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Equipe Traduções R&L

Call the Coroner


TM: Drika
Revisão Inicial: Alanna M.
Revisão Final: Jaqueline Máximo
Leitura Final: Denise Amorim
Formatação: Fanny

http://rosase-book2.blogspot.com.br/
Um choque de vontades entre predadores...

Ele tem vivido no subsolo por muito tempo, mas a única


coisa garantida para trazer Daniel Nieto de volta à superfície é
a identidade do assassino de sua esposa. Com o sussurro de
um nome, ele coloca tudo na linha de vingança. Ele tem
planos para Stavros Konstantinou.
O título de monstro se encaixa muito bem para Stavros
querer ser algo diferente do que ele é. O tempo gasto na
masmorra de Daniel Nieto, acorrentado e torturado, nunca
mudará isso. Privado de comida, luz solar e liberdade, ele
espera uma abertura para virar a mesa para o único homem
que se aproximou o suficiente para assustá-lo.
Em algum lugar entre o deslizamento de faca contra a
pele e o gotejamento de sangue em concreto frio, as coisas
mudam. O sofrimento e o ódio colidem com a luxúria e
obsessão, e desta vez Daniel e Stavros estão do mesmo lado.
Desta vez, eles estão lutando uma batalha perdida contra
uma conexão forjada por muito mais do que o amor à
violência e derramamento de sangue.
Em uma guerra sangrenta, o que você faz quando os
corpos começam a bater no chão?

**Atenção: jogo de armas, jogo de faca, jogo de sangue,


jogo de respiração. Non Con, Dub Con1. Esportes Aquáticos.
Gatilhos.**

1
Non Con (nonconsentual) não consensual, e Dub Con (dubious consent) consentimento duvidoso.
Agradecimentos

Agradeço, sempre, a Natalie Peltier, Amy Schaffer e Anne


Mejlhede.
Por La Quette.
Andri Theologou, pelo Stavros.
Mary Cabrera-Redondo, pelo Daniel.
Joanna Villalongo, por estender a mão.
Para Lissa, por responder aos meus textos em pânico, por me
solidarizar, por ouvir. Basicamente por ajudar a me separar da borda
todas as vezes. Eu aprecio isso mais do que você sabe.
Para os membros da Turma da Av, por esperarem. Por suportarem
minhas provocações e meus modos estranhos. E por segurarem isso
enquanto eu tento consertar meu eu quebrado. Eu amo vocês,
pessoal.
Para o Sr. A. Pelo o apoio que você nem sabe que dá. Por me
deixar ser estranha, e me adorar de qualquer maneira.
Dedicatória

Para os quebrados,
Os sacudidos
E aqueles que estão no meio.
“Não há nada como a retirada do calor da família para fazer
você querer entrar no frio.”
Daniel Nieto
Capítulo 1
O telefonema veio à noite. Uma dessas noites em que Daniel Nieto
não dormia, quando o calor se agarrava ao ar, fazendo umidade escorrer
pela coluna debaixo da camisa que ele usava. Em uma noite tão escura,
onde apenas a faísca esporádica de alguns vaga-lumes pontilhava a
escuridão; ele estava sentado na varanda enquanto suas memórias
morriam lentamente dentro da casa de estilo grego.
O pequeno telefone que estava na sua coxa direita vibrou, fazendo
com que a sua pele tremesse, quebrando a monotonia de silêncio por
alguns segundos não desejados. A quantidade de pessoas com esse número
não chegava a cinco. Mas havia um número específico que alguém poderia
ligar, se eles quisessem alcançá-lo. A mulher que responderia
redirecionaria para qualquer que fosse o celular que Daniel tivesse naquele
momento, mas apenas se considerasse se aquele que estava ligando fosse
digno.
Aparentemente, quem estava ligando passou no teste.
— ¿Bueno2? — ele ouviu, e sua cabeça estava inclinada para trás, os
olhos fechados enquanto escutava o nome da pessoa que queria falar com
ele. A curiosidade fez com que ele dissesse: — Coloque-o na linha.
Ela não disse adeus, tudo o que ele ouviu foi um clique suave,
indicando que a chamada havia sido transferida.
— Tek — ele saudou o homem na outra extremidade com uma
familiaridade que ele estava aliviado por não ter que fingir. — A que devo o
prazer?
— Você queria saber quem matou sua esposa.
Seus olhos se abriram, e seu estômago apertou enquanto caminhava
para frente. Qualquer menção de sua esposa o deixava assim. Ele conhecia
a identidade do assassino de sua esposa desde o primeiro dia, mas às vezes
a ignorância tinha suas vantagens. Ele manteve a fachada agora, apesar da
pressão súbita em seu maxilar enquanto ele apertava os dentes.
— Você sabe.
— Eu sei.

2
Bem, em Espanhol.
Daniel gostava de observar pessoas. De que outra forma ele poderia
discernir suas fraquezas? Ele conhecia seu interlocutor, não pessoalmente,
mas o suficiente. Ele não esperava esse telefonema. Ele sabia qual nome
Tek iria dizer, mas em vez de esclarecer isso a seu interlocutor, Daniel
pediu-lhe:
— Diga-me.
— Stavros Konstantinou.
Sorrindo beatificado para a noite tranquila que o rodeava, Daniel
estendeu as pernas.
— Não diga — sabendo o que ele sabia sobre Tek e o homem cujo
nome ele acabou de dizer, Daniel teve que se perguntar por que a traição
súbita. Não fazia diferença, mas para alguém como ele, qualquer tipo de
informação era uma arma para ser usada.
— Eu posso lhe dar tudo o que você precisa saber e onde você pode
encontrá-lo.
A fúria no ventre de Daniel - sua companheira constante nos últimos
anos - rosnou com bom gosto, mas ele riu da oferta.
— Onde está a diversão nisso, mi amigo? — antes, tudo era negócio.
Agora?
Puro prazer.
Da única maneira que ele conseguia hoje em dia.
— Faça como quiser.
O cuidado na voz de Tek significava que a reputação de Daniel estava
na vanguarda de sua mente. Bom homem. — Eu te devo Tek. O que você
precisar. A qualquer momento.
— Eu só poderia te cobrar isso.
Daniel colocou o telefone no chão ao lado de seus pés e pisou com o
calcanhar. Então ele levantou.
Ele elaborou cuidadosamente seu plano. Ele se manteve a frente da
intenção de colocá-lo ao lado de sua esposa morta em pelo menos dez
passos. Quando eles estavam de mãos dadas e com os joelhos se tocando,
jogando bolinhas na terra, ele era o grande mestre do xadrez.
A maioria pensava que Daniel permanecia no escuro sobre a
identidade do homem que havia entrado com uma gangue de homens
encapuzados em sua casa em Mazatlán. Eles pensavam que ele estava
indefeso para retaliar, que ele estava em algum lugar ainda se recuperando
dos efeitos daquela noite sangrenta.
As feridas físicas já estavam todas curadas, embora a evidência do
garrote ao redor de sua garganta ainda permanecesse. As feridas não vistas
a olho nu eram diferentes. Elas apodreciam e se espalhavam, infectando
tudo. Ele gostava assim. Seguir um homem como Stavros Konstantinou
exigia sigilo e planejamento, bem como certo fogo. Uma luxúria de sangue e
morte. O grego era um empreiteiro, ele operava um lucrativo negócio de
mercenários que vendiam seus serviços apenas para os maiores
concorrentes. Ele matava por dinheiro. Sem consciência. Sem repercussões.
Intocável.
Um monstro.
Depois de se olhar em espelhos durante toda a sua vida, Daniel era
adepto a reconhecer monstros. Stavros tirou tudo dele em dez minutos, e
Daniel passou todos os seus momentos desde então, aguardando sua vez.
Embora ele apreciasse isso, o telefonema de Tek não era necessário.
Ele deixou a escuridão entrar e permanecer na casa, já que as luzes
artificiais pareciam muito ásperas e brilhantes para seus olhos. No andar
de cima, ele a encontrou vagando, e ela havia sido colocada na cama uma
hora antes.
Seus cabelos cacheados se desprenderam do laço, caindo por seus
ombros enquanto ela segurava a frente de sua camisola em seu punho,
impedindo que seus pés tropeçassem no tecido, ele caminhou com ela pelo
corredor, com os olhos bem abertos e vazios.
Ele a seguiu, silencioso e alerta. Habituado a isso, mas ainda incapaz
de se acostumar a essa visão.
Ser testemunha do seu desvanecimento lento do nada era
insuportável. Ainda sim ele observou, porque ele não era nada, senão
digno. E se houvesse duas coisas que ele sabia com certeza, elas eram a
penitência e autoflagelação.
Ao abrir a porta que levava para a varanda que acabara de deixar,
Daniel acenou para os dois cuidadores que se precipitaram para frente. Ele
os pagava bem para cuidar dela, mas ele faria o máximo que podia
enquanto ele estivesse por perto.
Como agora, quando ele se juntou a ela lá fora. Eles ficaram lado a
lado, ambas as mãos segurando a borda da varanda enquanto ela inalava e
inclinava o rosto para cima. Às vezes, ela tinha ciência dele, e outras vezes,
como agora, ela permanecia em seu próprio mundo.
Ela ainda não se sentia segura, porque seu mundo, como eles já
sabiam, estava desaparecendo.
Seus planos eram para ela. Tudo por ela. Por causa dela. Por isso, ele
tinha que sair esta noite. No entanto, não precisava ser neste segundo. Não
até que ela voltasse para a cama, não até que soubesse que ela teve algum
descanso de tudo. Ele ficou ao lado dela na densa neblina, enquanto a
brisa que ele mal sentia soprava seu cabelo.
Falar era inútil quando não o conhecia, e nem o reconheceria. Além
disso, ele não tinha nada a dizer. Ele oferecia sua companhia em vez disso.
Sua presença. Toda a sua força em silêncio.
Soluços frouxos o assustaram e ele a pegou em seus braços, olhando
para os olhos que não se iluminavam ao vê-lo. Olhos úmidos, perdidos e
aborrecidos.
Isso doía.
Ainda assim ele a segurou contra o peito, permitindo que suas
lágrimas o embebessem. Para alimentar e agitar a fúria como uma bola de
fogo. De muitas maneiras, abraçá-la parecia com fechar os braços em torno
de alguém desconhecido. Mas os vestígios dela permaneciam, e ele se
agarrava a isso.
Ele não deveria ter fraquezas, mas ele a tinha. Ela ficou em seu
abraço, alternando entre chorar suavemente e murmurar coisas sem
sentido para si, até que seus braços queimavam de segurá-la. Até que suas
pernas protestaram.
Só então ele a levou de volta para a cama, colocando-a lá antes de
passar pela rotina.
Escovar seus cabelos.
Ele sentou na cama, ao lado dela, no topo das cobertas, os tornozelos
cruzados, segurando sua mão. Quando ele partisse, os cuidadores fariam
isso. Toda noite. Escovar os cabelos, segurar a mão dela e orar para que ela
dormisse.
Demorou trinta e oito minutos desde o momento em que ele sentou
na cama até o momento em que ela fechou os olhos. A pressão em sua mão
desapareceu e ele percebeu o quão apertado ela estava o segurando.
Daniel trouxe aquela mão até o rosto, sua pele queimava com a
evidência de suas unhas. Ele abriu a mão e a passou em sua testa,
alisando seus cabelos. Depois de dar um beijo em sua bochecha, ele saiu
da cama.
Se ele demorasse, ele nunca iria embora, e ele tinha planos.
Com um último olhar em seu rosto tranquilo, ele saiu do quarto, e
conversou com seus cuidadores antes de partir. Deixá-la sempre o
inundava em uma mistura tóxica de alívio e culpa. Esses sentimentos
estavam com ele quando ele se afastava da casa e, mesmo quando
embarcou no jato particular no pequeno aeroporto municipal a cinco
quilômetros de distância.
— Pronto para fazer isso?
Ele esperou até colocar o cinto de segurança antes de encontrar os
olhos do jovem que estava olhando para ele.
— Estoy listo. — Estou pronto.
Um sorriso tocou a boca de Toro. — Eu quase sinto muito por ele —
ele sentou ao lado de Daniel e piscou. — Mas quase não conta.
Não, não.

****

Stavros Konstantinou acendeu o isqueiro. Então ele beliscou a


chama azulada, extinguindo-a. Afastou seu polegar e acendeu novamente a
chama. Com o polegar e o indicador, ele extinguiu o fogo mais uma vez.
Era um hábito. Um que ele continuou durante a adolescência.
Ele estava sentado nos jardins ao ar livre de sua Villa em Lisboa. No
escuro. Os homens que guardavam sua casa sabiam ficar longe quando ele
vinha aqui. Algo que ele raramente fazia. Mas ele voltou recentemente dos
Estados Unidos e ele estava... Inquieto.
Uma das razões pelas quais ele colocaria a Villa no mercado.
Ele só comprou para ficar perto de uma mulher e ela já havia ido
embora. Quanto ao negócio mercenário familiar que ele herdara, ele já
havia se afastado. Ele esteve envolvido quanto estava próximo de seu pai.
Mas o velho também se foi. Junto com sua esposa, a madrasta de Stavros.
Exceto por seu único tio sobrevivente, toda sua linhagem havia sido
destruída. Já não o incomodava - se alguma vez o incomodou - e a única
pessoa que ele lamentava era a mulher que ele amara, mas nunca teve.
Sua irmã.
Seu carinho por Annika tinha sido uma fraqueza que ele nunca
apreciou. Uma que ele procurou eliminar, por qualquer meio necessário.
Ele acendeu o isqueiro novamente, o brilho da lua na água em sua
piscina atraiu o seu olhar.
Beleza.
Stavros apreciava a beleza. Ele era conhecido por destruí-la, mas isso
não significa que ele não pudesse apreciá-la. Como agora. Ele tirou um
cigarro do bolso da jaqueta e acendeu a pequena chama, colocando-a no
fim do cigarro fino para acendê-lo. Ele parou de fumar antes, e ele desistiu
novamente.
Mas esta noite, apenas esta noite, ele se mataria devagar. Com um
trago profundo, ele tirou o casaco, deixando-o cair ao lado dele.
O brilho da lua e o tom laranja na ponta do cigarro eram a única
iluminação em seu pequeno canto. Ele jogou a cabeça para trás e fechou os
olhos. Um homem como ele não conhecia a paz, e provavelmente não
saberia o que fazer com ela. Mas ele se permitiu esse momento apenas pelo
que era, e um indulto até a próxima batalha começar.
Nada para dizer de onde seria, ou quando, mas ele confiava em seus
instintos. Seu instinto assassino, como seu pai chamava. Ele tinha um
nariz que detectava sangue e amor por derramá-lo. Inevitavelmente, em
breve ele estaria nadando até o peito no líquido carmesim.
O som do cascalho sendo esmagado o fez apertar os dedos no
cigarro, embora ele não tenha se movido. Ele soltou uma pequena nuvem
de fumaça e sorriu para a lua.
Sim. Mais cedo do que ele esperava, mas ele poderia trabalhar com
isso.
Ele ignorou as folhagens se movendo à sua esquerda.
Ele tinha companhia. Stavros lambeu os lábios e derrubou as cinzas.
— Está escuro e meus olhos não são o que costumavam ser. — ele
falou em voz baixa para o visitante indesejável. — Se você veio até aqui,
você também pode se mostrar.
Nenhum outro som, mas um homem estava de repente em sua linha
de visão. Diretamente à sua frente. A lua tocou sua cabeça, e fez brilhar,
mas seu rosto era impossível de discernir. Ele era alto e esguio, isso Stavros
sabia. Corajoso, também, para estar onde ele estava naquele momento.
Stavros conhecia muitos homens corajosos.
Nenhum deles era suicida.
Ele observou a figura sombreada, os olhos encapuzados contra a
fumaça.
— Você é corajoso — ele murmurou. — Eu admiro a bravura,
embora eu ache uma característica desperdiçada.
— Essas coisas vão te matar, você sabe disso, ¿verdad?
Uma voz feia. Áspera e devastada, como se tivesse sido cortada em
pedaços com um machado maçante, então jogada em um liquidificador.
Apenas um homem tinha uma voz assim. Stavros reconhecia o dono dessa
voz.
Alívio afrouxou seu corpo. Ele conhecia esse inimigo. Conhecia essa
luta, e ele estava esperando por ela há quatro anos.
Ele levantou-se lentamente, lamentando a perda de seu assento
confortável. De pé, ele levantou o queixo e beliscou a chama do cigarro,
removendo-o da boca.
— Sr. Nieto, você está longe de casa esta noite.
— Eu estou onde deveria estar.
Ele sempre comparou Daniel Nieto com um cão raivoso, espumando
pela boca, pronto para matar. Imbatível.
— Verdade? — ele deixou cair o cigarro no chão e esmagou-o
debaixo do sapato. Então contou até dois e avançou, com a arma na mão.
Ele nunca chegou a Nieto. A queimadura repentina em seu ombro o
deteve, atordoou-o e, enquanto ele piscava em câmera lenta, caiu de joelhos
aos pés de Nieto.
— Eu recebi uma ligação interessante. Um pequeno passarinho
disse-me que você pediu a morte da minha esposa. — Nieto não havia
movido seu olhar brilhante enquanto encarava Stavros, que estava
imobilizado.
Ele estremeceu, e os dedos dos seus pés estavam esfriando
rapidamente. Ele pensou que a morte seria mais do que isso. Menos...
Anticlimática. Mas os pedintes não deviam ser exigentes.
Ele sorriu para Nieto, sombras invadindo sua visão. — Seu pássaro
estava errado. Eu a matei. Mas então você já sabia disso, não sabia?
Ele voltou à consciência com a boca cheia de algodão imaginário, o
cabelo molhado de suor e o corpo suspenso de um telhado de concreto, por
uma corrente pesada ao redor do pescoço. Ele apertou os dentes contra a
dor que irradiava de todo o seu corpo e sacudiu a cabeça. Isso chacoalhou
as correntes.
Uma luz surgiu.
Ele estava em uma gaiola, uma monstruosidade que ia do chão ao
teto, semelhante a uma gaiola de tubarões, em um espaço de tamanho
industrial; e ele não estava sozinho.
O homem de pé no canto estalou os dedos, e Stavros foi abaixado ao
chão por um dispositivo que ele não conseguiu ver. A corrente permaneceu
em volta do pescoço, e as mãos amarradas atrás das costas. Seus
tornozelos também foram presos para que ele não pudesse se mover mais
do que alguns centímetros no chão com a bunda.
Ele inclinou a cabeça quando Nieto se ajoelhou ao lado dele.
— Bem vindo ao meu mundo, Konstantinou. Estou ansioso para a
sua estadia.
— Você me fez seu prisioneiro? — ele latiu uma risada apesar do
esforço que levou. — Quão... Original.
O homem piscou para ele.
— Os originais são os melhores. Você e eu, homens como nós?
Gostamos do melhor — ele tocou a corrente pesada no pescoço de Stavros.
— Você pegou minha esposa, então eu vou tirar a sua vida. Lentamente.
— Não importa quanto tempo você me mantenha aqui, vou
encontrar uma saída desta gaiola. — Stavros tentou encolher os ombros. —
E quando eu encontrar... — ele lambeu seus lábios rachados. — Será
quando a verdadeira guerra começará.
Capítulo 2
Contrabando humano.
Petra odiava aquela parte do negócio.
Um pequeno sorriso surgiu na boca de Daniel com a memória de
suas inúmeras discussões sobre o assunto. Os assassinatos e as drogas
sua esposa tinha lidado bem. Mas ela desenhou a linha em relação aos
corpos à venda do Cartel Nieto. Felizmente para ela, Daniel tinha
compartilhado seus sentimentos sobre o assunto.
Infelizmente, seu pai tinha sido o único a manter esse acordo
enquanto ele estava no comando. Eduardo Nieto perseguia o dinheiro onde
quer que ele estivesse.
Agora, quando Daniel olhou para Stavros Konstantinou, ele
agradeceu as conexões que ele fez no mundo do contrabando, que
possibilitou o transporte do grego de Lisboa de volta aos Estados Unidos.
Uma semana em um navio de carga de contêineres, e seu cativo não havia
perdido sua luta.
Daniel gostou disso.
Eles mantiveram Stavros com os olhos vendados, usando fones de
ouvido para evitar o ruído e deixá-lo em silêncio durante toda a viagem.
Mas finalmente chegaram ao destino deles.
Hora de brincar. Ele esperou muito tempo por isso. Ele possuía
paciência, o tempo e os recursos para aguardar o tempo necessário para
que Stavros Konstantinou pagasse pelos crimes que ele havia cometido
contra Daniel. Pessoas poderosas achavam os Nietos muito difíceis de
manipular, difíceis de controlar. Eles os queriam fora do negócio e fora do
caminho, e eles contrataram Stavros para o trabalho.
Só que o grego matou a esposa de Daniel.
Daniel caminhou em torno da cadeira em que Stavros estava preso
com as mãos amarradas atrás dele, os tornozelos pesados com correntes.
De pé atrás dele, Daniel tirou a venda. Então, os fones de ouvido.
— Olá novamente, Sr. Konstantinou.
Stavros estremeceu.
Daniel o rodeou, e ficou diretamente em sua linha de visão ao lado de
Henan, um dos amigos de infância de Petra que ele havia designado para
vigiar Stavros. Os cílios de seu convidado tremiam, mas ele não abriu os
olhos, embora eles parecessem rolar em sua cabeça.
— Eu preferia o outro lugar — Stavros raspou. Ele estava coberto
por uma fina camada de sujeira e poeira do navio, o seu corpo musculoso
se esforçando contra suas correntes.
Henan bufou, e colocou a mão na faca embainhada em seu quadril
enquanto ele lançava um olhar para Daniel. Ele balançou a cabeça,
ignorando o desapontamento no olhar de Henan. Eles estariam se movendo
de acordo com o relógio de Daniel.
— Você prefere? — Daniel foi até ele, aproximando-se o suficiente
para murmurar em sua orelha. — Mas você ainda não o viu.
— Eu sinto o cheiro. — Stavros cheirou quase delicadamente. —
Não, obrigado.
Os lábios de Daniel se curvaram quando ele apontou com a cabeça
para Henan.
— Isso é muito ruim — ele agarrou a corrente ao redor do pescoço de
Stavros e o levantou. O homem tropeçou, em uma posição vacilante
enquanto seu corpo balançava. — Deixe-me adivinhar, você está com fome.
Você está com sede e quer acabar com isso.
Os olhos ainda estavam fechados, com Henan o manteve na posição
vertical, Stavros encolheu os ombros.
— Eu me perguntei por quanto tempo você me torturaria com o som
de sua voz — seus olhos se abriram então, um sonolento cinza, com as
bordas vermelhas. — Mas você sabe o que? Está melhorando para mim.
Continue — ele empurrou o queixo para Daniel. — Fale comigo. Diga-me
coisas.
Daniel dirigiu o olhar para Henan, que acenou com a cabeça, uma
mão agarrando a nuca de Stavros e a outra segurando sua lâmina afiada.
Então Daniel falou.
— Ela era linda, você sabia disso? Forte — apenas falar dela no rosto
do assassino sujava as lembranças de Daniel de Petra. Ele manteve o firme
controle de suas emoções, mas não sem esforço. Não sem dor. — Sangrenta
também — ele estendeu a mão sem tirar os olhos de Stavros. A faca de
Henan se acomodou na palma da mão. Pesada. Calorosa. — Porque ela
sancionou sua morte.
Ele cortou a bochecha esquerda de Stavros. Henan agarrou os
cabelos de Stavros, e empurrou a cabeça dele para trás, e depois o chutou
na parte inferior das costas. Ele caiu de joelhos antes de cair sobre seu
estômago.
Daniel se ajoelhou no chão frio ao lado dele, forçando Stavros a olhar
para cima, garantindo que seus olhos se encontrassem.
— Ela queria o seu sangue. — Daniel sorriu para ele, o aroma de
sangue invadindo suas narinas da maneira mais intoxicante. — Mesmo na
morte — ele sussurrou enquanto arrastava a ponta da lâmina sangrenta
pela garganta de Stavros. — Mesmo na morte, minha esposa obtém o que
quiser.
O sangue escorria do rosto de Stavros, entrando na boca, se
arrastando pelo pescoço dele. Ele não pareceu notar. — Então faça.
Daniel se levantou com uma risada crua ronronando sua garganta
seca. — Não tão facilmente. E não tão rápido — ele colocou o pé direito na
garganta de Stavros, pressionando contra a corrente grossa. Stavros se
contorceu, tentando se afastar da pressão, mas ele não tinha para onde ir,
e não havia como chegar lá. — Meu pé permanecerá na sua garganta,
quando eu estiver aqui e mesmo quando não estiver, para garantir que você
nunca se esqueça. Sua vida é minha agora.
Henan estendeu o marcador de gado elétrico, e Daniel conseguiu
uma onda de satisfação quando os olhos de Stavros se arregalaram e ele
tentou se levantar da bota de Daniel.
— Vai a algum lugar? — ele sacudiu o grego com o pé, que estava se
sacudindo e convulsionando, curvando-se sobre si mesmo, Daniel
pressionou o marcador na parte inferior das costas. Ele o atingiu três vezes
mais até que Stavros parou de se mover, parou de gemer.
Então ele recuou.
— Arrume isso — ele latiu para Henan. — Eu voltarei.

****

E ele pensou que estar preso naquele maldito navio era o inferno.
Stavros franziu a testa onde o guarda de Daniel Nieto o tinha
amarrado. Sua cabeça estava zonza, os braços ficando entorpecidos. O
corte na sua bochecha da lâmina de Daniel queimava e, se ele entre
cerrasse os olhos, ele conseguia distinguir o machucado do maldito
marcador de gado.
Merda, mas isso doeu.
Os dedos dos pés não tocavam o chão, e as correntes em volta de
seus pulsos e garganta, marcavam a sua pele. E além de tudo isso, ele não
conseguia se lembrar da última vez que havia se alimentado. A última vez
que ele teve água. Sua garganta era uma lixa seca, e áspera quando
engolia.
Tortura, hein?
Você não conseguia ser alguém como Stavros Konstantinou sem ter
sofrido algumas sessões de tortura. E ele não conseguiu ser tão temido
como era sem ter que sofrer dor física. Ele matava para viver, possuía uma
companhia de assassinos internacionais. Era certo que levaria mais do que
o marcador de gado de Daniel Nieto para tirá-lo do jogo.
Ainda assim, ele poderia desejar uma limonada. Água com uma fatia
de limão pelo menos.
Seria melhor que Daniel e seu capanga, Henan, não se sentissem
confortáveis. Porque Stavros não ficaria muito tempo aqui.
Henan voltou a entrar na gaiola, semelhante à de Lisboa, exceto que
esta não era tão alta. Ele sorriu quando Stavros levantou a cabeça. Pura
maldade encarava Stavros. Com Daniel, havia uma desconexão, um
desapego, suas emoções dissociadas do que ele era. Stavros entendia isso.
Mas Henan, seu ódio o tocava de perto, cobrindo todo o rosto com manchas
vermelhas brilhantes.
Isso era uma fraqueza.
— De volta tão cedo? — Stavros perguntou. — Eu estava prestes a
fechar os olhos. Você sabe, ter o meu descanso de beleza.
As narinas de Henan brilharam. Ele queria que Stavros se
encolhesse com medo, e o fato era que ele não estava irritado com o homem
grande e calvo com braços tão grandes quanto suas coxas. — Você vai
morrer.
— Eu vou? — Stavros fez um show olhando ao redor da gaiola. —
Não vejo nenhum homem ao redor o suficiente para me matar.
Henan agarrou-o, dedos grossos e carnudos na garganta de Stavros,
apertando.
Stavros engasgou, balançando ligeiramente, mas não conseguiu
escapar dos dedos de Henan que lhe cortaram a respiração. Ele acalmou
sua luta, permitindo que sua cabeça recuasse, abrindo a garganta e,
quando Henan se aproximou, Stavros reuniu os últimos vestígios de sua
força e bateu sua cabeça com a do homem.
Deus. Droga.
Henan gritou e cambaleou, mas Stavros ficou balbuciando, tonto, um
pequeno fio de sangue atravessando a ponte do nariz. Daniel apareceu na
entrada da gaiola, parado ali, todo quieto e silencioso como o anjo da morte
coberto de preto.
Face estóica.
— ¡Hijo de la chingada3! — Henan girou para Stavros, uma arma
apontada para ele.
— Henan — Daniel pronunciou a palavra com o tom e a cadência
escura de comando, e sufocou os batimentos cardíacos de Stavros.
Henan congelou.
— Seu proprietário deveria ter te ensinado melhor — Stavros disse a
Henan. — Nunca deixe o inimigo entrar sob sua pele. Acabamos de
começar, mas você já perdeu este jogo, Henan. — ele sorriu lentamente,
provando o seu sangue quando lambeu os lábios. — Se você fosse meu
animal de estimação, você estaria morto por essa fraqueza.
Raiva escureceu o rosto já vermelho de Henan. Ele deu um passo à
frente.
— Henan — ainda assim, Daniel não desviou o olhar de Stavros. —
Nos deixe.
A seu favor, Henan não hesitou. Ele se afastou imediatamente e saiu
da gaiola, indo para as sombras quando Daniel entrou, caminhando em
passos medidos para Stavros.
— Seu cachorrinho não tem disciplina — Stavros disse. — A culpa
cai diretamente nos ombros do dono, é claro.
Daniel o observou, as mãos agora dentro dos bolsos do casaco de lã
escura que pendia logo após seus joelhos. As manchas brancas que
pontilhavam o colarinho e a lapela enquanto Stavros observava,
desapareceram.
Derretidas.
Neve.

3
Filho da puta em espanhol.
Eles se olharam mutuamente em silêncio. Tentando o máximo que
podia, Stavros não conseguiu ler Daniel. Isso o frustrou. Ele podia ler
qualquer um, permitindo que ele avaliasse sua fraqueza e usá-la contra
eles.
Mas Daniel Nieto só tinha uma fraqueza e Stavros a matou.
— Quanto tempo você planeja me manter aqui? — ele perguntou,
principalmente para cortar o tranquilo silêncio que ficava mais espesso a
cada segundo.
A expressão de Daniel - tão animada como um pedaço de papel em
branco - não mudou.
— Quanto tempo você acha que vai levar para você fazer pagar? Que
período de tempo irá compensar você invadindo minha casa e tirando
minha esposa de mim?
— Você percebe que nada disso era pessoal, certo? — Stavros
franziu a testa. — Você sabe que fui contratado para fazer um trabalho.
— Eu já lidei com as pessoas emitiram o pedido. — os lábios de
Daniel se curvaram, mas seus olhos ficaram gelados. — Agora é a sua vez.
Deixei o melhor por último.
— Estou lisonjeado.
— Deberías de estarlo. — você deveria estar. Daniel tocou a corrente
na garganta de Stavros e, durante breves batimentos cardíacos, um pouco
de seu dedo áspero roçou a pele de Stavros.
Ele estremeceu.
— Para realmente quebrar um homem, há certas linhas que é
preciso atravessar. — Daniel soltou a mão, colocando-a de volta no bolso.
— Para nossa sorte, cruzei essas linhas décadas atrás.
Capítulo 3
“As autoridades mexicanas e dos Estados Unidos confirmam a
descoberta do túnel transnacional entre Tijuana e San Diego.”
Daniel soltou o jornal. Quando ele ressurgiu de seu exílio auto
imposto, a palavra se espalhou em sussurros silenciosos de que ele iria
reivindicar o que legitimamente pertencia aos Nietos.
A ele.
O seu trono.
Ele não desiludiu ninguém dessa noção. Na verdade, ele encorajou o
próprio boato. Mas tudo isso era subterfúgio para seus objetivos reais.
Voltar a liderar um de cartel, traficar armas, drogas e humanos já não
estava nos cartões dele. Não mais.
A mulher que não se lembrava mais dele, ele lhe devia.
Era ela ou a morte. Nada mais. Nada menos.
Mas mesmo quando ele conseguiu tirar um monstro de suas costas,
outro lhe esperava. Então ele tinha que lidar com isso. Felipe Guzmán
culpava Daniel pelo desaparecimento de sua irmã. O irmão de Petra odiava
o fato de Daniel permanecer vivo e livre enquanto sua irmã não.
Felipe fora um dos soldados de Daniel e, na ausência de Daniel, seu
cunhado formou uma nova organização, The Ghost Gang.
Felipe perseguiu Daniel, na esperança de atraí-lo para fora. Mas
Daniel não chegou ao topo da cadeia alimentar, deixando a emoção ditar
suas ações. Ele tinha planos, como aquele título de jornal.
Algumas palavras sussurradas na vizinhança das pessoas certas, e
os túneis que Guzmán usava para trazer suas drogas para a Califórnia
eram agora de conhecimento público.
— ¿Jefe4?
Ele se concentrou em seu sobrinho. Seu irmão, Antônio, nunca viu
seu filho crescer, mas Toro tinha o fogo dos Nieto em seus olhos, e aquela
sede inextinguível de sangue e poder que todos herdaram do velho.
— O pacote — ele pediu a Toro em espanhol rápido. — Cadê?

4
Chefe em Espanhol.
Toro empurrou um polegar sobre o ombro, apontando para onde um
sedan preto estava estacionado.
— Mostre-me.
— O pacote dois já foi adquirido — Toro disse antes de desaparecer
no porta-malas.
Toro jogou sobre os ombros o pacote um. Tornozelos amarrados.
Pulsos também. Boca fechada. Cabeça coberta com uma bolsa preta, com
pequenos buracos para respirar. Ele gemeu um som ensopado de dor.
Daniel sorriu.
Começar uma guerra de gangues não era tão difícil. Não se você
soubesse onde puxar. A competição direta de Felipe Guzmán entre a The
Perez Boys. Um a um, ele estava tirando membros de ambas às seitas,
começando pelo meio. Matar os soldados mais baixos, os da infantaria,
ninguém percebia ou se importava. Os meninos da esquina trabalhavam
para quem oferecia o máximo de incentivos. Tire uma cabeça e outra
pessoa tomará seu lugar rapidamente. Mas se livrar das pessoas do meio, o
coração de uma organização, você os deixa de joelhos.

Toro arrancou a bolsa da cabeça do homem. O homem ficou de pé,


resmungando por trás da fita, os olhos piscando furiosamente. Seu rosto
estava maltratado quase sem reconhecimento, inchado em uma bagunça
sangrenta e inchada.
Toro gostava de seus punhos.
Apesar dos olhos negros e das listras azuis que pareciam mais
fechados do que abertos, Daniel viu o momento em que o homem o
reconheceu. As suas narinas inflaram e seus gritos abafados ficaram mais
altos.
Isso curvou seus lábios. Ele realmente gostava desse som.
— Sí, soy yo5 — ele arrancou a fita, e o homem gritou, até que
Daniel o agarrou pela garganta.
Ele usava suas luvas de couro preto, e ele desejou que não estivesse
usando. A batida frenética do pulso foi silenciada sob seu toque. Ainda
assim, ele apertou, e quando o homem se contorceu e morreu, Toro estava
lá para pegá-lo.

Lágrimas escorriam de um rosto mutilado, alinhados com sangue.

5
Sim, sou eu em Espanhol.
— Eu o enviaria de volta a Perez para entregar minha mensagem —
Daniel murmurou. — Mas eu acho que a sua morte é suficiente.
Era sua segunda natureza, o reflexo natural, então ele deslizou a
lâmina de uma faca, e cortou a garganta do pacote um. O sangue brotou da
artéria carótida, salpicando imediatamente o seu casaco e fazendo uma
bagunça no peito de Toro.
Com uma respiração profunda, Daniel recuou.
— Cuide disso. — Ele disse a Toro. — O corpo e o carro,
imediatamente. Eu quero que ele seja entregue em pedaços.
Toro inclinou a cabeça. — Como você... — ele deu um aceno de
cabeça e um pequeno sorriso. — Sí, chefe.
O homem seria enviado em pedaços a todos no escalão superior da
organização Perez. A mensagem lá não iria ser mal interpretada.
— E o pacote dois? — Toro perguntou.
— Mantenha-o no gelo — Daniel disse a ele. — Não faça nada até
que eu diga.
Toro assentiu solenemente. Ele entendeu o que Daniel queria dizer,
ele estava lá antes. Eles já fizeram isso antes. Eles fariam novamente. Ele
tirou sua jaqueta e a atirou para Toro.
— Mande limpar.
— Devemos nos livrar disso, chefe. — Toro franziu a testa para ele
como se Daniel não tivesse pensado nisso.
— Não.
— Jefe...
— Eu disse que não — ele falou, e Toro imediatamente recuou.
— Claro. Perdón6, chefe.
Nieto o observou de perto. Ele parecia muito com Antonio. —
Quando você era mais novo você me chamava de tío. Por que você parou?
Toro olhou para ele. Aos vinte e seis ele era jovem em idade, mas
suas experiências de trabalhar para Daniel já estavam escritas em seu
rosto, e muito escondidas pela barba cheia e grossa. Ele era a encarnação
de seu apelido, bem musculoso e cheio de agressão perigosa. Ele tinha os
olhos de Antônio, sempre apreciando, e muito mais inteligente do que
queria que você visse. Como seu pai, Toro tinha uma camada externa

6
Perdão em Espanhol.
arrogante e maldade que ele preferia mostrar. Muito mais palatável do quê
o que residia logo abaixo da superfície, Daniel sabia muito bem.
— Você é o chefe. — Toro finalmente respondeu à pergunta de
Daniel com um dar de ombro descuidado.
— Sí. — Ele bateu no ombro do homem. — Mas eu sou o seu
sangue primeiro. E conosco... — ele fez um gesto entre eles. — O sangue é
tudo — ele se virou e se encaminhou para o seu próprio veículo. — Cuide
desse casaco. É o meu favorito.
— Sí, chefe.
Claro, ele não disse a Toro que foi Petra que comprou o casaco. O
último presente que ela havia comprado para ele. Às vezes ele se sentia
mais perto dela quando usava o casaco. Aquelas eram as vezes que ele
sabia com certeza que sua mente estava indo e deixando seu corpo
quebrado para trás.
Eh.
Era obrigado a acontecer.

****

Violência.
Ela se instalou sobre os ombros de Daniel como um cobertor quente.
Usado. Reconfortante. Familiar. Ele sorriu, e permitiu que seus olhos se
fechassem por um momento enquanto saboreava a momento. A violência
vivia neste lugar onde Stavros esperava, acorrentado no frio porão do
triplex que Daniel havia obtido apenas por isso.
— Senhor. — Boyd estava ao lado dele, com os suprimentos médicos
na mão enquanto aguardava as instruções de Daniel. Apesar da bata de
laboratório ter deixado de ser branca para um marrom claro com sujeira, e
o estetoscópio pendurado ao redor de seu pescoço, Boyd não era um
médico. Apenas um homem que se sabia algumas coisas. Ele também era
um homem que devia um favor a Daniel ou três.
Ele havia chamado todos os seus favores para isso.
Com os olhos fechados, com calma e arrogância, seu prisioneiro
deslocou-se da grade de metal frio para o chão.
— De volta tão cedo? — Ele levantou a cabeça enquanto olhava
pelas barras que o prendiam, Stavros sentou-se lentamente. Em deferência,
talvez, pelos machucados que ele havia recebido no dia anterior.
Henan usava sua raiva como um talismã ao redor de seu pescoço,
exposto para Stavros tomar nota e usar contra ele. Claro, a atitude
despreocupada de Stavros só servia para irritar Henan. Se o guarda tivesse
sua chance, ele colocaria uma bala no crânio de Stavros em um segundo.
Mas, claro, o prisioneiro não morreria em breve.
Este era o mundo de Daniel. Do grego também. Eles eram tão
parecidos, e era quase reconfortante. Daniel o mataria. Ou talvez Stavros
conseguisse o que ele tentou anos atrás, quando matou a esposa de Daniel
em vez dele. Ele tomaria a vida de Daniel.
— Você sentiu minha falta, sim? — Stavros sorriu. Ele parecia...
Despreocupado. — É bom admitir isso. Eu tenho esse efeito sobre as
pessoas. — a piscadela era quase jovial.
No final daquela noite sangrenta, Daniel pensou que as pessoas que
ousaram enviar Stavros atrás dele tinham que ter ficado loucas de trazer
sua ira para eles. Ele estava certo. Mas, perder seu amor, o deixou perto da
insanidade, então agora eles jogavam em um campo neutro.
— Senhor.
Boyd afastou o olhar que Daniel tinha sobre Stavros.
— Ele foi alimentado?
Boyd assentiu com a cabeça. — De acordo com as suas
especificações.
Pão e água. Uma vez por dia.
— Venha então. — Daniel caminhou até a gaiola, abriu com a chave
que estava nas contas do rosário. O rosário de Petra. Ele o envolveu em
torno de seu pulso como um bracelete grosseiro. Seu sangue ainda estava
nele. Ele nunca se incomodou em lavá-lo. Os anos se passaram, então seria
preciso procurar novas contas.
Daniel via o rosário toda vez que olhava seu pulso.
A porta da gaiola abriu com um ruído alto, e Stavros jogou a cabeça
para trás e riu.
— Entrem... — Ele murmurou, olhando para Daniel de debaixo dos
longos cílios, puxando as correntes em torno de seus pulsos.
Três passos deixaram Daniel ao lado de Stavros, e ele se ajoelhou,
agarrando o queixo do seu cativo.
Stavros o observava com desprezo patente, desafiando Daniel. Ele
era um homem imprudente, cortejando a morte com a companhia que ele
mantinha. Daniel o observou o suficiente para saber como sacudir o
prisioneiro.
Como se seus pensamentos ecoassem, passos foram ouvidos na
escada de metal que levava até o porão. Se ele os ouvia, Stavros não deu
nenhuma indicação. Ele manteve o olhar em Daniel, observando,
esperando.
Ele podia ter uma ideia do que estava próximo, mas Daniel nunca foi
o tipo previsível. A razão pela qual ele permaneceu vivo e respirando até
hoje. O clique dos saltos aproximou o visitante e Daniel se afastou de
Stavros, soltando o queixo do homem.
Deixando deliberadamente o olhar ir para a porta da gaiola, ele
acenou com a cabeça para Wilhelmina enquanto ela se pressionava contra
as barras. Ela era alta e ficou parada, seu cabelo escuro caindo sobre seus
ombros como os galhos de uma nogueira. Ela também lembrava uma noz,
sua casca dura e rígida de se quebrar, apesar dos grandes olhos que
fingiam inocência. O couro preto, que abraçava o corpo dela, escondia a
maior parte de sua pele lisa e cremosa, mas mantinha os seus
impressionantes seios em exibição.
Stavros virou-se para ela e congelou.
Ela sorriu com os lábios vermelhos, expressão tímida quando entrou
e passou por Stavros. Tudo sobre ela, do jeito que ela se movia, até a forma
como ela olhava para Stavros, deveria hipnotizar. Daniel observou Stavros
observá-la com os olhos que se abaixaram quando ela caiu de joelhos na
frente dele.
— Annika.
Sua irmã morta. Daniel observou tempo suficiente para saber que
Stavros a amava. Irmãos não por sangue, apenas por casamento, ele a
amava.
No entanto, ele nunca a teve.
— Annika. — O nome dela era um sopro de som trêmulo quando
Stavros tentou tocá-la, abraçá-la, exceto que as correntes não o deixariam.
Daniel não o deixaria.
Wilhelmina - me chame de Willy, amoreee – se contorceu no grego nu,
beijando-o, deixando manchas de vermelho para trás. Nem havia nem
mesmo um centímetro de distância, perto o suficiente para ouvir o
chocalhar da respiração no peito de Stavros, Daniel sentou e observou. Ela
acariciou a parte de trás de Stavros e enterrou os dedos nos cabelos
enquanto ele devolvia o beijo com sons famintos e tristes.
Ávido, enquanto ele tomava algo que lhe tinha sido negado por anos.
Willy circundou o pescoço de Stavros, ambas as mãos gentis no
início. Como o toque de um amante.
Boyd entrou na gaiola pela primeira vez.
O domínio de Wilhelmina ficou mais pesado, mais insistente em
torno do pescoço do grego. Exceto que o homem não prestou atenção.
Muito ocupado tomando o que nunca teve antes. Como a profissional que
ela era, Willy não parou, nem hesitou.
Ela apertou e segurou. Quando Stavros finalmente descobriu o que
estava acontecendo, ela já o tinha. Seu corpo nu empurrou-se, mas suas
mãos continuaram no pescoço dele.
Daniel não afastou o olhar, observando como a bela mulher tirava a
vida do grego com as mãos delicadas. Ela a roubou, e Daniel estava com
ciúmes. Irrevogavelmente com ciúmes de como ela se sentia ao tirar a vida
de Stavros. Mas ele queria isso.
Ele aceitava isso.
Quando o corpo parou de se mover, ela finalmente ergueu as duas
mãos. Uma espécie de rendição. Ela flexionou os dedos, fechou as mãos em
punhos e as abriu antes de encontrar os olhos de Daniel com um pequeno
sorriso e um brilho de luxúria sexual em seu olhar.
— Feito.
— Boyd. — Daniel acenou para o homem quando a mulher se
afastou do corpo nu de Stavros e caminhou até a porta da gaiola.
— Quando você precisar de mim — ela ronronou. — Você sabe onde
me encontrar.
Daniel assentiu. Toro tinha seu contato, já que os dois costumavam
frequentar os mesmos círculos de criminosos. Como ela já havia sido paga,
Daniel a dispensou.
— Adeus, Wilhelmina.
Os seus saltos soaram, mas ele já estava dando atenção para Boyd,
observando desapaixonadamente enquanto Boyd realizava RCP 7, para
trazer Stavros de volta à vida.
Ele não tinha permissão de morrer. Ainda não. Daniel manteve o
rosto impassível, os dedos fechados, com ambos os indicadores tocando
seus lábios enquanto Boyd cantarolava em voz baixa, suando. Porque ele
sabia, que se Stavros não acordasse, Boyd morreria com ele.
O corpo de Stavros arqueou do chão.
Os seus cílios vibraram, levantando enquanto tossia e gemia. Sua
pele estava pálida, olhos cheios de sangue e sem foco. Boyd levantou-se da
posição ajoelhada, deu um passo para trás, e deu um suspiro alto. A
cabeça de Stavros virou-se, olhos nublados se aproximando de Daniel
enquanto a garganta voltava a funcionar.
Daniel sorriu.
— Bem vindo de volta — ele saudou. — A diversão começa agora.

7
A reanimação cardiopulmonar (RCP) ou reanimação cardiorrespiratória (RCR) é um conjunto de manobras destinadas a
garantir a oxigenação dos órgãos quando a circulação do sangue de uma pessoa para (parada cardiorrespiratória).
Capítulo 4
Ele se acostumou com o silêncio. Ele podia lê-lo, e ele sabia o que
aquela quietude representava.
A calmaria antes da tempestade.
Amontoado no meio da gaiola fria, o sangue seco debaixo de seu
corpo nu, Stavros não se incomodou em levantar a cabeça. Seu corpo doía,
mas a dor era uma companheira tão constante que ele conseguiu colocá-la
em algum lugar na parte de trás de sua consciência. Se ele pudesse mexer
os dedos, ele os curvaria em punhos, mas, por enquanto, pendiam sem
força.
A respiração, essa péssima necessidade, também doía. Ter ar em
seus pulmões era uma tarefa, uma que Stavros tentou dominar enquanto
permanecia nessa posição.
Só uma coisa poderia cortar um silêncio tão grosso, e Stavros
esperava por ele.
Esperar era algo em que era bom. E matar. Hoje em dia a espera
mantinha mais peso, porque ele estava esperando seu tempo, esperando
matar.
Ou ser morto.
A outra metade da moeda.
Ele estava bem com qualquer opção.
Ele foi ensinado no negócio da família em uma idade precoce. Muito
mais cedo do que um garoto deveria. O seu pai acreditava na perfeição e na
prontidão, e ele garantiu que seu filho estivesse exposto à violência.
Fazendo isso, Stavros já estava entorpecido antes do décimo oitavo
aniversário. Ele também havia tirado algumas vidas até então.
O orgulho nos olhos de seu pai mantinha o sangue fluindo.
Crescer sem uma mãe, e um pai que viajava frequentemente sob o
pretexto de diplomata, não havia muita oportunidade de deixar alguém
orgulhoso. Os professores de seus internatos não contavam, e seu theíos –
tio – Christophe definitivamente se importava.
Mas Christophe não era o pai de Stavros.
Então, qualquer chance de deixar o seu pai orgulhoso, ele aceitava.
Ele abriu os olhos e olhou para a escuridão. O tempo não tinha
muito significado dentro de sua gaiola. Ele não tinha um relógio, nem a luz
do sol, apenas o breu da escuridão. Não havia como saber por quanto
tempo foi mantido aqui, cativo, prisioneiro, torturado e atormentado por
Daniel Nieto.
Como se os pensamentos de Stavros o tivesse conjurado, um único
arranhão de sapato contra o chão empoeirado chegou aos seus ouvidos. Ele
se viu olhando então, embora sentisse como se um bloco de concreto
estivesse pousado no pescoço dele. Ele teve que piscar repetidamente para
que seus olhos ardentes se focalizassem.
A escuridão se mudou, e se separou, e o brilho da lâmpada surgiu,
revelando seu captor.
— Sr. Konstantinou — a voz de Daniel fez Stavros estremecer.
— Me chame... — Era estranho ouvir a própria voz. — Me chame de
Stavros — seus lábios racharam, e gotas de sangue caíram no seu queixo
quando Stavros sorriu. — Nós somos, afinal, íntimos agora. Não?
Ele não esperava uma reação do homem que o observava tão
cuidadosamente, e Stavros não conseguiu uma. O olhar de Daniel sobre ele
era quase casual, desdenhoso. Ele esperava que Stavros quebrasse. Ele
esperava que Stavros se rompesse sob a força de sua tortura.
Daniel Nieto deveria ter perguntado sobre como Stavros reagia às
expectativas.
As desafiava. Ele as desafiava.
— Você está feliz por me ver? — falar e respirar doía, e então ele teve
que parar e forçar as palavras. — Porque eu... — ele ergueu o queixo e um
choque de dor severo cortou seu crânio, escurecendo sua visão por um
momento. — Eu senti sua falta, Nieto — ele lambeu o sangue do lábio
inferior. — É tão divertido quando você está aqui.
Realmente era. Quando Daniel estava por perto, eles jogavam o jogo,
aquele em que Daniel se passava por Deus. Ele matava Stavros e depois o
trazia de volta. Ele nunca teve medo da morte. Agora, graças a Daniel, ele
sabia o que o esperava do outro lado.
A porta da gaiola abriu e Daniel entrou. Alto e esguio, e vestido da
cabeça aos pés, olhos pretos brilhando enquanto permaneceram focados
em Stavros. Quanto mais ele se aproximava, mais Stavros se preparava
mentalmente.
A única coisa previsível sobre Daniel Nieto era a sua
imprevisibilidade.
Stavros achava... Fascinante.
— Sr. Konstantinou. — Daniel se ajoelhou ao lado dele, um joelho
na pequena poça de sangue manchado e seco no chão. Ele tocou Stavros,
uma mão sem luva na parte de trás do pescoço.
Dedos afundaram e apertaram enquanto agarrava a cabeça de
Stavros.
Ele apertou os dentes, os olhos nublados de dor.
— Estou feliz que você esteja alerta — murmurou Daniel. — O que
vem depois, você deve testemunhar.
Stavros sorriu, pois a fraqueza não seria algo que ele mostraria
voluntariamente. Dentro do peito, ele era um bloco de gelo. A
imprevisibilidade de Daniel Nieto o fascinava.
E o assustava também, quando Stavros se mantinha acordado e
encontrava uma semelhança muito viva de sua irmã morta, Annika, nua
em cima dele. Se contorcendo, implorando-lhe para tocá-la.
Para levá-la.
Por um momento ele ficou feliz por estar morto. Para estar com ela.
Para finalmente ter o que ele desejou, já que sua mãe se casou com seu pai
quando ambos eram adolescentes.
Então, sim, ele se derreteu em seus lábios e seu toque. Algo que ele
não ousou fazer quando ela estava viva. Porque ela nunca permitiu isso.
Ah, sim, ela o provocava. Ela o fazia pensar que ele iria conseguir, mas no
último segundo, ela sempre se afastava dele.
Desta vez não foi diferente. Salvo por suas mãos suaves ao redor de
sua garganta, espremendo com força.
Assim como ele gostava.
Annika sabia de tudo, todas as suas torções. Mas sua carícia tinha
sido uma mentira. Seu rosto também. Ela foi uma impostora, evocada por
Daniel, que pareceu saber mais do que Stavros o havia dado crédito.
Subestimar o inimigo era um erro mortal.
— Estou pronto. — Ele disse a Daniel, interrompendo as palavras.
— O que quer que você tenha, jogue-o para mim. Junto com um bife. —
Essa merda de pão e água não estava dando certo. Os pedaços, entregues
quase que diariamente por Henan, de gosto azedo, juntamente com o frio e
a fome, o deixaram em um estado de fraqueza física que ele não poderia
descrever corretamente.
A boca de Daniel se curvou. Era uma boca cruel em um rosto áspero.
Stavros sempre admirou a crueldade. Isso não mudou, nem mesmo neste
momento, e de todas as coisas que deveriam tê-lo desesperado de sua
tênue compreensão na sanidade, sua admiração pela boca de Daniel Nieto
não estava em nenhuma parte desta lista.
— Eu acho que eu teria gostado de você. — Daniel disse. — Se você
não fosse imprudente, sem fé — a mão no pescoço de Stavros, em seguida,
caiu. — Se você não tivesse tirado a coisa mais importante da minha vida.
Daniel falava em tom de conversa, mas o arrepio explodiu através da
pele nua de Stavros. Lançando um aviso, colocando-o em guarda, e não
muito cedo. A dor no lado esquerdo o fez ofegar e ele afastou seu foco do
rosto de Daniel para olhar para baixo. Uma faca estava lá, a mão de Daniel
curvada em uma carícia amorosa ao redor do cabo, os nós dos dedos
pastoreavam na pele de Stavros enquanto o sangue escorria para se juntar
a poça no chão frio.
Nieto queria que Stavros implorasse pela morte. Pedisse que a
tortura parasse.
Sua visão vacilou, e um som traidor escapou de seus lábios enquanto
ele erguia a mão. Lentamente. Ele tocou o braço do homem segurando a
lâmina dentro dele. Uma nova ferida para adicionar as inúmeras outras que
ele havia adquirido desde que acordou dentro da gaiola de Daniel pela
primeira vez.
Feridas e mais feridas.
Esta, como as outras antes, sangraria, doeria e cicatrizaria. Mas não
colocaria em perigo a sua vida, ainda não. Daniel queria que ele sofresse.
Stavros tinha que estar vivo para isso.
Ele não teve força para fazer mais do que agarrar-se ao corte
molhado e escorregadio de Daniel quando seu captor puxou a faca. Stavros
não estava familiarizado com som de sucção que fez. O calor de seu sangue
ficou um pouco do frio, e ele ergueu a mão na frente do rosto, olhando o
gotejante vermelho de seus dedos.
— Você gosta quando eu sangro — mesmo para seus ouvidos, suas
palavras eram mais tristes do que o normal. Inconscientes.
— Você faz isso tão bem. — Daniel soou orgulhoso, como se ele
aprovasse os riachos vermelhos percorrendo o quadril de Stavros e a
pequena poça que congelava ao lado deles. — Também me traz prazer,
observar você sofrendo.
Stavros estava ficando inconsciente, mas ele colocou os dedos
ensanguentados em sua boca, lambendo cada dedo vermelho - era dele, ou
talvez algum sangue de Daniel também estivesse misturado? - enquanto ele
segurava o olhar de Daniel.
— Isso me traz prazer... — sua voz tornou-se mais suave e suave,
desvanecendo, sua visão se estreitou para o homem ao lado dele que usava
a marca de morte de Stavros tatuada em volta de seu pescoço. O homem
com olhos impenetráveis e aquela boca lindamente cruel. — Observar você
tentar.

****

— Como está o nosso amigo mútuo? — Syren Rua sentou-se meio


para trás, com as pernas esticadas e os tornozelos cruzados enquanto
encarava Daniel com uma expressão curiosa. — Ainda vivo, espero?
Seu tom nada afetado não enganou Daniel nem por um minuto.
Syren não fazia ou dizia nada que não tivesse um motivo mais profundo.
Daniel gostava disso nele.
O tornava tolerável.
— Esperando.
— Você sabe que não pode matá-lo.
Syren não desviou o olhar ou recuou quando Daniel o encarou. Ele
havia aprendido há muito tempo que não assustava o diminuto homem de
cabelos brancos e os olhos da mesma cor que as plantas cor de lavanda que
Petra costumava cultivar em seu jardim.
— Eu? — ele emitiu o desafio, mas Syren simplesmente revirou os
olhos.
— Sim, você sabe. — Syren levantou-se e passou por ele para olhar
pela janela de seu condomínio de dez andares em um prédio localizado no
centro de Atlanta. — Faça o que quiser com Stavros — Syren disse quando
voltou para Daniel. — Mas o mantenha vivo. Você precisa dele.
Essa era uma noção risível. — Ele deve morrer — ele disse sem raiva,
porque demorava muito para irritá-lo hoje em dia. — É inevitável.
— Oh? — Syren ergueu o dedo, a unha pintada de um roxo vibrante.
— Por que você esperou tanto tempo para fazer seu movimento?
Essa tinha que ser uma pergunta retórica, porque Syren sabia por
que o atraso. Amigos próximos do líder da força-tarefa formada para tirar
os negócios de Daniel, Syren foi o único a manter Daniel a par dos
movimentos dos Fed contra os Nietos. Ele sabia que a lealdade de Daniel
tinha estado com a mulher confusa que ele deixara para trás, a pessoa
perdendo a cabeça com cada tique-taque do relógio.
Syren fazia parte desse grupo de cinco homens que Daniel enviou
atrás de Stavros. Seu voto era o único. Depois disso, Syren chegou a Daniel
com uma oferta para ajudar a recuperar o que lhe foi tirado.
Eles poderiam restaurar sua liberdade.
Mas o que aconteceu com Petra nunca poderia ser desfeito. Em seu
lugar, Daniel optou pela vingança. Para o que Syren nunca piscou um olho.
Como alguém que já havia ficado disfarçado dentro de uma
organização criminosa para vingar o abate de sua família, Syren precisava
saber que coisas assim... Elas levavam planejamento. Elas levaram tempo.
E acima de tudo, elas levavam paciência.
Daniel não disse tudo isso a Syren agora, mas o homem pequeno,
usando um terno escuro e cinza, o casaco abotoado sobre uma camisa
preta e calçado de couro marrom escuro, observava-o como se ele tivesse
lido tudo direto do cérebro de Daniel.
— Diga-me algo... — Syren retomou ao seu assento, afastando algo
invisível da lapela de seu terno. — E sinta-se livre para responder
honestamente, sim? Quando você leva a sua lâmina para a carne de
Stavros, é a visão do sangue que o excita e o mantém em pé? — ele segurou
o olhar de Daniel, os olhos falando mais alto do que sua voz, dizendo que já
conhecia a resposta. — Ou é a visão do sangue de Stavros Konstantinou
que faz o truque?
Daniel estreitou o olhar.
— É o pensamento de fazê-lo pagar pelo que ele fez com Petra, que
faz com que seu sangue corra e seu controle exploda? Ou é simplesmente o
pensamento dele? A visão dele que te desfaz? — Syren levantou uma mão.
— Porque eu tenho que lhe dizer, não importa o quanto você tente
esconder... Você está se desfazendo meu amigo.
Eles não eram amigos. Mal poderiam ser considerados conhecidos.
— Você me confunde com alguém que perdeu o controle, amigo. —
ele rosnou, e os lábios de Syren se curvaram. — Não fale do que você não
conhece.
— Se você diz. — Com as mãos levantadas em rendição, e os olhos
zombeteiros, Syren perguntou: — Qual é o seu próximo passo?
— Já está em movimento. — Daniel ficou parado. — Eu devo ir. —
ele não podia mais ouvir Syren. Ele tinha que lidar com o brasileiro nos
negócios, mas ele recusava-se a deixá-lo passar para o lado pessoal.
Capítulo 5
Plop. Plop.
O sangue gotejava em um balde de metal de forma constante. Apenas
pequenas gotas, mas eram frequentes. Estavam sendo coletadas no balde
de tamanho médio, enchendo suas narinas com aquele aroma imperdível.
Metálico.
Era um vício, ele tinha que admitir. A necessidade de ver o homem
que feriu sua esposa, sangrar.
Suspenso de cabeça para baixo, um Stavros nu era mantido no lugar
pelas correntes que escorriam em volta do pescoço, penduravam pelo
tronco para os pulsos amarrados e seguia para os tornozelos. Os grilhões
em seus tornozelos pendiam de um grande gancho que se estendia do teto
alto. Pele pálida com a perda de sangue, hematomas escuros e roxos
decorando seu corpo, Stavros estava encharcado de suor e sangue. Além do
gemido ocasional que parecia escapar dele involuntariamente, ele ficava
quieto. Seus lábios estavam rachados e descascados, mas seus olhos
estavam fechados, a respiração agitada enquanto seu rosto ficava quase tão
brilhante quanto o sangue que escorria dele.
Plop. Plop.
Daniel mudou de posição, encostando-se às barras da gaiola, com os
braços cruzados. Ele acenou com a cabeça para o homem ao lado dele.
— Faça.
Henan entrou na gaiola e Daniel o seguiu de perto. Ele gostava de ver
essas coisas. Certificar-se de que seriam feitas direito. Do jeito que ele
queria.
Henan pegou a mangueira de alta potência e apontou para o rosto de
Stavros, então ele ligou.
Stavros se moveu violentamente com o barulho alto.
Daniel sorriu.
Água gelada, diretamente no rosto do seu cativo. Stavros só podia se
contorcer. Não havia como escapar daquela mangueira e da água. Daniel
também sabia qual era a sensação. Como se um milhão de agulhas
pequenas estivessem voando em sua pele ao mesmo tempo, em velocidade
máxima, incorporando em seus ossos. Congelando você de dentro para
fora.
A água inundou o chão, raspando contra suas botas antes de
deslizar pelo chão inclinado e circular o ralo. Esta gaiola foi construída para
isso.
Ele assistiu desapaixonadamente enquanto Stavros lutava uma
batalha inútil para escapar da mangueira. Falhando. Todo empurrão fazia
com que a corrente em volta do pescoço se apertasse e machucasse mais
profundamente na garganta.
Se Daniel tivesse sorte, Stavros poderia até ficar com uma tatuagem
ao redor de sua garganta, bem como aquela que ele havia dado a Daniel na
noite em que matara sua esposa.
— Basta — ele disse a Henan suavemente.
Henan imediatamente largou a mangueira.
Daniel caiu de joelhos para ficar cara a cara com um Stavros
encharcado. Os lábios de seu cativo estavam azuis, os dentes batendo
enquanto ele sibilava.
Era bonito.
— Sr. Konstantinou — ele agarrou Stavros pelo queixo, segurando
sua cabeça balançando no lugar. A água escorria de seus cabelos, caindo
do nariz e das orelhas, passando pelos lábios quando tossia muito e alto.
— Ni-Nieto — as palavras de Stavros tremiam muito, mas quando
ele abriu os olhos vermelhos, eles zombavam de Daniel. — Não... — sua
garganta se convulsionou e seus olhos reviraram em sua cabeça. Suas
pestanas caíram, então, levantaram novamente. — Eu não disse para me
chamar de Stavros?
— Você me fascina Sr. Konstantinou. Eu quero cortá-lo, dissecá-lo
— murmurou Daniel. — Para ver o que marca você. O que controla você.
O riso de Stavros rapidamente se transformou em um ataque de
tosse, balançando o corpo enquanto ele pendia de cabeça para baixo do
gancho.
— V-você lê mentes, Nieto? — os pulsos amarrados em sua frente,
seus dedos - as pontas também tingidas com azul – se contraíram. —
Porque eu estava pensando que adoraria terminar o que eu comecei — seu
olhar tinha um tom de desafio mesmo quando ele se afastou das correntes.
— Você sabe, cortar o seu peito. Ver se o homem de lata tem um coração.
— Abaixe-o — ele disse a Henan, sem tirar o olhar de Stavros que
ainda permanecia pendurado. — Nós não terminamos — ele dirigiu esse
último comentário para Stavros.
— Ei, N-Nieto, você notou que continua se ajoelhando para mim? —
Stavros perguntou com pressa. Seus dentes se afundaram em seu lábio
inferior descascado, parando seus tremores. — Eu gosto — olhos inchados,
os dentes batendo tão alto, ele ainda conseguiu piscar para Daniel. — Você
sempre deve estar de joelhos.
Seu desafio era tão fascinante quanto seu sofrimento. Daniel sorriu.
— Você dá consegue manter uma excelente conversa, Sr. Konstantinou.
— M-meus parceiros de cama não me mantiveram ao redor apenas
por meu físico maravilhoso e rosto incrível.
Pelo que Daniel testemunhou enquanto vigiava Stavros, o grego não
mantinha os seus parceiros de cama por mais tempo do que o tempo
necessário para fazer o que queria. Mas isso não importava, então não falou
sobre isso. Em vez disso, ele se virou e saiu da gaiola.
— Não fique longe demais — as palavras de Stavros se aproximaram
dele. — Eu espero com impaciência pela próxima vez que você me
derrubará.

