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Prática Penal - RESUMO
Prática Penal - RESUMO
6ª edição
ampliada e atualizada
Recife – PE
2017
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PEÇAS DE LIBERDADE
17
Peças de Liberdade
Capítulo 1
A) Prisão Pena
A prisão pena somente ocorrerá APÓS o trânsito em julgado da sentença
condenatória na qual foi aplicada uma pena privativa de liberdade ou restritiva
de direitos ao réu. Quando do cumprimento da pena privativa de liberdade,
nos casos em que os réus estiveram presos durante o processo, em face da
proibição do excesso, haverá o abatimento do tempo de prisão processual
cumprido, ao que denominamos detração penal.
B) Prisão Cautelar
Existem três modalidades de prisão cautelar em nosso ordenamento jurí-
dico. Chamamos de prisão cautelar toda e qualquer prisão que ANTECEDA
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Sabemos que a Constituição Federal de 1988 garante, no art. 5º, inc. LVII,
a presunção de inocência ou presunção de não culpabilidade, mas, o fato
revogação dos artigos 393 e 594 do CPP (leis 11.719/08, 12.403/11 e 12.736/12),
fazendo ainda surgir a redação do então parágrafo único – atualmente § 1º
– do art. 387 do mesmo Código.
Deixava então, definitivamente, de existir uma prisão decorrente de
sentença de primeiro grau, e, em consequência, de qualquer chance de uma
execução antecipada da pena antes ou durante o trâmite de uma apelação,
até porque, em sendo esta interposta, a condenação e a pena dela decorrente
estariam suspensas.
Vale lembrar que a apelação é um recurso tradicionalmente com duplo
efeito (devolutivo e suspensivo), estando seu efeito suspensivo expresso no
art. 597 do CPP.
Contudo, novo problema surgia com o julgamento da apelação, uma vez
que, esgotado o 2º grau de jurisdição, os recursos agora cabíveis (especial e
extraordinário) não possuem efeito suspensivo, conforme art. 637 do CPP e o
então vigente art. 27, § 2º da lei 8.038/90 – este último revogado pelo NCPC.
Assim, embora a CF/88, consagrando o princípio da presunção de inocên-
cia, trouxesse uma nova interpretação ao Código de Processo Penal, não mais
permitindo a prisão decorrente de sentença ou mesmo a execução antecipada
da pena durante o trâmite de uma apelação, ainda restava a ausência de efeito
suspensivo aos recursos especial e extraordinário, o que permitia ao tribunal
(TJ ou TRF) expedir o mandado de prisão para fins de execução provisória da
pena. Corroborava este entendimento, o artigo 669, inciso I, do Código de
Processo Penal: “Só depois de passar em julgado, será exequível a sentença,
salvo: I – quando condenatória, para o efeito de sujeitar o réu a prisão, ainda
no caso de crime afiançável, enquanto não for prestada a fiança.”.
Apesar de evidente a ausência de efeito suspensivo para os recursos especial
e extraordinário, grande parte da doutrina defendia que a execução provisó-
ria da pena prevista no artigo 669, I do CPP, caracterizava flagrante ofensa à
presunção de inocência e que o referido artigo estaria derrogado pelo artigo
105 da Lei de Execuções Penais. Este último artigo indica que somente após
passar em julgado a sentença condenatória será possível a expedição da guia
de sentença para fins de execução.
Tal discussão persistiu até 2009, quando o STF, julgando o HC 84.078/
MG, decidiu ser impossível a execução provisória da pena. Vejamos a decisão:
Desta forma, atualmente, apesar das duras e, para muitos, devidas críticas
a esta nova decisão, devemos considerar que: