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a) funções reais de variáveis de reais;

O que é uma Função Real de Variável Real? É uma função cujo


domínio e o conjunto de chegada estão contidos em R. f(x) ! É a
expressão analítica que representa a função f com conjunto de
chegada igual a R e domínio constituído por todos os números reais x
para os quais f(x) é um número real.
1.2 – Definições e propriedades elementares sobre funções reais de variável real
Dados dois conjuntos   e  , dizemos que   é uma função definida com valores de   
para   a toda a correspondência entre   e   que a cada elemento de   faz corresponder
um e um só elemento de  . Representamos esta correspondência por   e
também escrevemos   para indicar que ao elemento   fazemos corresponder
o elemento  . Ao elemento   chamamos objeto e ao elemento   
chamamos imagem de  .
Ao conjunto   chamamos domínio de   (escrevemos  ) e ao conjunto   
chamamos conjunto de chegada de  . Chamamos contradomínio de   ao conjunto das
imagens (escrevemos  ), ou seja, ao conjunto dos elementos que são imagem pela
função   dos elementos do domínio, o qual é naturalmente subconjunto de   e pode ser
representado por

Dizemos que   é uma função real de variável real (frvr) quando   e   são subconjuntos


de  .
De agora em diante, a menos que seja dito algo em contrário, consideraremos sempre
funções reais de variável real, que, para simplificar o texto, passaremos a tratar
simplesmente por funções.

Chamamos gráfico da função   ao conjunto


.

Dizemos que   é uma função limitada se existe   tal que  , para todo o  .


Por outras palavras,   é uma função limitada se   é um conjunto limitado. Também dizemos
que   é uma função majorada/minorada se   o for enquanto conjunto.
De modo análogo, ao supremo/ ínfimo /máximo/ mínimo do conjunto   
chamamos supremo/ ínfimo/ máximo/ mínimo de  , sempre que existirem.
Exemplo:
Exemplo:
A função  , com   tem contradomínio  . É uma função minorada,
tem mínimo  , mas não é uma função majorada, pelo que não é, então, uma função limitada.

Dizemos que uma função 


 é crescente se sempre que   tivermos  ;
 é decrescente se sempre que   tivermos  ;
 é estritamente crescente se sempre que   tivermos  ;
 é estritamente decrescente se sempre que   tivermos  ;
 é monótona se é crescente ou decrescente;
 é estritamente monótona se é estritamente crescente ou estritamente decrescente.
Exemplo: A função   é estritamente decrescente no intervalo   e estritamente
crescente no intervalo  . A sua representação gráfica torna mais intuitiva a descrição da
monotonia da função:
Dizemos que uma função 
  é par se   para todo o  ;
  é ímpar se   para todo o  .
O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo das ordenadas, enquanto que
o gráfico de uma função ímpar é simétrico em relação à origem.

Exemplo: A função   é uma função par, pois

O seu gráfico é simétrico em relação ao eixo das ordenadas. Por outro lado, a função   é
uma função ímpar, pois


Dizemos que uma função   é uma função periódica de período   se   para
todo o  .
O gráfico de uma função periódica de período   repete-se de   em   unidades do eixo das
abcissas, associado aos objetos da função.
Exemplo: A função   é periódica de período  , pois para qualquer  ,

Veremos adiante mais algumas informações sobre esta função.



Dada uma função  , aos elementos   tais que   
chamamos zeros de  .
Os zeros são as abcissas dos pontos de intersecção do gráfico da função com o eixo  .

Exemplo: Determinemos os zeros da função  :


.
O conjunto dos zeros de   é  .

