualmente, a anestesia geral é indicada nas gestantes Introdução: Tromboembolismo pulmonar (TEP) consiste na obstru-
em casos excepcionais, como instabilidade hemodinâmica, ICC des- ção aguda da circulação arterial pulmonar por coágulos sanguíneos
compensada, incapacidade de tolerar decúbito. Porém, tratando-se com repercussões hemodinâmicas. A mortalidade de um evento agu-
de paciente estável, sem urgência obstétrica, sem uso de anticoagu- do varia entre 6% e 15% e ocorre nas primeiras horas dos sintomas.
lação, a peridural contínua parece ser uma técnica segura, confor- Apesar de potencialmente letal e não incomum, é frequentemente
tável e com ótima analgesia pós-parto em pacientes valvulopatas de subdiagnosticado. Nesse sentido, o ecocardiograma transtorácico
alto risco.2 pode ser uma ferramenta diagnóstica extremamente útil.
Referências: Relato de caso: Paciente A.V.S., 36 anos, sexo feminino, IMC 38,
1. Greutmann M, Pieper PG. Pregnancy in women with congenital estado físico ASA I sofreu um trauma com fratura da diáfise do fê-
heart disease. Eur Heart J. 2015;36:2491-9. mur direito, sendo submetida a cirurgia de emergência. Após 17
2. Goldszmidt E, Macarthur A, Silversides C, Colman J, Sermer M, dias, foi admitida para revisão da fratura. Por apresentar múltiplos
Siu S. Anesthetic management of a consecutive cohort of women fatores de risco para TEP (uso de anticoncepcional, hospitalização e
with heart disease for labor and delivery. Int J Obstet Anesth. fratura recente), foi iniciado uso de Clexane® 40 mg uma vez ao dia
2010;19:266-72. durante a internação. Exame de sangue evidenciava anemia. Rea-
lizada sedação com fentanil 50 mcg e posterior raquianestesia com
agulha Quincke 25G, na posição sentada, com múltiplas tentativas e
TLO635 NÁUSEAS E VÔMITOS PERIOPERATÓRIOS injetado bupivacaína isobárica 20 mg, clonidina 75 mcg e morfina 60
RELACIONADOS À ANESTESIA SUBARACNÓIDEA mcg. Após início da cirurgia, paciente apresentou hipotensão súbi-
ta, com perda da consciência e dessaturação. Evoluiu em alguns mi-
Jorge Humberto Barreto Filho*, Jorge Humberto Barreto Filho
nutos para parada cardiorrespiratória, sendo iniciadas compressões
Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil torácicas intercaladas com ventilações sob máscara. Administrado 1
Justificativa e objetivos: Náuseas e vômitos perioperatórios mg de epinefrina durante compressões e, após 2 minutos de reani-
relacionados à anestesia subaracnóidea são eventos comuns e de- mação cardiopulmonar, paciente evoluiu com retorno da circulação
sagradáveis para as parturientes. Sua incidência pode chegar a 80%. espontânea. Apresentava-se normocárdica e normotensa, ainda in-
Fármacos antagonistas do receptor de 5-hidroxitriptamina subtipo consciente, optando-se por intubação endotraqueal com etomidato
3 são amplamente utilizados e eficazes contra náuseas e vômitos 20 mg e rocurônio 50 mg. Realizada ecocardiografia transtorácica
pós-operatórios; a palonosetrona e a ondansetrona têm potência e em seguida, sendo observada dilatação de átrio e ventrículo direitos
perfil de efeitos colaterais toleráveis. O objetivo deste estudo foi (VD), com diâmetro de segmento médio de VD igual ao de ventrículo
comparar a eficácia antiemética entre palonosetrona e ondansetro- esquerdo na janela apical quatro câmaras. Observado movimento
na em pacientes submetidas à raquianestesia para cesariana. paradoxal de septo interventricular na diástole ventricular. Poste-
Métodos: Estudo prospectivo, aleatório, duplamente encoberto, riormente, foi realizado Doppler de membros inferiores, que mos-
placebo controlado com 150 pacientes, ASA 2 ou 3, maiores de 18 trou veia poplítea direita não compressível com imagem ecogênica
anos, submetidas à cesariana sob raquianestesia. Foram avaliados no interior. Paciente foi mantida intubada e encaminhada à unidade
pressão arterial intraoperatória, frequência cardíaca, uso de vaso- fechada. No mesmo dia foi realizada angiotomografia computadori-
pressores, Apgar, uso de ocitocina, reposição volêmica, incidência zada que comprovou o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar.
de náusea ou vômito intraoperatorio e pós-operatório, uso de antie- Conclusão: A disfunção ventricular direita mostrada pela ecocar-
méticos e analgésicos, tempo de permanência na sala de recupera- diografia está associada a um pior prognóstico. O tratamento pre-
ção pós-anestésica e tempo de internação hospitalar. coce parece estar associado a melhores desfechos. Nesse sentido,
Resultado: Os grupos em estudo eram estatisticamente semelhan- o diagnóstico à beira do leito pode ser útil na identificação dessa
tes em relação às características demográficas. O consumo de Rin- condição.
ger lactato e tempo cirúrgico não apresentou diferença. O consumo Referência:
de metoclopramida foi maior no grupo controle (p = 0,032). Os pa- 1. Dresden S, Mitchell P, Rahimi L, et al. Right ventricular dilata-
cientes que receberam ondansetrona e palonosetrona apresenta- tion on bedside echocardiography performed by emergency phy-
ram menor incidência de náuseas e vômitos nas primeiras 48 horas sicians aids in the diagnosis of pulmonary embolism. Ann Emerg
de pós-operatório (p = 0,003), predominantemente no período SR- Med. 2014;63:16-24.
PA/12h (p = 0,006) e também os escores da EVN no mesmo período
(p < 0,001 e p = 0,003, respectivamente).
Conclusão: Palonosetrona e ondansetrona demonstraram eficácia TLO886 PERICARDIOCENTESE GUIADA PELA
como terapia antiemética profilática intraoperatória em pacientes ECOCARDIOGRAFIA INTRAOPERATÓRIA: RELATO DE UMA
submetidas à cesariana eletiva quando comparadas ao placebo, po- SÉRIE CASOS
rém sem superioridade entre ambas. Marcello Fonseca Salgado Filho, Cássia Franco Matheus*,
Renata Domingues, Julianne Moreira Belo Crolman,
Marina Amato Defelippe, Adrielle Aprigio de Queiroz
Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG,
L) Ecocardiografia Brasil
Introdução: A pericardiocentese guiada por ecocardiografia apre-
senta menores taxas de complicações comparada à técnica con-
TLO611 DIAGNÓSTICO INTRAOPERATÓRIO DE vencional, portanto, este método tornou-se o padrão ouro para o
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR AGUDO COM ECO tratamento do tamponamento cardíaco. O objetivo deste relato
TRANSTORÁCICO de uma série casos é demonstrar a utilização da ecocardiografia
Fernanda Bezerra de Mello Monte, Rafael Mercante Linhares, perioperatória orientando a pericardiocentese em pacientes com
tamponamento cardíaco.
Susumu Zapata Sudo*, Jônia Lindenberg Braga Nóbrega,
Relato de caso: No período de janeiro de 2014 a junho de 2017,
Thais Kroeff Machado
foram avaliados 13 pacientes com indicação de pericardiocentese
Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil por tamponamento cardíaco. Desses, 16% eram de pós-operatório
S238 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

de troca valvar aórtica metálica, 8% eram de complicação de dis- de artéria pulmonar para melhor avaliação de parâmetros hemo-
secção de aorta pós-cateterismo e os outros 76% eram clínicos (tu- dinâmicos e consequente adequação da conduta anestésica. Con-
berculose, insuficiência cardíaca e esclerodermia). Ao exame físico, forme avaliação dos parâmetros iniciais de monitorização invasiva,
46% eram do gênero feminino; 100% dos pacientes apresentavam-se optou-se por iniciar milrinona e prostaglandina em infusão contínua
orientados, taquidispneicos e ausculta cardíaca com hipofonese de durante o procedimento anestésico. Tempo de pneumoperitônio <
bulhas; turgência jugular patológica bilateral; saturando entre 86% 60 minutos. A cirurgia transcorreu sem intercorrências e o paciente
e 95% em ar ambiente. Na análise ecocardiográfica intraoperatória, foi extubado após reversão do bloqueio neuromuscular e então en-
os pacientes apresentavam fração de ejeção 47,5% ± 7,3; derrame caminhado ao CTI para seguimento pós-operatório.
pericárdico volumoso; movimento anômalo do septo ventricular e Discussão: O manuseio de pacientes portadores de HP começa
colapso de átrio direito. A análise diastólica mostrava relação E/A pelo pré-operatório e inclui, além da otimização terapêutica, uma
de 2,3 ± 1,4 e tempo de desaceleração da onda E mitral de 108,7 ± avaliação da doença de base e da função cardíaca. Gasometria ar-
28,2 — evidenciando um padrão restritivo diastólico. Os pacientes terial, radiografia de tórax, eletrocardiograma, ecocardiografia e
foram submetidos à anestesia geral com midazolam, cetamina, fen- cateterismo cardíaco são exames que auxiliam na avaliação e de-
tanil e cisatracúrio. O ecocardiograma transesofágico (ETE) orientou terminação da presença de disfunção ventricular. O intraoperatório
a pericardiocentese com inserção de agulha em região subxifóidea e a monitorização hemodinâmica são um desafio à parte. Apesar
(punção de Marfan) e uso de fio guia com passagem de cateter pela do uso de cateter de artéria pulmonar ser controverso, ele forne-
técnica de Seldinger, com visão direta pelo ETE, cujo cateter de ce medidas acuradas e contínuas da pressão da artéria pulmonar
duplo lúmen foi posicionado posteriormente ao ventrículo esquer- (PAP) e da resistência vascular pulmonar (RVP), auxiliando, assim,
do. Foram drenados 561,1 mL ± 205,8 de líquido, que variou entre no estabelecimento de metas para otimização do débito cardíaco
serossanguinolento (16% dos casos), amarelo citrino (76% dos casos) e da avaliação da resposta ao uso de inotrópicos e vasodilatadores
e francamente purulento (8% dos casos). Após o procedimento, 16% não seletivos. Além disso, medidas gerais devem ser implementadas
dos pacientes evoluíram para o óbito por insuficiência cardíaca no para evitar acidose, hipotermia, hipercapnia, hipoxemia e estimu-
pós-operatório e 76% dos pacientes tiveram alta com melhora clí- lação simpática.
nica e em 1 paciente não foi possível fazer a drenagem percutânea Referências:
devido às aderências pós-operatórias de troca valvar aórtica. 1. Pilkington SA, Taboada D, Martinez G. Pulmonary hypertension
Discussão: O uso rotineiro da ecocardiografia perioperatória tem and its management in patients undergoing non-cardiac surgery.
agregado segurança e melhorado o desfecho clínico em procedimen- Anaesthesia. 2015:70:56-70.
tos anestésicos, devendo ser incorporado como parte integrante do 2. Ramakrishna G, Sprung J, Ravi BS, Chandrasekaran K, McGoon
ato anestésico. MD. Impact of pulmonary hypertension on the outcomes of non-
Referência: cardiac surgery. J Am Coll Cardiol. 2015:45:1691-9.
1. Salem K, Mulji A, Lonn E. Echocardiographically guided pericar-
diocentesis – the gold standard for the management of pericardial
effusion and cardiac tamponade. Can J Cardiol. 1999;15:1251-5. TLP408 MONITORIZAÇÃO VENTILATÓRIA EM ANESTESIA
PARA CIRURGIA ROBÓTICA: RELATO DE CASO
Gabriela Villar e Silva, Carlos Gustavo Favre Drummond,
Marcus Vinicius Miguez Oliveira, Luis Fernando Lopes,
LI) Monitorização Bruno Hermont Jahara*, Adla Viana Ribeiro Barreto
Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Introdução: A cirurgia robótica evoluiu durante as últimas duas dé-
TLO307 DESAFIO ANESTÉSICO NO PACIENTE PORTADOR
cadas, atendendo um número cada vez maior de subespecialidades
DE HIPERTENSÃO PULMONAR GRAVE EM CIRURGIA ELETIVA cirúrgicas. Entretanto, ela ainda representa um desafio para o anes-
DE CVL: IMPORTÂNCIA DA MONITORIZAÇÃO INVASIVA tesiologista. Os efeitos causados pelo pneumoperitônio, agravados
Ana Luiza Lopes Pureza, Mariana Rodrigues Potting*, pela posição de Trendelenburg por tempo prolongado, causam alte-
Renato Ribeiro de Jesus, Viviana Ugenti, Rodrigo Pereira Diaz André, rações cardiorrespiratórias relevantes.
Débora Cristina Chevi da Rocha Relato de caso: Paciente masculino, 64 anos, 72 kg, 1,69 m, hiper-
tenso, diabético e tabagista (50 maços/ano), com distúrbio obstruti-
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, vo moderado e prova broncodilatadora positiva à espirometria. Reali-
Brasil zado preparo pulmonar com prednisona e Alenia® para ser submetido
Introdução: A hipertensão pulmonar (HP) é uma doença grave que à hernioplastia inguinal robô-assistida. Admitido na sala operatória e
está associada a maior morbidade e mortalidade pré-operatória e, monitorizado com cardioscópio, SpO2, PAM radial direita, impedância
por isso, seu manuseio representa um desafio para o anestesiologis- elétrica torácica (IET), BIS e TOF. Dois acessos venosos periféricos ca-
ta. Através deste caso, demonstramos o uso da monitorização inva- librosos foram obtidos. A anestesia foi induzida com midazolam, clo-
siva para guiar a intervenção na tentativa de otimizar a condição nidina, fentanil, propofol e rocurônio e mantida com remifentanil,
hemodinâmica do paciente nesse cenário. propofol e rocurônio em bomba infusora. O modo ventilatório sele-
Relato de caso: N.N.S., masculino, 67 anos, HAS, ICC biventricular, cionado foi o de pressão controlada com volume corrente garantido.
HP grave, história pregressa de flutter atrial, foi submetido a cole- Ajustes na ventilação foram guiados por gasometrias arteriais e IET.
cistectomia videolaparoscópica eletiva. Exame recente de ecocar- Ao término, o bloqueio neuromuscular foi revertido com sugamma-
diografia evidenciou aumento importante das quatro câmaras car- dex e a extubação foi feita sem intercorrências.
díacas com disfunção sistólica biventricular, trombo da auriculeta, Discussão: A evolução da tecnologia utilizada pela anestesiologia
regurgitação tricúspide importante e HP grave (PSAP > 70 mmHg). possibilita a redução das repercussões fisiológicas e dos problemas
Ato anestésico: Monitorização básica, venóclise MSE EC16G, insta- causados pela ventilação mecânica. A tendência atual é utilizar flu-
lação de linha arterial em artéria radial esquerda seguido da indu- xos em desaceleração, minimizando as repercussões hemodinâmicas
ção anestésica com midazolam, etomidato, remifentanil em infusão e ventilatórias, com padrão de distribuição pulmonar mais homogê-
contínua e rocurônio. Realizada intubação orotraqueal (IOT) com neo. A posição exigida em cirurgias robóticas associadas ao pneu-
TOT nº 8 sob laringoscopia direta. Após IOT, foi instalado cateter moperitônio pode levar à diminuição da complacência pulmonar e
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S239

capacidade residual funcional e exacerbar distúrbios ventilação- LII) Dor Crônica


perfusão, complicando o manejo clínico de pacientes com doença
pulmonar crônica ou obesos mórbidos. A IET é uma ferramenta de
monitorização não invasiva utilizada em pacientes críticos que ava- TLP727 BLOOD PATCH COMO TERAPÊUTICA EFETIVA NA
lia a distribuição da ventilação e mecânica pulmonar regional em
FÍSTULA DURAL TORÁCICA ESPONTÂNEA
tempo real, considerando variáveis como a complacência, grau de
distensão e colapso recrutável. Por permitir ajustes na ventilação e Moisés Freitas Neves, Vinícius Pinheiro Nogueira de Almeida,
otimização do cuidado e assistência ao paciente, é um instrumento Cláudio Henrique Freire Perre*, Isabela Borges de Melo, Rodrigo
útil que ganha espaço no contexto da cirurgia robótica. Vital de Miranda, Luis Vicente Garcia
Referência:
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
1. Frerichs I, Hahn G, Golisch W, Kurpitz M, Burchardi H, Hellige
da Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
G. Monitoring perioperative changes in distribution of pulmonary
ventilation by functional electrical impedance tomography. Acta Introdução: A fístula liquórica é definida como a comunicação do
Anaesthesiol Scand. 1998;42:721-6. espaço subaracnóideo com o meio externo, sendo caracterizada por
uma síndrome de hipotensão liquórica associada à baixa pressão do
líquido cerebroespinhal cursando com cefaleia postural, náuseas,
TLP660 WAKE-UP TEST DURANTE ARTRODESE DE COLUNA vômitos, distúrbios visuais, entre outros sintomas.
TORACOLOMBAR DE 10 NÍVEIS Relato de caso: ESF, 42 anos, sexo feminino, relatou cefaleia após
raquianestesia há 22 anos, pulsátil, bifrontal, com fonofobia, náu-
Francisco Morato Dias Abreu*, Fernando Cássio do Prado Silva, João
seas e vômitos. Fez uso de profilaxia para enxaqueca por alguns
Paulo Jordão Pontes, Antônio de Pádua Faria,
meses, com medicação que não soube especificar, porém não houve
Bruno Oliveira Lamberti, Rodrigo Rodrigues Alves
melhora do quadro. Há 1 ano, apresentou piora da cefaleia, mais
CET Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil associada ao esforço, diária, contínua, com períodos de agudização
e necessidade de medicação endovenosa. Realizou tomografia de
Introdução: Em cirurgias espinhais, há um risco inerente de ocor-
crânio em maio de 2016, com resultado normal. Após nova crise,
rerem lesões nas vias nervosas. Para que essas complicações sejam
realizou ressonância nuclear magnética (RNM) de crânio, com acha-
evitadas, pode ser empregada a monitorização intraoperatória de
potenciais evocados, que aponta a manutenção da integridade das dos compatíveis com hipotensão liquórica. Foi encaminhada por
vias somatomotoras. Na mesma medida, pode ser utilizado o tes- neurologista para investigação do quadro no nosso serviço. Durante
te de despertar intraoperatório conhecido como wake-up test, que a internação, realizou RNM de coluna em T2 e supressão de gordura,
também mostra que as vias nervosas motoras não foram lesadas. que visualizou a presença de fístula liquórica localizada ao nível de
Relato de caso: Paciente masculino, 16 anos, 65 kg, estado físico T7-T8. Para tanto, foi submetida a realização do blood patch em
P1, com escoliose toracolombar com angulação de 67 graus foi sub- nível da T6, com 10 mL de sangue estéril em punção única e alívio
metido a artrodese toracolombar de 10 níveis sob anestesia combi- imediato da dor referida pela paciente.
nada geral e subaracnóidea. Além de monitorização convencional, Discussão: A hipotensão intracraniana espontânea é síndrome rara,
foi empregada monitorização invasiva da pressão arterial, diurese, caracterizada pela diminuição da pressão no líquido cerebroespi-
temperatura, índice bispectral e potenciais evocados somatomotor nhal (LCE) em valores de 50 a 70 mm H2O, além de outros achados
e somatossensitivo. Foi instalado acesso venoso central de duplo clínicos. O diagnóstico é feito através do exame clínico do paciente,
lúmen e periférico 16G. Após sedação com midazolam 4 mg e fenta- da medida da pressão do LCE e do estudo radiológico do encéfalo e
nil 50 mcg, foi administrada sulfentanila 50 mcg por via intratecal da coluna vertebral. O reconhecimento dessa patologia é importan-
em L3/L4 com agulha Quincke 27G. Na indução anestésica, utili- te por ser mais um diagnóstico diferencial dentro do amplo espectro
zou-se propofol 130 mg, sulfentanila 50 mg e lidocaína sem vaso- do diagnóstico de cefaleias, principalmente em quadros refratários,
constritor 70 mg. Na manutenção, foi utilizado propofol em infusão que permitem diferenciá-la de alterações inflamatórias das menin-
alvo-controlada e remifentanil em infusão contínua. Durante a ci- ges e tumores, dessa forma evitando a investigação demasiada do
rurgia, mesmo com parâmetros normais da monitorização neuroló- paciente. Assim sendo, a utilização do blood patch no tratamento
gica, foi interrompida a infusão de propofol e realizado despertar das fístulas durais espontâneas após o insucesso do tratamento clíni-
intraoperatório. Foi verificada a preservação dos movimentos de co é uma medida simples e eficaz, com elevada taxa de sucesso te-
membros superiores e inferiores. Ao final da cirurgia, com sangra- rapêutico e que deve ser encorajada, visto que na maioria dos casos
mento intraoperatório estimado de 500 mL e hematócrito de 11,6%, é evitada a sua exploração cirúrgica e morbidades a ela associadas.
foi realizada a transfusão autóloga de 280 mL. O volume total de Referências:
cristaloides infundidos foi de 4.000 mL, com diurese de 580 mL. A 1. Falavigna A, Ferraz FAP, Boscato G, et at. Hipotensão intracra-
cirurgia, com duração total de 9 horas, ocorreu sem intercorrências niana secundária a fístula liquórica radicular espontânea. Arq
e o paciente evoluiu sem deficits neurológicos. Neuropsiquiatr. 2003;61:134-6.
Discussão: O wake-up test, embora possa parecer obsoleto na pre-
2. Giannetti AV. Fístula liquórica espontânea primária da base ante-
sença das tecnologias atualmente disponíveis de monitorização,
rior do crânio [manuscrito]; aspectos clínicos e fisiopatológicos.
ainda é considerado padrão ouro para verificação da integridade
Belo Horizonte, 2009.
nervosa intraoperatória. A sua realização exige um paciente cola-
borativo e implica adequado planejamento anestésico. Isso inclui
cuidadosa orientação pré-operatória, escolha de agentes anestési-
cos que propiciem despertar intraoperatório, ausência de bloqueio TLO531 BLOQUEIO DE GÂNGLIO ESTRELADO PARA
motor no momento do teste e comunicação efetiva entre equipe de TRATAMENTO DE LINFEDEMA PÓS-CIRÚRGICO: RELATO DE
cirurgia e anestesia. CASO
Referências: Ricardo Ribeiro Fenato, Ana Cláudia Nedeff de Paula*,
1. Sharma A, Lawmin J, Irwin MG. Anaesthesia for spinial surgery. Abel Fernando Rech, Gustavo Marcinko,
Anaesthesia Intensive Care Med. 2012;13:99-101.
Adrianna Cristina de Vasconcelos Garcia, Lauro João Provin de Miranda
2. Strike SA, Hassanzadeh H, Jain A, et al. Intraoperative Neuro-
monitoring in Pediatric and Adult Spine Deformity Surgery. Clin Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, Itajaí, SC,
Spine Surg. 2017;30:E1174-E1181. Brasil
S240 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Introdução: No tratamento do câncer da mama, o linfedema pode Descrição de série: Foram analisados todos os pacientes que reali-
resultar da remoção cirúrgica dos gânglios linfáticos e vias de dre- zaram bloqueio neurolítico do nervo safeno com fenol (BNNSF) nes-
nagem linfática. Pacientes com linfedema referem dor e restrições te serviço, entre os anos de 2014 e 2017, totalizando 23 pacientes,
dos membros superiores. com média de idade de 64,3 anos. Cinco pacientes apresentaram
Relato de caso: Paciente de 51 anos, sexo feminino, com edema e piora da dor após a realização de cirurgia do joelho (três com evi-
episódios intermitentes de dor (nota 8 na escala analógica de dor) dência de lesão nervosa), 2 após a ocorrência de trauma local e 17
em MSE, resultando em limitação das atividades diárias. Mastectomia tinham dor decorrente de artrose de joelho. Aproximadamente 60%
esquerda com linfadenectomia axilar há 2 anos. Realizou tratamento dos pacientes realizaram bloqueio do nervo safeno com ropivacaí-
clínico sem melhora, sendo proposto o bloqueio do gânglio estrelado na (associada ou não à dexametasona e clonidina) antes do BNNSF.
(BGE) esquerdo. As circunferências aferidas no ponto médio do braço Destes, 85% apresentaram alívio imediato dos sintomas. Todos os
esquerdo e antebraço esquerdo eram de 34,5 cm e 24 cm, respecti- BNNSF foram realizados na região do desfiladeiro dos adutores junto
vamente. Realizado BGE esquerdo em C. C, monitorizada e sedação à artéria femoral e guiados por imagens ultrassonográficas satisfa-
leve. Posicionada, realizada técnica asséptica após antissepsia local tórias. Foi efetivo no controle dos sintomas por 21 dias (26%), entre
da pele. O transdutor linear do ultrassom (US) foi alocado em região 60 e 90 dias (13%) e acima de 120 dias (em 60% dos pacientes). Dois
cervical esquerda, lateral ao nível da cartilagem cricoide, localizan- bloqueios não foram efetivos na primeira tentativa, obtendo-se su-
do então o processo transverso de C6. Em seguida, o transdutor foi cesso por mais de 120 dias da segunda vez. Ocorreram complicações
deslocado caudalmente até a identificação do processo transverso de em 34% dos pacientes, entre elas alodinia, hipoestesia e parestesia,
C7. Utilizou-se agulha Stimuplex A50 com técnica em plano guiada metade com duração inferior a seis meses. Entretanto, todos os
por US. O bloqueio foi realizado com bupivacaína 0,5% 5 mL mais pacientes demonstraram satisfação com a técnica empregada.
triancinolona 2% 1 mL. Após 24 horas do primeiro bloqueio, a pacien- Discussão: Apesar da ablação com fenol ser amplamente aceita em
te referiu ausência de dor (nota 0 na escala analógica da dor). Foram tratamentos paliativos, o uso de neurólise química para dor crônica
realizadas 3 sessões de bloqueio de gânglio estrelado, com intervalo em pacientes sem neoplasia é pouco comum. A relutância em usar
de 2 semanas entre cada bloqueio. A circunferência do braço e an- fenol neste caso é atribuída ao receio de gerar injúria nervosa se-
tebraço da paciente foi aferida previamente aos bloqueios em cada vera e incapacidade física em pacientes com expectativa de vida
sessão e um mês após o último bloqueio. normal. Contudo, recomenda-se neurólise química (fenol ou álcool)
Resultado: Um mês após o último bloqueio, as circunferências do ou térmica (radio ou criofrequência) para o manejo de dor crônica
antebraço e braço diminuíram significativamente (de 34,5 cm e 24 somente quando todas as outras técnicas não apresentaram contro-
cm para 33 cm e 22,4 cm), além da resolução total do quadro de dor le satisfatório da dor. Fenol também é útil para analgesia pós-ope-
referido pela paciente. ratória, trauma, neuralgia pós-herpética e simpatólise nos casos
Discussão: O impacto sobre a qualidade de vida das pacientes aco- de doença vascular avançada, doença de Raynaud e hiper-hidrose.
metidas com a patologia não deve ser menosprezado. O BGE pode Grandes estudos não reportaram complicações neurológicas em pa-
fazer parte das opções de tratamentos disponíveis e o resultado cientes submetidos à neurólise intercostal; porém, quando injetado
observado no relato acima corrobora essa opinião. Devido à pro- próximo de nervos motores, pode produzir paralisia flácida e causar
ximidade anatômica do gânglio estrelado com estruturas nobres a complicações sistêmicas. Este estudo torna-se relevante devido à
utilização do US permite visualização destas e reduz o risco de com- escassa literatura a respeito do assunto.
plicações, além de evitar a exposição à radiação (quando guiado por Referências:
fluoroscopia). O mecanismo pelo qual o bloqueio simpático age no 1. Chronic pain management. Barash. 2001:1435-65.
tratamento do linfedema está relacionado ao relaxamento do tônus 2. Practice guidelines for chronic pain management. A report by
vascular venoso, reduzindo a resistência pós-capilar e permitindo the American Society of Anesthesiologists Task Force on Pain Ma-
que o fluido intersticial acumulado drene para o sistema venoso. nagement, Chronic Pain Section. Anesthesiology. 1997;86:995-
A otimização do sistema intrínseco de drenagem linfática reduz o 1004.
edema do membro acometido e, assim, a dor. O resultado deste
estudo demonstra que o BGE pode ser eficaz no linfedema pós-mas-
tectomia com linfadenectomia axilar. Sugere-se outros estudos a TLO966 DOR OCULAR: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO E
médio e longo prazo. TERAPÊUTICO
Referências:
Rodrigo Vital de Miranda, Layana Vieira Nobre,
1. Mortimer PS. The pathophysiology of lymphedema. Cancer.
Isabela Borges de Melo, Pedro Luiz Ferreira*, Marcelo Antunes,
1998;83:2798-802.
2. Cormier JN, Xing Y, Zaniletti I, Askew RL, Stewart BR, Armer JM. Gabriela Rocha Lauretti.
Minimal limb volume change has a significant impact on breast Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
cancer survivors. Lymphology. 2009;42:161-75. da Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
Introdução: A dacrioadenite pode se apresentar como uma afecção
aguda ou crônica da glândula lacrimal, podendo estar associada a pa-
TLO456 BLOQUEIO NEUROLÍTICO DO NERVO SAFENO COM
tologias infecciosas, autoimunes ou mesmo tumorais, causando dor
FENOL ocular cujos diagnósticos diferenciais são os mais diversos possíveis.
Fernanda Burtet Eymael, Joana Zulian Fiorentin, Relato de caso: M.M.S., 42 anos, sexo feminino, 60 kg, em acom-
Mario Cesar Pereira da Silva, Carla Tortelli Bräscher* panhamento no serviço de cirurgia de cabeça e pescoço devido a
quadro de dor ocular a esclarecer, apresenta exames de imagens
Hospital Florianópolis (HF), Florianópolis, SC, Brasil
sem alterações. A paciente é examinada na oftalmologia, que afasta
Introdução: A dor crônica no joelho possui grande prevalência e difí- outras hipóteses — uveíte, descolamento de retina, edema de papi-
cil manejo clínico, necessitando de diversas classes medicamentosas, la, infecções em câmaras oculares (anterior e posterior) ou glauco-
além de outras abordagens. A neurólise química com fenol está entre ma (pressão ocular normal de 12 mmHg). Devido a quadro de dores
as opções terapêuticas, indicada como opção para substituir a radio- osteoarticulares associadas à secura ocular, interroga-se o diagnós-
frequência – em vista do seu alto custo. Porém podem ocorrer com- tico de síndrome de Sjögren. Devido aos dados clínicos escassos, a
plicações como neuroma, neurite, parestesia e alodinia, justificando equipe da oculoplastia e da cirurgia de cabeça e pescoço solicita a
seu uso em casos selecionados e refratários a outros tratamentos. realização de biópsia de glândula lacrimal. Neste ínterim, a pacien-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S241

te foi encaminhada para a clínica da dor para realizar estratificação nhum indivíduo exibiu evento adverso e todos os pacientes relata-
e tratamento da dor, EVA 9/10. Paciente refere dor contínua sem ram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com o sistema Burst.
irradiação no olho esquerdo e de caráter lancinante. Para tanto, Conclusão: No grupo estudado, o sistema Burst parece ser melhor
procedeu-se ao bloqueio do gânglio estrelado (lidocaína 50 mg e do que a estimulação tônica, visto que 100% dos pacientes alegou
clonidina 15 mcg) associado a bloqueio dos nervos supraorbitário melhora no alívio da dor após sua ativação, sem queixas de pares-
e supratroclear ipsilateral (lidocaína 20 mg e clonidina 15 mcg). tesia. Observou-se impactos positivos nos aspectos físicos e econô-
Paciente relata melhora imediata da dor após bloqueios, sendo mar- micos, uma vez que os pacientes experimentaram maior conforto
cado retorno com 15 dias. Desta vez, verificou-se que o material da na realização de atividades antes não possíveis e também por ter
biópsia foi insuficiente e a paciente foi submetida a novo procedi- havido redução importante do uso de medicações para controle da
mento. Ela afirmou que ficou 5 dias sem dor após bloqueios, mas dor. A declaração de satisfação com o Burst é reflexo da eficácia
que gradativamente a dor foi reaparecendo. Realizada nova sequên- do sistema e da importante melhora na qualidade de vida do pa-
cia de bloqueios devido à dor intensa EAV 8/10, com melhora satis- ciente, porém estudos randomizados controlados são necessários
fatória. Em nova consulta, constatou-se por biópsia que a paciente para melhor avaliação da eficácia, segurança e individualização do
apresentava dacrioadenite crônica não específica, sendo iniciado o tratamento.
tratamento com colírios compostos por antibióticos e corticoides Referências:
com melhora significativa da dor. Efetuado o terceiro da sequência 1. Slavin KV, North RB, Deer TR, et al. Tonic and burst spinal cord
de 3 bloqueios (este último abordou apenas os nervos supraorbitário stimulation waveforms for the treatment of chronic, intractable
e supratroclear devido à confirmação do acometimento específico pain: study protocol for a randomized controlled trial. Trials.
da glândula lacrimal), já com quadro mais ameno, EVA 5/10 e pa- 2016;17:569.
ciente permanece assintomática desde então. 2. Courtney P, Espinet A, Mitchell B, et al. Improved pain relief with
Discussão: A dor ocular é um sintoma que pode admitir múltiplas burst spinal cord stimulation for two weeks in patients using to-
etiologias, trazendo para o cotidiano um desafio diagnóstico e te- nic stimulation: results from a small clinical study. Neuromodu-
rapêutico especialmente em pacientes com sinais e exames frus- lation. 2015;18:361-6.
tros, mas com quadro álgico importante. Assim sendo, a utilização
de bloqueios anestésicos diagnósticos e terapêuticos é de extrema
importância na prática clínica, seja na alusão ao local específico TLO723 HÁBITOS DE AUTOMEDICAÇÃO ANALGÉSICA ENTRE
da fonte da dor, no tratamento ou no manejo em conjunto com as PORTADORES DE DOR CRÔNICA NA POPULAÇÃO ADULTA
demais áreas da medicina para proporcionar o conforto do paciente DE MUNICÍPIO DE PORTE MÉDIO DO INTERIOR DO ESTADO
enquanto se prossegue com a investigação diagnóstica. DE SÃO PAULO
Referência:
Guilherme Antonio Moreira de Barros, Diego Viana de Mello,
1. Rootman J, Robertson W, Lapointe JS. Inflammatory diseases. In:
Rootman J, editor. Diseases of the orbit. 1st ed. Philadelphia, Jéssica Tessaroli, João Vinícius Alves Lameu,
Lippincott. 1988:159-75. Marco Antônio Marchetti Calônego, Rodney Segura Cavalcante,
Catarina Letícia Barbalho, Fernanda B, Diego Viana de Mello*
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
TLO390 EFEITO DA ESTIMULAÇÃO BURST NA QUALIDADE Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
DE VIDA DE PACIENTES COM NEUROESTIMULADOR PRÉVIO
Justificativa: Os analgésicos estão entre as classes de medicamen-
(ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 4 CASOS)
tos mais consumidos na automedicação praticada no Brasil, assim
Mariana Dacaro*, Maíra Fernandes Gonçales, como ocorre em outros países. Considera-se que de 47,6% a 51% da
Lígia Ferreira de Toledo, José Luiz de Campos, Israel Lugli de Godoy população brasileira se utilize de automedicação de analgésicos.
Não se sabe, entretanto, como a população portadora de dor crôni-
Hospital Vera Cruz, Campinas, SP, Brasil
ca se comporta quanto à pratica da automedicação analgésica. A
Objetivos: A estimulação da medula espinhal é um procedimento Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas estima que cerca
seguro e eficaz aplicado para o tratamento de dor crônica refratá- de 20 mil pessoas morrem vítimas, propositalmente ou não, de au-
ria. O sistema Burst é uma nova forma de neuroestimulação baseado tomedicação ao ano no país. O objetivo desse estudo foi caracteri-
na emissão de pulsos em alta frequência e em amplitudes menores zar os hábitos de automedicação analgésica entre portadores de dor
do que a estimulação tônica. O Burst simula o disparo neuronal fisio- crônica nos munícipes de Botucatu (SP).
lógico e proporciona alívio da dor com reduzida ou nenhuma pares- Método: Trata-se de um estudo transversal realizado nos dias 5 e 12
tesia. O objetivo deste estudo é estabelecer a eficácia e o impacto março de 2016. Após obtenção de consentimento livre e esclareci-
na vida dos pacientes com o sistema Burst. do, foram entrevistados no máximo 2 indivíduos maiores de idade
Método: Realizou-se uma análise retrospectiva com 4 pacientes que em cada domicílio das áreas e regiões sorteadas da zona urbana da
tiveram o neuroestimulador (NE) implantado com o sistema de es- cidade. Para a caracterização da dor crônica na população entrevis-
timulação tônica e, posteriormente, teve ativado o sistema Burst. tada, considerou-se o marco temporal de 3 meses. Considerou-se
As avaliações ocorreram com 5 meses após implante de NE e com como automedicação analgésica a utilização de qualquer fármaco
pelo menos 1 mês após a ativação do Burst. As análises incluíram a ou medida terapêutica sem a devida prescrição formal e atual por
intensidade da dor com a escala verbal numérica (ENV), os sinto- profissional da saúde, em qualquer momento da vida pregressa e
mas associados, o impacto socioeconômico, os efeitos adversos e a atual do entrevistado. Para a avaliação da dor, utilizou-se o questio-
satisfação do paciente com uma escala de 5 pontos: muito satisfei- nário resumido da dor, validado para o português brasileiro e que é
to, satisfeito, não satisfeito nem insatisfeito, insatisfeito ou muito universalmente empregado em diferentes situações de dor.
insatisfeito. Resultado: Foram incluídos no estudo 416 indivíduos, o que cor-
Resultado: Em média, a dor melhorou 60% com o tônico e 72,5% responde a 3,06% do total estimado da população da cidade. O
com o Burst. Todos os pacientes apresentaram parestesia quando sexo feminino correspondeu a 65,4% da amostra, sendo a faixa
implantado o NE e nenhum retratou esta queixa após ativação do etária compreendida entre 40 e 59 anos a mais incidente, com
Burst. Houve redução na quantidade e na dosagem total das medi- 37% dos entrevistados. A dor crônica acomete 45,7% dos entre-
cações para controle da dor e 3 pacientes iniciaram atividade física vistados, sendo a automedicação analgésica praticada por apro-
(caminhada, pilates) após a colocação do NE. Até o momento, ne- ximadamente 78% dos indivíduos, portadores ou não de dor. Os
S242 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

analgésicos mais empregados pelos portadores de dores crônicas introdução de morfina ou anticonvulsivantes poderia levar a náusea
foram a dipirona (52,6%), paracetamol (48,4%), anti-inflamatórios ou aumento da sonolência. Apesar da escassez de estudos, a lidocaí-
não hormonais (43,2) e os miorrelaxantes (38,4%). Apenas 1,1% na parece ser uma alternativa eficaz nestes casos.
dos indivíduos empregam opioides para a automedicação. Efeitos Referência:
adversos foram relatados por 15,4% dos indivíduos que se auto- 1. Rocha LG. Mecanismos envolvidos na analgesia da lidocaína por
medicaram, sendo a epigastralgia o mais comum, acometendo via venosa. Rev Bras Anestesiol. 2008;58:280-6.
34,8% desses.
Conclusões: A automedicação não é mais praticada por portadores
de dor crônica do que por não portadores, mas representa um risco TLP893 MANEJO DA DOR NEUROPÁTICA CRÔNICA
considerável, por sua alta incidência de efeitos adversos. REFRATÁRIA APÓS CRANIOTOMIA: RELATO DE CASO
Referência:
Vânia Maria Cavalcante de Araújo, Kamila Vieira de Oliveira*,
1. Domingues PHF, Galvão TF, Andrade KRC, et al. Prevalence and
associated factors of self-medication in adults living in the Fe- Mirlane Guimarães de Melo Cardoso, João Batista Garcia,
deral District, Brazil: a cross-sectional, population-based study. Ivandete Coelho Pereira Pimentel, Priscilla Ribeiro Marques Monteiro
Epidemiol Serv Saúde. 2017;26:319-30. Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do
Amazonas, Manaus, AM, Brasil

TLP711 LIDOCAÍNA INTRAVENOSA PARA TRATAMENTO DE Introdução: A cefaleia pós-craniotomia é descrita pela Internatio-
DOR NEUROPÁTICA POR MIELITE DO CONE MEDULAR nal Classification of Headache Disorders como dor de início e inten-
sidade variável, mais intensa na área da cicatriz cirúrgica. Cefaleias
Rafael José Nalio Grossi*, Wagner Rodrigues Mota, pós-craniotomias são relatadas em até 91% dos casos poucos dias
Mariana Bucci Sanches, Márcio Matsumoto, João Valverde Filho, após a cirurgia, sendo diagnosticadas sem dificuldades. No entanto,
Claudia Marquez Simões quanto maior o tempo entre a craniotomia e o início da dor, que se
Serviços Médicos de Anestesia Ltda., São Paulo, SP, Brasil torna crônica, mais difícil e complexo torna-se o diagnóstico.Com
Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil o objetivo de reunir e compartilhar informações sobre o manejo
deste tipo de dor refratária à terapêutica, é que apresentamos o
Introdução: O uso de lidocaína por via intravenosa (IV) tem sido presente relato.
abordado como um dos possíveis tratamentos para dor neuropáti- Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 48 anos, casada, admi-
ca, apesar da controvérsia sobre indicações, posologia e eficácia tida no Ambulatório de Dor do Serviço de Terapia da Dor e Cuida-
discutível. A lidocaína seria uma opção para controle da dor em pa- dos Paliativos STDCP/ FCECON com antecedentes de craniotomia
cientes com mielite, já que a ela pode cursar com dor neuropática. há 5 anos por tumor cerebral e cefaleia hemicraniana esquerda e
Relato de caso: MFM, feminino, 15 anos, previamente hígida, ad- cervicalgia intensa (EVA 10), contínua e incapacitante. Apresentava
mitida por paresia (grau III distal e IV proximal) de membros in- alterações do sono-vigília, deitando somente em decúbito lateral
feriores, retenção urinária e dor nas coxas e quadril, com escala direito. Em uso crônico de carbamazepina e Hidantal®, sem melho-
verbal numérica (EVN) 5 e pouca melhora com analgésicos simples ra. Ao exame físico apresentava hiperalgesia secundária e alodinia
e anti-inflamatórios. Suspeitado de síndrome de Guillain-Barré, foi mecânica em região occipitoparietal e frontal esquerda intensifica-
tratada com imunoglobulina e corticoide e submetida a coleta de da com crescimento do bulbo capilar, motivo pelo qual se mantinha
liquor, com desenvolvimento de cefaleia pós-punção da dura-máter, com a cabeça raspada. Com DN4 7 e diagnóstico de dor neuropática
com EVN 10. Apresentou melhora parcial após tramadol e EVN 3 localizada pós-craniotomia, foram iniciadas gabapentina, amitripti-
após morfina, porém teve náuseas importantes. Apresentava resso- lina e periciazina 1% em doses elevadas, com alívio parcial da dor
nância magnética (RM) e liquor normais. Já a eletroneuromiografia por alguns meses. Em razão da difícil adesão ao tratamento devido
foi compatível com polirradiculoneuropatia axonal motora na fase aos efeitos adversos e à resposta analgésica limitada, foi indicado
aguda de intensidade moderada a grave e de predomínio distal. o bloqueio periférico oftálmico superior, occipital e auricular es-
Cinco dias após resolução da cefaleia, teve piora da dor nas coxas querdo, além de injeção de pontos-gatilho para dor miofascial cer-
e quadril, EVN 10, refratária aos analgésicos e agora com recusa vical, com alívio total da dor e recuperação da mobilidade cefálica.
ao uso de morfina. Nova RM revelou mielopatia do cone medular, A paciente se manteve assintomática por um período superior a 6
que poderia ser infecciosa ou inflamatória. Questionário para dor meses, sem necessidade de novo bloqueio. Retornou em julho deste
neuropática (DN4) somava 5 pontos neste momento. Iniciado o uso ano, com o mesmo quadro álgico intenso (EVA 10), porém com área
de amitriptilina 25 mg/dia, dipirona 1 g 6/6h, cetoprofeno 100 mg de hiperalgesia mecânica e alodinia restrita à cicatriz cirúrgica que
12/12h e tramadol 37,5 mg + paracetamol 325 mg 8/8h se necessá- não melhorava com farmacoterapia opioide que recebia nas várias
rio. Devido melhora não satisfatória e sonolência no dia seguinte, entradas na unidade de urgência. Após bloqueio da cicatriz cirúrgi-
optou-se por iniciar lidocaína 1 mg/kg IV em 1 hora, de 12/12h. ca com xilocaína 1% (10 mL), paciente referiu EVA 0 e abolição da
Foi mantido tratamento clínico com corticoide e pesquisa de novas alodinia, que se mantem até os dias de hoje sem necessidade de
sorologias, inclusive para doenças reumatológicas. Paciente evo- nova intervenção.
luiu com melhora satisfatória da dor nos seguintes dias, inician- Discussão: Apesar de escasso, alguns relatos da literatura sugerem
do exercícios de fisioterapia, inclusive podendo dar alguns passos. que as terminações nervosas terminais ficam encapsuladas na cica-
A lidocaína foi mantida por 10 dias, suspensa quando a paciente triz cirúrgica, formando neuromas e transformando-se em gatilhos
referia apenas dor discreta nos mesmos locais quando sentada, de dor neuropática, como evidenciado no presente relado. Neste
com DN4 zero. Foi mantida a dipirona e associação de tramadol + caso, o bloqueio periférico e o bloqueio da cicatriz cirúrgica tiveram
paracetamol como resgate. Finalmente, apresentou PCR para ví- um caráter diagnóstico e terapêutico, melhorando muito a qualida-
rus Coxsackie B positiva em liquor, sem evidência causal definida. de de vida da referida paciente que sofria com dor mesmo com a
Atualmente mantém acompanhamento com o setor de fisiatria, sem certeza da cura cirúrgica do câncer.
queixa de dor. Referência:
Discussão: A lidocaína IV para o tratamento de dor neuropática em 1. Ferreira KS, Dach F, Speciali JG. Scar neuromas as triggers for
paciente com mielite do cone medular desponta como excelente headache after craniotomy: clinical evidence. Arq Neuro Psiquia-
opção terapêutica. Essa alternativa foi especialmente útil quando a tr. 2012;70:206-9.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S243

TLP1020 O PENSAMENTO CATASTRÓFICO DA DOR tes. Relatamos um caso de paraparesia após bloqueio epidural com
ESTÁ ASSOCIADO COM NÍVEIS SÉRICOS DO FATOR corticoide.
NEUROTRÓFICO DERIVADO DO CÉREBRO EM PACIENTES Relato de caso: L.F.C.F., sexo masculino, 80 anos, médico, 1,68 m e
COM DIFERENTES SÍNDROMES DE DOR CRÔNICA 103 kg (IMC 36,49), com lombalgia incapacitante por radiculopatia.
Restrito à cadeira, trazido ao hospital de ambulância. Hemograma,
Wolnei Caumo, Jairo Alberto Dussán Sarria*, Luciana C Antunes, bioquímica e coagulograma normais. RNM lombar com artrose fa-
Joice D. Segabinazi, Ana Claudia de Souza, Felipe Fregni cetária desidratação discal lombar difusa, herniação discal L4-L5 e
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, L5-S1 e hérnia discal posterior T11-T12 comprimindo o saco dural e
Brasil o cone. Admitido no centro cirúrgico em postura antálgica, PANI 150
× 80 mmHg; FC 85 bpm; SpO2 97%. Hiperemia fixa lombar. Punção
Justificativa e objetivos: A perspectiva biopsicossocial da dor epidural T10-T11, via mediana, agulha Tuohy 18G, três tentativas.
crônica descreve esta como resultado da complexa interação en- Foram injetados 8 mL de ropivacaína 0,2%, 10 µg de sufentanila,
tre fatores fisiológicos, psicológicos e sociais que sofrem recíproca 1 mg de morfina e 80 mg de beclometasona. Melhora da dor de 10
influência. Um dos possíveis marcadores de processo fisiopatológico para 5 (escala analógica visual). Encaminhado à SRPA com bloqueio
da dor crônica é o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), motor intenso (Bromage III) e prolongado, suspeitando-se de per-
que tem se mostrado elevado em pacientes com dor crônica quan- furação acidental da dura-máter. Alta após 3 horas com flexão dos
do comparado com voluntários sem dor. Considerando que uma das joelhos (Bromage I), porém paresia e parestesia em membros infe-
alterações psicológicas relevantes na dor crônica pelo seu impacto riores 8 horas após o bloqueio. RNM de coluna torácica de urgência
em desfechos terapêuticos é o pensamento catastrófico da dor, no com lesão expansiva sólida epidural posterior em T11, 2,6 × 0,8
presente estudo objetivamos explorar sua possível relação com o × 2,7 cm, deslocando anteriormente a medula espinhal torácica,
BDNF em diferentes síndromes de dor crônica. compatível com neoplasia secundária. Hipersinal espinhal toráci-
Métodos: Realizamos um estudo de corte transversal agrupando co T10 a T12 compatível com edema e mielopatia. Submetido à
dados da linha de base de oito ensaios clínicos realizados na insti- laminectomia descompressiva, houve melhora neurológica parcial.
tuição, que recrutaram pacientes com fibromialgia (FM), síndrome Diagnóstico de leucemia.
dolorosa miofascial (MPS), endometriose, osteoartrite de joelho Discussão: Pacientes com comprometimento neurológico podem ter
(AO) e hallux valgus. Recuperamos informação sobre a intensidade maior suscetibilidade a lesões secundárias de baixo grau pela cirur-
da dor usando a escala verbal numérica, pensamento catastrófico da gia ou anestesia. Na suspeita precoce de lesão, exames de imagem
dor (PCS), sintomas depressivos, uso de analgésicos e concentração e avaliação neurológica são fundamentais para recuperação parcial
sérica do fator neurotrófico derivado do cérebro, todos na linha de ou completa. Os deficits neurológicos podem ser mascarados pela
base dos estudos originais, e realizamos análises exploratórias para sedação, analgésicos, cateteres contínuos ou detecção tardia. Os
estudar os níveis de PCS e BDNF. sinais são fraqueza mais intensa que o esperado recorrente, pro-
Resultado: Incluímos 331 pacientes (FM, 79; MPS, 54; cefaleia gressiva ou inconsistente com o bloqueio. O tempo e gravidade da
crônica tensional, 33; AO, 88; hallux valgus, 41; endometriose, 36). lesão são os principais fatores prognósticos. A RNM diferencia teci-
PCS foi comparável entre síndrome dolorosa miofascial, cefaleia dos moles, identifica doença espinhal coexistente e localiza lesões,
crônica tensional e fibromialgia, agrupando estas síndromes como porém a TC pode identificar abcessos e hematomas. A compreensão
“dor crônica somática com pouca lesão estrutural” (SPLE). De forma dos fatores de risco permite ao anestesiologista atenuar desfechos
semelhante, pacientes com osteoartrose de joelho e hallux valgus adversos. Mesmo no cuidado impecável de pacientes hígidos, essas
tiveram PCS comparável, agrupando estas duas entidades como complicações não são totalmente previsíveis nem evitáveis.
“dor crônica somática com lesão estrutural” (SCLE). Endometriose Referências:
foi denominado “dor crônica visceral com lesão estrutural” (VCLE). 1. Nam KH, Choi CH, Yang MS, et al. Spinal epidural hematoma after
Ajustamos PCS por sintomas depressivos, uso de analgésicos, uso de pain control procedure. J Korean Neurosurg Soc. 2010;48:281-4.
psicofármacos, intensidade da dor e número de doenças crônicas. O 2. Neal JM, Barrington MJ, Brull R, et al. The Second ASRA Practice
PCS ajustado foi menor no grupo SCLE, comparado com SPLE e VCLE Advisory on neurologic complications associated with regional
(p < 0,001). O BDNF também foi ajustado por intensidade da dor, anesthesia and pain medicine. Executive Summary. Reg Anesth
idade, sintomas depressivos e uso de psicofármacos. O BDNF ajusta- Pain Med. 2015;40:401-30.
do foi menor no grupo SCLE comparado com os outros dois grupos (p
< 0,001). Finalmente, exploramos a associação entre BDNF ajustado
e PCS ajustado (independente de agrupamentos) e observamos uma TLO319 PNEUMOTÓRAX ASSOCIADO À ABORDAGEM
correlação direta (beta = 1,33; p < 0,01; R2 = 0,22). DE PONTOS-GATILHO EM REGIÃO DORSAL ALTA APÓS
Conclusão: Os níveis séricos de BDNF estão correlacionados com o INFILTRAÇÃO DE ANESTÉSICO LOCAL – RELATO DE CASO
PCS nas condições dolorosas estudadas. Ambos BDNF e PCS encon-
Carla Soares Meireles*, Barbara Moura Carrasco,
tram-se elevados nas síndromes com dor crônica SPLE e VCLE em
Rogério Augusto de Queiroz, Rafael Teixeira dos Santos,
comparação a SCLE. É possível que nas condições de dor crônica
Rodrigo Machado Saldanha, Gabriel Durso Caiaffa
SPLE e VCLE envolvam processos biológicos ou psicológicos que ele-
vem PCS e BDNF. Fundação Instituto Clínico de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG,
Brasil
Introdução: A dor miofascial tem como uma de suas características
TLP1004 PARAPARESIA APÓS BLOQUEIO EPIDURAL COM
a presença de bandas musculares tensas palpáveis e dolorosas à
CORTICOIDE PARA ANALGESIA – RELATO DE CASO compressão – os chamados pontos-gatilho. Diversas são as aborda-
Rafael Villela Silva Derré Torres* gens para o alívio desta dor, entre elas a infiltração desses pontos
com anestésico local em pequenos volumes. O presente relato mos-
Consultoria para o Tratamento da Dor e Medicina Aeroespacial
tra que tal abordagem não é isenta de complicações.
Introdução: Lesões neurológicas em bloqueios analgésicos são raras Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 29 anos, 60 kg, porta-
e podem ser mecânicas, isquêmicas, neurotóxicas, hemorrágicas ou dora de hérnia discal em região cervical, com dor crônica cervical e
infecciosas. A incidência vai de 1:200.000 (epidurais obstétricas) a dorsal alta com importante componente miofascial associado, sem
1:3.600 (artroplastias do joelho). Até 67% das lesões são permanen- outras comorbidades ou alergias. Em início de tratamento medica-
S244 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

mentoso com uso regular de pregabalina 75 mg uma vez ao dia. das áreas e regiões sorteadas da zona urbana da cidade. Para a
Submetida à técnica de infiltração de pontos-gatilho para alívio de caracterização da dor crônica na população entrevistada, conside-
dor refratária à analgesia oral com dipirona 1 g e ciclobenzaprina raram-se os dois marcos temporais: 3 e 6 meses, respectivamente
10 mg. Após palpação na região da musculatura do romboide maior dor crônica 3 (DC3) e dor crônica 6 (DC6). Para a avaliação da dor,
à direita, foram localizados 5 pontos-gatilho, procedendo-se à in- utilizou-se o questionário resumido da dor, validado para o portu-
filtração de lidocaína à 1% com agulha 0,7 mm × 25 mm, utilizando guês brasileiro, no qual é universalmente empregado em diferentes
volume total de 5 mL, obtendo melhora moderada da dor local. situações de dor.
Após 12 horas, paciente iniciou quadro de dor intensa na região Resultado: Foram incluídos 416 indivíduos, o que corresponde a
dorsal alta à direita associada a leve dificuldade respiratória ao 3,06% do total estimado da população da cidade. O sexo feminino
movimento. Foi realizada radiografia de tórax em PA que constatou correspondeu a 65,4% da amostra, sendo a faixa etária compreendi-
a presença de pneumotórax no pulmão direito, estendendo-se por da entre 40 e 59 anos a mais incidente, com 37% dos entrevistados.
menos de um terço desse, não havendo necessidade de colocação A DC3 acomete 45,7% dos entrevistados e a DC6, 33,2% dos indiví-
de dreno de tórax. A abordagem sintomatológica foi feita com oxi- duos. A intensidade média de dor na última semana foi de 4,41 ±
codona 20 mg a cada 12 horas intercalada, com dipirona 1g a cada 2,44 (DC3) e de 4,35 ± 2,41 (DC6). Em ambas as dores, a principal
6 horas, além de repouso por 7 dias, com melhora dos sintomas topografia acometida foi a coluna toracolombar, com 27,9% (DC3)
após este período. e 31,9 (DC6), sendo que 74,7% (DC3) e 74,6% (DC6) dos indivíduos
Discussão: A dor miofascial é descrita como primária ou resultante fazem uso atual de analgésicos. A atividade de vida cotidiana foi,
de anormalidades orgânicas ou funcionais. O tratamento pode ser entre as dimensões estudadas, a mais comprometida, com escore
farmacológico, por cinesioterapia, agulhamento ou injeção anesté- de 4,8 (0-10) de acometimento (DC3 e DC6).
sica de pontos-gatilho, psicoterapia, além da remoção dos fatores Conclusões: As prevalências de DC3 e DC6 encontradas são preocu-
causais. Como técnica estabelecida, a infiltração de anestésicos tem pantes, especialmente por acometer uma população relativamente
boas indicações, apesar de possíveis complicações. O pneumotórax jovem e economicamente ativa. A intensidade da dor encontrada,
é uma complicação rara, porém não isenta de gravidade, associada apesar de média, causa impacto significativo nas atividades diárias
ao tratamento dos pontos-gatilho com injeção anestésica em tórax. do indivíduo. Apesar disso, aproximadamente ¼ da população não
Diante do descrito, torna-se importante o uso de medidas para mi- está em vigência de tratamento analgésico atual.
nimizar seus riscos. Além de conhecimento da anatomia local, de Referência:
suas variantes e de formação adequada para realização da técnica, 1. Sa K, Baptista AF, Matos MA, Lessa I. Prevalence of chronic pain
o uso de infiltração guiada por ultrassonografia pode contribuir para and associated factors in the population of Salvador, Bahia. Rev
minimizar a chance de pneumotórax iatrogênico, já que possibilita Saude Publica. 2009;43:622-30.
a visualização das estruturas anatômicas durante o processo.
Referências:
1. Mccutcheon L, Yelland M. Iatrogenic pneumothorax: safety con- TLO790 SINERGISMO DA NEUROMODULAÇÃO CENTRAL E
cerns when using acupuncture or dry needling in the thoracic PERIFÉRICA PARA CONTROLE DA DOR NA OSTEOARTRITE
region. Physical Therapy Reviews. 2011;16:126-32. DE JOELHO: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO, DOUBLE-
2. Lima ICM, Seguchi HHK, Imamura M, et al. Tratamento da lom- DUMMY.
balgia crônica pela inativação de pontos-gatilho miofasciais – ex-
periência da Divisão de Medicina Física da FMUSP. Acta Fisiátrica. Maria da Graça Tarragó, Jairo Alberto Dussán Sarria*,
1999;6:10-3. Luciana Paula Cadore Stefani, Iraci L.S. Torres, Felipe Fregni,
Wolnei Caumo
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS,
TLO724 PREVALÊNCIA DE DOR CRÔNICA NA POPULAÇÃO Brasil
ADULTA DE MUNICÍPIO DE PORTE MÉDIO DO INTERIOR DO
ESTADO DE SÃO PAULO Justificativa e objetivos: A osteoartrite de joelho induz mudanças
neuroplásticas no sistema nociceptivo devido à dor crônica que lhe
Guilherme Antonio Moreira de Barros, caracteriza. Tanto a estimulação transcraniana por corrente contí-
Catarina Letícia Rodrigues Barbalho, Jéssica Tessaroli, nua (ETCC) quanto a estimulação elétrica intramuscular (EEIM) de
Diego Viana de Mello, Thalita Marqueze, forma independente têm se mostrado capazes de ajudar a controlar
Guilherme Saraiva Leal Lopes, Fernanda B. Fukushima, esta dor. Considerando esta resposta clínica, desenhamos um expe-
Adriano Dias*, Catarina Leticia Rodrigues Barbalho rimento para estudar se, se combinadas, as terapias teriam maior
efeito analgésico e se este poderia estar relacionado à mudanças
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual
neuroplásticas.
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
Método: Ensaio clínico randomizado, duplo-cego, double-dummy
Justificativa: Com finalidades clínicas e acadêmicas, a dor é classi- que recrutou pacientes destras com osteoartrite de joelho entre 50
ficada temporalmente em crônica e aguda. A dor crônica é definida e 75 anos de idade, com no mínimo 6 meses de dor de intensidade
como aquela que persiste por tempo maior que aquele necessá- moderada-severa. Foram randomizadas para 5 sessões de uma das
rio para a cicatrização da lesão que a causou. De forma arbitrária, seguintes terapias: ETCC ativa (a) /a-EEIM; a-ETCC/EEIM sham (s);
consideram-se como marcadores cronológicos a persistência de dor s-ETCC/a-EEIM; s-ETCC/s-EEIM. A ETCC foi anodal, aplicada sob M1.
por períodos maiores que 3 ou 6 meses para considera-la crônica. A EEIM foi aplicada nos territórios dos processos espinhosos de L1-S2
Estima-se a prevalência de dor crônica no Brasil em torno de 41,4%, e vasto medial, lateral, reto femoral, tibial anterior e bursas do joe-
o que nos coloca entre os países com as maiores incidências de dor lho. A dor foi avaliada usando a escala análoga visual (EAV), limiares
crônica do mundo, considerada, dessa forma, problema de saúde de dor à pressão (LDP) com algômetro digital, função do sistema
pública. O objetivo desse estudo foi estimar a prevalência de dor descendente inibitório da dor (SDID) e concentração sérica do fator
crônica, assim como caracterizá-la, entre os munícipes de Botucatu neurotrófico derivado do cérebro (BDNF).
(SP), cidade de aproximadamente 120 mil habitantes. Resultado: Foram randomizadas 60 pacientes com osteoartrite de
Método: Trata-se de um estudo transversal realizado nos dias 5 e 12 joelho para um dos quatro braços de intervenção, com caracterís-
março de 2016. Após obtenção de consentimento livre e esclareci- ticas comparáveis entre eles. Análise com equações generalizadas
do, foram entrevistados indivíduos maiores de idade em domicílios para estimativa mostrou que o efeito principal da intervenção na
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S245

dor final foi significativo (p < 0,03). No fim do tratamento, aquelas TLP492 TRATAMENTO DE SÍNDROME DOLOROSA
que receberam a-ETCC/a-EEIM tiveram dor 0,46 ± 0,04; a-ETCC/s- COMPLEXA REGIONAL COM ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA
-EEIM 1,79 ± 2,53; s-ETCC/a-EEIM 1,81 ± 2,98; e s-ETCC/s-EIMS teve MEDULAR
2,98 ± 1,17. O risco relativo de precisar de analgesia complementá-
Rafael Cerqueira Oliveira*, Jorge Taqueda Neto,
ria durante o tratamento foi de 75% naquelas que receberam s-ETC-
C/s-EEIM comparado com a-ETCC/a-EEIM. Aquelas que receberam Marcos Antonio Costa de Albuquerque, Marcos Eyder Leite Fragoso,
a-ETCC/a-EEIM também apresentaram maiores mudanças no SDID. Lauro d’Avila Silveira Barreto
A associação entre BDNF e LDP foi independente da intervenção. Centro de Ensino e Treinamento (CET) Menino Jesus de Praga,
Conclusões: A ETCC combinada com EEIM durante 5 dias induz Aracaju, SE, Brasil
maior analgesia em comparação com as terapias isoladas, assim
como um maior efeito no SDID. Embora seja atribuído um efeito Introdução: A síndrome dolorosa complexa regional (SDCR) é a de-
neuromodulatório, os níveis séricos de BDNF foram independentes nominação atual para as síndromes antes conhecidas como distrofia
das mensurações de LDP. simpática reflexa e causalgia. É um distúrbio crônico que se desen-
volve nas extremidades após trauma agudo. Além das caracterís-
ticas da neuropatia, a SDCR está associada à edema e alterações
sugestivas de envolvimento autonômico (transpiração, cor e tempe-
TLO809 TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA NA FEBRE DE
ratura da região). A estimulação elétrica medular é um método de
CHIKUNGUNYA: ENSAIO CLÍNICO
neuromodulação para tratamento da dor e consiste no implante de
J.P.L. Alves, S.V.S. Oliveira, M.A. Moreira, P.T.A.C. Neto, um eletrodo no espaço epidural acoplado a um gerador de pulsos. O
F.K.P. Miranda, K.F. Malheiros* eletrodo transmite corrente elétrica, que estimula o corno posterior
da medula, promovendo sensação de alívio.
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB, Brasil
Relato de caso: Mulher, 51, vítima de acidente automobilístico. Evo-
Justificativa e objetivos: Durante a prática clínica diária observou- luiu com cervicalgia intensa. A ressonância apresentou espondilolis-
se aumento da cronificação da febre Chikungunya (FC), levando a tese pós-traumática de C3, C4 e C5 e estenose foraminal. Optou-se
limitações físicas e psicológicas, com afastamento das atividades por laminectomia e artrodese. Depois de 6 m, paciente permanecia
habituais, sobrecarregando o sistema de saúde e impactando nega- com queimação no membro superior direito, edema, frieza, perda
tivamente a economia. Desse modo, objetivou-se analisar a eficácia de pelos, fraqueza e hipersensibilidade. Após 2 anos de cirurgia, teve
do protocolo para manejo da dor na FC na atenção básica elaborado o diagnóstico de SDCR. A escala visual de dor era 9-10. No questio-
pela Secretaria de Saúde do Recife. nário SF-36, as notas dos domínios capacidade funcional, limitação
Método: Ensaio clínico com 20 pacientes na fase crônica da FC, física e dor foram, respectivamente, 10, 25 e 20. Paciente realizou
seguidos durante 3 meses, com reavaliações quinzenais, sendo 90 sessões de fisioterapia. Uso de gabapentina 900, amitriptilina
aplicado o protocolo para manejo da dor na FC na atenção básica 25, tiocolchicosídeo 12 e rivotril 2 mg/dia. Melhora menor que 20%.
elaborado pela Secretaria de Saúde do Recife, que os classificava Reabordagem cirúrgica contraindicada. Bloqueio peridural teste com
em dor leve (1 a 3 pontos), moderada (4 a 6 pontos) e intensa (7 a lidocaína 1%, 3 mL, levobupivacaína 0,5%, 2 mL e clonidina 50 mcg
10 pontos) a partir da escala numérica de dor. Foram avaliados os confirmou lesão, com melhora de 80%. A implantação do eletrodo
elementos farmacológicos e não farmacológicos que influenciam no teste foi realizada com sedação e anestesia local. A programação
controle da dor na fase crônica da FC. definitiva foi: largura de pulso 120 mcs, frequência 60 Hz, voltagem
Resultado: Como medidas farmacológicas, observou-se que o con- 3 V, em ortostase e decúbito dorsal, 2 V. Após 60 dias, a escala vi-
trole álgico era obtido de forma mais rápida quando os pacientes sual de dor foi a zero. No SF-36, as notas daqueles domínios foram,
se encontravam nos níveis de dor leve e moderada; a diferenciação respectivamente, 20, 25 e 74. A paciente ainda realiza fisioterapia.
entre dor nociceptiva e neuropática foi de grande relevância para Discussão: A SDCR é uma condição com resposta variável ao trata-
a complementação farmacológica com antidepressivos tricíclicos, o mento devido ao desconhecimento de parte de sua fisiopatologia.
que ocasionou maior facilidade no controle álgico. Medidas não far- A paciente demorou 2 anos para ser diagnosticada, o que pode in-
macológicas: Observou-se que a quase totalidade dos pacientes que fluenciar a resposta ao tratamento conservador. Ocorreu melhora na
referiram piora quando da utilização da crioterapia apresentaram escala visual e no domínio correspondente do SF-36 que se traduz
melhora dos sintomas após a correção da técnica. Houve redução em melhoria de qualidade de vida. Houve uma importante redução
no uso de analgésicos com a complementação da crioterapia e fi- do uso crônico de medicamentos orais. Os mecanismos para este
sioterapia. resultado são incertos, mas neste caso a estimulação medular foi
Conclusões: O quadro álgico do paciente com dor crônica em conse- uma importante alternativa de tratamento. Novos estudos precisam
quência da FC é de difícil controle. Medidas adjuvantes não farma- ser realizados para se conhecer melhor esta patologia.
cológicas, quando em associação com a terapêutica farmacológica, Referências:
propiciaram melhora da qualidade de vida e retorno às atividades 1. Harden RN, Oaklander AL, Burton AW, et al. Complex regional
laborais e cotidianas de forma mais rápida. Apesar de proporcionar pain syndrome: practical diagnostic and treatment guidelines.
bons resultados no alívio da dor, a utilização da crioterapia ainda Pain Medicine. 2013;14:180-229.
sofre resistência devido à pouca familiaridade dos doentes e profis- 2. Braun Filho JL, Braun LM. Spinal cord stimulation in the treat-
sionais de saúde. Quando tratada de forma indevida, a dor crônica ment of refractory painful polineuropathy induced by chemothe-
afeta negativamente o status físico e mental dos pacientes. A gran- rapy. Rev Bras Anestesiol. 2007;57:533-8.
de barreira a ser ultrapassada não está apenas na não adequação
medicamentosa, mas no preparo técnico de uma equipe multidis-
ciplinar capaz de ofertar medidas que impactem positivamente a TLO836 VALIDAÇÃO E ADAPTAÇÃO DO INVENTÁRIO DE
qualidade de vida. SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA:
Referências: PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS E SUA RELAÇÃO COM O
1. Yeng LT, Stump P, Kaziyama HHS, Teixeira MJ, Imamura M, Greve FATOR NEUROTRÓFICO DERIVADO DO CÉREBRO
JMDA. Medicina física e reabilitação em doentes com dor crôni-
Wolnei Caumo, Jairo Alberto Dussán Sarria*, Luciana Paula Cadore
ca. Rev Med. 2001;80:248.
Stefani, Andressa de Souza, Iraci LS Torres, Randy Neblett
2. Sallum AMC, Garcia DM, Sanches M. Dor aguda e crônica: revisão
narrativa da literatura. Acta Paulista Enferm. 2012;24:152. Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil
S246 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Justificativa e objetivos: Algumas síndromes crônicas de dor com- ter cessado. Pacientes portadores da doença apresentam fraqueza
partilham características clínicas, como aumento da sensibilidade muscular e riscos de desencadear miotomia ou hipertermia maligna
à dor, fadiga, alterações na qualidade do sono, deficit cognitivo, devido ao uso de agentes anestésicos e ao estresse cirúrgico.
depressão e ansiedade. Estas queixas são interpretadas como con- Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 53 anos, portador de
sequência de processos fisiopatológicos neuroplásticos comuns, nos doença de Steinert. Histórico de trauma no ombro direito devido
quais há insuficiente inibição do sinal nociceptivo aferente e amplifi- à queda da própria altura ocasionando fratura da clavícula direita
cação da resposta eferente do sistema nervoso central e periférico. evidenciada pela radiografia simples. Encaminhado ao bloco cirúr-
Por este motivo, alguns autores agrupam entidades como síndromes gico para osteossíntese de fratura de clavícula, onde foi realiza-
de sensibilização central. Para ajudar a detectar pacientes em risco do bloqueio do tronco superior e do nervo supraclavicular guiado
de desenvolver esta síndrome, foi desenvolvido nos Estados Unidos pela ultrassonografia associado à anestesia venosa com propofol sob
o inventário de sensibilização central (CSI). Objetivando disponibi- máscara laríngea. Ao despertar, o paciente apresentava-se sem dor
lizar esta escala no nosso meio, realizamos tradução e validação da ou queixas respiratórias. Encaminhado ao CTI para acompanhamen-
escala ao português brasileiro (CSI-BP), avaliamos suas propriedades to do pós-operatório imediato, com alta desta unidade após 24 ho-
psicométricas e sua relação com possíveis biomarcadores de neuro- ras sem intercorrências.
plasticidade na dor crônica. Discussão: A técnica anestésica de escolha para o paciente portador
Métodos: Primeiro, realizamos tradução, síntese e tradução rever- de doença de Steinert permanece incerta, porém é preferencial o
sa, com posterior validação do conteúdo usando método Delphi. uso de bloqueio de nervo periférico ou bloqueio do neuroeixo. O
Depois, a confiabilidade teste-reteste foi avaliada numa pequena bloqueio do tronco superior e do plexo cervical associado à aneste-
amostra de pacientes com fibromialgia. Finalmente, foi realizado sia venosa sob máscara laríngea, sem uso de opioides, mostrou-se
um estudo de corte transversal na clínica da dor de um hospital adequado no caso de fratura da clavícula em paciente com doença
universitário para estudar o CSI-BP. Avaliamos as propriedades psi- de Steinert. Como as complicações no período pós-operatório ge-
cométricas e validade da versão final do CSI-BP e sua relação com ralmente resultam em disfunção pulmonar e cardíaca, a anestesia
a dor (avaliada na escala numérica 0-10), com a escala de pen- geral, quando possível, deve ser evitada pelos riscos ventilatórios
samento catastrófico associado à dor (PCS), com níveis séricos do inerentes ao seu controle no pós-operatório. A utilização da ultras-
fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e com a modulação sonografia na anestesia regional permite bloqueios cada vez mais
da dor condicionada (CPM). Para isto, recrutamos de forma randô- seletivos, possibilitando assim maior segurança e menor morbidade.
mica 66 pacientes com dor crônica que estavam participando de Considerando as peculiaridades impostas ao portador da doença de
outros ensaios clínicos desenvolvidos na instituição (fibromialgia, Steinert, o anestesiologista deve ter o conhecimento das medidas
22; síndrome dolorosa miofascial, 18; osteoartrite de joelho, 26) e preventivas da crise miotônica, particularidades da doença e possí-
11 voluntários saudáveis sem dor crônica. veis técnicas anestésicas que visam a prover uma condição segura
Resultado: O CSI-BP demonstrou robustas propriedades psicométri- durante o perioperatório.
cas (confiabilidade teste-reteste = 0,91; alpha de Cronbach = 0,91). Referências:
A análise confirmatória dos fatores revelou uma estrutura de 4 fa- 1. Bisinotto FMB, Fabri DP, Calçado MS, Perfeito PB, Tostes LV, Sousa
tores, consistente com a versão original em inglês. O resultado do GD. Anestesia para colecistectomia videolaparoscópica em pa-
CSI-BP mostrou correlação positiva com o PCS e classificou correta- ciente portador de doença de Steinert: relato de caso e revisão
mente mais de 80% dos pacientes. Usando modelos de regressão li- de literatura. Rev Bras Anestesiol. 2010;60:181-6.
near hierarquizados, o resultado do CSI-BP foi ajustado pela escola- 2. Maybin J, Townsley P, Bedforth N, Allan A. Ultrasound guided
ridade, sintomas depressivos, número de diagnósticos e dor. O valor supraclavicular nerve blockade: first technical description and
ajustado explicou 27% da variabilidade no BDNF e mostrou maiores the relevance for shoulder surgery under regional anaesthesia.
níveis nos pacientes com resposta alterada no CPM (p < 0,05). Anaesthesia. 2011;66:1053-5.
Conclusões: O CSI-BP demonstrou ser um instrumento com validez
primária, confiável e com propriedades psicométricas robustas.
Após ajustar por variáveis confundidoras, o CSI-BP mostrou relação TLO356 BLOQUEIO DO PLANO ABDOMINAL TRANSVERSO
com possíveis biomarcadores de alteração no processamento da dor.
(TAP) SUBCOSTAL GUIADO POR ULTRASSONOGRAFIA (USG)
EM COLECISTECTOMIA ABERTA APÓS VIDEOLAPAROSCOPIA
Cláudia Helena Ribeiro da Silva*, Alexandra de Vasconcelos Vieira,
Daniel Davi Guedes de Moura, Larissa Magalhães Lopes
LIII) Ultrassonografia Perioperatória Hospital da Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil
Introdução: A técnica tradicional do plano transverso do abdômen
TLO342 BLOQUEIO DO NERVO SUPRACLAVICULAR E DO (TAP) anestesia o andar inferior do abdome a nível de T10 a T12.
Jens et al. evidenciaram a necessidade de anestesiar especifica-
TRONCO SUPERIOR PARA TRATAMENTO CIRÚRGICO DE
mente os nervos torácicos altos (T6-T9) para analgesia do andar su-
FRATURA DE CLAVÍCULA EM PACIENTE PORTADOR DE
perior do abdome através de uma variação do TAP a nível subcostal.
DOENÇA DE STEINERT. RELATO DE CASO. Com o aumento de técnicas laparoscópicas minimamente invasivas,
Cláudia Helena Ribeiro da Silva, Leonardo Diniz Corrêa Pinto, do uso anticoagulantes e de procedimentos ambulatoriais, o TAP
Alexandra de Vasconcelos Vieira, Pedro Marcos Silva e Gonçalves, subcostal guiado por ultrassom pode ser uma opção segura e com
Larissa Magalhães Lopes*, Roberto José Valadares inúmeras aplicabilidades.
Relato de caso: Paciente em do sexo feminino, 44 anos, hipertensa,
Hospital da Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil
em uso de losartana e anlodipino, com proposta cirúrgica de co-
Introdução: Bloqueios seletivos dos membros superiores guiados por lecistectomia videolaparoscópica (CVL). Realizada anestesia geral
ultrassom podem trazer grandes benefícios em pacientes portadores balanceada com propofol 200 mg, lidocaína 100 mg, cisatracúrio
de doenças graves. A doença de Steinert é a forma de distrofia mus- 10 mg, remifentanil (TCI), IOT com tubo 8 mm e manutenção com
cular mais frequente no adulto e possui como característica princi- sevoflurano. Durante o procedimento cirúrgico foi identificada lesão
pal a presença de miotonia, que é a persistência da contração ati- inadvertida de colédoco e artéria hepática direita, sendo necessá-
va do músculo esquelético mesmo após o esforço voluntário inicial ria a conversão para técnica aberta, por incisão subcostal direita,
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S247

