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01 03 Revista Fraternitas in Praxis
01 03 Revista Fraternitas in Praxis
RODOLFO A. GERMANO
Maçonaria e Política:
Um Ensaio de Interpretação Libertária
KENNYO ISMAIL
O Dilema do Rito Escocês Antigo e
Aceito
NO ESQUADRO
Maçonaria e Astrologia (review)
FinP entrevista:
Ítalo Aslan
Associação
Realização:
Patrocínio:
YORK RIO
Apoio:
Volume 1, Número 3, Jan/Abr. 2014.
Missão:
Desenvolver e promover estudos e pesquisas sobre Maçonaria e Fraternidades em geral, com foco em Histó-
ria e Ciências Sociais. Sua dimensão internacional busca promover maior intercâmbio entre pesquisadores de
diferentes culturas, saberes e formação, acessando outros níveis de realidade e contribuindo para o enrique-
cimento de nosso conhecimento numa proposta transdisciplinar.
Dados Catalográficos:
ISSN 2318-3462
Janeiro a Abril de 2014.
Volume 01.
Número 03.
Periodicidade:
Quadrimestral
Conselho Editorial
Rubens Caldeira Monteiro (Editor-Chefe)
José Roberto Ferreira
Kennyo Ismail
Luiz Franklin Mattos
Aviso:
Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não expri-
mem, necessariamente, o ponto de vista da Revista Fraternitas in Praxis—FinP.
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Volume 1, Número 3, Jan/Abr. 2014.
Sumário
Prefácio 5-6
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ISSN 2318-3462
Apresentação
Trazemos a público a terceira edição de nossa mento das questões atinentes a esse tema tão rele-
revista de estudos e pesquisas maçônicas, FinP, com vante para a Maçonaria brasileira.
um recorde de mais de 10 mil acessos e downloads Kennyo Ismail, em seu artigo “O Dilema do
em nosso website. Rito Escocês Antigo e Aceito”, aborda a evolução do
Agradecemos a todos aqueles que, de algum Rito desde o o século XIX, quando ganhou o formato
modo, contribuem para o sucesso desse projeto de e nome atuais, até os dias de hoje, analisando as
valorização do conhecimento maçônico, com uma principais adaptações implementadas no solo Ameri-
visão metodológica, científica e, acima de tudo, não cano. Uma análise dos impactos positivos e negativos
sectária. de tais adaptações é apresentada ao leitor da FinP.
Neste número, destacamos o artigo “As Ori- A Resenha do Livro de Castellani, “Maçonaria
gens da Maçonaria”, de Diamantino Lois Blanco, um e Astrologia”, do Blog No Esquadro, apresenta uma
“mestre cervejeiro” aposentado que, ao iniciar-se nos análise crítica do livro, não do autor, destacando al-
mistério da Maçonaria, muito estudou e pesquisou guns conceitos equivocados do texto e a falta de coe-
sobre as origens da Maçonaria, a ponto de ser apro- rência bibliográfica, que pode induzir ao erro de in-
vado no vestibular de História aos 61 anos de idade e, terpretação. Um texto discursivo com leveza e serie-
no processo de conclusão de curso, apresentará uma dade.
monografia sobre a influência da Maçonaria na con- Já Antônio Carlos Raphael, Grão-Mestre do
solidação dos princípios fundamentais da República Grande Oriente Independente do Rio de Janeiro, no-
no Brasil. Fazemos esse destaque pelo seu exemplo e ticia os resultados do Seminário de Preparação dos
esforço pessoal, que conjuga dedicação e seriedade futuros administradores das Lojas Simbólicas de sua
em um tema ainda tão pouco abordado na academia. jurisdição, que serão empossados de junho em dian-
Luiz Franklin de Mattos Silva nos apresenta te.
uma reflexão sobre “Os Desafios da Maçonaria: Tole- A Sagração do Tabernáculo Condado de York
rância, Religião e Sociedade” . A abordagem versa de Sacerdotes Cavaleiros Templários (KTP), apresen-
sobre a dicotomia entre o discurso e a prática da tada por José Roberto Ferreira, relata a vinda da De-
“tolerância” na Ordem Maçônica, uma vez que direi- legação da Inglaterra para consagração do Taberná-
tos civis e das liberdades democráticas são descarta- culo, nas dependências do GOIRJ, seguida da Instala-
dos pela maioria dos maçons brasileiros, com viés ção e Posse Administrativa dos oficiais. Trata-se de
muito conservador. relato de importante evento para a Maçonaria Brasi-
“Maçonaria e Política: Um Ensaio de Interpre- leira.
tação Libertária”, de Rodolfo A. Germano, aborda de Por fim, o Past Grão Mestre de Honra do
forma muito interessante o conceito de “fazer políti- GOIRJ, Irmão Italo Barroso Aslan, é o entrevistado
ca” na Maçonaria brasileira, analisando documentos desta edição. Dotado de excelente cultura e mante-
do GOB, CMSB e COMAB que demonstram falta de nedor do acervo bibliográfico do pai, o eminente pes-
solidez e formação filosófica e política para enfrenta- quisador e profícuo escritor Nicola Aslan, Ítalo narra a
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FinP - APRESENTAÇÃO
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ISSN 2318-3462
Recebido: 08/01/2014
Aprovado: 15/03/2014
OS DESAFIOS DA MAÇONARIA:
Tolerância, Religião e Sociedade
Resumo
Embora considerada uma associação de livres pensadores, calcada na liberdade de investigação e pesquisa,
Ordem Maçônica enfrenta um dilema: perseguida e não entendida deve manifestar-se de forma contunden-
te contra a falta de tolerância de alguns setores, frente ao estado laico e a liberdade de fé e de crença. Com
a ascenção da “bancada evangélica” no Congresso e das Bulas papais de Bento XVI, a disputa por hegemonia
“religiosa” coloca em risco o estado republicano. Em sua história, no Brasil, sempre se pautou pelo respeito à
opinião de seus membros, até o golpe de 1964, quando passou a perseguir os opositores do regime. Mas o
legado da maçonaria é tolerância.
Palavras-chave: Tolerância; Liberdade; Estado laico; Ditadura.
Abstract
Although regarded as an association of free thinkers, grounded in freedom of inquiry and research, Masonic
Order faces a dilemma: persecuted and not understood should manifest itself forcefully against the lack of
tolerance of some sectors, defending the secular state and freedom of faith. With the rise of "evangelical
bench" in the Brazilian Congress and the Papal Bulls of Benedict XVI, the competition for "religious" hege-
mony jeopardizes Republican state. In its history, Brazilian Freemasonry has always been guided by respect
for the opinion of its members until the 1964 military coup, when military began to persecute opponents of
the regime. But the legacy of Freemasonry is tolerance.
Keywords: Tolerance; Freedom; Secular state; Dictatorship.