Dizemos que uma função 

 é injetiva se para todo o   tais que   tivermos  ;


 é sobrejetiva se para todo o   existe   tal que  ;
 é bijetiva se for injetiva e sobrejetiva.
Uma função é injetiva se o seu gráfico interseta qualquer reta horizontal, no máximo, uma
vez.
Exemplo:

Exemplo: A função   não é injetiva pois , por exemplo  . Repare-se


que conseguimos facilmente traçar uma reta horizontal que intersete o gráfico da função em dois
pontos distintos. A função que resulta da restrição de   ao intervalo   é injetiva.
[Definimos a restrição de   a  , a qual representamos por  , à função de   em   tal
que   para cada  .]

Sejam   e   duas funções tais que  .
Definimos a função composta de   com  , a função designada por  , cujo domínio
é   e para cada  ,  .

Dada uma função injetiva  , definimos a função inversa de  , como


sendo   tal que   para todo o  ;
assim,  . Representaremos a função inversa de   por  .
Por exemplo, a função inversa de   é  .
O gráfico de   resulta do gráfico de   fazendo uma simetria em relação à reta  .


1.3 – Alguns exemplos de funções

1.3.1 – Funções Polinomiais

Dizemos que uma função é polinomial de grau n se tem a forma

onde   são constantes reais, chamadas coeficientes.


Em particular, se uma função polinomial tem grau zero, um, dois ou três, é chamada
de função constante, afim, quadrática ou cúbica, respetivamente. Vejamos os seguintes
exemplos:
Função constante ( )

O seu gráfico é uma reta paralela ao eixo das abcissas e que contém o ponto (0, ).

Função afim ( )
 

O seu gráfico é uma reta que interseta o eixo das ordenadas (eixo  ) no ponto   e
tem declive  .

Função quadrática ( )

O seu gráfico é uma parábola de eixo vertical e concavidade voltada para cima se  ,
ou concavidade voltada para baixo se  ; a parábola interseta o eixo das abcissas nos
zeros da função.
1.3.2 – Funções Racionais

Dizemos que uma função real de variável real é racional se pode ser escrita na forma

onde   e   são polinómios em  . O domínio de uma função racional com esta forma
é o conjunto de todos os números reais, excepto aqueles para os quais se tem  .

Exemplo:  .
O seu domínio é .
Uma representação do seu gráfico é

Exemplo:  , com  .
O seu domínio é  . Seguem-se representações dos seu gráficos:
 
1.3.3 – Função Exponencial e Logarítmica
Seja $latex a\in{\mathbb R}^+\setminus\{1\}. Chamamos função exponencial de base   à
função real de variável real

O seu domínio é   e o contradomínio é  . A função é injetiva e sua monotonia depende


do valor de  . Em particular, se   a função é estritamente crescente, enquanto que
se   a função é estritamente decrescente.

Exemplo: Representações dos gráficos de algumas funções exponenciais com base maior que 1:

Atenção: Não confundir    com  . [Exercício: Comparar os gráficos


de   e  .]
Exemplo: Representações dos gráficos de algumas funções exponenciais com base menor que 1:
Exemplo: Representações dos gráficos das funções exponenciais de base   e  :

Recordemos algumas propriedades das potências de números reais. Sejam   


e  .

1.   Exemplo:  .

2.   Exemplo:  .

3.   Exemplo:  .

4.   Exemplo:  .

5.   Exemplo:  .

6.   Exemplo:  .

7.   Exemplo:  .

8.   Exemplo:  .

Como qualquer função exponencial de base   é injetiva, admite função
inversa. Seja  , chamamos função logarítmica de base   à função real de
variável real
.

O domínio é   e o contradomínio é  , sendo que tem um zero em  . A função é


injetiva e o seu gráfico depende do valor de  .

Exemplo: Função logarítmica com base maior que 1.

Em particular, quando  , chamamos logaritmo


Neperiano ao logaritmo de base   e representa-se usualmente por  . Temos   se e só
se  . No caso de a base ser 10 representa-se simplesmente por  .
É necessário, no entanto, ter algum cuidado com a notação, pois alguma bibliografia opta
por   para representar o logaritmo Neperiano.