confecção de derivação biliodigestiva e colecistectomia. Ao final do Discussão: Observa-se no caso relatado um bom controle álgico no
procedimento, foi realizado o bloqueio TAP subcostal à direita com pós-operatório, não sendo necessário o uso de opioides para analge-
15 mL de ropivacaína (0,5%) guiado por USG. Paciente foi extubada, sia, contribuindo também para diminuição de queixas como náuseas
encaminhada a SRPA sem queixas de dor e posteriormente ao leito, e vômitos e diminuindo o tempo de internamento no pós-operatório.
onde foi avaliada periodicamente, apresentando dor de leve inten- Referência:
sidade tradada apenas com dipirona. 1. Faria SS, Gomez RS. Aplicação clínica do bloqueio anestésico
Conclusão: O bloqueio TAP subcostal, que vem sendo utilizado como paravertebral torácico em operações de mama. Res Bras Aneste-
uma alternativa para analgesia do andar superior do abdome, é uma siol. 2015;65:147-54.
técnica anestésica segura e de fácil execução, que pode ser utiliza-
da nos pacientes em que o bloqueio de neuroeixo está contraindica-
do e em situações onde ocorre mudança do plano anestésico cirúr- TLO395 COMO INSERIR A ULTRASSONOGRAFIA GÁSTRICA
gico, conferindo uma analgesia de boa qualidade no pós-operatório. NO TREINAMENTO DO ANESTESIOLOGISTA? AVALIAÇÃO DE
Referências:
UMA PROPOSTA
1. Børglum J, Jensen K, Christensen AF, et al. Distribution Patterns,
dermatomal anesthesia, and ropivacaine serum concentrations Tiago Caneu Rossi*, Flora Margarida Barra Bisinotto,
after bilateral dual transversus abdominis plane block. Reg Anes- Luciano Alves Matias da Silveira, José Martins Sobrinho,
th Pain Med. 2012;37:294-301. Mariana Andrade Lopes Mendonça,
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J. Essentials of our current understanding: abdominal wall blo-
cks. Reg Anesth Pain Med. 2017;42:133-83. Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba, MG,
Brasil
Justificativa e objetivos: A introdução da ultrassonografia em anes-
TLP895 BLOQUEIO PARAVERTEBRAL TORÁCICO ASSOCIADO tesiologia, inicialmente para a realização dos bloqueios anestésicos
À ANESTESIA GERAL EM PACIENTE SUBMETIDA À CIRURGIA e punção venosa, expandiu para diferentes áreas, incluindo a ava-
DE MASTECTOMIA TOTAL SEGUIDA DE RECONSTRUÇÃO liação do conteúdo gástrico. O desejo de capacitação motivou a rea-
MAMÁRIA: RELATO DE CASO lização dessa pesquisa, cujos objetivos foram avaliar um residente
em anestesiologia após ter passado por um período de aprendiza-
Daniel Fernandes Viana*, Valter Oberdan Borges de Oliveira, do quanto aos seguintes itens: capacidade de identificar a imagem
Meirelles Barros Lima, Marcos Antonio Costa de Albuquerque, gástrica pela USG e a presença ou não de conteúdo gástrico; ca-
Julio Cezar Mendes Brandão pacidade de diagnosticar a natureza do conteúdo gástrico, quando
presente; e capacidade de correlacionar o volume gástrico obtido
Centro de Ensino e Treinamento (CET) Menino Jesus de Praga,
pela US com o volume ingerido pelo voluntário.
Aracaju, SE, Brasil
Método: Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Institui-
Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão, SE, Brasil
ção, este estudo transversal e prospectivo foi conduzido em 52 vo-
Introdução: Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de mama é luntários sadios, de 20 e 45 anos, com índice de massa corporal (IMC)
o tipo mais incidente na população feminina mundial e brasileira, menor que 30 kg. Um residente em anestesiologia, do segundo ano,
excetuando-se o câncer de pele não melanoma. Estudos mostram voluntariamente passou por treinamento de 8 horas no serviço de ra-
que 40% das pacientes submetidas a cirurgias de quadrantectomia, diologia e realizou 62 USG supervisionadas. De forma cega, os volun-
mastectomia e mastectomia seguida de reconstrução evoluem com tários foram examinados pelo residente em 4 situações: em jejum;
dor aguda significativa no pós-operatório, além de comorbidades 10 minutos após a ingestão de 250 mL de líquido sem resíduo; de 250
clínicas como náuseas e vômitos, retardando a alta hospitalar. O mL de leite; e de um sanduiche (sólido). A USG foi realizada conforme
bloqueio paravertebral torácico (BPT) associado à anestesia geral técnica já descrita. A avaliação gástrica foi qualitativa e quantitativa.
(AG) é uma técnica anestésica que vem sendo utilizada nas cirurgias A análise estatística foi realizada pelo teste qui-quadrado de Pearson,
citadas e tem sido considerada uma opção eficiente, que propicia com p < 0,001, e pelo teste t-Student para amostras pareadas.
analgesia pós-operatória e redução no consumo de fármacos an- Resultado: O grupo de estudo constituiu-se em 67,3% feminino e
tieméticos. O objetivo deste trabalho é apresentar o caso de uma 23,7% masculino; idade de 29 ± 6 anos (média ± desvio padrão),
paciente submetida à técnica anestésica de BPT associada à AG índice de massa corporal de 24,2 ± 4,7 kg (média ± desvio padrão).
para cirurgia de mastectomia seguida de reconstrução mamária. O estômago foi identificado em 100% dos exames realizados, exis-
Relato de caso: F.S.S., 41 anos, sexo feminino, 68 kg, 1,67 m, do lar, tindo uma forte associação entre a técnica utilizada e a identifica-
diagnóstico pré-operatório de carcinoma ductal invasivo da mama ção da imagem gástrica pelo examinador (p < 0,001). A natureza do
esquerda. Antecedente cirúrgico de biópsia de mama esquerda rea- conteúdo gástrico foi identificada de forma correta em 90,38% dos
lizada com anestesia geral. Estado físico ASA II. Submetida à cirurgia voluntários que se alimentaram. A taxa de acerto foi de 94,2% nos
de mastectomia seguida de reconstrução mamária à esquerda sob voluntários em jejum; 96,2% após alimentos sólidos; 84,6% após lei-
AG associada com BPT. Efetuadas ansiólise e sedação com mida- te; e 86,5% após líquido sem resíduo (p > 0,05). De todos os exames,
zolam 2,5 mg, posteriormente realizado BPT entre T3-T4 e T4-T5 3,8% foram considerados como estando em jejum, embora tenham
guiado com ultrassonografia com 10 mL de levobupivacaína 0,375% se alimentado. Houve correlação tanto entre o volume de líquido
com vasoconstrictor em cada espaço paravertebral. Indução anes- sem resíduo (p = 0,22) quanto ao volume de leite (p = 0,10) ingeri-
tésica com alfentanil 1,5 mg, lidocaína 80 mg, propofol 150 mg, dos, com o volume gástrico obtido pelo examinador na USG.
cisatracúrio 7 mg após intubação orotraqueal, mantida em ventila- Conclusão: Este estudo demonstrou que a USG realizada por um
ção mecânica protetora, manutenção anestésica com propofol PFS residente apresentou uma alta taxa de acerto tanto para avaliação
2% em infusão alvocontrolada e remifentanil em bomba de infu- qualitativa quanto quantitativa do conteúdo gástrico após refeição
são continua. Monitorização com oximetria de pulso, capnografia, recente em voluntários sadios.
cardioscopia, pressão arterial não invasiva, temperatura axilar. O Referências:
tempo anestésico cirúrgico foi de 445 minutos, sem intercorrên- 1. Perlas A, Davis L, Khan M, et al. Gastric sonography in the fasted
cias. No pós-operatório, a paciente permaneceu sem queixas de dor, surgical patient: A prospective descriptive study. Anesth Analg.
náuseas e vômitos, sendo feita analgesia (dipirona e cetoprofeno) 2011;113:93-76.
e antiemético (bromoprida) de horário, recebendo alta hospitalar 2. Perlas A, Chan VW, Lupu CM, et al. Ultrasound assessment of
sem queixas após 48 horas do procedimento cirúrgico. gastric content and volume. Anesthesiology. 2009;111:82-9.
S248 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO398 ESTÃO OS PACIENTES EM JEJUM COM O Introdução: As complicações pós-operatórias pulmonares são as
ESTÔMAGO VAZIO? principais causas de morbimortalidade pós-operatória, principal-
mente atelectasia e pneumonia. Atelectasia é o termo utilizado
Renata Gimenes Cardozo Bomfim*, Tiago Caneu Rossi,
para descrever o pulmão que colapsou após ter sido inflado (atelec-
Flora Margarida Barra Bisinotto, Luciano Alves Matias da Silveira, tasia adquirida). O ajuste da PEEP buscando a prevenção de atelec-
Nilson de Camargos Roso, Ivan Tomás Pereira tasia é controverso. No entanto, pode evita-la na medida em que
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba, MG, reduz o colapso pulmonar, melhora a oxigenação, a complacência e
Brasil reduz a tensão e deformação regionais.
Relato de caso: JRO, masculino, 34 anos, estado físico ASA II (hi-
Justificativa e objetivos: Desde a descrição da síndrome aspirati-
pertensão, diabetes mellitus, obesidade, tireoidite de Hashimoto),
va por Mendelson, o conteúdo gástrico tornou-se uma preocupação
programado para tireoidectomia total. IMC: 42 kg/m2, 10 horas de
para os anestesiologistas, e o jejum pré-operatório, ditado por di-
jejum. Intubação endotraqueal através da broncoscopia sob seda-
retrizes, tornou-se uma condição para os procedimentos eletivos.
ção consciente com fentanil. Após a intubação traqueal, a indução
No entanto, mesmo obedecendo ao período estabelecido de jejum,
foi realizada com 3 mcg/kg de fentanil, propofol 3 mg/kg e ro-
alguns pacientes podem apresentar risco de aspiração gástrica pela
curônio 0,6mg/kg. A ventilação mecânica foi iniciada e uma mano-
presença de comorbidades que alteram o esvaziamento gástrico ou
bra de recrutamento foi realizada. Seguiu-se à titulação da PEEP,
em situações de urgência. A ultrassonografia gástrica (USG) é uma
realizando uma imagem de ultrassonografia pulmonar a cada de-
ferramenta emergente que faz parte dos cuidados à beira do leito e
créscimo, até que as linhas começassem a aparecer (14 cm H2O).
avalia o conteúdo gástrico qualitativa e quantitativamente. O obje-
A anestesia foi mantida com anestésicos inalatórios (sevoflurano).
tivo desse estudo foi avaliar pela USG se os pacientes cirúrgicos em
Ao final, realizou-se outra manobra de recrutamento e, após, a re-
jejum se encontram com o estômago vazio.
Método: Participaram desse estudo pacientes adultos, em jejum, pro- versão do bloqueador neuromuscular com sugammadex guiada pela
gramados para cirurgias eletivas ou de urgência em um hospital uni- monitorização com o train of four (TOF). Com o paciente acordado,
versitário. Antes de qualquer medicação, foi realizada a USG por um realizou-se extubação orotraqueal sem intercorrências, colocou-se
anestesiologista treinado. O conteúdo gástrico foi avaliado de forma macronebulização com FiO2 30%, sendo posteriormente encaminha-
qualitativa (vazio, presença de líquido ou sólido) e quantitativa (vo- do para a recuperação pós-anestésica, onde permaneceu 60 minu-
lume gástrico). O risco de aspiração foi considerado na presença de tos antes de ir para o quarto.
conteúdo sólido ou volume gástrico maior do que 1,5 mL.kg-1 (volG > Conclusão: A ventilação mecânica no paciente obeso mórbido pode
1,5 mL.kg-1). Para análise estatística, utilizaram-se os testes t de Stu- ser um desafio. Sabe-se que, quanto menores as pressões de pico
dent não pareado e qui-quadrado, com nível de significância de 5%. ventilatórias, menos dano será causado ao pulmão sadio. O balan-
Os resultados foram expressos em média e desvio-padrão (M ± DP). ço entre uma boa oxigenação e o uso de baixas pressões depende
Resultado: Foram avaliados 250 pacientes, 223 para cirurgias eleti- principalmente de um ajuste ótimo da PEEP. Este ajuste pode ser
vas e 27 para cirurgias de urgência, com tempo de jejum de 13 ± 4 realizado de maneira guiada e não invasiva com a ultrassonografia
h e 14,6 ± 4,1 h respectivamente (p > 0,05). O estômago foi identi- pulmonar, diminuindo a hiperdistensão como consequência de altas
ficado em 97% (242) dos pacientes. Dos pacientes eletivos, 19 (8,5%) pressões de platoventilatórias.
apresentaram conteúdo líquido com volG > 1,5 mL.kg-1 e 2 (2,2%) Referências:
conteúdo sólido. Em 6 (28,5%) desses pacientes a conduta anestésica 1. Lichtenstein DA. Lung ultrasound in the critically ill. Ann Intensi-
foi alterada para indução de sequência rápida (ISR), em 14 (66,6%) ve Care. 2014;4:1.
foram realizados bloqueios regionais e um (4,7%) paciente teve a 2. Dexheimer Neto FL, Dalcin Pde T, Teixeira C, Beltrami FG. Lung
cirurgia suspensa. Dos pacientes de urgência, 3 (11%) apresentaram ultrasound in critically ill patients: a new diagnostic tool. J Bras
volG > 1,5 mL.kg-1 e 1 (4%) apresentou conteúdo sólido, sendo rea- Pneumol. 2012;38:246-56.
lizado ISR. Dos pacientes avaliados, 203 (81,2%) tiveram alimento
sólido na sua última refeição, e houve uma forte associação entre
a ingestão de sólido na última refeição e a presença de conteúdo TLO587 SÃO OS PACIENTES OBESOS DE MAIOR
gástrico (p < 0,01). Comorbidades estavam presentes em 169 (67,6%) RISCO PARA A BRONCOASPIRAÇÃO? AVALIAÇÃO PELA
pacientes e não existiu associação entre essas e o aumento do volu- ULTRASSONOGRAFIA GÁSTRICA
me gástrico (p = 0,66). Não foi observada tendência linear entre a
presença de volume aumentado e a idade ou tempo de jejum. Raquel Maisa Gonçalves, Victor Resende de Melo Freitas*,
Conclusão: Este estudo ultrassonográfico sugere que tanto os pa- Flora Margarida Barra Bisinotto, Tiago Caneu Rossi,
cientes eletivos quantos os de urgência podem apresentar aumento Jussara Gonçalves, Ana Cristina Abdu Peixoto
do conteúdo gástrico apesar do tempo recomendado de jejum e, as- Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
sim, informa o anestesiologista sobre o risco de aspiração e orienta (UFTM), Uberaba, MG, Brasil
na tomada de conduta.
Referência: Introdução: A obesidade tem sido considerada fator predisponente
1. Perlas A, Davis L, Khan M, et al. Gastric sonography in the fasted para a aspiração do conteúdo gástrico durante a anestesia. Estudos
surgical patient: A prospective descriptive study. Anesth Analg. anteriores mostraram que obesos em jejum apresentavam volume
2011;113:93-76. gástrico maior que não obesos. Fatores associados, como a presença
de refluxo gastroesofágico e a dificuldade de intubação traqueal,
contribuem para esta maior incidência. A ultrassonografia gástrica
TLO961 O USO DA ULTRASSONOGRAFIA DE PULMÃO PARA (USG) tem sido utilizada para a avaliação do volume gástrico atra-
A ESCOLHA DA PEEP COM O MENOR COLAPSO ALVEOLAR vés do cálculo da área do antro gástrico (AAG), particularmente em
EM OBESO MÓRBIDO SUBMETIDO À TIREOIDECTOMIA pacientes não obesos. O objetivo desse estudo foi utilizar a USG
Bruno Francisco de Freitas Tonelotto, Enis Donizetti Silva, para avaliação do conteúdo gástrico de pacientes obesos grau 3 e
mórbidos, com a finalidade de utilizar este método para identificar
Claudia Marquez Simões, Maia Nogueira Crown Guimarães*,
se estes pacientes são de maior risco para aspiração em relação aos
Leonardo de Freitas Nascimento
não obesos.
Serviços Médicos de Anestesia Ltda., São Paulo, SP, Brasil Materiais e método: Estudo prospectivo realizado em hospital pú-
Hospital Sírio Libanês, São Paulo, SP, Brasil blico terciário envolvendo 41 pacientes femininas, obesas, com ín-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S249

dice de massa corporal (IMC) ≥ 35 kg.m-2 e com indicação de cirurgia vas PCRs revertidas. Assim que constatado pulso, o anestesiologista
bariátrica. Após o consentimento e jejum mínimo de 8 horas, foi realizou US à beira de leito, evidenciando sobrecarga de ventrículo
realizada USG com o cálculo da AAG e o volume gástrico estimado direito (VD). O diagnóstico foi modificado para TEP maciço, confir-
(Vol USG). Em seguida, foi feita a endoscopia digestiva alta, que é mado por meio de angiotomografia de tórax. Foi iniciada infusão de
parte do pré-operatório da cirurgia bariátrica, e o conteúdo gástrico trombolítico e remoção do paciente para UTI. Durante o interna-
foi aspirado e medido (Vol Asp). Foram analisados variáveis demo- mento, evoluiu com quadro clínico grave e diversas complicações:
gráficas das pacientes, AAG, Vol USG, Vol USG pelo peso da paciente sepse pulmonar, choque hemorrágico após acidente de punção e
(Vol USG/P) e Vol Asp. Foram classificadas como risco de aspiração insuficiência renal aguda KDIGO 3. Recebeu alta após 50 dias de
as pacientes com Vol USG/P maior do que 1,5 mL.kg-1. Os resulta- internamento, sem sequelas.
dos (expressos em média e desvio padrão; M ± DP) foram compa- Discussão: O US tem ganhado espaço na prática do anestesiologista,
rados com um grupo-controle histórico de 35 pacientes femininas e a avaliação fornecida pelo ecocardiograma auxilia no manejo he-
não obesas, cuja USG foi realizada também em jejum. Para análise modinâmico, bem como nas emergências. Pacientes cirúrgicos têm
estatística, foram utilizados os testes t de Student, não pareado, e risco aumentado para TEP, com difícil diagnóstico no perioperató-
qui-quadrado, com nível de significância de 5%. rio. Trombo no coração direito ou artéria pulmonar (AP), dilata-
Resultados: Os resultados comparativos podem ser vistos na tabela ção do VD, achatamento ou abaulamento do septo interventricular
1. O máximo de volume aspirado durante a endoscopia foi de 60 mL, em direção ao ventrículo esquerdo (VE), disfunção sistólica do VD,
com um volume médio de 31 mL. sinal de McConnell e dilatação da veia cava inferior são achados
Discussão: O estudo demonstrou que, na avaliação ultrassonográfi- sugestivos de TEP. Tais alterações são melhor visualizadas na janela
ca, as pacientes obesas apresentam dimensões e volumes gástricos paraesternal eixo curto. A presença de trombo no VD ou AP (único
maiores do que as não obesas. No entanto, o risco de aspiração sinal direto) é verificável em 4–18% dos casos, porém sinais indiretos
definido pelo volume gástrico dividido pelo peso, maior 1,5 mL.kg-1, como o de McConnell têm sensibilidade de 77% e especificidade de
não difere entre os grupos. Esse dado é confirmado pelo volume 94%. Além do sucesso diagnóstico, o emprego no US possibilitou a
aspirado na endoscopia digestiva. As pacientes obesas, em jejum, adequação do tratamento e influenciou o prognóstico do paciente,
podem ser consideradas de baixo risco para aspiração quando se consistindo em uma nova alternativa para o emprego do US na prá-
leva em conta apenas seu conteúdo gástrico. tica do anestesiologista, auxiliando no atendimento de pacientes
graves, ainda que fora do ambiente cirúrgico.
Tabela 1 – Dados das pacientes e da ultrassonografia gástrica. Referências:
1. Patel AN, Nickels LC, Flach FE, De Portu G, Ganti L. The use of
Obesos (n = 41) Não obesas (n = 35) bedside ultrasound in the evaluation of pacients presenting with
signs and symptoms of pulmonary embolism. Case Rep Emerg
Idade (anos) 41 ± 11 30 ± 7
Med. 2013;2013:312632.
IMC (kg.m-2) 45 ± 5,5 23 ± 3,5* 2. Matthew CD, Donald EM. Perioperative pulmonary embolism: diag-
AAG (cm2) 10,9 ± 3,2 4,04 ± 2,9 * nosis and anesthetic management. J Clin Anesth. 2011;23:153-65.

Vol USG (mL) 133,3 ± 51,3 47,6 ± 42,7*


Vol USG/P (mL.kg-1) 1,17 ± 0,5 0,7 ± 0,6 * TLO938 ULTRASSONOGRAFIA PULMONAR
Vol USG/P > 1,5 mL.kg-1 4 (9,75%) 4 (11,4%) PERIOPERATÓRIA
*Diferença estatística entre os grupos. p < 0,002. César Antonio Tavares da Rocha*, Isabela Dantas Bezerra,
Leusi Magda Romano Andraus, Pedro Ferro Lima Menezes,
Talison Silas Pereira, Ícaro de Moura Sousa
TLO949 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR MACIÇO Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual
EM PÓS-OPERATÓRIO DE ELETROCONVULSOTERAPIA (IAMSPE-SP), São Paulo, SP, Brasil
DIAGNOSTICADO PELO ANESTESIOLOGISTA COM
ULTRASSONOGRAFIA BEIRA DE LEITO Paciente I.V.C.C., 19 anos, 86 kg, 1,85 m, sexo masculino, portador
de tumor desmoide no membro inferior esquerdo em região lateral
Rodrigo Souza da Silva*, Daniela de Andrade, Juliana Mendonça Torres, da coxa e quadril. Negava tabagismo, etilismo, alergias ou uso de
Karine Aparecida Pecharki, Mariana Fagundes Gonçalves, medicações contínuas. Deu entrada neste serviço para exérese do
Gabriel Sprenger Dalla Stella tumor e fechamento pela cirurgia plástica. Realizada monitorização
básica. Venóclise prévia 20G, medicação pré-anestésica com 50 mcg
Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), Curitiba, PR, Brasil
de fentanil e 3 mg de midazolam. Realizada anestesia peridural em
Introdução: O manejo correto de pacientes que apresentam choque L3-L4 com passagem de cateter, feitos 10 mL de ropivacaína 0,375
ou parada cardiorrespiratória (PCR) depende da rápida identificação mg, 2 mg de morfina e 10 mcg de sulfentanila. Realizada pré-oxi-
de sua etiologia. O emprego do ultrassom (US) à beira de leito figura genação e ventilação sob máscara com auxílio de cânula de Guedel
importante ferramenta frente à dificuldade diagnóstica do evento. (pressão 30 mmHg), indução com lidocaína 1 mg/kg, sulfentanila
Este relato de caso descreve uma PCR causada por tromboembo- 0,4 mcg/kg, propofol 2,5 mg/kg e atracúrio 0,5mg/kg. Após intuba-
lismo pulmonar (TEP) maciço diagnosticado pelo anestesiologista. ção orotraqueal, houve diminuição da expansão torácica à direita,
Relato de caso: Paciente masculino, 51 anos, 83 kg, 1,76 m, apre- com MV diminuídos. Mantido em ventilação mecânica com FiO2 80%
sentando depressão grave em tratamento com eletroconvulsotera- para manter satO2 > 94%. Manobras de recrutamento sem sucesso.
pia, sem intercorrências nas primeiras seis sessões. Avaliação pré- Observados valores de pressão de pico e platô aumentados (45 e 32
anestésica com ecocardiograma, ECG e exames laboratoriais sem mmHg, respectivamente). Feito salbutamol 600 mcg. Puncionada
alterações. Após a sétima sessão, deu entrada no pronto-atendi- a radial direita. Realizado USG para suporte diagnóstico, checado
mento com queixa de dor torácica, dispneia e sudorese, evoluindo setor de cuff, observada ausência de deslizamento pleural com a
para PCR em assistolia. A equipe de anestesiologia foi acionada e respiração, ausência de linhas B pulmonares, então diagnosticado
o paciente encaminhado à hemodinâmica para a realização de ca- um pneumotórax. Coletada gasometria arterial com relação PaO2/
teterismo de emergência por possível infarto agudo do miocárdio. FiO2 de 130. Realizada drenagem torácica, resultando em imediata
Após retorno da circulação espontânea (RCE), apresentou cinco no- diminuição dos valores pressóricos ventilatórios e expansão pulmo-
S250 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

nar. Feita passagem de CVC na veia jugular direita guiada por USG. principais achados ultrassonográficos na caracterização de diferentes
Gasometria controle com relação PaO2/FiO2 de 320. Tempo cirúrgico doenças e condições clínico-emergenciais é justificado não só para
9 horas, sem intercorrências. Paciente extubado, encaminhado à radiologistas, como se trata de uma importante ferramenta para o
UTI, sem queixas, recebendo alta em 3 dias da UTI e 5 hospitalar. anestesiologista, inclusive com aplicabilidade intraoperatória.
A ultrassonografia (US) é considerada um método com boa acurá- Referências:
cia, útil para detectar pneumotórax e muitas vezes até superior à 1. Huggins JT, Mayo P. Indications for bedside ultrasonography in
radiografia em casos mínimos e localizados. Os achados ultrasso- the critically-ill adult patient. UpToDate. Disponível em: ht-
nográficos do pneumotórax são: ausência de deslizamento pleural, tps://www.uptodate.com/contents/indications-for-bedside-ul-
artefatos horizontais exagerados, ausência de linhas B e os pontos trasonography-in-the-critically-ill-adult-patient
pleurais (ponto de deslizamento pleural intermitente. A combinação 2. Francisco Neto MJ, Rahal Junior A, Vieira FAC, Silva PSD, Fu-
dos dois primeiros achados tem especificidade de 96,5%, sensibilida- nari MBG. Avanços na ultrassonografia pulmonar. Einstein.
de de 100% e valor preditivo negativo 100%. Também são observadas 2016;14:443-8.
alterações no modo M abaixo da linha pleural, onde é observado um
padrão linear e não granular. No presente relato de caso, foi usada a
US para diagnóstico do pneumotórax, mostrando a sua importância
no intraoperatório.
Referências: LIV) Cirurgia Torácica e Ventilação
1. Wongwaisaywan S, Suwannanon R, Sawatmongkorngul S, Kaewlai Mecânica
R. Emergency Thoracic US: the Essentials. Radiographics.
2016:36:640-59.
2. Bouhemad B, Zhang M, Lu Q, Rouby JJ. Clinical review: bedside TLO1011 ANESTESIA PARA RESSECÇÃO DE TUMOR EM
lung ultrasound in critical care practice. Crit Care. 2007;11:205.
CARINA
3. Lichtenstein D. Should lung ultrasonography be more widely used
in the assessment of acute respiratory disease? Expert Rev Respir Klaus Zanuncio Protil*, Cloves Alves Moutinho Júnior,
Med. 2010;4:533-8. Matheus Rocha Fagundes, Henrique Bicalho Rosa,
Walkiria Wingester Vilas Boas, Cesar Henrique Pereira da Silva Fornero
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais
TLP401 ULTRASSONOGRAFIA TORÁCICA: FERRAMENTA (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
DIAGNÓSTICA NO PACIENTE CRÍTICO – RELATO DE CASO
Introdução: O câncer de traqueia corresponde a 0,2% das neoplasias
Isabela Dantas Bezerra*, José Maria Corrêa da Silva, malignas do trato respiratório e a apenas 0,02-0,04% dos tumores
Talison Silas Pereira, Layla Melize Santos Menezes, malignos. Ressecção traqueal e reconstrução primária com anasto-
Gabriela Pereira Molina, Flávio Willamis Ferreira Melo Junior mose dos cotos é o tratamento definitivo.
Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual Relato de caso: Paciente 65 anos, HAS, DM, IMC 30,2 kg/m2, ex-
(IAMSPE-SP), São Paulo, SP, Brasil tabagista, 40 anos-maço, com história de tosse com escarros he-
moptoicos, dispneia aos esforços e emagrecimento. Admitida com
Introdução: A ultrassonografia torácica (USGT) avançou consisten- quadro de insuficiência respiratória aguda, sendo necessária IOT,
temente nas últimas décadas, transcendendo seu uso para avaliação com tubo simples 7.0 e VM. Exame complementar acusou massa
de alterações na parede torácica, nos arcos costais, nos espaços tumoral em região supracarinal obstruindo mais que 85% do lúmen
pleurais e no parênquima pulmonar, atingindo sensibilidade entre 81 traqueal, medindo 23 mm × 18 mm × 16 mm e 1,5 cm proximal à
e 97% e especificidade entre 95 e 100% nesses casos. carina. Foi encaminhada ao bloco cirúrgico para ressecção da mas-
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 74 anos, sem comorbi- sa e reconstrução da carina. Estável hemodinamicamente, AVC em
dades, deu entrada no pronto-socorro devido à fratura do cotovelo VJID, PIA em ARE, intubada, saturando 92% em O2 a 100% 6 L/min
esquerdo. Encaminhado ao centro cirúrgico, à admissão em sala, em ventilação manual. Otimizado o relaxamento muscular, paciente
apresentou-se com sepse grave, cianótico, desidratado, dispneico foi mantida em VM com sevoflurano 01 CAM. Posicionamento em de-
em uso de oxigênio suplementar e Escala de Coma de Glasgow 11. cúbito lateral esquerdo. Toracotomia posterolateral direita. Secção
Após monitorização, observou-se à oximetria de pulso saturação de de brônquio fonte esquerdo justacarinal com saída de secreção pu-
73%, pressão arterial de 120 × 75 mmHg e frequência cardíaca de 98 rulenta, ventilação monopulmonar esquerda, secção de traqueia e
bpm. Prosseguiu-se à intubação orotraqueal (IOT) por rebaixamen- de brônquio principal direito e passada a ventilação monopulmonar
to de nível de consciência e à ventilação mecânica invasiva. Cinco para pulmão direito. Retirada lesão carinal e realizada linfadenec-
minutos após IOT, evoluiu com queda progressiva na capnografia tomia mediastinal, com anastomose terminoterminal de traqueia
e parada cardiorrespiratória. Iniciadas manobras de ressuscitação com brônquio principal esquerdo. Anastomose terminolateral de
cardiopulmonar e observado retorno da circulação espontânea após traqueia com brônquio principal direito complicada por hipoxemia
um ciclo. Realizada USGT pela equipe de anestesiologia, eviden- e insuficiência ventilatória (pH 7,16 PCO2 95,6 PO2 86) secundária
ciando sinais de injúria pulmonar, tais quais apagamento de linhas A à ventilação em pulmão esquerdo atelectasiado e com pneumonia,
e presença de linhas B (cauda de cometa), corroborando a ausculta sendo necessárias várias interrupções da cirurgia para ventilação bi-
pulmonar sugestiva de congestão. Laboratorialmente, apresentava pulmonar e ajustes ventilatórios (parâmetros ventilatórios VCV 280
leucocitose importante com desvio à esquerda. O procedimento ci- mL, FR 30, PEEP 8, I:E 1:2,5). Apesar da intercorrência, houve fina-
rúrgico foi suspenso e o paciente, encaminhado à Unidade de Te- lização bem-sucedida, com teste de anastomoses sem vazamento.
rapia Intensiva para otimização hemodinâmica e administração de Ao final, paciente foi transferida intubada ao CTI, sendo extubada
antibioticoterapia. Em um dia, evoluiu para extubação e melhora no quarto dia de POI.
progressiva do quadro respiratório. Discussão: O método de indução comum nesses casos é manter o
Discussão: O progresso da USGT tem possibilitado o diagnóstico de paciente em ventilação espontânea num plano profundo enquan-
inúmeras condições patológicas não só devido à melhora no proces- to se posiciona o tubo orotraqueal distal ao tumor com auxílio de
samento de imagens, mas também por ser um método com excelen- fibrobroncoscopia ou broncoscopia rígida. Nesta paciente, foi man-
te portabilidade, permitindo avaliações precisas e tomada de condu- tido tubo simples com balão proximal à lesão para ventilação pelo
ta imediata à beira do leito do paciente crítico. O conhecimento dos fato do tumor obstruir completamente o brônquio fonte esquerdo.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S251

Estratégias para o manejo da ventilação incluem VPJAF, oxigenação meio das importantes melhorias na segurança dos pacientes geriá-
apneica e CPAP do pulmão não dependente, enquanto se realiza tricos submetidos à anestesia.
uma ventilação convencional ajustada do pulmão dependente. A
circulação extracorpórea é reservada para casos especiais devido às
complicações relacionadas ao método. TLO586 FIBRILAÇÃO ATRIAL INTRAOPERATÓRIO EM
Referências: IDOSOS
1. Saroa R, Gombar S, Palta S, et al. Low tracheal tumor and
Matheus de Bastos C. Soares Hungria*,
airway management: An anesthetic challenge. Saudi J Anaesth.
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2. Eisenkraft JB, Cohen E, Neustein SM. Anesthesia for thoracic Sur- Joaquim Lucas de Castro, Bruno de Castro Fernandes Epitacio,
gery. In: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK et al. Clinical Anes- Pedro Paulo Guimarães Hartmann
thesia. 8 ed. Philadelphia, Wolters kluwer, 2017;1030-75. Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil
Introdução: A fibrilação atrial (FA) é uma arritmia de alta preva-
lência subdiagnosticada em muitos casos. Associada ao envelhe-
cimento e a diversas comorbidades com elevado risco de compli-
cações intraoperatórias. Este relato discute a abordagem da FA
LV) Sistema Cardiovascular aguda com repercussão hemodinâmica em paciente idoso durante
intraoperatório.
Relato de caso: Paciente masculino, 87 anos, peso 64 kg, diag-
TLP236 AVALIAÇÕES AO LONGO DO TEMPO DE PARADA
nosticado com abscesso na bolsa escrotal. Antecedente de HAS e
CARDÍACA PERIOPERATÓRIA E PARADA CARDÍACA POR hiperplasia prostática benigna. Admitido em sala operatória para
FATOR ANESTÉSICO EM PACIENTES GERIÁTRICOS exploração de bolsa testicular. Submetido a raquianestesia com
Arthur Caus de Morais*, Manuela Campelo Carvalhal, bupivacaína hiperbárica 15 mg e morfina 100 mcg. Durante o in-
Karen Santos Braghiroli, Bruna Rocha, Mariana Gobbo Braz, traoperatório, notou-se alteração do ritmo cardíaco, antes sinusal,
Leandro Gobbo Braz para irregular com ausência de onda p, sendo diagnosticado com
FA com frequência ventricular elevada (135 bpm). Paciente evoluiu
CET/SBA do Departamento de Anestesiologia, Faculdade de com instabilidade hemodinâmica e queda dos níveis pressóricos de
Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de 90 × 60 mmHg para 70 × 30 mmHg, não responsivo a vasopressores.
Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil Foi então submetido à sedação com etomidato 10 mg e cardioversão
Justificativa e objetivos: Os procedimentos anestésico-cirúrgicos elétrica 120J, apresentando retorno ao ritmo sinusal. Administrada
em pacientes geriátricos estão aumentando no decorrer dos anos amiodarona EV.
por meio do aumento da sobrevida global e das inovações tecnológi- Discussão: A FA está associada a diversas condições, como doença
cas e também da maior difusão de conhecimentos médicos sobre os do nó sinusal, doenças valvares, pneumonia, HAS, DM, obesidade,
idosos, pacientes que possuem características tão peculiares. Dessa apneia obstrutiva do sono, abuso de álcool e hipertireoidismo. Ela
forma, esta pesquisa em pacientes geriátricos poderá servir como é mais prevalente nos pacientes idosos que, por apresentarem
alerta à comunidade científica e aos gestores de saúde pública sobre complacência diminuída dos ventrículos, são dependentes
a necessidade de discutir os aspectos de segurança nos procedimen- do enchimento atrial para manutenção do débito cardíaco.
tos anestésico-cirúrgicos devido ao fato desses pacientes parecem A fibrilação atrial aguda com frequência ventricular elevada
estar associados à maior incidência de parada cardíaca (PC) no pe- pode causar instabilidade hemodinâmica, isquemia cardíaca,
ríodo perioperatório. O objetivo foi avaliar se existe uma associa- insuficiência ventricular e edema agudo de pulmão, aumentando
ção entre a incidência de PC em pacientes geriátricos no período a morbidade e mortalidade intraoperatória. De acordo com a
perioperatório e também por fator anestésico em relação ao tempo. literatura, hipovolemia, sépsis e distúrbios hidroeletrolíticos,
Método: Realizou-se uma revisão sistemática de estudos observa- comuns em pacientes cirúrgicos de emergência, podem ser fatores
cionais e estudos de coorte da literatura mundial por meio das se- precipitantes de FA e devem ser corrigidos no intraoperatório.
guintes bases de dados: US National Library of Medicine (MEDLINE), Neste caso, o bloqueio autonômico e consequente diminuição
Excerpta Medica Database (EMBASE), Scientific Electronics Library do retorno venoso, promovidos pela anestesia do neuroeixo,
OnLine (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciên- associados ao uso de fármacos hipotensores e sépsis, podem ter
cias da Saúde (LILACS). A última busca foi realizada no dia 02 de precipitado a FA. Neste caso, devido à instabilidade hemodinâmica,
abril de 2017. Não houve restrição ao idioma ou ao ano de publica- houve necessidade de um rápido controle da frequência cardíaca,
ção dos estudos. Realizou-se a análise de metarregressão para veri- e a cardioversão elétrica foi a prioridade. A cardioversão elétrica
ficar se as incidências de PC perioperatória e de PC por fator anes- foi realizada com aplicação de choque sincronizado ao complexo
tésico em pacientes geriátricos apresentaram alteração ao longo do QRS. A administração de choque com alta energia (> 150 J) é mais
tempo. A análise de metarregressão foi realizada considerando um efetivo para reversão, diminuindo o consumo de sedativos. Após a
intervalo de confiança (IC) de 95%. Considerou-se estatisticamente cardioversão, foi administrada amiodarona com o objetivo de evi-
significativo o valor de p < 5% (software Stata-13). tar recorrências, tal qual preconiza a literatura. Pacientes idosos
Resultado: Foram obtidos 20.074 artigos. Após a leitura de títulos e são vulneráveis a esta complicação, especialmente em cirurgias
resumos, foram selecionados 290 artigos potenciais, obtidos na ínte- de urgência, e o anestesiologista deve estar preparado para reali-
gra. Destes, 16 estavam de acordo com os critérios de inclusão, com zar pronto diagnóstico e tratamento objetivando diminuir morbi-
um total de 1.758.153 pacientes geriátricos submetidos à anestesia. dade e mortalidade.
A análise de metarregressão mostrou que não houve associação da Referência:
incidência de PC perioperatória com o tempo (p = 0,76). Houve im- 1. January CT, Wann LS, Alpert JS, et al.; ACC/AHA Task Force
portante redução da incidência de PC por fator anestésico em rela- Members. 2014 AHA/ACC/HRS guideline for the management of
ção ao tempo (slope: -0,1049; IC 95%: -0,1762 a -0,0336; p = 0,015). patients with atrial fibrillation: executive summary: a report of
Conclusões: As incidências de PC perioperatória não apresentaram the American College of Cardiology/American Heart Association
aumento significativo no decorrer do tempo. Entretanto, as incidên- Task Force on practice guidelines and the Heart Rhythm Society.
cias de PC por fator anestésico diminuíram em relação ao tempo por Circulation. 2014;130:2071-104.
S252 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLO866 PACIENTE COM ESTENOSE AÓRTICA GRAVE Introdução: É sabido que durante angioplastia coronariana há au-
SUBMETIDO À CISTECTOMIA RADICAL mento do risco de PCR e arritmias. Quando o balão é insuflado, o
fluxo para a região do miocárdio irrigada pela artéria é cessado e,
Cecilia Monteiro Silva*, Marina de Andrade Lima Arcoverde Areias,
a depender do comprometimento da mesma, ocorre maior risco de
Cláudia Arruda Buarque de Gusmão, Rossana Sant’Anna de Melo Lins, PCR. Durante a angioplastia, há elevação de troponina I, um impor-
Sérgio Veloso da Silveira Menezes, Ana Maria Menezes Caetano tante marcador de injúria miocárdica — alguns dados apontam para
Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco 62,5% na taxa de elevação desta enzima. Estudos apontam que a
(UFPE), Recife, PE, Brasil elevação do referido marcador evidencia a morbidade associada a
esse procedimento.
Introdução: A estenose aórtica (EA) é uma doença desafiante, com Relato de caso: Paciente masculino, 63 anos, hipertenso, dislipidê-
índice elevado de complicações perioperatórias. O controle da fre- mico, admitido em unidade de pronto-atendimento com quadro de
quência cardíaca, resistência vascular periférica e pré-carga deve dor precordial 10 em 10 na escala visual analógica (EAV) e conges-
ser rigoroso. Sua correção, antes de procedimento anestésico-cirúr- tão pulmonar. Inicialmente foram administrados oxigênio, morfina
gico, contribui para menores riscos. 5 mg intravenosa, AAS 100 mg, clopidogrel 300 mg, 10 mg de isor-
Relato de caso: S.O.G., 43 anos, sexo masculino, internado com dil via oral e 100 mg de Clexane® subcutâneo. Eletrocardiograma
dispneia a esforço, hematúria e anemia severa. Diagnosticado com de entrada apresentava infradesnivelamento de segmento ST em
carcinoma urotelial de bexiga de alto grau e invasão da camada parede anterior. Encaminhado à hemodinâmica para realização de
muscular, foi proposta cistectomia radical. No pré-operatório, eco- angioplastia primária com pressão arterial de 85/60 mmHg. Estabe-
cardiograma transtorácico e cateterismo cardíaco evidenciaram EA lecido acesso venoso central, pressão arterial invasiva (PAI) e balão
severa, com VAo bivalvar, calcificada, área de 0,98 cm2 e gradien- aórtico em razão do quadro de choque cardiogênico. Feitos dobu-
te VE/Vo máximo de 100 mmHg (médio de 53 mmHg). Apresenta- tamina 3 mcg/kg/min e Tridil® 10 mL/hora com melhora do quadro
va hipertrofia moderada concêntrica sem disfunção ventricular. clínico. No momento da insuflação do balão na artéria circunflexa,
Após transfusão de concentrado de hemácias, foi realizado teste o paciente parou em fibrilação ventricular (FV). Feita reanimação
de esforço até 12 METs. Apesar da necessidade de intervenção val- cardiopulmonar (RCP) de alta eficácia, 3 mg de adrenalina, 300 mg
var, atrasos na condução da cistectomia poderiam comprometer o de amiodarona e 2 choques de 200 J, durante 12 minutos. Paciente
prognóstico. Após monitorização básica, monitor de profundidade intubado após administração de 120 mg de rocurônio e 20 mg de
anestésica e linha arterial, tentou-se anestesia peridural, porém, etomidato. Com retorno da circulação espontânea (RCE), o paciente
devido a punção inadvertida da dura-máter, foi realizada raquianes- foi encaminhado à UTI. Desenvolveu choque séptico por foco pul-
tesia com bupivacaína pesada 2,5 mg e morfina 100 mcg. Indução monar, recebendo intubação orotraqueal e droga vasoativa (nora-
venosa com fentanil, lidocaína, cetamina, etomidato e rocurônio. drenalina) durante 7 dias. No momento, encontra-se extubado, sem
Não houve repercussões hemodinâmicas à intubação orotraqueal. droga vasoativa, aguardando cardiodesfibrilador implantável (CDI).
Manutenção da anestesia com remifentanil em infusão contínua e Discussão: A angioplastia percutânea não é um procedimento isento
sevoflurano. Cirurgia sem intercorrências. Houve pequena perda de riscos. Como mencionado anteriormente, há o perigo de PCR,
sanguínea e foram infundidos 4 L de cristaloides, guiados pelos va- mais especificamente quando o balão é insuflado. Clinicamente, o
lores de delta PP. Paciente encaminhado extubado à unidade de paciente apresentou sinais de choque cardiogênico, como conges-
terapia intensiva no pós-operatório imediato, de onde recebeu alta tão pulmonar e diminuição de níveis pressóricos. Diante disso, o
após 1 dia, em boas condições. Valvuloplastia aórtica realizada com envolvimento de uma equipe treinada em suporte avançado de vida
sucesso 60 dias depois. em cardiologia e que iniciou prontamente RCP de alta eficácia e
Discussão: Procedimentos eletivos não cardíacos em pacientes sin- administração correta de drogas e choques que ampliaram as chan-
tomáticos ou com disfunção ventricular devem ser adiados. Em pa- ces de bom prognóstico do paciente, com preservação de tecido
cientes com EA assintomática, a mais importante decisão da equipe miocárdico.
médica é quando indicar a troca valvar. Este paciente, portador de Referências:
EA grave (área valvar < 1 cm2 e gradiente VE/Vo > 40 mmHg), tinha 1. Ferreira RM, Silva NAS, Salis HAS, Maia PD, Horta LFB. Troponin
indicação cirúrgica, mas sua excelente capacidade funcional, e con- I elevation after elective percutaneous coronary interventions:
siderando que o retardo na realização da cirurgia oncológica poten- prevalence and risk factors. Indian Heart J. 2017;69:322-4.
cialmente curativa poderia piorar o prognóstico, permitiu postergar 2. Testa L, Van Gal WJ, Biondi Zoccai GGL, et al. Myocardial infarc-
a cirurgia cardíaca, com excelente resultado. tion after percutaneous coronary intervention: a meta-analysis
Referências: of troponin elevation applying the new universal definition. Q J
1. Redfors B, Pibarot P, Gillam LD, et al. Stress testing in asympto- Med. 2009;102:369-78.
matic aortic stenosis. Circulation. 2017;135:1956-76.
2. Fleisher LA, Beckman JA, Brown KA, et al. 2009 ACCF/AHA fo-
cused update on perioperative beta blockade incorporated
TLO217 REVERSÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
into the ACC/AHA 2007 guidelines on perioperative cardiovas-
PULMONAR INDUZIDA PELA MONOCROTALINA EM
cular evaluation and care for noncardiac surgery: a report of
the American College of Cardiology Foundation/American Heart
RATOS PELA LODENAFILA, INIBIDOR DA ENZIMA
Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation. FOSFODIESTERASE-5
2009;120:e169-e276. Roberto Takashi Sudo, Fábio das Índias. S. Carvalho,
Allan Kardec N. Alencar, Tadeu Montagnoli,
Margarete Manhães Trachez, Gisele Zapata-Sudo*
TLO132 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) DURANTE
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
ANGIOPLASTIA CORONÁRIA
Brasil
Lucas Fernandes da Silva*, Fernanda Lourenço Furigo, Fábio Luis
Justificativa: A hipertensão arterial pulmonar (HAP) é uma doença
Ferrari Regatieri, Marcelo Ribeiro de Magalhães Queiroz, Daniel
progressiva caracterizada pelo aumento da resistência das arterío-
Varoni Schneider, Marcelo de Oliveira
las pulmonares consequente ao remodelamento vascular, gerando
CET IPAR Hospital São Camilo, Vila Pompeia, São Paulo, SP, Brasil sobrecarga do ventrículo direito (VD). A progressão da doença cul-
CET IPAR Hospital Geral de Itapevi, São Paulo, SP, Brasil mina com a falência insustentável do VD, causa principal de morte
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S253

dos pacientes. Em função da ampla distribuição da enzima fosfo- TVS. Mesmo com estas opções, a taxa de controle dessas arritmias
diesterase-5 (PDE-5) e da sua relação com aumento da concentração é menor do que o desejado, particularmente por estes pacientes
intracelular de GMP-c no músculo liso dos vasos pulmonares, tem se apresentarem desregulação autonômica por dano ganglionar direto.
preconizado o uso de inibidores desta enzima para o tratamento Diante disso, em pacientes com TVS refratária, a simpatectomia
da hipertensão arterial pulmonar (Galiè et al, 2015), tais como a cardíaca esquerda ou bilateral do gânglio estrelado e dos gânglios
sildenafila e a tadalafila. Não há, entretanto, registros na literatura de T2 a T4 tem sido usada para redução de arritmias ventriculares,
que demonstrem a eficiência da lodenafila, o mais recente inibidor disparos de CDI e tempestade elétrica.
da PDE-5 (iPDE-5) clinicamente disponível. Relato de caso: E.S.S., masculino, 57 anos, diagnóstico de CMP
Objetivos: Estudo pré-clínico do iPDE5, lodenafila em modelo ani- chagásica. ECOTE: FEVE: 24%, assincronia septal, VD dilatado e hi-
mal de HAP induzida pela monocrotalina. pocontrátil. Implante de CDI em 2014 (prevenção secundária). Já
Método: Protocolo experimental foi aprovado pelo Comitê de Ética submetido a duas ablações por cateter devido à tempestade elétri-
e Uso de Animais em Pesquisa (CEUA) do Centro de Ciências da Saú- ca. Evoluiu com terapias de choque semanais pelo CDI e um novo
de da UFRJ (DFBCICB-020). Dose única de monocrotalina (60 mg/ episódio de tempestade elétrica motivou a transferência hospitalar
kg, i.p.) foi administrada em 12 ratos Wistar machos (150-180 g) do paciente para o HC-UFMG. Admitido em 15/5/17 com insuficiên-
e, após 14 dias, a HAP foi confirmada através da ecocardiografia cia cardíaca (IC) descompensada já em uso de lidocaína contínua
transtorácica. Os animais com HAP foram aleatoriamente divididos por TVS refratárias a diversas impregnações venosas de amiodaro-
em 2 grupos experimentais (n = 6), que foram tratados pela v.o. por na. Apesar de doses elevadas de manutenção de amiodarona (800
gavagem com veículo ou lodenafila (170 µmol/kg) durante 14 dias. mg/dia), os disparos do CDI continuaram. Realizados dois bloqueios
Os seguintes parâmetros foram avaliados ao final do tratamento: anestésicos de gânglio estrelado com sucesso parcial. Após o reinício
1) função hemodinâmica sistólica através da medida do tempo de da lidocaína contínua, em 10/6, por TVS, optou-se por realizar sim-
aceleração pulmonar (TAP) pelo ecocardiografia; 2) capacidade de patectomia cardíaca bilateral (T2-T4). Admitido em bloco cirúrgico
esforço através de teste em esteira motorizada; 3) pressão sistólica para realização do procedimento no dia 13/6, consciente, respiran-
do ventrículo direito (PSVD) por meio de cateterização; 4) função do em ar ambiente, normotenso, recebendo dobutamina a 5 mcg/
endotelial da artéria pulmonar através da medida in vitro da reati- kg/min e lidocaína a 0,5 mg/min. História de 8 choques naquela
vidade vascular em resposta a acetilcolina; 5) morfometria da arte- manhã. Puncionada PIA, monitorizados ECG, SatO2, TOF e instaladas
ríolas pulmonares. pás de marca-passo externo. Indução anestésica com sulfentanila
Resultado: 1) O tempo de aceleração pulmonar (TAP) reduziu de 2 mcg/kg, etomidato 0,3 mg/kg e atracúrio 0,5 mg/kg. Apresen-
44,2 ± 0,9 ms (controle) para 24,8 ± 1,4 ms pela MCT (p < 0,05) e o tou instabilidade após indução. Aumentada dose de dobutamina e
tratamento com lodenafila (170 µmol/kg) aumentou para 42,3 ± 1,2 iniciada noradrenalina. Reprogramado marca-passo para modo V00
ms (p < 0,05); 2) O tempo de exaustão ao exercício reduzido pela e desligada a função desfibriladora. Procedimento cirúrgico sem
MCT de 1188 ± 43,4 para 188,8 ± 26,1 s (p < 0,05) foi aumentado intercorrências, não apresentando arritmias no perioperatório. No
para 853,2 ± 64,5 s pela lodenafila (p < 0,05); 3) A MCT aumentou a pós-operatório, apresentou apenas uma recorrência de TVS, tolerou
PSVD de 23,8 ± 0,9 mmHg para 82,5 ± 4,1 mmHg, o que foi reduzido otimização do tratamento clínico, recebeu alta para enfermaria em
(p < 0,05) para 31 ± 1 mmHg pela lodenafila; 4) Medida da contração 30/06, ativo na fila de transplante cardíaco.
in vitro da artéria pulmonar revelou recuperação da reatividade Discussão: A CMP chagásica é uma doença altamente arritmogêni-
vascular a ACh pela lodenafila; 5) Dados histomorfométricos mostra- ca, gerando TVS que podem ser refratárias às terapias de primeira
ram redução da espessura da parede das arteríolas pulmonares cujo linha. Neste cenário, a simpatectomia cardíaca pode ser uma opção
aumento foi induzido pela MCT, pela lodenafila. de tratamento em centros com experiência na realização dessa téc-
Conclusões: Resultados pré-clínicos sugerem potencial aplicabilida- nica cirúrgica.
de da lodenafila para o tratamento da HAP. Referência:
Suporte financeiro: CNPq; CAPES; FAPERJ; INCT/INOFAR. 1. Ajijola OA, Lellouche N, Bourke T, Tung R, Ahn S, Mahajan A, Shi-
Referência: vkumar K. Bilateral cardiac sympathetic denervation for the ma-
1. Galiè N, Humbert M, Vachieryet JL, et al. 2015 ESC/ERS Guide- nagement of electrical storm. J Am Coll Cardiol. 2012;59:91-2.
lines for the diagnosis and treatment of pulmonary hyperten-
sion: The Joint Task Force for the Diagnosis and Treatment of
Pulmonary Hypertension of the European Society of Cardiology
(ESC) and the European Respiratory Society (ERS): Endorsed by:
Association for European Paediatric and Congenital Cardiology LVI) Temas em Geral
(AEPC), International Society for Heart and Lung Transplantation
(ISHLT). Eur Heart J. 2016;37:67-119.
TLO658 REDUÇÃO NO ESTORNO DE CONCENTRADOS DE
HEMÁCIAS DO BLOCO CIRÚRGICO APÓS REAVALIAÇÃO DA
TLP361 SIMPATECTOMIA EM PACIENTE COM TEMPESTADE ROTINA DAS RESERVAS TRANSFUSIONAIS AUTOMÁTICAS
ELÉTRICA E MIOCARDIOPATIA CHAGÁSICA Giuliano Machado Danesi*, Mônica Moraes Ferreira,
Andreia Santos Cardoso*, Cesar Henrique Fornero, Tor Gunnar Hugo Onsten Tosten, Marize do Socorro Vulcão Leão,
Fabiano Soares Carneiro, Estevão Nobre Carrato, Patrícia Wajnberg Gamermann, Luciana Cadore Stefani
Thaliane Filarde de Oliveira, Raphael Romie de Oliveira
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS,
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais Brasil
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
Justificativa e objetivos: A reserva de hemocomponentes no pe-
Introdução: A cardiomiopatia (CMP) chagásica é a manifestação da ríodo perioperatório é etapa essencial para garantir a segurança
doença de Chagas mais grave e ameaçadora da vida, sendo a morte do paciente cirúrgico, além de racionalizar recursos. Entretanto,
súbita um dos mecanismos de óbito mais frequentes, em geral devi- as reservas de concentrados de hemácias (CH) automáticas para
do à taquicardia ventricular sustentada (TVS). O uso de medicações procedimentos cirúrgicos envolvem trabalho especializado e altos
antiarrítmicas, o implante de cardiodesfibrilador implantável (CDI) custos. O alto índice de estorno de bolsas de CH não utilizadas re-
e as ablações são considerados tratamento de primeira linha para presenta uma grande parcela deste custo. O quadro é preocupan-
S254 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

te, pois entre 2010 e 2014 foram fornecidas mensalmente de 779 pelo oxímetro; cardioscopia e capnografia dentro da normalidade.
a 1029 CH ao bloco cirúrgico de um hospital universitário e, neste Exames de admissão: Hb = 11,8; K = 7,8; Na = 139; Ca = 1,01; glice-
mesmo período, foram estornadas 74,5 a 80% destas bolsas. O custo mia = 139; lactato = 9; pH = 7,25; PCO2 = 33; SatO2 = 97,5; BE = -6;
mensal de insumos gastos para estas bolsas não transfundidas foi de BIC = 22. Admitido para realização de revascularização e enxerto
R$11.157,11 a R$13.962,16. O objetivo do estudo foi reduzir o des- da artéria subclávia direita. Inicialmente, foi realizada anestesia
perdício com as reservas automáticas desnecessárias, implementan- com isoflurano 1%, fentanil 100 mcg, atracúrio 50 mg, noradrenalina
do-se um protocolo de reserva de CH de acordo com o histórico de 0,15 mcg/kg/min e monitorização adequada. Iniciadas as medidas
transfusão local da instituição, índices usados internacionalmente e de correção de hipercalemia com bicarbonato, gluconato de cálcio,
de critérios individualizados. solução polarizante pelo acesso venoso central sem melhora da hi-
Métodos: Durante os anos de 2014 e 2015, foi realizado um trabalho percalemia, piora do quadro hemodinâmico, aumento progressivo
coordenado pelo Comitê Transfusional do hospital de revisão e atua- da noradrenalina e piora dos parâmetros ventilatórios. Realizado
lização de critérios para reservas cirúrgicas de hemocomponentes teste de cateter central, não se obtendo fluxo durante aspiração.
envolvendo os serviços de hemoterapia, anestesiologia e cirurgia. Verificou-se também aumento do volume abdominal e, na suspeita
Os critérios utilizados para a definição do protocolo de reserva au- de síndrome compartimental abdominal, a cirurgia evidenciou pre-
tomática de CH foram o índice de pacientes transfundidos (IPT) e sença de líquido livre na cavidade, por meio de USG. Procedeu-se
o índice internacional de MSBOS (maximum surgical blood ordering à laparotomia exploradora com presença de líquido esbranquiçado
schedule) que particulariza as reservas automáticas definidas pelo dentro da cavidade abdominal procedente do cateter duplo lúmen
IPT para cada instituição. A implantação dos novos critérios ocorreu puncionado em outro serviço. Puncionado novo acesso central na
no segundo semestre de 2015 e no início de 2016. veia jugular interna esquerda guiado por USG com sucesso e inicia-
Resultado: Em 2016, houve uma redução importante no número de das novas medidas de correção. A cirurgia vascular realizou a revas-
CH estornados. A taxa de estorno dos CH enviados ao bloco cirúrgico cularização do membro superior direito e o paciente foi encami-
por meio de reserva automática foi de 34 % dos CH. A taxa estava nhado à unidade de terapia intensiva, com melhora dos parâmetros
em mais de 75% no período de 2010 a 2014. O número de hemo- hemodinâmicos e ventilatórios.
componentes estornados foi reduzido a uma média mensal de 224 Discussão: Os anestesistas têm a oportunidade de atuar de forma
unidades de CH, comparado a uma média anterior de 580 a 823 CH. rápida e ativa para evitar desfechos desastrosos, colaborando e in-
Houve uma importante redução do custo com CH preparado e não fluenciando diretamente na morbidade e mortalidade operatória.
transfundido de aproximadamente R$ 6.000,00 por mês. Assim sendo, a vigilância dos dispositivos de infusão, monitoriza-
Conclusões: Através da implementação de um novo protocolo de ção, verificação da situação do paciente e a busca por possíveis
reserva automática de CH foi possível reduzir o índice de estor- equívocos que evidenciem a não resposta às medidas clínicas são de
no de bolsas sem prejudicar a assistência ao paciente. Estes novos extrema importância na prática anestésica.
critérios de reservas automáticas são dinâmicos e devem ser reava- Referência:
liados a cada 6 meses devido ao perfil da instituição, mudanças nas 1. Helsinki declaration on patient safety in anesthesiology. Euro-
equipes cirúrgicas, técnicas de cirurgias e gravidade dos pacientes. pean Board and Section of Anesthesiology. Disponível em eba
Referências: -uems.eu e euroanaesthesia.org.
1. Belayneh T, Messele G, Abdissa Z, Tegene B. Blood requisi-
tion and utilization practice in surgical patients at univer-
sity of gondar hospital, Northwest Ethiopia. J Blood Transfus. TLO261 ANAFILAXIA APÓS ROCURÔNIO EM ANESTESIA
2013;2013:758910. ONCOLÓGICA PEDIÁTRICA
2. Vibhute M, Kamath SK, Shetty A. Blood utilization in elective
Alessandra de Carvalho Ministro*, Alessandra Levy Antoniazzi,
general surgery cases: requirements, ordering and transfusion
Gustavo de Carvalho Pugliesi, Amanda Giraldi Maryama,
practices. J Postgrad Med. 2000;46:13-7.
Pedro Henrique Nogueira Lôbo
Hospital de Câncer de Barretos, Barretos, SP, Brasil
TLO761 A IMPORTÂNCIA DA CHECAGEM DE DISPOSITIVOS
Introdução: A anafilaxia durante a anestesia é um evento raro, com
E CATÉTERES NO INTRAOPERATÓRIO: SEGURANÇA PARA O
alta morbimortalidade que pode ocorrer em até 1:20.000 aneste-
PACIENTE E ANESTESIOLOGISTA sias, sendo que aproximadamente 60-70% destes casos são secun-
Rodrigo Vital de Miranda, Marcelo Antunes, Isabela Borges de Melo, dários ao uso de relaxantes musculares. O rocurônio exerce efeitos
Layana Vieira Nobre, Moises Freitas Neves, Pedro Luiz Ferreira* cardiovasculares mínimos e pouco libera histamina, contudo tem
maior incidência na literatura de reações anafiláticas.
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Relato de caso: Paciente J.C.G., 11 anos, 34 kg, acompanhada
da Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
no serviço desde 11/2015 com diagnóstico de leucemia linfoide
Introdução: A anestesiologia é uma especialidade médica que ne- aguda cromossomo Filadélfia positivo. Realizada quimioterapia
cessita, além das habilidades da especialidade, de conhecimentos com recaída precoce combinada (medula óssea e SNC), reiniciado
diversos com bases sólidas que influenciam diretamente a qualidade tratamento com protocolo do Instituto da Criança (etoposide e
e segurança do paciente. citarabina) e decidido por transplante de medula óssea, em uso
Relato de caso: Paciente masculino, 29 anos, vítima de trauma por também de dasatinibe e Bactrim® contínuos. Sem história prévia
arma de fogo com lesão da artéria subclávia direita. Foi admitido de alergias e procedimentos anestésicos antecedentes sem in-
no serviço vindo de outro hospital, onde realizou ligadura da artéria tercorrências. Foi internada no serviço para preparação para o
subclávia direita, apresentando isquemia do membro há cerca de 8 transplante, tendo realizado última sessão de quimioterapia no
horas. Na origem, recebeu 6 concentrados de hemácias, 6 plasmas, dia 4/11/2016 e quatro sessões de radioterapia de SNC profiláticas
10 crioprecipitados. Chega intubado, com tubo número 8.0, dreno entre os dias 11 e 24/11/2016. Foi encaminhada ao centro cirúrgi-
de tórax funcionante à direita com conteúdo sanguinolento, artéria co para implante de cateter venoso central e retirada de port-a-
femoral direita canulada para monitoração da pressão arterial in- cath no dia 25/11/16, com exames laboratoriais normais, exce-
vasiva, acesso central puncionado na veia femoral esquerda, sendo to por TGO 121, TGP 163, FA 109 e GGT 55. Após monitorização,
infundidas as seguintes medicações em bomba de infusão: propofol, foi realizada indução anestésica e IOT com sulfentanila 7 mcg,
atracúrio e noradrenalina. Parâmetros: PAM = 40; SatO2 não aferida propofol 100 mg e rocurônio 20 mg, em infusão lenta. Pacien-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S255

