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Diario J 07
Diario J 07
JUSTIÇA DO
Desembargador PAULO RÉGIS MACHADO BOTELHO
Corregedor Regional
INTIMAÇÃO
Av. Santos Dumont, 3384 Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 3e06e8a
Aldeota
proferida nos autos.
Fortaleza/CE
DECISÃO PJe-JT
CEP: 60150162
Vistos etc.
equivocada.
Notificação
GABINETE DO DESEMBARGADOR JOSÉ
Processo Nº CorPar-0080495-79.2021.5.07.0000 ANTONIO PARENTE DA SILVA
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO Notificação
CORRIGENTE BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO MOZART VICTOR RUSSOMANO
NETO(OAB: 29340/DF) Processo Nº AR-0080466-29.2021.5.07.0000
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
CORRIGIDO JOSE MARIA COELHO FILHO
AUTOR EMP DE ASSIST TEC E EXT RURAL
DO EST DO CE EMATERCE
processo nº 0001869-52.2017.5.07.0011.
Analisa-se.
rechaçando a total.
INTIMAÇÃO
Em seu favor, a parte autora assegura que o TST, por sua SBDI1,
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID a93900a
consolidou entendimento de que no caso "sub judice" aplicar-se-ia a
proferida nos autos.
prescrição total, e não a parcial, de par com a Súmula 294 daquela
DECISÃO – TUTELA DE URGÊNCIA
Corte Superior.
- Relatório
Ocorre que este Tribunal tem inúmeros precedentes que
Cuida-se de Ação Rescisória com pedido de tutela de urgência
reconhecem a prescrição parcial, e não a total, em casos análogos,
ajuizada por EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E
"in verbis":
EXTENSÃO RURAL DO ESTADO DO CEARÁ – EMATERCE
"PRESCRIÇÃO PARCIAL. DESCUMPRIMENTO DE NORMA
contra DJALMA CAMPELO DANTAS, em que pretende a
INTERNA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 294 DO TST.
desconstituição do acórdão proferido no processo nº 0001869-
Verificado que o pleito autoral resta fundamentado em normativo
52.2017.5.07.0011, com espeque no art. 966, V, do CPC.
interno da reclamada ainda em vigor que teria integrado o contrato
A parte autora aduz que o julgado rescindendo malferiu o disposto
de trabalho do autor, descabe falar em alteração do pactuado, mas
no art. 7º, XXIX, da CF/88 e Súmula 294/TST, ao deixar de
sim em descumprimento de norma interna quanto à forma de
reconhecer a prescrição total da pretensão do então reclamante ao
pagamento da parcela perseguida pelo reclamante. Inaplicabilidade
pagamento de adicional por tempo de serviço (triênios).
ao caso da Súmula 294 do c. TST. EMATERCE. ATS - ADICIONAL
A empresa autora acostou documentos com a inicial.
POR TEMPO DE SERVIÇO. CONGELAMENTO. TRIÊNIO.
Breve relato, decido o pedido de urgência.
RESTABELECIMENTO DA PARCELA. Restabelecimento do
- Fundamentação
pagamento do percentual do adicional por tempo de serviço nos
1. DA COMPETÊNCIA DO PLENO DO TRIBUNAL
moldes previstos no vigente Regimento de Pessoal da empresa
Uma vez que a autora pretende rescindir acórdão deste Regional, o
reclamada, ainda vigente. Percentual de 3% do salário a cada
órgão competente para a lide é o Pleno do Tribunal, de par com o
período de três anos, nos termos do Normativo Interno da
disposto no art. 14, IV, "c", do Regimento Interno do TRT da 7ª
EMATERCE. Recurso parcialmente provido. (TRT7 - 0000892-
Região.
80.2019.5.07.0014 – Rel. Silva, Jose Antonio Parente da | Incluído
2. DO PREPARO
em: 11 ago. 2020 | Publicado em: 11 ago. 2020)
A empresa autora realizou o depósito prévio no importe de
"ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. EMATERCE.
R$12.556,54 (doze mil quinhentos e cinquenta e seis reais e
VANTAGEM PREVISTA EM REGULAMENTO INTERNO
cinquenta e quatro centavos), conforme ID. 90c04fe - Pág. 1.
PATRONAL. SUPRESSÃO (CONGELAMENTO) POR NORMA
3. DA DECADÊNCIA
COLETIVA. DESCUMPRIMENTO DE NORMA REGULAMENTAR -
De par com a certidão D. b15ad4b - Pág. 2, o prazo recursal, na
PRESCRIÇÃO PARCIAL. A pretensão do reclamante não decorre
fase cognitiva, findou em 21/08/2019, razão pela qual o trânsito em
diretamente da alteração do pactuado e, sim, da alegada omissão
julgado ocorreu no dia imediatamente subsequente,
da reclamada em cumprir disposições regulamentares que
independentemente de ser dia útil, ou seja, 22/08/2019.
viabilizariam o acréscimo no percentual de pagamento de Adicional
Dois anos contados do trânsito em julgado (art. 975, caput, do
de Tempo de Serviços (ATS), o que afasta, por si só, a incidência Intime-se a parte autora.
da Súmula 294 do TST. Outrossim, as diferenças postuladas, no Cite-se a parte ré, inicialmente, na pessoa de seus advogados
caso, são de trato sucessivo, cuja prescrição se renova mês a mês, constituídos no bojo dos autos originários, dos quais deriva esta
pelo descumprimento da obrigação. O pagamento a menor da Ação Rescisória, consoante interpretação analógica do art. 677, §3º,
remuneração enseja apenas a pronúncia da prescrição parcial. do CPC de 2015, para apresentar contestação no prazo de 20
NORMA INTERNA. CONGELAMENTO MEDIANTE ACORDO O prazo para apresentação da contestação será o que findar por
congelamento do percentual do triênio, perpetrada pela reclamada JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
rescisória é a data da inclusão, na Orientação Jurisprudencial do Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID a93900a
Veja-se, a questão de ser a prescrição total ou parcial encontrava- DECISÃO – TUTELA DE URGÊNCIA
formalmente, o texto da CLT, a partir da Lei nº 13.467/2017, que Cuida-se de Ação Rescisória com pedido de tutela de urgência
alterou o seu art. 11. Portanto, referida discussão se encontra na ajuizada por EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E
esfera infraconstitucional, atraindo, assim, a disciplina da Súmula EXTENSÃO RURAL DO ESTADO DO CEARÁ – EMATERCE
E embora haja decisões da SBDI1 acerca da matéria, a ausência de desconstituição do acórdão proferido no processo nº 0001869-
inclusão da mesma na Orientação Jurisprudencial do TST a 52.2017.5.07.0011, com espeque no art. 966, V, do CPC.
mantém controvertida nos Tribunais. A parte autora aduz que o julgado rescindendo malferiu o disposto
Ausência de probabilidade do direito vindicado, pelo que não no art. 7º, XXIX, da CF/88 e Súmula 294/TST, ao deixar de
prospera o pedido de concessão de tutela de urgência, nos moldes reconhecer a prescrição total da pretensão do então reclamante ao
ISTO POSTO, indefiro a tutela de urgência. Breve relato, decido o pedido de urgência.
1. DA COMPETÊNCIA DO PLENO DO TRIBUNAL pagamento do percentual do adicional por tempo de serviço nos
Uma vez que a autora pretende rescindir acórdão deste Regional, o moldes previstos no vigente Regimento de Pessoal da empresa
órgão competente para a lide é o Pleno do Tribunal, de par com o reclamada, ainda vigente. Percentual de 3% do salário a cada
disposto no art. 14, IV, "c", do Regimento Interno do TRT da 7ª período de três anos, nos termos do Normativo Interno da
A empresa autora realizou o depósito prévio no importe de em: 11 ago. 2020 | Publicado em: 11 ago. 2020)
R$12.556,54 (doze mil quinhentos e cinquenta e seis reais e "ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. EMATERCE.
cinquenta e quatro centavos), conforme ID. 90c04fe - Pág. 1. VANTAGEM PREVISTA EM REGULAMENTO INTERNO
De par com a certidão D. b15ad4b - Pág. 2, o prazo recursal, na COLETIVA. DESCUMPRIMENTO DE NORMA REGULAMENTAR -
fase cognitiva, findou em 21/08/2019, razão pela qual o trânsito em PRESCRIÇÃO PARCIAL. A pretensão do reclamante não decorre
julgado ocorreu no dia imediatamente subsequente, diretamente da alteração do pactuado e, sim, da alegada omissão
independentemente de ser dia útil, ou seja, 22/08/2019. da reclamada em cumprir disposições regulamentares que
Dois anos contados do trânsito em julgado (art. 975, caput, do viabilizariam o acréscimo no percentual de pagamento de Adicional
CPC), tem-se que o prazo final para ajuizamento da Ação de Tempo de Serviços (ATS), o que afasta, por si só, a incidência
Uma vez que a presente ação findou ajuizada em 20/08/2021, caso, são de trato sucessivo, cuja prescrição se renova mês a mês,
observa-se a inexistência de decadência do direito autoral. pelo descumprimento da obrigação. O pagamento a menor da
Busca, a empresa autora, a concessão de tutela de urgência para ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO INSTITUÍDO POR
suspender o cumprimento da decisão rescindenda, evitando-se o NORMA INTERNA. CONGELAMENTO MEDIANTE ACORDO
prosseguimento da execução em curso nos autos originários, COLETIVO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL LESIVA. ARTIGO 468
A questão nodal da presente rescisória orbita em torno da espécie mediante formalização de acordo coletivo de trabalho, tendo em
de prescrição aplicável à pretensão do trabalhador, se total ou vista que houve supressão de direitos já incorporados ao patrimônio
parcial. A sentença rescindenda acolheu a prescrição parcial, jurídico do trabalhador previstos no Regulamento Interno da
rechaçando a total. EMATERCE (art. 67, §1º). Hipótese infringente do art. 468 da CLT e
Em seu favor, a parte autora assegura que o TST, por sua SBDI1, à Súmula 51, item I, do TST." (TRT7 - 0001271-33.2019.5.07.0010
consolidou entendimento de que no caso "sub judice" aplicar-se-ia a – Rela. Albuquerque, Fernanda Maria Uchoa de | Incluído em: 18
prescrição total, e não a parcial, de par com a Súmula 294 daquela mai. 2020 | Publicado em: 18 mai. 2020)
Ocorre que este Tribunal tem inúmeros precedentes que seara jurisprudencial, acerca da interpretação conferida ao art. 7º,
reconhecem a prescrição parcial, e não a total, em casos análogos, XXIX, da CF/88, c/c a Súmula 294/TST, razão pela qual não se
"in verbis": divisa violação manifesta a norma jurídica, nos moldes do art. 966,
INTERNA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 294 DO TST. Essa a inteligência da Súmula nº 83 do c. TST, que vaticina:
Verificado que o pleito autoral resta fundamentado em normativo "SUM-83. AÇÃO RESCISÓRIA. MATÉRIA CONTROVERTIDA
interno da reclamada ainda em vigor que teria integrado o contrato I – Não procede pedido formulado na ação rescisória por violação
de trabalho do autor, descabe falar em alteração do pactuado, mas literal de lei se a decisão rescindenda estiver baseada em texto
sim em descumprimento de norma interna quanto à forma de legal infraconstitucional de interpretação controvertida nos
ao caso da Súmula 294 do c. TST. EMATERCE. ATS - ADICIONAL II – O marco divisor quanto a ser, ou não, controvertida, nos
POR TEMPO DE SERVIÇO. CONGELAMENTO. TRIÊNIO. Tribunais, a interpretação dos dispositivos legais citados na ação
Veja-se, a questão de ser a prescrição total ou parcial encontrava- MARTINS) notificado(a), através de seu patrono, para no prazo de
se disciplinada na esfera jurisprudencial, passando a integrar, 05(cinco) dias, apresentar manifestação acerca dos Embargos de
formalmente, o texto da CLT, a partir da Lei nº 13.467/2017, que Declaração (Id. F9b87ba), interpostos por M DIAS BRANCO S.A.
alterou o seu art. 11. Portanto, referida discussão se encontra na INDÚSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS.
E embora haja decisões da SBDI1 acerca da matéria, a ausência de JOAO BATISTA LOPES DE SOUZA
Processo Nº ROT-0000774-95.2020.5.07.0038
Relator CLAUDIO SOARES PIRES
PODER JUDICIÁRIO RECORRENTE F. A. ROCHA DE LIMA
ADVOGADO PAULA MONTEIRO ALENCAR(OAB:
JUSTIÇA DO 33656/CE)
RECORRIDO EVELINE CARLOS BARBOSA
ADVOGADO JOSE HAROLDO PONTE LINHARES
FILHO(OAB: 22243/CE)
NOTIFICAÇÃO PJe-JT
ADVOGADO INGRYD PESSOA OLIVEIRA(OAB:
Fica a parte autora (FRANCISCA ROMÃO ALVES) notificado(a), 30793/CE)
Assessor INTIMAÇÃO
7º, art. 99, CPC, o qual preconiza que, uma vez requerida a
PODER JUDICIÁRIO
gratuidade de justiça quando da interposição recursal, tal
JUSTIÇA DO
requerimento deverá ser analisado pelo Relator do recurso, veja-se:
EMENTA: PREPARO RECURSAL. EMPRESAS QUE SE DIZEM recursal quando o empregador efetivamente demonstrar a
FORMALIDADE PREVISTA NO § 7º DO ART. 99 DO CPC/2015. Para amparar o pedido de concessão do benefício, a parte
As empresas reclamadas, mesmo após o indeferimento da recorrente não apresentou qualquer documento capaz de
gratuidade judiciária e convertido em diligência o julgamento comprovar a alegada insuficiência econômica, restringindo-se a
do Agravo de Instrumento por elas interposto, para os fins do § descrevê-la na peça recursal; o que, por si só, não se presta a
7º, art. 99 do CPC/2015, deixaram de recolher as custas comprovar a situação econômica merecedora do benefício
processuais e o depósito recursal, não cabendo outra requerido que, em se tratando de pessoa jurídica, não se presume.
alternativa senão a de considerar deserto o apelo. (TRT7, AIRO Com efeito, o Código de Processo Civil estabeleceu nos itens I e
00006104420165070015, Rel. Des. Emmanuel Teófilo Furtado, VIII do § 1º do art. 98, que a gratuidade da justiça compreende as
1. Recebo o recurso ordinário em seu efeito devolutivo, pois Nesta esteira, o § 3º do art. 99, do CPC, fixou a seguinte presunção:
tempestivo, nos termos do art. 895, I, CLT. "Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
2. Notifique-se a reclamante para contrarrazões, nos termos do art. exclusivamente por pessoa natural."
900, CLT. Por seu turno, em se tratando de pessoa jurídica, para a concessão
certificar; remetendo-se os autos ao E. TRT7 em seguida." incapacidade de arcar com os custos de processo. Nesse sentido o
Preliminarmente, cumpre destacar que "requerida a concessão de "ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO.
comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é
apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
Tal procedimento foi ratificado com a alteração da Orientação Nesse contexto, não restando evidenciada a alegada insuficiência
Jurisprudencial TST 269, que passou a dispor: econômica, tendo em vista que a parte recorrente não apresentou
DESPESAS PROCESSUAIS. MOMENTO OPORTUNO (inserido descrevê-la na peça recursal e, ainda, no exercício da competência
item II em decorrência do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT prevista pelo § 7ºdo art. 99 do CPC, INDEFIRO o pedido de
em 12, 13 e 14.07.2017 Intime-se a parte recorrente (F. A. ROCHA DE LIMA) do inteiro teor
I - O benefício da justiça gratuita pode ser requerido em qualquer da presente decisão, assinando-lhe prazo de 05 (cinco) dias para
tempo ou grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o realização do recolhimento e respectiva comprovação do preparo
requerimento formulado no prazo alusivo ao recurso; recursal (custas e depósito recursal) nos presentes autos, sob pena
II - Indeferido o requerimento de justiça gratuita formulado na de não conhecimento do recurso ordinário, por deserção.
fase recursal, cumpre ao relator fixar prazo para que o Decorrido o prazo, retornem-me conclusos os autos para
O pleito foi apresentado nos seguintes termos: "conforme FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
Reclamada, ora Recorrente, tem passado por dificuldades NEIDE MARIA BARROS DA COSTA
PODER JUDICIÁRIO
Intimado(s)/Citado(s):
JUSTIÇA DO
- COMPANHIA CEARENSE DE TRANSPORTES
METROPOLITANOS
INTIMAÇÃO
Fica a parte recorrente (COMPANHIA CEARENSE DE ajuizada por F R FARMACIAS LTDA contra SERGIO CHAGAS DA
TRANSPORTES METROPOLITANOS (METROFO ), notificada CRUZ, com esteio no artigo 841 da CLT e 966, V, do CPC, na qual
para tomar ciência do Despacho ( ID 6c2f5d8 ) a seguir, cujo inteiro postula a requerente, liminarmente, a suspensão do cumprimento
Procedendo-se à triagem inicial do presente feito, verificou-se a Argui que não houve citação válida pois “apesar de constar
irregularidade de representação do subscritor do Recurso Ordinário confirmação de entrega da intimação a então Reclamada a
Id. 917adce, que, embora haja solicitado habilitação, não acostou o mencionada confirmação goza de presunção relativa de veracidade,
respectivo substabelecimento, tampouco consta na rol do vez que a modalidade de entrega de intimações contratada pelo
instrumento de mandato Id. f47df41. Dessa sorte, converto o Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região junto a Empresa de
julgamento em diligência, assinando prazo de 05 (cinco) dias à Correios e Telégrafos não contempla a verificação por meio de
recorrente para sanar o vício apontado, juntados aos autos qualquer rastreio, sendo IMPOSSÍVEL saber se a intimação foi
procuração/substabelecimento, devidamente assinado, sob pena de entregue a empresa demandada ou até mesmo se foi enviada.
não conhecimento do apelo." Ademais, a mera confirmação carreada nos autos é gerada de
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. veracidade, cedendo ante prova em contrário, uma vez que tal ato
NEIDE MARIA BARROS DA COSTA "A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da
Processo Nº AP-0000892-81.2018.5.07.0025
Diante desse dispositivo, houve por bem o Tribunal Pleno do TST Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO
conferir nova redação à Súmula nº 405, in verbis: AGRAVANTE MUNICIPIO DE CRATEUS
ADVOGADO EMANOELL YGOR COUTINHO DE
"AÇÃO RESCISÓRIA. TUTELA PROVISÓRIA. (nova redação em CASTRO(OAB: 25708/CE)
decorrência do CPC de 2015) - Res. 208/2016, DEJT divulgado em ADVOGADO GABRIELLE SOARES MELO(OAB:
39811/CE)
22, 25 e 26.04.2016. Em face do que dispõem a MP 1.984-22/2000 AGRAVADO TERESINHA BEZERRA SALES
e o art. 969 do CPC de 2015, é cabível o pedido de tutela provisória ADVOGADO ANTONIO CARLOS CARDOSO
SOARES(OAB: 8928/CE)
formulado na petição inicial de ação rescisória ou na fase recursal,
JUSTIÇA DO
Cls.
Intimado(s)/Citado(s):
Do exame dos autos, verifica-se que o presente feito foi
- MUNICIPIO DE MISSAO VELHA
previamente distribuído ao Desembargador do Trabalho Durval
ID.3446bef.
PODER JUDICIÁRIO
Portanto, em observância ao instituto da prevenção, com arrimo no
JUSTIÇA DO
art. 930, “caput” e parágrafo único, do CPC, determina-se a
Cls.
Processo Nº AP-0001473-13.2010.5.07.0014
Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO Do exame dos autos, verifica-se que o presente feito foi
AGRAVANTE ANGELA BOTELHO BANHOS previamente distribuído ao Desembargador do Trabalho Durval
ADVOGADO MARCELO MAGALHAES
FERNANDES(OAB: 10108-A/CE) César de Vasconcelos Maia, consoante se infere do documento de
AGRAVANTE TANIA REGINA VASCONCELOS ID.3446bef.
VIANA
ADVOGADO MARCELO MAGALHAES Portanto, em observância ao instituto da prevenção, com arrimo no
FERNANDES(OAB: 10108-A/CE)
art. 930, “caput” e parágrafo único, do CPC, determina-se a
AGRAVADO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
ADVOGADO ANTONIO EUGENIO FIGUEIREDO redistribuição do processo ao mencionado Desembargador.
DE AMEIDA(OAB: 6809/CE)
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
Processo Nº AP-0001473-13.2010.5.07.0014
Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO
AGRAVANTE ANGELA BOTELHO BANHOS
PODER JUDICIÁRIO
ADVOGADO MARCELO MAGALHAES
JUSTIÇA DO FERNANDES(OAB: 10108-A/CE)
AGRAVANTE TANIA REGINA VASCONCELOS
VIANA
ADVOGADO MARCELO MAGALHAES
INTIMAÇÃO FERNANDES(OAB: 10108-A/CE)
AGRAVADO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 30b8775
ADVOGADO ANTONIO EUGENIO FIGUEIREDO
proferida nos autos. DE AMEIDA(OAB: 6809/CE)
Cls.
Intimado(s)/Citado(s):
- ANGELA BOTELHO BANHOS
Declaro-me impedido para funcionar no presente feito (art. 144, - TANIA REGINA VASCONCELOS VIANA
Inciso IX, do novo CPC).
Redistribua-se o processo.
Processo Nº AP-0000270-29.2019.5.07.0037
INTIMAÇÃO
Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO
AGRAVANTE MUNICIPIO DE MISSAO VELHA Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 30b8775
ADVOGADO THIAGO RODRIGUES BORGES(OAB: proferida nos autos.
40412/BA)
AGRAVADO CLEMILDA DUARTE BEZERRA DE Cls.
BARROS
Declaro-me impedido para funcionar no presente feito (art. 144, Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 9ae5d67
PLAUTO CARNEIRO PORTO Declaro-me impedido para funcionar no presente feito (art. 144,
Redistribua-se o processo.
Processo Nº AR-0080331-17.2021.5.07.0000
Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
AUTOR EMP DE ASSIST TEC E EXT RURAL PLAUTO CARNEIRO PORTO
DO EST DO CE EMATERCE
ADVOGADO JOAO PEDRO PONTES BRAGA Desembargador Federal do Trabalho
AZEVEDO(OAB: 36359/CE)
RÉU REGINA HELENA PEREIRA NOBRE Processo Nº RORSum-0000244-78.2021.5.07.0031
DE REZENDE Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
ADVOGADO ANA CINTIA SERPA BENEVIDES RECORRENTE LEILA MARIA DA SILVA ARAUJO
PIMENTEL(OAB: 17350/CE)
ADVOGADO PACELLI DA ROCHA MARTINS(OAB:
11047/PB)
Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO vito leal petrucci(OAB: 18041/PB)
- REGINA HELENA PEREIRA NOBRE DE REZENDE ADVOGADO JACIARA DE SOUSA GUIMARÃES
LIMA(OAB: 12816/CE)
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
Intimado(s)/Citado(s):
PODER JUDICIÁRIO
- LEILA MARIA DA SILVA ARAUJO
JUSTIÇA DO
INTIMAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID afea11e
JUSTIÇA DO
proferido nos autos.
Vistos, etc.
INTIMAÇÃO
Notifiquem-se as partes, por seus patronos, para
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID e143f1a
apresentarem, querendo, razões finais, no prazo sucessivo de 10
proferida nos autos.
dias, a iniciar-se pela parte autora.
Cls.
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
Intimado(s)/Citado(s):
- EMP DE ASSIST TEC E EXT RURAL DO EST DO CE
INTIMAÇÃO EMATERCE
JUSTIÇA DO Assessor
JUSTIÇA DO
Processo Nº AP-0001537-95.2011.5.07.0011
Relator FRANCISCO TARCISIO GUEDES
LIMA VERDE JUNIOR
AGRAVANTE FUNDACAO PETROBRAS DE INTIMAÇÃO
SEGURIDADE SOCIAL PETROS
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 7cf7561
ADVOGADO RUBENS EMIDIO COSTA KRISCHKE
JUNIOR(OAB: 149172/RJ) proferido nos autos.
ADVOGADO BRENO BARBOSA MOREIRA(OAB:
21228/CE) Vistos. Cite-se o Réu, para, querendo, no prazo de 20 (vinte)
ADVOGADO CARLOS ROBERTO DE SIQUEIRA dias,oferecer resposta a presente ação, na forma preconizada no
CASTRO(OAB: 20283-A/RJ)
ADVOGADO WILLIANE GOMES PONTES artigo 200 do Regimento Interno deste Regional.
IBIAPINA(OAB: 12538/CE)
Expedientes necessários.
AGRAVADO OSVALDO RODRIGUES DE SOUZA
ADVOGADO MARCELO DA SILVA(OAB: 17053- FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021.
A/CE)
REGINA GLAUCIA CAVALCANTE NEPOMUCENO
ADVOGADO KLIZZIANE SANTIAGO
AZEVÊDO(OAB: 20178/CE) Desembargadora Federal do Trabalho
Intimado(s)/Citado(s):
- FUNDACAO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL GABINETE DO DESEMBARGADOR JEFFERSON
PETROS
QUESADO JUNIOR
Notificação
Processo Nº AP-0089700-28.2004.5.07.0001
PODER JUDICIÁRIO Relator JEFFERSON QUESADO JUNIOR
JUSTIÇA DO AGRAVANTE JAIME GURGEL VALENTE NETO
ADVOGADO JOSÉ MARIA ROCHA
NOGUEIRA(OAB: 4567/CE)
AGRAVADO EUROSUN REPRESENTACOES DA
NOTIFICAÇÃO FLY
AGRAVADO SERGIO LUIZ BURGER
AGRAVADO RICARDO LUIZ BURGER
Fica(m) a(s) parte(s) embargada(s) notificada(s) para, no prazo de AGRAVADO CLAUDIA LUCIENNE BURGER
cinco dias úteis, querendo, manifestar(em)-se sobre os embargos AGRAVADO CSB SERVICOS LTDA
AGRAVADO FLY S/A LINHAS AEREAS
de declaração veiculados pela(s) parte(s) adversa(s) (art. 897-A,
§2º, da CLT).
Intimado(s)/Citado(s):
- JAIME GURGEL VALENTE NETO Processo Nº ROT-0001100-55.2020.5.07.0038
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
RECORRENTE GLEISA GOMES DE SOUZA
ADVOGADO SAMARA MOURA DO
PODER JUDICIÁRIO NASCIMENTO(OAB: 41034/CE)
ADVOGADO VIVIANE APARECIDA DO
JUSTIÇA DO BONFIM(OAB: 163578/MG)
RECORRENTE D.S.G.
ADVOGADO SAMARA MOURA DO
NASCIMENTO(OAB: 41034/CE)
INTIMAÇÃO
ADVOGADO VIVIANE APARECIDA DO
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 30964ce BONFIM(OAB: 163578/MG)
RECORRENTE FTL - FERROVIA
proferido nos autos. TRANSNORDESTINA LOGISTICA S.A
Vistos etc. ADVOGADO JULIANA DE ABREU TEIXEIRA(OAB:
13463/CE)
Examinando-se o presente feito, observa-se que os presentes autos RECORRENTE CLEONICE DE LIRA GOMES SOUZA
não contêm as peças essenciais à compreensão da controvérsia ADVOGADO SAMARA MOURA DO
NASCIMENTO(OAB: 41034/CE)
para apreciação do agravo de petição. ADVOGADO VIVIANE APARECIDA DO
BONFIM(OAB: 163578/MG)
Assim, promova-se a conversão integral do processo físico em
RECORRIDO CLEONICE DE LIRA GOMES SOUZA
eletrônico e que, uma vez ultimada a providência, voltem-me os ADVOGADO SAMARA MOURA DO
NASCIMENTO(OAB: 41034/CE)
autos conclusos para exame do apelo.
ADVOGADO VIVIANE APARECIDA DO
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. BONFIM(OAB: 163578/MG)
RECORRIDO D.S.G.
JEFFERSON QUESADO JUNIOR
ADVOGADO SAMARA MOURA DO
Desembargador Federal do Trabalho NASCIMENTO(OAB: 41034/CE)
ADVOGADO VIVIANE APARECIDA DO
BONFIM(OAB: 163578/MG)
GABINETE DO DESEMBARGADOR DURVAL RECORRIDO FTL - FERROVIA
TRANSNORDESTINA LOGISTICA S.A
CÉSAR DE VASCONCELOS MAIA ADVOGADO JULIANA DE ABREU TEIXEIRA(OAB:
Notificação 13463/CE)
RECORRIDO GLEISA GOMES DE SOUZA
ADVOGADO SAMARA MOURA DO
Processo Nº ROT-0000073-48.2021.5.07.0023 NASCIMENTO(OAB: 41034/CE)
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA ADVOGADO VIVIANE APARECIDA DO
BONFIM(OAB: 163578/MG)
RECORRENTE PUREZA INDUSTRIA E COMERCIO
DE DOCES E GELEIAS LTDA - ME
ADVOGADO DARIO IGOR NOGUEIRA Intimado(s)/Citado(s):
SALES(OAB: 15813/CE) - CLEONICE DE LIRA GOMES SOUZA
RECORRIDO RAIMUNDO NONATO DE SOUSA - D.S.G.
ADVOGADO DIEGO THALES DE SOUSA - FTL - FERROVIA TRANSNORDESTINA LOGISTICA S.A
MOURA(OAB: 39560/CE)
- GLEISA GOMES DE SOUZA
Intimado(s)/Citado(s):
- PUREZA INDUSTRIA E COMERCIO DE DOCES E GELEIAS
LTDA - ME
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO INTIMAÇÃO
bem:
PODER JUDICIÁRIO
1. homologar, com esteio no art. 116, VII, do Regimento Interno, o
JUSTIÇA DO
pedido de desistência do recurso, formulado, pela recorrente;
Nesta situação, resta prejudicada a análise do recurso ordinário Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 54e33ce
adesivo, manejado pela parte autora, devendo ser dada baixa no proferida nos autos.
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. Considerando que o vertente feito se encontra concluso para
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA elaboração de voto por este Relator; considerando, ainda, que a
Desembargador Federal do Trabalho empresa recorrente desiste do recurso ordinário, consoante petição
Intimado(s)/Citado(s):
- CLEONICE DE LIRA GOMES SOUZA
- D.S.G.
PODER JUDICIÁRIO
- FTL - FERROVIA TRANSNORDESTINA LOGISTICA S.A
- GLEISA GOMES DE SOUZA JUSTIÇA DO
INTIMAÇÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR PAULO RÉGIS ajuizamento de reclamação trabalhista não autoriza a propositura de
MACHADO BOTELHO ação rescisória e mandado de segurança. Constatado, todavia, o
Notificação defeito de representação processual na fase recursal, cumpre ao
05/04/2019), com poderes direcionados, especialmente, para estendendo-se, inclusive, aos depósitos para interposição de
“promover Reclamação Trabalhista contra o Município de Brejo recurso e demais atos processuais inerentes ao exercício da ampla
assim promover ou responder qualquer procedimento conexo.” Eis a redação do retro mencionado dispositivo legal, in verbis:
Nesse contexto, concede-se à autora prazo de 05 (cinco) dias, a "Art. 98, CPC. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
fim de anexar a estes autos instrumento procuratório que habilite o estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
advogado subscritor da vertente Ação Rescisória, sob pena de despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
seu favor, sob o fundamento de já lhe terem sido concedidos VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso,
referidos beneplácitos na Reclamação Trabalhista originária e por para propositura de ação e para a prática de outros atos
continuar a não possuir condições financeiras para arcar com processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do
depósitoprévio de que trata o art. 836 da CLT, sem prejuízo próprio Nesse compasso argumentativo, em face da literalidade dos
e/ou de sua família, consoante declaração de hipossuficiência dispositivos legais supracitados, de se conceder à autora os
inserta no bojo da inicial desta Ação Rescisória. benefícios da gratuidade judiciária e, por conseguinte, impõe-se
Sabe-se que a gratuidade de justiça se encontra disciplinada no art. 836 da CLT, para o ajuizamento da vertente Ação Rescisória.
Código de Processo Civil vigente, nos artigos 98 e seguintes. Ciência destaDecisão à parte autora.
Preconiza o art. 98 do CPC, in verbis: Em regular prosseguimento ao feito, cite-se a parte ré, para,
"A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com querendo, responder aos termos da presenteAção, juntando as
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas provas que entender pertinentes à sua defesa, no prazo de
Além disso, o seu § 1º reza que as custas judiciais e os depósitos PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
gratuidade de justiça.
Processo Nº AR-0080484-50.2021.5.07.0000
Dispõe, ademais, o § 3º do art. 99 do CPC que se presume Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por AUTOR EDNA MARIA BARBOSA DE
OLIVEIRA
pessoa natural. ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS
SANTANA(OAB: 16257/CE)
A Constituição Federal, ao tratar desse tema, assegura, em seu art.
RÉU MUNICIPIO DE BREJO SANTO
5º, que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita,
sem distinção entre pessoa física ou jurídica, desde que comprovem Intimado(s)/Citado(s):
- EDNA MARIA BARBOSA DE OLIVEIRA
insuficiência de recursos.
Trata-se de Ação Rescisória ajuizada porEDNA MARIA continuar a não possuir condições financeiras para arcar com
BARBOSA DE OLIVEIRA, a teor da qual visa desconstituir Acórdão custas processuais e honorários advocatícios, inclusive o
deste Tribunal (ID. f23cf35), prolatadonos autos da Reclamação depósitoprévio de que trata o art. 836 da CLT, sem prejuízo próprio
contraMUNICÍPIO DE BREJO SANTO,por cujos termos foi dado no bojo da inicial desta Ação Rescisória.
para,afastando a inépcia da inicial pronunciada em Sentença, Sabe-se que a gratuidade de justiça se encontra disciplinada no
reconhecer a incompetência material desta Justiça Especializada, Código de Processo Civil vigente, nos artigos 98 e seguintes.
somente, a partir do advento da Lei Municipal instituidora do regime Preconiza o art. 98 do CPC, in verbis:
estatutário em 14/03/2017, e, no mérito, decretar a prescrição total "A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
das pretensões atinentes aos depósitos de FGTS, julgando insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
Inicialmente, pugna a autora pela concessão dos benefícios da da justiça, na forma da lei".
Justiça Gratuita, visando a dispensa do depósito prévio de que trata Além disso, o seu § 1º reza que as custas judiciais e os depósitos
o art. 836 da CLT, sob o fundamento delhe terem sido concedidos previstos em lei para interposição de recurso compreendem a
possuir condições financeiras para arcar com custas processuais e Dispõe, ademais, o § 3º do art. 99 do CPC que se presume
honorários advocatícios, inclusive o aludido depósito, sem prejuízo verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por
dehipossuficiênciainserta no bojo da inicial da vertente Ação. A Constituição Federal, ao tratar desse tema, assegura, em seu art.
É um breve relato. 5º, que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita,
DECIDE-SE. sem distinção entre pessoa física ou jurídica, desde que comprovem
Consoante a Orientação Jurisprudencial n. 151 da Subseção II No caso dos autos, a autora, pessoa física, declarou sua
Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do miserabilidade jurídica, em tópico constante da petição inicial.
Trabalho“A procuração outorgada com poderes específicos para Em assim, tem-se que a simples declaração de que é pobre na
ajuizamento de reclamação trabalhista não autoriza a propositura de forma legal e que não reúne condições econômicas para arcar com
ação rescisória e mandado de segurança. Constatado, todavia, o as despesas processuais, sem grave prejuízo próprio e/ou de sua
defeito de representação processual na fase recursal, cumpre ao família, é suficiente e merecedora de fé para a concessão do
relator ou ao tribunal conceder prazo de 5 (cinco) dias para a benefício da justiça gratuita (§ 3º do art. 99 do CPC), hipótese dos
In casu, a autora não juntou procuração específica para habilitar o Frise-se que a concessão dos benefícios da justiça gratuita tem por
causídico subscritor desta Ação Rescisória, limitando-se a trazer consequência a isenção do pagamento das taxas, custas judiciais e
cópia de instrumento de mandato (ID.8be03de), com poderes demais encargos, constantes do § 1º do art. 98 do CPC,
direcionados, especialmente, para “promover Reclamação estendendo-se, inclusive, aos depósitos para interposição de
Trabalhista contra o Município de Brejo Santo/Ce perante uma da recurso e demais atos processuais inerentes ao exercício da ampla
responder qualquer procedimento conexo.” Eis a redação do retro mencionado dispositivo legal, in verbis:
Nesse contexto, concede-se à autora prazo de 05 (cinco) dias, a "Art. 98, CPC. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
fim de anexar a estes autos instrumento procuratório que habilite o estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
advogado subscritor da vertente Ação Rescisória, sob pena de despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
seu favor, sob o fundamento de já lhe terem sido concedidos VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso,
referidos beneplácitos na Reclamação Trabalhista originária e por para propositura de ação e para a prática de outros atos
Nesse compasso argumentativo, em face da literalidade dos Justiça Gratuita, visando a dispensa do depósito prévio de que trata
dispositivos legais supracitados, de se conceder à autora os o art. 836 da CLT, sob o fundamento delhe terem sido concedidos
benefícios da gratuita judiciária e, por conseguinte, impõe-se referidos beneplácitos naReclamatória matriz e por continuar a não
declarar suaisenção em relação ao depósito prévio de que trata o possuir condições financeiras para arcar com custas processuais e
art. 836 da CLT, para o ajuizamento da vertente Ação Rescisória. honorários advocatícios, inclusivecomo aludido depósito, sem
Em regular prosseguimento ao feito, cite-se a parte ré, para, dehipossuficiênciainserta no bojo da inicial da vertente Ação.
Desembargador Federal do Trabalho Trabalho“A procuração outorgada com poderes específicos para
Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 485bbce advogado subscritor da vertente Ação Rescisória, sob pena de
Vistos etc. seu favor, sob o fundamento de já lhe terem sido concedidos
Trata-se de Ação Rescisória ajuizada porPEDRO ADJEDAN referidos beneplácitos na Reclamação Trabalhista originária e por
DAVID DE SOUSA, a teor da qual visa desconstituir Acórdão deste continuar a não possuir condições financeiras para arcar com
Tribunal (ID. 35a285c), prolatadonos autos da Reclamação custas processuais e honorários advocatícios, inclusive o
Trabalhista nº0001470-71.2019.5.07.0037,movida depósitoprévio de que trata o art. 836 da CLT, sem prejuízo próprio
contraMUNICÍPIO DE BREJO SANTO, por cujo teor foi dado e/ou de sua família, consoante declaração de hipossuficiência
parcial provimento ao Recurso Ordinário de iniciativa obreira, inserta no bojo da inicial desta Ação Rescisória.
Especializada, somente, a partir do advento da Lei Municipal Sabe-se que a gratuidade de justiça se encontra disciplinada no
instituidora do regime estatutário em 14/03/2017, extinguir a Código de Processo Civil vigente, nos artigos 98 e seguintes.
indigitada Ação, com resolução de mérito, por incidência da Preconiza o art. 98 do CPC, in verbis:
prescrição bienal, nos termos do art. 7º, XXIX, da Constituição "A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
Federal e art. 11 da CLT, bem assim da Súmula nº 382 do Colendo insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
Além disso, o seu § 1º reza que as custas judiciais e os depósitos PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
gratuidade de justiça.
Processo Nº AR-0080487-05.2021.5.07.0000
Dispõe, ademais, o § 3º do art. 99 do CPC que se presume Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO
verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por AUTOR KATIA REGINA DO NASCIMENTO
MATIAS
pessoa natural. ADVOGADO EDUARDO VICCO RIOS DE
OLIVEIRA(OAB: 37276/CE)
A Constituição Federal, ao tratar desse tema, assegura, em seu art.
RÉU MALIBRU AGRO INDUSTRIA,
5º, que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita, DISTRIBUICAO, IMPORTACAO E
EXPORTACAO S/A
sem distinção entre pessoa física ou jurídica, desde que comprovem
forma legal e que não reúne condições econômicas para arcar com PODER JUDICIÁRIO
as despesas processuais, sem grave prejuízo próprio e/ou de sua JUSTIÇA DO
família, é suficiente e merecedora de fé para a concessão do
Intimado(s)/Citado(s):
- MUNICIPIO DE BREJO SANTO
21090307163113800
Intimação Intimação
000009346718
21090110404015100
NOTIFICAÇÃO PJe-JT Petição Inicial Petição Inicial
000009326713
Em observância à determinação contida no Art. 33 da Consolidação Carteira de Trabalho Carteira de Trabalho 21090110420332000
dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, e Previdência Social e Previdência Social 000009326717
Processo Nº AR-0080484-50.2021.5.07.0000 A petição inicial e documentos poderão ser acessados pelo site
Relator PAULO REGIS MACHADO BOTELHO pje.trt7.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listV
AUTOR EDNA MARIA BARBOSA DE
OLIVEIRA iew.seam digitando a(s) chave(s) abaixo:
ADVOGADO SERGIO VASCONCELOS
SANTANA(OAB: 16257/CE)
RÉU MUNICIPIO DE BREJO SANTO
ADVOGADO ESRON ALEX PARENTE DE Descrição Tipo de documento Chave de acesso**
VASCONCELOS(OAB: 29704/CE)
Intimado(s)/Citado(s):
- MUNICIPIO DE BREJO SANTO 21090307163043200
Intimação Intimação
000009346716
21090214251339400
PODER JUDICIÁRIO Decisão Decisão
000009336690
JUSTIÇA DO
21083117301818900
Petição Inicial Petição Inicial
000009322675
NOTIFICAÇÃO PJe-JT
21083117311122400
DESTINATÁRIO: MUNICIPIO DE BREJO SANTO Petição Inicial Documento Diverso
000009322676
Id. 00556b3.
Carteira de Trabalho Carteira de Trabalho 21083117315316300
Em observância à determinação contida no Art. 33 da Consolidação
e Previdência Social e Previdência Social 000009322678
dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho,
Id. 485bbce .
21083117332893000
Extrato Bancário Extrato Bancário Em observância à determinação contida no Art. 33 da Consolidação
000009322683
dos Provimentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho,
Publicação da Lei 21083117340757000 deverá a parte pessoa jurídica informar e/ou juntar eletronicamente
Documento Diverso
Municipal 955 de 000009322685 o comprovante de inscrição e respectivo número do CNPJ, o
Lei Municipal 951 de 21083117345213400 social e suas alterações. No caso de o réu ser pessoa física, deverá
Documento Diverso
2017 000009322686 ser juntado eletronicamente o comprovante de inscrição e
21090112063976900
NOTIFICAÇÃO PJe-JT Petição Inicial Documento Diverso
000009328133
DESTINATÁRIO: MUNICIPIO DE BREJO SANTO
Intimado(s)/Citado(s):
Carteira de Trabalho Carteira de Trabalho 21090112071707800
- PAULO GERMANO AUTRAN NUNES DE MESQUITA
e Previdência Social e Previdência Social 000009328135
21090112073253400
Extrato Bancário Extrato Bancário PODER JUDICIÁRIO
000009328136
JUSTIÇA DO
21090112092087700
Ficha Financeira Documento Diverso
000009328137
INTIMAÇÃO
DESPACHO
Publicação da Lei 21090112121743200
Documento Diverso Em observância ao disposto no Art. 147 do Regimento Interno deste
Municipal 955 de 000009328532
E. Regional, oficie-se ao(a) Desembargador(a) Excepto(a), para se
Assessor
Notificação
Trata-se de Recurso Ordinário interposto por INSTITUTO MÉDICO declaração de insuficiência financeira, visto que a presunção de
DE GESTÇAO INTEGRADA- IMEGI(ID. 0710547 - Pág. 1 / fls. 417 veracidade desta, a teor do § 3º do art. 99 do CPC, refere-se
e ss.) contra a Sentença de ID. af64f28 - Pág. 1 / fls. 374 e ss., que apenas às pessoas naturais, sendo imprescindível, assim, que
condenou o recorrente ao pagamento de determinadas parcelas ao aquelas demonstrem, de forma inequívoca, a inviabilidade
Registra-se que não foi efetuado o recolhimento das custas e do Exige-se, pois, prova cabal da insuficiência econômica da pessoa
Nos termos da decisão de ID. af64f28 - Pág. 5 / fls. 378, a sentido. Esse é o entendimento já pacificado no Colendo Tribunal
nº 463:
“(...)
DA JUSTIÇA GRATUITA REQUERIDA PELO RECLAMADO “SUM-463 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVA-
O reclamado requer a concessão da justiça gratuita, alegando ser ÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-
pobre na forma da Lei, conforme disposições da Lei 5.478/68, não 1, com alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017,
dispondo de numerário suficiente para arcar com taxas, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 – republicada - DEJT
acrescida das alterações estabelecidas pela Lei n° 7.115/83.Pois II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é
bem. O Código de Processo Civil, em seu art. 98, estendeu à necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
pagamento das custas, despesas processuais e honorários Nesse sentido, cabe trazer à colação os seguintes precedentes do
advocatícios. Também nesse sentido, a jurisprudência pacificada na Colendo Tribunal Superior do Trabalho - TST:
não foram acostados aos autos documentos capazes de "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
comprovar, de fato, a situação de miserabilidade enfrentada REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017. PESSOA JURÍDICA.
Assim, à míngua de prova nesse sentido, indefiro o pedido em INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. DESERÇÃO DO RECURSO DE
Requer o recorrente lhe seja concedido os benefícios da justiça a pessoa jurídica deve apresentar prova cabal de sua insuficiência
gratuita, sob a justificativa de que “a ora reclamada é uma entidade econômica para a obtenção dos benefícios da Justiça Gratuita, não
filantrópica reconhecida pelo Ministério da Saúde, conforme a bastando mera afirmação nesse sentido. Agravo não provido" (Ag-
certificação CEBAS de ID 88ea009, 73d191e, 5aa0617 e sem fins AIRR-10587-04.2016.5.03.0005, 2ª Turma, Relatora Ministra
lucrativos. Desta forma, REQUER a concessão do benefício da Delaide Miranda Arantes, DEJT 18/12/2020).
assistência judiciária gratuita, inclusive da dispensa do depósito "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
recursal/garantia do juízo, por ser entidade filantrópica, sem fins PRELIMINAR DE DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA E DO
lucrativos e de utilidade pública, ou seja, sem condições de arcar AGRAVO DE INSTRUMENTO ARGUIDA DE OFÍCIO. BENEFÍCIO
com os custos de um processo, sem prejuízo das suas funções, DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. NECESSIDADE DE
Na redação do artigo 98 do Código de Processo Civil - CPC, de desertos, em virtude da ausência de comprovação da inequívoca
aplicação supletiva e subsidiária ao processo do trabalho, consta insuficiência econômica da reclamada e, portanto, da sua condição
expresso que a gratuidade judiciária é direito da pessoa natural ou de beneficiária da Justiça gratuita, bem como da ausência de
jurídica com “insuficiência de recursos para pagar as custas, as efetivação do depósito recursal no ato de interposição dos apelos. A
despesas processuais e os honorários advocatícios”. simples afirmação acerca da situação econômica não se aplica à
Entretanto, para as empresas usufruírem de tal benesse, não basta hipótese, sendo necessária a comprovação da fragilidade
econômica da reclamada, o que não se verifica. Agravo de “AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA
Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT jurisprudência desta Corte é uníssona no sentido de que, apenas
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - jurídica, e desde que haja prova inequívoca de insuficiência
DESCABIMENTO. RITO SUMARÍSSIMO. 1. NULIDADE DO econômica, o que não se verificou na hipótese dos autos. Ademais,
DESPACHO DENEGATÓRIO. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. ainda que fossem concedidos os benefícios da justiça gratuita à
O trancamento do recurso, na origem, nenhum preceito viola, na reclamada, entidade filantrópica sem fins lucrativos, é certo que a
medida em que exercido o juízo de admissibilidade dentro dos isenção assegurada pela Lei 1.060/50 não abrange o depósito
limites da lei (CLT, art. 896, § 1º). 2. DESERÇÃO DO RECURSO recursal, o qual não detém natureza de taxa ou emolumento judicial,
ORDINÁRIO. REQUERIMENTO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA mas de garantia do juízo. Agravo de instrumento conhecido e não
FINANCEIRA. AUSÊNCIA DE DEPÓSITO RECURSAL. Julgamento: 29/4/2015, Relatora: Ministra Dora Maria da Costa, 8.ª
EMPREGADOR PESSOA JURÍDICA. 1. A prestação de assistência Turma, Data de Publicação: DEJT 4/5/2015.)
5.584/70), beneficia apenas o trabalhador hipossuficiente, liberando- Na hipótese dos autos, contudo, o recorrente não apresentou prova
o do pagamento das custas processuais, traslados, instrumentos e suficiente da alegada impossibilidade de custear os encargos
honorários periciais (arts. 789, 790, § 3º e 790-B da CLT). 2. No processuais. Alegou, outrossim, que é entidade filantrópica,
entanto, esta Corte vem admitindo o deferimento dos benefícios da apontado documentos nos autos que, alude, serem hábeis a
justiça gratuita às pessoas jurídicas, bem como às pessoas físicas, comprovar tal condição.
financeira, situação avessa aos autos. Agravo de instrumento Dispõe o art. 899, § 10°, da CLT: "São isentos do depósito recursal
Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, judicial e as entidades filantrópicas".
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO NÃO necessária que o recorrente comprove: Declaração de Utilidade
ADMITIDO. DESERÇÃO. PESSOA JURÍDICA. CONCESSÃO DE Pública (federal, estadual ou municipal) e o de Entidade Beneficente
JUSTIÇA GRATUITA. Embora haja a possibilidade de se deferir à de Assistência Social, adquirido no Conselho Nacional de
pessoa jurídica o benefício da Justiça gratuita, faz-se necessária a Assistência Social (CNAS) ou do Conselho Nacional de Saúde -
devida comprovação de hipossuficiência. Ao contrário do que ocorre CNS, atualizado, ou prova de requerimento de renovação ainda
com a pessoa física, não é suficiente a mera afirmação de que não pendente de apreciação, previsto na Lei nº 12.101/2009 (atualizada
está em condições de pagar as custas do processo, e o pela Lei nº 12.868, de 15 de outubro de 2013).
impedimento de se arcar com essas despesas deve ser cabalmente Da prova dos autos, constata-se que o recorrente possui natureza
demonstrado.” (TST - AIRO: 10013443220145020000, Relator: jurídica de direito privado, sem fins lucrativos (Estatuto Social - ID.
Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 14/12/2015, Seção 2fbec93 - Pág. 1 / fls. 275 e ss.).
Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT Com efeito, o recorrente comprovou sua condição de entidade
"RECURSO DE REVISTA. (...) ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA emitida pelo Ministério da Saúde conferindo a Certificação de
GRATUITA. A jurisprudência predominante nesta Corte superior é Entidades Beneficentes de Assistência Social na Área de Educação
no sentido de que o benefício da gratuidade de justiça é inaplicável - CEBAS (ID. 88ea009 - Pág. 1 / fls. 272 e ss.), conforme Portaria nº
à pessoa jurídica, salvo prova inequívoca de que não poderia 348, de 26/3/2018, publicada no Diário Oficial da União - DOU nº 5
responder pelo recolhimento das custas. Exige-se, portanto, prova de 29/3/2018, cuja validade pelo período de 3 (três) anos, com
cabal do sindicato de sua dificuldade financeira, não bastando mera expiração em 28/3/2021.
declaração de insuficiência econômica. Recurso de revista não O presente Recurso Ordinário foi interposto em 1º/7/2021, fora do
conhecido, no tema.” (RR - 68900-27.2009.5.05.0011, Relator prazo de validade da certificação acima aludido, portanto. Ainda que
Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 19/06/2015) o IMEGI tenha comprovado nestes autos a solicitação de
recursal.
recursal com base no § 10º do art. 899 da Consolidação das Leis do Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID a69ff8e
do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Em observância ao disposto no Art. 147 do Regimento Interno deste
– CF/88, segundo o qual "o Estado prestará assistência jurídica E. Regional, oficie-se ao(a) Desembargador(a) Excepto(a), para se
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos". manifestar, no prazo de 10 dias.
No caso dos autos, como já visto, o recorrente não comprovou de FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
forma cabal a insuficiência de recursos, não bastando para tanto a CLÓVIS VALENÇA ALVES FILHO
mera alegação de que é entidade filantrópica, pois esta Desembargador Federal do Trabalho
Processo Nº ExcSusp-0080500-04.2021.5.07.0000
INTIMAÇÃO
Relator CLÓVIS VALENÇA ALVES FILHO
EXCIPIENTE PAULO GERMANO AUTRAN NUNES Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID 47c40c6
DE MESQUITA
proferida nos autos.
ADVOGADO PAULO GERMANO AUTRAN NUNES
DE MESQUITA(OAB: 18964/CE) Trata-se de Recurso Ordinário interposto por INSTITUTO MÉDICO
EXCEPTO DESEMBARGADORA FERNANDA
MARIA UCHOA DE ALBUQUERQUE DE GESTÇAO INTEGRADA- IMEGI(ID. 0710547 - Pág. 1 / fls. 417
e ss.) contra a Sentença de ID. af64f28 - Pág. 1 / fls. 374 e ss., que
Intimado(s)/Citado(s):
condenou o recorrente ao pagamento de determinadas parcelas ao
- PAULO GERMANO AUTRAN NUNES DE MESQUITA
trabalhador.
depósito recursal.
Nos termos da decisão de ID. af64f28 - Pág. 5 / fls. 378, a sentido. Esse é o entendimento já pacificado no Colendo Tribunal
nº 463:
“(...)
DA JUSTIÇA GRATUITA REQUERIDA PELO RECLAMADO “SUM-463 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVA-
O reclamado requer a concessão da justiça gratuita, alegando ser ÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-
pobre na forma da Lei, conforme disposições da Lei 5.478/68, não 1, com alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017,
dispondo de numerário suficiente para arcar com taxas, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 – republicada - DEJT
acrescida das alterações estabelecidas pela Lei n° 7.115/83.Pois II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é
bem. O Código de Processo Civil, em seu art. 98, estendeu à necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
pagamento das custas, despesas processuais e honorários Nesse sentido, cabe trazer à colação os seguintes precedentes do
advocatícios. Também nesse sentido, a jurisprudência pacificada na Colendo Tribunal Superior do Trabalho - TST:
não foram acostados aos autos documentos capazes de "AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
comprovar, de fato, a situação de miserabilidade enfrentada REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017. PESSOA JURÍDICA.
Assim, à míngua de prova nesse sentido, indefiro o pedido em INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. DESERÇÃO DO RECURSO DE
Requer o recorrente lhe seja concedido os benefícios da justiça a pessoa jurídica deve apresentar prova cabal de sua insuficiência
gratuita, sob a justificativa de que “a ora reclamada é uma entidade econômica para a obtenção dos benefícios da Justiça Gratuita, não
filantrópica reconhecida pelo Ministério da Saúde, conforme a bastando mera afirmação nesse sentido. Agravo não provido" (Ag-
certificação CEBAS de ID 88ea009, 73d191e, 5aa0617 e sem fins AIRR-10587-04.2016.5.03.0005, 2ª Turma, Relatora Ministra
lucrativos. Desta forma, REQUER a concessão do benefício da Delaide Miranda Arantes, DEJT 18/12/2020).
assistência judiciária gratuita, inclusive da dispensa do depósito "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
recursal/garantia do juízo, por ser entidade filantrópica, sem fins PRELIMINAR DE DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA E DO
lucrativos e de utilidade pública, ou seja, sem condições de arcar AGRAVO DE INSTRUMENTO ARGUIDA DE OFÍCIO. BENEFÍCIO
com os custos de um processo, sem prejuízo das suas funções, DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. NECESSIDADE DE
Na redação do artigo 98 do Código de Processo Civil - CPC, de desertos, em virtude da ausência de comprovação da inequívoca
aplicação supletiva e subsidiária ao processo do trabalho, consta insuficiência econômica da reclamada e, portanto, da sua condição
expresso que a gratuidade judiciária é direito da pessoa natural ou de beneficiária da Justiça gratuita, bem como da ausência de
jurídica com “insuficiência de recursos para pagar as custas, as efetivação do depósito recursal no ato de interposição dos apelos. A
despesas processuais e os honorários advocatícios”. simples afirmação acerca da situação econômica não se aplica à
Entretanto, para as empresas usufruírem de tal benesse, não basta hipótese, sendo necessária a comprovação da fragilidade
declaração de insuficiência financeira, visto que a presunção de econômica da reclamada, o que não se verifica. Agravo de
veracidade desta, a teor do § 3º do art. 99 do CPC, refere-se instrumento não conhecido" (AIRR-1001153-46.2018.5.02.0614, 2ª
apenas às pessoas naturais, sendo imprescindível, assim, que Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT
Exige-se, pois, prova cabal da insuficiência econômica da pessoa DESCABIMENTO. RITO SUMARÍSSIMO. 1. NULIDADE DO
jurídica, não se evidenciando suficientes meras presunções nesse DESPACHO DENEGATÓRIO. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA.
O trancamento do recurso, na origem, nenhum preceito viola, na reclamada, entidade filantrópica sem fins lucrativos, é certo que a
medida em que exercido o juízo de admissibilidade dentro dos isenção assegurada pela Lei 1.060/50 não abrange o depósito
limites da lei (CLT, art. 896, § 1º). 2. DESERÇÃO DO RECURSO recursal, o qual não detém natureza de taxa ou emolumento judicial,
ORDINÁRIO. REQUERIMENTO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA mas de garantia do juízo. Agravo de instrumento conhecido e não
FINANCEIRA. AUSÊNCIA DE DEPÓSITO RECURSAL. Julgamento: 29/4/2015, Relatora: Ministra Dora Maria da Costa, 8.ª
EMPREGADOR PESSOA JURÍDICA. 1. A prestação de assistência Turma, Data de Publicação: DEJT 4/5/2015.)
5.584/70), beneficia apenas o trabalhador hipossuficiente, liberando- Na hipótese dos autos, contudo, o recorrente não apresentou prova
o do pagamento das custas processuais, traslados, instrumentos e suficiente da alegada impossibilidade de custear os encargos
honorários periciais (arts. 789, 790, § 3º e 790-B da CLT). 2. No processuais. Alegou, outrossim, que é entidade filantrópica,
entanto, esta Corte vem admitindo o deferimento dos benefícios da apontado documentos nos autos que, alude, serem hábeis a
justiça gratuita às pessoas jurídicas, bem como às pessoas físicas, comprovar tal condição.
financeira, situação avessa aos autos. Agravo de instrumento Dispõe o art. 899, § 10°, da CLT: "São isentos do depósito recursal
Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, judicial e as entidades filantrópicas".
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO NÃO necessária que o recorrente comprove: Declaração de Utilidade
ADMITIDO. DESERÇÃO. PESSOA JURÍDICA. CONCESSÃO DE Pública (federal, estadual ou municipal) e o de Entidade Beneficente
JUSTIÇA GRATUITA. Embora haja a possibilidade de se deferir à de Assistência Social, adquirido no Conselho Nacional de
pessoa jurídica o benefício da Justiça gratuita, faz-se necessária a Assistência Social (CNAS) ou do Conselho Nacional de Saúde -
devida comprovação de hipossuficiência. Ao contrário do que ocorre CNS, atualizado, ou prova de requerimento de renovação ainda
com a pessoa física, não é suficiente a mera afirmação de que não pendente de apreciação, previsto na Lei nº 12.101/2009 (atualizada
está em condições de pagar as custas do processo, e o pela Lei nº 12.868, de 15 de outubro de 2013).
impedimento de se arcar com essas despesas deve ser cabalmente Da prova dos autos, constata-se que o recorrente possui natureza
demonstrado.” (TST - AIRO: 10013443220145020000, Relator: jurídica de direito privado, sem fins lucrativos (Estatuto Social - ID.
Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 14/12/2015, Seção 2fbec93 - Pág. 1 / fls. 275 e ss.).
Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT Com efeito, o recorrente comprovou sua condição de entidade
"RECURSO DE REVISTA. (...) ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA emitida pelo Ministério da Saúde conferindo a Certificação de
GRATUITA. A jurisprudência predominante nesta Corte superior é Entidades Beneficentes de Assistência Social na Área de Educação
no sentido de que o benefício da gratuidade de justiça é inaplicável - CEBAS (ID. 88ea009 - Pág. 1 / fls. 272 e ss.), conforme Portaria nº
à pessoa jurídica, salvo prova inequívoca de que não poderia 348, de 26/3/2018, publicada no Diário Oficial da União - DOU nº 5
responder pelo recolhimento das custas. Exige-se, portanto, prova de 29/3/2018, cuja validade pelo período de 3 (três) anos, com
cabal do sindicato de sua dificuldade financeira, não bastando mera expiração em 28/3/2021.
declaração de insuficiência econômica. Recurso de revista não O presente Recurso Ordinário foi interposto em 1º/7/2021, fora do
conhecido, no tema.” (RR - 68900-27.2009.5.05.0011, Relator prazo de validade da certificação acima aludido, portanto. Ainda que
Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 19/06/2015) o IMEGI tenha comprovado nestes autos a solicitação de
“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA prorrogação de prazo, vislumbra-se no documento de ID. 5aa0617 -
CRUZ VERMELHA. DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA. A Pág. 1 / fls. 274 que o lapso extensivo foi pleiteado por mais 30
jurisprudência desta Corte é uníssona no sentido de que, apenas (trinta) dias, não abrangendo, desta feita, a época de interposição
jurídica, e desde que haja prova inequívoca de insuficiência Assim, não se entende viável a isenção do recolhimento do depósito
econômica, o que não se verificou na hipótese dos autos. Ademais, recursal com base no § 10º do art. 899 da Consolidação das Leis do
De outro lado, o benefício de gratuidade processual é direito que proferido nos autos.
– CF/88, segundo o qual "o Estado prestará assistência jurídica Certifico, para os devidos fins, que a parte agravante FUNDAÇÃO
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos". PETROBRÁS DE SEGURIDADE SOCIAL - PETROS opôs
No caso dos autos, como já visto, o recorrente não comprovou de Embargos de Declaração dentro do prazo legal.
forma cabal a insuficiência de recursos, não bastando para tanto a Certifico, ainda, que faço os autos conclusos para a apreciação pelo
mera alegação de que é entidade filantrópica, pois esta Exmo. Sr. Desembargador Relator.
circunstância, por si só, ainda que fosse reconhecida, não faz PAULO ROGÉRIO DA CUNHA MOURA
processuais.
filantrópica do recorrente e, tampouco, a insuficiência de recursos Diante dos termos da certidão supra e da análise dos autos,
para arcar com despesas processuais, indefere-se o pedido de notifique-se a parte adversa para, querendo, impugnar os Embargos
supletiva e subsidiária ao processo do trabalho, que preconiza CLÓVIS VALENÇA ALVES FILHO
CERTIDÃO/CONCLUSÃO
DESPACHO
Diante dos termos da certidão supra e da análise dos autos, Fortaleza/CE, 02 de setembro de 2021.
Intimado(s)/Citado(s):
Pelo presente Edital, fica(m) a(s) parte(s), RECLAMADO: OMEGA
- ESEQUIAS ALVES MARTINS
TERCEIRIZACAO E SERVICOS LTDA - ME , ORA EM LOCAL
JUSTIÇA DO
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMADO: OMEGA TERCEIRIZACAO E
Pelo presente Edital, fica(m) a(s) parte(s), RECLAMADO: DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro oficial ,
ESEQUIAS ALVES MARTINS, ORA EM LOCAL INCERTO E NÃO FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
SABIDO, notificado(s) para tomar ciência do ato judicial, cujo teor é https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMADO: ESEQUIAS ALVES MARTINS, autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de
notificada(s) acerca da realização de Leilão Público Unificado, arrematação, pelo maior lanço oferecido.
que será realizado ÀS 9:00 HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO MATRÍCULA DO IMÓVEL -70570 2º Oficio de Fortaleza
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Processo Nº ATOrd-0198400-93.1998.5.07.0006
Processo Nº ATOrd-0204000-13.1998.5.07.0001
Intimado(s)/Citado(s):
Pelo presente Edital, fica(m) a(s) parte(s), RECLAMADO: JOSÉ - JOSE NAZION AVELINO EUGENIO
notificado(s) para tomar ciência do ato judicial, cujo teor é o PODER JUDICIÁRIO
seguinte: JUSTIÇA DO
realizado exclusivamente na modalidade ELETRÔNICA. O(s) MARCO ANTONIO WANDERLEY CAVALCANTI JUNIOR
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: RAIMUNDO BRAGA ALVES,
JUSTIÇA DO
por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da realização
Fica(m) a(s) parte(s), ,RECLAMADO: FREVO BRASIL INDUSTRIA DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro oficial ,
DE BEBIDAS LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL, por meio de FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
Público Unificado, que será realizado ÀS 9:00 HORAS DO DIA 24 CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente
DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro oficial , FERNANDO na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente BENS A SEREM VENDIDOS:
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos 01 (UMA) COZINHA PRODUZIDA COM MADEIRA DE LEI
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de ANGELIM PEDRA, NOVA, PARTE DO MOSTRUÁRIO DA
arrematação, pelo maior lanço oferecido. EXECUTADA, COMPOSTA POR:03 (TRÊS) NICHOS DE
REGISTRO DE IMÓVEIS DA 2ª ZONA DE MARACANAÚ MENOR COM TAMPO DE GRANITO UBATUBA MEDINDO 1,5
Fortaleza/CE, 02 de setembro de 2021. UBATUBA E PIA INOX MEDINDO 2,2M DE COMPRIMENTO, 0,6 M
MARCO ANTONIO WANDERLEY CAVALCANTI JUNIOR 01 (UM) ARMÁRIO SUPERIOR, SUSPENSO NA PAREDE,
Assessor
Processo Nº ATSum-0001955-20.2018.5.07.0033
DE PROFUNDIDADE E 0,7 M DE ALTURA (EM SUSPENSÃO); E Fica(m) a(s) parte(s), ,RECLAMADO: FRANCISCO JHONATHAN
01 (UM) ARMÁRIO SUPERIOR, SUSPENSO NA PAREDE, LIMA DA SILVA - ME, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s)
MESMAS MEDIDAS DA BANCADA MAIOR; TODAS AS PORTAS acerca da realização de Leilão Público Unificado, que será
COM PUXADORES, AVALIADA EM R$ 7.500,00 (SETE MIL E realizado ÀS 9:00 HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no
QUINHENTOS REAIS), A COZINHA COMPLETA; site do leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS
01 (UMA) BANCADA MAIOR COM TAMPO DE GRANITO Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: FRANCILENE ALVES DO
UBATUBA E PIA INOX MEDINDO 2,2M DE COMPRIMENTO, 0,6 M NASCIMENTO, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s)
DE PROFUNDIDADE E 0,7 M DE ALTURA (EM SUSPENSÃO); E acerca da realização de Leilão Público Unificado, que será
01 (UM) ARMÁRIO SUPERIOR, SUSPENSO NA PAREDE, realizado ÀS 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no
MESMAS MEDIDAS DA BANCADA MAIOR; TODAS AS PORTAS site do leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS
COM PUXADORES, AVALIADA EM R$ 7.500,00 (SETE MIL E DO SITE: https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE
QUINHENTOS REAIS), A COZINHA COMPLETA; PARA CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado
B) 01 (UM) MÓVEL DE SALA TIPO BUFFET, PRODUZIDO COM exclusivamente na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns)
MADEIRA DE LEI ANGELIM PEDRA, NOVO, PARTE DO penhorado(os) nos autos será(ão) levado(os) a público em pregões
MOSTRUÁRIO DA EXECUTADA, MEDINDO 2 M DE de venda e de arrematação, pelo maior lanço oferecido.
COMPRIMENTO, 0,9 M DE ALTURA E 0,6 M DE MATRÍCULA Nº 1836, REGISTRADO NO CARTÓRIO FACUNDO -
PROFUNDIDADE, 04 (QUATRO) PORTAS COM PUXADORES, 2º OFÍCIO - DO REGISTRO GERAL DE IMÓVEIS DE EUSÉBIO/CE
AVALIADO EMR$ 3.500,00 (TRÊS MIL E QUINHENTOS REAIS); E Fortaleza/CE, 02 de setembro de 2021.
C) 01 (UMA) PORTA PRODUZIDA COM MADEIRA DE LEI
ANGELIM PEDRA, NOVA, PARTE DO MOSTRUÁRIO DA MARCO ANTONIO WANDERLEY CAVALCANTI JUNIOR
EXECUTADA, MEDINDO 2,10 M DE ALTURA E 1 M DE Assessor
LARGURA, COM DETALHES EM VIDRO E FERRAGENS,
Processo Nº ATSum-0002556-91.2016.5.07.0034
AVALIADA EM R$ 1.500,00 (UM MIL E QUINHENTOS REAIS).
RECLAMANTE FRANCILENE ALVES DO
VALOR TOTAL DA AVALIAÇÃO: R$ 12.500,00 (DOZE MIL E NASCIMENTO
ADVOGADO NATHERCIA LIMA LEITAO(OAB:
QUINHENTOS REAIS 19682/CE)
RECLAMADO NORD PLAST INDUSTRIA E
COMERCIO DE PLASTICOS LTDA
ADVOGADO José Abílio Pinheiro de Melo(OAB:
14899/CE)
Fortaleza/CE, 02 de setembro de 2021.
RECLAMADO CAMY PLAST INDUSTRIA E
COMERCIO DE PLASTICOS EIRELI
RECLAMADO PNT DO BRASIL
MARCO ANTONIO WANDERLEY CAVALCANTI JUNIOR EMPREENDIMENTOS INDUSTRIAIS
LTDA
Assessor
ADVOGADO RAISA SALES PEREIRA(OAB:
33346/CE)
Processo Nº ATSum-0002556-91.2016.5.07.0034 ADVOGADO Nathalia Roriz Sampaio(OAB:
RECLAMANTE FRANCILENE ALVES DO 21983/CE)
NASCIMENTO
ADVOGADO NATHERCIA LIMA LEITAO(OAB: Intimado(s)/Citado(s):
19682/CE)
- NORD PLAST INDUSTRIA E COMERCIO DE PLASTICOS
RECLAMADO NORD PLAST INDUSTRIA E LTDA
COMERCIO DE PLASTICOS LTDA
ADVOGADO José Abílio Pinheiro de Melo(OAB:
14899/CE)
RECLAMADO CAMY PLAST INDUSTRIA E
COMERCIO DE PLASTICOS EIRELI
arrematação, pelo maior lanço oferecido. MARCO ANTONIO WANDERLEY CAVALCANTI JUNIOR
MATRÍCULA Nº 1836, REGISTRADO NO CARTÓRIO FACUNDO - Assessor
2º OFÍCIO - DO REGISTRO GERAL DE IMÓVEIS DE EUSÉBIO/CE
Processo Nº ATOrd-0000041-83.2016.5.07.0034
RECLAMANTE FRANCISCO NELIO FERREIRA DA
SILVA
ADVOGADO TASSIA CYNTHIA SILVA
Fortaleza/CE, 02 de setembro de 2021. SOMBRA(OAB: 32059/CE)
ADVOGADO ANTONIO FRANCO ALMADA
AZEVEDO(OAB: 20964/CE)
MARCO ANTONIO WANDERLEY CAVALCANTI JUNIOR ADVOGADO FELIPE DIOGENES SANTOS(OAB:
31452/CE)
Assessor
ADVOGADO MARCOS MARCEL RODRIGUES
SOBREIRA(OAB: 21521/CE)
Processo Nº ATSum-0002556-91.2016.5.07.0034 RECLAMADO LEANDRO DA SILVA OLIVEIRA
RECLAMANTE FRANCILENE ALVES DO RECLAMADO TAUAPE GAS EIRELI - EPP
NASCIMENTO
TERCEIRO AUTARQUIA MUNICIPAL DE
ADVOGADO NATHERCIA LIMA LEITAO(OAB: INTERESSADO TRANSITO E CIDADANIA
19682/CE)
RECLAMADO NORD PLAST INDUSTRIA E
COMERCIO DE PLASTICOS LTDA Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO José Abílio Pinheiro de Melo(OAB: - FRANCISCO NELIO FERREIRA DA SILVA
14899/CE)
RECLAMADO CAMY PLAST INDUSTRIA E
COMERCIO DE PLASTICOS EIRELI
RECLAMADO PNT DO BRASIL
EMPREENDIMENTOS INDUSTRIAIS
LTDA PODER JUDICIÁRIO
ADVOGADO RAISA SALES PEREIRA(OAB: JUSTIÇA DO
33346/CE)
ADVOGADO Nathalia Roriz Sampaio(OAB:
21983/CE)
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: FRANCISCO NELIO
Intimado(s)/Citado(s):
FERREIRA DA SILVA, por meio de seu(s) advogado(s),
- PNT DO BRASIL EMPREENDIMENTOS INDUSTRIAIS LTDA
notificada(s) acerca da realização de Leilão Público Unificado,
Intimado(s)/Citado(s):
MARCO ANTONIO WANDERLEY CAVALCANTI JUNIOR - JADERSON TORRES MARQUES
Assessor
Processo Nº ATSum-0001765-24.2016.5.07.0002
RECLAMANTE JOSE CLAUDIANO DOS SANTOS PODER JUDICIÁRIO
ADVOGADO HIURY SARAIVA AGUIAR(OAB:
24803/CE) JUSTIÇA DO
ADVOGADO DANIEL FELINTO DOS SANTOS
NETO(OAB: 24823/CE)
RECLAMADO PAULO JOSE MOTA DE SOUSA
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: JADERSON TORRES
RECLAMADO ERIVANDA SOARES MOTA SOUSA
RECLAMADO PJ MOTA RESTAURANTE E MARQUES, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca
LANCHONETE LTDA
da realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
TERCEIRO ENDEREÇO DO BEM A SER
INTERESSADO PENHORADO 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do
realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS JOSE AURINO RODRIGUES DE OLIVEIRA
9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do Assessor
leiloeiro oficial, FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
Processo Nº ATSum-0000423-07.2018.5.07.0002
https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA RECLAMANTE FRANCISCO DE PAULO DA SILVA
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente ADVOGADO PAULO RICARDO ABREU DE
LACERDA FILHO(OAB: 36557/CE)
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos RECLAMADO KOKID INDUSTRIA E COMERCIO DE
CONFECCOES LTDA - EPP
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de
ADVOGADO CARLOS SAMUEL DE GOIS
arrematação, pelo maior lanço oferecido. ARAUJO(OAB: 29852/CE)
TERCEIRO EDILBERTO VIEIRA DE MENDONCA
MATRÍCULA DO IMÓVEL: 61910 INTERESSADO
Cartório Manoel Castro Filho -Registro de Imóveis 3ª Zona ADVOGADO CAMILA RODRIGUES TEIXEIRA
MOTA(OAB: 26961/CE)
Fortaleza/CE, 26 de agosto de 2021. TERCEIRO MARIA ANGELA MELO DE
INTERESSADO MENDONCA
ADVOGADO CAMILA RODRIGUES TEIXEIRA
JOSE AURINO RODRIGUES DE OLIVEIRA MOTA(OAB: 26961/CE)
Assessor
Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO DE PAULO DA SILVA
Processo Nº ATOrd-0001132-81.2014.5.07.0002
RECLAMANTE JADERSON TORRES MARQUES
ADVOGADO ANDRE ALVES CARNEIRO(OAB:
26492/CE)
ADVOGADO POLIANA BEZERRA DE SOUZA(OAB:
17623/CE) PODER JUDICIÁRIO
RECLAMADO BRASIL USA COMERCIALIZACAO DE JUSTIÇA DO
RESORTS EIRELI
ADVOGADO Ana Josete Ferreira Mesquita(OAB:
8503/CE)
RECLAMADO JOHNNY MENDEZ Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: FRANCISCO DE PAULO DA
TERCEIRO KLECK REIS PONTES
INTERESSADO SILVA, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da
TERCEIRO SECRETARIA DE FINANÇAS DO realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
INTERESSADO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ
PODER JUDICIÁRIO
JOSE AURINO RODRIGUES DE OLIVEIRA
JUSTIÇA DO
Assessor
Processo Nº ATSum-0000521-59.2018.5.07.0012
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: GENEFLIDES CASTRO DA
RECLAMANTE GUSTAVO GABRIEL SILVA
ADVOGADO ROBERTO BRUNO DANTAS SILVA, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da
VASCONCELOS(OAB: 23935/CE)
realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
RECLAMADO LUIZ HENRIQUE DE MOURA SENE
RECLAMADO COSTA E SENE EVENTOS E 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do
RESTAURANTES LTDA - ME
leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
ADVOGADO RAFAEL VICTOR ALBUQUERQUE
RODRIGUES DE LIMA(OAB: https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA
27628/CE)
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente
Intimado(s)/Citado(s): na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos
- COSTA E SENE EVENTOS E RESTAURANTES LTDA - ME
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de
Assessor
Fica(m) a(s) parte(s), ,RECLAMADO: COSTA E SENE EVENTOS E
Processo Nº ATSum-0139400-42.2001.5.07.0012
RECLAMANTE GENEFLIDES CASTRO DA SILVA
Fica(m) a(s) parte(s), ,RECLAMADO: OMEGA TERCEIRIZACAO E
SERVICOS LTDA - ME, EMPRESA REDENTORA LTDA - ME, realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
DIMITRI PONTES PONCIANO LIMA, CIRANO FERREIRA 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do
PONTES, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA
9:00 HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente
oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE: na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente arrematação, pelo maior lanço oferecido.