****

Ele perdeu o controle da última vez que ele comeu. Eles tinham lhe
machucado mais do que ele experimentou há muito tempo, e o drenaram
de mais sangue do que pensou que seria possível perder.
Mas a coisa mais premente para Stavros no momento era comida.
Ele fechou os olhos, tentando cheirar tudo exceto o desperdício de seu
próprio corpo. Inúmeros dias e noites acorrentados dentro dessa gaiola. As
alimentações esporádicas e a tortura. Se não fosse o alimento ou a comida
por dias, ele realmente gostaria deste calabouço congelado, úmido e escuro.
Fazia muito tempo desde suas últimas férias.
Deitado no chão frio onde permaneceu quando eles terminaram de
tentar quebrá-lo, ele inclinou seu peso com cautela para o seu lado
esquerdo inchado até o direito igualmente inchado. Sua garganta queimava
da pressão das correntes que foram enroladas em seu pescoço. Seus
tornozelos. Seus pulsos. Tudo doía. Ele não ficaria surpreso se seus dedos
estivessem quebrados. Agora eles eram inúteis para segurar e torcer as
correntes.
Não havia como ele pudesse se levantar, não com as correntes ou
com a forma como o corpo dele doía, mas suspeitava que suas pernas ainda
fossem úteis em segurá-lo.
O som de passos firmes contra o chão de cimento o fez se contrair,
mas ele não conseguiu fazer nada além de ficar ali e esperar. O cheiro de
comida o atingiu quando uma bota pesada pousou nas suas costas.
Não era Daniel.
Ele não teve que abrir os olhos para saber que o recém-chegado era
Henan, com a raiva e o veneno de serpente.
— De pé. — Henan falou aborrecido. Ele chutou a parte de trás da
cabeça de Stavros.
Doía - o que não doía mais? - mas fazer um som levava muito
esforço. Além disso, ele não queria fazer nada que pudesse fazer a comida
que ele cheirava ir embora. Seu estômago se apertou cru e doloroso. Ele
rolou o máximo que podia em sua barriga, estremecendo, mordendo o
interior de sua bochecha. Então lutou para se agachar antes de levantar a
cabeça.
Henan ligou a luz acima do portão da gaiola, e ele ficou ali, um prato
de comida na mão quando viu Stavros. Henan não era um homem alto. Ele
lembrava a Stavros de um fisiculturista com esteróides, barrigudo, com
costas arredondadas enquanto caminhava com os calcanhares mal tocando
no chão. Cabeça raspada pequena, rosto em perpétua careta, músculos
inchados, veias que sobressaiam.
Ele não falava muito, seguindo as ordens do responsável. Essas
ordens pareciam manter Henan, de outra forma desqualificado, sob
controle.
— Com fome, hein? — o sotaque de Henan era grosso, difícil de
cortar.
Na pergunta, Stavros encolheu os ombros.
— Eu não morreria se tivesse um bife — suas palavras surgiram
bruscamente e lentas, mas não havia nada que ele pudesse fazer sobre
isso.
— Você pode ter isso. — Henan estendeu o prato, e as papilas
gustativas de Stavros se tornaram vivas, inundando sua boca com saliva
quando viu ovos e pão. — Se você implorar.
Oh. Bem então. — Eu não sei se você está ciente disso — ele se
inclinou para frente, falando suavemente como se estivesse compartilhando
um segredo. — Mas eu não imploro. Para nada. Ou para qualquer um.
Henan riu.
— Se você quer isso... — o riso foi embora rapidamente. — Você
implora.
Stavros suspirou. Obviamente ele não ficaria sem sustento em breve.
— Ouça, diga ao seu chefe escondido que se ele quiser que eu implore, ele
pode tentar me obrigar ele mesmo. Eu não vou a lugar nenhum.
Ele culpou seu olho direito inchado por sua incapacidade de ver a
bota de Henan se dirigindo para ele. O pontapé em seu rosto acertou em
cheio, ao cair, veio os chutes.
Merda.
Ele tentou se enrolar em uma bola, para cobrir o rosto, mas as
correntes restringiam seu movimento, deixando-o aberto e mais vulnerável
às botas de aço. O sangue inundou sua boca e deslizou pela garganta,
sufocando-o. Ele tossiu e explodiu, arrastando seu corpo maltratado ao
longo do chão frio, na tentativa de se afastar da bota insistente de Henan,
mas só até o momento.
Não houve luta de volta, nem escapatória. O que significava que ele
tinha que ficar ali e ser chutado a um fôlego de perder sua vida. Mas Nieto
não o queria morto.
Ainda não.
A dor o cegou. Seus gemidos, esfarrapados e molhados, bateram nas
orelhas e Stavros se encolheu com esse som tanto quanto a própria dor.
Odiava ser fraco e vulnerável. Esta situação era o caráter disso.
Não havia saída. Nenhuma escapatória.
Só isso, dia após dia.
Um golpe particularmente vicioso bateu sua cabeça no concreto, e ele
deve ter apagado porque a próxima coisa que ele soube era que um fluxo de
líquido quente estava se derramando sobre ele.
Ele gemeu, as pestanas se abriram. De costas, ele olhou através de
uma visão turva e deslumbrante para ver Henan de pé sobre ele, o zíper
para baixo.
Seu pau para fora.
Apontando para ele.
Quando o outro observou os olhos abertos de Stavros, ele sorriu e
apontou mais alto.
Para a cara dele.
A urina salpicou sua bochecha esquerda, entrando no nariz. Na boca
dele.
O corpo de Stavros se recusou a se mover. Recusou-se a se afastar.
Nada funcionava senão a mente e os olhos enquanto permanecia deitado,
sonhando com todas as maneiras que ele faria Henan pagar.
Todas as maneiras que ele faria Daniel Nieto pagar.
Ele desapareceu no chão frio, corpo quebrado, encharcado de sangue
e urina. Ele desapareceu quando Henan saiu da gaiola com a comida.
Ele sentiu que tossiu; a garganta e a boca estavam tão secas que
pareciam apertadas, quebradas. Stavros tentou levantar a cabeça e um
pequeno grito o deixou quando a dor o atacou. Ele caiu no chão enquanto
ofegava. O fedor, um misto de urina e sangue assaltava suas narinas,
queimando seu nariz e os olhos.
Ele engoliu em seco.
Água.
Ele precisava de água.
A garganta doía, estava tão seca. Ele não teve que tocar seu rosto
para saber que as camadas de sangue estavam por ali. Mais uma vez, ele
levantou a cabeça, pronto para a dor, mas ainda incapaz de sufocar o
gemido que a dor trouxe aos lábios. Ele conseguiu uma posição semi-
sentada e olhou em volta.
A luz estava desligada, mas uma pequena poça de líquido brilhava no
canto, perto do ralo. Um som de pressão ecoou em seus ouvidos quando ele
tentou engolir. A dor em seu estômago era além da fome, além de qualquer
coisa. O vazio pareceu se instalar em seus ossos.
Mas água.
Ele precisava de água. Então ele se arrastou para aquela poça
pequena, um pouco maior do que o tamanho de um dólar. Água que devia
ter se estabelecido lá após o seu semi-afogamento anteriormente. Uma vez
que ele atingiu seu objetivo, Stavros se curvou e lambeu.
Estava morno.
Mas era líquido.
Amargo com outro gosto estranho.
Talvez sal.
Ele afastou a boca disso.
Ele estava lambendo a urina de Henan?
Líquido.
Ele se preocuparia com isso mais tarde, outra vez, quando ele não
estivesse prestes a desmaiar pela falta de água. Ele se curvou novamente,
cheirando, recusando-se a reconhecer o que estava fazendo. Quão baixo ele
estava, literal e figurativamente. Raspando a língua no chão, ele lambeu. A
umidade queimava seus lábios e os cortes no queixo.
Mas... Era líquido. Logo tudo se foi, mas ele ficou dobrado, com a
língua no chão, agitando.
Recusando-se acreditar quem era ele. Stavros Konstantinou.
— Sr. Konstantinou — a luz na gaiola acendeu. — Você não parece
tão bem.
Stavros endureceu com a voz de Daniel, mas ele não ergueu a
cabeça, zangado demais para conseguir isso. Mesmo acorrentado e
ensanguentado, ele tinha uma espécie de vantagem. Agora, já havia
desaparecido.
— Nada a dizer? — os passos de Daniel se aproximaram até que ele
estava dentro da gaiola com Stavros, a poucos passos de distância.
Stavros permaneceu nas mãos e os joelhos, traseiro nu no ar, mas
ele olhou para Daniel. — Você deveria me matar — ele respondeu. —
Quanto antes melhor.
— Oh? — os lábios de Daniel se curvaram quando ele afastou-se de
sua posição e agachou-se ao lado de Stavros. — Por que você diz isso?
— Porque eu vou matar você — Stavros disse. — Mas não antes de
rasgar Henan e matá-lo arrancando suas entranhas.
O nariz de Daniel enrugou. — Isso é muito específico. Mas você
sabe, Sr. Konstantinou, eu não vou matá-lo. Ainda não, de qualquer
maneira.
Stavros sentou-se completamente, rangendo os dentes com a energia
que a ação simples levava. Energia que ele não tinha. — Seu plano é me
matar de fome lentamente?
— Henan trouxe comida antes, não? — Daniel levantou uma
sobrancelha. — Foi-me dito que você não comeu. Algo sobre se recusar a
implorar por isso — ele observou Stavros de cima para baixo. — Que
vergonha.
— Você me observou, não foi? — Stavros perguntou. — Você acha
que me conhece, não é? Quando você estava tirando imagens de mim
enquanto se escondia em meus arbustos, você viu alguma coisa que o fez
pensar que eu imploro?
— Não. — Daniel se inclinou, tão perto de Stavros podia sentir o
cheiro do café em sua respiração. — Eu também não vi nada sobre você
gostando de urina, mas aqui está você... — ele assentiu para onde Stavros
estava agachado, nem um minuto atrás. — Arrastando a língua em todo o
meu piso em busca de mais mijo.
O riso em seu tom era difícil de perder, então Stavros permitiu que a
humilhação lavasse por ele por apenas um segundo. Só porque ele não
tinha tempo para mais nada. — Nós fazemos o que temos que fazer para
sobreviver.
— Eu concordo. — Daniel inclinou a cabeça e lambeu seus
deliciosos lábios – malditos sejam seus lábios – antes que seus dentes o
mordesse — Mas acho que é engraçado - de uma maneira divertida - que
você acha que pode sobreviver a mim.
Sua confiança era a coisa mais atrativa que Stavros já havia
testemunhado. Ele esteve ao redor dos homens e mulheres mais lindos.
Mas foi o modo confiante e calmo que Daniel Nieto falava sobre matá-lo que
deixava o corpo de Stavros tentando se mexer.
Ele mudou de “muito além de torcido” e estava flertando com “doente”
agora.
Não surpreendentemente, Stavros estava bem com isso.
— Quanto tempo você planeja me manter aqui? — ele fez a pergunta
antes. Ele perguntaria novamente.
— Quanto tempo você acha? — Daniel se moveu, e o olhou com
zombaria. — Eu não preciso saber nada de você. Não há perguntas que eu
preciso responder, e nenhuma informação que eu busco — sua boca se
curvou mesmo quando aquela escuridão familiar em seus olhos se
aprofundou, puxando Stavros. — Isto é prazer. Estou tirando de você
porque você tirou de mim.
— Para se sentir melhor.
Compaixão piscou nos olhos de Daniel. Pena. Por Stavros. — Nada
me fará sentir melhor. Eu sei o suficiente para saber disso.
Stavros trouxe suas mãos atadas e, para o seu crédito, Daniel não se
moveu e nem bateu um cílio quando Stavros tocou seu queixo com os
dedos ensanguentados e quebrados.
— Eu gosto da sua voz — ele sussurrou. — Você diz às pessoas
como a obteve? — ele se lembrou de embrulhar o garrote em volta da
garganta de Daniel enquanto ele dormia com sua esposa ao lado dele
naquela luxuosa king Califórnia. A luta de sua vida, naquela noite. Ele
ficou muito duro no final, então ele ficou alto, fodido, e gozou com a
memória de Daniel Nieto lutando debaixo dele. — Você lhes diz o nome do
homem que se aproximou o suficiente para cicatrizá-lo permanentemente?
Daniel sorriu. E foda-se ele, mas era cruel. Esse sorriso tinha um
certo tipo de sabor. A boca de Stavros se contraiu.
— Eu gosto das minhas cicatrizes. — Daniel disse suavemente.
Sucintamente. — Elas me dizem onde eu estive. Que eu sobrevivi. Nós dois
sabemos que você nunca terá as mesmas opções — ele se afastou do toque
de Stavros. — Porque você nunca vai sobreviver a mim.
Stavros queria puni-lo por aquela gota de desafio, mas não havia
nada que pudesse fazer, exceto assistir enquanto Daniel se levantava e se
dirigia para a entrada da gaiola.
Henan apareceu, e Stavros olhou da mangueira para o filho da puta
enquanto Henan sorria para ele.
— Hora do seu banho, Sr. Konstantinou — disse Daniel. — Você
cheira a fome — ele se virou e fez uma pausa, olhando para Stavros sobre o
ombro dele. — E a mijo.
Filho de uma...
A força da mangueira o atingiu.
Doloroso. Sim, claro.
Mas água.
Então ele deu um encolher de ombros mentalmente e enrolou-se no
chão até o fim.
Capítulo 6
Uma vez por mês, Daniel fazia uma viagem a Seattle, para ver o
irmãozinho que ninguém deveria saber que existia. Com vinte e um anos,
sua mãe contou a Daniel e Antônio que eles tinham outro irmão. Ela
escondeu sua gravidez de seu marido porque não queria que a influência de
Eduardo Nieto corrompesse mais uma criança. Então, ela passou a maior
parte da gravidez nos Estados Unidos com um parente e deu seu terceiro
filho para adoção.
A notícia veio como um choque. Como não poderia? Mas Daniel
entendeu. Crescendo como o filho de Eduardo, ele entendeu a escolha de
sua mãe. Ela observou seu marido preparar seus dois filhos mais velhos,
tentando colocá-los um contra o outro em uma tentativa de transformá-los
em versões mais jovens de si mesmo. Em seu lugar, Daniel provavelmente
teria feito o mesmo. Ela implorou para manter seu irmãozinho seguro
ficando longe. Então eles tinham feito isso. Ninguém sabia sobre Levi,
exceto os três. Ou então eles pensaram.
O FBI descobriu sobre Levi de qualquer maneira, e eles lançaram
uma campanha para descobrir se ele sabia sobre o negócio do cartel. Se ele
estava tão envolvido nisso como Daniel e Antonio.
Eles plantaram um agente na vida de Levi. Um homem que Levi
amou e se casou sob falsos pretextos, até o dia em que descobriu a
verdade. Eles destruíram a vida de seu irmão, e quando Daniel descobriu,
ele queria sangue.
Levi manteve-o calmo por um tempo. Mas assim que Daniel estava
prestes a escapar dessa coleira, o marido de Levi voltou para a vida dele.
Eles se reconciliaram, reconstruíram sua vida e família, e agora se casaram
novamente. Seu irmão merecia ser feliz. Pelo menos, Petra diria isso. Ela
abraçaria o agente do FBI, Levi, e quereria que Daniel fosse ver a família.
Ele fez isso por Petra. Para a família que poderiam ter tido, se ele não
tivesse insistido que seu mundo fosse muito perigoso para uma criança. Ele
a desapontou com essa decisão, levando-a ao silêncio.
O silêncio de Petra o assustava como nada mais. Quando ela ficava
alta, quando eles brigavam, eles estavam bem. Mas quando ela ficava em
silêncio, quando fingia os sorrisos e procurava ocultar a luz que acendia em
seus olhos ao ver o bebê de outra pessoa, ele entendia que ele a feria de
uma forma mortal.
Ele mudou de ideia. Mas foi muito tarde.
Seu passado, presente e futuro foram roubados por Stavros
Konstantinou.
Ele foi pego por esse homem?
Sim, uma vez antes. Não aconteceria novamente.
Nunca.
No subúrbio silencioso de Seattle, ele estava sentado na parte de trás
do carro, olhando a casa do outro lado da rua. Toro sabia melhor do que
fazer perguntas, mas Daniel sentia a curiosidade de seu sobrinho. Ele não
sabia sobre Levi. Ninguém em sua família sabia sobre o irmão mais novo de
Nieto, exceto Daniel e Antonio.
O que Levi tinha dentro daquela casa, a família que ele havia
construído; Daniel não queria fazer nada para tirar dele. Levi merecia mais
do que ele conseguiu até agora. Mas ele era tudo que Daniel tinha, e isso
significava que ele não poderia ficar longe. Então, uma vez por mês, ele
vinha aqui e ficava sentado no carro do lado de fora da casa, observando-
os.
Às vezes a janela estava aberta, as persianas puxadas para trás para
mostrar-lhe Levi e seu marido, rindo e se amando. Isso fazia com que ele se
sentisse como parte da família, enquanto estava separado disso. Enquanto
seu irmãozinho fosse feliz.
Sua mãe pediu a Antônio e ele para proteger Levi. Mantê-lo longe de
seu pai. O negócio não era para ele. Eles pensaram que a proteção
significava distância. A distância simplesmente significava que eles não
tinham ideia quando o FBI voltou suas atenções para Levi. Agora, não
importava que ele raramente passasse pelo gramado dianteiro da casa de
Levi. Daniel iria ficar por perto.
Um bater de juntas na janela à sua direita trouxe sua mente de volta
ao presente. Donovan Cintron olhava para ele do outro lado.
— Toro.
Seu sobrinho baixou a janela e Van acenou com a cabeça para
Daniel. — Você quer entrar?
Ele queria. Mas ele não poderia. — Como ele está? — ele perguntou
em vez disso.
O ex-agente do FBI encolheu os ombros. — Ele está bem. Ele estaria
melhor se você parasse de espreita nas sombras e realmente entrasse em
algum momento.
Talvez os dois ficassem bem, mas Daniel não estava pronto para isso.
Ele poderia nunca estar. — E o menino? — ele perguntou por seu outro
sobrinho, o filho de Van e Levi.
— O menino. — Van bufou. — Ele está na faculdade, e não tenho
certeza se quero saber o que ele está fazendo por lá.
— Toro — Daniel encontrou o olhar do motorista no espelho
retrovisor. — Privacidade — ele ainda não havia compartilhado a notícia de
quem era Levi para seu sobrinho, e agora não era hora de fazer isso.
Um baixo clique sinalizou que o veículo estava desbloqueado e depois
Toro saiu. Daniel acenou para Van. — Junte-se a mim.
Van não hesitou em sentar ao lado de Daniel.
— Eu ouvi que você deixou o FBI.
Abaixando-se no assento de couro preto, Van o observou com uma
expressão relaxada enquanto encolhia os ombros. — Você ouviu
corretamente — ele se inclinou para frente. — Por quê? Está aqui para me
oferecer um trabalho? — ele riu com isso.
— Tenho certeza de que mi hermano mais novo teria algo a dizer
sobre isso.
— Sim.
Daniel deixou o silêncio construir por um tempo antes de dizer: —
Eu tenho Stavros Konstantinou.
As sobrancelhas de Van derrubaram. — O tem como?
— Bem onde eu o quero — quando as palavras o deixaram, ele
desejou que elas não significassem muito mais do que deveriam.
— Ah.
Aquela palavra e o cintilar atrás dos olhos de Van tinham o olhar de
Daniel afiando o rosto do outro homem. — Você sabe — ele não falou isso
como uma pergunta. — Você sabe o que ele fez.
— Eu sei. — Van assentiu uma vez.
— O que mais você sabe?
— Quero dizer... — Van franziu os lábios. — Eu sei que ele enviou
um homem para me matar uma vez. Eu sei que nunca conheci Stavros, e
realmente quero cortar sua garganta.
— Ele tem esse efeito, sim.
— Por que ele ainda está vivo? — Van perguntou. — Ele matou sua
esposa, cara. Esse cara merece o mesmo destino.
— Estou ciente do que ele merece — ele manteve a voz uniforme. —
Ele vai conseguir isso em breve.
O entendimento surgiu no rosto de seu cunhado. — Você quer que
ele sofra.
Era a palavra certa? Ele grunhiu e Van pareceu aceitar isso como
afirmação.
— Não durma no ponto com ele, no entanto. Ele vive por essa merda
selvagem.
— Eu sei quem é Stavros Konstantinou — ele nunca esqueceria.
— Tá. — Van olhou de volta para a casa. — Então você entrará ou
não?
— Eu estou amarrando as pontas soltas, agente Cintron. Meus
inimigos não podem saber sobre ele.
Van ficou com a expressão feroz. — Sobre isso, nós concordamos.
— Eu estou falando isso para que você possa deixá-lo saber que,
embora eu possa ficar nas sombras, nunca estou longe — era uma
promessa e um aviso.
O olhar de Van procurou o dele antes do outro assentir devagar.
— Ok — ele saiu do carro e se inclinou para olhar para Daniel. —
Essa situação com Stavros. Tenha cuidado.
— Claro — ele observou enquanto Van caminhava até a porta da
frente. A porta se abriu, e Levi apareceu iluminado pela luz vindo da casa.
Vestido casualmente com jeans e uma camiseta.
Van abraçou-o, sussurrou algo para ele, e Levi assentiu, com seu
olhar no carro. Em Daniel. Ele não deveria poder ver através das janelas
sombreadas, mas sentia como se fizesse de qualquer maneira. Como se ele
visse diretamente Daniel.
Este era o irmão dele. Seu irmão. A família dele.
Quando Petra morreu, ele esqueceu que tinha outra família lá fora.
Com seu outro irmão, Antônio, na prisão, fora do alcance dele, ele havia
esquecido sobre Levi. Sobre Toro. Agora que ele estava tomando as medidas
necessárias para voltar à luz, a enormidade de tudo pesava em seus
ombros.
Ele ficou observando a casa até Levi e Van entrarem e trancarem a
porta atrás deles. Então ele fez Toro dirigir.
No aeroporto, sentado no avião, esperando para decolar, pegou o
telefone e discou.
— Olá?
— Como você está? — ele perguntou.
— Se você entrasse, eu ficaria muito melhor — disse Levi.
— Talvez não — ele olhou pela janela, em um avião que se deslocava
para longe. — Você sabe quem eu sou — o que significava que não podiam
estar conectados.
— Van me disse o que você falou.
— ¿Y8?
— Talvez eu não precise que você fique nas sombras. Você já pensou
nisso?
— Sim, eu tenho.
Seu irmãozinho suspirou. — Mas você não vai mudar de ideia.
— Não.
Levi permaneceu em silêncio por vários batimentos cardíacos. —
Você terá cuidado?
— Eu não vivi por tanto tempo fazendo as coisas de outra maneira
— mas ele não podia negar que ter alguém se preocupando com ele era
bom. Petra e sua mãe foram às únicas que se preocupavam. Antônio
achava que ele era invencível. E seu pai não tinha espaço para coisas
triviais, como o cuidado de alguém.
— Tchau, Daniel.
— Adiós, hermano.

****

Um fogo dançou em sua barriga, enviando faíscas disparando para


cima e para baixo em sua coluna toda vez que ele colocava o pé dentro da
gaiola. Inquieto, ele esperou pela linda antecipação de sua presa enrolando

8
E em Espanhol.
os dedos. A adrenalina passou por suas veias, tornando muito mais difícil
ficar quieto.
Vivo, pela primeira vez em anos. Ele se sentia vivo.
Sentado em um canto da gaiola, coberto de sombras, Daniel
observou seu cativo se contorcendo enquanto ele dormia; os gritos roucos
rasgando sua garganta. No sono, em seus sonhos, Stavros era um tesouro
de informações. Observá-lo era o único entretenimento que Daniel
conseguia manter.
A depravação era a coisa de Stavros. Os seus encontros com as
mulheres tinham sido abertos, mas ele não esperava que Stavros se
envolvesse com o mesmo tipo de ato com os homens. E com o mesmo vigor.
O mesmo abandono. Ele sentia prazer, enquanto Daniel lamentava a
mulher que ele havia perdido. Enquanto os gritos de morte de sua esposa
ecoavam em seus ouvidos até ele ter certeza de que sangrariam.
Enquanto Daniel afundava com o peso da culpa nos ombros, Stavros
Konstantinou vivia uma vida de indulgência decadente. Isso não poderia
continuar.
Agora, ele era o entretenimento de Daniel. Respirando apenas a
critério de Daniel.
Um gemido retumbou do corpo no chão. Stavros se moveu, e Daniel
escutou sua respiração trêmula.
— Porra. — Stavros amaldiçoou com a voz esfarrapada e pesada de
dor.
Daniel o observou, os lábios curiosos enquanto Stavros lutava para
se sentar, puxando as correntes. Se a sua posição rígida fosse alguma
indicação, doía demais.
A luz na gaiola permaneceu desligada, deixando o lugar na
escuridão. Ainda sim, Daniel já conhecia o corpo de Stavros. Sujo da
cabeça aos pés com sangue e sujeira, cabelo enrolado. Os olhos e o nariz
inchados, um corte que já havia curado em sua bochecha, hematomas
negros e azuis decoravam sua face rígida, incapaz de se esconderem sob
todo o sangue seco.
Ele perdeu muito da aparência de um cavalheiro gentil, seu
bronzeado desaparecendo com a falta de luz solar.
Mas, ele não perdeu o fogo em seus olhos. Nunca, e muitas vezes,
Daniel encontrou-se diante desse incêndio. Ele sempre escapava sem se
queimar.
— Me olhando dormir, Nieto? — as costas de Stavros estavam de
frente para Daniel, mas sua cabeça estava inclinada para a direita. A
tensão em seus ombros combinava com a mesma qualidade em sua voz.
Daniel encolheu os ombros, embora Stavros não o estivesse olhando.
— Eu gosto de vigiar os meus prisioneiros — ele parou e foi até a abertura
da gaiola, ligando a luz de cima antes de retomar seu assento no canto. —
Além disso, parece que você precisava de companhia.
Stavros zombou. — E é Isso que você pensa que eu sou? Seu
prisioneiro? — ele posicionou-se, com movimentos curtos, até que estavam
um de frente ao outro.
— O que você acha que é? — Daniel perguntou a ele de forma
uniforme. — Compartilhe.
— Eu acho que sou seu reflexo no espelho — ele segurou o olhar de
Daniel. — Você se conhece, não é verdade? — Stavros lambeu os lábios
rachados. — O monstro em você reconhece o monstro em mim — ele
sussurrou. — E quer jogar.
Daniel apenas o observou, não dando nada. Ouvindo palavras que de
alguma forma queimavam mais do que o garrote de Stavros em sua
garganta.
— Você quer saber por que nada do que você faz comigo aqui vai
importar? — Stavros perguntou com o mesmo tom silencioso. — Por que,
não importa quantas vezes você me faça sangrar, eu não vou quebrar? Por
que, não importa quanto tempo levar para você me alimentar, eu não
imploro?
Daniel colocou os cotovelos sobre os joelhos, o corpo inclinado para
frente, os olhos pegando cada centímetro do corpo mal tratado de Stavros,
enquanto seus ouvidos estavam em alerta a cada som, a cada cadência de
sua voz. — Conte-me.
— Naquela noite, quando matei a sua Petra...
Assim como em todas as outras vezes que alguém pronunciava o
nome dela, o estômago de Daniel balançou e a respiração ficou agitada.
Desigual. Ele manteve o rosto estóico e abriu as mãos.
— Quando eu tive meu garrote ao redor de seu pescoço e seu corpo
lutando debaixo de mim, você olhou nos meus olhos — disse Stavros. —
Lembra-se disso?
Ele nunca esqueceria.
— Eu tive você perto da morte. — Stavros confessou. — E você me
teve perto do orgasmo — ele se moveu então, arrastando-se no chão, o
corpo inclinado em direção a Daniel, a voz silenciosa como se estivesse
compartilhando um segredo. — O pensamento de tirar a sua vida, o ato de
vê-lo se esforçando para viver, me deixou duro... — seus olhos brilhavam
na luz baixa e por um momento as mesas estavam viradas, totalmente.
Daniel se encontrou vulnerável. Cativo. Aquele preso na gaiola.
— Eu gozei com força naquela noite — disse Stavros. — E fodi
também — sua boca curvou-se. — Um ménage. Buceta e traseiro mais
apertado. Eles fizeram um sanduíche humano comigo, e pensei apenas em
você nesses momentos. Naquele momento.
Eram palavras destinadas a surpreendê-lo. Queriam provavelmente
desnortear Daniel. Ele deu um sorriso apertado para Stavros. — Eu
deveria ficar lisonjeado?
Stavros bufou. — Não, você deve estar ciente. Porque isso? Eu como
o seu cativo? São apenas as preliminares do prato principal inevitável, onde
planejo festejar com você até estar bem saciado.
Um sorriso lento se espalhou no rosto de Daniel enquanto ele ia para
Stavros, baixando no chão imundo. Ignorando tudo enquanto agarrava o
queixo de Stavros e o olhava nos olhos.
— Eu gosto desse lado seu — murmurou Daniel. — Desafiante. —
suas farpas verbais de alguma forma deixavam sua coluna dançando por
mais do que ver apenas o sangue de Stavros. Ele achava que qualquer
outra coisa não seria tão vibrante quanto derramar o sangue do seu cativo.
— Toda essa insolência, apesar do perigo.
Os cabelos no rosto de Stavros roçaram na palma de Daniel, uma
consciência que foi registrada em voz alta, chamando a atenção de Daniel.
Assim como o calor da pele de Stavros.
Tão quente.
O olhar de Stavros nunca se desviou do dele. Seu olhar era tão
emocionante como tudo o mais sobre ele. Repleto de rebelião e uma
arrogância que Daniel sabia que Stavros poderia retornar.
— Você não ouviu? — seu foco mergulhou uma vez, desde os olhos
de Daniel até a boca e de volta. Uma rápida cintilação. Quase imperceptível.
Então Stavros lambeu os lábios. — Eu vivo para o perigo.
Daniel sabia que isso era verdade. — Então você veio ao lugar certo,
Sr. Konstantinou — o pulso logo abaixo do queixo de Stavros latejava
contra a ponta dos dedos, lembrando-o de que ainda segurava o outro
homem.
Ele aumentou seu aperto.
Esse pulso acelerou.
O calor se espalhou e o corpo de Daniel o sugou. Uma esponja seca
absorvendo água.
Com a mão livre, Daniel puxou sua lâmina de sua bota. Porque ele
não havia feito isso há algum tempo. Porque ele sonhava em espetar sua
lâmina em Stavros Konstantinou.
E porque ele queria remover esse brilho nos olhos de Stavros.
Ele já tinha visto isso antes.
Enquanto Stavros o olhava, Daniel acariciou sua lâmina no peito do
grego. — Conte-me sobre Annika — ele murmurou. — A mulher que você
amava. Aquela que seu amante a matou. Era tú hermana, ¿verdade?
A expressão de Stavros não mudou, mas seu tom passou de forte e
arrogante, a seco e ousado quando perguntou:
— Estamos compartilhando detalhes sobre nossas mulheres? — sua
sobrancelha levantou. — Se assim for, você deve falar primeiro. Você é o
anfitrião, afinal.
Daniel torceu o pulso apenas um pouco e o lado afiado da lâmina
cortou o peito de Stavros, diretamente debaixo do peitoral direito. Não tão
profundo, mas não foi superficial.
Stavros ficou tenso. Daniel sentiu isso embaixo dos nódulos, sob a
ponta dos dedos. Tenso, mas esse pulso...
Hipnótico.
Por um momento louco, ele queria apenas manter-se imóvel e contar
esses batimentos pulsantes.
A linha mais fina do sangue apareceu.
— Ela não o queria — ele sussurrou. — Mas ela o mantinha preso a
você, não foi? — ele viu Stavros se tornar um pouco vulnerável com Annika,
e ele viu a mulher usar essa fraqueza para manter Stavros ao seu lado, mas
nunca na cama dela. — Perto, mas nunca perto o suficiente.
— Você está me dando vontade de dormir, você sabe disso? —
Stavros perguntou. — Essa voz sua. Tão, calma. Você é bem-vindo por isso,
por sinal — ele piscou e Daniel puxou o pulso de novo.
Outro corte, e este no peitoral oposto. Diretamente em cima de um
hematoma púrpura escuro. O vermelho apareceu lindamente, pequenas
gotas já se formando. Novamente Stavros ficou tenso, e desta vez quando
ele expirou, correu pelo pescoço de Daniel.
Fazendo sua pele formigar antes de seus dedos do pé se enrolarem.
Ele cortou Stavros novamente, um castigo por estar tão vivo. Tão
quente. Punindo-o por cada pulsação de seu pulso contra a ponta dos
dedos de Daniel. Punindo-o por forçar Daniel a estar ciente de tudo isso.
Ele achava que queria um cativo fraco e vulnerável. Mas agora, Daniel
preferia esse.
Ele preferia a luta e o jogo de palavras.
Muito mais gratificante depois de adicionar a faca. Ele manteve o
corte, o sangue pingando em linhas finas pelo tronco de Stavros. Com cada
arrasto da faca em sua carne, Stavros ficou tenso, mas ele não se encolheu.
Ele exalou, mas ele não desviou o olhar. Um olhar silencioso e zombador
exortando Daniel a fazer o seu pior.
Ele não faria, ainda não. Mas este era um bom exercício de
aquecimento.
— Annika deixou todos, exceto você, a tocar — ele disse
suavemente. — Ela deixou você assistir. Certificava-se de que você assistia.
Então ela o traiu no fim — ele estava escondido nas sombras da vida de
Stavros Konstantinou por mais tempo do que o outro poderia saber. —
Mas você lamentou por sua morte como uma amante, não uma irmã.
A cintilação nos olhos de Stavros lhe dizia que ele atingira um nervo.
— Ela disse seu nome — Stavros disse. — Petra. Lembra-se disso?
Lembra de como ela estendeu a mão para você enquanto meus homens o
impediam?
Os movimentos de Daniel pararam quando uma névoa vermelha
deslizou sobre sua visão. Ele respirou profundamente, esperando que sua
expressão permanecesse impassível.
— Você não me parece tão bem — os dentes de Stavros brilharam
como os de tubarões. — Algo que eu disse?
Não fazia sentido que Stavros fosse o cativo quando Daniel sentiu-se
de repente constrangido pelo peso do sofrimento que pousou abruptamente
em seus ombros. Petra sempre seria seu ponto fraco, e um homem como
Stavros sabia disso.
— Ela não lutou depois disso. Ela aceitou o inevitável.
Graciosamente. — Stavros meditou em voz alta. — Merecendo mais do que
você deu.
— Sigue hablando. — continue falando. Daniel continuou cortando
até que seu aperto no punho da faca foi doloroso, e a frente de Stavros
estava envolvida em vermelho molhado e pegajoso.
Um vermelho bonito e hipnótico.
Quando Daniel se recostou e olhou seu trabalho, o estômago de
Stavros se contraiu.
— Você realmente gosta de assistir, não é? — a risada de Stavros
mostrava que o homem estava intoxicado. Suas pestanas estavam baixas,
escovando suas bochechas pálidas enquanto escondiam seus pensamentos
de Nieto. — Merda, você é um maldito tesouro, Nieto.
Daniel segurou o cabelo de Stavros, puxando sua cabeça para trás.
Então ele pegou a faca, traçando uma linha invisível através da garganta de
Stavros.
De orelha a orelha.
O seu cativo ainda se manteve imóvel.
Seus lábios fechados.
Mas seus olhos estavam abertos. Olhos pesados.
Aceitando enquanto esperava.
Mas ele sabia, ele tinha que saber...
— Hoje não — Daniel disse a ele. — Eu gosto disso — ele ergueu a
faca ensanguentada, pressionando o plano da lâmina contra os lábios de
Stavros, a ponta afiada encostou-se no seu nariz.
A língua de Stavros pulou e lambeu a lâmina. Contra ele, Daniel
sentiu o estremecimento do outro homem. Tão perto quanto eles estavam,
viu as pupilas de Stavros se dilatarem.
— Preliminares. — Stavros sussurrou. Ele segurou o olhar de Daniel
quando ele deslizou a língua sobre a faca novamente. — Foda-se, mas você
é excepcional.
As palavras e o pensamento tomaram outro rumo quando Daniel
observou Stavros usar sua língua para limpar a faca. Pego naquela cena
inesperadamente intoxicante, ele não podia desviar o olhar. Choque fez sua
barriga ficar quente, apertou-a e congelou.
Segurando a respiração.
Agarrando a faca.
Ele piscou, suando instantaneamente. Algo mais se filtrou, passando
pela raiva por dentro. Passou pela raiva e a sede de sangue. Instalando-se
na parte de baixo do seu intestino.
Uma dor. Familiar, e não ao mesmo tempo. Um desejo intenso de
pegá-lo. Uma necessidade de colocar a boca naquele aço afiado e polido e
lamber até que não houvesse mais nenhum vermelho.
Todo o seu ser se contraiu com essa percepção.
O que isso significava.
Ele rejeitou completamente. Mas quando Stavros abriu a boca e
estendeu à língua, Daniel deslizou a faca para ele. Então, o grego poderia
chegar ao resto do sangue. Limpando-o e estremecendo novamente.
Completamente insano e obsceno.
A boca de Daniel ficou molhada. Ele gostava do obsceno. Na verdade,
ele não conhecia de outra maneira, além de obsceno.
A julgar pela forma como seus lábios se curvaram, Stavros sabia.
E sabia bem.
A faca caiu de seu dedo, batendo no chão enquanto a língua molhada
de Stavros se enrolava em torno dos dedos embebidos em sangue de
Daniel. Ele o arrebatou, ajustou sua roupa e levantou-se.
— Esse calor em sua barriga — Stavros falou com a cabeça
inclinada para trás, os cílios baixaram enquanto ele olhava para Daniel
como se ele não fosse o único algemado no chão frio. — Isso é para mim. —
seus dentes pegaram seu lábio inferior e então o liberaram. — E é por
causa de mim.
— Tão certo de si mesmo, Sr. Konstantinou? — sua voz estava mais
grossa do que o habitual, e Daniel fez uma careta para aquele show de
fraqueza.
— Não. Estou certo de você.
Se ele fizesse o que ele queria naquele momento, ele teria a faca
enterrada até o punho no coração do grego. Mas isso seria um golpe
emocional. Não podia ser sobre emoção, porque a emoção acabaria com
isso antes de realmente começar. Por isso, ele se virou e saiu da gaiola.
Essa ação parecia muito como uma fuga. Uma rendição. Ocorreu a
Daniel que ele tinha feito muito disso desde o dia em que Stavros abriu os
olhos pela primeira vez na sua gaiola.
— Obrigado por ficar de joelhos. — Stavros falou atrás dele. — Eu
sempre aprecio um homem que se ajoelha para mim.
Capítulo 7
Em algum lugar no fundo, Stavros reconheceu o sonho. Em algum
lugar no fundo, os sinos de alarme trinavam decididos a despertá-lo. Mas
ele estava muito cansado. Com muita dor. Com muita fome. Muito sedento.
Tudo.
O que fez suas defesas caírem quando ela chegou até ele.
Na última vez que ela tentou seguir essa rota, ele a afastou.
Empurrou-a para longe. Incapaz de lidar com a mudança de
relacionamento entre irmãos para amantes, e o significado disso para seus
pais.
Mas ela veio até ele agora e ele não fez nada além de vê-la se ajoelhar
por ele. Ele fantasiou sobre isso. Ela o tocou, dedos surpreendentemente
insensíveis.
Mãos desconhecidas.
Mas ela cheirava... Como Annika.
Como o sexo. O calor intoxicante que circundava sua garganta, o
engasgava e arrepiava os cabelos na nuca.
— Stav — ela não soou como Annika. A voz da pessoa era muito
gutural, muito grossa. E havia o sotaque.
Mas ela o tocou, tocou o seu quadril nu e ferido. Ele arqueou. Ainda
assim, ele conseguiu coaxar:
— Não.
— Estou aqui, Stav.
Exceto que ela não estava. Annika estava morta. Ele tinha que
continuar repetindo as palavras, deixando-as encherem o cérebro
enevoado. Annika estava morta. Então, como ela poderia estar entre suas
coxas, respiração quente em sua barriga, mãos fortes agarrando seu eixo
que endureceu rapidamente?
— Não — ele não conseguiu se mover, exceto seus quadris, que se
empurraram para frente, empurrando-o ainda mais nesse aperto. — Não,
Annika. Pare.
Eles não poderiam fazer isso. O pai o proibiu, e Stavros não queria
que Annika sentisse o tipo de castigo que o velho gostava de infligir quando
alguém desafia suas ordens. Ela não conseguiria lidar com isso.
Dedos secos se espalharam entre as bochechas de sua bunda,
esfregando seu buraco. Sua barriga se contraiu enquanto tentava se
afastar. Ele não podia. Com nenhum lugar para ir, exceto mais profundo na
boca quente que descia em torno de seu eixo agora totalmente ereto.
Ao seu redor.
Stavros engasgou.
— Pare — seu peito arfou. Ela não entendia. Ela não sabia o que
esperava do outro lado disto. Ela não pareceu importar-se, sugando-o com
força, puxando-o enquanto ele implorava para parar.
Seu corpo queria isso, o calor nebuloso se espalhava rapidamente
para aquecer seus membros congelados. Fazendo todo o seu corpo latejar
com dor. Seu coração correu, seu pau pulsava rápido. Mas sua mente se
recusa a sucumbir. Ele não queria isso. Não que ele não a quisesse. Ele
sempre a queria. Mas ele tinha que protegê-la de si mesma, de seu pai.
— Nika, por favor.
— Mmm — ela lambeu sua coroa, e ele sibilou uma respiração. Ela o
violou com dois dedos. Outra coisa doente, mas seu corpo gostou. Estava
acostumado a isso, e ficou mais duro com aquela queimadura dolorosa da
invasão.
Ele gritou alto.
— Porra — ela nunca deixou de transformá-lo em alguém que ele
odiava. Assim como agora. Ele odiava que seu corpo precisasse tanto dela,
que ele não conseguia se impedir de penetrar mais profundamente em sua
garganta com fome.
Ele odiava que ela fosse à fraqueza que ele nunca conseguiu se livrar.
Ele odiava que ele não pudesse tocá-la.
As mãos dele.
Presas e acorrentadas juntas.
Porão de Daniel.
Oh porra. Oh porra.
Não é Annika.
Quem?
Os dedos entraram e saíram dele, queimando. Tão, tão bom. A raiva
ficou torcida com o prazer e a dor que ele estava impotente para escapar.
Não era Annika. Ele não conseguia ver nada com a venda nos olhos, mas os
dedos dentro dele eram mais grossos, palma mais áspera.
A boca morna e úmida se apertou em torno de seu pênis, sugando-o
com força. Tentando puxar tudo o que ele tinha direto através de seu pau.
— Stav.
Seu coração perambulava. Ela soava como Annika. Parecia como ela.
Como era possível?
— Annika — as palavras grunhidas saíram cruas de sua garganta
pela falta de hidratação.
Ela morreu, não era? Morta porque ela o traiu, traiu sua família. Ele
lamentou por ela, não foi? As imagens aglomeravam sua mente, dele
sentado ao lado de sua lápide, castigando-se com o que era. O que é que
poderia ter sido.
Mas ele a amava e, nesse espaço, não podia negá-la.
Ou a ele mesmo.
Os dedos penetraram nele com mais força, mais profundo. Seu corpo
apertou os dedos, o seu traseiro apertou. A mente e o corpo eram duas
coisas separadas. Atuando independentemente um do outro. Seu corpo
precisava da sucção desleixada da boca, banhando seu pênis palpitante em
uma saliva escorregadia que escorria para absorver sua fenda.
Sua mente continuava tentando se recusar a aceitar o prazer.
— Porra. Não — ele engasgou, e preso por seu corpo e o desejo
pulsante que aumentou o fator da dor.
Bom demais. Este era o seu problema. O que ele gostava, com tudo
embrulhado e entregue a ele. A dor dissimulava o prazer. Ambas as
sensações eram um laço em volta do seu pescoço.
Privando-o de sua respiração.
Desprovido de força, ele cedeu. Corpo apertado, cada centímetro de
sua pele machucada e maltratada. Seus gemidos, ele não conseguiu
decifrar se eram de dolor, ou decorriam do pensamento embriagado que ele
finalmente teve Annika tocando nele do jeito que ele sonhou por tanto
tempo.
Ele a ansiava. Depois de anos que ele teve que passar sem ela, agora
ela estava aqui.
— Por favor. Nika — implorou com a voz rouca e grossa, até que sua
mente delirante se voltou para o lado direito novamente e ele lembrou que
ela não estava lá. Ela não podia estar.
Ele ficou com raiva, rugindo, sufocado pela incapacidade de fazer
algo mais do que sentir o que queria por tanto tempo.
Mas este era o lugar errado. Momento errado. E quem quer que
esteja esticando a sua bunda com dedos grossos e chupando o seu pau era
a pessoa errada.
Ele não queria, mas seu corpo queria o toque. O raspar profundo das
unhas ao longo da parte superior da coxa que fazia suas bolas doerem. Ele
precisava disso. A escavação dos dentes em seu pênis. Ele ansiava por isso.
Toda vez que a palavra não coçava a garganta, a pessoa entre suas
pernas empurrava os dedos mais fundo.
Ele se contorceu.
Dentes afundaram em seu comprimento.
Ele se curvou.
Os sons que Annika fazia quando ela tinha um pau em sua boca ou
em sua boceta. Ele ouviu esses sons agora. Ela o torturou naquela época
também, fodendo com seus amigos, seus amantes, tendo orgias com ele na
mesma sala. Ela o usou, degradou o que sentiu por ela. E por tudo isso, ele
a amava mais.
Ansiava ainda mais.
Quando ela se afastava, ele sempre encontrava uma maneira de ficar
perto. E sua depravação? O pensamento disso inflamou-o agora,
transformando seu eixo já duro em algo capaz de esmagar diamantes.
— Não Annika — ele ofegou, lutando para separar suas fantasias da
realidade.
Sua boca se afastou, respiração quente queimava sua coroa molhada
enquanto respirava contra ele. As mãos ásperas agarraram-no, puxando,
espremendo com tanta força que ele sibilou, traseiro se erguendo do chão
frio que ele deixara de sentir.
— Stav — seu nome. Os lábios dela.
Seu clímax, violento e sem fim.
— Stav — ela cantou seu nome, provocando, testando-o da maneira
que sempre fazia. Tentando empurrá-lo para além do que ele permitiria.
Ele sempre resistia.
Hoje não. O velho descobriria, porque sempre fazia. E sua punição
seria rápida. O pai acreditava na abordagem não esperada. Ele tinha que
proteger Annika. Tinha que mantê-la segura.
Sua cabeça voltou para o chão, à cabeça girando, o espasmo do
corpo no chão frio, a perda de calor corporal e seu orgasmo. Algo estava
errado. Ele sentiu isso, mas ele estava tão cansado.
Tão frio.
— Annika — ele tentou esticar a mão, mas não conseguiu. Ele
estava preso, acorrentado.
Cativo.
Não. Um truque. Foi tudo um truque. Seus arrepios pioraram, mas
não havia nada que pudesse fazer. Sua cabeça girou e cada ferida em seu
corpo pulsou com dor.
Daniel Nieto.
Desta vez, o gelo que envolvia sua espinha era todo medo. Daniel
sabia demais. Antes, Stavros tinha certeza de que não havia como o captor
dele poder quebrá-lo.
Agora?
Ele implorou. Ele implorou. Daniel sabia exatamente o que fazer, e
quais botões empurrar, para obter essas respostas dele. A ruptura de
Stavros não parecia mais algo para se vangloriar da parte de Daniel.
Estava mais e mais como uma conclusão inevitável.

****

Ele não tinha certeza de quantos dias se passaram desde o incidente


de Annika. Henan era a única pessoa que ele via. Henan, que o alimentava
duas vezes por dia, e alongava a corrente para permitir que Stavros se
movesse. Ele também lavou Stavros. Embora a lavagem tenha sido um
pouco desagradável, pois ele apenas apontava uma mangueira em Stavros e
jogava a água fria por alguns minutos.
Ele trouxe roupas. Calça de moletom fina e uma camiseta de
algodão.
Então, ele foi recompensado pela coisa com a Annika?
O nome dela era Wilhelmina, a mulher que tinha lhe dado o prazer
que sua mente se recusava a aceitar. Prazer que seu corpo absorveu, como
uma pessoa absorvendo o sol na praia. Stavros tinha arruinado seu cérebro
confuso em uma tentativa de descobrir por que ela parecia estranha, mas
familiar.
Ela foi aquela que o estrangulou antes, desempenhando o mesmo
papel de Annika. Parecia que Daniel a manteve na lista. Ela era linda, ele se
lembrou de pensar nisso na primeira vez que ela entrou na gaiola. Ela o
lembrava um pouco de Annika. A mesma pele escura, o físico definido e
personalidade implacável.
Claro, ao contrário de Annika, Wilhelmina tinha um peito de
tamanho G e um pau entre as pernas. Ela trabalhava para Daniel. Ela
também dormia com ele?
Um chocalho na gaiola empurrou sua cabeça para cima. Sua
respiração engatou.
Daniel estava do lado de fora da gaiola, observando-o. Sem
expressão, mas com os olhos nele. Eles examinaram Stavros.
Ele sabia.
— Sr. Nieto. — Stavros lambeu os lábios. — Voltando de suas
férias?
Os cantos da boca de Daniel se contraíram, como se estivesse
lutando contra um sorriso. Stavros tentou agir como se Daniel Nieto
sorrindo era algo regular, e não algo que ele pagaria muito dinheiro para
ver.
Daniel fez um gesto com a cabeça para Henan, que correu para
destravar a gaiola.
— Faça uma pausa, Henan. — Daniel rejeitou seu ajudante e
esperou até que Henan desaparecesse antes de entrar na gaiola.
Não entrou simplesmente.
Mais como um predador, porque Stavros sentiu-se como sua presa
naquele momento. O olhar de Daniel ficou em seu rosto, examinando-o
enquanto ele se agachava para que eles pudessem estar cara a cara.
— Você sabe que eu gosto disso — Stavros musmurou levantando o
queixo ligeiramente. — Daniel Nieto de joelhos para mim — ele não
conseguiu se ajudar, cutucando a colméia do zangão, mas Jesus, a própria
presença de Daniel o cegava. — Eu sonho com isso.
— Com o que mais você sonha grego? — os dentes de Daniel
apareceram brevemente. — Ou eu já sei?
Humilhação, tão estranha, estremeceu na barriga de Stavros. Ainda
assim, ele encolheu os ombros com toda a indiferença que ele não sentia. —
Devemos permitir algum mistério entre nós, você não acha?
— Eu acho, que o jeito que você implora... — Daniel colocou a boca
no ouvido de Stavros. — Es espetacular.
Stavros estremeceu, e poderia ser tudo a ver com o acento do “r”,
misturado com a voz destruidora de Daniel e respiração quente em sua
pele. Seu captor o excitava, e Stavros não se preocupou em esconder esse
fato.
Não mais.
— Eu não imploro por você — ele disse.
Daniel se afastou com os lábios enrolados em um sorriso
condescendente. — Não? — ele colocou a mão dentro do bolso e tirou um
pequeno dispositivo preto que quase engolia sua palma grande.
— Por favor. Por favor.
Os gritos de Stavros encheram a gaiola. Ele foi pego. A raiva aquecida
o deixou vendo vermelho. Ainda assim, ele engoliu em seco, mostrando
uma expressão entediada enquanto Daniel observava seu rosto e o ouvia
implorar.
Jesus.
— Annika. Por favor.
— Espetacular.
— Eu não imploro por você — Stavros disse novamente. Ele
empurrou a cabeça para frente, a testa tocando a de Daniel. Quando os
olhos de seu captor piscaram com aquele fogo homicida, Stavros deixou
cair o tom, certificando-se de segurar o olhar de Daniel quando ele disse:
— Eu imploro por Annika, e talvez eu implore por sua cópia fraca
dela, mas eu não imploro por você.
O olhar de Daniel era todo fogo, colocando a pele de Stavros em
chamas. — Essa negação — ele estalou sua língua.
— Es la verdad — disse Stavros. É a verdade. — Mas você pode
tentar Daniel.
Daniel ficou tenso.
— Tente e me faça implorar. — Stavros afundou os dentes em seu
lábio inferior, despertando uma coisa viva em sua barriga, ficando mais
quente a cada segundo. — É bem-vindo — ele deu atenção para a boca
cruel de Daniel. — Mas você terá que fazer mais do que o último para me
fazer implorar por você — ele queria empurrar esse homem além de
qualquer limite que ele definisse. Derrubá-lo. Desabilitá-lo de seu controle.
Então Stavros tocou seus lábios no queixo de Daniel.
A inalação afiada de Daniel era música para os ouvidos de Stavros.
Gasolina para o fogo. Uma bandeira vermelha ondulando em frente ao
touro.
— Mas você não vai? — ele estendeu a língua, e lambeu o queixo de
Daniel. A própria respiração de Stavros gaguejou por um momento,
enquanto o gosto do outro varreu seu paladar. Pele salgada. — Você prefere
se esconder nas sombras e assistir, com a mão nesse seu pau bonito,
sussurrando meu nome quando você goza. Porque você goza, não é? — ele
sorriu. — Meu nome o deixa assim. Cada. Segundo.
Uma mão forte enrolou em torno de seu pescoço tão rápido que
Stavros viu estrelas. Ele engasgou, forçando uma risada quando encontrou
o olhar escuro de Daniel. Raiva, sim. Sede do sangue, também.
Mas a luxúria também estava lá, selvagem e incontrolável.
Daniel Nieto o queria.
— Você assistiu? — falar era difícil com o aperto assassino em sua
garganta, mas ele forçou-o a sair. — Você a observou me chupar e gostaria
que fosse você? Você desejaria ser corajoso o suficiente para sugar o
homem que matou sua preciosa Petra?
A cabeça de Daniel inclinou-se, e um músculo latejava no maxilar,
mas ele não falou. Ele simplesmente viu Stavros enquanto lhe apertava a
garganta.
— Você quer. — Stavros tossiu. Jesus, ele estava tão duro. Pau
latejando contra o short, molhando a frente com pré-sêmen enquanto ele
latejava e pingava. Isso estava além de qualquer jogo preliminar em que ele
se envolveu. O perigo, embriagante. — E eu quero você — ele torceu a boca
em um sorriso. — Fique de joelhos para mim. Deixe-me colocar no seu
rosto — ele sussurrou. — Na sua língua. E eu imploro por você. Todos los
pinches días9.
Um sorriso se arrastou no rosto de Daniel. Genuíno. Iluminando
seus olhos por um segundo. — Você está me propondo, Sr. Konstantinou?
9
Todos os malditos dias em Espanhol.
— Stavros. Sr. Konstantinou é muito grande para dizer,
especialmente quando você estiver com a boca cheia. — Stavros piscou. —
E eu vou te dizer um segredo. Eu tenho um gosto ainda melhor do que você
imaginou.
Daniel resmungou. Ele não se afastou, mas seu aperto se afrouxou.
Stavros não tinha o uso de sua mão, senão ele o agarraria, o
impediria de tirar a mão dele. Ele usou suas palavras em vez disso.
— Eu estou duro para você — sem o aperto duro de Daniel, ele
poderia falar mais fácil, mas sua voz ficou mais áspera quando ele falava a
verdade. — Para você, não para a falsa Annika. E nem para a real também.
Para você — ele desceu o olhar para a virilha do outro, coberta com uma
calça escur. — E você está duro para mim.
A mão de Daniel se afastou e ele ficou de pé. — Usando seu corpo
para comprar sua saída. Eu esperava mais de você, Sr. Konstantinou.
Exceto que não havia encontrado nada no radar de Stavros. Ele
queria as mãos de Daniel sobre ele. Queria ver seu captor perder o controle
da maneira como ele roubava todo o controle de Stavros. Porra.
— E eu esperava montar em seu rosto — ele devolveu. — Nós não
podemos ter o que queremos Daniel.
Daniel agarrou o cabelo de Stavros e puxou-o para cima, ou até onde
ele poderia ir com as correntes restringindo seus movimentos. — É Nieto
para você, grego.
Stavros sorriu para ele.
— Me gusto tu boca, Daniel — eu gosto da sua boca.
Daniel olhou para ele, as narinas inflaram. Seus olhos, no entanto.
Ele lutou contra aqueles olhos escuros e sem fundo.
— Jefe.
A voz de Henan teve os ombros de Daniel levantando ligeiramente,
antes de soltar Stavros e se afastar sem olhar para trás. Juntos, os dois
homens conversaram em espanhol rápido, também silencioso demais para
Stavros entender. Então Henan destrancou o portão e Daniel saiu.
Stavros observou-o ir, sua virilha palpitava, e mordeu a língua para
não chamá-lo de volta. Então ele percebeu que Daniel não tinha negado
estar duro para ele.
Stavros sorriu.
Capítulo 8
Estou duro para você.
Daniel bateu o punho no estômago do homem e ele gritou, tentando
se inclinar para se proteger. Exceto que ele não podia. Ele estava preso na
cruz improvisada que Toro construiu. Braços e pernas retidos.
E você está duro para mim.
Ele atingiu o homem de novo e de novo, torcendo os dedos e fazendo
o sangue voar.
Me gusto tú boca.
Daniel continuou no rosto do homem, espancando até que ele não
sentiu mais as mãos dele. Ele não conseguiu se afastar daquela voz
persistente em sua cabeça. A voz de Stavros Konstantinou.
Você está duro para mim.
Excitado por Stavros Konstantinou.
Ele não viu o rosto do vira-lata. Ele estava espancando Stavros,
fazendo o sangrar, pulverizando-o em um esforço para parar essas
palavras. Uma coisa era mentir em voz alta, mas dentro de sua cabeça não
havia mais como fugir da verdade.
Ele estava excitado por Stavros Konstantinou. Em falar com ele. A
maneira como ele lutava. O jeito que ele sangrava. A maneira como ele
olhava para Daniel.
O assassino de Petra.
A expectativa que ele experimentava, o fogo na barriga quando ele
pensava em Stavros. Tinha um nome. Não era raiva. Não era ódio.
Querer.
Seu peitoral ameaçou pegar fogo e seus braços ficaram pesados,
então ele parou e abriu os dedos antes de acenar com uma mão para Toro
que estava silenciosamente em suas costas. Daniel não tinha vindo por
isso. Toro era capaz de fazer o trabalho sujo, mas ele precisava disso.
O derramamento de sangue deveria acalmá-lo, mas isso o deixou
pensando em Stavros lambendo seu sangue da faca.
Toro lhe entregou um bastão, ele o pegou e balançou.
A cabeça do vira-lata se moveu. Ele já havia parado de gritar e
implorar por sua vida. Agora ele simplesmente fazia sons baixos e gemidos.
Seu sangue perfumava o ar, forte e acre, quando misturado com a urina
que embebia a frente de seu calção, o único artigo de roupa que Toro
permitiu que ele usasse.
Daniel colocou toda frustração em seus balanços. Golpeando o vira-
lata em todos os lugares, da cabeça aos pés. Ele estava prestes a morrer, e
Daniel viu o segundo que o vira-lata desistiu. Seu corpo ficou manco. Ele
era uma bagunça vermelha.
Acabado.
Mas Daniel não conseguiu parar.
Ele continuou cobrindo o bastão de sangue, e afrouxou seu aperto,
mas não conseguia parar.
Estou duro para você.
Me gusto tú boca.
O assassino de Petra.
Havia uma traição. Depois, houve isso. Stavros tirou Petra dele.
Roubou sua vida e suas memórias.
No entanto, Daniel queria tocá-lo. Queria fazer todas as coisas que
Stavros falou para ouvi-lo implorar. Ele estava perdendo o controle.
Perdendo a cabeça. Perdendo Petra novamente.
— Tío. — Toro agarrou seu braço, impedindo-o de ir ao rosto do vira-
lata novamente. — Precisamos que o reconheçam.
Muito parecido com aquele antes dele, a morte do vira-lata enviaria
uma mensagem. E suas partes do corpo seriam dispersas para os
diferentes membros da hierarquia do Ghost Gang. Se pudessem identificar
a vítima.
Agora vira-lata era uma bagunça pulverizada.
Daniel queria continuar.
Bater nele até virar uma poça. Um substituto para aquele que ele
queria.
Queria machucar. Mutilar. Matar. Seu cativo.
Stavros estava em sua cabeça constantemente agora. Aquela voz
profunda que fazia Daniel se ajoelhar por ele. Ele deveria quebrar o grego e,
em vez disso, o cativo estava se tornando o captor.
— Chefe?
Ele se afastou do aperto de Toro e soltou o bastão. Ele bateu no chão
com um eco alto, e ele ergueu o olhar para encontrar seu sobrinho
observando-o cautelosamente.
O infame Daniel Nieto estava caindo aos pedaços. Foi isso que Toro
viu? Porque era assim que Daniel sentia. Como se o mundo dele estivesse
ruindo novamente. Virando fumaça novamente.
— Você está se desfazendo meu amigo.
Syren tinha visto isso vindo, não tinha?
O grego tinha sido o arquiteto daquela última vez.
Ele estava de volta para terminar o trabalho, ajudado pelo próprio
Daniel.
Ele voltou para Toro. — Faça.
O sobrinho acenou com a cabeça e pegou a motosserra. Juntos, eles
foram trabalhar desmembrando o corpo.
Pernas, da cintura para baixo, com as tatuagens declarando-o parte
da organização de Felipe. Mãos, cortadas dos ombros com mais tatuagens.
O ouro girando nos dedos da mão direita.
Torso, com facadas curadas e feridas de bala.
E, finalmente, a cabeça do vira-lata, os olhos ainda abertos.
Daniel se curava com isso, lidando com seus inimigos. Era um tipo
de amor que ele recebeu de seu pai. O patriarca dos Nieto lidava com seus
inimigos da mesma forma, e ele levava seus filhos para que pudessem
testemunhá-lo de primeira mão. Antonio poderia lidar com isso muito bem,
mas sua paixão pendia mais para os números.
Daniel era aquele que ficava excitado com a visão de sangue e gritos
angustiados. Seu pai viu e explorou isso. Antes de assumir o controle para
o velho, ele era o único a resolver as pontas soltas. Matar pela organização.
Derramar sangue. Causar os gritos.
Ele ficava alto com isso, e ele se recusava a se sentir mal. Sua
esposa, ela o entendia. Ela mantinha aquela besta em uma coleira curta,
soltando-o apenas quando sentia que era absolutamente necessário. E
depois, ela faria amor com ele. O deixaria tocá-la com as mãos
ensanguentadas, deixando impressões digitais vermelhas em todo o corpo.
— Feito.
Ele engoliu em seco e arrastou uma mão sobre o rosto, apagando
todos os vestígios da turbulência dentro dele enquanto encarava Toro
novamente.
— Cuide disso — ele disse. — Você sabe o quem é o próximo.
— Sí, chefe.
Olhar para a preocupação no rosto de seu sobrinho aliviou o estresse
dentro dele. — O que é? — ele perguntou. — No que você está pensando?
Toro encolheu os ombros, olhos procurando. — Algo está errado.
Perceptivo. Muito parecido com seu pai. — O que te faz dizer isso?
As mãos enterradas nos bolsos, Toro ficou em silêncio por um tempo.
Ele era tão alto quanto Daniel, tão alto quanto seu pai. Os Nietos eram
homens altos. Junto com seus olhos castanhos, cada característica de seu
rosto era Nieto, desde o maxilar afiado até o nariz e o queixo teimoso.
— Eu não sei — Toro finalmente respondeu. — Você parece... Com
raiva.
Se fosse outro, Nieto teria tratado de maneira diferente. Mas esse era
Toro. Ele era a família. Ele confiava no julgamento de seu sobrinho. —
Estou com raiva — ele escolheu ir com a verdade. — Mas não de você.
Toro assentiu com os lábios presos em uma linha dura. — O que é?
— seu olhar se estreitou. — Problemas com o grego?
Toro esteve lá para ajudar Daniel a drogar Stavros e levá-lo de Lisboa
para os Estados Unidos. Ele também tinha sido o único a oferecer os
serviços caros e muito específicos de Wilhelmina, mas Daniel se assegurou
de mantê-lo fora do alcance de tudo o mais que tivesse a ver com seu
cativo. Ele não queria que nada caísse sobre os ombros de Toro.
— Nada com que você deva se preocupar — ele jogou um braço em
torno dos ombros de Toro. — Como está a sua mãe?
Capítulo 9
O som da abertura da gaiola fez com que Stavros mexesse. O menor
movimento, mas levou suas forças. Parecia que até simplesmente piscar os
olhos requeria forças.
A respiração definitivamente era cansativa.
Ele desistiu de tentar prever quando Daniel Nieto mostraria seu rosto
novamente. O tempo vinha e ia ao ritmo de um caracol. Ele não conseguia
prever nada.
Além de Henan fodendo com ele.
Com isso ele podia contar.
Os passos se aproximaram de onde ele estava deitado, enrolado em
uma posição semifetal no fino pedaço de material que servia como um
colchão, mas Stavros manteve os olhos fechados e esperou. Ele esperava
que Henan viesse a ele da maneira que ele fazia desde a última vez que
Daniel saiu da gaiola.
— Se fosse por mim, você já estaria morto.
Stavros abriu os olhos com aquelas palavras, faladas bem baixas,
mais claras o suficiente para que não houvesse dúvidas. O sentimento por
trás delas não era surpreendente, não mesmo.
Seu guarda se inclinou contra a gaiola, um prato na mão empilhado
com comida. Cheirava gorduroso e quente. Stavros jurou que viu o vapor
subindo. Ele engoliu. A comida era uma mercadoria tão escassa.
— Se eu tivesse a chance, eu desmembraria você enquanto ainda
estivesse vivo. — Henan mergulhou o dedo na comida, depois enfiou na
boca dele, observando Stavros observá-lo. — Apenas ouviria seus gritos.
— Eu, uh... — Stavros limpou a garganta. — Eu não sou realmente
o tipo que grita, lo siento — a última coisa que ele deveria estar fazendo em
seu estado enfraquecido era antagonizar Henan, o homem que sustentava
seu sustento em suas mãos. Literalmente. Mas Stavros não poderia se
conter.
Henan afastou-se da gaiola, o rosto torcido em uma careta. — Você
gritaria — ele bateu com a ponta da bota no tornozelo de Stavros. — Eu
faria você gritar.
Apesar da dor, Stavros não desviou o olhar. — Você tentaria. — Ele
forçou um sorriso. — E você obteria um A pelo esforço. — Henan
definitivamente não estava na pequena lista de coisas que Stavros temia.
Daniel Nieto, por outro lado...
Henan esmagou o prato de comida no rosto de Stavros com tanta
força que ele caiu de volta no colchão.
Ah merda.
Ele nunca se acostumaria com os chutes de Henan. Em todo o corpo
dele, mais ainda em seu tronco. Ele jogou as mãos para cima, espalhando a
comida no rosto e nos olhos enquanto tentava bloquear esses chutes.
— Una inocente. — Henan rugiu com cada chute. — Ella era una
inocente — ela era uma inocente. — Você matou uma inocente.
Ele não estava falando nada para Stavros que ele não soubesse. Os
Nietos tinham um tipo de trabalho. Um trabalho maldito que mudou sua
vida. Mas ele era um homem de negócios. Era o que ele fazia.
— Ela não merecia isso. — Henan soou mais como um cônjuge aflito
do que o atual cônjuge aflito. — Bonita — seus chutes falharam, assim
como o tom dele. — Ela era linda e boa — ele tropeçou para trás, e Stavros
ergueu a cabeça.
Henan tinha cambaleado a dois metros de distância, e estava
olhando para ele com uma expressão escura, uma mistura de desgosto,
perda de sangue e perda real.
Bem. Stavros pegou o que estava escorrendo, sangue ou a gordura
da comida, ele não sabia - e sorriu.
— A encantadora Petra. Você estava apaixonado por ela. — Daniel
Nieto sabia? — Como seu chefe reagiria, eu me pergunto? — ele lambeu seu
dedo sem se preocupar em ver o que estava sobre ele enquanto ele piscava.
— Devemos avisá-lo?
A ameaça no olhar de Henan mudou quando seu corpo se aproximou
de Stavros. — Eu mudei de ideia — sua mão foi para trás de suas costas.
— Oh? — Stavros levantou uma sobrancelha.
— Você não precisa gritar — disse Henan. Ele apontou uma arma
para Stavros. Uma Glock, se ele não estava enganado. — Você só precisa
morrer.
Bem, foda-se.
A segunda bala doeu mais do que a primeira, e isso estava dizendo
algo, porque aquele primeiro tiro parecia como se alguém o tivesse golpeado
no peito com um punho de aço embrulhado em fogo. Quando a segunda
bala bateu no ombro esquerdo, Stavros estava virado para cima no chão,
esparramado.
Olhando para o teto.
Morrendo, e ele nem chegou a provar Daniel Nieto.
Essa merda era uma porcaria.
A consciência desapareceu lentamente. Ele teve tempo suficiente
para se deitar no chão frio, imobilizado e tremendo, sem olhar para nada e
apreciando a injustiça disso.
Ele morreria assim?
Se ele não estivesse congelado na dor de sua iminente morte, ele
poderia rir, mas ele não podia se mover como estava. Até seus olhos se
recusaram a piscar. No entanto, ele desapareceu. Quando ele afundou nas
sombras que o esperavam, Henan se agachou, quase sentado no meio do
corpo de Stavros.
Pau na mão.
Mijando sobre ele.
Ele jurou que ele ouviu a voz calma e imponente de Daniel Nieto.
Ele jurou que viu o rosto de Daniel.
O que significava que, mesmo na morte, Stavros não podia deixar de
ter Daniel ajoelhado para ele. Ele teria sorrido para isso.
Exceto que ele estava morto.

****

— Oh porra! — a dor era tudo que Stavros sabia. Seu cérebro estava
nebuloso com ela. Tudo doía, por dentro e por fora. Ele não sabia onde,
como ou no que se concentrar. Suas pálpebras tremiam quando ele tentou
levantá-las, e as luzes brilhantes ao seu redor as queimaram até fechá-las
novamente.
Porra. Novamente.
Então ele não estava morto? Essa decepção estava no seu intestino,
ou simplesmente era a dor da bala de Henan? Ele tentou sentar-se e uma
mão pousou na parte de trás do seu pescoço.
— Calma. Calma.
Daniel.
Stavros teve que repensar a parte de não estar morto, porque Daniel
Nieto estava o quê? Cuidando dele? Ele abriu os olhos, piscando
furiosamente para fazer sua visão nervosa se concentrar enquanto seu
captor estava ajoelhado ao lado dele examinando o rosto de Stavros.
— Você está bem?
Sentia-se como se ele tivesse morrido e acordado em um universo
alternativo. — Estou bem — ele estava além de rouco. Garganta em
chamas.
Os lábios de Daniel torceram no menor movimento. — Você está?
Ele teria encolhido os ombros, exceto que seu ombro não tinha nada
disso. — Você está de joelhos diante de mim, e você sabe o que eu sinto
sobre isso, então sim — sua voz não estava à altura de seu tom espertinho
habitual, mas funcionava. — Estou bem.
O olhar de Daniel permaneceu nele por alguns batimentos cardíacos,
onde Stavros prendeu a respiração e tentou não deixar sua confusão se
mostrar. Ele estava seguro quando Daniel queria matá-lo, quando eles
estavam jogando aquele jogo de tortura fingido como preliminar. Este?
Estava fora de sua praia.
— Então, Henan atirou em mim, hein? — ele perguntou, porque ele
não sabia como lidar com isso. Sem derramamento de sangue. Não havia
raiva. Nenhuma ameaça de morte. Apenas Daniel Nieto com uma mão
calma na parte de trás do pescoço de Stavros, segurando-o na posição
vertical.
Mantendo-o firme.
— Si.
Se ele não estivesse ocupado perdendo-se na obscura escuridão dos
olhos de Daniel, Stavros teria perdido o raio de raiva que queimou durante
um breve instante, depois desapareceu.
— Eu teria pensado que isso o faria feliz — ele murmurou.
As narinas de Daniel inflaram.
— Você deve dar-lhe um aumento ou algo assim. — ele deveria
fechar a boca, mas ele não sabia quando parar em relação a Daniel.
Quando o outro homem não respondeu, Stavros perguntou: — Você sabia
que Henan estava apaixonado por sua esposa?
Daniel soltou a mão do pescoço de Stavros. — Sí — ele ficou de pé e
olhou fixamente para Stavros em silêncio, com as mãos apertadas aos
lados, uma expressão tão lisa como o vidro.
Jesus.
— Onde eu estou? — Stavros olhou pela primeira vez. Ele estava em
uma cama. Uma cama real, no que parecia ser um quarto. Pelo menos o
começo de um. O lugar estava vazio, salvo a cama e as paredes azuis
pálidas impecáveis. Havia uma janela no canto distante esquerdo da sala,
mas não tinha cortinas e ele poderia ver as grossas barras cobrindo-a.
Daniel não respondeu a sua pergunta. Em vez disso, ergueu a mão e
abriu a palma para cima. Duas pílulas brancas. — Para a dor.
Stavros bufou. Para a dor, hein? — Por que não estou morto? — ele
tentou se levantar novamente, mas seu corpo não estava tendo isso. —
Ung — ele caiu para trás nos travesseiros, e Daniel estava ali mesmo.
Ajudando ele. Que tipo de realidade alternativa doente era essa?
— Você precisa ter calma. — Daniel murmurou enquanto deslizava
um dedo sobre o curativo sangrento cobrindo a ferida na parte superior do
ombro esquerdo de Stavros. — Tome a medicação para a dor e descanse.
— Não. — Stavros agarrou seu pulso quando Daniel fez o sinal de se
afastar. O outro homem se encolheu sob seu toque, mas ele não resistiu
muito. — Por que estou vivo? O que é isso? — ele olhou rapidamente antes
de encontrar os olhos inexpressivos de Daniel. — Outra maneira doente de
tentar me quebrar? Porque não vai funcionar, posso te prometer isso. —
não importa que seu corpo esteja muito parecido com uma boneca
quebrada no momento.
— Sua morte é minha — disse Daniel simplesmente. Ele puxou a
mão do aperto de Stavros lentamente, até que apenas as pontas dos dedos
se tocaram. Até que eles estavam conectados por apenas isso, a escovada
mais rápida da ponta dos dedos. — Eu decido quando e como.
— No entanto, você colocou uma raposa para guardar a casa da
galinha. — Stavros inclinou a cabeça. — Ou ele estava agindo sob suas
ordens?
— Não tente me descobrir, Sr. Konstantinou. — Daniel quebrou sua
conexão frágil, colocando os dois comprimidos ao lado de Stavros no
colchão. Então pegou uma garrafa de água do chão e colocou-a ao lado dos
analgésicos. — Tome a medicação, preciso de você de volta na sua forma
lutadora.
Stavros lambeu os lábios rachados no recuo de Daniel. — Você
deveria saber até agora, que eu sempre estou lutando, Daniel.
O bufo incrédulo de Daniel demorou muito depois que a porta se
fechou atrás dele. Stavros olhou para o teto enquanto ele deitava de costas.
De jeito nenhum, ele estava tomando qualquer medicação que pudesse
atrasar seus sentidos mais do que eles já estavam embotados.
Daniel Nieto estava cuidando dele. Cuidando de suas feridas. Dando-
lhe medicação. Qual era o ângulo de seu captor?
Ele ficou assim, fazendo o que Daniel avisou para ele não fazer.
Tentando descobrir o homem. Até que ele adormeceu.
Um sono cheio de dor e arrepios que anuviavam sua cabeça até que
ele não soubesse quem ele era ou a identidade do homem falando
suavemente com ele. Tocando-o suavemente, forçando o líquido pela
garganta. Ele alternava entre quente e frio, enrolado no colchão macio que
parecia encontrar cada hematoma em seu corpo e pressionar apenas sobre
os machucados.
A dor o rodeava, e Stavros simplesmente flutuava sobre ela. Tentando
desesperadamente compreender tudo que lhe parecia sólido. Como os
dedos ásperos do homem limpando sua testa. Ele conhecia aquele homem,
conhecia mesmo em seu estado perdido e febril que desconfiava dele. Mas
ele representava algo que Stavros queria desesperadamente.
Algo que ele não era corajoso o suficiente para tomar.
Ainda.
Capítulo 10
— Agora esperamos.
Daniel não olhou para o rosto pálido de Stavros quando Boyd falou.
Ele tinha certeza de que o grego não sobreviveria à infecção. Mas até agora
ele tinha. Ele lutou, e Daniel encontrou-se ali ajudando o seu lutador
cativo.
Ele não sabia mais o que representava. Nada mais fazia sentido.
Quando ele trouxe Boyd, o homem ficou chocado ao ver Stavros ainda na
posse de Daniel. Ainda torturado. Boyd sabia melhor do que dizer qualquer
coisa, mas, a sua expressão, Daniel entendia a confusão de Boyd.
Ele compartilhava essa confusão agora.
Por que Stavros ainda não morreu? Por que ele cuidou das feridas de
bala que Henan tinha sido corajoso o suficiente para dar?
Stavros gemeu enquanto dormia, com a cabeça batendo de um lado
para o outro nos travesseiros, os dedos agarrando reflexivamente o lençol
fino que Boyd jogara sobre seu corpo nu depois de ter tirado sua roupa
encharcada de suor antes. Boyd tinha injetado algo para fazê-lo descansar,
e também lhe deu remédios para a infecção.
E era Daniel que limpava a testa de Stavros com um pano macio. Ele
foi o único a forçar o caldo ralo pela garganta do homem.
Por quê?
Poucos dias antes, ele estava ansioso para a morte do grego. Ele
estava fazendo planos para isso. Salivando com o mero pensamento disso.
E agora?
Ele olhou para a mão direita, abriu e fechou-a. Ele tocou Stavros.
Não por raiva. Não por vingança. Para ajudá-lo. Para curá-lo. Ele não sabia
que tinha tido isso nele. Mas ele ficou de pé ao lado da cama e olhou para
Stavros gemendo no estado febril, pedindo por Annika. Chamando por seu
pai.
Ele queria que Stavros estivesse quebrado. Este foi o mais vulnerável
que ele já conseguiu chegar. E, em vez de embrulhar suas mãos em torno
da garganta de Stavros e espremer a vida dele, Daniel, em vez disso,
segurou a água em seus lábios e encorajou o homem que matou sua esposa
a beber.
Ele o incentivou a lutar.
Ele apertou o punho mais apertado.
O que estava acontecendo?
Ele estava sendo puxado por Stavros, que estava deixando Daniel
indefeso. Ele estava chegando mais perto da beira do penhasco. A traição e
a culpa o aguardavam no fundo, mas às vezes aquela queda não parecia
tão ruim.
Isso o assustava. O medo residia no coração que de alguma forma
havia se hospedado na garganta. Ele estava com medo de Stavros. Medo de
si mesmo, do que ele poderia fazer na próxima vez que se aproximassem o
suficiente para que Daniel sentisse o calor do corpo de Stavros. Perto o
suficiente para ele colocar as mãos em Stavros.
Não seria apenas por irritação.
Não seria apenas por raiva.
— Continue alimentando-o com a sopa — instruiu Boyd. — Muitos
fluidos, e fique atento às feridas — ele fez uma pausa. — Senhor.
Daniel não respondeu e Boyd finalmente saiu da sala. Quando a
porta se fechou atrás dele, Daniel ficou de joelhos ali mesmo.
— Petra — ele inclinou o rosto para cima, os olhos fechados. —
Perdóname — sua garganta funcionou. — Perdóname, por favor — perdoe-
me, por favor.
Era estranho para ele, tudo o que ele fazia desde que entrou no
porão para encontrar Henan de pé sobre um Stavros sangrando, uma arma
na mão. Ele deveria ter agradecido Henan por fazer o que Daniel de alguma
forma não poderia. Ele deveria ter terminado o trabalho que Henan
começou para ele e acabar com a vida de Stavros.
Uma vida por uma vida.
Sangue por sangue.
O de Stavros pelo de Petra.
Como ele poderia justificar não cumprir a promessa que ele fez para
sua esposa na noite em que ele a colocou no chão? Como ele poderia
justificar o pânico que ele experimentou quando Stavros faleceu no chão
frio? Havia uma maneira de explicar o que sentia a vista de Stavros tão
pálido e delirante, frágil e vulnerável naquela cama?
Seu peito espremeu instantaneamente, muito pequeno para conter
seu coração enquanto batia furiosamente.
Ele sentia coisas por Stavros Konstantinou, e não se tratava de
vingança e retribuição.
— Perdóname — implorou para sua esposa morta. Porque ele nunca
poderia se perdoar. O que ele tinha feito. Como ele traiu Petra e seu amor,
não havia desculpa. Ele tocou as contas do rosário enroladas em seu pulso,
acariciando-o enquanto respirava fundo e se levantava.
As coisas não podiam permanecer como estavam. Ele olhou para
Stavros, que dormia. Ele estava com a face relaxada. Daniel não se
permitiria demorar. Ele não podia pagar. Em vez disso, ele saiu do quarto e
foi procurar Henan.
Ele encontrou Henan no porão, fumando um cigarro enquanto
olhava para o telefone. Ao ver Daniel, ele se levantou.
— Jefe.
— Explicaté — explique-se.
A mandíbula de Henan pulsou. — Ele matou Petra — ele disse em
espanhol rápido. — E você está o mantendo aqui, por quê? Você está o
alimentando. Mantendo-o vivo? Ele deveria estar morto.
Daniel o empurrou o suficiente para que Henan cambaleasse para
trás. — Duas coisas — ele manteve seu tom uniforme e sua expressão
calma enquanto ele erguia dois dedos. — Você não me questiona. Nunca. E
você segue minhas ordens — ele agarrou Henan pelo queixo, forçando-o a
olhar para ele nos olhos quando o outro homem teria deslizado. — Toda
vez.
O outro pesava mais do que ele. Era mais alto do que ele. Para
alguns, isso poderia significar que Henan seria o único com a vantagem.
Henan sempre foi um seguidor, melhor em receber ordens do que dar.
Nunca um homem de iniciativa, e foi assim que Daniel acabou com Petra,
embora Henan a conhecesse e a amasse mais.
— Ele a matou — disse Henan. — Ele a tirou de nós, e você está
protegendo ele?
Então, Henan tinha um desejo súbito de morte. Com uma mão em
seu queixo, Daniel bateu o calcanhar de sua outra mão na traqueia de
Henan, empurrando-o de volta contra a gaiola quando ele se dobrou.
— Você não perdeu nada, porque você nunca a teve. Ela era minha
esposa. Minha — ele disse suavemente. — Eu a perdi, e as pessoas que a
tiraram de mim pagarão. Você não precisa me dizer o que Stavros fez. Eu
estava lá. Eu tenho as cicatrizes — ele bateu a cabeça de Henan na jaula
uma última vez antes de baixar às mãos e recuar.
O outro homem tossiu e caiu contra a gaiola. — Jefe.
— Não sou seu chefe? — Daniel tirou sua lâmina de confiança do
bolso.
Os olhos de Henan se arregalaram, e ele levantou as duas mãos. —
Jefe, por favor.
— Você realmente não espera me questionar, me desobedecer e
viver, não é? — ele apunhalou Henan no peito, no coração. Uma vez. —
Pendejo10 — ele torceu a faca.
O outro homem congelou com a boca aberta enquanto segurava as
lapelas de Daniel. Daniel o afastou, puxando a lâmina lentamente,
enquanto Henan fazia um som alto e doloroso. Ele recuou, e Henan
desmoronou no chão.