te apresentou rash eritematoso difuso nos membros superiores, TLP301 BRONCOESPASMO GRAVE APÓS CIRURGIA
tronco e face associado à taquicardia e hipotensão, sem queda OTORRINOLARINGOLÓGICA E A IMPORTÂNCIA DA RPA
de saturação de oxigênio, evoluindo com PCR em AESP. Realizadas
Mariana Salles dos Santos, Thaise de Melo Francisco,
prontamente medidas de reanimação com atropina 0,5 mg, adre-
nalina 1 mg e massagem cardíaca, sendo a parada revertida após 5 Daniel de Souza Gonçalves, Mônica Lima Lopes Ranzeiro,
minutos. Administrados ainda difenidramina 30 mg, hidrocortisona Glauber Gouvêa, Simone Soares Leite*
170 mg, ranitidina 30 mg, gluconato de cálcio 30 mL e adrenalina Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
em BIC. Realizada cateterização de artéria radial direita, acesso Brasil
central em subclávia esquerda e colhido mielograma. Ao término,
paciente foi encaminhada à UTI em VM, sedada, com adrenali- Introdução: A sala de recuperação pós-anestésica é destinada ao
na em BIC. Apresentava pupilas isofotorreagentes, com PAM 81 atendimento intensivo do paciente desde a recuperação da cons-
mmHg, FC 137 bpm, SatO2 100% e EtCO2 33. ciência até a estabilização dos sinais vitais. O objetivo desse relato
Discussão: Mesmo sendo o rocurônio um relaxante muscular com é reafirmar essa importância no pós-operatório imediato.
menor liberação histamínica, ainda existem vários relatos na litera- Relato de caso: JPSF, masculino, 64 anos, ex-tabagista (80 maços/
tura de reações adversas ao seu uso. Fazendo uma revisão bibliográ- ano), hipertenso e asmático, última crise 15 dias antes do proce-
fica, não foi encontrado nenhum caso de interação medicamentosa dimento, revertido com broncodilatador SOS, sem necessidade de
entre os quimioterápicos que foram usados nesse caso e o rocurô- internação. Laboratório e ECG sem alterações, espirometria com
nio, porém não há como excluir algum tipo de interação e nem po- distúrbio ventilatório restritivo leve associado a distúrbio obstrutivo
demos deixar de considerar o status físico do paciente oncológico. moderado com prova broncodilatadora positiva, pólipos nasais bila-
A importância desse relato é atentar a possíveis eventos adversos, terais, anosmia, programada cirurgia endoscópica nasal e septoplas-
como anafilaxia e PCR, assim como interações medicamentosas em tia. Em uso de enalapril, Spiriva®, formoterol e Aerolin®. Sem altera-
pacientes oncológicos pediátricos. ções ao exame físico. Realizada anestesia geral venoinalatória com
Referências: propofol, rocurônio e remifentanil. Intubação orotraqueal na segun-
1. Barbosa FT, Cunha RM. Caso de anafilaxia induzida por rocurô- da tentativa, Cormack 3, com puff duovent pelo tubo associado à
nio tratado com auxílio de sugammadex. Rev Bras Anestesiol. corticoide venoso. Duração do procedimento de 2 horas, sem sinais
2012;62:538-42. de broncoespasmo no perioperatório, extubação sem intercorrên-
2. Valencia MIB. Anafilaxia perioperatória. Rev Bras Anestesiol. cias. Encaminhado acordado, estável, ventilando, eupneico, em ar
2015;65:292-7. ambiente para RPA com tampão nasal. Cerca de 1 hora após pro-
cedimento, evoluiu com taquicardia, agitação, sibilos expiratórios
e, minutos depois, com franca insuficiência respiratória: cianose,
TLO005 ANESTESIA EM PACIENTE PORTADOR DE MV abolidos bilateralmente, taquipneico com 54% SpO2. Realizadas
ADRENOLEUCODISTROFIA medidas de suporte à vida com administração de hidrocortisona IV,
adrenalina SC, sulfato de MG IV, puff salbutamol, fenilefrina IV, se-
Ricardo Gonçalves da Rocha Junior*, Estêvão Luiz Carvalho Braga, dação e intubação orotraqueal. Encaminhado ao CTI geral instável,
Paulo Alipio Germano Filho, Ismar Lima Cavalcanti, necessitando de alto FIO2 para troca alveolar. Evolução desfavorá-
Núbia Verçosa Figueirêdo, Armin Guttman vel, com óbito do paciente após alguns dias em terapia intensiva.
Hospital Federal de Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Discussão: Na maioria das vezes, a recuperação da anestesia ocorre
sem problemas, mas, eventualmente, pode cursar com complica-
Introdução: A adrenoleucodistrofia (ALD) é uma doença genética ções. As condições clínicas pré-operatórias, a extensão e o tipo de
rara ligada ao cromossomo X. Cursa com acúmulo de ácidos graxos cirurgia, em geral, estão relacionados com a frequência de compli-
de cadeia longa, gerando desmielinização do sistema nervoso cen- cações no período pós-operatório imediato. As complicações mais
tral e insuficiência adrenal grave. Várias são as implicações anesté- comuns são relacionadas às vias aéreas/respiratórias, seguidas de
sicas relacionadas a esta patologia, entre elas a não metabolização problemas cardiovasculares. No caso descrito, apesar do desfecho
do propofol e o risco de broncoaspiração por hipotonia da muscu- ruim, foi fundamental o atendimento prestado na RPA, uma vez que
latura faríngea. muitos pacientes são encaminhados para setores não preparados
Relato de caso: Paciente de 53 anos, masculino, branco, portador para situações adversas e inesperadas, como quartos e enfermarias
de ALD, internado por hiperplasia prostática para ressecção transu- aos quais o paciente teria sido destinado.
retral de próstata. Apresentava alteração de marcha por hipertonia Referências:
de membros inferiores e refluxo gastroesofágico. Sem preditores de 1. Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al. Miller’s Anesthesia. 8 ed.
via aérea difícil. Intubado acordado e mantido em plano anestésico 2015;2924-46.
com sevoflurano e remifentanil em bomba infusora. Procedimento 2. Kluger MT, Bullock MF. Recovery room incidents: a review of 419
anestésico cirúrgico sem intercorrências. reports from the anesthetic incident monitoring study. Anesthe-
Discussão: A anestesia para o portador de ALD pode ser desafiante sia. 2002;57:1060-6.
para o anestesiologista. As chances de complicações anestésicas
são inúmeros nesta doença, tais como a não metabolização de
drogas indutoras como o propofol, o risco de broncoaspiração de- TLP325 BRONCOESPASMO SEVERO EM PACIENTE COM
vido à hipotonia de musculatura faríngea e de convulsão com a
ASMA INTERMITENTE SUBMETIDA À ANESTESIA GERAL COM
cetamina. O uso de succinilcolina está proscrito devido ao risco de
EPISÓDIO LEVE DE DISPNEIA NA MANHÃ DA CIRURGIA.
parada cardíaca por hipercalemia. Evitou-se também o bloqueio
de neuroeixo por conta da presença de espasticidade de membros
SUSPENDER OU NÃO A CIRURGIA?
inferiores. Adlla Fernanda Ferreira Machado*, Haward Hideo Uoieno Iosto,
Referências: Kamila Kattan, Renata Mattos Mendonça, Laila Teixeira Musser
1. Tobias JD. Anesthetic considerations for the child with leukodys-
Hospital Federal de Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
trophy. Can J Anaesth. 1992;39:394-7.
2. Yang HJ, Kim JE, Sung TY, Cho CK, Kang PS. Anesthesia in a child Introdução: As emergências respiratórias causam aumento signifi-
with adrenoleukodystrophy. Korean J Anesthesiol. 2014;67(Su- cativo da morbimortalidade em pacientes cirúrgicos. Entre as várias
ppl):S106-7. medidas para evitá-las, uma boa avaliação pré-anestésica (APA) pa-
S256 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

rece ser uma das mais importantes, permitindo o reconhecimento Método: Foram estudados 60 pacientes, de ambos os gêneros, esta-
de fatores de risco, planejamento e tratamento adequados para um do físico ASA I e II, com idades entre 18 e 65 anos e IMC entre 18,5
desfecho positivo. e 29,9, submetidos à anestesia geral e distribuídos aleatoriamente
Relato de caso: Paciente de 36 anos, sexo feminino, 65 kg, com em 2 grupos: GI: propofol 1% e GII: propofol 1% + efedrina 0,1%.
asma intermitente, sem crises no último ano e sem uso de medi- Para avaliação do bloqueio neuromuscular (BNM) foram emprega-
cações regulares. Na manhã da cirurgia, apresentou episódio leve dos dois monitores da transmissão neuromuscular (TOF-GUARD©)
de broncoespasmo, resolvido com fenoterol e ipratrópio inalató- nos músculos adutor do polegar e orbicular do olho. Os parâmetros
rios. Mesmo assim, foi submetida à anestesia geral, com propofol hemodinâmicos: frequência cardíaca (FC) e pressão arterial média
150 mg, fentanil 200mcg e cisatracúrio 10 mg. Apesar de visua- (PAM) foram registrados em: M0: cinco minutos após midazolam;
lizada IOT, não apresentou curva na capnografia e foi realizada M1: após a indução com fentanil, propofol e rocurônio (0,6 mg.kg-1)
nova IOT com visualização clara da passagem do TOT. Manteve-se e M2: imediatamente antes da intubação. A avaliação neuromus-
sem curva de capnografia e com altas pressões de pico à ven- cular ocorreu em: T1: tempo de início ação do BNM; T2: tempo de
tilação. Administrado sevoflurano em altas concentrações. Apa- bloqueio neuromuscular total. Teste de qui-quadrado nas variáveis
recimento da curva com padrão de rampa ascendente, pequeno qualitativas e testes de Mann-Whitney e Wilcoxon pareados para
volume corrente, apesar de altas pressões de pico. Realizados 8 quantitativos. Significância: p < 0,05.
puffs de b2 agonista e hidrocortisona 200 mg IV, havendo melhoria Resultado: Houve redução da FC no grupo I em todos momentos (p
do padrão respiratório e normalização da capnografia durante a < 0,001). No grupo II, a FC apresentou estabilidade de valores (M0
cirurgia. = 84 bpm) quando comparada com M2 (83 bpm). A PAM apresentou
Discussão: O broncoespasmo perioperatório pode estar associado à redução (p = 0,001) nos valores em M1 e M2 em relação a M0 no grupo
anafilaxia por Ig E, ocorrer como uma entidade clínica independente I. No grupo II, os valores de M2 não mostraram diferença em relação
desencadeada por fatores mecânicos e/ou farmacológicos ou envol- ao controle (M0), p = 0,085. Em relação aos parâmetros neuromus-
ver um transtorno inflamatório crônico das vias aéreas. Pacientes culares, não houve diferença significativa entre GI e GII nos dois mo-
com asma intermitente, com longos intervalos sem crise, por vezes mentos em ambos os locais de monitorização avaliados. A avaliação
deixam de relatar essa condição na APA. A literatura recomenda, da resposta ocular foi menor (p < 0,001) nos dois tempos avaliados.
em caso de broncoespasmo, a suspensão de procedimentos com Conclusões: A associação de 0,1% de efedrina ao propofol foi capaz
manipulação de vias aéreas por pelo menos 3 semanas, período de de manter FC e PAM estáveis na indução anestésica, mas não in-
hiper-reatividade pela inflamação residual. Em casos de urgência, fluenciou a farmacocinética do rocurônio.
sugere-se tratamento prévio com corticoides, além dos β2 agonis- Referência:
tas. Neste caso, a paciente com asma e episódio agudo por estres- 1. Gopalakrishna MD, Krishna HM, Shenoy UK. The effect of ephe-
se na manhã da cirurgia foi levada à cirurgia sem preparo. Houve drine on intubating conditions and haemodynamics during rapid
broncoespasmo severo com ausência de murmúrio vesicular após tracheal intubation using propofol and rocuronium. Br J Anaesth.
IOT, ainda que aparentemente houvesse plano anestésico adequado. 2007;99:191-4.
Pode ter contribuído para a gravidade do caso a reintubação a des-
peito da certeza da IOT pela visualização da passagem do tubo nas
duas tentativas. Apesar do “silêncio ventilatório”, foi resolvido com TLO176 HIDROXIETILAMIDO (HES) 130/0.4: SEGURANÇA
sucesso após aumento das concentrações de sevoflurano e salbuta- NO USO RECENTE EM ANESTESIA PERIOPERATÓRIA
mol pelo TOT. Geralmente, nesses casos, sugere-se o uso de drogas
Karolynne Myrelly Oliveira Bezerra de Figueiredo Saboia*,
como β2, adrenalina, corticoides e MgSO4 pois há possibilidade das
Mônica Braga da Cunha Gobbo, Edgar Yugue,
medicações inalatórias terem dificuldade para chegar aos alvéolos,
pela severidade da obstrução. Claudia M.R.P. Cavaliere, Guilherme Portiolli Zocal,
Referências: Guilherme Rocha Melo
1. Fisher MM, Ramakrishnan N, Doig G, Rose M, Baldo B. The inves- Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
tigation of bronchospasm during induction of anesthesia. Acta Campinas, SP, Brasil
Anaesthesiol Scand. 2009;53:1006-11.
2. Woods BD, Sladen RN. Perioperative considerations for the pa- Introdução: O hidroxietilamido (HES) 130/0.4 é um coloide à base
tient with asthma and bronchospasm. Br J Anaesth. 2009;103(Su- de amido que passou por diversas polêmicas desde o início de seu
ppl 1):i57–65. uso na prática médica. Esta substância foi criticada por muitos
anos devido ao aumento de mortalidade em um grupo específico
de pacientes e por uma possível manipulação de dados nos estudos
em anestesia. Todavia, publicações recentes mostraram uma nova
TLP127 EFEITO DA EFEDRINA ASSOCIADO AO PROPOFOL
abordagem no uso dos HES em procedimentos cirúrgicos de forma
NA FARMACOCINÉTICA DO ROCURÔNIO
mais segura, sem aumento de morbimortalidade. Ainda assim, pode
Renato Makoto Sakashita*, José Fernando Amaral Meletti, apresentar efeitos colaterais importantes, tais como injúria renal
Antônio Rodolfo Meira de Araújo Galdame, Gabriela Denardi Sousa, aguda, distúrbios de coagulação (por hemodiluição, alteração da
Leandro Carvalho Longo agregação plaquetária, consumo dos fatores de von Willebrand) e
prurido, principalmente quando utilizados acima da dose recomen-
CET de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ),
dada e por longos períodos.
Jundiaí, SP, Brasil
Objetivos e justificativa: Esta revisão visa a discutir o uso atual
Justificativa e objetivos: Hipotensão arterial e diminuição do dé- do HES 130/0.4 como opção para o manejo volêmico em situações
bito cardíaco durante a indução anestésica estão frequentemente especiais na anestesiologia, como nos casos de hipovolemia.
presentes devido ao uso do propofol, que deprime o sistema cardio- Método: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, utili-
vascular. Agentes indutores que preservam o débito cardíaco, como zando a base de dados PUBMED, usando os termos “Hydroxyethyl
etomidato e cetamina, estão relacionados com bloqueio neuromus- starch”, “colloids”, “fluid therapy”, “goal-direct fluid therapy”,
cular de início mais rápido. Este estudo teve por objetivo avaliar o “hemorrhage”, “acute kidney injure”. Foram incluídos artigos a
efeito da efedrina associada ao propofol na redução da hipotensão partir de 2011. Encontrados 89 artigos, dos quais foram excluídos 52
arterial e sua influência na redução da latência do rocurônio na devido a sua fragilidade metodológica e/ou conflitos de interesse,
indução anestésica. restando 37 para análise entre dois pesquisadores.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S257

Discussão: Ao longo da prática médica, houve grande polêmica envol- semanais de trabalho entre os grupos (65,66 ± 2,22 × 39,29 ± 1,34,
vendo o HES, pois observou-se que, para pacientes de terapia inten- p < 0,0001). A média de vitamina D dos anestesiologistas (23,53 ±
siva (uso prolongado em doentes críticos e com sepse), poderia haver 1,11) e não médicos (27,14 ± 1,31) também foi estatisticamente
aumento de morbimortalidade. Porém, novos estudos mostraram que diferente (p < 0,0386). No grupo dos não médicos, 34,5% apresen-
uso do HES 130/0.4 em anestesia, quando bem indicado, tornou-se taram valores suficientes de vitamina D, enquanto entre os aneste-
mais uma opção terapêutica no manejo volêmico, principalmente siologistas, apenas 16%. Existe correlação (r = -0,2495, p = 0,012)
quando a reposição com cristaloides se mostrar insuficiente para ma- entre o número de horas trabalhadas e a dosagem de vitamina en-
nutenção da terapia guiada por metas, evitando os efeitos colaterais tre todos os participantes (n = 99).
inerentes ao uso destas soluções em grandes quantidades. Neste con- Conclusão: Encontramos maior prevalência e intensidade de hipo-
texto evolutivo, constatou-se uma maior segurança na indicação do vitaminose D no grupo dos anestesiologistas e residentes do serviço
HES 130/0.4 nas seguintes situações: iminência de descompensação quando comparado ao grupo de não médicos. Considerando a im-
hemodinâmica no sangramento intraoperatório, em pacientes sem portância para a saúde da população, são necessários mais estudos
injúria renal prévia, com glicocálix endotelial íntegro (ausência de a respeito da suficiência dessa vitamina em anestesiologistas e na
sepse) e uso da menor dose/tempo possível. possível relação com seu trabalho.
Conclusão: Ainda são necessárias mais pesquisas para o estabele- Referência:
cimento do custo-efetividade no uso do HES 130/0.4 em anestesia. 1. Maeda SS, Borba VZC, Camargo MBR, et al. Recomendações da
Porém, nas situações citadas acima, pode-se indicar seu uso com Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
maior segurança, objetivando respeitar a terapia de reposição vo- para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arq Bras
lêmica guiada por metas e visando a reduzir os índices de compli- Endocrinol Metab. 2014;58:411-33.
cações perioperatórias.
Referência:
1. Zhang Y, Yu Y, Jia J, et al. Administration of HES in elderly pa- TLP735 PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL DO PACIENTE
tients undergoing hip arthroplasty under spinal anesthesia is not IDOSO A SER SUBMETIDO À CIRURGIA DE CORREÇÃO DE
associated with an increase in renal injury. BMC Anesthesiol. CATARATA
2017;17:29.
Mauro Henrique Junior*, Ligia Andrade da Silva Telles Mathias,
Rodrigo Jaqueto Nomura, Marcela Rodrigues Santos do Nascimento
TLO653 HIPOVITAMINOSE D EM UM GRUPO DE RESIDENTES C.E.T. de anestesiologia da Irmandade Santa Casa de Misericórdia
E ANESTESIOLOGISTAS DE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
OCUPACIONAL? – ESTUDO PILOTO Introdução: A despeito de inúmeros estudos terem mostrado que os
Fernanda Rebouças Botelho*, Gabriel Faustino Sousa Soares, exames pré-operatórios em cirurgias de baixo risco, como a cirurgia
Kyle Roberto Coelho Junio, Thiago Fernandes Marques, de correção de catarata,1 não são preditores da evolução intra e
pós-operatória e terem mínimo impacto sobre a conduta anestésica,
Carlos Henrique Viana de Castro, Walkiria Wingester Vilas Boas
estes continuam sendo solicitados amiúde.
Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais Objetivos: Avaliar no paciente idoso submetido à cirurgia de cor-
(UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil reção de catarata: perfil clínico e exames subsidiários solicitados/
alterados.
Justificativa e objetivo: A deficiência de vitamina D é caracterizada
Método: Após ter sido aprovado pelo CEP, foi realizado estudo ob-
pela baixa mineralização óssea, causando raquitismo nas crianças e
servacional em pacientes idosos a serem submetidos à cirurgia de
osteomalacia nos adultos. Além dos efeitos na saúde óssea, estu-
correção de catarata, de maio de 2016 a abril de 2017. Foram in-
dos observacionais têm mostrado associação entre baixas concen-
cluídos pacientes com idade ≥ 65 anos e estado físico ASA < IV. As
trações de vitamina D com diversos desfechos como mortalidade,
variáveis analisadas foram: idade, gênero, IMC; FC; PAS; PAD; SpO2;
complicações cardiovasculares, diabetes, câncer, doenças autoimu-
doenças associadas; medicações em uso; e exames subsidiários. Foi
nes, função cognitiva, entre outras. A Sociedade Brasileira de Endo-
realizada análise estatística descritiva dos dados.
crinologia e Metabologia (SBEM) recomenda que as concentrações
Resultado: Foram avaliados 301 pacientes, 100% ASA II e III. Os va-
desejáveis de 25-hidroxivitamina D (25(OH)D) estejam acima de 30
lores médios da idade, IMC, FC; PAS; PAD; SpO2 foram: idade = 73,9
ng/mL. Nosso objetivo foi avaliar a suficiência de vitamina D em anos; IMC = 25,8 kg.cm-2; FC = 73,8 bat.min-1; PAS = 140,0 mmHg;
residentes e anestesiologista, já que a prática diária da profissão se PAD = 81,1 mmHg e SpO2 = 96,2%. As doenças cardiovasculares fo-
associa à baixa exposição a luz solar, importante para manutenção ram as mais frequentes e muitas vezes concomitantes: HAS = 55,4%;
de níveis adequados de vitamina D. DM = 32,7%; IAM = 21,6%; AVE = 16,7%; IRC = 12,6%. HAS (mmHg):
Materiais e métodos: Comparamos a prevalência de hipovitaminose 4,3% ≥ 180; 7,5%: 170-179; 13,8%: 160-169; 11,8%: 150-159 e 62,6%
D entre anestesiologistas e residentes de anestesiologia do Hospital PAS < 150. Glicemia (mg.dL-1) ≤ 100 = 38,4%; 101-125 = 27,7%; > 125
das Clínicas da UFMG com grupo-controle de não médicos, nos me- = 33,9%; 2,5% dos pacientes sem diagnóstico de DM apresentaram
ses de março a julho de 2017. Foram excluídos aqueles com doenças glicemia > 125 mg.dL-1; 52,6% dos pacientes faziam uso de cinco ou
ósseas, tomando drogas que tenham interação com a vitamina D ou mais medicamentos, sendo os de uso mais frequentes e muitas vezes
que tomam suplementos vitamínicos. A determinação do metabóli- concomitantes: anti-hipertensivos, hipoglicemiantes orais, diuréti-
to 25(OH)D foi utilizada para a avaliação do status de vitamina D. cos e antiagregantes plaquetários/anticoagulantes. Verificaram-se
Cada participante completou um questionário sobre dados pessoais, os seguintes valores médios: Hb = 13,5 g.dL-1; Ht = 41,1%; plaque-
rotina de trabalho e uma pesquisa subjetiva sobre exposição solar. tas = 226.000 mm-3; Na+ = 140 mEq.L-1; K+ = 4,7 mEq.L-1; ureia =
Os resultados apresentados são a média (erro padrão). 48,0 mg.dL-1; creatinina = 2,72 mg.dL-1; clearance de creatinina =
Resultado: Foram avaliados 99 indivíduos: 44 anestesiologistas e 56,7 mL.min-1.1,73 m-2, sendo 10,2% clearance normal; 32,6% IRC grau
residentes de anestesiologia (43% do sexo feminino) e 55 não médi- II; 46,5% IRC grau III; 9,6% IRC grau IV e 1,1% IRC grau V. Observaram-se
cos (63% do sexo feminino). Não houve diferença estatística signi- alterações em 5,3% dos coagulogramas (82% em uso de anticoagulan-
ficativa quanto à idade (30,8 ± 0,60 × 30,95 ± 0,54), peso (71,16 ± te) e em 73,3% dos ECG, sendo mais frequentes bloqueio RD; altera-
2,42 × 73,33 ± 2,39), altura (1,71 ± 0,01 × 1,70 ± 0,01) e IMC (23,92 ções da repolarização ventricular; área inativa; bloqueio DASE e FA.
± 0,56 × 25,10 ± 0,57) entre os anestesiologistas e os não médicos, Conclusões: Neste estudo em pacientes idosos a serem submetidos
respectivamente. Houve diferença significativa no número de horas à correção de catarata, as comorbidades mais frequentes foram as
S258 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

cardiovasculares, incluindo HAS, DM, IAM, AVE e IRC, e mais de 60% TLO647 CONTUSÃO CARDÍACA E PULMONAR EM
apresentavam alterações na glicemia, cl. creatinina e ECG. No en- POLITRAUMA – RELATO DE CASO
tanto, os exames Na+, K+, Hb, Ht, contagem de plaquetas e coagu-
Kamila Christine de Araujo*, João Francisco Volpe Junior,
lograma encontraram-se alterados em menos de 7% dos pacientes,
sendo as alterações correlacionadas com doença clínica. Rúbia Garcia Dusi, Flávia Vieira Guimarães Hartmann
Referência: Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil
1. aao.org/clinical-statement/routine-preoperative-laboratory-
testing-patients. Introdução: O trauma torácico constitui importante causa de mor-
te no politrauma, sendo a contusão pulmonar e cardíaca frequen-
tes nessas condições. O anestesiologista deve ter amplo conheci-
mento sobre a abordagem do paciente politraumatizado para atuar
nesse contexto de extrema gravidade e contribuir para melhora do
desfecho.
LVII) Trauma e Reanimação Relato de caso: Masculino, 37 anos, 90 kg, vítima de acidente mo-
tociclístico, apresentou-se para fixação externa de fraturas em
cotovelo e perna esquerda 10 horas após o trauma. Exame tomo-
TLO274 ABORDAGEM ANESTÉSICA DE GESTANTE VÍTIMA
gráfico com lesão renal (grau II) e pequeno pneumotórax, ambos à
DE PAF TORÁCICO
esquerda, feita toracotomia para drenagem, sem outras anorma-
Claudia Roberta de Miranda, Fernanda Sant Anna Bronca, lidades. Encontrava-se em bom estado geral, lúcido, sem suporte
Bruno Pacheco Ibraim, Flávio Elias Callil, de oxigênio, com escoriações no tórax e abdômen. Indução com
Bárbara Daphne de Souza Valle F. Gomes*, Letícia Maria Vaz dos Santos anestesia geral balanceada. Durante o procedimento, que durou 3
horas, recebeu hidratação de 20 mL/kg/h com 4500 mL de cris-
Hospital Geral de Nova Iguaçu, Nova Iguaçu, RJ, Brasil
taloides e 1000 mL de hidroxietilamido, manteve estabilidade he-
Introdução: Traumas na gestante têm crescido com o aumento da vio- modinâmica com aumento progressivo de lactato. Encaminhado à
lência urbana, podendo ser considerados como a principal causa não sala de recuperação pós-anestésica extubado e contactuante, onde
obstétrica de mortalidade materno-fetal. Estes traumas representam evoluiu com insuficiência respiratória grave e hipotensão arterial.
um desafio tanto para o cirurgião quanto para o obstetra e anestesio- Reintubado após administração de succinilcolina 100 mg e propofol
logista. Esse caso tem por objetivo demonstrar o manejo anestésico 150 mg, iniciadas noradrenalina e ventilação mecânica com FiO2:
da gestante vítima de PAF torácico bilateral e sofrimento fetal agudo. 1,0. Houve piora progressiva do quadro, sem resposta às doses de
Relato de caso: Paciente 24 anos, branca, gestante de 26 semanas, adrenalina, resultando em parada cardíaca refratária às manobras
ASAIV E, IMC 29,41 kg/m2, admitida na emergência em decorrência de ressuscitação. Exame anatomopatológico revelou contusão pul-
de perfuração por arma de fogo no tórax e suspeita de TRM torácico. monar e cardíaca como causa do óbito.
Ao exame físico de chegada encontrava-se em choque hipovolêmico Discussão: O traumatismo torácico fechado constitui importante
classe III, com murmúrio vesicular abolido à direita, com paraplegia causa de morte no politrauma. A contusão cardíaca pode estar pre-
de membros inferiores e deficit sensitivo ao nível de T6. Abdome sente em cerca de 20% dos traumatismos torácicos fechados e os
gravídico. Realizada toracotomia com drenagem fechada à direita achados mais comuns compreendem dor torácica, fratura de cos-
na Emergência. Avaliação fetal constatava sofrimento fetal agudo, tela, lesão de grandes vasos, hemotórax, contusão pulmonar, pneu-
com indicação de cesariana. Paciente chega ao centro cirúrgico com motórax, tórax instável e fratura do esterno. A ausência de lesão
proposta cirúrgica de cesariana e arteriografia de vasos torácicos,
penetrante não exclui a contusão cardíaca, que pode não ser evi-
ventilando em ar ambiente, com expansibilidade torácica bilateral
dente aos exames iniciais. O atendimento ao paciente com trauma
e dreno de tórax à direita, saturando a 93%, PA: 80 × 50; FC: 110
torácico deve incluir a possibilidade de trauma cardíaco, exigindo
bpm, torporosa, com dois acessos periféricos calibrosos. Indução
exames específicos para diagnóstico e conduta para evitar sobre-
em sequência rápida com etomidato e intubação sob laringoscopia
carga cardíaca, uma vez que o óbito pode ser secundário ao choque
direta, acoplada ao sistema circular com sevoflurano a 0,8%. Manu-
cardiogênico refratário. A estabilização hemodinâmica deve ser pre-
tenção com cisatracúrio e sevoflurano a 2% após a retirada do feto.
coce, pois a baixa perfusão pode implicar em isquemia. Contusões
Realizada a cesariana de emergência pela obstetrícia. O recém-nas-
pulmonares podem também passar despercebidas no atendimento
cido do sexo feminino, Apgar 3/5. Foram realizadas manobras de
inicial pela ausência de sinais e sintomas. Entretanto, repercutirão
ressuscitação e encaminhado para cuidados intensivos. A seguir, foi
mais tarde, com piora do quadro. O uso de gasometrias seriadas
realizada arteriografia, que não evidenciou lesões vasculares. Du-
pode alertar quanto a alterações nas trocas gasosas sugestivas de
rante a estabilização hemodinâmica, foi puncionada a veia femoral
direita e realizada ressuscitação volêmica com cristaloides e dois comprometimento pulmonar não diagnosticado inicialmente e que
concentrados de hemácias. Manteve-se estável hemodinamicamen- certamente contribuíram para o desfecho desfavorável.
te durante o procedimento. Encaminhada ao CTI, em ventilação Referências:
mecânica, sendo extubada após 24 horas. Evoluiu com complica- 1. Freixinet J, Beltrán J, Rodríguez PM, et al. Indicators of Severity
ções infecciosas pulmonares e mantém o deficit neurológico inicial. in Chest Trauma. Arch Bronconeumol. 2008;44:257-62.
Discussão: O atendimento da gestante por trauma é um desafio ao 2. Guimarães HP, Falcão LFR, Filho GF, et al. Contusão cardíaca.
médico de uma forma geral por sua pequena ocorrência, já que Relato de caso. RBTI. 2005;17:56-9.
apenas 0,3 a 0,4% das gestantes são hospitalizadas por trauma. Para
o anestesiologista pode ser ainda mais desafiador, não só pelas alte-
rações fisiológicas maternas, como também pelas alterações fetais TLP343 EMBOLIA GORDUROSA COMO CAUSA
que as drogas anestésicas podem causar. EXTRACRANIANA DE MORTE ENCEFÁLICA NO PACIENTE
Referências: VÍTIMA DE TRAUMA
1. Fraga GP, Mantovani M, Mesquita AC, et al. Trauma abdominal em
Gyanna Lis Vieira de Oliveira*, Roseny dos Reis Rodrigues,
grávidas. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005;27:542-7.
Maria José Carvalho Carmona, Matheus Viana Lemo
2. Corsi PR, Rasslan S, Oliveira LB, et al. Trauma na gestante:
análise da mortalidade materna e fetal. Rev Col Bras Cir. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
1999;26:79-83. São Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S259

Introdução: A síndrome de embolia gordurosa é um conjunto de Relato de caso: Paciente sexo feminino, 45 anos, 70 kg, 1,63 m,
sinais e sintomas neurológicos, hematológicos e respiratórios asso- vítima de trauma automobilístico. No pronto-socorro (PS), após
ciado a condições cirúrgicas e trauma, principalmente envolvendo avaliação clínica e de imagem (raio X), foi classificada e liberada
ossos longos. Reconhecimento precoce e estabilização cirúrgica po- como sadia. Após 2 semanas, retornou ao PS com dor e descon-
dem ajudar a diminuir sua incidência. forto respiratório há 2 dias. Realizou tomografia computadorizada
Relato de caso: G.B.O., masculino, 19 anos, vítima de queda de que mostrou hérnia diafragmática traumática à esquerda contendo
aproximadamente 18 metros por tentativa de autoextermínio. Da- estômago, cólon esquerdo, intestino delgado, baço, lobo hepático
dos da cena do trauma: GS = 12, PA = 110/75 mmHg e FC 95 bpm, esquerdo e desvio de mediastino com pneumotórax. Submetida à
além de deformidade em MMII; intubado para transporte aéreo (se- drenagem fechada de tórax e encaminhada ao centro cirúrgico, re-
gurança de voo). Admitido no hospital 30 minutos após acidente. cebeu monitorização com oximetria de pulso, eletrocardiograma,
A avaliação inicial do PA = A: IOT, com colar cervical, em prancha pressão arterial não invasiva (PANI), com sinais vitais de 96% SpO2,
rígida. Sat: 100%; B: MV+ bilateral sem RA; C: FC 113 bpm, PA 90 × PANI 140 × 80 mmHg e frequência cardíaca 68 bpm. A anestesia
60 mmHg (PAM 65). Abdome plano e flácido. Pelve estável. TR: sem foi intravenosa, com 5 µg.kg−1 de citrato de fentanila, propofol 2,5
alterações. FAST negativo. SVD diurese clara. Pulsos distais palpá- mg/kg−1, cloreto de suxametônio 1,5 mg.kg1 e brometo de atracúrio
veis em MMSS e não palpáveis em MMII; D: PIFR, GCS 3T; E: deformi- 0,5 mg.kg−1, seguidos de intubação orotraqueal e mecanicamente
dade e edema em coxa esquerda e em pernas bilateralmente, MID ventilada com O2 + sevoflurano + ar comprimido, volume corrente
com exposição em maléolo medial. Conduta: expansão volêmica (VC) 7 mL/kg e dióxido de carbono expirado de 35 mmHg. Na lapa-
com cristaloide, ácido tranexâmico, TC de corpo inteiro e avaliação rotomia confirmou-se hérnia diafragmática à esquerda e também
das equipes de neurocirurgia e ortopedia. O escore de gravidade foi observada hérnia diafragmática transpericárdica na região cen-
do trauma foi ISS 24. A TC evidenciou ausência de lesões traumáti- tral diafragmática, necessitando de ampliação da incisão cirúrgica
cas intracranianas, extenso hematoma retroperitoneal com foco de e realizadas gastrorrafia, pericardiorrafia e frenorrafia. Ao término
sangramento ativo na transição sacrococcígea esquerda, além de da cirurgia, foi encaminhada intubada a UTI, hemodinamicamente
múltiplas fraturas de asa sacral e vértebras sacrais. Alta da equipe estável, recebendo alta no 3° dia de pós-operatório.
da NC e, devido à instabilidade hemodinâmica, foi indicado tampo- Discussão: Paciente com vísceras abdominais ocupando grande par-
namento pélvico + fixação externa de membros inferiores. Recebeu te do tórax deve ser considerado de risco para insuficiência respi-
anestesia geral balanceada (fentanil + etomidato + cisatracúrio + ratória, aspiração, hipoxemia e comprometimento hemodinâmico,
manutenção com sevoflurano 2%), mantendo BIS entre 57-41. Rece- com possível dificuldade de intubação por desvio de traqueia/me-
beu 5000 mL de solução cristaloide, 1 CH, diurese de 1300 mL e saiu diastino. Foram encontrados 6 relatos na biblioteca virtual PubMed
de SO em uso de drogas vasoativas. Na admissão à UTI, apresentou sobre manejo anestésico em pacientes com HD tardias. Em 5 casos
anisocoria D > E, não fotorreagente. Iniciadas medidas para HIC e foi ressaltada a utilização de sonda nasogástrica, intubação em se-
levado para TC de crânio. Optou-se por passagem de cateter de quência rápida e ventilação mecânica com baixo VC; somente em
PIC. Evoluiu no PO com PIC de difícil controle, refratária às medidas um caso a conduta foi anestesia regional devido aos fatores de risco
clínicas de neuroproteção utilizadas, além de terapias de segunda do paciente.
linha (hipotermia terapêutica e coma barbitúrico). Ao exame físico Referências:
na UTI, foram notadas petéquias em tórax, axilas e conjuntiva. Rea- 1. Faiz HR, Hassani V, Safaeian R. Anesthesia for traumatic dia-
lizado doppler transcraniano com fluxo sanguíneo ausente. Evoluiu phragmatic hernia associated with corneal laceration. Am J Case
para morte encefálica no 7º PO. O laudo do IML mostrou TEP como Rep. 2016;17:646-9.
causa imediata do óbito. 2. Heiner Jd, Harper HM, McArthur TJ. Intrapericardial Diaphrag-
Discussão: O exame neurológico é ponto importante no atendi- matic Hernia. West J Emerg Med. 2010;11:532-3.
mento ao paciente vítima de trauma. O anestesiologista deve estar
atento para reavaliações frequentes do status neurológico no pe-
ríodo perioperatório através de exame clínico, incluindo pupilas, TLP905 O RTS PARA O ACIONAMENTO DOS HELICÓPTEROS
escalas de sedação e dispositivos como BIS em todo paciente vítima DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL
de trauma com mecanismo de alta energia cinética envolvida. (CBMDF) – ESTUDO RETROSPECTIVO
Referência:
1. Joynt GM, Li TST, Wai JKM, Yap FHY. Fat embolism syndrome. Rafael Villela Silva Derré Torres*
Crit Care Shock. 2008;11:83-93. Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), Brasília,
DF, Brasil

TLP907 MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE PORTADOR Justificativa e objetivos: Os critérios de acionamento dos helicóp-
teros do CBMDF são apenas anatômicos e pelo mecanismo de trau-
DE HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA PÓS-TRAUMÁTICA TARDIA E
ma, o que pode resultar em sobretriagem (uso excessivo de recursos
BREVE REVISÃO DA LITERATURA caros), ou subtriagem (paciente recebe menos do que estaria dis-
Priscilla Ribeiro Marques Monteiro*, Wei Tsu Havim, ponível). Analisamos a adequação do acionamento do resgate aéreo
Wei Tzon Hackan Chang Colares, Tereza Vitória Lira Pinto, (RA) do CBMDF.
Ivandete Coelho Pereira Pimentel, Chang Yen Yin Método: Foram analisadas 2.634 fichas de atendimentos pré-hospi-
talar dos acionamentos do serviço aeromédico do CBMDF entre julho
CET do Instituto de Anestesiologia do Amazonas, Manaus, AM, Brasil
de 2009 e dezembro de 2015, que resultaram em 2.504 voos. Foram
Introdução: As hérnias diafragmáticas (HD) têm incidência que va- excluídos os transportes inter-hospitalares (n = 977); prevenções (n =
ria de 0,8% a 5% relacionada ao trauma, onde 30% são identificadas 35); simulados (n = 30); transportes de órgãos (n = 7) e outros (n = 18).
tardiamente devido à má interpretação radiológica ou falta desta e Resultado: Restaram 1.390 acionamentos para resgate aeromédi-
a sintomas inespecíficos ou mascarados por traumas a órgãos asso- co, 1.257 casos de trauma (90,49%) e 146 casos clínicos (9,5%). Dos
ciados, culminando em adversidades como depressão circulatória/ 1.390 acionamentos, foram excluídos os atendimentos clínicos (n =
respiratória, compressão pulmonar e comprometimento cardíaco, 146), os cancelados antes da decolagem (137); as decolagens sem
dependendo do local acometido. O objetivo deste relato é aduzir atuação (n = 98) e 293 fichas incompletas, sendo ao final analisa-
manejo anestésico de paciente portador de duas HD, esquerda e dos 862 pacientes. Foram 656 (76,1%) pacientes do sexo masculino,
transpericárdica, com breve revisão da literatura. com média de idade 35,31 (± 12,98) anos. O mecanismo de trauma
S260 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

mais frequente foi o acidente automobilístico (423 casos – 49,07%), gística múltipla, foi possível identificar a correlação da variável he-
com motocicleta (95 casos – 11,02%) e atropelamentos (75 casos – moglobina (Hb) prévia (p = 0,026), com índice de correlação beta de
8,7%), seguidos de quedas, afogamento e outros. Foi calculado o 0,30, e ASA (p = 0,006), com índice de correlação beta -0,69.
RTS (revised trauma score) dos 862 pacientes, com valor médio de Conclusões: Nesse estudo, o que mais chama atenção é que a soli-
5,04 ± 2,82. Desses, 432 (50,11%) tiveram escore de 7,84, conside- citação de hemoderivados pelo cirurgião para cirurgias eletivas não
rados supertriados. Em contraste, 124 pacientes (14,38%) tiveram segue um protocolo estabelecido pela instituição, isto é, não obe-
escore 0 (zero), o que mostra um grande número de pacientes com dece a critérios clínicos. Constatou-se que a solicitação de reservas
trauma grave. A média do RTS foi menor que o valor médio de ou- de sangue para cirurgias eletivas foi feita em número consideravel-
tros serviços nacionais e internacionais, o que pode significar maior mente superior ao que na realidade foi transfundido, ou seja, ao
gravidade. Em nosso estudo, não foi possível calcular o ISS porque o que seria objetivamente necessário.
atendimento é pré-hospitalar. Referência:
Conclusão: Os critérios de acionamento do helicóptero continuam 1. Hall TC, Pattenden C, Hollobone C, Pollard C, Dennison AR. Blood
controversos. O uso racional do recurso evita acidentes com am- transfusion policies in elective general surgery: how to optimi-
bulâncias aéreas. Um sistema sem supertriagem provavelmente se cross-Match-to-Transfusion Ratios. Transfus Med Hemother.
subutiliza o helicóptero de resgate, mas o acionamento deve res- 2013;40:27-31.
peitar os critérios fisiológicos (escores de trauma), seguidos pelo
mecanismo do trauma (cinemática do trauma) e, finalmente, cri-
térios circunstanciais (áreas de difícil acesso, mesmo com a vítima TLP628 CONDUÇÃO E CONTROLE ANESTÉSICO FRENTE
sem gravidade). Os critérios de acionamento atuais causam um grau AO CENÁRIO DE SANGRAMENTO MACIÇO EM PACIENTE
aceitável de sobretriagem, o que é esperado em qualquer sistema SUBMETIDA À CIRURGIA DE EMERGÊNCIA
de atendimento pré-hospitalar. Não identificamos casos de pacien-
tes subtriados. Ana Luiza Lopes Pureza*, Mariana Rodrigues Potting,
Referências: Viviana Ugenti
1. Cardoso RG, Francischini CF, Ribera JM, et al. Resgate aeromé- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ,
dico a traumatizados: experiência na região metropolitana de Brasil
Campinas, Brasil. Rev Col Bras Cir. 2014;41:236-44.
2. Medvecz AJ, Hill JB, Brywczynski J, Gunter O, Davidson M, Gui- Introdução: Pacientes com hemorragia maciça possuem eleva-
llamondegui OD. Does scene physiology predict helicopter trans- da mortalidade perioperatória e representam um desafio para o
port trauma admission? J Surg Res. 2013;184:467-71. anestesiologista. O reconhecimento precoce do cenário de hemo-
transfusão maciça, o início da reposição volêmica e a correção
de fatores agravantes da coagulopatia, bem como a comunicação
eficiente com o setor de hemoterapia para iniciar a hemotransfu-
são são fatores essenciais para otimizar o tratamento e diminuir
a mortalidade.
LVIII) Transfusão e Hemostasia Relato de caso: R.M.N., sexo feminino, 36 anos, IMC 17,5 kg/
m², HAS, IRC com transplante renal prévio e perda do enxerto,
hemodiálise realizada por 18 anos, porém em falência de acesso
TLO844 AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA DAS RESERVAS DE
venoso. Confecção prévia de colar cervical com prótese de PTFE
SANGUE VERSUS TRANSFUSÕES EM CIRURGIAS ELETIVAS para hemodiálise sem sucesso. A paciente estava internada por
NUMA UNIDADE DE SAÚDE TERCIÁRIA NO SUL DO BRASIL infecção no sítio de acesso do colar cervical e, após retirada da
Thiago Dias de Rossi, Karen Adriana Campos Pastorio, prótese de PTFE, formou-se um pseudoaneurisma volumoso de
Jorge Hamilton Soares Garcia, artéria axilar E. A paciente evoluiu com rotura súbita do pseu-
Sara Marina G. da S. Teixeira do Amaral* doaneurisma e sangramento arterial vultuoso, sendo levada às
pressas para o centro cirúrgico sob compressão mecânica do sítio
Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, Florianópolis, de sangramento. Ato anestésico: indução anestésica em sequência
SC, Brasil rápida com fentanil, etomidato e rocurônio, seguida de intuba-
Hospital Governador Celso Ramos, Florianópolis, SC, Brasil ção orotraqueal. Punção de veia femoral e de artéria radial para
Justificativa e objetivos: A solicitação de reserva de hemoderiva- instalação de linha arterial. Evoluiu para choque hipovolêmico e
dos sem critérios objetivos acarreta um grande aumento no custo e a ressuscitação volêmica foi prontamente iniciada, o protocolo
uma redução na eficiência do tratamento. A nossa hipótese é que, de transfusão maciça acionado e corrigidas a hipocalcemia e aci-
em nossa instituição, a reserva de hemoderivados excede em muito dose, simultaneamente às medidas de controle dos danos. Após
o necessário. O objetivo deste estudo foi fazer um levantamento 60 minutos de cirurgia, o sangramento foi controlado e o quadro
de dados relacionados a transfusões em cirurgias eletivas em um clínico se estabilizou; o procedimento foi, então, conduzido sem
hospital público. intercorrências e a paciente encaminhada ao CTI, intubada, com
Método: Estudo retrospectivo das solicitações, reservas e trans- infusão de noradrenalina 0,1 mcg/kg/min.
fusões de sangue em cirurgias eletivas, entre janeiro e junho de Discussão: O manuseio do paciente em franco sangramento é com-
2015. Avaliou-se a relação entre o número de unidades de sangue plexo e envolve um conjunto de medidas que visam a diminuir os
solicitadas, reservadas e transfundidas, correlacionando-as com es- danos, corrigir a coagulopatia e melhorar a condição orgânica do
pecialidade cirúrgica, cirurgia realizada, idade do paciente, comor- paciente. O tratamento adequado envolve o pronto reconhecimento
bidades, ASA, coagulopatia e valores de Ht e Hb. da gravidade do caso, o início precoce da terapia, equipe multidis-
Resultado: Entre 1 de janeiro e 30 de junho de 2015, foram solicita- ciplinar treinada e a implementação de protocolo de hemotransfu-
das 2146 bolsas de hemoderivados, das quais 998 foram reservadas são maciça para o bom resultado e diminuição de mortalidade do
e 125 (12,5%) foram transfundidas. Ao separarmos em especialidade paciente.
cirúrgica, encontramos que as maiores taxas de transfusão de CHAD Referência:
são nas especialidades de cirurgia vascular (50%), cirurgia torácica 1. Riskin DJ, Tsai TC, Riskin L, et al. Massive transfusion protocols:
(28,6%), oncologia (13,5%), ortopedia (10%), cirurgia geral (9,1%), the role of aggressive resuscitation versus product ratio in mor-
urologia (6,7%) e neurocirurgia (5,7%). Na análise de regressão lo- tality reduction. J Am Coll Surg 2009;2:198-205.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S261

TLO656 CONDUTA ANESTÉSICA APÓS LESÃO INADVERTIDA Introdução: A ressuscitação volêmica, a prevenção da coagulopatia
DE VEIA INOMINADA DURANTE TIREOIDECTOMIA TOTAL associada ao sangramento agudo e a decisão de se acionar o pro-
COM ESVAZIAMENTO CERVICAL EM PACIENTE TESTEMUNHA tocolo de transfusão maciça estão entre os maiores desafios que o
DE JEOVÁ anestesista se depara na sala de cirurgia. Houve uma mudança no
paradigma de tratamento, priorizando o uso de hemocomponentes
Francisco Morato Dias Abreu*, Fernando Cássio do Prado Silva, em detrimento de grandes volumes de cristaloides.
Luiz Gustavo de Menezes Rodrigues, João Paulo Jordão Pontes, Relato de caso: RMR, sexo feminino, 47 anos, com diagnóstico de
Nubia Rodrigues Batista, Amanda Corrêa Vidica massa anexial (8,4 × 8,1 cm), é admitida pelo serviço de ginecologia
para realização de laparotomia exploradora. Foram instalados aces-
CET Hospital Santa Genoveva, Uberlândia, MG, Brasil
sos venosos periféricos, iniciada monitorização básica para realiza-
Introdução: Em pacientes testemunhas de Jeová (TJ), sangramentos ção de anestesia geral balanceada e passagem do cateter peridural
volumosos e inesperados em cirurgias eletivas podem despertar o di- para controle da dor. Foram administrados propofol, rocurônio e
lema ético da realização ou não de hemotransfusão. Isso pode exigir fentanil, e sevoflurano a 1-2% para manutenção da anestesia. Após a
uma rápida tomada de decisão que tem como base princípios morais, indução, houve episódio de hipotensão persistente, necessitando de
bioéticos e aspectos jurídicos. O uso de cell saver pode diminuir a doses repetidas de vasopressores e infusão contínua de fenilefrina
necessidade de hemotransfusões e é aceito por esses pacientes. na dose de 0,1-1 mcg/kg/min, com estabilização. Durante a res-
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 37 anos, 65 kg, estado secção da massa pélvica, houve lesão da veia ilíaca comum direita,
físico P1, TJ, foi submetida à anestesia geral para tireoidectomia choque hipovolêmico devido ao sangramento súbito, de difícil con-
total e esvaziamento cervical radical devido à neoplasia maligna de trole, e foi chamada a cirurgia vascular. Foi iniciada ressuscitação
tireoide. Além de monitorização convencional, foi utilizado monitor volêmica com cristaloides e acionado o banco de sangue com alerta
de índice bispectral. Foi instalado acesso venoso periférico 20G no de transfusão maciça. Foram infundidos inicialmente 3 concentra-
membro superior esquerdo. Na indução anestésica, foram adminis- dos de hemácia e, em seguida, 6 concentrados de hemácias, 4 plas-
trados propofol 130 mg, sulfentanila 50 mcg, rocurônio 30 mg e lido- mas e 1 pool de plaquetas, seguindo o protocolo do hospital (2:1:1).
caína sem vasoconstritor 70 mg. Na manutenção, utilizou-se propofol Devido à dificuldade em cessar o sangramento, a paciente evoluiu
em infusão alvo-controlada e remifentanil em infusão contínua. Du- com PCR em AESP, e ressuscitada com RCE em 2 minutos. Seguiram-
rante a dissecção do compartimento cervical V-B à direita, ocorreu se outras 6 paradas cardíacas em AESP que degeneraram em assisto-
súbito sangramento volumoso, rapidamente estancado manualmente lia. Óbito foi registrado após 290 minutos da incisão cirúrgica. GSA
pelo cirurgião. Devido à suspeita de lesão de veia inominada, foi demonstraram queda progressiva de hemoglobina, hiperlactatemia,
acionada a equipe de cirurgia cardíaca, que realizou esternotomia hipocalcemia e acidose metabólica grave.
parcial para abordagem do sangramento. Neste momento, a moni- Discussão: A combinação das técnicas de hipotensão permissiva, rea-
torização foi complementada com a instalação de pressão arterial nimação hemostática e controle do sangramento cirúrgico são pila-
invasiva e foi obtido acesso venoso central em veia subclávia direita. res da ressuscitação de controle de danos, objetivando-se evitar a
Devido às restrições da paciente quanto à transfusão de hemocom- perpetuação da tríade letal: hipotermia, acidose e coagulopatia. A
ponentes e à possibilidade de maiores sangramentos, foi instalado utilização de cristaloides nesse contexto deve ser feita com parci-
equipamento de cell saver. Durante a esternotomia e o reparo da mônia, uma vez que grandes volumes podem ocasionar aumento da
lesão vascular, a paciente apresentou maior tendência à hipotensão pressão hidrostática, coagulopatia dilucional e agravar a hipotermia.
arterial, mas respondeu bem à infusão de cristaloides e ao uso de
Evidencia-se a necessidade da pronta comunicação entre o aneste-
metaraminol em bólus de 0,5 mg. Após reparo vascular, 200 mL de
siologista e a hemoterapia diante de um cenário inesperado de he-
sangue processado com o cell saver foram infundidos na paciente.
morragia intraoperatória de grande porte. A administração precoce
Optou-se por continuar o esvaziamento cervical, que ocorreu sem
de hemocomponentes, seguindo o protocolo de transfusão maciça, é
outras intercorrências. O tempo cirúrgico total foi de 7 horas e logo
necessária para restaurar a coagulação e perfusão tecidual.
após a paciente despertou, manteve-se hemodinamicamente estável
Referências:
e foi acompanhada até a unidade de terapia intensiva.
1. Pohlman TH, Walsh M, Aversa J, Hutchison EM, Olsen KP, Reed RL.
Discussão: Há evidências de que o uso de cell saver diminui a fre-
Damage control resuscitation. Blood Reviews. 2015;29:251-62.
quência de hemotransfusões intraoperatórias. Este dispositivo tam-
2. Jacob CM, Kumar P. The challenge in management of hemor-
bém pode estar relacionado à redução de complicações associadas
rhagic shock in trauma. Medical Journal Armed Forces India.
à hemotransfusão. Uma das mais importantes aplicações se refere
2014;70:163-9.
aos pacientes TJ. A disponibilidade do uso de cell saver pode ser
uma solução para esses pacientes quando ocorrem sangramentos
intraoperatórios volumosos e inesperados. TLO443 HEMODILUIÇÃO NORMOVOLÊMICA EM PACIENTE
Referências:
TESTEMUNHA DE JEOVÁ SUBMETIDO À ARTRODESE DE
1. de França ISX, Baptista RS, Brito VRS. Dilemas éticos na hemo-
transfusão em testemunhas de Jeová: uma análise jurídico-bioé-
COLUNA TORACOLOMBAR VIA POSTERIOR
tica. Acta Paul Enferm. 2008;21:498-503. Marina Bishop Brito Rebellato*, Patrícia Constantini Kreling,
2. Côté CL, Yip AM, MacLeod JB, et al. Efficacy of intraoperative William Jaramillo Orozco, Fernando Piratelo
cell salvage in decreasing perioperative blood transfusion rates
in first time cardiac surgery patients: a retrospective study. Can Hospital Universitário Cajuru, Curitiba, PR, Brasil
J Surg. 2016;59:330-6. Introdução: A transfusão autóloga utiliza sangue do próprio pacien-
te para reposição de perdas durante procedimento cirúrgico e pode
ser realizado por diferentes.
TLO139 CONTROLE DE DANO EM SANGRAMENTO MACIÇO Métodos: 1) Doação prévia; 2) transfusão de sangue coletado no
DURANTE CIRURGIA GINECOLÓGICA campo cirúrgico, o lavado de hemácias (com cell saver); 3) hemodi-
Camila Calderoni Fraga*, Iuri Eleuterio, Daniel de Souza Gonçalves, luição normovolêmica aguda; e 4) recuperação de perdas pós-ope-
ratórias. Em pacientes testemunhas de Jeová, que não aceitam
Pedro Alexandre A.G.L. Loureiro, Rodrigo Pereira Diaz André,
receber transfusão sanguínea homóloga, torna-se uma opção para
Viviana Ugenti
manutenção da homeostase intra e pós-operatória.
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), Universidade Relato de caso: K.A., 15 anos, submetido à artrodese de coluna
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil toracolombar, 12 níveis, sob anestesia geral venosa total com pro-
S262 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

pofol, remifentanil e cisatracúrio, família testemunha de Jeová. Re- Resultado: A partir desses dados, foi possível identificar as cirurgias
alizada hemodiluição normovolêmica aguda com retirada de volume que necessitam de preparo da bolsa de sangue no pré-operatório,
sanguíneo pela artéria radial, conforme fórmula de Gross, permitin- tais como cardiopatia congênita + válvula (IPT 100%), troca valvar
do um hematócrito de 30% e concomitante infusão de soro fisioló- (IPT 83%), prostatectomia (IPT 42%), ponte aortobilíaca (IPT 40%),
gico 0,9% e solução de ringer com lactato em igual proporção, com decorticação pulmonar (IPT 33,3%) e tumores cerebrais (IPT 28,5%).
volume total de três vezes o volume total extraído somado à repo- A cirurgia de endarterectomia de carótida foi classificada com IPT
sição volêmica para reposição de perdas decorrentes do jejum pré- de 7,6%, ou seja, necessidade apenas de tipagem sanguínea. As
‑operatório calculado pela fórmula de Holliday. Também optou-se, demais cirurgias, tais como retossigmoidectomia, gastrectomia,
simultaneamente, pela captação de hemoderivados do campo ci- lobectomia hepática, revascularização do miocárdio, nefrectomia
rúrgico. Controlados parâmetros hemodinâmicos (PAM invasiva, FC, total, nefrolitotripsia percutânea, pneumectomia, lobectomia e tu-
capnografia, diurese) e laboratoriais (hemoglobina, hematócrito, mor selar apresentaram IPT < 1%.
eletrólitos, lactato e gasometria) pré, intraoperatórios — pré e pós- Conclusão: A partir dos resultados apresentados já é possível ob-
transfusão — e pós-operatórios. Valor da hemoglobina pré-opera- servar procedimentos onde há necessidade de reserva de sangue.
tória: 16,6; hematócrito: 47,4%. Não houve instabilidade hemo- Cirurgias que apresentam valores baixos de IPT exigem um número
dinâmica. Perda sanguínea estimada de 1300 mL. Transfundidos o amostral maior. Contudo, é possível observar uma tendência dos
volume total retirado pelo protocolo de hemodiluição normovolêmi- dados, chamando atenção para procedimentos da gastrocirurgia,
ca e o lavado de hemácias obtido pelo cell saver. Paciente foi ex- urologia e vascular, os quais são procedimentos de médio/grande
tubado na sala cirúrgica. Valor da hemoglobina 12,5 e hematócrito
porte, porém com IPT menor de 1%, o que não indica nem a tipagem
36,1% pós-operatório. Encaminhado à UTI, com alta após 24 horas.
sanguínea do paciente.
Discussão: Em respeito às crenças e autonomia do paciente e famí-
Referência:
lia, em que há recusa em receber transfusão sanguínea heteróloga,
1. Friedman BA, Oberman HA, Chadwick AR, Kingdon KI. The maxi-
a transfusão autóloga é uma ferramenta eficaz de prevenção de
mum surgical blood order schedule and surgical blood use in the
complicações decorrentes de anemia e perda volêmica em cirurgia
United States. Transfusion. 1976;16:380-7.
de grande porte, como a realizada, em paciente previamente hígido
e com valores hematimétricos dentro dos limites da normalidade.
A estratégia também pode ser usada para evitar ou reduzir possí-
veis complicações e/ou efeitos adversos da transfusão homóloga de TLP766 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE PACIENTE
hemoderivados como transmissão de doenças infectocontagiosas, COM ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA E DOENÇA DE VON
aloimunização a antígenos eritrocitários e leucoplaquetários, rea- WILLEBRAND
ções hemolítica, reação enxerto versus hospedeiro, entre outras. Mariane Molina Rodrigues de Oliveira*, Thaís Carlos de Souza,
Referências: Marcelo Pena Moreira de Oliveira, Karen Amaral Faria,
1. Oliveira GS, Tenório SB, Cumino DO, et al. Hemodiluição normo-
Bruno Serra Guida
volêmica aguda em crianças submetidas a artrodese de coluna
vertebral pela via posterior. Rev Bras Anestesiol. 2004;54:84-90. Hospital Pasteur, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
2. Vanderline ES, Heal JM, Blumberg N. Autologous transfusions.
Introdução: A doença de von Willebrand é secundária à mutação
BMJ. 2002;324:772-5.
do cromossomo XII e caracterizada por deficiência quantitativa
e qualitativa do fator de von Willebrand (FVW), envolvido na he-
mostasia primária. A esferocitose hereditária (EH) é uma anemia
TLO705 INDICAÇÃO DE PREPARO HEMOTERÁPICO NO
hemolítica causada por defeito na membrana dos eritrócitos, com
HOSPITAL SÃO PAULO (EPM/UNIFESP) A PARTIR DO forma característica esférica, mais suscetível à hemólise. A coexis-
CÁLCULO DO ÍNDICE DE PACIENTES TRANSFUNDIDOS tência das comorbidades representará menor reserva eritropoiética
Luiz Fernando dos Reis Falcão, Carolina Baeta Neves Duarte Ferreira, e maior risco de hemorragia. Existe um questionamento a respeito
Roberto Giannini Macedo* da segurança na realização de bloqueio espinhal em pacientes com
desordens hemorrágicas.
Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Relato de caso: Sexo masculino, 23 anos, portador de EH e deficiên-
Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
cia do FVW tipo I, candidato à esplenectomia convencional. Em uso
Justificativa e objetivos: O índice de pacientes transfundidos (IPT) de ácido folínico, sem outras comorbidades ou cirurgias prévias. CF
é calculado através da relação entre o número de pacientes trans- 7-8 METS, incapaz de realizar atividades esportivas competitivas.
fundidos para determinado procedimento e o número total do mes- Exames mostraram Hb 11 mg/dL, reticulócitos 4%, plaq 200.000
mo no serviço médico estudado. O IPT é exclusivo para cada serviço, mm3, bilirrubina indireta 1,3, TAP e PTT normais, teste de Duke
sendo sua importância relacionada à sua capacidade de orientação 3 minutos. Acompanhamento hematológico regular. Risco cirúrgico
quanto à conduta a ser tomada: preparo da bolsa de sangue (IPT > Asa II. Reservado 02 ui de hemácias, 02 ui de plasma e vaga em
10%); realização apenas da tipagem sanguínea (IPT entre 1 e 10%); UTI. Monitorização com cardioscópio, pressão arterial não invasiva
sem tipagem sanguínea ou reserva (IPT < 1%). A determinação do IPT e oximetria de pulso. PA 140 × 80 mmHg, FC 93 bpm, Sat O2 97%.
torna-se relevante para o serviço, pois traz benefícios como redu- Venóclise com dois jelcos 16G. Aquecimento com manta térmica.
ção de gastos, reserva racional dos hemocomponentes, orientação Infusão venosa de midazolam 7 mg. Peridural com agulha Tuohy 18G
ao cirurgião e ao anestesista e organização operacional para reser- e colocação de cateter em T9-T10. Pré-oxigenação com O2 a 100%,
vas. O objetivo principal do presente trabalho foi calcular o IPT para injeção de fentanil 250 mg, propofol 120 mg e atracúrio 30 mg.
a cirurgia cardíaca, neurocirurgia, cirurgia torácica, gastrocirurgia, Intubação orotraqueal com tubo 8,0. Hipnose com sevoflurano a 2%.
cirurgia vascular e urologia do Hospital São Paulo/HU da UNIFESP. Injeção de lidocaína 1% 6 mL pelo cateter peridural (CP). Analgesia
Método: Estudo prospectivo realizado entre julho e dezembro de com dipirona 2 g e morfina 2 mg pelo CP. Infusão de 1500 mL de rin-
2016. Foi construído um banco de dados na plataforma Survey ger com lactato. Procedimento sem intercorrências, sangramento
Monkey para preenchimento em tempo real pelos anestesiologistas estimado em 450 mL. Tempo total de 1:30 minutos. Após extubação
e residentes. As seguintes informações foram coletadas: hemoglobi- orotraqueal, foi encaminhado ao CTI. No 1º dia de pós-operatório,
na inicial; tempo de cirurgia; especialidade cirúrgica; realização ou não apresentou queixas álgicas. Exames: Hb 10 mg/dL, plaquetas,
não de transfusão; tipo e quantidade de hemocomponentes trans- TAP e PTT normais. Foi retirado o CP, sem ocorrência de sangramen-
fundidos; e procedimento cirúrgico realizado. to anormal. Recebeu alta após 2 dias.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S263

Discussão: As doenças hematológicas, como a deficiência do FVW e Conclusão: O ATX reduziu a perda sanguínea intraoperatória e a ne-
a EH, têm implicações cirúrgicas e devem ser do conhecimento do cessidade de transfusão, sem aumentar o risco de TVP em cirurgias
médico anestesiologista. O tipo I parece ter benefício ao uso profi- da próstata. Devido ao número limitado de trabalhos e à heteroge-
lático da desmopressina (DDAVP).2 O hemocomponente de escolha neidade dos resultados, são necessários mais estudos controlados de
em casos de sangramento ativo é o fator VIII e FVW, não disponíveis alta qualidade para confirmar esses achados.
no nosso hospital. A anemia na EH é agravada por infecções, tendo Referência:
suma importância esta investigação. Existem poucos relatos de blo- 1. Nielsen JD, Gram J, Holm-Nielsen A, et al. Post-operative blood
queio espinhal nesse perfil de pacientes. Uma revisão proposta por loss after transurethral prostatectomy is dependent on in situ
Hara et al.1 não encontrou complicações descritas, mas sugere o uso fibrinolysis. Br J Urol. 1997;80:889-93.
profilático do DDAVP e a retirada precoce do cateter. Nosso paciente
teve um sangramento acima do esperado para a cirurgia proposta,
entretanto, sem repercussões perioperatórias. TLO520 USO DE RECUPERAÇÃO INTRAOPERATÓRIA DE
Referência: SANGUE EM CIRURGIAS DE EMERGÊNCIA: SÉRIE DE CASOS
1. Hara K, Kishi N, Sata T. Considerations for epidural anesthe-
Jamille Ferreira Leandro*, Luciana Maria de Barros Carlos,
sia in a patient with type 1 von Willebrand disease. J Anesth.
Danielle Maia Holanda Dumaresq, Velma Dias do nascimento,
2009;23:597-600.
Roberto César Pontes Ibiapina
Instituto Doutor José Frota, Fortaleza, CE, Brasil
TLO245 REVISÃO SISTEMÁTICA E META-ANÁLISE DO
Introdução: O trauma é a principal causa de morte em pessoas com
USO DO ÁCIDO TRANEXÂMICO PARA REDUÇÃO DE
idade inferior a 45 anos, sendo a hemorragia responsável por 30 a
SANGRAMENTO EM CIRURGIAS DE PRÓSTATA 40% dos casos. A transfusão de sangue é indicada precocemente no
Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho, Bárbara Thomé Cavalheiro, tratamento do quadro hemorrágico grave. A recuperação intraope-
Marcelo Arent Longo* ratória de sangue (RIOS) tem como técnica a aspiração do sangue
perdido no campo cirúrgico, lavagem e reinfusão do volume recu-
Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago,
perado no paciente. No entanto, essa técnica tem dificuldades e
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC,
limitações em situações de emergência.
Brasil
Descrição da série de casos: Após a instituição de protocolo de trans-
Justificativa: O câncer de próstata e a hiperplasia prostática benig- fusão maciça em hospital referência em trauma, tem-se identificado
na têm incidência aumentada com o envelhecimento populacional. pacientes com potencial quadro de hemorragia grave. Entre as medi-
O tratamento mais eficaz é a prostatectomia radical e a ressecção das utilizadas no tratamento destes pacientes, tem-se utilizado a RIOS
transuretral da próstata, respectivamente, as quais têm como com- em casos selecionados. Desde novembro de 2016, foram registrados 6
plicação o sangramento perioperatório. Com o objetivo de reduzir casos em que foi utilizado a RIOS como método alternativo e comple-
a perda sanguínea, uma das abordagens inclui o uso do ácido trane- mentar à transfusão alogênica de concentrado de hemácias. Em todos
xâmico (ATX), análogo sintético da lisina que bloqueia a fibrinólise, os casos, os pacientes eram do sexo masculino, com idade entre 16 e
uma das principais causas de sangramento em cirurgias prostáticas. 32 anos. Três casos foram decorrentes de politraumatismo, e os outros
Estudos demonstram que o ATX é eficaz na redução da perda sanguí- três casos ocasionados por perfuração por arma de fogo na região
nea e necessidade de transfusão em cirurgias cardíacas, ortopédicas torácica, dois deles também em abdome. A quantidade de hemácias
e ginecológicas. Já em cirurgias prostáticas, os resultados são con- recuperada variou entre 02 (500 mL) e 04 (1034 mL) concentrados de
flitantes, não sendo clara sua eficácia e segurança. hemácias, com uma média de recuperação (752 mL) correspondente
Objetivos: Determinar se há diferenças entre o ATX versus place- a 3 concentrados de hemácias por procedimento. O maior volume
bo em termos de perda sanguínea intraoperatória, necessidade de recuperado foi decorrente de uma perfuração por arma de fogo no
transfusão e prevalência de trombose venosa profunda (TVP). tórax, em que de 1209 mL de sangue processados pelo equipamento
Métodos: Estudos comparativos e ensaios controlados randomizados de RIOS, 1034 mL foram transfundidos, tendo o paciente apresentado
foram pesquisados nas bases de dados Medline, Cochrane e EBSCO, hemoglobina pós-transfusional de 12,7 mg/dL, sem transfusão de con-
sem limite de datas, utilizando os seguintes termos e suas combina- centrado de hemácias alogênicas ou outros hemocomponentes na sala
ções: “tranexamic acid”, “TXA”, “prostatectomy”, “transurethral de operação. Três dos seis pacientes não necessitaram de transfusão
resection of the prostate”, “TURP”. Os estudos encontrados foram de concentrado de hemácias no intraoperatório.
classificados quanto ao risco de vieses e à qualidade da evidência. Discussão: A RIOS é uma forma de transfusão autóloga que, quan-
Dados heterogêneos (teste Q de Cochran com valor p < 0,1) foram do comparada à transfusão alogênica, tem como vantagens possível
avaliados pelo modelo de efeitos aleatórios e quantificados pelo maior capacidade carreadora de oxigênio e morfologia preservada,
índice I2. Para dados homogêneos (p ≥ 0,1), utilizou-se o modelo menor risco de transmissão de doenças, menor consumo de bolsas
de efeitos fixos. Análises de sensibilidade foram conduzidas para de concentrado de hemácias provenientes de doações, alternativa a
identificar a fonte de heterogeneidade, eliminando um estudo por pacientes que recusam transfusão de sangue alogênico. No entanto,
vez e recalculando a medida de efeito. Também foram planejadas deve-se ter ciência das contraindicações relativas associadas ao uso
análises de sensibilidade somente com estudos de alta qualidade do cell saver, entre elas a contaminação bacteriana, esta bastante
metodológica e análises de subgrupo comparando o tipo de cirurgia, relacionada às limitações do seu uso no trauma abdominal, sendo
dose e modo de administração do ATX. As análises estatísticas foram imperativa a confirmação de ausência de lesão de alça intestinal
realizadas no software RevMan 5.3. para a reinfusão do sangue com maior segurança.
Resultado: Seis estudos comparativos foram incluídos nas metaná- Referências:
lises. Os resultados são apresentados como diferença média padro- 1. Kauvar DS, Lefering R, Wade CE. Impact of hemorrhage on
nizada (DMP) ou risco relativo (RR) e seus respectivos intervalos de trauma outcome: an overview of epidemiology, clinical presen-
95% de confiança (IC 95%). A perda sanguínea estimada e a taxa de tations, and therapeutic considerations. J Trauma. 2006;60 (6
transfusão sanguínea foram menores nos pacientes que receberam suppl):S3-11.
ácido tranexâmico, com DMP de -2,06 (IC 95% = -3,07; -1,04; I2 = 2. Li J, Sun SL, Tian JH, Yang K, Liu R. Cell salvage in emergen-
97%) e RR de 0,64 (IC 95% = 0,48; 0,85; I2 = 0%). A prevalência de TVP cy trauma surgery (Review). Cochrane Database Syst Rev.
não diferiu entre os grupos (RR = 0,49; IC 95% = 0,12; 1,93; I2 = 0%). 2015;1:CD007379.
S264 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

