40 Laurence BonJour & Ann Baker

4 HV HV SDUD LVF VVmR

1. Por que precisamos de uma concepção de uma alegação e em dois contextos: um

particular de loso a para os propósitos
deste curso? O que aconteceria se alguém
dissesse “Não precisamos de uma concep-
ção particular de loso a. Podemos traba-
lhar juntos, fazendo loso a, mesmo se
cada um de nós tiver diferentes concep-
ções de loso a”? Isso soa razoável? Por
que sim ou por que não?
2. A área da loso a chamada de metafísi-
ca estuda a natureza da realidade. O que
você pensa sobre a realidade? Está claro
quais coisas são reais e quais coisas não
são reais? Liste algumas coisas que são
reais. Em seguida, liste algumas outras
coisas que não são reais. A ciência estuda
a natureza da realidade? Qual você pensa
que é a diferença entre ciência e loso a?
3. Alegamos que o nível de clari cação de
que uma reivindicação necessita varia,
dependendo do contexto. Considere, por
exemplo, a reivindicação de que existem
árvores no pátio. Agora, imagine o seguin-
te contexto, no qual a reivindicação não
precisa de nenhuma clari cação: suponha
que uma rma paisagística foi contratada
para fertilizar todas as árvores no campus,
e os funcionários querem saber se preci-
sam ir ao pátio. Você lhes diz que existem
árvores no pátio, e a sua alegação é su -
cientemente clara e precisa para os pro-
pósitos em questão. Suponha, porém, que
haja um outro contexto: uma rma paisa-
gística foi contratada para fertilizar todas
as cerejeiras no campus, e os funcionários
querem saber se precisam ir até o pátio.
Agora, a alegação de que existem árvores
no pátio precisa ser clari cada nesse caso
que foi tornado muito mais preciso: eles
precisam ser informados se existem cere-
jeiras no pátio. Agora, pense no exemplo
no qual a alegação precisa de clari cação
e um no qual a mesmíssima alegação não
precisa de nenhuma clari cação.
4. Alegamos que razões para crer numa rei-
vindicação deveriam ser razões para pen-
sar que a reivindicação é verdadeira. Isso
soa correto? Que outros tipos de razões
alguém poderia pensar que são boas para
crer numa reivindicação? Suponha que a
sua melhor amiga diz que acredita que
ganhou uma loteria de US$ 10 milhões.
Você deveria acreditar nela? Suponha que
ela não oferece nenhuma razão real para
pensar que a sua reivindicação é verda-
deira, mas quer que você acredite nela de
qualquer maneira (talvez ela queira feste-
jar). É essa uma boa razão para crer numa
reivindicação: porque alguém quer que
você acredite nela? O que dizer sobre a ale-
gação de que Deus existe? Sob que base
alguém deveria acreditar nessa alegação?
Você deveria ter alguma razão para pen-
sar que tal alegação é verdadeira? Supo-
nha que deixe você feliz pensar que Deus
existe. É essa uma boa razão para acreditar
na alegação? Pense em alguns exemplos
de alegações nas quais você considera
que alguém não deveria crer, a menos
que haja uma boa razão para pensar que
são verdadeiras, e em alguns exemplos de
alegações que você considera que talvez
possam ser acreditadas sob outros moti-
vos. Você obviamente terá de explicar o
contexto dos últimos exemplos.
5. Tente explicar para um amigo o argu-
mento a favor da conclusão de que es-
tudar loso a tem valor. Que tipos de
clari cações você teve de fazer? O seu
amigo fez objeções? O seu amigo cou
convencido?

Platão
Platão (427-347 a.C.) foi um dos dois maiores lósofos gregos da Antiguidade (sendo
o outro Aristóteles) e é universalmente reconhecido como um dos mais importantes ló-
sofos em toda a história da loso a. (O lógico e metafísico britânico do século XX, Alfred
North Whitehead, observou certa vez que a história da loso a ocidental “consiste numa
série de notas de rodapé a Platão” – um exagero, mas um exagero perdoável.) Os escritos
de Platão consistem em diálogos nos quais a gura principal é o seu mestre Sócrates
(469-399 a.C.). Normalmente se pensa que os diálogos iniciais, dos quais a presente sele-
ção é um, reportam de modo mais preciso as opiniões reais do Sócrates histórico, sendo
que os tardios desenvolvem as próprias opiniões de Platão – opiniões que ele talvez
 Filoso a: textos fundamentais comentados 41

tenha visto como se desenvolvendo a partir das do seu mestre. Esse diálogo se passa
nos degraus da corte de Atenas, onde Sócrates detém-se no intuito de falar com Eutífron
sobre o assunto que cada um tem com a corte. O fundo do diálogo é real: Sócrates foi
acusado de corromper a juventude de Atenas. (A seleção a seguir é um relato do próprio
julgamento.)
Neste diálogo, vemos um exemplo de clari cação conceitual: Sócrates questiona
Eutífron numa tentativa de clari car a ideia de piedade. Enquanto há conotações reli-
giosas na ideia de piedade, há também um signi cado mais amplo, mais apropriado aos
argumentos neste diálogo: a piedade equivale aproximadamente à retidão ou à corre-
ção moral. Porém, nesse caso, a própria ideia de uma ação moralmente correta precisa
de clari cação, e é sobre isso que o diálogo realmente trata. Eutífron está con ante de
que entende o que é para uma ação ser piedosa nesse sentido e tenta explaná-lo para
Sócrates.

( tIURQ

( tIUR 4XH QRYLGDGH Ki 6yFUDWHV PHQWR GH WmR LPSRUWDQWH DVVXQWR (OH

SDUD WH ID]HU GHL[DU DV FRVWXPHL
UDV GLVSXWDV QR /LFHX H SDVVDU R WHX
WHPSR DTXL QR SyUWLFR GR UHL DUFRQ
WH &HUWDPHQWH QmR HVWiV FRPR HX
FRORFDQGR DOJXpP HP MXt]R MXQWR DR
UHL DUFRQWH
6 FUD H 2V DWHQLHQVHV QmR FKDPDP
LVVR GH MXt]R (XWtIURQ PDV GH XPD
DFXVDomR
( 2 TXH p LVVR TXH GL]HV $OJXpP GHYH
WHU WH DFXVDGR SRLV QmR PH GLUiV TXH
DFXVDVWH DOJXPD RXWUD SHVVRD
6 1mR GH IDWR
( (QWmR DOJXPD RXWUD SHVVRD WH DFX
VRX
6 ([DWDPHQWH
( 4XHP p HOD
6 (X PHVPR QmR D FRQKHoR (XWtIURQ
$SDUHQWHPHQWH p XP KRPHP MRYHP
H GHVFRQKHFLGR (OHV R FKDPDP GH
0HOHWR FUHLR (OH SHUWHQFH DR GHPR
GH 3tWLD FDVR WX FRQKHoDV DOJXpP GD
TXHOH GHPR FKDPDGR 0HOHWR FRP FD
EHORV ORQJRV SRXFD EDUED H XP QDUL]
EDVWDQWH DTXLOLQR
( (X QmR R FRQKHoR 6yFUDWHV 4XH DFX
VDomR HOH WUD] FRQWUD WL
6 4XH DFXVDomR 8PD DFXVDomR QmR
GHVSUH]tYHO FUHLR SRLV QmR p FRLVD
SHTXHQD SDUD XP MRYHP WHU FRQKHFL
