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SUMÁRIO:

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ...................................................................... 3


UNIDADE 1- CONTABILIDADE GERAL – UM BREVE RESUMO ....................... 4
1 - REGULAMENTAÇÃO ...................................................................................... 8
1.1 Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC......................................... 8
1.2 Conselho Federal de Contabilidade - CFC .............................................. 10
1.3 NBC TG 23 (R1) - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e
Retificação de Erro ......................................................................................... 10
UNIDADE 2 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – FUNDAMENTAÇÃO,
APRESENTAÇÃO E PUBLICAÇÃO ................................................................... 15
2.1 Estrutura Conceitual e Demonstrações .................................................. 15
2.2 Apresentação das Demonstrações Contábeis ....................................... 16
2.3 Conjunto completo de demonstrações contábeis de acordo com a NBC
TG 26 (R4) ........................................................................................................ 16
2.4 Demonstrações Contábeis obrigatórias com publicação anual ........... 17
UNIDADE 3 - ESTRUTURAS DE BALANÇO PATRIMONIAL, DEMONSTRAÇÃO
DO RESULTADO DO EXERCÍCIO E DEMONSTRAÇÕES DO FLUXO DE CAIXA
............................................................................................................................. 24
3.1 Balanço Patrimonial.................................................................................. 24
3.2 Demonstração de Resultado do Exercício – DRE .................................. 26
3.3 Tipos de Fluxos de Caixa ......................................................................... 30
............................................................................................................................. 32
UNIDADE 4 - AVALIAÇÃO DOS ATIVOS........................................................... 33
4.2 Imobilizado ................................................................................................ 33
4.2 Investimento .............................................................................................. 36
4.3 Intangível ................................................................................................... 38
4.4 Impairment ou Redução ao Valor Recuperável ..................................... 40
UNIDADE 5 - ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ................... 42
5.1 Análise Horizontal ..................................................................................... 43
5.2 Análise vertical .......................................................................................... 48
5.3 Análise Financeira por Quocientes (Índices).......................................... 51
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 62

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

No passado o papel da contabilidade era entendido como um mero registro de


informações para cumprimento de exigência legal, que muitas vezes não espelhava
a situação real da empresa, tendo em vista a omissão de informações relevantes.
Mas isso mudou!
Os usuários querem entender a contabilidade e fazer uso em benefício do seu
negócio!
A contabilidade é uma ferramenta de administração e tomada decisão
indispensável a qualquer empresa, independente do seu tipo de atividade.
Levando em consideração esse contexto, este material deverá permitir ao aluno
atingir os objetivos a seguir.
Objetivo geral:
 Orientar na identificação do valor do patrimônio da empresa e no
entendimento do funcionamento da mensuração dos resultados, permitindo
que as decisões sejam tomadas de forma mais segura com base na
mitigação dos riscos econômico-financeiros.
Objetivos específicos:
• Entender os conceitos básicos da contabilidade;
• Identificar a fundamentação legal que ampara a elaboração das
demonstrações contábeis;
• Tomar ciência das principais exigências dos padrões contábeis originados
dos órgãos regulamentadores;
• Explorar as demonstrações contábeis visando sua aplicabilidade efetiva nas
decisões a serem tomadas;
• Conhecer como tratar as perdas e ganhos que possam impactar na
valorização da empresa.

Bom estudo!

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UNIDADE 1- CONTABILIDADE GERAL – UM BREVE RESUMO

 Conceito
A contabilidade é uma ciência que estuda e
pratica as funções de orientação, de controle
e de registro relativas à administração
econômica (1º Congresso Brasileiro de
Contabilidade, 1924).
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 Objeto de estudo da contabilidade
A contabilidade tem como objeto de estudo o patrimônio, que corresponde aos
bens, direitos e obrigações, seja da pessoa física ou da pessoa jurídica.
 Os bens são classificados em tangíveis e intangíveis.
- Bens tangíveis: são os bens materiais ou com existência física. Exemplos:
dinheiro, veículo, computador, terrenos, equipamentos, entre outros.
- Bens intangíveis: são os bens imateriais, abstratos, ou ainda os que não
existem fisicamente. Exemplos: patentes, marcas, ponto comercial, entre
outros.
 Direitos: são valores que a empresa tem a receber de terceiros. Exemplos:
duplicatas a receber, empréstimos a funcionários ou a sócios, entre outros.
 Obrigações: são os valores que a empresa tem a pagar a terceiros. Exemplos:
fornecedores, tributos a pagar, financiamento, entre outros.
A contabilidade estuda o patrimônio nos seus aspectos qualitativos e quantitativos.
Os qualitativos correspondem à identificação da espécie de cada componente
existente no patrimônio (nome da conta), e os quantitativos, dizem respeito à
valoração de cada um desses componentes (valor R$ da conta).

 Campo de Atuação
A atuação da contabilidade se estende às entidades públicas e privadas, com ou
sem fins lucrativos, bem como pessoas físicas que desejem ou necessitem
controlar seu patrimônio.

 Usuários

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As informações contábeis são utilizadas tanto por usuários internos, como por
usuários externos para amparar suas decisões, independente dos objetivos
específicos de cada um.
 Usuários internos e alguns de seus objetivos:
- administradores: identificação do retorno do capital, a otimização dos
gastos e a tomada de decisões gerenciais e estratégicas;
- funcionários: análise da capacidade de pagamento de remuneração,
identificar a perspectiva da participação nos lucros e expectativa de
continuidade da empresa;
- investidores: valorização da empresa, lucro e dividendos.
 Usuários externos e alguns de seus objetivos:
- bancos e financiadores: nível de endividamento e capacidade de
pagamento de empréstimos e financiamentos a serem concedidos.
- governo: controle da apuração e arrecadação de tributos.
- fornecedores: capacidade de pagamento.

 Equação Fundamental do Patrimônio


Ativo – Passivo = Patrimônio Líquido

Ativo
Um Ativo de uma empresa é um bem ou um direito que possa ser mensurável
financeiramente e com aceitável grau de precisão, que tenha potencial para gerar
benefícios futuros, que seus riscos sejam assumidos pela empresa, tenha os seus
benefícios direcionados para a empresa, e ainda esteja controle completo da
mesma.
O Ativo é organizado no balanço por ordem decrescente de grau de liquidez.

Passivo (Exigível)
Um Passivo de uma empresa é uma promessa de pagamento devida em algum
momento determinado no futuro, que pode ser estimada com aceitável grau de
precisão e que está sob a responsabilidade completa da empresa. Por ser devida,
não inclui o capital próprio.

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O Passivo é organizado por ordem decrescente de prazo de exigibilidade, ou seja,
primeiro as contas que vencem mais rapidamente, e depois as que tem prazo de
vencimento mais longo.

Patrimônio Líquido
O Patrimônio Líquido da empresa é o que resulta para os sócios, depois de
atendidas as demandas das outras fontes de financiamento, ou seja, depois de,
supostamente, utilizar o Ativo para pagar o Passivo.
É composto por capital e por ganhos retidos, que irão financiar a empresa.

 Representação Gráfica do Patrimônio:


ATIVO PASSIVO
Bens Obrigações
Caixa e equivalentes Duplicatas a pagar
Estoque de Mercadorias Tributos a pagar
Imóveis Salários a pagar
Veículos Financiamento
Direitos
Duplicatas a receber PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Tributos a recuperar Capital Social

 Regimes de Caixa e de Competência


Estão relacionados ao reconhecimento contábil das transações da empresa,
incluindo receita e despesa.
 Regime de Caixa: o reconhecimento das transações será no momento em
que forem recebidas ou pagas.
Nesse regime se a venda for realizada, mas não for paga pelo seu credor,
não existirá receita reconhecida. O mesmo ocorrerá com o reconhecimento
da despesa, caso a empresa não honre a dívida com o seu credor.
 Regime de Competência: o reconhecimento das transações será no
momento em que ocorrerem, independente de terem sido recebidas ou
pagas.

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Pela regra da legislação fiscal, esse é o regime que deve ser utilizado pelas
entidades privadas em geral. No caso das entidades públicas, o
reconhecimento está condicionado à legislação específica.

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1 - REGULAMENTAÇÃO

Para que haja legitimidade nas decisões tomadas com base em documentos
contábeis, os mesmos devem estar fundamentados na legalidade e
regulamentação pertinentes. Daí a necessidade de legislações e órgãos de
regulação que estabeleçam padrões de elaboração e divulgação de informações
pautados na transparência.

1.1 Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis –


CPC foi criado pela Resolução do Conselho
Federal de Contabilidade - CFC
nº 1.055/05, e tem como objetivos:

"o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos


Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a
divulgação de informações dessa natureza, para permitir a
emissão de normas pela entidade reguladora brasileira,
visando à centralização e uniformização do seu processo de
produção, levando sempre em conta a convergência da
Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais".

A idealização do CPC se originou na união de determinadas entidades que


tinham alguns objetivos comum. São elas:
• Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA);
• Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de
Capitais Nacional (APIMEC NACIONAL);
• Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (BOVESPA);
• Conselho Federal de Contabilidade (CFC);
• Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras
(FIPECAFI); e
• Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON).

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Os principais objetivos comuns entre as entidades idealizadores eram a
necessidade de:
• convergência internacional das normas contábeis brasileiras, objetivando
redução de custo na elaboração de relatórios contábeis, mitigação de riscos
e custos nas análises e decisões, bem como a redução dos custos de capital;
• centralização na emissão de normas dessa natureza, já que no Brasil,
diversas entidades emitem algum tipo de regulação contábil;
• representação e processos democráticos na produção das informações
contábeis.
O CPC tem como características básicas:
• ser totalmente autônomo das entidades representadas, e deliberar as decisões
por 2/3 de seus membros;
• ter sua estrutura necessária fornecida totalmente pelo Conselho Federal de
Contabilidade;
• ser composta pelas seis entidades idealizadoras, mas permitir que, futuramente,
outras possam vir a ser convidadas;
• ter como membros representantes dois por entidades, na maioria contadores, e
sem remuneração alguma pelo CPC.
Considerando os possíveis impactos a nível nacional, e o fato de que as normas
contábeis devem estar de acordo com a legislação vigente no país, além dos 12
(doze) membros representantes das 6 (seis) entidades, o CPC decidiu que sempre
serão convidados a participar representantes dos Banco Central do Brasil, da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Secretaria da Receita Federal e da
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
Os produtos gerados pelo CPC são os Pronunciamentos Técnicos, as Orientações
e as Interpretações.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC
Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC . Acesso em 28/11/2017.

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1.2 Conselho Federal de Contabilidade - CFC

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC)


é uma Autarquia Especial Corporativa com
personalidade jurídica de direito público,
integrado por um representante de cada
estado e Distrito Federal.
As finalidades são orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil,
por intermédio dos seus Conselhos Regionais de Contabilidade estabelecidos nos
Estados e no Distrito Federal, decidir, em última instância, os recursos de
penalidade imposta pelos Conselhos Regionais, regular acerca dos princípios
contábeis, do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação
continuada e editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e
profissional.
As NBCs estabelecem procedimentos que devem ser adotados na elaboração das
demonstrações contábeis, proporcionando que a tomada de decisão seja realizada
com base em relatórios padrões.
Considerando que alterações em políticas contábeis, mudanças em estimativas e
erros em lançamentos contábeis, podem afetar orçamentos e planejamentos de
uma organização, gerando consequências financeiras e gerenciais, foi criada
norma contábil específica que orienta os procedimentos relacionados.

1.3 NBC TG 23 (R1) - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e


Retificação de Erro

Define critérios para a seleção e a mudança de políticas contábeis, juntamente com


o tratamento contábil e a divulgação de mudança nas políticas contábeis, a
mudança nas estimativas contábeis e a retificação de erro.
Seu objetivo é melhorar a relevância e a confiabilidade das demonstrações
contábeis da entidade, e ainda permitir a comparabilidade com as demonstrações
contábeis de outras entidades.
No que diz respeito aos efeitos tributários relacionados à retificação de erros de
períodos anteriores e/ou de ajustes retrospectivos realizados para a aplicação de
alterações nas políticas contábeis, os mesmos devem ser contabilizados e

10
divulgados de acordo com a norma que rege os Tributos sobre o Lucro (NBC TG
32).
O material abordará parte da NBC TG 23 (R1) relacionada à possibilidade de
mudança na estimativa.
 Mudança na estimativa contábil
É um ajuste nos saldos contábeis de ativo ou de passivo, ou nos valores de
consumo periódico de ativo, que se origina da avaliação da situação atual e das
obrigações e dos benefícios futuros esperados associados aos ativos e passivos.
Uma alteração em estimativa contábil deve decorrer, obrigatoriamente, de nova
informação ou inovação, não podendo ser confundida com retificação de erros.
Devido às incertezas relativas às atividades empresariais, muitos itens nas
demonstrações contábeis não podem ser medidos com precisão, podendo apenas
ser estimados. A estimativa envolve julgamentos baseados na última informação
disponível e confiável.
Exemplo de estimativas que podem ser exigidas:
• créditos de liquidação duvidosa;
• estoque obsoleto;
• valor justo de ativos financeiros ou passivos financeiros;
• vida útil1 de ativos depreciáveis ou o padrão esperado de consumo dos
futuros benefícios econômicos incorporados nesses ativos; e
• obrigações oriundas de garantias.
É essencial que no momento da elaboração das demonstrações contábeis sejam
utilizadas estimativas prováveis que não reduzem a sua confiabilidade.
Uma estimativa pode necessitar de revisão se ocorrer alteração nas circunstâncias
em que ela se baseou ou como consequência de novas informações, mas
considerando sua natureza, a revisão da estimativa não se relaciona com períodos
anteriores e nem representa correção de erro.
Se o efeito de mudança na estimativa contábil não for mudança que se aplique o
item 372, deverá ser reconhecido prospectivamente, sendo incluído nos resultados
da seguinte forma:

1
Vida útil: a) é o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo; ou b) o número de
unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do ativo.
2
Item 37: Se a mudança na estimativa contábil resultar em mudanças em ativos e passivos, ou relacionar-se
a componente do patrimônio líquido, ela deve ser reconhecida pelo ajuste no correspondente item do ativo, do
passivo ou do patrimônio líquido no período da mudança.

11
• resultado do período da mudança, se a mesma afetar apenas o referido
período; ou
• resultado do período da mudança e de períodos futuros, caso a mudança
afete a todos os referidos.

Divulgação
A organização empresarial deve divulgar a natureza e o valor da mudança na
estimativa contábil que tenha efeito no período corrente ou ainda se espera que
tenha efeito em períodos subsequentes, salvo quando a divulgação do efeito de
períodos futuros for impraticável.
Se não houver a divulgação do valor do efeito de períodos futuros em razão de ser
impraticável, a empresa deve divulgar o referido fato.

Créditos de liquidação duvidosa


Uma das estimativas mais comuns que impactam nas tomadas de decisões da
empresa é a Estimativa para Perdas com Créditos de Liquidação Duvidosa
(EPCLD), denominada no passado como Provisão para Devedores Duvidosos
(PDD), termo ainda utilizado por muitos autores.
Provisões são lançamentos de valores similares a despesas, mas que ainda não
podem ser consideradas como tal.
Se considera uma provisão quando a pessoa jurídica faz uma reserva que
representa uma expectativa de perda de ativo ou estimativa de valor a
desembolsar. O objetivo de uma provisão é cobrir custos ou despesas que
provavelmente ou certamente ocorrerão no futuro.
Deve ser considerado que nas operações de vendas de mercadorias ou na
prestação de serviços a prazo, nem sempre a empresa recebe os pagamentos
dentro dos prazos previstos, por isso lança provisões para garantir que a
contabilidade seja o reflexo mais próximo possível da realidade econômico-
financeira.
É importante esclarecer que a legislação tributária prevê a possibilidade da
empresa vendedora ou prestadora de serviços, desde que observados os limites
legais, constitua provisões para perdas nos recebimentos de créditos. (Lei nº
9.430/96; art. 24 da IN RFB 1.515/2014)

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Lei nº 9.430/96
Art. 9º As perdas no recebimento de créditos
decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão
ser deduzidas como despesas, para determinação do
lucro real, observado o disposto neste artigo.
§ 1º Poderão ser registrados como perda os créditos:
I - em relação aos quais tenha havido a declaração de
insolvência do devedor, em sentença emanada do
Poder Judiciário;
II - sem garantia, de valor:
a) até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação,
vencidos há mais de seis meses, independentemente
de iniciados os procedimentos judiciais para o seu
recebimento;
b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$
30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há
mais de um ano, independentemente de iniciados os
procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém,
mantida a cobrança administrativa;
c) superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), vencidos
há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os
procedimentos judiciais para o seu recebimento;
III - com garantia, vencidos há mais de dois anos,
desde que iniciados e mantidos os procedimentos
judiciais para o seu recebimento ou o arresto das
garantias;
IV - contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica
em concordata ou recuperação judicial, relativamente à
parcela que exceder o valor que esta tenha se
comprometido a pagar, observado o disposto no § 5º.

O art. 10 trata do registro contábil dessas perdas.

Art. 10. Os registros contábeis das perdas admitidas


nesta Lei serão efetuados a débito de conta de
resultado e a crédito:
I - da conta que registra o crédito de que trata a
alínea a do inciso II do § 1o do art. 9o e a alínea a do
inciso II do § 7o do art. 9o;
II - de conta redutora do crédito, nas demais hipóteses.
§ 1º Ocorrendo a desistência da cobrança pela via
judicial, antes de decorridos cinco anos do vencimento
do crédito, a perda eventualmente registrada deverá ser
estornada ou adicionada ao lucro líquido, para
determinação do lucro real correspondente ao período
de apuração em que se der a desistência.

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§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior, o imposto será
considerado como postergado desde o período de
apuração em que tenha sido reconhecida a perda.
§ 3º Se a solução da cobrança se der em virtude de
acordo homologado por sentença judicial, o valor da
perda a ser estornado ou adicionado ao lucro líquido
para determinação do lucro real será igual à soma da
quantia recebida com o saldo a receber renegociado,
não sendo aplicável o disposto no parágrafo anterior.
§ 4º Os valores registrados na conta redutora do crédito
referida no inciso II do caput poderão ser baixados
definitivamente em contrapartida à conta que registre o
crédito, a partir do período de apuração em que se
completar cinco anos do vencimento do crédito sem que
o mesmo tenha sido liquidado pelo devedor

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UNIDADE 2 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – FUNDAMENTAÇÃO,
APRESENTAÇÃO E PUBLICAÇÃO

2.1 Estrutura Conceitual e Demonstrações

A NBC TG Estrutura Conceitual foi aprovada pela Resolução CFC n.º 1.374/11 e
estabeleceu a estrutura para a elaboração e divulgação de relatório contábil-
financeiro com base no Pronunciamento Conceitual Básico (R1) do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC).
As demonstrações contábeis são elaboradas e apresentadas para usuários
externos em geral, e foram pensadas de modo a satisfazer suas necessidades mais
comuns entre a maioria. Esses usuários podem determinar especificamente
exigências para atender a seus próprios interesses, desde que essas exigências
não afetem as demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a estrutura
conceitual.
As decisões econômicas em que normalmente as demonstrações pela estrutura
conceitual auxiliam são:
 decisões sobre quando comprar, manter ou vender instrumentos
patrimoniais;
 avaliação da administração da entidade quanto à responsabilidade
que lhe tenha sido conferida e quanto aos resultados de sua atuação,
considerando seus deveres e responsabilidades na gestão dos
recursos;
 avaliação da capacidade da entidade de pagar seus empregados e
concessão de outros benefícios;
 avaliação da segurança em relação à recuperação dos recursos
financeiros emprestados à entidade;
 determinação de políticas tributárias;
 determinação da distribuição dos lucros e dos dividendos;
 elaboração e utilização da renda nacional;
 regulamentação das atividades das entidades.

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2.2 Apresentação das Demonstrações Contábeis

A NBC TG 26 (R4) tem como objetivo a definição de requisitos gerais para a


apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes para a sua estrutura e
requisitos mínimos que devem conter em seu conteúdo, com o intuito de assegurar
a comparabilidade das demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma
entidade ou de outras entidades.
Essas demonstrações devem ser uma representação estruturada da posição
patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade, em um
formato que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada
de decisões econômicas.
Para atender ao objetivo, as demonstrações contábeis devem proporcionar
informação da entidade em relação aos:
- ativos;
- passivos;
- patrimônio líquido;
- receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas;
- alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e
distribuições a eles;
- fluxos de caixa.
Essas informações somadas às outras informações existentes nas notas
explicativas, auxiliam os usuários das demonstrações contábeis na previsão dos
futuros fluxos de caixa.

2.3 Conjunto completo de demonstrações contábeis de acordo com a NBC


TG 26 (R4)

O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui:


a) balanço patrimonial ao final do período;
b) demonstração do resultado do período;
c) demonstração do resultado abrangente do período;
d) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período;
e) demonstração dos fluxos de caixa do período;

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f) demonstração do valor adicionado do período, conforme NBC TG 09 –
Demonstração do Valor Adicionado, se exigido legalmente ou por algum
órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente;
g) notas explicativas.

2.4 Demonstrações Contábeis obrigatórias com publicação anual

• Balanço Patrimonial;
• Demonstração de Resultado do Exercício;
• Demonstração de Fluxos de Caixa (companhia fechada com patrimônio
líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 não será obrigada a
elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa);
• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (para Sociedades
Anônimas de capital aberto) ou Demonstração de Lucros ou Prejuízos
Acumulados (para Sociedades Anônimas de capital fechado);
• Notas Explicativas e Relatórios da Administração.
Para as Sociedades Anônimas de capital aberto é exigido que também apresentem:
• Demonstração de Fluxos de Caixa - Consolidadas;
• Demonstração de Fluxos de Caixa - Trimestrais (exigência da CVM);
• Demonstração do Valor Adicionado;
• Parecer de Auditores Independentes.

• Balanço Patrimonial - BP
Demonstra a situação patrimonial e financeira da empresa, no encerramento do
exercício social3, que normalmente é encerrado em 31 de dezembro pela grande
maioria das empresas, podendo ser em outra data, desde que respeitado o art. 175
da Lei 6.404/76 e estabelecido em estatuto ou documento equivalente de
constituição de empresa.
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas
segundo os elementos do patrimônio que registrem, e
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da companhia.

3
Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do término será fixada no estatuto.
(Lei 6.404/76)

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§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem
decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas
registrados, nos seguintes grupos:
I – ativo circulante; e
II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a
longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos
seguintes grupos:
I – passivo circulante;
II – passivo não circulante; e
III – patrimônio líquido, dividido em capital social,
reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial,
reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos
acumulados.
§ 3º Os saldos devedores e credores que a companhia
não tiver direito de compensar serão classificados
separadamente. (Lei 6.404/76)

• Demonstração de Resultado do Exercício - DRE


Apura o resultado (positivo ou negativo) da empresa por meio de um resumo
ordenado das receitas e despesas durante determinado exercício social.

