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CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE

FACULDADE CNEC ILHA DO GOVERNADOR


Curso Pedagogia

MONOGRAFIA

ELAINE GOMES MARIA RODRIGUES

ESPAÇO ESCOLAR: FATOR SIGNIFICATIVO NO PROCESSO DE INSERÇÃO DA


CRIANÇA NO AMBIENTE EDUCACIONAL

RIO DE JANEIRO
2016
CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE
FACULDADE CNEC ILHA DO GOVERNADOR
Curso Pedagogia

ELAINE GOMES MARIA RODRIGUES

ESPAÇO ESCOLAR: FATOR SIGNIFICATIVO NO PROCESSO DE INSERÇÃO DA


CRIANÇA NO AMBIENTE EDUCACIONAL

Monografia apresentada como parte das


exigências para aprovação do Programa
de Graduação do Curso Pedagogia da
Faculdade CNEC Ilha do Governador.

Orientadora: Professora Rosalva de Cássia Rita Drummond

RIO DE JANEIRO
2016
ELAINE GOMES MARIA RODRIGUES

ESPAÇO ESCOLAR: FATOR SIGNIFICATIVO NO PROCESSO DE INSERÇÃO DA


CRIANÇA NO AMBIENTE EDUCACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade CNEC da Ilha do Governador,
como requisito parcial à obtenção do grau de
Licenciatura em Pedagogia.

Aprovado em______dezembro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª. MS. Rosalva de Cássia Rita Drummond – Orientadora


Faculdade CNEC da Ilha do Governador

Prof.ª. Ms. Luciana da Silva dos Santos


Faculdade CNEC da Ilha do Governador

Prof.ª. Ms. Ludmilla Pinto da Cruz


Faculdade CNEC da Ilha do Governador
DEDICATÓRIA

A Deus, qυе nos criou e foi criativo nesta


tarefa. Sеυ fôlego dе vida еm mіm mе fоі
sustento е dando-me coragem para
questionar realidades е propor sempre υm
novo mundo dе possibilidades.
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pela força e coragem durante


essa longa caminhada.
Agradeço também a todos os professores que engrandeceram a cada tópico
falado, cada explanação realizada, e em especial à Prof.ª Rosalva Drummond por
acreditar na realização deste trabalho.
Agradeço também ao meu esposo, Moacyr Rodrigues, que de forma especial
e carinhosa me deu força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades,
quero agradecer ainda aos meus filhos, Lucas e Nicoli, que sempre me incentivaram
a prosseguir com sorrisos, gestos e muito amor.
Não posso deixar de agradecer aos meus companheiros de todos os
momentos, a minha querida equipe Alfa, Cicero e Ingrid, que sempre estiveram ao
meu lado e nunca me deixaram desistir, sempre me mostrando o quão forte eu sou.
LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 - Entrada do prédio da Educação Infantil ................................................. 32

Imagem 2 - Corredor de acesso ao prédio do Ensino Fundamental ......................... 33

Imagem 3 - Corredor de acesso às áreas de convívio social coletivo, higiene e lazer


.................................................................................................................................. 33

Imagem 4 - Área de convívio social e área de lazer .................................................. 34

Imagem 5 - Parquinho e área de convívio social coletivo ......................................... 34

Imagem 6 - Área do lanche das turmas do Jardim III ................................................ 35

Imagem 7 - Sala do jardim I ...................................................................................... 36

Imagem 8 - Varal de exposição de trabalhos da sala do jardim I .............................. 37

Imagem 9 - Sala de aula do jardim II ......................................................................... 38

Imagem 10 - Banheiros da Educação Infantil ............................................................ 39

Imagem 11 - Bebedouro e pia para higiene pessoal ................................................. 39

Imagem 12 - Sala de Leitura ..................................................................................... 40

Imagem 13 - Sala de Leitura ..................................................................................... 41

Imagem 14 - Sala Criativa ......................................................................................... 42

Imagem 15 - Atividade na Sala Criativa .................................................................... 42

Imagem 16 - Sala de Brinquedos .............................................................................. 43

Imagem 17 - Brinquedoteca ...................................................................................... 44

Quadro 1 - Categoria de análises x dados da escola................................................45


LISTA DE ABREVIATURAS

CBE - Câmara de Educação Básica


CF – Constituição Federal
CNE – Conselho Nacional de Educação
DCNEIs - Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil
ECA – Estatuto da Criança e Adolescente
EF – Educação Infantil
IQEF – Indicadores de Qualidade na Educação Infantil
JD – Jardim
LDB – Lei de Diretrizes e Base
PNE – Plano Nacional de Educação
PROINFÂNCIA - Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de
Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil
RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
RESUMO

Este estudo tem como objetivo principal refletir sobre como o espaço escolar é
significativo no processo de inserção da criança no ambiente escolar. Nesta
pesquisa busca-se apresentar a realidade de uma escola de Educação Infantil, sua
organização e suas deficiências em relação aos aspectos apresentados por alguns
autores quando nos referimos ao ambiente educacional. A proposta de trabalho é
apresentar, através de uma revisão bibliográfica e de uma observação realizada em
uma escola de educação infantil, as relações estabelecidas entre a criança e o meio.
São apresentadas imagens da escola e a descrição das ações realizadas nos
ambientes. É realizada uma análise dessas informações baseada em aspectos e
funções listados por teóricos em diversos estudos e apresentadas algumas
sugestões de adequação do espaço para atender as necessidades pedagógicas e
de desenvolvimento da criança. Para tanto, busco fundamentação teórica em
autoras como Barbosa, Horn e Oliveira entre outros.

Palavra chave: Espaço Escolar, Educação Infantil e Ambiente Educacional,

ABSTRACT

This study has as main objective to reflect about how the school space is significant
in the process of insertion of the child in the school environment. This search seeks
to present the reality of a School of Infant Education, its organization and its
deficiencies in relation to the aspects presented by some authors when we refer to
the educational environment. The proposal of work is to present, through a
bibliographical review and an observation made in a kindergarten school, the
relations established between the child and the environment. Images of the school
and the description of the actions performed in the environments are presented. An
analysis of this information is performed based on aspects and functions listed by
theorists in several studies and presented some suggestions of adequacy of the
space to meet the educational and developmental needs of the child. For that, I seek
theoretical foundation in authors like Barbosa, Horn and Oliveira among others.

Key Words: School Space, Child Education and Educational Environment,


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10

1. DIALOGANDO COM OS TEÓRICOS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................... 15

2. CONTEXTUALIZANDO OS ESTUDOS: REFERENCIAIS E METODOLOGIA.... 22

3. O AMBIENTE “FALA” .......................................................................................... 29

3.1 CENÁRIO ATUAL DE UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL ..................... 30

3.1.1 O Espaço Externo como fator diferencial .................................................... 32

3.1.2 Como o espaço interno é pensado e organizado na escola X ................... 32

3.1.2.1 Área de Circulação .................................................................................... 33

3.1.2.2. Espaços Coletivos .................................................................................... 34

3.1.2..3 Área do Lanche ........................................................................................ 35

3.1.2.4 As Salas de Aula ....................................................................................... 36

3.1.2.5 Área de Cuidado Pessoal.......................................................................... 38

3.1.2.6 Sala de Leitura .......................................................................................... 40

3.1.2.7 Sala Criativa .............................................................................................. 41

3.1.2.8 Sala de Brinquedos ................................................................................... 43

3.1.2.9 Brinquedoteca ........................................................................................... 43

3.1.3 Categorias de Análise ...................................................................................... 44

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 50


10

INTRODUÇÃO

As crianças, todas as crianças, transportam o peso da


sociedade que os adultos lhes legam, mas fazem-no
com a leveza da renovação e o sentido de que tudo é de
novo possível. (Sarmento, 2004)

Observa-se hoje que algumas instituições educacionais que ofertam


Educação Infantil não investem em recursos apropriados para o público alvo dessa
etapa da educação básica. Os espaços escolares geralmente não são preparados
levando em consideração fatores importantes como a faixa etária da criança que irá
ocupar esse ambiente, as expectativas e medos que permeiam o momento de entrar
na escola.
Muitas escolas adaptam salas, corredores, pátios muitas vezes sem grandes
atrativos, e com um ar muito distante do mundo infantil, não se preocupando em
criar ambientes que considerem e atendam as necessidades das crianças.
A criança é um ser complexo e influenciado por diversos fatores, social,
cultural, familiar, físico, emocional. Assim, a escola deve se apropriar de meios que
auxiliem na construção do conhecimento e que facilitem a integração da criança
nesse novo ambiente possibilitando a socialização com os demais.
Diversos teóricos relacionam o ambiente ao processo de aprendizagem. Jane
Felipe (2001)1 em seu texto demonstra que para Piaget, Vygotsky e Wallon a criança
é percebida como um ser ativo, sujeito atento, capaz de aprender e se constrói
através das trocas que estabelece com o meio.

As teorias sociointeracionista concebem, portanto, o desenvolvimento


infantil como um processo dinâmico, pois as crianças nãos são passivas,
meras receptoras das informações que estão à sua volta. Através do
contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente, bem como
através da interação com outras crianças e adultos, as crianças vão
desenvolvendo a capacidade afetiva, a sensibilidade e a autoestima, o
raciocínio, o pensamento e a linguagem. (FELIPE, 2001, p.27).

Perceber a escola como um dos principais grupos sociais se faz necessário


para entendermos a importância deste momento na formação do indivíduo. Deve ser

1
Jane FELIPE no seu texto, O Desenvolvimento Infantil na Perspectiva Sociointeracionista: Piaget,
Vygotsky, Wallon, terceiro capitulo do livro Educação Infantil: pra que te quero? Trata sobre as ideias
principais de Piaget, Vygotsky e Wallon, Págs.28, 29 e 30.
11

levado em consideração que a criança por mais nova que seja já possui uma
história, hábitos e uma concepção única de mundo. Ela vem de um ambiente que
muitas vezes é rodeado por mimos, pessoas conhecidas e atenção única e
exclusivamente para si, e quando chega ao ambiente escolar se depara com
pessoas desconhecidas, objetos que não são familiares, ambiente de partilha,
coisas que muitas vezes não ocorrem no meio social em que ela vive o que pode
tornar essa inserção no ambiente escolar algo complicado e por vezes traumático.
O interesse pelo tema se deu durante a observação do comportamento das
crianças da educação infantil no início do ano letivo em uma escola de educação
básica da rede privada.
Ao acompanhar a chegada dos alunos na escola nos primeiros dias de aula,
percebi que a falta de atrativos que tornassem o ambiente acolhedor, interessante e
que fizesse com que as crianças sentissem vontade de estar naquele lugar pode ser
um fator complicador na experiência escolar.
Comecei então a refletir sobre as reações diversas das crianças a se
depararem com o ambiente escolar. Apesar de a escola ter preparado um espaço
reservado a esse público, com uma entrada separada das demais turmas,
internamente o espaço não possui objetos diferenciados direcionados às crianças de
3 a 5 anos. As salas são muito próximas às salas de aula regular, com cadeiras em
tamanho pequeno dispostas de forma tradicional o que já supõem uma ideia de
controle e castração, as paredes não brancas e azuis com poucos desenhos e que
não fazem parte do lúdico infantil desse momento. Os móveis, armários, estantes
são todos do tamanho normal, o que não permite a manipulação por parte das
crianças.
Em outro momento ao observar a rotina escolar das turmas de educação
infantil, pude perceber que a necessidade em preparar as crianças para a entrada
no ensino fundamental sobrepõe algumas vezes aos aspectos relacionados para
essa etapa de ensino, deixando o lúdico de lado, os momentos de aprendizado com
a natureza, as músicas e as brincadeiras que devem fazer parte do desenvolvimento
infantil. Quando questionei a uma professora sobre a falta de se cantar com as
crianças, ela respondeu que não havia tempo, que tinha que terminar o conteúdo,
como se a música e as artes não fizessem parte dos aspectos que devem ser
trabalhados em sala de aula, principalmente na Educação Infantil.
12

A partir dessas observações comecei a refletir sobre a questão da falta de


tempo, se não há tempo para a realização de atividades lúdicas que são propostas
nos diversos documentos referentes a essa etapa da educação, terá sentido uma
instituição investir em um espaço preparado para as crianças? Os dirigentes das
escolas infantis compreendem de fato a importância desse segmento no
desenvolvimento da criança?
Assim, essa monografia pretende responder a seguinte questão: como o
espaço escolar pode ser significativo no processo de inserção da criança no
ambiente educacional? Procurando entender ainda como esse ambiente interfere no
seu desenvolvimento integral, ou seja, em seu desenvolvimento cognitivo, emocional
e social.
Essa pesquisa tem como objetivo principal compreender sobre a
importância de um ambiente preparado para o processo de ensino aprendizagem de
uma criança, na etapa da educação infantil.
A relevância dessa pesquisa se baseia no fato da necessidade de se criar
um olhar específico a respeito dos ambientes educacionais aos quais as crianças
estão submetidas e nas influências que eles causam no seu desenvolvimento, e tem
como objetivos específicos:

 Compreender a influência do espaço escolar no desenvolvimento integral


da criança;
 Entender a importância de um espaço preparado especialmente para a
Educação Infantil;
 Analisar o espaço escolar da educação infantil;
 Apresentar algumas propostas para elaboração de um ambiente
educacional propício ao desenvolvimento de crianças na fase da Educação
Infantil, contribuindo para a melhoria da aprendizagem, visando uma
educação de qualidade.

Para tanto, parto da compreensão que o ambiente escolar deve ser pensado
para além da sala de aula, das atividades desenvolvidas em espaços específicos,
deve ser entendido como um espaço em que as crianças passam a maior parte do
tempo e é neste ambiente que a criança começa a exercer seu papel social,
13

interagindo com os outros, compartilhando objetos e interesses, construindo


sentimentos e relações de afeto.
Assim, acredita-se que um ambiente favorável e estimulador é aquele que se
torna acolhedor e aconchegante para a criança, que possibilite e estimule a
curiosidade e a construção de novos saberes.
A escola deve se organizar de maneira a propiciar aos alunos ferramentas
que colaborem com o seu desenvolvimento.
Observando a influência dos fatores, ambientais, comportamentais, físicos em
uma educação de qualidade surge um questionamento, será que as escolas de
educação infantil estão preparadas para atender as necessidades das crianças?
Esse trabalho justifica-se devido à necessidade de se entender como uma
formação de qualidade desde o início da escolarização infantil é importante para o
desenvolvimento do educando. Apresenta também a importância da compreensão
do espaço da criança, sua percepção do mundo e como ela se vê inserida no meio
social. Discute-se ainda como as representações espaciais e organizacionais
proporcionam aprendizados e comportamentos diversos no educando e por fim
como os educadores e escolas podem organizar ambientes em função dos objetivos
que pretendem atingir.
Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho serão estudados alguns
pontos importantes como: de que maneira a organização do ambiente pode
influenciar no desenvolvimento infantil, as relações entre a criança e o meio, as
relações entre as concepções de desenvolvimento e a organização do espaço e a
visão da escola em relação ao ambiente preparado. E assim compreender como um
ambiente transformado, equipado e preparado pode ser mais um fator positivo no
processo de desenvolvimento da criança.
Os dados dessa investigação estão sistematizados neste trabalho em
capítulos organizados da seguinte maneira: introdução; primeiro capítulo
denominado Dialogando com os Teóricos: revisão bibliográfica, onde procurei
apresentar autoras que desenvolvem estudos sobre a temática e que corroboram
com as ideias centrais dessa investigação. Estes estudos contribuíram no
entendimento dos conceitos aqui apresentados a respeito do tema a partir das
teorias do desenvolvimento humano e dos documentos e referenciais legais que
norteiam a organização de uma escola de Educação Infantil.
14

No segundo capítulo intitulado Contextualizando os Estudos: referenciais e


metodologia são apresentadas as ideias de como se construir um ambiente
preparado para as crianças desta fase do processo de aprendizagem e como é
importante ter um olhar especial para esse ponto. Para a construção deste estudo
dialoguei com Barbosa (2001,2006), Horn (2001,2004), Oliveira (2010) entre outros.
Assim como é apresentada também a metodologia que foi utilizada para a realização
dessa investigação.
O capítulo O ambiente “fala” apresenta as análises feitas sobre a pesquisa de
campo baseada nas cinco funções da escola infantil citadas por David e Weinstein
(2010), as informações colhidas na escola são confrontadas a essas funções o que
nos permite olhar sobre as necessidades de mudanças na instituição educacional.
Neste capitulo apresento também imagens que demonstram como é a estrutura
dessa escola e faço um breve relato sobre a organização desses ambientes e sua
utilização. Após a análise dos dados faço sugestões de mudanças no ambiente que
possam influenciar no processo de ensino aprendizagem da criança. E por fim nas
considerações finais apresento minhas conclusões sobre a importância de um
ambiente preparado para o desenvolvimento da criança.
15

1. DIALOGANDO COM OS TEÓRICOS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

(...) considerar a infância como uma condição da criança.


O conjunto de experiências vividas por elas em
diferentes lugares históricos, geográficos e sociais é
muito mais do que uma representação dos adultos sobre
esta fase da vida. É preciso conhecer as representações
de infância e considerar as crianças concretas, localizá-
las nas relações sociais, etc., reconhecê-las como
produtoras da história. (Kuhlmann Jr, 1997)

A história da educação infantil está diretamente ligada às mudanças sociais,


culturais e econômicas da sociedade. À inserção da mulher no mercado de trabalho
e a industrialização, ocasionaram a criação e implantação de políticas públicas para
a infância. Atualmente, a criança ocupa um lugar relevante na sociedade, o seu
reconhecimento como um ser social e histórico possibilitou que a ela fossem
conferidos direitos sociais, o que tornou a formulação das políticas que cuidassem
dessa etapa da vida necessária, uma exigência social, aumentando com isso a
demanda no atendimento educacional das crianças.
Na Constituição Federal de 1988, ocorre uma histórica mudança sobre o
conceito de criança, a partir deste momento ela é reconhecida como cidadã. Ao
garantir o direito das crianças à educação, ficou estabelecido que é dever do Estado,
a garantia do atendimento em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos.
Assim, as creches e pré-escolas começaram a fazer parte das políticas públicas
enquanto instituições educativas.
No artigo 227 da CF/88, ficou estabelecida a responsabilidade da família e do
Estado em relação à criança.