****

Ela descansava rigidamente em seus braços, olhando para nada. O


coquetel de drogas que ela tomava diariamente parecia mantê-la ainda
mais confusa. Passando o tempo que ela deveria estar dormindo, mas ela
permanecia acordada, as pernas esticadas contra a cama, os dedos
puxando os lençóis com agitação óbvia.
— Estou aqui — ele murmurou contra sua testa em espanhol. — Eu
estou aqui.
Mas ela não o conhecia. Não sabia onde estava.
Ao som de sua voz, ela inclinou a cabeça para trás, olhando para o
seu rosto, olhos arregalados procurando, lábios trêmulos.
— Todo está bien — tudo está bem. Sua doença o transformou em
um mentiroso durante a noite enquanto emitia garantias fracas e prometia
coisas que ele nunca poderia entregar. Mas essas palavras, por mais vazias
que fossem, mantiveram a calma.
O relógio no canto tocava suavemente. 1h. Ela se afastou dele então,
como se esse som fosse sua sugestão, lutando para escapar de seus braços.
— Não. Fique aqui. Fique comigo.
Seu olhar foi para a porta do quarto e não se moveu. Como todas as
outras noites, ela cedeu a essa compulsão, descendo da cama quando ele a
abraçou. Ele permaneceu sentado, e absorveu tudo enquanto ela se
10
Estúpido em Espanhol.
curvava, para colocar os sapatos. À esquerda, um chinelo branco peludo. À
direita, uma sandália de couro preto.
Quando ela agarrou seu casaco, ele levantou, seguindo-a até a porta.
Desceram as escadas devagar, segurando o corrimão e, finalmente, foram
para a cozinha. Ele foi o único a acender as luzes e, quando ela abriu
caminho para o fogão, ele a agarrou.
— Eu não posso deixar você fazer isso — ele a segurou contra seu
peito, seu queixo pressionado no topo de sua cabeça. Sua fragilidade o
atingiu, um soco no seu estômago que tirava o fôlego dele.
Todas as suas fraquezas o cercava esta noite, puxando-o para baixo.
Toda essa emoção, ele sufocou lentamente, segurando-se, enquanto ela
deslizava pelos seus dedos como grãos de areia. Logo ela já teria ido
embora.
Logo não haveria mais nada.
Não que ele tivesse algo substancial para aguentar no momento.
Em seus braços, ela não se moveu, parada tão quieta. Mas ela falou
em seu peito, palavras abafadas fracas, interrompendo o espanhol,
alertando os filhos do perigo. Ele a guiou para a sala de estar e no sofá,
ajudando-a a deitar-se. Puxando um cobertor grande sobre ela. Brilhante e
multicolorido, era um que ela própria fez.
Antes da doença.
Algo mais do que o dever que o manteve sentado no chão ao lado do
sofá, observando-a observá-lo em silêncio. Ele procurou conforto mesmo
quando era ele dava. Ele tinha fome de familiaridade quando sabia que
nunca a teria. E ele lutava para entender algo que ninguém entendia.
Como poderia estar lá com ele, mas ser a mesma coisa?
Como ela poderia ser uma estranha com rosto de uma mulher que
ele amou por toda a vida?
Mesmo depois de adormecer um pouco antes do amanhecer, ele
permaneceu ao seu lado.
Esperando as respostas.
Capítulo 11
Ele ficou afastado de seu paciente em cativeiro por quase uma
semana, deixando Boyd cuidando de Stavros. Fingindo que ele não se
importava.
Fingindo que ele não sentia.
Até que Boyd se aproximou dele com passos hesitantes. —
Discúlpeme, señor. Ele está acordado.
— Como ele está? — a febre havia cessado há algum tempo, a ferida
de bala cicatrizando bem, ele sabia. Boyd insistiu que Stavros precisava de
um sustento além do pão e da água, se Daniel desejasse que ele ficasse
bem.
Ele permitiu, mas Stavros permaneceu algemado à cama que Daniel
costumava dormir.
— Ele está mais forte, senhor. — Boyd olhou para longe e voltou
rapidamente. — Ele está insistindo em vê-lo.
Claro que estava. — Ele foi alimentado?
Boyd assentiu com a cabeça. — E banhado.
Daniel só podia imaginar a reação de Stavros ao fazer com que Boyd
lhe desse seu banho de esponja. — Você pode ir.
Os olhos de Boyd se arregalaram. — Senhor, eu...
Ele não olhou para trás para se certificar de que Boyd seguiu seu
pedido enquanto caminhava para o quarto que Stavros ocupava e entrou.
Ele fechou a porta silenciosamente atrás dele, e ficou ali, olhando o
homem na cama. Ele tinha alguma cor em sua pele novamente, além das
contusões azuis e pretas de seu tratamento áspero sob as mãos de Daniel.
Tratamento brusco.
Ele merecia muito mais do que aquele tratamento duro.
Seu cabelo cresceu um pouco, Daniel percebeu, caindo no meio de
sua testa. Boyd o vestiu com uma camiseta branca e calções pretos. A mão
dominante de Stavros, a mão esquerda, estava algemada à cabeceira da
cama de metal, assim como o tornozelo esquerdo.
Seus olhos estavam fechados, mas ao som do fechamento da porta,
eles se abriram.
Eles se observaram, e nas profundezas dos olhos de Stavros, Daniel
viu alívio e muito mais. Mas essas outras coisas, ele se recusou a
reconhecê-las. Em vez disso, ele se aproximou, nunca rompendo o contato
visual, até ficar de pé ao lado da cama, olhando para Stavros.
— Então é verdade — murmurou Stavros. — Você está me
mantendo vivo — sua voz ainda era um pouco fraca e rouca, mas o som
dela...
O pulso de Daniel correu em seus ouvidos e ele não podia negar isso.
— Sr. Konstantinou, eu ouvi que você está melhor — tomou uma
quantidade obscena de orgulho para manter a firmeza de seu tom.
— Depende de quem você pergunta — a boca de Stavros curvou-se
em seu sorriso de marca registrada. — Estou vivo, mas eu poderia estar
melhor — ele bateu os punhos nas costas de sua mão algemada para efeito.
— Você queria me ver. — ele não se preocupou em expressar como
uma pergunta.
— Eu queria, e eu tenho que dizer, você está bem. — Stavros
lambeu os lábios. — Eu tinha certeza de que minha febre tinha fodido com
meu cérebro... — ele olhou Daniel de cima para baixo. — Mas não.
Um calor perigoso girou na barriga de Daniel. Ele apertou os dentes.
— O que você quer?
Toda alegria desapareceu dos olhos de Stavros, e sua expressão ficou
séria. Seu olhar era pesado, travando em Daniel e mantendo-o enraizado no
chão. — Você realmente quer saber o que eu quero? — Stavros perguntou
suavemente. — Você tem certeza de que é uma pergunta que você deseja a
resposta?
Havia muitas coisas que ele tinha visto e feito, mas Daniel descobriu
naquele momento que ele não era suficientemente forte, corajoso o
suficiente, para seguir essa pergunta onde inevitavelmente levaria. Essa
fraqueza, essa vulnerabilidade, o irritou.
— Você me confunde com um dos tolos com quem você brinca? —
ele respondeu.
Stavros o observou, seus olhos diziam coisas que sua boca não fazia.
O silêncio, grosso e carregado, fez uma zombaria das palavras de Daniel.
— Esta é a sua cama, não é? — a perna livre de Stavros deslizou
para cima e para baixo no colchão. — Eu posso sentir o cheiro nos lençóis.
Sobre os travesseiros — seu peito levantou e caiu quando respirou
profundamente. — Você dormiu aqui — ele fechou os olhos, fazendo um
zumbido baixo na parte de trás da garganta.
Daniel o observou com a boca seca e as mãos apertadas. Caso
contrário, ele o tocaria. Ele pressionaria o polegar no pulso na base da
garganta de Stavros. Ele passaria os nódulos através de sua bochecha
cicatrizada. Ele passaria os dedos pelo cabelo escovando a testa de Stavros.
Ele o tocaria.
— Daniel.
Seu corpo empurrou, e seu olhar voou da boca de Stavros de volta
aos olhos dele. — Nunca me chame assim — ele criticou.
Toda vez. Toda vez que ele entrou na presença do grego, ele perdia
sua determinação. Perdia o foco. Não importava o quanto ele tentasse, a
emoção o governava. Irritação e arrependimento junto com os novos,
bondade e traição.
— Por que ainda estou aqui? — Stavros estava mais calmo, olhava
fixamente, com voz suave. — Por que ainda estou vivo?
Daniel se virou, dando as costas para Stavros enquanto se dirigia
para a porta. Ele tinha que sair daqui. Parecia como se estivesse se
espalhando por ele, por seu peito. A pressão dentro dele era construída,
ficando muito grande, demais. Ele tinha que sair.
Virou covarde tão rápido, mas sim, queria girar e correr. Ele viu isso
chegar, aquela queda. Viu-se entrar no inferno com os braços abertos, o
calor das chamas o queimando até o osso.
— Não se afaste. Responda-me! — gritou Stavros. — Porra, me
responda. Dê-me isso.
— Dar a você? — Daniel balançou e voltou para ele. — Dar a você?
— ele tirou a arma da cintura. Tremendo. Ele tremia terrivelmente. A
emoção caiu sobre ele de uma só vez. — Eu deveria te dar? Depois de tudo
o que você tirou de mim, eu deveria te dar?
— Sim — tão ousado. Desafiante. O jeito que ele exigia. A maneira
como ele possuía esse egoísmo. Não deveria fazer o pulso de Daniel se
acelerar.
Ele estava morto há anos, e este homem o trouxe de volta à vida. A
voz dele. Seu sangue. Os olhos dele. Eles trouxeram Daniel de volta à vida.
Estava errado.
Esse desejo. Estava errado. Mas o errado parecia tão bem, a maneira
como ele se contorceu de forma espessa e quente ao longo da sua coluna
vertebral. Como o mel quente e temperado.
Ele colocou a arma na testa de Stavros. Pressionou-a contra ele. —
Você está vivo porque você é meu. Seu sangue. Sua vida. Sua morte.
Minhas. — Daniel bateu no peito com uma mão, o outro segurando a arma
apontada para Stavros. Bem entre os olhos. — Yo decido, cabrón — eu
decido.
O outro homem apenas o observou, com os olhos arregalados.
Aceitando.
— Eu deveria te dar o que você me deu — as palavras eram como
lava quente em sua língua. — Pesar como nunca senti. Dor, que eu pensei
que eu nunca escaparia — com a forma como ele se sacudia, a arma
percorria a testa de Stavros, pousando em sua têmpora esquerda. — Você a
pegou. Em um piscar de olhos, você a tirou de mim.
— Eu sei.
Ele sabia. Claro, ele sabia o que tinha feito. O dano que ele causou.
O inferno que ele havia desencadeado. Ele sabia. — O que eu deveria te dar
então? — perguntou Daniel em um sussurro. — O que eu tenho que você
ainda não tomou Stavros Konstantinou? Tenho exatamente uma bala nesta
arma. É isso que você quer?
Stavros olhou para ele, com os dentes no lábio inferior, as narinas
infladas. O pulso de sua garganta batia violentamente.
Daniel puxou o gatilho.
Clique.
Stavros não se encolheu.
— O que você quer? Contéstame! — ele rugiu. Responda-me. Um
pedaço quebrando. Ele ouviu as rachaduras aguçadas. Ouviu seu controle
cair no chão aos pés dele. Seu aperto na arma era tênue, na melhor das
hipóteses, o mesmo que o controle de sua sanidade. Ele olhou para o
homem naquela cama.
Destroçado.
Dilacerado.
— Seu toque — a voz de Stavros, também tremia. — Eu desejo isso.
Essas palavras destruíram o que restava dentro de Daniel.
Balançando-o em seus calcanhares. Instável. — Você quer? — ele não
piscou quando ele apertou novamente o gatilho.
Os lábios de Stavros se separaram. A luxúria sombreava seus olhos,
tornava-os um escuro perigoso. Ele era fascinante - admirável - com o
brilho de vermelho nas bochechas e no peito. Sua mão livre agarrou o
edredom, segurando e puxando, enquanto seu peito subia e descia
rapidamente.
O corpo de Daniel latejava, gostando da visão. O monstro dentro dele
ganhou vida e clamou por mais. — Eu quero te machucar — ele grunhiu,
trazendo o rosto perto do de Stavros para que eles pudessem estar nariz a
nariz. — Eu quero tocar em você — ele acariciou a bochecha de Stavros
com o comprimento da arma, segurando sua cabeça firmemente com a mão
livre.
A respiração de Stavros era entrecortada nos lábios de Daniel. Ele
cheirava a limão e gengibre, o chá que Boyd o alimentava. Ele também
sentiu o odor quente, também sentiu desejo. Sempre aquecia Daniel.
Descongelando-o.
Ele subiu na cama, o corpo quase sufocando Stavros enquanto ele
estava em busca desse calor.
— Eu quero te beijar, e eu quero matar você. — Implacável. Sem
direção - ou ele tinha? Porque todo o seu foco estava no rosto de Stavros.
Em seu destino.
Um som deixou Stavros. Um gemido. Sua mão livre deslizou pelo
ombro de Daniel e agarrou-o pela nuca enquanto olhavam um para o outro.
Eles ofegaram juntos. Stavros parecia do que jeito que Daniel
imaginava.
Febril.
— E eu quero fazer você sangrar.
— Faça. Qualquer um desses. — Stavros sussurrou contra o queixo
de Daniel. — Todos esses.
Daniel trouxe a arma para frente, escovando os lábios de Stavros
com a ponta. Ele queria que o outro parasse de falar. Para silenciar as
palavras batendo em suas defesas. Mas Stavros simplesmente abriu os
lábios e lambeu a arma.
A respiração de Daniel engatou.
O calor em fogo lento em sua barriga girou todo o caminho até ferver,
e ele empurrou a arma para dentro da boca de Stavros. Os cílios do grego
vibraram. Lábios esticados em torno da ponta da arma, ele gemeu e não
parou de sugá-la.
Lambendo.
Chupando.
Oh Dios.
A restrição saiu pela janela.
O monstro em você reconhece o monstro em mim.
Perdóname.
Ele puxou a arma para fora, e um pouco da saliva de Stavros se
agarrou ao cano da Glock. Daniel olhou para ele. Não conseguiu parar de
tremer. O sabor amargo da traição permaneceu na parte de trás da língua.
Nunca muito longe.
Ainda sim…
Ele traçou os lábios de Stavros com a arma. Mais lento, uma carícia
mais detalhada.
Carícia. Não fazia sentido, o que ele estava fazendo. O homem que ele
era, o homem que ele costumava ser, não estava mais presente. Ele não se
reconhecia. Mas ele não conseguiu parar de acariciar os lábios de Stavros.
Tudo parecia estranho. Toda sensação nova quando Stavros
balançou sua parte inferior contra ele. Daniel operava apenas com instinto,
egoísta, querendo punir Stavros. Querendo provar que ele era mais do que
essa pessoa que ele se tornará, obcecado e cheio de luxúria e um impulso
escuro e intoxicante para tocar o homem que roubou tudo dele.
Apenas ansiando.
Inclinou a cabeça, essa coisa intensa e intangível. O aproximou
ainda mais, até que seus lábios estavam ali mesmo, passando por cima dos
de Stavros. Ele se livrou da arma, certificando-se de travar o bloqueio antes
de jogá-la no lado oposto do colchão. Então, com os dedos trêmulos, Daniel
rastreou a linha da mandíbula desalinhada de Stavros, os cabelos lá mais
prata do que preto.
— O que você fez? — perguntou em voz alta. Palavras quebradas
direcionadas para dentro, para ele. E para Stavros, também. Elas
transmitiam tudo. Seu medo. Sua necessidade. Sua confusão. — O que é
que você fez?
— É o que somos — a respiração de Stavros se desfez, a maneira
como acariciava o queixo de Daniel. Quente, mas não o suficiente.
Insinuando um inferno. Burlando-o, fazendo-o doer por mais. — O que
fazemos um ao outro. O que sentimos.
O que eles sentiam. Nada disso fazia sentido. Nada era certo.
Mas por que Daniel estava aqui, preso ao corpo de seu inimigo, de
joelho e em tão profunda necessidade? Desejando coisas como seu gosto e
toque?
Ele levou Petra.
Não fazia sentido que Daniel desejasse isso, que ele traísse a mulher
que ele amava por isso. Não fazia sentido que ele precisasse disso, o cheiro
e a sensação de Stavros. A negação estava sentada na ponta da língua.
Pesada.
— Daniel.
Os narizes se chocaram primeiro. Então seus lábios escovaram.
Tremores se precipitaram por ele com aquele fraco contato. A
respiração de Stavros engatou e Daniel congelou.
Perdóname.
A sensação de traição atingiu-o no intestino, tudo torcido com todas
as outras sensações. Sentia quase como se Petra estivesse lá ao lado deles,
testemunhando o que destroçou o homem que Daniel costumava ser.
No entanto, ele não conseguiu parar. A maré o arrastou pelos
tornozelos, e ele foi sem briga. A escovação embaraçosa dos lábios ainda
conseguia destruí-lo. As águas inexploradas deixaram-no flertar, de modo
que tudo o que ele tinha para agarrar-se como âncora era a sensação de
Stavros debaixo dele, a pressão dos lábios, separando-se ligeiramente
quando Stavros agarrou-o pela nuca, segurando a cabeça de Daniel firme.
Controlando o beijo.
Transformando de escovadas suaves e tentativas, para boca aberta,
molhada e ofegante em um segundo.
Daniel deu um gemido de luxúria e de fome. Suas línguas se
entrelaçaram; o gosto de Stavros misturando-se sem esforço com a traição
já permeando a língua de Daniel.
Stavros se arqueou debaixo dele, oferecendo-se. E Daniel pegou,
lutando com ele pelo controle. Bebendo, levando-o para dentro. Engolindo.
Engraçado como o beijo furiosamente molhado de Stavros apagou a sede de
Daniel, que de alguma forma o deixava esfarrapado.
Apesar da culpa, aprofundou o beijo, sua boca se abriu mais do que
nunca. Um esforço para desabafar tudo o que o incendiava, mas ainda
assim, das formas mais inesperadas, o arrefecia. A bola de luxúria em sua
barriga ardia para Stavros como o sol do meio-dia; e ele gemeu quando
Stavros balançou contra ele.
Suas ereções estavam pressionadas juntas, as coxas de Stavros se
separaram, acariciando Daniel entre suas pernas. A mão na nuca de Daniel
deslizou para baixo, ao longo do recuo da coluna vertebral. Sobre suas
roupas, ele ainda se encolheu contra a queimadura.
Suas posições mudaram quando ele não estava prestando atenção, e
agora, em vez de ser o cativo, Stavros o capturou. Sem esforço. Nenhum
aviso.
Daniel costumava ser o homem responsável, agora ele se afogou,
caminhando de bom grado para as águas desconhecidas. Abraçando isso,
ligando-se à língua de Stavros e sugando até que o outro se contorceu de
baixo dele.
Ele inclinou os quadris, apertou forte, perseguindo o prazer que doía
tão docemente.
O aperto de Stavros sobre ele se soltou, seu corpo tremendo. Sua
barba raspou em Daniel, a sensação causando arrepios. Nunca foi
bombardeado com tantas emoções e sensações apenas com um beijo.
Apenas uma reunião de lábios.
Com Petra...
Ele congelou.
Petra.
Realidade puxou seu cérebro da neblina para a superfície, e ele se
jogou fora de Stavros. Aterrissando de joelhos no chão.
— Daniel?
Petra.
Ela merecia melhor do que isso. Ela merecia um marido capaz de
vingá-la. Ela merecia a devoção na morte mais do que jamais conseguiu na
vida.
Ela merecia mais
Ele manteve os olhos fechados, os dedos puxando as contas do
rosário enroladas em torno de seu pulso. O colchão mudou, e uma mão
pousou no ombro dele.
— Daniel, o que...
— Não — respiração atravessou seus pulmões, seu peito subindo e
caindo enquanto as palavras devastadas o deixavam. — Não — ela confiava
nele para protegê-la. Ele prometeu protegê-la. Esse fracasso o seguiria até o
túmulo. Ele prometeu que todos pagariam.
Aqui estava Stavros Konstantinou, transformando Daniel em um
mentiroso, duas vezes agora.
Qualquer outro homem. Ele poderia querer qualquer outro homem.
Esse não.
— Petra — com as costas contra a cama, ele olhou para as contas de
rosário antigas, arrancando-as. — Petra, lo siento — lábios ainda molhados
pela droga intoxicante do beijo de Stavros, com a barriga, seu corpo, ainda
latejando em antecipação à libertação, ele sentou, sussurrando para
fantasmas. — Lo siento.
— Porra — acima dele, Stavros murmurou uma maldição em pânico.
— Porra.
Daniel levantou-se, recusando-se a olhar para os olhos de Stavros
quando ele agarrou sua mão livre e a segurou com a outra. Doía, e ele
achava que os seus joelhos não o sustentariam. Ele precisava focar
sentado. Precisava limpar a cabeça. Pensar no que ele acabou de fazer, mas
seu corpo estava zumbindo. Sangue correndo em seus ouvidos.
Ele permaneceu deitado. O gosto de Stavros permanecia em sua
língua e narinas. As pontas dos dedos de Daniel, a sensação de tocá-lo.
Acariciar. Tudo ficou com Daniel. Uma permanência que ele não podia
negar.
Ele tentou. Ele tentou. Por Petra, ele tentou.
— Você está se afastando? — apesar da incredulidade na voz de
Stavros, Daniel percebeu o leve tremor e a luxúria que ele não escondeu.
Não era como se Daniel tivesse escondido a dele. Ele nunca poderia
se livrar disso.
— Daniel. Daniel olhe para mim — as algemas protestaram quando
Stavros puxou-as. — Olhe para mim, por favor.
Daniel olhou para ele, para a necessidade de mais escrita em todo o
rosto e nas linhas de seu corpo. Seus dedos se contraíram e ele abriu as
mãos para evitar passar um dedo nos lábios de Stavros. — Isso é tudo o
que eu tenho que fazer para fazer você implorar, sim?
Os olhos de Stavros endureceram e sua boca apertou uma fração. —
Tire as algemas. Ou termine o que você começou.
Daniel zombou e virou-se para a porta.
— Você está com medo. Porque eu sou um homem.
— Não — a raiva explodiu como um balão de ar. Ele girou ao redor,
mas não se moveu em direção à cama, caso contrário, ele poderia ouvir seu
corpo e escalá-lo novamente. — Essa é a parte fácil. Você a pegou, e não
posso tocá-lo sem pensar naquela noite, sem pensar nela — sua voz
quebrou, e Daniel sacudiu a cabeça. Ele tinha que sair daqui. Quanto mais
ele ficasse longe de Stavros naquele momento, melhor seria para sua
sanidade. — Não pode ser você. Não pode ser você.
Stavros olhou para ele, engolindo, chamando a atenção de Daniel
para sua garganta. A pele estava vermelha, irritada pelas correntes e as
mãos de Daniel, mas ele não teria cicatrizes. Não da maneira como ele
tinha marcado Daniel.
— Claro. — Stavros assentiu uma vez. Ele olhou para longe e,
quando voltou a olhar para Daniel, seus olhos brilhavam. — A última vez
que desejei qualquer coisa, eu provavelmente tinha dez anos de idade. Mas
agora, gostaria de dizer não quando me ofereceram o trabalho — sua
garganta funcionou. — E eu queria saber como é ser amado por alguém do
jeito que você a ama.
— Não. — Daniel segurou uma mão. — Não — especialmente não
depois do que acabaram de fazer. Ele foi até a porta.
— Não vá — gritou Stavros. — Por favor. Por favor, não vá.
— Eu não posso ficar. — Daniel pegou a maçaneta da porta. — Se
eu ficar…
Stavros não falou novamente, porque ele ouviu o que Daniel não
disse. Se ele ficasse, eles acabariam com o que ele começou. Então sua
traição seria completa.
Então ele saiu. Mesmo que seu corpo continuasse cantando,
esperando o que prometeu entregar. Mesmo que ele quisesse dar a volta e
voltar para aquele quarto, e subir de volta naquela cama.
Ele saiu.
Capítulo 12
— Ele ainda está vivo? — Syren cumprimentou Daniel na porta do
condomínio com uma sobrancelha levantada.
Daniel ignorou a pergunta, avançando rapidamente por Syren. Ele
parou quando viu o marido de Syren deitado no meio da sala com uma
pilha de cobertores, seu filho bebê, agarrando-se ao peito, filha adolescente
enrolada contra ele. As crianças roncavam mais alto do que seu pai.
Syren fechou a porta e foi atrás dele por sua família adormecida,
fazendo um gesto para Daniel segui-lo para a outra sala. No escritório
espaçoso, Daniel permaneceu parado contra a porta enquanto Syren se
sentava.
— Você não parece bem. — Syren olhou para cima e para baixo. —
Seu prisioneiro está sendo difícil?
— O que o assusta? — perguntou Daniel.
Ele sempre se sentia desconfortável quando Syren Rua sorria. Talvez
porque ele não deveria ser tão lindo, ou talvez porque Daniel não podia
deixar de ficar um pouco hipnotizado por aquela beleza.
— Pergunta interessante. Eu deveria estar preocupado?
— Homens como nós, nós vimos e fizemos o pior. — Daniel cruzou
os braços. — Então, o que assustaria um homem como você? Ou um
homem como eu?
A malícia nos olhos de Syren derreteu. Pegando um abridor de cartas
de prata, ele acariciou-o com um dedo, o olhar seguindo o movimento
enquanto falava.
— Tudo o que faço, as pessoas com quem lido e as cordas que eu
puxo, é tudo para a minha família — ele soltou o abridor de cartas na mesa
e ergueu o olhar para Daniel. — A segurança e a felicidade das pessoas que
estão do outro lado daquela porta... — ele apontou para Daniel. — Isso me
mantém acordado à noite.
Syren era um homem perigoso. Aquele que enterra os corpos e o
guardião dos segredos dos mortos. Um título como esse manteria um
homem acordado durante a noite.
Quanto a Daniel? — Stavros Konstantinou me mantém acordado à
noite.
Syren sentou-se na cadeira. Com muita força.
— No começo, era sobre vingança.
— E agora? — Syren abriu a garrafa de cristal em sua mesa e
derramou o líquido âmbar em um único copo. — O que é agora?
O que era isso? — Agora, não é mais apenas uma vingança — era o
melhor que podia fazer.
— Beba amigo. — Syren empurrou o copo de conhaque em sua
direção.
Daniel pegou a bebida, e ele a engoliu de uma vez. — Você não está
surpreso.
Os lábios de Syren se curvaram. — Não estou surpreso — seus olhos
estavam cheios de saber. — Quando você o soltará?
— Eu não vou — ele colocou o copo vazio de volta na mesa de Syren.
— Essa parte permanece inalterada.
Pelo leve ressalto de seus olhos, Syren não aprovou. Então,
novamente, ele também não aprovou o plano original. Talvez ele estivesse
em alguma coisa.
— Mesmo.
— Meu... Lapso de julgamento foi uma aberração — uma que ele
ainda sentia até nos dedos dos pés. — Nada mudou.
Syren riu alto e longo, na sua cara.
— Nunca te imaginei como o tipo delirante, mas hey... — ele
encolheu os ombros. — Bom para você.
Daniel franziu a testa. — O que isso significa?
— Isso significa que você vai aprender hoje.

****

Três dias desde que aconteceu. Eles o alimentavam duas vezes por
dia, e até agora ele não viu Daniel por seis refeições. Então, três dias desde
que perdeu a cabeça. Essa coisa, esse jogo, não poderia acabar de outra
maneira, além de mal.
Ele implorou. Implorou.
Esse desejo dentro dele, cada vez maior e mais quente com cada dia
que ele passava como cativo de Daniel Nieto, nunca poderia estar satisfeito.
Ele entendia isso agora. Mesmo que Daniel entrasse naquele quarto, e o
fodesse até o esquecimento, Stavros nunca ficaria satisfeito. O pensamento
racional não residia neste espaço onde desejava o toque de seu captor.
Como ele poderia deixar isso acontecer? Quando ele deixou isso
acontecer?
Às vezes, quando olhava para os olhos de Daniel, o sofrimento era
tão fresco como se Stavros tivesse cometido o ato há apenas alguns dias.
Stavros adorava Annika, sim. Mas ele não passou décadas casado com ela
e, mais importante, ela não o amava de volta. Daniel e Petra Nieto, eles
sempre foram apaixonados. Ele não pensou nisso naquela época. Era
apenas o seu trabalho. Ele era um maldito mercenário, ele sempre fazia o
trabalho.
Agora, ele não tinha certeza se era penitência, sua maneira de
implorar perdão ou misericórdia. Mas o que ele sentia, não fazia sentido.
Ele era quem Daniel achava que era: um monstro, destruidor de
vidas. Ele usava a pele desse homem sem remorso. Ele não podia se dar ao
luxo de ser mais vulnerável a Daniel novamente.
Ele caminhou pelo quarto pequeno. Eles o tiraram suas agemas,
permitindo-lhe livre movimento dentro do quarto. Todos os dias, o médico -
Boyd – o visitava, e levava a comida, ladeado por três guardas armados com
armas de assalto, usando máscaras para esconder seus rostos.
Daniel tinha mudado as coisas com certeza, e embora Stavros tivesse
uma cama confortável e pudesse usar o banheiro sem uma escolta, ele
ainda era um cativo. Ele perguntou ao bom médico uma vez quanto tempo
Stavros estava na companhia de Daniel.
Duas semanas.
Do jeito que ele sentia, poderia ter sido facilmente toda a vida.
Seu tio devia estar frenético. Sem filhos, Stavros era a única família
que Christophe havia deixado. Todos provavelmente achavam que estava
morto, morto por um dos muitos inimigos que Stavros havia feito ao longo
dos anos. Ele nunca tinha sido um dado a diplomacia ou a restrição, e em
seus negócios, havia muitas pessoas que se ofendiam com isso.
Como se ele desse uma merda. Não, antes, e nem mesmo agora.
Uma chave tremulou na fechadura e ele paralisou o ritmo. Boyd já
lhe trouxera sua comida, talvez cerca de uma hora atrás, então ainda não
era hora das refeições. Ele esperou que o médico e seus homens armados
entrassem.
Em vez disso, Daniel fez.
Oh, doce misericórdia.
Seus olhos se encontraram no segundo que Daniel pisou no limiar.
Stavros reconheceu a expressão suave de seu captor como uma máscara,
escondendo o caos por baixo.
Ele usava preto, o que Stavros também reconhecia como sua
armadura. Camisa preta, aberta no colarinho, enfiada em calças pretas e
sapatos italianos pretos. Seus olhos, eles se fixaram em Stavros tão
completamente que levou um momento para sacudir a sensação vertiginosa
e encontrar sua língua.
— Sr. Nieto, que bom que você apareceu — ele sorriu.
Daniel simplesmente olhou-o de cima para baixo, olhos
inexpressivos, observando sua camiseta branca genérica, calções cinza e
meias brancas que se tornaram o uniforme de Stavros. Ele ficou de pé na
porta, com as mãos nos bolsos enquanto olhavam um para o outro.
Três dias. Stavros ainda sentia o peso de Daniel em cima dele,
fixando-o a essa maldita cama. Ele o sentiu cheio de luxúria calorosa e
confusa. E ele sentiu seu toque. O deslizamento hesitante de sua língua
que rapidamente se tornou vicioso com um pouco de persuasão de Stavros.
Três dias e, durante a ausência de Daniel, até agora, sentia a carícia das
pontas dos dedos de Daniel ao longo de sua mandíbula como se estivesse
acontecendo agora.
Daniel não parecia ter o mesmo problema. Seus olhos permaneceram
em branco, com a boca em forma de linha plana.
— O rumor é que o seu povo desistiu de procurá-lo. — seus lábios
curvaram-se então, a curva mais ínfima, mas Stavros percebeu. — Eles
não pareceram muito preocupados, não é?
Stavros encolheu os ombros. — Eu não esperava que eles me
procurassem para tudo, então... — isso não era uma mentira. Seu povo
sabia melhor que abandonar suas atribuições para se concentrarem nele.
Daniel caminhou em direção a ele lentamente, os olhos trancados no
rosto de Stavros. Como se ele não pudesse desviar o olhar. Como se ele não
quisesse desviar o olhar. Mesmo que sua respiração se tornasse agitada e
seu pulso disparasse, Stavros ficou firme no chão e não piscou quando
Daniel parou a poucos centímetros dele.
— Diga-me uma coisa... — ele cruzou os braços, os cotovelos apenas
escovando no peito de Daniel. As narinas do outro homem inflaram ao
contato fraco. — Você passou tanto tempo com as pessoas que me
contrataram para matar sua esposa, ou eu sou o único especial?
O sorriso de Daniel congelou Stavros. O pânico surgiu em forma de
arrepios ao longo dos antebraços, e ele ignorou o desejo de esfregar as mãos
sobre eles.
— Todos foram tratados. Você é o único que resta.
Merda.
Sua surpresa deve ter demonstrado, porque Daniel o encarava como
se fosse um filho ingênuo. — Você parece pensar que existem linhas que
não cruzarei Sr. Konstantinou. E se eu me lembro corretamente, não muito
tempo atrás você também tentou matar o marido do meu irmão. Um agente
federal — ele inclinou-se para frente, respiração provocando a bochecha de
Stavros quando ele disse:
— Deixe-me assegurar-lhe, para que você possa colocar as dúvidas
de lado, não há nada que eu não faça. E não há vida que eu poupe — ele se
afastou para trancar os olhos em Stavros novamente. — Nem mesmo a
sua.
— Você acha que ela se orgulharia desse fato? — Stavros perguntou
a ele. — Você acha que a sua Petra quereria todo esse sangue derramado
em seu nome?
Daniel o empurrou, um golpe tão duro e inesperado - ele deveria ter
antecipado isso - e Stavros bateu contra a parede. Mas antes de suas
costas conectarem com a superfície dura, Nieto estava sobre ele, em volta
da garganta.
— Nunca diga seu nome — cuspe voou quando ele rosnou no rosto
de Stavros. — Você não merece dizer o nome dela.
Stavros agarrou a mão na sua garganta, lutando, ofegante, mas o
aperto de Daniel não se moveu.
— Por que não perguntamos o que ela pensava? — Daniel rugiu. —
Por que não perguntamos a ela? — ele sacudiu Stavros, batendo sua
cabeça para trás.
Porra. Ele viu estrelas.
— Nós não podemos perguntar a ela, porque você a tirou de mim.
Você a tirou de mim — sob a fúria, sob a raiva encarnada, estava o
sofrimento. Stavros ouvia, e o atraía.
Instintivamente, seu corpo lutou contra a pressão contra sua
traquéia. Mas Stavros se forçou a parar, a relaxar. O conhecimento do que
era percorria seu corpo. Seu coração corria e o medo era o estimulo.
— Você não sabe o que é ter felicidade — Daniel lhe disse com
aquela voz dura e rasgada enquanto seu aperto abruptamente afrouxava. —
Você está sempre tão pronto para destruir o que os outros têm, porque você
nunca teve isso. Porque você quer isso para você mesmo.
Os olhos de Stavros se abriram enquanto tossia. Essas palavras o
atingiram no peito, mais perto da verdade que ele se importou em admitir.
— Se você a ama tanto, porque não estou morto? — perguntou.
Contra ele, Daniel ficou tenso.
— Se você a amava tanto, porque você me toca do jeito que você faz?
Por que você me beija do jeito que você faz?
O punho de Daniel se conectou com seu estômago, e Stavros se
dobrou.
Maldito seja isso doeu.
Ele abraçou seu meio e riu. — Se você a amava tanto, como é que
continuo te mantendo de joelhos?
Daniel agarrou-o pelo cabelo, puxou-o e ergueu-o para cima,
batendo-o contra a parede.
Porra.
Stavros não conseguia respirar. Suas pernas eram como macarrão
molhado, incapaz de mantê-lo. O corpo de Daniel preso a ele o manteve de
pé. Os olhos do outro olharam para ele quando seus olhares se
encontraram.
— Você quer morrer esta noite? — perguntou Daniel. — É isso?
Stavros lambeu o sangue no lábio inferior e o corte lá picou. — Eu
quero o que você quer. Foda-me. Mate-me. — ele encolheu os ombros no
aperto de Daniel. — Não importa.
— Não?
— Não — ele balançou a cabeça. — Não importa.
Já não estavam lutando mais. Eles estavam tão apertados um contra
o outro, quase como um abraço, Stavros de volta à parede e o corpo duro
de Daniel sobre ele. Stavros sentiu cada centímetro dele. Cada cume.
Especialmente a curva grossa e promissora da ereção de Daniel.
Jesus. Stavros o tocou, uma mão no meio de suas costas. Daniel se
encolheu, sentiu isso, viu-o no fundo de seus olhos. Mas ele não se afastou.
O calor dele queimou até a palma de Stavros.
Incrível, incrivelmente, o corpo inteiro de Stavros tremia. Como uma
virgem nervosa, o jeito que ele se sentia. O fogo acariciou sua barriga,
endurecendo-o. O domínio de Daniel no seu cabelo apertou e ele puxou.
Stavros inalou, tomando o almíscar de Daniel e homem e luxúria em
seus pulmões.
— Por que não importa? — Daniel perguntou em um murmúrio. Os
dedos de sua outra mão acariciaram o queixo de Stavros, deslizando pelo
sangue acumulado. — Diga-me. — ele empurrou os dedos, encharcados
com sangue, na boca de Stavros.
Filho. Da. Puta.
Ele abriu, gemendo. Daniel gemeu, e seus cílios vibraram,
escondendo seus olhos de Stavros. Ele sugou esses dedos grossos, sua mão
nas costas de Daniel se curvando para agarrá-lo.
Escavando.
Segurando.
Ele curvou-se contra Daniel e a respiração do outro engatou.
— Stavros — seus dedos entraram e entraram e saíram da boca de
Stavros, duro. Agarrando a parte de trás da garganta, pressionando-a e
fazendo-lhe engasgar. Um castigo por si só.
Stavros sacudiu a cabeça. Ele não queria responder a perguntas. Ele
queria chupar qualquer coisa que Daniel tivesse para oferecer. Seus dedos.
A boca dele. Seu pênis.
Inferno, até seu traseiro.
Os dedos se afastaram com um pop molhado.
Ungh.
Não. Stavros agarrou sua mão em retirada, mas Daniel afastou a
mão dele.
— Stavros.
Ele ficou boquiaberto. Não se registrou antes, o uso de Daniel em seu
nome. Em sua língua, em sua voz, áspera e grossa, rasgou Stavros. Ele
tocou sua mão na bochecha de Daniel.
— Porque não importa — disse ele. Deus, sua voz era rouca, ainda
carregada com a luxúria que o montava tão forte. — Eu não me importo —
não até então.
Pego no olhar de Daniel, Stavros observou-se tropeçar e cair.
Deixando o pescoço aberto, desprotegido. Barreiras caíam e desmoronaram.
Ele poderia morrer neste lugar, era uma possibilidade distinta.
Mas a respiração de Daniel tinha se tornado agitada, os lábios se
separaram quando ele se recusou a se mexer.
Essa coisa, Stavros queria isso. Ele doía para ceder a ele.
Ele fez o primeiro movimento desta vez.
Levando.
Derrubando sua boca na de Daniel.
Ele estava esperando, porque Daniel abriu imediatamente para
Stavros, varrendo. Esses movimentos, eles o fizeram tremer. Fez-lhe
arquear, e apertar-se mais perto.
Desespero.
Ambos sabiam que isso nunca poderia acontecer. Isso nunca deveria
acontecer. Toda a luxúria girando quente e grossa na virilha de Stavros
endureceu-o. E ele se esfregou contra Daniel.
Roçando.
Mas a culpa, algo que ele não se lembrava de experimentar antes,
torceu o interior dele. As linhas que ele cruzou, e as coisas que ele havia
feito. Tomando o que Daniel ofereceu com esses grunhidos e os gemidos
selvagens de sua língua eram egoístas.
Foda-se. Isto.
Stavros sorriu, e Daniel correu e entrou nele como água.
Água.
Ele o engoliu, deixando Daniel bebê-lo. Deixando-o encharcar
aquelas nuvens escondidas, secas e desoladas.
Água.
Como essa mercadoria preciosa, de repente Daniel era tudo o que
Stavros precisava. Então ele bebeu, e as mãos baixaram para agarrar o
traseiro de Daniel e girá-los até Daniel ser o único contra a parede. Até que
Daniel fosse o único olhando para Stavros com necessidade nesses olhos
turvos, esperando o próximo movimento.
O que eles estavam fazendo, e como chegaram a esse lugar, as
palavras não ditas, giraram em torno deles. Espessando o ar entre eles
ainda mais. Todas as razões pelas quais a única resposta para todas as
perguntas seria não.
Mas Daniel escovou um fio de cabelo da testa de Stavros.
Então Stavros teve que beijá-lo de novo, enfiar a língua
profundamente o suficiente para sufocar. Ele tinha que foder sua boca e
comer ele, morder e rasgar esse homem com os dentes. Mesmo quando a
cabeça de Daniel bateu contra a parede, Stavros não parou. Porque Daniel
não queria que ele parasse, não da maneira que ele gemeu.
Não da maneira como ele se aproximou, empurrando sua ereção
contra o próprio Stavros.
Nem mesmo quando ele afastou sua boca e inclinou a cabeça para
trás, expondo a garganta para Stavros mergulhar a cabeça, lamber as
cicatrizes ao redor da garganta de Daniel até o outro homem estremecer,
puxando os cabelos de Stavros e sussurrando:
— Diablo. Oh, Dios.
Stavros pegou a camisa de Daniel, deu um passo para trás, e a
rasgou de seu corpo.
Os botões caíram em seus pés quando o material se separou,
expondo o peito nu de Daniel. O sorriso que se formou na boca de Stavros
congelou.
Rachou.
Estilhaçou.
Ela estava lá, em sua pele, com tinta colorida. Seu nome estava
tatuado por todo o seu tronco. Cerca de uma dúzia de tamanhos diferentes,
uma dúzia de fontes diferentes. Mas ela estava lá. Em seu coração, ela
brilhava em uma fonte de script extravagante. Seu nome, uma data,
seguido das palavras, sangre por sangre.
Sangue por sangue.
Tudo dentro do contorno de um coração preto quebrado.
Os ossos de Stavros nunca pareceram tão pesados. Ele nunca se
sentiu tão despojado. E ele nunca quis tanto algo que ele nunca poderia ter
do que este segundo. Ele pensava que não ter Annika tinha sido pior.
Errado.
Daniel se juntou a ele nesse silêncio fatalista, e eles se entreolharam.
Cada homem sabia...
— Isso nunca pode acontecer.
Stavros foi o único a dizer palavras, mas Daniel não o contradisse.
Na verdade, seu captor pareceu chocado. Como se ele tivesse acabado de
perceber que estava prestes a atravessar essa linha, trair sua esposa com o
homem cujas mãos estavam molhadas em sangue que ele nunca poderia
lavar. Ele nunca se desculpou. Nunca tinha considerado a possibilidade de
que ele deveria.
Por que ele iria? Ele só foi o mensageiro.
Mas uma nova onda de devastação caiu sobre o rosto de Daniel, e
Stavros deu um passo à frente. — Daniel...
A porta do quarto abriu-se.
— Mãos ao ar! Mãos ao ar!
Homens armados mascarados entraram com rifles de assalto
apontados para Stavros e Daniel. O que diabos? A consciência levou seu
tempo lentamente quando Stavros olhou fixamente. Daniel não se mexeu,
então Stavros imaginei que eles eram seus homens.
Até que um dos cinco homens avançou e pressionou sua arma na
têmpora de Daniel.
— Mãos na porra do ar — ele cuspiu com um distinto sotaque do
Brooklyn. — Essa repetição foi uma cortesia e seu único aviso. Na próxima
vez, estou atirando na sua bunda.
Daniel pulou, agarrando o homem pela garganta.
— Sim. Sim.
A pressão inconfundível na base do crânio de Stavros irritou-o, mas
ele ainda se manteve imóvel, as mãos abertas enquanto esperava. Isto era o
que acontecia quando você deixava sua sede orientar suas ações. Você
deixava sua guarda para baixo, e estranhos apenas entravam na merda.
— Acalme sua merda, Nieto — disse o homem atrás de Stavros. —
Algo me diz que você quer ser o único a fazer as honras com este — ele
apontou uma arma para Stavros. — Deixe-o ir, e afaste-se. Bom e
fodidamente lento.
Stavros não pensou que sim, mas Daniel baixou a mão, ficou
impassível enquanto enfrentava o resto dos intrusos.
— Boa aderência lá, B — o único com a arma em Daniel se dirigiu a
ele. — Impressionante.
— O que é isso? — Daniel perguntou. — Você sabe o que fez?
— Estamos aqui para o grego.
Stavros inclinou a cabeça. — Espere, você está aqui para me
sequestrar de meu sequestrador? — sério?
O homem atrás dele riu. — Não. Nós somos seus socorristas. Seja
bem-vindo.
O que...
Daniel deu um passo à frente, uma mão estendida.
Pop. Pop.
Daniel estremeceu, cambaleando e depois desabou no chão.
— Não. — Stavros caiu de joelhos. Daniel o observou com os olhos
pesados, sem dizer nada enquanto o sangue encharcava a frente de sua
camisa. — Porra. — Stavros levantou sua cabeça. — Ajude-o — ele exigiu.
— Relaxe — um dos homens mascarados se aproximou. — Ele
ficará bem. Você sabe que os filhos de Nieto não podem morrer.
Os demais homens riram.
Stavros perfurou o que o segurava na garganta e agarrou a arma
quando o outro homem cambaleou.
Alguém mais se aproximou e apontou uma arma nas costelas de
Stavros. — Toque-o novamente, e eu vou esquecer que esta é uma missão
de resgate. Você me entendeu porra?
— JP, estou bem.
— Estou cansado de ser ameaçado. E a morte não me assusta. —
Stavros encontrou cada par de olhos, as únicas características que ele
podia distinguir debaixo das máscaras. — Então eu vou ter que mandar
que você se foda.
— Hmm. Ele realmente é tão irritante quanto dizem.
— Alguém pega esse cara, para que possamos vazar deste lugar.
— Eu vou ficar — disse Stavros.
— Nem fodendo você vai — dois dos cinco homens o encurralaram.
— Comece a andar.
— Daniel...
— Daniel o sequestrou e o torturou, e você está preocupado com ele?
— o que tinha apontado a arma para Daniel riu. — Deve ter algo sobre esse
pau dos Nieto.
Stavros ignorou isso.
— Quem contratou você para me encontrar? — ele duvidava que seu
tio estivesse por trás disso.
— Você vai descobrir em breve, apenas continue andando.
Merda. Ele odiava toda essa maldita situação. E ele deveria estar
ansioso para sair daqui. Mas Daniel estava sangrando no chão e Stavros
queria ir até ele. — Por favor, me diga que você me trouxe roupas — ele
puxou a camiseta que ele usava. — Estou cansado de camisa e calções.
— Alguém pega roupas para que ele possa fechar a boca.
Uma bolsa foi empurrada para suas mãos, e Stavros se vestiu ali
mesmo, colocando o terno escuro e sapatos combinando que se encaixavam
perfeitamente, enquanto os homens apontavam suas armas para ele.
Quando terminaram de enfiar um Daniel silencioso e o algemaram ao pé da
cama, Stavros se aproximou dele.
E ficou de joelhos para o seu captor. — Então. Segundo round?
— Como? — Daniel perguntou, e Stavros sabia que ele estava
perguntando sobre o que aconteceu. Se Stavros estava por trás do resgate.
Ele ignorou a questão, e tocou Daniel em vez disso, passando um
polegar sobre sua bochecha, sobre algumas dessas linhas doloridas, em
seguida, até seus lábios. — Eu nunca me senti tão fodidamente vivo, você
sabe disso? Aqui com você, eu senti demais.
Daniel o observou de perto.
Stavros rastreou o lábio superior de Daniel. Então, o inferior. —
Estás loco — você é louco.
— E eu gosto disso pra caralho.
— Você amaldiçoa muito — Daniel disse bruscamente.
Ele riu. — Eu tenho uma boca suja.
O olhar de Daniel caiu para os lábios de Stavros.
— Talvez vá desaparecer — Stavros disse suavemente. — O que você
sente. Quando eu for embora, isso vai embora — ele baixou a mão e ficou
de pé. — Eu quero que isso vá embora — pelo amor de Daniel. Mas o que
Stavros sentia, não iria embora. Ele já sabia e aceitava. Então ele deu as
costas a Daniel Nieto, e ele se afastou.
Para a porta.
Apertando a maçaneta, ele parou. Inclinou-se contra a porta.
Afastar-se do homem que o teve cativo não devia ser tão difícil. Afastar-se
de Daniel Nieto não deveria ser tão difícil.
— Segunda rodada — Daniel disse por trás dele. — Estou ansioso
para isso.
Stavros sorriu. Ele não olhou para trás, mas ergueu dois dedos, o
sinal universal para a paz.
E um sinal para o número de rodadas que estavam fazendo até
agora.
Então ele passou pela porta.
— Vamos vazar — e eles fizeram. Saíram pela porta da frente. A luz
do sol atingiu seu rosto quando eles saíram do prédio, cegando sua visão.
Ele se sentiu tonto.
Ele tropeçou, e alguém agarrou seu ombro.
— Onde estamos?
— Brooklyn, filho.
Ele olhou para a casa que ele acabara de deixar. Um duplex
destacado. Jesus. Ele sabia que havia voltado para os Estados Unidos, mas
Daniel o manteve no Brooklyn esse tempo?
Os joelhos dele cederam.
Porra.
Ele estava inconsciente antes de bater no chão.
Capítulo 13
Quando ele chegou ao hospital, os seus salvadores desconhecidos
haviam ido embora. Seu tio estava sentado à sua cabeceira, exigindo
respostas freneticamente. Christophe não foi o único a montar um resgate.
Na verdade, ele não tinha ideia de onde Stavros tinha estado. Ou quem o
pegou.
Daniel cobriu suas trilhas muito bem.
Christophe queria enviar alguns de seus homens atrás de Daniel,
mas Stavros parou essa merda rapidamente. Ele seguiria Daniel em seu
próprio tempo. Em seu próprio ritmo. Ele tinha que lidar primeiro com ele.
O homem que ele era na casa em Lisboa não era o mesmo homem
que ocupava a cama de hospital estreita. A razão óbvia deveria ser que ele
foi mantido preso e torturado, mas todo esse derramamento de sangue
parecia incidental em comparação com aquele outro assunto.
Quando ele acordou pela primeira vez na cama do hospital, ele
assumiu que estava de volta a esse lugar com Daniel, e a esperança
desesperada tinha aquecido seus espaços frios. Ele até sorriu para o I.V em
seu braço.
A decepção ficou em seu peito dentro da pequena suíte hospitalar
privada por quatro dias. Ele se sentia bem, mas os médicos o
diagnosticaram com desidratação e subnutrição. Além disso, seu corpo
ainda estava trabalhando através da infecção que veio da bala de Henan.
Todo esse tempo como cativo de Daniel e agora marginalizado por fodidos
médicos. Na insistência de Christophe, dois guardas armados examinavam
quem entrava em seu quarto. Ele permitiu a seu tio a indulgência, mas se
eles não o deixassem sair, amanhã ele estaria caminhando.
Não era onde ele devia estar. Olhando para o teto enquanto lembrava
tudo o que acontecia em sua cabeça não era o que ele devia estar fazendo.
Ele deveria estar planejando um ataque de algum tipo contra Daniel, mas
algo dentro dele estava atordoado. Ele não sabia se Daniel estava vivo.
Aqueles homens atiraram nele. E Stavros simplesmente se afastou, como se
não estivessem a meio caminho da garganta um do outro antes.
Como se Daniel não tivesse buscado dentro dele, encontrado todas
as partes carentes dele - aquela parte que ele procurava tanto destruir
depois de Annika – ele o expôs.
Todas as suas falhas, Daniel as expôs.
Se aqueles homens mascarados não houvessem invadido o duplex,
onde ele e Daniel estariam? Se ele não soubesse antes o quão errado que o
beijo tinha sido, a visão do nome da esposa de Daniel tatuado por todo o
peito e torso redirecionou Stavros.
Lugar algum. Eles não estariam em lugar algum.
O que ele tinha de certo? O que ele ganharia, relembrando aqueles
beijos roubados como se eles importassem?
Uma garganta pigarreou e Stavros afastou seus pensamentos. Um
homem estava na entrada de seu quarto. Um rosto lindo e sorridente,
emoldurado por cabelos louros pálidos e olhos roxos brilhando como pedras
preciosas. Tinha pouca altura, pouco mais de um e cinquenta e dois, a
estrutura delgada do estranho estava emoldurada em um terno escuro
perfeitamente adaptado.
— Sr. Konstantinou.
— Quem é você? — talvez ele devesse estar mais do que um pouco
irritado que um estranho em seu quarto, mas ele não conseguiu mais do
que uma carranca.
— Syren Rua — o estranho se aproximou, com a cabeça inclinada
em saudação.
Stavros o ignorou.
— O que você quer? — o nome não lhe era estranho. Na verdade,
esse nome carregava muito peso por trás disso. O brasileiro deveria ser um
jogador poderoso no submundo criminoso.
Por que ele estava na cabeceira de Stavros?
Seu convidado indesejado clicou sua língua. — Isso é maneira de
cumprimentar a única alma corajosa o suficiente para se esgueirar por
aqueles homens armados lá fora? — ele sentou na poltrona ao pé da cama
de hospital de Stavros.
— Eu geralmente não me repito Senhor Rua, mas vou fazer uma
exceção, já que você é novo e tudo. — Stavros manteve o olhar fixo. — Que
merda você quer?
Os lábios de Syren estavam curvados. — Ouvi dizer que você se foi
por um tempo. Agora você está de volta.
— Um homem com uma reputação como a sua mantendo olhos em
mim? — Stavros inclinou a cabeça. — Eu deveria estar preocupado?
— Não são todos os dias que o chefe de uma das mais lucrativas
agências mercenárias ao redor desaparece sem deixar rastro — o outro
homem encolheu os ombros. — As pessoas estavam apostando como
exatamente você iria encontrar sua morte.
— Você parece decepcionado — disse Stavros. — Você tinha planos
para meu cadáver?
— Não estou desapontado. — Syren sacudiu a cabeça quando ele se
levantou. — Apenas curioso — ele se aproximou e ficou ao lado da cama.
— Você teria ficado?
Stavros ficou tenso. Então ele inclinou a cabeça todo o caminho para
trás para que seus olhos pudessem se encontrar. — Repita a si mesmo.
Syren sorriu. — Se ele tivesse pedido que você ficasse, e que
permanecesse naquele quarto com as algemas ao redor do pulso e as
correntes em torno de seus tornozelos... — ele se curvou mais perto, quase
sussurrando. — Você teria ficado? Se a resposta for sim, qual o motivo?
Culpa ou Daniel?
Filho de uma... — Você sabia. — Syren sabia onde ele estava e com
quem?
O brasileiro se endireitou.
— Há muitas poucas coisas que eu não saiba Sr. Konstantinou.
Trafico informações — ele puxou a frente de sua jaqueta. — Bem vindo, por
sinal. Meus homens me disseram que você não estava muito feliz por sair
daquela casa.
O que diabos? Stavros avançou, agarrando-o pela frente de sua
camisa. — Foi você? Você me tirou de lá? — quem diabos era esse cara?
— Foi eu. Sim. — Syren assentiu.
— Por quê? — ele grunhiu. — Como você sabia? Conte-me.
Se Syren estava preocupado com sua brusquidão e por uma ordem
flagrante, ele não mostrou isso. Em vez disso, ele calmamente tirou os
dedos de Stavros dele e alisou suas roupas. — Eu sei de muitas coisas.
Como eu disse, é uma espécie de negócio.
— Foda-se isso. Como você sabia que ele me tinha? Quando você
soube?
— Ele é um homem engenhoso, não é? — Syren deu um tapinha no
joelho de Stavros. — E vocês dois, muito parecidos. Estou certo? — ele riu
de uma piada que apenas ele entendeu.
Frustração borbulhou. — Conte-me.
— Você quer saber onde ele está? Porque ouvi algo sobre uma
segunda rodada iminente.
Stavros o encarou. Sua resposta imediata a essa pergunta era sim.
Ele queria ver Daniel novamente. Tocar nele novamente. Lutar com ele de
novo. Mas não era assim como um cérebro normal funcionaria.
— Por que você faria isso? — ele não confiava em Syren, nem um
pouco. — Ele tentou me matar. Na próxima vez que nos vermos, um de nós
morrerá.
— Realmente. — uma das sobrancelhas de Syren se ergueu. — Pelo
que eu ouvi, você disparou o primeiro tiro que matou sua esposa. Ele só
está retornando o fogo.
— Foi um trabalho. Eu fiz um maldito trabalho. — disse Stavros. —
Porque é que todos querem punir o maldito mensageiro? Não era nada
pessoal.
— Ei, eu entendo — mãos levantadas em um sinal de rendição,
Syren perguntou: — Você espera que vá embora, o que sente por ele? Ou
você espera que não?
Como ele poderia saber? Quando Stavros se tornou transparente?
Ele apagou seus traços e simplesmente observou Syren até que seu
visitante soltasse uma risada e batesse palmas.
— Ele não tem amigos — disse Syren. — Esse não é o homem que
ele é. E a família que ele tem ainda viva, ele está mantendo-os ao longe. A
vingança é tudo o que ele conhece. A vingança é o que ele vive e respira. —
o olhar de Syren ficou assombrado. — Pelo menos eu pensava assim, até
que ele te pegou em Lisboa.
Stavros fechou os olhos.
— Não me diga isso. Eu não quero saber — essas palavras o fizeram
sentir coisas quando ele estava deitado nessa maldita cama de hospital
fazendo qualquer coisa que pudesse para não sentir.
— Você deve saber.
— Por quê? — ele levantou seus cílios e olhou para Syren. Ele sabia
o que estava fazendo? — Por que eu tenho que saber?
— Dessa maneira, quando você retaliar contra ele, você não vai
esquecer. — Syren dirigiu-se até a porta. — Algo que vocês dois já devem
saber, mas estou lhe dizendo agora: às vezes é necessário perder a batalha
para ganhar a guerra — ele parou e olhou por cima do ombro. — Nesta
guerra entre você e ele, alguém deve perder. Mas se você está lutando pelo
certo, de verdade, perder pode ser uma vitória diferente e mais doce.