LIX) Educação e Pesquisa TLO975 EDUCAÇÃO EM SERVIÇO DOS PROFISSIONAIS


NO CENTRO CIRÚRGICO DE UMA MATERNIDADE-ESCOLA
UTILIZANDO METODOLOGIA ATIVA DE APRENDIZAGEM
TLO406 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS MÉDICOS Josenilia Maria Alves Gomes, Eugenie Desirèe Rabelo Néri Viana,
RESIDENTES SOBRE JEJUM PRÉ-OPERATÓRIO EM Alessandra Cavaignac Machado, Emeline Moura Lopes,
CRIANÇAS Paula Daiane Silva de Souza, Cláudia Regina Fernandes*

Maíra Fernandes Gonçales, Carolina Lima Moura, Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC), Universidade
Fernanda Bourroul Villela Pedras, Débora de Oliveira Cumino, Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Brasília, DF,
Lígia Andrade da Silva Telles Mathias, Tamara Eiko Sakamoto*
Brasil
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), São
Introdução: Cerca de 50% de todos os eventos adversos ocorrem no
Paulo, SP, Brasil centro cirúrgico, sendo relacionados com a cirurgia e anestesia. Es-
Justificativa e objetivos: A finalidade do jejum pré-operatório é tima-se que, no mundo, cerca de 7 milhões de pacientes cirúrgicos
evitar broncoaspiração durante anestesia geral. Preconiza-se jejum sofrem complicações significativas a cada ano e 1 milhão morrem
de 2 horas para líquidos sem resíduos, 4 horas para leite materno, durante ou imediatamente após a cirurgia. Alterar este cenário é
6 horas para fórmula infantil, leite não humano e refeições leves fundamental e demanda mudança de cultura organizacional através
e 8 horas para refeições completas. Esta informação, transmitida da educação pela reflexão da prática, que proporciona a integração
de forma equivocada, pode dificultar a adesão ao jejum adequado. de novos modelos pelos trabalhadores em serviço. Este trabalho
O objetivo foi avaliar o conhecimento dos médicos residentes das visa a apresentar a experiência de implantação de um programa de
áreas cirúrgicas e da anestesiologia sobre jejum pré-operatório por educação permanente em serviço utilizando a problematização em
uma maternidade escola federal.
meio de questionário.
Método: O tempo exíguo é uma característica marcante dos profissio-
Método: Realizado estudo observacional transversal nos centros
nais que trabalham no ambiente cirúrgico. Assim, visando a atingir o
cirúrgicos da instituição após autorização do comitê de ética. In-
maior número de profissionais, o conteúdo foi dividido em 2 módulos,
cluídos 250 residentes da cirurgia geral e pediátrica, da oftalmo-
inseridos nos turnos de trabalho e repetidos manhã, tarde e noite por
logia, otorrinolaringologia, anestesiologia e ortopedia. Realizado
uma semana. Em cada encontro foram formados pequenos subgrupos
questionário com identificação por especialidade, ano de residên-
de seis pessoas e o tempo foi dividido em tarefas conduzidas pelos
cia e seis itens (líquidos claros, leite materno, leite animal, fór- facilitadores: 1) análise do caso; 2) apresentação da síntese de cada
mula infantil, refeição leve e refeição completa) para preencher grupo; 3) síntese da síntese; 4) avaliação da atividade. O módulo 1
o tempo de jejum correto. Analisou-se estatisticamente os dados trabalhou em, como objetivos gerais, reconhecer a cultura de segu-
coletados com teste qui-quadrado, considerando diferença signi- rança como uma questão transversal e multiprofissional e desenvol-
ficativa de p < 0,05. ver a necessidade de notificar adequadamente e sempre. No módulo
Resultado: Preencheram o questionário 83,2% dos residentes, cor- 2, foram apresentadas propostas para o cumprimento dos 10 objeti-
respondendo a: cirurgia geral (20,4%); oftalmologia (13,6%); orto- vos para cirurgia segura. Foram envolvidos 95 profissionais.
pedia (16%); otorrinolaringologia (8,8%); anestesiologia (22,4%); e Resultado: A avaliação quantitativa demonstrou que 55,6% (n = 50)
cirurgia pediátrica (2%). Foram excluídos os 3 autores e 39 ques­ considerou o método excelente; 40% (n = 36), bom; 1,1% (n = 1),
tionários não respondidos. Quanto ao conhecimento de acordo regular; e 1,1% (n = 1), muito ruim.
com a especialidade médica, encontrou-se diferença estatística Conclusão: A problematização e reflexão da prática produzem en-
significativa em relação ao entendimento sobre jejum para: lí- volvimento real do aprendiz com os protocolos e as práticas seguras
quidos claros (p < 0,0001); leite materno (p < 0,0145); fórmu- e pode facilitar a incorporação dessas no cotidiano do serviço.
la infantil (p = 0,0053); refeição leve (p = 0,0008); e refeição Referência:
completa (p = 0,023), com maior índice de acerto na cirurgia 1. Mitre SM, Siqueira-Batista R, Girardi-de-Mendonça JM, et al. Mé-
pediátrica e anestesiologia. A refeição completa teve o maior ín- todos ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional
dice de acerto, com mais de 50% em cada ano de residência das em saúde: debates atuais. Ciênc. saúde coletiva. 2008, 13:(su-
especialidades, exceto no grupo do primeiro ano de otorrinolarin- ppl.2); 2133-44.
gologia (33,33%). Os residentes da cirurgia pediátrica apresenta-
ram os maiores índices de acerto, com 100% no grupo do terceiro
ano para todos os tipos de alimento. Grande parte dos médicos
pesquisados não sabe o significado de refeições leves e líquidos
claros sem resíduos, sendo este o de maior índice de erro (90,91% LX) Qualidade e Segurança
na otorrinolaringologia).
Conclusões: Os médicos residentes da anestesiologia exibiram
maior conhecimento sobre jejum pré-operatório em crianças quan- TLO179 A EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AOS RESÍDUOS
do comparados às outras especialidades, exceto à cirurgia pediátri- DE GASES ANESTÉSICOS INDUZ DANOS NO GENOMA E
ca. Os residentes das demais especialidades apresentaram significa- INFLAMAÇÃO EM MÉDICOS RESIDENTES?
tivo deficit no conhecimento sobre o tema. Marcelio Flavio Piccolo de Farias*, Gabriele Samara Garcia da Silva,
Referências: Lorena Mendes de Carvalho Lucio, Nayara M. de Arruda,
1. Cantellow S, Lightfoot J, Bould H, et al. Parents’ understanding Mariana G. Braz, Leandro Gobbo Braz
of and compliance with fasting instruction for pediatric day case
surgery. Paediatr Anaesth. 2012;22:897-900. CET/SBA do Departamento de Anestesiologia, Faculdade de
2. Kushnir J, Djerassi R, Sofer T, et al. Threat perception, anxiety Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de
and noncompliance with preoperative fasting instructions among Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil
mothers of children attending elective same day surgery. J Pe- Justificativa e objetivos: Sabe-se que existem riscos à saúde em
diatr Surg. 2015;50:869-74. profissionais expostos aos resíduos de gases anestésicos (RGA).
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S265

Contudo, pouco ainda é conhecido em relação aos possíveis efeitos manifestar de forma mais tardia cianose, rabdomiólise, insufici-
genéticos e imunológicos frente à exposição aos RGA em médicos ência renal aguda, hipercalemia e hipercalcemia, lactacidemia
residentes. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar danos no e aumento de CPK. Nas anestesias de pacientes com fatores de
genoma e estado inflamatório em médicos expostos aos RGA no final risco ou sabidamente portadores da síndrome, é necessária pre-
da residência médica. paração adequada da sala de operação e da equipe assistente.
Método: O estudo foi conduzido em hospital terciário universitário, Quanto ao aparelho de anestesia, é preciso retirar vaporizadores,
após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e do Registro Brasi- trocar a cal do canister, manter passagem de fluxo de O2 a 10 L/
leiro de Ensaios Clínicos. Sessenta e três médicos residentes foram min durante 10 minutos, instalar novo circuito e trocar a bolsa de
alocados em dois grupos: exposto ao isoflurano, sevoflurano e óxido ventilação. A anestesia regional deve ser preferida na impossibili-
nitroso (residência em anestesiologia e cirurgia, n = 32) e controle dade de realizar anestesia geral venosa pura com agentes seguros.
(residência em clínica médica, n = 31). Todos responderam a um Deve-se ter no ambiente cirúrgico frascos de dantrolene sódico
questionário e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Escla- para o tratamento agudo do quadro e todo o kit de tratamento de
recido. Excluíram-se indivíduos com doenças, gestantes, fumantes, HM disponível na sala de operação. A monitorização do paciente
etilistas, os que faziam uso de medicações e os que estavam em deve enfatizar o ETCO2 e a temperatura, além de todos os outros
vigência de infecção. Coletas de amostras de sangue venoso foram parâmetros preconizados pelo CFM. O pós-anestésico deve conter,
coletadas em tubos com anticoagulante EDTA de ambos os grupos. além da monitorização habitual, controle de temperatura e vigi-
Todas as amostras foram previamente codificadas, protegidas da luz lância da ocorrência de contraturas musculares por pelo menos 4
e processadas imediatamente. Avaliaram-se os danos genéticos em horas. O protocolo de anestesia para esses pacientes deve ser se-
linfócitos pelo teste do cometa e a interleucina pró-inflamatória guidos integralmente e o procedimento anestésico deve-se basear
IL-17A plasmática por citometria de fluxo. Considerou-se estatisti- nele para que o paciente esteja no ambiente cirúrgico da forma
camente significativo o valor de p < 5%. mais segura possível.
Resultado: Não houve diferença significativa em relação aos dados
demográficos entre os grupos. Detectou-se aumento de danos basais
no DNA (p = 0,01) e maior concentração de IL-17A (p = 0,03) no gru- TLO091 ASPIRAÇÃO DE FRAGMENTOS DE ASPIRADOR
po exposto em relação ao grupo controle. DURANTE PROCEDIMENTO DE EXTUBAÇÃO EM ÉXERESE DE
Conclusões: A exposição ocupacional aos anestésicos induz a danos PAPILOMA DE LARINGE. RELATO DE CASO
no genoma e inflamação em médicos no final da residência médica
Cláudia Rosana Prokopp Acosta, Eduardo Jorge Yamada*,
em anestesiologia e cirurgia. Portanto, este estudo mostra que es-
ses profissionais já apresentam alterações genômicas e no estado in- Eduardo Francisco Mafassioli Corrêa, Vinícius Jacques de Lemos,
flamatório, os quais podem ter efeito deletério ao longo do tempo, Mauricio Vittorello, Alison Menna da Fontoura
o que reforça a urgência e importância do biomonitoramento, assim CET Manoel Alvarez, Hospital Universitário de Santa Maria
como da diminuição da exposição aos RGA. (HUSM), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil
Introdução: O uso de material inadequado na prática diária anes-
TLO720 ANESTESIA EM ADULTO JOVEM COM HISTÓRICO
tesiológica pode incorrer em acidentes que acarretarão em conse-
FAMILIAR DE HIPERTERMIA MALIGNA: RELATO DE CASO
quências danosas ou não ao paciente. Por falta de recursos finan-
Luciana Andrade Rezende*, Luana Magalhães Bernardo, ceiros, muitas vezes serão utilizados equipamentos e materiais que,
Káren Brandão de Barros, Fernanda de Faria Mariano, porquanto não totalmente contraindicados, não são recomendados.
Waldo Sapucaia Roland, Daniel Câmara de Rezende No caso a ser relatado, durante o processo de extubação de proce-
dimento cirúrgico, houve mordedura involuntária na ponta do aspi-
Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte, MG, Brasil
rador com ruptura deste e aspiração de fragmentos de plástico para
Introdução: Hipertermia maligna (HM) é uma síndrome farmacoge- vias aéreas inferiores.
nética hereditária dominante rara em que indivíduos geneticamente Relato de caso: V.S., 59 anos, ASA II (hipertensão, depressão), em
suscetíveis respondem à administração de anestésicos inalatórios uso de enalapril, omeprazol e fluoxetina com indicação de exérese
e bloqueadores neuromusculares despolarizantes com hipertermia, de papiloma de laringe. Eletrocardiograma apresentando bradicar-
taquicardia, acidose, rigidez muscular esquelética e hipermetabo- dia sinusal, atraso da condução pelo ramo direito, sobrecarga atrial
lismo acentuado, podendo ser fatal. esquerda e sobrecarga ventricular esquerda. Equivalente metabó-
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 19 anos, 51 kg, ASA 1, lico maior que 4 METs. Monitorizado com cardioscopia, pressão ar-
nega alergias ou cirurgias prévias, relata que o irmão apresentou terial não invasiva, oxímetro de pulso, capnografia e analisador de
episódio inicial de hipertermia maligna durante procedimento ci- gases. Indução anestésica com remifentanil e propofol em infusão
rúrgico, sendo considerada vulnerável à HM durante septoplastia. O contínua, suxametônio/cisatracúrio e manutenção com oxigênio/ar
sistema de ventilação foi lavado por 24 horas para que ficasse livre comprimido em ventilação mecânica. Procedimento cirúrgico sem
de anestésicos voláteis. A temperatura ambiente foi mantida mais intercorrências, com duração de aproximadamente 60 minutos. Ao
baixa, havia soluções intravenosas geladas, gelo e dantrolene dispo- ser realizada aspiração durante o processo de extubação, ocorreu
níveis na sala. Foi retirada do kit anestésico a succinilcolina. Com a uma mordida na ponta do aspirador, com fragmentação da ponta
paciente monitorizada com oximetria de pulso, PNI, ECG, ETCO2 e de plástico e aspiração de pedaços para as vias aéreas inferiores.
temperatura, prosseguiu-se com a indução anestésica com fentanil, Imediatamente foram reiniciadas as bombas de infusão, sendo o pa-
propofol, cisatracúrio e intubação orotraqueal, sendo optado por ciente ventilado com oxigênio a 100%, enquanto era completada
anestesia venosa total. Permaneceu estável durante o procedimen- a preparação para broncoscopia/esofagogastroscopia. Visualizados
to, com temperatura de 36,6-36,8ºC. Findada a cirurgia, foi extuba- e retirados 5 fragmentos de aspirador presentes na traqueia. Alta
da e transferida para a sala de recuperação, onde foi observada por da sala de recuperação pós-anestésica após 6 horas e hospitalar na
4 horas. Evoluiu sem intercorrências, recebendo alta hospitalar em tarde do dia seguinte.
bom estado geral no 2º DPO. Discussão: O uso de materiais inadequados para procedimentos
Discussão: Na fase inicial, podem estar presentes sinais como anestésicos cirúrgicos deve ser desestimulado. O caso descrito acar-
aumento da ETCO2, hipertermia, taquicardia, acidose mista, es- retou em mudança nos materiais utilizados para aspiração de vias
pasmo de masseter, hipercalemia e PCR súbita. Também podem aéreas durante a extubação em todas as salas cirúrgicas do hospital.
S266 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Referências: Introdução: A segurança do paciente depende invariavelmente de


1. Rodrigues AJ, Oliveira EQ, Scordamaglio PR, et al. Broncoscopia uma boa comunicação entre os profissionais e áreas. Esta deve ser
flexível como primeira opção para a remoção de corpo estranho precisa, completa, sem ambiguidade e compreendida por todos. A
das vias aéreas em adultos. J Bras Pneumol. 2012:38:315-20. efetividade da comunicação reduz a ocorrência de erros e resulta
2. Arcoverde LCA, Farias TP, Dias FL, et al.Remoção de corpo es- na melhoria da segurança do paciente. A comunicação ineficaz está
tranho de vias aéreas de pacientes adultos traqueostomizados entre as causas-raízes de mais de 70% dos erros na assistência. O
utilizando broncoscópio flexível: relato de dois casos. Rev Bras objetivo foi avaliar a eficiência do processo de comunicação e inci-
Cir Cabeça Pescoço. 2013;42:228-31. dência de relato de eventos adversos entre profissionais no centro
cirúrgico de um hospital universitário.
Método: Estudo descritivo, quantitativo. Coleta realizada entre
TLO451 AVALIAÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA ENTRE março a outubro de 2016 no centro cirúrgico, utilizando questioná-
PROFISSIONAIS DO CENTRO CIRÚRGICO DE HOSPITAL rio com questões estruturadas contendo afirmativas categorizadas
UNIVERSITÁRIO em escala de Likert para investigação das variáveis comunicação e
relato de eventos adversos no contexto da cultura de segurança do
Josenilia Maria Alves Gomes, Marta Maria Costa Freitas,
paciente. As respostas foram apresentadas em forma de percentual.
Hudson Felipe Arnou Alves, Cláudia Regina Fernandes* Resultado: Quando questionados se os profissionais recebem infor-
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Universidade mação sobre mudanças implementadas a partir dos relatórios de
Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil eventos adversos, 34,6% dos entrevistados afirmaram que às vezes;
22,2% consideraram que a informação sempre os atinge; enquan-
Introdução: A falta de segurança nos cuidados de saúde resulta em
to apenas 14,8% referem que nunca recebem informações sobre as
expressiva morbidade e mortalidade evitáveis, além de gastos adi-
mudanças. Por outro lado, 42% consideram que sempre ou quase
cionais para o sistema de saúde. O objetivo deste estudo foi avaliar
sempre são informados dos erros, enquanto apenas 11,1% conside-
a cultura de segurança no ambiente cirúrgico de um hospital uni-
ram que nunca foram informados sobre os erros que acontecem na
versitário, identificando os pontos críticos que precisam ser traba-
sua unidade de trabalho. No aspecto liberdade para relatar os erros,
lhados para garantir uma postura dos profissionais envolvidos com a
69,1% consideram que sempre ou quase sempre têm liberdade para
segurança do paciente cirúrgico.
relatar o que pode afetar negativamente o cuidado do paciente,
Método: Estudo observacional, descritivo, do tipo seccional, quan-
frente a 2,5% que afirmam nunca ter essa liberdade. Sobre como
titativo, realizado em um hospital universitário do estado do Ceará,
os funcionários sentem-se para questionar as decisões ou ações dos
durante os meses de maio a setembro de 2016. A população era a
seus superiores, 40,7% sempre ou quase sempre se sentiram confor-
amostra de conveniência formada pelos profissionais que trabalham
táveis, 11,1% afirmaram que nunca se sentiram à vontade. Sobre re-
no centro cirúrgico ligados diretamente ao cuidado assistencial.
latos de eventos adversos ocorridos, porém percebidos e corrigidos
Para coleta de dados, foi utilizada uma versão validada da adapta-
antes de afetar o paciente, 45,7% afirmaram que sempre ou quase
ção transcultural para o português do questionário Hospital Survey
sempre tais eventos são relatados, diante de 11,1% que raramente
on Patient Safety Culture (HSOPSC). Foram investigadas as várias
realizaram tal ação. Quando esses eventos de erro ocorrem, mas
dimensões da cultura de segurança do paciente do HSOPSC. As “áre-
não há risco de dano ao paciente, 42% declararam que sempre ou
as fortes da segurança do paciente” são aquelas cujos itens escritos
quase sempre relatam o ocorrido, 12,3% nunca relataram tais pro-
positivamente obtiveram 75% de respostas positivas (“concordo to-
blemas. Quando há erro, engano ou falha que pode causar danos
talmente” ou “concordo”).
ao paciente, mas não causa, 51,9% afirmaram que sempre ou quase
Resultado: Participaram 81 funcionários, 49,4% masculino, 45,7%
sempre têm relatado tais questões, enquanto que 12,3% admitiram
com 1 a 5 anos de trabalho, 47% médicos. Dimensão 1: característi-
nunca relatar.
cas gerais do centro cirúrgico e do trabalho em equipe mostrou-se
Conclusão: No referido ambiente de trabalho, o erro é bem divul-
fraco (49%); Dimensão 2: características do supervisor/chefe da uni-
gado e conhecido, mas as ações para evitar que ele se repita não
dade (forte, 74%); Dimensão 3: características da comunicação na
são adequadamente conhecidas, denotando a dificuldade dos profis-
unidade (fraco, 48%); Dimensão 4: frequência dos eventos adversos
sionais para manter uma comunicação que favoreça o trabalho em
relatados (fraco, 48%); Dimensão 6: características da instituição e
equipe e, consequentemente, a segurança do paciente.
do trabalho entre as unidades que interagem no processo de cuida-
Referência:
do (fraco, 40%); Dimensão 7: número de eventos adversos relatados
1. Vincent C. Segurança do paciente: orientações para evitar even-
(nenhum, 64,7%).
tos adversos. São Caetano do Sul (SP): Yendis. 2009.
Conclusão: Os dados apresentados apontam fragilidade importante
na maioria das dimensões avaliadas no HSOPSC. As duas dimensões
centrais deste questionário para análise da cultura de segurança de
uma instituição são as relacionadas ao relato dos eventos adversos.
TLO117 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS
Referência: ANESTESIOLOGISTAS DO ESTADO DO AMAPÁ
1. Reis CT, Laguardia J, Martins M, et al. Adaptação transcultural da Raimundo Afonso Nascimento Ramos Junior, Karlene Aguiar Lamberg,
versão brasileira do Hospital Survey on Patient Safety Culture: Flavio Gurgel Paulino Murta*, Guilherme Paulo Leite Neto,
etapa inicial. Cad Saúde Pública. 2012;28:2199-210. Alehandro Neves Terra, Daniel Foinquinos de Melo
Hospital São Camilo e São Luís, Macapá, AP, Brasil
TLO446 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA COMUNICAÇÃO NA Justificativa: A anestesiologia é considerada especialidade que
FREQUÊNCIA DE RELATO DE EVENTOS ADVERSOS ENTRE promove níveis elevados de tensão, fato que pode resultar con-
PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO CENTRO CIRÚRGICO DE sequências negativas em quem a pratica. Anestesiologistas vivem
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO em estado constante de vigilância, permitindo reação imediata em
situações críticas, exigindo acesso rápido a grande volume de in-
Josenilia Maria Alves Gomes, Marta Maria Costa Freitas ,
formações. Deste modo, o cotidiano laboral árduo ao qual ele está
Hudson Felipe Arnou Alves , Cláudia Regina Fernandes *
exposto apresenta diversos estímulos estressantes que ocasionam
Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Universidade prejuízo a sua saúde, podendo produzir transtornos psicológicos,
Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil somáticos ou ambos, prejudicando sua qualidade de vida (QV).
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S267

Objetivos: Avaliar a qualidade de vida dos anestesiologistas atuantes satisfatória. A maioria é de homens (84,9%) entre 28 e 72 anos. O
no estado do Amapá e sua relação com variáveis biodemográficas. tempo de trabalho como anestesiologistas variou de 8 meses até 42
Método: Estudo analítico-descritivo transversal com 17 anestesio- anos. Quase 70% dos sujeitos trabalham em mais de cinco hospitais,
logistas, realizado por meio de questionários para coleta de dados o que pode ser positivo pelo fato de as tarefas diárias serem varia-
biodemográficos e WHOQOL-bref, composto de 26 questões. São 2 das. 62,4% não participam de nenhum programa de atualização pro-
perguntas gerais sobre qualidade de vida e grau de satisfação com a fissional, taxa considerada inaceitável. 83,9% não praticam nenhum
saúde e 24 perguntas envolvendo os domínios físico, psicológico, a método para mensurar a pressão do cuff do tubo endotraqueal,
relação social e o meio ambiente. sendo a palpação o método mais usado por aqueles que praticam
Resultado: Participaram da pesquisa 17 anestesiologistas, o que algum método (66,6%). Depreende-se que, na maioria dos casos, ou
corresponde a 77,2% daqueles atuantes no estado. Quanto ao gê- a pressão do cuff está muito alta, trazendo consequências diretas
nero, foram 58,8% homens e 41,2% mulheres. Houve predomínio para a integridade da traqueia, ou muito baixa, o que não evita
da faixa etária entre 40 e 59 anos, o que representou 41,2% da que haja pequenas broncoaspirações. 74,7% dos sujeitos acreditam
amostra, seguida da faixa acima de 60 anos (35,3%) e entre 24 a 39 ser dispensável a mensuração da pressão do cuff para assegurar um
anos (23,5%). 76,4% são casados ou estão em união estável e 64,7% bom prognóstico ao paciente no pós-operatório. A literatura médica
possuem título de especialista em anestesiologia. A maioria (76,4%) sobre o assunto sugere fortemente que a adequada mensuração da
tem tempo de atuação acima de 15 anos. Em relação à quantidade pressão do cuff impede que a tensão exceda 22 cm de H20, prejudi-
de turnos semanais trabalhados, considerando os três turnos diários, cando o fluxo sanguíneo da mucosa traqueal. 96,7% concordam que
52,9% trabalham de 6 a 10 turnos e 35,3% até 5 turnos. Quanto ao existe um limite para a pressão do cuff endotraqueal, mesmo que
total de horas de plantões semanais, 52,9% trabalham de 24 a 36 esse limite seja impreciso para a maioria e determinado de forma
horas por semana. Quando avaliados subjetivamente sobre a quali- empírica (método palpatório), baseado na experiência pessoal, con-
dade de vida (domínio geral), 64,7% responderam ter boa QV. Com figurando um baixo nível de evidência em medicina.
relação a quanto aproveitam a vida (domínio psicológico), 58,8% Conclusão: Os dados obtidos confirmam que a maior parte dos anes-
responderam aproveitar moderadamente. Sobre grau de satisfação tesiologistas da pesquisa possui um conhecimento limitado sobre o
com as relações pessoais (domínio social), 53% se afirmam satisfei- cuff dos tubos endotraqueais, além de práticas não eficazes para o
tos. Já em relação a ter energia suficiente para o dia a dia (domínio seu manejo, fazendo-se necessária maior divulgação desse tema.
físico), 41,2% responderam ‘muito’ e 35,3% ‘médio’. Na percepção Referência:
do grau de satisfação com a saúde, 58,8% estavam satisfeitos. 1. Siamdoust SA, Mohseni M, Memarian A. Endotracheal tube cuff
Conclusões: Nos domínios físico, psicológico e social, esses profis- pressure assessment: education may improve but not guarantee
sionais apresentam boa QV. No domínio meio ambiente, apresentam the safety of palpation technique. Anesth Pain Med. 2015;5:161-3.
QV regular. De forma geral, a QV desses profissionais é classificada
como regular. Há necessidade de estudos e programas que visem ao
bem-estar, a qualidade de vida e a manutenção da saúde dos anes- TLP373 ESTABILIDADE HEMODINÂMICA EM CIRURGIA
tesiologistas do estado do Amapá. PARA RESSECÇÃO DE GLÔMUS JUGULOTIMPÂNICO COM
Referências: EMBOLIZAÇÃO PREOPERATÓRIA
1. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, et al. Aplicação da versão em
Raquel Augusta Monteiro de Castro*, Carolina Linhares Martins,
português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade
de vida WHOQOL-bref. Rev Saude Publ. 2000ç34:178-83. Wanderson Penido da Costa, Cláudia Helena Ribeiro da Silva,
2. Andrade GO, Dantas RAD. Transtornos mentais e do comporta- Marcelo Fonseca Medeiros, Patrícia Lopes Gabriel
mento relacionados ao trabalho em médicos anestesiologistas. Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG,
Rev Bras Anestesiol. 2015;65:504-10. Brasil
Introdução: Os tumores glômicos são raros, benignos e altamente
vascularizados, localizam-se na parede de vasos sanguíneos ou as-
TLP393 CUFF: A VISÃO DOS ANESTESIOLOGISTAS DE UMA
sociados a nervos específicos, sendo comuns no corpo carotídeo,
CAPITAL BRASILEIRA
cavidade timpânica, bulbo jugular e nervo vago. O comportamento
Gabriel Mendes Andraos*, Handel Meireles Borges Filho, expansivo e destrutivo destes tumores pode ser ameaçador à vida
Karoline Domingos Chiari, Dário Humberto de Paiva, dependendo da região envolvida.
Heber de Moraes Penna, Thiago Anderson Cabral Moreira Relato de caso: M.L.S.M., 48 anos, 69 kg, sexo feminino, portado-
ra de tumor glômico jugular em ângulo pontocerebelar esquerdo.
CET Clínica de Anestesia de Goiânia, Goiânia, GO, Brasil
Passado de HAS, DRC secundária a arterionefrosclerose com função
Justificativa e objetivos: Os tubos endotraqueais são diariamente renal estável, anemia crônica. Etilista social, tabagista crônica. Em
manipulados pelos anestesiologistas para garantir a via aérea dos uso de anlodipino e atenolol. Submetida à embolização do tumor
pacientes. Para que essa finalidade seja atingida, existe um inter- e, após 2 dias, ressecção cirúrgica sob anestesia geral balanceada.
valo de pressão do cuff a ser respeitado. O desconhecimento sobre Monitorização com oximetria de pulso, cardioscopia, capnografia,
esse dispositivo e seu uso de forma imprecisa pode prejudicar os termômetro, pressão invasiva, sondagem vesical de demora e exa-
pacientes assistidos. mes laboratoriais seriados. Indução anestésica com remifentanil,
Método: Trata-se de estudo transversal sobre o conhecimento dos propofol, cisatracúrio e lidocaína. Intubação em plano profundo,
anestesiologistas da cidade a respeito da pressão do cuff do tubo sob laringoscopia direta, sem intercorrências. Manutenção anesté-
endotraqueal. Foi avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Huma- sica com remifentanil (0,1 a 0,5 mcg/kg/min), sevoflurano (0,7 a 1
na e Animal. Foram considerados elegíveis aqueles que assinaram o CAM) e cisatracúrio. Cirurgia realizada por equipe multidisciplinar
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). O instrumento (neurocirurgia e otorrinolaringologia), ato anestésico-cirúrgico com
final incluiu características sociodemográficas e informações sobre 11 horas de duração. Poucos e breves episódios de bradicardia, com
a prática dos participantes em relação ao cuff e também explorou as repercussão hemodinâmica, durante a manipulação do tumor em
opiniões sobre o manuseio do cuff na prática clínica diária. território do nervo vago, com resolução espontânea após a inter-
Resultado: Foram entregues 319 questionários, juntamente com o rupção da manipulação, sem necessidade de intervenção farmaco-
TCLE, sendo 93 respondidos, o que corresponde a 29,15 % da popula- lógica. Elevações pressóricas moderadas ocorreram nos períodos de
ção de anestesiologistas da cidade, sendo esta uma taxa de resposta manipulação tumoral direta, sendo tratadas com ajuste do plano
S268 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

anestésico e nitroprussiato de sódio. Reposição hídrica com 4500 mL 66% não higieniza), seguida de Micrococcus sp (20% vs 55%). Uma
de cristaloides, hemotransfusão de 300 mL de concentrado de he- amostra (5,5%) com Enterococcus (VRE), de patogenicidade alta, foi
mácias no início do procedimento (Hb inicial = 7,7 mg/dL), sem ne- encontrada no grupo sem o hábito de limpeza.
cessidade de outras reposições no perioperatório. Encaminhada ao Conclusão: O mapeamento da contaminação de celulares nos per-
CTI para cuidados pós-operatórios, intubada, hemodinamicamente mitiu o entendimento sobre reservatórios de bactérias nosoco-
estável, sem uso de drogas vasoativas, com parâmetros ventilató- miais. A partir deste estudo preliminar, será realizado estudo com
rios mínimos. Permaneceu internada por 17 dias, recebendo alta todos médicos do serviço de anestesia, assim como a realização
para acompanhamento ambulatorial com equipe assistente. de intervenções educativas junto com o serviço de controle de
Discussão: No manejo anestésico dos tumores glômicos devem ser infecção hospitalar.
considerados os riscos da secreção de catecolaminas, produzindo Referência:
sintomas de um feocromocitoma; secreção de serotonina, produzin- 1. Ulger F, Dilek A, Esen S, et al. Are healthcare workers’ mobile
do sintomas de síndrome carcinoide; esvaziamento gástrico prejudi- phones a potential source of nosocomial infections? Review of
cado; aumento da pressão intracraniana; ameaça de embolia aérea the literature. J Infect Dev Ctries. 2015;9:1046-53
venosa e considerável perda sanguínea. Além da adequada prepa-
ração e cuidados anestésicos realizados, associa-se também, a este
caso, a embolização pré-operatória empregada como contribuinte TLP788 EVENTOS ADVERSOS OCORRIDOS NO
para estabilidade hemodinâmica e favorável evolução da paciente. INTRAOPERATÓRIO DE PROCEDIMENTOS ANESTÉSICOS
Referências: REALIZADOS EM HOSPITAIS PRIVADOS E PÚBLICO DE SÃO
1. Teranish Y, Kohno M, Sora S, et al. Perioperative management of PAULO
catecholamine – secreting glomus jugulare tumors. J Neurol Surg
Klayne Moura Teixeira de Souza*, Ricardo Zanlorenzi,
Rep. 2014;75:e170-e174.
Adeli Mariane Vieira Lino Alfano, Guinther Giroldo Badessa,
2. Jensen NF. Glomus tumors of the head and neck: anesthetic con-
siderations. Anesth Analg. 1994;78:112-9. Luiz Fernando dos Reis Falcão
CET do Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista (GAAP) do
Hospital São Camilo, São Paulo, SP, Brasil
TLO266 ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A CONTAMINAÇÃO
Justificativa e objetivos: A anestesiologia é uma das especialidades
DE BACTÉRIAS NOSOCOMIAIS EM CELULARES DE médicas que mais preza pela segurança do paciente. Nesse sentido,
ANESTESIOLOGISTAS EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO as ferramentas de monitorização de diversos parâmetros, como tem-
Guilherme Haelvoet Correa*, Davi Bruxelas de Freitas, peratura, frequência cardíaca, pressão arterial e saturação periférica
Carla de Souza Formigoni, Mariana Volpe Arnoni, de oxigênio, auxiliam o médico anestesiologista a detectar possíveis
Ligia Andrade da Silva Telles Mathias, Marcelo Jennè Mimica complicações durante o período perioperatório e a tratá-las de ma-
neira adequada. Da mesma maneira, a quantificação de complicações
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, intraoperatórias através de registros auxiliam a melhora da qualidade
Brasil da anestesia oferecida, visando à minimização das complicações in-
Justificativa e objetivos: As infecções nosocomiais são grande pre- traoperatórias. O objetivo deste estudo é a quantificação das compli-
ocupação para hospitais e serviços de saúde devido aos prejuízos cações relacionadas à anestesia ocorridas no intraoperatório de pro-
causados tanto para a instituição quanto para o paciente. O adven- cedimentos anestésicos em hospitais privados e público de São Paulo.
to e propagação de smartphones surge como potencial responsável Método: Estudo retrospectivo dos indicadores de complicações
anestésicas ocorridas no intraoperatório de procedimentos realiza-
pela disseminação de bactérias aos doentes. No entanto, poucos
dos no centro cirúrgico de 3 hospitais privados e 1 hospital público
estudos investigaram o papel do anestesiologista como agente cor-
da cidade de São Paulo. Foram analisados 114.386 procedimentos
responsável. O presente estudo tem por objetivo investigar se os
cirúrgicos, realizados de janeiro de 2015 a junho de 2017. As variá-
celulares dos anestesiologistas e residentes de anestesiologia dos
veis foram expressas em valor absoluto e relativo.
centros cirúrgicos do Hospital Central da Santa Casa de São Paulo
Resultado: De 114.386 procedimentos realizados no centro cirúr-
são potenciais reservatórios de bactérias nosocomiais.
gico, ocorreram 1465 (1,3%) eventos adversos no intraoperatório.
Método: Foi realizado estudo preliminar com grupo de 30% dos mé-
Destes, 935 (63,8%) foram em pacientes submetidos à anestesia ge-
dicos residentes e assistentes de anestesiologia baseado em coleta
ral; 258 (17,6%) à bloqueio de neuroeixo; 232 (15,8%) à sedação;
de culturas de vigilância dos aparelhos celulares destes médicos. No
e 101 (6,9%) à bloqueio periférico. Os eventos adversos mais fre-
momento da coleta, um questionário sobre o perfil de utilização dos quentes foram cardiovasculares, com 653 (44,6%); e respiratórios,
celulares foi respondido pelo participante. As variáveis estudadas 643 (43,9%); seguidos por via aéreas, com 525 (35,8%); eventos re-
foram idade, tempo de anestesia, tipo de celular, hábito de saniti- nais endócrinos e metabólicos, com 511 (34,9%); e neurológico, 20
zação do celular (frequência, motivos, convicções), crescimento de (1,8%). A taxa de complicações dos 3 hospitais privados foi igual à
bactérias e taxa de contaminação. do hospital público, o que reflete uma igualdade no cuidado com o
Resultado: Foram 38 participantes, sendo 19 homens e 19 mulhe- paciente em dois cenários distintos.
res, com idade média de 34,8 ± 9,9 anos e tempo de prática em Conclusões: A baixa taxa de complicações relacionadas a bloqueios
anestesia de 7,7 ± 9,5 anos. Entre as atividades realizadas com ce- periféricos mostra que, sempre que possível, devemos considerar
lulares, a mais presente foi prática médica (97%), seguida de leitura esta alternativa a fim de minimizar complicações associadas à anes-
de notícias (67,6%) e redes sociais (61,7%). Cerca de 35,1% utilizam tesia. As altas taxas de complicações para anestesia geral podem es-
o aparelho mais de 20 vezes ao dia contra o menor uso (entre 0 e tar associadas ao fato de pacientes mais graves necessitarem deste
5 vezes), correspondente a 18,9%. Foi considerado como hábito de tipo de abordagem anestésica.
limpeza a frequência entre todos os dias a uma vez por semana Referências:
(n = 20), ao passo que 1 vez ao mês ou “nunca”, foram conside- 1. Wacker J, Staender S. The role of the anesthesiologist in perio-
radas como sem hábito (n = 18). Higiene pessoal foi o motivo para perative patient safety. Curr Opin Anaesthesiol. 2014;27:649-56.
limpar para 75,6% das pessoas. 78,9% das amostras apresentaram 2. Schiff JH, Welker A, Fohr B, et al. Major incidents and complica-
contaminação por bactérias (75% no grupo que limpa celulares e tions in otherwise healthy patients undergoing elective procedu-
83% no grupo que não tem o hábito). A bactéria mais presente foi res: results based on 1.37 million anaesthetic procedures. Br J
Staphylococcus coagulase negativo (65% no grupo que higieniza vs. Anaesth 2014;113:109-21.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S269

TLO314 INCIDÊNCIA DE SÍNDROME DE BURNOUT EM de intercorrência em procedimento endovascular com manejo de


MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO diversas equipes possibilitando um desfecho favorável.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 18 anos, sem comorbi-
Thais Morato Menezes, Monik Gonçalves Vilela,
dades, evolui com trombose de veia subclávia direita por provável
Flávio Andrade de Avelar*, Gláucio Grégori Nunes Bomfá, síndrome do desfiladeiro torácico e uso de anticoncepcional oral,
Andre Felipe Ferreira Barroso foi internada para passagem de stent de subclávia sob sedação. Du-
Hospital Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG, Brasil rante o procedimento, após o balonamento do stent notou-se ins-
tabilidade hemodinâmica e, após intubação orotraqueal, foi feito
Introdução e Justificativa: Em meio à evolução dos estudos so- ecocardiograma transtorácico que visualizou tamponamento cardía-
bre o estresse, surgiram as pesquisas sobre síndrome de burnout, co. Chamada a cirurgia cardíaca, que realizou janela subxifoide e
uma patologia desenvolvida em resposta a fontes crônicas de es- posicionamento de dreno pela incisão. Paciente foi encaminhada
tresse emocional e interpessoal no trabalho. A primeira descrição extubada à UTI, onde apresentou débito importante no dreno asso-
sistemática da doença foi realizada pelo psiquiatra Herbert J. ciado à queda hematimétrica e instabilidade hemodinâmica. Comu-
Freudenberg, em 1974. A síndrome de burnout (queimar-se por nicado à cirurgia cardíaca, foi realizado IOT e passagem de cateter
completo), consequência do estresse crônico, caracteriza-se por venoso central pelo anestesista em conjunto com o intensivista na
exaustão emocional, despersonalização e sentimento de bai- UTI e encaminhada para esternotomia no centro cirúrgico. Durante
xa realização profissional. Acomete trabalhadores sob extrema a esternotomia, foi visualizada uma pequena perfuração na aorta
responsabilidade ou que assistem indivíduos sob risco, incluindo pela base do stent por contiguidade com a cava superior, com san-
anestesiologistas. gramento para o saco pericárdico. Realizada correção cirúrgica na
Objetivo: O objetivo desse estudo é verificar a incidência de sín- aorta e manejo hemodinâmico com droga vasoativa, transfusão de
drome de burnout em médicos anestesiologistas de um hospital concentrado de hemácias (Hb 5,2 inicial e 8 final), fibrinogênio e
terciário. concentrado de complexo protrombínico. Paciente encaminhada à
Método: Foi realizado um estudo transversal, com aplicação de UTI, onde foi extubada após 4 horas e teve alta no segundo pós-ope-
questionário autoaplicável com base no Inventário de Burnout de ratório, sem intercorrências.
Maslach em 30 profissionais de um hospital terciário, que incluiu Discussão: É amplamente consolidado na literatura que a utilização
dados sociodemográficos, profissionais e de lazer. de equipes multidisciplinares em hospitais melhora os resultados,
Resultado: A faixa etária da amostra está compreendida entre 33 a aumentando a satisfação dos pacientes e limitando os eventos
70 anos e 81,2% dos participantes do estudos são do sexo masculino. adversos. O trabalho em equipe envolvendo múltiplas equipes
A maior parte dos profissionais trabalha em mais de 2 empregos cirúrgicas, médicos anestesiologistas, intensivistas e radiologistas,
(95%) e tem carga horária superior a 80 horas semanais (75%). Dos equipe de enfermagem e outros profissionais, quando bem realizado,
resultados extraídos, observou-se que 10% da amostra tem a pos- com comunicação rápida e efetiva entre os profissionais, possibili-
sibilidade de desenvolver burnout (83,3%) na fase inicial e (6,7%) ta diagnósticos mais rápidos e condutas mais resolutivas. No caso
com a doença instalada. A síndrome de burnout apresentou pre- descrito, o diagnóstico do derrame pericárdico pelo radiologista no
valência principalmente em homens (70,58%), na faixa de 30 a 40 centro cirúrgico, a rápida comunicação entre as equipes cirúrgicas
anos (71,4%), com até 10 anos de profissão (71,3%), com atuação em e o trabalho em conjunto do anestesista com o intensivista foram
plantões noturnos (100%), sedentários (43,75%). essenciais para a resolução do caso com desfecho favorável.
Conclusões: Este estudo é uma alerta para a prevalência da síndro- Referência:
me em anestesiologistas, bem como para os internos da especiali- 1. Epstein NE. Multidisciplinary in-hospital teams improve patient
dade. É preciso melhorar a compreensão sobre o efeito da síndrome outcomes: a review. Surg Neurol Int. 2014;5(Suppl 7):S295-303.
de burnout sobre esses profissionais para minimizar os efeitos da
doença, como depressão, isolamento, uso de drogas ilícitas e baixa
produtividade, bem como refletir sobre o ambiente de trabalho e a TLO865 VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE OXIGÊNIO
motivação profissional. FORNECIDA POR DETERMINADOS HOSPITAIS DE SERGIPE E
Referências: SUAS IMPLICAÇÕES
1. Serralheiro FC, Braga ALF, Garcia MLB, Grigio T, Martins LC. Pre-
valência da síndrome de burnout em anestesiologistas de Insti- João Nicolle Tupiná Nogueira, Marcos Antonio Costa de
tuição de Ensino Superior em Medicina. Arq Bras Ciênc Saúde. Albuquerque, Marcos Eyder Leite Fragoso, Julio Cezar M Brandão*
2011;36:140-3. Centro de Ensino e Treinamento (CET) Menino Jesus de Praga,
2. Cavalcante IL, Cantinho FAF, Assad A. Stress e fadiga na segu- Aracaju, SE, Brasil
rança do ato anestésico: impacto no desempenho profissional. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Sergipe (UFS),
Medicina Perioperatória. In: Cavalcanti IL, Cantinho FAF, Assad A. São Cristóvão, SE, Brasil
Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro. 2006;965-72. Introdução: O oxigênio hospitalar, também chamado de oxigênio
medicinal, é um gás incolor e inodoro, além de classificado pela
ANVISA como um medicamento. Ele é essencial a toda e qualquer
TLO065 MANEJO MULTIDISCIPLINAR NA UTI E CENTRO prática anestésica. No Brasil, a primeira normativa publicada com
o intuito de promover o uso seguro de sistemas concentradores de
CIRÚRGICO DE INTERCORRÊNCIA POTENCIALMENTE FATAL
oxigênio foi a resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1355,
Renato Zitron*, Marcus Vinicius Figueiredo Lourenço, de 14/08/1992 (CFM 1355/92), a qual definiu a concentração míni-
Luiz Guilherme Villares da Costa, Kelson Sousa Jacobina, ma do O2 em 92%, com limites máximos do argônio (Ar) em 5% e N2
Thales Abreu Tedoldi em 4%. Objetivou-se a checagem da acurácia e a confiabilidade do
oxigênio ofertado nas unidades hospitalares estudada.
Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil
Método: Submetemos o projeto ao comitê de ética e pesquisa. Utili-
Introdução: Perfuração da aorta durante procedimentos endovas- zou-se um aparelho medidor de fração de oxigênio para a realização
culares é um evento raro, porém potencialmente letal. O rápido das medições. Após a calibração e anuência dos serviços, aplicamos
diagnóstico e conduta com abordagem multidisciplinar é impres- a técnica de medição da fração de oxigênio em pelo menos dois
cindível para um bom desfecho da situação. Apresentamos um caso setores de cada hospital, com intervalo de 5 minutos entre cada
S270 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

medida. Foi realizada a calibração com ar ambiente, conforme a em lux. Foi realizada uma análise estatística descritiva e inferencial
recomendação especificada no manual do fabricante do aparelho, e considerado estatisticamente significativo o valor de p < 0,05.
sendo feitas antes de cada coleta realizada. Resultado: Entre as 100 medições da iluminância, 14/14% apresen-
Resultado: As amostras coletadas tiveram alto índice de correlação taram valor de lux ≥ 500, 26/26% estavam entre 250 e 499 e 60/60%
entre si, em se comparando as amostras do mesmo hospital. Os re- tiveram < de 250. Em 14/14% das intubações houve dificuldade téc-
sultados mostraram que, entre os hospitais estudados, somente dois nica do tipo troca de lâmina e falha da fonte luminosa. Na avaliação
tiveram concentrações de oxigênio inferiores a 95%, contudo, não subjetiva, os profissionais consideraram a intensidade de luz, antes
menos do que 91,4%. Os resultados foram tabulados, sendo calcu- da intubação, como adequada em 70/70% das lâminas, 23/23% que
ladas as médias de cada hospital e geral (média global: 97,56 e DP: poderia melhorar e 7/7% como precária. No grupo onde a iluminância
2,81), com seus desvios-padrões respectivos. foi considerada precária, houve dificuldade técnica em 71,4% das
Conclusão: Dos 11 hospitais avaliados, somente dois tinham níveis intubações (p < 0,001). Durante a intubação, 66/66% consideraram a
de oxigênio nas redes ligeiramente abaixo do recomendado pelas luminosidade como adequada, 29/29% que poderia melhorar e 5/5%
normativas legais. Apesar de números acima de 91,4% não trazerem como ruim, sendo 80% das dificuldades técnicas registradas no grupo
perigo para a grande maioria dos casos, isto foge às especificações que avaliou a luminosidade como ruim (p < 0,001).
e cálculos estabelecidos para a pureza do oxigênio utilizado. Assim, Conclusões: Neste estudo, os autores concluíram que, como a me-
torna-se imperiosa a checagem do aparelho de anestesia de forma dida da iluminância não faz parte da rotina da prática anestésica, a
sistemática, pois esta nos permite também evidenciar quando as avaliação subjetiva do anestesiologista do grau de iluminância das
concentrações de oxigênio estiverem baixas através dos testes dos lâminas de laringoscópio antes da intubação traqueal deve ser con-
sensores de oxigênio que são mandatórios nas recomendações de siderada para que seja facilitada a técnica desse procedimento e
checagem destes aparelhos antes de cada procedimento. complicações possam ser evitadas.
Referências: Referências:
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TLO110 AVALIAÇÃO DO LACTATO PLASMÁTICO EM


PACIENTES MONITORADOS PELO ECOCARDIOGRAMA
TRANSTORÁCICOS EM CIRURGIAS ABDOMINAIS DE GRANDE
LXI) Monitorização e Equipamentos PORTE
Marcello Fonseca Salgado Filho, Thalita Camargo Santos*,
Patricia Silva Braga, Ícaro França Morais,
TLO416 AVALIAÇÃO DO GRAU DE INTENSIDADE LUMINOSA
Amélie Gabrielle Vieira Falconi, Victor Matheus Condé de Oliveira
DE LÂMINA CONVENCIONAL EM LARINGOSCÓPIOS DA
MACINTOSH Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil
Frederico de Souza Nogueira, Henrique Rocha Machado*,
Jane Auxiliadora Amorim, Otávio Damázio Filho, Justificativa e objetivos: A utilização da ecocardiografia transto-
Lucas Wanderley Lima, Guilherme Campos Soares Quintas rácica (ETT) em cirurgias não cardíacas tem ganhado popularidade
pela praticidade e a facilidade da realização dos exames point of
Centro de Ensino e Treinamento (CET) em Anestesiologia dos
care com os protocolos do exame focado (FATE). O objetivo primá-
Hospitais da Restauração, Getúlio Vargas e Oswaldo Cruz, Recife,
rio deste trabalho é comparar os níveis de lactato plasmático em
PE, Brasil
pacientes submetidos à cirurgia abdominal de grande porte monito-
Justificativa e objetivos: A intubação traqueal é um procedimento rados pela ETT ou por técnicas convencionais.
comum nas unidades de emergência, cuidados intensivos e centros Métodos: Após liberação do Comitê de Ética em Pesquisa
cirúrgicos. Entre os fatores que influenciam uma intubação sem in- (CAAE60721816.9.0000.5139) e registro no Clinical Trials/FDA
tercorrências, merece destaque a intensidade luminosa produzida (NCT03103373), foi realizado um estudo do tipo clínico, prospec-
pelo dispositivo utilizado (iluminância), sendo recomendado, pela tivo e aleatório onde foram avaliados 55 pacientes, de ambos os
normativa internacional, um valor mínimo de 500 lux para se obter gêneros, com idade entre 18 e 80 anos, que foram submetidos à
uma boa luminosidade. Esse estudo teve como objetivo medir a ilu- cirurgia abdominal de grande porte no período de março de 2017 a
minância de lâminas convencionais de laringoscópios de MacIntosh julho de 2017. Os doentes foram divididos aleatoriamente de forma
em salas de cirurgia em hospital de atendimento terciário. computadorizada em dois grupos: grupo convencional e grupo eco-
Métodos: Tratou-se de um estudo observacional transversal, onde cardiograma. Os pacientes de ambos os grupos foram submetidos
foi medida a iluminância de 100 lâminas de laringoscópios conven- à anestesia geral balanceada com propofol, fentanil e cisatracúrio
cionais de MacIntosh, nº 4, utilizadas para intubação endotraqueal associada à anestesia peridural com ropivacaína à 0,2%. Todos os
de pacientes sem preditores de via aérea difícil, por meio de luxí- grupos foram monitorados com ECG, SpO2, PAI, PVC e Capnógrafo.
metro, sendo a lâmina do laringoscópio colocada dentro de tubo de A ETT foi utilizada no grupo ecocardiograma segundo o protocolo
policloreto de vinila pintado de preto fosco para retirar a interfe- FATE. Os dados hemodinâmicos e os marcadores plasmáticos (lac-
rência da luz ambiente. Por meio de questionário, foram realiza- tato arterial, PH arterial, glicemia, saturação venosa mista) foram
das perguntas subjetivas aos anestesiologistas e médicos residentes avaliados 10 minutos após a intubação traqueal antes do início da
sobre o grau de satisfação com a intensidade luminosa antes e após cirurgia e ao final da cirurgia antes da extubação.
a intubação, se a intensidade da luz dificultou a intubação e as di- Resultado: Foram analisados 27 pacientes no grupo ecocardiograma
ficuldades técnicas. Os valores da iluminância foram quantificadas e 28 pacientes no grupo convencional. Não houve diferença estatís-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S271

tica entre os grupos quanto aos dados demográficos. Quando os gru- foram feitos 4 CH, 06 UI PFC, 20 UI de crioprecipitado e 1 aférese
pos foram comparados entre si, não houve diferença entre os grupos de plaquetas. Após essas intervenções, EXTEM apresentou CT de 85
no momento 10 minutos pós-intubação traqueal, contudo, quando seg e MCF de 41 mm; FIBTEM com MCF de 10 mm; INTEM com CT de
foram avaliados ao final da cirurgia, os pacientes do grupo conven- 500 seg e MCF de 37 mm e Hb subiu para 7.9 g.dL-1. Ao término da
cional apresentaram níveis elevados de lactato (1,7 ± 0,7 vs. 3,2 ± cirurgia, a paciente foi encaminhada à UTI e recebeu alta hospitalar
2,8 mmol; p = 0,018), valores menores do PH arterial (7,35 ± 0,03 no 12o dia de pós-operatório.
vs. 7,30 ± 0,07; p = 0,003), maiores valores da frequência cardíaca Discussão: Neste caso, foram realizadas manobras efetivas de rea-
(68,8 ± 12,3 vs. 81,3 ± 9,3 bpm; p = 0,0002), elevação da pressão nimação cardiopulmonar, acompanhadas pela capnografia e pressão
venosa central (10,1 ± 2,9 vs. 13,5 ± 3,6 mmHg; p = 0,0015), maior arterial invasiva, e controle dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido
SVO2 (75,8 ± 7,9 vs. 84 ± 7,5; p = 0,002), valores mais elevados da básico. Os distúrbios de coagulação foram tratados de forma eficaz,
glicemia (138,9 ± 37,9 vs. 177 ± 72,5 mg/dl; p = 0,03) e maior uti- utilizando-se a terapia específica guiada pelo ROTEM®.
lização de fenilefrina (1292 ± 1572 vs. 6430 ± 7204 mcg; p = 0,008) Referência:
do que no grupo ecocardiograma. 1. Straub A, Schiebold D, Wendel HP et al. Using reagent-supported
Conclusões: Podemos concluir com este estudo clínico, prospectivo thromboelastometry (ROTEM®) to monitor haemostatic changes
e aleatorizado que os pacientes do grupo ecocardiograma apresen- in congenital heart surgery employing deep hypothermic circula-
taram menores valores de lactato plasmático ao final da cirurgia tory arrest. Eur J Cardiothorac Surg. 2008;34:641-7.
abdominal de grande porte do que os pacientes do grupo conven-
cional.
Referência:
1. Porter TR, Shillcutt SK, Adams MS, et al. Guidelines for the use
of echocardiography as a monitor for therapeutic intervention in LXII) Neuroanestesia
adults: a report from the American Society of Echocardiography.
J Am Soc Echocardiogr. 2015;28:40-56.
TLO689 ANESTESIA PARA IMPLANTE DE ESTIMULADOR
CEREBRAL PROFUNDO
TLP699 DISTÚRBIO DE COAGULAÇÃO SEVERO
DIAGNOSTICADO PELA TROMBOELASTOMETRIA APÓS Marcos Vinicius Calveli C. Ferreira*,
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA DURANTE TRANSPLANTE Paulo Antonio Machado da Silva Lima, Felipe Souza Thyrso de Lara
HEPÁTICO CET em Anestesiologia da Santa Casa de Misericórdia de Santos,
José Carlos Rodrigues Nascimento, Cristiane Gurgel Lopes, Santos, SP, Brasil
Edson Bulamarque Lopes Neto*, Francisco Diego Silva de Paiva, Introdução: Estimulação cerebral profunda (ou deep brain stimu-
Jennifer de Melo Rocha, Rogean Rodrigues Nunes lation, DBS) é um procedimento neurocirúrgico indicado para tra-
tamento distúrbios motores, como Parkinson e distonias, e mesmo
Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fortaleza, CE, Brasil
afecções psiquiátricas. Consiste no implante de eletrodo nos nú-
Introdução: Entre 8% e 30% dos receptores de fígado sofrem da sín- cleos da base para gerar estímulos locais que reduzem os sinto-
drome pós-reperfusão (SPR). A monitorização da coagulação através mas neurológicos por um mecanismo ainda desconhecido – prova-
da tromboelastometria é fundamental durante o transplante hepá- velmente se dando por estímulo direto e redução da produção de
tico para auxiliar na correção desse distúrbio no perioperatório. glutamato. É dividido em duas etapas: na primeira, é implantado,
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 60 anos, portadora por estereotaxia, um eletrodo, em núcleos da base através de tre-
de cirrose hepática por vírus C e hepatocarcinoma, com MELD 20, panação e testado, em geral, seu estímulo com paciente desperto
internou-se para realização de transplante hepático. Exames la- ainda em sala; na segunda, a internalização, o eletrodo é tunelizado
boratoriais mostravam Hb 9,7 g.dL-1, plaquetas 48.040 e INR 1,4. no subcutâneo e implantado um gerador em região peitoral direita.
Monitorizada com oximetria de pulso, cardioscopia, capnografia, Relato de caso: Paciente J.V.O., sexo masculino, 1,65 m, 72 kg, 60
temperatura esofágica, pressão arterial invasiva, índice cardíaco e anos, portador de doença de Parkinson há 9 anos, referindo piora
saturação venosa central da Hb. Indução em sequência rápida foi importante dos sintomas há 6 meses. Negava outras comorbidades
realizada com fentanil 300 µg, etomidato 20 mg e succinilcolina 70 ou alergias – ASA I. Ao exame físico, extensão cervical limitada,
mg. Anestesia mantida com isoflurano 1% a 2%, bólus de fentanil e abertura bucal > 3 cm, distância tireo-mento > 12,5 cm e Mallampa-
cisatracúrio 4 mg.h-1. No início da cirurgia, o FIBTEM revelou MCF ti II. Programação para implante de DBS. Fora realizada monitoriza-
de 0 mm. Sangramento intenso ocorreu durante a hepatectomia, ção de rotina e acesso venoso 18G. Colocação do suporte de fixação
com Hb variando de 8,3 g.dL-1 a 3,3 g.dL-1, sendo iniciada droga craniana (ou frame) sob anestesia local no setor de tomografia sem
vasoativa. Foram transfundidos 6 concentrados de hemácias (CH), 4 intercorrências, encaminhado ao centro cirúrgico. Para primeira
g de fibrinogênio e 2000 UI de complexo protrombínico. Após essas fase do procedimento, optado por sedação consciente com dexme-
intervenções e durante a fase anepática, tromboelastograma (TEG) detomidina (ataque de 1 mcg/kg em 15 minutos e manutenção a
evidenciou EXTEM com CT de 115 seg, CFT de 469 seg e MCF 29 mm; 0,2 mcg/kg/h em infusão contínua) e fentanil 25 mcg. Apresentou
FIBTEM com MCF 4 mm. Gasometria arterial mostrou Hb 3,6 g.dL-1. discreta sonolência, porém cooperativo e despertando prontamente
Foram administrados mais 4 CH, 5 g de ácido épsilon-aminocaproico ao chamado. Transcorridas 2 horas do início e 15 minutos, antes do
e 4 UI de plasma fresco congelado (PFC). Após a reperfusão, pa- exame clínico, a infusão foi interrompida. Após localização ponto
ciente evoluiu com parada cardiorrespiratória (PCR), inicialmente do implante e calibração dos aparelhos, testes são satisfatórios e
em TV e FV, depois em AESP. Houve retorno da circulação espon- segunda parte do procedimento é iniciada. Suporte de fixação é
tânea após 8 ciclos de reanimação cardiopulmonar. A gasometria removido. Então paciente é submetido a anestesia geral balanceada
arterial, antes da PCR, apresentava pH 6,95, Hb 7.4 g.dL-1 e lactato com propofol 140 mg, fentanil 250 mcg e cisatracúrio 14 mg com
121 mg.dL-1, tendo sido administrados bicarbonato de sódio e cálcio. manutenção por sevoflurano (CAM 2.0). Procedimentos finda após
Após PCR, gasometria mostrava pH 6,9, Hb 6,5 g.dL-1 e lactato 102 90 minutos, com despertar calmo, encaminhado à sala de recupe-
mg.dL-1. Na fase neo-hepática, após PCR, TEG mostrava EXTEM com ração anestésica, onde permanece sem queixas até alta anestésica.
CT de 477 seg, MFC de 9 mm; FIBTEM com MCF de 0 mm; INTEM com Discussão: A necessidade de manter o paciente desperto e coope-
CT de 699 seg e MCF de 7 mm. Hb era 6,5 g.dL-1. Para correção, rativo por várias horas de procedimento, uso de frame que dificulta
S272 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

o acesso à via aérea e gerar mínimo grau de interferência sobre o e psicológica dos mesmos, do trabalho motivado e em sintonia da
sistema nervoso central, tornam o manejo anestésico desafiador equipe cirúrgica.
durante o implante de DBS. Deste modo, a dexmedetomidina por Referências:
seu efeito sedativo sem ação gabaérgica, diferente das demais dro- 1. Bolzani ND, Junqueira DdOP, Ferrari PAPF, et al. Anestesia pa-
gas, se mostra como opção promissora para sedação consciente por racraniotomia em paciente acordado: relato de caso. Rev Bras
não interferir na gravação com microeletrodos e sintomatologia do Anestesiol. 2013;63:500-3.
paciente. 2. Attari M, Salimi S. Awake craniotomy for tumor resection. Adv
Referências: Biomed Res. 2013;2-63.
1. Grant R, Gruenbaum SE, Gerrard J. Anesthesia for deep brain
stimulation: a review. Curr Opin Anesthesiol. 2015;28:505-10.
2. Rozet I. Anesthesia for functional neurosurgery: the role of dex- TLO517 ANESTESIA SLEEP AWAKE SLEEP PARA
medetomidine. Curr Opin Anesthesiol. 2008;21:537-43. CRANIOTOMIA: RELATO DE CASO
Williams Barbosa Melo*, Rodrigo Thadeu Cei Pedroso,
José Augusto Buendia Melo, Bruno Mendes Carmona,
TLO570 ANESTESIA PARA RETIRADA DE TUMOR CEREBRAL
Luis Paulo Araújo Mesquita, Mário Nazareth Chaves Fáscio
COM ESTIMULAÇÃO INTRAOPERATÓRIA EM PACIENTE
ACORDADO Hospital Ophir Loyola (HOL), Belém, PA, Brasil
Pedro Reina Magalhães*, Rafael Mercante Linhares, Introdução: A craniotomia com o paciente acordado é um desafio
Nayara Hott dos Santos, Guilherme Holck, Thais Kroeff Machado, para a anestesiologia. O conforto físico e psicológico do paciente
Danila Tomico Nakayama devem ser prioridade para melhor aceitação da técnica e evolu-
ção adequada do caso. Avaliação pré-anestésica cautelosa e boa
Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil relação médico-paciente são decisivas para o sucesso do proce-
Introdução: Tumores localizados em áreas cerebrais eloquentes são dimento.
ressecados de forma mais segura com pacientes acordados, reali- Relato de caso: Mulher, 47 anos, hipertensa controlada com losarta-
zando estimulação intraoperatória para delimitar a extensão cirúr- na (50 mg 12/12h), ASA P2, portadora de lesão metastática expansiva
gica e evitar o comprometimento das funções neuronais. Manter a localizada na concavidade frontal à esquerda com desvio de linha
estabilidade hemodinâmica com a sedação e analgesia sem interfe- média. Exames laboratoriais sem alterações e baixo risco cardiológi-
rir no monitoramento eletrofisiológico e nos testes cognitivos é sem co. Ao exame físico, consciente e orientada, sem alterações de fala,
dúvida, o maior desafio para os anestesiologistas. apresentando hipoestesia em MID e em mão direita. Escala de força
Relato de caso: C.F.L.M., sexo feminino, 45 anos, 70 kg, 1,65 motora: MMSS proximal grau 4 e, em demais grupos musculares, grau
5. Foi submetida à microcirurgia cerebral com a técnica conhecida
cm, ASA II, hipertensa em uso de hidroclorotiazida, foi admitida
como sleep-awake-sleep durante a intervenção cirúrgica. A monitori-
pelo serviço de neurocirurgia com quadro de hemiparesia direita
zação utilizada foi composta de ECG, SpO2, pressão arterial invasiva,
e episódios de crise convulsiva com 3 meses de evolução. Exames
ETCO2 e BIS, além da monitorização eletrofisiológica. Para realização
laboratoriais normais. TC crânio evidenciou tumoração em área
da anestesia venosa total, o anestesista utilizou fentanil 300 mcg,
motora esquerda. Foi decidido, em conjunto, pelas equipes de
propofol 150 mg, dexmedetomidina 1 mcg/kg por 10 minutos e, após
neurocirurgia e anestesiologia, a exérese do tumor pela técnica
a inserção de máscara laríngea, manteve a anestesia com propofol
de craniotomia e estimulação perioperatória com a paciente acor-
1% em BIC alvo-controlada, remifentanil em BIC (0,05-0,3 mcg/kg/
dada. A paciente foi esclarecida sobre a técnica cirúrgica e anes-
min), dexmedetomidina em BIC (0,2 mcg/kg/h). Realizado bloqueio
tésica propostas bem como as possíveis complicações, foi prepara-
local do couro cabeludo com levobupivacaína 0,5%, 2 a 3 mL em
da para cooperação durante o procedimento e, após esclarecidas
cada ponto para fixação da cabeça. Realizado craniotomia, embebi-
as dúvidas e motivada, assinou o TCLE. No dia do procedimento
ção com lidocaína 2% sem vasoconstritor da dura-máter por 5 min e
cirúrgico, com a paciente em jejum de 8 horas, estável hemodi-
monitorização eletrofisiológica. Em seguida, a administração dos fár-
namicamente e orientada, foi obtido acesso venoso periférico em macos foi interrompida, com exceção da dexmedetomidina, titulada
ambos os membros superiores (18G) e realizada a monitorização para manter índice de Ramsay 2-3. Ao despertar, a máscara laríngea
com PAM, ECG, oximetria, BIS e controle da diurese. Em decúbito foi retirada, mas o anestesista manteve analgesia e ansiólise sem
dorsal, foram administrados fenitoína (750 mg), omeprazol (40 depressão respiratória, como também, homeostase hemodinâmica,
mg), ondansetrona (4 mg), dexametasona (10 mg), manitol 20% sistêmica e cerebral até o fim da cirurgia. No intraoperatório, vários
(40 mL) e para sedação e analgesia, infusão contínua de dexme- testes funcionais e mapeamento eletrofisiológico foram realizados
detomidina (0,4-0,6 mcg/kg/h) e 15 minutos depois, remifentanil com a colaboração da paciente.
(0,01-0,25 mcg/kg/h). Em seguida, foi realizado o bloqueio do Discussão: No caso exposto, a paciente foi avaliada rigorosamen-
escalpo bilateralmente com ropivacaína 0,3% 20 mL. A cabeça foi te quanto a seus deficits neurológicos, nível de ansiedade e dor,
fixada com Mayfeld, sem queixa de dor e sem alteração hemodinâ- mostrando-se colaborativa mesmo após de explicado os riscos e be-
mica, e os campos cirúrgicos colocados de modo para manter vias nefícios da craniotomia acordada. A paciente foi assistida por uma
aéreas acessíveis. Apresentou despertares às solicitações verbais equipe multiprofissional que a preparou adequadamente para ci-
e respondeu satisfatoriamente aos comandos dos cirurgiões e não rurgia. Durante o procedimento, posicionamento e o contato cons-
apresentou episódio álgico durante todo o procedimento. Ao tér- tante foram pontos fundamentais para os testes neurocognitivos e
mino, foram administrados dipirona (3 g) e cetoprofeno (100 mg) ajudaram na demarcação do sítio cirúrgico, reduzindo os deficits
e encaminhada ao CTI sem intercorrências. da ressecção cirúrgica. No pós-operatório, a paciente afirmou es-
Discussão: A crescente popularidade da técnica tem se dado devi- tar satisfeita com o resultado cirúrgico e com a técnica anestésica
do aos melhores resultados intra e pós-operatórios. Comparando utilizada, inclusive estando disposta a submeter-se novamente ao
com técnica tradicional sob anestesia geral, se observam algumas procedimento, se necessário.
vantagens como: menor risco de sequelas neurológicas, menor Referência:
interferência de anestésicos durante mapeamento neuronal e rá- 1. Ronaldo COV. Anestesia para craniotomia em paciente acordado.
pida recuperação pós-operatória. O sucesso do procedimento de- In: Ismar LC, Fernando AFC, Alexandra A. Medicina Perioperató-
pende da seleção criteriosa dos pacientes, da preparação clínica ria. Rio de Janeiro, SAERJ, 2006;561-9.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S273