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988)

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. 8.069/1990, reitera a


condição de sujeito de direitos à criança e trata sobre a contribuição da educação no
16

seu desenvolvimento, destacando garantias e direitos a elas, no artigo 53 coloca


que:
“A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho [...]” (BRASIL, 1990).
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) – Lei 9394/96 define a Educação infantil
como primeira etapa da educação básica tendo como finalidade o desenvolvimento
integral da criança com até cinco anos de idade2, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) da
Educação Infantil3, o desenvolvimento infantil está associado à interação entre o
sujeito e o meio, em que através das suas relações com objetos, ritos, costumes ela
é capaz de estabelecer marcas que influenciam diretamente no seu
desenvolvimento emocional e social.

As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que


estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O
conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, é fruto de
um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação. (BRASIL -
1998, vol. 1, p.21-22)

O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil regula ainda sobre o


que deve ser tratado nesta modalidade educacional, ressalta também que não cabe
a alfabetização da criança, esse não é o objetivo principal desta etapa, pois a
mesma ainda não possui maturidade neural suficientemente desenvolvida, a
alfabetização poderá ocorrer desde que espontânea. Assim, fica como uma
orientação no RCNEI os seguintes eixos a serem tratados com as crianças nesta
fase de desenvolvimento: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e
Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática, objetivando que a Educação Infantil
seja um espaço de desenvolvimento social e de interações entre as crianças e as
pessoas que as circundam.
A ampliação ao direto à educação e as mudanças nas politicas públicas
relacionadas à infância, representam uma grande conquista para a sociedade

2
Redação alterada pela Lei 12.796 de 04 de abril de 2013.
3
RCN da Educação Infantil vol. 1 - http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
17

brasileira. Com as mudanças e alterações no entendimento da criança como um ser


de direitos se faz necessário que as creches e pré-escolas garantam um
atendimento de boa qualidade. Mas, como deve ser uma instituição de educação
infantil de qualidade?
A qualidade depende de fatores diversos como valores culturais, tradições,
conhecimentos científicos sobre o desenvolvimento infantil e fatores econômicos,
políticos e sociais.
Sendo assim, não se pode diagnosticar a qualidade da educação infantil, pois
ela depende de diversos fatores distintos, por esse motivo esse processo de
avaliação deve ser aberto e participativo e que possibilite a reflexão das ações
educativas desta modalidade.
Segundo os Indicadores de Qualidade na Educação Infantil (IQEF), 2009,
existem alguns aspectos importantes que precisam ser levados em consideração
durante o processo de diagnóstico da qualidade de uma instituição de educação
infantil.
O documento elaborado pelo MEC apresenta como aspectos relevantes o
respeito aos direitos humanos fundamentais; a valorização das diferenças, respeito
à diversidade; trabalhar valores sociais, como o respeito ao meio ambiente, o
desenvolvimento de uma cultura de paz e a busca por relações humanas mais
solidárias; as politicas que regulam a organização do sistema educacional e os
conhecimentos científicos sobre o desenvolvimento infantil, a formação dos
profissionais e a observação do ambiente educativo.
O PNE de 2001 estabelece a elaboração de padrões mínimos de
infraestrutura para o funcionamento adequado das instituições de educação infantil.
A segunda meta do documento diz que:

a) espaço interno, com iluminação, insolação, ventilação, visão para


o espaço externo, rede elétrica e segurança, água potável,
esgotamento sanitário; b) instalações sanitárias e para a higiene
pessoal das crianças; c) instalações para preparo e/ou serviço de
alimentação; d) ambiente interno e externo para o desenvolvimento
das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a metodologia
da educação infantil, incluindo o repouso, a expressão livre, o
movimento e o brinquedo; e) mobiliário, equipamentos e materiais
pedagógicos; f) adequação às características das crianças
especiais.** (BRASIL, 2001).
18

Organizar o cotidiano das crianças na escola é necessário, e para tal deve-se


observar as brincadeiras, atos e atitudes das crianças, assim como pensar nas
sequências básicas das atividades realizadas no ambiente escolar. Assim como a
família, a instituição educacional tem como objetivo principal auxiliar na formação
integral do ser humano.
As escolas de EI são norteadas pelo o Parecer CNE/CEB nº 20/2009 –
BRASIL, 2009, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil, neste documento destaca-se a organização do espaço e dos materiais que
devem proporcionar às crianças estruturas que facilitem a relação com o outro e com
o meio, o contato com a diversidade cultural, ambiental e social e com as
manifestações artísticas.
Diversos teóricos descrevem como o meio, seja ele físico, emocional ou
social, pode interferir no processo de desenvolvimento do ser humano. Jean Piaget
descreveu sobre como o organismo se adapta ao ambiente ao qual está inserido,
para ele o comportamento é controlado através de organizações mentais
denominadas “esquemas”. Postulou também sobre a forma de aquisição de novos
conhecimentos, afirmando que o desequilíbrio é a motivação para alterar as
estruturas mentais do indivíduo. Já a Teoria do Desenvolvimento Cognitivo de
Vygotsky dispõe sobre as influências socioculturais no desenvolvimento da criança,
para ele o desenvolvimento não pode ser separado do contexto social; a cultura
afeta a forma como pensamos e sobre o que pensamos.
Na perspectiva sociointeracionista de Piaget, Wallon e Vygotsky, postulam
sobre o processo de construção do conhecimento como uma ação dinâmica e
contínua, afirmando que ele não se dá completamente pela descoberta espontânea
da criança, nem é transmitido de forma mecânica pelas instituições de ensino, mas
sim é o fruto da interação do sujeito com o meio, sendo a criança um elemento ativo
no processo de aprendizagem.
São tomadas como referencial teórico as autoras Zilma de Moraes Ramos de
Oliveira, Maria Carmen Silveira Barbosa e Maria da Graça Souza Horn, que
produziram a partir das contribuições de teóricos como Piaget, Wallon e Vygotsky e
outros estudiosos da área da educação infantil como Carmem Maria Craidy, Gládis
Elise Kaercher, Jane Felipe, Mara I. Campos de Carvalho e Márcia R. Bonagamba
Rubiano.
19

Segundo Barbosa e Horn (2001), todos os ambientes da escola devem


estimular a criatividade, a experimentação, a imaginação da criança, assim como
todo tipo de experiência que permita a ela desenvolver linguagens expressivas e que
possibilitem a sua interação com outras pessoas.
Wallon afirma que a inteligência depende das experiências oferecidas pelo
meio e da apropriação que o sujeito faz delas. Para ele as crianças da educação
infantil estão inseridas no estágio sensório-motor e personalismo e essas duas fases
pregam a exploração do mundo físico, as relações cognitivas e as interações sociais
que permeiam o ambiente escolar.
Para Vygotsky o psicológico humano se estrutura a partir das relações sociais
estabelecidas entre o individuo e o meio. Essas relações ocorrem dentro de um
contexto histórico e social, no qual a cultura exerce um papel primordial que é o de
fornecer os sistemas simbólicos de representação da realidade.
Piaget defende que a escola deve proporcionar situações desafiadoras que
provoquem o desequilíbrio na criança, promovendo a descoberta e a construção do
conhecimento e que para que ocorra essa construção é necessário que as
concepções infantis se combinem às informações advindas do meio.
A preocupação em preparar um ambiente que não seja monótono, que
instigue na criança a curiosidade e a vontade de participar das atividades realizadas
naquele espaço, deve ser um dos pilares da escola. Organizar o espaço interno e
externo da escola possibilita experiências corporais, afetivas, sociais e a construção
das diferentes linguagens infantis.
Entende-se então que um ambiente estruturado e preparado para a ação
educacional que permita uma experiência social concreta seja capaz de promover
um desequilíbrio na criança fazendo com que ela modifique seus conhecimentos.
Friedrich Froebel4 deu uma grande colaboração no entendimento sobre a
educação infantil, criou métodos e maneiras para se trabalhar com as crianças que
até hoje são aplicadas, criou um ambiente que possui um caráter especial, pois
havia sido preparado para oferecer as melhores condições para o desenvolvimento
da criança, assim como colaborar para a sua integração social.