([WUDtGR GH &LQFR GLiORJRV )LYH LDORJXHV WUD
GX]LGR SRU * 0 $ *UXEH ,QGLDQDSROLV +DFNHW
3XEOLVKLQJ &RPSDQ
1DGD VDEHPRV VREUH (XWtIURQ H[FHWR R TXH
SRGHPRV REWHU D SDUWLU GHVWH GLiORJR (OH p REYLD
PHQWH XP VDFHUGRWH SURILVVLRQDO TXH FRQVLGHUD D
VL PHVPR XP HVSHFLDOLVWD VREUH ULWXDLV
GL] TXH VDEH FRPR RV QRVVRV MRYHQV
VmR FRUURPSLGRV H TXHP RV FRUURPSH
(OH p SURYDYHOPHQWH ViELR H TXDQGR
Yr D PLQKD LJQRUkQFLD FRUURPSHQ
GR RV VHXV FRQWHPSRUkQHRV SURFHGH
DFXVDQGR PH WDQWR GLDQWH GD FLGDGH
TXDQWR GLDQWH GH VXD PmH &UHLR TXH
p R QLFR GRV QRVVRV KRPHQV S EOLFRV
D FRPHoDU GR PRGR FRUUHWR SRLV p
FRUUHWR FXLGDU SULPHLUDPHQWH TXH RV
MRYHQV VHMDP WmR ERQV TXDQWR SRVVt
YHO DVVLP FRPR p SURYiYHO TXH XP
ERP ODYUDGRU WRPH FXLGDGR SULPHL
UDPHQWH GDV SODQWDV MRYHQV H GHSRLV
GDV RXWUDV $VVLP WDPEpP 0HOHWR
SULPHLUDPHQWH VH OLYUD GH QyV TXH
FRUURPSHPRV UHEHQWRV FRPR HOH GL]
H GHSRLV HQWmR REYLDPHQWH WRPDUi
FXLGDGR GRV PDLV YHOKRV H WRUQDU VH
i XPD IRQWH GH JUDQGHV ErQomRV SDUD
D FLGDGH FRPR SDUHFH SURYiYHO TXH
DFRQWHoD FRP DOJXpP TXH LQLFLRX GHV
VD PDQHLUD
( (X GHVHMDULD TXH LVVR IRVVH YHUGDGHL
UR 6yFUDWHV PDV WHPR TXH R RSRVWR
DFRQWHoD $ PLP SDUHFH TXH HOH FR
PHoD SUHMXGLFDQGR R SUySULR FRUDomR
GD FLGDGH DR WHQWDU ID]HU DOJR HUUDGR
FRQWUD WL L]H PH R TXH HOH DILUPD TXH
WX IL]HVWH SDUD FRUURPSHU RV MRYHQV
6 e FRLVD HVWUDQKD RXYL OR GL]HU SRLV
DILUPD TXH HX VRX XP DUWtILFH GH GHX
VHV H VHJXQGR R PRWLYR GH TXH FULR
QRYRV GHXVHV QmR FUHQGR QRV GHXVHV
DQWLJRV HOH PH LQGLFLRX SRU FDXVD GH
OHV WDO FRPR HOH R DILUPD
( (X HQWHQGR 6yFUDWHV ,VVR p SRUTXH
DILUPDV TXH R VLQDO GLYLQR SHUPDQHFH
42 Laurence BonJour & Ann Baker
1 YLQGR D WL 1 $VVLP HOH HVFUHYHX HVVD
Como será explanado na DFXVDomR FRQWUD WL FRPR DOJXpP TXH
Apologia (p. 32), Sócrates ID] LQRYDo HV HP TXHVW HV UHOLJLRVDV
crê ter ouvido por anos uma H YHP DR WULEXQDO SDUD GLIDPDU WH VD
voz que chama de sinal divino. EHQGR TXH WDLV FRLVDV VmR IDFLOPHQWH
A voz geralmente lhe diz para
não fazer coisas que os deuses PDO LQWHUSUHWDGDV SHOD PXOWLGmR 2
desaprovariam. (É difícil dizer o PHVPR VH Gi QR PHX FDVR 6HPSUH
quão literalmente isso deve ser TXH IDOR GH TXHVW HV UHOLJLRVDV QD DV
considerado.) VHPEOHLD H SUHGLJR R IXWXUR HOHV ULHP
GH PLP FRPR VH HX IRVVH GRLGR FRQ
2 5HDILUPDomR 5HV PR WXGR HX QmR SUHGLVVH QDGD TXH QmR
Sócrates faz de conta que WHQKD DFRQWHFLGR 1R HQWDQWR HOHV
acredita que Eutífron deve WrP LQYHMD GH WRGRV QyV TXH ID]HPRV
estar muito certo de que sabe LVVR 1mR p SUHFLVR SUHRFXSDU VH FRP
qual é a coisa piedosa ou correta HOHV PDV HQFDUi ORV GH IUHQWH
e qual não é, dado que está
disposto a fazer algo inicialmente 6 0HX TXHULGR (XWtIURQ VHU DOYR GH ULVRV
tão questionável quanto acusar o WDOYH] QmR LPSRUWH SRLV RV DWHQLHQVHV
próprio pai. QmR VH LPSRUWDP FRP QLQJXpP TXH
FRQVLGHUDP HVSHUWR FRQWDQWR TXH QmR
HQVLQH D VXD SUySULD VDEHGRULD PDV VH
SHQVDP TXH HOH ID] FRP TXH RV RXWURV
VHMDP FRPR HOH PHVPR QHVVH FDVR IL
FDP EUDYRV VHMD SRU LQYHMD FRPR GL
]HV VHMD SRU DOJXPD RXWUD UD]mR
( (X FHUWDPHQWH QmR WHQKR QHQKXP GH
VHMR GH WHVWDU RV VHQWLPHQWRV GHOHV HP
UHODomR D PLP QHVVH DVVXQWR
6 7DOYH] SDUHoDV ID]HU GH WL PHVPR Vy
UDUDPHQWH GLVSRQtYHO H QmR HVWHMDV
GLVSRVWR D HQVLQDU D WXD SUySULD VDEH
GRULD PDV WHPR TXH R PHX VHQWLPHQ
WR SHODV SHVVRDV IDoD FRP TXH SHQVHP
TXH GHVSHMR VREUH TXDOTXHU XP WXGR
R TXH WHQKR D GL]HU QmR VRPHQWH VHP
FREUDU WD[D PDV PHVPR IHOL] GH UH
FRPSHQVDU TXDOTXHU XP TXH TXLVHU
RXYLU 6H HQWmR HOHV SUHWHQGHP ULU GH
PLP DVVLP FRPR GL]HV TXH HOHV ULHP
GH WL QmR KDYHULD QDGD GHVDJUDGiYHO
HP TXH SDVVHP R VHX WHPSR QD FRUWH
ULQGR H PRWHMDQGR PDV VH IRUHP Vp
ULRV QmR ILFD FODUR TXDO p R UHVXOWDGR
H[FHWR SDUD YRFrV SURIHWDV
( 7DOYH] QmR Gr HP QDGD 6yFUDWHV H
YHQKDV D OXWDU SHOR WHX FDVR FRPR
SHQVDV VHU PHOKRU DVVLP FRPR SHQVR
TXH OXWDUHL SHOR PHX FDVR
6 4XDO p R WHX FDVR (XWtIURQ eV R DFX
VDGR RX R DFXVDGRU
( 2 DFXVDGRU
6 $ TXHP DFXVDV
( $ DOJXpP TXH VRX FRQVLGHUDGR ORXFR
HP DFXVDU
6 (VWiV DFXVDQGR DOJXpP TXH FRP IDFL
OLGDGH HVFDSDUi GH WL
( /RQJH GLVVR SRLV HOH p EDVWDQWH LGRVR
6 4XHP p HOH
( 2 PHX SDL
6 0HX FDUR VHQKRU 2 WHX SUySULR SDL
( &HUWDPHQWH
6 4XDO p D DFXVDomR 6REUH R TXH p R
FDVR
( +RPLFtGLR 6yFUDWHV
6 3HORV FpXV 3RU FHUWR (XWtIURQ D PDLR
ULD GRV KRPHQV QmR VDEHULD FRPR SR
GHULDP ID]HU LVVR H HVWDU FHUWRV 1mR p
R TXLQKmR GH TXDOTXHU XP ID]HU LVVR
PDV GH DOJXpP TXH HVWi PXLWR DGLDQ
WDGR HP VDEHGRULD 2
( 6LP SRU =HXV 6yFUDWHV p DVVLP PHV
PR
6 e HQWmR R KRPHP TXH R WHX SDL PDWRX
XP GRV WHXV SDUHQWHV ,VVR WDOYH] VHMD
yEYLR SRLV QmR DFXVDULDV R WHX SDL
SHOR KRPLFtGLR GH XP HVWUDQKR
( $FKR ULGtFXOR 6yFUDWHV TXH SHQVHV TXH
ID] TXDOTXHU GLIHUHQoD VH D YtWLPD p XP
HVWUDQKR RX XP SDUHQWH HYHU VH LD
VRPHQWH REVHUYDU VH R DVVDVVLQR DJLX GH
PRGR MXVWR RX QmR VH DJLX MXVWDPHQWH
GHL[H VH TXH Yi PDV VH QmR DJLX DV
VLP GHYHU VH LD DFXVi OR PHVPR VH R
DVVDVVLQR SDUWLOKD GR WHX ODU H GD WXD
PHVD $ LQIkPLD p D PHVPD FDVR VD
EHQGR GLVVR PDQWHQKDV FRPSDQKLD
FRP WDO KRPHP H QmR OLPSHV D WL PHV
PR H D HOH OHYDQGR R j MXVWLoD $ YtWLPD
HUD XP VHUYLoDO PHX H TXDQGR HVWiYD
PRV WUDEDOKDQGR QD WHUUD HP 1D[RV
HOH HUD XP VHUYR QRVVR (OH DVVDVVLQRX
XP GRV QRVVRV HVFUDYRV GRPpVWLFRV
LUULWDGR H VRE R HIHLWR GD EHELGD GH
PRGR TXH R PHX SDL R DPDUURX QDV
PmRV H QRV SpV H MRJRX R QXP IRVVR
WHQGR HQYLDGR HQWmR XP KRPHP DWp
DTXL SDUD LQWHUURJDU R VDFHUGRWH VREUH
R TXH GHYHULD VHU IHLWR XUDQWH DTXHOH
WHPSR HOH QmR FRQFHGHX QHQKXP WLSR
GH FXLGDGR DR KRPHP DPDUUDGR SRU
VHU XP DVVDVVLQR H QmR LPSRUWDYD VH
PRUUHVVH R TXH GH IDWR DFRQWHFHX $
IRPH R IULR H DV DPDUUDV FDXVDUDP D
VXD PRUWH DQWHV TXH R PHQVDJHLUR UH
WRUQDVVH GR YLGHQWH 7DQWR R PHX SDL
TXDQWR RV PHXV RXWURV SDUHQWHV HVWmR
LQGLJQDGRV TXH HX HVWHMD DFXVDQGR R
PHX SDL SRU KRPLFtGLR HP IDYRU GH
XP DVVDVVLQR TXDQGR HOH QHP VHTXHU R
WLQKD PDWDGR HOHV GL]HP H PHVPR VH
WLYHVVH R KRPHP PRUULGR QmR PHUHFLD
XP SHQVDPHQWR GDGR TXH HUD XP DV
VDVVLQR $ILQDO HOHV GL]HP p tPSLR TXH
XP ILOKR DFXVH R VHX SDL GH KRPLFtGLR
3RUpP DV VXDV LGHLDV VREUH D DWLWXGH
GLYLQD TXDQWR j SLHGDGH H j LPSLHGDGH
HVWmR HUUDGDV 6yFUDWHV

6 $R SDVVR TXH SRU =HXV (XWtIURQ FUrV
TXH R WHX FRQKHFLPHQWR GR GLYLQR