TLO508 MEDIDA DO LACTATO SÉRICO PERIOPERATÓRIO E com dissecção de aorta tipo IA, indicada cirurgia de reconstrução
O DESFECHO CLÍNICO EM PACIENTES NEUROCIRÚRGICOS da raiz da aorta e aorta ascendente, com parada circulatória total.
Chega à sala de cirurgia 4 horas após diagnóstico, com nitroglicerina
Rodolfo da Silva Queiroz*
em BIC. Mallampati 3, PA 130 × 70 mmHg, FC 55 bpm, peso 77 kg,
Hospital São Rafael, Salvador, BA, Brasil altura 1,71 m. TC de tórax demonstra a extensão do aneurisma.
Exames laboratoriais na admissão: Hb 14,6; Ht 42; CKMB 23; Cr 1,26;
Justificativa e objetivos: Trabalhos prévios demonstram que pa-
INR 1,7. Iniciada monitorização com cardioscopia, oximetria, capno-
cientes que cursam com complicações pós-operatória apresentam
metria, TNM, PAI em artéria radial esquerda, PAP com cateter Swan
níveis de lactato mais elevados no intra e pós-operatório que aque-
Ganz inserido em veia jugular interna direita, controle de EEG por
les que evoluem sem intercorrência. Essa consideração é válida para
BIS, diurese, temperatura orofaríngea e ecoTE. Realizada anestesia
diversos procedimentos cirúrgicos, já que o lactato é um indicador
venosa total com propofol (alvo Schnider 2 ng/mL), sulfentanila 0,5
de metabolismo anaeróbio por má perfusão tecidual. Na neuroci-
µg/kg/h e vecurônio 0,15 mg/kg em bólus. Manutenção com infusão
rurgia, a hiperlactatemia pode ocorrer por outras causas, como o
contínua de propofol, iniciado dexmedetomidina 1 µg/kg em 10min,
efeito Warburg, e o seu papel como biomarcador de complicações
após 0,5 mg/kg/h, reduzindo o alvo de propofol, mantendo o valor
ainda não está devidamente esclarecido.
do índice bispectral entre 40 e 50. Hidratação e uso de DVA guiados
Método: Trata-se de uma análise retrospectiva a partir de revisão de
por ecoTE e cateter de artéria pulmonar. Ao ecoTE, verificou-se dis-
prontuário de pacientes adultos submetidos a neurocirurgia em um
função severa da valva aórtica, secundária à dilatação aneurismá-
hospital terciário no período de 2010 a 2016. Dados demográficos e tica do seio de valsalva, resolvida após a correção da raiz da aorta,
de informações referentes ao período perioperatório foram coleta- sem necessidade de troca da valva. Tempo anestésico-cirúrgico de 7
dos em fichas padronizadas. Os valores do lactato sérico no intra- horas, com 140 minutos de CEC e 37 minutos de parada circulatória
operatório e pós-operatório (primeiras 24 horas da cirurgia) foram total à 14º C. Coleta de amostras sanguíneas seriadas guiando trans-
comparados entre os pacientes de acordo com a ocorrência de óbito, fusão de hemoderivados. Houve sangramento importante após saída
infecção e ventilação mecânica por mais de 12 horas no pós-operató- da CEC, com uso de concentrado de hemácias, fibrinogênio (valor
rio. A análise estatística foi realizada com testes não paramétricos e intraoperatório: 61 mg/dL), plaquetas e plasma. Foi encaminhado
valores de p inferiores a 0,05 foram considerados significantes. ao CTI, estável hemodinamicamente, e extubado após 10 dias.
Resultado: A população estudada foi de 505 pacientes, constitu- Discussão: É necessário que o anestesiologista seja apto a lidar com
ída predominantemente por mulheres (61,5%) de meia idade (46 as possíveis adversidades de uma cirurgia como a referida, visando à
± 14 anos) com baixo índice de comorbidade (10%) e alta taxa de proteção neurológica e de outros sistemas, contribuindo para o des-
utilização de corticosteroide no intraoperatório (91%). Não houve fecho favorável do ato cirúrgico. A disponibilidade do ecoTE é fun-
diferenças significativas dos níveis de lactato perioperatórios entre damental, avaliando a valva aórtica e guiando a intervenção cirúr-
os pacientes que evoluíram, ou não, com ventilação mecânica > 12 gica. A proteção neurológica sustentada pela hipotermia profunda
horas e óbito no pós-operatório. Os pacientes que evoluíram com é imprescindível durante a parada circulatória total. Os anestésicos
infecção no pós-operatório apresentaram níveis séricos de lacta- de manutenção têm suas doses reduzidas durante a hipotermia mo-
to significativamente mais elevadas no intra e pós-operatório que derada e são cessados na hipotermia profunda. DVA e hemoderiva-
aqueles que não o fizeram. dos devem estar à disposição, e também estratégias para minimizar
Conclusões: Em pacientes adultos submetidos a procedimentos transfusões, como o uso de ácido tranexâmico. Fibrinogênio pode
neurocirúrgicos, níveis séricos do lactato mais elevados no intra e estar indicado.
pós-operatório foram observados nos pacientes que evoluíram com Referência:
infecção no pós-operatório, mas não entre aqueles que foram a óbi- 1. Patel PA, Augoustides JG, Pantin EJ, et al. Thoracic Aorta. In:
to ou que cursaram com ventilação mecânica por mais de 12 horas Kaplan J. Kaplan’s Cardiac Anesthesia. 7ª edição. Philadelphia,
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Danielle Maia Holanda Dumaresq,
Rômulo José de Lucena Castro Filho, Marilman Maciel Benício Zan
LXIII) Cirurgia Cardiovascular Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), Fortaleza, CE, Brasil
Introdução: A origem anômala da artéria pulmonar direita na aorta
ascendente é uma malformação rara e potencialmente letal. Desde
TLO442 ANESTESIA PARA RECONSTRUÇÃO DE AORTA
o relato inicial de Fraentzel, em 1868, menos de 100 casos foram
TORÁCICA COM PARADA TOTAL DA CIRCULAÇÃO
descritos. Considerando a evolução desfavorável desta malforma-
Ewerton Villa Fonseca*, Leonardo Linhares Brollo, ção, o diagnóstico e a terapêutica devem ser realizados o mais pre-
Jean Abreu Machado, Laís Constante Machado cocemente possível.
Relato de caso: Paciente de 2 meses de idade, sexo feminino,
Hospital Nossa Senhora da Conceição, Tubarão, SC, Brasil
nascida de parto normal, a termo, sem antecedentes pré-natais,
Introdução: O manejo anestésico das cirurgias de aorta torácica com ausculta de sopro ao nascimento e cianose no primeiro mês
apresenta peculiaridades como a parada circulatória total. É neces- associada à pneumonia. Ecocardiograma com CIV de 6 mm, este-
sário monitorização rigorosa e manejo eficiente em todos os tempos nose valvar aórtica importante e hipertensão pulmonar (PSAP = 60
cirúrgicos, evitando hipóxia e seus efeitos. mmHg). Encaminhada a tratamento cirúrgico no Hospital Infantil
Relato de caso: SAC, 72 anos, sexo masculino, hipertenso em uso Albert Sabin. Indução anestésica feita com fentanil, sevoflurano e
de losartana e metoprolol, sem outras comorbidades. Diagnosticado cisatracúrio, sem intercorrências. Foi utilizada técnica cirúrgica
S274 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

com circulação extracorpórea (CEC) e cardioplegia sanguínea hipo- obtidos das seguintes fontes: MEDLINE, EMBASE, CENTRAL e LILACS.
térmica e no intraoperatório confirmou-se o CIV, mas foi evidencia- A data da última busca foi em 22 de março de 2016. Dois revisores
do hemitruncus (ramo direito da pulmonar proveniente da aorta) independentemente selecionaram os estudos e extraíram os dados
e descartado estenose aórtica. Optado pela correção cirúrgica da dos mesmos. Utilizamos a abordagem do GRADE para classificar a
má-formação, anestesia mantida com opioide em altas doses e se- certeza das evidências por desfecho avaliado.
voflurano. Paciente evoluiu com crise de hipertensão pulmonar na Resultado: 16 ECRs, com um total de 1444 pacientes foram incluí-
saída de CEC, já em uso de milrinona e adrenalina. Retornado CEC dos. Houve uma diferença estatisticamente significante a favor da
e associado óxido nítrico, com boa resposta. Apresentou também NAC quando comparada a nenhuma intervenção ou placebo nos se-
BAVT e foi mantido com marcapasso. Evoluiu de forma satisfatória guintes cenários: tempo de internação em CTI com administração
no pós-operatório, com melhora do padrão ventilatório e desmame de NAC entre 100-300 mg/kg/dia (DM -0,40 [IC 95% -0,60, -0.20];
das drogas vasoativas e óxido nítrico, mas permaneceu dependente p < 0.0001; I2 = 0%); tempo de internação hospitalar com NAC <
do marcapasso. 100 mg/kg/dia < 48h, com anestésicos inalatórios (DM -1,36 [IC 95%
Discussão: A origem aórtica da artéria pulmonar é uma anomalia -1,66, -1,05]; p < 0.00001; I2 = 33%); tempo de internação hospi-
rara, representando menos de 1% do total de cardiopatias congê- talar com NAC via cardioplegia e anestésicos inalatórios (DM -1.36
nitas. Geralmente, o quadro clínico é dominado por vasculatura [IC 95% -1,70, -1,02]; p < 0.00001; I2 = 50%); tempo de internação
pulmonar acentuada e hipertensão pulmonar grave levando a insufi- hospitalar com NAC e anestésicos inalatórios em pacientes com fra-
ciência cardíaca congestiva, cianose desencadeada pelo choro e in- ção de ejeção cardíaca (FE) > 0,4 (DM -1,25 [IC 95% -1,66]; -0.84; p
fecções respiratórias recorrentes. A baixa incidência dessa anomalia < 0.00001; I2 = 59%).
pode levar a confusão com outras condições mais frequentes com Conclusões: Evidências de baixa qualidade sugerem uma eficácia
quadros clínicos muito semelhantes. O caso descrito não foi inicial- estatisticamente significante da NAC (< 300 mg/kg/dia) administra-
mente detectado ao exame clínico e ao exame ecocardiográfico. A da por tempo ≤ 24 horas via cardioplegia ou intravenosa, quando
correção cirúrgica é inquestionável e urgente e deve ser conduzida comparada ao grupo controle nos pacientes sem disfunção renal
logo após o diagnóstico porque, sem ela, as taxas de mortalidade prévia e com FE > 0,4 submetidos a cirurgia cardíaca em relação aos
chegam a 70% antes dos 6 meses de idade. O anestesiologista tem seguintes desfechos: tempo de internação hospitalar e tempo de
papel preponderante no ajuste da homeostasia durante o período internação em centro de terapia intensiva (CTI).
perioperatório e pode ser prejudicado pela falha no diagnóstico pré-
operatório. O manejo anestésico mostrou-se difícil pela hiperten-
são pulmonar importante, tempo prolongado de CEC e presença de
disritmia ao final do procedimento. Nossa paciente teve evolução
pós-operatória satisfatória, com redução rápida e significativa da
pressão pulmonar. LXIV) PERIOPERATÓRIO
Referência:
1. Arboleda M, Guzman IN, Ticona E, et al. Correção cirúrgica da
origem anômala de artéria pulmonar direita em aorta ascenden- TLO904 ANÁLISE DO GRAU DE IMPLEMENTAÇÃO DO
te. Arq Bras Cardiol. 2004;83:516-8. PROTOCOLO ERAS EM HOSPITAL DE ENSINO
Jorge Luigi Gomes Orso*, Florentino Fernandes Mendes,
Uirá Fernandes Teixeira, Daieni Fernandes,
TLP424 N-ACETILCISTEÍNA REDUZ O TEMPO DE Cristiane Weckerle Nazareth Conceição, Sabrina Drago Vlassis
INTERNAÇÃO HOSPITALAR EM CIRURGIAS CARDÍACAS:
REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Porto
Alegre, RS, Brasil
José Eduardo Guimarães Pereira*, Regina Paolucci El Dib,
Leandro Gobbo Braz. Justificativa e objetivos: A prática de protocolos de cuidado
perioperatório mostra-se fundamental na busca por uma menor
Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual morbimortalidade, tempo de internação hospitalar e diminuição de
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Botucatu, SP, Brasil custos. O objetivo deste trabalho é verificar o grau de implementa-
Introdução: As cirurgias cardíacas são procedimentos eficazes no ção das medidas recomendadas pelo protocolo ERAS em pacientes
tratamento das obstruções coronarianas e das patologias valvares. cirúrgicos.
No entanto, estes procedimentos são associados à lesão de isquemia Método: Estudo de coorte prospectivo comparado com controle
e reperfusão e ao estresse oxidativo. Os mecanismos que explicam histórico. Foram analisados o grau de implementação das recomen-
o stress oxidativo estão relacionados a diversos fatores, como expo- dações pré, intra e pós-operatórias e tempo médio de internação
sição sanguínea a superfícies sintéticas e alterações da temperatura no grupo ERAS (n = 22) e então comparados com controle histórico
corpórea. A circulação extracorpórea (CEC) causa a liberação de (grupo pré-ERAS com n = 48).
citocinas pró-inflamatórias, com ativação de espécies reativas de Resultado: O sucesso de implementação das medidas pré-operató-
oxigênio. N-acetilcisteína (NAC) é um resíduo acetilado da cisteína, rias foi de 91,4%; 65,1% das medidas intraoperatórias; e 52,2% das
a qual é substrato para ressíntese da glutationa. A glutationa (GSH) medidas pós-operatórias no grupo ERAS. Tais valores contabilizam
tem importante atividade antioxidante. Estudos têm demonstrado a uma taxa de adesão total de 65,9%. O grupo controle apresentou
ação da N-acetilcisteína sobre o stress oxidativo, e seus efeitos na adesão total de 19,6%. Das 22 medidas recomendadas pelo protoco-
proteção da função pulmonar, renal e cardíaca, porém com resulta- lo, observou-se maior dificuldade no cumprimento da mobilização
dos conflitantes. Também têm demonstrado sua ação antioxidante do paciente no primeiro e segundo dias pós-operatórios, além de
e anti-inflamatória. término de infusão de líquidos endovenosos no pós-operatório. O
Objetivo: Esse estudo avaliou a eficácia e segurança da N-acetilcis- tempo médio de internação foi de 9,6 dias para o grupo ERAS em
teína, quando comparada a nenhuma intervenção ou ao placebo em comparação com 11,5 dias no grupo pré-ERAS, apresentando rele-
pacientes submetidos a cirurgias cardíacas com ou sem circulação vância estatística. Houve diminuição de complicações e de reinter-
extracorpórea, sob anestesia geral venosa total ou inalatória. venções, porém sem relevância estatística.
Métodos: Revisão sistemática e metanálises de ensaios clínicos ran- Conclusões: O estudo prova que a implementação de tais medidas
domizados (ECRs). Não houve restrição de idioma. Os estudos foram é possível em nosso meio. Para tanto, é necessário preparo e vigi-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S275

lância constante por parte de uma equipe multidisciplinar formada TLP762 CHOQUE ANAFILÁTICO APÓS ANTIBIOTICO
por anestesistas, cirurgiões, enfermeiros e nutricionistas. Por ora, PROFILÁTICO: RELATO DE CASO
apesar dos promissores resultados, devemos persistir, pois há campo
Leandro Bernardes*, Diego Boniatti Rigotti,
para melhora.
Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia (CET) ANEST,
Chapecó, SC, Brasil
TLO971 CARACTERIZAÇÃO DOS PACIENTES PORTADORES
Introdução: Anafilaxia perioperatória é uma reação de hipersensi-
DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA NO bilidade rara, com incidência de 1:1250 a 1:13000, de acordo com
AMBULATÓRIO DE AVALIAÇÃO PRÉ OPERATÓRIA DO o país. Não é prevista, tem início rápido e é potencialmente fatal,
HCFMRP-USP sendo 3 a 9% das mortes em anestesia. Pode ser de mecanismo alér-
Pedro Luiz Ferreira*, Waynice Neiva de Paula Garcia, gico ou não alérgico. Acredita-se que as reações IgE-mediadas são a
Maria Fernanda Braggion Santos, Luis Vicente Garcia, maioria e as mais graves. Qualquer fármaco utilizado tem o poten-
Jyrson Guilherme Klampt cial de ser o causador de uma reação, porém os relaxantes neuro-
musculares são os mais frequentemente relatados, seguidos pelo lá-
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto tex e antibióticos. Anafilaxia aos halogenados nunca foi relatada. Os
da Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil principais fatores de risco são já ter tido essa condição em anestesia
Justificativa e objetivos: A doença pulmonar obstrutiva crônica prévia ou a algum fármaco que possa ser utilizado no procedimento.
(DPOC) é um importante fator de risco para complicações pulmona- Relatamos o caso de uma paciente que desenvolveu choque anafilá-
res pós-operatórias. Em estudo com mais de 450.000 pacientes, fo- tico após administração de antibioticoterapia profilática.
ram observados elevados índices de pneumonia pós-operatória, ven- Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 41 anos, ASA I, a qual
tilação prolongada e reintubação neste grupo de pacientes. Sabe-se seria submetida a cirurgia plástica eletiva, blefaroplastia e lifting
que capacidade funcional, presença de comorbidades, tabagismo facial. Não apresentava comorbidades ou alergias conhecidas, e
e preparo pulmonar no pré-operatório são as principais variáveis como medicação contínua usava apenas anticoncepcional. As cirur-
relacionadas a morbidade cirúrgica. Deste modo, a avaliação pré gias prévias relatadas foram duas mamoplastias e uma lipoaspiração
-operatória torna-se essencial na identificação dos pacientes com sem intercorrências e uma cesárea há 9 anos, em que apresentou
DPOC objetivando adequado manejo perioperatório. Em nosso ser- um quadro alérgico, necessitando intubação orotraqueal, da qual
viço, todos os pacientes submetidos a cirurgia eletiva são avaliados não foi descoberta a causa. A cefazolina foi instalada após a en-
no ambulatório pré-anestésico (APA) e realizam preparo pulmonar trada da paciente em sala cirúrgica, a mesma encontrava-se mo-
quando indicado. nitorizada, com acesso venoso em MS. Após início da sua infusão,
Métodos: Realizada análise retrospectiva, através de prontuário a paciente relatou ardência no local do acesso venoso, agitação,
eletrônico, da prevalência de DPOC nos pacientes adultos atendidos dispneia, mal-estar, seguindo-se da interrupção imediata da infusão
pelo APA em 2016. Foram avaliados: presença de comorbidades car- do antibiótico. Evoluiu com hipotensão severa, angioedema, urticá-
diovasculares, renais ou endócrino-metabólicas, tabagismo, capa- ria. Foi tratada com 100 mcg de adrenalina IV, repetido esta dose a
cidade funcional (CF), dificuldade respiratória, ausculta pulmonar cada minuto, por 5 vezes e intubação orotraqueal. Ocorreu melhora
anormal, risco aumentado de complicações pulmonares no periope- do quadro. A saturação manteve-se superior a 99%. A cirurgia foi
ratório e necessidade de preparo pulmonar prévio. suspensa temporariamente.
Resultado: Foram atendidos no período 10.375 pacientes, sendo Discussão: Devido à característica dramática desta condição, com
379 (3,6%) portadores de DPOC. Destes, 263 (69,3%) apresentavam possível risco de morte de uma pessoa previamente saudável, a
ao menos uma comorbidade: hipertensão arterial sistêmica (HAS) anafilaxia requer rápido reconhecimento e intervenção adequada.
em 227 (56%), sendo que 14(3,6%) apresentavam níveis pressóricos O diagnóstico é clínico. As principais manifestações clínicas são
descompensados no momento da avaliação; 75 (19,6%) diabetes alterações cutâneas, dificuldade para ventilação, hipotensão, des-
mellitus (DM), sendo 22 (5,8%) insulinodependentes; 35 (9,2%) com saturação, angioedema, náusea, vômitos. O tratamento precoce é
tireoidopatias; 70 (18%) possuíam diagnóstico de infarto do miocár- essencial, com a suspensão das causas potenciais, administração de
dio (IAM) prévio; 44 (11%) algum tipo de arritmia; 37 (9%) doença adrenalina, na dose de 10-200 mcg, e 500 mL-1L cristaloide IV, além
renal crônica (DRC) e, destes, 9 (2%) estavam em terapia de subs- do manejo de via aérea e oferta de O2 a 100%.
tituição renal. Com relação ao tabagismo, 363 (95%) relataram a Referências:
manutenção do hábito. Quanto à CF, 242 (63%) apresentavam < 4 1. Valencia MIB. Anafilaxia perioperatória. Rev Bras de Anestesiol.
METS, 137 (36%) entre 4 e 10 METS e 0 com ≥ 10 METS. Relativo ao 2015;65:292-7.
IMC, 79 (20%) apresentaram valores ≥ 30, 106 (27%) entre 25-29,9; 2. Aun MV, Garro LS, Ribeiro MR, Motta AA, Kalil J, Bianchini PG.
74 (19,5%) < 19,9 e 120 (31,6%) valores entre 20-24,9. Algum grau de Anafilaxia perioperatória: a experiência brasileira. Rev Port Imu-
dificuldade respiratória, incluindo dispneia, taquipneia ou depen- noalergologia. 2016;24:99-106.
dência de O2, esteve presente em 31(8%) dos pacientes. A ausculta
pulmonar estava alterada em 121 (31%) pacientes, sendo que o risco
estimado de complicações pulmonares no perioperatório mostrou- TLO350 ELEVAÇÃO DE TROPONINA PÓS-OPERATÓRIA EM
se elevado em 245 (64%) pacientes. A internação prévia para prepa- UMA POPULAÇÃO DE ALTO RISCO – ANÁLISE DE FATORES
ro pulmonar foi indicada para 173 (45%) pacientes.
DE RISCO PERIOPERATÓRIOS DERIVADOS DO ESTUDO
Conclusões: Houve uma associação importante entre DPOC e ou-
LOAD
tras comorbidades com destaque para HAS, DM, IAM prévio e baixa
CF. A taxa de manutenção do tabagismo mostrou-se extremamente Luciana Paula Cadore Stefani, Carolina Alboim, Otavio Berwanger,
elevada. Deste modo, a avaliação pré-anestésica multidisciplinar Luciana Eltz, Andreas Horner*
mostra-se de fundamental importância para o adequado manejo
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS,
perioperatório do portador de DPOC.
Brasil
Referência:
1. Gupta H, Ramanan B, Gupta PK, et al. Impact of COPD on pos- Justificativa e objetivos: A medicina perioperatória visa a identifi-
toperative outcomes: results from a national database. Chest. car os riscos perioperatórios e prover proteção específica a sistemas
2013;143:1599-606. vulneráveis evitando complicações e reduzindo a falha no resgate
S276 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

quando ocorrerem. A proposta do presente estudo visa a identifi- alta da SRPA foram avaliadas temperatura axilar e timpânica, sinais
car os fatores perioperatórios associados à elevação de troponina, vitais, eventos adversos perioperatórios, consumo de anestésicos,
um biomarcador associado ao aumento de mortalidade em 30 dias, tempo de permanência na SRPA e tempo de permanência hospitalar.
mesmo quando a elevação é assintomática. Resultado: 69,2% dos indivíduos apresentaram temperaturas abaixo
Método: Trata-se de um estudo de coorte aninhado ao estudo Estudo de 36ºC na admissão da SRPA. Pacientes submetidos à anestesia re-
Multicêntrico Randomizado Controlado de Estatinas Dose de Ataque gional (p < 0,001) e que receberam morfina associada a sulfentanila
para a Prevenção de Complicações Cardiovasculares em Cirurgias (p = 0,003) apresentaram hipotermia significativa. Na avaliação da
não Cardíacas de Alto Risco (LOAD). O ajuste dos dados extraídos temperatura linear ao longo do tempo de permanência da SRPA,
do banco existente foi feito utilizando-se as variáveis demográficas idosos (idade ≥ 60 anos) apresentaram maior tendência à hipotermia
e as variáveis pré e transoperatórias possivelmente relacionadas à e menor capacidade de regressão do quadro quando comparados a
elevação de troponina, além de calcular a duração da cirurgia em jovens (p < 0,001), anestesia combinada apresentou maiores índices
minutos, escore de Lee, e tempo de internação em dias pós-opera- de hipotermia, seguida de anestesia regional e geral (p < 0,001) e
tório. O porte cirúrgico foi recodificado para menor, intermediário anestesia venosa total apresentou menor tendência à hipotermia
ou maior conforme risco cirúrgico próprio desenvolvido em nosso quando comparada a inalatória (p < 0,001).
serviço. Foi realizada análise estatística de regressão logística mul- Conclusão: A hipotermia perioperatória ainda é um problema pre-
tinível a partir dos dados de 648 pacientes. valente na prática anestésica atual. Mais da metade dos pacientes
Resultado: Entre as variáveis estudadas, a idade e o escore de Lee analisados apresentaram o quadro, com maior prevalência nos ido-
≥ 2, mostraram associação com o aumento dos valores de troponina sos, pacientes submetidos à anestesia combinada e naqueles sub-
no pós-operatório. Pacientes entre 69-76 anos apresentaram 2,239 metidos à anestesia regional com opioides intratecais.
maior chance de elevação de troponina comparado com pacientes
entre 40-55 anos (IC 1.274 – 8.239). Pacientes entre 77-94 também
apresentaram maior risco (OR 2,78 IC 1.445 – 9.886). TLO183 INCLUSÃO DE RASTREIO COGNITIVO NA
Conclusões: Idade avançada e escore de Lee ≥ 2 se mostraram AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA DO IDOSO
preditores independentes de elevação de troponina. Esses dados
Thiago Robles Juhas, Yolanda Marques Mazzaro,
confirmam estudos anteriores. A ausência de associação de fatores
Gisele Maria Siaulys, Gabriela Tognini Saba*,
cirúrgicos como o porte ou sangramento pode ser relacionado ao
fato de a amostra ser de grande parte de procedimentos de médio Maria José Carvalho Carmona, Cláudia Maia Memória
porte e eletivos. A associação de fatores de risco pré-operatórios Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
(idade avançada e escore de Lee) deve ser fortemente considerada São Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil
na decisão de quais pacientes precisam de seguimento de troponi-
nas no pós-operatório. Justificativa e objetivos: A disfunção cognitiva pós-operatória
Referências: (POCD) é mais frequente em idosos e relaciona-se com cirurgias
1. Devereaux PJ, Chan MT, Alonso-Coello P, et al. Vascular events de grande porte, história de delírio ou alteração de memória/aten-
in noncardiac surgery patients cohort evaluation (VISION) study ção, profundidade anestésica, hipotensão intraoperatória e trauma
investigators. Association between postoperative troponin levels anestésico cirúrgico. Causa aumento de mortalidade e piora da qua-
and 30-day mortality among patients undergoing noncardiac sur- lidade de vida pós-operatória. Porém, idosos podem já apresentar
gery. JAMA. 2012;307:2295-304. comprometimento cognitivo leve (CCL) ou demência, justificando
2. Redfern G, Rodseth RN, Biccard BM. Outcomes in vascular surgi- a importância do rastreio cognitivo pré-operatório. Os testes clás-
cal patients with isolated postoperative troponin leak: a meta-a- sicos como Mini-Mental e o MiniCog têm baixa especificidade e são
nalysis. Anaesthesia. 2011;66:604-10. ineficazes em pacientes com alta escolaridade. A dificuldade de
aplicação e avaliação dos testes cognitivos é um desafio, muitas
vezes culminando na omissão de avaliação cognitiva pré-operatória.
Objetivou-se a descrição do processo de implantação de bateria de
TLO1026 HIPOTERMIA NO PERIOPERATÓRIO: PREVALÊNCIA
rastreio cognitivo.
E VARIÁVEIS ASSOCIADAS
Métodos: Comparou-se os testes disponíveis para rastreio cognitivo,
Luís Carlos Crepaldi Júnior*, Jabson dos Santos Ferreira, com adequação para o uso rotineiro durante a avaliação pré-opera-
João Francisco Volpe Junior, Raul Silva Quirino, tória. O teste do relógio (TR) e o 10-point congnitive screener (10-CS)
Marcelo Cabral de Lucena, Fabrício Tavares Mendonça avaliam globalmente a cognição, têm influência do grau de escolari-
dade, cultura e classe socioeconômica, além de aplicação e valida-
Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil
ção em diversos estudos. O Montreal Cognitive Assessment (MocA),
Justificativa e objetivos: A hipotermia é definida como tempera- sua versão básica (MoCA-B) e o Frontal Assessment Battery (FAB) têm
tura sanguínea central abaixo de 36ºC, e ocorre frequentemente maior sensibilidade e especificidade. Enfermeiros da pré-consulta
durante anestesia e cirurgia. Até 20% dos pacientes no período pe- pré-operatória e anestesiologistas foram treinados por neuropsicólo-
rioperatório apresentam hipotermia. Essa incidência pode aumentar gos para aplicação e avaliação dos testes. Pacientes acima de 60 anos
significativamente no período pós-operatório, variando de 60-90%. sem deficiência visual, auditiva ou motora são submetidos ao TR pela
Apesar disso, a monitorização, avaliação e cuidados com a tempe- equipe de enfermagem, concomitante a avaliação dos sinais vitais. O
ratura perioperatória parecem ainda não ser realizadas de forma anestesiologista aplica o teste 10-CS e avalia ambos. Pacientes com
rotineira e sistematizada. Para investigar esta hipótese, este estudo TR com pontuação inferior a 11 (escore de 15 pontos) e 10-CS com
tem como objetivo principal avaliar a prevalência, as consequências pontuação inferior a 8 (escore de 10 pontos) são considerados suspei-
e as medidas de proteção da hipotermia na sala de recuperação tos para CCL, devendo-se complementar o rastreio (pelo anestesista
pós-anestésica (SRPA) em pacientes submetidos a cirurgias eletivas ou por neuropsicólogo) com o MoCA (se escolaridade superior a 4
e de urgência. anos) ou MoCA-B (se escolaridade inferior ou igual a 4 anos) e o FAB.
Métodos: Estudo unicêntrico, prospectivo, observacional, com de- MoCA ou MoCA-B com pontuação inferior a 21 (escore de 30 pontos)
lineamento transversal com 78 pacientes, estado físico de acor- e FAB inferior a 12 pontos (escore de 18 pontos) reforçam a suspeita
do com a American Society of Anesthesiologists, (ASA) I, II ou III, de CCL e necessitam de avaliação especializada.
com idades entre 18 e 85 anos, de ambos os gêneros, submetidos Resultado: O tempo médio para realização do TR é de 5 minutos
a procedimentos cirúrgicos eletivos ou de urgência. Na admissão e e do 10-CS é de 2 minutos. Portanto, a inclusão do rastreio cog-
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S277

nitivo mínimo aumentaria o tempo de consulta pré-operatória em auxílio na orientação do manejo terapêutico em paciente hipovo-
cerca de 7 minutos. Já o Moca ou Moca-B têm duração média de lêmico, a fim de determinar a responsividade e quantificação do
10 minutos. volume necessário para reposição. Nos quadros clínicos onde há
Conclusões: O rastreio cognitivo pré-operatório permite documen- dúvida, pode-se ter fundamento para correção volêmica com a
tação do status cognitivo basal, encaminhamento à avaliação espe- medida deste valor.
cializada de casos com suspeita de CCL ou demência e a possibili-
dade pré-reabilitação cognitiva com objetivo de aumentar reserva
cognitiva, além de facilitar o diagnóstico de POCD. TLO164 O TESTE DO RELÓGIO COMO MÉTODO DE
Referência: RASTREIO COGNITIVO PRÉ-OPERATÓRIO EM IDOSOS
1. Newman S, Stygall J, Hirani S, et al. Postoperative cognitive dys-
Cláudia Maia Memória, Gabriela Tognini Saba*,
function after noncardiac surgery: a systematic review. Anesthe-
siology. 2007;106:572-90. Graziela Viana Magalhães, Bárbara de Souza,
Katia Magdaleno Mendonça, Maria José Carvalho Carmona,
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
TLP032 MANEJO PERIOPERATÓRIO DE HIPOVOLEMIA São Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil
ATRAVÉS DO CÁLCULO DE DELTA PP
Justificativa e objetivos: A disfunção cognitiva pós-operatória
Larissa Sokol Rotta*, Mauro da Cruz Assad Monteiro, Nayron (POCD) em idosos compreende alterações agudas como o delirium,
Fernando Oliveira Rodrigues, Victor Cáppia, Luiz Antonio de as alterações temporárias de memória e atenção e até mesmo a
Moraes, José Maurício Pereira Assef demência permanente. A POCD pode aumentar o tempo de perma-
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Marília, Marília, SP, nência hospitalar e a morbimortalidade cirúrgica, além da piorar
Brasil a qualidade de vida. Testes de rastreio cognitivo clássicos, como
miniexame do estado mental, têm pouca especificidade para POCD.
Introdução: Hipovolemia é uma condição hemodinâmica de difícil O teste do relógio é capaz de avaliar a cognição, a compreensão,
detecção precisa no perioperatório. Há um método para avaliação o planejamento, a memória visual, as habilidades visuoespaciais,
da hipovolemia baseado na análise da variação da pressão de pulso: a programação motora e a execução, o conhecimento numérico, o
delta PP. Sabe-se que o aumento da pressão intratorácica durante a pensamento abstrato, a concentração e a tolerância à frustração.
inspiração diminui o retorno venoso, o débito cardíaco e a pressão Apesar das limitações relacionadas à dificuldade visual e à baixa
arterial, sendo o contrário verificado durante a expiração. Concei- sensibilidade em populações com alto nível de escolaridade, é fer-
tua-se PP como a diferença entre a PA sistólica e diastólica, sendo
ramenta de rápida aplicação, independente da cultura, bem aceita
sua variação correspondente às alterações durante os momentos de
e tem validação preditiva de comprometimento cognitivo. Objeti-
pressão sistólica máxima e mínima durante um ciclo respiratório de
vou-se a análise da exequibilidade da inclusão do teste do relógio
ventilação mecânica controlada a volume.
para compor a bateria mínima de rastreio cognitivo pré-operatória
Caso clínico: M.J.O., 61 anos, sexo feminino, 50 kg, 1,60 m, raça
de idosos candidatos a cirurgias eletivas.
negra, ASA II, com diagnóstico de adenocarcinoma de ovário, en-
Métodos: Anestesiologistas e enfermeiros foram treinados por
caminhada para citorredução cirúrgica. Feito preparo de cólon e
neuropsicólogos para realizar a aplicação e a avaliação do teste
jejum de 8 horas. Realizada retossigmoidectomia, histerectomia,
do relógio. Pacientes com idade superior a 60 anos candidatos a
ooforectomia bilateral, linfadenectomia pélvica, omentectomia,
cirurgias eletivas e que não apresentam limitação visual ou mo-
apendicectomia, colecistectomia e peritonectomia sob anestesia
tora de membros superiores realizam o teste durante a pré-con-
geral venosa total, com duração de 12 horas. Monitorização ha-
sulta de enfermagem, concomitantemente à avaliação dos sinais
bitual, PAI, PVC e BIS utilizando o monitor Dixtal DX 2023 para re-
vitais. O paciente recebe uma folha de papel em branco e recebe
gistros. Apresentou total de 2015 mL de sangramento, drenagem
a seguinte instrução: “Quero que o(a) senhor(a) desenhe um re-
de 1000 mL de ascite e 1800 mL de diurese. Após primeira hora de
procedimento, cursou com instabilidade hemodinâmica. Instituiu- lógio, com números e ponteiros, marcando dez horas e dez minu-
se reposição volêmica com cristaloides, com melhora do quadro tos.”. O tempo necessário para realização do teste é anotado e
clínico. Evoluiu com hipotensão apesar de expansão imediata com o paciente é encaminhado para consulta com o anestesiologista,
2000 mL de cristaloides, 704 mL de concentrado de hemácias (CH) e responsável por avaliar o teste do relógio pelo escore de 15 pon-
início de norepinefrina (NE) 0,05 mcg/kg/min. Gasometria arterial tos de Okamoto. Adicionalmente, o anestesiologista finaliza o ras-
com acidose metabólica (pH 7,29 BE -12 Bic 17), seguida de corre- treio cognitivo pré-operatório com a aplicação do teste 10-point
ção. Calculado delta PP, o qual evidenciou 17%, portanto, realizou- cognitive screener (10-CS).
se nova expansão volêmica com 500 mL de coloide e 2500 mL de Resultado: O tempo médio de aplicação e avaliação do teste é de
cristaloides. Houve resposta gradativa com estabilização dos SSVV 5 minutos. Teste do relógio com pontuação igual ou inferior a 11 de
mantendo NE em baixas doses. Após 4 horas de procedimento, nova 15 pontos é sugestiva de declínio cognitivo. Após avaliação conjunta
instabilidade hemodinâmica, administrado 350 mL de CH e infusão com o teste 10-CS, casos sugestivos de comprometimento cognitivo
de 2000 mL de cristaloides. Realizado novo cálculo de delta PP, leve (CCL) ou demência são encaminhados para avaliação especia-
o qual se apresentou em 12%. Ajustada dose de NE e seguimento lizada.
de manutenção volêmica. Encaminhada para UTI, estável hemo- Conclusões: O Teste do Relógio pode contribuir para o rastreio de
dinamicamente, NE em baixa dose, perfusão periférica moderada, alterações cognitivas pelo seu alto valor preditivo, rápida aplicação
balanço hídrico final de +2.100 mL, gasometria arterial com acidose e custo-benefício, sendo definido para compor bateria mínima de
metabólica compensada, diurese 0,5 mL/kg/h e PVC 8 cm H2O. Alta avaliação cognitiva pré-operatória em idosos.
hospitalar no 6º PO. Referências:
Discussão: A presença de sangramento significativo juntamente 1. Newman S, Stygall J, Hirani S, et al. Postoperative cognitive dys-
com demais perdas atribuídas ao ato cirúrgico evoluindo para function after noncardiac surgery: a systematic review. Anesthe-
instabilidade hemodinâmica, apesar das medidas para expansão siology. 2007;106:572-90.
volêmica com necessidade de NE, justifica a avaliação do delta 2. Santana I, Duro D, Freitas S, et al. The clock drawing test: por-
PP para orientação às medidas terapêuticas. A análise do delta tuguese norms, by age and education, for three diferent scoring
PP neste caso mostrou-se de fácil determinação e de importante systems. Arch Clin Neuropsychol. 2013;28:375-87.
S278 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

TLP603 PCR POR MICROCHOQUE NO INTRAOPERATÓRIO: na, serotonina e dopamina. A supressão do uso da cocaína apresenta
CAUSA PROVÁVEL diversos efeitos, divididos em três fases: a primeira, “crash”, pode
acontecer de 15 minutos a até quatro dias após a cessação do uso da
Rafael Mercante Linhares, Victor Agati Cavargere*,
droga, e caracteriza-se pela depleção de neurotransmissores, cau-
Luiz Carlos Bastos Salles, Sergio Lerner, Roberto Carvalho Brandão, sando depressão, ansiedade, paranoia e um intenso desejo pela dro-
Thais Kroeff Machado ga, marcado por forte atividade do sistema simpático (“craving”);
Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil a segunda, disfórica tardia, inicia-se de 12 a 96 horas após o último
uso, após o “crash”, podendo durar de duas a 12 semanas, caracte-
Introdução: É importante que as causas de parada cardiorrespirató- rizando-se por hipersonolência, “craving”, sintomas disfóricos como
ria (PCR) sejam identificadas para que sejam evitadas em casos cor- anedonia, irritabilidade e apatia; a terceira, extinção, pode durar
relatos. Nos últimos anos, as causas de PCR normalmente aventadas de meses a anos, com redução dos sintomas disfóricos e “craving”
durante o intraoperatório são hipovolemia, distúrbios respiratórios intermitente. A clonidina, agonista parcialmente seletivo dos recep-
e distúrbios metabólicos. Neste relato de caso, aventamos uma cau- tores α-2, tendo efeitos bem conhecidos como sedação, analgesia
sa de PCR não usual. e simpatólise, é útil no tratamento e preparação de pacientes dro-
Relato de caso: Paciente masculino de 42 anos, com fístula arterio- gadictos para retirada de narcóticos. Além disso, pode ajudar no
venosa femoral traumática há aproximadamente 10 anos, ICC e in- tratamento de sintomas adrenérgicos da abstinência, reduzindo o
suficiência venosa em membro inferior ipsilateral, interna para cor- “craving”.
reção cirúrgica da lesão. É realizada anestesia geral venoinalatória Relato de caso: Paciente masculino, 22 anos, sem comorbidades,
(fentanil 200 mcg + propofol 200 mg + rocurônio 50 mg) com intu- não faz uso de medicamentos, usuário de cocaína há 2 anos, apro-
bação orotraqueal. Monitorizado com PANI, oximetria de pulso, ECG ximadamente 2 vezes por semana, sem alterações laboratoriais.
e capnografia. Perioperatório sem intercorrências e apresentando Admitido na sala cirúrgica para exérese de cisto pilonidal bastante
estabilidade hemodinâmica durante as 4 horas de procedimento ansioso, no terceiro dia de abstinência à cocaína. Os parâmetros ini-
cirúrgico, sem quaisquer alterações relevantes nos parâmetros mo- ciais eram: saturação periférica de oxigênio de 96%, pressão arterial
nitorizados. O paciente evolui, subitamente, com parada cardior- de 140 × 90 mmHg, 85 batimentos por minuto (bpm), ritmo sinusal.
respiratória em FV, sendo prontamente atendido com manobras de Foi medicado com midazolam e fentanil. Realizada raquianestesia
ressuscitação e desfibrilado a 200 J e, em menos de 1 minuto, apre- com bupivacaína, fentanil, clonidina e morfina. Iniciada a cirurgia
senta retorno à circulação espontânea com ritmo sinusal, estável após posicionamento em decúbito ventral. Cinco minutos após o
hemodinamicamente, sem necessidade de vasopressores. Revisadas posicionamento, ocorreu taquicardia sinusal, chegando a 135 bpm
todas as causas de PCR súbita, não foram evidenciadas nenhuma das e elevação da pressão arterial a 165 × 110 mmHg, sem qualquer
causas mais prováveis. Após o evento, a equipe cirúrgica relata que queixa. Foi realizada a infusão de 240 microgramas de clonidina,
observou eventuais choques durante a utilização do eletrocautério com retorno hemodinâmico à normalidade (80 a 90 bpm e 120 × 80
ao início do procedimento. Optamos pela troca do bisturi elétrico, mmHg). Concluída a cirurgia, o paciente foi levado à sala de recu-
além de caneta e placa de aterramento. A equipe médica envolvida peração pós-anestésica, onde ficou por 90 minutos, recebendo alta
no caso optou pela continuidade da cirurgia, que se estendeu por sem intercorrências.
mais 150 minutos sem nenhuma alteração hemodinâmica significa- Discussão: O paciente apresentava-se ansioso desde o início e,
tiva e assim permanece até o término do procedimento. Avaliação após seu posicionamento, sintomas adrenérgicos manifestaram-se,
neurológica realizada no pós-operatório imediato não evidenciou a despeito de a raquianestesia normalmente cursar com os efeitos
nenhum deficit neurológico. Tem alta para o CTI e, posteriormente, opostos ao que o paciente apresentou. O quadro sugere um episódio
da unidade hospitalar sem qualquer sequela. de “craving”, em que o emprego da clonidina foi eficaz no controle
Discussão: Entre as causas de PC intraoperatória, devemos conside- hemodinâmico do mesmo.
rar a possibilidade de interferência dos aparelhos eletroeletrônicos Referências:
utilizados do ambiente cirúrgico. No caso relatado, ficamos com a 1. Glick DB. The Autonomic Nervous System. In: Miller RD, Cohen
hipótese de choque elétrico causando PCR súbita em FV, já que to- NH, Eriksson LI. Miller’s Anesthesia. 8 ed. Philadelphia, Elsevier,
das as outras possibilidades de PCR foram descartadas. 2015;368-369.
Referências: 2. Zaleski M. Síndrome de Dependência e de Abstinência de Cocaí-
1. Vanea MF, Nuzzia RXP, Aranha GF, et al. Perioperative cardiac na. Disponível em abpbrasil.org.br/departamentos/coordena-
arrest: an evolutionary analysis of the intra-operative cardiac dores/coordenador/noticias/?dep = 4&not = 133. Acessado em
arrest incidence in tertiary centers in Brazil. Rev Bras de Aneste- 01/07/2017.
siologia. 2016;66:176-82.
2. Robinson M, Lighthall G. Asystole during successive electrocon-
vulsive therapy sessions: a report of two cases. J Clin Anesth. TLO182 USO DO 10-CS NO RASTREIO COGNITIVO PRÉ-
2004;16:210-3. OPERATÓRIO DO IDOSO
Cláudia Maia Memória, Gabriela Tognini Saba*, Gisele Maria Siaulys,
TLO306 USO DA CLONIDINA VENOSA COMO ADJUVANTE Charlize Kessin de Oliveira Sales, Monica Robles Gonçalves,
PARA CONTROLE HEMODINÂMICO EM PACIENTE Maria José Carvalho Carmona
DROGADITO Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
Victor Matheus Condé de Oliveira*, Alexandre Almeida Guedes, São Paulo (HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil
Amélie Gabrielle Vieira Falconi, Zamir Fernando Sanchez Guerrero, Justificativa e objetivos: O delirium (POD) e a disfunção cogniti-
Éric Guimarães Machado, Talita Camargo Santos, va (POCD) pós-operatórios ocorrem principalmente em idosos, es-
pecialmente após cirurgias de grande porte sob anestesia geral.
Hospital Regional de Barbacena Dr. José Américo, Fundação
Causam aumento da morbimortalidade cirúrgica e do tempo de
Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), Barbacena, MG,
internação, além de piora na qualidade de vida. Por outro lado,
Brasil
comprometimento cognitivo leve (CCL) também é frequente no ido-
Introdução: A cocaína é uma droga estimulante do sistema nervoso so e a avaliação pré-operatória do status cognitivo pode auxiliar
central, causando liberação e inibindo a recaptação de noradrenali- na prevenção de POD e POCD e no diagnóstico pós-operatório. O
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S279

rastreio cognitivo com testes clássicos como Mini Exame do Estado Resultado: Teste 10-CS com pontuação menor que 8 apresenta
Mental e o MiniCog tem baixa especificidade e apresenta um efeito sensibilidade superior a 90% para diagnóstico de CCL. O tempo
teto na avaliação de pacientes com alto grau de escolaridade. A di- médio de aplicação do teste, ao redor de 2 minutos, representa
ficuldade de aplicação e avaliação dos testes cognitivos representa mínima interferência no tempo disponível para a avaliação pré-
um desafio, muitas vezes culminando na não realização de avaliação operatória.
cognitiva pré-operatória. Objetivou-se descrever o processo assis- Conclusões: A boa aceitação pelos pacientes, a facilidade da apli-
tencial de implantação do teste 10-point cognitive screener (10-CS) cação e análise pelo anestesiologista e a alta sensibilidade do teste
no protocolo básico de rastreio cognitivo pré-operatório de idosos sustentam a inclusão do 10-CS na bateria básica de rastreio cog-
candidatos a procedimentos cirúrgicos eletivos. nitivo pré-operatório de pacientes idosos. Esse rastreio cognitivo
Métodos: Durante a avaliação pré-operatória, pacientes com idade contribui para a seleção de casos com deficit específicos e indicação
superior a 60 anos e aptos para a realização do rastreio cognitivo de avaliação especializada, além de aplicação de condutas periope-
realizam o teste do relógio (TR) durante a pré-consulta de enfer- ratórias específicas para prevenção de POD e POCD.
magem. Durante a consulta, o anestesiologista aplica o teste 10-CS Referências:
e avalia ambos testes. No 10-CS, o paciente é questionado quanto 1. Apolinario D, Lichtenhalter DG, Magaldi RM, et al. Using tempo-
ao ano, mês e dia atuais. Em seguida, o examinador diz: “vou dizer ral orientation, category fluency, and word recall for detecting
3 palavras e quero que o(a) senhor(a) as repita e guarde, pois per- cognitive impairment: the 10-point cognitive screener (10-CS).
guntarei depois. As palavras são: casa-vaso-tijolo”. Então, diz-se ao Int J Geriatric Psychiatry. 2016;31:4-12.
paciente “quero que o(a) senhor(a) fale o nome de todos os animais 2. Fortes-Filho SQ, Apolinario D, Melo JA, Suzuki I, Sitta Mdo C,
que conseguir lembrar durante 1 minuto”, cronometrando-se 60 se- Garcez Leme LE. Predecting delirium after hip fracture with a
gundos. Por fim, as 3 palavras ditas anteriormente são requisitadas. 2-min cognitive screen: prospective cohort study. Age Ageing.
O teste é pontuado de 0 a 10, conforme escore. 2016;45:713-7.
Rev Bras Anestesiol. 2017;67 (Supl. 1):S280-S284

Revista Brasileira
de Anestesiologia
Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
www.sba.com.br

Artigo Premiado - CLASA

Inyección epidural de betametasona en el síndrome radicular


lumbosacro: evaluación preliminar de su eficacia
Pablo Castromán*, Marta Surbano, Santiago Ayala, Ana Schwartzmann, Sofía Castelli

Servicio de Terapia del Dolor, Departamento y Cátedra de Anestesiología, Hospital de Clínicas, Uruguay

Resumen
PALABRAS CLAVE Introducción: La betametasona es un esteroide utilizado en inyecciones epidurales, de reciente in-
Inyecciones Espinales, corporación en Uruguay.
Dolor Radicular Lumbar, Objetivos: Evaluar la eficacia de la inyección epidural de betametasona en pacientes con dolor radi-
Betametasona cular lumbosacro unilateral crónico, utilizando el Inventario Abreviado de Dolor.
Metodología: Es un estudio prospectivo observacional. El inventario se aplicó previamente y al mes de
las inyecciones epidurales. Se midió intensidad de dolor por la Escala Visual Numérica y su interferen-
cia funcional por el Índice de Interferencia. Se estableció como respuesta satisfactoria, un descenso
de 2 puntos en la intensidad. Se utilizó la Prueba de t y la Prueba de Chi-Cuadrado, tomando un valor
de p < 0,05 como significancia estadística.
Resultados: Cuarenta pacientes recibieron betametasona epidural. En 21 se realizó abordaje inter-
laminar parasagital y en 19, transforaminal. En 19 pacientes (47%) se obtuvieron respuestas satisfac-
torias. La intensidad y la interferencia basales medidos por el Inventario Abreviado de Dolor, dismi-
nuyeron de 8,1 ± 1,4 y 7,4 ± 1,8 a 6,0 ± 3,2 y 6,1 ± 2,6 respectivamente (p < 0,02). No se observaron
diferencias estadísticamente significativas comparando ambos accesos. La proporción de respuestas
satisfactorias en los accesos interlaminar parasagital y transforaminal fue de 8/21 y 11/19 respecti-
vamente, diferencia no significativa.
Discusión: La inyección de betametasona epidural redujo la intensidad del dolor y su interferencia
funcional, en pacientes con dolor radicular crónico. Los abordajes interlaminar parasagital y transfo-
raminal fueron similares en eficacia.
Conclusiones: La inyección interlaminar parasagital de esteroides es una alternativa válida a la vía
transforaminal, sin sus riesgos neurológicos.

Introducción de que la vía transforaminal logra mejores resultados, al llevar una


concentración mayor de esteroide a la zona de conflicto disco-ra-
dicular.6,7 A pesar de esto, es conocido que la vía implica un riesgo
La inyección epidural de esteroides es uno de los procedimientos
potencial mayor de lesiones neurológicas, provocadas por isquemia
que utilizamos con más frecuencia en el tratamiento del dolor ra-
medular secundaria a lesión de la arteria radiculomedular.8 Esta
dicular lumbar en nuestro Servicio.1 La betametasona de depósito
lesión se ha asociado a vasoespasmo u oclusión vascular, esto úl-
es un esteroide de amplia utilización para aplicación epidural en el
timo podría estar relacionado con el tamaño de las partículas del
mundo, de reciente incorporación al vademécum de nuestro país.2-4
esteroide inyectado.8 En este sentido, la betametasona de depósito
La inyección de esteroides en el espacio epidural se realiza
es el esteroide que presenta las partículas de menor tamaño y, de
con más frecuencia a través de los espacios interlaminar o transfo-
este modo, podría tener un perfil de seguridad más adecuado que
raminal.5 No existen evidencias científicas que una vía de adminis-
la triamcinolona, el agente más utilizado para estas inyecciones en
tración sea más efectiva que la otra, aunque existe la percepción
nuestro medio.9

* Autor para correspondencia.


E-mail: pcastroman@hotmail.com (P. Castromán).

© 2017 Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda.


64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S281

Objetivos suero fisiológico. En enfoque lateral, se realizó inyección de 4 mL de


contraste (Omnipaque) y se consignó la presencia de epidurograma
anterior, posterior o ambos (fig. 1). En el enfoque antero-posterior se
El objetivo de nuestro estudio fue evaluar la eficacia de la inyección
consignaron las características del radiculograma y del epidurograma
epidural de betametasona bajo radioscopia, en pacientes con dolor
(fig. 1). Luego se administró 1 frasco de betametasona (12 mg de una
radicular lumbar unilateral, por los accesos interlaminar parasagital
mezcla de fosfato y acetato de betametasona, en 2 cc de solución)
y transforaminal, utilizando el Inventario Abreviado de Dolor (IAD) más 3 cc de xilocaína al 0,5 (total 5 cc de solución). Se evaluó la cali-
como herramienta de evaluación de resultados. Para la variante in- dad técnica del bloqueo con elementos clínicos como la presencia de
terlaminar parasagital, se estudió también el patrón de distribución parestesias o dolor concordante durante la inyección y radiológicos
del contraste en el espacio epidural anterior y la presencia o ausen- tales como la presencia de radiculograma y de epidurograma anterior
cia de radiculograma, así como también de parestesia o dolor homo- (fig. 1). En el grupo tratado con betametasona por vía epidural trans-
lateral durante la inyección del esteroide. El perfil de efectos cola- foraminal, se utilizaron agujas de Quincke número 22, 3 1/2 o 4 3/4
terales y complicaciones de la técnica fueron también estudiados. con enfoques radiológicos oblicuo, lateral y antero-posterior. El pun-
to objetivo en posición oblicua fue la zona sub-pedicular, en enfoque
lateral, el ángulo antero-superior o techo del neuroforamen, en el
Metodología llamado triángulo de seguridad en el enfoque antero-posterior (fig.
2). La inyección de contraste fue equivalente a la realizada en el gru-
Se trató de un estudio observacional prospectivo para evaluar el po interlaminar, debiéndose obtener radiculograma y epidurograma
efecto de la inyección epidural de betametasona utilizando los luego de la inyección del mismo (fig. 2). La solución de betametasona
abordajes interlaminar parasagital y transforaminal bajo radios- fue la misma que la utilizada en el grupo interlaminar, inyectándose
copia, en una población seleccionada con dolor radicular lumbar la totalidad de la solución por el neuroforamen elegido, o la mitad
unilateral, a causa de hernia discal, protrusiones discales lumbares de la solución en cada neuroforamen cuando por criterios clínicos se
o canal estrecho lumbar. El Inventario Abreviado de Dolor se utilizó decidió la inyección en dos niveles.
como instrumento para evaluar el dolor de los pacientes seleccio-
nados. Este cuestionario de auto-llenado, permite a los pacientes
cuantificar la intensidad de su dolor y el grado en el cual éste in-
terfiere con aspectos emocionales y funcionales. Además, el cues-
tionario consta de ítems adicionales, que evalúan el nivel subjetivo
de alivio que el tratamiento proporciona, la localización del dolor
y la descripción del mismo. El cuestionario se basa en preguntas
vinculadas a la intensidad del dolor y de cómo éste afecta la vida
de la persona en distintos aspectos, graduándose del 0 al 10. El
análisis de ambas dimensiones permite obtener los Índices o Sco-
res de Intensidad y de Interferencia. El Score de Intensidad surge
de promediar las respuestas vinculadas a la intensidad del dolor,
mientras que el de Interferencia de promediar las respuestas vincu-
ladas con las repercusiones funcionales y afectivas que dicho dolor
produce.10-12 La pregunta número 6 del cuestionario se refiere a la
intensidad del dolor en el momento en que se aplica el cuestiona-
rio, puede equivalerse a la aplicación de la Escala Verbal Numérica
(EVN), habitualmente utilizada como instrumento de evaluación de
resultados. El cuestionario se aplicó previamente a la realización
del procedimiento, considerándose como situación basal y se repi-
tió en el control al mes de realizado el mismo.
Criterios de inclusión: síndrome radicular lumbosacro de 6 o
más meses de evolución, con una resonancia magnética nuclear con
evidencia de hernia de disco, protrusión discal o estenosis del canal,
con escasa respuesta al tratamiento farmacológico realizado duran-
te por lo menos 1 mes. Se estableció como respuesta satisfactoria
a los esteroides epidurales a una disminución de 2 puntos o más en
la EVN (pregunta 6 del cuestionario) al mes de realizado el último
procedimiento de inyección.
Se tomaron los siguientes criterios de exclusión: pacientes
menores de 18 años y mayores de 80, embarazadas, lumbalgia sin
irradiación radicular, dolor radicular lumbar bilateral, cirugía de
columna previa.
El estudio fue aprobado por el Comité de Ética del Hospital de
Clínicas. Todos los pacientes firmaron el formulario de consentimiento
informado habitualmente utilizado para el procedimiento a realizar.
Los procedimientos fueron realizados en sala de operaciones.
Con el paciente en posición decúbito ventral, se colocó una vía veno- Figura 1. Abordaje interlaminar parasagital L5S1. A la izquierda, se
sa periférica. Asepsia con clorhexidina alcohólica. Anestesia local con observa el enfoque radioscópico lateral, con la aguja de Touhy en el
lidocaína al 0,5%. En la técnica interlaminar parasagital se utilizaron espacio epidural. El contraste inyectado se distribuye por los espa-
agujas de Touhy número 18, 3 1/2 o 4 ¾ según contextura física del cios epidural anterior y posterior. A derecha se observa el enfoque
paciente. Con enfoque radioscópico antero-posterior, se introdujo la radioscópico antero-posterior, con la aguja de Touhy lateralizada
aguja en los espacios interlaminares, L4/L5 o L5/S1, utilizando la hacia la izquierda. La inyección de contraste permite observar el
técnica en visión túnel, parasagital homolateral del lado correspon- epidurograma en este enfoque y el radiculograma de las raíces L4,
diente al dolor radicular (fig. 1). Se realizó pérdida de resistencia con L5 y S1 izquierdas.
S282 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

rias como fueron definidas antes. La figura 3 muestra los valores de la


EVN, Score de Intensidad (SIa) y Score de Interferencia (SIb) basales
y medidos en el control de 4 semanas de los 40 pacientes tratados.
La EVN, SIa y SIb basales se redujeron de 8,1 ± 1,4, 7,4 ± 1,8 y 7,4
± 1,8 a 6,0 ± 3,5, 6,2 ± 2,5 y 6,1 ± 2,6 respec­tivamente, alcanzando
estos cambios con significación estadística aplicando una prueba de
t para muestras pareadas, con un valor de p menor a 0,02 en todos
los casos. De los 40 pacientes, 21 fueron tratados con betametasona
por la vía interlaminar parasagital y 19 por la vía transforaminal. La
betametasona administrada por la vía interlaminar parasagital redu-
jo la EVN un 19%, de 7,7 ± 1,3 a 6,3 ± 3,1 y por la vía transforaminal
un 35%, de 8,5 ± 1,5 a 5,6 ± 3,3. La figura 4 muestra los valores de la
EVN de ambos grupos, basales y al mes del tratamiento. No se obser-
varon diferencias estadísticamente significativas en los valores de la
EVN cuando se comparan los resultados con ambos accesos, aunque
puede verse una pendiente mayor en el grupo de pacientes tratados
por la vía transforaminal, dado que en este grupo los pacientes pre-
sentan, en la evaluación basal, una intensidad de dolor medida por
la EVN, mayor que el grupo interlaminar parasagital. En la figura 5,
se muestran estos mismos datos, pero expresados como porcentaje
de cambio (normalizados), de modo de equilibrar estas diferencias.
Se puede observar que el porcentaje de cambio es mayor en los pa-
cientes en los cuales se utilizó la vía transforaminal que en los que se
utilizó el abordaje interlaminar (35% versus 19%), pero esta diferen-
cia no es estadísticamente significativa (p = 0,2, Prueba de t). El por-
centaje de respuestas satisfactorias o positivas también fue mayor en
el grupo transforaminal. La proporción de respuestas satisfactorias
en los accesos interlaminar parasagital y transforaminal fue de 8/21
(38%) y 11/19 (57%) respectivamente, diferencia no significativa, con
un valor de p = 0,2 (Prueba de Chi-Cuadrado).

9
8
7
Figura 2. Abordaje transforaminal de la L5 S1 derecha. A la izquier-
6
da, se observa la aguja de Quincke con su extremo localizado en el
ángulo antero-superior del neuroforamen correspondiente. La inyec- 5
Basal
ción de contraste dibuja el espacio epidural anterior. A la derecha, se 4
1 mes
observa el enfoque radioscópico antero-posterior, con el correspon- 3
diente epidurograma y radiculograma de la raíz L5 derecha.
2
1
Se midieron, previo al procedimiento y en el control a las 4
semanas, los siguientes datos: Intensidad de Dolor por la Escala 0
EVN Sla Sib
Verbal Numérica (EVN, pregunta 6) y los Scores de Intensidad e
Interferencia. La determinación de una respuesta positiva o satis- Figura 3. Se observa el promedio de los puntajes de la Escala Ver-
factoria se estableció como un descenso de 2 puntos o más en la bal Numérica (EVN) Score de Intensidad (SIa) y Score de Interfe-
EVN. El porcentaje o fracción de pacientes con respuestas positivas rencias basales y al mes de la inyección epidural de betametasona
o negativas fue establecido. por los abordajes interlaminar parasagital y transforaminal (n = 40)
Los datos se presentan como la media y su desvío estándar. (p < 0,05 en los tres grupos de datos, Prueba de t para muestras
pareadas) EVN, Escala Verbal Numérica (pregunta 6); (SIa), Score de
Se utilizó la Prueba de t para muestras pareadas e independientes,
Intensidad; (SIb), Score de Interferencia.
según el caso, y la Prueba de Chi-Cuadrado para evaluación esta-
dística de proporciones. Un valor de p < 0,05 se utilizó como de 9
significancia estadística.
8
7

Resultados 6
5
IL
4 Foramen
Un total de 40 pacientes con lumbociatalgia unilateral fueron trata-
3
dos con inyecciones epidurales de esteroides en el período de enero
de 2016 a abril de 2017. La edad promedio de los pacientes fue de 51 2

años. De los pacientes, 32 eran de sexo femenino y 8 de sexo mascu- 1


lino. El tiempo promedio de evolución del dolor fue de 29 meses. La 0
totalidad de los pacientes presentaron en la RMN protrusiones disca- Basal 1 mes

les en los espacios L4/L5 y L5/S1, con grados variables de estenosis Figura 4. Se observa el promedio de los puntajes de la Escala Verbal
del canal. No se trataron pacientes con hernias discales. Veintiún pa- Numérica (EVN) basales y al mes de la inyección de betametasona
cientes recibieron inyecciones de betametasona utilizando el abor- comparando los abordajes interlaminar parasagital (azul, n = 21) y
daje interlaminar parasagital y en 19 se utilizó la vía transforaminal. transforaminal (rojo, n = 19). No se observan diferencias estadísti-
De los 40 pacientes, en 19 (47%) se obtuvieron respuestas satisfacto- camente significativas en los resultados entre ambos grupos.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S283

1,2
Con respecto a la calidad técnica de la inyección epidural de
esteroides por el acceso interlaminar parasagital, de los 21 proce-
1
dimientos realizados, en 15 (71%) se obtuvo epidurograma anterior,
esto es, alcance de la solución en la cara ventral del espacio (fig. 1
0,8
a la izquierda), en 17 (85%) el paciente refirió dolor o parestesias en
el territorio radicular durante la inyección y en 12 (60%) se observó
0,6 IL
radiculograma junto a la imagen característica de epidurograma.
Foramen No se consignaron complicaciones en ninguno de los pacien-
0,4
tes tratados.

0,2
Discusión y conclusiones
0
Basal 1 mes
La inyección única del esteroide betametasona en el espacio epi-
Figura 5. Se observa el promedio de los puntajes de la Escala Verbal dural lumbar, resultó en una mejoría de la intensidad del dolor y la
Numérica (EVN) basales y al mes de la inyección de betametasona repercusión funcional de éste en aproximadamente la mitad de los
comparando los abordajes interlaminar parasagital (azul, n = 21) y pacientes con Síndrome Radicular Lumbosacro crónico unilateral,
transforaminal (rojo, n = 19). En este caso, los datos fueron norma- tratados con esta técnica intervencionista.
lizados y expresados como porcentaje de cambio con respecto a los Estos datos en cuanto a la eficacia de la técnica (próxima a
basales. No se observan diferencias estadísticamente significativas 50%) si bien son algo inferiores a los encontrados en otros trabajos
en los resultados entre ambos grupos (p = 0,2).
sobre el tema, que oscila en 75-80% de eficacia, se refieren al éxito
de una inyección única, mientras que en las referencias señaladas
Cuando se comparan los cambios en la EVN y en el Score de
es frecuente que se evalúen los resultados de inyecciones repetidas
Interferencia de aquellos pacientes cuyas respuestas se considera-
de esteroides.5
ron satisfactorias, utilizando betametasona por vía interlaminar o
Por otra parte, los pacientes presentaron un tiempo de evolu-
parasagital (8 y 11 respectivamente), no se observan diferencias en
ninguno de estos parámetros. ción del dolor mayor a 2 años. Es conocida la menor respuesta de
La EVN en los pacientes tratados con betametasona por vía in- las inyecciones de esteroides en el dolor radicular crónico que en
terlaminar cambió de 8,4 ± 1,4 a 3,2 ± 3,0, lo que equivale a un 61% los cuadros de dolor radicular menores a 6 meses.5 Asimismo, el tipo
de mejoría, mientras que el Score de Interferencia cambió de 6,5 ± de lesión encontrada en los estudios de imagen puede influir en una
2,2 a 4,5 ± 2,0, lo que equivale a un 30% de mejoría. En el caso de la respuesta menor, dado que las mejores respuestas analgésicas de
betametasona administrada por vía transforaminal, la EVN pasó de las inyecciones de esteroides se ven en pacientes con hernias disca-
8,7 ±1,1 a 3,3 ± 2,3, lo que equivale a un 63% de mejoría, mientras les.5 En nuestra muestra, se trató de pacientes con dolor radicular
que el Score de Interferencia pasó de 7,13 ± 2,1 a 4,75 ± 3,1, lo que de larga data, con protrusiones discales lumbares y grados variables
equivale a un 33% de mejoría. de estenosis del canal.
La figura 6 muestra los cambios observados en la intensidad del El índice de eficacia evaluado por la fracción de pacientes con
dolor en los pacientes que presentaron respuestas satisfactorias en respuestas suficientes o aceptables (2 puntos) de descenso en la
ambos grupos, expresados como porcentaje de cambio. En ambos gru- intensidad del dolor) fue de 38% utilizando el abordaje interlaminar
pos, los pacientes pasaron de presentar un dolor severo a presentar parasagital y de 57% en el abordaje transforaminal, sin alcanzar es-
dolor leve. Por lo tanto, tomando por separado al grupo de “respon- tas diferencias, con significación estadística utilizando la Prueba de
dedores”, el dolor pasó de intensidad severa a leve en ambos grupos Chi-Cuadrado. Esto muestra una tendencia a una respuesta analgé-
con una mejoría de dos puntos en cuanto a la repercusión funcional sica más eficaz cuando se utiliza la betametasona administrada por
del dolor, ocurriendo esto en casi la mitad del total de pacientes tra- vía transforaminal, que cuando se utiliza por vía interlaminar. La no
tados. No se observaron diferencias estadísticamente significativas significancia estadística puede relacionarse al tamaño de la mues-
en los resultados obtenidos comparando ambos accesos, cuando se tra, ya que la prueba de Chi-Cuadrado requiere muestras de tamaño
toman por separado los pacientes con respuestas positivas. mayor. Para demostrar o descartar esta tendencia sería necesario
aumentar el número de observaciones. De todos modos, la admi-
1,2
nistración epidural de esteroides utilizando los accesos estudiados
en este trabajo, ha sido evaluada por otros autores. Candido, en el
1
año 2008, describe la técnica de abordaje interlaminar parasagital y
encuentra una eficacia similar a la observada utilizando la vía trans-
0,8
foraminal, hallazgo que es luego reproducido por otros autores, por
lo que se propone como una técnica alternativa a la vía transfora-
0,6 IL
minal, sin los riesgos neurológicos de esta.13,14
Foramen
0,4
Una explicación posible para la menor eficacia utilizando el
acceso interlaminar parasagital en nuestro estudio, es el uso de un
0,2 volumen menor de solución (5 cc) al corrientemente utilizado en
este acceso (8 a 10 cc). Sin embargo, la utilización de un volumen
0 de 2,5 a 5 cc es el habitualmente utilizado en la vía transforaminal,
Basal 1 mes lo que podría explicar una mayor disponibilidad del esteroide en la
zona de conflicto disco-radicular.
Figura 6. Se observa el promedio de los puntajes de la Escala Verbal
Por último, aquellos pacientes que fueron clasificados como
Numérica (EVN) basales y al mes de la inyección de betametasona,
seleccionando exclusivamente los casos donde la respuesta a las “respondedores” o con respuestas satisfactorias utilizando la EVN,
inyecciones fue satisfactoria (disminución de 2 o más puntos en la presentaron un cambio clínicamente significativo en la intensidad
EVN). Se comparan los abordajes interlaminar parasagital (azul, n = del dolor y su repercusión funcional. En estos, el dolor pasó de un
8) y transforaminal (rojo, n = 11). Los datos fueron normalizados y nivel de intensidad catalogado como intenso (8-9 en la EVN) a un
expresados como porcentaje de cambio con respecto a los basales. dolor de leve intensidad (3 en la EVN) con un descenso de por lo
No se observan diferencias en los resultados entre ambos grupos. menos 2 puntos en el Score de Interferencia.
S284 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

En conclusión, la inyección epidural lumbar única de betameta- 5. Manchikanti L, Abdi S, Alturi S, et al. An update of comprehen-
sona en pacientes con Síndrome Radicular Lumbar resultó en una re- sive evidence-based guidelines for interventional techniques
ducción clínicamente significativa, a corto plazo, de la intensidad del in chronic spinal pain. Part II: guidance and recommendations.
dolor y de su repercusión funcional en aproximadamente la mitad de Pain Physician. 2013;16:S49-S283.
los pacientes tratados. La inyección del esteroide por vía transforami- 6. Manchikanti L, Pampati V, Falco FJE, et al. Assesment of the
nal mostró ser más efectiva que la administrada por vía interlaminar growth of epidural injections in the Medicare population from
parasagital, pero esta diferencia no es estadísticamente significativa, 2000 to 2011. Pain Physician. 2013;16:E349-E364.
siendo necesario aumentar el número de casos para confirmar o des- 7. Manchikanti L, Cash KA, Pampati V, et al. Transforaminal epi-
cartar esta tendencia. Las técnicas resultaron seguras, no consignán- dural injections in chronic lumbar disc herniation: a random-
dose complicaciones o efectos colaterales importantes. ized, doble-blind , active controlled trial. Pain Physician.
2014;17:E489-E501.
8. Rathmell JP, Benzon HT, Dreyfuss P, et al. Safeguards to pre-
Conflictos de interés vent neurologic complications after epidural steroid injections.
Consensus opinions from a Multidisciplinary Working Group and
Los autores declaran que no existen conflictos de interés. National Organizations. Anesthesiology. 2015;122:974-84.
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2. Knezevic NN, Lissounov A, Candido KD. Adding particulate or tory (BPI) para la evaluación de las técnicas intervencionistas en
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aging chronic pain of lumbar disc herniation or radiculitis: a inal versus interlaminar approaches to epidural steroid injec-
randomized, double-blind, controlles trial. Pain Physician. tions: a systematic review of comparative studies for lumbosa-
2010;13:343-55. cral radicular pain. Pain Physcian. 2014;17:E509-E524.
Rev Bras Anestesiol. 2017;67 (Supl. 1):S285-S288

Revista Brasileira
de Anestesiologia
Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
www.sba.com.br

Artigo Premiado - CLASA

Consumo de propofol y tiempo de despertar en pacientes adultos


bajo anestesia general guiada por el Cerebral State Monitor
Santiago Matteoda*, Luciano Deganutti

Clínica Modelo, Paraná-Argentina

Resumen
PALABRAS CLAVE Introducción: La monitorización del componente hipnótico en pacientes bajo anestesia general per-
Monitoreo cerebral; mite al anestesiólogo abolir recuerdos intraoperatorios indeseables y colaborar en la toma de decisio-
Hipnosis; nes en cuanto a la titulación de drogas hipnóticas, reduciendo, de esta manera, el consumo.
Propofol Objetivos: Determinar si el empleo del Cerebral State Monitor (CSM) reduce la dosis total de propofol
y el tiempo de despertar en los pacientes bajo anestesia intravenosa total.
Materiales y métodos: Ensayo clínico comparativo, prospectivo, aleatorizado y simple ciego. Se es-
tudiaron 50 pacientes sometidos a colecistectomía videolaparoscópica programada, distribuidos en
dos grupos de 25 pacientes cada uno: grupo N1 o “sin CSM” y grupo N2 o “con CSM”. Todos recibieron
anestesia general endovenosa (TIVA TCI) con propofol-remifentanilo.
Resultados: Los dos grupos estudiados fueron homogéneos en cuanto a edad, sexo, peso, talla, IMC
y tiempo quirúrgico. El consumo total de propofol para el grupo N1 fue de 391 ± 30 mg, mientras
que para el grupo CSM fue significativamente menor, con una media de 296 ± 68 mg (p < 0,0001). El
consumo de remifentanilo entre ambos grupos no arrojó diferencias estadísticamente significativas.
El tiempo de despertar fue significativamente menor en el grupo CSM, con una media de 6,50 ± 1,57
min, a diferencia del grupo N1 que fue de 10,44 ± 1,44 min (p < 0,0001).
Conclusión: El empleo del CSM permitió reducir la dosis total de propofol administrada como así tam-
bién la perfusión a los 10, 20 y 30 min de comenzada la cirugía, y disminuyó el tiempo de despertar.