****

— Você o pegou.
Da escuridão da sala de estar, Daniel estava sentado na confortável
poltrona enquanto Syren Rua entrava com sua família.
Os únicos olhos que se alargaram quando a luz aérea inundou a
sala, era o do garotinho nos braços de Syren e a garota colocada entre seus
pais. Ela não parecia nada com nenhum dos homens, exceto pelos olhos.
Não era a cor ou forma, mas o destemor.
A teimosia.
Provavelmente, Syren não pensou que Daniel conhecia a casa em
Connecticut, mas só porque trabalhavam juntos não significava que Daniel
confiava em seu parceiro no crime. Assim como Syren conhecia seus pontos
fracos, Daniel também conhecia os dele.
Ele pressionou esses pontos agora quando ele se levantou
lentamente da cadeira, o ombro protestando contra o movimento.
— Cátia — Syren não desviou o olhar de Daniel. — Leve seu irmão
para o andar de cima.
— Papa...
— Agora, Cátia. — Kane Ashby tocou a única trança pendurada nas
costas de sua filha. Ao contrário do marido, ele não se incomodou em
esconder sua raiva contra a intrusão de Daniel em suas vidas.
A menina - Cátia - estreitou os olhos para Daniel, apertando as
pequenas mãos antes de finalmente se afastasse, levando seu irmão em
seus braços e pisoteando, subindo as escadas.
Daniel deu aos dois homens a cortesia de esperar até que uma porta
batesse no andar de cima antes de dar um passo à frente e falar
novamente. — Você o pegou.
— Eu fiz. — Syren assentiu, colocando uma mão no braço do marido
quando Kane abriu a boca.
A fúria por dentro, ele a engoliu, mantendo-a escondida, já que os
homens atravessaram suas portas há uma semana. Ele não gostava de se
sentir impotente, e ele não sentia nada, a não ser quando aqueles homens
apontaram suas armas para Stavros. Ser superado e dominado nunca o
deteve antes. Nunca deveria detê-lo, mas o visual de uma arma apontada
para a cabeça de Stavros o deteve em suas trilhas.
Flashbacks de Petra deveriam ter servido de empurrão, mas tudo o
que fez foi temperar suas ações. Tudo o que fez foi forçar a escolha.
Stavros vivo.
Ele queria Stavros vivo. Ileso.
— Explique — ele não se incomodou em levantar a voz. Sua
presença nesta casa somente deveria servir de alerta e ameaça.
— A missão mudou. — Syren encolheu os ombros. — Eu procedi
em conformidade.
— Não era sua ligação para fazer.
— Eu imploro para diferir — por um segundo, o brilho piscou como
luzes de néon roxo nas profundezas dos olhos de Syren. — Era uma ligação
que você não conseguiu fazer.
Hijo de... — Ele matou minha esposa.
— E se você o quisesse morto, ele já estaria morto. — Syren afastou-
se de seu marido silencioso e tirou o paletó, sentando no sofá nas
proximidades. Ele segurou o olhar de Daniel enquanto ele enrolava as
mangas. — Não pode ser um bom sentimento descobrir no meio da luta
que o curso da batalha mudou — voltando para o lado do marido, ele
agarrou a mão de Kane e ligou seus dedos. — Eu estive lá.
Daniel olhou para ele, ignorando as palavras. — Eu subestimei você.
Syren sorriu. — Sim. Mas não se preocupe, acontece muito — ele
piscou. — Na verdade, eu contei com isso.
Uma armadilha óbvia que Daniel deveria ter visto. Mas ele estava
cego por Stavros, pela confusão que o cativeiro trouxe. — Onde ele está?
— Por quê? — Syren levantou as sobrancelhas. — Então você irá
arrastá-lo de volta para suas câmaras de tortura e o fará sangrar
novamente? Diga-me... — ele se aproximou, de pé diretamente em frente a
Daniel enquanto seu marido estava tenso atrás dele. — Ainda é uma
tortura se o cativo quer? Pode ser punição, mas para quem? Sua ou dele?
— Você não sabe de nada.
Durante todo o tempo ele sabia que Syren via demais. Ao longo,
Daniel sabia que, eventualmente, ele teria que manter seu olho aberto. Ele
nunca esperava que Syren Rua fosse o único a falar as duras palavras que
afugentam as camadas de negação para iluminar os fatos embaixo.
Syren riu.
— Oh eu sei. Confie em mim, eu sei — ele bateu em Daniel no
ombro. — A fraqueza que você teve há um mês não é a mesma que você
tem hoje. Eu vi, e eu consegui usar isso para tirá-lo de você. Porque eu
acho que machucá-lo vai machucar você mais — sua voz caiu, virando
rouca com um tipo de emoção áspera quando ele disse: — Matar ele vai
matá-lo.
A verdade dessas palavras o desnorteou, e Daniel endureceu sua
coluna para evitar que ele cambaleasse. — Petra — ele não tinha nada,
além disso. Nada mais além do nome dela, e a culpa que explodia dentro
dele dez vezes.
— Ela se foi. — Syren assentiu. — Pela mão dele, mas ele lutou
contra você?
Nem uma vez. Na verdade, ele incitava Daniel. O atraía. — Ele aceita
— ele murmurou enquanto as palavras de Stavros ecoavam em sua cabeça.
Beije-me. Mate-me.
Eu não me importo.
Não importa mais.
— Ele pode não pedir, mas ele quer o seu perdão. E ele pode não
dizer pra você, mas ele entrará com prazer na sua lâmina.
Daniel ergueu o foco de Syren para ver que Kane havia desaparecido.
Ele estreitou seu olhar e deu uma olhada. O ex-Marechal Federal estava em
uma porta atrás dele, com as mãos nos bolsos. Pego com as palavras de
Syren, Daniel não notou quando o homem se moveu. Ele abriu os lábios na
aparência de um sorriso. — Você é bom.
— Eu sou melhor que o melhor — Syren disse sem um pingo de
dúvida na voz dele. — Eu também não estou errado, e você sabe disso.
— Você me traiu — Daniel disse a ele. — Seja qual for sua
justificativa, você não terá uma segunda chance nisso.
— Você chama isso de traição, eu chamo isso de oportunidade. —
Syren soprou uma respiração, olhando por cima do ombro de Daniel para o
marido, antes de voltar para Daniel. — Estou plenamente consciente de
que, se os papéis fossem invertidos, estaria em pé onde você está agora.
Inferno, já estive lá. Mas também estou aqui, desse lado, porque fiz uma
escolha. Eu escolhi deixar a escuridão dentro. Eu escolhi deixar alguém
entrar. Eu escolhi deixar ele me amar. E eu também escolhi acreditar que,
quando se tratava de amar e ser amado, eu tinha uma escolha.
Daniel balançou a cabeça. É impossível.
— Ele está livre. Sua escolha e a dele, também, será o que acontece
nesta segunda rodada. Mais derramamento de sangue?
— Essa é a sua razão? — Daniel agarrou-o pela garganta, e
instantaneamente uma arma estava na sua nuca. Ele ignorou a ameaça
silenciosa do Marechal. — Essa é a razão pela qual você o levou?
— Essa é a minha razão. — Syren não lutou. — Qual era a sua?
— Liberte meu marido — a voz de Kane retumbou no ouvido de
Daniel. — Devagar e lentamente.
Em resposta, Daniel apertou seu domínio, sufocando Syren até ele
tossir. Ainda assim, o homem mais baixo não lutou. Ele manteve os olhos
arregalados em Daniel.
— Não pode ser uma vingança. — Syren gritou. — Não pode ser tudo
sobre raiva, porque essas coisas desaparecem depois de um tempo, e você
ficará mais vazio do que nunca. Eu entendo lealdade e fidelidade, mas você
não está morto. Você não é insensível, e mesmo que o odeie, ele é o motivo.
Os dedos de Daniel flexionaram, a bala ainda cicatrizando em seu
ombro protestou contra a tensão de seu aperto em Syren.
— Não fale — ele sacudiu Syren, sacudiu-o até que o homem parou
de falar. No interior dele, o rachar em seu peito ficou mais alto, ecoando em
seus ouvidos, afogando qualquer outro som.
Os lábios de Syren voltaram a se mover, e a arma na nuca de Daniel
o cutucou. Mas em sua cabeça, as palavras moribundas de Petra
guerreavam com as palavras de despedida de Stavros.
— Mátalos a todos — ele sussurrou para Syren. — Mate-os, ela me
disse. Mátalos a todos.
— Então você vai matá-lo por ela?
— A última coisa que ela pediu de mim. — a angústia afrouxou seu
aperto, e embora Syren escorregasse de seu aperto, ele não se afastou. —
Em seu último suspiro, e ela falou essas palavras. Eu falhei com ela antes,
não posso falhar nisso. Sua morte, não pode ser por nada.
A decepção nublou os olhos de Syren. — Então você fez sua escolha,
meu amigo. Delegado — ele se dirigiu a seu marido. — Coloque essa arma
para baixo.
— Pare de deixar as pessoas colocarem suas mãos em você — seu
marido latiu.
A ternura iluminou o olhar de Syren, e seu sorriso desta vez era toda
intimidade e amor. Ao mesmo tempo, Daniel podia reivindicar um sorriso
como esse como o dele.
— Sim, senhor. — Syren piscou para o marido e voltou a focar
Daniel. — Eu restaurei as posições no campo — ele disse a Daniel. — Você
e Stavros, vocês estão agora em pé de igualdade. Boa sorte.
— Essa proeza sua, eu não vou esquecer isso.
Syren encolheu os ombros.
— Não pensei que você o faria. Mas da próxima vez que você entrar
na minha casa, eu deixarei o atirador no teto ao lado dar o tiro — ele
acenou com a cabeça para uma janela aberta para a esquerda de Daniel, e
um brilho de luz brilhava na escuridão. — Eu cubro todas as minhas
bases, Daniel. E minha família me cobre.
Se ele não estive tão atrapalhado pela neblina das emoções, talvez
Daniel tivesse sorrido. — Você não vai me matar e eu não vou matar você.
Nós precisamos um do outro vivo.
— Eu não preciso de você vivo — Kane falou. — Você coloca o pé em
Connecticut novamente e você vai morrer. Essa é uma promessa.
Daniel girou para encará-lo e desta vez sorriu. — Eu admiro um
homem que pode cumprir suas promessas — ele olhou para as escadas e
gritou: — Toro, vámonos.
Segundos depois, seu sobrinho veio descendo as escadas, o cachorro
da família em seus braços, felizmente lambendo seu rosto. Ele os saudou
com sua arma enquanto ele estava ao lado de Daniel.
— Filho da puta! — Kane amaldiçoou.
— Delegado...
Juntamente com Toro, Daniel saiu da casa do jeito que ele veio.
Através da porta da frente.
Capítulo 14
Eram como rachaduras irregulares em uma fachada de pedra, de
outra forma, lisa.
Stavros ficou na frente do grande espelho no banheiro principal do
apartamento dele no Upper East Side de Manhattan, nu. Ele tocou as
cicatrizes em seu tronco, rastreando cada uma.
Lembrando.
Não era como se houvesse algum esquecimento.
Ele sabia quando e como ele conseguiu cada cicatriz, cada hematoma
que ainda não havia desaparecido nas três semanas que ele estava fora do
alcance de Daniel Nieto. Muito tempo, mas ele ainda sentia o contato
relutante de Daniel. Era uma marca permanente, e quando ele deslizava a
mão para a nuca ou para o seu queixo, ele ainda sentia o calor de Daniel.
Porra!
Ele deu um soco no espelho, engolindo um grunhido com a dor
aguda. O sangue gotejou imediatamente de seus dedos cortados, mas o
espelho não quebrou. Ele rachou, transformando sua imagem em quatro
entidades diferentes. Todos olharam para ele com olhos inchados de
sangue.
Zombando.
Sentimentos. Ele não tinha sentimentos. Ele não tinha emoção. No
entanto, tudo sobre suas interações com Daniel era sobre sentimentos.
Sobre a emoção. Ódio. Raiva. Querer. Luxúria.
O ódio e a raiva eram mais profundos, mas os outros... Ele não podia
ter certeza. Ele queria apenas foder Daniel? Ele só queria matar e ver o
outro homem fazer o mesmo? Era sobre a guerra entre eles?
Outro pensamento avançou em seu cérebro, ampliando seus olhos.
Era culpa essa coisa dentro dele? Ele estava se sentindo culpado por
matar Petra Nieto e tentando encontrar uma maneira de compensá-lo? Esse
pensamento, mais do que os outros, o horrorizou.
Ele não sentia culpa.
Qualquer coisa, exceto culpa.
— Senhor. — Bruce correu para a sala, arma em sua mão, nada
além de cuecas pretas. Ele parou abruptamente quando viu Stavros. —
Senhor?
— Estou bem, Bruce — ele não desviou o olhar do espelho. —
Venha aqui.
Os olhos de Bruce brilharam quando ele se aproximou. Eles tinham
um acordo, ele e Bruce. Não importava onde estivessem ou com quem eles
estavam – da parte de Bruce ao menos. Quando Stavros queria foder Bruce,
seu guarda-costas baixava a calça e se curvava. E quando ele queria ser
fodido, Bruce tomava as rédeas bem.
Não era um relacionamento, mas era conveniente. Como agora,
quando Stavros precisava limpar a sensação persistente de alguém de sua
pele.
Ele deu dois passos para trás do espelho sem se virar e fez um gesto
para Bruce ficar de joelhos na frente dele, de costas para o espelho
rachado. Quando Bruce se moveu para colocar a arma no chão, Stavros
agarrou-o pelo pescoço, balançando a cabeça quando Bruce olhou para ele.
— Mantenha a arma — ele lambeu os lábios. — Use-a. Faça com que
goze com isso.
Este não era o pedido mais fodido que Stavros havia feito durante o
sexo, então Bruce não piscou. Ele simplesmente agarrou o eixo duro de
Stavros e chupou-o.
Stavros jogou a cabeça para trás, apertando sua mão na nuca de
Bruce. Olhos fechados, enquanto a arma deslizava por suas bolas e sobre
seu buraco. Ele ofegou e estremeceu, os joelhos enfraquecendo.
Ele se tornara um especialista em fingir ultimamente. Unhas
cavando na nuca de Bruce quando a boca úmida do outro homem o
chupava bem, Stavros fingiu que outra pessoa estava esfregando a ponta
da arma sobre o seu buraco. Alguém mais estava chupando seu cérebro
pelo seu pênis. Alguém mais estava encharcando-o com saliva e girando
sua língua sobre sua coroa, fazendo-o gemer.
Fazendo sua barriga apertar.
Alguém.
Ele moveu a mão para cima, enfiando os dedos no cabelo curto e
loiro de Bruce e agarrando-o mais apertado. Agarrando as mechas
enquanto ele batia na sua garganta, jogando a cabeça para trás. Bruce
grunhiu. Seu aperto liso sobre Stavros afrouxou um pouco, mas Stavros
manteve-o firme.
Punindo sua garganta enquanto Bruce sufocava.
Punindo-se. Lutando mais do que nunca para recuperar sua mente.
Para ter sua cabeça focada. A arma em seu buraco falhou.
— Não pare — ele ordenou com voz rouca.
A garganta de Bruce o soltou com relutância e o outro olhou para ele
quando Stavros olhou.
— Senhor — ele tossiu. — Nós precisamos obter um pouco de
lubrificante.
— Não.
A confusão escureceu os olhos de Bruce. — Senhor...
Ele bateu-o. Duro.
— Não me questione — novamente, e a cabeça de Bruce bateu
contra o espelho. Stavros agarrou-o pela garganta e segurou-o,
pressionando a parte de trás da sua cabeça contra a fenda irregular no
espelho. — Nunca me questione — ele ralou. Ele guiou seu eixo para a
boca de Bruce e abriu caminho. — Agora, faça-me gozar — ele mergulhou,
e os dentes de Bruce rasparam em seu comprimento.
A quantidade certa de dor para fazer seus olhos voltarem a rolar na
cabeça dele.
A arma provocou-o enquanto Bruce seguiu suas ordens, os olhos
fechados, a cor alta em suas maçãs do rosto. Stavros usou sua boca com
força, montando-o áspero.
Cavando profundamente em busca do orgasmo que parecia demorar
mais nos dias de hoje. Ele agachou-se um pouco, abrindo-se mais para que
a arma pudesse violá-lo.
Porra. Seu batimento tropeçou com aquela dor bruta.
Bruce forçou a arma, mas o corpo de Stavros não estava tendo.
Ainda sim, ele rolou os quadris, permitindo que a dureza da arma o
penetrasse, o machucasse.
Ele mergulhou dentro e fora da garganta de Bruce, agitado,
querendo...
Daniel.
Ele deslizou para fora da boca de Bruce, abrandando, mantendo sua
coroa inchada apoiada no lábio inferior de Bruce. — Puxe o gatilho.
Os olhos de Bruce se aproximaram. — M-mas, senhor.
— Você puxa o seu gatilho ou eu puxo o meu — ele emitiu a ameaça
com facilidade. Querendo dizer cada palavra. Desejo de morte. Ele havia
adquirido um desejo de morte, e a adrenalina passou por suas veias,
endurecendo-o muito mais do que a boca talentosa de Bruce. — Assim que
chegar a três.
Bruce observou Stavros como se ele não mais o reconhecesse. Isso o
fazia dois deles, não é? Daniel se importaria se Stavros morresse? Ele
sentiria falta dele? Ele apertou o cabelo de Bruce, segurando o olhar do
outro homem.
— Éna — ele contou em grego.
Um.
As ventosas das narinas de Bruce brilharam.
— Não se preocupe — ele traçou o lábio superior de Bruce com seu
eixo vazando. — Você não será culpado por minha morte.
A respiração de Bruce tornou-se agitada. O medo em seus olhos?
Tanto um afrodisíaco quanto o perigo imediato.
— Dýo — dois.
Os cílios de Bruce vibraram, e seu rosto, naturalmente pálido, corou
um vermelho escuro.
— Não feche seus olhos — ele ordenou. — Olhe para mim. Agora.
Aqueles cílios se abriram.
— Tría — três.
Clique.
A arma foi empurrada para dentro dele, e Stavros entrou em
erupção.
Convulsionando.
Gozando duro, sêmen atingindo Bruce em sua testa, escorrendo por
seus olhos e nariz. Stavros sibilou, com a visão piscando para preto, depois
cinza, enquanto ele tremia.
Deus. Ele mastigou o lábio inferior, sufocando o nome que
imediatamente saltou para a ponta da sua língua. Ele inclinou-se para
frente, batendo uma palma contra o espelho para manter o equilíbrio. As
bordas ásperas cortaram sua palma, adicionando outra camada a
sensação.
Fodido não começava a descrever o que ele era.
Se curvando, Stavros pegou a arma, e lambeu a ponta.
Então ele disparou.
A bala passou por Bruce e pousou na parede oposta.
— Não se preocupe — ele disse a Bruce que o encarava com a boca
aberta. — Os verdadeiros monstros sempre encontram uma maneira de
escapar da morte e vivem vidas longas — ele piscou. — É um presente. E
uma maldição — ele se endireitou. — Os arquivos que deixei na minha
cama, trazê-los para mim no meu escritório.
O grande envelope amarelo havia aparecido há dois dias, misturado
com seu correio regular. Seu conteúdo, porém, era qualquer coisa, exceto
regular. Ele não tinha nenhuma pista sobre o remetente ou seus motivos.
Dentro da pasta havia nomes e endereços, e uma nota post-it azul com as
palavras Sem Baixas Desnecessárias escritas em letras maiúsculas e
sublinhadas duas vezes.
Alguém queria que ele fosse atrás de Daniel Nieto, talvez até o
ajudassem. Eles simplesmente não queriam crédito por isso. Infelizmente
para eles, Stavros tinha seus próprios planos para Daniel. Ainda assim, ele
usaria as informações que lhe seriam fornecidas se lhe garantissem Daniel.
Em seu escritório, ele não se preocupou em se vestir. Ele serviu uma
bebida e olhou para os arquivos espalhados na mesa. Três faces. Sua raiva
precisava ser bem melhor usada. Ele prometeu retribuição, e algo sobre um
prato principal.
Hora de entregar isso.
Ele ergueu o copo como uma saudação para a sala vazia. — Aqui
está o round dois.
Capítulo 15
Permaneceu intocada, a casa que ele construiu para sua esposa. A
casa da qual ele não conseguiu se livrar. Daniel ficou na sala de jantar,
mãos inúteis em seus lados enquanto olhava para a mesa no centro do
espaço, tendo a última noite deles em foco.
Não que ele precisasse daquela imagem para lembrar.
Eles haviam discutido enquanto se sentavam lá, comendo o jantar
que ela preparara. Ela queria coisas, e tanto quanto ele a amava, não podia
dá-las a ela. Ele fez o seu melhor para dar-lhe o mundo, mantendo-a
segura e protegida enquanto se certificava de que não queria nada.
Ele pensou em fazer seu trabalho. Ele a considerou feliz, e ele não
viu o vazio que ela escondia tão bem.
Ele se moveu para a mesa, puxou a cadeira e sentou-se nela. Cabeça
curvada, dedos rastreando os padrões na toalha de mesa.
Ela queria filhos, e ele não. Não porque não amasse sua esposa, não
porque não a quisesse feliz. Ele tinha medo. Tentar o destino se
apaixonando e se casando com esse negócio era uma coisa. Petra conhecia
os fatos, fez sua escolha de estar com ele, de estar ao lado dele.
Mas uma criança.
Uma criança inocente.
Ele lembrou sua vida com seu pai. Eduardo nunca quis ser pai, mas
conseguiu levar três meninos ao mundo. Para ele, Daniel e Antonio eram
funcionários e ele os usava como tal. Ele mal tolerava sua esposa, muito
ocupado com as mulheres que ele traficava que não queria trazer outra vida
para o mundo. Mas Petra o encantou, ela usou seu amor por ela contra ele,
e logo eles estavam tentando engravidar.
Tentando e tentando...
E tentando.
No dia em que ela morreu, descobriram que não poderia engravidar.
O alívio que ele sentiu foi intenso e rápido, e ela tinha visto isso. Petra o
conhecia tão bem. Ela tinha visto nos seus olhos, aquela traição.
Ela bateu nele. Nem uma palavra dela, apenas a picada de sua
palma em sua bochecha. A vergonha que ele sentira naquele momento
tinha sido inconcebível. Depois de todos esses anos, depois de tudo o que
ela tinha que lidar. Todas as coisas que ela testemunhou. A lealdade que
ela tinha mostrado a ele. O apoio. O entendimento. E ele não podia ser
altruísta o suficiente para dar-lhe a única coisa que ela tinha pedido a ele?
Ela gritou com ele enquanto comia, depois de ficar atrasado para
evitar o confronto inevitável. Então ela se afastou para seu quarto. Daniel
seguiu e ele ficou na entrada, observando-a.
Bela, brilhante, a alma mais gentil.
Tudo o que ela queria, ela conseguia. Tudo o que ele tivesse que
fazer, ele faria. Ele tinha dito a ela apenas depois de subir na cama e
colocar a cabeça no seu colo. Implorando seu perdão, explicando a si
mesmo.
Ela acariciou sua cabeça, olhando para ele com aqueles grandes
olhos castanhos. Ele tinha entendido sua sorte então, tendo ela em sua
vida. A escolha que ela fez, de estar com ele, não tinha sido fácil. Sua
família nunca o compreendeu nem tentou. Ela o escolheu. Ele estava feliz
por causa dela.
A mulher que o domesticou.
Ele mostrou sua gratidão então, fazendo amor com ela, prometendo
que eles iriam olhar a adoção no dia seguinte.
Mas não havia amanhã.
Ele se levantou da mesa e caminhou até o quarto. Uma camada
grossa de poeira estava presente nos móveis lá. A cama ainda estava lá, o
colchão e a mola. Ao lado daquela cama, de um lado, à esquerda, mais
distante da porta, caiu de joelhos. Toda a respiração foi rasgada de seus
pulmões naquela noite. Sua pele arrancada dos ossos. Seu coração rasgado
de seu peito. Eles levaram todas as coisas em um segundo.
— Petra — ele chamou seu nome, ambas as mãos agarrando o
colchão nu. — Petra.
De alguma forma, ele ainda esperava que sua pequena forma
entrasse na sala, soprando fios de cabelos cacheados e castanhos longe de
seu rosto, como sempre fazia. — ¿Qué pasa, mi amor? — ela perguntaria.
— Mi corazón — ele enterrou o rosto no colchão. — Lo siento — ele
fez promessas para ela e quebrou todas. Prometeu protegê-la. Amá-la para
sempre. — Lo siento.
Como ela poderia entender quando ele não entendia isso ele mesmo?
Como ele poderia explicar o inexplicável?
— Petra — ele ergueu a cabeça, olhou para o teto. — Por favor,
perdóname — ele subiu na cama, um movimento tão familiar que ele teve
que fechar os olhos. Em seu lugar, ele se estendeu de costas, com as mãos
cruzadas sobre a barriga.
Com os olhos fechados, ele percorreu toda a vida que ele passou na
casa, neste quarto, nesta cama. Tanta risada, tanto amor. Ele não se achou
digno disso por mais tempo. As coisas que ele fez fora dessas paredes,
horrivelmente imperdoável. Mas ela fez deste seu santuário. Ela fez desse
lugar um lugar que o mal nunca tocou. Era como se ela tivesse purgado
todas as suas más ações no instante em que entrou em sua casa.
Mas ela não era perfeita. Não tinha sido perfeita. Ela era apenas sua,
e embora soubesse desde a primeira vez que ele olhara para ela que
merecia mais do que ele, ele nunca a abandonaria.
Sua morte não mudou nada.
Ele morreu com ela, como ele queria. Exceto que Stavros
Konstantinou o tocou e deu uma nova vida ao corpo entorpecido de Daniel.
Negar aquilo seria mentir para si mesmo, e Daniel não poderia fazer isso.
Não nesta casa.
Rogando por forças que ele pensou que ele não mais possuía para
assistir Stavros se afastar dele. Ainda mais força para não ir imediatamente
a busca dele, e trazê-lo de volta a esse porão escuro.
Seu corpo estava interessado em outro homem. Despertou por outro
homem. Apenas admitir aquilo fazia sua cabeça girar. Ele não
experimentou nada disso antes. Nenhum homem tinha virado sua cabeça
ou agitado seu corpo. Ele achava que ele sabia quem ele era, mas isso não
era mais verdade.
Sentir-se atraído por Stavros questionava sua própria sanidade
quando ele tinha certeza de que ele havia se afastado do fundo. Ele tentou
imaginar como sua esposa teria reagido a isso. Sua traição por querer o
homem que roubou sua vida.
Ele morava nos sonhos de Daniel, todos enredados com imagens de
Petra e sangue.
Petra gritava, sangrando e Stavros tentando machucá-la.
Daniel tinha que fazer uma escolha.
Petra ou Stavros.
Às vezes ele escolhia Petra e ela morria em seus braços. Às vezes ele
escolhia Stavros e ele matava Petra na frente dos olhos de Daniel. E às
vezes Daniel se forçava a acordar antes de poder tomar uma decisão
terrível.
Nada que ele fizesse estava certo. Nada do que ele fez poderia trazer
Petra de volta ou apagar o que agora percorria suas veias por Stavros. Mas
ele poderia se concentrar no que ele poderia mudar, e no que ele poderia
controlar.
Chegara a hora.

****

Daniel entrou no restaurante, olhando para frente, as mãos nos


bolsos entre os olhares arregalados, os maxilares caídos e os rostos
chocados. Retornou dos mortos, e ninguém se preocupou em procurar por
armas enquanto se dirigia dentro do restaurante para um encontro com
Felipe Guzmán.
— Esse é Daniel Nieto — os homens sussurravam entre si alto o
suficiente para ele ouvir.
— Pensei que ele estava morto.
— O filho da puta louco não pode ser morto.
Ele fez a ligação para o próprio Felipe. Eles costumavam ser
familiares. Agora, tudo o que tinham entre eles era a faca de Felipe nas
costas de Daniel. Esqueça a família.
Não havia família nos negócios.
Felipe achou que ele não tinha recursos e apoio. Daniel conseguiu
isso no telefonema de dois minutos na noite anterior. Ele não fez nada para
dissuadir esse tipo de pensamento.
Enquanto ele entrava no restaurante, Felipe estava lá, levantando-se
de sua mesa no meio do lugar com um sorriso, flanqueado por pelo menos
cinco homens com armas apontadas para Daniel.
Ele parou e esperou enquanto se moviam para revistá-lo.
— Não — disse Felipe. — Mostre ao homem algum respeito. Ele é
família.
Ele afugentou seus homens. — Daniel Nieto chegou a casa para nós.
El hijo pródigo está de vuelta — o filho pródigo está de volta. Felipe limpou
os cantos da boca com um guardanapo e enxugou as mãos antes de deixá-
lo no topo da mesa e caminhar até Daniel. — Mi hermano, muito bom te
ver.
— Felipe. — Daniel estendeu uma mão para agitar, mas Felipe a
deixou de lado.
— Hermano — ele puxou Daniel para um abraço rápido antes de
voltar para trás. — Você fez falta — ele pareceu sincero. — Você e minha
irmã... — ele esboçou o sinal da cruz, beijou seus dedos e então apontou
para o céu. — Que ela descanse em paz.
Ele se preparou para esta reunião, mas Felipe tinha os olhos de sua
irmã e sua coloração no rosto e nos cabelos. Daniel, de alguma forma,
esqueceu isso. Apenas olhar para o irmão de Petra fez doer sua garganta,
então ele engoliu em seco e assentiu.
— Venha. — Felipe tocou seu braço e fez um gesto para Daniel se
juntar a ele na mesa. — Você está com fome? — ele perguntou quando eles
estavam sentados. — Eu posso fazer com que eles façam para você algo.
Daniel balançou a cabeça. — Eu estou bem.
Felipe riu. — Nunca isso. Mas onde diabos você esteve? Achamos que
você estava morto.
— Eu tinha uma recompensa na minha cabeça. Não sabia em quem
confiar — ele encolheu os ombros. — Eu tive que ir para o subsolo.
— Certo. Porra. — Felipe fez um som de desgosto. — Dedos-duros,
hein? Aqueles fodidos precisam morrer — ele se recostou, olhou firme e
pesado no rosto de Daniel. — Então, por que você está saindo das sombras
agora? Essa recompensa desapareceu?
Sim, mas ele não estava falando isso com Felipe.
— Estou cansado das sombras — ele imitou a posição de Felipe. —
Então eu ouvi que há uma guerra e você está no meio dela? — ele levantou
uma sobrancelha. — Você é o responsável.
O peito do seu ex-cunhado tornou-se inchado. — O povo precisava
de alguém, meu irmão. Havia um vácuo quando você saiu. As coisas ficarão
fragmentadas e as pessoas leais da família Nieto estavam sendo
exterminadas. Eu tomei a iniciativa, você sabe? Uni os sobreviventes e criei
isso — ele agitou uma mão. — Construído sobre o que você criou.
— Eu vejo. — Felipe sempre quis mais. Mais poder. Mais influência.
Ele tinha um ego que precisava de um acariciamento constante. Sua irmã
tinha sido a única a avisar Daniel a ver isso, a ter cuidado com ele. Foi por
isso que Daniel o manteve como soldado, mas sem uma verdadeira
responsabilidade.
Permutável.
Felipe nunca gostou de sentir como se ele pudesse ser substituído.
— Meus homens e eu... — Felipe inclinou-se para frente. — Estamos
gratos pelo que você começou. O nome Nieto é uma lenda, e eu sei que
agradeço que você tenha me mostrado como as coisas devem e não devem
ser feitas.
Certo. Daniel simplesmente o observou.
— Você precisa de alguma coisa? — perguntou Felipe. — Algum
lugar para ir? Dinheiro? Diga a palavra.
— Então você está em guerra?
Felipe rejeitou suas palavras com uma risada áspera. — The Perez
Boys não são nada além de um incômodo. Crianças brincando com
policiais e assaltantes. Eu posso lidar com eles.
— Você sempre foi ambicioso, Felipe — colocando ambas as mãos na
mesa, ele disse: — Você perguntou o que eu preciso.
— Nomeie e é seu.
— Você tem algo que me pertence. — disse ele. — Eu quero de volta.
As sobrancelhas de Felipe franziram. — O que é isso?
— Meu trono, é claro. Você não pensou que eu ficaria morto, não é?
Um homem como Felipe não entenderia que Daniel não queria
retomar o que antes era dele. Daniel lhe deu o que esperava, olhando tão
fixo para os olhos iguais ao de Petra que era difícil para Daniel segurar seu
olhar e não se encolher. Ainda assim, ele conseguiu.
— Daniel. Mi hermano. — Felipe balançou a cabeça, com pena em
seu rosto. — Certamente você deve perceber que a era Nieto veio e se foi?
Toda a sua família se foi, mesmo minha pobre irmã. A cidade... — ele olhou
pela janela e voltou para Daniel. — Ela seguiu em frente. Nós pensamos
nos Nietos com carinho, mas é isso. Não há retorno.
Mas ele se esqueceu de mencionar os homens que ele tinha lá
naquele exato momento, caçando Daniel. — Então é assim? — Daniel
mordeu uma risada.
— Olhe, não se envergonhe, nem a mim. — disse Felipe suavemente.
— Você não tem ninguém atrás de você, e nada para ajudá-lo com o que
quer que você possa ter em mente. Eu sei que os Feds tiraram o seu
dinheiro. Você está quebrado e sozinho, enquanto eu tenho o dinheiro, o
poder dos homens e os recursos — ele balançou a cabeça. — Não será uma
luta justa.
Daniel sorriu pela primeira vez. — Você não foi cortado para isso,
Felipe. Não, se você acha que há algo chamado de luta justa neste mundo
nosso.
— Mas não é mais o seu mundo, não é? — Felipe estreitou os olhos.
— Sua merda pousou na minha irmã. Você escapou com essa cicatriz em
volta do pescoço e essa voz fodida, mas ela não teve tanta sorte, não é? Ela
morreu por você. Por causa de você, e se você insistir em declarar
afirmações, eu vou ser forçado a fazer você pagar pelo que você fez com ela.
— Você é bem-vindo para fazer o seu pior. — Felipe não estava
dizendo nada que Daniel ainda não havia dito a si mesmo. Ele vivia com
essa culpa. Nada que Felipe pudesse fazer com ele faria mais mal que isso.
Ele levantou-se da mesa.
— Alguns de nós somos feitos para essa merda de vida — ele disse.
— E outros, bem... Eles são bons pretendentes. Por que você acha que eu te
guardei como meu menino de recados, sempre indo? — ele piscou para a
boca apertada de Felipe enquanto o outro lutava para manter seu
temperamento sob controle. — Salúdame a tú mamá por mí — diga olá a
sua mãe por mim.
Ele se afastou assobiando.
No exterior, ele entrou no SUV com janelas escurecidas e sem placas,
Toro ao volante, e eles saíram. Claro, não demorou muito para que eles
tivessem outro veículo seguindo.
— Ele é o mesmo — Ele disse a Toro. — Ainda cheio de ego.
Toro grunhiu. — Mas ele ainda é o irmão dela. Você pode matar seu
irmão?
A questão era válida, especialmente pela forma como os olhos
familiares de Felipe o dominavam mais cedo. — Ela sabia quem ele era —
disse Daniel. — Ela me avisou.
— E ele agora sabe que você está atrás dele. — apontou Toro,
navegando habilmente nas ruas, tentando dar um perdido nos caras que
Felipe colocou sobre eles.
— Esse é o plano. Ele acha que estou sozinho. Sem recursos. Mais
importante, ele pensa que eu estou atrás do que lhe pertence.
Toro riu.
— Ele aprenderá o suficiente — ele puxou para o local designado, o
estacionamento de um Shopping Center cheio de carros. Rapidamente, eles
se afastaram e imediatamente entraram no rápido sedan prata. Eles
escaparam da cidade do México e chegaram ao avião pronto na pista de
pouso próxima.
O avião privado era um salva-vidas constante. Daniel estava sempre
em movimento, do México para Nova York, Flórida, Seattle e Atlanta. Ele
não gostava de ficar em um lugar por muito tempo, e ter o avião à sua
disposição tornava muito mais fácil desaparecer.
Felipe pensou que ele não tinha dinheiro. O que ele não sabia era
que, embora os Feds realmente tivessem aproveitado muitos dos ativos de
Nietos, ainda havia uma dúzia de contas espalhadas pelo mundo que as
autoridades ainda não encontraram. E eles nunca fariam.
Em seu assento ao lado da janela, ele fechou os olhos e se instalou
no vôo. Claro, toda vez que ele fazia isso, ele via Stavros. O homem o
assombrava. Foi por isso que Daniel tentou manter-se ocupado. Sempre
estando em movimento. Se ele estivesse sentado, ele cairia naquela
armadilha, a que Stavros fez para ele.
Onde ele revivia cada segundo que haviam passado juntos e desejava
que fosse mais longo. Desejava que houvesse mais. Mais emoção.
Ele se deslocou em seu assento.
Dios. Não iria embora. Ele não deixaria Daniel sozinho. Ele ocupava
espaço. Na sua cabeça. Em seu peito. Stavros ocupava espaço.
No banco atrás dele, o telefone de Toro disparou. — Mamá — ele
sussurrou para sua mãe e terminou a ligação antes de tocar Daniel no
ombro. — Eu preciso ir ver minha mãe quando pousarmos.
— Ela está bem?
Toro assentiu. — Sí — ele suspirou. — Ela teve uma consulta médica
e ela quer discutir isso.
— O câncer — Daniel sentou-se. — Está de volta?
Toro encolheu os ombros, mas Daniel viu o medo nas profundezas
dos olhos de seu sobrinho. — Ela quer me dizer pessoalmente.
Quando Toro era adolescente, Patrícia tinha sido diagnosticada com
câncer de mama. Ela a tinha derrotado, mas Daniel estava ciente de que a
doença voltava às vezes. — Eu irei com você — ele não viu a mãe de Toro
há muito tempo, e o homem mais novo poderia precisar do apoio.
— Não. Está tudo bem, preciso fazer isso.
Daniel deu um tapinha no topo da cabeça de Toro. — Você me
avisará?
— Sí.
— Leve o tempo que você precisar — ele encontraria algo para
ocupar seu tempo.
Capítulo 16
— Shh. — Stavros limpou a lágrima enquanto deslizava pela
bochecha da mulher tremendo. — Você fez bem — ele sorriu e ela recuou.
Isso o fez sorrir mais largo. — Muito bem.
— Não me mate — ela soluçou.
— Bem, eu não faço promessas — ele disse a ela. — Tudo depende
do seu filho, de verdade — uma mecha de seu cabelo cinza escapou de seu
cacho solto, então ele girou em torno de seu dedo antes de colocá-lo atrás
de sua orelha.
— Você... Você é amigo do meu Toro? — as lágrimas brilhavam em
seus olhos e, quando ela piscou, caiu, deslizando mais uma vez pela sua
bochecha dobrada com a idade. Ela era uma mulher bem preenchida,
gordinha e cheirosa e calorosa e bem-vinda.
— Amigo é uma palavra forte — ele deixou por isso.
Ele invadiu sua casa modesta, apenas Bruce e ele, há mais de uma
hora. O resto de seus homens assistiu o exterior da casa, vigiando seu
filho. Ele ficou surpreso ao descobrir que Daniel tinha um sobrinho. Toro
não era oficialmente um Nieto, mas ele tinha aquele sangue louco dos Nieto
percorrendo suas veias.
Esse era o único requisito necessário.
— Você não vai machucá-lo, você vai?
Ele gostava dela. Atada a uma das cadeiras de sua sala de estar, ela
ainda olhou para ele com fogo nos olhos molhados.
— Mais uma vez — ele disse a ela. — Tudo depende de quão
cooperativo seu Toro será — ele não a machucou. Só a tinha assustado
quando ela voltou para casa. Bruce manteve sua máscara, Stavros optou
por mostrar seu rosto.
— Sua mãe sabe o que está fazendo?
Ele puxou uma cadeira e sentou-se em frente a ela. — Eu não tenho
mãe — ele disse enquanto Bruce estava no canto, todo silencioso e
imponente. — Ela morreu dando à luz a mim.
Ela o observou cautelosamente. — É por isso que você está fazendo
isso? Porque você não teve uma mãe para ensinar você o errado?
Ele soltou uma risada. — Ah não. Eu simplesmente gosto de fazer
isso.
— Eu vou rezar pela sua alma.
Ele inclinou a cabeça. — Eu não tenho uma, mas eu agradeço mesmo
assim. — ele tocou seus nós dos dedos em sua bochecha. — Posso ver seu
amor por seu filho — ele murmurou. — Eu acho que posso ter inveja disso.
O telefone de Bruce tocou e ele se moveu nas sombras. — Ele
chegou.
— Venha — ele tirou um pedaço da fita na mão.
— Não. Não — ela torceu o lado dela, mas Bruce deu um passo à
frente, segurando-a firme para que Stavros pudesse tapar sua boca.
Ela soluçou o som abafado pela fita.
— Shh — ele acenou com a cabeça para Bruce, para que a
levantasse e a levasse para os fundos.
Chaves tilintavam no bloqueio, em seguida, um segundo depois,
entrou um homem com um moletom com capuz preto e jeans escuros.
— Mamá, eu estou em casa — ele fechou a porta atrás dele.
— Olá.
O recém-chegado apontou a arma que estava na sua mão. — Quem
é... Merda — seus olhos se arregalaram quando viu Stavros.
— Toro, sim?
— Onde está minha mãe? — ele avançou, agarrando Stavros pela
frente de sua camisa. — Onde ela está?
— Agora. Agora. — Stavros não puxou sua arma. Ele não precisava
disso, não quando ele era o superior. — Sua mãe, amável mulher, por sinal,
está em algum lugar perto. Viva. — disse ele rapidamente. — Mas não se
você decidir puxar esse gatilho.
As narinas de Toro inflaram e ele olhou para Stavros. — Eu quero
vê-la.
— Hmmm, não.
Toro jurou e empurrou Stavros com força suficiente para que ele se
cambaleasse. — O que você quer?
— Você parece com ele, você sabe — disse Stavros suavemente. —
Não é muito óbvio, mas nos olhos — ele tocou um dedo na esquina de seu
próprio olho esquerdo. — Você se parece com Daniel.
Toro o observou como se tivesse perdido a cabeça. — Matar sua
esposa não foi suficiente? Você planeja matar outro membro de sua
família?
— Não tenho certeza se você percebeu, mas estamos em guerra, seu
tio e eu — disse Stavros. — E espera-se que haja danos colaterais.
Toro zombou. — Você realmente não acha que você vai ganhar isso,
não é? Você está mais louco do que eu pensava se você acredita.
— Depende da sua definição de ganhar — ele piscou. — Neste
momento, eu só preciso que você venha comigo — os homens do exterior
entraram na sala através da porta traseira, e a mandíbula de Toro apertou
quando os viu.
— Minha mãe...
— Oh, não se preocupe — ele sorriu quando um dos homens
mergulhou uma agulha no pescoço de Toro. — Ela também virá.
Não demorou muito o percurso de El Paso a Seattle. Não quando
você tinha seu próprio jato e estava em uma missão. Ele tinha uma
pequena tripulação e escondeu-se em um quarto de hotel fazendo
chamadas telefônicas.
Ele não podia simplesmente entrar na marcha, ele precisava de um
plano. Então ele formulou um usando a informação à sua disposição. Ele o
estimulou, o elevou o suficiente para voar. Durante o tempo mais longo, ele
estava vivendo por seu pai, para Annika, para o negócio. Agora que ele
entregou o dia a dia para seu tio, ele tinha mais tempo livre para fazer
merda como empurrar Daniel Nieto até que o homem entrasse em erupção.
Stavros queria ficar de joelhos para prová-lo.
— Você tem certeza disso? — perguntou seu tio quando Stavros
ligou para ele.
— Naí — sim. — Eu tenho — ele estava sentado na parte de trás do
sedan alugado dirigindo para seu destino com o telefone ao ouvido, Bruce
ao lado dele com uma mão possessiva na coxa de Stavros.
— É uma linha que você não pode cruzar — afirmou Christophe. —
Você acha que o irritou antes, mas isso... — ele hesitou. — Espero que você
saiba o que está fazendo.
— Fique na cobertura, theíos. Eu tenho isso — ele desligou e olhou
pela janela na cidade úmida. Ele escondia seu tio em seu lugar. Stavros
não queria que a merda de suas ações pousasse em Christophe. O que era
uma porcaria, considerando o que ele fez nos últimos dias, e o que ele
estava a caminho de fazer neste segundo.
Mas ninguém nunca disse que não era hipócrita como o inferno.
— Estamos aqui, senhor.
Stavros inclinou-se para frente. — Você conhece o plano — ele saiu,
caminhou até o prédio e entrou.
Era um pequeno escritório, com tapete cinza escuro e paredes
verdes. Ele enrugou o nariz para isso. A mulher atrás da escrivaninha -
afro-americana, com tranças apertadas, puxadas para um rabo de cavalo e
espessos óculos em forma de tartaruga - olhou para cima quando ele
entrou.
— Olá — seu sorriso era grande e clareado, e tão malditamente
brilhante que ele se encontrou retornando. — Você tem um compromisso?
— Eu tenho — ele olhou para o relógio de rosto redondo na parede
mais distante. — E olhe para isso, apenas a tempo — ele piscou e ela riu,
agitando os cílios. Mulheres. Foda-se, mas ele as amava.
Bruce passou por ele até a escrivaninha, e de onde ele estava,
Stavros observou os olhos da mulher se alargarem um pouco mais.
— Ceptember, certo? — ele dirigiu-se a ela. — Com um C? — ela o
disse por telefone mais cedo.
Ela assentiu com a cabeça, olhando para ele, pulando para Bruce e
de volta para ele. Boa garota, entendendo onde a ameaça realmente residia.
— Ceptember, eu vou precisar que você grite para mim.
Bruce ergueu a arma e colocou-a gentilmente em sua têmpora, e ela
se encolheu para trás com um grito. Um grito agradável, ruidoso e
arrepiante.
O chefe dela saiu correndo de seu escritório.
— Cept... — ele parou, e a pasta azul em sua mão caiu despercebida
no chão. — Quem diabos você é?
— Levi Nieto, eu presumo? — Stavros não esperou que ele
respondesse, ele foi até o contador olhando para ele com os olhos irritados.
Olhos de Nieto. — Se você se mover ela morre. Se você falar acima de um
sussurro, e ela morre.
Para seu crédito, Levi ficou de pé e, embora ele engolisse em seco,
sua voz estava firme quando falou. — Você sabe o que você fez?
— Eu sei. — Stavros passou pelos bolsos de Levi, removendo seu
telefone e carteira. Ele os colocou na mesa de Ceptember. — Eu sou
Stavros Konstantinou, e seu irmão e eu, temos negócios inacabados.
Ao assinalar o queixo, Levi reconheceu o nome de Stavros. — Não
deveria estar resolvendo isso com ele?
— Onde está à diversão nisso? — ele pegou o telefone de Levi e
entregou-o a Ceptember. — Por favor, ligue para Donovan Cintron, diga a
ele que Stavros tem seu marido. Vamos.
Ele fez um gesto para que Levi o precedesse pela porta, mas o outro
homem não se moveu.
— Não vou embora.
— Bem, isso é muito egoísta. Eu poderia ter te matado, Levi. E ao
seu filho. E aquele marido louco seu. Mas eu simplesmente estou pegando
você emprestado. Então, por favor... — ele voltou a apontar para a porta.
— Comece a andar, pois caso contrário Bruce vai começar a atirar, e ele
não vai parar com a linda Ceptember — ele piscou para a recepcionista,
cujo olhar permanecia sobre ele.
Ela afastou o olhar e ele riu.
— Daniel vai te matar. — Levi apertou os olhos. — Eu nem sei o que
Van fará com você.
— Você me deixa segurar seu irmão, e, quanto ao seu marido, tenho
certeza de que eu sei algumas maneiras de neutralizá-lo. — ele empurrou
Levi entre os ombros, empurrando-o para a porta. O homem mais novo foi
de má vontade.
Se apenas todos os sequestros de Stavros fossem tão suaves quanto
esse.
— Faça a ligação Ceptember — ele falou por cima do ombro. Eles
saíram do prédio sem incidentes, e ele tinha Levi no banco traseiro do
veículo em um momento. — Vamos.
— Você matou a esposa do meu irmão. — Levi observou-o de perto,
como se estivesse procurando por algo.
— Eu matei — ele assentiu.
— Você está orgulhoso disso, do que você fez? Você o destruiu.
— Foi um trabalho. Eu fiz um trabalho. Não foi pessoal.
— Talvez não, então — disse Levi. — Mas agora você está
deliberadamente tornado isso pessoal — ele inclinou a cabeça. — Por quê?
— Eu enviei alguém para matar seu marido uma vez — disse
Stavros.
Levi empalideceu.
— Obviamente, boa ajuda continua a ser difícil de encontrar, já que
Donovan ainda está vivo — ele tocou o queixo de Levi. — Você quer algo
feito corretamente, você faz pessoalmente. Estou certo?
— Você poderia simplesmente dizer a ele — murmurou Levi.
Stavros o encarou sem rodeios.
— Você poderia simplesmente dizer a ele como você se sente.
Ele ignorou isso. O pior conselho de todos.
Permaneceram em silêncio no carro no resto do caminho para o
hotel, e uma vez que estavam no quarto de Stavros, ele instruiu aos
homens:
— Todos se afastem. Bruce permanece.
— Mas, senhor...
— Não está para debate — ele torceu o dedo para Levi que se sentou
em uma das namoradeiras. Ele não parecia tão preocupado. Talvez, se ele
tivesse um chefe de cartel como um irmão e um ex-agente do FBI com
moral duvidosa como marido, Stavros também sentiria o mesmo. — Esse
caminho, por favor.
Ele levou Levi para a porta adjacente, conectando-se com o próximo
quarto. Ele tinha reservado todo o piso do hotel, apenas para ter certeza.
No quarto ao lado, Toro e sua mãe estavam sentados, as mãos e os pés
amarrados com corda, fitas sobre a boca e capuzes escuros sobre suas
cabeças.
Levi parou quando ele os espiou. — O que diabos? — ele girou,
olhando para Stavros que encolheu os ombros.
— Você não é meu único cativo — ele empurrou o incrédulo para
uma cadeira. — Eu vou amarrar você agora.
E ele fez, enquanto Levi observava com uma boca aberta. Bom para
ele, que ele não lutou. Stavros não queria machucá-lo. Uma vez que as
cordas em torno do pulso e dos tornozelos de Levi estavam apertadas,
Stavros parou.
— Olha só, agora você pode conhecer seu sobrinho um pouco
melhor.
Os olhos de Levi se arregalaram. — O quê? — ele empurrou a cabeça
para as duas figuras encapuzadas ao lado dele. — Sobrinho?
— Oh, me perdoe — ele puxou o capuz da cabeça de Toro, e o mais
novo Nieto piscou rapidamente antes de olhar para ele. — Toro, conheça
Levi, seu tio. Levi, este é Toro, o filho bastardo de Antonio Nieto — ele saiu
do quarto enquanto os homens se esticavam.
Bruce esperou por ele, preocupação gravada em seu rosto pálido. —
Você está pronto para isso?
Foda-se, ele estava pronto desde o primeiro passo que ele deu no
porão que Daniel o manteve preso. — Si.
Capítulo 17
— Como ela está?
Ele olhou para a janela do avião na escuridão, telefone no ouvido
quando ele fez a pergunta.
A cuidadora suspirou antes de responder. — Os últimos dias foram
muito difíceis, senhor. A sua mobilidade diminuiu substancialmente.
Fazendo com que ela descansasse... — ela limpou a garganta. — É mais
fácil quando você está por perto.
— Eu sei — ele sabia, e ficar afastado quando ela precisava dele era
estranho. Essa ação ia contra todo instinto nele. — O meu negócio me
manterá longe no futuro previsível, mas vou ligar se alguma coisa mudar.
— Eu sei disso, senhor. Nós podemos lidar com isso.
— Gracias, Charlie — ele terminou a ligação e fechou o punho ao
redor do telefone.
Estar lá com ela, cuidar dela, às vezes parecia como casa. E outras
vezes, parecia muito como uma prisão. Em alguns momentos, ele não podia
esperar para escapar.
O engraçado era que ele queria uma casa novamente. Sua vida
nunca seria a mesma coisa que antes, como poderia ser? Mas ele queria
uma casa, mesmo assim. Como ele poderia ter uma? Ela já teria ido
embora. A doença eventualmente ganharia, e ela deixaria Daniel para trás.
Petra se foi.
Antônio foi embora.
A única coisa que ele sempre teve, ele já não tinha. Família. Casa.
Ele era uma criatura de hábitos. Nunca se afastando muito do que ele
conhecia e amava.
Agora, ele estava no avião para Nova York. Porque ele ficava mais
confortável lá. Porque a casa em Brooklyn era o mais próximo que ele tinha
de uma estabilidade. Era a casa onde ele guardou Stavros. Ele dormiria na
cama que Stavros dormiu uma vez.
Aqueles momentos.
Ele não podia esquecer isso. Cada palavra, cada respiração, cada
toque, ele revivia.
O beijo.
Ele esfregou o meio do peito dele. Deveria supostamente desaparecer.
Mas, se alguma coisa, o desejo estava piorando. Ele parou de esperar que
isso fizesse sentido.
O fato era que ele estava atraído por Stavros Konstantinou, e esse
desejo não estava indo embora.
O telefone tocou, e ele olhou para o dispositivo em sua palma. — Levi
— ele respondeu com um sorriso.
— Stavros tem Levi. — Van falou em sua orelha.
Daniel levantou-se para a posição vertical. — O quê? — ele não
ouviu...
— Esse filho da puta louco tem Levi. — Van gritou. — Ele o levou de
seu escritório, apenas o levou pela porta com uma arma nas costas.
— Diga-me o que aconteceu. — Stavros tinha Levi. Ele queria
morrer, ele tinha que saber como Daniel reagiria. Ele tinha que saber...
Round dois.
Sua barriga apertou. — Você sabe para onde ele foi levado?
— Se eu soubesse disso, eu não estaria no telefone com você — Van
grunhiu. — Ele quer você, e ele está usando Levi para você. Você percebe
isso, certo?
— Estou ciente — ele apertou os olhos brevemente. — Eu tenho que
fazer uma ligação. Eu vou te ligar de volta.
— Apresse-se, porra. — Van berrou. — Eu não sou bom em ficar
sentado com as mãos cruzadas. Especialmente agora.
— Fique firme. — Daniel desligou e ligou para Toro. O telefone tocou
duas vezes.
— Olá.
A voz de Stavros estabeleceu-se causalmente no intestino de Daniel,
aquecendo-o instantaneamente. — Você tem o telefone de Toro?
— Percebeu isso, não é?
— Onde ele está?
— Indisponível. Próxima pergunta.
— Eles estão feridos? — ele perguntou. — Essa é a minha família, e
se você machucá-los... Você deve saber como isso vai acabar.
— The Riverton Hotel. Vigésimo andar. Quarto dois — a delicadeza
em sua voz agarrou Daniel.
Seu corpo respondeu exatamente a isso, endurecendo, apesar das
circunstâncias. — Você tem minha atenção — ele murmurou. — É isso que
você queria, sim? Mas você deve saber Stavros...
Stavros inalou.
— Você deve saber que você teve minha atenção desde o início. Você
nunca a perdeu. Cinco horas. Você por eles.
Seu corpo gostava de tudo isso. Daniel fechou os dedos no banco
dele, agarrando-se forte. — Estou a caminho — a ligação foi desligada e a
sensação de perda foi rápida.
Ele afastou o telefone e apertou os dedos em sua boca. — Dios — ele
esperou até que ele pudesse respirar normalmente antes de chamar Van.
— Fale comigo.
— Ele quer fazer uma troca. Eu tenho isso sob controle.
— Tenha certeza de que você tem. Não estou jogando este jogo
doente com aquele bastardo.
Mas esse jogo doente? Daniel queria jogar.
Chegou a Seattle pouco menos de cinco horas, e quando chegou ao
lobby agitado do hotel até o vigésimo andar, ele teve poucos segundos de
sobra. Ele se encontrou com Van no andar de baixo, forçando o marido de
Levi a esperar, e não fazer nada.
Ele suspeitava que fosse uma das coisas mais difíceis que Van tinha
que fazer, e Daniel o entendia. Mas esta era a luta dele, e Levi e Toro já
foram apanhados nela. Ele não podia deixar as coisas crescerem para as
pessoas que ele gostava.
A verdade da identidade de Levi era conhecida por apenas alguns
poucos, então ele tinha que questionar como Stavros sabia sobre a conexão
de Levi e Toro com Daniel. Ele teria certeza de perguntar quando visse seu
ex-cativo.
Em frente à porta número dois no vigésimo andar, Daniel fez uma
pausa, o punho descansando contra a porta. Sua barriga estava em nós.
Ele se sentiu assim apenas uma vez antes.
Com Petra.
A verdade disso o fez grunhir. Não havia como escapar disso.
Ele respirou fundo. Bateu uma vez, e a porta se abriu para ele.
Ele entrou e foi imediatamente empurrado para a parede. Mãos
rápidas o acariciaram, tirando a arma na sua cintura e as facas em sua
bota. Ele não falou, e ele ficou quieto, olhos colados na parede branca.
Ele não ouviu Stavros, mas Daniel o sentiu.
Perto. Stavros tinha que estar perto porque os cabelos do corpo de
Daniel já estavam de pé, como se fossem puxados por ímãs. O homem o
puxou, e Daniel encontrou-se de frente para o opulento quarto de hotel.
Stavros estava na janela, de costas para o quarto.
Dios. Daniel olhou para ele, o cabelo escuro escovando o colarinho, a
camisa branca com as mangas enroladas, expondo os antebraços cobertos
de cabelos escuros. Ele era tudo o que Daniel recordava, e mais. Alto e
construído, poderoso, parado ali em silêncio, contra as cortinas brilhantes
nas janelas.
— Bruce — Stavros falou sem se virar. — Por favor, acompanhe o
nosso visitante ao lado.
Antes de terminar de falar, uma arma estava na cabeça de Daniel.
Bruce - ele lembrava-se de tudo sobre Bruce - acenou com uma mão, e
Daniel começou a andar. Ele ofereceu seu tempo, até que ele soubesse que
Toro e Levi estavam seguros, então ele e Stavros conversariam.
Ele abriu as mãos. Todas as coisas que Stavros fez para conseguir
Daniel aqui e agora ele nem sequer se virou para olhar para ele nos olhos?
Eles definitivamente tinham que conversar.
Bruce abriu a porta de um quarto adjacente e fez um gesto para
Daniel entrar. Ele revirou os olhos e atravessou o limiar. Ele parou quando
viu as três figuras, com as mãos amarradas atrás das costas, fitas sobre a
boca.
Droga.
Levi o viu primeiro e seus olhos se arregalaram. Daniel chegou até
ele em dois passos e rasgou a fita. Levi guinchou.
— Porra! Isso dói.
— Você está bem? — ele se virou para Bruce, que apenas ficou ali,
com a arma na mão. — Eu mantive a barganha. Desamarre-os.
Bruce apenas olhou para ele.
— Solte-os, Bruce — a voz de Stavros veio da outra sala. — O
homem está certo. Ele manteve sua parte da barganha. — Ele estava
calmo. Este Stavros era o que Daniel conheceu primeiro. Aquele que ele virá
das sombras.
Ele nunca mais havia falado com este Stavros.
Ele estava ansioso para isso, mas primeiro...
Com todos desamarrados, Levi se pôs de pé, fazendo uma careta
enquanto esfregava o pulso. — O que diabos, Daniel?
— Lo siento. Eu...
— Tío. — Toro caminhou, mandíbula apertando. — É verdade? —
ele empurrou um polegar para Levi. — Ele é família?
— Ele é. — Daniel assentiu. — Mas agora não é hora de explicações
— ele se virou para a mãe de Toro, pegando a mão dela na dele. — Como
você está Patrícia?
Ela lhe deu uma bofetada, olhos brilhando com seu desprezo
familiar. — Você colocou o meu filho em perigo — disse ela. — Novamente.
— Mamá.
Daniel sorriu, ignorando sua bochecha ardendo. — Você está linda —
ele disse a ela. — Como sempre.
Ela revirou os olhos. — Tire-me daqui.
— Sim, senhora — ele fez sinal para Levi e Toro. — Vão.
Toro estreitou os olhos. — E você?
— Eu tenho negócios com o Sr. Konstantinou.
— Jefe, eu não acho...
— Pegue sua mãe e saia daqui, Toro. Deixa-me cuidar disso. É uma
ordem — ele se virou para Levi. — Van está lá embaixo. Eu tive que
ameaçar atirar nele para evitar que ele viesse comigo.
Levi franziu os lábios. — Como ele está?
— Preocupado com você. — Daniel jogou um braço ao redor do
ombro de Levi e o guiou para longe de Toro e Patrícia. — Desculpe-me por
isso.
— O que você vai fazer?
Ele não tinha ideia, então Daniel simplesmente encolheu os ombros.
Levi o observou de perto. — Ele não odeia você, você sabe.
Daniel não sabia de mais nada, não quando se tratava de Stavros.
— Eu também não acho que você o odeia.
— Não sei o que sinto irmão.
— Você não? — os lábios de Levi estavam curvados. Ele parecia
mais com a mãe deles. Os olhos dela, a forma oval de seu rosto. — Eu acho
que você sabe como vocês se sentem, e você tem medo — ele acenou com a
cabeça para a porta. — Você e ele.
Ele não daria uma resposta isso. Principalmente porque ele não
tinha uma. — Vá. Eles não vão te tocar — ele abraçou Levi, deu um beijo
na sua testa. — Eu posso lidar com ele.
Levi procurou seu rosto antes de finalmente balançar a cabeça. —
Ok, mas vamos falar sobre você não me dizendo que eu tenho um sobrinho.
— Sí.
Ele se afastou, e Toro se aproximou de Daniel. — Tío, você tem
certeza disso? — ele inclinou a cabeça. — O que está acontecendo aqui,
realmente?
Como Daniel poderia explicar quando ele não entendia
completamente isso ele mesmo?
— Cuide da sua mãe — disse ele a Toro. — Eu vou entrar em
contato com você em breve.
— Mas…
— Vá.
Seu sobrinho foi, mas com grande relutância. Daniel ficou no meio
do quarto, com as mãos nas laterais, quando Levi, Toro e Patrícia saíram do
quarto. Quando a porta se fechou atrás dele, ele percebeu completamente o
que ele havia feito.
Ele tinha pontos fracos novamente.
Ele tinha algumas coisas, muitas coisas a perder novamente, e ele
nem sequer tinha percebido isso até agora. Quando o silêncio o
cumprimentou, ele foi até o quarto ao lado. Aquele onde Stavros o esperava.
Ele permaneceu na janela, os braços abertos enquanto ele segurava
a grade. Seus guarda-costas haviam desaparecido. Sem armas, nada além
deles.
— Stavros — se ele parecia inseguro, se ele soava perdido, se ele
parecia tão incerto como ele se sentia, Daniel não se importava.
Stavros se afastou da janela. Seu rosto era uma fachada lisa,
desprovida de qualquer coisa que se assemelhasse a uma expressão. Mas
apenas a visão dele fez os sentidos de Daniel se mexer.
— Você por eles.
— Sí — se ele tivesse duvidado antes, não havia como negar isso. O
calor se juntou em sua virilha, e sua barriga apertou com cada passo que
Stavros dava em sua direção. Ele estava acordado, depois de um longo
tempo adormecido. Vivo, depois de tanto tempo naquela sepultura com
Petra.
Pensar nela o resfriou, até que Stavros o tocou. Uma palma na
bochecha de Daniel. Ele tremia sob aquele toque. Tão simples, ainda assim
não. O prelúdio para mais.
Ele queria mais, então ele se inclinou para a palma de Stavros.
— Maldito seja — enquanto Daniel o observava, a máscara de
Stavros quebrou. — Ainda está lá — ele agarrou Daniel pela garganta,
puxando-o para mais perto. — Isso ainda está lá. Você ainda está lá.
Daniel não lhe perguntou o que era “isso”. Ele já sabia.
— Stav...
Sua boca caiu na dele, desesperada e molhada. Um ataque que
Daniel aceitou, envolvendo os braços em volta de Stavros, abraçando-o e
abrindo-se para ele. Mordendo de volta, empurrando para frente com força.
Em Stavros, que tinha exatamente o gosto como Daniel lembrava.
Perigoso. Intoxicante.
Os dedos no cabelo de Daniel o agarraram forte, o seguraram ainda
mais, enquanto Stavros liderava. E Daniel seguiu. Muito feliz em desistir,
ceder, e deixar Stavros ter o que Daniel queria entregar por muito tempo.
Algo ruim não conseguiria ter um gosto tão bom. Algo ruim não
conseguiria enfraquecer seus joelhos e endurecê-lo em pedra. Algo ruim
não podia se sentir tão certo quanto Stavros nos seus braços, na sua boca,
derretendo como o melhor tipo de confeito na língua.
O beijo estava cheio de violência, arrebatando sua respiração. Nada
que Daniel já sentiu antes. Nada que ele tenha recebido de outra pessoa.
Somente de Stavros.
Somente Stavros.
Ele consumia, e Daniel não se importava. Ele não se importava. Ele
deixou que isso acontecesse: com uma mão agarrando seus cabelos, a
língua desnudando-o, e a outra mão deslizando pelo corpo para agarrar sua
ereção.
Ele gemeu na boca de Stavros e curvou-se na mão dele.
Sentindo.
Havia sido anos desde que ele foi tocado. Ele pensou que jamais iria
querer isso novamente. Mas ele queria. Ele queria o toque de Stavros. Ele
tremia por isso. Sua boca ficava cheia d’água por isso. Que um homem que
o fazia se sentir assim não o surpreendia mais.
Stavros Konstantinou o mantinha em estado de admiração e
incredulidade. Mas nada disso o impediu de colocar a palma da mão sobre
a de Stavros na sua virilha e apertar. Não o impediu de perseguir aqueles
lábios molhados quando Stavros tentou se afastar, pegando-os e afundando
os dentes, mantendo-o lá.
Mantendo-o perto.
Na língua de Daniel.
Dentro dele.
Neste momento ele daria tudo, tudo o que ele tinha, para manter as
mãos de Stavros sobre ele. Para manter seus lábios tão fundidos como
estavam. Ele não doía tanto quando Stavros o tocava. Ele não sofria tanto.
O vazio dentro dele não parecia tão infinito e consumidor. A solidão que o
atacava e curvava seus ombros recuava, levando a escuridão impassível.
Duas vezes em uma vida.
Como ele poderia se afastar?
Como ele poderia deixar isso?
Stavros afastou-se lentamente, seus lábios fizeram um som úmido
quando se separaram. Daniel abriu os olhos e encontrou Stavros
observando-o. Os seus olhos geralmente frios agora ardiam como o inferno
mais quente.
Seus olhares estavam trancados.
— Eu entro no mesmo quarto fodido que você, e eu pego fogo — as
palavras retumbaram de Stavros enquanto ele acariciava o maxilar de
Daniel. — Eu subestimei o perigo que você traz.
— Diablo... — ele ergueu uma mão, mas algo picou em seu pescoço.
As palavras emaranhavam em toda sua garganta, ele gaguejou, sua visão
escurecendo. Seu corpo tencionou e ele piscou para Stavros, com os olhos
cinza, frios e penetrantes.
Um segundo, eles estavam olho a olho e no próximo, Daniel se viu
olhando para cima. Ele caiu de joelhos. O golpe de seu coração, junto com
o som de sangue correndo por suas veias o ensurdeceu. Stavros estava ali,
nem mesmo há centímetros, mas Daniel não conseguiu fazer sua mão
cooperar e esticar, para tocar seu joelho.
Agarrar sua perna.
Era algo que ele doía para fazer, de repente.
Stavros não se moveu, mas algo caiu de repente em volta do pescoço
de Daniel. Corda, enrolada na forma de uma gravata que trancou em sua
traqueia, cortando sua respiração. Um puxão afiado o fez cair para trás, e
Stavros se moveu, com as pernas plantadas em ambos os lados do corpo
espasmódico de Daniel.
Ele ia morrer, ele entendeu e aceitou isso. Ainda assim, ele se
arrependeu de não voltar a ficar com Stavros Konstantinou novamente. E
quando sua visão piscou, ele se perguntou o que ele diria a sua esposa
quando finalmente se encontrassem do outro lado.
Capítulo 18
Stavros passou pelo quarto do hotel, Bourbon em uma mão, arma
na outra.
No quarto ao lado, Daniel Nieto estava amarrado à cama, nu.
— Porra — ele pressionou sua testa na janela fria, esperando que
isso o esfriasse, mas nada funcionava para ele. Ele drogou Daniel e Bruce
ajudou a levá-lo até a cama. Stavros tinha sido o único a despi-lo, a ver seu
corpo magro coberto com várias cicatrizes, peito curado de feridas de bala e
o nome de sua esposa.
A visão dele. Stavros não conseguia parar de olhar, querer tocar.
Provar.
Fascinante.
Por que esse homem?
Ele se afastou da janela e retomou o ritmo. A droga que ele havia
injetado em Daniel deveria estar passando o efeito. Stavros o queria
acordado. Queria seus olhos mortais abertos e sobre ele.
Quando Daniel entrou no quarto mais cedo, Stavros deliberadamente
se impediu de olhar para ele. Daniel o deixava com os joelhos fracos, e ele
precisava de sua força para ficar de pé. Para fazer o que precisava ser feito.
Mas cometeu o erro de tocar Daniel.
De beijá-lo.
Essa conexão que ele sentiu não tinha desaparecido. Daniel também
sentia isso? Como ele não poderia? Como ele poderia se afastar coberto de
cinzas da merda que queimava quando se tocavam? Ele nunca se sentiu
assim, e Stavros não gostou.
Daniel o transformou em uma bagunça carente, mas ele o queria. O
queria. Retirá-lo do seu sistema. Daniel precisava ir se Stavros quisesse
voltar para quem ele costumava ser.
Ele engoliu o último Bourbon restante e jogou o copo na lareira fria.
O som do copo quebrando não foi satisfatório. Nada mais o satisfaria.
Ele entrou no quarto com os pés descalços, e ficou com os braços
cruzados na entrada, observando o homem nu na cama.
A corda permanecia em volta do pescoço de Daniel, mas as
extremidades estavam presas ao redor da cabeceira da cama. Seus braços
também estavam algemados à cabeceira da cama com algemas, então ele
estava espalhado para Stavros no meio daquela enorme cama, nu e
convidativo, não vulnerável. Mesmo assim, enquanto ele se encontrava
deitado com os olhos fechados e a boca fechada, Daniel Nieto nunca seria
vulnerável.
Ele não tinha que vir sozinho, não com os homens que ele tinha a
seu alcance. Levar Levi Nieto significava que Stavros ficaria no caminho da
ira de Donovan Cintron. Ele aceitava isso, e ele esperava que o ex-agente do
FBI entrasse com armas postas para resgatar seu marido. Ele não fez, e
significava que Daniel o tinha convencido.
Ele colocou-se na linha, expondo ainda mais uma fraqueza.
Família.
Daniel Nieto valorizava sua família como nenhum homem que
Stavros já havia visto.
Enquanto observava, os olhos de Daniel se abriram, caindo sobre ele.
— Não muito tempo atrás, nossas posições eram invertidas. — disse
Stavros suavemente. Os olhos de Daniel estreitaram-se perigosamente. —
Eu poderia retaliar da forma como todos esperam que eu faça, mas a
violência não funciona mais para mim. Não com você.
Ele se despiu lentamente, segurando o olhar de Daniel. Primeiro a
camisa e o cinto. Ele os jogou de lado, depois puxou a calça e a roupa
interior para baixo, sobre sua ereção crescendo cada vez mais a cada
segundo, e saiu deles.
Daniel nunca desviou o olhar e, apesar de sua garganta trabalhar,
ele não falou. Não que ele pudesse, não com a fita sobre sua boca. Mas seu
pênis, longo e grosso, e maldição, curvado levemente para a direita, se
ergueu contra sua barriga.
Stavros lambeu os lábios. Ele subiu na cama e empurrou Daniel, o
traseiro descansando sobre sua barriga enquanto ele acariciava uma mão
no torso de Daniel. O outro homem ficou rígido por toda parte.
— Da última vez, você estava no topo — contra sua bunda, o pau de
Daniel se empurrou.
Stavros sorriu, então, ficou sério rapidamente.
— Eu pensei que iria embora — ele disse suavemente. — Eu pensei
que era uma insanidade temporária, algo acontecendo por causa de
circunstâncias forçadas — ele passou os lábios pelo nariz de Daniel. A
respiração do outro homem engatou. — Eu queria que você saísse da
minha cabeça e seu toque fosse removido do meu corpo — ele se inclinou
para trás, sentando-se enquanto se tocava, com uma mão no peito. — Não
importa quem me toque, nunca é o mesmo.
As narinas de Daniel inflaram e ele rosnou.
Stavros beijou-o, uma carícia de boca aberta na cavidade de sua
garganta. O cheiro de Daniel o cercava, pele quente e profunda, drogando-o
com a luxúria. Stavros queria soltá-lo, tirar a corda e as algemas para que
essas mãos ásperas pudessem destruí-lo novamente.
Mas ele não fez.
Em vez disso, ele continuou beijando Daniel, lambendo sua pele, a
língua arrastando pelas palavras em seu torso. O nome dela. Parecia quase
como se Stavros a beijasse também. Provasse ela também.
Ela tinha o gosto daquela culpa familiar, amarga e doce.
Mas ele não parou, mesmo quando Daniel se arqueou sob sua
língua, um som ruidoso saindo de seu peito sob o toque de Stavros
enquanto as algemas tremiam.
Ele não parou.
Ele foi mais baixo.
Mais baixo.
Respirando naquela ereção, a coroa molhada e corada, empurrando
contra a barriga inferior de Daniel. Stavros lambeu os lábios e respirou
fundo, trazendo o almíscar de Daniel nos pulmões.
Porra.
O aroma de um homem. Este homem. Ele doía da cabeça aos pés.
Ele doía. Ele ansiava.
Então ele abriu os lábios e levou Daniel na boca dele.
— Nngh! — os quadris de Daniel sacudiram-se da cama, forçando-o
a entrar na boca de Stavros.
Olhos fechados, Stavros agarrou-se aos lençóis, puxando-os
enquanto ele afundava mais fundo, o inexistente reflexo de vômito
permitindo-lhe abocanhar toda essa espessura. Daniel palpitava por ele,
derramando segredos líquidos que explodiram em suas papilas gustativas e
o fizeram gemer.
Estremecer.
Ele empurrou uma mão para baixo entre suas próprias pernas,
agarrando seu pênis, acariciando, quadris rolando, batendo em seu aperto
enquanto ele tomava Daniel mais fundo. Já queria mais. Ele não terminou
e Stavros já queria fazer isso novamente.
Por uma vez, ele esqueceu seu egoísmo. Por uma vez, ele deu,
esquecendo de tomar. Saliva fluindo, uma mão segurando a base do pau de
Daniel, Stavros sugou-o mais fundo. E Daniel empurrou no seu rosto, os
quadris batendo para frente, forçando seu comprimento até o fim,
sufocando Stavros.
Fazendo seus olhos ficarem úmidos.
Reivindicando sua respiração.
Ele olhou o fodido rosto que balançava para trás com cada impulso.
Rangendo os dentes. Dor e prazer.
Punição também.
Ele manteve os olhos fechados contra as emoções que o rodeavam.
Guardando-se contra aquele olhar nos olhos de Daniel. Aquele que ele não
conseguia decifrar. E ele bloqueou o nome que dançava na frente de seus
olhos.
O nome dela.
Ele fez tudo isso com um pau em sua boca, e seu pau enrolado em
seu punho. Com fome, sim. Morto de fome, sim. Ofegando, mandíbula
doendo, garganta queimando. Mas ele não parou, exceto o tempo suficiente
para puxar o ar para os seus pulmões antes de mergulhar novamente.
Chupou a coroa, a língua deslizando para cima e para baixo antes de
mergulhar mais baixo, seguindo aquela veia grossa na parte inferior com a
ponta da língua. Todo o caminho até a base, onde ele sugou as bolas de
Daniel em sua boca.
Uma por vez.
Daniel se contorceu para ele, coxas vibrando. Grunhidos e gemidos
trancados pela fita na sua boca. Ele não se esquivou do toque de Stavros.
Ele abriu as coxas, arqueando.
Oferecendo-se.
Maldito ganancioso que ele era, Stavros tomou. Lambendo-o até ficar
molhado.
Encharcado.
Esse buraco lá atrás? Stavros colocou a boca sobre ele. Colocou a
língua nele. Ao longo de tudo, enquanto Daniel se contorcia pressionado
contra o colchão, tentando escapar.
Nenhum lugar para ir.
— Eu vou comer você. Porra. Vivo. — Stavros agarrou-o pelo quadril,
empurrou uma perna para trás.
E porra, o comeu.
Sua língua e dedo empurrando. Em troca, Daniel lhe deu os sons
roucos e raspados. Contra a palma de Stavros, sua coxa tremia. Stavros
ignorou, amando a maneira como o corpo de Daniel se apertava ao redor
dele.
Ele nunca tinha sido tocado assim, Stavros sabia disso. Ele não
tinha certeza se ele estava tentando fazer isso bom para Daniel ou não. Ele
só queria fazê-lo sentir. Queria ter certeza de que ele sabia.
Era quem eram agora.
Então, ele empurrou sua língua naquele buraco, até ficar bem
molhado, até seus dedos escorregarem e deslizarem. Até que Daniel voltou
a balançar no seu rosto, voltando a empurrar no seu dedo. Então Stavros
recuou, e empurrou novamente.
Ele encontrou os olhos de Daniel então. Largos e vidrados, com a cor
alta nas bochechas, ele puxou violentamente as algemas. Stavros fechou o
punho ao redor de seu pênis e o acariciou, duro e rápido. Daniel observou,
as narinas se abrindo, tudo o que ele estava tentando dizer abafado pela
fita. O corpo dele empurrou, os quadris levantando da cama.
— Eu estou olhando para você — Stavros sussurrou. — E mal
consigo respirar — ele apertou seu controle sobre si mesmo, a ira
aumentando, ficando torcida na luxúria e na excitação.
— Diga-me que você não está sentindo o mesmo — ele agarrou o
rosto de Daniel, as unhas cavando em sua pele. — Eu quero a verdade,
você fala somente com você quando está sozinho no escuro, com a mão no
seu pau e meu nome em seus lábios.
Ele segurou suas bolas, puxando, rolando os quadris, estremecendo,
cílios ameaçando se fechar. — Essa é a verdade que eu quero. Aquela que
diz que quer isso — ele parou de acariciar seu pênis e levou a mão para a
boca, lambendo o pré-sêmen. Então ele colocou a mesma mão no nariz de
Daniel. — Dê-me a verdade que diz que você precisa disso, que você anseia
tanto como eu.
Daniel resmungou, puxando mais forte nas algemas. Stavros o
ignorou, fodendo o punho, empurrando em sua mão, segurando o olhar de
Daniel, beliscando seus próprios mamilos. Puxando com força. Gemendo.
Os olhos de Daniel brilharam. Tão quente que Stavros estava
imediatamente suando. As pequenas gotas deslizam pelo comprimento de
sua coluna.
— Diga-me que você não me quer — suas coxas queimaram e
vibraram e debaixo dele, Daniel tremeu, os quadris mais uma vez se
levantando da cama. Stavros se afastou um pouco para trás e agarrou o
eixo de Daniel. — Diga que você não me quer.
— Unggg — ele implorou com os olhos dele.
Tanto quanto Stavros queria suas palavras, ele achou que ele estava
com muito medo de ouvi-las, então ele não fez nenhum movimento para
remover a fita. Em vez disso, ele trouxe o pau de Daniel para o buraco dele,
esfregando-se contra ele, respiração engatando, estômago contraindo.
Ele estava quente em todos os lugares.
Seus movimentos vacilantes.
Sacudindo.
Ele queria puni-los, mas ele sentia como se ele fosse o único a perder
a cabeça. Perdendo-se.
— Eu quero que você me foda — ele grunhiu em Daniel,
empurrando para trás até que a cabeça de seu eixo estava firmemente
contra seu buraco. — Então eu quero que você goze — ele passou os dedos
sobre a barriga de Daniel e pareceu borbulhar na garganta do outro quando
sua barriga se contraiu. — Entre dentro de mim para que eu possa tirá-lo
do meu sistema.
Ele não sabia mais quem era. Ele não sabia o que deveria fazer,
quem supostamente deveria ser. Como ele conseguiria ir embora? Como ele
escaparia disso?
Ele pegou o lubrificante que trouxe com ele. Ele tinha planejado isso,
afinal. Ele se lubrificou, os dedos empurrando para dentro de seu buraco,
torcendo, esticando-se. Desde que eles deixaram Nova York há mais de
uma semana, ele não tinha dormido com Bruce.
Ou qualquer um, na verdade. Ele estava esperando por isso.
Ainda assim, Daniel simplesmente olhou para ele com olhos negros
com luxúria. Suas pupilas estavam dilatadas, as narinas infladas, até sua
bochecha brilhavam com cor.
Ele pronunciou esses sons na parte de trás da garganta, grunhidos
roucos que fizeram que o sangue de Stavros fervesse. Quando ele estava
todo liso, ele colocou um preservativo no pau de Daniel, acariciando-o antes
de trazê-lo de volta à sua entrada.
Stavros levantou-se.
Então ele afundou.
Os olhos de Daniel se abaixaram, e ele ficou louco, puxando as
algemas.
Porra. Ele parecia enorme. Stavros gemeu, ainda se empalando.
— Porra. Porra — ele curvou a cabeça. — Oh Deus — ele acariciou-
se furiosamente quando ele afundou todo o caminho.
Quando Daniel caiu fundo, ambos se encolheram.
Stavros levantou novamente. Então ele caiu.
Ele não podia respirar. Os quadris de Daniel estavam se movendo,
empurrando, circulando. Atingindo o local tão rápido.
Jesus. Cristo.
Ele não tinha nenhum discurso então, apenas gemidos lamentáveis,
sua cabeça caindo para trás enquanto ele caía antes de levantar e fazer de
novo.
De novo e de novo. Daniel já não fingia mais. Ele fodeu Stavros,
golpeando-o com os olhos estreitados em fendas. Ele parecia incrível.
Loucamente quente. Tão grosso, atingindo Stavros onde ele precisava. Até
que ele grunhiu alto e com fome, puxando seu pau, estremecendo.
Gozando. Ele derramou em seu punho, com sua bunda apertando.
O calor provocou seu buraco sensível, e ele avançou, agarrando o
peito de Daniel, com os dedos coçando aquele nome quando ele
estremeceu. Ficando quente.
Então frio.
De volta ao calor.
Ele avançou e tirou a fita pela boca de Daniel. Então ele ergueu os
dedos sujos dele para os lábios e o queixo de Daniel. Quando os lábios do
outro homem se separaram, Stavros enfiou os dedos na boca dele.
Todo o caminho, enfiando-os na parte de trás da garganta.
Assim Daniel poderia experimentá-lo.
Além disso, o calaria antes mesmo de começar a negá-los.
Deus. Droga. Isto. Stavros não havia acabado.
— Agora você pode dizer que você não teve uma escolha — ele se
obrigou a levantar-se de Daniel. Essa perda. Porra. Ele sufocou um gemido.
— Você pode se mantiver fiel a ela — ele sussurrou. — Enquanto você
continua a me culpar pelo que você está querendo. O que você está
precisando — testa pressionada na de Daniel, Stavros disse a ele:
— Pode jogar a culpa em mim... — sua voz agitou. — Eu vou me
responsabilizar por nós dois — era o mínimo que ele poderia fazer. A única
coisa que ele poderia fazer.
Porque não havia nada que ele pudesse fazer para impedi-lo de
querer Daniel.
E não havia nada que poderia apagar o que ele havia feito. Antes e
agora.
— Stavros — sua voz, tão áspera, deslizou sobre os nervos recém-
expostos de Stavros e o fez estremecer.
Ele levantou e foi ao banheiro.
— Diablo, pare.
Mas ele não podia. Stavros escapou para o banheiro e entrou no
chuveiro. As coisas deveriam ser diferentes. Ele seria fodido e seria livre.
Daniel ficaria fora de seu sistema, e ele poderia voltar para o implacável
filho da puta que ele sempre havia sido. Exceto que ele nem mesmo parou
de convulsionar com o orgasmo, e ele já queria mais. Ele nem sequer
chegou perto de estar saciado.
Ele queria mais.
Ele inclinou a cabeça sob o spray de chuveiro. Ele estava fodido, bem
e realmente fodido. Eles tinham que acabar com isso. Ele não poderia
seguir assim, não com alguém como Daniel Nieto.
Ele lavou o corpo no piloto automático, com as mãos trêmulas e uma
garganta que queimava toda vez que engolia. E quando ele saiu do chuveiro
e voltou para o quarto, à cabeceira da cama estava estilhaçada em três
pedaços e a cama estava vazia.
Merda.
Ele girou em um círculo, procurando por qualquer sinal de ameaça.
Mas ele já sabia, Daniel tinha ido embora. Como diabos ele escapou? Ele
deixou as algemas para trás, mas a corda estava longe de ser vista. Uma
marca no colchão, e a impressão de sua cabeça no travesseiro era a única
prova de que Daniel esteve lá. O quarto estava imóvel e frio, quase como se
Stavros tivesse imaginado o calor que Daniel emitia.
Ele subiu na cama e se instalou no local que Daniel ocupou
recentemente. Ainda quente. Ele enterrou o rosto em travesseiros que
cheiravam a Daniel e a eles.
Sexo.
Era sexo. E estava feito. Ele odiava isso, mas Daniel fez o que Stavros
não conseguiu.
Ele se afastou.
Ele se foi, e deixou Stavros lutando para encontrar as partes
faltantes de quem ele costumava ser.
Capítulo 19
2:23 da manhã, mas Daniel ligou de qualquer jeito.
— Daniel?
Ele fechou os olhos com a preocupação imediata na voz sonolenta de
Levi. — Como você está?
— Merda, me esqueça — as vozes murmuradas e as roupas
farfalhando ecoaram em segundo plano. — Como você está?
Ele riu sombriamente. — Estou pensando que quarenta e nove é
muito atrasado para que eu descubra minha bissexualidade.
— Nunca é tarde demais — disse seu irmão suavemente. —
Algumas pessoas vão ao túmulo sem saber quem verdadeiramente são.
Claro. Ele sabia disso. — Me desculpe por você ter ficado preso entre
Stavros e eu, e sinto muito por acordar você.
— Você pode me ligar a qualquer momento — Levi assegurou. —
Van ainda está um pouco surtado, então, ainda não dormimos — ele
limpou a garganta e disse: — Esse Stavros, você tem a cabeça do cara toda
fodida. Você sabe disso, certo?
— Ele faz o mesmo comigo.
— Mas você gosta — quando Daniel não respondeu, Levi riu. — Sim,
eu sei. Eu me casei com um desses. O sexo por si só quase compensa o
resto, mas você não consegue construir algo com uma foda de ódio somente
— ele fez uma pausa. — Você quer construir algo?
— Eu não sei. — Daniel colocou sua cabeça de volta no banco do
carro. Dirigindo ao aeroporto. Fugindo também. Pelo que aconteceu
naquele quarto de hotel atrás dele. Ele não pensou nisso. Ainda não
conseguiria pensar nisso. — Eu toco nele e nada mais importa, mas isso
nunca dura.
— E você se lembra de que você está fodendo o homem que matou
sua esposa.
— É uma loucura.
— Sim é. Mas ele é um cara louco, e pelo que as notícias dizem, você
está fora do seu normal. Então…
— Te amo, hermanito. Gracias.
— Até.
Ele terminou a ligação e soprou uma respiração. Havia muito que ele
tinha que descobrir, e ele não podia fazê-lo na cama de Stavros. Ele tocou a
corda no colo. Ele deveria tê-la jogado no lixo, mas, por algum motivo, ele
ficou com ela. Seus ombros palpitavam de todas as torções e batidas que
ele fez para quebrar a cabeceira da cama. Ele sentiria isso por alguns dias,
mas era um pequeno preço a pagar.
Ele tinha que fugir. Não para longe de Stavros, porque isso era uma
impossibilidade. A magnitude de tudo caiu sobre ele, e ele precisava
pensar. Limpar a cabeça e entender o que estava acontecendo.
Vou levar a culpa de nós dois.
Mas não era Stavros que faria a traição de Daniel um peso mais fácil
de transportar. Não estava nos ombros de Stavros fazer com que Daniel se
sentisse melhor que não tinha participado plenamente do que aconteceu.
Desde o primeiro beijo, ele nunca esteve tão totalmente envolvido e
completamente consciente de suas ações. Sua mente, seu corpo estava
completamente a bordo.
Ele não precisava de uma desculpa. A verdade funcionava bem.
Ele queria isso.
Procurou mais, e na próxima vez ele tomaria mais.
Porque haveria uma próxima vez.

