(PDF) Determinantes em Português - A Combinação Artigo-Possessivo

14/06/2021 (PDF) Determinantes em português: a combinação artigo-possessivo
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Determinantes em português: a combinação artigo-possessivo
December 2019
Conference: VIII Colóquio Nacional de Letras (VIII CONALE) · At: Palmeira dos Índios, AL, BR
Project: Mestrado
Authors:
Manoel Siqueira
Universidade Federal de Sergipe
References (19)
Abstract
[Esta é uma versão extremamente preliminar sobre discussões que faço sobre
determinantes. Muitos dos meus pensamentos inseridos no texto já não mais se mantém] Discover the world's
research
Neste trabalho, buscamos apresentar uma discussão em relação à organização de
estruturas determinantes no PB, de modo a observar a realização de artigos definidos 20+ million
antecedendo possessivos na língua falada, como em "estava com a minha mãe". A members
explanação é segmentada da seguinte forma: i) apresentamos traços conceituais em
relação a concepção de determinantes, de mondo a melhor compreendermos essa classe 135+ million
funcional; ii) discorremos sobre os determinantes em questão, artigo definido e publications
possessivos, observando os traços que os compõem e suas funcionalidades; iii) 700k+ research
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apresentamos a hipótese do Determiner Phrase (ABNEY, 1987), proposta que tende a ver projects
um sintagma determinante como um núcleo superior ao nominal; iv) abordamos a
combinação de artigos/possessivos no português, levando em consideração tanto a visão
de compêndios gramaticais (BECHARA, 2015; CUNHA; CINTRA, 2008), a das tipologias
de línguas propostas por Lyons (1999) e Giorgi e Longobardi (1991) em relação à
definitude em determinantes, como também a tipologia mais voltada ao Português,
defendida por Castro (2001). Justificamos nosso interesse em apresentar tal ideia tanto
como forma de melhor trazer uma reflexão sobre a estrutura de determinantes no PB,
quanto como forma de desenvolver maiores contribuições em relação à temática.
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DETERMINANTES EM PORTUGUÊS: A COMBINAÇÃO ARTIGO/POSSESSI

https://www.researchgate.net/publication/341264190_Determinantes_em_portugues_a_combinacao_artigo-possessivo 1/23
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José Manoel Siqueira da SILVA (U
manoel.siqueira77@hotmail.
RESUMO: Neste trabalho, buscamos apresentar uma discussão em relação à organizaçã

estruturas determinantes no PB, de modo a observar a realização de artigos defin
antecedendo possessivos na língua falada, como em “estava com a minha mãe”
explanação é segmentada da seguinte forma: i) apresentamos traços conceituais em rel
a concepção de determinantes, de mondo a melhor compreendermos essa classe funcio
ii) discorremos sobre os determinantes em questão, artigo definido e possessivos, observ
os traços que os compõem e suas funcionalidades; iii) apresentamos a hipótese do Determ
Phrase (ABNEY, 1987), proposta que tende a ver um sintagma determinante como
núcleo superior ao nominal; iv) abordamos a combinação de artigos/possessivos
português, levando em consideração tanto a visão de compêndios gramaticais (BECHA
2015; CUNHA; CINTRA, 2008), a das tipologias de línguas propostas por Lyons (199
Giorgi e Longobardi (1991) em relação à definitude em determinantes, como també
tipologia mais voltada ao Português, defendida por Castro (2001). Justificamos n
interesse em apresentar tal ideia tanto como forma de melhor trazer uma reflexão sob
estrutura de determinantes no PB, quanto como forma de desenvolver maiores contribui
em relação à temática.
Palavras-chave: Determinantes; Artigos Definidos; Possessivo; Português Brasileiro.
1. Introdução
Condicionantes internos são os mais citados como significativos no estudo