4
O alemão Friedrich Froebel foi um dos primeiros educadores a considerar o início da infância como
uma fase importante e decisiva na formação das pessoas. Fundador do primeiro Jardim de Infância
administrou também uma gráfica que imprimiu instruções de brincadeiras e canções para serem
aplicadas em escolas e em casa.
20

Para Froebel o ambiente deve propiciar às crianças condições para o


desenvolvimento das suas potencialidades, e tudo deve ser aproveitado para
despertar os interesses na criança. Ele defendia um ensino sem obrigações porque
o aprendizado depende dos interesses de cada um e se faz por meio da prática.
Pregava uma educação espontânea, e dizia que para isso seria necessário deixar a
criança livre para demonstrar seus interesses, ele adotava a ideia do “aprender a
aprender”.
Na metodologia de Froebel o início do processo de aprendizagem seriam os
sentidos e o contato da criança com o mundo. O educador acreditava que as
crianças já possuem uma metodologia natural que faz com que ela aprenda o que é
interessante para ela e por meio de atividades práticas.
Outra teórica muito importante no contexto infantil é Maria Montessori5 que
afirmava que a organização dos espaços escolares deve possibilitar que a vigia do
adulto e seus ensinamentos fossem minimizados, ou seja, que diminuíssem a
interferência do adulto. Para ela o ambiente deve estimular as ações das crianças. A
condição fundamental para essa organização deve ser a harmonia, o colorido, a
disposição dos móveis e utensílios que estimulem as crianças a interagirem, a
brincarem e a trabalharem.
O método motessoriano traz como um dos aspectos importantes à
valorização da arte e da estética propõe que os ambientes infantis sejam decorados
com obras de artes que estimulem as percepções artísticas nas crianças. Até os dias
de hoje ainda vê-se escolas que valorizam esses aspectos, os exemplos mais
significativos são as escolas públicas da região de Reggio Emilia, na Itália.
A organização dos ambientes na educação infantil é um fator de extrema
importância, pois quanto mais ele estiver estruturado, mais ele proporcionará à
criança desafios, e auxiliará na construção da sua autonomia. Assim, determinar
aspectos que fazem parte do cotidiano da escola infantil pode influenciar de maneira
importante o desenvolvimento das crianças.
Estudos de diversos autores apontam sobre o fato de a maioria dos
ambientes serem planejados para suprir as necessidades de um determinado grupo

5
Maria Montessori nasceu na Itália em 1870, na cidade de Chiaravalle. Pedagoga renovou o ensino,
desenvolvendo um peculiar método que ficou mundialmente conhecido como método Montessori. O
método oportuniza ao educando a consciência de si mesmo. Nele o educando é educador de si
mesmo, tendo a possibilidade de escolher o seu trabalho, de se mover por conta própria, de se tornar
responsável pelo seu progresso e crescimento.
21

ou dos adultos que circulam nele, deixando de lado a individualidade e as


necessidades das crianças. Entre esses autores, Carvalho e Rubiano (2001) citam
David e Weinstein (1987) que afirmam que todo ambiente preparado para o público
infantil deveria atender a cinco funções fundamentais para o seu desenvolvimento
com o sentido de promover: a identidade pessoal, as competências, oportunidades
para o crescimento, sensação de segurança e confiança e a socialização.
(CARVALHO e RUBIANO apud OLIVEIRA 2010)
Horn, Barbosa e Oliveira são autoras que corroboram no entendimento das
relações entre o espaço escolar e o desenvolvimento das crianças na idade pré-
escolar e os aspectos que envolvem esse processo e as consequências da
organização espacial direcionada para o público alvo. As autoras são unânimes em
afirmar que as aquisições das crianças têm estreita relação com o meio físico e
social aos quais elas são inseridas.
22

2. CONTEXTUALIZANDO OS ESTUDOS: REFERENCIAIS E METODOLOGIA

Qualquer ambiente construído exerce um impacto tanto


direto com indireto, ou simbólico, sobre os indivíduos. Na
primeira instância, fatores físicos podem influenciar o
comportamento, facilitando certas atividades e
obstruindo outras. (WEINSTEIN e MIGNANO, 1993).

Entender que as interações crianças-crianças são tão importantes quanto às


interações adulto-criança para o desenvolvimento integral, nos faz refletir sobre a
questão de como o ambiente pode favorecer ou dificultar o processo.
Na busca por embasamentos teóricos para essa pesquisa, encontrei em
Maria da Graça Souza Horn (2004), Maria Carmen Silveira Barbosa (2006) e Zilma
de Moraes Ramos de Oliveira (2010) estudos, projetos e diversas literaturas que
neste momento se mostram assertivas a respeito do assunto.
Em geral, o ambiente escolar é pouco planejado, quando nos referimos ao
espaço destinado à educação infantil podemos perceber que há um
empobrecimento maior ainda, geralmente esses espaços são pensados para
atender às necessidades dos adultos ou de um grupo, desconsiderando a
individualidade e as necessidades da criança.
Organizar o cotidiano da escola de educação infantil pressupõe pensar que o
estabelecimento de atividades básicas é antes de tudo o resultado da leitura que se
faz das crianças, principalmente das suas necessidades, anseios e expectativas.
Segundo as autoras ao pensar nos espaços para crianças deve-se levar em
consideração que o ambiente é composto por diversos fatores, gostos, sons,
palavras, sentidos, cores, odores, tudo que pode ser observado e percebido, que
ofereça possibilidades de interação e construção, devemos entender que o mundo é
cheio de contrastes e que os espaços educativos não podem ser padronizados,
todos iguais. (BARBOSA e HORN, 2001).
Entender o ambiente escolar como um meio educador é de suma importância
para a complementação do processo de ensino e aprendizagem. Horn (2004) retrata
sobre a maneira do educador se posicionar sobre os elementos que compõem a
sala de aula, para ela deve-se manter um olhar atendo e sensível a todos os
23

elementos, na organização dos móveis e materiais e a forma como os espaços são


ocupados, tanto pelas crianças como pelos adultos e nas suas relações.

Aliás, o que sempre me chamou atenção foi à pobreza


frequentemente encontrada nas salas de aula, nos
materiais, nas cores, nos aromas; enfim, em tudo que
pode povoar o espaço onde cotidianamente as crianças
estão e como poderiam desenvolver-se nele e por meio
dele se fosse mais bem organizado mais rico em
desafios. (HORN, 2004, p. 15)

Para compreender melhor sobre o tema abordado, Horn cita uma contribuição
de Zabalza e Fornero (1998) que diz respeito à distinção entre espaço e ambiente,
para esses autores, “espaço” é o local onde as atividades são realizadas,
organizado com objetos, móveis, decoração e materiais didáticos, já “ambiente” é o
conjunto desse espaço e as relações que nele se estabelecem, ou seja, o espaço
são arranjos objetivos e o ambiente subjetivos.
O ambiente educacional deve ser compreendido como um conjunto de
elementos que promova a interação entre os personagens do processo, como um
todo indissociável que envolve sons, aromas, cores, objetos, sentimentos,
relacionamentos, espaço físico, que unidos formam o ambiente. Assim entende-se
que “o ambiente ‘fala’, transmite-nos sensações, evoca recordações, passa-nos
segurança ou inquietação, mas nunca nos deixa indiferentes.” (FORNERO, apud
HORN, 2004).
No livro, “Sabores, cores, sons e aromas: a organização dos espaços na
educação infantil, 2004”, Horn cita os estudos de Mayume Lima (1989) que fala a
respeito da arquitetura das escolas, ela aponta que a organização dos espaços
escolares sempre teve como objetivo manter o controle e possibilitar a vigia das
ações infantis.
A autora fala ainda que as alterações estruturais realizadas nas salas de aula
nem sempre significam uma mudança na postura do educador, pois elas podem
causar nos professores a perda do controle, que a organização tradicional das salas
de aula fornece.
Para que os espaços sejam considerados como desafiadores e provocadores
se faz necessário que a organização dos ambientes possa ser transformada de
acordo com as necessidades das crianças e das atividades propostas. Horn diz que
a maioria das escolas brasileiras ainda oferecem espaços que privilegiam a
24

disciplina e que na educação infantil a organização espacial muitas vezes não


incentiva a interação da criança com o outro ou com o meio.
Horn, ao desenvolver o “Estudo propositivo sobre a organização dos espaços
externos das unidades do Proinfância6 em conformidade com as orientações desse
programa e as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEIs)
com vistas a subsidiar a qualidade no atendimento.” (BRASIL, 2013), discute sobre a
relação dos espações externos e as atividades pedagógicas. Neste documento, a
autora discute a ideia de se tomar a sala de aula como lugar privilegiado de
atividades educativas.
Via de regra, o parque é única possibilidade de brincar lá fora com
gangorra, escorregador, balanços e caixa de areia, sendo considerado por
muitas educadoras como a única alternativa de interação no pátio. Em
algumas unidades, encontram-se casinhas de bonecas, porém sempre
vazias, sem nenhum elemento que suscite enredos do faz de conta, como
panelas, pratos, fogão, mesas, cadeira e bonecos. A falta de sombra e de
espaços que promovam outras atividades além do correr é uma recorrência
em todos os pátios observados em unidades do Proinfância. Esse quadro
demonstra um ambiente estéril na oferta de experiências variadas e
qualificadas às crianças. Nessa perspectiva, o modo de organizar o espaço
externo alinha-se à perspectiva de uma pedagogia tradicional, legitimando-
se a ideia de que somente nas salas de atividades há uma intencionalidade
pedagógica, ou seja, dentro da escola se aprende, enquanto lá fora se corre
ou se brinca na areia. Os modos de arranjar os espaços físicos e o livre
acesso das crianças aos brinquedos e materiais é a do não protagonismo
das crianças, do não entendimento de que elas aprendem em todos os
espaços disponibilizados na escola infantil. (HONR, 2013)

Pensar no espaço escolar da Educação Infantil é levar em conta todas as


necessidades e peculiaridades que envolvam o mundo das crianças pequenas.
Neste sentido, ele deve ser acolhedor, desafiador, criativo, instigante e, ao mesmo
tempo, seguro.
Maria Carmem Silveira Barbosa apresenta diversos estudos referentes à
rotina na educação infantil e a organização do espaço, no seu livro “Por amor e por
força: Rotinas na Educação Infantil”, a autora começa explicando que os conceitos

6
O ProInfância é um programa de assistência financeira ao Distrito Federal e aos municípios para a
construção, reforma e aquisição de equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas da
educação infantil. O objetivo é garantir o acesso de crianças a creches e escolas de educação infantil
públicas, especialmente em regiões metropolitanas, onde são registrados os maiores índices de
população nesta faixa etária. O programa foi instituído pela Resolução nº 6, de 24 de abril de 2007, e é
parte das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do Ministério da Educação.
25

entre espaço, lugar, ambiente e território são complexos e que possuem diferentes
entendimentos. Para ela ambiente é um espaço construído, onde são definidas as
relações entre os seres. A autora se baseia nas concepções de Lima (1989) que fala
sobre as concepções infantis sobre espaço e ambiente. Para ela os dois elementos
não se separam, porém não podem ser entendidos como iguais, pois o mesmo
espaço físico pode resultar em ambientes diferentes.

