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Diadema - SP
2021
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Diadema - SP
2021
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Conceito: _________
BANCA EXAMINADORA
SILVA, Aline Silvia da; CUNHA, Nilciany Camargo Holm. Fábulas e Temas
Contemporâneos Transversais: explorando recursos pedagógicos nos Anos Iniciais
do Ensino Fundamental. 2021. 44 f. Trabalho de Conclusão de Curso (licenciatura em
Pedagogia) - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Diadema. 2021.
Ilustrações
Sumário
Introdução ................................................................................................................ 6
2. Questionário .................................................................................................... 21
Conclusão .............................................................................................................. 29
Referências............................................................................................................. 32
Anexos .................................................................................................................... 34
Introdução
A escolha pelo tema deste trabalho surgiu durante o período de estágio das
integrantes do grupo na qual observaram a importância de bons conteúdos literários
que pudessem tanto estimular a imaginação da criança quanto desenvolver, desde
cedo, um olhar crítico para questões sociais, morais e éticas, aspectos de extrema
relevância, dado o contexto sociopolítico e econômico no qual os alunos da escola
pública estão inseridos.
Com base nisso, ao olhar detalhadamente para a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), para os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e para as
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), percebeu-se que havia uma exigência na
abrangência dos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs). Como resultado
dessa análise e da observação durante o estágio, surge o interesse em buscar um
recurso pedagógico que possa ser utilizado para estimular essas questões.
A partir desta observação, justapondo a necessidade de formar cidadãos que
se comportem na sociedade de maneira justa, respeitosa, sendo conhecedores de
seus direitos e de suas responsabilidades, foi escolhido o tema dos recursos de
aprendizagem e o gênero literário fábula como dispositivo pedagógico para abordar
os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs).
Com isso, surge o problema de pesquisa deste trabalho: analisar como o
gênero literário fábula está sendo explorado como recurso de aprendizagem nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental (1a a 5a série) por parte dos professores da Escola
Municipal de Educação Fundamental Dr. Habib Carlos Kyrillos, da cidade de São
Paulo, para o desenvolvimento dos Temas Contemporâneos Transversais (TCT's).
Alicerçado nisso, pretende-se explorar, enquanto objetivos específicos, a
compreensão de como a fábula é inserida no planejamento das aulas; saber a
frequência do uso de fábulas como material didático-pedagógico nas aulas; e
descobrir se os professores trabalham os Temas Contemporâneos Transversais
(TCTs), juntamente com o uso da fábula na aula.
A metodologia utilizada neste trabalho inicia-se no rastreamento dos TCTs e
das fábulas nos documentos regulatórios. Em seguida, foi feita uma pesquisa teórica
que pudessem fundamentar questões que são inerentes à relação aluno-professor,
tais como o impacto das relações sociais no desenvolvimento infantil, a importância
das experiências da vida real e o papel do educador.
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1. Embasamento Teórico
Para tanto, crianças que estão nos anos iniciais do ensino fundamental ainda
precisam de adultos que medeiem e ofereçam caminhos para que ocorram essas
reflexões sobre as leituras. Seguindo a teoria vygotskyana, o professor é o mais
experiente na tarefa e tem o papel de regular e controlar o processo de ensino e
aprendizagem, provocando avanços nos alunos (ZDP). Logo, o educador deve estar
atento ao conhecimento prévio do aluno e, por meio de colaboração, orientação ou
fornecimento de assistência, auxiliá-los para que consigam superar suas
capacidades. Conforme Libâneo (1998, p. 29),
1.2 As fábulas
A palavra fábula é derivada do verbo fabular, que vem do latim fabulare e
significa conversar, narrar. A fábula é um gênero literário, uma narrativa curta em
“prosa ou em verso em que se aproveita a ficção alegórica para sugerir uma verdade
ou reflexão de ordem moral, com intervenção de pessoas, animais e até entidades
inanimadas” (MICHAELIS, 2021).
Pela origem da palavra, entende-se que é um gênero literário muito antigo, que
simboliza as conversas e os ensinamentos sobre vícios e virtudes que os mais velhos
contavam para os mais novos, sendo que, no final continha, obrigatoriamente, uma
lição de moral. A fábula era, nitidamente, um instrumento de aprendizagem utilizado
para fins pedagógicos: “a pequena narrativa exemplar serviria como instrumento de
aprendizagem, fixação e memorização dos valores morais do grupo social” (BAGNO,
2006, p. 51).
