Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
http://rosase-book2.blogspot.com.br/
Um choque de vontades entre predadores...
1
Non Con (nonconsentual) não consensual, e Dub Con (dubious consent) consentimento duvidoso.
Agradecimentos
Para os quebrados,
Os sacudidos
E aqueles que estão no meio.
“Não há nada como a retirada do calor da família para fazer
você querer entrar no frio.”
Daniel Nieto
Capítulo 1
O telefonema veio à noite. Uma dessas noites em que Daniel Nieto
não dormia, quando o calor se agarrava ao ar, fazendo umidade escorrer
pela coluna debaixo da camisa que ele usava. Em uma noite tão escura,
onde apenas a faísca esporádica de alguns vaga-lumes pontilhava a
escuridão; ele estava sentado na varanda enquanto suas memórias
morriam lentamente dentro da casa de estilo grego.
O pequeno telefone que estava na sua coxa direita vibrou, fazendo
com que a sua pele tremesse, quebrando a monotonia de silêncio por
alguns segundos não desejados. A quantidade de pessoas com esse número
não chegava a cinco. Mas havia um número específico que alguém poderia
ligar, se eles quisessem alcançá-lo. A mulher que responderia
redirecionaria para qualquer que fosse o celular que Daniel tivesse naquele
momento, mas apenas se considerasse se aquele que estava ligando fosse
digno.
Aparentemente, quem estava ligando passou no teste.
— ¿Bueno2? — ele ouviu, e sua cabeça estava inclinada para trás, os
olhos fechados enquanto escutava o nome da pessoa que queria falar com
ele. A curiosidade fez com que ele dissesse: — Coloque-o na linha.
Ela não disse adeus, tudo o que ele ouviu foi um clique suave,
indicando que a chamada havia sido transferida.
— Tek — ele saudou o homem na outra extremidade com uma
familiaridade que ele estava aliviado por não ter que fingir. — A que devo o
prazer?
— Você queria saber quem matou sua esposa.
Seus olhos se abriram, e seu estômago apertou enquanto caminhava
para frente. Qualquer menção de sua esposa o deixava assim. Ele conhecia
a identidade do assassino de sua esposa desde o primeiro dia, mas às vezes
a ignorância tinha suas vantagens. Ele manteve a fachada agora, apesar da
pressão súbita em seu maxilar enquanto ele apertava os dentes.
— Você sabe.
— Eu sei.
2
Bem, em Espanhol.
Daniel gostava de observar pessoas. De que outra forma ele poderia
discernir suas fraquezas? Ele conhecia seu interlocutor, não pessoalmente,
mas o suficiente. Ele não esperava esse telefonema. Ele sabia qual nome
Tek iria dizer, mas em vez de esclarecer isso a seu interlocutor, Daniel
pediu-lhe:
— Diga-me.
— Stavros Konstantinou.
Sorrindo beatificado para a noite tranquila que o rodeava, Daniel
estendeu as pernas.
— Não diga — sabendo o que ele sabia sobre Tek e o homem cujo
nome ele acabou de dizer, Daniel teve que se perguntar por que a traição
súbita. Não fazia diferença, mas para alguém como ele, qualquer tipo de
informação era uma arma para ser usada.
— Eu posso lhe dar tudo o que você precisa saber e onde você pode
encontrá-lo.
A fúria no ventre de Daniel - sua companheira constante nos últimos
anos - rosnou com bom gosto, mas ele riu da oferta.
— Onde está a diversão nisso, mi amigo? — antes, tudo era negócio.
Agora?
Puro prazer.
Da única maneira que ele conseguia hoje em dia.
— Faça como quiser.
O cuidado na voz de Tek significava que a reputação de Daniel estava
na vanguarda de sua mente. Bom homem. — Eu te devo Tek. O que você
precisar. A qualquer momento.
— Eu só poderia te cobrar isso.
Daniel colocou o telefone no chão ao lado de seus pés e pisou com o
calcanhar. Então ele levantou.
Ele elaborou cuidadosamente seu plano. Ele se manteve a frente da
intenção de colocá-lo ao lado de sua esposa morta em pelo menos dez
passos. Quando eles estavam de mãos dadas e com os joelhos se tocando,
jogando bolinhas na terra, ele era o grande mestre do xadrez.
A maioria pensava que Daniel permanecia no escuro sobre a
identidade do homem que havia entrado com uma gangue de homens
encapuzados em sua casa em Mazatlán. Eles pensavam que ele estava
indefeso para retaliar, que ele estava em algum lugar ainda se recuperando
dos efeitos daquela noite sangrenta.
As feridas físicas já estavam todas curadas, embora a evidência do
garrote ao redor de sua garganta ainda permanecesse. As feridas não vistas
a olho nu eram diferentes. Elas apodreciam e se espalhavam, infectando
tudo. Ele gostava assim. Seguir um homem como Stavros Konstantinou
exigia sigilo e planejamento, bem como certo fogo. Uma luxúria de sangue e
morte. O grego era um empreiteiro, ele operava um lucrativo negócio de
mercenários que vendiam seus serviços apenas para os maiores
concorrentes. Ele matava por dinheiro. Sem consciência. Sem repercussões.
Intocável.
Um monstro.
Depois de se olhar em espelhos durante toda a sua vida, Daniel era
adepto a reconhecer monstros. Stavros tirou tudo dele em dez minutos, e
Daniel passou todos os seus momentos desde então, aguardando sua vez.
Embora ele apreciasse isso, o telefonema de Tek não era necessário.
Ele deixou a escuridão entrar e permanecer na casa, já que as luzes
artificiais pareciam muito ásperas e brilhantes para seus olhos. No andar
de cima, ele a encontrou vagando, e ela havia sido colocada na cama uma
hora antes.
Seus cabelos cacheados se desprenderam do laço, caindo por seus
ombros enquanto ela segurava a frente de sua camisola em seu punho,
impedindo que seus pés tropeçassem no tecido, ele caminhou com ela pelo
corredor, com os olhos bem abertos e vazios.
Ele a seguiu, silencioso e alerta. Habituado a isso, mas ainda incapaz
de se acostumar a essa visão.
Ser testemunha do seu desvanecimento lento do nada era
insuportável. Ainda sim ele observou, porque ele não era nada, senão
digno. E se houvesse duas coisas que ele sabia com certeza, elas eram a
penitência e autoflagelação.
Ao abrir a porta que levava para a varanda que acabara de deixar,
Daniel acenou para os dois cuidadores que se precipitaram para frente. Ele
os pagava bem para cuidar dela, mas ele faria o máximo que podia
enquanto ele estivesse por perto.
Como agora, quando ele se juntou a ela lá fora. Eles ficaram lado a
lado, ambas as mãos segurando a borda da varanda enquanto ela inalava e
inclinava o rosto para cima. Às vezes, ela tinha ciência dele, e outras vezes,
como agora, ela permanecia em seu próprio mundo.
Ela ainda não se sentia segura, porque seu mundo, como eles já
sabiam, estava desaparecendo.
Seus planos eram para ela. Tudo por ela. Por causa dela. Por isso, ele
tinha que sair esta noite. No entanto, não precisava ser neste segundo. Não
até que ela voltasse para a cama, não até que soubesse que ela teve algum
descanso de tudo. Ele ficou ao lado dela na densa neblina, enquanto a
brisa que ele mal sentia soprava seu cabelo.
Falar era inútil quando não o conhecia, e nem o reconheceria. Além
disso, ele não tinha nada a dizer. Ele oferecia sua companhia em vez disso.
Sua presença. Toda a sua força em silêncio.
Soluços frouxos o assustaram e ele a pegou em seus braços, olhando
para os olhos que não se iluminavam ao vê-lo. Olhos úmidos, perdidos e
aborrecidos.
Isso doía.
Ainda assim ele a segurou contra o peito, permitindo que suas
lágrimas o embebessem. Para alimentar e agitar a fúria como uma bola de
fogo. De muitas maneiras, abraçá-la parecia com fechar os braços em torno
de alguém desconhecido. Mas os vestígios dela permaneciam, e ele se
agarrava a isso.
Ele não deveria ter fraquezas, mas ele a tinha. Ela ficou em seu
abraço, alternando entre chorar suavemente e murmurar coisas sem
sentido para si, até que seus braços queimavam de segurá-la. Até que suas
pernas protestaram.
Só então ele a levou de volta para a cama, colocando-a lá antes de
passar pela rotina.
Escovar seus cabelos.
Ele sentou na cama, ao lado dela, no topo das cobertas, os tornozelos
cruzados, segurando sua mão. Quando ele partisse, os cuidadores fariam
isso. Toda noite. Escovar os cabelos, segurar a mão dela e orar para que ela
dormisse.
Demorou trinta e oito minutos desde o momento em que ele sentou
na cama até o momento em que ela fechou os olhos. A pressão em sua mão
desapareceu e ele percebeu o quão apertado ela estava o segurando.
Daniel trouxe aquela mão até o rosto, sua pele queimava com a
evidência de suas unhas. Ele abriu a mão e a passou em sua testa,
alisando seus cabelos. Depois de dar um beijo em sua bochecha, ele saiu
da cama.
Se ele demorasse, ele nunca iria embora, e ele tinha planos.
Com um último olhar em seu rosto tranquilo, ele saiu do quarto, e
conversou com seus cuidadores antes de partir. Deixá-la sempre o
inundava em uma mistura tóxica de alívio e culpa. Esses sentimentos
estavam com ele quando ele se afastava da casa e, mesmo quando
embarcou no jato particular no pequeno aeroporto municipal a cinco
quilômetros de distância.
— Pronto para fazer isso?
Ele esperou até colocar o cinto de segurança antes de encontrar os
olhos do jovem que estava olhando para ele.
— Estoy listo. — Estou pronto.
Um sorriso tocou a boca de Toro. — Eu quase sinto muito por ele —
ele sentou ao lado de Daniel e piscou. — Mas quase não conta.
Não, não.
****
****
E ele pensou que estar preso naquele maldito navio era o inferno.
Stavros franziu a testa onde o guarda de Daniel Nieto o tinha
amarrado. Sua cabeça estava zonza, os braços ficando entorpecidos. O
corte na sua bochecha da lâmina de Daniel queimava e, se ele entre
cerrasse os olhos, ele conseguia distinguir o machucado do maldito
marcador de gado.
Merda, mas isso doeu.
Os dedos dos pés não tocavam o chão, e as correntes em volta de
seus pulsos e garganta, marcavam a sua pele. E além de tudo isso, ele não
conseguia se lembrar da última vez que havia se alimentado. A última vez
que ele teve água. Sua garganta era uma lixa seca, e áspera quando
engolia.
Tortura, hein?
Você não conseguia ser alguém como Stavros Konstantinou sem ter
sofrido algumas sessões de tortura. E ele não conseguiu ser tão temido
como era sem ter que sofrer dor física. Ele matava para viver, possuía uma
companhia de assassinos internacionais. Era certo que levaria mais do que
o marcador de gado de Daniel Nieto para tirá-lo do jogo.
Ainda assim, ele poderia desejar uma limonada. Água com uma fatia
de limão pelo menos.
Seria melhor que Daniel e seu capanga, Henan, não se sentissem
confortáveis. Porque Stavros não ficaria muito tempo aqui.
Henan voltou a entrar na gaiola, semelhante à de Lisboa, exceto que
esta não era tão alta. Ele sorriu quando Stavros levantou a cabeça. Pura
maldade encarava Stavros. Com Daniel, havia uma desconexão, um
desapego, suas emoções dissociadas do que ele era. Stavros entendia isso.
Mas Henan, seu ódio o tocava de perto, cobrindo todo o rosto com manchas
vermelhas brilhantes.
Isso era uma fraqueza.
— De volta tão cedo? — Stavros perguntou. — Eu estava prestes a
fechar os olhos. Você sabe, ter o meu descanso de beleza.
As narinas de Henan brilharam. Ele queria que Stavros se
encolhesse com medo, e o fato era que ele não estava irritado com o homem
grande e calvo com braços tão grandes quanto suas coxas. — Você vai
morrer.
— Eu vou? — Stavros fez um show olhando ao redor da gaiola. —
Não vejo nenhum homem ao redor o suficiente para me matar.
Henan agarrou-o, dedos grossos e carnudos na garganta de Stavros,
apertando.
Stavros engasgou, balançando ligeiramente, mas não conseguiu
escapar dos dedos de Henan que lhe cortaram a respiração. Ele acalmou
sua luta, permitindo que sua cabeça recuasse, abrindo a garganta e,
quando Henan se aproximou, Stavros reuniu os últimos vestígios de sua
força e bateu sua cabeça com a do homem.
Deus. Droga.
Henan gritou e cambaleou, mas Stavros ficou balbuciando, tonto, um
pequeno fio de sangue atravessando a ponte do nariz. Daniel apareceu na
entrada da gaiola, parado ali, todo quieto e silencioso como o anjo da morte
coberto de preto.
Face estóica.
— ¡Hijo de la chingada3! — Henan girou para Stavros, uma arma
apontada para ele.
— Henan — Daniel pronunciou a palavra com o tom e a cadência
escura de comando, e sufocou os batimentos cardíacos de Stavros.
Henan congelou.
— Seu proprietário deveria ter te ensinado melhor — Stavros disse a
Henan. — Nunca deixe o inimigo entrar sob sua pele. Acabamos de
começar, mas você já perdeu este jogo, Henan. — ele sorriu lentamente,
provando o seu sangue quando lambeu os lábios. — Se você fosse meu
animal de estimação, você estaria morto por essa fraqueza.
Raiva escureceu o rosto já vermelho de Henan. Ele deu um passo à
frente.
— Henan — ainda assim, Daniel não desviou o olhar de Stavros. —
Nos deixe.
A seu favor, Henan não hesitou. Ele se afastou imediatamente e saiu
da gaiola, indo para as sombras quando Daniel entrou, caminhando em
passos medidos para Stavros.
— Seu cachorrinho não tem disciplina — Stavros disse. — A culpa
cai diretamente nos ombros do dono, é claro.
Daniel o observou, as mãos agora dentro dos bolsos do casaco de lã
escura que pendia logo após seus joelhos. As manchas brancas que
pontilhavam o colarinho e a lapela enquanto Stavros observava,
desapareceram.
Derretidas.
Neve.
3
Filho da puta em espanhol.
Eles se olharam mutuamente em silêncio. Tentando o máximo que
podia, Stavros não conseguiu ler Daniel. Isso o frustrou. Ele podia ler
qualquer um, permitindo que ele avaliasse sua fraqueza e usá-la contra
eles.
Mas Daniel Nieto só tinha uma fraqueza e Stavros a matou.
— Quanto tempo você planeja me manter aqui? — ele perguntou,
principalmente para cortar o tranquilo silêncio que ficava mais espesso a
cada segundo.
A expressão de Daniel - tão animada como um pedaço de papel em
branco - não mudou.
— Quanto tempo você acha que vai levar para você fazer pagar? Que
período de tempo irá compensar você invadindo minha casa e tirando
minha esposa de mim?
— Você percebe que nada disso era pessoal, certo? — Stavros
franziu a testa. — Você sabe que fui contratado para fazer um trabalho.
— Eu já lidei com as pessoas emitiram o pedido. — os lábios de
Daniel se curvaram, mas seus olhos ficaram gelados. — Agora é a sua vez.
Deixei o melhor por último.
— Estou lisonjeado.
— Deberías de estarlo. — você deveria estar. Daniel tocou a corrente
na garganta de Stavros e, durante breves batimentos cardíacos, um pouco
de seu dedo áspero roçou a pele de Stavros.
Ele estremeceu.
— Para realmente quebrar um homem, há certas linhas que é
preciso atravessar. — Daniel soltou a mão, colocando-a de volta no bolso.
— Para nossa sorte, cruzei essas linhas décadas atrás.
Capítulo 3
“As autoridades mexicanas e dos Estados Unidos confirmam a
descoberta do túnel transnacional entre Tijuana e San Diego.”
Daniel soltou o jornal. Quando ele ressurgiu de seu exílio auto
imposto, a palavra se espalhou em sussurros silenciosos de que ele iria
reivindicar o que legitimamente pertencia aos Nietos.
A ele.
O seu trono.
Ele não desiludiu ninguém dessa noção. Na verdade, ele encorajou o
próprio boato. Mas tudo isso era subterfúgio para seus objetivos reais.
Voltar a liderar um de cartel, traficar armas, drogas e humanos já não
estava nos cartões dele. Não mais.
A mulher que não se lembrava mais dele, ele lhe devia.
Era ela ou a morte. Nada mais. Nada menos.
Mas mesmo quando ele conseguiu tirar um monstro de suas costas,
outro lhe esperava. Então ele tinha que lidar com isso. Felipe Guzmán
culpava Daniel pelo desaparecimento de sua irmã. O irmão de Petra odiava
o fato de Daniel permanecer vivo e livre enquanto sua irmã não.
Felipe fora um dos soldados de Daniel e, na ausência de Daniel, seu
cunhado formou uma nova organização, The Ghost Gang.
Felipe perseguiu Daniel, na esperança de atraí-lo para fora. Mas
Daniel não chegou ao topo da cadeia alimentar, deixando a emoção ditar
suas ações. Ele tinha planos, como aquele título de jornal.
Algumas palavras sussurradas na vizinhança das pessoas certas, e
os túneis que Guzmán usava para trazer suas drogas para a Califórnia
eram agora de conhecimento público.
— ¿Jefe4?
Ele se concentrou em seu sobrinho. Seu irmão, Antônio, nunca viu
seu filho crescer, mas Toro tinha o fogo dos Nieto em seus olhos, e aquela
sede inextinguível de sangue e poder que todos herdaram do velho.
— O pacote — ele pediu a Toro em espanhol rápido. — Cadê?
4
Chefe em Espanhol.
Toro empurrou um polegar sobre o ombro, apontando para onde um
sedan preto estava estacionado.
— Mostre-me.
— O pacote dois já foi adquirido — Toro disse antes de desaparecer
no porta-malas.
Toro jogou sobre os ombros o pacote um. Tornozelos amarrados.
Pulsos também. Boca fechada. Cabeça coberta com uma bolsa preta, com
pequenos buracos para respirar. Ele gemeu um som ensopado de dor.
Daniel sorriu.
Começar uma guerra de gangues não era tão difícil. Não se você
soubesse onde puxar. A competição direta de Felipe Guzmán entre a The
Perez Boys. Um a um, ele estava tirando membros de ambas às seitas,
começando pelo meio. Matar os soldados mais baixos, os da infantaria,
ninguém percebia ou se importava. Os meninos da esquina trabalhavam
para quem oferecia o máximo de incentivos. Tire uma cabeça e outra
pessoa tomará seu lugar rapidamente. Mas se livrar das pessoas do meio, o
coração de uma organização, você os deixa de joelhos.
5
Sim, sou eu em Espanhol.
— Eu o enviaria de volta a Perez para entregar minha mensagem —
Daniel murmurou. — Mas eu acho que a sua morte é suficiente.
Era sua segunda natureza, o reflexo natural, então ele deslizou a
lâmina de uma faca, e cortou a garganta do pacote um. O sangue brotou da
artéria carótida, salpicando imediatamente o seu casaco e fazendo uma
bagunça no peito de Toro.
Com uma respiração profunda, Daniel recuou.
— Cuide disso. — Ele disse a Toro. — O corpo e o carro,
imediatamente. Eu quero que ele seja entregue em pedaços.
Toro inclinou a cabeça. — Como você... — ele deu um aceno de
cabeça e um pequeno sorriso. — Sí, chefe.
O homem seria enviado em pedaços a todos no escalão superior da
organização Perez. A mensagem lá não iria ser mal interpretada.
— E o pacote dois? — Toro perguntou.
— Mantenha-o no gelo — Daniel disse a ele. — Não faça nada até
que eu diga.
Toro assentiu solenemente. Ele entendeu o que Daniel queria dizer,
ele estava lá antes. Eles já fizeram isso antes. Eles fariam novamente. Ele
tirou sua jaqueta e a atirou para Toro.
— Mande limpar.
— Devemos nos livrar disso, chefe. — Toro franziu a testa para ele
como se Daniel não tivesse pensado nisso.
— Não.
— Jefe...
— Eu disse que não — ele falou, e Toro imediatamente recuou.
— Claro. Perdón6, chefe.
Nieto o observou de perto. Ele parecia muito com Antonio. —
Quando você era mais novo você me chamava de tío. Por que você parou?
Toro olhou para ele. Aos vinte e seis ele era jovem em idade, mas
suas experiências de trabalhar para Daniel já estavam escritas em seu
rosto, e muito escondidas pela barba cheia e grossa. Ele era a encarnação
de seu apelido, bem musculoso e cheio de agressão perigosa. Ele tinha os
olhos de Antônio, sempre apreciando, e muito mais inteligente do que
queria que você visse. Como seu pai, Toro tinha uma camada externa
6
Perdão em Espanhol.
arrogante e maldade que ele preferia mostrar. Muito mais palatável do quê
o que residia logo abaixo da superfície, Daniel sabia muito bem.
— Você é o chefe. — Toro finalmente respondeu à pergunta de
Daniel com um dar de ombro descuidado.
— Sí. — Ele bateu no ombro do homem. — Mas eu sou o seu
sangue primeiro. E conosco... — ele fez um gesto entre eles. — O sangue é
tudo — ele se virou e se encaminhou para o seu próprio veículo. — Cuide
desse casaco. É o meu favorito.
— Sí, chefe.
Claro, ele não disse a Toro que foi Petra que comprou o casaco. O
último presente que ela havia comprado para ele. Às vezes ele se sentia
mais perto dela quando usava o casaco. Aquelas eram as vezes que ele
sabia com certeza que sua mente estava indo e deixando seu corpo
quebrado para trás.
Eh.
Era obrigado a acontecer.
****
Violência.
Ela se instalou sobre os ombros de Daniel como um cobertor quente.
Usado. Reconfortante. Familiar. Ele sorriu, e permitiu que seus olhos se
fechassem por um momento enquanto saboreava a momento. A violência
vivia neste lugar onde Stavros esperava, acorrentado no frio porão do
triplex que Daniel havia obtido apenas por isso.
— Senhor. — Boyd estava ao lado dele, com os suprimentos médicos
na mão enquanto aguardava as instruções de Daniel. Apesar da bata de
laboratório ter deixado de ser branca para um marrom claro com sujeira, e
o estetoscópio pendurado ao redor de seu pescoço, Boyd não era um
médico. Apenas um homem que se sabia algumas coisas. Ele também era
um homem que devia um favor a Daniel ou três.
Ele havia chamado todos os seus favores para isso.
Com os olhos fechados, com calma e arrogância, seu prisioneiro
deslocou-se da grade de metal frio para o chão.
— De volta tão cedo? — Ele levantou a cabeça enquanto olhava
pelas barras que o prendiam, Stavros sentou-se lentamente. Em deferência,
talvez, pelos machucados que ele havia recebido no dia anterior.
Henan usava sua raiva como um talismã ao redor de seu pescoço,
exposto para Stavros tomar nota e usar contra ele. Claro, a atitude
despreocupada de Stavros só servia para irritar Henan. Se o guarda tivesse
sua chance, ele colocaria uma bala no crânio de Stavros em um segundo.
Mas, claro, o prisioneiro não morreria em breve.
Este era o mundo de Daniel. Do grego também. Eles eram tão
parecidos, e era quase reconfortante. Daniel o mataria. Ou talvez Stavros
conseguisse o que ele tentou anos atrás, quando matou a esposa de Daniel
em vez dele. Ele tomaria a vida de Daniel.
— Você sentiu minha falta, sim? — Stavros sorriu. Ele parecia...
Despreocupado. — É bom admitir isso. Eu tenho esse efeito sobre as
pessoas. — a piscadela era quase jovial.
No final daquela noite sangrenta, Daniel pensou que as pessoas que
ousaram enviar Stavros atrás dele tinham que ter ficado loucas de trazer
sua ira para eles. Ele estava certo. Mas, perder seu amor, o deixou perto da
insanidade, então agora eles jogavam em um campo neutro.
— Senhor.
Boyd afastou o olhar que Daniel tinha sobre Stavros.
— Ele foi alimentado?
Boyd assentiu com a cabeça. — De acordo com as suas
especificações.
Pão e água. Uma vez por dia.
— Venha então. — Daniel caminhou até a gaiola, abriu com a chave
que estava nas contas do rosário. O rosário de Petra. Ele o envolveu em
torno de seu pulso como um bracelete grosseiro. Seu sangue ainda estava
nele. Ele nunca se incomodou em lavá-lo. Os anos se passaram, então seria
preciso procurar novas contas.
Daniel via o rosário toda vez que olhava seu pulso.
A porta da gaiola abriu com um ruído alto, e Stavros jogou a cabeça
para trás e riu.
— Entrem... — Ele murmurou, olhando para Daniel de debaixo dos
longos cílios, puxando as correntes em torno de seus pulsos.
Três passos deixaram Daniel ao lado de Stavros, e ele se ajoelhou,
agarrando o queixo do seu cativo.
Stavros o observava com desprezo patente, desafiando Daniel. Ele
era um homem imprudente, cortejando a morte com a companhia que ele
mantinha. Daniel o observou o suficiente para saber como sacudir o
prisioneiro.
Como se seus pensamentos ecoassem, passos foram ouvidos na
escada de metal que levava até o porão. Se ele os ouvia, Stavros não deu
nenhuma indicação. Ele manteve o olhar em Daniel, observando,
esperando.
Ele podia ter uma ideia do que estava próximo, mas Daniel nunca foi
o tipo previsível. A razão pela qual ele permaneceu vivo e respirando até
hoje. O clique dos saltos aproximou o visitante e Daniel se afastou de
Stavros, soltando o queixo do homem.
Deixando deliberadamente o olhar ir para a porta da gaiola, ele
acenou com a cabeça para Wilhelmina enquanto ela se pressionava contra
as barras. Ela era alta e ficou parada, seu cabelo escuro caindo sobre seus
ombros como os galhos de uma nogueira. Ela também lembrava uma noz,
sua casca dura e rígida de se quebrar, apesar dos grandes olhos que
fingiam inocência. O couro preto, que abraçava o corpo dela, escondia a
maior parte de sua pele lisa e cremosa, mas mantinha os seus
impressionantes seios em exibição.
Stavros virou-se para ela e congelou.
Ela sorriu com os lábios vermelhos, expressão tímida quando entrou
e passou por Stavros. Tudo sobre ela, do jeito que ela se movia, até a forma
como ela olhava para Stavros, deveria hipnotizar. Daniel observou Stavros
observá-la com os olhos que se abaixaram quando ela caiu de joelhos na
frente dele.
— Annika.
Sua irmã morta. Daniel observou tempo suficiente para saber que
Stavros a amava. Irmãos não por sangue, apenas por casamento, ele a
amava.
No entanto, ele nunca a teve.
— Annika. — O nome dela era um sopro de som trêmulo quando
Stavros tentou tocá-la, abraçá-la, exceto que as correntes não o deixariam.
Daniel não o deixaria.
Wilhelmina - me chame de Willy, amoreee – se contorceu no grego nu,
beijando-o, deixando manchas de vermelho para trás. Nem havia nem
mesmo um centímetro de distância, perto o suficiente para ouvir o
chocalhar da respiração no peito de Stavros, Daniel sentou e observou. Ela
acariciou a parte de trás de Stavros e enterrou os dedos nos cabelos
enquanto ele devolvia o beijo com sons famintos e tristes.
Ávido, enquanto ele tomava algo que lhe tinha sido negado por anos.
Willy circundou o pescoço de Stavros, ambas as mãos gentis no
início. Como o toque de um amante.
Boyd entrou na gaiola pela primeira vez.
O domínio de Wilhelmina ficou mais pesado, mais insistente em
torno do pescoço do grego. Exceto que o homem não prestou atenção.
Muito ocupado tomando o que nunca teve antes. Como a profissional que
ela era, Willy não parou, nem hesitou.
Ela apertou e segurou. Quando Stavros finalmente descobriu o que
estava acontecendo, ela já o tinha. Seu corpo nu empurrou-se, mas suas
mãos continuaram no pescoço dele.
Daniel não afastou o olhar, observando como a bela mulher tirava a
vida do grego com as mãos delicadas. Ela a roubou, e Daniel estava com
ciúmes. Irrevogavelmente com ciúmes de como ela se sentia ao tirar a vida
de Stavros. Mas ele queria isso.
Ele aceitava isso.
Quando o corpo parou de se mover, ela finalmente ergueu as duas
mãos. Uma espécie de rendição. Ela flexionou os dedos, fechou as mãos em
punhos e as abriu antes de encontrar os olhos de Daniel com um pequeno
sorriso e um brilho de luxúria sexual em seu olhar.
— Feito.
— Boyd. — Daniel acenou para o homem quando a mulher se
afastou do corpo nu de Stavros e caminhou até a porta da gaiola.
— Quando você precisar de mim — ela ronronou. — Você sabe onde
me encontrar.
Daniel assentiu. Toro tinha seu contato, já que os dois costumavam
frequentar os mesmos círculos de criminosos. Como ela já havia sido paga,
Daniel a dispensou.
— Adeus, Wilhelmina.
Os seus saltos soaram, mas ele já estava dando atenção para Boyd,
observando desapaixonadamente enquanto Boyd realizava RCP 7, para
trazer Stavros de volta à vida.
Ele não tinha permissão de morrer. Ainda não. Daniel manteve o
rosto impassível, os dedos fechados, com ambos os indicadores tocando
seus lábios enquanto Boyd cantarolava em voz baixa, suando. Porque ele
sabia, que se Stavros não acordasse, Boyd morreria com ele.
O corpo de Stavros arqueou do chão.
Os seus cílios vibraram, levantando enquanto tossia e gemia. Sua
pele estava pálida, olhos cheios de sangue e sem foco. Boyd levantou-se da
posição ajoelhada, deu um passo para trás, e deu um suspiro alto. A
cabeça de Stavros virou-se, olhos nublados se aproximando de Daniel
enquanto a garganta voltava a funcionar.
Daniel sorriu.
— Bem vindo de volta — ele saudou. — A diversão começa agora.
7
A reanimação cardiopulmonar (RCP) ou reanimação cardiorrespiratória (RCR) é um conjunto de manobras destinadas a
garantir a oxigenação dos órgãos quando a circulação do sangue de uma pessoa para (parada cardiorrespiratória).
Capítulo 4
Ele se acostumou com o silêncio. Ele podia lê-lo, e ele sabia o que
aquela quietude representava.
A calmaria antes da tempestade.
Amontoado no meio da gaiola fria, o sangue seco debaixo de seu
corpo nu, Stavros não se incomodou em levantar a cabeça. Seu corpo doía,
mas a dor era uma companheira tão constante que ele conseguiu colocá-la
em algum lugar na parte de trás de sua consciência. Se ele pudesse mexer
os dedos, ele os curvaria em punhos, mas, por enquanto, pendiam sem
força.
A respiração, essa péssima necessidade, também doía. Ter ar em
seus pulmões era uma tarefa, uma que Stavros tentou dominar enquanto
permanecia nessa posição.
Só uma coisa poderia cortar um silêncio tão grosso, e Stavros
esperava por ele.
Esperar era algo em que era bom. E matar. Hoje em dia a espera
mantinha mais peso, porque ele estava esperando seu tempo, esperando
matar.
Ou ser morto.
A outra metade da moeda.
Ele estava bem com qualquer opção.
Ele foi ensinado no negócio da família em uma idade precoce. Muito
mais cedo do que um garoto deveria. O seu pai acreditava na perfeição e na
prontidão, e ele garantiu que seu filho estivesse exposto à violência.
Fazendo isso, Stavros já estava entorpecido antes do décimo oitavo
aniversário. Ele também havia tirado algumas vidas até então.
O orgulho nos olhos de seu pai mantinha o sangue fluindo.
Crescer sem uma mãe, e um pai que viajava frequentemente sob o
pretexto de diplomata, não havia muita oportunidade de deixar alguém
orgulhoso. Os professores de seus internatos não contavam, e seu theíos –
tio – Christophe definitivamente se importava.
Mas Christophe não era o pai de Stavros.
Então, qualquer chance de deixar o seu pai orgulhoso, ele aceitava.
Ele abriu os olhos e olhou para a escuridão. O tempo não tinha
muito significado dentro de sua gaiola. Ele não tinha um relógio, nem a luz
do sol, apenas o breu da escuridão. Não havia como saber por quanto
tempo foi mantido aqui, cativo, prisioneiro, torturado e atormentado por
Daniel Nieto.
Como se os pensamentos de Stavros o tivesse conjurado, um único
arranhão de sapato contra o chão empoeirado chegou aos seus ouvidos. Ele
se viu olhando então, embora sentisse como se um bloco de concreto
estivesse pousado no pescoço dele. Ele teve que piscar repetidamente para
que seus olhos ardentes se focalizassem.
A escuridão se mudou, e se separou, e o brilho da lâmpada surgiu,
revelando seu captor.
— Sr. Konstantinou — a voz de Daniel fez Stavros estremecer.
— Me chame... — Era estranho ouvir a própria voz. — Me chame de
Stavros — seus lábios racharam, e gotas de sangue caíram no seu queixo
quando Stavros sorriu. — Nós somos, afinal, íntimos agora. Não?
Ele não esperava uma reação do homem que o observava tão
cuidadosamente, e Stavros não conseguiu uma. O olhar de Daniel sobre ele
era quase casual, desdenhoso. Ele esperava que Stavros quebrasse. Ele
esperava que Stavros se rompesse sob a força de sua tortura.
Daniel Nieto deveria ter perguntado sobre como Stavros reagia às
expectativas.
As desafiava. Ele as desafiava.
— Você está feliz por me ver? — falar e respirar doía, e então ele teve
que parar e forçar as palavras. — Porque eu... — ele ergueu o queixo e um
choque de dor severo cortou seu crânio, escurecendo sua visão por um
momento. — Eu senti sua falta, Nieto — ele lambeu o sangue do lábio
inferior. — É tão divertido quando você está aqui.
Realmente era. Quando Daniel estava por perto, eles jogavam o jogo,
aquele em que Daniel se passava por Deus. Ele matava Stavros e depois o
trazia de volta. Ele nunca teve medo da morte. Agora, graças a Daniel, ele
sabia o que o esperava do outro lado.
A porta da gaiola abriu e Daniel entrou. Alto e esguio, e vestido da
cabeça aos pés, olhos pretos brilhando enquanto permaneceram focados
em Stavros. Quanto mais ele se aproximava, mais Stavros se preparava
mentalmente.
A única coisa previsível sobre Daniel Nieto era a sua
imprevisibilidade.
Stavros achava... Fascinante.
— Sr. Konstantinou. — Daniel se ajoelhou ao lado dele, um joelho
na pequena poça de sangue manchado e seco no chão. Ele tocou Stavros,
uma mão sem luva na parte de trás do pescoço.
Dedos afundaram e apertaram enquanto agarrava a cabeça de
Stavros.
Ele apertou os dentes, os olhos nublados de dor.
— Estou feliz que você esteja alerta — murmurou Daniel. — O que
vem depois, você deve testemunhar.
Stavros sorriu, pois a fraqueza não seria algo que ele mostraria
voluntariamente. Dentro do peito, ele era um bloco de gelo. A
imprevisibilidade de Daniel Nieto o fascinava.
E o assustava também, quando Stavros se mantinha acordado e
encontrava uma semelhança muito viva de sua irmã morta, Annika, nua
em cima dele. Se contorcendo, implorando-lhe para tocá-la.
Para levá-la.
Por um momento ele ficou feliz por estar morto. Para estar com ela.
Para finalmente ter o que ele desejou, já que sua mãe se casou com seu pai
quando ambos eram adolescentes.
Então, sim, ele se derreteu em seus lábios e seu toque. Algo que ele
não ousou fazer quando ela estava viva. Porque ela nunca permitiu isso.
Ah, sim, ela o provocava. Ela o fazia pensar que ele iria conseguir, mas no
último segundo, ela sempre se afastava dele.
Desta vez não foi diferente. Salvo por suas mãos suaves ao redor de
sua garganta, espremendo com força.
Assim como ele gostava.
Annika sabia de tudo, todas as suas torções. Mas sua carícia tinha
sido uma mentira. Seu rosto também. Ela foi uma impostora, evocada por
Daniel, que pareceu saber mais do que Stavros o havia dado crédito.
Subestimar o inimigo era um erro mortal.
— Estou pronto. — Ele disse a Daniel, interrompendo as palavras.
— O que quer que você tenha, jogue-o para mim. Junto com um bife. —
Essa merda de pão e água não estava dando certo. Os pedaços, entregues
quase que diariamente por Henan, de gosto azedo, juntamente com o frio e
a fome, o deixaram em um estado de fraqueza física que ele não poderia
descrever corretamente.
A boca de Daniel se curvou. Era uma boca cruel em um rosto áspero.
Stavros sempre admirou a crueldade. Isso não mudou, nem mesmo neste
momento, e de todas as coisas que deveriam tê-lo desesperado de sua
tênue compreensão na sanidade, sua admiração pela boca de Daniel Nieto
não estava em nenhuma parte desta lista.
— Eu acho que eu teria gostado de você. — Daniel disse. — Se você
não fosse imprudente, sem fé — a mão no pescoço de Stavros, em seguida,
caiu. — Se você não tivesse tirado a coisa mais importante da minha vida.
Daniel falava em tom de conversa, mas o arrepio explodiu através da
pele nua de Stavros. Lançando um aviso, colocando-o em guarda, e não
muito cedo. A dor no lado esquerdo o fez ofegar e ele afastou seu foco do
rosto de Daniel para olhar para baixo. Uma faca estava lá, a mão de Daniel
curvada em uma carícia amorosa ao redor do cabo, os nós dos dedos
pastoreavam na pele de Stavros enquanto o sangue escorria para se juntar
a poça no chão frio.
Nieto queria que Stavros implorasse pela morte. Pedisse que a
tortura parasse.
Sua visão vacilou, e um som traidor escapou de seus lábios enquanto
ele erguia a mão. Lentamente. Ele tocou o braço do homem segurando a
lâmina dentro dele. Uma nova ferida para adicionar as inúmeras outras que
ele havia adquirido desde que acordou dentro da gaiola de Daniel pela
primeira vez.
Feridas e mais feridas.
Esta, como as outras antes, sangraria, doeria e cicatrizaria. Mas não
colocaria em perigo a sua vida, ainda não. Daniel queria que ele sofresse.
Stavros tinha que estar vivo para isso.
Ele não teve força para fazer mais do que agarrar-se ao corte
molhado e escorregadio de Daniel quando seu captor puxou a faca. Stavros
não estava familiarizado com som de sucção que fez. O calor de seu sangue
ficou um pouco do frio, e ele ergueu a mão na frente do rosto, olhando o
gotejante vermelho de seus dedos.
— Você gosta quando eu sangro — mesmo para seus ouvidos, suas
palavras eram mais tristes do que o normal. Inconscientes.
— Você faz isso tão bem. — Daniel soou orgulhoso, como se ele
aprovasse os riachos vermelhos percorrendo o quadril de Stavros e a
pequena poça que congelava ao lado deles. — Também me traz prazer,
observar você sofrendo.
Stavros estava ficando inconsciente, mas ele colocou os dedos
ensanguentados em sua boca, lambendo cada dedo vermelho - era dele, ou
talvez algum sangue de Daniel também estivesse misturado? - enquanto ele
segurava o olhar de Daniel.
— Isso me traz prazer... — sua voz tornou-se mais suave e suave,
desvanecendo, sua visão se estreitou para o homem ao lado dele que usava
a marca de morte de Stavros tatuada em volta de seu pescoço. O homem
com olhos impenetráveis e aquela boca lindamente cruel. — Observar você
tentar.
****
****
Ele perdeu o controle da última vez que ele comeu. Eles tinham lhe
machucado mais do que ele experimentou há muito tempo, e o drenaram
de mais sangue do que pensou que seria possível perder.
Mas a coisa mais premente para Stavros no momento era comida.
Ele fechou os olhos, tentando cheirar tudo exceto o desperdício de seu
próprio corpo. Inúmeros dias e noites acorrentados dentro dessa gaiola. As
alimentações esporádicas e a tortura. Se não fosse o alimento ou a comida
por dias, ele realmente gostaria deste calabouço congelado, úmido e escuro.
Fazia muito tempo desde suas últimas férias.
Deitado no chão frio onde permaneceu quando eles terminaram de
tentar quebrá-lo, ele inclinou seu peso com cautela para o seu lado
esquerdo inchado até o direito igualmente inchado. Sua garganta queimava
da pressão das correntes que foram enroladas em seu pescoço. Seus
tornozelos. Seus pulsos. Tudo doía. Ele não ficaria surpreso se seus dedos
estivessem quebrados. Agora eles eram inúteis para segurar e torcer as
correntes.
Não havia como ele pudesse se levantar, não com as correntes ou
com a forma como o corpo dele doía, mas suspeitava que suas pernas ainda
fossem úteis em segurá-lo.
O som de passos firmes contra o chão de cimento o fez se contrair,
mas ele não conseguiu fazer nada além de ficar ali e esperar. O cheiro de
comida o atingiu quando uma bota pesada pousou nas suas costas.
Não era Daniel.
Ele não teve que abrir os olhos para saber que o recém-chegado era
Henan, com a raiva e o veneno de serpente.
— De pé. — Henan falou aborrecido. Ele chutou a parte de trás da
cabeça de Stavros.
Doía - o que não doía mais? - mas fazer um som levava muito
esforço. Além disso, ele não queria fazer nada que pudesse fazer a comida
que ele cheirava ir embora. Seu estômago se apertou cru e doloroso. Ele
rolou o máximo que podia em sua barriga, estremecendo, mordendo o
interior de sua bochecha. Então lutou para se agachar antes de levantar a
cabeça.
Henan ligou a luz acima do portão da gaiola, e ele ficou ali, um prato
de comida na mão quando viu Stavros. Henan não era um homem alto. Ele
lembrava a Stavros de um fisiculturista com esteróides, barrigudo, com
costas arredondadas enquanto caminhava com os calcanhares mal tocando
no chão. Cabeça raspada pequena, rosto em perpétua careta, músculos
inchados, veias que sobressaiam.
Ele não falava muito, seguindo as ordens do responsável. Essas
ordens pareciam manter Henan, de outra forma desqualificado, sob
controle.
— Com fome, hein? — o sotaque de Henan era grosso, difícil de
cortar.
Na pergunta, Stavros encolheu os ombros.
— Eu não morreria se tivesse um bife — suas palavras surgiram
bruscamente e lentas, mas não havia nada que ele pudesse fazer sobre
isso.
— Você pode ter isso. — Henan estendeu o prato, e as papilas
gustativas de Stavros se tornaram vivas, inundando sua boca com saliva
quando viu ovos e pão. — Se você implorar.
Oh. Bem então. — Eu não sei se você está ciente disso — ele se
inclinou para frente, falando suavemente como se estivesse compartilhando
um segredo. — Mas eu não imploro. Para nada. Ou para qualquer um.
Henan riu.
