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Indice

1.Introdução.................................................................................................................................1

2.O Processo matrimonial no grupo etnolinguístico Tewe..............................................................2

2.2.Os ritos matrimoniais.............................................................................................................4

2.4.O lobolo..................................................................................................................................7

2.5.Filhos no momento de divórcio.............................................................................................8

2.5.A esterilidade.........................................................................................................................9

2.6.Poligamia.............................................................................................................................10

2.7.A separação..........................................................................................................................12

2.8.Refencias Bibliograficas..........................................................................................................14

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1.Introdução

Neste presente trabalho falamos sobre processo matrimonia na cultura tewe e vimos que O
matrimónio ou casamento é um vínculo estabelecido entre duas pessoas, mediante o
reconhecimento governamental, religioso ou social e que pressupõe uma relação interpessoal de
intimidade, cuja representação típica é a coabitação.

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2.O Processo matrimonial no grupo etnolinguístico Tewe

2.1.O Processo matrimonial

O matrimónio tem formas diferentes em diferentes locais do mundo devido às situações que
surgiram durante o tempo. A aliança matrimonial é uma união contraída geralmente entre dois
grupos exógamos pelo casamento de um dos seus membros e liga dois indivíduos do sexo
diferente através de um conjunto de direitos e de obrigações mútuas (Rivière 1995:70). Na
transacção pré – matrimonial, tem lugar uma selecção do parceiro segundo a sua origem, as suas
qualidades, a sua identidade social, visando aumentar o capital material ou simbólico.

O matrimónio ou casamento é um vínculo estabelecido entre duas pessoas, mediante o


reconhecimento governamental, religioso ou social e que pressupõe uma relação interpessoal de
intimidade, cuja representação típica é a coabitação. Na maioria das regiões africanas que
celebrem o matrimónio tem por base uma premissa: a família. O matrimónio é a celebração do
conceito da família através de união de duas pessoas, a junção de duas famílias e por vezes
através de duas tribos. As festas coloridas, a música são elementos fundamentais de um
casamento africano.

Tal como no resto do mundo, o casamento africano é um acontecimento que envolve a família e
junção de duas pessoas. Contudo, a noiva tem sempre um papel especial sendo sempre tratada
com um respeito devido pois ela significa uma nova possibilidade de continuar a família. Em
muitos locais da África, as mulheres são ensinadas desde a infância a serem boas esposas,
chegando a aprender línguas secretas passadas pelas anciãs mais velhas para puderem comunicar
acerca dos problemas do casamento, sem que os maridos percebam o que elas dizem. Os noivos,
em geral, são preparados desde cedo para serem parceiros ideais. Em algumas tribos os mais
idosos reúnem-se com a noiva e dão-lhe sábios conselhos para o casamento feliz.

Na cultura Tewe, o casamento é exógamo, visto que proíbe rigorosamente o casamento dentro do
mesmo grupo parentesco e até certo ponto de clã. O casamento é tido como algo de suma
importância e de sagrado, pois que congrega duas pessoas de sexo diferente e de grupos
familiares também diferentes. Segundo o Lerna (1994), toda a comunidade se interessa pelos

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ritos de casamento, já que então em jogo a consistência, a boa fama e futuro da linhagem e da
sociedade. Esses ritos de casamento fazem parte de um longo processo, que dura vários meses,
até mesmo um ano. Não podemos falar de uma cerimónia ou de um acto que por si só se possa
considerar como a celebração de um casamento, já que todos os ritos desde o primeiro até a
celebração da festa final são considerados elementos importantes de um único e mesmo
casamento.

No desenrolar do ciclo vital, o homem (Mwanarume) assim como a mulher (Mwanakadzi), na


etnia Tewe, anseiam pela descendência e fazem o possível para conseguir. Assim, o primeiro
objectivo da união matrimonial é a transmissão da vida, a procriação Por causa do matrimónio, a
pessoa fica enredada numa rede de relações, é por isso que para se fazer efectivo o matrimónio,
normalmente, a família do homem paga com o que se chama de dote.