variação do artigo definido antecedendo possessivos. Silva (1982), por exemplo, em
estudo sobre esse fenômeno, aplicou um maior enfoque a elementos da própria língua, c
especificidade, contexto sintático e ambiente fonológico antecedente ao artigo,já qu
fatores internos, como também os cognitivos, desempenham peso crucial na configuraçã
língua.
Ademais desses fatores, outras perspectivas linguísticas têm sido consideradas
observar o fenômeno. Com o desenvolvimento dos trabalhos gerativistas, mais precisam
a Teoria dos Princípios e Parâmetros e a Teoria X-Barra (Chomsky, 1981; 1982; 1986), n
visões foram acrescentas a esse fenômeno.
Frente a isso, neste trabalho, procuramos sintetizar explicações em relação ao us
artigos definidos antecedendo possessivos, do ponto de vista linguístico, buscando respo
a seguinte pergunta: como se configura a combinação de determinantes – artigo
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possessivos – Read full-text
no Português Download citation
Brasileiro? Link copied
Para tanto, selecionamos trabalhos que considera
como mais cruciais para a temática, tais quais Abney (1989), Castro (2001, 2004), Gio
Longobordi (1991), Longobordi (2001), Lyons (1985; 1999), entre outros.
2. Os determinantes
Como apontado por Longobardi (2001), algumas línguas são conhecidas

introduzirem a maioria de suas estruturas nominais por meio de um item – ou mais de u
de determinadas classes de palavra, como demonstrativos, artigos, possess
quantificadores e números cardinais. Na perspectiva do teórico, tais elementos
distribuídos por meio da categoria gramatical dos ‘determinantes’, elementos
recentemente vêm sendo atribuídos à posição dehead ou especificador de uma projeçã
D(eterminante).
Do ponto de vista de sua funcionalidade, “os determinantes parecem estabel
tipicamente a interpretação definida/indefinida do nominal e frequentemente selecionar e
uma leitura em massa ou contagem de substantivos morfologicamente singula
(LONGOBARDI, 2001, p. 569).
Sobre a classificação dos determinantes, no Português, Mateus et al. (1
consideram os determinantes como pertencentes a uma categoria maior, a de especificad
de N, inclusos os artigos, demonstrativos, possessivos, adjetivos e quantificadores. Po
ainda são feitas subdivisões em relação a esses especificadores. Para as autoras, funcio
como determinantes apenas os artigos, demonstrativos e possessivos (1), (2) e (3), enqu
os adjetivos e quantificadores não funcionam como D, e sim como diferentes categoria
Esp. Mesmo sendo “elementos que se encontram à esquerda do núcleo e não funcionam c
complemento” (p. 255-256), a sua funcionalidade não é a de determinar nome (N), e
gerar especificações nesses N, como a de quantificar e a de caracterizar.
(1) A galinha entrou no poleiro

(2) Aquele homem não é seu pai?
(3) Meu avô me deu uma bicicleta
Bechara (2015), por sua vez, divide os determinantes em três tipos: i) determina
representados pelos adjetivos, artigos e pronomes demonstrativos, como em (4), (5), e
ii) pré-determinantes, localizados à esquerda do determinante, representados p

quantificadores (7); e iii) pós-determinantes, que ocorrem à direita do determinante e do
determinante, inclusos os possessivos e numerais, (8) e (9).
(4) Belas meninas andam nas nuvens;

(5) O cachorro roubou a carne;
(6) Aquele dia foi extremamente memorável;
(7) Todos os alunos reprovaram;
(8) As minhas coisas sumiram;
(9) Aqueles dois meninos roubaram meu caderno.
Nessa linha, os determinantes tendem a preceder o nome ao qual eles se refe

como em (4), (5) e (6), na qual belas, o e aquele estão antecedendo os N presentes n
sintagma. Os pré-determinantes (pré-D), por sua vez, sendo eles localizados à esquerd
D, o precedem, fazendo com que haja a realização de dois tipos de determinantes, como
(7) em que o determinante todos está antecedendo um outro determinante, os. Por sua
os pós-determinantes (pós-D), por estarem à direita de D e de pré-D, tendem a seguir
elementos, como em (8) e (9), em que minhas segue o determinantes as, e dois seg
determinante aqueles.
Enquanto em Bechara (2015) os artigos são considerados como D e os possess
como pós-D, em Mateus et al. (1983) ambos fazem parte de uma mesma categoria, D. A
na perspectiva de Bechara (2015), os possessivos são pós-D justamente por v
antecedidos de artigos, foco da nossa investigação.A classificação adotada por esse a
tende a se apresentar como mais complexa. Embora todos os elementos apontados por e
enquadrem nos traços de determinantes, o autor tende a fazer uma divisão que traz uma v
de hierarquia, sendo um princípio como Determinante > Pré-Determinante >
Determinante. A abordagem de Mateus et al. (1983), por sua vez, não faz tal distinção, ap
separa os tipos de especificadores quanto as suas funcionalidades.
Ainda que uma discussão acerca da diferenciação entre tais elementos seja bast
pertinente, aqui, em nossa pesquisa, consideramos os determinantes seguindo a perspec
data por Longobardi (2001), ou seja, elementos que introduzem estruturas nomina
funcionam como especificador de um N, além de seguirmos a classificação proposta
Mateus et al. (1983), por entendermos que, dos traços que compõem um determinante d
por Longobardi (2001), não há necessidade de subdividi-los em tamanhas classificaç
Desse modo, consideramos tanto os artigo definidosquanto os possessivos c
determinantes.
3. Categorias determinantes
3.1 Artigos definidos
A classe de artigos definidos é uma classe morfológica bastante presente em lín