— Se você quer isso... — o riso foi embora rapidamente. — Você
implora.
Stavros suspirou. Obviamente ele não ficaria sem sustento em breve.
— Ouça, diga ao seu chefe escondido que se ele quiser que eu implore, ele
pode tentar me obrigar ele mesmo. Eu não vou a lugar nenhum.
Ele culpou seu olho direito inchado por sua incapacidade de ver a
bota de Henan se dirigindo para ele. O pontapé em seu rosto acertou em
cheio, ao cair, veio os chutes.
Merda.
Ele tentou se enrolar em uma bola, para cobrir o rosto, mas as
correntes restringiam seu movimento, deixando-o aberto e mais vulnerável
às botas de aço. O sangue inundou sua boca e deslizou pela garganta,
sufocando-o. Ele tossiu e explodiu, arrastando seu corpo maltratado ao
longo do chão frio, na tentativa de se afastar da bota insistente de Henan,
mas só até o momento.
Não houve luta de volta, nem escapatória. O que significava que ele
tinha que ficar ali e ser chutado a um fôlego de perder sua vida. Mas Nieto
não o queria morto.
Ainda não.
A dor o cegou. Seus gemidos, esfarrapados e molhados, bateram nas
orelhas e Stavros se encolheu com esse som tanto quanto a própria dor.
Odiava ser fraco e vulnerável. Esta situação era o caráter disso.
Não havia saída. Nenhuma escapatória.
Só isso, dia após dia.
Um golpe particularmente vicioso bateu sua cabeça no concreto, e ele
deve ter apagado porque a próxima coisa que ele soube era que um fluxo de
líquido quente estava se derramando sobre ele.
Ele gemeu, as pestanas se abriram. De costas, ele olhou através de
uma visão turva e deslumbrante para ver Henan de pé sobre ele, o zíper
para baixo.
Seu pau para fora.
Apontando para ele.
Quando o outro observou os olhos abertos de Stavros, ele sorriu e
apontou mais alto.
Para a cara dele.
A urina salpicou sua bochecha esquerda, entrando no nariz. Na boca
dele.
O corpo de Stavros se recusou a se mover. Recusou-se a se afastar.
Nada funcionava senão a mente e os olhos enquanto permanecia deitado,
sonhando com todas as maneiras que ele faria Henan pagar.
Todas as maneiras que ele faria Daniel Nieto pagar.
Ele desapareceu no chão frio, corpo quebrado, encharcado de sangue
e urina. Ele desapareceu quando Henan saiu da gaiola com a comida.
Ele sentiu que tossiu; a garganta e a boca estavam tão secas que
pareciam apertadas, quebradas. Stavros tentou levantar a cabeça e um
pequeno grito o deixou quando a dor o atacou. Ele caiu no chão enquanto
ofegava. O fedor, um misto de urina e sangue assaltava suas narinas,
queimando seu nariz e os olhos.
Ele engoliu em seco.
Água.
Ele precisava de água.
A garganta doía, estava tão seca. Ele não teve que tocar seu rosto
para saber que as camadas de sangue estavam por ali. Mais uma vez, ele
levantou a cabeça, pronto para a dor, mas ainda incapaz de sufocar o
gemido que a dor trouxe aos lábios. Ele conseguiu uma posição semi-
sentada e olhou em volta.
A luz estava desligada, mas uma pequena poça de líquido brilhava no
canto, perto do ralo. Um som de pressão ecoou em seus ouvidos quando ele
tentou engolir. A dor em seu estômago era além da fome, além de qualquer
coisa. O vazio pareceu se instalar em seus ossos.
Mas água.
Ele precisava de água. Então ele se arrastou para aquela poça
pequena, um pouco maior do que o tamanho de um dólar. Água que devia
ter se estabelecido lá após o seu semi-afogamento anteriormente. Uma vez
que ele atingiu seu objetivo, Stavros se curvou e lambeu.
Estava morno.
Mas era líquido.
Amargo com outro gosto estranho.
Talvez sal.
Ele afastou a boca disso.
Ele estava lambendo a urina de Henan?
Líquido.
Ele se preocuparia com isso mais tarde, outra vez, quando ele não
estivesse prestes a desmaiar pela falta de água. Ele se curvou novamente,
cheirando, recusando-se a reconhecer o que estava fazendo. Quão baixo ele
estava, literal e figurativamente. Raspando a língua no chão, ele lambeu. A
umidade queimava seus lábios e os cortes no queixo.
Mas... Era líquido. Logo tudo se foi, mas ele ficou dobrado, com a
língua no chão, agitando.
Recusando-se acreditar quem era ele. Stavros Konstantinou.
— Sr. Konstantinou — a luz na gaiola acendeu. — Você não parece
tão bem.
Stavros endureceu com a voz de Daniel, mas ele não ergueu a
cabeça, zangado demais para conseguir isso. Mesmo acorrentado e
ensanguentado, ele tinha uma espécie de vantagem. Agora, já havia
desaparecido.
— Nada a dizer? — os passos de Daniel se aproximaram até que ele
estava dentro da gaiola com Stavros, a poucos passos de distância.
Stavros permaneceu nas mãos e os joelhos, traseiro nu no ar, mas
ele olhou para Daniel. — Você deveria me matar — ele respondeu. —
Quanto antes melhor.
— Oh? — os lábios de Daniel se curvaram quando ele afastou-se de
sua posição e agachou-se ao lado de Stavros. — Por que você diz isso?
— Porque eu vou matar você — Stavros disse. — Mas não antes de
rasgar Henan e matá-lo arrancando suas entranhas.
O nariz de Daniel enrugou. — Isso é muito específico. Mas você
sabe, Sr. Konstantinou, eu não vou matá-lo. Ainda não, de qualquer
maneira.
Stavros sentou-se completamente, rangendo os dentes com a energia
que a ação simples levava. Energia que ele não tinha. — Seu plano é me
matar de fome lentamente?
— Henan trouxe comida antes, não? — Daniel levantou uma
sobrancelha. — Foi-me dito que você não comeu. Algo sobre se recusar a
implorar por isso — ele observou Stavros de cima para baixo. — Que
vergonha.
— Você me observou, não foi? — Stavros perguntou. — Você acha
que me conhece, não é? Quando você estava tirando imagens de mim
enquanto se escondia em meus arbustos, você viu alguma coisa que o fez
pensar que eu imploro?
— Não. — Daniel se inclinou, tão perto de Stavros podia sentir o
cheiro do café em sua respiração. — Eu também não vi nada sobre você
gostando de urina, mas aqui está você... — ele assentiu para onde Stavros
estava agachado, nem um minuto atrás. — Arrastando a língua em todo o
meu piso em busca de mais mijo.
O riso em seu tom era difícil de perder, então Stavros permitiu que a
humilhação lavasse por ele por apenas um segundo. Só porque ele não
tinha tempo para mais nada. — Nós fazemos o que temos que fazer para
sobreviver.
— Eu concordo. — Daniel inclinou a cabeça e lambeu seus
deliciosos lábios – malditos sejam seus lábios – antes que seus dentes o
mordesse — Mas acho que é engraçado - de uma maneira divertida - que
você acha que pode sobreviver a mim.
Sua confiança era a coisa mais atrativa que Stavros já havia
testemunhado. Ele esteve ao redor dos homens e mulheres mais lindos.
Mas foi o modo confiante e calmo que Daniel Nieto falava sobre matá-lo que
deixava o corpo de Stavros tentando se mexer.
Ele mudou de “muito além de torcido” e estava flertando com “doente”
agora.
Não surpreendentemente, Stavros estava bem com isso.
— Quanto tempo você planeja me manter aqui? — ele fez a pergunta
antes. Ele perguntaria novamente.
— Quanto tempo você acha? — Daniel se moveu, e o olhou com
zombaria. — Eu não preciso saber nada de você. Não há perguntas que eu
preciso responder, e nenhuma informação que eu busco — sua boca se
curvou mesmo quando aquela escuridão familiar em seus olhos se
aprofundou, puxando Stavros. — Isto é prazer. Estou tirando de você
porque você tirou de mim.
— Para se sentir melhor.
Compaixão piscou nos olhos de Daniel. Pena. Por Stavros. — Nada
me fará sentir melhor. Eu sei o suficiente para saber disso.
Stavros trouxe suas mãos atadas e, para o seu crédito, Daniel não se
moveu e nem bateu um cílio quando Stavros tocou seu queixo com os
dedos ensanguentados e quebrados.
— Eu gosto da sua voz — ele sussurrou. — Você diz às pessoas
como a obteve? — ele se lembrou de embrulhar o garrote em volta da
garganta de Daniel enquanto ele dormia com sua esposa ao lado dele
naquela luxuosa king Califórnia. A luta de sua vida, naquela noite. Ele
ficou muito duro no final, então ele ficou alto, fodido, e gozou com a
memória de Daniel Nieto lutando debaixo dele. — Você lhes diz o nome do
homem que se aproximou o suficiente para cicatrizá-lo permanentemente?
Daniel sorriu. E foda-se ele, mas era cruel. Esse sorriso tinha um
certo tipo de sabor. A boca de Stavros se contraiu.
— Eu gosto das minhas cicatrizes. — Daniel disse suavemente.
Sucintamente. — Elas me dizem onde eu estive. Que eu sobrevivi. Nós dois
sabemos que você nunca terá as mesmas opções — ele se afastou do toque
de Stavros. — Porque você nunca vai sobreviver a mim.
Stavros queria puni-lo por aquela gota de desafio, mas não havia
nada que pudesse fazer, exceto assistir enquanto Daniel se levantava e se
dirigia para a entrada da gaiola.
Henan apareceu, e Stavros olhou da mangueira para o filho da puta
enquanto Henan sorria para ele.
— Hora do seu banho, Sr. Konstantinou — disse Daniel. — Você
cheira a fome — ele se virou e fez uma pausa, olhando para Stavros sobre o
ombro dele. — E a mijo.
Filho de uma...
A força da mangueira o atingiu.
Doloroso. Sim, claro.
Mas água.
Então ele deu um encolher de ombros mentalmente e enrolou-se no
chão até o fim.
Capítulo 6
Uma vez por mês, Daniel fazia uma viagem a Seattle, para ver o
irmãozinho que ninguém deveria saber que existia. Com vinte e um anos,
sua mãe contou a Daniel e Antônio que eles tinham outro irmão. Ela
escondeu sua gravidez de seu marido porque não queria que a influência de
Eduardo Nieto corrompesse mais uma criança. Então, ela passou a maior
parte da gravidez nos Estados Unidos com um parente e deu seu terceiro
filho para adoção.
A notícia veio como um choque. Como não poderia? Mas Daniel
entendeu. Crescendo como o filho de Eduardo, ele entendeu a escolha de
sua mãe. Ela observou seu marido preparar seus dois filhos mais velhos,
tentando colocá-los um contra o outro em uma tentativa de transformá-los
em versões mais jovens de si mesmo. Em seu lugar, Daniel provavelmente
teria feito o mesmo. Ela implorou para manter seu irmãozinho seguro
ficando longe. Então eles tinham feito isso. Ninguém sabia sobre Levi,
exceto os três. Ou então eles pensaram.
O FBI descobriu sobre Levi de qualquer maneira, e eles lançaram
uma campanha para descobrir se ele sabia sobre o negócio do cartel. Se ele
estava tão envolvido nisso como Daniel e Antonio.
Eles plantaram um agente na vida de Levi. Um homem que Levi
amou e se casou sob falsos pretextos, até o dia em que descobriu a
verdade. Eles destruíram a vida de seu irmão, e quando Daniel descobriu,
ele queria sangue.
Levi manteve-o calmo por um tempo. Mas assim que Daniel estava
prestes a escapar dessa coleira, o marido de Levi voltou para a vida dele.
Eles se reconciliaram, reconstruíram sua vida e família, e agora se casaram
novamente. Seu irmão merecia ser feliz. Pelo menos, Petra diria isso. Ela
abraçaria o agente do FBI, Levi, e quereria que Daniel fosse ver a família.
Ele fez isso por Petra. Para a família que poderiam ter tido, se ele não
tivesse insistido que seu mundo fosse muito perigoso para uma criança. Ele
a desapontou com essa decisão, levando-a ao silêncio.
O silêncio de Petra o assustava como nada mais. Quando ela ficava
alta, quando eles brigavam, eles estavam bem. Mas quando ela ficava em
silêncio, quando fingia os sorrisos e procurava ocultar a luz que acendia em
seus olhos ao ver o bebê de outra pessoa, ele entendia que ele a feria de
uma forma mortal.
Ele mudou de ideia. Mas foi muito tarde.
Seu passado, presente e futuro foram roubados por Stavros
Konstantinou.
Ele foi pego por esse homem?
Sim, uma vez antes. Não aconteceria novamente.
Nunca.
No subúrbio silencioso de Seattle, ele estava sentado na parte de trás
do carro, olhando a casa do outro lado da rua. Toro sabia melhor do que
fazer perguntas, mas Daniel sentia a curiosidade de seu sobrinho. Ele não
sabia sobre Levi. Ninguém em sua família sabia sobre o irmão mais novo de
Nieto, exceto Daniel e Antonio.
O que Levi tinha dentro daquela casa, a família que ele havia
construído; Daniel não queria fazer nada para tirar dele. Levi merecia mais
do que ele conseguiu até agora. Mas ele era tudo que Daniel tinha, e isso
significava que ele não poderia ficar longe. Então, uma vez por mês, ele
vinha aqui e ficava sentado no carro do lado de fora da casa, observando-
os.
Às vezes a janela estava aberta, as persianas puxadas para trás para
mostrar-lhe Levi e seu marido, rindo e se amando. Isso fazia com que ele se
sentisse como parte da família, enquanto estava separado disso. Enquanto
seu irmãozinho fosse feliz.
Sua mãe pediu a Antônio e ele para proteger Levi. Mantê-lo longe de
seu pai. O negócio não era para ele. Eles pensaram que a proteção
significava distância. A distância simplesmente significava que eles não
tinham ideia quando o FBI voltou suas atenções para Levi. Agora, não
importava que ele raramente passasse pelo gramado dianteiro da casa de
Levi. Daniel iria ficar por perto.
Um bater de juntas na janela à sua direita trouxe sua mente de volta
ao presente. Donovan Cintron olhava para ele do outro lado.
— Toro.
Seu sobrinho baixou a janela e Van acenou com a cabeça para
Daniel. — Você quer entrar?
Ele queria. Mas ele não poderia. — Como ele está? — ele perguntou
em vez disso.
O ex-agente do FBI encolheu os ombros. — Ele está bem. Ele estaria
melhor se você parasse de espreita nas sombras e realmente entrasse em
algum momento.
Talvez os dois ficassem bem, mas Daniel não estava pronto para isso.
Ele poderia nunca estar. — E o menino? — ele perguntou por seu outro
sobrinho, o filho de Van e Levi.
— O menino. — Van bufou. — Ele está na faculdade, e não tenho
certeza se quero saber o que ele está fazendo por lá.
— Toro — Daniel encontrou o olhar do motorista no espelho
retrovisor. — Privacidade — ele ainda não havia compartilhado a notícia de
quem era Levi para seu sobrinho, e agora não era hora de fazer isso.
Um baixo clique sinalizou que o veículo estava desbloqueado e depois
Toro saiu. Daniel acenou para Van. — Junte-se a mim.
Van não hesitou em sentar ao lado de Daniel.
— Eu ouvi que você deixou o FBI.
Abaixando-se no assento de couro preto, Van o observou com uma
expressão relaxada enquanto encolhia os ombros. — Você ouviu
corretamente — ele se inclinou para frente. — Por quê? Está aqui para me
oferecer um trabalho? — ele riu com isso.
— Tenho certeza de que mi hermano mais novo teria algo a dizer
sobre isso.
— Sim.
Daniel deixou o silêncio construir por um tempo antes de dizer: —
Eu tenho Stavros Konstantinou.
As sobrancelhas de Van derrubaram. — O tem como?
— Bem onde eu o quero — quando as palavras o deixaram, ele
desejou que elas não significassem muito mais do que deveriam.
— Ah.
Aquela palavra e o cintilar atrás dos olhos de Van tinham o olhar de
Daniel afiando o rosto do outro homem. — Você sabe — ele não falou isso
como uma pergunta. — Você sabe o que ele fez.
— Eu sei. — Van assentiu uma vez.
— O que mais você sabe?
— Quero dizer... — Van franziu os lábios. — Eu sei que ele enviou
um homem para me matar uma vez. Eu sei que nunca conheci Stavros, e
realmente quero cortar sua garganta.
— Ele tem esse efeito, sim.
— Por que ele ainda está vivo? — Van perguntou. — Ele matou sua
esposa, cara. Esse cara merece o mesmo destino.
— Estou ciente do que ele merece — ele manteve a voz uniforme. —
Ele vai conseguir isso em breve.
O entendimento surgiu no rosto de seu cunhado. — Você quer que
ele sofra.
Era a palavra certa? Ele grunhiu e Van pareceu aceitar isso como
afirmação.
— Não durma no ponto com ele, no entanto. Ele vive por essa merda
selvagem.
— Eu sei quem é Stavros Konstantinou — ele nunca esqueceria.
— Tá. — Van olhou de volta para a casa. — Então você entrará ou
não?
— Eu estou amarrando as pontas soltas, agente Cintron. Meus
inimigos não podem saber sobre ele.
Van ficou com a expressão feroz. — Sobre isso, nós concordamos.
— Eu estou falando isso para que você possa deixá-lo saber que,
embora eu possa ficar nas sombras, nunca estou longe — era uma
promessa e um aviso.
O olhar de Van procurou o dele antes do outro assentir devagar.
— Ok — ele saiu do carro e se inclinou para olhar para Daniel. —
Essa situação com Stavros. Tenha cuidado.
— Claro — ele observou enquanto Van caminhava até a porta da
frente. A porta se abriu, e Levi apareceu iluminado pela luz vindo da casa.
Vestido casualmente com jeans e uma camiseta.
Van abraçou-o, sussurrou algo para ele, e Levi assentiu, com seu
olhar no carro. Em Daniel. Ele não deveria poder ver através das janelas
sombreadas, mas sentia como se fizesse de qualquer maneira. Como se ele
visse diretamente Daniel.
Este era o irmão dele. Seu irmão. A família dele.
Quando Petra morreu, ele esqueceu que tinha outra família lá fora.
Com seu outro irmão, Antônio, na prisão, fora do alcance dele, ele havia
esquecido sobre Levi. Sobre Toro. Agora que ele estava tomando as medidas
necessárias para voltar à luz, a enormidade de tudo pesava em seus
ombros.
Ele ficou observando a casa até Levi e Van entrarem e trancarem a
porta atrás deles. Então ele fez Toro dirigir.
No aeroporto, sentado no avião, esperando para decolar, pegou o
telefone e discou.
— Olá?
— Como você está? — ele perguntou.
— Se você entrasse, eu ficaria muito melhor — disse Levi.
— Talvez não — ele olhou pela janela, em um avião que se deslocava
para longe. — Você sabe quem eu sou — o que significava que não podiam
estar conectados.
— Van me disse o que você falou.
— ¿Y8?
— Talvez eu não precise que você fique nas sombras. Você já pensou
nisso?
— Sim, eu tenho.
Seu irmãozinho suspirou. — Mas você não vai mudar de ideia.
— Não.
Levi permaneceu em silêncio por vários batimentos cardíacos. —
Você terá cuidado?
— Eu não vivi por tanto tempo fazendo as coisas de outra maneira
— mas ele não podia negar que ter alguém se preocupando com ele era
bom. Petra e sua mãe foram às únicas que se preocupavam. Antônio
achava que ele era invencível. E seu pai não tinha espaço para coisas
triviais, como o cuidado de alguém.
— Tchau, Daniel.
— Adiós, hermano.
****
8
E em Espanhol.
os dedos. A adrenalina passou por suas veias, tornando muito mais difícil
ficar quieto.
Vivo, pela primeira vez em anos. Ele se sentia vivo.
Sentado em um canto da gaiola, coberto de sombras, Daniel
observou seu cativo se contorcendo enquanto ele dormia; os gritos roucos
rasgando sua garganta. No sono, em seus sonhos, Stavros era um tesouro
de informações. Observá-lo era o único entretenimento que Daniel
conseguia manter.
A depravação era a coisa de Stavros. Os seus encontros com as
mulheres tinham sido abertos, mas ele não esperava que Stavros se
envolvesse com o mesmo tipo de ato com os homens. E com o mesmo vigor.
O mesmo abandono. Ele sentia prazer, enquanto Daniel lamentava a
mulher que ele havia perdido. Enquanto os gritos de morte de sua esposa
ecoavam em seus ouvidos até ele ter certeza de que sangrariam.
Enquanto Daniel afundava com o peso da culpa nos ombros, Stavros
Konstantinou vivia uma vida de indulgência decadente. Isso não poderia
continuar.
Agora, ele era o entretenimento de Daniel. Respirando apenas a
critério de Daniel.
Um gemido retumbou do corpo no chão. Stavros se moveu, e Daniel
escutou sua respiração trêmula.
— Porra. — Stavros amaldiçoou com a voz esfarrapada e pesada de
dor.
Daniel o observou, os lábios curiosos enquanto Stavros lutava para
se sentar, puxando as correntes. Se a sua posição rígida fosse alguma
indicação, doía demais.
A luz na gaiola permaneceu desligada, deixando o lugar na
escuridão. Ainda sim, Daniel já conhecia o corpo de Stavros. Sujo da
cabeça aos pés com sangue e sujeira, cabelo enrolado. Os olhos e o nariz
inchados, um corte que já havia curado em sua bochecha, hematomas
negros e azuis decoravam sua face rígida, incapaz de se esconderem sob
todo o sangue seco.
Ele perdeu muito da aparência de um cavalheiro gentil, seu
bronzeado desaparecendo com a falta de luz solar.
Mas, ele não perdeu o fogo em seus olhos. Nunca, e muitas vezes,
Daniel encontrou-se diante desse incêndio. Ele sempre escapava sem se
queimar.
— Me olhando dormir, Nieto? — as costas de Stavros estavam de
frente para Daniel, mas sua cabeça estava inclinada para a direita. A
tensão em seus ombros combinava com a mesma qualidade em sua voz.
Daniel encolheu os ombros, embora Stavros não o estivesse olhando.
— Eu gosto de vigiar os meus prisioneiros — ele parou e foi até a abertura
da gaiola, ligando a luz de cima antes de retomar seu assento no canto. —
Além disso, parece que você precisava de companhia.
Stavros zombou. — E é Isso que você pensa que eu sou? Seu
prisioneiro? — ele posicionou-se, com movimentos curtos, até que estavam
um de frente ao outro.
— O que você acha que é? — Daniel perguntou a ele de forma
uniforme. — Compartilhe.
— Eu acho que sou seu reflexo no espelho — ele segurou o olhar de
Daniel. — Você se conhece, não é verdade? — Stavros lambeu os lábios
rachados. — O monstro em você reconhece o monstro em mim — ele
sussurrou. — E quer jogar.
Daniel apenas o observou, não dando nada. Ouvindo palavras que de
alguma forma queimavam mais do que o garrote de Stavros em sua
garganta.
— Você quer saber por que nada do que você faz comigo aqui vai
importar? — Stavros perguntou com o mesmo tom silencioso. — Por que,
não importa quantas vezes você me faça sangrar, eu não vou quebrar? Por
que, não importa quanto tempo levar para você me alimentar, eu não
imploro?
Daniel colocou os cotovelos sobre os joelhos, o corpo inclinado para
frente, os olhos pegando cada centímetro do corpo mal tratado de Stavros,
enquanto seus ouvidos estavam em alerta a cada som, a cada cadência de
sua voz. — Conte-me.
— Naquela noite, quando matei a sua Petra...
Assim como em todas as outras vezes que alguém pronunciava o
nome dela, o estômago de Daniel balançou e a respiração ficou agitada.
Desigual. Ele manteve o rosto estóico e abriu as mãos.
— Quando eu tive meu garrote ao redor de seu pescoço e seu corpo
lutando debaixo de mim, você olhou nos meus olhos — disse Stavros. —
Lembra-se disso?
Ele nunca esqueceria.
— Eu tive você perto da morte. — Stavros confessou. — E você me
teve perto do orgasmo — ele se moveu então, arrastando-se no chão, o
corpo inclinado em direção a Daniel, a voz silenciosa como se estivesse
compartilhando um segredo. — O pensamento de tirar a sua vida, o ato de
vê-lo se esforçando para viver, me deixou duro... — seus olhos brilhavam
na luz baixa e por um momento as mesas estavam viradas, totalmente.
Daniel se encontrou vulnerável. Cativo. Aquele preso na gaiola.
— Eu gozei com força naquela noite — disse Stavros. — E fodi
também — sua boca curvou-se. — Um ménage. Buceta e traseiro mais
apertado. Eles fizeram um sanduíche humano comigo, e pensei apenas em
você nesses momentos. Naquele momento.
Eram palavras destinadas a surpreendê-lo. Queriam provavelmente
desnortear Daniel. Ele deu um sorriso apertado para Stavros. — Eu
deveria ficar lisonjeado?
Stavros bufou. — Não, você deve estar ciente. Porque isso? Eu como
o seu cativo? São apenas as preliminares do prato principal inevitável, onde
planejo festejar com você até estar bem saciado.
Um sorriso lento se espalhou no rosto de Daniel enquanto ele ia para
Stavros, baixando no chão imundo. Ignorando tudo enquanto agarrava o
queixo de Stavros e o olhava nos olhos.
— Eu gosto desse lado seu — murmurou Daniel. — Desafiante. —
suas farpas verbais de alguma forma deixavam sua coluna dançando por
mais do que ver apenas o sangue de Stavros. Ele achava que qualquer
outra coisa não seria tão vibrante quanto derramar o sangue do seu cativo.
— Toda essa insolência, apesar do perigo.
Os cabelos no rosto de Stavros roçaram na palma de Daniel, uma
consciência que foi registrada em voz alta, chamando a atenção de Daniel.
Assim como o calor da pele de Stavros.
Tão quente.
O olhar de Stavros nunca se desviou do dele. Seu olhar era tão
emocionante como tudo o mais sobre ele. Repleto de rebelião e uma
arrogância que Daniel sabia que Stavros poderia retornar.
— Você não ouviu? — seu foco mergulhou uma vez, desde os olhos
de Daniel até a boca e de volta. Uma rápida cintilação. Quase imperceptível.
Então Stavros lambeu os lábios. — Eu vivo para o perigo.
Daniel sabia que isso era verdade. — Então você veio ao lugar certo,
Sr. Konstantinou — o pulso logo abaixo do queixo de Stavros latejava
contra a ponta dos dedos, lembrando-o de que ainda segurava o outro
homem.
Ele aumentou seu aperto.
Esse pulso acelerou.
O calor se espalhou e o corpo de Daniel o sugou. Uma esponja seca
absorvendo água.
Com a mão livre, Daniel puxou sua lâmina de sua bota. Porque ele
não havia feito isso há algum tempo. Porque ele sonhava em espetar sua
lâmina em Stavros Konstantinou.
E porque ele queria remover esse brilho nos olhos de Stavros.
Ele já tinha visto isso antes.
Enquanto Stavros o olhava, Daniel acariciou sua lâmina no peito do
grego. — Conte-me sobre Annika — ele murmurou. — A mulher que você
amava. Aquela que seu amante a matou. Era tú hermana, ¿verdade?
A expressão de Stavros não mudou, mas seu tom passou de forte e
arrogante, a seco e ousado quando perguntou:
— Estamos compartilhando detalhes sobre nossas mulheres? — sua
sobrancelha levantou. — Se assim for, você deve falar primeiro. Você é o
anfitrião, afinal.
Daniel torceu o pulso apenas um pouco e o lado afiado da lâmina
cortou o peito de Stavros, diretamente debaixo do peitoral direito. Não tão
profundo, mas não foi superficial.
Stavros ficou tenso. Daniel sentiu isso embaixo dos nódulos, sob a
ponta dos dedos. Tenso, mas esse pulso...
Hipnótico.
Por um momento louco, ele queria apenas manter-se imóvel e contar
esses batimentos pulsantes.
A linha mais fina do sangue apareceu.
— Ela não o queria — ele sussurrou. — Mas ela o mantinha preso a
você, não foi? — ele viu Stavros se tornar um pouco vulnerável com Annika,
e ele viu a mulher usar essa fraqueza para manter Stavros ao seu lado, mas
nunca na cama dela. — Perto, mas nunca perto o suficiente.
— Você está me dando vontade de dormir, você sabe disso? —
Stavros perguntou. — Essa voz sua. Tão, calma. Você é bem-vindo por isso,
por sinal — ele piscou e Daniel puxou o pulso de novo.
Outro corte, e este no peitoral oposto. Diretamente em cima de um
hematoma púrpura escuro. O vermelho apareceu lindamente, pequenas
gotas já se formando. Novamente Stavros ficou tenso, e desta vez quando
ele expirou, correu pelo pescoço de Daniel.
Fazendo sua pele formigar antes de seus dedos do pé se enrolarem.
Ele cortou Stavros novamente, um castigo por estar tão vivo. Tão
quente. Punindo-o por cada pulsação de seu pulso contra a ponta dos
dedos de Daniel. Punindo-o por forçar Daniel a estar ciente de tudo isso.
Ele achava que queria um cativo fraco e vulnerável. Mas agora, Daniel
preferia esse.
Ele preferia a luta e o jogo de palavras.
Muito mais gratificante depois de adicionar a faca. Ele manteve o
corte, o sangue pingando em linhas finas pelo tronco de Stavros. Com cada
arrasto da faca em sua carne, Stavros ficou tenso, mas ele não se encolheu.
Ele exalou, mas ele não desviou o olhar. Um olhar silencioso e zombador
exortando Daniel a fazer o seu pior.
Ele não faria, ainda não. Mas este era um bom exercício de
aquecimento.
— Annika deixou todos, exceto você, a tocar — ele disse
suavemente. — Ela deixou você assistir. Certificava-se de que você assistia.
Então ela o traiu no fim — ele estava escondido nas sombras da vida de
Stavros Konstantinou por mais tempo do que o outro poderia saber. —
Mas você lamentou por sua morte como uma amante, não uma irmã.
A cintilação nos olhos de Stavros lhe dizia que ele atingira um nervo.
— Ela disse seu nome — Stavros disse. — Petra. Lembra-se disso?
Lembra de como ela estendeu a mão para você enquanto meus homens o
impediam?
Os movimentos de Daniel pararam quando uma névoa vermelha
deslizou sobre sua visão. Ele respirou profundamente, esperando que sua
expressão permanecesse impassível.
— Você não me parece tão bem — os dentes de Stavros brilharam
como os de tubarões. — Algo que eu disse?
Não fazia sentido que Stavros fosse o cativo quando Daniel sentiu-se
de repente constrangido pelo peso do sofrimento que pousou abruptamente
em seus ombros. Petra sempre seria seu ponto fraco, e um homem como
Stavros sabia disso.
— Ela não lutou depois disso. Ela aceitou o inevitável.
Graciosamente. — Stavros meditou em voz alta. — Merecendo mais do que
você deu.
— Sigue hablando. — continue falando. Daniel continuou cortando
até que seu aperto no punho da faca foi doloroso, e a frente de Stavros
estava envolvida em vermelho molhado e pegajoso.
Um vermelho bonito e hipnótico.
Quando Daniel se recostou e olhou seu trabalho, o estômago de
Stavros se contraiu.
— Você realmente gosta de assistir, não é? — a risada de Stavros
mostrava que o homem estava intoxicado. Suas pestanas estavam baixas,
escovando suas bochechas pálidas enquanto escondiam seus pensamentos
de Nieto. — Merda, você é um maldito tesouro, Nieto.
Daniel segurou o cabelo de Stavros, puxando sua cabeça para trás.
Então ele pegou a faca, traçando uma linha invisível através da garganta de
Stavros.
De orelha a orelha.
O seu cativo ainda se manteve imóvel.
Seus lábios fechados.
Mas seus olhos estavam abertos. Olhos pesados.
Aceitando enquanto esperava.
Mas ele sabia, ele tinha que saber...
— Hoje não — Daniel disse a ele. — Eu gosto disso — ele ergueu a
faca ensanguentada, pressionando o plano da lâmina contra os lábios de
Stavros, a ponta afiada encostou-se no seu nariz.
A língua de Stavros pulou e lambeu a lâmina. Contra ele, Daniel
sentiu o estremecimento do outro homem. Tão perto quanto eles estavam,
viu as pupilas de Stavros se dilatarem.
— Preliminares. — Stavros sussurrou. Ele segurou o olhar de Daniel
quando ele deslizou a língua sobre a faca novamente. — Foda-se, mas você
é excepcional.
As palavras e o pensamento tomaram outro rumo quando Daniel
observou Stavros usar sua língua para limpar a faca. Pego naquela cena
inesperadamente intoxicante, ele não podia desviar o olhar. Choque fez sua
barriga ficar quente, apertou-a e congelou.
Segurando a respiração.
Agarrando a faca.
Ele piscou, suando instantaneamente. Algo mais se filtrou, passando
pela raiva por dentro. Passou pela raiva e a sede de sangue. Instalando-se
na parte de baixo do seu intestino.
Uma dor. Familiar, e não ao mesmo tempo. Um desejo intenso de
pegá-lo. Uma necessidade de colocar a boca naquele aço afiado e polido e
lamber até que não houvesse mais nenhum vermelho.
Todo o seu ser se contraiu com essa percepção.
O que isso significava.
Ele rejeitou completamente. Mas quando Stavros abriu a boca e
estendeu à língua, Daniel deslizou a faca para ele. Então, o grego poderia
chegar ao resto do sangue. Limpando-o e estremecendo novamente.
Completamente insano e obsceno.
A boca de Daniel ficou molhada. Ele gostava do obsceno. Na verdade,
ele não conhecia de outra maneira, além de obsceno.
A julgar pela forma como seus lábios se curvaram, Stavros sabia.
E sabia bem.
A faca caiu de seu dedo, batendo no chão enquanto a língua molhada
de Stavros se enrolava em torno dos dedos embebidos em sangue de
Daniel. Ele o arrebatou, ajustou sua roupa e levantou-se.
— Esse calor em sua barriga — Stavros falou com a cabeça
inclinada para trás, os cílios baixaram enquanto ele olhava para Daniel
como se ele não fosse o único algemado no chão frio. — Isso é para mim. —
seus dentes pegaram seu lábio inferior e então o liberaram. — E é por
causa de mim.
— Tão certo de si mesmo, Sr. Konstantinou? — sua voz estava mais
grossa do que o habitual, e Daniel fez uma careta para aquele show de
fraqueza.
— Não. Estou certo de você.
Se ele fizesse o que ele queria naquele momento, ele teria a faca
enterrada até o punho no coração do grego. Mas isso seria um golpe
emocional. Não podia ser sobre emoção, porque a emoção acabaria com
isso antes de realmente começar. Por isso, ele se virou e saiu da gaiola.
Essa ação parecia muito como uma fuga. Uma rendição. Ocorreu a
Daniel que ele tinha feito muito disso desde o dia em que Stavros abriu os
olhos pela primeira vez na sua gaiola.
— Obrigado por ficar de joelhos. — Stavros falou atrás dele. — Eu
sempre aprecio um homem que se ajoelha para mim.
Capítulo 7
Em algum lugar no fundo, Stavros reconheceu o sonho. Em algum
lugar no fundo, os sinos de alarme trinavam decididos a despertá-lo. Mas
ele estava muito cansado. Com muita dor. Com muita fome. Muito sedento.
Tudo.
O que fez suas defesas caírem quando ela chegou até ele.
Na última vez que ela tentou seguir essa rota, ele a afastou.
Empurrou-a para longe. Incapaz de lidar com a mudança de
relacionamento entre irmãos para amantes, e o significado disso para seus
pais.
Mas ela veio até ele agora e ele não fez nada além de vê-la se ajoelhar
por ele. Ele fantasiou sobre isso. Ela o tocou, dedos surpreendentemente
insensíveis.
Mãos desconhecidas.
Mas ela cheirava... Como Annika.
Como o sexo. O calor intoxicante que circundava sua garganta, o
engasgava e arrepiava os cabelos na nuca.
— Stav — ela não soou como Annika. A voz da pessoa era muito
gutural, muito grossa. E havia o sotaque.
Mas ela o tocou, tocou o seu quadril nu e ferido. Ele arqueou. Ainda
assim, ele conseguiu coaxar:
— Não.
— Estou aqui, Stav.
Exceto que ela não estava. Annika estava morta. Ele tinha que
continuar repetindo as palavras, deixando-as encherem o cérebro
enevoado. Annika estava morta. Então, como ela poderia estar entre suas
coxas, respiração quente em sua barriga, mãos fortes agarrando seu eixo
que endureceu rapidamente?
— Não — ele não conseguiu se mover, exceto seus quadris, que se
empurraram para frente, empurrando-o ainda mais nesse aperto. — Não,
Annika. Pare.
Eles não poderiam fazer isso. O pai o proibiu, e Stavros não queria
que Annika sentisse o tipo de castigo que o velho gostava de infligir quando
alguém desafia suas ordens. Ela não conseguiria lidar com isso.
Dedos secos se espalharam entre as bochechas de sua bunda,
esfregando seu buraco. Sua barriga se contraiu enquanto tentava se
afastar. Ele não podia. Com nenhum lugar para ir, exceto mais profundo na
boca quente que descia em torno de seu eixo agora totalmente ereto.
Ao seu redor.
Stavros engasgou.
— Pare — seu peito arfou. Ela não entendia. Ela não sabia o que
esperava do outro lado disto. Ela não pareceu importar-se, sugando-o com
força, puxando-o enquanto ele implorava para parar.
Seu corpo queria isso, o calor nebuloso se espalhava rapidamente
para aquecer seus membros congelados. Fazendo todo o seu corpo latejar
com dor. Seu coração correu, seu pau pulsava rápido. Mas sua mente se
recusa a sucumbir. Ele não queria isso. Não que ele não a quisesse. Ele
sempre a queria. Mas ele tinha que protegê-la de si mesma, de seu pai.
— Nika, por favor.
— Mmm — ela lambeu sua coroa, e ele sibilou uma respiração. Ela o
violou com dois dedos. Outra coisa doente, mas seu corpo gostou. Estava
acostumado a isso, e ficou mais duro com aquela queimadura dolorosa da
invasão.
Ele gritou alto.
— Porra — ela nunca deixou de transformá-lo em alguém que ele
odiava. Assim como agora. Ele odiava que seu corpo precisasse tanto dela,
que ele não conseguia se impedir de penetrar mais profundamente em sua
garganta com fome.
Ele odiava que ela fosse à fraqueza que ele nunca conseguiu se livrar.
Ele odiava que ele não pudesse tocá-la.
As mãos dele.
Presas e acorrentadas juntas.
Porão de Daniel.
Oh porra. Oh porra.
Não é Annika.
Quem?
Os dedos entraram e saíram dele, queimando. Tão, tão bom. A raiva
ficou torcida com o prazer e a dor que ele estava impotente para escapar.
Não era Annika. Ele não conseguia ver nada com a venda nos olhos, mas os
dedos dentro dele eram mais grossos, palma mais áspera.
A boca morna e úmida se apertou em torno de seu pênis, sugando-o
com força. Tentando puxar tudo o que ele tinha direto através de seu pau.
— Stav.
Seu coração perambulava. Ela soava como Annika. Parecia como ela.
Como era possível?
— Annika — as palavras grunhidas saíram cruas de sua garganta
pela falta de hidratação.
Ela morreu, não era? Morta porque ela o traiu, traiu sua família. Ele
lamentou por ela, não foi? As imagens aglomeravam sua mente, dele
sentado ao lado de sua lápide, castigando-se com o que era. O que é que
poderia ter sido.
Mas ele a amava e, nesse espaço, não podia negá-la.
Ou a ele mesmo.
Os dedos penetraram nele com mais força, mais profundo. Seu corpo
apertou os dedos, o seu traseiro apertou. A mente e o corpo eram duas
coisas separadas. Atuando independentemente um do outro. Seu corpo
precisava da sucção desleixada da boca, banhando seu pênis palpitante em
uma saliva escorregadia que escorria para absorver sua fenda.
Sua mente continuava tentando se recusar a aceitar o prazer.
— Porra. Não — ele engasgou, e preso por seu corpo e o desejo
pulsante que aumentou o fator da dor.
Bom demais. Este era o seu problema. O que ele gostava, com tudo
embrulhado e entregue a ele. A dor dissimulava o prazer. Ambas as
sensações eram um laço em volta do seu pescoço.
Privando-o de sua respiração.
Desprovido de força, ele cedeu. Corpo apertado, cada centímetro de
sua pele machucada e maltratada. Seus gemidos, ele não conseguiu
decifrar se eram de dolor, ou decorriam do pensamento embriagado que ele
finalmente teve Annika tocando nele do jeito que ele sonhou por tanto
tempo.
Ele a ansiava. Depois de anos que ele teve que passar sem ela, agora
ela estava aqui.
— Por favor. Nika — implorou com a voz rouca e grossa, até que sua
mente delirante se voltou para o lado direito novamente e ele lembrou que
ela não estava lá. Ela não podia estar.
Ele ficou com raiva, rugindo, sufocado pela incapacidade de fazer
algo mais do que sentir o que queria por tanto tempo.
Mas este era o lugar errado. Momento errado. E quem quer que
esteja esticando a sua bunda com dedos grossos e chupando o seu pau era
a pessoa errada.
Ele não queria, mas seu corpo queria o toque. O raspar profundo das
unhas ao longo da parte superior da coxa que fazia suas bolas doerem. Ele
precisava disso. A escavação dos dentes em seu pênis. Ele ansiava por isso.
Toda vez que a palavra não coçava a garganta, a pessoa entre suas
pernas empurrava os dedos mais fundo.
Ele se contorceu.
Dentes afundaram em seu comprimento.
Ele se curvou.
Os sons que Annika fazia quando ela tinha um pau em sua boca ou
em sua boceta. Ele ouviu esses sons agora. Ela o torturou naquela época
também, fodendo com seus amigos, seus amantes, tendo orgias com ele na
mesma sala. Ela o usou, degradou o que sentiu por ela. E por tudo isso, ele
a amava mais.
Ansiava ainda mais.
Quando ela se afastava, ele sempre encontrava uma maneira de ficar
perto. E sua depravação? O pensamento disso inflamou-o agora,
transformando seu eixo já duro em algo capaz de esmagar diamantes.
— Não Annika — ele ofegou, lutando para separar suas fantasias da
realidade.
Sua boca se afastou, respiração quente queimava sua coroa molhada
enquanto respirava contra ele. As mãos ásperas agarraram-no, puxando,
espremendo com tanta força que ele sibilou, traseiro se erguendo do chão
frio que ele deixara de sentir.
— Stav — seu nome. Os lábios dela.
Seu clímax, violento e sem fim.
— Stav — ela cantou seu nome, provocando, testando-o da maneira
que sempre fazia. Tentando empurrá-lo para além do que ele permitiria.
Ele sempre resistia.