****

— Qual é a emergência? — Stavros entrou no escritório de seu tio


sem bater. — Eu preciso... — ele parou com a visão que o cumprimentou.
Seu tio estava sentado atrás de sua mesa, flanqueado de cada lado
por dois homens com armas apontadas para sua têmpora. Antes que
Stavros pudesse fazer mais do que piscar, uma arma foi pressionada ao seu
lado.
— Porra.
Ele olhou para a esquerda e amaldiçoou novamente. Desta vez em
silêncio.
Felipe Guzmán estava com as mãos nos bolsos. Felipe, o líder do The
Ghost Gang. Rival de Daniel Nieto.
E cunhado.
— Sr. Konstantinou, bem-vindo — esse nome não fez o pulso de
Stavros correr como fazia quando Daniel usava isso. — Temos negócios
para discutir.
— Nós? — Stavros segurou seu olhar. — Afaste seus homens de
meu tio.
Felipe sorriu, parecendo o garoto ao lado com aquele rosto redondo e
aquelas bochechas gordinhas. Ele era um pouco mais baixo do que Stavros,
isso ficou ainda mais claro quando ele caminhou e ficou diretamente na
frente de Stavros. — Eu acho que não.
Stavros suspirou. Ele não estava pronto para fazer isso agora. Ele
não dormiu a noite anterior, e ele passou todo o voo procurando uma
maneira de recuperar sua sanidade. Ele não estava a fim de uma rodada
com esse maluco naquele momento. Ainda assim, ele encolheu os ombros
quando um dos homens de Felipe acariciou-o, tirando a arma e o telefone, e
jogando-os de lado.
— Que negócios nós temos? — como se ele não soubesse, certo?
— Você matou mi hermana.
— Eu fiz?
Felipe inclinou a cabeça. — Você fez — mãos nos bolsos, ele
contemplou Stavros de perto. — Eu tenho uma dívida, Sr. Konstantinou,
mas estou disposto a deixar isso de lado.
Certo. — O que você quer?
Um grande sorriso iluminou o rosto de Felipe, mas nunca chegou a
seus olhos frios. — Nada muito difícil. Eu simplesmente quero que você
termine o que você começou.
— Isso quer dizer o quê?
— Daniel Nieto ressurgiu de qualquer buraco em que ele se arrastou
— o ódio praticamente pingou de cada palavra que Felipe falou. — Você
deveria acabar com ele naquela noite, você levou minha irmã para longe —
seus olhos brilharam. — Mate-o agora.
— Eu não trabalho para você — disse Stavros. — Se Nieto ressurgir,
lidarei com ele à minha maneira. No meu tempo.
Felipe riu.
— Você me confunde Sr. Konstantinou — ele se aproximou com as
mãos ainda seus bolsos. — Você mata por lucro, não é isso que você faz?
Não é por isso que a minha mamá está sem a filha primogênita neste
momento? Eu poderia me vingar com minhas próprias mãos, mas estou lhe
dando a chance de consertar o que você quebrou. Corrigir tudo o que você
fez de errado — sua voz não estava mais alta, mas Stavros reconheceu o
perigo ao vê-lo. — Apesar do dinheiro não mudar de mãos, isso é em todos
os sentidos uma transação comercial. Você cuida do meu cunhado, e não
acontece nenhuma tragédia com você e seu tío por aí — ele assentiu na
direção de Christophe.
Stavros mal se absteve de rolar os olhos. Ele tirou um cigarro e um
isqueiro do bolso do casaco sem tirar os olhos de Felipe. Ele tinha sido
ameaçado por um homem mais mortal do que Felipe Guzmán, e viveu para
contar. O aspirante a chefe não o fazia estremecer, nem mesmo o pedaço
mais minúsculo - especialmente não depois de ter passado esse pouco de
tempo no calabouço de Daniel.
— A maneira mais rápida de me perder é me ameaçando — ele tirou
o cigarro aceso da boca e explodiu a fumaça no rosto de Felipe. — Eu não
respondo bem a isso.
—Eu repensaria isso, se eu fosse você. — Felipe o observou
silenciosamente por um tempo. — Deixe-me saber quando estiver pronto —
ele saiu do escritório, seus homens seguindo atrás dele.
— O que diabos foi isso? — Stavros olhou para o tio dele. — Você
não poderia me dar algum tipo de advertência?
Christophe encolheu os ombros. — Eles me emboscaram e tiraram
meu telefone — ele caminhou até Stavros. — O que você vai fazer? E eu
pensei que você deixaria essa merda? — ele acenou com a cabeça para o
cigarro.
Stavros bufou. Ele parou, mas ele estava pensando que tinha sido
um grande erro. Ele estava fazendo muitos desses ultimamente. — Tenho
certeza de que vou pensar em alguma coisa.
O alarme alargou os olhos do seu tio. — A resposta correta teria sido,
ele estará morto ao pôr-do-sol — seu maxilar caiu e ele recuou. — Você
sente algo por ele.
Eles não precisavam falar o nome de Daniel para ele estar no quarto
com eles. Ainda assim, Stavros balançou a cabeça. — Não — ele não podia.
Isso seria impossível porque ele era cruel e sem alma, e ele não sentia
coisas para ninguém, exceto a luxúria.
— Anipsiós — sobrinho. Christophe suspirou. Ele sempre soube
quando Stavros escondia algo. Quando ele estava mentindo, fingindo,
paralisando. Como agora. — O que você fez em Seattle?
Seu tio era o homem que Stavros sempre quis que seu pai fosse. Os
irmãos eram muito parecidos, ocasionalmente eram confundidos com
gêmeos. Mas com dois anos entre Christophe e Haimon, as aparências
eram a única coisa que eles tinham em comum. Cabeça ainda cheia de
cabelo, agora com mais cinza do que preto, Christophe era tão alto quanto
Stavros, o corpo mostrava seu amor por natação. As linhas em seu rosto
foram obtidas de sorrir, olhos azuis claros sempre brilhando mesmo
quando ele repreendia.
Quase setenta, e ele ainda era tão veloz como fora quando Stavros
era um menino.
— Eu tenho que ir. — Stavros virou-se para a porta, mas Christophe
agarrou seu braço.
— Stavros — seu tom repreendia, bem como quando Stavros tinha
sido um adolescente todos aqueles anos atrás. — O que você fez?
— Eu fodi — ele grunhiu. — A noite passada foi... — ele se afastou
do aperto de Christophe, torcendo para encontrar o olhar preocupado do
homem mais velho. — Theíos — sua voz caiu para algo quase acima de um
sussurro. — Estou em apuros.
Na última vez que ele reconheceu esse fato, ele tinha vinte e um anos
e estava cheio de desejo por sua meia-irmã. Christophe tinha falado sobre
ele, ajudando-o a ver o quanto era uma má ideia. Seu tio permaneceu perto
de garantir que Stavros nunca mais estivesse longe das trilhas. Mas isso…
Isto.
— Meu garoto. — Christophe puxou-o para um abraço, dando um
tapinha nas costas. — Sim, você está.
Nada mais a dizer. Christophe não podia ajudá-lo desta vez. Ao
contrário da situação com Annika, Stavros não conseguia entrar em um
avião para outro continente. Essa covardia não funcionaria duas vezes.
Estranho como ele alternava entre sentir-se mais livre do que ele já
havia e ficar preso pela ligação entre ele e Daniel. Ambas as sensações o
fizeram entrar em pânico.
Ele voltou para o seu lugar, descartando Bruce que nunca poderia
aceitar a dica de que Stavros queria estar sozinho. Ele precisava pensar,
precisava descobrir uma maneira de lidar com Felipe Guzmán e consigo
mesmo. Porque ele estava começando a sentir as coisas.
Como arrependimento.
Como tristeza.
Como aquela coisa que ele se recusou nomear, o que vinha sobre ele
quando Daniel Nieto olhava para ele. O tocava. O beijava.
Não havia muitas coisas que ele tinha feito em sua vida que desejava
desfazer. Seu pai lhe disse uma vez que um homem precisava fazer uma
introspecção sobre si mesmo. Um homem precisava estar disposto a
encarar suas ações e a mantê-las, boas ou ruins. Ele precisava assumir a
responsabilidade e ser responsabilizado.
Ele desejou não ter aceitado esse trabalho. Petra Nieto poderia ainda
estar viva. Daniel Nieto poderia não ser tão fodido quanto ele. Se ele
pedisse, Daniel o perdoaria? Tão conflituoso quanto Stavros estava, Daniel
obviamente lutava uma guerra ainda maior dentro de si mesmo.
Na noite passada, Stavros deu-lhe uma desculpa. Ele tirou a escolha
de Daniel, fez isso para que toda a culpa fosse de Stavros. Pelo menos, ele
assumiu tudo. Exceto que Daniel poderia ter se afastado a qualquer
momento. Ele escolheu ficar.
Ele escolheu deixar Stavros levá-lo.
Ele ofereceu-se.
Esse conhecimento fodeu a cabeça de Stavros mais.
O que isso queria dizer?
Por que Daniel saiu? Stavros não queria se ressentir disso.
Não queria se sentir rejeitado por isso.
Mas como pode perdoar alguém por matar sua esposa? Como você se
perdoa por não proteger a mulher que você amava? Como você reconciliava
a atração com a pessoa que roubou sua vida?
Ele não tinha as respostas.
Agora, em cima de toda essa merda de Daniel, ele tinha que lidar
com Felipe Guzmán.
Depois de tomar banho, ele serviu-se de uma bebida e entrou em seu
escritório. Felipe não podia pensar nem por um segundo que ele tinha a
vantagem em Stavros. Essa merda era inaceitável. Daniel o deixara com
medo, Stavros viu isso nos olhos de Felipe. Ele estava no caminho de
Daniel, e se o que Stavros ouviu sobre Daniel era verdade, os laços
familiares não impediam o homem de conseguir o que queria.
Ele matou seu pai, de acordo com os rumores.
Felipe queria que Stavros fizesse seu trabalho sujo, e isso não
aconteceria. Stavros já não queria Daniel Nieto morto, e mesmo que ele
quisesse, ele desistiu a muito de seu papel de assassino de aluguel. Se e
quando ele matava, ele faria isso sozinho. Não porque algum aspirante a
chefe pensou que ele o tinha pelas bolas.
Sua mente voltou para Daniel, o que muito bem não deveria. Ele
nunca passou muito tempo pensando em alguém, homem ou mulher.
Gostava de brincar, gostava de manter um rosto diferente na cama. Isso o
impedia de se aborrecer e fazer algo totalmente destrutivo como pensar em
Annika.
Ah, ele esteve apaixonado. Ele nunca teve um verdadeiro
relacionamento.
Antes de Annika, havia Helayna, que ele conheceu na praia em
Mikonos aos dezessete anos. Foi o pai de Stavros que descobriu que
Helayna tinha tido uma identidade masculina ao nascer, e foi seu pai quem
a expulsou, dando a Stavros seu primeiro desgosto.
Haimon Konstantinou via a felicidade de Stavros como uma fraqueza,
algo para tirar o foco de seus negócios mercenários. Haimon queria um
império, um império intocável. E ele queria Stavros no leme. Na cabeça de
seu pai, Stavros não podia fazer isso enquanto cuidava de algo além do
dinheiro e do poder. Ele amava Stavros à sua maneira, é claro que ele
amava. Mas da sua forma era mais frequentemente frio, e à distância.
Dois anos depois de Helayna, Annika entrou em sua vida, e Stavros
olhou para ela e entregou seu coração. Haimon considerava Annika como
sua filha em todos os sentidos, e quando ele pegou Stavros observando-a,
seu próprio pai segurou uma espada na sua garganta. Annika estava fora
dos limites. O desgosto no rosto de seu pai dizia tudo. E a ameaça que ele
emitiu selou o acordo.
Annika e Stavros desistiram de suas reivindicações pelo negócio. Não
foi até seu pai morrer que Stavros percebeu que ele nunca queria o maldito
negócio. Ele ficou porque buscava a aprovação do velho. Ele procurava
aquele breve flash de orgulho que iluminaria os olhos de Haimon quando
Stavros fizesse sua oferta.
Tanto quanto ele queria Annika, Stavros queria esse flash de orgulho
mais.
No entanto, Annika não se importou, pegou seu coração e usou isso
como um cabresto para controlá-lo, provocá-lo e foder com ele. Qualquer
coisa que quisesse, ele dava. Mas ele não recebia nada em troca. Ela
exercia controle no sexo, e ela gostava de fazer Stavros assistir enquanto
ela era fodida e fodida.
Ele também gostava. Vivendo a ilusão enganosa de que, quando ela
fechava os olhos enquanto montava outro homem, ela fingia montar em
Stavros. Que o nome que ela chamava quando ela gozava era o dele. Ele
forneceu-lhe homens, engajados em orgias com ela, e ainda assim ele
nunca chegou perto o suficiente para tocá-la.
Mesmo assim, ele a amava cegamente.
Ele lamentou por sua morte, mesmo quando ela o traiu, dando um
golpe em um dos ex-amantes de Stavros e enviando homens para atacar a
família do homem. Annika deveria ter sabido melhor. O ex-mercenário
retribuiu, e depois três vidas foram perdidas, Annika, Haimon e sua
esposa.
Identificando-se como pansexual, ele se sentia atraído pelas pessoas,
independentemente do sexo ou do gênero, mas Stavros não era a pessoa a
quem você buscava amor. Ele era o que você ia se você quisesse ser usado e
controlado, ser fodido e degradado.
Ele deu outro gole do Bourbon, fazendo uma careta. A noite passada
nem sequer foi o melhor sexo. Não foi.
Mas também foi. Por ainda ter desejado. Ele sentiu todo impulso
poderoso. Ainda. O gosto de Daniel, o som dele. Eles se demoraram,
ecoando.
Zombando.
Ele olhou para o copo dele, procurando a verdade de quem ele era
agora. Porque ele não era o mesmo homem que Daniel havia levado de sua
Villa em Lisboa. Ele não era esse homem. Este homem, esse homem
ansiava, como um viciado ansiava por uma agulha. Este homem queria. Ele
precisava.
O telefone dele tocou e ele o pegou de sua mesa, respondendo o
guarda de segurança lá embaixo com um rouco:
— Sim?
— Senhor, a Sra. Caynan está a caminho.
Ele limpou a garganta. — Obrigado — ele desligou, mas não se
moveu, apenas se preocupando em levantar o olhar da bebida na mão
quando ele ouviu seu elevador privado abrir. Saltos tocaram no chão, então
Tennyson apareceu na porta do escritório, um sorriso no rosto
deslumbrante.
— Sentiu minha falta, amante?
Ele não tinha pensado nisso, mas ele sorriu para ela. — Tenny,
como você está?
Ela entrou no escritório, vestida com um vestido branco que era algo
bonito, mas simples em seu corpo curvilíneo. Chegando ao meio da coxa, o
vestido tinha um zíper dourado na frente, começando em sua virilha e
parando logo abaixo dos seus seios generosos. Sua pele, o ônix mais rico,
brilhava, e seu cabelo estava feito desta vez em pequenas tranças - pendia
pelos ombros. Ela era macia em todos os lugares, também flexível, e ela
olhava para ele agora como uma mulher que tinha tido o privilégio de ver
seu sêmen em seu rosto.
— Eu estava no bairro — disse ela. — Pensei em entrar para ver
você — ela sorriu. — Certificar-me de que você está bem.
Ele se sentou de volta, colocando o copo na mesa. — Eu sempre
estou bem — ele mentiu suavemente. — Renzo Vega sabe que você está em
Nova York?
Tennyson trabalhava para Stavros, e seu trabalho era manter o
controle no proprietário do clube de Atlanta, Renzo Vega. O homem não era
quem ele parecia ser, e Stavros não gostava de enigmas. Tennyson
trabalhava no clube de Vega como bartender. Originalmente, ela deveria
estar na cama de Vega, até descobrir que o homem preferia que seus
amantes fossem mais... Do sexo masculino.
— O clube está fechado por um tempo, então eu tenho o fim de
semana fora — ela sorriu e girou pela escrivaninha, colocando seu generoso
traseiro na mesa, ao lado da bebida de Stavros. — É por isso que minhas
calcinhas também estão fora — ela deixou cair um pedaço de renda preta
no topo da mesa, depois pegou sua mão e colocou-a entre suas pernas.
Sim, apenas lisa, pele nua e molhada. Ele manteve a mão imóvel
enquanto olhava para ela. — Por que o clube está fechado?
Ela encolheu os ombros. — Não sei. Manutenção?
Ele se afastou dela e se pôs de pé, ignorando sua frustração. — Eu
pago você para saber tudo o que acontece naquele clube, Tenny. Quero
saber por que um clube tão bem sucedido quanto o de Vega está fechado
sem aviso prévio, em um fim de semana não menos.
— Porra — ela olhou para ele. — Como você propõe que eu faça
isso?
Ele agarrou seus cabelos, puxando-o para trás para expor sua
garganta. — Você é uma mulher engenhosa — ele sussurrou contra sua
pele enquanto seguia uma mão para trás na coxa e entre suas pernas. —
Tenho certeza de que você pode pensar em algo — ele roçou seu clitóris
com os nódulos e depois recuou quando ela gemeu. — Talvez quando você
me trouxer respostas, vou dar o que você veio atrás.
Ela estremeceu, respirou profundamente e pulou da mesa. — Você
tem sorte de me pagar tanto dinheiro — ela saiu do escritório e ele seguiu.
— E que você coloca o cano melhor do que qualquer encanador.
Ele sorriu quando voltou para o elevador. — Tchau, Tenny.
Ela franziu o cenho e deu-lhe o dedo médio. Ele riu quando as portas
do elevador se fecharam. Tenny era divertida e sempre perversa na cama.
Quando ele voltou para a sala, um movimento à sua direita chamou sua
atenção e ele puxou sua arma, girando ao redor quando Daniel Nieto saiu
das sombras.
— O que... — ele apenas o olhou incapaz de processar. Sua mente
não conseguia acompanhar seu pulso, acelerado, batendo selvagemente.
Que. Porra.
Daniel o observou com seus olhos escuros ilegíveis e seu olhar suave,
parado no meio do condomínio de Stavros como se ele pertencesse ali,
usando seu habitual terno preto sempre presente. Restolho no queixo,
chupão no pescoço.
Chupão de Stavros.
Jesus, ele não conseguia pensar. Daniel sabia o poder que ele
mantinha simplesmente parado ali, com toda a sua atenção em Stavros?
— Ela é sua amante?
Stavros piscou para a pergunta, abaixando a arma. — Como você
entrou? — ele tentou evitar a voz rouca. Ele tinha guardas lá embaixo.
Como Daniel sabia que esse lugar pertencia a Stavros? Como ele entrou?
— Ela é sua amante?
Stavros encontrou-se se movendo para ele. Simplesmente, se
permitindo ser puxado pela corrente, aquela coisa magnética que viajava
entre eles. Ele lutou, sim, ele fez, mas não muito difícil. Diante do outro, ele
continuou até estar perto do rosto de Daniel.
Perto o suficiente para sentir o calor dele.
Para cheirar sua pele.
Jesus. Cristo.
— Por que você está aqui? — ele riu. Ele ergueu a mão, estendeu os
dedos e depois os dobrou lentamente. Um punho apertado, unhas
mordendo na palma da mão enquanto lutava contra a vontade de esticar a
mão e tocar a garganta de Daniel, acariciando a marca garrote, um sinal
flagrante que proclamava o fracasso de Stavros e a sobrevivência de Daniel.
Daniel inclinou a cabeça para trás, olhando-o com os olhos
encapuzados que não escondia o perigo que ele exalava. — Você está aqui.
Ele estava? Stavros não sentia isso. Como ele poderia, quando tudo o
que ele sentia era Daniel?
— A mulher — Daniel acenou com a cabeça para o elevador. — Ela é
sua amante?
Stavros perdeu outra batalha, cedendo à sua necessidade de tocar
Daniel. Ele deslizou os dedos pela garganta do outro e então o segurou. Não
apertado, mas um aperto que Daniel sentiu mesmo assim, porque ele
engoliu em seco e suas narinas inflaram. — Nem todos os quais eu dou o
meu pau são meus amantes — murmurou Stavros. — Você deveria saber.
Era a coisa errada para dizer, ele sabia disso, mas ele falou as
palavras de qualquer maneira. Ele queria uma devastação, uma separação
da posse que Daniel Nieto tinha sobre ele. Ele queria uma cura para as
dores que ele não conhecia, pela dor que ele não sabia que podia sentir.
Ele baixou a mão, fechando-a novamente enquanto ele se afastava.
— Não — o aviso de Daniel o arrepiou, parando Stavros. — Não.
Uma risada torturada passou pelos lábios de Stavros. — Eu não
posso ir embora, mas você pode? — ele perguntou sem se virar. — Eu não
posso fugir, mas você pode?
— Você queria que eu fosse embora.
— Não me diga o que diabos eu queria.
Jesus.
— Stavros.
Ele ouvia essa voz em seu sono. Seu nome no mesmo tom obliterado,
estrangulado com traição. A traição de Daniel de sua esposa morta. A
esposa que Stavros matou. Mesmo em seu sono, ele não encontrou
nenhum alívio. Traição, ele engasgava com isso.
Ele queria apenas respirar sem que o ar estivesse preenchido com
ela.
Traição.
Um beijo entre eles que não tivesse um gosto disso.
— Mi papá tinha muitos vícios — Daniel falou por trás dele. — Mas
o que eu mais lembro era o da bebida. Ele precisava primeiro da bebida
pela manhã, Bourbon em sua xícara de café. Ele tremia e tremia se ele não
bebesse diablo. Observei-o lutar e perder contra essa atração — ele fez uma
pausa e os passos pareciam se aproximar. — Você é o meu Bourbon. Não
posso tirar você das minhas veias.
Deus. Droga. Stavros apertou os olhos quando o calor passou por
sua nuca. Ele não queria ouvir isso. Ele queria segurar a raiva, não se
derreter na vulnerabilidade que Daniel acabou de lhe entregar.
— Você deveria ir — porque ele poderia. Daniel poderia sair. Ele
podia se afastar. Stavros não tinha essa opção.
— Não.
— Sim — ele girou para encarar Daniel. — Você é bom nisso. É o
que você faz. Você sai. Você corre — ele encolheu os ombros. — Quem
sabe? Talvez você possa superar essa luxúria, essa fome. A traição de sentir
qualquer uma dessas coisas.
Um músculo na mandíbula de Daniel se flexionou enquanto ele
ficava lá, tão ameaçadoramente envolvido em preto. O homem mais
silencioso que Stavros conheceu. Face tão séria. Olhos estreitos, porque ele
sabia. Ele sabia...
— Eu não vou embora.
— Por que não? — Stavros riu dele. — Você gosta disso, esse
sentimento indefeso? Não se reconhece no espelho. Você gosta disso?
— Eu sei quem eu sou.
— Bom para você — ele se aproximou de Daniel, arrastando os
dedos sobre sua mandíbula. — Bom para você, porque eu não sei quem eu
sou. Eu não sei mais quem eu sou, e você é o motivo — ele se inclinou
ligeiramente, deixando seus lábios tocarem Daniel. — Você consegue fugir
disso sempre que escolhe — ele sussurrou. — Mas estou preso tentando
descobrir isso. Então você aparece — seus dedos apertaram a pele de
Daniel. — E é aí que eu sei.
Daniel pegou-o então, puxando-o para perto até que eles estivessem
pressionados juntos. Dedos no queixo de Stavros, ele inclinou seu rosto
para cima. — O que você sabe? — ele o sacudiu. — Stavros, o que você
sabe?
— Eu sou seu. Para foder. Torturar. Matar. Eu sou seu — por algum
motivo, a verdade dessas palavras foi à coisa mais triste que Stavros já
experimentou.

****

— Lo siento — o peso dos olhos e das palavras de Stavros arrastaram


as desculpas da garganta seca de Daniel. — Lo siento — tantas desculpas
ultimamente, para Petra e agora para Stavros.
Os lábios de Stavros se apertaram e ele se afastou do toque de
Daniel, entrando rapidamente em seu escritório. — Faça-se sair.
Isso não aconteceria, Stavros tinha que saber disso. Daniel o seguiu,
parando na entrada quando Stavros lhe deu as costas, mexendo com algo
na mesa. Entrar na cobertura não tinha sido tão difícil, não quando ele se
aproximou da bela e voluptuosa mulher de branco.
— Stavros — ele gostava de dizer o seu nome, observando os ombros
de Stavros apertarem cada vez. Às vezes ele precisava de palavras e não
conseguia encontrá-las. Como agora. Se ele tivesse as palavras, ele pediria
perdão por deixar Stavros naquele quarto de hotel de Seattle. Por ficar
longe por tanto tempo, quando ele queria estar ao lado de Stavros. Ele
confessaria ser incapaz de separar quem Stavros era, e o que ele havia feito,
do que Daniel sentia.
Ele diria ao homem que estava tão rígido a dois metros de distância,
que ele o via tomar a vida de sua esposa toda vez que Daniel fechava os
olhos. Ele falaria para ele que não importava o quão longe ele corria ou por
quanto tempo ele negava, a traição amarga, sentada como um tijolo frio no
peito, ainda não era suficiente para mantê-lo afastado.
Ele não tinha as palavras, exceto “lo siento”. Ele pedia perdão a
Stavros e a Petra.
— Não há necessidade de se desculpar. — Stavros olhou de volta
para ele por cima do ombro, os olhos rígidos, a expressão fria. — Acabou.
Está feito agora — ele engoliu em seco e voltou sua atenção para os papéis
em sua mesa. — Você pode sair.
Levou tudo o que tinha, mas Daniel foi até ele. Passos silenciosos no
chão atapetado, até estar perto o suficiente para tocar em Stavros. Ele
pegou um punhado de cabelo de Stavros, puxando sua cabeça para trás em
seu ombro. Stavros lutou. Ele sempre lutava, mas Daniel usou sua outra
mão para agarrar sua garganta.
— Isso é verdadeiramente o que você quer? — ele apertou seu
controle. — Diga novamente, e eu dou a você.
Stavros estremeceu contra ele, seu corpo duro, o cheiro dele já tão
familiar. — Daniel — ele ofegou.
— Eu posso sair — Daniel sussurrou em sua orelha. — Mas não
importa o quão longe ou quão rápido eu corro — a verdade arruinou sua
voz já destruída. — Eu sempre vou voltar.
A luta de Stavros cessou e ele baixou à mão, agarrando a coxa de
Daniel, os dedos cavando nela.
— Eu não posso dizer que não quero você — as palavras estavam
chegando agora, e ele não conseguia detê-las. Ele libertou o pescoço de
Stavros, acariciando-o, inalando-o enquanto ele arrastava os lábios pela
coluna de seu pescoço. — Não posso dizer que não preciso de você. Eu sou
o tolo, preso neste momento com você, não querendo ir embora.
Stavros se retorceu em seus braços até que eles estavam nariz a
nariz, de peito contra peito. — Nós dois somos tolos — ele murmurou. Mas
seus olhos pediam a Daniel para não sair, e ele ouviu.
Ele beijou Stavros, derramando seu desespero e desejo no outro
homem que o agarrava forte, gemendo na sua boca e lambendo-o. Daniel
puxou o cabelo de Stavros mais apertado, puxando sua cabeça para trás
enquanto ele se esfregava contra o corpo que estremecia contra ele. Duro e
apertado, e intimamente quente.
Um corpo com o qual ele estava familiarizado, mas ainda queria
conhecer melhor do que isso.
As mãos impacientes percorreram suas costas, agarrando sua
bunda, puxando-o com mais força. Daniel gemeu, com a língua deslizando
sobre a de Stavros. Dentes o morderam, dedos o puxaram. Ele se afogou
em tudo, as sensações.
Desaparecendo.
Ele desapareceu na boca de Stavros, em seu toque. Caindo mais
rápido e mais do que ele jamais quis. Ele não esqueceu a traição. Não,
estava com ele, acompanhando todo impulso de sua língua na boca quente
e úmida de Stavros. Cada puxão no cabelo de Stavros. Cada rolar de seus
quadris que o empurrava para o corpo de Stavros, as ereções que se
esfregavam.
Essa traição transformou o que deveria ter sido um toque gentil em
algo mais duro, mais escuro. As mãos que uma vez o destruíram o tocavam
agora, rasgando sua camisa, arrancando botões, expondo seu peito. Quente
e áspero, aquele toque quando Stavros acariciou sua pele, dedos como
fantasmas sobre a tatuagem sobre seu coração.
O nome dela.
Daniel afastou sua boca. Arfando. Doendo por tantas coisas. Ele
pegou a cabeça de Stavros em ambas as mãos, segurando seu olhar
enquanto o toque de Stavros mergulhava para baixo, passando por seu
tronco.
— Faça.
Stavros lambeu os lábios molhados e Daniel beijou-o novamente.
Desde aquele primeiro beijo até agora, ele tinha o mesmo gosto. Proibido.
Escuro e pecador. Selvagem e perigoso. Tudo o que Daniel ansiava. Um
gosto o atraiu, o manteve preso e dependente como um viciado.
Com as calças desabotoadas e soltas, deslizam sem esforço até os
joelhos enquanto Stavros o tocava. Um aperto forte em seu pênis.
Daniel jogou a cabeça para trás com um gemido rouco. Um aperto e
seu corpo ficou fraco, os joelhos oscilando. Os dentes apertaram, ele
recuou, tropeçando, empurrando Stavros para a mesa. Quando Daniel não
estava olhando, Stavros também desabotoou sua camisa e a deixou aberta.
Sob o escrutínio pesado de Daniel, Stavros desabotoou as calças e saiu
delas, com os dentes no lábio inferior.
Daniel tocou-o, deslizando uma mão pela frente. Acariciando seu
pênis.
Stavros ofegou por ele, sua boca se abriu enquanto ele ofegava, os
quadris se empurrando completamente na palma de Daniel. Ele estava
quente, duro e pulsante. E Daniel gostou. Gostou do pré-sêmen que
gotejava ao longo de seu comprimento, molhando Stavros e ele.
— Daniel.
Daniel ergueu o olhar, encontrando o olhar de Stavros. — Deixe-me
levá-lo.
O pomo de Adão de Stavros moveu-se. — Pegue o que quiser.
— Você — era o que Daniel queria, então ele se inclinou, enterrando
o rosto no pescoço de Stavros, acariciando-o. Stavros serpenteou uma mão
entre eles, alternando. Tocando nas bolas de Daniel.
Ele gemeu. Baixo e profundo, porque o toque deste homem o
despertava a cada momento. — Stav — ele gemeu o nome.
— Sim — os olhos de Stavros abriram-se e ele se afastou
ligeiramente. — Porra. Merda. Espere — ele virou e se inclinou sobre a
mesa, bunda nua, apertada e exposta a Daniel enquanto ele puxava as
gavetas de sua mesa. Ele jogou alguns preservativos no topo da mesa.
E uma garrafa de lubrificante.
Quando ele se moveu para endireitar-se, Daniel o segurou imóvel
com uma mão na nuca. Outro aperto no traseiro. Ele rapidamente agarrou
o lubrificante, espremendo a espessa substância como um gel na fenda de
Stavros, antes de deslizar seus dedos através dela.
— Mmm. — Stavros curvou-se, a testa batendo na mesa, com seu
rabo inclinado para cima. Uma perna subiu na escrivaninha, abrindo-se
para os dedos de Daniel.
Ele mergulhou nesse vale, em seguida, baixou, pressionando um
dedo em Stavros.
— Porra. — Stavros agarrou nas bordas da mesa e balançou-se
sobre ele. — Porra.
Daniel adicionou outro dedo, esticando-o, empurrando para dentro.
Stavros estremeceu.
— Oh, porra — seu corpo tremia, e seus músculos apertavam os
dedos de Daniel. — Mais forte. Por favor.
Daniel grunhiu, adicionando mais lubrificantes e outro dedo. Dando-
lhe com mais força, empurrando seu corpo para a mesa. Enquanto isso,
Stavros gritou, implorando por mais.
Chamando seu nome.
Este era um sentimento completamente novo. O poder e o controle,
observando Stavros pegar seus dedos. Daniel inclinou-se, afundando os
dentes na nuca de Stavros, lambendo, saboreando o sal e o sexo em sua
pele.
— Argh. Sim — dentro, Stavros era fogo, queimando. Chamuscando.
Daniel queria sentir isso, queria chegar perto dessas chamas. Ele
doía para sentir o fogo, então ele tirou os dedos, rasgando o invólucro do
preservativo antes de colocar a proteção. Ele olhou para o corpo de Stavros
por um momento, inclinado na mesa. Ele poderia levá-lo assim, afundar
nele sem olhar nos olhos dele. Mas isso não fazia diferença.
Ele sabia o que estava fazendo. Com quem. Não importava se ele o
tomasse assim ou cara a cara, não havia como fugir da verdade. Ele deu
um passo atrás, pegando a mão de Stavros, virando-o antes de puxá-lo
para cima em uma posição sentada na borda da mesa.
Então Daniel o beijou. Havia verdade nisso, ambas as mãos
segurando o traseiro de Stavros, puxando-o para mais perto. As pernas do
outro homem enrolaram em sua cintura, seus lábios se agarrando um ao
outro quando Daniel trouxe seu eixo para o corpo de Stavros e empurrou.
— Nnggh.
Ele engoliu o gemido esticado de Stavros, os olhos fechados quando a
sensação enrolou-se em seu comprimento, então acelerou e afundou. A
respiração ficou imediatamente disponível. O calor o lavou. Envolvido tão
apertado em torno dele, ele sentiu o corpo de Stavros vibrar.
Daniel ficou tenso. Seus dedos, agarrando-se firmemente aos quadris
de Stavros, eram os únicos que faziam parte do movimento, flexionando
contra a pele de Stavros. Dentes afundaram no seu lábio inferior. Stavros o
mordeu, machucando-o, puxando-o. Ele flexionou os quadris, enterrando-
se ainda mais fundo.
— Porra. — Stavros gemeu contra sua boca.
Daniel puxou para trás e voltou.
Stavros estremeceu. Sua bunda pressionada em Daniel. — Sim. —
ele arrastou os dedos pelas costas de Daniel. Dor nítida que chutou o pulso
de Daniel em excesso.
Ele bateu novamente.
— Oh, Deus. Daniel. — Stavros gritou seu nome. — Dan...
— Sí — ele lambeu o nariz de Stavros. — Me diga — o que você quer.
O que você precisa. O que você sente.
— Oh, Deus. Mais fundo — os lábios de Stavros estavam na
garganta de Daniel, e com cada palavra que ele falou, ele o beijou lá. Em
sua carne com cicatrizes. — Mais profundo. Porra.
Uma mão na nuca de Stavros, a outra no lado direito do seu quadril,
Daniel foi mais profundo. Mais duro. Stavros montou cada impulso,
ofegante contra sua garganta, respirando quente e ofegante em sua pele.
Um gemido pesado deixou Stavros toda vez que Daniel afundava ele, o som
faminto ecoando em torno deles. Tomando conta da mente de Daniel.
Ele caiu.
Se ele estivesse a favor da graça, ele cairia. Dentes na pele de
Stavros, os dedos apertados enquanto ele acelerava, impulsionando em um
corpo que se encaixava em torno dele, como se fosse feito sob medida.
Quente e tão apertado, contraindo, apertando-o. Todo esse prazer, ele
mergulhou dentro dele até que seu corpo ficasse fraco. Dando Stavros o que
ele pediu.
Mais fundo.
Mais forte.
O homem que o destruiu antes o tocava agora com fogo.
Consumindo-o. Dedos afundando em seu peito, unhas raspando a
tatuagem dela.
O nome de Petra sobre seu coração, Stavros tocou, os dedos
agarrando enquanto Daniel afundava nele. Eles se tocaram com as mãos
cobertas de sangue que só eles podiam ver.
Sexo proibido, encharcado de sangue e traição. A perversidade disso o
deixou mais duro. O deixou ainda mais sedento. Boca em Stavros, pau
dentro dele, Daniel caiu. Alegremente. O olhar encapuzado no rosto de
Stavros, torcido em uma careta sorrateira. Suor na pele, barba queimando
em sua garganta, corpo retorcido contra Daniel. Ele era o mesmo homem
sob a influência do prazer que sofria.
Eles se entregaram mutuamente.
Agora vinha o prazer.
Um movimento entre eles roubou seu foco e ele mergulhou seu olhar,
observando enquanto Stavros se acariciava. Seu corpo se contraiu em torno
de Daniel, apertando. Suas pernas tremiam e sua cabeça caiu para trás, a
boca se abriu enquanto ele se arqueava, sêmen jorrando entre eles.
Daniel pegou sua boca, provando seu orgasmo, comendo seus gritos,
deixando que tudo o puxasse para seu clímax. Seus movimentos
aceleraram mais, brutais e desesperados.
Doloroso e cru.
Visão escurecendo, dedos agarrando Stavros. Mordendo, gemendo e
tremendo quando derramou sua liberação no preservativo. Os músculos de
Stavros continuavam apertando, fazendo o pau de Daniel empurrar.
Ele desabou em Stavros. Tremendo. Arfando. As mãos o rodearam.
Lábios roçaram sua têmpora. Ele não conseguiu se mover, o corpo ainda
em espasmos. O corpo de Stavros estava fazendo o mesmo, mas ele não fez
nenhum movimento para tirar Daniel dele.
Eles se agarraram um ao outro na mesa.
Stavros se sentia tão à deriva como Daniel se sentia?
Capítulo 20
— Como você entrou? — Stavros perguntou ao ouvido de Daniel.
Eles não se moveram do escritório ou da mesa. Daniel se moveu para
se livrar do preservativo e jogá-lo na cesta de lixo no canto da sala, mas
Stavros permaneceu sentado na mesa, com as pernas em volta da cintura
de Daniel.
Seus braços em volta dele também.
A cabeça de Daniel estava no ombro de Stavros, o rosto enterrado no
pescoço dele. Suas pernas e parte de baixo das costas protestaram contra
essa posição, mas ele se recusou a se mover. Até que Stavros falou, eles se
instalaram em um silêncio carregado.
Tanto para dizer, sem ideia de como dizer.
Ele limpou a garganta. — Disse a mulher de branco...
— Tennyson.
Ele grunhiu. — Disse-lhe que éramos colegas de trabalho, então
subimos juntos — ele acenou para ela antes de entrar no condomínio.
— Você sabe que vou ter que demiti-los agora, certo? — a mão de
Stavros deslizou para cima e para baixo das costas de Daniel lentamente,
fazendo-o tremer.
— Isso depende de você, mas você precisa de ajuda leal — ele ergueu
a cabeça e encontrou o olhar sonolento de Stavros. — A mulher, eu assisti
ela tirar a calcinha.
Stavros riu. — Tenny é... Única — ele ficou sério. — Eu não estou
fodendo ela, se essa é sua maneira de perguntar.
Daniel tocou seu rosto. — A minha maneira de perguntar é
perguntar, Sr. Konstantinou — as narinas de Stavros se acenderam quando
Daniel se dirigiu a ele tão formalmente, e em resposta, o eixo semi-flácido
de Daniel empurrou.
Querendo novamente.
— Então, por que ela estava aqui para te ver?
A expressão de Stavros ficou em branco. — Isso é um negócio — seus
dentes piscaram em um sorriso de tubarão. — Diga-me o seu e eu vou te
contar o meu.
Mas Daniel não queria, e ambos sabiam disso. Stavros baixou as
pernas com um gemido baixo, liberando Daniel, que tropeçou. Suas pernas
eram de borracha, sua coluna estalando enquanto ele se esticava.
— Você está saindo? — a indiferença forçada na voz de Stavros não
lhe servia.
Daniel fez uma pausa no processo de puxar a calça. — Ainda está
com pressa para eu ir? — ele ergueu uma sobrancelha, e Stavros se afastou
dele, voltando rapidamente para suas calças.
— Só uma pergunta.
Mas não era. Daniel colocou de volta apenas à cueca. — A menos que
você esteja me expulsando — ele disse suavemente. — Não vou embora.
Stavros endureceu, mas ele não falou e ele não se virou. Quando o
silêncio chegou a ser demais, Daniel falou novamente.
— Stavros. — Daniel foi até ele, puxando-o com uma mão em seu
ombro.
— O quê? — a raiva em sua voz não combinou com o olhar em seus
olhos, então Daniel se concentrou nele, em seu rosto.
— Você está me expulsando? Porque eu quero ficar com você.
Stavros estremeceu, Daniel viu. Sentiu. E esperou uma resposta a
sua pergunta. A mesma luta dentro dele, ele a observou brincar no rosto de
Stavros. Ele sabia o suficiente sobre o grego para saber que ele não era um
homem que mostrava vulnerabilidades. Nunca. Mas ele estava mostrando a
Daniel.
Ele tocou Stavros, com os dedos deslizando sobre a mandíbula, a
barba de um dia lhe picava a pele.
— Não. — Stavros fechou os olhos em um sussurro. — Não, não vou
te expulsar.
— Eu quero levá-lo na sua cama — Daniel disse a ele e observou
Stavros ingerir. — Você me quer na sua cama?
Os olhos de Stavros se abriram. E era isso, ele estava aberto.
Vulnerável. — Sim.
A palavra era bastante calma, mas Daniel sabia que custou a Stavros
mostrar esse tipo de fraqueza. Ele assentiu. — Lidere o caminho.
O quarto era grande, com carpete bege e paredes brancas. A arte
cara decorava as paredes, mas os olhos de Daniel estavam na cama
enorme. Ele tinha visto Stavros sendo o seu típico eu debochado em muitos
lugares, principalmente na Villa em Lisboa, mas ele nunca viu imagens
desse quarto. Ele enfrentou Stavros. — Chuveiro?
O grego apontou para o banheiro. — Tudo o que você precisa estará lá
— ele sentou na cama e caiu para trás com um suspiro. — E eu estarei
aqui.
Depois de um último olhar de volta para ele, Daniel entrou para
tomar um banho rápido. Ele não esteve lá por mais de vinte minutos, mas
quando ele voltou com uma toalha vermelha enrolada em sua cintura,
Stavros estava alerta, com a cabeça apoiada nos travesseiros, esperando
por ele.
Daniel ficou de pé sobre ele, observando. Stavros não perdeu a
postura dura mesmo nesta posição. Mas mostrou o quanto confiava em
Daniel. Olhando para ele, olhando os pequenos arranhões em seu pescoço,
a queimadura de barba que Daniel colocou em seu rosto e a garganta, algo
dentro de Daniel esticou.
Ficou boquiaberto. Alcançando aquele homem na cama.
Como tudo isso aconteceu, ele ainda não sabia. Ele questionava isso.
Como ele não poderia? Mas ele não estava fugindo disso. Não estava
mentindo sobre isso. Não fazia sentido fazer isso mais. Não quando
simplesmente olhar para Stavros o fazia sorrir.
Ele soltou a toalha e subiu naquela cama, sentando-se sobre suas
ancas enquanto colocava as mãos na frente da calça de Stavros.
Stavros piscou. — O q...
— Shh, deixe-me. — ele não esperou uma resposta, e Stavros não
deu uma, exceto levantar a sua metade inferior da cama. Daniel puxou sua
calça até que elas desceram pelo quadril de Stavros, depois pegou a roupa e
a jogou no chão.
Então ele baixou seu olhar.
No porão, ele não se permitiu apreciar o corpo de Stavros. E eles
tiveram relações sexuais, mas Daniel não teve tempo para explorar. Mas
agora ele tinha, e sob seu olhar, o pau nu de Stavros endureceu e alongou,
com gotas peroladas formando-se na ponta vermelha e brilhante.
Um leve pó de cabelo escuro cobria o seu peito e torso. Seu corpo
falava de força, sem ser muito musculoso. Para um homem que vivia uma
vida de excesso, seu corpo não mostrava isso. Ele tinha perdido peso como
cativo de Daniel, mas não fez nada para diminuir seu quadro.
Stavros se moveu e seu perfume, suor fraco, juntamente com o
almíscar escorrendo de seu sexo anterior, atingiu o nariz de Daniel. Seu
corpo estava mais rígido em um instante, excitação batendo nas veias. Boca
salivando.
— Eu quero o seu toque. — Stavros lambeu os lábios. — Eu desejo
isso.
Daniel sentiu isso também, esse desejo. Isso sacudiu a sua base,
assumiu o seu raciocínio. Isso o trouxe aqui e o manteve lá.
— Tócame, Daniel — toque-me. As coxas pressionadas em Daniel
vibraram. — Toque me. De qualquer jeito que você quiser.
A necessidade em sua voz chamou Daniel. Uma corrente invisível
conectando-os, puxando, aproximando Daniel cada vez mais. Ele rodeou a
garganta de Stavros por um batimento cardíaco, grunhindo quando Stavros
se arqueou. Ele gostava disso. Temia que ele sempre gostasse disso, as
linhas do corpo de Stavros se esticando quando ele se inclinou para Daniel.
Ele arrastou a mão para baixo, e Stavros colocou uma palma sobre
ela, empurrando Daniel para baixo, além de seu peito e torso.
— Tócame — seu pênis estava deitado sobre sua barriga, espesso, as
veias inchadas. Gotejando.
Daniel tocou a ponta do dedo na coroa inchada de Stavros. Stavros
gemeu, e os quadris saíram da cama instantaneamente. Sob o toque de
Daniel, ele tremia e estremecia. Daniel rastreou esse comprimento,
observando-o se contrair e mexer com cada golpe.
Stavros agarrou os lençóis, puxando, arqueando, a cabeça jogada
para trás enquanto ele se esticava. Ele gemeu, e esse som, impulsionou a
necessidade dentro de Daniel.
Empurrando.
Ele se moveu no colchão, pressionando seu eixo contra o material,
procurando alívio. Sentindo com aquela vontade, sabendo que só havia
uma maneira de obtê-lo.
Líquido limpo reuniu-se logo abaixo do umbigo de Stavros. Pré-
sêmen quente e pegajoso. Stavros fez seus sons enquanto Daniel o tocava,
mas Daniel não podia. O calor deles havia secado sua boca, tomou sua
saliva, fazendo doer sua garganta ao ver-se ir a lugares e fazer coisas que
ele nunca esperava.
O lubrificante que eles usaram anteriormente aterrissou ao lado dele,
e ele não olhou para cima de sua tarefa para agradecer Stavros enquanto
ele rapidamente colocava um pouco em seus dedos.
As pernas de Stavros levantaram, dobrando os joelhos, expondo-se.
Daniel não hesitou em se mover para baixo, deslizando seus dedos
escorregadios sobre as bolas e o buraco de Stavros.
Stavros engasgou, suas pernas tensas. Vibrando.
Daniel ergueu os olhos, observando o rosto de Stavros enquanto o
amante dele ofegava, os lábios se separaram, os dentes afundavam no
canto do lábio inferior. Ele agarrou a cabeceira de metal com as duas mãos.
E ele levantou a bunda em oferenda.
O coração de Daniel bateu rápido em seu peito. O suor escorria pela
sua espinha. Ele doía. Seu pau? Molhado. Encharcado. Excitado até o
ponto de combustão.
Ele rodeou Stavros com dois dedos. Então ele empurrou para dentro
do buraco apertado.
Stavros começou a falar então, chamando seu nome em pequenos
suspiros. — Daniel! Oh, porra. Oh, porra — seu rosto se torceu em uma
careta sexy. Face corada. O suor de sua testa, nariz e torso, faziam brilhar
o corpo dele.
Daniel pegou uma nádega, puxou-a para o lado e empurrou. Três
dedos. O calor aumentou ao redor dele.
Ele estremeceu, entrando e saindo.
— Daniel. Ah, porra — as coxas de Stavros tremiam. Seu peito
levantou-se e caiu enquanto suavemente respirava, mas ele girou os
quadris. Movendo os dedos de Daniel. Convidando-o de volta, atraindo-o
para ficar.
Tão perigoso. Mas era tudo o que Daniel gostava. Tudo o que ele
precisava.
— Foda-me — a cabeça de Stavros estava jogada para trás, veias em
seu pescoço inchando. — Sim — ele gemeu baixo e longo. — Sim. Ah,
porra.
Daniel puxou os dedos e sentou-se para trás, colocando um
preservativo, e aplicando lubrificante. Cada toque fazia seus olhos
revirarem. Fez sua visão ficar em branco. Ele mordeu o interior de sua
bochecha enquanto se aproximava do corpo de Stavros e mergulhava
profundamente.
— Argh. Dios — ele encontrou sua voz, então.
Stavros se afastou, mas Daniel agarrou-o, segurou-o e continuou.
Dando-lhe o que queria. Seu corpo imediatamente moldou ao redor de
Daniel, apertando com força, apertando, mas isso não impediu que ele
continuasse. Porque Stavros ficou mais duro com cada golpe. Ele doía, mas
pelo olhar em seus olhos, ele gostava da dor.
Daniel gostava de lhe dar dor. Centímetro por centímetro ele entrou,
e Stavros o recebeu com o inclinar de seus quadris e os sons que ele fez.
O nome de Daniel em seus lábios. — Daniel.
Daniel engoliu, provou sangue e percebeu que ele havia mordido o
interior de sua bochecha.
— Por favor — disse Stavros em um sussurro mais excêntrico.
Entoando enquanto rasgava os lençóis. — Por favor. Daniel, por favor.
Ele bateu o resto do caminho, e Stavros gritou.
— Porra. Porra — ele inclinou-se para frente e apertou o cabelo de
Daniel, puxando forte. — Não pare — suas pernas enrolaram na cintura de
Daniel, colocando-o dentro. — Não pare.
Daniel grunhiu. Não havia como desacelerar. De jeito nenhum, ele
iria parar.
— Diablo — ele mergulhou dentro e fora, tremendo, apertando os
dedos na coxa de Stavros. Enterrando-se profundamente com cada
impulso.
Stavros se mudou com ele, batendo contra ele. — Eu vou gozar — ele
agarrou seu eixo e acariciou-o uma vez. — Daniel — ele pareceu em pânico.
— Eu vou gozar.
— Faça isso. — Daniel conseguiu gritar. — Goze para mim, diablo.
Stavros congelou com os olhos arregalados, a boca aberta, sêmen
jorrando em sua mão. Seu corpo apertou, endureceu.
Daniel sibilou, e jogou a cabeça para trás, os quadris trabalhando
para lidar com as chamas dançando na base da sua coluna vertebral.
— Dios. Dios — ele explodiu, os dedos mexendo para segurar o
Stavros que se contorcia debaixo dele. Seus pulmões queimavam enquanto
lutava para respirar.
Sempre uma batalha para respirar quando se tratava de Stavros.
Ele removeu o preservativo com as mãos trêmulas, jogando-o no lixo
próximo, antes de colapsar em Stavros. Seus corpos estavam úmidos de
suor, mas Daniel não se importou. Ele não se importou com o sêmen de
Stavros. Ele não se importou que Stavros não tivesse soltado o cabelo de
Daniel.
Ele especialmente não se importou com a mão que acariciava suas
costas e segurava sua bunda.
— Eu vou passar a noite — ele murmurou no ombro de Stavros.
Stavros simplesmente zumbiu e o abraçou, com os lábios escovando
a garganta de Daniel. Suas pestanas agitaram contra a pele febril de
Daniel, uma mão circundou sua cintura e uma perna o cobriu.
Novas coisas. Esta pessoa, ele agora tinha que se acostumar com
coisas novas. Como isso. Como outro homem aconchegado ao lado dele na
cama, respirando nele enquanto ele dormia como se fosse à coisa mais
natural do mundo.
Daniel rolou em suas costas, olhando para o teto com uma mão
debaixo da cabeça, a outra em volta dos ombros nus de Stavros.
Ao mesmo tempo, ele tinha conforto, ele tinha suavidade, e ele tinha
tido Petra. Ele pensou que sua vida não poderia ser melhor. Ele se
considerava o bastardo mais afortunado lá fora, tendo ela. Tendo alguém
que o conhecia, e que entendia o monstro preso sob sua pele.
Então, em um piscar de olhos, ele a perdeu. Não, não perdeu. Ela foi
tomada. Por homens como ele que se consideravam juiz, júri e executor.
Por um homem como ele. Petra desapareceu, assim como a suavidade,
assim como quem o via e o entendia por quem ele era.
Ele sentia falta, mas ele não queria voltar. Ele encontrou seu
conforto ao abraçar sua sangrenta sede de vingança.
Mas ele estava aqui agora, cercado por Stavros. Nos braços de
Stavros, ele se encontrou novamente. Em sua presença, encontrou calma e
paz. Compreensão, também.
Ela não o odiaria por isso, não é?
Ela entenderia, não é?
Ela veria isso, ela entenderia o quanto Stavros atordoava Daniel. Ela
tinha que saber o quão difícil ele lutou para combater sua conexão com
Stavros. Ela tinha que saber o quão impossível era lutar contra seu
coração.
Ela tinha que saber o quão difícil era respirar em sua ausência, e que
Stavros facilitava. Um pouco de cada vez. Um suspiro por vez, até que não
fosse tão difícil. Não fosse tão doloroso.
— Petra — ele sussurrou seu nome na escuridão silenciosa. —
Perdoe-me. — ela devia saber que ele estava no caixão com ela, a sete
palmos abaixo do chão e sufocando até que Stavros o ajudou a chegar ao
ar.
E se ela não o fizesse? E se ela estivesse esperando que ele entregasse
justiça como ele havia prometido? E se ela ainda estivesse esperando que
ele fosse sincero com ela? Ela reconheceria seu marido como ele estava
agora? Na cama com o homem que cortou sua garganta, meio que
apaixonado por ele.
Quando ela estava viva, Daniel esperava que aceitasse tantas coisas,
e ela tinha feito isso. A violência e o perigo. Ela aceitou tudo.
Mas isso era demais?
E se a reparação do coração quebrado de Daniel significasse destruir
tudo o que tinha tido com Petra no processo?
Havia algo do homem que ele costumava ser deixado nele hoje?
Daniel não sabia. As perguntas ficaram nele, a rocha mais pesada,
enquanto deixava os roncos de Stavros fazê-lo dormir.
Capítulo 21
O som de seu telefone tocando, empurrou Daniel em posição
vertical, mas não o acordou. Ele já estava acordado por um tempo,
alternando entre olhar para o sono de Stavros e olhar para o teto.
Ele se afastou da cama, entrando na área de estar da grande
cobertura. Suas roupas estavam espalhadas por uma cadeira e ele
procurou os bolsos das calças na sala escura até encontrar seu telefone.
Ele soprou uma respiração quando viu a identidade do chamador. —
Toro.
— Uma reunião foi criada.
— Diga-me. — ele puxou a calça e encolheu os ombros até a janela.
— Felipe convocou uma reunião com Perez — Toro disse.
— Onde e quando? — ele tentou abotoar os botões da camisa e
então revirou os olhos para si mesmo quando percebeu que ele havia
pegado por engano a de Stavros.
— Um dia depois de amanhã — quando Toro falou a localização,
Daniel grunhiu.
As duas gangues poderiam se massacrar, ou finalmente perceberam
que um terceiro estava jogando-as uma contra a outra. Daniel não se
importava de qualquer maneira.
— O que você quer fazer? — perguntou Toro.
— Nada. Vamos ver como tudo se desenrola.
Toro ficou em silêncio.
— Toro.
— Onde você está?
— Eu estou com Stavros — ele apertou uma palma no vidro frio,
olhando seu reflexo. — Vamos conversar quando nos vermos.
— Você não pode confiar nele, tío — a raiva confusa de Toro atiçou a
traição coagulada na barriga de Daniel. — Ele não tem lealdade.
— Eu lidarei com isso — exceto que ele não sabia se isso ainda era
verdade, onde Stavros estava em causa.
Toro bufou e desligou.
Daniel suspirou. Tudo isso era um novo território. Mas ele queria o
grego, e ele tinha que viver com isso. Ele tinha que encontrar uma maneira
de reconciliar o que ele tinha feito com Stavros esta noite com o que Stavros
tinha feito.
Como ele faria isso?
Ele olhou para o telefone ainda na mão. Ele deveria ter ido, mas de
alguma forma, ele ainda estava neste lugar, cheirando Stavros na pele e na
camisa, ele nem sequer se importou com o botão. Ele teve relações sexuais
com o homem adormecido no quarto ao lado.
Quente e duro e tantos graus de bom, mas ele estava lá com os olhos
bem abertos. Ele sabia o que estava fazendo, com quem, e ele queria mais
disso.
Uma porta se abriu atrás dele. Ele ficou tenso, mas não se virou, e
logo uma mão deslizou pelas costas.
— Você ainda está aqui — a voz de Stavros estava grossa do sono.
Atraente.
— Eu estou.
— Hmm — lábios na nuca de Daniel, Stavros zombiu. — E você está
usando a minha camisa.
Os cantos da boca de Daniel estavam curvados. — Você se importa?
Braços rodearam sua cintura e a cabeça de Stavros caiu para
descansar contra as costas de Daniel. — Eu faço, mas só porque eu quero
tocar sua pele.
Daniel pegou as duas mãos de Stavros e as guiou para cada lado da
camisa desabotoada. — Tire.
Stavros fez e a camisa flutuou, caindo com um leve sussurro. Lábios
escovaram nas costas de Daniel. Ele tinha uma tatuagem lá, uma única
arte que preenchia suas costas.
Uma tatuagem de Petra flutuando nas nuvens, seus cabelos
soprando no vento, seu típico sorriso malicioso curvando seus lábios. Um
brilho nos olhos dela.
A luz de uma única lâmpada no canto brilhava, deixando a suíte nas
sombras. Então talvez Stavros não visse os detalhes da tinta nas costas de
Daniel. Talvez ele não visse isso quando ele colocou beijos ao longo do
ombro de Daniel, depois em sua coluna.
Daniel inclinou a cabeça com um gemido, apertando as duas mãos
de Stavros na barriga dele. A última vez que as mãos de alguém pareciam
tão boas tinha sido na noite de seu primeiro encontro com Petra, quando
ela deslizou a mão na dele enquanto caminhavam até o carro.
Ele se curvou e pegou Stavros pela nuca, puxando-o contra seu
peito. — Hola11.
Ele era lindo, esse homem que Daniel odiava e torturara. Quando ele
sorria, quando seus olhos brilhavam e seus lábios curvaram. Quando suas
bochechas conseguiam essas covinhas, e seus olhos enrugam nos cantos.
— Hola.

Eles se olharam, os braços de Stavros ainda estavam na cintura de


Daniel. Sua mão na nuca de Stavros, o polegar acariciando-o
distraidamente.
— Isso é louco, você sabe certo?
Daniel assentiu. — Eu sei — ele respirou profundamente e colocou
sua testa na de Stavros. — Eu tenho que ir.
O grego ligeiramente endureceu. — Você está fugindo de mim?
— Sim. — Daniel lhe deu a verdade, esfregando o nariz no de
Stavros. — Mas sempre vou acabar aqui, junto a você.
— Você quer estar aqui? — Stavros perguntou contra seus lábios. —
Eu poderia persegui-lo, caçá-lo, mas eu não faço isso, essa merda, por
esporte — ele tocou o queixo de Daniel. — Não sou o tipo de capturar e
soltar.
Daniel sorriu e, sob seu toque, o pulso de Stavros respondeu.
Acelerando. — Eu quero estar aqui — ele roçou seus lábios nos de Stavros.
— Você deveria saber disso agora — ele murmurou.
O outro homem exalou com sua respiração quente batendo nos
lábios de Daniel, fazendo cócegas nele. Ele era sólido, quente e caloroso, e
segurando-o assim, segurando-o em seus braços, Daniel não queria ir a
lugar nenhum. Ele se acalmava na presença de Stavros. Ele vivia.
Lábios pressionando, ele se moveu sobre a língua de Stavros,
vacilando sobre ele até ele se abrir. Então Daniel empurrou, afundando
profundamente com um gemido.
Dios.

11
Olá em Espanhol.
Stavros agarrou-o, apertando os dedos, exortando Daniel. Então ele
aprofundou o beijo, pegando velocidade, e logo eles estavam se devorando.
As línguas torciam-se, apertando nos dentes enquanto lutavam pela
vantagem. Não importava quem tivesse.
Essa sensação na barriga de Daniel, como se ele estivesse caindo.
O sabor de Stavros, tão escuro e perigoso quanto o homem
esfregando contra Daniel.
Ele gostou, queria mais e sempre. Ele segurou Stavros mais
apertado, puxando-o para ele enquanto agarrava sua mandíbula,
empurrando sua língua ainda mais profundamente.
Olhos fechados, Daniel gemeu quando Stavros jogou uma mão entre
eles e esfregou sua virilha. Ele se afastou com um silvo baixo, suas
pálpebras baixaram para encontrar Stavros observando-o.
Era mais do que louco. Mais do que qualquer coisa que pudessem
nomear, mas não importava. Estava acontecendo. Daniel queria que isso
acontecesse. Quando Stavros lambeu os lábios, Daniel o tocou lá,
empurrou os dedos na boca de Stavros.
Ele nunca tocou outro homem assim antes. Mas ele sabia o que
queria, sabia o que ele gostava, e ele estava indo com o fluxo que o varria
de seus pés sempre que ele entrava no mesmo quarto que Stavros.
— Daniel — este lado de Stavros, ele não tinha testemunhado
enquanto o observava das sombras. A suavidade em seus olhos. A
vulnerabilidade em seu rosto e a necessidade que derramava dele em ondas
espessas e quentes, fazendo a virilha de Daniel apertar. — Me beije.
Daniel uniu suas bocas, saqueando, mordendo, lambendo, sugando
a língua de Stavros. Mãos perambulando no corpo de Stavros, deslizando
pelas costas para agarrar seu traseiro. Daniel apertou-o, e Stavros ergueu
uma perna, envolvendo-a em torno da cintura de Daniel, ondulando contra
ele, montando-o enquanto suas ereções esfregavam.
Daniel estremeceu. Era intensa a luxúria e o desejo era tão espesso,
que ele a saboreava, a camada pesada cobrindo sua língua e sua pele. Ele
queria estar de volta a essa cama, de volta ao interior de Stavros.
Dios.
Ele perdeu a cabeça, mas ele não se importava. Agora não. Ele
sentia. Ele queria. Ele precisava.
As mãos de Stavros na bunda de Daniel puxaram-no para mais
perto, e Daniel rasgou os botões do pijama de Stavros, os dedos incertos,
torcendo em sua pressa. Stavros ajudou, e logo o deixaram nu.
Daniel o tocou, envolvendo o punho em torno da ereção de Stavros, e
o outro homem gemeu no beijo.
Ele acariciou Stavros, da base até a ponta, e o quadril de Stavros se
moveu com ele, sua boca caindo. Ele leu o corpo de Stavros enquanto o
acariciava. As linhas tensas de seu corpo. O tremor em seus membros e a
cor nas bochechas.
— Você está bem assim — ele murmurou em espanhol. — No meio
do seu prazer. Você sempre deve se parecer com isso.
— Continue me tocando — o rosto de Stavros se torceu em uma
careta quando Daniel deslizou um polegar sobre sua coroa escorregadia. —
Porra — ele inalou bruscamente, empurrando-se mais profundamente no
aperto escorregadio de Daniel. — Apenas continue tocando em mim.
Daniel enterrou o rosto no pescoço de Stavros, provocando-o com os
dentes enquanto ele masturbava seu pênis. Ele pulsou alto na mão de
Daniel, veias proeminentes, pré-sêmen emergindo.
— Você é tão quente — ele puxou o lóbulo da orelha de Stavros. —
Tão bom — ele beijou o caminho através do maxilar de Stavros e voltou
para sua boca, voltando para seus lábios, acariciando sua língua dentro do
calor úmido.
Os dedos de Stavros se enroscaram em seus cabelos, puxando,
puxando e ele ficou mais alto. Seu quadril balançando cada vez mais
rápido. O desespero nele estimulou Daniel a aumentar seu aperto, a
brutalizar o beijo. Logo Stavros gritou, e foi um som que Daniel engoliu
enquanto o sêmen quente molhava seus dedos.
— Merda. — Stavros ofegou. — Merda — seu quadril continuou
dirigindo-se para frente. — Daniel, Jesus. Cristo.
Daniel sorriu apesar da dor de seu próprio orgasmo não cumprido. —
Você gostou disso?
Os cílios de Stavros levantaram-se e ele olhou para Daniel com uma
expressão incrédula. — Você está pescando elogios agora? — ele pegou a
mão de Daniel com sêmen e ergueu-a. — Somente o elogio que você sempre
precisará — então ele trouxe Daniel para a boca e lambeu os dedos.
Daniel o observou com avidez, uma mão deslizando sob a cintura de
sua calça para se acariciar.
— Deixe-me. — Stavros afastou a mão e se ajoelhou. Uma mão
puxou a calça de Daniel para baixo, a com outra, ele segurou suas bolas, e
então Daniel encontrou-se cercado por uma boca quente e molhada,
deslizando para cima e para baixo em seu comprimento.
— Argh — ele agarrou o cabelo de Stavros, jogou a cabeça para trás
e empurrou para dentro dele. Uma e outra vez, conduzindo em sua boca
com fome e com grunhidos roucos. O orgasmo não estava longe, ainda
assim ele o perseguiu, empurrando na garganta de Stavros.
Dedos agarraram suas bolas, acariciaram-no, enquanto Stavros o
sugava completamente. Daniel trancou os joelhos, uma mão na janela às
suas costas para equilíbrio e a outra puxando o cabelo de Stavros enquanto
ele usava sua boca e dirigia-se mais fundo por sua garganta.
Um impulso.
Dois, e ele estava morrendo em sua língua, entrando na boca de
Stavros enquanto a respiração tremia em sua garganta e seu corpo
curvava.
— Dios.
Stavros zumbiu ao redor dele, fazendo ruídos gananciosos e
escorregadios enquanto limpava o eixo de Daniel. Então ele soltou-o com
um som molhado, e olhou para ele, com a língua girando sobre o lábio
inferior.
— Você não amaldiçoa, não é? — seus lábios se curvaram em um
sorriso.
Daniel piscou enquanto o orgasmo nublava os seus olhos e sacudia a
sua cabeça. — Não — sua voz estava pior do que de costume, e ele sentiu o
tremor de Stavros quando o outro homem se pôs de pé. Daniel pegou sua
mão e puxou-o para o sofá. — Minha mãe não gostava de linguagem suja,
então... — ele encolheu os ombros.
— Eu acho que é doce. — Stavros riu quando ele acariciou um dedo
na bochecha de Daniel. — O grande chefe de cartel fodão que não pode
dizer “porra”.
Daniel beijou-o, porque ele o queria calar. Também porque ele podia
sentir o cheiro de Stavros e ele queria provar. — Eu posso dizer isso — ele
lambeu a boca de Stavros. — Eu apenas escolho não.
— Doce.
Ele grunhiu, mas permitiu-se um pequeno sorriso. Juntos,
sentaram-se no escuro no sofá, nus, a mão de Stavros no peito de Daniel.
As mãos de Daniel no cabelo de Stavros. No escuro, os olhos de Stavros
estavam iluminados, parecendo mais brilhantes. Daniel beijou seu nariz e
depois seus lábios antes de falar.
— Eu tenho que ir. O avião está me esperando.
— Ok. — Stavros beijou seu queixo, sua garganta e então se afastou
ligeiramente para acender a luz. — Estarei aqui.
— E quanto a Lisboa? — Daniel levantou-se e começou a se vestir.
Stavros levantou-se e serviu-se de uma bebida do mini bar. — Nova
York é minha casa para o futuro previsível.
Uma vez que Daniel terminou de se vestir, olhou em volta para
encontrar Stavros encostado no bar, bebida na mão, observando-o. Com o
cabelo todo despenteado da manipulação de Daniel, e seu corpo nu ainda
vestindo o rubor de seu recente orgasmo, ele era a coisa mais quente que
Daniel já havia visto.
Ele foi até Stavros, deslizando os braços em torno de sua estreita
cintura, tascando um beijo na testa dele. — Eu só uso telefones
descartáveis — ele disse a Stavros suavemente. — Eles mudam
semanalmente. Às vezes, diariamente.
Os olhos estreitos, Stavros o observou. — Ok.
— Não posso te dar algo estável para me alcançar.
Stavros inclinou a cabeça. — Você quer que eu alcance você?
— Sí.
— Então eu vou — ele tomou um gole de sua bebida.
Contendo um sorriso, Daniel esfregou os lábios sobre o nariz de
Stavros. — Você quer que eu alcance você?
Stavros revirou os olhos. — Sí.
Daniel beijou-o. Mais lento desta vez. Um ritmo destinado a
saborear, fixando Stavros em seus sentidos, na esperança de fazer o mesmo
pelo outro homem. Com Stavros em sua língua, ele não queria sair, mas ele
finalmente se afastou com grande relutância.
— Eu vou te ver Sr. Konstantinou — ele recuou.
Stavros sorriu, segurando o copo como uma saudação. — Estou
ansioso por isso.
Capítulo 22
A voz silenciosa despertou Stavros do sono, e ele ergueu a cabeça
com um grunhido, piscando quando a luz queimou seus olhos.
— Faça acontecer — Daniel rosnou.
Stavros piscou de novo e, quando seus olhos se ajustaram, viu
Daniel de pé com o telefone na orelha enquanto abotoava a camisa. Stavros
olhou para o relógio. 4.22 a.m. Ele ficou de pé.
— Não é um pedido, agente Hutchins. Não confunda minha calma
com perdão. Isso seria um erro grave da sua parte — ele virou-se então,
notou Stavros observando-o e disse ao telefone: — Você tem uma hora —
ele terminou a ligação e deslizou o telefone no bolso enquanto observava
Stavros.
— Ei.
— Olá — ele segurou o rosto de Stavros. — Eu tenho que ir.
Durante a semana passada, Daniel esteve na sua cama todas as
noites. Uma primeira vez para Stavros. Exceto por Bruce, as pessoas que
ele trouxe para sua cama nunca duraram uma semana inteira. Ele se
orgulhava da variedade. Mas quem se importava quando se tinha Daniel
Nieto em seus joelhos e sua boca aberta?
Ele ficou em silêncio enquanto Daniel afundava na cama enquanto
colocava os sapatos. Ele deve ter percebido a inquietação de Stavros,
porque ele se virou para ele quando ele terminou, e uma mão tocou o joelho
de Stavros.
— Meu irmão foi atacado — seu olhar era duro, frio.
Merda. — Levi...
— Eu tenho mais de um irmão, você sabe. — Daniel ficou parado
quando Stavros se aproximou dele.
— Espera. Antônio? — o irmão na prisão? — Antônio é aquele que
foi atacado?
— Sí. Ele não está bem — um ping soou e Daniel pegou seu telefone,
olhando antes de assentir para Stavros. — Eu estarei em contato — ele
entrou no banheiro, e Stavros o chamou.
— Você não perguntou se eu estou por trás disso — se ele estivesse
no sapato de Daniel, ele seria seu primeiro suspeito. Afinal, ele havia ido
atrás de Levi e o sobrinho, Toro.
— Não, eu não perguntei — Daniel reapareceu e se aproximou de
Stavros na cama. Curvando, ele roçou os lábios sobre a testa de Stavros.
Quando ele fez o gesto de se endireitar, Stavros o pegou pela nuca,
mantendo-o ao nível dos olhos.
— Você não quer saber se eu fui atrás do seu irmão?
— Não. — Daniel o beijou. Duro e rápido, seu gosto como pasta de
dente e luxúria depositada.
Stavros o encarou quando ele se afastou, encontrando seu olhar. Ele
viu Daniel Nieto lá, o assassino implacável. E ele também viu seu amante.
Ele não viu dúvidas ou perguntas sobre o papel de Stavros no ataque de
seu irmão.
Ainda assim, Stavros disse a ele: — Eu não fiz isso.
Daniel sorriu. Sorriu quando seus dedos dobraram no maxilar de
Stavros e mergulharam em sua garganta. — Eu sei disso.
— Como? — como ele poderia saber?
— Eu conheço você.
Um último beijo e ele se afastou.
— Espere. Merda. — Stavros balançou a cabeça para limpá-la. — Eu
continuo dizendo para você, Felipe Guzmán quer você morto.
Daniel manteve-se imóvel. — Muitas pessoas me querem morto,
diablo — seu rosto estava inexpressivo quando ele disse: — Você queria não
muito tempo atrás.
— Apenas escute. — Stavros repetiu rapidamente a conversa que ele
teve com Guzmán.
— Eu vou lidar com isso — Daniel disse.
— Como? Ele é o irmão dela. Você pode machucar seu irmão? — ele
perguntou suavemente.
O maxilar de Daniel apertou. — Eu tenho que ir.
Porra. Bem. — Então vai.
Daniel ficou ali na entrada durante mais alguns batimentos
cardíacos, observando-o. Então ele se virou, saiu e Stavros não se moveu
até ouvir as portas do elevador se fechar.
Ele deslizou de volta para os travesseiros.
Maldito seja.