românicas (como o Português, Francês, Italiano, etc.), mas não tão presente em outras lín
do mundo. Como expressam Mulder e Carlier (2010, p. 01, tradução nossa),
de um ponto de vista tipológico, a categoria gramatical dos artigos é

que incomum. De acordo com Dryer (1989), artigos seriam atestado
um terço das línguas do mundo. Apenas 8% teriam ambos artigos defin
e indefinidos. Mais ainda, a dispersão desse fenômeno é geograficam
muito desigual, com uma alta incidência nas línguas da Europa (Ocide
Além de haver uma grande ausência de artigos nas línguas do mundo, nas língua
que há a existência dos artigos, eles ainda variam em suas formas e posições em que oco
nessas línguas, como demonstra Lyons (1999):
Tabela 1: Tipologia de artigos em línguas
Fonte: Lyons (1999)
As línguas que possuem artigos podem ser divididas entre dois grandes tipos: aqu
em que os artigos definidos ocorrem antes dos nomes; e aquelas em que os artigo
encontram após o nome, sendo também afixados ou livres. A maioria dessas línguas poss
seus artigos em realização preposta, como no Português (o homem) e em Espanho

hombre), embora haja casos em que ocorre uma posposição (como é o caso do Rome
Faingold (2003), buscando demonstrar tal distribuição em algumas línguas românicas, t
seguinte tabela:
Tabela 2: Os artigos definidos em Espanhol, Português, e Romeno
Fonte: Faingold (2003)
O Português, como podemos observar, apresenta quatro formas morfológicas pa

marcação do artigo. Para Bechara (2015, p. 160, grifos do autor), no Português, “chamam
artigo definido ou simplesmente artigo o, a, os, asque se antepõem a substantivos,
reduzido valor semântico demonstrativo e com função precípua de adjunto de
substantivos”. Além de eles virem antecedendo substantivos, num SN, eles tam
desempenham um pequeno valor demonstrativo, por conta de sua origem dêitica.
Outras funções desempenhadas pelo artigo incluem, pela perspectiva de Bec
(2015), i) delimitar o objeto ao qual ele se liga, destacando-o dos outros elementos prese
no discurso. Dessa forma, ao citarmos que a menina caiu do balanço, a presença do a
viria a destacar o elemento menina, dando uma atualização em sua significância; ii) f
uma substantivação, ou seja, “qualquer unidade linguística, do texto ao morfema, p
substantivar-se quando é nome de si mesma, tomada materialmente”(BECHARA, 201
161). De tal modo, em frases como “o não você já tem”, a presença do artigo permitiu q
adverbio não ascendesse a categoria de substantivo.
Além de desempenharem a função de determinante em um SN, os artigos tam
possuem outras finalidades, principalmente a ideia de distinção semântica
ausência/presença dele em sentenças, o que é interessante observar nessa pesquisa, p
como falaremos mais tarde, pontua-se por alguns autores, principalmente Bechara (20
que a presença de um artigo antecedendo possessivos é, do ponto de vista semântico

elemento semanticamente vazio.
3.3 Possessivos em Português
Uma outra classe gramatical que também é alçada a posição de D

sintagmas nominais é a classe de possessivo. Na concepção de Castilho (20
p. 501), “reconhece-se tradicionalmente que o possessivo é a classe
estabelece uma relação entre um possuidor e uma coisa possuída”. Segu
esse princípio, os possessivos sempre se referem a uma coisa possu
categoricamente de 3ª pessoa, enquanto o possuidor tende a ser aplicad
todas as demais pessoas do discurso, como nos exemplos abaixo:
(10) Eu estava com meu cachorro

