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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS - ICHPO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
Disciplina: História da África 2018-2
Prof. Aurelino J F Filho
Valor: 40 pontos
Data para devolução (impressa): 26-11-2018
Questão única
Folha de Resposta.
Hampaté Bâ destaca dois grupos que serão responsáveis por essa transmissão de
conhecimento os tradicionalistas e os griots. Os primeiros, eram considerados historiadores e
eram encarregados de transmitir e registrar a história de cada sociedade, reino, pessoas, etc., e
tinham como objetivo relatar apenas a “verdade”, eram homens letrados e faziam parte da
elite intelectual. Já os griots eram como cronistas, contavam histórias que nem sempre eram
verdadeiras, como se fossem trovadores, alguns ainda cantavam, faziam poesias, em sua
maioria eram animadores e artistas de rua. O autor ressalta que o estudo destes dois grupos é
fundamental para compreender a formação histórica, social, política e cultural dos povos
africanos, não fazendo juízos de valores priorizando um grupo em relação ao outro.
Já o autor, J. Ki-Zerbo, também irá atentar para as tradições orais que o povo africano
carrega em sua história, porém irá fazer uma relação aos processos de aculturamento de outras
nações, principalmente, europeias desta cultura como formas estratégicas de comercialização
no mundo capitalista. E também os desdobramentos sociais, políticos e econômicos que estes
países africanos, considerados “terceiro mundo”, sofrem com os processos da globalização -
que aprofundaram ainda mais as diferenças sociais e econômicas em diversos países, não
apenas os africanos, considerados subdesenvolvidos.
Outro aspecto que Ki-Zerbo aponta é a atuação dos globalizantes através das
instituições bancárias, como o FMI e o Banco Mundial, que fazem pressão sobre esses
Estados os fragilizando ainda mais, e mantendo uma situação de constante instabilidade
econômica e política. Refletindo isso também para o social e cultural, fazendo com que os
níveis de exportação sejam bem fracos em relação aos níveis de importação de produtos e
tecnologias de outros países, causando ainda mais uma certa dependência com os países
ocidentais.
Leila Leita irá destacar que essa dependência será construída dentro dos meios
acadêmicos e científicos dos estudos sociais e da história africana. Destacando para o papel
dos ocidentais em se tentar fazer uma história que legitimasse e justificasse os processos de
exploração e colonização do continente africano ao longo dos anos. A racionalidade ocidental
irá criar definições, como por exemplo “África Negra” e “África Branca”, para explicar
categorias da suas tradições e cultura, o que irá proporcionar também uma visão da
misticidade destes povos. Segundo a autora, esses preceitos são em sua maioria cheios de pré-
conceitos o que irá, de uma certa forma, legitimar a superioridade ocidental sobre a africana.
Para Terence Ranger, deve haver diferentes interpretações de África, que são
inventadas ou forjadas, a partir dos olhares de outros, ou seja, dos colonizadores. E que é a
partir desta criação de diversas culturas, que o imperialismo irá se legitimar, criando assim um
lugar social, econômico e político para estes povos – que irá produzir e legitimar a sua
marginalização e dependência em relação aos países ocidentais.