****

Van acenou para Daniel entrar na casa, e Levi estava ali mesmo, com
suas características preocupadas enquanto esperava que Daniel falasse.
Três dias, ele estava focado em nada além de Antônio.
— Ele está estável — ele disse a Levi brevemente. Estável foi o
melhor que os médicos poderiam fazer. A verdade de como Antônio foi
atacado ainda não era conhecida. Talvez nunca fosse. Ele não o reconheceu
naquela cama estreita no hospital que Daniel entrou depois de horas.
Inchaço da cabeça aos pés.
Seus olhos estavam ardendo, músculos doendo. Ele não tinha
conseguido dormir muito, tendo sonhos curtos em uma cama
desconfortável em um motel não muito longe do hospital. Ele partiu apenas
para ver Levi, para tranquilizá-lo cara a cara porque seu irmãozinho
precisava disso. Mas ele voltaria para lá, ele precisava ficar perto de
Antônio.
Por Toro.
Por si mesmo, também.
Ele ficaria para se certificar de que seu irmão estava fora de perigo,
então ele terminaria esse assunto. Não haveria mais espera.
Na sala de Levi, ele aceitou uma cerveja e afundou no sofá com um
suspiro.
— Fale comigo. — Levi disse. Ele se sentou em frente a Daniel,
inclinando-se para frente com expectativa. Ele estava com medo, Daniel viu
em seu rosto. Levi não escondia suas vulnerabilidades, talvez um efeito
colateral de não crescer com seu pai.
— Ele foi emboscado em sua cela. — Daniel olhou para a cerveja em
sua mão enquanto relatava o que havia descoberto com Syren, seu
interlocutor com os Feds. Tanto quanto Daniel odiava admitir,
especialmente após a traição de Syren, o homem era inestimável. — A
suspeita é que os guardas também entraram nisso — ele respirou fundo,
esticando as pernas na frente dele.
Levi sentou-se de volta, olhos cheios de tristeza. Ele nunca conheceu
Antônio e, no entanto, ele estava lá, preocupado com ele do mesmo jeito
que Daniel. A família era a família no final, não?
— O que você vai fazer? — Van se sentou ao lado de Levi. Sua
expressão era diferente. Este ex Fed, ele entendia a sede de sangue e
vingança. E ele sabia, a julgar por seu olhar cauteloso, o que Daniel estava
prestes a dizer em seguida.
— Eu lidarei com isso.
— Sozinho? — Levi perguntou. — Você já sabe quem está por trás
disso? — ele alcançou, agarrando a mão livre de Daniel enquanto sacudia a
cabeça. — Não importa. Você não pode fazer isso sozinho.
Mesmo sendo casado com um homem como Donovan Cintron, Levi
permanecia inocente no jogo.
— Sozinho é a melhor maneira de fazer a maioria das coisas,
hermanito — disse ele. — Eu tenho feito isso por muito tempo — ele
continuaria fazendo assim. — Quando eu sair daqui, não vou voltar — ele
disse a Levi severamente.
Seu irmãozinho se moveu como se Daniel tivesse lhe dado um golpe
físico. — Você não pode fazer isso.
— Você quer saber por que me tornei intocável? Por que de repente
estou de volta à luz, andando pelas ruas em vez de estar trancado ao lado
de Antônio? Não é porque eu não fiz todas as coisas de que me acusam —
ele se aproximou, sentado à beira do sofá enquanto olhava para os olhos de
Levi. — Há uma ameaça silenciosa sobre suas cabeças, uma ameaça que
vou matar todos os que amam e deixá-los vivos apenas para experimentar
essa dor. Essa culpa.
O choque no olhar de Levi o machucou no fundo, mas seu irmão
tinha o direito de saber quem ele era. Do que ele era capaz, e o porquê de,
no final, ele ter que desaparecer novamente. Ele ignorou o olhar mortal de
Van e continuou.
— Isso funciona, porque diferente deles não tenho ninguém para
quem viver. Nada a perder — mas isso não era verdade, era? — Eu passei
de não ter ninguém para ter você e Toro e... — o rosto de Stavros brilhou
em sua mente. — Eu sabia melhor que isso — ele admitiu sombriamente.
— Mas não há nada como a retirada do calor da família para fazer você
querer entrar no frio.
— Daniel...
Ele ergueu a mão com uma sacudida de sua cabeça. — Você não
precisa ser meu irmão, porque ser meu irmão significa que as coisas
acontecerão com você. Como o que Stavros fez. Como o que está
acontecendo com Antônio — ele olhou para Van. Ele entenderia e ele faria
Levi entendê-lo. — Sua família vem primeiro. Deve vir antes do meu desejo
de tê-lo na minha vida. Não posso ter você na minha vida e mantê-lo
seguro. Eu devo escolher.
— Não. — Levi levantou-se.
— Amor, ouça-o. — Van pegou a mão de Levi, segurando-o no lugar.
— Ele tem razão.
— Eu não aceito isso. — Levi sacudiu a mão de Van. A teimosia
familiar brilhou em seus olhos castanhos. Os olhos da sua mãe. Ele olhou
para Daniel. — Van, nos dê um minuto.
Van fez, passando uma mão calmante nas costas de Levi,
murmurando em sua orelha algo tão baixo que Daniel não ouviu, então,
saiu da sala. O amor que Van obviamente tinha para Levi era uma coisa
tangível, o que tornou possível a Daniel aceitar o homem na vida de seu
irmão depois de tudo o que ele havia feito para machucar Levi.
Quando Van desapareceu da vista, Levi voltou a recuar. Com o olhar
pesado no rosto de Daniel, ele perguntou:
— E quanto a Stavros, você está se afastando dele também?
Stavros era a última coisa que Daniel queria discutir. Ele se forçou a
se concentrar em nada além de Antônio, já que ele deixou Stavros saciado e
bagunçado em sua cama, recusando-se a quebrar e contatá-lo, mesmo que
quisesse. Muito mesmo.
— Me responda — disse Levi bruscamente.
Daniel estreitou os olhos. — Esse tom funciona em seu marido?
— Sim.
— Então o use nele. Não vou falar sobre Stavros.
Levi o observou por inúmeros momentos. — Você se importa com ele.
Daniel se preocupava com os animais abusados que apareciam nos
infomerciais tarde da noite. Ele se importava com a iminente tempestade
que poderia impedir seu vôo de volta para a Califórnia. O que ele sentia
pelo homem que colocou sua esposa em seu túmulo e levantou Daniel fora
dele era impossível de explicar. Ele não se incomodou em tentar.
— Daniel.
Algo na forma que Levi disse que seu nome lembrou-o de Stavros. A
maneira como ele olhou para Daniel com tudo o que era vulnerável em seus
olhos. Ele se levantou.
— Sí. Eu também vou me afastar dele. — a decepção se filtrou pelo
olhar de Levi, e Daniel franziu a testa. — O que é isso?
— Apenas... — Levi encolheu os ombros. — Ele é bom para você.
Daniel latiu uma risada enferrujada. — O homem que matou minha
esposa. Que sequestrou você? Aquele homem? Você acha que ele é bom
para mim? — como isso fazia sentido? Como poderia ser verdade?
— Ele entende você.
— Ele me toca com as mãos manchadas de vermelho com o sangue
da minha esposa — sua voz ficou toda arenosa, como rochas soltas que
deslizam uma sobre a outra. Tão áspera. Ele tentou fazer Levi entender o
que Daniel ainda não podia. — Seus olhos, eles são a última coisa que ela
viu. E quando ele olha para mim, eu desapareço — ele sabia que seu olhar
estava implorando enquanto ele olhava para o irmão, provavelmente
esperando que Levi pudesse entender o que Daniel não podia. — A
ausência dela criou este buraco negro profundo dentro de mim — em seu
peito, ele disse a Levi: — Mas sua presença faz esse buraco não tão grande.
Ou profundo. Ou escuro.
Um pequeno sorriso tocou o rosto de Levi. — Você o ama.
Ele amava? — Ele é... — sua voz quebrou e ele olhou para longe,
falhando em uma tentativa de se compor. — Ele é meu desejo, e minha
necessidade, e meu perigo.
— No entanto, você quer se afastar.
Ele encontrou o olhar de Levi novamente. Sussurrou:
— Sim.
— Por quê?
— Porque é mais fácil — a fria bobina de medo em seu intestino
colocou dúvidas sobre essas palavras, mas ele sabia melhor. Ele já
experimentou isso antes. — Porque eu não posso perder novamente.
— Daniel.
— Porque tenho medo de que o que eu sinto por ele possa ser mais
brilhante, mais quente do que o que eu senti por ela — simplesmente o
pensamento daquilo ameaçou colocá-lo em seus joelhos. Ela merecia
melhor. Depois de tudo o que ele fez, e todas as maneiras em que ele a
traiu, ela merecia melhor. Daniel se inclinou e acariciou Levi na bochecha
antes de puxá-lo para um abraço. — É melhor assim.
Para quem, ele ainda não sabia. Mas tinha que ser verdade.
Os braços de Levi se envolveram ao redor dele.
Daniel beijou sua têmpora, depois sussurrou. — Você tem os olhos
da nossa mãe. E a alma dela.
Levi fez um som molhado e agarrou-se a ele. Daniel agarrou de volta.
Sua mãe tinha impregnado o amor da família nos dois filhos que ela criou.
Talvez ironicamente, já que ela escondeu uma gravidez, nascimento e seu
terceiro filho de seu marido, mas Daniel sabia que era essa sensação de
família que dirigia suas ações. Ela queria mais para eles do que a vida que
seu pai ofereceu.
Ela conseguiu com Levi. Ele era o melhor dos irmãos Nieto, mas
nunca saberia disso. Levi nunca a conheceria. Aquela última parte teve
Daniel abraçando seu irmão porque ele pensou... Ele bateu nas costas de
Levi e depois o soltou enquanto ele limpava a garganta. — Eu farei com que
alguém o mantenha atualizado sobre Antônio.
Levi piscou com olhos vermelhos para ele. — Tudo bem — ele
assentiu. — Sim.
Apesar da dificuldade de se afastar de seu irmão, Daniel sorriu para
ele enquanto Van voltou para a sala. — Estou orgulhoso de você. Antônio
também está. Nossa mãe... — sua voz quebrou quando o queixo de Levi
tremeu. — Ela também seria.
— Tudo bem? — Van olhou para Levi e franziu a testa. — Amor, o
que... — ele agarrou Levi, e Daniel tomou isso como seu tempo para sair.
— Cuide dele — disse ele a Van. Ele saiu quando Levi desmoronou
no abraço de seu marido.
Capítulo 23
Stavros entrou no condomínio, puxando sua gravata para afrouxá-la
enquanto Bruce continuava com ele. — Alguma palavra de Tennyson? —
ele foi direto para a garrafa de uísque que ele não conseguiu terminar na
noite passada, abriu e colocou em seus lábios. Ele não estava fingindo
mais. Ele se virou para Bruce e encontrou o olhar preocupado de seu
guarda-costas sobre ele. Ele ignorou isso. — Bem?
— Ah. — Bruce limpou a garganta e assentiu. — Renzo Vega foi
atacado dentro de seu clube. Tennyson diz que foi baleado.
— Huh — ele tomou outro bocado do licor. — Ele está morto?
— Ela ainda não sabe. Ele desapareceu.
Ele tirou o telefone do casaco e chamou seu tio.
— Stav, o que foi?
— Renzo Vega foi baleado.
— Por nós?
Ele riu. — Não, mas temos uma oportunidade. Vamos nos mover —
ele queria o clube de Renzo Vega e os outros negócios que o homem
possuía, que ele não achava que as pessoas conheciam. Stavros sabia, e ele
queria todos eles.
— Você sabe que ele não vai cair sem lutar — advertiu seu tio.
— Ele já está para baixo, pelo que eu ouço. Certifique-se de que ele
permaneça assim.
— Bem, então, eu enviarei alguns homens para Atlanta.
— Mantenha-me informado — ele desligou e virou-se para Bruce. —
Entre em contato com Tennyson. Diga a ela que nossos homens estão a
caminho — ele estava esperando o tempo, ficando fora do caminho de
Renzo Vega, esperando o momento certo para fazer seu movimento. Ele não
se importava com quem foi atrás do homem, tudo o que sabia era que eles
lhe deram uma abertura, e ele não era nada, senão um bastardo
oportunista.
Quando Bruce falou em seu telefone, o intercomunicador de Stavros
zumbiu. Ele estendeu a mão e pressionou-o para falar com o guarda no
andar de baixo. — Sim, Vlad — ele despediu o último guarda após o último
incidente com Daniel. Sobre quem Stavros não estava pensando, maldição.
— Você tem um visitante, senhor. — Vlad limpou a garganta
enquanto alguém murmurava no fundo. — Diz para contar a Diablo que ele
está aqui?
— Mande-o para cima — ele se virou, antecipação fazendo seu pulso
saltar. Entrou em seu escritório e sentou-se em sua mesa, olhando as
câmeras de segurança no lobby. Ele não viu Daniel, então ele mudou para
as câmeras no elevador.
Ele estava lá. Olhando para frente, usando uma camisa preta e uma
calça, sob um casaco de lã que pendurava até o joelho, o colarinho erguido
para cima.
Mãos nos bolsos.
Ele parecia sombrio. Grave.
Mais de uma semana desde que Stavros viu ou ouviu falar dele. Não
que ele se importasse. Mas ele se sentou em cima de sua mesa, o corpo já
tenso, seu pau já duro. Toda vez que cedia à força invisível que os puxava,
tornava-se cada vez mais difícil recuar para trás. Afastar-se disso. Ele tinha
que se afastar, ele sabia disso. Mas Daniel Nieto era todo o vício de Stavros,
tudo enrolado em um filho da puta perigoso.
Isso tornava Daniel sua nova droga favorita.
Isso o tornava irresistível.
Quando o elevador parou, ele saiu do escritório assim que Bruce
gritou.
— O que diabos?
Daniel ficou de pé, o rosto inescrutável, a mandíbula coberta por mais
de dois dias de restolho cinza enquanto olhava para Bruce e a arma que
Bruce segurava.
— Bruce.
— Senhor, ele entrou — o olhar de Bruce foi para Stavros e voltou
para Daniel. — Eu não...
— Vá embora, Bruce.
Seu guarda-costas empurrou-se e olhou para Stavros, choque no
rosto. — Senhor?
— Não me faça repetir — sob os intensos olhares de ambos os
homens, Stavros esperou calmamente até que Bruce baixou a arma. Depois
de um último olhar confuso para Stavros, Bruce caminhou até o elevador e
seguiu.
Daniel não pareceu piscar.
Ele frustrava Stavros. Irritava e confundia-o também. Uma vez que
estavam sozinhos, ele se virou, pegando a garrafa de uísque. — Bebida?
— Não.
Bem, pelo menos ele estava usando suas palavras, certo? Tão
crescentemente e fodido como soou aquela única palavra. Ele fechou os
olhos brevemente antes de se voltar para seu convidado.
— Como está o seu irmão? — porra de conversa afiada. Ele colocou
o uísque em seus lábios, observando o olhar de Daniel sobre ele.
Uma camada extra de tensão pendia entre eles. A fome crua, a culpa
e a dor, essa merda era familiar agora. Mas essa coisa nova os
sobrecarregou? Ele não saberia responder.
— Nós vamos ficar olhando um para o outro a noite toda? — ele
perguntou bruscamente. — Porque estou ocupado — ele começou a se
afastar. — Eu tenho coisas para fazer.
— Precisa terminar.
Stavros parou abruptamente, de costas para Daniel. Algo frio e
devastador o cobriu de gelo de repente. Tornando difícil mover-se. — O que
precisa terminar? — o efeito imediato que Daniel tinha sobre ele era louco.
Sua voz era agora apenas um tom desfeito.
— Isto — disse Daniel logo perto dele. — Isso precisa terminar.
— Você está terminando? — ele se virou devagar. Daniel
permaneceu no lugar, mãos ainda nos bolsos. Calma, ele tinha essa
aparência, suas características neutras. Mas Stavros sabia melhor. Ele
sabia tudo sobre o homem à sua frente, que era durão. Indomado.
In-fodido-civilizado.
— Estou terminando.
Como essas quatro palavras poderiam ecoar tão altas e tão intensas
dentro dele? Como elas poderiam afundar tão profundamente em sua carne
e machucar tanto? — Essa coisa, essa coisa que não podemos colocar um
nome. Essa coisa pela qual não podemos fugir, você quer acabar com isso.
— Sim.
Ele apertou a garrafa de uísque, agora perigosamente baixa, e deu
um passo à frente. Encurralando Daniel.
— Você está no meu lençol — ele disse a ele. — O seu cheiro, em
todos os meus lençóis de cama. Eu poderia lavá-lo, mas você também está
na minha cabeça. Como faço para consertar isso? — ele não era esse
homem. Nunca foi esse homem. Mas esse homem queria continuar com
isso. Este homem queria envolver-se em tudo. — Você está no meu peito,
meu pensamento — ele pressionou a garrafa de uísque em seu estômago.
— Você está dentro de mim. Como faço para sair?
A expressão de Daniel não mudou, embora sua mandíbula tenha
pulsado. Ele estava imóvel e Stavros não sabia como alcançá-lo.
— Lo siento.
Stavros jogou o uísque com um rugido, logo acima da cabeça de
Daniel. A garrafa esmagou nas portas fechadas do elevador, derramando a
última gota de licor. — Eu não quero suas excitantes desculpas — Jesus
Cristo. Quem era ele? — Não há perdão — ele disse com voz rouca. — O
que fizemos; o que fizemos um com o outro. Não há perdão.
— Sí.
Ele parecia tão grave, Stavros queria ir até ele. Tocá-lo. Acalmá-lo.
Mas e a dor dentro dele? Daniel seria o que o acalmaria?
— Eu quero ser egoísta — ele inclinou a cabeça para cima. — Eu
posso ser egoísta — a perda iminente se espalhou por ele, transformando
suas palavras nos mais duros sussurros. Resgatados do fundo. A partir
desse espaço profundo - desconhecido para ele antes de agora - ocupado
por Daniel. — Eu quero pedir mais, mas não vou porque já sei o que você
tem a oferecer... — ele olhou para os olhos de Daniel que não deram nada.
Isso não lhe deu nada. — A metade de seu coração não vai me satisfazer.
Mas Stavros já havia tomado tanto.
Embora ele não tenha falado, a expressão no rosto de Daniel dizia o
mesmo. Stavros já havia tomado tanto.
— Vá. Está feito. Acabamos — ele deu a Daniel suas costas, caindo
sobre o bar, os olhos apertados firmemente fechados. Ele tinha fodido tudo,
muito cego para perceber o quão rápido e forte ele estava caindo.
O gelo agarrou seu peito, o frio arrancando um suspiro dele. Isso era
a perda, sacudindo seu corpo e sacudindo seus dentes. Isso era um castigo,
a dor abrasadora que fazia todo o seu ser enrolar em si mesmo. Isso era
dor.
Daniel Nieto finalmente o quebrou.
Uma mão se acomodou em seu ombro e ele se afastou, mas Daniel o
pegou. Estavam lutando, se revoltando. Daniel puxando-o, e Stavros
lutando para se afastar dele. Longe dele.
Isso dói. Jesus. Isso dói.
Daniel conseguiu fazê-lo ficar cara a cara, e apertou sua gravata,
sufocando-o. Stavros se aproximou dele, batendo-o no maxilar. Então a
boca de Daniel estava sobre ele, mordendo, a língua entrando. Trazendo o
sabor do sangue.
Stavros sacudiu com aquele gosto dele, e ele abriu a boca ainda
mais. Querendo mais. Pedindo por isso. Daniel fodeu sua boca com força,
comendo-o, ofegante enquanto rasgava as roupas de Stavros, ignorando
sua camisa a favor de desabotoar as calças e empurrá-las pelos quadris.
Stavros trouxe as mãos para a virilha de Daniel, agarrando-o pela
calça, apertando-o. Deus. Ele estava em chamas. Raiva e luxúria
queimando-o. Daniel terminou de abrir sua própria calça e empurrou o
rosto de Stavros - primeiro para o bar.
Mão na sua nuca, forçando-o a cair.
Baixar-se.
Ele foi, porque ele queria isso. Uma última chance de saborear isso.
Um último gosto. Um último tudo antes de ele voltar para quem ele
costumava ser. Quem ele deveria ser antes de Daniel Nieto chegar e
quebrá-lo.
Dedos empurraram para dentro dele. Duro, empurrando
profundamente.
Dor.
— Porra — ele convulsionou, mas não fugiu. — Mais.
Os dedos molhados o foderam, rápido. Furioso. Eles o marcaram, por
dentro e por fora. O aperto de Daniel na gravata em volta do pescoço de
Stavros aumentou, puxando forte, cortando sua respiração enquanto lutava
pelo ar.
Luta.
Daniel gostava quando ele lutava.
Os dedos desapareceram. Então Daniel estava lá, seus nós dos dedos
escovando o traseiro de Stavros, cabeça lisa em seu buraco.
Ele empurrou.
— Oh, Deus. — Stavros empurrou, estremecendo, batendo os braços
sobre a garrafa de licor naquele bar. Tudo chacoalhou enquanto Daniel o
fodia.
Rápido.
Como se fosse uma corrida. Como se tivessem um prazo de validade,
o que eles faziam. Como se estivessem em perigo de serem pegos.
A batida de pele na pele.
Os grunhidos.
Dedos entorpecidos agarrando a borda do bar, Stavros estava sendo
fodido duramente. Empurrando para trás, para ele, abrindo-se para que o
pau afundasse profundamente.
Em seguida, retirasse.
De novo e de novo.
O golpe sacudiu seus ossos.
Ele manteve os olhos fechados, sentindo tudo, saboreando-o na
língua. Daniel não queria estar lá. Stavros não o manteria onde ele não
queria ficar. Então, quando terminassem, ele estaria sozinho.
Daniel voltaria para sua esposa morta.
O último pensamento doeu horrivelmente. Ele se afastou, e Daniel se
afastou dele, tropeçando. Stavros enfrentou-o e viu que Daniel ainda usava
suas roupas, tudo no lugar, com exceção das calças que estavam ao redor
de seus joelhos.
Olhos selvagens. Narinas dilatadas. Lábios inchados e o inferior
cortado.
Talvez aconteceu na primeira vez que Daniel levou sua lâmina à
carne de Stavros. Ou quando ele alimentou Stavros com seu próprio sangue
dessa faca. No entanto, aconteceu que Stavros se apaixonou por Daniel
Nieto. Agora ele tinha que deixá-lo ir.
Ele tinha sido um empréstimo, afinal.
Ele soltou sua calça e depois se afastou quando foi para seu quarto.
Não olhando para trás para ver se Daniel o seguia. Ele percebia, Stavros
sentia-o, aconchegante e inquieto às suas costas. Então, sua mão passou
pelo pescoço de Stavros, agarrando sua gravata.
Embrulhando-a em torno de seu punho.
Usando-o para controlar os movimentos de Stavros, trazendo-os face
a face. Ele também se despiu, e ele ficou parado na frente de Stavros
usando nada além dos tributos para sua esposa morta em sua pele. Um
memorial ambulante para ela, gravado com tinta. Stavros fechou os olhos
ao ver o nome dela no peito de Daniel.
Impossível.
Eles sempre foram impossíveis.
Um puxão na gravata o trouxe nariz com nariz com Daniel, e os
olhos de Stavros se abriram quando a boca de Daniel desceu sobre ele de
novo. Levando-o de novo com desespero, cada furto de sua língua roubando
pedaços de quem Stavros achava que era.
Ele não podia dizer não. Não podia se afastar. Tudo sobre isso era
necessário, mesmo a restrição em volta do pescoço, negando-lhe a
respiração fácil. Daniel ofegou na sua boca, a língua mergulhando
profundamente.
Stavros agarrou-o, esforçando-se para deixar suas próprias marcas
para trás. Ele deu dois passos e eles caíram na cama, Daniel para baixo,
Stavros em cima, contorcendo-se. Montando ele.
Moendo.
Suas ereções pressionaram juntas, os quadris se empurrando
enquanto esfregavam um contra o outro. Daniel gemeu, seu corpo vibrando
sob Stavros. Ele tomou o controle, quebrando o beijo, os lábios caindo para
a garganta de Daniel.
Beijando suas cicatrizes.
Daniel soltou a gravata para agarrar a nuca de Stavros, os dedos
mergulhando em seu cabelo, puxando. Agarrando. Stavros abriu caminho
para baixo. Mordendo seus mamilos. Simplesmente mordendo. Degustando
a pele.
Uma última jornada.
Uma última vez.
Ele empurrou Daniel, uma mão no peito do outro homem, a outra
enrolada em torno de seu pênis. Trazendo para a entrada dele. Olhando nos
olhos de Daniel, suas pálpebras tremeram com a luxúria.
Com arrependimento.
Com mais.
Stavros rejeitou essa noção de mais.
Ele levantou-se, esfregando-se contra o pau no seu buraco, até que
os dedos de Daniel rasparam sua frente.
— Ugh — ele afundou sobre isso, amaldiçoando, ofegante. — Porra.
Porra.
— Stavros. — Daniel puxou-o para baixo, os dentes no queixo, a
palma grande em sua bunda enquanto ele empurrava para cima.
— Unnghh — doía de uma forma tão boa. Tudo sobre Daniel o
machucava bem. Ele implorava por mais. Mais dor. Era tudo o que ele
conhecia. Todo o seu corpo entendia. Fraco de todas as sensações que o
bombardeava, ele se agarrou ao lençol de cada lado de Daniel.
Traseiro aberto.
A gravata apertada em sua garganta cortando sua respiração.
Mais e mais, Daniel bateu nele. Stavros gritou com cada golpe.
Golpes de morte, porque eles o matavam. No entanto, ele não deixou de
amá-los. Arqueando para eles, empurrando de volta. Arqueando e
impulsionando.
Até que Daniel o pegou ao redor do pescoço e reverteu suas posições.
Agora ele estava no topo, com Stavros pressionado no colchão. Pernas no
ar. Traseiro preenchido novamente. Corpo contorcido, quase dobrado em
dois. Cada impulso empurrou-o para a cabeceira da cama.
Ele manteve os olhos em Daniel, porque Daniel manteve os olhos
fixos em Stavros. Esse olhar, fodido com a escuridão, com luxúria selvagem
e o tipo de fome mais áspera, tocou Stavros onde nem mesmo o pau de
Daniel poderia alcançar. Então, no fundo, Stavros não conseguia lidar com
isso, não agora. Ele se virou, ficando de quatro.
Os joelhos se espalharam, o torso beijando o colchão. Coluna
curvada e bunda apontada para o teto.
Ele se afastou e se separou. Oferecendo-o.
— Foda-me. — ele não se fazia tímido. Nunca fez. Ele queria ser
fodido esta noite. Amanhã era para coisas diferentes. Ele reconhecia a sede
de destruição no vazamento lento dentro dele. Ele lidaria com isso amanhã.
Esta noite, agora, Daniel Nieto estava levando um último pedaço
dele.
Sombrio pela dor que sentia, Stavros se ofereceu em uma bandeja de
prata.
Daniel pegou essa oferta. Empurrando profundamente.
— Deus. Maldição. — Stavros jogou a cabeça para trás. — Simm —
ele sibilou sua apreciação. — Apenas assim, porra.
Daniel afiou suas estocadas. Estável e preciso, batendo sua glândula
uma e outra vez. Batendo-o até Stavros se lançar para frente, virar-se nos
travesseiros, gritos abafados enquanto Daniel o fodia.
Seu para foder. Seu para torturar.
Stavros nunca tinha doído de forma tão boa. Nunca gritou tão alto.
Nunca implorou tanto. — Mais fundo. Deixe-me sentir isso. Deixe-me
sentir.
Daniel desceu sobre suas costas, sua frente suada pressionada nas
costas de Stavros. Boca na nuca, respiração ofegante na orelha de Stavros.
Uma de suas mãos empurrou-se sob Stavros e estendeu, dando voltas na
sua garganta.
Ele inclinou a cabeça para trás, dando acesso a Daniel enquanto os
dedos se fechavam em volta dele.
Espremendo.
Cortando sua respiração.
Seu pulso tropeçou sobre si mesmo e aquele fogo em sua barriga
rugiu para um inferno. Chamuscou por toda parte enquanto queimava.
Respiração desaparecida. A escuridão entrando.
— Daniel — qualquer que fosse o ar que ele tinha deixado, ele usou
para falar o nome dele. Os dedos afrouxaram e a respiração veio correndo
de volta. Ele engoliu, e o seu corpo se sacudindo quando ofegava.
Os quadris de Daniel levantaram-se dele. Seu pênis recuou, deixando
a bunda de Stavros.
— Não — o sussurro esfarrapado doeu. — Não vá — por um
segundo, ele não estava apenas falando sobre a partida de Daniel de seu
corpo.
Lábios pressionaram na sua orelha, na têmpora dele. Simples, mas
Stavros não conseguiu parar de tremer. Estremecer.
Daniel voltou para ele, pau molhado pressionando de volta para
dentro.
Lentamente.
Arrastando pelos músculos latejantes.
Alcançando lugares. Ele se moveu, indo mais lento, e quase macio.
Stavros se contraiu ao redor dele e Daniel grunhiu. Ele se levantou e
entrou.
Sim. Ele poderia lidar com as coisas duras. A merda áspera.
Mas Daniel não parecia se importar porque ele ia devagar
novamente. Tão lento, tomando seu tempo para afundar e rolar os quadris.
Stavros empurrou-se para ele, tentando instá-lo a ir para aquela foda
áspera novamente.
Aquela louca. Com o ritmo violento e brutal de novo.
Mas Daniel beijou seu pescoço.
Ele se estendeu em cima de Stavros, as mãos deslizando pelos braços
de Stavros. Os dedos alcançando os dele, agarrando-o. A respiração de
Stavros enganchou.
Não faça isso.
Mas era tarde demais. Já era tarde demais. Daniel o fodeu em
silêncio. Lentamente. Certificando-se que a destruição de Stavros estava
completa.
Os dentes roçaram sua pele, e sem uma mão em seu pênis, ele
explodiu. Bem desse jeito. Daniel sufocou-o com pele suada e beijos com
mordidas, seus dedos das mãos se unindo.
Um pau pulsante empurrando para dentro e para fora dele.
Ele gozou gritando, balbuciando. Arqueando na cama enquanto ele
convulsionou, o traseiro contraindo dolorosamente enquanto o calor
pegajoso o inundava.
Daniel gozou junto com ele, grunhindo, os dedos dolorosos ao redor
dele. Stavros não pôde parar de apertar, e em resposta o eixo de Daniel se
empurrou para dentro dele. Ele não se moveu quando Daniel finalmente se
levantou e se afastou.
Uma última asneira, Stavros percebeu, quando o sêmen correu para
fora dele e para o colchão.
Sem proteção.
Não havia nenhuma razão para ele se sentir uma propriedade, como
a posse de Daniel. Mas mesmo assim ele se sentia assim. Ele correu para
frente e longe de Daniel, que o observava com os olhos encapuzados. No
banheiro ele ignorou seus olhos no espelho enquanto ele salpicava água no
rosto.
Jesus Cristo.
Como ele poderia ter se apaixonado por Daniel Nieto? Como ele
poderia deixar isso acontecer? Ele pegou algo, um prato com sabão e o
jogou no banheiro. Então ele esfregou uma mão sobre o rosto. Seu corpo
ainda estava tremendo. Enquanto ele permanecia ali, sêmen escapando
para fora dele, escorrendo pela parte de trás de suas pernas.
Ele apertou os músculos, rangendo os dentes. Terminou, certo? Era
apenas sexo, o sexo não fazia diferença. Ele achou que eles estavam
fazendo progresso. Todas aquelas noites naquela cama. Todos os dias,
Daniel pegava aquele elevador para a cobertura ao pôr-do-sol, e ficava até o
sol se levantar. Stavros achava - Daniel queria parar isso. Stavros lhe daria
o que queria.
Ele saiu do banheiro. Daniel não se moveu da cama. Ele olhou para
Stavros, para onde seu sêmen estava provavelmente decorando as pernas
de Stavros. Ele não se incomodou em procurar confirmar essa estúpida
supervisão.
— Stavros.
Foda-se, sua voz. Esse som, juntamente com o nome de Stavros,
destruiu as coisas. Coisas ensanguentadas. A voz rasgada de Daniel
invocava memórias de morte e gritos céticos.
Mas ainda assim, ainda sim Stavros adorava essa voz. Do jeito que
enfraquecia os joelhos e endurece a coluna vertebral. Do jeito que ela o
abria, expondo partes dele que ninguém, além de Daniel, chegou a ver. Ele
mostrou ao inimigo sua fraqueza.
Agora, Daniel estava se afastando, armado com o coração de Stavros.
— Você não precisa se preocupar — ele conseguiu não parecer tão
quebrado como ele realmente estava. — Você está seguro — ele passou uma
mão pelo sêmen na parte de trás da coxa e ergueu-a, palma para Daniel. —
Você está... Você está seguro.
— Eu...
— Você pode ir agora — ele colocou as mãos em seus lados.
Endurecendo-se contra outra patética desculpa. Rasgando o fodido Band-
Aid emocional. A dor - ele dizia que tinha passado por pior, mas ele se
recusou a deixar Daniel transformá-lo em um mentiroso. — Você e aquelas
mentiras que você diz a si mesmo. Leve-as com você — ele caminhou até a
janela do seu quarto, sem olhar para nada.
Esperando.
Esperando o rangido do colchão. O som da roupa deslizando contra a
pele, e o som das fivelas do cinto. Os passos firmes que se afastaram cada
vez mais. E, finalmente, pelo som de seu elevador privado.
Então ele permitiu que o sofrimento e os joelhos fodidos e fracos o
levassem para o chão.
Ele tinha sido deixado antes. Teve seu coração quebrado também.
Esse golpe nunca o fez cair em sua bunda antes disso. Esse golpe nunca
tinha esvaziado seu peito antes de hoje.
Esse amor.
Essa perda.
Daniel Nieto.
Juntos, eles o mataram.
Capítulo 24
— Hermano.
Daniel ergueu-se na vertical, quase derrubando a cadeira enquanto
olhava para o irmão. A cabeça de Antônio estava toda vendada, o rosto
ainda inchado e vermelho, pegajoso e brilhante com qualquer que seja a
pomada que as enfermeiras usavam em suas feridas. O braço esquerdo em
um gesso, mão direita algemada na cama, Antônio virou os olhos inchados
para os guardas visíveis através da porta, antes de franzir a testa para
Daniel.
— O que você está fazendo aqui? — a voz de Antônio estava rouca de
censura e dor.
— Como você se sente? — Daniel ignorou a pergunta enquanto ele
estava de pé, estendendo as torções nas costas e no pescoço quando ele foi
ao seu irmão, sentando na cama com cautela. — Devo chamar uma
enfermeira?
— Contéstame12 — o olhar de Antônio virou para frente e para trás
da porta fortemente protegida para Daniel. — Você está louco?
Ele não deveria ter vindo, era o que seu irmão estava tentando com
tanta eloquência para dizer. Mas isso não funcionaria com Daniel. Agora
não. Ele se inclinou para encontrar o olhar furioso de Antônio. — Quem foi?
— perguntou ele.
O olhar de Antônio ficou em branco. — Saia daqui.
Ele sorriu, segurando o rosto do irmão suavemente. — Você não me
protege — ele grunhiu. — Eu protejo você. Esse é o meu trabalho. Eu
protejo você, então eu pergunto novamente: quem foi?
O maxilar de Antônio apertou-se, mas ele manteve o silêncio.
Daniel queria sacudi-lo, mas ele suspirou. — Eu tenho influência
sobre todas as pessoas certas — foi por isso que Antônio estava nesta
instalação médica privada de última geração, aqui em Los Angeles, e não no
hospital regular que eles originalmente o levaram. Lidar com Syren tinha
sua vantagem às vezes. — Diga-me quem — ele implorou. — Diga-me e eu
vou contê-lo.

12
Responda-me em Galego.
Antônio lambeu os lábios. — Não importa. A única maneira de estar
seguro é sair.
Tentar o máximo que podia, essa era a única coisa que Daniel não
conseguia. — Tonio, me dê nomes.
— Estou vivo — disse Antônio. — Eles não querem que eu esteja
morto. Se o fizessem, eu estaria.
Daniel se endireitou, observando o rosto de seu irmão de perto. Ele
não conseguiu nada. — Quem são eles?
— É um aviso, irmão — a boca de Antônio torceu em uma careta
fraca. — Quantas vezes nós entregamos esses avisos, hein?
Nenhuma. Pelo menos para Daniel. Ele não dava advertências. Se
justificasse um aviso, justificava a punição. E seu tipo de castigo era a
morte. Ele não viu o medo nos olhos de Antônio. Talvez o irmão dele
estivesse escondendo, mas Daniel não pensava assim. O que ele espiou -
antes que Antônio o escondesse - era um cansaço.
Um desejo de rendição.
Uma aceitação do que era, e o que seria.
Ele franziu a testa, não entendendo. Recusando acreditar. —
Antônio, soblame — fale comigo. — Vou levar de volta a nossa casa — ele
prometeu. — Por nós, por Petra...
— Você fez isso? Você pegou Konstantinou?
Daniel ficou rígido. Antes que Antônio estivesse preso, Daniel havia
compartilhado seus planos de seguir atrás de Stavros.
— Você o fez pagar pelo que ele fez com você, conosco?
Ele conseguiu durante o quê, quinze minutos? Não pensar em
Stavros e no olhar frio que ele deu para Daniel quando ele ordenou que ele
fosse embora.
Ele planejou partir, sim.
Ele não tinha planejado que eles acabassem na cama. Talvez ele
esperasse. Talvez ele tivesse fome. Mas não tinha sido um plano, e no final
ele teve que se afastar.
A caminhada mais difícil de sua lembrança, esses vinte e sete passos
do quarto de Stavros para o elevador.
Estava acabado? Poderia estar acabado?
— Não — ele segurou o olhar de Antônio. — Nunca será feito — no
meio das perguntas que o encarava, ele disse simplesmente: — Algumas
coisas mudaram.
— O quê?
Ele não podia dizer isso. Não podia dizer a seu irmão que, enquanto
Daniel estava lá fora, com a intenção de voltar para a casa que ele tinha
tido com Petra, Stavros Konstantinou estava se tornando perigosamente
perto de ser isso.
Casa.
— Nós temos um acordo — Daniel disse a ele. — Konstantinou e eu
alcançamos uma trégua.
Antônio franziu o cenho. — Você confia nisso?
— Eu confio nele.
A risada incrédula de Antônio rapidamente se transformou em tosse,
com ele ofegante.
— Você não confia em ninguém — ele respondeu. — Irmão, você mal
confia em mim, e eu sou seu sangue — seus olhos se estreitaram. — O que
você realmente está fazendo?
— Nada para você se preocupar, além de consigo mesmo — ele ficou
parado, afugentando tudo o que seu irmão teria dito. Não era como se
Daniel não tivesse falado as mesmas palavras para si mesmo desde que
esta coisa com Stavros começou. — Eu preciso que você fique bem. Isso é
muito importante.
— O negócio — murmurou Antônio. — Nós deveríamos estar
executando isso. Ele pertence a nós — ele tentou se sentar, gemendo, dor
afiando seus traços antes de desistir e se acomodar contra os travesseiros.
— Essa vantagem que você tem, use, hermano. Saia daqui para que
possamos recuperar nosso legado.
— Eu não posso fazer isso — talvez se ele não tivesse a
responsabilidade com ela. Talvez se ele ainda abrigasse esse desejo de
morte, ele poderia dar ao irmão o que ele queria. Mas Daniel não queria
voltar. Ele não podia. — Minha vantagem não vai tão longe.
Mas poderia. Se ele quisesse.
Lambendo o lábio partido, Antônio balançou a cabeça. Embora o
desapontamento tenha permanecido em seus olhos, ele não o expressou.
Em vez disso, ele mudou o assunto. — Toro?
Daniel deu de ombros com um pequeno sorriso. — Ele é seu filho, o
que significa que ele é muito parecido com você. Exceto que ele segue as
ordens.
A felicidade que suas palavras trouxeram para os olhos de Antônio
suavizou Daniel um pouco. Ele nunca poderia entender por que Antônio
nunca reclamou seu filho. Por que ele nunca deu a ele o nome de Toro
Nieto. Por que ele privou sua própria carne e sangue de seu amor e seu
tempo. Mas, observando seu irmão agora, Daniel não tinha dúvidas de que
Antônio cuidava de Toro.
— Mantenha-o seguro — os cílios de Antônio caíram enquanto ele
implorava para Daniel. — Mantenha meu filho seguro.
— Eu vou. — Daniel inclinou-se sobre ele, acariciando o rosto de
Antônio. — Descanse. Eu vou cuidar de você — ele ficou lá com seu irmão,
até que Antônio sucumbiu à medicação e recostou-se no sono.
Daniel odiava o sentimento inútil que o dominava. Ele era um
homem de ação, mas não havia nada a ser feito, exceto se sentar e ver
Antônio ficar melhor por conta própria. Ele não conseguiria consertar seu
irmão, mas com certeza poderia descobrir quem estava por trás do ataque e
fazê-los pagar.

****

— Eu não vou enviar você para lá. — Christophe olhou Stavros de


cima para baixo, com uma careta no rosto. — Você não está no lugar certo.
— Lugar certo? — Stavros percorreu a posição vertical de sua
posição anterior de reclinar a cadeira, as pernas apoiadas na mesa. —
Theíos, isso não é um pedido. Preciso de um trabalho — de preferência, um
que o levasse para fora do país. Ele precisava colocar a distância entre ele e
todas as fodidas lembranças de Daniel Nieto que o fazia voar em fúria
assassina.
— O que você fez? — Christophe cruzou os braços. — O que
precisamos consertar?
Ele esperava essa pergunta. Ainda assim, ouvir isso fez Stavros se
encolher. Seu tio era o único que o ajudava a limpar suas bagunças quando
adolescente e jovem adulto, antes de aprender a lidar com a sua própria
merda. Antes de ele ter aprendido a fazer isso sozinho. Ele faria merda, era
o que ele fazia. A única coisa em que ele era bom. Só que desta vez... — Eu
não fiz nada.
Christophe o observou de perto. — Então, por que você está fugindo?
Durante a maior parte de sua vida, Stavros desejou que seu pai o
visse do jeito que Christophe fez. A maneira como seu tio o conhecia.
— Isso é sobre Nieto?
Não era tudo sobre Daniel? As noites sem dormir de Stavros não
eram sobre Daniel? Não era o fato de ele ter cortado todos os envolvimentos
pessoais com Bruce sobre Daniel? — Não.
— Assim como você deixou a família para ir trabalhar na África, não
era sobre você fugir de Annika?
— Não — ele falou. — Não a mencione — ele não pensava em
Annika há tanto tempo.
— Stavros. — Christophe suspirou quando ele se aproximou da
mesa. Ele se inclinou para frente, plantando as duas palmas para baixo na
superfície plana enquanto olhava para Stavros. — Você sente coisas por ele.
Agora você está fugindo disso, assim como você fugiu de Annika.
Que direito ele tinha de querer aquele homem depois que ele tirou
tanto dele? — Apenas me dê um trabalho, theíos — ele segurou o olhar de
Christophe, o queixo inclinado de forma teimosa.
Muito parecido com o de seu tio.
— Ele o culpou? — Christophe perguntou suavemente. — Ele
colocou a culpa de tudo em você quando as coisas aconteceram?
— É claro que ele me culpa — as palavras estavam pesadas
enquanto voavam da boca, mas Christophe não hesitou. — Eu matei sua
esposa. Eu a matei. Eu a tirei dele. E ele me culpa. Ele me odeia.
— Mas isso não o impede de dormir com você.
Stavros bufou. — Ele fez. Ele se afastou. Então eu preciso... É
diferente. Tenho que parar de me sentir assim.
— Você está indo contra a sua verdadeira natureza, menino. Fugir
não é você. — Christophe endireitou-se e o encarou. — Você não volta.
Mas ele precisava. Ele fez o suficiente para perturbar a vida de
Daniel. — Eu vou a Lisboa esta noite — disse ele a seu tio. — Se você tiver
alguma tarefa naquela parte do mundo, estou aceitando — apesar de
permitir que seu tio execute a operação, Stavros ainda era o responsável.
— Você quer um trabalho, eu tenho um para você. — Christophe
puxou o telefone do bolso do casaco e bateu-o algumas vezes antes de
segurá-lo para Stavros. — Aqui. Seu novo trabalho.
O rosto de Daniel voltou para Stavros. Ele era mais novo, mas seus
olhos ainda eram aqueles mortíferos. A forma da boca era dura e cruel. —
O que é isso?
— Há uma recompensa em sua cabeça. Você disse que queria um
trabalho. — Christophe encolheu os ombros.
Stavros levantou-se e pegou o telefone. — Felipe Guzmán fez isso? —
esse filho da puta era um homem morto caminhando.
— Não sei, mas ouvi que alguém aceitou o trabalho — o olhar de
Christophe estava firme em seu rosto. — Tenho certeza que você não vai
deixar isso te impedir.
— Quem?
— Não tenho certeza. Mas nossas fontes acham que The Perez Boys
estavam atrás da emboscada da prisão de Antônio Nieto.
Porra. Eles estavam cercando Daniel de todos os lados.
Ele voltou a sentar-se. Duas semanas depois de ter visto Daniel e
fodê-lo, mas Stavros queria vê-lo novamente. Ele manteve um olho na
situação de Antônio, então ele sabia que o homem ainda estava vivo, mas
isso era tanto quanto ele sabia. Ele olhou para a foto na tela pequena do
telefone. Os olhos de Daniel o perfuraram, tocando seus lugares escuros.
Malditamente mágico.
Ele estava preparado para se afastar dele. Ele aceitou facilmente a
decisão de Daniel como se o bastardo falasse por ambos, quando não o
fazia. Não com isso, ele não.
— Diga-me o que você disse quando eu decidi ir para a África — ele
não olhou para Christophe enquanto passava um dedo sobre a imagem na
tela. — Diga-me o que você disse.
— Os sentimentos não são algo de que você corre — Christophe
respondeu suavemente. — Você os traz consigo onde quer que você vá.
Stavros tinha aprendido muito bem.
— Fique e lute pelo que você quer — as palavras de Christophe
ecoaram em sua cabeça, naquela época e agora.
— Lute por isso. Ganhe. E mantenha-o — ele repetiu as palavras
para seu tio e o outro sorriu tristemente. Stavros não apreciou as palavras
como jovem. Permanecer ao redor de Annika parecia impossível, e o
autocontrole nunca tinha sido algo com o qual se familiarizar.
Ele ainda não tinha controle de si mesmo para falar, mas estar sem
Daniel era impossível. Tão improvável quanto eles juntos. Ele queria isso?
— Anipsiós13.
— Syren Rua — ele entregou o telefone de volta a Christophe. —
Organize uma reunião. O mais cedo possível.
— Isso é sábio? — os olhos de Christophe se estreitaram. — Você
confia nele?
— Não. Mas ele pode me dar o que eu quero.
— E o que você fará enquanto isso? — perguntou Christophe.
— Tenho certeza de que vou encontrar alguma coisa.

13
Sobrinho em Grego.
Capítulo 25
Felipe Guzmán tinha o sorriso mais astuto que Stavros já havia visto
em um ser humano, e ele teve que evitar ativamente o soco no rosto quando
ele virou aquele gesto fodido em sua direção.
Sentaram-se ao lado da piscina no telhado de Stavros, ambos
cercados por seus homens. Felipe não hesitou quando Stavros fez a
chamada para terem uma reunião, nem fez uma briga quando Stavros
ofereceu seu próprio lugar para a ocasião.
Homens como Felipe, Stavros os entendia. Seu pai tinha sido um
homem assim e, enquanto ele amava seu pai, raramente Stavros sempre
gostava dele. Ele não tinha nenhum vínculo familiar com o homem que
estava sentado em frente dele agora, pernas cruzadas nos tornozelos,
sorvendo o conhaque de vinte anos de Stavros.
— Não pensei que teria notícias de você novamente, Konstantinou. —
Felipe o observou sobre a borda do copo. — Eu fiz outros arranjos.
— Você fez? — Stavros trouxe seu olhar para o horizonte ao longo da
distância, mexendo constantemente a bebida na mão. — Isso é uma
vergonha.
— Tenho certeza de que posso encontrar outra maneira de
compensar o que você tirou da minha família.
Stavros murmurou o riso. Nada que o bastardo sem nome pensasse
poderia chegar perto da perda de Daniel. Muito ruim que Felipe não teria
chance de tentar. — Por que você quer tanto que Daniel morra?
— Eu nunca o quis com Petra.
O nome dela pousou como um chute no rosto, mas Stavros sacudiu
o golpe e voltou o olhar para Felipe.
— Ele a afastou de nós, sua família. Isolou-a e levou-a a morte dela
— com cada palavra que Felipe falou, sua voz ficou mais alta, seu rosto
mais vermelho. — Agora, ele quer voltar e tirar ainda mais de mim.
Stavros inclinou a cabeça. — Ele quer voltar para o negócio? — ele
não esperava isso, mas ele deveria ter. Daniel cresceu naquela vida. Era
óbvio que ele gostaria de voltar para ela.
— Ele quer o que é meu. — Felipe bateu no peito, derramando o
uísque caro. — Isso não vai acontecer.
— Então você coloca um preço nele.
— Você estava levando muito tempo para me trazer a cabeça.
— Claro. — Stavros inclinou a cabeça. — Minhas desculpas — ele
respirou profundamente e soltou lentamente uma tentativa de controlar
seu temperamento. — Vamos falar de negócios.
— Vamos.
— Cancele o preço na cabeça de Daniel, e eu vou fazer isso sozinho.
Grátis.
Felipe riu, e foi um grande som ruidoso que fez seu corpo todo
tremer. — Você chegou atrasado demais — ele engoliu o último restante da
bebida e bateu o copo sobre a mesa entre eles. — Além disso, eu já paguei o
custo com o sangue da minha irmã.
Dedos apertados ao redor de seu copo, Stavros franziu os lábios. Ele
tentou ser civilizado. Tentou manter suas emoções fora disso. Mas isso não
funcionaria. Felipe Guzmán era uma ameaça.
Para Daniel.
Para Stavros.
— Eu esperava que você fosse razoável — ele se levantou, agarrando
a garrafa de licor quase vazia por sua garganta. Enquanto Felipe olhava
para ele com os olhos estreitos, Stavros esmagou a garrafa contra a mesa.
Ele abriu a boca, mas antes que ele pudesse falar, Stavros empurrou.
Apunhalando-o na garganta com o vidro irregular.
O sangue jorrou.
Os olhos de Felipe se afundaram e ele se sacudiu, agarrando a
garganta enquanto o sangue escorria.
— Só porque minhas armas foram verificadas na porta não significa
que eu não estou armado — isso, ele não se importava com isso. Atrás dele,
um grito subiu e alguns pfft pfft suaves pareciam quando seus homens
cuidaram dos dois guarda-costas de Felipe.
A arrogância levou um homem como Felipe a se achar intocável. A
arrogância fez com que ele caminhasse no covil de Stavros sem a porra de
uma armadura da cabeça aos pés. A arrogância manteve Stavros no
negócio.
Ele esperou ao lado de Felipe enquanto o homem gaguejava seus
últimos suspiros, então Stavros se virou para Bruce. — Eu quero sua
cabeça — ele atravessou os corpos dos guardas caídos de Felipe e desceu
as escadas para tomar banho e se trocar.
Ele tinha uma reunião para ir.

****

— Sr. Konstantinou, você ligou?


Stavros fechou os olhos brevemente enquanto Syren deslizava na
cadeira em frente a ele. Ele ordenou que sua reunião acontecesse em
território neutro. Um restaurante a cerca de uma dúzia de quarteirões do
seu lugar.
Ele tinha que dar isso a Syren, o homem era rápido. E, de costume,
usando um terno de corte perfeito. Colete e calças cinza-carvão. A camisa
era um sutil padrão de preto e branco, com as mangas enroladas nos
cotovelos.
Antes que qualquer um deles pudesse falar novamente, seu garçom
apareceu. Stavros pediu um scotch. Syren optou por água. Stavros acenou
para o garçom e voltou a focar em Syren.
O outro homem sorriu para ele. — Algo que você precisa?
Obviamente. Caso contrário, eles não estariam onde estavam. —
Onde ele está?
Uma das sobrancelhas de Syren disparou. — Quem?
— Eu não estou com disposição para jogos. — Stavros inclinou-se
para frente. — Há uma recompensa pela cabeça dele, você sabia disso?
— Você lidou com Guzmán, então agora você planeja jogar seu
chapéu no ringue? — Syren sorveu sua água, aparentemente
despreocupado.
Stavros estreitou os olhos. — Você já sabe? — isso aconteceu duas
horas atrás, pelo amor da porra.
— Não muito acontece no submundo criminoso que não tenho
conhecimento — Syren sorriu lentamente para ele. — Sinta-se livre para
testar essa teoria.
— Ele sabe?
Syren encolheu os ombros. — Ele está... Ocupado no momento.
Porra. Stavros enrolou os punhos, as unhas mordendo a palma da
mão. — Ele está bem? — ele tinha que estar. Ele era Daniel fodido Nieto.
Difícil de matar. Mas o medo dentro de Stavros estava frio e pesado no
peito.
— Você acha que ele não pode lidar com ele mesmo?
Stavros agarrou ambos os lados da mesa com as duas mãos e
avançou para frente. — Eu sei que há uma recompensa do caralho em sua
cabeça, e se alguma coisa acontecer com ele, haverá um inferno para pagar.
Syren observou-o, seus olhos incomumente coloridos não deram
nada. — Relaxe. Nosso amigo mútuo o cobriu.
Relaxar. Fodidamente relaxar?
Ele tinha ouvido coisas sobre o homem sentado em frente a ele, mas
Stavros nunca lhes dera muita credibilidade. Depois do modo que Syren o
afastou do cativeiro de Daniel, e as muitas maneiras pelas quais ele
continuou a aparecer como um tostão ruim, talvez a pergunta a ser feita...
— Quem é você? De verdade?
— Quem sou eu de verdade? — Syren sorriu. — Eu sou o tipo de
bala que você quer na sua arma.
Não havia nada de sinistro sobre ele, mas isso em si era ameaçador.
Stavros recostou-se, com o olhar estreitado enquanto tentava descobrir a
jogada de Syren. — Você se tornou indispensável para muitos homens
poderosos, tornando-se ainda mais poderoso do que eles — ele poderia
respeitar isso. A crueldade era um talento que ele sentia que sempre
deveria ser nutrido.
— Isso faz você querer vir atrás de mim? Você quer esse poder para
você? — Syren inclinou a cabeça, levantou uma sobrancelha. Indiferente.
Calmo como um admirador. — Minha família, por quem eu morreria?
Minha família é composta por alguns dos homens mais perigosos que você
jamais ouviu falar. Tenho sete assassinos na merda profunda — ele sorriu,
lançando um fio de cabelo loiro pálido de sua testa. — Se você sobreviver a
eles, o que eu sei que você não vai, se complica comigo — ele balançou a
cabeça, uma expressão quase deprimida flutuando em seu rosto bonito. —
Ninguém quer se complicar comigo, especialmente você.
Stavros sorriu. Ele podia realmente gostar desse homem. — Eu
gosto de um desafio, e a morte não é algo que me assusta. Você traz seus
assassinos, e eu trago os meus. A qualquer momento.
Syren assentiu. — O que você quer?
— Eu quero a localização de Daniel.
— Eu ouvi que vocês dois tiveram uma separação mútua — o olhar
de Syren escaneou a sala antes de voltar para Stavros. — Não é possível
aceitar não como uma resposta?
— Não.
— Bom homem — os dentes de Syren apareceram, então, ficou
sério. — Você quer algo. Eu quero algo. Nós devemos fazer negócios.
Stavros segurou seu olhar sobre a borda de seu copo. — Diga seu
preço.
— Renzo Vega está fora dos limites.
— Isso não está em discussão — ele tinha planos para Renzo Vega, e
eles foram iniciados.
— Errado — desta vez Syren foi o único a se debruçar para frente. —
É a única coisa para discussão. Você quer Daniel, você se afasta de Renzo.
O licor deslizou pela garganta de Stavros, queimando. Ele saboreou
esse toque enquanto via Syren. — Renzo Vega é o seu preço? — o valor do
proprietário do clube triplicou imediatamente.
— Escolha. Poder ou amor. Daniel ou Renzo. Você não pode ter os
dois. — disse Syren. — Não há espaço na sua vida para ambos, então
escolha — ele lambeu os lábios. — E se, por algum motivo estupidamente
autodestrutivo, você escolher Renzo, pessoalmente, farei com que você não
tenha nenhum.
Stavros riu. — Interessante — ele olhou para cima do líquido girando
em seu copo. — Quem é Renzo Vega para você?
Os olhos roxos de Syren brilharam. — Renzo é o meu negócio.
Daniel é seu. — Ele sorriu. — A menos que você ainda esteja na negação.
Nesse caso, saia disso já.
Stavros engoliu o resto da bebida em seguida, empurrou a cadeira
para trás e ficou de pé. No caminho da saída, ele parou junto a Syren. —
Qualquer preço que você pedisse... — ele enfiou as mãos nos bolsos do
casaco. — Eu teria pagado. Qualquer coisa que você quisesse, eu teria
dado.
Syren jogou a cabeça para trás, expondo a garganta.
— Eu sei.
Capítulo 26
— Eu imagino que este não era o jeito que você esperava que seu
dia acabasse — havia certo nível de respeito que Daniel experimentou
enquanto olhava para o homem diante dele. Laços de plástico em torno de
seus pulsos presos atrás das costas da cadeira. Cordas mantinham os
tornozelos do assassino presos.
Hector, o Hitman, assim era chamado em certos círculos. Altura e
tamanho médios, cabelo castanho escuro e estilizado que cobria as orelhas
e atingia o colarinho, agora embebido de suor e sangue. Os olhos de Hector,
eles se estreitaram e fixaram em Daniel enquanto uma fina trilha de sangue
escorria de sua têmpora esquerda sobre a fita cinza sobre sua boca.
— Certifique-se sempre que sua presa não espera sua chegada —
murmurou Daniel. — Elas nunca devem vê-lo chegar — ele sorriu quando
as narinas de Hector se acenderam. — Espero que você tenha subsídio de
risco.
Mais na esquina, Toro bufou.
Hector grunhiu, e o som foi abafado pela fita. Ele torceu os ombros,
lutando contra seus laços, os olhos brilhando, sinalizando sua raiva. Daniel
suspeitou que tudo aquilo fosse para se mostrar, porque Hector tinha que
saber...
Sua morte era uma coisa certa.
Daniel não precisava fazer mais do que sentar e esperar que Hector
fizesse sua jogada. Ele seguiu Daniel de LA para Atlanta sem saber que
Toro estava no seu rabo. Até que fosse tarde demais. Juntos, Daniel e Toro
viraram as mesas durante o fogo cruzado, dominando-o, derrubando-o e
trazendo-o para a casa abandonada no meio de Atlanta.
Um lugar onde ele poderia realizar este negócio em paz, oferecido por
Syren Rua. O brasileiro era de grande utilidade, não era? Daniel suspeitava
que Syren tivesse sido o único a dar a Stavros a pasta sobre Toro e Levi. As
manipulações deveriam irritá-lo, mas ele não tinha forças para isso.
Durante toda a noite, ele estava aqui, mantendo Hector acordado
com a lâmina. O fluxo constante de sangue manteve a cabeça clara da
névoa da dúvida e do vazio que ele sentiu depois de se afastar de Stavros.
Ele planejava lidar com Felipe uma vez que ele terminasse com Hector.
Exceto que alguém lhe passou a perna. Stavros estragou seus planos. O
texto chegou pelo telefone de Toro por meio de Syren. Uma imagem da
cabeça cortada de Felipe e as cinco palavras: o grego envia seus
cumprimentos.
Felipe precisava ser eliminado. Na verdade, Daniel continuou
enrolando, deixando-o por último por causa de quem era Felipe. Stavros o
poupou, mas Daniel não sabia como ele realmente se sentia sobre isso.
Tudo o que ele sabia era que suas conexões com Petra estavam
desaparecendo. Tudo o que ele tinha agora eram memórias e seu nome em
seu corpo.
Felipe tinha sido uma ameaça.
Stavros também era uma ameaça.
Exceto que o tipo de ameaça que Stavros representava... Daniel
aceitava isso. Ele doía por isso. Ele não poderia ter isso, no entanto. Essa
realização o fez avançar, agarrando Hector pela garganta.
A seu favor, Hector não ficou ali, imobilizado. Ele lutou. Pelo menos,
ele tentou lutar. Claro, ele não sabia o quanto Daniel gostava disso.
— Shh. — Daniel apertou a garganta do homem até seus olhos
baixarem. — Shh — ele manteve seu tom gentil quando ele mergulhou a
faca no lado de Hector.
Hector ficou tenso. Olhos arregalados, corpo tremendo.
Sons abafados retumbaram atrás de sua boca coberta.
— Calma. Calma. — Daniel curvou a boca enquanto olhava para ele.
— Esta é uma gentileza, Hector — ele puxou a faca lentamente e
endireitou-se. — Você teve sorte, então aceite isso.
O corpo de Hector tremia. Sua garganta trabalhava. O sangue
encharcava seu lado, escorrendo por sua pele pálida e nua antes de
deslizar sob a cintura de seu jeans, a única roupa que Daniel lhe permitirá
manter.
Daniel examinou sua obra, dedos enluvados segurando a faca que
ele segurava ao seu lado. O sangue de Hector cobria a lâmina, pingando
pequenos pontos no chão ao lado dos pés de Daniel. A visão de sangue
afrouxou o aperto em seu peito, mas não por muito.
Esse tijolo em seu estômago nunca mais iria embora, a menos que
ele desistisse, cedesse e abraçasse o que ele lutava tanto para aceitar.
Ele precisava de Stavros.
Os sons de asfixia que Hector chamou a atenção de Daniel, então ele
voltou a focar-se. — Você tem alguns minutos restantes — Daniel disse a
ele. — Não lute. Deixe que isso aconteça, porque será — de alguma forma,
parece que ele também falou essas palavras para si mesmo. Ele lutava, não
era?
Lutava.
Negava.
Fugia.
Mas esses sentimentos, eles ficaram com ele ainda.
Passos nas escadas. — Tío, nós temos companhia — lamentou Toro.
Daniel não se encolheu nem olhou para longe de Hector. —
Quantos?
— Um. — Toro não parecia satisfeito.
Olhar preso a Hector, Daniel perguntou:
— Quem?
A resposta de Toro veio depois de alguns batimentos cardíacos. —
Konstantinou.
De alguma forma, o nome pousou nos ombros de Daniel como o
golpe mais afiado, afrouxando seu aperto na faca. Ele se pôs de pé
enquanto ele levantava a cabeça para encontrar o olhar de censura de Toro.
Seu sobrinho não aprovava.
Petra certamente não teria aprovado.
Ninguém inteligente o suficiente, que sabia exatamente o tipo de
homem que Stavros era e o que ele havia feito, teria aprovado.
Mas o nó frio em seu peito há momentos atrás? Agora estava quente,
uma chama embebida em gasolina já descongelando...
Derretendo.
— Tráemelo — traga-o para mim.
Os olhos de Toro se estreitaram e ele ficou a meio caminho da
escada, procurando o rosto de Daniel antes de dar um forte aceno de
cabeça e virar-se, subindo de volta pelo caminho que ele havia vindo.
Ele havia vindo. Por quê? Como ele sabia onde Daniel estava? Syren,
provavelmente.
Perguntas que ele faria depois. Agora, ele ficou em silêncio.
Esperando.
O silêncio abafado de Hector ecoou. A morte estava levando muito
tempo para vir para aquele. Talvez Daniel o expulsasse da sua miséria. Ele
pegou a faca que caiu e deu um passo em direção à figura caída na cadeira.
As escadas rangeram.
Daniel congelou.
Silêncio de repente. Mesmo os sons agonizantes de Hector
desapareceram rapidamente. De costas para a entrada, Daniel o sentiu.
Como o sol na sua nuca.
Como o peso do corpo de Stavros pressionado contra o dele.
Como a varredura da mão de Stavros pelas costas dele.
Daniel o sentiu em todos os lugares.
Ouviram-se passos firmes. As pálpebras de Hector se abriram e,
enquanto Daniel observava, seu olhar seguiu esses passos.
— Estranho.
Muito parecido com uma pedra caída em uma lagoa de outra forma
calma, a voz de Stavros ondulou sobre a pele de Daniel. Em todas as
formas em que isso poderia ser considerado errado e uma traição - em
todas as maneiras pelas quais essa conexão o forçava a escolher entre
passado e presente, ela e ele - era una necesidad.
Respiração e água e toque.
Necessário.
Era a vida.
Seus dedos flexionaram no punho da faca e ele se virou para a
esquerda, em direção ao som daquela voz.
Stavros ficou parado, de ombros contra a parede. Vestido com uma
camisa branca debaixo de um casaco esportivo escuro desabotoado, com
calças e sapatos escuros. Sem cinto, camisa dobrada em sua cintura. Mãos
nos bolsos. Os tornozelos cruzados.
Olhar decepcionantemente calmo em Daniel.
Algo acontecia quando entraram no mesmo quarto. Quando seus
olhos se encontravam. Quando respiravam o mesmo ar. Uma coisa
perigosamente potente.
— Por que você veio? — ele parou de se preocupar com sua voz
danificada, mas desta vez a qualidade bruta fez Daniel esconder um tremor.
Não pareceu que Stavros piscou, mas sua boca se curvou. Não foi
um sorriso, no entanto. Havia uma dureza nesse gesto, uma frieza em seus
olhos que provavelmente enviaria um homem menor e mais fraco à procura
das saídas.
— Você fodeu tudo se afastando de mim — disse Stavros.
As palavras enganadoras e suaves se espalharam entre os dois,
passando por Toro, que estava parado como uma sentinela tranquilo no
fundo da escada, e o sujeito afastado para o lado, sangrando.
Stavros afastou-se da parede e caminhou lentamente. Tão relaxado.
Mãos ainda nos bolsos, e os olhos tão quentes quanto uma marca de gado
no rosto de Daniel.
— Mas eu fodi mais — ele disse quando eles estavam de peito ao
peito. — Deixando você pensar que a distância entre nós era uma opção.
— Toro — Daniel grunhiu. — Deixe-nos — ele não verificou se o
sobrinho moveu-se. Em vez disso, Daniel pegou Stavros pela garganta, com
a mão enluvada com o sangue de Hector sujando-a enquanto ele
empurrava Stavros para trás.
Um passo.
Dois.
Três, e ele bateu Stavros contra a parede na qual ele estava apoiado
anteriormente.
Seu amante riu, com as pálpebras se fechando.
Daniel o inalou, aquele aroma de Stavros que ficou em suas narinas.
Drogando-o.
— Diablo — ele soprou o nome através dos lábios de Stavros, e
iluminou os olhos do outro homem. Suavizando suas características.
Maldito seja ele. Maldito sejam eles.
— Você sentiu minha falta? — Stavros agarrou o cabelo de Daniel,
segurando-o tão apertado. Apesar da mão de Daniel em sua garganta,
Stavros inclinou-se para frente até que suas testas estivessem pressionadas
juntas.
A pergunta soou inocente. Indiferente. Mas essas quatro palavras
derrubaram uma resposta de Daniel. — Sí — a baixa e dolorosa verdade
gutural queimou sua garganta. Pesou em sua língua. Ainda assim, apertou
os dedos da garganta de Stavros e às falou de novo. — Sí.
O sorriso no rosto de Stavros enrugou os cantos de seus olhos e
curvou sua boca mais largamente. Felicidade e alívio. Eles o iluminaram,
colocando um brilho no escuro e perigoso que mal estavam escondidos nas
linhas duras de seu corpo e os calos ásperos da ponta dos dedos.
— Então, não tente me deixar de novo.
Daniel beijou-o, duro e rápido, afundando a língua profundamente o
suficiente para provar aquele brilho. Aproximando-se disso pelo gosto que
desejava. Ele não queria o polimento ou o brilho. Ele queria a escuridão. O
perigo. E ele conseguiu. Quente e liso em sua língua, pressionando de
volta. Stavros agarrou-o pelos cabelos, puxando com força enquanto eles
lutavam da maneira que sempre fizeram.
Peito a peito, cabeça no ângulo e bocas fundidas quando se juntaram
com golpes ávidos. Daniel esqueceu o homem morrendo a poucos metros de
distância. Ele se esqueceu da desaprovação Toro. E ele aceitou a culpa.
Ele aceitou agora, porque não havia outra maneira.
Não voltaria atrás.
Eles estavam conectados, ele e Stavros. Ligados pelo sangue, pela
morte. Por culpa e traição também. Mas também por essa necessidade
louca inexplicável e emocional, eles precisavam estar próximos um do
outro. Tocar-se. Gostar um do outro.
Daniel já o saboreará. Tudo dele doendo para se aproximar, para
colocar hematomas de volta na pele de Stavros. Ele puxou sua boca, a
garganta apertada, o peito levantado. Os arquejos de Stavros explodiram de
sua boca aberta.
Enquanto observava, Stavros sugou o lábio inferior úmido e inchado
em sua boca, um olhar sonolento erguendo por sob o ombro direito de
Daniel.
— Quem é o cara moribundo com os olhos julgadores?
Daniel olhou por cima do ombro para encontrar a cabeça de Hector
rolada para a direita, e ele estava observando-os com olhos estreito. —
Hector, o Hitman.
— Ah. — Stavros levantou uma sobrancelha. — Você está tomando
seu tempo com ele?
— Eu estava — Daniel liberou a garganta de Stavros e acariciou sua
bochecha, deixando manchas de sangue para trás. — Mas algo mais
importante surgiu — ele tirou a luva, e a jogou no chão enquanto levava
dois dedos para a boca de Stavros. — Lambe.
Antes de terminar de falar, Stavros havia engolido os dedos, os olhos
fechados, gemendo. Daniel acariciou a outra mão na frente de Stavros,
passando por seu peito e torso, parando apenas para desabotoar as calças
de Stavros e puxar o zíper.
Seu amante já estava excitado. Mas ele ficou mais duro no aperto de
Daniel, molhado com um pré-sêmen quente que fluía livremente. Fluindo
para Daniel. Com esse conhecimento veio um poder imenso. Stavros sugou
os dedos com força e, por sua vez, acariciou-o.
Bastante o suficiente para que Stavros gemesse, e o som ecoou em
torno de seus dedos encharcados, fazendo vibrar todo o ser de Daniel. Ele
tirou os dedos com um pop e depois os levou para sua própria boca,
sugando o gosto de Stavros enquanto segurava o olhar cheio de luxúria do
outro homem.
Eles estavam indo lá, para o que quer que fosse além do sexo. Para o
que residia no outro lado do casual. Queimando o normal às cinzas. O
sabor de Stavros se espalhou pela corrente sanguínea de Daniel e ele
sorriu.
Não era uma grande revelação, perceber que ele se incendiaria para
manter Stavros Konstantinou quente.
Com uma mão, ele puxou as calças e a cueca de Stavros até o meio
da coxa. A outra mão, aquela com os dedos escorregadios de saliva, ele a
abaixou e a colocou ali, entre as bochechas da sua bunda. Acenando para o
buraco apertado esperando, já ansiando por ele.
Ele pegou Stavros pelo queixo.
E ele pressionou.
A inalação afiada de Stavros ecoou e seus cílios vibraram, mas ele
não fechou os olhos. Não. Ele levantou-se na ponta dos pés. Lábios
separados. Mandíbula flexionando. Ele subiu aos dedos dos pés e então ele
voltou.
Lentamente.
Abrindo o suficiente para que os dedos de Daniel entrassem.
Agonizante.
Do jeito que ele imediatamente moldava em torno de Daniel.
Alma quebrando.
A confiança que ele dava a Daniel. A vida dele. O corpo dele. Seu
prazer. Ele confiava em Daniel com isso.
Daniel segurou tudo, examinando, mergulhando no calor fundido de
Stavros. Os nós dos dedos profundamente dentro. Transfixado pela
perfeição imprudente disso. Pelo simples abandono que jogou no rosto de
Stavros enquanto ele tomava o que Daniel lhe dava.
Fora. Então dentro.
Daniel dava-lhe prazer. Stavros deixara isso claro, mas naquele
momento, Daniel conseguiu o dele assistindo Stavros. As linhas de seu
corpo enquanto ele se levantava e caía ao redor dos dedos de Daniel. O som
gutural de carinho que ressoava na sua garganta.
Através de tudo, Stavros o observou vorazmente enquanto o corpo
sugava os dedos de Daniel.
— Diablo — a voz de Daniel quebrou. — É essa penitência? Essa é a
sua penitência? Porque você me trata como fogo. E seu toque — ele engoliu
em seco, empurrando os dedos dentro de Stavros.
O quadril de seu amante se empurrava com força, o pau
pressionando no quadril de Daniel.
— Daniel — a voz de Stavros vibrou no tempo com seu corpo.
— Seu toque me mata — Daniel confessou através da espessura em
sua garganta. — É o mais doce assassinato, e eu quero isso de novo e de
novo — dedos entortando, ele foi fundo em busca desse nó.
Acariciando-o.
— Deus. — Stavros agarrou a camisa de Daniel, puxando-o mais
perto do que já estavam. Os olhos dele rolaram para sua cabeça, e sua
cabeça seguiu, batendo contra a parede. — Eu não... Por favor — sua
garganta convulsionou. — Daniel. Por favor.
Nós dos dedos pressionando sua próstata, Daniel deu a Stavros seu
lançamento.
— Porra!
E seu compromisso.
Enquanto o sêmen caía na palma da mão e os músculos tensos
apertavam seus dedos, Daniel pressionou de volta em sua boca.
Levando-o novamente.
Tentando-o novamente.
Mais gentil do que antes, mas não muito macio, e quando o corpo de
Stavros se agitou no tremor, Daniel se afastou dele e deslizou pelo corpo.
— Daniel. — Stavros o pegou sua nuca, olhando para ele.
Daniel pressionou os lábios no joelho direito de Stavros, apoiando
sua testa contra o amante por um momento enquanto respirava. Não foi
mais fácil fazer isso, claro que não. Mas não era tão difícil quanto parecia.
Não doía tanto.
Os dedos trêmulos correram pelos seus cabelos, e sob seus lábios, os
tremores ainda faziam Stavros estremecer.
— Soy todo tuyo14 — ele sussurrou as palavras na pele de Stavros.
Ele enganchou um braço na coxa de Stavros e ergueu a cabeça,
encontrando esses olhos. Eles esperaram por ele. — Yo soy tuyo y tú eres
mío.
Eu sou seu e você é meu.
Os olhos de Stavros, eles arderam. — Você me deixa sem palavras
toda vez que eu vejo você assim — seu olhar escureceu de repente. — Eu
preciso da sua arma.
Daniel levantou uma sobrancelha.
— Hora de colocar Hector fora de sua miséria — ele sorriu. — Eu
não acho que ele gostou do nosso show.
— Onde está sua arma?
Stavros franziu o cenho. — Toro pegou.
Daniel puxou sua própria arma do cinto e estendeu-a. Ele não
desviou o olhar desse homem, seu amante, quando Stavros puxou o
gatilho.
— Você quer se levantar? — boca curvada, Stavros disse: — Estou
certo de que seu sobrinho estará aqui em um segundo para se certificar de
que eu não atirei em você.
— Não.
Claro, Toro escolheu esse momento para entrar correndo. — Tío! —
ele derrapou em uma parada no fundo da escada. — Porra, Tío. Sério?
Stavros riu.
— Guarde sua arma, Toro. Temos um corpo para lidar.