Introducción monitorizar la respuesta cerebral a los hipnóticos en cada una de


las fases de la anestesia general, en la que interactúan, además,
estímulos nociceptivos y hemodinámicos, es un tema objeto de
Antiguamente la profundidad de la hipnosis se evaluaba por pará-
intensa investigación desde hace muchos años. Los monitores que
metros clínicos, entre ellos el movimiento era muy importante. Con
disponemos en la actualidad utilizan el procesamiento del registro
la aparición de los relajantes musculares se dificultó la valoración
electroencefalográfico mediante diferentes algoritmos, algunos no
de la profundidad anestésica, otros parámetros eran derivados de
conocidos en su totalidad, para, de una forma simplificada, obtener
la monitorización hemodinámica y física1 (frecuencia cardíaca, ten-
un parámetro numérico que se aproxima al estado de la actividad
sión arterial, estado pupilar, lagrimeo, salivación, reflejo palpebral,
cerebral en cada momento.4
etc.), considerando que éstos no siempre presentan una adecuada
El Cerebral State Monitor (CSM Danmeter A/S, Odense, Dina-
correlación con el estado hipnótico.
marca) es un dispositivo lanzado al mercado en el 2004 como herra-
La Percepción Intraoperatoria es una rara complicación tras la
mienta para monitorizar el nivel de hipnosis en pacientes sometidos
anestesia general con una incidencia del 0,1 al 0,2%, que puede
a anestesia general y/o sedación.5 Dicho aparato se basa en el análi-
convertirse en un hecho traumático para los pacientes y que, en
sis y procesamiento de las señales electroencefalográficas aplicando
ocasiones, requiere de tratamiento psiquiátrico.2,3 La posibilidad de
unos algoritmos diseñados por sus fabricantes (fig. 1) y que generan

* Autor para correspondencia.


E-mail: smate_18@hotmail.com (S. Matteoda).

© 2017 Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda.


S286 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

un valor numérico llamado Cerebral State Index (CSI) con una escala Criterios de exclusión
de 0 a 100 como medida del nivel de consciencia (100-80 despierto;
• Abuso de drogas y/o alcohol.
80-60 anestesia superficial; 60-40 anestesia quirúrgica; >40 aneste-
• Tratamiento con fármacos depresores del sistema nervioso central
sia profunda; 0 EEG isoeléctrico).6,7
tales como benzodiacepinas, anticonvulsivantes y antidepresivos.
• Trastornos neurológicos.
E30-42.5Hz E30-42.5Hz E6-12Hz
aratio = ln bratio = ln (b - a)ratio = log
E6-12Hz E11-21Hz E11-21Hz Protocolo anestésico
A su arribo a la sala de recuperación postanestésica (SRPA), los pa-
cientes fueron canalizados con un catéter N 18 G en vena perifé-
rica y luego trasladados a quirófano donde fueron monitorizados
con pulsioximetría, cardioscopio, presión arterial no invasiva (PANI),
capnografía y capnometría. Ningún paciente recibió premedicación.
Para aquellos incluidos en el Grupo N2 o CSM, previa a la inducción
Figura 1 Esquema de algoritmos aplicados para obtener el Cerebral anestésica se realizó la limpieza de la piel de frente y mastoides
State Index. con solución de clorhexidina y agua y secado del mismo, tras lo
cual se colocaron 3 electrodos convencionales (Covidien) en el sitio
El objetivo de la monitorización del componente hipnótico en correspondiente al hemisferio cerebral izquierdo: mastoides (cable
pacientes bajo anestesia general es brindar al anestesiólogo una he- negro), centro de la frente (cable blanco) y zona frontal izquierda
rramienta para mantener al paciente con un estado de consciencia (cable verde) como se muestra en la siguiente imagen (fig. 2).
desconectada, logrando de esta forma abolir recuerdos intraopera-
torios indeseables.8 Ekman en su trabajo informa una reducción del
riesgo de percepción intraoperatoria de 0,18% a 0,04% empleando Medio de la frente
monitor de hipnosis.9 De manera complementaria, dicho monitoreo Lado izquierdo de la frente
nos guía en la toma de decisiones en cuanto a la titulación de drogas Mastoides del lado izquierdo
hipnóticas durante la conducción de la anestesia, hecho por lo cual
diseñamos este trabajo para evaluar su real impacto.

Objetivos Figura 2 Esquema de colocación de electrodos.

1. Determinar si el empleo del CSM nos permite reducir la dosis de Todos los pacientes recibieron anestesia intravenosa total (TIVA
propofol utilizada en los pacientes bajo anestesia intravenosa to- TCI) utilizando la Base Primea (Fresenius Kabi), empleando pro-
tal. pofol 1% y remifentanilo, bloqueante neuromuscular administrado
2. Reducir el tiempo de despertar en pacientes bajo control de hip- vecuronio 0,1 mg/kg e intubación orotraqueal. Se administraron 8
nosis con el CSM. mg de dexametasona, 30 mg de ketorolac, 1 g de dipirona, 50 mg
de ranitidina y 100 mg de tramadol previa a la incisión quirúrgica
siempre que no existiera contraindicación a recibir dicha medica­
Materiales y métodos ción por parte del paciente.
Se recopilaron los siguientes datos: edad, sexo, peso, talla, índi-
ce de masa corporal (IMC), clasificación ASA, duración de la cirugía,
Metodología dosis de propofol y remifentanilo total empleados en cada cirugía,
Ensayo clínico analítico, prospectivo, aleatorizado y simple ciego. perfusión de propofol y remifentanilo, a los 10, 20 y 30 min de co-
Se obtuvo la aprobación por el Comité de Ética de la Institución menzada la cirugía, y tiempo de despertar de los pacientes, consi-
y, en todos los casos en la consulta pre-anestésica, se solicitó el derando éste el tiempo transcurrido desde la suspensión de la admi-
consentimiento informado por parte de los pacientes incluidos en nistración de drogas anestésicas hasta la extubación de los mismos.
el estudio.
Análisis Estadístico
Muestra Las variables cuantitativas fueron descriptas con medias y desvío
Se estudiaron 50 pacientes sometidos a colecistectomía videolapa- estándar, mientras que las variables cualitativas fueron informadas
roscópica en la Clínica Modelo S.A. de la ciudad de Paraná, Entre con frecuencias y porcentajes absolutos. La comparación de me-
Ríos, Argentina, en el período comprendido entre Junio de 2016 y dias entre los dos grupos se llevó a cabo mediante la prueba t de
Mayo del 2017. Los pacientes fueron divididos en los siguientes dos muestras independientes. Para analizar la existencia de relación y
grupos de 25 pacientes cada uno, empleando un sorteo aleatorizado comparar proporciones entre variables categóricas se usó la prueba
simple: Chi-cuadrado de Pearson. Valores p menores de 0,05 fueron conside-
rados estadísticamente significativos. Gráficos estadísticos de cajas
• Grupo N1 o “sin CSM”;
y medias fueron utilizados para visualizar los resultados. Los análisis
• Grupo N2 o “con CSM”.
fueron realizados con el software SPSS 23.0 (SPSS, Inc., Chicago,
IL, USA).
Criterios de inclusión
• Edades comprendidas entre 18 y 65 años.
• Ambos sexos. Resultados
• Clasificación de la American Society of Anesthesiologist (ASA) I-II.
• Pacientes sometidos a colecistectomías videolaparoscópicas pro- Los dos grupos fueron homogéneos con relación a la edad, sexo,
gramadas por litiasis vesicular. peso, IMC y duración del acto quirúrgico, no apreciándose diferen-
• Índice de masa corporal > 18 y < 35 kg/m2. cias estadísticamente significativas (Tabla 1 y 2).
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S287

Tabla 1 Datos demográficos y duración de la cirugía según grupos. favor del grupo N2 (CSM) (p = 0,002 a los 10 min; p < 0,0001 a los 20
min y p < 0,0001 a los 30 min respectivamente) (fig. 4).
N1 N2 (CSM)
Pacientes Desvío Desvío p*
Media estándar Media estándar
Edad (años) 43,00 14,75 40,72 15,10 0,59
Peso (kg) 72,04 10,79 74,08 15,43 0,59
Talla (cm) 165,72 6,66 166,60 8,36 0,68
IMC (kg/m ) 2
25,91 3,83 26,44 4,63 0,66
Duración de la
cirugía (min) 56,96 7,96 54,60 9,66 0,35
* Valor p correspondiente a prueba T de muestras independientes.

Tabla 2 Sexo y clasificación ASA en porcentajes según grupo.

Pacientes N1 N2 (CSM)
p*
M F M F
Sexo
48% 52% 40% 60% 0,57
I II I II P* Figura 4 Gráfico de medias con la perfusión de propofol a los 10, 20
Clasificación ASA
36% 64% 40% 60% 0,77 y 30 minutos de comenzada la cirugía. Las barras de error represen-
tan los intervalos de confianza del 95%.
M, Masculino; F, Femenino.
* Valor p correspondiente a prueba Chi-Cuadrado. Con respecto al consumo de remifentanilo durante el acto qui-
rúrgico, no hubo diferencias estadísticamente significativas, siendo
Con respecto al consumo total de propofol durante la cirugía para el grupo N1 la media de 1534,88 ± 130,88 mcg, mientras que
para el grupo N1, fue de 391 ± 30 mg, mientras que para el grupo para el grupo N2 (CSM) fue de 1460,16 ± 524,57 mcg (t = 0,70; g.l.
N2 (CSM) hubo una marcada reducción del mismo, con un consumo = 48 y p = 0,49). La perfusión de dicha droga en el grupo N1 a los
promedio de 296 ± 68 mg, siendo esta diferencia estadísticamente 10 min fue de 0,39 ± 0,07 mcg/kg/min; a los 20 min de 0,37 ± 0,09
significativa (t = 6,3; g.l.= 48 y p < 0,0001) (fig. 3). mcg/kg/min y a los 30 min de 0,38 ± 0,08 mcg/kg/min. Para el
Grupo N2 (CSM) a los 10 min dicha perfusión promedio fue de 0,37 ±
0,08 mcg/kg/min; a los 20 min de 0,36 ± 0,09 mcg/kg/min y a los 30
min de 0,35 ± 0,08 mcg/kg/min respectivamente. En los 3 momen-
tos analizados tampoco se detectaron diferencias estadísticamente
significativas entre los grupos de estudio (p = 0,41 a los 10 min; p =
0,59 a los 20 min y p = 0,26 a los 30 min respectivamente).
Al evaluar el tiempo de despertar luego de suspendida la per-
fusión de las drogas anestésicas, se observó una reducción significa-
tiva en los pacientes a los cuales se le realizó monitoreo de hipnosis
con el CSM, con un despertar promedio de 6,50 ± 1,57 min, mientras
que en el grupo N1 fue de 10,44 ± 1,40 min respectivamente (t =
9,3; g.l. = 48 y p < 0,0001) (fig. 5).

Figura 3 Diagrama de cajas con distribución del consumo total de


propofol por grupo.

Analizando la velocidad de perfusión de esta droga en 3 mo-


mentos distintos de la cirugía se obtuvo para el grupo N1 un valor
promedio de 4,09 ± 0,40 mg/kg/hora EV a los 10 min; 3,79 ± 0,21
mg/kg/hora EV a los 20 min y 3,60 ± 0,31 mg/kg/hora EV a los 30 min
de comenzada la cirugía respectivamente. En el grupo N2 (CSM) la
perfusión promedio de propofol a los 10 min fue de 3,53 ± 0,71 mg/
kg/hora EV; a los 20 min de 3,15 ± 0,64 mg/kg/hora EV y a los 30 min
de 2,89 ± 0,47 mg/kg/hora EV. Estos resultados arrojan una diferen-
cia estadísticamente significativa en la reducción de la velocidad de Figura 5 Diagrama de cajas con distribución por grupo del tiempo de
perfusión de esta droga en los 3 momentos de la cirugía analizados, a despertar luego de finalizada la cirugía.
S288 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Ningún paciente refirió recuerdo intraoperatorio alguno, siendo Conflictos de interés


cado uno de ellos interrogados en sala de recuperación postanesté-
sica (SRPA) a los 30 minutos de su despertar.
Los autores declaran que no existen conflictos de interés.

Discusión
Bibliografía
Al revisar la bibliografía publicada, empleando buscador Pubmed,
notamos que existen muy pocos trabajos en la actualidad seme- 1. Xu M, Lei Y, Zhou J. Use of cerebral state index to predict long-
jantes a este. El Cerebral State Index (CSI) se asemeja tanto al term unconsciousness in patient after elective craniotomy with
índice BIS como al índice de Entropía mediante la utilización de EEG delay recovery. BMC Neurology. 2011;11:15.
espontanea para el cálculo de un índice numérico de 0 a 100 de la 2. Sandin RH, Enlund G, Samuelsson P, et al. Awareness during an-
profundidad anestésica.10 Este estudio fue diseñado para comparar aesthesia: a prospective case study. Lancet. 2000;355:707-11.
el consumo total de propofol y el tiempo de despertar en pacientes 3. Sebel PS, Bowdle TA, Ghoneim MM, et al. The incidence of
monitorizados con CSM y sin CSM. Diferentes publicaciones mues- awareness during anesthesia: a multicenter United States study.
tran que, durante la anestesia con propofol, tanto el BIS como el Anesth Analg. 2004;99:833-9.
CSI muestran similar capacidad predictiva de la profundidad anes- 4. Escontrela Rodríguez B,  Gago Martínez A,  Merino Julián I, et
tésica.6,7,11,12,14 Hoymork y col., en su trabajo comparativo, descri- al. Spectral entropy in  monitoring  anesthetic depth. Rev Esp
ben una buena correlación en 87% de los pacientes monitorizados Anestesiol Reanim. 2016;63:471-8.
con BIS comparados a los evaluados con CSM para determinar el 5. Anderson RE, Barr G, Jakobsson JG. Cerebral state index during
nivel de profundidad hipnótica.15 anaesthetic induction: a comparative study with propofol or ni-
Delfino y col. en su trabajo sobre colecistectomías laparoscópi- trous oxide. Acta Anaesthesiol Scand. 2005;49:750-3.
cas programadas, empleando el CSI como guía para la titulación de 6. Anderson RE, Jakobsson JG. Cerebral state monitor, a new small
la dosis de infusión de propofol, emplearon una dosis promedio de handheld EEG monitor for determining depth of anaesthesia:
7,8 mg/kg/h siendo está muy superior con respecto al utilizado en a clinical comparison with the bispectral index during day-sur-
este trabajo. Esta diferencia podría atribuirse a que en el presente gery. Eur J Anaesthesiol. 2006;23:208-12.
estudio se utilizó la anestesia basada en la analgesia con remifen- 7. Jensen EW, Litvan H, Revuelta M, et al. Cerebral state index
tanilo, mientras que Delfino y col. emplearon fentanilo que, por during propofol anesthesia: a comparison with the bispectral in-
sus características farmacocinéticas y farmacodinámicas, no hace dex and the A-Line ARX Index. Anesthesiology. 2006;105:28-36.
sinergia con el propofol como lo hace el remifentanilo. 8. Miller, RD. Miller Anestesia. 8a ed. Barcelona: Elsevier, 2016.
Con respecto al tiempo de despertar, las cirugías fueron lle- 9. Ekman A, Lindholm ML, Lennmarken C, et al. Reduction in the
vadas a cabo por el mismo equipo quirúrgico para evitar cambios incidence of awareness using BIS monitoring. Acta Anaesthesiol
en lo que respecta a la duración del procedimiento, que podrían Scand. 2004;48:20-6.
modificar tanto el consumo de propofol como el tiempo de recu- 10. Cortinez LI, Delfino AE, Fuentes R, et al. Performance of the
peración de los pacientes, una vez suspendida la infusión. En el cerebral state index during increasing levels of propofol anes-
trabajo de Delfino y Cortinez12, el tiempo de despertar promedio, thesia: a comparison with the bispectral index. Anesth Analg.
utilizando el monitoreo del CSI, fue de 10,7 minutos, mientras que 2007;104:605-10.
el obtenido en el presente trabajo fue significativamente menor. 11. Pilge S, Kreuzer M, Kochs EF, et al. Monitors of the hypnotic
Consideramos que dicha diferencia podría atribuirse a lo explicado component of anesthesia – correlation between bispectral index
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El monitoreo de hipnosis con el CSM, a diferencia del BIS, pre- 12. Delfino A, Cortinez L. Propofol comsuption and recovery times
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obtención más rápida del índice una vez encendido dicho apara- 13. Nishiyama T. Cerebral state index vs bispectral index during
to.13,16,17 Además, admite el uso de electrodos convencionales, lo sevoflurane – nitrous oxide anaesthesia. Eur J Anaesthesiol.
que reduce los costos.15,18 2009;26:638-42.
La reducción del consumo y la velocidad de perfusión de pro- 14. Zhong T, Guo Q, Pang Y, et al. Comparative evaluation of the
pofol podrían tener significancia en pacientes con reserva cardíaca cerebral state index and the bispectral index during target-con-
limitada ya que, al disminuir la dosis de éste, se reduciría la depre- trolled infusion of propofol. Br J Anaesth. 2005;95:798-802.
sión hemodinámica ocasionada por el mismo. Éste último, sumado 15. Hoymork SC, Hval K, Jensesn EW, et al. Can the cerebral state
a la reducción del tiempo de recuperación de los pacientes, tendría monitor replace the bispectral index in monitoring hypnotic ef-
un impacto positivo en la fármacoeconomía del nosocomio y podría fect during propofol/remifentanil anaesthesia? Acta Anaesthesi-
optimizar la disponibilidad de quirófanos. Este análisis escapa del ol Sand. 2007;51:210-6.
propósito del presente trabajo y debería determinarse en estudios 16. Zanner R, Pilge S, Kochs E, et al. Time delay after electroenceph-
posteriores, analizando dichas variables. alogram index calculation: analysis of cerebral state, bispectral,
and Narcotrend indices using perioperatively recorded electro-
encephalographic signals. Br J Anaesth. 2009;103:394-9.
Conclusión 17. Nishiyama T, Komatsu K. Cerebral state monitor versus bispec-
tral index during propofol-fentanyl-nitrous oxide anesthesia. J
El empleo del Cerebral State Monitor, en pacientes bajo anestesia Anesth. 2010;24:380-5.
endovenosa total para cirugía de colecistectomía laparoscópica, 18. Anderson RE, Sartipy U, Jakobsson JG. Use of conventional ECG
permitió reducir el consumo total de propofol como también la ve- electrodes for depth of anesthesia monitoring using the cere-
locidad de perfusión de la misma y, a la vez, logró disminuir signi- bral state index: a clinical study in day surgery. Br J Anaesth.
ficativamente el tiempo de despertar una vez finalizada la cirugía. 2007;98:645-8.
Rev Bras Anestesiol. 2017;67 (Supl. 1):S289-S292

Revista Brasileira
de Anestesiologia
Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
www.sba.com.br

Artigo Premiado - CLASA

Evaluación de los predictores de vía aérea difícil en pacientes


intubados con videolaringoscopio
Gustavo Grünberg*

Servicio Médico Integral, Universal, Sanatorio Americano, MUCAM, Montevideo, Uruguay


Especialista en Anestesiología, Ex Profesor Adjunto de la Cátedra de Anestesiología
Miembro fundador e integrante de SUDIVA (Tesorero)
Montevideo, Uruguay

Resumen
PALABRAS CLAVE Introducción: Los videolaringoscopios modificaron el valor de los predictores y el manejo de la vía
Videolaringoscopio aérea difícil.
Predictores de vía aérea Objetivos: El objetivo de este estudio fue determinar la efectividad de las pruebas predictoras de vía
dificultosa aérea difícil cuando se realizó la intubación orotraqueal con Videolaringoscopio.
Metodología: Se estudiaron 404 pacientes adultos (mujeres 303, hombres 101) intubados con Video-
laringoscopio GVS®, luego de la inducción anestésica y relajación muscular. Se examinaron los predic-
tores clásicos: apertura bucal, Mallampati, extensión cervical, distancias mandibulares y peso (> 90
kg). Se consignó el grado de visión glótica de Cormack-Lehane, maniobra de “BURP” (movilización del
cartílago tiroides hacia atrás, arriba y derecha), éxito y número de intentos de intubación.
Resultados: Todos los pacientes fueron intubados, 401 al primer intento (99,3%) y 3 (0,7%) al segundo.
No hubo intubaciones dificultosas. En 15 pacientes, se requirió de “BURP”, siendo más frecuente en
pacientes con Mallampati III-IV o apertura bucal disminuida (p < 0,05). Los pacientes con apertura bucal,
distancias disminuidas, o Mallampati III-IV, tuvieron un grado de Cormack significativamente mayor (p <
0,05). La apertura bucal tuvo el mayor valor predictivo positivo de Cormack 2-3 (25%) y de BURP (22,2%).
Discusión: No hubo intubaciones difíciles con el videolaringoscopio, independientemente de los pre-
dictores analizados, incluso en pacientes con antecedentes de intubación fallida, marcando la efec-
tividad del dispositivo.
Conclusión: Para esta muestra de pacientes, las pruebas predictoras clásicas fueron efectivas para
determinar la probabilidad de obtener un grado más alto de visión de Cormack con videolaringoscopio
o la necesidad de maniobra de BURP para la intubación orotraqueal.

Introducción correlacionados con los hallazgos obtenidos mediante laringoscopía


directa con el laringoscopio convencional.3
La clasificación del grado de visión glótica de Cormack-Lehane
La vía aérea difícil (VAD) es una de las situaciones que requiere un
manejo anestesiológico avanzado y se presenta con una incidencia (1984) además de servir como referencia para la toma de decisio-
que oscila ampliamente en los diferentes estudios entre un 1-18%.1 nes durante las maniobras de intubación, sirve para cuantificar los
La posibilidad de anticiparse a una vía aérea difícil es de gran resultados de los dispositivos para visualizar las cuerdas vocales.4
importancia para la toma de decisiones, el uso de recursos adecua- Hay diferentes métodos para clasificar una vía aérea como di-
dos a cada situación y la aplicación de los algoritmos de VAD.2 fícil, basados en números de intentos (más de 3), tiempo de la
En la práctica clínica, se utiliza una serie de predictores clási- maniobra (mayor a 10 minutos), grado de visión glótica, necesidad
cos de VAD como la prueba de Mallampati, apertura bucal, exten- de cambio de operador, imposibilidad de lograr la intubación, im-
sión cervical, peso mayor a 90 kg, distancias mandibulares, todos presión clínica, etc.5

* Autor para correspondencia:


E-mail: ggrunberg3@gmail.com (G. Grünberg).

© 2017 Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda.


S290 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

A los efectos de objetivar y definir una VAD de manera de poder


comparar entre los diferentes centros y estudios científicos, hay
trabajos que consideran como VAD cuando la suma del grado de
visón glótica más el número de intentos de intubación es mayor a 4.6
Si bien los predictores clínicos se utilizan en la práctica aneste-
siológica habitual, su valor predictivo como pruebas individuales es
bajo, y tienden a asociarse para aumentar su sensibilidad.7,8
El desarrollo tecnológico de los últimos años ha permitido de-
sarrollar dispositivos ópticos para acceso a la vía aérea, como los Vi-
deolaringoscopios, que han demostrado una mejora significativa en
la visión glótica y el éxito en las maniobras de intubación traqueal.9
Los videolaringoscopios disponibles en el mercado son múlti-
ples, con o sin canal, y con diferentes grados de curvatura. Los
trabajos sobre predictores y resultados de intubación con estos
dispositivos han mostrado conclusiones variadas, en muchos casos
limitados por el entrenamiento en el uso de estos dispositivos.10
El avance en el uso de los videolaringoscopios y su inclusión en
los algoritmos de VAD, hacen que la investigación de su relación con
los predictores clínicos y con el manejo de los mismos cobre aun
más relevancia.1,11

Objetivo

El objetivo de este estudio fue determinar la eficacia de las pruebas


predictivas clínicas clásicas de vía aérea difícil cuando se realizó la
Figura 1. Videolaringoscopio GVS®.
intubación orotraqueal (IOT) con videolaringoscopio.

Pacientes y métodos Análisis estadístico

Los datos fueron recopilados en una planilla de Excel®, analizados


Se realizó un estudio multicéntrico (Servicio Médico Integral, Uni- con este programa y con Epi Info®.
versal, Sanatorio Americano, MUCAM) en el período agosto 2014 a Las variables fueron analizadas mediante tablas de 2 x 2, de-
mayo 2017 en el cual se revisaron 404 pacientes adultos interveni- terminando X2 con su valor de p, y la Prueba de Fisher para las varia-
dos quirúrgicamente (cirugías ginecológicas, neurocirugías, genera-
bles con n menor a 5. Se consideró como significativo a un valor de
les, maxilofaciales, urológicas, etc.), de coordinación con anestesia
p < 0,05. Se consideró como verdadero positivo (VP) a los pacientes
general e intubación traqueal con videolaringoscopio.
con predictores clínicos de VAD y Cormack II-III, como falso positivo
El procedimiento empleado estuvo pautado en los aspectos
(FP) a los que tenían predictores clínicos pero el Cormack fue I,
éticos, en base a la Declaración de Helsinki de 1975 en la versión
revisada de 2013. verdadero negativo (VN) a los que no poseían predictores y el Cor-
Se incluyeron pacientes de ambos sexos, en los cuales se rea­lizó mack fue I, y falso negativo (FN) a los que no tenían predictores y el
un examen clínico preoperatorio completo de la vía aérea determi- Cormack fue II-III. Se determinó el valor predictivo positivo (VPP),
nando la prueba de Mallampati, apertura bucal, extensión cervical, valor predictivo negativo (VPN), sensibilidad (S) y especificidad (E)
peso, distancias mandibulares (mento-hioidea, tiro-mentoniana y de los diferentes predictores clínicos de VAD.
rama horizontal del maxilar inferior). Se consignaron los pacientes
con antecedentes de intubación traqueal fallida. VPP = VP / (VP + FP) VPN = VN / (VN+FN)
Se excluyeron a todos los pacientes operados de urgencia, y S = VP / (VP+FN) E = VN / (VN+FP)
los que por razones quirúrgicas tenían indicación de intubación na-
sotraqueal.
Todas las videolaringoscopías fueron realizadas por un aneste- Resultados
siólogo entrenado y con más de 3 años de experiencia (más de 300
intubaciones previas con videolaringoscopio) en el uso de este tipo El total de pacientes estudiados fue de 404, 103 hombres (25%) y
de dispositivos.
301 mujeres (75%). Las edades variaron desde los 18 a los 93 años,
Se utilizó el videolaringoscopio GVS® (fig. 1) que tiene una pala
con una media de 46 ± 16 años. No se constataron diferencias en
de gran curvatura y sin canal, por lo que a la sonda traqueal (SET)
los grados de visión glótica, ni el número de intentos de intubación
se le colocó de rutina un conductor con un aumento del arco de
entre mujeres y hombres (Prueba de Fisher: p = 1).
curvatura.
Luego de la premedicación con fentanil 1-3 µg/kg, preoxi- En la tabla 1, se muestran los resultados del examen clínico
genación, se administró propofol 2 mg/kg y atracurio 0,5 mg/kg. Se preoperatorio y de las pruebas predictoras. Hubo un 100% de éxito
asistió la ventilación bajo máscara por 3 minutos con sevofluorano al en la intubación traqueal. En 401 casos se logró la IOT al primer
2%, oxígeno al 100%, y luego se realizó la maniobra de IOT. intento, y en 3 casos fue necesario un segundo intento, en el cual se
Se consignó el grado de visión glótica según la escala de Cor- aumentó el arco de curvatura de la SET para lograr pasar la glotis.
mack-Lehane, la necesidad de maniobra de BURP (backward, up- En la tabla 2, se ilustran los resultados del grado de visión glóti-
ward, right pressure: presión hacia atrás, arriba y la derecha) para ca en los pacientes con los diferentes predictores clínicos.
mejorar la visión glótica, el número de intentos de intubación y el Se determinó el VPP, VPN, sensibilidad y especificidad de los
éxito de la maniobra. predictores clínicos (tabla 3).
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S291

Tabla 1. Resultados del examen clínico y predictores preoperato- Tabla 4. Necesidad de maniobra de BURP en los pacientes con dif-
rios. Se expresan en valores absolutos y porcentajes. erentes predictores clínicos. Se muestran las frecuencias y pruebas
estadísticas.
Examen preoperatorio Sí No
BURP
Apertura bucal disminuida 36 (8,9%) 368 (91,1%)
Predictores clínicos Valor
Mallampati III-IV 37 (9,2%) 367 (90,8%) SÍ NO X2
de p
Distancias disminuidas 52 (12,9%) 352 (87,1%) Apertura bucal normal/ 7/8 361/28 37,87 < 0,001
Extensión cervical disminuida 65 (16,1%) 339 (83,9%) disminuida

Peso mayor a 90 kg 70 (17,3%) 334 (82,7%) Mallampati I-II/III-IV 10/5 357/32 10,94 < 0,001

Antecedentes intubación fallida 6 (1,5%) 398 (98,5%) Distancias normales/ 5/10 347/42 40,20 < 0,001
disminuidas

Extensión cervical 12/3 327/62 0,17 0,718


Tabla 2. Predictores clínicos y grado de visión glótica en escala de normal/disminuida
Cormack-Lehane. Se ilustran los resultados en valor absoluto, el
Peso menor/mayor a 317/68 14/2 0,64 0,330
Chi2 y el valor de p.
90 kg
Cormack Lehane Antecedentes intubación 381/4 14/2 11,13 0,028
fallida
Valor
Predictores clínicos I II III IV X2
de p

Apertura bucal 358/27 8/8 2/1 0/0 36,33 < 0,001


Discusión
normal/disminuida

Mallampati I-II/III-IV 353/32 12/4 2/1 0/0 7,05 0,007 En este trabajo, no se pudo demostrar que ninguna de las pruebas
Distancias 343/42 8/8 1/2 0/0 28,10 < 0,001 predictivas clásicas de VAD tuvieron un valor de aplicación clínica
normales/ en este grupo de pacientes estudiados, ya que no hubo ningún pa-
disminuidas ciente que cumpla con ninguna de las definiciones de VAD. El índice
de intubación traqueal al primer intento fue muy alto (99,3%), y los
Extensión cervical 322/63 15/1 2/1 0/0 0,46 0,385 3 casos en los que se hizo un segundo intento fue para corregir la
normal/disminuida curvatura de la SET, para llegar más anterior a la glotis.
Interesa destacar de los resultados, la ausencia de pacientes que
Peso menor/mayor 317/68 14/2 3/0 0/0 0,64 0,330
cumplieran con ninguna de las definiciones de VAD, la alta frecuencia
a 90 kg
de pacientes intubados al primer intento, y que en ningún caso hubo
Antecedentes 381/4 14/2 3/0 0/0 11,13 0,028 que usar otros métodos de ayuda como ser el conductor de Eschmann.
intubación fallida Esto nos habla de la gran efectividad que se tuvo con el uso del vide-
olaringoscopio en relación a los resultados de los diferentes trabajos
con laringoscopía directa y, fundamentalmente, cuando es manejado
por personal con experiencia, factor que seguramente es el determi-
Tabla 3. Determinación del VPP, VPN, sensibilidad y especificidad de
nante de los mejores resultados en relación a muchos de los trabajos
los diferentes predictores clínicos.
publicados, en los cuales los que intubaban con videolaringoscopio
eran Residentes o anestesiólogos en fase de entrenamiento.12
Predictores clínicos VPP (%) VPN (%) S (%) E (%)
Al analizar el grado de visión glótica, se pudo determinar que
Apertura bucal disminuida 25,00 97,28 47,37 92,99 algunos de los predictores tuvieron significación estadística para an-
ticiparse a la presencia de grados más altos de Cormack-Lehane (II
Mallampati III-IV 13,51 96,19 26,32 91,69 o III), aunque no hubo ningún caso con grado IV.
Los pacientes con Mallampati III-IV tuvieron un grado más alto
Distancias disminuidas 19,23 97,44 52,63 89,09 de visión de las cuerdas vocales que los que tenían Mallampati I-II (p
Extensión cervical 3,08 94,99 10,53 83,64 < 0,05), aunque el VPP que llegó tan solo al 13,51%.
disminuida La apertura bucal disminuida fue otro de los factores que de-
terminó un aumento significativo de los pacientes con Cormack
Peso mayor a 90 kg 2,86 94,91 10,53 83,34 mayor a I (p < 0,05), con un VPP relativamente alto que alcanzó un
25%. Este predictor tiene una gran relevancia cuando se usa el vide-
Antecedentes intubación 33,33 95,73 10,53 98,96 olaringoscopio, ya que el tamaño de la mayoría de estos dispositivos
fallida es francamente superior a la de los laringoscopios convencionales,
y la maniobrabilidad se ve restringida cuando se reduce la distancia
VPP, Valor Predictivo Positivo; VPN, Valor Predictivo Negativo; S,
interincisivos.13
Sensibilidad; E, Especificidad.
Las distancias mandibulares (mento-hioidea, tiro-mentoniana
y rama horizontal del maxilar inferior) son índices clásicos pre-
En 15 pacientes (3,7%) se necesitó de la maniobra de BURP para dictores de VAD, que hablan de retrognatismo y un menor espacio
mejorar el grado de visión glótica y/o poder pasar la SET. Con esta para desplazar la lengua durante la laringoscopía directa. En este
maniobra en 14 casos, el grado de Cormack pasó a I y en el restante estudio tuvieron resultados estadísticamente significativos para
a II. En la Tabla 4, se muestran los pacientes que requirieron manio- determinar un grado mayor de Cormack (p < 0,05), con un VPP
bra de BURP para cada predictor. cercano al 20% (19,23%).
S292 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

En los pacientes con Mallampati III-IV, apertura bucal o dis- Bibliografía


tancias disminuidas, hubo un aumento significativo de los requeri-
mientos de maniobra de BURP para lograr una intubación exitosa (p
1. Langenstein H,  Cunitz G. Difficult intubation in adults. Anaes-
< 0,05), lo que, de cierta manera, implica una mayor dificultad, a
thesist. 1996;45:372-83.
pesar de que no cumpla con la definición de VAD.
2. Frerk C, Mitchell VS, McNarry AF, et al. Difficult Airway Society
Debemos señalar que en este grupo de pacientes hubo seis que
2015 guidelines for management of unanticipated difficult intu-
tenían antecedentes de intubación imposible en una cirugía ante-
bation in adults. Br J Anaesth. 2015;115:827-48.
rior mediante laringoscopía directa, que pudieron ser intubados sin
3. Crawley SM, Dalton AJ. Predicting the difficult airway. Contin
dificultad con videolaringoscopio y en el primer intento. Por lo que
Educ Anaesth Crit Care Pain. 2015;15:253-7.
tampoco se pudo considerar al antecedente de intubación imposible
4. Behringer EC. Approaches to managing the upper airway. Anes-
como predictor de VAD cuando se usó el videolaringoscopio. De todas
thesiol Clin North Am. 2002;20:813-32.
formas, en estos pacientes hubo un aumento significativo del grado
5. Orozco-Díaz E, Álvarez-Ríos JJ, Arceo-Díaz JL, et al. Predicción
de visión glótica, y de la necesidad de BURP para completar la intu-
de intubación difícil mediante escalas de valoración de la vía
bación. Para este grupo, el VPP de Cormack mayor a I fue el más alto
aérea. Cir Cir. 2010;78:393-9.
(33%), sin embargo dado que sólo fueron 6 pacientes y que el grado
6. Khan ZH, Kashfi A, Ebrahimkhani E. A comparison of the upper
más alto fue II, se debe analizar con relatividad estos resultados.
lip bite test (a simple new technique) with modified Mallampati
Interesa señalar que no hubo diferencias en los grados de visión
classification in predicting difficulty in endotracheal intubation:
glótica ni en la necesidad de maniobra de BURP entre hombres y
a prospective blinded study. Anesth Analg. 2003;96:595-9.
mujeres, ni tampoco entre los pacientes con peso mayor a 90 kg y
7. Ojeda D. Predictores de laringoscopía difícil. Rev Chil Anest.
los que pesaban menos de este valor.
2012;41:179-87.
La limitación en la extensión de cuello tampoco fue un factor
8. Shiga T,  Wajima Z,  Inoue T, et al. Predicting difficult intuba-
determinante de un grado mayor de Cormack, ni de necesidad de
tion in apparently normal patients: a meta-analysis of bedside
maniobra de BURP, lo que coincide con varios trabajos que plante-
screening test performance. Anesthesiology. 2005;103:429-37.
an la efectividad de este dispositivo para pacientes con movilidad
9. Aziz MF,  Dillman D,  Fu R,  et al. Comparative effectiveness
cervical reducida.14
of the C-MAC video laryngoscope versus direct laryngoscopy
in the setting of the predicted difficult airway. Anesthesiolo-
gy. 2012;116:629-36.
Conclusiones
10. Chaparro-Mendoza K, Luna-Montúfar CA, Gómez JM. Videolarin-
goscopios: ¿la solución para el manejo de la vía aérea difícil o
En la muestra de pacientes estudiados, los predictores clínicos clá- una estrategia más? Revisión no sistemática. Rev Colomb Anes-
sicos de vía aérea no fueron efectivos para anticipar una intubación tesiol. 2015;43:225-33.
difícil con videolaringoscopio, ya que no hubo ningún paciente que 11. Apfelbaum JL, Hagberg CA, Caplan RA, et al. Practice guidelines
cumpliera con la definición de VAD o que no pudiera ser intubado. for management of the difficult airway: an updated report by
Sin embargo, los pacientes con Mallampati III-IV, apertura bucal the American Society of Anesthesiologists Task Force on Manage-
reducida, distancias mandibulares disminuidas, o antecedentes de ment of the Difficult Airway. Anesthesiology. 2013;118:251-70.
intubación fallida, tuvieron un grado mayor de visión de Cormack 12. Chemsian RV, Bhananker S, Ramaiah R. Videolaringoscopy. Int J
-Lehane y una mayor frecuencia de maniobra de BURP para lograr Crit Illn Inj Sci. 2014;4:35-41.
la intubación exitosa, lo que significó una dificultad leve para la 13. Yang KH, Jeong CH, Song KC, et al. Comparison between glide-
maniobra cuando estos predictores estuvieron presentes. scope and lightwand for tracheal intubation in patients with a
simulated difficult airway. Korean J Anesthesiol. 2015;68:22-6.
14. Healy DW, Picton P, Morris M, et al. Comparison of the glides-
Conflictos de interés cope, CMAC, storz DCI with the Macintosh laryngoscope during
simulated difficult laryngoscopy: a manikin study. BMC Anesthe-
Los autores declaran que no existen conflictos de interés. siol. 2012;12:11.
Rev Bras Anestesiol. 2017;67 (Supl. 1):S293-S298

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Artigo Premiado - CLASA

Estabilidad hemodinámica en pacientes con enfermedad sistémica


severa múltiple sometidos a amputación de miembro inferior con
bloqueo de nervio periférico guiado por ultrasonido
Ana Bernal Alcaláa,*, Jimmy Ospina Capchab

a
Complejo Hospitalario Alberto Barton, Lima-Perú
b
Complejo Hospitalario Guillermo Kaelin, Lima-Perú

Resumen
PALABRAS CLAVE Introducción: El manejo de pacientes críticamente enfermos con enfermedad coronaria y valvular
Bloqueo guiado por avanzada que son sometidos a cirugía mayor de amputación constituye un desafío para el anestesió-
ecografía logo debido al alto riesgo de morbimortalidad.
Paciente crítico Objetivo: Evaluar la estabilidad hemodinámica del bloqueo de nervio periférico de miembro inferior
Amputación mayor guiado por ultrasonido en pacientes con enfermedad sistémica severa múltiple, sometidos a ampu-
tación.
Material y métodos: Se realizó un estudio clínico prospectivo, longitudinal y diseño transversal. Se
seleccionaron a todos los pacientes sometidos a cirugía ortopédica de amputación de miembros in-
feriores durante el 2016, ASA mayor de III, riesgo quirúrgico alto, enfermedad coronaria o valvular
severa con múltiples enfermedades sistémicas severas y descompensadas, en quienes se les realizó
bloqueo femoral o safeno o femorocutáneo lateral o ciático u obturador guiado por ultrasonido con
Bupivacaína 0,25% con epinefrina. Se evaluó la hemodinámica, el consumo de analgésico, complica-
ciones y la necesidad de Cuidados Intensivos en el postoperatorio inmediato.
Resultados: La presión arterial sistólica, diastólica y frecuencia cardíaca no obtuvieron una variabili-
dad estadísticamente significativa durante el intraoperatorio. Ningún paciente presentó complicacio-
nes ni necesidad de Unidad de Cuidados Intensivos en el postoperatorio inmediato.
Conclusiones: El bloqueo de nervio periférico guiado por ultrasonido proporciona una adecuada es-
tabilidad hemodinámica en pacientes con enfermedad sistémica severa sometidos a amputación de
miembro inferior.

Introducción alteraciones en la coagulación. La mortalidad para este tipo de pa-


cientes que requerirán una cirugía mayor de amputación de miembro
inferior, complicada con gangrena, llega aproximadamente al 30%;1
Los pacientes que requieren amputación de miembro inferior en di-
sumado a ello, a los 30 días después de la amputación, aún persiste
ferentes niveles debido a insuficiencia arterial severa están predomi- el riesgo de mortalidad, el cual se estima en un 15 a 20%.2
nantemente en mal estado cardiovascular con varias comorbilidades Las técnicas tradicionales de anestesia neuroaxial o de aneste-
sistémicas severas y, por lo tanto, representan un desafío para el sia general están descritas que pueden producir mayor inestabilidad
anestesiólogo actualizado, siendo estas patologías cada vez más fre- hemodinámica en este tipo de pacientes debido a la gran vasodi-
cuentes en nuestra práctica diaria. Tales pacientes están frecuente- latación sistémica asociada a patologías coronarias preexistentes
mente marcados por reciente infarto agudo de miocardio, isquemia y falla en diferentes órganos (13). Frente a esta problemática, se
coronaria, enfermedad valvular o insuficiencia cardíaca, diabetes requieren nuevas técnicas anestésicas que logren reducir al mínimo
mellitus mal controlada, sepsis severa, insuficiencia renal severa y el riesgo de complicaciones tanto en el intra como en el postopera-

* Autor para correspondencia.


E-mail: anaupch2@yahoo.com (A.B. Alcalá).

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S294 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

torio; es así que, actualmente, la introducción de tecnologías como Muestra de estudio o tamaño muestral
el ultrasonido ha permitido un abordaje mucho más selectivo, bien
localizado, circunscrito al área que se pretende operar, de esta ma- Unidad de análisis
nera se ha conseguido minimizar el daño y proporcionar un manejo
Paciente con enfermedad sistémica grave intervenido por amputaci-
anestésico más seguro y eficaz.3
ón de miembro inferior mediante bloqueo de nervio periférico guia-
A continuación, se presenta una investigación que preten-
do por ultrasonido, atendido en los Hospitales Alberto Leopoldo Bar-
de demostrar la estabilidad hemodinámica que proporciona la
ton Thompson y Guillermo Kaelin de la Fuente durante el año 2016.
técnica anestésica de bloqueo de nervios periféricos de miem-
bro inferior guiado por ultrasonido en pacientes con enfermedad
Tamaño de la muestra
coronaria, valvular y ateroesclerótica severa asociada a sepsis
con coagulopatía e isquemia periférica severa de miembros in- En nuestro estudio, nuestra población fue la muestra de 20 pacien-
feriores en estado de gangrena, en quienes se realizó diferentes tes, 12 pacientes pertenecían al Complejo Hospitalario Alberto Le-
tipos de bloqueos de nervio periférico (bloqueo femoral, safeno, opoldo Barton Thompson y ocho pacientes al Complejo Hospitalario
obturador, femorocutáneo lateral y bloqueo ciático subglúteo, Guillermo Kaelin de la Fuente, los cuales cumplieron con los crite-
vía anterior o poplíteo, según sea el caso), como técnica anesté- rios de inclusión.
sica única sin sedación o con una mínima sedación alcanzando un
nivel de anestesia deseado. Tipo de muestreo
Se seleccionaron a todos los pacientes hospitalizados en el Servi-
cio de Medicina Interna de ambos hospitales durante el año 2016,
Planteamiento del problema ASA mayor de III con alto riesgo coronario y múltiples enfermeda-
des sistémicas, que cumplen los criterios de inclusión y exclusión y
El propósito del estudio es evaluar los cambios hemodinámicos du- que serán sometidos a cirugía mayor ortopédica de amputación de
rante el intraoperatorio y el postoperatorio inmediato en los pa- miembros inferiores en cirugías de emergencia y/o electivas.
cientes con múltiples enfermedades sistémicas severas, en quienes
se realizaron cirugía mayor de amputación de miembros inferiores
bajo bloqueo de nervio periférico guiado por ultrasonido como téc- Criterios de inclusión y exclusión
nica anestésica.
Ante lo cual nos planteamos el siguiente problema: ¿La técnica Criterios de inclusión
anestésica de bloqueo de nervio periférico de miembros inferiores
guiado por ultrasonido para amputación mayor de miembros infe- • Pacientes adultos de ambos sexos con ASA mayor de III.
riores brinda estabilidad hemodinámica en pacientes críticamente • Pacientes con Riesgo Quirúrgico Alto.
enfermos? • Pacientes con Múltiples Enfermedades Sistémicas Severas.
• Pacientes atendidos en los Hospitales Alberto Leopoldo Barton
Thompson y Guillermo Kaelin de la Fuente.
Objetivos • Pacientes sometidos a cirugía mayor de amputación de miembro
inferior.
• El objetivo del estudio es evaluar los cambios hemodinámi-
Criterios de exclusión
cos durante el intraoperatorio en los pacientes con múltiples
enfermedades sistémicas severas, en quienes se realizaron • Pacientes que presenten discontinuidad de la piel y/o infección
cirugía mayor de amputación de miembros inferiores bajo blo- en la zona de punción.
queo de nervio periférico guiado por ultrasonido como técnica • Pacientes y/o Familiares que no acepten la técnica anestésica de
anestésica. bloqueo de nervio periférico guiado por ultrasonido.

Y como objetivos específicos fueron:


Técnica y método de trabajo
• Evaluar los cambios hemodinámicos durante el postoperatorio
inmediato en los pacientes con múltiples enfermedades sisté-
micas severas, en quienes se realizaron cirugía mayor de ampu- Se realizó un estudio clínico, descriptivo y de diseño transversal. Se
tación de miembros inferiores bajo bloqueo de nervio periférico seleccionaron a todos los pacientes hospitalizados en el Servicio de
guiado por ultrasonido como técnica anestésica. Medicina Interna del Complejo Hospitalario Alberto Leopoldo Barton
• Valorar las complicaciones y la necesidad de una Unidad de Cui- Thompson y del Complejo Hospitalario Guillermo Kaelin de la Fuente
dados Intensivos en el postoperatorio inmediato. durante el 2016, que cumplan los criterios de inclusión y exclusión
• Determinar el consumo de analgésicos en el postoperatorio. (fig. 1). A quienes, como parte del manejo anestésico, se les realizó
bloqueo de nervio periférico de miembros inferiores guiado por eco-
grafía según sea el caso y la zona de la amputación. Las amputaciones
Material y métodos de miembro inferior fueron supracondílea 15 cm encima de la rodilla,
infrapatelar y a nivel de metatarsianos en pie. Fueron excluidos del
Diseño de investigación estudio pacientes con infección y/o necrosis en las zonas de punción.
Las historias clínicas de los mismos fueron minuciosamente re-
El diseño es un estudio clínico prospectivo, longitudinal y diseño visadas para consignar la información pertinente en la ficha de re-
transversal. colección de datos. Para su recolección, se utilizó un formulario es-
tandarizado que contenía preguntas abiertas y cerradas, las cuales
Población a estudiar fueron elaboradas previamente por el autor. A dicho formulario se
Los pacientes que cumplan los criterios de inclusión y exclusión le realizó una prueba de validación utilizándose 10 expedientes de
atendidos en el Complejo Hospitalario Alberto Leopoldo Barton pacientes con reversión farmacológica los cuales no formaron parte
Thompson y en el Complejo Hospitalario Guillermo Kaelin de la del estudio; una vez validada, se procedió a hacer las correcciones
Fuente durante el año 2016. necesarias y a recoger la información.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S295

Figura 1. Paciente varón 61 años, ASA IV, RQ III con antecedente de


insuficiencia renal crónica reagudizada, insuficiencia arterial severa
con zonas de necrosis en miembro inferior izquierdo, en sepsis seve-
ra, programado para amputación supracondílea arriba de la rodilla. Figura 3. Bloqueos de Miembros Inferiores realizados bajo guía eco-
gráfica como técnica anestésica en el presente estudio.
Se obtuvo por escrito el consentimiento informado voluntario
en la visita preanestésica antes de la cirugía.
Al ingreso a sala de operaciones, se procedió al monitoreo de
funciones vitales establecido (pulsoxímetro, electrocardiograma, pre-
sión arterial no invasiva, según el caso), oxígeno fue dado por máscara
de Venturi 3 L/min. Después de la canulación de una vía periférica
endovenosa con Abocath Nº 18 y la sedación fue mínima o nula depen-
diendo de la condición física del paciente y del estado del sensorio.
En decúbito supino se realizaron bloqueos femoral (fig. 2), sa-
feno, obturador y femorocutáneo lateral o ciático a nivel poplíteo
guiado por ultrasonido con transductor lineal de alta frecuencia 7,5
MHZ Siemens, administrándose bupivacaína al 0,25% c/epinefrina
en todos los casos en cantidades de 20 mL, 10 mL, 7 mL, 5 mL y
15 mL (fig. 3) respectivamente. Estos bloqueos fueron realizados
según cada paciente lo amerite de acuerdo a la necesidad de cubrir
la zona quirúrgica afectada. Además en algunos pacientes se re-
alizaron bloqueo ciático vía anterior o subglúteo con transductor
convexo de 3,5-5 MHZ Siemmnes o lineal de alta frecuencia 7,5 MHZ
según sea el caso (fig. 4). Administrándose 20 mL de bupivacaína al
0,25% c/epinefrina. Dentro de las variables analizadas, se encuen-
tran las características epidemiológicas (edad, sexo y antecedentes
patológicos), características quirúrgicas (riesgo quirúrgico, clasifi-
cación ASA y tiempo para la incisión quirúrgica), comorbilidades y Figura 4. Bloqueo del Nervio Ciático abordaje subglúteo, scaneo
variabilidad hemodinámica (presión arterial sistólica, presión arte- con transductor lineal de alta frecuencia 7.5 MHZ.
rial diastólica y frecuencia cardíaca).
Todos los bloqueos de nervio periférico fueron realizados por
los autores, anestesiólogos con experiencia en este tipo de técnicas
anestésicas, al igual que la preparación de la solución de anestésico
local y droga adyuvante.
Se anotaron en la ficha de recolección de datos las funciones
vitales antes, durante y al ingreso al área de Recuperación, el con-
sumo de analgésicos en el postoperatorio, los efectos adversos,
complicaciones y requerimiento de Unidad de Cuidados Intensivos
en el postoperatorio inmediato.

Análisis de los datos

Se recolectó la información de cada una de las historias clínicas


de los pacientes incluidos, utilizando técnicas estandarizadas y re-
comendadas, para luego construir la base de datos en la hoja de
cálculo Microsoft Excel, efectuando luego un análisis bivariado.
Para evaluar las variables que se relacionaban, se efectuó un
análisis multivariado con regresión logística para variables binarias,
utilizando SPSS 23,0.
Figura 2. Bloqueo del Nervio Femoral guiado por ultrasonido con Además se estudiaron las variables obtenidas en la conso-
transductor lineal de alta frecuencia 7.5 MHz, con efecto Doppler lidación y se procesaron estadísticamente, se analizaron los re-
Color para arteria y vena femoral. sultados utilizando las frecuencias relativas (%) y absolutas (n),
S296 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

en caso de las variables cualitativas y, en el caso de las variables las comorbilidades más frecuentes en el 85% de los pacientes fueron
cuantitativas, se utilizaron las medidas de tendencia central (me- la sepsis severa, la falla renal y acidosis metabólica con ácido lácti-
dia y mediana). co aumentado. En los reportes de ecocardiograma, se observa que
la cuarta parte de la población (25%) de pacientes presenta fracción
de eyección muy disminuida con alto riesgo de mortalidad.
Resultados
Tabla 2. Características quirúrgicas de los pacientes con enferme-
De los pacientes intervenidos, 20 cumplieron con los criterios de dad sistémica grave sometidos a amputación de miembro inferior
inclusión, en los cuales se encontraron los siguientes resultados _
(tabla 1). Características Quirúrgicas x ± DS
Dentro de los resultados más resaltantes, en la tabla 1, se pue-
de mencionar que 65,0% de los pacientes estuvo en el rango de edad 21,0 ± 4,4
mayor a 80 años, el 70,0% era de sexo masculino y con una población Tiempo de incisión quirúrgica (min)
de 50,0% de desnutrición por sus múltiples enfermedades crónicas N %
subyacentes (fig. 5).
Riesgo quirúrgico
Tabla 1. Características epidemiológicas de los pacientes con enfer-
medad sistémica grave sometidos a amputación de miembro inferior III 14 70,0%

_ II 6 30,0%
Características epidemiológicas x ± DS

77,7 ±13,0 Clasificación ASA    


Edad N=20 % V 2 10,0%
≤ 60 años 2 10,0%
IV 13 65,0%
Entre 61 y 80 años 5 25,0%
III 5 25,0%
> 80 años 13 65,0%
Total 20 100,0%
Sexo    

Masculino 14 70,0%

Femenino 6 30,0%

IMC    

Desnutrición 10 50,0%

Obesidad 5 25,0%

Figura 6. Riesgo quirúrgico de los pacientes con enfermedad sisté-


mica grave sometidos a amputación de miembro inferior.

Figura 5. Edad de los pacientes con enfermedad sistémica grave


sometidos a amputación de miembro inferior.

De acuerdo a la tabla 2, se observa que el tiempo promedio


para la incisión quirúrgica fue 21,0 ± 4,4 minutos; asimismo el 70,0%
de pacientes presentó riesgo quirúrgico III y el 10% y 65,0% tuvo una
clasificación ASA V y IV respectivamente, tal como se aprecia en las
figuras 6 y 7.
Según la tabla 3, se observa que, en todos los casos, tuvieron Figura 7. Clasificación ASA de los pacientes con enfermedad sistémi-
diabetes mellitus no controlada e insuficiencia arterial severa y que ca grave sometidos a amputación de miembro inferior.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S297

De acuerdo a la figura 8, se observa que no existe variación en


la presión arterial sistólica en diferentes momentos del acto qui-
rúrgico, manteniendo un valor mínimo de 130 mmHg y un valor má-
ximo de aproximadamente 153 mmHg. Por lo que se entiende que
se mantiene dentro de los límites normales, considerando que 12
pacientes sufrían de hipertensión arterial.
De acuerdo a la figura 9, se observa que no existe variación en
los valores de la presión arterial diastólica en diferentes momentos
del acto quirúrgico, manteniendo un valor mínimo de 52 mmHg y un
valor máximo de aproximadamente 68 mmHg. Por lo que se entien-
de que se mantiene dentro de los límites normales.

Figura 10. Variabilidad de la frecuencia cardíaca durante el acto


quirúrgico en los pacientes con enfermedad sistémica grave someti-
dos a amputación de miembro inferior.

Discusión

Según la literatura encontrada, la anestesia regional guiada por


ultrasonido en comparación a otras técnicas, presenta inicio de
acción más rápido, aumenta la tasa de éxito y reduce el tiempo
de realización del bloqueo, sin embargo, su abordaje en investi-
gaciones científicas ha sido escaso, encontrándose con mayor fre-
cuencia reportes de casos que recomiendan la realización de series
Figura 8. Variabilidad de la presión arterial sistólica durante el acto más grandes para probar la seguridad de la técnica para pacientes
quirúrgico en los pacientes con enfermedad sistémica grave someti- críticamente enfermos.4,5 En este contexto, se realizó el presente
dos a amputación de miembro inferior. estudio clínico y observacional.
En relación a las características epidemiológicas y quirúrgi-
cas, en este estudio, se observó gran cantidad de pacientes adultos
mayores de 80 años del sexo masculino (tabla 1), con múltiples co-
morbilidades y antecedentes patológicos de enfermedades crónicas
severas y descompensadas con falla en diferentes órganos (tabla
3). Estos datos son comparables con los resultados de Ramírez M
et al.,3 quienes realizaron un estudio descriptivo en el que evalua-
ron 150 pacientes intervenidos quirúrgicamente mediante tres blo-
queos de nervios periféricos en la extremidad inferior; en ellos se
observó que la edad promedio fue de 57,5 años, predominio de la
clasificación ASA III en un 46%, asimismo la enfermedad asociada
más frecuente fue la diabetes mellitus (62%) y el género masculino
representó un 53,7% de los casos estudiados.

Tabla 3. Comorbilidades de los pacientes con enfermedad sistémica


grave sometidos a amputación de miembro inferior

Comorbilidades N =20 % 
Diabetes mellitus no controlada 20 100,0%
Insuficiencia Arterial Severa 20 100,0%
Figura 9. Variabilidad de la presión arterial diastólica durante el
Sepsis severa 17 85,0%
acto quirúrgico en los pacientes con enfermedad sistémica grave
sometidos a amputación de miembro inferior. Falla Renal 17 85,0%
Acidosis metabólica descompensada con
En la figura 10, se observa la variación de la frecuencia cardí- 17 85,0%
Lactato aumentado
aca en diferentes momentos del acto quirúrgico, se puede apreciar
que, si bien hubo una ligera variación en la mediana, esta no fue Electrocardiograma Anormal 16 80,0%
significativa y permaneció dentro de los rangos considerados norma- Leucopenia, Linfopenia, Neutropenia 10 50,0%
les para pacientes adultos, siendo el valor mínimo de 61 latidos por
minuto y el valor máximo de 75 latidos por minuto. Hipertensión arterial no controlada 10 50,0%
S298 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

cirugía de miembro inferior en pacientes con enfermedad cardíaca


Comorbilidades N =20 % 
de alto riesgo, como son los resultados del presente estudio. Asimis-
Encefalopatía Multifactorial 10 50,0% mo, señalan que esta técnica es ideal en cirugías de extremidades
inferiores y tiene como gran ventaja la estabilidad hemodinámica,
Anemia Moderada-Severa 10 50,0%
sumado a ello, se ha informado de estar relacionada con el aumento
Desnutrición Crónica 10 50,0% de la supervivencia en pacientes críticos.
En conclusión, el bloqueo de nervios periféricos guiado por ultra-
Falla Pulmonar 9 45,0%
sonido realizado por personal entrenado se convierte en una técnica
Trastorno de la Coagulación 5 25,0% anestésica eficaz y segura, no sólo por su impacto en la hemodinámi-
ca del paciente, manteniéndolo estable, sino también porque dismi-
FE menor de 30% 5 25,0%
nuyen el número de complicaciones hemodinámicas en el seguimiento
Obesidad 5 25,0% postoperatorio inmediato; constituyéndose así como una nueva al-
Fiebre 5 25,0% ternativa anestésica para pacientes críticamente enfermos que serán
sometidos a cirugía mayor de amputación de miembros inferiores.
De la misma forma, Lin R et al.,6 en un artículo publicado en
Estados Unidos para estudiar el efecto de la anestesia regional ver-
Conflictos de interés
sus el bloqueo de nervio periférico guiado por ultrasonido en la tasa
de mortalidad por amputación, reportan que, de los 158 procedi-
mientos realizados, 81 se realizaron en hombres y 77 en mujeres Los autores declaran que no existen conflictos de interés.
con edad media de 74,5 años, con un rango de 33-98 años; en estos
pacientes la comorbilidad más comúnmente asociada fue la hiper-
tensión seguida por la diabetes mellitus y la enfermedad coronaria. Bibliografía
Cabe mencionar que el tiempo promedio para la incisión qui-
rúrgica en los pacientes de estudio fue 21,0 ± 4,4 minutos; dato que 1. Norgren L, Hiatt W, Dormandy J, et al. Inter-society consensus
concuerda en cierta medida con lo encontrado por Davarci I et al.,7 for the management of peripheral arterial disease (TASC II). Eur
quienes, en el año 2013, ejecutaron una investigación con la finali- J Vasc Endovasc Surg. 2007;33 (suppl 1):S1-75.
dad de comprar la técnica de anestesia regional convencional y la 2. Bech B, Melchiors J, Børglum J, et al. The successful use of pe-
técnica guiada por ultrasonido en pacientes sometidos a cirugía de ripheral nerve blocks for femoral amputation. Acta Anaesthesiol
rodilla, y entre los resultados más importantes se observó que con el Scand. 2009;53:257-60.
uso de ultrasonido para el bloqueo ciático y femoral, el tiempo pro- 3. Ramírez M, Schlufter R, Irene M. Eficacia anestésica de los blo-
medio de preparación antes del inicio de la cirugía fue 26,85 min. queos periféricos a nivel de tobillo en cirugía de pie. Rev Mex
Moliner S et al.8 mencionan que el paciente crítico está some- Anestesiol. 2013;36:14-25.
tido a un estrés que desencadena una respuesta metabólica que tie- 4. Sosa C. Bloqueo ciático posterior. Rev Mex Anestesiol.
ne consecuencias clínicas y que la respuesta al estrés determina un 2016;39:s251-s252.
modo de comportamiento adaptativo que inicia en el cerebro y es 5. Munirama S, McLeod G. Ultrasound-guided femoral and sciatic
mediado por los sistemas nervioso, endocrino, inmune y bioenergé- nerve blocks. Cont Educ Anaesth Crit Care Pain. 2013;13:136-40.
tico. En este sentido es transcendental realizar una monitorización 6. Lin R, Hingorani A, Marks N, et al. Effects of anesthesia versus
hemodinámica del paciente crítico sometido a cirugía mayor; es así regional nerve block on major leg amputation mortality rate.
que, en la presente investigación, se observó leves variaciones tanto Vascular. 2013;21:83-6.
para la presión arterial sistólica y diastólica como para la frecuen- 7. Davarci I, Tuzcu K, Karcioglu M, et al. Comparison between ul-
cia cardíaca; aun tomando en cuenta que la mayoría de los pacien- trasound-guided sciatic–femoral nerve block and unilateral spi-
tes presentaban hipertensión arterial como enfermedad de fondo. nal anaesthesia for outpatient knee arthroscopy. J Int Med Res.
En este punto, es importante señalar que, además de la evaluación 2013;41:1639-47.
intraoperatoria, se realizó un seguimiento en el postoperatorio in- 8. Moliner S, Rubio R, De Andrés C, et al. Analgesia regional en
mediato y, sobre la necesidad de una Unidad de Cuidados Críticos, el paciente crítico posquirúrgico. Rev Esp Anestesiol Reanim.
ningún paciente la necesitó con un buen control de la hemodinámica. 2017;64:144-56.
Estos resultados coinciden con lo reportado por Amin W et al.,9 9. Amin W, Abou M, Elkersh M, et al. Comparative study between
quienes publicaron una investigación con el objetivo de comparar dos ultrasound and nerve stimulator guided sciatic nerve block
técnicas de bloqueo nervioso periférico guiado por ultrasonido; entre through the anterior approach. Middle East J Anaesthesiol.
sus resultados más resaltantes, se pudo comprobar que los patrones 2015;23:185-91.
hemodinámicos frecuencia cardíaca y presión arterial sistólica se 10. Silveira L, Cunha L, Takeda A, et al. Ultrasound-guided peripher-
mantuvieron estables antes y después de la administración de anes- al nerve blocks in anticoagulated patients: case series. Rev Bras
tésicos. De la misma forma, un estudio realizado en Brasil por Silveira Anestesiol. 2017;67:100-6.
L et al.10 concluye que el uso de ultrasonido para la conducción de 11. Padur T, Kadam D, Shetty P, et al. Combined femoral and sci-
los bloqueos nerviosos periféricos en pacientes con otros trastornos atic nerve blocks for lower limb anaesthesia in anticoagulated
de la coagulación, siempre que sea realizado por un anestesiólogo patients with severe cardiac valvular lesions. Indian J Anaesth.
con amplia experiencia, es una técnica segura, ya que, en los casos 2010;54:235-8.
estudiados, no evidenció lesiones o complicaciones de ningún tipo. 12. Choi Y, Shin H, Park J, et al. Ultrasound-guided femoral and pop-
En esta misma línea de investigación, Padur T et al.11 realiza- liteal sciatic nerve blocks for below knee surgery in patients with
ron un reporte de casos para evaluar el uso de bloqueo de nervios severe cardiac disease. Korean J Anesthesiol. 2015;68:513-5.
ciático y femoral guiado por ultrasonido en pacientes con lesiones 13. Byun SH, Lee J, Kim J. Ultrasound-guided bilateral combined
severas de válvula cardíaca; tales pacientes fueron intervenidos de inguinal femoral and subgluteal sciatic nerve blocks for simulta-
emergencia, sin embargo no mostraron complicaciones de ningún neous bilateral below-knee amputations due to bilateral diabet-
tipo durante el acto quirúrgico ni en el seguimiento posterior. Fi- ic foot gangrene unresponsive to peripheral arterial angioplasty
nalmente en el estudio de los coreanos Choi Y et al.12 y Byun S et and bypass surgery in a coagulopathic patient on antiplatelet
al.,13 se reafirma que los bloqueos combinados de los nervios femo- therapy with a history of percutaneous coronary intervention for
ral y ciático guiados por ultrasonido mostraron ser seguros para la ischemic heart disease: a case report. Medicine. 2016;95:e4325.
Rev Bras Anestesiol. 2017;67 (Supl. 1):S299-S305

Revista Brasileira
de Anestesiologia
Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
www.sba.com.br

Artigo Premiado - CLASA

Experiencia en el uso de tramadol subcutáneo para el manejo del


dolor postoperatorio en población pediátrica
Ana Sofía Del Castillo Sardi*

Hospital del Niño Dr. José Renán Esquivel, Ciudad de Panamá, República de Panamá

Resumen
PALABRAS CLAVE Introducción: En muchas ocasiones el paciente pediátrico suele recibir una proporción mucho menor
Tramadol de analgesia que el adulto sometido a una cirugía similar. En el siguiente estudio presentamos la expe-
Dolor postoperatorio riencia en el Hospital del Niño Dr. José Renán Esquivel de la Ciudad de Panamá en el uso de tramadol
Subcutánea por vía subcutánea para el manejo del dolor postoperatorio.
Material y métodos: Se realizó un estudio observacional donde se incluyeron 215 pacientes con edades
comprendidas entre 1 año y 15 años, de ambos sexos, con estado físico ASA grado I y II, seleccionados
según el tipo de cirugía por un dolor previsible postoperatorio de moderado a severo a los cuales se
les administró tramadol subcutáneo a dosis de 1mg/kg. Se midió la escala de dolor al momento de su
despertar en la sala de recuperación anestésica. Resultados: Se incluyeron 215 pacientes, donde el
65% eran del sexo masculino, 35% del sexo femenino; 42% con edades comprendidas entre 1 a 5 años;
31% con edades entre 6 a 10 años y 27% con edades entre 11 y 15 años. El 83% de los procedimientos
fueron ortopédicos. De los 215 pacientes, 188 presentaron escalas de dolor inferior a 4 (sin dolor o do-
lor leve), 19 presentaron dolor moderado y 8 dolor severo. En cuanto a las complicaciones, el 74% de
los pacientes no presentaron complicaciones y el restante 26% presentó nauseas, vómitos, hipotensión
y enrojecimiento en el área de punción, las cuales fueron resueltas adecuadamente.
Conclusiones: El uso de tramadol subcutáneo como herramienta terapéutica para el manejo del dolor
agudo postoperatorio del paciente pediátrico puede ser una opción aceptable con buenos resultados
en satisfacción del paciente y con pocos efectos adversos.