(11) Nós andávamos com nossas bicicletas
Em (10) e (11) percebemos que a ideia de posse se mantém. Na prime

sentença o possuidor é demarcado através do pronome pessoal de 1ª pes
do singular (1PS) eu, enquanto o elemento possuído, cachorro , se enqua
como um referente de 3ª pessoa do singular (3PS). Já (11), por sua v
apresenta um pronome pessoal de 1ª pessoa do plural (1PP) como possuid
nosso, sendo, também, o possuído referente pertencente a 3ª pessoa, só
do plural (3PP). Enquanto nos possuidores os referentes de pessoa podem
alterados, os possuídos tendem a ser categoricamente referentes a 3ª pes
do discurso. Isso ocorre, de certa forma, porque o possessivo seleci
dois escopos, sendo um referencial, e o outro contextual, as pessoas
discurso (CASTILHO, 2012).
Embora tal plano de possessividade seja a característica mais atribuída

possessivos, ela não é a única, isso porque “os pronomes possessivos são palavras de natu
gramatical que servem para estabelecer relação das pessoas do discurso com alguma c
do mundobio-social (BARROS; BITTENCOURT, 2003, p. 67). Nisso, a ideia que se te
a de que os possessivos atuam como elementos dêiticos, veiculando um objeto designad
discurso ao espaço e tempo. Em frases como (14) e (15), tal ideia tende a ser aplicada.
(12) O menino passou do seu lado;

(13) Caiu um raio perto de minha casa.
Mesmo o pronome seu podendo dar uma valor semântico de posse em (

observamos que a sua função nesse contexto está mais voltado para a ideia de localiz
espacial, apontando por onde o menino passou. Isso também pode ser observado em (13)
que o uso de minha aponta essa visão espacial de onde um raio caiu. É interess
observamos tal perspectiva pois, embora tais pronomes sejam atribuídos a class
possessivos – que estabelece relação de posse – percebemos que isso nem sempre se se
como é o caso dos últimos exemplos apontados. Ainda nessa perspectiva,
Mattoso Câmara (1964: 154) afirma que todos os pronomes são pal
dêiticas e, como tais, serviriam simplesmente para indicar as coisas,
nomeá-las. Não teriam, portanto, uma significação geral, única e const
Reduzidos a um gesto verbal, apenas apontariam, como se aponta c
dedo, para este ou aquele objeto, orientando a atenção do interlocutor
referentes sempre variáveis nas variáveis circunstâncias de enunci
(BARROS; BITTENCOURT, 2003, p.75)
A visão de Câmara (1964) tende a ser simplista. Isso porque acaba por eleger ap
uma funcionalidade em relação ao uso dos possessivos, excluindo, de certo modo, a ide
possessividade que pode ser passada pelo uso dessa classe de palavras.
Um outro ponto que pode ser observado em relação aos possessivos é a sua atribu
a ideia de caso, classificando-os como pertencentes ao caso Genitivo. Como apontam Ba
e Bittencourt (2003, p. 71), “a relação entre genitivo e possessivos, aceita por vários aut
da atualidade sem quaisquer restrições, faz parte de uma longa tradição, que começa
textos dos antigos gramáticos gregos e passa pela mais antiga gramática da nossa líng
No Latim, língua com morfologia de casos, havia a classe dos genitivos – palavras us
para designar a ideia de possessividade, de realmente se ter algo – em sua mudança e fu
surgimento das línguas românicas, tal característica foi perdida. Longobardi (2001) traz
tipologia de línguas nas quais podem ser aplicadas as ideias de possessivos e possessivi
incluídas na ideia do caso Genitivo. Para o autor, tal ponto pode ocorrer das seguintes for
i. Um afixo frasal-final (o ‘s em Inglês)

ii. Uma palavra final como afixo (o s germânico, o i arábico)
iii. Um final flexional (realmente fusional) (como a declinação Genitiva do Lati
iv. Um elemento que concorda com o nome (os possessivos em Romance)
v. Realização 0 (a construção do estado genitivo no Hebraico)
A marca de possessividade pode variar a depender da língua, como observado

