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Nome: Paulo Eduardo Cirino de Queiroz

Instituição: Defensoria Pública do Estado de Sergipe

Relatório do Curso Benefício da Justiça Gratuita e a Assistência Jurídica Gratuita


entre os Estados do MERCOSUL, a República da Bolívia e a República do Chile.

O curso tem carga horária de 30 h e é realizado na forma autoinstrucional e


online, sob a estrutura de quatro módulos: 1) Regime Jurídico Internacional do Mercosul,
2) Cooperação Jurídica Internacional, 3) Promoção e Proteção dos Direitos Humanos do
Mercosul e 4) Acordos especiais de cooperação no âmbito do Mercosul.

O curso, que leva o mesmo nome do acordo celebrado em 15 de dezembro de


2000 entre os países do Mercosul, a República da Bolívia e a República do Chile, foi
escrito pela professora Doutora Inez Lopes Matos Carneiro de Farias e desenvolvido pela
equipe da ENADPU.

O objetivo final do curso é propiciar a construção de conceitos sobre os temas


que perpassam o acordo. Para isso, busca-se que o aluno compreenda o acesso à justiça
transnacional como direito fundamental e humano e os efeitos dos tratados em acordos
regionais de integração econômica e a posição dos tratados nos sistemas jurídicos de
alguns países, bem como conheça os instrumentos de cooperação jurídica internacional,
entendendo também a importância de lutar pela consolidação do respeito às normas
internacionais de direitos humanos como política do MERCOSUL.

No primeiro módulo, há uma atenção especial acerca da natureza jurídica do


MERCOSUL e dos modelos de integração econômica.

Na videoaula do primeiro módulo, ministrado pela professora Dra. Inez Lopes,


é explicado sobre a origem, as características e a estrutura do Mercosul - Mercado
Comum do Sul (Tratado Mercosul - 1991).

O Mercado Comum implica:

1) livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre países;

2) tarifa externa comum;

3) política comercia comum em relação a terceiros;


4) coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados
Partes;

5) compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações

O Tratado de Assunção, firmado em 26 de março de 1991, é o instrumento


constitutivo do Mercado Comum do Sul entre a Argentina, o Brasil, o Paraguai e o
Uruguai.

Hoje são Estados Partes do MERCOSUL: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai,


Venezuela (suspensa). São Estados associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Suriname,
Equador, Guina e Peru.

No módulo, pontua-se resumidamente os marcos históricos para a criação e


desenvolvimento do MERCOSUL.

Histórico:

1991 - Tratado de Assunção - criação.

1994 - Protocolo de Ouro Preto - base institucional.

1998 - Protocolo de Ushuaia - compromisso democrático.

1998 - Declaração do Mercosul como Zona de Paz e livre de armas de


destruição em massa.

2002 - Protocolo de Olivos - Solução de Controvérsias.

2003 - Regulamento do Protocolo de Olivos - Criação do TPR.

2005 - Criação do FOCEM.

2005 - Protocolo constitutivo do PARLASUL.

2006 - Adesão da Venezuela.

2007 - Criação do ISM.

2009 - Criação do IPPDH.

2010 - Criação da figura do ARGM e da UPS.

2015 - Adesão da Bolívia.

O Mercosul é intragovernamental. Assim, são sempre os governos que


negociam entre si, não existindo órgãos supranacionais.
Além disso, as decisões são sempre tomadas por consenso, não existindo a
possibilidade de voto.

É importante destacar que o MERCOSUL é dotado de personalidade jurídica


internacional. Isto significa que a organização intergovernamental possui direitos e
obrigações internacionais. Como sujeito de direito internacional, o MERCOSUL expressa
a vontade coletiva de seus membros (art. 34, Protocolo de Ouro Preto).

Segundo a profª. Dra. Inêz Lopes, o Mercosul ainda não é um mercado


comum, tende mais a se aproximar de uma área de livre comércio. É, portanto, uma união
aduaneira imperfeita, pois, embora estabeleça tarifas comum reduzidas até a alíquota
zero, há uma lista de exceção a vários produtos.

O mercado comum pressupõe uma integração tarifária e aduaneira. Por isso,


não se pode dizer que se trata de um mercado comum.

Estrutura do MERCOSUL:

Possui 3 órgãos decisórios:

1) Conselho do Mercado Comum (CMC) - manifesta-se mediante decisões.

2) Grupo Mercado Comum (GMC) - manifesta-se mediante resoluções.

3) Comissão de Comércio do Mercosul (CCM) - manifesta-se mediante


Diretrizes ou Propostas.