As observações sugerem, portanto, que o espaço físico isolado do ambiente


só existe na cabeça dos adultos [...]. Para a criança existe o espaço alegria,
espaço medo, o espaço proteção, o espaço mistério, descoberta, enfim, os
espaços de liberdade ou de opressão. (LIMA, apud BARBOSA, 2006, p.
119).

Barbosa descreve em seus documentos que o espaço físico é um lugar de


desenvolvimento de múltiplas habilidades e que deve ser permanentemente
desafiador, afirma ainda que esses espaços devem ser permeados de símbolos e
linguagens que possibilitem à criança interagir e transformar o meio.
Os espaços também podem ser utilizados como lugar de vigilância ou
controle de acordo com a sua organização. “Os espaços não são estruturas neutras
e podem reproduzir, ou não, as formas dominantes como os experimentamos.”
(BARBOSA, 2006).
Para a autora o ambiente é um fator importante na constituição do sujeito, e é
através do espaço físico concreto que ocorre o desenvolvimento infantil, o ambiente
é um mediador cultural e deve fazer parte do currículo escolar. Barbosa relata ainda
em seus estudos o que Frago e Escolano defendem, que na educação de crianças
pequenas o ambiente é de extrema importância, tendo em vista que nele a criança
permanece durante os anos em que são formadas as estruturas mentais básicas.
Tanto os estudos psicológicos como as pedagogias para a primeira infância,
consideram a organização do espaço como parte constitutiva do processo de
aprendizagem na educação infantil. A organização do ambiente escolar traduz as
concepções pedagógicas da instituição, assim como seus objetivos e suas diretrizes.

Refletir sobre a luz, a sombra, as cores, os materiais, o olfato, o sono e a


temperatura é projetar um ambiente, interno e externo, que favoreça as
relações entre as crianças, as crianças e os adultos e as crianças e a
construção das estruturas de conhecimento. (BARBOSA, 2006, p. 122)
26

Maria Carmen Silveira Barbosa e Maria da Graça Souza Horn em suas


pesquisas sobre a organização do espaço e do tempo nas escolas de educação
infantil e afirmam que:

Organizar o cotidiano das crianças da Educação Infantil pressupõe pensar


que o estabelecimento de uma sequência básica de atividades diárias é,
antes de mais nada, o resultado da leitura que fazemos do nosso grupo de
crianças, a partir, principalmente, de suas necessidades. É importante que o
educador observe o que as crianças brincam como estas brincadeiras se
desenvolvem, o que mais gostam de fazer, em que espaços preferem ficar,
o que lhes chama mais atenção, em que momentos do dia estão mais
tranquilos ou mais agitados. Este conhecimento é fundamental para que a
estruturação espaço-temporal tenha significado. Ao lado disto, também é
importante considerar o contexto sociocultural no qual se insere e a
proposta pedagógica da instituição, que deverão lhe dar suporte.
(BARBOSA; HORN, 2001, p. 67).

Zilma de Moraes Ramos de Oliveira buscou em autores como Mara de


Carvalho e Márcia Rubiano, fundamentos para apoiar seus estudos. No livro
“Educação Infantil: muitos olhares”, ela organiza uma série de textos de diversos
autores que tratam sobre os diferentes olhares sobre a educação infantil. A
organização do espaço foi tratada por Carvalho e Rubiano (2010, p. 116). Neste
capítulo as autoras definem com base em estudos alguns aspectos importantes que
a escola deve apresentar para o desenvolvimento infantil, citando algumas
sugestões para o preparo desse ambiente.
No seu trabalho “O Currículo na Educação Infantil: o que propõem as novas
diretrizes nacionais?”, Oliveira discute os diversos documentos que tratam sobre a
Educação Infantil, nele ela fala da grande movimentação que está ocorrendo no
cenário educacional que envolve esse ciclo, sobre as novas diretrizes, objetivos e
função sociopolítica e pedagógica das instituições de educação infantil, fala do
currículo, da proposta pedagógica, da avaliação e das formas de continuidade do
processo de aprendizagem.

A atividade da criança não se limita à passiva incorporação de elementos da


cultura, mas ela afirma sua singularidade atribuindo sentidos à sua
experiência através de diferentes linguagens, como meio para seu
desenvolvimento em diversos aspectos (afetivos, cognitivos, motores e
sociais). Assim a criança busca compreender o mundo e a si mesma,
testando de alguma forma as significações que constrói, modificando-as
continuamente em cada interação, seja com outro ser humano, seja com
objetos. (OLIVEIRA, 2010)
27

Zilma ainda apresenta um documento voltado para a formação de professores


de pré-escola e nesse documento ela aponta como fator importante do processo o
espaço físico, os materiais e a forma como os mesmo são utilizados.

Em relação ao espaço físico, o tamanho das salas e dos espaços abertos, a


densidade de ocupação de uma área (número de crianças e adultos
disponível), a existência de áreas de atividade são alguns fatores que
possibilitam maior ou menor oportunidade de interação. (OLIVEIRA, 2010,
p.22)

No desenvolvimento deste estudo realizei uma pesquisa de campo que me


permitiu analisar a organização espacial em uma escola de educação infantil, que
teve como objetivo compreender sobre a importância de um ambiente preparado
para o processo de ensino aprendizagem de uma criança, para tal foi utilizado um
roteiro de pesquisa como principal instrumento para coleta de dados, esse roteiro foi
construído com base nos estudos realizados pelas autoras citadas e em documentos
do MEC.
Para a elaboração desse estudo foram realizadas também pesquisas
bibliográficas referentes ao desenvolvimento infantil e a organização do espaço
escolar, utilizando como referencial principal obras e estudos de BARBOSA, HORN
e OLIVEIRA.
A pesquisa de campo foi realizada através da observação feita em uma
escola privada aqui denominada X7, que permitiu a utilização de imagens de suas
áreas internas e externas, como salas de aulas, áreas de convivência e demais
dependências da instituição. Neste trabalho são apresentadas imagens que
demonstram as dependências da escola, algumas atividades desenvolvidas e a
interação dos alunos com o meio e com o outro.
O processo se deu pela observação das atividades em momentos diferentes
no período da permanência da criança na escola, foi observada a hora da entrada,
como os alunos são recepcionados, qual o comportamento deles, a locomoção para
a sala de aula, os locais por onde eles transitam sua organização, decoração e
apresentação, a hora do recreio e atividades realizadas em sala.

7
Para a realização desse estudo obtive da direção da escola a autorização para executar a
pesquisa de campo, assim como fui autorizada a utilizar imagens das suas dependências. Com a
intenção de preservar a instituição, utilizarei o termo X para denominá-la. Procurei também tomar o
devido cuidado de não deixar visível o rosto das crianças, a fim de preservar suas identidades.
28

Serviram como objeto de análise também as aulas extras e as atividades


extraclasses desenvolvidas.
Essa observação foi dividida em dois momentos. A primeira etapa se deu na
observação da escola sem alunos, no contra turno da educação infantil. Neste
primeiro momento pude observar como a escola está organizada, decorada e
preparada para atender as necessidades das crianças desta etapa.
No segundo momento observei a relação criança / espaço escolar.
Acompanhei durante dois dias a vivência das crianças na escola, da hora da sua
chegada, hora das aulas extras, brinquedoteca, quadra de esportes, hora do recreio
e a hora do retorno para casa.
Durante essas observações foram levantados dados que possibilitaram
compreender como a criança observa o ambiente escolar, como o meio pode
influenciar no seu desenvolvimento e como ela se adapta a ele.
O presente estudo teve como modalidade de pesquisa o método qualitativo,
cuja abordagem se deu em forma de observações das atividades do cotidiano
escolar, da síntese das informações obtidas através do roteiro de pesquisa e das
análises dos dados levantados.