¹ Luiz Franklin de Mattos Silva é biólogo, professor universitário, Mestre em Zoologia. Doutor em Biologia de Água Doce. Mestre
Instalado, é membro da Loja Maçônica “Acácia de York º 52” - GOIRJ; Sumo Sacerdote do Capítulo “York nº 40” de Maçons do Real
Arco; e Grande Secretário de Planejamento Estratégico do GOIRJ. E-mail: franklindemattos@gmail.com
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SILVA, L. F. M. OS DESAFIOS DA MAÇONARIA: TOLERÂNCIA, RELIGIÃO E SOCIEDADE
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SILVA, L. F. M. OS DESAFIOS DA MAÇONARIA: TOLERÂNCIA, RELIGIÃO E SOCIEDADE
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SILVA, L. F. M. OS DESAFIOS DA MAÇONARIA: TOLERÂNCIA, RELIGIÃO E SOCIEDADE
Grande Oriente do Brasil ao governo que havia se ins- ciação ou aliança de grupos religiosos e governos, de
talado após o movimento de 1964”. forma sectária contra a maçonaria, em prol da hege-
Assim, obras surgem, recomendando aberta- monia de uma “religião” mais verdadeira que outra.
mente a expulsão ou o simples denuncismo de infil-
trados comunistas, pois a “Ordem Maçônica não es- Tolerância e Liberdade Religiosa
tava preparada para resistir a essa horda”. Chega-se
ao cúmulo de dizer-se que não pode haver “nenhum De tempos para cá, talvez mesmo décadas, as
tipo de tolerância” com comunistas, pois se trata de religiões voltaram a ganhar importância. Por um lado,
uma luta “do bem contra o mal”, e a guisa de conclu- recobraram seu peso na vida pessoal, seja como códi-
são afirma que “a maçonaria brasileira é um instru- go moral que estipula condutas, seja como fator de
mento poderoso de luta, que expurgando uma peque- identidade de grupos; por outro lado, e em decorrên-
na, porém atuante minoria antimaçônica... poderá cia, um acirramento das tensões e disputas religiosas
servir ao Brasil” (GUIMARÃES, 1971). restituiu à fé a condição de dado a ser considerado
inclusive na geopolítica mundial.
Ora, não nos resta outra dedução, a não ser
concordar que a maçonaria pertence à categoria das Com efeito, vivemos num mundo religiosa-
sociabilidades e práticas culturais, pois para ele estu- mente agitado, não poucas vezes religiosamente aba-
dar a maçonaria é o mesmo que estudar o conceito lado. Conflitos de vários matizes surgem em âmbitos
de sociabilidade, o direito de pensar livremente, da regionais, nacionais e internacionais. Geralmente se
infinita tolerância entre seus pares. “Assim, pratica a tratam da tentativa de se impor valor religioso ou de
leitura em todos os seus níveis. Busca constantemen- fé de um grupo ao outro.
te o intercâmbio cultural, não apenas nos diversos Podemos até suspeitar que nem sempre os
segmentos maçônicos, mas, também, na esfera civil, conflitos que surgem sob “capa” religiosa de fato se-
seja ela pública ou privada”. (COSTA, 1999) jam por conta de uma matriz religiosa, ou supremacia
Os conceitos maçônicos de Liberdade, Igual- religiosa. Também nem sempre se manifesta aliada a
dade e Fraternidade encontram-se, pois relacionados uma supremacia étnica ou social, e nem por isso é
a essa definição de Paulo Freire (2000), do mesmo um fato pouco significativo. Esses conflitos justa-
modo que os princípios da Ordem Rosacruz postulam mente se representam e se apresentam como tais, e
“a mais ampla liberdade (tolerância) na mais irrestri- isso quer dizer que a religião faz-se uma forma privi-
ta liberdade”. (AMORC, 2001) legiada de enquadrar os conflitos e inclusive respon-
der a alguns dos problemas de nossa época.
Este é um ponto que temos que destacar, se a
compreensão de tolerância de Paulo Freire está fun- Em julho de 2007, um documento oficial do
dada num âmbito prático-epistemológico, com o en- Vaticano define a Igreja católica como a “única igre-
tendimento do termo e seu emprego, prezando sem- ja” de Cristo. As igrejas protestantes não seriam
pre a coerência entre a teoria e a prática, por meio “igrejas” em sentido próprio, e a graça divina que al-
do diálogo a da maçonaria se consolida pela prática gum de seus seguidores poderia eventualmente atin-
da tolerância e liberdade de expressão ou manifesta- gir seria sempre menor que a de um católico. (BENTO
ção do pensamento. (FREIRE, 1987) XVI, 2007)
Por conta disso a Maçonaria como instituição Esse mesmo Papa oriundo do departamento
pagou um preço elevado, que se evidencia pelas per- contemporâneo da Inquisição, que condenou Leonar-
seguições sofridas ao longo dos séculos, pela igreja do Boff, também chamou mulçumanos como um to-
católica, protestantes, “neopentecostais”, regimes do, de infiéis, lançou as ideias de “Nova Cruzada”,
totalitários e fascistas. Não se pode negar uma asso- exatamente como George Bush e Dick Cheney se re-
feriam a necessidade de invasão do Iraque. Ele, en-
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SILVA, L. F. M. OS DESAFIOS DA MAÇONARIA: TOLERÂNCIA, RELIGIÃO E SOCIEDADE
quanto papa, convoca os “fiéis e verdadeiros segui- sua própria intolerância nega e destrói a seriedade
dores do Cristo, a travar uma constante batalha de fé dos conceitos filosóficos e morais.
contra os detratores da igreja e (...) os que praticam Para os maçons e também para a sociedade, a
atos não condizentes com a moral é (...) práticas ca- palavra tolerância adquire, conforme os contextos,
tólicas (...) que só a igreja verdadeira podem ofere- significações e valores diversos: capacidade de supor-
cer” (BENTO XVI, 2005). tar, resistência, paciência, sofrimento, piedade, cum-
Os avanços da bancada evangélica nas casas plicidade, permeabilidade, assimilação, indulgência,
legislativas e no congresso nacional trazem à baila, respeito e acolhimento. Assim dizemos, como ma-
séculos depois, a perseguição indiscriminada as religi- çons e membros de uma sociedade, que somos indul-
ões de matrizes africanas, as ordens iniciáticas, as gentes quando toleramos nossas falhas ou as dos ou-
religiões milenares orientais, ao movimento denomi- tros e isso apenas significa que não resistimos a elas,
nado de nova era, aos judeus e árabes, bem como a apenas deixamos passar. (GIANNINI, 1993)
própria Maçonaria.
A fomentação de “ensino religioso” nas esco- Os Desafios dos Maçons
las públicas fere gravemente os princípios constituci-
onais e legais, uma vez que não se assegura a igual- Toda a religião deve obedecer a uma ética
dade de tempo e temas entre as diversas crenças ou universal. Textos da tradição judaica, católica ou pro-
manifestação de fé, chegando-se ao ponto de não se testantes que atacam e denigrem outras religiões fo-
permitir que sacerdotes de matriz africana ministrem gem a essa concepção e, são incentivadas por diver-
aulas. sos líderes preconceituosos de que o Ser Supremo é
intolerável e violento.
Compete à Maçonaria reafirmar seu papel his-
tórico, fazendo a “tolerância” não ser apenas uma A Maçonaria abriga em seu seio no Brasil, di-
simples “virtude de salão”, mas um dever moral, éti- versos membros de crenças diferentes, etnias dife-
co, um objetivo educacional no campo da vida civil. rentes, origens também diferentes. Essa riqueza mul-
ticultural proporciona a Ordem a oportunidade rara
Admitimos, como maçons, que é “tolerante” de estabelecer um debate de alto nível, sobre tole-
quem tenta compreender as razões dos outros. No rância e liberdade.
entanto “compreender” nos remete antes de mais
nada a uma função do intelecto. Assim, se supuser- Não será fácil vencer o preconceito arraigado
mos que a tolerância é uma virtude, ela não seria, contra as liberdades civis fundamentais. União homo
propriamente falando, uma virtude ética, mas inte- afetiva, direitos humanos para presos, combate efeti-
lectual. vo a corrupção, inclusão racial e social de minorias,
carecem de um debate sério e competentes, sem
Se os maçons “buscam incessantemente a ver- chavões de milicos de pijamas ansiosos por um novo
dade, pois a liberdade é necessária ao homem, e a golpe de estado, ou ainda, da direita religiosa reacio-
educação maçônica consubstancia-se no aperfeiçoa- nária, defensores da “jesuscracia” ou cura gay.