Art. 187. A demonstração do resultado do exercício


discriminará:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções
das vendas, os abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das
mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas
financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais
e administrativas, e outras despesas operacionais;
IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas
e as outras despesas;
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a
Renda e a provisão para o imposto;
VI – as participações de debêntures, empregados,
administradores e partes beneficiárias, mesmo na
forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou
fundos de assistência ou previdência de empregados,
que não se caracterizem como despesa;
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu
montante por ação do capital social.
§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão
computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período,
independentemente da sua realização em moeda; e

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b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou
incorridos, correspondentes a essas receitas e
rendimentos. (Lei 6.404/76)

• Demonstração de Fluxo de Caixa - DFC


Demonstra, pelo regime de caixa, os pagamentos e recebimentos ocorridos durante
o exercício social, classificados em atividades operacionais, de investimento e de
financiamento da empresa.
Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e
V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo:
I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações
ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e
equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações
em, no mínimo, 3 (três) fluxos:
a) das operações;
b) dos financiamentos; e
c) dos investimentos;
II – ... (Lei 6.404/76)

• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido - DMPL


Relata as alterações sofridas nas contas de Patrimônio Líquido da empresa durante
o exercício social. Essa demonstração não é descrita na Lei 6.404/76, mas sim na
NBC TG 26 (R4).

106. A entidade deve apresentar a demonstração das


mutações do patrimônio líquido conforme requerido no
item 10.
A demonstração das mutações do patrimônio líquido
inclui as seguintes informações:
(a) o resultado abrangente do período, apresentando
separadamente o montante total atribuível aos
proprietários da entidade controladora e o montante
correspondente à participação de não controladores;
(b) para cada componente do patrimônio líquido, os
efeitos da aplicação retrospectiva ou da reapresentação
retrospectiva, reconhecidos de acordo com o
Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis,
Mudança de Estimativa e Retificação de Erro;
(c) (eliminada);
(d) para cada componente do patrimônio líquido, a
conciliação do saldo no início e no final do período,
demonstrando-se separadamente as mutações
decorrentes:

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(i) do resultado líquido;
(ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e
(iii) de transações com os proprietários realizadas na
condição de proprietário, demonstrando
separadamente suas integralizações e as distribuições
realizadas, bem CPC_26_R1 como modificações nas
participações em controladas que não implicaram perda
do controle. Informação a ser apresentada na
demonstração das mutações do patrimônio líquido ou
nas notas explicativas

• Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados - DLPA


Relaciona as alterações ocorridas na conta lucros ou prejuízos acumulados durante
o exercício social.
Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados discriminará:
I - o saldo do início do período, os ajustes de exercícios
anteriores e a correção monetária do saldo inicial;
II - as reversões de reservas e o lucro líquido do
exercício;
III - as transferências para reservas, os dividendos, a
parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao
fim do período.
§ 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão
considerados apenas os decorrentes de efeitos da
mudança de critério contábil, ou da retificação de erro
imputável a determinado exercício anterior, e que não
possam ser atribuídos a fatos subsequentes.
§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados deverá indicar o montante do dividendo por
ação do capital social e poderá ser incluída na
demonstração das mutações do patrimônio líquido, se
elaborada e publicada pela companhia. (Lei 6.404/76)

• Demonstração do Valor Adicionado - DVA


A empresa de companhia aberta é obrigada a elaborar a Demonstração do Valor
Adicionado, mas alguns órgãos regulamentadores também podem exigir, ou ainda
a empresa, mesmo sem a obrigatoriedade, poderá divulgar
.
Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e
V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo:
I – ...
II – demonstração do valor adicionado – o valor da
riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre
20
os elementos que contribuíram para a geração dessa
riqueza, tais como empregados, financiadores,
acionistas, governo e outros, bem como a parcela da
riqueza não distribuída. (Lei 6.404/76)

• Relatórios da Administração
Esse documento não é uma das demonstrações contábeis propriamente ditas, mas
exige-se sua publicação. Não há uma padronização, mas deve conter os principais
fatos administrativos ocorridos no período, informações sobre gestão, objetivos,
políticas e alocação dos recursos, que possibilitam o conhecimento da empresa,
complementando as demais informações contábeis.

Art. 243. O relatório anual da administração deve


relacionar os investimentos da companhia em
sociedades coligadas e controladas e mencionar as
modificações ocorridas durante o exercício.
§ 1o São coligadas as sociedades nas quais a investidora
tenha influência significativa.
§ 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a
controladora, diretamente ou através de outras
controladas, é titular de direitos de sócio que lhe
assegurem, de modo permanente, preponderância nas
deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos
administradores.
§ 3º A companhia aberta divulgará as informações
adicionais, sobre coligadas e controladas, que forem
exigidas pela Comissão de Valores Mobiliários.
§ 4º Considera-se que há influência significativa quando
a investidora detém ou exerce o poder de participar nas
decisões das políticas financeira ou operacional da
investida, sem controlá-la.
§ 5o É presumida influência significativa quando a
investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do
capital votante da investida, sem controlá-la. (Lei
6.404/76)

• Notas explicativas - NE
As notas explicativas são feitas em textos ou quadros analíticos que servem para
complementar as demonstrações contábeis, com o objetivo de esclarecer os
critérios de cálculo e lançamentos que afetam a situação patrimonial e o resultado
do exercício.

21
As notas explicativas são de extrema importância para a compreensão efetiva das
demonstrações e consequente tomada de decisão.
De acordo com o § 5o do art. 176 da Lei 6.404/76 as notas explicativas devem:

I – apresentar informações sobre a base de preparação


das demonstrações financeiras e das práticas
contábeis específicas selecionadas e aplicadas para
negócios e eventos significativos;
II – divulgar as informações exigidas pelas práticas
contábeis adotadas no Brasil que não estejam
apresentadas em nenhuma outra parte das
demonstrações financeiras;
III – fornecer informações adicionais não indicadas nas
próprias demonstrações financeiras e consideradas
necessárias para uma apresentação adequada; e
IV – indicar:
a) os principais critérios de avaliação dos elementos
patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de
depreciação, amortização e exaustão, de constituição
de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes
para atender a perdas prováveis na realização de
elementos do ativo;
b) os investimentos em outras sociedades, quando
relevantes;
c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante
de novas avaliações;
d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo,
as garantias prestadas a terceiros e outras
responsabilidades eventuais ou contingentes;
e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as
garantias das obrigações a longo prazo;
f) o número, espécies e classes das ações do capital
social;
g) as opções de compra de ações outorgadas e
exercidas no exercício;
h) os ajustes de exercícios anteriores;
i) os eventos subsequentes à data de encerramento do
exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito
relevante sobre a situação financeira e os resultados
futuros da companhia.

• Demonstrativos Financeiros Consolidados


Empresas que possuam controladas devem apresentar, além das demonstrações
contábeis individuais, também as demonstrações contábeis consolidadas, em que

22
constem todas as empresas que controla (grupo econômico) como se fossem uma
única entidade econômica.
Art. 249. A companhia aberta que tiver mais de 30%
(trinta por cento) do valor do seu patrimônio líquido
representado por investimentos em sociedades
controladas deverá elaborar e divulgar, juntamente com
suas demonstrações financeiras, demonstrações
consolidadas nos termos do artigo 250.
Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários
poderá expedir normas sobre as sociedades cujas
demonstrações devam ser abrangidas na consolidação,
e:
a) determinar a inclusão de sociedades que, embora
não controladas, sejam financeira ou
administrativamente dependentes da companhia;
b) autorizar, em casos especiais, a exclusão de uma ou
mais sociedades controladas.

Demonstrações Financeiras Consolidadas Vale S.A. Disponível em:


https://www.rad.cvm.gov.br/ENETCONSULTA/frmGerenciaPaginaFRE.aspx?NumeroS
equencialDocumento=69270&CodigoTipoInstituicao=2 . Acesso em 19/11/2017.

23
UNIDADE 3 - ESTRUTURAS DE BALANÇO PATRIMONIAL, DEMONSTRAÇÃO
DO RESULTADO DO EXERCÍCIO E DEMONSTRAÇÕES DO FLUXO DE CAIXA

3.1 Balanço Patrimonial

No Balanço Patrimonial (BP) a situação financeira e patrimonial da empresa é


demonstrada considerando que os investimentos existentes no Ativo (bens e
direitos) estão sendo financiados pelos recursos do Patrimônio Líquido (sócios e
resultados) e/ou do Passivo (obrigações). Os lançamentos do BP são realizados
utilizando os grupos de contas do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, que são
denominadas contas patrimoniais.

Contas patrimoniais
São contas consideradas permanentes em razão de serem representadas no BP
sempre que existir saldo, ou seja, se a conta patrimonial no encerramento do
exercício anterior possuir saldo, ela iniciará no ano seguinte com o mesmo saldo
obtido no encerramento do ano anterior.
Exemplos: Caixa, bancos, duplicatas a receber, fornecedores a pagar,
financiamento, impostos a pagar, capital social, reserva de lucros, veículos,
terrenos, entre outras.

Aplicação dos
Origem dos Recursos
Recursos
(Financiamento)
(Investimentos)

No Balanço Patrimonial o valor total do Ativo sempre deverá ser igual ao valor do
Passivo somado ao Patrimônio Líquido.

ATIVO = PASSIVO EXIGÍVEL + PATRIMÔNIO LÍQUIDO


ATIVO PASSIVO EXIGÍVEL
Capital de Terceiros
Bens e direitos =

24
= Origem dos Recursos
Aplicação dos recursos PATRIMÔNIO LIQUIDO
Capital Próprio
=
Origem dos Recursos

Reconhecimento dos Ativos


O Ativo deverá ser reconhecido quando for possível a geração de benefícios
econômicos futuros para a empresa à qual pertence, além da possibilidade da
mensuração de seu custo de forma confiável.

Reconhecimento do Passivos Exigíveis


O Passivo deverá ser reconhecido quando existir a possibilidade de uma exigência
de recursos econômicos para liquidação de obrigação presente, e se o valor dessa
liquidação puder ser mensurado com confiabilidade.

Modelo de Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO

Circulante (vencimento até 1 ano) Circulante (vencimento até 1 ano)

Não Circulante Não Circulante (vencer após 1 ano)

 Realizável a Longo Prazo


(vencimento após 1 ano)

 Investimento (Permanente) PATRIMÔNIO LIQUIDO

 Imobilizado (Permanente)  Capital Social

 Intangível (Permanente)  Reservas de Capital

 Ajustes de Avaliação Patrimonial

 Reservas de Lucro

• Ações em tesouraria

• Prejuízos acumulados

25
3.2 Demonstração de Resultado do Exercício – DRE

A apuração do resultado da empresa, seja ele positivo ou negativo, é realizado


confrontando as contas de receita com as contas de despesa de forma ordenada.
Essas contas são denominadas contas de resultado.

Contas de resultado
São contas temporárias em razão de iniciarem zeradas no 1º dia do exercício,
serem movimentadas com lançamentos de crédito e/ou débito durante o exercício
e encerrarem no final do mesmo sendo zeradas. No encerramento seus saldos são
zerados porque são transferidos para uma única conta que apura o resultado e que
na sequência transfere o saldo desse resultado para contas do Patrimônio Líquido.
• Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período
contábil que resultam em aumentos do Patrimônio Líquido.
Exemplo: Venda de Mercadoria, Venda de Serviços, Venda de Imobilizado,
entre outros.
• Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período
contábil que resultam em diminuições do Patrimônio Líquido.
Exemplos: ICMS sobre a Venda, Custo da Mercadoria Vendida (CMV), Custo do
Produto Vendido (CPV), Comissão sobre Vendas, entre outros.