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos MATRÍCULA DO IMÓVEL: 18.700 DO CARTÓRIO DE REGISTRO
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de DE IMÓVEIS DA 3ª ZONA DA COMARCA DE FORTALEZA.
Processo Nº ATOrd-0001132-81.2014.5.07.0002
FRANCISCO WALTER MAIA RECLAMANTE JADERSON TORRES MARQUES
Assessor ADVOGADO ANDRE ALVES CARNEIRO(OAB:
26492/CE)
ADVOGADO POLIANA BEZERRA DE SOUZA(OAB:
Processo Nº ATOrd-0001879-92.2014.5.07.0014 17623/CE)
RECLAMANTE RAIMUNDO NONATO SOARES RECLAMADO BRASIL USA COMERCIALIZACAO DE
FILHO RESORTS EIRELI
ADVOGADO SEBASTIANA MARIA DA ADVOGADO Ana Josete Ferreira Mesquita(OAB:
CONCEIÇÃO OLIVEIRA LOPES(OAB: 8503/CE)
3742/CE)
RECLAMADO JOHNNY MENDEZ
RECLAMANTE TEREZINHA DE JESUS DAVI
FREITAS TERCEIRO KLECK REIS PONTES
INTERESSADO
ADVOGADO SEBASTIANA MARIA DA
CONCEIÇÃO OLIVEIRA LOPES(OAB: TERCEIRO SECRETARIA DE FINANÇAS DO
3742/CE) INTERESSADO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ
RECLAMANTE MARIA GORETTI LIMA HENRIQUES
ADVOGADO SEBASTIANA MARIA DA Intimado(s)/Citado(s):
CONCEIÇÃO OLIVEIRA LOPES(OAB:
3742/CE) - BRASIL USA COMERCIALIZACAO DE RESORTS EIRELI
RECLAMANTE FRANCISCO IVO DE OLIVEIRA
ADVOGADO SEBASTIANA MARIA DA
CONCEIÇÃO OLIVEIRA LOPES(OAB:
3742/CE)
RECLAMADO FENIX CAIXERAL PODER JUDICIÁRIO
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGF) JUSTIÇA DO
INTERESSADO
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (AGU)
INTERESSADO
Fica(m) a(s) parte(s), ,RECLAMADO: BRASIL USA
Intimado(s)/Citado(s):
COMERCIALIZACAO DE RESORTS EIRELI, JOHNNY MENDEZ,
- RAIMUNDO NONATO SOARES FILHO
por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da realização
COMERCIO DE CONFECCOES LTDA - EPP, por meio de seu(s) FRANCISCO WALTER MAIA
advogado(s), notificada(s) acerca da realização de Leilão Público Assessor
Unificado, que será realizado ÀS 9:00 HORAS DO DIA 24 DE
Processo Nº ATOrd-0001879-92.2014.5.07.0014
SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro oficial , FERNANDO RECLAMANTE RAIMUNDO NONATO SOARES
FILHO
MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
ADVOGADO SEBASTIANA MARIA DA
https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA CONCEIÇÃO OLIVEIRA LOPES(OAB:
3742/CE)
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente RECLAMANTE TEREZINHA DE JESUS DAVI
FREITAS
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos
ADVOGADO SEBASTIANA MARIA DA
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de CONCEIÇÃO OLIVEIRA LOPES(OAB:
3742/CE)
arrematação, pelo maior lanço oferecido. RECLAMANTE MARIA GORETTI LIMA HENRIQUES
MATRÍCULA DO IMÓVEL - 45055 ADVOGADO SEBASTIANA MARIA DA
CONCEIÇÃO OLIVEIRA LOPES(OAB:
Cartório de Registro de Imóveis da 2ª Zona 3742/CE)
RECLAMANTE FRANCISCO IVO DE OLIVEIRA
ADVOGADO SEBASTIANA MARIA DA
CONCEIÇÃO OLIVEIRA LOPES(OAB:
3742/CE)
Fortaleza/CE, 26 de agosto de 2021. RECLAMADO FENIX CAIXERAL
TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (PGF)
INTERESSADO
JOSE AURINO RODRIGUES DE OLIVEIRA TERCEIRO UNIÃO FEDERAL (AGU)
INTERESSADO
Assessor
Intimado(s)/Citado(s):
Processo Nº ATSum-0000521-59.2018.5.07.0012
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
Intimado(s)/Citado(s):
- TEREZINHA DE JESUS DAVI FREITAS
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: TEREZINHA DE JESUS ELISANGELA APARECIDA CREVELARI DUPIM
Processo Nº ATSum-0000758-49.2016.5.07.0017
RECLAMANTE LUIZ PAULO DE SOUSA ASSUNCAO
ADVOGADO ROBERTO WAGNER BEZERRA
PINHEIRO(OAB: 9819/CE) PODER JUDICIÁRIO
RECLAMADO LPM BENEFICIAMENTO E
COMERCIO DE PECAS DE VIDRO JUSTIÇA DO
EM GERAL LTDA - ME
RECLAMADO MARDONIO CEZAR DE SA
BENEVIDES
Fica(m) a(s) parte(s), ,RECLAMADO: PORTO CONSTRUCOES E
Intimado(s)/Citado(s): SERVICOS EIRELI - ME, EDILSON VIANA, JOAO QUEIROZ
- LUIZ PAULO DE SOUSA ASSUNCAO
PORTO JUNIOR, MARCOS PAULO ADERALDO PORTO, MARIA
Assessor Intimado(s)/Citado(s):
- JOSE ANTENOR GOMES DE BRITO
Processo Nº ATSum-0000064-24.2018.5.07.0013
RECLAMANTE MARCOS HENRIQUE MACEDO DE
ALBUQUERQUE
ADVOGADO VALDIR ARAUJO DE OLIVEIRA
JUNIOR(OAB: 21112/CE)
PODER JUDICIÁRIO
RECLAMADO HENRIQUE JORGE FERNANDES DE
AGUIAR - ME JUSTIÇA DO
ADVOGADO JACQUELINE DA SILVA BENTO(OAB:
15335/CE)
ADVOGADO CARLOS ALBERTO CAMARA DE
VASCONCELOS(OAB: 15334/CE) Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: JOSE ANTENOR GOMES
Fica(m) a(s) parte(s), ,RECLAMADO: HENRIQUE JORGE arrematação, pelo maior lanço oferecido.
FERNANDES DE AGUIAR - ME, por meio de seu(s) advogado(s), MATRÍCULA DO IMÓVEL Nº 25.409
notificada(s) acerca da realização de Leilão Público Unificado, Cartório de Registro de Imóveis da 2ª Zona
que será realizado ÀS 9:00 HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO Fortaleza/CE, 30 de agosto de 2021.
Intimado(s)/Citado(s):
- INSTITUTO CLINICO DE FORTALEZA SOCIEDADE CIVIL
LTDA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
DESCRIÇÃO:
Assessor
Fortaleza/CE, 31 de agosto de 2021.
Processo Nº ATOrd-0000807-19.2018.5.07.0018
RECLAMANTE ALYSON THIAGO SOUZA DE GOES
FRANCISCO WALTER MAIA ADVOGADO RAFAEL RODRIGUES DE
QUEIROZ(OAB: 30954/CE)
Assessor
RECLAMADO SAGANOR NORDESTE COMERCIO
DE AUTOMOVEIS E SERVICOS
Processo Nº ATOrd-0000915-88.2017.5.07.0016 LTDA
RECLAMANTE MARIA CRISTIANE LIMA NUNES ADVOGADO JOSÉ ALEXANDRE GOIANA DE
ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB: ANDRADE(OAB: 11160/CE)
27524/CE) ADVOGADO DIEGO SAULO SAMPAIO
ADVOGADO CARLOS DÁRIO AGUIAR FREITAS BARBOSA(OAB: 31395/CE)
FILHO(OAB: 20643/CE) RECLAMADO MARCELLO GREGO CAMPOS
ADVOGADO RAQUEL PINHO RAMOS DE RECLAMADO WAHYA CONSULTORIA
MELLO(OAB: 30911/CE) EMPRESARIAL LTDA - ME
RECLAMADO INSTITUTO CLINICO DE FORTALEZA RECLAMADO SUELI GREGO CAMPOS
SOCIEDADE CIVIL LTDA
RECLAMADO RODRIGO GREGO CAMPOS
ADVOGADO ANTONIO GLAUCO FONSECA MOTA
FILHO(OAB: 31154/CE) TERCEIRO BANCO BRADESCO S.A.
INTERESSADO
ADVOGADO ANTONIO GLAUCO FONSECA
MOTA(OAB: 12867/CE) TERCEIRO 2º Ofício de Registro de Imóveis de
INTERESSADO Fortaleza
Intimado(s)/Citado(s):
Intimado(s)/Citado(s):
- MARIA CRISTIANE LIMA NUNES
- SAGANOR NORDESTE COMERCIO DE AUTOMOVEIS E
SERVICOS LTDA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
NUNES, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da Fica(m) a(s) parte(s), ,RECLAMADO: SAGANOR NORDESTE
realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS COMERCIO DE AUTOMOVEIS E SERVICOS LTDA, MARCELLO
9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do GREGO CAMPOS, RODRIGO GREGO CAMPOS, SUELI GREGO
leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE: CAMPOS, WAHYA CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA - ME,
https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da realização
de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS 9:00 HORAS PLACA DO VEÍCULO: NQW1054
PODER JUDICIÁRIO
Fortaleza/CE, 30 de agosto de 2021.
JUSTIÇA DO
JUSTIÇA DO
Processo Nº ATSum-0000064-24.2018.5.07.0013
RECLAMANTE MARCOS HENRIQUE MACEDO DE
ALBUQUERQUE
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: JOAO BATISTA SOUSA DE ADVOGADO VALDIR ARAUJO DE OLIVEIRA
JUNIOR(OAB: 21112/CE)
OLIVEIRA, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da RECLAMADO HENRIQUE JORGE FERNANDES DE
AGUIAR - ME
realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
ADVOGADO JACQUELINE DA SILVA BENTO(OAB:
9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do 15335/CE)
ADVOGADO CARLOS ALBERTO CAMARA DE
leiloeiro oficial, FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE: VASCONCELOS(OAB: 15334/CE)
https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA
Intimado(s)/Citado(s):
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente
- MARCOS HENRIQUE MACEDO DE ALBUQUERQUE
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos
Assessor
Processo Nº ATSum-0001839-64.2015.5.07.0018
RECLAMANTE FRANCICLEIDE DO NASCIMENTO
DE FREITAS Processo Nº ATSum-0000786-82.2014.5.07.0018
ADVOGADO JACQUELINE GASPAR DE OLIVEIRA RECLAMANTE RAIMUNDO CELIO NUNES MOREIRA
CARNEIRO SMERTHU(OAB: ADVOGADO IVANIZE RODRIGUES DA CRUZ
24399/CE) BASTOS(OAB: 5407/CE)
ADVOGADO ANTONIO FRANCO ALMADA RECLAMADO PORTO CONSTRUCOES E
AZEVEDO(OAB: 20964/CE) SERVICOS EIRELI - ME
ADVOGADO TASSIA CYNTHIA SILVA ADVOGADO CATERINE DE HOLANDA
SOMBRA(OAB: 32059/CE) BARROSO(OAB: 13806/CE)
ADVOGADO MARCOS MARCEL RODRIGUES ADVOGADO JOSÉ BENEDITO ANDRADE
SOBREIRA(OAB: 21521/CE) SANTOS(OAB: 3445/CE)
ADVOGADO FELIPE DIOGENES SANTOS(OAB: RECLAMADO MARIA DAS GRACAS ADERALDO
31452/CE) PORTO
RECLAMADO FRANCISCO DE ASSIS RODRIGUES RECLAMADO EDILSON VIANA
FERREIRA
RECLAMADO JOAO QUEIROZ PORTO JUNIOR
RECLAMADO JOSE EDUARDO GOMES DE
FREITAS RECLAMADO MARCOS PAULO ADERALDO
PORTO
RECLAMADO PRAIA MIX INDUSTRIA E COMERCIO
DE CONFECCOES LTDA - ME TERCEIRO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL
INTERESSADO SA
ADVOGADO TALITA DE FARIAS AZIN(OAB:
31662/CE) ADVOGADO CATERINE DE HOLANDA
BARROSO(OAB: 13806/CE)
RECLAMADO MARIA SALETE ALVES DE SOUZA
TERCEIRO Cartório do 1º Ofício de Registro de
ADVOGADO ANDRE LOPES DE CASTRO INTERESSADO Imóveis de Fortaleza
NETO(OAB: 20510/CE)
RECLAMADO ALDEMIR DA SILVA MARINHO
Intimado(s)/Citado(s):
TERCEIRO IMOBILIARIA CPC LTDA
INTERESSADO - RAIMUNDO CELIO NUNES MOREIRA
Intimado(s)/Citado(s):
- MARIA SALETE ALVES DE SOUZA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE: Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: ANTONIO DO NASCIMENTO
https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA ALVES, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de leiloeiro oficial, FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
A) 01 (UM) APARTAMENTO DE Nº 506, SITUADO NO QUINTO na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos
PAVIMENTO DO EDIFÍCIO RESIDENCIAL MULTIFAMILIAR autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de
DENOMINADO EDIFÍCIO ARUÃ, SITUADO NESTA CAPITAL, NA arrematação, pelo maior lanço oferecido.
CAVALCANTE, COM DIREITO A UMA VAGA PARA Cartório de Registro de IMÓVEIS DA 6ª ZONA
Assessor
Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO EDMAR ALVES DA SILVA
Processo Nº ATOrd-0274100-77.2004.5.07.0002
RECLAMANTE ANTONIO DO NASCIMENTO ALVES
ADVOGADO JORGE LUIZ COSTA TAVARES(OAB:
9670-B/CE)
ADVOGADO Alder Grego Oliveira(OAB: 7033/CE)
PODER JUDICIÁRIO
RECLAMADO IMOBILIART LTDA
RECLAMADO SILENE COMERCIO E JUSTIÇA DO
REPRESENTACOES DE MOVEIS
LTDA - ME
ADVOGADO SÉRGIO RAYMUNDO BAYAS
QUEIROZ(OAB: 15798/CE) Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: FRANCISCO EDMAR ALVES
ADVOGADO DRAUZIO CORTEZ LINHARES(OAB:
16424/CE) DA SILVA, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da
RECLAMADO ROGER NEVES AGUIAR realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
RECLAMADO CARLOS GONZAGA DOS SANTOS
BARBOSA 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do
RECLAMADO MARIA SHYLENE OSTERNO AGUIAR leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
SILVEIRA
TERCEIRO CAIXA ECONOMICA FEDERAL https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA
INTERESSADO
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente
JUSTIÇA DO
ELISANGELA APARECIDA CREVELARI DUPIM
Assessor
Assessor
Intimado(s)/Citado(s):
- ANTONIO GILSOM OLIVEIRA LOIOLA Processo Nº ATOrd-0001574-10.2016.5.07.0024
RECLAMANTE FRANCISCO EDILSON SOUZA
MESQUITA
ADVOGADO CARLOS ANDRE PEREIRA(OAB:
15722/CE)
PODER JUDICIÁRIO RECLAMADO PEDRO SERGIO MENDES BARRETO
JUSTIÇA DO ADVOGADO FRANCISCO ARNALDO DE PAULA
PESSOA DE AZEVEDO(OAB:
3783/CE)
ADVOGADO GESSIKA MARTINS DE SOUZA
ROCHA(OAB: 32331/CE)
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: JOSE MARIA FERNANDES
RECLAMADO GAZMAX COMERCIO DE GAS E
DE SOUSA, GENEZIO BEZERRA MARTINS, JOSE REGINALDO BEBIDAS LTDA
RECLAMADO INGRID MARIA PORTELA SOUSA
DE SOUSA, ANTONIO ALCIMAR CIDRAO CARACAS,
ADVOGADO ROBERLEIDE GOES
FRANCISCO EUDES HENRIQUE DE SOUZA, RENATO GOMES FELICIANO(OAB: 22875/CE)
ADVOGADO PLINIO BELCHIOR FERNANDES
LOIOLA, ANTONIO WILKER VERISSIMO CORREIA, FRANCISCO MAGALHAES FILHO(OAB: 23838/CE)
MARLON BEZERRA DE SOUSA, COSMO BRUNO RODRIGUES, RECLAMADO EMANOEL JONAS NEVES DE
MENEZES
ANTONIO GILSOM OLIVEIRA LOIOLA, MAILDYS KAIO DE RECLAMADO JANICE MARIA DE AZEVEDO
BARRETO
SOUSA E SILVA, ANTONIO ALBERTO VIEIRA DE SOUSA,
RECLAMADO MORRINHOS DISTRIBUIDORA DE
GONCALO ALEXANDRE NETO, FRANCISCO FERNANDES DE GAS LTDA - ME
ADVOGADO ROBERLEIDE GOES
SOUSA, MATHEUS BEZERRA DE SOUSA, FRANCISCO ELIMAR FELICIANO(OAB: 22875/CE)
DO NASCIMENTO, IZABEL MARIA FERREIRA CITO, ANTONIO ADVOGADO PLINIO BELCHIOR FERNANDES
MAGALHAES FILHO(OAB: 23838/CE)
JOSE DE SOUSA VALE, FRANCISCO LAELTON CORREIA DA
Intimado(s)/Citado(s):
SILVA, REJANE DANTAS DA SILVA, JOSE MARTINS DE SOUSA,
- MORRINHOS DISTRIBUIDORA DE GAS LTDA - ME
ROMARIO PEDROSA VITAL, CIRLANE PEREIRA DA SILVA,
DO NASCIMENTO, IZABEL MARIA FERREIRA CITO, ANTONIO acerca da realização de Leilão Público Unificado, que será
JOSE DE SOUSA VALE, FRANCISCO LAELTON CORREIA DA realizado ÀS 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no
SILVA, REJANE DANTAS DA SILVA, JOSE MARTINS DE SOUSA, site do leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS
ANDRE LAURENTINO DA SILVA, AFONSO SOARES BEZERRA, PARA CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado
MARCOS VENICIOS PEREIRA DE OLIVEIRA, ANTONIO ALVES exclusivamente na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns)
BEZERRA, DJALMA FERREIRA DOS SANTOS, ANTONIO ALVES penhorado(os) nos autos será(ão) levado(os) a público em pregões
DE SOUSA, ANTONIO FRANCISCO RODRIGUES LO, ANTONIO de venda e de arrematação, pelo maior lanço oferecido.
VIEIRA ABEL, PAULO RICARDO VIEIRA DE SOUSA, JOECI MATRÍCULA DO IMÓVEL Nº 68262 - 1ª Zona de Fortaleza
FRANCISCO EVANDO LIMA BEZERRA, ANTONIO LUIS JOSE AURINO RODRIGUES DE OLIVEIRA
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: ANTONIO AFRANIO DO seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da realização de Leilão
NASCIMENTO, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) Público Unificado, que será realizado ÀS 9:00 HORAS DO DIA 24
Assessor JUSTIÇA DO
Processo Nº ATSum-0000064-24.2018.5.07.0013
RECLAMANTE MARCOS HENRIQUE MACEDO DE Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: SUZIANE DA SILVA
ALBUQUERQUE
ADVOGADO VALDIR ARAUJO DE OLIVEIRA MARTINS, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da
JUNIOR(OAB: 21112/CE)
realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
RECLAMADO HENRIQUE JORGE FERNANDES DE
AGUIAR - ME 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do
ADVOGADO JACQUELINE DA SILVA BENTO(OAB:
15335/CE) leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
ADVOGADO CARLOS ALBERTO CAMARA DE https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA
VASCONCELOS(OAB: 15334/CE)
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente
Intimado(s)/Citado(s): na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos
- MARCOS HENRIQUE MACEDO DE ALBUQUERQUE
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de
JUSTIÇA DO
Processo Nº ATSum-0001133-60.2015.5.07.0025
RECLAMANTE JOSE NILTON DA SILVA
Fortaleza/CE, 31 de agosto de 2021.
ADVOGADO DOUGLAS TEIXEIRA DE
SOUZA(OAB: 23749/CE)
RECLAMANTE CIRLANE PEREIRA DA SILVA
FRANCISCO WALTER MAIA
ADVOGADO DOUGLAS TEIXEIRA DE
Assessor SOUZA(OAB: 23749/CE)
RECLAMANTE GENEZIO BEZERRA MARTINS
Processo Nº ATSum-0000571-53.2016.5.07.0013 ADVOGADO Dhiego Gonçalves Cavalcante(OAB:
RECLAMANTE REGINALDO DE OLIVEIRA 23883/CE)
ADVOGADO JACQUELINE GASPAR DE OLIVEIRA RECLAMANTE FRANCISCO ANTONIO DA SILVA
CARNEIRO SMERTHU(OAB: ADVOGADO DOUGLAS TEIXEIRA DE
24399/CE) SOUZA(OAB: 23749/CE)
ADVOGADO ANTONIO FRANCO ALMADA RECLAMANTE GONCALO ALEXANDRE NETO
AZEVEDO(OAB: 20964/CE)
Assessor Intimado(s)/Citado(s):
- ARNALDO DIOGO DE MEDEIROS
Processo Nº ExFis-0106100-13.2006.5.07.0013
EXEQUENTE UNIÃO FEDERAL (PGFN)
Público Unificado, que será realizado ÀS 9:00 HORAS DO DIA 24 FRANCISCO WALTER MAIA
Assessor
realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS FRANCISCO WALTER MAIA
9:00 HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro Assessor
oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
Assessor
Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO MARLON BEZERRA DE SOUSA Processo Nº ATOrd-0185500-69.2007.5.07.0004
RECLAMANTE RICARDO VASCONCELOS DE
OLIVEIRA
ADVOGADO Rubens Ferreira Studart Filho(OAB:
16081/CE)
PODER JUDICIÁRIO RECLAMADO PEDRO LEITAO LIMA FEITOSA
JUSTIÇA DO RECLAMADO ITABAIANA-C PARTICIPACOES LTDA
RECLAMADO FRANCISCO ALVES FEITOSA NETO
RECLAMADO QUINTINO FEITOSA DE CASTRO
PAIVA
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: JOSE MARIA FERNANDES ADVOGADO JEFFERSON MITTANCK VIEIRA
REGIS(OAB: 26496/CE)
DE SOUSA, GENEZIO BEZERRA MARTINS, JOSE REGINALDO
ADVOGADO Camila Sá de Carvalho Motta(OAB:
DE SOUSA, ANTONIO ALCIMAR CIDRAO CARACAS, 20775-A/CE)
RECLAMADO COMECE COMERCIO E
FRANCISCO EUDES HENRIQUE DE SOUZA, RENATO GOMES REPRESENTACOES LTDA - ME
LOIOLA, ANTONIO WILKER VERISSIMO CORREIA, FRANCISCO ADVOGADO HUGO VICTOR PEREIRA DE
SOUSA(OAB: 17858/CE)
MARLON BEZERRA DE SOUSA, COSMO BRUNO RODRIGUES, RECLAMADO TEREZINHA DE LIZIEUX LEITAO
LIMA
ANTONIO GILSOM OLIVEIRA LOIOLA, MAILDYS KAIO DE
RECLAMADO EVILAZIO ALVES FEITOSA
SOUSA E SILVA, ANTONIO ALBERTO VIEIRA DE SOUSA, TERCEIRO HONORIO ALVES FEITOSA E
INTERESSADO CASTRO
GONCALO ALEXANDRE NETO, FRANCISCO FERNANDES DE
TERCEIRO FRANCISCO MAXIMO FEITOSA E
SOUSA, MATHEUS BEZERRA DE SOUSA, FRANCISCO ELIMAR INTERESSADO CASTRO
TERCEIRO MARCIA MARIA FEITOS E PAIVA
DO NASCIMENTO, IZABEL MARIA FERREIRA CITO, ANTONIO INTERESSADO
JOSE DE SOUSA VALE, FRANCISCO LAELTON CORREIA DA TERCEIRO LEANDRO FEITOSA DE CASTRO
INTERESSADO ALVES
SILVA, REJANE DANTAS DA SILVA, JOSE MARTINS DE SOUSA, TERCEIRO WILLIAM PAIVA MARQUES
INTERESSADO
ROMARIO PEDROSA VITAL, CIRLANE PEREIRA DA SILVA,
TERCEIRO MARIA DA CONCEIÇAO FEITOSA E
ANDRE LAURENTINO DA SILVA, AFONSO SOARES BEZERRA, INTERESSADO PAIVA
TERCEIRO MARIA DO SOCORRO PAIVA
MARCOS VENICIOS PEREIRA DE OLIVEIRA, ANTONIO ALVES INTERESSADO FEITOSA
BEZERRA, DJALMA FERREIRA DOS SANTOS, ANTONIO ALVES TERCEIRO FRANCISCO GILSON SANTOS
INTERESSADO PAIVA
DE SOUSA, ANTONIO FRANCISCO RODRIGUES LO, ANTONIO TERCEIRO LUIZA DA COSTA FEITOSA E PAIVA
INTERESSADO
VIEIRA ABEL, PAULO RICARDO VIEIRA DE SOUSA, JOECI
TERCEIRO ANTONIO POMPEU MONTEIRO
FREITAS DA SILVA, VALDONIO NERI SARAIVA, FRANCISCO INTERESSADO COSTA LIMA
TERCEIRO ODETE PAIVA FEITOSA
FLAVIO DO NASCIMENTO, DAMIAO BRUNO RODRIGUES, INTERESSADO
FRANCISCO EVANDO LIMA BEZERRA, ANTONIO LUIS
Intimado(s)/Citado(s):
MOREIRA JUNIOR, RAIMUNDO ALVES MOREIRA, JOSE NILTON
- RICARDO VASCONCELOS DE OLIVEIRA
DA SILVA, FRANCISCO ANTONIO DA SILVA, MIZAEL SIQUEIRA
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: RICARDO VASCONCELOS
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos DE OLIVEIRA, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s)
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de acerca da realização de Leilão Público Unificado, que será
arrematação, pelo maior lanço oferecido. MATRÍCULA Nº 99 DO realizado ÀS 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no
JUSTIÇA DO
FRANCISCO WALTER MAIA
Assessor
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: LEONARDO DA COSTA
Processo Nº ATOrd-0000142-98.2017.5.07.0030
SANTOS, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da RECLAMANTE LEONARDO DO NASCIMENTO
NOGUEIRA
realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
ADVOGADO JEAN PLACIDO TELES DA
9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do FONSECA(OAB: 25982-B/CE)
RECLAMADO JOSE ALFREDO DE SALES GURJAO
leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
RECLAMADO JOSE ALFREDO DE SALES GURJAO
https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA - ME
ADVOGADO Virgínia Diniz Arcoverde Teófilo(OAB:
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente 7218-A/CE)
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos TERCEIRO CARTORIO DE REGISTRO DE
INTERESSADO IMOVEIS DA 4 ZONA DE
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de FORTALEZA
DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro oficial , FERNANDO ELISANGELA APARECIDA CREVELARI DUPIM
Assessor
Processo Nº ATOrd-0000142-98.2017.5.07.0030
PODER JUDICIÁRIO
RECLAMANTE LEONARDO DO NASCIMENTO
NOGUEIRA JUSTIÇA DO
ADVOGADO JEAN PLACIDO TELES DA
FONSECA(OAB: 25982-B/CE)
RECLAMADO JOSE ALFREDO DE SALES GURJAO
RECLAMADO JOSE ALFREDO DE SALES GURJAO Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: SOLANGE BATISTA LOPES,
- ME
por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da realização
ADVOGADO Virgínia Diniz Arcoverde Teófilo(OAB:
7218-A/CE) de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS 9:00H HORAS
TERCEIRO CARTORIO DE REGISTRO DE
INTERESSADO IMOVEIS DA 4 ZONA DE DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro oficial,
FORTALEZA
FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
NASCIMENTO NOGUEIRA, por meio de seu(s) advogado(s), JOSE AURINO RODRIGUES DE OLIVEIRA
notificada(s) acerca da realização de Leilão Público Unificado, Assessor
que será realizado ÀS 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO
para tomar ciência do ato judicial, cujo teor é o seguinte: Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: FRANCICLEIDE DO
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMADO: INSTITUTO BRASILEIRO DE notificada(s) acerca da realização de Leilão Público Unificado,
TECNOLOGIA EDUCACIONAL - IBTE e outros (4), notificada(s) que será realizado ÀS 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO
acerca da realização de Leilão Público Unificado, que será 2021,no site do leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO,
site do leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS TELEFONE PARA CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será
PARA CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado bem(ns) penhorado(os) nos autos será(ão) levado(os) a público em
exclusivamente na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) pregões de venda e de arrematação, pelo maior lanço oferecido.
penhorado(os) nos autos será(ão) levado(os) a público em pregões IMÓVEL DE MATRÍCULA (REGISTRO GERAL) N° 70.284 DO 3º
Imóveis
ELISANGELA APARECIDA CREVELARI DUPIM
Processo Nº ATSum-0001133-60.2015.5.07.0025
JOSE AURINO RODRIGUES DE OLIVEIRA RECLAMANTE JOSE NILTON DA SILVA
Assessor ADVOGADO DOUGLAS TEIXEIRA DE
SOUZA(OAB: 23749/CE)
RECLAMANTE CIRLANE PEREIRA DA SILVA
Processo Nº ATSum-0001839-64.2015.5.07.0018
ADVOGADO DOUGLAS TEIXEIRA DE
RECLAMANTE FRANCICLEIDE DO NASCIMENTO SOUZA(OAB: 23749/CE)
DE FREITAS
RECLAMANTE GENEZIO BEZERRA MARTINS
ADVOGADO JACQUELINE GASPAR DE OLIVEIRA
CARNEIRO SMERTHU(OAB: ADVOGADO Dhiego Gonçalves Cavalcante(OAB:
24399/CE) 23883/CE)
ADVOGADO ANTONIO FRANCO ALMADA RECLAMANTE FRANCISCO ANTONIO DA SILVA
AZEVEDO(OAB: 20964/CE) ADVOGADO DOUGLAS TEIXEIRA DE
ADVOGADO TASSIA CYNTHIA SILVA SOUZA(OAB: 23749/CE)
SOMBRA(OAB: 32059/CE) RECLAMANTE GONCALO ALEXANDRE NETO
ADVOGADO MARCOS MARCEL RODRIGUES ADVOGADO FRANCISCO ADRIANO LUZ
SOBREIRA(OAB: 21521/CE) NASCIMENTO(OAB: 16653/CE)
ADVOGADO FELIPE DIOGENES SANTOS(OAB: RECLAMANTE FRANCISCO FLAVIO DO
31452/CE) NASCIMENTO
RECLAMADO FRANCISCO DE ASSIS RODRIGUES ADVOGADO RONISA ALVES FREITAS(OAB:
FERREIRA 23788-B/CE)
RECLAMADO JOSE EDUARDO GOMES DE RECLAMANTE JOECI FREITAS DA SILVA
FREITAS
ADVOGADO NADIANE ALEXANDRIA BEZERRA
RECLAMADO PRAIA MIX INDUSTRIA E COMERCIO CAVALCANTE(OAB: 30066/CE)
DE CONFECCOES LTDA - ME
RECLAMANTE RAIMUNDO ALVES MOREIRA
MARIA DE FATIMA ESTEVAO, JULIO CESAR DIAS SAMPAIO, COMERCIO DE CONFECCOES LTDA - ME, ALDEMIR DA SILVA
LTDA - ME, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca JOSE EDUARDO GOMES DE FREITAS, MARIA SALETE ALVES
da realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS DE SOUZA, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca
9:00 HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro da realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE: 9:00 HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos
arrematação, pelo maior lanço oferecido. MATRÍCULA Nº 99 DO autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de
Assessor
Intimado(s)/Citado(s): Assessor
- HENRIQUE WILLIAN DA CUNHA QUEIROZ CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente
acerca da realização de Leilão Público Unificado, que será FRANCISCO WALTER MAIA
realizado ÀS 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no Assessor
site do leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS
Processo Nº ATOrd-0198400-93.1998.5.07.0006
DO SITE: https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE
RECLAMANTE MARIA JOSE MONTEIRO LIMA
PARA CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado ADVOGADO DIANA DE LIMA MACHADO(OAB:
15732/CE)
exclusivamente na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns)
ADVOGADO JOSE WILSON FERREIRA
penhorado(os) nos autos será(ão) levado(os) a público em pregões MACHADO(OAB: 3670/CE)
RECLAMADO D. E. MOVEIS INDUSTRIA
de venda e de arrematação, pelo maior lanço oferecido. COMERCIO E SERVICOS DE
MOVEIS EIRELI - ME
MATRÍCULA DO IMÓVEL 4171 registro de imóveis de Tamboril
ADVOGADO LUCAS MOREIRA DOS
Fortaleza/CE, 02 de setembro de 2021. SANTOS(OAB: 27273/CE)
RECLAMADO B. BARBOSA DE HOLANDA - ME
RECLAMADO BENEDITO BARBOSA DE HOLANDA
FRANCISCO WALTER MAIA RECLAMADO ROBERIO XAVIER DA SILVA
Assessor ADVOGADO FREDERICO BANDEIRA
FERNANDES(OAB: 15888/CE)
ADVOGADO SAID GADELHA GUERRA
Processo Nº ATSum-0000470-11.2019.5.07.0013 JUNIOR(OAB: 17631/CE)
RECLAMANTE HENRIQUE WILLIAN DA CUNHA RECLAMADO EUGENIO MOVEIS LTDA
QUEIROZ
ADVOGADO JOSE LUIS DA SILVA JR(OAB:
ADVOGADO ERNESTO DE PINHO PESSOA 20467/CE)
JUNIOR(OAB: 4659/CE)
RECLAMADO DAVID PONTES EUGENIO
ADVOGADO PAULO ANDRE SOUZA PINTO(OAB:
22859/CE) ADVOGADO LUCAS MOREIRA DOS
SANTOS(OAB: 27273/CE)
RECLAMADO ERBAUER TECNOLOGIA EM
CONSTRUCOES E REFORMAS RECLAMADO ROBERIO XAVIER DA SILVA - ME
EIRELI ADVOGADO SAID GADELHA GUERRA
ADVOGADO MATHEUS SARAIVA DE JUNIOR(OAB: 17631/CE)
ARAUJO(OAB: 19666-A/CE) RECLAMADO JOSE NAZIMAR AVELINO EUGENIO
RECLAMADO JOSE NAZION AVELINO EUGENIO
Intimado(s)/Citado(s): TERCEIRO ENDEREÇO DO IMÓVEL
- ERBAUER TECNOLOGIA EM CONSTRUCOES E REFORMAS INTERESSADO MATRÍCULA Nº 6.833
EIRELI
Intimado(s)/Citado(s):
- MARIA JOSE MONTEIRO LIMA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Fica(m) a(s) parte(s), ,RECLAMADO: ERBAUER TECNOLOGIA EM
Intimado(s)/Citado(s):
https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA
- MAIS SABOR INDUSTRIA E COMERCIO DE
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente REFRIGERANTES EIRELI
PODER JUDICIÁRIO
de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS 9:00H HORAS Processo Nº ATOrd-0000254-39.2017.5.07.0007
DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro oficial , RECLAMANTE SARA KAMILA DA SILVA MORAIS
ADVOGADO JODY IGOR FERNANDES
FERNANDO MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE: MOTA(OAB: 34097/CE)
https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA ADVOGADO Magda Maria Luz Maciel(OAB:
14765/CE)
CONTATO: (85) 3066-8282. O leilão será realizado exclusivamente RECLAMADO CIBRAME - COMPANHIA
BRASILEIRA DE ARTEFATOS
na modalidade ELETRÔNICA. O(s) bem(ns) penhorado(os) nos METALICOS LTDA - ME
autos será(ão) levado(os) a público em pregões de venda e de RECLAMADO GM5 INDUSTRIA E COMERCIO DE
TUBOS LTDA
arrematação, pelo maior lanço oferecido. TERCEIRO MARIANA MACEDO
INTERESSADO
Assessor
PODER JUDICIÁRIO
Processo Nº ATSum-0001610-69.2017.5.07.0007
RECLAMANTE FABIO DA SILVA BATISTA JUSTIÇA DO
ADVOGADO JOSE FABIANO LIMA(OAB: 7331/CE)
RECLAMADO MAIS SABOR INDUSTRIA E
COMERCIO DE REFRIGERANTES
EIRELI Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: SARA KAMILA DA SILVA
ADVOGADO RAFAEL DINIZ CAMPELO MORAIS, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da
BEZERRA(OAB: 24948/CE)
realização de Leilão Público Unificado, que será realizado ÀS
9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO 2021,no site do ANTONIO SINESYO PEREIRA CANDIDO
JUSTIÇA DO
PEREIRA, por meio de seu(s) advogado(s), notificada(s) acerca da MARCO ANTONIO WANDERLEY CAVALCANTI JUNIOR
PODER JUDICIÁRIO
MARCO ANTONIO WANDERLEY CAVALCANTI JUNIOR
JUSTIÇA DO
Assessor
Processo Nº ATOrd-0000972-80.2016.5.07.0036
Fica(m) a(s) parte(s), RECLAMANTE: RENATO CLEURION
RECLAMANTE JOSE MARIA CAMILO PEREIRA
ADVOGADO FRANCISCO FABIO GIRÃO XAVIER RODRIGUES, por meio de seu(s) advogado(s),
LIMA(OAB: 21939/CE)
notificada(s) acerca da realização de Leilão Público Unificado,
RECLAMADO PETER BUCHER
ADVOGADO MARCO ANTONIO PINHEIRO(OAB: que será realizado ÀS 9:00H HORAS DO DIA 24 DE SETEMBRO
8715/CE)
2021,no site do leiloeiro oficial , FERNANDO MONTENEGRO,
TERCEIRO CARTORIO DE IMOVEIS DA 4ª ZONA
INTERESSADO DE FORTALEZA ATRAVÉS DO SITE: https://www.montenegroleiloes.com.br
PODER JUDICIÁRIO
Fortaleza/CE, 03 de setembro de 2021.
JUSTIÇA DO
Público Unificado, que será realizado ÀS 9:00 HORAS DO DIA 24 SECRETARIA DA 1ª TURMA
DE SETEMBRO 2021,no site do leiloeiro oficial , FERNANDO Notificação
MONTENEGRO, ATRAVÉS DO SITE:
Processo Nº ROT-0001171-54.2020.5.07.0039
https://www.montenegroleiloes.com.br TELEFONE PARA
RECORRENTES: RAFAEL LUIZ BRAGANCA , CB perfeitamente compatíveis com a condição pessoal do empregado,
DEVELOPMENT RESTAURANTE E SERVICOS EIRELI , não gera o direito obreiro à percepção de diferenças salariais entre
BOUTIQUE HOTEIS BRASIL LTDA uma função e outra. Sentença mantida, no tópico.
SERVICOS EIRELI , RAFAEL LUIZ BRAGANCA , BOUTIQUE 477 DA CLT. AUSÊNCIA DE ATRASO NO PAGAMENTO DAS
RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA Não tendo o reclamante sequer alegado que as verbas rescisórias
inovação recursal, não se conhece do apelo quanto ao tema AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI NO 13.467/2017. Em se tratando
de ação ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo -A, §4º, da CLT.
regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) O reclamante, por sua vez, aduz preliminar de cerceamento de
acerca dos honorários advocatícios. Nessa situação, impõe-se defesa e, no mérito, requer o pagamento de diferenças salariais,
razoável a condenação da parte sucumbente em honorários aduzindo que teria sido ajustado, verbalmente, salário maior que o
advocatícios, na forma prevista no art. 791-A da CLT, bem como a efetivamente constante do contrato de trabalho; persegue o
determinação para suspensão da exigibilidade em relação ao reconhecimento do vínculo com todos os seus reflexos a partir de
beneficiário da justiça gratuita, haja vista a declaração de 02/01/2020, e o pagamento de horas extras, por ter efetivamente
inconstitucionalidade material da expressão "desde que não tenha desempenhado, nos reclamados, a função de chefe de setor, e não
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de de gerente; busca pagamento de adicional por acúmulo de função,
suportar a despesa", contida no § 4º, do art. 791-A, da CLT, por por ter de concentrar as funções de auxiliar de cozinha com as de
este Regional, nos autos do processo nº 0080026- chefe de cozinha. Por fim, almeja receber indenização por danos
04.2019.5.07.0000, em sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. morais, por laborar em condições indignas, já que foi obrigado a
Recurso ordinário do reclamante conhecido (exceto quanto ao Regularmente notificadas as partes, somente os reclamados
tema "assédio moral", por inovação recursal), preliminar de apresentaram contrarrazões, no prazo legal, conforme certidão de fl.
Recurso ordinário dos reclamados conhecido e parcialmente Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,
provido. eis que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art.
RELATÓRIO
FUNDAMENTAÇÃO
da sentença de fls. 233/259, após expor as razões de seu Deixo de conhecer do recurso autoral no tocante ao pleito de
convencimento, houve por bem julgar procedentes em parte os assédio moral, haja vista a inovação recursal neste aspecto, ao
pedidos formulados na exordial, para condenar a primeira alegar que a causa da indenização perseguida era o calor excessivo
reclamada, de forma principal, e a segunda, subsidiariamente, a a que fora submetido no ambiente laboral, enquanto, em sede de
pagarem ao autor "multa do art. 477, § 8º, da CLT, ante a ausência petição inicial, aponta como fundamento os constrangimentos e as
de comprovação de pagamento tempestivo e regular das verbas cobranças excessivas praticadas por seu superior hierárquico.
rescisórias: R$ 4.000,00". Condenou, ainda, o primeiro reclamado a No mais, atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
proceder à retificação da CTPS obreira, fazendo constar admissão admissibilidade, como se colhe da certidão de Id e5372bd, impõe-se
em 28/01/2020. A título de honorários advocatícios sucumbenciais, o conhecimento dos recursos interpostos por ambas as partes e das
condenou a parte ré a pagar 5% dos créditos obtidos pelo autor (R$ contrarrazões, tempestivamente ofertadas pelos reclamados,
200,00) e a parte autora a pagar 5% dos pleitos indeferidos (R$ conforme certidão de fl. 339.
Os embargos declaratórios opostos pelos réus, ao ID 2e8d0f7, Embora tenha sido apresentado primeiro o recurso dos reclamados,
conforme decisão de fls. 295/297, foram conhecidos e improvidos. por razão didáticas, inverto a ordem de análise dos apelos,
Inconformados, os reclamados e reclamante interpuseram recurso passando a apreciar, inicialmente, o recurso interposto pelo
ordinário, respectivamente, às fls. 301/312 e 317/325. reclamante, haja vista que o eventual acolhimento da questão
Os reclamados buscam, em sua peça recursal, a reforma da preliminar suscitada pelo autor pode implicar anulação do processo.
sentença proferida, para que seja excluída da condenação a multa DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
do art. 477 da CLT, bem como para que seja exigido do autor PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA
imediatamente o pagamento de honorários advocatícios, utilizando- O recorrente suscita preliminar de cerceamento de defesa,
se o crédito obtido em eventual condenação, nos termos do art. 791 aduzindo, para tanto, que teve indeferido o pleito de oitiva de uma
testemunha, sob argumento de amizade íntima, no entanto alega prestadas pela testemunha, as quais revelaram amizade entre o
que a "testemunha era o único funcionário que laborou com o mesmo e o autor, o que a meu ver retira-lhe a isenção de animo
Reclamante durante a vigência do contrato de trabalho". para depor como testemunha compromissada."
Conforme se observa na ata de audiência (fls. 217/218), o fato que Desta decisão, restam consignados os protestos do(a) advogado(a)
Primeira testemunha do reclamante: Sr. Antônio José Carneiro da Como se pode observar do citado trecho da ata de audiência, a
Silva, CPF 604.480.993-57, solteiro, nascido em 23/09/1992, testemunha Antônio José Carneiro da Silva mantém amizade com o
cozinheiro, residente e domiciliado(a) no Fortim, Pontal de reclamante, informando em juízo que já frequentou sua casa, saiam
Maceió/CE. O procurador da reclamada contradita a testemunha ao juntos para bares e restaurantes, já trabalharam juntos em diversos
argumento de que possui amizade íntima com a parte autora. locais e, "quando trabalhou no resort The Coral Beach morou junto
Inquirida, a referida testemunha respondeu que: "trabalhou junto com o reclamante na mesma residência por mais de 6 meses", [...]
com o reclamante na cozinha do Vila Galé; que após isso o "que tem sentimento de gratidão pelo reclamante pelos convites
depoente foi trabalhar em Goiás, somente voltando a trabalhar com feitos, bem como acredita que se deve ao seu mérito, pelo bom
o reclamante na cozinha da segunda reclamada; que, atualmente, trabalho realizado". Tal fato, portanto, demonstra ausência da
mantém contato profissional com o reclamante, mas já mantiveram isenção de ânimo da testemunha, restando patente a sua
contato pessoal; que entende por contato pessoal se falarem por suspeição, nos termos do art. 447, §3º, II do CPC.
whatsapp e grupos; que já frequentou a casa do reclamante para Não se vislumbra, no indeferimento da oitiva da referida
tratar de questões profissionais, indo com o mesmo visitar cozinhas; testemunha, qualquer violação aos princípios da ampla defesa e do
que já saíram juntos também para bares e restaurantes; que ia contraditório, antes, porém, mera obediência aos ditames legais. A
trabalhar junto com o reclamante em Goiás, na cozinha de um foto apresentada sequer foi incluída como fundamento para o
resort, sendo que o autor acabou por se desligar antes do ingresso deferimento da contradita, decidindo a Magistrada a partir das
do depoente; que foi o reclamante quem chamou o depoente para declarações prestadas pela própria testemunha, senão vejamos:
trabalhar no referido resort em Goiás; que quando trabalhou no "ACOLHE ESTE JUÍZO A CONTRADITA FORMULADA haja vista
resort The Coral Beach morou junto com o reclamante na mesma as declarações prestadas pela testemunha, as quais revelaram
residência por mais de 6 meses; que também foi o reclamante quem amizade entre o mesmo e o autor, o que a meu ver retira-lhe a
convidou o depoente para trabalhar na cozinha do resort The Coral isenção de animo para depor como testemunha compromissada".
Beach; que depois que saiu do resort The Coral Beach passou a Ademais, relevante destacar que compete ao magistrado apreciar
trabalhar por conta própria no Fortim, mas ainda mantém contato livremente as provas produzidas nos autos, bem como indeferir as
com o reclamante, só não o vendo pessoalmente por residir em diligências que se revelem inúteis ou meramente protelatórias, nos
outro Município; que tem sentimento de gratidão pelo reclamante termos do artigo 370 do CPC/2015.
pelos convites feitos, bem como acredita que se deve ao seu mérito, Não é ocioso lembrar, ademais, que o juiz é o condutor do
pelo bom trabalho realizado; que está aqui para falar a verdade e o processo, cabendo-lhe velar pela celeridade das causas, sendo-lhe
Neste momento, o patrono defensivo requereu a apresentação de desnecessárias, a teor dos artigos 765 da CLT e 139 do CPC/2015.
uma foto para que a testemunha informasse se estava presente na Formada a convicção a partir de elementos que colocam o feito em
mesma, o que foi deferido por este Juízo, tendo a referida condições de ser, desde logo, decidido, despicienda a produção de
testemunha declarado que "está presente na referida foto, sendo a outras provas.
pessoa do meio, ladeado pelo reclamante e pelo Sr. Edgleison Diante do exposto, rejeita-se.
Lemos; que tal senhor, assim como o depoente, eram cozinheiros e MÉRITO
o reclamante era o chefe de cozinha; que tal foto foi tirada na DA PROVA TESTEMUNHAL PRODUZIDA PELOS
Determina este Juízo que o patrono defensivo junte aos autos, no O reclamante, em seu recurso, alega que a testemunha dos
prazo de 24 horas, após o encerramento da presente audiência, a reclamados mentiu em juízo, ao declarar que a coifa (exaustor) já
foto ora apresentada. estava instalada quando foi contratada (em fevereiro/2020), já que a
Passou este Juízo aDECIDIR: "Diante do exposto,ACOLHE ESTE nota fiscal de fl. 195 indica a aquisição do equipamento somente em
No entanto, tal informação é de pouca ou nenhuma serventia, já que de 1 (uma) hora. Aduz, além disso, que trabalhava aos sábados,
a própria testemunha afirmou em juízo que o exaustor nunca domingos e feriados, no mesmo horário, o que resultaria em 21
funcionou e que a ventilação do ambiente era somente a natural, horas extraordinárias, de segunda a sábado.
feita com a abertura das janelas existentes na cozinha. O fato de ter Na contestação, os reclamados aludem que o autor exercia função
sido instalado antes ou depois do ingresso da depoente nos de gerência de setor, percebendo gratificação de função superior a
quadros do reclamado não possui nenhuma influência no desenrolar 40% do salário, estando, portanto, enquadrado no art. 62, II, da
dos fatos narrados pelo autor, haja vista que o equipamento sequer CLT, pelo que seria incabível o pleito de horas extras.
chegou a entrar, efetivamente, em funcionamento. Neste aspecto, é Nos termos da sentença, o magistrado singular indeferiu a
provável que a testemunha tenha se confundido ao apontar a época postulação relativa às horas extras por entender:
Assim, não havendo razões para anular a prova testemunhal (documento de id cf4d9df), observo, na cláusula 1ª, que fora ele
produzida pela parte ré, nega-se provimento ao apelo obreiro, neste contratado para exercer a função de chefe de cozinha.
DAS DIFERENÇAS SALARIAIS Freitas), verifico que suas asserções corroboram a tese trazida
Alega o recorrente que faz jus a diferenças salariais, aduzindo, para pelos réus, deixando evidenciado que o autor detinha expressiva
tanto, que ficou acordado, verbalmente, que o salário inicial seria de autonomia para conduzir seu trabalho, que dispunha de equipe sob
R$ 4.000,00, mais R$ 300,00 de ajuda de custo e moradia. No seu comando direto, além de ser o único responsável pela
entanto, alega que, após 45 dias de trabalho, recebeu o contrato de organização da cozinha, sem sofrer ingerência e/ou interferência de
trabalho constando remuneração de R$ 2.857,15/mês, mais 40% de seus superiores ou outros colegas de trabalho, tampouco tinha sua
complemento de salário pelo exercício de cargo de confiança, o que jornada fiscalizada. Transcrevo seu depoimento:
se pode observar nos contracheques juntados aos autos, às fls. que conheceu o reclamante na empresa; que ele era o chefe de
38/40. cozinha; que ele entrou no final de jan/20, antes da depoente, por
Em que pese o argumento recursal do reclamante, no sentido de ocasião da inauguração; que a depoente entrou um pouco antes da
que eventual gratificação de função deveria ter sido calculada sobre pandemia, em fevereiro; que ele comandava a equipe da cozinha;
o salário inicial pactuado, qual seja, R$ 4.000,00, não se pode que ele fazia compras de produtos para a cozinha; que não sabe
chegar a tal ilação somente em face do e-mail anexo à fl. 43, dizer se ele precisava de autorização; que ele tinha autonomia na
enviado pelo autor, no qual diz aceitar a "proposta oferecida para o cozinha; que ele era autoridade máxima na cozinha; que ele
cargo de Chef de Cozinha, no valor de R$ 4.000,00 (salário inicial) + coordenava os serviços da cozinha; que a equipe se reportava a
R$ 300,00 (ajuda de custo)", até porque se trata de prova unilateral, ele; que todo mundo na cozinha era subordinado a ele; que ele
sem qualquer cunho oficial. tinha poder para fazer entrevistas, bem como recomendar as
Outrossim, como bem ressaltou a Magistrada sentenciante, a soma contratações; que tudo passava por ele; que as escalas também
do salário base e da gratificação de função corresponde a R$ eram organizadas pelo reclamante; que era ele quem elaborava e
4.000,00, e o reclamante não conseguiu demonstrar, como lhe podia alterar o cardápio; que ele era o único chefe da cozinha; que
incumbia, que fora contratado para receber R$ 4.000,00 acrescido só ele quem dava instruções para equipe; que ele treinava o
de gratificação de função, o que resultaria em valor superior a R$ pessoal contratado; que não sabe dizer se ele aplicava punições ao
5.500,00, além da ajuda de custo, a qual restou comprovadamente pessoal da cozinha; que não sabe dizer se o reclamante exercia
DAS HORAS EXTRAS que não sabe dizer o horário de entrada e saída do reclamante
Na peça recursal, o laborista aduz ainda que exercia a função de porque ele conduzia a cozinha e ia em casa e depois voltava, não
chefe de setor, e não de gerente, conforme demonstrado pela prova tinha uma hora especificada (entre o 9'10" até 9'45" do depoimento
Na petição inicial, o reclamante informa que sua jornada de labor reclamante tinha liberdade na gestão da cozinha do Resort, sendo o
era cumprida no horário de 7h às 20h, com intervalo para refeição único responsável pelo desenvolvimento dos trabalhos ali
realizados, pela escolha/alteração do cardápio e pela gestão dos possuía subordinados, detinha autonomia para dar ordens à sua
integrantes da equipe que lhe eram subordinados, coordenando equipe, era o responsável pelas compras dos insumos necessários
toda a atividade, dando as diretrizes do trabalho a ser realizado, para o funcionamento do seu setor (cozinha), coordenava os
tendo, inclusive, influência na admissão e dispensa de empregados. serviços, fazia entrevistas e podia recomendar novas contratações,
Ou seja, é inegável que ostentava ele função de maior destaque na organizava escalas de trabalho de seus subordinados, elaborava o
A propósito, convém destacar que, malgrado tenha sido acolhida a segundo a testemunha empresarial.
contradita ao depoimento da testemunha obreira (Sr. Antônio José Tudo isso corrobora a conclusão de que o reclamante-recorrente
Carneiro da Silva), ela própria, ao ser inquirida a respeito da relação ocupava uma posição diferenciada em relação ao empregado
mantida com o autor, destacou que "foi o reclamante quem comum, não se submetendo ao controle de jornada, consoante
convidou o depoente para trabalhar na cozinha do resort The Coral previsão do art. 62, II, da CLT, não sendo necessário, conforme
Beach ", o que só reforça a convicção desta Julgadora quanto a dispositivo legal, que o trabalhador seja gerente, sendo equiparados
ingerência que tinha o acionante na formação da equipe da cozinha, a estes os "diretores e chefes de departamento ou filial".
A meu ver, o conjunto probatório evidencia que a função do autor, DO ACÚMULO DE FUNÇÕES
enquanto único chefe da cozinha do Resort, não era meramente Neste aspecto, a juíza de primeiro grau julgou improcedentes as
operacional, detendo ele fidúcia diferenciada em suas atividades, pretensões formuladas na exordial, absolvendo os reclamados de
sendo cabível o seu enquadramento na hipótese do artigo 62, II, da pagar salário superior em decorrência de acúmulo de funções.
Ademais, vale lembrar que, tendo em vista o seguimento econômico recurso ordinário, no qual aduz que merece reforma a decisão
que o acionante laborava (turismo/restaurante), é certo que em resistida no que diz respeito ao acúmulo de função, visto que o
determinadas épocas do ano há excessiva carga de trabalho (finais autor teria exercido cumulativamente as funções de auxiliar de
de semana, feriados prolongados, período de alta estação etc), as cozinha e chefe de cozinha, o que teria ficado provado através do
quais são compensadas com os períodos de baixa temporada, onde depoimento da testemunha empresarial.
o volume de trabalho sofre inegável redução, sem olvidar que o Sem razão.
grave quadro pandêmico instalado a nível mundial e que chegou ao No ordenamento jurídico pátrio, inexiste previsão relativa à
País no início de 2020 forçou uma retração em diversos setores contraprestação de várias funções realizadas em prol do mesmo
econômicos, notadamente no turismo, arrefecendo ainda mais a empregador. Assim, a princípio, o desempenho cumulativo de
procura de tais serviços. funções, numa mesma jornada de trabalho, para um único
Por outro lado, gozava o autor de um padrão salarial que o empregador, não justifica a exigência de pagamento de
distinguia dos seus subordinados, enquadrando-o no estabelecido remuneração distinta para cada atribuição do empregado, a menos
no parágrafo único, do art. 62, da CLT. Deveras, os recibos de que sejam incompatíveis. É o que se infere, inclusive, do parágrafo
pagamento coligidos à inicial (id c948e20) evidenciam que o único do art. 456, da CLT, verbis: "à falta de prova ou inexistindo
acionante recebia gratificação de função correspondente a 40% de cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se
seu salário básico, fato, inclusive, por ele confirmado na inicial. obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição
Após detida análise das razões esposadas na sentença, em Noutra senda, à luz do princípio dispositivo, cabe à parte a
confronto com a prova oral e documental constante dos autos, incumbência de produzir a prova de suas alegações. Tratando-se
forçoso reconhecer que a magistrada prolatora da decisão recorrida de acúmulo de função, devidamente contestado pelo empregador,
decidiu corretamente a lide, não subsistindo razões que justifiquem recai sobre o empregado o dever de o demonstrar em juízo (art.
a reforma. 818, da CLT c/c art. 373, I, do CPC), apresentando prova segura e
Relevante destacar, desde logo, que o reclamante se limita a coerente de suas alegações.
postular, no recurso, a condenação do empregador ao pagamento Neste prisma, bem salientou a juíza sentenciante (fls. 249/250):
de horas extras, por não estar enquadrado na exceção do art. 62, II, [...] As asserções da testemunha patronal endossam a versão
No entanto, se comparado ao empregado comum, o reclamante relação direta com a chefia da cozinha, função que desempenhava,
não se vislumbrando nos autos qualquer elemento que evidencie não são pagas no prazo estabelecido no § 6º de tal dispositivo.
excessiva carga de trabalho ou que ele atuasse em desvio funcional In casu, em que pese o autor tenha confirmado, na inicial, a
Os recibos, pedidos e emails trazidos com a inicial listam gêneros nos autos nenhuma prova de que tais valores foram quitados dentro
alimentícios e equipamentos de utilidade doméstica de uso próprio do prazo legal, ou seja, não há comprovação da data do pagamento
na preparação de alimentos, sendo que tais documentos, a meu da rescisão contratual, razão pela qual entendo devida a multa
ver, não desvirtuam a função para a qual o reclamante fora prevista art. 477, § 8º, da CLT.(fls. 253/254).
de defesa, ao afirmar que o autor comandava a equipe da cozinha, De fato, como se extrai da leitura da exordial, o reclamante
competindo-lhe fazer as compras dos produtos necessários, sendo persegue o pagamento da multa em referência, alegando, para
responsável pela elaboração e alteração do cardápio, detendo tanto, que "Como pode se observar a Reclamada até o presente
ampla autonomia para desenvolver o seu mister. momento não pagou as verbas rescisórias a que tem direito o
In casu, as provas existentes no caderno processual não atraso no recebimento das verbas rescisórias, e sim, total ausência
desvio funcional pelo demandante, aptos a ensejar reparação Ocorre que, na própria inicial, o autor alega já ter recebido uma
salarial. Diversamente, as provas sinalizam que o autor foi quantia referente a férias e 13º salário, e faz juntada aos autos do
contratado como chefe de cozinha, função que exerceu durante TRCT de fls. 35/36, sem data e assinado somente pelo empregador,
todo o pacto laboral e, nessa condição, era responsável por toda a dando a entender que almeja o pagamento da multa prevista no art.
organização da cozinha que funcionava no restaurante do 2º réu, 477 da CLT, em razão das diferenças de verbas rescisórias que
sendo que as atividades de compras de gêneros alimentícios e busca em juízo, e não especificamente em face do atraso no
outros produtos de utilidade da cozinha se correlaciona direta e pagamento das verbas rescisórias.
indiretamente com os seus afazeres diários. Ocorre que, a partir de 11/11/2017, após a entrada em vigor da
Como ressaltado na origem, o acúmulo de funções ocorre quando o reforma trabalhista pela Lei 13.467/17, o §6º do referido artigo 477
empregado, a execução de tarefas mais complexas e estranhas ao 6º A entrega ao empregado de documentos que comprovem a
conteúdo da função contratada, o que não ocorreu na espécie. comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem
Ressalte-se que não configura acúmulo de funções o exercício de como o pagamento dos valores constantes do instrumento de
atividades vinculadas à função para a qual foi o reclamante, rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias
originalmente, contratado e que eram exercidas dentro da mesma contados a partir do término do contrato (grifou-se).
jornada de trabalho, sendo indevido, portanto, o acréscimo Dessa forma, não tendo o reclamante sequer alegado atraso no
remuneratório por acúmulo de funções. pagamento das verbas rescisórias, não é cabível a multa prevista
Sendo assim, deve ser mantida a decisão de primeiro grau, quanto no § 8º do mesmo artigo, tendo em vista que a penalidade em
à improcedência do pleito relativo ao acúmulo de funções. questão é indevida quando, em juízo, forem reconhecidas apenas
DO RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT ou
DA MULTA DO ART. 477 DA CLT do recibo tenham sido pagas no prazo legal, como,
Os reclamados perseguem a exclusão da multa prevista no art. 477, incontroversamente, ocorreu na espécie.
§8º, da CLT, alegando que, em nenhum momento da exordial, o Assim, considerando que todas os valores constantes do TRCT
reclamante alega atraso no recebimento das verbas rescisórias. foram quitados no prazo legal, indevida a multa do art. 477 da CLT,
A Magistrada de origem, ao deferir o respectivo pleito, expôs seu impondo-se a reforma da sentença para excluir a parcela e julgar
Examinado o TRCT coligido à inicial, vejo que o mesmo não se DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
encontra datado, nem assinado pelo reclamante. Já na Por fim, conforme relatado, os reclamados buscam a reforma da
documentação anexada à defesa não consta o TRCT, tampouco sentença proferida, para que possa ser exigido do autor,
comprovante de depósito de valores rescisórios em favor do autor. imediatamente, o pagamento de honorários advocatícios, utilizando-
A multa do art. 477 da CLT é devida quando as verbas rescisórias se o crédito obtido em eventual condenação, nos termos do art. 791
Entendo, todavia, que o acesso à justiça, enquanto princípio ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
fundamental inserto na Carta Magna de 1988, é extensivo a todos e, poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
portanto, não pode ser tolhido pelo Poder Judiciário sob o manto do em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
jus postulandi, que é faculdade atribuída ao jurisdicionado e não deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
obrigação de postular em juízo sem a assistência de advogado. justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse
A regra prevista no art. 791, da CLT, deve ser entendida como um prazo, tais obrigações do beneficiário.
plus deferido ao jurisdicionado, seja ele empregado ou empregador, Do exposto, considerando os parâmetros do artigo 791-A da CLT, a
trabalhador avulso ou autônomo, e não como óbice ao exercício do improcedência dos pedidos e a necessidade de fixação de
Com o advento da Lei 13.467/2017, para as reclamatórias patrono da parte reclamada, em 5% sobre o valor dos pedidos
trabalhistas ajuizadas após 11/11/2017 (caso dos autos), os indeferidos (no caso correspondente ao valor da causa),
honorários advocatícios passaram a ser devidos pela mera considerando especialmente o grau de zelo profissional, o trabalho
sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT. realizado pelos advogados e o tempo exigido para o serviço, bem
É esse o entendimento do TST, consolidado na redação do art. 6º, como a natureza da causa.
da Instrução Normativa nº 41/2018, que dispõe sobre a aplicação Importa-nos esclarecer, todavia, que no julgamento proferido no dia
das normas processuais da Consolidação da Leis do Trabalho, 8.11.2019, nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº
alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017: 0080026-04.2019.5.07.0000, o Pleno deste Tribunal decidiu rejeitar
Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários acolher a declaração de inconstitucionalidade material da seguinte
advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da expressão contida no §4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de pela Lei n. 13.467/2017: "desde que não tenha obtido em juízo,
novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
5.584/1970 e das Súmulas nos 219 e 329 do TST. EMENTA: ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Nesse sentido, a CLT dispõe, com a nova redação do art. 791-A, SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. §3º DO ART. 791-A DA CLT.
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão no bojo do §3º do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% 13.467/2017, não ofende a Constituição Federal de 1988,
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o adequando-se, inclusive, ao Código de Processo Civil, quando
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico venda a compensação de honorários, consoante seu art. 85, §14. A
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado Súmula nº 306 do STJ, que compreendia pela compensação de
II - o lugar de prestação do serviço; SUPORTAR A DESPESA. §4º DO ART. 791-A DA CLT. REDAÇÃO
III - a natureza e a importância da causa; CONFERIDA PELA LEI 13.467/2017. ACESSO À JUSTIÇA.
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o MALFERIMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA. A
seu serviço. novel regra inserta no § 4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
§ 3° Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários pela Lei n. 13.467/2017, permissiva de utilização dos créditos
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os obtidos judicialmente pelo trabalhador para pagamento de
§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha justiça gratuita, ofende garantias fundamentais consagradas nos
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de arts. 1º, III (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade),
Processo Nº ROT-0001171-54.2020.5.07.0039
XXXV (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
gratuita), todos da Constituição Federal de 1988.
RECORRENTE RAFAEL LUIZ BRAGANCA
Inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em ADVOGADO LUIZ IATAGAN CAVALCANTE
ROCHA(OAB: 25680/CE)
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
RECORRENTE CB DEVELOPMENT RESTAURANTE
despesa", que ora se reconhece. Incidente parcialmente acolhido. E SERVICOS EIRELI
ADVOGADO RUI BARROS LEAL FARIAS(OAB:
(DEJT: Data de publicação: 21.11.2019) 16411/CE)
Assim, nos termos do art. 791-A, § 4º, da CLT, "Vencido o ADVOGADO RODRIGO MACÊDO DE
CARVALHO(OAB: 15470/CE)
beneficiário da justiça gratuita, [...], as obrigações decorrentes de ADVOGADO GLAUBER ISAIAS PINHEIRO
DANTAS(OAB: 33041/CE)
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade",
RECORRENTE BOUTIQUE HOTEIS BRASIL LTDA
isto é, a execução da referida verba somente poderá ser ADVOGADO RUI BARROS LEAL FARIAS(OAB:
16411/CE)
processada se, no biênio subsequente ao trânsito em julgado da
ADVOGADO RODRIGO MACÊDO DE
decisão, o credor demonstrar que efetivamente deixou de existir a CARVALHO(OAB: 15470/CE)
ADVOGADO GLAUBER ISAIAS PINHEIRO
condição de insuficiência de recursos ou, ainda, que houve DANTAS(OAB: 33041/CE)
mudança no status de miserabilidade do trabalhador vencido. Caso RECORRIDO RAFAEL LUIZ BRAGANCA
ADVOGADO LUIZ IATAGAN CAVALCANTE
contrário, resta indevido o prosseguimento da execução. ROCHA(OAB: 25680/CE)
Apelo improvido, neste aspecto. RECORRIDO CB DEVELOPMENT RESTAURANTE
E SERVICOS EIRELI
CONCLUSÃO DO VOTO ADVOGADO RUI BARROS LEAL FARIAS(OAB:
16411/CE)
Recurso ordinário do reclamante conhecido (exceto quanto ao tema
ADVOGADO RODRIGO MACÊDO DE
"assédio moral", por inovação recursal), preliminar de cerceamento CARVALHO(OAB: 15470/CE)
ADVOGADO GLAUBER ISAIAS PINHEIRO
de defesa rejeitada e, no mérito, apelo improvido. DANTAS(OAB: 33041/CE)
Recurso ordinário dos reclamados conhecido e parcialmente RECORRIDO BOUTIQUE HOTEIS BRASIL LTDA
ADVOGADO RUI BARROS LEAL FARIAS(OAB:
provido. 16411/CE)
DISPOSITIVO ADVOGADO RODRIGO MACÊDO DE
CARVALHO(OAB: 15470/CE)
ADVOGADO GLAUBER ISAIAS PINHEIRO
DANTAS(OAB: 33041/CE)
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
(Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia PROCESSO nº 0001171-54.2020.5.07.0039 (ROT)
(Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco RECORRENTES: RAFAEL LUIZ BRAGANCA , CB
José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a DEVELOPMENT RESTAURANTE E SERVICOS EIRELI ,
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, BOUTIQUE HOTEIS BRASIL LTDA
inovação recursal, não se conhece do apelo quanto ao tema AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI NO 13.467/2017. Em se tratando
"assédio moral", haja vista que o recorrente apresenta fundamento de ação ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo
novo para o respectivo pleito. regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017)
PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. DEFERIMENTO acerca dos honorários advocatícios. Nessa situação, impõe-se
AMIZADE ÍNTIMA CONFIGURADA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. advocatícios, na forma prevista no art. 791-A da CLT, bem como a
Não configura cerceamento de defesa o acolhimento de contradita determinação para suspensão da exigibilidade em relação ao
de testemunha que confessa amizade íntima com o autor, restando, beneficiário da justiça gratuita, haja vista a declaração de
assim, patente a sua suspeição, em face da ausência da isenção de inconstitucionalidade material da expressão "desde que não tenha
ânimo. Inteligência do art. 447, §3º, I, do CPC. Preliminar rejeitada. obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
DA PROVA TESTEMUNHAL DOS RECLAMADOS. NULIDADE. suportar a despesa", contida no § 4º, do art. 791-A, da CLT, por
SUSPEIÇÃO NÃO CONFIGURADA. Não apresentando o este Regional, nos autos do processo nº 0080026-
recorrente elementos convincentes de que a testemunha 04.2019.5.07.0000, em sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019.
reclamada, mister manter a validade da prova oral produzida pelos Recurso ordinário do reclamante conhecido (exceto quanto ao
reclamados, afastando-se a nulidade suscitada pelo recorrente. tema "assédio moral", por inovação recursal), preliminar de
DIFERENÇAS SALARIAIS. CONTRATAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. Recurso ordinário dos reclamados conhecido e parcialmente
apelo obreiro neste aspecto, não sendo devidas diferenças salariais. RELATÓRIO
Sentença mantida.
DA PROVA. Restando incontroverso que as atribuições da função A MM. Juíza Titular da Vara do Trabalho de São Gonçalo do
de Chefe de Cozinha, exercida pelo autor demandavam fidúcia Amarante, Dra. FERNANDA MONTEIRO LIMA VERDE, nos termos
especial, atribuível ao cargo de confiança, o que situa o empregado da sentença de fls. 233/259, após expor as razões de seu
em posição mais destacada que o empregado comum, de se convencimento, houve por bem julgar procedentes em parte os
proceder ao enquadramento do obreiro na exceção estampada no pedidos formulados na exordial, para condenar a primeira
art. 62, II, da CLT. Sentença mantida, no particular. reclamada, de forma principal, e a segunda, subsidiariamente, a
ACÚMULO DE FUNÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO. DIFERENÇAS pagarem ao autor "multa do art. 477, § 8º, da CLT, ante a ausência
SALARIAIS INDEVIDAS. O exercício de tarefas diferentes das de comprovação de pagamento tempestivo e regular das verbas
originalmente contratadas, que não resultem em carga ocupacional rescisórias: R$ 4.000,00". Condenou, ainda, o primeiro reclamado a
qualitativa e quantitativamente superior à função original, e quando proceder à retificação da CTPS obreira, fazendo constar admissão
perfeitamente compatíveis com a condição pessoal do empregado, em 28/01/2020. A título de honorários advocatícios sucumbenciais,
não gera o direito obreiro à percepção de diferenças salariais entre condenou a parte ré a pagar 5% dos créditos obtidos pelo autor (R$
uma função e outra. Sentença mantida, no tópico. 200,00) e a parte autora a pagar 5% dos pleitos indeferidos (R$
477 DA CLT. AUSÊNCIA DE ATRASO NO PAGAMENTO DAS Os embargos declaratórios opostos pelos réus, ao ID 2e8d0f7,
VERBAS CONSTANTES DO TRCT. PENALIDADE INDEVIDA. conforme decisão de fls. 295/297, foram conhecidos e improvidos.