mento da humanidade pela liberdade de consciência,
igualdade de direitos e fraternidade univer- Assim, nem a justificação nem a tolerância
sal” (GOIRJ, 2002) não gerar uma campanha perma- acontecem no mundo civil sustentada pelas razões
nente no campo interno de suas fileiras que assegure coercitivas da lógica, que fala do que é de forma uni-
a mais ampla liberdade de fé e crença, é trair suas versal, ou pela ética, que fala do que deve ser de for-
origens históricas. ma universal. Justificação e tolerância acontecem
graças à virtude ativa, transdisciplinar, de um fato ou
Com efeito, qualquer maçom, loja ou obedi- de uma proposição que chegam de fora do sistema e
ência, que responde a intolerância dos outros com forçam esse sistema a se transformar interiormente,
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SILVA, L. F. M. OS DESAFIOS DA MAÇONARIA: TOLERÂNCIA, RELIGIÃO E SOCIEDADE
a modificar realmente sua maneira de ser. Somente rância significa entender e não esquecer, que o Su-
assim um sistema social, onde está inserida a maço- premo Arquiteto dos Mundos julgará cada um e suas
naria, é permeável e aberto. obras, pela mesma medida com que julgamos os ou-
A Maçonaria não deve tratar de impor uma tros.
tolerância absoluta a tudo e a todos. Uma tolerância
absoluta pode acabar levando à confusão ou a indife- Referências Bibliográficas
rença. Há certa maneira de conceber a tolerância que ALMÉRI, T. M. Posicionamentos da instituição maçônica no pro-
antes de tudo a marca de um relativismo: todas as cesso político ditatorial brasileiro (1964): Da visão liberal ao
ideias saõ boas e pode-se aceitar o quer for. Enfim, conservadorismo. Vol. 5, Nº 1, 2013, p. 61-78.
uma espécie de o outro tem todos os direitos que eu BARRET-DRUCOCQ, F. (ed.). A Intolerância – Foro Internacional
julgo ter. Se os maçons usam do termo “tolerância” sobre a Intolerância. Trad. E. Jacobino. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2000.
em suas ações sociais, convém sublinhar que há uma
BENTO XVI. 2005. “Carta encíclica Deus caritas est do Sumo Pon-
tolerância “boa” e outra “má”. A tolerância má é a
tífice Bento XVI aos presbíteros e aos diáconos, às pessoas con-
que vem do indiferentismo em relação a uma verda- sagradas e a todos os fieis leigos sobre o amor cristão”. Disponí-
de. Já aquilo que podemos considerar como boa tole- vel em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/
rância advém do fato de podermos escutar as ideias encyclicals/documents/hf_benxvi_enc_20051225_deus-caritas-
dos outros mesmo que não estejamos de acordo e, est_po.html. Acesso em: 13/11/2013.
justamente por isso, discutir sem preconceitos. Bus- BENTO XVI . 2007. “Discurso na sessão inaugural dos trabalhos
car um consenso ou pacto social, ficando entendido da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do
Caribe”. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/
que esse consenso quanto às ideias não impede uma benedict_xvi/speeches/2007/may/documents/hf_ben-
vontade profunda de diálogo e de respeito pela opi- xvi_spe_20070513_conferenceaparecida_po.html Acesso em:
nião de outrem. 13/11/2013.
Os ideais de igualdade, liberdade e fraternida- COSTA, F.G. A Maçonaria e a Emancipação do Escravo. Londrina:
Editora Maçônica A trolha, 1999.
de, tão caro aos maçons do mundo, ganharia outro
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17ª.ed. São Paulo: Paz e Ter-
patamar de verdade nas sociedades modernas. Isso
ra, 1987.
por que numa sociedade democrática, republicana,
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à práti-
laica, a maçonaria deve fazer com que as igrejas re- ca educativa. 24. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
nunciem ao poder secular sobre o estado, evitando- FREIRE, P. Pedagogia da tolerância. São Paulo: UNESP, 2005.
se a ingerência na educação, nas liberdades civis e GIANNINI, H, Acolher a estranheza. in A Tolerância: por um hu-
nos direitos humanos. manismo herético.Org. Claude Sahel, Tradução de Paulo Neves.
Aos maçons compete sempre se lembrar do Porto Alegre: L&PM, 1993.
Artigo X da declaração dos Direitos do Homem e do GOIRJ. Ritual de Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Acei-
to. Rio de Janeiro, 2002
Cidadão, de 1789, que afirma: “Ninguém deve ser in-
GOIRJ. Ritual de Companheiro Maçom Maçom do Rito Escocês
quietado por suas opiniões mesmo religiosas, contan-
Antigo e Aceito. Rio de Janeiro, 2007.
to que sua manifestação não perturbe a ordem públi-
GUIMARÃES, J.N. Maçonaria sem Comunismo: Hiram X Marx.
ca estabelecida em lei.” São Paulo. Prelo Editora, 1971.
Como dizia são Tomás “uma lei que não é jus- HOLANDA, S. B. Da Maçonaria ao Positivismo, in Historia Geral
ta, não é uma lei”. As igrejas e a Maçonaria não po- da Civilização Brasileira. Tomo II- 5º Volume. São Paulo: Difusão
dem esquecer que nenhuma delas irá ocupar da ver- Europeia do Livro, 1972.
dade espiritual do mundo contemporâneo, tão cheio MATTOS, L.F. Resenha do livro: “Uma Luz Na História”. Fraterni-
tas in Praxis, Vol. 1, No. 1, 2013, p. 41- 42.
de complexidades.
MOREL, M & SOUZA, F.J de O. O poder da Maçonaria: A história
Para a maçonaria e para os maçons, lutar pela tole- de uma sociedade secreta no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fron-
teira, 2008.
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ISSN 2318-3462
Recebido: 24/02/2014
Aprovado: 16/04/2014
A ORIGEM DA MAÇONARIA
Abstract
In preparing this study we intend to demonstrate the influence of Freemasonry in its operational aspects of
nature philosophical , moral and cultural in different societies. Placing this Order in its true role as the role in
historical events, establishing a more precise connection, we consult the works of various authors who have
studied the issue more concretely. Since the formation of guilds with the involvement of workers in the
construction of civil and religious monuments in the whole process of transformation of raw stone into art a
spiritual connotation, but also in improving the experiences, both individually or within Community, Freema-
sonry has left significant marks of its presence. With the decline of the great constructions arising from vari-
ous catastrophes that struck Europe, citing as an example the black plague and religious wars, affecting the
economy, with direct implications for these workers in order to survive they had to look for other activities, a
harbinger of new times.
Keywords: Guilds; Sacred buildings; Masonic statutes.
¹ Diamantino Blanco é cervejeiro aposentado e está no último período da graduação em História. Membro da Loja Maçônica
“Acácia da Tijuca” No.25 — GOIRJ, é Maçom do Real Arco e Maçom Real e Escolhido . E-mail: diamant-blanc@hotmail.com
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BLANCO, D. L. A ORIGEM DA MAÇONARIA
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BLANCO, D. L. A ORIGEM DA MAÇONARIA
para a História da Maçonaria, trata-se do mais antigo mais antigos, sua origem remonta à década de 1390.
documento que descreve os estatutos e as atividades Segundo o historiador maçônico Willem Begemann é
das antigas corporações de ofício registradas durante desconhecida a autoria, mas sua procedência é de
o período medieval. Worcester, cidade inglesa fundada em 407 DC.