Exemplo: Representações dos gráficos de   e  .

Exemplo: Função logarítmica com base menor que 1.

Temos que   se e só se  , ou seja, a função logarítmica de base   é a inversa


da função exponencial de base  .
De acordo com o que foi dito atrás sobre a função inversa, o gráfico de   
obtém-se fazendo uma simetria do gráfico de   em relação à reta  .

Vejamos agora algumas propriedades bastante interesantes dos logaritmos.


Sejam  ,   e  .

1. 

2. 

3.   para todo o 

4.         (mudança de base)

5.   e 
1.3.4 – Funções Trigonométricas e Trigonométricas Inversas
Seno e arco seno
Consideremos a função seno dada por  ,  . O seu domínio é   e tem
contradomínio  . Trata-se de uma função ímpar, já que  .
Uma representação do seu gráfico é

A função seno – GeoGebra Folha Gráfica Dinâmica

A função seno

Desloca o ponto A e observa a construção de uma representação gráfica da função seno.

Este é uma Apliqueta Java criado utilizando o GeoGebra de http://www.geogebra.org –


parece que não tem o Java instalado, aceda a http://www.java.com
Helder Vilarinho | calcUBI, 15 outubro 2013, Criado com GeoGebra
[Se a aplicação não funcionar, pode experimentá-la através do
endereço http://www.mat.ubi.pt/~helder/sin2.html]
A função seno é uma função periódica de período  . Claramente esta função não é
injetiva e, como tal, à partida, não admite inversa. No entanto, podemos considerar infinitas
restrições para as quais a função seno admite inversa.
Seja   e consideremos a restrição da função seno a este intervalo,  , a qual
designamos por restrição principal. A função   é injetiva, pelo que podemos tomar a sua função
inversa arco seno:

função essa que a cada   faz corresponder o arco cujo seno é  , tem por domínio   e

contradomínio  . Uma representação do seu gráfico é

Para cada   temos  .

A função arco seno – GeoGebra Folha Gráfica Dinâmica

A função arco seno

Altera o valor de t e observa a construção de uma representação gráfica da função arco seno.

Este é uma Apliqueta Java criado utilizando o GeoGebra de http://www.geogebra.org –


parece que não tem o Java instalado, aceda a http://www.java.com
Helder Vilarinho | calcUBI, 15 outubro 2013, Criado com GeoGebra
[Se a aplicação não funcionar, pode experimentá-la através do
endereço http://www.mat.ubi.pt/~helder/arcsin.html]

Note-se que a escolha do intervalo   é uma mera convenção e não resulta de qualquer
cálculo.

b) limite de funções reais de variáveis reais;


O papel dos Limites de funções reais

O conceito de Limite de uma função realiza um papel muito importante em


toda teoria matemática envolvida com o Cálculo Diferencial e Integral. Há
uma cadeia ordenada muito bem estabelecida no Cálculo:

Conjuntos, Funções, Limites, Continuidade, Derivadas e Integrais

Para entender os conceitos mais importantes da lista acima, que são os


últimos, a Teoria de Limites é fundamental.

O motivo para isto é que nem tudo o que queremos realizar, ocorre no meio
físico e quase sempre é necessário introduzir um modelo que procura algo
que está fora das coisas comuns e esta procura ocorre com os limites nos
estudos de sequências, séries, cálculos de raízes de funções, ...

Por exemplo, obter uma raiz de uma função polinomial de grau maior do que
4 somente é possível através de métodos numéricos que utilizam fortemente
as idéias de limites e continuidade. Na verdade, este cálculo depende do
Teorema do Valor Intermediário (apresentado no final) que é uma
consequência do estudo de continuidade de funções.