EHP FRPR GD SLHGDGH H GD LPSLHGDGH
p WmR DFXUDGR TXH VH DTXHODV FRLVDV
DFRQWHFHUDP FRPR GL]HV QmR WHQV QH
QKXP UHFHLR GH WHU DJLGR LPSLDPHQWH
WUD]HQGR R WHX SDL D MXOJDPHQWR
( (X QmR GHYHULD WHU QHQKXPD XWLOL
GDGH 6yFUDWHV H (XWtIURQ QmR VHULD
VXSHULRU j PDLRULD GRV KRPHQV VH HX
QmR WLYHVVH XP FRQKHFLPHQWR DFXUD
GR GH WRGDV DV FRLVDV GHVVH WLSR
6 e GH IDWR H[WUHPDPHQWH LPSRUWDQWH
PHX DGPLUiYHO (XWtIURQ TXH HX PH
WRUQH R WHX DOXQR H QR TXH GL] UHVSHL
WR D HVVD DFXVDomR GHVDILH 0HOHWR VR
EUH HVVDV PHVPDV FRLVDV GL]HQGR OKH
TXH QR SDVVDGR WDPEpP FRQVLGHUHL R
FRQKHFLPHQWR VREUH R GLYLQR FRPR
VHQGR R PDLV LPSRUWDQWH H TXH FRPR
DJRUD HOH GL] TXH VRX FXOSDGR GH LP
SURYLVDU H LQRYDU VREUH RV GHXVHV HX
PH WRUQHL R WHX DOXQR (X GLULD D HOH
0HOHWR VH FRQFRUGDV TXH (XWtIURQ
p ViELR QHVVHV DVVXQWRV FRQVLGHUD
PH WDPEpP FRPR DOJXpP TXH WHP
DV FUHQoDV FRUUHWDV H QmR PH OHYHV D
MXOJDPHQWR 6H QmR SHQVDV DVVLP HQ
WmR DFXVD DTXHOH PHX PHVWUH H QmR D
PLP SRU FRUURPSHU RV KRPHQV PDLV
YHOKRV WDQWR D PLP TXDQWR DR VHX SUy
SULR SDL DR HQVLQDU PH H DR H[RUWi OR
H SXQL OR 6H HOH QmR ILFDU FRQYHQFL
GR QHP UHWLUDU GH PLP D DFXVDomR RX
DFXVDU D WL DR LQYpV GH PLP UHSHWLUHL
R PHVPR GHVDILR QR WULEXQDO
( 6LP SRU =HXV 6yFUDWHV H VH HOH WHQ
WDVVH PH DFXVDU FUHLR TXH HX HQFRQ
WUDULD RV VHXV SRQWRV IUDFRV H R GLVFXU
VR QR WULEXQDO VHULD VREUH HOH DR LQYpV
GH VREUH PLP
6 e SRUTXH SHUFHER LVVR TXH HVWRX DQVLR
VR HP WRUQDU PH WHX DOXQR PHX TXH
ULGR DPLJR 6HL TXH RXWUDV SHVVRDV
LQFOXLQGR HVVH 0HOHWR QHP PHVPR
SDUHFHP WH SHUFHEHU DR SDVVR TXH HOH
PH Yr GH PRGR WmR DJXGR H FODUR TXH
PH DFXVD GH LPSLHGDGH $VVLP GL]H
PH DJRUD SRU =HXV R TXH PDQWLQKDV
DJRUD PHVPR TXH VDELDV FRP FODUH
]D TXH WLSR GH FRLVD GL]HV TXH VmR D
SLHGDGH H D LPSLHGDGH WDQWR FRPR
UHVSHLWR D KRPLFtGLR TXDQWR D RXWUDV
FRLVDV RX QmR p R SLHGRVR R PHVPR H
VHPHOKDQWH HP WRGD DomR H R tPSLR
R RSRVWR GH WXGR R TXH p SLHGRVR H
WDO FRPR HOH PHVPR H WXGR R TXH p
VHU LPSLHGRVR DSUHVHQWD VH QRV FRP
Filoso a: textos fundamentais comentados 43
XPD IRUPD RX DSDUrQFLD QD PHGLGD
HP TXH p LPSLHGRVR 3 3 HILQLomR
( &RP WRGD UD]mR 6yFUDWHV Ao perguntar pela
6 L]H PH HQWmR R TXH p R SLHGRVR H R forma da piedade, Só-
TXH p R LPSLHGRVR crates está perguntando por uma
( LJR TXH R SLHGRVR p ID]HU R TXH HVWRX de nição ou um relato da própria
piedade: pelo que é que todas as
ID]HQGR DJRUD DFXVDQGR R PDOIHLWRU coisas ou ações piedosas têm em
VHMD LVVR VREUH KRPLFtGLR RX URXER VD comum em virtude do que são
FUtOHJR RX TXDOTXHU RXWUD FRLVD VHMD piedosas.
VH R PDOIHLWRU p VHX SDL RX VXD PmH RX
TXDOTXHU RXWUR QmR DFXVDU p LPSLHGR
VR 4 ( REVHUYD 6yFUDWHV TXH SRVVR 4
FLWDU D OHL FRPR XPD JUDQGH SURYD GH Aqui está a primeira
PARE
TXH LVVR p DVVLP (X Mi GLVVH DRV RX tentativa de Eutífron de
WURV TXH WDLV Do HV VmR FRUUHWDV LVWR responder ao pedido de Sócrates
p QmR IDYRUHFHU R LPSLHGRVR VHMD HOH por clari cação: a piedade é o
que Eutífron está fazendo agora
TXHP IRU $V PHVPDV SHVVRDV TXH FUH ao acusar o seu pai. Essa tentativa
HP TXH =HXV p R PHOKRU H R PDLV MXVWR é bem-sucedida em clari car a
GRV GHXVHV FRQFRUGDP FRQWXGR TXH forma geral ou a ideia de piedade?
HOH DFRUUHQWRX R VHX SDL SRUTXH HVVH
GHYRUDYD LQMXVWDPHQWH RV VHXV ILOKRV
H TXH HVVH OWLPR SRU VXD YH] FDV
WURX R VHX SDL SRU UD] HV VHPHOKDQWHV
7RGDYLD HOHV HVWmR LQGLJQDGRV FRPL
JR SRUTXH HVWRX DFXVDQGR R PHX SDL
SHOR VHX PDX DWR (OHV FRQWUDGL]HP D
VL PHVPRV QDTXLOR TXH GL]HP VREUH RV
GHXVHV H VREUH PLP 5 5
6 &RP HIHLWR (XWtIURQ HVVD p D UD]mR Porque Eutífron está
SRU TXH HX VRX XP DFXVDGR QR FDVR fazendo algo muito
SRUTXH FRQVLGHUR GLItFLO DFHLWDU TXH parecido com o que Zeus fez,
FRLVDV FRPR HVVD VHMDP GLWDV VREUH RV qualquer um que disser que ele
está fazendo algo impiedoso deve
GHXVHV H p SURYiYHO TXH VHMD D UD]mR estar errado, dado que Zeus, com
SRU TXH GHYHUi VHU GLWR GH PLP TXH certeza, jamais fez qualquer coisa
IDoR DOJR HUUDGR 1R HQWDQWR VH WX impiedosa. (Sócrates não ca
TXH WHQV SOHQR FRQKHFLPHQWR GH WDLV impressionado com essa linha de
argumento.)
FRLVDV SDUWLOKDV GDV RSLQL HV GHOHV
QHVVH FDVR DVVLP PH SDUHFHULD WDP
EpP GHYHPRV FRQFRUGDU FRP HOHV
3RLV R TXH GLUHPRV QyV TXH FRQFRU
GDPRV TXH QyV PHVPRV QmR WHPRV QH
QKXP FRQKHFLPHQWR GHODV L]H PH
SHOR GHXV GD DPL]DGH UHDOPHQWH FUrV
TXH HVVDV FRLVDV VmR YHUGDGHLUDV
( 6LP 6yFUDWHV H DVVLP WDPEpP R VmR
FRLVDV DLQGD PDLV VXUSUHHQGHQWHV GDV
TXDLV D PDLRULD QmR WHP QHQKXP FR
QKHFLPHQWR
6 ( DFUHGLWDV TXH UHDOPHQWH KDMD JXHUUD
HQWUH RV GHXVHV LQLPL]DGHV WHUUtYHLV H
EDWDOKDV H RXWUDV FRLVDV WDO FRPR VmR
FRQWDGDV SHORV SRHWDV H RXWUDV KLVWy
ULDV VDJUDGDV WDO FRPR VmR WUDPDGDV
SRU ERQV HVFULWRUHV H SRU UHSUHVHQWD
o HV FRP R TXH R PDQWR GD GHLGDGH p
DGRUQDGR TXDQGR p OHYDGR DWp D $FUy
SROH HYHPRV GL]HU TXH HVVDV FRLVDV
VmR YHUGDGHLUDV (XWtIURQ
44 Laurence BonJour & Ann Baker
( 1mR VRPHQWH HVVDV 6yFUDWHV PDV
FRPR HX HVWDYD GL]HQGR DJRUD Ki
SRXFR VH TXLVHUHV UHODWDUHL PXLWDV
RXWUDV FRLVDV TXH VHL VREUH RV GHXVHV
TXH WH GHL[DUmR PDUDYLOKDGR
6 1mR ILFDUHL VXUSUHVR PDV PH FRQWDUiV
HVVDV FRLVDV FRP WHPSR OLYUH HP DOJX
PD RXWUD RFDVLmR H PRPHQWR WHQWD
PH GL]HU PDLV FODUDPHQWH R TXH HX HV
WDYD SHUJXQWDQGR DJRUD Ki SRXFR SRLV
PHX DPLJR QmR PH HQVLQDVWH DGHTXD
GDPHQWH TXDQGR WH SHUJXQWHL VREUH R
TXH HUD R SLHGRVR PDV GLVVHVWH PH TXH
R TXH HVWDYDV ID]HQGR DJRUD DFXVDQGR
R WHX SDL GH KRPLFtGLR p SLHGRVR
( ( HX GL]LD D YHUGDGH 6yFUDWHV
6 7DOYH] &RQFRUGDV FRQWXGR TXH H[LV
WHP PXLWDV RXWUDV Do HV SLHGRVDV
( ([LVWHP
6 /HPEUD TXH QmR PDQGHL TXH PH UHOD
WDVVHV XPD RX GXDV GDV PXLWDV Do HV
SLHGRVDV PDV DTXHOD IRUPD TXH ID]
FRP TXH WRGDV DV Do HV SLHGRVDV VH
MDP SLHGRVDV SRLV FRQFRUGDVWH TXH
WRGDV DV Do HV LPSLHGRVDV VmR LPSLH
GRVDV H WRGDV DV Do HV SLHGRVDV VmR
SLHGRVDV DWUDYpV GH XPD IRUPD RX
QmR WH OHPEUDV 6
6 ( /HPEUR
Dar um exemplo de alguma
6 L]H PH HQWmR R TXH p HVVD IRUPD
coisa fracassa em clari car HP VL PHVPD GH PRGR TXH SRVVD
a ideia ou a forma geral, visto que DWHQWDU SDUD HOD H XWLOL]DQGR D FRPR
você pode não saber como e por XP PRGHOR SRVVD GL]HU TXH TXDOTXHU
que a coisa dada como um exem-
plo é o tipo de coisa em questão,
DomR WXD RX GH XP RXWUR TXH IRU GHVVH