Redigido originalmente em latim por um es- Com o título original em latim “Hic Incipiunt
crivão público, datada do dia 08 de agosto de 1248 e Constitutiones Artis Geometriae Secundum Eucli-
sob as ordens de Bonifacii Di Cario, prefeito de Bolo- dem”, que significa “Aqui estão os princípios das
nha à época, o manuscrito encontra-se atualmente Constituições da Arte da Geometria de Euclides”, foi
conservado e sob a guarda do Arquivo do Estado de posteriormente traduzido para o inglês e publicado
Bolonha, Itália. em formato de brochura no ano de 1840 com o título
Os estatutos correspondentes a “Carta de de “On The Introduction Of Free In To England”.
Bolonha” estão integrados por documentos datados Composto por estrofes e versos, descreve os
de 1254 e 1256 e publicados nos anos 1262, 1335 e deveres morais dos obreiros, a utilização da Geome-
1336, que vêm sendo reproduzidos integralmente tria nas práticas do ofício da arte de construir e tem
com fotografias do original, constando da obra intitu- como objetivo principal transmitir as normas, regula-
lada “In Bologna Arte E Società Dalle Origini Al Secolo mentos ou estatutos dos ofícios e da corporação.
XVIII” pelo “Collegio Dei Construttori Edili Di Bolog- O documento original está protegido na Bi-
na”, conferida a autenticidade desses registros e a blioteca Britânica e faz parte da Coleção Real de Ma-
importância que merecem, foi publicado em 1981 e nuscritos.
encontra-se atualmente fora de catálogo.
Padre Ferrer Benimeli, conhecido historiador
espanhol especializado em Maçonaria, em seu co- Manuscrito Cooke
mentário sobre a “Carta de Bolonha afirma que: O Manuscrito Cooke foi apresentado em
1721 por George Payne e encontra-se arquivado atu-
Tanto pelo aspecto jurídico, quanto
almente no Museu Britânico, trata de uma das mais
pelo simbólico e representativo, o antigas obrigações dos maçons operativos datando
Estatuto de Bolonha de 1248 com do ano de 1400.
seus documentos anexos nos coloca
em contato com uma experiência
Os documentos relacionados e remontando
construtiva que não foi conhecida e a muitos séculos nos indica como fonte, o surgimento
que interessa à moderna historio- na Europa das guildas ou corporações de ofício, em
grafia internacional, sobretudo da que trabalhadores denominados franco maçons se
Maçonaria, porque se situa, pela sua reuniam em agremiações também denominadas lo-
cronologia e importância, até agora
não conhecida, à altura do manus-
jas, motivados por interesses e pelo próprio ofício
crito britânico “Poema Regius”, do que exerciam.
qual é muito anterior e que até hoje Segundo a Enciclopédia Maçônica a palavra
tem sido considerada a obra mais
antiga e importante. loja:
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ISSN 2318-3462
Recebido: 21/02/2014
Aprovado: 29/03/2014
MAÇONARIA E POLÍTICA:
Um Ensaio de Interpretação Libertária
Resumo
Inspirado pelos atuais posicionamentos políticos que os diversos representantes maçônicos têm tomado di-
ante da sociedade, os quais demonstram relevante falta de unidade e de princípios mais robustos que de-
monstrem preparo para lidar filosoficamente com o cerne das questões e dos problemas da sociedade, este
artigo introduz aos leitores o conceito libertário como instrumento de análise desses posicionamentos e de
possível evolução dos maçons enquanto agentes políticos.
Abstract
Inspired by the current political positions that the various Masonic representatives have taken in society,
which demonstrate significant lack of unity and robust principles that demonstrate preparation to deal philo-
sophically with the core of the issues and problems of society, this article introduces readers to the libertari-
an concept as a tool for analysis of these placements and possible evolution of the Masons as political
agents.
Keywords: Freemasonry; policy; libertarianism.
¹ Rodolfo A. Germano é empresário contabilista, Mestre Maçom da Loja Maçônica “Deus, Justiça e Amor” n°2086 do Oriente de
Sumaré/SP (GOB/GOSP) e Maçom do Real Arco pelo Capítulo Grande Campinas, jurisdicionado ao SGCMRAB.
E-mail: rodolfo@g2.cnt.br
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GERMANO, R. A. MAÇONARIA E POLÍTICA: UM ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO LIBERTÁRIA
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GERMANO, R. A. MAÇONARIA E POLÍTICA: UM ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO LIBERTÁRIA
igualdade, como o voto distrital, a descentralização blema atual de se votar num candidato e se eleger
do poder executivo, o fim de foros privilegiados, en- outro (lembrando que a CMSB optou por defender o
tre outras. No entanto, o documento insistiu na co- voto distrital na íntegra), à fidelidade partidária e to-
brança de mais financiamentos para serviços públi- do o engessamento de candidaturas, que não são
cos, como a saúde, educação e segurança, legitiman- compatíveis com nenhum princípio de liberdade e ao
do o conceito profundamente disseminado em nossa financiamento público de campanhas, que soa bem
cultura de que bens e serviços podem configurar intencionado, mas que, assim como em todos os ou-
“direitos naturais” dos cidadãos e que, portanto, o tros aspectos, configuraria apenas mais impostos pa-
Estado seria o fornecedor ideal desses serviços. Isso ra os cidadãos. Isso tudo num contexto de:
demonstra como o brasileiro acaba por adotar o sis-
tema paternalista no qual viveu nos últimos séculos O Povo não quer reformas que sola-
como uma verdade absoluta, tendo dificuldades de pem seu direito à livre escolha e
visualizar um sistema diferente, em que os cidadãos concentrem todo Poder nas mãos
assumem maior responsabilidade perante a socieda- de um punhado de “chefes” partidá-
de. Em defesa de tal responsabilidade individual, o rios; ou que cerceiem a liberdade de
representação das minorias, cassem
político norte-americano Ron Paul manifestou-se da o direito à livre expressão, ampliem
seguinte forma: privilégios dos mais fortes ou que
asfixiem economicamente os pe-
quenos”2
O suposto direito à assistência mé-
dica só pode ser assegurado a al-
guém à custa de outras pessoas. Mais incoerente, impossível. O direito à livre
Essa transferência só é possível atra-
vés do uso da força. E ela cria buro-
escolha ainda é solapado pelo voto distrital misto, a
cracias opressivas, encoraja o uso concentração do poder nas mãos de um punhado de
exagerado de recursos e leva à es- chefes partidários se manteria intacta e a liberdade
tagnação tecnológica e, inevitavel- de representação das minorias continuaria cerceada
mente, ao racionamento e restri- pela falta de liberdade de se criar partidos políticos.
ções. (RON ERNEST PAUL. Definindo
a Liberdade. Tradução de Tatiana O maçom talvez seja o elemento da sociedade
Villas Boas Gabbi e Caio Márcio Ro- que mais fala sobre liberdade, mas o que se pode ob-
drigues. São Paulo: Instituto Von servar é que ele pode ser um dos que menos a com-
Mises Brasil, 2013, p. 41)
preende.