Para o povo Tewe, o matrimónio é a base da formação da família como se pode ver, os noivos se
tornam elos de ligação entre duas famílias, partindo do pressuposto que a família africana no
geral e a Tewe em particular, a vida fica com sentido quando estiver relação com os outros,
tornando-se obrigatório viver numa família no contexto alargado, envolvendo avôs, bisavós,
pais, sobrinhos, e, até vizinhos. Esta aliança familiar só se torna efectiva com o lobolo, fruto de
um acordo entre a família de ambos, tornando-se, o noivo filho dos pais da noiva e vice-versa.
Fazendo com que as famílias que anteriormente não se conheciam acaba se conhecendo o
contraindo o laço familiar por causa do matrimónio.

“O casar se é para ter filhos como objectivo fundamental então sendo assim antes de ter filhos
esse matrimónio não tem sentido, não tem valor ganha o seu valor e seu aspecto jurídico a partir
do 1º filho de modo que se consegue um matrimónio antes de ter filhos esse matrimónio está no
ar, não tem a sua base sustentável, então a partir do 1º filho já se considera que esse matrimónio
é digno as duas famílias já pode estabelecer uma aliança e a família já pode receber o lobolo
porque antes disto dificilmente os pais da noiva podem receber o lobolo porque não sabem o que
vai surgir depois porque o não ter filhos muitas vezes, é a causa do divórcio...”

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2.2.Os ritos matrimoniais

O homem africano é sempre acompanhado por ritos na sua própria existência vital, portanto, para
os Tewes os ritos de iniciação são para toda vida, por este facto, pessoa nasce e morre sendo
iniciada. Neste contexto o matrimónio constitui um rito de iniciação. O matrimónio é uma outra
fase muito importante na sociedade e no indivíduo de modo que quando a alguém casa, está
entrando numa outra dinâmica ou uma outra fase da vida e assim sendo é considerada uma
pessoa adulta, quando alguém casa está entrando na fase adulta, está na fase de pessoas já
dignam de caminhar com os seus próprios meios.

O matrimónio representa um “rito” para os dois noivos. Tradicionalmente este processo é um


assunto privado, e que é regulado entre as famílias interessadas, sendo dado pouca atenção às
preferências do novo casal. Actualmente, este processo matrimonial está perdendo os seus
valores essências, visto que antigamente as pessoas viviam separadas uma das outras e na
actualidade as pessoas vivem muito mais próximas umas das outras, fazendo que haja um
excesso de confiança entre as famílias de modo que o respeito entre as famílias vai sendo posto
em causa, logo aquele casamento a partir desta vizinhança há vezes que não se obedecem todos
os critérios.

Para se casar, em primeiro plano depende dos comportamentos das famílias e de ambos noivos,
em segundo lugar a beleza quer da rapariga quer do rapaz, e em terceiro deve se averiguar o
aspecto da procriação, partindo do pressuposto que o objectivo do casamento é ter fruto do
matrimónio (filhos).

Quando um rapaz atinge a idade para se juntar com alguém, que se notam pelos aspectos
fisionómicos ou por iniciativa do rapaz, as tias é que levam avante o processo começando por
descobrir uma donzela que deve reunir os seguintes requisitos: Virgindade (Umhandwe),
comportamento social (Kuthywa hana) e beleza

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(Kuringama). São os familiares do noivo os primeiros interessados em arranjar e preparar
adequadamente tudo o que está relacionado com o casamento. Todo o contacto entre o rapaz e a
rapariga é feito por via de intermediários “Sankuro” que podem ser avôs, avós, tios, tias, irmãos
ou irmãs mais velhos. Os intermediários do rapaz vão entrar em contacto com os intermediários
da rapariga com o intuito de comunicar que vimos uma jovem nesta família, e depois voltam
para informar ao pai do rapaz que vimos uma donzela naquela família, conversamos com os tios
dela e estão de acordo.