Latim, era um sistema flexional que dava a ideia de possessividade. O Português, por
vez, seguindo a ideia acima mencionada, estabelece a possessividade por meio de
elemento que concorda com o nome, o que nós chamamos de pronomes possessivos.
A ideia de que os possessivos devem ser vistos como encaixados na matriz
genitivos também é atrativa. Entretanto, nessa visão, o que perdura é a noção
estabelecimento de posse o que, como já explanado, não abriga necessariamen
funcionalidade de um possessivo.
Os possessivo no Português, como vimos, não é uma classe
fronteiras funcionai fixas. Eles tendem a estabelecer relações de po
entre uma pessoa possuidora e um objeto possuído, podem assumir perspec
dêiticas e indicarem elementos do discurso, e vimos também que eles po
ser enquadrados na ideia de caso, sendo parte do sistema Geniti
refletindo, principalmente, a ideia de possessividade.
4. A hipótese de DP
Como abordado na seção 2, os elementos determinantes são enquadrados

categorias de especificadores. Isso porque a posição de determinante “não era associada
o rótulo da categoria, mas sim com a função de determinação” (COSTA, 2016, p. 47, g
da autora). Frente a isso, um elemento como o se enquadraria como especificador do n
menino, desempenhando uma função de determinação, como também outros element

fora os determinantes – poderiam ocupar a função de Esp de SN.
Com o desenvolvimento da Teoria X-Barra (CHOMSKY, 1986), houve
mudança em relação à visão das relações dos constituintes sentenciais. Nessa perspec
uma sequência gramatical funcionaria, entre outras coisas, como uma hierarquia
constituintes. Por si só, “um constituinte [já] é uma unidade sintática constr
hierarquicamente” (MIOTO, 2007, p. 41, acréscimo nosso), mas nessa nova visão, ao i
de se buscar a extensão de um constituinte, por meio do advento da Teoria X-barra procu
se delimitar o constituinte a partir de seu núcleo (MIOTO, 2007), o que trouxe gra
avanços em relação ao estudo sobre os determinantes. Isso porque, com a introdução d
teoria, diversas pesquisas começaram a esquematizar uma hipótese que não mais v
determinante como um elemento de N, a Hipótese de DP (Determiner Phrase).
Nessa nova perspectiva, bastante defendida por Abney (1987), os determina
seriam os núcleos de suas próprias projeções. Em outras palavras, “o D constr
referencialidade do NP, conferindo-lhe estatuto de argumento” (MIOTO, 2007, p.
Assim, a categoria lexical de SN seria dominada pela categoria funcional de DP
concepção de Abney (1987, p. 351, tradução nossa),
a análise-DP nos permite preservar a mesma caracterização restritiv

Teoria X-barra que motiva a análise-IP da sentença, e a análise De
headenvolve a atribuição de determinantes como uma análise que para
as análises atuais de outros elementos funcionais, tais c
complementadores e moduladores. Ainda, a análise Det-as-head pro
“espaço” para o total alcance de especificadores encontrados em uma f
Tendo isso em vista, conceitos como o de que “o núcleo do SN é o elem

fundamental e determina a concordância dos especificadores e de alguns complemen
(MATEUS et al., 1983, p. 254) não seriam tão verídicos assim, já que é o determinan
núcleo do sintagma. Para Floripi (2008, p. 29), “a introdução da noção de DP perm
criação de um espaço mais amplo no qual se configura a representação sintática de todo
elementos da estruturado constituinte nominal, sejam eles nominais ou funcionais”.
isso, a representação de uma DP como a bola ficaria como em (10):

(14) DP
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Esp D’
D NP
a bola
Por meio do advento da Teoria X-barra, junto às principais reflexões de Ab