Hoje não. O velho descobriria, porque sempre fazia. E sua punição
seria rápida. O pai acreditava na abordagem não esperada. Ele tinha que
proteger Annika. Tinha que mantê-la segura.
Sua cabeça voltou para o chão, à cabeça girando, o espasmo do
corpo no chão frio, a perda de calor corporal e seu orgasmo. Algo estava
errado. Ele sentiu isso, mas ele estava tão cansado.
Tão frio.
— Annika — ele tentou esticar a mão, mas não conseguiu. Ele
estava preso, acorrentado.
Cativo.
Não. Um truque. Foi tudo um truque. Seus arrepios pioraram, mas
não havia nada que pudesse fazer. Sua cabeça girou e cada ferida em seu
corpo pulsou com dor.
Daniel Nieto.
Desta vez, o gelo que envolvia sua espinha era todo medo. Daniel
sabia demais. Antes, Stavros tinha certeza de que não havia como o captor
dele poder quebrá-lo.
Agora?
Ele implorou. Ele implorou. Daniel sabia exatamente o que fazer, e
quais botões empurrar, para obter essas respostas dele. A ruptura de
Stavros não parecia mais algo para se vangloriar da parte de Daniel.
Estava mais e mais como uma conclusão inevitável.
****
****
— Oh porra! — a dor era tudo que Stavros sabia. Seu cérebro estava
nebuloso com ela. Tudo doía, por dentro e por fora. Ele não sabia onde,
como ou no que se concentrar. Suas pálpebras tremiam quando ele tentou
levantá-las, e as luzes brilhantes ao seu redor as queimaram até fechá-las
novamente.
Porra. Novamente.
Então ele não estava morto? Essa decepção estava no seu intestino,
ou simplesmente era a dor da bala de Henan? Ele tentou sentar-se e uma
mão pousou na parte de trás do seu pescoço.
— Calma. Calma.
Daniel.
Stavros teve que repensar a parte de não estar morto, porque Daniel
Nieto estava o quê? Cuidando dele? Ele abriu os olhos, piscando
furiosamente para fazer sua visão nervosa se concentrar enquanto seu
captor estava ajoelhado ao lado dele examinando o rosto de Stavros.
— Você está bem?
Sentia-se como se ele tivesse morrido e acordado em um universo
alternativo. — Estou bem — ele estava além de rouco. Garganta em
chamas.
Os lábios de Daniel torceram no menor movimento. — Você está?
Ele teria encolhido os ombros, exceto que seu ombro não tinha nada
disso. — Você está de joelhos diante de mim, e você sabe o que eu sinto
sobre isso, então sim — sua voz não estava à altura de seu tom espertinho
habitual, mas funcionava. — Estou bem.
O olhar de Daniel permaneceu nele por alguns batimentos cardíacos,
onde Stavros prendeu a respiração e tentou não deixar sua confusão se
mostrar. Ele estava seguro quando Daniel queria matá-lo, quando eles
estavam jogando aquele jogo de tortura fingido como preliminar. Este?
Estava fora de sua praia.
— Então, Henan atirou em mim, hein? — ele perguntou, porque ele
não sabia como lidar com isso. Sem derramamento de sangue. Não havia
raiva. Nenhuma ameaça de morte. Apenas Daniel Nieto com uma mão
calma na parte de trás do pescoço de Stavros, segurando-o na posição
vertical.
Mantendo-o firme.
— Si.
Se ele não estivesse ocupado perdendo-se na obscura escuridão dos
olhos de Daniel, Stavros teria perdido o raio de raiva que queimou durante
um breve instante, depois desapareceu.
— Eu teria pensado que isso o faria feliz — ele murmurou.
As narinas de Daniel inflaram.
— Você deve dar-lhe um aumento ou algo assim. — ele deveria
fechar a boca, mas ele não sabia quando parar em relação a Daniel.
Quando o outro homem não respondeu, Stavros perguntou: — Você sabia
que Henan estava apaixonado por sua esposa?
Daniel soltou a mão do pescoço de Stavros. — Sí — ele ficou de pé e
olhou fixamente para Stavros em silêncio, com as mãos apertadas aos
lados, uma expressão tão lisa como o vidro.
Jesus.
— Onde eu estou? — Stavros olhou pela primeira vez. Ele estava em
uma cama. Uma cama real, no que parecia ser um quarto. Pelo menos o
começo de um. O lugar estava vazio, salvo a cama e as paredes azuis
pálidas impecáveis. Havia uma janela no canto distante esquerdo da sala,
mas não tinha cortinas e ele poderia ver as grossas barras cobrindo-a.
Daniel não respondeu a sua pergunta. Em vez disso, ergueu a mão e
abriu a palma para cima. Duas pílulas brancas. — Para a dor.
Stavros bufou. Para a dor, hein? — Por que não estou morto? — ele
tentou se levantar novamente, mas seu corpo não estava tendo isso. —
Ung — ele caiu para trás nos travesseiros, e Daniel estava ali mesmo.
Ajudando ele. Que tipo de realidade alternativa doente era essa?
— Você precisa ter calma. — Daniel murmurou enquanto deslizava
um dedo sobre o curativo sangrento cobrindo a ferida na parte superior do
ombro esquerdo de Stavros. — Tome a medicação para a dor e descanse.
— Não. — Stavros agarrou seu pulso quando Daniel fez o sinal de se
afastar. O outro homem se encolheu sob seu toque, mas ele não resistiu
muito. — Por que estou vivo? O que é isso? — ele olhou rapidamente antes
de encontrar os olhos inexpressivos de Daniel. — Outra maneira doente de
tentar me quebrar? Porque não vai funcionar, posso te prometer isso. —
não importa que seu corpo esteja muito parecido com uma boneca
quebrada no momento.
— Sua morte é minha — disse Daniel simplesmente. Ele puxou a
mão do aperto de Stavros lentamente, até que apenas as pontas dos dedos
se tocaram. Até que eles estavam conectados por apenas isso, a escovada
mais rápida da ponta dos dedos. — Eu decido quando e como.
— No entanto, você colocou uma raposa para guardar a casa da
galinha. — Stavros inclinou a cabeça. — Ou ele estava agindo sob suas
ordens?
— Não tente me descobrir, Sr. Konstantinou. — Daniel quebrou sua
conexão frágil, colocando os dois comprimidos ao lado de Stavros no
colchão. Então pegou uma garrafa de água do chão e colocou-a ao lado dos
analgésicos. — Tome a medicação, preciso de você de volta na sua forma
lutadora.
Stavros lambeu os lábios rachados no recuo de Daniel. — Você
deveria saber até agora, que eu sempre estou lutando, Daniel.
O bufo incrédulo de Daniel demorou muito depois que a porta se
fechou atrás dele. Stavros olhou para o teto enquanto ele deitava de costas.
De jeito nenhum, ele estava tomando qualquer medicação que pudesse
atrasar seus sentidos mais do que eles já estavam embotados.
Daniel Nieto estava cuidando dele. Cuidando de suas feridas. Dando-
lhe medicação. Qual era o ângulo de seu captor?
Ele ficou assim, fazendo o que Daniel avisou para ele não fazer.
Tentando descobrir o homem. Até que ele adormeceu.
Um sono cheio de dor e arrepios que anuviavam sua cabeça até que
ele não soubesse quem ele era ou a identidade do homem falando
suavemente com ele. Tocando-o suavemente, forçando o líquido pela
garganta. Ele alternava entre quente e frio, enrolado no colchão macio que
parecia encontrar cada hematoma em seu corpo e pressionar apenas sobre
os machucados.
A dor o rodeava, e Stavros simplesmente flutuava sobre ela. Tentando
desesperadamente compreender tudo que lhe parecia sólido. Como os
dedos ásperos do homem limpando sua testa. Ele conhecia aquele homem,
conhecia mesmo em seu estado perdido e febril que desconfiava dele. Mas
ele representava algo que Stavros queria desesperadamente.
Algo que ele não era corajoso o suficiente para tomar.
Ainda.
Capítulo 10
— Agora esperamos.
Daniel não olhou para o rosto pálido de Stavros quando Boyd falou.
Ele tinha certeza de que o grego não sobreviveria à infecção. Mas até agora
ele tinha. Ele lutou, e Daniel encontrou-se ali ajudando o seu lutador
cativo.
Ele não sabia mais o que representava. Nada mais fazia sentido.
Quando ele trouxe Boyd, o homem ficou chocado ao ver Stavros ainda na
posse de Daniel. Ainda torturado. Boyd sabia melhor do que dizer qualquer
coisa, mas, a sua expressão, Daniel entendia a confusão de Boyd.
Ele compartilhava essa confusão agora.
Por que Stavros ainda não morreu? Por que ele cuidou das feridas de
bala que Henan tinha sido corajoso o suficiente para dar?
Stavros gemeu enquanto dormia, com a cabeça batendo de um lado
para o outro nos travesseiros, os dedos agarrando reflexivamente o lençol
fino que Boyd jogara sobre seu corpo nu depois de ter tirado sua roupa
encharcada de suor antes. Boyd tinha injetado algo para fazê-lo descansar,
e também lhe deu remédios para a infecção.
E era Daniel que limpava a testa de Stavros com um pano macio. Ele
foi o único a forçar o caldo ralo pela garganta do homem.
Por quê?
Poucos dias antes, ele estava ansioso para a morte do grego. Ele
estava fazendo planos para isso. Salivando com o mero pensamento disso.
E agora?
Ele olhou para a mão direita, abriu e fechou-a. Ele tocou Stavros.
Não por raiva. Não por vingança. Para ajudá-lo. Para curá-lo. Ele não sabia
que tinha tido isso nele. Mas ele ficou de pé ao lado da cama e olhou para
Stavros gemendo no estado febril, pedindo por Annika. Chamando por seu
pai.
Ele queria que Stavros estivesse quebrado. Este foi o mais vulnerável
que ele já conseguiu chegar. E, em vez de embrulhar suas mãos em torno
da garganta de Stavros e espremer a vida dele, Daniel, em vez disso,
segurou a água em seus lábios e encorajou o homem que matou sua esposa
a beber.
Ele o incentivou a lutar.
Ele apertou o punho mais apertado.
O que estava acontecendo?
Ele estava sendo puxado por Stavros, que estava deixando Daniel
indefeso. Ele estava chegando mais perto da beira do penhasco. A traição e
a culpa o aguardavam no fundo, mas às vezes aquela queda não parecia
tão ruim.
Isso o assustava. O medo residia no coração que de alguma forma
havia se hospedado na garganta. Ele estava com medo de Stavros. Medo de
si mesmo, do que ele poderia fazer na próxima vez que se aproximassem o
suficiente para que Daniel sentisse o calor do corpo de Stavros. Perto o
suficiente para ele colocar as mãos em Stavros.
Não seria apenas por irritação.
Não seria apenas por raiva.
— Continue alimentando-o com a sopa — instruiu Boyd. — Muitos
fluidos, e fique atento às feridas — ele fez uma pausa. — Senhor.
Daniel não respondeu e Boyd finalmente saiu da sala. Quando a
porta se fechou atrás dele, Daniel ficou de joelhos ali mesmo.
— Petra — ele inclinou o rosto para cima, os olhos fechados. —
Perdóname — sua garganta funcionou. — Perdóname, por favor — perdoe-
me, por favor.
Era estranho para ele, tudo o que ele fazia desde que entrou no
porão para encontrar Henan de pé sobre um Stavros sangrando, uma arma
na mão. Ele deveria ter agradecido Henan por fazer o que Daniel de alguma
forma não poderia. Ele deveria ter terminado o trabalho que Henan
começou para ele e acabar com a vida de Stavros.
Uma vida por uma vida.
Sangue por sangue.
O de Stavros pelo de Petra.
Como ele poderia justificar não cumprir a promessa que ele fez para
sua esposa na noite em que ele a colocou no chão? Como ele poderia
justificar o pânico que ele experimentou quando Stavros faleceu no chão
frio? Havia uma maneira de explicar o que sentia a vista de Stavros tão
pálido e delirante, frágil e vulnerável naquela cama?
Seu peito espremeu instantaneamente, muito pequeno para conter
seu coração enquanto batia furiosamente.
Ele sentia coisas por Stavros Konstantinou, e não se tratava de
vingança e retribuição.
— Perdóname — implorou para sua esposa morta. Porque ele nunca
poderia se perdoar. O que ele tinha feito. Como ele traiu Petra e seu amor,
não havia desculpa. Ele tocou as contas do rosário enroladas em seu pulso,
acariciando-o enquanto respirava fundo e se levantava.
As coisas não podiam permanecer como estavam. Ele olhou para
Stavros, que dormia. Ele estava com a face relaxada. Daniel não se
permitiria demorar. Ele não podia pagar. Em vez disso, ele saiu do quarto e
foi procurar Henan.
Ele encontrou Henan no porão, fumando um cigarro enquanto
olhava para o telefone. Ao ver Daniel, ele se levantou.
— Jefe.
— Explicaté — explique-se.
A mandíbula de Henan pulsou. — Ele matou Petra — ele disse em
espanhol rápido. — E você está o mantendo aqui, por quê? Você está o
alimentando. Mantendo-o vivo? Ele deveria estar morto.
Daniel o empurrou o suficiente para que Henan cambaleasse para
trás. — Duas coisas — ele manteve seu tom uniforme e sua expressão
calma enquanto ele erguia dois dedos. — Você não me questiona. Nunca. E
você segue minhas ordens — ele agarrou Henan pelo queixo, forçando-o a
olhar para ele nos olhos quando o outro homem teria deslizado. — Toda
vez.
O outro pesava mais do que ele. Era mais alto do que ele. Para
alguns, isso poderia significar que Henan seria o único com a vantagem.
Henan sempre foi um seguidor, melhor em receber ordens do que dar.
Nunca um homem de iniciativa, e foi assim que Daniel acabou com Petra,
embora Henan a conhecesse e a amasse mais.
— Ele a matou — disse Henan. — Ele a tirou de nós, e você está
protegendo ele?
Então, Henan tinha um desejo súbito de morte. Com uma mão em
seu queixo, Daniel bateu o calcanhar de sua outra mão na traqueia de
Henan, empurrando-o de volta contra a gaiola quando ele se dobrou.
— Você não perdeu nada, porque você nunca a teve. Ela era minha
esposa. Minha — ele disse suavemente. — Eu a perdi, e as pessoas que a
tiraram de mim pagarão. Você não precisa me dizer o que Stavros fez. Eu
estava lá. Eu tenho as cicatrizes — ele bateu a cabeça de Henan na jaula
uma última vez antes de baixar às mãos e recuar.
O outro homem tossiu e caiu contra a gaiola. — Jefe.
— Não sou seu chefe? — Daniel tirou sua lâmina de confiança do
bolso.
Os olhos de Henan se arregalaram, e ele levantou as duas mãos. —
Jefe, por favor.
— Você realmente não espera me questionar, me desobedecer e
viver, não é? — ele apunhalou Henan no peito, no coração. Uma vez. —
Pendejo10 — ele torceu a faca.
O outro homem congelou com a boca aberta enquanto segurava as
lapelas de Daniel. Daniel o afastou, puxando a lâmina lentamente,
enquanto Henan fazia um som alto e doloroso. Ele recuou, e Henan
desmoronou no chão.
****
****
Três dias desde que aconteceu. Eles o alimentavam duas vezes por
dia, e até agora ele não viu Daniel por seis refeições. Então, três dias desde
que perdeu a cabeça. Essa coisa, esse jogo, não poderia acabar de outra
maneira, além de mal.
Ele implorou. Implorou.
Esse desejo dentro dele, cada vez maior e mais quente com cada dia
que ele passava como cativo de Daniel Nieto, nunca poderia estar satisfeito.
Ele entendia isso agora. Mesmo que Daniel entrasse naquele quarto, e o
fodesse até o esquecimento, Stavros nunca ficaria satisfeito. O pensamento
racional não residia neste espaço onde desejava o toque de seu captor.
Como ele poderia deixar isso acontecer? Quando ele deixou isso
acontecer?
Às vezes, quando olhava para os olhos de Daniel, o sofrimento era
tão fresco como se Stavros tivesse cometido o ato há apenas alguns dias.
Stavros adorava Annika, sim. Mas ele não passou décadas casado com ela
e, mais importante, ela não o amava de volta. Daniel e Petra Nieto, eles
sempre foram apaixonados. Ele não pensou nisso naquela época. Era
apenas o seu trabalho. Ele era um maldito mercenário, ele sempre fazia o
trabalho.
Agora, ele não tinha certeza se era penitência, sua maneira de
implorar perdão ou misericórdia. Mas o que ele sentia, não fazia sentido.
Ele era quem Daniel achava que era: um monstro, destruidor de
vidas. Ele usava a pele desse homem sem remorso. Ele não podia se dar ao
luxo de ser mais vulnerável a Daniel novamente.
Ele caminhou pelo quarto pequeno. Eles o tiraram suas agemas,
permitindo-lhe livre movimento dentro do quarto. Todos os dias, o médico -
Boyd – o visitava, e levava a comida, ladeado por três guardas armados com
armas de assalto, usando máscaras para esconder seus rostos.
Daniel tinha mudado as coisas com certeza, e embora Stavros tivesse
uma cama confortável e pudesse usar o banheiro sem uma escolta, ele
ainda era um cativo. Ele perguntou ao bom médico uma vez quanto tempo
Stavros estava na companhia de Daniel.
Duas semanas.
Do jeito que ele sentia, poderia ter sido facilmente toda a vida.
Seu tio devia estar frenético. Sem filhos, Stavros era a única família
que Christophe havia deixado. Todos provavelmente achavam que estava
morto, morto por um dos muitos inimigos que Stavros havia feito ao longo
dos anos. Ele nunca tinha sido um dado a diplomacia ou a restrição, e em
seus negócios, havia muitas pessoas que se ofendiam com isso.
Como se ele desse uma merda. Não, antes, e nem mesmo agora.
Uma chave tremulou na fechadura e ele paralisou o ritmo. Boyd já
lhe trouxera sua comida, talvez cerca de uma hora atrás, então ainda não
era hora das refeições. Ele esperou que o médico e seus homens armados
entrassem.
Em vez disso, Daniel fez.
Oh, doce misericórdia.
Seus olhos se encontraram no segundo que Daniel pisou no limiar.
Stavros reconheceu a expressão suave de seu captor como uma máscara,
escondendo o caos por baixo.
Ele usava preto, o que Stavros também reconhecia como sua
armadura. Camisa preta, aberta no colarinho, enfiada em calças pretas e
sapatos italianos pretos. Seus olhos, eles se fixaram em Stavros tão
completamente que levou um momento para sacudir a sensação vertiginosa
e encontrar sua língua.
— Sr. Nieto, que bom que você apareceu — ele sorriu.
Daniel simplesmente olhou-o de cima para baixo, olhos
inexpressivos, observando sua camiseta branca genérica, calções cinza e
meias brancas que se tornaram o uniforme de Stavros. Ele ficou de pé na
porta, com as mãos nos bolsos enquanto olhavam um para o outro.
Três dias. Stavros ainda sentia o peso de Daniel em cima dele,
fixando-o a essa maldita cama. Ele o sentiu cheio de luxúria calorosa e
confusa. E ele sentiu seu toque. O deslizamento hesitante de sua língua
que rapidamente se tornou vicioso com um pouco de persuasão de Stavros.
Três dias e, durante a ausência de Daniel, até agora, sentia a carícia das
pontas dos dedos de Daniel ao longo de sua mandíbula como se estivesse
acontecendo agora.
Daniel não parecia ter o mesmo problema. Seus olhos permaneceram
em branco, com a boca em forma de linha plana.
— O rumor é que o seu povo desistiu de procurá-lo. — seus lábios
curvaram-se então, a curva mais ínfima, mas Stavros percebeu. — Eles
não pareceram muito preocupados, não é?
Stavros encolheu os ombros. — Eu não esperava que eles me
procurassem para tudo, então... — isso não era uma mentira. Seu povo
sabia melhor que abandonar suas atribuições para se concentrarem nele.
Daniel caminhou em direção a ele lentamente, os olhos trancados no
rosto de Stavros. Como se ele não pudesse desviar o olhar. Como se ele não
quisesse desviar o olhar. Mesmo que sua respiração se tornasse agitada e
seu pulso disparasse, Stavros ficou firme no chão e não piscou quando
Daniel parou a poucos centímetros dele.
— Diga-me uma coisa... — ele cruzou os braços, os cotovelos apenas
escovando no peito de Daniel. As narinas do outro homem inflaram ao
contato fraco. — Você passou tanto tempo com as pessoas que me
contrataram para matar sua esposa, ou eu sou o único especial?
O sorriso de Daniel congelou Stavros. O pânico surgiu em forma de
arrepios ao longo dos antebraços, e ele ignorou o desejo de esfregar as mãos
sobre eles.
— Todos foram tratados. Você é o único que resta.
Merda.
Sua surpresa deve ter demonstrado, porque Daniel o encarava como
se fosse um filho ingênuo. — Você parece pensar que existem linhas que
não cruzarei Sr. Konstantinou. E se eu me lembro corretamente, não muito
tempo atrás você também tentou matar o marido do meu irmão. Um agente
federal — ele inclinou-se para frente, respiração provocando a bochecha de
Stavros quando ele disse:
— Deixe-me assegurar-lhe, para que você possa colocar as dúvidas
de lado, não há nada que eu não faça. E não há vida que eu poupe — ele se
afastou para trancar os olhos em Stavros novamente. — Nem mesmo a
sua.
— Você acha que ela se orgulharia desse fato? — Stavros perguntou
a ele. — Você acha que a sua Petra quereria todo esse sangue derramado
em seu nome?
Daniel o empurrou, um golpe tão duro e inesperado - ele deveria ter
antecipado isso - e Stavros bateu contra a parede. Mas antes de suas
costas conectarem com a superfície dura, Nieto estava sobre ele, em volta
da garganta.
— Nunca diga seu nome — cuspe voou quando ele rosnou no rosto
de Stavros. — Você não merece dizer o nome dela.
Stavros agarrou a mão na sua garganta, lutando, ofegante, mas o
aperto de Daniel não se moveu.
— Por que não perguntamos o que ela pensava? — Daniel rugiu. —
Por que não perguntamos a ela? — ele sacudiu Stavros, batendo sua
cabeça para trás.
Porra. Ele viu estrelas.
— Nós não podemos perguntar a ela, porque você a tirou de mim.
Você a tirou de mim — sob a fúria, sob a raiva encarnada, estava o
sofrimento. Stavros ouvia, e o atraía.
Instintivamente, seu corpo lutou contra a pressão contra sua
traquéia. Mas Stavros se forçou a parar, a relaxar. O conhecimento do que
era percorria seu corpo. Seu coração corria e o medo era o estimulo.
— Você não sabe o que é ter felicidade — Daniel lhe disse com
aquela voz dura e rasgada enquanto seu aperto abruptamente afrouxava. —
Você está sempre tão pronto para destruir o que os outros têm, porque você
nunca teve isso. Porque você quer isso para você mesmo.
Os olhos de Stavros se abriram enquanto tossia. Essas palavras o
atingiram no peito, mais perto da verdade que ele se importou em admitir.
— Se você a ama tanto, porque não estou morto? — perguntou.
Contra ele, Daniel ficou tenso.
— Se você a amava tanto, porque você me toca do jeito que você faz?
Por que você me beija do jeito que você faz?
O punho de Daniel se conectou com seu estômago, e Stavros se
dobrou.
Maldito seja isso doeu.
Ele abraçou seu meio e riu. — Se você a amava tanto, como é que
continuo te mantendo de joelhos?
Daniel agarrou-o pelo cabelo, puxou-o e ergueu-o para cima,
batendo-o contra a parede.
Porra.
Stavros não conseguia respirar. Suas pernas eram como macarrão
molhado, incapaz de mantê-lo. O corpo de Daniel preso a ele o manteve de
pé. Os olhos do outro olharam para ele quando seus olhares se
encontraram.
— Você quer morrer esta noite? — perguntou Daniel. — É isso?
Stavros lambeu o sangue no lábio inferior e o corte lá picou. — Eu
quero o que você quer. Foda-me. Mate-me. — ele encolheu os ombros no
aperto de Daniel. — Não importa.
— Não?
— Não — ele balançou a cabeça. — Não importa.
Já não estavam lutando mais. Eles estavam tão apertados um contra
o outro, quase como um abraço, Stavros de volta à parede e o corpo duro
de Daniel sobre ele. Stavros sentiu cada centímetro dele. Cada cume.
Especialmente a curva grossa e promissora da ereção de Daniel.
Jesus. Stavros o tocou, uma mão no meio de suas costas. Daniel se
encolheu, sentiu isso, viu-o no fundo de seus olhos. Mas ele não se afastou.
O calor dele queimou até a palma de Stavros.
Incrível, incrivelmente, o corpo inteiro de Stavros tremia. Como uma
virgem nervosa, o jeito que ele se sentia. O fogo acariciou sua barriga,
endurecendo-o. O domínio de Daniel no seu cabelo apertou e ele puxou.
Stavros inalou, tomando o almíscar de Daniel e homem e luxúria em
seus pulmões.
— Por que não importa? — Daniel perguntou em um murmúrio. Os
dedos de sua outra mão acariciaram o queixo de Stavros, deslizando pelo
sangue acumulado. — Diga-me. — ele empurrou os dedos, encharcados
com sangue, na boca de Stavros.
Filho. Da. Puta.
Ele abriu, gemendo. Daniel gemeu, e seus cílios vibraram,
escondendo seus olhos de Stavros. Ele sugou esses dedos grossos, sua mão
nas costas de Daniel se curvando para agarrá-lo.
Escavando.
Segurando.
Ele curvou-se contra Daniel e a respiração do outro engatou.
— Stavros — seus dedos entraram e entraram e saíram da boca de
Stavros, duro. Agarrando a parte de trás da garganta, pressionando-a e
fazendo-lhe engasgar. Um castigo por si só.
Stavros sacudiu a cabeça. Ele não queria responder a perguntas. Ele
queria chupar qualquer coisa que Daniel tivesse para oferecer. Seus dedos.
A boca dele. Seu pênis.
Inferno, até seu traseiro.
Os dedos se afastaram com um pop molhado.
Ungh.
Não. Stavros agarrou sua mão em retirada, mas Daniel afastou a
mão dele.
— Stavros.
Ele ficou boquiaberto. Não se registrou antes, o uso de Daniel em seu
nome. Em sua língua, em sua voz, áspera e grossa, rasgou Stavros. Ele
tocou sua mão na bochecha de Daniel.
— Porque não importa — disse ele. Deus, sua voz era rouca, ainda
carregada com a luxúria que o montava tão forte. — Eu não me importo —
não até então.
Pego no olhar de Daniel, Stavros observou-se tropeçar e cair.
Deixando o pescoço aberto, desprotegido. Barreiras caíam e desmoronaram.
Ele poderia morrer neste lugar, era uma possibilidade distinta.
Mas a respiração de Daniel tinha se tornado agitada, os lábios se
separaram quando ele se recusou a se mexer.
Essa coisa, Stavros queria isso. Ele doía para ceder a ele.
Ele fez o primeiro movimento desta vez.
Levando.
Derrubando sua boca na de Daniel.
Ele estava esperando, porque Daniel abriu imediatamente para
Stavros, varrendo. Esses movimentos, eles o fizeram tremer. Fez-lhe
arquear, e apertar-se mais perto.
Desespero.
Ambos sabiam que isso nunca poderia acontecer. Isso nunca deveria
acontecer. Toda a luxúria girando quente e grossa na virilha de Stavros
endureceu-o. E ele se esfregou contra Daniel.
Roçando.
Mas a culpa, algo que ele não se lembrava de experimentar antes,
torceu o interior dele. As linhas que ele cruzou, e as coisas que ele havia
feito. Tomando o que Daniel ofereceu com esses grunhidos e os gemidos
selvagens de sua língua eram egoístas.
Foda-se. Isto.
Stavros sorriu, e Daniel correu e entrou nele como água.
Água.
Ele o engoliu, deixando Daniel bebê-lo. Deixando-o encharcar
aquelas nuvens escondidas, secas e desoladas.
Água.
Como essa mercadoria preciosa, de repente Daniel era tudo o que
Stavros precisava. Então ele bebeu, e as mãos baixaram para agarrar o
traseiro de Daniel e girá-los até Daniel ser o único contra a parede. Até que
Daniel fosse o único olhando para Stavros com necessidade nesses olhos
turvos, esperando o próximo movimento.
O que eles estavam fazendo, e como chegaram a esse lugar, as
palavras não ditas, giraram em torno deles. Espessando o ar entre eles
ainda mais. Todas as razões pelas quais a única resposta para todas as
perguntas seria não.
Mas Daniel escovou um fio de cabelo da testa de Stavros.
Então Stavros teve que beijá-lo de novo, enfiar a língua
profundamente o suficiente para sufocar. Ele tinha que foder sua boca e
comer ele, morder e rasgar esse homem com os dentes. Mesmo quando a
cabeça de Daniel bateu contra a parede, Stavros não parou. Porque Daniel
não queria que ele parasse, não da maneira que ele gemeu.
Não da maneira como ele se aproximou, empurrando sua ereção
contra o próprio Stavros.
Nem mesmo quando ele afastou sua boca e inclinou a cabeça para
trás, expondo a garganta para Stavros mergulhar a cabeça, lamber as
cicatrizes ao redor da garganta de Daniel até o outro homem estremecer,
puxando os cabelos de Stavros e sussurrando:
— Diablo. Oh, Dios.
Stavros pegou a camisa de Daniel, deu um passo para trás, e a
rasgou de seu corpo.
Os botões caíram em seus pés quando o material se separou,
expondo o peito nu de Daniel. O sorriso que se formou na boca de Stavros
congelou.
Rachou.
Estilhaçou.
Ela estava lá, em sua pele, com tinta colorida. Seu nome estava
tatuado por todo o seu tronco. Cerca de uma dúzia de tamanhos diferentes,
uma dúzia de fontes diferentes. Mas ela estava lá. Em seu coração, ela
brilhava em uma fonte de script extravagante. Seu nome, uma data,
seguido das palavras, sangre por sangre.
Sangue por sangue.
Tudo dentro do contorno de um coração preto quebrado.
Os ossos de Stavros nunca pareceram tão pesados. Ele nunca se
sentiu tão despojado. E ele nunca quis tanto algo que ele nunca poderia ter
do que este segundo. Ele pensava que não ter Annika tinha sido pior.
Errado.
Daniel se juntou a ele nesse silêncio fatalista, e eles se entreolharam.
Cada homem sabia...
— Isso nunca pode acontecer.
Stavros foi o único a dizer palavras, mas Daniel não o contradisse.
Na verdade, seu captor pareceu chocado. Como se ele tivesse acabado de
perceber que estava prestes a atravessar essa linha, trair sua esposa com o
homem cujas mãos estavam molhadas em sangue que ele nunca poderia
lavar. Ele nunca se desculpou. Nunca tinha considerado a possibilidade de
que ele deveria.
Por que ele iria? Ele só foi o mensageiro.
Mas uma nova onda de devastação caiu sobre o rosto de Daniel, e
Stavros deu um passo à frente. — Daniel...
A porta do quarto abriu-se.
— Mãos ao ar! Mãos ao ar!
Homens armados mascarados entraram com rifles de assalto
apontados para Stavros e Daniel. O que diabos? A consciência levou seu
tempo lentamente quando Stavros olhou fixamente. Daniel não se mexeu,
então Stavros imaginei que eles eram seus homens.
Até que um dos cinco homens avançou e pressionou sua arma na
têmpora de Daniel.
— Mãos na porra do ar — ele cuspiu com um distinto sotaque do
Brooklyn. — Essa repetição foi uma cortesia e seu único aviso. Na próxima
vez, estou atirando na sua bunda.
Daniel pulou, agarrando o homem pela garganta.
— Sim. Sim.
A pressão inconfundível na base do crânio de Stavros irritou-o, mas
ele ainda se manteve imóvel, as mãos abertas enquanto esperava. Isto era o
que acontecia quando você deixava sua sede orientar suas ações. Você
deixava sua guarda para baixo, e estranhos apenas entravam na merda.
— Acalme sua merda, Nieto — disse o homem atrás de Stavros. —
Algo me diz que você quer ser o único a fazer as honras com este — ele
apontou uma arma para Stavros. — Deixe-o ir, e afaste-se. Bom e
fodidamente lento.
Stavros não pensou que sim, mas Daniel baixou a mão, ficou
impassível enquanto enfrentava o resto dos intrusos.
— Boa aderência lá, B — o único com a arma em Daniel se dirigiu a
ele. — Impressionante.
— O que é isso? — Daniel perguntou. — Você sabe o que fez?
— Estamos aqui para o grego.
Stavros inclinou a cabeça. — Espere, você está aqui para me
sequestrar de meu sequestrador? — sério?
O homem atrás dele riu. — Não. Nós somos seus socorristas. Seja
bem-vindo.
O que...
Daniel deu um passo à frente, uma mão estendida.
Pop. Pop.
Daniel estremeceu, cambaleando e depois desabou no chão.
— Não. — Stavros caiu de joelhos. Daniel o observou com os olhos
pesados, sem dizer nada enquanto o sangue encharcava a frente de sua
camisa. — Porra. — Stavros levantou sua cabeça. — Ajude-o — ele exigiu.
— Relaxe — um dos homens mascarados se aproximou. — Ele
ficará bem. Você sabe que os filhos de Nieto não podem morrer.
Os demais homens riram.
Stavros perfurou o que o segurava na garganta e agarrou a arma
quando o outro homem cambaleou.
Alguém mais se aproximou e apontou uma arma nas costelas de
Stavros. — Toque-o novamente, e eu vou esquecer que esta é uma missão
de resgate. Você me entendeu porra?
— JP, estou bem.
— Estou cansado de ser ameaçado. E a morte não me assusta. —
Stavros encontrou cada par de olhos, as únicas características que ele
podia distinguir debaixo das máscaras. — Então eu vou ter que mandar
que você se foda.
— Hmm. Ele realmente é tão irritante quanto dizem.
— Alguém pega esse cara, para que possamos vazar deste lugar.
— Eu vou ficar — disse Stavros.
— Nem fodendo você vai — dois dos cinco homens o encurralaram.
— Comece a andar.
— Daniel...
— Daniel o sequestrou e o torturou, e você está preocupado com ele?
— o que tinha apontado a arma para Daniel riu. — Deve ter algo sobre esse
pau dos Nieto.
Stavros ignorou isso.
— Quem contratou você para me encontrar? — ele duvidava que seu
tio estivesse por trás disso.
— Você vai descobrir em breve, apenas continue andando.
Merda. Ele odiava toda essa maldita situação. E ele deveria estar
ansioso para sair daqui. Mas Daniel estava sangrando no chão e Stavros
queria ir até ele. — Por favor, me diga que você me trouxe roupas — ele
puxou a camiseta que ele usava. — Estou cansado de camisa e calções.
— Alguém pega roupas para que ele possa fechar a boca.
Uma bolsa foi empurrada para suas mãos, e Stavros se vestiu ali
mesmo, colocando o terno escuro e sapatos combinando que se encaixavam
perfeitamente, enquanto os homens apontavam suas armas para ele.
Quando terminaram de enfiar um Daniel silencioso e o algemaram ao pé da
cama, Stavros se aproximou dele.
E ficou de joelhos para o seu captor. — Então. Segundo round?
— Como? — Daniel perguntou, e Stavros sabia que ele estava
perguntando sobre o que aconteceu. Se Stavros estava por trás do resgate.
Ele ignorou a questão, e tocou Daniel em vez disso, passando um
polegar sobre sua bochecha, sobre algumas dessas linhas doloridas, em
seguida, até seus lábios. — Eu nunca me senti tão fodidamente vivo, você
sabe disso? Aqui com você, eu senti demais.
Daniel o observou de perto.
Stavros rastreou o lábio superior de Daniel. Então, o inferior. —
Estás loco — você é louco.
— E eu gosto disso pra caralho.
— Você amaldiçoa muito — Daniel disse bruscamente.
Ele riu. — Eu tenho uma boca suja.
O olhar de Daniel caiu para os lábios de Stavros.
— Talvez vá desaparecer — Stavros disse suavemente. — O que você
sente. Quando eu for embora, isso vai embora — ele baixou a mão e ficou
de pé. — Eu quero que isso vá embora — pelo amor de Daniel. Mas o que
Stavros sentia, não iria embora. Ele já sabia e aceitava. Então ele deu as
costas a Daniel Nieto, e ele se afastou.
Para a porta.
Apertando a maçaneta, ele parou. Inclinou-se contra a porta.
Afastar-se do homem que o teve cativo não devia ser tão difícil. Afastar-se
de Daniel Nieto não deveria ser tão difícil.
— Segunda rodada — Daniel disse por trás dele. — Estou ansioso
para isso.
Stavros sorriu. Ele não olhou para trás, mas ergueu dois dedos, o
sinal universal para a paz.
E um sinal para o número de rodadas que estavam fazendo até
agora.
Então ele passou pela porta.
— Vamos vazar — e eles fizeram. Saíram pela porta da frente. A luz
do sol atingiu seu rosto quando eles saíram do prédio, cegando sua visão.
Ele se sentiu tonto.
Ele tropeçou, e alguém agarrou seu ombro.
— Onde estamos?
— Brooklyn, filho.
Ele olhou para a casa que ele acabara de deixar. Um duplex
destacado. Jesus. Ele sabia que havia voltado para os Estados Unidos, mas
Daniel o manteve no Brooklyn esse tempo?
Os joelhos dele cederam.
Porra.
Ele estava inconsciente antes de bater no chão.
Capítulo 13
Quando ele chegou ao hospital, os seus salvadores desconhecidos
haviam ido embora. Seu tio estava sentado à sua cabeceira, exigindo
respostas freneticamente. Christophe não foi o único a montar um resgate.
Na verdade, ele não tinha ideia de onde Stavros tinha estado. Ou quem o
pegou.
Daniel cobriu suas trilhas muito bem.
Christophe queria enviar alguns de seus homens atrás de Daniel,
mas Stavros parou essa merda rapidamente. Ele seguiria Daniel em seu
próprio tempo. Em seu próprio ritmo. Ele tinha que lidar primeiro com ele.
O homem que ele era na casa em Lisboa não era o mesmo homem
que ocupava a cama de hospital estreita. A razão óbvia deveria ser que ele
foi mantido preso e torturado, mas todo esse derramamento de sangue
parecia incidental em comparação com aquele outro assunto.
Quando ele acordou pela primeira vez na cama do hospital, ele
assumiu que estava de volta a esse lugar com Daniel, e a esperança
desesperada tinha aquecido seus espaços frios. Ele até sorriu para o I.V em
seu braço.
A decepção ficou em seu peito dentro da pequena suíte hospitalar
privada por quatro dias. Ele se sentia bem, mas os médicos o
diagnosticaram com desidratação e subnutrição. Além disso, seu corpo
ainda estava trabalhando através da infecção que veio da bala de Henan.
Todo esse tempo como cativo de Daniel e agora marginalizado por fodidos
médicos. Na insistência de Christophe, dois guardas armados examinavam
quem entrava em seu quarto. Ele permitiu a seu tio a indulgência, mas se
eles não o deixassem sair, amanhã ele estaria caminhando.
Não era onde ele devia estar. Olhando para o teto enquanto lembrava
tudo o que acontecia em sua cabeça não era o que ele devia estar fazendo.
Ele deveria estar planejando um ataque de algum tipo contra Daniel, mas
algo dentro dele estava atordoado. Ele não sabia se Daniel estava vivo.
Aqueles homens atiraram nele. E Stavros simplesmente se afastou, como se
não estivessem a meio caminho da garganta um do outro antes.
Como se Daniel não tivesse buscado dentro dele, encontrado todas
as partes carentes dele - aquela parte que ele procurava tanto destruir
depois de Annika – ele o expôs.
Todas as suas falhas, Daniel as expôs.
Se aqueles homens mascarados não houvessem invadido o duplex,
onde ele e Daniel estariam? Se ele não soubesse antes o quão errado que o
beijo tinha sido, a visão do nome da esposa de Daniel tatuado por todo o
peito e torso redirecionou Stavros.
Lugar algum. Eles não estariam em lugar algum.
O que ele tinha de certo? O que ele ganharia, relembrando aqueles
beijos roubados como se eles importassem?
Uma garganta pigarreou e Stavros afastou seus pensamentos. Um
homem estava na entrada de seu quarto. Um rosto lindo e sorridente,
emoldurado por cabelos louros pálidos e olhos roxos brilhando como pedras
preciosas. Tinha pouca altura, pouco mais de um e cinquenta e dois, a
estrutura delgada do estranho estava emoldurada em um terno escuro
perfeitamente adaptado.
— Sr. Konstantinou.
— Quem é você? — talvez ele devesse estar mais do que um pouco
irritado que um estranho em seu quarto, mas ele não conseguiu mais do
que uma carranca.
— Syren Rua — o estranho se aproximou, com a cabeça inclinada
em saudação.
Stavros o ignorou.
— O que você quer? — o nome não lhe era estranho. Na verdade,
esse nome carregava muito peso por trás disso. O brasileiro deveria ser um
jogador poderoso no submundo criminoso.
Por que ele estava na cabeceira de Stavros?
Seu convidado indesejado clicou sua língua. — Isso é maneira de
cumprimentar a única alma corajosa o suficiente para se esgueirar por
aqueles homens armados lá fora? — ele sentou na poltrona ao pé da cama
de hospital de Stavros.
— Eu geralmente não me repito Senhor Rua, mas vou fazer uma
exceção, já que você é novo e tudo. — Stavros manteve o olhar fixo. — Que
merda você quer?
Os lábios de Syren estavam curvados. — Ouvi dizer que você se foi
por um tempo. Agora você está de volta.
— Um homem com uma reputação como a sua mantendo olhos em
mim? — Stavros inclinou a cabeça. — Eu deveria estar preocupado?
— Não são todos os dias que o chefe de uma das mais lucrativas
agências mercenárias ao redor desaparece sem deixar rastro — o outro
homem encolheu os ombros. — As pessoas estavam apostando como
exatamente você iria encontrar sua morte.
— Você parece decepcionado — disse Stavros. — Você tinha planos
para meu cadáver?
— Não estou desapontado. — Syren sacudiu a cabeça quando ele se
levantou. — Apenas curioso — ele se aproximou e ficou ao lado da cama.
— Você teria ficado?
Stavros ficou tenso. Então ele inclinou a cabeça todo o caminho para
trás para que seus olhos pudessem se encontrar. — Repita a si mesmo.
Syren sorriu. — Se ele tivesse pedido que você ficasse, e que
permanecesse naquele quarto com as algemas ao redor do pulso e as
correntes em torno de seus tornozelos... — ele se curvou mais perto, quase
sussurrando. — Você teria ficado? Se a resposta for sim, qual o motivo?
Culpa ou Daniel?
Filho de uma... — Você sabia. — Syren sabia onde ele estava e com
quem?
O brasileiro se endireitou.
— Há muitas poucas coisas que eu não saiba Sr. Konstantinou.