Ainda segundo Bagno (2006), muitos provérbios conhecidos no Ocidente
vieram de algumas fábulas. Ele cita, por exemplo, o provérbio “quem ama, o feio bonito
lhe parece” e a expressão “mãe coruja” que vieram da moral da história da fábula “A
Água e a Coruja” (ver Anexo 1). A maioria das fábulas são escritas utilizando
personagens animados ou criaturas fabulosas imaginárias, nas quais lhes são
atribuídas características humanas com vícios e virtudes em comportamentos
variados como amor, raiva, inveja e mentira.
As fábulas são contadas nos ambientes em que os personagens vivem, nos
caminhos que fazem no dia-a-dia, e, no caso de animais, em seu habitat (montanhas,
margens de rios e florestas). Um fato importante que facilita o uso das fábulas é que
elas são atemporais, possibilitando seu uso em qualquer época. A fábula também é
caracterizada por conter uma moral da história no final ou no início, ou seja, ela passa
um ensinamento ou uma lição de vida com valores morais.
Em relação à linguagem, a relevância deste gênero textual para este trabalho
relaciona-se à qualidade do texto. As fábulas possuem linguagem formal, culta e rica
em vocabulário. Veja este exemplo: “Tendo a cigarra em cantiga / folgado todo o verão
/ achou-se em penúria extrema / na tormentosa estação...” (BOCAGE, 1910, p. 134).
O verbo no modo indicativo do pretérito-mais-que-perfeito é empregado
abundantemente em fábulas: “- Eu cantava / Noite e dia, a toda a hora. / - Oh! bravo!,
torna a formiga. / - "Cantavas? Pois dança agora!” (BOCAGE, 1910, p. 134).
Sobre a estrutura da fábula, de acordo com Saraiva (2008), o discurso alegórico
das fábulas é o resultado da harmonia de suas duas partes: “(1) a narrativa, também
chamada de corpo, em que se revelam as ações realizadas pelos seres acima citados
e, (2) a moral, denominada de alma, que explicita o ensinamento pretendido”
(SARAIVA, 2008, p. 37).
Na sequência, o grupo abordará os registros sobre o uso de fábulas como
recurso pedagógico nos documentos regulatórios.
Fábula na BNCC
A Base Nacional Comum Curricular estabelece para a Educação Infantil cinco
Campos de Experiências que objetivam organizar os currículos escolares de acordo
com as “situações e experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus
saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural”
(BNCC, 2021, p. 40). Entre eles destaca-se o item Escuta, fala, pensamento e
imaginação.
A BNCC une esses itens e destaca que na Educação Infantil é o período em
que a criança manifesta sua curiosidade. Sendo assim, ela deve ser colocada diante
de experiências em que possam
2Para conhecer o que preconiza a BNCC para o campo de atuação artístico-literário nos Anos Iniciais (1º ao 5º
ano, verificar o Anexo 2 deste trabalho.
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Como este trabalho defende a fábula como recurso pedagógico, pela amplitude
do que é possível abordar com seu uso, foi possível identificar nas DCNs excelentes
motivos para afirmar sua aplicação com os estudantes. Entre elas, a explicação de
que a crianças nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental desenvolve e aprimora
habilidades que permanecem por todo o período de escolarização:
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Figura 1 - Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) na BNCC. Fonte: MEC/SEF (2019, p. 13).
Desta forma, este trabalho justifica-se pelas observações que foram feitas
durante o período de estágio obrigatório, no qual o grupo pôde ver de perto o conteúdo
trabalhado em sala de aula e o contexto social, político e econômico no qual os alunos
da escola pública estavam inseridos. Sendo assim, torna-se necessário um estudo
sobre o uso das fábulas como recurso pedagógico nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, a fim de que seja possível iniciar a formação cidadã das crianças, como
exigem a BNCC, as DCNs e os PCNs, para que se comportem na sociedade de
maneira respeitosa e conhecedoras de seus direitos e deveres, sem que seja
comprometido o poder de imaginação nato das crianças e sua capacidade de
aprendizagem.