e por isso falhar em realmente WLSR p SLHGRVD H VH QmR p GHVVD IRUPD
apreender a ideia geral. Portanto, QmR p SLHGRVD
Sócrates está em busca de um ( 6H LVVR p R TXH TXHUHV TXH VHMD 6yFUD
relato geral – algo como uma
de nição – da piedade, e não sim-
WHV LVVR p FRPR HX WH GLUHL
plesmente de exemplos de coisas 6 ,VVR p R TXH HX TXHUR
especí cas que são piedosas. (Ver ( 0XLWR EHP HQWmR R TXH p FDUR DRV
a Questão para Discussão 1.) GHXVHV p SLHGRVR PDV R TXH QmR OKHV
p FDUR p LPSLHGRVR
6 (VSOrQGLGR (XWtIURQ $JRUD UHVSRQ
7
GHVWH GR PRGR FRPR HX GHVHMDYD 7
Sócrates mostra aprovação 6H D WXD UHVSRVWD p YHUGDGHLUD HX DLQ
ao tipo geral de respos- GD QmR VHL PDV REYLDPHQWH PH PRV
ta que Eutífron ofereceu, não
necessariamente ao conteúdo WUDUiV TXH R TXH GL]HV p YHUGDGHLUR
especí co. ( &HUWDPHQWH
6 9HP HQWmR H H[DPLQHPRV R TXH TXH
UHPRV GL]HU 8PD DomR RX XP KRPHP
FDUR DRV GHXVHV p SLHGRVR PDV XPD
8 DomR RX XP KRPHP RGLDGR SHORV GHX
Aqui está a segunda VHV p LPSLHGRVR (OHV QmR VmR R PHV
tentativa de Eutífron de PR SRUpP GHYHUDV RSRVWRV R SLHGRVR
responder a Sócrates: a piedade é H R LPSLHGRVR 1mR p DVVLP 8
o que é caro aos deuses – torna-se
( e FRP HIHLWR
claro, no que segue, que Sócrates
toma isso como signi cando caro 6 ( HVVD SDUHFH VHU XPD ERD DILUPDomR
a qualquer um dos deuses. ( &UHLR TXH VLP 6yFUDWHV
6 7DPEpP DILUPDPRV TXH RV GHXVHV
HVWmR QXP HVWDGR GH GLVFyUGLD TXH
YLYHP GH PDO XQV FRP RV RXWURV (X
WtIURQ H TXH PDQWrP LQLPL]DGH XQV
FRP RV RXWURV 7DPEpP LVVR IRL GLWR
( )RL
6 4XDLV VmR RV DVVXQWRV GH GLYHUJrQFLD
TXH FDXVDP yGLR H LUD 9HULILTXHPRV
LVVR GR VHJXLQWH PRGR 6H HX H WX GL
IHUtVVHPRV VREUH RV Q PHURV TXDQWR D
TXDO GHOHV p R PDLRU HVVD GLYHUJrQFLD
QRV WRUQDULD LQLPLJRV H QRV GHL[DULD
LUULWDGRV XP FRP R RXWUR RX QRV DSOL
FDUtDPRV D FRQWDU H HP VHJXLGD UH
VROYHU D QRVVD GLYHUJrQFLD VREUH LVVR
( 6HP G YLGD DJLUtDPRV GHVVH PRGR
6 1RYDPHQWH VH GLYHUJtVVHPRV VREUH R
PDLRU H R PHQRU YROWDUtDPRV j PH
GLomR H HP VHJXLGD FHVVDUtDPRV GH
GLYHUJLU
( ,VVR p DVVLP
6 ( VREUH R PDLV SHVDGR H R PDLV OHYH
UHFRUUHUtDPRV j SHVDJHP H ILFDUtDPRV
UHFRQFLOLDGRV
( 1DWXUDOPHQWH
6 4XDO PDWpULD GH GLYHUJrQFLD QRV IDULD
LUULWDGRV H KRVWLV XP FRP R RXWUR VH
I VVHPRV LQFDSD]HV GH FKHJDU D XPD
GHFLVmR 7DOYH] QmR WHQKDV XPD UHV
SRVWD SURQWD PDV H[DPLQD FRPR HX
WH GLJR VH HVVHV DVVXQWRV VmR R MXVWR
H R LQMXVWR R EHOR H R IHLR R ERP H
R PDX 1mR VmR HVVHV RV DVVXQWRV GH
GLYHUJrQFLD VREUH RV TXDLV TXDQGR
VRPRV LQFDSD]HV GH FKHJDU D XPD
GHFLVmR VDWLVIDWyULD WX H HX H RXWURV
KRPHQV WRUQDPR QRV KRVWLV XQV FRP
RV RXWURV VHPSUH TXH R ID]HPRV
( (VVH p R GHVDFRUGR 6yFUDWHV VREUH
DTXHOHV DVVXQWRV
6 2 TXH GL]HU VREUH RV GHXVHV (XWtIURQ
6H UHDOPHQWH HOHV WrP GLYHUJrQFLDV
QmR VHUi VREUH HVVHV PHVPRV DVVXQWRV
( &HUWDPHQWH GHYH VHU DVVLP
6 (QWmR GH DFRUGR FRP R WHX DUJXPHQ
WR PHX ERP (XWtIURQ GLIHUHQWHV GHX
VHV FRQVLGHUDP TXH GLIHUHQWHV FRLVDV
VmR MXVWDV EHODV IHLDV ERDV H PiV
SRLV QmR HVWDULDP GH PDO XQV FRP RV
RXWURV D PHQRV TXH GLYHUJLVVHP VREUH
HVVHV DVVXQWRV HVWDULDP
( (VWiV FHUWR
6 ( JRVWDP GR TXH FDGD XP GHOHV FRQVL
GHUD EHOR ERP H MXVWR PDV RGHLDP RV
RSRVWRV GHVVHV
( &HUWDPHQWH
6 0DV WX GL]HV TXH DV PHVPDV FRLVDV VmR
FRQVLGHUDGDV MXVWDV SRU DOJXQV GHXVHV

H LQMXVWDV SRU RXWURV H QD PHGLGD HP
TXH GLVSXWDP VREUH HVVDV FRLVDV HOHV
HVWmR GH PDO H HP JXHUUD XQV FRP RV
RXWURV 1mR p DVVLP
( e
6 $V PHVPDV FRLVDV HQWmR VmR DPDGDV
SHORV GHXVHV H RGLDGDV SHORV GHXVHV
H VHULDP SRLV WDQWR DPDGDV SRU GHXV
TXDQGR RGLDGDV SRU GHXV
( 3DUHFH TXH VLP
6 ( DV PHVPDV FRLVDV VHULDP WDQWR SLH
GRVDV TXDQWR LPSLHGRVDV GH DFRUGR
FRP HVVH DUJXPHQWR
( 5HFHLR TXH VLP
6 3RUWDQWR QmR UHVSRQGHVWH j PLQKD
SHUJXQWD KRPHP VXUSUHHQGHQWH 9
1mR SHUJXQWHL D WL TXDO PHVPD FRLVD p
WDQWR SLHGRVD TXDQWR LPSLHGRVD PDV
SDUHFH TXH R TXH p DPDGR SHORV GHX
VHV p WDPEpP RGLDGR SRU HOHV $VVLP
QmR p GH PRGR DOJXP VXUSUHHQGHQWH
VH D WXD SUHVHQWH DomR D VDEHU D GH
SXQLU R WHX SDL SXGHVVH VHU DJUDGiYHO
D =HXV PDV GHVDJUDGiYHO D &URQR H D
8UDQR DJUDGiYHO D +HIHVWR PDV GH
VDJUDGiYHO D +HUD H DVVLP FRP TXDLV
TXHU RXWURV GHXVHV TXH GLYHUJLVVHP
XQV GR RXWURV VREUH HVVH DVVXQWR
( &UHLR 6yFUDWHV TXH VREUH HVVH DVVXQ
WR TXDLVTXHU GHXVHV GLYHUJLULDP XQV
GRV RXWURV D VDEHU TXH WRGR DTXHOH
TXH PDWRX DOJXpP LQMXVWDPHQWH GH
YHULD SDJDU D SHQD
6 9HP DJRUD PHX TXHULGR (XWtIURQ
GL]H PH WDPEpP SDUD TXH HX PH
WRUQH PDLV ViELR TXDO SURYD WHQV GH
TXH WRGRV RV GHXVHV FRQVLGHUDP TXH
DTXHOH KRPHP IRL DVVDVVLQDGR LQMXV
WDPHQWH DTXHOH TXH VH WRUQRX DVVDV
VLQR HQTXDQWR HVWDYD D WHX VHUYLoR
TXH IRL DPDUUDGR SHOR PHVWUH GD VXD
YtWLPD H PRUUHX HP VXDV DPDUUDV DQ
WHV TXH DTXHOH TXH R SUHQGHX GHVFR
EULVVH GRV YLGHQWHV R TXH GHYHULD VHU
IHLWR FRP HOH H DLQGD TXH p FRUUHWR
SDUD XP ILOKR GHQXQFLDU H DFXVDU R
VHX SDL HP QRPH GH WDO KRPHP 9HP
WHQWD PRVWUDU PH XP VLQDO FODUR GH
TXH WRGRV RV GHXVHV GHILQLWLYDPHQWH
FUHHP TXH HVVD DomR p FRUUHWD 6H SX
GHUHV RIHUHFHU PH XPD SURYD DGHTXD
GD GLVVR MDPDLV FHVVDUHL GH H[XOWDU D
WXD VDEHGRULD
( ,VVR WDOYH] QmR VHMD XPD WDUHID IiFLO
6yFUDWHV DLQGD TXH HX SXGHVVH PRV
WUDU WH PXLWR FODUDPHQWH
Filoso a: textos fundamentais comentados 45
6 (QWHQGR TXH PH FRQVLGHUDV PDLV OHQ
WR GH HQWHQGLPHQWR GR TXH R M UL QD
PHGLGD HP TXH REYLDPHQWH PRVWUDUiV
D HOHV TXH HVVDV Do HV IRUDP LQMXVWDV H
TXH WRGRV RV GHXVHV RGHLDP WDLV Do HV
( (X R PRVWUDUHL D HOHV FODUDPHQWH 6y
FUDWHV VH DSHQDV HOHV IRUHP PH RXYLU
6 (OHV RXYLUmR VH SHQVDUHP TXH PRVWUDV
LVVR D HOHV DGHTXDGDPHQWH &RQWX
GR HVVD LGHLD YHLR D PLP HQTXDQWR
YRFr HVWDYD IDODQGR H HX D HVWRX H[D
PLQDQGR GL]HQGR D PLP PHVPR
6H (XWtIURQ PH PRVWUDU FRQFOXVLYD
PHQWH TXH WRGRV RV GHXVHV FRQVLGHUDP
LQMXVWD WDO PRUWH HP TXH PDLRU PHGLGD
HX DSUHQGL GHOH D QDWXUH]D GD SLHGDGH
H GD LPSLHGDGH 3RLV HQWmR HVVD DomR
SDUHFH VHULD RGLDGD SHORV GHXVHV PDV 9
R SLHGRVR H R LPSLHGRVR QmR IRUDP DJR
PARE Assim, a segunda tentativa
UD GHILQLGRV SRLV R TXH p RGLDGR SHORV de Eutífron de um relato
GHXVHV IRL WDPEpP PRVWUDGR FRPR VHQ geral da piedade fracassa. Pense
GR DPDGR SRU HOHV $VVLP QmR LQVLVWL sobre o problema com ele e
tente ver como isso poderia ser
UHL QHVVH SRQWR DGPLWDPRV VH GHVH estabelecido.