Depois de ser aceite, a família do rapaz começa por entregar o (Sanzo) que se traduz num valor
monetário que serve para vedar a moça de modo que outra família não pode entrar naquela
família com o fim de desposar a rapariga. Este sanzo é entregue normalmente aos tios da
rapariga que fazem chegar aos pais dela dizendo que a rapariga esta sendo pretendida com a
família do rapaz, de modo que já não se pode receber dinheiro de outra família, depois que os
pais passam a saber que a sua filha está a ser pretendida, logo se iniciam os contactos
subsequentes entre as duas famílias envolvidas. De seguida os tios dos noivos começam com o
processo de aproximação para se saber o que é necessário para o matrimónio.

De seguida o tios da noiva orientam para se trazer o mpete que é o dinheiro a ser dado aos pais
da noiva para eles poderem se pronunciar. Para este acto chamam-se os pais da noiva e do noivo
intermediados pelos tios de ambos lados que dizem que está aqui a família do nosso futuro genro
que pretende a nossa filha. No dia das negociações, o diálogo começo quando os intermediários
do noivo pedem um prato onde colocam um dinheiro simbólico que lhes permitam abrir a boca.
Depois deste acto, os pais de ambas partes podem começar a se comunicarem começando a
descrever todos aspectos relacionados com a filha. Quando a pretendida noiva ainda é de idade
menor, a família da mesma podem mostrar indisponibilidade até tentam recusar o dinheiro
fundamentando que a filha ainda precisa da sua educação para se tornar mulher. Os pais do noivo
mostram grande interesse e até se comprometem em respeitar e prosseguir com a educação.

O processo de negociação para a recepção do dinheiro não pode ser concretizado sem o
consentimento da filha, desta feita, a filha é chamada para se pronunciar se aceita ser nora dos
pais do rapaz. A rapariga começa em insinuar uma certa recusa traduz uma forma de mostrar o
respeito e dignidade. Face a insistência dos tios da rapariga, ela aceita não oralmente mas por um

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gesto (inclinar a cabeça). Esta atitude faz com que os intermediarias de ambos lados ficam muito
alegres pelo sucesso da intermediação e depois, a família da noiva recebe o dinheiro

“Mpete” que normalmente é canalizado aos antepassados para comunicar que a nossa filha foi
pretendida por isso nós pede que a protejam junto do nosso futuro genro. Terminado este acto de
aceitação, marcasse um dia para os noivos se encontrarem na família da noiva.

O noivo deve ir acompanhado com os tios ou uma das tias interveniente nas mediações, e quando
lá chegarem antes serão apresentados os envolvidos aos tios da noiva que a acompanham, dai é
quando os tios do noivo abrem o jogo dizendo que este é o nosso jovem que pretende casar com
a vossa filha e dai se inicia o diálogo caracterizado por perguntas, tal como: se amam? Se
gostam? Se querem mesmo casar? Etc. Geralmente o rapaz responde estas perguntas e enquanto
as raparigas se dirige aos tios dizendo já terei visto o rapaz mas não sei se posso aceitar.

Segue-se ao processo que envolve a família do noivo trazer uma série de utensílios domésticos,
produtos de, até mesmo trazer a roupa para noiva. O rapaz pode frequentar a casa da noiva e
apresentar-se aos sogros. O rapaz passa a ser reconhecido como noivo

(murumbwana) e genro da casa, tem até o direito de chegar a noite na casa da noiva mas não
pode dormir com ela até que chegue o dia oficial de entrega da noiva.

Chegado ao dia da entrega oficial da noiva, os familiares dela acompanham-na a casa do noivo e
a noiva passa a viver oficialmente em casa do noivo. Os familiares do noivo recebem a nora com
um dinheiro simbólico. Até este momento do matrimónio, a noiva ainda não se conhece
sexualmente com o seu marido, tudo isto por causa de conservar a virgindade. No dia seguinte
muito cedo, a noiva com as suas madrinhas fazem limpeza de todo quintal, a rapariga aquece
água para o seu marido e todos os homens da família do marido, a fim de lavarem cara. Para
agradecer a limpeza feita a família do noivo tira – se um valor simbólico consoante o lixo
juntado no quintal e todo aquele que vai utilizar a preparada água terá que deixar dinheiro ou
anel no prato. A água simboliza que a família já tem mais um membro.