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GEAP – Grupo Estadual de Ação Política (Em carta ao Senador Aécio Neves, Abril/2014)
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GERMANO, R. A. MAÇONARIA E POLÍTICA: UM ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO LIBERTÁRIA
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George Reisman (Ph.D e autor de Capitalism: A Treatise on Economics. Texto publicado em seu blog: georgereis-
mansblog.blogspot.com)
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GERMANO, R. A. MAÇONARIA E POLÍTICA: UM ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO LIBERTÁRIA
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GERMANO, R. A. MAÇONARIA E POLÍTICA: UM ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO LIBERTÁRIA
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Zorobabel (Ritual do Grau 15 “Cavaleiro do Oriente, da Águia e da Espada do Rito Escocês Antigo e Aceito)
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GERMANO, R. A. MAÇONARIA E POLÍTICA: UM ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO LIBERTÁRIA
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GERMANO, R. A. MAÇONARIA E POLÍTICA: UM ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO LIBERTÁRIA
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Woods, Thomas E. Jr.(Transcrição do vídeo “Is There a "Right" to Health Care? Is Income Taxation Just?” que pode ser acessado
em: http://www.tomwoods.com/)
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GERMANO, R. A. MAÇONARIA E POLÍTICA: UM ENSAIO DE INTERPRETAÇÃO LIBERTÁRIA
fator: a liberdade. Chega-se, então, ao ponto que le- será possível, sob qualquer aspecto.
gitima a existência do Estado: proteger os Direitos Assumi como minha a missão disseminar o
Individuais. Se eu sou uma pessoa pacífica e me de- conteúdo libertário no meio maçônico e espero ter,
paro com um elemento da sociedade totalmente pelo menos, colocado uma pulguinha atrás da orelha
alheio às noções de direitos individuais, e o mesmo de cada leitor, me colocando à disposição para o de-
me agride deliberadamente, ou me toma um bem e bate.
assim o faz com todos os que encontra, eu e essas
pessoas pouco temos a fazer. Pessoas pacíficas têm o
direito de instituir algum mecanismo que as proteja Referências Bibliográficas:
desse tipo de situação. É aí, e somente aí, que um CASTELLANI, José. A Ação Secreta da Maçonaria na Políti-
Estado se faz necessário. Primeiro, para, através do ca Mundial. São Paulo: Ed. Landmark, 2007.
uso da força, interromper as ações do agressor, se-
CMSB (Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil) -
gundo, para julgar o agressor e, terceiro, para puni- “Posicionamento da Maçonaria perante o Povo Brasileiro”
lo. Evitando, assim, que esses crimes continuem. E, - 09/07/2013
acreditem, há libertários mais radicais que defendem
GEAP - Grupo Estadual de Ação Política da Maçonaria Pau-
que, mesmo juízes, mesmo forças policiais podem ser
lista - “Carta do Eminente ao Senador Aécio Neves” -
providos pelo livre mercado. Abril/2014
PAUL, R. E. Definindo a Liberdade. Tradução de Tatiana
Considerações Finais Villas Boas Gabbi e Caio Márcio Rodrigues. São Paulo: Ins-
tituto Von Mises Brasil, 2013.
Libertarianismo se aprende logo no jardim de
infância: “Não bata nos outros”. “Não tome as coisas PRESTON, William. Illustrations of Masonry. New York:
dos outros”. “Cumpra suas promessas”. “Fale sempre Masonic Publishing and Manufacturing Co., 1867.
a verdade”. “Seja educado e cortês”. RAND, A. Capitalism: The Unknown Ideal, Signet, 1983.
Apesar de nós, maçons, conhecermos e prati- ROTHBARD, M. N. A Ética da Liberdade. São Pau-
carmos esses conceitos, a já citada falta de preparo, lo:Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.
de leitura, de estudo filosófico, coloca o maçom a cri- ROTHBARD, M. N. O Manifesto Libertário: Por uma nova
ticar um problema ao mesmo tempo em que legitima liberdade. Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2013
a origem do mesmo, ignorando o fato de que essa SENNHOLZ, H. F. Two Yardsticks of Morality. The Freeman,
origem vai de encontro à tais conceitos. O libertaria- 1996.
nismo abrange mais aspectos, principalmente o eco-
nômico, abordando outro conceito protagonista que
é o de livre mercado, que é o que proveria os bens e
serviços que vários maçons demonstram crer plena-
mente que seja incumbência do Estado, porém, paro
por aqui, crendo que consegui fazer uma introdução
satisfatória sobre esse preocupante cenário que nos-
sa fraternidade apresenta. Talvez James Anderson
nem seja o principal culpado. A cultura do “política,
religião e futebol não se discute” foi apresentada e
assimilada à cada um dos maçons, enquanto indiví-
duos, bem antes que as Constituições de 1723. Preci-
samos debater, sim, e precisamos melhorar nossos
posicionamentos políticos, pois, melhorar, sempre
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ISSN 2318-3462
Recebido: 13/03/2014
Aprovado: 02/04/2014
Resumo
O objetivo do artigo é analisar a evolução plástica do Rito Escocês Antigo e Aceito a partir do surgimento do
primeiro Supremo Conselho, no início do século XIX, até seu auge, durante as primeiras décadas do século
seguinte. Procurou-se compreender as implicações positivas e negativas decorrentes dessas adaptações, se-
ja a massificação da Maçonaria em solo norte-americano ou as severas críticas ao modelo adotado. Além
disso, observou-se o fato de, mesmo com o sucesso quantitativo da inovação no formato do Rito Escocês
nos EUA, tal inovação não foi adotada pelos outros Supremos Conselhos do Continente.
Palavras-chave: Rito Escocês Antigo e Aceito; Albert Pike; dramatização maçônica.
Abstract
The aim of this paper is to analyze the plastic evolution of Ancient and Accepted Scottish Rite from the appe-
arance of the first Supreme Council in the early nineteenth century, until its peak, during the early decades
of the twentieth century. We sought to understand the positive and negative implications resulting from
these adaptations be the massification of Freemasonry in American soil or the severe criticism of the model
adopted. Moreover, there was the fact that, even with the quantitative success of innovation in the format
of the Scottish Rite in America, this innovation was not adopted by other Supreme Councils in the Continent.
Keywords: Ancient and Accepted Scottish Rite; Albert Pike; Masonic drama.
¹ Kennyo Ismail é Mestre em Administração pela EBAPE-FGV, com MBA em Gestão de Marketing pela ESAMC e bacharelado em
Administração pela UnB. É professor titular do Instituto de Ensino Superior de Goiás. Mestre Instalado, é membro da Loja Maçôni-
ca “Flor de Lótus No. 38” - GLMDF; Sumo Sacerdote do Capítulo “Fredericksburg No. 16” de Maçons do Real Arco; e Grande Mes-
tre Adjunto do Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil. É membro das sociedades de pesquisa “Philalethes Soci-
ety” e “The Masonic Society”. E-mail: kennyoismail@noesquadro.com.br
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ISMAIL, K. O DILEMA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
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amadores (DUMENIL, 1984). das provas dos rituais e eram investidos com toques,
sinais, palavras e com as joias dos graus, passaram a
É evidente que as críticas foram muitas, ale-
ser simples espectadores, passivos perante o proces-
gando o abandono dos costumes maçônicos, a profa-
so dramático e podados do processo iniciático. Tal
nação do conteúdo, a comercialização vazia dos
aspecto explicita a razão pela qual o Rito Escocês nos
graus, e o fim da meritocracia pela assiduidade e de-
EUA passou a ser chamado por muitos intelectuais
dicação. Porém, surgiu uma multidão de Mestres Ma-
maçons de “entretenimento maçônico”, e seu forma-
çons interessados pelo “entretenimento maçônico”.
to teatral foi inicialmente acusado de ser uma amea-
Se em 1850, um pouco antes do ingresso de Albert
ça à moral e filosofia maçônicas (O’DONNEL, 1906;
Pike, o Supremo Conselho contava apenas com um
KNOW, 1907).
pouco mais de 1.000 adeptos, e em 1890, após a pu-
blicação dos rituais revisados por Albert Pike, esse Por outro lado, não faltaram defensores do
número ultrapassou a marca de 10.000 adeptos, em modelo de encenação maçônica no Rito Escocês, ar-
1930 esse número já era superior a 500.000 mem- gumentando que a dramatização, quando bem feita,
bros (BULLOCK, 1996). As encenações do Rito Escocês colabora para uma melhor compreensão e relação
eram um verdadeiro sucesso. Mas o preço do sucesso emocional com as lições ensinadas (SARGENT, 1907).
