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NÃO FAÇA A PROVA SEM SABER

CICLOS DE REVISÃO TJ/SP


PARTE III
Sumário
DIREITO ADMINISTRATIVO .................................................................................................................................3
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO DOS ÓRGÃOS E DAS ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DIRETA E INDIRETA. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO.
ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS. .........................................................................................................................3
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA E TUTELA DOS SEUS ENTES. ...........................................................................3
REGRAS GERAIS - LEI 13.303/2016 – Estatuto das Estatais ............................................................................ 6
TERCEIRO SETOR ............................................................................................................................................ 8
RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ............................................................................................................... 10
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ............................................................................................................... 13
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. ..................................................................................................................... 16
ATO ADMINISTRATIVO. ................................................................................................................................ 17
PODER DE POLÍCIA ........................................................................................................................................ 21
BENS PÚBLICOS. ............................................................................................................................................ 22
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE. .......................................................................................... 25
LICITAÇÕES E CONTRATOS ........................................................................................................................... 27
SERVIÇO PÚBLICO ......................................................................................................................................... 31
DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................................................ 31
CONCEITOS E FUNDAMENTOS ..................................................................................................................... 31
Natureza jurídica do tributo ......................................................................................................................... 32
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................................................................................................. 32
Integração da legislação tributária .............................................................................................................. 33
GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO .............................................................................. 33
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................................................................................................. 35
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO ......................................................................................................................... 37
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ......................................................................................................... 38
REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS ...................................................................................................39
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR (PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
TRIBUTÁRIOS). ............................................................................................................................................. 40
DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA ....................................................................................................................... 43
CLASSIFICAÇÕES IMPORTANTES ................................................................................................................ 46
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA .............................................................................................................. 48
REPETIÇÃO DE INDÉBITO ............................................................................................................................. 49
PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO ............................................................................................................... 51
IMPOSTOS MUNICIPAIS ................................................................................................................................ 53
IMPOSTOS ESTADUAIS ................................................................................................................................. 55
DIREITO AMBIENTAL ........................................................................................................................................ 56
PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................... 56
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL ................................................................................... 57
POLÍTICA URBANA E ESTATUTO DAS CIDADES ..........................................................................................63

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DIREITO ADMINISTRATIVO1

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO DOS ÓRGÃOS E DAS ENTIDADES DA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA:
DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO. ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS.
- A desconcentração é a distribuição de competências, no âmbito interno, através de órgãos, na
mesma pessoa jurídica. (Associe o “O” de desconcentração com o “O” de órgão e você nunca mais vai errar
isso nas provas!).
- Órgãos públicos são criados por lei, vedada a criação mediante decreto autônomo. Não possuem
patrimônio próprio em decorrência da falta da personalidade jurídica.
- Os órgãos não têm personalidade jurídica, mas podem ter personalidade judiciária.
Súmula 525/STJ: A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais.
- A descentralização é a distribuição de competências, através de entes diversos, ou seja, outras
pessoas jurídicas. (Associe o “E” de descentralização o com o “E” de ente e você nunca mais vai errar isso
nas provas!).
- Descentralização por outorga (ou descentralização por serviço): transfere a titularidade e a
execução do serviço, por meio de lei e em benefício das pessoas da Administração indireta de direito
público.
- Descentralização por delegação (ou descentralização por colaboração): transfere apenas a
execução do serviço. É possível ocorrer por meio de lei, às pessoas da Administração indireta de direito
privado (empresa pública, sociedade de economia mista e fundação pública de direito privado), por
contrato administrativo, aos particulares (concessionárias, permissionárias de serviços – transporte
coletivo, telefonia), ou por ato administrativo unilateral (autorização – serviço de táxi, despachante).

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA E TUTELA DOS SEUS ENTES.


- Pessoa jurídica de direito público é criada diretamente por lei, não sendo necessário ato
constitutivo no registro público.
- Lei específica cria autarquia e autoriza a criação de empresa pública, sociedade de economia mista e
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de atuação.
- Autarquia: é pessoa jurídica de direito público que exerce atividade típica do Estado – regime
jurídico de direito público similar ao da Administração Direta. A responsabilidade do Estado é subsidiária
(continua responsável, mas em segundo plano – só responde se a autarquia não tiver patrimônio suficiente
– já que ela possui receita própria). A reponsabilidade do Estado é SUBSIDIÁRIA e OBJETIVA.
- Autarquia segue regime de precatório, mas com fila própria de precatórios. Sujeita-se à Lei de
Responsabilidade Fiscal. Há imunidade recíproca para os impostos das autarquias, quando se tratar de sua
finalidade específica instituída por lei (um ente não pode instituir impostos para outro ente – mas pode
taxas e contribuições).
- Prazo prescricional das ações de reparação civil: O STJ entende que não se aplica o prazo do novo
código (de 3 anos). Vale a prescrição quinquenal do decreto 20.910/32. REsp: 1251993 – 5 anos.

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Por Angelus Maia
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- As autarquias têm no processo tratamento de Fazenda Pública (prazos dilatados, reexame
necessário). Regime Jurídico único – estatutário ou celetista.

Súmula 483, STJ: O INSS não está obrigado a efetuar depósito prévio do preparo por gozar das
prerrogativas e privilégios da Fazenda Pública.

Súmula 66, STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por Conselho de
fiscalização profissional.

- Conselho de Classe tem natureza jurídica de autarquia e exerce poder de polícia. A anuidade tem
natureza tributária e o seu não pagamento gera cobrança por execução fiscal, com competência na JF (é
autarquia federal). É controlada pelo Tribunal de Contas (em razão da natureza tributária das anuidades –
dinheiro público). O benefício da isenção do preparo é inaplicado ao conselho de classe. Deve haver
concurso público.
- OAB – tem tratamento diferenciado em relação aos demais Conselhos de classe. A anuidade não
tem natureza de tributo e o seu não pagamento acarreta execução normal. Suas contas não se sujeitam ao
Tribunal de Contas. O STF determinou que a OAB é uma pessoa jurídica sui generis, que não se confunde
com os demais conselhos de classe e nem com as autarquias especiais e que não está vinculada nem à
Administração direta e nem à indireta. Assim, afastou-se a necessidade de concurso público. Tem
tratamento de autarquia, como a contagem de prazo de Fazenda Pública.
- Agências Reguladoras: são autarquias de regime especial. Requer: SENADO + PRESIDENTE para
nomear e exonerar o dirigente. O Presidente nomeia, mas precisa de prévia autorização do Senado, que
sabatina o possível dirigente. O dirigente assume o cargo com um mandato com prazo fixo e diferente para
cada agência reguladora. Quarentena de 4 meses (regra geral) – não podendo o dirigente, quando encerrar
seu mandato, ir para a iniciativa privada no ramo da sua atividade. O dirigente fica afastado com
remuneração. LICITAÇÃO: por pregão e consulta (modalidade específica das agências).
- Agências Executivas: é autarquia ou fundação, com contrato de gestão, que visa a maior eficiência,
redução de custos, mediante a modernização da autarquia. Vai melhorar a autarquia ou fundação que está
sucateada.
- As decisões das agências reguladoras federais estão sujeitas à supervisão ministerial, inclusive por
meio de recurso hierárquico impróprio (não é baseado na hierarquia).
- Fundação pública de direito público: nada mais é que uma espécie de autarquia. É chamada de
fundação autárquica. É uma espécie do gênero autarquia e, por isso, a lei não autoriza a sua criação. A lei
cria fundação pública de direito público.
- A imunidade recíproca só alcança os entes políticos, as autarquias e fundações de direito público.
- Fundação pública de direito privado: também é chamada de fundação governamental. Segue um
regime misto, híbrido, igual ao da empresa pública e sociedade de economia mista. Nesse caso, a lei
autoriza a criação.
- O STF só admite a prévia aprovação, pelo Legislativo, de dirigentes de autarquias e fundações
públicas. No caso de empresa pública e sociedade de economia mista, o Supremo entende que se trata de
intromissão indevida.
- Dirigente de agência reguladora não pode ser, em regra, exonerado ad nutum. Súmula 25 do STF
superada.
- Empresa Pública: pessoa jurídica de direito privado que segue um regime híbrido ou misto. Pode ser
prestadora de serviço público e/ou exploradora da atividade econômica. Capital exclusivamente público.
Pode ser constituída de qualquer modalidade empresarial (LTA, S/A de capital aberto, etc.). Ex.: CEF,

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IFRAERO, BNDES, EMBRAPA, CORREIOS. Criação por autorização legal e depende de registro em órgão
competente. Competência da JF. OBS.: se for EP estadual ou municipal, quem julga é a JE.
- Sociedade de Economia Mista Federal: pessoa jurídica de direito privado, de regime jurídico híbrido
ou misto, prestadora de serviços públicos e/ou exploradora da atividade econômica. De capital misto. Só
pode ser constituída por S/A. Ex.: PETROBRAS, BB, TELEBRAS, Banco do Nordeste. Criação por autorização
em lei e depende de registro em órgão competente. Competência da Justiça Estadual.
- As empresas estatais não estão sujeitas à falência. Seguem o regime celetista – possuem emprego
(é agente público, mas não é servidor público, e sim empregado). Contudo, possuem tratamento
equiparado ao de servidor público em alguns casos (concurso público, não acumulação de empregos, teto
remuneratório, são funcionários públicos para o CP e Lei de Improbidade– art. 327, CP, sujeitam-se aos
remédios constitucionais). Não possuem estabilidade – mas o STF determina que a dispensa deve ser
motivada.
- Responsabilidade EP e SEM: prestando serviço público (art. 37, §6 o) – responsabilidade objetiva e o
Estado responde subsidiariamente. Explorando atividade econômica (CC/02) – não aplica o art. 37, §6o, e
aplica-se a regra geral de responsabilidade subjetiva do CC, e o Estado não responde subsidiariamente.
- CORREIOS – Empresa Pública com tratamento diferenciado. Tem tratamento de Fazenda Pública,
porque tem exclusividade no serviço postal – por isso, todos os seus bens são protegidos, impenhoráveis,
mesmo que não estejam ligados às finalidades. Seguem regime de precatórios. A dispensa não pode ser
imotivada.
- O STF reconheceu que EP e SEM que prestam serviço público com exclusividade teriam que seguir o
regime de precatórios.

#OLHAOGANCHO #AJUDAMARCINHO
Quem tem o privilégio de pagar por meio de precatório? A quem se aplica o regime dos precatórios? As Fazendas
Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais. Essa expressão abrange:
 União, Estados, DF e Municípios (administração direta);
 Autarquias (*com exceção dos Conselhos Profissionais);
 Fundações;
 Empresas públicas prestadoras de serviço público (ex: Correios);
 Sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e de natureza não
concorrencial.
- Atividade Econômica = Monopólio / Serviço Público = Exclusividade (ou privilégio).
Súmula nº 517: as sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal, quando a união intervém
como assistente ou opoente.
- Sociedade de economia mista só pode assumir a forma de sociedade anônima. A empresa pública
pode assumir qualquer modalidade.
- Regime de pessoal das EP e SEM é obrigatoriamente celetista, regime trabalhista, exigência de
concurso público, proibição de acumulação de cargos e sujeição ao teto quando receber repasse da
Administração Pública.
- O consórcio público (Lei nº 11.1047/2005) é constituído para a realização de objetivos de interesse
comum. O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de direito privado. O
consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de
protocolo de intenções. Somente entes políticos (U, E, DF e M) podem participar como consorciados, mas o
consórcio poderá ter estrutura de direito privado também. Se constituído com personalidade jurídica de
direito público, integra a administração indireta de todos os entes da federação consorciados. Pode ser
contratado pela administração direta e indireta dos entes da federação consorciada, dispensada a licitação.

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A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em
cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados.
- CF, Art. 241: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os
consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão
associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e
bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.

REGRAS GERAIS - LEI 13.303/2016 – Estatuto das Estatais


a) Conceitos Básicos.
Empresas estatais: criadas com capital 100% do Estado, admitindo-se a participação societária de
qualquer entidade da Administração Pública direta ou indireta, mas VEDANDO a participação de
particulares.
Sociedades de economia mista: permite-se a participação societária de particulares, desde que o
controle acionário se mantenha nas mãos das entidades integrantes do Estado.
b) Requisitos de transparência:
a) Carta anual subscrita pelo Conselho de Administração;
b) Adequação de seu estatuto à autorização legislativa;
c) Divulgação tempestiva e atualizada de suas informações (estrutura de controle/fatores de
risco/dados econômico-financeiros/etc)
d) Elaboração de política de distribuição de dividendos, respeitado o interesse público;
e) Divulgação, em nota explicativa, de dados operacionais e financeiros das atividades;
f)Elaboração e divulgação da política de transações com partes relacionadas a partir de critérios
de requisitos de competitividade/conformidade/transparência/equidade/comutatividade;
g) Divulgação anual de relatório integrado ou de sustentabilidade.

c) Estrutura de controle interno


Comitê de Auditoria Estatutário (mínimo de 3 e máximo de 5). Ao menos 1 deve ter experiência em
contabilidade societária. Esse comitê vai OPINAR/SUPERVISIONAR/MONITORAR a EP/SEM.
d) Arbitragem
De acordo com o art. 12 da Lei 13.303/16 – Existindo controvérsias entre acionistas, é possível
solucionar a questão por meio da arbitragem.
e) Conselho de Administração
Tem no mínimo 7 e no máximo 11 pessoas, sendo que 3 serão designados como Diretores da estatal.
Os conselheiros deverão ter experiência profissional, formação acadêmica compatível e não se enquadrar
nas hipóteses de inelegibilidade.
f) Licitações
 DISPENSA: - art. 29, da Lei 13.303/16
1. Obras e serviços de engenharia de até R$ 100.000,00;
2. Para outros serviços e compras até R$ 50.000,00;
3. Licitação deserta
4. Propostas com preços manifestamente superiores aos praticados no mercado;
5. Compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento de suas finalidades, com preço
compatível com o mercado e segundo avaliação prévia;
6. Remanescente de obra/serviço ou fornecimento, em consequência de anterior rescisão
contratual, desde que aceitas as mesmas condições do contrato anterior;
7. Contratação de instituição brasileira com fins de pesquisa/ensino/desenvolvimento institucional
ou de instituição dedicada à recuperação social do preso sem fins lucrativos;

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8. Aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira necessários à
manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica;
9. Contratação de associação de pessoas com deficiência;
10. Contratação de concessionário, permissionário ou autorizado para fornecimento ou suprimento
de energia elétrica ou gás natural;
11. Contratações entre empresas públicas ou sociedades de economia mista e suas respectivas
subsidiárias;
12. Contratação de coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
ou reutilizáveis, em áreas de sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou
cooperativas;
13. Fornecimento de bens e serviços produzidos ou prestados no país que envolva alta complexidade
tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão;
14. Nas contratações que tratam dos contratos firmados com Institutos de Ciência e Tecnologia;
15. Situações de emergência para o atendimento de urgência que possa ocasionar prejuízo ou
comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial e que
possam ser concluídas no prazo máximo de 180 dias, vedada prorrogação;
16. Transferência de bens a órgãos e entidades da Adm. Pub., inclusive por meio de permuta;
17. Doação de bens móveis para fins e usos de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
conveniência.
18. Compra e venda de ações, títulos de crédito, de dívida e de bens que produzam ou
comercializam.

 Hipóteses de Inexigibilidade: - art. 30 da Lei.


1. Aquisição de bens que só possam ser fornecidos por produtor, empresa, ou representante
comercial.
2. Contratação de serviços técnicos especializados, com profissionais de notória especialização,
VEDADA PARA SERVIÇOS DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA, salvo:
a) Estudos técnicos (...)
b) Pareceres, perícias, avaliações
c) Assessorias ou consultorias
d) Fiscalização/supervisão/ gerenciamento
e) Patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas
f) Treinamento e aperfeiçoamento de pessoal
g) Restauração de obras de arte e bens de valor histórico
- O processo de inexigibilidade será instruído com a caracterização da situação emergencial ou
calamitosa que justifique a dispensa. Não obstante a desnecessidade do processo de licitação, será
instaurado um processo simplificado justificador da situação excepcional.
 CADASTRAMENTO (art. 65, §1º, da Lei)
- Registros que serão mantidos para efeito de habilitação dos inscritos em licitações
- Validade de 1 ano, sendo admitida atualização a qualquer tempo
OBS: não se confunde com a pré-qualificação, pois o cadastro consiste em apenas um conjunto de
informações armazenadas no órgão. Não há qualquer provimento de caráter decisório sobre o
atendimento dos requisitos exigidos.
- Na pré-qualificação é indispensável essa decisão, com o intuito de informar se a empresa tem
condições de participar de futuras licitações. No cadastro, os documentos são recebidos e arquivados no
órgão.

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TERCEIRO SETOR

1O. SETOR: Poder Público


2O. SETOR: Iniciativa privada com fins lucrativos
3o. SETOR: Iniciativa privada SEM fins lucrativos
4O. SETOR: constituído pelo contingente da
economia informal

- E o quinto setor, composto dos excluídos da economia, em decorrência da miséria absoluta.


- Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, prestadoras de
atividades de interesse público e que, por terem preenchido determinados requisitos previstos na Lei
9.637/98, recebem a qualificação de “organização social”. A pessoa jurídica, depois de obter esse título de
“organização social”, poderá celebrar com o Poder Público um instrumento chamado de “contrato de
gestão” por meio do qual receberá incentivos públicos para continuar realizando suas atividades. Foi
ajuizada uma ADI contra diversos dispositivos da Lei 9.637/98 e também contra o art. 24, XXIV, da Lei
8.666/93, que prevê a dispensa de licitação nas contratações de organizações sociais. O Plenário do STF não
declarou os dispositivos inconstitucionais, mas deu interpretação conforme a Constituição para deixar
explícitas as seguintes conclusões:
a) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve ser conduzido de forma pública,
objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF, e de acordo com
parâmetros fixados em abstrato segundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/98;
b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;
c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 8.666/1993, art. 24, XXIV) e outorga de
permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998, art. 12, § 3º) são válidas, mas devem ser conduzidas de
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;
d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma pública, objetiva e
impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento
próprio a ser editado por cada entidade; e
e) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas
da União, da aplicação de verbas públicas deve ser afastada. (Info 781, STF. Plenário. ADI 1923/DF, rel. orig.
Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 15 e 16/4/2015).

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#RESUMO #DICA #NÃOCONFUNDIR:2

OS OSCIP
Pessoa jurídica de direito privado, Pessoa jurídica de direito privado,
sem finalidade lucrativa, não sem finalidade lucrativa, não
Natureza jurídica integrante da administração pública. integrante da administração
pública.
Ensino, pesquisa científica, É mais ampla do que a das
desenvolvimento tecnológico, organizações sociais, porque
proteção e preservação do meio abrange, além de todo o campo de
Área de atuação
ambiente, cultura e saúde. atuação destas últimas, diversas
outras áreas previstas no art. 3.º da
Lei 9.790/1999.
Vínculo jurídico Contrato de gestão Termo de parceria

Natureza do ato de Ato discricionário Ato vinculado


qualificação
A qualificação depende de Concedida pelo Ministério da
aprovação do Ministro ou titular de Justiça.
órgão supervisor ou regulador da
Ato de qualificação
área de atividade correspondente ao
seu objeto social e do Ministro do
Planejamento, Orçamento e Gestão.
Impossibilidade de dupla Não admite ser qualificada ao Não admite ser qualificada ao
qualificação – OS e mesmo tempo como OSCIP mesmo tempo como OS.
OSCIP
Exigência legal: Exigência legal:
– Conselho de administração com – Conselho Fiscal.
participação obrigatória de Obs.: não se exige Conselho de
representantes do Poder Público e administração ou participação de
Estrutura interna membros da comunidade, de notória representantes do Poder Público
capacidade profissional e idoneidade em qualquer órgão da entidade.
moral;
– Diretoria.
Obs.: não se exige Conselho Fiscal.
Dispensável para a contratação de Não há previsão expressa na
prestação de serviços no âmbito do legislação de dispensa de licitação
contrato de gestão (Lei 8.666/1993, para contratação de OSCIP.
art. 24, XXIV). Inclusive, o Decreto 3.100/1999
Licitação
prevê que a escolha da OSCIP para
firmar termo de parceria deverá ser
feita por meio de concursos de
projetos.