Ultimando esta fase, as madrinhas da noiva pedem ajuda das mulheres idosas da família do noivo
para fazer o exame de virgindade da rapariga. Se notar que é virgem, os membros de ambas as
partes rejubilam – se e as madrinhas da noiva arranjam uma folha de árvore muito fresca

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chamada muroro sem nenhum furo e entregam as madrinhas do noivo para elas saberem que a
rapariga é tão virgem. Se acontecesse o contrário, elas levam uma folha furada como um sinal de
não virgindade e ninguém rejubilam. Assim que termina o processo de casamento.

No desenrolar destes procedimentos inclui um pedido aos antepassados de forma a serem aceites
e protegidos pelos espíritos. Quando a filha sai de casa, a família da noiva deve comunicar aos
antepassados e pedir que acompanhem a filha que vai morar em outra família e que lá não crie
danos. A família do noivo, ao receber a noiva, deve apresentar aos espíritos e dizer que
receberam nova família, pedimos que a proteja e acompanhe tal como os membros da nossa
família. Esta comunicação aos antepassados visa a validação do matrimónio por parte dos
espíritos e sua consequente protecção. O não cumprimento deste ritual pode ocasionar danos
morais ou físicos na própria família ou mesmo na rapariga.

2.4.O lobolo

Lobolo é um gesto de gratidão do rapaz por tudo aquilo que os sogros fizeram para o bom
crescimento da filha. Neste sentido o rapaz tira uma quantia em dinheiro ou bois. A quantidade
desses artigos depende do nível sócio económico de cada zona onde o rapaz estiver. O lobolo é
tirado depois de alguns anos depois do casal estiver na formação da sua própria família.

O processo começa com Massunguiro, que consiste num valor monetário pago aos pais da noiva,
caso a noiva tenha sido encontrada virgem. Este tem sido um valor muito alto em relação ao
lobolo, razão pela qual os pais têm sido muito exigentes na conservação da virgindade das suas
filhas para garantirem O Massunguiro, não só mas também, o valor do Massunguiro não se
devolve porque o estado de virgindade não se repõe enquanto o lobolo pode-se devolver em caso
de problemas. O massunguiro surge como uma recompensa ao investimento feito pela educação
por parte dos pais da noiva. Actualmente este acto está perdendo o seu valor tradicional, ora
vejamos:

“Cada um chega a cobrar 15 mil, 20 mil que não é justo, devia ser analisado e corrigido mais
cedo possível mais isso de facto entra muitos aspectos porque normalmente alguns dizem que
olha para essa filha gastei tantos milhões porque mandei estudar e ela ficou muito doente, gastei

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tantos meticais então isso tudo quando entra o factor comercial infelizmente isso que as vezes
denigre o que é do casamento tradicional”

Passado algum tempo, de preferência quando a mulher estiver grávida, vai-se a casa dos pais da
noiva para realizar o lobolo (roora).

Normalmente, depois do primeiro filho, já se pode lobolar (Kurora). O lobolo na etnia Tewe tem
o significado de pertença, pois depois do lobolo, o marido passa a ser o titular dos filhos. O
processo envolve a entrega de valores monetários e bois dependendo de cada zona. Importa
referir que não existe um padrão de valores ou bois para todo grupo Tewe.

É através de lobolo que se fortifica a afinidade da família da noiva. É importante notar que o
lobolo não é compra da mulher, é simplesmente para garantir a estabilidade do casamento e a
união entre as duas famílias. Todavia, se não cumprir com o lobolo, os filhos que vieram a nascer
pertencem os sogros. Em caso de divórcio, a mulher leva todos os filhos para a casa dos seus
pais, salvo quando os motivos de divórcio estiverem muito a favor do marido. Entretanto, muitos
homens preferem lobolar as suas mulheres para não ser arrancados os

2.5.Filhos no momento de divórcio.

As relações sexuais no matrimónio

A sexualidade humana é definida como um conjunto de representações vivenciais, valores,


regras, determinações, simbologias, existenciais pessoais e colectivas que envolvem a questão da
identidade sexual do homem ou mulher. Na sociedade primitiva ela era identificada como
procriação. Na sociedade actual ela saiu no contexto do quarto do casal e é discutida na média
escrita e falada.