Não tendo o reclamante sequer alegado que as verbas rescisórias Inconformados, os reclamados e reclamante interpuseram recurso
constantes do TRCT foram pagas após o prazo previsto no § 6º, do ordinário, respectivamente, às fls. 301/312 e 317/325.
art. 477, da CLT, não é cabível a penalidade prevista no § 8º do Os reclamados buscam, em sua peça recursal, a reforma da
mesmo artigo, ainda que reconhecido direito a diferenças em juízo. sentença proferida, para que seja excluída da condenação a multa
Sentença reformada, no particular. do art. 477 da CLT, bem como para que seja exigido do autor
se o crédito obtido em eventual condenação, nos termos do art. 791 aduzindo, para tanto, que teve indeferido o pleito de oitiva de uma
-A, §4º, da CLT. testemunha, sob argumento de amizade íntima, no entanto alega
O reclamante, por sua vez, aduz preliminar de cerceamento de que a "testemunha era o único funcionário que laborou com o
defesa e, no mérito, requer o pagamento de diferenças salariais, Reclamante durante a vigência do contrato de trabalho".
aduzindo que teria sido ajustado, verbalmente, salário maior que o Conforme se observa na ata de audiência (fls. 217/218), o fato que
efetivamente constante do contrato de trabalho; persegue o deu azo à alegação recursal encontra-se detalhado:
reconhecimento do vínculo com todos os seus reflexos a partir de Primeira testemunha do reclamante: Sr. Antônio José Carneiro da
02/01/2020, e o pagamento de horas extras, por ter efetivamente Silva, CPF 604.480.993-57, solteiro, nascido em 23/09/1992,
desempenhado, nos reclamados, a função de chefe de setor, e não cozinheiro, residente e domiciliado(a) no Fortim, Pontal de
de gerente; busca pagamento de adicional por acúmulo de função, Maceió/CE. O procurador da reclamada contradita a testemunha ao
por ter de concentrar as funções de auxiliar de cozinha com as de argumento de que possui amizade íntima com a parte autora.
chefe de cozinha. Por fim, almeja receber indenização por danos Inquirida, a referida testemunha respondeu que: "trabalhou junto
morais, por laborar em condições indignas, já que foi obrigado a com o reclamante na cozinha do Vila Galé; que após isso o
trabalhar submetido a calor excessivo. depoente foi trabalhar em Goiás, somente voltando a trabalhar com
Regularmente notificadas as partes, somente os reclamados o reclamante na cozinha da segunda reclamada; que, atualmente,
apresentaram contrarrazões, no prazo legal, conforme certidão de fl. mantém contato profissional com o reclamante, mas já mantiveram
339. contato pessoal; que entende por contato pessoal se falarem por
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, whatsapp e grupos; que já frequentou a casa do reclamante para
eis que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art. tratar de questões profissionais, indo com o mesmo visitar cozinhas;
109, do Regimento Interno deste Regional. que já saíram juntos também para bares e restaurantes; que ia
ADMISSIBILIDADE residência por mais de 6 meses; que também foi o reclamante quem
Deixo de conhecer do recurso autoral no tocante ao pleito de convidou o depoente para trabalhar na cozinha do resort The Coral
assédio moral, haja vista a inovação recursal neste aspecto, ao Beach; que depois que saiu do resort The Coral Beach passou a
alegar que a causa da indenização perseguida era o calor excessivo trabalhar por conta própria no Fortim, mas ainda mantém contato
a que fora submetido no ambiente laboral, enquanto, em sede de com o reclamante, só não o vendo pessoalmente por residir em
petição inicial, aponta como fundamento os constrangimentos e as outro Município; que tem sentimento de gratidão pelo reclamante
cobranças excessivas praticadas por seu superior hierárquico. pelos convites feitos, bem como acredita que se deve ao seu mérito,
No mais, atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de pelo bom trabalho realizado; que está aqui para falar a verdade e o
o conhecimento dos recursos interpostos por ambas as partes e das Neste momento, o patrono defensivo requereu a apresentação de
contrarrazões, tempestivamente ofertadas pelos reclamados, uma foto para que a testemunha informasse se estava presente na
conforme certidão de fl. 339. mesma, o que foi deferido por este Juízo, tendo a referida
ESCLARECIMENTOS INICIAIS testemunha declarado que "está presente na referida foto, sendo a
Embora tenha sido apresentado primeiro o recurso dos reclamados, pessoa do meio, ladeado pelo reclamante e pelo Sr. Edgleison
por razão didáticas, inverto a ordem de análise dos apelos, Lemos; que tal senhor, assim como o depoente, eram cozinheiros e
passando a apreciar, inicialmente, o recurso interposto pelo o reclamante era o chefe de cozinha; que tal foto foi tirada na
preliminar suscitada pelo autor pode implicar anulação do processo. Determina este Juízo que o patrono defensivo junte aos autos, no
O recorrente suscita preliminar de cerceamento de defesa, Passou este Juízo aDECIDIR: "Diante do exposto,ACOLHE ESTE
prestadas pela testemunha, as quais revelaram amizade entre o No entanto, tal informação é de pouca ou nenhuma serventia, já que
mesmo e o autor, o que a meu ver retira-lhe a isenção de animo a própria testemunha afirmou em juízo que o exaustor nunca
para depor como testemunha compromissada." funcionou e que a ventilação do ambiente era somente a natural,
Desta decisão, restam consignados os protestos do(a) advogado(a) feita com a abertura das janelas existentes na cozinha. O fato de ter
Como se pode observar do citado trecho da ata de audiência, a quadros do reclamado não possui nenhuma influência no desenrolar
testemunha Antônio José Carneiro da Silva mantém amizade com o dos fatos narrados pelo autor, haja vista que o equipamento sequer
reclamante, informando em juízo que já frequentou sua casa, saiam chegou a entrar, efetivamente, em funcionamento. Neste aspecto, é
juntos para bares e restaurantes, já trabalharam juntos em diversos provável que a testemunha tenha se confundido ao apontar a época
locais e, "quando trabalhou no resort The Coral Beach morou junto da instalação da coifa.
com o reclamante na mesma residência por mais de 6 meses", [...] Assim, não havendo razões para anular a prova testemunhal
"que tem sentimento de gratidão pelo reclamante pelos convites produzida pela parte ré, nega-se provimento ao apelo obreiro, neste
feitos, bem como acredita que se deve ao seu mérito, pelo bom ponto.
trabalho realizado". Tal fato, portanto, demonstra ausência da DAS DIFERENÇAS SALARIAIS
isenção de ânimo da testemunha, restando patente a sua Alega o recorrente que faz jus a diferenças salariais, aduzindo, para
suspeição, nos termos do art. 447, §3º, II do CPC. tanto, que ficou acordado, verbalmente, que o salário inicial seria de
Não se vislumbra, no indeferimento da oitiva da referida R$ 4.000,00, mais R$ 300,00 de ajuda de custo e moradia. No
testemunha, qualquer violação aos princípios da ampla defesa e do entanto, alega que, após 45 dias de trabalho, recebeu o contrato de
contraditório, antes, porém, mera obediência aos ditames legais. A trabalho constando remuneração de R$ 2.857,15/mês, mais 40% de
foto apresentada sequer foi incluída como fundamento para o complemento de salário pelo exercício de cargo de confiança, o que
deferimento da contradita, decidindo a Magistrada a partir das se pode observar nos contracheques juntados aos autos, às fls.
"ACOLHE ESTE JUÍZO A CONTRADITA FORMULADA haja vista Em que pese o argumento recursal do reclamante, no sentido de
as declarações prestadas pela testemunha, as quais revelaram que eventual gratificação de função deveria ter sido calculada sobre
amizade entre o mesmo e o autor, o que a meu ver retira-lhe a o salário inicial pactuado, qual seja, R$ 4.000,00, não se pode
isenção de animo para depor como testemunha compromissada". chegar a tal ilação somente em face do e-mail anexo à fl. 43,
Ademais, relevante destacar que compete ao magistrado apreciar enviado pelo autor, no qual diz aceitar a "proposta oferecida para o
livremente as provas produzidas nos autos, bem como indeferir as cargo de Chef de Cozinha, no valor de R$ 4.000,00 (salário inicial) +
diligências que se revelem inúteis ou meramente protelatórias, nos R$ 300,00 (ajuda de custo)", até porque se trata de prova unilateral,
Não é ocioso lembrar, ademais, que o juiz é o condutor do Outrossim, como bem ressaltou a Magistrada sentenciante, a soma
processo, cabendo-lhe velar pela celeridade das causas, sendo-lhe do salário base e da gratificação de função corresponde a R$
facultado indeferir diligências inúteis e produção de provas 4.000,00, e o reclamante não conseguiu demonstrar, como lhe
desnecessárias, a teor dos artigos 765 da CLT e 139 do CPC/2015. incumbia, que fora contratado para receber R$ 4.000,00 acrescido
Formada a convicção a partir de elementos que colocam o feito em de gratificação de função, o que resultaria em valor superior a R$
condições de ser, desde logo, decidido, despicienda a produção de 5.500,00, além da ajuda de custo, a qual restou comprovadamente
DA PROVA TESTEMUNHAL PRODUZIDA PELOS Na peça recursal, o laborista aduz ainda que exercia a função de
O reclamante, em seu recurso, alega que a testemunha dos testemunhal apresentada pelas reclamadas, e defende fazer jus ao
reclamados mentiu em juízo, ao declarar que a coifa (exaustor) já pagamento de horas extras.
nota fiscal de fl. 195 indica a aquisição do equipamento somente em Na petição inicial, o reclamante informa que sua jornada de labor
era cumprida no horário de 7h às 20h, com intervalo para refeição único responsável pelo desenvolvimento dos trabalhos ali
de 1 (uma) hora. Aduz, além disso, que trabalhava aos sábados, realizados, pela escolha/alteração do cardápio e pela gestão dos
domingos e feriados, no mesmo horário, o que resultaria em 21 integrantes da equipe que lhe eram subordinados, coordenando
horas extraordinárias, de segunda a sábado. toda a atividade, dando as diretrizes do trabalho a ser realizado,
Na contestação, os reclamados aludem que o autor exercia função tendo, inclusive, influência na admissão e dispensa de empregados.
de gerência de setor, percebendo gratificação de função superior a Ou seja, é inegável que ostentava ele função de maior destaque na
40% do salário, estando, portanto, enquadrado no art. 62, II, da empresa reclamada.
CLT, pelo que seria incabível o pleito de horas extras. A propósito, convém destacar que, malgrado tenha sido acolhida a
Nos termos da sentença, o magistrado singular indeferiu a contradita ao depoimento da testemunha obreira (Sr. Antônio José
postulação relativa às horas extras por entender: Carneiro da Silva), ela própria, ao ser inquirida a respeito da relação
[...] Examinado o contrato de experiência firmado com o obreiro mantida com o autor, destacou que "foi o reclamante quem
(documento de id cf4d9df), observo, na cláusula 1ª, que fora ele convidou o depoente para trabalhar na cozinha do resort The Coral
contratado para exercer a função de chefe de cozinha. Beach ", o que só reforça a convicção desta Julgadora quanto a
Ouvida a testemunha defensiva (Sra. Rita de Cássia Freire Lima de ingerência que tinha o acionante na formação da equipe da cozinha,
Freitas), verifico que suas asserções corroboram a tese trazida corroborando a tese defensiva.
pelos réus, deixando evidenciado que o autor detinha expressiva A meu ver, o conjunto probatório evidencia que a função do autor,
autonomia para conduzir seu trabalho, que dispunha de equipe sob enquanto único chefe da cozinha do Resort, não era meramente
seu comando direto, além de ser o único responsável pela operacional, detendo ele fidúcia diferenciada em suas atividades,
organização da cozinha, sem sofrer ingerência e/ou interferência de sendo cabível o seu enquadramento na hipótese do artigo 62, II, da
jornada fiscalizada. Transcrevo seu depoimento: Ademais, vale lembrar que, tendo em vista o seguimento econômico
que conheceu o reclamante na empresa; que ele era o chefe de que o acionante laborava (turismo/restaurante), é certo que em
cozinha; que ele entrou no final de jan/20, antes da depoente, por determinadas épocas do ano há excessiva carga de trabalho (finais
ocasião da inauguração; que a depoente entrou um pouco antes da de semana, feriados prolongados, período de alta estação etc), as
pandemia, em fevereiro; que ele comandava a equipe da cozinha; quais são compensadas com os períodos de baixa temporada, onde
que ele fazia compras de produtos para a cozinha; que não sabe o volume de trabalho sofre inegável redução, sem olvidar que o
dizer se ele precisava de autorização; que ele tinha autonomia na grave quadro pandêmico instalado a nível mundial e que chegou ao
cozinha; que ele era autoridade máxima na cozinha; que ele País no início de 2020 forçou uma retração em diversos setores
coordenava os serviços da cozinha; que a equipe se reportava a econômicos, notadamente no turismo, arrefecendo ainda mais a
ele; que todo mundo na cozinha era subordinado a ele; que ele procura de tais serviços.
tinha poder para fazer entrevistas, bem como recomendar as Por outro lado, gozava o autor de um padrão salarial que o
contratações; que tudo passava por ele; que as escalas também distinguia dos seus subordinados, enquadrando-o no estabelecido
eram organizadas pelo reclamante; que era ele quem elaborava e no parágrafo único, do art. 62, da CLT. Deveras, os recibos de
podia alterar o cardápio; que ele era o único chefe da cozinha; que pagamento coligidos à inicial (id c948e20) evidenciam que o
só ele quem dava instruções para equipe; que ele treinava o acionante recebia gratificação de função correspondente a 40% de
pessoal contratado; que não sabe dizer se ele aplicava punições ao seu salário básico, fato, inclusive, por ele confirmado na inicial.
pessoal da cozinha; que não sabe dizer se o reclamante exercia (sentença - ID 808854a).
outras funções porque só conhecia ele mais na parte da cozinha (a Após detida análise das razões esposadas na sentença, em
partir do 1'23" até 4'22") confronto com a prova oral e documental constante dos autos,
que não sabe dizer o horário de entrada e saída do reclamante forçoso reconhecer que a magistrada prolatora da decisão recorrida
porque ele conduzia a cozinha e ia em casa e depois voltava, não decidiu corretamente a lide, não subsistindo razões que justifiquem
tinha uma hora especificada (entre o 9'10" até 9'45" do depoimento a reforma.
O depoimento detalhado acima transcrito evidencia que o de horas extras, por não estar enquadrado na exceção do art. 62, II,
No entanto, se comparado ao empregado comum, o reclamante relação direta com a chefia da cozinha, função que desempenhava,
possuía subordinados, detinha autonomia para dar ordens à sua não se vislumbrando nos autos qualquer elemento que evidencie
equipe, era o responsável pelas compras dos insumos necessários excessiva carga de trabalho ou que ele atuasse em desvio funcional
serviços, fazia entrevistas e podia recomendar novas contratações, Os recibos, pedidos e emails trazidos com a inicial listam gêneros
organizava escalas de trabalho de seus subordinados, elaborava o alimentícios e equipamentos de utilidade doméstica de uso próprio
cardápio, ministrava treinamentos, dentre outras atribuições, na preparação de alimentos, sendo que tais documentos, a meu
segundo a testemunha empresarial. ver, não desvirtuam a função para a qual o reclamante fora
Tudo isso corrobora a conclusão de que o reclamante-recorrente contratado. Ao contrário, corroboram as asserções da testemunha
ocupava uma posição diferenciada em relação ao empregado de defesa, ao afirmar que o autor comandava a equipe da cozinha,
comum, não se submetendo ao controle de jornada, consoante competindo-lhe fazer as compras dos produtos necessários, sendo
previsão do art. 62, II, da CLT, não sendo necessário, conforme responsável pela elaboração e alteração do cardápio, detendo
dispositivo legal, que o trabalhador seja gerente, sendo equiparados ampla autonomia para desenvolver o seu mister.
Neste aspecto, a juíza de primeiro grau julgou improcedentes as desvio funcional pelo demandante, aptos a ensejar reparação
pretensões formuladas na exordial, absolvendo os reclamados de salarial. Diversamente, as provas sinalizam que o autor foi
pagar salário superior em decorrência de acúmulo de funções. contratado como chefe de cozinha, função que exerceu durante
Externando seu inconformismo, o reclamante interpôs o presente todo o pacto laboral e, nessa condição, era responsável por toda a
recurso ordinário, no qual aduz que merece reforma a decisão organização da cozinha que funcionava no restaurante do 2º réu,
resistida no que diz respeito ao acúmulo de função, visto que o sendo que as atividades de compras de gêneros alimentícios e
autor teria exercido cumulativamente as funções de auxiliar de outros produtos de utilidade da cozinha se correlaciona direta e
cozinha e chefe de cozinha, o que teria ficado provado através do indiretamente com os seus afazeres diários.
depoimento da testemunha empresarial. Como ressaltado na origem, o acúmulo de funções ocorre quando o
No ordenamento jurídico pátrio, inexiste previsão relativa à empregado, a execução de tarefas mais complexas e estranhas ao
contraprestação de várias funções realizadas em prol do mesmo conteúdo da função contratada, o que não ocorreu na espécie.
empregador. Assim, a princípio, o desempenho cumulativo de Ressalte-se que não configura acúmulo de funções o exercício de
funções, numa mesma jornada de trabalho, para um único atividades vinculadas à função para a qual foi o reclamante,
empregador, não justifica a exigência de pagamento de originalmente, contratado e que eram exercidas dentro da mesma
remuneração distinta para cada atribuição do empregado, a menos jornada de trabalho, sendo indevido, portanto, o acréscimo
que sejam incompatíveis. É o que se infere, inclusive, do parágrafo remuneratório por acúmulo de funções.
único do art. 456, da CLT, verbis: "à falta de prova ou inexistindo Sendo assim, deve ser mantida a decisão de primeiro grau, quanto
cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se à improcedência do pleito relativo ao acúmulo de funções.
obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição DO RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS
Noutra senda, à luz do princípio dispositivo, cabe à parte a Os reclamados perseguem a exclusão da multa prevista no art. 477,
incumbência de produzir a prova de suas alegações. Tratando-se §8º, da CLT, alegando que, em nenhum momento da exordial, o
de acúmulo de função, devidamente contestado pelo empregador, reclamante alega atraso no recebimento das verbas rescisórias.
recai sobre o empregado o dever de o demonstrar em juízo (art. A Magistrada de origem, ao deferir o respectivo pleito, expôs seu
818, da CLT c/c art. 373, I, do CPC), apresentando prova segura e entendimento nas seguintes palavras:
coerente de suas alegações. Examinado o TRCT coligido à inicial, vejo que o mesmo não se
Neste prisma, bem salientou a juíza sentenciante (fls. 249/250): encontra datado, nem assinado pelo reclamante. Já na
[...] As asserções da testemunha patronal endossam a versão documentação anexada à defesa não consta o TRCT, tampouco
defensiva, evidenciando que as atribuições do reclamante tinham comprovante de depósito de valores rescisórios em favor do autor.
A multa do art. 477 da CLT é devida quando as verbas rescisórias se o crédito obtido em eventual condenação, nos termos do art. 791
não são pagas no prazo estabelecido no § 6º de tal dispositivo. -A, §4º, da CLT.
In casu, em que pese o autor tenha confirmado, na inicial, a Entendo, todavia, que o acesso à justiça, enquanto princípio
percepção das verbas rescisórias consignadas no TRCT, não há fundamental inserto na Carta Magna de 1988, é extensivo a todos e,
nos autos nenhuma prova de que tais valores foram quitados dentro portanto, não pode ser tolhido pelo Poder Judiciário sob o manto do
do prazo legal, ou seja, não há comprovação da data do pagamento jus postulandi, que é faculdade atribuída ao jurisdicionado e não
da rescisão contratual, razão pela qual entendo devida a multa obrigação de postular em juízo sem a assistência de advogado.
prevista art. 477, § 8º, da CLT.(fls. 253/254). A regra prevista no art. 791, da CLT, deve ser entendida como um
De fato, como se extrai da leitura da exordial, o reclamante trabalhador avulso ou autônomo, e não como óbice ao exercício do
tanto, que "Como pode se observar a Reclamada até o presente Com o advento da Lei 13.467/2017, para as reclamatórias
momento não pagou as verbas rescisórias a que tem direito o trabalhistas ajuizadas após 11/11/2017 (caso dos autos), os
Reclamante." (fl. 20). Como se vê, em nenhum momento, alega honorários advocatícios passaram a ser devidos pela mera
atraso no recebimento das verbas rescisórias, e sim, total ausência sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT.
de recebimento das verbas. É esse o entendimento do TST, consolidado na redação do art. 6º,
Ocorre que, na própria inicial, o autor alega já ter recebido uma da Instrução Normativa nº 41/2018, que dispõe sobre a aplicação
quantia referente a férias e 13º salário, e faz juntada aos autos do das normas processuais da Consolidação da Leis do Trabalho,
TRCT de fls. 35/36, sem data e assinado somente pelo empregador, alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017:
477 da CLT, em razão das diferenças de verbas rescisórias que Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários
busca em juízo, e não especificamente em face do atraso no advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da
pagamento das verbas rescisórias. CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de
Ocorre que, a partir de 11/11/2017, após a entrada em vigor da novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas
reforma trabalhista pela Lei 13.467/17, o §6º do referido artigo 477 anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº
da CLT passou a prever o seguinte: 5.584/1970 e das Súmulas nos 219 e 329 do TST.
comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem Nesse sentido, a CLT dispõe, com a nova redação do art. 791-A,
como o pagamento dos valores constantes do instrumento de dada pela Lei nº 13.467/2017:
rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
contados a partir do término do contrato (grifou-se). devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
Dessa forma, não tendo o reclamante sequer alegado atraso no (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
pagamento das verbas rescisórias, não é cabível a multa prevista valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
no § 8º do mesmo artigo, tendo em vista que a penalidade em obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
do recibo tenham sido pagas no prazo legal, como, § 2° Ao fixar os honorários, o juízo observará:
Assim, considerando que todas os valores constantes do TRCT II - o lugar de prestação do serviço;
foram quitados no prazo legal, indevida a multa do art. 477 da CLT, III - a natureza e a importância da causa;
impondo-se a reforma da sentença para excluir a parcela e julgar IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
Por fim, conforme relatado, os reclamados buscam a reforma da de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
imediatamente, o pagamento de honorários advocatícios, utilizando- § 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de arts. 1º, III (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade),
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência XXXV (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente gratuita), todos da Constituição Federal de 1988.
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito Inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que despesa", que ora se reconhece. Incidente parcialmente acolhido.
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse (DEJT: Data de publicação: 21.11.2019)
prazo, tais obrigações do beneficiário. Assim, nos termos do art. 791-A, § 4º, da CLT, "Vencido o
Do exposto, considerando os parâmetros do artigo 791-A da CLT, a beneficiário da justiça gratuita, [...], as obrigações decorrentes de
improcedência dos pedidos e a necessidade de fixação de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade",
honorários, mantém-se os honorários de sucumbência em favor do isto é, a execução da referida verba somente poderá ser
patrono da parte reclamada, em 5% sobre o valor dos pedidos processada se, no biênio subsequente ao trânsito em julgado da
indeferidos (no caso correspondente ao valor da causa), decisão, o credor demonstrar que efetivamente deixou de existir a
considerando especialmente o grau de zelo profissional, o trabalho condição de insuficiência de recursos ou, ainda, que houve
realizado pelos advogados e o tempo exigido para o serviço, bem mudança no status de miserabilidade do trabalhador vencido. Caso
Importa-nos esclarecer, todavia, que no julgamento proferido no dia Apelo improvido, neste aspecto.
0080026-04.2019.5.07.0000, o Pleno deste Tribunal decidiu rejeitar Recurso ordinário do reclamante conhecido (exceto quanto ao tema
a declaração de inconstitucionalidade do §3º do art. 791-A da CLT e "assédio moral", por inovação recursal), preliminar de cerceamento
acolher a declaração de inconstitucionalidade material da seguinte de defesa rejeitada e, no mérito, apelo improvido.
expressão contida no §4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada Recurso ordinário dos reclamados conhecido e parcialmente
pela Lei n. 13.467/2017: "desde que não tenha obtido em juízo, provido.
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. §3º DO ART. 791-A DA CLT. unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pelo
CONSTITUCIONALIDADE. A previsão de sucumbência recíproca, reclamante (exceto quanto ao tema "assédio moral", por inovação
no bojo do §3º do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº recursal) e, no mérito, negar-lhe provimento; conhecer do recurso
13.467/2017, não ofende a Constituição Federal de 1988, ordinário dos reclamados e dar-lhe parcial provimento para excluir
adequando-se, inclusive, ao Código de Processo Civil, quando da condenação a multa do art. 477, da CLT, julgando
venda a compensação de honorários, consoante seu art. 85, §14. A improcedentes todos os pleitos da exordial. Participaram do
Súmula nº 306 do STJ, que compreendia pela compensação de julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto
honorários sucumbenciais, encontra sua aplicabilidade restrita à (Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia
vigência do CPC de 1973. Inconstitucionalidade rejeitada. (Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFÍCIO José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
DA JUSTIÇA GRATUITA. OBTENÇÃO DE CRÉDITO CAPAZ DE Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
novel regra inserta no § 4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada Relator
pela Lei n. 13.467/2017, permissiva de utilização dos créditos FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021.
- BOUTIQUE HOTEIS BRASIL LTDA especial, atribuível ao cargo de confiança, o que situa o empregado
AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI NO 13.467/2017. Em se tratando se o crédito obtido em eventual condenação, nos termos do art. 791
de ação ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo -A, §4º, da CLT.
regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) O reclamante, por sua vez, aduz preliminar de cerceamento de
acerca dos honorários advocatícios. Nessa situação, impõe-se defesa e, no mérito, requer o pagamento de diferenças salariais,
razoável a condenação da parte sucumbente em honorários aduzindo que teria sido ajustado, verbalmente, salário maior que o
advocatícios, na forma prevista no art. 791-A da CLT, bem como a efetivamente constante do contrato de trabalho; persegue o
determinação para suspensão da exigibilidade em relação ao reconhecimento do vínculo com todos os seus reflexos a partir de
beneficiário da justiça gratuita, haja vista a declaração de 02/01/2020, e o pagamento de horas extras, por ter efetivamente
inconstitucionalidade material da expressão "desde que não tenha desempenhado, nos reclamados, a função de chefe de setor, e não
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de de gerente; busca pagamento de adicional por acúmulo de função,
suportar a despesa", contida no § 4º, do art. 791-A, da CLT, por por ter de concentrar as funções de auxiliar de cozinha com as de
este Regional, nos autos do processo nº 0080026- chefe de cozinha. Por fim, almeja receber indenização por danos
04.2019.5.07.0000, em sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. morais, por laborar em condições indignas, já que foi obrigado a
Recurso ordinário do reclamante conhecido (exceto quanto ao Regularmente notificadas as partes, somente os reclamados
tema "assédio moral", por inovação recursal), preliminar de apresentaram contrarrazões, no prazo legal, conforme certidão de fl.
Recurso ordinário dos reclamados conhecido e parcialmente Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,
provido. eis que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art.
RELATÓRIO
FUNDAMENTAÇÃO
da sentença de fls. 233/259, após expor as razões de seu Deixo de conhecer do recurso autoral no tocante ao pleito de
convencimento, houve por bem julgar procedentes em parte os assédio moral, haja vista a inovação recursal neste aspecto, ao
pedidos formulados na exordial, para condenar a primeira alegar que a causa da indenização perseguida era o calor excessivo
reclamada, de forma principal, e a segunda, subsidiariamente, a a que fora submetido no ambiente laboral, enquanto, em sede de
pagarem ao autor "multa do art. 477, § 8º, da CLT, ante a ausência petição inicial, aponta como fundamento os constrangimentos e as
de comprovação de pagamento tempestivo e regular das verbas cobranças excessivas praticadas por seu superior hierárquico.
rescisórias: R$ 4.000,00". Condenou, ainda, o primeiro reclamado a No mais, atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
proceder à retificação da CTPS obreira, fazendo constar admissão admissibilidade, como se colhe da certidão de Id e5372bd, impõe-se
em 28/01/2020. A título de honorários advocatícios sucumbenciais, o conhecimento dos recursos interpostos por ambas as partes e das
condenou a parte ré a pagar 5% dos créditos obtidos pelo autor (R$ contrarrazões, tempestivamente ofertadas pelos reclamados,
200,00) e a parte autora a pagar 5% dos pleitos indeferidos (R$ conforme certidão de fl. 339.
Os embargos declaratórios opostos pelos réus, ao ID 2e8d0f7, Embora tenha sido apresentado primeiro o recurso dos reclamados,
conforme decisão de fls. 295/297, foram conhecidos e improvidos. por razão didáticas, inverto a ordem de análise dos apelos,
Inconformados, os reclamados e reclamante interpuseram recurso passando a apreciar, inicialmente, o recurso interposto pelo
ordinário, respectivamente, às fls. 301/312 e 317/325. reclamante, haja vista que o eventual acolhimento da questão
Os reclamados buscam, em sua peça recursal, a reforma da preliminar suscitada pelo autor pode implicar anulação do processo.
sentença proferida, para que seja excluída da condenação a multa DO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
do art. 477 da CLT, bem como para que seja exigido do autor PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA
O recorrente suscita preliminar de cerceamento de defesa, Passou este Juízo aDECIDIR: "Diante do exposto,ACOLHE ESTE
aduzindo, para tanto, que teve indeferido o pleito de oitiva de uma JUÍZO A CONTRADITA FORMULADA haja vista as declarações
testemunha, sob argumento de amizade íntima, no entanto alega prestadas pela testemunha, as quais revelaram amizade entre o
que a "testemunha era o único funcionário que laborou com o mesmo e o autor, o que a meu ver retira-lhe a isenção de animo
Reclamante durante a vigência do contrato de trabalho". para depor como testemunha compromissada."
Conforme se observa na ata de audiência (fls. 217/218), o fato que Desta decisão, restam consignados os protestos do(a) advogado(a)
Primeira testemunha do reclamante: Sr. Antônio José Carneiro da Como se pode observar do citado trecho da ata de audiência, a
Silva, CPF 604.480.993-57, solteiro, nascido em 23/09/1992, testemunha Antônio José Carneiro da Silva mantém amizade com o
cozinheiro, residente e domiciliado(a) no Fortim, Pontal de reclamante, informando em juízo que já frequentou sua casa, saiam
Maceió/CE. O procurador da reclamada contradita a testemunha ao juntos para bares e restaurantes, já trabalharam juntos em diversos
argumento de que possui amizade íntima com a parte autora. locais e, "quando trabalhou no resort The Coral Beach morou junto
Inquirida, a referida testemunha respondeu que: "trabalhou junto com o reclamante na mesma residência por mais de 6 meses", [...]
com o reclamante na cozinha do Vila Galé; que após isso o "que tem sentimento de gratidão pelo reclamante pelos convites
depoente foi trabalhar em Goiás, somente voltando a trabalhar com feitos, bem como acredita que se deve ao seu mérito, pelo bom
o reclamante na cozinha da segunda reclamada; que, atualmente, trabalho realizado". Tal fato, portanto, demonstra ausência da
mantém contato profissional com o reclamante, mas já mantiveram isenção de ânimo da testemunha, restando patente a sua
contato pessoal; que entende por contato pessoal se falarem por suspeição, nos termos do art. 447, §3º, II do CPC.
whatsapp e grupos; que já frequentou a casa do reclamante para Não se vislumbra, no indeferimento da oitiva da referida
tratar de questões profissionais, indo com o mesmo visitar cozinhas; testemunha, qualquer violação aos princípios da ampla defesa e do
que já saíram juntos também para bares e restaurantes; que ia contraditório, antes, porém, mera obediência aos ditames legais. A
trabalhar junto com o reclamante em Goiás, na cozinha de um foto apresentada sequer foi incluída como fundamento para o
resort, sendo que o autor acabou por se desligar antes do ingresso deferimento da contradita, decidindo a Magistrada a partir das
do depoente; que foi o reclamante quem chamou o depoente para declarações prestadas pela própria testemunha, senão vejamos:
trabalhar no referido resort em Goiás; que quando trabalhou no "ACOLHE ESTE JUÍZO A CONTRADITA FORMULADA haja vista
resort The Coral Beach morou junto com o reclamante na mesma as declarações prestadas pela testemunha, as quais revelaram
residência por mais de 6 meses; que também foi o reclamante quem amizade entre o mesmo e o autor, o que a meu ver retira-lhe a
convidou o depoente para trabalhar na cozinha do resort The Coral isenção de animo para depor como testemunha compromissada".
Beach; que depois que saiu do resort The Coral Beach passou a Ademais, relevante destacar que compete ao magistrado apreciar
trabalhar por conta própria no Fortim, mas ainda mantém contato livremente as provas produzidas nos autos, bem como indeferir as
com o reclamante, só não o vendo pessoalmente por residir em diligências que se revelem inúteis ou meramente protelatórias, nos
outro Município; que tem sentimento de gratidão pelo reclamante termos do artigo 370 do CPC/2015.
pelos convites feitos, bem como acredita que se deve ao seu mérito, Não é ocioso lembrar, ademais, que o juiz é o condutor do
pelo bom trabalho realizado; que está aqui para falar a verdade e o processo, cabendo-lhe velar pela celeridade das causas, sendo-lhe
Neste momento, o patrono defensivo requereu a apresentação de desnecessárias, a teor dos artigos 765 da CLT e 139 do CPC/2015.
uma foto para que a testemunha informasse se estava presente na Formada a convicção a partir de elementos que colocam o feito em
mesma, o que foi deferido por este Juízo, tendo a referida condições de ser, desde logo, decidido, despicienda a produção de
testemunha declarado que "está presente na referida foto, sendo a outras provas.
pessoa do meio, ladeado pelo reclamante e pelo Sr. Edgleison Diante do exposto, rejeita-se.
Lemos; que tal senhor, assim como o depoente, eram cozinheiros e MÉRITO
o reclamante era o chefe de cozinha; que tal foto foi tirada na DA PROVA TESTEMUNHAL PRODUZIDA PELOS
Determina este Juízo que o patrono defensivo junte aos autos, no O reclamante, em seu recurso, alega que a testemunha dos
prazo de 24 horas, após o encerramento da presente audiência, a reclamados mentiu em juízo, ao declarar que a coifa (exaustor) já
foto ora apresentada. estava instalada quando foi contratada (em fevereiro/2020), já que a
nota fiscal de fl. 195 indica a aquisição do equipamento somente em Na petição inicial, o reclamante informa que sua jornada de labor
julho de 2020. era cumprida no horário de 7h às 20h, com intervalo para refeição
No entanto, tal informação é de pouca ou nenhuma serventia, já que de 1 (uma) hora. Aduz, além disso, que trabalhava aos sábados,
a própria testemunha afirmou em juízo que o exaustor nunca domingos e feriados, no mesmo horário, o que resultaria em 21
funcionou e que a ventilação do ambiente era somente a natural, horas extraordinárias, de segunda a sábado.
feita com a abertura das janelas existentes na cozinha. O fato de ter Na contestação, os reclamados aludem que o autor exercia função
sido instalado antes ou depois do ingresso da depoente nos de gerência de setor, percebendo gratificação de função superior a
quadros do reclamado não possui nenhuma influência no desenrolar 40% do salário, estando, portanto, enquadrado no art. 62, II, da
dos fatos narrados pelo autor, haja vista que o equipamento sequer CLT, pelo que seria incabível o pleito de horas extras.
chegou a entrar, efetivamente, em funcionamento. Neste aspecto, é Nos termos da sentença, o magistrado singular indeferiu a
provável que a testemunha tenha se confundido ao apontar a época postulação relativa às horas extras por entender:
Assim, não havendo razões para anular a prova testemunhal (documento de id cf4d9df), observo, na cláusula 1ª, que fora ele
produzida pela parte ré, nega-se provimento ao apelo obreiro, neste contratado para exercer a função de chefe de cozinha.
DAS DIFERENÇAS SALARIAIS Freitas), verifico que suas asserções corroboram a tese trazida
Alega o recorrente que faz jus a diferenças salariais, aduzindo, para pelos réus, deixando evidenciado que o autor detinha expressiva
tanto, que ficou acordado, verbalmente, que o salário inicial seria de autonomia para conduzir seu trabalho, que dispunha de equipe sob
R$ 4.000,00, mais R$ 300,00 de ajuda de custo e moradia. No seu comando direto, além de ser o único responsável pela
entanto, alega que, após 45 dias de trabalho, recebeu o contrato de organização da cozinha, sem sofrer ingerência e/ou interferência de
trabalho constando remuneração de R$ 2.857,15/mês, mais 40% de seus superiores ou outros colegas de trabalho, tampouco tinha sua
complemento de salário pelo exercício de cargo de confiança, o que jornada fiscalizada. Transcrevo seu depoimento:
se pode observar nos contracheques juntados aos autos, às fls. que conheceu o reclamante na empresa; que ele era o chefe de
38/40. cozinha; que ele entrou no final de jan/20, antes da depoente, por
Em que pese o argumento recursal do reclamante, no sentido de ocasião da inauguração; que a depoente entrou um pouco antes da
que eventual gratificação de função deveria ter sido calculada sobre pandemia, em fevereiro; que ele comandava a equipe da cozinha;
o salário inicial pactuado, qual seja, R$ 4.000,00, não se pode que ele fazia compras de produtos para a cozinha; que não sabe
chegar a tal ilação somente em face do e-mail anexo à fl. 43, dizer se ele precisava de autorização; que ele tinha autonomia na
enviado pelo autor, no qual diz aceitar a "proposta oferecida para o cozinha; que ele era autoridade máxima na cozinha; que ele
cargo de Chef de Cozinha, no valor de R$ 4.000,00 (salário inicial) + coordenava os serviços da cozinha; que a equipe se reportava a
R$ 300,00 (ajuda de custo)", até porque se trata de prova unilateral, ele; que todo mundo na cozinha era subordinado a ele; que ele
sem qualquer cunho oficial. tinha poder para fazer entrevistas, bem como recomendar as
Outrossim, como bem ressaltou a Magistrada sentenciante, a soma contratações; que tudo passava por ele; que as escalas também
do salário base e da gratificação de função corresponde a R$ eram organizadas pelo reclamante; que era ele quem elaborava e
4.000,00, e o reclamante não conseguiu demonstrar, como lhe podia alterar o cardápio; que ele era o único chefe da cozinha; que
incumbia, que fora contratado para receber R$ 4.000,00 acrescido só ele quem dava instruções para equipe; que ele treinava o
de gratificação de função, o que resultaria em valor superior a R$ pessoal contratado; que não sabe dizer se ele aplicava punições ao
5.500,00, além da ajuda de custo, a qual restou comprovadamente pessoal da cozinha; que não sabe dizer se o reclamante exercia
DAS HORAS EXTRAS que não sabe dizer o horário de entrada e saída do reclamante
Na peça recursal, o laborista aduz ainda que exercia a função de porque ele conduzia a cozinha e ia em casa e depois voltava, não
chefe de setor, e não de gerente, conforme demonstrado pela prova tinha uma hora especificada (entre o 9'10" até 9'45" do depoimento
único responsável pelo desenvolvimento dos trabalhos ali No entanto, se comparado ao empregado comum, o reclamante
realizados, pela escolha/alteração do cardápio e pela gestão dos possuía subordinados, detinha autonomia para dar ordens à sua
integrantes da equipe que lhe eram subordinados, coordenando equipe, era o responsável pelas compras dos insumos necessários
toda a atividade, dando as diretrizes do trabalho a ser realizado, para o funcionamento do seu setor (cozinha), coordenava os
tendo, inclusive, influência na admissão e dispensa de empregados. serviços, fazia entrevistas e podia recomendar novas contratações,
Ou seja, é inegável que ostentava ele função de maior destaque na organizava escalas de trabalho de seus subordinados, elaborava o
A propósito, convém destacar que, malgrado tenha sido acolhida a segundo a testemunha empresarial.
contradita ao depoimento da testemunha obreira (Sr. Antônio José Tudo isso corrobora a conclusão de que o reclamante-recorrente
Carneiro da Silva), ela própria, ao ser inquirida a respeito da relação ocupava uma posição diferenciada em relação ao empregado
mantida com o autor, destacou que "foi o reclamante quem comum, não se submetendo ao controle de jornada, consoante
convidou o depoente para trabalhar na cozinha do resort The Coral previsão do art. 62, II, da CLT, não sendo necessário, conforme
Beach ", o que só reforça a convicção desta Julgadora quanto a dispositivo legal, que o trabalhador seja gerente, sendo equiparados
ingerência que tinha o acionante na formação da equipe da cozinha, a estes os "diretores e chefes de departamento ou filial".
A meu ver, o conjunto probatório evidencia que a função do autor, DO ACÚMULO DE FUNÇÕES
enquanto único chefe da cozinha do Resort, não era meramente Neste aspecto, a juíza de primeiro grau julgou improcedentes as
operacional, detendo ele fidúcia diferenciada em suas atividades, pretensões formuladas na exordial, absolvendo os reclamados de
sendo cabível o seu enquadramento na hipótese do artigo 62, II, da pagar salário superior em decorrência de acúmulo de funções.
Ademais, vale lembrar que, tendo em vista o seguimento econômico recurso ordinário, no qual aduz que merece reforma a decisão
que o acionante laborava (turismo/restaurante), é certo que em resistida no que diz respeito ao acúmulo de função, visto que o
determinadas épocas do ano há excessiva carga de trabalho (finais autor teria exercido cumulativamente as funções de auxiliar de
de semana, feriados prolongados, período de alta estação etc), as cozinha e chefe de cozinha, o que teria ficado provado através do
quais são compensadas com os períodos de baixa temporada, onde depoimento da testemunha empresarial.
o volume de trabalho sofre inegável redução, sem olvidar que o Sem razão.
grave quadro pandêmico instalado a nível mundial e que chegou ao No ordenamento jurídico pátrio, inexiste previsão relativa à
País no início de 2020 forçou uma retração em diversos setores contraprestação de várias funções realizadas em prol do mesmo
econômicos, notadamente no turismo, arrefecendo ainda mais a empregador. Assim, a princípio, o desempenho cumulativo de
procura de tais serviços. funções, numa mesma jornada de trabalho, para um único
Por outro lado, gozava o autor de um padrão salarial que o empregador, não justifica a exigência de pagamento de
distinguia dos seus subordinados, enquadrando-o no estabelecido remuneração distinta para cada atribuição do empregado, a menos
no parágrafo único, do art. 62, da CLT. Deveras, os recibos de que sejam incompatíveis. É o que se infere, inclusive, do parágrafo
pagamento coligidos à inicial (id c948e20) evidenciam que o único do art. 456, da CLT, verbis: "à falta de prova ou inexistindo
acionante recebia gratificação de função correspondente a 40% de cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se
seu salário básico, fato, inclusive, por ele confirmado na inicial. obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição
Após detida análise das razões esposadas na sentença, em Noutra senda, à luz do princípio dispositivo, cabe à parte a
confronto com a prova oral e documental constante dos autos, incumbência de produzir a prova de suas alegações. Tratando-se
forçoso reconhecer que a magistrada prolatora da decisão recorrida de acúmulo de função, devidamente contestado pelo empregador,
decidiu corretamente a lide, não subsistindo razões que justifiquem recai sobre o empregado o dever de o demonstrar em juízo (art.
a reforma. 818, da CLT c/c art. 373, I, do CPC), apresentando prova segura e
Relevante destacar, desde logo, que o reclamante se limita a coerente de suas alegações.
postular, no recurso, a condenação do empregador ao pagamento Neste prisma, bem salientou a juíza sentenciante (fls. 249/250):
de horas extras, por não estar enquadrado na exceção do art. 62, II, [...] As asserções da testemunha patronal endossam a versão
defensiva, evidenciando que as atribuições do reclamante tinham comprovante de depósito de valores rescisórios em favor do autor.
relação direta com a chefia da cozinha, função que desempenhava, A multa do art. 477 da CLT é devida quando as verbas rescisórias
não se vislumbrando nos autos qualquer elemento que evidencie não são pagas no prazo estabelecido no § 6º de tal dispositivo.
excessiva carga de trabalho ou que ele atuasse em desvio funcional In casu, em que pese o autor tenha confirmado, na inicial, a
Os recibos, pedidos e emails trazidos com a inicial listam gêneros nos autos nenhuma prova de que tais valores foram quitados dentro
alimentícios e equipamentos de utilidade doméstica de uso próprio do prazo legal, ou seja, não há comprovação da data do pagamento
na preparação de alimentos, sendo que tais documentos, a meu da rescisão contratual, razão pela qual entendo devida a multa
ver, não desvirtuam a função para a qual o reclamante fora prevista art. 477, § 8º, da CLT.(fls. 253/254).
de defesa, ao afirmar que o autor comandava a equipe da cozinha, De fato, como se extrai da leitura da exordial, o reclamante
competindo-lhe fazer as compras dos produtos necessários, sendo persegue o pagamento da multa em referência, alegando, para
responsável pela elaboração e alteração do cardápio, detendo tanto, que "Como pode se observar a Reclamada até o presente
ampla autonomia para desenvolver o seu mister. momento não pagou as verbas rescisórias a que tem direito o
In casu, as provas existentes no caderno processual não atraso no recebimento das verbas rescisórias, e sim, total ausência
desvio funcional pelo demandante, aptos a ensejar reparação Ocorre que, na própria inicial, o autor alega já ter recebido uma
salarial. Diversamente, as provas sinalizam que o autor foi quantia referente a férias e 13º salário, e faz juntada aos autos do
contratado como chefe de cozinha, função que exerceu durante TRCT de fls. 35/36, sem data e assinado somente pelo empregador,
todo o pacto laboral e, nessa condição, era responsável por toda a dando a entender que almeja o pagamento da multa prevista no art.
organização da cozinha que funcionava no restaurante do 2º réu, 477 da CLT, em razão das diferenças de verbas rescisórias que
sendo que as atividades de compras de gêneros alimentícios e busca em juízo, e não especificamente em face do atraso no
outros produtos de utilidade da cozinha se correlaciona direta e pagamento das verbas rescisórias.
indiretamente com os seus afazeres diários. Ocorre que, a partir de 11/11/2017, após a entrada em vigor da
Como ressaltado na origem, o acúmulo de funções ocorre quando o reforma trabalhista pela Lei 13.467/17, o §6º do referido artigo 477
empregado, a execução de tarefas mais complexas e estranhas ao 6º A entrega ao empregado de documentos que comprovem a
conteúdo da função contratada, o que não ocorreu na espécie. comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem
Ressalte-se que não configura acúmulo de funções o exercício de como o pagamento dos valores constantes do instrumento de
atividades vinculadas à função para a qual foi o reclamante, rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias
originalmente, contratado e que eram exercidas dentro da mesma contados a partir do término do contrato (grifou-se).
jornada de trabalho, sendo indevido, portanto, o acréscimo Dessa forma, não tendo o reclamante sequer alegado atraso no
remuneratório por acúmulo de funções. pagamento das verbas rescisórias, não é cabível a multa prevista
Sendo assim, deve ser mantida a decisão de primeiro grau, quanto no § 8º do mesmo artigo, tendo em vista que a penalidade em
à improcedência do pleito relativo ao acúmulo de funções. questão é indevida quando, em juízo, forem reconhecidas apenas
DO RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS diferenças salariais, desde que as verbas constantes do TRCT ou
DA MULTA DO ART. 477 DA CLT do recibo tenham sido pagas no prazo legal, como,
Os reclamados perseguem a exclusão da multa prevista no art. 477, incontroversamente, ocorreu na espécie.
§8º, da CLT, alegando que, em nenhum momento da exordial, o Assim, considerando que todas os valores constantes do TRCT
reclamante alega atraso no recebimento das verbas rescisórias. foram quitados no prazo legal, indevida a multa do art. 477 da CLT,
A Magistrada de origem, ao deferir o respectivo pleito, expôs seu impondo-se a reforma da sentença para excluir a parcela e julgar
Examinado o TRCT coligido à inicial, vejo que o mesmo não se DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
encontra datado, nem assinado pelo reclamante. Já na Por fim, conforme relatado, os reclamados buscam a reforma da
documentação anexada à defesa não consta o TRCT, tampouco sentença proferida, para que possa ser exigido do autor,
imediatamente, o pagamento de honorários advocatícios, utilizando- § 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
se o crédito obtido em eventual condenação, nos termos do art. 791 obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
Entendo, todavia, que o acesso à justiça, enquanto princípio ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente
fundamental inserto na Carta Magna de 1988, é extensivo a todos e, poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
portanto, não pode ser tolhido pelo Poder Judiciário sob o manto do em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
jus postulandi, que é faculdade atribuída ao jurisdicionado e não deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
obrigação de postular em juízo sem a assistência de advogado. justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse
A regra prevista no art. 791, da CLT, deve ser entendida como um prazo, tais obrigações do beneficiário.
plus deferido ao jurisdicionado, seja ele empregado ou empregador, Do exposto, considerando os parâmetros do artigo 791-A da CLT, a
trabalhador avulso ou autônomo, e não como óbice ao exercício do improcedência dos pedidos e a necessidade de fixação de
Com o advento da Lei 13.467/2017, para as reclamatórias patrono da parte reclamada, em 5% sobre o valor dos pedidos
trabalhistas ajuizadas após 11/11/2017 (caso dos autos), os indeferidos (no caso correspondente ao valor da causa),
honorários advocatícios passaram a ser devidos pela mera considerando especialmente o grau de zelo profissional, o trabalho
sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT. realizado pelos advogados e o tempo exigido para o serviço, bem
É esse o entendimento do TST, consolidado na redação do art. 6º, como a natureza da causa.
da Instrução Normativa nº 41/2018, que dispõe sobre a aplicação Importa-nos esclarecer, todavia, que no julgamento proferido no dia
das normas processuais da Consolidação da Leis do Trabalho, 8.11.2019, nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº
alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017: 0080026-04.2019.5.07.0000, o Pleno deste Tribunal decidiu rejeitar
Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários acolher a declaração de inconstitucionalidade material da seguinte
advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da expressão contida no §4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de pela Lei n. 13.467/2017: "desde que não tenha obtido em juízo,
novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
5.584/1970 e das Súmulas nos 219 e 329 do TST. EMENTA: ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Nesse sentido, a CLT dispõe, com a nova redação do art. 791-A, SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. §3º DO ART. 791-A DA CLT.
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão no bojo do §3º do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% 13.467/2017, não ofende a Constituição Federal de 1988,
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o adequando-se, inclusive, ao Código de Processo Civil, quando
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico venda a compensação de honorários, consoante seu art. 85, §14. A
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado Súmula nº 306 do STJ, que compreendia pela compensação de
II - o lugar de prestação do serviço; SUPORTAR A DESPESA. §4º DO ART. 791-A DA CLT. REDAÇÃO
III - a natureza e a importância da causa; CONFERIDA PELA LEI 13.467/2017. ACESSO À JUSTIÇA.
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o MALFERIMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA. A
seu serviço. novel regra inserta no § 4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
§ 3° Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários pela Lei n. 13.467/2017, permissiva de utilização dos créditos
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os obtidos judicialmente pelo trabalhador para pagamento de
DISPOSITIVO
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. DOENÇA
Recurso ordinário conhecido e improvido. capaz de levar à reforma da decisão de primeiro grau.
Cuida-se de recurso ordinário interposto por SAMARA KELLY DA Por outro lado, as demais provas produzidas nos autos não
SILVA OLIVEIRA, em face da sentença às fls. 195/200, proferida amparam a pretensão da autora. Senão vejamos.
pelo Exmo. Juiz JAIME LUIS BEZERRA ARAUJO, Titular da Vara A reclamante alega na inicial que foi admitida pela ré na função de
do Trabalho de Iguatu, que julgou improcedentes os pedidos auxiliar de serviços gerais laborando "nas dependências da
formulados na reclamatória em face da reclamada JODIESEL empresa reclamada que consiste em um grande espaço físico que
COMERCIO E SERVIÇOS DE AUTOS EIRELI. envolve (i) setor administrativo, (ii) espaço da oficina e (iii) espaço
Inconformada, a reclamante interpôs recurso ordinário de fls. para venda de maquinas e veículos," [...] "Ao chegar à empresa a
206/215 postulando a reforma da sentença para que seja reclamante fazia o café para os demais empregados da empresa,
reconhecida a alegada doença ocupacional e as verbas depois iniciava a limpeza dos escritórios, alojamentos, casa de
decorrentes. Afirma que era submetida a uma rotina exaustiva de peças, cantina, almoxarifado, oficina e banheiros, concluindo o
trabalho e desenvolveu as patologias: "DORSALGIA + LOMBARGIA serviço. Aos sábados tinha que lavar toda a extensa área onde
(HÉRNIA DE DISCO), com abaulamentos discais posteriores em deveriam ser expostos os veículos e máquinas para vendas. No
L4, L5 e L5-S1, conforme laudos acostados aos autos.", exercício da função a reclamante tinha que pegar objetos pesados
apresentando, ainda, sintomas de fibromialgia. Sustenta que o para limpeza, pois tinha que mover birôs, estantes e caixas no
laudo pericial apresentou contradições, respostas genéricas e escritório. Na oficina tinha que afastar tambores de óleo. Ainda
revela-se imprestável ao deslinde do feito. Destaca, de igual modo, durante a limpeza a reclamada pegava por inúmeras vezes baldes
que a recorrida não demonstrou durante a instrução processual que de água (aproximadamente 10 (dez) litros) para fazer a limpeza dos
dispunha de Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA espaços físicos da empresa." Relata que, após 4 (quatro) a 5 (cinco)
e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, o meses de atividade laboral, começou a sentir fortes dores na coluna
que ratifica a despreocupação empresarial com a saúde e o e foi constatado por um médico especialista que havia desenvolvido
ambiente de trabalho. Pugna pela procedência dos pleitos exordiais. DORSALGIA + LOMBARGIA (HÉRNIA DE DISCO), com
A reclamada apresentou contrarrazões às fls. 219/227, dentro do abaulamentos discais posteriores em L4, L5 e L5-S1, conforme
prazo legal, conforme certidão de fl. 228. laudos anexos. Posteriormente desenvolveu fibromialgia também
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, em decorrência da sobrecarga do trabalho.
visto que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no Ao descrever as alterações na coluna lombar relacionadas com a
art. 109 do Regimento Interno deste Regional. DORSALGIA + LOMBARGIA (HÉRNIA DE DISCO), o perito médico
Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de irradiadas para glúteo, coxa, perna e/ou pé. Segundo a OMS cerca
admissibilidade, como demonstram a certidão e o despacho insertos de 80% da população tem ou terá em algum momento da vida esse
nos autos à fl. 216, conheço do vertente recurso ordinário, bem tipo de dor. No Brasil, 50 milhões de brasileiros por ano apresentam
como das contrarrazões, ofertadas, tempestivamente, consoante tal queixa. Os sintomas e sinais de lombalgia vão desde ligeiros
certificado à fl. 228. desconfortos, dores, queimações, crises com "travamentos" e até
Em que pese o inconformismo externado pela recorrente, forçoso mesmo manter-se em pé.
reconhecer que as razões recursais não trazem qualquer argumento A maioria das lombalgias é considerada aguda, pois aparece de
forma relativamente rápida, sendo caráter multifatorial, muitas relatos na literatura médica relacionando o surgimento patologia
vezes reversível apenas com repouso. A frequência dessas com o trabalho, porquê a reclamante tenta atribuir o
ocasiões tende a aumentar com o envelhecimento, ficando as crises desenvolvimento de sua doença ao trabalho?
mais intensas, podendo tornar-se um problema crônico. Dentre as O autor não possui diagnostico de fibromialgia. O que existe no
possíveis causas de lombalgia podem-se citar causas mecânicas processo é a menção por parte do fisioterapeuta, que não pode
(p.ex. excesso de peso, movimentos bruscos, etc.), inflamatórias, firmar diagnostico, pois não é médico."
nervosas, reumáticas e quando não é possível definir a causa pode- Os exames e atestados médicos acostados aos autos, por sua vez,
se denominá-la dor lombar inespecífica. também não tem o condão de infirmar a prova técnica do juízo,
A flacidez muscular e a falta de condicionamento físico também elaborada por um especialista no assunto que, através de uma
podem gerar dores fortes e transitórias. Estas ocorrências análise técnica e fundamentada, expôs as razões da inexistência de
geralmente estão relacionadas à sobrecarga e esforços que geram nexo causal/concausal das doenças apresentadas pela autora e as
contraturas, distensão e inflamação local. Para uma musculatura atividades desenvolvidas na ré, concluindo, inclusive pela
mal condicionada, o acúmulo de ácido lático gerado pelo excesso incapacidade laboral. Veja-se: (fl. 143):
costas da pessoa após o movimento excessivo ou até mesmo 15.1. Nexo causal/concausal: Não foi estabelecido nexo causal ou
Um dos maiores causadores de dor lombar baixa é a degeneração coluna e o labor na empresa. Autor com longo histórico na mesma
dos elementos da coluna. Entre eles está o disco intervertebral, que atividade laboral, e curto tempo para desenvolvimento das
funciona como um amortecedor das cargas que sofrem diariamente alterações, quando comparado ao tempo de laboração na
as vértebras. Com o passar dos anos, o disco envelhece e reclamada. Demais provas do processo também apontam para
desgasta, desidratando e tornando-se mais rígido e quebradiço, não doença não relacionada ao trabalho, como exame de imagem ,
conseguindo resistir às tensões exercidas sobre ele. Esse processo auxilio espécie 31, ausência de CAT.
é chamado de degeneração discal. No processo degenerativo, o 15.2. Capacidade laboral Atual: Não há incapacidade laboral"
disco pode inflamar e gerar uma dor profunda nas costas, chamada Importa destacar, a propósito, que o laudo pericial é bastante claro
de dor discogênica. Além desta dor nas costas, a degeneração do e suficientemente fundamentado, não merecendo qualquer
disco pode levar às hérnias de disco, que são extrusões do núcleo descrédito, uma vez que o perito avaliou detidamente todas as
do disco intervertebral em direção aos nervos, gerando sintomas peculiaridades do caso e expôs, de maneira fundamentada, as
irradiados para os membros inferiores. razões que o levaram a concluir pela inexistência de nexo de
A progressão da degeneração e a consequente movimentação causalidade entre as doenças da obreira e as atividades laborais
anormal (não fisiológica) da coluna podem gerar outras condições exercidas na ré. Releva, ainda, mencionar que fora atestada a
da coluna, como a espondilolistese, a degeneração das facetas ausência de incapacidade da autora para o labor, inclusive para
articulares, osteofitose (bicos de papagaio) e escoliose desempenhar a funções que exijam esforço físico (fl. 12 - resposta
excessivamente exigida, sofrendo um processo crônico de fadiga Ademais, diante da farta e repetitiva análise de todas as indagações
muscular e, consequentemente, dor nas costas. relativas à associação do labor às lesões que acometem a autora,
Outra patologia associada à idade e a dores nas costas são as merecem destaque, além das respostas aos quesitos (item 13 do
fraturas osteoporóticas. Com a perda da qualidade óssea e laudo pericial), as informações apresentadas por ocasião da
condicionamento físico inadequado, o excesso de peso corporal ou manifestação complementar do perito (fl. 162). Veja-se:
pequenos traumas podem gerar fraturas dos corpos vertebrais, que "5 - A requerente no exercício do trabalho estava sujeito a posturas
Relativamente à fibromialgia, em resposta aos quesitos Sim, a reclamante estava sujeita a posturas inadequadas , mas não
apresentados pelas partes, manifestou-se o expert: foi comprovado que havia a característica de viciosidade.
"13. Quesitos: A postura de trabalho pode ter motivado as doenças sofridas pela
QUESITOS:1- reclamante?
mais comumente mulheres entre os 30 e 60 anos. Não existem 6 - existe relação entre as doenças e o trabalho desenvolvido para a
serviços que demandem esforço físico? Vale salientar, além disso, que, ao contrário do que pretende a
11 - Havendo possibilidade de a Requerente desenvolver suas qualquer relação das patologias em questão com o trabalho
atividades habituais e laborativas, quais seriam elas? prestado para a ré, constando no item 6.11 do laudo pericial que a
12 - Havendo redução da capacidade laborativa, qual seria o seu após a sua demissão, o que demonstra que a atividade laboral na
grau? reclamada não tem relação com a moléstia, já que, caso contrário,
Não há redução da capacidade laboral. os sintomas certamente teriam cessado ou, pelo menos, diminuído.
13 - A reclamante necessitava de EPI S para o trabalho? Ainda que assim não fosse, ou seja, embora constatado o nexo de
Os EPIs foram entregues a reclamante? pela autora não poderiam ser enquadradas como acidente de
Não comprovado entrega de EPIs. Porém este perito não vê relação trabalho ou doença profissional por aplicação do art. 20 da Lei nº
entre os EPIs obrigatórios para o desempenho da função e as 8.213/1991, já que não foi comprovada redução da capacidade
alterações apresentadas na coluna vertebral." laborativa da reclamante e que o parágrafo primeiro, "c", do referido
"A parte reclamante informa que o laudo pericial não levou em do trabalho a que não produza incapacidade laborativa, verbis:
consideração a jornada de trabalho do autor, bem como as "Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo
O perito discorda da parte reclamante. O laudo pericial detalhou a I - doença profissional, assim entendida a produzida ou
jornada de trabalho, a atividade desempenhada, o tempo de desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada
laboração na reclamada, dentre muitos outros fatores que foram atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo
detalhados no corpo do laudo para que pudessemos chegar a uma Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
A resposta aos quesitos esta alinhada com a resolução 2056/2013 desencadeada em função de condições especiais em que o
do CFM que norteia a confecção de um laudo pericial. trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante
provocar a alteração na conclusão do laudo pericial, o perito § 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
Importa enfatizar que vige, na processualística pátria, o princípio do b) a inerente a grupo etário;
livre convencimento motivado, através do qual o magistrado dispõe c) a que não produza incapacidade laborativa;
coligidos aos autos, desde que fundamente sua decisão. Nesse Desse modo, de se manter a sentença, por meio da qual o juízo a
sentido, a fim de buscar a causa da doença ou do acidente de quo julgou improcedentes os pleitos exordiais e os pedidos
trabalho, impõe-se-lhe uma investigação criteriosa acerca da consectários relativos a dano moral, dano material e indenização
responsabilidade do empregador, o que, efetivamente, foi relativa ao alegado período estabilitário, eis que todos têm como
observado no presente feito pelo Juízo a quo. fundamento a suposta redução da capacidade laboral não
Efetivamente, as provas produzidas não se prestam a corroborar as demonstrada pela autora, a quem cabia o respectivo ônus
asserções de que a moléstia adquirida pela autora, ao longo de sua probatório, nos termos do art. 818, I, da CLT
vida, tenha, de fato, decorrido unicamente das atividades que ela Sentença mantida.
Ressalte-se, ademais, que embora o julgador não esteja obrigado a CONCLUSÃO DO VOTO
SÚMULA 463, ITEM II, DO TST. Prevê o item II, da súmula 463, do
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO TST, que o direito das pessoas jurídicas aos benefícios da justiça
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por gratuita está condicionado à "demonstração cabal de
unanimidade, conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento. impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo".
Participaram do julgamento os Desembargadores,Plauto Carneiro Não tendo feito prova cabal da hipossuficiência alegada, restam
Porto (Presidente), Maria José Girão e Durval César de indeferidos os benefícios da justiça gratuita perseguidos.
Vasconcelos Maia (Relator). Presente, ainda, o Procurador do Benefícios da justiça gratuita indeferidos.
Trabalho, Francisco José Parente Vasconcelos Júnior. Não MÉRITO. PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS ADMITIDA PELA
participou do julgamento a Desembargadora Maria Roseli Mendes RECLAMADA. ARGUIÇÃO DE FATO MODIFICATIVO DO
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. relação de emprego, atraiu para si o ônus da prova quanto ao fato
CESAR DE ALMEIDA MARINHO autos, deve-se manter a decisão de primeiro grau mediante a qual
Intimado(s)/Citado(s):
- MARDONHO SOARES DE CASTRO
RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
Cuida-se de recurso ordinário interposto pela reclamada contra a
JUSTIÇA DO
sentença proferida pela Juíza Titular da 16ª Vara do Trabalho de
RECORRENTE: MUCURIPE MODA CENTER inicial para, após reconhecer o vínculo de emprego entre as partes,
RECORRIDO: MARDONHO SOARES DE CASTRO entre 1º/8/2018 e 28/2/2020, condenou a reclamada a pagar: "a)
RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA aviso prévio (33 dias); 13º salário integral (2019) e proporcional
RECURSO ORDINÁRIO. PESSOA JURÍDICA. BENEFÍCIOS DA afastamento informados na peça vestibular), com reflexos sobre
aviso prévio, 13º salário, férias, acrescidas de um terço, e FGTS, (cinco) dias para que a empresa recorrente, suprindo a ausência do
com a multa de 40%, deduzidas as quantias eventualmente já preparo recursal, promovesse o recolhimento das custas e do
quitadas a tais títulos; c) adicional noturno equivalente a 128 horas depósito recursal. Ressalte-se que esta promoveu a regularização
mensais, no percentual de 20%, de 1º/8/2018 a 21/1/2020 (já do preparo, dentro do prazo concedido, consoante se observa às
com reflexos sobre aviso prévio, 13º salário, férias, acrescidas de Assim, atendidos os requisitos de admissibilidade, conforme
um terço, e FGTS, com a multa de 40%, deduzidos os valores certidão e despacho de fls. 155-156, conheço do presente recurso
porventura já pagos, nos termos do art. 73 c/c a Súmula 60 do ordinário, bem como das respectivas contrarrazões.
Tribunal Superior do Trabalho (TST). d) honorários advocatícios, no DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
percentual de 15% sobre o valor da condenação.". O preparo, consistente no recolhimento de custas e do depósito
Os embargos de declaração opostos pela empresa reclamada às recursal, como é de sabença notória, constitui pressuposto
fls. 128-130 restaram improvidos, conforme se vê na sentença de indeclinável para o conhecimento dos recursos no processo do
fls. 137-138. trabalho, dispondo, nesse sentido, o art. 899, §1º, da CLT, que
Em suas razões recursais (fls. 141-154), insurgiu-se a reclamada "Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vêzes o salário-mínimo
contra os termos da decisão de origem, suscitando, inicialmente, ser regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso
beneficiária de gratuidade judicial. No mérito, refuta o inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva
reconhecimento do vínculo de emprego, pois o recorrido foi importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-
contratado de forma autônoma, na qualidade de auxiliar de serviços á o levantamento imediato da importância de depósito, em favor da
gerais, sem subordinação à reclamada. Alega que não se parte vencedora, por simples despacho do juiz."
encontram satisfeitos os requisitos do artigo 3º da CLT e que Nada obstante o exposto, o mesmo art. 899, §10, permite a
improcedem os demais pleitos aduzidos pelo reclamante, inclusive interposição do recurso sem a formalização do depósito recursal,
horas extras. Postula, ainda, "A título de argumentação, e caso se prevendo que "São isentos do depósito recursal os beneficiários da
considerem devidas quaisquer verbas ao Recorrido, requer-se justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em
de logo que seja considerada como base remuneração de R$ recuperação judicial." (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).
507,35 (quinhentos e sete reais e trinta e cinco centavos) Lado outro, resta possível a dispensa do pagamento das custas aos
mensais e trabalho em regime de tempo parcial, uma vez que a beneficiários da justiça gratuita, desde que, em cada caso, o pedido
prestação de serviços semanais não atingia a jornada semanal esteja devidamente acompanhado do comprovante do estado de
máxima permitida." (fls. 152-153 - grifos originais). hipossuficiência, sendo exigido das pessoas jurídicas provas cabais
Por fim, persegue o aumento da base de cálculo dos honorários e não mera declaração da existência do fato em relevo, como posto
advocatícios devidos pelo recorrido, para considerar "a totalidade do na súmula 463, item II, do TST, adiante referida.
montante no qual o obreiro sucumbiu, qual seja R$ 23.242,94". Com efeito, prevê o art. 790, §4º, da CLT, que "O benefício da
O reclamante apresentou contrarrazões, tempestivamente, às fls. justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência
159-167 (certidão fl. 168). de recursos para o pagamento das custas do processo. (Incluído
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, pela Lei nº 13.467, de 2017).
eis que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art. Já o art. 99, §3º, do CPC, aplicável supletivamente ao processo do
109, do Regimento Interno deste Regional. trabalho, prevê que a presunção pertinente à alegação da
FUNDAMENTAÇÃO em relevo.
TST, verbis:
Inicialmente, ratifica-se o entendimento esposado no despacho de (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com
págs. 169-173, mediante o qual, tendo em vista o indeferimento dos alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT
benefícios da justiça gratuita, restou concedido o prazo de 05 divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado
em12, 13 e 14.07.2017I - A partir de 26.06.2017, para a concessão determinação judicial ou de requerimento, a produção de provas
da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a relativas aos fatos alegados como fundamento do seu direito,
declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por competindo ao autor provar os fatos constitutivos e ao réu
seu advogado, desde que munido de procuração com poderes (reclamado) a prova dos fatos modificativos, impeditivos ou
específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); extintivos desse mesmo direito (artigo 818, da CLT, c/c o artigo 373
necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte Ao admitir a reclamada que o reclamante lhe prestou serviços em
arcar com as despesas do processo." condições diversas de uma relação de emprego, atraiu para si o
No caso, postula a reclamada, na peça recursal (id 1426f8f), a ônus da prova quanto ao fato modificativo do direito do autor.
concessão dos benefícios da justiça gratuita, declarando, em Entretanto, nenhuma prova foi produzida de forma a evidenciar que
resumo, que não dispõe de recursos para "[...] arcar com o ônus o reclamante tivesse prestado serviço nos moldes alegados pela
que, para tanto, precise deixar de arcar com seus É sabido que, por vezes, o trabalho autônomo se reveste de
compromissos com pagamento de salários e fornecedores." características que, em muito, o aproxima da figura de que cuida o
(grifos originais). art. 3º da CLT, posto que realizado de forma pessoal, não eventual
Acrescenta a recorrente (pág. 144) que e onerosa. Nessa hipótese, a nota distintiva entre ambos será a
"Desde o início da pandemia o empreendimento já seu viu obrigado subordinação jurídica, que pode até existir na relação jurídica
a ficar quase 04 (quatro) meses com suas portas completamente autônoma, todavia, com características específicas, posto que,
fechadas, o que reduziu o faturamento praticamente a zero. [...] nesta, a pessoa física assume os riscos do seu trabalho.
mesmos nos períodos de maior flexibilização das restrições, a A testemunha ALYNE NOGUEIRA MARQUES, ouvida no interesse
necessidade de respeito às medidas de prevenção da COVID-19, do autor, em seu depoimento, declarou que trabalhava nos serviços
em especial o distanciamento social, fez com que o funcionamento gerais, juntamente com o reclamante, ativando-se às quartas e
Em que pese a relevância dos argumentos tecidos no recurso, não noturno, das 18h às 14h do dia seguinte; afirmou que, se faltasse,
se vislumbra, no caso, a prova cabal a que se refere o TST, na não poderia enviar outra pessoa em seu lugar, e ficava um tempo
súmula antes referida. ("algumas semanas") sem ser convocada; declarou, ainda, que
Nesse sentido, necessário reiterar o entendimento esposado no recebia R$ 150,00 por diária; esclareceu que tinha uma escala de
despacho de págs. 169-173, mediante o qual, tendo em vista o comparecimento predeterminada, mas que acontecia também de
indeferimento dos benefícios da justiça gratuita, restou concedido o substituir algum outro colega que faltasse; declarou que nunca
prazo de 05 (cinco) dias para que a empresa recorrente, suprindo a levou atestado para justificar nenhuma falta.
ausência do preparo recursal, promovesse o recolhimento das No mesmo rumo, a testemunha HELIEUSON DANTAS DA SILVA,
custas e do depósito recursal, ressaltando-se, por oportuno, que testemunha autoral, afirmou que trabalhava nas terças, quartas,
esta promoveu a regularização do preparo, dentro do prazo sextas e sábados, alternando em períodos diurnos (8h às 18h) e
concedido, conforme disposto em linhas anteriores, por ocasião da noturnos (18h às 14h), recebendo diárias de R$ 75,00 e R$ 150,00,
admissibilidade do presente apelo. respectivamente; declarou que, se não pudesse trabalhar, tinha de
Justiça gratuita indeferida. apresentar atestado médico; informou que trabalhou com o autor e
DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO E DE que obedecia uma escala semanal de trabalho, organizada pelo
SEUS CONSECTÁRIOS LEGAIS gerente de nome Davison; informou que o reclamante se acidentou
Conforme relatado, a apelante refuta o reconhecimento do vínculo e apresentou atestado, ocasião em que deixou de ser convocado;
de emprego, pois o recorrido foi contratado de forma autônoma, explicou também que, em período de alta estação, chegavam a
para auxiliar na limpeza, sem qualquer subordinação à reclamada. dormir no serviço nos finais de semana, para trabalhar de sexta a
Alega que não se encontram satisfeitos os requisitos do artigo 3º da domingo; que, quando não pôde comparecer ao trabalho, teve de
CLT, reafirmando os argumentos que embasaram a contestação. apresentar atestado, mas continuou sendo convocado
Nos termos da Lei, compete às partes, independentemente de A testemunha da reclamada, EMANOEL DA SILVA ARAÚJO, por
seu turno, supervisor na reclamada, desde 2017, afirmou que necessidades ordinárias da dinâmica empresarial. Analisando o
recebia toda semana a escala dos nomes dos funcionários da depoimento prestado pela testemunha da ré, é possível constatar
limpeza elaborada pelo Sr. Davyson; que era paga diária de R$ que o local em que o reclamante exercia suas atividades
75,00 por turno para cada funcionário, e, às vezes, o próprio assemelhava-se a um shopping ou a um prédio de lojas comerciais.
laborista pedia para prestar mais diárias pois estava precisando A função desempenhada pelo reclamante como prestador de
complementar a renda; que o reclamante trabalhou por um ou dois serviços gerais, portanto, não pode ser propriamente enquadrada
anos; declarou que, se a pessoa dissesse que não tinha como pertencente à área fim do empreendimento. Entretanto, as
disponibilidade, ligavam para outra pessoa e, na semana seguinte, atividades desempenhadas pelos trabalhadores que pertencem à
voltavam a convocá-la; que, se o autor não pudesse comparecer, categoria profissional do reclamante, serviços gerais, são essenciais
por motivo de doença, não havia nenhuma penalidade; que nunca para o regular funcionamento do negócio. Embora se trate de
recebeu nenhum atestado do autor; que o autor prestava serviços ambiente voltado à prática de operações comerciais, não se pode
de 2 a 3 vezes por semana. negar que a boa apresentação do ambiente é imprescindível para o
Ressalte-se que as testemunhas, tanto as autorais quanto a êxito das pretensões comerciais da demandada. Desse modo,
empresarial, navegam na mesma direção, ao relatar detalhes dos entendo ser inevitável concluir que a função desempenhada pelo
serviços prestados pelo reclamante. reclamante é relevante para o regular funcionamento do negócio,
Conforme se constata, o reclamante, inegavelmente, laborava como razão pela qual o requisito da não eventualidade apresenta-se
auxiliar de serviços gerais, realizando a limpeza e manutenção do plenamente contemplado. Já a pessoalidade é característica
empreendimento demandado. Contata-se que o autor estava inerente à figura do empregado, que é escolhido em razão de suas
submetido à denominada "subordinação estrutural", teoria defendida qualificações ou virtudes. É contratado, portanto, para diretamente
pelo Ministro Maurício Godinho Delgado, segundo a qual a análise prestar os serviços, revestindo-se a relação jurídica formada por um
da subordinação deve ser pautada verificando-se a integração do manto de intransmissibilidade. Tal qualidade, todavia, não se refere
trabalhador à dinâmica organizativa e operacional do tomador de à atividade em si, mas ao contrato celebrado entre as partes,
serviços, independentemente do recebimento de ordens diretas ou devendo responder pessoalmente o obreiro pelas obrigações
No caso, para julgar parcialmente procedentes os pedidos contidos pessoalidade à noção de infungibilidade do serviço, pois não se
na exordial, baseou-se a MM. Juíza sentenciante na prova constitui em uma obrigação personalíssima, podendo, a critério do
testemunhal que, a rigor, contribuiu para demonstrar a existência da empregador, ser executada por qualquer outro empregado. A
Por assim, bem andou a Sentenciante de origem que formou sua dos serviços prestados por um mesmo trabalhador, mesmo que de
convicção nos seguintes termos (fls. 83-85): forma intermitente, demonstrando que o contrato firmado assim o foi
[...] uma vez reconhecida a prestação pessoal de serviço, como no em virtude da pessoa do empregado. No caso dos autos, verifico
caso em tela, presume-se tratar de relação de emprego, cuja elisão que os depoimentos ofertados em audiência demonstraram
constitui ônus do empregador, que deverá demonstrar, que havia uma clara repetição no labor prestado pelo
comprovadamente, que o vínculo havido entre as partes era reclamante. Analisando o inteiro teor da prova testemunhal,
puramente comercial, societário, ou de qualquer outra forma, não observo que foi mencionada, por diversas vezes, a existência
subordinado. Isso se justifica porque o contrato de emprego é a de uma escala, sugerindo que havia uma predeterminação nos
forma usual de contratação do trabalho humano, constituindo horários de labor dos trabalhadores. De acordo com a
formas extraordinárias aquelas em que não está presente o vínculo testemunha da reclamada, a empresa possuía uma lista com 50
da subordinação. É oportuno frisar que, ao contrário do que possa nomes, mas precisava convocar apenas 20 pessoas para fechar
parecer, o requisito da eventualidade não diz respeito à duração do seu quadro. Assim, em princípio, dada a ampla gama de
trabalho desenvolvido pelo empregado, ou ao período de tempo trabalhadores à disposição da ré, poder-se-ia imaginar que haveria,
colocado à disposição do empregador, mas ao tipo de atividade de fato, uma alta rotatividade de funcionários laborando em favor da
desempenhada. Se esta se enquadra entre aquelas inerentes aos demandada. No entanto, a própria testemunha da ré confirma
fins normais do empreendimento, estará satisfeito o requisito para a que o reclamante era convocado para trabalhar duas ou três
configuração da relação de emprego. Assim, o que caracteriza o vezes por semana, jornada que muito se aproxima daquela
trabalho eventual é a sua transitoriedade em relação às narrada na exordial, sugerindo que o autor exercia suas
atividades em uma rotina predefinida. A primeira testemunha As horas extras, de igual modo, devem ser mantidas, na medida em
autoral confirma que a escala possuía dias definidos, não havendo que, consoante bem observou a julgadora a quo, "o reclamante
a possibilidade de falta do obreiro sem justificação prévia, sob pena cumpria jornada semanal de 50 horas, totalizando 6 horas extras
de "passar um tempo sem ser chamado". Por sua vez, a segunda por semana", nada havendo a alterar na sentença recorrida, neste
era convocado pela MUCURIPE MODA CENTER sempre nos Pelas mesmas razões, afasta-se também o argumento empresarial
mesmos dias, sendo necessário apresentar atestado médico em de que se trata de trabalho em regime de tempo parcial, vez que,
caso de falta. (grifou-se). consoante previsão do art. 58-A da CLT, encaixa-se nesta categoria
Dessa forma, corrobora essa relatoria com a decisão proferida, o trabalho "cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a
inclusive para afastar a alegação recursal de suposta eventualidade possibilidade de horas suplementares semanais".
dos serviços prestados. É que pelo fato de o trabalhador estar Por todo exposto, conclui-se que a prova favorece a tese declinada
inserido na escala de funcionários do setor de limpeza da pelo recorrido-reclamante, pelo que se mantém a decisão ora
pela prova oral, é inquestionável que lhe presta serviços não Acerca da condenação do recorrido no pagamento de honorários
eventuais. Neste mesmo sentido, colaciona-se a seguinte ementa: sucumbenciais em prol do patrono da parte reclamada, persegue o
VÍNCULO EMPREGATÍCIO. TRABALHO PRESTADO POR MAIS recorrente o aumento da base de cálculo do importe devido pelo
DE 20 ANOS EM UMA OU DUAS VEZES POR SEMANA A recorrido, para considerar "a totalidade do montante no qual o
HABITUALIDADE. PRECEDENTES DO TST. A jurisprudência Não prospera o argumento do recorrente, neste aspecto, haja vista
hegemônica do C. TST perfilha o entendimento de que a relação de que a base de cálculo dos honorários devidos pelo reclamante é
emprego existe mesmo que o serviço prestado não seja contínuo. composta tão somente dos pedidos em que sucumbiu a parte
Para os fins dos arts. 2º e 3º da CLT, o vínculo empregatício é integralmente, nela não se incluindo as parcelas em que se saiu
habitual mesmo que o labor não seja prestado por vários dias da vencedora, mas cujo valor foi calculado a menor do que o atribuído
semana. A SBDI-1 daquela Corte firmou o entendimento de que a pelo autor na petição inicial.
prestação de serviços habituais, embora intermitentes, não obsta a Neste aspecto, igualmente, nada a reformar na sentença recorrida.