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Tabela Extraída de “Direito Administrativo Esquematizado”, do Prof. Ricardo Alexandre e Prof. João de Deus (2016).

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Perde-se a qualificação de OS a Perde-se a qualificação de OSCIP, a
pedido ou se descumprido o pedido ou mediante decisão
contrato de gestão, mediante proferida em processo
Desqualificação processo administrativo, em que seja administrativo ou judicial, de
assegurado o direito ao contraditório iniciativa popular ou do Ministério
e à ampla defesa. Público, em que sejam assegurados
o contraditório e a ampla defesa.

RESPONSABILIDADE DO ESTADO.
- Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviço público que integrem a Administração Pública responderão,
objetivamente, pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
- É pacífico o entendimento de que a revisão do valor a ser indenizado somente é possível quando
exorbitante ou irrisória a importância arbitrada.
- A responsabilidade civil da administração pública por atos comissivos é OBJETIVA, embasada na
teoria do risco administrativo, isto é, independe da comprovação da culpa ou dolo, bastando a existência de
nexo causal.
- Já nos casos de condutas omissivas, a doutrina e a jurisprudência dominante reconhecem a
aplicação da teoria SUBJETIVA, estando assim o dever do Estado de indenizar condicionado à comprovação
do elemento subjetivo dolo ou culpa. No entanto, recentemente, o STF tem flexibilizado essa ideia,
admitindo, em algumas hipóteses, a responsabilidade OBJETIVA do Estado por atos omissivos (ex. morte de
detentos).
- A jurisprudência brasileira não admite a responsabilidade civil do Estado em face dos atos
jurisdicionais praticados pelos magistrados. Assim como ocorre com os atos legislativos, a regra geral é a
irresponsabilidade do estado pelos atos jurisdicionais (praticados pelo juiz em sua função típica). Quanto
aos atos não jurisdicionais (no exercício de função administrativa) praticados pelos juízes e demais órgãos
do Poder Judiciário, não há o que se discutir: sobre eles incide normalmente a responsabilidade
extracontratual objetiva da Administração, na modalidade risco administrativo. Agora, em relação a área
criminal, a CF (artigo 5º,LXXV) estabeleceu como garantia individual a regra de que "o Estado indenizará o
condenado por erro judiciário assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença". Neste
caso, que é a exceção, trata-se de responsabilidade objetiva, independentemente de ter havido dolo ou
culpa do magistrado.
- A pessoa jurídica pode, se condenada, chamar o agente à responsabilidade – por ação de regresso –
mas o agente só responde se agiu com culpa ou dolo – fala-se em teoria subjetiva nesse caso, para o
agente.
- Para o STJ, a denunciação da lide é aconselhável para o processo, porque é benéfica e econômica
para o processo, já que promove a celeridade processual. Mas é decisão do Estado, pois assim ele assume a
responsabilidade. Contudo, o STF possui alguns julgados não admitindo a denunciação da lide (ver julgados
abaixo).

A vítima poderá propor a ação diretamente contra o servidor causador do dano?


NÃO. A vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado (Poder Público). Se este for condenado, poderá
acionar o servidor que causou o dano, em caso de dolo ou culpa. O ofendido não poderá propor a demanda
diretamente contra o agente público. Essa posição foi denominada de tese da dupla garantia.
STF. 1ª Turma. RE 327904, Rei. Min. Carlos Britto, julgado em 15/08/2006. STF. RE 344133, Rei. Min. Marco
Aurélio, julgado em 09/09/2008. STF. RE 720275/SC, Rei. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/12/2012.

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Obs.: existe um julgado do STJ em sentido contrário, mas é posição minoritária (STJ. 4ª Turma. REsp
1.325.862-PR, Rei. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/8/2013. Info 532:
Responsabilidade civil do Estado: possibilidade de ajuizamento da ação diretamente contra o servidor
público causador do dano
Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função, a vítima tem a
possibilidade de ajuizar a ação de indenização diretamente contra o agente, contra o Estado ou contra
ambos. (STJ. 4ª Turma. REsp 1.325.862-PR, Rei. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013. Info 532)

- A responsabilidade civil do servidor público pela prática, no exercício de suas funções, de ato que
acarrete prejuízo ao erário ou a terceiros pode decorrer tanto de ato omissivo quanto de ato comissivo,
doloso ou culposo.
- Caso um presidiário cometa um crime logo após fugir do presídio, o Estado pode ser chamado a
responder, pois se observa o nexo de causalidade. Contudo, caso transcorra um grande lapso temporal
entre a fuga e o cometimento do crime, o Estado não deterá responsabilidade (quebra do nexo de
causalidade).
- O Estado é objetivamente responsável pela morte de detento. Isso porque houve inobservância de
seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88. Exceção: o Estado poderá ser
dispensado de indenizar se ele conseguir provar que a morte do detento não podia ser evitada. Neste caso,
rompe-se o nexo de causalidade entre o resultado morte e a omissão estatal.
- Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os
padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos
do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente
causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.
STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em
16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).
- Teoria da perda de uma chance = O STJ reconheceu a responsabilidade civil do Estado com
fundamento na teoria da "perda de uma chance" quando demonstrado o erro no tratamento médico
pelo sistema público de saúde. Porém, ao julgar pedido de indenização em face de interpretação
equivocada por parte da Administração Pública quanto à impossibilidade de acumulação de cargos,
não vislumbrou a ocorrência da teoria da "perda de uma chance", tendo em vista se tratar de um
evento certo sobre o qual não resta dúvidas.
- INF STJ 563: Ilegitimidade passiva da União em demanda que envolve erro médico ocorrido em
hospital do SUS. União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de
erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema Único de
Saúde (SUS). De acordo com a Lei 8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados
ao SUS é do Município, a quem compete responder em tais casos.
- Regra: Teoria do Risco Administrativo – admite a excludente.
- Exceção: Teoria do Risco Integral – não admite a exclusão. Em casos de: material bélico, substância
nuclear e dano ambiental.

11
Teoria do RISCO ADMINISTRATIVO Teoria do RISCO INTEGRAL
A responsabilidade do Estado é objetiva A responsabilidade do Estado é objetiva
A vítima lesada não precisa provar culpa. A vítima lesada não precisa provar culpa.
O Estado poderá eximir-se do dever de indenizar Não admite excludentes de responsabilidade.
caso prove alguma causa excludente de Mesmo que o Estado prove que houve caso
responsabilidade (nexo de causalidade): fortuito, força maior, culpa exclusiva da vítima
a) caso fortuito ou força maior; ou culpa exclusiva de terceiro, ainda assim será
b) culpa exclusiva da vítima; condenado a indenizar.
c) culpa exclusiva de terceiro.

É adotada como regra no Direito brasileiro. É adotada no Direito brasileiro, de forma


excepcional, em alguns casos. A doutrina diverge
sobre quais seriam estas hipóteses.
Para fins de concurso, existe um caso no qual o
STJ já afirmou expressamente que se acolhe o
risco integral: dano ambiental (REsp 1.374.284).

Qual é o tipo de responsabilidade civil aplicável nos casos de omissão do Estado? Se a Administração
Pública causa um dano ao particular em virtude de uma conduta omissa, a responsabilidade nesta hipótese
também será objetiva?
Existe intensa divergência sobre o tema:

Doutrina tradicional e STJ Jurisprudência do STF


Na doutrina, ainda hoje, a posição majoritária Na jurisprudência do STF, contudo, tem ganhado
é a de que a responsabilidade civil do Estado força nos últimos anos o entendimento de que a
em caso de atos omissivos é SUBJETIVA, responsabilidade civil nestes casos também é
baseada na teoria da culpa administrativa OBJETIVA. Isso porque o art. 37, § 6º da CF/88
(culpa anônima). determina a responsabilidade objetiva do Estado
sem fazer distinção se a conduta é comissiva
Assim, em caso de danos causados por (ação) ou omissiva.
omissão, o particular, para ser indenizado, Não cabe ao intérprete estabelecer distinções
deveria provar: onde o texto constitucional não o fez.
a) a omissão estatal; Se a CF/88 previu a responsabilidade objetiva do
b) o dano; Estado, não pode o intérprete dizer que essa regra
c) o nexo causal; não vale para os casos de omissão.
d) a culpa administrativa (o serviço público Dessa forma, a responsabilidade objetiva do
não funcionou, funcionou de forma tardia ou Estado engloba tanto os atos comissivos como os
ineficiente). omissivos, desde que demonstrado o nexo causal
entre o dano e a omissão específica do Poder
Esta é a posição que você encontra na Público.
maioria dos Manuais de Direito
Administrativo. (...) A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido
de que as pessoas jurídicas de direito público
O STJ ainda possui entendimento majoritário respondem objetivamente pelos danos que
no sentido de que a responsabilidade seria causarem a terceiros, com fundamento no art. 37, §
subjetiva. Vide: STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 6º, da Constituição Federal, tanto por atos

12
1345620/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, comissivos quanto por atos omissivos, desde que
julgado em 24/11/2015. demonstrado o nexo causal entre o dano e a
omissão do Poder Público. (...)
STF. 2ª Turma. ARE 897890 AgR, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 22/09/2015.

No mesmo sentido: STF. 2ª Turma. RE 677283 AgR,


Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/04/2012.

Deve-se fazer, no entanto, uma advertência: para o STF, o Estado responde de forma objetiva pelas
suas omissões. No entanto, o nexo de causalidade entre essas omissões e os danos sofridos pelos
particulares só restará caracterizado quando o Poder Público tinha o dever legal específico de agir para
impedir o evento danoso e mesmo assim não cumpriu essa obrigação legal.
Assim, o Estado responde de forma objetiva pelas suas omissões, desde que ele tivesse obrigação
legal específica de agir para impedir que o resultado danoso ocorresse. A isso se chama de "omissão
específica" do Estado.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
- Ato de improbidade tem natureza de ilícito civil.
- Enriquecimento ilícito: só dolo, com as seguintes penalidades:
a) Perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio.
b) Ressarcimento integral do dano.
c) Perda da função pública.
d) Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos.
e) Multa de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial.
f) Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios por 10 anos.

- Prejuízo ao erário: dolo ou culpa, com as seguintes penalidades:


a) Perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância.
b) Ressarcimento integral do dano.
c) Perda da função pública.
d) Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos
e) Multa de até duas vezes o valor do dano.
f) Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios por 5 anos.

- Princípios da administração pública: só dolo, com as seguintes penalidades:


a) Ressarcimento integral do dano.
b) Perda da função pública.
c) Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos
d) Multa de até cem vezes o valor da remuneração.
e) Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios por 3 anos.

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#NOVIDADES!
LC 157/2016 - Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de
Benefício Financeiro ou Tributário
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou
manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
- Sanções: perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil
de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.

LEI 13.425/20173: Pratica ato de improbidade administrativa (art. 11 da Lei nº 8.429/92) o Prefeito que, no
prazo máximo de 2 anos a contar da vigência da Lei nº 13.425/2017, deixar de editar normas especiais de
prevenção e combate a incêndio e a desastres para locais de grande concentração e circulação de pessoas.
- A sentença tem que ser expressa quanto à suspensão dos direitos políticos. Não é efeito
automático.
- A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em
julgado da sentença condenatória. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o
afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração,
quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
- O Senado julga a perda da função nos seguintes casos: PR, Vice, Ministros STF, PGR, AGU, CNMP,
CNJ e Ministros de Estado e Comandantes das Forças Armadas (os 2 últimos quando conexos com o PR).
- Se o agente se aposentou antes do início da Ação de Improbidade Administrativa, que resultou na
sua condenação à perda da função pública, não é lícito estender essa penalidade à perda da aposentadoria.
Eventual cassação da aposentadoria deve ocorrer na seara administrativa, e não no cumprimento de
sentença da ação de improbidade administrativa.
- Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja
instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade, mas não pode ser
representação anônima.
- Ação deve ser proposta pelo MP ou pessoa jurídica interessada.
- O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal
da lei, sob pena de nulidade.
- Não existe foro por prerrogativa de função em ações de improbidade administrativa.
- Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. A ação
principal, que terá o rito ordinário, será proposta dentro de 30 DIAS da efetivação da medida cautelar.
- É vedada a transação (inclusive TAC), acordo ou conciliação.
- A aplicação das sanções previstas nesta lei independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio
público (salvo quanto à pena de ressarcimento) ou da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
- Prescrição: 5 anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de
confiança. No caso de exercício de cargo efetivo ou emprego, dentro do prazo prescricional previsto em lei
específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público (5 anos), contado do
conhecimento do fato (ver tabela abaixo, conforme extraído do Dizer o Direito).

3
A Lei nº 13.425/2017 entra em vigor após decorridos 180 de sua publicação oficial (31/03/2017).

14
#AJUDAMARCINHO

VÍNCULO PRAZO INÍCIO DA CONTAGEM


TEMPORÁRIO (detentores de
mandato, cargo em comissão, 5 anos Primeiro dia após o fim do vínculo
função de confiança)
O prazo e o início da contagem serão os mesmos que são previstos
no estatuto do servidor para prescrição de faltas disciplinares
PERMANENTE (ocupantes de cargo
puníveis com demissão (ex: na Lei 8.112/90 o prazo é de 5 anos,
efetivo ou de emprego público)
contado da data em que o fato se tornou conhecido, mas leis
estaduais/municipais podem trazer regra diferente).

- Agentes políticos estão submetidos à lei de improbidade, salvo o Presidente da República, cujo ato
de improbidade constitui crime de responsabilidade (art. 85, V, CF).
- Empregados e dirigentes de concessionárias e permissionárias de serviços públicos não estão
sujeitos à Lei de Improbidade Administrativa.
Súmula 535 STJ: não é possível o ajuizamento de ação de improbidade administrativa exclusivamente em face
de particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.
- Para a configuração dos atos de improbidade administrativa que causem prejuízo ao erário, é
indispensável a comprovação de que tenha havido efetivo prejuízo aos cofres públicos.
- Para que seja decretada a indisponibilidade dos bens da pessoa suspeita de ter praticado ato de
improbidade administrativa exige-se apenas a demonstração do fumus boni iuris, sendo o periculum in
mora presumido.
- Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto
no Código de Processo Penal.

STJ: a simples ausência de prestação de contas no prazo em que deveria ser apresentada não configura ato
de improbidade administrativa.

STJ: por ocasião do julgamento do REsp nº 1.412.214/PR (julgado em 08/03/2016), cujo entendimento firmado
foi no sentido de que “ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação do agente público por ato
de improbidade administrativa que importe enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se,
contudo, a possibilidade de aplicação da pena de ressarcimento ao erário.

A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da administração pública. STJ. 1ª Seção. REsp 1.177.910-SE, Rel. Ministro
Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015 (Info 577).

No caso de condenação pela prática de ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública, as penalidades de suspensão dos direitos políticos e de proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios não podem ser fixadas abaixo de 3
anos, considerando que este é o mínimo previsto no art. 12, III, da Lei nº 8.429/92. Não existe autorização na
lei para estipular sanções abaixo desse patamar. STJ. 2ª Turma. REsp 1.582.014-CE, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581).

Não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCU) e sentença
condenatória em ação civil pública de improbidade administrativa que determinam o ressarcimento ao erário
e se referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do valor da obrigação que primeiramente

15
foi executada no momento da execução do título remanescente. STJ. 1a Turma. REsp 1.413.674-SE, Rel. Min.
Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1a Região), Rel. para o acórdão Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 17/5/2016 (Info 584).

RESSARCIMENTO AO ERÁRIO.
- É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Dito de
outro modo, se o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser
ressarcido, ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional previsto em lei.
- Vale ressaltar, entretanto, que essa tese não alcança prejuízos que decorram de ato de improbidade
administrativa que, até o momento, continuam sendo considerados imprescritíveis (art. 37, § 5º).
Por enquanto, podemos dizer que a jurisprudência entende o seguinte:
- Ações de ressarcimento decorrentes de ato de improbidade administrativa: IMPRESCRITÍVEIS (§ 5º
do art. 37 da CF/88).
Obs.: apesar de já existirem precedentes neste sentido, isso poderá ser alterado pelo STF, que irá
novamente apreciar a questão em outro recurso extraordinário. Os Ministros Roberto Barroso e Marco
Aurélio, por exemplo, indicaram que irão votar no sentido de que mesmo as pretensões de ressarcimento
nas ações de improbidade são prescritíveis.
• Ações de reparação de danos à Fazenda Pública decorrentes de ilícito civil: estão sujeitas à
prescrição (são prescritíveis) (RE 669069/MG).

A pergunta que surge em seguida é: qual o prazo prescricional?


Este é um debate que ainda vai se acirrar bastante. Por enquanto, temos duas correntes:
• 3 anos, com base no art. 206, § 3o, V, do CC (prescreve em três anos a pretensão de reparação civil);
• 5 anos, aplicando-se, com base no princípio da isonomia, o prazo trazido pelo Decreto 20.910/32. Este
dispositivo prevê que o prazo prescricional para ações propostas contra a Fazenda Pública é de cinco anos.
Logo, o mesmo prazo deveria ser aplicado para as ações ajuizadas pela Fazenda Pública.

Prazo de 3 anos: acórdão mantido pelo STF


No julgamento acima explicado, o Tribunal de origem adotou a 1a corrente (prazo de 3 anos) e o STF manteve
a decisão. Vale ressaltar, no entanto, que o objeto do recurso extraordinário não era esse, de forma que a
questão ainda se encontra em aberto na Corte. Penso que não é possível afirmar ainda que se trata da
posição do STF. No entanto, como foi trazido no Informativo, poderá ser cobrado nas provas. Fique atento
com o enunciado da questão ("segundo o STF" ou "segundo o STJ").
Prazo de 5 anos: posição pacífica do STJ
(...) 4. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a prescrição contra a Fazenda Pública é
quinquenal, mesmo em ações indenizatórias, uma vez que é regida pelo Decreto 20.910/32, norma especial
que prevalece sobre lei geral. (...)
5. O STJ tem entendimento jurisprudencial no sentido de que o prazo prescricional da Fazenda Pública deve
ser o mesmo prazo previsto no Decreto 20.910/32, em razão do princípio da isonomia. (...) (STJ. 2a Turma.
AgRg no AREsp 768.400/DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 03/11/2015)
STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 3/2/2016 (repercussão geral) (Info 813).

16
- Interessante ressaltar que, no Informativo 830 do STF, foram julgados os embargos de declaração
opostos pelo Procurador Geral de República, tendo o STF se manifestado da seguinte forma:
a) O conceito de ilícito civil deve ser buscado pelo método de exclusão: não se consideram ilícitos
civis aqueles que decorram de infrações ao direito público, como os de natureza penal, os decorrentes de
atos de improbidade e assim por diante.
b) O que o STF julgou no RE 669069/MG foi se seria prescritível ou não as pretensões de
ressarcimento ao erário decorrentes de ilícitos civis à luz do art. 37, §5º, da CF/88. Desse modo, as questões
relacionadas com o início do prazo prescricional não foram examinadas no recurso extraordinário porque
estão relacionadas com matéria infraconstitucional, que devem ser decididas segundo a interpretação da
legislação ordinária.
c) Não houve necessidade de se modular os efeitos da decisão, considerando que na jurisprudência
do STF não havia julgados afirmando que as pretensões de ilícito civil seriam imprescritíveis. Logo, o
acórdão do STF não frustrou a expectativa legítima da Administração Pública de exercer a pretensão
ressarcitória decorrente de ilícitos civis a qualquer tempo. Por isso, não se constatam motivos relevantes de
segurança jurídica ou de interesse social hábeis a ensejar a modulação dos efeitos da decisão.