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Resumo em tópicos das dez Competências Gerais da BNCC (p. 9):
1. Conhecimento
2. Pensamento científico, crítico e criativo
3. Repertório cultural
4. Comunicação
5. Cultura digital
6. Trabalho e projeto de vida
7. Argumentação
8. Autoconhecimento e autocuidado
9. Empatia e cooperação
10. Responsabilidade e cidadania
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2. Questionário
“São temas trabalhados em sala de aula que acrescenta conhecimentos para que o
indivíduo melhore como cidadão, ou seja aplica o que aprendeu no seu dia a dia”.
Referente à inclusão dos Temas Contemporâneos Transversais, 87,5% dos
professores informaram que discutem esses temas em sala de aula com os alunos,
sendo que os outros 12,5% restantes não incluem os TCTs nas suas aulas. Isso
reforça o desconhecimento dos TCTs por uma parte dos docentes.
Por fim, na última questão, após a explicação do que é fábula, 100% dos
professores afirmaram que a fábula é um bom recurso pedagógico para explorar os
Temas Contemporâneos Transversais em sala de aula. No entanto, é curiosa a
porcentagem unânime dessa questão, haja vista que, conforme verificamos
anteriormente, 25% de professores desconhecem o que são os TCTs.
Fazendo uma relação com a base teórica deste trabalho, é possível ressaltar a
extrema importância do papel do professor como mediador desses temas em sala de
aula. Sem ele, torna-se impossível ao aluno assimilar os assuntos do seu dia a dia
com os conceitos trabalhados na aula. É o professor que vai mediar culturalmente
todos os aspectos da vida cotidiana e relacioná-las com o conhecimento científico.
Dessa forma, é de extrema importância que os professores conheçam todos os
TCTs que podem ser utilizados para esta faixa etária e se apropriem das diretrizes
dos documentos regulatórios, pois deve haver um empenho por parte da gestão e dos
docentes em trabalhar os temas de forma transversal e integral.
A BNCC indica a necessidade de estimular as crianças nas áreas da escuta,
da fala, do pensamento e da imaginação, além de orientar claramente sobre a
necessidade de abordagem dos Temas Contemporâneos Transversais. Os resultados
da pesquisa mostram que os professores enxergam as fábulas como uma boa
ferramenta para abordagem de alguns temas com os alunos, e entendem a
importância da abordagem dos Temas Contemporâneos Transversais. No entanto,
nem todos os professores conseguem estabelecer uma ligação clara entre a fábula e
a abordagem de Temas Contemporâneos Transversais.
Também chama a atenção o fato de que embora exista uma oferta vasta de
fábulas, que gerariam inúmeras oportunidades de temas a serem trabalhados, os
professores ficam resumidos a poucas e às mais conhecidas fábulas, dando a
impressão de que os temas tratados já são predeterminados e já estipulados,
deixando de lado a possibilidade de se criar novas abordagens com as crianças. Vale
ressaltar aqui que o foco deste trabalho são as crianças de 1ª a 5ª série, grupo para
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o qual existem fábulas específicas que abordam diversos temas. Ressaltamos que
diversas fábulas têm o potencial de serem trabalhadas em qualquer idade, de 0 até o
final da vida.
Chama a atenção o fato de todos os professores compreenderem o que são os
Temas Contemporâneos Transversais, entenderem sua importância na educação
infantil, mas não conseguirem aplicá-los em suas atividades diárias. Talvez este seja
um tema que poderia ser levado para a coordenação da escola, para que os
professores sejam melhores orientadores nesse sentido. Isso é um reflexo de que, por
mais que exista, nos documentos regulatórios, a orientação de uma abordagem
interdisciplinar, no dia a dia não é o que ocorre quando o professor enfrenta suas
dificuldades em sala de aula: excesso de alunos, pouco diálogo na comunidade
escolar, a falta de um assistente em sala. Enfim, barreiras que dificultam colocar em
práticas o que é exigido nos documentos. Por outro lado, há tantas exigências e
diretrizes, que é possível se perder na abordagem pedagógica em sala de aula.
Ampliam-se as possibilidades a ponto de não conseguirem executar nem mesmo o
básico.
Defendemos, por fim, uma intensificação da articulação entre fábulas e TCTs,
haja vista todo o potencial que essa articulação pode promover, aspecto que
desenvolvemos ao longo do trabalho.
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Conclusão
Referências
BOCAGE. Obras poéticas de Bocage. Lisboa. Livraria Editora. 1910. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ub000061.pdf> Acesso em: 28
abr. 2021.
LA TAILLE, Yves; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky,
Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. SP, Summus, 1992.
Anexos
Fonte: BNCC, p. 96
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