MONOGRAFIA
RIO DE JANEIRO
2016
CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE
FACULDADE CNEC ILHA DO GOVERNADOR
Curso Pedagogia
RIO DE JANEIRO
2016
ELAINE GOMES MARIA RODRIGUES
BANCA EXAMINADORA
Este estudo tem como objetivo principal refletir sobre como o espaço escolar é
significativo no processo de inserção da criança no ambiente escolar. Nesta
pesquisa busca-se apresentar a realidade de uma escola de Educação Infantil, sua
organização e suas deficiências em relação aos aspectos apresentados por alguns
autores quando nos referimos ao ambiente educacional. A proposta de trabalho é
apresentar, através de uma revisão bibliográfica e de uma observação realizada em
uma escola de educação infantil, as relações estabelecidas entre a criança e o meio.
São apresentadas imagens da escola e a descrição das ações realizadas nos
ambientes. É realizada uma análise dessas informações baseada em aspectos e
funções listados por teóricos em diversos estudos e apresentadas algumas
sugestões de adequação do espaço para atender as necessidades pedagógicas e
de desenvolvimento da criança. Para tanto, busco fundamentação teórica em
autoras como Barbosa, Horn e Oliveira entre outros.
ABSTRACT
This study has as main objective to reflect about how the school space is significant
in the process of insertion of the child in the school environment. This search seeks
to present the reality of a School of Infant Education, its organization and its
deficiencies in relation to the aspects presented by some authors when we refer to
the educational environment. The proposal of work is to present, through a
bibliographical review and an observation made in a kindergarten school, the
relations established between the child and the environment. Images of the school
and the description of the actions performed in the environments are presented. An
analysis of this information is performed based on aspects and functions listed by
theorists in several studies and presented some suggestions of adequacy of the
space to meet the educational and developmental needs of the child. For that, I seek
theoretical foundation in authors like Barbosa, Horn and Oliveira among others.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
INTRODUÇÃO
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Jane FELIPE no seu texto, O Desenvolvimento Infantil na Perspectiva Sociointeracionista: Piaget,
Vygotsky, Wallon, terceiro capitulo do livro Educação Infantil: pra que te quero? Trata sobre as ideias
principais de Piaget, Vygotsky e Wallon, Págs.28, 29 e 30.
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levado em consideração que a criança por mais nova que seja já possui uma
história, hábitos e uma concepção única de mundo. Ela vem de um ambiente que
muitas vezes é rodeado por mimos, pessoas conhecidas e atenção única e
exclusivamente para si, e quando chega ao ambiente escolar se depara com
pessoas desconhecidas, objetos que não são familiares, ambiente de partilha,
coisas que muitas vezes não ocorrem no meio social em que ela vive o que pode
tornar essa inserção no ambiente escolar algo complicado e por vezes traumático.
O interesse pelo tema se deu durante a observação do comportamento das
crianças da educação infantil no início do ano letivo em uma escola de educação
básica da rede privada.
Ao acompanhar a chegada dos alunos na escola nos primeiros dias de aula,
percebi que a falta de atrativos que tornassem o ambiente acolhedor, interessante e
que fizesse com que as crianças sentissem vontade de estar naquele lugar pode ser
um fator complicador na experiência escolar.
Comecei então a refletir sobre as reações diversas das crianças a se
depararem com o ambiente escolar. Apesar de a escola ter preparado um espaço
reservado a esse público, com uma entrada separada das demais turmas,
internamente o espaço não possui objetos diferenciados direcionados às crianças de
3 a 5 anos. As salas são muito próximas às salas de aula regular, com cadeiras em
tamanho pequeno dispostas de forma tradicional o que já supõem uma ideia de
controle e castração, as paredes não brancas e azuis com poucos desenhos e que
não fazem parte do lúdico infantil desse momento. Os móveis, armários, estantes
são todos do tamanho normal, o que não permite a manipulação por parte das
crianças.
Em outro momento ao observar a rotina escolar das turmas de educação
infantil, pude perceber que a necessidade em preparar as crianças para a entrada
no ensino fundamental sobrepõe algumas vezes aos aspectos relacionados para
essa etapa de ensino, deixando o lúdico de lado, os momentos de aprendizado com
a natureza, as músicas e as brincadeiras que devem fazer parte do desenvolvimento
infantil. Quando questionei a uma professora sobre a falta de se cantar com as
crianças, ela respondeu que não havia tempo, que tinha que terminar o conteúdo,
como se a música e as artes não fizessem parte dos aspectos que devem ser
trabalhados em sala de aula, principalmente na Educação Infantil.
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Para tanto, parto da compreensão que o ambiente escolar deve ser pensado
para além da sala de aula, das atividades desenvolvidas em espaços específicos,
deve ser entendido como um espaço em que as crianças passam a maior parte do
tempo e é neste ambiente que a criança começa a exercer seu papel social,
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Redação alterada pela Lei 12.796 de 04 de abril de 2013.