ATO ADMINISTRATIVO.
- Ato Administrativo: é uma manifestação de vontade do Estado ou de quem o represente, que irá
criar, modificar ou extinguir direitos, com o objetivo de satisfazer o interesse público. É complementar e
inferior à lei e está sujeito ao controle pelo Poder Judiciário. Seu regime jurídico é de direito público.
- Características dos atos: gozam de presunção de legitimidade, legalidade, veracidade (que gera a
sua aplicação imediata); executoriedade (executar sem o Judiciário, meio direto de coerção – quando
autorizado por lei expressamente ou for urgente); exigibilidade (decidir sem o Judiciário, meio indireto de
coerção); imperatividade; tipicidade.
- Elementos ou requisitos de validade do ato: sujeito competente (o produtor do ato precisa ser
agente público competente – deve estar prevista em lei a competência administrativa), forma (prevista em
lei), motivo (o fato ou fundamento que leva à prática do ato), objeto (o resultado do ato praticado) e
finalidade (a razão de interesse público).
- A competência é de exercício obrigatório, irrenunciável, imodificável, não admite transação,
imprescritível, improrrogável (não se aplica a prorrogação de competência como no Processo Civil).
Excepcionalmente pode ser delegada ou avocada.
- Não pode ser delegada: competência exclusiva, para ato normativo, para decisão em recurso
administrativo.
- Forma: escrita (excepcionalmente admite-se de outra maneira); princípio da solenidade; processo
administrativo prévio é requisito de forma do ato (legitima, fundamenta o ato); motivação (todo ato deve
ser motivado – é obrigatória e deve ocorrer antes ou durante a prática do ato).
- Art. 6º, §único, Lei 8.666/1993: é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal, SALVO pronta-entrega,
pronto-pagamento e valores de até 4 mil reais.
- Motivação difere de motivo. O motivo é o fato e o fundamento jurídico. A motivação é o raciocínio,
é a exposição dos motivos para a prática do ato.
- Para que o ato seja legal, o motivo deve ser legal. Legalidade do motivo – ele precisa ter
materialidade; ser compatível com o motivo legal, previsto em lei; e compatível com o resultado do ato.
- Teoria dos Motivos Determinantes: motivo declarado é motivo vinculado – a autoridade deve
cumprir o motivo (mesmo que seja feita em exoneração de cargos em comissão – ad nutum – a exoneração

17
não precisa de motivo, mas se for declarado, tem que cumprir). Tredestinação: mudança de motivo,
autorizada na desapropriação, quando mantido o interesse público.
Obs.: A doutrina também costuma classificar a tredestinação em lícita e ilícita.
Tredestinação lícita: há a mudança de destinação específica, somente, mantendo-se a finalidade
genérica, qual seja a busca do interesse público.
Tredestinação ilícita: a expropriação é efetivada e o ente público não dá o aproveitamento adequado
à propriedade
- O efeito preliminar ou prodrômico: acontece nos atos administrativos que dependem de duas
manifestações de vontade. Este efeito se configura com o dever da segunda autoridade se manifestar
quando a primeira já o fez. Esse dever vem antes do aperfeiçoamento do ato, que se chama preliminar ou
prodrômico.
- Pelo critério subjetivo, orgânico ou formal, são atos administrativos os editados pelos órgãos
administrativos, excluindo-se dessa classificação todos os atos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário.
- Pelo critério objetivo, funcional ou material, ato administrativo é somente aquele praticado no
exercício concreto da função administrativa, seja ele editado pelos órgãos administrativos ou pelos órgãos
judiciais e legislativos.
- Vigência do ato tem a ver com sua existência, ao passo que vigor tem a ver com a eficácia.
- Validade do ato diz respeito à legalidade; eficácia diz respeito à aptidão para produzir efeitos.
- Ato perfeito (existe, vigência), válido (legal) e eficaz (vigorando).
- Motivo é um dos elementos ou pressupostos do ato (fato + fundamento jurídico). Motivação é
relacionada à forma (outro elemento do ato).
- Desvio de poder = desvio de finalidade (vício que atinge o elemento da finalidade)
- Excesso de poder: autoridade atua fora dos limites de sua competência.
- Requisitos/elementos/pressupostos = Competência, objeto, forma, motivo, finalidade.
- Atributos do ato administrativo: presunção de legitimidade, imperatividade, exigibilidade e
autoexecutoriedade (quando a lei autorizar).
- Coercibilidade – usar a força
- Imperatividade (PODER EXTROVERSO) – impor obrigações independentemente da concordância.
- Autoexecutoriedade – não precisa do Poder Judiciário
Mérito administrativo: motivo + objeto (discricionariedade)
- Mérito é juízo de valor, mas não é possível dizer que o mérito é sinônimo de motivo e objeto. A
discricionariedade existente no motivo e no objeto (também há a parte vinculada) é o que chama de mérito
administrativo. O mérito nada mais é do que a discricionariedade, o juízo de valor, a liberdade do
administrador. Mas mérito não é sinônimo de motivo nem de objeto.
- Assim, o Poder Judiciário não pode rever o mérito em si, mas se o objeto e o motivo forem falsos –
mesmo que o ato seja discricionário, pode revê-los, mas esta revisão recairá sobre a legalidade e não a
liberdade do ato.
- A finalidade é sempre vinculada: deve sempre ter uma razão de interesse público.
- Ato composto: é o que resulta da vontade única de um órgão, mas depende de verificação por
parte de outro, para se tornar exequível. DOIS ATOS. UM PRINCIPAL E UM ACESSÓRIO.
- Ato complexo: é o que se forma pela conjugação de vontades de mais de um órgão administrativo.
UM ATO.
- Doutrina: ato complexo não pode ser revogado.
- Atos ordinatórios: é exercício de poder hierárquico. Visa disciplinar o funcionamento da
Administração e a conduta funcional dos agentes.

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- Atos negociais: manifestação de vontade da Administração coincidente com a pretensão do
particular. Ex. Licença, autorização, permissão de uso.
- Admissão é um ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública
reconhece ao particular, que preencha os requisitos legais, o direito à prestação (desfrute e gozo) de um
determinado serviço público. Ex.: ato de internação em hospital público, matrícula de aluno em escola
pública, inscrição como usuário em biblioteca pública.
- Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da
sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.
- Não pode ser objeto de delegação: atos de caráter normativo, decisão de recurso administrativo e
matéria de competência exclusiva. (MNEMÔNICO: CERA DE NORMA).
- Os atos praticados por delegação imputam-se ao delegado.
- Súmula 510 STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela
cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.
- Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a
autoridade de menor grau hierárquico para decidir.
- Licença é ato vinculado. Não confundir com as licenças para o servidor público, que, em regra, são
discricionárias.
- Não é possível revogar atos que geram direito adquirido, atos vinculados, atos exauridos e atos
meramente enunciativos (meros ou puros atos administrativos.), atos complexos, atos de controle.
- Contrato administrativo não publicado não produzirá efeitos – é ato perfeito, válido, mas ineficaz.
- Extinção do ato pelo Poder Público: anulação (retirada de um ato administrativo ilegal – efeitos ex
tunc); revogação (retirada de um ato inconveniente e inoportuno – o ato é legal, efeitos ex nunc); cassação
(retirada de um ato pelo descumprimento das condições inicialmente impostas); caducidade (retirada de um
ato pela superveniência de uma norma jurídica que lhe contraria); contraposição (retirada do ato quando há
dois atos de mesma competência, sendo que o segundo elimina os efeitos do primeiro).
- Em processo administrativo, o desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da
verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.
- Ato revogador tem efeito ex nunc; invalidação tem efeito ex tunc.
- O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em 5 ANOS, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-
fé. No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro
pagamento. Não corre esse prazo entre o ato administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o
posterior julgamento de sua legalidade e registro pelo TCU.
- A convalidação é da competência privativa da própria Administração, logo, é incabível que um
órgão jurisdicional pratique a convalidação, a menos que se trate dos seus próprios atos administrativos.
- A conversão incide sobre atos nulos e não os aproveita na situação original; a convalidação incide
sobre atos anuláveis e mantém o ato na situação original.
Conversão Convalidação
É a transformação de um ato em outro, para Correção feita no ato, que continua a ser o
aproveitar o que for válido mesmo.
Ex tunc (retroativo). Ex tunc (retroativo).

- Segundo entendimento do STJ, uma vez impugnado o ato administrativo, seja pela via judicial, seja
pela via administrativa, não mais há possibilidade de convalidação.

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- O vício, quando constante da forma e competência, é convalidável, diferentemente de quando
consta no motivo, finalidade e objeto, hipótese em que não há possibilidade de convalidação.
- Lei 9.873/99, Art. 1º Prescreve em 5 ANOS a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e
indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da
data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
- No recurso administrativo, não há proibição da reformatio in pejus. No pedido de revisão sim.
- Teoria da encampação (não se confunde com a encampação na concessão de serviço público): trata
da admissão de mandado de segurança contra a autoridade administrativa hierarquicamente superior,
apontada por engano como coatora, quando o mandamus deveria ter sido manejado contra autoridade
subordinada sua. Mesma competência para julgamento do MS. Que conteste o mérito.
- Em obediência ao princípio da solenidade das formas, o ato administrativo deve ser escrito,
registrado e publicado, não se admitindo no direito público o silêncio como forma de manifestação de
vontade da administração.
- Os atos da administração que apresentarem vício de legalidade deverão ser anulados pela própria
administração. No entanto, se de tais atos decorrerem efeitos favoráveis a seus destinatários, o direito da
administração de anular esses atos administrativos decairá em cinco anos, contados da data em que forem
praticados, salvo se houver comprovada má-fé. Inclusive, segundo o STF, tal entendimento aplica-se às
hipóteses de auditorias realizadas pelo TCU em âmbito de controle de legalidade administrativa.
- A administração pública tem o dever de anular seus atos administrativos com vício de legalidade. (O
Judiciário também pode!). É o que pode ser deduzido a partir do art. 53 da Lei n. 9.784/99: "A Administração
deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos".
- A autorização de uso de bem público por particular caracteriza-se como ato administrativo
unilateral, discricionário e precário, para o atendimento de interesse predominantemente do próprio
particular.
- Licença = vincuLado / autoRização = driscRicionário
- A remoção de determinado servidor público com o objetivo de puni-lo configura desvio de
finalidade, podendo ser invalidada pela própria administração pública ou pelo Poder Judiciário.
- A Convalidação existe exatamente para manter a validade de um ato ilegal, desde que a
ILEGALIDADE presente nesse ato seja sanável e não acarrete lesão a ninguém, ratificando a presunção de
legitimidade atribuída a tal ato. A convalidação, ato administrativo por meio do qual se supre o vício
existente em um ato eivado de ilegalidade, tem efeitos retroativos, mas o ato originário não pode ter
causado lesão a terceiros.
- O ato da administração, praticado pela administração pública no exercício da função administrativa,
pode ser regido tanto pelo direito público quanto pelo direito privado, ao passo que o ato administrativo se
rege, necessariamente, pelo direito público.
- O ato administrativo integrativo de procedimento administrativo concluído é exemplo de ato
insuscetível de revogação pela administração pública.
- O fato jurídico é um fato que produz efeitos no mundo do direito. Fato administrativo é fato jurídico
que faz uso de normas de Direito público, em especial o Direito Administrativo. Logo, o fato jurídico está
contido no fato administrativo.
- A administração pública, por intermédio de seus órgãos, tem competência para editar atos
administrativos ordinatórios com o objetivo de organizar e otimizar a atividade administrativa.
- Quanto à formação da vontade administrativa, o ato administrativo é classificado em simples,
composto ou complexo, sendo a aposentadoria de servidor público, de acordo com o entendimento do
STF, exemplo de ato complexo.

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- INF STJ 562: Incompetência do Poder Judiciário para autorizar o funcionamento de rádio educativa.

PODER DE POLÍCIA
- O poder de polícia encontra-se conceituado no art. 78 do CTN compreendendo a prerrogativa
reconhecida a Administração Pública para restringir e condicionar, com fundamento na lei, o exercício de
direitos com o objetivo de atender o interesse público.
- Ciclos de Polícia (Prof. Diogo Figueiredo Neto): as atividades que envolvem a consecução do poder
de polícia podem ser sumariamente divididas em quatro grupos, a saber: i – legislação ou ordem; ii –
consentimento; iii – fiscalização e iv – sanção. Utilizando, por exemplo, a limitação do exercício da liberdade
e propriedade no trânsito, teríamos o seguinte: o CTB estabelece as normas genéricas para se obter a CNH
(legislação); a emissão da CNH corporifica a vontade do Poder Público (consentimento); a Administração
instala equipamentos eletrônicos para verificar o respeito às regras de trânsito (fiscalização); e a
Administração sanciona os que não observam as regras (sanção).
- No que se refere a possibilidade ou não de delegação a particulares, predomina na doutrina o
dogma da impossibilidade de delegação do poder de polícia a particulares, tendo em vista que o exercício
de autoridade por um particular em detrimento dos demais colocaria em risco o princípio da igualdade.
Contudo, quem defende tal tese esclarece que a indelegabilidade não impede o exercício privado de
atividades materiais acessórias, prévias ou posteriores ao poder de polícia, como a fiscalização de trânsito
por equipamentos eletrônicos e a demolição de obras irregulares por particulares contratados pelo poder
público.

- O STF tem afirmado a impossibilidade genérica do exercício do poder de polícia por particulares, tendo tal
posicionamento norteado a decisão que estabeleceu as entidades fiscalizadoras de profissão como espécie
de autarquia (exceto a OAB).
- O STJ, por sua vez, já se posicionou pela possibilidade de delegação para empresas públicas e sociedades de
economia mista das seguintes etapas do chamado ciclo de polícia descrito acima: a fiscalização e o
consentimento de polícia. (REsp. 817.534 MG).
- É importante destacar, conforme assevera Rafael Rezende, que o ordenamento jurídico brasileiro
reconhece expressamente a possibilidade de exercício de poderes públicos, inclusive de autoridade, por
particulares em determinados casos, tais como: os comandantes de aeronaves e os capitães de
embarcações (responsáveis pela operação e segurança das aeronaves e embarcações) e os notários e
registradores que exercem, por delegação do poder público, em caráter privado, poder de polícia
(consentimento e fiscalização), na forma do art. 236 da CF, dentre outros casos.
- A mesma ressalva é destacada por Marinela, ao apontar que “parte da doutrina admite a delegação,
em circunstâncias excepcionais ou hipóteses muito específicas, como é o caso dos poderes reconhecidos
aos capitães de navios”.
- Visa compatibilizar o interesse público e o privado em busca do bem-estar social.
- Vai restringir, limitar, frenar a atuação do particular, em nome do interesse público. Atua na
liberdade e na propriedade – define a maneira, a forma de executar esses direitos, não os retira. O Estado
atinge os bens, os interesses, as atividades do particular, mas não a pessoa diretamente. Objetivos:
prevenção (Poder Preventivo), fiscalização (Poder Fiscalizador) e punitivo (Poder Punitivo). É exercido por
atos normativos ou prática de atos punitivos.
- Taxa de polícia – tributo vinculado à contraprestação estatal. É, em regra, negativo – traz uma
abstenção, obrigação de não fazer. A atuação do poder de polícia independe do vínculo com a
Administração (supremacia geral). O poder de polícia não pode ser delegado ao particular. Possibilidade de

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delegação de atos materiais, instrumentais ou preparatórios no exercício do poder de polícia (ex.: contratar
empresa para demolir prédio). É discricionário. Tem autoexecutoriedade. Coercibilidade.
- Expulsão de aluno de escola pública – não é poder de polícia – a expulsão decorre do vínculo de
matrícula entre o aluno e a escola pública. Se houver vínculo, fala-se em supremacia especial – a
consequência vem do vínculo (rescisão de contrato, expulsão da escola).
- Polícia Administrativa: busca pelo bem-estar social. Polícia Judiciária: aplicação da lei penal,
contenção do crime.
PODER DE POLÍCIA. O Banco Central tem o dever de exercer o controle do crédito e fiscalizar a atividade das
instituições financeiras. O Serasa não é uma instituição financeira, considerando que não exerce coleta,
intermediação nem aplicação de recursos financeiros, nem a custódia de valor de propriedade de terceiros,
seja como atividade principal ou acessória. Logo, não é da atribuição do Banco Central a fiscalização das
atividades do Serasa. STJ. 4ª Turma. REsp 1.178.768-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 1/12/2016
(Info 595).

BENS PÚBLICOS.
- Bens públicos são todos os bens móveis ou imóveis pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias e fundações públicas).
- Segundo o ordenamento jurídico vigente, são considerados públicos os bens do domínio nacional
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; sendo os demais considerados bens
particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
- O art. 66 do Código Civil traz a classificação dos bens públicos como: bens públicos de uso comum,
bens de uso especial e bens dominicais.
-Bens de uso comum: são bens destinados ao uso coletivo. Ou seja, são bens de uso geral, que
podem ser aproveitados por todos os indivíduos. Ex: calçadas, praças, rios, praias, ruas etc. (São,
geralmente, indisponíveis por natureza, pois são bens não patrimoniais e não podem ser alienados)
-Bens de uso especial: são os lugares usados pela Administração para que se consiga atingir seus
objetivos (repartições públicas). Em outras palavras, são bens nos quais são prestados serviços públicos,
tais como hospitais públicos, escolas e aeroportos. (São bens patrimoniais indisponíveis, pois não podem
ser alienados pelo Poder Público).
-Bens dominicais: constituem o patrimônio do Estado – pertencem ao Estado na sua qualidade de
proprietário. São bens disponíveis, sem destinação pública definida. Assim, podem ser aplicados para a
obtenção de renda, ou seja, desde que obedecidas as determinações legais, tais bens podem ser alienados.
Exemplo(s): terras devolutas e prédios públicos desativados e sem destinação pública específica.
- Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
- A inalienabilidade dos bens não é absoluta. "A rigor, atualmente está pacificada a orientação
segundo a qual somente são absolutamente inalienáveis aqueles bens, que, pela própria natureza, não tem
valor patrimonial".
- Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
- É juridicamente impossível a prescrição aquisitiva de imóvel público rural por meio de usucapião
constitucional pro labore.
Súmula 340 STF: DESDE A VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL, OS BENS DOMINICAIS, COMO OS DEMAIS BENS
PÚBLICOS, NÃO PODEM SER ADQUIRIDOS POR USUCAPIÃO.

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- Os bens de uso especial estão fora do comércio jurídico de direito privado, pois só podem ser
objeto de relações jurídicas regidas pelo direito público, razão por que, para fins de uso privado de tais
bens, os instrumentos possíveis são a autorização, a permissão e a concessão.
- Na tradicional classificação dos bens públicos, as terras indígenas são consideradas bens de uso
especial.
- A autorização de uso de bem público por particular caracteriza-se como ato administrativo
unilateral, discricionário e precário, para o atendimento de interesse predominantemente do próprio
particular.
- Os bens públicos podem ser objeto de desapropriação pelas entidades estatais SUPERIORES, desde
que haja AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA para o ato expropriatório e seja observada a HIERARQUIA POLÍTICA
entre estas entidades. Assim, a União pode desapropriar bens dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios; Os Estados podem desapropriar bens dos Municípios; os bens da União NÃO SÃO PASSÍVEIS de
expropriação; os Municípios e o Distrito Federal NÃO TÊM PODER de desapropriar os bens das demais
entidades federativas.
- Bem público não pode ser objeto de penhora, arresto e sequestro. Não pode ser objeto real de
garantia, hipoteca e penhor (não podem ser onerados).
- Os bens dominicais são alienáveis. Porém, são impenhoráveis e imprescritíveis.
- Terreno de marinha é bem dominical, podendo ser objeto de ocupação (domínio útil pode ser
usucapido) por particulares, mediante pagamento de prestação anual.
- Não é possível penhorar, arrestar ou sequestrar qualquer tipo de bem público.
- Bem de empresa pública é, em regra, penhorável, ainda que seja prestadora de serviço público,
salvo os bens diretamente ligados à prestação do serviço.
- Impossibilidade de oneração (direito real de garantia): não cabe penhor, hipoteca ou anticrese.
- Afetação pode ser feita de qualquer maneira: lei, ato ou simples uso. Desafetação tem que ser por
lei ou ato administrativo autorizado por lei; não se dá pelo não uso.
#DEOLHONOSINÔNIMO: designa-se a consagração como sinônimo de afetação e desconsagração como
sinônimo de desafetação. A afetação e a desafetação são conceituadas pela doutrina como o encadeamento
de atos ou fatos administrativos que indicam a alteração das finalidades dos bens públicos.