Reconhecimento das Receitas


A receita deve ser reconhecida na DRE quando resultar em aumento dos benefícios
econômicos futuros e estiver relacionada, de forma simultânea, com o aumento do
ativo ou com a diminuição de passivo.
Exemplos:
Aumento do ativo: reconhecimento da venda de mercadorias;
Diminuição do passivo: reconhecimento de perdão de dívida.

Reconhecimento das Despesas


A despesa deve ser reconhecida na DRE quando resultar em decréscimo de
benefícios econômicos futuros, relacionado, simultaneamente, com o decréscimo

26
de ativo ou com o aumento de passivo, e ainda se for possível mensurá-lo com
confiabilidade.
Exemplos:
Aumento no passivo: apropriação, pelo regime de competência, obrigações
tributárias;
Diminuição no ativo: depreciação de veículo.

4.50. As despesas devem ser reconhecidas na


demonstração do resultado com base na associação
direta entre elas e os correspondentes itens de receita.
Esse processo, usualmente chamado de confrontação
entre despesas e receitas (regime de competência),
envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado
das receitas e despesas que resultem diretamente ou
conjuntamente das mesmas transações ou outros
eventos. Por exemplo, os vários componentes de
despesas que integram o custo das mercadorias
vendidas devem ser reconhecidos no mesmo momento
em que a receita derivada da venda das mercadorias é
reconhecida. Contudo, a aplicação do conceito de
confrontação, de acordo com esta Estrutura Conceitual,
não autoriza o reconhecimento de itens no balanço
patrimonial que não satisfaçam à definição de ativos ou
passivos. (NBC TG Estrutura Conceitual)

Modelo de Demonstração de Resultado do Exercício


(+) Receita Bruta de Vendas ou Serviços
(-) Impostos sobre Vendas
(-) Abatimentos, Devoluções de Vendas
(=) Receita Líquida de Vendas ou Serviços
(-) Custo mercadoria vendida (CMV)
(=) Resultado Bruto
(-) Despesas Operacionais
Administrativas
Comerciais
Outros Resultados Operacionais
(=) Resultado Operacional antes de Juros (LAJIR)
(+-) Resultado Financeiro
(=) Resultado antes do IR (LAIR)
(-) Despesa com Imposto de Renda

27
(=) Resultado Líquido

Demonstração de Fluxo de Caixa


A Demonstração de Fluxo de Caixa explica a origem do dinheiro e qual foi o seu
destino, classificando seus lançamentos de caixa de acordo com as atividades
desenvolvidas pela empresa: operacionais, de investimento e de financiamento.
Suas informações são úteis para proporcionar aos seus usuários a análise da
capacidade de geração de caixa da empresa, assim como a análise da necessidade
de utilização dos fluxos de caixa gerados.
As decisões econômicas tomadas pela empresa exigem que, além da avaliação da
capacidade da geração de caixa e equivalentes de caixa, seja identificada a
previsão da época de sua ocorrência e o grau de certeza de sua geração.

A Demonstração de Fluxo de Caixa está relacionada à conta patrimonial Caixa,


existente no Balanço Patrimonial da seguinte exemplificação:
• Saldo inicial da conta Caixa em 2017 (saldo final da conta Caixa no
encerramento do Exercício de 2016);
• Fluxo de caixa operacional em 2017 (movimentação do caixa pelas operações
normais da empresa durante o exercício);
• Fluxo de caixa de investimentos em 2017 (movimentação do caixa pelas
operações de investimento que a empresa realizou durante o exercício);
• Fluxo de caixa de financiamento em 2017 (movimentação do caixa pelas
operações de financiamento que a empresa realizou durante o exercício);
• Saldo final da conta Caixa em 2017 (resultado da soma do saldo inicial de 2017,
acrescida dos saldos de movimentação dos fluxos de caixa de operação,
investimento e financiamento).

 Fluxo de Caixa Operacional


Esse fluxo permite comparar a geração de caixa de suas operações com o
consumo de suas atividades, ou seja, identificar se a empresa tem gerado mais
caixa por meio de suas operações do que consumido em sua atividade.
As entradas de Caixa das Operações incluem:
• recebimento pelas vendas;
• recebimento pelos serviços prestados.

28
As saídas de Caixa das Operações incluem:
• pagamento pelas compras;
• pagamento de salários;
• pagamento de despesas;
• pagamento de IR.
A geração de caixa operacional com maior valor de entradas do que saídas, permite
o crescimento da empresa, porque libera recursos para investimento ou para o
pagamento de dívidas no prazo.

 Fluxo de Caixa de Investimento


Esse fluxo mostra se a empresa tem investido na compra de ativos permanentes e
na aquisição de ativos financeiros.
As entradas de Caixa de Investimento (na verdade, desinvestimento) incluem:
• recebimento pelas vendas de máquinas, equipamentos;
• recebimento pela venda de ações ou títulos e valores mobiliários.
As saídas de Caixa de Investimento incluem:
• pagamento pelas compras de novos equipamentos, máquinas, imóveis;
• pagamento pelas compras de ações de empresas ligadas ou investimentos
temporários.
Nesse fluxo da caixa, normalmente, é esperado que um fluxo seja negativo, o que
indicaria um investimento no crescimento da infraestrutura e/ou em ativos
financeiros (ações, títulos, etc).

 Fluxo de Caixa de Financiamento


Esse fluxo envolve desde financiamentos com terceiros e com os sócios até o
pagamento de dividendos.
As entradas de Caixa de Financiamento incluem:
• aporte de capital pelos sócios;
• captação de empréstimos.
As saídas de Caixa de Financiamento incluem:
• pagamento de empréstimos;
• pagamento de dividendos.
Ainda que não seja a única justificativa para a empresa contratar financiamentos, é
importante destacar que na fase inicial ou de crescimento as empresas necessitam

29
de mais financiamentos do que, normalmente, conseguem gerar com as suas
operações. Isso gera a necessidade de suprir a falta de entrada de caixa
operacional com a entrada de caixa financiamento.

3.3 Tipos de Fluxos de Caixa

Existem dois modos de apresentar a Demonstração de Fluxo de Caixa:


• Método Direto
• Método Indireto
A diferença entre eles está na forma como é apresentado o Fluxo de Caixa
Operacional.
Os fluxos de Investimento e Financiamento se mantêm iguais.

Modelo de Demonstração dos Fluxos de Caixa - Método Direto


(Empresa com atividade industrial)
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Recebimentos de clientes
Pagamentos a fornecedores e empregados
Caixa gerado pelas operações
Juros pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais

Fluxos de caixa das atividades de investimento


Aquisição da controlada Beta
Compra de ativo imobilizado
Recebimento pela venda de equipamento
Juros recebidos
Dividendos recebidos
Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento

Fluxos de caixa das atividades de financiamento


Recebimento pela emissão de ações

30
Recebimento por empréstimo a longo prazo
Pagamento de passivo por arrendamento
Dividendos pagos
Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento

Aumento/Diminuição líquido de caixa e equivalentes de caixa


Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período

Modelo de Demonstração dos Fluxos de Caixa - Método Direto


(Empresa com atividade industrial)
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Lucro líquido antes do IR e CSLL
Ajustes por:
Depreciação
Perda cambial
Resultado de equivalência patrimonial
Despesas de juros
Aumento nas contas a receber de clientes e outros
Diminuição nos estoques
Diminuição nas contas a pagar – fornecedores
Caixa gerado pelas operações
Juros pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais

Fluxos de caixa das atividades de investimento


Aquisição da controlada Beta
Compra de ativo imobilizado
Recebimento pela venda de equipamento
Juros recebidos
Dividendos recebidos
Caixa líquido consumido pelas atividades de investimento

Fluxos de caixa das atividades de financiamento

31
Recebimento pela emissão de ações
Recebimento por empréstimos a longo prazo
Pagamento de passivo por arrendamento
Dividendos pagos
Caixa líquido consumido pelas atividades de financiamento

Aumento/Diminuição líquido de caixa e equivalentes de caixa


Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período

DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa e a Lei nº 11.638/07:


Entenda melhor a aplicação da DFC nas normas brasileiras, pela
legislação societária e normas internacionais.
Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/administracao/dfc-
demonstracao-dos-fluxos-caixa-lei-n-1163807.htm. Acesso em 20/11/2017.

32
UNIDADE 4 - AVALIAÇÃO DOS ATIVOS

Avaliar continuamente os valores dos ativos da empresa permitirá aos usuários das
demonstrações contábeis o acompanhamento da valorização e/ou desvalorização
dos bens e direitos, influenciando as decisões a serem tomadas, independente do
objetivo individual de cada interessado.
Na sequência serão abordados os ativos não circulantes considerados ativos
permanentes operacionais, classificados em Imobilizado, Investimento e Intangível.

4.2 Imobilizado

Ativo imobilizado é o item tangível que:


(a) é mantido para uso na produção ou fornecimento
de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou
para fins administrativos; e
(b) se espera utilizar por mais de um período (NBC
TG 27)

O imobilizado é mensurado no momento de seu reconhecimento pelo seu custo de


aquisição à vista, sendo que a possível diferença entre o preço à vista e o valor
total dos pagamentos, deve ser reconhecida como despesa com juros durante o
prazo do pagamento, exceto nos casos abordados pelo CPC 204. A mensuração
também inclui a possibilidade de apropriar ao custo, todos os gastos para colocar
o ativo em operação, como por exemplo montagem, tributos, entre outros.
A NBC TG 27 tem como objetivo estabelecer o tratamento contábil para ativos
imobilizados e a divulgação das suas mutações e das informações que possibilitem
o entendimento e a análise desse grupo de contas. Esse pronunciamento determina
que a mensuração do ativo, após o seu reconhecimento, deve ocorrer pelo método
de custo ou pelo método de reavaliação, quando a opção pela reavaliação for
permitida por lei. No Brasil a reavaliação não é permitida, portanto deve-se optar
pelo método de custo.
Após o reconhecimento como ativo, um item do ativo
imobilizado deve ser apresentado ao custo menos

4 CPC 20 (R1) - Custos de Empréstimos.

33
qualquer depreciação e perda por redução ao valor
recuperável5 acumuladas. (NBC TG 27)

Na contabilização dos ativos imobilizados os principais pontos a serem


considerados são o reconhecimento dos ativos, a determinação dos seus valores
contábeis6 e os valores de depreciação, bem como as perdas por desvalorização
de cada ativo que devem ser reconhecidas.
Já no caso de reforma de um ativo, os gastos que não aumentam a vida útil nem a
capacidade produtiva do ativo, são contabilizados como despesa do período, mas
os gastos que aumentam a vida útil do bem ou a sua capacidade produção, poderão
ser incorporados ao valor do ativo imobilizado.
São exemplos de imobilizados os veículos, móveis e utensílios, máquinas, terrenos,
edifícios, equipamentos de escritório, etc.

Exemplo:
Cálculo de reconhecimento contábil de um equipamento, comprado em 10/11/2017,
em 8 (oito) parcelas, sem entrada, no momento da aquisição:
Preço a prazo do bem em 10/11/2017 R$82.000,00
Preço à vista do bem em 10/11/2017 R$75.000,00
Valor do bem a ser reconhecido em conta do Imobilizado no dia R$75.000,00
10/11/2017
Valor dos juros a serem lançados em conta de dívida no passivo no R$7.000,00
dia 10/11/2017
Valor das parcelas mensais (R$9.375,00 do bem + 875,00 do juro) R$10.250,00
Valor mensal dos juros a serem reduzidos em dívida no passivo (oito R$875,00
parcelas)

Depreciação
A depreciação, entendida como a alocação sistemática
do valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida
útil econômica para a entidade, corresponde à parcela
pertencente ao período do total da diferença entre o
valor do custo do ativo (ou outro valor que substitua o

5 CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos.


6
Valor contábil: valor pelo qual um ativo é reconhecido após a dedução da depreciação e da perda por redução
ao valor recuperável acumuladas.