Idéia Intuitiva de Limite


Estudaremos o comportamento de uma função f nas proximidades de um
ponto. Para fixar idéias, consideremos a função f:R-{1} R definida por:

x²-1
f(x) =
x-1

Para x diferente de 1, f pode ser simplificada e reescrita na forma mais


simples:

f(x) = x + 1

Ao analisar o comportamento desta função nas vizinhanças do ponto x=1,


ponto este que não pertence ao domínio de f, constatamos que esta função
se aproxima rapidamente do valor L=2, quando os valores de x se aproximam
de x=1, tanto por valores de x<1 (à esquerda de 1) como por valores x>1 (à
direita de 1).

Do ponto de vista numérico, as tabelas abaixo mostram o comportamento da


função f, para valores x à esquerda e à direita de x=1.

Pela esquerda de x=1 Pela direita de x=1


x 0 0,5 0,8 0,9 0,99 0,999 1 x 2 1,5 1,2 1,1 1,01 1,001 1
f(x) 1 1,5 1,8 1,9 1,99 1,999 2 f(x) 3 2,5 2,2 2,1 2,01 2,001 2

Neste caso, dizemos L=2 é o limite da função f quando x se aproxima de 1, o


que denotaremos por:

Limx  f(x) = 2
1

Este resultado pode ser visto através da análise gráfica de f, cujo esboço
vemos na figura abaixo:

Limite de uma função real

Seja f uma função real definida sobre o intervalo (a,b) exceto talvez no ponto
x=c que pertence a intervalo (a,b), Le e Ld números reais. Diz-se que:

1. O limite lateral à direita de f no ponto c é igual a Ld, se os valores


da função se aproximam de Ld, quando x se aproxima de c por
valores (à direita de c) maiores do que c. Em símbolos:

Limx  f(x) = Ld
c+
2. O limite lateral à esquerda de f no ponto c é igual a Le, se os
valores da função se aproximam de Le, quando x se aproxima de c
por valores (à esquerda de c) menores que c. Em símbolos:

Limx  f(x) = Le
c_

3. Quando o limite lateral à esquerda Le coincide com o limite lateral


à direita Ld, diz-se que existe o limite da função no ponto c e o seu
valor é Ld=Le=L. Com notações simbólicas, escrevemos:

Limx c  f(x) = L

O que significa que, para qualquer e>0 e arbitrário, existe um d>0,


que depende de e, tal que

|f(x)-L|< e

para todo x satisfizando 0 <|x-a|<d.

4. No caso em que um dos limites laterais não existe ou no caso de


ambos existirem porém com valores diferentes, diremos que a
função não tem limite no ponto em questão.

O próximo resultado afirma que uma função não pode se aproximar de dois
limites diferentes ao mesmo tempo e ele é denominado o teorema da
unicidade, porque garante que se o limite de uma função existe, então ele
deverá ser único.

Unicidade do Limite: Se Lim f(x)=A e Lim f(x)=B quando x tende ao ponto c,


então A=B.

Demonstração: Se e>0 é arbitrário, então existe d'>0 tal que

|f(x)-A| < e/2

sempre que 0<|x-a|<d'. Como também temos por hipótese que existe d">0 tal
que

|f(x)-B| < e/2


sempre que 0<|x-a|<d" e tomando d=min{d',d"}>0, temos que:

|f(x)-A| < e/2  e  |f(x)-B| <e/2

sempre que 0<|x-a|<d e pela desigualdade triangular, temos:

|A-B| = |A-f(x)+f(x)-B| < |A-f(x)| + |f(x)-B|

e como e>0 é arbitrário, temos:

|A-B| < e

então |A-B| = 0, o que garante que A=B.

Exercício: Se |z|<e para todo e>0, mostre que z=0.

Limites Infinitos

Seja f a função definida por f(x)=1/x. Iremos analisar o comportamento


numérico desta função através das tabelas abaixo.

Comportamento de f à esquerda de x=0


x -1 -0,1 -0,01 -0,001 -0,0001
f(x) -1 -10 -100 -1000 -10000

Quando x 0, por valores maiores que zero (x 0+) os valores da função


crescem sem limite.