era claro: enquanto a escalada dos 29 graus, do 4º ao Cientes disso, os Grandes Inspetores dos Vales cria-
32º, costumava demorar alguns anos para grupos de ram estruturas de teatros profissionais, com direto-
algumas poucas dezenas de membros, passou a ser res, auxiliares de palco, técnicos de som e iluminação
realizado em 3 a 4 dias para grupos de várias cente- e dezenas de atores, todos maçons. Eles ensaiam
nas, algumas vezes superior a 1.000 membros exaustivamente e, em muitos dos Vales, os atores
(CLAWSON, 2007). principais recebem cuidados especiais, como se esti-
Além do número de membros e, logicamente, vessem na Broadway.
das cifras, o novo modelo do Rito Escocês havia trazi-
do uma única melhoria: as fantasias. Antes simples e Conclusão
artesanais, a revolução do Rito Escocês nos EUA fez
surgir vários catálogos de peças exuberantes e cheias O modelo teatral adotado pelo Supremo Con-
de requinte e riqueza de detalhes. Tanto dinheiro selho do Rito Escocês da Jurisdição Sul dos EUA tem
precisava ser empregado de alguma forma, e os sido praticado há mais de 100 anos. Sua redução no
“Vales” trataram de investir em benefício de seus prazo de concessão dos graus acabou por influenciar
membros, construindo edifícios com salões de festa, as Grandes Lojas norte-americanas, que também pas-
bibliotecas, salas de jogos e teatros ainda mais suntu- saram a conceder os três graus simbólicos em perío-
osos (FOX, 1997). Na primeira metade do século XX, dos de poucos dias. Sem entrar na discussão de seus
os Vales do Supremo Conselho Jurisdição Sul dos EUA aspectos morais, fato é que tal formato colaborou
trataram de construir e equipar teatros que se desta- para a concentração de quase 2/3 dos maçons do
caram, e alguns ainda se destacam, entre os melho- mundo em solo norte-americano.
res daquele país. Apesar desse desenvolvimento excepcional,
Porém, todo esse desenvolvimento não mu- outros Supremos Conselhos espalhados pelo mundo
dou o fato, até hoje alvo de críticas, de que os inicia- não optaram por adotar tal estratégia, provavelmen-
dos, de protagonistas que participavam ativamente te pelas questões morais e filosóficas em discussão.
Para se ter uma melhor compreensão da diferença
FinP | Rio de Janeiro, Vol. 1, n.3, p. 29-32, Jan/Abr, 2014.
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ISMAIL, K. O DILEMA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
entre essas duas realidades distintas, enquanto nos ca’s Southern Jurisdiction. Fayetteville: University of
EUA um Mestre Maçom alcança o 32º grau em me- Arkansas Press, 1997, pp. 146–1477.
nos de um mês e pagando uma taxa inferior a HODAPP, Christopher. Freemasons for Dummies.
US$300,00; no Brasil, por exemplo, um Mestre Ma- Hoboken, New Jersey: Wiley Publishing Inc., 2005.
çom alcança o 32º grau após mais de quatro anos de
dedicação e um investimento superior a R$3.000,00. HOYOS, Arturo. Scottish Rite Ritual, Monitor and Gui-
de 2d ed. Washington, D.C.: Supreme Council, 33°,
Porém, é importante realçar que aqueles que S.J., 2009.
optaram pelo modelo ritualístico tradicional continu-
am convivendo com o problema original: rituais com- KNOX, William. What Excuse? The New Age Magazi-
plexos, algumas vezes incoerentes, e que tiram o foco ne, 1907.
do conteúdo em nome da forma. Talvez a solução O’DONNELL, Francis H. E. Philosophy and the Drama
norte-americana não seja ideal como uma solução in Freemasonry. The New Age Magazine, 1906.
substituta, mas sim como uma solução complemen-
SARGENT, Epes W. Detail and the Drama of the De-
tar. As peças de teatro poderiam reforçar nos maçons
gree. The New Age Magazine, 1907, pp. 175–177.
os conteúdos alegóricos de cunho moral e espiritual
que costumam ficar em segundo plano no modelo
convencional. Seria algo logicamente mais trabalho-
so, porém, também mais eficiente no que tange a
formação do maçom adepto do Rito Escocês Antigo e
Aceito.
Referências Bibliográficas
BULLOCK, Steven C. Revolutionary Brotherhood: Fre-
emasonry and the Transformation of the American
Social Order, 1730–1840. Chapel Hill: University of
North Carolina Press, 1996, pp. 239–273.
CLAWSON, Mary Ann. Masculinity, Consumption and
the Transformation of Scottish Rite Freemasonry in
the Turn-of-the-Century United States. Gender & His-
tory, Vol.19, No.1, 2007, pp. 101–121.
COIL, Henry Wilson; BROWN, William Moseley. Coil’s
Masonic Encyclopedia. New York: Ed. Macoy, 1961.
DUMENIL, Lynn. Freemasonry and American Culture,
1880–1930. Princeton, NJ: Princeton University Press,
1984.
FOX, William L. Lodge of the Double-Headed Eagle:
Two Centuries of Scottish Rite Freemasonry in Ameri-
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ISSN 2318-3462
Recebido: 07/02/2014
Aprovado: 13/03/2014
Resenha do Livro:
CASTELLANI, J. Maçonaria e Astrologia. 3a. Edição Revisada. São Paulo: Editora Landmar, 2002. 128
páginas.
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NO ESQUADRO. MAÇONARIA E ASTROLOGIA (review)
(pág. 56), há a seguinte afirmação: “A admissão, em primeiro Rito indicado por Castellani nessa obra é:
1709, do reverendo Jean Théophile Désaguliers, nes- “Rito de Emulação, ou de York” (pág. 68).
sa Loja, em cerimônia realizada no adro da Catedral Em primeiro lugar, Emulação NÃO É rito. Emu-
de São Paulo, (…).” lação É ritual. Esse foi um erro extremamente gros-
Não existe qualquer literatura que confirme seiro, pois o próprio Castellani inicia esse Capítulo
tal afirmação. Toda a literatura dá conta de que as explicando a diferença entre Rito e Ritual.
primeiras menções sobre Desaguliers na Maçonaria Em segundo lugar, é impossível misturar e
se dão quando de sua eleição para Grão-Mestre. Por confundir Emulação com York. O “RITUAL de Emula-
conta disso, Albert Mackey, um dos mais célebres ção”, composto apenas dos três graus simbólicos,
pesquisadores e escritores maçons, registrou em seu nasceu após a fundação da “LOJA Emulação”, ou seja,
livro “História da Maçonaria” que acredita que Desa- ano de 1823. Já o RITO de YORK é composto por 13
guliers, Payne e Anderson foram iniciados imediata- graus e foi publicado nos EUA, em 1797, por Thomas
mente antes ou depois da criação da Grande Loja da Smith Webb, ou seja, pelo menos 26 anos antes.