Trafico informações — ele puxou a frente de sua jaqueta. — Bem vindo, por
sinal. Meus homens me disseram que você não estava muito feliz por sair
daquela casa.
O que diabos? Stavros avançou, agarrando-o pela frente de sua
camisa. — Foi você? Você me tirou de lá? — quem diabos era esse cara?
— Foi eu. Sim. — Syren assentiu.
— Por quê? — ele grunhiu. — Como você sabia? Conte-me.
Se Syren estava preocupado com sua brusquidão e por uma ordem
flagrante, ele não mostrou isso. Em vez disso, ele calmamente tirou os
dedos de Stavros dele e alisou suas roupas. — Eu sei de muitas coisas.
Como eu disse, é uma espécie de negócio.
— Foda-se isso. Como você sabia que ele me tinha? Quando você
soube?
— Ele é um homem engenhoso, não é? — Syren deu um tapinha no
joelho de Stavros. — E vocês dois, muito parecidos. Estou certo? — ele riu
de uma piada que apenas ele entendeu.
Frustração borbulhou. — Conte-me.
— Você quer saber onde ele está? Porque ouvi algo sobre uma
segunda rodada iminente.
Stavros o encarou. Sua resposta imediata a essa pergunta era sim.
Ele queria ver Daniel novamente. Tocar nele novamente. Lutar com ele de
novo. Mas não era assim como um cérebro normal funcionaria.
— Por que você faria isso? — ele não confiava em Syren, nem um
pouco. — Ele tentou me matar. Na próxima vez que nos vermos, um de nós
morrerá.
— Realmente. — uma das sobrancelhas de Syren se ergueu. — Pelo
que eu ouvi, você disparou o primeiro tiro que matou sua esposa. Ele só
está retornando o fogo.
— Foi um trabalho. Eu fiz um maldito trabalho. — disse Stavros. —
Porque é que todos querem punir o maldito mensageiro? Não era nada
pessoal.
— Ei, eu entendo — mãos levantadas em um sinal de rendição,
Syren perguntou: — Você espera que vá embora, o que sente por ele? Ou
você espera que não?
Como ele poderia saber? Quando Stavros se tornou transparente?
Ele apagou seus traços e simplesmente observou Syren até que seu
visitante soltasse uma risada e batesse palmas.
— Ele não tem amigos — disse Syren. — Esse não é o homem que
ele é. E a família que ele tem ainda viva, ele está mantendo-os ao longe. A
vingança é tudo o que ele conhece. A vingança é o que ele vive e respira. —
o olhar de Syren ficou assombrado. — Pelo menos eu pensava assim, até
que ele te pegou em Lisboa.
Stavros fechou os olhos.
— Não me diga isso. Eu não quero saber — essas palavras o fizeram
sentir coisas quando ele estava deitado nessa maldita cama de hospital
fazendo qualquer coisa que pudesse para não sentir.
— Você deve saber.
— Por quê? — ele levantou seus cílios e olhou para Syren. Ele sabia
o que estava fazendo? — Por que eu tenho que saber?
— Dessa maneira, quando você retaliar contra ele, você não vai
esquecer. — Syren dirigiu-se até a porta. — Algo que vocês dois já devem
saber, mas estou lhe dizendo agora: às vezes é necessário perder a batalha
para ganhar a guerra — ele parou e olhou por cima do ombro. — Nesta
guerra entre você e ele, alguém deve perder. Mas se você está lutando pelo
certo, de verdade, perder pode ser uma vitória diferente e mais doce.
****
— Você o pegou.
Da escuridão da sala de estar, Daniel estava sentado na confortável
poltrona enquanto Syren Rua entrava com sua família.
Os únicos olhos que se alargaram quando a luz aérea inundou a
sala, era o do garotinho nos braços de Syren e a garota colocada entre seus
pais. Ela não parecia nada com nenhum dos homens, exceto pelos olhos.
Não era a cor ou forma, mas o destemor.
A teimosia.
Provavelmente, Syren não pensou que Daniel conhecia a casa em
Connecticut, mas só porque trabalhavam juntos não significava que Daniel
confiava em seu parceiro no crime. Assim como Syren conhecia seus pontos
fracos, Daniel também conhecia os dele.
Ele pressionou esses pontos agora quando ele se levantou
lentamente da cadeira, o ombro protestando contra o movimento.
— Cátia — Syren não desviou o olhar de Daniel. — Leve seu irmão
para o andar de cima.
— Papa...
— Agora, Cátia. — Kane Ashby tocou a única trança pendurada nas
costas de sua filha. Ao contrário do marido, ele não se incomodou em
esconder sua raiva contra a intrusão de Daniel em suas vidas.
A menina - Cátia - estreitou os olhos para Daniel, apertando as
pequenas mãos antes de finalmente se afastasse, levando seu irmão em
seus braços e pisoteando, subindo as escadas.
Daniel deu aos dois homens a cortesia de esperar até que uma porta
batesse no andar de cima antes de dar um passo à frente e falar
novamente. — Você o pegou.
— Eu fiz. — Syren assentiu, colocando uma mão no braço do marido
quando Kane abriu a boca.
A fúria por dentro, ele a engoliu, mantendo-a escondida, já que os
homens atravessaram suas portas há uma semana. Ele não gostava de se
sentir impotente, e ele não sentia nada, a não ser quando aqueles homens
apontaram suas armas para Stavros. Ser superado e dominado nunca o
deteve antes. Nunca deveria detê-lo, mas o visual de uma arma apontada
para a cabeça de Stavros o deteve em suas trilhas.
Flashbacks de Petra deveriam ter servido de empurrão, mas tudo o
que fez foi temperar suas ações. Tudo o que fez foi forçar a escolha.
Stavros vivo.
Ele queria Stavros vivo. Ileso.
— Explique — ele não se incomodou em levantar a voz. Sua
presença nesta casa somente deveria servir de alerta e ameaça.
— A missão mudou. — Syren encolheu os ombros. — Eu procedi
em conformidade.
— Não era sua ligação para fazer.
— Eu imploro para diferir — por um segundo, o brilho piscou como
luzes de néon roxo nas profundezas dos olhos de Syren. — Era uma ligação
que você não conseguiu fazer.
Hijo de... — Ele matou minha esposa.
— E se você o quisesse morto, ele já estaria morto. — Syren afastou-
se de seu marido silencioso e tirou o paletó, sentando no sofá nas
proximidades. Ele segurou o olhar de Daniel enquanto ele enrolava as
mangas. — Não pode ser um bom sentimento descobrir no meio da luta
que o curso da batalha mudou — voltando para o lado do marido, ele
agarrou a mão de Kane e ligou seus dedos. — Eu estive lá.
Daniel olhou para ele, ignorando as palavras. — Eu subestimei você.
Syren sorriu. — Sim. Mas não se preocupe, acontece muito — ele
piscou. — Na verdade, eu contei com isso.
Uma armadilha óbvia que Daniel deveria ter visto. Mas ele estava
cego por Stavros, pela confusão que o cativeiro trouxe. — Onde ele está?
— Por quê? — Syren levantou as sobrancelhas. — Então você irá
arrastá-lo de volta para suas câmaras de tortura e o fará sangrar
novamente? Diga-me... — ele se aproximou, de pé diretamente em frente a
Daniel enquanto seu marido estava tenso atrás dele. — Ainda é uma
tortura se o cativo quer? Pode ser punição, mas para quem? Sua ou dele?
— Você não sabe de nada.
Durante todo o tempo ele sabia que Syren via demais. Ao longo,
Daniel sabia que, eventualmente, ele teria que manter seu olho aberto. Ele
nunca esperava que Syren Rua fosse o único a falar as duras palavras que
afugentam as camadas de negação para iluminar os fatos embaixo.
Syren riu.
— Oh eu sei. Confie em mim, eu sei — ele bateu em Daniel no
ombro. — A fraqueza que você teve há um mês não é a mesma que você
tem hoje. Eu vi, e eu consegui usar isso para tirá-lo de você. Porque eu
acho que machucá-lo vai machucar você mais — sua voz caiu, virando
rouca com um tipo de emoção áspera quando ele disse: — Matar ele vai
matá-lo.
A verdade dessas palavras o desnorteou, e Daniel endureceu sua
coluna para evitar que ele cambaleasse. — Petra — ele não tinha nada,
além disso. Nada mais além do nome dela, e a culpa que explodia dentro
dele dez vezes.
— Ela se foi. — Syren assentiu. — Pela mão dele, mas ele lutou
contra você?
Nem uma vez. Na verdade, ele incitava Daniel. O atraía. — Ele aceita
— ele murmurou enquanto as palavras de Stavros ecoavam em sua cabeça.
Beije-me. Mate-me.
Eu não me importo.
Não importa mais.
— Ele pode não pedir, mas ele quer o seu perdão. E ele pode não
dizer pra você, mas ele entrará com prazer na sua lâmina.
Daniel ergueu o foco de Syren para ver que Kane havia desaparecido.
Ele estreitou seu olhar e deu uma olhada. O ex-Marechal Federal estava em
uma porta atrás dele, com as mãos nos bolsos. Pego com as palavras de
Syren, Daniel não notou quando o homem se moveu. Ele abriu os lábios na
aparência de um sorriso. — Você é bom.
— Eu sou melhor que o melhor — Syren disse sem um pingo de
dúvida na voz dele. — Eu também não estou errado, e você sabe disso.
— Você me traiu — Daniel disse a ele. — Seja qual for sua
justificativa, você não terá uma segunda chance nisso.
— Você chama isso de traição, eu chamo isso de oportunidade. —
Syren soprou uma respiração, olhando por cima do ombro de Daniel para o
marido, antes de voltar para Daniel. — Estou plenamente consciente de
que, se os papéis fossem invertidos, estaria em pé onde você está agora.
Inferno, já estive lá. Mas também estou aqui, desse lado, porque fiz uma
escolha. Eu escolhi deixar a escuridão dentro. Eu escolhi deixar alguém
entrar. Eu escolhi deixar ele me amar. E eu também escolhi acreditar que,
quando se tratava de amar e ser amado, eu tinha uma escolha.
Daniel balançou a cabeça. É impossível.
— Ele está livre. Sua escolha e a dele, também, será o que acontece
nesta segunda rodada. Mais derramamento de sangue?
— Essa é a sua razão? — Daniel agarrou-o pela garganta, e
instantaneamente uma arma estava na sua nuca. Ele ignorou a ameaça
silenciosa do Marechal. — Essa é a razão pela qual você o levou?
— Essa é a minha razão. — Syren não lutou. — Qual era a sua?
— Liberte meu marido — a voz de Kane retumbou no ouvido de
Daniel. — Devagar e lentamente.
Em resposta, Daniel apertou seu domínio, sufocando Syren até ele
tossir. Ainda assim, o homem mais baixo não lutou. Ele manteve os olhos
arregalados em Daniel.
— Não pode ser uma vingança. — Syren gritou. — Não pode ser tudo
sobre raiva, porque essas coisas desaparecem depois de um tempo, e você
ficará mais vazio do que nunca. Eu entendo lealdade e fidelidade, mas você
não está morto. Você não é insensível, e mesmo que o odeie, ele é o motivo.
Os dedos de Daniel flexionaram, a bala ainda cicatrizando em seu
ombro protestou contra a tensão de seu aperto em Syren.
— Não fale — ele sacudiu Syren, sacudiu-o até que o homem parou
de falar. No interior dele, o rachar em seu peito ficou mais alto, ecoando em
seus ouvidos, afogando qualquer outro som.
Os lábios de Syren voltaram a se mover, e a arma na nuca de Daniel
o cutucou. Mas em sua cabeça, as palavras moribundas de Petra
guerreavam com as palavras de despedida de Stavros.
— Mátalos a todos — ele sussurrou para Syren. — Mate-os, ela me
disse. Mátalos a todos.
— Então você vai matá-lo por ela?
— A última coisa que ela pediu de mim. — a angústia afrouxou seu
aperto, e embora Syren escorregasse de seu aperto, ele não se afastou. —
Em seu último suspiro, e ela falou essas palavras. Eu falhei com ela antes,
não posso falhar nisso. Sua morte, não pode ser por nada.
A decepção nublou os olhos de Syren. — Então você fez sua escolha,
meu amigo. Delegado — ele se dirigiu a seu marido. — Coloque essa arma
para baixo.
— Pare de deixar as pessoas colocarem suas mãos em você — seu
marido latiu.
A ternura iluminou o olhar de Syren, e seu sorriso desta vez era toda
intimidade e amor. Ao mesmo tempo, Daniel podia reivindicar um sorriso
como esse como o dele.
— Sim, senhor. — Syren piscou para o marido e voltou a focar
Daniel. — Eu restaurei as posições no campo — ele disse a Daniel. — Você
e Stavros, vocês estão agora em pé de igualdade. Boa sorte.
— Essa proeza sua, eu não vou esquecer isso.
Syren encolheu os ombros.
— Não pensei que você o faria. Mas da próxima vez que você entrar
na minha casa, eu deixarei o atirador no teto ao lado dar o tiro — ele
acenou com a cabeça para uma janela aberta para a esquerda de Daniel, e
um brilho de luz brilhava na escuridão. — Eu cubro todas as minhas
bases, Daniel. E minha família me cobre.
Se ele não estive tão atrapalhado pela neblina das emoções, talvez
Daniel tivesse sorrido. — Você não vai me matar e eu não vou matar você.
Nós precisamos um do outro vivo.
— Eu não preciso de você vivo — Kane falou. — Você coloca o pé em
Connecticut novamente e você vai morrer. Essa é uma promessa.
Daniel girou para encará-lo e desta vez sorriu. — Eu admiro um
homem que pode cumprir suas promessas — ele olhou para as escadas e
gritou: — Toro, vámonos.
Segundos depois, seu sobrinho veio descendo as escadas, o cachorro
da família em seus braços, felizmente lambendo seu rosto. Ele os saudou
com sua arma enquanto ele estava ao lado de Daniel.
— Filho da puta! — Kane amaldiçoou.
— Delegado...
Juntamente com Toro, Daniel saiu da casa do jeito que ele veio.
Através da porta da frente.
Capítulo 14
Eram como rachaduras irregulares em uma fachada de pedra, de
outra forma, lisa.
Stavros ficou na frente do grande espelho no banheiro principal do
apartamento dele no Upper East Side de Manhattan, nu. Ele tocou as
cicatrizes em seu tronco, rastreando cada uma.
Lembrando.
Não era como se houvesse algum esquecimento.
Ele sabia quando e como ele conseguiu cada cicatriz, cada hematoma
que ainda não havia desaparecido nas três semanas que ele estava fora do
alcance de Daniel Nieto. Muito tempo, mas ele ainda sentia o contato
relutante de Daniel. Era uma marca permanente, e quando ele deslizava a
mão para a nuca ou para o seu queixo, ele ainda sentia o calor de Daniel.
Porra!
Ele deu um soco no espelho, engolindo um grunhido com a dor
aguda. O sangue gotejou imediatamente de seus dedos cortados, mas o
espelho não quebrou. Ele rachou, transformando sua imagem em quatro
entidades diferentes. Todos olharam para ele com olhos inchados de
sangue.
Zombando.
Sentimentos. Ele não tinha sentimentos. Ele não tinha emoção. No
entanto, tudo sobre suas interações com Daniel era sobre sentimentos.
Sobre a emoção. Ódio. Raiva. Querer. Luxúria.
O ódio e a raiva eram mais profundos, mas os outros... Ele não podia
ter certeza. Ele queria apenas foder Daniel? Ele só queria matar e ver o
outro homem fazer o mesmo? Era sobre a guerra entre eles?
Outro pensamento avançou em seu cérebro, ampliando seus olhos.
Era culpa essa coisa dentro dele? Ele estava se sentindo culpado por
matar Petra Nieto e tentando encontrar uma maneira de compensá-lo? Esse
pensamento, mais do que os outros, o horrorizou.
Ele não sentia culpa.
Qualquer coisa, exceto culpa.
— Senhor. — Bruce correu para a sala, arma em sua mão, nada
além de cuecas pretas. Ele parou abruptamente quando viu Stavros. —
Senhor?
— Estou bem, Bruce — ele não desviou o olhar do espelho. —
Venha aqui.
Os olhos de Bruce brilharam quando ele se aproximou. Eles tinham
um acordo, ele e Bruce. Não importava onde estivessem ou com quem eles
estavam – da parte de Bruce ao menos. Quando Stavros queria foder Bruce,
seu guarda-costas baixava a calça e se curvava. E quando ele queria ser
fodido, Bruce tomava as rédeas bem.
Não era um relacionamento, mas era conveniente. Como agora,
quando Stavros precisava limpar a sensação persistente de alguém de sua
pele.
Ele deu dois passos para trás do espelho sem se virar e fez um gesto
para Bruce ficar de joelhos na frente dele, de costas para o espelho
rachado. Quando Bruce se moveu para colocar a arma no chão, Stavros
agarrou-o pelo pescoço, balançando a cabeça quando Bruce olhou para ele.
— Mantenha a arma — ele lambeu os lábios. — Use-a. Faça com que
goze com isso.
Este não era o pedido mais fodido que Stavros havia feito durante o
sexo, então Bruce não piscou. Ele simplesmente agarrou o eixo duro de
Stavros e chupou-o.
Stavros jogou a cabeça para trás, apertando sua mão na nuca de
Bruce. Olhos fechados, enquanto a arma deslizava por suas bolas e sobre
seu buraco. Ele ofegou e estremeceu, os joelhos enfraquecendo.
Ele se tornara um especialista em fingir ultimamente. Unhas
cavando na nuca de Bruce quando a boca úmida do outro homem o
chupava bem, Stavros fingiu que outra pessoa estava esfregando a ponta
da arma sobre o seu buraco. Alguém mais estava chupando seu cérebro
pelo seu pênis. Alguém mais estava encharcando-o com saliva e girando
sua língua sobre sua coroa, fazendo-o gemer.
Fazendo sua barriga apertar.
Alguém.
Ele moveu a mão para cima, enfiando os dedos no cabelo curto e
loiro de Bruce e agarrando-o mais apertado. Agarrando as mechas
enquanto ele batia na sua garganta, jogando a cabeça para trás. Bruce
grunhiu. Seu aperto liso sobre Stavros afrouxou um pouco, mas Stavros
manteve-o firme.
Punindo sua garganta enquanto Bruce sufocava.
Punindo-se. Lutando mais do que nunca para recuperar sua mente.
Para ter sua cabeça focada. A arma em seu buraco falhou.
— Não pare — ele ordenou com voz rouca.
A garganta de Bruce o soltou com relutância e o outro olhou para ele
quando Stavros olhou.
— Senhor — ele tossiu. — Nós precisamos obter um pouco de
lubrificante.
— Não.
A confusão escureceu os olhos de Bruce. — Senhor...
Ele bateu-o. Duro.
— Não me questione — novamente, e a cabeça de Bruce bateu
contra o espelho. Stavros agarrou-o pela garganta e segurou-o,
pressionando a parte de trás da sua cabeça contra a fenda irregular no
espelho. — Nunca me questione — ele ralou. Ele guiou seu eixo para a
boca de Bruce e abriu caminho. — Agora, faça-me gozar — ele mergulhou,
e os dentes de Bruce rasparam em seu comprimento.
A quantidade certa de dor para fazer seus olhos voltarem a rolar na
cabeça dele.
A arma provocou-o enquanto Bruce seguiu suas ordens, os olhos
fechados, a cor alta em suas maçãs do rosto. Stavros usou sua boca com
força, montando-o áspero.
Cavando profundamente em busca do orgasmo que parecia demorar
mais nos dias de hoje. Ele agachou-se um pouco, abrindo-se mais para que
a arma pudesse violá-lo.
Porra. Seu batimento tropeçou com aquela dor bruta.
Bruce forçou a arma, mas o corpo de Stavros não estava tendo.
Ainda sim, ele rolou os quadris, permitindo que a dureza da arma o
penetrasse, o machucasse.
Ele mergulhou dentro e fora da garganta de Bruce, agitado,
querendo...
Daniel.
Ele deslizou para fora da boca de Bruce, abrandando, mantendo sua
coroa inchada apoiada no lábio inferior de Bruce. — Puxe o gatilho.
Os olhos de Bruce se aproximaram. — M-mas, senhor.
— Você puxa o seu gatilho ou eu puxo o meu — ele emitiu a ameaça
com facilidade. Querendo dizer cada palavra. Desejo de morte. Ele havia
adquirido um desejo de morte, e a adrenalina passou por suas veias,
endurecendo-o muito mais do que a boca talentosa de Bruce. — Assim que
chegar a três.
Bruce observou Stavros como se ele não mais o reconhecesse. Isso o
fazia dois deles, não é? Daniel se importaria se Stavros morresse? Ele
sentiria falta dele? Ele apertou o cabelo de Bruce, segurando o olhar do
outro homem.
— Éna — ele contou em grego.
Um.
As ventosas das narinas de Bruce brilharam.
— Não se preocupe — ele traçou o lábio superior de Bruce com seu
eixo vazando. — Você não será culpado por minha morte.
A respiração de Bruce tornou-se agitada. O medo em seus olhos?
Tanto um afrodisíaco quanto o perigo imediato.
— Dýo — dois.
Os cílios de Bruce vibraram, e seu rosto, naturalmente pálido, corou
um vermelho escuro.
— Não feche seus olhos — ele ordenou. — Olhe para mim. Agora.
Aqueles cílios se abriram.
— Tría — três.
Clique.
A arma foi empurrada para dentro dele, e Stavros entrou em
erupção.
Convulsionando.
Gozando duro, sêmen atingindo Bruce em sua testa, escorrendo por
seus olhos e nariz. Stavros sibilou, com a visão piscando para preto, depois
cinza, enquanto ele tremia.
Deus. Ele mastigou o lábio inferior, sufocando o nome que
imediatamente saltou para a ponta da sua língua. Ele inclinou-se para
frente, batendo uma palma contra o espelho para manter o equilíbrio. As
bordas ásperas cortaram sua palma, adicionando outra camada a
sensação.
Fodido não começava a descrever o que ele era.
Se curvando, Stavros pegou a arma, e lambeu a ponta.
Então ele disparou.
A bala passou por Bruce e pousou na parede oposta.
— Não se preocupe — ele disse a Bruce que o encarava com a boca
aberta. — Os verdadeiros monstros sempre encontram uma maneira de
escapar da morte e vivem vidas longas — ele piscou. — É um presente. E
uma maldição — ele se endireitou. — Os arquivos que deixei na minha
cama, trazê-los para mim no meu escritório.
O grande envelope amarelo havia aparecido há dois dias, misturado
com seu correio regular. Seu conteúdo, porém, era qualquer coisa, exceto
regular. Ele não tinha nenhuma pista sobre o remetente ou seus motivos.
Dentro da pasta havia nomes e endereços, e uma nota post-it azul com as
palavras Sem Baixas Desnecessárias escritas em letras maiúsculas e
sublinhadas duas vezes.
Alguém queria que ele fosse atrás de Daniel Nieto, talvez até o
ajudassem. Eles simplesmente não queriam crédito por isso. Infelizmente
para eles, Stavros tinha seus próprios planos para Daniel. Ainda assim, ele
usaria as informações que lhe seriam fornecidas se lhe garantissem Daniel.
Em seu escritório, ele não se preocupou em se vestir. Ele serviu uma
bebida e olhou para os arquivos espalhados na mesa. Três faces. Sua raiva
precisava ser bem melhor usada. Ele prometeu retribuição, e algo sobre um
prato principal.
Hora de entregar isso.
Ele ergueu o copo como uma saudação para a sala vazia. — Aqui
está o round dois.
Capítulo 15
Permaneceu intocada, a casa que ele construiu para sua esposa. A
casa da qual ele não conseguiu se livrar. Daniel ficou na sala de jantar,
mãos inúteis em seus lados enquanto olhava para a mesa no centro do
espaço, tendo a última noite deles em foco.
Não que ele precisasse daquela imagem para lembrar.
Eles haviam discutido enquanto se sentavam lá, comendo o jantar
que ela preparara. Ela queria coisas, e tanto quanto ele a amava, não podia
dá-las a ela. Ele fez o seu melhor para dar-lhe o mundo, mantendo-a
segura e protegida enquanto se certificava de que não queria nada.
Ele pensou em fazer seu trabalho. Ele a considerou feliz, e ele não
viu o vazio que ela escondia tão bem.
Ele se moveu para a mesa, puxou a cadeira e sentou-se nela. Cabeça
curvada, dedos rastreando os padrões na toalha de mesa.
Ela queria filhos, e ele não. Não porque não amasse sua esposa, não
porque não a quisesse feliz. Ele tinha medo. Tentar o destino se
apaixonando e se casando com esse negócio era uma coisa. Petra conhecia
os fatos, fez sua escolha de estar com ele, de estar ao lado dele.
Mas uma criança.
Uma criança inocente.
Ele lembrou sua vida com seu pai. Eduardo nunca quis ser pai, mas
conseguiu levar três meninos ao mundo. Para ele, Daniel e Antonio eram
funcionários e ele os usava como tal. Ele mal tolerava sua esposa, muito
ocupado com as mulheres que ele traficava que não queria trazer outra vida
para o mundo. Mas Petra o encantou, ela usou seu amor por ela contra ele,
e logo eles estavam tentando engravidar.
Tentando e tentando...
E tentando.
No dia em que ela morreu, descobriram que não poderia engravidar.
O alívio que ele sentiu foi intenso e rápido, e ela tinha visto isso. Petra o
conhecia tão bem. Ela tinha visto nos seus olhos, aquela traição.
Ela bateu nele. Nem uma palavra dela, apenas a picada de sua
palma em sua bochecha. A vergonha que ele sentira naquele momento
tinha sido inconcebível. Depois de todos esses anos, depois de tudo o que
ela tinha que lidar. Todas as coisas que ela testemunhou. A lealdade que
ela tinha mostrado a ele. O apoio. O entendimento. E ele não podia ser
altruísta o suficiente para dar-lhe a única coisa que ela tinha pedido a ele?
Ela gritou com ele enquanto comia, depois de ficar atrasado para
evitar o confronto inevitável. Então ela se afastou para seu quarto. Daniel
seguiu e ele ficou na entrada, observando-a.
Bela, brilhante, a alma mais gentil.
Tudo o que ela queria, ela conseguia. Tudo o que ele tivesse que
fazer, ele faria. Ele tinha dito a ela apenas depois de subir na cama e
colocar a cabeça no seu colo. Implorando seu perdão, explicando a si
mesmo.
Ela acariciou sua cabeça, olhando para ele com aqueles grandes
olhos castanhos. Ele tinha entendido sua sorte então, tendo ela em sua
vida. A escolha que ela fez, de estar com ele, não tinha sido fácil. Sua
família nunca o compreendeu nem tentou. Ela o escolheu. Ele estava feliz
por causa dela.
A mulher que o domesticou.
Ele mostrou sua gratidão então, fazendo amor com ela, prometendo
que eles iriam olhar a adoção no dia seguinte.
Mas não havia amanhã.
Ele se levantou da mesa e caminhou até o quarto. Uma camada
grossa de poeira estava presente nos móveis lá. A cama ainda estava lá, o
colchão e a mola. Ao lado daquela cama, de um lado, à esquerda, mais
distante da porta, caiu de joelhos. Toda a respiração foi rasgada de seus
pulmões naquela noite. Sua pele arrancada dos ossos. Seu coração rasgado
de seu peito. Eles levaram todas as coisas em um segundo.
— Petra — ele chamou seu nome, ambas as mãos agarrando o
colchão nu. — Petra.
De alguma forma, ele ainda esperava que sua pequena forma
entrasse na sala, soprando fios de cabelos cacheados e castanhos longe de
seu rosto, como sempre fazia. — ¿Qué pasa, mi amor? — ela perguntaria.
— Mi corazón — ele enterrou o rosto no colchão. — Lo siento — ele
fez promessas para ela e quebrou todas. Prometeu protegê-la. Amá-la para
sempre. — Lo siento.
Como ela poderia entender quando ele não entendia isso ele mesmo?
Como ele poderia explicar o inexplicável?
— Petra — ele ergueu a cabeça, olhou para o teto. — Por favor,
perdóname — ele subiu na cama, um movimento tão familiar que ele teve
que fechar os olhos. Em seu lugar, ele se estendeu de costas, com as mãos
cruzadas sobre a barriga.
Com os olhos fechados, ele percorreu toda a vida que ele passou na
casa, neste quarto, nesta cama. Tanta risada, tanto amor. Ele não se achou
digno disso por mais tempo. As coisas que ele fez fora dessas paredes,
horrivelmente imperdoável. Mas ela fez deste seu santuário. Ela fez desse
lugar um lugar que o mal nunca tocou. Era como se ela tivesse purgado
todas as suas más ações no instante em que entrou em sua casa.
Mas ela não era perfeita. Não tinha sido perfeita. Ela era apenas sua,
e embora soubesse desde a primeira vez que ele olhara para ela que
merecia mais do que ele, ele nunca a abandonaria.
Sua morte não mudou nada.
Ele morreu com ela, como ele queria. Exceto que Stavros
Konstantinou o tocou e deu uma nova vida ao corpo entorpecido de Daniel.
Negar aquilo seria mentir para si mesmo, e Daniel não poderia fazer isso.
Não nesta casa.
Rogando por forças que ele pensou que ele não mais possuía para
assistir Stavros se afastar dele. Ainda mais força para não ir imediatamente
a busca dele, e trazê-lo de volta a esse porão escuro.
Seu corpo estava interessado em outro homem. Despertou por outro
homem. Apenas admitir aquilo fazia sua cabeça girar. Ele não
experimentou nada disso antes. Nenhum homem tinha virado sua cabeça
ou agitado seu corpo. Ele achava que ele sabia quem ele era, mas isso não
era mais verdade.
Sentir-se atraído por Stavros questionava sua própria sanidade
quando ele tinha certeza de que ele havia se afastado do fundo. Ele tentou
imaginar como sua esposa teria reagido a isso. Sua traição por querer o
homem que roubou sua vida.
Ele morava nos sonhos de Daniel, todos enredados com imagens de
Petra e sangue.
Petra gritava, sangrando e Stavros tentando machucá-la.
Daniel tinha que fazer uma escolha.
Petra ou Stavros.
Às vezes ele escolhia Petra e ela morria em seus braços. Às vezes ele
escolhia Stavros e ele matava Petra na frente dos olhos de Daniel. E às
vezes Daniel se forçava a acordar antes de poder tomar uma decisão
terrível.
Nada que ele fizesse estava certo. Nada do que ele fez poderia trazer
Petra de volta ou apagar o que agora percorria suas veias por Stavros. Mas
ele poderia se concentrar no que ele poderia mudar, e no que ele poderia
controlar.
Chegara a hora.
****
****
****
11
Olá em Espanhol.
Stavros agarrou-o, apertando os dedos, exortando Daniel. Então ele
aprofundou o beijo, pegando velocidade, e logo eles estavam se devorando.
As línguas torciam-se, apertando nos dentes enquanto lutavam pela
vantagem. Não importava quem tivesse.
Essa sensação na barriga de Daniel, como se ele estivesse caindo.
O sabor de Stavros, tão escuro e perigoso quanto o homem
esfregando contra Daniel.
Ele gostou, queria mais e sempre. Ele segurou Stavros mais
apertado, puxando-o para ele enquanto agarrava sua mandíbula,
empurrando sua língua ainda mais profundamente.
Olhos fechados, Daniel gemeu quando Stavros jogou uma mão entre
eles e esfregou sua virilha. Ele se afastou com um silvo baixo, suas
pálpebras baixaram para encontrar Stavros observando-o.
Era mais do que louco. Mais do que qualquer coisa que pudessem
nomear, mas não importava. Estava acontecendo. Daniel queria que isso
acontecesse. Quando Stavros lambeu os lábios, Daniel o tocou lá,
empurrou os dedos na boca de Stavros.
Ele nunca tocou outro homem assim antes. Mas ele sabia o que
queria, sabia o que ele gostava, e ele estava indo com o fluxo que o varria
de seus pés sempre que ele entrava no mesmo quarto que Stavros.
— Daniel — este lado de Stavros, ele não tinha testemunhado
enquanto o observava das sombras. A suavidade em seus olhos. A
vulnerabilidade em seu rosto e a necessidade que derramava dele em ondas
espessas e quentes, fazendo a virilha de Daniel apertar. — Me beije.
Daniel uniu suas bocas, saqueando, mordendo, lambendo, sugando
a língua de Stavros. Mãos perambulando no corpo de Stavros, deslizando
pelas costas para agarrar seu traseiro. Daniel apertou-o, e Stavros ergueu
uma perna, envolvendo-a em torno da cintura de Daniel, ondulando contra
ele, montando-o enquanto suas ereções esfregavam.
Daniel estremeceu. Era intensa a luxúria e o desejo era tão espesso,
que ele a saboreava, a camada pesada cobrindo sua língua e sua pele. Ele
queria estar de volta a essa cama, de volta ao interior de Stavros.
Dios.
Ele perdeu a cabeça, mas ele não se importava. Agora não. Ele
sentia. Ele queria. Ele precisava.
As mãos de Stavros na bunda de Daniel puxaram-no para mais
perto, e Daniel rasgou os botões do pijama de Stavros, os dedos incertos,
torcendo em sua pressa. Stavros ajudou, e logo o deixaram nu.
Daniel o tocou, envolvendo o punho em torno da ereção de Stavros, e
o outro homem gemeu no beijo.
Ele acariciou Stavros, da base até a ponta, e o quadril de Stavros se
moveu com ele, sua boca caindo. Ele leu o corpo de Stavros enquanto o
acariciava. As linhas tensas de seu corpo. O tremor em seus membros e a
cor nas bochechas.
— Você está bem assim — ele murmurou em espanhol. — No meio
do seu prazer. Você sempre deve se parecer com isso.
— Continue me tocando — o rosto de Stavros se torceu em uma
careta quando Daniel deslizou um polegar sobre sua coroa escorregadia. —
Porra — ele inalou bruscamente, empurrando-se mais profundamente no
aperto escorregadio de Daniel. — Apenas continue tocando em mim.
Daniel enterrou o rosto no pescoço de Stavros, provocando-o com os
dentes enquanto ele masturbava seu pênis. Ele pulsou alto na mão de
Daniel, veias proeminentes, pré-sêmen emergindo.
— Você é tão quente — ele puxou o lóbulo da orelha de Stavros. —
Tão bom — ele beijou o caminho através do maxilar de Stavros e voltou
para sua boca, voltando para seus lábios, acariciando sua língua dentro do
calor úmido.
Os dedos de Stavros se enroscaram em seus cabelos, puxando,
puxando e ele ficou mais alto. Seu quadril balançando cada vez mais
rápido. O desespero nele estimulou Daniel a aumentar seu aperto, a
brutalizar o beijo. Logo Stavros gritou, e foi um som que Daniel engoliu
enquanto o sêmen quente molhava seus dedos.
— Merda. — Stavros ofegou. — Merda — seu quadril continuou
dirigindo-se para frente. — Daniel, Jesus. Cristo.
Daniel sorriu apesar da dor de seu próprio orgasmo não cumprido. —
Você gostou disso?
Os cílios de Stavros levantaram-se e ele olhou para Daniel com uma
expressão incrédula. — Você está pescando elogios agora? — ele pegou a
mão de Daniel com sêmen e ergueu-a. — Somente o elogio que você sempre
precisará — então ele trouxe Daniel para a boca e lambeu os dedos.
Daniel o observou com avidez, uma mão deslizando sob a cintura de
sua calça para se acariciar.
— Deixe-me. — Stavros afastou a mão e se ajoelhou. Uma mão
puxou a calça de Daniel para baixo, a com outra, ele segurou suas bolas, e
então Daniel encontrou-se cercado por uma boca quente e molhada,
deslizando para cima e para baixo em seu comprimento.
— Argh — ele agarrou o cabelo de Stavros, jogou a cabeça para trás
e empurrou para dentro dele. Uma e outra vez, conduzindo em sua boca
com fome e com grunhidos roucos. O orgasmo não estava longe, ainda
assim ele o perseguiu, empurrando na garganta de Stavros.
Dedos agarraram suas bolas, acariciaram-no, enquanto Stavros o
sugava completamente. Daniel trancou os joelhos, uma mão na janela às
suas costas para equilíbrio e a outra puxando o cabelo de Stavros enquanto
ele usava sua boca e dirigia-se mais fundo por sua garganta.
Um impulso.
Dois, e ele estava morrendo em sua língua, entrando na boca de
Stavros enquanto a respiração tremia em sua garganta e seu corpo
curvava.
— Dios.
Stavros zumbiu ao redor dele, fazendo ruídos gananciosos e
escorregadios enquanto limpava o eixo de Daniel. Então ele soltou-o com
um som molhado, e olhou para ele, com a língua girando sobre o lábio
inferior.
— Você não amaldiçoa, não é? — seus lábios se curvaram em um
sorriso.
Daniel piscou enquanto o orgasmo nublava os seus olhos e sacudia a
sua cabeça. — Não — sua voz estava pior do que de costume, e ele sentiu o
tremor de Stavros quando o outro homem se pôs de pé. Daniel pegou sua
mão e puxou-o para o sofá. — Minha mãe não gostava de linguagem suja,
então... — ele encolheu os ombros.
— Eu acho que é doce. — Stavros riu quando ele acariciou um dedo
na bochecha de Daniel. — O grande chefe de cartel fodão que não pode
dizer “porra”.
Daniel beijou-o, porque ele o queria calar. Também porque ele podia
sentir o cheiro de Stavros e ele queria provar. — Eu posso dizer isso — ele
lambeu a boca de Stavros. — Eu apenas escolho não.
— Doce.
Ele grunhiu, mas permitiu-se um pequeno sorriso. Juntos,
sentaram-se no escuro no sofá, nus, a mão de Stavros no peito de Daniel.
As mãos de Daniel no cabelo de Stavros. No escuro, os olhos de Stavros
estavam iluminados, parecendo mais brilhantes. Daniel beijou seu nariz e
depois seus lábios antes de falar.
— Eu tenho que ir. O avião está me esperando.
— Ok. — Stavros beijou seu queixo, sua garganta e então se afastou
ligeiramente para acender a luz. — Estarei aqui.
— E quanto a Lisboa? — Daniel levantou-se e começou a se vestir.
Stavros levantou-se e serviu-se de uma bebida do mini bar. — Nova
York é minha casa para o futuro previsível.
Uma vez que Daniel terminou de se vestir, olhou em volta para
encontrar Stavros encostado no bar, bebida na mão, observando-o. Com o
cabelo todo despenteado da manipulação de Daniel, e seu corpo nu ainda
vestindo o rubor de seu recente orgasmo, ele era a coisa mais quente que
Daniel já havia visto.
Ele foi até Stavros, deslizando os braços em torno de sua estreita
cintura, tascando um beijo na testa dele. — Eu só uso telefones
descartáveis — ele disse a Stavros suavemente. — Eles mudam
semanalmente. Às vezes, diariamente.
Os olhos estreitos, Stavros o observou. — Ok.
— Não posso te dar algo estável para me alcançar.
Stavros inclinou a cabeça. — Você quer que eu alcance você?
— Sí.
— Então eu vou — ele tomou um gole de sua bebida.
Contendo um sorriso, Daniel esfregou os lábios sobre o nariz de
Stavros. — Você quer que eu alcance você?
Stavros revirou os olhos. — Sí.
Daniel beijou-o. Mais lento desta vez. Um ritmo destinado a
saborear, fixando Stavros em seus sentidos, na esperança de fazer o mesmo
pelo outro homem. Com Stavros em sua língua, ele não queria sair, mas ele
finalmente se afastou com grande relutância.
— Eu vou te ver Sr. Konstantinou — ele recuou.
Stavros sorriu, segurando o copo como uma saudação. — Estou
ansioso por isso.
Capítulo 22
A voz silenciosa despertou Stavros do sono, e ele ergueu a cabeça
com um grunhido, piscando quando a luz queimou seus olhos.
— Faça acontecer — Daniel rosnou.
Stavros piscou de novo e, quando seus olhos se ajustaram, viu
Daniel de pé com o telefone na orelha enquanto abotoava a camisa. Stavros
olhou para o relógio. 4.22 a.m. Ele ficou de pé.
— Não é um pedido, agente Hutchins. Não confunda minha calma
com perdão. Isso seria um erro grave da sua parte — ele virou-se então,
notou Stavros observando-o e disse ao telefone: — Você tem uma hora —
ele terminou a ligação e deslizou o telefone no bolso enquanto observava
Stavros.
— Ei.
— Olá — ele segurou o rosto de Stavros. — Eu tenho que ir.
Durante a semana passada, Daniel esteve na sua cama todas as
noites. Uma primeira vez para Stavros. Exceto por Bruce, as pessoas que
ele trouxe para sua cama nunca duraram uma semana inteira. Ele se
orgulhava da variedade. Mas quem se importava quando se tinha Daniel
Nieto em seus joelhos e sua boca aberta?
Ele ficou em silêncio enquanto Daniel afundava na cama enquanto
colocava os sapatos. Ele deve ter percebido a inquietação de Stavros,
porque ele se virou para ele quando ele terminou, e uma mão tocou o joelho
de Stavros.
— Meu irmão foi atacado — seu olhar era duro, frio.
Merda. — Levi...
— Eu tenho mais de um irmão, você sabe. — Daniel ficou parado
quando Stavros se aproximou dele.
— Espera. Antônio? — o irmão na prisão? — Antônio é aquele que
foi atacado?
— Sí. Ele não está bem — um ping soou e Daniel pegou seu telefone,
olhando antes de assentir para Stavros. — Eu estarei em contato — ele
entrou no banheiro, e Stavros o chamou.
— Você não perguntou se eu estou por trás disso — se ele estivesse
no sapato de Daniel, ele seria seu primeiro suspeito. Afinal, ele havia ido
atrás de Levi e o sobrinho, Toro.
— Não, eu não perguntei — Daniel reapareceu e se aproximou de
Stavros na cama. Curvando, ele roçou os lábios sobre a testa de Stavros.
Quando ele fez o gesto de se endireitar, Stavros o pegou pela nuca,
mantendo-o ao nível dos olhos.
— Você não quer saber se eu fui atrás do seu irmão?
— Não. — Daniel o beijou. Duro e rápido, seu gosto como pasta de
dente e luxúria depositada.
Stavros o encarou quando ele se afastou, encontrando seu olhar. Ele
viu Daniel Nieto lá, o assassino implacável. E ele também viu seu amante.
Ele não viu dúvidas ou perguntas sobre o papel de Stavros no ataque de
seu irmão.
Ainda assim, Stavros disse a ele: — Eu não fiz isso.
Daniel sorriu. Sorriu quando seus dedos dobraram no maxilar de
Stavros e mergulharam em sua garganta. — Eu sei disso.
— Como? — como ele poderia saber?
— Eu conheço você.
Um último beijo e ele se afastou.
— Espere. Merda. — Stavros balançou a cabeça para limpá-la. — Eu
continuo dizendo para você, Felipe Guzmán quer você morto.