Andre de Farias, Data de julgamento: 21/07/2021, Segunda Turma, Recurso ordinário conhecido e improvido.
Nesse contexto, correta a decisão recorrida, por meio da qual a ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
juíza monocrática reconheceu o vínculo de emprego no período TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
declinado na inicial, qual seja, 01/08/2018 a 28/02/2020 (data última unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe
esta considerada a projeção do aviso prévio), não havendo, provimento. Participaram do julgamento os
portanto, que se falar em exclusão das parcelas deferidas. Desembargadores,Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José
Acerca da multa do art. 477 da CLT, mister colacionar o Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente,
entendimento sumulado pelo TST, através do enunciado de nº 462, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente
segundo o qual "A circunstância de a relação de emprego ter sido Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
reconhecida apenas em juízo não tem o condão de afastar a Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
incidência da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida 01 de setembro de 2021.
empregado der causa à mora no pagamento das verbas DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
rescisórias". Relator
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. da capacidade laboral não demonstrada pela autora, a quem cabia
Processo Nº ROT-0000287-64.2020.5.07.0026
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
RELATÓRIO
RECORRENTE SAMARA KELLY DA SILVA OLIVEIRA
ADVOGADO JAMES PEDRO DA SILVA(OAB:
24083/CE)
RECORRIDO JODIESEL COMERCIO E SERVICOS
DE AUTOS EIRELI Cuida-se de recurso ordinário interposto por SAMARA KELLY DA
ADVOGADO NORBERDSON FERNANDES
SILVA(OAB: 25608/CE) SILVA OLIVEIRA, em face da sentença às fls. 195/200, proferida
Em que pese o inconformismo externado pela recorrente, forçoso mesmo manter-se em pé.
reconhecer que as razões recursais não trazem qualquer argumento A maioria das lombalgias é considerada aguda, pois aparece de
capaz de levar à reforma da decisão de primeiro grau. forma relativamente rápida, sendo caráter multifatorial, muitas
Inicialmente, registre-se que a conclusão da prova técnica realizada vezes reversível apenas com repouso. A frequência dessas
nos autos (fls. 131/144) foi no sentido de que não há nexo ocasiões tende a aumentar com o envelhecimento, ficando as crises
causal/concausal que vincule as patologias alegadas pela autora e mais intensas, podendo tornar-se um problema crônico. Dentre as
o labor prestado na demandada, enfatizando, ainda, que "não há possíveis causas de lombalgia podem-se citar causas mecânicas
incapacidade laboral." (fl. 143). (p.ex. excesso de peso, movimentos bruscos, etc.), inflamatórias,
Por outro lado, as demais provas produzidas nos autos não nervosas, reumáticas e quando não é possível definir a causa pode-
A reclamante alega na inicial que foi admitida pela ré na função de A flacidez muscular e a falta de condicionamento físico também
auxiliar de serviços gerais laborando "nas dependências da podem gerar dores fortes e transitórias. Estas ocorrências
empresa reclamada que consiste em um grande espaço físico que geralmente estão relacionadas à sobrecarga e esforços que geram
envolve (i) setor administrativo, (ii) espaço da oficina e (iii) espaço contraturas, distensão e inflamação local. Para uma musculatura
para venda de maquinas e veículos," [...] "Ao chegar à empresa a mal condicionada, o acúmulo de ácido lático gerado pelo excesso
reclamante fazia o café para os demais empregados da empresa, de estresse mecânico e a falta de preparo físico podem "travar" as
depois iniciava a limpeza dos escritórios, alojamentos, casa de costas da pessoa após o movimento excessivo ou até mesmo
serviço. Aos sábados tinha que lavar toda a extensa área onde Um dos maiores causadores de dor lombar baixa é a degeneração
deveriam ser expostos os veículos e máquinas para vendas. No dos elementos da coluna. Entre eles está o disco intervertebral, que
exercício da função a reclamante tinha que pegar objetos pesados funciona como um amortecedor das cargas que sofrem diariamente
para limpeza, pois tinha que mover birôs, estantes e caixas no as vértebras. Com o passar dos anos, o disco envelhece e
escritório. Na oficina tinha que afastar tambores de óleo. Ainda desgasta, desidratando e tornando-se mais rígido e quebradiço, não
durante a limpeza a reclamada pegava por inúmeras vezes baldes conseguindo resistir às tensões exercidas sobre ele. Esse processo
de água (aproximadamente 10 (dez) litros) para fazer a limpeza dos é chamado de degeneração discal. No processo degenerativo, o
espaços físicos da empresa." Relata que, após 4 (quatro) a 5 (cinco) disco pode inflamar e gerar uma dor profunda nas costas, chamada
meses de atividade laboral, começou a sentir fortes dores na coluna de dor discogênica. Além desta dor nas costas, a degeneração do
e foi constatado por um médico especialista que havia desenvolvido disco pode levar às hérnias de disco, que são extrusões do núcleo
DORSALGIA + LOMBARGIA (HÉRNIA DE DISCO), com do disco intervertebral em direção aos nervos, gerando sintomas
abaulamentos discais posteriores em L4, L5 e L5-S1, conforme irradiados para os membros inferiores.
laudos anexos. Posteriormente desenvolveu fibromialgia também A progressão da degeneração e a consequente movimentação
em decorrência da sobrecarga do trabalho. anormal (não fisiológica) da coluna podem gerar outras condições
Ao descrever as alterações na coluna lombar relacionadas com a da coluna, como a espondilolistese, a degeneração das facetas
DORSALGIA + LOMBARGIA (HÉRNIA DE DISCO), o perito médico articulares, osteofitose (bicos de papagaio) e escoliose
manifestou-se nos seguintes termos, demonstrando o caráter degenerativa. Além disso, a musculatura passará a ser
É chamado de lombalgia (ou dor lombar baixa, do inglês low back Outra patologia associada à idade e a dores nas costas são as
pain) quadros de dores na região lombar. As lombalgias podem ser fraturas osteoporóticas. Com a perda da qualidade óssea e
associadas ou não a dores ciáticas (lombociatalgia) - dores condicionamento físico inadequado, o excesso de peso corporal ou
irradiadas para glúteo, coxa, perna e/ou pé. Segundo a OMS cerca pequenos traumas podem gerar fraturas dos corpos vertebrais, que
de 80% da população tem ou terá em algum momento da vida esse colabam e causam lombalgias de forte intensidade."
tipo de dor. No Brasil, 50 milhões de brasileiros por ano apresentam Relativamente à fibromialgia, em resposta aos quesitos
tal queixa. Os sintomas e sinais de lombalgia vão desde ligeiros apresentados pelas partes, manifestou-se o expert:
QUESITOS:1- reclamante?
mais comumente mulheres entre os 30 e 60 anos. Não existem 6 - existe relação entre as doenças e o trabalho desenvolvido para a
O autor não possui diagnostico de fibromialgia. O que existe no 10 - É possível que a requerente possa exercer habitualmente
processo é a menção por parte do fisioterapeuta, que não pode serviços que demandem esforço físico?
Os exames e atestados médicos acostados aos autos, por sua vez, 11 - Havendo possibilidade de a Requerente desenvolver suas
também não tem o condão de infirmar a prova técnica do juízo, atividades habituais e laborativas, quais seriam elas?
análise técnica e fundamentada, expôs as razões da inexistência de 12 - Havendo redução da capacidade laborativa, qual seria o seu
atividades desenvolvidas na ré, concluindo, inclusive pela Não há redução da capacidade laboral.
incapacidade laboral. Veja-se: (fl. 143): 13 - A reclamante necessitava de EPI S para o trabalho?
15.1. Nexo causal/concausal: Não foi estabelecido nexo causal ou Os EPIs foram entregues a reclamante?
concausal entre as alterações degenerativas apresentadas na Não comprovado entrega de EPIs. Porém este perito não vê relação
coluna e o labor na empresa. Autor com longo histórico na mesma entre os EPIs obrigatórios para o desempenho da função e as
atividade laboral, e curto tempo para desenvolvimento das alterações apresentadas na coluna vertebral."
reclamada. Demais provas do processo também apontam para "A parte reclamante informa que o laudo pericial não levou em
doença não relacionada ao trabalho, como exame de imagem , consideração a jornada de trabalho do autor, bem como as
15.2. Capacidade laboral Atual: Não há incapacidade laboral" O perito discorda da parte reclamante. O laudo pericial detalhou a
Importa destacar, a propósito, que o laudo pericial é bastante claro jornada de trabalho, a atividade desempenhada, o tempo de
e suficientemente fundamentado, não merecendo qualquer laboração na reclamada, dentre muitos outros fatores que foram
descrédito, uma vez que o perito avaliou detidamente todas as detalhados no corpo do laudo para que pudessemos chegar a uma
razões que o levaram a concluir pela inexistência de nexo de A resposta aos quesitos esta alinhada com a resolução 2056/2013
causalidade entre as doenças da obreira e as atividades laborais do CFM que norteia a confecção de um laudo pericial.
exercidas na ré. Releva, ainda, mencionar que fora atestada a Diante da ausencia de novas provas ou argumentação capaz de
ausência de incapacidade da autora para o labor, inclusive para provocar a alteração na conclusão do laudo pericial, o perito
desempenhar a funções que exijam esforço físico (fl. 12 - resposta RATIFICA as conclusões do laudo pericial de forma integral."
Ademais, diante da farta e repetitiva análise de todas as indagações livre convencimento motivado, através do qual o magistrado dispõe
relativas à associação do labor às lesões que acometem a autora, de ampla liberdade para a análise dos elementos de convicção
merecem destaque, além das respostas aos quesitos (item 13 do coligidos aos autos, desde que fundamente sua decisão. Nesse
laudo pericial), as informações apresentadas por ocasião da sentido, a fim de buscar a causa da doença ou do acidente de
manifestação complementar do perito (fl. 162). Veja-se: trabalho, impõe-se-lhe uma investigação criteriosa acerca da
"5 - A requerente no exercício do trabalho estava sujeito a posturas responsabilidade do empregador, o que, efetivamente, foi
Sim, a reclamante estava sujeita a posturas inadequadas , mas não Efetivamente, as provas produzidas não se prestam a corroborar as
foi comprovado que havia a característica de viciosidade. asserções de que a moléstia adquirida pela autora, ao longo de sua
A postura de trabalho pode ter motivado as doenças sofridas pela vida, tenha, de fato, decorrido unicamente das atividades que ela
Ressalte-se, ademais, que embora o julgador não esteja obrigado a CONCLUSÃO DO VOTO
(art. 479 do CPC/2015), no presente caso, não há elementos Recurso ordinário conhecido e improvido.
para desconsiderá-la.
Vale salientar, além disso, que, ao contrário do que pretende a ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
recorrente, não há nos autos elementos suficientes a subsidiar TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
qualquer relação das patologias em questão com o trabalho unanimidade, conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento.
prestado para a ré, constando no item 6.11 do laudo pericial que a Participaram do julgamento os Desembargadores,Plauto Carneiro
autora permanece com os sintomas na mesma intensidade, mesmo Porto (Presidente), Maria José Girão e Durval César de
após a sua demissão, o que demonstra que a atividade laboral na Vasconcelos Maia (Relator). Presente, ainda, o Procurador do
reclamada não tem relação com a moléstia, já que, caso contrário, Trabalho, Francisco José Parente Vasconcelos Júnior. Não
os sintomas certamente teriam cessado ou, pelo menos, diminuído. participou do julgamento a Desembargadora Maria Roseli Mendes
Ainda que assim não fosse, ou seja, embora constatado o nexo de Alencar (Férias). Fortaleza, 01 de setembro de 2021.
pela autora não poderiam ser enquadradas como acidente de DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
8.213/1991, já que não foi comprovada redução da capacidade FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021.
dispositivo legal, estabelece que não é considerada como doença CESAR DE ALMEIDA MARINHO
a) a doença degenerativa;
[...]"
RECURSO ORDINÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE que ela incide como juros moratórios dos tributos federais; que "A
TRABALHO. ABANDONO DE EMPREGO. NÃO incidência de juros moratórios com base na variação da taxa SELIC
COMPROVAÇÃO. Considerando que não foram demonstrados os não pode ser cumulada com a aplicação de outros índices de
requisitos necessários à configuração do abandono de emprego, atualização monetária, cumulação que representaria bis in idem",
não há como acolher o pleito recursal da reclamada, de estabelecendo, ademais, regras de modulação. Assim, em razão do
reconhecimento da rescisão contratual por justa causa. Sentença caráter superveniente da decisão do STF, resta superada, na
DAS VERBAS RESCISÓRIAS. Em face da manutenção do da matéria, devendo o Juízo de origem adotar, para fins de
reconhecimento da dispensa sem justa causa, a decisão singular apuração da correção monetária e de juros de mora dos créditos
também deve ser mantida relativamente às verbas deferidas, tendo trabalhistas, as regras de modulação estabelecidas pela Corte
em vista a inexistência de qualquer prova da respectiva quitação. Suprema no julgamento definitivo das ações declaratórias de
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA inconstitucionalidade de nºs 5867 e 6021. Sentença recorrida
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação reformada, no aspecto, para determinar que a correção
ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento monetária e juros de mora sejam apurados pelo Juízo de
trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos origem, nos termos das regras de modulação estabelecidas
honorários advocatícios. Nessa situação, impõe-se razoável a pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e ADI's nºs 5867
condenação das partes em honorários advocatícios pela e 6021, de 18.12.2020, com acórdão publicado em 7.4.2021.
sucumbência recíproca, na forma prevista no art. 791-A, § 3º, da Recurso ordinário conhecido e não provido.
CLT, bem como a determinação para suspensão da exigibilidade Determinado, de ofício, que a correção monetária e juros de
em relação ao beneficiário da justiça gratuita, haja vista a mora sejam apurados pelo Juízo de origem, nos termos das
declaração de inconstitucionalidade material da expressão "desde regras de modulação estabelecidas pelo STF no julgamento
que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, das ADC's nºs 58 e 59 e ADI's nºs 5867 e 6021, de 18.12.2020,
créditos capazes de suportar a despesa", contida no § 4º, do art. com acórdão publicado em 7.4.2021.
791-A, da CLT, com redação dada pela Lei nº 13.467/2017, por este
CONSTITUCIONALIDADE Nºs 58 E 59 E AÇÕES DIRETAS DE Dispensada a elaboração de relatório, à luz do disposto no art. 895,
INCONSTITUCIONALIDADE Nºs 5867 e 6021. QUESTÃO DE parágrafo 1º, inciso IV, da Consolidação das Leis do Trabalho
e ADIs de nºs 5867 e 6021, decidiu que a atualização dos créditos FUNDAMENTAÇÃO
índices de correção monetária que vigentes para as condenações Atendidos os pressupostos legais de admissibilidade, consoante
cíveis em geral, "à exceção das dívidas da Fazenda Pública"; que atesta a certidão de fls. 274, impõe-se conhecer o recurso ordinário,
"Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o bem como as respectivas contrarrazões, eis que tempestivas, nos
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como termos da certidão de fls. 283.
dos débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa referencial do DA EXTINÇÃO DO PACTO LABORAL. DAS VERBAS
O reclamante relata, na inicial, que foi admitido pela reclamada em 48h, sob pena de caracterização de abandono de emprego (fls.
19/06/2012 e dispensado em 16/12/2020, sem justa causa e sem 121). A outra, comunicando a dispensa por abandono de emprego,
receber as verbas rescisórias. ante o não atendimento da convocação anterior (fls. 124).
Em oposição, a reclamada alega que o autor foi demitido por justa Ocorre que, como bem pontuou a magistrada sentenciante, inexiste
causa, em decorrência do abandono de emprego. comprovação de que os Avisos de Recebimento de fls. 122 e 125,
A Exma. Juíza Titular da ÚNICA VARA DO TRABALHO DE referem-se, de fato, às correspondências de fls. 121 e 124, motivo
CRATEÚS, DANIELA PINHEIRO GOMES PESSOA, nos termos da pelo qual entende-se que a ré não teve êxito em demonstrar que o
sentença de fls. 218-226, rejeitou as preliminares de impugnação ao autor se negou a retornar ao trabalho após o recebimento da
mérito para pronunciar a prescrição quinquenal de todas as Ademais, a testemunha autoral comprova que a empresa,
parcelas pecuniárias postuladas e vencidas com data anterior a realmente, chegou a dispensar vigilantes sem justa causa,
27/01/2016, e, no mérito, refutando a tese defensiva de abandono encaminhando-os para casa e determinando que aguardassem o
de emprego, julgou parcialmente procedentes os pedidos posterior pagamento dos direitos rescisórios:
formulados em face da reclamada (SERVNAC SEGURANÇA LTDA) "[...] que a empresa mandou os vigilantes para casa e depois
para: 1- declarar a rescisão contratual sem justa causa; 2- ficou mandando umas cartas; que não sabe informar o último dia
determinar a anotação de baixa na CTPS do reclamante para trabalhado do reclamante; que tirou férias em outubro/2020 e
constar 16/12/2020 como termo final do liame empregatício, tendo quando volto já estava fora; que as cartas iniciais eram dizendo que
como última remuneração mensal de R$2.045,00; 3- por iam pagar e depois chegou a informação de justa causa; que não
consequência, condenar a reclamada no pagamento de saldo de sabe se quando chegou a carta de justa causa para o reclamante, o
salário (16 dias); aviso prévio (45 dias); 5/12 de férias proporcionais mesmo já tinha processo; que não assinaram qualquer papel; que
com acréscimo do terço constitucional; FGTS do período contratual não recebeu nenhum valor; que não sabe informar se a reclamada
de 27/01/2016 a 16/12/2020, bem como a multa de 40% sobre os perdeu contrato com município; que tem outro vigilante da Servnac
depósitos fundiários a serem apurados sobre as verbas rescisórias no seu lugar; que a senhora Janaína é supervisora dos vigilantes da
garantindo-se a dedução e/ou compensação dos valores que vierem reclamada; que a senhora Janaina disse-lhe pessoalmente que
a ser comprovados/depositados pela parte reclamada; multa do poderia ir para casa, que depois a empresa procurava; que
artigo 477 da CLT. depois disso em 25 dias chegou a primeira carta; que não sabe
A demandada busca a reforma da sentença a fim de que seja informar se isso aconteceu com o reclamante; que não sabe se o
reconhecido o alegado abandono de emprego por parte do autor. reclamante recebeu as cartas [...]" (fls. 216)
Sustenta que o obreiro deixou de comparecer ao labor a partir de Assim, a prova oral colhida nos autos autoriza a conclusão de que a
16/12/2020 e que "[...] por diversas vezes tentou fazer com que o rescisão contratual do acionante, a exemplo do que se passou com
recorrido retornasse para o trabalho, mas todas as tentativas se outros vigilantes, na verdade, ocorreu sem justa causa, não tendo,
revelaram infrutíferas até o presente momento [...]" (fls. 241). Assim, eventuais correspondências enviadas posteriormente pela
requer a reforma da decisão a quo para que sejam julgados empregadora, o condão de tornar sem efeito a dispensa imotivada
causa reconhecida na origem. Nesse contexto, o abandono de emprego alegado pela recorrente
Em que pese o inconformismo demonstrado pela recorrente, a não restou comprovado, sendo mais consentâneo com o conjunto
sentença não merece retoque. probatório dos autos o entendimento de que a rescisão ocorreu sem
Com efeito, tendo a ré alegado abandono de emprego, a ela justa causa, que é reforçado, também, pelo princípio da
incumbia o ônus de comprovar tal fato, nos termos do art. 818, II, da continuidade da relação de emprego, que gera, em favor do
CLT, por ser obstativo do direito do autor. Contudo, a acionada não empregado, a presunção de que ele não teve intenção de pôr fim ao
Ora, a reclamada alega que tentou de várias formas entrar em Sentença mantida, no particular.
contato com o demandante a fim de que ele retornasse ao labor, DAS VERBAS RESCISÓRIAS.
mas nos autos constam apenas duas correspondências que teriam Em face da manutenção do reconhecimento da dispensa sem justa
sido enviadas ao obreiro. Uma, solicitando que o trabalhador causa, a decisão singular também deve ser mantida relativamente
às verbas deferidas, tendo em vista a inexistência de qualquer parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca,
Em consequência, devidas as seguintes verbas, nos termos da De acordo com o § 4º do mencionado artigo, "Vencido o beneficiário
sentença: saldo de salário (16 dias); aviso prévio (45 dias); 5/12 de da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
férias proporcionais com acréscimo do terço constitucional; FGTS em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
de todo o curso contratual, bem como a multa de 40% sobre os obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
depósitos fundiários a serem apurados sobre as verbas rescisórias; suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se,
multa do artigo 477 da CLT pelo atraso. nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que
Ao contrário do que sustenta em suas razões recursais, a as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação
reclamada não comprovou o recolhimento integral dos depósitos de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
fundiários (fls.126-127), razão pela qual deve subsistir a gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
27/01/2016 a 16/12/2020 e da multa de 40%, destacando-se que a Assim, e considerando que, no presente caso, o reclamante foi
magistrada sentenciante autorizou a dedução e/ou compensação parcialmente sucumbente, correta a condenação de ambas as
dos valores que vierem a ser comprovados/depositados pela parte partes, consoante decidido no Juízo de base, ao pagamento de
Não há que se falar que o saldo de salário já foi pago, uma vez que, sendo no percentual de 10% sobre o valor liquidado para a
apesar de constar no TRCT de fls. 118-119, constata-se, da análise condenação, considerando que o reclamante é sucumbente em
do termo de rescisão, que o valor líquido a ser recebido pelo autor 80% de seus pedidos.
foi igual a zero, devido aos descontos indevidamente efetivados É importante ressaltar, porém, que é possível a suspensão de
Não houve condenação relativa a seguro-desemprego, de modo em proveito do beneficiário da justiça gratuita, uma vez que este
que nada há a analisar quanto ao pleito recursal correlato. Regional, em decisão proferida nos autos do processo nº 0080026-
A multa do art. 477 deve subsistir, dada a ausência de pagamento 04.2019.5.07.0000, em sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019,
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 4º, do art. 791-A, da CLT, com redação dada pela Lei nº
Em se tratando de ação ajuizada após 11/11/2017, aplicável o novo 13.467/2017, de seguinte teor: "desde que não tenha obtido em
regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
De acordo com o art. 791-A, incluído pela Lei nº 13.467, de 2017, os Assim, ante a mencionada declaração de inconstitucionalidade, a
honorários advocatícios passaram a ser devidos, na Justiça do exigibilidade dos honorários advocatícios a cargo do reclamante
Trabalho, em razão da mera sucumbência, restando superadas as deve ficar suspensa, na forma do art. 791-A, § 4º, da CLT, não
Súmulas nrs. 219 e 329 do TST, bem como a Súmula nr. 2 deste havendo que se falar que a obrigação de sucumbência do autor
Regional. Veja-se o teor do referido dispositivo: deve ser satisfeita com os créditos que tenha obtido em juízo, ainda
"Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos que em outro processo.
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco DOS ÍNDICES APLICÁVEIS À CORREÇÃO MONETÁRIA E
por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que JUROS DE MORA DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS
resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18.12.2020, ao julgar,
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da em definitivo, o mérito das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867
O § 2º do referido dispositivo legal preceitua os parâmetros a serem como do valor correspondente aos depósitos recursais, na Justiça
observados quando da fixação da verba, quais sejam, o grau de do Trabalho, "até que sobrevenha solução legislativa", deve ser
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a apurada mediante a incidência dos "mesmos índices de correção
importância da causa; o trabalho realizado pelo advogado e o tempo monetária que vigentes para as condenações cíveis em geral",
O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a ação, DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES
para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 879, § 7º, DECLARATÓRIAS DE CONSTITUCIONALIDADE. ÍNDICES DE
e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de CORREÇÃO DOS DEPÓSITOS RECURSAIS E DOS DÉBITOS
2017, no sentido de considerar que à atualização dos créditos JUDICIAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ART. 879, §7º, E ART.
decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos 899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13. 467, DE
recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser 2017. ART. 39, CAPUT E §1º, DA LEI 8.177 DE 1991. POLÍTICA
aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos DE CORREÇÃO MONETÁRIA E TABELAMENTO DE JUROS.
índices de correção monetária e de juros que vigentes para as INSTITUCIONALIZAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO
condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E POLÍTICA DE DESINDEXAÇÃO DA ECONOMIA. TR COMO
SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator, INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES DO STF. APELO
vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo AO LEGISLADOR. AÇÕES DIRETAS DE
Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou os INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES DECLARATÓRIAS DE
efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são reputados CONSTITUCIONALIDADE JULGADAS PARCIALMENTE
válidos e nãoA ensejarão qualquer rediscussão (na ação em curso PROCEDENTES, PARA CONFERIR INTERPRETAÇÃO
ou em nova demanda, incluindo ação rescisória) todos os CONFORME À CONSTITUIÇÃO AO ART. 879, §7º, E AO ART.
pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro 899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13.467, DE
índice), no tempo e modo oportunos (de forma extrajudicial ou 2017. MODULAÇÃO DE EFEITOS.
judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros de mora de 1% ao 1. A exigência quanto à configuração de controvérsia judicial ou de
mês, assim como devem ser mantidas e executadas as controvérsia jurídica para conhecimento das Ações Declaratórias de
sentenças transitadas em julgado que expressamente Constitucionalidade (ADC) associa-se não só à ameaça ao princípio
IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os processos em número quantitativamente relevante de decisões de um e de outro
curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento lado -, mas também, e sobretudo, à invalidação prévia de uma
(independentemente de estarem com ou sem sentença, decisão tomada por segmentos expressivos do modelo
retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de 2. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do
alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei
interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 11.960/2009, decidindo que a TR seria insuficiente para a
14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii) igualmente, ao acórdão atualização monetária das dívidas do Poder Público, pois sua
formalizado pelo Supremo sobre a questão dever-se-á aplicar utilização violaria o direito de propriedade. Em relação aos débitos
eficácia erga omnes e efeito vinculante, no sentido de atingir de natureza tributária, a quantificação dos juros moratórios segundo
aqueles feitos já transitados em julgado desde que sem o índice de remuneração da caderneta de poupança foi reputada
qualquer manifestação expressa quanto aos índices de ofensiva à isonomia, pela discriminação em detrimento da parte
correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou simples processual privada (ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 5.348 e RE 870.947-
Alexandre de Moraes e Marco Aurélio, que não modulavam os 3. A indevida utilização do IPCA-E pela jurisprudência do Tribunal
efeitos da decisão. Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Superior do Trabalho (TST) tornou-se confusa ao ponto de se
Presidiu o julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). imaginar que, diante da inaplicabilidade da TR, o uso daquele índice
Plenário, 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência - seria a única consequência possível. A solução da Corte Superior
Acerca de tal decisão, é certo, ainda, que, em 7.4.2021, o acórdão Fazenda Pública, o qual está submetido a regime jurídico próprio da
foi publicado, e contém a seguinte ementa: Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei
[...] 11.960/2009.
DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. AÇÕES 4. A aplicação da TR na Justiça do Trabalho demanda análise
específica, a partir das normas em vigor para a relação trabalhista. conhecimento, independentemente de estarem com ou sem
A partir da análise das repercussões econômicas da aplicação da sentença, inclusive na fase recursal, devem ter aplicação, de forma
lei, verifica-se que a TR se mostra inadequada, pelo menos no retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de
contexto da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), como índice alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em
de atualização dos débitos trabalhistas. interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e
5. Confere-se interpretação conforme à Constituição ao art. 879, 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC.
§7º, e ao art. 899, §4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467, de 9. Os parâmetros fixados neste julgamento aplicam-se aos
2017, definindo-se que, até que sobrevenha solução legislativa, processos, ainda que transitados em julgado, em que a sentença
deverão ser aplicados à atualização dos créditos decorrentes de não tenha consignado manifestação expressa quanto aos índices
condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas de correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou
judiciais na Justiça do Trabalho os mesmos índices de correção simples consideração de seguir os critérios legais).
monetária e de juros vigentes para as hipóteses de condenações 10. Ação Declaratória de Constitucionalidade e Ações Diretas de
cíveis em geral (art. 406 do Código Civil), à exceção das dívidas da Inconstitucionalidade julgadas parcialmente procedentes.
Fazenda Pública que possui regramento específico (art. 1º-F da Lei [...] (ADC 58, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado
9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009), com a em 18/12/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-063 DIVULG 06-
exegese conferida por esta Corte na ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 04-2021 PUBLIC 07-04-2021)
5.348 e no RE 870.947-RG (tema 810). Com efeito, colhe-se do acórdão publicado em 7.4.2021 as
6. Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o principais diretrizes no sentido de que: - o crédito assumido em face
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como da Fazenda Pública está submetido a regime jurídico próprio da Lei
indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009; -
de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E "Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o
mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como
indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além indexador o IPCA-E; - "Em relação à fase judicial, a atualização dos
da indexação, serão aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema
7. Em relação à fase judicial, a atualização dos débitos judiciais incide como juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei
deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema Especial de 9.065/95; 84 da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da
Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela incide como Lei 9.430/96; e 30 da Lei 10.522/02); - "A incidência de juros
juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95; 84 moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser
da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da Lei 9.430/96; cumulada com a aplicação de outros índices de atualização
e 30 da Lei 10.522/02). A incidência de juros moratórios com base monetária, cumulação que representaria bis in idem".
na variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação Assim, em razão do caráter superveniente da decisão do STF, resta
de outros índices de atualização monetária, cumulação que superada, na hipótese deste apelo, qualquer discussão, antiga ou
representaria bis in idem. atual, acerca da matéria, devendo o Juízo de origem adotar, para
8. A fim de garantir segurança jurídica e isonomia na aplicação do fins de apuração da correção monetária e dos juros de mora aos
novo entendimento, fixam-se os seguintes marcos para modulação créditos trabalhistas, as regras de modulação estabelecidas pela
dos efeitos da decisão: (i) são reputados válidos e não ensejarão Corte Suprema no julgamento definitivo das Ações Declaratórias de
qualquer rediscussão, em ação em curso ou em nova demanda, Constitucionalidade nºs 58 e 59 e Ações Diretas de
incluindo ação rescisória, todos os pagamentos realizados utilizando Inconstitucionalidade nºs 5867 e 6021, conforme decisão de
a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo 18.12.2020, cujo acórdão foi publicado em 7.4.2021.
oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos Posto isso, tratando-se de questão de ordem pública, determina-se,
judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser de ofício, que a correção monetária e juros de mora sejam apurados
mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que pelo Juízo de origem, nos termos das regras de modulação
expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, estabelecidas pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e
a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os ADI's nºs 5867 e 6021, de 18/12/2020, cujo acórdão foi publicado
PODER JUDICIÁRIO
CONCLUSÃO DO VOTO
JUSTIÇA DO
Determinado, de ofício, que a correção monetária e juros de mora PROCESSO nº 0000121-62.2020.5.07.0016 (ROT)
sejam apurados pelo Juízo de origem, nos termos das regras de RECORRENTE: MUCURIPE MODA CENTER
modulação estabelecidas pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 RECORRIDO: MARDONHO SOARES DE CASTRO
e 59 e ADIs nºs 5867 e 6021, de 18/12/2020, cujo acórdão foi RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
publicado em 7.4.2021.
DISPOSITIVO EMENTA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por RECURSO ORDINÁRIO. PESSOA JURÍDICA. BENEFÍCIOS DA
unanimidade, conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento. JUSTIÇA GRATUITA. AUSÊNCIA DE PROVA CABAL DA
Por maioria, vencido o Desembargador Plauto Carneiro Porto, CONDIÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA ALEGADA NO RECURSO.
determinar, de ofício, que a correção monetária e juros de mora INDEFERIMENTO. INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO POSTO NA
sejam apurados nos termos das regras de modulação estabelecidas SÚMULA 463, ITEM II, DO TST. Prevê o item II, da súmula 463, do
pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e ADIs nºs 5867 e TST, que o direito das pessoas jurídicas aos benefícios da justiça
6021, de 18/12/2020, cujo acórdão foi publicado em 7.4.2021. gratuita está condicionado à "demonstração cabal de
Participaram do julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo".
Porto (Presidente), Maria José Girão e Durval César de Não tendo feito prova cabal da hipossuficiência alegada, restam
Vasconcelos Maia (Relator). Presente, ainda, o Procurador do indeferidos os benefícios da justiça gratuita perseguidos.
Trabalho, Francisco José Parente Vasconcelos Júnior. Não Benefícios da justiça gratuita indeferidos.
participou do julgamento a Desembargadora Maria Roseli Mendes MÉRITO. PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS ADMITIDA PELA
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. reclamante lhe prestou serviços em condições diversas de uma
CESAR DE ALMEIDA MARINHO modificativo do direito do autor. Se referida prova está ausente nos
Servidor de Secretaria autos, deve-se manter a decisão de primeiro grau mediante a qual
RELATÓRIO
Cuida-se de recurso ordinário interposto pela reclamada contra a Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,
sentença proferida pela Juíza Titular da 16ª Vara do Trabalho de eis que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art.
Fortaleza-CE, Dra. ALDENORA MARIA DE SOUZA SIQUEIRA, que 109, do Regimento Interno deste Regional.
aviso prévio (33 dias); 13º salário integral (2019) e proporcional FUNDAMENTAÇÃO
semanas, com adicional de 50%, a serem calculadas com aplicação Inicialmente, ratifica-se o entendimento esposado no despacho de
do divisor 220, de 1º/8/2018 a 21/1/2020 (já deduzidos os 5 dias de págs. 169-173, mediante o qual, tendo em vista o indeferimento dos
afastamento informados na peça vestibular), com reflexos sobre benefícios da justiça gratuita, restou concedido o prazo de 05
aviso prévio, 13º salário, férias, acrescidas de um terço, e FGTS, (cinco) dias para que a empresa recorrente, suprindo a ausência do
com a multa de 40%, deduzidas as quantias eventualmente já preparo recursal, promovesse o recolhimento das custas e do
quitadas a tais títulos; c) adicional noturno equivalente a 128 horas depósito recursal. Ressalte-se que esta promoveu a regularização
mensais, no percentual de 20%, de 1º/8/2018 a 21/1/2020 (já do preparo, dentro do prazo concedido, consoante se observa às
com reflexos sobre aviso prévio, 13º salário, férias, acrescidas de Assim, atendidos os requisitos de admissibilidade, conforme
um terço, e FGTS, com a multa de 40%, deduzidos os valores certidão e despacho de fls. 155-156, conheço do presente recurso
porventura já pagos, nos termos do art. 73 c/c a Súmula 60 do ordinário, bem como das respectivas contrarrazões.
Tribunal Superior do Trabalho (TST). d) honorários advocatícios, no DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
percentual de 15% sobre o valor da condenação.". O preparo, consistente no recolhimento de custas e do depósito
Os embargos de declaração opostos pela empresa reclamada às recursal, como é de sabença notória, constitui pressuposto
fls. 128-130 restaram improvidos, conforme se vê na sentença de indeclinável para o conhecimento dos recursos no processo do
fls. 137-138. trabalho, dispondo, nesse sentido, o art. 899, §1º, da CLT, que
Em suas razões recursais (fls. 141-154), insurgiu-se a reclamada "Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vêzes o salário-mínimo
contra os termos da decisão de origem, suscitando, inicialmente, ser regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso
beneficiária de gratuidade judicial. No mérito, refuta o inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva
reconhecimento do vínculo de emprego, pois o recorrido foi importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-
contratado de forma autônoma, na qualidade de auxiliar de serviços á o levantamento imediato da importância de depósito, em favor da
gerais, sem subordinação à reclamada. Alega que não se parte vencedora, por simples despacho do juiz."
encontram satisfeitos os requisitos do artigo 3º da CLT e que Nada obstante o exposto, o mesmo art. 899, §10, permite a
improcedem os demais pleitos aduzidos pelo reclamante, inclusive interposição do recurso sem a formalização do depósito recursal,
horas extras. Postula, ainda, "A título de argumentação, e caso se prevendo que "São isentos do depósito recursal os beneficiários da
considerem devidas quaisquer verbas ao Recorrido, requer-se justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em
de logo que seja considerada como base remuneração de R$ recuperação judicial." (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).
507,35 (quinhentos e sete reais e trinta e cinco centavos) Lado outro, resta possível a dispensa do pagamento das custas aos
mensais e trabalho em regime de tempo parcial, uma vez que a beneficiários da justiça gratuita, desde que, em cada caso, o pedido
prestação de serviços semanais não atingia a jornada semanal esteja devidamente acompanhado do comprovante do estado de
máxima permitida." (fls. 152-153 - grifos originais). hipossuficiência, sendo exigido das pessoas jurídicas provas cabais
Por fim, persegue o aumento da base de cálculo dos honorários e não mera declaração da existência do fato em relevo, como posto
advocatícios devidos pelo recorrido, para considerar "a totalidade do na súmula 463, item II, do TST, adiante referida.
montante no qual o obreiro sucumbiu, qual seja R$ 23.242,94". Com efeito, prevê o art. 790, §4º, da CLT, que "O benefício da
O reclamante apresentou contrarrazões, tempestivamente, às fls. justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência
de recursos para o pagamento das custas do processo. (Incluído esta promoveu a regularização do preparo, dentro do prazo
pela Lei nº 13.467, de 2017). concedido, conforme disposto em linhas anteriores, por ocasião da
Já o art. 99, §3º, do CPC, aplicável supletivamente ao processo do admissibilidade do presente apelo.
natural", donde se concluir que a pessoa jurídica, em regra, deve DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO E DE
provar, cabalmente, que não pode custear a despesa processual SEUS CONSECTÁRIOS LEGAIS
Nesse sentido, confira-se a redação dada à súmula 463, do colendo de emprego, pois o recorrido foi contratado de forma autônoma,
"ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO Alega que não se encontram satisfeitos os requisitos do artigo 3º da
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com CLT, reafirmando os argumentos que embasaram a contestação.
alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT Compulsando os autos, verifico que não assiste razão à recorrente.
divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado Nos termos da Lei, compete às partes, independentemente de
em12, 13 e 14.07.2017I - A partir de 26.06.2017, para a concessão determinação judicial ou de requerimento, a produção de provas
da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a relativas aos fatos alegados como fundamento do seu direito,
declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por competindo ao autor provar os fatos constitutivos e ao réu
seu advogado, desde que munido de procuração com poderes (reclamado) a prova dos fatos modificativos, impeditivos ou
específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); extintivos desse mesmo direito (artigo 818, da CLT, c/c o artigo 373
necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte Ao admitir a reclamada que o reclamante lhe prestou serviços em
arcar com as despesas do processo." condições diversas de uma relação de emprego, atraiu para si o
No caso, postula a reclamada, na peça recursal (id 1426f8f), a ônus da prova quanto ao fato modificativo do direito do autor.
concessão dos benefícios da justiça gratuita, declarando, em Entretanto, nenhuma prova foi produzida de forma a evidenciar que
resumo, que não dispõe de recursos para "[...] arcar com o ônus o reclamante tivesse prestado serviço nos moldes alegados pela
que, para tanto, precise deixar de arcar com seus É sabido que, por vezes, o trabalho autônomo se reveste de
compromissos com pagamento de salários e fornecedores." características que, em muito, o aproxima da figura de que cuida o
(grifos originais). art. 3º da CLT, posto que realizado de forma pessoal, não eventual
Acrescenta a recorrente (pág. 144) que e onerosa. Nessa hipótese, a nota distintiva entre ambos será a
"Desde o início da pandemia o empreendimento já seu viu obrigado subordinação jurídica, que pode até existir na relação jurídica
a ficar quase 04 (quatro) meses com suas portas completamente autônoma, todavia, com características específicas, posto que,
fechadas, o que reduziu o faturamento praticamente a zero. [...] nesta, a pessoa física assume os riscos do seu trabalho.
mesmos nos períodos de maior flexibilização das restrições, a A testemunha ALYNE NOGUEIRA MARQUES, ouvida no interesse
necessidade de respeito às medidas de prevenção da COVID-19, do autor, em seu depoimento, declarou que trabalhava nos serviços
em especial o distanciamento social, fez com que o funcionamento gerais, juntamente com o reclamante, ativando-se às quartas e
Em que pese a relevância dos argumentos tecidos no recurso, não noturno, das 18h às 14h do dia seguinte; afirmou que, se faltasse,
se vislumbra, no caso, a prova cabal a que se refere o TST, na não poderia enviar outra pessoa em seu lugar, e ficava um tempo
súmula antes referida. ("algumas semanas") sem ser convocada; declarou, ainda, que
Nesse sentido, necessário reiterar o entendimento esposado no recebia R$ 150,00 por diária; esclareceu que tinha uma escala de
despacho de págs. 169-173, mediante o qual, tendo em vista o comparecimento predeterminada, mas que acontecia também de
indeferimento dos benefícios da justiça gratuita, restou concedido o substituir algum outro colega que faltasse; declarou que nunca
prazo de 05 (cinco) dias para que a empresa recorrente, suprindo a levou atestado para justificar nenhuma falta.
ausência do preparo recursal, promovesse o recolhimento das No mesmo rumo, a testemunha HELIEUSON DANTAS DA SILVA,
custas e do depósito recursal, ressaltando-se, por oportuno, que testemunha autoral, afirmou que trabalhava nas terças, quartas,
sextas e sábados, alternando em períodos diurnos (8h às 18h) e constitui ônus do empregador, que deverá demonstrar,
noturnos (18h às 14h), recebendo diárias de R$ 75,00 e R$ 150,00, comprovadamente, que o vínculo havido entre as partes era
respectivamente; declarou que, se não pudesse trabalhar, tinha de puramente comercial, societário, ou de qualquer outra forma, não
apresentar atestado médico; informou que trabalhou com o autor e subordinado. Isso se justifica porque o contrato de emprego é a
que este se submetia às mesmas condições relatadas; disse, ainda, forma usual de contratação do trabalho humano, constituindo
que obedecia uma escala semanal de trabalho, organizada pelo formas extraordinárias aquelas em que não está presente o vínculo
gerente de nome Davison; informou que o reclamante se acidentou da subordinação. É oportuno frisar que, ao contrário do que possa
e apresentou atestado, ocasião em que deixou de ser convocado; parecer, o requisito da eventualidade não diz respeito à duração do
explicou também que, em período de alta estação, chegavam a trabalho desenvolvido pelo empregado, ou ao período de tempo
dormir no serviço nos finais de semana, para trabalhar de sexta a colocado à disposição do empregador, mas ao tipo de atividade
domingo; que, quando não pôde comparecer ao trabalho, teve de desempenhada. Se esta se enquadra entre aquelas inerentes aos
apresentar atestado, mas continuou sendo convocado fins normais do empreendimento, estará satisfeito o requisito para a
A testemunha da reclamada, EMANOEL DA SILVA ARAÚJO, por trabalho eventual é a sua transitoriedade em relação às
seu turno, supervisor na reclamada, desde 2017, afirmou que necessidades ordinárias da dinâmica empresarial. Analisando o
recebia toda semana a escala dos nomes dos funcionários da depoimento prestado pela testemunha da ré, é possível constatar
limpeza elaborada pelo Sr. Davyson; que era paga diária de R$ que o local em que o reclamante exercia suas atividades
75,00 por turno para cada funcionário, e, às vezes, o próprio assemelhava-se a um shopping ou a um prédio de lojas comerciais.
laborista pedia para prestar mais diárias pois estava precisando A função desempenhada pelo reclamante como prestador de
complementar a renda; que o reclamante trabalhou por um ou dois serviços gerais, portanto, não pode ser propriamente enquadrada
anos; declarou que, se a pessoa dissesse que não tinha como pertencente à área fim do empreendimento. Entretanto, as
disponibilidade, ligavam para outra pessoa e, na semana seguinte, atividades desempenhadas pelos trabalhadores que pertencem à
voltavam a convocá-la; que, se o autor não pudesse comparecer, categoria profissional do reclamante, serviços gerais, são essenciais
por motivo de doença, não havia nenhuma penalidade; que nunca para o regular funcionamento do negócio. Embora se trate de
recebeu nenhum atestado do autor; que o autor prestava serviços ambiente voltado à prática de operações comerciais, não se pode
de 2 a 3 vezes por semana. negar que a boa apresentação do ambiente é imprescindível para o
Ressalte-se que as testemunhas, tanto as autorais quanto a êxito das pretensões comerciais da demandada. Desse modo,
empresarial, navegam na mesma direção, ao relatar detalhes dos entendo ser inevitável concluir que a função desempenhada pelo
serviços prestados pelo reclamante. reclamante é relevante para o regular funcionamento do negócio,
Conforme se constata, o reclamante, inegavelmente, laborava como razão pela qual o requisito da não eventualidade apresenta-se
auxiliar de serviços gerais, realizando a limpeza e manutenção do plenamente contemplado. Já a pessoalidade é característica
empreendimento demandado. Contata-se que o autor estava inerente à figura do empregado, que é escolhido em razão de suas
submetido à denominada "subordinação estrutural", teoria defendida qualificações ou virtudes. É contratado, portanto, para diretamente
pelo Ministro Maurício Godinho Delgado, segundo a qual a análise prestar os serviços, revestindo-se a relação jurídica formada por um
da subordinação deve ser pautada verificando-se a integração do manto de intransmissibilidade. Tal qualidade, todavia, não se refere
trabalhador à dinâmica organizativa e operacional do tomador de à atividade em si, mas ao contrato celebrado entre as partes,
serviços, independentemente do recebimento de ordens diretas ou devendo responder pessoalmente o obreiro pelas obrigações
No caso, para julgar parcialmente procedentes os pedidos contidos pessoalidade à noção de infungibilidade do serviço, pois não se
na exordial, baseou-se a MM. Juíza sentenciante na prova constitui em uma obrigação personalíssima, podendo, a critério do
testemunhal que, a rigor, contribuiu para demonstrar a existência da empregador, ser executada por qualquer outro empregado. A
Por assim, bem andou a Sentenciante de origem que formou sua dos serviços prestados por um mesmo trabalhador, mesmo que de
convicção nos seguintes termos (fls. 83-85): forma intermitente, demonstrando que o contrato firmado assim o foi
[...] uma vez reconhecida a prestação pessoal de serviço, como no em virtude da pessoa do empregado. No caso dos autos, verifico
caso em tela, presume-se tratar de relação de emprego, cuja elisão que os depoimentos ofertados em audiência demonstraram
que havia uma clara repetição no labor prestado pelo 21/07/2021, Segunda Turma, Data de Publicação: 21/07/2021).
reclamante. Analisando o inteiro teor da prova testemunhal, Nesse contexto, correta a decisão recorrida, por meio da qual a
observo que foi mencionada, por diversas vezes, a existência juíza monocrática reconheceu o vínculo de emprego no período
de uma escala, sugerindo que havia uma predeterminação nos declinado na inicial, qual seja, 01/08/2018 a 28/02/2020 (data última
horários de labor dos trabalhadores. De acordo com a esta considerada a projeção do aviso prévio), não havendo,
testemunha da reclamada, a empresa possuía uma lista com 50 portanto, que se falar em exclusão das parcelas deferidas.
nomes, mas precisava convocar apenas 20 pessoas para fechar Acerca da multa do art. 477 da CLT, mister colacionar o
seu quadro. Assim, em princípio, dada a ampla gama de entendimento sumulado pelo TST, através do enunciado de nº 462,
trabalhadores à disposição da ré, poder-se-ia imaginar que haveria, segundo o qual "A circunstância de a relação de emprego ter sido
de fato, uma alta rotatividade de funcionários laborando em favor da reconhecida apenas em juízo não tem o condão de afastar a
demandada. No entanto, a própria testemunha da ré confirma incidência da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT. A referida
que o reclamante era convocado para trabalhar duas ou três multa não será devida apenas quando, comprovadamente, o
vezes por semana, jornada que muito se aproxima daquela empregado der causa à mora no pagamento das verbas
atividades em uma rotina predefinida. A primeira testemunha As horas extras, de igual modo, devem ser mantidas, na medida em
autoral confirma que a escala possuía dias definidos, não havendo que, consoante bem observou a julgadora a quo, "o reclamante
a possibilidade de falta do obreiro sem justificação prévia, sob pena cumpria jornada semanal de 50 horas, totalizando 6 horas extras
de "passar um tempo sem ser chamado". Por sua vez, a segunda por semana", nada havendo a alterar na sentença recorrida, neste
era convocado pela MUCURIPE MODA CENTER sempre nos Pelas mesmas razões, afasta-se também o argumento empresarial
mesmos dias, sendo necessário apresentar atestado médico em de que se trata de trabalho em regime de tempo parcial, vez que,
caso de falta. (grifou-se). consoante previsão do art. 58-A da CLT, encaixa-se nesta categoria
Dessa forma, corrobora essa relatoria com a decisão proferida, o trabalho "cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a
inclusive para afastar a alegação recursal de suposta eventualidade possibilidade de horas suplementares semanais".
dos serviços prestados. É que pelo fato de o trabalhador estar Por todo exposto, conclui-se que a prova favorece a tese declinada
inserido na escala de funcionários do setor de limpeza da pelo recorrido-reclamante, pelo que se mantém a decisão ora
pela prova oral, é inquestionável que lhe presta serviços não Acerca da condenação do recorrido no pagamento de honorários
eventuais. Neste mesmo sentido, colaciona-se a seguinte ementa: sucumbenciais em prol do patrono da parte reclamada, persegue o
VÍNCULO EMPREGATÍCIO. TRABALHO PRESTADO POR MAIS recorrente o aumento da base de cálculo do importe devido pelo
DE 20 ANOS EM UMA OU DUAS VEZES POR SEMANA A recorrido, para considerar "a totalidade do montante no qual o
HABITUALIDADE. PRECEDENTES DO TST. A jurisprudência Não prospera o argumento do recorrente, neste aspecto, haja vista
hegemônica do C. TST perfilha o entendimento de que a relação de que a base de cálculo dos honorários devidos pelo reclamante é
emprego existe mesmo que o serviço prestado não seja contínuo. composta tão somente dos pedidos em que sucumbiu a parte
Para os fins dos arts. 2º e 3º da CLT, o vínculo empregatício é integralmente, nela não se incluindo as parcelas em que se saiu
habitual mesmo que o labor não seja prestado por vários dias da vencedora, mas cujo valor foi calculado a menor do que o atribuído
semana. A SBDI-1 daquela Corte firmou o entendimento de que a pelo autor na petição inicial.
prestação de serviços habituais, embora intermitentes, não obsta a Neste aspecto, igualmente, nada a reformar na sentença recorrida.
Andre de Farias, Data de julgamento: 21/07/2021, Segunda Turma, Recurso ordinário conhecido e improvido.
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO reconhecimento da rescisão contratual por justa causa. Sentença
unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe DAS VERBAS RESCISÓRIAS. Em face da manutenção do
provimento. Participaram do julgamento os reconhecimento da dispensa sem justa causa, a decisão singular
Desembargadores,Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José também deve ser mantida relativamente às verbas deferidas, tendo
Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente, em vista a inexistência de qualquer prova da respectiva quitação.
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. Em se tratando de ação
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA honorários advocatícios. Nessa situação, impõe-se razoável a
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. sucumbência recíproca, na forma prevista no art. 791-A, § 3º, da
que ela incide como juros moratórios dos tributos federais; que "A
RECURSO ORDINÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO DE
incidência de juros moratórios com base na variação da taxa SELIC
TRABALHO. ABANDONO DE EMPREGO. NÃO
não pode ser cumulada com a aplicação de outros índices de
COMPROVAÇÃO. Considerando que não foram demonstrados os
atualização monetária, cumulação que representaria bis in idem",
requisitos necessários à configuração do abandono de emprego,
estabelecendo, ademais, regras de modulação. Assim, em razão do causa, em decorrência do abandono de emprego.
caráter superveniente da decisão do STF, resta superada, na A Exma. Juíza Titular da ÚNICA VARA DO TRABALHO DE
hipótese deste apelo, qualquer discussão, antiga ou atual, acerca CRATEÚS, DANIELA PINHEIRO GOMES PESSOA, nos termos da
da matéria, devendo o Juízo de origem adotar, para fins de sentença de fls. 218-226, rejeitou as preliminares de impugnação ao
apuração da correção monetária e de juros de mora dos créditos valor da causa e de inépcia da inicial, acolheu a prejudicial de
trabalhistas, as regras de modulação estabelecidas pela Corte mérito para pronunciar a prescrição quinquenal de todas as
Suprema no julgamento definitivo das ações declaratórias de parcelas pecuniárias postuladas e vencidas com data anterior a
constitucionalidade de nºs 58 e 59 e ações diretas de 27/01/2016, e, no mérito, refutando a tese defensiva de abandono
inconstitucionalidade de nºs 5867 e 6021. Sentença recorrida de emprego, julgou parcialmente procedentes os pedidos
reformada, no aspecto, para determinar que a correção formulados em face da reclamada (SERVNAC SEGURANÇA LTDA)
monetária e juros de mora sejam apurados pelo Juízo de para: 1- declarar a rescisão contratual sem justa causa; 2-
origem, nos termos das regras de modulação estabelecidas determinar a anotação de baixa na CTPS do reclamante para
pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e ADI's nºs 5867 constar 16/12/2020 como termo final do liame empregatício, tendo
e 6021, de 18.12.2020, com acórdão publicado em 7.4.2021. como última remuneração mensal de R$2.045,00; 3- por
Recurso ordinário conhecido e não provido. consequência, condenar a reclamada no pagamento de saldo de
Determinado, de ofício, que a correção monetária e juros de salário (16 dias); aviso prévio (45 dias); 5/12 de férias proporcionais
mora sejam apurados pelo Juízo de origem, nos termos das com acréscimo do terço constitucional; FGTS do período contratual
regras de modulação estabelecidas pelo STF no julgamento de 27/01/2016 a 16/12/2020, bem como a multa de 40% sobre os
das ADC's nºs 58 e 59 e ADI's nºs 5867 e 6021, de 18.12.2020, depósitos fundiários a serem apurados sobre as verbas rescisórias
com acórdão publicado em 7.4.2021. garantindo-se a dedução e/ou compensação dos valores que vierem
16/12/2020 e que "[...] por diversas vezes tentou fazer com que o
Dispensada a elaboração de relatório, à luz do disposto no art. 895, recorrido retornasse para o trabalho, mas todas as tentativas se
parágrafo 1º, inciso IV, da Consolidação das Leis do Trabalho revelaram infrutíferas até o presente momento [...]" (fls. 241). Assim,
ADMISSIBILIDADE. incumbia o ônus de comprovar tal fato, nos termos do art. 818, II, da
Atendidos os pressupostos legais de admissibilidade, consoante CLT, por ser obstativo do direito do autor. Contudo, a acionada não
atesta a certidão de fls. 274, impõe-se conhecer o recurso ordinário, se desvencilhou do encargo.
bem como as respectivas contrarrazões, eis que tempestivas, nos Ora, a reclamada alega que tentou de várias formas entrar em
termos da certidão de fls. 283. contato com o demandante a fim de que ele retornasse ao labor,
MÉRITO. mas nos autos constam apenas duas correspondências que teriam
DA EXTINÇÃO DO PACTO LABORAL. DAS VERBAS sido enviadas ao obreiro. Uma, solicitando que o trabalhador
O reclamante relata, na inicial, que foi admitido pela reclamada em 48h, sob pena de caracterização de abandono de emprego (fls.
19/06/2012 e dispensado em 16/12/2020, sem justa causa e sem 121). A outra, comunicando a dispensa por abandono de emprego,
receber as verbas rescisórias. ante o não atendimento da convocação anterior (fls. 124).
Em oposição, a reclamada alega que o autor foi demitido por justa Ocorre que, como bem pontuou a magistrada sentenciante, inexiste
comprovação de que os Avisos de Recebimento de fls. 122 e 125, de todo o curso contratual, bem como a multa de 40% sobre os
referem-se, de fato, às correspondências de fls. 121 e 124, motivo depósitos fundiários a serem apurados sobre as verbas rescisórias;
pelo qual entende-se que a ré não teve êxito em demonstrar que o multa do artigo 477 da CLT pelo atraso.
autor se negou a retornar ao trabalho após o recebimento da Ao contrário do que sustenta em suas razões recursais, a
Ademais, a testemunha autoral comprova que a empresa, fundiários (fls.126-127), razão pela qual deve subsistir a
realmente, chegou a dispensar vigilantes sem justa causa, condenação ao pagamento do FGTS do período contratual de
encaminhando-os para casa e determinando que aguardassem o 27/01/2016 a 16/12/2020 e da multa de 40%, destacando-se que a
posterior pagamento dos direitos rescisórios: magistrada sentenciante autorizou a dedução e/ou compensação
"[...] que a empresa mandou os vigilantes para casa e depois dos valores que vierem a ser comprovados/depositados pela parte
ficou mandando umas cartas; que não sabe informar o último dia reclamada.
trabalhado do reclamante; que tirou férias em outubro/2020 e Não há que se falar que o saldo de salário já foi pago, uma vez que,
quando volto já estava fora; que as cartas iniciais eram dizendo que apesar de constar no TRCT de fls. 118-119, constata-se, da análise
iam pagar e depois chegou a informação de justa causa; que não do termo de rescisão, que o valor líquido a ser recebido pelo autor
sabe se quando chegou a carta de justa causa para o reclamante, o foi igual a zero, devido aos descontos indevidamente efetivados
mesmo já tinha processo; que não assinaram qualquer papel; que pela empresa.
não recebeu nenhum valor; que não sabe informar se a reclamada Não houve condenação relativa a seguro-desemprego, de modo
perdeu contrato com município; que tem outro vigilante da Servnac que nada há a analisar quanto ao pleito recursal correlato.
no seu lugar; que a senhora Janaína é supervisora dos vigilantes da A multa do art. 477 deve subsistir, dada a ausência de pagamento
reclamada; que a senhora Janaina disse-lhe pessoalmente que tempestivo das verbas rescisórias.
poderia ir para casa, que depois a empresa procurava; que DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
depois disso em 25 dias chegou a primeira carta; que não sabe Em se tratando de ação ajuizada após 11/11/2017, aplicável o novo
informar se isso aconteceu com o reclamante; que não sabe se o regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017)
reclamante recebeu as cartas [...]" (fls. 216) acerca dos honorários advocatícios.
Assim, a prova oral colhida nos autos autoriza a conclusão de que a De acordo com o art. 791-A, incluído pela Lei nº 13.467, de 2017, os
rescisão contratual do acionante, a exemplo do que se passou com honorários advocatícios passaram a ser devidos, na Justiça do
outros vigilantes, na verdade, ocorreu sem justa causa, não tendo, Trabalho, em razão da mera sucumbência, restando superadas as
eventuais correspondências enviadas posteriormente pela Súmulas nrs. 219 e 329 do TST, bem como a Súmula nr. 2 deste
empregadora, o condão de tornar sem efeito a dispensa imotivada Regional. Veja-se o teor do referido dispositivo:
anteriormente efetivada. "Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
Nesse contexto, o abandono de emprego alegado pela recorrente honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco
não restou comprovado, sendo mais consentâneo com o conjunto por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que
probatório dos autos o entendimento de que a rescisão ocorreu sem resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
justa causa, que é reforçado, também, pelo princípio da ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
empregado, a presunção de que ele não teve intenção de pôr fim ao O § 2º do referido dispositivo legal preceitua os parâmetros a serem
DAS VERBAS RESCISÓRIAS. importância da causa; o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
Em face da manutenção do reconhecimento da dispensa sem justa exigido para o seu serviço.
causa, a decisão singular também deve ser mantida relativamente Segundo o § 3º do mencionado artigo, "Na hipótese de procedência
às verbas deferidas, tendo em vista a inexistência de qualquer parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca,
Em consequência, devidas as seguintes verbas, nos termos da De acordo com o § 4º do mencionado artigo, "Vencido o beneficiário
sentença: saldo de salário (16 dias); aviso prévio (45 dias); 5/12 de da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
férias proporcionais com acréscimo do terço constitucional; FGTS em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as
obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos
nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que índices de correção monetária e de juros que vigentes para as
as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E
de insuficiência de recursos que justificou a concessão de na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa
gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator,
Assim, e considerando que, no presente caso, o reclamante foi Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou os
parcialmente sucumbente, correta a condenação de ambas as efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são reputados
partes, consoante decidido no Juízo de base, ao pagamento de válidos e nãoA ensejarão qualquer rediscussão (na ação em curso
honorários advocatícios, com fundamento no artigo 791-A da CLT, ou em nova demanda, incluindo ação rescisória) todos os
sendo no percentual de 10% sobre o valor liquidado para a pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro
condenação, considerando que o reclamante é sucumbente em índice), no tempo e modo oportunos (de forma extrajudicial ou
É importante ressaltar, porém, que é possível a suspensão de mês, assim como devem ser mantidas e executadas as
exigibilidade em relação à obrigação decorrente da sucumbência sentenças transitadas em julgado que expressamente
em proveito do beneficiário da justiça gratuita, uma vez que este adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o
Regional, em decisão proferida nos autos do processo nº 0080026- IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os processos em
04.2019.5.07.0000, em sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019, curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento
declarou a inconstitucionalidade material da expressão contida no § (independentemente de estarem com ou sem sentença,
4º, do art. 791-A, da CLT, com redação dada pela Lei nº inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma
13.467/2017, de seguinte teor: "desde que não tenha obtido em retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em
Assim, ante a mencionada declaração de inconstitucionalidade, a 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii) igualmente, ao acórdão
exigibilidade dos honorários advocatícios a cargo do reclamante formalizado pelo Supremo sobre a questão dever-se-á aplicar
deve ficar suspensa, na forma do art. 791-A, § 4º, da CLT, não eficácia erga omnes e efeito vinculante, no sentido de atingir
havendo que se falar que a obrigação de sucumbência do autor aqueles feitos já transitados em julgado desde que sem
deve ser satisfeita com os créditos que tenha obtido em juízo, ainda qualquer manifestação expressa quanto aos índices de
que em outro processo. correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou simples
DOS ÍNDICES APLICÁVEIS À CORREÇÃO MONETÁRIA E consideração de seguir os critérios legais), vencidos os Ministros
JUROS DE MORA DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS Alexandre de Moraes e Marco Aurélio, que não modulavam os
O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18.12.2020, ao julgar, efeitos da decisão. Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente).
em definitivo, o mérito das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867 Presidiu o julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente).
e 6021, decidiu que a atualização dos créditos trabalhistas, bem Plenário, 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência -
do Trabalho, "até que sobrevenha solução legislativa", deve ser [...] (grifou-se)
apurada mediante a incidência dos "mesmos índices de correção Acerca de tal decisão, é certo, ainda, que, em 7.4.2021, o acórdão
monetária que vigentes para as condenações cíveis em geral", foi publicado, e contém a seguinte ementa:
O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a ação, DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES
para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 879, § 7º, DECLARATÓRIAS DE CONSTITUCIONALIDADE. ÍNDICES DE
e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de CORREÇÃO DOS DEPÓSITOS RECURSAIS E DOS DÉBITOS
2017, no sentido de considerar que à atualização dos créditos JUDICIAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ART. 879, §7º, E ART.
decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos 899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13. 467, DE
2017. ART. 39, CAPUT E §1º, DA LEI 8.177 DE 1991. POLÍTICA 5. Confere-se interpretação conforme à Constituição ao art. 879,
DE CORREÇÃO MONETÁRIA E TABELAMENTO DE JUROS. §7º, e ao art. 899, §4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467, de
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO 2017, definindo-se que, até que sobrevenha solução legislativa,
POLÍTICA DE DESINDEXAÇÃO DA ECONOMIA. TR COMO deverão ser aplicados à atualização dos créditos decorrentes de
ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES DO STF. APELO judiciais na Justiça do Trabalho os mesmos índices de correção
INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES DECLARATÓRIAS DE cíveis em geral (art. 406 do Código Civil), à exceção das dívidas da
CONSTITUCIONALIDADE JULGADAS PARCIALMENTE Fazenda Pública que possui regramento específico (art. 1º-F da Lei
PROCEDENTES, PARA CONFERIR INTERPRETAÇÃO 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009), com a
CONFORME À CONSTITUIÇÃO AO ART. 879, §7º, E AO ART. exegese conferida por esta Corte na ADI 4.357, ADI 4.425, ADI
899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13.467, DE 5.348 e no RE 870.947-RG (tema 810).
1. A exigência quanto à configuração de controvérsia judicial ou de ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como
controvérsia jurídica para conhecimento das Ações Declaratórias de indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro
Constitucionalidade (ADC) associa-se não só à ameaça ao princípio de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E
da presunção de constitucionalidade - esta independe de um mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como
número quantitativamente relevante de decisões de um e de outro indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além
lado -, mas também, e sobretudo, à invalidação prévia de uma da indexação, serão aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei
2. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema Especial de
art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela incide como
11.960/2009, decidindo que a TR seria insuficiente para a juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95; 84
atualização monetária das dívidas do Poder Público, pois sua da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da Lei 9.430/96;
utilização violaria o direito de propriedade. Em relação aos débitos e 30 da Lei 10.522/02). A incidência de juros moratórios com base
de natureza tributária, a quantificação dos juros moratórios segundo na variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação
o índice de remuneração da caderneta de poupança foi reputada de outros índices de atualização monetária, cumulação que
processual privada (ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 5.348 e RE 870.947- 8. A fim de garantir segurança jurídica e isonomia na aplicação do
3. A indevida utilização do IPCA-E pela jurisprudência do Tribunal dos efeitos da decisão: (i) são reputados válidos e não ensejarão
Superior do Trabalho (TST) tornou-se confusa ao ponto de se qualquer rediscussão, em ação em curso ou em nova demanda,
imaginar que, diante da inaplicabilidade da TR, o uso daquele índice incluindo ação rescisória, todos os pagamentos realizados utilizando
seria a única consequência possível. A solução da Corte Superior a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo
Trabalhista, todavia, lastreia-se em uma indevida equiparação da oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos
natureza do crédito trabalhista com o crédito assumido em face da judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser
Fazenda Pública, o qual está submetido a regime jurídico próprio da mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que
Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo,
4. A aplicação da TR na Justiça do Trabalho demanda análise processos em curso que estejam sobrestados na fase de
específica, a partir das normas em vigor para a relação trabalhista. conhecimento, independentemente de estarem com ou sem
A partir da análise das repercussões econômicas da aplicação da sentença, inclusive na fase recursal, devem ter aplicação, de forma
lei, verifica-se que a TR se mostra inadequada, pelo menos no retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de
contexto da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), como índice alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em
de atualização dos débitos trabalhistas. interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e
14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC. sejam apurados pelo Juízo de origem, nos termos das regras de
9. Os parâmetros fixados neste julgamento aplicam-se aos modulação estabelecidas pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58
processos, ainda que transitados em julgado, em que a sentença e 59 e ADIs nºs 5867 e 6021, de 18/12/2020, cujo acórdão foi
não tenha consignado manifestação expressa quanto aos índices publicado em 7.4.2021.
[...] (ADC 58, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
em 18/12/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-063 DIVULG 06- unanimidade, conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento.
04-2021 PUBLIC 07-04-2021) Por maioria, vencido o Desembargador Plauto Carneiro Porto,
Com efeito, colhe-se do acórdão publicado em 7.4.2021 as determinar, de ofício, que a correção monetária e juros de mora
principais diretrizes no sentido de que: - o crédito assumido em face sejam apurados nos termos das regras de modulação estabelecidas
da Fazenda Pública está submetido a regime jurídico próprio da Lei pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e ADIs nºs 5867 e
9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009; - 6021, de 18/12/2020, cujo acórdão foi publicado em 7.4.2021.
"Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o Participaram do julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como Porto (Presidente), Maria José Girão e Durval César de
indexador o IPCA-E; - "Em relação à fase judicial, a atualização dos Vasconcelos Maia (Relator). Presente, ainda, o Procurador do
débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema Trabalho, Francisco José Parente Vasconcelos Júnior. Não
Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela participou do julgamento a Desembargadora Maria Roseli Mendes
incide como juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei Alencar (Férias). Fortaleza, 01 de setembro de 2021.
Lei 9.430/96; e 30 da Lei 10.522/02); - "A incidência de juros DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser Relator
Assim, em razão do caráter superveniente da decisão do STF, resta CESAR DE ALMEIDA MARINHO
em 7.4.2021.
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Recurso ordinário conhecido e não provido.
RECORRENTE: CRISTINA ALMEIDA CRISPIM de outro. Consoante já disse no TST, "A jurisprudência desta Corte
RECORRIDO: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E tem firmado o entendimento de que o adicional pago pela Empresa
RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA estar vinculado à efetiva prestação de serviço em fim de semana,
Brasileira de Correios e Telégrafos, "Os empregados lotados na A MM. Juíza Titular da 5ª Vara do Trabalho de Fortaleza, Dra.