14
Sou todo seu em Espanhol.
Capítulo 27
Eles se moveram em silêncio. Conciso e desaprovador da parte de
Toro. Grosso e antecipatório entre Daniel e Stavros enquanto ajudavam
Toro a carregar o corpo de Hector no porta-malas do carro.
Uma equipe de limpeza estava a caminho, cortesia de Stavros, que
havia feito um segundo telefonema dez segundos antes de instruir Daniel
de que seus homens estavam a caminho. Esta não era a luta de Stavros,
nem a bagunça dele para limpar. Mas Daniel aceitou, porque quanto mais
cedo conseguisse isso, mais cedo ele ficaria sozinho com Stavros.
Ele achou que ele precisava disso. Depois de duas semanas de
separação, ele precisava disso.
— Tío — mãos nos bolsos, Toro hesitou ao lado do porta-malas,
olhando de Daniel para onde Stavros se afastava do lado.
Esperando.
— O que foi?
— Você confia nele? — Toro perguntou com um aceno de seu queixo
na direção de Stavros.
Qualquer tipo de questionamento normalmente ficaria fora dos
limites de quem trabalhava para ele, mas Daniel entendeu de onde seu
sobrinho estava vindo. — Você acha que ele quer me machucar?
Toro encolheu os ombros. — Eu costumava pensar que ele tinha feito
o pior que alguém poderia fazer para você — ele disse em um tom baixo. —
Mas eu vejo a maneira como você olha para ele.
— E?
— Ele pode fazer muito pior. — Toro assentiu. — Ele pode machucá-
lo ainda mais... — ele sorriu, mas poderia ter sido uma careta tão
facilmente. — E eu acho que você o deixaria.
Ele não estava errado. Daniel puxou Toro perto, abraçando-o,
acariciando-o rapidamente nas costas, em seguida, deixando-o ir com um
erguer do queixo. — Você me lembra muito do seu papá — Daniel disse a
ele. — Gracias.
Toro sacudiu a cabeça com uma óbvia confusão, então Daniel
explicou.
— Você me mantém honesto, como seu papá costumava — ainda
assim, até certo ponto. — Eu confio em Stavros — ele disse com firmeza. —
Eu sei quem ele é. E ele sabe quem eu sou.
— Lo amas, tío. Tú lo amas — você o ama. Toro falou gentilmente,
parecendo quase apologético. Quase como se Toro esperasse que Daniel
reagisse violentamente.
— Vá — ele deu um tapinha na bochecha de Toro. — Confira
quando estiver pronto — uma viagem ao crematório e eles se livraram
permanentemente do corpo de Hector.
O olhar de Toro deslizou sobre o ombro de Daniel antes de voltar a
encontrar seu olhar. — Tenha cuidado — ele murmurou quando Daniel
sabia que seu sobrinho tinha muito mais a dizer.
— Claro.
Ele ficou parado ali quando Toro entrou no carro e dirigiu o longo
caminho que levava da parte de trás da propriedade cercada para a rua.
Quando as luzes traseiras de Toro desapareceram de sua visão, ele soprou
uma respiração, mas não se moveu.
Então Stavros estava ao seu lado. Sua presença pesada, embora um
peso bem-vindo.
— Ele não confia em mim.
Essa declaração calma não exigiu uma resposta, mas Daniel deu-lhe
um de qualquer maneira. — Não, ele não confia.
— Inteligente.
Paralelamente, ficaram no imponente crepúsculo. O silêncio tão
carregado, que uma brisa pesada poderia provocar um inferno. Daniel tinha
tantas coisas que ele queria dizer, mas tudo de alguma forma não era
suficiente, então ele tirou as mãos do bolso e ele estendeu a mão.
Cegamente.
Agarrando o cotovelo de Stavros mais próximo dele, arrastando os
dedos para baixo, apertando a mão de Stavros. Enfiando os dedos.
Agarrando-se.
— Venha comigo — seu olhar permaneceu na entrada, mas seu foco
estava em Stavros. Estaria sempre em Stavros.
— Naí15.

15
Sim em Grego.
Daniel empurrou a cabeça, virando-se para o homem ao lado dele.
Procurando seu olhar.
Stavros deve ter ouvido a pergunta que Daniel não perguntou por
que apertou a mão de Daniel e deu um passo à frente. Um único e solitário
passo que parecia tão monumental.
Como cruzar uma ponte de algum tipo.
— Não importa onde ou quando. — Stavros sussurrou. — Onde quer
que você queira me levar, eu quero ir — ele lambeu os lábios, olhos
brilhando enquanto acariciava o rosto de Daniel. — Naí. A resposta é sim,
vou com você.
Daniel teria levado ele em seus braços então. Ele o teria beijado,
talvez até tenha ido mais do que apenas um beijo, mas um furgão com
painéis negros virou na entrada naquele momento.

Ele ficou tenso.

— Meu pessoal.
Stavros soltou-o, e Daniel imediatamente fechou sua mão na perda.
Ele derreteu nas sombras, permitindo que Stavros manipula-se seus
homens. Ele observou seu amante emitir ordens, calmo e sem emoção.
E eles o chamavam de cruel.
Daniel tinha ouvido toda a conversa sobre Stavros Konstantinou ao
longo dos anos.
Eles disseram que era frio, que você congelaria apenas pronunciando
seu nome.
Tudo verdade, mas ele também era mais do que isso. Ele queimava
Daniel da melhor maneira. E em seu elemento, ele era cativante. Ele exigia
a atenção de Daniel e nunca afrouxava esse aperto.
Ele era tão atraente neste lugar - o sangue sujando as mangas da
camisa e seguindo o fundo de seus sapatos – como quando ele estava no
auge de seu orgasmo.
Daniel amava todos os diferentes lados dele. Então ele esperou, até
que a sala estava impecável, com apenas o forte fedor de água sanitária que
permeava o ar. Ele abraçou as sombras confortáveis até que a equipe de
limpeza se afastou, pisando na luz apenas quando Stavros estava na frente
dele.
— Pronto?
O fato era que Daniel não sabia o quanto estava pronto para que
Stavros lhe fizesse uma pergunta com uma única frase. Ele olhou para
Stavros, leu as perguntas em seu olhar e respondeu-as caindo no abraço
dele. Eles se juntaram com força, Stavros cambaleando e Daniel tropeçando
para trás até suas costas chegarem ao muro mais próximo.
Daniel apertou-o, agarrando a camisa de Stavros nos punhos, o rosto
enterrado no pescoço do outro homem. Ele sentiu o cheiro de produtos
químicos que haviam usado para limpar, mas também o da colônia, Daniel
se perdeu na mistura com pele quente. Ele sentiu falta disso. Ele se afastou
disto quando tudo que sua mente e corpo queriam fazer era voltar.
Voltar. Reviver os primeiros.
Fazer mais novidades.
Tremores - tão fracos, que quase os perdeu - vibraram ao longo da
espinha de Stavros. Sob o toque de Daniel. Ele quase os havia martirizado.
Sacrificado.
Às vezes, o sacrifício significava afastá-lo. Às vezes, isso significava
deixar você pegar o que faria você feliz, mesmo que isso tornasse alguém
triste. Ele teve que dizer adeus uma vez.
Não haveria segunda vez.
Ele ergueu a cabeça, e quando Stavros fez o mesmo, Daniel disse a
ele:
— Venha comigo.
Stavros assentiu.
Ele estendeu a mão.
Stavros pegou.
Daniel não o soltou, nem mesmo nos trinta e dois minutos de carro
de Atlanta para a casa em Unincorporated Norcross. Ele poderia se
misturar aqui, se ele preferisse, mas ficar lá era apenas temporário. Ele
vinha e ia ao meio da noite geralmente, e o prédio estava a uma boa
distância de todos os vizinhos que pudessem tomar nota de suas idas e
vindas estranhas.
Como hoje à noite, quando ele abriu a porta da frente com a mão
esquerda, porque a direita estava segurando a mão de Stavros. No interior,
ele rapidamente ligou as luzes e trancou a porta atrás deles, antes de soltar
as chaves.
Stavros olhou ao redor, os lábios se curvaram. — Você precisa de
móveis.
Não, ele não precisava. — Eu tenho tudo o que preciso.
Ele subiu as escadas, ainda segurando Stavros, parando apenas
quando eles entraram no quarto que ele havia reivindicado como o quarto
principal. Liberar a mão de Stavros não foi uma coisa rápida. Mais um
processo gradual, forçando cada dedo a diminuir, soltar.
Stavros enrolou os dedos na palma da mão uma vez que estava livre,
e Daniel desviou o olhar antes de agarrá-lo novamente.
Olhando para a cama queen-size não feita, o único móvel na sala,
Stavros perguntou:
— Você mora aqui?
— Eu durmo aqui às vezes — ele empurrou um dedo sobre o ombro
para indicar o quarto ao lado. — Mantive um homem acorrentado por
alguns dias também.
Stavros sorriu enquanto caminhava para a cama e sentou-se na
borda. — Então, por que não há móveis?
— Esta não é uma casa — disse Daniel. — Esta não é a minha casa.
Isso serve para um propósito, mas não é conforto nem é segurança.
Stavros assentiu como se entendesse, e Daniel pensou que talvez seu
amante simplesmente pudesse. Ele encarou a janela, olhando para a
escuridão através das persianas. Quando ele tomou a decisão de fazer Petra
dele, de entregar-se a ela, ele estava nervoso.
Palmas suando quando ele reuniu as palavras para transmitir o que
sentiu, preparando-se para um não. Ela merecia mais que homem
encharcado de sangue e cercado pela morte. Mas a parte egoísta dele, a
parte que ele herdara de seu papá também sabia que ele nunca iria desistir
dela.
A menos que ela pedisse.
Ela nunca pediu, independentemente das inúmeras vezes que ele
havia dado a razão para fazer mais do que pedir. Exigir.
Esta noite, ele estava tão distante do nervoso quanto poderia
conseguir.
Amar Stavros era tão poderoso quanto amar Petra.
Chame isso de blasfêmia. Chame isso de traição.
Daniel chamava de honestidade.
— Eu sinto muito.
Ele endureceu com as desculpas roucas de Stavros e, em seguida,
encarou-o com uma expressão franzida. — O quê?
O outro homem permaneceu sentado na cama, olhando
intensamente no rosto de Daniel. — Eu nunca me desculpei pelo que tirei
de você — o sofrimento atravessou as características de Stavros e ele
engoliu. — Eu sinto muito.
Daniel abriu os lábios para dizer... Algo. Qualquer coisa. Exceto que
ele não tinha nada, não conseguia encontrar palavras. Uma boa dor
floresceu na proximidade de seu coração, rasgada pelas palavras baixas de
Stavros.
— Eu não sabia, então, o quanto ela significava para você — seus
olhos brilharam quando ele olhou para Daniel, com as mãos cruzadas nas
coxas. — Eu não sabia quão preciosa ela era — sua garganta funcionou. —
Eu sinto muito.
Daniel foi até ele. Movendo-se suavemente. Sentiu como se ele se
movesse no espaço de um piscar de olhos. Uma vez que ele estava na
janela, ele ficou de pé entre os joelhos de Stavros, olhando para ele.
Ele passou os dedos trêmulos através dos cabelos grossos de Stavros,
as pálpebras fechando com a sensação dele.
— Eu perdoei você — ele conseguiu falar através da pedra em sua
garganta. Puxando os cabelos de Stavros, Daniel empurrou a cabeça do seu
amante para trás. Então seus olhos poderiam se encontrar, se conectar, e
ele veria... — Eu perdoei você a primeira vez que eu te beijei.
O queixo de Stavros tremia.
— Você teve o meu perdão... — Daniel agarrou-o mais apertado,
falando com mais força. — Com a nossa primeira carícia.
Capítulo 28
Ele não queria falar essas palavras. Não tinha a intenção de pedir
perdão. Um homem como ele não pedia perdão. Mas o homem que ele era,
sabia o que era perder algo muito precioso.
Ele sabia qual era a sensação agora. Aquela que você mata para
manter. Cinco minutos. Ele tinha tido todos esses cinco minutos e ele
decapitou um homem para protegê-lo.
Ele não viveu e respirou durante a maior parte de duas décadas. Não
tinha construído uma família e uma casa. O que sentia agora, ele roubou
de Daniel. O que ele sentia por Daniel agora exigia que ele reconhecesse o
que fez.
Reconhecesse o que ele tinha estragado.
Ele deslizou as mãos para cima, rodeando a cintura de Daniel.
Arrastando-o para perto. — Eu a peguei — ele sussurrou. — Roubei o seu
futuro.
Havia uma dor nos olhos de Daniel. Isso fez com que ele se
perguntasse se o amante dele estava com ele, se ele estava vendo Stavros
como estava agora. Ou como ele tinha sido até então. Por que, como ele
poderia perdoar? Como Stavros poderia perdoar alguém que pensasse em
remover Daniel de sua vida?
— Eu perdôo você. — Daniel fechou os olhos, e a sensação de ser
puxado mais perto fez Stavros cavar os dedos nas costas de Daniel.
— Por quê? — sua voz quebrou, e isso teve olhos de Daniel abertos.
— Por que recebi perdão?
Seu toque era suave nos cabelos de Stavros. Seus olhos, onde
descansavam no rosto de Stavros, também eram suaves. Mais suave do que
qualquer toque que ele tinha dado a Stavros antes desse momento.
— Porque eu precisava de você, e para ter você, tive que perdoá-lo.
Algo dentro de Stavros se rompeu e ele pôs-se de pé, fazendo com
que Daniel cambaleia-se para trás, colocando espaço entre eles. Ele não
queria espaço, não precisava disso. Mas Stavros tomou isso de qualquer
jeito, atravessando a sala para a janela, dando a Daniel suas costas.
Ele não era tão corajoso como ele achava que era. Tudo parecia tão
delicado, precário, como ficar em gelo fino. Ele cairia.
Não havia dúvida sobre disso.
Ele sobreviveria ao mergulho?
— Eu não mereço isso — a folha de gelo debaixo de seus pés se
quebrou, mas ele deu outro passo de qualquer maneira. Ele virou a cabeça
para o lado, mas ainda não olhou para Daniel.
— Diablo.
Stavros abriu as mãos. — Eu nunca estive preso — ele disse com
uma voz rouca. — Tenho quarenta e dois anos de idade, e nunca fiz com
que alguém sentisse o que eu sinto por eles. Nunca fui uma âncora de
alguém, nunca tive alguém para mim — ele girou então, encontrou o toque
de Daniel e quase se inclinou para ele.
Por pouco.
— Nunca me deram uma chance, porque ninguém me escolheu —
ele tremia, e esse gelo estava ficando cada vez mais instável sob seu peso.
— Eu não sou a pessoa para quem você faz um para sempre. Eu não me
escolheria para um para sempre. Mas você... — ele tocou Daniel então.
Em sua garganta. Essa cicatriz. Não era que ele precisasse de
lembretes. Mas essa cicatriz assegurou que ele nunca esqueceria quanto de
um monstro ele era.
— Alguém escolheu você. Alguém o manteve amarrado. Alguém lhe
prometeu um para sempre — sua voz se transformou em respirações
barulhentas. Pesar. Arrependimento. Nojo de si mesmo. Todos pousaram
em seus ombros, curvando-os enquanto sussurrava:
— Eu a fiz uma mentirosa.
Daniel balançou a cabeça, os olhos se estreitaram, mas Stavros
continuava a andar naquela borda gelada.
— Eu não sabia o que isso significava — ele confessou. Dentro de
seu peito, seus batimentos cardíacos trovejavam, ecoando. Certamente
Daniel ouvia isso?
Boom. Boom.
— Não até que Felipe o ameaçou. Não até que ele ameaçou levar o
que me manteve amarrado — uma última fenda do gelo e ele entrou,
primeiro os pés. Afundou até o pescoço profundamente nas verdades que o
batizaram com respiração roubada, com medo de um pulmão entorpecido.
— Eu sei o que tirei de você agora — ele manteve o queixo firme, tirando a
mão da garganta de Daniel. — Se o que eu sinto por você é o mesmo do quê
o que sentiu por ela, o que você teve com ela, não pode haver perdão.
Os olhos de Daniel brilharam e Stavros não sabia se eles estavam
com lágrimas ou não. Ele observava Stavros atentamente. Seus
pensamentos, eles estavam escondidos, deixando Stavros admirar, soltar-
se, enquanto lutava para manter sua cabeça acima das águas geladas.
— Você foi aquele que perdeu naquela noite? — Daniel perguntou
calmamente.
Baixo. Stavros afundou mais para baixo. Baixo. Baixo. — Não — ele
raspou. Ele não perdeu nada. Então ele não deveria estar tão vazio por
dentro.
Ele sorriu. Daniel Nieto sorriu para ele. Não era bonito ou lindo. Mais
atraente. Cativante. Cegante.
— Você está perdoado. — Stavros abriu a boca, mas Daniel o puxou
mais perto. Punho na frente da camisa, apertado entre seus corpos. Peito a
peito. — Você foi perdoado — respiração quente perseguiu o frio.
Os membros descongelados ficaram rígidos com o medo arrepiante.
— Você disse muito, Diablo. Agora é minha vez.
Lábios roçaram os dele e Stavros fechou os olhos.
— Ábrelos — abra.
Stavros abriu os olhos quando Daniel ergueu a cabeça.
— Este homem de lata tem um coração, diablo. E é seu — ele pegou
a mão de Stavros e levou-a ao peito. Sobre o coração dele. — Isso bate por
você.
Stavros abriu a boca, respirando assim porque tudo se parecia tão
grande. Tudo parecia tão grande. Sob a palma da mão, o coração de Daniel
bateu firme. Forte.
Por ele.
Um presente que ele não merecia, mas ele não era nada, se não
egoísta, então ele agarrou. Usando essas vibrações sob seu toque como
uma linha de vida, uma saída para esse inferno gelado em que ele havia
caído.
Acenando. Como ele não poderia? Ele nunca tinha ficado sem
palavras antes. Nunca se entregou à guarda de outra pessoa antes. Daniel
confiou em Stavros com seu coração depois de tudo. Ele não podia fazer
nada além de fazer algo recíproco.
Não demorou nada. Sem esforço para dizer:
— Você. Você é meu coração. — As palavras mais fáceis que ele já
havia falado. Era verdade o que diziam, a verdade que fosse.
A verdade tornava tudo melhor.
Quando Daniel sorriu, o pulso de Stavros tropeçou por completo. Ele
olhou, perguntou. Ele estava apaixonado.
Mas nunca tinha sido unilateral, tudo de seu lado. Ele escondeu essa
fraqueza, não queria que ninguém presenciasse sua humilhação, de
desejar, mas não ser desejado. Mas no fundo dos olhos mais escuros do
que o breu de Daniel, Stavros viu as chamas que cintilavam e ficaram mais
fortes.
Queimando por ele.
Como?
Todas essas questões abarrotadas em seu cérebro não chegaram até
seus lábios. Daniel chegou lá primeiro. Lábios firmes baixaram sobre os
dele, mas a língua dele empurrou para dentro.
Lambendo.
Tomando os restos da respiração de Stavros, aquecendo-o ao ponto
de fervura em um rápido momento. Stavros agarrou-se a ele, aproximando-
se das pernas que pareciam duvidosamente segurá-lo na posição vertical.
Por sorte, Daniel agarrou-o com força.
Sorte dele.
Toda a confiança que ele nunca havia dado a ninguém, ele brindou
ao homem que antes era seu inimigo mortal. As cabeças se torciam,
enquanto comiam um ao outro. Stavros gemeu, e os quadris se
empurraram. O corpo doendo dessa maneira intoxicante ele atribuía a
Daniel.
Ele colocou a mão entre seus corpos, puxando a camisa de Daniel,
empurrando-a para fora de seu ombro antes de achatar sua mão sobre o
tronco. Daniel grunhiu na sua boca e depois mordiscou o lábio inferior de
Stavros.
Afiado.
Doloroso.
Ele segurou enquanto colocava uma mão em cima do que Stavros
tocava. Circulando o pulso de Stavros e arrastando o toque dele.
Para baixo. Passando por um estômago duro e tenso que se contraia
para ele.
Mais baixo. Em sua virilha, sobre a protuberância em suas calças
pretas que latejavam sob a palma de Stavros.
Stavros apertou-o, e Daniel fez um som gritante que se instalou nas
bolas de Stavros.
Porra.
Ele procurou o cinto de Daniel, puxando-o. Os dedos não
cooperaram quando ele baixou o zíper e alcançou para dentro.
— Diablo. — Daniel gemeu em sua boca, baixo e longo, os quadris
empurrando seu eixo para a palma de Stavros.
Stavros acariciou-o, seu eixo já molhado ficando encharcado com
cada golpe para cima e para baixo. Daniel fodeu seu punho, os quadris
inclinando para frente.
Grunhidos.
Dele.
Deles.
O cheiro deles...
— Deixe-me te amar — implorou Stavros. — Não me detenha.
Daniel ergueu a cabeça para inclinar-se para baixo com suas
pálpebras baixas. — Posso parar você, Diablo? — ele se moveu para dentro
e para fora do punho de Stavros lentamente, torcendo tão forte. Latejando.
— Sim — Stavros sussurrou. — Sim. — Daniel poderia detê-lo. Com
uma palavra. Um olhar. Um som.
O único que poderia. Ele tinha esse poder.
Seu amante sorriu, e Stavros sabia então que, não importa quantas
vezes Daniel sorria, ele sempre veria como uma primeira vez. Sempre o
atingira no peito. O gesto sempre colocaria seus joelhos no chão.
— Eu quero estar dentro de você — o desespero teve sua voz e bolas
apertadas. — Eu quero suas pernas ao meu redor, meu pau na sua bunda
e você de costas falando espanhol.
Os cílios de Daniel estavam baixos, mas Stavros sentiu sua reação a
essas palavras. O inchaço de sua ereção, o sussurro de sua respiração
através da bochecha de Stavros.
— Así que toma lo que es tuyo, diablo — então pegue o que é seu.
Ele aceitou essa oferta, desnudando Daniel em tempo recorde antes
de empurrá-lo para trás na cama e escalá-lo. Uma pele quente enrolou ao
redor dele enquanto devorava a boca de Daniel.
Ele nunca fez amor com alguém que ele amava, e que o amava.
Assim quando ele lambeu o caminho até a boca de Daniel, ele tentou
diminuir a velocidade. Tentou dizer a si mesmo para saborear. Dedos
rasparam em sua coluna vertebral, e ele se arqueou para perto deles. Eles o
fizeram gemer e moer contra a coxa de Daniel.
Lábios se separando dos dele para deslizar no comprimento de sua
garganta, ele se inclinou para o contato. Respiração tremendo, agarrando-
se firmemente nos lençóis de cada lado.
Daniel abaixou-se debaixo dele, torceu tão forte quanto Stavros.
Implorando por isso com cada elevação de suas ancas da cama.
Jesus.
Stavros conteve-se tempo suficiente para olhar para o amante dele.
Sua pele brilhava já com um brilho fino de suor. Enrubescendo, os lábios
se separando enquanto ele ofegava. Stavros beijou-o novamente. Foda-se,
mas ele era viciante. Havia algo sobre sentir os lábios de Daniel sob os dele.
Algo sobre seus corpos se contorcendo. Algo sobre a forma como eles se
entregavam ao prazer.
Ele adorava.
Adorava o homem segurando sua bunda com uma grande palma.
Stavros acariciou seu peito, então se curvou, lambendo o caminho
que seus dedos tomavam. Degustando a pele salgada, mordendo seus
mamilos.
— Diablo — rouca e desgastada, aquela voz era uma porra de arma.
Stavros estremeceu, caindo pelo corpo de Daniel. Os dedos em seu
cabelo apertaram, forçando-o a baixar. Ele foi com a boca aberta e os olhos
fechados. Saboreando seu pau, sugando-o enquanto Daniel empurrava e
Stavros fodia a cama.
— Diablo, por favor — ele deu a Stavros aquelas palavras, cobertas
de espanhol grosso e drogado. Gotejando como um maldito mel na sua
coluna vertebral. — No pares.
Não pare.
Stavros riu com isso, mas sua boca estava cheia. Ele abaixou as
bochechas, mergulhou a cabeça, grunhindo quando Daniel latejou na sua
língua. Olhos revirando no gosto dele.
Ele trouxe seus dedos lisos mais lentamente, rodeando o buraco de
Daniel.
As coxas tremendo o levaram para o céu.
Ele mergulhou.
— Dios, diablo — sim, mas ele empurrou para trás quando um dedo
o tocou e ele revirou o quadril.
Dedos e língua em seu traseiro, Stavros o comeu. Alto e molhado,
mas não alto o suficiente para afugentar os gritos de Daniel. Palavras que
ele nem entendeu. Merda, ele tinha certeza de que não fazia sentido.
Mas ele comeu esse bunda até que sua mandíbula ameaçou travar.
Dedos fodendo-o até que seus nós dos dedos doeram. Então, afastou-se
rapidamente, recuando apenas para limpar o rosto com a parte de trás da
mão e pegar o lubrificante.
Daniel já parecia fodido, e Stavros nem o tinha feito gozar ainda.
Stavros queria esperar até que ele estivesse dentro dele.
— Pernas à minha volta — ele o apressou. Foda-se, ele queria ir
devagar, mas agora não era o momento. Suas bolas não o deixariam. Todo
o deslizamento contra a pele quente de Daniel rasgou seu controle. Ele
queria estar dentro dele. Queria saciar seu desejo.
Queria derramar dentro dele.
Pernas enrolaram em torno de seu quadril.
Ele jogou o lubrificante longe e se aproximou do buraco de Daniel.
Daniel estremeceu. Stavros passou a mão por seu joelho.
Ele forçou as palavras em sua garganta trancada. — Não posso ir
devagar para você, agápi mou — meu amor. — Quero você. Quero seu
corpo.
— Cógeme, diablo.
Leve-me.
Stavros avançou, e seu pau deslizou na fenda de Daniel.
Porra.
Suas mãos tremiam. O corpo de Daniel vibrava.
Pau em seu buraco, Stavros prendeu a respiração. Empurrou. E
Daniel empurrou de volta.
Sua coroa entrou.
Stavros imediatamente perdeu a capacidade de respirar.
Daniel soltou um grunhido profundo.
— Deus. Droga — ele falou com os olhos fechados. O calor. — Nada
melhor — e ele ainda não tinha ido mais fundo. Olhos abertos, fixos em
Daniel. — Nada melhor que essa merda.
A expressão de Daniel era toda fome e dor. E Stavros se excitava com
ambos. Ele enterrou-se com um impulso profundo, observando o
alargamento das narinas de Daniel e o aperto de suas pernas. Seu peito
arfou, e por um segundo, o choque avançou pelo rosto de Daniel.
Stavros girou os quadris, abaixando-se com uma mão ao lado da
cabeça de Daniel, ele sussurrou:
— Relaxe — ele se levantou e empurrou.
Daniel gritou.
Sua bunda apertou.
Stavros sibilou. — Jesus. Foda-se — o corpo de Daniel apertou-o,
sufocando-o. Quente e apertado, e toda vez que se movia, Stavros tinha que
lutar contra o seu orgasmo. Ele entrou e saiu, empurrando a língua para
dentro.
Fodendo a boca de Daniel.
Fodendo sua bunda.
Seu amante combinou com seus golpes, mão em sua bunda, dedos
cavando. Era melhor ele deixar suas marcas.
Eles se dedicaram a apenas grunhir e rosnar, mesmo esses sons
foram engolidos, porque estavam na boca um do outro. Daniel era tão voraz
quanto ele. Mãos e bocas em todos os lugares.
E Stavros, batendo dentro e fora do melhor traseiro que ele já teve o
privilégio de deslizar. Ele também disse isso a Daniel. Ou pelo menos ele
tentou, porque Daniel não soltou sua boca para permitir que ele falasse.
Falar era superestimado.
O que não era, era Daniel empurrando uma mão entre eles para se
masturbar. Corpo arqueando, ele gozou com um som estranho que Stavros
engoliu, e sêmen pegajoso imediatamente entre eles. Seu traseiro se
contraiu em torno de Stavros, restringindo seus movimentos.
Estrangulando-o.
— Unngh — seus dedos do pé enrolaram no colchão quando os
espasmos bateram, trancando seus membros enquanto o orgasmo o
atravessava.
Sob ele, Daniel estremeceu, agarrando os ombros de Stavros com um
grunhido.
— Eu dentro de você — ele não tinha certeza se sua língua estava
funcionando, mas Stavros tentou. — Esse sou eu dentro de você — ele
desabou no tórax de Daniel. Os braços o rodearam imediatamente e ele
zumbiu com uma satisfação feliz. — Dê-me cinco minutos e estamos
fazendo isso de novo.
Capítulo 29
— ¡Puta madre16!
Stavros levantou a cabeça da garganta de Daniel para contemplar o
rosto de seu amante. — Você apenas amaldiçoou?
Olhos ainda nebulosos de seu namorado piscaram para ele. — Não
era minha intenção, não.
Stavros latiu uma risada, e os músculos de Daniel apertaram-se ao
redor dele, fazendo com que ambos gemessem. Ele deveria levantar. Eles
deveriam se limpar. Mas essa posição, Daniel montando-o como um cavalo,
com Stavros ainda bem dentro dele? Esta posição exigia que ele ficasse
aqui, as palmas das mãos nas costas de Daniel. Ele não queria se mover. O
suor escorria por sua pele, e o sêmen quente escorria do buraco de Daniel e
deslizava pelo pênis de Stavros, banhando suas bolas.
Ele gostava disso, e por algum motivo parecia ter conseguido manter
isso. Ele podia não merecer isso, não depois de todas as coisas que ele fez.
Não apenas para Daniel. Mas se apaixonar era em si mesmo um ato
egoísta. Então ele abraçou seu amante um pouco mais apertado,
acariciando seu pescoço enquanto sentavam no meio da cama.
Corpos conectados.
Daniel se moveu ligeiramente e ergueu ambas as mãos para agarrar
o cabelo de Stavros.
— Há um lugar que eu queria levá-lo — ele murmurou contra a
testa de Stavros. — Amanhã.
— Sim.
A risada de Daniel vibrou entre eles. — Será essa sua resposta a
todos os meus pedidos?
— Não, então aproveite agora. — Stavros inclinou a cabeça para
encontrar seus olhos. — Onde você quer me levar?
Uma tristeza pesada nublou os olhos de Daniel por um minuto antes
de desaparecer. — É... — ele franziu os lábios. — Amanhã. Eu vou te
contar amanhã.

16
Filho da puta em Espanhol.
Stavros poderia empurrar, mas qual seria o ponto? Em vez disso, ele
assentiu. — Tudo certo.
Eles se acalmaram novamente em um silêncio calmo, até que Daniel
falou suavemente. — Nós não éramos o casal perfeito.
— Hmm?
— Petra e eu — a resposta de Daniel foi tão suave, Stavros a sentiu
principalmente contra sua pele. — Não éramos perfeitos, mas fomos
perfeitos um para o outro.
Stavros engoliu em seco. Ele não pensou que ele nunca seria capaz
de agitar a culpa e vergonha que tocava sua alma na menção ou
pensamento de Petra. Mas ele não poderia se esconder disso. Não havia
escapatória. Poderia ser um obstáculo se ele deixasse.
— Você quer falar sobre ela?
Daniel olhou para ele em silêncio por alguns instantes, em seguida,
começou a levantar fora dele.
Stavros ofegou, agarrando a bunda para mantê-lo lá por mais um
tempo.
— Porra — respiração estremeceu através dele. — Jesus — ele
cravou os dedos nas bochechas da bunda de Daniel. — Cristo.
— Eu sei. — Daniel beijou seu queixo. — Desculpe — ele afastou o
corpo dele, enquanto Stavros soprava com a perda aguda. Mas Daniel não
saiu da cama. Ele simplesmente se aproximou da cabeceira da cama,
puxando Stavros até sentarem-se lado a lado com as costas contra os
travesseiros.
Daniel pegou a mão de Stavros mais perto dele e ligou os seus dedos
antes de levar suas mãos unidas a boca, escovando os lábios nos seus
nódulos.
Stavros, literalmente, acabou de foder esse homem sem preservativo,
e esse simples gesto parecia mais íntimo.
Então Daniel falou.
— Ela era mais do que apenas uma esposa. A cada passo do
caminho, ela estava comigo — sua voz estava rouca, mas firme. — Ela
conhecia todos os detalhes do que eu fiz — ele olhou para Stavros. —
Porque eu precisava que ela confiasse em mim, ou quando algo
acontecesse, ela tinha que saber por que eu pedi-lhe para fazer algo. Em
todos os sentidos, ela era minha igual.
Não era como se Stavros não soubesse que esses tipos de
relacionamentos existissem. Ele nunca tinha visto um de perto. Nunca
tinha recebido esse tipo de sacrifício e devoção.
— Ela não me fez melhorar — disse Daniel suavemente. — Ela não
queria. Ela gostava de mim como eu era, e ela sempre dizia. E eu a amei
mais por aguentar minha vida.
— Mas ela estava lá desde o início.
Daniel assentiu. — Ela estava. Ela deu conselhos, mesmo quando
achava que não precisava deles. Ela cuidou das minhas feridas. As visíveis,
e especialmente aqueles que pensei ter escondido dela — ele se virou para
Stavros. — Diablo, eu não quero que você pense que ela era uma santa. Ela
era humana. Às vezes, ela me frustrava. Ela era tão teimosa — ele
resmungou. — E ela gostava de discutir. Dios — ele expirou a palavra. —
Essa mulher poderia argumentar.
Stavros sorriu. — Você nunca ganhou esses argumentos, não é?
— Nunca, mas valia à pena quando chegava o momento de fazer a
reconciliação — a boca de Daniel se curvou. — Ela era um incêndio que
nunca pensei em conter.
Stavros apertou os dedos em torno dos de Daniel. Era estranho,
ouvir isso. Tão estranho. Mas ele gostava de tudo mesmo assim. Gostava
que Daniel não pensasse em compartilhar Petra com ele.
— Naquela noite... — o olhar de Daniel virou-se para longe. — Nós
tínhamos tentado e tentado, mas descobrimos que naquele dia ela não
poderia ter filhos — seus olhos escuros se encheram de remorso quando ele
voltou seu foco para Stavros. — Fiquei aliviado, diablo — sua voz caiu cerca
de um milhão de oitavas então. — Minha esposa queria meu bebê. E fiquei
aliviado por não ter um.
Merda. — Daniel...
— Foi uma traição. — Daniel ergueu a cabeça para trás na cabeceira
da cama e olhou para o teto. — Depois de tudo o que ela tinha me dado,
depois de tudo o que ela sacrificou e aguentou, eu estava feliz por não
poder carregar meu filho. Ela viu o que era, e foi uma traição — ele tocou
sua mão livre na bochecha esquerda. — Ela me deu uma bofetada.
Stavros engoliu em seco. — Por que você estava aliviado?
Daniel ficou tenso e soprou uma respiração alta. — A resposta fácil
seria que eu não queria trazer uma criança inocente para a vida que
conduzimos.
— E a resposta não tão fácil?
— Eu não seria um bom pai. Eu não seria altruísta e gentil. Tudo o
que sabia era o que meu pai me ensinava, e eu imitava sua sede de sangue
nos negócios. Era apenas uma questão de tempo antes que eu também
estivesse com coração frio e violento em minha própria casa.
Stavros balançou a cabeça com firmeza, com uma careta no rosto. —
Você sabe que isso não é verdade. Petra nunca permitiria isso. E o mais
importante: — ele agarrou o queixo de Daniel, empurrando a cabeça para
que seus olhares pudessem se encontrar. — Mais importante, agápi mou,
você nunca machucaria sua esposa ou seu filho.
— Eu gostaria de pensar isso...
— Foda-se isso.
Daniel sorriu.
— Não, sério. Foda-se. Isso. — Stavros inclinou-se para frente até
seus narizes baterem. — Você é o melhor homem que eu conheço, e não
estou dizendo isso porque você me deixa foder sua bunda.
— Eu espero que não.
Eles olharam um para o outro por um batimento cardíaco e depois
explodiram em risos. Stavros tocou o rosto de seu amante, traçando a
curva de seu sorriso. — O meu favorito é quando você sorri — ele
sussurrou. — Meu segundo favorito é saber que eu fiz você sorrir.
Daniel balançou o pulso. — Não houve muito para sorrir, não por
muito tempo.
Por causa de Stavros. A culpa branca e quente brilhava no peito dele
e ele olhou para longe. Os dedos no queixo o forçaram a encontrar o terno
olhar de Daniel.
— Isso não foi uma recriminação contra você, diablo — ele escovou o
polegar sobre o lábio inferior de Stavros. — Eu perdoei você. Você deve se
perdoar — ele inclinou a cabeça. — Você me perdoou?
— Pelo que? — Stavros ficou boquiaberto com ele.
— Eu te sequestrei. Eu torturei você.
Stavros acenou. — Essa merda foi às preliminares para mim. Você
sabe disso.
— Eu sei disso? — Daniel levantou uma sobrancelha.
— Você sabe disso.
— Penitência.
— Sim — ele não mentiria. — Mas, mais do que isso. Eu queria
sentir o que você me faz sentir. A dor, a luxúria, o medo de se apaixonar. —
Stavros lambeu o lábio, a língua arrastando no polegar de Daniel no
processo. — Não consigo imaginar você não estar perto o suficiente para
tocar.
— Nós nos conectamos através do sangue e da violência — disse
Daniel pensativo.
— Somos homens sangrentos e violentos.
Um sorriso lento atravessou o rosto de Daniel. Maldita seja. Ele
nunca deixaria de aturdir Stavros com esse gesto. — Nós nos merecemos.
— Tenho certeza dessa merda.
Daniel apertou os olhos para ele. — Você sempre fala palavrão?
A felicidade no peito de Stavros borbulhou, derramando de seus
lábios sob a forma de risada baixa. — Porra, sim.
Daniel beijou-o. Duro e rápido, mas merda, com tanta posse. —
Deite-se comigo, diablo.
— A qualquer momento. O tempo todo.

****

— Linda casa.
Daniel grunhiu para as palavras suaves de Stavros enquanto
colocava a chave na fechadura. Eles estavam no meio da varanda de uma
bela casa, afastada uma milha e meia de distância de qualquer estrada
principal. As paredes altas ao redor do perímetro escondiam a casa branca
de dois andares com persianas azul escuro da vista de quem viajava pelo
caminho de terra pouco usado.
Ninguém vinha aqui, exceto ele.
— Porque estamos aqui?
Para seu crédito, Stavros esperou muito tempo antes de fazer a
pergunta. Embora ele tivesse jogado alguns olhares curiosos no avião, ele
não perguntou. Daniel agradeceu sua moderação, especialmente porque ele
ainda não encontrou as palavras para explicar.
Stavros tocou seu ombro. — Daniel?
Daniel observou seu amante, sempre impecavelmente vestido, com
suas mordidas de amor e as impressões digitais de Daniel decorando seu
pescoço e garganta.
A noite passada tinha sido uma chance para pedir a Stavros que se
juntasse a ele. Prova de quanto Daniel havia mudado. Ele não era
conhecido por segundas chances, mas ele não se arrependeu do convite.
Isso era algo que Stavros precisava saber se eles deveriam continuar com
isso... Seja lá o que fosse.
Ele desejou continuar, então ele assentiu uma vez. — Há alguém que
eu quero que você conheça. Ela está dentro.
— Ok. — Stavros arrastou a frase. — Quem é ela?
— Alguém que eu amo — Daniel disse calmamente. Alguém que ele
desiludiu uma e outra vez. Ela merecia melhor. Stavros não falou
novamente, mas as perguntas permaneceram em seus olhos, então Daniel
disse a ele:
— Vou explicar quando entrarmos — imediatamente ele lamentou o
flash de cautela nos olhos de Stavros, mas antes que ele pudesse
tranquilizar seu amante, a porta foi aberta por alguém de dentro.
A ponta de uma arma tocou sua testa. Ele não se moveu, mas ao lado
dele, Stavros amaldiçoou viciosamente, com a mão no cinto.
— Não. — Daniel agarrou a mão de Stavros, mantendo seus
movimentos antes de encontrar os olhos da mulher leve segurando a arma.
— Charlie.
Ela piscou e seus olhos marrons e duros se arregalaram. — Senhor!
— ela baixou a arma, olhos cruzando de Daniel para Stavros e de volta. De
sua expressão em branco, ela sabia quem era Stavros. — Senhor, me
desculpe. Eu...
— O que é isso? — Stavros criticou.
Daniel não olhou para ele, simplesmente levantando a mão enquanto
se dirigia para Charlie. — Está bem. Eu deveria ter ligado antes — ele
geralmente dava a Charlie e seu companheiro aviso prévio, mas ele deixou
isso escapar de sua mente. — Sinto muito.
Com um e sessenta, a cabeça de Charlie mal chegava ao centro do
seu peito enquanto franzia os lábios. Algo que ela fazia quando tinha mais a
dizer.
— O que foi Charlie?
— Tem... Alguma coisa errada, senhor? — o tremor em suas
palavras mostrou sua preocupação.
— Não — ele balançou a cabeça rapidamente. Ele empurrou o
polegar para Stavros, que estava rígido ao lado dele, ficando
silenciosamente alto. — Ele está comigo.
Charlie engoliu em seco.
— Pode confiar nele. — Charlie deveria saber melhor do que duvidar
de suas palavras, mas ele tinha sido o único a aparecer sem aviso prévio,
um homem com uma reputação como a de Stavros a reboque.
— Claro senhor — ela ficou de lado, permitindo-lhe a entrada.
Daniel entrou com Stavros em seu calcanhar. No vestíbulo, Daniel
olhou para a escada circular, pintada do mesmo branco e azul escuro que o
exterior da casa. — Onde ela está?
— No andar de cima — seu olhar descansou em Stavros por um
segundo rápido antes de continuar: — Lành está com ela.
Daniel precisava de algo para fazer com as mãos dele, então ele as
empurrou para dentro dos bolsos de seu casaco e depois puxou. — Como
ela está?
— Hoje é um dia calmo — o tom de Charlie passou de hesitante e
cauteloso para uma suavidade suportada pelo cuidado. As dúvidas de
Daniel sobre ela e seu parceiro, Lành, cuidar de uma das pessoas mais
importantes em sua vida dissiparam há muito tempo.
Ele se virou para Stavros. A expressão de seu amante era suave,
impecável, mas Daniel leu a curiosidade confusa nas profundezas dos olhos
de Stavros. — Venha — ele estendeu a mão. — Há alguém que gostaria que
você conhecesse.
Ele apreciou o aceno de Stavros. Ele apreciou o quão fácil Stavros fez
isso parecer, tomando uma decisão e aderindo a isso. Subiram as escadas,
Daniel liderando, Stavros atrás dele, Charlie no fundo da escada, com os
olhos arregalados.
No segundo andar, ele caminhou os poucos degraus para o quarto e
parou na porta fechada.
Hesitar seria a palavra correta. Não era sobre confiar em Stavros com
isso, porque ele confiava em seu amante implicitamente. Isso era sobre
finalmente compartilhar o peso de algo que ele tinha arrastado em seus
ombros por um longo tempo.
Dedos tocaram seu queixo, agarraram seu maxilar. — Olhe para
mim. — Stavros murmurou ferozmente. — Olhe para mim.
Daniel olhou para ele. Olhou nos olhos dele. Havia um poder em
algum lugar dentro de seu amante. Uma coisa magnética que o puxava
para perto. Isso o acalmava. O centrava. — Diablo.
— Não importa. — Stavros virou-os, empurrando Daniel para a
parede ao lado da porta fechada. Dedos apertaram no maxilar de Daniel,
lábios escovaram o dele quando Stavros repetiu:
— Não importa o que ou quem está por trás dessa porta. Estou com
você cem por cento.
O fato era que Daniel não sabia quem o esperava por trás dessa
porta. Seu rosto permanece o mesmo, mas a mente dela...
— Abra a porta para mim — Stavros sussurrou contra seus lábios.
— Deixe-me atravessá-la com você.
Daniel abraçou a cintura de Stavros e segurou-o. Só... Segurou-o.
Respirando profundamente. Tomando um momento, aquele momento, para
se apoiar em alguém. Ele costumava ter Petra. Agora ele tinha Stavros.
— Tudo bem — ele acenou com a cabeça e se afastou, virando-se
para a porta. Uma mão na maçaneta, a outra segurando a mão de Stavros,
ele abriu a porta e entrou no quarto.
Lành saltou da cama, levantou uma arma. Ele ficou confuso com a
aparência externa quando conheceu Lành e eles foram rápidos em instruir
Daniel sobre os pronomes apropriados para usar. O pequeno rosto
emoldurado por uma barba ordenadamente cortada, pernas musculosas
expostas sob uma saia rosa até os joelhos, tiras de um sutiã visível sob a
alça de sua regata, e nascido no Vietnã, Lành, era como ninguém que
Daniel já conhecera.
— Sr. Nieto — levantando abruptamente, suas sobrancelhas
franziram. — Senhor, o que...
— Está tudo bem — ele olhou para a mulher na cama. — Como ela
está?
— Descansando — o foco de Lành mudou-se para Stavros e suas
sobrancelhas franziram. — Está calma hoje, senhor.
— Bom — ele assentiu com a cabeça para Lành. — Este é Stavros
Konstantinou. Você pode confiar nele.
— Claro senhor — ele parecia com Charlie, cauteloso e cético.
Daniel murmurou um sorriso. — Diablo — ele puxou Stavros para
frente. — Esta é a minha mãe — ele gesticulou para a mulher enrolada em
seu lado esquerdo na cama. — Anna-Maria Nieto — ele viu Stavros
observar a mulher na cama antes de voltar para Daniel.
— O que há de errado com ela?
— Alzheimer — Daniel enfrentou a cama, soltando a mão de Stavros
para aproximar-se e olhar para o rosto dela. Ela parecia pacífica com os
olhos fechados, os cabelos longe do rosto e presos na sua nuca. — Sua
mente... — ele engoliu em seco. — Está indo.
Às vezes, sua mente se afastava. Às vezes, retornava, e às vezes
desejava que não fosse.
— Ela foi alimentada — disse Lành atrás dele. — Medicação tomada
— ele hesitou. — Eu vou deixar vocês a sós.
Daniel assentiu sem olhar para longe de sua mãe. — Lành. Gracias.
— Claro senhor — passos suaves foram ouvidos e a porta fechada,
deixando-os sozinhos.
Stavros veio até ele, sua presença ao lado de Daniel, de alguma
forma, aliviando-o.
— Ela é linda — o ombro de Stavros escovou Daniel. — Delicada.
Daniel assentiu. — Mas tão forte — ele se virou para Stavros então.
— Ela está se afastando de mim, diablo. Aos poucos. Memória por
memória.
— Por quanto tempo? — Stavros perguntou.
— Anos — anos desde que apareceram os sintomas pequenos e
quase insignificantes. Até que não pudessem mais. — Mas ela diminuiu
rapidamente nos últimos dois anos.
— Aqui é onde você esteve. — Stavros gesticulou para a cama. —
Quando todos pensaram que você estava no submundo, você estava aqui,
cuidando dela.
— Sí. — Daniel caminhou ao redor da cama e subiu, com sapatos e
tudo, deitado ao lado de sua mãe que dormia. Mãos dobradas sobre o
estômago. Stavros o observou atentamente, com os olhos moles e tristes.
— Sente-se, diablo — ele apontou para uma poltrona no canto. — Fique
comigo.
Um sorriso indulgente dobrou o rosto de Stavros quando ele puxou a
cadeira e sentou-se, o tornozelo direito apoiado no joelho esquerdo. — Você
sabe que eu não vou a lugar nenhum.
— Eu sei?
— Sim.
Foi à vez de Daniel sorrir, pego no aberto desafio do olhar de Stavros.
Até a cama se deslocar. O sorriso caiu, seu olhar também enquanto Daniel
virou a cabeça para a mulher ao lado dele.
Seus olhos estavam abertos, nublados de sono e um vazio que
imediatamente temia. Ele a encarou de seu lado, suas cabeças lado a lado
no travesseiro. — Hola mamá.
Sua sobrancelha enrugou, e ela o tocou levemente, com um dedo na
bochecha. Seus lábios se moveram enquanto lutava para falar. — Quem...
Quem?
Ele sorriu, embora esse gesto fosse muito apertado. Muito frágil para
realmente ser classificado como um sorriso. Ele também se certificou de
manter sua voz calma e até mesmo baixa. — Eu sou Daniel. Você é mi
mamá.
Seus olhos arregalados se dirigiram para ele, e em seu olhar confuso
viu Levi. Ele viu Antônio. Ela tentou falar novamente, mas quando só os
sons confusos escaparam, as lágrimas escorreram pelo rosto.
— Ah, mamá. Tudo bem. — Daniel sentou-se com ela, tocando seu
frágil pulso. — Está tudo bem.
— Ma-Ma — ela murmurou com urgência. — Mamá. Mamá.
— Sí — ele a abraçou, braços enrolados em torno de seus ombros
magros. — Sim, é isso que você é. Minha mãe — emoção torceu sua voz em
um raspar grave. Stavros tocou sua perna, esfregando ligeiramente.
Suas lágrimas, elas caíram mais e mais rapidamente, pingando em
seu braço. Elas o rasgaram, cada gota. Ele fechou os olhos, aprisionando
sua própria dor molhada quando ele começou a cantar. Uma velha música
que ele a tinha ouvido tremendo inúmeras vezes ao redor da casa quando
ele cresceu. Uma música sobre encontrar a força para seguir em frente
após a perda de um ente querido.
Uma música sobre a bravura.
Ele cantou para ela enquanto sua mãe chorava em seus braços. O
aperto de Stavros em sua perna apertou-se e permaneceu sobre ele,
mantendo Daniel atado no meio do mau jeito de desamparo e uma raiva
inútil que queimava em seu intestino.
No final, ele beijou sua testa. — Silêncio, mamá. Você está segura. —
Daniel agarrou-se a ela quando tentou se afastar dele. — Você está segura.
Tudo está bem — perder alguém em estágios, não poderia haver outra dor
como essa. O desamparo de afogamento, nada tão debilitante quanto isso.
Uma mão enrolada em torno dela, ele fez um gesto para Stavros
pegar a escova na sua cômoda. Então Daniel escovou o cabelo de sua mãe.
Ela suspirou, fechou os olhos e se acomodou com a cabeça no seu
colo.
Ele escovou os cabelos com Stavros ao lado dele, oferecendo força
silenciosa.
Ele escovou o cabelo com as mãos trêmulas, tentando estar no
momento. Sabendo que seu tempo era limitado. Sua deterioração acelerava.
Esse conhecimento congelou seus movimentos, e ele olhou para as mãos
dele.
Em suas juntas brancas apertando o punho da escova.
Stavros tocou-o, empurrando a mão de Daniel para fora do caminho.
E seu amante assumiu o lugar onde Daniel não podia mais.
Stavros roçou os cabelos, com a cabeça dobrada ligeiramente em
concentração. Gentil. Respeitoso. Ele escovou os cabelos e o coração
quebrado de Daniel se juntou a essa visão.
Ela finalmente adormeceu. Stavros parou, colocando a escova à
parte, enquanto Daniel acomodava suas costas nos travesseiros e puxava
as cobertas sobre ela.
Então ele saiu da cama e olhou para ela. Stavros ao lado dele, o
polegar de seu amante esfregou o punho que Daniel fez.
— Venha. — Stavros puxou-o, e Daniel o seguiu, passando pela
cadeira de rodas na esquina, fora do quarto, e para fora na varanda
blindada ao lado da suíte de sua mãe.
— Daniel — a tristeza nos olhos de Stavros. Em sua voz, Daniel caiu
no abraço de seu amante.
Ele enterrou o rosto no pescoço de Stavros. Segurando apertado
quando ele se quebrou. Ele estava observando sua mãe desaparecer diante
de seus olhos nos últimos anos, impotente para fazer qualquer coisa para
deter. A medicação. Os doutores. Não havia nada a ser feito, exceto
prolongar o inevitável.
— O que você precisa? — Stavros perguntou contra seu pescoço. —
O que você precisa que eu faça?
Precisar. Ele tentou mais do que a maioria para não precisar de nada
desde que Petra morreu. A necessidade era uma coisa profunda. A
necessidade tornava os mais fortes dos homens fracos. A necessidade
poderia te matar.
— Eu preciso de você — ele se afastou para olhar nos olhos de
Stavros. — Eu preciso de você, diablo.
A boca de Stavros se abriu. Então fechou. Um músculo em sua
mandíbula pulou. Então ele abriu a boca novamente. — Eu quis dizer para
sua mãe.
— Eu sei. — Daniel assentiu. — Mas a resposta continua a ser a
mesma — ele se afastou de Stavros para sentar-se em uma das cadeiras de
vime branco com almofadas verdes. Verde era a cor favorita de sua mãe.
Ele esperou até que Stavros estivesse na frente dele antes de falar
novamente. Antes de confessar:
— Eu não estou bem — ele nunca ficaria bem com esse desamparo,
observando sua mãe desaparecer.
Os olhos de Stavros brilharam e ele caiu de joelhos na frente de
Daniel. — Não importa. Estarei aqui quando você estiver bem. E
especialmente quando você não estiver.
Realmente não deveria haver nada para sorrir sobre essa situação.
Nada para ser feliz. Exceto que havia. O homem de joelhos com fogo e
promessa em seus olhos. Ele provocou o sorriso de Daniel quando não
havia nada para sorrir em tantos anos. Ele deixou Daniel feliz mesmo em
meio a um desespero sombrio.
— Como você faz isso? — Daniel perguntou suavemente.
A testa de Stavros enrugou. — Faço o quê?
— Faz-me feliz. — Daniel ergueu o rosto, escovando o polegar ao
longo do maxilar de Stavros. — Como você faz a escuridão suportável?
— Eu não sei, mas estou feliz que eu faça. — Com os olhos
fechados, Stavros virou o rosto para a palma de Daniel, pressionando seus
lábios lá. — Você merece...
— Você. Isso é o que eu mereço diablo.
Os cílios de Stavros se elevaram. — Então pegue o que você merece.
Daniel inclinou-se, a testa contra Stavros. — Eu quero compartilhar
minha mãe com você, e tudo mais — ele estava observando atentamente,
então ele viu o ligeiro alargamento dos olhos de Stavros.
— Você quer compartilhar uma vida.
— Eu sei. — Daniel lambeu os lábios. — Eu sei que o compromisso e
a monogamia não são coisas que você conhece — seus dedos apertaram o
rosto de Stavros. — Eu não espero...
— Espere. — Stavros agarrou a mão de Daniel, levando-a para o
meio do peito, e a manteve apertado. — Você me trouxe aqui. Você me
deixou vê-lo. Você quer muito esperar coisas de mim — ele disse
ferozmente, parecia quente e pesado como o sol do meio-dia. — Você espera
coisas de mim.
— Diablo.
— Espere que eu ame você, como você me ama — ele se aproximou,
estabelecendo-se entre as pernas de Daniel. — Espere que eu o respeite o
suficiente para você fazer o mesmo — disse com voz rouca. — E por uma
vez, você fodidamente espere que eu cuide do seu coração.
Entre as pernas de Daniel, ele tremia.
— Acalma-se. — Daniel alisou a cabeça de Stavros e agarrou sua
nuca para inclinar sua cabeça para trás. — Stavros.
— Não. — Stavros sacudiu-se de seu aperto. — Diga-me. — ele
falou na frente da camisa de Daniel. — Diga-me o que você espera de mim.
Daniel beijou-o, os lábios pressionando na boca tremendo de
Stavros. Ele o beijou com força. Rápido. Então suave e lento, persuadindo
Stavros a abrir, afundando sua língua com um gemido. Chegando a casa,
ele sempre sentiu vontade de voltar para casa.
Quente e convidativo.
Seu gosto foi personalizado especificamente para Daniel. Molhado e
selvagem. Escuro e intrigante. Carnal e viciante.
— Espero que você me ame como eu te amo — ele sussurrou nesse
beijo. — Eu espero que você faça exatamente o mesmo comigo, porque vou
fazer o mesmo com você. — Stavros estremeceu. Seu controle sobre Daniel
vacilou. — Espero que você cuide meu coração, diablo, porque vou cuidar
do seu.
— Sim. — Stavros suspirou em sua boca. — Sim — ele avançou,
tomando a boca de Daniel novamente. Empurrando seu caminho para
dentro, a língua empurrando profundamente.
Daniel grunhiu, puxando seu cabelo.
Caindo de novo.
Se afogando.
Com vontade.
Stavros se separou primeiro, olhando para Daniel com os lábios
molhados e olhos largos. — Eu sempre fui um homem egoísta — ele limpou
a voz rouca de sua garganta. — Isso não vai mudar Daniel.
Daniel sorriu com aquele aviso. — Eu vi seu lado egoísta, diablo. Eu
gosto disso.
Na verdade, ambos eram homens egoístas, o que os fazia ideais um
para o outro.
— Não posso acreditar que você me perdoou.
Daniel balançou a cabeça. — Esse não foi um gesto altruísta, Stavros.
Eu não tinha nada, e então eu tinha você. Você se tornou o meu tudo,
diablo. E para aceitar esse presente, eu tive que perdoá-lo. Mas eu só posso
dar perdão. A redenção é a sua parte — ele colocou a mão sobre o coração
de Stavros. — A redenção começa aqui.
Stavros olhou para a porta, que levava para o quarto de Anna-Maria.
— Esta estrada, esta jornada com sua mãe, eu quero estar lá com você.
Para você.
— Eu quero isso também.
Stavros apertou os olhos. — Você está fazendo isso sozinho? Mas e
sobre...
— Foi uma jornada muito longa. Antônio sabia. E Petra. Mas
ninguém mais.
— Levi?
Daniel esfregou uma mão sobre o rosto. Ele lutou com isso por tanto
tempo. — Ele não sabe que ela está viva.
Stavros endureceu. — Explique.
Então Daniel fez, dizendo a Stavros sobre as circunstâncias sobre o
nascimento de Levi e sua vida longe da vida dos Nieto.
— Merda. — Stavros balançou em suas ancas. — E todo esse tempo
você não contou a Levi?
— Acredite ou não, não sei o que dizer. E é justo para ambos? —
Daniel fez as perguntas que ele estava perguntando há anos. — Ela não
tem suas faculdades mentais no lugar. Ela não vai conhecê-lo. Como faço
isso com ele?
Stavros levantou-se de seus joelhos e retomou o assento, inclinando-
se para frente com os cotovelos nos joelhos. — Eu gostaria de saber.
Daniel o observou enquanto as emoções tocavam em seu rosto.
— Minha mãe, você sabe que ela morreu me dando à luz.
Daniel tocou as mãos dobradas de Stavros. — Eu sei.
— Crescer sem ela, isso foi... Difícil. Faltava algo que meu pai nunca
conseguia consertar. Pelo menos, ele não tentou. Se eu pudesse tê-la por
um dia... — ele abriu as mãos. — Se eu pudesse abraçá-la apenas uma vez,
dizer a ela que a amo... — sua voz quebrou quando ele encontrou o olhar de
Daniel com olhos vermelhos. — Eu gostaria de um dia. Desse abraço. Desse
momento.
Daniel apertou sua mão. — Você acha que eu deveria contar a Levi.
— Sim.
Ele sentiu-se egoísta pelo fato de alguém ter tomado as decisões por
ele. — Então eu vou.
Stavros inclinou a cabeça. — Sim?
— Sim, e você virá comigo para Seattle.
Seu amante sorriu, com os olhos dançando com malícia. — Você
sabe, Donovan Cintron é do tipo que atira primeiro, e depois faz as
perguntas, certo?
Daniel deu um de seus sorrisos. — Você deveria ter pensado nisso
antes de sequestrar seu marido.
— Você me conhece. — Stavros abriu a mão, palmas planas contra
Daniel, ligando seus dedos. — Eu vivo para o perigo.
Capítulo 30
— Esta é uma má ideia. — Stavros olhou da casa para Daniel
sentado ao lado dele na parte de trás do SUV. — Não me interprete mal,
estou bem com isso. Só queria ter certeza de que saiba que isso... — ele
acenou novamente para a casa. — É uma má ideia maldita.
— Notei — a boca de Daniel se contraiu.
Eles já estavam parados com o carro uns cinco minutos em frente a
casa. Se Stavros tivesse sua chance, eles deixariam Seattle e voltariam para
Nova York. Talvez Atlanta. Inferno, um hotel nas proximidades daria certo.
Eles estavam em movimento desde que deixaram a mãe de Daniel há dois
dias. Daniel estava amarrando as pontas soltas. E Stavros manipulava seu
próprio negócio por meio de telefonemas com seu tio. Não havia tempo para
expirar.
Este momento seria difícil para Daniel, e Stavros se recusava a
deixar seu amante passar por isso sozinho. Então ele veio para Seattle,
para estar cara a cara com Levi e seu marido. Claro, Stavros esperava
plenamente que Donovan Cintron tomasse represálias pelo que Stavros fez.
Ele faria o mesmo, então ele não podia ficar bravo. Merda, ele nem se
importava.
Na verdade não.
— Eu lhe disse que eu tenho uma casa na Ilha de St. Simons na
Geórgia? — ele se aproximou de Daniel, até que seus ombros estivessem
juntos. — Fica na costa sudeste, a meio caminho entre Savannah e
Jacksonville.
Daniel interrompeu o seu olhar da casa e tocou um dedo na
bochecha de Stavros. — É isso?
— Sim. — Stavros inclinou a cabeça para trás, sua respiração ficou
alta e pesada quando a mão de Daniel percorreu sua garganta e apertou
ligeiramente. — Casa na praia também. — Daniel apertou sua garganta e
os lábios de Stavros se separaram. — Eu quero foder você lá.
— Na praia? — a expressão de Daniel era todo mar calmo e céu azul,
mas sua voz era outra questão. Agitada, quando a mão na garganta de
Stavros se moveu para o sul, cavando em seu estômago antes de mergulhar
mais baixo.
Agarrando sua ereção.
Stavros gemeu.
— É verdade — sussurrou Daniel, respirando sobre os lábios de
Stavros com uma onda provocadora de calor. — Precisamos de férias.
— Foda-se. — Stavros empurrou em seu aperto. — Sim, nós
precisamos.
— E devo admitir... — ele lambeu Stavros, um rastro molhado de
fogo em sua mandíbula. — Estou apaixonado por seu sexo.
Jesus. Stavros agarrou-o pelos cabelos, amassando seus lábios
juntos. — Não diga coisas assim. Não aqui — ele bateu no lábio de Daniel,
depois sugou, tremendo quando o aperto de Daniel em seu pênis ficou mais
apertado. A doce dor fechou seus olhos quando ele empurrou os quadris
para frente.
— Diablo.
— Feche — Um sussurro contra seus lábios. — Sua — mordida. —
Boca — beijo. Stavros colidiu contra a sua boca, ofegante enquanto se
agarrava a Daniel. — Caso contrário, eu vou fodê-lo na entrada do seu
irmãozinho.
Daniel estremeceu, e Stavros empurrou-o para trás no assento,
jogando uma perna sobre ele.
Montando-o.
O pênis de Daniel pressionou forte contra Stavros, e ele gemeu, com
a cabeça jogada para trás, ambas as mãos agarrando a nuca de Daniel
enquanto ele se balançava contra ele. Daniel segurou sua bunda, a boca no
pescoço de Stavros, os quadris levantando enquanto moíam.
Porra, mas Stavros não se lembrava da última vez que ele fez algo
assim. Era embriagante. Quente e emocionante. Os grunhidos de Daniel
dançaram sobre a pele de Stavros, os dedos apertados e definitivamente
deixando marcas. Eles se moveram juntos.
Friccionando.
Moendo.
Nenhuma outra maneira de descrevê-lo que não seja tão bom.
Ele pegou a cabeça de Daniel, levantando-a para pegar seus lábios,
sugando-os um a um na boca enquanto Daniel ofegava por ele. Então
Stavros entrou.
E ele se aprofundou.
Fodendo seu caminho para Daniel, com as bocas abertas, as cabeças
inclinadas em um ângulo. Línguas entraram em confronto, e se
emaranhado.
Daniel gemeu e Stavros o provou, de forma áspera antes do som se
desintegrar em torno de seu beijo. Ele passaria o resto do dia aqui no banco
de trás do SUV, Daniel, com a língua na sua boca, todos os sons de seu
amante saboreando seu beijo. Escurecendo-o. Colorindo algo imperfeito.
Algo selvagem e desesperado.
Muito parecido com o homem contra a bunda de Stavros, o homem
cujos dedos o agarraram fortemente. Tão perigoso. Esse perigo estimulou
Stavros e ele alcançou entre eles, agarrando a virilha de Daniel.
A respiração de seu amante balbuciou.
Stavros sorriu quando seus dedos se instalaram no cinto de Daniel.
A porta do carro a sua esquerda se abriu e as mãos agarraram
Stavros pelos cabelos, arrancando-o de Daniel e fora do veículo. Ele caiu no
chão de joelhos.
— Isso é uma fodida merda.
Ele ergueu a cabeça e olhou para o barril da arma de Donovan
Cintron.
Bem, foda-se.
Daniel correu para fora do SUV, e o coração de Stavros gemeu.
— Daniel — ele latiu. — Pare — ele não desviou o olhar de Van, mas
pelo canto de seus olhos ele viu Daniel congelar. — Isto é entre Van e eu —
lentamente, ele ergueu as mãos para entrelaçá-las atrás de sua cabeça.
— Diablo. — Stavros reconheceu a agonia na voz de Daniel. A
necessidade de fazer algo, qualquer coisa para proteger a pessoa que você
ama, mesmo que você permaneça impotente para fazer qualquer
movimento.
— Pare. — Stavros balançou a cabeça lentamente. — Deixe-me fazer
isso.
A mão de Donovan Cintron não vacilou, nem mesmo quando seu
marido acabou correndo pela porta da frente.
— Van, merda! — Levi deslizou em uma parada ao lado de seu
marido. — Você está em público, maldição.
Stavros sorriu. Era errado ele gostar que Levi não repreendesse Van
por puxar uma arma para Stavros? Esses garotos Nieto são sanguinários
como o inferno.
— Van, afaste sua arma — Daniel falou suavemente, com cuidado.
Provavelmente, a primeira vez que Stavros o tinha ouvido usando esse tom
cuidadoso.
Ele não gostou.
— Já tem um tempo desde que eu queria um pedaço de você —
disse Van. — Você gosta de pensar que é intocável, e você pode até ter sido.
Até você colocar as mãos sobre o que é meu.
— Quando você está em guerra, você usa todas as armas à sua
disposição. — Stavros encolheu os ombros. — Levi era uma arma.
Van esmagou seu rosto com a arma e Stavros empurrou para trás.
Merda. Isso dói.
— Van.
Stavros conseguiu examinar através do sangue escorrendo pelo
rosto. Daniel tinha uma mão no ombro de Van. Levi tinha as mãos
cruzadas enquanto observava de perto.
— Deixe-o. — Stavros lambeu seu lábio cortado, estremecendo com
a queimada resultante. — Deixe-o — ele disse a Daniel de novo. — Está
tudo bem.
Ele nem viu o punho chegar até que ele esmagou seu nariz.
— Seu buceta do caralho. — Van grunhiu enquanto ele se agachava
em frente à Stavros. — Da próxima vez que você pensar em envolver o meu
marido em seus jogos doentes, eu estou atirando em sua bunda — ele
endireitou-se. — E eu não me importo com quem está mantendo a porra do
seu pau molhado — ele se afastou de volta a casa com seu marido ao seu
lado.
Daniel pegou Stavros, ajudando-o a se levantar. — Você está bem?
— Estou bem. — Stavros limpou o rosto com a manga. — Nós dois
sabemos que eu já estive pior.
— Por que você me impediu? — Daniel agarrou a frente da jaqueta
de Stavros. Seus olhos se estreitaram ao dimensionar Stavros. — Ele
poderia ter te matado.
— E eu não teria merecido isso? — ele colocou uma mão sobre a de
Daniel. — Não vamos fingir que não cruzei uma linha envolvendo Levi e
Toro em nossa luta.
O maxilar de Daniel apertou.
— Eu não o detive porque, se ele tivesse feito com você o que fiz com
Levi, eu reagiria da mesma maneira. Além disso, se ele quisesse me
machucar, eu estaria machucado — ele não duvidou disso. Stavros estalou
o pescoço dele. — Estou bem, e seu irmão está esperando por você lá — ele
balançou a cabeça quando Daniel abriu a boca. — Eu vou esperar por você
aqui. Seu irmão precisa de você — ele segurou o maxilar de Daniel. — Você
também precisa dele.
Uma pequena contração curvou a boca de Daniel. — Há sangue na
sua garganta — seus dedos tocaram Stavros lá, com um toque de pena.
Ainda assim, aquele toque áspero se demorou. Como todos os toques de
Daniel. — Eu estou duro para você.
— Você sempre está duro para mim. — Stavros sorriu. — Mas
quanto mais cedo você conversar com seu irmão, mais rápido minha língua
pode estar na sua bunda.
As narinas de Daniel inflaram e ele puxou Stavros em seus braços, a
boca indo até sua garganta. Um calor úmido acendeu contra seu pomo de
Adão quando Daniel o lambeu.
Lambeu o sangue dele.
Inferno. — Você sabe que vou gozar, se você mantiver essa merda.
Daniel o soltou abruptamente e recuou. — Aguarde-me no carro.
— Sempre. — Stavros deu-lhe um sorriso torto.
Com um aceno na cabeça, um sorriso jogando nos lábios, Daniel
virou-se para a casa de seu irmão. — Ah, e mais uma coisa…
Stavros parou com a mão na porta do carro e olhou para trás.
— Quando eu voltar, você terminará o que você começou nesse
banco de trás.
Stavros lambeu os lábios.
— Então, você nos levará para a casa da praia, e fará tudo de novo.
Deus. Droga. — Eu amo você — disse ele. Porque essa era realmente
a única resposta que um momento assim exigia.
— Lo sé17. — Daniel assentiu uma vez. — Eu também te amo — ele
continuou a curta caminhada até a porta da frente do seu irmão.
E Stavros esperou por ele.