Introducción minantemente a la función de modulación inhibitoria (hiperalgesia


primaria), junto a una extensión en la delimitación de los campos
receptivos (hiperalgesia secundaria), trayendo como resultado una
En la actualidad el dolor postoperatorio; variante del dolor agudo,
ampliación de los efectos negativos del dolor postoperatorio y una
es uno de los peores tratado1 situación mucho más alarmante en la
población pediátrica. Si bien la administración postoperatoria de mayor morbi-mortalidad postoperatoria del paciente pediátrico con
analgésicos se considera una medida común en el paciente adulto, dolor no controlado que los adultos.3,4
en el paciente pediátrico el mito relacionado por la falta de percep- En el siguiente estudio presentamos la experiencia en el Hos-
ción dolorosa2 y su falta de capacidad para expresar sus necesidades pital del Niño Dr. José Renán Esquivel de la Ciudad de Panamá
en la etapa preverbal, ha precondicionado a que el mismo reciba en el uso de tramadol por vía subcutánea, lográndose un control
una proporción mucho menor de analgesia que el adulto sometido aceptable del dolor postoperatorio en la población pediátrica; dis-
a una cirugía similar. minuyéndose los efectos adversos presentados cuando se utiliza la
El sistema nervioso del niño se caracteriza por su inmadurez y vía endovenosa con el mismo o con el uso de otro opioide fuerte
su capacidad de plasticidad neuronal. La inmadurez afecta predo- tipo morfina.

* Autor para correspondencia.


E-mail: anasofia113@gmail.com (A.S.D.C. Sardi).

© 2017 Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda.


S300 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Material y métodos En cuanto al tipo y duración del procedimiento quirúrgico se


obtuvo los siguientes resultados (tablas 3 y 4).
Se realizó un estudio observacional donde se incluyeron 215 pacien-
Tabla 3. Distribución de los casos por tiempo total de duración del
tes con edades comprendidas entre 1 año y 15 años, de ambos se-
procedimiento quirúrgico
xos, con estado físico ASA grado I y II, seleccionados según el tipo
de cirugía por un dolor previsible postoperatorio de moderado a Duración del procedimiento Qx No de pacientes Porcentaje
severo (cirugías ortopédicas, cirugías de cabeza y cuello, cirugías
abdominales, cirugías urológicas). Previa firma del consentimiento Menos de 30 min. 61 28.3720930
informado por el tutor legal del menor para la realización de la
cirugía, a todos los pacientes se les administró anestesia general De 31 min. a una hora 87 40.4651162
donde la inducción se realizó con midazolam a 0,1 mg/kg, fentanilo
Más de una hora 67 31.1627907
de 1-2µg/kg y de requerirse relajación muscular se utilizó atracurio
a 0,5 mg/kg. Total 215 100
El mantenimiento de la anestesia fue con sevoflurano y
oxígeno. Además a todos los pacientes luego de la inducción anes- Fuente: Elaboración propia a partir de los resultados del estudio
tésica se les administró dexametasona 4mg, ranitidina a 1mg/kg,
metamizol a dosis de 50mg/kg y a los alérgicos a los AINES parace- Tabla 4. Distribución de los casos por tipo de procedimiento qui-
tamol a 10mg/kg. rúrgico
Una vez alcanzado el plano anestésico, se administró utilizando
una jeringuilla de 1mL tramadol a dosis de 1mg/kg (dosis máxima Procedimiento Quirúrgico No de pacientes Porcentaje
de 50mg) por vía subcutánea en uno de los brazos del paciente. Una
vez terminada la cirugía, en aquellos casos donde fue posible; se ad- Ortopédicos 179 83.25581
ministró lidocaína al 1% en dosis de 1mg/kg en la herida quirúrgica.
Abdominal/
Los pacientes fueron llevados a la sala de recuperación anestésica y
Urológico 19 8.837209
al momento de despertarse la enfermera de recobro, utilizando la
escala LLANTO (lactantes y preescolares) o la escala visual análoga Cabeza y cuello 17 7.906976
(escolares y adolescentes), asignó un valor de severidad de dolor.
Aquellos pacientes con valores superiores a 4 en la escala del dolor Total 215 100
se les aplico un rescate de morfina a dosis de 0.1mg/kg.
Fuente: Elaboración propia a partir de los resultados del estudio.
Los pacientes permanecieron en la institución por al menos 24
horas, donde se les vigiló por la presencia de efectos adversos como
nauseas, vómitos, rash, prurito, hipotensión, vértigo, enrojecimien- De los 215 pacientes, 188 presentaron escalas de dolor inferior
to en el área de punción o fiebre. a 4 (sin dolor o dolor leve), 19 presentaron dolor moderado y 8 dolor
Se recogieron los datos de cada paciente, de acuerdo a la du- severo. A continuación se presentan las tablas de distribución de
ración y tipo de procedimiento que se realizó, sexo, edad y escala la escala de dolor de acuerdo al tiempo y al tipo de procedimiento
de dolor a la hora de despertarse el paciente, además se consignó quirúrgico (tablas 5, 6, 7 y 8).
la presencia de efectos adversos durante las 24 horas posteriores.
Tabla 5 Distribución de los casos por la escala de dolor registrada al
despertar del paciente
Resultados
Escala de dolor N.o de pacientes Porcentaje
Se incluyeron 215 pacientes atendidos en el Hospital del Niño Dr. Sin dolor 135 62.7906977
José Renán Esquivel, los cuales presentaron la siguiente distribu-
ción por sexo y edad (tablas 1 y 2). Leve (1-3) 53 24.6511628

Moderado (4-6) 19 8.8372093


Tabla 1. Distribución de los casos por sexo
Severo (7-10) 8 3.72093023
Sexo No de pacientes Porcentaje
Total 215 100
Masculino 140 65.11627907
Fuente: Elaboración propia a partir de los resultados del estudio.
Femenino 75 34.88372093

Total 215 100


Tabla 6 Distribución de la escala de dolor de acuerdo al tipo y grupo
Fuente: Elaboración propia a partir de los resultados del estudio. de procedimiento quirúrgico realizado

Tabla 2. Distribución de los casos por edad Procedimiento Sin Leve Moderado Severo
Quirúrgico dolor (1-3) (4-6) (7-10) Total
Edad No de pacientes Porcentaje
Ortopédicos 120 37 16 6 179
1 - 5 años 90 41.86046512
Abdominal/Urológico 7 12 19
6 a 10 años 66 30.69767442
11 a 15 años 59 27.44186047 Cabeza y cuello 8 4 3 2 17

Total 215 100 Total 135 53 19 8 215

Fuente: Elaboración propia a partir de los resultados del estudio Fuente: Elaboración propia a partir de los resultados del estudio.
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S301

Tabla 7 Distribución de la escala de dolor de acuerdo al tiempo de


Procedimiento Sin Leve Moderado Severo
duración del procedimiento quirúrgico
Quirúrgico dolor (1-3) (4-6) (7-10) Total
Duración del Sin Leve Moderado Severo Tenorrafia (ortopedia) 5 5
procedimiento Qx dolor (1-3) (4-6) (7-10) Total
Cirugía de Green 1 1
Menos de 30 min 45 10 4 2 61
Retiro de cuerpo
De 31 min a una
extraño (ortopedia) 3 2 5
hora 53 22 11 1 87
Cirugía correctiva de
Más de una hora 37 21 4 5 67
tibia vara 1 1
Total 135 53 19 8 215
Escisión de masa en
Fuente: Elaboración propia a partir de los resultados del estudio. miembros sup/inf 8 5 13
Curación herida
Tabla 8 Distribución de la escala de dolor de acuerdo al procedi- (abdominal) 1 1
miento quirúrgico
Remodelación de
Procedimiento Sin Leve Moderado Severo muñón 2 2
Quirúrgico dolor (1-3) (4-6) (7-10) Total
Arteriografía +
Resección de colocación de espica 1 2 3
osteocondroma de
Osteoclasia 3 3
fémur 7 1 2 10
Toracotomía +
Resección de dedos
decorticación 1 1
supernumerarios 7 1 8
RC + FI de fractura Herniorrafia inguinal 1 1
con clavos 20 5 2 3 30 Orquidopexia bilateral 1 1 2
Limpieza + Resección de
debridamiento granuloma 3 3
(ortopedia) 6 4 1 11
Drenaje de hematoma
Cierre de fasciotomía 1 1 2 (cirugía) 1 1
Corrección de pie Reparación de herida
equinovaro 10 3 1 14 en mano 2 2
Cierre de herida
Tenotomía/
(ortopedia) 1 1
osteotomía 1 1
Reducción percutánea
Colocación de
de frx de fémur 2 2 4
extracción esquelética 1 1
Radioablación
Colocación de injerto
de tumoración
alveolar maxilar 1 1
(ortopedia) 5 1 6
Laparoscopía + escisión
Cierre de herida
de quiste ovárico 1 1
(ortopedial) 1 1
Incisión y drenaje Uteroplastia
(ortopedia) 7 3 1 11 laparoscópica 1 1

Hemiepifisiodesis 3 2 1 6 Orquidopexia
laparoscópica 1 1
Biopsia/ curetaje óseo 4 4
Apendicectomía 1 1
RA + FI con clavos 11 9 20
Citoscopía +
Corrección de pielograma 1 1
sindactilia 4 4
Nefrectomía 1 1
Corrección de mano
samba 2 2 Adenoamigdalectomía 3 3 3 2 11
Colocación de injerto Endoscopía nasal 1 1
óseo 1 1
Resección de masa en
Corrección de cuello 1 1
hipospadia 2 1 1 4
Glosectomía parcial 1 1
Limpieza +
debridamiento + Total 135 53 19 8 215
colocación de VAC 4 2 2 1 9 Fuente: Elaboración propia a partir de los resultados del estudio.
S302 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Las complicaciones registradas fueron las siguientes (tabla 9). Si bien los efectos a largo plazo de un tratamiento insuficiente
del dolor en población pediátrica no están bien establecidos, exis-
Tabla 9. Distribución de los casos por tipo de complicaciones pre- ten estudios que muestran que los niños con dolor no tratados ade-
sentadas cuadamente pueden presentar alteraciones en el ritmo del sueño,11
N.o de dificultades en los procesos de aprendizaje, conducta, memoria,
Complicaciones pacientes Porcentaje socialización, autorregulación y expresión de los sentimientos.12
El control del dolor postoperatorio debe estar vinculado en pri-
Náuseas/Vómitos 2 0.9302325 mera instancia a brindar una adecuada calidad en el manejo del
Hipotensión 3 1.3953488 paciente. Es importante destacar que dicho tratamiento debe ser
precoz y eficaz, mantenerse los días que sean necesarios de acuerdo
Enrojecimiento en área de punción 50 23.255814 al tipo de cirugía y el umbral doloroso de cada paciente1 La analge-
Sin complicaciones 160 74.418604 sia perioperatoria busca evitar la sensibilización central y periférica
y la amplificación del mensaje nociceptivo producido por la agresión
Total 215 100 quirúrgica.
Fuente: Elaboración propia a partir de los resultados del estudio. La analgesia postoperatoria debe realizarse en todos los perio-
dos; postoperatorio inmediato (primeras 24 horas), postoperatorio
mediato (24- 72 horas) y postoperatorio tardío (mayor de 72 horas).
Discusión Entre menor sea la sensación dolorosa a la salida del quirófano, y
más agresivo sea el tratamiento en postoperatorio inmediato, más
Hoy día se puede considerar al dolor como el quinto signo vital, y su fácil será el manejo posterior del dolor con mayor satisfacción del
mejor definición es la respaldada por la IASP (Internacional Associa- paciente.
tion for the Study for Pain): «El dolor es una experiencia sensorial Un punto importante para el adecuado manejo del dolor
y emocional desagradable, asociada a una lesión tisular presente postope­ratorio, es una evaluación objetiva del mismo, por lo cual
o potencial, o descrita en términos de tal lesión». La IASP además en población adulta y niños mayores se cuentan con varios métodos
define el dolor agudo como un dolor de reciente comienzo y dura- y escalas como:13 la escala análoga visual (EVA), la escala numérica
ción probablemente limitada, que generalmente tiene una relación de valoración y el cuestionario de Mc Gill. La valoración del dolor
causal y temporal con lesión o enfermedad.5 infantil es más complicado, por eso para tal fin se han propuesto es-
El dolor postoperatorio es una variante del dolor agudo, su- calas unidimensionales y multidimensionales que toman en cuenta
friendo tradicionalmente su tratamiento carencias y limitaciones.6 indicadores fisiológicos o conductuales. Dentro de las más utilizadas
El trauma quirúrgico y el dolor causan una respuesta endocrina con se pueden mencionar; el NIPS (Neonatal Infant Pain Scale),14 la es-
incremento de la secreción de cortisol, catecolaminas y otras hor- cala CRIES,15 la escala Amiel Tison16 y la escala CHEOPS17 (Children’s
monas de estrés. Concomitantemente se produce taquicardia, hi- Hospital of Eastern Ontario Pain Scale ) diseñada específicamente
pertensión, disminución del flujo sanguíneo regional, alteraciones para medir dolor postoperatorio en niños mayores de 1 año que
de la respuesta inmune, hiperglicemia, lipólisis y balance nitrogena- evalúa 6 apartados (llanto, facial, niño [verbal], torso, tacto y pier-
do negativo. Todos estos factores juegan un importante papel en la nas). El problema de todos estos instrumentos es que están dise-
morbi-mortalidad del paciente en el periodo postoperatorio.5
ñados para un entorno angloparlante, por lo cual su aplicación en
Fisiológicamente la presencia de dolor no controlado produce
un entorno lingüístico distinto puede estar sujeto a varios factores
un aumento o perpetuación de la respuesta metabólica al trauma,
dependientes de la calidad de la traducción, diferencias culturales
lo cual condiciona a un aumento en la liberación de catecolaminas,
y problemas organizativos locales.18 En un hospital terciario pediá-
hormona del crecimiento, corticoides, glucagón, diminución de la
trico español se desarrolló la primera escala observacional del dolor
producción de insulina, vasoconstricción esplácnica. Todos estos fe-
agudo específico en lengua española;19 cuyo nombre es “LLANTO” la
nómenos producen acidosis metabólica e hipoxia hística lo cual trae
cual ha sido utilizada en más de 35,000 pacientes y validada, de-
como resultado un aumento del consumo de oxígeno, cicatrización
mostrando un nivel perfecto de coincidencia con la escala CHEOPS.20
deficiente y complicaciones infecciosas.7 A la luz de lo anteriormen-
La escala LLANTO posee adecuadas propiedades en cuanto a la
te expuesto, su mal manejo no solo condiciona comportamientos
validez discriminante lo que permite distinguir a los pacientes con
posteriores de ansiedad y angustia en los pacientes; sino que puede
dolor de aquellos que no tiene dolor. Además no necesita de nin-
convertirse en un dolor postquirúrgico persistente, con importantes
complicaciones, que a su vez se convertirán en un incremento de la gún dispositivo electrónico o de otro tipo (ejemplo pulsioxímetro,
utilización de recursos y costos sanitarios.8 tensiómetro o similar), para su ejecución o solo se necesitan de 20
El paciente pediátrico, desde el punto de vista fisiológico no a 40 segundos para que el personal sanitario tenga una estimación
solo tiene diferencias con el adulto en relación al tamaño corporal; muy acertada del grado de dolor y es una escala más sensible que
sino que además el dolor provoca importantes cambios fisiológicos específica (el porcentaje de falsos negativos es bajo; lo cual evita
cuya intensidad es directamente proporcional a la severidad del es- en gran medida el subtratamiento). Dentro de sus limitaciones se
trés quirúrgico y cuando el mismo no es controlado adecuadamente encuentra que mide realmente “estrés agudo” el cual no solamen-
lo predispone a una mayor morbilidad postoperatoria en relación a te puede estar causado por dolor agudo; sino también por otros
los adultos.3 factores como frío, hambre, percepción de un ambiente extraño
Las consecuencias asociadas a la percepción del dolor en los o interacciones farmacológicas, no toma en consideración el com-
niños no son bien conocidas, sin embargo existen estudios que in- ponente subjetivo del dolor21 (el cual puede llegar a ser muy im-
dican que la experiencia álgica por ejemplo en la etapa neonatal portante para el enfoque terapéutico) ni tampoco será totalmente
contribuye a modificaciones conductuales a largo plazo.9 efectiva para medir el grado de dolor crónico que será evaluado de
Un estudio realizado por Taddio10 y colaboradores donde evalu- otra manera.22
aron la respuesta conductual en lactantes de 4 a 6 meses que habían La escala LLANTO usa 3 parámetros conductuales (llanto, acti-
sido circuncidados al nacimiento sin anestesia durante la vacunaci- tud psicomotora o la observación de la expresión facial) y dos pará-
ón rutinaria; sugirió que los infantes estructuran una memoria de metros fisiológicos como el tono muscular o la frecuencia respira-
una experiencia dolorosa anterior que puede modificar su respuesta toria; en los pacientes neumópatas o con alteraciones del tono la
a los estímulos dolorosos subsecuentes, como resultado de una sen- aplicación de esta escala será difícil.20 A continuación se adjunta la
sibilización neuronal central. escala LLANTO (tabla 10).
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S303

Tabla 10 Escala LLANTO tamos con el acetaminofén; cuyo mecanismo de acción es la inhibi-
ción de la ciclooxigenasa a nivel central con un pequeño efecto en
Parámetro 0 1 2 la formación de prostaglandinas periféricas26 y el metamizol; el cual
Llanto No llora Consolable o Inconsolable o pertenece al grupo de derivados del pirazol, con metabolización
intermitente continuo hepática y eliminación renal. Tiene efecto analgésico, antipirético
Actitud Tranquilo o Expectante o Agitado o con poco poder antiinflamatorio.1
dormido intranquilo histérico Los opioides constituyen la piedra angular en el tratamiento
del dolor postoperatorio, especialmente aquellos que causan dolor
Normorrespiración Regular o Taquipneico Irregular moderado a severo, los cuales presentan diferente potencia analgé-
pausada sica y vías de administración. Su mecanismo de acción consiste en
Tono postural Relajado Indiferente Contraído activar los receptores de opioides: Mu (µ1 y µ2), Kappa (k) y Delta
Observación facial Contento o Serio Triste (§).8 Dependiendo de su potencia y de los receptores que activan,
dormido aparte de analgesia, pueden producir depresión respiratoria, fenó-
menos neuroexcitadores, disminución de la temperatura corporal,
Reinoso-Barbero F, Lahoz Ramón AI, Durán Fuente MP, Campo García G, Castro retrasan el vaciado gástrico, aumentan la incidencia de náuseas y
Parga LE. Escala LLANTO: Instrumento español de medición del dolor agudo vómitos, inhibición de la descarga de hormona liberadora de gona-
en la edad preescolar. An Pediatr (Barc). 2001;74:10-14. dotropinas y factor liberador de corticotropina y a altas dosis por vía
endovenosa puede producirse cierto grado de rigidez muscular.1,8
A cada parámetro se le asignará valores de 0 a 2, de tal ma- El clorhidrato de tramadol es un opioides sintético, derivado
nera que la puntuación total oscilará entre la mínima 0 (ausencia del aminocyclohexanol, análogo de la codeína,27 introducido en la
de dolor o no dolor) y la máxima 10 (dolor máximo posible). Esta clínica en Inglaterra en 1994 y en Estados Unidos en 1995. Esta indi-
puntuación permite distinguir tres niveles de dolor: cado en el tratamiento del dolor moderado a severo, como comple-
• Leve (puntuaciones de 1 a 3); mento de la analgesia multimodal y en el dolor neuropático.28,29,30,31
• Moderado (puntuaciones de 4 a 6); Presenta dos mecanismos de acción complementarios: se une
• Intenso (puntuaciones de 7 a 10). moderadamente a los receptores µ 1 y 2, e inhibe a la noradrenali-
La Organización Mundial de la Salud (OMS) construyó una es- na, la recaptación de serotonina y 5-hidroxitriptamina; además de
calera analgésica (Ginebra 1984) y publicada su guía en 1986, el potencializar la inhibición de las vías descendentes del dolor.32,33,34
equipo de diseñadores (Comité de Expertos Internacionales), en su Puede ser administrado por vía oral y parenteral, con una biodispo-
documento sobre Alivio del Dolor en el Cáncer. Con la misma in- nibilidad oral del 75%; posee metabolismo hepático. Es seis veces
tentaban introducir, sobre todo en los países más subdesarrollados, más potente que los demás opioides débiles, con una afinidad por
unas pautas de actuación encaminadas al control del cáncer. Osci- el receptor µ 200 veces más que el resto.33 Posee la ventaja que se
laban desde medidas eficaces de diagnóstico precoz, tratamientos trata de un analgésico con mínima sedación, depresión respiratoria,
curativos, medios efectivos de atención sanitaria y de personal en- estasis gastrointestinal y abuso potencial.33,34,35 En el postoperato-
trenado. Una de las prioridades era el control del dolor oncológico, rio, el clorhidrato de tramadol tiene propiedades analgésicas simi-
donde bastaba un número “limitado” de medicamentos para aliviar lares a la morfina, con una menor depresión respiratoria y sedación,
a los pacientes. Los fármacos principales estarían situados en tres sin embargo, el vértigo, náuseas y vómitos no tiene diferencias sig-
peldaños consecutivos: 1º escalón, ácido Acetil Salicílico utilización nificativas. La administración intravenosa de clorhidrato de trama-
en el dolor leve; 2º escalón, codeína, “opioide débil” en el dolor dol de 50-150mg es equipotente a la eficacia analgésica de 5-15mg
moderado; y 3º escalón, morfina “opioide potente”, en dolor seve- de morfina.8 Sus efectos adversos son náuseas, vértigo, vómitos,
ro; permitiendo asociar otros fármacos llamados coadyuvantes en prurito, erupción, fiebre.34
cualquiera de los escalones. La utilización de los fármacos en esta El uso de clorhidrato de tramadol en el paciente pediátrico se
escalera vendría determinada por la intensidad del dolor, siguiendo ha reportado como analgesia preventiva e intraoperatoria a dosis de
los peldaños en el tiempo de una forma progresiva y por tanto esca- 1 a 3 mg/kg en combinación con diferentes agentes analgésicos8,29,30
lonada.23 Si bien en la actualidad existen una gama más amplia de teniendo como resultado la disminución de la agitación durante la
medicamentos, sobre todo en el segundo y tercer escalón24 y aunque recuperación anestésica con reducción del dolor postoperatorio. A
la escalera analgésica fue creada pensando en dolor oncológico y dosis de 1-2 mg/kg iv comparado con morfina a dosis de 0.1 mg/kg iv
crónico, su concepto puede ser aplicado al dolor postoperatorio, tiene menor incidencia de náuseas y vómitos con propiedades anal-
basándonos en la severidad del dolor secundario al procedimiento gésicas similares; demostrándose su eficacia en el manejo del dolor
quirúrgico. postoperatorio pediátrico en niños de 1 – 12 años con una equipo-
En el manejo del dolor postoperatorio, se maneja el concepto tencia analgésica de 0.75-1mg/kg en comparación con la morfina de
de “analgesia multimodal”, lo cual no es más que la combinación de 0.1-0.2 mg/kg.8 Incluso existen estudios en lactantes con infusión
2 o más fármacos y/o métodos analgésicos con el fin de potenciar la continua y “Nursing-PCA” de clorhidrato de tramadol con gran efec-
analgesia y disminuir los efectos colaterales.1 La escalera analgésica tividad y un elevado índice de seguridad y confort.36
es la mejor demostración de la utilización multimodal de los anal- Los principales efectos adversos del tramadol son las náuseas
gésicos, la cual recomienda el manejo progresivo de los diferentes y vómitos, los cuales muchas veces dependen del incremento de la
tipos de medicamentos, con una evaluación continua del dolor. La dosis, la inadecuada dilución o la administración en forma rápida.
analgesia postoperatoria multimodal comprende la combinación de En nuestra institución administramos el tramadol por vía sub-
varias técnicas y analgésicos, que incluye técnicas regionales y ma- cutánea, para obtener todos los beneficios del mismo, pero minimi-
nejo parenteral farmacológico. zando los efectos adversos presentes por la vía endovenosa.
Una alternativa de analgesia multimodal ampliamente utiliza- La vía subcutánea presenta las siguientes ventajas y desven-
da en el paciente pediátrico es la combinación de agentes antiinfla- tajas:37
matorios no esteroides (AINES) con opioides.2 Ventajas:
Los AINES son un grupo heterogéneo de fármacos con actividad • Barata;
analgésica antiinflamatoria, antipirética, antirreumática y antiagre- • Facilidad de realización;
gante plaquetario cuyo mecanismo de acción es la inhibición de la • Cómoda para el paciente;
ciclooxigenasa.25 Dentro de este grupo, en el Hospital del Niño con- • Eficacia analgésica similar a la intravenosa;
S304 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

• Biodisponibilidad absoluta; 3. Moyao-García D. Fisiopatología del dolor en el niño. In: Gueva-


• Absorción más lenta, haciendo los efectos analgésicos más cons- ra-López UM. Dolor por especialidades. México D.F: Corinter.
tantes y duraderos que la intravenosa; 2013. p.313-2.8
• Efectos adversos menos intensos que por vía endovenosa. 4. Charlton E. Treatment of postoperative pain. In: Giamberardino
M (Ed.). An uptaded review refresher course syllabus IASP Scien-
Desventajas:
tific Program Committee. Pain. 2002;351-6.
• Retraso en el comienzo del efecto analgésico, por tener una ab- 5. Ashburn M, Ready B. Postoperative pain. In: Loesser J (Ed.).
sorción más lenta; Bonica´s management of pain. 3rd ed. Philadelphia: Lippiconco-
• Depende del flujo sanguíneo cutáneo; tt Williams & Wilkins, 2001.
• Limitado volumen absorbible; 6. Hernández-Saldivar ML. Manejo del dolor postoperatorio: expe-
• Posibilidad de irritación en el lugar de administración.38 riencia terapéutica en unidad de terapia quirúrgica central del
Un estudio que valoró el efecto analgésico de tramadol por Hospital General de México. Rev Mex Anestesiol. 2008;31 (Supl
vía subcutánea en un Servicio de Urgencias para dolor agudo de 1):S246-S251.
moderado a severo a una dosis única, encontrando a los 30 minutos 7. Hernández-Palacios JC, Moyano-García D, Ramírez Mora JC.
un buen efecto analgésico en el 90% de los pacientes estudiados con Efectividad y efectos secundarios del tramadol y la nalbufina
efectos secundarios leves y bien tolerados en su mayoría, sin proble- en infusión para analgesia postoperatoria. Rev Mex Anestesiol.
mas locales en el lugar de administración, salvo ligera tumefacción 2007;30 (Supl 1):S329-S334.
local en algunos casos.39 8. Joshi G, Babatunde O. Consequences of inadequate postopera-
En nuestro estudio la mayoría de los pacientes fueron mascu- tivepain relief and chronic persistent postoperative pain. Anes-
linos y menores de 6 años; los procedimientos ortopédicos fueron thesiol Clin N Am. 2005;23:21-36.
los más numerosos, con una duración en su mayoría de 31 minutos 9. Martínez-Tellería A, Delgado JA, Cano ME, et al. Analgesia pos-
a una hora. toperatoria en el neonato. Rev Soc Esp Dolor. 2002;9:317-27.
El 87.3% de los pacientes presentaron escalas de dolor infe- 10. Taddio A, Katz J, Ilersich AL, et al. Effect of nenonatal circum-
riores a 4 a la hora de despertarse, lo cual nos indica que en la cision on pain response during subsequent routine vaccination.
mayoría de los pacientes se logró un control aceptable del dolor en Lancet, 1997; 349:500-603
el postoperatorio inmediato, lo cual favoreció un buen control de 11. Emde RN, Harmon RJ, Metcalf MD, et al. Stress and neonatal
los mismos posteriormente, con satisfacción de los pacientes, como sleep. Psychosom Med. 1971;33:491-6.
el de sus tutores. 12. Grunau RE. Long-term effects of pain. Res Clin Forums.
De los pacientes que presentaron escalas de dolor moderado 1998;20:19-29.
(4-6), el 84% fueron en procedimientos ortopédicos y 79% en proce- 13. Chapman R, Syrjala K. Measures of pain. In: Loeser J (Ed.). Bon-
dimientos con duración superior a una hora; mientras que aquellos ica´s management of pain. 3rd ed. Philadelphia: Lippincott Wil-
que presentaron escalas de dolor severo (7-10) el 75% fueron en pro- liams & Wilkins, 2001. p.310-28.
cedimientos ortopédicos y en superiores a una hora. Esto es espera- 14. Stevens B, Jhonston C, Gibbins S. Pain assessment in neonates.
ble ya que en nuestra muestra la mayoría fueron procedimientos re- In: Anand J, Stevens B (Ed). Pain in neonates. 2nd ed. McGrath B
alizados por el Servicio de Ortopedia, además que tradicionalmente 2000. p.101-34.
los mismos se caracterizan por ser muy álgidos para los pacientes. 15. Kreches SW, Bilnerd J. CRIES: a new neonatal postoperative pain
Por otro lado, a mayor tiempo de exposición al estrés quirúrgico, measurement store. Inicial testing of validity and realibily. Pae-
existe mayor injuria de los tejidos con una mayor predisposición a
diatr Anesth. 1995;5:53-61.
la presencia de dolor postoperatorio.
16. Mondolfi A, Rojas I, Urbina H, et al. Manejo del dolor en terapia
En cuanto a las complicaciones, el 74% de los pacientes no pre-
intensiva y neonatología. Rev Arch Venezol Puericult Pediatr.
sentaron complicaciones y el restante 26% presentó nauseas, vómi-
2002;1 (Supl. 1).
tos, hipotensión y enrojecimiento en el área de punción, síntomas
17. McGrath PA, Johnson G, Goodman JT, Schillinger J, Dunn J,
que se resolvieron adecuadamente.
Chapman J. CHEOPS: a behavioral scale for rating postoperative
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Rev Bras Anestesiol. 2017;67 (Supl. 1):S306-S309

Revista Brasileira
de Anestesiologia
Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
www.sba.com.br

Artigo Premiado - CLASA

Síndrome de Bertolotti: ¿Causa infrecuente de lumbago?


Fernando Furest Robainaa,b,c,d

a
Policlínica Terapia de Dolor, Medica Uruguaya Corporación de Asistencia Médica, Montevideo, Uruguay
b
Policlínica Terapia de Dolor, Centro de Asistencia del Sindicato Médico del Uruguay, Montevideo, Uruguay
c
Policlínica Terapia de Dolor, Sanatorio del Banco de Seguros del Estado, Montevideo, Uruguay
d
Docente colaborador de la Catedra de Anestesiología, Facultad de Medicina, Universidad de la República, Uruguay

Resumen
PALABRAS CLAVES El “dolor lumbar” (“Low back pain”) en general vinculado a una patología degenerativa de columna es
Síndrome Bertolotti; causa frecuente de consulta y hospitalización generando un importante desvío de recursos financieros
Dolor lumbar; por pago de subsidios por seguro de enfermedad.
Lumbago; Síndrome de Bertolotti. En 1917 Mario Bertolotti describe un cuadro de dolor lumbosacro asociado
Vertebra transicional a la presencia radiográfica de una megaapófisis transversa (vértebra transicional lumbosacra) de las
lumbosacra ultimas vértebras lumbares. La prevalencia de esta variación anatómica es variable, con reportes que
informan cifras entre 4% y 35,9% de la población general.
En una encuesta realizada durante el VIII Congreso Uruguayo de Dolor de 2017 en la ciudad de Mon-
tevideo, se encontró que, sobre un total de 42 entrevistados, 5 conocen el Síndrome de Bertolotti y
sólo uno trató a algún paciente con este diagnóstico en el último año.
Múltiples causas pueden determinar la presentación clínica de esta dismorfogénesis: neoarticulación
entre la megaapófisis transversa y el sacro, alteraciones facetarias o a nivel del disco intervertebral,
escoliosis, acortamientos musculares, “pellizcos” radiculares.
Se presentan casos clínicos en los que el dolor se origina a nivel de una neoarticulación entre la
megaapófisis y el sacro con una buena respuesta a la infiltración de anestésicos locales y corticoides.
Se propone el uso de una guía para la elección estratégica del diagnóstico y tratamiento.

Introducción Material y método

El Síndrome de Bertolotti es un cuadro clínico que habitualmente Se realizó una revisión de las publicaciones sobre Síndrome de Ber-
no se diagnostica a pesar de su prevalencia y su expresión, obliga tolotti en PubMed (National Library of Medicine) con las siguientes
a considerar el uso de una guía estratégica para el diagnóstico y palabras claves: Síndrome de Bertolotti, lumbago, vértebra transi-
tratamiento, teniendo en cuenta el origen multifactorial del dolor cional lumbosacra.
lumbar que relatan los pacientes. Se presenta tres casos de una serie de pacientes asistidos.

Objetivo Resultados

Promover la sospecha de esta dismorfogénesis como diagnóstico di- El “dolor lumbar” (“Low Back Pain”) generalmente vinculado a una
ferencial para la elección de la estrategia de tratamiento en pacien- patología degenerativa de columna es causa frecuente de consulta
tes que consultan por “dolor lumbar”. y hospitalización1 determinando un importante desvío de recursos

* Autor para correspondencia.


E-mail: ffurest@adinet.com.uy (F.F. Robaina).

© 2017 Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda.


64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S307

financieros. En el informe final presentado en marzo de 2017 por radiculares, al examen físico impresiona dolor de origen facetario
la Oficina de Montevideo de CEPAL sobre subsidios por enfermedad o sacroilíaco. En la TAC se observa megaapófisis transversa L5 iz-
en Uruguay, el lumbago no especificado o con ciática ocupan los quierda con una neoarticulación con el sacro. Se plantea una prueba
primeros lugares de las 34 patologías que concentran el 38% de las terapéutica a la infiltración con anestésicos locales y corticoides. Se
solicitudes de subsidio2 (tabla 1). otorga el alta a la semana sin dolor.

Tabla 1. Estudio sobre el subsidio por enfermedad en Uruguay du- • Caso 3


rante el periodo 2005 - 20152
Sexo Femenino, 67 años, lumbago mecánico sin irradiación a predo-
No. de Promedio minio derecho. No presenta déficit ni signos irritativos radiculares.
Patología
solicitudes licencia (días) En rx imagen que sugiere neoarticulación entre apófisis transver-
1. Lumbago no especificado 342049 5,8 - 11,8 sa L5 y sacro a derecha. RNM, espondilolistesis L4-L5 secundaria
a artrosis. Se plantea una prueba terapéutica a la infiltración con
……………………………………. …………………………. ……………………
anestésicos locales y corticoides. Se otorga el alta a las dos semanas
3. Lumbago con ciática 162887 4,5 - 13,0 sin dolor.
……………………………………. …………………………. …………………….
30. Dorsalgia no especificada 31549 4,0 - 11,6
Discusión
Su frecuencia real es difícil de determinar (diseño de mues-
treo, diferencias de criterios de clasificación, dificultad en la codifi- En presencia de esta dismorfogénesis (fig. 1) que genera una alte-
cación); para Latinoamérica se estima una prevalencia del 10.5% en ración de la biomecánica espinal, las causas de dolor lumbar y el
la población general3 y a nivel mundial la prevalencia oscila entre cuadro clínico pueden ser consecuencia de varios factores: esco-
3.9% y 20.3%4 (tabla 2). liosis, alteraciones a nivel facetario, protrusiones discales en los
niveles superiores, acortamiento muscular del cuadrado lumbar
Tabla 2: Prevalencia mundial del lumbago (CLBP)4 o psoas ilíaco, neoarticulación entre la megaapófisis y el sacro o
íleon así como compromiso de neuroforámenes o “pellizcos” de una
Edad (años) Prevalencia CLBP
raíz lumbar entre el proceso transverso y el alerón sacro (“Far-Out
24 a 39 4,2% Syndrome”).6,8
20 a 59 19,6%
>18 3,9% - 20,3%

Síndrome de Bertolotti. En 1917 Mario Bertolotti describe un


cuadro de dolor lumbosacro asociado a la presencia radiográfica de
una megaapófisis transversa (vértebra transicional lumbosacra) de
las ultimas vértebras lumbares.5 La prevalencia de esta variación
anatómica es variable debido a diferencias en su definición y diag-
nóstico: 4% a 35,9% de la población general6 y en un artículo publi-
cado en el que analizan los resultados de resonancia magnética so-
licitadas en pacientes con dolor lumbar se menciona una incidencia
global de 4,6% con una prevalencia mayor en hombres.7
En una encuesta realizada durante el VIII Congreso Uruguayo de
Dolor de 2017 en la ciudad de Montevideo, se encontró que, sobre
un total de 42 entrevistados, 5 conocen el Síndrome de Bertolotti y
sólo uno trató a algún paciente con este diagnóstico en el último año.

Casos clínicos
Se presentan tres casos, de 23 pacientes asistidos, (14 mujeres y Figura 1 Proyección radiológica y reconstrucción ósea 3D.
9 hombres con una edad promedio de 45 años), en los que el dolor
se origina en una neoarticulación entre la megaapófisis y el sacro
Desde el punto de vista imagenológico la proyección de Fergu-
con una buena respuesta a la infiltración de anestésicos locales y
son sigue siendo el método radiológico estándar para su diagnóstico
corticoides:
y clasificación en cuatro tipos según Castellvi (figs. 2 y 3).9
• Caso 1
Sexo femenino, 17 años, lumbago a predominio derecho con irradia- Tipo 1: Displasia de procesos transversos con un ancho de 19
ción a miembro inferior hasta la rodilla. Dolor EVA 5 y 10 en los em- mm craneocaudal.
pujes. No se observa déficit motor, reflejos presentes y bilaterales,
Tipo 2: Lumbarización/sacralización con aumento de la apófisis
dolor en la extensión de raquis. TAC, transversomegalia de apófisis
transversa que forma diartrosis con sacro.
transversa L5 izquierda. Se plantea una prueba terapéutica a la in-
filtración con anestésicos locales y corticoides. Franca mejoría a Tipo 3: Fusión de apófisis transversa con sacro.
los 15 días y a los 8 meses continua sin dolor y cursando embarazo. Tipo 4: Incluye tipo 2 unilateral con tipo 3 en el lado
contralateral.
• Caso 2
Sexo masculino, 24 años, derivado con diagnóstico de lumbocia- Tipo 1, 2 y 3 pueden subdividirse en “a’ o “b” según sean uní o
talgia izquierda por protrusión L4-L5 con compromiso foraminal. bilateral, respectivamente.
Lumbago mecánico a predominio izquierdo sin síntomas irritativos Figura 2 Clasificación de Castellvi.
S308 64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia

Figura 3 Esquematización de la clasificación de Castellvi.

Habitualmente el tratamiento incluye el uso de analgésicos,


relajantes musculares y rehabilitación a pesar de lo cual, estos pa-
cientes pueden ser refractarios al mismo.
Frente a la sospecha del dolor lumbar secundario a esta alte-
ración anatómica, el estudio mediante isótopos radioactivos (escin-
tigrafía, SPECT CT) y un test positivo a la inyección de anestésicos
locales/corticoides permitiría confirmar el origen en una neoarti-
culación (figs. 4, 5, 6 y 7).6 Por otro lado, el compromiso radicular
secundario a un pinzamiento puede evaluarse mediante una dosis
test de anestésico local y radiculograma.10

Figura 5 Tomografía, spect tc99-MDP y SPECT CT.

Figura 6 Inyección de contraste en neoarticulación.

Siguiendo un razonamiento similar al algoritmo para el trata-


miento de un paciente con lumbago, Almeida y col. propone el uso
de una guía para la elección de la estrategia cuando se trata de un
Figura 4 Reconstrucción 3D SPECT CT. paciente con diagnóstico de Síndrome de Bertolotti (fig. 8).11
64º Congresso Brasileiro de Anestesiologia S309

Conclusiones

El “dolor lumbar” es una de las causas más frecuentes de consul-


ta en los primeros niveles de asistencia y demanda la intervención
asistencial de diferentes especialidades médicas. Su real incidencia
y prevalencia es de difícil determinación y genera importantes in-
versiones por pago de subsidio por enfermedad.
El dolor lumbar en un paciente que presenta una vértebra tran-
sicional lumbosacra, Síndrome de Bertolotti, fue descrito a principio
del siglo 20 y sin embargo aún persiste incertidumbre con respecto a
su fisiopatología, clínica y tratamiento, por lo que el uso de una guía
de diagnóstico y tratamiento puede ser aconsejable.

Figura 7 Inyección de anestésico local/corticoide en diartrosis.


Conflictos de interés

Sindrome de Bertolotti Los autores declaran que no existen conflictos de interés.


“Lumbago + vértebra transicional lumbosacra”

Tratamiento conservador Bibliografía

No mejora 1. Laffont M, Sequeira G, Kerzberg EM, et al. The non-silent epide-


mic: low back pain as a primary cause hospitalization. Rheuma-
Dolor localizado en el punto de contacto entre el proceso transverso de la mega apófisis y el sacro o ileon?
tol Int. 2016;36:673-7.
2. Amarante V, Dean A. Estudio sobre el subsidio por enfermedad en
Uruguay. Informe final - Marzo 2017. CEPAL - Oficina de Montevideo.
SI No
3. Garcia JBS, Hernandez Castro J, Nunes R, et al. Prevalence of
low back pain in latin america: a systematic literature review.
Alivio temporal con la inyección de anestésicos locales?
Chequear otras causas de lumbago asociadas
Pain Physician. 2014;17:379-91.
(Repetir si es necesario)
4. Meucci R, Fassa A, Faria N. Prevalence of chronic low back pain:
systematic review. Rev Saude Publica. 2015;49:1-10.
SI No Dolor miofascial 5. Bertolotti M. Contributio alla conoscenza dei vizi di differenzia-
zione regionale del rachide con speciale riguardo all assimilzzio-
ne sacrale della v. lombare. Radiol Med. 1917;4:113-44.
Mejora a largo plazo
Dolor sacroiliaco 6. Jancuska J, Spivak J, Bendo JA. A review of symptomatic lumbo-
sacral transitional vertebrae: Bertolotti’s syndrome. Int J Spine
SI No Discopatia
Surg. 2015;9:42.
degenerativa 7. Quinlan JF, Duke D, Eustace S. Bertolotti’s syndrome. a cause of
back pain in young people. J Bone Joint Surg (Br). 2006;88:1183-6.
Continuar 8. Cuenca-Gonzalez C, Cristobal Duran M, Estay J, et al. Síndrome
programa de Hernia de disco
de Bertolotti: dolor lumbar crónico de características mecanicas
reabilitación
por megaapofisis transversa. Semergen. 2016;42:e122-4.
Considerar
Considerar
9. Castellvi A, Goldstein L, Chan D. Lumbosacral transitional ver-
Sindrome facetario
resección
quirúrgica de denervación por tebrae and their relationship with lumbar extradural defects.
mega apófisis radiofrecuencia Spine. 1984;9:858-62.
10. Shibayama M, Ito F, Miura Y, et al. Unsuspected reason for sciatica
in Bertolotti’s syndrome. J Bone Joint Surg (Br). 2011;93:705-7.
11. Almeida DB, Mattei TA, Soria MG, et al. Transitional lumbosacral
vertebrae and low back pain. diagnostic pitfalls and manage-
Figura 8 Para explicación ver texto. ment of Bertolotti’s syndrome. Arq Neuropsiquiatr. 2009;67(2-
Revista Brasileira
de Anestesiologia
Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologia
www.sba.com.br

ÍNDICE DE AUTORES

A Alcebiades Vitor Leal Filho, Alfeu José Dal Ri, S77 Amanda Calil da Silva, S41
A.R. Cardoso, S219, S230 S192 Alfredo Guilherme Haack Amanda Corrêa Vidica, S16,
Abel Fernando Rech, S44, S239 Alécio Fonseca Leite, S12 Couto, S37, S47, S101, S67, S86, S101, S261
Adebaldo Maia Leite, S142 Alehandro Neves Terra, S119, S154, S188 Amanda de Figueiredo Calili,
Adelaide Moral Tarifa, S116, S152, S266 Alice Alheira Meira, S73, S123 S8, S20
S233 Alene Cunha do Nascimento, Alice Amorim Pereira, S58 Amanda Engers de Oliveira, S91
Adeli Mariane Vieira Lino S27, S80, S107, S129 Alice Becker Teixeira, S183 Amanda Fernandes Halla, S36,
Alfano, S41, S43, S102, Alessandra Cavaignac Alice da Silva Fonseca, S120 S144
S198, S212, S218, S224, Machado, S264 Aline Bo, S208 Amanda Giraldi Maryama, S77,
S268 Alessandra de Carvalho Aline Costa, S81 S254
Adélia Rego Corrêa Meninéa, Ministro, S76, S77, S254 Aline Felix Baggio, S145 Amanda Jiran Ferreira Marcos,
S72, S206 Alessandra de Padua Ranzani, Aline Ladeira Lavorato Solano, S96
Adélia Rocha Simeoni, S109, S132 S88 Amanda Rodrigues Tirapani
S215 Alessandra Levy Antoniazzi, Aline Maia Rocha, S92, S131 Diniz, S69
Adla Viana Ribeiro Barreto, S76, S77, S254 Aline Mariana Silva Cândido, Amanda Targino Kataoka, S117
S179, S238 Alessandre Luiz Braga Júnior, S147 Amélie Gabrielle Vieira
Adlla Fernanda Ferreira S15 Aline Menezes Sampaio, S48, Falconi, S14, S162, S234,
Machado, S30, S255 Alex Henrique Ribeiro Campos, S59 S270, S278
Adriana Maria Gurgel da Costa, S31 Aline Moreira Meirelles, S145 Américo Salgueiro Autran
S102 Alex Julio Tramontini, S100 Aline Murari Sudré, S182 Neto, S110
Adriane Benvindo Monteiro, Alexandra de Vasconcelos Aline Tonin dos Santos, S125 Ana Beatriz Cardoso Pereira
S36 Vieira, S129, S229, S246 Alinne Nascimento Maia, S94, Romero, S154
Adrianna Cristina de Alexandra Rezende Assad, S176 S188 Ana Beatriz Retamero
Vasconcelos Garcia, S239 Alexandre Almeida Guedes, Alison Menna da Fontoura, Rodrigues, S232
Adriano Brasolin, S218 S162, S176, S278 S265 Ana Carolina de Souza Moreira,
Adriano Dias, S244 Alexandre Bottrel Motta, S7 Alison Rodrigo Lucas, S140 S118
Adriel Franco de Mattos, S78, Alexandre Cabaritti Teixeira Alisson Izidoro Angelo, S19 Ana Carolina Ferreira Ratin, S3
S231 Mendes, S29 Allan Kardec N. Alencar, S252 Ana Carolina Lombardi, S84,
Adrielle Aprigio de Queiroz, Alexandre de Castro Morais, Allan Rafael dos Santos S162
S14, S217, S237 S17 Tavares, S72 Ana Carolina Marini Minoda
Adriene Stahlschmidt, S16, Alexandre de Menezes Allan Sousa Teles, S52 Prado, S203
S153 Rodrigues, S33, S67, S69, Alline Amaral da Costa Ana Carolina Martins Gomes
Aglais Gonçalves da Silva S91, S138, S232 Moreira, S149, S150 , S140
Leite, S46 Alexandre Dubeux Dourado, Álvaro Antônio Guaratini, S163 Ana Carolina Zandona
Aílton Batista de Araújo, S149 S89, S215 Álvaro Augusto Dias Crespo, Spinardi, S28, S98
Alan Kimura, S95, S97, S217 Alexandre Minoru Tome S128 Ana Cláudia Abdo Lopes, S64
Alan Paulo Guimarães Horiuchi, S32 Alyne Andrade Lima, S116, S211 Ana Cláudia Albernaz Valente,
Medeiros, S152 Alexandre Mio Pos, S6 Amália Tieco da Rocha Sabbag, S10, S225
Alana Vital Nazianzeno, S79 Alexandre Rimuardo de Barros S13 Ana Claudia de Souza, S243
Alberto Esteves Gemal, S75 Padilha, S205 Amanda Alves Pinto, S179 Ana Cláudia Morant Braid, S94
Alberto Vieira Pantoja, S131, Alexandre Rodrigues Ferreira, Amanda Bernardes Lourenço Ana Cláudia Mota Bonisson,
S219 S197 Barbosa, S54 S99, S210, S229

© 2017 Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda.


XLII Índice de Autores

Ana Cláudia Nede de Paula, Andre Felipe Ferreira Barroso, S195, S239 Bárbara Monteiro Moreira, S73,
S239 S269 Antonio Emanuel Soares Vieira, S126, S132, S200
Ana Cláudia Pereira Mourato, André Fernandes Botrel e S130, S155 Barbara Moura Carrasco, S69,
S196 Silva, S95, S104, S216, Antonio Feijo de Feijo, S104 S243
Ana Cristina Abdu Peixoto, S248 S226 Antônio Fernando Carneiro, Bárbara Thomé Cavalheiro,
Ana Flávia Vieira Leite, S197 André Luis Ottoboni, S2 S70, S193 S263
Ana Jéssica Ferreira Lima de André Luiz Parreira Gomes, S96 Antônio Franciosi Prates, S141 Beatriz Gonçalves Miron, S198
Castilho, S102 André Menezes Baranda, S102 Antonio Henrique Magalhães Beatriz Lemos da Silva
Ana Júlia Souto Barreto André Moreira Fogaça de Plischke, S2 Mandim, S82
Rezende, S201, S213 Souza, S67 Antonio Herlandson Freire da Beatriz Locks Bidese, S3
Ana Karla Alves Arraes Von André Nogueira Cimatti, S92 Cunha, S168 Beatriz Moser de Souza, S62
Sohsten, S224 André Pedroza Francisco, S159 Antonio Jorge Ferreira da Silva Beatriz Régis Machado, S78
Ana Lígia Teles, S26 André Pereira Linhares, S163 Júnior, S56, S83 Benedito Olímpio, S45
Ana Lúcia Costa Martins, S202 André Pinho Sampaio, S202 Antonio Jorge Silva Junior, S217 Benjamim Xavier Ramos, S45
Ana Luisa Dantas Souto, S18 André Serson, S32 Antônio Mauro Vieira, S50, Benjamin Zylberberg, S53, S158
Ana Luisa Maia do Nascimento, André Teixeira Souza Stehling, S52, S58 Bernardo Lima da Nóbrega,
S171 S63 Antônio Rodolfo Meira de S145, S210
Ana Luiza Boni, S186 André Vilela, S233 Araújo Galdame, S256 Bernardo Paraizo Garcia da
Ana Luiza Castro da Cruz, S78, André Vinicius Campos Antonio Takashi Kitayama, Costa Thomaz, S24
S127, S231 Andrade, S17 S113, S165 Betânia Novelo, S104
Ana Luiza Lopes Pureza, S238, Andréa da Silva Portela, S19 Antonio Tiago G. de Bianca Frota Farias de França,
S260 Andrea Ferrari Felippi, S162 Albuquerque, S89 S147
Ana Luiza Naves Pereira, S143 Andréa Paula Ferreira Rosa Antonio Vinicius de Assis Bianca Jugurta Vieira de Lima
Ana Luiza Sá Pinto da Nóbrega Lecznieski, S49 Feitosa Junior, S118 Alves, S201
Lucena, S110, S205 Andréa Renata Machado Aparecida Vitória Gonçalves de Bianca Lopes Loures de Castro,
Ana Lygia Rochitti de Carvalho, Mesquita, S35 Souza, S151, S152 S63
S221 Andréa Silva Santos, S81 Ariani Cristina Moraes Benites, Breno Barbosa de Siqueira
Ana Maria Menezes Caetano, Andréa Tavares Ferreira, S194 S17 Carneiro, S222
S109, S194, S223, S252 Andreas Horner, S275 Armando Vieira de Almeida, S20 Breno José Santiago Bezerra de
Ana Maria Neiva de Menezes, Andreia Santos Cardoso, S57, Armele de Fátima Dornelas de Lima, S81, S107, S147, S169
S35, S75 S155, S156, S192, S253 Andrade, S223 Briana Alva Ferreira, S4
Ana Maria Souza, S165 Andressa Brasil Vasconcelos Armin Guttman, S110, S195, Brumo E Dematté, S192
Ana Maria Vilela Bastos Costa, S165, S220, S273 S255 Bruna Antenussi Munhoz, S139,
Ferreira, S170, S187 Andressa de Souza, S245 Arnaldo Tavares da Silva S188
Ana Patrícia Santos de Andressa Midori Fusioka, S124, Júnior, S121 Bruna Brenha Ribeiro Subtil,
Oliveira, S80 S125 Arthur Abel Cavaco, S83 S137
Ana Paula Chibeni Fernandez, Andressa Pires Alves, S209 Arthur Caus de Morais, S251 Bruna Cândida Carvalho de
S107 Angélica de Fátima de Arthur Ferreira Paranaíba, Oliveira, S43
Ana Paula Costa Moraes de Assunção Braga, S49, S107, S126, S170 Bruna Daibert Danesin, S146
Albuquerque, S114 S236 Arthur Konishi Alves, S65 Bruna de Souza Brito, S209
Ana Paula de Castro Araújo, S24 Angélica Melissa Díaz García, Artur Abel do Cavaco, S97 Bruna Nunes Fernando, S105,
Ana Paula de Souza Vieira S3 Artur Abel Tavares Fernandes S234
Santos, S144 Angélica Ramos Lira, S210 Cavaco, S53 Bruna Rietra Rio, S52
Ana Paula Medeiros Hortêncio, Anna Christina Brasileiro Silva Artur Antonio Rodrigues Bruna Rocha, S251
S147 Pacheco, S105 Burlamaque, S19 Brunelise Brunet Diniz, S44,
Ana Paula Santana Huang, Anna Paula Facco Mattiazzi, S26 Ary Serpa Neto, S225 S172
S139, S230 Anna Sylvia Pace Boardman, Assuero Florentino Bezerra Bruno Alfredo Gonçalves
Ana Paula Santos Souza, S26 S155 Júnior, S45 Salvetti, S25
Anamaria Ruiz Combat Tavares, Anne Carolyne Lelis Oliveira Augusto César Santos Bruno Bertagnolli Londero, S19
S66, S115, S130, S155 Pedroso, S135 Pellegrini, S98 Bruno Carvalho Cunha de Leão,
Anastácia Poliana dos Reis Annelyse de Abreu Peixoto, Auridan Marinho Pessoa Neto, S53, S54, S66
Fiorim, S200 S117 S202 Bruno César Soares Gomes,
Anderson da Silva Costa, S69 Anny Sugisawa, S18, S174 Ayrton Bentes Teixeira, S36, S234
Anderson Lachowski, S228 Antonedson Pinto França, S37 S142, S144, S146, S162, Bruno de Castro Fernandes
Anderson Luis Silva Amaral, Antônia Lima de Sousa, S9 S163 Epitacio, S215, S251
S23, S49, S64 Antonio Andrigo Ferreira de Ayuri Mayra Jucá Meguro, S119 Bruno de Oliveira Matos, S104,
Anderson Luis, S42 Carvalho, S147, S166 Azuil Vieira de Almeida, S210 S216, S226
Anderson Meneghini Capra, Antônio Carlos Aguiar Brandão, Bruno Duarte Silva, S37
S147, S166 S50, S52, S58, S62 Bruno Emmanuel da Cunha
Anderson Miguel Capp, S141 Antonio Cavalcanti de Melo B Torres, S208
Anderson Sampaio Marui, S116 Filho, S189 Bárbara Daphne de Souza Valle Bruno Farah Alvarenga, S19,
André Aguiar Ferreira de Antonio Christian Evangelista F. Gomes, S258 S76, S115, S155
Oliveira, S177 Gonçalves, S106, S223, Bárbara de Souza, S277 Bruno Francisco de Freitas
André Asquini Costa, S36 S224 Bárbara Maria Figueiredo de Tonelotto, S2, S10, S93,
André Dajori Ronchi, S68 Antônio de Pádua Faria, S125, Pontes Souza, S86 S127, S148, S231, S248
Índice de Autores XLIII

Bruno Gomes Camacho, S149 Carla Tortelli Bräscher, S107, Carolina Rocha Torres, S176 Cinara Bossardi, S188
Bruno Gomes Sant A ́ na, S158 S240 Caroline Biral Klas, S181 Cirilo Haddad Silveira, S97,
Bruno Hermont Jahara, S238 Carla Valéria Rocha Ramos Caroline Dias Lima, S61, S73, S157, S165, S204, S214
Bruno José Aliano Costa, S26 Giorgetta, S2, S71, S213 S77 Clara Elisa Frare de Avelar
Bruno Luan Bosa, S158, S193 Carla Vanessa da Silva Caroline Garnier Farias de Teixeira, S236
Bruno Matos, S111 Alcântara Lima, S219 Lima Martins, S4 Clarissa Mayara de Sales
Bruno Mendes Carmona, S53, Cárlei Heckert Godinho, S235 Caroline Souza Santos, S22 Guimarães, S111
S56, S83, S95, S95, S97, Carlos Alberto Campos Falcão Cássia Caroline Gondo Hirai, Cláudia Arruda Buarque de
S105, S111, S117, S171, Filho, S9, S106 S194 Gusmão, S252
S204, S217, S219, S234, Carlos André Araújo Melo, S38, Cassia Franco Matheus, S14, Claudia de Souza Gutierrez, S1
S272 S41 S217, S237 Cláudia Helena Ribeiro da
Bruno Oliveira de Matos, S56, Carlos Breno Farias Braga, S220 Cassiano Franco Bernardes, Silva, S34, S86, S129, S185,
S105, S204, S234 Carlos Darcy Alves Bersot, S62, S87, S159, S169, S182, S214, S218, S229, S246,
Bruno Oliveira Lamberti, S67, S111, S132 S205 S267
S86, S101, S125, S239 Carlos Eduardo de Melo Leite, Cássio Campello de Menezes, Cláudia Leal Ferreira
Bruno Pacheco Ibraim, S258 S148 S10, S174 Horiguchi, S117, S203
Bruno Pereira Valdigem, S16, Carlos Eduardo dos Santos Catarina Letícia Barbalho, S241 Claudia M.R.P. Cavaliere, S256
S153 Martins, S209 Catarina Leticia Rodrigues Cláudia Maia Memória, S276,
Bruno Peroni Rodrigues, S158 Carlos Eduardo Lopes Nunes, Barbalho, S139, S244 S277, S278
Bruno Romualdo e Silva, S63 S60 Catarina Maria de Sena, S51 Claudia Marquez Simões, S10,
Bruno Santos Afonso de Melo, Carlos Eduardo Salgado Costa, Catharina Borges de Oliveira, S93, S148, S174, S184,
S96, S198, S215 S46, S122 S164 S226, S231, S242, S248
Bruno Serra Guida, S88, S108, Carlos Emerson Borges Silva, Cátia Sousa Govêia, S5, S13, Cláudia Regina Fernandes, S8,
S121, S166, S228, S262 S83 S27, S33, S80, S107, S120, S92, S191, S264, S266
Bruno Tecles Brandão de Carlos Farias, S157 S129, S203 Claudia Roberta de Miranda,
Oliveira, S12, S81 Carlos Gilberto Rabelo Borba, Cayo Almyr Silva Favacho, S258
Bruno Tose Gonçalves Barbosa, S224 S105, S217, S219 Cláudia Rosana Prokopp
S84, S162 Carlos Gilberto Rabelo Borba Cecília Monteiro Silva, S186a, Acosta, S265
Bruno Verly da Silva, S22 Carvalho, S198 S252 Claudia Valeria Luiza da
Brynner Mota Buçard, S37, Carlos Gustavo Favre Cecílio Pereira Lima, S89, S96 Fonseca Ribeiro, S176
S101, S188 Drummond, S238 Celia Diniz Lima Gr, S58 Claudiane de Paula Bastos,
Carlos Gustavo Silva Katayama, Celina Chen, S49 S116
S163 Celso F da Silva, S192 Claudine de Souza, S149
C Carlos Henrique Viana de Celso Júnio Frazão da Silva, Cláudio Abrantes de Lacerda
Caio César Sampaio de Castro Castro, S182, S207, S257 S112 Almeida, S56
Nôleto, S5, S45 Carlos Júnior da Silva Correa, Celso Schmalfuss Nogueira, Cláudio Bustamante, S46
Caio Eduardo Ferreira Pires, S181 S61, S73, S110, S154, S205 Cláudio Henrique Corrêa, S55
S134, S145 Carlos Vitor Osório de Oliveira, César Antonio Tavares da Cláudio Henrique Freire Perre,
Caio Funck Colucci, S78, S98, S39, S207 Rocha, S249 S177, S239
S231 Carmem Maria Carício Maciel, Cesar Augusto de Soares Cláudio Leo Gelape, S17
Camila Alejandra Rodríguez S196 Nogueira, S53, S158 Cleber Wagner de Carvalho,
Cuéllar, S120 Carneiro, S193 César de Araújo Miranda, S12, S61, S73, S77, S110, S154,
Camila Araújo Galindo Carolina Alboim, S183, S202, S195 S205
Campelo de Melo, S223 S275 Cesar Henrique Fornero, S253 Cleóstenes Farias, S46
Camila Calderoni Fraga, S261 Carolina Almeida Ramos, S25, Cesar Henrique Pereira da Silva Cleyverton Garcia Lima, S120
Camila Campos Silveira, S158 S168 Fornero, S250 Cloves Alves Moutinho Júnior,
Camila de Magalhães de Sá, Carolina Ashihara, S7, S11, Cezar Daniel Snak de Souza, S55, S170, S182, S250
S159 S32, S225, S235 S189 Clóves Amssis Amorim, S145
Camila Ferreira Garcia, S130 Carolina Baeta Neves Duarte Chang Yen Yin, S259 Clovis Augusto Monteiro da
Camila Marquette Wille, S103 Ferreira, S66, S127, S189, Charles Almeida da Luz, S60 Silva, S177
Camila Moraes de Souza C. S262 Charlize Kessin de Oliveira Clóvis Tadeu Bueno da Costa,
Pereira, S24 Carolina de Oliveira Sant’anna, Sales, S278 S158
Camila Vioto, S8, S20, S41, S83 S83 Christian da Silva Pinho, S95, Cristiane Ferreira da Silva, S70
Camilla Oliveira Lima, S26, Carolina Esteves Monnerat, S204 Cristiane Gurgel Lopes Farias,
S75, S79 S113 Christiane Rodrigues da Silva, S8
Camille Cardoso Nielsen, S63 Carolina Lima Moura, S264 S75 Cristiane Gurgel Lopes, S6,
Camylla Prates Timo, S119, Carolina Linhares Martins, S34, Christiano Montenegro S23, S59, S185, S271
S122, S215 S214, S267 Fonseca, S58 Cristiane Nunes Mattei, S26
Carina Fernandez, S41, S43 Carolina Lopes Iwakami, S122 Christine Lima Cavalcanti de Cristiane Weckerle Nazareth
Carla Amado Petroli, S191 Carolina Mendonça de G.C.dos Albuquerque, S184 Conceição, S274
Carla de Souza Formigoni, S268 Santos, S130 Christovan Rodrigues Silva, S47 Cristiano Dinato Dutra, S50,
Carla Renata Gomes Brito, S79 Carolina Moreno Fernandez, Cibele Mari Shinike, S163 S52
Carla Santos Nogueira, S25 S53, S117, S234 Cibelle Magalhães Pedrosa Cristiano Pereira Peluso, S216
Carla Soares Meireles, S69, Carolina Quintana de Quadros Rocha, S121, S165, S220, Cristina Bertol Barbosa, S26
S217, S243 Brenner, S5 S273 Cristina Ribas Florentino, S69
XLIV Índice de Autores

Cristine Formighieri Angonese, Daniele Oliveira Minelli, S178 Dennis Brandão Tavares, S114 Eduardo Campos Braga, S19,
S120, S157 Danielle Maia Holanda Dennys Alexandro Mezzetti, S76, S115
Cyléia Brandão de Andrade, Dumaresq, S111, S121, S92 Eduardo Cesar Scherer, S3
S116 S165, S180, S220, S263, Denys Pereira, S181 Eduardo Felipe de Carvalho
Cyneraylly Lêba Saraiva Bessa, S273 Derik de Azevedo Quintas, Chaves, S89
S216 Danielle Nunes de Arruda, S218 S119, S152 Eduardo Fernandes Orioli
Cynthia de Oliveira Rego, S53, Daniellen Lins Lourenço, S139 Desiré Carlos Callegari, S99, Guimarães, S111
S117 Daniely Batista Prates, S140 S160 Eduardo Francisco Mafassioli
Danila Tomico Nakayama, Diassis Tobias França Junior, Corrêa, S265
S182, S272 S122 Eduardo Henrique Silva
D Danilo Dantas Cardoso Neiva Diego Abel Leite Sousa, S172 Bachião, S119, S215
Daiane Alves do Nascimento, Lemos, S4 Diego Boniatti Rigotti, S128, Eduardo Jorge Yamada, S265
S138, S216 Danilo Galati, S102 S275 Eduardo Kohls Toralles, S1
Daiane Aparecida Vilela de Danilo Martins Correia, S188 Diego Cezar de Oliveira Eduardo Lopes Machado, S199
Rezende, S95 Danuta Maria Duarte Bezerra Corrêa, S95, S234 Eduardo Luiz de Araujo Borges,
Daiane Malheiros Souza, S126, de Lima, S9 Diego Dalcamini Cabral de S235
S170 Dany William Taguchi, S28 Souza, S190 Eduardo Moreira Furtado Lima,
Daieni Fernandes, S274 Dário Humberto de Paiva, S267 Diego Ferreira Afonso Pereira, S211
Dalyane Karolyne Araújo de Daubernai Bonoso Monteiro S154 Eduardo Piccinini Viana, S3,
Vasconcelos, S205 Neto, S24 Diego Grando, S225 S135, S136, S212
Damaris S. Nassif, S139 Davi Bruxelas de Freitas, S268 Diego Munhoz Barrios, S162 Eduardo Silva Freire, S68
Daniel Borges Jacometto, S228 Davi Caetano Aguiar, S102 Diego Santa Rosa Santos, S153 Eduardo Toshiyuki Moro, S70,
Daniel Câmara de Rezende, Davi Jorge Fontoura Solla, S4 Diego Santos da Cruz, S235 S143
S265 David Costa de Souza Le Bihan, Diego Trindade de Almeida, Eduardo Vilela Borges dos
Daniel Cantidio, S21 S16 S73, S77 Santos, S119, S173
Daniel Claro de Amaral, S173 David Ferez, S44, S90, S151, Diego Viana de Mello, S143, Edvaldo Casoti Júnior, S29,
S172
Daniel Colman, S184 S241, S244 S50, S64
David Le Bihan, S153
Daniel Cordeiro da Silva, S34, Dijair Gomes de Pontes, S31 Eliana Cristina Murari Sudré,
David Nicoletti Gumieiro, S67
S75, S211 Diogo Barros Florenzano de S87, S159, S169, S182,
Dayane Gelenski, S14, S43
Daniel Cunha da Trindade, Sousa, S78, S127, S231 S205
Dayane Giostri Cardoso
S182 Diogo Moreira Garzedim dos Elias Varela Bechara, S53
Rampinelli, S57
Daniel Davi Guedes de Moura, Santos, S30, S164 Elidia Cristina Moraes das
Days Oliveira de Andrade, S8
S246 Diogo Rodrigues dos Santos, Chagas, S20
Dayse dos Santos de Almeida,
Daniel de Bem e Canto, S31 S78 Élio Ferreira de Oliveira Júnior,
S53, S63
Daniel de Carli, S29, S195 Dirce de Abreu, S122, S125, S119
Débhora Dayanne Tres, S8,
Daniel de Souza Gonçalves, S136 Eliomar Santana Trindade, S134
S20, S41, S83
S255, S261 Douglas Coelho Machado, S155 Elisa C. Figueiredo, S113
Debora Alves Aude, S11
Daniel Dongiu Kim, S84 Douglas Kaíque de Oliveira Elissa Carla Pinto Jaques, S9,
Débora Bonato, S62, S105
Daniel Espada Lahoz, S66 Lopes, S82, S118 S163
Débora Cristina Chevi da
Daniel Fernandes Viana, S135, Rocha, S238 Douglas Soares Pereira, S63 Elizabeth Milla Tambara, S140
S247 Débora de Oliveira Cumino, Elizangela de Abreu Brito, S190
Daniel Foinquinos de Melo, S264 Eloísa Bonetti Espada, S221
S266 Débora Jericó Almeida Martins, E Elton Pereira de Sá Barreto
Daniel Máximo Cunha Pinto, S212 E.Y. Sakamoto, S219, S230 Junior, S164
S176 Débora Oliveira de Souza, S72 Eber Ferreira Filho, S140 Emanuele Grizon da Costa, S42
Daniel Moreira Grazia da Silva, Débora Philippi Bressane, Edelton Flávio Morato, S166 Emeline Moura Lopes, S264
S65 S143, S177 Edgar Vieira do Nascimento, Emerson Alexandre Penteado
Daniel Nogueira Diniz, S43 Débora Pinheiro Leite, S96, S106 de Carvalho, S42
Daniel Ricahrd Martins, S155 S215 Edgar Yugue, S256 Emília Domanoski Nogueira,
Daniel Richard Martins Mota, Débora Santos Rodrigues, S141 Edison Luiz Almeida Tizzot, S223
S115 Débora Wanderley Passos, S196 S146 Emilio Carlos Del Massa, S40,
Daniel Schneider, S21 Deilana Azevedo Barbosa, S29 Edmar José Alves dos Santos, S112, S116, S174
Daniel Valente, S142 Demócrito Ribeiro de Brito S113 Emmanuel Victor Magalhães
Daniel Varoni Schneider, S71, Neto, S16, S33, S67, S86, Edmilson Barbosa Nogueira Nogueira, S55
S114, S137, S174, S252 S232 Neto, S51 Enéas Eduardo Sucharski, S11
Daniel Vieira de Queiroz, S63 Demóstenes Ferreira de Ednaldo da Silva, S208 Eneida Maria Vieira, S83, S162
Daniel Werneck Rocha Pessoa, Medeiros Neto, S198 Edno Magalhães, S13 Enis Donizetti Silva, S10, S93,
S27 Dener Augusto Diniz, S105 Edson Bulamarque Lopes Neto, S127, S148, S184, S226,
Daniela Agra de Castro, S70, Denis Santolin, S216 S8, S271 S248
S193 Denise Medeiros Pontes, S59, Edson Wander Xavier da Rocha, Erasmo Barbieri Simões, S32
Daniela Chinelato Marcelino, S185 S107, S177, S203 Éric Guimarães Machado, S162,
S73, S132, S200 Denise Zamprogno de Sousa, Eduardo Arbache Bezerra, S99 S234, S278
Daniela Costa Anastácio, S232 S105 Eduardo Barbin Zuccolotto, Érica Freitas Camelo, S9
Daniela de Andrade, S181, Denismar Borges de Miranda, S97, S157, S171, S204, Erick Freitas Curi, S87, S159,
S249 S5, S33, S100 S214 S169, S182, S205
Índice de Autores XLV