Área Operacional com carga de trabalho normal de 44 (quarenta e Rossana Raia dos Santos, na forma da sentença de ID 7b56dc8
quatro) horas semanais, que trabalham regularmente nos fins de (págs. 114-123), tecidos os fundamentos que formaram sua
semana, receberão pelo trabalho excedente, em relação ao pessoal convicção, decidiu julgar improcedentes os pedidos formulados na
com jornada de 40 (quarenta) horas semanais, um valor petição inicial, esclarecendo que o valor percebido pela reclamante,
complementar de 15% (quinze por cento) do salário-base pelas "a título de contraprestação pelo trabalho prestado nos finais de
horas trabalhadas." A norma autônoma em relevo, semana, uma complementação no importe de 15% sobre o salário
induvidosamente, ao contrário do alegado na exordial, instituiu um base, afora o pagamento de vale alimentação/refeição", se
plus salarial a ser pago em razão da efetiva prestação de serviço, caracteriza como "nítido salário-condição, sendo pago, a exemplo
nos fins de semana, devendo perdurar o direito à remuneração dos adicionais noturno, de insalubridade e periculosidade, somente
enquanto houver demanda de trabalho, em tais ocasiões. Não se quando exercido o trabalho em condições que o justifiquem. Ou
trata, portanto, da hipótese estabelecida na súmula 372, do TST, seja, inexistindo trabalho aos finais de semana e em respeito à
que envolve, de modo restrito, o direito à "gratificação de função" autonomia negocial coletiva das partes (art. 7º, XXI, da CF/88),
percebida pelo empregado "por dez ou mais anos" e da mostra-se, indevido, portanto, o pagamento da referida verba e do
seu cargo efetivo", retirando a vantagem, eis que tal proceder Inconformada, interpôs a reclamante o apelo ordinário de ID
implica violação ao princípio da estabilidade financeira. Cuida-se de a2a821e (págs. 144-163), por via do qual postula a reforma do
fatos geradores distintos e, assim, não cabe ao aplicador do direito decisum alhures referido, arguindo, em resumo, que a percepção da
confundi-los, nem ampliar ou reduzir seu alcance. Lado outro, vantagem "durante várias décadas" se incorporou a seu patrimônio
consoante pacífica jurisprudência dos tribunais do trabalho, não se jurídico e que "pelo recebimento por mais de 10 (dez) anos de 15%
faz razoável, em substituição à supressão do trabalho em fins de (quinze por cento) de complementação calculada sobre o salário-
semana, ainda que ocorra após o decurso de muitos anos, impor à base e pela sua supressão sumária por parte da empresa
ECT a obrigação de pagar a indenização prevista na súmula 291, empregadora, o Reclamante sofre enorme trauma financeiro."
do colendo TST, visto que, neste caso, estar-se-ia criando direito Tece a recorrente outras considerações e, ao final, tomando por
novo que, a par de não previsto em lei, sequer fora estabelecido em base o disposto na súmula 372, do Tribunal Superior do Trabalho,
norma coletiva. De todo modo, o direito instituído pela cláusula requer se declare nulo o ato empresarial que redundou na
coletiva em que se assenta o pedido formulado neste processo supressão do pagamento do acréscimo salarial em relevo, pedindo,
difere, em muito, daquele previsto na súmula 291, do TST, tendo, de forma sucessiva, desta vez, com fulcro na súmula 291, do
cada um fundamento e objetivo distintos, vedado ao juiz, neste, mesmo TST, que reputa aplicável de forma analógica ao caso
concreto (pág.160), lhe seja deferida "indenização pela supressão recentes, se apresentam francamente desfavoráveis à tese
do serviço suplementar que lhe foi retirado, de modo a amenizar a defendida pela categoria profissional, considerando as diversas
perda salarial decorrente do ato unilateral da empresa, no importe Turmas que o direito à remuneração pela prestação do trabalho em
de 15% por ano em que trabalhou recebendo tal complementação." fins de semana, no caso dos empregados da ECT, nos termos do
Em anexo ao recurso, cópia do Acórdão relativo ao processo nº Acordo Coletivo que serve de fundamento ao pedido, ostenta
Regularmente notificada, a empresa reclamada ofertou as enquanto perdurar o fato ensejador do direito.
pretensões formuladas pela recorrente, pleiteando, ao final, o O entendimento em relevo restou esposado no julgamento de
improvimento do recurso e, ainda, o reconhecimento de que lhe embargos de declaração, nos autos do processo nº 0000680-
assiste o direito às mesmas prerrogativas concedidas à Fazenda 88.2016.5.07.0006 (ED RO), em Acórdão relatado pela
O Ministério Público do Trabalho da 7ª Região, na forma do parecer de fevereiro de 2019, que teve a participação deste Magistrado,
de págs. 240-243, entende que o recurso deve ser provido, constando dos fundamentos daquele julgado, entre outros, o
considerando, para esse fim, que a vantagem percebida pela seguinte, verbis:
reclamante, "ao longo de 12 anos de trabalho", implica direito "A jurisprudência do TST, a qual manifesto adesão na presente
FUNDAMENTAÇÃO prestado aos sábados, que, quando extinto, não gera mais
Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de acima referida prevalece, por igual, no Tribunal Superior do
admissibilidade, como atestam as certidões de págs. 168 e 237, Trabalho, colhendo-se, de inúmeros Acórdãos, entendimentos como
impõe-se o conhecimento do vertente recurso ordinário e das os que seguem reproduzidos, in litteris:
nos termos do despacho do Relator, acostado à pág. 238, teve seu B) AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. RECURSO
rito convertido, de sumaríssimo para o ordinário, atendendo-se, DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014.
neste passo, reivindicação da reclamada,Empresa Brasileira de ADICIONAL POR TRABALHO NOS FINS DE SEMANA.
Correios e Telégrafos, que, segundo entendimento consagrado na PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. HABITUALIDADE.
Aplicou-se ao caso concreto, por analogia, o disposto no art. 852-A, entendimento de que o adicional pago pela Empresa Brasileira de
parágrafo único, da Consolidação das Leis do Trabalho, segundo o Correios e Telégrafos, previsto em norma coletiva, por estar
qual "Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas vinculado à efetiva prestação de serviço em fim de semana, não
em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e enseja sua incorporação à remuneração obreira, tampouco o
fundacional." (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000) pagamento de indenização. Agravo de instrumento desprovido."
Cumpre esclarecer, ademais, que, por força da mesma (ARR - 24762-86.2014.5.24.0005 , Relator Ministro: Mauricio
reivindicação, acima referida, os autos foram ter ao Ministério Godinho Delgado, Data de Julgamento: 28/06/2017, 3ª Turma,
Público do Trabalho da 7ª Região que, prontamente, emitiu o Data de Publicação: DEJT 03/07/2017)
A questão fundamental controvertida nos presentes autos tem sido TRABALHO NOS FINS DE SEMANA. PREVISÃO EM NORMA
objeto de reiterados julgamentos nesta egrégia Corte Regional, COLETIVA. HABITUALIDADE. SUPRESSÃO. INCORPORAÇÃO
restando certo que a maioria das decisões, sobretudo as mais OU INDENIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A jurisprudência desta
Corte tem firmado o entendimento de que o adicional pago pela tal circunstância - o labor no fim de semana -, é indevida sua
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, previsto em norma integração ao salário. Julgados (...)." (RR - 20030-
coletiva, no percentual de 15%, por estar vinculado à efetiva 51.2014.5.04.0027, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen
prestação de serviço em fim de semana, não pode ser incorporado Peduzzi, 8.ª Turma, DEJT 10/3/2017).
à remuneração do empregado. Agravo de instrumento desprovido." Calha, ainda, trazer à luz as seguintes ementas de Acórdãos deste
(AIRR - 1547-51.2015.5.17.0002, Relator Ministro: Mauricio Regional, que não discrepam da jurisprudência acima referida.
"RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA "ADICIONAL.TRABALHO NOS FINS DE SEMANA. PREVISÃO
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. DIFERENÇAS SALARIAIS. EM NORMA COLETIVA. NÃO INCORPORAÇÃO. O adicional de
ADICIONAL POR TRABALHO EM FINS DE SEMANA. NÃO 15%, previsto em norma coletiva, denominado
INCORPORAÇÃO. I. O Tribunal Regional, decidiu que a verba "COMPLEMENTAÇÃO DE TRABALHO NOS FINS DE SEMANA",
"trabalho fins de semana", prevista em acordos coletivos, era paga não pode ser incorporado ao salário, uma vez que não se trata de
em razão do trabalho nos finais de semana, sendo que, quando o gratificação de função, mas de uma espécie de salário-condição,
Reclamante deixou de trabalhar aos sábados, parou de percebê-la, mesmo que o reclamante o tenha recebido por mais de 18 anos.
sem que tenha direito à incorporação da parcela ao seu contrato de Recurso conhecido e improvido." (Processo nº 0000414-
trabalho. II. A decisão está em conformidade com a jurisprudência 04.2016.5.07.0006, 2ª Turma, Relator: Desembargador Francisco
desta Corte Superior, no sentido de que, cessadas as atividades José Gomes da Silva, julgado em 20 de fevereiro de 2017)
semana" paga pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos TRABALHO NOS FINS DE SEMANA. SALÁRIO CONDIÇÃO
(ECT), prevista em norma coletiva, torna-se indevida pela sua ESTABELECIDO EM NEGOCIAÇÕES COLETIVAS.
vinculação à efetiva prestação de serviços nesses dias, não INCORPORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A parcela paga por labor
constituindo, a supressão, hipótese de redução salarial ilícita ou de nos fins de semana, prevista em norma coletiva, exige para a sua
alteração lesiva do contrato de trabalho. III. Recurso de revista de quitação, a efetiva prestação de labor no período, não se
que não se conhece." (RR- 229-68.2014.5.09.0009, Relator incorporando ao salário do obreiro, ainda que tenha sido recebida
Ministro: Alexandre Luiz Ramos, Data de Julgamento: por mais de 10 anos, porque se trata de salário condição, não
26/09/2018, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/09/2018) caracterizando ilicitude as alterações contratuais nesse sentido,
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ainda mais considerando que houve redução na jornada de
ADICIONAL DE TRABALHO AOS FINAIS DE SEMANA. trabalho do obreiro e mantido o seu salário base. Recurso
é de que a supressão do adicional de trabalho nos finais de 3ª Turma, Relatora: Desembargadora Maria José Girão, julgado
(ECT), em virtude da cessação da prestação laboral em tais dias, Releva destacar que, no processo acima identificado, o Ministério
não constitui hipótese de redução salarial ilícita ou de alteração Público do Trabalho, ao contrário do que ocorre neste caso,
lesiva do contrato de trabalho. Precedentes. Agravo de expendeu parecer alinhado à jurisprudência dominante,
Instrumento conhecido e não provido." (AIRR - 880- esclarecendo, de forma objetiva, que
61.2016.5.12.0037, Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, 4ª "O adicional de 15% pago sobre o salário dos empregados da ECT
Turma, DEJT 19/12/2017). em razão do trabalho nos fins de semana, ressalte-se, tem seu
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º pagamento condicionado à execução de trabalho em finais de
13.015/2014 - (...) ECT - ADICIONAL PELO LABOR NOS FINS DE semana, não havendo falar em pagamento da verba fora dessa
SEMANA - PREVISÃO EM NORMA COLETIVA - SALÁRIO- hipótese, mormente considerando que as normas coletivas
SALÁRIO O adicional de 15% (quinze por cento) pago sobre o De tal modo que não há que se falar em incorporação ao salário,
salário aos empregados da ECT, previsto em norma coletiva, é ainda que recebido por mais de uma década, sendo esse o
devido apenas aos que laboram nos fins de semana, sendo uma entendimento do TST como acima dito.
espécie de salário-condição e não gratificação de função. Cessada Portanto, incabível, no caso, a aplicação da súmula 372 do TST,
pois se a condição (trabalho em fim de semana) deixou de existir, sendo possível, nem razoável, extrair de tal norma, o entendimento
não há que se falar em pagamento da gratificação nem em de que a empresa criou uma condição imutável a constituir, para os
Também não há que se falar em aplicação da súmula 291, do TST, Confira-se o texto do ACT referido na petição inicial.
É ainda do Acórdão unânime, relativo ao processo nº0001602- trabalho normal de 44 (quarenta e quatro) horas semanais, que
92.2017.5.070007, precedentemente mencionado, que se colhem trabalham regularmente nos fins de semana, receberão pelo
"Saliente-se que o adicional de 15% reflete um plus destinado à (quarenta) horas semanais, um valor complementar de 15% (quinze
compensação do labor mais penoso, em relação aos demais por cento) do salário-base pelas horas trabalhadas.
empregados que cumprem o módulo semanal de 40 horas. § 1º - Para os efeitos desta cláusula, consideram-se como
Portanto, o pagamento do adicional de trabalho em fins de semana atividades operacionais as de atendimento, transporte, tratamento,
de 15% está diretamente atrelado à efetiva prestação de serviços encaminhamento e distribuição de objetos postais e as de suporte
nos referidos dias. Assim, tal parcela constitui salário-condição, e imprescindível à realização dessas atividades.
cessada essa condição mais penosa (ativação por 44 horas § 2º - Qualquer empregado, independentemente de sua área de
semanais e labor nos finais de semana), o trabalhador não mais faz lotação, convocado eventualmente pela autoridade competente,
jus ao respectivo implemento financeiro. devidamente justificado, terá direito a ¼ (um quarto) de 15% (quinze
Entendimento diverso, aliás, implicaria em patente afronta aos por cento) por fim de semana trabalhado, limitado a 15% (quinze
ditames do artigo 7º, inciso XXVI da Constituição. Lembrando que por cento) ao mês.
os negócios jurídicos benéficos se interpretam restritivamente, § 3º - O empregado convocado na forma prevista no parágrafo
consoante artigo 114, do Código Civil. anterior, com jornada mínima de trabalho de 4 (quatro) horas, fará
O TST ao analisar a questão, tem se manifestado no sentido de que jus também a um vale alimentação ou refeição (de acordo com a
o adicional pelo trabalho nos finais de semana, pago pela ECT, tem modalidade na qual está cadastrado), pelo dia trabalhado.
natureza condicional, prevista na norma coletiva que o instituiu, pelo §4º - A Empresa se compromete, salvo em casos excepcionais, a
que não se incorpora definitivamente aos salários, sendo lícita a sua realizar a convocação dos empregados nas situações previstas
supressão, quando os sábados deixarem de ser trabalhados." nesta cláusula com, no mínimo, 48 horas de antecedência.
Posto isso, impõe-se, em alinhamento à jurisprudência dominante, Assim, o adicional de 15% (quinze por cento) só era pago ao
desde TRT e do Tribunal Superior do Trabalho, considerar que o empregado da reclamada que efetivamente trabalhasse nos fins de
plus salarial pagos aos empregados da ECT, pela prestação laboral semana, confirmando a natureza condicional da parcela em
aos sábados, por força do que consta dos Acordos Coletivos de comento.
Trabalho referidos na exordial, em verdade, não constitui direito Em que pese o exposto, considera a parte autora que a cláusula em
adquirido, mas prevalece enquanto dura o respectivo fato gerador relevo se apresenta "[...] obscura quanto à natureza salarial da
do direito, caracterizando-se, como, evolutivamente, tem concessão, tratando-a como "complementação salarial" e, em
considerado a jurisprudência, como salário-condição, razão por que primeiro momento, vinculando-a ao exercício de atividades da área
não se aplica a regra prevista na súmula 372, do TST, que se operacional, mas após concedendo-o de maneira quase que
reporta, e não poderia ser diferente, ao exercício de cargo ou de irrestrita a toda a categoria, conforme se observa da leitura do § 2º."
função comissionada, com duração igual ou superior a 10(dez) Data venia, nada há de "obscuro" na cláusula supra, cabendo
Importa concluir que a cláusula 59, do Acordo Coletivo de Trabalho sentido de admitir o trabalho em fins de semana para os demais
referido na exordial, que, segundo a parte reclamante, se repete nos empregados, "independentemente de sua área de lotação", constitui
demais instrumentos normativos, se limita a dispor que os exceção que apenas confirma a regra prevista na primeira parte da
empregados que venham a prestar mais 04 horas de trabalho aos cláusula, restando certo que a suposta obscuridade exsurge de
sábados, considerada a jornada daqueles outros que prestam 40 interpretação obnubilada pelo aspecto parcial que caracteriza a
horas por semana, terão direito a "um valor complementar de 15% posição de autor da ação.
(quinze por cento) do salário-base pelas horas trabalhadas", não Dito isso, impõe-se o indeferimento das pretensões constantes do
indenização prevista na súmula 291, do TST, não encontra arrimo Sentença que deve ser mantida.
adicional, destacando-se, ainda, que referida prestação laboral Recurso ordinário interposto pela reclamante conhecido e
sequer extrapola as jornadas diária e semanal, respectivamente, de improvido, nos termos da fundamentação expendida.
Desembargadora Regina Gláucia Cavalcante Nepomuceno, TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
mencionado no início destas razões, do qual se colhe que "Além unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela
disso, também improcede o pedido subsidiário do reclamante, de reclamante e negar-lhe provimento, ratificando integralmente a
recebimento de indenização com base na Súmula 291 do TST, com decisão recorrida. Participaram do julgamento os
base no entendimento de que o adicional em referência é Desembargadores,Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José
meramente condicional, sendo devido somente enquanto é prestado Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente,
o labor aos fins de semana." ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente
Não bastasse o exposto, impende ressaltar que a Oitava Turma do Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
TST, apreciando Agravo de Instrumento em Recurso de Revista, Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
interpostos nos autos de demanda que versa acerca das questões 01 de setembro de 2021.
lavrado em 24/11/2016, em processo relatado pelo Desembargador DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
do TST, a conclusão que segue reproduzida, ipsis litteris: FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021.
"Inicialmente, cumpre salientar que as Súmulas nos 291 e 372 do CESAR DE ALMEIDA MARINHO
TST não versam especificamente sobre a matéria debatida nestes Servidor de Secretaria
correspondente que, nos termos do texto, deve ser calculada pela Intimado(s)/Citado(s):
média do labor extraordinário prestado, não sendo possível, - JOSE DARLEY DE ANDRADE SILVA
PROPORCIONALIDADE. Considerando que o magistrado O Exmo. Juiz MATEUS MIRANDA DE MORAES, Titular da 2ª Vara
sentenciante, ao fixar o percentual concernente aos honorários do Trabalho de Maracanaú, nos termos da sentença de fls. 429/447,
advocatí-cios sucumbenciais, em favor da parte autora (10% sobre julgou parcialmente procedentes os pleitos formulados por JOSÉ
as parcelas deferidas), tomou em conta, precisamente, os DARLEY DE ANDRADE SILVA contra M DIAS BRANCO S/A
parâmetros inscritos no art. 791-A, §2º, da CLT, com a redação INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS para condenar a
reclamada ao pagamento das seguintes parcelas, limitadas aos Por fim, requer a condenação da reclamada ao pagamento dos
termos do pedido: adicional de insalubridade, no percentual de 20% honorários advocatícios sucumbenciais, conforme art. 791-A da
sobre o salário mínimo, com reflexos em 13º salários; férias + 1/3; CLT, na razão de 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto que
honorários advocatícios sucumbenciais, no percentual de 10%, Igualmente inconformada, a reclamada interpôs recurso ordinário às
determinando a suspensão da exigibilidade da parcela devida pelo fls. 500/507, no qual aduz que merece reforma a decisão de origem,
autor, nos termos do art. 791-A, §4º, da CLT. Julgou, ainda, vez que, o reclamante, no desempenho de suas atividades: jamais
improcedente o pleito autoral quanto às horas extras pela não esteve exposto ao agente físico calor acima dos limites de
concessão de repousos térmicos, por entender que o reclamante tolerância permitidos; ausentava-se de seu ambiente de trabalho
não estava enquadrado no disposto no art. 253, da CLT. durante as pausas para descanso, alimentação, idas ao banheiro e
Inconformado, interpôs o autor o recurso ordinário de fls. 467/499 também para reposições hídricas; sempre laborou em ambiente
arguindo, preliminarmente, nulidade da sentença por cerceamento salubre, recebendo corretamente equipamentos de proteção
de defesa, sob o argumento de que a realização da prova pericial é individual, treinamentos e instruções para o adequado exercício de
indispensável ao julgamento do feito. No mérito, alega o recorrente suas tarefas; e não se expunha ao agente físico calor de forma
que o trabalho realizado com exposição ao calor excessivo gera o habitual e intermitente. Alega, outrossim, que os fatos narrados se
direito às pausas previstas na Portaria nº 3214/78, em seu anexo 3 encontram devidamente comprovados através das informações
da NR nº 15, a título de recuperação térmica e sua inobservância prestadas pela testemunha empresarial. Sustenta a necessidade de
enseja o pagamento de horas extras, "o que não se confunde com o enquadramento da atividade como insalubre pelo Ministério do
pagamento do adicional de insalubridade, por possuírem naturezas Trabalho, conforme Súmula 460 do STF. Como pedido subsidiário,
distintas.". requer que a condenação seja minorada para 10% sobre o salário
recuperação térmica estabelecido na referida norma Defende, ainda, que, caso provido o apelo, não há que se falar em
regulamentadora constitui medida que visa assegurar a higiene, a pagamento de honorários advocatícios ao patrono do autor. Na
saúde e a segurança do trabalhador, a qual não se confunde com o hipótese de não provimento do recurso, requer "[...] que o
direito ao adicional de insalubridade [...]". arbitramento dos honorários advocatícios seja reduzido ao
Afirma, outrossim, que [...] demonstrado, inequivocamente, através percentual mínimo (5%), observados os critérios encartados no art.
da prova pericial anexa à peça vestibular como prova emprestada, 791, § 2º da CLT.
que o reclamante laborava exposto a insalubridade (calor), conclui- Contrarrazões da reclamada às fls.514/527.
se que o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido pela Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do
[...]".
decisão de primeiro grau, eis que "é injusta, sob o prisma jurídico, e Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
está conflitante com as normas que regem a matéria, estando em admissibilidade, como atesta a certidão de fl. 512, impõe-se o
total desacordo com a pacífica jurisprudência do C.TST sob o tema conhecimento dos recursos ordinários; conheço, por igual, das
(vide os arrestos de todas as turmas da corte superior em anexo) e contrarrazões, eis que oferecidas pela parte legitimada para esse
jurisprudência dos demais tribunais regionais do trabalho, em fim e com observância do prazo legal.
Artigos 7.º, XXII, e 225, "caput", da Constituição Federal; Art. 178 e RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
200 da CLT, à exegese aplicada em relação aos intervalos dos PRELIMINAR DE NULIDADE DE SENTENÇA POR
seu direito de defesa, argumentando que "a perícia indispensável ao processo e o indeferimento das provas que reputar inúteis e
julgamento do pleito não foi realizada na primeira instância, de protelatórias diante dos limites da lide.
modo que, em havendo considerável prejuízo à parte recorrente, Insta, ademais, salientar que compete ao magistrado apreciar
decorrente de alguma eventual omissão quanto à análise das livremente as provas produzidas nos autos, bem como indeferir as
condições de trabalho, requer seja a referida sentença considerada diligências que se revelam inúteis ou meramente protelatórias, nos
nula de pleno direito, devendo os autos serem devolvidos à origem termos do artigo 130 do CPC/2015.
para a devida verificação das condições insalubres das atividades Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova pericial, por si
da parte autora, declarando a nulidade da sentença em relação a só, não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando a
esse tópico, restando sobrestada a análise dos demais itens do decisão se encontra embasada em entendimento legal e respaldada
Em que pese o inconformismo do recorrente, razão não lhe assiste. não configurando, portanto, violação ao art. 195, da CLT.
se que o Juízo de origem entendeu desnecessária a realização de DAS HORAS EXTRAS. INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO
O direito processual informa que a prova deve ser feita apenas em pretensão autoral de condenação da ré ao pagamento de horas
relação aos fatos controvertidos, relevantes e pertinentes ao extras decorrentes da não concessão de intervalo térmico por
Neste sentido, observa-se que ao longo dos anos de 2019 e 2020 do Trabalho, de intervalo para os empregados submetidos ao calor
foram ajuizadas dezenas de ações contra a reclamada na jurisdição excessivo, mas apenas critérios técnicos para análise da
de Maracanaú, cujo objeto era a investigação da existência de temperatura do ambiente e do ser ou não insalubre.
Em decorrência disso, dezenas de laudos periciais técnicos foram aduz, em suma, que merece reforma a decisão de origem, vez que
elaborados nos processos em curso na 1ª e 2ª Varas do Trabalho a exposição do empregado a calor excessivo gera a este o direito
de Maracanaú, investigando virtualmente todos os cargos da área às pausas térmicas estabelecidas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria
No presente quadrante temporal, não se reportam quaisquer suplementares nos termos do parágrafo quarto do art. 71, da CLT,
alterações no quadro fático ou normativo que demonstrem a não se confundindo, aludidas horas, com o pagamento de adicional
necessidade da confecção de laudos periciais repetitivos para as de insalubridade, por possuírem naturezas distintas.
mesmas funções já periciadas. Argumenta que a cumulação das verbas não configura "bis in idem",
Com base nesses fatos e buscando fundamento no artigo 765 da uma vez que o adicional de insalubridade "decorre da exposição do
CLT e no artigo 370 do CPC, de teor semelhante, este Juízo empregado ao agente insalubre que a Reclamada não cuidou de
DETERMINA que a Secretaria da Vara junte aos autos o laudo ou neutralizar (calor)", ao passo que as horas extras seriam devidas
laudos periciais técnicos realizados na primeira e/ou Segunda Vara em virtude das pausas intervalares não observadas pela empresa.
do Trabalho de Maracanaú que tenham investigado a hipótese de Ressalta, além disso, que o intervalo para recuperação térmica
insalubridade para o cargo desempenhado pelo reclamante, o que constitui medida que busca assegurar a higiene, a saúde e a
deverá ser feito no prazo de dois dias. segurança do trabalhador, que não se confunde com o direito ao
No mesmo prazo podem as partes juntar laudos periciais que adicional de insalubridade.
Função: Auxiliar de produção previsto na norma regulamentar, o autor faz jus ao pagamento das
Linha: LB3. horas extras, conforme exegese aplicada em relação aos intervalos
Decorrido o prazo supra, e independentemente de nova notificação, dos arts. 71, § 4º, e 253 da CLT" Reporta-se ao laudo pericial
faculta-se às partes a manifestação sobre o laudo no prazo comum utilizado como prova emprestada, que constatou a sua sujeição ao
de dez dias." calor excessivo. Indica violação dos arts. 7º, XXII e 225, "caput", da
Com efeito, agiu o magistrado com esteio nos arts. 370 do CPC e Constituição Federal e 178 e 200 da CLT. Transcreve
765 da CLT, cujas balizas indicam que ao juiz incumbe a direção do jurisprudência. Persegue a reforma do julgado, com a concessão, a
título de horas extras, de 45 minutos de descanso para cada 15 3.214/1978, em seu Anexo 3, da NR 15, cuja observância é
A reclamada, em contrarrazões, reivindica a declaração, "incidenter horas extras nos termos do art. 71, § 4º, da CLT.
tantum", da inconstitucionalidade do Quadro 1 do Anexo 3 da NR 15 Com efeito, dispõe o art. 190 da CLT, verbis:
do MTE, alegando que a regulamentação da jornada de trabalho é "O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e
exclusividade do Poder Legislativo, conforme dispõe o art. 22, inc. I, operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de
da CF, e que o Poder Executivo não pode, no exercício da função caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos
regulamentar, estabelecer jornada de trabalho especial para agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de
determinada categoria. exposição do empregado a esses agentes. (Redação dada pela Lei
do anexo III, da NR15 "funciona como verdadeiro neutralizador do Além disso, a teor do disposto no art. 200, V, da CLT, compreende-
agente insalubre calor, eliminando ou reduzindo os riscos das se na competência do Ministério do Trabalho estabelecer
tarefas exercidas sob tal exposição. Logo, as pausas durante a disposições complementares referentes às medidas de segurança e
jornada e o respeito aos limites de temperatura, atuam de forma medicina do trabalho, não havendo se cogitar, por essa forma, de
análoga ao uso de protetores auriculares em casos de trabalho extrapolação dos limites do poder regulamentar do Ministério do
exposto ao agente ruído, de modo que, nesta hipótese, a utilização Trabalho e Emprego quanto ao disposto no Anexo 3 da NR 15 em
do EPI afasta o pagamento do adicional de insalubridade. Desse relação às pausas térmicas, ou de violação ao art. 5º, II, da CF/1988
modo, caso haja a concessão ao empregado do tempo de descanso e ao art. 22, I, da CF/1988, cabendo ressaltar, ademais, que
previsto nos termos do quadro 1 do anexo III da NR 15 do MTE, é aludidas pausas implicam em medida que busca resguardar a
certo que o empregador restará eximido do pagamento do adicional saúde, higiene e segurança do empregado.
de insalubridade, porquanto os limites de tolerância para exposição Assim, ao contrário do alegado em contrarrazões, as regras
Acrescenta, ainda, que inexiste previsão legal que a obrigue a legislação celetista que atribuem ao Ministério do Trabalho a
conceder os intervalos térmicos e que o reclamante realizava competência para estabelecer normas e disposições
pausas para descansos, alimentação, reposições hídricas e complementares que detalhem o previsto na Consolidação acerca
que possibilitavam a recuperação térmica, devendo ser deduzidos, Do mesmo, a cumulação de adicional de insalubridade com o
aludidos intervalos, de uma eventual condenação. Ressalta, além pagamento de horas extras decorrentes da ausência de concessão
disso, que, uma vez condenada ao pagamento do adicional de das referidas pausas térmicas não implica, de modo algum, em "bis
insalubridade, não deve pagar também as horas extras referentes in idem", como se argumenta na defesa e em contrarrazões, posto
aos intervalos térmicos, sob pena de "bis in idem". que, ao tempo em que as horas extras tem gênese na não
Em caso de deferimento do pleito autoral, destaca que a partir da concessão de intervalo térmico, o adicional de insalubridade advém
reforma trabalhista os reflexos das horas extras pleiteadas são da exposição do empregado ao agente físico calor acima dos limites
indevidos, diante do caráter indenizatório da verba pretendida, bem de tolerância, tratando-se, em verdade, de parcelas cujas naturezas
assim, postula que a condenação seja limitada a 08.12.2019, em jurídicas são completamente diversas.
face de alteração normativa, implementada pela Portaria da Ademais, essa linha de raciocínio leva à conclusão de que a
Secretaria Especial de Previdência e Trabalho n.º 1.359, de 09 de exposição ao agente insalubre não é neutralizada pelas pausas, de
A tese recursal encontra-se em total harmonia com a jurisprudência Nesse sentido, calha trazer à colação julgados de cada uma das
Com efeito, a Corte Máxima Trabalhista, através de decisões "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
proferidas por suas oito Turmas, firmou entendimento no sentido de 13.015/14. INTERVALO DE RECUPERAÇÃO TÉRMICA. NÃO
que o trabalho desempenhado com exposição ao calor além dos OBSERVÂNCIA. HORAS EXTRAS. A jurisprudência deste Tribunal
limites de tolerância confere ao empregado o direito aos intervalos Superior é firme no sentido de que é devido o pagamento de horas
para recomposições térmicas, conforme estabelecido na Portaria nº extras quando não concedidos os intervalos para recuperação
térmica, previstos no anexo 3 da NR-15 da Portaria nº 3.215/78 do limites de tolerância. Assim, considerando a possibilidade de a
Ministério do Trabalho, independente do pagamento de adicional de decisão recorrida contrariar a iterativa e notória jurisprudência
insalubridade em decorrência de trabalho em atividade de natureza firmada nesta egrégia Corte Superior acerca da matéria, e diante da
pesada exposto a agente físico de calor, uma vez que possuem função constitucional uniformizadora deste Tribunal, verifica-se a
natureza jurídica distinta. Precedentes. Recurso de revista transcendência política, nos termos do artigo 896-A, § 1º, II, da CLT.
Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 24/08/2018)." RECUPERAÇÃO TÉRMICA. ANEXO 3 DA NR-15 DA PORTARIA
"RECURSO DE REVISTA REGIDO PELAS LEIS 13.015/2014 E N.º 3.214/78 DO MTE. PROVIMENTO. Esta colenda Corte Superior
13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA SOCIAL RECONHECIDA. tem firmado o entendimento de que a não concessão do intervalo
HORAS EXTRAS. EXPOSIÇÃO A CALOR EXCESSIVO. previsto na NR-15, Anexo 3, Quadro I, da Portaria n.º 3.214/78 do
INOBSERVÂNCIA DO INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO MTE, para os trabalhadores que laboram expostos ao calor
TÉRMICA PREVISTO NO ANEXO 3 DA NR 15 DA PORTARIA excessivo, suscita o pagamento do referido período suprimido como
3.214/78 . No caso, tendo sido constatada a exposição do hora extraordinária, independentemente da concessão do adicional
empregado a calor excessivo , nos termos do Anexo 3 da NR-15 da de insalubridade. Na hipótese, é fato incontroverso que o
Portaria 3.214/78, a inobservância dos intervalos para recuperação reclamante laborava exposto ao calor excessivo acima dos limites
térmica, previstos na referida norma regulamentadora, enseja o de tolerância, não tendo usufruído do intervalo para recuperação
pagamento de horas extras correspondentes, sendo certo que a térmica estabelecido no Anexo 3 da NR-15, fazendo jus, portanto,
cumulação com o pagamento do adicional de insalubridade não ao pagamento de horas extraordinárias pelo período
configura bis in idem , por possuírem naturezas distintas. correspondente. Precedentes. Recurso de revista de que se
68.2016.5.15.0146, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Miranda 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT
"[...] RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS "RECURSO DE REVISTA. ENFORNADOR. EXPOSIÇÃO À CALOR
PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA PREVISTAS NAS NRs 15 E 31 RECUPERAÇÃO TÉRMICA PREVISTO NO QUADRO 1 DO
COM O PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS PELA SUPRESSÃO INSALUBRE. PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS CUMULADO
DOS INTERVALOS DEVIDOS. 1. O trabalho realizado além dos COM ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E REFLEXOS
níveis de tolerância ao calor gera o direito não apenas ao adicional DECORRENTES. POSSIBILIDADE. O Tribunal Regional ao manter
de insalubridade, nos termos da OJ 173/SBDI - 1/TST, como a decisão de primeiro grau que julgou improcedente o pedido do
também a intervalos para recuperação térmica previstos pelo reclamante asseverou que a norma regulamentar do Ministério do
Ministério do Trabalho, em seus regulamentos, conforme autoriza o Trabalho não estabelece a necessidade de se observar, de forma
art. 200, V, da CLT. 2. A cumulação do adicional de insalubridade compulsória, os intervalos que o reclamante sustenta serem devidos
com o pagamento das horas extras decorrentes da supressão das e, muito menos, a obrigatoriedade de serem pagos como horas
pausas para recuperação térmica, não configura"bis in idem", visto extras em caso de não observância. Ocorre que esta Corte vem
que a exposição contínua ao agente insalubre não é elidida pelas entendendo que a inobservância do intervalo para recuperação
pausas.São verbas de natureza diversa devidas distintamente. térmica, previsto no quadro 1 do anexo 3 da NR-15 da Portaria
Recurso de revista não conhecido. (ARR-180-38.2015.5.09.0091, 3ª 3.215/78 do Ministério do Trabalho, enseja o pagamento de horas
Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, extras correspondentes e que a cumulação com o pagamento do
DEJT 15/03/2019)." adicional de insalubridade não configura bis in idem , tendo em vista
"[...] RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. 1. RECURSO que os referidos institutos possuem natureza jurídica distintas .
DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º13.467/2017. Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento.
possibilidade de concessão de horas extraordinárias decorrentes da Batista Brito Pereira, DEJT 15/06/2018)."
inobservância do intervalo para recuperação térmica estabelecido "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
no Anexo 3 da NR-15 para o caso de exposição ao calor acima dos RECLAMADA. LEI Nº 13.015/2014. AMBIENTE DE TRABALHO
COM CALOR ACIMA DO TOLERÁVEL. INTERVALO PARA concedidas para o fim específico de recuperação térmica do
RECUPERAÇÃO TÉRMICA. 1 - Atendidos os requisitos do art. 896, trabalhador, descabendo ser consideradas como tais aquelas
§ 1º-A, da CLT. 2 - No caso, conforme consta no acórdão do destinadas à alimentação, idas ao banheiro e/ou consumo de água.
local insalubre com calor acima de 30ºC...". 3 - Segundo o anexo III, De acordo com o Quadro I do Anexo 3 da NR 15, a pausa para
quadro I, da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego, para o recuperação térmica por exposição ao calor deve ocorrer conforme
trabalho moderado, cuja temperatura ambiente é de 29,5 a 31,1, a o tipo de atividade e o grau de exposição, sendo ali consignado
cada 15 minutos de trabalho o empregado tem direito a 45 minutos expressamente que "os períodos de descanso serão considerados
de repouso. 4 - Dessa forma, como o reclamante não usufruiu do tempo de serviço para todos os efeitos legais".
intervalo de 45 minutos para recuperação térmica, nos termos da No caso dos autos, o reclamante laborava como auxiliar de
citada Norma Regulamentadora, ele faz jus ao seu pagamento. 5 - produção, na linha LB3 de biscoitos, no horário de 14:20 às 22:40,
53.2014.5.18.0103, 6ª Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Nos termos do laudo pericial constante do processo 000226-
Arruda, DEJT 16/09/2016)." 85.2020.5.07.0033 (utilizada como prova emprestada - fls. 184/195),
"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE - PROCESSO SOB A o tipo de atividade desenvolvida pelo reclamante junto ao promovido
ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014, DO CPC/2015 E DA INSTRUÇÃO era moderada, razão por que o nível de IBTUG deve corresponder,
TÉRMICA - ATIVIDADE INSALUBRE - EXCESSO DE CALOR - Na perícia técnica em referência, a Perita informa que a medição na
NÃO OBSERVÂNCIA. 1. Consoante previsto no quadro 1 do Anexo linha LB 03 de biscoitos; no momento da apuração, considerado o
3 da NR-15 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e período de maior estresse térmico, bem assim o calor gerado pelo
Emprego, os trabalhadores que realizam atividades moderadas em metabolismo da atividade, a temperatura encontrada foi de 27,5ºC,
temperatura de 29,5 IBUTG, a cada 15 minutos de trabalho, têm ou seja, acima do limite de tolerância.
direito a 45 minutos de descanso. 2. No caso, constou Desse modo, levando-se em consideração o tipo de atividade
expressamente no acórdão regional que o reclamante"na função de desempenhada pelo autor (moderada em regime de trabalho
faqueiro, realiza atividades no setor de abate, submetido a intermitente com descanso no próprio local de trabalho) e os níveis
temperatura de 29,6ºC"e que" a reclamada não comprovou a de calor detectados em seu posto de trabalho, a conclusão que se
concessão dos intervalos, ônus que lhe cabia, o que faz concluir chega, conforme Quadro 1 do Anexo 3 da NR 15, é a de que a cada
como não concedidos ". 3. Sinale-se que o intervalo previsto na 45 minutos trabalhados, deveriam se seguir 15 minutos de
trabalhador, da mesma forma daquele previsto no art. 253 da CLT, Passa-se à análise dos demais elementos constantes destes autos.
e a sua não concessão implica o pagamento do respectivo período Quando ouvida nestes autos, a preposta da ré informa que
como hora extraordinária. Precedentes. Recurso de revista "durante a jornada de trabalho existiam diversos intervalos, como:
conhecido e provido. (RR-12046-95.2014.5.18.0101, 7ª Turma, intervalo para lanche, de 20min a 30min, 02 vezes durante a
Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT jornada de trabalho, havia pausas para beber água e pausas para ir
"[...] RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE INTERPOSTO que os funcionários são fixos em sua função em cada linha de
SOB A ÉGIDE DA LEI Nº13.46777/17 - HORAS EXTRAS - produção e, portanto, não há rodízio; que não sabe mencionar
SUPRESSÃO DO INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA - numericamente quantos excedentes existem em cada linha, mas
EXPOSIÇÃO AO CALOR - ANEXO 3 DA NR-15 Esta Corte firmou o são em número suficiente para permitir as pausas dos demais
entendimento de que a inobservância dos intervalos para funcionários para uso de banheiro, água e lanche; que a reclamada
recuperação térmica, previstos no Anexo 3 da NR-15 da não concede intervalo térmico aos empregados".
Portaria321444/78, enseja o pagamento de horas extras Através do depoimento do Sr. Francisco Anderson da Silva Melo,
correspondentes ao referido período. Recurso de Revista conhecido colhido no processo 0000891-04.2020.5.07.0033 e admitido, nestes
e provido (ARR-24854-23.2015.5.24.0072, 8ª Turma, Relatora autos, como prova emprestada, como se vê da ata de audiência às
Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 05/04/2019)." fls. 176/179, extrai-se que
Registre-se, mais, que as pausas térmicas em evidência devem ser "1. que a reclamada não fornecia aos empregados intervalos para
2. que a empresa não permitia que os funcionários tirassem pausa estipular normas sobre os critérios de caracterização da
para beber água, nem para ir ao banheiro; insalubridade, limites de tolerância aos agentes agressivos, meios
3. que os empregados da reclamada gozavam de 01h de intervalo de proteção e tempo máximo do empregado a tais agentes.
4. que nos últimos 03 anos os empregados gozavam de 01h20min aprovou as Normas Regulamentadoras que estabelecem as regras
5. que a empresa não fornecia intervalo após cada 01h de trabalho." físico calor, os itens 15.1 e 15.1.1, da NR 15, dispõem que são
Como se observa, não restou demonstrada, nestes autos, a consideradas atividades ou operações insalubres as que se
concessão, ao reclamante, de pausas específicas destinadas à desenvolvem acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos
intervalos para idas ao banheiro/consumo de água e lanche não Já o Anexo 3 da Norma Regulamentadora em referência, que trata
atendem aos fins a que se destinam aquelas estabelecidas no especificamente dos limites de tolerância para exposição ao calor,
Anexo 3 da NR 15. define, em seu item 2.3, que "São caracterizadas como insalubres
Nesse panorama, impõe-se o provimento do recurso, no aspecto, as atividades ou operações realizadas em ambientes fechados ou
mas apenas de forma parcial, para condenar a reclamada, nos ambientes com fonte artificial de calor sempre que o IBUTG (médio)
termos do art. 71, § 4º, da CLT, de aplicação analógica, ao medido ultrapassar os limites de exposição ocupacional
pagamento de: 15 minutos, como extras, a cada 45 minutos estabelecidos com base no Índice de Bulbo Úmido Termômetro de
laborados, em uma hora corrida, no interregno entre 07/01/2019 a Globo apresentados no Quadro 1 (IBUTGMÁX) e determinados a
08/12/2019, em face da vigência da Portaria nº 1.359/2019, que partir da taxa metabólica das atividades, apresentadas no Quadro 2,
Na apuração das horas extras, deverão ser observados os Resta evidente, pois, que, para caracterização da insalubridade
seguintes parâmetros: decorrente do agente físico calor, não se leva em conta a função
. adicional de 50% sobre o valor da hora normal e divisor 220; exercida pelo empregado, mas a atividade por ele desempenhada,
Improcedem os reflexos considerando o caráter indenizatório da Desse modo, equivoca-se a recorrente quando afirma que "NÃO
Condena-se o reclamado, outrossim, na obrigação de fazer MOMENTO ALGUM, ELENCADA NOS REFERIDOS ANEXOS,
consistente em retificar o PPP, PPRA, PGR, PCMAT, PCMSO e PELO QUE NÃO FAZ JUS O OBREIRO AO REFERIDO
LTCAT do reclamante para que neles conste que este laborava em ADICIONAL." (fl. 504, com destaques no original)
atividades insalubres, conforme laudo pericial realizado nos autos Pois bem.
Sentença reformada, no aspecto. 85.2020.5.07.0033 (utilizada como prova emprestada - fls. 184/195)
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO na parte em que investigado o agente físico calor, consideradas as
O recorrente pugna, ainda, pela fixação dos honorários de condições de trabalho do obreiro na linha de produção LB 03, a
sucumbência devidos pela empresa no máximo legal. perita afirma que, para o metabolismo calculado, o IBUTG máximo
Não lhe assiste razão, tendo em vista que o percentual de 5% foi deveria ser de 26,7ºC, porém, o IBUTG foi de 27,5ºC, ou seja,
fixado, pelo juí-zo a quo, levando-se em conta o disposto no § 2º, do superior ao limite máximo estabelecido na NR 15 do MTE.
art. 791-A, da CLT, e encontra-se de acordo com o grau de zelo da A conclusão pericial nos seguintes termos:
Sentença mantida quanto ao ponto. agente calor, em grau médio, em todos os períodos trabalhados
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE Pontuo que, embora o Juiz ou Tribunal não esteja vinculado às
A teor do disposto no art. 190, da CLT, cabe ao Ministério do conclusões constantes de laudos periciais, podendo formar seu
que o Expert, a par do preparo técnico, promoveu um trabalho IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
para o desempenho de suas atividades, não carece, Uma vez que a advogada do reclamante atuou com zelo
necessariamente, de profundos conhecimentos de engenharia ou profissional, realizando um bom trabalho técnico, bem assim que o
de qualquer outra ciência, deve considerar, como fonte, para local da prestação de serviços é de fácil acesso e a demanda
fundamentar suas decisões, os laudos periciais especialmente apresenta média complexidade, à luz dos critérios estabelecidos no
preparados por pessoas que detenham formação própria e dispositivo legal acima referido, considero adequada a fixação dos
autorização legal, somente podendo rejeitá-las, em decisão honorários advocatícios no percentual de 10%.
igualmente fundamentada, quando verificar a presença de defeitos Recurso desprovido, nesse tocante.
se tornam perceptíveis mesmo por pessoas sem formação técnica. CONCLUSÃO DO VOTO
julgado eis que não há qualquer prova apta a afastar a conclusão Recurso ordinário do reclamante conhecido; rejeitada a preliminar
assentada no laudo pericial, porquanto as informações colhidas da de nulidade processual por cerceamento de defesa e, no mérito,
85.2020.5.07.0033, fls. 184/195) retratam horários e condições de Recurso ordinário da reclamada conhecido e improvido.
acima dos limites de tolerância previstos na NR 15 - MTE, sendo- ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
lhes, assim, devido adicional de insalubridade em grau médio. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Sobrelevo, por fim, que, uma vez detectada condições de unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada e negar-
insalubridade em grau médio no ambiente de trabalho do recorrido, lhe provimento; conhecer do recurso ordinário do reclamante;
não há se falar em redução do percentual fixado, na origem, rejeitar a preliminar de nulidade processual, por cerceamento de
porquanto, nos termos do art. 192, da CLT, "O exercício de trabalho defesa e, no mérito, dar-lhe parcial provimento para condenar a
em condições insalubres, acima dos limites de tolerância reclamada, nos termos do art. 71, § 4º, da CLT, de aplicação
estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de analógica, ao pagamento de: a) 15 minutos, como extras, a cada 45
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte minutos laborados, em uma hora corrida, no interregno entre
por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, 07/01/2019 a 08/12/2019, em face da vigência da Portaria nº
segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo." 1.359/2019, que alterou o Anexo 3 da NR-15, excluindo o Quadro 1;
Ao lume do exposto, nego provimento ao recurso, no aspecto. b) na apuração das horas extras, deverão ser observados os
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - MINORAÇÃO DO seguintes parâmetros: adicional de 50% sobre o valor da hora
O recorrente intenta a minoração do percentual de 10% fixado na salarial do obreiro. Improcedem os reflexos considerando o caráter
instância a quo a título de honorários sucumbenciais. indenizatório da verba no período. Condena-se a demandada,
Quanto à fixação dos honorários de sucumbência, preceitua o outrossim, na obrigação de fazer consistente em retificar o PPP,
parágrafo segundo do art. 791-A, da CLT o seguinte: PPRA, PGR, PCMAT, PCMSO e LTCAT do reclamante para que
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei nº laudo pericial realizado nos autos do processo. Custas processuais
I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de condenação ora arbitrado em R$ 10.000,00 (dez mil reais).
II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467, de Porto (Presidente), Maria José Girão e Durval César de
III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº Trabalho, Francisco José Parente Vasconcelos Júnior. Não
participou do julgamento a Desembargadora Maria Roseli Mendes protelatórias, nos termos do artigo 130 do CPC/2015. Em vista
Alencar (Férias). Fortaleza, 01 de setembro de 2021. disso, o fato de não ter sido produzida prova pericial, por si só, não
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA encontra embasada em entendimento legal e respaldada em laudo
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. configurando, portanto, violação ao art. 195, da CLT. Preliminar
- M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO DE advocatí-cios sucumbenciais, em favor da parte autora (10% sobre
ALIMENTOS
as parcelas deferidas), tomou em conta, precisamente, os
a afastar a conclusão assentada no laudo pericial, razão por que recuperação térmica estabelecido na referida norma
deve ser mantida a decisão de origem. Sentença mantida, no regulamentadora constitui medida que visa assegurar a higiene, a
particular. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MINORAÇÃO DO saúde e a segurança do trabalhador, a qual não se confunde com o
PERCENTUAL FIXADO. Uma vez que a advogada do reclamante direito ao adicional de insalubridade [...]".
atuou com zelo profissional, realizando um bom trabalho técnico, Afirma, outrossim, que [...] demonstrado, inequivocamente, através
bem assim que o local da prestação de serviços é de fácil acesso e da prova pericial anexa à peça vestibular como prova emprestada,
a demanda apresenta média complexidade, à luz dos critérios que o reclamante laborava exposto a insalubridade (calor), conclui-
estabelecidos no art. 791-A, §2º, da CLT, considera-se adequada a se que o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido pela
fixação dos honorários advocatícios no percentual de 10%. empresa (que não reconhecia a insalubridade do ambiente de
Recurso ordinário do reclamante conhecido; rejeitada a exposição habitual e permanente ao agente nocivo "calor" e ao
preliminar de nulidade processual por cerceamento de defesa período de exposição, pelo que deve ser reformada a sentença de
e, no mérito, apelo parcialmente provido. piso a fim de determinar a retificação do PPP do autor pela empresa
decisão de primeiro grau, eis que "é injusta, sob o prisma jurídico, e
O Exmo. Juiz MATEUS MIRANDA DE MORAES, Titular da 2ª Vara flagrante divergência jurisprudencial; violando, assim, também os
do Trabalho de Maracanaú, nos termos da sentença de fls. 429/447, Artigos 7.º, XXII, e 225, "caput", da Constituição Federal; Art. 178 e
julgou parcialmente procedentes os pleitos formulados por JOSÉ 200 da CLT, à exegese aplicada em relação aos intervalos dos
DARLEY DE ANDRADE SILVA contra M DIAS BRANCO S/A artigos 71, § 4º e 253 da CLT e o Anexo 3 da NR-15 da Portaria
reclamada ao pagamento das seguintes parcelas, limitadas aos Por fim, requer a condenação da reclamada ao pagamento dos
termos do pedido: adicional de insalubridade, no percentual de 20% honorários advocatícios sucumbenciais, conforme art. 791-A da
sobre o salário mínimo, com reflexos em 13º salários; férias + 1/3; CLT, na razão de 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto que
honorários advocatícios sucumbenciais, no percentual de 10%, Igualmente inconformada, a reclamada interpôs recurso ordinário às
determinando a suspensão da exigibilidade da parcela devida pelo fls. 500/507, no qual aduz que merece reforma a decisão de origem,
autor, nos termos do art. 791-A, §4º, da CLT. Julgou, ainda, vez que, o reclamante, no desempenho de suas atividades: jamais
improcedente o pleito autoral quanto às horas extras pela não esteve exposto ao agente físico calor acima dos limites de
concessão de repousos térmicos, por entender que o reclamante tolerância permitidos; ausentava-se de seu ambiente de trabalho
não estava enquadrado no disposto no art. 253, da CLT. durante as pausas para descanso, alimentação, idas ao banheiro e
Inconformado, interpôs o autor o recurso ordinário de fls. 467/499 também para reposições hídricas; sempre laborou em ambiente
arguindo, preliminarmente, nulidade da sentença por cerceamento salubre, recebendo corretamente equipamentos de proteção
de defesa, sob o argumento de que a realização da prova pericial é individual, treinamentos e instruções para o adequado exercício de
indispensável ao julgamento do feito. No mérito, alega o recorrente suas tarefas; e não se expunha ao agente físico calor de forma
que o trabalho realizado com exposição ao calor excessivo gera o habitual e intermitente. Alega, outrossim, que os fatos narrados se
direito às pausas previstas na Portaria nº 3214/78, em seu anexo 3 encontram devidamente comprovados através das informações
da NR nº 15, a título de recuperação térmica e sua inobservância prestadas pela testemunha empresarial. Sustenta a necessidade de
enseja o pagamento de horas extras, "o que não se confunde com o enquadramento da atividade como insalubre pelo Ministério do
pagamento do adicional de insalubridade, por possuírem naturezas Trabalho, conforme Súmula 460 do STF. Como pedido subsidiário,
distintas.". requer que a condenação seja minorada para 10% sobre o salário
Defende, ainda, que, caso provido o apelo, não há que se falar em condições de trabalho insalubre.
pagamento de honorários advocatícios ao patrono do autor. Na Em decorrência disso, dezenas de laudos periciais técnicos foram
hipótese de não provimento do recurso, requer "[...] que o elaborados nos processos em curso na 1ª e 2ª Varas do Trabalho
arbitramento dos honorários advocatícios seja reduzido ao de Maracanaú, investigando virtualmente todos os cargos da área
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do necessidade da confecção de laudos periciais repetitivos para as
Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de deverá ser feito no prazo de dois dias.
admissibilidade, como atesta a certidão de fl. 512, impõe-se o No mesmo prazo podem as partes juntar laudos periciais que
conhecimento dos recursos ordinários; conheço, por igual, das entenderem cabíveis.
contrarrazões, eis que oferecidas pela parte legitimada para esse Função: Auxiliar de produção
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE faculta-se às partes a manifestação sobre o laudo no prazo comum
CERCEAMENTO DE DEFESA Com efeito, agiu o magistrado com esteio nos arts. 370 do CPC e
Suscita o recorrente a nulidade da sentença por cerceamento do 765 da CLT, cujas balizas indicam que ao juiz incumbe a direção do
seu direito de defesa, argumentando que "a perícia indispensável ao processo e o indeferimento das provas que reputar inúteis e
julgamento do pleito não foi realizada na primeira instância, de protelatórias diante dos limites da lide.
modo que, em havendo considerável prejuízo à parte recorrente, Insta, ademais, salientar que compete ao magistrado apreciar
decorrente de alguma eventual omissão quanto à análise das livremente as provas produzidas nos autos, bem como indeferir as
condições de trabalho, requer seja a referida sentença considerada diligências que se revelam inúteis ou meramente protelatórias, nos
nula de pleno direito, devendo os autos serem devolvidos à origem termos do artigo 130 do CPC/2015.
para a devida verificação das condições insalubres das atividades Em vista disso, o fato de não ter sido produzida prova pericial, por si
da parte autora, declarando a nulidade da sentença em relação a só, não configura cerceamento de defesa, sobretudo quando a
esse tópico, restando sobrestada a análise dos demais itens do decisão se encontra embasada em entendimento legal e respaldada
Em que pese o inconformismo do recorrente, razão não lhe assiste. não configurando, portanto, violação ao art. 195, da CLT.
se que o Juízo de origem entendeu desnecessária a realização de DAS HORAS EXTRAS. INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO
O direito processual informa que a prova deve ser feita apenas em pretensão autoral de condenação da ré ao pagamento de horas
relação aos fatos controvertidos, relevantes e pertinentes ao extras decorrentes da não concessão de intervalo térmico por
Neste sentido, observa-se que ao longo dos anos de 2019 e 2020 do Trabalho, de intervalo para os empregados submetidos ao calor
foram ajuizadas dezenas de ações contra a reclamada na jurisdição excessivo, mas apenas critérios técnicos para análise da
de Maracanaú, cujo objeto era a investigação da existência de temperatura do ambiente e do ser ou não insalubre.
aduz, em suma, que merece reforma a decisão de origem, vez que Acrescenta, ainda, que inexiste previsão legal que a obrigue a
a exposição do empregado a calor excessivo gera a este o direito conceder os intervalos térmicos e que o reclamante realizava
às pausas térmicas estabelecidas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria pausas para descansos, alimentação, reposições hídricas e
nº 3.214/1978, cuja inobservância enseja o pagamento de horas atendimento às necessidades fisiológicas, havendo outros intervalos
suplementares nos termos do parágrafo quarto do art. 71, da CLT, que possibilitavam a recuperação térmica, devendo ser deduzidos,
não se confundindo, aludidas horas, com o pagamento de adicional aludidos intervalos, de uma eventual condenação. Ressalta, além
de insalubridade, por possuírem naturezas distintas. disso, que, uma vez condenada ao pagamento do adicional de
Argumenta que a cumulação das verbas não configura "bis in idem", insalubridade, não deve pagar também as horas extras referentes
uma vez que o adicional de insalubridade "decorre da exposição do aos intervalos térmicos, sob pena de "bis in idem".
empregado ao agente insalubre que a Reclamada não cuidou de Em caso de deferimento do pleito autoral, destaca que a partir da
neutralizar (calor)", ao passo que as horas extras seriam devidas reforma trabalhista os reflexos das horas extras pleiteadas são
em virtude das pausas intervalares não observadas pela empresa. indevidos, diante do caráter indenizatório da verba pretendida, bem
Ressalta, além disso, que o intervalo para recuperação térmica assim, postula que a condenação seja limitada a 08.12.2019, em
constitui medida que busca assegurar a higiene, a saúde e a face de alteração normativa, implementada pela Portaria da
segurança do trabalhador, que não se confunde com o direito ao Secretaria Especial de Previdência e Trabalho n.º 1.359, de 09 de
previsto na norma regulamentar, o autor faz jus ao pagamento das A tese recursal encontra-se em total harmonia com a jurisprudência
horas extras, conforme exegese aplicada em relação aos intervalos sedimentada no âmbito do TST.
dos arts. 71, § 4º, e 253 da CLT" Reporta-se ao laudo pericial Com efeito, a Corte Máxima Trabalhista, através de decisões
utilizado como prova emprestada, que constatou a sua sujeição ao proferidas por suas oito Turmas, firmou entendimento no sentido de
calor excessivo. Indica violação dos arts. 7º, XXII e 225, "caput", da que o trabalho desempenhado com exposição ao calor além dos
Constituição Federal e 178 e 200 da CLT. Transcreve limites de tolerância confere ao empregado o direito aos intervalos
jurisprudência. Persegue a reforma do julgado, com a concessão, a para recomposições térmicas, conforme estabelecido na Portaria nº
título de horas extras, de 45 minutos de descanso para cada 15 3.214/1978, em seu Anexo 3, da NR 15, cuja observância é
A reclamada, em contrarrazões, reivindica a declaração, "incidenter horas extras nos termos do art. 71, § 4º, da CLT.
tantum", da inconstitucionalidade do Quadro 1 do Anexo 3 da NR 15 Com efeito, dispõe o art. 190 da CLT, verbis:
do MTE, alegando que a regulamentação da jornada de trabalho é "O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e
exclusividade do Poder Legislativo, conforme dispõe o art. 22, inc. I, operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de
da CF, e que o Poder Executivo não pode, no exercício da função caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos
regulamentar, estabelecer jornada de trabalho especial para agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de
determinada categoria. exposição do empregado a esses agentes. (Redação dada pela Lei
do anexo III, da NR15 "funciona como verdadeiro neutralizador do Além disso, a teor do disposto no art. 200, V, da CLT, compreende-
agente insalubre calor, eliminando ou reduzindo os riscos das se na competência do Ministério do Trabalho estabelecer
tarefas exercidas sob tal exposição. Logo, as pausas durante a disposições complementares referentes às medidas de segurança e
jornada e o respeito aos limites de temperatura, atuam de forma medicina do trabalho, não havendo se cogitar, por essa forma, de
análoga ao uso de protetores auriculares em casos de trabalho extrapolação dos limites do poder regulamentar do Ministério do
exposto ao agente ruído, de modo que, nesta hipótese, a utilização Trabalho e Emprego quanto ao disposto no Anexo 3 da NR 15 em
do EPI afasta o pagamento do adicional de insalubridade. Desse relação às pausas térmicas, ou de violação ao art. 5º, II, da CF/1988
modo, caso haja a concessão ao empregado do tempo de descanso e ao art. 22, I, da CF/1988, cabendo ressaltar, ademais, que
previsto nos termos do quadro 1 do anexo III da NR 15 do MTE, é aludidas pausas implicam em medida que busca resguardar a
certo que o empregador restará eximido do pagamento do adicional saúde, higiene e segurança do empregado.
de insalubridade, porquanto os limites de tolerância para exposição Assim, ao contrário do alegado em contrarrazões, as regras
legislação celetista que atribuem ao Ministério do Trabalho a "[...] RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS
complementares que detalhem o previsto na Consolidação acerca PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA PREVISTAS NAS NRs 15 E 31
Do mesmo, a cumulação de adicional de insalubridade com o COM O PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS PELA SUPRESSÃO
pagamento de horas extras decorrentes da ausência de concessão DOS INTERVALOS DEVIDOS. 1. O trabalho realizado além dos
das referidas pausas térmicas não implica, de modo algum, em "bis níveis de tolerância ao calor gera o direito não apenas ao adicional
in idem", como se argumenta na defesa e em contrarrazões, posto de insalubridade, nos termos da OJ 173/SBDI - 1/TST, como
que, ao tempo em que as horas extras tem gênese na não também a intervalos para recuperação térmica previstos pelo
concessão de intervalo térmico, o adicional de insalubridade advém Ministério do Trabalho, em seus regulamentos, conforme autoriza o
da exposição do empregado ao agente físico calor acima dos limites art. 200, V, da CLT. 2. A cumulação do adicional de insalubridade
de tolerância, tratando-se, em verdade, de parcelas cujas naturezas com o pagamento das horas extras decorrentes da supressão das
jurídicas são completamente diversas. pausas para recuperação térmica, não configura"bis in idem", visto
Ademais, essa linha de raciocínio leva à conclusão de que a que a exposição contínua ao agente insalubre não é elidida pelas
exposição ao agente insalubre não é neutralizada pelas pausas, de pausas.São verbas de natureza diversa devidas distintamente.
modo que o pagamento do adicional de insalubridade não afasta a Recurso de revista não conhecido. (ARR-180-38.2015.5.09.0091, 3ª
necessidade de concessão dos intervalos em questão. Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
Nesse sentido, calha trazer à colação julgados de cada uma das DEJT 15/03/2019)."
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º13.467/2017.
OBSERVÂNCIA. HORAS EXTRAS. A jurisprudência deste Tribunal possibilidade de concessão de horas extraordinárias decorrentes da
Superior é firme no sentido de que é devido o pagamento de horas inobservância do intervalo para recuperação térmica estabelecido
extras quando não concedidos os intervalos para recuperação no Anexo 3 da NR-15 para o caso de exposição ao calor acima dos
térmica, previstos no anexo 3 da NR-15 da Portaria nº 3.215/78 do limites de tolerância. Assim, considerando a possibilidade de a
Ministério do Trabalho, independente do pagamento de adicional de decisão recorrida contrariar a iterativa e notória jurisprudência
insalubridade em decorrência de trabalho em atividade de natureza firmada nesta egrégia Corte Superior acerca da matéria, e diante da
pesada exposto a agente físico de calor, uma vez que possuem função constitucional uniformizadora deste Tribunal, verifica-se a
natureza jurídica distinta. Precedentes. Recurso de revista transcendência política, nos termos do artigo 896-A, § 1º, II, da CLT.
Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 24/08/2018)." RECUPERAÇÃO TÉRMICA. ANEXO 3 DA NR-15 DA PORTARIA
"RECURSO DE REVISTA REGIDO PELAS LEIS 13.015/2014 E N.º 3.214/78 DO MTE. PROVIMENTO. Esta colenda Corte Superior
13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA SOCIAL RECONHECIDA. tem firmado o entendimento de que a não concessão do intervalo
HORAS EXTRAS. EXPOSIÇÃO A CALOR EXCESSIVO. previsto na NR-15, Anexo 3, Quadro I, da Portaria n.º 3.214/78 do
INOBSERVÂNCIA DO INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO MTE, para os trabalhadores que laboram expostos ao calor
TÉRMICA PREVISTO NO ANEXO 3 DA NR 15 DA PORTARIA excessivo, suscita o pagamento do referido período suprimido como
3.214/78 . No caso, tendo sido constatada a exposição do hora extraordinária, independentemente da concessão do adicional
empregado a calor excessivo , nos termos do Anexo 3 da NR-15 da de insalubridade. Na hipótese, é fato incontroverso que o
Portaria 3.214/78, a inobservância dos intervalos para recuperação reclamante laborava exposto ao calor excessivo acima dos limites
térmica, previstos na referida norma regulamentadora, enseja o de tolerância, não tendo usufruído do intervalo para recuperação
pagamento de horas extras correspondentes, sendo certo que a térmica estabelecido no Anexo 3 da NR-15, fazendo jus, portanto,
cumulação com o pagamento do adicional de insalubridade não ao pagamento de horas extraordinárias pelo período
configura bis in idem , por possuírem naturezas distintas. correspondente. Precedentes. Recurso de revista de que se
68.2016.5.15.0146, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Miranda 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT
"RECURSO DE REVISTA. ENFORNADOR. EXPOSIÇÃO À CALOR direito a 45 minutos de descanso. 2. No caso, constou
EXCESSIVO. INOBSERVÂNCIA DO INTERVALO PARA expressamente no acórdão regional que o reclamante"na função de
RECUPERAÇÃO TÉRMICA PREVISTO NO QUADRO 1 DO faqueiro, realiza atividades no setor de abate, submetido a
ANEXO 3 DA NR 15 DA PORTARIA 3.214/78. ATIVIDADE temperatura de 29,6ºC"e que" a reclamada não comprovou a
INSALUBRE. PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS CUMULADO concessão dos intervalos, ônus que lhe cabia, o que faz concluir
COM ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E REFLEXOS como não concedidos ". 3. Sinale-se que o intervalo previsto na
DECORRENTES. POSSIBILIDADE. O Tribunal Regional ao manter mencionada norma regulamentadora visa preservar a saúde do
a decisão de primeiro grau que julgou improcedente o pedido do trabalhador, da mesma forma daquele previsto no art. 253 da CLT,
reclamante asseverou que a norma regulamentar do Ministério do e a sua não concessão implica o pagamento do respectivo período
Trabalho não estabelece a necessidade de se observar, de forma como hora extraordinária. Precedentes. Recurso de revista
compulsória, os intervalos que o reclamante sustenta serem devidos conhecido e provido. (RR-12046-95.2014.5.18.0101, 7ª Turma,
e, muito menos, a obrigatoriedade de serem pagos como horas Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT
extras em caso de não observância. Ocorre que esta Corte vem 13/04/2018)."
entendendo que a inobservância do intervalo para recuperação "[...] RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE INTERPOSTO
térmica, previsto no quadro 1 do anexo 3 da NR-15 da Portaria SOB A ÉGIDE DA LEI Nº13.46777/17 - HORAS EXTRAS -
3.215/78 do Ministério do Trabalho, enseja o pagamento de horas SUPRESSÃO DO INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA -
extras correspondentes e que a cumulação com o pagamento do EXPOSIÇÃO AO CALOR - ANEXO 3 DA NR-15 Esta Corte firmou o
adicional de insalubridade não configura bis in idem , tendo em vista entendimento de que a inobservância dos intervalos para
que os referidos institutos possuem natureza jurídica distintas . recuperação térmica, previstos no Anexo 3 da NR-15 da
Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento. Portaria321444/78, enseja o pagamento de horas extras
(RR-24273-45.2014.5.24.0071, 5ª Turma, Relator Ministro João correspondentes ao referido período. Recurso de Revista conhecido
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 05/04/2019)."
RECLAMADA. LEI Nº 13.015/2014. AMBIENTE DE TRABALHO Registre-se, mais, que as pausas térmicas em evidência devem ser
COM CALOR ACIMA DO TOLERÁVEL. INTERVALO PARA concedidas para o fim específico de recuperação térmica do
RECUPERAÇÃO TÉRMICA. 1 - Atendidos os requisitos do art. 896, trabalhador, descabendo ser consideradas como tais aquelas
§ 1º-A, da CLT. 2 - No caso, conforme consta no acórdão do destinadas à alimentação, idas ao banheiro e/ou consumo de água.
local insalubre com calor acima de 30ºC...". 3 - Segundo o anexo III, De acordo com o Quadro I do Anexo 3 da NR 15, a pausa para
quadro I, da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego, para o recuperação térmica por exposição ao calor deve ocorrer conforme
trabalho moderado, cuja temperatura ambiente é de 29,5 a 31,1, a o tipo de atividade e o grau de exposição, sendo ali consignado
cada 15 minutos de trabalho o empregado tem direito a 45 minutos expressamente que "os períodos de descanso serão considerados
de repouso. 4 - Dessa forma, como o reclamante não usufruiu do tempo de serviço para todos os efeitos legais".
intervalo de 45 minutos para recuperação térmica, nos termos da No caso dos autos, o reclamante laborava como auxiliar de
citada Norma Regulamentadora, ele faz jus ao seu pagamento. 5 - produção, na linha LB3 de biscoitos, no horário de 14:20 às 22:40,
53.2014.5.18.0103, 6ª Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Nos termos do laudo pericial constante do processo 000226-
Arruda, DEJT 16/09/2016)." 85.2020.5.07.0033 (utilizada como prova emprestada - fls. 184/195),
"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE - PROCESSO SOB A o tipo de atividade desenvolvida pelo reclamante junto ao promovido
ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014, DO CPC/2015 E DA INSTRUÇÃO era moderada, razão por que o nível de IBTUG deve corresponder,
TÉRMICA - ATIVIDADE INSALUBRE - EXCESSO DE CALOR - Na perícia técnica em referência, a Perita informa que a medição na
NÃO OBSERVÂNCIA. 1. Consoante previsto no quadro 1 do Anexo linha LB 03 de biscoitos; no momento da apuração, considerado o
3 da NR-15 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e período de maior estresse térmico, bem assim o calor gerado pelo
Emprego, os trabalhadores que realizam atividades moderadas em metabolismo da atividade, a temperatura encontrada foi de 27,5ºC,
ou seja, acima do limite de tolerância. Na apuração das horas extras, deverão ser observados os
desempenhada pelo autor (moderada em regime de trabalho . adicional de 50% sobre o valor da hora normal e divisor 220;
intermitente com descanso no próprio local de trabalho) e os níveis . os dias efetivamente laborados;
de calor detectados em seu posto de trabalho, a conclusão que se . a evolução salarial do obreiro;
chega, conforme Quadro 1 do Anexo 3 da NR 15, é a de que a cada Improcedem os reflexos considerando o caráter indenizatório da
Passa-se à análise dos demais elementos constantes destes autos. consistente em retificar o PPP, PPRA, PGR, PCMAT, PCMSO e
Quando ouvida nestes autos, a preposta da ré informa que LTCAT do reclamante para que neles conste que este laborava em
"durante a jornada de trabalho existiam diversos intervalos, como: atividades insalubres, conforme laudo pericial realizado nos autos
jornada de trabalho, havia pausas para beber água e pausas para ir Sentença reformada, no aspecto.
ao banheiro, além de 01h de intervalo intrajornada para refeição; DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO
que os funcionários são fixos em sua função em cada linha de O recorrente pugna, ainda, pela fixação dos honorários de
produção e, portanto, não há rodízio; que não sabe mencionar sucumbência devidos pela empresa no máximo legal.
numericamente quantos excedentes existem em cada linha, mas Não lhe assiste razão, tendo em vista que o percentual de 5% foi
são em número suficiente para permitir as pausas dos demais fixado, pelo juí-zo a quo, levando-se em conta o disposto no § 2º, do
funcionários para uso de banheiro, água e lanche; que a reclamada art. 791-A, da CLT, e encontra-se de acordo com o grau de zelo da
não concede intervalo térmico aos empregados". profissional, o trabalho realizado e o tempo exigido para o seu
autos, como prova emprestada, como se vê da ata de audiência às DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA
"1. que a reclamada não fornecia aos empregados intervalos para A teor do disposto no art. 190, da CLT, cabe ao Ministério do
2. que a empresa não permitia que os funcionários tirassem pausa estipular normas sobre os critérios de caracterização da
para beber água, nem para ir ao banheiro; insalubridade, limites de tolerância aos agentes agressivos, meios
3. que os empregados da reclamada gozavam de 01h de intervalo de proteção e tempo máximo do empregado a tais agentes.
4. que nos últimos 03 anos os empregados gozavam de 01h20min aprovou as Normas Regulamentadoras que estabelecem as regras
5. que a empresa não fornecia intervalo após cada 01h de trabalho." físico calor, os itens 15.1 e 15.1.1, da NR 15, dispõem que são
Como se observa, não restou demonstrada, nestes autos, a consideradas atividades ou operações insalubres as que se
concessão, ao reclamante, de pausas específicas destinadas à desenvolvem acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos
intervalos para idas ao banheiro/consumo de água e lanche não Já o Anexo 3 da Norma Regulamentadora em referência, que trata
atendem aos fins a que se destinam aquelas estabelecidas no especificamente dos limites de tolerância para exposição ao calor,
Anexo 3 da NR 15. define, em seu item 2.3, que "São caracterizadas como insalubres
Nesse panorama, impõe-se o provimento do recurso, no aspecto, as atividades ou operações realizadas em ambientes fechados ou
mas apenas de forma parcial, para condenar a reclamada, nos ambientes com fonte artificial de calor sempre que o IBUTG (médio)
termos do art. 71, § 4º, da CLT, de aplicação analógica, ao medido ultrapassar os limites de exposição ocupacional
pagamento de: 15 minutos, como extras, a cada 45 minutos estabelecidos com base no Índice de Bulbo Úmido Termômetro de
laborados, em uma hora corrida, no interregno entre 07/01/2019 a Globo apresentados no Quadro 1 (IBUTGMÁX) e determinados a
08/12/2019, em face da vigência da Portaria nº 1.359/2019, que partir da taxa metabólica das atividades, apresentadas no Quadro 2,
Resta evidente, pois, que, para caracterização da insalubridade lhes, assim, devido adicional de insalubridade em grau médio.
decorrente do agente físico calor, não se leva em conta a função Sobrelevo, por fim, que, uma vez detectada condições de
exercida pelo empregado, mas a atividade por ele desempenhada, insalubridade em grau médio no ambiente de trabalho do recorrido,
considerando-se a extrapolação dos limites de tolerância previstos não há se falar em redução do percentual fixado, na origem,
no Anexo 3. porquanto, nos termos do art. 192, da CLT, "O exercício de trabalho
Desse modo, equivoca-se a recorrente quando afirma que "NÃO em condições insalubres, acima dos limites de tolerância
ESTANDO A ATIVIDADE DE AUXILIAR DE PRODUÇÃO, EM estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de
MOMENTO ALGUM, ELENCADA NOS REFERIDOS ANEXOS, adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte
PELO QUE NÃO FAZ JUS O OBREIRO AO REFERIDO por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região,
ADICIONAL." (fl. 504, com destaques no original) segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo."