Daniel manteve-se imóvel. — Muitas pessoas me querem morto,
diablo — seu rosto estava inexpressivo quando ele disse: — Você queria não
muito tempo atrás.
— Apenas escute. — Stavros repetiu rapidamente a conversa que ele
teve com Guzmán.
— Eu vou lidar com isso — Daniel disse.
— Como? Ele é o irmão dela. Você pode machucar seu irmão? — ele
perguntou suavemente.
O maxilar de Daniel apertou. — Eu tenho que ir.
Porra. Bem. — Então vai.
Daniel ficou ali na entrada durante mais alguns batimentos
cardíacos, observando-o. Então ele se virou, saiu e Stavros não se moveu
até ouvir as portas do elevador se fechar.
Ele deslizou de volta para os travesseiros.
Maldito seja.
****
Van acenou para Daniel entrar na casa, e Levi estava ali mesmo, com
suas características preocupadas enquanto esperava que Daniel falasse.
Três dias, ele estava focado em nada além de Antônio.
— Ele está estável — ele disse a Levi brevemente. Estável foi o
melhor que os médicos poderiam fazer. A verdade de como Antônio foi
atacado ainda não era conhecida. Talvez nunca fosse. Ele não o reconheceu
naquela cama estreita no hospital que Daniel entrou depois de horas.
Inchaço da cabeça aos pés.
Seus olhos estavam ardendo, músculos doendo. Ele não tinha
conseguido dormir muito, tendo sonhos curtos em uma cama
desconfortável em um motel não muito longe do hospital. Ele partiu apenas
para ver Levi, para tranquilizá-lo cara a cara porque seu irmãozinho
precisava disso. Mas ele voltaria para lá, ele precisava ficar perto de
Antônio.
Por Toro.
Por si mesmo, também.
Ele ficaria para se certificar de que seu irmão estava fora de perigo,
então ele terminaria esse assunto. Não haveria mais espera.
Na sala de Levi, ele aceitou uma cerveja e afundou no sofá com um
suspiro.
— Fale comigo. — Levi disse. Ele se sentou em frente a Daniel,
inclinando-se para frente com expectativa. Ele estava com medo, Daniel viu
em seu rosto. Levi não escondia suas vulnerabilidades, talvez um efeito
colateral de não crescer com seu pai.
— Ele foi emboscado em sua cela. — Daniel olhou para a cerveja em
sua mão enquanto relatava o que havia descoberto com Syren, seu
interlocutor com os Feds. Tanto quanto Daniel odiava admitir,
especialmente após a traição de Syren, o homem era inestimável. — A
suspeita é que os guardas também entraram nisso — ele respirou fundo,
esticando as pernas na frente dele.
Levi sentou-se de volta, olhos cheios de tristeza. Ele nunca conheceu
Antônio e, no entanto, ele estava lá, preocupado com ele do mesmo jeito
que Daniel. A família era a família no final, não?
— O que você vai fazer? — Van se sentou ao lado de Levi. Sua
expressão era diferente. Este ex Fed, ele entendia a sede de sangue e
vingança. E ele sabia, a julgar por seu olhar cauteloso, o que Daniel estava
prestes a dizer em seguida.
— Eu lidarei com isso.
— Sozinho? — Levi perguntou. — Você já sabe quem está por trás
disso? — ele alcançou, agarrando a mão livre de Daniel enquanto sacudia a
cabeça. — Não importa. Você não pode fazer isso sozinho.
Mesmo sendo casado com um homem como Donovan Cintron, Levi
permanecia inocente no jogo.
— Sozinho é a melhor maneira de fazer a maioria das coisas,
hermanito — disse ele. — Eu tenho feito isso por muito tempo — ele
continuaria fazendo assim. — Quando eu sair daqui, não vou voltar — ele
disse a Levi severamente.
Seu irmãozinho se moveu como se Daniel tivesse lhe dado um golpe
físico. — Você não pode fazer isso.
— Você quer saber por que me tornei intocável? Por que de repente
estou de volta à luz, andando pelas ruas em vez de estar trancado ao lado
de Antônio? Não é porque eu não fiz todas as coisas de que me acusam —
ele se aproximou, sentado à beira do sofá enquanto olhava para os olhos de
Levi. — Há uma ameaça silenciosa sobre suas cabeças, uma ameaça que
vou matar todos os que amam e deixá-los vivos apenas para experimentar
essa dor. Essa culpa.
O choque no olhar de Levi o machucou no fundo, mas seu irmão
tinha o direito de saber quem ele era. Do que ele era capaz, e o porquê de,
no final, ele ter que desaparecer novamente. Ele ignorou o olhar mortal de
Van e continuou.
— Isso funciona, porque diferente deles não tenho ninguém para
quem viver. Nada a perder — mas isso não era verdade, era? — Eu passei
de não ter ninguém para ter você e Toro e... — o rosto de Stavros brilhou
em sua mente. — Eu sabia melhor que isso — ele admitiu sombriamente.
— Mas não há nada como a retirada do calor da família para fazer você
querer entrar no frio.
— Daniel...
Ele ergueu a mão com uma sacudida de sua cabeça. — Você não
precisa ser meu irmão, porque ser meu irmão significa que as coisas
acontecerão com você. Como o que Stavros fez. Como o que está
acontecendo com Antônio — ele olhou para Van. Ele entenderia e ele faria
Levi entendê-lo. — Sua família vem primeiro. Deve vir antes do meu desejo
de tê-lo na minha vida. Não posso ter você na minha vida e mantê-lo
seguro. Eu devo escolher.
— Não. — Levi levantou-se.
— Amor, ouça-o. — Van pegou a mão de Levi, segurando-o no lugar.
— Ele tem razão.
— Eu não aceito isso. — Levi sacudiu a mão de Van. A teimosia
familiar brilhou em seus olhos castanhos. Os olhos da sua mãe. Ele olhou
para Daniel. — Van, nos dê um minuto.
Van fez, passando uma mão calmante nas costas de Levi,
murmurando em sua orelha algo tão baixo que Daniel não ouviu, então,
saiu da sala. O amor que Van obviamente tinha para Levi era uma coisa
tangível, o que tornou possível a Daniel aceitar o homem na vida de seu
irmão depois de tudo o que ele havia feito para machucar Levi.
Quando Van desapareceu da vista, Levi voltou a recuar. Com o olhar
pesado no rosto de Daniel, ele perguntou:
— E quanto a Stavros, você está se afastando dele também?
Stavros era a última coisa que Daniel queria discutir. Ele se forçou a
se concentrar em nada além de Antônio, já que ele deixou Stavros saciado e
bagunçado em sua cama, recusando-se a quebrar e contatá-lo, mesmo que
quisesse. Muito mesmo.
— Me responda — disse Levi bruscamente.
Daniel estreitou os olhos. — Esse tom funciona em seu marido?
— Sim.
— Então o use nele. Não vou falar sobre Stavros.
Levi o observou por inúmeros momentos. — Você se importa com ele.
Daniel se preocupava com os animais abusados que apareciam nos
infomerciais tarde da noite. Ele se importava com a iminente tempestade
que poderia impedir seu vôo de volta para a Califórnia. O que ele sentia
pelo homem que colocou sua esposa em seu túmulo e levantou Daniel fora
dele era impossível de explicar. Ele não se incomodou em tentar.
— Daniel.
Algo na forma que Levi disse que seu nome lembrou-o de Stavros. A
maneira como ele olhou para Daniel com tudo o que era vulnerável em seus
olhos. Ele se levantou.
— Sí. Eu também vou me afastar dele. — a decepção se filtrou pelo
olhar de Levi, e Daniel franziu a testa. — O que é isso?
— Apenas... — Levi encolheu os ombros. — Ele é bom para você.
Daniel latiu uma risada enferrujada. — O homem que matou minha
esposa. Que sequestrou você? Aquele homem? Você acha que ele é bom
para mim? — como isso fazia sentido? Como poderia ser verdade?
— Ele entende você.
— Ele me toca com as mãos manchadas de vermelho com o sangue
da minha esposa — sua voz ficou toda arenosa, como rochas soltas que
deslizam uma sobre a outra. Tão áspera. Ele tentou fazer Levi entender o
que Daniel ainda não podia. — Seus olhos, eles são a última coisa que ela
viu. E quando ele olha para mim, eu desapareço — ele sabia que seu olhar
estava implorando enquanto ele olhava para o irmão, provavelmente
esperando que Levi pudesse entender o que Daniel não podia. — A
ausência dela criou este buraco negro profundo dentro de mim — em seu
peito, ele disse a Levi: — Mas sua presença faz esse buraco não tão grande.
Ou profundo. Ou escuro.
Um pequeno sorriso tocou o rosto de Levi. — Você o ama.
Ele amava? — Ele é... — sua voz quebrou e ele olhou para longe,
falhando em uma tentativa de se compor. — Ele é meu desejo, e minha
necessidade, e meu perigo.
— No entanto, você quer se afastar.
Ele encontrou o olhar de Levi novamente. Sussurrou:
— Sim.
— Por quê?
— Porque é mais fácil — a fria bobina de medo em seu intestino
colocou dúvidas sobre essas palavras, mas ele sabia melhor. Ele já
experimentou isso antes. — Porque eu não posso perder novamente.
— Daniel.
— Porque tenho medo de que o que eu sinto por ele possa ser mais
brilhante, mais quente do que o que eu senti por ela — simplesmente o
pensamento daquilo ameaçou colocá-lo em seus joelhos. Ela merecia
melhor. Depois de tudo o que ele fez, e todas as maneiras em que ele a
traiu, ela merecia melhor. Daniel se inclinou e acariciou Levi na bochecha
antes de puxá-lo para um abraço. — É melhor assim.
Para quem, ele ainda não sabia. Mas tinha que ser verdade.
Os braços de Levi se envolveram ao redor dele.
Daniel beijou sua têmpora, depois sussurrou. — Você tem os olhos
da nossa mãe. E a alma dela.
Levi fez um som molhado e agarrou-se a ele. Daniel agarrou de volta.
Sua mãe tinha impregnado o amor da família nos dois filhos que ela criou.
Talvez ironicamente, já que ela escondeu uma gravidez, nascimento e seu
terceiro filho de seu marido, mas Daniel sabia que era essa sensação de
família que dirigia suas ações. Ela queria mais para eles do que a vida que
seu pai ofereceu.
Ela conseguiu com Levi. Ele era o melhor dos irmãos Nieto, mas
nunca saberia disso. Levi nunca a conheceria. Aquela última parte teve
Daniel abraçando seu irmão porque ele pensou... Ele bateu nas costas de
Levi e depois o soltou enquanto ele limpava a garganta. — Eu farei com que
alguém o mantenha atualizado sobre Antônio.
Levi piscou com olhos vermelhos para ele. — Tudo bem — ele
assentiu. — Sim.
Apesar da dificuldade de se afastar de seu irmão, Daniel sorriu para
ele enquanto Van voltou para a sala. — Estou orgulhoso de você. Antônio
também está. Nossa mãe... — sua voz quebrou quando o queixo de Levi
tremeu. — Ela também seria.
— Tudo bem? — Van olhou para Levi e franziu a testa. — Amor, o
que... — ele agarrou Levi, e Daniel tomou isso como seu tempo para sair.
— Cuide dele — disse ele a Van. Ele saiu quando Levi desmoronou
no abraço de seu marido.
Capítulo 23
Stavros entrou no condomínio, puxando sua gravata para afrouxá-la
enquanto Bruce continuava com ele. — Alguma palavra de Tennyson? —
ele foi direto para a garrafa de uísque que ele não conseguiu terminar na
noite passada, abriu e colocou em seus lábios. Ele não estava fingindo
mais. Ele se virou para Bruce e encontrou o olhar preocupado de seu
guarda-costas sobre ele. Ele ignorou isso. — Bem?
— Ah. — Bruce limpou a garganta e assentiu. — Renzo Vega foi
atacado dentro de seu clube. Tennyson diz que foi baleado.
— Huh — ele tomou outro bocado do licor. — Ele está morto?
— Ela ainda não sabe. Ele desapareceu.
Ele tirou o telefone do casaco e chamou seu tio.
— Stav, o que foi?
— Renzo Vega foi baleado.
— Por nós?
Ele riu. — Não, mas temos uma oportunidade. Vamos nos mover —
ele queria o clube de Renzo Vega e os outros negócios que o homem
possuía, que ele não achava que as pessoas conheciam. Stavros sabia, e ele
queria todos eles.
— Você sabe que ele não vai cair sem lutar — advertiu seu tio.
— Ele já está para baixo, pelo que eu ouço. Certifique-se de que ele
permaneça assim.
— Bem, então, eu enviarei alguns homens para Atlanta.
— Mantenha-me informado — ele desligou e virou-se para Bruce. —
Entre em contato com Tennyson. Diga a ela que nossos homens estão a
caminho — ele estava esperando o tempo, ficando fora do caminho de
Renzo Vega, esperando o momento certo para fazer seu movimento. Ele não
se importava com quem foi atrás do homem, tudo o que sabia era que eles
lhe deram uma abertura, e ele não era nada, senão um bastardo
oportunista.
Quando Bruce falou em seu telefone, o intercomunicador de Stavros
zumbiu. Ele estendeu a mão e pressionou-o para falar com o guarda no
andar de baixo. — Sim, Vlad — ele despediu o último guarda após o último
incidente com Daniel. Sobre quem Stavros não estava pensando, maldição.
— Você tem um visitante, senhor. — Vlad limpou a garganta
enquanto alguém murmurava no fundo. — Diz para contar a Diablo que ele
está aqui?
— Mande-o para cima — ele se virou, antecipação fazendo seu pulso
saltar. Entrou em seu escritório e sentou-se em sua mesa, olhando as
câmeras de segurança no lobby. Ele não viu Daniel, então ele mudou para
as câmeras no elevador.
Ele estava lá. Olhando para frente, usando uma camisa preta e uma
calça, sob um casaco de lã que pendurava até o joelho, o colarinho erguido
para cima.
Mãos nos bolsos.
Ele parecia sombrio. Grave.
Mais de uma semana desde que Stavros viu ou ouviu falar dele. Não
que ele se importasse. Mas ele se sentou em cima de sua mesa, o corpo já
tenso, seu pau já duro. Toda vez que cedia à força invisível que os puxava,
tornava-se cada vez mais difícil recuar para trás. Afastar-se disso. Ele tinha
que se afastar, ele sabia disso. Mas Daniel Nieto era todo o vício de Stavros,
tudo enrolado em um filho da puta perigoso.
Isso tornava Daniel sua nova droga favorita.
Isso o tornava irresistível.
Quando o elevador parou, ele saiu do escritório assim que Bruce
gritou.
— O que diabos?
Daniel ficou de pé, o rosto inescrutável, a mandíbula coberta por mais
de dois dias de restolho cinza enquanto olhava para Bruce e a arma que
Bruce segurava.
— Bruce.
— Senhor, ele entrou — o olhar de Bruce foi para Stavros e voltou
para Daniel. — Eu não...
— Vá embora, Bruce.
Seu guarda-costas empurrou-se e olhou para Stavros, choque no
rosto. — Senhor?
— Não me faça repetir — sob os intensos olhares de ambos os
homens, Stavros esperou calmamente até que Bruce baixou a arma. Depois
de um último olhar confuso para Stavros, Bruce caminhou até o elevador e
seguiu.
Daniel não pareceu piscar.
Ele frustrava Stavros. Irritava e confundia-o também. Uma vez que
estavam sozinhos, ele se virou, pegando a garrafa de uísque. — Bebida?
— Não.
Bem, pelo menos ele estava usando suas palavras, certo? Tão
crescentemente e fodido como soou aquela única palavra. Ele fechou os
olhos brevemente antes de se voltar para seu convidado.
— Como está o seu irmão? — porra de conversa afiada. Ele colocou
o uísque em seus lábios, observando o olhar de Daniel sobre ele.
Uma camada extra de tensão pendia entre eles. A fome crua, a culpa
e a dor, essa merda era familiar agora. Mas essa coisa nova os
sobrecarregou? Ele não saberia responder.
— Nós vamos ficar olhando um para o outro a noite toda? — ele
perguntou bruscamente. — Porque estou ocupado — ele começou a se
afastar. — Eu tenho coisas para fazer.
— Precisa terminar.
Stavros parou abruptamente, de costas para Daniel. Algo frio e
devastador o cobriu de gelo de repente. Tornando difícil mover-se. — O que
precisa terminar? — o efeito imediato que Daniel tinha sobre ele era louco.
Sua voz era agora apenas um tom desfeito.
— Isto — disse Daniel logo perto dele. — Isso precisa terminar.
— Você está terminando? — ele se virou devagar. Daniel
permaneceu no lugar, mãos ainda nos bolsos. Calma, ele tinha essa
aparência, suas características neutras. Mas Stavros sabia melhor. Ele
sabia tudo sobre o homem à sua frente, que era durão. Indomado.
In-fodido-civilizado.
— Estou terminando.
Como essas quatro palavras poderiam ecoar tão altas e tão intensas
dentro dele? Como elas poderiam afundar tão profundamente em sua carne
e machucar tanto? — Essa coisa, essa coisa que não podemos colocar um
nome. Essa coisa pela qual não podemos fugir, você quer acabar com isso.
— Sim.
Ele apertou a garrafa de uísque, agora perigosamente baixa, e deu
um passo à frente. Encurralando Daniel.
— Você está no meu lençol — ele disse a ele. — O seu cheiro, em
todos os meus lençóis de cama. Eu poderia lavá-lo, mas você também está
na minha cabeça. Como faço para consertar isso? — ele não era esse
homem. Nunca foi esse homem. Mas esse homem queria continuar com
isso. Este homem queria envolver-se em tudo. — Você está no meu peito,
meu pensamento — ele pressionou a garrafa de uísque em seu estômago.
— Você está dentro de mim. Como faço para sair?
A expressão de Daniel não mudou, embora sua mandíbula tenha
pulsado. Ele estava imóvel e Stavros não sabia como alcançá-lo.
— Lo siento.
Stavros jogou o uísque com um rugido, logo acima da cabeça de
Daniel. A garrafa esmagou nas portas fechadas do elevador, derramando a
última gota de licor. — Eu não quero suas excitantes desculpas — Jesus
Cristo. Quem era ele? — Não há perdão — ele disse com voz rouca. — O
que fizemos; o que fizemos um com o outro. Não há perdão.
— Sí.
Ele parecia tão grave, Stavros queria ir até ele. Tocá-lo. Acalmá-lo.
Mas e a dor dentro dele? Daniel seria o que o acalmaria?
— Eu quero ser egoísta — ele inclinou a cabeça para cima. — Eu
posso ser egoísta — a perda iminente se espalhou por ele, transformando
suas palavras nos mais duros sussurros. Resgatados do fundo. A partir
desse espaço profundo - desconhecido para ele antes de agora - ocupado
por Daniel. — Eu quero pedir mais, mas não vou porque já sei o que você
tem a oferecer... — ele olhou para os olhos de Daniel que não deram nada.
Isso não lhe deu nada. — A metade de seu coração não vai me satisfazer.
Mas Stavros já havia tomado tanto.
Embora ele não tenha falado, a expressão no rosto de Daniel dizia o
mesmo. Stavros já havia tomado tanto.
— Vá. Está feito. Acabamos — ele deu a Daniel suas costas, caindo
sobre o bar, os olhos apertados firmemente fechados. Ele tinha fodido tudo,
muito cego para perceber o quão rápido e forte ele estava caindo.
O gelo agarrou seu peito, o frio arrancando um suspiro dele. Isso era
a perda, sacudindo seu corpo e sacudindo seus dentes. Isso era um castigo,
a dor abrasadora que fazia todo o seu ser enrolar em si mesmo. Isso era
dor.
Daniel Nieto finalmente o quebrou.
Uma mão se acomodou em seu ombro e ele se afastou, mas Daniel o
pegou. Estavam lutando, se revoltando. Daniel puxando-o, e Stavros
lutando para se afastar dele. Longe dele.
Isso dói. Jesus. Isso dói.
Daniel conseguiu fazê-lo ficar cara a cara, e apertou sua gravata,
sufocando-o. Stavros se aproximou dele, batendo-o no maxilar. Então a
boca de Daniel estava sobre ele, mordendo, a língua entrando. Trazendo o
sabor do sangue.
Stavros sacudiu com aquele gosto dele, e ele abriu a boca ainda
mais. Querendo mais. Pedindo por isso. Daniel fodeu sua boca com força,
comendo-o, ofegante enquanto rasgava as roupas de Stavros, ignorando
sua camisa a favor de desabotoar as calças e empurrá-las pelos quadris.
Stavros trouxe as mãos para a virilha de Daniel, agarrando-o pela
calça, apertando-o. Deus. Ele estava em chamas. Raiva e luxúria
queimando-o. Daniel terminou de abrir sua própria calça e empurrou o
rosto de Stavros - primeiro para o bar.
Mão na sua nuca, forçando-o a cair.
Baixar-se.
Ele foi, porque ele queria isso. Uma última chance de saborear isso.
Um último gosto. Um último tudo antes de ele voltar para quem ele
costumava ser. Quem ele deveria ser antes de Daniel Nieto chegar e
quebrá-lo.
Dedos empurraram para dentro dele. Duro, empurrando
profundamente.
Dor.
— Porra — ele convulsionou, mas não fugiu. — Mais.
Os dedos molhados o foderam, rápido. Furioso. Eles o marcaram, por
dentro e por fora. O aperto de Daniel na gravata em volta do pescoço de
Stavros aumentou, puxando forte, cortando sua respiração enquanto lutava
pelo ar.
Luta.
Daniel gostava quando ele lutava.
Os dedos desapareceram. Então Daniel estava lá, seus nós dos dedos
escovando o traseiro de Stavros, cabeça lisa em seu buraco.
Ele empurrou.
— Oh, Deus. — Stavros empurrou, estremecendo, batendo os braços
sobre a garrafa de licor naquele bar. Tudo chacoalhou enquanto Daniel o
fodia.
Rápido.
Como se fosse uma corrida. Como se tivessem um prazo de validade,
o que eles faziam. Como se estivessem em perigo de serem pegos.
A batida de pele na pele.
Os grunhidos.
Dedos entorpecidos agarrando a borda do bar, Stavros estava sendo
fodido duramente. Empurrando para trás, para ele, abrindo-se para que o
pau afundasse profundamente.
Em seguida, retirasse.
De novo e de novo.
O golpe sacudiu seus ossos.
Ele manteve os olhos fechados, sentindo tudo, saboreando-o na
língua. Daniel não queria estar lá. Stavros não o manteria onde ele não
queria ficar. Então, quando terminassem, ele estaria sozinho.
Daniel voltaria para sua esposa morta.
O último pensamento doeu horrivelmente. Ele se afastou, e Daniel se
afastou dele, tropeçando. Stavros enfrentou-o e viu que Daniel ainda usava
suas roupas, tudo no lugar, com exceção das calças que estavam ao redor
de seus joelhos.
Olhos selvagens. Narinas dilatadas. Lábios inchados e o inferior
cortado.
Talvez aconteceu na primeira vez que Daniel levou sua lâmina à
carne de Stavros. Ou quando ele alimentou Stavros com seu próprio sangue
dessa faca. No entanto, aconteceu que Stavros se apaixonou por Daniel
Nieto. Agora ele tinha que deixá-lo ir.
Ele tinha sido um empréstimo, afinal.
Ele soltou sua calça e depois se afastou quando foi para seu quarto.
Não olhando para trás para ver se Daniel o seguia. Ele percebia, Stavros
sentia-o, aconchegante e inquieto às suas costas. Então, sua mão passou
pelo pescoço de Stavros, agarrando sua gravata.
Embrulhando-a em torno de seu punho.
Usando-o para controlar os movimentos de Stavros, trazendo-os face
a face. Ele também se despiu, e ele ficou parado na frente de Stavros
usando nada além dos tributos para sua esposa morta em sua pele. Um
memorial ambulante para ela, gravado com tinta. Stavros fechou os olhos
ao ver o nome dela no peito de Daniel.
Impossível.
Eles sempre foram impossíveis.
Um puxão na gravata o trouxe nariz com nariz com Daniel, e os
olhos de Stavros se abriram quando a boca de Daniel desceu sobre ele de
novo. Levando-o de novo com desespero, cada furto de sua língua roubando
pedaços de quem Stavros achava que era.
Ele não podia dizer não. Não podia se afastar. Tudo sobre isso era
necessário, mesmo a restrição em volta do pescoço, negando-lhe a
respiração fácil. Daniel ofegou na sua boca, a língua mergulhando
profundamente.
Stavros agarrou-o, esforçando-se para deixar suas próprias marcas
para trás. Ele deu dois passos e eles caíram na cama, Daniel para baixo,
Stavros em cima, contorcendo-se. Montando ele.
Moendo.
Suas ereções pressionaram juntas, os quadris se empurrando
enquanto esfregavam um contra o outro. Daniel gemeu, seu corpo vibrando
sob Stavros. Ele tomou o controle, quebrando o beijo, os lábios caindo para
a garganta de Daniel.
Beijando suas cicatrizes.
Daniel soltou a gravata para agarrar a nuca de Stavros, os dedos
mergulhando em seu cabelo, puxando. Agarrando. Stavros abriu caminho
para baixo. Mordendo seus mamilos. Simplesmente mordendo. Degustando
a pele.
Uma última jornada.
Uma última vez.
Ele empurrou Daniel, uma mão no peito do outro homem, a outra
enrolada em torno de seu pênis. Trazendo para a entrada dele. Olhando nos
olhos de Daniel, suas pálpebras tremeram com a luxúria.
Com arrependimento.
Com mais.
Stavros rejeitou essa noção de mais.
Ele levantou-se, esfregando-se contra o pau no seu buraco, até que
os dedos de Daniel rasparam sua frente.
— Ugh — ele afundou sobre isso, amaldiçoando, ofegante. — Porra.
Porra.
— Stavros. — Daniel puxou-o para baixo, os dentes no queixo, a
palma grande em sua bunda enquanto ele empurrava para cima.
— Unnghh — doía de uma forma tão boa. Tudo sobre Daniel o
machucava bem. Ele implorava por mais. Mais dor. Era tudo o que ele
conhecia. Todo o seu corpo entendia. Fraco de todas as sensações que o
bombardeava, ele se agarrou ao lençol de cada lado de Daniel.
Traseiro aberto.
A gravata apertada em sua garganta cortando sua respiração.
Mais e mais, Daniel bateu nele. Stavros gritou com cada golpe.
Golpes de morte, porque eles o matavam. No entanto, ele não deixou de
amá-los. Arqueando para eles, empurrando de volta. Arqueando e
impulsionando.
Até que Daniel o pegou ao redor do pescoço e reverteu suas posições.
Agora ele estava no topo, com Stavros pressionado no colchão. Pernas no
ar. Traseiro preenchido novamente. Corpo contorcido, quase dobrado em
dois. Cada impulso empurrou-o para a cabeceira da cama.
Ele manteve os olhos em Daniel, porque Daniel manteve os olhos
fixos em Stavros. Esse olhar, fodido com a escuridão, com luxúria selvagem
e o tipo de fome mais áspera, tocou Stavros onde nem mesmo o pau de
Daniel poderia alcançar. Então, no fundo, Stavros não conseguia lidar com
isso, não agora. Ele se virou, ficando de quatro.
Os joelhos se espalharam, o torso beijando o colchão. Coluna
curvada e bunda apontada para o teto.
Ele se afastou e se separou. Oferecendo-o.
— Foda-me. — ele não se fazia tímido. Nunca fez. Ele queria ser
fodido esta noite. Amanhã era para coisas diferentes. Ele reconhecia a sede
de destruição no vazamento lento dentro dele. Ele lidaria com isso amanhã.
Esta noite, agora, Daniel Nieto estava levando um último pedaço
dele.
Sombrio pela dor que sentia, Stavros se ofereceu em uma bandeja de
prata.
Daniel pegou essa oferta. Empurrando profundamente.
— Deus. Maldição. — Stavros jogou a cabeça para trás. — Simm —
ele sibilou sua apreciação. — Apenas assim, porra.
Daniel afiou suas estocadas. Estável e preciso, batendo sua glândula
uma e outra vez. Batendo-o até Stavros se lançar para frente, virar-se nos
travesseiros, gritos abafados enquanto Daniel o fodia.
Seu para foder. Seu para torturar.
Stavros nunca tinha doído de forma tão boa. Nunca gritou tão alto.
Nunca implorou tanto. — Mais fundo. Deixe-me sentir isso. Deixe-me
sentir.
Daniel desceu sobre suas costas, sua frente suada pressionada nas
costas de Stavros. Boca na nuca, respiração ofegante na orelha de Stavros.
Uma de suas mãos empurrou-se sob Stavros e estendeu, dando voltas na
sua garganta.
Ele inclinou a cabeça para trás, dando acesso a Daniel enquanto os
dedos se fechavam em volta dele.
Espremendo.
Cortando sua respiração.
Seu pulso tropeçou sobre si mesmo e aquele fogo em sua barriga
rugiu para um inferno. Chamuscou por toda parte enquanto queimava.
Respiração desaparecida. A escuridão entrando.
— Daniel — qualquer que fosse o ar que ele tinha deixado, ele usou
para falar o nome dele. Os dedos afrouxaram e a respiração veio correndo
de volta. Ele engoliu, e o seu corpo se sacudindo quando ofegava.
Os quadris de Daniel levantaram-se dele. Seu pênis recuou, deixando
a bunda de Stavros.
— Não — o sussurro esfarrapado doeu. — Não vá — por um
segundo, ele não estava apenas falando sobre a partida de Daniel de seu
corpo.
Lábios pressionaram na sua orelha, na têmpora dele. Simples, mas
Stavros não conseguiu parar de tremer. Estremecer.
Daniel voltou para ele, pau molhado pressionando de volta para
dentro.
Lentamente.
Arrastando pelos músculos latejantes.
Alcançando lugares. Ele se moveu, indo mais lento, e quase macio.
Stavros se contraiu ao redor dele e Daniel grunhiu. Ele se levantou e
entrou.
Sim. Ele poderia lidar com as coisas duras. A merda áspera.
Mas Daniel não parecia se importar porque ele ia devagar
novamente. Tão lento, tomando seu tempo para afundar e rolar os quadris.
Stavros empurrou-se para ele, tentando instá-lo a ir para aquela foda
áspera novamente.
Aquela louca. Com o ritmo violento e brutal de novo.
Mas Daniel beijou seu pescoço.
Ele se estendeu em cima de Stavros, as mãos deslizando pelos braços
de Stavros. Os dedos alcançando os dele, agarrando-o. A respiração de
Stavros enganchou.
Não faça isso.
Mas era tarde demais. Já era tarde demais. Daniel o fodeu em
silêncio. Lentamente. Certificando-se que a destruição de Stavros estava
completa.
Os dentes roçaram sua pele, e sem uma mão em seu pênis, ele
explodiu. Bem desse jeito. Daniel sufocou-o com pele suada e beijos com
mordidas, seus dedos das mãos se unindo.
Um pau pulsante empurrando para dentro e para fora dele.
Ele gozou gritando, balbuciando. Arqueando na cama enquanto ele
convulsionou, o traseiro contraindo dolorosamente enquanto o calor
pegajoso o inundava.
Daniel gozou junto com ele, grunhindo, os dedos dolorosos ao redor
dele. Stavros não pôde parar de apertar, e em resposta o eixo de Daniel se
empurrou para dentro dele. Ele não se moveu quando Daniel finalmente se
levantou e se afastou.
Uma última asneira, Stavros percebeu, quando o sêmen correu para
fora dele e para o colchão.
Sem proteção.
Não havia nenhuma razão para ele se sentir uma propriedade, como
a posse de Daniel. Mas mesmo assim ele se sentia assim. Ele correu para
frente e longe de Daniel, que o observava com os olhos encapuzados. No
banheiro ele ignorou seus olhos no espelho enquanto ele salpicava água no
rosto.
Jesus Cristo.
Como ele poderia ter se apaixonado por Daniel Nieto? Como ele
poderia deixar isso acontecer? Ele pegou algo, um prato com sabão e o
jogou no banheiro. Então ele esfregou uma mão sobre o rosto. Seu corpo
ainda estava tremendo. Enquanto ele permanecia ali, sêmen escapando
para fora dele, escorrendo pela parte de trás de suas pernas.
Ele apertou os músculos, rangendo os dentes. Terminou, certo? Era
apenas sexo, o sexo não fazia diferença. Ele achou que eles estavam
fazendo progresso. Todas aquelas noites naquela cama. Todos os dias,
Daniel pegava aquele elevador para a cobertura ao pôr-do-sol, e ficava até o
sol se levantar. Stavros achava - Daniel queria parar isso. Stavros lhe daria
o que queria.
Ele saiu do banheiro. Daniel não se moveu da cama. Ele olhou para
Stavros, para onde seu sêmen estava provavelmente decorando as pernas
de Stavros. Ele não se incomodou em procurar confirmar essa estúpida
supervisão.
— Stavros.
Foda-se, sua voz. Esse som, juntamente com o nome de Stavros,
destruiu as coisas. Coisas ensanguentadas. A voz rasgada de Daniel
invocava memórias de morte e gritos céticos.
Mas ainda assim, ainda sim Stavros adorava essa voz. Do jeito que
enfraquecia os joelhos e endurece a coluna vertebral. Do jeito que ela o
abria, expondo partes dele que ninguém, além de Daniel, chegou a ver. Ele
mostrou ao inimigo sua fraqueza.
Agora, Daniel estava se afastando, armado com o coração de Stavros.
— Você não precisa se preocupar — ele conseguiu não parecer tão
quebrado como ele realmente estava. — Você está seguro — ele passou uma
mão pelo sêmen na parte de trás da coxa e ergueu-a, palma para Daniel. —
Você está... Você está seguro.
— Eu...
— Você pode ir agora — ele colocou as mãos em seus lados.
Endurecendo-se contra outra patética desculpa. Rasgando o fodido Band-
Aid emocional. A dor - ele dizia que tinha passado por pior, mas ele se
recusou a deixar Daniel transformá-lo em um mentiroso. — Você e aquelas
mentiras que você diz a si mesmo. Leve-as com você — ele caminhou até a
janela do seu quarto, sem olhar para nada.
Esperando.
Esperando o rangido do colchão. O som da roupa deslizando contra a
pele, e o som das fivelas do cinto. Os passos firmes que se afastaram cada
vez mais. E, finalmente, pelo som de seu elevador privado.
Então ele permitiu que o sofrimento e os joelhos fodidos e fracos o
levassem para o chão.
Ele tinha sido deixado antes. Teve seu coração quebrado também.
Esse golpe nunca o fez cair em sua bunda antes disso. Esse golpe nunca
tinha esvaziado seu peito antes de hoje.
Esse amor.
Essa perda.
Daniel Nieto.
Juntos, eles o mataram.
Capítulo 24
— Hermano.
Daniel ergueu-se na vertical, quase derrubando a cadeira enquanto
olhava para o irmão. A cabeça de Antônio estava toda vendada, o rosto
ainda inchado e vermelho, pegajoso e brilhante com qualquer que seja a
pomada que as enfermeiras usavam em suas feridas. O braço esquerdo em
um gesso, mão direita algemada na cama, Antônio virou os olhos inchados
para os guardas visíveis através da porta, antes de franzir a testa para
Daniel.
— O que você está fazendo aqui? — a voz de Antônio estava rouca de
censura e dor.
— Como você se sente? — Daniel ignorou a pergunta enquanto ele
estava de pé, estendendo as torções nas costas e no pescoço quando ele foi
ao seu irmão, sentando na cama com cautela. — Devo chamar uma
enfermeira?
— Contéstame12 — o olhar de Antônio virou para frente e para trás
da porta fortemente protegida para Daniel. — Você está louco?
Ele não deveria ter vindo, era o que seu irmão estava tentando com
tanta eloquência para dizer. Mas isso não funcionaria com Daniel. Agora
não. Ele se inclinou para encontrar o olhar furioso de Antônio. — Quem foi?
— perguntou ele.
O olhar de Antônio ficou em branco. — Saia daqui.
Ele sorriu, segurando o rosto do irmão suavemente. — Você não me
protege — ele grunhiu. — Eu protejo você. Esse é o meu trabalho. Eu
protejo você, então eu pergunto novamente: quem foi?
O maxilar de Antônio apertou-se, mas ele manteve o silêncio.
Daniel queria sacudi-lo, mas ele suspirou. — Eu tenho influência
sobre todas as pessoas certas — foi por isso que Antônio estava nesta
instalação médica privada de última geração, aqui em Los Angeles, e não no
hospital regular que eles originalmente o levaram. Lidar com Syren tinha
sua vantagem às vezes. — Diga-me quem — ele implorou. — Diga-me e eu
vou contê-lo.
12
Responda-me em Galego.
Antônio lambeu os lábios. — Não importa. A única maneira de estar
seguro é sair.
Tentar o máximo que podia, essa era a única coisa que Daniel não
conseguia. — Tonio, me dê nomes.
— Estou vivo — disse Antônio. — Eles não querem que eu esteja
morto. Se o fizessem, eu estaria.
Daniel se endireitou, observando o rosto de seu irmão de perto. Ele
não conseguiu nada. — Quem são eles?
— É um aviso, irmão — a boca de Antônio torceu em uma careta
fraca. — Quantas vezes nós entregamos esses avisos, hein?
Nenhuma. Pelo menos para Daniel. Ele não dava advertências. Se
justificasse um aviso, justificava a punição. E seu tipo de castigo era a
morte. Ele não viu o medo nos olhos de Antônio. Talvez o irmão dele
estivesse escondendo, mas Daniel não pensava assim. O que ele espiou -
antes que Antônio o escondesse - era um cansaço.
Um desejo de rendição.
Uma aceitação do que era, e o que seria.
Ele franziu a testa, não entendendo. Recusando acreditar. —
Antônio, soblame — fale comigo. — Vou levar de volta a nossa casa — ele
prometeu. — Por nós, por Petra...
— Você fez isso? Você pegou Konstantinou?
Daniel ficou rígido. Antes que Antônio estivesse preso, Daniel havia
compartilhado seus planos de seguir atrás de Stavros.
— Você o fez pagar pelo que ele fez com você, conosco?
Ele conseguiu durante o quê, quinze minutos? Não pensar em
Stavros e no olhar frio que ele deu para Daniel quando ele ordenou que ele
fosse embora.
Ele planejou partir, sim.
Ele não tinha planejado que eles acabassem na cama. Talvez ele
esperasse. Talvez ele tivesse fome. Mas não tinha sido um plano, e no final
ele teve que se afastar.
A caminhada mais difícil de sua lembrança, esses vinte e sete passos
do quarto de Stavros para o elevador.
Estava acabado? Poderia estar acabado?
— Não — ele segurou o olhar de Antônio. — Nunca será feito — no
meio das perguntas que o encarava, ele disse simplesmente: — Algumas
coisas mudaram.
— O quê?
Ele não podia dizer isso. Não podia dizer a seu irmão que, enquanto
Daniel estava lá fora, com a intenção de voltar para a casa que ele tinha
tido com Petra, Stavros Konstantinou estava se tornando perigosamente
perto de ser isso.
Casa.
— Nós temos um acordo — Daniel disse a ele. — Konstantinou e eu
alcançamos uma trégua.
Antônio franziu o cenho. — Você confia nisso?
— Eu confio nele.
A risada incrédula de Antônio rapidamente se transformou em tosse,
com ele ofegante.
— Você não confia em ninguém — ele respondeu. — Irmão, você mal
confia em mim, e eu sou seu sangue — seus olhos se estreitaram. — O que
você realmente está fazendo?
— Nada para você se preocupar, além de consigo mesmo — ele ficou
parado, afugentando tudo o que seu irmão teria dito. Não era como se
Daniel não tivesse falado as mesmas palavras para si mesmo desde que
esta coisa com Stavros começou. — Eu preciso que você fique bem. Isso é
muito importante.
— O negócio — murmurou Antônio. — Nós deveríamos estar
executando isso. Ele pertence a nós — ele tentou se sentar, gemendo, dor
afiando seus traços antes de desistir e se acomodar contra os travesseiros.
— Essa vantagem que você tem, use, hermano. Saia daqui para que
possamos recuperar nosso legado.
— Eu não posso fazer isso — talvez se ele não tivesse a
responsabilidade com ela. Talvez se ele ainda abrigasse esse desejo de
morte, ele poderia dar ao irmão o que ele queria. Mas Daniel não queria
voltar. Ele não podia. — Minha vantagem não vai tão longe.
Mas poderia. Se ele quisesse.
Lambendo o lábio partido, Antônio balançou a cabeça. Embora o
desapontamento tenha permanecido em seus olhos, ele não o expressou.
Em vez disso, ele mudou o assunto. — Toro?
Daniel deu de ombros com um pequeno sorriso. — Ele é seu filho, o
que significa que ele é muito parecido com você. Exceto que ele segue as
ordens.
A felicidade que suas palavras trouxeram para os olhos de Antônio
suavizou Daniel um pouco. Ele nunca poderia entender por que Antônio
nunca reclamou seu filho. Por que ele nunca deu a ele o nome de Toro
Nieto. Por que ele privou sua própria carne e sangue de seu amor e seu
tempo. Mas, observando seu irmão agora, Daniel não tinha dúvidas de que
Antônio cuidava de Toro.
— Mantenha-o seguro — os cílios de Antônio caíram enquanto ele
implorava para Daniel. — Mantenha meu filho seguro.
— Eu vou. — Daniel inclinou-se sobre ele, acariciando o rosto de
Antônio. — Descanse. Eu vou cuidar de você — ele ficou lá com seu irmão,
até que Antônio sucumbiu à medicação e recostou-se no sono.
Daniel odiava o sentimento inútil que o dominava. Ele era um
homem de ação, mas não havia nada a ser feito, exceto se sentar e ver
Antônio ficar melhor por conta própria. Ele não conseguiria consertar seu
irmão, mas com certeza poderia descobrir quem estava por trás do ataque e
fazê-los pagar.
****
13
Sobrinho em Grego.
Capítulo 25
Felipe Guzmán tinha o sorriso mais astuto que Stavros já havia visto
em um ser humano, e ele teve que evitar ativamente o soco no rosto quando
ele virou aquele gesto fodido em sua direção.
Sentaram-se ao lado da piscina no telhado de Stavros, ambos
cercados por seus homens. Felipe não hesitou quando Stavros fez a
chamada para terem uma reunião, nem fez uma briga quando Stavros
ofereceu seu próprio lugar para a ocasião.
Homens como Felipe, Stavros os entendia. Seu pai tinha sido um
homem assim e, enquanto ele amava seu pai, raramente Stavros sempre
gostava dele. Ele não tinha nenhum vínculo familiar com o homem que
estava sentado em frente dele agora, pernas cruzadas nos tornozelos,
sorvendo o conhaque de vinte anos de Stavros.
— Não pensei que teria notícias de você novamente, Konstantinou. —
Felipe o observou sobre a borda do copo. — Eu fiz outros arranjos.
