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Danos causados pela geada

na cultura do milho
Itavor Nummer Filho - Gerente de Agronomia
itavor.nummerfilho@pioneer.com

Resumo
- A ocorrência de geadas tardias pode causar significativos danos em lavouras de milho, especialmente quando
os plantios ocorrem cedo;

- A topografia das lavouras tem um impacto preponderante nos danos potenciais causados pelas geadas, e
áreas baixas e vales resfriam-se mais que as áreas do topo (mais altas);

- Várias práticas culturais como plantio direto, quantidade de palha, controle de invasoras e umidade do solo
influenciam de forma combinada nos danos provocados pela geada;

- O estádio de desenvolvimento das plantas é o mais importante fator para determinar a capacidade de
recuperação das plantas na lavoura. As plantas mais jovens (VE até V2) apresentam o ponto de crescimento
protegido abaixo do nível do solo;

- A decisão de replantar a lavoura deve ser considerada somente após cuidadosa inspeção da mesma avaliação
do estande remanescente;

- A quantidade de tecido verde remanescente também define a capacidade das plantas de se recuperarem,
especialmente após V3 e V4, quando não existe mais reserva da semente;

- As condições climáticas durante o período imediatamente após a geada também são indícios de como a
lavoura vai se recuperar - condições de clima mais quente e seco são mais favoráveis que clima úmido e frio;

- Roçar as plantas remanescentes para remover o tecido morto e permitir o crescimento de novas folhas é uma
prática de manejo estudada por vários pesquisadores que, na maioria das vezes, não resulta em benefícios ao
rendimento da lavoura;

- Nenhuma decisão deveria ser tomada antes de transcorridos ao menos 5 dias após o evento, pois a chance de
avaliações incorretas é maior dentro deste período.

Sintomas causados pela geada em milho


Escurecimento das folhas: Nas primeiras Coloração marrom das plantas: Quando
24 horas após a geada, as plantas de as células das plantas são destruídas,
milho ficam escuras (quase pretas) devido parte da folha seca e se torna marrom
à destruição das membranas celulares que após o dia da geada. Algumas partes
liberam seu conteúdo em função do dano inferiores da planta (falso colmo) podem
causado pela geada. permanecer intactas, verde.

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Diagnósticos da geada
Quando baixas temperaturas causam danos às plantas de milho, algumas plantas podem sobreviver e se
recuperar, enquanto outras plantas irão morrer. O primeiro passo no diagnóstico do dano por geada é checar se
o ponto de crescimento está vivo. Plantas podem estar eretas e a região do ponto do crescimento pode estar
danificada. Se o ponto de crescimento estiver estrangulado, obviamente tem dano, e as plantas não se
recuperarão. Plantas de milho morrem imediatamente quando o tecido do ponto de crescimento está
congelado. Plantas de milho que não morrem imediatamente ainda podem apresentar vários fatores físicos e
biológicos que impedem a recuperação, incluindo:

- Plantas com deficiência nutricional induzida: A perda de folhas causada por geada reduz a área
fotossintética disponível, interferindo na produção de carboidratos e recuperação da nova planta.

- Planta doente: Plantas doentes apresentam baixo nível de resistência, facilitando o ataque de
microrganismos secundários no tecido danificado.

Contudo, mesmo que o ponto de crescimento esteja vivo após a geada, plantas podem morrer. O clima frio
após a geada pode provocar a deterioração do tecido das plantas. Aquelas plantas que não morreram
diretamente pela geada podem morrer pelos fatores descritos acima.

Para o correto diagnóstico do impacto da geada na lavoura de milho, o ideal é esperar entre cinco e sete dias,
sendo que as temperaturas diárias devem estar acima de 22°C e checar se há novo crescimento. Remova as
folhas mortas enroladas e observe a parte que permanece de pé. Outro sinal de que existe crescimento é de
que as folhas novas ficaram comprimidas atrás do cartucho danificado, podendo ou não a planta sobreviver.

Pontos de crescimentos dessecados em plantas de milho após a geada

1º 2º 3º

1º Ponto de crescimento está marrom indicando morte da planta;

2º Ponto de crescimento está descolorido indicando probabilidade de morte da planta;

3º Ponto de crescimento está vivo.

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O que fazer após a avaliação dos danos provocados pela geada?
Basicamente temos 4 opções para gerenciamento da lavoura afetada:

A primeira é deixar a lavoura como está, desde que o estande esteja acima de 45 mil plantas por hectare,
sabendo que poderemos ter problemas de uniformidade de desenvolvimento e também alguns pontos de
escape de plantas daninhas em virtude de eventuais furos de plantas na lavoura. Muito provavelmente uma
aplicação antecipada de fungicida auxiliará na manutenção da sanidade das plantas.

Segundo, replantar a lavoura ou parte dela - se o estande está muito comprometido ou se não temos muita
convicção nas avaliações, esta pode se mostrar a melhor opção, especialmente em anos em que o mercado
futuro do milho é promissor. Se o híbrido plantado originalmente é convencional ou tolerante a um tipo
de herbicida, utilizar-se de outro híbrido tolerante a herbicida ou a herbicida diferente do original pode
ser uma boa opção visando a melhor erradicação da lavoura original.

Terceiro, implantar outra cultura - esta opção passa pelo manejo de herbicida realizado no milho. Normalmente
a soja é a opção escolhida e um cuidado necessita ser tomado em relação ao período de tempo que vai desde a
aplicação de produtos a base de atrazina na lavoura de milho e implantação da soja. Os aspectos a serem
considerados aqui dizem respeito à época de aplicação, dose e tipo de solo, e é muito importante consultar um
técnico sobre esta opção.

A quarta opção tem por objetivo evitar que os tecidos mortos pela geada prejudiquem a recuperação das
plantas. A poda é feita mecanicamente a uma altura que não afete o ponto de crescimento. Vários
pesquisadores americanos realizaram estudos sobre esta prática e ganhos de rendimento são inconsistentes
para recomendá-la.

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