Comportamento de f à direita de x=0


x 1 0,1 0,01 0,001 0,0001
f(x) 1 10 100 1000 10000

Quando x 0, por valores menores que zero (x 0_) os valores da função


decrescem sem limite.

Observamos que próximo de x=0, o comportamento da função é estranho.


Baseado neste exemplo, podemos afirmar que quando x tende a 0 esta
função não tem os valores se aproximando de um limite bem definido.

Ao analisar o comportamento numérico de f(x)=1/x², nas proximidades de


x=0, observamos que:

Comportamento de f à esquerda de x=0


x 1 -0,1 -0,01 -0,001 -0,0001
f(x) 1 100 10000 1000000 100000000

Comportamento de f à direita de x=0


x 1 0,1 0,01 0,001 0,0001
f(x) 1 100 10000 1000000 100000000

Observamos pelas tabelas, que se x 0, por valores maiores ou menores


do que 0, os valores da função crescem sem limite.
Assim, podemos afirmar, por este exemplo que, quando x 0 esta função
tem os valores se aproximando de um limiar (inf=infinito= ). Neste caso,
dizemos que não existe o limite de f(x)=1/x² no ponto x=0, mas denotamos tal
fato por:

Limx 0  1/x²=+

Por causa desta notação costuma-se dizer que algumas funções têm limites
infinitos e por causa deste limite, dizemos também que o gráfico desta função
tem uma assíntota vertical, que é uma reta cuja equação é dada por x=0,
neste caso.

Definição: Seja f uma função definida para todo x em I, exceto possivelmente


no ponto x=a em I um intervalo aberto contendo a. Diz-se que f tem limite
infinito, quando x se aproxima de a, o que é denotado por:

limx  f(x)=+
a

se, para todo número real L>0,existir um d>0 tal que se 0<|x-a|<d, então

f(x) > L
De modo similar, g(x)=-1/x² apresenta um gráfico com todos os valores da
imagem no intervalo (- ,0).
O comportamento de g próximo de x=0 é similar ao de f(x)=1/x², porém os
valores são negativos. Neste caso, dizemos que não existe limite no ponto
x=0, no entanto representamos tal resultado por:

Limx 0  -1/x²=-

Definição: Se o limite de f(x) tende a infinito, quando x a pela esquerda e


também pela direita, dizemos que o limite de f(x), quando x a é infinito e
escrevemos:

limx f(x) = +
a

Analogamente, a expressão matemática:

limx f(x)=-
a

significa que f(x) tende a - , se x a pela esquerda e também pela


direita.

Limites no Infinito
Analisaremos o comportamento de h(x)=1/x, quando x cresce arbitrariamente
(x ) ou quando x decresce arbitrariamente (x - ).
Comportamento de h para x pequenos
x -1 -10 -100 -1000 -10000 -100000
h(x) -1 -0,1 -0,01 -0,001 -0,0001 -0,00001

Comportamento de h de h para x grandes


x 1 10 100 1000 10000 100000
h(x) 1 0,1 0,01 0,001 0,0001 0,00001

Pelas tabelas observamos que:

Limx +  h(x) = 0
Limx -  h(x) = 0
Ao construir o gráfico de h, observamos que existe uma reta (assíntota)
horizontal que é a reta y=0, que nunca toca a função mas se aproxima dela
em +  e em - .

Temos então uma definição geral, englobando tal situação:

Definição: Seja f uma função definida para todos os valores do intervalo (a,


). Escrevemos:
quando, para todo e>0, existe um número real M>0 tal que |f(x)-L|<e sempre
que x>M.

Formalizaremos agora o conceito de assíntota horizontal.

Definição: Dizemos que a reta y=L é uma assíntota horizontal do gráfico de f


se

   ou   

Propriedades dos limites


Muitas funções do Cálculo podem ser obtidas como somas, diferenças,
produtos, quocientes e potências de funções simples. Introduziremos
propriedades que podem ser usadas para simplificar as funções mais
elaboradas. Em todas as situações abaixo, consideraremos x a.