(1987), os determinantes passaram a ser vistos como categorias funcionais, não mais c
elementos encaixados na categoria de especificadores, que selecionam um elemento lex
para compor o NP (Noun Phrase), ou SN. Ainda, como defendido por Longobardi (19
mesmo que não ocorra o determinante na projeção funcional de DP, ele “está present
estrutura, pois – nesse caso – há uma formação de cadeia entre a posição do nome e
determinante,produzindo um movimento de N para D” (COSTA, 2016, p. 49). Com
seguindo tal premissa, em frases como meu cabelo está sujo a ausência de D não exc
visão da projeção DP, visto que, nessa ideia, o elemento se encontra já intrínseco na estru
Embora esse ponto seja bastante agradável de se aceitar, veremos na seção 5 que isso
sempre se segue.
É bom considerarmos que tal visão se apresenta como a mais sólida para observ
combinação artigo/possessivo. A visão do determinante como um núcleo em si per
desenvolver uma melhor análise da realização de dois elementos acima de N. Isso por
para Abney (1987), ainda há outras projeções que ali se enquadram, como é o caso de P
para a categoria de posse, fazendo com que haja a realização tanto do artigo quant
possessivo. De forma esquematizada, podemos apontar a seguinte representação arbórea
relação a hierarquização do constituintes no nível não oracional. (FLORIPI, 2008, p. 31
(15)
DP
D’
Dº PosP

Pos’
Posº NumP
Num’
Numº NP
5. O artigo definido antecedendo possessivos em Português
Durante boa parte deste trabalho discorremos sobre dois diferen

tipos de determinantes, até então vistos separados, os artigos e
possessivos. Uma das características linguísticas do Português Brasile
é o fato de que o artigo definido antes de possessivos pré-nominais é
elemento variável (cf. SILVA, 1982), ou seja, ora há a sua presença,
não há. Vejamos os seguintes exemplos:
(16) a. Eu não sei onde coloquei a minha carteira

b. Eu não sei onde coloquei ∅ minha carteira
(17) a. A sua mãe estava procurando você
b.∅ sua mãe estava procurando você.
Nos exemplos (16a) e (17a), podemos observar que ambos os possess

presentes ( minha , sua) vêm antecedidos por artigos definidos (a, a).
(16b) e (17b), por sua vez, não apresenta a presença de nenhum art
definido antecedendo os possessivos. À primeira vista, tal mudança p
passar como despercebida para o leitor desatento ao encontrar uma constru
variável como essa em um texto, ou até mesmo na língua falada em um proc
de interação.
É interessanteDownload
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observar
citation
que a presença/ausência
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do art
antes de possessivos pode parecer não ser perceptível para o falante,
até mesmo o falante não sabe quando usar tal forma (cf. KABATEK, 20
SILVA, 1982).
Mesmo com esse impasse por parte dos falantes, o fenômeno já

encontra presente em meios de prescrição gramatical. Bechara (2015), em
Moderna Gramática Portuguesa, demonstra a presença/ausência de artigos tanto ante
possessivos. Para o autor, no português, em que a presença do artigo junto ao posses
adnominal tem sido marcado por um progressivo emprego da fase antiga à moderna, o
do artigo em “o meu livro” é redundante. (BECHARA, 2015, p. 161). Embora o gramá
reconheça o uso do artigo antepondo possessivos, considerando a sua variação, ele fala
a presença ou ausência do artigo não contribui para a construção do sentido na f
chegando a chamar a marcação de redundância, o que é interessante pois, como vimo
parte sobre artigos, ele aponta como uma das funcionalidades do artigo a ideia de dest
algo. Parece-nos que, nesse caso, na perspectiva do autor, isso não aconteceria.
Cunha & Cintra (2008), por sua vez, apontam que, em relação a (não) colocaçã
artigo antes de possessivos, a escolha da presença do artigo desempenha uma clara disti
significativa. Para os autores, a ausência do artigo antes de possessivos passa uma sim
ideia de posse (CUNHA & CINTRA, 2008). Em contraponto, a presença do artigo “fa
convergir a atenção para o objeto possuído, que se evidencia como distinto de outro
mesma espécie, não pertencentes à pessoa em causa” (CUNHA & CINTRA, 2008, p. 2
Assim, enquanto a ausência do artigo tende a gerar uma visão genérica de posse, a pres
põe em evidência a visão distintiva daquele objeto.
Lyons (1985; 1986; 1999) defende uma proposta que separa as línguas em dois t
em relação aos possessivos e a aplicação de definitude. Ao primeiro tipo de língua, o a
adota o termo de Determiner Genitive languages (Línguas com genitivo determinante,
languages). Dentro dessa categoria, “um possessivo tem o efeito de induzir a
interpretação definida em um sintagma nominal e modificá-lo, e um artigo definido não p
aparecer” (LYONS, 1999, p. 130)1. Com isso, não haveria a necessidade de se utiliz
artigo, como também seria do ponto de visto sintático agramatical. No quadro dessas lín
inserem-se o Read
Inglês (18), o Alemão
full-text
(19) e o Francês (20),
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conforme os exemplos,
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significam ‘a bicicleta pertencente a mim’.
(18) my bicycle
1
a possessive has the effect of inducing a definite interpretation in the noun phrase it modifies, and a de
article cannot also appear.
*the my bicycle
(19) mein Fahrrad
*ein mein Fahrrad
(20) ma bicyclette
*la ma bicyclette
A utilização de artigos antecedendo possessivos nessas línguas to

