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Grandes Culturas

ALGODÃO

1 – Importância Econômica

Fibra é utilizada na fabricação têxtil

Existem 49 espécies, sendo quatro domesticadas para produção de fibras:

G. arboreum e G. herbaceum: (Espécies do velho mundo), 2n= 26, presentes na Ásia e


África (Origem), produção mundial não ultrapassa 2%.

G. hirsutum (Upland): espécie mais cultivada no mundo, 90% produção mundial.


Origem: México

G. barbadense: algodão de fibra longa e extralonga, cultivada no Egito, Sudão, Peru e


EUA e contribui para 8% da produção mundial. Origem: Peru

Principais utilizações do algodão: Produção de fibra (35% do algodão em caroço),


produção de óleo (ác. Palmítico, oleico e linoléico) através das sementes (15%), torta
rica em proteína, excelente para forragem (ruminantes).

Obs.: Semente do algodão possui um pigmento tóxico para monogástricos, causando


danos no fígado e coração, sendo inofensivo para os ruminantes.

Situação atual do algodão no mundo

China é o maior produtor e consumidor de algodão, seguido pelos EUA, como maior
exportador. Brasil possui 4.5% da produção mundial.

Espécie silvestre de origem na região nordeste: G. mustelinum

Espécies cultivadas no País

a. G. hirsutum L. raça marie galante (Mocó) – declínio na produção – Bicudo


b. G. barbadense raça brasiliense (Rim-de-boi) – possui semente sem línter

Tipos de fibra

Natural: origem animal (lã e seda) e origem vegetal ( algodão, linho, juta e sisal)

Química: artificiais, se obtidas do linter do algodão e celulose da polpa da madeira e


sintéticas, se obtidas do petróleo.

Problemas encontrados pelos conicultores brasileiros

Dificuldades financeiras para o algodão nacional competir com o importado;

 Alto custo de produção devido o aumento do preço dos insumos;


 Descapitalização do cotonicultor, gerando desestímulo à cultura;

 Insuficiência de recursos, limitando a adoção de novas tecnologias e comprometendo a


qualidade da colheita;

 Falta de critérios de qualidade na comercialização do algodão em caroço;

 Elevada taxa de juros internos.

2 - Sistemática e morfologia do algodão

Morfologia da Planta

Raiz

Raiz principal penetra 20-25 cm no solo antes da emergência da planta. Em condições de


aeração e umidade do solo, atingem de 180 – 200 cm. Raízes laterais se desenvolvem em
função da umidade do solo, concentrando-se 30 – 50 cm da superfície em solos bem úmidos.

Ramificação

Apresenta ramo principal e lateral. No ramo principal, há a presença de ramos e folhas e


ausência de flores. O comprimento de entrenós determina a altura final da planta e é
influenciado pela umidade do solo enquanto o número de entrenós é determinado pela
disponibilidade de nitrogênio para planta.

Na axila de cada folha existem duas gemas:

Axilar: origina os ramos vegetativos e frutíferos

Lateral: dormente, porém, caso haja o abortamento de uma gema axilar e prevalece
condições favoráveis, ocorre o desenvolvimento de novos ramos.

Ramos frutíferos

Crescimento simpodial (cessa com aparecimento da flor seguido pelo aparecimento de um


ramo frutífero secundário) – aspecto de Zig-zag. Primeiro ramo frutífero aparece no 5º/6º nó
do ramo principal

Ramos vegetativos

Crescimento monopodial apresenta morfologia parecida com a haste principal, não possuem
flores ou frutos, mas carregam ramos secundários. Localizam-se nos nós da base da planta. O
desenvolvimento de um ramo frutífero inibe o desenvolvimento de um ramo vegetativo.

Obs.: A proporção entre ramos vegetativos e frutíferos depende de fatores ambientais, tais
como temperatura, fotoperíodo, densidade de plantio.

Altura da planta

A altura das plantas tem sido controlada com o uso de reguladores de crescimento como o
CCC, para facilitar a colheita mecânica e evitar acamamento.

Folhas

As folhas do algodão possuem 5 lobos, são grandes e pilosas. Existem folhas sem pelos que
tem a vantagem de causar problemas menores na colheita. As folhas pilosas podem ser
repelentes para alguns tipos de pragas (Empoasca spp), porém abrigam grandes populações de
mosca branca (Bemisia tabaci) que encontram proteção nos pelos. Os estômatos estão
presentes nas duas faces das folhas. Na superfície das folhas e ao longo das nervuras
encontram-se numerosas glândulas.

Órgãos reprodutivos (Botão floral e flor)

Fertilização – Autógama, caso a maioria dos óvulos não for fertilizada ocorre shedding, queda
das estruturas florais jovens.

Frutos

As variedades de cápsulas grandes apresentam maiores dificuldades de se ajustarem aos


estresses do que as de cápsulas menores. O tamanho do fruto não é afetado pelas condições
ambientais, mas o número de frutos. Isto se deve ao mecanismo regulador que induz ao
shedding quando existe excesso de frutos além da capacidade de enchimento da planta.
Quando o fruto amadurece, ele se abre e as fibras no seu interior se expandem formando uma
massa branca de fibras que ficam aderidas às sementes. Um período de aproximadamente 50
dias é requerido entre a abertura da flor e do capulho, em condições ambientais adequadas.