— Você fez? — Stavros trouxe seu olhar para o horizonte ao longo da
distância, mexendo constantemente a bebida na mão. — Isso é uma
vergonha.
— Tenho certeza de que posso encontrar outra maneira de
compensar o que você tirou da minha família.
Stavros murmurou o riso. Nada que o bastardo sem nome pensasse
poderia chegar perto da perda de Daniel. Muito ruim que Felipe não teria
chance de tentar. — Por que você quer tanto que Daniel morra?
— Eu nunca o quis com Petra.
O nome dela pousou como um chute no rosto, mas Stavros sacudiu
o golpe e voltou o olhar para Felipe.
— Ele a afastou de nós, sua família. Isolou-a e levou-a a morte dela
— com cada palavra que Felipe falou, sua voz ficou mais alta, seu rosto
mais vermelho. — Agora, ele quer voltar e tirar ainda mais de mim.
Stavros inclinou a cabeça. — Ele quer voltar para o negócio? — ele
não esperava isso, mas ele deveria ter. Daniel cresceu naquela vida. Era
óbvio que ele gostaria de voltar para ela.
— Ele quer o que é meu. — Felipe bateu no peito, derramando o
uísque caro. — Isso não vai acontecer.
— Então você coloca um preço nele.
— Você estava levando muito tempo para me trazer a cabeça.
— Claro. — Stavros inclinou a cabeça. — Minhas desculpas — ele
respirou profundamente e soltou lentamente uma tentativa de controlar
seu temperamento. — Vamos falar de negócios.
— Vamos.
— Cancele o preço na cabeça de Daniel, e eu vou fazer isso sozinho.
Grátis.
Felipe riu, e foi um grande som ruidoso que fez seu corpo todo
tremer. — Você chegou atrasado demais — ele engoliu o último restante da
bebida e bateu o copo sobre a mesa entre eles. — Além disso, eu já paguei o
custo com o sangue da minha irmã.
Dedos apertados ao redor de seu copo, Stavros franziu os lábios. Ele
tentou ser civilizado. Tentou manter suas emoções fora disso. Mas isso não
funcionaria. Felipe Guzmán era uma ameaça.
Para Daniel.
Para Stavros.
— Eu esperava que você fosse razoável — ele se levantou, agarrando
a garrafa de licor quase vazia por sua garganta. Enquanto Felipe olhava
para ele com os olhos estreitos, Stavros esmagou a garrafa contra a mesa.
Ele abriu a boca, mas antes que ele pudesse falar, Stavros empurrou.
Apunhalando-o na garganta com o vidro irregular.
O sangue jorrou.
Os olhos de Felipe se afundaram e ele se sacudiu, agarrando a
garganta enquanto o sangue escorria.
— Só porque minhas armas foram verificadas na porta não significa
que eu não estou armado — isso, ele não se importava com isso. Atrás dele,
um grito subiu e alguns pfft pfft suaves pareciam quando seus homens
cuidaram dos dois guarda-costas de Felipe.
A arrogância levou um homem como Felipe a se achar intocável. A
arrogância fez com que ele caminhasse no covil de Stavros sem a porra de
uma armadura da cabeça aos pés. A arrogância manteve Stavros no
negócio.
Ele esperou ao lado de Felipe enquanto o homem gaguejava seus
últimos suspiros, então Stavros se virou para Bruce. — Eu quero sua
cabeça — ele atravessou os corpos dos guardas caídos de Felipe e desceu
as escadas para tomar banho e se trocar.
Ele tinha uma reunião para ir.
****
14
Sou todo seu em Espanhol.
Capítulo 27
Eles se moveram em silêncio. Conciso e desaprovador da parte de
Toro. Grosso e antecipatório entre Daniel e Stavros enquanto ajudavam
Toro a carregar o corpo de Hector no porta-malas do carro.
Uma equipe de limpeza estava a caminho, cortesia de Stavros, que
havia feito um segundo telefonema dez segundos antes de instruir Daniel
de que seus homens estavam a caminho. Esta não era a luta de Stavros,
nem a bagunça dele para limpar. Mas Daniel aceitou, porque quanto mais
cedo conseguisse isso, mais cedo ele ficaria sozinho com Stavros.
Ele achou que ele precisava disso. Depois de duas semanas de
separação, ele precisava disso.
— Tío — mãos nos bolsos, Toro hesitou ao lado do porta-malas,
olhando de Daniel para onde Stavros se afastava do lado.
Esperando.
— O que foi?
— Você confia nele? — Toro perguntou com um aceno de seu queixo
na direção de Stavros.
Qualquer tipo de questionamento normalmente ficaria fora dos
limites de quem trabalhava para ele, mas Daniel entendeu de onde seu
sobrinho estava vindo. — Você acha que ele quer me machucar?
Toro encolheu os ombros. — Eu costumava pensar que ele tinha feito
o pior que alguém poderia fazer para você — ele disse em um tom baixo. —
Mas eu vejo a maneira como você olha para ele.
— E?
— Ele pode fazer muito pior. — Toro assentiu. — Ele pode machucá-
lo ainda mais... — ele sorriu, mas poderia ter sido uma careta tão
facilmente. — E eu acho que você o deixaria.
Ele não estava errado. Daniel puxou Toro perto, abraçando-o,
acariciando-o rapidamente nas costas, em seguida, deixando-o ir com um
erguer do queixo. — Você me lembra muito do seu papá — Daniel disse a
ele. — Gracias.
Toro sacudiu a cabeça com uma óbvia confusão, então Daniel
explicou.
— Você me mantém honesto, como seu papá costumava — ainda
assim, até certo ponto. — Eu confio em Stavros — ele disse com firmeza. —
Eu sei quem ele é. E ele sabe quem eu sou.
— Lo amas, tío. Tú lo amas — você o ama. Toro falou gentilmente,
parecendo quase apologético. Quase como se Toro esperasse que Daniel
reagisse violentamente.
— Vá — ele deu um tapinha na bochecha de Toro. — Confira
quando estiver pronto — uma viagem ao crematório e eles se livraram
permanentemente do corpo de Hector.
O olhar de Toro deslizou sobre o ombro de Daniel antes de voltar a
encontrar seu olhar. — Tenha cuidado — ele murmurou quando Daniel
sabia que seu sobrinho tinha muito mais a dizer.
— Claro.
Ele ficou parado ali quando Toro entrou no carro e dirigiu o longo
caminho que levava da parte de trás da propriedade cercada para a rua.
Quando as luzes traseiras de Toro desapareceram de sua visão, ele soprou
uma respiração, mas não se moveu.
Então Stavros estava ao seu lado. Sua presença pesada, embora um
peso bem-vindo.
— Ele não confia em mim.
Essa declaração calma não exigiu uma resposta, mas Daniel deu-lhe
um de qualquer maneira. — Não, ele não confia.
— Inteligente.
Paralelamente, ficaram no imponente crepúsculo. O silêncio tão
carregado, que uma brisa pesada poderia provocar um inferno. Daniel tinha
tantas coisas que ele queria dizer, mas tudo de alguma forma não era
suficiente, então ele tirou as mãos do bolso e ele estendeu a mão.
Cegamente.
Agarrando o cotovelo de Stavros mais próximo dele, arrastando os
dedos para baixo, apertando a mão de Stavros. Enfiando os dedos.
Agarrando-se.
— Venha comigo — seu olhar permaneceu na entrada, mas seu foco
estava em Stavros. Estaria sempre em Stavros.
— Naí15.
15
Sim em Grego.
Daniel empurrou a cabeça, virando-se para o homem ao lado dele.
Procurando seu olhar.
Stavros deve ter ouvido a pergunta que Daniel não perguntou por
que apertou a mão de Daniel e deu um passo à frente. Um único e solitário
passo que parecia tão monumental.
Como cruzar uma ponte de algum tipo.
— Não importa onde ou quando. — Stavros sussurrou. — Onde quer
que você queira me levar, eu quero ir — ele lambeu os lábios, olhos
brilhando enquanto acariciava o rosto de Daniel. — Naí. A resposta é sim,
vou com você.
Daniel teria levado ele em seus braços então. Ele o teria beijado,
talvez até tenha ido mais do que apenas um beijo, mas um furgão com
painéis negros virou na entrada naquele momento.
— Meu pessoal.
Stavros soltou-o, e Daniel imediatamente fechou sua mão na perda.
Ele derreteu nas sombras, permitindo que Stavros manipula-se seus
homens. Ele observou seu amante emitir ordens, calmo e sem emoção.
E eles o chamavam de cruel.
Daniel tinha ouvido toda a conversa sobre Stavros Konstantinou ao
longo dos anos.
Eles disseram que era frio, que você congelaria apenas pronunciando
seu nome.
Tudo verdade, mas ele também era mais do que isso. Ele queimava
Daniel da melhor maneira. E em seu elemento, ele era cativante. Ele exigia
a atenção de Daniel e nunca afrouxava esse aperto.
Ele era tão atraente neste lugar - o sangue sujando as mangas da
camisa e seguindo o fundo de seus sapatos – como quando ele estava no
auge de seu orgasmo.
Daniel amava todos os diferentes lados dele. Então ele esperou, até
que a sala estava impecável, com apenas o forte fedor de água sanitária que
permeava o ar. Ele abraçou as sombras confortáveis até que a equipe de
limpeza se afastou, pisando na luz apenas quando Stavros estava na frente
dele.
— Pronto?
O fato era que Daniel não sabia o quanto estava pronto para que
Stavros lhe fizesse uma pergunta com uma única frase. Ele olhou para
Stavros, leu as perguntas em seu olhar e respondeu-as caindo no abraço
dele. Eles se juntaram com força, Stavros cambaleando e Daniel tropeçando
para trás até suas costas chegarem ao muro mais próximo.
Daniel apertou-o, agarrando a camisa de Stavros nos punhos, o rosto
enterrado no pescoço do outro homem. Ele sentiu o cheiro de produtos
químicos que haviam usado para limpar, mas também o da colônia, Daniel
se perdeu na mistura com pele quente. Ele sentiu falta disso. Ele se afastou
disto quando tudo que sua mente e corpo queriam fazer era voltar.
Voltar. Reviver os primeiros.
Fazer mais novidades.
Tremores - tão fracos, que quase os perdeu - vibraram ao longo da
espinha de Stavros. Sob o toque de Daniel. Ele quase os havia martirizado.
Sacrificado.
Às vezes, o sacrifício significava afastá-lo. Às vezes, isso significava
deixar você pegar o que faria você feliz, mesmo que isso tornasse alguém
triste. Ele teve que dizer adeus uma vez.
Não haveria segunda vez.
Ele ergueu a cabeça, e quando Stavros fez o mesmo, Daniel disse a
ele:
— Venha comigo.
Stavros assentiu.
Ele estendeu a mão.
Stavros pegou.
Daniel não o soltou, nem mesmo nos trinta e dois minutos de carro
de Atlanta para a casa em Unincorporated Norcross. Ele poderia se
misturar aqui, se ele preferisse, mas ficar lá era apenas temporário. Ele
vinha e ia ao meio da noite geralmente, e o prédio estava a uma boa
distância de todos os vizinhos que pudessem tomar nota de suas idas e
vindas estranhas.
Como hoje à noite, quando ele abriu a porta da frente com a mão
esquerda, porque a direita estava segurando a mão de Stavros. No interior,
ele rapidamente ligou as luzes e trancou a porta atrás deles, antes de soltar
as chaves.
Stavros olhou ao redor, os lábios se curvaram. — Você precisa de
móveis.
Não, ele não precisava. — Eu tenho tudo o que preciso.
Ele subiu as escadas, ainda segurando Stavros, parando apenas
quando eles entraram no quarto que ele havia reivindicado como o quarto
principal. Liberar a mão de Stavros não foi uma coisa rápida. Mais um
processo gradual, forçando cada dedo a diminuir, soltar.
Stavros enrolou os dedos na palma da mão uma vez que estava livre,
e Daniel desviou o olhar antes de agarrá-lo novamente.
Olhando para a cama queen-size não feita, o único móvel na sala,
Stavros perguntou:
— Você mora aqui?
— Eu durmo aqui às vezes — ele empurrou um dedo sobre o ombro
para indicar o quarto ao lado. — Mantive um homem acorrentado por
alguns dias também.
Stavros sorriu enquanto caminhava para a cama e sentou-se na
borda. — Então, por que não há móveis?
— Esta não é uma casa — disse Daniel. — Esta não é a minha casa.
Isso serve para um propósito, mas não é conforto nem é segurança.
Stavros assentiu como se entendesse, e Daniel pensou que talvez seu
amante simplesmente pudesse. Ele encarou a janela, olhando para a
escuridão através das persianas. Quando ele tomou a decisão de fazer Petra
dele, de entregar-se a ela, ele estava nervoso.
Palmas suando quando ele reuniu as palavras para transmitir o que
sentiu, preparando-se para um não. Ela merecia mais que homem
encharcado de sangue e cercado pela morte. Mas a parte egoísta dele, a
parte que ele herdara de seu papá também sabia que ele nunca iria desistir
dela.
A menos que ela pedisse.
Ela nunca pediu, independentemente das inúmeras vezes que ele
havia dado a razão para fazer mais do que pedir. Exigir.
Esta noite, ele estava tão distante do nervoso quanto poderia
conseguir.
Amar Stavros era tão poderoso quanto amar Petra.
Chame isso de blasfêmia. Chame isso de traição.
Daniel chamava de honestidade.
— Eu sinto muito.
Ele endureceu com as desculpas roucas de Stavros e, em seguida,
encarou-o com uma expressão franzida. — O quê?
O outro homem permaneceu sentado na cama, olhando
intensamente no rosto de Daniel. — Eu nunca me desculpei pelo que tirei
de você — o sofrimento atravessou as características de Stavros e ele
engoliu. — Eu sinto muito.
Daniel abriu os lábios para dizer... Algo. Qualquer coisa. Exceto que
ele não tinha nada, não conseguia encontrar palavras. Uma boa dor
floresceu na proximidade de seu coração, rasgada pelas palavras baixas de
Stavros.
— Eu não sabia, então, o quanto ela significava para você — seus
olhos brilharam quando ele olhou para Daniel, com as mãos cruzadas nas
coxas. — Eu não sabia quão preciosa ela era — sua garganta funcionou. —
Eu sinto muito.
Daniel foi até ele. Movendo-se suavemente. Sentiu como se ele se
movesse no espaço de um piscar de olhos. Uma vez que ele estava na
janela, ele ficou de pé entre os joelhos de Stavros, olhando para ele.
Ele passou os dedos trêmulos através dos cabelos grossos de Stavros,
as pálpebras fechando com a sensação dele.
— Eu perdoei você — ele conseguiu falar através da pedra em sua
garganta. Puxando os cabelos de Stavros, Daniel empurrou a cabeça do seu
amante para trás. Então seus olhos poderiam se encontrar, se conectar, e
ele veria... — Eu perdoei você a primeira vez que eu te beijei.
O queixo de Stavros tremia.
— Você teve o meu perdão... — Daniel agarrou-o mais apertado,
falando com mais força. — Com a nossa primeira carícia.
Capítulo 28
Ele não queria falar essas palavras. Não tinha a intenção de pedir
perdão. Um homem como ele não pedia perdão. Mas o homem que ele era,
sabia o que era perder algo muito precioso.
Ele sabia qual era a sensação agora. Aquela que você mata para
manter. Cinco minutos. Ele tinha tido todos esses cinco minutos e ele
decapitou um homem para protegê-lo.
Ele não viveu e respirou durante a maior parte de duas décadas. Não
tinha construído uma família e uma casa. O que sentia agora, ele roubou
de Daniel. O que ele sentia por Daniel agora exigia que ele reconhecesse o
que fez.
Reconhecesse o que ele tinha estragado.
Ele deslizou as mãos para cima, rodeando a cintura de Daniel.
Arrastando-o para perto. — Eu a peguei — ele sussurrou. — Roubei o seu
futuro.
Havia uma dor nos olhos de Daniel. Isso fez com que ele se
perguntasse se o amante dele estava com ele, se ele estava vendo Stavros
como estava agora. Ou como ele tinha sido até então. Por que, como ele
poderia perdoar? Como Stavros poderia perdoar alguém que pensasse em
remover Daniel de sua vida?
— Eu perdôo você. — Daniel fechou os olhos, e a sensação de ser
puxado mais perto fez Stavros cavar os dedos nas costas de Daniel.
— Por quê? — sua voz quebrou, e isso teve olhos de Daniel abertos.
— Por que recebi perdão?
Seu toque era suave nos cabelos de Stavros. Seus olhos, onde
descansavam no rosto de Stavros, também eram suaves. Mais suave do que
qualquer toque que ele tinha dado a Stavros antes desse momento.
— Porque eu precisava de você, e para ter você, tive que perdoá-lo.
Algo dentro de Stavros se rompeu e ele pôs-se de pé, fazendo com
que Daniel cambaleia-se para trás, colocando espaço entre eles. Ele não
queria espaço, não precisava disso. Mas Stavros tomou isso de qualquer
jeito, atravessando a sala para a janela, dando a Daniel suas costas.
Ele não era tão corajoso como ele achava que era. Tudo parecia tão
delicado, precário, como ficar em gelo fino. Ele cairia.
Não havia dúvida sobre disso.
Ele sobreviveria ao mergulho?
— Eu não mereço isso — a folha de gelo debaixo de seus pés se
quebrou, mas ele deu outro passo de qualquer maneira. Ele virou a cabeça
para o lado, mas ainda não olhou para Daniel.
— Diablo.
Stavros abriu as mãos. — Eu nunca estive preso — ele disse com
uma voz rouca. — Tenho quarenta e dois anos de idade, e nunca fiz com
que alguém sentisse o que eu sinto por eles. Nunca fui uma âncora de
alguém, nunca tive alguém para mim — ele girou então, encontrou o toque
de Daniel e quase se inclinou para ele.
Por pouco.
— Nunca me deram uma chance, porque ninguém me escolheu —
ele tremia, e esse gelo estava ficando cada vez mais instável sob seu peso.
— Eu não sou a pessoa para quem você faz um para sempre. Eu não me
escolheria para um para sempre. Mas você... — ele tocou Daniel então.
Em sua garganta. Essa cicatriz. Não era que ele precisasse de
lembretes. Mas essa cicatriz assegurou que ele nunca esqueceria quanto de
um monstro ele era.
— Alguém escolheu você. Alguém o manteve amarrado. Alguém lhe
prometeu um para sempre — sua voz se transformou em respirações
barulhentas. Pesar. Arrependimento. Nojo de si mesmo. Todos pousaram
em seus ombros, curvando-os enquanto sussurrava:
— Eu a fiz uma mentirosa.
Daniel balançou a cabeça, os olhos se estreitaram, mas Stavros
continuava a andar naquela borda gelada.
— Eu não sabia o que isso significava — ele confessou. Dentro de
seu peito, seus batimentos cardíacos trovejavam, ecoando. Certamente
Daniel ouvia isso?
Boom. Boom.
— Não até que Felipe o ameaçou. Não até que ele ameaçou levar o
que me manteve amarrado — uma última fenda do gelo e ele entrou,
primeiro os pés. Afundou até o pescoço profundamente nas verdades que o
batizaram com respiração roubada, com medo de um pulmão entorpecido.
— Eu sei o que tirei de você agora — ele manteve o queixo firme, tirando a
mão da garganta de Daniel. — Se o que eu sinto por você é o mesmo do quê
o que sentiu por ela, o que você teve com ela, não pode haver perdão.
Os olhos de Daniel brilharam e Stavros não sabia se eles estavam
com lágrimas ou não. Ele observava Stavros atentamente. Seus
pensamentos, eles estavam escondidos, deixando Stavros admirar, soltar-
se, enquanto lutava para manter sua cabeça acima das águas geladas.
— Você foi aquele que perdeu naquela noite? — Daniel perguntou
calmamente.
Baixo. Stavros afundou mais para baixo. Baixo. Baixo. — Não — ele
raspou. Ele não perdeu nada. Então ele não deveria estar tão vazio por
dentro.
Ele sorriu. Daniel Nieto sorriu para ele. Não era bonito ou lindo. Mais
atraente. Cativante. Cegante.
— Você está perdoado. — Stavros abriu a boca, mas Daniel o puxou
mais perto. Punho na frente da camisa, apertado entre seus corpos. Peito a
peito. — Você foi perdoado — respiração quente perseguiu o frio.
Os membros descongelados ficaram rígidos com o medo arrepiante.
— Você disse muito, Diablo. Agora é minha vez.
Lábios roçaram os dele e Stavros fechou os olhos.
— Ábrelos — abra.
Stavros abriu os olhos quando Daniel ergueu a cabeça.
— Este homem de lata tem um coração, diablo. E é seu — ele pegou
a mão de Stavros e levou-a ao peito. Sobre o coração dele. — Isso bate por
você.
Stavros abriu a boca, respirando assim porque tudo se parecia tão
grande. Tudo parecia tão grande. Sob a palma da mão, o coração de Daniel
bateu firme. Forte.
Por ele.
Um presente que ele não merecia, mas ele não era nada, se não
egoísta, então ele agarrou. Usando essas vibrações sob seu toque como
uma linha de vida, uma saída para esse inferno gelado em que ele havia
caído.
Acenando. Como ele não poderia? Ele nunca tinha ficado sem
palavras antes. Nunca se entregou à guarda de outra pessoa antes. Daniel
confiou em Stavros com seu coração depois de tudo. Ele não podia fazer
nada além de fazer algo recíproco.
Não demorou nada. Sem esforço para dizer:
— Você. Você é meu coração. — As palavras mais fáceis que ele já
havia falado. Era verdade o que diziam, a verdade que fosse.
A verdade tornava tudo melhor.
Quando Daniel sorriu, o pulso de Stavros tropeçou por completo. Ele
olhou, perguntou. Ele estava apaixonado.
Mas nunca tinha sido unilateral, tudo de seu lado. Ele escondeu essa
fraqueza, não queria que ninguém presenciasse sua humilhação, de
desejar, mas não ser desejado. Mas no fundo dos olhos mais escuros do
que o breu de Daniel, Stavros viu as chamas que cintilavam e ficaram mais
fortes.
Queimando por ele.
Como?
Todas essas questões abarrotadas em seu cérebro não chegaram até
seus lábios. Daniel chegou lá primeiro. Lábios firmes baixaram sobre os
dele, mas a língua dele empurrou para dentro.
Lambendo.
Tomando os restos da respiração de Stavros, aquecendo-o ao ponto
de fervura em um rápido momento. Stavros agarrou-se a ele, aproximando-
se das pernas que pareciam duvidosamente segurá-lo na posição vertical.
Por sorte, Daniel agarrou-o com força.
Sorte dele.
Toda a confiança que ele nunca havia dado a ninguém, ele brindou
ao homem que antes era seu inimigo mortal. As cabeças se torciam,
enquanto comiam um ao outro. Stavros gemeu, e os quadris se
empurraram. O corpo doendo dessa maneira intoxicante ele atribuía a
Daniel.
Ele colocou a mão entre seus corpos, puxando a camisa de Daniel,
empurrando-a para fora de seu ombro antes de achatar sua mão sobre o
tronco. Daniel grunhiu na sua boca e depois mordiscou o lábio inferior de
Stavros.
Afiado.
Doloroso.
Ele segurou enquanto colocava uma mão em cima do que Stavros
tocava. Circulando o pulso de Stavros e arrastando o toque dele.
Para baixo. Passando por um estômago duro e tenso que se contraia
para ele.
Mais baixo. Em sua virilha, sobre a protuberância em suas calças
pretas que latejavam sob a palma de Stavros.
Stavros apertou-o, e Daniel fez um som gritante que se instalou nas
bolas de Stavros.
Porra.
Ele procurou o cinto de Daniel, puxando-o. Os dedos não
cooperaram quando ele baixou o zíper e alcançou para dentro.
— Diablo. — Daniel gemeu em sua boca, baixo e longo, os quadris
empurrando seu eixo para a palma de Stavros.
Stavros acariciou-o, seu eixo já molhado ficando encharcado com
cada golpe para cima e para baixo. Daniel fodeu seu punho, os quadris
inclinando para frente.
Grunhidos.
Dele.
Deles.
O cheiro deles...
— Deixe-me te amar — implorou Stavros. — Não me detenha.
Daniel ergueu a cabeça para inclinar-se para baixo com suas
pálpebras baixas. — Posso parar você, Diablo? — ele se moveu para dentro
e para fora do punho de Stavros lentamente, torcendo tão forte. Latejando.
— Sim — Stavros sussurrou. — Sim. — Daniel poderia detê-lo. Com
uma palavra. Um olhar. Um som.
O único que poderia. Ele tinha esse poder.
Seu amante sorriu, e Stavros sabia então que, não importa quantas
vezes Daniel sorria, ele sempre veria como uma primeira vez. Sempre o
atingira no peito. O gesto sempre colocaria seus joelhos no chão.
— Eu quero estar dentro de você — o desespero teve sua voz e bolas
apertadas. — Eu quero suas pernas ao meu redor, meu pau na sua bunda
e você de costas falando espanhol.
Os cílios de Daniel estavam baixos, mas Stavros sentiu sua reação a
essas palavras. O inchaço de sua ereção, o sussurro de sua respiração
através da bochecha de Stavros.
— Así que toma lo que es tuyo, diablo — então pegue o que é seu.
Ele aceitou essa oferta, desnudando Daniel em tempo recorde antes
de empurrá-lo para trás na cama e escalá-lo. Uma pele quente enrolou ao
redor dele enquanto devorava a boca de Daniel.
Ele nunca fez amor com alguém que ele amava, e que o amava.
Assim quando ele lambeu o caminho até a boca de Daniel, ele tentou
diminuir a velocidade. Tentou dizer a si mesmo para saborear. Dedos
rasparam em sua coluna vertebral, e ele se arqueou para perto deles. Eles o
fizeram gemer e moer contra a coxa de Daniel.
Lábios se separando dos dele para deslizar no comprimento de sua
garganta, ele se inclinou para o contato. Respiração tremendo, agarrando-
se firmemente nos lençóis de cada lado.
Daniel abaixou-se debaixo dele, torceu tão forte quanto Stavros.
Implorando por isso com cada elevação de suas ancas da cama.
Jesus.
Stavros conteve-se tempo suficiente para olhar para o amante dele.
Sua pele brilhava já com um brilho fino de suor. Enrubescendo, os lábios
se separando enquanto ele ofegava. Stavros beijou-o novamente. Foda-se,
mas ele era viciante. Havia algo sobre sentir os lábios de Daniel sob os dele.
Algo sobre seus corpos se contorcendo. Algo sobre a forma como eles se
entregavam ao prazer.
Ele adorava.
Adorava o homem segurando sua bunda com uma grande palma.
Stavros acariciou seu peito, então se curvou, lambendo o caminho
que seus dedos tomavam. Degustando a pele salgada, mordendo seus
mamilos.
— Diablo — rouca e desgastada, aquela voz era uma porra de arma.
Stavros estremeceu, caindo pelo corpo de Daniel. Os dedos em seu
cabelo apertaram, forçando-o a baixar. Ele foi com a boca aberta e os olhos
fechados. Saboreando seu pau, sugando-o enquanto Daniel empurrava e
Stavros fodia a cama.
— Diablo, por favor — ele deu a Stavros aquelas palavras, cobertas
de espanhol grosso e drogado. Gotejando como um maldito mel na sua
coluna vertebral. — No pares.
Não pare.
Stavros riu com isso, mas sua boca estava cheia. Ele abaixou as
bochechas, mergulhou a cabeça, grunhindo quando Daniel latejou na sua
língua. Olhos revirando no gosto dele.
Ele trouxe seus dedos lisos mais lentamente, rodeando o buraco de
Daniel.
As coxas tremendo o levaram para o céu.
Ele mergulhou.
— Dios, diablo — sim, mas ele empurrou para trás quando um dedo
o tocou e ele revirou o quadril.
Dedos e língua em seu traseiro, Stavros o comeu. Alto e molhado,
mas não alto o suficiente para afugentar os gritos de Daniel. Palavras que
ele nem entendeu. Merda, ele tinha certeza de que não fazia sentido.
Mas ele comeu esse bunda até que sua mandíbula ameaçou travar.
Dedos fodendo-o até que seus nós dos dedos doeram. Então, afastou-se
rapidamente, recuando apenas para limpar o rosto com a parte de trás da
mão e pegar o lubrificante.
Daniel já parecia fodido, e Stavros nem o tinha feito gozar ainda.
Stavros queria esperar até que ele estivesse dentro dele.
— Pernas à minha volta — ele o apressou. Foda-se, ele queria ir
devagar, mas agora não era o momento. Suas bolas não o deixariam. Todo
o deslizamento contra a pele quente de Daniel rasgou seu controle. Ele
queria estar dentro dele. Queria saciar seu desejo.
Queria derramar dentro dele.
Pernas enrolaram em torno de seu quadril.
Ele jogou o lubrificante longe e se aproximou do buraco de Daniel.
Daniel estremeceu. Stavros passou a mão por seu joelho.
Ele forçou as palavras em sua garganta trancada. — Não posso ir
devagar para você, agápi mou — meu amor. — Quero você. Quero seu
corpo.
— Cógeme, diablo.
Leve-me.
Stavros avançou, e seu pau deslizou na fenda de Daniel.
Porra.
Suas mãos tremiam. O corpo de Daniel vibrava.
Pau em seu buraco, Stavros prendeu a respiração. Empurrou. E
Daniel empurrou de volta.
Sua coroa entrou.
Stavros imediatamente perdeu a capacidade de respirar.
Daniel soltou um grunhido profundo.
— Deus. Droga — ele falou com os olhos fechados. O calor. — Nada
melhor — e ele ainda não tinha ido mais fundo. Olhos abertos, fixos em
Daniel. — Nada melhor que essa merda.
A expressão de Daniel era toda fome e dor. E Stavros se excitava com
ambos. Ele enterrou-se com um impulso profundo, observando o
alargamento das narinas de Daniel e o aperto de suas pernas. Seu peito
arfou, e por um segundo, o choque avançou pelo rosto de Daniel.
Stavros girou os quadris, abaixando-se com uma mão ao lado da
cabeça de Daniel, ele sussurrou:
— Relaxe — ele se levantou e empurrou.
Daniel gritou.
Sua bunda apertou.
Stavros sibilou. — Jesus. Foda-se — o corpo de Daniel apertou-o,
sufocando-o. Quente e apertado, e toda vez que se movia, Stavros tinha que
lutar contra o seu orgasmo. Ele entrou e saiu, empurrando a língua para
dentro.
Fodendo a boca de Daniel.
Fodendo sua bunda.
Seu amante combinou com seus golpes, mão em sua bunda, dedos
cavando. Era melhor ele deixar suas marcas.
Eles se dedicaram a apenas grunhir e rosnar, mesmo esses sons
foram engolidos, porque estavam na boca um do outro. Daniel era tão voraz
quanto ele. Mãos e bocas em todos os lugares.
E Stavros, batendo dentro e fora do melhor traseiro que ele já teve o
privilégio de deslizar. Ele também disse isso a Daniel. Ou pelo menos ele
tentou, porque Daniel não soltou sua boca para permitir que ele falasse.
Falar era superestimado.
O que não era, era Daniel empurrando uma mão entre eles para se
masturbar. Corpo arqueando, ele gozou com um som estranho que Stavros
engoliu, e sêmen pegajoso imediatamente entre eles. Seu traseiro se
contraiu em torno de Stavros, restringindo seus movimentos.
Estrangulando-o.
— Unngh — seus dedos do pé enrolaram no colchão quando os
espasmos bateram, trancando seus membros enquanto o orgasmo o
atravessava.
Sob ele, Daniel estremeceu, agarrando os ombros de Stavros com um
grunhido.
— Eu dentro de você — ele não tinha certeza se sua língua estava
funcionando, mas Stavros tentou. — Esse sou eu dentro de você — ele
desabou no tórax de Daniel. Os braços o rodearam imediatamente e ele
zumbiu com uma satisfação feliz. — Dê-me cinco minutos e estamos
fazendo isso de novo.
Capítulo 29
— ¡Puta madre16!
Stavros levantou a cabeça da garganta de Daniel para contemplar o
rosto de seu amante. — Você apenas amaldiçoou?
Olhos ainda nebulosos de seu namorado piscaram para ele. — Não
era minha intenção, não.
Stavros latiu uma risada, e os músculos de Daniel apertaram-se ao
redor dele, fazendo com que ambos gemessem. Ele deveria levantar. Eles
deveriam se limpar. Mas essa posição, Daniel montando-o como um cavalo,
com Stavros ainda bem dentro dele? Esta posição exigia que ele ficasse
aqui, as palmas das mãos nas costas de Daniel. Ele não queria se mover. O
suor escorria por sua pele, e o sêmen quente escorria do buraco de Daniel e
deslizava pelo pênis de Stavros, banhando suas bolas.
Ele gostava disso, e por algum motivo parecia ter conseguido manter
isso. Ele podia não merecer isso, não depois de todas as coisas que ele fez.
Não apenas para Daniel. Mas se apaixonar era em si mesmo um ato
egoísta. Então ele abraçou seu amante um pouco mais apertado,
acariciando seu pescoço enquanto sentavam no meio da cama.
Corpos conectados.
Daniel se moveu ligeiramente e ergueu ambas as mãos para agarrar
o cabelo de Stavros.
— Há um lugar que eu queria levá-lo — ele murmurou contra a
testa de Stavros. — Amanhã.
— Sim.
A risada de Daniel vibrou entre eles. — Será essa sua resposta a
todos os meus pedidos?
— Não, então aproveite agora. — Stavros inclinou a cabeça para
encontrar seus olhos. — Onde você quer me levar?
Uma tristeza pesada nublou os olhos de Daniel por um minuto antes
de desaparecer. — É... — ele franziu os lábios. — Amanhã. Eu vou te
contar amanhã.
16
Filho da puta em Espanhol.
Stavros poderia empurrar, mas qual seria o ponto? Em vez disso, ele
assentiu. — Tudo certo.
Eles se acalmaram novamente em um silêncio calmo, até que Daniel
falou suavemente. — Nós não éramos o casal perfeito.
— Hmm?
— Petra e eu — a resposta de Daniel foi tão suave, Stavros a sentiu
principalmente contra sua pele. — Não éramos perfeitos, mas fomos
perfeitos um para o outro.
Stavros engoliu em seco. Ele não pensou que ele nunca seria capaz
de agitar a culpa e vergonha que tocava sua alma na menção ou
pensamento de Petra. Mas ele não poderia se esconder disso. Não havia
escapatória. Poderia ser um obstáculo se ele deixasse.
— Você quer falar sobre ela?
Daniel olhou para ele em silêncio por alguns instantes, em seguida,
começou a levantar fora dele.
Stavros ofegou, agarrando a bunda para mantê-lo lá por mais um
tempo.
— Porra — respiração estremeceu através dele. — Jesus — ele
cravou os dedos nas bochechas da bunda de Daniel. — Cristo.
— Eu sei. — Daniel beijou seu queixo. — Desculpe — ele afastou o
corpo dele, enquanto Stavros soprava com a perda aguda. Mas Daniel não
saiu da cama. Ele simplesmente se aproximou da cabeceira da cama,
puxando Stavros até sentarem-se lado a lado com as costas contra os
travesseiros.
Daniel pegou a mão de Stavros mais perto dele e ligou os seus dedos
antes de levar suas mãos unidas a boca, escovando os lábios nos seus
nódulos.
Stavros, literalmente, acabou de foder esse homem sem preservativo,
e esse simples gesto parecia mais íntimo.
Então Daniel falou.
— Ela era mais do que apenas uma esposa. A cada passo do
caminho, ela estava comigo — sua voz estava rouca, mas firme. — Ela
conhecia todos os detalhes do que eu fiz — ele olhou para Stavros. —
Porque eu precisava que ela confiasse em mim, ou quando algo
acontecesse, ela tinha que saber por que eu pedi-lhe para fazer algo. Em
todos os sentidos, ela era minha igual.
Não era como se Stavros não soubesse que esses tipos de
relacionamentos existissem. Ele nunca tinha visto um de perto. Nunca
tinha recebido esse tipo de sacrifício e devoção.
— Ela não me fez melhorar — disse Daniel suavemente. — Ela não
queria. Ela gostava de mim como eu era, e ela sempre dizia. E eu a amei
mais por aguentar minha vida.
— Mas ela estava lá desde o início.
Daniel assentiu. — Ela estava. Ela deu conselhos, mesmo quando
achava que não precisava deles. Ela cuidou das minhas feridas. As visíveis,
e especialmente aqueles que pensei ter escondido dela — ele se virou para
Stavros. — Diablo, eu não quero que você pense que ela era uma santa. Ela
era humana. Às vezes, ela me frustrava. Ela era tão teimosa — ele
resmungou. — E ela gostava de discutir. Dios — ele expirou a palavra. —
Essa mulher poderia argumentar.
Stavros sorriu. — Você nunca ganhou esses argumentos, não é?
— Nunca, mas valia à pena quando chegava o momento de fazer a
reconciliação — a boca de Daniel se curvou. — Ela era um incêndio que
nunca pensei em conter.
Stavros apertou os dedos em torno dos de Daniel. Era estranho,
ouvir isso. Tão estranho. Mas ele gostava de tudo mesmo assim. Gostava
que Daniel não pensasse em compartilhar Petra com ele.
— Naquela noite... — o olhar de Daniel virou-se para longe. — Nós
tínhamos tentado e tentado, mas descobrimos que naquele dia ela não
poderia ter filhos — seus olhos escuros se encheram de remorso quando ele
voltou seu foco para Stavros. — Fiquei aliviado, diablo — sua voz caiu cerca
de um milhão de oitavas então. — Minha esposa queria meu bebê. E fiquei
aliviado por não ter um.
Merda. — Daniel...
— Foi uma traição. — Daniel ergueu a cabeça para trás na cabeceira
da cama e olhou para o teto. — Depois de tudo o que ela tinha me dado,
depois de tudo o que ela sacrificou e aguentou, eu estava feliz por não
poder carregar meu filho. Ela viu o que era, e foi uma traição — ele tocou
sua mão livre na bochecha esquerda. — Ela me deu uma bofetada.
Stavros engoliu em seco. — Por que você estava aliviado?
Daniel ficou tenso e soprou uma respiração alta. — A resposta fácil
seria que eu não queria trazer uma criança inocente para a vida que
conduzimos.
— E a resposta não tão fácil?
— Eu não seria um bom pai. Eu não seria altruísta e gentil. Tudo o
que sabia era o que meu pai me ensinava, e eu imitava sua sede de sangue
nos negócios. Era apenas uma questão de tempo antes que eu também
estivesse com coração frio e violento em minha própria casa.
Stavros balançou a cabeça com firmeza, com uma careta no rosto. —
Você sabe que isso não é verdade. Petra nunca permitiria isso. E o mais
importante: — ele agarrou o queixo de Daniel, empurrando a cabeça para
que seus olhares pudessem se encontrar. — Mais importante, agápi mou,
você nunca machucaria sua esposa ou seu filho.
— Eu gostaria de pensar isso...
— Foda-se isso.
Daniel sorriu.
— Não, sério. Foda-se. Isso. — Stavros inclinou-se para frente até
seus narizes baterem. — Você é o melhor homem que eu conheço, e não
estou dizendo isso porque você me deixa foder sua bunda.
— Eu espero que não.
Eles olharam um para o outro por um batimento cardíaco e depois
explodiram em risos. Stavros tocou o rosto de seu amante, traçando a
curva de seu sorriso. — O meu favorito é quando você sorri — ele
sussurrou. — Meu segundo favorito é saber que eu fiz você sorrir.
Daniel balançou o pulso. — Não houve muito para sorrir, não por
muito tempo.
Por causa de Stavros. A culpa branca e quente brilhava no peito dele
e ele olhou para longe. Os dedos no queixo o forçaram a encontrar o terno
olhar de Daniel.
— Isso não foi uma recriminação contra você, diablo — ele escovou o
polegar sobre o lábio inferior de Stavros. — Eu perdoei você. Você deve se
perdoar — ele inclinou a cabeça. — Você me perdoou?
— Pelo que? — Stavros ficou boquiaberto com ele.
— Eu te sequestrei. Eu torturei você.
Stavros acenou. — Essa merda foi às preliminares para mim. Você
sabe disso.
— Eu sei disso? — Daniel levantou uma sobrancelha.
— Você sabe disso.
— Penitência.
— Sim — ele não mentiria. — Mas, mais do que isso. Eu queria
sentir o que você me faz sentir. A dor, a luxúria, o medo de se apaixonar. —
Stavros lambeu o lábio, a língua arrastando no polegar de Daniel no
processo. — Não consigo imaginar você não estar perto o suficiente para
tocar.
— Nós nos conectamos através do sangue e da violência — disse
Daniel pensativo.
— Somos homens sangrentos e violentos.
Um sorriso lento atravessou o rosto de Daniel. Maldita seja. Ele
nunca deixaria de aturdir Stavros com esse gesto. — Nós nos merecemos.
— Tenho certeza dessa merda.
Daniel apertou os olhos para ele. — Você sempre fala palavrão?
A felicidade no peito de Stavros borbulhou, derramando de seus
lábios sob a forma de risada baixa. — Porra, sim.
Daniel beijou-o. Duro e rápido, mas merda, com tanta posse. —
Deite-se comigo, diablo.
— A qualquer momento. O tempo todo.
****
— Linda casa.
Daniel grunhiu para as palavras suaves de Stavros enquanto
colocava a chave na fechadura. Eles estavam no meio da varanda de uma
bela casa, afastada uma milha e meia de distância de qualquer estrada
principal. As paredes altas ao redor do perímetro escondiam a casa branca
de dois andares com persianas azul escuro da vista de quem viajava pelo
caminho de terra pouco usado.
Ninguém vinha aqui, exceto ele.
— Porque estamos aqui?
Para seu crédito, Stavros esperou muito tempo antes de fazer a
pergunta. Embora ele tivesse jogado alguns olhares curiosos no avião, ele
não perguntou. Daniel agradeceu sua moderação, especialmente porque ele
ainda não encontrou as palavras para explicar.
Stavros tocou seu ombro. — Daniel?
Daniel observou seu amante, sempre impecavelmente vestido, com
suas mordidas de amor e as impressões digitais de Daniel decorando seu
pescoço e garganta.
A noite passada tinha sido uma chance para pedir a Stavros que se
juntasse a ele. Prova de quanto Daniel havia mudado. Ele não era
conhecido por segundas chances, mas ele não se arrependeu do convite.
Isso era algo que Stavros precisava saber se eles deveriam continuar com
isso... Seja lá o que fosse.
Ele desejou continuar, então ele assentiu uma vez. — Há alguém que
eu quero que você conheça. Ela está dentro.
— Ok. — Stavros arrastou a frase. — Quem é ela?
— Alguém que eu amo — Daniel disse calmamente. Alguém que ele
desiludiu uma e outra vez. Ela merecia melhor. Stavros não falou
novamente, mas as perguntas permaneceram em seus olhos, então Daniel
disse a ele:
— Vou explicar quando entrarmos — imediatamente ele lamentou o
flash de cautela nos olhos de Stavros, mas antes que ele pudesse
tranquilizar seu amante, a porta foi aberta por alguém de dentro.