MDUHV TXH WRGRV RV GHXVHV FRQVLGHUDP
LVVR LQMXVWR H TXH WRGRV HOHV R RGHLDP
(QWUHWDQWR p HVVD D FRUUHomR TXH HVWD
PRV ID]HQGR QD QRVVD GLVFXVVmR TXH R
TXH WRGRV RV GHXVHV RGHLDP p LPSLHGR
VR R TXH HOHV WRGRV DPDP p SLHGRVR H
TXH R TXH DOJXQV GHXVHV DPDP H RX
WURV RGHLDP QmR p QHQKXP RX DPERV
e HVVH R PRGR FRPR DJRUD GHVHMDV TXH
GHILQDPRV SLHGDGH H LPSLHGDGH
( 2 TXH QRV LPSHGH GH SURFHGHU DVVLP
6yFUDWHV 10
6 H PLQKD SDUWH QDGD (XWtIURQ PDV
Aqui está a terceira tentati-
ROKD VH GD WXD SDUWH HVVH SURSyVLWR WH va de Eutífron, uma modi-
FDSDFLWDUi D HQVLQDU PH R PDLV IDFLO cação ou correção da segunda,
PHQWH R TXH WX SURPHWHVWH como foi sugerido por Sócrates.
( (X FHUWDPHQWH GLULD TXH R SLHGRVR p R Perceba o quanto ela
difere da segunda tentativa
TXH WRGRV RV GHXVHV DPDP H R RSRVWR justamente no modo em que
R TXH WRGRV RV GHXVHV RGHLDP p R LP precisa fazê-lo, no intuito de evitar
SLHGRVR 10 a objeção que foi levantada contra
6 1HVVH FDVR H[DPLQHPRV QRYDPHQWH aquela tentativa.
VH HVVD p XPD FRORFDomR YiOLGD RX
11
GHYHPRV GHL[i OD SDVVDU H VH XP GH
QyV RX DOJXpP RXWUR PHUDPHQWH GL] A objeção de Sócrates à ter-
ceira tentativa de Eutífron
TXH DOJR p DVVLP DFHLWDPRV TXH LVVR é mais complicada e sutil do que
p DVVLP 2X GHYHUtDPRV H[DPLQDU R qualquer uma das outras. Pense
TXH R SURSRQHQWH TXHU GL]HU cuidadosamente sobre a questão:
( HYHPRV H[DPLQi OR PDV FHUWDPHQWH a piedade de algo explica por que
os deuses o amam – ou o fato de
SHQVR TXH HVVD p DJRUD XPD ERD FROR
que os deuses o amam explica por
FDomR que ele é piedoso? A ideia subja-
6 1yV HP EUHYH VDEHUHPRV PHOKRU VH cente aqui é a de que se uma coisa
HOD R p &RQVLGHUD LVVR p R SLHGRVR A explica uma outra coisa B, então
A é quanto à explicação anterior
DPDGR SHORV GHXVHV SRUTXH p SLHGR
a B – e B, portanto, não pode por
VR RX p SLHGRVR SRUTXH p DPDGR SH sua vez explicar A, ao menos não
ORV GHXVHV 11 da mesma maneira.
46 Laurence BonJour & Ann Baker
12
Talvez você tenha de ler
PARE
esse parágrafo lentamen-
te e mais de uma vez. Sócrates
tenta deixar claro o que signi ca
que uma coisa seja, quanto à
explicação, anterior a uma outra,
considerando alguns exemplos
posteriores. Qual coisa explica a
outra coisa em cada um desses
exemplos?
13
Assim, admitindo que o
amor não é simplesmente
arbitrário, deve haver alguma
outra razão por que alguma coisa
é amada por alguém: alguma ca-
racterística particular que fez com
que alguém a amasse. E, uma vez
que é amada por aquele alguém,
ela se torna, então, alguma coisa
sendo amada. A outra caracterís-
tica seria, então, anterior quanto
à explicação, tanto com respeito
à pessoa amando quanto com
respeito à coisa sendo amada.
14
Se o ser piedoso explica
por que os deuses amam al-
guma coisa, nesse caso a piedade
não pode ser a mesmíssima coisa
que os deuses amarem aquela
coisa (a mesma coisa que o seu ser
“querido-a-deus”).
(Como uma analogia gros-
seira: se uma pedra batendo
numa janela é o que explica a
janela sendo quebrada, então a
pedra batendo na janela não pode
ser a mesmíssima coisa que a
janela sendo quebrada).
15
Por outro lado, ser amado
pelos deuses explica de fato
por que alguma coisa é querida-a-
-deus, e não o contrário.
16
Portanto, os deuses amam
uma coisa porque ela é
piedosa, e ela se torna querida-
-a-deus porque eles a amam –
tornando claro que ser querido-a-
-deus não pode ser a mesma coisa
que ser piedoso, uma vez que se
encontram em diferentes relações
explanatórias com os deuses que
realmente amam aquela coisa.
(Um outro modo de colocar
a questão é dizer que a
piedade é de fato em dois passos
explanatórios anterior ao ser
querido-a-deus e por isso, ob-
viamente, não pode ser idêntica
a ele.)
( (X QmR FRPSUHHQGR R TXH TXHUHV GL
]HU 6yFUDWHV
6 7HQWDUHL H[SOLFDU PDLV FODUDPHQWH ID
ODPRV GH DOJXPD FRLVD VHQGR OHYDGD H
GH DOJXPD FRLVD OHYDQGR GH DOJXPD
FRLVD VHQGR FRQGX]LGD H GH DOJXPD
FRLVD FRQGX]LQGR GH DOJXPD FRLVD
VHQGR YLVWD H GH DOJXPD FRLVD YHQGR
H FRPSUHHQGHV TXH HVVDV FRLVDV VmR
WRGDV GLIHUHQWHV XPDV GDV RXWUDV H GH
TXH PDQHLUD HODV GLIHUHP
( $FKR TXH FRPSUHHQGR
6 $VVLP Ki DOJXPD FRLVD VHQGR DPD
GD H DOJXPD FRLVD DPDQGR H R HVWDU
DPDQGR p XPD FRLVD GLIHUHQWH
( e FODUR
6 L]H PH HQWmR VH DTXLOR TXH HVWi
VHQGR OHYDGR HVWi VHQGR OHYDGR SRU
TXH DOJXpP R OHYD RX SRU DOJXPD RX
WUD UD]mR
( 1mR HVVD p D UD]mR
6 ( DTXLOR TXH HVWi VHQGR FRQGX]LGR
p DVVLP SRUTXH DOJXpP R FRQGX] H
DTXLOR TXH HVWi VHQGR YLVWR SRUTXH DO
JXpP R Yr
( &HUWDPHQWH
6 1mR p YLVWR SRU DOJXpP SRUTXH HVWi
VHQGR YLVWR PDV SHOR FRQWUiULR HVWi
VHQGR YLVWR SRUTXH DOJXpP R Yr QHP
p SRUTXH HVWi VHQGR FRQGX]LGR TXH
DOJXpP R FRQGX] PDV p SRUTXH DO
JXpP R FRQGX] TXH HVWi VHQGR FRQ
GX]LGR QHP DOJXpP OHYD XP REMHWR
SRUTXH HOH HVWi VHQGR OHYDGR PDV
HOH HVWi VHQGR OHYDGR SRUTXH DOJXpP
R OHYD (VWi FODUR R TXH TXHUR GL]HU
(XWtIURQ 4XHUR GL]HU LVVR D VDEHU
TXH VH DOJXPD FRLVD YHP D VHU RX
p DIHWDGD HOD QmR YHP D VHU SRUTXH
HVWi YLQGR D VHU PDV HVWi YLQGR D VHU
SRUTXH YHP D VHU QHP p HOD DIHWDGD
SRUTXH HOD HVWi VHQGR DIHWDGD PDV
SRUTXH DOJXPD FRLVD D DIHWD 2X QmR
FRQFRUGDV 12
( &RQFRUGR
6 2 TXH HVWi VHQGR DPDGR p RX DOJXPD
FRLVD TXH YHP D VHU RX DOJXPD FRLVD
TXH p DIHWDGD SRU RXWUD FRLVD
( &HUWDPHQWH
6 (QWmR WHPRV R PHVPR FDVR TXDQWR
jV FRLVDV UHFpP PHQFLRQDGDV QmR p
DPDGD SRU DTXHOHV TXH D DPDP SRU
TXH HVWi VHQGR DPDGD PDV HVWi VHQ
GR DPDGD SRUTXH HOHV D DPDP 13
( 1HFHVVDULDPHQWH
6 2 TXH GL]HPRV HQWmR VREUH R SLHGRVR
(XWtIURQ &HUWDPHQWH TXH p DPDGR
SRU WRGRV RV GHXVHV GH DFRUGR FRP R
TXH GL]HV
( 6LP
6 (OH p DPDGR SRUTXH p SLHGRVR RX SRU
DOJXPD RXWUD UD]mR
( 3RU QHQKXPD RXWUD UD]mR
6 (OH p DPDGR HQWmR SRUTXH p SLHGRVR
PDV QmR p SLHGRVR SRUTXH p DPDGR
( $R TXH DSDUHFH