- Autorização de uso de bem público: ato unilateral, predomina o interesse privado, é ato
discricionário, precário, não depende de licitação.
- Permissão de uso de bem público: ato unilateral, predomina o interesse público, precário, licitação
(art. 2º, Lei 8.666), dever de utilização.
- Concessão de uso de bem público: contrato administrativo, tem por objeto uma utilidade pública de
certa permanência, exige autorização legislativa (em regra), licitação.
- Autorização de serviço público: precário, discricionário.
- Permissão de serviço público: precário, licitação, contrato de adesão.
Obs.: Deve ser precedida de procedimento licitatório e, se o ato previr termo final, perde o caráter de
precariedade, porque o prazo enseja garantia de duração ao particular. Dessa forma, caso seja
extinta antes do prazo aposto, no próprio ato, enseja indenização ao particular. É o que se denomina
permissão condicionada.
- Concessão de serviço público: licitação na modalidade concorrência, contrato. A subconcessão é
admitida, desde que autorizada pelo poder concedente e precedida de concorrência.

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JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE #AJUDAMARCINHO
OCUPAÇÃO IRREGULAR DE BEM PÚBLICO
Se o indivíduo ocupou irregularmente um bem público, ele terá que ser retirado do local e não receberá
indenização pelas acessões feitas nem terá direito à retenção pelas benfeitorias realizadas, mesmo que ele
estivesse de boa-fé. Isso porque a ocupação irregular de bem público não pode ser classificada como posse.
Trata-se de mera detenção, possuindo, portanto, natureza precária, não sendo protegida juridicamente.
Desse modo, quando irregularmente ocupado o bem público, não há que se falar em direito de retenção
pelas benfeitorias realizadas, tampouco em direito à indenização pelas acessões, ainda que as benfeitorias
tenham sido realizadas de boa-fé. Ex: pessoa que construiu um bar na beira da praia (bem da União).
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.470.182-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/11/2014 (Info
551).

PARTICULAR PODE AJUIZAR AÇÃO POSSESSÓRIA TENDO COMO OBJETO BEM PÚBLICO DE USO COMUM
DO POVO
Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem
público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem.
Ex: a empresa começou a construir uma indústria e a obra está invadindo a via de acesso (rua) que liga a
avenida principal à uma comunidade de moradores locais. Os moradores possuem legitimidade para ajuizar
ação de reintegração de posse contra a empresa alegando que a rua que está sendo invadida representa uma
servidão de passagem.
#Fundamentação: Desse modo, quando se fala em bem de uso comum do povo, o particular é o usuário
concreto do bem e, como tal, pode ser considerado como titular de direito subjetivo público. Em outras
palavras, se o seu direito de utilizar o bem de uso comum for violado, seja por terceiro, seja pela própria
Administração Pública, ele poderá defender o seu direito de usar o bem, seja na via administrativa ou judicial.
Exemplo: se um rico empresário resolve construir uma casa na beira da praia e fechá-la, tornando-a privativa,
qualquer outra pessoa poderá questionar judicialmente esta medida. Nesse sentido: DI PIETRO, Maria Sylvia
Zanella. Direito Administrativo. 27ª ed., São Paulo: Atlas, 2014. p. 763-764.

Desse modo, ante os posicionamentos do STJ, podemos concluir que:


 Ordenamento jurídico não permite a proteção possessória em caso de particular que ocupe bens públicos
dominicais, sendo esta situação caracterizada como mera detenção;
 É possível, no entanto, que particulares exerçam proteção possessória para garantir seu direito de utilizar
bens de uso comum do povo, como é o caso, por exemplo, da tutela possessória para assegurar o direito de
uso de uma via pública.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.176-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016 (Info 590).

1) Particular invade imóvel público e deseja 2) Particular invade imóvel público e deseja
proteção possessória em face do PODER proteção possessória em face de outro
PÚBLICO: PARTICULAR:

Não terá direito à proteção possessória. Terá direito, em tese, à proteção possessória.
Não poderá exercer interditos possessórios É possível o manejo de interditos possessórios
porque, perante o Poder Público, ele exerce mera em litígio entre particulares sobre bem público
detenção. dominical, pois entre ambos a disputa será
relativa à posse.

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É POSSÍVEL O MANEJO DE INTERDITOS POSSESSÓRIOS EM LITÍGIO ENTRE PARTICULARES SOBRE BEM
PÚBLICO DOMINICAL.
(...) não haverá alteração na titularidade dominial do bem, que continuará nas mãos do Estado, mantendo sua
natureza pública. No entanto, na contenda entre particulares, a relação será eminentemente possessória, e,
por conseguinte, nos bens do patrimônio disponível do Estado, despojados de destinação pública, será
plenamente possível - ainda que de forma precária -, a proteção possessória pelos ocupantes da terra pública
que venham a lhe dar função social.
Conclui-se, portanto, que "a disputa entre particulares, relativa a bem público, também não impede o manejo
e utilização dos interditos possessórios, até porque o reconhecimento da natureza pública do bem confere a
titularidade dominial ao poder público, mantendo incólume sua posição de titular"; desta feita, "os
particulares terão apenas a detenção em relação ao Poder Público, mas como os vícios da posse são relativos,
entre os contendores, a disputa será relativa à posse, pois entre ambos não terá cabimento a exceção, por
tratar-se de res extra commercium. Este argumento caberá ao ente estatal e não aos particulares" (ARAUJO,
Fábio Caldas de. Posse. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 263).
STJ. 4ª Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/10/2016 (Info 594).

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE.


- O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca
social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a
intervenção estatal na esfera dominial privada, observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas
e os procedimentos fixados na própria Constituição da República. O acesso à terra, a solução dos conflitos
sociais, o aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais
disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem elementos de realização da função social da
propriedade. [ADI 2.213 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 4-4-2002, P, DJ de 23-4-2004.]
- As limitações administrativas são determinações de caráter geral por meio das quais o poder
público impõe aos proprietários indeterminados obrigações de caráter negativo e positivo, que
condicionam a propriedade ao atendimento de sua função social.
- A requisição administrativa é um ato administrativo unilateral e auto-executório que consiste na
utilização de bens ou de serviços particulares pela Administração, para atender necessidades coletivas em
tempo de guerra ou em caso de perigo público iminente, mediante pagamento de indenização a posteriori,
se houver dano.
- A desapropriação é forma originária de aquisição da propriedade, fazendo com que o bem venha
livre de quaisquer ônus ou direitos passados, os quais ficam sub-rogados no preço.
- Salvo as impossibilidades jurídicas e materiais, mediante declaração de utilidade pública,
formalizada por meio de decreto do chefe do Poder Executivo, todos os bens podem ser desapropriados
pelos entes que compõem a Federação. Poderá também o Poder Legislativo tomar a iniciativa da
desapropriação (através de lei, conforme art. 8º do Dec. Lei nº 3.365/41).
- A ação de desapropriação indireta prescreve em 10 anos, após o CC/2002 (art. 1238). Segundo o STJ,
a ação de desapropriação indireta possui natureza real e pode ser proposta pelo particular prejudicado
enquanto não tiver transcorrido o prazo para que o Poder Público adquira a propriedade do bem por meio
da usucapião (dizer o direito).
- Na ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel desapropriado
dispensa a do respectivo cônjuge.

- Súmula 164 STF: no processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada
imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.

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- Súmula 561 STF: em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da
indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez.

- Súmula 69 STJ: Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão
na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.

- Súmula 113 STJ: Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão na posse,
calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.

- Súmula 114 STJ: Os juros compensatórios, na desapropriação indireta, incidem a partir da ocupação,
calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.

- Súmula 102 STJ: a incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não
constitui anatocismo vedado em lei.

- Súmula 67 STJ: Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma vez,
independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da indenização.

- Súmula 618 STF: Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% ao ano.

- Súmula 617 STF: A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a
oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente.

- Súmula 157 STF: É necessária prévia autorização do Presidente da República para desapropriação, pelos
Estados, de empresa de energia elétrica.

- Súmula 476 STF: Desapropriadas as ações de uma sociedade, o poder desapropriante, imitido na posse,
pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos títulos.

- Súmula 416 STF: Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização
complementar além dos juros.

- Ordem: parcelamento, edificação compulsória, IPTU progressivo e desapropriação.


- Bens públicos não podem ser usucapidos.
- Bens públicos, salvo os da União, podem ser desapropriados.
- A União pode desapropriar bens dos Estados e estes, dos Municípios.
- Autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista, concessionárias
e permissionárias de serviço público podem promover desapropriações mediante autorização expressa,
constante de lei ou contrato.
- A desapropriação-sanção de imóvel rural compete à União. A desapropriação-sanção de imóvel
urbano compete ao município.
- Os estados e municípios podem desapropriar imóveis rurais para fins de utilidade pública. O que não
pode haver é a desapropriação em virtude do descumprimento da função social do imóvel rural, que cabe
somente à União.
- Retrocessão é o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel, caso o mesmo não
tenha o destino para que se desapropriou ou outro de interesse público.
- Não incide IR sobre indenização decorrente de desapropriação. Não incide imposto sobre a renda
recebida a título de indenização decorrente de desapropriação.

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- Expropriação = Desapropriação sanção – Não gera indenização!
- A expropriação, tipo de desapropriação, é realizada quando há confisco, na qual não existe
indenização. Ocorre em terras onde sejam cultivados psicotrópicos de forma ilegal ou para trabalho
escravo. (Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o
disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014).

Obs.: julgado recente do STF - A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada,
desde que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo.
STF. Plenário. RE 635336/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2016 (repercussão geral) (Info 851).
- Se, ao bem desapropriado, for dada destinação diversa da inicialmente prevista, há a chamada
tredestinação. É considerada lícita se, ainda que não implementada a intenção inicial (construção de um
hospital público), seguir tendo como fim o interesse público (construção de uma escola pública), não se
mostrando possível a exigência de retorno do bem ao patrimônio do desapropriado. A tredestinação será
considerada ilícita na hipótese de o Poder Público dar destinação diversa do interesse público. Nesse caso,
surgirá, em favor do desapropriado, o direito de retrocessão. A retrocessão pode ser entendida como: a)
direito de reaver o imóvel, b) direito de obter perdas e danos em razão da desapropriação indevida ou c)
direito de reivindicar o bem e, caso impossível, a conversão do pedido em perdas e danos.

É possível que o expropriante desista da ação de desapropriação? SIM, é possível a desistência da


desapropriação a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado, desde que: a) ainda não tenha havido
o pagamento integral do preço (pois nessa hipótese já terá se consolidado a transferência da propriedade do
expropriado para o expropriante); e b) o imóvel possa ser devolvido sem que ele tenha sido alterado de
forma substancial (que impeça sua utilização como antes era possível). É ônus do expropriado provar a
existência de fato impeditivo do direito de desistência da desapropriação. STJ. 2ª Turma. REsp 1.368.773-MS,
Rel. Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 6/12/2016 (Info 596).
- Ocupação temporária - apenas sobre imóvel, para servir de apoio à execução de obras e serviços.

LICITAÇÕES E CONTRATOS
- Não confundir tipo de licitação, que representa o critério de julgamento das propostas (ex.: preço,
técnica, técnica + preço, dentre outras previstas na legislação especial) com modalidade de licitação, que
representa o rito a ser seguido (concorrência, tomada de preços, etc.)
- Leilão: é a única modalidade licitatória em que não há o sigilo de proposta – os lances são verbais e
apresentados na hora. No pregão, há proposta verbal, mas também há envelope – há os dois momentos, de
sigilo e de proposta.
- Fraude ao sigilo de proposta: 1) crime previsto nos arts. 93 e 94 da Lei 8666. 2) Improbidade
administrativa (art. 10, VIII, Lei 8429).
- A contratação direta é exceção à licitação e deve ser bem fundamentada, em processo de
justificação. Hipóteses: 1) Dispensas licitatórias (a competição é viável – rol taxativo – dispensada, não pode
licitar - art. 17 da Lei nº 8.666 / dispensável, pode ou não licitar – art. 24 da Lei nº 8.666); 2) Inexigibilidade (a
competição é inviável – rol exemplificativo)
- A licitação dispensada é imperativa, diferentemente da dispensa de licitação, na qual, aí sim, a
administração tem discricionariedade na realização do certame.

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- Competição viável – 3 requisitos: 1) pressuposto lógico (pluralidade de objeto, fornecedor ou
representante); 2) pressuposto jurídico (a licitação deve perseguir interesse público); 3) pressuposto fático
(deve haver interesse de mercado no objeto). Na ausência de qualquer um desses pressupostos, a
competição fica inviável. Se a competição é inviável, a licitação é inexigível. E isso tem que estar no
processo de justificação, que vai fundamentar essa inviabilidade.
- Contratação de bandas, artistas para shows, não precisa licitar, porque são únicos (inexigibilidade
de licitação).
- O não comparecimento implica na licitação deserta. A licitação fracassada é aquela em que
compareceram interessados, mas todos foram inabilitados ou desclassificados.
- Estão sujeitos ao regime de licitação, além dos órgãos da administração direta, as autarquias, as
fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pelo poder público.
- Súmula 333 STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por
sociedade de economia mista ou empresa pública.
- É dispensável a licitação quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta,
justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as
condições preestabelecidas.
- O rol de dispensa é taxativo; o de inexigibilidade não.
- A dispensa de licitação pela situação de emergência não permite que o contrato supere 180 dias
(improrrogável).
- O leilão é utilizado para alienação de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos ou
penhorados; concorrência para a alienação de bens imóveis; leilão para alienação de bens imóveis
adquiridos por procedimento judicial ou dação em pagamento.
- Efeito carona: ata de registro de preços pode ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da
administração que não tenha participado do certame licitatório.
- Não há edital na modalidade convite. Pelo contrário, há carta-convite.
- A administração precisa motivar a rescisão do contrato administrativo.
- Fato do príncipe: fato geral que onera o contrato; Fato da administração: fato que se dirige
especificamente ao contrato, onerando-o.
- O contrato administrativo pode ser alterado unilateralmente pela administração para acréscimo ou
redução de 25%. Em caso de reforma, poderá ser dado um acréscimo de até 50%.
- Nos termos da Lei n.º 8.666/1993, a realização do procedimento licitatório serve-se de três
finalidades fundamentais: a busca da proposta mais vantajosa, o oferecimento de igualdade de
oportunidade a todos os interessados e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável.
- Inexigibilidade (..) são casos em que a realização do procedimento licitatório é logicamente
impossível por inviabilidade de competição, seja porque o fornecedor é exclusivo, seja porque o objeto é
singular. – Só é inexigível quando há incapacidade para a concorrência.
- Os casos de dispensa de licitação previstos em lei somente NÃO podem ser ampliados, pela
autoridade competente, devido a interesse público decorrente de fato devidamente comprovado,
pertinente e suficiente para justificar tal conduta.
- Constitui hipótese de DISPENSA de licitação a contratação de associação de portadores de
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, para a prestação de serviços ou
fornecimento de mão de obra, desde que o preço contratado seja compatível com o de mercado.

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Convite Tomada de Preços Concorrência
150 mil reais até 1
Obras e serviços de Acima de 1 milhão e 500 mil
Até 150 mil reais milhão e 500 mil
engenharia reais
reais

Outros bens e 80 mil reais até 650 Acima de 650 mil reais
Até 80 mil reais
serviços mil reais

10% do convite (15 mil reais e 80 mil reais) (art. 24, I e II).
Limite dobrado se o consórcio público tiver três entes ou triplicado
Dispensável (art. 24,
se tiver mais de três entes.
I e II)
Limite dobrado se o consórcio público tiver três entes ou triplicado
se tiver mais de três entes

Dispensável (art. 24,


§1º - empresas
públicas, sociedades
de economia mista, 20% do convite (30 mil reais e 16 mil reais)
agências executivas
e consórcios
públicos)

- Pode haver substituição das modalidades, se for da mais simples para a mais rigorosa. As alterações
durante a execução do contrato devem estar dentro do limite da modalidade.
- Não é possível o fracionamento de despesa – fraude à licitação. O objeto não é divisível. EXCEÇÃO:
quando o objeto for divisível e puder dividir em caso de necessidade – parcelamento de objeto.
- Modalidades com foco na qualidade do objeto: Leilão; Concurso; Pregão.
- Leilão: objeto – alienação de: 1) bens imóveis decorrentes de decisão judicial ou dação em
pagamento; 2) bens móveis (inservíveis, apreendidos ou penhorados); 3) bens móveis até o limite de R$
650.000,00. PRAZO/INTERVALO: 15 dias corridos. Leiloeiro oficial.
- Concurso: objeto – escolha de trabalho técnico, artístico e científico, e a contrapartida é um prêmio
ou remuneração. INTERVALO MÍNIMO: 45 dias corridos. Regulamento próprio para o procedimento. A
comissão é composta por 3 servidores (chamada de Comissão Especial).
- Pregão: não está previsto na Lei 8666 – inserido pela Lei 10520/02. Objeto/Finalidade – aquisição de
bens e serviços comuns. Tem procedimento invertido: primeiro escolhe a proposta para depois analisar os
documentos. Poder ser presencial e eletrônico. O eletrônico é regulamentado por decreto. INTERVALO
MÍNIMO: 8 dias úteis. Pregoeiro, equipe de apoio.
- Requisitos de habilitação: Art. 27, Lei 8666 – rol taxativo: I - habilitação jurídica; II - qualificação
técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV – regularidade fiscal e trabalhista; V – cumprimento do
disposto no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal.
- Licitante inabilitado (continua nas fases seguintes), Licitante desqualificado (não continua) – não
preenchem os requisitos.
- Todos licitantes inabilitados: para não perder a licitação, abre-se uma diligência: vai parar a licitação,
suspender o procedimento, e vai dar às empresas um prazo para que elas complementem os seus
documentos. Abre-se o prazo de 8 dias úteis (regra geral). Se a licitação for do tipo convite, esse prazo é

29
reduzido para 3 dias úteis. Se não preencherem os requisitos, deve-se abrir nova licitação (FASE DE
HABILITAÇÃO).
- O recurso do julgamento da habilitação tem prazo de 5 dias úteis para apresentar e, nesse caso, tem
efeito suspensivo.
- Desclassificação geral: se nenhuma empresa passar na fase de classificação – abre-se diligência
(prazo de 8 dias úteis; e de 3 dias úteis para convite). Se, mesmo assim não atingirem os requisitos, há a
chamada LICITAÇÃO FRACASSADA – e há dispensa da licitação, podendo haver contratação direta nos
termos do edital. (FASE DE CLASSIFICAÇÃO).
- Licitação deserta: não apareceu ninguém para a licitação – há dispensa de licitação, contratação
direta.
- Art. 3º §2º: Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência,
sucessivamente, aos bens e serviços I - (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010); II - produzidos no País; III -
produzidos ou prestados por empresas brasileiras; IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam
em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005); V -
produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei
para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de
acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) Art. 45 § 2o No caso de
empate entre duas ou mais propostas, e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a
classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o qual todos os licitantes serão
convocados, vedado qualquer outro processo.
- A empresa vencedora tem mera expectativa de direito – tem a certeza de que não vai ser preterida.
A Administração não tem que contratar, ela não é obrigada a contratar. A empresa tem mera expectativa
de direito. Entretanto, se a Administração quiser contratar, vai ter que ser com ela. Se a empresa estiver
vinculada e mesmo assim se negar, serão aplicadas a ela as penalidades do art. 87 da Lei 8666; e chama os
demais licitantes de acordo com a ordem de classificação, vinculados à proposta vencedora, mas eles não
são obrigados a contratar.
- Até junho de 2016, não tinha sido editado o “Estatuto Jurídico da EP, SEM e suas subsidiarias”, de
modo que tais entidades continuavam a se submeter à Lei 8.666/93. No entanto, essa omissão legislativa
foi superada.

#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA: Em 30 de junho de 2016, entrou em vigor a Lei 13.303/16, que dispõe sobre o
estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Nesse sentido, dispõe o art. 28: Os contratos com
terceiros destinados à prestação de serviços às empresas públicas e às sociedades de economia mista,
inclusive de engenharia e de publicidade, à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens e ativos
integrantes do respectivo patrimônio ou à execução de obras a serem integradas a esse patrimônio, bem
como à implementação de ônus real sobre tais bens, serão precedidos de licitação nos termos desta Lei,
ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 29 (licitação dispensável) e 30 (licitação inexigível), conforme
mencionado em tópico acima.