A sexualidade no contexto cultural Tewe tem por fim último, a procriação dos filhos, para
garantir a perpetuidade desta espécie humana. Esta cultura institucionalizada no matrimónio,
reconhece nitidamente a diferença entre o homem e a mulher, na qual o homem se aparenta

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como superior a mulher, baseada no sistema de linhagem patrilinear, fazendo inferiorizar a
mulher e ignorar os valores e direitos da mulher.

Na óptica cultural Tewe, a ética sexual está definida por uma série de tabus sexuais. São
proibidas as relações sexuais do mesmo grau sanguíneo, por essa razão que normalmente o
matrimónio é exogámico e ao mesmo tempo o casamento só é verificado entre duas famílias de
totens diferentes. Dentro do matrimónio, o comportamento está controlado para manter a
disciplina. Assim encontramos o tabu do adultério, o tabu pré matrimonial e o tabu do incesto.

2.5.A esterilidade

A esterilidade é uma incapacidade temporária ou definitiva de um casal em conceber após um


ano de relações sexuais sem controlo contraceptivo voluntário. (Patrícia Rueda 2004).
Biologicamente, a Esterilidade feminina é influenciada por vários factores a saber;

Factor cervical, Factor uterino corporal, factor tubo-peritoneal, factor ovarino (endócrino).
Enquanto no homem verifica o factor de infertilidade. Todavia, aspectos culturais alegam azar e
feitiço como as principais causas de esteridade.

Na cultura Tewe, a esteridade masculina (ungomwa) e a feminina (Umhanje), pode constituir


uma causa para o divórcio. Nesta sociedade existe uma grande estima pela maternidade. A
aspiração maior de uma mulher casada por exemplo é ter um filho, passear com o seu filho nas
costas sinal inequívoco que é mãe. Nascer significa concretamente riqueza, libertar-se da
miséria, atingir a plenitude de uma mulher. Neste âmbito, a Umhange é algo sempre considerado
na sociedade Tewe como uma desgraça, um mal, castigo ou uma maldição. Como consequência,
o homem ou a mulher infecundo é vítima de desprezo e é considerado que sustenta a vida. A
vida tem um grande na cultura Tewe

Normalmente as mulheres tem sido vítimas de acusação no caso o matrimónio não dê frutos.
Neste caso, segundo a tradição, realiza-se o (Kussimika), que se traduz na reposição da vida na

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mulher, por intermédio de mulheres já idosas, facto que na maioria das vezes tem surtido efeito.
Se facto semelhante se feria no homem, também se faz uma cerimónia que visa dar as
potencialidades ao homem que também tem dado resultados positivos na maioria das vezes.

Quando a mulher é estéril por natureza que é denominada de (Mhanje), não se pode expulsar de
casa por não procriar, é necessário um diálogo de conscientização que ela precisará de deixar
algo no mundo. Nestas condições o homem pode casar uma outra mulher que por sua vez deverá
sempre respeitar a mais velha (Maikuro), caso exista algo por se fazer na família, sempre antes se
consulta a mulher mais velha.

No caso de se tratar do homem que não faz filho denominado (Ngomwa), os mais velhos
procuram medicamentos e em alguns casos, o homem é curado. Caso não cure, ele leva o irmão
para manter relações sexuais com a mulher para ter filhos e estes filhos pertencem ao marido,
tornando-se tabu tirar esta informação para os demais ficando apenas para o consumo do marido,
irmão e um grupo de mais velhos. Em muitos casos, o homem perde valor, mesmo que leve uma
vida de luxo, as mulheres optam por casar com um homem pobre para poder ter filhos.

2.6.Poligamia

Geralmente existem dois tipos de poligamia: a poliginia, na qual um homem pode se casar com
mais de uma mulher ao mesmo tempo; e a poliandria, muito menos comum, na qual uma mulher
pode ter simultaneamente dois ou mais maridos. Na cultura Tewe, por oposição à monogamia
correntemente dominante, existem ainda casos de poligamia que designa a aliança matrimonial
de um homem e varias mulheres. As finalidades das matrimoniais poligâmicas são de ordem:

Demográfica: para poder perpetuar o clã, fornecendo – lhe uma numerosa progenitura.