[...]a abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação


dinâmica entre o mundo real e o sujeito. O conhecimento não se restringe a
um rol dados isolados, ligados apenas por uma teoria explicativa; o sujeito
observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os
fenômenos, atribuindo-lhes um significado. O objeto não é um dado inerte e
neutro; está possuído de significados e relações que sujeitos concretos
criam em suas ações. (CHIZZOTTI, 2001, p.79)

Situar a pesquisa no ambiente escolar se configurou como uma possibilidade


de compreender de que maneira a organização do ambiente escolar favorece no
desenvolvimento da criança, além de me permitir a apropriação de diferentes
olhares sobre as formas de organização espacial dos diversos espaços da escola.
Para isso, assumi a postura de observadora das atividades coletivas e individuais
dos educandos, assim como as suas formas de interação com o meio e com as
interfaces disponíveis na escola.
29

3. O AMBIENTE “FALA”

Fornero (apud Horn, 2004) comenta que o ambiente “fala”, e é concordando


com ele que desenvolvo a reflexão desta pesquisa.
O ambiente de educação é permeado de fatores que possibilitem a interação,
a socialização e a construção ou modificação de atitudes e conhecimentos, assim
cabe destacar que a organização do ambiente deve ser o ponto de partida para o
processo de aquisição de novas competências. Segundo Maria Lucia de A.
Machado, 2010, a educação deve ser vista como um ato intencional, premeditado e
planejado e é através do sucesso da interação da criança com o meio e com os
outros é que vai levar a instituição educacional ao sucesso.
Carvalho e Rubiano, 2010, consideram a organização espacial como um dos
fatores de grande importância para o desenvolvimento infantil, para isso as autoras
citam as cinco funções descritas por David e Weinstein.
1. Promover a identidade pessoal – o espaço como ferramenta que
possibilite à criança se perceber como um ser social. (personalização de espaços e
objetos)
2. Promover o desenvolvimento de competência – a instituição deve
promover um ambiente desafiador, que promova o desenvolvimento da autonomia.
3. Promover oportunidades para crescimento – permitir a exploração de
materiais e ambientes diferenciados possibilita o desenvolvimento da criança em
diversos aspectos. Assim como deve ser ofertado um ambiente que permita a
exploração de movimentos corporais e que estimulem os sentidos.
4. Promover sensação de segurança e confiança – o ambiente deve ser
preparado para permitir que as crianças utilizem seus sentidos sem nenhum
problema, para que elas se sintam seguras e confiantes.
5. Promover oportunidades para contato social e privacidade – o ambiente
deve ser planejado para atender as necessidades de cada criança, oferecendo
possibilidades de atividades em grupo ou isoladas.
Outro ponto importante citado pelas autoras Barbosa e Horn é no que diz
respeito à composição do ambiente, elas dizem que o espaço deve ser preparado de
modo a auxiliar no desenvolvimento das funções sensoriais das crianças.
30

Ao pensarmos no espaço para crianças devemos levar em consideração


que o ambiente é composto por gosto, toque, sons e palavras, regras de
uso do espaço, luzes e cores, odores, mobílias, equipamentos e ritmos de
vida. [...] (BARBOSA E HORN, 2004, p.73).

Entre as composições citadas pelas autoras destaco as seguintes:


Com relação aos odores: a escola deve proporcionar acesso a diversos
cheiros, além do próprio cheiro, isso permitirá à criança construir uma memória
olfativa e emocional das áreas, pessoas e momentos.
No mobiliário e nas cores: os móveis devem ser adequados às necessidades
das crianças que farão uso deles. É necessário que o ambiente permita a coabitação
e a interação entre o grupo. As cores devem variar entre tons pastéis e cores fortes
e deve haver também usar o preto e o branco para trabalhar o contraste.
A decoração: essa deve ser criada durante o ano e com o auxílio dos alunos.
O espaço não deve ser imutável, já que o espaço é uma construção temporal.
Nos sons: é importante que se crie um ambiente sonoro que estimule a
atenção, o ouvir, o falar, é interessante que seja proposto sons fortes e fracos.
No tocar: é importante que a escola oferte possibilidades de desenvolvimento
do tato, para tal as autoras sugerem a utilização de elementos naturais e artificiais
que apresentem ou simulem sensações diversas.
Nas regras: é importante que a escola apresente às crianças as barreiras e
suas diferentes aplicações. Barreiras físicas intransponíveis, contornáveis, verbais e
etc.
A partir dessas leituras e entendimentos conclui-se que o espaço não pode
ser encarado como neutro, que ele reflete normas sociais, representações culturais,
valores e ideais. Assim, a pesquisa de campo foi fundamental para compreender
como uma escola de educação infantil se organiza para atender as necessidades do
seu público alvo. Apresento a escola através das imagens que serão utilizadas para
um entendimento mais detalhado sobre a sua organização atual.

3.1 CENÁRIO ATUAL DE UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com os dados levantados na pesquisa de campo realizada na


escola X, situada no município de Magé, RJ, na qual foram observados diversos
fatores relacionados ao ambiente escolar infantil, sua organização, possibilidades e
31

desafios, a interação das crianças com o meio, com os professores e entre si,
procurei entender como a escola organiza seus ambientes e como é que isso
influência no desenvolvimento da criança.
A escola X foi fundada em 1983 e teve em 1986 sua autorização para
funcionar com a modalidade de educação infantil. Sua estrutura física é organizada
da seguinte maneira, a escola possui ambientes separados para a etapa da
educação infantil e para o ensino fundamental. O prédio da educação infantil possui
06 salas de aula padrão, com tamanhos diferenciados e mobiliários apropriados para
os ocupantes das salas, 01 (uma) sala de brinquedos, 01 (uma) sala de leitura, 01
(um) parquinho, 01 (uma) área de refeição, 01 (uma) casa de boneca, 02 (dois)
banheiros femininos e 02 (dois) masculinos. A escola possui ainda ambientes em
área comum, 01 (uma) quadra de esportes, 01 (uma) brinquedoteca, 01 (uma) sala
de ballet, 01 (uma) área de prática de jiu-jitsu (tatame), 01 (um) auditório.
Ao observar o ambiente da escola percebi que a organização do espaço físico
do segmento da educação infantil é muito parecida com o espaço físico da escola
como um todo, a pintura das paredes tanto das salas de aula quanto da área externa
é a mesma do restante da escola.
O planejamento e a organização pedagógica da educação infantil são feitos
pelas professoras com supervisão feita pela coordenadora geral da escola que em
conjunto com a equipe organiza as rotinas a serem realizadas, assim como a
organização dos espaços. As rotinas têm horários e dias predeterminados. Essas
rotinas muitas vezes estão relacionadas às atividades desenvolvidas na
brinquedoteca e na sala de brinquedos.
Seguindo as etapas apresentadas em diversos documentos e referenciais, a
primeira questão a ser colocada é a do planejamento estrutural da escola, se a
mesma segue todas as recomendações apontadas nos referenciais de qualidade da
educação infantil.
Para poder fazer uma análise mais detalhada dos dados levantados, a escola
é apresentada tendo imagens das áreas observadas com explicações para ilustrar a
sua organização.
32

3.1.1 O Espaço Externo como fator diferencial

A escola possui como diferencial a entrada dos segmentos, as turmas da


educação infantil possuem um portão exclusivo para elas.
A entrada do prédio da educação infantil é um portal colorido com formato
diferente, o que reduz a ideia formalidade do ambiente, conforme podemos observar
na imagem 1.
A personalização do portão de entrada desenvolve na criança a memória
visual, passando a ser a forma de identificação da escola dela.

Imagem 1 - Entrada do prédio da Educação Infantil

Fonte: Elaborada pelo autor

3.1.2 Como o espaço interno é pensado e organizado na escola X

Para o profissional de educação infantil, a necessidade de oferecer


condições que viabilizem as interações lúdicas tem como suporte o
reconhecimento do especial valor destas interações para as crianças, em
termos de elaboração de convencimentos advindos do exercício ativo de
papeis sociais, conhecimentos estes imprescindíveis ao desenvolvimento da
consciência de si e do outro. (MACHADO, 1993, p.48, apud OLIVEIRA,
2010).
33

3.1.2.1 Área de Circulação

Na área interna observa-se que a estrutura volta a ter a forma escolar padrão,
com as paredes pintadas em duas cores, branco e azul e sem ilustrações ou outro
atrativo aos sentidos, como pode ser observado nas imagens 2 e 3.
Os corredores fazem a ligação dos prédios e outras áreas, eles são
padronizados nas cores e texturas da escola.
Imagem 2 - Corredor de acesso ao prédio do Ensino Fundamental

Fonte: Elaborada pela autora


Imagem 3 - Corredor de acesso às áreas de convívio social coletivo, higiene e lazer

Fonte: Elaborada pela autora


34

3.1.2.2. Espaços Coletivos

Os espaços sociais coletivos são organizados de modo a garantir o controle


sobre os atos das crianças, não ofertando muitas possibilidades de atividades
criadas por eles próprios, como pode ser observado nas imagens 4 e 5.

Imagem 4 - Área de convívio social e área de lazer

Fonte: Elaborada pela autora

Imagem 5 - Parquinho e área de convívio social coletivo

Fonte: Elaborada pela autora


35

A escola não possui área verde, possui um jardim com algumas plantas em
vasos e outras plantadas numa jardineira de chão, porém as crianças não têm
contato com a terra e nem com a atividade de jardinagem. Muitos autores afirmam
sobre a importância de se ofertar experiências de manipulação de elementos
variados para o desenvolvimento da criança e de situações desafiadoras.

3.1.2..3 Área do Lanche

Na hora do intervalo que tem duração de 15 minutos, as turmas são divididas,


e nesse momento a ação é toda voltada para a alimentação. O tempo pode ser
considerado pouco, tendo em vista que esse deveria ser um momento de
descontração, interação e socialização entre as crianças do segmento.
Como pode-se observar na imagem 6, a área de lanche não possui nenhum
elemento diferenciado que desenvolva no aluno hábitos de organização e de
apresentação. Está área é destinada apenas ao momento de lanche no recreio,
onde as crianças sentam juntas por turma de acordo com a organização das
professoras.