A presidência do CMC é exercida por rotação dos Estados Partes, em ordem


alfabética e por período de 6 meses.

A Reunião Especializada de Defensores Públicos Oficiais (REDPO) foi criada


no MERCOSUL por deliberação do GCM, em 20 de fevereiro de 2004.

A REDPO tem por finalidade promover o fortalecimento institucional das


Defensorias Públicas Oficiais dos Estados Membros do MERCOSUL, com fundamento
nos princípios e propósitos estabelecidos no Tratado de Assunção.

A REDPO é coordenada pelo Fórum de Consulta e Concertação Política do


MERCOSUL (FCCP) para acompanhar ações.

O Parlamento do MERCOSUL foi constituído em 14 de dezembro de 2006,


substituindo a Comissão Parlamentar Conjunta. É órgão representativo dos interesses
dos cidadãos dos Estados Partes do MERCOSUL. Possui doze Comissões Permanentes
temáticas. Tem por objetivo fortalecer os processos de integração.
O Sistema de Solução de Controvérsias (somente Estados Partes) foi criado
pelo protocolo de Olivos de 2002. É composto por três fases:

Primeira Fase: Diplomática - negociações diretas.

Segunda Fase: Política - Intervenção do GMC

Terceira Fase: Jurisdicional

a) Tribunal Arbitral Ad Hoc ou Tribunal Permanente de Revisão per saltum.

b) Tribunal Permanente de Revisão (TRP) - apelação.

c) Cumprimento do Laudo - Medidas Compensatórias.

O TRP tem sua estrutura compreendida pelos Árbitros e pela Secretaria do


Tribunal.

O Direito de Integração cria bases da institucionalização do processo para


cooperação e integração:

1) Direito originário - regula questões referentes à estrutura e às instituições do


organismo intergovernamental (Estados).

2) Direito derivado - é um conjunto de normas que objetivam regular as


atividades dos órgãos da organização internacional (Órgãos decisórios).

No módulo II, o aluno adentra na temática da cooperação jurídica internacional


e dos instrumentos de assistência judiciária. Aqui vemos que a globalização jurídica deve
promover uma justiça transfronteiriça e um acesso à justiça transnacional, sendo a
cooperação jurídica internacional essencial para o desenvolvimento de uma cidadania
global.

Na videoaula, a professora Dra. Inez Lopes inicia a aula refletindo sobre a


influência da globalização no âmbito jurídico, como o crescimento de demandas
transnacionais envolvendo pessoas, bens, capitais e serviços.

A cooperação jurídica internacional aborda tanto a matéria civil quanto a


criminal e se fundamenta nos princípios de confiança entre os Estados, do respeito à
pluralidade de ordenamentos jurídicos e do acesso internacional à justiça.

A cooperação jurídica internacional pode ocorrer com fundamento em tratado


internacional ou com base em reciprocidade de tratamento (CPC).
No âmbito do Mercosul, entre os princípios basilares para a cooperação ou
assistência jurídica internacional, tem destaque o Princípio da Igualdade de Tratamento
Processual entre os nacionais, os cidadãos e os residentes permanentes ou habituais de
um dos Estados partes.

No Mercosul, existe a possibilidade de cumprir sentença estrangeira por meio


de carta rogatória.

No Brasil, a autoridade central é o Departamento de Recuperação de Ativos e


Cooperação Jurídica Internacional (DRCI/SNJ/MJSP).

O módulo III do curso introduz a temática dos Direitos Humanos no âmbito de


cooperação jurídica internacional e proteção e promoção desses direitos no âmbito do
Mercosul.

Para o estudo da matéria faz-se importante a leitura do Parecer Consultivo OC


21/14 emitido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos em resposta ao pedido
apresentado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

No aludido parecer, estabeleceu-se os seguintes princípios: 1) princípio da não


detenção de crianças por sua condição migratória; 2) princípio de não devolução de uma
pessoa para o seu país quando há um risco a graves violações de seus direitos.

Já no módulo IV, o curso aborda mais especificamente os instrumento de


cooperação do Mercosul, lembrando que, por ausência de supranacionalidade, os
acordos especiais devem ser incorporados pelos ordenamentos jurídicos internos de cada
país.

Embora se busque alcançar a livre circulação de pessoas no modelo de


integração do mercado comum, o Mercosul ainda possui uma liberdade de locomoção
restrita.

Ao final do curso, o aluno deve realizar a avaliação final, com questões que
perpassam toda a matéria do curso.

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