Inglaterra (1717), já com o papel de serem líderes da
mesma. ERRO 6
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NO ESQUADRO. MAÇONARIA E ASTROLOGIA (review)
ça (…)”. ERRO 10
Ora, sejamos justos com o Rito Adonhiramita: No Capítulo III da Parte III, cujo título é “Os
a data de seu surgimento não é exata, mas sabe-se Cargos em Loja e os Sete Planetas”, o autor afirma:
que o Rito surgiu, pelo menos, em 1744. Em 1782,
ano que Castellani afirma que o Rito surgiu, ele já es-
Embora existam variações, de acordo com
tava sofrendo sua decadência, sendo aos poucos abo-
o rito adotado pela Loja, alguns cargos
lido da França por conta do surgimento do Rito Mo- são, geralmente, comuns a todos os ritos.
derno (1773). São eles: DIGNIDADES:
ERRO 8 Um Venerável Mestre, que é o presidente
No Capítulo I da Parte III, referente ao Templo da Loja; um 1o Vigilante, que é o primeiro
Maçônico (a partir da página 81), Castellani esqueceu vice-presidente; um 2o Vigilante, que é o
segundo vice-presidente; um Orador, que
de mencionar que um Templo Maçônico varia, e mui-
é o representante do Ministério Público
to, de um Rito para outro. É dada grande atenção
maçônico em Loja, o guarda e defensor da
nessa obra aos detalhes da Abóbada Celeste, a Corda lei; um Secretário, a quem compete lavrar
de 81 nós e as 12 Colunas Zodiacais, símbolos esses as atas das reuniões e organizar o expedi-
presentes num Templo do Rito Escocês, por exemplo, ente.
mas não presentes nos Templos de outros tantos Ri-
tos. Informação essa importante, mas inexistente na
obra. Relevando o erro de acrescentar o Secretário
como uma Dignidade, algo com certeza não unânime
ERRO 9
a Ritos e Obediências, Castellani fez o favor de citar
No Capítulo II da Parte III, que trata da Escala logo o ORADOR em sua lista. Ao contrário da afirma-
Iniciática (pág. 93), há uma outra omissão no mesmo ção, talvez o Orador seja o cargo mais INCOMUM a
sentido da anterior. Castellani registra que: todos os Ritos, pois não existe no Rito de York, Rito
de Schroeder e Ritual de Emulação. Mais uma vez,
parece que Castellani só considera a existência dos
(…) o candidato – como em outras institui-
ções iniciáticas muito antigas, inclusive Ritos “latinos”.
religiosas – fica encerrado, durante algum
tempo, num compartimento isolado, co-
CONCLUSÃO
mo uma caverna, de onde ele sai, num
determinado momento do ritual iniciático, Apesar do livro conter partes copiadas de
como se saísse do útero para a luz. Em obras anteriores, além de alguns erros históricos e
Maçonaria, esse compartimento é a cha- conceituais que, de certa forma, desprestigiam o ma-
mada Câmara de Reflexão, onde o candi- çom adepto de outro Rito que não o Escocês, trata-se
dato permanece em meditação, antes de de obra interessante, muito bem escrita (como todas
ser conduzido ao templo, para a cerimô-
do mesmo autor), e que vale como fonte de lazer e
nia de iniciação.
aprendizagem, bastando que o leitor tenha o devido
senso crítico durante sua leitura.
A Maçonaria não se restringe aos Ritos france- Texto originalmente publicado em: http://
ses e seus derivados. No Rito de York, Rito Schroeder www.noesquadro.com.br/2011/11/esquadrando-o-
e Ritual de Emulação, praticados no Brasil e em várias livro-maconaria-e.html
partes do mundo, o que existe é uma Sala de Prepa-
ração.
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ISSN 2318-3462
Recebido: 26/04/2014
Aprovado: 30/04/2014
Notícia:
GOIRJ REALIZA SEMINÁRIO PARA ADMINISTRADORES DE LOJAS
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RAPHAEL, A. C. GOIRJ REALIZA SEMINÁRIO PARA ADMINISTRADORES DE LOJAS
junto com os demais membros da loja, devem ros Templários, que contou com a presença de
estar atentos aos problemas cotidianos que afe- uma delegação da Inglaterra no Templo Nobre
tam os irmãos. Todos são responsáveis por to- do GOIRJ, sendo esse de fato um reconheci-
mento de nossa regularidade. Após dois manda-
dos, uma vez que faltas devem ser investigadas tos, ampliou significativamente o número de Lo-
com carinho e atrasos nos pagamentos podem jas e de obreiros. Ao término de sua explanação,
indicar dificuldade do Irmão. Outro aspecto que foi intensamente aplaudido pelos presentes, que
fez questão de lembrar foi do aspecto democráti- demonstraram imensa gratidão.
co das decisões de Loja, partilhando-se as deci-
sões, aglutinando todos em um ideal comum.
Antônio Carlos Raphael
O Grande Secretário de Administração, Soberano Grão-Mestre
Irmão Sergio Barbosa, apresentou os procedi-
Grande Oriente Independente do Rio de Janeiro
mentos necessários para utilização do portal, de
que tipos de documentos são necessários para
iniciação, filiação, regularização e transferências.
Passou ainda orientações aos secretários e te-
soureiros do sistema gerencial do GOIRJ e pro-
piciou uma troca de experiências entre os semi-
naristas, relacionadas à sindicância e registro de
dados pessoais e a frequência, dentre outras in-
formações fundamentais ao controle das Lojas.
O Grande Procurador, Luiz Muzzi, fez uma
palestra sobre a Constituição, Regulamento Ge-
ral, Landmarks, relacionando-os a Constituição
Federal, os poderes da Obediência, que devem
conviver harmoniosamente. Dirimindo diversas
dúvidas dos participantes, ressaltando que:
“Obrigamo-nos a ressaltar que a prerrogativa do
Grão Mestre é de função, ou seja, a função de
Grão Mestre confere a prerrogativa do exercício
de alguns atos”. Por isso devemos sempre res-
peitar o Grão Mestre em suas funções, tanto in-
terna como externamente.
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ISSN 2318-3462
Recebido: 05/04/2014
Aprovado: 29/04/2014
Relato de Evento:
Sagração do Tabernáculo “Condado de York” No. 258 de Sacerdotes Cavaleiros Templários
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FERREIRA, J. R. SAGRAÇÃO DO TABERNÁCULO CONDADO DE YORK
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FERREIRA, J. R. SAGRAÇÃO DO TABERNÁCULO CONDADO DE YORK
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ISSN 2318-3462
Recebido: 18/03/2014
Aprovado: 29/04/2014
FinP - Ítalo, todo bom maçom brasileiro sabe que seu Potências regulares do Estado do Rio de Janeiro, sur-
pai foi um dos maiores escritores maçônicos do Brasil, gindo da fusão de 3 Lojas também regulares, venceu
um intelectual, poliglota, dono de uma das mais com- as dificuldades que surgiram e se projetou ao lado
pletas bibliotecas maçônicas no país. O que você po- das duas outras coirmãs. O surgimento da CONFEDE-
deria dizer a mais sobre o Nicola Aslan que os irmãos RAÇÃO MAÇÔNICA DO BRASIL (COMAB), como um
ainda não sabem? todo, e o GOIRJ, em particular, marcou o rumo da
história de nossa Ordem no Brasil.