Nos termos do laudo pericial constante do processo 000226- DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - MINORAÇÃO DO
na parte em que investigado o agente físico calor, consideradas as O recorrente intenta a minoração do percentual de 10% fixado na
condições de trabalho do obreiro na linha de produção LB 03, a instância a quo a título de honorários sucumbenciais.
perita afirma que, para o metabolismo calculado, o IBUTG máximo Quanto à fixação dos honorários de sucumbência, preceitua o
deveria ser de 26,7ºC, porém, o IBUTG foi de 27,5ºC, ou seja, parágrafo segundo do art. 791-A, da CLT o seguinte:
A conclusão pericial nos seguintes termos: § 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei nº
A perícia realizada concluiu que a atividade foi insalubre, para o I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de
conclusões constantes de laudos periciais, podendo formar seu III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº
que o Expert, a par do preparo técnico, promoveu um trabalho IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
para o desempenho de suas atividades, não carece, Uma vez que a advogada do reclamante atuou com zelo
necessariamente, de profundos conhecimentos de engenharia ou profissional, realizando um bom trabalho técnico, bem assim que o
de qualquer outra ciência, deve considerar, como fonte, para local da prestação de serviços é de fácil acesso e a demanda
fundamentar suas decisões, os laudos periciais especialmente apresenta média complexidade, à luz dos critérios estabelecidos no
preparados por pessoas que detenham formação própria e dispositivo legal acima referido, considero adequada a fixação dos
autorização legal, somente podendo rejeitá-las, em decisão honorários advocatícios no percentual de 10%.
igualmente fundamentada, quando verificar a presença de defeitos Recurso desprovido, nesse tocante.
se tornam perceptíveis mesmo por pessoas sem formação técnica. CONCLUSÃO DO VOTO
julgado eis que não há qualquer prova apta a afastar a conclusão Recurso ordinário do reclamante conhecido; rejeitada a preliminar
assentada no laudo pericial, porquanto as informações colhidas da de nulidade processual por cerceamento de defesa e, no mérito,
85.2020.5.07.0033, fls. 184/195) retratam horários e condições de Recurso ordinário da reclamada conhecido e improvido.
acima dos limites de tolerância previstos na NR 15 - MTE, sendo- ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
reclamada, nos termos do art. 71, § 4º, da CLT, de aplicação PROCESSO nº 0000128-29.2021.5.07.0013 (ROT)
analógica, ao pagamento de: a) 15 minutos, como extras, a cada 45 RECORRENTE: ADERSON GONDIM DE SOUZA
minutos laborados, em uma hora corrida, no interregno entre RECORRIDO: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E
1.359/2019, que alterou o Anexo 3 da NR-15, excluindo o Quadro 1; RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
outrossim, na obrigação de fazer consistente em retificar o PPP, RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. JUSTIÇA
PPRA, PGR, PCMAT, PCMSO e LTCAT do reclamante para que GRATUITA. REQUERIMENTO FORMULADO POR PESSOA
neles conste que este laborava em atividades insalubres, conforme FÍSICA RECLAMANTE. COMPROVAÇÃO DA CONDIÇÃO DE
laudo pericial realizado nos autos do processo. Custas processuais MISERABILIDADE JURÍDICA MEDIANTE DECLARAÇÃO.
no valor de R$ 200,00 (duzentos reais), calculadas sobre o valor da PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. INTELIGÊNCIA DA REGRA
condenação ora arbitrado em R$ 10.000,00 (dez mil reais). INSCULPIDA NO ART. 790, §4º, DA CLT, COM REDAÇÃO DADA
Participaram do julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro PELA LEI Nº 13.467/2017. Considerando a elasticidade
Porto (Presidente), Maria José Girão e Durval César de interpretativa que pode ser conferida à regra prevista no art. 790,
Vasconcelos Maia (Relator). Presente, ainda, o Procurador do §4º, da CLT, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº
Trabalho, Francisco José Parente Vasconcelos Júnior. Não 13.467/2017, segundo a qual os benefícios da justiça gratuita
participou do julgamento a Desembargadora Maria Roseli Mendes podem ser concedidos à parte que comprovar insuficiência de
Alencar (Férias). Fortaleza, 01 de setembro de 2021. recursos para o pagamento das custas do processo, forçoso
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA de pessoa natural, se desincumbe do ônus de provar que se
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. sem prejuízo do sustento próprio ou da respectiva família, fazendo
CESAR DE ALMEIDA MARINHO presumir verdadeiro, até porque entendimento diverso tornaria letra
Servidor de Secretaria morta a regra prevista no art. 99, §3º, do CPC/2015, de acordo com
FUNCIONAIS INDEVIDAS. ATINGIDO LIMITE DA FAIXA que sejam concedidas as progressões postuladas, visto que as
SALARIAL PELO RECLAMANTE. Restando demonstrado que o demais promoções auferidas pelo autor foram decorrentes de
reclamante já se encontra em nível salarial superior ao do seu cargo previsão em Acordo Coletivo e, portanto, segundo alega, de
e grupo ocupacional, não há que se cogitar das progressões natureza diversa da normatização analisada. Ressalta que restou
funcionais perseguidas. Impondo-se a manutenção da sentença em incontroverso, pela análise da documentação acostada aos autos,
todos os seus termos. Sentença mantida, no particular. que a recorrida não concedeu ao reclamante as progressões
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. AÇÃO horizontais por antiguidade e por mérito relativas aos anos
AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. RECLAMANTE postulados, razão pela qual pugna pela procedência dos pleitos
BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS relacionados na inicial. Pretende, ainda, que a reclamada seja
ADVOCATÍCIOS DEVIDOS SOB CONDIÇÃO SUSPENSIVA DE condenada em honorários advocatícios, no importe de 15%, visto
EXIGIBILIDADE. ART. 791-A, CLT. Tendo em vista a nova redação que o reclamante se encontra representado pelo sindicato da
da CLT (art. 791-A) e considerando que a reclamação fora ajuizada categoria, a teor da Súmula nº 219.
após a vigência da Lei nº 13.467/2017, os honorários advocatícios Contrarrazões da reclamada às fls. 629/666.
passaram a ser devidos, na Justiça do Trabalho, em razão da mera Desnecessária a audição do Ministério Público do Trabalho, eis que
sucumbência, restando superadas as Súmulas nrs. 219 e 329 do se trata de pretensões de natureza manifestamente privada.
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
suportar a despesa", contida no § 4º, do art. 791-A, da CLT, por Urge examinar, desde logo, o pedido concernente à gratuidade
este Regional, nos autos do processo nº 0080026- judiciária formulado pelo reclamante, considerando-se, neste passo,
04.2019.5.07.0000, em sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. os argumentos lançados em contrarrazões quanto à manutenção da
Sentença parcialmente reformada, no particular. improcedência do pleito, eis que o autor não tem jus aos benefícios
Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido. da gratuidade judicial por não ter provado, nos autos, sua condição
de hipossuficiente.
Analisa-se.
O Exmo. Juiz SINEZIO BERNARDO DE OLIVEIRA, Titular da 13ª § 4°, da CLT, com redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017, o
sua convicção, indeferiu os benefícios da justiça gratuita ao Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos
reclamante; rejeitou as preliminares de ausência de interesse de Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de
agir e de perda do objeto; rejeitou a prejudicial de prescrição total; pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que
acolheu a prescrição quinquenal quanto aos créditos referentes ao serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. (Redação
período anterior a 16/02/2016 e, no mérito, julgou improcedentes os dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
honorários advocatícios, no percentual de 5% sobre o valor da § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
Irresignado, o reclamante interpôs o recurso ordinário de fls. requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive
602/622 postulando a reforma da sentença para que lhe sejam quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário
deferidos inicialmente os benefícios da justiça gratuita, bem assim igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada Sentença reformada, no particular.
§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade
comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas conheço do recurso ordinário e das respectivas contrarrazões.
perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do A existência de eventual descumprimento, pela empresa, dos
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência critérios de promoção assentados em Plano de Cargos e Salários,
Social gozam de presunção de miserabilidade, de modo que os diversamente do que foi alegado pela defesa, não conduz à
magistrados poderão conceder-lhes o benefício da justiça gratuita, a ocorrência da prescrição total, porquanto não houve alteração do
requerimento ou de ofício. Já aqueles que auferem salário superior pactuado decorrente de ato único do empregador que propiciasse a
a 40% do limite máximo do RGPS não se favorecem de presunção incidência da Súmula nº 294, do Tribunal Superior do Trabalho. As
de miserabilidade, devendo, para fazerem jus ao benefício da pretensões autorais tem sede no descumprimento de norma
justiça gratuita, comprovar a insuficiência de recursos para o empresarial, o que implica na renovação mensal da violação do
O exame dos vertentes autos demonstra, objetivamente, que o A temática, aliás, já se encontra sedimentada no âmbito
reclamante não dispõe de condições financeiras que lhe permitam jurisprudencial, através Súmula 452, do Tribunal Superior do
custear as despesas processuais, sendo bastante, para que se Trabalho, que assim dispõe:
chegue a essa inelutável conclusão, o fato de afirmar, mediante DIFERENÇAS SALARIAIS. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS.
declaração anexa à petição inicial, à fl. 25, ser pessoa pobre nos DESCUMPRIMENTO. CRITÉRIOS DE PROMOÇÃO NÃO
termos da Lei nº 1.060/1950, é dizer, sua situação econômica não OBSERVADOS. PRESCRIÇÃO PARCIAL. (conversão da
lhe permite demandar em juízo sem prejuízo do sustento próprio ou Orientação Jurisprudencial nº 404 da SBDI-1) - Res. 194/2014,
Demais disso, o art. 790, §4º, da CLT, ao dispor a respeito da prova Tratando-se de pedido de pagamento de diferenças salariais
da insuficiência de recursos, para fins do não-pagamento das decorrentes da inobservância dos critérios de promoção
despesas processuais, se apresenta bem lacônico ou aberto, estabelecidos em Plano de Cargos e Salários criado pela empresa,
permitindo concluir que a mera declaração de pobreza por parte do a prescrição aplicável é a parcial, pois a lesão é sucessiva e se
interessado, constitui prova de tal condição. Confira-se: "O benefício renova mês a mês.
da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar Por outro lado, reputo correta a aplicação da prescrição parcial,
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do contada da data da propositura da ação, encontrando-se prescritas
Não fosse assim, perderia sentido a regra estabelecida no art. 791- Mantém-se a sentença recorrida no particular.
advocatícios devidos pelo beneficiário da justiça gratuita, dispõe que PROGRESSÕES FUNCIONAIS INDEVIDAS. ATINGIDO LIMITE
deve "o credor demonstrar que deixou de existir a situação de DA FAIXA SALARIAL PELO RECLAMANTE
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, Conforme relatado, busca o autor a reforma da sentença a fim de
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do que sejam deferidas as progressões postuladas, sob o argumento
Nesse sentido, ainda, a regra prevista no art. 99, §3º, do CPC/2015, previsão em Acordo Coletivo e, portanto, de natureza diversa da
insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural". Em prol de sua tese, relatou na inicial, que
Assim, à míngua de prova idônea a evidenciar que o trabalhador "[...] No caso, o reclamante optou em continuar sendo regido pelo
tenha recursos suficientes a custear o processo, merece prevalecer PCCS de 1995 que fundamenta a presente demanda, conforme
a presunção legal em seu favor. consta em sua Ficha cadastral a informação do não aceite ao PCCS
Assim, o autor faz jus à concessão do benefício da justiça gratuita, de 2008, após o ajuste automático realizado pela empresa de forma
com fulcro no art. 790, § 3º, da CLT. unilateral (...) Referida norma coletiva prevê a promoção alternada
pelos critérios de antiguidade e merecimento. A progressão nas condições estabelecidas neste Plano de Carreiras, Cargos e
horizontal por antiguidade (PHA) deve ser de uma referência salarial Salários e consoante os fundamentos legais e normativos.
a cada 3 anos, contados da última progressão por antiguidade ou, 8.2.10.2.As Progressões Horizontais por Mérito e por Antiguidade
na ausência desta, da data de admissão do empregado em serão concedidas, a quem fizer jus, nos meses de março e
percentual de 5% sobre o salário base. Ocorre Exa., que de acordo setembro, por deliberação da Diretoria da Empresa em
com a Ficha Cadastral do reclamante acostada na inicial consta que conformidade com a lucratividade do período anterior.
o mesmo nos últimos anos, recebeu apenas uma promoção 8.2.10.3As Progressões Horizontais por Mérito e por Antiguidade
horizontal por antiguidade em 2009 (progressão esta após serão aplicadas de forma alternada, observados os interstícios de
enquadramento automático em um novo plano e que após decisão concessão conforme disposto nos subitens 8.2.10.4 e 8.2.10.10.1.
do TST, o obreiro optou em não ficar vinculado como se explicará a 8.2.10.4. A Progressão Horizontal por Antiguidade será concedida
seguir), ficando desde então estagnado na carreira recebendo ao empregado depois de decorrido o interstício máximo de 3 (três)
apenas os reajustes salariais decorrentes da data base, fazendo, anos de efetivo exercício, contados a partir da última Progressão
portanto, jus a duas referências de progressões por antiguidade por Antiguidade ou da data de admissão.
referente aos anos de 2018 e 2021. Assim, após a opção de 8.2.10.5. A Progressão Horizontal por Antiguidade permitirá a
continuar regido pelo PCCS de 1995, o reclamante recebeu apenas evolução salarial correspondente a uma referência salarial da faixa
os reajustes salariais decorrentes dos Acordos Coletivos de do cargo/nível ou cargo isolado ocupado pelo empregado, não se
Trabalho, estando estagnado na ascensão profissional. [...] Neste constituindo em óbice para fins de Promoção Vertical Seletiva e
particular, não há como ser consideradas quanto ao recebimento, Reclassificação, porém deverão acontecer em exercícios distintos.
visto que as demais progressões auferidas pelo autor, foram 8.2.10.7. Na hipótese do empregado atingir a última referência
decorrentes de previsão em Acordo Coletivo de Trabalho, portanto, salarial da faixa salarial do seu cargo ou carreira, o mesmo não
de natureza diversa da normatização analisada. Incontroverso, pela poderá ser contemplado com a Progressão por Antiguidade ou
concedeu a reclamante as progressões horizontais por antiguidade 8.2.10.8. Toda e qualquer alteração ocorrida na vida funcional do
relativa aos anos acima mencionados e nem mesmo as empregado que não caracterize efetivo exercício, será deduzida
progressões horizontais por mérito.[...]" para fins de apuração do interstício fixado para concessão da
instituiu Plano de Cargos, Carreira e Salário em 1995, prevendo Acerca do tema, decidiu o magistrado sentenciante, verbis:
promoções/progressões, as últimas constituindo-se em Horizontal "[...] Assim, caso fossem aplicadas ao Reclamante as regras acima
por Antiguidade, por Mérito e por Incentivo Escolar, consoante transcritas do PCCS 1995, em relação às progressões por
subitem 8.2.6, cujos regramentos estão no item 8.2.10 e seguintes. antigüidade e por mérito, utilizando-se a melhor das hipóteses
Assim dispõem encimadas normas regulamentares: prevista no referido PCCS, quanto à progressão por mérito (com
8.2.4. Ao empregado do quadro regular de pessoal da Empresa, interstício de 12 meses e com acréscimo de 2 referências salariais),
consoante os dispositivos legais e normativos sobre o assunto, concluo que o Reclamante estaria na referência 28, no ano de 2011
poderá ser concedida Promoção Vertical e Progressão Horizontal, (ano em que recusou integrar o PCCS/2008).
obedecidos os critérios e condições fixados para cada modalidade. Ademais, ainda a título exemplificativo, caso fosse utilizada, na
8.2.6. Constituem-se modalidades de Progressão Horizontal: referência salarial (cláusula 8.2.10.6), o reclamante estaria na
b) Progressão Horizontal por Mérito É fato incontroverso que o reclamante assinou o "Termo de
8.2.10.1. A Progressão Horizontal caracteriza-se pela evolução PCCS 2008 (fl. 39).
salarial do empregado na faixa salarial de seu cargo/nível, Analisando o histórico de referências salariais apresentado pelo
viabilizada pelos institutos da progressão por antiguidade e mérito, autor (fl. 39), observo que o Reclamante em 01/11/2010 já estava
Registro que a parte autora não se desincumbiu do seu ônus de em acordo coletivo e no PCCS devem ser compensadas, uma vez
provar que as progressões realizadas pela ré não possuem a que possuem a mesma natureza. Assim, existindo, ao mesmo
mesma natureza das progressões pleiteadas. tempo, progressões por antiguidade, previstas tanto por PCCS
Do exposto, considerando que não houve prejuízo financeiro à parte quanto por acordo coletivo de trabalho, estas devem ser
autora e, em atenção ao princípio da irredutibilidade salarial, julgo compensadas, sob pena de gerar percepção desproporcional de
improcedente o pedido de implantação das referências salariais vantagens pelo reclamante e duplo encargo para a reclamada,
decorrentes das progressões por antigüidade e por mérito e, desvirtuando, assim, a finalidade da norma coletiva. (RR-24-
conseqüentemente, julgo improcedente o pedido de diferenças 65.2011.5.24.0061, Julgamento 26/10/2011, Rel. Min. Gui-lherme
Ainda de acordo com o documento intitulado "FICHA CADASTRAL" Sentença mantida, no particular.
(fls. 35/53), constato que o reclamante, além de ter recebido DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.
promoções por antiguidade e merecimento, mesmo que decorrentes Com o advento da Lei 13.467/2017, para as reclamatórias
do PCS de 2008, como bem ressaltado na origem, fez jus a trabalhistas ajuizadas após 11/11/2017 (caso dos autos), os
diversas outras progressões por força de Acordos Coletivos de honorários advocatícios passaram a ser devidos pela mera
Trabalho celebrados por seu sindicato de classe, sendo certo, que sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT, restando
se encontra na referência NM - 39 (fl. 39). superadas as Súmulas nºs. 219 e 329 do TST, bem como a Súmula
Analisando os termos do PCCS 1995, é possível verificar que o nº. 2 deste Regional.
mesmo estabelece três níveis para o cargo de Carteiro (I, II e III) e o É esse o entendimento do TST, consolidado na redação do art. 6º,
enquadra no denominado Grupo Ocupacional Serviços Postais e da Instrução Normativa nº 41/2018, que dispõe sobre a aplicação
Correlatos (fls. 114), que possui Referência Salarial Limite (RS) de das normas processuais da Consolidação da Leis do Trabalho,
NB09 a NB31 (fls. 95), sendo que a estrutura salarial do cargo de alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017:
última faixa salarial (fl. 114). Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários
Além disso, especificamente, no que diz respeito às Progressões advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da
Salariais por Antiguidade e Merecimento, o PCCS 1995, em seu CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de
item 8.2.10.7, (fls. 106), destaca o seguinte: novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas
"8.2.10.7 - Na hipótese do empregado atingir a última referência anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº
salarial da faixa salarial do seu cargo ou carreira, o mesmo não 5.584/1970 e das Súmulas nos 219 e 329 do TST.
poderá ser contemplado com a Progressão por Antigüidade ou Nesse sentido, a CLT dispõe, com a nova redação do art. 791-A,
Assim, restando demonstrado que o reclamante já se encontra em Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
nível salarial superior ao do seu cargo e grupo ocupacional (NM-39), devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
não há que se cogitar das progressões funcionais perseguidas. (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
Ressalte-se, por fim, o entendimento deste relator no sentido de que valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
as promoções concedidas através de acordos coletivos tem a obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
de semelhante fato gerador, melhor dizendo, possuem a mesma § 2° Ao fixar os honorários, o juízo observará:
motivação - o tempo de exercício no cargo - ainda que haja I - o grau de zelo do profissional;
A respeito da matéria, colaciono o seguinte precedente do Tribunal IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
RECURSO DE REVISTA. 1.PROGRESSÃO HORIZONTAL POR § 3° Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
ANTIGUIDADE. PCCS. COMPENSAÇÃO. PROGRESSÕES POR de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha Inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência despesa", que ora se reconhece. Incidente parcialmente acolhido.
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente (DEJT: Data de publicação: 21.11.2019)
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que Assim, nos termos do art. 791-A, § 4º, da CLT, "Vencido o
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que beneficiário da justiça gratuita, [...], as obrigações decorrentes de
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade",
prazo, tais obrigações do beneficiário. isto é, a execução da referida verba somente poderá ser
Do exposto, considerando os parâmetros do artigo 791-A da CLT, a processada se, no biênio subsequente ao trânsito em julgado da
improcedência total dos pedidos e a necessidade de fixação de decisão, o credor demonstrar que efetivamente deixou de existir a
honorários, considero adequada a fixação dos honorários condição de insuficiência de recursos ou, ainda, que houve
advocatícios nos exatos termos fixados na origem. mudança no status de miserabilidade do trabalhador vencido. Caso
Importa-nos esclarecer, todavia, que no julgamento proferido no dia contrário, resta indevido o prosseguimento da execução.
8.11.2019, nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº Desse modo, a exigibilidade dos honorários advocatícios a cargo do
0080026-04.2019.5.07.0000, o Pleno deste Tribunal decidiu rejeitar reclamante ficará suspensa, na forma do art. 791-A, § 4º, da CLT.
a declaração de inconstitucionalidade do §3º do art. 791-A da CLT e Sentença parcialmente reformada, no tópico.
expressão contida no §4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada CONCLUSÃO DO VOTO
ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido.
no bojo do §3º do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº unanimidade, conhecer do recurso ordinário; rejeitar a prescrição
13.467/2017, não ofende a Constituição Federal de 1988, total arguida em contrarrazões e, no mérito, dar-lhe parcial
adequando-se, inclusive, ao Código de Processo Civil, quando provimento para conceder os benefícios da justiça gratuita ao autor
venda a compensação de honorários, consoante seu art. 85, §14. A e determinar a suspensão da exigibilidade dos honorários
Súmula nº 306 do STJ, que compreendia pela compensação de advocatícios devidos pelo reclamante, nos termos do art. 791-A, §
honorários sucumbenciais, encontra sua aplicabilidade restrita à 4º, da CLT. Participaram do julgamento os
vigência do CPC de 1973. Inconstitucionalidade rejeitada. Desembargadores,Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFÍCIO Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente,
DA JUSTIÇA GRATUITA. OBTENÇÃO DE CRÉDITO CAPAZ DE ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente
SUPORTAR A DESPESA. §4º DO ART. 791-A DA CLT. REDAÇÃO Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
CONFERIDA PELA LEI 13.467/2017. ACESSO À JUSTIÇA. Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
pela Lei n. 13.467/2017, permissiva de utilização dos créditos DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
arts. 1º, III (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade), CESAR DE ALMEIDA MARINHO
RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
(CLT).
PROCESSO nº 0000584-65.2020.5.07.0028 (RORSum)
ADMISSIBILIDADE
razão de tais fatos, foi dispensado sem justa causa. penalidades em homenagem aos princípios da proporcionalidade e
Requer a reversão da dispensa por justa causa em dispensa sem da razoabilidade, de modo a justificar a dispensa pela última falta
justa causa, com todos os direitos trabalhistas dela decorrentes, cometida, ou seja, devem, antes, ser coibidas com advertência,
alegando, em síntese, que a penalidade foi desproporcional à falta seguida de suspensão, quando reiteradas. Todavia, pode existir
praticada, na medida em que: cometeu o erro na primeira vez em conduta faltosa em um único ato, de gravidade tal que, fugindo à
que atuou após a mudança de protocolo implementada para regra geral, autoriza a aplicação da penalidade máxima ao
houve tempo para se adequar aos novos procedimentos; da sua No presente caso, a dispensa do autor por justa causa teve lastro
conduta não decorreu qualquer prejuízo para a ré; não houve em "ato de indisciplina ou de insubordinação", (art. 482, alínea "h",
gradação de penalidades; tem histórico funcional positivo. da CLT), consistente em deixar de cumprir procedimento
Em oposição, a reclamada alega que, de forma deliberada e operacional padrão da reclamada para serviço relativo a causa
irresponsável, o autor deixou de cumprir o procedimento morte por Covid-19 ou suspeita de Covid-19.
operacional padrão para serviço com causa morte de Covid-19 ou Importante destacar que não há dúvida de que o demandante
suspeita de Covid-19, ou seja, "[...]cobrir a boca e nariz da falecida praticou a conduta a ele imputada, uma vez que o fato foi admitido
com gazes ou algodão embebido em álcool líquido e colocar o na inicial, bem como em depoimento pessoal. Veja-se, a propósito,
corpo dentro do saco de remoção, a fim de preservar a saúde do o teor do depoimento do autor:
próprio trabalhador, de seus colegas e da comunidade em geral "Que a justa causa do reclamante ocorreu em razão do novo
[...]". Argumenta que "[...] não foi a primeira vez em que o procedimento adotado pela reclamada por causa da Covid-19; que
Reclamante incorreu em ato indisciplinar, pois em março de 2017 foi ocorreu a reunião presencial da empresa na qual foi indicado o novo
aplicada uma advertência ao Reclamante por descumprimento de procedimento para preparação de sepultamentos em falecidos por
uma orientação emanada da empresa e novamente em janeiro suspeita de Covid-19 no qual teria que usar álcool 70º, algodões na
desse ano foi aplicada em desfavor do obreiro sanção disciplinar saída de ar do corpo, o saco para envoltá-lo e colocá-lo na urna
por reincidência em ato indisciplinar por mais uma vez descumprir funerária; que em decorrência do hábito de nunca usar tal
uma orientação advinda da empresa (cópias das sanções procedimento e, no seu 1º caso de recolhimento de corpo, o
disciplinares em anexo) [...]". Acrescenta que o reclamante foi reclamante acabou esquecendo o álcool 70º e o algodão, mas não
desligado por justa causa, face a seu ato indisciplinar. o saco para envoltar o corpo; que o procedimento padrão para
Nos termos da sentença de fls. 204-211, o MM. Juiz Titular da 2ª falecimentos por suspeita de Covid-19 era colocar o corpo dentro do
VARA DO TRABALHO DA REGIÃO DO CARIRI, FABRICIO saco, colocar fita adesiva lacrando tampa e urna e levar para o
AUGUSTO BEZERRA E SILVA, reconheceu válida a dispensa por sepultamento em somente participavam os familiares de 1º grau;
justa causa aplicada pela ré e julgou improcedentes os pedidos que caso o falecido não estivesse dentro do referido caso, o padrão
formulados na inicial. era que o agente funerário usasse o algodão embebido em álcool
Irresignado, o autor interpôs o recurso ordinário de fls. 220-225. 70º e o colocasse nas narinas e na boca; que foi entregue ao
Analisa-se. agente álcool insuficiente para o uso no corpo que seria trasladado"
rescisão contratual mais gravosa para o obreiro, razão pela qual a A testemunha apresentada pela reclamada também confirma a tese
sua legitimidade depende de prova robusta e inconteste dos fatos patronal e dá detalhes acerca do comportamento do autor frente
que lhe deram causa, incumbindo ao empregador, a teor do art. aos procedimentos adotados pela empresa:
818, II, da Consolidação das Leis do Trabalho, c/c o art.373, inciso "que não se recorda a data exata da reunião, mas confirma que
II, do Código de Processo Civil, o ônus de comprovar a ocorrência foram treinados para tanto; que o reclamante, no recolhimento do
de motivo suficientemente grave a justificá-la. corpo falecido, não utilizou os EPIs; que o reclamante não usou a
Conforme a doutrina e a jurisprudência dominantes, a falta apta a mortalha nem o algodão (...) que inclusive as vestimentas do
legitimar o rompimento do contrato de trabalho por justa causa deve falecido foram colocadas juntamente com o algodão dentro da urna
conter dois elementos indispensáveis, a saber: a gravidade e a e tal ato foi presenciado pelo depoente; que o reclamante usou a
atualidade. escusa de estar apressado para não seguir o novo protocolo padrão
É certo, ainda, que, via de regra, as faltas que rendem ensejo à para Covid-19 (...) que o reclamante levou o álcool 70º e o algodão
justa causa devem ser reprimidas observando-se a gradação de para o procedimento, porém o mesmo não os utilizou (...) que no dia
do episódio o depoente se recorda que foram pegos todos os EPIs, da CLT, tendo em vista que as verbas rescisórias não foram pagas
inclusive álcool 70 e algodão para preparação do corpo" (fls. 206) no prazo legal por culpa do autor. Alega que "[...] tendo em vista o
Incontestável, de igual modo, que a conduta do autor configura falta não comparecimento do Reclamante para o recebimento de suas
grave, consistente em ato de indisciplina ou insubordinação, pois verbas rescisórias, afim de evitar a incidência da multa do Art. 477
desobedeceu às normas operacionais da empresa, relativas a da CLT, a empresa Reclamada providenciou no dia 05/06/2020, o
sepultamento de corpos cujo falecimento tenha decorrido de Covid- depósito no valor de R$ 3.295,10 na conta da Caixa Econômica
19 ou suspeita de Covid-19, o que é motivo suficiente para quebrar Federal em favor do Autor conforme demonstra o comprovante de
a fidúcia necessária à manutenção da relação de emprego. Vale depósito anexo, contudo, no dia posterior ao depósito ao examinar
ressaltar, por oportuno, que as regras descumpridas pelo recorrente seu extrato bancário a Reclamada visualizou que o depósito havia
foram repassadas aos empregados, sendo certo, inclusive, que o sido estornado pelo banco sob o "MOTIVO 61 [...]".
obreiro confessou que participou de reunião presencial sobre o O magistrado sentenciante indeferiu a multa do art. 477 da CLT, sob
assunto (fls. 191) e que há nos autos documento que demonstra o fundamento de que a penalidade é incompatível com a dispensa
que os trabalhadores foram informados acerca dos procedimentos por justa causa.
em tela, também, através de vídeo explicativo em grupo do O reclamante requer a reforma da sentença, alegando que a
whatsapp (fls. 87). referida multa não é incompatível com a justa causa, pois o §6º não
Note-se, além disso, que, embora o recorrente tente desqualificar a faz distinção quanto ao modo de rescisão, referindo-se tão somente
dispensa por justa causa que lhe foi imposta, sob a alegação de que "o pagamento dos valores constante do instrumento de rescisão".
a penalidade foi aplicada de forma desproporcional e desarrazoada, Afirma, ademais, que a ré "[...] poderia se utilizar de outros meios
o contexto fático-probatório dos autos não permite semelhante para efetuar a quitação dentro do prazo, tal como a consignação em
De fato, como transcrito acima, a testemunha apresentada pela inerte até a apresentação da defesa deste processo, realizando o
reclamada deixou claro que o autor, na ocasião em que deixou de depósito somente no dia 28/07/2020, resultando em prejuízo
seguir o protocolo da reclamada, tinha todo o material necessário à alimentar para o autor, que foi demitido inesperadamente, não
sua disposição, deixando de utilizá-lo sem qualquer justificativa, recebeu seguro desemprego, FGTS e sequer as verbas rescisórias,
mas por mera negligência. razão pela qual a multa do art. 477 deve ser aplicada [...]".
empregado lidava com o manejo de corpo com suspeita de Covid- De fato, a reclamada deixou de pagar as verbas rescisórias
19, ou de que não teve tempo para se adequar aos novos constantes do TRCT de fls. 174-175 dentro do prazo legal, uma vez
procedimentos, não justifica o descumprimento do protocolo. que a dispensa ocorreu em 27/05/2020 e as parcelas rescisórias
Na verdade, a omissão do reclamante em seguir o regramento foram depositadas em juízo apenas em 28/07/2020 (fls. 153-154).
determinado pela empresa constitui um ato de extrema gravidade, Por outro lado, segundo a Súmula 462 do C. TST, a multa do art.
tendo em vista que colocou em risco não só a sua própria saúde, 477 não será devida apenas quando, comprovadamente, o
mas a dos seus colegas de trabalho, a dos familiares do falecido, empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias,
bem como a de toda a comunidade, e, ainda, a credibilidade da o que não restou comprovado na hipótese sob análise.
empresa, ante o descumprimento dos protocolos governamentais Saliente-se, outrossim, que, não tendo êxito o depósito na conta
de saúde pública. Nesse cenário, o histórico disciplinar positivo do corrente do autor, a demandada, para se eximir do pagamento da
empregado não é suficiente para evitar a dispensa por justa causa. multa em referência, deveria ter lançado mão de outros meios a fim
Demais disso, ante a gravidade do ato praticado, não há que se de garantir a quitação tempestiva das verbas rescisórias, como, por
falar que a reclamada não observou a gradação das penalidades, exemplo, o ajuizamento de ação de consignação em pagamento.
que somente é exigida quando a falta cometida pelo empregado é Como não o fez, tem-se por devida a penalidade.
leve e, portanto, não suficiente, isoladamente, para acarretar a Em consequência, o apelo merece parcial provimento para
quebra de fidúcia, o que, todavia, não é o caso dos autos. condenar a reclamada ao pagamento da multa do art. 477 da CLT.
DA MULTA DO ART. 477. trabalhistas ajuizadas após 11/11/2017 (caso dos autos), os
A reclamada alega, na contestação, ser indevida a multa do art. 477 honorários advocatícios passaram a ser devidos pela mera
sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT. advocatícios, em favor do advogado da reclamada, que deverá
É esse o entendimento do TST, consolidado na redação do art. 6º, incidir sobre as parcelas em relação as quais o reclamante
da Instrução Normativa nº 41/2018, que dispõe sobre a aplicação sucumbiu, observando os respectivos valores descritos na peça de
das normas processuais da Consolidação da Leis do Trabalho, ingresso, sob condição suspensiva de exigibilidade.
alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017: Considera-se, para fins de suspensão da execução, a norma
Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de despesa", decorrente do julgamento, pelo Pleno deste Egrégio TRT
novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas da 7a. Região, do processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000, na
anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019.
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
§ 2° Ao fixar os honorários, o juízo observará: do art. 477 da CLT. Honorários advocatícios a cargo da parte
I - o grau de zelo do profissional; reclamada à razão de 10% sobre o valor da condenação, em prol do
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o reclamada, que deverá incidir sobre as parcelas em relação as
§ 3° Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários descritos na peça de ingresso, sob condição suspensiva de
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os exigibilidade. Correção monetária e juros de mora a ser apurados
§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha estabelecidas pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de ADI's nºs 5867 e 6021, de 18.12.2020, com acórdão publicado em
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência 7.4.2021. Arbitra-se à condenação o valor de R$ 2.000,00, com
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente custas de R$ 40,00, pela reclamada. Participaram do julgamento os
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito Desembargadores Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente,
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
prazo, tais obrigações do beneficiário. Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
necessidade de fixação de honorários, a parte reclamada deverá DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
Servidor de Secretaria prevista no art. 791-A, § 3º, da CLT, bem como a determinação para
RELATÓRIO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Dispensada a elaboração de relatório, à luz do disposto no art. 895,
ADMISSIBILIDADE
EMENTA Atendidos os requisitos de admissibilidade, como atestam a certidão
ser alertado do risco de manusear o corpo sem o algodão e álcool É certo, ainda, que, via de regra, as faltas que rendem ensejo à
70, não realizou a troca da vestimenta da falecida. Refere que, em justa causa devem ser reprimidas observando-se a gradação de
razão de tais fatos, foi dispensado sem justa causa. penalidades em homenagem aos princípios da proporcionalidade e
Requer a reversão da dispensa por justa causa em dispensa sem da razoabilidade, de modo a justificar a dispensa pela última falta
justa causa, com todos os direitos trabalhistas dela decorrentes, cometida, ou seja, devem, antes, ser coibidas com advertência,
alegando, em síntese, que a penalidade foi desproporcional à falta seguida de suspensão, quando reiteradas. Todavia, pode existir
praticada, na medida em que: cometeu o erro na primeira vez em conduta faltosa em um único ato, de gravidade tal que, fugindo à
que atuou após a mudança de protocolo implementada para regra geral, autoriza a aplicação da penalidade máxima ao
houve tempo para se adequar aos novos procedimentos; da sua No presente caso, a dispensa do autor por justa causa teve lastro
conduta não decorreu qualquer prejuízo para a ré; não houve em "ato de indisciplina ou de insubordinação", (art. 482, alínea "h",
gradação de penalidades; tem histórico funcional positivo. da CLT), consistente em deixar de cumprir procedimento
Em oposição, a reclamada alega que, de forma deliberada e operacional padrão da reclamada para serviço relativo a causa
irresponsável, o autor deixou de cumprir o procedimento morte por Covid-19 ou suspeita de Covid-19.
operacional padrão para serviço com causa morte de Covid-19 ou Importante destacar que não há dúvida de que o demandante
suspeita de Covid-19, ou seja, "[...]cobrir a boca e nariz da falecida praticou a conduta a ele imputada, uma vez que o fato foi admitido
com gazes ou algodão embebido em álcool líquido e colocar o na inicial, bem como em depoimento pessoal. Veja-se, a propósito,
corpo dentro do saco de remoção, a fim de preservar a saúde do o teor do depoimento do autor:
próprio trabalhador, de seus colegas e da comunidade em geral "Que a justa causa do reclamante ocorreu em razão do novo
[...]". Argumenta que "[...] não foi a primeira vez em que o procedimento adotado pela reclamada por causa da Covid-19; que
Reclamante incorreu em ato indisciplinar, pois em março de 2017 foi ocorreu a reunião presencial da empresa na qual foi indicado o novo
aplicada uma advertência ao Reclamante por descumprimento de procedimento para preparação de sepultamentos em falecidos por
uma orientação emanada da empresa e novamente em janeiro suspeita de Covid-19 no qual teria que usar álcool 70º, algodões na
desse ano foi aplicada em desfavor do obreiro sanção disciplinar saída de ar do corpo, o saco para envoltá-lo e colocá-lo na urna
por reincidência em ato indisciplinar por mais uma vez descumprir funerária; que em decorrência do hábito de nunca usar tal
uma orientação advinda da empresa (cópias das sanções procedimento e, no seu 1º caso de recolhimento de corpo, o
disciplinares em anexo) [...]". Acrescenta que o reclamante foi reclamante acabou esquecendo o álcool 70º e o algodão, mas não
desligado por justa causa, face a seu ato indisciplinar. o saco para envoltar o corpo; que o procedimento padrão para
Nos termos da sentença de fls. 204-211, o MM. Juiz Titular da 2ª falecimentos por suspeita de Covid-19 era colocar o corpo dentro do
VARA DO TRABALHO DA REGIÃO DO CARIRI, FABRICIO saco, colocar fita adesiva lacrando tampa e urna e levar para o
AUGUSTO BEZERRA E SILVA, reconheceu válida a dispensa por sepultamento em somente participavam os familiares de 1º grau;
justa causa aplicada pela ré e julgou improcedentes os pedidos que caso o falecido não estivesse dentro do referido caso, o padrão
formulados na inicial. era que o agente funerário usasse o algodão embebido em álcool
Irresignado, o autor interpôs o recurso ordinário de fls. 220-225. 70º e o colocasse nas narinas e na boca; que foi entregue ao
Analisa-se. agente álcool insuficiente para o uso no corpo que seria trasladado"
rescisão contratual mais gravosa para o obreiro, razão pela qual a A testemunha apresentada pela reclamada também confirma a tese
sua legitimidade depende de prova robusta e inconteste dos fatos patronal e dá detalhes acerca do comportamento do autor frente
que lhe deram causa, incumbindo ao empregador, a teor do art. aos procedimentos adotados pela empresa:
818, II, da Consolidação das Leis do Trabalho, c/c o art.373, inciso "que não se recorda a data exata da reunião, mas confirma que
II, do Código de Processo Civil, o ônus de comprovar a ocorrência foram treinados para tanto; que o reclamante, no recolhimento do
de motivo suficientemente grave a justificá-la. corpo falecido, não utilizou os EPIs; que o reclamante não usou a
Conforme a doutrina e a jurisprudência dominantes, a falta apta a mortalha nem o algodão (...) que inclusive as vestimentas do
legitimar o rompimento do contrato de trabalho por justa causa deve falecido foram colocadas juntamente com o algodão dentro da urna
conter dois elementos indispensáveis, a saber: a gravidade e a e tal ato foi presenciado pelo depoente; que o reclamante usou a
atualidade. escusa de estar apressado para não seguir o novo protocolo padrão
para Covid-19 (...) que o reclamante levou o álcool 70º e o algodão DA MULTA DO ART. 477.
para o procedimento, porém o mesmo não os utilizou (...) que no dia A reclamada alega, na contestação, ser indevida a multa do art. 477
do episódio o depoente se recorda que foram pegos todos os EPIs, da CLT, tendo em vista que as verbas rescisórias não foram pagas
inclusive álcool 70 e algodão para preparação do corpo" (fls. 206) no prazo legal por culpa do autor. Alega que "[...] tendo em vista o
Incontestável, de igual modo, que a conduta do autor configura falta não comparecimento do Reclamante para o recebimento de suas
grave, consistente em ato de indisciplina ou insubordinação, pois verbas rescisórias, afim de evitar a incidência da multa do Art. 477
desobedeceu às normas operacionais da empresa, relativas a da CLT, a empresa Reclamada providenciou no dia 05/06/2020, o
sepultamento de corpos cujo falecimento tenha decorrido de Covid- depósito no valor de R$ 3.295,10 na conta da Caixa Econômica
19 ou suspeita de Covid-19, o que é motivo suficiente para quebrar Federal em favor do Autor conforme demonstra o comprovante de
a fidúcia necessária à manutenção da relação de emprego. Vale depósito anexo, contudo, no dia posterior ao depósito ao examinar
ressaltar, por oportuno, que as regras descumpridas pelo recorrente seu extrato bancário a Reclamada visualizou que o depósito havia
foram repassadas aos empregados, sendo certo, inclusive, que o sido estornado pelo banco sob o "MOTIVO 61 [...]".
obreiro confessou que participou de reunião presencial sobre o O magistrado sentenciante indeferiu a multa do art. 477 da CLT, sob
assunto (fls. 191) e que há nos autos documento que demonstra o fundamento de que a penalidade é incompatível com a dispensa
que os trabalhadores foram informados acerca dos procedimentos por justa causa.
em tela, também, através de vídeo explicativo em grupo do O reclamante requer a reforma da sentença, alegando que a
whatsapp (fls. 87). referida multa não é incompatível com a justa causa, pois o §6º não
Note-se, além disso, que, embora o recorrente tente desqualificar a faz distinção quanto ao modo de rescisão, referindo-se tão somente
dispensa por justa causa que lhe foi imposta, sob a alegação de que "o pagamento dos valores constante do instrumento de rescisão".
a penalidade foi aplicada de forma desproporcional e desarrazoada, Afirma, ademais, que a ré "[...] poderia se utilizar de outros meios
o contexto fático-probatório dos autos não permite semelhante para efetuar a quitação dentro do prazo, tal como a consignação em
De fato, como transcrito acima, a testemunha apresentada pela inerte até a apresentação da defesa deste processo, realizando o
reclamada deixou claro que o autor, na ocasião em que deixou de depósito somente no dia 28/07/2020, resultando em prejuízo
seguir o protocolo da reclamada, tinha todo o material necessário à alimentar para o autor, que foi demitido inesperadamente, não
sua disposição, deixando de utilizá-lo sem qualquer justificativa, recebeu seguro desemprego, FGTS e sequer as verbas rescisórias,
mas por mera negligência. razão pela qual a multa do art. 477 deve ser aplicada [...]".
empregado lidava com o manejo de corpo com suspeita de Covid- De fato, a reclamada deixou de pagar as verbas rescisórias
19, ou de que não teve tempo para se adequar aos novos constantes do TRCT de fls. 174-175 dentro do prazo legal, uma vez
procedimentos, não justifica o descumprimento do protocolo. que a dispensa ocorreu em 27/05/2020 e as parcelas rescisórias
Na verdade, a omissão do reclamante em seguir o regramento foram depositadas em juízo apenas em 28/07/2020 (fls. 153-154).
determinado pela empresa constitui um ato de extrema gravidade, Por outro lado, segundo a Súmula 462 do C. TST, a multa do art.
tendo em vista que colocou em risco não só a sua própria saúde, 477 não será devida apenas quando, comprovadamente, o
mas a dos seus colegas de trabalho, a dos familiares do falecido, empregado der causa à mora no pagamento das verbas rescisórias,
bem como a de toda a comunidade, e, ainda, a credibilidade da o que não restou comprovado na hipótese sob análise.
empresa, ante o descumprimento dos protocolos governamentais Saliente-se, outrossim, que, não tendo êxito o depósito na conta
de saúde pública. Nesse cenário, o histórico disciplinar positivo do corrente do autor, a demandada, para se eximir do pagamento da
empregado não é suficiente para evitar a dispensa por justa causa. multa em referência, deveria ter lançado mão de outros meios a fim
Demais disso, ante a gravidade do ato praticado, não há que se de garantir a quitação tempestiva das verbas rescisórias, como, por
falar que a reclamada não observou a gradação das penalidades, exemplo, o ajuizamento de ação de consignação em pagamento.
que somente é exigida quando a falta cometida pelo empregado é Como não o fez, tem-se por devida a penalidade.
leve e, portanto, não suficiente, isoladamente, para acarretar a Em consequência, o apelo merece parcial provimento para
quebra de fidúcia, o que, todavia, não é o caso dos autos. condenar a reclamada ao pagamento da multa do art. 477 da CLT.
trabalhistas ajuizadas após 11/11/2017 (caso dos autos), os condenação, em prol do advogado do reclamante.
honorários advocatícios passaram a ser devidos pela mera Mantida a condenação do autor ao pagamento de honorários
sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT. advocatícios, em favor do advogado da reclamada, que deverá
É esse o entendimento do TST, consolidado na redação do art. 6º, incidir sobre as parcelas em relação as quais o reclamante
da Instrução Normativa nº 41/2018, que dispõe sobre a aplicação sucumbiu, observando os respectivos valores descritos na peça de
das normas processuais da Consolidação da Leis do Trabalho, ingresso, sob condição suspensiva de exigibilidade.
alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017: Considera-se, para fins de suspensão da execução, a norma
Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de despesa", decorrente do julgamento, pelo Pleno deste Egrégio TRT
novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas da 7a. Região, do processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000, na
anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019.
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
§ 2° Ao fixar os honorários, o juízo observará: do art. 477 da CLT. Honorários advocatícios a cargo da parte
I - o grau de zelo do profissional; reclamada à razão de 10% sobre o valor da condenação, em prol do
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o reclamada, que deverá incidir sobre as parcelas em relação as
§ 3° Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários descritos na peça de ingresso, sob condição suspensiva de
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os exigibilidade. Correção monetária e juros de mora a ser apurados
§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha estabelecidas pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de ADI's nºs 5867 e 6021, de 18.12.2020, com acórdão publicado em
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência 7.4.2021. Arbitra-se à condenação o valor de R$ 2.000,00, com
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente custas de R$ 40,00, pela reclamada. Participaram do julgamento os
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito Desembargadores Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente,
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
prazo, tais obrigações do beneficiário. Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
necessidade de fixação de honorários, a parte reclamada deverá DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
CESAR DE ALMEIDA MARINHO reclamante, conforme provado nos autos, em razão mesmo da
que ela incide como juros moratórios dos tributos federais; que "A
DIFERENÇAS SALARIAIS. PARCELA REMUNERATÓRIA PAGA
incidência de juros moratórios com base na variação da taxa SELIC
"POR FORA". PROVA ROBUSTA. DEFERIMENTO DAS
não pode ser cumulada com a aplicação de outros índices de
DIFERENÇAS RELATIVAS ÀS VERBAS RESCISÓRIAS. Provado,
atualização monetária, cumulação que representaria bis in idem",
cabalmente, que as reclamadas pagavam à reclamante valor
estabelecendo, ademais, regras de modulação. Assim, em razão do
superior ao anotado na CTPS e no Termo da Rescisão Contratual
caráter superveniente da decisão do STF, resta superada, na
(TRCT), consideram-se devidas as diferenças relativas às verbas
hipótese deste apelo, qualquer discussão, antiga ou atual, acerca
rescisórias que, calculadas com base no salário registrado, foram
da matéria, devendo o Juízo de origem adotar, para fins de
pagas em montante inferior ao que era efetivamente devido.
apuração da correção monetária e de juros de mora dos créditos
Recurso provido neste ponto.
trabalhistas, as regras de modulação estabelecidas pela Corte
inconstitucionalidade de nºs 5867 e 6021. Sentença recorrida referentes a todo o período trabalho."
reformada, no aspecto, para se determinar, de ofício, que a Aduz a recorrente que as reclamadas não provaram que o valor de
correção monetária e os juros de mora sejam apurados pelo R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais) corresponda ao
Juízo de origem, nos termos das regras de modulação pagamento de horas extras e, bem por isso, requer a integração
estabelecidas pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e desse valor de R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), "pagos
ADI's nºs 5867 e 6021, de 18.12.2020, com acórdão publicado por fora" (pág. 151), à sua remuneração, impugnando, enfim, sua
mora sejam apurados pelo Juízo de origem, nos termos das Inexigível a intervenção do Ministério Público do Trabalho.
ADMISSIBILIDADE
JUSTIÇA GRATUITA
A MM. Juíza Substituta em exercício na 15ª Vara do Trabalho de Insurge-se a reclamante contra sua condenação ao pagamento de
Fortaleza. Dra. Naira Pinheiro Rabelo de Alencar, nos termos da multa por litigância de má-fé e, igualmente, contra o indeferimento
sentença de págs. 130/137, tendo exposto as razões que formaram dos benefícios da justiça gratuita, arguindo que, em momento
sua livre convicção, houve por bem julgar improcedentes os pedidos algum, incorreu nas condutas referidas na decisão impugnada.
ademais, ao pagamento de honorários advocatícios, em 5% (cinco Esclarece a obreira que "[...] por não existir litigância de má fé,
por cento) sobre o valor atualizado da causa, e de multa por requer o deferimento da gratuidade da justiça à recorrente, pelo fato
litigância de má-fé, observado o percentual "de 1% (um por cento), da mesma não possuir condições econômicas para suportar as
calculada sobre o valor corrigido da causa." despesas processuais, por ser medida de direito e justiça." (pág.
33f9cca (págs. 147/153), via do qual pede a reforma da sentença Antes de tecer considerações em torno do pedido, necessário
acima referida, alegando, em resumo, que "A realidade dos fatos é ressaltar que a parte adversa, conquanto tenha apresentado
que a recorrente tinha real jornada de trabalho no total de 140 horas contrarrazões ao recurso, não impugnou o pedido em relevo,
extras mensais, 2.660 horas extras laboradas e não devidamente presumindo-se que nada tem a opor.
pagas!" (pág. 150) Posto isso, cabe ressaltar que a reclamante, ao que se colhe dos
Acrescenta a recorrente que a Lei Complementar nº150/2015 impõe autos, se limitou a postular em Juízo aquilo que, segundo seu
ao empregador doméstico a obrigação de controlar o ponto dos entendimento, lhe é devido pelas reclamadas, não sendo razoável
respectivos empregados e que, no caso concreto, ressaltando que concluir que eventual exagero na formulação do pedido implique,
as "recorridas juntaram nos autos alguns documentos, porém, não necessariamente, litigância de má-fé ou improbidade processual, eis
juntou nenhum controle de ponto ou alguma prova que que, fosse assim, ocorreria o vício em realce na maior parte das
desconstituísse o direito autoral." ações trabalhistas, eis que se apresenta comum a formulação de
Afirma a recorrente que as reclamadas, em depoimento pessoal, pretensões improcedentes ou procedentes em parte.
informaram "(...) que não havia anotação de cartão de ponto, ante a Vale destacar que, no caso concreto, ressalvadas as divergências
confiança existente na relação entre elas", razão pela qual que se esperam das contestações, a reclamada apresentou defesa
considera que tem direito à remuneração das "140 horas extras limitada a questões de mérito, como se vê da peça de págs. 26/28,
mensais, totalizando 2.660 horas extras laboradas não pagas nada mencionando quanto à litigância de má-fé que, ao fim e ao
cabo, foi declarada de ofício, como se colhe da sentença recorrida, Não custa esclarecer que, nos termos do comprovante de pág. 40,
nada obstando que esta colenda Turma, tendo outra visão dos foi depositado na conta bancária da reclamante, em 01/11/2019, o
fatos, declare inexistente a conduta faltosa atribuída à apelante. valor de R$1.700,00 (mil e setecentos reais), cuidando-se que,
Ante o exposto, impõe-se, data venia, o afastamento da neste caso, se trata da remuneração correspondente ao mês de
improbidade processual atribuída à reclamante, restando certo que outubro daquele ano.
lhe assiste, por igual, ante a declaração de pobreza constante da Vale ressaltar, por outro turno, com base no TRCT (pág. 30), que o
inicial, o direito aos benefícios da justiça gratuita, aplicando-se, valor salarial adotado para fins rescisórios, chegou, de fato, aos
neste caso, em combinação, as normas previstas nos arts. 790, §§ R$1.065,00 (mil e sessenta e cinco reais), donde se concluir que as
3º e 4º, da CLT, e 98, caput, do CPC/2015. verbas rescisórias foram calculadas com base em salário menor
Deferem-se, pois, à reclamante os benefícios da justiça gratuita, que aquele efetivamente pago à obreira, sendo, portanto, devidas
conforme requerido, e, bem por isso, admite-se o vertente apelo as diferenças pleiteadas, que devem ser recalculadas com base no
ordinário sem a necessidade de comprovação do recolhimento das salário integral de R$1.700,00 (mil e setecentos reais).
custas processuais, objeto da condenação imposta em primeira Cumpre, ademais, esclarecer que as reclamadas, nada obstante a
Dito isso e comprovado o atendimento dos demais pressupostos de no valor de R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), que dizem
admissibilidade, conforme se colhe das certidões de págs. 154 e corresponder ao pagamento de horas extras, não sendo razoável
163, impõe-se o conhecimento do recurso ordinário e das aceitar como verdadeira a tese defensiva sem que haja, a seu
respectivas contrarrazões, destacando-se que, no caso, por se respeito, sequer um "começo" de prova.
tratar de lide que envolve interesses manifestamente privados, não Posto isso, acolhe-se, em parte, a pretensão recursal para condenar
se exige a intervenção do Ministério Público do Trabalho, as reclamadas ao pagamento das diferenças que sejam apuradas, a
destacando-se, nada obstante, que o Parquet, chamado à lide pelo título de verbas rescisórias, entre o valor de R$1.065,00 (mil e
Juízo de origem, ofertou a manifestação de págs. 97/98, justamente sessenta e cinco reais), que serviu de base para pagamento das
para dizer que sua intervenção se apresentava desnecessária. parcelas constantes do TRCT (pág. 30), e o valor mensal de
Conforme visto, considerou-se, nos fundamentos do decisum dias), de férias proporcionais (6/12), acrescidas de 1/3, bem como
recorrido, que a reclamante não tem direito à remuneração das de 13º salário proporcional (10/12) e de FGTS, inclusive da parcela
horas extras requeridas na exordial, eis que, em verdade, o valor de devida na rescisão.
R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), que recebeu no curso Consideram-se indevidas as multas estabelecidas nos arts. 467 e
do contrato de trabalho, conforme alegam as reclamadas, 477, §8º, da CLT, eis que não se configuraram, no caso concreto,
correspondia à contraprestação do trabalho extraordinário. as condições necessárias para suportar a condenação, seja porque
Calha ressaltar, desde logo, que a prova documental, consistente as verbas rescisórias, ainda que calculadas de forma incorreta,
em cópia da CTPS, acostada à pág. 15, deixa evidente que a foram pagas com observância do prazo legal, não sendo devida a
remuneração mensal devida à reclamante foi ajustada em penalidade em razão do reconhecimento judicial de eventuais
Nada obstante o exposto, resta provado, a partir dos recibos de DAS HORAS EXTRAS
pagamento de págs. 38 e 39, que a reclamante percebeu, nos Conforme se ressaltou precedentemente, as reclamadas não
meses de junho e setembro de 2019, salário no valor de R$1.700,00 trouxeram aos autos qualquer recibo ou comprovante do pagamento
(mil e setecentos reais), como alegado na exordial, destacando-se de horas extras, embora seja induvidoso que o trabalho
que, em 13 de julho de 2019, foi paga a metade do 13º salário, no extraordinário, em verdade, foi prestado, cuidando-se de fato
montante de R$850,00 (oitocentos e cinquenta reais), tudo a indicar incontroverso, eis que alegado na inicial e confirmado em
acrescido de R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), "por fora". Com efeito, é a própria reclamada, Diana Maria Borges, que fala por
si e representa a litisconsorte incapaz, Maria Diva Borges, que além disso, o valor de vale transporte para deslocamento; que
declara, de forma clara e objetiva, em depoimento pessoal (pág. trabalhava em escala de 48X48 horas; que era substituída pela Sra.
"Que a reclamante foi contratada pela própria depoente, para atuar horas da manhã dois dias depois; que a prestação de serviços era
como cuidadora; que combinou com a reclamante o trabalho na residência da Sra. Maria Diva; que dormia com a reclamada no
de 48 horas em residência para cuidar de sua mãe e 48 horas quarto, que era idosa, salientando que não havia medicação
de folga; que a reclamante realizava as refeições de café da durante a madrugada, mas a depoente acompanhava a reclamada
manhã, jantar e lanche da tarde em tempo livre; que eventualmente ao banheiro, caso fosse necessário; que costumava se recolher
acompanhava a reclamada na refeição do almoço; que de abril a às 22h e costumavam acordar por volta das 5h; que a depoente
novembro de 2018 a reclamante fez curso específico para coletar realizava as refeições de café da manhã, almoço e jantar; que
sangue e nesse período usufruía de período de folga maior que 48 realizava as refeições ao lado da reclamada; que acredita que
horas; que acertou salário de R$ 1.065,00 com a reclamante, sendo as refeições duravam cerca de 30 minutos."
que além deste valor pagava à reclamante o valor de R$ 635,00 a Importante lembrar que, nos termos do art. 2º, §7º, da Lei
título de horas extras; que não havia anotação de cartão de Complementar nº150/2015, "Os intervalos previstos nesta Lei, o
ponto, ante a confiança existente na relação entre elas; que tempo de repouso, as horas não trabalhadas, os feriados e os
pagava regularmente 13º salário e férias à autora." domingos livres em que o empregado que mora no local de trabalho
Claro está, portanto, que a reclamante, sendo contratada para nele permaneça não serão computados como horário de trabalho",
trabalhar em regime de 48 de serviço por 48 horas folga, restando inequívoco que se considere, para fins de condenação do
extrapolava a jornada normal de trabalho, assim considerada aquela empregador doméstico ao pagamento de horas extras, apenas o
prevista no art. 58, caput, da CLT, que, por sua vez, encontra tempo em que o empregado, efetivamente, se ocupa trabalhando.
amparo no art. 7º, XIII, da Constituição Federal de 1988, segundo o Posto isso, cabe reconhecer que a reclamante, além das oito horas
qual constitui direito dos trabalhadores, urbanos e rurais, a "duração normais de trabalho, ainda prestava sete horas e trinta minutos
do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e extras, considerando-se, para esse fim, a jornada de 24 horas por
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução dia, descontados o tempo relativo ao descanso noturno e os
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho." horários das refeições, fixados, respectivamente, em 7 horas por
Em que pese o exposto, não é possível o reconhecimento da dia, quanto ao repouso, e em 01 hora e meia, por dia, no que toca
prestação de horas extras no montante referido na exordial, eis que, ao tempo despendido nas refeições.
até por uma questão de lógica e de bom senso, não é razoável Dito isso, importa reconhecer que assiste à reclamante o direito à
admitir que pessoas comuns, aqui entendidas aquelas desprovidas remuneração de 112,5 horas extras por por mês, correspondente à
de dotes extraordinários ou superpoderes, trabalhem, de modo prestação laboral de 15 dias por mês, com 50% de acréscimo,
ininterrupto, durante 24 horas por dia e, o que é mais grave, o vezes o tempo de duração do contrato de trabalho, que vigeu de 19
façam, sem interrupção, durante 48 horas, como referido na petição de abril de 2018, a 01 de novembro 2019, que deverão ser
de introito, ainda que se trate de cuidadora de idosos que, por certo, apuradas, com a incidência de juros e correção monetária, tendo
mesmo no silêncio das madrugadas, deve se encontrar atenta. como base de cálculo a remuneração de R$ R$1.700,00 (mil e
reclamante que informa a fruição de descanso noturno, das 22h00 Considerando-se os termos da petição inicial e a concretização da
de um dia às 05h00, do dia seguinte, o que é razoável e coerente sucumbência parcial das reclamadas e tendo em vista, ademais, a
com as condições biológicas do ser humano normal, devendo, regra prevista no art. 791-A, §3º, da CLT, impõe-se sua condenação
ademais, ser excluídas do cômputo, os intervalos para refeição que, ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, no
neste caso, são apontados pela reclamante como momentos que percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor que for apurado a
duravam cerca de 30 minutos e que consistiam em café da manhã, título de condenação, eis que se trata de lide de média
Confira-se:
"Que trabalhou como cuidadora da primeira reclamada por um ano Lado outro, embora demonstrada a sucumbência parcial da
e seis meses, tendo se desligado em meados de outubro/novembro reclamante, mormente quanto ao reconhecimento de que não lhe
de 2019; que recebia R$ 1.700,00 de salário por mês; que recebia, assiste o direito às multas previstas nos arts. 467 e 477, §8º, da
CLT, não há que se falar em sua condenação ao pagamento de má-fé atribuída à reclamante; conceder-lhe os benefícios da justiça
honorários, visto que a parte adversa, seja na contestação, seja na gratuita e, quanto ao mérito, dar-lhe provimento parcial para
resposta ao recurso, se absteve de apresentar requerimento neste condenar as reclamadas a pagar à reclamante as diferenças de
Recorda-se que, no caso concreto, a correção monetária das proporcionais (6/12 avos), acrescidas de 1/3, 13º salário
verbas deferidas à reclamante deverá ser calculada com base no proporcional (10/12 avos) e FGTS, inclusive da parcela devida na
entendimento expresso pelo Supremo Tribunal Federal, no rescisão, que serão apuradas, em liquidação, entre o valor de
julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade 58 e 59, R$1.065,00 (mil e sessenta e cinco reais), que serviu de base para
de 18 de dezembro de 2020, observados os seguintes parâmetros: pagamento das parcelas constantes do TRCT (pág. 30), e o valor
"6. Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o reclamante, na condição de remuneração integral; condenar, ainda,
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como as reclamadas ao pagamento de112,5 (cento e doze e meia)
indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro horas extras por por mês, com 50% de acréscimo, observado o
de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E tempo de duração do contrato de trabalho, que vigeu de 19 de abril
mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como de 2018 a 01 de novembro 2019, que deverão ser apuradas, com a
indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além incidência de juros e correção monetária, tendo como base de
da indexação, serão aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei cálculo a remuneração de R$ R$1.700,00 (mil e setecentos reais);
7. Em relação à fase judicial, a atualização dos débitos judiciais advocatícios sucumbenciais, no percentual de 10% (dez por cento)
deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema Especial de sobre o valor que for apurado em liquidação e das custas
Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela incide como processuais, no percentual de 2% (dois por cento) sobre o valor de
juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95; 84 R$10.000,00 (dez mil reais), arbitrado para esse fim específico. São
da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da Lei 9.430/96; devidas as contribuições previdenciárias e o imposto de renda,
e 30 da Lei 10.522/02). A incidência de juros moratórios com base observada a legislação de regência, devendo ser destacadas,
na variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação quanto à contribuição previdenciária, as cotas do empregador e do
de outros índices de atualização monetária, cumulação que empregado. A correção monetária e os juros de mora devem ser
representaria bis in idem." apurados pelo Juízo de origem, nos termos das regras de
Condenam-se as reclamadas ao pagamento das custas processuais e 59 e ADI's nºs 5867 e 6021, de 18.12.2020, com acórdão
no percentual de 2% sobre o valor de R$10.000,00 (dez mil reais), publicado em 7.4.2021. Participaram do julgamento os
arbitrado para esse fim específico. Desembargadores Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José
Incidem sobre as verbas deferidas à reclamante, em virtude do Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente,
caráter salarial que lhes é próprio, contribuições previdenciárias e ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente
imposto de renda, observada a legislação de regência, devendo ser Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
destacadas, quanto à contribuição previdenciária, as cotas do Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
Relator
Servidor de Secretaria
Conforme parecer de fls. 524/538, o Ministério Público do Trabalho fato, apólice de seguro, nos termos dos seguintes documentos:
manifestou pelo conhecimento e desprovimento do recurso. Apólice de Seguro de pessoas da Sul América S/A (fls. 118) (ID
herdeiros do de cujus.
Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de de vida conforme a CCT clausula 21ª e nenhum dos herdeiros não
admissibilidade, como atesta a certidão de fl. 517, impõe-se o foram comunicados, diante da omissão do referido seguro de vida
A ação envolve morte do ex-empregado da empresa reclamada que Há alguns pontos primordiais a serem apontados na presente
veio a falecer no trajeto do trabalho/residência em um acidente de demanda, o qual identifiquei na análise conjunta da Inicial com a
trânsito, através da qual pleitearam os autores (companheira e filhos Contestação. Primeiramente, tem-se a necessidade de verificar a
menores comuns e exclusivos), a condenação da ré ao pagamento conduta, o nexo causal e o resultado. Depois, estabelecimento do
do seguro de vida, conforme previsto em CCT; danos morais pela ônus probatório e, por derradeiro, verificar os fatos que foram
omissão em informar ao espólio sobre o seguro de vida. provados através da única prova presente e possível, qual seja, a
A juíza sentenciante ao decidir a causa houve por bem julgar oral. Além disso, entendo que, em um primeiro momento, deve-se
parcialmente procedentes os pleitos exordiais, manifestando-se nos fazer uma breve análise do dano moral e suas consequências
"[...] Acerca do pedido de pagamento do seguro de vida previsto em O dano moral trabalhista é a infração da obrigação de não praticar
norma da CCT ato lesivo da honra e da boa fama, por ato das partes opostas da
Nesse ponto, esclareço a legitimidade da parte autora, através dos relação de trabalho subordinado em sua vigência ou, embora após
documentos de fls. 391 e dos seguintes documentos: Certidão de seu término, quando o ato lesivo fizer correspondência a fatos
Nascimento de Emmanuel Moraes(fls. 211)(ID cba54e8); ocorridos no tempo de seu vigor. O dano moral trabalhista para se
Documentos pessoais de Edvania Mara Matos de Morais(fls.212 e caracterizar deve demonstrar a configuração conjunta de um
213) (ID 72fef0d); Documentação do DETRAN (fls.214) (ID conduta, nexo causal e resultado. No caso em liça, estamos
7d60258); MPAS/INSS (fls. 225) (ID 0bbf224); Indeferimento tratando da espécie de dano moral em ricochete.
Juizado Especial(fls.227 a 232)(ID 191efa5); Conclusão da Devemos estabelecer, como regra jurídica máxima razoável, que só
Sentença de ação de consignação (Proc. 0001913- pode responder por algo quem praticou conduta geradora de um
55.2015.5.07.0039)(fls. 233 a 235) (ID fbaa0a0); CNIS/INSS (fls. prejuízo. Este caminho da conduta até o resultado deve se perfazer
236 a 237)(ID e408a9e); CNIS/INSS extrato previdenciário (fls. 238 de forma segura, razão pela qual, a existência de excludentes pode
MPAS/INSS(fls. 246 a 247)(ID c891314). Com base no disposto no art. 932 do Código Civil, é preciso
Registro que, efetivamente, os autores demonstraram que existe o preencher quatro requisitos para se perquirir acerca da existência
direito ao recebimento do seguro de vide e a existência de uma de dano, do qual relato: a) que o autor do dano seja
apólice de seguro. Nesse ponto, analisei as provas documentais a comprovadamente subordinado do empregador ou comitente
seguir: Sentença de ação de consignação (Proc. 0001913- (empregado, serviçal ou preposto); b) que o ato tenha sido
55.2015.5.07.0039 (fls.14 e 15)(Id. 8ae1fdb); CCT-CE SINTEPAV- praticado pelo subordinado no exercício da atribuição que lhe
CE 2015-2016)(fls 16 a 47)(Id 079d17c). foi conferida pelo empregador ou em razão dela; c) que esta
Verifica-se que deve a ré arcar com a obrigação de pagar e pedir pessoa subordinada tenha agido culposamente (dolo ou culpa);
Sendo assim, estando presentes os quatro requisitos acima dividiu em partes iguais a condenação da recorrida, uma vez que a
elencados e tendo sido o dano moral infligido contra empregado, recorrente é MEEIRA e HERDEIRA."
estará configurado o dano moral trabalhista. O ponto central do recurso relaciona-se à quota parte devida ao
A ausência de pagamento do seguro de vida foi ato abusivo e ilícito cônjuge ou convivente supérstite, em caso de concorrência híbrida,
do empregador que gerou enorme prejuízo para o nicho familiar em face do disposto no art. 1.829, inciso I, do Código Civil.
enlutado do de cujus, ocasião em que precisaria de maior suporte Conforme expôs o douto representante do Ministério Público, o STJ
financeiro, pela perda do pai de família. Sendo assim, houve sim manifestou-se, em recente decisão, para fixar o entendimento de
comportamento abusivo, que enseja reparação por danos morais. que o valor da condenação deve ser dividido em partes iguais. Veja-
próprio reclamado ajuizou ação de consignação em pagamento e, "RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. SUCESSÃO.
ainda, tinha ciência da assinatura e dos termos da negociação INVENTÁRIO. UNIÃO ESTÁVEL. CONCORRÊNCIA HÍBRIDA.
coletiva. Logo, arbitro o valor de indenização no total de dez mil FILHOS COMUNS E EXCLUSIVOS. ART. 1790, INCISOS I E II, DO
reais, considerando as condições sociais e econômicas dos CC/2002. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF.
Julgado favorável aos reclamantes na medida em que diante da ART. 1829, INCISO I, DO CC/2002. DOAÇÃO. AUSÊNCIA DE
entraram com um pedido de indenização por danos morais. [...]" RECONHECIMENTO DA VIOLAÇÃO DA METADE DISPONÍVEL.
Os embargos de declaração opostos por EDVANIA MARA MATOS SÚMULAS 282/STF E 7/STJ.
DE MORAES e EMMANUEL MORAES foram julgados procedentes 1. Controvérsia em torno da fixação do quinhão hereditário a que
para complementar no dispositivo sentencial o nome dos faz jus a companheira, quando concorre com um filho comum e,
beneficiários e a divisão da condenação, nos termos a seguir ainda, outros seis filhos exclusivos do autor da herança.
"[...] A parte embargante ambiciona correção de erro material. Roberto Barroso, quando do julgamento do RE 878.694/MG,
Analisando os pedidos formulados na petição recursal, tem razão o reconheceu a inconstitucionalidade do art. 1.790 do CCB tendo em
embargante para fins de complementar no dispositivo os nomes de vista a marcante e inconstitucional diferenciação entre os regimes
todos os autores: EDVANIA MARA MATOS DE MORAES, sucessórios do casamento e da união estável.
companheira, conforme documento de ID.:686a929 e filhos: EMILLY 3. Insubsistência da discussão do quanto disposto nos incisos I e II
VICTÓRIA MADEIRO LOPES - representada por ANA ANGÉLICA do art. 1.790, do CCB, acerca do quinhão da convivente - se o
MADEIRO 2.YEGOR MATAIUS MONTES LOPES - representado mesmo que o dos filhos (desimportando se comuns ou exclusivos
por SUZANA MONTE DA SILVA 3.EMMANUEL MORAES do falecido) -, pois declarado inconstitucional, reconhecendo-se a
representado por EDVANIA MARA MATOS DE MORAES. O valor incidência do art. 1.829 do CCB.
total da condenação deve ser dividido em partes iguais para cada 4. "Nos termos do art. 1.829, I, do Código Civil de 2002, o cônjuge
Acolho os argumentos apontados no ED. concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido somente
Os demais termos da sentença permanecem inalterados." (fls. quando este tiver deixado bens particulares. A referida concorrência
Inconformada com as decisões encimadas, interpôs a autora do acervo hereditário do de cujus." (Resp 1368123/SP, Rel. Ministro
EDVANIA MARA MATOS DE MORAES o recurso ordinário de fls. SIDNEI BENETI, Rel. p/ Acórdão Ministro RAUL ARAÚJO,
486/516 postulando a reforma da sentença quanto à divisão SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/04/2015, DJe 08/06/2015).
igualitária da condenação. Detalha e comenta posicionamentos 5. Necessária aplicação do direito à espécie, pois, reconhecida a
doutrinários e jurisprudenciais quanto às diversas interpretações incidência do art. 1.829, I, do CCB e em face da aplicação das
relacionadas a quais patrimônios deixados pelo "de cujus" o normas sucessórias relativas ao casamento, aplicável o art. 1.832
supérstite concorreria na partilha, consoante dispõe o art. 1829, do CCB, cuja análise deve ser, de pronto, realizada por esta Corte
inciso I, do Código Civil, aduzindo que "a recorrente é Superior, notadamente em face da quota mínima estabelecida ao
comprovadamente companheira do "de cujus" conforme documento final do referido dispositivo em favor do cônjuge (e agora
de ID.: 686a929, não deve prosperar a respeitosa sentença que companheiro), de 1/4 da herança, quando concorre com seus
6. A interpretação mais razoável do enunciado normativo do art. unanimidade, conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento.
1.832 do Código Civil é a de que a reserva de 1/4 da herança Participaram do julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro
restringe-se à hipótese em que o cônjuge ou companheiro Porto (Presidente), Maria José Girão e Durval César de
concorrem com os descendentes comuns. Enunciado 527 da Vasconcelos Maia (Relator). Presente, ainda, o Procurador do
Jornada de Direito Civil. Trabalho, Francisco José Parente Vasconcelos Júnior. Não
7. A interpretação restritiva dessa disposição legal assegura a participou do julgamento a Desembargadora Maria Roseli Mendes
igualdade entre os filhos, que dimana do Código Civil (art. 1.834 do Alencar (Férias). Fortaleza, 01 de setembro de 2021.
como o direito dos descendentes exclusivos não verem seu DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
genitor), cujo direito, aliás, não pode ser combalido com base em
PODER JUDICIÁRIO
interpretação extensiva de uma norma a restringir direitos de
JUSTIÇA DO
terceiros. Analisadas, pois, as várias teses e posicionamentos
doutrina brasileira há de ser endossada por esta Corte. [...]" PROCESSO nº 0000585-22.2017.5.07.0039 (ROT)
Diante do exposto, não merece reforma a sentença de primeiro grau RECORRENTE: EDVANIA MARA MATOS DE MORAES
que determinou a divisão em partes iguais para cada um dos RECORRIDO: DONGYANG CONSTRUCTION DO BRASIL
CONCLUSÃO DO VOTO
DISPOSITIVO
RECURSO ORDINÁRIO. DIREITO CIVIL. CONCORRÊNCIA
SUPÉRSTITE DO ART. 1.829, INCISO I C/C ART. 1.832, AMBOS total da condenação deve ser dividido em partes iguais para cada
primeiro grau para a divisão em partes iguais da condenação Os demais termos da sentença permanecem inalterados." (fls.
entendimento exarado pelo STJ segundo o qual "A interpretação Inconformada, interpôs a autora EDVANIA MARA MATOS DE
restritiva do enunciado normativo do art. 1.832 do CCB garante, a MORAES o recurso ordinário de fls. 486/516 postulando a reforma
um só tempo, além do respeito a mens legis, uma divisão que da sentença quanto à divisão igualitária da condenação. Detalha e
atende à igualdade entre os herdeiros e, ainda, preserva o interesse comenta posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais quanto às
dos filhos exclusivos sobre o patrimônio do ascendente falecido diversas interpretações relacionadas a quais patrimônios deixados
(que não será reduzido por força da reserva do ex-consorte do seu pelo "de cujus" o supérstite concorreria na partilha, consoante
genitor), cujo direito, aliás, não pode ser combalido com base em dispõe o art. 1829, inciso I, do Código Civil, aduzindo que "a
interpretação extensiva de uma norma a restringir direitos de recorrente é comprovadamente companheira do "de cujus"
terceiros. Analisadas, pois, as várias teses e posicionamentos conforme documento de ID.: 686a929, não deve prosperar a
doutrinários, concluo que a solução alvitrada pela maioria da respeitosa sentença que dividiu em partes iguais a condenação da
doutrina brasileira há de ser endossada por esta Corte". Sentença recorrida, uma vez que a recorrente é MEEIRA e HERDEIRA."