Sementes

As sementes representam 65 a 75% do peso total do fruto. Nas variedades de G. hirsutum, as


fibras representam 35 a 40% do peso total. Apresenta-se pontiaguda numa extremidade
(região chamada de micrópila) e arredondada na outra (região chamada de calaza). A calaza é
a região de absorção de água e oxigênio e na micrópila é de onde surge a radícula no processo
de germinação.

Condições Edafoclimáticas

Para produção adequada: mínimo de 140-160 dias, ensolarados, temperaturas médias


superiores a 20°C. Após o 130º dia, requer clima seco para abertura dos frutos e qualidade das
fibras.

Requer 700mm, de acordo com seu estagio de desenvolvimento

Temperatura: abaixo de 15°C – apodrecimento de sementes, atraso na emergência, atraso no


desenvolvimento da planta, aparecimento de doenças.

Luz, solo e salinidade.

Práticas Culturais

Preparo inicial do solo, rotação de cultura, cultivares, manejo de invasoras, pragas e doenças.

Reguladores de crescimento, desfolhantes, maturadores e dessecantes.

O uso de reguladores de crescimento, desfolhantes, maturadores e dessecantes tem sido uma


das estratégias usadas para aumentar a produção do algodão, uniformizar a maturação e
facilitar a colheita.

Reguladores de crescimento Os principais efeitos dos reguladores de crescimento no


algodoeiro são:
 Redução no tamanho dos internódios, do número de nós, da altura das plantas, do
comprimento dos ramos vegetativos, e produtivos, do número de frutos danificados,
do número de folhas na época da colheita;
 Folhas mais espessas e com a coloração verde mais intensa
 Aumento da retenção de frutos nas primeiras posições dos ramos produtivos, do peso
do capulho e do peso de 100 sementes. O efeito dos reguladores de crescimento sobre
a produção tem sido inconsistente podendo haver aumento, redução ou nenhum
efeito, pois depende da:
 Cultivar – efeitos mais evidentes em cultivares de porte alto e ciclo longo
 Época da semeadura – semeaduras tardias proporcionam maior redução na altura das
plantas e aumento na produção
 População de plantas – melhores efeitos tem sido evidenciados em populações
elevadas
 Época da aplicação - se aplicado precocemente pode ter efeito negativo sobre a
produção e qualidade da fibra
 Condições ambientais – maior eficiência é obtida quando com temperatura diurna de
300C e noturna de 200C
 Dose utilizada – com dose baixa o efeito pode não ser o esperado, com dose alta pode
afetar negativamente a produção e qualidade da fibra.
 Forma de aplicação – parcelamento tem mostrado efeito mais pronunciado sobre a
altura das plantas
 Adubação nitrogenada – quando se usa dose alta de N ocorre crescimento excessivo
do algodoeiro tornando uso de regulador indispensável.

Reguladores de crescimento disponíveis no mercado do Brasil:

 Cloreto de mepiquat (PIX) - dose 1,0 l/ha

 Cloreto de chlormequat (ITUVAL) dose 1,0 l/ha

 Cloreto de clorocicolina (CCC) – 0,5 l/ha Na aplicação recomenda-se parcelar a dose com
a primeira aplicação sendo realizada entre o aparecimento dos botões florais e as
primeiras flores e altura da planta ente 60-80cm. Não aplicar em plantas submetidas a
estresse de qualquer natureza ou com alturas superiores a 1m

Desfolhantes e maturadores :

Os desfolhantes e maturadores são utilizados respectivamente para promover a desfolha e


uniformizar a maturação para facilitar a colheita, principalmente a mecânica. Os produtos
usados como desfolhantes e maturadores são: thiadiazuron (75 a 150 g . há-1 , com 60%
dos frutos abertos), bromoxinil (230 g. há-1 com 60% dos frutos maduros) e o
ethephon+cyclanilide (72 a 120 g. há-1 ). O ethephon atua como desfolhante e maturador,
pois libera etileno que propicia a formação da camada de abscisão. È usado principalmente
para promover a abertura dos capulhos Os desfolhantes devem ser aplicados quando 60-
70% dos frutos estiverem abertos. A desfolha ocorre entre 7 e 15 dias após a aplicação do
produto. Aplicação com menos de 60% de capulhos abertos provoca queda na produção
de fibra e suas características tecnológicas. A aplicação de desfolhante pode antecipar a
colheita, pois possibilita a entra de raios solares no interior da copa favorecendo a
abertura dos capulhos.
Dessecantes

Além dos desfolhantes existem os dessecantes que podem ser usados, podendo
apresentar como desvantagem a não ocorrência da queda das folhas resultando num
produto colhido mais sujo. Desfolhantes recomendados: glifosate e paraquat.