A ponta de uma arma tocou sua testa. Ele não se moveu, mas ao lado
dele, Stavros amaldiçoou viciosamente, com a mão no cinto.
— Não. — Daniel agarrou a mão de Stavros, mantendo seus
movimentos antes de encontrar os olhos da mulher leve segurando a arma.
— Charlie.
Ela piscou e seus olhos marrons e duros se arregalaram. — Senhor!
— ela baixou a arma, olhos cruzando de Daniel para Stavros e de volta. De
sua expressão em branco, ela sabia quem era Stavros. — Senhor, me
desculpe. Eu...
— O que é isso? — Stavros criticou.
Daniel não olhou para ele, simplesmente levantando a mão enquanto
se dirigia para Charlie. — Está bem. Eu deveria ter ligado antes — ele
geralmente dava a Charlie e seu companheiro aviso prévio, mas ele deixou
isso escapar de sua mente. — Sinto muito.
Com um e sessenta, a cabeça de Charlie mal chegava ao centro do
seu peito enquanto franzia os lábios. Algo que ela fazia quando tinha mais a
dizer.
— O que foi Charlie?
— Tem... Alguma coisa errada, senhor? — o tremor em suas
palavras mostrou sua preocupação.
— Não — ele balançou a cabeça rapidamente. Ele empurrou o
polegar para Stavros, que estava rígido ao lado dele, ficando
silenciosamente alto. — Ele está comigo.
Charlie engoliu em seco.
— Pode confiar nele. — Charlie deveria saber melhor do que duvidar
de suas palavras, mas ele tinha sido o único a aparecer sem aviso prévio,
um homem com uma reputação como a de Stavros a reboque.
— Claro senhor — ela ficou de lado, permitindo-lhe a entrada.
Daniel entrou com Stavros em seu calcanhar. No vestíbulo, Daniel
olhou para a escada circular, pintada do mesmo branco e azul escuro que o
exterior da casa. — Onde ela está?
— No andar de cima — seu olhar descansou em Stavros por um
segundo rápido antes de continuar: — Lành está com ela.
Daniel precisava de algo para fazer com as mãos dele, então ele as
empurrou para dentro dos bolsos de seu casaco e depois puxou. — Como
ela está?
— Hoje é um dia calmo — o tom de Charlie passou de hesitante e
cauteloso para uma suavidade suportada pelo cuidado. As dúvidas de
Daniel sobre ela e seu parceiro, Lành, cuidar de uma das pessoas mais
importantes em sua vida dissiparam há muito tempo.
Ele se virou para Stavros. A expressão de seu amante era suave,
impecável, mas Daniel leu a curiosidade confusa nas profundezas dos olhos
de Stavros. — Venha — ele estendeu a mão. — Há alguém que gostaria que
você conhecesse.
Ele apreciou o aceno de Stavros. Ele apreciou o quão fácil Stavros fez
isso parecer, tomando uma decisão e aderindo a isso. Subiram as escadas,
Daniel liderando, Stavros atrás dele, Charlie no fundo da escada, com os
olhos arregalados.
No segundo andar, ele caminhou os poucos degraus para o quarto e
parou na porta fechada.
Hesitar seria a palavra correta. Não era sobre confiar em Stavros com
isso, porque ele confiava em seu amante implicitamente. Isso era sobre
finalmente compartilhar o peso de algo que ele tinha arrastado em seus
ombros por um longo tempo.
Dedos tocaram seu queixo, agarraram seu maxilar. — Olhe para
mim. — Stavros murmurou ferozmente. — Olhe para mim.
Daniel olhou para ele. Olhou nos olhos dele. Havia um poder em
algum lugar dentro de seu amante. Uma coisa magnética que o puxava
para perto. Isso o acalmava. O centrava. — Diablo.
— Não importa. — Stavros virou-os, empurrando Daniel para a
parede ao lado da porta fechada. Dedos apertaram no maxilar de Daniel,
lábios escovaram o dele quando Stavros repetiu:
— Não importa o que ou quem está por trás dessa porta. Estou com
você cem por cento.
O fato era que Daniel não sabia quem o esperava por trás dessa
porta. Seu rosto permanece o mesmo, mas a mente dela...
— Abra a porta para mim — Stavros sussurrou contra seus lábios.
— Deixe-me atravessá-la com você.
Daniel abraçou a cintura de Stavros e segurou-o. Só... Segurou-o.
Respirando profundamente. Tomando um momento, aquele momento, para
se apoiar em alguém. Ele costumava ter Petra. Agora ele tinha Stavros.
— Tudo bem — ele acenou com a cabeça e se afastou, virando-se
para a porta. Uma mão na maçaneta, a outra segurando a mão de Stavros,
ele abriu a porta e entrou no quarto.
Lành saltou da cama, levantou uma arma. Ele ficou confuso com a
aparência externa quando conheceu Lành e eles foram rápidos em instruir
Daniel sobre os pronomes apropriados para usar. O pequeno rosto
emoldurado por uma barba ordenadamente cortada, pernas musculosas
expostas sob uma saia rosa até os joelhos, tiras de um sutiã visível sob a
alça de sua regata, e nascido no Vietnã, Lành, era como ninguém que
Daniel já conhecera.
— Sr. Nieto — levantando abruptamente, suas sobrancelhas
franziram. — Senhor, o que...
— Está tudo bem — ele olhou para a mulher na cama. — Como ela
está?
— Descansando — o foco de Lành mudou-se para Stavros e suas
sobrancelhas franziram. — Está calma hoje, senhor.
— Bom — ele assentiu com a cabeça para Lành. — Este é Stavros
Konstantinou. Você pode confiar nele.
— Claro senhor — ele parecia com Charlie, cauteloso e cético.
Daniel murmurou um sorriso. — Diablo — ele puxou Stavros para
frente. — Esta é a minha mãe — ele gesticulou para a mulher enrolada em
seu lado esquerdo na cama. — Anna-Maria Nieto — ele viu Stavros
observar a mulher na cama antes de voltar para Daniel.
— O que há de errado com ela?
— Alzheimer — Daniel enfrentou a cama, soltando a mão de Stavros
para aproximar-se e olhar para o rosto dela. Ela parecia pacífica com os
olhos fechados, os cabelos longe do rosto e presos na sua nuca. — Sua
mente... — ele engoliu em seco. — Está indo.
Às vezes, sua mente se afastava. Às vezes, retornava, e às vezes
desejava que não fosse.
— Ela foi alimentada — disse Lành atrás dele. — Medicação tomada
— ele hesitou. — Eu vou deixar vocês a sós.
Daniel assentiu sem olhar para longe de sua mãe. — Lành. Gracias.
— Claro senhor — passos suaves foram ouvidos e a porta fechada,
deixando-os sozinhos.
Stavros veio até ele, sua presença ao lado de Daniel, de alguma
forma, aliviando-o.
— Ela é linda — o ombro de Stavros escovou Daniel. — Delicada.
Daniel assentiu. — Mas tão forte — ele se virou para Stavros então.
— Ela está se afastando de mim, diablo. Aos poucos. Memória por
memória.
— Por quanto tempo? — Stavros perguntou.
— Anos — anos desde que apareceram os sintomas pequenos e
quase insignificantes. Até que não pudessem mais. — Mas ela diminuiu
rapidamente nos últimos dois anos.
— Aqui é onde você esteve. — Stavros gesticulou para a cama. —
Quando todos pensaram que você estava no submundo, você estava aqui,
cuidando dela.
— Sí. — Daniel caminhou ao redor da cama e subiu, com sapatos e
tudo, deitado ao lado de sua mãe que dormia. Mãos dobradas sobre o
estômago. Stavros o observou atentamente, com os olhos moles e tristes.
— Sente-se, diablo — ele apontou para uma poltrona no canto. — Fique
comigo.
Um sorriso indulgente dobrou o rosto de Stavros quando ele puxou a
cadeira e sentou-se, o tornozelo direito apoiado no joelho esquerdo. — Você
sabe que eu não vou a lugar nenhum.
— Eu sei?
— Sim.
Foi à vez de Daniel sorrir, pego no aberto desafio do olhar de Stavros.
Até a cama se deslocar. O sorriso caiu, seu olhar também enquanto Daniel
virou a cabeça para a mulher ao lado dele.
Seus olhos estavam abertos, nublados de sono e um vazio que
imediatamente temia. Ele a encarou de seu lado, suas cabeças lado a lado
no travesseiro. — Hola mamá.
Sua sobrancelha enrugou, e ela o tocou levemente, com um dedo na
bochecha. Seus lábios se moveram enquanto lutava para falar. — Quem...
Quem?
Ele sorriu, embora esse gesto fosse muito apertado. Muito frágil para
realmente ser classificado como um sorriso. Ele também se certificou de
manter sua voz calma e até mesmo baixa. — Eu sou Daniel. Você é mi
mamá.
Seus olhos arregalados se dirigiram para ele, e em seu olhar confuso
viu Levi. Ele viu Antônio. Ela tentou falar novamente, mas quando só os
sons confusos escaparam, as lágrimas escorreram pelo rosto.
— Ah, mamá. Tudo bem. — Daniel sentou-se com ela, tocando seu
frágil pulso. — Está tudo bem.
— Ma-Ma — ela murmurou com urgência. — Mamá. Mamá.
— Sí — ele a abraçou, braços enrolados em torno de seus ombros
magros. — Sim, é isso que você é. Minha mãe — emoção torceu sua voz em
um raspar grave. Stavros tocou sua perna, esfregando ligeiramente.
Suas lágrimas, elas caíram mais e mais rapidamente, pingando em
seu braço. Elas o rasgaram, cada gota. Ele fechou os olhos, aprisionando
sua própria dor molhada quando ele começou a cantar. Uma velha música
que ele a tinha ouvido tremendo inúmeras vezes ao redor da casa quando
ele cresceu. Uma música sobre encontrar a força para seguir em frente
após a perda de um ente querido.
Uma música sobre a bravura.
Ele cantou para ela enquanto sua mãe chorava em seus braços. O
aperto de Stavros em sua perna apertou-se e permaneceu sobre ele,
mantendo Daniel atado no meio do mau jeito de desamparo e uma raiva
inútil que queimava em seu intestino.
No final, ele beijou sua testa. — Silêncio, mamá. Você está segura. —
Daniel agarrou-se a ela quando tentou se afastar dele. — Você está segura.
Tudo está bem — perder alguém em estágios, não poderia haver outra dor
como essa. O desamparo de afogamento, nada tão debilitante quanto isso.
Uma mão enrolada em torno dela, ele fez um gesto para Stavros
pegar a escova na sua cômoda. Então Daniel escovou o cabelo de sua mãe.
Ela suspirou, fechou os olhos e se acomodou com a cabeça no seu
colo.
Ele escovou os cabelos com Stavros ao lado dele, oferecendo força
silenciosa.
Ele escovou o cabelo com as mãos trêmulas, tentando estar no
momento. Sabendo que seu tempo era limitado. Sua deterioração acelerava.
Esse conhecimento congelou seus movimentos, e ele olhou para as mãos
dele.
Em suas juntas brancas apertando o punho da escova.
Stavros tocou-o, empurrando a mão de Daniel para fora do caminho.
E seu amante assumiu o lugar onde Daniel não podia mais.
Stavros roçou os cabelos, com a cabeça dobrada ligeiramente em
concentração. Gentil. Respeitoso. Ele escovou os cabelos e o coração
quebrado de Daniel se juntou a essa visão.
Ela finalmente adormeceu. Stavros parou, colocando a escova à
parte, enquanto Daniel acomodava suas costas nos travesseiros e puxava
as cobertas sobre ela.
Então ele saiu da cama e olhou para ela. Stavros ao lado dele, o
polegar de seu amante esfregou o punho que Daniel fez.
— Venha. — Stavros puxou-o, e Daniel o seguiu, passando pela
cadeira de rodas na esquina, fora do quarto, e para fora na varanda
blindada ao lado da suíte de sua mãe.
— Daniel — a tristeza nos olhos de Stavros. Em sua voz, Daniel caiu
no abraço de seu amante.
Ele enterrou o rosto no pescoço de Stavros. Segurando apertado
quando ele se quebrou. Ele estava observando sua mãe desaparecer diante
de seus olhos nos últimos anos, impotente para fazer qualquer coisa para
deter. A medicação. Os doutores. Não havia nada a ser feito, exceto
prolongar o inevitável.
— O que você precisa? — Stavros perguntou contra seu pescoço. —
O que você precisa que eu faça?
Precisar. Ele tentou mais do que a maioria para não precisar de nada
desde que Petra morreu. A necessidade era uma coisa profunda. A
necessidade tornava os mais fortes dos homens fracos. A necessidade
poderia te matar.
— Eu preciso de você — ele se afastou para olhar nos olhos de
Stavros. — Eu preciso de você, diablo.
A boca de Stavros se abriu. Então fechou. Um músculo em sua
mandíbula pulou. Então ele abriu a boca novamente. — Eu quis dizer para
sua mãe.
— Eu sei. — Daniel assentiu. — Mas a resposta continua a ser a
mesma — ele se afastou de Stavros para sentar-se em uma das cadeiras de
vime branco com almofadas verdes. Verde era a cor favorita de sua mãe.
Ele esperou até que Stavros estivesse na frente dele antes de falar
novamente. Antes de confessar:
— Eu não estou bem — ele nunca ficaria bem com esse desamparo,
observando sua mãe desaparecer.
Os olhos de Stavros brilharam e ele caiu de joelhos na frente de
Daniel. — Não importa. Estarei aqui quando você estiver bem. E
especialmente quando você não estiver.
Realmente não deveria haver nada para sorrir sobre essa situação.
Nada para ser feliz. Exceto que havia. O homem de joelhos com fogo e
promessa em seus olhos. Ele provocou o sorriso de Daniel quando não
havia nada para sorrir em tantos anos. Ele deixou Daniel feliz mesmo em
meio a um desespero sombrio.
— Como você faz isso? — Daniel perguntou suavemente.
A testa de Stavros enrugou. — Faço o quê?
— Faz-me feliz. — Daniel ergueu o rosto, escovando o polegar ao
longo do maxilar de Stavros. — Como você faz a escuridão suportável?
— Eu não sei, mas estou feliz que eu faça. — Com os olhos
fechados, Stavros virou o rosto para a palma de Daniel, pressionando seus
lábios lá. — Você merece...
— Você. Isso é o que eu mereço diablo.
Os cílios de Stavros se elevaram. — Então pegue o que você merece.
Daniel inclinou-se, a testa contra Stavros. — Eu quero compartilhar
minha mãe com você, e tudo mais — ele estava observando atentamente,
então ele viu o ligeiro alargamento dos olhos de Stavros.
— Você quer compartilhar uma vida.
— Eu sei. — Daniel lambeu os lábios. — Eu sei que o compromisso e
a monogamia não são coisas que você conhece — seus dedos apertaram o
rosto de Stavros. — Eu não espero...
— Espere. — Stavros agarrou a mão de Daniel, levando-a para o
meio do peito, e a manteve apertado. — Você me trouxe aqui. Você me
deixou vê-lo. Você quer muito esperar coisas de mim — ele disse
ferozmente, parecia quente e pesado como o sol do meio-dia. — Você espera
coisas de mim.
— Diablo.
— Espere que eu ame você, como você me ama — ele se aproximou,
estabelecendo-se entre as pernas de Daniel. — Espere que eu o respeite o
suficiente para você fazer o mesmo — disse com voz rouca. — E por uma
vez, você fodidamente espere que eu cuide do seu coração.
Entre as pernas de Daniel, ele tremia.
— Acalma-se. — Daniel alisou a cabeça de Stavros e agarrou sua
nuca para inclinar sua cabeça para trás. — Stavros.
— Não. — Stavros sacudiu-se de seu aperto. — Diga-me. — ele
falou na frente da camisa de Daniel. — Diga-me o que você espera de mim.
Daniel beijou-o, os lábios pressionando na boca tremendo de
Stavros. Ele o beijou com força. Rápido. Então suave e lento, persuadindo
Stavros a abrir, afundando sua língua com um gemido. Chegando a casa,
ele sempre sentiu vontade de voltar para casa.
Quente e convidativo.
Seu gosto foi personalizado especificamente para Daniel. Molhado e
selvagem. Escuro e intrigante. Carnal e viciante.
— Espero que você me ame como eu te amo — ele sussurrou nesse
beijo. — Eu espero que você faça exatamente o mesmo comigo, porque vou
fazer o mesmo com você. — Stavros estremeceu. Seu controle sobre Daniel
vacilou. — Espero que você cuide meu coração, diablo, porque vou cuidar
do seu.
— Sim. — Stavros suspirou em sua boca. — Sim — ele avançou,
tomando a boca de Daniel novamente. Empurrando seu caminho para
dentro, a língua empurrando profundamente.
Daniel grunhiu, puxando seu cabelo.
Caindo de novo.
Se afogando.
Com vontade.
Stavros se separou primeiro, olhando para Daniel com os lábios
molhados e olhos largos. — Eu sempre fui um homem egoísta — ele limpou
a voz rouca de sua garganta. — Isso não vai mudar Daniel.
Daniel sorriu com aquele aviso. — Eu vi seu lado egoísta, diablo. Eu
gosto disso.
Na verdade, ambos eram homens egoístas, o que os fazia ideais um
para o outro.
— Não posso acreditar que você me perdoou.
Daniel balançou a cabeça. — Esse não foi um gesto altruísta, Stavros.
Eu não tinha nada, e então eu tinha você. Você se tornou o meu tudo,
diablo. E para aceitar esse presente, eu tive que perdoá-lo. Mas eu só posso
dar perdão. A redenção é a sua parte — ele colocou a mão sobre o coração
de Stavros. — A redenção começa aqui.
Stavros olhou para a porta, que levava para o quarto de Anna-Maria.
— Esta estrada, esta jornada com sua mãe, eu quero estar lá com você.
Para você.
— Eu quero isso também.
Stavros apertou os olhos. — Você está fazendo isso sozinho? Mas e
sobre...
— Foi uma jornada muito longa. Antônio sabia. E Petra. Mas
ninguém mais.
— Levi?
Daniel esfregou uma mão sobre o rosto. Ele lutou com isso por tanto
tempo. — Ele não sabe que ela está viva.
Stavros endureceu. — Explique.
Então Daniel fez, dizendo a Stavros sobre as circunstâncias sobre o
nascimento de Levi e sua vida longe da vida dos Nieto.
— Merda. — Stavros balançou em suas ancas. — E todo esse tempo
você não contou a Levi?
— Acredite ou não, não sei o que dizer. E é justo para ambos? —
Daniel fez as perguntas que ele estava perguntando há anos. — Ela não
tem suas faculdades mentais no lugar. Ela não vai conhecê-lo. Como faço
isso com ele?
Stavros levantou-se de seus joelhos e retomou o assento, inclinando-
se para frente com os cotovelos nos joelhos. — Eu gostaria de saber.
Daniel o observou enquanto as emoções tocavam em seu rosto.
— Minha mãe, você sabe que ela morreu me dando à luz.
Daniel tocou as mãos dobradas de Stavros. — Eu sei.
— Crescer sem ela, isso foi... Difícil. Faltava algo que meu pai nunca
conseguia consertar. Pelo menos, ele não tentou. Se eu pudesse tê-la por
um dia... — ele abriu as mãos. — Se eu pudesse abraçá-la apenas uma vez,
dizer a ela que a amo... — sua voz quebrou quando ele encontrou o olhar de
Daniel com olhos vermelhos. — Eu gostaria de um dia. Desse abraço. Desse
momento.
Daniel apertou sua mão. — Você acha que eu deveria contar a Levi.
— Sim.
Ele sentiu-se egoísta pelo fato de alguém ter tomado as decisões por
ele. — Então eu vou.
Stavros inclinou a cabeça. — Sim?
— Sim, e você virá comigo para Seattle.
Seu amante sorriu, com os olhos dançando com malícia. — Você
sabe, Donovan Cintron é do tipo que atira primeiro, e depois faz as
perguntas, certo?
Daniel deu um de seus sorrisos. — Você deveria ter pensado nisso
antes de sequestrar seu marido.
— Você me conhece. — Stavros abriu a mão, palmas planas contra
Daniel, ligando seus dedos. — Eu vivo para o perigo.
Capítulo 30
— Esta é uma má ideia. — Stavros olhou da casa para Daniel
sentado ao lado dele na parte de trás do SUV. — Não me interprete mal,
estou bem com isso. Só queria ter certeza de que saiba que isso... — ele
acenou novamente para a casa. — É uma má ideia maldita.
— Notei — a boca de Daniel se contraiu.
Eles já estavam parados com o carro uns cinco minutos em frente a
casa. Se Stavros tivesse sua chance, eles deixariam Seattle e voltariam para
Nova York. Talvez Atlanta. Inferno, um hotel nas proximidades daria certo.
Eles estavam em movimento desde que deixaram a mãe de Daniel há dois
dias. Daniel estava amarrando as pontas soltas. E Stavros manipulava seu
próprio negócio por meio de telefonemas com seu tio. Não havia tempo para
expirar.
Este momento seria difícil para Daniel, e Stavros se recusava a
deixar seu amante passar por isso sozinho. Então ele veio para Seattle,
para estar cara a cara com Levi e seu marido. Claro, Stavros esperava
plenamente que Donovan Cintron tomasse represálias pelo que Stavros fez.
Ele faria o mesmo, então ele não podia ficar bravo. Merda, ele nem se
importava.
Na verdade não.
— Eu lhe disse que eu tenho uma casa na Ilha de St. Simons na
Geórgia? — ele se aproximou de Daniel, até que seus ombros estivessem
juntos. — Fica na costa sudeste, a meio caminho entre Savannah e
Jacksonville.
Daniel interrompeu o seu olhar da casa e tocou um dedo na
bochecha de Stavros. — É isso?
— Sim. — Stavros inclinou a cabeça para trás, sua respiração ficou
alta e pesada quando a mão de Daniel percorreu sua garganta e apertou
ligeiramente. — Casa na praia também. — Daniel apertou sua garganta e
os lábios de Stavros se separaram. — Eu quero foder você lá.
— Na praia? — a expressão de Daniel era todo mar calmo e céu azul,
mas sua voz era outra questão. Agitada, quando a mão na garganta de
Stavros se moveu para o sul, cavando em seu estômago antes de mergulhar
mais baixo.
Agarrando sua ereção.
Stavros gemeu.
— É verdade — sussurrou Daniel, respirando sobre os lábios de
Stavros com uma onda provocadora de calor. — Precisamos de férias.
— Foda-se. — Stavros empurrou em seu aperto. — Sim, nós
precisamos.
— E devo admitir... — ele lambeu Stavros, um rastro molhado de
fogo em sua mandíbula. — Estou apaixonado por seu sexo.
Jesus. Stavros agarrou-o pelos cabelos, amassando seus lábios
juntos. — Não diga coisas assim. Não aqui — ele bateu no lábio de Daniel,
depois sugou, tremendo quando o aperto de Daniel em seu pênis ficou mais
apertado. A doce dor fechou seus olhos quando ele empurrou os quadris
para frente.
— Diablo.
— Feche — Um sussurro contra seus lábios. — Sua — mordida. —
Boca — beijo. Stavros colidiu contra a sua boca, ofegante enquanto se
agarrava a Daniel. — Caso contrário, eu vou fodê-lo na entrada do seu
irmãozinho.
Daniel estremeceu, e Stavros empurrou-o para trás no assento,
jogando uma perna sobre ele.
Montando-o.
O pênis de Daniel pressionou forte contra Stavros, e ele gemeu, com
a cabeça jogada para trás, ambas as mãos agarrando a nuca de Daniel
enquanto ele se balançava contra ele. Daniel segurou sua bunda, a boca no
pescoço de Stavros, os quadris levantando enquanto moíam.
Porra, mas Stavros não se lembrava da última vez que ele fez algo
assim. Era embriagante. Quente e emocionante. Os grunhidos de Daniel
dançaram sobre a pele de Stavros, os dedos apertados e definitivamente
deixando marcas. Eles se moveram juntos.
Friccionando.
Moendo.
Nenhuma outra maneira de descrevê-lo que não seja tão bom.
Ele pegou a cabeça de Daniel, levantando-a para pegar seus lábios,
sugando-os um a um na boca enquanto Daniel ofegava por ele. Então
Stavros entrou.
E ele se aprofundou.
Fodendo seu caminho para Daniel, com as bocas abertas, as cabeças
inclinadas em um ângulo. Línguas entraram em confronto, e se
emaranhado.
Daniel gemeu e Stavros o provou, de forma áspera antes do som se
desintegrar em torno de seu beijo. Ele passaria o resto do dia aqui no banco
de trás do SUV, Daniel, com a língua na sua boca, todos os sons de seu
amante saboreando seu beijo. Escurecendo-o. Colorindo algo imperfeito.
Algo selvagem e desesperado.
Muito parecido com o homem contra a bunda de Stavros, o homem
cujos dedos o agarraram fortemente. Tão perigoso. Esse perigo estimulou
Stavros e ele alcançou entre eles, agarrando a virilha de Daniel.
A respiração de seu amante balbuciou.
Stavros sorriu quando seus dedos se instalaram no cinto de Daniel.
A porta do carro a sua esquerda se abriu e as mãos agarraram
Stavros pelos cabelos, arrancando-o de Daniel e fora do veículo. Ele caiu no
chão de joelhos.
— Isso é uma fodida merda.
Ele ergueu a cabeça e olhou para o barril da arma de Donovan
Cintron.
Bem, foda-se.
Daniel correu para fora do SUV, e o coração de Stavros gemeu.
— Daniel — ele latiu. — Pare — ele não desviou o olhar de Van, mas
pelo canto de seus olhos ele viu Daniel congelar. — Isto é entre Van e eu —
lentamente, ele ergueu as mãos para entrelaçá-las atrás de sua cabeça.
— Diablo. — Stavros reconheceu a agonia na voz de Daniel. A
necessidade de fazer algo, qualquer coisa para proteger a pessoa que você
ama, mesmo que você permaneça impotente para fazer qualquer
movimento.
— Pare. — Stavros balançou a cabeça lentamente. — Deixe-me fazer
isso.
A mão de Donovan Cintron não vacilou, nem mesmo quando seu
marido acabou correndo pela porta da frente.
— Van, merda! — Levi deslizou em uma parada ao lado de seu
marido. — Você está em público, maldição.
Stavros sorriu. Era errado ele gostar que Levi não repreendesse Van
por puxar uma arma para Stavros? Esses garotos Nieto são sanguinários
como o inferno.
— Van, afaste sua arma — Daniel falou suavemente, com cuidado.
Provavelmente, a primeira vez que Stavros o tinha ouvido usando esse tom
cuidadoso.
Ele não gostou.
— Já tem um tempo desde que eu queria um pedaço de você —
disse Van. — Você gosta de pensar que é intocável, e você pode até ter sido.
Até você colocar as mãos sobre o que é meu.
— Quando você está em guerra, você usa todas as armas à sua
disposição. — Stavros encolheu os ombros. — Levi era uma arma.
Van esmagou seu rosto com a arma e Stavros empurrou para trás.
Merda. Isso dói.
— Van.
Stavros conseguiu examinar através do sangue escorrendo pelo
rosto. Daniel tinha uma mão no ombro de Van. Levi tinha as mãos
cruzadas enquanto observava de perto.
— Deixe-o. — Stavros lambeu seu lábio cortado, estremecendo com
a queimada resultante. — Deixe-o — ele disse a Daniel de novo. — Está
tudo bem.
Ele nem viu o punho chegar até que ele esmagou seu nariz.
— Seu buceta do caralho. — Van grunhiu enquanto ele se agachava
em frente à Stavros. — Da próxima vez que você pensar em envolver o meu
marido em seus jogos doentes, eu estou atirando em sua bunda — ele
endireitou-se. — E eu não me importo com quem está mantendo a porra do
seu pau molhado — ele se afastou de volta a casa com seu marido ao seu
lado.
Daniel pegou Stavros, ajudando-o a se levantar. — Você está bem?
— Estou bem. — Stavros limpou o rosto com a manga. — Nós dois
sabemos que eu já estive pior.
— Por que você me impediu? — Daniel agarrou a frente da jaqueta
de Stavros. Seus olhos se estreitaram ao dimensionar Stavros. — Ele
poderia ter te matado.
— E eu não teria merecido isso? — ele colocou uma mão sobre a de
Daniel. — Não vamos fingir que não cruzei uma linha envolvendo Levi e
Toro em nossa luta.
O maxilar de Daniel apertou.
— Eu não o detive porque, se ele tivesse feito com você o que fiz com
Levi, eu reagiria da mesma maneira. Além disso, se ele quisesse me
machucar, eu estaria machucado — ele não duvidou disso. Stavros estalou
o pescoço dele. — Estou bem, e seu irmão está esperando por você lá — ele
balançou a cabeça quando Daniel abriu a boca. — Eu vou esperar por você
aqui. Seu irmão precisa de você — ele segurou o maxilar de Daniel. — Você
também precisa dele.
Uma pequena contração curvou a boca de Daniel. — Há sangue na
sua garganta — seus dedos tocaram Stavros lá, com um toque de pena.
Ainda assim, aquele toque áspero se demorou. Como todos os toques de
Daniel. — Eu estou duro para você.
— Você sempre está duro para mim. — Stavros sorriu. — Mas
quanto mais cedo você conversar com seu irmão, mais rápido minha língua
pode estar na sua bunda.
As narinas de Daniel inflaram e ele puxou Stavros em seus braços, a
boca indo até sua garganta. Um calor úmido acendeu contra seu pomo de
Adão quando Daniel o lambeu.
Lambeu o sangue dele.
Inferno. — Você sabe que vou gozar, se você mantiver essa merda.
Daniel o soltou abruptamente e recuou. — Aguarde-me no carro.
— Sempre. — Stavros deu-lhe um sorriso torto.
Com um aceno na cabeça, um sorriso jogando nos lábios, Daniel
virou-se para a casa de seu irmão. — Ah, e mais uma coisa…
Stavros parou com a mão na porta do carro e olhou para trás.
— Quando eu voltar, você terminará o que você começou nesse
banco de trás.
Stavros lambeu os lábios.
— Então, você nos levará para a casa da praia, e fará tudo de novo.
Deus. Droga. — Eu amo você — disse ele. Porque essa era realmente
a única resposta que um momento assim exigia.
— Lo sé17. — Daniel assentiu uma vez. — Eu também te amo — ele
continuou a curta caminhada até a porta da frente do seu irmão.
E Stavros esperou por ele.
17
Eu sei em Espanhol.
Capítulo 31
Três dias depois de conhecer seu filho mais novo, Anna-Maria Nieto
contraiu pneumonia. Com seu sistema imunológico já comprometido, ela
nunca se recuperou. E três semanas depois desse momento emocional, ela
morreu.
Nos braços de Daniel, com Levi ao lado dele. Com Van e Stavros nas
proximidades, ela morreu.
A primeira vez que Daniel viu a casa de praia de Stavros foi o dia em
que chegaram, todos os quatro mais Toro, para espalhar as cinzas de sua
mãe no oceano. Ele esperava a perda, mas essa expectativa não diminuiu a
dor. Nem aliviou a culpa.
Ele desejou ter contado a Levi sobre ela mais cedo.
Ele desejou poder retirar Antônio para vê-la uma última vez, em vez
de ter que enviar uma mensagem à prisão por meio de terceiros sobre sua
morte.
Ele desejava que todos reconhecessem os sinais de sua doença pelo
que era, em vez de marcar a sua idade. Ao estresse de ser a esposa de
alguém como Eduardo Nieto.
Principalmente ele se arrependeu do tempo que ele passou longe
dela, quando ela mais precisava dele. Tempo que ele não conseguia fazer
voltar.
Ele apertou seus dedos em torno do trilho na varanda do segundo
andar, fora do quarto principal, olhando para a praia escura abaixo. 1:53
da manhã e ele não conseguia dormir. Seus convidados haviam saído mais
cedo naquele dia, depois de passar dois dias na casa da praia, então agora
era apenas Daniel e Stavros.
Stavros, que estava em Nova York quando Daniel recebeu as notícias
sobre a infecção de Anna-Maria. Ele voltou e nunca saiu. Ficando ao lado
de Daniel, dando-lhe forças quando tinha certeza de que as dele acabara.
Stavros deu-lhe conforto apenas por estar perto.
E Daniel o amava.
De todos os caminhos que ele havia visto trilhando depois da morte
de Petra, ele nunca tinha visto isso. E ele estava feliz por isso.
— Hey — os braços deslizaram em volta de seus ombros nus por
trás, antes que os lábios de Stavros escovas em sua nuca. — Não conseguiu
dormir?
— Não — ele inclinou a cabeça para trás e para o lado, então
Stavros poderia beijar seu pescoço. Este era o seu lugar mais seguro. Os
braços de Stavros. A ironia não estava perdida para Daniel, mas ele não se
importava. Não podia pagar. Não quando o calor do corpo de seu amante
estava se espalhando por ele.
Não quando as palmas de Stavros deslizaram para baixo do peito de
Daniel e se acomodaram no seu quadril, exercendo pressão suficiente para
fazê-lo virar-se e enfrentar o rosto de Stavros sob o luar. Seu cabelo escuro
e grosso estava amassado, olhos ainda nebulosos com o sono.
O homem mais sedutor que Daniel já havia posto os olhos.
Ele escovou um pedaço de cabelo dos olhos de Stavros. — Eu vou
para a cama em breve.
Stavros encolheu os ombros. — Ou não. Não importa, estou aqui.
Ele estava, e tinha sido a única coisa constante na vida de Daniel.
Antes, tinha sido Petra. Então a ira e a sede de vingança. Agora, era
Stavros.
— Ei — Stavros pegou o queixo, levantando a cabeça de Daniel o
suficiente para que seus olhos se segurem. — Você se sente culpado.
Stavros o conhecia, então Daniel não o insultou em negar essa
afirmação. — Sim.
— Ok — olhos brilhantes, Stavros assentiu. — Diga-me o porquê.
Com as costas contra a grade, Daniel ergueu a respiração e inclinou
a cabeça para trás, olhando para o céu negro. — É verdade o que eles
dizem diablo. El Karma es cabrón. — Karma é uma puta. — Uma vez eu
disse a um homem que eu mataria todos aqueles que ele amava e o deixaria
vivo para viver com essa dor. Com essa culpa — ele encontrou os olhos de
Stavros. — Eu sou esse homem hoje. Todo mundo que eu amo está
morrendo e ainda estou vivo, vivendo com a dor. Com a culpa.
— Nem todo mundo que você ama está morrendo. Seus irmãos estão
aqui. Seus sobrinhos — os cantos da boca de Stavros curvaram-se da
maneira mais perversa. — Eu.
— Diablo — Daniel frisou o apelido. — Eu amo você — ele tinha que
dizer isso. Precisava ter certeza de que Stavros entendia. Daniel o amava.
Amava ele.
— Eu sei. — Stavros encostou-se ao peito dele, segurando-o mais
apertado. — Diga-me por que você se sente culpado por sua mãe.
Com a menção dela, o peito de Daniel apertou-se e sua respiração
ficou áspera. — Nós não reconhecemos os sinais mais cedo — ele
respondeu. — Quando ela esquecia que dia era. Quando teve problemas
para amarrar seus cadarços. Ela saia de casa e depois voltava, mas
esquecia para onde estava indo. Eu não sabia. Nós não sabíamos.
— Claro que não. — Stavros acariciou seu rosto, uma testa franzida
em confusão. — Como você poderia saber?
— Meu pai a maltratou — essas palavras eram cinza na língua, o
amargo acre era uma coisa permanente. — Ele aproveitou seu estado de
enfraquecimento, e nunca vimos isso. Ela nunca nos contou — ele inalou
bruscamente. — Ele sempre foi um homem violento, mas eu não tinha
motivos para pensar que ele iria prejudicar a mãe de seus filhos — ele
agarrou Stavros, olhando nos olhos de seu amado quando ele disse:
— Eu não tinha motivos para pensar que ele prejudicaria a mulher
que o amava por mais da metade de sua vida.
Mas Eduardo gostava de infligir muita dor para parar com apenas
seus inimigos. Ou aos seus filhos.
— O que ele fez?
Pensar sobre isso só serviu para aumentar sua ira. Daniel abriu as
mãos, esticando-as ao seu lado enquanto Stavros o acariciava suavemente.
Apenas o contato mais curto com a ponta dos dedos deslizando para cima e
para baixo ao longo dos lados de Daniel e ele queria bocejar e se esticar no
conforto.
— Antônio os encontrou — as palavras coçaram sua garganta,
molhada de raiva dolorida. — Ela estava encolhida na cozinha, papá
elevando-se acima dela. Ela incendiou a cozinha tentando fazer café da
manhã e a derrubou no chão — ele apertou os olhos para fechá-los antes
de abri-los. — Ela não sabia onde ela estava. Não reconheceu Tonio. Não
podia falar o nome de seu marido ou filhos.
— Jesus — a respiração de Stavros lavou a garganta de Daniel.
— Eu não estava em casa, mas Tonio trouxe-a para Petra. Eu teria
lidado com papá. — disse ele a Stavros. — Eu teria lidado com ele. Tonio
chegou até ele primeiro.
— Há rumores de que você foi o único a matar seu velho.
— Sí — ele sabia sobre os rumores, mas nem ele nem Antônio
corrigiam. — Depois desse dia, ela morava com Petra e eu. Ninguém sabia o
verdadeiro motivo. Nós a mantivemos fora da vista uma vez que ela havia
sido diagnosticada. Depois que Petra morreu, tive que fazer uma escolha
sobre ela, sobre o negócio. Mesmo na prisão, Tonio queria que eu voltasse
para a vida, mas nossa mãe tinha que vir primeiro. E eu tive que fazer isso
para que eu pudesse ficar livre para cuidar dela por quanto tempo ela
precisasse.
Stavros soltou-o abruptamente e ficou ao lado dele, de frente para a
praia enquanto Daniel enfrentava a casa. — É por isso que você se
associou com Syren.
— Ele me devia, e ele tinha os recursos para se certificar de que
permanecesse intocável — ele não podia continuar olhando por cima do
ombro, e não se ele quisesse ajudar sua mãe. Ele não podia estar atrás das
grades enquanto ela precisava dele.
— Você se tornou intocável dos federais, mas Felipe era algo
diferente.
Felipe era pessoal. — Ele me culpou pela morte de Petra.
— Sim — Stavros sussurrou. — Mas você também o fez pensar que
queria voltar para o negócio. Você o forçou a tomar medidas drásticas.
— E então você cortou sua cabeça. — Daniel torceu para pressionar
seus lábios no ombro de Stavros. — Eu não esperava isso de você, diablo.
E eu não acho que te agradeci.
— Foda-se, não preciso de sua gratidão — os olhos se estreitaram,
Stavros agarrou-o pelo queixo. — Por que você me pegou? Realmente? — o
luar deu aos seus olhos um brilho etéreo, tornando-os ainda maiores
quando olhou para Daniel.
Ele sorriu.
— Porque eu queria você. Eu precisava de você — ele confessou. —
Eu pensei que era apenas por causa de Petra que eu via seus olhos no meu
sono, diablo — inclinando-se para frente, ele escovou o nariz com o de
Stavros enquanto ele sussurrava. — Eu pensei que o fogo na minha barriga
quando eu pensava em você era todo sobre ódio, diablo. E pensei que
querer mantê-lo perto era simplesmente por causa do que você tinha feito.
Stavros piscou.
— Mas foi mais — sempre mais. — Você me deu tanta dor, mas
também me deu prazer. E se perder Petra me coloca numa prisão, você é o
carcereiro. Aquele com a chave. Diablo — ele segurou o maxilar de Stavros.
— Você me libertou.
— Merda. — Stavros parecia chocado.
Daniel riu. — Sí.
Mas Stavros não retornou o sorriso dele. — Você pode fazer muito
melhor.
— Talvez. Talvez não. — Daniel deu de ombros. — Não importa. Eu
só quero você.
Stavros gritou uma risada. — Maldição. Amar você é... — ele
balançou a cabeça. — Amar você é uma merda.
Daniel pegou a mão de Stavros e a colocou no seu tronco, no nome
de Petra. — Toque-me, diablo. E não seja gentil.
Mas a atenção de Stavros estava presa em suas mãos, esticadas na
pele de Daniel. — O que você acha que ela teria dito sobre isso? Sobre nós?
Por um momento, Daniel teve que reunir seus pensamentos. E então
ele falou honestamente. — Eu acho que no começo ela não entenderia. E
ela provavelmente me esbofetearia. Mas ela tentaria. Ela tentaria entender,
diablo. E ela gostaria que eu vivesse, no entanto, tanto quanto eu quereria
que ela fosse feliz.
Stavros engoliu em seco.
Daniel inclinou-se para frente e beijou-o. — Ela iria querer que eu
estivesse com alguém que possa lidar com quem eu sou. O que eu sou. E
ela diria foda-se para quem não nos entendesse.
Os olhos de Stavros estavam largos. — Ela falava palavrão?
— O filho da puta era seu favorito — ele sorriu para a expressão
cômica no rosto de Stavros. — Às vezes, ela deslizava e amaldiçoava na
frente da minha mãe. Aqueles eram momentos divertidos.
A garganta de Stavros funcionou e a tristeza encobriu os olhos. — Eu
não posso acreditar que você está compartilhando ela comigo. Tão
livremente.
Daniel girou e o encontrou em seus braços. Stavros agarrou-se a ele,
o rosto enterrado no pescoço dele. — Eu compartilhei tudo com ela. E vou
compartilhar tudo com você. Tudo, incluindo ela.
Stavros apertou sua nuca e puxou a cabeça de Daniel para trás. —
Você me pegou.
— Eu fiz? — Daniel levantou uma sobrancelha.
— Você me pegou — ele beijou Daniel, com dificuldade. Afiado. —
Foda-se, você me pegou.
Daniel limpou todos os traços de alegria de seu rosto. — Prove isso.
As narinas de Stavros inflaram naquela relativa forma e seus olhos
brilharam segundos antes de bater a boca na de Daniel. Duro o suficiente
para fazê-lo cambalear, para tê-lo agarrado a algo, qualquer coisa para
manter o equilíbrio.
Mas então a língua de Stavros mergulhou profundamente, e Daniel
não se preocupou em ficar de pé.
Ele se preocupou apenas em combinar cada golpe carnal com o dele.
Sobre o levantamento da perna direita para agarrar a cintura de Stavros,
esfregando sua ereção contra toda essa dureza. Todo esse calor. Os dedos o
agarraram, agarrando sua pele, cavando mais fundo que o osso.
Stavros ofegou na sua boca, lambendo-o, chicoteando-o. Sempre
seus beijos trouxeram um desespero, uma fome que Daniel sentia em seu
intestino. Ele nunca mais iria ultrapassar, e ele não queria.
Ele queria esse momento, ele colocou a mão sob o calção de Stavros,
e agarrou uma das nádegas.