as sentenças agramaticais, o que leva o autor a considerar que a definit
da sentença já está presente inerentemente no possessivo, fazendo com
não haja a necessidade de se colocar o outro determinante.
O segundo tipo de língua proposto pelo autor é descrita c
‘ Adjective Genitive languages’ (Línguas com o genitivo adjetivo,
languages). Diferentemente do primeiro tipo de línguas, nesse segundo t
“um possessivo não induz a uma interpretação definida. Se a língua ti
artigos, eles podem co-ocorrer com os possessivos para induzir definit
ou indefinitude” (LYONS, 1999, p. 132)2.Nesse tipo de língua, o au
inclui línguas como o Português, que funcionaria como AD language
produzir efeito de definitude só com a presença de artigos definidos an
de possessivos (21), caso contrário, não seria possível tal leitura
realizada (22).
(21) a minha escola está fechada por conta da greve

(22) minha escola está fechada por falta de merenda
É fato que na variedade de Portugal isso poderia ser confirma

visto a categoricidade no uso do artigo antes de possessivos (MAGALHÃ
2011). Entretanto, na variedade brasileira, em que tal realizaçã
2
a possessive does not induce a definite interpretation. If the language has articles, these can co-occur
possessives to indicate definiteness or indefiniteness.
variável, não há como fazer uma distinção. Na perspectiva de Lyons (199

mesmo que haja uma certa classificação entre as línguas, a aplica
categórica que o autor faz do enquadramento do Português com o segundo t
de língua faz com que tal visão não possa ser aplicada ao nosso estudo
Giorgi e Longobardi (1991) propõem uma tipologia de língua que tam
busca separar as línguas como o italiano, de línguas como o Francês
Inglês (CASTRO, 2006). Na perspectiva dos autores, “os elementos possessivos
especificados sintaticamente para serem realizados na superfície como Adjectivos (como
Italiano) ou como Determinantes (como em Inglês ou Francês) (CASTRO, 2006, p. 03).
tanto, Giorgi e Longobardi (1991) recorrem a distribuição dos possessivos com ou
determinantes, como artigos, demonstrativos e numerais, para observar a diferenciação e
as línguas. Abaixo, elencamos o Inglês (23), Francês (24) – como Determinantes –
Italiano (25) – como Adjetivos.
(23) *the/a/each/some/this/that my book

o/um/este/aquele meu livro
(24) * le/un/chaque/ce mon livre
o/um/cada/este meu livro
(25) un/ciascun/questo/quel mio libro
um/cada/este/aquele meu livro
Notemos que, enquanto em (23) e (24) o possessivo não co-ocorre

nenhum outro elemento determinante, em (25), no Italiano pode ocorr

Entretanto, Read
issofull-text
não Download
condiciona citation
a definitude Linksó
da SN, copied
podendo ser realiz
através do uso do artigo definido. Nesse quesito, os autores tam
caracterizam os possessivos em Português como Adjetivos.
Seguindo o princípio de distribuição proposta pelos autores, em
haveria a combinação dos possessivos como outros determinantes, perceb
que isso não ocorreria de forma linear no Português, havendo, em alg
casos, uma agramaticalidade.
(26) a. o meu livro

b. *um meu livro
c. este meu livro
d. aquele meu livro
e. *cada meu livro
Os exemplos (26b) e (26e) logo são vistos como agramatica