34
custo) menos o valor residual esperado ao final de sua
utilização. (NBC TG 27)

A escolha do método de depreciação a ser utilizado pela empresa deve refletir de


fato o seu padrão de consumo.
Após a definição do método e das premissas que direcionam ao cálculo da
depreciação, cada ativo deve ser acompanhado ao longo da sua vida útil, para que
ajustes necessários ao valor do bem sejam realizados de acordo como o
Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e
Retificação de Erro.
Vale esclarecer que as variáveis determinantes da depreciação correspondem a:
valor inicial, valor residual7, vida econômica, vida útil, método de depreciação.
É importante que, além da depreciação, anualmente seja realizada a verificação de
eventual necessidade de reconhecimento de perda por redução ao valor
recuperável do ativo, na forma da orientação dada na NBC TG 01 (R3) – Redução
ao Valor Recuperável de Ativos.
Dentre os ativos imobilizados, os terrenos não são depreciáveis, mesmo quando
adquiridos junto com um edifício sobre ele. Por isso quando o terreno for adquirido
em conjunto ele deve ser lançado separadamente no imobilizado e depreciar
somente o edifício.
São exemplos de imobilizados depreciáveis os móveis e utensílios, máquinas,
edifícios, equipamentos de escritório, etc.
Exemplo:
Cálculo de depreciação, pelo método linear8, de veículo adquirido em 01/02/2016 e
com as seguintes informações:
Valor de aquisição R$ 35.000,00
Valor residual R$6.000,00
Vida útil 10 anos
Valor a depreciar R$29.000,00
Depreciação mensal (29.000,00 / 120 meses = 241,67) R$241,67
Depreciação anual (29.000,00 / 10 anos = 2.900,00/ano) R$2.900,00

7
Valor residual: valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas
estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida útil
8
O método linear consiste na aplicação de taxas constantes durante o tempo de vida útil estimado para o bem
e é o mais frequentemente utilizado.

35
Valor contábil do bem em 01/02/2017 R$32.100,00
Valor contábil do bem em 01/02/2026 R$6.000,00

4.2 Investimento

De acordo com a Lei 6.404/76, art. 179, inciso III, serão classificados como
“investimentos as participações permanentes em outras sociedades e os direitos
de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem
à manutenção da atividade da companhia ou da empresa.”
Os investimentos são mensurados no momento de seus reconhecimentos
contábeis pelo custo de aquisição.
Na mensuração posterior ocorrem as seguintes situações:
o Participação Permanente em Outras Sociedades
Método da equivalência patrimonial: a) Deve obrigatoriamente ser utilizado
sempre que a investidora possuir o controle ou tiver influência significativa na
gestão da investida (presunção de influência significativa sempre que a
investidora possuir pelo menos 20% do capital votante da investida, conforme
NBC TG 18); b) O lucro ou prejuízo que a empresa investida tiver será
reconhecido no resultado da investidora, como resultado de equivalência
patrimonial.
Perdas por redução ao valor recuperável 40. Após a
aplicação do método da equivalência patrimonial,
incluindo o reconhecimento dos prejuízos da coligada
ou do empreendimento controlado em conjunto em
conformidade com o disposto no item 38, o investidor
deve aplicar os requisitos da NBC TG 38 para
determinar a necessidade de reconhecer alguma perda
adicional por redução ao valor recuperável do
investimento líquido total desse investidor na investida.
(NBC TG 18 (R2) Investimento em Coligada, em
Controlada e em Empreendimento Controlado em
Conjunto)

Método do custo (utilizado nos demais casos):


a) São registrados pelo valor de custo, exceto em caso de impairment;

36
b) A investidora somente reconhecerá a declaração de dividendos por parte da
investida.

o Propriedades para investimentos (aquelas que não são utilizadas na operação


normal da empresa).
Pela abordagem da NBC TG 28 (R3) – Propriedade para Investimento, são
exemplos:
(a) terrenos mantidos para valorização de capital a
longo prazo e não para venda a curto prazo no curso
ordinário dos negócios;
(b) terrenos mantidos para futuro uso correntemente
indeterminado (se a entidade não tiver determinado que
usará o terreno como propriedade ocupada pelo
proprietário ou para venda a curto prazo no curso
ordinário do negócio, o terreno é considerado como
mantido para valorização do capital);
(c) edifício que seja propriedade da entidade (ou
mantido pela entidade em arrendamento financeiro) e
que seja arrendado sob um ou mais arrendamentos
operacionais;
(d) edifício que esteja desocupado, mas mantido para
ser arrendado sob um ou mais arrendamentos
operacionais;
(e) propriedade que esteja sendo construída ou
desenvolvida para futura utilização como propriedade
para investimento.

Para a mensuração após o reconhecimento, a empresa deve escolher adotar


política contábil9 que utilize o método do valor justo ou o método do custo, devendo
aplicar essa política a todas as suas propriedades para investimento, com exceção
dos casos apontados nas normas contábeis.

9
A NBC TG 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro afirma que uma alteração
voluntária na política contábil deve ser feita apenas se a alteração resultar numa apresentação mais
apropriada das operações, de outros acontecimentos ou de condições nas demonstrações contábeis da
entidade.

37
4.3 Intangível

É um ativo não monetário identificável sem substância física. Exemplos: softwares,


franquias, patentes, direitos autorais, etc.
Para ser reconhecido como intangível, um ativo ele deve ser identificável, ser
controlado pela empresa, ter capacidade de gerar benefícios futuros que possam
ser estimados, e seu custo deve poder ser mensurado com confiança.
Normalmente, os ativos intangíveis criados internamente dificilmente são
reconhecidos como ativo, exceto na fase de desenvolvimento.

Para avaliar se um ativo intangível gerado internamente


atende aos critérios de reconhecimento, a entidade
deve classificar a geração do ativo:
(a) na fase de pesquisa; e/ou
(b) na fase de desenvolvimento.
Embora os termos "pesquisa" e "desenvolvimento"
estejam definidos, as expressões "fase de pesquisa" e
"fase de desenvolvimento" têm um significado mais
amplo para efeitos desta Norma. (NBC TG 04 (R3))

Considerando a dificuldade de demonstrar a existência de um intangível durante a


fase de pesquisa de projeto interno, os gastos devem ser reconhecidos como
despesa quando incorridos.
Um ativo intangível resultante de desenvolvimento deve ser reconhecido somente
se a entidade puder demonstrar os seguintes aspectos:
(a) viabilidade técnica para concluir o ativo intangível de
forma que ele seja disponibilizado para uso ou venda;
(b) intenção de concluir o ativo intangível e de usá-lo ou
vendê-lo;
(c) capacidade para usar ou vender o ativo intangível;
(d) forma como o ativo intangível deve gerar benefícios
econômicos futuros. Entre outros aspectos, a entidade
deve demonstrar a existência de mercado para os
produtos do ativo intangível ou para o próprio ativo
intangível ou, caso este se destine ao uso interno, a sua
utilidade;
(e) disponibilidade de recursos técnicos, financeiros e
outros recursos adequados para concluir seu
desenvolvimento e usar ou vender o ativo intangível; e

38
(f) capacidade de mensurar com confiabilidade os
gastos atribuíveis ao ativo intangível durante seu
desenvolvimento. (NBC TG 04 (R3))

Em relação à sua mensuração posterior, aos os ativos intangíveis também são


sujeitos a impairment. Se tiverem sua vida útil definida, serão amortizados10, caso
contrário não serão amortizados.
Mensuração do valor recuperável de ativo intangível
com vida útil indefinida 24. O item 10 requer que um
ativo intangível com vida útil indefinida seja no mínimo
testado anualmente com relação à redução ao valor
recuperável, comparando o seu valor contábil com seu
valor recuperável, independentemente de haver, ou
não, alguma indicação de que possa existir redução ao
valor recuperável. Entretanto, o mais recente cálculo
detalhado do valor recuperável de tal ativo, efetuado em
período anterior, pode ser utilizado no teste do valor
recuperável para esse ativo no período corrente, desde
que todos os seguintes critérios sejam atendidos: (a) se
o ativo intangível não gerar entradas de caixa
decorrentes do uso contínuo, que são, em grande parte,
independentes daquelas decorrentes de outros ativos
ou de grupo de ativos, sendo o ativo, portanto, testado
para fins de valor recuperável como parte de unidade
geradora de caixa à qual pertence, e os ativos e
passivos que compõem essa unidade não tiverem
sofrido alteração significativa desde o cálculo mais
recente do valor recuperável; (b) o cálculo mais recente
do valor recuperável tiver resultado em valor que
excede o valor contábil do ativo com uma margem
substancial; e (c) baseado em análise de eventos que
ocorreram e em circunstâncias que mudaram desde o
cálculo mais recente do valor recuperável, for remota a
probabilidade de que a determinação do valor
recuperável corrente seja menor do que o valor contábil
do ativo. (NBC TG 01 (R3))

Ativo Intangível de Contabilização.


Disponível em:https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/contabilidade/ativo-
intangivel-de-contabilizacao/72901 . Acesso em 15/11/2017.

10
Amortização é considerada a depreciação do intangível.

39
4.4 Impairment ou Redução ao Valor Recuperável

Impairment é um termo em inglês que significa deterioração e que na contabilidade


está diretamente ligado ao fato de que toda vez que um ativo sofrer desvalorização,
seu valor deverá ser reduzido no ativo, e a perda contabilizada no resultado.
O objetivo é garantir que os ativos não fiquem registrados por um valor maior do
que o recuperável, evitando que a empresa demonstre um valor acima do que ela
efetivamente vale.
O valor recuperável de um ativo é o maior entre o valor em uso11 e o seu valor de
venda líquido.
Um ativo está registrado contabilmente por valor que
excede seu valor de recuperação se o seu valor contábil
exceder o montante a ser recuperado pelo uso ou pela
venda do ativo. Se esse for o caso, o ativo é
caracterizado como sujeito ao reconhecimento de
perdas, e a Norma requer que a entidade reconheça um
ajuste para perdas por desvalorização. A Norma
também especifica quando a entidade deve reverter um
ajuste para perdas por desvalorização e estabelece as
divulgações requeridas. (NBC TG 01 (R3))

No final de cada período a empresa deve avaliar se há alguma indicação do ativo


ter sofrido desvalorização, e se houver deve estimar o valor recuperável do ativo.
Exemplo:
Valor de aquisição do ativo imobilizado R$40.000,00

Depreciação acumulada R$9.000,00

Valor justo líquido de venda R$18.000,00

Valor em uso R$27.000,00

Valor Contábil (40.000,00 valor de aquisição – 9.000,00 valor R$39.000,00


da depreciação acumulada)
O valor recuperável a ser ajustado no Balanço Patrimonial
R$27.000,00
(Valor de uso é maior que o valor justo de venda)

11
Valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros esperados que devem advir de um ativo ou de
unidade geradora de caixa.

40
Qual o valor da sua empresa? Disponível em:
http://www.contabeis.com.br/artigos/4357/qual-o-valor-da-sua-empresa/ .
Acesso em 28/11/2017.