Económica: para aumentar a força de trabalho da família e assim garantir a segurança dos pais na
sua velhice.

Psicossocial: conferir ao polígamo um estatuto de prestígio que se reflecte em cada uma das
esposas.

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Psicossociológica: para ter a possibilidade de satisfazer as suas necessidades sexuais com uma
das mulheres quando a outra estiver proibida de relações conjugais

Segundo SUANA (1999), no processo da poligamia, estruturalmente, se reflecte o módulo


monogâmico, no sentido de que se devem realizar várias cerimónias nupciais de acordo com o
número de mulheres com quem o marido se desposa. Cada mulher constitui uma unidade
familiar e matrimonial distinta. Esta distinção se reconhece na separação das casas, dos campos
de cultivo, das propriedades e dos núcleos familiares mãe-filho. Por conseguinte, a primeira
mulher a ser desposada, é chefe de todas outras, serve ainda de conselheira e intermediara entre o
marido e outras.

Esta prática é admissível na etnia Tewe, visto que ninguém pode ser julgado por possuir duas ou
mais esposas. Geralmente a prática tem dois aspectos, positivo e negativo. Positivo porque evita
a infidelidade e prostituição nos momentos em que a esposa não está em condições de satisfazer
nas actividades conjugais, a nova mulher tornasse reconhecida pela família ao invés dos
aparentes monogâmicos mas que porem pratica o adultério. O principal aspecto negativo
circunscreve-se principalmente com o fenómeno do HIV e SIDA, basta um membro da
poligamia estiver infectado, todos ficaram sujeitos a infecção, o outro aspecto é a falta paz com
as suas mulheres, filhos e família no geral que tende a ser muito mais alargada. Esta prática no
seio da família Tewe está sendo abandonada motivada pelos constantes conflitos por ela trazida e
que compromete a educação da família.

Neste mesmo grupo Tewe, a poligamia pode ser motivada pela riqueza, uma vez que um homem
é considerado rico quando tem muitos filhos. Outros factores motivadores são a falta de
tranquilidade com a primeira esposa e a preguiça da primeira esposa. Nestes casos o homem tem
optado por casar uma outra mulher que consiga praticar estas actividades perfeitamente. A
esterilidade também constitui uma das causas da poligamia, de modo o clã sobreviva.

Adultério (Upombwe)

O adultério, como acto de se relacionar com terceiro na constância do casamento, é considerado


uma grave violação dos deveres conjugais por quase todas as comunidades africanas em quase
toda a história, sendo que algumas sociedades puniam gravemente o cônjuge adúltero e/ou a
pessoa que praticava o acto. Historicamente a prática de adultério era criminalmente grave, mas

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hoje em dia já não se verifica regras que pode punir os adúlteros ou as mesmas regras teriam
perdido a sua eficácia sociológica.

Na cultura Tewe, as mulheres terão maior difamação como as detentoras da moral tradicional,
sobre tudo no âmbito sexual, que se fundamenta em proibição de relações extra conjugais. O
adultério nesta etnia constitui uma proibição sexual na qual a sua severidade varia conforme a
variedade de grupos: a)Com o membro do mesmo grupo de descendência (proibição sexual
interna ao grupo); b) Com a mulher do membro do próprio grupo de descendência; c) Com outra
mulher casada (proibição externa ao grupo).

Os dois primeiros casos (interno ao grupo) constituem incesto ou adultério incestuoso, para o
terceiro caso, consideram-se portanto como simples adultério ou então fornicação e constituí um
dos casos mais frequentes julgados pelos líderes tradicionais e geralmente as penas tem
convergido a multas.