- Se um consórcio público celebrou convênio com a União por meio do qual estão previstos repasses
federais, o fato de um dos entes integrantes do consórcio possuir pendência inscrita no CAUC não pode
impedir que o consórcio receba os valores prometidos. Isso porque o consórcio público é uma pessoa
jurídica distinta dos entes federativos que o integram e, segundo o princípio da intranscendência das
sanções, as punições impostas não podem superar a dimensão estritamente pessoal do infrator, ou seja,
não podem prejudicar outras pessoas jurídicas que não sejam aquelas que praticaram o ato. Assim, o fato

30
de ente integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações para
Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus, após a celebração de convênio, à
transferência voluntária a que se refere o art. 25 da LC 101/2000. STJ. 2ª Turma. REsp 1.463.921-PR, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 10/11/2015 (Info 577).

SERVIÇO PÚBLICO

CONCESSÃO PERMISSÃO
Não exige autorização legislativa, em
Exige autorização legislativa
regra
Licitação por concorrência Licitação por qualquer modalidade
Para pessoas jurídicas ou consórcio de
Para pessoas jurídicas ou físicas.
empresas

- Formas de extinção do contrato de concessão de serviço público.

Encampação Caducidade
Fundamento Interesse Público Inadimplemento da concessionária
Formalização Lei autorizativa e decreto Processo administrativo e decreto
Indenização prévia do Indenização eventual e posterior do
Indenização
concessionário concessionário
*A intervenção, que não é forma de extinção, se dá por decreto (art. 32).
- Obs.: A concessionária de serviço público responde objetivamente pelos prejuízos causados aos
usuários, terceiros e ao poder concedente.

DIREITO TRIBUTÁRIO4

CONCEITOS E FUNDAMENTOS
O direito tributário é PÚBLICO, OBRIGACIONAL E COMUM e disciplina as receitas derivadas obtidas
com a criação dos tributos. Ou seja, ele disciplina uma parte da receita pública (objeto do direito financeiro).
O conceito de tributo está no art. 3º do CTN: Tributo é toda prestação PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que NÃO constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa PLENAMENTE VINCULADA.
1) Já que é prestação pecuniária compulsória, não é tributo:
Seguro apagão, com natureza de preço público, em virtude do caráter facultativo da fruição do bem
que remuneram;
Royalties;
Cobrança de foro e laudêmio;
Tarifa aeroportuária cobrada pela Infraero e;

4
Por Angelus Maia
31
Instrumento municipal denominado pelo STF de OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CRIAR O
SOLO, TAMBÉM DENOMINADO SOLO CRIADO, previsto no Estatuto das Cidades.
2) Já que é em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir devemos nos atentar que o CTN possibilita
que o pagamento seja efetuado em cheque ou vale postal e, nos casos previstos em lei, em estampilha, em
papel selado, ou por processo mecânico. Ademais, o CTN permite o pagamento de tributo mediante
ENTREGA DE BENS IMÓVEIS, pois estabelece a “dação em pagamento de bens imóveis como CAUSA
EXTINTIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO”, o que se compatibiliza com a locução “ou cujo valor nela se possa
exprimir”.
3) Já que não é sanção de ato ilícito, a situação genérica e abstrata que caracteriza o fato gerador
deverá ser lícita. Por exemplo, auferir renda é algo lícito e gera o IR, não interessando a origem dessa
percepção, se oriunda de jogo do bicho ou salário (aplicação do princípio pecúnia non olet). Sanção de ato
ilícito é multa e NENHUM TIPO DE MULTA deve ser considerado tributo, embora a obrigação de pagar a
multa tenha natureza tributária.
4) Já que é instituído em lei, tem-se que “lei” é encarada no sentido genérico, podendo ser LC, LO ou
MP.
5) Já que é cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, o servidor não tem
margem de descrição para atuar ou não, devendo sempre cobrar.

Natureza jurídica do tributo


Na forma do art. 4º CTN, a natureza jurídica de cada tributo é verificada de acordo com seu fato
gerador, não importando:
 O nome dado a esta;
 Suas características formais;
 A destinação estabelecida para a sua arrecadação.

LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e convenções internacionais, os
decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas
a eles pertinentes.
São normas complementares:
a) Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas: são normas editadas
pelos servidores da administração tributária e visam a detalhar a aplicação das normas que
complementam.
b) As decisões dos órgãos coletivos e singulares de jurisdição administrativa a que a lei
atribua eficácia normativa.
c) As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas.
d) Os convênios que entre si venham a celebrar a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios.

Na data da sua publicação, salvo disposição em


Atos normativos administrativos
contrário.
Início da
Decisões de jurisdição administrativa, 30 dias após a data da sua publicação, salvo
vigência no
caso se atribua eficácia normativa disposição em contrário.
tempo
Na data neles prevista; se não houver previsão,
Convênios
45 dias depois da publicação oficial (LICC)

32
Obs.: De acordo com Ricardo Alexandre (2016), “No que concerne ao ICMS, alguns convênios têm
previsão constitucional, sendo, portanto, normas primárias, de hierarquia legal, não podendo ser
classificados como atos meramente ‘complementares’. Seguem essa linha os convênios que autorizam a
concessão ou revogação de isenções e demais benefícios fiscais (CF, art. 155, § 2.º, XII, g), os que fixam as
alíquotas aplicáveis aos combustíveis e lubrificantes definidos em lei complementar como sujeitos à
incidência do ICMS em etapa única (CF, art. 155, § 4.º, IV) e os que fixam, entre outras, as regras destinadas à
apuração e à destinação do ICMS incidente sobre esses mesmos combustíveis e lubrificantes (CF, art. 155, §
5.º).”

Legislação Tributária

Tratados e
Leis Convenções Decretos Normas Complementares
Internacionais

Atos normativos Decisões de Práticas


jurisdição reiteradamente
expedidos pelas Convênios
administrativa que observadas pelas
autoridades a lei atribua autoridades
administrativas eficácia normativa administrativas

Vigor na Vigor em 30 Vigor na


data de dias após data neles
publicação publicação prevista

Integração da legislação tributária


“Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação
tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I – a analogia;
II – os princípios gerais de direito tributário;
III – os princípios gerais de direito público;
IV – a equidade.
§ 1.º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.
§ 2.º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido”.

GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Asseguram direitos. Facilitam o recebimento da prestação pecuniária caracterizada no


Garantias
crédito tributário.
Privilégios Colocam o crédito tributário em posição de superioridade em relação aos demais.

a) Renda e patrimônio do sujeito passivo respondendo pelo crédito tributário


“Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em
lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem

33
ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou
cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da
cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis”.

b) Presunção de fraude na alienação ou oneração de bens ou rendas


“Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por
sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como
dívida ativa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo
devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita”.
Obs.: se não forem reservados bens e rendas suficientes, a má-fé do adquirente é presumida de
forma absoluta.

c) Penhora on-line
“Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar
bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a
indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico,
aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro
público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de
que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.
§ 1.º A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo
o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse
limite.
§ 2.º Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo
enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem
promovido”.
Obs.1: conforme se destaca no caput do artigo, sua aplicabilidade está limitada aos créditos de
natureza tributária, havendo posicionamento do STJ corroborando a dicção legal.

#AJUDAMARCINHO #SÚMULA
Súmula 560-STJ: A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185-A do CTN,
pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado quando
infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do
domicílio do executado, ao Denatran ou Detran. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 09/12/2015. DJe 15/12/2015.

Cuidado para não confundir:


Para que seja decretada a penhora on-line, não é necessário que o credor tente localizar outros bens
penhoráveis em nome do devedor. Não se exige do exequente o exaurimento das vias extrajudiciais na
busca de bens a serem penhorados (STJ. Corte Especial. REsp 1112943/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 15/09/2010).
Para que seja decretada a indisponibilidade de bens de que trata o art. 185-A do CTN, exige-se que a
Fazenda Pública exequente prove que tentou localizar outros bens penhoráveis em nome do devedor.
Exige-se o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis (STJ. 1ª Seção. REsp 1.377.507- SP,
Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/11/2014).

34
 Privilégio do Crédito Tributário na Falência
“Art. 186 (do CTN) Parágrafo único. Na falência:
I – o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição,
nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado;
II – a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do
trabalho; e
III – a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados”.

Assim, podemos esquematizar que, na falência, o crédito tributário não prefere:


 Aos créditos extraconcursais;
 Às importâncias passíveis de restituição;
STJ – Súmula 307 – “A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser atendida
antes de qualquer crédito”.

STJ afirmou “que as contribuições previdenciárias descontadas dos salários dos empregados pela massa
falida e não repassadas aos cofres previdenciários devem ser restituídas antes do pagamento de qualquer
crédito, inclusive trabalhista, porque a quantia relativa às referidas contribuições não integra o patrimônio do
falido”.
Aos créditos com garantia real, no limite do bem gravado.
O crédito tributário relativo à multa não tem a mesma preferência daquele relativo a tributo, estando
abaixo dos créditos quirografários e tendo preferência apenas sobre os créditos subordinados.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

A classificação depende do conteúdo pecuniário. Assim, tanto o crédito


quanto os juros e multas são considerados obrigação tributária principal.

Obrigação Principal
Obs.: Multa tributária. A multa é sanção por ato ilícito e, por isso, não é
tributo. Contudo, a obrigação de pagar a multa tributária foi tratada pelo
CTN como obrigação tributária principal. Em outras palavras, multa
tributária não é tributo, mas a obrigação de pagá-la tem natureza tributária.
Segundo o § 2.º do art. 113 do CTN, a obrigação acessória tem por objeto as
prestações, positivas ou negativas, previstas no interesse da arrecadação ou
da fiscalização dos tributos.

Importante! As obrigações acessórias existem também para as entidades


imunes, no interesse da fiscalização e arrecadação de tributos, até mesmo
Obrigação Acessória
para que a Administração Tributária tenha como fiscalizá-las e verificar se as
condições para a fruição da imunidade permanecem presentes.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A entidade que goza de imunidade
tributária tem o dever de cumprir as obrigações acessórias, dentre elas a de
manter os livros fiscais.
STF. 1ª Turma. RE 250844/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 29/5/2012.

35
Hipótese
Fato Obrigação
de
Gerador Tributária
incidência

 Fato Gerador e Situações Jurídicas Condicionadas


De acordo com o Código Civil, “considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da
vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto”.
Diante da incerteza do cumprimento da condição, há influência da mesma sobre a incidência
tributária. Assim, podemos esquematizar:

O CTN afirma, no art. 117, I, que, salvo disposição de lei em contrário, os


atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados,
sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento. Ou
Condição Suspensiva
seja, há incidência tributária quando do implemento da condição.

O art. 117, II, do CTN afirma que, salvo disposição de lei em contrário, os
atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados,
Condição Resolutiva
sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da
celebração do negócio. Ou seja, há incidência desde a prática do negócio.

 Elementos subjetivos da relação jurídico-tributária:


De acordo com o art. 119 do CTN, sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica
de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento.
Obs.1: Não se pode confundir a atribuição constitucional para instituir o tributo
(competência tributária) com a possibilidade de figurar no polo ativo da relação
Sujeito Ativo
jurídico-tributária (capacidade ativa). A primeira é indelegável, a segunda é
passível de delegação de uma pessoa jurídica de direito público a outra.
Obs.2: A delegação da capacidade tributária ativa muda o sujeito ativo do
tributo.
Será a pessoa obrigada a pagar o tributo ou penalidade pecuniária (CTN, art.
121); na obrigação acessória, o sujeito passivo é a pessoa obrigada às prestações
– de fazer ou deixar de fazer – que constituem seu objeto (CTN, art. 122).
Sujeito Passivo Obs.: salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas
à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à
Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das
obrigações tributárias correspondentes.

 Elisão, Elusão e Evasão Fiscal.


A elisão fiscal se aproxima do planejamento tributário, consistindo na prática de ato ou celebração
de negócio legalmente enquadrado em hipótese visada pelo sujeito passivo, ensejando em isenção, não
incidência ou incidência menos onerosa do tributo. Possui guarida no ordenamento jurídico, já que ninguém

36
pode ser obrigado a praticar negócio da maneira mais gravosa. Geralmente, se vislumbra em momento
anterior àquele em que normalmente se verificaria o fato gerador.
Por outro lado, elusão fiscal (também chamada de elisão ineficaz) é aquela em que o contribuinte
busca dissimular a ocorrência de um fato gerador, em um verdadeiro vício de forma. O sujeito passivo busca
fugir da tributação adotando uma forma jurídica aparentemente lícita, mas que esconde uma outra situação
por trás.
Noutro tom, a evasão fiscal é uma conduta ilícita em que o contribuinte, geralmente após a
ocorrência do fato gerador, realiza condutas que visam a evitar o conhecimento do nascimento da
obrigação tributária pelo Fisco. O fato gerador ocorre, de fato, mas o contribuinte tenta escondê-lo, com o
intuito de não ser tributado.

#NÃOCONFUNDIR5

Licitude do Comportamento Momento da Ocorrência


Em regra, antes do fato gerador (exemplo de
Elisão Lícita (planejamento tributário)
exceção: declaração de IR)
Ilícita (evita o conhecimento da
Em regra, após o fato gerador (exemplo de
Evasão ocorrência do fato gerador pela
exceção: notas fiscais fraudulentas)
autoridade)

Elusão (ou Formalmente lícita, mas com abuso


Antes ou após o fato gerador
elisão ineficaz) de forma jurídica

LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO
O CTN conceitua o lançamento como “procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência
do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível”.
Obs.: parte da doutrina entende que o lançamento é o ato administrativo concretizado ao final do
procedimento.
Obs.2: podemos identificar que o lançamento possui natureza jurídica declaratória, no sentido que
declara a existência da obrigação tributária, bem como constitutiva, pois constitui o crédito tributário.

a) Lançamento de Ofício: a autoridade fiscal, valendo-se do poder-dever imposto por seu ofício,
diretamente procede ao lançamento do tributo, não havendo colaboração relevante do devedor.
b) Lançamento por declaração: o sujeito passivo oferece declaração acessória à autoridade fiscal,
que, com base nela, constituirá o crédito tributário.
c) Lançamento por homologação: “Art. 150 (CTN). O lançamento por homologação, que ocorre
quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa”.

5
Tabela extraída de “Direito Tributário Esquematizado”, do Prof. Ricardo Alexandre, 2016.

37
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Modalidades Extintivas do Crédito Tributário


Diretas (independem de lei) Indiretas (dependem de lei) Processuais
- Pagamento; - Compensação; - Conversão do depósito em renda;
- Homologação do - Transação; - Consignação em pagamento;
pagamento Antecipado; - Remissão; - Decisão Administrativa irreformável;
- Decadência; - Dação em pagamento em - Decisão judicial passada em julgado.
- Prescrição. bens imóveis.

Obs.1: A prescrição é o prazo para efetivar a cobrança administrativa do tributo, já a decadência é o


prazo para constituir o crédito.
Obs.2: O prazo para constituição do crédito é de cinco anos, a partir:
A) Do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento deveria ter sido efetuado.
B) Caso a lei atribua ao sujeito passivo a obrigação de recolher antecipadamente o tributo
(lançamento por homologação), a contagem do prazo inicia-se a partir do próprio dia da ocorrência do fato
gerador.

CONTAGEM DO PRAZO DE DECADÊNCIA PARA OS TRIBUTOS HOMOLOGADOS

Havendo antecipação total ou parcial do valor do tributo devido

- Regra mais benéfica (CTN, art. 150, §4º);


- Decadência contada a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação.
Não havendo antecipação de nenhuma quantia a título de recolhimento ou na existência de dolo,
fraude ou simulação.
- Regra geral (CTN, art. 173, I);
- Decadência contada a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado.

Obs.3: O CTN (art. 174) estabelece o prazo de cinco anos para a Fazenda Pública cobrar o crédito
tributário. Esse prazo é contado (regra) da constituição definitiva. Noutro tom, o STJ entende que a
contagem começa após o fim do prazo regular de pagamento, tendo em vista que é a partir deste
momento que se verifica a lesão a direito, apta a ensejar o ajuizamento da ação judicial.

#AJUDAMARCINHO
O art. 174 do CTN estabelece o seguinte:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.

Para o STJ, a constituição definitiva do IPVA (assim como do IPTU) ocorre com a notificação do contribuinte
para pagamento.
Desse modo, se fossemos utilizar a redação literal do art. 174, o prazo prescricional teria início na data da
notificação do sujeito passivo (constituição definitiva). Exs: no dia em que ele recebeu o carnê de pagamento
ou na data em que foi divulgado o calendário de pagamentos.
Ocorre que o STJ fez uma releitura dessa parte final do dispositivo e decidiu que o prazo prescricional deverá
ser contado a partir do dia seguinte à data estipulada como vencimento do imposto.

38
O STJ construiu assim porque antes de passar a data do vencimento do tributo, o Fisco ainda não poderá
executar o contribuinte, que ainda nem pode ser considerado devedor.
Até o último dia estabelecido para o vencimento, é assegurado ao contribuinte realizar o recolhimento
voluntário, sem qualquer outro ônus, por meio das agências bancárias autorizadas ou até mesmo pela
internet, ficando em mora tão somente a partir do dia seguinte.
Desse modo, tem-se que a pretensão executória da Fazenda Pública (actio nata) somente surge no dia
seguinte à data estipulada para o vencimento do tributo.
Assim, o STJ "corrige" a parte final do art. 174, que deve ser lido da seguinte forma: a ação para a cobrança do
crédito tributário decorrente de IPVA prescreve em cinco anos, contados do dia seguinte à data estipulada
para o vencimento da exação.
Obs.: Interrupção da prescrição (174 do CTN)
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I - pela citação pessoal feita ao devedor;
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo
devedor.

REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS


A doutrina classifica o sistema brasileiro de discriminação de rendas tributárias como misto, na
medida em que existem repartições diretas e indiretas.
Repartição direta: o ente beneficiado recebe os valores sem a intermediação de fundos.
Repartição indireta: o ente beneficiado receberá os valores a partir da intermediação de alguns
fundos constitucionais.
Frise-se que a repartição consiste na participação dos entes menores na arrecadação dos entes
maiores, nunca ocorrendo no sentido inverso.

39
 Esquema (extraído do livro do Prof. Ricardo Alexandre, 2016):
União Estados e DF Municípios
IRPF 100%
(arts. 157, I e 158, I) 100%
IOF-ouro 30%
(art. 153, § 1º) 70%
Impostos da competência
residual 20%
(art. 157, II)
CIDE-combustível
(art. 157, II) 29% 25%
Se fiscalizado e cobrado pela
50%
ITR União
(art. 158, II) Se fiscalizado e cobrado pelo
Município 100%

IPI
(art. 159, II) 10% 25%
IPVA
(art. 158, III) 50%
ICMS
(art. 158, IV) 25%
IR (excluída a transferência do 21,5% - FPE 22,5% - FPM
IR prevista nos arts. 157, I e 1% - FPM (creditado no primeiro
158, I) + IPI (art. 159, i) decênio de julho)
1% - FPM (creditado no primeiro
decênio de dezembro)
3% para regiões N, NE e CO

LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR (PRINCÍPIOS


CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS).
- É possível a criação ou majoração de tributos por MP, salvo aqueles que exigem LC. Os Estados
também podem, desde que prevejam a figura da MP em suas Constituições.
- Art. 145, §2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
- Súmula vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade
entre uma base e outra.
- A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a
despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no
caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observada a
anterioridade anual. Obs.: não há previsão constitucional para a instituição de empréstimos compulsórios
no caso de conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo, como há no CTN.
- A imunidade recíproca é extensiva às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder
público.

40
- STF INF 767: a ECT (Correios) goza de imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o transporte de
bens e mercadorias, concorrendo, portanto, com a iniciativa privada.

- Art. 13, CTN: o disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º (imunidade recíproca) não se aplica aos
serviços públicos concedidos, cujo tratamento tributário é estabelecido pelo poder concedente, no que se
refere aos tributos de sua competência, ressalvado o que dispõe o parágrafo único. Parágrafo único.
Mediante lei especial e tendo em vista o interesse comum, a União pode instituir isenção de tributos
federais, estaduais e municipais para os serviços públicos que conceder, observado o disposto no § 1º do
artigo 9º.
- É vedado instituir imposto sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
- Súmula 730 STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos
somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos
beneficiários.

- Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia
ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica,
federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o
correspondente tributo ou contribuição.
- Cabe à União, por meio de lei complementar, criar o imposto sobre grandes fortunas.
- É facultado ao Poder Executivo alterar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF.
- II: não se sujeita à legalidade, anterioridade e noventena; todos que importam pagam, seja para
revenda, utilização própria ou consumo; base de cálculo cláusula CIF (custo, seguro e frete); taxa de câmbio
vigente no momento da entrada; alíquota pode ser fixa ou ad valorem (percentual); drawback - suspensão
da incidência do imposto no caso de importações realizadas com objetivo de posterior exportação.
Súmula 569-STJ: Na importação, é indevida a exigência de nova certidão negativa de débito no desembaraço
aduaneiro, se já apresentada a comprovação da quitação de tributos federais quando da concessão do
benefício relativo ao regime de drawback. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 27/04/2016, DJe 02/05/2016.

STJ INF 535: Não é ilegal a nova incidência de IPI no momento da saída de produto de procedência
estrangeira do estabelecimento do importador, após a incidência anterior do tributo no desembaraço
aduaneiro. Assim, os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando ocorre a sua
saída do estabelecimento importador na operação de revenda.

Súmula 591 STF: A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte
do imposto sobre produtos industrializados.

Súmula 584 STF: Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no
exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
Súmula 463 STJ: Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas
extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.

Súmula 386 STJ: São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo
adicional.

Súmula 262 STJ: Incide o imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas
cooperativas.

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Súmula 215 STJ: A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está
sujeita à incidência do imposto de renda.
- A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior,
desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados
nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente,
cessadas as causas de sua criação.
- Impostos residuais e contribuições sociais residuais: lei complementar.
- Imposto extraordinário: lei ordinária.
Súmula 331 STF: É legítima a incidência do imposto de transmissão "causa mortis" no inventário por morte
presumida.

Súmula 661 STF: na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião
do desembaraço aduaneiro.

Súmula 334 STJ: O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet.

O ICMS integra a sua própria base de cálculo, sendo isso chamado de ICMS "por dentro" ou "cálculo por
dentro". O ICMS por dentro está previsto no art. 13, § 1º, I, da LC 87/96, sendo considerado constitucional pelo
STF. Essa mesma regra aplica-se para o ICMS substituição tributária, considerando que se trata do mesmo
tributo. Assim, ainda que se adote a substituição tributária como forma de arrecadação de ICMS, é legal
aplicar-se a sistemática do "cálculo por dentro". STJ. 2ª Turma. REsp 1.454.184-MG, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 5/5/2016 (Info 585).

- IPVA terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal.


SV 31: é inconstitucional ISS sobre locação de bens móveis.

Súmula 589 STF: É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e territorial urbano
em função do número de imóveis do contribuinte.

Súmula 111 STF: É legítima a incidência do imposto de transmissão "inter vivos" sobre a restituição, ao antigo
proprietário, de imóvel que deixou de servir a finalidade da sua desapropriação.

Súmula 656 STF: é inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão
inter vivos de bens imóveis (ITBI) com base no valor venal do imóvel.

- ISS: cabe à lei complementar fixar alíquotas máxima e mínima, excluir da sua incidência exportações
de serviços para o exterior e regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais
serão concedidos e revogados.
- À exceção do ICMS, II e IE, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a
energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país.
- A definição de obrigações acessórias e a alteração da data de vencimento da obrigação principal
por meio de decreto executivo não configuram violação ao princípio da reserva de lei em matéria tributária.

Súmula 659, STF: É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL sobre as operações relativas a
energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.

42
Súmula Vinculante 50: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita
ao princípio da anterioridade. - (nem toda alteração introduzida, por lei, no sistema de exigência dessas
contribuições há de ser entendida como sinônimo da modificação. Não seria admissível que se aguardasse o
protraimento da eficácia da regra legislativa, simplesmente por haver alterado a data de pagamento da
obrigação tributária, sem qualquer outra repercussão).

DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA

Imunidade Isenção Não incidência Alíquota zero Remissão


Dispensa Dispensa legal Ao contrário da imunidade A dispensa do Trata-se do
constitucional do dever de e da isenção, a não tributo se justifica perdão
do dever de pagar o tributo. incidência está fora do pelo simples fato concedido
pagar o campo da tributação. Isso da alíquota não ter pelo Fisco,
tributo. Há quem diga porque o legislador não valor algum (zero). sendo uma
que é um favor classificou aquele fato da hipótese de
legal ou vida como um fato jurídico. BC x ZERO = ZERO. extinção do
hipóteses de Exemplo: Paga-se IPVA, se crédito
não incidência o contribuinte é tributário.
qualificada. proprietário de um veículo
automotor. Se o
contribuinte tiver uma
bicicleta, não haverá
incidência da HI do IPVA.

#OBS: Mais diferenças entre imunidade e isenção:


Imunidade Isenção
Dispensa constitucional do dever de pagar o Dispensa legal do dever de pagar o tributo. Há
tributo. necessidade de uma lei específica.
Trata-se de dispensa revogável.

#CUIDADO: Nos termos do art. 178 do CTN, há


uma isenção que não poderá ser revogada:
isenção onerosa por prazo certo e com algumas
Trata-se de dispensa irrevogável, sendo
condições. Logo, essa isenção é irrevogável em
enquadrada como cláusula pétrea.
nome da segurança jurídica.

Nesse sentido: Súmula 544 do STF: “Isenções


tributárias concedidas, sob condição onerosa,
não podem ser livremente suprimidas”.
Nos termos do art. 111 do CTN, somente se pode
utilizar a interpretação literal (nos exatos
Todos os métodos de interpretação poderão ser termos da lei).
utilizados para a aplicação da imunidade. Ex.:
intepretação literal, sistemática, gramatical, #CUIDADO: Não confundir interpretação literal
ampliativo, restritivo, teleológico, etc. com a restritiva. Logo, como deficiente visual,
pode-se considerar aquele que tem um ou os
dois olhos afetados.

43
Quanto à origem, as imunidades podem ser classificadas em ontológicas e políticas:

Existiriam mesmo sem previsão constitucional, pois são fundamentais ao


atendimento do princípio da isonomia e ao pacto federativo. A imunidade
Ontológicas
tributária recíproca é exemplo de imunidade ontológica, por se configurar
em cláusula protetiva do pacto federativo.
Visam à proteção de outros princípios, em virtude de uma opção política
do legislador constituinte, a exemplo da imunidade dos templos de
Políticas
qualquer culto e dos livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua
impressão.

#AJUDAMARCINHO #JURISSAINDODOFORNO: com relação aos livros eletrônicos (e-books), o STF entendeu
que os mesmos estão abrangidos pela imunidade. A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da
Constituição Federal (CF), aplica-se ao livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente
utilizados para fixá-lo.
STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

Quais foram os principais argumentos utilizados para chegar a essa conclusão?


Nas palavras do Dizer o Direito, “o livro pode ser veiculado em diversos tipos de suporte, seja ele tangível (ex:
papel) ou intangível (ex: digital). Aliás, no passado, os livros já foram feitos de diferentes materiais:
entrecasca de árvores, folha de palmeira, bambu reunido com fios de seda, placas de argila, placas de
madeira, pergaminho (proveniente da pele de carneiro) etc. Isso tudo nos leva à conclusão de que o papel é
apenas um elemento acidental no conceito de livro. Quando se fala que algo é um elemento acidental, isso
significa que ele pode existir ou não. Ao contrário, quando se diz que algo é um elemento essencial,
obrigatoriamente ele tem que estar presente. O papel é um elemento acidental (e não essencial) do conceito
de livro. Em outras palavras, existe livro mesmo sem papel” (...).
“O fato de os livros eletrônicos permitirem uma maior capacidade de interação com o leitor/usuário (a partir
de uma máquina), em comparação com os livros contidos nos códices (livros impressos em papel), não é
motivo para se negar a eles a imunidade tributária. O aumento dessa interação é natural e está ligado ao
processo evolutivo da cultura escrita trazendo novas funcionalidades como a busca de palavras, o aumento
ou a redução do tamanho da fonte etc. Além disso, o usuário pode carregar consigo centenas de livros
armazenados no leitor digital. Isso tudo facilita a difusão da cultura”.

#APROFUNDANDO: E como fica a situação dos E-readers, Smartphones, tablets, audiobooks? São
abrangidos pela imunidade?

SIM. “O avanço na cultura escrita fez com que fossem criadas novas tecnologias
para o suporte dos livros, como o papel eletrônico (‘e-paper’) e o aparelho
eletrônico para leitura de obras digitais (‘e-reader’). Tais aparelhos tem a função
de imitar a leitura em papel físico. Por essa razão, eles estão igualmente
abrangidos pela imunidade cultural, por equipararem-se aos livros tradicionais.
E-readers (ex.: Assim, a partir de uma interpretação teleológica conclui-se que a regra de
kindle). imunidade alcança também os aparelhos leitores de livros eletrônicos (‘e-
readers’) confeccionados exclusivamente para esse fim. Vale ressaltar que a
maioria dos ‘e-readers’ possuem algumas funcionalidades acessórias ou
rudimentares, como a possibilidade de acesso à internet para fazer o ‘download’
dos livros digitais, dicionários, possibilidade de alteração de tipo e tamanho da
fonte, marcadores, espaçamento, iluminação do texto etc. Essas funcionalidades

44
são acessórias e têm por objetivo permitir a função principal: a leitura. Por essa
razão, mesmo com essas funcionalidades, os ‘e-readers’ são considerados como
um suporte utilizado exclusivamente para fixar o livro eletrônico e, portanto,
gozam de imunidade”.
NÃO. “O STF afirmou que a imunidade tributária se aplica ao livro eletrônico e aos
‘suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo’. Um ‘smartphone’, um ‘tablet’ ou
um ‘laptop’ não podem ser considerados suportes utilizados exclusivamente para
Smartphones,
fixar um livro eletrônico. Ao contrário, tais aparelhos possuem centenas de
tablets e laptops
funcionalidades e a leitura de livros digitais neles é apenas uma das possibilidades,
podendo até mesmo ser considerada secundária. Dessa forma, os tablets não
gozam da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da CF/88”.
SIM. “Neste caso, o CD-Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte. Aquilo que
está nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro. Por essa razão, tanto o suporte
CD-ROM
(o CD-Rom) quanto o livro (conteúdo) estão abarcados pela imunidade do art. 150,
VI, “d”, da CF/88”.
SIM. “Para que seja considerado livro e possa gozar da imunidade não é necessário
que o destinatário (consumidor) tenha necessariamente que passar sua visão pelo
texto e decifrar os signos da escrita”. Dessa forma, a imunidade alcança o
denominado ‘audio book’ (audiolivro), ou seja, os livros gravados em áudio e que
estejam salvos em CD, DVD ou qualquer outro meio. Essa é a conclusão a que se
Audiolivros
chega a partir de uma interpretação teleológica da norma, que tem por objetivo
garantir a liberdade de informação, a democratização e a difusão da cultura, bem
como a livre formação da opinião pública. Vale relembrar que os audiolivros
cumprem importante função social por permitirem levar cultura e informação aos
cegos e também aos analfabetos.
“A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes
eletrônicos destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com
fascículos”. STF. Plenário. RE 595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856). “O Min. Marco Aurélio afirmou que o
dispositivo constitucional que garante imunidade tributária a livros, jornais,
periódicos e ao papel destinado a sua impressão deve ser interpretado de forma
Componentes que ampliada para abranger peças e componentes a serem utilizados como material
fazem parte de
didático que acompanhe publicações. O art. 150, inciso VI, “d”, da CF/88 deve ser
material didático
lido de acordo com os avanços tecnológicos ocorridos desde sua promulgação, em
1988. Desde então, ocorreram diversos avanços no campo da informática. O
Direito, a Constituição e o STF não podem ficar avessos às transformações, sob
pena de se tornarem obsoletos. Afirmou ainda que, na medida do possível, o
Supremo deve ser intérprete contemporâneo das normas. Para o Ministro, o
“constituinte originário não poderia antever tamanho avanço tecnológico’”.

#JURISSAINDODOFORNO
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de
contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da
existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido.
• Se a entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva.

45
• Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a imunidade subjetiva. STF. Plenário. RE
608872/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22 e 23/2/2017 (repercussão geral) (Info 855). #IMPORTANTE
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei
complementar. STF. Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/
o ac. Min. Rosa Weber, julgados em 23/2 e 2/3/2017 (Info 855). STF. Plenário. RE 566622/RS, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 23/2/2017 (Info 855). Vale ressaltar que o STF fez a seguinte distinção:
• Os requisitos (exigências, normas de regulação) para que a entidade goze da imunidade devem estar
previstos em lei complementar, com base no art. 195, § 7º c/c art. 146, II, da CF/88. Ex: como as entidades
deverão atuar para serem consideradas beneficentes, as contrapartidas que deverão oferecer etc.
• Por outro lado, as regras sobre o procedimento de habilitação dessas entidades nos órgãos da
Administração Pública poderão ser disciplinadas por meio de lei ordinária. Ex: previsão de que a entidade
deverá obter, junto ao Conselho Nacional de Assistência Social, o Certificado e o Registro de Entidade de Fins
Filantrópicos, renovado a cada três anos. Para o STF, esta norma trata de meros aspectos procedimentais
necessários à verificação do atendimento das finalidades constitucionais da regra de imunidade.
#IMPORTANTE

CLASSIFICAÇÕES IMPORTANTES
 Em relação aos tributos:
a) Pessoal: Levam em consideração os atributos da pessoa. Exemplo: IR, com as faixas de tributação.
b) Real: Levam em consideração os atributos da coisa. Exemplo: IPVA, IPTU.
c) Não vinculado: É aquele tributo em que não se sabe dizer, necessariamente, qual será
contraprestação estatal. Exemplo: impostos em geral (art. 16, CTN).
d) Vinculado: É aquele tributo em que se sabe, exatamente, qual será a contraprestação estatal.
Exemplo: contribuição de melhoria (obra pública + valorização imobiliária) e taxas (exercício regular do
poder de polícia, como se dá pelo pagamento de taxa para a concessão de alvará; ou pela utilização
efetiva/potencial de serviço público específico e divisível, como a “taxa de coleta de lixo individual”).
A contribuição de melhoria é um tributo vinculado indiretamente, pois, além de ter uma
contraprestação estatal (obra pública), deve-se ter um “plus” (valorização imobiliária).
A taxa é um tributo vinculado diretamente, pois basta a contraprestação estatal (poder de polícia ou
serviço público específico e divisível), não necessitando de qualquer outro tipo de requisito.

#NÃOCONFUNDIR: Importante observar que a vinculação da qual se está a tratar aqui – vinculação quanto ao
fato gerador – não deve ser confundida com a vinculação referente ao produto da arrecadação, também
denominada afetação.

Tributos com arrecadação vinculada Tributos vinculados


Refere-se à receita: os valores obtidos devem Aplica-se ao fato gerador: exigindo-se
ser destinados exclusivamente a determinadas determinada conduta estatal sem existir prévia
atividades. Ex.: COFINS, CSLL, empréstimos destinação específicas. Ex.: taxa para serviço
compulsórios. público específico e divisível, mas não se exige
a arrecadação para determinado tipo de
serviço, podendo ser qualquer serviço, desde
que específico e divisível.

46
e) Direto: É aquele que, entre a ocorrência do FG e a obrigação tributária, não há intercalação de
sujeitos. Exemplo: IPTU, IPVA.
f) Indireto: É aquele que, entre a ocorrência do FG e a obrigação tributária, há intercalação de
sujeitos. Há o repasse do encargo financeiro para o próximo da cadeia até se chegar ao consumidor final.
Exemplo: ICMS, IPI.
g) Fiscais: Visa, eminentemente, a arrecadação. Exemplo: ITBI, IR, ITCMD.
h) Extrafiscais: Visa estimular/desestimular condutas do contribuinte. Exemplo: II, IE, IPI, IOF
(regulatórios de mercado).
Há quem diga que todo o tributo é fiscal e extrafiscal simultaneamente. Trata-se de uma questão de
preponderância de interesses.
i) Parafiscal: Uma pessoa detém a competência tributária (poder de criação/majoração de tributos) e
outra detém a capacidade ativa tributária (poder de arrecadação/fiscalização/execução dos tributos), sendo
que esta possui, ainda, a “liberdade de gastar como bem entender”. Exemplo: contribuição de interesse de
categoria profissional e econômica.
j) Proporcional: Há aumento da BC e a alíquota permanece a mesma.
k) Progressivo: Há aumento da BC com o aumento da alíquota. Exemplos: IR, ITR, IPTU e ITCMD. Os
três primeiros possuem previsão constitucional e o último decorre do entendimento do STF.

 Em relação ao fato gerador:


a) FG instantâneos: FG ocorre em um momento específico, de modo que cada ocorrência gera uma
nova obrigação tributária. Ex.: ICMS e IPI.
b) FG periódico: Ele se divide em:
b.1) FG periódico simples: O FG toma por base um único evento que se prolonga no tempo. Ex.: IPVA
e IPTU (o fato de ser proprietário se prolonga no tempo durante o ano em análise).
b.2) FG periódico composto: O FG toma por base vários eventos que devem ser considerados de
maneira global dentro de um período legalmente definido. Ex.: IR (aufere-se renda mês a mês) e a CSLL.

#JURISPRUDÊNCIA:
- O STJ, na Súmula 436, entende que “A entrega de declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito
fiscal (há cumprimento da obrigação acessória), constitui o crédito tributário, dispensada qualquer
providencia por parte do Fisco”. Neste caso, portanto, dispensa-se o lançamento e o Fisco deve apenas
cobrar o crédito tributário.

O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é lançado de ofício no início de cada
exercício e constituído definitivamente com a cientificação do contribuinte para o recolhimento da exação, a
qual pode ser realizada por qualquer meio idôneo, como o envio de carnê ou a publicação de calendário de
pagamento, com instruções para a sua efetivação. A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA
perfectibiliza a constituição definitiva do crédito tributário, iniciando-se o prazo prescricional para a execução
fiscal no dia seguinte à data estipulada para o vencimento da exação. STJ. 1ª Seção. REsp 1.320.825-RJ, Rel.
Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 588)

47
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

Progressiva

Por Substituição

Regressiva

Responsabilidade
Tributária Espólio e
Sucessores

Por transferência Terceiros

Solidariedade

- Art. 150, § 7º - Substituição progressiva ou "para frente": é a antecipação do recolhimento do tributo


cujo fato gerador ocorrerá (se ocorrer) em um momento posterior, com lastro em base de cálculo
presumida. Assim, antecipa-se o pagamento do tributo, sem que se disponha de uma base imponível apta a
dimensionar o fato gerador, uma vez que este não ocorreu. Exemplo: veículos novos ao deixarem a fábrica
em direção às concessionárias (o ICMS já é recolhido antes do fato gerador que, possivelmente, ocorrerá
com a venda do bem).

#MUDANÇADEENTENDIMENTO: Deve-se ter cuidado sobre essa temática, já que, em 19 de outubro de 2016
(#SELIGANANOVIDADE!), foi sinalizada alteração de entendimento do STF sobre o regime de substituição
tributária do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) 6
O Tribunal entendeu que o contribuinte tem direito à diferença entre o valor do tributo recolhido
previamente e aquele realmente devido no momento da venda.

- Substituição regressiva ou "para trás" (não tem previsão legal): é a postergação ou adiamento do
recolhimento do tributo com relação ao momento pretérito em que ocorre o fato gerador. Exemplo: o leite
cru (o produtor rural X empresário de laticínios - este recolhe para aquele).

- Súmula 360 STJ: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.

- Súmula 554, STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas
os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitiva referentes a fato geradores
ocorridos até a data da sucessão.

6
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=327683.

48
- Súmula 435 do STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu
domicílio sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal
para o sócio-gerente.

#NOVA Súmula 585-STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no que se refere ao
período posterior à sua alienação. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 14/12/2016.