Espremendo.
Provando aquele gemido desfiado. Sentindo os tremores. Pronto para
o terremoto.
Ele se afastaria de tudo para ter isso todos os dias. Os braços de
Stavros apertaram ao redor dele, firmes, mas ainda frouxos. Sua boca,
destruindo Daniel com todo aquele molhado. Afogando-o. Salvando-o.
Sua vida nas mãos de Stavros.
Seu prazer também.
Sua dor.
Tudo isso.
Ele afastou a boca da de Stavros, agarrando-o pelo queixo,
certificando-se de cavar e sorrir quando Stavros estremeceu.
— Preciso de algo para a dor, diablo — esqueceu-se, porém, como
deveria soar, sua voz era um grunhido mutilado. — Preciso de algo como
você.
Stavros exalou, e foi quase um soco de respiração quente no rosto de
Daniel.
— Eu estou oferecendo isso — ele não soltou Stavros. Não podia. —
Eu quero que você tome tudo. E não seja gentil.
Stavros agarrou-o pela virilha e empurrou o rosto para Daniel até o
nariz ficar pressionado.
— Não me diga o que diabos fazer — seus dentes afundaram no
lábio inferior de Daniel.
Não foi uma mordida delicada.
— Eu vou te tocar porque eu quero. Definitivamente vou fodê-lo
porque eu quero.
Daniel jogou a cabeça para trás, segurando o controle de seu eixo.
De todas as maneiras que ele amava Stavros. Especialmente na cama deles.
Rápido ou devagar. Duro ou macio. Gentil.
Ou isto.
O olhar assustador e frio em seus olhos. A intenção de causar
estragos no rosto.
Daniel adorava.
Esta noite ele queria esse estrago, sob qualquer forma que tomasse.
— Venha. — Stavros afastou-se de repente, mas segurou a mão de
Daniel. — Venha comigo.
— Sim — onde quer que fosse. Sempre. Ele não tinha dúvidas sobre
seguir seu amante.
Lábios curvaram-se em um sorriso, Stavros virou-se e levou-os de
volta ao quarto. As cobertas brancas estavam amassadas, a luz de uma das
lâmpadas de cabeceira lançando a quantidade certa de brilho.
Liberando a mão de Daniel, Stavros fez um gesto para as calças de
pijama. — Tire-as.
Ele fez. Em dois segundos malditos.
Então ele ficou diante de seu amante apenas em sua pele.
Stavros tocou seu peito, seu torso. — Você sempre está tão quente —
ele murmurou com as pálpebras baixando. — Eu amo sua pele.
Quando ele segurou o eixo já doído de Daniel, ele inalou
bruscamente. — Diablo...
— Joelhos — as pálpebras de Stavros se elevaram, acendendo-se
com o tipo de fome mais quente. — Agora.
Novamente. Dois segundos malditos. E ele nem sequer se importou
com esse olhar nos olhos de Stavros que reconheceu a vontade de Daniel de
estar aqui, um tapete queimando seus joelhos, os músculos doloridos
enquanto ele olhava para cima, lambendo seus lábios.
Esperando.
O silêncio caiu quente entre eles. Carregado. Stavros olhando para
ele, o olhar frio e calculado de antes desaparecido, derretido pelo calor,
amor e apreciação que preenchia agora seus olhos. E Daniel...
Esperando.
Até que ele não conseguiu. Ele se inclinou para frente, envolvendo
ambos os braços ao redor dos quadris de Stavros enquanto pressionava o
rosto na virilha coberta de shorts e inalava.
Estremecendo.
Porque esse cheiro embriagante de luxúria e fome nunca deixava de
atingi-lo na cabeça. Esse cheiro, tudo por ele, nunca deixaria de engrossar
sua garganta e enviar necessidade ondulando pelo cheiro.
Esse cheiro era dele.
Pertencia a ele. Tal como fez Stavros. Então, Daniel puxou o calção
para baixo de seus quadris, levando sua ereção lisa na boca antes que os
shorts atingissem os tornozelos de Stavros.
— Porra. — Stavros agarrou sua nuca, segurando Daniel para ele,
forçando-o a tomar mais. — Porra.
Ele não estaria ganhando nenhum prêmio em um concurso para
isso, mas ele gostou. O gosto era tudo Stavros, selvagem, louco, bom.
Daniel tinha sede por mais. Então ele bebeu, engolindo-o o melhor que
pôde. Uma mão agarrando-o na base enquanto o levava para dentro e para
fora.
Para cima e para baixo.
— Foda-se, agápi mou. — Stavros se moveu para ele, avanços
superficiais enquanto ele se levantava na ponta dos pés. — Me veja. Deixe-
me foder essa boca.
Daniel grunhiu, imergindo em dar prazer a seu amante. Seu sangue
bateu em seus ouvidos com cada mergulho e arrastar sua língua. Entre
suas pernas, ele latejava.
Querendo.
Precisando.
Arfando, respiração tomando um assento traseiro para chupar.
Dentes pastoreando o suficiente para que Stavros agarrasse seu cabelo e
puxasse, puxando-o para fora.
— Maldito seja — ele tremeu contra o toque de Daniel. — Eu vou
gozar para você. Vou gozar em sua boca e observá-lo engasgar comigo.
Sim.
— Mas ainda não. Não agora — ele se segurou, trouxe sua coroa para
os lábios de Daniel. — Cuspa nisso.
A hesitação não estava em nenhum lugar no vocabulário de Daniel,
onde Stavros estava em causa. Ele seguiu o comando e observou como sua
saliva fez uma caminhada lenta no comprimento do eixo de Stavros antes
de mergulhar os nódulos.
— Lamba tudo.
Ele começou na base, a ponta de sua língua rígida pegando aquela
saliva quando ele deslizou. Para cima. Então pegou a cabeça em sua boca
novamente.
Chupando. Bochechas vazias, puxando duramente enquanto Stavros
amaldiçoava e empurrava com força.
Mais fundo.
— Merda. Foda-se, sua boca — sua linguagem ficava ainda mais
suja durante o sexo. — Deus — ele empurrou o rosto de Daniel em seu
púbis. — Deixe-me foder essa boca. Sim — ele fez um som, inalando com a
boca aberta, mas os dentes apertados. Um silvo prolongado e arrastado.
Ambas as mãos contra o traseiro, Daniel o encorajou a empurrar. A
fazer o que queria. Stavros assumiu essa direção, os quadris avançando
para enterrar-se profundamente.
Respiração trancou.
Olhos regaram.
Todo o seu corpo ficou tenso.
Mas Daniel manteve os olhos molhados abertos, em Stavros. Ansioso
por mais. Tomando o que Stavros deu. Amando isso. Ele estava cercado por
ele. Na garganta. Na boca dele. As suas narinas. Stavros estava em todos os
lugares.
Como deveria ser.
Um impulso e ele estava engasgando, garganta apertando.
Asfixiando. Mas Stavros o segurou imóvel, com seu cabelo agarrado. Olhos
brilhando enquanto olhava para Daniel. Entrando e saindo.
Duro.
Fodendo sua boca. O usando. Mãos flexionando na bunda de
Stavros, e Daniel o incitando a empurrar. Ele balançou na borda, o controle
de Stavros sobre seu corpo e seu prazer potente. Ele latejava por toda
parte, a necessidade de explodir estava pesada e quente na base da sua
coluna vertebral. Ainda assim, ele a afastou. Muito apaixonado pelo pau na
boca e os dedos brutais em seus cabelos.
Seus joelhos protestaram contra a sessão de joelho prolongada, suas
bolas também, mas Daniel ficou ali mesmo, deixando Stavros foder sua
boca.
Até que seu amante se retirou. Saliva escorria pelo queixo de Daniel
enquanto observava Stavros sentar-se à beira da cama e acariciar-se.
— Rasteje para isso.
Capítulo 32
Stavros segurou seu olhar, o pulso trabalhando em seu pênis.
A mão de Daniel foi para sua própria ereção, apertando a base. Todo
o seu corpo ameaçava entrar em erupção com todos os comandos emitidos
por Stavros. A excitação o deixou fraco, mas não muito fraco para rastejar a
curta distância para Stavros. Não muito fraco para se estabelecer entre os
joelhos espalhados e pressionar o rosto na virilha.
Dedos percorreram seu cabelo, empurrando-o para baixo.
Mais baixo.
Stavros recostou-se. As pernas subiram, os calcanhares
pressionando na borda da cama.
Ele ofereceu-se.
Daniel pegou.
Palmas na parte de baixo das coxas de Stavros. Língua se arrastando
por suas bolas embebidas de pré-sêmen e saliva. Mais baixo.
Até que Stavros estava debaixo da sua língua, a parte mais íntima
dele se contraiu com cada deslize da língua de Daniel. Isso também era
outra coisa que ele nunca obteria uma medalha. Mas ele colocou tudo o
que ele tinha nele. Dançando, girando. Lambendo ao ritmo dos arquejos de
Stavros.
Lábios sobre ele, sugando até os dedos de Stavros parecerem
determinados a arrancar o cabelo em sua cabeça.
Mesmo aqui, ele provava aquela familiaridade selvagem. O perigo de
induzir o prazer. Mesmo assim, Daniel amou. Especialmente quando
Stavros empurrou para baixo sobre ele, contorcendo-se na cama, ofegante,
mão abandonando o acariciar de seu pênis para pegar o edredom e puxar.
Todo tremor que Daniel sentiu. Toda vibração. Todos os gritos dos
lábios de Stavros que amava.
— D-Daniel. — Stavros se afastou dele. — Jesus, porra, eu poderia
me sentar em sua língua o dia todo.
Daniel liberou-o, lambendo os lábios, abaixando-se para apertar seu
pênis latejante. Dios. Ele gozaria. Algum segundo agora, ele explodiria.
— Boca. — Stavros sentou-se. — Me dê sua boca.
Daniel apertou os olhos. — O que... — uma mão ao redor de sua
garganta o puxou para cima, e ele se encontrou em cima de Stavros na
cama.
As mãos emoldurando o rosto, os olhos ferozes, Stavros grunhiu:
— Eu quero sua língua na minha boca.
Daniel piscou para ele.
Stavros lambeu seu queixo. Então sua língua subiu mais alto. —
Você coloca sua boca em mim, coloco minha boca em você — ele rastreou o
lábio inferior de Daniel. — Eu não me importo — e ele o beijou.
Devastando.
Dentes e língua rasgando a boca de Daniel como se estivesse em
busca de algo. Não que ele se importasse. Ele nunca fez.
— Você come minha bunda assim? — Stavros ofegou contra ele, o
pau pressionando forte contra a barriga de Daniel. — Você come minha
bunda e me faz esquecer meu maldito nome? — ele fechou os olhos,
respiração estremecendo para Daniel. — Droga, Daniel.
— Diablo.
— Eu quero estar dentro de você. Eu preciso gozar, e eu estou
fazendo isso dentro de você — ele tocou o nariz de Daniel. — Você me
entende?
Ele sorriu. — Eu entendo você.
— Bom. — Stavros saiu de debaixo dele. — Espalhe as pernas.
Daniel fez. Diretamente de costas, coxas e joelhos em seu peito.
Stavros instalou-se sobre ele, com o peito movendo-se, com a mandíbula
apertada, os olhos selvagens enquanto agarrava o lubrificante e se
preparava. Seus olhos se encontraram e seguraram enquanto Stavros se
abaixava.
Peito no peito de Daniel.
Lábios reuniram-se imediatamente. Daniel o segurou. Uma mão no
cabelo de Stavros, a outra segurando os lençóis. Ele abriu-se. Ofereceu
tudo.
E Stavros aceitou, torcendo a cabeça na sua entrada, empurrando.
Rompendo-o.
Eles inalaram como um.
A dor estava lá, sempre à dor. Mas Deus, cada centímetro de Stavros
encheu Daniel. Lentamente.
Torturadamente lento.
Através de tudo, suas línguas lutaram. Com um lamber ansioso, o
pau negligenciado de Daniel preso entre eles, fluindo sêmen pegajoso.
Stavros empurrou para dentro.
Baixou. Daniel enrolou a perna direita em torno da cintura de
Stavros, o tornozelo descansando na base da coluna vertebral. Incitando-o.
Seu amante quebrou o beijo o suficiente para sussurrar: — Eu amo
você — ele se levantou de volta, bateu e aceleraram a velocidade.
Daniel agarrou-se a sua pele molhada, arqueando da cama com cada
impulso que parecia chegar mais profundo do que nunca. Stavros fez amor
com ele com golpes constantes, assumindo o controle. Cada impulso
levantava os quadris de Daniel da cama. Cada movimentação trouxe um
rosnado aos seus lábios e Stavros beijou tudo. Destruindo tudo que não
eram eles. Manipulando Daniel de uma maneira que ele não conhecia
antes.
Uma maneira que ele gostava.
Tão bom.
Ele disse-lhe então, encontrando todos os golpes. Abrindo-se mais
largo para aprofundar.
O fogo o devorou, correndo pelo comprimento da sua coluna
vertebral.
— Porra. — Stavros ofegou contra sua bochecha. — Seu corpo é tão
gostoso. Bom pra caralho — ele gemeu. — Não vou durar.
— Então não faça.
— Sinto você me tomando — ele grunhiu — Eu sinto você me
tomando, agápi mou. Seu traseiro ganancioso por isso. Sugando-me. — ele
jogou a cabeça para trás, as veias inchando. — Maldição.
Daniel apertou em suas palavras, arrastando uma mão entre eles
para se acariciar. Ele não podia aguentar, agora não. Não com Stavros
atingindo aquele ponto dentro dele que transformava seus ossos em
líquido.
— Por favor — ele não conseguiu encontrar nada de seu espanhol
naquele momento. — Por favor.
— Sim. — Stavros puxou a perna esquerda de Daniel para cima, até
que seu joelho quase tocou sua bochecha. — Tome assim. — ele olhou dos
olhos de Daniel para onde eles se juntaram. — Monte-me. Monte-me.
Daniel empurrou de volta, rolando os quadris, ofegante com cada
golpe. — Deus. Deus.
— Deus. — Stavros estremeceu, e seus olhos se estreitaram em
fendas. A excitação transformou seu rosto em uma careta feroz. — Foder
você é... Não consigo respirar quando você me aperta assim. — ele soltou a
perna de Daniel para tocar sua bochecha. — Parece que estou morrendo.
Daniel beijou-o novamente, engolindo suas palavras. Acariciando-se.
Tudo correu para os dedos dos pés, esse prazer. Enrolou-os. Em seguida,
voltou para as suas bolas.
Uma penetração.
Um último impulso e ele explodiu com o grito mais alto, gozando.
Gozando.
De longe, ouviu a voz de Stavros. Embebido em seu sexo, o tom de
seu amante era como conhaque com gelo. Intoxicante. Queimando com o
impulso mais suave e profundo. Stavros não acabou com ele. Boca na
garganta de Daniel, ele não parou de entrar e sair.
Também não parou de falar.
— Não posso parar — ele respirou. — Não consigo parar de vê-lo
gozar. Não consigo parar de querer assistir você gozar por mim. Eu posso
fodê-lo o tempo todo.
Daniel apertou. A respiração de Stavros enganchou. Seus dedos no
quadril de Daniel apertaram-se, afundaram. Seu empurrão vacilou e depois
acelerou. O fogo aqueceu.
— Ungh. — Daniel não tinha mais nada. Gasto. Todo consumido.
Mas então os dentes afundaram em seu peito, acima de seu coração.
Calor o inundou quando Stavros gozou, e de alguma forma Daniel estava
puxando os lençóis de novo.
Cabeça jogada para trás novamente.
Um aperto de corpo inteiro que o trancou. De sua mandíbula até os
dedos dos pés. Sua visão ficou em branco. E ele não reconheceu nada até
que Stavros colapsou em seu peito e depois rolou para o lado dele.
Corpos lisos.
Arfando.
Daniel alcançou entre eles e pegou a mão de Stavros. Enfiando os
dedos. Ele não podia dizer qual deles tremia mais. Não importava. Ele
colocou os dedos nos lábios.
— Diablo — quando Stavros virou a cabeça para olhar para ele,
Daniel sorriu. Mesmo suado, rosto vermelho de todo esse esforço, lábios
inchados, ele ainda era o homem mais cativante que Daniel já havia visto.
— Eu te amo.
De seu lado, Stavros tocou o peito de Daniel. Sua boca se abriu, mas
o som do vidro quebrando no andar de baixo fez com que ambos
congelassem.
Stavros foi o único a se lançar na posição vertical e da cama
primeiro, puxando o short com uma mão enquanto agarrava as armas no
topo da cômoda. Daniel o seguiu, entrando apressadamente nas calças e
pegando a arma que Stavros lançou para ele.
Juntos, eles saíram do quarto e desceram as escadas, Stavros à
frente. Ele não sabia o que os esperava, então Daniel segurou a língua,
seguindo a liderança de Stavros.
Na escuridão, ainda não era difícil ver que o vidro na porta da frente
tinha sido quebrado. A resposta a respeito de como, apareceu na forma de
uma figura vestida de preto que se lançou atrás do sofá e disparou.
— Stav...
Stavros caiu com um grunhido.
Coração na garganta, Daniel voltou, pegando o atirador bem entre os
olhos. Ele caiu para trás e Daniel não esperou para vê-lo bater no chão
antes de se agachar ao lado de Stavros.
— Stavros — ele rolou Stavros em suas costas, e seu amante fez
uma careta quando ele se sentou.
— Estou bem. — Stavros colocou uma mão sobre a coxa esquerda, o
sangue já encharcando suas calças. — A bala foi de raspão.
— O que é isso? O que está acontecendo?
— Não sei, eu... — os olhos de Stavros se arregalaram e seu braço
esquerdo ergueu-se quando o fogo explodiu nas costas de Daniel.
Ele caiu para frente. Stavros rolou, gritou, disparou balas, mas de
alguma forma o som foi silenciado para Daniel. O que não foi silenciado foi
à próxima explosão que o atingiu logo abaixo da axila esquerda.
Seu corpo ficou entorpecido.
O som se foi depois disso. O sangue se juntou debaixo dele enquanto
ele estava deitado no estômago. Dois tiros. Ele viu Stavros disparar no
atirador de Daniel nos joelhos. Ambos. O homem caiu no chão ao lado de
seu cúmplice.
Dois homens.
Eles haviam sido emboscados.
Quem?
Daniel não podia piscar. Mas ele poderia flutuar.
Morrendo. Ele sentia isso. Sentia-se escorrendo.
Alguém falou com ele, as palavras soando como se estivessem sendo
canalizadas através de uma máquina de vento.
— Fique comigo.
Fique.
— Daniel.
O ruído de seu nome atravessou o nevoeiro por um segundo, e ele
piscou para os olhos molhados de Stavros.
— Não me deixe.
Ele não queria, não estava ansioso para a censura nos olhos de
Petra. Mas é claro, com a vida que ele liderava, seu destino seria diferente
do de Petra. Ele não tinha controle.
— A ajuda está chegando — as mãos de Stavros tremiam quando ele
tocou o rosto de Daniel. — A ajuda está chegando, você ficará bem.
Foi a primeira vez que Stavros mentiu para ele. Daniel tentou
chamá-lo, mas tudo que saiu quando ele abriu a boca era uma tosse. E
sangue, derramado dos lábios que ele costumava adorar o homem que
chorava por ele agora. — D-Diab...
— Silêncio. — mãos em seu rosto, Stavros pressionou suas testas
juntas. — Você vai ficar bem, e você e eu, vamos descobrir quem fez isso. E
nós os faremos pagar.
— D-Desculpe. — Daniel tentou tocá-lo, mas suas mãos estavam
muito pesadas. Muito frias. — Desculpa.
— Não. Não — gritou Stavros. Agonia e pânico encheram seus olhos.
— Você não vai me deixar. Você não vai partir.
Mas ele não podia ficar.
— Eu não vou te perdoar. Daniel, por favor.
Ele não queria ir. Ele queria intermináveis infinitos com o homem
ajoelhado em seu sangue. Ele queria mais de fazer amor. Mais dos
palavrões de Stavros. Ele queria a vida.
Viver.
Mas a morte não se importava.
A morte tinha vindo.
— Não me faça fazer isso sem você — os sentimentos quebrados de
Stavros caíram no rosto de Daniel em gotas quentes e úmidas.
Rompendo seu coração.
— Por favor. Por favor.
Ele não queria morrer.
Mas as portas já estavam abertas.
A morte entrou.
Capítulo 33
Duas vezes.
Daniel Nieto morreu duas vezes. Ambas às vezes nos braços de
Stavros.
Sangue seco nas mãos, debaixo das unhas. Ele olhou para elas,
entorpecido. Ele nem sentiu a ferida em sua coxa que os médicos tinham
costurado.
Ele caminhou pelo corredor, cada passo pesado ecoando. Ele
definitivamente não deveria estar de pé e andar com uma ferida de bala
nele. Mas ele desafiou alguém para mantê-lo quieto. Dentes apertados, ele
tentou pensar. Forçou-se a pensar. Focar-se. Exceto que ele estava
nublado. Todo o treinamento dele. Toda a sua experiência foi-se com o
golpe de uma bala.
Ele morreu.
Ele morreu depois que Stavros o mandou não fazer. Ele se foi.
Stavros sentiu como se não estivesse lá. Pedaços dele, os pedaços
daquele que importavam, estavam todos naquela sala de operação. Tudo
naquela mesa. Ele não confiava em ninguém com a vida de Daniel.
Ninguém. E o fato de ele ter que se sentar aqui neste silencioso corredor
com suas paredes azuis e seu maldito café não ajudava em nada.
Em um segundo eles estavam felizes e no próximo...
Ele parou de andar. Deixou cair um joelho e enterrou o rosto nas
mãos.
Não havia nada, nada como ver a pessoa que você ama tomar seu
último suspiro. Nada como esse sofrimento. Paralisante. Horripilante. Nada
tão sombrio como o momento em que você percebe que você seguiria
ansiosamente.
Ele usou suas mãos e sua própria respiração para trazer Daniel de
volta pela primeira vez. A única vez que ele usou suas mãos para esse
propósito. Seu amante ficou vivo, mas inconsciente por dez minutos depois
disso. Tempo suficiente para que os paramédicos chegassem.
Então ele morreu na ambulância.
Por cinco minutos eles trabalharam nele, com Stavros ali mesmo
ameaçando todo mundo. Aquele homem ia viver. Seu coração bateria. Ele
iria respirar. Eles chegaram muito longe, passaram por demais. E Stavros
era muito egoísta para permitir que Daniel Nieto roubasse seu coração e
deixasse-o sozinho.
Suas lágrimas haviam secado muito antes que os paramédicos
chegassem à casa da praia.
Lágrimas do caralho; ele queria a raiva em vez disso.
Ele abraçou a raiva. Em si mesmo. Nos atiradores. Na porra do
Daniel.
Os punhos fechados, ele se endireitou, encostado na parede para
manter o equilíbrio. Por tanto tempo que demorasse, ele estaria passeando
por esse corredor. Ele não estava indo embora. Não até que ele soubesse
que Daniel estava bem.
Daniel usava uma identidade falsa para tudo, então Stavros deu isso
como sua informação. Ele também disse que Daniel era seu marido. De que
outra forma ele teria alguma atualização? De que outra forma ele saberia
que o homem que amava estava vivo?
— Aqui.
Alguém cutucou seu ombro e ele girou, olhando para Toro e a xícara
de café que o homem mais jovem dava. Ele nem sequer ouviu alguém se
aproximar.
— Cuidado ao se esgueirar — ele tomou o café e engoliu, nem sequer
estremecer quando queimou sua língua e o teto de sua boca.
Toro não piscou com as suas palavras ásperas. Ele simplesmente se
dirigiu para o conjunto de cadeiras incomodas e questionáveis e sujas no
canto e sentou.
Ele foi o primeiro telefonema que Stavros fez, depois de 911. Por sua
vez, Toro chamou Syren. Stavros levou Daniel para se encontrar com os
paramédicos. Ele não queria que ninguém entrasse para tentar salvar o
homem que ele tinha atirado e algemado na cozinha.
Depois que eles partiram, Toro e Syren manipularam a disposição do
homem que Daniel havia matado. E eles tiraram o que ficou vivo. Stavros
ainda não sabia onde o levaram, mas ele havia dado instruções claras.
Mantenha-o vivo e ele é meu.
Não agora. Não quando a preocupação por Daniel tinha todo o seu
corpo tremendo. Não quando ele não conseguia ficar quieto por dois
segundos. Mas logo ele teria um encontro com o homem que entrou em sua
casa e atirou em seu amante.
Em breve.
Quando ele pudesse encontrar os olhos de Toro sem se sentir
culpado.
Eles deveriam estar seguros.
Felizes.
E se não fossem?
E se eles não tivessem um para sempre?
Ele fez as pernas trabalharem, fez com que se movessem. E ele caiu
ao lado de Toro, a cabeça inclinada contra a parede. Olhos fechados. O café
queimou sua palma, e ele só queria jogá-lo contra a parede. Sujar o
corredor impecavelmente limpo.
O sangue em suas mãos zombou dele. Seco e coçava. O sangue de
Daniel estava cobrindo a perna da sua calça, nas mangas da sua camisa.
Tão vermelho.
Tão loucamente vermelho.
Ele recusou-se a lavar as mãos. Recusou-se a mudar suas roupas.
Duas horas. Ele não podia.
Ainda não.
— Família de Daniel Hernandez?
Os sapatos brancos da enfermeira ruiva começaram a ranger no
chão, e ainda Stavros não a tinha ouvido se aproximar.
Na pergunta, ele se levantou, junto com Toro.
— Eu sou seu sobrinho — Toro disse a ela.
— E eu sou seu marido — para a surpresa dele, Toro nem piscou.
A enfermeira sorriu para eles com amáveis olhos castanhos. — Seu
marido está fora da cirurgia — disse ela a Stavros.
Ele inalou. — Como ele está?
— Eles tiraram as balas, e ele perdeu muito sangue. — ela olhou
para os papéis em sua mão. — Ele ainda está inconsciente, e os médicos
estarão monitorando.
— Mas ele está bem? — Stavros pressionou.
Seus olhos se encheram de piedade então. — É muito cedo para
dizer, senhor. Espero que seu marido seja um lutador — ela deu um
tapinha no seu braço e saiu.
Foda-se, ele era um lutador.
— Espere — ele a chamou. Quando ela olhou por cima do ombro, ele
perguntou: — Posso vê-lo?
— Vou verificar.
Toro tocou novamente o ombro dele. — Ele ficará bem. Tío é um
lutador.
Tío. Ele era tio e irmão.
Amante.
A tristeza dos olhos de Toro puxou Stavros, fazendo com que ele
percebesse que ele não era o único sofrendo. Não era o único assustado.
— Ele é um lutador — ele repetiu enquanto abraçava Toro. — Ele é o
lutador de merda mais sujo, também. Ele ficará bem.
Vinte minutos depois, a enfermeira o conduziu até o quarto de Daniel
e, em seguida, saiu silenciosamente. Stavros estava ao lado da cama, com
as mãos apertadas.
Ele estava pálido. Tão pálido. Traços de sangue ainda no queixo.
Tubos estavam na boca dele. Os braços dele. Mas ele parecia estar
dormindo. Ele não parecia com um homem que havia morrido.
Duas vezes.
Ele não parecia um homem pendurado na vida por um fio.
Mas a visão dele ainda puxava o equilíbrio de Stavros, e ele caiu de
joelhos. — Acorde — as palavras estavam molhadas, tropeçando uma sobre
a outra enquanto derramavam de sua boca. — Acorde e volte para mim.
Ele agarrou o trilho da cama, segurando-se quando o sofrimento o
colocou no chão.
— Ela não pode ter você. Eu preciso de você... — sua voz quebrou.
— Eu preciso mais de você — cabeça inclinada, ele deslizou os dedos sobre
os de Daniel. — Eu preciso mais de você.
Ele queria mudar de lugar. Daniel estaria vivo e livre e vibrante.
Stavros era o culpado. A casa da praia era dele. A lista de inimigos que ele
fez ao longo dos anos...
— Eu sinto muito. Desculpe-me. — ele se curvou, colocando os
lábios na parte de trás da mão de Daniel. — Eu sinto muito.
Qualquer um de seus inimigos que viria atrás dele se arrependeria.
Ele se certificaria disso. — Estou esperando por você — ele sussurrou. —
Por tanto tempo que você queira levar, estarei esperando que você abra
seus olhos e me veja do jeito que você faz.
Com admiração e surpresa.
Amor e luxúria.
Fome e apreciação.
Ele beijou a testa de Daniel e se forçou a se afastar. Fora daquele
quarto. Ir parecia como um abandono. Ele rasgou seu coração e deixou-o
naquele quarto. Naquela cama.
Então ele foi encontrar Toro. Ele também encontrou Levi e Donovan
Cintron.
Levi correu para ele. — Como ele está?
Stavros não podia. Dois homens olhando para ele com os olhos de
Daniel era demais. — Toro, onde está Syren?
Toro olhou para Levi e voltou para Stavros. — Lado de fora.
— Meu pessoal estará aqui em menos de vinte minutos. Ninguém
entra nessa sala, a menos que possamos conhecer todas as malditas coisas
sobre eles.
— Stavros.
— Eles vão protegê-lo. — sua voz travou e ele desviou o olhar,
ignorando o olhar de Levi. Eles fariam o que Stavros não conseguiu fazer.
— Eles vão cuidar dele com suas vidas.
— E onde você estará? — Levi perguntou.
Não estaria lá. Ele não podia estar lá.
Ele saiu do hospital e entrou no veículo SUV preto ao lado da
entrada. Ignorando os outros três homens no veículo, ele se virou para
Syren.
— Leve-me para ele.
****
Petra Nieto foi sua última morte pessoal. Agora, Stavros estava
ansioso para deixar as mãos sujas. Ele esperava deixar o sangue de outra
pessoa manchar os dedos.
Syren tinha o atirador em um armazém a menos de meia hora fora
de Atlanta. Ambos os joelhos enfaixados, o rosto inchado, os braços
fechados amarrados nas costas, ele ergueu a cabeça quando Stavros entrou
no lugar. Seus olhos inchados ainda conseguiram se alargar quando viu
Stavros.
Ele veio sozinho. Sem o apoio dos homens que trabalhavam para ele.
Sem Syren, também. Esta não era a luta de ninguém, exceto a dele e a de
Daniel. Como Daniel estava fora de serviço, caiu sobre Stavros a
responsabilidade de corrigir isso. Ele enrolou as mangas enquanto olhava
para a figura imóvel olhando para ele sob as pálpebras inchadas.
Kerry era o nome dele. O morto era Curtis. Kerry exibia um falcão
falso e uma cicatriz de três polegadas perto do canto do olho esquerdo. Isso
fez Stavros pensar sobre sua própria cicatriz, a que Daniel colocou no rosto.
Era pouco visível agora.
— Você sabe quem eu sou? — ele perguntou calmamente.
— Eu deveria? — uma carranca franzida enrugou a testa de Kerry.
Portanto, Stavros não tinha sido o alvo. — Quem contratou você? —
ele queria que isso fosse feito e acabado para que ele pudesse voltar para
Daniel. Mas quando Kerry rangeu os dentes e tentou por uma atitude
arrogante, Stavros percebeu que a merda era demais para perguntar.
— Porra, o que eu pareço? — Kerry cuspiu. — Um dedo-duro?
Stavros sorriu para ele. — Eu acho que você parece um homem que
ainda não percebeu que está morto e enterrado.
— E você continua falando merda quando seu homem está morto e
você está todo disparado.
— Não é minha primeira bala, Kerry. — Stavros pisou no joelho
direito de Kerry, sorrindo quando gritou. — Não será a minha última.
— Argh. Foda-se. — Kerry ofegou. — Porra.
— Eu quero um nome. — Stavros não tirou o pé desse joelho. Na
verdade, ele colocou mais peso sobre ele quando Kerry se contorceu, seu
rosto inchado em uma máscara torcida de agonia. — Alguém pagou você
para fazer um trabalho, e eu preciso ter uma conversinha com seu
empregador.
— Cara, foda-se.
— Ok. — Stavros recuou. Ele não tinha tempo para isso. Não tinha o
maldito coração para prolongar isso. Ele puxou a arma e atirou em Kerry
novamente.
Duas balas.
Um em cada joelho.
De-porra-novo.
E ele caiu em suas ancas e observou silenciosamente quando Kerry
engasgou e gritou, e o amaldiçoou, seu sangue preenchendo o lugar.
Fazendo Stavros pensar sobre o sangue de Daniel.
— Eu sou um homem ocupado — ele disse acima dos gritos agudos
de Kerry. — Este não é onde qualquer um quer estar. Por que não
mudamos isso? Diga-me quem contratou você.
— Eles vão matar minha família, cara! — lágrimas e ranho
misturados com o sangue seco no rosto de Kerry caíram pelo queixo.
— Isso soa como um problema para você.
— Mate-me — gritou Kerry. — Porra, me mate.
Stavros revirou os olhos. — Eu vou matar você — ele disse
gentilmente. — Mas primeiro, eu quero um nome. Caso contrário, eu te
mantenho vivo assim, e continuo colocando balas em seus joelhos — ele
ergueu a Glock. — Eu tenho um pente completo e um backup completo.
Kerry ofegou. — Eu preciso de um médico, cara. Traga-me um... —
Sua respiração cortou. — Me traga um médico.
— Eu sei o que você precisa. Você sabe o que eu preciso. — Stavros
agarrou seu queixo, dedos escorregando em todo o sangue, saliva e muco.
— Dê-me um nome.
— Eu não... Eu não tenho. Eu não... — Kerry sacudiu a cabeça com
força, os olhos quase inchados. — Curtis lidou com essa merda. Eu estava
lá para observar suas costas.
Stavros inclinou a cabeça. — Isso é... Muito ruim.
— Eu juro cara. — Kerry implorou seu corpo inteiro, inclinando-se
para frente. — Eu juro. Eu não sei de nada.
Passos soaram atrás de Stavros e os olhos de Kerry iluminaram uma
fração.
— Socorro. Ajude-me. Este filho da puta...
— Peguei o que você precisa — disse Syren a Stavros. — Você vai
querer encerrar isso. Agora — ele desapareceu, e Stavros voltou-se para
Kerry.
— Hoje é seu dia de sorte, Kerry.
— Você... Você me deixará ir?
Olhe para toda essa esperança. — Não. Mas você conseguirá morrer
rapidamente — ele apertou o gatilho. A cabeça de Kerry bateu na parede,
um pequeno buraco no meio de sua testa. — É sorte.
Ele saiu do quarto e encontrou Syren de pé ao lado da porta, um
monte de papéis na mão. Os três homens que os acompanharam no
passeio não estavam à vista, mas Stavros não se enganou ao pensar que
Syren estava sozinho.
— Eles foram pagos em dinheiro — disse Syren. — E Kerry estava
certo, Curtis era o negociador.
— Você tem um nome?
Syren entregou os papéis silenciosamente, e Stavros rapidamente os
leu.
Filho da puta.
Filho da puta.
Traição.
Os papéis caíram de seu aperto enquanto caminhava em direção à
saída.
— Ele não gostaria que você...
Ele girou, uma arma apontada diretamente para a cabeça de Syren.
— Não me diga o que diabos ele gostaria. Você não é o único que usa seu
sangue como uma segunda pele. Ele não morreu em seus braços.
— Não. — Syren balançou a cabeça. — Mas eu sei o que você está
passando. E você não pode simplesmente naufragar merda em seu nome.
Stavros sorriu lentamente para ele. — Me assista. Mantenha seus
olhos de merda em mim.
Syren não era o único com contatos e recursos infinitos.
Capítulo 34
Antônio Nieto não parecia um homem condenado há algumas
décadas na prisão. De fato, enquanto Stavros estava lá fora da sala dentro
do prédio não descritivo, mas altamente seguro, no centro de Los Angeles,
ele tinha que admitir que o homem parecesse muito relaxado.
Vestido com roupas regulares ao invés de um macacão de prisão,
Antônio sentou-se na cadeira, inclinou a cabeça para trás e para o lado,
enquanto olhava pela janela à sua direita. Seu cabelo escuro pendia mais
na frente do que na parte de trás, e contas de rosário pendiam ao redor do
pescoço, aninhadas contra o azul suave da camisa.
Ele não parecia que ele representava uma ameaça.
Stavros levou três dias para chegar aqui, e durante esse tempo ele
vacilou entre o que ele faria. O que ele poderia fazer. Seu primeiro instinto
sempre seria dar o troco. Mas este era diferente.
Ele não era aquele que tinha sido traído. Não era sua ligação para
fazer, tanto quanto desejava o contrário. Maldição, ele desejava o contrário.
— Antônio Nieto — ele entrou na sala como um homem em uma
missão. Porque ele estava. E ele teve tanto prazer com o choque flagrante
que ampliou os olhos de Antônio e deixou cair o maxilar. — Vejo que você
sabe quem eu sou.
— O que diabos você está fazendo aqui, Konstantinou? — Antônio
olhou para ele no corredor. Seu rosto ainda estava machucado por seus
últimos machucados.
— Apenas passando. Eu acho que você não esperava me ver? —
Stavros sentou-se em frente a ele e cruzou as pernas, o tornozelo
descansando sobre o joelho.
— Meu irmão deveria ter te matado depois do que você fez com ele.
— Sim. — Stavros assentiu. — Ele devia ter.
Os olhos de Antônio se arregalaram. — O que você quer? Sou um
homem ocupado.
— Eu posso ver isso. — Stavros sentou-se, um dedo distraidamente
acariciando o queixo enquanto ele dizia: — Um homem que eu amo morreu
nos meus braços recentemente. Um homem que eu amo está dormindo
inconsciente em uma cama de hospital hoje, e eu tenho perguntas.
O filho da puta riu. — Você acha que eu me importo com você ou
com seus caminhos de bicha? — ele se inclinou para a porta. — Guarda.
Guarda, tira-me daqui.
— Não. Você vai ficar. Você não me perguntou a identidade do
homem que eu amo — ele parou e caminhou ao redor, parado atrás da
cadeira de Antônio. Stavros desabotoou seu cinto.
— Guarda! Guarda!
— As câmeras estão desligadas. Os guardas se foram — ele passou o
cinto ao redor do pescoço de Antônio, enrolou ambas as extremidades no
punho e puxou. — Pergunte-me o nome do homem que eu amo.
Antônio lutou contra ele, mesmo com as mãos algemadas na frente
dele, ele lutou. Contorcendo. Chutando a mesa e arqueando. Mas Stavros
segurou aquele filho da puta, cinto na garganta enquanto ele puxava,
apertando-o.
Puxando enquanto ele respirava por ar. Até que seu rosto ficou roxo
e seus movimentos cessaram. Então ele aliviou o aperto.
Antônio estremeceu, tossindo.
— Pergunte-me — Stavros grunhiu. Ele o agarrou pelos cabelos,
puxou-o para trás. — Pergunte-me o nome dele.
— Qu... Qual...
— Daniel Nieto — Stavros sussurrou contra a testa de Antônio. — O
nome do homem que eu amo. Daniel Nieto — ele afastou um Antônio rígido
e voltou a colocar o cinto antes de retomar seu assento.
— Você é um mentiroso. — Antônio trouxe suas mãos algemadas
para agarrar sua garganta, ainda ofegante.
— Você colocou uma recompensa sobre ele — porra, ele precisava de
um cigarro na pior maneira. Por que ele deixou essa merda? — Eu quero
saber por quê.
— Meu irmão nunca trairia sua esposa assim. Meu irmão não é um
puto.
— Diga-me por quê. — Stavros bateu os punhos na mesa. —
Engraçado, ele é seu irmão quando descobre que ele está me fodendo. Ele
era seu irmão quando você se alinhou com The Perez Boys e enviou-os
atrás dele? Ele era seu irmão quando você se virou para jogar suas
simpatias?
Antônio o olhou, a teimosia muito familiar dos Nieto escurecendo
seus olhos e endurecendo seu queixo.
— Eu sei que você está com The Perez Boys agora. Eu sei que a
recompensa em sua cabeça não era Felipe Guzmán, mas de Pérez,
autorizado por você — palmas planas na mesa, Stavros disse a ele: — Eu
sei que você enviou homens atrás dele poucos dias depois de enterrar sua
mãe. Quero saber o porquê.
— Foda-se — disse Antônio. — Você não sabe de nada.
— Eu o conheço — ele sorriu. — Eu sei o jeito que ele dorme, com
um olho aberto. Eu sei o quanto ele ama o chouriço18 e os ovos com um
café doce o suficiente para colocá-lo em coma nas manhãs. Eu sei quando
ele está cansado ou triste apenas por seu toque. Eu sei que ele não pode
cantar uma merda, mas eu o vi cantar para sua mãe quando ela morreu em
seus braços. Ele é meu — ele bateu no peito. — Você acha que vou deixar
você sair fácil com essa merda? Ao traí-lo quando ele fez nada além de
amar sua família acima de tudo?
— O que você vai fazer? — provocou Antônio. — Me matar? Você
pode usar esse cinto tanto quanto quiser, mas nós dois sabemos que você
não pode me tocar.
Saltando sobre a mesa, Stavros agarrou-o pela garganta. Os dedos
curvados em garras, cavando nele. Espremendo mais que fodidamente
apertado. — Eu posso te tocar.
Os olhos de Antônio baixaram.
— Eu posso te tocar, e posso fazer você sentir isso — ele sussurrou.
— Você quer me testar? Eu não vou matar você, não agora — ele baixou a
mão e voltou a sentar-se. — Você vai sofrer primeiro. Porque eu posso
chegar a você a qualquer momento. E eu tenho pessoas em todos os
lugares. A qualquer momento. Você nunca sabe com quem você vai se
deparar na cafeteria. Você nunca sabe quem estará te assistindo no
banheiro.
A raiva piscou nos olhos de Antônio.
— Você vai passar o resto do tempo observando suas costas. A
menos que seu irmão deseje sua cabeça mais cedo do que isso. Então eu
vou dar a ele — ele se levantou e endireitou suas roupas. — Uma coisa é
certa, você não está saindo da prisão vivo.
Ele se afastou.
18
O chouriço ou chouriça é um enchido preparado com carne, gordura e algumas vezes sangue de porco, com temperos que
variam consoante a região.
****
19
Sim, meu amor em Grego.
odiava Antônio, mas ele também o amava. — Quero um tempo disso diablo.
E agora somos apenas nós. Quero-te pra mim.
O olhar de Stavros ficou quente. Ele tocou a garganta de Daniel,
acariciou sua carne com cicatrizes. — Nós poderíamos estar em uma sala
cheia de pessoas, você ainda me teria para você. — Lábios pressionados
nos de Daniel, ele sussurrou: — Eu vivo para morrer por você. Estou aqui
para morrer por você.
— Não. — Daniel balançou a cabeça. — Sem mais morte. Vivemos.
Tú eres mi família — você é minha família. — Família é você.
Stavros o beijou. Mordidas macias. A versão de Stavros de
provocação.
— Família é você.
Fim