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Função real

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Em matemática, define-se como função real qualquer função cujo contradomínio está contido no conjunto dos
números reais.

Índice
Definição e exemplos
Interpretação geométrica de uma função real
Exemplos de funções reais
Funções polinomais
Função exponenciais
Trigonométricas
Propriedades das funções reais
Ver também
Referências

Definição e exemplos
Informalmente, uma função é uma terna onde e são conjuntos e é
uma lei que associa a cada elemento de (dito domínio da função), um único elemento de (dito
contradomínio da função) e denominamos esse elemento de conjunto imagem da função.

Por exemplo, fixado o tempo, a cada pessoa podemos associar uma única altura (ou um único peso, ou uma
única digital, etc) e assim obtemos uma função altura do conjunto das pessoas no conjunto de números reais
(na verdade, o conjunto imagem é restrito ao intervalo e atingindo máximo em 2,72, que é a altura de
Robert Wadlow). Uma função real (ou a valores reais) é formalmente uma função cujo contradomínio está
contido no conjunto de números reais. A seguir consideraremos apenas funções reais cujos domínios são
subconjuntos dos números reais.

Mais precisamente, falando, sejam dados os conjuntos uma relação e o conjunto dos
pares ordenados Dizemos que é uma função se, e
somente se, para todos com temos Ou, em outras palavras,
para todo existe no máximo um número real tal que se relaciona com [1] Assim sendo,
escrevemos quando se relaciona com por O conjunto é chamado de conjunto de partida e
é chamado de contradomínio da função

Outra maneira de dizer isto é afirmar que é uma relação binária entre os dois conjuntos tal que é unívoca,
i.e. se e então Algumas vezes, na definição de função, impõe-se que todo o
elemento do conjunto se relaciona com algum elemento de
Interpretação geométrica de uma função real
Existem algumas formas de representar uma função real. Uma delas foi criada por René Descartes no século
XVII, permitindo estabelecer uma representação geométrica de uma função real a partir do plano cartesiano.
Existem também outros sistemas de coordenadas (polares, cilíndricas, esféricas, etc) e que cada um deles se
torna adequado para diferentes situações. Além disso, sob algumas condições especiais, é possível transitar
entre eles através do teorema de mudança de variáveis.

Exemplos de funções reais

Funções polinomais
onde cada coeficiente é um número real fixado e é um
número natural fixado.

Nesse tipo estão as funções afins, quadráticas, cúbicas, quárticas. Elas formam de fato, o tipo
computacionalmente mais fácil de trabalhar (e aqui nos referimos ao estudo de crescimento, decrescimento,
derivadas, integrais, etc). Por outro lado, Galois mostrou que quando , as equações que geradas por elas
não são solúveis por radicais.

Além disso, os quocientes de funções polinomiais geram as funções racionais, e essas podem apresentar
descontinuidades como por exemplo:
Função exponenciais

onde é um número real positivo fixado. São mais conhecidas pela taxa de crescimento delas denominado
Crescimento exponencial. A mais famosa delas é a Função exponencial natural denotada , onde é
o número de Euler.

A função inversa é conhecida como logaritmo natural Dentre as diversas aplicações, estão o estudo de
crescimento e decrescimento de populações. Da função exponencial ainda obtemos as funções hiperbólicas,
que têm características parecidas com as funções trigonométricas usuais, como frente à diferenciação e a
relação fundamental da trigonometria.

A derivada do seno hiperbólico é o cosseno hiperbólico e vice-versa e vale a relação fundamental


.

Trigonométricas

e todas as funções geradas por quocientes, somas ou produtos dessas. Essencialmente funções trigonométricas
são usadas para descrever fenômenos periódicos, devido a conveniência de termos períodos fixos para cada
uma delas de .
Propriedades das funções reais
O estudo das funções reais deu origem a uma área da Matemática: a análise real. Algumas propriedades
usualmente estudadas são:

Paridade: Uma função real é par quando para todo em seu domínio e é ímpar quando
para todo em seu domínio. Por exemplo, as funções cosseno e cosseno hiperbólico são
pares, enquanto as funções seno e seno hiperbólico são ímpares. Mas nem toda função se encaixa numa dessas
duas classificações, por exemplo . Quando uma função tem uma paridade (ou uma simetria em
geral), isso permite abreviar alguns cálculos acerca dela.