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RCN da Educação Infantil vol. 1 - http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
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O alemão Friedrich Froebel foi um dos primeiros educadores a considerar o início da infância como
uma fase importante e decisiva na formação das pessoas. Fundador do primeiro Jardim de Infância
administrou também uma gráfica que imprimiu instruções de brincadeiras e canções para serem
aplicadas em escolas e em casa.
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Maria Montessori nasceu na Itália em 1870, na cidade de Chiaravalle. Pedagoga renovou o ensino,
desenvolvendo um peculiar método que ficou mundialmente conhecido como método Montessori. O
método oportuniza ao educando a consciência de si mesmo. Nele o educando é educador de si
mesmo, tendo a possibilidade de escolher o seu trabalho, de se mover por conta própria, de se tornar
responsável pelo seu progresso e crescimento.
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Para compreender melhor sobre o tema abordado, Horn cita uma contribuição
de Zabalza e Fornero (1998) que diz respeito à distinção entre espaço e ambiente,
para esses autores, “espaço” é o local onde as atividades são realizadas,
organizado com objetos, móveis, decoração e materiais didáticos, já “ambiente” é o
conjunto desse espaço e as relações que nele se estabelecem, ou seja, o espaço
são arranjos objetivos e o ambiente subjetivos.
O ambiente educacional deve ser compreendido como um conjunto de
elementos que promova a interação entre os personagens do processo, como um
todo indissociável que envolve sons, aromas, cores, objetos, sentimentos,
relacionamentos, espaço físico, que unidos formam o ambiente. Assim entende-se
que “o ambiente ‘fala’, transmite-nos sensações, evoca recordações, passa-nos
segurança ou inquietação, mas nunca nos deixa indiferentes.” (FORNERO, apud
HORN, 2004).
No livro, “Sabores, cores, sons e aromas: a organização dos espaços na
educação infantil, 2004”, Horn cita os estudos de Mayume Lima (1989) que fala a
respeito da arquitetura das escolas, ela aponta que a organização dos espaços
escolares sempre teve como objetivo manter o controle e possibilitar a vigia das
ações infantis.
A autora fala ainda que as alterações estruturais realizadas nas salas de aula
nem sempre significam uma mudança na postura do educador, pois elas podem
causar nos professores a perda do controle, que a organização tradicional das salas
de aula fornece.
Para que os espaços sejam considerados como desafiadores e provocadores
se faz necessário que a organização dos ambientes possa ser transformada de
acordo com as necessidades das crianças e das atividades propostas. Horn diz que
a maioria das escolas brasileiras ainda oferecem espaços que privilegiam a
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O ProInfância é um programa de assistência financeira ao Distrito Federal e aos municípios para a
construção, reforma e aquisição de equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas da
educação infantil. O objetivo é garantir o acesso de crianças a creches e escolas de educação infantil
públicas, especialmente em regiões metropolitanas, onde são registrados os maiores índices de
população nesta faixa etária. O programa foi instituído pela Resolução nº 6, de 24 de abril de 2007, e é
parte das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do Ministério da Educação.
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entre espaço, lugar, ambiente e território são complexos e que possuem diferentes
entendimentos. Para ela ambiente é um espaço construído, onde são definidas as
relações entre os seres. A autora se baseia nas concepções de Lima (1989) que fala
sobre as concepções infantis sobre espaço e ambiente. Para ela os dois elementos
não se separam, porém não podem ser entendidos como iguais, pois o mesmo
espaço físico pode resultar em ambientes diferentes.
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Para a realização desse estudo obtive da direção da escola a autorização para executar a
pesquisa de campo, assim como fui autorizada a utilizar imagens das suas dependências. Com a
intenção de preservar a instituição, utilizarei o termo X para denominá-la. Procurei também tomar o
devido cuidado de não deixar visível o rosto das crianças, a fim de preservar suas identidades.
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3. O AMBIENTE “FALA”
desafios, a interação das crianças com o meio, com os professores e entre si,
procurei entender como a escola organiza seus ambientes e como é que isso
influência no desenvolvimento da criança.
A escola X foi fundada em 1983 e teve em 1986 sua autorização para
funcionar com a modalidade de educação infantil. Sua estrutura física é organizada
da seguinte maneira, a escola possui ambientes separados para a etapa da
educação infantil e para o ensino fundamental. O prédio da educação infantil possui
06 salas de aula padrão, com tamanhos diferenciados e mobiliários apropriados para
os ocupantes das salas, 01 (uma) sala de brinquedos, 01 (uma) sala de leitura, 01
(um) parquinho, 01 (uma) área de refeição, 01 (uma) casa de boneca, 02 (dois)
banheiros femininos e 02 (dois) masculinos. A escola possui ainda ambientes em
área comum, 01 (uma) quadra de esportes, 01 (uma) brinquedoteca, 01 (uma) sala
de ballet, 01 (uma) área de prática de jiu-jitsu (tatame), 01 (um) auditório.