Recurso ordinário conhecido e improvido. albis" o prazo para apresentar as contrarrazões, conforme
RELATÓRIO
vida inadimplido, sem prejuízo de ressarcimento da ré perante a Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
Os embargos de declaração opostos por EDVANIA MARA MATOS conhecimento do recurso ordinário.
para complementar o dispositivo sentencial, relativamente ao nome A ação envolve morte do ex-empregado da empresa reclamada que
dos beneficiários e à divisão da condenação, nos termos a seguir veio a falecer no trajeto do trabalho/residência em um acidente de
"[...] A parte embargante ambiciona correção de erro material. menores comuns e exclusivos), a condenação da ré ao pagamento
Analisando os pedidos formulados na petição recursal, tem razão o do seguro de vida, conforme previsto em CCT; danos morais pela
embargante para fins de complementar no dispositivo os nomes de omissão em informar ao espólio sobre o seguro de vida.
todos os autores: EDVANIA MARA MATOS DE MORAES, A juíza sentenciante ao decidir a causa houve por bem julgar
companheira, conforme documento de ID.:686a929 e filhos: EMILLY parcialmente procedentes os pleitos exordiais, manifestando-se nos
VICTÓRIA MADEIRO LOPES - representada por ANA ANGÉLICA termos a seguir transcritos:
MADEIRO 2.YEGOR MATAIUS MONTES LOPES - representado "[...] Acerca do pedido de pagamento do seguro de vida previsto em
representado por EDVANIA MARA MATOS DE MORAES. O valor Nesse ponto, esclareço a legitimidade da parte autora, através dos
documentos de fls. 391 e dos seguintes documentos: Certidão de seu término, quando o ato lesivo fizer correspondência a fatos
Nascimento de Emmanuel Moraes(fls. 211)(ID cba54e8); ocorridos no tempo de seu vigor. O dano moral trabalhista para se
Documentos pessoais de Edvania Mara Matos de Morais(fls.212 e caracterizar deve demonstrar a configuração conjunta de um
213) (ID 72fef0d); Documentação do DETRAN (fls.214) (ID conduta, nexo causal e resultado. No caso em liça, estamos
7d60258); MPAS/INSS (fls. 225) (ID 0bbf224); Indeferimento tratando da espécie de dano moral em ricochete.
Juizado Especial(fls.227 a 232)(ID 191efa5); Conclusão da Devemos estabelecer, como regra jurídica máxima razoável, que só
Sentença de ação de consignação (Proc. 0001913- pode responder por algo quem praticou conduta geradora de um
55.2015.5.07.0039)(fls. 233 a 235) (ID fbaa0a0); CNIS/INSS (fls. prejuízo. Este caminho da conduta até o resultado deve se perfazer
236 a 237)(ID e408a9e); CNIS/INSS extrato previdenciário (fls. 238 de forma segura, razão pela qual, a existência de excludentes pode
MPAS/INSS(fls. 246 a 247)(ID c891314). Com base no disposto no art. 932 do Código Civil, é preciso
Registro que, efetivamente, os autores demonstraram que existe o preencher quatro requisitos para se perquirir acerca da existência
direito ao recebimento do seguro de vide e a existência de uma de dano, do qual relato: a) que o autor do dano seja
apólice de seguro. Nesse ponto, analisei as provas documentais a comprovadamente subordinado do empregador ou comitente
seguir: Sentença de ação de consignação (Proc. 0001913- (empregado, serviçal ou preposto); b) que o ato tenha sido
55.2015.5.07.0039 (fls.14 e 15)(Id. 8ae1fdb); CCT-CE SINTEPAV- praticado pelo subordinado no exercício da atribuição que lhe
CE 2015-2016)(fls 16 a 47)(Id 079d17c). foi conferida pelo empregador ou em razão dela; c) que esta
Verifica-se que deve a ré arcar com a obrigação de pagar e pedir pessoa subordinada tenha agido culposamente (dolo ou culpa);
fato, apólice de seguro, nos termos dos seguintes documentos: Sendo assim, estando presentes os quatro requisitos acima
Apólice de Seguro de pessoas da Sul América S/A (fls. 118) (ID elencados e tendo sido o dano moral infligido contra empregado,
515f6ae); Certificado de Seguro nº 0002004 (fls.119) (ID 768cc47). estará configurado o dano moral trabalhista.
Diante da inércia da ré, deve arcar com o valor do seguro de vida A ausência de pagamento do seguro de vida foi ato abusivo e ilícito
pelo prejuízo que causou aos dependente do de cujus e que tinha do empregador que gerou enorme prejuízo para o nicho familiar
obrigação contratual e convencional de cumprir. enlutado do de cujus, ocasião em que precisaria de maior suporte
Com base nisso, na época do falecimento a reclamada ajuizou uma financeiro, pela perda do pai de família. Sendo assim, houve sim
ação de consignação em pagamento, tendo como consignados os comportamento abusivo, que enseja reparação por danos morais.
Apesar do levantamento referente as verbas trabalhistas a genitora próprio reclamado ajuizou ação de consignação em pagamento e,
procurou o patrono por saber da existência de um plano de seguro ainda, tinha ciência da assinatura e dos termos da negociação
de vida conforme a CCT clausula 21ª e nenhum dos herdeiros não coletiva. Logo, arbitro o valor de indenização no total de dez mil
foram comunicados, diante da omissão do referido seguro de vida reais, considerando as condições sociais e econômicas dos
Acerca do pedido de indenização por danos morais Julgado favorável aos reclamantes na medida em que diante da
Há alguns pontos primordiais a serem apontados na presente omissão do referido seguro de vida pela reclamada os herdeiros
demanda, o qual identifiquei na análise conjunta da Inicial com a entraram com um pedido de indenização por danos morais. [...]"
Contestação. Primeiramente, tem-se a necessidade de verificar a Os embargos de declaração opostos por EDVANIA MARA MATOS
conduta, o nexo causal e o resultado. Depois, estabelecimento do DE MORAES e EMMANUEL MORAES foram julgados procedentes
ônus probatório e, por derradeiro, verificar os fatos que foram para complementar no dispositivo sentencial o nome dos
provados através da única prova presente e possível, qual seja, a beneficiários e a divisão da condenação, nos termos a seguir
fazer uma breve análise do dano moral e suas consequências "[...] A parte embargante ambiciona correção de erro material.
materiais e processuais, do qual me valho a seguir. Analisando os pedidos formulados na petição recursal, tem razão o
O dano moral trabalhista é a infração da obrigação de não praticar embargante para fins de complementar no dispositivo os nomes de
ato lesivo da honra e da boa fama, por ato das partes opostas da todos os autores: EDVANIA MARA MATOS DE MORAES,
relação de trabalho subordinado em sua vigência ou, embora após companheira, conforme documento de ID.:686a929 e filhos: EMILLY
VICTÓRIA MADEIRO LOPES - representada por ANA ANGÉLICA do art. 1.790, do CCB, acerca do quinhão da convivente - se o
MADEIRO 2.YEGOR MATAIUS MONTES LOPES - representado mesmo que o dos filhos (desimportando se comuns ou exclusivos
por SUZANA MONTE DA SILVA 3.EMMANUEL MORAES do falecido) -, pois declarado inconstitucional, reconhecendo-se a
representado por EDVANIA MARA MATOS DE MORAES. O valor incidência do art. 1.829 do CCB.
total da condenação deve ser dividido em partes iguais para cada 4. "Nos termos do art. 1.829, I, do Código Civil de 2002, o cônjuge
Acolho os argumentos apontados no ED. concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido somente
Os demais termos da sentença permanecem inalterados." (fls. quando este tiver deixado bens particulares. A referida concorrência
Inconformada com as decisões encimadas, interpôs a autora do acervo hereditário do de cujus." (Resp 1368123/SP, Rel. Ministro
EDVANIA MARA MATOS DE MORAES o recurso ordinário de fls. SIDNEI BENETI, Rel. p/ Acórdão Ministro RAUL ARAÚJO,
486/516 postulando a reforma da sentença quanto à divisão SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/04/2015, DJe 08/06/2015).
igualitária da condenação. Detalha e comenta posicionamentos 5. Necessária aplicação do direito à espécie, pois, reconhecida a
doutrinários e jurisprudenciais quanto às diversas interpretações incidência do art. 1.829, I, do CCB e em face da aplicação das
relacionadas a quais patrimônios deixados pelo "de cujus" o normas sucessórias relativas ao casamento, aplicável o art. 1.832
supérstite concorreria na partilha, consoante dispõe o art. 1829, do CCB, cuja análise deve ser, de pronto, realizada por esta Corte
inciso I, do Código Civil, aduzindo que "a recorrente é Superior, notadamente em face da quota mínima estabelecida ao
comprovadamente companheira do "de cujus" conforme documento final do referido dispositivo em favor do cônjuge (e agora
de ID.: 686a929, não deve prosperar a respeitosa sentença que companheiro), de 1/4 da herança, quando concorre com seus
O ponto central do recurso relaciona-se à quota parte devida ao 1.832 do Código Civil é a de que a reserva de 1/4 da herança
cônjuge ou convivente supérstite, em caso de concorrência híbrida, restringe-se à hipótese em que o cônjuge ou companheiro
em face do disposto no art. 1.829, inciso I, do Código Civil. concorrem com os descendentes comuns. Enunciado 527 da
Conforme expôs o douto representante do Ministério Público, o STJ Jornada de Direito Civil.
manifestou-se, em recente decisão, para fixar o entendimento de 7. A interpretação restritiva dessa disposição legal assegura a
que o valor da condenação deve ser dividido em partes iguais. Veja- igualdade entre os filhos, que dimana do Código Civil (art. 1.834 do
se: CCB) e da própria Constituição Federal (art. 227, §6º, da CF), bem
"RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. SUCESSÃO. como o direito dos descendentes exclusivos não verem seu
INVENTÁRIO. UNIÃO ESTÁVEL. CONCORRÊNCIA HÍBRIDA. patrimônio injustificadamente reduzido mediante interpretação
CC/2002. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF. 8. Não haverá falar em reserva quando a concorrência se
ART. 1829, INCISO I, DO CC/2002. DOAÇÃO. AUSÊNCIA DE do autor da herança ou, ainda, na hipótese de concorrência híbrida,
1. Controvérsia em torno da fixação do quinhão hereditário a que hereditário do consorte há de ser igual ao dos descendentes.
faz jus a companheira, quando concorre com um filho comum e, 10. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. (STJ.
ainda, outros seis filhos exclusivos do autor da herança. RECURSO ESPECIAL Nº 1.617.501 - RS (2016/0200912-6)
2. O Supremo Tribunal Federal, sob a relatoria do e. Min. Luís RELATOR: MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO.
Roberto Barroso, quando do julgamento do RE 878.694/MG, TERCEIRA TURMA STJ. 11 de junho de 2019 (data do
vista a marcante e inconstitucional diferenciação entre os regimes O relator do processo esclarece, ainda, que "[...] A interpretação
sucessórios do casamento e da união estável. restritiva do enunciado normativo do art. 1.832 do CCB garante, a
3. Insubsistência da discussão do quanto disposto nos incisos I e II um só tempo, além do respeito a mens legis, uma divisão que
que determinou a divisão em partes iguais para cada um dos PROCESSO nº 0001216-67.2019.5.07.0015 (ROT)
autores/beneficiários da condenação imposta ao reclamado. RECORRENTE: MARIA ELIETE DE PAULA
EMENTA
DISPOSITIVO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por DIFERENÇAS SALARIAIS. PARCELA REMUNERATÓRIA PAGA
unanimidade, conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento. "POR FORA". PROVA ROBUSTA. DEFERIMENTO DAS
Participaram do julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro DIFERENÇAS RELATIVAS ÀS VERBAS RESCISÓRIAS. Provado,
Porto (Presidente), Maria José Girão e Durval César de cabalmente, que as reclamadas pagavam à reclamante valor
Vasconcelos Maia (Relator). Presente, ainda, o Procurador do superior ao anotado na CTPS e no Termo da Rescisão Contratual
Trabalho, Francisco José Parente Vasconcelos Júnior. Não (TRCT), consideram-se devidas as diferenças relativas às verbas
participou do julgamento a Desembargadora Maria Roseli Mendes rescisórias que, calculadas com base no salário registrado, foram
Alencar (Férias). Fortaleza, 01 de setembro de 2021. pagas em montante inferior ao que era efetivamente devido.
ORDEM PÚBLICA. ATUAÇÃO DE OFÍCIO. O Supremo Tribunal A MM. Juíza Substituta em exercício na 15ª Vara do Trabalho de
Federal, em decisão de 18.12.2020, com acórdão publicado em Fortaleza. Dra. Naira Pinheiro Rabelo de Alencar, nos termos da
7.4.2021, ao julgar, em definitivo, o mérito das ADCs de nºs 58 e 59 sentença de págs. 130/137, tendo exposto as razões que formaram
e ADIs de nºs 5867 e 6021, decidiu que a atualização dos créditos sua livre convicção, houve por bem julgar improcedentes os pedidos
trabalhistas, bem como do valor correspondente aos depósitos formulados pela reclamante, Maria Eliete de Paula, condenando-a,
recursais, na Justiça do Trabalho, "até que sobrevenha solução ademais, ao pagamento de honorários advocatícios, em 5% (cinco
legislativa", deve ser apurada mediante a incidência dos "mesmos por cento) sobre o valor atualizado da causa, e de multa por
índices de correção monetária que vigentes para as condenações litigância de má-fé, observado o percentual "de 1% (um por cento),
cíveis em geral, "à exceção das dívidas da Fazenda Pública"; que calculada sobre o valor corrigido da causa."
"Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o Inconformada, interpôs a reclamante o apelo ordinário de ID
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como 33f9cca (págs. 147/153), via do qual pede a reforma da sentença
indexador o IPCA-E; que "Em relação à fase judicial, a atualização acima referida, alegando, em resumo, que "A realidade dos fatos é
dos débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa referencial do que a recorrente tinha real jornada de trabalho no total de 140 horas
Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, considerando extras mensais, 2.660 horas extras laboradas e não devidamente
que ela incide como juros moratórios dos tributos federais; que "A pagas!" (pág. 150)
incidência de juros moratórios com base na variação da taxa SELIC Acrescenta a recorrente que a Lei Complementar nº150/2015 impõe
não pode ser cumulada com a aplicação de outros índices de ao empregador doméstico a obrigação de controlar o ponto dos
atualização monetária, cumulação que representaria bis in idem", respectivos empregados e que, no caso concreto, ressaltando que
estabelecendo, ademais, regras de modulação. Assim, em razão do as "recorridas juntaram nos autos alguns documentos, porém, não
caráter superveniente da decisão do STF, resta superada, na juntou nenhum controle de ponto ou alguma prova que
hipótese deste apelo, qualquer discussão, antiga ou atual, acerca desconstituísse o direito autoral."
da matéria, devendo o Juízo de origem adotar, para fins de Afirma a recorrente que as reclamadas, em depoimento pessoal,
apuração da correção monetária e de juros de mora dos créditos informaram "(...) que não havia anotação de cartão de ponto, ante a
trabalhistas, as regras de modulação estabelecidas pela Corte confiança existente na relação entre elas", razão pela qual
Suprema no julgamento definitivo das ações declaratórias de considera que tem direito à remuneração das "140 horas extras
constitucionalidade de nºs 58 e 59 e ações diretas de mensais, totalizando 2.660 horas extras laboradas não pagas
inconstitucionalidade de nºs 5867 e 6021. Sentença recorrida referentes a todo o período trabalho."
reformada, no aspecto, para se determinar, de ofício, que a Aduz a recorrente que as reclamadas não provaram que o valor de
correção monetária e os juros de mora sejam apurados pelo R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais) corresponda ao
Juízo de origem, nos termos das regras de modulação pagamento de horas extras e, bem por isso, requer a integração
estabelecidas pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e desse valor de R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), "pagos
ADI's nºs 5867 e 6021, de 18.12.2020, com acórdão publicado por fora" (pág. 151), à sua remuneração, impugnando, enfim, sua
mora sejam apurados pelo Juízo de origem, nos termos das Inexigível a intervenção do Ministério Público do Trabalho.
JUSTIÇA GRATUITA tratar de lide que envolve interesses manifestamente privados, não
Insurge-se a reclamante contra sua condenação ao pagamento de destacando-se, nada obstante, que o Parquet, chamado à lide pelo
multa por litigância de má-fé e, igualmente, contra o indeferimento Juízo de origem, ofertou a manifestação de págs. 97/98, justamente
dos benefícios da justiça gratuita, arguindo que, em momento para dizer que sua intervenção se apresentava desnecessária.
requer o deferimento da gratuidade da justiça à recorrente, pelo fato Conforme visto, considerou-se, nos fundamentos do decisum
da mesma não possuir condições econômicas para suportar as recorrido, que a reclamante não tem direito à remuneração das
despesas processuais, por ser medida de direito e justiça." (pág. horas extras requeridas na exordial, eis que, em verdade, o valor de
Antes de tecer considerações em torno do pedido, necessário do contrato de trabalho, conforme alegam as reclamadas,
ressaltar que a parte adversa, conquanto tenha apresentado correspondia à contraprestação do trabalho extraordinário.
presumindo-se que nada tem a opor. Calha ressaltar, desde logo, que a prova documental, consistente
Posto isso, cabe ressaltar que a reclamante, ao que se colhe dos em cópia da CTPS, acostada à pág. 15, deixa evidente que a
autos, se limitou a postular em Juízo aquilo que, segundo seu remuneração mensal devida à reclamante foi ajustada em
entendimento, lhe é devido pelas reclamadas, não sendo razoável R$1.018,00 (mil e dezoito reais).
concluir que eventual exagero na formulação do pedido implique, Nada obstante o exposto, resta provado, a partir dos recibos de
necessariamente, litigância de má-fé ou improbidade processual, eis pagamento de págs. 38 e 39, que a reclamante percebeu, nos
que, fosse assim, ocorreria o vício em realce na maior parte das meses de junho e setembro de 2019, salário no valor de R$1.700,00
ações trabalhistas, eis que se apresenta comum a formulação de (mil e setecentos reais), como alegado na exordial, destacando-se
pretensões improcedentes ou procedentes em parte. que, em 13 de julho de 2019, foi paga a metade do 13º salário, no
Vale destacar que, no caso concreto, ressalvadas as divergências montante de R$850,00 (oitocentos e cinquenta reais), tudo a indicar
que se esperam das contestações, a reclamada apresentou defesa que procede a alegação autoral, no que toca ao valor salarial em
limitada a questões de mérito, como se vê da peça de págs. 26/28, relevo, consistente emR$1.065,00 (mil e sessenta e cinco reais),
nada mencionando quanto à litigância de má-fé que, ao fim e ao acrescido de R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), "por fora".
cabo, foi declarada de ofício, como se colhe da sentença recorrida, Não custa esclarecer que, nos termos do comprovante de pág. 40,
nada obstando que esta colenda Turma, tendo outra visão dos foi depositado na conta bancária da reclamante, em 01/11/2019, o
fatos, declare inexistente a conduta faltosa atribuída à apelante. valor de R$1.700,00 (mil e setecentos reais), cuidando-se que,
Ante o exposto, impõe-se, data venia, o afastamento da neste caso, se trata da remuneração correspondente ao mês de
improbidade processual atribuída à reclamante, restando certo que outubro daquele ano.
lhe assiste, por igual, ante a declaração de pobreza constante da Vale ressaltar, por outro turno, com base no TRCT (pág. 30), que o
inicial, o direito aos benefícios da justiça gratuita, aplicando-se, valor salarial adotado para fins rescisórios, chegou, de fato, aos
neste caso, em combinação, as normas previstas nos arts. 790, §§ R$1.065,00 (mil e sessenta e cinco reais), donde se concluir que as
3º e 4º, da CLT, e 98, caput, do CPC/2015. verbas rescisórias foram calculadas com base em salário menor
Deferem-se, pois, à reclamante os benefícios da justiça gratuita, que aquele efetivamente pago à obreira, sendo, portanto, devidas
conforme requerido, e, bem por isso, admite-se o vertente apelo as diferenças pleiteadas, que devem ser recalculadas com base no
ordinário sem a necessidade de comprovação do recolhimento das salário integral de R$1.700,00 (mil e setecentos reais).
custas processuais, objeto da condenação imposta em primeira Cumpre, ademais, esclarecer que as reclamadas, nada obstante a
Dito isso e comprovado o atendimento dos demais pressupostos de no valor de R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), que dizem
corresponder ao pagamento de horas extras, não sendo razoável pagava regularmente 13º salário e férias à autora."
aceitar como verdadeira a tese defensiva sem que haja, a seu Claro está, portanto, que a reclamante, sendo contratada para
respeito, sequer um "começo" de prova. trabalhar em regime de 48 de serviço por 48 horas folga,
Posto isso, acolhe-se, em parte, a pretensão recursal para condenar extrapolava a jornada normal de trabalho, assim considerada aquela
as reclamadas ao pagamento das diferenças que sejam apuradas, a prevista no art. 58, caput, da CLT, que, por sua vez, encontra
título de verbas rescisórias, entre o valor de R$1.065,00 (mil e amparo no art. 7º, XIII, da Constituição Federal de 1988, segundo o
sessenta e cinco reais), que serviu de base para pagamento das qual constitui direito dos trabalhadores, urbanos e rurais, a "duração
parcelas constantes do TRCT (pág. 30), e o valor mensal de do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
R$1.700,00 (mil e setecentos reais), efetivamente pago à quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução
reclamante, na condição de remuneração integral. da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho."
Assim, consideram-se devidas as diferenças de aviso prévio (33 Em que pese o exposto, não é possível o reconhecimento da
dias), de férias proporcionais (6/12), acrescidas de 1/3, bem como prestação de horas extras no montante referido na exordial, eis que,
de 13º salário proporcional (10/12) e de FGTS, inclusive da parcela até por uma questão de lógica e de bom senso, não é razoável
devida na rescisão. admitir que pessoas comuns, aqui entendidas aquelas desprovidas
Consideram-se indevidas as multas estabelecidas nos arts. 467 e de dotes extraordinários ou superpoderes, trabalhem, de modo
477, §8º, da CLT, eis que não se configuraram, no caso concreto, ininterrupto, durante 24 horas por dia e, o que é mais grave, o
as condições necessárias para suportar a condenação, seja porque façam, sem interrupção, durante 48 horas, como referido na petição
as pretensões se apresentam, de todo, controvertidas, seja porque de introito, ainda que se trate de cuidadora de idosos que, por certo,
as verbas rescisórias, ainda que calculadas de forma incorreta, mesmo no silêncio das madrugadas, deve se encontrar atenta.
foram pagas com observância do prazo legal, não sendo devida a No caso, a tese supra encontra amparo no próprio depoimento da
penalidade em razão do reconhecimento judicial de eventuais reclamante que informa a fruição de descanso noturno, das 22h00
DAS HORAS EXTRAS com as condições biológicas do ser humano normal, devendo,
Conforme se ressaltou precedentemente, as reclamadas não ademais, ser excluídas do cômputo, os intervalos para refeição que,
trouxeram aos autos qualquer recibo ou comprovante do pagamento neste caso, são apontados pela reclamante como momentos que
de horas extras, embora seja induvidoso que o trabalho duravam cerca de 30 minutos e que consistiam em café da manhã,
Com efeito, é a própria reclamada, Diana Maria Borges, que fala por de 2019; que recebia R$ 1.700,00 de salário por mês; que recebia,
si e representa a litisconsorte incapaz, Maria Diva Borges, que além disso, o valor de vale transporte para deslocamento; que
declara, de forma clara e objetiva, em depoimento pessoal (pág. trabalhava em escala de 48X48 horas; que era substituída pela Sra.
"Que a reclamante foi contratada pela própria depoente, para atuar horas da manhã dois dias depois; que a prestação de serviços era
como cuidadora; que combinou com a reclamante o trabalho na residência da Sra. Maria Diva; que dormia com a reclamada no
de 48 horas em residência para cuidar de sua mãe e 48 horas quarto, que era idosa, salientando que não havia medicação
de folga; que a reclamante realizava as refeições de café da durante a madrugada, mas a depoente acompanhava a reclamada
manhã, jantar e lanche da tarde em tempo livre; que eventualmente ao banheiro, caso fosse necessário; que costumava se recolher
acompanhava a reclamada na refeição do almoço; que de abril a às 22h e costumavam acordar por volta das 5h; que a depoente
novembro de 2018 a reclamante fez curso específico para coletar realizava as refeições de café da manhã, almoço e jantar; que
sangue e nesse período usufruía de período de folga maior que 48 realizava as refeições ao lado da reclamada; que acredita que
horas; que acertou salário de R$ 1.065,00 com a reclamante, sendo as refeições duravam cerca de 30 minutos."
que além deste valor pagava à reclamante o valor de R$ 635,00 a Importante lembrar que, nos termos do art. 2º, §7º, da Lei
título de horas extras; que não havia anotação de cartão de Complementar nº150/2015, "Os intervalos previstos nesta Lei, o
ponto, ante a confiança existente na relação entre elas; que tempo de repouso, as horas não trabalhadas, os feriados e os
domingos livres em que o empregado que mora no local de trabalho indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além
nele permaneça não serão computados como horário de trabalho", da indexação, serão aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei
empregador doméstico ao pagamento de horas extras, apenas o 7. Em relação à fase judicial, a atualização dos débitos judiciais
tempo em que o empregado, efetivamente, se ocupa trabalhando. deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema Especial de
Posto isso, cabe reconhecer que a reclamante, além das oito horas Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela incide como
normais de trabalho, ainda prestava sete horas e trinta minutos juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95; 84
extras, considerando-se, para esse fim, a jornada de 24 horas por da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da Lei 9.430/96;
dia, descontados o tempo relativo ao descanso noturno e os e 30 da Lei 10.522/02). A incidência de juros moratórios com base
horários das refeições, fixados, respectivamente, em 7 horas por na variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação
dia, quanto ao repouso, e em 01 hora e meia, por dia, no que toca de outros índices de atualização monetária, cumulação que
remuneração de 112,5 horas extras por por mês, correspondente à Condenam-se as reclamadas ao pagamento das custas processuais
prestação laboral de 15 dias por mês, com 50% de acréscimo, no percentual de 2% sobre o valor de R$10.000,00 (dez mil reais),
vezes o tempo de duração do contrato de trabalho, que vigeu de 19 arbitrado para esse fim específico.
de abril de 2018, a 01 de novembro 2019, que deverão ser Incidem sobre as verbas deferidas à reclamante, em virtude do
apuradas, com a incidência de juros e correção monetária, tendo caráter salarial que lhes é próprio, contribuições previdenciárias e
como base de cálculo a remuneração de R$ R$1.700,00 (mil e imposto de renda, observada a legislação de regência, devendo ser
regra prevista no art. 791-A, §3º, da CLT, impõe-se sua condenação CONCLUSÃO DO VOTO
percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor que for apurado a Recurso ordinário conhecido e provido em parte.
complexidade. DISPOSITIVO
reclamante, mormente quanto ao reconhecimento de que não lhe TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
assiste o direito às multas previstas nos arts. 467 e 477, §8º, da unanimidade, conhecer do recurso ordinário, afastar a litigância de
CLT, não há que se falar em sua condenação ao pagamento de má-fé atribuída à reclamante; conceder-lhe os benefícios da justiça
honorários, visto que a parte adversa, seja na contestação, seja na gratuita e, quanto ao mérito, dar-lhe provimento parcial para
resposta ao recurso, se absteve de apresentar requerimento neste condenar as reclamadas a pagar à reclamante as diferenças de
Recorda-se que, no caso concreto, a correção monetária das proporcionais (6/12 avos), acrescidas de 1/3, 13º salário
verbas deferidas à reclamante deverá ser calculada com base no proporcional (10/12 avos) e FGTS, inclusive da parcela devida na
entendimento expresso pelo Supremo Tribunal Federal, no rescisão, que serão apuradas, em liquidação, entre o valor de
julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade 58 e 59, R$1.065,00 (mil e sessenta e cinco reais), que serviu de base para
de 18 de dezembro de 2020, observados os seguintes parâmetros: pagamento das parcelas constantes do TRCT (pág. 30), e o valor
"6. Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o reclamante, na condição de remuneração integral; condenar, ainda,
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como as reclamadas ao pagamento de112,5 (cento e doze e meia)
indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro horas extras por por mês, com 50% de acréscimo, observado o
de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E tempo de duração do contrato de trabalho, que vigeu de 19 de abril
mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como de 2018 a 01 de novembro 2019, que deverão ser apuradas, com a
sobre o valor que for apurado em liquidação e das custas PROCESSO nº 0001216-67.2019.5.07.0015 (ROT)
processuais, no percentual de 2% (dois por cento) sobre o valor de RECORRENTE: MARIA ELIETE DE PAULA
R$10.000,00 (dez mil reais), arbitrado para esse fim específico. São RECORRIDO: MARIA DIVA BORGES, DIANA MARIA BORGES
devidas as contribuições previdenciárias e o imposto de renda, RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
Desembargadores Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José "POR FORA". PROVA ROBUSTA. DEFERIMENTO DAS
Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente, DIFERENÇAS RELATIVAS ÀS VERBAS RESCISÓRIAS. Provado,
ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente cabalmente, que as reclamadas pagavam à reclamante valor
Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a superior ao anotado na CTPS e no Termo da Rescisão Contratual
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, (TRCT), consideram-se devidas as diferenças relativas às verbas
01 de setembro de 2021. rescisórias que, calculadas com base no salário registrado, foram
Relator
ORDEM PÚBLICA. ATUAÇÃO DE OFÍCIO. O Supremo Tribunal A MM. Juíza Substituta em exercício na 15ª Vara do Trabalho de
Federal, em decisão de 18.12.2020, com acórdão publicado em Fortaleza. Dra. Naira Pinheiro Rabelo de Alencar, nos termos da
7.4.2021, ao julgar, em definitivo, o mérito das ADCs de nºs 58 e 59 sentença de págs. 130/137, tendo exposto as razões que formaram
e ADIs de nºs 5867 e 6021, decidiu que a atualização dos créditos sua livre convicção, houve por bem julgar improcedentes os pedidos
trabalhistas, bem como do valor correspondente aos depósitos formulados pela reclamante, Maria Eliete de Paula, condenando-a,
recursais, na Justiça do Trabalho, "até que sobrevenha solução ademais, ao pagamento de honorários advocatícios, em 5% (cinco
legislativa", deve ser apurada mediante a incidência dos "mesmos por cento) sobre o valor atualizado da causa, e de multa por
índices de correção monetária que vigentes para as condenações litigância de má-fé, observado o percentual "de 1% (um por cento),
cíveis em geral, "à exceção das dívidas da Fazenda Pública"; que calculada sobre o valor corrigido da causa."
"Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o Inconformada, interpôs a reclamante o apelo ordinário de ID
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como 33f9cca (págs. 147/153), via do qual pede a reforma da sentença
indexador o IPCA-E; que "Em relação à fase judicial, a atualização acima referida, alegando, em resumo, que "A realidade dos fatos é
dos débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa referencial do que a recorrente tinha real jornada de trabalho no total de 140 horas
Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, considerando extras mensais, 2.660 horas extras laboradas e não devidamente
que ela incide como juros moratórios dos tributos federais; que "A pagas!" (pág. 150)
incidência de juros moratórios com base na variação da taxa SELIC Acrescenta a recorrente que a Lei Complementar nº150/2015 impõe
não pode ser cumulada com a aplicação de outros índices de ao empregador doméstico a obrigação de controlar o ponto dos
atualização monetária, cumulação que representaria bis in idem", respectivos empregados e que, no caso concreto, ressaltando que
estabelecendo, ademais, regras de modulação. Assim, em razão do as "recorridas juntaram nos autos alguns documentos, porém, não
caráter superveniente da decisão do STF, resta superada, na juntou nenhum controle de ponto ou alguma prova que
hipótese deste apelo, qualquer discussão, antiga ou atual, acerca desconstituísse o direito autoral."
da matéria, devendo o Juízo de origem adotar, para fins de Afirma a recorrente que as reclamadas, em depoimento pessoal,
apuração da correção monetária e de juros de mora dos créditos informaram "(...) que não havia anotação de cartão de ponto, ante a
trabalhistas, as regras de modulação estabelecidas pela Corte confiança existente na relação entre elas", razão pela qual
Suprema no julgamento definitivo das ações declaratórias de considera que tem direito à remuneração das "140 horas extras
constitucionalidade de nºs 58 e 59 e ações diretas de mensais, totalizando 2.660 horas extras laboradas não pagas
inconstitucionalidade de nºs 5867 e 6021. Sentença recorrida referentes a todo o período trabalho."
reformada, no aspecto, para se determinar, de ofício, que a Aduz a recorrente que as reclamadas não provaram que o valor de
correção monetária e os juros de mora sejam apurados pelo R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais) corresponda ao
Juízo de origem, nos termos das regras de modulação pagamento de horas extras e, bem por isso, requer a integração
estabelecidas pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 e 59 e desse valor de R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), "pagos
ADI's nºs 5867 e 6021, de 18.12.2020, com acórdão publicado por fora" (pág. 151), à sua remuneração, impugnando, enfim, sua
mora sejam apurados pelo Juízo de origem, nos termos das Inexigível a intervenção do Ministério Público do Trabalho.
ADMISSIBILIDADE
JUSTIÇA GRATUITA
Insurge-se a reclamante contra sua condenação ao pagamento de destacando-se, nada obstante, que o Parquet, chamado à lide pelo
multa por litigância de má-fé e, igualmente, contra o indeferimento Juízo de origem, ofertou a manifestação de págs. 97/98, justamente
dos benefícios da justiça gratuita, arguindo que, em momento para dizer que sua intervenção se apresentava desnecessária.
requer o deferimento da gratuidade da justiça à recorrente, pelo fato Conforme visto, considerou-se, nos fundamentos do decisum
da mesma não possuir condições econômicas para suportar as recorrido, que a reclamante não tem direito à remuneração das
despesas processuais, por ser medida de direito e justiça." (pág. horas extras requeridas na exordial, eis que, em verdade, o valor de
Antes de tecer considerações em torno do pedido, necessário do contrato de trabalho, conforme alegam as reclamadas,
ressaltar que a parte adversa, conquanto tenha apresentado correspondia à contraprestação do trabalho extraordinário.
presumindo-se que nada tem a opor. Calha ressaltar, desde logo, que a prova documental, consistente
Posto isso, cabe ressaltar que a reclamante, ao que se colhe dos em cópia da CTPS, acostada à pág. 15, deixa evidente que a
autos, se limitou a postular em Juízo aquilo que, segundo seu remuneração mensal devida à reclamante foi ajustada em
entendimento, lhe é devido pelas reclamadas, não sendo razoável R$1.018,00 (mil e dezoito reais).
concluir que eventual exagero na formulação do pedido implique, Nada obstante o exposto, resta provado, a partir dos recibos de
necessariamente, litigância de má-fé ou improbidade processual, eis pagamento de págs. 38 e 39, que a reclamante percebeu, nos
que, fosse assim, ocorreria o vício em realce na maior parte das meses de junho e setembro de 2019, salário no valor de R$1.700,00
ações trabalhistas, eis que se apresenta comum a formulação de (mil e setecentos reais), como alegado na exordial, destacando-se
pretensões improcedentes ou procedentes em parte. que, em 13 de julho de 2019, foi paga a metade do 13º salário, no
Vale destacar que, no caso concreto, ressalvadas as divergências montante de R$850,00 (oitocentos e cinquenta reais), tudo a indicar
que se esperam das contestações, a reclamada apresentou defesa que procede a alegação autoral, no que toca ao valor salarial em
limitada a questões de mérito, como se vê da peça de págs. 26/28, relevo, consistente emR$1.065,00 (mil e sessenta e cinco reais),
nada mencionando quanto à litigância de má-fé que, ao fim e ao acrescido de R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), "por fora".
cabo, foi declarada de ofício, como se colhe da sentença recorrida, Não custa esclarecer que, nos termos do comprovante de pág. 40,
nada obstando que esta colenda Turma, tendo outra visão dos foi depositado na conta bancária da reclamante, em 01/11/2019, o
fatos, declare inexistente a conduta faltosa atribuída à apelante. valor de R$1.700,00 (mil e setecentos reais), cuidando-se que,
Ante o exposto, impõe-se, data venia, o afastamento da neste caso, se trata da remuneração correspondente ao mês de
improbidade processual atribuída à reclamante, restando certo que outubro daquele ano.
lhe assiste, por igual, ante a declaração de pobreza constante da Vale ressaltar, por outro turno, com base no TRCT (pág. 30), que o
inicial, o direito aos benefícios da justiça gratuita, aplicando-se, valor salarial adotado para fins rescisórios, chegou, de fato, aos
neste caso, em combinação, as normas previstas nos arts. 790, §§ R$1.065,00 (mil e sessenta e cinco reais), donde se concluir que as
3º e 4º, da CLT, e 98, caput, do CPC/2015. verbas rescisórias foram calculadas com base em salário menor
Deferem-se, pois, à reclamante os benefícios da justiça gratuita, que aquele efetivamente pago à obreira, sendo, portanto, devidas
conforme requerido, e, bem por isso, admite-se o vertente apelo as diferenças pleiteadas, que devem ser recalculadas com base no
ordinário sem a necessidade de comprovação do recolhimento das salário integral de R$1.700,00 (mil e setecentos reais).
custas processuais, objeto da condenação imposta em primeira Cumpre, ademais, esclarecer que as reclamadas, nada obstante a
Dito isso e comprovado o atendimento dos demais pressupostos de no valor de R$635,00 (seiscentos e trinta e cinco reais), que dizem
admissibilidade, conforme se colhe das certidões de págs. 154 e corresponder ao pagamento de horas extras, não sendo razoável
163, impõe-se o conhecimento do recurso ordinário e das aceitar como verdadeira a tese defensiva sem que haja, a seu
respectivas contrarrazões, destacando-se que, no caso, por se respeito, sequer um "começo" de prova.
tratar de lide que envolve interesses manifestamente privados, não Posto isso, acolhe-se, em parte, a pretensão recursal para condenar
se exige a intervenção do Ministério Público do Trabalho, as reclamadas ao pagamento das diferenças que sejam apuradas, a
título de verbas rescisórias, entre o valor de R$1.065,00 (mil e amparo no art. 7º, XIII, da Constituição Federal de 1988, segundo o
sessenta e cinco reais), que serviu de base para pagamento das qual constitui direito dos trabalhadores, urbanos e rurais, a "duração
parcelas constantes do TRCT (pág. 30), e o valor mensal de do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
R$1.700,00 (mil e setecentos reais), efetivamente pago à quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução
reclamante, na condição de remuneração integral. da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho."
Assim, consideram-se devidas as diferenças de aviso prévio (33 Em que pese o exposto, não é possível o reconhecimento da
dias), de férias proporcionais (6/12), acrescidas de 1/3, bem como prestação de horas extras no montante referido na exordial, eis que,
de 13º salário proporcional (10/12) e de FGTS, inclusive da parcela até por uma questão de lógica e de bom senso, não é razoável
devida na rescisão. admitir que pessoas comuns, aqui entendidas aquelas desprovidas
Consideram-se indevidas as multas estabelecidas nos arts. 467 e de dotes extraordinários ou superpoderes, trabalhem, de modo
477, §8º, da CLT, eis que não se configuraram, no caso concreto, ininterrupto, durante 24 horas por dia e, o que é mais grave, o
as condições necessárias para suportar a condenação, seja porque façam, sem interrupção, durante 48 horas, como referido na petição
as pretensões se apresentam, de todo, controvertidas, seja porque de introito, ainda que se trate de cuidadora de idosos que, por certo,
as verbas rescisórias, ainda que calculadas de forma incorreta, mesmo no silêncio das madrugadas, deve se encontrar atenta.
foram pagas com observância do prazo legal, não sendo devida a No caso, a tese supra encontra amparo no próprio depoimento da
penalidade em razão do reconhecimento judicial de eventuais reclamante que informa a fruição de descanso noturno, das 22h00
DAS HORAS EXTRAS com as condições biológicas do ser humano normal, devendo,
Conforme se ressaltou precedentemente, as reclamadas não ademais, ser excluídas do cômputo, os intervalos para refeição que,
trouxeram aos autos qualquer recibo ou comprovante do pagamento neste caso, são apontados pela reclamante como momentos que
de horas extras, embora seja induvidoso que o trabalho duravam cerca de 30 minutos e que consistiam em café da manhã,
Com efeito, é a própria reclamada, Diana Maria Borges, que fala por de 2019; que recebia R$ 1.700,00 de salário por mês; que recebia,
si e representa a litisconsorte incapaz, Maria Diva Borges, que além disso, o valor de vale transporte para deslocamento; que
declara, de forma clara e objetiva, em depoimento pessoal (pág. trabalhava em escala de 48X48 horas; que era substituída pela Sra.
"Que a reclamante foi contratada pela própria depoente, para atuar horas da manhã dois dias depois; que a prestação de serviços era
como cuidadora; que combinou com a reclamante o trabalho na residência da Sra. Maria Diva; que dormia com a reclamada no
de 48 horas em residência para cuidar de sua mãe e 48 horas quarto, que era idosa, salientando que não havia medicação
de folga; que a reclamante realizava as refeições de café da durante a madrugada, mas a depoente acompanhava a reclamada
manhã, jantar e lanche da tarde em tempo livre; que eventualmente ao banheiro, caso fosse necessário; que costumava se recolher
acompanhava a reclamada na refeição do almoço; que de abril a às 22h e costumavam acordar por volta das 5h; que a depoente
novembro de 2018 a reclamante fez curso específico para coletar realizava as refeições de café da manhã, almoço e jantar; que
sangue e nesse período usufruía de período de folga maior que 48 realizava as refeições ao lado da reclamada; que acredita que
horas; que acertou salário de R$ 1.065,00 com a reclamante, sendo as refeições duravam cerca de 30 minutos."
que além deste valor pagava à reclamante o valor de R$ 635,00 a Importante lembrar que, nos termos do art. 2º, §7º, da Lei
título de horas extras; que não havia anotação de cartão de Complementar nº150/2015, "Os intervalos previstos nesta Lei, o
ponto, ante a confiança existente na relação entre elas; que tempo de repouso, as horas não trabalhadas, os feriados e os
pagava regularmente 13º salário e férias à autora." domingos livres em que o empregado que mora no local de trabalho
Claro está, portanto, que a reclamante, sendo contratada para nele permaneça não serão computados como horário de trabalho",
trabalhar em regime de 48 de serviço por 48 horas folga, restando inequívoco que se considere, para fins de condenação do
extrapolava a jornada normal de trabalho, assim considerada aquela empregador doméstico ao pagamento de horas extras, apenas o
prevista no art. 58, caput, da CLT, que, por sua vez, encontra tempo em que o empregado, efetivamente, se ocupa trabalhando.
Posto isso, cabe reconhecer que a reclamante, além das oito horas Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela incide como
normais de trabalho, ainda prestava sete horas e trinta minutos juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95; 84
extras, considerando-se, para esse fim, a jornada de 24 horas por da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da Lei 9.430/96;
dia, descontados o tempo relativo ao descanso noturno e os e 30 da Lei 10.522/02). A incidência de juros moratórios com base
horários das refeições, fixados, respectivamente, em 7 horas por na variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação
dia, quanto ao repouso, e em 01 hora e meia, por dia, no que toca de outros índices de atualização monetária, cumulação que
remuneração de 112,5 horas extras por por mês, correspondente à Condenam-se as reclamadas ao pagamento das custas processuais
prestação laboral de 15 dias por mês, com 50% de acréscimo, no percentual de 2% sobre o valor de R$10.000,00 (dez mil reais),
vezes o tempo de duração do contrato de trabalho, que vigeu de 19 arbitrado para esse fim específico.
de abril de 2018, a 01 de novembro 2019, que deverão ser Incidem sobre as verbas deferidas à reclamante, em virtude do
apuradas, com a incidência de juros e correção monetária, tendo caráter salarial que lhes é próprio, contribuições previdenciárias e
como base de cálculo a remuneração de R$ R$1.700,00 (mil e imposto de renda, observada a legislação de regência, devendo ser
regra prevista no art. 791-A, §3º, da CLT, impõe-se sua condenação CONCLUSÃO DO VOTO
percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor que for apurado a Recurso ordinário conhecido e provido em parte.
complexidade. DISPOSITIVO
reclamante, mormente quanto ao reconhecimento de que não lhe TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
assiste o direito às multas previstas nos arts. 467 e 477, §8º, da unanimidade, conhecer do recurso ordinário, afastar a litigância de
CLT, não há que se falar em sua condenação ao pagamento de má-fé atribuída à reclamante; conceder-lhe os benefícios da justiça
honorários, visto que a parte adversa, seja na contestação, seja na gratuita e, quanto ao mérito, dar-lhe provimento parcial para
resposta ao recurso, se absteve de apresentar requerimento neste condenar as reclamadas a pagar à reclamante as diferenças de
Recorda-se que, no caso concreto, a correção monetária das proporcionais (6/12 avos), acrescidas de 1/3, 13º salário
verbas deferidas à reclamante deverá ser calculada com base no proporcional (10/12 avos) e FGTS, inclusive da parcela devida na
entendimento expresso pelo Supremo Tribunal Federal, no rescisão, que serão apuradas, em liquidação, entre o valor de
julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade 58 e 59, R$1.065,00 (mil e sessenta e cinco reais), que serviu de base para
de 18 de dezembro de 2020, observados os seguintes parâmetros: pagamento das parcelas constantes do TRCT (pág. 30), e o valor
"6. Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o reclamante, na condição de remuneração integral; condenar, ainda,
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como as reclamadas ao pagamento de112,5 (cento e doze e meia)
indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro horas extras por por mês, com 50% de acréscimo, observado o
de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E tempo de duração do contrato de trabalho, que vigeu de 19 de abril
mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como de 2018 a 01 de novembro 2019, que deverão ser apuradas, com a
indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além incidência de juros e correção monetária, tendo como base de
da indexação, serão aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei cálculo a remuneração de R$ R$1.700,00 (mil e setecentos reais);
7. Em relação à fase judicial, a atualização dos débitos judiciais advocatícios sucumbenciais, no percentual de 10% (dez por cento)
deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema Especial de sobre o valor que for apurado em liquidação e das custas
R$10.000,00 (dez mil reais), arbitrado para esse fim específico. São
observada a legislação de regência, devendo ser destacadas, RECURSO ORDINÁRIO. SENTENÇA TRABALHISTA.
quanto à contribuição previdenciária, as cotas do empregador e do CONFIRMAÇÃO PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. ART. 895,
empregado. A correção monetária e os juros de mora devem ser §1º, IV, DA CLT. CERTIDÃO DE JULGAMENTO COM EFEITO DE
apurados pelo Juízo de origem, nos termos das regras de ACÓRDÃO. O acórdão decorrente do julgamento de recurso
modulação estabelecidas pelo STF no julgamento das ADC's nºs 58 ordinário, nas ações trabalhistas submetidas ao rito sumaríssimo,
e 59 e ADI's nºs 5867 e 6021, de 18.12.2020, com acórdão na dicção do art. 895, §1º, inciso IV, da CLT, consistirá "unicamente
publicado em 7.4.2021. Participaram do julgamento os na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e
Desembargadores Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente",
Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente, restando assente, no mesmo dispositivo legal, para o caso de
ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente confirmação da sentença "pelos próprios fundamentos", que a
Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, acórdão". Anota-se que a regra em alusão se aplica à hipótese
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA fundamentos adotados na decisão recorrida. Sentença mantida
Servidor de Secretaria
RELATÓRIO
Processo Nº RORSum-0000559-03.2020.5.07.0012
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
RECORRENTE JOSE FRANCISCO BARBOSA DE
LIMA Trata-se de recurso ordinário, em processo submetido ao rito
ADVOGADO RAUL DE SOUZA MARTINS(OAB:
29863/CE) sumaríssimo, por via do qual postula o reclamante a reforma da
RECORRIDO PROVINCIA DE FORTALEZA DA sentença de fls. 215/218. Relatório dispensado; incidência da norma
CONGREGACAO DA MISSAO
ADVOGADO JOAO NOGUEIRA PONTE JUCA prevista no art. 895, §1º, inciso IV, da CLT.
FILHO(OAB: 33761/CE)
Desnecessária a intervenção do Ministério Público do Trabalho.
Intimado(s)/Citado(s):
- PROVINCIA DE FORTALEZA DA CONGREGACAO DA
MISSAO
FUNDAMENTAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO ADMISSIBILIDADE
sentença de fls. 215/218, proferida pelo Exmo. Juiz ANTONIO idade como pedido de aposentadoria por tempo de contribuição,
TEOFILO FILHO, titular da 12ª Vara do Trabalho de Fortaleza-CE, para fins de obtenção da estabilidade contemplada pela CCT, ainda
por meio da qual foram julgados improcedentes os pedidos assim o pedido do reclamante deve ser julgado improcedente, vez
formulados por JOSÉ FRANCCISCO BARBOSA DE LIMA contra que este não cumpriu com todos os requisitos previstos na cláusula
PROVINCIA DE FORTALEZA DA CONGREGAÇÃO DA MISSÃO. vigésima sétima da CCT, pois não comunicou a empresa que
Afirma o recorrente que "Embora não se trate se uma aposentadoria estaria próximo de conseguir sua aposentadoria por idade nem fez
preenchimento do requisito de tempo de contribuição Dispõe a cláusula vigésima sétima da CCT de 2020/2021, cuja
cumulativamente com a idade, já que ambos os requisitos cópia repousa à fls. 104/144:
caminham em caráter de dependência para fixar a pontuação da "CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - ESTABILIDADE PRÉ -
derivada do contrato extinto, o mesmo não poderá se aposentar por provisória do emprego, aos empregados que estejam em fase de
idade, pois haverá déficit." Aduz que "[...] cabe O Tribunal Regional contagem de tempo de serviço para obtenção de sua aposentadoria
do Trabalho, o dever de analisar o presente caso buscando uma a ser concedida pelo Órgão Previdenciário na seguinte proporção.
interpretação extensiva do instrumento coletivo conforme a) se faltarem 06(seis) meses para atingir tal objetivo, desde que
fundamento do recurso, para adequação ao presente caso, tendo tenham trabalhado para o mesmo empregador por mais de 03(três)
interligados. Assim, requer a reforma da sentença, aplicando a b) se faltarem 12 (doze) meses para atingir tal objetivo, desde que
convenção coletiva do trabalho no presente caso e, tenham trabalhado para o mesmo empregador por mais de 10 (dez)
Resta incontroverso dos autos que o reclamante foi admitido em tempo para a percepção de tal benefício, cessará a presente
O MM. juiz de primeiro grau, julgou improcedentes os pedidos Com efeito, ressai evidente que assiste razão à demandada quando
constantes na inicial, sob a seguinte fundamentação, verbis: afirma que a estabilidade pré-aposentadoria prevista na norma
Estabilidade pré-aposentadoria. Nulidade da despedida. coletiva alcança apenas os empregados que estejam em fase de
O reclamante afirma que foi admitido em 01/12/2008, para exercer a ser concedida pelo Órgão Previdenciário, não se referindo àqueles
função de Eletricista, e despedido sem justa causa em 02/01/2020, que estejam no aguardo de completar a idade mínima.
quando percebia salário mensal de R$3.695,93. Sustenta que a E cumpre ressaltar que em se tratando de norma coletiva a
dispensa foi ilegal, pois era detentor de estabilidade provisória pré- interpretação deve ser restritiva, não sendo possível ao Poder
aposentadoria prevista no Acordo Coletivo pertinente a sua Judiciário ampliar o alcance do benefício instituído, sob pena de
categoria. Diz que comprovou através de documentos que possuí afetar o equilíbrio alcançado pelas partes convenentes.
25 (vinte e vinco) anos e 8 (oito) meses de tempo de contribuição, No caso, como reconhecido na inicial e demonstrado com o
ou seja, faltando alguns meses para sua aposentadoria por idade. documento de fls.146/150, quando da despedida o reclamante não
A reclamada, em sua defesa, aduz que, conforme a cláusula se enquadrava em nenhuma das hipóteses previstas na CCT para a
vigésima sétima da CCT, a proteção contra a despedida não é para estabilidade pré-aposentadoria, pois não faltava 6 (seis) ou 12
todos os tipos de aposentadoria, mas somente as que faltam algum (doze)meses para a aposentadoria por tempo de contribuição.
tempo de contribuição. Observa que o documento apresentado pelo Demais, mesmo que assim não fosse, o reclamante não provou ter
reclamante demonstra que para a aposentadoria por tempo de cumprido com a obrigação prevista no parágrafo primeiro da
serviço ainda falta período bem superior ao resguardado na mencionada cláusula normativa, pois não produziu prova
estabilidade pré-aposentadoria prevista na CCT. Diz que mesmo documental ou testemunhal para demonstrar que comunicou a ré da
que forçadamente seja recebido o pedido de aposentadoria por proximidade da aposentadoria por idade.
estabilitária da Cláusula 27ª da CCT, cabia-lhe comunicar o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
empregador de tal fato, de forma a possibilitar-lhe a reconsideração unanimidade, conhecer do vertente recurso ordinário em processo
Não tendo o reclamante produzido qualquer prova de que tenha a decisão recorrida por seus próprios fundamentos, consoante o
procedido com a comunicação tempestiva de seu empregador, a disposto no art. 895, §1º, inciso IV, da CLT. Participaram do
teor do que estabelece o art. 818 da CLT, sucumbiu em seu ônus julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto
probatório, sendo este mais um motivo para o reconhecimento de (Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia
Ademais, as normas coletivas instituem direitos trabalhistas não José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
previstos em lei, de modo que sua interpretação tem que ser Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
restritiva, isto é, o direito do empregado fica limitado ao que está 01 de setembro de 2021.
No que diz respeito aos honorários advocatícios, restou DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
sumaríssimo e sendo a sentença de primeiro grau confirmada pelos PROCESSO nº 0000559-03.2020.5.07.0012 (RORSum)
próprios fundamentos, dispensa-se qualquer formalidade de voto ou RECORRENTE: JOSE FRANCISCO BARBOSA DE LIMA
acórdão, nos termos do art. 895, parágrafo 1º, inciso IV, da CLT. RECORRIDO: PROVINCIA DE FORTALEZA DA CONGREGACAO
DA MISSAO
RECURSO ORDINÁRIO. SENTENÇA TRABALHISTA. formulados por JOSÉ FRANCCISCO BARBOSA DE LIMA contra
CONFIRMAÇÃO PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. ART. 895, PROVINCIA DE FORTALEZA DA CONGREGAÇÃO DA MISSÃO.
§1º, IV, DA CLT. CERTIDÃO DE JULGAMENTO COM EFEITO DE Afirma o recorrente que "Embora não se trate se uma aposentadoria
ACÓRDÃO. O acórdão decorrente do julgamento de recurso por tempo de contribuição propriamente, o contrato de trabalho dá
ordinário, nas ações trabalhistas submetidas ao rito sumaríssimo, ao recorrente o direito de se aposentar por idade o que inclui o
na dicção do art. 895, §1º, inciso IV, da CLT, consistirá "unicamente preenchimento do requisito de tempo de contribuição
na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e cumulativamente com a idade, já que ambos os requisitos
parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente", caminham em caráter de dependência para fixar a pontuação da
restando assente, no mesmo dispositivo legal, para o caso de aposentadoria. Ou sejam, sem a contribuição do recorrente
confirmação da sentença "pelos próprios fundamentos", que a derivada do contrato extinto, o mesmo não poderá se aposentar por
certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de idade, pois haverá déficit." Aduz que "[...] cabe O Tribunal Regional
acórdão". Anota-se que a regra em alusão se aplica à hipótese do Trabalho, o dever de analisar o presente caso buscando uma
vertente em que a parte recorrente não apresenta, no apelo interpretação extensiva do instrumento coletivo conforme
ordinário, fundamentos de fato ou de direito capazes de elidir os fundamento do recurso, para adequação ao presente caso, tendo
fundamentos adotados na decisão recorrida. Sentença mantida em vista que os requisitos para deferimento da aposentadoria estão
advocatícios.
RELATÓRIO À análise.
Trata-se de recurso ordinário, em processo submetido ao rito O MM. juiz de primeiro grau, julgou improcedentes os pedidos
sumaríssimo, por via do qual postula o reclamante a reforma da constantes na inicial, sob a seguinte fundamentação, verbis:
sentença de fls. 215/218. Relatório dispensado; incidência da norma Estabilidade pré-aposentadoria. Nulidade da despedida.
Desnecessária a intervenção do Ministério Público do Trabalho. O reclamante afirma que foi admitido em 01/12/2008, para exercer a
ADMISSIBILIDADE ou seja, faltando alguns meses para sua aposentadoria por idade.
Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de A reclamada, em sua defesa, aduz que, conforme a cláusula
admissibilidade, como atestam a certidão e o despacho de fls. vigésima sétima da CCT, a proteção contra a despedida não é para
233/234, conheço do recurso ordinário e das respectivas todos os tipos de aposentadoria, mas somente as que faltam algum
MÉRITO - CONFIRMAÇÃO DA SENTENÇA PELOS PRÓPRIOS reclamante demonstra que para a aposentadoria por tempo de
estabilidade pré-aposentadoria prevista na CCT. Diz que mesmo documental ou testemunhal para demonstrar que comunicou a ré da
que forçadamente seja recebido o pedido de aposentadoria por proximidade da aposentadoria por idade.
idade como pedido de aposentadoria por tempo de contribuição, Por tais razões, indefiro o pedido de reintegração e seus
que este não cumpriu com todos os requisitos previstos na cláusula Observa-se que o autor não implementou o período necessário para
vigésima sétima da CCT, pois não comunicou a empresa que estabilidade pré-aposentadoria, nos termos que estabelece na
estaria próximo de conseguir sua aposentadoria por idade nem fez Convenção Coletiva de Trabalho 2020/2021.
Dispõe a cláusula vigésima sétima da CCT de 2020/2021, cuja empregador de tal fato, de forma a possibilitar-lhe a reconsideração
"CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - ESTABILIDADE PRÉ - Não tendo o reclamante produzido qualquer prova de que tenha
APOSENTADORIA As Instituições garantirão a estabilidade procedido com a comunicação tempestiva de seu empregador, a
provisória do emprego, aos empregados que estejam em fase de teor do que estabelece o art. 818 da CLT, sucumbiu em seu ônus
contagem de tempo de serviço para obtenção de sua aposentadoria probatório, sendo este mais um motivo para o reconhecimento de
a) se faltarem 06(seis) meses para atingir tal objetivo, desde que Ademais, as normas coletivas instituem direitos trabalhistas não
tenham trabalhado para o mesmo empregador por mais de 03(três) previstos em lei, de modo que sua interpretação tem que ser
b) se faltarem 12 (doze) meses para atingir tal objetivo, desde que disposto na norma coletiva.
tenham trabalhado para o mesmo empregador por mais de 10 (dez) No que diz respeito aos honorários advocatícios, restou
Ficam cientes os empregados que terão de comunicar ao atualizado da causa em favor do advogado da reclamada. Cumpre
empregador quando do início da estabilidade e ao completar o observar, porém, que o Pleno do E. TRT da 7ª Região, no
tempo para a percepção de tal benefício, cessará a presente julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade nº 0080026-
Com efeito, ressai evidente que assiste razão à demandada quando "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro
afirma que a estabilidade pré-aposentadoria prevista na norma processo, créditos capazes de suportar a despesa", contida no § 4º
coletiva alcança apenas os empregados que estejam em fase de do art. 791-A da CLT. Desta forma, seguindo o mesmo
contagem de tempo de serviço para obtenção da aposentadoria a entendimento, e considerando que o reclamante é beneficiário da
ser concedida pelo Órgão Previdenciário, não se referindo àqueles gratuidade judiciária, impõe-se a suspensão da exigibilidade da
que estejam no aguardo de completar a idade mínima. condenação relativa aos honorários fixados, conforme dispõe o art.
interpretação deve ser restritiva, não sendo possível ao Poder Em face da sucumbência integral do autor e considerando que a
Judiciário ampliar o alcance do benefício instituído, sob pena de presente ação foi ajuizada já na vigência da lei n° 13.467/17,
afetar o equilíbrio alcançado pelas partes convenentes. mantém-se a decisão de primeiro grau.
No caso, como reconhecido na inicial e demonstrado com o Dessa forma, em que pese o inconformismo demonstrado no
documento de fls.146/150, quando da despedida o reclamante não recurso, forçoso reconhecer que a decisão recorrida, porque
se enquadrava em nenhuma das hipóteses previstas na CCT para a proferida em consonância com os aspectos fático-jurídicos inerentes
estabilidade pré-aposentadoria, pois não faltava 6 (seis) ou 12 à lide, deve ser confirmada em todos os seus termos.
(doze)meses para a aposentadoria por tempo de contribuição. Por fim, vale ressaltar que, estando o feito sujeito ao procedimento
Demais, mesmo que assim não fosse, o reclamante não provou ter sumaríssimo e sendo a sentença de primeiro grau confirmada pelos
cumprido com a obrigação prevista no parágrafo primeiro da próprios fundamentos, dispensa-se qualquer formalidade de voto ou
mencionada cláusula normativa, pois não produziu prova acórdão, nos termos do art. 895, parágrafo 1º, inciso IV, da CLT.
PODER JUDICIÁRIO
CONCLUSÃO DO VOTO
JUSTIÇA DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
(Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia RECURSO ORDINÁRIO. HORAS EXTRAS. JORNADA
(Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco NOTURNA. REDUÇÃO FICTA. Considerando que a hora ficta
José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a noturna corresponde a 52min30seg da hora normal de trabalho nos
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, termos do parágrafo primeiro do art. 73, da CLT, bem assim que o
01 de setembro de 2021. horário de labor cumprido pelo reclamante era das 21hs às 6hs,
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA extras, as horas trabalhadas além da 44ª semanal. Sentença
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. LAUDO PERICIAL POSITIVO. Embora o Julgador não esteja
Servidor de Secretaria fundamentação, conforme bem esclarece o art. 479, do CPC, não
Convenção Coletiva de Trabalho da categoria obreira de 2018, o da 10ª Vara do Trabalho de Fortaleza-CE, DRA. IVÂNIA SILVA
piso salarial do Zelador corresponde a R$ 1.014,24. Ademais, ARAÚJO, após considerar que a reclamada não comprovou possuir
conforme disposto na cláusula oitava do instrumento normativo em menos de dez empregados, entendeu que deve incidir, na hipótese,
relevo, "Para os empregados que trabalhem em horário noturno, o disposto na Súmula 338, do TST quanto à presunção relativa de
assim considerado o desenvolvido entre 22:00h às 05:00h do dia veracidade da jornada de trabalho declinada na petição inicial;
seguinte, fica assegurado o adicional noturno na base de 21% reconheceu, outrossim, com base na prova oral produzida pelo
(vinte e um por cento), calculados sobre o valor da hora normal.". reclamante, que a jornada de labor por este cumprida era de 21hs
Outrossim, os documentos aptos à demonstração da regularidade às 6hs, de segunda à sábado, com 2hs de intervalo para refeição e
da quitação das verbas rescisórias concernente ao contrato de descanso. Em razão disso, deferiu o pedido de horas extras (no
trabalho havido entre o autor e a segunda reclamada (TRCT e limite de 170 horas), assim consideradas as excedentes da 44ª
respectivo comprovante de pagamento) não foram juntados aos semanal, que deverão ser apuradas com observância da variação
autos. Desse modo, inexistem razões para reforma do julgado. salarial percebida pelo autor relativamente aos dois vínculos de
Sentença confirmada, no aspecto. VALORES PAGOS AO emprego distintamente mantidos com a primeira e segunda
RECLAMANTE A TÍTULO RESCISÓRIO. DEDUÇÃO. Uma vez reclamadas, bem como o adicional normativo (70%) e o divisor 220.
que, na petição inicial,admite-se que já foram pagos ao reclamante Não se conformando, a primeira e segunda reclamadas
as cifras de R$ 1.437,43 e R$ 393,97 a título rescisório apresentaram recurso ordinário às fls. 460/471, no qual aduzem que
concernentemente ao contrato de trabalho havido entre o laborista e merece reforma a decisão, vez que, conforme a jornada de labor
a segunda ré, bem assim que, na origem, restou comandada a apontada na exordial e confessada pelo reclamante em depoimento
dedução apenas do primeiro deles (R$ 1.437,43), merece retoque a pessoal, tem-se que eram trabalhadas apenas 7hs diárias,
decisão para se determinar que, nos cálculos que vierem a liquidar resultando em um total de apenas 42hs semanais.
393,97). Sentença parcialmente reformada, no tópico. Além da presunção relativa que se instalou nos autos quanto à
Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido. veracidade da jornada de trabalho apontada na preambular em
RELATÓRIO reclamante era das 21hs às 6hs, de segunda à sábado, com 2hs de
intervalo.
Recurso ordinário em processo sujeito ao rito sumaríssimo. da hora normal de trabalho nos termos do parágrafo primeiro do art.
Dispensado o relatório circunstanciado, "ex vi" do disposto no art. 73, da CLT, são devidas, como extras, as horas trabalhadas além
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Considerando as informações constantes da certidão à fl. 476, de EPI's; nos termos do Anexo 14 da NR 15, é indevido o adicional
conheço do recurso ordinário, ratificando o despacho de de periculosidade quando não há contato permanente do
admissibilidade exarado pelo Juízo "A Quo"; conheço, por igual, das trabalhador com agentes insalubres; e em seu laudo, o perito deixou
contrarrazões do reclamante, vez que apresentadas no prazo legal. de considerar que a limpeza de banheiros era eventual, sendo
A teor do disposto no art. 190, da CLT, cabe ao Ministério do Anexo 14 é de nosso parecer que EXISTEM CONDIÇÕES
Trabalho aprovar o quadro de atividades e operações insalubres e TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE com adicional de 40% sobre o
insalubridade, limites de tolerância aos agentes agressivos, meios Insta pontuar que, embora o Julgador não esteja vinculado ao
de proteção e tempo máximo do empregado a tais agentes. remate pericial, podendo formar seu convencimento de maneira
A Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho e Emprego livre, sem prejuízo da necessária e imprescindível fundamentação,
aprovou as Normas Regulamentadoras que estabelecem as regras conforme bem esclarece o art. 479, do CPC, não há espaço para se
de segurança e medicina do trabalho. deixar de acolher esse tipo de prova quando se observa que o
Já o Anexo 14 da Norma Regulamentadora em realce, que elenca "Expert", a par do preparo técnico, promoveu um trabalho cuidadoso
adicional de insalubridade máximo para os seguintes trabalhos ou Ademais, considerando que o Juiz, para o desempenho de suas
"- pacientes em isolamento por doenças infecto-contagiosas, bem conhecimentos de engenharia ou de qualquer outra ciência, deve
como objetos de seu uso, não previamente esterilizados; considerar, como fonte para alicerçar suas decisões, os laudos
- carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e periciais especialmente preparados por pessoas que detenham
dejeções de animais portadores de doenças infecto-contagiosas formação própria e autorização legal, somente podendo rejeitá-los,
- esgotos (galerias e tanques); e de defeitos ou vícios relevantes e insanáveis que, não raro, quando
- lixo urbano (coleta e industrialização)." (Meus destaques) presentes, se tornam perceptíveis mesmo por pessoas sem
Na perícia técnica às fls. 245/251, realizada com a presença do Na vertente hipótese, não há qualquer prova apta a afastar a
reclamante, dos assistentes técnicos da reclamada Seguro Serviços conclusão assentada no laudo pericial,
Ltda EPP (Sra. Fábio Roberto de Sousa Baima, Técnico de Ao lume do exposto, nego provimento ao recurso, no aspecto.
segurança do trabalho), e do encarregado operacional do Shopping Na decisão originária, a julgadora singular afastou a unicidade
Central, Sr. José Vlademir Gomes Freire Filho, o "Expert" deixa contratual alegada na incoativa e manteve como válidos os dois
claro que os levantamentos das informações foram obtidos através vínculos de emprego anotados na CTPS do autor
de verificação "in loco" e entrevistas com as pessoas que Quanto ao primeiro contrato (de 01.06.2017 a 31.01.2018),
acompanharam todo o desenrolar do exame técnico. considerou corretamente quitadas as verbas rescisórias constantes
higienização de banheiro público, tem-se contato com o mesmo Em relação ao segundo (01.02.2018 a 01.04.2018, com a
material contido em lixos e esgotos que expõem o trabalhador a reclamada Seguro Service Ltda, reconheceu, a julgadora "a quo", a
risco potencial de aquisição de enfermidades biológicas, dispensa imotivada do reclamante em 01.04.2018 por força da
ressaltando, neste aspecto, que os EPI's não são capazes de projeção do aviso prévio. Em razão disso, condenou a primeira ré a
neutralizar os efeitos dos agentes biológicos, posto que, no Anexo anotar a baixa na CTPS obreira.
14 da NR 15, a insalubridade é mensurada pela atividade Por outro lado, ante à ausência do TRCT demonstrativo da quitação
desenvolvida, não tendo limites de tolerância. das verbas rescisórias e da forma de dispensa e, ainda, do valor
Ao responder os quesitos de nº 10 e 11 formulados pela ré Seguro 1.014,57 e adicional noturno de 21%), a magistrada de origem
Serviços Ltda - EPP, manifestou o Sr. Perito que a exposição do concedeu ao reclamante as seguintes verbas:
autor a agentes insalubres de dava de forma habitual e permanente "salário retido março/2018(piso mais 21%); saldo de salário(1 dia);
(fl. 250). aviso prévio(30 dias), na forma do artigo 487 paragrafo primeiro da
Por fim, desfechou a investigação nos seguintes termos: CLT, Lei 12.506 /11 e artigo 7º, inciso XXI da CF; 13º salário
Com base na análise das atividades e condições de trabalho da 4749/65); férias proporcionais(3/12) +1/3 (artigo 7º, XVII da CF e
Reclamante e no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78 - NR 15, artigos 146/147 da CLT); FGTS sobre salário retido, saldo de
condenado." DISPOSITIVO
as verbas rescisórias concedidas foram corretamente pagas, bem ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
assim que o salário a ser considerado para fins de cálculos de tais TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
parcelas deve ser R$ 1.014,54, acrescido do adicional noturno no unanimidade, conhecer do recurso ordinário e lhe dar parcial
importe de R$ 213.02. provimento para determinar que, nos cálculos que vierem a liquidar
Razão não lhes assiste. a sentença, seja efetivada a dedução do valor de R$ 393,97 já
Quanto à remuneração que deve servir de arrimo aos cálculos das percebido pelo obreiro a título rescisório. Participaram do
verbas rescisórias concedidas, está correto o "decisum', porquanto, julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto
de acordo com a cláusula terceira da Convenção Coletiva de (Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia
Trabalho da categoria obreira de 2018 (fls. 58 e seguintes), o piso (Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco
salarial do Zelador corresponde a R$ 1.014,24. Ademais, conforme José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
disposto na cláusula oitava do instrumento normativo em relevo, Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
fica assegurado o adicional noturno na base de 21% (vinte e um DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
título rescisório.
PODER JUDICIÁRIO
Sentença reforma, no particular.
JUSTIÇA DO
CONCLUSÃO DO VOTO
TELECOMUNICACOES LTDA, INTERSERVICE - SERVICOS DE demonstrar a jornada de trabalho do empregado que exerce
ELABORACAO DE DADOS LTDA - ME funções de motorista, não sendo adequado, no entanto, para os
RECORRIDO: EDISLANIO FRANCISCO DA SILVA QUEIROZ demais empregados, dentre os quais se destacam os instaladores
RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA de telecomunicações que prestam serviços externos ou em viagens,
CERCEAMENTO DE DEFESA. SUSPEIÇÃO DE TESTEMUNHAS. PERIGOSA SEM A PROVA DO PAGAMENTO. Constatado nos
FATO INEXISTENTE. INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO autos, por força de declaração do próprio empregador, que o
CONSTANTE DA SÚMULA 357 DO TST. Constitui entendimento reclamante percebia o adicional de periculosidade, impõe-se a
pacificado no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, com comprovação desse fato mediante os imprescindíveis recibos de
extensão à maioria dos Tribunais Regionais, observado o disposto pagamento, não sendo bastante, para elidir a falta de provas, a
na súmula 357, do TST, em plena vigência, que "Não torna suspeita alegação de que os contracheques se encontravam disponíveis em
a testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado meio eletrônico, eis que a lei, ainda vigente, in casu, o art. 464, da
contra o mesmo empregador." Assim, salvo prova inequívoca da CLT, exige expressamente que o pagamento de salário seja
intenção maliciosa do depoente, não cabe falar em suspeição de realizado mediante recibo. Sentença mantida.
testemunha pelo fato de se encontrar litigando contra o mesmo HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.
empregador do reclamante, eis que os interesses são pessoais e RECLAMANTE BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. AÇÃO
não recíprocos. Ademais, no caso concreto, a magistrada AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI N. 13.467/2017. Em se tratando
sentenciante acolheu a contradita da primeira testemunha do autor, de ação ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo
decidindo ouvi-la como mero informante, sob o fundamento de que regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017)
"[...] restou comprovada troca de favores entre a testemunha e o acerca dos honorários advocatícios. Nessa situação, impõe-se
reclamante [...]". Afora isso, consta na ata de audiência que a parte razoável a condenação das partes em honorários advocatícios pela
reclamante declinou da oitiva das demais testemunhas. Assim, não sucumbência recíproca, na forma prevista no art. 791-A, § 3º, da
há que se falar em cerceamento de defesa por ofensa aos CLT, bem como à determinação para suspensão da exigibilidade
princípios do contraditório e da ampla defesa, como pretende a em relação ao beneficiário da justiça gratuita, haja vista a
HORAS EXTRAS. PROVA SUFICIENTE. Cabia à reclamada provar que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo,
a jornada por ela defendida, bem como o pagamento das horas créditos capazes de suportar a despesa", contida no § 4º, do art.
extras prestadas, consoante art. 74, §2º, da CLT, e Súmula 338 do 791-A, da CLT, com redação dada pela Lei nº 13.467/2017, por este
TST, eis que contava com mais 20 empregados. Contudo, a ré se Regional, nos autos do processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000, na
absteve de apresentar os controles de ponto dos empregados, não sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. Sentença reformada,
prestassem serviços com observância da jornada descrita na Recurso ordinário conhecido; preliminar de cerceamento de
contestação, razão pela qual presume-se verdadeira a jornada defesa rejeitada e, no mérito, apelo parcialmente provido.