Érico Giachetta Gemignani, Fabrício Hiroshi Ozomo, S64 Fernanda Lourenço Furigo, Flávio Coelho da Silva, S76
S228 Fabrício Paulo Rossati, S14 S18, S21, S71, S114, S137, Flávio Elias Callil, S4, S258
Erika Duailibe Mascarenhas Fabrício Tavares Mendonça, S174, S252 Flávio Francisco Vitale Neto,
Fernandes, S148 S100, S212, S276 Fernanda Martins Loureiro, S75 S47
Erivelton Neiva Rodrigues, S43 Fabrício Tobias Duarte Fernanda Moreira Gomes Flávio Gurgel Paulino Murta,
Estanrley Barcelos Pinto, S144 Carneiro, S134 Mehlmann, S102, S218 S119, S152, S266
Estevan Rosseto de Souza, S50 Fátima Carneiro Fernandes, Fernanda Oliveira de Castro, Flávio Lobianco Vicente, S183
Estêvão Luiz Carvalho Braga, S73, S134, S149, S150, S185 Flávio Maia Castilho, S78, S98
S60, S110, S153, S195, S151, S159 Fernanda Paula Cavalcante, Flávio Rodrigues Figueiredo,
S255 Fátima Rosane de Almeida S8, S56, S92, S131 S124
Estevão Nobre Carrato, S182, Oliveira, S191 Fernanda Rebouças Botelho, Flávio Souza Melo, S147
S187, S253 Felícia Benevides Praxedes, S6, S57, S257 Flávio Takaoka, S11, S38, S225
Esthael Cristina Querido Avelar, S27, S33, S129 Fernanda Rondon Fonseca Flávio Willamis Ferreira Melo
S230 Felipe Almeida Ramos, S20 Pirangy, S39, S207 Junior, S250
Esther A. L. Ferreira, S139 Felipe BR, S193 Fernanda Sant Anna Bronca, Flora Margarida Barra
Esther Alessandra Rocha, S99, Felipe Bufaiçal Rassi Carneiro, S258 Bisinotto, S149, S150,
S137, S160, S188, S227 S70, S109, S126, S170, Fernanda Vilela Dias, S80 S159, S232, S247, S248
Ethyenne Lacerda Moreira, S186, S215 Fernando Aidar Gomes, S203 Florentino Fernandes Mendes,
S164 Felipe Coelho de Souza, S96, Fernando Cássio do Prado S120, S157, S199, S274
Eugenie Desirèe Rabelo Néri S197 Silva, S16, S33, S67, S69, Francielle Grivot Santa Helena,
Viana, S264 Felipe Colella de Barros, S34 S86, S91, S101, S125, S138, S120
Euler de Morais Albuquerque, Felipe de Oliveira Souza, S220 S195, S232, S239, S261 Francisco de Lucena Cabral
S83 Felipe Fregni, S243, S244 Fernando Corrêa, S165 Júnior, S48, S59, S69
Eurivaldo Valente de Brito, Felipe Guimarães Ribeiro, S99 Fernando David Goehler, S148, Francisco Diego Silva de Paiva,
S163 Felipe José Ferrer de Morais, S184 S23, S48, S102, S185, S271
Evelyn Holanda Vasconcelos, S18 Fernando de Carvalho Corrêa, Francisco Drummond Lima,
S78 Felipe Magalhães Dias, S138, S88, S168, S176, S213 S12, S81, S99, S210
Ewerton Villa Fonseca, S14, S207 Fernando Eduardo Féres Francisco Fritsch Machry Krum,
S43, S273 Felipe Milhazes Vicente, S165 Junqueira, S107 S141
Eyder Figueiredo Pinheiro, S40, Felipe Nobre Muniz, S9, S69 Fernando Furtado Sabaté, S188 Francisco Israel Araújo Costa,
S174 Felipe Pinheiro Bottrel, S54 Fernando Hernandes de S8, S92, S131
Felipe Robalinho Peçanha Pina Meneses, S80 Francisco Juarez Filho, S192
Rodrigues, S178 Fernando Martinez Sanchez, Francisco Morato Dias Abreu,
F Felipe Rodrigues Braz, S67, S47 S33, S195, S239, S261
F.A. Guadagnin, S219, S230 S69, S138 Fernando Martins Piratelo, Francisco Nilson Fernandes
F.K.P. Miranda, S245 Felipe Schaeffer Ramos, S190 S103, S184 Cardoso Filho, S234
Fabiana Mara Scarpelli de Lima Felipe Serrano Farias, S232 Fernando Mauro Carradore, Francisco Ricardo Marques
Alvarenga Caldeira, S232 Felipe Souza Thyrso de Lara, S114 Lobo, S8, S17, S20, S41,
Fabiana Vilarino Ribeiro, S227 S61, S73, S110, S171, S271 Fernando Mayer Ferreira do S45, S83
Fabiana Zarur Kornalewski, Felipe Toledo Quoos, S113 Nascimento, S228 Francisco Sávio Alves Arcanjo,
S36, S37 Felix Antônio Rocha Castillo, Fernando Pinho Leventhal, S202
Fabiano Soares Carneiro, S57, S119 S182 Francisco Tadeu Mota
S253 Fernanda Andrade Soares da Fernando Piratelo, S261 Albuquerque, S43
Fabiano Tadashi Shiohara, S103 Silva, S156 Fernando Rodrigues da Cunha Franklin Sarmento da Silva
Fábio Amaral Ribas, S19, S225 Fernanda B, S241 Araújo, S247 Braga, S107, S236
Fábio das Índias. S. Carvalho, Fernanda B. Fukushima, S244 Filipe de Alencar Matos, S5, Fred Assunção, S92
S252 Fernanda Bezerra de Mello S45, S138 Frederico de Souza Nogueira,
Fábio Di Paulo dos Santos Monte, S141, S237 Filipe de Azevedo Teixeira S270
Sousa, S192, S234 Fernanda Bono Fukushima, Reis, S88, S166, S228 Frederico Pessanha Pereira
Fabio dos Santos Cosso S143 Filipe Ferreira Alves Pinho, Nunes Junior, S77
Martins, S57 Fernanda Bortolanza S227 Frederico Resende Azevedo
Fábio Luis Ferrari Regatieri, Hernandes, S141 Filipe Lugon Moulin Lima, S49 Parreira, S6, S46
S18, S71, S114, S137, S174, Fernanda Bourroul Villela Flávia Aparecida Resende, S216 Fredi Andreolla, S157, S165,
S252 Pedras, S264 Flávia Augusta de Orange L. da S171
Fabio Maciel Rosa Pereira, Fernanda Burtet Eymael, S240 F. e Silva, S86
S104, S226 Fernanda Buttura Broetto, Flávia Lopes Delgado, S3
Fábio Paulino de Faria, S186 S209 Flávia Pelosi da Cruz Gouveia, G
Fabio Ranieri Angelim Barros, Fernanda Carvalho Maciel, S88 S161 Gabriel Augusto Oliveira, S114
S197 Fernanda de Faria Mariano, Flávia Vieira Guimarães Gabriel Cruz Tamiasso, S232
Fábio Regatieri, S21 S130, S265 Hartmann, S118, S119, Gabriel da Costa Mourad, S153
Fabricio Azevedo Cardoso, Fernanda dos Santos Oliveira, S161, S173, S215, S251, Gabriel Durso Caia a, S243
S22, S24 S76, S234 S258 Gabriel Elias Figueiredo, S99
Fabricio Batistella Zasso, S209 Fernanda Fischer, S104 Flávio Amim Abrahão, S77 Gabriel Faustino Sousa Soares,
Fabrício de Paula Leite Fernanda Fonseca Lopes, S149 Flávio Andrade de Avelar, S90, S257
Battisti, S90, S172 Fernanda Guirado, S195 S269 Gabriel Gondim Fonseca, S142
XLVI Índice de Autores

Gabriel José Redondano de Giordano Bruno Ribeiro Guilherme Portiolli Zocal, S49, Helivelton Rocha Azevedo,
Oliveira, S39, S48, S80, S98 Palmeira de Freitas, S152 S126, S132, S134, S206, S167, S231
Gabriel L F Chiozzo, S132 Giorgio Pretto, S5 S256 Hendrik Ranieri de Oliveira
Gabriel Luiz Figueiredo Giovana Barros e Silva Ribeiro, Guilherme Rocha Melo, S49, Carvalho, S130
Chiozzo Oliveira, S132 S79 S126, S134, S206, S256 Henrique Bicalho Rosa, S155,
Gabriel M da Silveira, S149 Gisela Ferraz Lopes, S53 Guilherme Saraiva Leal Lopes, S156, S250
Gabriel Magalhães Nunes Gisela Magnus, S140 S244 Henrique Bortot Zuppani, S163
Guimarães, S5, S13, S27, Gisele dos Santos, S146 Guilherme Souza Melo, S208, Henrique de Paiva Torres, S47
S33, S80, S107, S120, S129, Gisele Maria Siaulys, S276, S209 Henrique Fialho de Freitas,
S177, S203 S278 Guilherme Valle de Oliveira, S142
Gabriel Mendes Andraos, S267 Gisele Passos da Costa Gribel, S87, S159, S182 Henrique Iamashita Miake,
Gabriel Molinaro de Souza S53, S63, S158 Guilherme Vieira Cunha, S40 S100, S212, S236
Esperon, S161 Gisele Zapata Sudo, S192, S252 Guinther Giroldo Badessa, S34, Henrique Marques, S85
Gabriel Pires Alves, S209 Giselle Ioná Teixeira, S236 S41, S43, S102, S181, S198, Henrique Rocha Machado, S270
Gabriel Reis Di Tommaso, S174 Giuliana Graicer, S143 S201, S212, S213, S218, Henrique Viana Lyra, S182
Gabriel Soares de Sousa, S2, Giuliano Machado Danesi, S253 S224, S268 Henrique Wermelinger Garcia
S127 Gizelle de Lima Barbosa, S134, Gustavo Acioli Murta Torres, Toledo, S227
Gabriel Sprenger Dalla Stella, S172 S19, S155 Henrique Zechlinski Xavier de
S249 Glauber Gouvêa, S22, S73, Gustavo Araújo Cozer, S189 Freitas, S5, S45, S138
Gabriela Belladona, S85 S134, S183, S255 Gustavo Batocchio, S184 Herbert Bassi Ferreira Dias,
Gabriela Citron Vedana, S128 Glauber Rocha Peclat, S50, S64 Gustavo Carlos Heringer, S66 S161
Gabriela Denardi Sousa, S256 Gláucio Grégori Nunes Bomfá, Gustavo Carvalho Pugliesi, S77 Hercilio Ribeiro de Souza ,
Gabriela Ferreira Lima, S52 S90, S269 Gustavo Coser, S75 S102
Gabriela Leal Gravina, S1 Goretti Karine Bezerra Gustavo de Carvalho Pugliesi, Herlon Mendes da Silva, S89
Gabriela Leis do Espírito Santo Cantilino, S186 S76, S254 Hermann dos Santos
Azevedo, S131, S176 Gotardo Duarte Dumaresq, S273 Gustavo de Oliveira Arouca, Fernandes, S221
Gabriela Morais Reis, S144 Graziela Viana Magalhães, S277 S109, S194 Huana Christina Rosa Nogueira
Gabriela Pereira Molina, S234, Graziella Prianti Cunha, S230 Gustavo de Paula Tofani, S12, , S119, S173, S215
S250 Gualter Lisboa Ramalho, S18 S14, S15, S81 Hudson Felipe Arnou Alves,
Gabriela Pires dos Santos, S53 Guaracy Cavalcante de Gustavo Guimarães Torres, S63 S266
Gabriela Rocha Lauretti., S240 Albuquerque, S56 Gustavo Henrique de Abreu Hugo Eckener Dantas de
Gabriela Simioni Persh, S209 Guilherme A. M. de Barros, Caetano, S105, S117, S203 Pereira Cardoso, S21, S30,
Gabriela Soares Piassi, S39 S139 Gustavo Luchi Boos, S1 S51, S164, S168, S208
Gabriela Tognini Saba, S276, Guilherme Antonio Essado, Gustavo Marcinko, S44, S239 Hugo Eckener Dantas P.
S277, S278 S120 Gustavo Mendes de Sousa, S227 Cardoso, S119
Gabriela Villar e Silva, S238 Guilherme Antônio Moreira de Gustavo Michel da Cunha Cruz, Hugo Henrique Coutinho Lima,
Gabriele Samara Garcia da Barros, S143, S241, S244 S9, S163 S56, S95, S111
Silva, S264 Guilherme C. Montes, S192 Gustavo Oliveira Barros, S233 Hugo Leonardo Nogueira dos
Gabriella Aparecida Mulinari, Guilherme Camargo Thomé, Gustavo Rodrigues Costa Lages, Santos, S115
S103 S176 S155 Hyder Mattos Gurgel, S93
Gabriella Christiane Heuer Guilherme Campos Soares Gustavo Simões Barbosa, S179,
Guimarães, S19, S76, S155 Quintas, S270 S200
Gabriella de Sá Veras Pinto, Guilherme Castro Lobo F. dos Gustavo Tadeu Olivetti, S148 I
S174 Santos, S111 Gyanna Lis Vieira de Oliveira, I.R. Cardoso, S230
Gabriella Gadelha Sarmento, Guilherme Coelho Machado S221, S258 Iale Tarcyla Souza Parízio, S79,
S28 Nunes, S113, S158, S165 S205
Gabriella Graziani Pioli, S47 Guilherme da Rocha Lee, S134 Iana de Almeida Siqueira, S8
Geisa de Souza Oliveira Guilherme de Holanda Cota, H Iasmin Sindeaux Botinelly, S173
Campanati, S45 S228 Handel Meireles Borges Filho, Ícaro de Moura Sousa, S249
Gerardo Cristino de Menezes Guilherme de Oliveira Firmo, S267 Ícaro França Morais, S270
Neto, S202 S232 Hannelyze Wagner, S160 Ielli Lacerda Camilo, S215
Germana Medeiros Mendes, S48 Guilherme Gomes Oliveira, Harold Maluf Barretto, S35, Igor Bantim Barbosa, S134, S172
Germano Pinheiro Medeiros, S205 S199 Igor Neves Oliveira, S43
S59 Guilherme Haelvoet Correa, Haward Hideo Uoieno Iosto, Igor Pelinca Calado, S163
Getúlio Rodrigues de Oliveira S36, S144, S235, S268 S30, S255 Indara Mattei Dornelles, S16,
Filho, S109, S263 Guilherme Holck, S272 Hazem Adel Ashmawi, S221 S153
Gilberto Braulio, S112 Guilherme Koiti Santos Kasai, Heber de Moraes Penna, S267 Ingrid Caroline Baia de Souza,
Gildo Nunes Silva Neto, S135, S220 Hedicleber Pestana Severino, S13, S37, S162
S136, S212 Guilherme Lee, S150 S223 Iraci L.S. Torres, S244, S245
Gilmar Pereira Coan, S40 Guilherme Meirelles Leite R. Heitor Cunha Lima, S29 Isabel Cristina Shibuya, S234
Gilvan da Silva Figueiredo, S94 da Silva, S104, S113, S204, Helen Suzart de Siqueira, S111 Isabela Borges de Melo, S24,
Gilvandro Lins de Oliveira S214 Helena Araujo Damasceno, S143, S177, S239, S240,
Júnior, S145 Guilherme Moura, S2 S31, S54, S66 S254
Giordana Oliveira Rotella, S83, Guilherme Paulo Leite Neto, Helena Berriel, S74 Isabela da Costa Vallarelli,
S95, S204 S266 Hélio José Leal Silva Júnior, S9 S134, S200
Índice de Autores XLVII

Isabela Dantas Bezerra, S249, Jaqueline Rafaela Bernardes, João Rodrigo Baptista e Costa, José Mariano de Melo Cavaleiro
S250 S138, S216 S188 de Macêdo, S95
Isabela Scárdua Frizzera Jayme Marques dos Santos João Valverde Filho, S242 José Martins Sobrinho, S247
Gonçalves, S17, S20, S41, Neto, S86, S196 João Vinícius Alves Lameu, José Mateus Costa, S133
S83 Jean Abreu Machado, S14, S87, S139, S241 José Maurício Pereira Assef,
Isabella Dias Filogônio, S115 S273 João Vitor Uratani, S173 S136, S277
Isabella Neiva Liboreiro, S187 Jean Beltoso Sena, S38, S60 Joaquim Lucas de Castro, S251 Jose Mendes dos Santos, S168
Isis Soares Roberti, S47 Jeane Cesário Bpatista, S176 Joel Avancini Rocha Filho, S11 José Mendes Mesquita Neto,
Ismar Lima Cavalcanti, S110, Jeconias Neiva Lemos, S4 Joelmir Colman, S157 S164, S208
S153, S195, S255 Jeferson Trigueiro Neto, S89 Johnny da Silva, S71, S137 José Osiel de Almeida, S19,
Israel Lugli de Godoy, S39, S48, Jennifer de Melo Rocha, S69, Joice D. Segabinazi, S243 S76, S115, S155
S80, S241 S271 Joice Dayane Tavares, S73, José Roberto de Rezende
Ítalo Martins Formiga, S78 Jennifer Liste Domingues, S22 S110, S154, S205 Costa, S66
Ítalo Pires Gomes, S85 Jéssica de Bem Marques da Jonas Jorge Junior, S77, S144 José Tadeu dos Santos
Itamar Souza de Oliveira Silva, S75, S154 Joni Quadrio Guedes, S31, S35 Palmieri, S161, S251
Júnior, S44, S90 Jessica Kiyomi Nakamoto, Jônia Lindenberg Braga José Williams Muniz de
Iuri Eleuterio, S183, S261 S103, S114 Nóbrega, S237 Siqueira, S196
Ivan Almada Faria, S171 Jéssica Pereira Simões de Jordana Ferraro de Souza Joseana Taumaturgo Magalhães
Ivan Tomás Pereira, S248 Ataíde, S198 Pinto, S135 Falcão, S191
Ivandete Coelho Pereira Jéssica Tessaroli, S241, S244 Jorge Barrios Alarcon, S3 Josemberg Marins Campos,
Pimentel, S39, S207, S242, Jessyca Augusta Teixeira de Jorge Hamilton Soares Garcia, S109, S194
S259 Azevedo, S156, S188 S1, S26, S68, S260 Josenília Maria Alves Gomes,
Ivani Rodrigues Glass, S38, Joana de Almeida Figueiredo, Jorge Humberto Barreto Filho, S191, S264, S266
S41, S135 S35 S237 Josenilson da Silva Passos, S98
Ivoney Assad Villa Maior, S225 Joana Zulian Fiorentin, S26, Jorge Luigi Gomes Orso, S199, Josiani dos Santos Garcez, S56,
S28, S81, S147, S166, S169, S274 S131
Ivynny Caroline França de
S240 Jorge Taqueda Neto, S245
Oliveira, S82 Josie de Kátia Grizo Criscuolo
João Abrão, S223 José Admirço Lima Filho, S21,
Izabela Cardoso Garcia, S136 Miksche, S58
João Batista Garcia, S242 S30, S51, S119, S164, S208
Izabela Magalhães Campos, Josué Omena Barbosa Junior,
João Batista Santos Garcia, José Alcindo Gil, S64
S80, S130 S16
S148 José Augusto Buendia Melo,
Izabella Barbosa Reis, S112 Jovande Moreira de Freitas
João Francisco Volpe Junior, S204, S219, S272
Izabella Fernandes Feracini, Júnior, S222
S100, S161, S212, S236, José Caio dos Santos, S154
S3, S136 Joyce Mendes Soares, S59
S258, S276 José Carlos Braga Nitzsche,
Júlia Bernart, S44
João Gabriel de Castro Pereira, S104
Júlia Emília Nunes Pasa, S202
S159 José Carlos Canga, S139, S160,
J João Garcia, S205 S188
Julia Maria de Lima, S86
J.P.L. Alves, S245 Julia Maria Olsen, S7, S235
João Ghabriel do N. de Lucena José Carlos Corrêa da Cunha
Jabson dos Santos Ferreira, Julia Nery da Fonseca, S79
Gonçalves, S88, S168 Filho, S41, S43
S276 Juliana de Fatima Schmitt, S175
João Henrique Garcia Ricarte, José Carlos Rodrigues
Jaci Custódio Jorge, S175, S173 Nascimento, S6, S8, S9, Juliana Galavotti Barroso, S227
S179 João Henrique Zucco Viesi, S46, S48, S59, S102, S271 Juliana Martins Mota, S134
Jackson Davy da Costa Lemos, S16, S153 José Carlos Santos Júnior, S35, Juliana Mendonça Torres, S249
S13, S37, S162 João Hermínio Pessoa dos S199 Juliana Midori Ito, S160, S173
Jacqueline Pinto Ventorin, S47 Santos, S95, S117, S171, José de Jesus Peixoto Juliana Morini Bevilacqua, S143
Jaime da Mota Correa Junior, S219 Camargo, S225 Julianne Moreira, S14
S14 João José de Almeida José dos Santos, S35, S199 Julianne Moreira Belo Crolman,
Jaime Garcia Pinto, S168 Medeiros, S93 José Eduardo Ferraz do Amaral S237
Jaime João Jorge, S144 João Luis Melo de Farias, S191 Filho, S212 Juliano Antonio Aragão Bozza,
Jaime Weslei Sakamoto, S3, João Luiz Oyarzabal Giotti, S53 José Eduardo Guimarães S28, S48
S135, S136 João Manoel da Silva Junior, Pereira, S53, S63, S274 Juliano Farias Cordeiro, S9,
Jairo Alberto Dussán Sarria, S76, S105, S234 José Fernando Amaral Meletti, S106
S243a, S244, S245 João Nicolle Tupiná Nogueira, S29, S85, S256 Juliano Moisés Tobal, S167,
Jairo Libório Dourado Reis, S83 S269 José Fernando do Amaral S231
Jamile Liara Pedroni, S26 João Paulo Bezerra Leão, S189, Meletti, S195 Juliano Nunes Quineper, S221
Jamille Ferreira Leandro, S56, S205 José Gilmar Gomes Júnior, Juliano Teles de Vasconcelos,
S165, S263 João Paulo Jordão Pontes, S16, S109, S186, S215 S79
Janaina Siqueira Rosa, S103 S33, S69, S101, S138, S195, José Luiz de Campos, S241 Julio Adriano da Rocha
Jane Auxiliadora Amorim, S93, S232, S239, S261 José Luiz de Sousa Júnior, S105 Carvalho, S34, S75, S211
S106, S196, S197, S198, João Paulo Rios Alves, S202 José Luiz Gomes do Amaral, Julio Cezar M Brandão, S269
S224, S270 João Pedro Gonçalves Figueira, S44, S90, S172 Julio Cezar Mendes Brandão,
Jane da Silva , S166 S207 José Maria Corrêa da Silva, S250 S187, S247
Jansen Xavier Fernandes, S179 João Pedro Motta Lima, S12, José Maria Leal Gomes, S232 Julio Faller, S62, S65
Jaqueline Cobucci Monteiro S195 José Mariano de Melo Cavaleiro Julius Baranauskas, S174
Junqueira de Souza, S40 João Pedro Sant’ Anna de Macedo, S171, S204, Julival Mendes Alves Júnior,
Jaqueline Costa Reis, S66 Pinheiro, S141, S220 S234 S169, S205
XLVIII Índice de Autores

Junnyane Gasparine Oliveira L Leonam Nascimento Costa, Ligia dos Santos, S181
Silva, S29 L.C.A. Buzo, S219, S230 S208 Lígia Ferreira de Toledo, S241
Juscimar Carneiro Nunes, S34 Ladson Soares Mariano, S136, Leonardo Alves Araújo, S40 Lilian Cibele Pereira Gomes,
Jussara Gonçalves, S248 S212 Leonardo Ambrósio Toledo, S51
Jyrson Guilherme Klampt, S275 Laila Teixeira Musser, S255 S124 Lílian Eysink, S98
Laís Araújo Oliveira, S150 Leonardo Carneiro Marques, Lilian Satie Ykeizumi, S200
Laís Campos Bittencourt, S19, S30, S164 Lineu Casagrande Junior, S122
K S115 Leonardo Costa Soares Ferraz, Lira Olimpia Alves Faria, S125,
K.F. Malheiros, S245 Laís Constante Machado, S273 S221 S138, S195
Kamila Christine de Araujo, Lais Helena Navarro e Lima, S67 Leonardo de Freitas Lívia Berti Ramos, S74
S258 Laís Hiroko Matsumoto, S32 Nascimento, S10, S93, S248 Lívia Gaspar Tosato, S65
Kamila Kattan, S30, S255 Lais Martins Lucas de Oliveira, Leonardo de Magalhães Lívia Martins Santos, S145
Kamila Vieira de Oliveira, S39, S228 Machado N. Baptista, S96 Lívia Pereira Miranda Prado, S8
S147, S207, S242 Lalucha Mazzucchetti, S87 Leonardo Diniz Corrêa Pinto, Lívia Pires Peixoto, S165, S168
Karen Adriana Campos Lara Clemente Paulino Ferreira S218, S246 Lorena Coutinho Ramos Gevú
Pastorio, S260 e Silva, S124 Leonardo do Valle Souza Barcelos, S131, S176
Karen Amaral Faria, S88, S108, Larissa Balmas Barbieri, S229 Vasconcelos, S161 Lorena Jrege Arantes, S82
S121, S166, S228, S262 Larissa Fernanda Coêlho dos Leonardo Ferrazzo, S97, S171 Lorena Karla de Oliveira Costa,
Karen Barros Parron Santos, S18 Leonardo Giovani de Jesus, S64 S226
Fernandes, S141, S220 Larissa Goveia Moreira, S120 Leonardo Goldbarg, S104 Lorena Mendes de Carvalho
Káren Brandão de Barros, Larissa Magalhães Lopes, S129, Leonardo Henrique Castanheira Lucio, S264
S265 S218, S229, S246 Frade, S99 Lorena Serpa Brandão, S210
Karen Carneiro Sene, S159 Larissa Russano Ribeiro, S219 Leonardo Henrique Cunha Lorena Vanni Reali, S175
Karen Cristina Coimbra Ishii, Larissa Sales de Vasconcelos Ferraro, S230 Louise Farias Brito, S75, S201
S115 Oliveira, S111, S121 Leonardo Homem de Faria Lourenza Giovani Fonseca, S29
Karen Santos Braghiroli, S251 Larissa Salles Ottoboni, S103 Martins, S118 Luana Machado Grebos, S35
Karina Biavatti, S112 Larissa Sokol Rotta, S125, Leonardo José Scarton Luana Magalhães Bernardo,
Karina Merlotti Mayor, S29 S136, S222, S277 Forgiarini, S157 S130, S265
Karina Seixas Garcia, S23, S74 Laura Bisinotto Martins, S150 Leonardo José Vieira, S176 Luana Nobre de Abreu
Karina Serejo Ferreira Laura Martins Giraldi, S87 Leonardo Linhares Brollo, S14, Carvalho, S201
Mocarzel, S197 Lauro d’Avila Silveira Barreto, S273 Luana Stutz, S36, S101, S188
Karine Aparecida Pecharki, S38, S51, S108, S245 Leonardo Luiz de Souza, S42 Lucas Araújo Borges de Moura,
S181, S249 Lauro João Provin de Miranda, Leonardo Neves Santana, S76, S100
Karla Regina Gonçalves da S239 S115 Lucas Araújo Soares, S66
Rocha, S108 Lavínia Dantas Cardoso Neiva Leonardo Queiroz de Freitas, Lucas Bartholomeu Campos
Karlene Aguiar Lamberg, S266 Lemos, S4 S224 Barra, S158
Karoline Domingos Chiari, S267 Layana Vieira Nobre, S240, Leonel dos Santos Pereira, Lucas Daniel Ribeiro de C.
Karolynne Myrelly O.B. S254 S150 Salustiano, S20
Figueiredo Saboia, S49, Layla Melize Santos Menezes, Leopoldo Gonzales, S46, S206 Lucas Esteves Dohler, S11, S221
S73, S200 S250 Leopoldo Muniz da Silva, S5 Lucas Fernandes da Silva, S18,
Karolynne Myrelly Oliveira Lays Ignacia Altoé Lopes, S58 Leopoldo Palheta Gonzalez, S252
Bezerra de Figueiredo Leandro Alvino Melo de Lima, S178 Lucas Giurizatto Rodrigues,
Saboia, S134, S145, S256 S106 Leticia Akemi Simamura, S173 S90, S124
Kate Millena Ferreira Barbosa, Leandro Bernardes, S275 Letícia Aparecida Ferreira, Lucas Guimarães Ferreira
S196 Leandro Cardoso de Lima, S57 S73, S132, S145, S200 Fonseca, S221
Katia Magdaleno Mendonça, Leandro Carvalho Longo, S12, Letícia Bulhões Guimarães, S51 Lucas Guizilini Ferreira, S20
S277 S256 Letícia C. Cardoso Fontes dos Lucas Hemétrio Lazarini, S86,
Kauê Silva Rossetto, S49, S126, Leandro Cotrim, S52, S62 Santos, S108, S121 S185
S206 Leandro Crisculo Miksche, Letícia Dalla Vecchia Grassi, Lucas Reis Rosa, S174
Kelson Sousa Jacobina, S7, S157, S171 S67 Lucas Rodrigues de Castro,
S11, S32, S38, S100, S133, Leandro Criscuolo Miksche, Letícia de Aguiar Costa, S235 S55, S57
S201, S235, S269 S97, S113, S165, S193, Letícia Hellen Basso, S169 Lucas Tonini Vieira, S190
Keyla Adriana Gadelha Dias S204, S214 Letícia Maria Vaz dos Santos, Lucas Valente de Brito
Martins, S83 Leandro da Conceição Aquino, S258 Oliveira, S203
Kim Baminger Oliveira, S20 S178 Letícia Moreira Flores Lucas Wanderley Lima, S106,
Kimie Correia Konishi, S134, Leandro de Carvalho Lixa, S23, Machado, S180 S270
S172 S74, S227 Letícia Uzeika, S141 Lucia C S Correa, S98
Klaus Zanuncio Protil, S207, Leandro Gobbo Braz, S11, Leusi Magda Romano Andraus, Lúcia Caroline Schons Corrêa,
S250 S251, S264, S274 S249 S132
Klayne Moura Teixeira de Leandro José Fonseca Miranda Lia Cavalcante Cezar, S8 Luciana Andrade Rezende, S265
Souza, S212, S268 Ribeiro, S72, S183 Liandra Felix Fontes, S141 Luciana C Antunes, S243
Kleber Jordão de Souza, S68, Leandro Mereb da Oliveira, Licia Martins Lima, S29 Luciana Cadore Stefani, S2,
S151 S152 Liége Caroline Immich, S199 S180, S202, S253
Kyle Roberto Coelho Junio, Leandro Zamprogno da Ligia Andrade da Silva Telles Luciana Cavalcanti Lima, S79,
S138, S257 Silveira, S171, S217 Mathias, S257, S264, S268 S83
Índice de Autores XLIX

Luciana da Silva de Armond, Luiz Fernando Amancio Pereira Manuela Bezerril Cipião Marcelo Souza Xavier, S68
S34 de Oliveira, S138, S192 Fernandes, S8 Marcelo Sperandio Ramos,
Luciana Dal Prá de Franceschi, Luiz Fernando dos Reis Falcão, Manuela Campelo Carvalhal, S188, S194
S169 S34, S41, S43, S44, S90, S67, S251 Marcelo Stuchi Pedott, S233
Luciana Dantas Bastos Frango S102, S172, S181, S198, Manuela Danielski Niehues, S43 Marcelo Teixeira dos Santos,
de Oliveira, S141 S201, S212, S213, S218, Mara Lilian Périco Jordão, S60 S123, S134
Luciana De Armond, S46 S224, S262, S268 Marcel Brandolise Takagi, S193 Marcelo Vaz Perez, S142, S146
Luciana de Souza Cota Luiz Fernando Soares, S1 Marcela Aparecida Corrêa Márcia Adriana Dias M.
Carvalho Laurentys, S66 Luiz Guilherme Villares da Martins, S90 Moreira, S78, S79, S145
Luciana Eltz, S183, S275 Costa, S7, S11, S32, S38, Marcela Gomes de Melo Lima Márcia Adriana Dias Meirelles
Luciana Evangelista Rosa S60, S100, S133, S201, Reis, S233 Moreira, S210
Moreira, S107 S225, S269 Marcela Lopes de Oliveira, S57 Márcia Aparecida Tedesco, S99,
Luciana Maria de Barros Carlos, Luiz Gustavo de Menezes Marcela Pereira de Souza S160
S263 Rodrigues, S91, S101, S195, Leite, S14 Marcia da Silveira Charneca
Luciana Paula Cadore Stefani, S261 Marcela Rangel Mariz, S144 Vaz, S57
S1, S141, S183, S244, S245, Luiz Gustavo Mondelli de Marcela Rodrigues Santos do Marcílio Batista Pimenta, S104
S275 Andrade, S5 Nascimento, S257 Marcio Cardoso Krambek, S36
Luciana Valente, S167 Luiz Gustavo Orlandi de Sousa, Marcele Morais Dorneles, S85 Márcio Carneiro Vieira, S57,
Luciane Bonella, S29 S10, S15, S91 Marcelio Flavio Piccolo de S142, S149, S150, S151,
Luciano Alves Matias da Luiz Gustavo Santiago Rocha, Farias, S152, S264 S159, S192
Silveira, S149, S150, S159, S94, S188 Marcella Carmem Silva Márcio da Silva Alves, S158
S247, S248 Luiz Gustavo Vecchio Salomom Reginaldo, S130, S156, Márcio de Pinho Martins, S88,
Luciano Franklin Seixas, S100 Gouveia, S216, S226 S187 S165, S168, S176, S213
Lucila Annie Baldiotti Farias, Luiz Henrique Christensen F. C. Marcella Martins Bellini, S167 Márcio de Sá Faleiros, S229
S122 Bendlin, S149 Marcello Fonseca Salgado Marcio Lopes Miranda, S78
Luis Antônio Borges, S28, S29, Luiz Henrique Costa, S23 Filho, S14, S237, S270 Márcio Matsumoto, S242
S31, S35, S98, S186 Luiz Marciano Cangiani, S167 Marcello Sias Frattani, S36, Márcio Placedino Martins, S66,
Luís Carlos Crepaldi Júnior, Luiz Paulo Pereira Prado, S2 S101 S138, S155
S276 Luiz Paulo Villela Vieira, S124 Marcelo Antunes, S223, S240, Márcio Rahel Farias Guimarães,
Luís Cláudio de Araújo Ladeira, Luiz Roberto Morais de Meira, S254 S120
S5, S33, S80 S33, S86, S138 Marcelo Arent Longo, S263 Marcius Vinicius Mulatinho
Luis Eduardo Rias Cardoso, Luiz Ximenes Júnior, S211 Marcelo Biaggio Solano, S108 Maranhão, S16, S198
S192 Luiza Alexi Freitas, S2 Marcelo Bueno Ferreira, S66, Marco Antônio Cardoso de
Luis Felipe Guimarães Ribeiro, Luiza Macedo Poleza, S145 S189 Resende, S131, S176
S129, S210 Luiza Serra, S128 Marcelo Cabral de Lucena, Marco Antônio Dias Jogaib, S156
Luis Fernando Lopes, S238 Luna de Carvalho Almeida, S94 S276 Marco Antônio Marchetti
Luís Fernando Rodrigues Maria, Lybia Silvani, S31 Marcelo Camargo Costa Faria, Calônego, S241
S144 S90 Marco Aurelio Damasceno
Luis Henrique Cangiani, S78, Marcelo Carneiro da Silva, S94, Silva, S161
S98, S231 M S156 Marco Túlio Froes Duarte, S66
Luis Paulo Araújo Mesquita, M.A. Moreira, S245 Marcelo de Oliveira, S252 Marcos Antonio Costa de
S53, S117, S219, S272 M.F.C. Nercolini, S219, S230 Marcelo de Paula Passos, S66 Albuquerque, S38, S41,
Luis Paulo Mesquita, S97 Magda Lourenço Fernandes, Marcelo Fonseca Medeiros, S108, S135, S245, S247,
Luis Vicente Garcia, S177, S214 S267 S269
S239, S275 Magno Moraes Queiroz, S88 Marcelo Gustavo Angeletti, S2, Marcos Daniel de Faria, S6,
Luisa Borges Ribas, S133 Maia Nogueira Crown S112, S202 S170, S187
Luísa da Cunha Gobbo, S73, Guimarães, S10, S14, S174, Marcelo Henrique Gomes Marcos Dias da Silva, S31, S84
S145, S206 S248 Nunes, S12, S29 Marcos Eyder Leite Fragoso,
Luísa Domingues Aguiar Mailson Roberto da Cruz, S53 Marcelo Jennè Mimica, S268 S41, S108, S245, S269
Marinho, S199 Maíra Bagodi Batista da Silva, Marcelo Kenji Lima Nishina, Marcos Gonçalves Magalhães,
Luiz Alberto Bouzas Regueira, S84 S18 S234
S164 Maíra Cota Torres, S156 Marcelo Miguel Brito de Marcos Guedes Miranda Junior,
Luiz Antonio de Moraes, S122, Maíra Fernandes Gonçales, Oliveira, S34, S75, S211 S135
S124, S222, S277 S241, S264 Marcelo Negrão Lutti, S167 Marcos Lazaro Loureiro, S1
Luiz Antonio de Moraes, S46 Maisa Carla Campos, S145 Marcelo Neves Silva, S59 Marcos Leal Brioschi, S184
Luiz Carlos Bastos Salles, S278 Maize Cordeiro de Melo Marina Marcelo Otto, S85 Marcos Leonardo Rocha, S105
Luiz Cesar Anzoategui, S91 Ayres Delgado, S116 Marcelo Pandol Caliman, S155 Marcos Tadeu Parron
Luiz de França Maia e Silva Maize Cordeiro de Melo, S57, Marcelo Pena Moreira de Fernandes, S141, S220
Filho, S224 S211 Oliveira, S88, S108, S121, Marcos Vinicius Calveli C.
Luiz Felipe de Souza Tiburzio Manoel Claudio Azevedo S166, S228, S262 Ferreira, S271
Megale, S73, S167 Patrocínio, S180, S220 Marcelo Ribeiro de Magalhães Marcus Meyer, S102
Luiz Felippe Carvalho Manoela Merolillo Marimon, Queiroz, S18, S71, S114, Marcus Roberto de Azevedo
Guerreiro, S71, S233 S175, S225 S137, S174, S252 Malaquias, S188
Luiz Fernando Amancio P. de Manuel Gouvêa Otero Y. Marcelo Ribeiro Magalhães Marcus Vinicius Figueiredo
Oliveira, S155 Gomez, S58 Queiroz, S21 Lourenço, S201, S269
L Índice de Autores

Marcus Vinicius Miguez Mariana Tonon Rosa, S47 Mateus Meira Vasconcelos, S16, Mônica Lima Lopes Ranzeiro,
Oliveira, S238 Mariana Viana Pinheiro, S9 S91, S101, S232 S255
Margarete Manhães Trachez, Mariana Volpe Arnoni, S268 Mateus Moreira Antunes, S17 Mônica Maria Siaulys, S235
S252 Mariane Molina Rodrigues de Matheus de Bastos C. Soares Mônica Moraes Ferreira, S202,
Maria Adelaide Bezerra Oliveira, S262 Hungria, S251 S253
Barbosa, S197 Marianne Badessa, S34 Matheus Leandro Lana Diniz, Monica Robles Gonçalves, S278
Maria Amélia Neves, S80 Marielli Conde Dias, S174 S11, S55, S170, S182 Monik Gonçalves Vilela, S269
Maria Angela Tardelli, S127 Marília Aquini Zamprogna, S231 Matheus Nilton Bernardi do Monique Caribé Brasileiro
Maria Angélica Abrão, S149 Marília Araújo Pereira Garcia, Prado, S68 Mattos, S171
Maria Beatriz Assumpção S186 Matheus Rocha Fagundes, Mozer da Silva Campos, S72,
Mourão, S130, S207 Marilia da Silva Faria de S115, S250 S206
Maria Célia Costa, S75 Macedo, S62, S132, S133, Matheus Swarovsky Figueira, Muriel Pires e Silva, S70, S193
Maria Celia Ferreira da Costa, S167 S32 Murilo Moreira Thom, S143,
S82, S118 Marília do Carmo Dalbeto, S46, Matheus Valejo Peixoto, S32 S151, S221
Maria Cristina Smania, S84 S90 Matheus Viana Lemo, S258
Maria da Graça Tarragó, S244 Marília Moreira de Melo Silva, Mauren Cantarelli Noal, S71,
Maria das Graças P.R. S126, S170 S213 N
Fontenelle, S73 Marília Pinheiro Módolo, S151, Mauren Matiazo Pinhatti, S180 Nádia Maria da Conceição
Maria de Lourdes de Almeida S152 Maurício Ceccon, S26 Duarte, S109, S186, S194
P.M. Marques, S78 Marilia Regina Camelo, S135 Mauricio do Amaral Neto, S198, Naiana Melo de Aragão
Maria Eduarda Angelo de Marilio Jose Flach, S85 S201, S212, S213 Ximenes, S118, S122
Mendonça Fileti, S87 Marilman Maciel Benício Zan, Maurício Miranda Ribeiro, S68 Naira Emy Oliveira Taketomi,
Maria Fernanda Braggion S111, S121, S273 Maurício Sperotto Ceccon, S1, S61
Santos, S275 Mariluce Peixoto Santos, S172 S68 Narla Karine Galindo de
Maria José Carvalho Carmona, Marina Amato Defelippe, S237 Mauricio Vittorello, S265 Albuquerque, S196
S34, S258, S276, S277, Marina Augusto Neves, S218, Mauro da Cruz Assad Monteiro, Natália de Carvalho Portela,
S278 S229 S222, S277 S111, S165, S180
Maria José Nascimento Marina Ayres Delgado, S182, Mauro Henrique Junior, S84, Natália Dolavale Mayworm, S37
Brandão, S49 S211 S257 Natália Luma Gomes, S137,
Maria Letícia Diniz Salvador de Marina Bishop Brito Rebellato, Max Naves Lemes, S56 S160, S194
Carvalho, S30 S103, S184, S261 Mayara Francy Pereira Nunes, Natália Pereira Bernardes, S37
Maria Manuela Martins Rolim Marina Carvalho de Gusmão S112 Natália Tozzi Marques, S28
, S56 Pereira, S82, S118 Mayara Galante Negri, S3 Natália Vieira, S50, S64
Maria Moreno Braga, S82 Marina de Andrade Lima Maycon Luiz Silva Oliveira, Natasha Mendes Rocha de
Maria Tereza Evangelista Arcoverde Areias, S186, S114 Faria, S140
Schoeller, S147 S194, S252 Meirelles Barros Lima, S41, Nathalia BR, S193
Mariah Fontes de F.Brito Marina Ferreira Guimarães, S80 S247 Nathalia Bufaiçal Rassi
Colnago Soares, S174 Marina Minari, S92 Melina Petry de Oliveira Souza, Carneiro, S109, S126,
Mariah Fontes de Faria Brito Marina Pacheco Rosa, S137 S175 S170, S186, S215
Colnago Soares, S61 Marina Silva Junqueira, S4 Mewryane Câmara Brandão Nathalia Campos Schimidt,
Mariana Akashi Miranda, S90 Mário Carlos Alves Ribeiro, S66 Ramos, S39 S115, S130, S155
Mariana Andrade Lopes Mario Cesar Pereira da Silva, Michelle Nogueira Nascimento, Nathalia de Almeida Mastache,
Mendonça, S247 S240 S212 S178
Mariana Bucci Sanches, S242 Mario de Nazaré Fascio, S95, Miguel Antonio Teixeira Nathália dos Santos Lins, S106,
Mariana Carla Porto Cabral, S111 Ferreira, S70 S163
S55 Mário de Nazareth Chaves Milena Candido Pantaleão, Nathália Fagundes de Freitas
Mariana Dacaro, S28, S241 Fascio, S217 S125 Freire, S229
Mariana de Oliveira Alencar Mário Henrique Almeida de Mili Freire Almeida Nascimento, Nathalia Magalhães Fonseca,
Queiroz, S72 Assis, S96, S215 S23, S42, S49, S64 S12, S81
Mariana Fagundes Gonçalves, Mário Henrique Oliveira Miller Fazoli Lambert, S143 Nathalia Rodrigues Gontijo de
S249 Santos, S121, S180 Milton Favarato Loureiro, S190 Andrade, S99, S210
Mariana Fukui Frechette, S92 Mário Nazareth Chaves Fáscio, Milton Halyson Benevides de Nathália Vasconcelos Ciotto,
Mariana G. Braz, S264 S105, S272 Freitas, S82 S214
Mariana Gobbo Braz, S251 Mário Pereira Coutinho Júnior, Mirian Gomes Barcelos, S65 Nathan da Cunha Costa, S219
Mariana Gomes Rajão Santiago, S26r, S59, S75 Mirlane Guimarães de Melo Nayara de Oliveira Campos,
S14, S15 Marize do Socorro Vulcão Leão, Cardoso, S39, S147, S242 S37
Mariana Marques Albuquerque S253 Mirna Nucci Dertadian Rocha Nayara Hott dos Santos, S272
Teixeira, S9 Marllon Lanzuerksy Romio Prado, S181 Nayara M. de Arruda, S264
Mariana Nazario, S181 Brandão Barros, S31, S32, Moisés Freitas Neves, S143, Nayron Fernando Oliveira
Mariana Pessoa Diniz, S87 S35, S186, S199 S177, S239, S254 Rodrigues, S277
Mariana Reines Bevilaqua Marta Eugenia Alcici, S218 Mônica Braga da Cunha Gobbo, Nazel Oliveira Filho, S89
Sullavan, S6, S170, S207 Marta Maria Costa Freitas, S49, S73, S126, S132, S134, Nelson Davi Bolzani, S186
Mariana Rodrigues Potting, S266 S145, S200, S206, S256 Nely Marjollie Guanabara
S238, S260 Masashi Munechika, S44, S90, Mônica Lais Vendruscolo, S103, Teixeira, S46, S102, S165
Mariana Salles dos Santos, S255 S172 S114 Ney Bianchini, S43
Índice de Autores LI

Nicolau Viana de Araújo, S95, Patricia Silva Braga, S270 Pedro Ferro Lima Menezes, Rafael dos Santos, S77, S144
S226 Patrícia Wajnberg Gamermann, S249 Rafael Drabik Guimarães, S114
Nicoly de Souza Lima Barberio, S2, S112, S180, S253 Pedro Filipe de Vasconcelos Rafael Eugênio Montezzo, S24
S108, S166, S228 Patrick Augusto Gama Lima de Pessanha, S222 Rafael José Nalio Grossi, S148,
Nikole Albuquerque Diniz, S124 Oliveira, S88, S165, S168, Pedro Francisco Brandão, S190 S184, S226, S242
Nilson de Camargos Roso, S248 S176, S213 Pedro Hahn Monteiro de Souza, Rafael Klein Gomes, S157
Nilvan de Oliveira Junior, S107 Patrízia Santos Sousa, S94, S42 Rafael L Kader, S149
Nivaldo Ribeiro Villela, S142 S168 Pedro Henrique Araripe de Rafael Lucena Landim, S201
Norival Alves Spineti, S200, Paula Benedetti de Camargo, Paula Fonseca, S123 Rafael Mercante Linhares,
S221 S175 Pedro Henrique Magalhães S141, S182, S208, S229,
Norma S. P. Módolo, S139 Paula Chaves de Campos, S31 Lima, S129 S237, S272, S278
Norma Sueli Pinheiro Modolo, Paula Cristina Barros de Matos, Pedro Henrique Nogueira Lôbo, Rafael Miranda da Costa, S236
S4, S11, S151, S152, S221, S10, S225 S254 Rafael Mohr Limberger, S1
S223 Paula Cristina Leitão de Pedro Henrique Sirotheau Rafael Oliveira Telles, S144
Núbia Campos Faria Isoni, S27 Assunção, S113 Correa Alves, S150 Rafael Pereira Cezar Zamper,
Nubia Rodrigues Batista, S69, Paula Daiane Silva de Souza, Pedro Ivo de Oliveira Gouveia, S11
S91, S125, S261 S264 S23 Rafael Peterson Soares Santos,
Núbia Verçosa Figueirêdo, S60, Paula de Siqueira Ramos, S80 Pedro Luiz Ferreira, S143, S56
S153, S195, S255 Paula Fialho Saraiva Salgado, S240, S254, S275 Rafael Piccolo Dórea, S208
S37 Pedro Marcos Silva e Rafael Queiroz Araujo, S102,
Paula Foresti Faria, S154 Gonçalves, S246 S181
O Paula Marsico P da Silva, S151 Pedro Maurício Quintino, S216 Rafael Reis Di Tommaso, S174
Octacílio Prata Calixto, S29, Paula Moreira Yegros, S42 Pedro Paulo Guimarães Rafael Takamitsu Romero, S38
S64 Paula Rios Gomes, S4 Hartmann, S173, S251 Rafael Teixeira dos Santos ,
Onésimo Duarte Ribeiro Júnior, Paula Saraiva Aragão da Mata, Pedro Paulo Kimachi, S78, S217, S243
S227 S123 S127, S226, S231 Rafael Vasconcellos de Mattos,
Onofre Eduardo Carvalho de Paula Veriato Zenaide, S21, Pedro Reina Magalhães, S272 S153, S195
Oliveira, S94 S51 Pedro Velloso Margarido, S107 Rafael Villela Silva Derré
Orlando Domingues de Araújo Pauline Elias Josende, S112, Pedro Victor dos Santos Moura, Torres, S179, S236, S243,
Pontes, S98 S183 S207, S211 S259
Oscar César Pires, S232 Paulo Alcantara Aguiar, S179 Pedro Victor Martins Rafaela Brasil e Silva Nunes,
Otavio Berwanger, S275 Paulo Alipio Germano Filho, Vasconcelos, S146 S46, S206
Otávio Damázio Filho, S93, S60, S110, S195, S255 Petrus Albuquerque Mereb de Rafaela Claudino de Freitas,
S106, S196, S197, S270 Paulo Antonio de Mattos Medeiros, S233 S29, S50, S64
Otávio Vilela de Figueiredo, Gouvêa, S87, S159, S169, Poliana Karolina Splendor, S216 Rafaela de Oliveira
S29 S182, S205 Priscila Arapiraca Camargo, Vasconcelos, S93
Ozita Lamara Lobo Ferreira, Paulo Antonio Machado da Silva S186 Rafaela Feitosa Anselmi, S13
S56 Lima, S271 Priscila de Amorim Miranda dos Rafaela Rodrigues Calado, S72
Paulo César de Abreu Sales, Santos, S22 Rafaela Souto e Souza, S6, S116
S117, S203 Priscila Evaristo de Carvalho, Rafaella Campanholo
P Paulo Cezar Pires Martins S16 Gradinete, S10
P.T.A.C. Neto, S245 Junior, S110 Priscila Gomes Dantas, S122 Rafaella Pellicciotti Souza, S37
Pablo Borges de Abreu, S227 Paulo do Nascimento Júnior, Priscila Jalfim Lumba, S197 Raimundo Afonso Nascimento
Pamela Soares Correa, S74 S11, S151, S152, S221 Priscila Pinto Máximo Balieiro, Ramos Junior, S266
Paola Fernandez Santos Paulo Gabriel Brandão, S206 S200, S221 Raimundo Júnior Prado de
Viniegra, S229 Paulo José Carvalho Pedrosa, Priscilla Martinelli, S180 Oliveira, S102
Paolo Regaiolli, S194 S192 Priscilla Ribeiro Marques Raimundo Martins Gomes
Patricia Batista Matos, S116, Paulo Junior Ribeiro Garcia, S50 Monteiro, S178, S207, Junior, S8
S130, S211 Paulo Max Gonzaga Oliveira, S242, S259 Raimundo Nonato Filho, S109,
Patrícia Constantini Kreling, S168 Priscilla Teixeira Costa, S89 S215
S103, S184, S261 Paulo Petrov, S128 Raisa Melo Souza, S7
Patrícia Cristina Atihe, S47 Paulo Ricardo Rabello de Randy Neblett, S245
Patrícia de Fátima Zanata Macedo Costa, S82 Q Raniere Nobre Fonseca, S196
Ribeiro Alves Gonçalves, Paulo Roberto de Alcântara Quesia Coriolano Macedo, S202 Raôni Bins Pereira, S138
S10 Aguiar, S200 Raphael Augusto Cezar Galvão,
Patricia França Kalache Paulo Sérgio Mateus Marcelino S189, S205
Barreto, S160 Serzedo, S97, S113, S157, R Raphael de Freitas Silva, S60,
Patrícia Lopes Gabriel, S96, S158, S165, S171, S193, R.Y. Casado, S219 S100, S201
S267 S204, S214 Rafael Amorim Ribeiro, S41, Raphael Rabelo de Mello
Patrícia Melgaço de Alencar Pedro Alexandre A.G.L. S43 Penholati, S27, S197
Arraes, S12 Loureiro, S261 Rafael C Franco, S149, S151 Raphael Romie de Oliveira,
Patricia Pinheiro de Toledo Pedro Brito de Oliveira Junior, Rafael Cerqueira Oliveira, S38, S253
Werneck, S35, S75, S131, S25, S168 S108, S245 Raphael Silva Bonelle, S58
S154 Pedro Celeste Valadares, S232 Rafael Coelho Tiburcio, S34 Raphaella Amanda M.L.
Patricia Sena, S98 Pedro Faria de Oliveira, S58 Rafael Costa Batista, S94 Fernandes, S86, S196, S222
LII Índice de Autores

Raphaella Amanda Maria Leite Ressala Castro Souza, S155 Rodolfo da Silva Queiroz, S273 Roseny dos Reis Rodrigues,
Fernandes, S55 Ricardo Almeida de Azevedo, Rodolfo de Pinho Paes Barreto, S258
Raquel Araújo Parente, S106 S21, S25, S30, S51, S119, S81, S107, S169 Rossana SantAnna de Melo
Raquel Augusta Monteiro de S164, S168, S208 Rodolfo Luciano Cecilio Filho, Lins, S52, S93, S252
Castro, S27, S34, S197, Ricardo Coradini Abdala, S85 S177, S203 Rúbia Garcia Dusi, S258
S267 Ricardo Felipe Lima Andrade Rodolfo Ragnolli Perez, S58 Ruy Leite de Melo Lins Filho,
Raquel de Souza Ferraz dos Valadares, S115 Rodrigo Alvares Paiva Macedo, S52, S186
Santos, S145 Ricardo Gonçalves da Rocha S62
Raquel Maisa Gonçalves, S248 Junior, S255 Rodrigo Bernardes de Oliveira,
Raquel Marina Gobbi de Ricardo Heber Pinto Lima, S229 S12, S14, S15, S81, S130 S
Oliveira, S228 Ricardo Pinto Lobato Lopes, Rodrigo Carneiro Martiniano, S.B. Duarte , S230
Raul Silva Quirino, S276 S50, S64 S186 S.V.S. Oliveira, S245
Rayanne Mendes Guerra, S79, Ricardo Ribeiro Fenato, S239 Rodrigo Cavalcante Carlos de Sabrina de Souza Ramos, S98,
S145 Ricardo Shigueo Iquejiri, S74 Carvalho, S109, S215 S167, S231
Rebeca Florence Portaro Blum, Ricardo Souto Rebelo, S219 Rodrigo de Andrade Cunha, Sabrina Drago Vlassis, S274
S37 Ricardo Zanlorenzi, S34, S198, S106 Sadi Schio, S225
Regiane Xavier Dias, S2 S201, S212, S213, S224, Rodrigo de Lima e Souza, S40, Samantha Ceccon Camargo de
Regina Paolucci El Dib, S274 S268 S43, S90 Castro, S63
Reginaldo Tavares Virgínio Richelane da Costa Reis Leite, Rodrigo dos Reis Ferreira, S178 Samira Almeida Maia, S169
Filho, S61 S148 Rodrigo Dutra Porto, S54 Samira Joverno Calil, S70
Regis Borges Aquino, S31, S84 Rita Cassia, S111 Rodrigo Fonseca Abreu, S149 Sammer Victor de Almeida,
Reinaldo Vargas Bastos de Rita de Cassia Rodrigues Rosa, Rodrigo Jaqueto Nomura, S257 S23, S49, S64
Miranda, S12 S97 Rodrigo José Alencar de Samuel Leonardo de Oliveira
Reinaldo Vargas Bastos Roberta Costa Vargas, S70 Castro, S92, S131 Santos, S15
Miranda, S85 Roberta de Carvalho e Silva Rodrigo Machado Saldanha, Samuel Reis da Silva, S54, S55,
Renan Muralho Pereira, S62, Guedes, S21 S69, S217, S243 S192
S65 Roberta Marina Grando, S209 Rodrigo Moreira e Lima, S67 Samyr Lopes Arruda Carneiro,
Renata Cunha Ribeiro, S15 Roberta Parastchuk, S5, S45, Rodrigo Nóboa da Silva, S133 S21, S51, S119
Renata de Oliveira Chedid, S138, S216 Rodrigo Nolasco de Souza, S1, Sanderland José Tavares
S36, S37, S188 Roberta Ribeiro Marques S68 Gurgel, S228
Renata de Paula Joca da Silva, Brandão, S56 Rodrigo Pereira Diaz André, Sandra Fiegenbaum, S45
S8 Roberto Albuquerque Bandeira, S22, S72, S183, S238, S261 Santhiago de Pina Naves, S156
Renata de Paula Lian, S49, S123 Rodrigo Principe Passini Sara Lucia Ferreira Cavalcante,
S126, S206 Roberto Araújo Ruzi, S82 Lannes, S22 S8, S23
Renata Domingues, S237 Roberto Cardoso Bessa Júnior, Rodrigo R Araújo, S149 Sara Marina G. da S. Teixeira
Renata Gimenes Cardozo Bom S179 Rodrigo Rodrigues Alves, S16, do Amaral, S260
m, S248 Roberto Carvalho Brandão, S86, S91, S232, S239 Sara Marina Gabirro da Silva
Renata Maria Bueno Oiticica, S278 Rodrigo Souza da Silva, S181, Teixeira do Amaral, S26
S56 Roberto César Pontes Ibiapina, S249 Sara Pereira Lima Soares de
Renata Mattos Mendonça, S30, S111, S121, S180, S220, Rodrigo Teixeira Magalhães, Sá, S178
S255 S263 S146 Sara Rolim Daga, S208, S209
Renata Pinheiro Modolo, S139, Roberto de Oliveira Couceio Rodrigo Thadeu Cei Pedroso, Saulo Marcel Diaz Henriquez,
S188, S227 Filho, S59, S118 S83, S95, S111, S272 S75
Renata Rodrigues Madrigano, Roberto Faria Carvalhosa dos Rodrigo Vital de Miranda, S24, Saulo Viana dos Santos
S92 Santos, S227 S143, S177, S239, S240, Oliveira, S210
Renata Sofia Guimarães, S21, Roberto Giannini Macedo, S254 Sávio Cavalcante Passos, S16,
S51, S119, S168 S127, S262 Rogean Rodrigues Nunes, S6, S153
Renato Labanca Delgado Roberto Henrique Benedetti, S23, S48, S185, S271 Sayuri Kawamura Barcellos de
Perdigão, S23 S26, S28, S81, S107, S147, Rogéria Corrêa Dias, S186 Albuquerque, S53, S105,
Renato Lucas Passos de Souza, S166, S169 Rogério Augusto de Queiroz, S171
S24, S143 Roberto José Valadares, S31, S217, S243 Sergio Lerner, S229, S278
Renato Machado de Almeida S246 Rogério Camilo Alcoforado Sergio Luis Amantea, S199
Junior, S6, S182 Roberto Sodré Farias, S13 Barroso Braga, S106 Sérgio Renato Araújo Freitas,
Renato Makoto Sakashita, S256 Roberto Takashi Sudo, S192, Rogério de Fraga, S146 S31, S54
Renato Ribeiro de Jesus, S142, S252 Rogério Luiz da Rocha Videira, Sérgio Silva de Mello, S115,
S238 Roberto Winter Guaspari S35 S138
Renato Zitron, S133, S269 Sudbrack, S161 Rohnelt Machado de Oliveira, Sérgio Veloso da Silveira
Renê Alves Moura Cavalcante, Roberto Yura, S228 S3, S103 Menezes, S55, S196, S222,
S34 Robson Almeida Brito, S107 Rômulo Frota Lôbo, S6 S252
Renê Alves Moura Cavalcanti, Rodney Segura Cavalcante, S241 Romulo Guerra Guimarães, S105 Sheyla Simony Teixeira Correia,
S75, S211 Rodolfo Antonio Straioto Q. Rômulo José de Lucena Castro S93
Renno Soares Leitão, S185 Cavalcante, S97, S204 Filho, S180, S273 Shirley Andrade Santos, S221
Reno Queiroz, S2 Rodolfo Carvalho Soeiro Ronaldo Antonio da Silva, S62, Silval José Alves Filho, S177
Renyer dos Santos Gonçalves, Machado, S5, S13, S27, S65 Silvana Maria Raposo Salazar,
S70 S129 Rosana Cardoso Magalhães, S57 S148
Índice de Autores LIII

Silvia Amália de Melo Moura, Thaína Alessandra Brandão, Thiago Russell R. Peclat da Velma Dias do nascimento,
S112 S50, S58, S62 Silva, S149 S263
Silvia Maria Giroldo, S225 Thaís Albuquerque do Thiago Victor Sousa Chagas, Vera Coelho Teixeira, S95,
Sílvia Rabelo Lage Lamounier, Nascimento, S23 S56 S226
S117, S203 Thaís Carlos de Souza, S88, Thiago Zampari Ferreira, S68, Vera Lúcia Fernandes Azevedo,
Silvio da Silva Caldas Neto, S262 S151 S172
S109 Thais Kroe Machado, S141, Thiciane Barbosa Pereira, S192 Vera Lucia Fernandes de
Silvio Giordano de Freitas, S237, S272, S278 Thomás Cé de Oliveira, S107 Azevedo, S168
S179 Thaís Marinho Figueroa, S145 Tiago Caneu Rossi, S159, S232, Verônica Lívia Dias, S104
Silvio Luis Morais, S223 Thais Martins Moraes S247, S248 Verônica Neves Fialho Queiroz,
Simone Duarte Brose, S31, S84 Benjamim, S119 Tiago Cordeiro de Macedo, S32, S225
Simone Soares Leite, S72, Thais Morato Menezes, S90, S86, S185 Verusca Michele Oliva, S5
S142, S149, S255 S269 Tiago Silva e Silva, S29, S195 Victhor Arthur Oliveira Matos,
So a Arruda de Lucena Thais Moura Artioli, S143 Tiarlles Miller Venturine de S47
Rodrigues, S47 Thaís Natália de Almeida, S141 Resende Chaves, S124 Victhor Castelo Branco Chaves,
Soraia Menezes Genelhú, S58 Thais Rodrigues Abra, S163 Tiêgo Rodrigues de Oliveira S69
Stefan Belizário Leal, S131, Thais Silveira Rezende Daniel, Pires, S6, S46, S69 Victor Agati Cavargere, S278
S154 S29 Tiele Assis Rikimaru Caron, S42 Victor Cabral Ribeiro, S33,
Stenio Costa Almeida, S199 Thaise de Melo Francisco, Tito Augusto Guimarães S120
Stênio Edson Jota Ferraz, S96, S255 Peixoto, S105 Victor Cáppia, S46, S90, S124,
S215 Thales Abreu Tedoldi, S7, S32, Tobias Fidêncio dos Reis, S74 S222, S277
Susumu Zapata Sudo, S237 S38, S133, S269 Tolomeu Artur Assunção Casali, Victor Cheng, S150
Suzana Marine Duarte Martins Thales de Abreu Tedoldi, S100, S70, S126, S170, S186, Victor Costa Nuevo, S20, S41
Dourado, S55 S201 S193 Victor Gomes Albuquerque de
Thales Ricardo de Paula, S39, Tomás Gustavo Pires, S39, S48, Aguiar, S197
S48, S80 S80 Victor Guilherme Bittar Souto,
T Thaliane Filarde de Oliveira, Tomás Vitor de Souza G.Q.T.de S5, S27, S80, S129
Tadeu Montagnoli, S252 S115, S253 Barros, S171 Victor Hugo Ferreira Guilardi,
Taiara Galvan Debiasi, S44 Thalita Camargo Santos, S270 Tor Gunnar Hugo Onsten S161
Tainã Medeiros Versiani Ribeiro Thalita Marqueze, S139, S143, Tosten, S253 Victor Macedo Lemos, S52,
Matos, S54, S115, S130 S244 U S223
Taissa Morellato Basso, S104 Thamires H. Tauil, S98 Uirá Fernandes Teixeira, S274 Victor Matheus Condé de
Talison Silas Pereira, S65, Thatiana Lips da Silva, S71 Úrsula Bueno do Prado Guirro, Oliveira, S234, S270, S278
S249, S250 Thayane Karine Verçosa da S140, S146 Victor Resende de Melo
Talita Brandão, S208 Silva, S72 V Freitas, S143, S248
Talita Camargo Santos, S278 Thiago Almeida Brasileiro, S54, Vagner Bonanni Nunes, S63 Victor Sampaio de Almeida,
Talita da Silva Portugal, S23, S115 Vagner Cavalcanti de S51
S49, S64 Thiago Amorim Ribeiro da Albuquerque, S89 Victória Régia dos Santos
Talita da Silva, S42 Cruz, S130 Valney Luiz da Rocha Junior, Freitas Lins, S4
Talita Machado de Carvalho, Thiago Anderson Cabral S121 Vinícius Caldeira Quintão, S27,
S154 Moreira, S267 Valquíria Carina Otoya Oetting, S96, S197
Tamara Eiko Sakamoto, S264 Thiago Coimbra Alves, S97, S233 Vinícius Catta Preta Soares
Tania Carla de Menezes Cortez, S105 Valter Oberdan Borges de Filho, S122
S2 Thiago Couto Silva, S228 Oliveira, S38, S41, S135, Vinícius Dantas Ferreira Lopes,
Tânia Cursino de Menezes Thiago de Freitas Gomes, S193 S247 S24
Couceiro Filho, S118 Thiago de Oliveira Costa, S26, Vanda Regina Machado, S2 Vinicius Heurich, S28, S81
Tânia Cursino de Menezes S83 Vandson Barbosa de Oliveira, Vinícius Jacques de Lemos,
Couceiro, S26, S59, S75, Thiago de Vito Rabelo, S69 S96, S215 S265
S83, S189, S201, S205 Thiago Dias de Rossi, S260 Vinícius Jordão Souza Moreira,
Vanessa Borges Barbosa, S159
Tarcisio Alves Souza, S24 Thiago Fernandes Marques, S14, S15
Vanessa Cristina Vieira Silva da
Tatiana Saruhashi, S36 Vinícius Martins Andrade, S17
S130, S170, S187, S257 Câmara, S118, S189, S201,
Vinícius Pinheiro Nogueira de
Tayalles Tavares Leite, S56, Thiago Gadelha Batista dos S205
Almeida, S24, S239
S92, S131 Santos, S52 Vanessa Henriques Carvalho,
Vinícius Pinheiro Teles, S3,
Tayane Farias Andrade, S134 Thiago Gonçalves Wolf, S105, S49, S107, S236
S136, S212
Taylor Brandão Schnaider, S50, S117, S203 Vanessa Nóbrega Cavalcanti,
Vinicius Sepulveda Lima, S25
S52, S58, S62 Thiago Lima Barreto da Serra e S55
Vitor Michelstaedter Brochado,
Teodoro Felipe Pereira de Silva, S160 Vanessa Rafaela Souto Paiva,
S27
Souza, S175, S179 Thiago Mamôru Sakae, S28 S98
Vítor Pinheiro Sobottka, S220
Teófilo Augusto Araújo Thiago Monteiro de Carvalho, Vanessa Ramalho de Brito, S71
Vitor Santos, S133
Tiradentes, S46, S90, S122, S178 Vânia Maria Cavalcante de
Vitor Tárcio de Queiroz Simão,
S124, S125, S136, S222 Thiago Ramos Grigio, S142, Araújo, S242
S46
Teresa Monte de Hollanda S146 Vaniely Kaliny Pinheiro de
Viviana Ugenti, S22, S123,
Fernandes, S86 Thiago Robles Juhas, S276 Queiroz, S59
S134, S238, S260, S261
Tereza Vitória Lira Pinto, S259 Thiago Rodrigues Braz, S69 Vanise Barros Rodrigues da
Volmar Jose Zasso, S128
Thadeu Emmerick Rangel, S45 Thiago Romanelli Ribeiro, S80 Motta, S148
LIV Índice de Autores

W Walkiria Wingester Vilas Boas, Werner Alfred Gemperli, S15, Yara Grott, S14, S43, S87
Wagner Arruda Silveira, S130, S55, S115, S116, S130, S20 Yara Marcondes Machado
S155 S156, S250, S257 William Fontan Santiago, S15 Castiglia, S5
Wagner Barreto de Santana, Walter Luiz Ferreira Lima, S39, William Jaramillo Orozco, Yasmin Quiroga de Souza, S145
S135 S48, S80 S261 Yolanda Marques Mazzaro, S276
Wagner de Paula Rogério, S46, Wanderson Penido da Costa, Williams Barbosa Melo, S56,
Yuri Louro Bruno de Abreu,
S72, S206 S90, S267 S272
S139
Wagner Fernandes Júnior, Waynice Neiva de Paula Wolnei Caumo, S1, S141, S183,
Yvve Priscilla Gatto, S156
S17 Garcia, S275 S243, S244, S245
Wagner Rodrigues Mota, S226, Wei Tsu Havim, S259 Woner Mion, S151, S152
S242 Wei Tzon Hackan Chang
Waldo Sapucaia Roland, S265 Colares, S259 Z
Walfredo Ernesto Monteiro Wendell Valadares Campos Y Zamir Fernando Sanchez
Neto, S232 Pereira, S175 Yale Viana Alves, S119 Guerrero, S234, S278

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