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TEORIA 

AERODINÂMICA DE HÉLICE 
 
Atualmente, existem 03 teorias disponíveis para o projeto de uma hélice. São elas: 
a) Teoria da Quantidade de Movimento; 
b) Teoria do Elemento da Pá; 
c) Teoria do Vórtice. 
 
Até  pouco  tempo  atrás,  as  hélices  eram  projetadas  utilizando  somente  as  duas  primeiras 
teorias. O motivo deve‐se a complexidade matemática da Teoria do Vórtice. Ainda assim, a 
Teoria do Elemento da Pá é a mais utilizada nos dias de hoje no projeto de uma hélice. 
Por esses motivos, somente as duas primeiras teorias serão resumidamente apresentadas a 
seguir. 
 
 
1. TEORIA DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO (TQM) 
 
Considera‐se  a  hélice  como  um  disco  atuador  que  acelera  o  escoamento  de  ar  que  o 
atravessa, conforme apresentado abaixo 
 

 
 
 
Nessa teoria tem‐se as seguintes considerações: 
a) O disco atuador não acrescenta rotação ao escoamento; 
b) Não há perdas devido ao perfil das pás; 
c) O ar é considerado invíscido e incompressível; 
d) O disco atuador possui um número infinito de pás. 
 
Uma  vez  que  essas  considerações  são  irreais,  essa  teoria  é  somente  útil  em  estimar  a 
eficiência ideal (ou máxima) de uma hélice. 
 
Partindo da 2ª Lei de Newton, tem‐se: 
 
F = m.(dV/dt)
 
A vazão mássica de ar que atravessa o disco atuador é: 
 
M = ρ.A1.(V + v)
 
Onde: 
  ‐ M   vazão mássica de ar  
  ‐ ρ   densidade do ar 
  ‐ A1   área do disco da hélice 
  ‐ V   velocidade do escoamento não perturbado 
  ‐ v   o incremento na velocidade do ar ao atravessar o disco atuador 
 
No volume de controle adotado (entre as seções 0 e 3) o ar entra na seção 0 com velocidade 
V e deixa o volume de controle na seção 3 com velocidade V + 2v. 
Dessa forma, a variação da velocidade no escoamento entre a seção de entrada (0) e a de 
saída (3) é: 
 
ΔV = (V + 2v) – V = 2v
 
 
A força de tração produzida pela hélice é a vazão mássica do ar multiplicada pela variação de 
velocidade no volume de controle considerado. Então: 
 
F = ρ.A1.(V + v).2v
 
 
A potência para o funcionamento do disco atuador (power input) é a tração produzida por 
ele multiplicada pela velocidade do ar que o atravessa, ou seja 
 
Pi = F.(V + v)
 
 
A potência produzida pelo disco atuador (power output) é: 
 
P0 = F.V
 
 
Assim, a eficiência ideal é definida como: 
 
ηi = P0 / Pi = F.V / F. (V + v) = V / (V + v)
 
 
 
 
 
 
 
2. TEORIA DO ELEMENTO DA PÁ (TEP) 
 
A  TEP  considera  a  pá  de  uma  hélice  como  uma  asa  altamente  torcida.  Portanto,  muitos 
parâmetros que serão apresentados abaixo se assemelham aos parâmetros empregados na 
teoria de asas.  
Sendo: 
  ‐ r  raio medido do centro da hélice até o elemento da pá 
  ‐ V  a velocidade de vôo 
  ‐ β  ângulo de ataque (AOA) geométrico do elemento da pá 
  ‐ Φ  redução no AOA geométrico da pá devido a velocidade de vôo (V) 
  ‐ α  ângulo de ataque efetivo  
  ‐ Ω  velocidade de rotação da hélice  Ω = 2π.n   (n é rot. por seg. ‐ rps) 
  ‐ u  a velocidade da hélice devido a rotação  u = Ω.r = 2π.n.r 
 
 
tan Φ = V / u = V / Ω.r = V / 2π.n.r

 
 
 
Uma vez que o ângulo β é fixo em um dado elemento da pá, tem‐se 
 
α=β-Ω
 
Como  em  uma  hélice  o  ângulo  de  ataque  efetivo  (α)  é  diferente  para  cada  elemento  ao 
longo da pá, esse parâmetro não é adequado para o estudo. 
O  melhor  é  empregar‐se  o  ângulo  da  ponta  da  pá,  uma  vez  que  a  torção  da  pá  é  fixa.  Na 
ponta tem‐se: 
 
tan ΦTIP = 2V / Ω.d = V / πn.d
 
‐ d  diâmetro da hélice 
 
O  parâmetro  adimensional  V/n.d = π.tanΦTIP  é  chamado  de  razão  de  avanço  J  (Advance 
Ratio). 
 
J = V / n.d
 
 
Esse parâmetro é utilizado na teoria de hélice para substituir o ângulo de ataque na teoria 
de asa. 
 
Verifica‐se tb que a tração produzida por uma hélice é proporcional ao diâmetro da hélice 
(d) e sua área de referência (d²), a pressão dinâmica (que corresponde a quantidade n.d) e  
um coeficiente de tração CT, que é função da razão de avanço J. Então: 
 
F = ρ.(n.d)².d².CT = ρ.n².d4.CT
 
 
Essa equação pode ser comparada a equação da sustentação na teoria do aerofólio. 
Na teoria da hélice deve‐se plotar CT x J , da mesma forma que plota‐se CL x α para as asas. 
 
Na  TQM  não  é  considerado  o  arrasto  produzido  nas  pás  da  hélice.  Mas  na  TEP  isso  é 
considerado e o arrasto é parte do momento requerido para girar a hélice. Esse momento é 
o torque da hélice Q: 
 
Q = ρ.n².d5.CQ
 
 
Onde CQ depende de J e da geometria da hélice. 
 
A potência necessária (power input) para girar a hélice é função do torque Q e da rotação. 
 
Pi = Ω.Q = 2π.n.Q = ρ.n³.d5.2.π.CQ = ρ.n³.d5. CP
 
Onde  
CP = 2.π.CQ
 
 
O coeficiente de potência (CP) é similar ao CD na teoria do aerofólio e é usualmente plotado 
em função de J. 
 
Para determinar‐se a eficiência, deve‐se considerar a potência útil (power output) (P0 = F.V) 
dividido pela potência necessária (Pi). 
 
ηP = F.V / Pi = ρ.n².d4.CT.V / ρ.n³.d5. CP

ηP = (CT / CP).(V / n.d) = (CT / CP).(J)


 
 
A Figura abaixo apresenta as curvas CT, CP e ηP em função de J para uma hélice de passo fixo. 
Hélices de passo fixo apresentam somente uma condição de máxima eficiência, ou seja, uma 
única  condição  de  vôo.  Dessa  forma,  essas  hélices  são  normalmente  otimizadas  para  a 
condição de vôo de cruzeiro, mas tb podem ser otimizadas para subida ou vôo de espera, o 
que dependerá da missão típica da aeronave. 
 
 

 
 
 
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