6 ( SRUTXH p DPDGR SHORV GHXVHV HOH
HVWi VHQGR DPDGR H p FDUR DRV GHX
VHV
( e FODUR
6 2 TXHULGR D GHXV HQWmR QmR p R PHV
PR TXH R SLHGRVR (XWtIURQ QHP R
SLHGRVR p R PHVPR TXH R TXHULGR D
GHXV FRPR GL]HV PDV XP GLIHUH GR
RXWUR 14
( &RPR DVVLP 6yFUDWHV
6 &RQFRUGDPRV TXH R SLHGRVR p DPDGR
SRUTXH p SLHGRVR PDV QmR p SLHGRVR
SRUTXH p DPDGR 1mR p DVVLP
( e
6 ( TXH R TXHULGR D GHXV SRU RXWUR
ODGR p DVVLP SRUTXH p DPDGR SHORV
GHXVHV SHOR SUySULR IDWR GH VHU DPD
GR PDV QmR p DPDGR SRUTXH p TXHUL
GR D GHXV 15
( e YHUGDGH
6 &RQWXGR VH R TXHULGR D GHXV H R SLH
GRVR IRVVHP R PHVPR PHX FDUR (XWt
IURQ H R SLHGRVR IRVVH DPDGR SRUTXH
HUD SLHGRVR HQWmR R TXHULGR D GHXV
VHULD DPDGR SRUTXH HUD TXHULGR D
GHXV H VH R TXHULGR D GHXV DVVLP R
IRVVH SRUTXH HUD DPDGR SHORV GHXVHV
HQWmR R SLHGRVR VHULD WDPEpP SLHGRVR
SRUTXH HUD DPDGR SHORV GHXVHV SR
UpP DJRUD YrV TXH HOHV HVWmR HP FDVRV
RSRVWRV QD PHGLGD HP TXH VmR LQWHL
UDPHQWH GLIHUHQWHV XP GR RXWUR XP p
GH XPD QDWXUH]D D VHU DPDGD SRUTXH
p DPDGD HQTXDQWR R RXWUR p DPDGR
SRUTXH p GH XPD QDWXUH]D D VHU DPDGD
16 7HPR (XWtIURQ TXH TXDQGR IRVWH
SHUJXQWDGR VREUH R TXH p D SLHGDGH
QmR TXHULDV WRUQDU D VXD QDWXUH]D FODUD
SDUD PLP PDV GLVVHVWH PH >XP WUDoR
RX XPD TXDOLGDGH GHOD TXH R SLHGR
VR WHP D TXDOLGDGH GH VHU DPDGR SRU
WRGRV RV GHXVHV PDV DLQGD QmR PH
GLVVHVWH R TXH R SLHGRVR p $JRUD VH
TXLVHUHV QmR HVFRQGDV FRLVDV GH PLP
PDV GL]H PH QRYDPHQWH GHVGH R LQt
FLR R TXH p D SLHGDGH WDQWR VH p VHU
DPDGD SHORV GHXVHV TXDQWR VH p WHU
DOJXPD RXWUD TXDOLGDGH QmR GLVSX

WDUHPRV VREUH LVVR PDV WHQKD kQLPR
HP GL]HU PH R TXH VmR R SLHGRVR H R
LPSLHGRVR 17
( 0DV 6yFUDWHV QmR WHQKR FRPR GL]HU
WH R TXH WHQKR HP PHQWH SRLV WRGD
SURSRVLomR TXH IL]HPRV DYDQoDU ILFD
JLUDQGR H UHFXVD VH D ILFDU SDUDGD
RQGH QyV D IL[DPRV
6 $V WXDV FRORFDo HV (XWtIURQ SDUH
FHP SHUWHQFHU DR PHX DQWHSDVVDGR
pGDOR 6H IRVVH HX D FRORFi ODV H
DGLDQWi ODV WDOYH] HVWDULDV ]RPEDQ
GR GH PLP H GLULDV TXH SRU FDXVD GR
PHX SDUHQWHVFR FRP HOH DV PLQKDV
FRQFOXV HV QD GLVFXVVmR VH YmR HP
ERUD H QmR TXHUHP SHUPDQHFHU RQGH
VH DV S H &RPR HVVDV SURSRVLo HV
VmR WXDV HQWUHWDQWR SUHFLVDPRV GH
DOJXP RXWUR JUDFHMR SRLV HODV QmR
ILFDUmR SDUDGDV SDUD WL FRPR WX PHV
PR DILUPDV
( &UHLR TXH R PHVPR JUDFHMR p DGHTXD
GR j QRVVD GLVFXVVmR 6yFUDWHV SRLV
QmR VRX HX DTXHOH TXH DV ID] ILFDU
JLUDQGR H QmR SHUPDQHFHU QR PHVPR
OXJDU WX TXH pV R pGDOR SRUWDQWR
QR TXH PH GL] UHVSHLWR HODV SHUPDQH
FHULDP WDO FRPR HVWDYDP
6 3DUHFH HQWmR TXH HX VHULD PDLV HV
SHUWR GR TXH pGDOR DR ID]HU XVR GDV
PLQKDV KDELOLGDGHV PHX DPLJR QD
PHGLGD HP TXH HOH SRGLD VRPHQWH
FDXVDU R PRYLPHQWR GDV FRLVDV TXH
HOH PHVPR IL]HUD PDV HX SRVVR FDX
VDU R PRYLPHQWR GH RXWUDV SHVVRDV
EHP FRPR R PHX SUySULR ( D SDUWH
PDLV QRWiYHO GD PLQKD KDELOLGDGH
p TXH VRX GRWDGR VHP TXHUHU Vr OR
SRLV HX DQWHV GHVHMDULD TXH DV WXDV
FRORFDo HV D PLP SHUPDQHFHVVHP
LPyYHLV GR TXH SRVVXLU D ULTXH]D GH
7kQWDOR EHP FRPR D LQWHOLJrQFLD GH
pGDOR 0DV EDVWD GLVVR DGR TXH
HX FUHLR TXH HVWiV LPSRQGR GLILFXOGD
GHV GHVQHFHVViULDV HVWRX WmR iYLGR
TXDQWR WX SDUD HQFRQWUDU XP PRGR
GH HQVLQDU PH VREUH D SLHGDGH H QmR
GHVLVWR DQWHV TXH R IDoDV ([DPLQD VH
FRQVLGHUDV TXH WXGR R TXH p SLHGRVR
p QHFHVVDULDPHQWH MXVWR
( &UHLR TXH VLP
6 (QWmR WXGR R TXH p MXVWR p SLHGRVR
2X WXGR R TXH p SLHGRVR p MXVWR PDV
QHP WXGR R TXH p MXVWR p SLHGRVR PDV
SDUWH GHOH p H SDUWH GHOH QmR p
( 1mR DFRPSDQKR R TXH HVWiV GL]HQGR
6yFUDWHV
Filoso a: textos fundamentais comentados 47
6 &RQWXGR pV PDLV MRYHP GR TXH HX SRU
WDQWD PHGLGD TXDQWR pV PDLV ViELR
&RPR GLJR HVWiV LPSRQGR GLILFXOGDGHV 17
SRU FDXVD GD WXD ULTXH]D RX VDEHGRULD Eutífron fracassou nova-
5HFRPS H WH PHX FDUR VHQKRU SRLV mente: desta vez, porque
R TXH HVWRX GL]HQGR QmR p GLItFLO GH apenas especi cou uma qualidade
que a piedade tem – ou, mais es-
FRPSUHHQGHU (VWRX GL]HQGR R RSRVWR peci camente, um resultado que
GR TXH R SRHWD GLVVH TXH HVFUHYHX ela produz (ela faz com que os
deuses amem coisas). Todavia, ele
1mR GHVHMDV GDU QRPH D =HXV TXH R IH] ainda não disse o que a piedade é:
ele ainda tem de clari car a forma
H TXH IH] FRP TXH WRGDV DV FRLVDV FUHV
geral ou a ideia de piedade.
oDP SRLV RQGH Ki WHPRU Ki WDPEpP
YHUJRQKD
LVFRUGR GR SRHWD HYR GL]HU WH SRU
TXr
( 3RU IDYRU ID]H R
6 (X QmR FUHLR TXH RQGH Ki WHPRU Ki
WDPEpP YHUJRQKD SRLV FUHLR TXH
PXLWDV SHVVRDV TXH WHPHP GRHQoD H
SREUH]D H PXLWDV RXWUDV FRLVDV GHV
VH WLSR VHQWHP WHPRU PDV QmR HVWmR
HQYHUJRQKDGDV GDV FRLVDV TXH WHPHP
1mR DFKDV LVVR
( $FKR FRP HIHLWR
6 0DV RQGH Ki YHUJRQKD Ki WDPEpP
WHPRU 3RLV Ki DOJXpP TXH DR VHQWLU
YHUJRQKD H HPEDUDoR GLDQWH GH DOJR
WDPEpP QmR WHPH DR PHVPR WHPSR H
UHFHLD XPD UHSXWDomR SRU PDOGDGH
( (OH HVWi FHUWDPHQWH FRP PHGR
6 (QWmR QmR p FRUUHWR GL]HU RQGH Ki
WHPRU Ki WDPEpP YHUJRQKD PDV TXH
RQGH Ki YHUJRQKD Ki WDPEpP WHPRU
SRLV R WHPRU FREUH XPD iUHD PDLRU
GR TXH D YHUJRQKD $ YHUJRQKD p XPD
SDUWH GR WHPRU WDO FRPR tPSDU p XPD
SDUWH GH Q PHUR WHQGR FRPR UHVXOWD
GR TXH QmR p YHUGDGH TXH RQGH Ki Q
PHUR Ki WDPEpP R VHU tPSDU PDV TXH
RQGH Ki R VHU tPSDU Ki WDPEpP Q PH
UR 3RGHV PH DFRPSDQKDU DJRUD
( 3RU FHUWR
6 (VVH p R WLSR GH FRLVD TXH HX HVWDYD
SHUJXQWDQGR DQWHV VH RQGH Ki SLHGD
GH Ki WDPEpP MXVWLoD PDV RQGH Ki
MXVWLoD QmR Ki VHPSUH SLHGDGH SRLV R
SLHGRVR p XPD SDUWH GD MXVWLoD HYH
UHPRV GL]HU LVVR RX SHQVDV GLIHUHQWH
PHQWH
( 1mR SHQVR GHVVH PRGR SRLV R TXH GL
]HV SDUHFH VHU FRUUHWR
6 $WHQWD DR TXH YHP GHSRLV VH R SLH
GRVR p XPD SDUWH GR MXVWR GHYHPRV
SDUHFH GHVFREULU TXDO SDUWH GR MXVWR
HOH p $JRUD VH PH SHUJXQWDVVHV DOJR
GR TXH PHQFLRQDPRV DJRUD Ki SRXFR
48 Laurence BonJour & Ann Baker
18
Aqui está a tentativa nal
PARE
de Eutífron para explicar o
que é a piedade. Tente entender o
que há de errado com ela.