1. Se f(x)=C onde C é constante, então

Lim f(x) = Lim C = C

2. Se k e b são constantes e f(x) = kx+b, então

Lim f(x) = Lim (kx+b) = ka+b

3. Se f e g são duas funções, k uma constante, A e B números reais e


além disso Lim f(x)=A e Lim g(x)=B, então:
a. Lim(f ± g)(x) = [Lim f(x)] ± [Lim g(x)] = A ± B
b. Lim(f·g)(x) = [Lim f(x)]·[Lim g(x)] = A·B
c. Lim(k·f)(x) = k·Lim f(x) = k·A
d. Lim(f)n(x) = (Lim f(x))n = An
e. Lim(f÷g)(x) = [Lim f(x)]÷[Lim g(x)] = A÷B, se B é não nulo.
f. Lim exp[f(x)]= exp[Lim f(x)] = exp(A)
4. Se acontecer uma das situações abaixo:

i. Lim f(x) = 0
ii. Lim f(x)>0 e n é um número natural
iii. Lim f(x)<0 e n é um número natural ímpar

então
Observações sobre as propriedades:

1. As propriedades que valem para duas funções, valem também


para um número finito de funções.
2. As propriedades 3-a, 3-b e 3-e estabelecem que se existem os
limites das parcelas, então, existirá o limite da operação, mas a
recíproca deste fato não é verdadeira, pois o limite de uma
operação pode existir sem que existam os limites das parcelas.

Teorema do anulamento: Se f=f(x) é uma função limitada e g é uma função tal


que Lim g(x)=0, quando x a, então:

Lim f(x)·g(x) = 0

Este resultado útil para podermos obter cálculos com limites.

Teorema do Confronto (regra do sanduiche): Se valem as desigualdades


f(x)<g(x)<h(x) para todo x em um intervalo aberto contendo a, exceto talvez
em x=a e se

Lim f(x) = L = Lim h(x)

então:

Lim g(x) = L

Exemplo: Se para x próximo de 0, vale a relação de desigualdades:

cos(x) < sen(x)/x < 1

então, quando x 0:

1 = Lim cos(x) < Lim sen(x)/x < Lim 1 = 1

Observações: Todas as propriedades vistas para o cálculo de limites, são


válidas também para limites laterais e para limites no infinito.
Quando, no cálculo do limite de uma função, aparecer uma das sete formas,
que são denominadas expressões indeterminadas,

nada se poderá concluir de imediato sem um estudo mais aprofundado de


cada caso.

Um Limite Fundamental

Estudaremos agora um limite fundamental que é utilizado na obtenção da


derivada da função seno.

Limx sen(x)/x = 1
0

A derivada da função f(x)=sen(x) no ponto x=a, pode ser obtida pelo limite

f'(a)=Limx a (sen(x)-sen(a))/(x-a)

mas

sen(x)-sen(a) = 2 sen[(x-a)/2].cos[(x+a)/2]

então

f'(a)=Lim 2 sen[(x-a)/2].cos[(x+a)/2]/(x-a)

f'(a)=Lim cos[(x+a)/2].sen[(x-a)/2]./[(x-a)/2]

Com x=a+2u, reescreveremos a última expressão como:

f'(a)=Lim cos(a+u).sen(u)/u=Lim cos(a+u).Lim sen(u)/u

e quando u 0, segue que:

f'(a)=cos(a)
De um modo geral, a derivada da função seno é a função cosseno e
escrevemos:

sen'(x) = cos(x)

c) continuidade de funções reais de variáveis e


d) derivada de funções reais de variáveis reais.
Entretanto, ao desenvolver a tarefa acima referidos, o estudante deve apresentar dois
exemplos relacionado para cada alínea a), b), c) e d)

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