Imagem 6 - Área do lanche das turmas do Jardim III

Fonte: Elaborada pela autora


36

3.1.2.4 As Salas de Aula

As salas de aula são organizadas de forma diferenciada de acordo com a


turma que a ocupa.
As turmas maiores, jardim III são alocadas nas salas maiores, dispostas perto
do corredor de acesso ao prédio do ensino fundamental, e às áreas de atividades
coletivas (ballet, jiu-jitsu, quadra poliesportiva, cantina, sala criativa e auditório). As
janelas dessas salas são altas não permitindo que a criança tenha visão dos
acontecimentos externos a sua sala.
As salas das turmas do jardim I e II possuem dimensões menores e tem
janelas na altura das crianças.
Como pode ser observado na imagem 7, a sala do JD I é organizada de forma
que possibilite a interação entre os alunos, à troca de experiências e o contato com
o outro, assim como a realização das atividades coletivas e individuais.

Imagem 7 - Sala do jardim I

Fonte: Elaborada pela autora

Como podemos observar na imagem, o mobiliário das salas é diferenciado, a


sala do jardim I é composta por jogos de mesas e cadeiras coletivas com tamanho
apropriado para as crianças daquela faixa etária, porém as estantes de prateleiras e
o armário disposto na sala, não são de fácil acesso por parte delas, os brinquedos,
37

massinhas, potes ficam em uma altura que para elas poderem utilizar é necessário
que a professora pegue. Isso limita a autonomia e a realização de ações
espontâneas por parte da criança.
Ainda compõem esse espaço a mesa do professor e a televisão.
A Sala possui um tamanho pequeno tendo em vista que a idade dos
ocupantes dela varia entre 2,5 (dois anos e meio) e 3 (três anos) e nessa idade a
criança necessita de espaço para se locomover, para descansar, e realizar
atividades de movimento. Não existe um momento do descanso, quando uma
criança dorme, é colocado em um canto um colchonete.
Algumas atividades artísticas e pedagógicas desenvolvidas pela turma são
expostas em um varal interno, como pode ser visto na imagem 8. Após esse material
é recolhido e colocado nas pastas dos alunos.

Imagem 8 - Varal de exposição de trabalhos da sala do jardim I

Fonte: Elaborada pela autora

As salas das turmas dos jardins II e III são compostas por conjuntos coletivos
de mesas e cadeiras coloridos.
Esse conjunto de mesas e cadeiras é o ideal para sala de aula das turmas de
educação infantil, eles possuem o tamanho adequado, são feitos de material
resistente, são leves e apresentam pontas arredondadas, sua estrutura foi pensada
para se trabalhar em forma de colmeia para permitir o trabalho coletivo, desde que
38

sejam organizados com essa finalidade, porém nestas salas eles estão dispostos de
forma tradicional como pode ser visto na imagem 9.

Imagem 9 - Sala de aula do jardim II

Fonte: Elaborada pela autora


.
Essa maneira de arrumação da sala onde as carteiras ficam uma atrás da
outra limita a interação das crianças e dá a sensação de maior controle por parte do
professor.

3.1.2.5 Área de Cuidado Pessoal

As áreas de cuidados pessoais também devem ser preparadas com a


finalidade de permitir ao aluno uma maior autonomia na hora de realizar atividades
como ir ao banheiro, beber água, lavar as mãos ou objetos e etc..
Os banheiros são preparados com peças de tamanhos proporcionais ao
tamanho das crianças, cabe destacar que todos os banheiros têm portas o que
permite à criança momentos de privacidade e intimidade.
Assim como os banheiros, o bebedouro e a pia para a higiene possuem o
tamanho apropriado para atender às crianças da educação infantil o que faz com
que as crianças não necessitem do auxilio do adulto nas atividades de cuidado
pessoal.
39

O ambiente está sempre limpo e é de fácil acesso assim como podemos ver
nas imagens 10 e 11.

Imagem 10 - Banheiros da Educação Infantil

Fonte: Elaborada pela autora

Imagem 11 - Bebedouro e pia para higiene pessoal

Fonte: Elaborada pela autora


40

3.1.2.6 Sala de Leitura

Possui uma sala de leitura, destinada aos alunos da educação infantil, nessa
sala que é muito bem decorada, a professora apresenta histórias e utiliza outros
meios para incentivar a escuta e a leitura.
A Sala de Leitura é um elemento importante na construção de um aluno
capaz de socializar e interagir com o outro e com o meio, tem como finalidade
principal proporcionar aprendizagens concretas através da prática e das
experimentações das crianças. Esse espaço teve início no ano de 2016.
O colorido da sala de leitura é um atrativo especial para as crianças,
observamos que ao entrar nesta sala, os alunos se mostram alegres e participativos,
o que se enquadra nos fatores mencionados por Horn (2004).
A única critica a essa sala é que tanto a prateleira quanto o armário são altos,
não permitindo o acesso dos alunos aos elementos sem o auxilio da professora.
Os livros ficam dentro do armário, assim como as fantasias, os brinquedos,
fantoches e etc. ficam dentro de uma caixa organizadora na prateleira, esses
materiais deveria ser colocado em lugares onde as crianças possam manipular no
momento que acharem interessante.
Podemos observar nas imagens 12 e 13 a organização da Sala de Leitura.

Imagem 12 - Sala de Leitura

Fonte: Elaborada pela autora


41

Imagem 13 Sala de Leitura

Fonte: Elaborada pela autora

3.1.2.7 Sala Criativa

Esta sala é um recurso importante para ajudar a desenvolver a cooperação,


autonomia, criatividade e a interação social. Todas as atividades nesta sala são
atrativas e permeadas de saberes, nela são desenvolvidas experiências científicas e
culinárias.
Este espaço é utilizado por todos os alunos da escola, os trabalhos
desenvolvidos geralmente estão relacionados à culinária. As professoras planejam
aulas dinâmicas buscando proporcionar aos alunos um momento de interação e
construção.
Nota-se que as aulas nesta sala são sempre mais divertidas, o ambiente tem
todo um preparo para atrair a atenção visual das crianças, os elementos usados na
sala, fogão, panelas, tabuleiros, talheres e etc. são reais o que permite com que a
atividade seja o mais próxima da realidade do aluno, tornando o aprendizado
concreto.
Na imagem 14 podemos ver a decoração da parede principal da Sala Criativa,
a arte foi criada com a intenção de promover a interdisciplinaridade nas aulas.
42

Imagem 14 Sala Criativa

Fonte: Elaborada pela autora

Tive a oportunidade de acompanhar uma atividade da turma do jardim II neste


espaço. A atividade consistia em que eles fizessem docinhos e realizassem cálculos
básicos de adição, como visto na imagem 15.

Imagem 15 - Atividade na Sala Criativa

Fonte: Elaborada pela autora


43

3.1.2.8 Sala de Brinquedos

A Sala de Brinquedos fica localizada ao lado da sala de aula do jardim I, essa


sala possui um tamanho pequeno e os brinquedos ficam dispostos no chão, o que
facilita às crianças o manuseio.
Os brinquedos são em sua maioria de uso caseiro, bonecas, carrinhos,
joguinhos de montar, um mini salão e uma mini marcenaria, como pode ser
observado na imagem 16.

Imagem 16 - Sala de Brinquedos

Fonte: Elaborada pela autora

3.1.2.9 Brinquedoteca

A Brinquedoteca é outro recurso importante para o processo de


aprendizagem e a socialização das crianças, nesta sala assim como na sala de
brinquedos estão dispostos diversos elementos de forma que o aluno possa
manuseá-los de acordo com a sua vontade e disponibilidade.
A missão de uma brinquedoteca é bem maior que simplesmente distrair as
crianças, tem como ponto fundamental estimular o desenvolvimento social, a
capacidade de concentração, favorecer o equilíbrio emocional, auxilia no
desenvolvimento da criatividade entre outras coisas. Por esse motivo essa área
44

deve ser entendida como parte do processo de aprendizagem e organizada para


essa finalidade.
A brinquedoteca da escola X fica ao lado da quadra poliesportiva, no prédio
do ensino fundamental. Esse espaço apresenta brinquedos comuns, carrinhos,
bonecas, bolas, panelinhas, peças de montar, algumas mesas plásticas com
cadeiras, animais de pula-pula, uma televisão e dois sofás. A brinquedoteca tem um
tamanho grande, é bem colorida e arejada. A organização desse espaço pode ser
observada na imagem 17.