19
Um signi cado de “cuidado
dos deuses” é inaplicável,
dado que os deuses não precisam
de benefícios produzidos por
seres humanos.
WDO FRPR TXH SDUWH GH Q PHUR p R SDU
H TXH Q PHUR HVVH p GLULD TXH p R Q
PHUR TXH p GLYLVtYHO HP GXDV SDUWHV
LJXDLV QmR GHVLJXDLV 2X QmR SHQVDV
DVVLP
( 3HQVR
6 7HQWD SRUWDQWR GL]HU PH TXDO SDU
WH GR MXVWR p R SLHGRVR D ILP GH TXH
GLJDPRV D 0HOHWR SDUD TXH QmR PDLV
DMD HUUDGDPHQWH SDUD FRQRVFR H QmR
PH LQGLFLH SRU LPSLHGDGH GDGR TXH
DSUHQGL GH WL VXILFLHQWHPHQWH R TXH p
GLYLQR H SLHGRVR H R TXH QmR p
( &UHLR 6yFUDWHV TXH R GLYLQR H R SLH
GRVR VmR D SDUWH GR MXVWR TXH p FRQ
FHUQHQWH DR FXLGDGR GRV GHXVHV DR
SDVVR TXH R FRQFHUQHQWH DR FXLGDGR
GRV KRPHQV p D SDUWH UHVWDQWH GD MXV
WLoD 18
6 7X PH SDUHFHV S U LVVR PXLWR DGHTXD
GDPHQWH PDLV DLQGD SUHFLVR GH XP
SRXFR GH LQIRUPDomR 1mR VHL DLQGD
R TXH TXHUHV GL]HU FRP FXLGDGR SRLV
QmR WH UHIHUHV DR FXLGDGR GRV GHXVHV
QR PHVPR VHQWLGR TXH R FXLGDGR GH
RXWUDV FRLVDV WDO FRPR SRU H[HPSOR
GL]HPRV QmR p PHVPR TXH QHP WR
GRV VDEHP FRPR FXLGDU GRV FDYDORV
PDV R FULDGRU GH FDYDORV R VDEH
( 6LP p GHVVD PDQHLUD TXH TXHUR GL]r
OR
6 $VVLP FULDU FDYDORV p R FXLGDGR GH FD
YDORV
( 6LP
6 1HP p R FDVR TXH WRGRV VDEHP FRPR
FXLGDU GH FmHV PDV R FDoDGRU R VDEH
( e DVVLP
6 HVVH PRGR FDoDU p R FXLGDGR GH
FmHV
( 6LP
6 ( D FULDomR GH JDGR p R FXLGDGR GR
JDGR
( e EHP DVVLP
6 $R SDVVR TXH D SLHGDGH H D GHYRomR
VmR R FXLGDGR GRV GHXVHV (XWtIURQ e
LVVR R TXH TXHUHV GL]HU
( e
6 $JRUD R FXLGDGR HP FDGD FDVR WHP
R PHVPR HIHLWR HOH YLVD DR EHP H DR
EHQHItFLR GR REMHWR GH TXH VH FXLGD
FRPR SRGHV YHU TXH RV FDYDORV FXLGD
GRV SHORV FULDGRUHV GH FDYDOR VmR EH
QHILFLDGRV H WRUQDP VH PHOKRUHV 2X
QmR SHQVDV DVVLP
( 3HQVR
6 (QWmR RV FmHV VmR EHQHILFLDGRV SHOD
FULDomR GH FmHV R JDGR SHOD FULDomR
GH JDGR H DVVLP FRP WRGRV RV GH
PDLV 2X SHQVDV TXH R FXLGDGR YLVD D
SUHMXGLFDU R REMHWR GR VHX FXLGDGR
( 3RU =HXV QmR
6 9LVD D EHQHILFLDU R REMHWR GR VHX FXL
GDGR
( 1DWXUDOPHQWH
6 $ SLHGDGH HQWmR TXH p R FXLGDGR GRV
GHXVHV YLVD D EHQHILFLDU RV GHXVHV
H WRUQi ORV PHOKRUHV &RQFRUGDULDV
TXH TXDQGR ID]HV DOJR SLHGRVR WRU
QDV DOJXP GRV GHXVHV PHOKRU
( 3RU =HXV QmR
6 1HP HX SHQVR TXH LVVR p R TXH TXHUHV
GL]HU ORQJH GLVVR PDV p SRU HVVH
PRWLYR TXH WH SHUJXQWHL R TXH TXH
ULDV GL]HU FRP R FXLGDGR GRV GHXVHV
SRUTXH QmR DFUHGLWDYD TXH WLQKDV HP
PHQWH HVVH WLSR GH FXLGDGR 19
( ([DWDPHQWH 6yFUDWHV HVVH QmR p R
WLSR GH FXLGDGR TXH WHQKR HP PHQWH
6 0XLWR EHP PDV TXH WLSR GH FXLGDGR
GRV GHXVHV VHULD D SLHGDGH
( 2 WLSR GH FXLGDGR 6yFUDWHV TXH RV
HVFUDYRV WrP FRP RV VHXV DPRV
6 (QWHQGR e SURYiYHO TXH VHMD XP WLSR
GH VHUYLoR GRV GHXVHV
( 3UHFLVDPHQWH
6 3RGHULDV PH GL]HU SDUD D UHDOL]DomR
GH TXH PHWD HVWi YROWDGR R VHUYLoR
GRV PpGLFRV 1mR FUrV TXH VHMD SDUD
DWLQJLU D VD GH
( &UHLR TXH VLP
6 2 TXH GL]HU VREUH R VHUYLoR GRV FRQV
WUXWRUHV GH QDYLR $ TXH UHDOL]DomR
HOH p GLULJLGR
( &ODUDPHQWH 6yFUDWHV j FRQVWUXomR
GH XP QDYLR
6 ( R VHUYLoR GRV FRQVWUXWRUHV GH FDVDV
SDUD D FRQVWUXomR GH XPD FDVD
( 6LP
6 L]H PH HQWmR PHX ERP VHQKRU
SDUD D UHDOL]DomR GH TXH REMHWLYR HVWi
YROWDGR R VHUYLoR DRV GHXVHV 2EYLD
PHQWH VDEHV YLVWR TXH DILUPDV TXH
GH WRGRV RV KRPHQV WHQV R PHOKRU
FRQKHFLPHQWR GDV FRLVDV GLYLQDV
( ( HVWRX GL]HQGR D YHUGDGH 6yFUDWHV
6 L]H PH HQWmR SRU =HXV TXDO p DTXH
OH REMHWLYR H[FHOHQWH TXH RV GHXVHV
UHDOL]DP ID]HQGR XVR GH QyV FRPR
VHXV VHUYLoDLV
( 0XLWDV FRLVDV ERDV 6yFUDWHV
6 $VVLP ID]HP RV JHQHUDLV PHX DPLJR
1R HQWDQWR SRGHULDV IDFLOPHQWH PH
GL]HU TXDO p R SULQFLSDO LQWHUHVVH GH
OHV TXH p DWLQJLU D YLWyULD QD JXHUUD
QmR p
( 1DWXUDOPHQWH

6 2V ODYUDGRUHV WDPEpP HX FUHLR UHD
OL]DP PXLWDV FRLVDV ERDV PDV R SRQWR
FHQWUDO GRV VHXV HVIRUoRV p JHUDU DOL
PHQWR GD WHUUD
( ([DWDPHQWH
6 %HP HQWmR FRPR SRGHULDV UHVXPLU
DV PXLWDV FRLVDV ERDV TXH RV GHXVHV
UHDOL]DP
( (X WH GLVVH Ki EHP SRXFR 6yFUDWHV
TXH p XPD WDUHID FRQVLGHUiYHO DGTXL
ULU TXDOTXHU FRQKHFLPHQWR SUHFLVR
GHVVDV FRLVDV PDV SDUD GL]r OR GH
PDQHLUD VLPSOHV DILUPR TXH VH XP
KRPHP VDEH FRPR GL]HU H ID]HU R TXH
p DJUDGiYHO DRV GHXVHV HP RUDomR H
VDFULItFLR VmR Do HV SLHGRVDV DTXH
ODV WDLV FRPR SUHVHUYDU WDQWR FDVDV
GH IDPtOLD TXDQWR TXHVW HV S EOLFDV
GD FLGDGH $V RSRVWDV D HVVDV Do HV
DJUDGiYHLV VmR LPSLHGRVDV SRLV SHU
WXUEDP H GHVWURHP WRGDV DV FRLVDV
6 3RGHULDV PH GL]HU HP PXLWR PHQRV
SDODYUDV VH GHVHMDVVHV D VXPD GR
TXH SHUJXQWHL (XWtIURQ PDV QmR HV
WiV DQLPDGR SDUD PH HQVLQDU LVVR HVWi
FODUR (VWDYDV D SRQWR GH ID]HU LVVR
PDV YROWDVWH DWUiV 6H WLYHVVHV GDGR
DTXHOD UHVSRVWD HX GHYHULD DJRUD WHU
DGTXLULGR GH WL FRQKHFLPHQWR VXIL
FLHQWH GD QDWXUH]D GD SLHGDGH &RP
HIHLWR R DPDQWH GD LQYHVWLJDomR GHYH
VHJXLU R VHX DPDGR SRU RQGH TXHU TXH
HOH R FRQGX]D 8PD YH] PDLV HQWmR
R TXH GL]HV TXH VmR D SLHGDGH H R SLH
GRVR 6mR HOHV XP FRQKHFLPHQWR GH
FRPR ID]HU VDFULItFLR H RUDomR
( 6mR
6 6DFULILFDU p RIHUHFHU XP SUHVHQWH DRV
GHXVHV DR SDVVR TXH ID]HU SUHFHV p
SHGLU DOJR GRV GHXVHV
( HILQLWLYDPHQWH 6yFUDWHV
6 6HJXLU VH LD GHVVD FRORFDomR TXH D
SLHGDGH VHULD XP FRQKHFLPHQWR GH
FRPR GDU H GH FRPR SHGLU GRV GHX
VHV
( (QWHQGHVWH PXLWR EHP R TXH HX GLVVH
6yFUDWHV
6 e SRU LVVR TXH HX HVWRX WmR GHVHMRVR
GD WXD VDEHGRULD H FRQFHQWUR R PHX
SHQVDPHQWR QHOD GH PDQHLUD TXH
QHQKXPD SDODYUD GD WXD SDUWH SRVVD
FDLU QR FKmR 0DV GL]H PH TXH p HVVH
VHUYLoR DRV GHXVHV L]HV TXH p SHGLU
GHOHV H GDU DOJR D HOHV
( LJR
6 ( URJDU FRUUHWDPHQWH VHULD SHGLU OKHV
FRLVDV GH TXH SUHFLVDPRV
( 2 TXH PDLV
Filoso a: textos fundamentais comentados 49
6 ( GDU FRUUHWDPHQWH p GDU OKHV R TXH