REPETIÇÃO DE INDÉBITO

a) Legitimidade ativa para pleitear repetição de indébito e os tributos indiretos: o Superior Tribunal
de Justiça proferiu alguns julgados, inclusive, no âmbito dos Recursos Repetitivos, firmando o
entendimento de que apenas o contribuinte de direito possui a legitimidade para a repetição, pois é apenas
ele que compõe a relação jurídico tributária, cabendo ao contribuinte de fato, se for o caso, ingressar com
eventual demanda em face do contribuinte de direito para reaver a quantia de tributo que por ele foi
repetida:

#EXCEÇÃO: Segundo o STJ, o consumidor final de energia elétrica tem legitimidade ativa para propor ação
declaratória cumulada com repetição de indébito que tenha por escopo afastar a incidência de ICMS sobre
demanda contratada e não utilizada de energia elétrica, bem como para discutir pedido de compensação do
ICMS supostamente pago a maior no regime de substituição tributária (EDcl nos EDcl no AgRg no REsp
1270547/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/06/2013, DJe 11/06/2013).

b) Requisitos da repetição de indébito:


STF – Súmula 546 – “Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por
decisão, que o contribuinte de jure não recuperou do contribuinte de facto o quantum respectivo”.

c) Prazo para restituição: O prazo para o contribuinte exercer o seu direito à repetição de indébito,
seja no âmbito administrativo ou judicial, é de 5 anos, com base no artigo 168, do CTN, tendo início a partir
da extinção do crédito tributário, que ocorreu com o seu pagamento.

#PERGUNTA: É necessário o esgotamento do âmbito administrativo? NÃO, em virtude do direito de


ação e da inafastabilidade da jurisdição, inexistindo, no Brasil, o curso administrativo forçado, à exceção da
Justiça Desportiva, conforme artigo 217, §1, CF/88. É possível que fosse alegado, caso o contribuinte
procurasse o judiciário, a eventual falta de interesse de agir, mas isto demanda uma análise casuística.
Ingressando no âmbito administrativo, haverá repercussões quando o prazo prescricional, que, nos
termos do artigo 169, sendo denegado o pedido administrativo, poderá ser pleiteada a anulação da
respectiva decisão em juízo no prazo de 2 anos, sendo tal prazo interrompido pelo início da ação, e
recomeçando seu curso pela metade, a partir da intimação da Fazenda Pública, caracterizando verdadeira
prescrição intercorrente (art. 168, CTN).

Dispositivos relevantes:
- Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio
útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais

49
bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando
conste do título a prova de sua quitação. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre
sobre o respectivo preço.
- Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos
bens adquiridos ou remidos; II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo
de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do
legado ou da meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da
sucessão.
- Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título,
fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos,
relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante
cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este
prosseguir na exploração ou iniciar dentro de 06 MESES a contar da data da alienação, nova atividade no
mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. O disposto no caput deste artigo NÃO se
aplica na hipótese de alienação judicial: I - em processo de falência; II - de filial ou unidade produtiva isolada,
em processo de recuperação judicial.
- Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte, respondem solidariamente (na verdade é subsidiariamente) com este nos atos em que
intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos
menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os
administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos
devidos pelo espólio; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo
concordatário; VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os
atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII - os sócios, no caso de liquidação de
sociedade de pessoas.
- Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I -
as pessoas referidas no item anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores,
gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
- Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente (pela multa):
I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas
no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem
expressa emitida por quem de direito;
II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;
III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou
empregadores;
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas.
- Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for
o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela
autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se
considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou
medida de fiscalização, relacionados com a infração.

50
PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO
- Execução fiscal (Lei 6.830/80) é a ação judicial proposta pela Fazenda Pública (União, Estados, DF,
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações) para cobrar do devedor créditos (tributários ou não
tributários) que estão inscritos em dívida ativa.
- Empresas públicas e sociedades de economia mista não podem usar a execução fiscal, salvo
Correios e Caixa (apenas para cobrança de FGTS).
- Os Conselhos Profissionais, exceto a OAB, podem valer-se da execução fiscal para a cobrança de
suas anuidades.

- Súmula 66 STJ: compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conselho de
fiscalização profissional.

- Súmula 515 STJ: A reunião de execuções fiscais contra o mesmo devedor constitui faculdade do Juiz.

- Art. 2, § 8º Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou
substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos.
Súmula 392 STJ: a Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença
de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito
passivo da execução.
- Art. 5º. A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui
a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do
inventário.
- Execuções propostas pela União, autarquias e fundações públicas federais contra devedores que
moram em cidades onde não há justiça federal devem ser propostas e julgadas pelo Juiz Federal que tiver
competência sobre aquele município, mesmo que não exista vara federal fisicamente instalada na cidade. A
delegação de competência, prevista no art. 15, I, da Lei 5.010/66 foi revogada.
- As execuções fiscais que forem propostas a partir de 14/11/2014 devem ser ajuizadas na Justiça
Federal. Isso porque, como já dito, acabou a competência delegada para os casos de execução fiscal.
- Art. 8º. O executado será citado para, no prazo de 5 DIAS, pagar a dívida com os juros e multa de
mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução. § 1º - O executado ausente
do País será citado por edital, com prazo de 60 (sessenta) dias. § 2º - O despacho do Juiz, que ordenar a
citação, interrompe a prescrição.

Súmula 414 STJ: A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades.

- Realizada citação por edital, é necessária a nomeação de curador.

Súmula 435 STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio
fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente.

- Art. 15. Em qualquer fase do processo, será deferida pelo Juiz, ao executado, a substituição da
penhora por depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia (Lei 13.043/2014).
- Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados: I - do depósito; II -
da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia; III - da intimação da penhora. § 2º Não são
admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução.

51
§ 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição,
incompetência e impedimentos, serão arguidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas
com os embargos.

- STJ INF 526: A oposição de embargos à execução fiscal depois da penhora de bens do executado não
suspende automaticamente os atos executivos, fazendo-se necessário que o embargante demonstre a
relevância de seus argumentos ("fumus boni juris") e que o prosseguimento da execução poderá lhe causar
dano de difícil ou de incerta reparação ("periculum in mora").

- STJ: na execução fiscal, exige-se a garantia do juízo para embargar, mesmo que o executado seja
beneficiário da AJG.
- Art. 20. Na execução por carta, os embargos do executado serão oferecidos no Juízo deprecado,
que os remeterá ao Juízo deprecante, para instrução e julgamento. Parágrafo Único - Quando os embargos
tiverem por objeto vícios ou irregularidades de atos do próprio Juízo deprecado, caber-lhe -á unicamente o
julgamento dessa matéria.
- Art. 25. Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da Fazenda Pública será
feita pessoalmente.
- Art. 29 - A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de credores
ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento.
- Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na
forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação
anulatória do ato declarativo da dívida (ação anulatória de débito fiscal), esta precedida do depósito
preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais
encargos. Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em
renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.
- A ação anulatória é desconstitutiva e objetiva a anulação do lançamento tributário. Apesar do texto
da lei, não se exige depósito/garantia (súmula vinculante 28), mas não há efeito suspensivo automático.
Cabe pedido de tutela para suspender a exigibilidade do crédito tributário. Segue o procedimento comum
ordinário.
- Art. 39. A Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e emolumentos. A prática dos
atos judiciais de seu interesse independerá de preparo ou de prévio depósito. Se vencida, a Fazenda Pública
ressarcirá o valor das despesas feitas pela parte contrária.

- Súmula 314 STJ: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por
1 ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.
- Súmula 409 STJ: em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser decretada
de ofício.

- Súmula 153 STJ: A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos, não exime o
exequente dos encargos da sucumbência.

- Súmula 189 STJ: é desnecessária a intervenção do MP nas execuções fiscais.

- Se a ação cautelar fiscal for preparatória, a propositura da execução fiscal deve ser efetivada no
prazo de 60 dias, contados da data em que a dívida se tornar irrecorrível administrativamente.

52
Súmula 452 STJ (execução fiscal): A extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Administração
Federal, vedada a atuação judicial de ofício.

Súmula 394 STJ: É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de renda retidos
indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual.

Súmula 121 STJ: Na execução fiscal o devedor deverá ser intimado, pessoalmente, do dia e hora da realização
do leilão.

 Exceção de pré-executividade
- O objetivo é demonstrar a inexequibilidade da CDA e ocasionar a extinção da execução fiscal.
- Não precisa de garantia.
Súmula 393 STJ: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias
conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.
- Não pode discutir responsabilidade de sócios.
- Algumas hipóteses de cabimento: modificação do crédito tributário (suspensão da exigibilidade,
exclusão ou extinção), imunidades e prescrição.

- INF STJ 544: Caso o juiz julgue procedente a exceção de pré-executividade e extinga a execução fiscal será
obrigatória, em regra, a remessa necessária, aplicando-se por analogia o art. 475, II, do CPC.

IMPOSTOS MUNICIPAIS
Os esquemas abaixo colacionados visam destacar os pontos mais importantes dos impostos
municipais, tendo sido extraídos da obra do Prof. Ricardo Alexandre (Direito Tributário Esquematizado –
2016).
Imposto sobre a Propriedade predial e Territorial Urbana – IPTU

Função
Fiscal (exceção: extrafiscal – art. 182, § 4.º, II, da CF/1988)
predominante

Princípio da
Está sujeito
legalidade

Princípio da
Está sujeito
anterioridade

Princípio da
Está sujeito (exceto em relação às alterações da base de cálculo do tributo)
noventena

A propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão
Fato gerador
física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

Base de cálculo É o valor venal do imóvel

É o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer


Contribuintes
título.

Lançamento De ofício

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Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis – ITBI
Função
Fiscal
predominante
Princípio da
Está sujeito
legalidade
Princípio da
Está sujeito
anterioridade
Princípio da
Está sujeito
noventena
I – a transmissão, a qualquer título onerosa, da propriedade ou do domínio útil de
bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil;
Fato gerador II – a transmissão, a qualquer título onerosa de direitos reais sobre imóveis, exceto
os direitos reais de garantia;
III – a cessão onerosa de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II
Base de cálculo É o valor venal dos bens ou direitos transmitidos
É qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei (geralmente é o
Contribuinte
adquirente do bem ou direito)
Lançamento Por declaração
*Obs.: quanto ao ITBI, a redação do CTN está desatualizada, na medida em que se retrata à época em
que só existia um único imposto de transmissão. Nesse sentido, na linha do fato gerador, “atualizamos” a
redação legal, em consonância com a dicção atual do imposto.

Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS


Função
Fiscal
predominante
Princípio da
Está sujeito
legalidade
Princípio da
Está sujeito
anterioridade
Princípio da
Está sujeito
noventena
– Prestação de serviços constantes da lista anexa à Lei Complementar 116/2003, ainda
que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador;
– Serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no
Fato gerador exterior do País;
– Serviços prestados mediante a utilização de bens e serviços públicos explorados
economicamente mediante autorização, permissão ou concessão, com o pagamento
de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final do serviço.
Base de cálculo É o preço do serviço
Contribuinte É o prestador do serviço
Lançamento Por homologação
No caso de serviços prestados em conjunto com mercadorias, é possível a cobrança
Cumulação de
conjunta de ICMS e ISS se o serviço estiver previsto na LC 116/2003, com ressalva de
impostos
cobrança do ICMS.

#NOVIDADE #ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA #LC157


Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento).
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)

54
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros,
inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma
que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota
mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista
anexa a esta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
§ 2º É nula a lei ou o ato do Município ou do Distrito Federal que não respeite as disposições relativas à
alíquota mínima previstas neste artigo no caso de serviço prestado a tomador ou intermediário localizado em
Município diverso daquele onde está localizado o prestador do serviço. (Incluído pela Lei Complementar nº
157, de 2016)
§ 3º A nulidade a que se refere o § 2o deste artigo gera, para o prestador do serviço, perante o Município ou o
Distrito Federal que não respeitar as disposições deste artigo, o direito à restituição do valor efetivamente
pago do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza calculado sob a égide da lei nula. (Incluído pela Lei
Complementar nº 157, de 2016

IMPOSTOS ESTADUAIS

Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA


Função
Fiscal
predominante
Princípio da
Está sujeito
legalidade
Princípio da
Está sujeito
anterioridade
Princípio da
Está sujeito, salvo alteração da base de cálculo (art. 150, § 1.º, da CF)
noventena
Fato gerador É a propriedade do veículo automotor
Base de cálculo É o valor do veículo, dependendo do seu ano de fabricação, marca e modelo
Contribuintes É o proprietário do veículo
Lançamento De ofício
Características
Somente incide sobre veículos automotores terrestres
principais

Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação – ITCMD


Função
Fiscal
predominante
Princípio da
Está sujeito
legalidade
Princípio da
Está sujeito
anterioridade
Princípio da
Está sujeito
noventena
Fato gerador A transmissão, por causa mortis ou por doação, de quaisquer bens ou direitos.
Base de cálculo É o valor venal dos bens ou direitos transmitidos
É quaisquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei (para
Contribuinte transmissão causa mortis: herdeiro ou legatário; para transmissão por doação:
doador ou donatário, dependendo da legislação estadual)
Lançamento Por declaração

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Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços – ICMS
Função
Fiscal
predominante
Princípio da Admite exceção no caso da incidência monofásica sobre combustíveis definidos em
legalidade lei complementar (a alíquota é fixada por convênio)
Princípio da Está sujeito, salvo o restabelecimento das alíquotas no caso da incidência
anterioridade monofásica sobre combustíveis definidos em lei complementar.
Princípio da
Está sujeito
noventena

DIREITO AMBIENTAL7

PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL

Princípios mais cobrados em provas


É o modelo que procura coadunar os aspectos ambiental, econômico e
Princípio do desenvolvimento
social, buscando um ponto de equilíbrio entre a utilização dos recursos
sustentável
naturais, o crescimento econômico e a equidade social.
Estabelece a proteção ao meio ambiente como Direito Humano
Princípio do Direito Humano
Fundamental indispensável à manutenção da dignidade humana, vida,
Fundamental
e progresso da sociedade.
Assegura ao cidadão o direito à informação e à participação na
Princípio da Participação
elaboração das políticas públicas ambientais
É aplicado nos casos em que os impactos ambientais já são conhecidos.
Princípio da Prevenção
Trabalha com a certeza da ocorrência do dano.
Diz respeito à ausência de certezas científicas. É aplicado nos casos em
que o conhecimento científico não pode oferecer respostas conclusivas
sobre a inocuidade de determinados procedimentos.
Neste, há risco incerto ou duvidoso.
*Na prova do TJMT em 2015, a VUNESP considerou que a assertiva
abaixo caracteriza o princípio da precaução: “Um dos princípios
Princípio da Precaução produzidos em Conferências Internacionais sobre o Meio Ambiente e
que serve para construção normativa ambiental afirma que: ‘Quando
houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica
absoluta não deverá ser utilizada como razão para que seja adiada a
adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a
degradação ambiental’. Esta afirmação representa o princípio da:
Resposta: precaução.
Princípio do poluidor-pagador Deve o poluidor responder pelos custos sociais da poluição causada

7
Por Angelus Maia
56
por sua atividade impactante, devendo-se agregar esse valor ao custo
produtivo da sua atividade, para evitar que se privatizem o lucro e se
socializem os prejuízos.
Possui viés preventivo e repressivo, ao mesmo tempo em que promove
o ressarcimento do dano ambiental, também visa evitá-lo.
Obs.: não significa autorização para poluir, se pagar.
Estabelece que todos aqueles que se utilizarem de recursos naturais
devem pagar por sua utilização, mesmo que não haja poluição.
*Na prova do TJSP em 2014, a VUNESP considerou que a assertiva
abaixo caracteriza o princípio do usuário-pagador.
Princípio do usuário-pagador Novamente quanto ao tema dos princípios do Direito Ambiental, o que
determina que aquele que se utiliza ou usufrui de algum recurso
natural deve arcar com os custos necessários para possibilitar tal uso
configura o princípio:
Resposta: usuário-pagador.
Assegura ao cidadão o direito à informação e a participação na
elaboração das políticas públicas ambientais, de modo que devem ser
Princípio da participação ou
assegurados os mecanismos judiciais, legislativos e administrativos que
da Gestão comunitária
efetivam o princípio. Dessa forma, a população deve ser inserida em
questões ambientais.

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL


a) Extracontratual - Decorre da Lei, sem que haja um vínculo jurídico contratual anterior;
b) Objetiva - Independe da análise de culpa do agente ou licitude da atividade;
c) Propter rem - O adquirente responderá ainda que não tiver provocado o dano. Qualquer Cláusula
de Não Indenizar só terá validade entre as partes;
d) Solidária - Entre todos que de alguma forma deram origem ao dano (litisconsórcio facultativo).
Majoritariamente, entende-se que é possível a responsabilidade solidária do ente público quando, devendo
agir para evitar o dano ambiental, mantém-se inerte ou atua de forma deficiente. Entretanto, apesar de
solidária, a execução contra o ente público é subsidiária, de modo a se exigir a execução primeiro do
poluidor direto, não devendo, em regra, a sociedade ser duplamente onerada pela degradação ambiental;
e) Inversão do ônus da prova - Jurisprudência majoritária admite nos moldes do CDC
(verossimilhança ou hipossuficiência). No caso de ACP ambiental, o STJ vem entendendo que, em
observância ao P. da Precaução e ao caráter público e coletivo do bem jurídico tutelado, o ônus da prova é
do empreendedor;
f) Imprescritível - a responsabilização civil por dano ambiental é imprescritível. Fundamento: a
titularidade do direito ambiental é difusa, pertencendo às gerações atuais e futuras. Não seria possível
aceitar a penalização decorrente da prescrição àquela geração que sequer existe - O dano ambiental inclui-
se dentre os direitos indisponíveis e como tal está dentre os poucos acobertados pelo manto da
imprescritibilidade a ação que visa reparar o dano ambiental.” (REsp 1120117/AC)
- Tríplice responsabilidade em matéria ambiental: a responsabilização do poluidor, em decorrência de um
único dano ambiental, pode ser penal, civil e administrativa (art. 225, §3º, da CF). Princípio 13 da Declaração do
Rio: “os Estados deverão desenvolver a legislação nacional relativa à responsabilidade e à indenização
referente às vítimas da contaminação e outros danos ambientais. Os Estados deverão cooperar de maneira
inteligente e mais decidida no preparo de novas leis internacionais sobre responsabilidade e indenização

57
pelos efeitos adversos dos danos ambientais causados pelas atividades realizadas dentro de sua jurisdição,
ou sob seu controle, em zonas situadas fora de sua jurisdição”.
- Conceito legal de poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,
diretamente ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (Lei 6.938/1981).
- Degradação ambiental: expressão com acepção mais ampla que poluição, pois representa alteração
adversa das características do meio ambiente, enquanto a poluição é a degradação da qualidade ambiental
resultante de atividades que, direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar
da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem
desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (Lei 6.938/1981).
- Poluição lícita e ilícita: A poluição poderá ser lícita ou ilícita. Ex.: se uma pessoa desmata parte da
vegetação de sua fazenda amparada por regular licenciamento ambiental, haverá uma poluição lícita, pois
realizada dentro dos padrões de tolerância da legislação ambiental e com base em licença, o que exclui
qualquer responsabilidade administrativa ou criminal do poluidor. Contudo, mesmo a poluição lícita não
exclui a responsabilidade civil do poluidor na hipótese de geração de danos ambientais, pois a
responsabilidade civil por danos ambientais não é sancionatória; mas sim, reparatória.
- Intervenção de terceiros devedores solidários (denunciação à lide ou chamamento ao processo): é
vedada a denunciação da lide ou o chamamento ao processo nos processos de reparação por danos
ambientais, sendo necessário o ajuizamento de ação própria contra os codevedores ou responsáveis
subsidiários (STJ, AgRg no Ag 1.213.458).