Periodicidade: Seja um número real positivo. Dizemos que uma função real é periódica de período ,
quando para todo em seu domínio. Por exemplo, as funções seno e cosseno são
periódicas de período .

Monotonicidade: Uma função real é monótona crescente quando implica para todos
em seu domínio, e é monótona decrescente quando implica para todos em seu
domínio. Resultados muito importantes aparecem quando uma determinada função real é monótona, por
exemplo quando a imagem de uma função real monótona é um intervalo (ou denso num intervalo), a função é
contínua.

E os três principais interesses da Análise Real são:

Continuidade: Uma função real é contínua num ponto do seu domínio, quando para todo , existe
tal que . Isso significa que a imagem inversa de uma vizinhança
aberta básica do é uma vizinhança aberta básica do (e isso caracteriza as funções contínuas em
contextos mais gerais). Se isso ocorre para todo , então é uma função contínua. Todos os exemplos
mostrados na seção anterior (a menos das funções racionais) são funções contínuas. Em outras palavras,
funções contínuas são aquelas tais que imagem inversa de conjunto aberto no contradomínio é um conjunto
aberto no domínio, ou de uma forma mais lúdica (e nos restringindo a funções reais com domínios reais) são
aquelas que podem ser desenhadas sem tirar a caneta do papel.

Um exemplo muito especial de função descontínua é a função característica dos números irracionais, pois ela é
descontínua em todo número real. Além disso, temos um primeiro teorema da maior relevância para a Análise
Real:

Teorema do Valor Intermediário: Seja uma função contínua. Se , então


existe tal que .
Derivabilidade: Uma função real é derivável num ponto do seu domínio, quando existe um número real ,

tal que para todo , existe tal que . Denotamos esse


número por . Quando é derivável em todos os pontos do seu domínio, dizemos que ela é uma
função derivável e obtemos dela uma função derivada que associa a cada ponto do domínio, a sua
derivada . A expressão acima significa que o limite do quociente de Newton existe e é , o que por sua
vez significa que quanto mais nos aproximamos de , a função se aproxima de uma reta com coeficiente
angular . Derivadas são a ferramenta mais importante para o estudo do comportamento de uma função
real: a primeira derivada revela o crescimento e o decrescimento da função perto do ponto, a segunda derivada
revela a concavidade e os pontos de inflexão, e os pontos críticos nos ajudam a achar os máximos e mínimos
da função. Sabemos também que toda função derivável é contínua.

Além disso, obtemos o segundo teorema mais importante para a Análise Real:

Teorema do Valor Médio: Seja uma função contínua. Se é derivável em , existe

tal que .

Integrabilidade: Uma função é integrável quando a integral inferior e superior são iguais, e
essas últimas são obtidas através da somas superiores e inferiores de uma partição arbitrária do intervalo .
Um dos fatos mais importantes é o de que toda função contínua é integrável. Mas não nos enganemos: nem
toda função integrável é contínua, por exemplo é integrável mas não é contínua no zero.
Outro fato muito importante é o de que se o conjunto dos pontos de descontinuidade de uma função real
tiver medida nula, então ela é integrável. Isso nos permite resumir alguns desses fatos no seguinte diagrama:

Obtemos ainda o terceiro teorema de maior importância para a Análise Real:

Teorema Fundamental do Cálculo: Seja integrável. Se admite primitiva

, então .

Ver também
Função complexa

Referências
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Ávila, Geraldo Severo de Souza. Introdução à análise matemática. 2aedição. São Paulo:
Edgard Blucher, 1999.
Bartle, Robert Gardner. The elements of real analysis. 2aedição. New York: Wiley, 1976.
Rudin, Walter. Principles of mathematical analysis. 3aedição. Auckland: Mcgraw-Hill, 1976.
LIMA, Elon L. Curso de Análise, vol. 1, 14ª ed., Projeto Euclides, RJ: IMPA, 2014;
GUIDORIZZI, Hamilton L. Um Curso de Cálculo, vol. 1, 5ª ed., RJ: LTC, 2001;

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