HOHV SUHFLVDP GH QyV SRLV QmR VHULD
LQWHOLJHQWH WUD]HU SUHVHQWHV D DOJXpP
TXH GH PRGR QHQKXP QHFHVVLWD GH
OHV
( 9HUGDGHLUDPHQWH 6yFUDWHV
6 $ SLHGDGH VHULD HQWmR XP WLSR GH KD
ELOLGDGH GH FRPpUFLR HQWUH GHXVHV H
KRPHQV
( &RPpUFLR VLP VH SUHIHUHV FKDPi OD
GLVVR
6 (X QmR SUHILUR QDGD D PHQRV TXH VHMD
YHUGDGHLUR 0DV GL]H PH TXH EHQH
ItFLR RV GHXVHV GHULYDP GRV SUHVHQWHV
TXH UHFHEHP GH QyV 2 TXH HOHV QRV
GmR p yEYLR D WRGRV 3DUD QyV QmR Ki
QHQKXP EHP TXH QmR UHFHEHPRV GH
OHV PDV FRPR HOHV VmR EHQHILFLDGRV
SRU DTXLOR TXH UHFHEHP GH QyV 2X
WHPRV WDO YDQWDJHP VREUH HOHV QD QH
JRFLDomR TXH UHFHEHPRV GHOHV WRGDV
DV QRVVDV EHQHVVHV PDV HOHV QmR UHFH
EHP QDGD GH QyV
( 6XS HV 6yFUDWHV TXH RV GHXVHV VmR
EHQHILFLDGRV SRU DTXLOR TXH UHFHEHP
GH QyV
6 2 TXH SRGHULDP VHU DTXHOHV QRVVRV
SUHVHQWHV DRV GHXVHV (XWtIURQ
( 2 TXH PDLV FUrV GR TXH KRQUD UHYH
UrQFLD H R TXH PHQFLRQHL DJRUD PHV
PR JUDWLGmR
6 2 SLHGRVR HQWmR (XWtIURQ p DJUDGi
YHO DRV GHXVHV PDV QmR SURYHLWRVR RX
FDUR D HOHV
( &UHLR TXH VHMD GH WRGDV DV FRLVDV R
PDLV FDUR D HOHV
6 HVVH PRGR R SLHGRVR p XPD YH]
PDLV R TXH p FDUR DRV GHXVHV
( &RP D Pi[LPD FHUWH]D
6 4XDQGR GL]HV LVVR ILFDUiV VXUSUHVR
VH RV WHXV DUJXPHQWRV SDUHFHP ILFDU
JLUDQGR DR UHGRU DR LQYpV GH SHU
PDQHFHUHP HVWiYHLV ( PH DFXVDUiV
GH VHU pGDOR TXH ID] FRP HOHV VH
PHFKDP DLQGD TXH WX PHVPR VHMDV
PXLWR PDLV WDOHQWRVR GR TXH pGDOR
H IDoDV FRP TXH HOHV JLUHP HP FtU
FXOR 2X QmR SHUFHEHV TXH RV QRVVRV
DUJXPHQWRV ILFDUDP JLUDQGR DR UH
GRU H YLHUDP GH QRYR SDUD R PHVPR
OXJDU 7X FHUWDPHQWH WH OHPEUDV TXH
DQWHULRUPHQWH R SLHGRVR H R TXHUL
GR D GHXV IRUDP PRVWUDGRV QmR VHU R
PHVPR PDV GLIHUHQWHV XP GR RXWUR
2X QmR WH OHPEUDV
( /HPEUR PH
6 (QWmR QmR SHUFHEHV DJRUD TXH HVWiV
GL]HQGR TXH R TXH p FDUR DRV GHXVHV p
50 Laurence BonJour & Ann Baker
20
Sócrates alega que o relato
alternativo de “cuidado dos
deuses” é o mesmo que o relato já
refutado.
R SLHGRVR 1mR p LVVR R PHVPR TXH R
TXHULGR D GHXV 2X QmR p
( &HUWDPHQWH p
6 2X HVWiYDPRV HUUDGRV TXDQGR FRQ
FRUGDPRV DQWHULRUPHQWH RX VH HV
WiYDPRV FHUWRV HQWmR DJRUD HVWDPRV
HUUDGRV 20
( 3DUHFH VHU DVVLP
6 (QWmR GHYHPRV LQYHVWLJDU QRYDPHQ
WH GHVGH R LQtFLR R TXH p D SLHGDGH
QD PHGLGD HP TXH QmR GHVLVWLUHL SRU
PLQKD YRQWDGH DQWHV GH DSUHQGHU
LVVR 1mR PH MXOJXHV LPHUHFHGRU PDV
FRQFHQWUD D WXD DWHQomR H GL]H PH
D YHUGDGH 3RLV VH DOJXP KRPHP D
FRQKHFH pV WX TXH D FRQKHFHV H HX
QmR GHYR GHL[DU WH LU FRPR 3URWHX
DQWHV TXH PH GLJDV 6H QmR WLYHVVHV
QHQKXP FRQKHFLPHQWR FODUR GD SLH
GDGH H GD LPSLHGDGH MDPDLV WHULDV WH
DYHQWXUDGR D DFXVDU R WHX YHOKR SDL
SRU KRPLFtGLR HP QRPH GH XP VHUYL
oDO 3RU WHPRU GRV GHXVHV WHULDV ILFDGR
4 HV HV SDUD LVF VVmR
1. Suponha que alguém peça a você para
explicar algum termo particular. Por que
dar um exemplo de alguma coisa é uma
resposta inapropriada? Por exemplo, su-
ponha que alguém pedisse a você para
explicar a música reggae – suponha que
esse alguém perguntasse “O que signi -
ca para alguma música ser uma música
reggae”? Se você deu a ele um exemplo de
música reggae, isso explicaria a questão?
O que você deveria fazer em vez disso?
Como você clari caria a ideia de correção
moral?
2. Muitas pessoas pensam que a fonte da
moralidade deriva dos mandamentos ou
das leis de Deus. Uma suposição desse
tipo subjaz à observação de Dostoievsky:
“Se Deus está morto, então tudo é per-
mitido”. Não importa o quão natural isso
possa parecer, há um sério problema com
Platão
Embora essa obra ainda seja referida como um diálogo, Platão de fato deixa Sócra-
tes realizar quase toda a fala. Sócrates está dirigindo-se a um júri bastante grande, um
júri que decidirá se ele deve ser condenado da acusação de corromper a juventude de
Atenas e, se condenado, qual será a sua sentença. (O procedimento após a condenação
era, tanto para a acusação quanto para a defesa, propor punições, com o júri então de-
UHFHRVR GH FRUUHU R ULVFR D PHQRV TXH
QmR HVWLYHVVHV DJLQGR FRUUHWDPHQWH
H WHULDV ILFDGR HQYHUJRQKDGR GLDQWH
GRV KRPHQV PDV DJRUD EHP VHL TXH
DFUHGLWDV TXH WHQV FODUR FRQKHFLPHQ
WR GD SLHGDGH H GD LPSLHGDGH $VVLP
FRQWD PH PHX ERP (XWtIURQ H QmR
HVFRQGDV R TXH SHQVDV TXH HOD VHMD
( (P DOJXP RXWUR PRPHQWR 6yFUDWHV
SRLV HVWRX FRP SUHVVD DJRUD H p KRUD
GH LU PH
6 4XH FRLVD D VH ID]HU PHX DPLJR $R LU
WH WLUDVWH R PHX DOHQWR GH XPD JUDQ
GH HVSHUDQoD TXH HX WLQKD GH TXH LULD
DSUHQGHU GH WL D QDWXUH]D GR SLHGRVR
H GR LPSLHGRVR H DVVLP HVFDSDULD GD
DFXVDomR GH 0HOHWR PRVWUDQGR D HOH
TXH HX WLQKD DGTXLULGR VDEHGRULD HP
DVVXQWRV GLYLQRV GH (XWtIURQ H D PL
QKD LJQRUkQFLD QmR PDLV FDXVDULD TXH
HX IRVVH GHVFXLGDGR H LQRYDGRU VREUH
WDLV FRLVDV H TXH HX VHULD DOJXpP PH
OKRU SHOR UHVWR GD PLQKD YLGD
isso, um problema que veio a ser chama-
do de o problema de Eutífron. Deus a rma
que alguma coisa é correta ou manda
que a façamos porque é correta, ou en-
tão ela se torna correta porque Deus as-
sim o a rma? Há novamente uma ques-
tão de prioridade explanatória: é Deus
meramente um bom juiz daquilo que é
certo independentemente (de modo que
o seu ser correto explica o seu comando),
ou o comando de Deus torna alguma coi-
sa correta (de modo que o seu comando
explica o seu ser correto)? O que alguém
que quer defender a ideia de que Deus
é a fonte da moralidade deve dizer em
resposta a essa questão? Qual é a obje-
ção em se a rmar isso? (Deus poderia ter
comandado qualquer coisa em absoluto
– mesmo o homicídio ou o genocídio –,
tal que isso tivesse sido correto?)