Imagem 17 - Brinquedoteca

Fonte: Elaborada pela autora

3.1.3 Categorias de Análise

Tomando como base para a análise das informações obtidas através da


pesquisa de campo realizada na escola X, as funções de uma escola de educação
infantil, descritas por David e Weinstein e as observações feitas por Barbosa e Horn
com relação aos aspectos sensoriais que o ambiente deve proporcionar, opto por
organizar as informações como categorias de análises.
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Quadro 1 Categorias de análise x dados da escola

1. Promover a identidade pessoal das crianças Sim Não


1.1 A escola possibilita às crianças participarem da personalização
X
dos espaços?
1.2 As produções/trabalhos desenvolvidos são expostos fora da sala? X
1.3 A escola oferece espaço para produções artísticas? X
1.4 A escola oferta materiais e espaço para brincadeiras de faz de
X
conta?
1.5 Possui áreas para trabalhos individuais e coletivos? X
2. Promover o desenvolvimento da competência
2.1 A escola possui instalações físicas para que os alunos realizem
X
ações de cuidado pessoal de forma autônoma e independente?
2.2 Há espaços organizados para leitura e brincadeiras pedagógicas? X
2.3 O mobiliário é adequado ao tamanho dos alunos? X
2.4 O aluno tem acesso com facilidade às prateleiras e armários? X
2.5 A escola possui ambientes/ objetos desafiadores X
3. Promover a oportunidade de crescimento/ sensação de
segurança e confiança
3.1 A organização da sala de aula permite ao aluno ter autonomia
X
durante a execução das tarefas?
3.2 Os ambientes são organizados em forma de cantos? X
3.3 O espaço físico possui atrativos visuais, auditivos e sensoriais,
X
que permitam a manipulação pela criança?
3.4 Possui brinquedos educativos? X
3.5 Oferece área de lazer? X
3.6 Possui área aberta, jardim, área verde? X
3.7 A escola proporciona meios que promovam à interação social, a
X
colaboração, a criatividade?
4. Promover oportunidades para o contato social e a privacidade
4.1 A escola possui espaço para descanso? X
4.2 As salas possuem espaços que possibilitem a privacidade? X
4.3 A estrutura física das salas permitem o convívio social? X X

No quadro 1, são apresentadas as categorias e as questões observadas


durante a pesquisa de campo.
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Os temas abordados foram agrupados de acordo com as suas


especificidades e respondidos com base no levantamento realizado através do
roteiro de pesquisa, essa análise permitirá a elaboração de sugestões para
aprimorar o espaço escolar e buscando promover a mudança na percepção afetiva
das crianças em relação à escola.
A distribuição das informações nos demonstram como a escola X está
organizada em relação as suas turmas de Educação Infantil, nota-se que mesmo
com alguns diferenciais apresentados, o espaço escolar não se diferencia do
ambiente tradicional sendo necessário um estudo mais detalhado para a adequação
do espaço atual às necessidades das crianças desta etapa.
47

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

[...] o espaço físico opera favorecendo ou não a construção das estruturas


cognitivas e subjetivas das crianças. Ao mesmo tempo, impõem limites ou
abre espaço para a imaginação dos adultos que criam ambientes (com
auxílio) ricos e desafiantes, onde todos tenham a possibilidade de ter
vivências e experiências diferenciadas, ampliando suas capacidades de
aprender, de expressar seus sentimentos e pensamentos. A disponibilidade
de ambientes variados e a variação dentro de um mesmo ambiente ampliam
o universo cultural e conceitual das crianças. (BARBOSA, 2006, p.135)

Os objetivos a que me propus responder com essa pesquisa foram quase


todos atingidos. Contudo se faz necessário uma observação mais prolongada para
que se possa entender melhor sobre o assunto.
Durante essa pesquisa observei o comportamento das crianças no dia a dia
escolar, pude perceber que muitas vezes as atitudes de rebeldia e rejeição estão
relacionadas à sua interação com o meio ao qual está inserida.
A criança quando entra na escola vem de um mundo totalmente dela, sem
precisar muitas vezes conviver com outras crianças, sem precisar dividir,
compartilhar, emprestar, e quando é colocada na escola passa por uma mudança
significativa no seu grupo social e até mesmo emocional.
De acordo com os estudos realizados conclui que a preocupação com o
preparo de um espaço escolar adequado para as crianças da etapa da educação
infantil deve ser um dos aspectos primordiais para o seu funcionamento. Observei
que a preocupação com o “preparar” para a próxima etapa é maior do que a atenção
dada ao modo de acolher e integrar a criança na escola.
Teóricos importantes da nossa história como Piaget e Vygotsky falam sobre a
importância da interação com o meio para o desenvolvimento infantil, para eles as
aquisições cognitivas das crianças tem uma relação muito íntima com o meio em
que elas vivem e com as experiências as quais elas são submetidas.
Destaco que analisar o espaço escolar é um fator importante para se
entender melhor a relação de aprendizagem das crianças. Partindo da ideia do que
seria um espaço escolar mais adequado, com base nas observações realizadas na
escola X, e nos estudos dos autores citados concluo que se faz necessária uma
adaptação em alguns espaços da escola para que ela se torne mais acolhedora e
receptiva às necessidades desta etapa da vida.
48

É importante ressaltar que a escola deve garantir a qualidade do ensino


ofertando ao aluno espaços para locomoção, desenvolvimento da criatividade, das
interações sociais, das aprendizagens múltiplas entre outros fatores.
Para que o espaço seja mais bem aproveitado, alguns cuidados e mudanças
em alguns ambientes se tornam importantes, como por exemplo, possibilitar aos
alunos que exponham seus trabalhos em lugares onde poderão ser apreciados por
outros além deles próprios, permitir que a decoração tanto das salas quanto das
partes externas seja participativa, essa decoração deve ser alegre, colorida, atual e
dinâmica, se adequando aos interesses daquele grupo. Mais que decorar, a
exposição das atividades, são recursos pedagógicos que possibilitam às crianças se
perceberem na construção do espaço.
Em relação aos banheiros, espelhos podem ser dispostos de forma que
permitam a criança se ver e se admirar, nesse momento da vida é muito importante
se conhecer.
Nas salas de aula os espelhos também devem fazer parte da composição do
ambiente, este recurso é importante para que as crianças se conheçam e se
conscientizem sobre sua imagem.
Seria interessante a escola manter uma área verde, onde o aluno pudesse
interagir com a natureza, cultivar, cuidar das plantas, mexer com terra, água e etc.
Com relação aos espaços para brinquedos e brincadeiras o ideal seria
reorganizar o que tem em uma das salas, já que tanto a Brinquedoteca como a Sala
de Brinquedos possuem os mesmos itens, uma possiblidade interessante seria a
aquisição de brinquedos educativos maiores, tipo, jogos de tabuleiro, de montar e
desmontar, empilhar, etc.
As áreas de convívio social também poderiam receber mais elementos que
proporcionem sensações diversas aos alunos, brinquedos mais desafiadores, mais
dinâmicos. Na área do lanche poderiam ser implementados objetos que remetam a
um ambiente de restaurante ou lanchonete.
Entendo que a beleza do ambiente e o desafio dos objetos devem permear o
processo de aprendizagem e a vida escolar da criança, porém esse processo é bem
mais complexo do que simplesmente a organização do ambiente, necessita de um
planejamento até mesmo para que as ações nos ambientes não fiquem soltas e sem
sentido.
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A aprendizagem ocorre dentro dos espaços disponíveis, e a criança dá


significado a esses espaços. A disposição dos móveis e utensílios não limitam os
processos de desenvolvimento e aprendizagem, já que o conhecimento se constrói a
cada momento de interação em que se tem a possibilidade de exploração dos
espaços, contudo cabe à escola se organizar para proporcionar experiências que
enriqueçam esses processos.
Concluo esse estudo com a sensação de que ainda tenho muito que dizer,
porém sei que mesmo se tivesse tido um tempo maior não seria capaz de responder
todas as inquietações sobre o assunto, já que estamos em constantes mudanças
sociais, emocionais e culturais e que essas afetam diretamente no nosso
desenvolvimento.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, Maria Carmen Silveira; HORN, Maria da Graça. A organização do


espaço e do tempo na escola infantil. In: CRAIDY, Carmen Maria; KAERCHER,
Gládis Elise P. da Silva. Educação Infantil, pra que te quero? Porto Alegre: 2001.

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BRASIL, Referencial Curricular Para a Educação Infantil. Vol. 1. Brasília: MEC/SEI,


1998.

CARVALHO, Mara I. Campos de; RUBIANO, Márcia R. Bonagamba. Organização do


espaço em instituições pré-escolares. In: OLIVEIRA, Zilma Moraes Ramos de.
Educação Infantil: muitos olhares. 9ª edição. 2010

FELIPE, Jane. O Desenvolvimento Infantil na Perspectiva Sociointeracionista:


Piaget, Vygotsky, Wallon. In: CRAIDY, Carmem Maria e KAERCHER, Gládis Elise P.
da Silva. Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: 2001.

FERRARI, Márcio. Friedrich Froebel, o formador das crianças pequenas. Nova


Escola <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formador-criancas-pequenas-
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HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos
espaços na educação infantil. Porto Alegre. 2004.

JUAME, Maria Antonia Riera. O Ambiente e a Distribuição de Espaços. In:


ARRIBAS, Teresa Lleixà. Educação Infantil: desenvolvimento, currículo e
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51

MARREGA, Stela Nolla. Jean Piaget e as Fases do Desenvolvimento Infantil. Portal


Educação, Março/2014. Disponível em:
<http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/55035/jean-piaget-e-as-fases-
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OLIVEIRA, Zilma Moraes Ramos de. O Currículo na Educação Infantil: O Que


Propõem as Novas Diretrizes Nacionais? Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-
infantil-zilma-moraes/file>. Acesso em: 24 set 2016

RIOS, Terezinha Azerêdo. O espaço físico da escola é um espaço pedagógico.


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TAFNER, Malcon. A construção do conhecimento Segundo Piaget. Disponível em:


<http://www.cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/construtivismo.htm>.
Acesso em: 05 mar 2016.

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