17
Eu sei em Espanhol.
Capítulo 31
Três dias depois de conhecer seu filho mais novo, Anna-Maria Nieto
contraiu pneumonia. Com seu sistema imunológico já comprometido, ela
nunca se recuperou. E três semanas depois desse momento emocional, ela
morreu.
Nos braços de Daniel, com Levi ao lado dele. Com Van e Stavros nas
proximidades, ela morreu.
A primeira vez que Daniel viu a casa de praia de Stavros foi o dia em
que chegaram, todos os quatro mais Toro, para espalhar as cinzas de sua
mãe no oceano. Ele esperava a perda, mas essa expectativa não diminuiu a
dor. Nem aliviou a culpa.
Ele desejou ter contado a Levi sobre ela mais cedo.
Ele desejou poder retirar Antônio para vê-la uma última vez, em vez
de ter que enviar uma mensagem à prisão por meio de terceiros sobre sua
morte.
Ele desejava que todos reconhecessem os sinais de sua doença pelo
que era, em vez de marcar a sua idade. Ao estresse de ser a esposa de
alguém como Eduardo Nieto.
Principalmente ele se arrependeu do tempo que ele passou longe
dela, quando ela mais precisava dele. Tempo que ele não conseguia fazer
voltar.
Ele apertou seus dedos em torno do trilho na varanda do segundo
andar, fora do quarto principal, olhando para a praia escura abaixo. 1:53
da manhã e ele não conseguia dormir. Seus convidados haviam saído mais
cedo naquele dia, depois de passar dois dias na casa da praia, então agora
era apenas Daniel e Stavros.
Stavros, que estava em Nova York quando Daniel recebeu as notícias
sobre a infecção de Anna-Maria. Ele voltou e nunca saiu. Ficando ao lado
de Daniel, dando-lhe forças quando tinha certeza de que as dele acabara.
Stavros deu-lhe conforto apenas por estar perto.
E Daniel o amava.
De todos os caminhos que ele havia visto trilhando depois da morte
de Petra, ele nunca tinha visto isso. E ele estava feliz por isso.
— Hey — os braços deslizaram em volta de seus ombros nus por
trás, antes que os lábios de Stavros escovas em sua nuca. — Não conseguiu
dormir?
— Não — ele inclinou a cabeça para trás e para o lado, então
Stavros poderia beijar seu pescoço. Este era o seu lugar mais seguro. Os
braços de Stavros. A ironia não estava perdida para Daniel, mas ele não se
importava. Não podia pagar. Não quando o calor do corpo de seu amante
estava se espalhando por ele.
Não quando as palmas de Stavros deslizaram para baixo do peito de
Daniel e se acomodaram no seu quadril, exercendo pressão suficiente para
fazê-lo virar-se e enfrentar o rosto de Stavros sob o luar. Seu cabelo escuro
e grosso estava amassado, olhos ainda nebulosos com o sono.
O homem mais sedutor que Daniel já havia posto os olhos.
Ele escovou um pedaço de cabelo dos olhos de Stavros. — Eu vou
para a cama em breve.
Stavros encolheu os ombros. — Ou não. Não importa, estou aqui.
Ele estava, e tinha sido a única coisa constante na vida de Daniel.
Antes, tinha sido Petra. Então a ira e a sede de vingança. Agora, era
Stavros.
— Ei — Stavros pegou o queixo, levantando a cabeça de Daniel o
suficiente para que seus olhos se segurem. — Você se sente culpado.
Stavros o conhecia, então Daniel não o insultou em negar essa
afirmação. — Sim.
— Ok — olhos brilhantes, Stavros assentiu. — Diga-me o porquê.
Com as costas contra a grade, Daniel ergueu a respiração e inclinou
a cabeça para trás, olhando para o céu negro. — É verdade o que eles
dizem diablo. El Karma es cabrón. — Karma é uma puta. — Uma vez eu
disse a um homem que eu mataria todos aqueles que ele amava e o deixaria
vivo para viver com essa dor. Com essa culpa — ele encontrou os olhos de
Stavros. — Eu sou esse homem hoje. Todo mundo que eu amo está
morrendo e ainda estou vivo, vivendo com a dor. Com a culpa.
— Nem todo mundo que você ama está morrendo. Seus irmãos estão
aqui. Seus sobrinhos — os cantos da boca de Stavros curvaram-se da
maneira mais perversa. — Eu.
— Diablo — Daniel frisou o apelido. — Eu amo você — ele tinha que
dizer isso. Precisava ter certeza de que Stavros entendia. Daniel o amava.
Amava ele.
— Eu sei. — Stavros encostou-se ao peito dele, segurando-o mais
apertado. — Diga-me por que você se sente culpado por sua mãe.
Com a menção dela, o peito de Daniel apertou-se e sua respiração
ficou áspera. — Nós não reconhecemos os sinais mais cedo — ele
respondeu. — Quando ela esquecia que dia era. Quando teve problemas
para amarrar seus cadarços. Ela saia de casa e depois voltava, mas
esquecia para onde estava indo. Eu não sabia. Nós não sabíamos.
— Claro que não. — Stavros acariciou seu rosto, uma testa franzida
em confusão. — Como você poderia saber?
— Meu pai a maltratou — essas palavras eram cinza na língua, o
amargo acre era uma coisa permanente. — Ele aproveitou seu estado de
enfraquecimento, e nunca vimos isso. Ela nunca nos contou — ele inalou
bruscamente. — Ele sempre foi um homem violento, mas eu não tinha
motivos para pensar que ele iria prejudicar a mãe de seus filhos — ele
agarrou Stavros, olhando nos olhos de seu amado quando ele disse:
— Eu não tinha motivos para pensar que ele prejudicaria a mulher
que o amava por mais da metade de sua vida.
Mas Eduardo gostava de infligir muita dor para parar com apenas
seus inimigos. Ou aos seus filhos.
— O que ele fez?
Pensar sobre isso só serviu para aumentar sua ira. Daniel abriu as
mãos, esticando-as ao seu lado enquanto Stavros o acariciava suavemente.
Apenas o contato mais curto com a ponta dos dedos deslizando para cima e
para baixo ao longo dos lados de Daniel e ele queria bocejar e se esticar no
conforto.
— Antônio os encontrou — as palavras coçaram sua garganta,
molhada de raiva dolorida. — Ela estava encolhida na cozinha, papá
elevando-se acima dela. Ela incendiou a cozinha tentando fazer café da
manhã e a derrubou no chão — ele apertou os olhos para fechá-los antes
de abri-los. — Ela não sabia onde ela estava. Não reconheceu Tonio. Não
podia falar o nome de seu marido ou filhos.
— Jesus — a respiração de Stavros lavou a garganta de Daniel.
— Eu não estava em casa, mas Tonio trouxe-a para Petra. Eu teria
lidado com papá. — disse ele a Stavros. — Eu teria lidado com ele. Tonio
chegou até ele primeiro.
— Há rumores de que você foi o único a matar seu velho.
— Sí — ele sabia sobre os rumores, mas nem ele nem Antônio
corrigiam. — Depois desse dia, ela morava com Petra e eu. Ninguém sabia o
verdadeiro motivo. Nós a mantivemos fora da vista uma vez que ela havia
sido diagnosticada. Depois que Petra morreu, tive que fazer uma escolha
sobre ela, sobre o negócio. Mesmo na prisão, Tonio queria que eu voltasse
para a vida, mas nossa mãe tinha que vir primeiro. E eu tive que fazer isso
para que eu pudesse ficar livre para cuidar dela por quanto tempo ela
precisasse.
Stavros soltou-o abruptamente e ficou ao lado dele, de frente para a
praia enquanto Daniel enfrentava a casa. — É por isso que você se
associou com Syren.
— Ele me devia, e ele tinha os recursos para se certificar de que
permanecesse intocável — ele não podia continuar olhando por cima do
ombro, e não se ele quisesse ajudar sua mãe. Ele não podia estar atrás das
grades enquanto ela precisava dele.
— Você se tornou intocável dos federais, mas Felipe era algo
diferente.
Felipe era pessoal. — Ele me culpou pela morte de Petra.
— Sim — Stavros sussurrou. — Mas você também o fez pensar que
queria voltar para o negócio. Você o forçou a tomar medidas drásticas.
— E então você cortou sua cabeça. — Daniel torceu para pressionar
seus lábios no ombro de Stavros. — Eu não esperava isso de você, diablo.
E eu não acho que te agradeci.
— Foda-se, não preciso de sua gratidão — os olhos se estreitaram,
Stavros agarrou-o pelo queixo. — Por que você me pegou? Realmente? — o
luar deu aos seus olhos um brilho etéreo, tornando-os ainda maiores
quando olhou para Daniel.
Ele sorriu.
— Porque eu queria você. Eu precisava de você — ele confessou. —
Eu pensei que era apenas por causa de Petra que eu via seus olhos no meu
sono, diablo — inclinando-se para frente, ele escovou o nariz com o de
Stavros enquanto ele sussurrava. — Eu pensei que o fogo na minha barriga
quando eu pensava em você era todo sobre ódio, diablo. E pensei que
querer mantê-lo perto era simplesmente por causa do que você tinha feito.
Stavros piscou.
— Mas foi mais — sempre mais. — Você me deu tanta dor, mas
também me deu prazer. E se perder Petra me coloca numa prisão, você é o
carcereiro. Aquele com a chave. Diablo — ele segurou o maxilar de Stavros.
— Você me libertou.
— Merda. — Stavros parecia chocado.
Daniel riu. — Sí.
Mas Stavros não retornou o sorriso dele. — Você pode fazer muito
melhor.
— Talvez. Talvez não. — Daniel deu de ombros. — Não importa. Eu
só quero você.
Stavros gritou uma risada. — Maldição. Amar você é... — ele
balançou a cabeça. — Amar você é uma merda.
Daniel pegou a mão de Stavros e a colocou no seu tronco, no nome
de Petra. — Toque-me, diablo. E não seja gentil.
Mas a atenção de Stavros estava presa em suas mãos, esticadas na
pele de Daniel. — O que você acha que ela teria dito sobre isso? Sobre nós?
Por um momento, Daniel teve que reunir seus pensamentos. E então
ele falou honestamente. — Eu acho que no começo ela não entenderia. E
ela provavelmente me esbofetearia. Mas ela tentaria. Ela tentaria entender,
diablo. E ela gostaria que eu vivesse, no entanto, tanto quanto eu quereria
que ela fosse feliz.
Stavros engoliu em seco.
Daniel inclinou-se para frente e beijou-o. — Ela iria querer que eu
estivesse com alguém que possa lidar com quem eu sou. O que eu sou. E
ela diria foda-se para quem não nos entendesse.
Os olhos de Stavros estavam largos. — Ela falava palavrão?
— O filho da puta era seu favorito — ele sorriu para a expressão
cômica no rosto de Stavros. — Às vezes, ela deslizava e amaldiçoava na
frente da minha mãe. Aqueles eram momentos divertidos.
A garganta de Stavros funcionou e a tristeza encobriu os olhos. — Eu
não posso acreditar que você está compartilhando ela comigo. Tão
livremente.
Daniel girou e o encontrou em seus braços. Stavros agarrou-se a ele,
o rosto enterrado no pescoço dele. — Eu compartilhei tudo com ela. E vou
compartilhar tudo com você. Tudo, incluindo ela.
Stavros apertou sua nuca e puxou a cabeça de Daniel para trás. —
Você me pegou.
— Eu fiz? — Daniel levantou uma sobrancelha.
— Você me pegou — ele beijou Daniel, com dificuldade. Afiado. —
Foda-se, você me pegou.
Daniel limpou todos os traços de alegria de seu rosto. — Prove isso.
As narinas de Stavros inflaram naquela relativa forma e seus olhos
brilharam segundos antes de bater a boca na de Daniel. Duro o suficiente
para fazê-lo cambalear, para tê-lo agarrado a algo, qualquer coisa para
manter o equilíbrio.
Mas então a língua de Stavros mergulhou profundamente, e Daniel
não se preocupou em ficar de pé.
Ele se preocupou apenas em combinar cada golpe carnal com o dele.
Sobre o levantamento da perna direita para agarrar a cintura de Stavros,
esfregando sua ereção contra toda essa dureza. Todo esse calor. Os dedos o
agarraram, agarrando sua pele, cavando mais fundo que o osso.
Stavros ofegou na sua boca, lambendo-o, chicoteando-o. Sempre
seus beijos trouxeram um desespero, uma fome que Daniel sentia em seu
intestino. Ele nunca mais iria ultrapassar, e ele não queria.
Ele queria esse momento, ele colocou a mão sob o calção de Stavros,
e agarrou uma das nádegas.
Espremendo.
Provando aquele gemido desfiado. Sentindo os tremores. Pronto para
o terremoto.
Ele se afastaria de tudo para ter isso todos os dias. Os braços de
Stavros apertaram ao redor dele, firmes, mas ainda frouxos. Sua boca,
destruindo Daniel com todo aquele molhado. Afogando-o. Salvando-o.
Sua vida nas mãos de Stavros.
Seu prazer também.
Sua dor.
Tudo isso.
Ele afastou a boca da de Stavros, agarrando-o pelo queixo,
certificando-se de cavar e sorrir quando Stavros estremeceu.
— Preciso de algo para a dor, diablo — esqueceu-se, porém, como
deveria soar, sua voz era um grunhido mutilado. — Preciso de algo como
você.
Stavros exalou, e foi quase um soco de respiração quente no rosto de
Daniel.
— Eu estou oferecendo isso — ele não soltou Stavros. Não podia. —
Eu quero que você tome tudo. E não seja gentil.
Stavros agarrou-o pela virilha e empurrou o rosto para Daniel até o
nariz ficar pressionado.
— Não me diga o que diabos fazer — seus dentes afundaram no
lábio inferior de Daniel.
Não foi uma mordida delicada.
— Eu vou te tocar porque eu quero. Definitivamente vou fodê-lo
porque eu quero.
Daniel jogou a cabeça para trás, segurando o controle de seu eixo.
De todas as maneiras que ele amava Stavros. Especialmente na cama deles.
Rápido ou devagar. Duro ou macio. Gentil.
Ou isto.
O olhar assustador e frio em seus olhos. A intenção de causar
estragos no rosto.
Daniel adorava.
Esta noite ele queria esse estrago, sob qualquer forma que tomasse.
— Venha. — Stavros afastou-se de repente, mas segurou a mão de
Daniel. — Venha comigo.
— Sim — onde quer que fosse. Sempre. Ele não tinha dúvidas sobre
seguir seu amante.
Lábios curvaram-se em um sorriso, Stavros virou-se e levou-os de
volta ao quarto. As cobertas brancas estavam amassadas, a luz de uma das
lâmpadas de cabeceira lançando a quantidade certa de brilho.
Liberando a mão de Daniel, Stavros fez um gesto para as calças de
pijama. — Tire-as.
Ele fez. Em dois segundos malditos.
Então ele ficou diante de seu amante apenas em sua pele.
Stavros tocou seu peito, seu torso. — Você sempre está tão quente —
ele murmurou com as pálpebras baixando. — Eu amo sua pele.
Quando ele segurou o eixo já doído de Daniel, ele inalou
bruscamente. — Diablo...
— Joelhos — as pálpebras de Stavros se elevaram, acendendo-se
com o tipo de fome mais quente. — Agora.
Novamente. Dois segundos malditos. E ele nem sequer se importou
com esse olhar nos olhos de Stavros que reconheceu a vontade de Daniel de
estar aqui, um tapete queimando seus joelhos, os músculos doloridos
enquanto ele olhava para cima, lambendo seus lábios.
Esperando.
O silêncio caiu quente entre eles. Carregado. Stavros olhando para
ele, o olhar frio e calculado de antes desaparecido, derretido pelo calor,
amor e apreciação que preenchia agora seus olhos. E Daniel...
Esperando.
Até que ele não conseguiu. Ele se inclinou para frente, envolvendo
ambos os braços ao redor dos quadris de Stavros enquanto pressionava o
rosto na virilha coberta de shorts e inalava.
Estremecendo.
Porque esse cheiro embriagante de luxúria e fome nunca deixava de
atingi-lo na cabeça. Esse cheiro, tudo por ele, nunca deixaria de engrossar
sua garganta e enviar necessidade ondulando pelo cheiro.
Esse cheiro era dele.
Pertencia a ele. Tal como fez Stavros. Então, Daniel puxou o calção
para baixo de seus quadris, levando sua ereção lisa na boca antes que os
shorts atingissem os tornozelos de Stavros.
— Porra. — Stavros agarrou sua nuca, segurando Daniel para ele,
forçando-o a tomar mais. — Porra.
Ele não estaria ganhando nenhum prêmio em um concurso para
isso, mas ele gostou. O gosto era tudo Stavros, selvagem, louco, bom.
Daniel tinha sede por mais. Então ele bebeu, engolindo-o o melhor que
pôde. Uma mão agarrando-o na base enquanto o levava para dentro e para
fora.
Para cima e para baixo.
— Foda-se, agápi mou. — Stavros se moveu para ele, avanços
superficiais enquanto ele se levantava na ponta dos pés. — Me veja. Deixe-
me foder essa boca.
Daniel grunhiu, imergindo em dar prazer a seu amante. Seu sangue
bateu em seus ouvidos com cada mergulho e arrastar sua língua. Entre
suas pernas, ele latejava.
Querendo.
Precisando.
Arfando, respiração tomando um assento traseiro para chupar.
Dentes pastoreando o suficiente para que Stavros agarrasse seu cabelo e
puxasse, puxando-o para fora.
— Maldito seja — ele tremeu contra o toque de Daniel. — Eu vou
gozar para você. Vou gozar em sua boca e observá-lo engasgar comigo.
Sim.
— Mas ainda não. Não agora — ele se segurou, trouxe sua coroa para
os lábios de Daniel. — Cuspa nisso.
A hesitação não estava em nenhum lugar no vocabulário de Daniel,
onde Stavros estava em causa. Ele seguiu o comando e observou como sua
saliva fez uma caminhada lenta no comprimento do eixo de Stavros antes
de mergulhar os nódulos.
— Lamba tudo.
Ele começou na base, a ponta de sua língua rígida pegando aquela
saliva quando ele deslizou. Para cima. Então pegou a cabeça em sua boca
novamente.
Chupando. Bochechas vazias, puxando duramente enquanto Stavros
amaldiçoava e empurrava com força.
Mais fundo.
— Merda. Foda-se, sua boca — sua linguagem ficava ainda mais
suja durante o sexo. — Deus — ele empurrou o rosto de Daniel em seu
púbis. — Deixe-me foder essa boca. Sim — ele fez um som, inalando com a
boca aberta, mas os dentes apertados. Um silvo prolongado e arrastado.
Ambas as mãos contra o traseiro, Daniel o encorajou a empurrar. A
fazer o que queria. Stavros assumiu essa direção, os quadris avançando
para enterrar-se profundamente.
Respiração trancou.
Olhos regaram.
Todo o seu corpo ficou tenso.
Mas Daniel manteve os olhos molhados abertos, em Stavros. Ansioso
por mais. Tomando o que Stavros deu. Amando isso. Ele estava cercado por
ele. Na garganta. Na boca dele. As suas narinas. Stavros estava em todos os
lugares.
Como deveria ser.
Um impulso e ele estava engasgando, garganta apertando.
Asfixiando. Mas Stavros o segurou imóvel, com seu cabelo agarrado. Olhos
brilhando enquanto olhava para Daniel. Entrando e saindo.
Duro.
Fodendo sua boca. O usando. Mãos flexionando na bunda de
Stavros, e Daniel o incitando a empurrar. Ele balançou na borda, o controle
de Stavros sobre seu corpo e seu prazer potente. Ele latejava por toda
parte, a necessidade de explodir estava pesada e quente na base da sua
coluna vertebral. Ainda assim, ele a afastou. Muito apaixonado pelo pau na
boca e os dedos brutais em seus cabelos.
Seus joelhos protestaram contra a sessão de joelho prolongada, suas
bolas também, mas Daniel ficou ali mesmo, deixando Stavros foder sua
boca.
Até que seu amante se retirou. Saliva escorria pelo queixo de Daniel
enquanto observava Stavros sentar-se à beira da cama e acariciar-se.
— Rasteje para isso.
Capítulo 32
Stavros segurou seu olhar, o pulso trabalhando em seu pênis.
A mão de Daniel foi para sua própria ereção, apertando a base. Todo
o seu corpo ameaçava entrar em erupção com todos os comandos emitidos
por Stavros. A excitação o deixou fraco, mas não muito fraco para rastejar a
curta distância para Stavros. Não muito fraco para se estabelecer entre os
joelhos espalhados e pressionar o rosto na virilha.
Dedos percorreram seu cabelo, empurrando-o para baixo.
Mais baixo.
Stavros recostou-se. As pernas subiram, os calcanhares
pressionando na borda da cama.
Ele ofereceu-se.
Daniel pegou.
Palmas na parte de baixo das coxas de Stavros. Língua se arrastando
por suas bolas embebidas de pré-sêmen e saliva. Mais baixo.
Até que Stavros estava debaixo da sua língua, a parte mais íntima
dele se contraiu com cada deslize da língua de Daniel. Isso também era
outra coisa que ele nunca obteria uma medalha. Mas ele colocou tudo o
que ele tinha nele. Dançando, girando. Lambendo ao ritmo dos arquejos de
Stavros.
Lábios sobre ele, sugando até os dedos de Stavros parecerem
determinados a arrancar o cabelo em sua cabeça.
Mesmo aqui, ele provava aquela familiaridade selvagem. O perigo de
induzir o prazer. Mesmo assim, Daniel amou. Especialmente quando
Stavros empurrou para baixo sobre ele, contorcendo-se na cama, ofegante,
mão abandonando o acariciar de seu pênis para pegar o edredom e puxar.
Todo tremor que Daniel sentiu. Toda vibração. Todos os gritos dos
lábios de Stavros que amava.
— D-Daniel. — Stavros se afastou dele. — Jesus, porra, eu poderia
me sentar em sua língua o dia todo.
Daniel liberou-o, lambendo os lábios, abaixando-se para apertar seu
pênis latejante. Dios. Ele gozaria. Algum segundo agora, ele explodiria.
— Boca. — Stavros sentou-se. — Me dê sua boca.
Daniel apertou os olhos. — O que... — uma mão ao redor de sua
garganta o puxou para cima, e ele se encontrou em cima de Stavros na
cama.
As mãos emoldurando o rosto, os olhos ferozes, Stavros grunhiu:
— Eu quero sua língua na minha boca.
Daniel piscou para ele.
Stavros lambeu seu queixo. Então sua língua subiu mais alto. —
Você coloca sua boca em mim, coloco minha boca em você — ele rastreou o
lábio inferior de Daniel. — Eu não me importo — e ele o beijou.
Devastando.
Dentes e língua rasgando a boca de Daniel como se estivesse em
busca de algo. Não que ele se importasse. Ele nunca fez.
— Você come minha bunda assim? — Stavros ofegou contra ele, o
pau pressionando forte contra a barriga de Daniel. — Você come minha
bunda e me faz esquecer meu maldito nome? — ele fechou os olhos,
respiração estremecendo para Daniel. — Droga, Daniel.
— Diablo.
— Eu quero estar dentro de você. Eu preciso gozar, e eu estou
fazendo isso dentro de você — ele tocou o nariz de Daniel. — Você me
entende?
Ele sorriu. — Eu entendo você.
— Bom. — Stavros saiu de debaixo dele. — Espalhe as pernas.
Daniel fez. Diretamente de costas, coxas e joelhos em seu peito.
Stavros instalou-se sobre ele, com o peito movendo-se, com a mandíbula
apertada, os olhos selvagens enquanto agarrava o lubrificante e se
preparava. Seus olhos se encontraram e seguraram enquanto Stavros se
abaixava.
Peito no peito de Daniel.
Lábios reuniram-se imediatamente. Daniel o segurou. Uma mão no
cabelo de Stavros, a outra segurando os lençóis. Ele abriu-se. Ofereceu
tudo.
E Stavros aceitou, torcendo a cabeça na sua entrada, empurrando.
Rompendo-o.
Eles inalaram como um.
A dor estava lá, sempre à dor. Mas Deus, cada centímetro de Stavros
encheu Daniel. Lentamente.
Torturadamente lento.
Através de tudo, suas línguas lutaram. Com um lamber ansioso, o
pau negligenciado de Daniel preso entre eles, fluindo sêmen pegajoso.
Stavros empurrou para dentro.
Baixou. Daniel enrolou a perna direita em torno da cintura de
Stavros, o tornozelo descansando na base da coluna vertebral. Incitando-o.
Seu amante quebrou o beijo o suficiente para sussurrar: — Eu amo
você — ele se levantou de volta, bateu e aceleraram a velocidade.
Daniel agarrou-se a sua pele molhada, arqueando da cama com cada
impulso que parecia chegar mais profundo do que nunca. Stavros fez amor
com ele com golpes constantes, assumindo o controle. Cada impulso
levantava os quadris de Daniel da cama. Cada movimentação trouxe um
rosnado aos seus lábios e Stavros beijou tudo. Destruindo tudo que não
eram eles. Manipulando Daniel de uma maneira que ele não conhecia
antes.
Uma maneira que ele gostava.
Tão bom.
Ele disse-lhe então, encontrando todos os golpes. Abrindo-se mais
largo para aprofundar.
O fogo o devorou, correndo pelo comprimento da sua coluna
vertebral.
— Porra. — Stavros ofegou contra sua bochecha. — Seu corpo é tão
gostoso. Bom pra caralho — ele gemeu. — Não vou durar.
— Então não faça.
— Sinto você me tomando — ele grunhiu — Eu sinto você me
tomando, agápi mou. Seu traseiro ganancioso por isso. Sugando-me. — ele
jogou a cabeça para trás, as veias inchando. — Maldição.
Daniel apertou em suas palavras, arrastando uma mão entre eles
para se acariciar. Ele não podia aguentar, agora não. Não com Stavros
atingindo aquele ponto dentro dele que transformava seus ossos em
líquido.
— Por favor — ele não conseguiu encontrar nada de seu espanhol
naquele momento. — Por favor.
— Sim. — Stavros puxou a perna esquerda de Daniel para cima, até
que seu joelho quase tocou sua bochecha. — Tome assim. — ele olhou dos
olhos de Daniel para onde eles se juntaram. — Monte-me. Monte-me.
Daniel empurrou de volta, rolando os quadris, ofegante com cada
golpe. — Deus. Deus.
— Deus. — Stavros estremeceu, e seus olhos se estreitaram em
fendas. A excitação transformou seu rosto em uma careta feroz. — Foder
você é... Não consigo respirar quando você me aperta assim. — ele soltou a
perna de Daniel para tocar sua bochecha. — Parece que estou morrendo.
Daniel beijou-o novamente, engolindo suas palavras. Acariciando-se.
Tudo correu para os dedos dos pés, esse prazer. Enrolou-os. Em seguida,
voltou para as suas bolas.
Uma penetração.
Um último impulso e ele explodiu com o grito mais alto, gozando.
Gozando.
De longe, ouviu a voz de Stavros. Embebido em seu sexo, o tom de
seu amante era como conhaque com gelo. Intoxicante. Queimando com o
impulso mais suave e profundo. Stavros não acabou com ele. Boca na
garganta de Daniel, ele não parou de entrar e sair.
Também não parou de falar.
— Não posso parar — ele respirou. — Não consigo parar de vê-lo
gozar. Não consigo parar de querer assistir você gozar por mim. Eu posso
fodê-lo o tempo todo.
Daniel apertou. A respiração de Stavros enganchou. Seus dedos no
quadril de Daniel apertaram-se, afundaram. Seu empurrão vacilou e depois
acelerou. O fogo aqueceu.
— Ungh. — Daniel não tinha mais nada. Gasto. Todo consumido.
Mas então os dentes afundaram em seu peito, acima de seu coração.
Calor o inundou quando Stavros gozou, e de alguma forma Daniel estava
puxando os lençóis de novo.
Cabeça jogada para trás novamente.
Um aperto de corpo inteiro que o trancou. De sua mandíbula até os
dedos dos pés. Sua visão ficou em branco. E ele não reconheceu nada até
que Stavros colapsou em seu peito e depois rolou para o lado dele.
Corpos lisos.
Arfando.
Daniel alcançou entre eles e pegou a mão de Stavros. Enfiando os
dedos. Ele não podia dizer qual deles tremia mais. Não importava. Ele
colocou os dedos nos lábios.
— Diablo — quando Stavros virou a cabeça para olhar para ele,
Daniel sorriu. Mesmo suado, rosto vermelho de todo esse esforço, lábios
inchados, ele ainda era o homem mais cativante que Daniel já havia visto.
— Eu te amo.
De seu lado, Stavros tocou o peito de Daniel. Sua boca se abriu, mas
o som do vidro quebrando no andar de baixo fez com que ambos
congelassem.
Stavros foi o único a se lançar na posição vertical e da cama
primeiro, puxando o short com uma mão enquanto agarrava as armas no
topo da cômoda. Daniel o seguiu, entrando apressadamente nas calças e
pegando a arma que Stavros lançou para ele.
Juntos, eles saíram do quarto e desceram as escadas, Stavros à
frente. Ele não sabia o que os esperava, então Daniel segurou a língua,
seguindo a liderança de Stavros.
Na escuridão, ainda não era difícil ver que o vidro na porta da frente
tinha sido quebrado. A resposta a respeito de como, apareceu na forma de
uma figura vestida de preto que se lançou atrás do sofá e disparou.
— Stav...
Stavros caiu com um grunhido.
Coração na garganta, Daniel voltou, pegando o atirador bem entre os
olhos. Ele caiu para trás e Daniel não esperou para vê-lo bater no chão
antes de se agachar ao lado de Stavros.
— Stavros — ele rolou Stavros em suas costas, e seu amante fez
uma careta quando ele se sentou.
— Estou bem. — Stavros colocou uma mão sobre a coxa esquerda, o
sangue já encharcando suas calças. — A bala foi de raspão.
— O que é isso? O que está acontecendo?
— Não sei, eu... — os olhos de Stavros se arregalaram e seu braço
esquerdo ergueu-se quando o fogo explodiu nas costas de Daniel.
Ele caiu para frente. Stavros rolou, gritou, disparou balas, mas de
alguma forma o som foi silenciado para Daniel. O que não foi silenciado foi
à próxima explosão que o atingiu logo abaixo da axila esquerda.
Seu corpo ficou entorpecido.
O som se foi depois disso. O sangue se juntou debaixo dele enquanto
ele estava deitado no estômago. Dois tiros. Ele viu Stavros disparar no
atirador de Daniel nos joelhos. Ambos. O homem caiu no chão ao lado de
seu cúmplice.
Dois homens.
Eles haviam sido emboscados.
Quem?
Daniel não podia piscar. Mas ele poderia flutuar.
Morrendo. Ele sentia isso. Sentia-se escorrendo.
Alguém falou com ele, as palavras soando como se estivessem sendo
canalizadas através de uma máquina de vento.
— Fique comigo.
Fique.
— Daniel.
O ruído de seu nome atravessou o nevoeiro por um segundo, e ele
piscou para os olhos molhados de Stavros.
— Não me deixe.
Ele não queria, não estava ansioso para a censura nos olhos de
Petra. Mas é claro, com a vida que ele liderava, seu destino seria diferente
do de Petra. Ele não tinha controle.
— A ajuda está chegando — as mãos de Stavros tremiam quando ele
tocou o rosto de Daniel. — A ajuda está chegando, você ficará bem.
Foi a primeira vez que Stavros mentiu para ele. Daniel tentou
chamá-lo, mas tudo que saiu quando ele abriu a boca era uma tosse. E
sangue, derramado dos lábios que ele costumava adorar o homem que
chorava por ele agora. — D-Diab...
— Silêncio. — mãos em seu rosto, Stavros pressionou suas testas
juntas. — Você vai ficar bem, e você e eu, vamos descobrir quem fez isso. E
nós os faremos pagar.
— D-Desculpe. — Daniel tentou tocá-lo, mas suas mãos estavam
muito pesadas. Muito frias. — Desculpa.
— Não. Não — gritou Stavros. Agonia e pânico encheram seus olhos.
— Você não vai me deixar. Você não vai partir.
Mas ele não podia ficar.
— Eu não vou te perdoar. Daniel, por favor.
Ele não queria ir. Ele queria intermináveis infinitos com o homem
ajoelhado em seu sangue. Ele queria mais de fazer amor. Mais dos
palavrões de Stavros. Ele queria a vida.
Viver.
Mas a morte não se importava.
A morte tinha vindo.
— Não me faça fazer isso sem você — os sentimentos quebrados de
Stavros caíram no rosto de Daniel em gotas quentes e úmidas.
Rompendo seu coração.
— Por favor. Por favor.
Ele não queria morrer.
Mas as portas já estavam abertas.
A morte entrou.
Capítulo 33
Duas vezes.
Daniel Nieto morreu duas vezes. Ambas às vezes nos braços de
Stavros.
Sangue seco nas mãos, debaixo das unhas. Ele olhou para elas,
entorpecido. Ele nem sentiu a ferida em sua coxa que os médicos tinham
costurado.
Ele caminhou pelo corredor, cada passo pesado ecoando. Ele
definitivamente não deveria estar de pé e andar com uma ferida de bala
nele. Mas ele desafiou alguém para mantê-lo quieto. Dentes apertados, ele
tentou pensar. Forçou-se a pensar. Focar-se. Exceto que ele estava
nublado. Todo o treinamento dele. Toda a sua experiência foi-se com o
golpe de uma bala.
Ele morreu.
Ele morreu depois que Stavros o mandou não fazer. Ele se foi.
Stavros sentiu como se não estivesse lá. Pedaços dele, os pedaços
daquele que importavam, estavam todos naquela sala de operação. Tudo
naquela mesa. Ele não confiava em ninguém com a vida de Daniel.
Ninguém. E o fato de ele ter que se sentar aqui neste silencioso corredor
com suas paredes azuis e seu maldito café não ajudava em nada.
Em um segundo eles estavam felizes e no próximo...
Ele parou de andar. Deixou cair um joelho e enterrou o rosto nas
mãos.
Não havia nada, nada como ver a pessoa que você ama tomar seu
último suspiro. Nada como esse sofrimento. Paralisante. Horripilante. Nada
tão sombrio como o momento em que você percebe que você seguiria
ansiosamente.
Ele usou suas mãos e sua própria respiração para trazer Daniel de
volta pela primeira vez. A única vez que ele usou suas mãos para esse
propósito. Seu amante ficou vivo, mas inconsciente por dez minutos depois
disso. Tempo suficiente para que os paramédicos chegassem.
Então ele morreu na ambulância.
Por cinco minutos eles trabalharam nele, com Stavros ali mesmo
ameaçando todo mundo. Aquele homem ia viver. Seu coração bateria. Ele
iria respirar. Eles chegaram muito longe, passaram por demais. E Stavros
era muito egoísta para permitir que Daniel Nieto roubasse seu coração e
deixasse-o sozinho.
Suas lágrimas haviam secado muito antes que os paramédicos
chegassem à casa da praia.
Lágrimas do caralho; ele queria a raiva em vez disso.
Ele abraçou a raiva. Em si mesmo. Nos atiradores. Na porra do
Daniel.
Os punhos fechados, ele se endireitou, encostado na parede para
manter o equilíbrio. Por tanto tempo que demorasse, ele estaria passeando
por esse corredor. Ele não estava indo embora. Não até que ele soubesse
que Daniel estava bem.
Daniel usava uma identidade falsa para tudo, então Stavros deu isso
como sua informação. Ele também disse que Daniel era seu marido. De que
outra forma ele teria alguma atualização? De que outra forma ele saberia
que o homem que amava estava vivo?
— Aqui.
Alguém cutucou seu ombro e ele girou, olhando para Toro e a xícara
de café que o homem mais jovem dava. Ele nem sequer ouviu alguém se
aproximar.
— Cuidado ao se esgueirar — ele tomou o café e engoliu, nem sequer
estremecer quando queimou sua língua e o teto de sua boca.
Toro não piscou com as suas palavras ásperas. Ele simplesmente se
dirigiu para o conjunto de cadeiras incomodas e questionáveis e sujas no
canto e sentou.
Ele foi o primeiro telefonema que Stavros fez, depois de 911. Por sua
vez, Toro chamou Syren. Stavros levou Daniel para se encontrar com os
paramédicos. Ele não queria que ninguém entrasse para tentar salvar o
homem que ele tinha atirado e algemado na cozinha.
Depois que eles partiram, Toro e Syren manipularam a disposição do
homem que Daniel havia matado. E eles tiraram o que ficou vivo. Stavros
ainda não sabia onde o levaram, mas ele havia dado instruções claras.
Mantenha-o vivo e ele é meu.
Não agora. Não quando a preocupação por Daniel tinha todo o seu
corpo tremendo. Não quando ele não conseguia ficar quieto por dois
segundos. Mas logo ele teria um encontro com o homem que entrou em sua
casa e atirou em seu amante.
Em breve.
Quando ele pudesse encontrar os olhos de Toro sem se sentir
culpado.
Eles deveriam estar seguros.
Felizes.
E se não fossem?
E se eles não tivessem um para sempre?
Ele fez as pernas trabalharem, fez com que se movessem. E ele caiu
ao lado de Toro, a cabeça inclinada contra a parede. Olhos fechados. O café
queimou sua palma, e ele só queria jogá-lo contra a parede. Sujar o
corredor impecavelmente limpo.
O sangue em suas mãos zombou dele. Seco e coçava. O sangue de
Daniel estava cobrindo a perna da sua calça, nas mangas da sua camisa.
Tão vermelho.
Tão loucamente vermelho.
Ele recusou-se a lavar as mãos. Recusou-se a mudar suas roupas.
Duas horas. Ele não podia.
Ainda não.
— Família de Daniel Hernandez?
Os sapatos brancos da enfermeira ruiva começaram a ranger no
chão, e ainda Stavros não a tinha ouvido se aproximar.
Na pergunta, ele se levantou, junto com Toro.
— Eu sou seu sobrinho — Toro disse a ela.
— E eu sou seu marido — para a surpresa dele, Toro nem piscou.
A enfermeira sorriu para eles com amáveis olhos castanhos. — Seu
marido está fora da cirurgia — disse ela a Stavros.
Ele inalou. — Como ele está?
— Eles tiraram as balas, e ele perdeu muito sangue. — ela olhou
para os papéis em sua mão. — Ele ainda está inconsciente, e os médicos
estarão monitorando.
— Mas ele está bem? — Stavros pressionou.
Seus olhos se encheram de piedade então. — É muito cedo para
dizer, senhor. Espero que seu marido seja um lutador — ela deu um
tapinha no seu braço e saiu.
Foda-se, ele era um lutador.
— Espere — ele a chamou. Quando ela olhou por cima do ombro, ele
perguntou: — Posso vê-lo?
— Vou verificar.
Toro tocou novamente o ombro dele. — Ele ficará bem. Tío é um
lutador.
Tío. Ele era tio e irmão.
Amante.
A tristeza dos olhos de Toro puxou Stavros, fazendo com que ele
percebesse que ele não era o único sofrendo. Não era o único assustado.
— Ele é um lutador — ele repetiu enquanto abraçava Toro. — Ele é o
lutador de merda mais sujo, também. Ele ficará bem.
Vinte minutos depois, a enfermeira o conduziu até o quarto de Daniel
e, em seguida, saiu silenciosamente. Stavros estava ao lado da cama, com
as mãos apertadas.
Ele estava pálido. Tão pálido. Traços de sangue ainda no queixo.
Tubos estavam na boca dele. Os braços dele. Mas ele parecia estar
dormindo. Ele não parecia com um homem que havia morrido.
Duas vezes.
Ele não parecia um homem pendurado na vida por um fio.
Mas a visão dele ainda puxava o equilíbrio de Stavros, e ele caiu de
joelhos. — Acorde — as palavras estavam molhadas, tropeçando uma sobre
a outra enquanto derramavam de sua boca. — Acorde e volte para mim.
Ele agarrou o trilho da cama, segurando-se quando o sofrimento o
colocou no chão.
— Ela não pode ter você. Eu preciso de você... — sua voz quebrou.
— Eu preciso mais de você — cabeça inclinada, ele deslizou os dedos sobre
os de Daniel. — Eu preciso mais de você.
Ele queria mudar de lugar. Daniel estaria vivo e livre e vibrante.
Stavros era o culpado. A casa da praia era dele. A lista de inimigos que ele
fez ao longo dos anos...
— Eu sinto muito. Desculpe-me. — ele se curvou, colocando os
lábios na parte de trás da mão de Daniel. — Eu sinto muito.
Qualquer um de seus inimigos que viria atrás dele se arrependeria.
Ele se certificaria disso. — Estou esperando por você — ele sussurrou. —
Por tanto tempo que você queira levar, estarei esperando que você abra
seus olhos e me veja do jeito que você faz.
Com admiração e surpresa.
Amor e luxúria.
Fome e apreciação.
Ele beijou a testa de Daniel e se forçou a se afastar. Fora daquele
quarto. Ir parecia como um abandono. Ele rasgou seu coração e deixou-o
naquele quarto. Naquela cama.
Então ele foi encontrar Toro. Ele também encontrou Levi e Donovan
Cintron.
Levi correu para ele. — Como ele está?
Stavros não podia. Dois homens olhando para ele com os olhos de
Daniel era demais. — Toro, onde está Syren?
Toro olhou para Levi e voltou para Stavros. — Lado de fora.
— Meu pessoal estará aqui em menos de vinte minutos. Ninguém
entra nessa sala, a menos que possamos conhecer todas as malditas coisas
sobre eles.
— Stavros.
— Eles vão protegê-lo. — sua voz travou e ele desviou o olhar,
ignorando o olhar de Levi. Eles fariam o que Stavros não conseguiu fazer.
— Eles vão cuidar dele com suas vidas.
— E onde você estará? — Levi perguntou.
Não estaria lá. Ele não podia estar lá.
Ele saiu do hospital e entrou no veículo SUV preto ao lado da
entrada. Ignorando os outros três homens no veículo, ele se virou para
Syren.
— Leve-me para ele.

****
Petra Nieto foi sua última morte pessoal. Agora, Stavros estava
ansioso para deixar as mãos sujas. Ele esperava deixar o sangue de outra
pessoa manchar os dedos.
Syren tinha o atirador em um armazém a menos de meia hora fora
de Atlanta. Ambos os joelhos enfaixados, o rosto inchado, os braços
fechados amarrados nas costas, ele ergueu a cabeça quando Stavros entrou
no lugar. Seus olhos inchados ainda conseguiram se alargar quando viu
Stavros.
Ele veio sozinho. Sem o apoio dos homens que trabalhavam para ele.
Sem Syren, também. Esta não era a luta de ninguém, exceto a dele e a de
Daniel. Como Daniel estava fora de serviço, caiu sobre Stavros a
responsabilidade de corrigir isso. Ele enrolou as mangas enquanto olhava
para a figura imóvel olhando para ele sob as pálpebras inchadas.
Kerry era o nome dele. O morto era Curtis. Kerry exibia um falcão
falso e uma cicatriz de três polegadas perto do canto do olho esquerdo. Isso
fez Stavros pensar sobre sua própria cicatriz, a que Daniel colocou no rosto.
Era pouco visível agora.
— Você sabe quem eu sou? — ele perguntou calmamente.
— Eu deveria? — uma carranca franzida enrugou a testa de Kerry.
Portanto, Stavros não tinha sido o alvo. — Quem contratou você? —
ele queria que isso fosse feito e acabado para que ele pudesse voltar para
Daniel. Mas quando Kerry rangeu os dentes e tentou por uma atitude
arrogante, Stavros percebeu que a merda era demais para perguntar.
— Porra, o que eu pareço? — Kerry cuspiu. — Um dedo-duro?
Stavros sorriu para ele. — Eu acho que você parece um homem que
ainda não percebeu que está morto e enterrado.
— E você continua falando merda quando seu homem está morto e
você está todo disparado.
— Não é minha primeira bala, Kerry. — Stavros pisou no joelho
direito de Kerry, sorrindo quando gritou. — Não será a minha última.
— Argh. Foda-se. — Kerry ofegou. — Porra.
— Eu quero um nome. — Stavros não tirou o pé desse joelho. Na
verdade, ele colocou mais peso sobre ele quando Kerry se contorceu, seu
rosto inchado em uma máscara torcida de agonia. — Alguém pagou você
para fazer um trabalho, e eu preciso ter uma conversinha com seu
empregador.
— Cara, foda-se.
— Ok. — Stavros recuou. Ele não tinha tempo para isso. Não tinha o
maldito coração para prolongar isso. Ele puxou a arma e atirou em Kerry
novamente.
Duas balas.
Um em cada joelho.
De-porra-novo.
E ele caiu em suas ancas e observou silenciosamente quando Kerry
engasgou e gritou, e o amaldiçoou, seu sangue preenchendo o lugar.
Fazendo Stavros pensar sobre o sangue de Daniel.
— Eu sou um homem ocupado — ele disse acima dos gritos agudos
de Kerry. — Este não é onde qualquer um quer estar. Por que não
mudamos isso? Diga-me quem contratou você.
— Eles vão matar minha família, cara! — lágrimas e ranho
misturados com o sangue seco no rosto de Kerry caíram pelo queixo.
— Isso soa como um problema para você.
— Mate-me — gritou Kerry. — Porra, me mate.
Stavros revirou os olhos. — Eu vou matar você — ele disse
gentilmente. — Mas primeiro, eu quero um nome. Caso contrário, eu te
mantenho vivo assim, e continuo colocando balas em seus joelhos — ele
ergueu a Glock. — Eu tenho um pente completo e um backup completo.
Kerry ofegou. — Eu preciso de um médico, cara. Traga-me um... —
Sua respiração cortou. — Me traga um médico.
— Eu sei o que você precisa. Você sabe o que eu preciso. — Stavros
agarrou seu queixo, dedos escorregando em todo o sangue, saliva e muco.
— Dê-me um nome.
— Eu não... Eu não tenho. Eu não... — Kerry sacudiu a cabeça com
força, os olhos quase inchados. — Curtis lidou com essa merda. Eu estava
lá para observar suas costas.
Stavros inclinou a cabeça. — Isso é... Muito ruim.
— Eu juro cara. — Kerry implorou seu corpo inteiro, inclinando-se
para frente. — Eu juro. Eu não sei de nada.
Passos soaram atrás de Stavros e os olhos de Kerry iluminaram uma
fração.
— Socorro. Ajude-me. Este filho da puta...
— Peguei o que você precisa — disse Syren a Stavros. — Você vai
querer encerrar isso. Agora — ele desapareceu, e Stavros voltou-se para
Kerry.
— Hoje é seu dia de sorte, Kerry.
— Você... Você me deixará ir?
Olhe para toda essa esperança. — Não. Mas você conseguirá morrer
rapidamente — ele apertou o gatilho. A cabeça de Kerry bateu na parede,
um pequeno buraco no meio de sua testa. — É sorte.
Ele saiu do quarto e encontrou Syren de pé ao lado da porta, um
monte de papéis na mão. Os três homens que os acompanharam no
passeio não estavam à vista, mas Stavros não se enganou ao pensar que
Syren estava sozinho.
— Eles foram pagos em dinheiro — disse Syren. — E Kerry estava
certo, Curtis era o negociador.
— Você tem um nome?
Syren entregou os papéis silenciosamente, e Stavros rapidamente os
leu.
Filho da puta.
Filho da puta.
Traição.
Os papéis caíram de seu aperto enquanto caminhava em direção à
saída.
— Ele não gostaria que você...
Ele girou, uma arma apontada diretamente para a cabeça de Syren.
— Não me diga o que diabos ele gostaria. Você não é o único que usa seu
sangue como uma segunda pele. Ele não morreu em seus braços.
— Não. — Syren balançou a cabeça. — Mas eu sei o que você está
passando. E você não pode simplesmente naufragar merda em seu nome.
Stavros sorriu lentamente para ele. — Me assista. Mantenha seus
olhos de merda em mim.
Syren não era o único com contatos e recursos infinitos.
Capítulo 34
Antônio Nieto não parecia um homem condenado há algumas
décadas na prisão. De fato, enquanto Stavros estava lá fora da sala dentro
do prédio não descritivo, mas altamente seguro, no centro de Los Angeles,
ele tinha que admitir que o homem parecesse muito relaxado.
Vestido com roupas regulares ao invés de um macacão de prisão,
Antônio sentou-se na cadeira, inclinou a cabeça para trás e para o lado,
enquanto olhava pela janela à sua direita. Seu cabelo escuro pendia mais
na frente do que na parte de trás, e contas de rosário pendiam ao redor do
pescoço, aninhadas contra o azul suave da camisa.
Ele não parecia que ele representava uma ameaça.
Stavros levou três dias para chegar aqui, e durante esse tempo ele
vacilou entre o que ele faria. O que ele poderia fazer. Seu primeiro instinto
sempre seria dar o troco. Mas este era diferente.
Ele não era aquele que tinha sido traído. Não era sua ligação para
fazer, tanto quanto desejava o contrário. Maldição, ele desejava o contrário.
— Antônio Nieto — ele entrou na sala como um homem em uma
missão. Porque ele estava. E ele teve tanto prazer com o choque flagrante
que ampliou os olhos de Antônio e deixou cair o maxilar. — Vejo que você
sabe quem eu sou.
— O que diabos você está fazendo aqui, Konstantinou? — Antônio
olhou para ele no corredor. Seu rosto ainda estava machucado por seus
últimos machucados.
— Apenas passando. Eu acho que você não esperava me ver? —
Stavros sentou-se em frente a ele e cruzou as pernas, o tornozelo
descansando sobre o joelho.
— Meu irmão deveria ter te matado depois do que você fez com ele.
— Sim. — Stavros assentiu. — Ele devia ter.
Os olhos de Antônio se arregalaram. — O que você quer? Sou um
homem ocupado.
— Eu posso ver isso. — Stavros sentou-se, um dedo distraidamente
acariciando o queixo enquanto ele dizia: — Um homem que eu amo morreu
nos meus braços recentemente. Um homem que eu amo está dormindo
inconsciente em uma cama de hospital hoje, e eu tenho perguntas.
O filho da puta riu. — Você acha que eu me importo com você ou
com seus caminhos de bicha? — ele se inclinou para a porta. — Guarda.
Guarda, tira-me daqui.
— Não. Você vai ficar. Você não me perguntou a identidade do
homem que eu amo — ele parou e caminhou ao redor, parado atrás da
cadeira de Antônio. Stavros desabotoou seu cinto.
— Guarda! Guarda!
— As câmeras estão desligadas. Os guardas se foram — ele passou o
cinto ao redor do pescoço de Antônio, enrolou ambas as extremidades no
punho e puxou. — Pergunte-me o nome do homem que eu amo.
Antônio lutou contra ele, mesmo com as mãos algemadas na frente
dele, ele lutou. Contorcendo. Chutando a mesa e arqueando. Mas Stavros
segurou aquele filho da puta, cinto na garganta enquanto ele puxava,
apertando-o.
Puxando enquanto ele respirava por ar. Até que seu rosto ficou roxo
e seus movimentos cessaram. Então ele aliviou o aperto.
Antônio estremeceu, tossindo.
— Pergunte-me — Stavros grunhiu. Ele o agarrou pelos cabelos,
puxou-o para trás. — Pergunte-me o nome dele.
— Qu... Qual...
— Daniel Nieto — Stavros sussurrou contra a testa de Antônio. — O
nome do homem que eu amo. Daniel Nieto — ele afastou um Antônio rígido
e voltou a colocar o cinto antes de retomar seu assento.
— Você é um mentiroso. — Antônio trouxe suas mãos algemadas
para agarrar sua garganta, ainda ofegante.
— Você colocou uma recompensa sobre ele — porra, ele precisava de
um cigarro na pior maneira. Por que ele deixou essa merda? — Eu quero
saber por quê.
— Meu irmão nunca trairia sua esposa assim. Meu irmão não é um
puto.
— Diga-me por quê. — Stavros bateu os punhos na mesa. —
Engraçado, ele é seu irmão quando descobre que ele está me fodendo. Ele
era seu irmão quando você se alinhou com The Perez Boys e enviou-os
atrás dele? Ele era seu irmão quando você se virou para jogar suas
simpatias?
Antônio o olhou, a teimosia muito familiar dos Nieto escurecendo
seus olhos e endurecendo seu queixo.
— Eu sei que você está com The Perez Boys agora. Eu sei que a
recompensa em sua cabeça não era Felipe Guzmán, mas de Pérez,
autorizado por você — palmas planas na mesa, Stavros disse a ele: — Eu
sei que você enviou homens atrás dele poucos dias depois de enterrar sua
mãe. Quero saber o porquê.
— Foda-se — disse Antônio. — Você não sabe de nada.
— Eu o conheço — ele sorriu. — Eu sei o jeito que ele dorme, com
um olho aberto. Eu sei o quanto ele ama o chouriço18 e os ovos com um
café doce o suficiente para colocá-lo em coma nas manhãs. Eu sei quando
ele está cansado ou triste apenas por seu toque. Eu sei que ele não pode
cantar uma merda, mas eu o vi cantar para sua mãe quando ela morreu em
seus braços. Ele é meu — ele bateu no peito. — Você acha que vou deixar
você sair fácil com essa merda? Ao traí-lo quando ele fez nada além de
amar sua família acima de tudo?
— O que você vai fazer? — provocou Antônio. — Me matar? Você
pode usar esse cinto tanto quanto quiser, mas nós dois sabemos que você
não pode me tocar.
Saltando sobre a mesa, Stavros agarrou-o pela garganta. Os dedos
curvados em garras, cavando nele. Espremendo mais que fodidamente
apertado. — Eu posso te tocar.
Os olhos de Antônio baixaram.
— Eu posso te tocar, e posso fazer você sentir isso — ele sussurrou.
— Você quer me testar? Eu não vou matar você, não agora — ele baixou a
mão e voltou a sentar-se. — Você vai sofrer primeiro. Porque eu posso
chegar a você a qualquer momento. E eu tenho pessoas em todos os
lugares. A qualquer momento. Você nunca sabe com quem você vai se
deparar na cafeteria. Você nunca sabe quem estará te assistindo no
banheiro.
A raiva piscou nos olhos de Antônio.
— Você vai passar o resto do tempo observando suas costas. A
menos que seu irmão deseje sua cabeça mais cedo do que isso. Então eu
vou dar a ele — ele se levantou e endireitou suas roupas. — Uma coisa é
certa, você não está saindo da prisão vivo.
Ele se afastou.

18
O chouriço ou chouriça é um enchido preparado com carne, gordura e algumas vezes sangue de porco, com temperos que
variam consoante a região.
****

A dor em sua garganta registrou-se primeiro.


Os olhos de Daniel se abriram, enchendo de água instantaneamente
devido à luz brilhante que queimava. Ele ignorou, olhando ao redor do
quarto do hospital. A porta o entregou. Assim como as máquinas soando na
sua orelha. Seu olhar pousou no corpo deitado no sofá-cama no canto
distante embaixo da janela.
Stavros?
Memórias inundaram-se de volta, e seu coração palpitou de forma
selvagem. Stavros. Ele tentou chamar, mas sua garganta não estava
deixando. Ele só podia lamentar.
O corpo tremeu. A cabeça escura levantou e Toro olhou para ele.
Onde estava Stavros?
— Tío — Toro correu para ele, gritando: — Enfermeira. Enfermeira —
ele caiu de joelhos ao lado da cama, agarrando a mão de Daniel. — Tío,
você está acordado.
O alívio dos olhos de seu sobrinho humilhou Daniel, mas ele queria
saber. — St-Stav...
— Sr. Hernández — um cavalheiro mais velho com uma bata de
laboratório branco e estetoscópio entrou no quarto, uma enfermeira ao seu
lado. — Bem vindo de volta, senhor.
Daniel os ignorou, mantendo sua atenção em Toro. — Stav?
— Querido, você pode sair um minuto? — a enfermeira dirigiu-se a
Toro. — O médico precisa olhar para ele.
Toro manteve seu olhar por mais um segundo, depois olhou para a
esquerda. Isso não significava nada. Stavros estava bem. Ele estava bem.
Nada estava errado com ele. Então, por que ele estava com tanto medo? O
que aconteceu naquela casa de praia?
Ele permitiu que o médico cutucasse e pressionasse, entrando e
afastando-se enquanto ele e a enfermeira conversavam entre eles. Parando
para assentir de vez em quando, quando qualquer um deles voltasse suas
atenções para ele. Ele soube que foi baleado duas vezes e sofreu uma
cirurgia de duas horas. Uma das balas esteve a meros centímetros de
entrar seu pulmão, e a outra se despedaçou dentro dele.
Ele havia morrido duas vezes.
Ele havia sido transferido do hospital para uma instalação privada e
tinha um guarda de segurança 24 horas, ordens de Stavros.
— Seu marido deve te amar muito — a enfermeira deu-lhe um
tapinha no ombro bom, e Daniel piscou.
Marido.
Ele estava bem. Stavros estava bem. Ele desdobrou os dedos na
palma da mão. Permitindo-se respirar. Respirações profundas que doeram,
mas estava tudo bem. Ele estava vivo. Stavros estava vivo. E encontrariam
quem fez aquilo com eles.
Fariam com que pagassem.
Ele engoliu a medicação que a enfermeira lhe deu com água morna e
inclinou a cabeça para trás contra os travesseiros, fechando lentamente os
olhos.
Ele queria Stavros. O grego fazia tudo melhor.
— Ele está acordado, senhor.
Passos arrastaram-se, e Daniel abriu os olhos.
Stavros estava na entrada, olhando-o enquanto a enfermeira e o
médico saíam. A porta se fechou atrás deles, e Stavros não se moveu.
Daniel sentou-se. Ou ele tentou. Suas costas não estavam tendo,
ainda não. — Diablo.
O rosto de seu amante estava inexpressivo. Mãos nos bolsos. Olhos
não dando nada. O medo aumentou a cabeça novamente.
— Diablo.
— Você não pode morrer— as palavras saíram tremidas, a dor e a
raiva potentes quando caíram pelos lábios de Stavros. Ele perseguiu Daniel
na cama estreita. — Você não irá me fazer amar você, então me deixar para
trás.
— Stav — ele observou as bolsas sob os olhos de Stavros. A tensão
em torno de sua boca. Seu cabelo despenteado. — Perdón.
— Porra. — Stavros caiu sobre ele. Com cuidado, no entanto.
Apertando o rosto de Daniel com mãos frias e trêmulas. — Você morreu.
Você morreu. Você morreu! — ele girou e encarou Daniel tão rapidamente.
— Duas vezes eu assisti você parar de respirar — suas respirações eram
rápidas, agonia sangrando de seus olhos. Saindo de suas palavras. — Duas
vezes eu assisti seu coração parar.
— Stavros. — Daniel estendeu a mão para ele.
Stavros pegou. Apertando-a.
Esse aperto doeu mais do que a dor nas costas, mas Daniel o
recebeu. Ele puxou Stavros para perto, trouxe as mãos juntas para a boca
dele. — Sinto muito.
Stavros inalou. — Deus — ele balançou a cabeça. — Desculpe — ele
se rompeu então. Começou em seus olhos e abriu caminho até que um som
sufocante caiu de seus lábios. Inclinando-se, ele respirou fundo. — Se
agápo — ele estremeceu contra Daniel. — Eu te amo.
— Diablo, te amo — sussurrou Daniel contra o seu templo. — Eu
nunca vou deixar você de novo — ele não conseguiu envolver seus braços
em torno de Stavros como ele queria. — Estou bem, e uma vez que eu sair
daqui nós vamos lidar com quem violou nossa casa.
Stavros endureceu ligeiramente.
Daniel franziu a testa. — O que é? — Stavros se afastou, mas Daniel
segurou-o quando ele teria se afastado. Stavros não encontrou seus olhos.
— O que foi?
— Concentre-se em melhorar. — Stavros lambeu os lábios, olhou
para algo em algum lugar acima da cabeça de Daniel. — Isso vem primeiro.
Daniel estreitou os olhos. — Diga-me o que você está escondendo.
— Agápi mou.
— Você sabe quem fez isso conosco — essa não era uma pergunta.
Ele podia ler Stavros. — Por que você não quer que eu saiba?
A boca de seu amante se abriu e fechou algumas vezes antes de
apertar os lábios e acenar com a cabeça. — Eu sei.
— Conte-me.
Mas Stavros simplesmente segurou seu queixo e roçou os lábios
juntos. — Eu sinto muito.
— Por quê? — o que Stavros tinha medo de dizer?
— Antônio.
Daniel piscou. O quê?
— Antônio? — ele balançou a cabeça. — É impossível — isso é
impossível. — Antônio é meu irmão, diablo. O que você está sugerindo...
— Não estou sugerindo nada — o tom de Stavros era duro, frio. — O
que eu estou lhe dizendo é que seu irmão se alinhou com The Perez Boys —
ele liberou Daniel e se levantou. — O que eu estou lhe dizendo é que seu
irmão os fez colocar a recompensa na sua cabeça. Nós simplesmente
assumimos que era Felipe porque ele odiava você.
— Não.
— O que eu estou lhe dizendo é que seu irmão pagou duzentos e
cinquenta mil em dinheiro para The Perez Boys, que então contrataram os
homens que invadiram a casa da praia.
— Não.
— Ouça-me. — Stavros apertou os dentes, com a mandíbula
tiquetaqueando enquanto enfiava um dedo sob o queixo de Daniel. — Sinto
muito — sua voz caiu logo acima de um sussurro. — É verdade.
— Eu preciso... — ele precisava se levantar. Ele tentou, mas a dor
reduziu sua respiração e tornou-o tonto. Ele colocou a cabeça para trás. —
Eu preciso vê-lo.
— Eu o vi.
Daniel congelou. — Ele está vivo?
O sorriso de Stavros estava lento, mas rapidamente desapareceu. —
Essa é a questão de duzentos e cinquenta mil dólares, agápi mou. A
resposta depende de você. O que você quer?
Epílogo
Três semanas e Daniel ainda não tinha respondido a pergunta de
Stavros. Ele havia sido liberado do hospital e eles voltaram para a casa da
praia a três horas de distância de Atlanta.
O que ele queria?
Ele queria que a prova que Stavros tinha colocado na frente dele
fosse mentira. Ele queria tirar o medo dos olhos de Stavros, porque esse
medo permanecia. Quando ele se levantava de sua cama no meio da noite,
Stavros estava lá. Quando ele saía da casa, Stavros insistia em acompanhá-
lo.
Não podiam ser eles.
Ele estava curando, embora não o mais rápido que desejasse.
Levantar os braços acima de sua cabeça era uma tarefa árdua hoje em dia.
Tossir e espirrar prejudicava completamente as feridas.
Mas ele estava vivo.
Ele tinha Stavros, Levi e Toro.
Ele vendeu o duplex no Brooklyn e a casa em Norcross, e entregou a
casa onde ele manteve sua mãe para Charlie e Lành. Eles mereciam, e eles
precisavam estar seguros. Ele se certificaria que estivessem seguros. A casa
que ele construiu para Petra, Daniel a vendeu.
A casa da praia era sua casa. Sua base. Stavros estava ausente em
Nova York, ajudando seu tio com o negócio, mas Daniel esperava que ele
voltasse a qualquer dia. Enquanto isso, Toro estava com ele.
Stavros deixou quase metade dos homens em sua folha de
pagamento como segurança. Apesar das fortes objeções de Daniel. Ele não
precisava de uma babá, mas ele tinha visto o medo nos olhos de Stavros. O
olhar que dizia que se Daniel não concordasse com a segurança, Stavros
não iria embora.
Então ele cedeu.
Isso precisava parar.
Não podiam ser eles.
— Tío — Toro entrou na varanda e ficou ao lado dele, olhando para a
praia. — Seu homem acabou de ligar. Ele está a caminho.
Seu homem.
Ele acariciou Toro nas costas. — Gracias.
— Ele te ama, Tío. Eu o assisti no hospital. Ele estava assustado pra
caralho, mas também estava focado. — Toro riu. — Mandando nas pessoas
ao redor. Ameaçando-os. Ele queria desmoronar — o aperto de Toro
aumentou nos trilhos. — Inferno, eu estava desmoronando, mas ele nunca
fez.
— Ele é forte — mais forte do que Daniel já havia dado crédito.
— Isso ainda é estranho para você? — Toro encarou-o, testa
franzida, olhos dos Nieto genuinamente curiosos. — Estar com ele. Amar
ele depois de tudo isso. Ainda parece estranho?
Daniel assentiu.
— Sim e não — quando a testa de Toro levantou, ele explicou: — Ele
é familiar de uma maneira estranha — ele deu de ombros. — Não sei como
explicar isso melhor.
Toro assentiu com a cabeça como se entendesse e assistiram o sol à
distância em silêncio confortável.
Seu sobrinho limpou a garganta depois de um tempo. — Sinto muito
por Antônio.
Daniel franziu a testa. — Por quê? Não tem nada a ver com você.
— Talvez não, mas ele ainda é meu pai e ele te machucou. — Toro
desviou o olhar, olhando para um casal caminhando com seus cachorros
na praia abaixo. — Você não vai pedir uma desculpa dele. Então eu estou
lhe dando a minha.
— Toro. — Daniel deu-lhe um abraço de um braço. — Antônio
queria que eu fizesse o que fiz todas as nossas vidas. Ele queria que eu
consertasse coisas para ele. Salvasse-o. Esse é o crime dele. Nunca o seu —
tudo isso porque Daniel não conseguiu tirá-lo da prisão. Tudo isso porque
Daniel não queria retomar o negócio.
— Eu sei.
Daniel realmente esperava que ele fizesse. — Eu quero sua
permissão — ele disse calmamente. — Eu quero contar a Stavros sobre
você.
Toro empurrou a cabeça para olhar para ele. — Você não lhe disse?
— Claro que não. Não sem a sua permissão — ele fez uma pausa. —
Você acha que ele vai te ver diferente? Você pode confiar...
— Eu confio nele. — Toro segurou uma mão. — Mais importante, eu
confio em você. Você é mais um pai para mim do que o que Antônio jamais
foi — ele inclinou o queixo dele. — Você pode dizer a ele.
Daniel sorriu. — Eu te amei quando você era minha sobrinha,
Miranda. E eu te amo agora, como meu sobrinho. Meu carinho por você
nunca mudará.
Toro o abraçou brevemente, depois largou as mãos e deu um passo
para trás. — Eu vou ligar para mamá, direi que eu vou estar em casa,
amanhã.
— Isso deve fazê-la parar de amaldiçoar meu nome.
Toro riu. — Nada a impedirá de amaldiçoar seu nome.
Isso era verdade.
Toro saiu e Daniel permaneceu na varanda, sentando-se e colocando
os pés no trilho. Ele sorveu do copo de chá doce perto de seu cotovelo. Sem
álcool para ele por causa de seus medicamentos, mas ele precisava de um
sabor de algo liso que queimava alto e lento.
— O que você está fazendo?
Seus lábios se curvaram e ele jogou a cabeça para trás, com os olhos
fechados. — Desejando um gosto de você.
— Assim? — lábios roçaram em sua testa. O nariz dele. Então
pressionou na boca dele. — Que tal isso?
— Não — ele pegou o rosto de Stavros em ambas as mãos e beijou-o
mais fundo. Olhos abertos. Língua separando seus lábios, deslizando e
profundo e sim... Stavros gemeu. — Assim.
Olhos cinzentos sorriram para ele. Feliz e aliviado e contente. Daniel
acariciou o rosto de seu amante, o polegar escovando seu maxilar
suavemente.
— Bem vindo ao lar, diablo. Nossa cama está vazia — ele lambeu o
queixo de Stavros. Suspirou em seu lábio inferior. — E eu tenho estado
sozinho.
Os olhos brilharam. Narinas inflando, Stavros disse com voz rouca:
— Estou em casa.
— Sí — agora, Daniel podia respirar mais fácil. Agora ele realmente
poderia dormir à noite.
Stavros o soltou tempo suficiente para sentar-se ao lado dele, então
agarrou sua mão e uniu seus dedos. Ele usava um terno, como sempre,
mas a jaqueta tinha sido descartada. As mangas de sua camisa branca
estavam enroladas, expondo seus braços musculosos. Daniel nunca notou
os antebraços de outro homem, até Stavros. Como todo o resto sobre seu
amante, isso também era cativante.
Ele colocou a cabeça no ombro de Stavros. Inalando-o. Especiarias e
almíscar e apenas Stavros. — Eu tenho uma resposta para a pergunta de
duzentos e cinquenta mil dólares.
— Você tem?
— Já perdi muito, diablo. Não posso fazê-lo novamente.
— Então você não vai — ele disse com convicção. Com promessa.
Com conhecimento.
— Eu o quero vivo.
Ele sentiu o assentimento de Stavros. — Então ele fica vivo.
— Você o viu?
— Naí, agápi mou19. — Stavros acariciou seu polegar sobre a mão de
Daniel, os dedos acariciando o rosário que permanecia enrolado em torno
de seu pulso. — Eu fiz.
— Como ele parecia?
— Como um homem responsável. Como alguém que achava que
tinha poder.
— Tire isso, mas mantenha-o intocado. — Stavros poderia fazer isso.
Daniel confiava em seu amante para fazer isso. Isso não era algo que ele
pudesse lidar, e ele tinha alguém mais do que equipado para lidar com
Antônio ao seu lado.
Seu próprio sangue tentou matá-lo. O condicionamento fez Daniel
querer retaliar, mas apesar de tudo, Antônio era família. Seu irmão poderia
não pensar isso, mas a família era vida. E Daniel não podia machucá-lo.
Ele não podia derramar o sangue de Antônio.
Ele se recusou a matar o filho de sua mãe.
— Feito — Stavros fez uma pausa e se moveu para que ele pudesse
olhar para Daniel. — Você quer vê-lo?
Ele queria? — Talvez um dia. Algum dia — ele queria ser quem ele
nunca tinha sido antes. Um homem que nem sempre olhava por cima do
ombro. Alguém nem sempre consumido com vingança e ódio. Porque ele

19
Sim, meu amor em Grego.
odiava Antônio, mas ele também o amava. — Quero um tempo disso diablo.
E agora somos apenas nós. Quero-te pra mim.
O olhar de Stavros ficou quente. Ele tocou a garganta de Daniel,
acariciou sua carne com cicatrizes. — Nós poderíamos estar em uma sala
cheia de pessoas, você ainda me teria para você. — Lábios pressionados
nos de Daniel, ele sussurrou: — Eu vivo para morrer por você. Estou aqui
para morrer por você.
— Não. — Daniel balançou a cabeça. — Sem mais morte. Vivemos.
Tú eres mi família — você é minha família. — Família é você.
Stavros o beijou. Mordidas macias. A versão de Stavros de
provocação.
— Família é você.

Fim

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