41
UNIDADE 5 - ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

As nomenclaturas que identificam a análise ao longo do tempo:


 Análise das Demonstrações Financeiras: é considerada a nomenclatura mais
adequada por envolver as demonstrações de forma ampla e ser o termo utilizado
na Lei 6.404/76, sendo utilizada na atualidade pela maioria dos autores.
 Análise das Demonstrações Contábeis: é o termo utilizado pelo CPC e pelo CFC
em suas normas, e ainda utilizado por alguns autores.
 Análise de Balanços: é o termo mais antigo, por isso muito encontrado em
bibliografias consideradas clássicos da literatura contábil. Surgiu do fato de que
inicialmente a análise realizada era somente do BP, sendo posteriormente
estendida para a DRE, e somente depois utilizada na DFC. Alguns autores ainda
utilizam esse termo.
Independente da nomenclatura, não exigência legal para o nome, principalmente,
por se tratar de uma ferramenta desenvolvida e muito utilizada na contabilidade
gerencial12.

 Objetivo
Realizar um diagnóstico sobre a real situação econômico-financeira da entidade,
utilizando informações e relatórios gerados pela contabilidade.

 Breve histórico
A Análise das Demonstrações Contábeis surgiu de forma mais sólida no final do
século XX, quando banqueiros americanos começaram a solicitar às empresas que
pretendiam contrair empréstimos.
A contínua abertura de capital por parte das empresas, possibilitou o ingresso de
pequenos e grandes investidores como acionistas, e a utilização da análise das
demonstrações passou a ser um instrumento desses investidores no momento de
decidir em qual empresa investir.

 Demonstrações Financeiras Analisadas

12
Contabilidade Gerencial pode ser definida como um conjunto de técnicas e procedimentos contábeis, como
a contabilidade financeira, a de custos e a análise das demonstrações contábeis, que, quando combinadas,
fornecem informações valiosas para o processo de tomada de decisão nas empresas. (Rede Jornal Contábil,
setembro de 2017)

42
As demonstrações que devem ser analisadas são: Balanço Patrimonial,
Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração dos Fluxos de Caixa.
Considerando que existe uma maior ênfase na análise do Balanço Patrimonial (BP)
e na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), em razão de evidenciarem
de forma objetiva a situação financeira da empresa, essas duas serão as
demonstrações analisadas nesse material.

 Técnicas de Análise de Balanço / Análise das Demonstrações Financeiras


Dentre as técnicas de Análise de Balanços mais conhecidas estão a Análise
Horizontal e a Análise Vertical das Demonstrações Financeiras. Entretanto, a
Análise Financeira por Quocientes é considerada a melhor para avaliar a saúde
financeira da empresa. De qualquer forma, é imperioso esclarecer que quando
aplicadas de forma individual as técnicas de análise podem permitir conclusões
interessantes, no entanto somente quando utilizadas de forma conjunta podem ser
consideradas um instrumento de decisão relevante.
Apesar das diversas possibilidades de uso das nomenclaturas da Análise, a partir
dessa etapa adotaremos o termo Análise das Demonstrações Financeiras.

5.1 Análise Horizontal

É realizada a partir da comparação dos valores dos saldos de cada uma das contas,
na linha horizontal, referentes a dois ou mais períodos (anos) das demonstrações
financeiras.
Para realizar essa análise da variação entre os períodos, toma-se como informação
base 100% o período mais antigo.
Assim, no modelo a seguir é possível perceber que em 2015 o ativo sofreu um
decréscimo de 1% em relação a 2014, mas que em 2016 houve um acréscimo em
relação à 2014 de 2%, o que cobriu o decréscimo de 1% ocorrido no ano anterior e
ainda elevou um pouco mais o ativo em relação aos demais anos.
É possível perceber muitas possibilidades de análises que, se consideradas conta
a conta do Balanço Patrimonial, permitirão uma série de conclusões importantes
para uso dos usuários em momentos de decisões.

43
Importante para a Interpretação
Se as cifras estiverem em valores nominais o resultado, acréscimo ou decréscimo,
estará expressando porcentagens nominais.
Se os valores estivem corrigidos monetariamente, isto é, o resultado poderá
expressar o andamento/evolução real.
Exemplo: De 2014 para 2015 houve uma inflação divulgada em 3,5%:
Circulante = 2014 = R$ 201.588,00
2015 = R$ 348.930,00
2014 corrigido pela inflação = R$ 201.588,00 * 1,035 = R$ 208.643,58
Crescimento em 2015 de 67,24%.

44
2014 Base 2015 Variação 2016 Variação
ATIVO
R$ 6.292.888,00 100% R$ 6.248.730,00 -1% R$ 6.391.100,00 2%

Circulante R$ 201.588,00 100% R$ 348.930,00 73% R$ 579.700,00 188%

Caixa R$ 5.300,00 100% R$ 8.400,00 58% R$ 35.000,00 560%

Bancos R$ 35.400,00 100% R$ 88.050,00 149% R$ 185.600,00 424%

Duplicatas a receber R$ 108.400,00 100% R$ 230.600,00 113% R$ 278.000,00 156%

(-) Estimativa p/ Créd. De Liquidação Duvidosa (ECLD) -R$ 19.512,00 100% -R$ 46.120,00 136% -R$ 55.600,00 185%

Estoques R$ 72.000,00 100% R$ 68.000,00 -6% R$ 136.700,00 90%

Não Circulante R$ 6.091.300,00 100% R$ 5.899.800,00 -3% R$ 5.811.400,00 -5%

Realizável a Longo Prazo R$ 120.000,00 100% R$ 85.000,00 -29% R$ 165.000,00 38%

Empréstimos a Diretores R$ 120.000,00 100% R$ 85.000,00 -29% R$ 165.000,00 38%

Investimento R$ 1.325.000,00 100% R$ 1.765.000,00 33% R$ 2.117.000,00 60%

Aplicações em Coligadas R$ 740.000,00 100% R$ 980.000,00 32% R$ 1.120.000,00 51%

Imóveis para renda R$ 585.000,00 100% R$ 785.000,00 34% R$ 997.000,00 70%

Imobilizado R$ 3.785.000,00 100% R$ 3.275.500,00 -13% R$ 2.833.400,00 -25%

Veículos R$ 345.000,00 100% R$ 345.000,00 0% R$ 387.000,00 12%

(-) Depreciação Acumulada -R$ 69.000,00 100% -R$ 103.500,00 50% -R$ 138.000,00 100%

Móveis e Utensílios R$ 460.000,00 100% R$ 460.000,00 0% R$ 525.000,00 14%

(-) Depreciação Acumulada -R$ 115.000,00 100% -R$ 138.000,00 20% -R$ 161.000,00 40%

Equipamentos R$ 1.320.000,00 100% R$ 1.320.000,00 0% R$ 1.320.000,00 0%

(-) Depreciação Acumulada -R$ 396.000,00 100% -R$ 528.000,00 33% -R$ 699.600,00 77%

Imóveis em uso R$ 3.200.000,00 100% R$ 3.200.000,00 0% R$ 3.200.000,00 0%

45
(-) Depreciação Acumulada -R$ 960.000,00 100% -R$ 1.280.000,00 33% -R$ 1.600.000,00 67%

Intangível R$ 861.300,00 100% R$ 774.300,00 -10% R$ 696.000,00 -19%

Patente R$ 870.000,00 100% R$ 870.000,00 0% R$ 870.000,00 0%

(-)Amortização -R$ 8.700,00 100% -R$ 95.700,00 1000% -R$ 174.000,00 1900%

PASSIVO R$ 3.105.069,00 100% R$ 2.340.600,00 -25% R$ 2.192.650,00 -29%

Circulante R$ 764.079,00 100% R$ 620.600,00 -19% R$ 753.650,00 -1%

Fornecedores R$ 214.000,00 100% R$ 135.000,00 -37% R$ 245.000,00 14%

Impostos a recolher R$ 14.500,00 100% R$ 32.600,00 125% R$ 43.650,00 201%

Salários a pagar R$ 355.000,00 100% R$ 425.000,00 20% R$ 465.000,00 31%

Empréstimos a pagar R$ 180.579,00 100% R$ 28.000,00 -84% R$ - -100%

Não Circulante R$ 2.340.990,00 100% R$ 1.720.000,00 -27% R$ 1.439.000,00 -39%

Exigível a Longo Prazo R$ 2.340.990,00 100% R$ 1.720.000,00 -27% R$ 1.439.000,00 -39%

Empréstimos R$ 540.990,00 100% R$ 320.000,00 -41% R$ 239.000,00 -56%

Financiamentos R$ 1.800.000,00 100% R$ 1.400.000,00 -22% R$ 1.200.000,00 -33%

PATRIMÔNIO LIQUIDO R$ 3.187.819,00 100% R$ 3.908.130,00 23% R$ 4.198.450,00 32%

Capital Social R$ 2.800.000,00 100% R$ 2.946.300,00 5% R$ 2.946.300,00 5%

Reserva de Lucro R$ 166.000,00 100% R$ 404.830,00 144% R$ 679.060,00 309%

Reserva Legal R$ 131.300,00 100% R$ 207.000,00 58% R$ 283.090,00 116%

Ações em Tesouraria R$ 90.519,00 100% R$ 350.000,00 287% R$ 290.000,00 220%

2%
PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ 6.292.888,00 100% R$ 6.248.730,00 -1% R$ 6.391.100,00

46
A utilização de mais de dois períodos na análise horizontal permite a comparação entre os períodos subsequentes ao do período
antes tido como base. Não há limite máximo para a quantidade de períodos a serem analisados.

2015 como base (100%)


2014 Base 2015 Variação 2016 Variação
ATIVO
R$ 6.292.888,00 R$ 6.248.730,00 100% R$ 6.391.100,00 2%

Circulante R$ 201.588,00 R$ 348.930,00 100% R$ 579.700,00 66%

Caixa R$ 5.300,00 R$ 8.400,00 100% R$ 35.000,00 317%

Bancos R$ 35.400,00 R$ 88.050,00 100% R$ 185.600,00 111%

Duplicatas a receber R$ 108.400,00 R$ 230.600,00 100% R$ 278.000,00 21%


(-) Estimativa p/ Créd. De Liquidação Duvidosa (ECLD) -R$ 19.512,00 -R$ 46.120,00 100% -R$ 55.600,00
21%

Estoques R$ 72.000,00 R$ 68.000,00 100% R$ 136.700,00


101%

47
5.2 Análise vertical

Analisa o relacionamento dos


valores no mesmo ano, da mesma
demonstração financeira, com a
finalidade de observar a
representatividade de determinado
subgrupo de contas diante do total
https://cdn.pixabay.com/photo/2016/10/04/01/09/question-
ou subtotal tomado como base. 1713304_960_720.jpg

A análise vertical é para um único ano, com foco na linha vertical.


No modelo a seguir é possível identificar que no encerramento do Balanço
Patrimonial de 2014 a conta redutora de ativo denominada Estimativa para Créditos
de Liquidação Duvidosa (ECLD), representava 0,31% do total do ativo daquele ano,
mas que em 2015 essa estimativa mais que dobrou chegando a 0,74%.
Ainda que os percentuais pareçam baixos, a elevação da expectativa da
inadimplência foi muito significativa, sugerindo uma atenção especial.