- Desconsideração da personalidade jurídica: No campo do Direito Ambiental, aplica-se a teoria


menor no caso de responsabilidade civil por dano ao meio ambiente (art. 4º da Lei 9.605/1998), ou seja,
basta a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações,
independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
- Natureza objetiva da responsabilidade civil em matéria ambiental: em regra, no ordenamento
jurídico pátrio, a responsabilidade civil é de cunho subjetivo, tendo por seu fundamento a culpa do
causador de um dano (art. 186 do CC/2002). No caso de dano ambiental, a responsabilidade civil é objetiva,
conforme o art. 14, §1º, da Lei 6938/1981, segundo o qual “[...] é o poluidor obrigado, independentemente da
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade.”.
- Teoria do risco integral: prevalece na doutrina e na jurisprudência que a responsabilidade civil por
dano ambiental é objetiva baseada na teoria do risco integral. Trata-se de uma responsabilidade civil
extremada, que não admite excludentes do nexo causal, como força maior, fato de terceiro ou culpa
exclusiva da vítima, v.g. O fundamento da teoria do risco integral é que o poluidor deve assumir todos os
riscos inerentes à atividade que pratica (STJ, REsp 598.281, Rel. Min. Teori Zavasscki).
- Solidariedade da responsabilidade civil ambiental: “No plano jurídico, o dano ambiental é marcado
pela responsabilidade civil objetiva e solidária, que dá ensejo, no âmbito processual, a litisconsórcio
facultativo entre os vários degradadores, diretos ou indiretos. Segundo a jurisprudência do STJ, no
envilecimento do meio ambiente, a "responsabilidade (objetiva) é solidária" (REsp 604.725/PR, Rel. Ministro
Castro Meira, Segunda Turma, DJ 22.8.2005, p. 202), tratando-se de hipótese de "litisconsórcio facultativo"
(REsp 884.150/MT, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7.8.2008), pois, mesmo havendo "múltiplos
agentes poluidores, não existe obrigatoriedade na formação do litisconsórcio", abrindo-se ao autor a
possibilidade de "demandar de qualquer um deles, isoladamente ou em conjunto, pelo todo" (REsp 880.160/RJ,
Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 27.5.2010) [...]” (STJ, Resp 843978/SP, Rel. Min.
HERMAN BENJAMIN, julgado em 21/09/2010).

58
- Imprescritibilidade: por envolver direito fundamental, a pretensão reparatória ambiental não
prescreve (STJ, REsp 647.493/2007).
- Conceito de dano ambiental: prejuízo causado ao meio ambiente por uma ação ou omissão
humana, que afeta de modo negativo o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado e, por consequência, atinge, também de modo negativo, todas as pessoas, de maneira direta
ou indireta. Em sentido amplo, o dano ambiental é aquele que afeta todas as modalidades de meio
ambiente (natural, artificial, cultural e laboral), ao passo que o dano ambiental stricto sensu afeta os
elementos bióticos e/ou abióticos da natureza, sendo denominado puramente ecológico.
- Caráter punitivo da reparação civil por danos ambientais (punitive damages): não é possível
conferir caráter punitivo à reparação por danos causados ao meio ambiente, pois a responsabilidade civil
por danos ao meio ambiente prescinde de culpa, além do que revestir a compensação de caráter punitivo
propiciaria bis in idem, já que a punição imediata é incumbência específica do direito administrativo e penal
(STJ, REsp 1.354.536-SE, julgado em 26/03/2014).
- Dano moral coletivo em matéria ambiental: é admissível o dano moral coletivo ambiental. O dano
ao meio ambiente, por ser bem público, gera repercussão geral, impondo conscientização coletiva à sua
reparação, a fim de resguardar o direito das futuras gerações a um meio ambiente ecologicamente
equilibrado. O dano moral coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo massificado,
sendo desnecessária a demonstração de que a coletividade sinta dor, repulsa ou indignação, tal qual fosse
um indivíduo isolado (STJ, REsp 1269494/MG).
- Obrigação propter rem: a obrigação de reparar o dano ambiental é propter rem, sendo o
proprietário obrigado a reparar o dano ambiental em seu prédio rústico, mesmo que não o tenha causado
(STJ, RESP 1251697). O Código Florestal também dispõe nesse mesmo sentido: “as obrigações previstas
nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de
domínio ou posse do imóvel rural” (art. 2º, §2º, da Lei 12651/2012).
- Reparação in integrum: o princípio da reparação in integrum aplica-se ao dano ambiental. Com isso,
a obrigação de recuperar o meio ambiente degradado é compatível com a indenização pecuniária por
eventuais prejuízos, até sua restauração plena. Contudo, se quem degradou promoveu a restauração
imediata e completa do bem lesado ao status quo ante, em regra, não se fala em indenização. Nas
demandas ambientais, por força dos princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum, admite-se
a condenação do réu, simultânea e agregadamente, em obrigação de fazer, não fazer e indenizar. Aí se
encontra típica obrigação cumulativa ou conjuntiva. Assim, na interpretação dos arts. 4º, VII, e 14, § 1º, da Lei
da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981), e do art. 3º da Lei 7.347/1985, a conjunção "ou"
opera com valor aditivo, não introduz alternativa excludente. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer
e pagar não configura bis in idem, porquanto a indenização, em vez de considerar lesão específica já
ecologicamente restaurada ou a ser restaurada, põe o foco a parcela do dano que, embora causada pelo
mesmo comportamento pretérito do agente, apresenta efeitos deletérios de cunho futuro, irreparável ou
intangível. (STJ, RESP 1198727).
- Julgamento extra petita e demanda ambiental: em virtude do princípio do poluidor pagador, é lícito
ao julgador determinar medida não requerida na petição inicial (STJ, REsp 967.375-RJ).

Obs.: A responsabilidade objetiva, calcada na teoria do risco, é uma imputação atribuída por lei a
determinadas pessoas para ressarcirem os danos provocados por atividades exercidas no seu interesse,
sem que se discuta qualquer elemento subjetivo na conduta do agente ou de seus prepostos, sendo
suficiente a relação de causalidade entre o dano sofrido pela vítima e a situação de risco criada pelo
agente.

59
Assim, a título de exemplo, caso uma indústria deposite resíduos tóxicos em seu terreno e provoque
danos em um particular que transite neste terreno, a despeito de avisos e colocação de placas, a indústria
deverá indenizar o particular. Nesta situação hipotética, não caberá falar em culpa exclusiva da vítima,
pois não há excludentes de responsabilidade.
Aplicar-se-á o princípio do poluidor-pagador, tendo a indústria responsabilidade civil objetiva, sob a
modalidade do risco integral, ainda que o dano seja causado a um particular (dano ambiental privado).
(Fonte: Comentários do Dizer o Direito ao REsp 1.373.788-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, STJ. 3ª
Turma, julgado em 6/5/2014, constante no Informativo n° 544).

#RESUMEAÊ

Dano Ecológico É aquele em que um ou alguns dos componentes naturais


Puro do ecossistema é atingido de forma intensa;

Abrange todos os componentes do meio ambiente,


Dano Ecológico inclusive o patrimônio cultural, protegendo-se, pois, o meio
Quanto à
Lato Sensu ambiente e todos os seus componentes, numa concepção
amplitude do
unitária;
bem protegido
Atinge pessoas individualmente consideradas e incide
Dano individual sobre interesses próprios do lesado, pois o dano
ambiental ou patrimonial ou extrapatrimonial sofrido por uma pessoa,
reflexo ou a doença contraída, inclusive a morte, podem decorrer
de degradação ambiental.

Dano ambiental de Diz respeito a interesses próprios, tanto os individuais


reparabilidade quanto os individuais homogêneos. O interesse que sofreu
direta lesão será indenizado diretamente;

Quanto à
Reparabilidade Relaciona-se aos interesses difusos, coletivos e,
eventualmente, individuais de dimensão coletiva. A
Dano ambiental de reparação é dirigida preferencialmente ao bem ambiental
reparabilidade de interesse coletivo, considerando-se a capacidade
indireta funcional ecológica e a de aproveitamento humano do
meio ambiente. Não objetiva, pois, ressarcir interesses
próprios e pessoais.
Dano patrimonial
Incide sobre os bens materiais. Trata-se do dano material.
ambiental
É o dano moral ocasionado à sociedade e/ou decorrente de
Considerando à lesão ao meio ambiente. Abrange o dano ambiental
Dano
extensão do dano extrapatrimonial coletivo (quando atingido o macrobem
extrapatrimonial
ambiental) e o dano ambiental extrapatrimonial reflexo, a
ambiental
título individual (quando se referir ao microbem
ambiental).
Interesses Dano ambiental de À coletividade interessa preservar o macrobem ambiental
objetivados interesse da para as presentes e futuras gerações;

60
coletividade

Aquele que se reflete no interesse particular da pessoa,


Dano ambiental de
inclusive o de defender o macrobem, tutelado via ação
interesse individual
popular.

#JURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO
O particular que deposita resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a céu aberto, em local onde, apesar
da existência de cerca e de placas de sinalização informando a presença de material orgânico, o acesso de
outros particulares seja fácil, consentido e costumeiro, responde objetivamente pelos danos sofridos por
pessoa que, por conduta não dolosa, tenha sofrido, ao entrar na propriedade, graves queimaduras
decorrentes de contato com os resíduos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.788-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 6/5/2014 (Info 544)

Responsabilidade por dano ambiental


Determinada empresa de mineração deixou vazar resíduos de lama tóxica (bauxita), material que atingiu
quilômetros de extensão e se espalhou por cidades dos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais,
deixando inúmeras famílias desabrigadas e sem seus bens móveis e imóveis. O STJ, ao julgar a
responsabilidade civil decorrente desses danos ambientais, fixou as seguintes teses em sede de recurso
repetitivo:
a) a responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de
causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a
invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para
afastar sua obrigação de indenizar;
b) em decorrência do acidente, a empresa deve recompor os danos materiais e morais causados e;
c) na fixação da indenização por danos morais, recomendável que o arbitramento seja feito caso a caso e
com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte
da empresa, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade,
valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, de
modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem recebe a indenização e, de outro, haja
efetiva compensação pelos danos morais experimentados por aquele que fora lesado. STJ. 2ª Seção. REsp
1.374.284-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/8/2014 (Info 545).

Construção de hidrelétrica e prejuízo aos pescadores artesanais do local


João é pescador artesanal e vive da pesca que realiza no rio Paranapanema, que faz a divisa dos Estados de
São Paulo e Paraná. A empresa "XXX", após vencer a licitação, iniciou a construção de uma usina hidrelétrica
neste rio. Ocorre que, após a construção da usina, houve uma grande redução na quantidade de alguns
peixes existentes no rio, em especial "pintados", "jaú" e "dourados". Vale ressaltar que estes peixes eram os
mais procurados pela população e os que davam maior renda aos pescadores do local.
Diante deste fato, João ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra a empresa
(concessionária de serviço público) sustentando que a construção da usina lhe causou negativo impacto
econômico e sofrimento moral, já que ele não mais poderia exercer sua profissão de pescador. O pescador
terá direito à indenização em decorrência deste fato?
Danos materiais: SIM.
Danos morais: NÃO. STJ. 4ª Turma. REsp 1.371.834-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/11/2015
(Info 574).

RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA POR DANO AMBIENTAL.

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Atualmente, na temática da responsabilização penal da pessoa jurídica por danos ambientais, tanto o STJ
(após o julgado do RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015), quanto o STF
adotam a corrente que defende ser possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos
ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome
(não se adota mais a teoria da dupla imputação).

Nesse sentido, é consenso nos tribunais superiores pátrios ser plenamente possível a
responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de crimes ambientais, porque assim determinou o § 3º
do art. 225 da CF/88. A pessoa jurídica pode ser punida penalmente por crimes ambientais ainda que não
haja responsabilização de pessoas físicas.

#AJUDAMARCINHO

No Brasil, existe a responsabilidade penal das pessoas jurídicas por crimes ambientais?
1ª corrente: NÃO 2ª corrente: NÃO 3ª corrente: SIM 4ª corrente: SIM

A CF/88 não previu a A responsabilidade da É possível porque há previsão É possível, desde


responsabilidade penal pessoa jurídica é expressa na CF. que em conjunto
da pessoa jurídica, mas incompatível com a A pessoa jurídica pode ser com uma pessoa
apenas sua teoria do crime adotada punida penalmente por física.
responsabilidade no Brasil. crimes ambientais ainda que Chamada de teoria
administrativa. É a posição majoritária não haja responsabilização da dupla
É amplamente na doutrina. de pessoas físicas. imputação.
minoritária. É a posição do STJ e STF. Era a antiga
posição da
jurisprudência.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL
- Licenciamento ambiental é um “procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental". A licença, por sua vez, é ato administrativo pelo
qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental
que deverão ser obedecidas pelo empreendedor.

#NÃOCONFUNDIR: Não confundir licenciamento ambiental com licença ambiental. Licenciamento é um


procedimento para autorizar ou não uma atividade que causa impacto ambiental. Já a licença é um ato
administrativo. Nas provas eles invertem esses conceitos.

A legislação correlata aponta os seguintes tipos de licença:


I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou
atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com
as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.

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Obs.: além de configurar crime ambiental, o início das obras sem a devida Licença de Instalação é
considerado indício de irregularidade administrativa.
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a
verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação.
A doutrina aponta que é possível, após requerer a Licença de Operação, e antes da sua obtenção, o
requerente realizar testes pré-operacionais, desde que mediante autorização do órgão ambiental
competente.
Obs.: Licença Simplificada: existe também a possibilidade de, em situações específicas, ser
viabilizado o procedimento de licenciamento ambiental simplificado, como no caso do licenciamento de
atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental (§1° do artigo 12 da Resolução
CONAMA 237/97), desde que haja aprovação pelo respectivo Conselho de Meio Ambiente.
Destaca-se, também, que as ações de licenciamento são de competência exclusiva dos órgãos
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente. Inclusive, a competência específica para o
licenciamento ambiental deve recair, no caso concreto, apenas a um ente federado competente, tendo em
vista não haver possibilidade de licenciamento ambiental simultâneo (#IMPORTANTE).

POLÍTICA URBANA E ESTATUTO DAS CIDADES

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
A perda da propriedade se dá em virtude do descumprimento de obrigações urbanísticas pelo
proprietário. Apenas os entes municipais poderão promover essa desapropriação, desde que o plano
diretor preveja as áreas onde a sanção poderá ser imposta.
O que será indenizado é o valor real do imóvel, e não seu justo valor. A própria lei afasta do valor real
os lucros cessantes, juros compensatórios e mais-valia urbana gerada por verba pública, remetendo-o ao
valor venal considerado para fins de tributação do IPTU.
A indenização é paga por títulos da dívida pública, com prazo de resgate máximo em 10 anos.
A emissão dos títulos depende de autorização do Senado Federal.
Aproveitamento do imóvel: a aquisição do imóvel pelo município transfere ao ente público a
obrigação de dar ao bem devida destinação em 5 anos, a contar do final do processo expropriatório. Caso

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não tenha interesse em explorar o bem diretamente, poderá promover sua alienação a terceiros mediante
processo licitatório.

Forma de
Espécies Motivação Avaliação Sujeito Ativo
Pagamento
Necessidade, União, Estados,
Desapropriação Prévio e em
utilidade pública ou Justo Valor DF, Municípios e
ordinária dinheiro
interesse social entes delegados.
Descumprimento
Títulos da dívida
Desapropriação do ônus urbanístico
Valor real pública com prazo Municípios.
sanção (função social da
de até 10 anos.
propriedade)

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados,
por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-
lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,
independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

 Comparações entre o CC e Estatuto da Cidade

Direito de superfície do CC/2002. Direito de Superfície do Estatuto da Cidade.


Imóvel urbano ou rural. Imóvel urbano

Exploração mais restrita: construções e Exploração mais ampla: qualquer utilização de


plantações. acordo com a política urbana.

Em regra, não há autorização para utilização do Em regra é possível utilizar o subsolo ou o espaço
subsolo e do espaço aéreo. aéreo.
Cessão somente por prazo determinado. Cessão por prazo determinado ou indeterminado.

- Direito de Preempção
Estatuto da Cidade CC
Natureza Jurídica Limitação administrativa Vontade das partes
Objeto Bem imóvel Bem móvel e imóvel
Finalidade Art. 26 Livre
Preemptor Município e DF Livre

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Não poderá exceder a cento e oitenta dias, se
Prazo Lei fixará, não superior a 5 anos a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
(Art. 513, p. único).

#JURISPRUDÊNCIA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO.


IMPOSTO TERRITORIAL PREDIAL URBANO - IPTU. PROGRESSIVIDADE DAS ALÍQUOTAS.
INCONSTITUCIONALIDADE. EXIGIBILIDADE DO TRIBUTO. FATO GERADOR OCORRIDO EM PERÍODO
ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL 29/2000. ALÍQUOTA MÍNIMA. MENOR GRAVOSIDADE AO
CONTRIBUINTE. PROPORCIONALIDADE DO CRITÉRIO QUANTITATIVO DA REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA
TRIBUTÁRIA.
1. Tese de repercussão geral fixada: “Declarada inconstitucional a progressividade de alíquota tributária
do Imposto Predial Territorial Urbano no que se refere a fato gerador ocorrido em período anterior ao
advento da EC 29/2000, é devido o tributo calculado pela alíquota mínima correspondente, de acordo com
a destinação do imóvel e a legislação municipal de instituição do tributo em vigor à época”. 2. O Supremo
Tribunal Federal possui entendimento sumulado no sentido de que “É inconstitucional a lei municipal que
tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se
destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.” Súmula 668 do STF.
Precedente: AI-QO-RG 712.743, de relatoria da Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, DJe 8.5.2009. 3. É
constitucional a cobrança de IPTU, referente a período anterior à Emenda Constitucional 29/2000, mesmo
que a progressividade das alíquotas tenha sido declarada inconstitucional, em sede de representação de
inconstitucionalidade em Tribunal de Justiça local. Função da alíquota na norma tributária. Teoria da
divisibilidade das leis. Inconstitucionalidade parcial. 4. O IPTU é exigível com base na alíquota mínima
prevista na lei municipal, de modo que o critério quantitativo da regra matriz de incidência tributária seja
proporcional e o menos gravoso possível ao contribuinte. Precedentes. 5. Recurso extraordinário provido.
(RE 602347, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 04/11/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-067 DIVULG 11-04-2016 PUBLIC 12-04-2016)

#JURISPRUDÊNCIA: STF INFO 783 (2015). USUCAPIÃO.


Pode ser deferida usucapião especial urbana ainda que a área do imóvel seja inferior ao módulo mínimo
dos lotes urbanos previsto no plano diretor.
Determinada pessoa preencheu os requisitos para obter o direito à usucapião especial urbana,
prevista no art. 183 da CF/88. Ocorre que o juiz negou o pedido alegando que o plano diretor da cidade
proíbe a existência de imóveis urbanos registrados com metragem inferior a 100m2. Em outras palavras,
fixou que o módulo mínimo dos lotes urbanos naquele Município seria de 100m2 e, como a área ocupada
pela pessoa seria menor que isso, ela não poderia registrar o imóvel em seu nome. A decisão do
magistrado está correta? O fato de haver essa limitação na lei municipal impede que a pessoa tenha
direito à usucapião especial urbana?
NÃO. Se forem preenchidos os requisitos do art. 183 da CF/88, a pessoa terá direito à usucapião
especial urbana e o fato de o imóvel em questão não atender ao mínimo dos módulos urbanos exigidos
pela legislação local para a respectiva área (dimensão do lote) não é motivo suficiente para se negar esse
direito, que tem índole constitucional.
Para que seja deferido o direito à usucapião especial urbana basta o preenchimento dos
requisitos exigidos pelo texto constitucional, de modo que não se pode impor obstáculos, de índole
infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de parte interessada, o modo originário de
aquisição de propriedade. STF. Plenário. RE 422349/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/4/2015
(repercussão geral) (Info 783).
Fundamentos utilizados por FUX (voto vista);

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- A usucapião é matéria de direito civil, de competência da União;
- Prevalece o direito à moradia; Função social da posse/propriedade; Segurança Jurídica.
- A lei municipal que fixa lote mínimo não é inconstitucional. Cumpre com o dever imposto aos municípios
em planejamento da ocupação do solo urbano e na sua fiscalização. Todavia, lei não tem o condão de
restringir o direito constitucional à usucapião especial urbana, permitindo a aquisição da propriedade em
área menor.

#JURISPRUDÊNCIA: Os Municípios com mais de 20 mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre
programas e projetos específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis que sejam
compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor. Isso significa que nem sempre que o Município for
legislar sobre matéria urbanística, ele precisará fazê-lo por meio do Plano Diretor. O Plano Diretor é o
instrumento legal que dita a atuação do Município ou do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano,
traçando suas linhas gerais, porém a sua execução pode se dar mediante a expedição de outras lei e
decretos, desde que guardem conformidade com o Plano Diretor. STF. Plenário. RE 607940/DF, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado em 29/10/2015 (Info 805).

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