Essas regras têm em vista a consolidação do matrimónio, evitando assim os abusos sexuais
dentro e fora do grupo, quem for a violar essas regras é vítima de severas sanções, até poderá ser
expulso da região, considerando-o inimigo do povo. Na moral Tewe o adultério é tratado de
forma diferente, caso se trate da mulher ou do homem. Quando o adultério é praticado pela
mulher, principalmente quando é apanhada em flagrante, o seu futuro fica comprometida,
normalmente a família do noivo leva a nora e vai junto aos pais dela para comunicar o sucedido e
apresentar o novo genro, pedindo deste

Modo tudo o que por ventura terá sido gasto para a noiva e de seguida se divorcia. Esta mulher
será conhecida como de má vida e é alcunhada de prostituta ( hure). Para o caso do homem
adúltero encontrado em flagrante delito, a sentença e mais leve e, este, nunca é denominado de
prostituto. Infelizmente na sociedade Tewe a dignidade da mulher é posta em causa, visto que
em caso de adultério, as penas para a mulher são mais severas e injustas.

2.7.A separação

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O divórcio na etnia Tewe, consiste em dissolver o compromisso, aliança que havia sido selada
entre o casal e as suas famílias. Segundo a tradição Tewe, o divórcio não é aconselhado, porque
conduz ao homem ou a mulher a uma extrema desgraça que se estenderá até aos filhos.

O divórcio é provocado por diversas causas, dentre elas se destaca com muita coesão, quando o
homem ou mulher não consegue ter filhos, isto é, inapto ou estéreis. Após o matrimónio, o
homem e a mulher esperam automaticamente desempenhar as funções de pai (baba) ou mãe
(Mai.), nomenclatura atribuída aos recém casados, que é uma forma de pressionar a procriação
que é a base para criação de uma família, logo a não procriação constitui uma das principais
causas do divórcio.

Existem outras causas que condicionam o mesmo fenómeno, como: doença prolongada,
violência doméstica, a falta de respeito, feitiçaria, roubo, preguiça, prostituição, vingança e as
vezes a poligamia. Normalmente, antes de existir um divórcio movida por uma das causas
anteriores, o primeiro passo é de diálogo entre as famílias, primeiro, por um lado a família da
noiva com a noiva e por outro lado a família do noivo com o noivo com vista apurar a causa e as
posições individuas perante a situação e posteriormente o diálogo entre ambas famílias.

No caso da doença prolongada de um dos membros, marido ou mulher, as famílias se reúnem


para analisar o factor que envolve a consulta dos intervenientes o que pode resultar na separação
ou reconciliação, em alguns casos, pode se arranjar um parceiro ou parceira das famílias
respectivas para substituir o homem ou a mulher tal como é feito quando se trata de morte de um
dos intervenientes.

No caso da violência doméstica, podemos exemplificar, os casos em que o marido é muito


agressivo e a mulher passa a ser vítima de violência doméstica, recorre-se a família para dizer
que não estou a viver em harmonia. Isto conduz ao diálogo entre as famílias envolvidas com
intuito de analisar o comportamento dos seus filhos. Caso não se chegue ao consenso de ambos,
a solução tem sido a separação. Há vezes que a família obriga a manutenção do casamento o que
muitas vezes tem ocasionado morte de um, vítima de agressão ou vingança. Face a morte de um
dos cônjuges deve-se analisar que família deve ficar com os filhos, a maior parte dos filhos passa
para a família do marido, caso tenha pago o lobolo ou para a família da mulher em caso de não
ter sido pago o lobolo.

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3. Conclusão

Após a realização do trabalho, o grupo conclui que a cultura Tewe localiza-se em alguns distritos
da província de Manica, como Chimoio, Gondola e Macate, esta cultura possui algumas
tradições, mitos e outras actividades culturais, pois com essas tradições até um certo ponto
aumenta o índice de contaminação de HIV, existe muita poligamia, existe também uma tradição
que quando filho mais velho de uma familiar, perde a vida enquanto vivia em união de factos
(porque raras vezes contraem matrimônios nessa cultura), quando ele perde a vida, o irmão mais
novo deve transformar a cunhada em esposa.

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4.Refencias Bibliograficas

Killian. (07 de 11 de 2017). processo matrimonial no grupo. Fonte: mankidza:


http://mankidza.blogspot.co.id/2012/04/o-processo-matrimonial-no-grupo.html

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