48
ATIVO 2014 % 2015 %

R$ 6.292.888,00 100,00% R$ 6.248.730,00 100,00%

Circulante R$ 201.588,00 3,20% R$ 348.930,00 5,58%

Caixa R$ 5.300,00 0,08% R$ 8.400,00 0,13%

Bancos R$ 35.400,00 0,56% R$ 88.050,00 1,41%

Duplicatas a receber R$ 108.400,00 1,72% R$ 230.600,00 3,69%

(-) Estimativa p/ Créd. De Liquidação Duvidosa (ECLD) -R$ 19.512,00 -R$ 46.120,00
-0,31% -0,74%

Estoques R$ 72.000,00 R$ 68.000,00


1,14% 1,09%

Não Circulante R$ 6.091.300,00 96,80% R$ 5.899.800,00 94,42%

Realizável a Longo Prazo R$ 120.000,00 1,91% R$ 85.000,00 1,36%

Empréstimos a Diretores R$ 120.000,00 1,91% R$ 85.000,00 1,36%

Investimento R$ 1.325.000,00 21,06% R$ 1.765.000,00 28,25%

Aplicações em Coligadas R$ 740.000,00 11,76% R$ 980.000,00 15,68%

Imóveis para renda R$ 585.000,00 9,30% R$ 785.000,00 12,56%

Imobilizado R$ 3.785.000,00 60,15% R$ 3.275.500,00 52,42%

Veículos R$ 345.000,00 5,48% R$ 345.000,00 5,52%

(-) Depreciação Acumulada -R$ 69.000,00 -1,10% -R$ 103.500,00 -1,66%

Móveis e Utensílios R$ 460.000,00 7,31% R$ 460.000,00 7,36%

(-) Depreciação Acumulada -R$ 115.000,00 -1,83% -R$ 138.000,00 -2,21%

Equipamentos R$ 1.320.000,00 20,98% R$ 1.320.000,00 21,12%

(-) Depreciação Acumulada -R$ 396.000,00 -6,29% -R$ 528.000,00 -8,45%

Imóveis em uso R$ 3.200.000,00 50,85% R$ 3.200.000,00 51,21%

49
(-) Depreciação Acumulada -R$ 960.000,00 -15,26% -R$ 1.280.000,00 -20,48%

Intangível R$ 861.300,00 13,69% R$ 774.300,00 12,39%

Patente R$ 870.000,00 13,83% R$ 870.000,00 13,92%

(-)Amortização -R$ 8.700,00 -0,14% -R$ 95.700,00 -1,53%

PASSIVO R$ 3.105.069,00 100,00% R$ 2.340.600,00 100,00%

Circulante R$ 764.079,00 24,61% R$ 620.600,00 26,51%

Fornecedores R$ 214.000,00 6,89% R$ 135.000,00 5,77%

Impostos a recolher R$ 14.500,00 0,47% R$ 32.600,00 1,39%

Salários a pagar R$ 355.000,00 11,43% R$ 425.000,00 18,16%

Empréstimos a pagar R$ 180.579,00 5,82% R$ 28.000,00 1,20%

Não Circulante R$ 2.340.990,00 75,39% R$ 1.720.000,00 73,49%

Exigível a Longo Prazo R$ 2.340.990,00 75,39% R$ 1.720.000,00 73,49%

Empréstimos R$ 540.990,00 17,42% R$ 320.000,00 13,67%

Financiamentos R$ 1.800.000,00 57,97% R$ 1.400.000,00 59,81%

PATRIMÔNIO LIQUIDO R$ 3.187.819,00 100,00% R$ 3.908.130,00 100,00%

Capital Social R$ 2.800.000,00 87,83% R$ 2.946.300,00 75,39%

Reserva de Lucro R$ 166.000,00 5,21% R$ 404.830,00 10,36%

Reserva Legal R$ 131.300,00 4,12% R$ 207.000,00 5,30%

Ações em Tesouraria R$ 90.519,00 2,84% R$ 350.000,00 8,96%

PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ 6.292.888,00 R$ 6.248.730,00

50
5.3 Análise Financeira por Quocientes (Índices)

O cálculo e significado dos quocientes estão baseados no relacionamento


comparativo dos itens do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do
Exercício.
A finalidade principal é permitir ao analista extrair tendências e comparar
quocientes.
Sua periodicidade da análise depende dos objetivos estabelecidos pelo usuário que
fará a análise ou que receberá seus resultados.

 Quocientes de Liquidez e de Endividamento


Apresentam o relacionamento entre contas do balanço patrimonial que refletem
uma situação estática de posição de liquidez ou relacionamento de fontes
diferenciadas de capital.
Devem ser analisados em conjunto com outros quocientes para não perderem seu
significado.
 Quocientes de Liquidez
o Quociente de Liquidez Imediata

Quociente de Liquidez Imediata = Disponibilidades


Passivo Circulante

É um quociente muito conservador por representar o valor que a empresa dispõe,


de forma imediata, para saldar as dívidas de curto prazo. No entanto, também é o
mais volátil por envolver os valores mais fáceis da empresa movimentar
diariamente.
No numerador estão as disponibilidades, que são os valores imediatamente
disponíveis como por exemplo os valores em contas de caixa, bancos, aplicações
de resgate imediato.
No denominador está o passivo circulante no qual se encontra o total das dívidas
de curto prazo, com possíveis vencimentos de até 360 dias. Nesse caso o mais
correto seria trazer os valores das dívidas a valores presentes para o dia da análise,
e assim apurar o valor total mais exato que se pagaria para quitar o passivo
circulante, caso a empresa se dispusesse a isso.

51
Esse quociente deve ser de, pelo menos, igual a 1, sendo desejável que seja maior
que 1, e apesar de poder se afirmar que quanto maior o quociente, melhor será
para a situação da empresa, é indispensável considerar que um quociente de
liquidez imediata muito alto não representa necessariamente algo positivo, uma vez
que disponibilidade ociosa também pode ser prejudicial para a empresa em casos
de inflação significativa.
Exemplo:
Quociente de Liquidez Imediata = Disponibilidades / Passivo Circulante
QLI = 384.000,00 / 289.000,00 = 1,33 Situação positiva

o Quociente de Liquidez Corrente

Quociente de Liquidez Corrente = Ativo Circulante


Passivo Circulante

É o quociente mais conhecido para se avaliar a capacidade de pagamento, e


frequentemente, é considerado como o melhor indicador de liquidez da empresa,
mesmo com o grau de risco que os prazos envolvem. Indica quanto existe de
disponíveis e conversíveis em determinados prazos em dinheiro, com relação às
dívidas de curto prazo.
No numerador estão incluídos os valores existentes em contas de caixa, bancos,
aplicações de resgate imediato, valores a receber no curto prazo, estoques, entre
outras, e no denominador as contas vencíveis no curto prazo.
Assim como em outros quocientes, também é preciso ficar atento ao problema
prazo, uma vez que as contas a receber e a pagar envolvem prazos diversos de
até 360 dias, e ainda a possibilidade de inadimplência.
Um outro ponto que pode comprometer a validade desse quociente é a inclusão
dos estoques, em razão dos seus prazos médios de giro, que podem se agravar
se, por exemplo, houver algum tipo de recessão no país ou na atividade
desenvolvida pela empresa.
Esse quociente deve ser de, pelo menos, igual a 1, sendo desejável que seja maior
que 1, portanto quanto maior, melhor.
Exemplo:
Quociente de Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante

52
QLC = 487.000,00 / 289.000,00 = 1,68 Situação positiva

o Quociente de Liquidez Seco

Quociente de Liquidez Seco = Ativo Circulante - Estoques


Passivo Circulante

É o quociente mais adequado para se avaliar de forma conservadora a situação de


liquidez da empresa, e é considerado o preferido dos emprestadores de capitais.
Tem em seu numerador o valor do ativo circulante menos o valor do estoque, o que
resulta na exclusão de uma fonte de incerteza, e no seu denominador o passivo
circulante.
Mesmo com a exclusão do estoque, ainda persiste o problema dos prazos, já que
os valores a prazo, tanto a receber, como a pagar, não são trazidos a valores
presentes.
Esse quociente deve ser de, pelo menos, igual a 1, sendo desejável que seja maior
que 1, portanto quanto maior, melhor.
Exemplo:
Quociente de Liquidez Seco = Ativo Circulante – Estoques / Passivo Circulante
QLS = 487.000,00 – 70.000,00 / 289.000,00 = 1,44 Situação positiva.

o Quociente de Liquidez Geral

Quociente de Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo


Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
Ativo Circulante - Estoques

É um quociente que identifica a saúdePassivo Circulante


financeira da empresa no que diz respeito à
liquidez de longo prazo.
Em seu numerador são considerados o ativo circulante somado ao realizável a
longo prazo, e em seu denominador o passivo circulante somado ao exigível de
longo prazo.
Novamente deve ser lembrado que o problema dos prazos empobrece a utilidade
do quociente, a não ser que sejam levados em conta. Nesse caso, além dos prazos
variados no curto prazo, que também se encontram na apuração de outros

53
quocientes, existem prazos mais diversos no longo prazo, considerando que não
há limite de prazo máximo para ser considerado.
Esse quociente deve ser de, pelo menos, igual a 1, sendo desejável que seja maior
que 1, portanto quanto maior, melhor.
Exemplo:
Quociente de Liquidez Geral = Ativo Circ. + Realizável a LP / Passivo Circ.+ Exigível
a LP
QLG = 487.000,00 + 145.000,00 / 289.000,00 + 160.000,00
= 632.000,00 / 449.000,00 = 1,41 Situação positiva

É importante considerar a necessidade de associação de vários quocientes de


liquidez, já que de forma individual a interpretação dos quocientes pode levar a
decisões equivocadas.
Vejamos os casos a seguir:
Situação em 30/11/2016
Ativo Circulante 1.000.000,00
Ativo Não Circulante (Realizável de LP) 400.000,00
Passivo Circulante 1.000.000,00
Exigível de LP 0,00
Patrimônio Líquido 400.000,00
Apurando:
Liquidez corrente = 1.000.000,00 / 1.000.000,00 = 1
Liquidez geral = 1.400.000,00 / 1.000.000,00 = 1,4

Situação em 01/12/2016 a empresa obteve um empréstimo de R$ 800.000,00.


Ativo Circulante 1.800.000,00
Ativo Não Circulante (Realizável de LP) 400.000,00
Passivo Circulante 1.000.000,00
Exigível de LP 800.000,00
Patrimônio Líquido 400.000,00

Apurando:
Liquidez corrente = 1.800.000,00 / 1.000.000,00 = 1,8
Liquidez geral = 2.200.000,00 / 1.800.000,00 = 1,2
54
Identifica-se uma liquidez corrente que evoluiu, aparentemente, para um quociente
muito melhor, enquanto que a liquidez geral diminuiu em função do empréstimo. No
entanto, se houvesse decisão a ser tomada e se a mesma fosse definida somente
com base no quociente de liquidez corrente de 1,8, seria um grande risco, visto que
a liquidez geral representa um quociente 1, 2, bem abaixo da corrente.