PRAGAS

As principais pragas do algodoeiro são:

1. Broca-do-algodoeiro (Eutinobothrus brasiliensis)

O ataque se caracteriza pelo aparecimento de galerias próximo ao colo da plantas,


provocada pôr larvas, podendo causar a morte de plantas jovens. Plantas mais
desenvolvidas podem sobreviver ao ataque, entretanto a produção é afetada. Os
prejuízos são maiores quando o ataque ocorre até aos 25 dias, devido à redução do
estande. O preparo antecipado do solo e a destruição das soqueiras contribuem para
reduzir a incidência da praga.

2. Pulgão (Aphis gossypii) Atacam as folhas e a infestação maior ocorre entre 30 e 70


dias após a germinação. Adubação nitrogenada em cobertura e solo úmido favorece
ao ataque de pulgões, que excretam um líquido açucarado possibilitando o
desenvolvimento da fumagina na folha que prejudica a fotossíntese. Na fase de
abertura dos capulhos pode prejudicar a qualidade da fibra. Infestações elevadas
provocam o crestamento das folhas. Os pulgões podem atuar como praga e/ou vetor
de doenças viróticas como o vermelhão e mosaico das nervuras.

3. Curuquerê do algodoeiro (Alabama argillacea) É uma das pragas mais constante


podem ocorrer durante todo o ciclo da cultura. Infestações maiores ocorrem em
condições de precipitações abundantes e constantes, temperaturas elevadas e
lavouras bem nutridas. Estiagens e temperaturas baixas reduzem a infestação. As
lagartas de coloração verde escura com duas estrias longitudinais no dorso
alimentam-se do tecido foliar ao longo das nervuras, causando a desfolha da planta.
Um ataque severo de curuquerê pode causar maturação precoce dos furtos (maçãs),
paralisação da frutificação, redução na produção e resistência da fibra.

4. Bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis)


 Depositam ovos no botão floral  As larvas eclodem e provocam a queda nos botões
florais
 Ciclo de vida - ovo a adulto – 20 dias
 Sobrevivência dos adultos – 200 dias
 Adultos se alimentam de botões florais, folhas, pecíolos e gemas.
 Tem grande capacidade reprodutiva e de infestação
 Período crítico de infestação da cultura 40 a 90 dias após a emergência
 Ataque se inicia pelas bordaduras 5. Lagarta rosada (Pectinophora gossypiella)
Causam prejuízo aos botões florais, flores e maçãs. Nos botões florais a lagarta
penetra rapidamente, alimentando-se das anteras provocando sua queda. As flores
atacadas adquirem uma característica própria denominada de roseta devido às teias
que retém as pétalas impedindo a sua abertura normal. Nas maçãs provoca orifícios
quase imperceptíveis e uma vez no interior destrói sementes, danificam a fibra e
dificultam a abertura das maçãs formando o que se denomina “carimã”
DOENÇAS

1. Murcha de fusarium (Fusarium oxysporium f vasifectum) e Murcha de verticilium


(Verticilium albo-atrum) (Figuras 52-54)

Nos dois casos, os sintomas iniciais aparecem nas folhas que mostram perda de turgescência
seguida de coloração amarela em áreas irregulares. Manchas marrom ocorrem no interior do
caule. A Murcha de fusarium é comum no Brasil, e pode provocar a morte das plantas.

2. Mancha angular (Xanthomonas campestri)

Os sintomas aparecem mais freqüentemente no limbo das folhas e as lesões apresentam-se


sempre no formato anguloso. Outras partes da planta, pecíolo das folhas, pedúnculo das
maçãs, ponteiros das plantas novas, também podem ser afetados.

3. Ramulose (Colletotrichum gossypii) (Figura 63) Os primeiros sintomas aparecem nas folhas
mais novas localizadas no ponteiro das plantas. A seguir a planta mostra internódios mais
curtos e superbrotamento do ponteiro

4. Tombamento (Rhizoctonia solani) (Figura 67) São vários os patógenos que causam o
tombamento do algodoeiro (Colletotrichum gossipii, Rhyzoctonia solani, Fusarium sp,
Macrophomina phaseoli), provocando os mesmos sintomas, tombamento das plântulas.

5. Viroses Mosaico comum

As folhas das plantas infectadas apresentam coloração amarela e tem como vetor a mosca
branca Bemisia tabaci. Não foi possível identificar a transmissão pelas sementes. Mosaico
tardio A folhas mais novas das plantas afetadas apresentam um mosaico de coloração verde
claro amarelado em áreas irregulares. O vetor mais provável é o trips Frankliniella spp.
Mosaico das nervuras As folhas apresentam nervuras amareladas, rugosidade e curvatura dos
seus bordos. O pulgão Aphis gossypii é o vetor dessa doença. Vermelhão As folhas localizadas
nas partes medianas e inferior da planta apresentam áreas avermelhadas entre as nervuras. O
vetor do vermelhão do algodoeiro é o Aphis gossypii. Não confundir esta virose com outras
anormalidades que provocam avermelhamento das folhas.

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