considerando que, nesses contextos, o possessivo deve ficar após o nome
livro meu; cada livro meu). Em (26a), observamos a realização padrão, o
seria o atribuidor da definitude no N na visão dos autores. Já (26c
(26d), embora não pareçam a princípio como agramaticais, geram cer
desconfortos no processo de leitura. Isso porque a realização do posses
pode ocorrer tanto pré-nominal quanto pós-nominal, sendo a realização p
nominal mais comum (este livro meu; aquele livro meu).
De qualquer forma, a proposta de Giorgi e Longobardi (1991) acaba por
contemplar o Português em nenhum dos dois tipos de parâmetros de línguas, tendo em v
a aplicação distribucional proposta pelos autores.
A proposta que consideramos que melhor se encaixa ao Português é a defendida
Castro (2001; 2006). Segundo a autora, no Português atual, isso incluindo o europeu (P
o brasileiro, existe apenas uma forma possessiva para cada combinação de pessoa-núm
que
pode ainda Read
serfull-text
combinado comDownload citation
determinantes, Link copiedisoladamente. Segu
além de ocorrer
seus exemplos, a mesma forma ocorre emposição pré-nominal (27a), em posição
nominal (27b), com um nome vazio (27c)e em contextos predicativos (27d).
(27) a. (o) meu livro

b. um livro meu
c. (o) teu livro e o meu
d. este livro é meu.
O interessante da proposta da autora é que, além de ela fa

justamente sobre o português (diferentemente dos outros autores que tend
a falar de outras línguas, citando de longe o Português), ela já reconh
a variabilidade do artigo antecedendo possessivos em contextos p
nominais.
Além disso, segundo a autora, “os possessivos pré-nominais estão mais próximos
ditos possessivos determinantes do Inglês” (CASTRO, 2006, p. 09). Isso porque a ausên
do artigo definido na projeção D não exclui a visão determinante defin
nesse processo, o possessivo é alçado à posição, gerando, assim, a v
de definitude. Entretanto, devemos levar em consideração que
perspectiva só ocorre em contextos pré-nominais, em contextos pós-nomin
ou vazios, é necessária a realização de um elemento (traz um livro meu
comprei o meu e o teu).
Ainda assim, em contextos em que o SN é indefinido (28), o possess
pré-nominal é apagado, havendo a sua realização apenas pós-nominal,
permitindo a realização do artigo definido, o que já demonstra que,
relação a visão de definitude, não é de fato o artigo que vai atribuir e
traço.

(28) *Jantei ontem com um meu amigo
Jantei ontem com um amigo meu
Isso nos leva a conclusão da autora em relação ao uso do art

definido antes de possessivos. Segundo Castro (2006, p. 10),
pode-se concluir então que o possessivo pré-nomina

definido de alguma forma. O que se propõe aqui é que, n
caso, não é o artigo definido o elemento marcador
interpretação definida do sintagma nominal, uma vez qu
possessivo, que ocupa a posição D, produz o mesmo efei

cf. Lyons (1985, 1986, 1999). O artigo definido é, n
contexto, um artigo expletivo, ou seja, semanticamente va
uma vez que não contribui para a codificação (de definit
do sintagma nominal.
Em vista disso, tanto a visão importa por Lyons (1999) de que

possessivos em Português eram Adjectivos, quanto Giorgi e Longobardi (19
de que os possessivos também eram Adjectivos não refletem a realidade
língua. Mesmo sendo categórico no PE a realização do artigo antecede
possessivos, a ideia de que o PB não faz tal marcação e que, mesmo ass
constrói-se a visão de definitude, leva-nos a realmente assumir que
possessivos são, por si só, determinantes e detentores da marca
definitude nos SNs, fazendo-nos perceber que, do ponto de vista semânt
nesse contexto, os artigos definidos são semanticamente vazios ou, c
defendido pela autora, expletivos.
Desse modo, a proposta de Castro (2001; 2006) além de ter, de ce
forma, evidenciado a não classificação dos possessivos em PE e PB c
Adjectivos, contribuiu de forma significativa para a visão da combina
artigo/possessivo no Português.
6. Considerações finais
Ao longo deste trabalho, observamos alguns pontos bastan

interessantes em relação à combinação do artigo/possessivo no PB. Me
havendo divergências em relação ao que vem a ser um determinante, ou qu
classes de palavras podem ser inseridas nesse quadro funcional, fica c
a perspectiva de que os determinantes atuam como especificadores de um
localizando-se sempre a sua direita, sendo os artigos e possessivos basta
atuantes nesse papel. O também desenvolvimento de uma hipótese que mel
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14/06/2021 (PDF) Determinantes em português: a combinação artigo-possessivo

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Determinantes em português: a combinação artigo-possessivo

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