Ítalo - Nicola Aslan era um homem de uma personali-
dade muito forte. Chegou ao Brasil muito jovem ain- Dizemos o do GOIRJ, em particular, porque aqui, em
da, aos 23 anos, em plena crise econômica mundial nosso Estado, foi o palco de uma tentativa de um
(1929), encontrando, na ocasião, sérias dificuldades “basta” e retomada do verdadeiro objetivo de nossa
para sobreviver num país em que a própria língua era Instituição, na preservação do espírito maçônico, pro-
desconhecida para ele. Trazia em sua bagagem inte- priamente dito, corrigindo desvios e retornando ao
lectual o domínio de alguns idiomas e o caráter forja- diuturno e necessário combate ao vício, à ignorância
do pelo sofrimento com as agruras da Primeira Guer- e ao erro.
ra Mundial. Era um autodidata, por excelência, não FinP - Na nossa Obediência, seu pai empossou o pri-
tendo o segundo grau completo. Acumulou o conhe- meiro Grão-Mestre. Você pode narrar algum fato
cimento que tinha movido por uma inquietação inte- marcante desse momento?
lectual que perdurou ao longo de sua vida. Ítalo - A relevância desse ato está registrada para a
posteridade, não só em nossas atas, como também
FinP - Há um velho chavão que diz que o povo que nas fotografias em preto e branco, já amarelecidas
não conhece sua história está condenado a repeti-la. pelo tempo que realçam, em sua singularidade, a pu-
Você é o maçom mais antigo do GOIRJ ainda "na ati- jança daquele momento. Em uma delas, Nicola Aslan,
va". O que você passaria aos maçons do GOIRJ que ainda com o malhete na mão, transferindo-o ao pri-
julgue historicamente importante? meiro Grão-Mestre de nossa Potência, Irmão Paulo
Rodarte de Faria Machado, “maçom de reconhecida
Ítalo - Realmente, o fato de constatar que estamos envergadura moral”, no dizer de José Castellani em
na condição de Maçom mais antigo do GRANDE ORI- seu livro “1973 – A Cadeia Partida”. É um momento
ENTE INDEPENDENTE DO RIO DE JANEIRO—GOIRJ ímpar, carregado de forte simbolismo, mostrando ao
"na ativa", nos confere o conforto de, fazendo parte futuro o início de uma nova era. .
de sua história, lançar um olhar para esse passado
recente e analisá-lo sob uma ótica de otimismo, FinP - E nesses 40 anos de GOIRJ, o que você destaca-
aplaudindo e reconhecendo o muito que se fez, ape- ria dos primeiros anos da Obediência aos maçons
sar das dificuldades. O GOIRJ, a mais nova das três mais recentes?
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FinP ENTREVISTA: ÍTALO ASLAN
Ítalo - Nesses 40 anos de nossa Potência, uma jovem FinP - Agora, olhando para os anos mais recentes, em
Potência, ainda em formação, destacaríamos o deno- sua opinião, quais foram as maiores conquistas mais
do e o amor que o goirjeano tem por sua obediência. importantes do GOIRJ e o que está por vir?
Há que se realçar o firme e resoluto propósito que o Ítalo - De alguns anos para cá, o GOIRJ vem se desta-
Maçom do GOIRJ tem em fazê-la forte, dando rele- cando por um aumento gradativo e constante no nú-
vância ao cumprimento escorreito de suas práticas mero de suas Lojas e Obreiros. Esse é um destaque
templárias e o fiel e magnânimo desiderato de passar que merece ser citado. Um outro, também de rele-
aos seus afiliados os meandros da doutrina maçônica. vância, é a tratativa de reconhecimento com Potên-
FinP - Poderia nos descrever alguns momentos de cias brasileiras e estrangeiras, principalmente ameri-
grande emoção na sua vida maçônica? canas. Há uma grande e promissora expectativa de
Ítalo - Existe uma frase, descoberta por acaso em um um futuro acordo que realmente permitirá ao GOIRJ
pequeno livro: “Sem Deus, ninguém representa gran- uma abertura maior no contexto da Maçonaria Uni-
de coisa; por isso não há do que se vangloriar”. São versal. Outro motivo de destaque para nossa Obedi-
muitos os momento de grande emoção. Eles não se ência foi a instalação do Tabernáculo Rio de Janeiro
resumem a um ou outro fato experimentado espora- da Ordem dos Sacerdotes Templários (KTP, The Holy
dicamente. Eles acontecem com muita frequência, Royal Arch Knight Templar Priests), um importante
geralmente dentro de um Templo Maçônico, quando reconhecimento internacional para o nosso GOIRJ.
somos convidados a estar juntos às chamadas FinP - Nicola Aslan teve mais de uma dezena de livros
“autoridades maçônicas”, em visitação a Lojas de ou- publicados, sendo alguns reeditados pela Editora A
tras obediências. Emocionamo-nos em representar o Trolha. Mas escritores tão profícuos como seu pai ge-
GOIRJ, às vezes em destaque, ao lado de personalida- ralmente deixam conteúdo não publicado. Podemos
des de relevo de nossa Instituição. Consideramos não ter esperanças de ainda ver algo inédito de seu pai
ser a figura maçônica, isolada e solitária que está ali e publicado? Talvez algo incompleto, concluído por vo-
sim o representante de uma plêiade de valorosos e cê?
queridos Irmãos, de uma Obediência Maçônica, que Ítalo - De fato, existem obras inéditas de Nicola As-
se destaca, sem querer, por suas alfaias escarlates. E, lan, que tivemos o cuidado de organizar e arquivar.
quando citado, é ouvido o nome GOIRJ, vibramos e De alguma forma, estamos colocando à disposição
nos emocionamos, sem jamais esquecer a frase inici- dos leitores da revista “O Pesquisador Maçônico” al-
almente citada: “Sem Deus,...” guns artigos e partes desses livros.
. Temos oferecido à Editora “A Trolha” algumas dessas
FinP - Quais seus planos com o valioso acervo cultural obras para publicação. Nicola Aslan era um escritor
que é um legado de Nicola Aslan? muito crítico de si mesmo, tendo ele mesmo embar-
Ítalo —Existem planos, realmente, que não depen- gado a reedição de seu primeiro livro “História da
dem de nós, somente. Não somos proprietários ex- Maçonaria – Cronologia – Documentos”, por conside-
clusivos daquele acervo. Há outras pessoas envolvi- rá-lo “cheio de erros”, segundo ele. Às vezes nos per-
das, cujo apego emocional e carinhoso por aquelas guntamos o que levou Nicola Aslan a não editar uma
obras, já se deteriorando pela ação do tempo, são determinada obra já concluída, deixando-a inédita.
muito fortes. Se dependesse exclusivamente de nós, Teria ela erros, também, que não puderam, por falta
elas seriam doadas a uma instituição cultural maçôni- de tempo, ser corrigidos? Somos tomados por certa
ca, desde que fosse garantida a total preservação da- cautela em editar algo que não seria de agrado do
quelas obras, colocando-as à disposição do pesquisa- autor e, quiçá, comprometer a sua obra como um
dor e estudioso. todo e a confiança de seus leitores. Realmente exis-
tem obras incompletas que demandam tempo e mui-
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FinP ENTREVISTA: ÍTALO ASLAN
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Diretrizes para Autores
A submissão de trabalhos deverá ser feita através da página da revista.
Formato:
Os originais deverão ser apresentados no seguinte formato:
- Arquivo de texto: Microsoft Word,
- Tabelas: coladas como gravura “jpg” ou utilizando a ferramenta detabelas do Word,
- Gráficos e figuras: acrescentadas ao arquivo word como “jpg”, com mínimode 200 dpi,
- Página tamanho A4, margem esquerda e superior de 3cm, direita einferior de 2cm, espaço entre linhas “simples”;
- fonte: Calibri;- texto principal: tamanho 11;
- citação superior a 3 linhas do original: tamanho 9;
- notas de fim: tamanho 9, separado do texto por linha de 5 cm;- parágrafo: 1,25 cm da margem;
- alinhamento: justificação inteira;
- bibliografia: no final do documento, formato conforme ABNT.
Obs.: Permite-se, com a finalidade de facilitar aleitura, a nota de fim. Mas é vedado o uso de nota de rodapé.
Importante: o arquivo submetido não deve conter o nome ou qualquer forma de identificação do(s) autor(es). Nem no corpo do
artigo, nem nas propriedades do arquivo. Para remover os dados pessoais das propriedades do arquivo, clique com o botão direito
sobre o arquivo, vá em “propriedades” e, na aba “Detalhes”, clique em “Remover propriedades e informações pessoais”.
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