 Quociente de Endividamento (Estrutura de Capital)


Procura demonstrar a posição do capital próprio com relação ao capital de terceiros.
São considerados de muita importância por apurar a dependência que a empresa
tem do capital de terceiros.

o Quociente de Participação de Capitais de Terceiros sobre Recursos


Totais
Quociente de Participação de Capitais Exigível Total
de Terceiros sobre Recursos Totais = Exigível Total + Patrimônio Líquido

Esse quociente expressa quanto representa o endividamento diante do total das


origens dos recursos, mostrando qual porcentagem do ativo é financiada pelo
capital de terceiros.
Em seu numerador encontra-se o exigível total, representado pela soma do passivo
circulante com o passivo exigível de longo prazo, e no denominador o exigível total
somado ao capital próprio (Patrimônio Líquido).
O quociente deverá ser menor que 1, sendo que quanto menor esse quociente,
menor será o financiamento por capital de terceiros, significando uma situação de
menor dependência e, portanto, melhor para a empresa.
Exemplo:
Quociente de Participação de Capitais de Terceiros sobre Recursos Totais =
Exigível Total / Exigível Total + Patrimônio Líquido
QPCTRT = 449.000,00 / 449.000,00 + 870.000,00
QPCTRT = 449.000,00 /1.319.000,00 = 0,34 Situação positiva

o Quociente de Capitais de Terceiros/Capitais Próprios

55
Quociente de Capitais de Terceiros e Exigível Total
Capitais Próprios = Patrimônio Líquido

É um dos quocientes mais utilizados para identificar a dependência da empresa em


relação do capital de terceiros.
Um dos sintomas apresentados pelas empresas que vão à falência, normalmente,
é esse quociente altamente elevado durante um período relativamente longo. Por
esse motivo, é importante que a empresa ao contrair empréstimos e
financiamentos, ainda que para expansão de seu negócio, fique atenta no seu
planejamento no que diz respeito aos efeitos da política de captação de recursos
de terceiros em demonstrativos futuros.
O ideal é que, dentro do possível e se necessário, a empresa adote alternativas de
captação de recursos, pelo menos com uma combinação adequada entre capitais
de terceiros e próprios.
No numerador constam valores do exigível total e no denominador o capital próprio
(PL).
O quociente deverá ser menor que 1, sendo que quanto menor o quociente, menor
a dependência do capital de terceiros, portanto, melhor a situação da empresa.
Exemplo:
Quociente de Capitais de Terceiros e Capitais Próprios = Exigível Total /
Patrimônio Líquido
QCTCP = 449.000,00 / 870.000,00 = 0,52 Situação positiva

o Quociente de Participação do Exigível a Curto Prazo sobre Exigível


Total
Quociente de Participação do Exigível Passivo Circulante
a Curto Prazo sobre Exigível Total = Passivo Exigível Total

Esse quociente pode identificar quanto do endividamento da empresa está


concentrado no curto prazo.
No numerador constam os valores do passivo circulante, portanto, dívidas de curto
prazo, e no denominador o total do capital de terceiros.

56
O quociente deverá ser menor que 1, sendo que quanto menor o quociente, menor
a dependência do capital de terceiros de curto prazo, o que pode indicar uma
melhor da situação da empresa, pela possibilidade de maior tempo para o
pagamento da maior parte das dívidas e da indicação do possível investimento em
expansão.
A análise da evolução desse quociente durante determinados períodos permite a
visualização da política de expansão da empresa, caso exista. Isso porque a
expansão de uma empresa deve ser financiada pelo endividamento de longo prazo.

Quociente de Participação do Exigível a Curto Prazo sobre o Exigível Total =


Passivo Circulante / Passivo Exigível Total
QPECPSET = 289.000,00 / 449.000,00 = 0,64 Situação positiva

 Quocientes de Rotatividade
São coeficientes considerados de alta relevância na análise de crédito por
expressarem a velocidade com que alguns dos elementos patrimoniais se renovam.

o Rotatividade dos Estoques


Rotatividade dos Estoques = Custo da Vendas
Estoque médio de Produtos ou Mercadorias

Esse quociente procura apurar quantas vezes o estoque de produtos e/ou


mercadorias se renovou por causa das vendas.
Os analistas consideram que quanto maior a rotatividade dos estoques, melhor
para a empresa. No entanto, isso é comprovado se:
- a margem de lucro sobre as vendas da empresa se mantiver estável ou aumentar;
- houver redução da margem de lucro, que seja em percentual menor do que o
acréscimo percentual da rotatividade entre um período e outro.
No numerador está o valor do custo das vendas de produtos ou mercadorias, e no
denominador o estoque médio dos produtos ou mercadorias, que podem ser

57
calculados pela média aritmética de estoque inicial e final, ou pelo estoque médio
dos 12 (doze) últimos balancetes13 mensais.
Esse cálculo de quociente de rotatividade também pode ser estendido para os
estoques de materiais e de produtos em elaboração.
Exemplo:
Determinada empresa vendeu seus produtos durante 2016 ao custo de R$
300.000,00, e identificou durante esse mesmo período um estoque médio de
produtos de R$40.000,00.
Rotatividade dos Estoques = Custo das vendas / Estoque Médio de Mercadoria
Rotatividade dos Estoques = 300.000,00 / 40.000,00
Rotatividade dos Estoques = 7,5 vezes

A rotatividade seria de 7,5 vezes, ou seja, durante o período de 2016 o estoque se


renovou, aproximadamente, a cada 1,6 meses ou 48 dias.
12 meses / 7,5 vezes = 1,6 meses x 30 dias = 48 dias

o Prazo Médio de Recebimento de Contas a Receber


Prazo Médio de Recebimento de Duplicatas a Receber Médio
Contas a Receber = Vendas Médias

Esse quociente indica quantos dias, semanas ou meses, em média, a empresa


deverá esperar para receber suas vendas a prazo.
No numerador consta o valor das duplicatas a receber ou contas a receber médio,
que se origina na média do maior número possível de saldos das contas duplicatas
a receber ou conta equivalente durante o período escolhido. No denominador estão
as vendas médias que são calculadas dividindo-se as vendas a prazo por 360 dias,
12 meses ou outra unidade desejada.
Apesar de prazos mais curtos, normalmente, agradarem, ao analisar o resultado
desse prazo é preciso considerar algumas variáveis como por exemplo, o tipo de

13
O balancete de verificação é um demonstrativo auxiliar que relaciona os saldos das contas remanescentes
no diário. Imprescindível para verificar se o método de partidas dobradas está sendo observado pela
escrituração da empresa. (Portal de Contabilidade )

58
atividade, considerando que cada empresa possui características próprias de sua
atividade ou de sua política empresarial adotada.
Exemplo:
Dados para apuração em dias:
Valor médio mensal de duplicatas a receber a prazo = R$140.000,00
Valor médio diário das vendas a prazo = R$ 1.940,00
Prazo Médio de Recebimento de Contas a Receber = Duplicatas a Receber Médio
/ Vendas Médias
Prazo Médio de Recebimento de Contas a Receber = 140.000,00/ 1.940,00 = 72
dias
O resultado indica que a empresa leva em média 72 dias para receber suas vendas
a prazo.

o Prazo Médio de Pagamento de Contas a Pagar


Prazo Médio de Pagamento de Fornecedores Médio
Contas a Pagar = Compras Médias

Esse quociente indica quantos dias, semanas ou meses, em média, a empresa


levará para pagar seus fornecedores a prazo.
No numerador consta o valor dos fornecedores a pagar médio, que se origina na
média do maior número possível de saldos da conta fornecedores a pagar, ou
equivalente, durante o período escolhido. No denominador estão as compras
médias que são calculadas dividindo-se as compras a prazo por 360 dias, 12 meses
ou outra unidade desejada.
Exemplo:
Dados para apuração em dias:
Valor médio mensal de fornecedores a pagar = R$82.000,00
Valor médio diário das compras a prazo = R$890,00
Prazo Médio de Pagamento de Contas a Pagar = Fornecedores Médio / Compras
Médias a Prazo
Prazo Médio de Pagamento de Contas a Pagar = 82.000,00 /890,00 = 92 dias

59
Analisando, comparativamente, os exemplos dos quocientes de Prazo Médio de
Recebimento de Contas a Receber e Prazo Médio de Pagamento de Contas a
Pagar, é possível concluir que a empresa recebe suas vendas a prazo em média
em 72 dias e paga seus fornecedores em média em 92 dias. Essa situação pode
ser considerada favorável.

o Quociente de Posicionamento Relativo


Quociente de Posicionamento Relativo = Prazo Médio de Recebimento
Prazo Médio de Pagamento

Esse quociente demonstra a relação entre o prazo médio de recebimento e o prazo


médio de pagamento, identificados nos dois quocientes anteriores.
O esforço da empresa deve ser no sentido de tornar e manter esse quociente
inferior a 1, para ser positivo, ou ao redor de 1 para ser, no máximo, neutro.
Os quocientes de Prazo Médio de Recebimento de Contas a Receber e Prazo
Médio de Pagamento de Contas a Pagar podem ser analisados individualmente,
mas será a análise conjunta deles que permitirá a identificação de posição favorável
ou desfavorável de empresa, em relação aos seus prazos de pagamento e
recebimento.
É preciso identificar se o prazo de recebimento da empresa é maior que o prazo de
pagamento aos fornecedores, já que isso pode gerar a necessidade de capital de
giro adicional para disponibilizar estoques para venda.
Algumas empresas que, por algum motivo, não conseguem evitar que seu prazo
de pagamento a fornecedores seja maior que o seu prazo de recebimento de
vendas a prazo, costumam quando possível, optar por uma margem mais elevada
de lucro sobre as vendas. Essa é apenas uma das possibilidades de solução.
Exemplo:
Quociente de Posicionamento Relativo = Prazo Médio de Recebimento / Prazo
Médio de Pagamento
QPR =72 /92 = 0,78 Situação positiva

o Rotação do Ativo (Giro do Ativo)

60
Rotação do Giro do Ativo = Vendas
Ativo Médio

Esse quociente mostra quantas vezes o ativo da empresa se renovou pelas vendas.
Em seu numerador está o total das vendas do período e no denominador está o
ativo médio do mesmo período.
Pode também ser desdobrado em vendas / ativo médio circulante, vendas / ativo
médio permanente (não circulante), entre outros, com a finalidade de identificar qual
o ativo específico pode estar deixando o giro mais lento ou mais ágil.
Quanto maior o giro do ativo, maiores as chances da empresa cobrir os gastos.
Exemplo:
Rotação do Ativo (Giro do Ativo) = Vendas / Ativo Médio
RA = 5.600.000,00 / 4.300.000,00 = 1,3
Ativo girou a cada 70% das vendas, ou seja, em menos de 9 meses o ativo foi
girado.

Alguns coeficientes, como por exemplo Margem de Lucro sobre as Vendas, Giro
do Ativo, Retorno sobre o Investimento, Retorno sobre o Patrimônio Líquido,
Alavancagem Financeira, etc., não estão sendo abordados nesse material, mas
merecem a indicação de leitura complementar.

As demonstrações financeiras das empresas listadas na BM&FBovespa podem ser


consultadas no endereço http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/listados-a-
vista-e-derivativos/renda-variavel/empresas-listadas.htm .

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BIBLIOGRAFIA

Básica:
IUDICIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Curso de Contabilidade para não
Contadores. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.
LEI 6.404 de 15 de Dezembro de 1976. Lei das Sociedades Anônimas.
LEI Nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996.
NBC TG Estrutura Conceitual – Estrutura Conceitual para Elaboração e
Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro.
NBC TG 01 (R3) – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Conselho Federal
de Contabilidade.
NBC TG 23 (R1) - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de
Erro.
NBC TG 26 (R4) – Apresentação das Demonstrações Contábeis.
NBC TG 27 – Ativo Imobilizado.
RESOLUÇÃO CFC N.º 1.374/11.

Complementares:
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Disponível em:
http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC . Acesso em 23/10/2017.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Disponível em: http://cfc.org.br/.
Acesso em 23/10/2017.
INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 1515, de 24 de novembro de 2014.
NBC TG 04 (R3) – Ativo Intangível.
NBC TG 18 (R2) – Investimento em Coligada, em Controlada e em
Empreendimento Controlado em conjunto.
NBC TG 28 (R3) - Propriedade para Investimento
SZUSTER, Natan; SZUSTER, Fortunée Rechtman; SZUSTER, Flávia Rechtman;
SZUSTER, Fernanda Rechtman; CARDOSO, Ricardo Lopes. Contabilidade Geral -
Introdução À Contabilidade Societária. 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 2013.

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