Ao observar o ambiente da escola percebi que a organização do espaço físico
do segmento da educação infantil é muito parecida com o espaço físico da escola
como um todo, a pintura das paredes tanto das salas de aula quanto da área externa
é a mesma do restante da escola.
O planejamento e a organização pedagógica da educação infantil são feitos
pelas professoras com supervisão feita pela coordenadora geral da escola que em
conjunto com a equipe organiza as rotinas a serem realizadas, assim como a
organização dos espaços. As rotinas têm horários e dias predeterminados. Essas
rotinas muitas vezes estão relacionadas às atividades desenvolvidas na
brinquedoteca e na sala de brinquedos.
Seguindo as etapas apresentadas em diversos documentos e referenciais, a
primeira questão a ser colocada é a do planejamento estrutural da escola, se a
mesma segue todas as recomendações apontadas nos referenciais de qualidade da
educação infantil.
Para poder fazer uma análise mais detalhada dos dados levantados, a escola
é apresentada tendo imagens das áreas observadas com explicações para ilustrar a
sua organização.
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Na área interna observa-se que a estrutura volta a ter a forma escolar padrão,
com as paredes pintadas em duas cores, branco e azul e sem ilustrações ou outro
atrativo aos sentidos, como pode ser observado nas imagens 2 e 3.
Os corredores fazem a ligação dos prédios e outras áreas, eles são
padronizados nas cores e texturas da escola.
Imagem 2 - Corredor de acesso ao prédio do Ensino Fundamental
A escola não possui área verde, possui um jardim com algumas plantas em
vasos e outras plantadas numa jardineira de chão, porém as crianças não têm
contato com a terra e nem com a atividade de jardinagem. Muitos autores afirmam
sobre a importância de se ofertar experiências de manipulação de elementos
variados para o desenvolvimento da criança e de situações desafiadoras.
massinhas, potes ficam em uma altura que para elas poderem utilizar é necessário
que a professora pegue. Isso limita a autonomia e a realização de ações
espontâneas por parte da criança.
Ainda compõem esse espaço a mesa do professor e a televisão.
A Sala possui um tamanho pequeno tendo em vista que a idade dos
ocupantes dela varia entre 2,5 (dois anos e meio) e 3 (três anos) e nessa idade a
criança necessita de espaço para se locomover, para descansar, e realizar
atividades de movimento. Não existe um momento do descanso, quando uma
criança dorme, é colocado em um canto um colchonete.
Algumas atividades artísticas e pedagógicas desenvolvidas pela turma são
expostas em um varal interno, como pode ser visto na imagem 8. Após esse material
é recolhido e colocado nas pastas dos alunos.
As salas das turmas dos jardins II e III são compostas por conjuntos coletivos
de mesas e cadeiras coloridos.
Esse conjunto de mesas e cadeiras é o ideal para sala de aula das turmas de
educação infantil, eles possuem o tamanho adequado, são feitos de material
resistente, são leves e apresentam pontas arredondadas, sua estrutura foi pensada
para se trabalhar em forma de colmeia para permitir o trabalho coletivo, desde que
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sejam organizados com essa finalidade, porém nestas salas eles estão dispostos de
forma tradicional como pode ser visto na imagem 9.
O ambiente está sempre limpo e é de fácil acesso assim como podemos ver
nas imagens 10 e 11.
Possui uma sala de leitura, destinada aos alunos da educação infantil, nessa
sala que é muito bem decorada, a professora apresenta histórias e utiliza outros
meios para incentivar a escuta e a leitura.
A Sala de Leitura é um elemento importante na construção de um aluno
capaz de socializar e interagir com o outro e com o meio, tem como finalidade
principal proporcionar aprendizagens concretas através da prática e das
experimentações das crianças. Esse espaço teve início no ano de 2016.
O colorido da sala de leitura é um atrativo especial para as crianças,
observamos que ao entrar nesta sala, os alunos se mostram alegres e participativos,
o que se enquadra nos fatores mencionados por Horn (2004).
A única critica a essa sala é que tanto a prateleira quanto o armário são altos,
não permitindo o acesso dos alunos aos elementos sem o auxilio da professora.
Os livros ficam dentro do armário, assim como as fantasias, os brinquedos,
fantoches e etc. ficam dentro de uma caixa organizadora na prateleira, esses
materiais deveria ser colocado em lugares onde as crianças possam manipular no
momento que acharem interessante.
Podemos observar nas imagens 12 e 13 a organização da Sala de Leitura.
3.1.2.9 Brinquedoteca
Imagem 17 - Brinquedoteca
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______, Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre, 2006.
HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos
espaços na educação infantil. Porto Alegre. 2004.