EMPREGADOR CONTROLAR JORNADA DE TRABALHO DE A Juíza Titular da Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte, Dra.
EMPREGADO QUE NÃO EXERCE A FUNÇÃO DE MOTORISTA. CHRISTIANNE FERNANDES CARVALHO DIOGENES RIBEIRO,
O GPS, como soe acontecer, serve de meio probante para nos termos da sentença de fls. 1472-1497, após expor as razões
que formaram sua convicção, houve por bem rejeitar a preliminar de Correção monetária e juros - A teor da decisão proferida pelo
ilegitimidade passiva da segunda reclamada; acolher a inépcia da Supremo Tribunal Federal nas ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e 6021, a
inicial, em relação ao pedido de intervalo intrajornada, para extinguir atualização monetária dos débitos trabalhistas será, a partir do
o feito, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, I, do vencimento de cada parcela até a véspera da citação da parte ré,
CPC/2015; rejeitar a preliminar de falta de interesse de agir e, no pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA- E).
mérito, julgar parcialmente procedentes os pedidos deduzidos na A partir da citação até o efetivo pagamento da obrigação , a
inicial para converter a dispensa por justa causa em rescisão atualização monetária e os juros de mora serão, juntos, fixados pelo
indireta do contrato de trabalho e condenar as reclamadas, índice do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) ,
solidariamente, ao pagamento das seguintes verbas: de acordo com o artigo 406 do Código Civil.
b) férias+1/3 um período integral (2018/2019) e 6/12 proporcionais Inconformada, interpôs a reclamada o apelo ordinário de fls. 1541-
c) 13º salário proporcional de 2/12 (2020); alegando que a Juíza sentenciante incorreu em violação ao
d) liberação do FGTS mensal (8%) referente a todo o contrato de princípio do contraditório e da ampla defesa, haja vista não ter
trabalho (art. 15 e 20, I, da Lei 8.036/90) e a multa de 40% sobre o observado a "[...] troca de favores apontada em sede de audiência
saldo dos depósitos, em razão da dispensa sem justa causa (art. de instrução, bem como em face do interesse mútuo do Recorrido e
18, §1º, da Lei 8.036/90); suas testemunhas (também Reclamantes) em prejudicar a ora
II) adicional de periculosidade de 30%, durante todo o contrato, com Requer a apelante, em razão dos fundamentos expostos na peça
reflexo em aviso prévio (33 dias), FGTS (8%+40%), férias+1/3 e 13º recursal, "[...] a reforma da r. sentença "a quo", para que seja
III) 184 horas extras mensais (com adicional de 50%), além de Alega, ademais, a recorrente, que são indevidas as horas extras
reflexos em aviso prévio, férias+1/3, 13º salário, RSR e FGTS deferidas, bem como o adicional de periculosidade, destacando, a
IV) 57h30min, a título de intervalo interjornada suprimido, as quais jurisprudência tem acolhido o GPS como mecanismo apto a
devem ser indenizadas, com acréscimo de 50%, sem reflexo em controlar o horário de trabalho dos trabalhadores externos. Aduz a
demais verbas. recorrente, citando decisão da Ministra Kátia Arruda (fls. 1551), que
Ademais, a MM. Juíza sentenciante aduziu que "[...] Procede, ainda, "[...] são inúmeros os julgados no sentido de aceitar o GPS como
após o trânsito em julgado, a liberação de seguro-desemprego VIA um meio de efetivar o controle de jornada dos trabalhadores
OFÍCIO. Se, contudo, o exercício desse direito for impossibilitado externos, não podendo aplicar ao caso em epígrafe entendimento
pela culpa do empregador ou pelo destempo, ensejando o não diverso do que vem sendo aplicado em vários outros julgados."
pagamento do benefício pelo órgão responsável, pagará, a ré, em Alega que "[...] existia jornada convencionada com a categoria
execução, o equivalente ao período devido. Ressalte-se que não cabista no regime de compensação na categoria de acordo de
será devida qualquer indenização caso o benefício não seja pago prorrogação de jornada a partir de Janeiro de 2019, no sentido de
em razão do não preenchimento dos requisitos legais pelo que efetivariam 7 (sete) dias seguidos de trabalho por 5 (cinco) dias
trabalhador [...]". consecutivos de folga, para que pudessem passar mais tempo com
Decidiu, além disso, condenar a reclamada ao pagamento de suas esposas e familiares [...]" (fls. 1553).
honorários advocatícios de 15%, devendo, ainda, dar baixa na Sustenta que o autor recebia adicional de insalubridade de 30%
CTPS do reclamante, com data de saída em 14/03/2020. devidamente discriminado no contracheque, como demonstram as
Consta na sentença, outrossim, que a base de cálculo das verbas fichas financeiras acostadas aos autos. Ressalta que "[...] os
deferidas é o salário de R$1.065,76, acrescido de adicional de holerites são fornecidos aos seus funcionários através do
Quanto a atualização monetária, resta consignado na decisão PDF ou compartilhar o referido documento a qualquer momento,
recorrida o seguinte: mediante a utilização de login e senha [...]" (fls. 1553), motivo por
"[...] que deve ser reformada a decisão do Juízo singular, que entendeu
pela existência de violação ao art. 464 da CLT, uma vez que não reconhecer que cada litigante, nos casos em que há repetição de
foram disponibilizados holerites. Argumenta que "[...] restando demandas contra o mesmo empregador, defende interesse próprio
comprovado que o pagamento do adicional foi devidamente feito e não do colega, restando certo que, em tais condições, eventual
pela Recorrente através de depósito em conta, bem como o fato de declaração de suspeição da testemunha ,implicará,
que o Reclamante não nega a percepção dos pagamentos via conta inexoravelmente, a extinção da espécie probatória em realce que,
bancária, não há que se falar no pagamento em duplicidade do não raro, se produz mediante declarações prestadas por pessoas
adicional de periculosidade [...]" (fls. 1558). que trabalham ou trabalharam para o mesmo empregador e que, ao
Finalmente, a recorrente defende a condenação do reclamante nos fim e ao cabo, conhecem os fatos inerentes aos respectivos
recurso ordinário "[...] com a consequente reforma da r. sentença "a Não custa lembrar que, no caso concreto, a magistrada
quo", acolhendo integralmente os pleitos acima mencionados, sentenciante acolheu a contradita da primeira testemunha do autor,
cabendo ainda a condenação da parte Recorrida ao pagamento das decidindo ouvi-la como mero informante, sob o fundamento de que
custas em reversão [...]" (fls. 1560). "[...] restou comprovada troca de favores entre a testemunha e o
O reclamante não apresentou contrarrazões, consoante certidão de reclamante, na medida em que ela afirmou expressa e claramente
fls. 1569. que os dois estavam "se ajudando" na busca dos seus direitos e
Desnecessário o envio dos autos ao MPT para a elaboração de ainda a efetiva troca de favores já que um está como testemunha do
Parecer, posto que não verificadas nenhuma das hipóteses outro [...]" (fls. 1464).
previstas do art. 109 do Regimento Interno deste Egrégio TRT. Afora o exposto, consta na ata de audiência que a parte reclamante
recorrente.
Preliminar rejeitada.
ADMISSIBILIDADE MÉRITO
admissibilidade, como atestam a certidão e o despacho de fls. 1565- O autor narra, na inicial, que laborava durante dez dias seguidos em
1566, impõe-se o conhecimento do recurso ordinário interposto pela diversas cidades do Nordeste, cumprindo jornada de trabalho de 5h
Alega a reclamada que o Juízo sentenciante lhe cerceou o direito de Em oposição, a reclamada nega o labor extraordinário, aduzindo
defesa, desconsiderando, para esse fim, a troca de favores que que o autor tinha jornada "[...] de 6x1 tendo como padrão das
teria havido entre as testemunhas, as quais, na qualidade de ex- 8:00hs às 12:00hs e das 13:00hs às 17:00hs, sempre com 1hs para
empregados, defendem interesse comum. Exclama a recorrente refeição e descanso [...]" e que "[...] sempre pagou as eventuais
que "[...] muito embora as testemunhas do caso em testilha tenham horas extras cumpridas pelo Reclamante durante todo o pacto
sido contraditadas e a ora Recorrente tenha alertado do interesse laboral [...]" (fls. 160). Ressalta que a jornada convencionada de 7
em comum, a MM. Juíza singular, optou por ignorar um direito dias seguidos por 5 dias de folga era relativa à função diversa
básico desta Reclamada, que se viu prejudicada diante dos daquela exercida pelo demandante. Sustenta que o registro de GPS
depoimentos combinados realizados no caso em epígrafe [...]" (fls. "[...] comprova a hora de chegada do Reclamante ao estoque da
Em que pese a insatisfação demonstrada pela reclamada, não há, encerramento de sua jornada quando retorna ao alojamento [...]"
no caso concreto, que se falar em parcialidade da Juíza (fls. 161). Refere, ainda, que possui regime de compensação.
sentenciante e, tampouco, em parcialidade de testemunhas, Conforme relatado, o Juízo de base decidiu acolher a inépcia da
cabendo considerar que, nos termos da súmula 357, do TST, em inicial, em relação ao pedido de intervalo intrajornada, para extinguir
plena vigência, "Não torna suspeita a testemunha o simples fato de o feito, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, I, do
estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador." CPC/2015. No mais, decidiu nos seguintes termos:
Ambas as testemunhas da reclamada (Matheus e Ricardo) Embora seja compreensível a insatisfação que impeliu a reclamada
confirmaram que o trabalhador laborava em regime de 10 a 15 dias a oferecer o presente recurso ordinário, forçoso reconhecer, em
de trabalho com 4 a 5 dias de descanso. Enquanto a primeira sentido inverso, que razão alguma lhe assiste, eis que, em verdade,
testemunha da reclamada Matheus informou o horário de 7h ou a Juíza sentenciante decidiu a causa com estrita observância da
7h30min a 12h e de 13h a 17h, a segunda testemunha da prova constante dos autos.
reclamada Ricardo afirmou que o horário era de 6h30min a 17h. Ora, cabia à reclamada provar a jornada por ela defendida, bem
Nenhuma dessas jornadas coincide com aquela alegada na defesa como o pagamento das horas extras prestadas, consoante art. 74,
como sendo a correta, mas ambas resultam em horas extras diárias §2º, da CLT, e Súmula 338 do TST, eis que contava com mais 20
e semanais. empregados.
Além disso, apesar de possuir mais de 20 empregados, a Contudo, no caso concreto, a ré se absteve de apresentar os
reclamada não apresentou nos autos controle de jornada idôneo, controles de ponto dos empregados, não logrando provar, como lhe
mesmo tendo sido provado que realizava tal controle, competia, que seus colaboradores prestassem serviços com
especialmente por GPS. Ademais, registros de GPS não se revelam observância da jornada descrita na contestação, razão pela qual
meio idôneo de controle de jornada pelo empregador. A verdade é presume-se verdadeira a jornada declinada na inicial, como
que inexistia controle idôneo da jornada de trabalho, ao arrepio da decidido na origem, valendo ressaltar que tal presunção não foi
Assim, a reclamada não se desincumbiu do ônus de provar a como bem observou a julgadora de base, não confirmaram a
jornada declinada na defesa, que era encargo seu, por ser fato jornada alegada pela empregadora.
obstativo do direito do autor e por possuir notoriamente mais de 20 Cumpre lembrar, ainda, que o GPS, embora seja eficiente meio de
empregados, consoante art. 74, §2º, da CLT e Súm. 338 do TST. controle do trabalho prestado por empregado que exerce as
Assim, a reclamada não se desincumbiu de provar a jornada atribuições ou funções de motorista, como se extrai do fundamento
alegada em defesa, nos termos da Súm. 338 do TST, prevalecendo constante do recurso, não serve para controlar a jornada de
a jornada aduzida na inicial, cujo horário foi, inclusive, confirmado empregado que apenas usa o veículo como meio de transporte,
pela prova testemunhal emprestada, observada a limitação do que restando certo que, neste último caso, não há qualquer vínculo
Portanto, nos limites do pedido de dos fatos aduzidos na inicial, o Assim, considerando que o reclamante exercia as funções de
obreiro laborava em jornada de 5h a 20h, com 30min de intervalo "emendador de cabo de fibra ótica" (fls. 239), não pode ter a jornada
intrajornada, de terça a domingo, totalizando 184 horas extras por de trabalho regulada ou fiscalizada por intermédio do GPS, sendo
mês, a serem pagas com adicional de 50%, mais reflexos. Não há razoável concluir que a empresa reclamada deveria ter adotado
falar em prejuízo ao RSR, pois esse era gozado na segunda-feira. outros instrumentos de controle da jornada laboral.
Além disso, essa jornada resultava em prejuízo ao intervalo Destaca-se, por oportuno, que o entendimento esposado pela
interjornada, o qual era suprimido em 2h por dia, resultando em Ministra Katia Arruda, referido no recurso (fls. 1551), restou
57h30min, as quais devem ser indenizadas, com acréscimo de expresso em processo cujo autor (reclamante) exercia as
50%, sem reflexo em demais verbas. atribuições de motorista, mostrando-se inaplicável ao caso concreto
Ademais, considero verdadeiro o salário indicado pela reclamada e a outros em que os reclamantes exerçam outras atividades, assim
R$1.065,76, consoante registro de empregado (ID. 3d7eb2b). considerados quaisquer trabalhadores que utilizam os veículos
Pelo exposto, julgo procedentes os pleitos autorais, para somente como meio de locomoção e não como instrumento de
/2018 a 10/02/2020 (projetando-se até 14/03/2020, em razão do Confira-se, a propósito, o excerto transcrito pela própria recorrente,
mensais (com adicional de 50%), além de reflexos em aviso prévio, "O rastreamento via satélite, diferentemente do tacógrafo, viabiliza o
férias+1 /3, 13º salário, RSR e FGTS (8%+40%); b) 57h30min, a controle da jornada de trabalho do empregado motorista, porquanto
título de intervalo interjornada suprimido, as quais devem ser se realiza mediante aparelho que capta sinais de GPS e permite a
indenizadas, com acréscimo de 50%, sem reflexo em demais transmissão de dados, como a localização exata do veículo, o
[...]" (fls. 1487-1488) Ante o exposto, afasta-se a validade dos registros constantes do
GPS como instrumento apto a comprovar a jornada de trabalho de advocatícios sucumbenciais pela parte reclamante, observado o
empregados que não exerçam funções de motorista, mantendo a percentual de 15%, que deve incidir sobre as parcelas abrangidas
condenação imposta à reclamada pelos mesmos fundamentos que foram julgadas improcedentes, vedada, no entanto, a
Considerando que cabia à reclamada, a teor do art. 818, II, da CLT, desconsiderados os créditos obtidos neste processo, ostenta
provar que cumpria a lei e pagava o adicional de periculosidade ao condições para arcar com o respectivo pagamento.
trabalhador, mediante recibo discriminativo (contracheque), o que Considera-se, para fins de suspensão da execução, a norma
não foi comprovado nos autos, já que nenhum elemento probatório prevista no art. 791-A, da CLT, bem como a declaração de
confirma que o reclamante tivesse efetivo acesso aos inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
contracheques discriminados, o Juízo singular deferiu o pagamento juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
de adicional de periculosidade de 30%, durante todo o contrato, despesa", decorrente do julgamento, pelo Pleno deste Egrégio TRT
com reflexo em aviso prévio (33 dias), FGTS (8%+40%), férias+1/3 da 7a. Região, do processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000, na
A decisão, mais uma vez, merece ser confirmada, cuidando-se que Confira-se ementa já constante de outros processos, verbis:
a mera disponibilização dos contracheques em meio eletrônico ou HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA NA
internético não resolve a questão alusiva à falta de comprovação do VIGÊNCIA DA LEI NO 13.467/2017. Em se tratando de ação
pagamento da verba em questão, eis que ainda vige o regramento ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento
previsto no art. 464, da CLT, segundo o qual "O pagamento do trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos
salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo honorários advocatícios. Nessa situação, impõe-se razoável a
empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão condenação das partes em honorários advocatícios pela
digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo." sucumbência recíproca, na forma prevista no art. 791-A, § 3º, da
Na verdade, cabia à reclamada provar que cumpria as obrigações CLT, bem como à determinação para suspensão da exigibilidade
derivadas do contrato de trabalho, dentre as quais o pagamento do em relação ao beneficiário da justiça gratuita, haja vista a
adicional de periculosidade, eis que o reclamante demonstrou, declaração de inconstitucionalidade material da expressão "desde
satisfatoriamente, que trabalhava sob condições adversas, sem que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo,
receber a contrapartida referida no art. 193, da CLT. créditos capazes de suportar a despesa", contida no § 4º, do art.
Assim, cabe ao empregador, em geral, ao pretender comprovar o 791-A, da CLT, com redação dada pela Lei nº 13.467/2017, por este
pagamento de salários ou de qualquer verba aos respectivos Regional, nos autos do processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000, na
empregados, observar as condições inerentes ao quadro funcional, sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019.
inclusive quanto à acessibilidade aos meios eletrônicos, que deve Sentença reformada, no tópico.
acesso eletrônico aos contracheques. Nem no contrato de trabalho Recurso ordinário conhecido; preliminar de cerceamento de defesa
nem na CTPS há a indicação de que o reclamante receberia rejeitada e, no mérito, apelo parcialmente provido.
Nesse contexto, sendo certo que o autor não tinha efetivo acesso
aos contracheques, de se concluir que as fichas financeiras de fls. ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
231-236 não se prestam a comprovar o pagamento do adicional em TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
questão, visto se tratar de documento elaborado unilateralmente. unanimidade, conhecer do recurso ordinário, rejeitar a preliminar de
Cuidando-se de ação ajuizada após o início de vigência da Lei advocatícios sucumbenciais, observado o percentual de 15%,
nº13.467/2017, forçoso reconhecer que são devidos os honorários incidente sobre as verbas que foram julgadas improcedentes,
mantendo-se suspensa a exigibilidade, por força da declaração de RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto RECURSO ORDINÁRIO. HORAS EXTRAS. JORNADA
(Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia NOTURNA. REDUÇÃO FICTA. Considerando que a hora ficta
(Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco noturna corresponde a 52min30seg da hora normal de trabalho nos
José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a termos do parágrafo primeiro do art. 73, da CLT, bem assim que o
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, horário de labor cumprido pelo reclamante era das 21hs às 6hs,
01 de setembro de 2021. com 2hs de intervalo, de segunda à sábado, são devidas, como
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. vinculado ao remate pericial, podendo formar seu convencimento de
CESAR DE ALMEIDA MARINHO fundamentação, conforme bem esclarece o art. 479, do CPC, não
Servidor de Secretaria há espaço para se deixar de acolher esse tipo de prova quando se
- SEGURO SERVICOS LTDA - EPP REGULAR QUITAÇÃO. A remuneração que deve servir de arrimo
trabalho havido entre o autor e a segunda reclamada (TRCT e limite de 170 horas), assim consideradas as excedentes da 44ª
respectivo comprovante de pagamento) não foram juntados aos semanal, que deverão ser apuradas com observância da variação
autos. Desse modo, inexistem razões para reforma do julgado. salarial percebida pelo autor relativamente aos dois vínculos de
Sentença confirmada, no aspecto. VALORES PAGOS AO emprego distintamente mantidos com a primeira e segunda
RECLAMANTE A TÍTULO RESCISÓRIO. DEDUÇÃO. Uma vez reclamadas, bem como o adicional normativo (70%) e o divisor 220.
que, na petição inicial,admite-se que já foram pagos ao reclamante Não se conformando, a primeira e segunda reclamadas
as cifras de R$ 1.437,43 e R$ 393,97 a título rescisório apresentaram recurso ordinário às fls. 460/471, no qual aduzem que
concernentemente ao contrato de trabalho havido entre o laborista e merece reforma a decisão, vez que, conforme a jornada de labor
a segunda ré, bem assim que, na origem, restou comandada a apontada na exordial e confessada pelo reclamante em depoimento
dedução apenas do primeiro deles (R$ 1.437,43), merece retoque a pessoal, tem-se que eram trabalhadas apenas 7hs diárias,
decisão para se determinar que, nos cálculos que vierem a liquidar resultando em um total de apenas 42hs semanais.
393,97). Sentença parcialmente reformada, no tópico. Além da presunção relativa que se instalou nos autos quanto à
Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido. veracidade da jornada de trabalho apontada na preambular em
RELATÓRIO reclamante era das 21hs às 6hs, de segunda à sábado, com 2hs de
intervalo.
Recurso ordinário em processo sujeito ao rito sumaríssimo. da hora normal de trabalho nos termos do parágrafo primeiro do art.
Dispensado o relatório circunstanciado, "ex vi" do disposto no art. 73, da CLT, são devidas, como extras, as horas trabalhadas além
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Considerando as informações constantes da certidão à fl. 476, de EPI's; nos termos do Anexo 14 da NR 15, é indevido o adicional
conheço do recurso ordinário, ratificando o despacho de de periculosidade quando não há contato permanente do
admissibilidade exarado pelo Juízo "A Quo"; conheço, por igual, das trabalhador com agentes insalubres; e em seu laudo, o perito deixou
contrarrazões do reclamante, vez que apresentadas no prazo legal. de considerar que a limpeza de banheiros era eventual, sendo
da 10ª Vara do Trabalho de Fortaleza-CE, DRA. IVÂNIA SILVA A teor do disposto no art. 190, da CLT, cabe ao Ministério do
ARAÚJO, após considerar que a reclamada não comprovou possuir Trabalho aprovar o quadro de atividades e operações insalubres e
menos de dez empregados, entendeu que deve incidir, na hipótese, estipular normas sobre os critérios de caracterização da
o disposto na Súmula 338, do TST quanto à presunção relativa de insalubridade, limites de tolerância aos agentes agressivos, meios
veracidade da jornada de trabalho declinada na petição inicial; de proteção e tempo máximo do empregado a tais agentes.
reconheceu, outrossim, com base na prova oral produzida pelo A Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho e Emprego
reclamante, que a jornada de labor por este cumprida era de 21hs aprovou as Normas Regulamentadoras que estabelecem as regras
às 6hs, de segunda à sábado, com 2hs de intervalo para refeição e de segurança e medicina do trabalho.
descanso. Em razão disso, deferiu o pedido de horas extras (no Já o Anexo 14 da Norma Regulamentadora em realce, que elenca
adicional de insalubridade máximo para os seguintes trabalhos ou Ademais, considerando que o Juiz, para o desempenho de suas
"- pacientes em isolamento por doenças infecto-contagiosas, bem conhecimentos de engenharia ou de qualquer outra ciência, deve
como objetos de seu uso, não previamente esterilizados; considerar, como fonte para alicerçar suas decisões, os laudos
- carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e periciais especialmente preparados por pessoas que detenham
dejeções de animais portadores de doenças infecto-contagiosas formação própria e autorização legal, somente podendo rejeitá-los,
- esgotos (galerias e tanques); e de defeitos ou vícios relevantes e insanáveis que, não raro, quando
- lixo urbano (coleta e industrialização)." (Meus destaques) presentes, se tornam perceptíveis mesmo por pessoas sem
Na perícia técnica às fls. 245/251, realizada com a presença do Na vertente hipótese, não há qualquer prova apta a afastar a
reclamante, dos assistentes técnicos da reclamada Seguro Serviços conclusão assentada no laudo pericial,
Ltda EPP (Sra. Fábio Roberto de Sousa Baima, Técnico de Ao lume do exposto, nego provimento ao recurso, no aspecto.
segurança do trabalho), e do encarregado operacional do Shopping Na decisão originária, a julgadora singular afastou a unicidade
Central, Sr. José Vlademir Gomes Freire Filho, o "Expert" deixa contratual alegada na incoativa e manteve como válidos os dois
claro que os levantamentos das informações foram obtidos através vínculos de emprego anotados na CTPS do autor
de verificação "in loco" e entrevistas com as pessoas que Quanto ao primeiro contrato (de 01.06.2017 a 31.01.2018),
acompanharam todo o desenrolar do exame técnico. considerou corretamente quitadas as verbas rescisórias constantes
higienização de banheiro público, tem-se contato com o mesmo Em relação ao segundo (01.02.2018 a 01.04.2018, com a
material contido em lixos e esgotos que expõem o trabalhador a reclamada Seguro Service Ltda, reconheceu, a julgadora "a quo", a
risco potencial de aquisição de enfermidades biológicas, dispensa imotivada do reclamante em 01.04.2018 por força da
ressaltando, neste aspecto, que os EPI's não são capazes de projeção do aviso prévio. Em razão disso, condenou a primeira ré a
neutralizar os efeitos dos agentes biológicos, posto que, no Anexo anotar a baixa na CTPS obreira.
14 da NR 15, a insalubridade é mensurada pela atividade Por outro lado, ante à ausência do TRCT demonstrativo da quitação
desenvolvida, não tendo limites de tolerância. das verbas rescisórias e da forma de dispensa e, ainda, do valor
Ao responder os quesitos de nº 10 e 11 formulados pela ré Seguro 1.014,57 e adicional noturno de 21%), a magistrada de origem
Serviços Ltda - EPP, manifestou o Sr. Perito que a exposição do concedeu ao reclamante as seguintes verbas:
autor a agentes insalubres de dava de forma habitual e permanente "salário retido março/2018(piso mais 21%); saldo de salário(1 dia);
(fl. 250). aviso prévio(30 dias), na forma do artigo 487 paragrafo primeiro da
Por fim, desfechou a investigação nos seguintes termos: CLT, Lei 12.506 /11 e artigo 7º, inciso XXI da CF; 13º salário
Com base na análise das atividades e condições de trabalho da 4749/65); férias proporcionais(3/12) +1/3 (artigo 7º, XVII da CF e
Reclamante e no conteúdo da Portaria Ministerial 3.214/78 - NR 15, artigos 146/147 da CLT); FGTS sobre salário retido, saldo de
Anexo 14 é de nosso parecer que EXISTEM CONDIÇÕES salário, aviso prévio e 13º salário; multa de 40% sobre o FGTS
Insta pontuar que, embora o Julgador não esteja vinculado ao percebido pelo autor a título rescisório.
remate pericial, podendo formar seu convencimento de maneira Contrapondo-se, a primeira e segunda reclamadas argumentam que
livre, sem prejuízo da necessária e imprescindível fundamentação, as verbas rescisórias concedidas foram corretamente pagas, bem
conforme bem esclarece o art. 479, do CPC, não há espaço para se assim que o salário a ser considerado para fins de cálculos de tais
deixar de acolher esse tipo de prova quando se observa que o parcelas deve ser R$ 1.014,54, acrescido do adicional noturno no
Razão não lhes assiste. a sentença, seja efetivada a dedução do valor de R$ 393,97 já
Quanto à remuneração que deve servir de arrimo aos cálculos das percebido pelo obreiro a título rescisório. Participaram do
verbas rescisórias concedidas, está correto o "decisum', porquanto, julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto
de acordo com a cláusula terceira da Convenção Coletiva de (Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia
Trabalho da categoria obreira de 2018 (fls. 58 e seguintes), o piso (Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco
salarial do Zelador corresponde a R$ 1.014,24. Ademais, conforme José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
disposto na cláusula oitava do instrumento normativo em relevo, Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
fica assegurado o adicional noturno na base de 21% (vinte e um DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
título rescisório.
PODER JUDICIÁRIO
Sentença reforma, no particular.
JUSTIÇA DO
CONCLUSÃO DO VOTO
PROCESSO nº 0001024-91.2020.5.07.0018 (ROT)
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. AÇÃO advocatícios sucumbenciais, alegando, para esse desiderato, que
AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI NR. 13.467/2017. Em se não há inconstitucionalidade no §4º do art. 791-A da CLT e,
tratando de ação ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo portanto, deve o recorrido ser condenado ao pagamento imediato
regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) de honorários, no percentual de 15% sobre o valor atualizado da
razoável a condenação da parte sucumbente em honorários A parte autora, igualmente insatisfeita, apresentou o recurso
advocatícios, na forma prevista no art. 791-A da CLT, bem como a ordinário de ID e091671, no qual persegue a reforma da sentença, a
determinação para suspensão da exigibilidade em relação ao fim de que seja a reclamada condenada a lhe pagar horas extras,
beneficiário da justiça gratuita, haja vista a declaração de alegando, para este fim, que não restou demonstrada a
inconstitucionalidade material da expressão "desde que não tenha compensação da jornada extraordinária laborada e, portanto, faz jus
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de ao pagamento respectivo.
suportar a despesa", contida no § 4º, do art. 791-A, da CLT, por A parte reclamada, devidamente notificada, apresentou
este Regional, nos autos do processo nº 0080026- contrarrazões tempestivas, conforme certidão de fl. 792.
04.2019.5.07.0000, em sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,
Sentença mantida. visto que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. art. 109, do Regimento Interno deste Regional.
a prova oral produzida (uma testemunha autoral e duas Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
testemunhas empresariais) e, com base nas regras de distribuição admissibilidade, conheço do recurso ordinário apresentado pela
do ônus da prova, concluiu pela validade dos diários de bordo, no patrona da reclamada, ressaltando que, segundo entendimento do
tocante à jornada de trabalho efetivamente laborada pelo obreiro, TST, os honorários advocatícios não integram a condenação para
bem como quanto às folgas compensatórias, impõe-se a garantia do juízo, sendo mero consectário da sucumbência, e,
manutenção da sentença e a improcedência dos pleitos autorais portanto, não se exige recolhimento de depósito recursal no
Recurso ordinário do reclamante conhecido e improvido. pela parte reclamante, bem como das respectivas contrarrazões,
792).
RELATÓRIO MÉRITO
DA RECLAMADA
O Excelentíssimo Juiz Titular da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza, DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
DR. CARLOS ALBERTO TRINDADE REBONATTO, nos termos da Entendo que o acesso à justiça, enquanto princípio fundamental
sentença de ID 5dd23ee, após rejeitar as preliminares e acolher a inserto na Carta Magna de 1988, é extensivo a todos e, portanto,
prejudicial de prescrição, em relação aos pleitos anteriores a não pode ser tolhido pelo Poder Judiciário sob o manto do jus
17/12/2015, julgou improcedentes os pleitos deduzidos pelo autor postulandi, que é faculdade atribuída ao jurisdicionado e não
para absolver a reclamada, CERAMA TRANSPORTES LTDA. obrigação de postular em juízo sem a assistência de advogado.
A patrona da reclamada, na qualidade de terceiro interessado, A regra prevista no art. 791, da CLT, deve ser entendida como um
plus deferido ao jurisdicionado, seja ele empregado ou empregador, Do exposto, considerando os parâmetros do artigo 791-A da CLT, a
trabalhador avulso ou autônomo, e não como óbice ao exercício do improcedência dos pedidos e a necessidade de fixação de
Com o advento da Lei 13.467/2017, para as reclamatórias em favor do patrono da parte reclamada, em 10% sobre o valor
trabalhistas ajuizadas após 11/11/2017 (caso dos autos), os atualizado da causa, considerando especialmente o grau de zelo
honorários advocatícios passaram a ser devidos pela mera profissional, o trabalho realizado pelos advogados e o tempo exigido
sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT. para o serviço, bem como a natureza da causa.
É esse o entendimento do TST, consolidado na redação do art. 6º, Importa-nos esclarecer, todavia, que no julgamento proferido no dia
da Instrução Normativa nº 41/2018, que dispõe sobre a aplicação 8.11.2019, nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº
das normas processuais da Consolidação da Leis do Trabalho, 0080026-04.2019.5.07.0000, o Pleno deste Tribunal decidiu rejeitar
alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017: a declaração de inconstitucionalidade do §3º do art. 791-A da CLT e
Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários expressão contida no §4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da pela Lei n. 13.467/2017: "desde que não tenha obtido em juízo,
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas despesa", fixando o seguinte entendimento:
5.584/1970 e das Súmulas nos 219 e 329 do TST. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.
Nesse sentido, a CLT dispõe, com a nova redação do art. 791-A, CONSTITUCIONALIDADE. A previsão de sucumbência recíproca,
dada pela Lei nº 13.467/2017: no bojo do §3º do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão 13.467/2017, não ofende a Constituição Federal de 1988,
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% adequando-se, inclusive, ao Código de Processo Civil, quando
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o venda a compensação de honorários, consoante seu art. 85, §14. A
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico Súmula nº 306 do STJ, que compreendia pela compensação de
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado honorários sucumbenciais, encontra sua aplicabilidade restrita à
I - o grau de zelo do profissional; SUPORTAR A DESPESA. §4º DO ART. 791-A DA CLT. REDAÇÃO
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o novel regra inserta no § 4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
§ 3° Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários obtidos judicialmente pelo trabalhador para pagamento de
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários advocatícios sucumbenciais, mesmo que beneficiário da
§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha arts. 1º, III (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade),
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de XXXV (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência gratuita), todos da Constituição Federal de 1988.
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente Inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que despesa", que ora se reconhece. Incidente parcialmente acolhido.
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que (DEJT: Data de publicação: 21.11.2019)
justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse Assim, nos termos do art. 791-A, § 4º, da CLT, "Vencido o
prazo, tais obrigações do beneficiário. beneficiário da justiça gratuita, [...], as obrigações decorrentes de
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade", litigantes, fazendo-o à luz da prova reunida no processo, não
isto é, a execução da referida verba somente poderá ser merecendo reprimenda, pelo que se mantém integralmente a
processada se, no biênio subsequente ao trânsito em julgado da sentença, pelos fundamentos acima reproduzidos, e ora adotados
decisão, o credor demonstrar que efetivamente deixou de existir a como razões de decidir.
condição de insuficiência de recursos ou, ainda, que houve Em sede recursal, o recorrente atém-se a reafirmar a tese da inicial,
mudança no status de miserabilidade do trabalhador vencido. Caso no sentido de que "a recorrida juntou aos autos os diários de bordo
contrário, resta indevido o prosseguimento da execução. referente ao trabalho desempenhado pelo Recorrente, e em
DO RECURSO ORDINÁRIO APRESENTADO PELO compensatória, fato este que deveria ter sido observado pela
RECLAMANTE Recorrida que afirma que os respectivos diários de bordos eram por
Conforme relatado, o reclamante apresentou recurso ordinário, no Neste sentido, como se pode observar do trecho da sentença acima
qual persegue a reforma da sentença, a fim de que seja a colacionado, o Magistrado valorou corretamente as provas
reclamada condenada a lhe pagar horas extras, alegando, para este produzidas pelas partes, confrontando a prova documental (diários
fim, que não restou demonstrada a compensação da jornada de bordo, planilhas de horas extras elaborada pelo reclamante) com
extraordinária laborada e, portanto, faz jus ao pagamento a prova oral produzida (uma testemunha autoral e duas
O Magistrado sentenciante, ao analisar o referido pleito, assim do ônus da prova, concluiu pela validade dos diários de bordo, no
manifestou-se julgando improcedentes as horas extras perseguidas tocante à jornada de trabalho efetivamente laborada pelo obreiro,
Em audiência, ata de ID. ccddf35, este Juízo determinou que o Oportuno registrar que o(a) magistrado(a) tem liberdade para
reclamante elaborasse planilha apontando as horas extras apreciar as provas que lhe são apresentadas para proferir a sua
pleiteadas. O autor apresentou planilha genérica (anual), sem decisão, devendo atribuir-lhes o valor probante que entender mais
informar dia a dia as horas extras laboradas. Informou que a justo, segundo as suas próprias impressões, desde que bem
reclamada não acostou os diários de borbo relativo aos meses de fundamentadas. Este é o comando contido no art. 371, do CPC: "O
agosto de 2016; de 14 a 20 de novembro de 2016; de 19 a 30 de juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do
março de 2018; de 01 a 15 de abril de 2018 de 24 a 30 de setembro sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da
Em sua manifestação, ID. 5b08a4c, a reclamada impugnou Com isso, ao(á) magistrado(a) cabe solucionar a questão, de forma
pontualmente a planilha elaborada pelo reclamante e esclareceu que se assegure a maior proximidade da verdade real e da justiça,
que nos dias em que não há registro nos diários de bordo são adotando para isso, o princípio da persuasão racional. O
aqueles em que o autor ou gozava de folga compensatória (banco convencimento do(a) juiz(a) deve ser consubstanciado no
seus depoimentos pessoais que os diários de bordo refletem de Dessa forma, em que pese o inconformismo demonstrado no
forma fidedigna os horários de trabalho. Ainda, informaram que recurso, forçoso reconhecer que a decisão recorrida, porque
eventuais horas extras laboradas eram compensadas de acordo proferida em consonância com os aspectos fático-jurídicos inerentes
com o banco de horas. à lide, deve ser confirmada em todos os seus termos.
Do exposto, tenho que a jornada de trabalho do autor era aquela Releva destacar, com fulcro na jurisprudência dominante, que a
anotada nos diários de bordo e que eventuais horas extras condenação do empregador ao pagamento de horas extras ou de
laboradas eram devidamente compensadas, razão pela qual indefiro qualquer verba decorrente de situação excepcional ou
o pagamento de horas extras e reflexos, assim como o pagamento extraordinária, exige provas robustas que, por certo, não restaram
de horas extras pela supressão do intervalo intrajornada. configuradas no caso concreto, razão por que se impõe a
De fato, do exame do acervo probatório carreado aos autos, tem-se manutenção da sentença.
Recurso ordinário do reclamante conhecido e improvido. RECORRIDO: EDISLANIO FRANCISCO DA SILVA QUEIROZ
DISPOSITIVO
reclamada e negar-lhe provimento; conhecer do recurso ordinário RECURSO ORDINÁRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE POR
os Desembargadores Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria FATO INEXISTENTE. INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO
José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). CONSTANTE DA SÚMULA 357 DO TST. Constitui entendimento
Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente pacificado no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, com
Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a extensão à maioria dos Tribunais Regionais, observado o disposto
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, na súmula 357, do TST, em plena vigência, que "Não torna suspeita
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA intenção maliciosa do depoente, não cabe falar em suspeição de
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. empregador do reclamante, eis que os interesses são pessoais e
Servidor de Secretaria decidindo ouvi-la como mero informante, sob o fundamento de que
PODER JUDICIÁRIO não confirmaram a jornada alegada pela empregadora. Horas extras
demonstrar a jornada de trabalho do empregado que exerce que formaram sua convicção, houve por bem rejeitar a preliminar de
funções de motorista, não sendo adequado, no entanto, para os ilegitimidade passiva da segunda reclamada; acolher a inépcia da
demais empregados, dentre os quais se destacam os instaladores inicial, em relação ao pedido de intervalo intrajornada, para extinguir
de telecomunicações que prestam serviços externos ou em viagens, o feito, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, I, do
fazendo-se necessários, nestes últimos casos, formas outras de CPC/2015; rejeitar a preliminar de falta de interesse de agir e, no
controle, "devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho mérito, julgar parcialmente procedentes os pedidos deduzidos na
e Previdência Social e no registro de empregados; (Incluído pela Lei inicial para converter a dispensa por justa causa em rescisão
nº 8.966, de 27.12.1994)", consoante o disposto no art. 62, inciso I, indireta do contrato de trabalho e condenar as reclamadas,
PERIGOSA SEM A PROVA DO PAGAMENTO. Constatado nos a) aviso prévio indenizado de 33 dias;
autos, por força de declaração do próprio empregador, que o b) férias+1/3 um período integral (2018/2019) e 6/12 proporcionais
comprovação desse fato mediante os imprescindíveis recibos de c) 13º salário proporcional de 2/12 (2020);
pagamento, não sendo bastante, para elidir a falta de provas, a d) liberação do FGTS mensal (8%) referente a todo o contrato de
alegação de que os contracheques se encontravam disponíveis em trabalho (art. 15 e 20, I, da Lei 8.036/90) e a multa de 40% sobre o
meio eletrônico, eis que a lei, ainda vigente, in casu, o art. 464, da saldo dos depósitos, em razão da dispensa sem justa causa (art.
CLT, exige expressamente que o pagamento de salário seja 18, §1º, da Lei 8.036/90);
realizado mediante recibo. Sentença mantida. e) multa do art. 477, §8º, da CLT;
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. II) adicional de periculosidade de 30%, durante todo o contrato, com
RECLAMANTE BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. AÇÃO reflexo em aviso prévio (33 dias), FGTS (8%+40%), férias+1/3 e 13º
de ação ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo III) 184 horas extras mensais (com adicional de 50%), além de
regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) reflexos em aviso prévio, férias+1/3, 13º salário, RSR e FGTS
razoável a condenação das partes em honorários advocatícios pela IV) 57h30min, a título de intervalo interjornada suprimido, as quais
sucumbência recíproca, na forma prevista no art. 791-A, § 3º, da devem ser indenizadas, com acréscimo de 50%, sem reflexo em
em relação ao beneficiário da justiça gratuita, haja vista a Ademais, a MM. Juíza sentenciante aduziu que "[...] Procede, ainda,
declaração de inconstitucionalidade material da expressão "desde após o trânsito em julgado, a liberação de seguro-desemprego VIA
que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, OFÍCIO. Se, contudo, o exercício desse direito for impossibilitado
créditos capazes de suportar a despesa", contida no § 4º, do art. pela culpa do empregador ou pelo destempo, ensejando o não
791-A, da CLT, com redação dada pela Lei nº 13.467/2017, por este pagamento do benefício pelo órgão responsável, pagará, a ré, em
Regional, nos autos do processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000, na execução, o equivalente ao período devido. Ressalte-se que não
sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. Sentença reformada, será devida qualquer indenização caso o benefício não seja pago
defesa rejeitada e, no mérito, apelo parcialmente provido. Decidiu, além disso, condenar a reclamada ao pagamento de
periculosidade de 30%.
A Juíza Titular da Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte, Dra. Quanto a atualização monetária, resta consignado na decisão
Correção monetária e juros - A teor da decisão proferida pelo pela existência de violação ao art. 464 da CLT, uma vez que não
Supremo Tribunal Federal nas ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e 6021, a foram disponibilizados holerites. Argumenta que "[...] restando
atualização monetária dos débitos trabalhistas será, a partir do comprovado que o pagamento do adicional foi devidamente feito
vencimento de cada parcela até a véspera da citação da parte ré, pela Recorrente através de depósito em conta, bem como o fato de
pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA- E). que o Reclamante não nega a percepção dos pagamentos via conta
A partir da citação até o efetivo pagamento da obrigação , a bancária, não há que se falar no pagamento em duplicidade do
atualização monetária e os juros de mora serão, juntos, fixados pelo adicional de periculosidade [...]" (fls. 1558).
índice do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) , Finalmente, a recorrente defende a condenação do reclamante nos
de acordo com o artigo 406 do Código Civil. ônus da sucumbência recíproca e, ao final, requer o provimento do
[...]" (fls. 1496) recurso ordinário "[...] com a consequente reforma da r. sentença "a
Planilha de cálculos em anexo à sentença. quo", acolhendo integralmente os pleitos acima mencionados,
Inconformada, interpôs a reclamada o apelo ordinário de fls. 1541- cabendo ainda a condenação da parte Recorrida ao pagamento das
1560, por via do qual alceia preliminar de cerceamento de defesa, custas em reversão [...]" (fls. 1560).
alegando que a Juíza sentenciante incorreu em violação ao O reclamante não apresentou contrarrazões, consoante certidão de
princípio do contraditório e da ampla defesa, haja vista não ter fls. 1569.
observado a "[...] troca de favores apontada em sede de audiência Desnecessário o envio dos autos ao MPT para a elaboração de
de instrução, bem como em face do interesse mútuo do Recorrido e Parecer, posto que não verificadas nenhuma das hipóteses
suas testemunhas (também Reclamantes) em prejudicar a ora previstas do art. 109 do Regimento Interno deste Egrégio TRT.
Recorrente [...]."
recursal, "[...] a reforma da r. sentença "a quo", para que seja FUNDAMENTAÇÃO
título de fundamento para afastar a sobrejornada, que a Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
jurisprudência tem acolhido o GPS como mecanismo apto a admissibilidade, como atestam a certidão e o despacho de fls. 1565-
controlar o horário de trabalho dos trabalhadores externos. Aduz a 1566, impõe-se o conhecimento do recurso ordinário interposto pela
recorrente, citando decisão da Ministra Kátia Arruda (fls. 1551), que reclamada.
"[...] são inúmeros os julgados no sentido de aceitar o GPS como DO ALEGADO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA
um meio de efetivar o controle de jornada dos trabalhadores Alega a reclamada que o Juízo sentenciante lhe cerceou o direito de
externos, não podendo aplicar ao caso em epígrafe entendimento defesa, desconsiderando, para esse fim, a troca de favores que
diverso do que vem sendo aplicado em vários outros julgados." teria havido entre as testemunhas, as quais, na qualidade de ex-
Alega que "[...] existia jornada convencionada com a categoria empregados, defendem interesse comum. Exclama a recorrente
cabista no regime de compensação na categoria de acordo de que "[...] muito embora as testemunhas do caso em testilha tenham
prorrogação de jornada a partir de Janeiro de 2019, no sentido de sido contraditadas e a ora Recorrente tenha alertado do interesse
que efetivariam 7 (sete) dias seguidos de trabalho por 5 (cinco) dias em comum, a MM. Juíza singular, optou por ignorar um direito
consecutivos de folga, para que pudessem passar mais tempo com básico desta Reclamada, que se viu prejudicada diante dos
suas esposas e familiares [...]" (fls. 1553). depoimentos combinados realizados no caso em epígrafe [...]" (fls.
devidamente discriminado no contracheque, como demonstram as Em que pese a insatisfação demonstrada pela reclamada, não há,
fichas financeiras acostadas aos autos. Ressalta que "[...] os no caso concreto, que se falar em parcialidade da Juíza
holerites são fornecidos aos seus funcionários através do sentenciante e, tampouco, em parcialidade de testemunhas,
aplicativo/site FORTES, onde o mesmo pode consultar, gerar um cabendo considerar que, nos termos da súmula 357, do TST, em
PDF ou compartilhar o referido documento a qualquer momento, plena vigência, "Não torna suspeita a testemunha o simples fato de
mediante a utilização de login e senha [...]" (fls. 1553), motivo por estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador."
que deve ser reformada a decisão do Juízo singular, que entendeu Considerando os termos da súmula em questão, importa
reconhecer que cada litigante, nos casos em que há repetição de Ambas as testemunhas da reclamada (Matheus e Ricardo)
demandas contra o mesmo empregador, defende interesse próprio confirmaram que o trabalhador laborava em regime de 10 a 15 dias
e não do colega, restando certo que, em tais condições, eventual de trabalho com 4 a 5 dias de descanso. Enquanto a primeira
inexoravelmente, a extinção da espécie probatória em realce que, 7h30min a 12h e de 13h a 17h, a segunda testemunha da
não raro, se produz mediante declarações prestadas por pessoas reclamada Ricardo afirmou que o horário era de 6h30min a 17h.
que trabalham ou trabalharam para o mesmo empregador e que, ao Nenhuma dessas jornadas coincide com aquela alegada na defesa
fim e ao cabo, conhecem os fatos inerentes aos respectivos como sendo a correta, mas ambas resultam em horas extras diárias
Não custa lembrar que, no caso concreto, a magistrada Além disso, apesar de possuir mais de 20 empregados, a
sentenciante acolheu a contradita da primeira testemunha do autor, reclamada não apresentou nos autos controle de jornada idôneo,
decidindo ouvi-la como mero informante, sob o fundamento de que mesmo tendo sido provado que realizava tal controle,
"[...] restou comprovada troca de favores entre a testemunha e o especialmente por GPS. Ademais, registros de GPS não se revelam
reclamante, na medida em que ela afirmou expressa e claramente meio idôneo de controle de jornada pelo empregador. A verdade é
que os dois estavam "se ajudando" na busca dos seus direitos e que inexistia controle idôneo da jornada de trabalho, ao arrepio da
outro [...]" (fls. 1464). Assim, a reclamada não se desincumbiu do ônus de provar a
Afora o exposto, consta na ata de audiência que a parte reclamante jornada declinada na defesa, que era encargo seu, por ser fato
declinou da oitiva das demais testemunhas (fls. 1464). obstativo do direito do autor e por possuir notoriamente mais de 20
Assim, não há que se falar em cerceamento de defesa por ofensa empregados, consoante art. 74, §2º, da CLT e Súm. 338 do TST.
aos princípios do contraditório e da ampla defesa, como pretende a Assim, a reclamada não se desincumbiu de provar a jornada
Preliminar rejeitada. a jornada aduzida na inicial, cujo horário foi, inclusive, confirmado
O autor narra, na inicial, que laborava durante dez dias seguidos em Portanto, nos limites do pedido de dos fatos aduzidos na inicial, o
diversas cidades do Nordeste, cumprindo jornada de trabalho de 5h obreiro laborava em jornada de 5h a 20h, com 30min de intervalo
às 20h, com 30 minutos de intervalo, sem receber remuneração intrajornada, de terça a domingo, totalizando 184 horas extras por
pelas horas extras. mês, a serem pagas com adicional de 50%, mais reflexos. Não há
Em oposição, a reclamada nega o labor extraordinário, aduzindo falar em prejuízo ao RSR, pois esse era gozado na segunda-feira.
que o autor tinha jornada "[...] de 6x1 tendo como padrão das Além disso, essa jornada resultava em prejuízo ao intervalo
8:00hs às 12:00hs e das 13:00hs às 17:00hs, sempre com 1hs para interjornada, o qual era suprimido em 2h por dia, resultando em
refeição e descanso [...]" e que "[...] sempre pagou as eventuais 57h30min, as quais devem ser indenizadas, com acréscimo de
horas extras cumpridas pelo Reclamante durante todo o pacto 50%, sem reflexo em demais verbas.
laboral [...]" (fls. 160). Ressalta que a jornada convencionada de 7 Ademais, considero verdadeiro o salário indicado pela reclamada
dias seguidos por 5 dias de folga era relativa à função diversa R$1.065,76, consoante registro de empregado (ID. 3d7eb2b).
daquela exercida pelo demandante. Sustenta que o registro de GPS Pelo exposto, julgo procedentes os pleitos autorais, para
"[...] comprova a hora de chegada do Reclamante ao estoque da condenar a reclamada, referente ao contrato de vigorou de 06/09
empresa, seu intervalo para refeição e descanso, bem como o /2018 a 10/02/2020 (projetando-se até 14/03/2020, em razão do
encerramento de sua jornada quando retorna ao alojamento [...]" aviso prévio de 33 dias), ao pagamento de: a) 184 horas extras
(fls. 161). Refere, ainda, que possui regime de compensação. mensais (com adicional de 50%), além de reflexos em aviso prévio,
Conforme relatado, o Juízo de base decidiu acolher a inépcia da férias+1 /3, 13º salário, RSR e FGTS (8%+40%); b) 57h30min, a
inicial, em relação ao pedido de intervalo intrajornada, para extinguir título de intervalo interjornada suprimido, as quais devem ser
o feito, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, I, do indenizadas, com acréscimo de 50%, sem reflexo em demais
Embora seja compreensível a insatisfação que impeliu a reclamada GPS como instrumento apto a comprovar a jornada de trabalho de
a oferecer o presente recurso ordinário, forçoso reconhecer, em empregados que não exerçam funções de motorista, mantendo a
sentido inverso, que razão alguma lhe assiste, eis que, em verdade, condenação imposta à reclamada pelos mesmos fundamentos
a Juíza sentenciante decidiu a causa com estrita observância da adotados na sentença recorrida.
Ora, cabia à reclamada provar a jornada por ela defendida, bem Considerando que cabia à reclamada, a teor do art. 818, II, da CLT,
como o pagamento das horas extras prestadas, consoante art. 74, provar que cumpria a lei e pagava o adicional de periculosidade ao
§2º, da CLT, e Súmula 338 do TST, eis que contava com mais 20 trabalhador, mediante recibo discriminativo (contracheque), o que
empregados. não foi comprovado nos autos, já que nenhum elemento probatório
Contudo, no caso concreto, a ré se absteve de apresentar os confirma que o reclamante tivesse efetivo acesso aos
controles de ponto dos empregados, não logrando provar, como lhe contracheques discriminados, o Juízo singular deferiu o pagamento
competia, que seus colaboradores prestassem serviços com de adicional de periculosidade de 30%, durante todo o contrato,
observância da jornada descrita na contestação, razão pela qual com reflexo em aviso prévio (33 dias), FGTS (8%+40%), férias+1/3
decidido na origem, valendo ressaltar que tal presunção não foi A decisão, mais uma vez, merece ser confirmada, cuidando-se que
elidida por prova em contrário, já que as testemunhas patronais, a mera disponibilização dos contracheques em meio eletrônico ou
como bem observou a julgadora de base, não confirmaram a internético não resolve a questão alusiva à falta de comprovação do
jornada alegada pela empregadora. pagamento da verba em questão, eis que ainda vige o regramento
Cumpre lembrar, ainda, que o GPS, embora seja eficiente meio de previsto no art. 464, da CLT, segundo o qual "O pagamento do
controle do trabalho prestado por empregado que exerce as salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo
atribuições ou funções de motorista, como se extrai do fundamento empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão
constante do recurso, não serve para controlar a jornada de digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo."
empregado que apenas usa o veículo como meio de transporte, Na verdade, cabia à reclamada provar que cumpria as obrigações
restando certo que, neste último caso, não há qualquer vínculo derivadas do contrato de trabalho, dentre as quais o pagamento do
entre o meio de transporte e a prestação laboral. adicional de periculosidade, eis que o reclamante demonstrou,
Assim, considerando que o reclamante exercia as funções de satisfatoriamente, que trabalhava sob condições adversas, sem
"emendador de cabo de fibra ótica" (fls. 239), não pode ter a jornada receber a contrapartida referida no art. 193, da CLT.
de trabalho regulada ou fiscalizada por intermédio do GPS, sendo Assim, cabe ao empregador, em geral, ao pretender comprovar o
razoável concluir que a empresa reclamada deveria ter adotado pagamento de salários ou de qualquer verba aos respectivos
outros instrumentos de controle da jornada laboral. empregados, observar as condições inerentes ao quadro funcional,
Destaca-se, por oportuno, que o entendimento esposado pela inclusive quanto à acessibilidade aos meios eletrônicos, que deve
Ministra Katia Arruda, referido no recurso (fls. 1551), restou ser ampla, fácil e irrestrita.
expresso em processo cujo autor (reclamante) exercia as Todavia, conforme consignado na decisão recorrida, "[...] inexiste
atribuições de motorista, mostrando-se inaplicável ao caso concreto prova por parte da empresa de que haja efetiva disponibilização de
e a outros em que os reclamantes exerçam outras atividades, assim acesso eletrônico aos contracheques. Nem no contrato de trabalho
considerados quaisquer trabalhadores que utilizam os veículos nem na CTPS há a indicação de que o reclamante receberia
somente como meio de locomoção e não como instrumento de adicional de periculosidade, embora incontroverso nos autos que
Confira-se, a propósito, o excerto transcrito pela própria recorrente, Nesse contexto, sendo certo que o autor não tinha efetivo acesso
"O rastreamento via satélite, diferentemente do tacógrafo, viabiliza o 231-236 não se prestam a comprovar o pagamento do adicional em
controle da jornada de trabalho do empregado motorista, porquanto questão, visto se tratar de documento elaborado unilateralmente.
se realiza mediante aparelho que capta sinais de GPS e permite a Sentença mantida.
tempo no qual ficou parado e a velocidade em que trafegava." Cuidando-se de ação ajuizada após o início de vigência da Lei
Ante o exposto, afasta-se a validade dos registros constantes do nº13.467/2017, forçoso reconhecer que são devidos os honorários
advocatícios sucumbenciais pela parte reclamante, observado o mantendo-se suspensa a exigibilidade, por força da declaração de
percentual de 15%, que deve incidir sobre as parcelas abrangidas inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
que foram julgadas improcedentes, vedada, no entanto, a juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
exigibilidade imediata, cabendo à empresa reclamada comprovar, despesa", decorrente do julgamento, pelo Pleno deste Egrégio TRT
para fins de execução da verba em questão, que o reclamante, da 7a. Região, do processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000, na
desconsiderados os créditos obtidos neste processo, ostenta sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. Participaram do
condições para arcar com o respectivo pagamento. julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto
Considera-se, para fins de suspensão da execução, a norma (Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia
prevista no art. 791-A, da CLT, bem como a declaração de (Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco
inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
despesa", decorrente do julgamento, pelo Pleno deste Egrégio TRT 01 de setembro de 2021.
ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento CESAR DE ALMEIDA MARINHO
trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos Servidor de Secretaria
Intimado(s)/Citado(s):
CONCLUSÃO DO VOTO - CERAMA TRANSPORTES LTDA
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
unanimidade, conhecer do recurso ordinário, rejeitar a preliminar de NOGUEIRA,MARIA IMACULADA GORDIANO OLIVEIRA
cerceamento de defesa e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para BARBOSA (PATRONA DA CERAMA TRANSPORTES LTDA)
o fim de declarar devidos pelo reclamante os honorários RECORRIDOS: CERAMA TRANSPORTES LTDA, FRANCISCO
incidente sobre as verbas que foram julgadas improcedentes, RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. AÇÃO advocatícios sucumbenciais, alegando, para esse desiderato, que
AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI NR. 13.467/2017. Em se não há inconstitucionalidade no §4º do art. 791-A da CLT e,
tratando de ação ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo portanto, deve o recorrido ser condenado ao pagamento imediato
regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) de honorários, no percentual de 15% sobre o valor atualizado da
razoável a condenação da parte sucumbente em honorários A parte autora, igualmente insatisfeita, apresentou o recurso
advocatícios, na forma prevista no art. 791-A da CLT, bem como a ordinário de ID e091671, no qual persegue a reforma da sentença, a
determinação para suspensão da exigibilidade em relação ao fim de que seja a reclamada condenada a lhe pagar horas extras,
beneficiário da justiça gratuita, haja vista a declaração de alegando, para este fim, que não restou demonstrada a
inconstitucionalidade material da expressão "desde que não tenha compensação da jornada extraordinária laborada e, portanto, faz jus
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de ao pagamento respectivo.
suportar a despesa", contida no § 4º, do art. 791-A, da CLT, por A parte reclamada, devidamente notificada, apresentou
este Regional, nos autos do processo nº 0080026- contrarrazões tempestivas, conforme certidão de fl. 792.
04.2019.5.07.0000, em sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,
Sentença mantida. visto que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. art. 109, do Regimento Interno deste Regional.
a prova oral produzida (uma testemunha autoral e duas Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
testemunhas empresariais) e, com base nas regras de distribuição admissibilidade, conheço do recurso ordinário apresentado pela
do ônus da prova, concluiu pela validade dos diários de bordo, no patrona da reclamada, ressaltando que, segundo entendimento do
tocante à jornada de trabalho efetivamente laborada pelo obreiro, TST, os honorários advocatícios não integram a condenação para
bem como quanto às folgas compensatórias, impõe-se a garantia do juízo, sendo mero consectário da sucumbência, e,
manutenção da sentença e a improcedência dos pleitos autorais portanto, não se exige recolhimento de depósito recursal no
Recurso ordinário do reclamante conhecido e improvido. pela parte reclamante, bem como das respectivas contrarrazões,
792).
RELATÓRIO MÉRITO
DA RECLAMADA
O Excelentíssimo Juiz Titular da 18ª Vara do Trabalho de Fortaleza, DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
DR. CARLOS ALBERTO TRINDADE REBONATTO, nos termos da Entendo que o acesso à justiça, enquanto princípio fundamental
sentença de ID 5dd23ee, após rejeitar as preliminares e acolher a inserto na Carta Magna de 1988, é extensivo a todos e, portanto,
não pode ser tolhido pelo Poder Judiciário sob o manto do jus em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
postulandi, que é faculdade atribuída ao jurisdicionado e não deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
obrigação de postular em juízo sem a assistência de advogado. justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse
A regra prevista no art. 791, da CLT, deve ser entendida como um prazo, tais obrigações do beneficiário.
plus deferido ao jurisdicionado, seja ele empregado ou empregador, Do exposto, considerando os parâmetros do artigo 791-A da CLT, a
trabalhador avulso ou autônomo, e não como óbice ao exercício do improcedência dos pedidos e a necessidade de fixação de
Com o advento da Lei 13.467/2017, para as reclamatórias em favor do patrono da parte reclamada, em 10% sobre o valor
trabalhistas ajuizadas após 11/11/2017 (caso dos autos), os atualizado da causa, considerando especialmente o grau de zelo
honorários advocatícios passaram a ser devidos pela mera profissional, o trabalho realizado pelos advogados e o tempo exigido
sucumbência, na forma do artigo 791-A da CLT. para o serviço, bem como a natureza da causa.
É esse o entendimento do TST, consolidado na redação do art. 6º, Importa-nos esclarecer, todavia, que no julgamento proferido no dia
da Instrução Normativa nº 41/2018, que dispõe sobre a aplicação 8.11.2019, nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº
das normas processuais da Consolidação da Leis do Trabalho, 0080026-04.2019.5.07.0000, o Pleno deste Tribunal decidiu rejeitar
alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017: a declaração de inconstitucionalidade do §3º do art. 791-A da CLT e
Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários expressão contida no §4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da pela Lei n. 13.467/2017: "desde que não tenha obtido em juízo,
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas despesa", fixando o seguinte entendimento:
5.584/1970 e das Súmulas nos 219 e 329 do TST. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.
Nesse sentido, a CLT dispõe, com a nova redação do art. 791-A, CONSTITUCIONALIDADE. A previsão de sucumbência recíproca,
dada pela Lei nº 13.467/2017: no bojo do §3º do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão 13.467/2017, não ofende a Constituição Federal de 1988,
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% adequando-se, inclusive, ao Código de Processo Civil, quando
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o venda a compensação de honorários, consoante seu art. 85, §14. A
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico Súmula nº 306 do STJ, que compreendia pela compensação de
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado honorários sucumbenciais, encontra sua aplicabilidade restrita à
I - o grau de zelo do profissional; SUPORTAR A DESPESA. §4º DO ART. 791-A DA CLT. REDAÇÃO
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o novel regra inserta no § 4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
§ 3° Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários obtidos judicialmente pelo trabalhador para pagamento de
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários advocatícios sucumbenciais, mesmo que beneficiário da
§ 4° Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha arts. 1º, III (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade),
obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de XXXV (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência gratuita), todos da Constituição Federal de 1988.
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente Inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
despesa", que ora se reconhece. Incidente parcialmente acolhido. de horas extras pela supressão do intervalo intrajornada.
(DEJT: Data de publicação: 21.11.2019) De fato, do exame do acervo probatório carreado aos autos, tem-se
Assim, nos termos do art. 791-A, § 4º, da CLT, "Vencido o que a bem assentada e cuidadosa decisão de 1º grau apreciou de
beneficiário da justiça gratuita, [...], as obrigações decorrentes de forma minudente e judiciosa as questões suscitadas pelas partes
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade", litigantes, fazendo-o à luz da prova reunida no processo, não
isto é, a execução da referida verba somente poderá ser merecendo reprimenda, pelo que se mantém integralmente a
processada se, no biênio subsequente ao trânsito em julgado da sentença, pelos fundamentos acima reproduzidos, e ora adotados
decisão, o credor demonstrar que efetivamente deixou de existir a como razões de decidir.
condição de insuficiência de recursos ou, ainda, que houve Em sede recursal, o recorrente atém-se a reafirmar a tese da inicial,
mudança no status de miserabilidade do trabalhador vencido. Caso no sentido de que "a recorrida juntou aos autos os diários de bordo
contrário, resta indevido o prosseguimento da execução. referente ao trabalho desempenhado pelo Recorrente, e em
DO RECURSO ORDINÁRIO APRESENTADO PELO compensatória, fato este que deveria ter sido observado pela
RECLAMANTE Recorrida que afirma que os respectivos diários de bordos eram por
Conforme relatado, o reclamante apresentou recurso ordinário, no Neste sentido, como se pode observar do trecho da sentença acima
qual persegue a reforma da sentença, a fim de que seja a colacionado, o Magistrado valorou corretamente as provas
reclamada condenada a lhe pagar horas extras, alegando, para este produzidas pelas partes, confrontando a prova documental (diários
fim, que não restou demonstrada a compensação da jornada de bordo, planilhas de horas extras elaborada pelo reclamante) com
extraordinária laborada e, portanto, faz jus ao pagamento a prova oral produzida (uma testemunha autoral e duas
O Magistrado sentenciante, ao analisar o referido pleito, assim do ônus da prova, concluiu pela validade dos diários de bordo, no
manifestou-se julgando improcedentes as horas extras perseguidas tocante à jornada de trabalho efetivamente laborada pelo obreiro,
Em audiência, ata de ID. ccddf35, este Juízo determinou que o Oportuno registrar que o(a) magistrado(a) tem liberdade para
reclamante elaborasse planilha apontando as horas extras apreciar as provas que lhe são apresentadas para proferir a sua
pleiteadas. O autor apresentou planilha genérica (anual), sem decisão, devendo atribuir-lhes o valor probante que entender mais
informar dia a dia as horas extras laboradas. Informou que a justo, segundo as suas próprias impressões, desde que bem
reclamada não acostou os diários de borbo relativo aos meses de fundamentadas. Este é o comando contido no art. 371, do CPC: "O
agosto de 2016; de 14 a 20 de novembro de 2016; de 19 a 30 de juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do
março de 2018; de 01 a 15 de abril de 2018 de 24 a 30 de setembro sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da
Em sua manifestação, ID. 5b08a4c, a reclamada impugnou Com isso, ao(á) magistrado(a) cabe solucionar a questão, de forma
pontualmente a planilha elaborada pelo reclamante e esclareceu que se assegure a maior proximidade da verdade real e da justiça,
que nos dias em que não há registro nos diários de bordo são adotando para isso, o princípio da persuasão racional. O
aqueles em que o autor ou gozava de folga compensatória (banco convencimento do(a) juiz(a) deve ser consubstanciado no
seus depoimentos pessoais que os diários de bordo refletem de Dessa forma, em que pese o inconformismo demonstrado no
forma fidedigna os horários de trabalho. Ainda, informaram que recurso, forçoso reconhecer que a decisão recorrida, porque
eventuais horas extras laboradas eram compensadas de acordo proferida em consonância com os aspectos fático-jurídicos inerentes
com o banco de horas. à lide, deve ser confirmada em todos os seus termos.
Do exposto, tenho que a jornada de trabalho do autor era aquela Releva destacar, com fulcro na jurisprudência dominante, que a
anotada nos diários de bordo e que eventuais horas extras condenação do empregador ao pagamento de horas extras ou de
laboradas eram devidamente compensadas, razão pela qual indefiro qualquer verba decorrente de situação excepcional ou
o pagamento de horas extras e reflexos, assim como o pagamento extraordinária, exige provas robustas que, por certo, não restaram
CONCLUSÃO DO VOTO
PROCESSO nº 0000109-27.2020.5.07.0023 (ROT)
os Desembargadores Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria RECURSO ORDINÁRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE POR
José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). CERCEAMENTO DE DEFESA. SUSPEIÇÃO DE TESTEMUNHAS.
Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente FATO INEXISTENTE. INCIDÊNCIA DO ENTENDIMENTO
Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a CONSTANTE DA SÚMULA 357 DO TST. Constitui entendimento
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, pacificado no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, com
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA a testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter litigado
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. intenção maliciosa do depoente, não cabe falar em suspeição de
CESAR DE ALMEIDA MARINHO empregador do reclamante, eis que os interesses são pessoais e
EMPREGADOR CONTROLAR JORNADA DE TRABALHO DE A Juíza Titular da Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte, Dra.
EMPREGADO QUE NÃO EXERCE A FUNÇÃO DE MOTORISTA. CHRISTIANNE FERNANDES CARVALHO DIOGENES RIBEIRO,
O GPS, como soe acontecer, serve de meio probante para nos termos da sentença de fls. 1472-1497, após expor as razões
demonstrar a jornada de trabalho do empregado que exerce que formaram sua convicção, houve por bem rejeitar a preliminar de
funções de motorista, não sendo adequado, no entanto, para os ilegitimidade passiva da segunda reclamada; acolher a inépcia da
demais empregados, dentre os quais se destacam os instaladores inicial, em relação ao pedido de intervalo intrajornada, para extinguir
de telecomunicações que prestam serviços externos ou em viagens, o feito, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, I, do
fazendo-se necessários, nestes últimos casos, formas outras de CPC/2015; rejeitar a preliminar de falta de interesse de agir e, no
controle, "devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho mérito, julgar parcialmente procedentes os pedidos deduzidos na
e Previdência Social e no registro de empregados; (Incluído pela Lei inicial para converter a dispensa por justa causa em rescisão
nº 8.966, de 27.12.1994)", consoante o disposto no art. 62, inciso I, indireta do contrato de trabalho e condenar as reclamadas,
PERIGOSA SEM A PROVA DO PAGAMENTO. Constatado nos a) aviso prévio indenizado de 33 dias;
autos, por força de declaração do próprio empregador, que o b) férias+1/3 um período integral (2018/2019) e 6/12 proporcionais
comprovação desse fato mediante os imprescindíveis recibos de c) 13º salário proporcional de 2/12 (2020);
pagamento, não sendo bastante, para elidir a falta de provas, a d) liberação do FGTS mensal (8%) referente a todo o contrato de
alegação de que os contracheques se encontravam disponíveis em trabalho (art. 15 e 20, I, da Lei 8.036/90) e a multa de 40% sobre o
meio eletrônico, eis que a lei, ainda vigente, in casu, o art. 464, da saldo dos depósitos, em razão da dispensa sem justa causa (art.
CLT, exige expressamente que o pagamento de salário seja 18, §1º, da Lei 8.036/90);
realizado mediante recibo. Sentença mantida. e) multa do art. 477, §8º, da CLT;
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. II) adicional de periculosidade de 30%, durante todo o contrato, com
RECLAMANTE BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. AÇÃO reflexo em aviso prévio (33 dias), FGTS (8%+40%), férias+1/3 e 13º
de ação ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo III) 184 horas extras mensais (com adicional de 50%), além de
regramento trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) reflexos em aviso prévio, férias+1/3, 13º salário, RSR e FGTS
razoável a condenação das partes em honorários advocatícios pela IV) 57h30min, a título de intervalo interjornada suprimido, as quais
sucumbência recíproca, na forma prevista no art. 791-A, § 3º, da devem ser indenizadas, com acréscimo de 50%, sem reflexo em
em relação ao beneficiário da justiça gratuita, haja vista a Ademais, a MM. Juíza sentenciante aduziu que "[...] Procede, ainda,
declaração de inconstitucionalidade material da expressão "desde após o trânsito em julgado, a liberação de seguro-desemprego VIA
que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, OFÍCIO. Se, contudo, o exercício desse direito for impossibilitado
créditos capazes de suportar a despesa", contida no § 4º, do art. pela culpa do empregador ou pelo destempo, ensejando o não
791-A, da CLT, com redação dada pela Lei nº 13.467/2017, por este pagamento do benefício pelo órgão responsável, pagará, a ré, em
Regional, nos autos do processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000, na execução, o equivalente ao período devido. Ressalte-se que não
sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. Sentença reformada, será devida qualquer indenização caso o benefício não seja pago
defesa rejeitada e, no mérito, apelo parcialmente provido. Decidiu, além disso, condenar a reclamada ao pagamento de
Consta na sentença, outrossim, que a base de cálculo das verbas fichas financeiras acostadas aos autos. Ressalta que "[...] os
deferidas é o salário de R$1.065,76, acrescido de adicional de holerites são fornecidos aos seus funcionários através do
Quanto a atualização monetária, resta consignado na decisão PDF ou compartilhar o referido documento a qualquer momento,
recorrida o seguinte: mediante a utilização de login e senha [...]" (fls. 1553), motivo por
"[...] que deve ser reformada a decisão do Juízo singular, que entendeu
Correção monetária e juros - A teor da decisão proferida pelo pela existência de violação ao art. 464 da CLT, uma vez que não
Supremo Tribunal Federal nas ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e 6021, a foram disponibilizados holerites. Argumenta que "[...] restando
atualização monetária dos débitos trabalhistas será, a partir do comprovado que o pagamento do adicional foi devidamente feito
vencimento de cada parcela até a véspera da citação da parte ré, pela Recorrente através de depósito em conta, bem como o fato de
pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA- E). que o Reclamante não nega a percepção dos pagamentos via conta
A partir da citação até o efetivo pagamento da obrigação , a bancária, não há que se falar no pagamento em duplicidade do
atualização monetária e os juros de mora serão, juntos, fixados pelo adicional de periculosidade [...]" (fls. 1558).
índice do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) , Finalmente, a recorrente defende a condenação do reclamante nos
de acordo com o artigo 406 do Código Civil. ônus da sucumbência recíproca e, ao final, requer o provimento do
[...]" (fls. 1496) recurso ordinário "[...] com a consequente reforma da r. sentença "a
Planilha de cálculos em anexo à sentença. quo", acolhendo integralmente os pleitos acima mencionados,
Inconformada, interpôs a reclamada o apelo ordinário de fls. 1541- cabendo ainda a condenação da parte Recorrida ao pagamento das
1560, por via do qual alceia preliminar de cerceamento de defesa, custas em reversão [...]" (fls. 1560).
alegando que a Juíza sentenciante incorreu em violação ao O reclamante não apresentou contrarrazões, consoante certidão de
princípio do contraditório e da ampla defesa, haja vista não ter fls. 1569.
observado a "[...] troca de favores apontada em sede de audiência Desnecessário o envio dos autos ao MPT para a elaboração de
de instrução, bem como em face do interesse mútuo do Recorrido e Parecer, posto que não verificadas nenhuma das hipóteses
suas testemunhas (também Reclamantes) em prejudicar a ora previstas do art. 109 do Regimento Interno deste Egrégio TRT.
Recorrente [...]."
recursal, "[...] a reforma da r. sentença "a quo", para que seja FUNDAMENTAÇÃO
título de fundamento para afastar a sobrejornada, que a Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
jurisprudência tem acolhido o GPS como mecanismo apto a admissibilidade, como atestam a certidão e o despacho de fls. 1565-
controlar o horário de trabalho dos trabalhadores externos. Aduz a 1566, impõe-se o conhecimento do recurso ordinário interposto pela
recorrente, citando decisão da Ministra Kátia Arruda (fls. 1551), que reclamada.
"[...] são inúmeros os julgados no sentido de aceitar o GPS como DO ALEGADO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA
um meio de efetivar o controle de jornada dos trabalhadores Alega a reclamada que o Juízo sentenciante lhe cerceou o direito de
externos, não podendo aplicar ao caso em epígrafe entendimento defesa, desconsiderando, para esse fim, a troca de favores que
diverso do que vem sendo aplicado em vários outros julgados." teria havido entre as testemunhas, as quais, na qualidade de ex-
Alega que "[...] existia jornada convencionada com a categoria empregados, defendem interesse comum. Exclama a recorrente
cabista no regime de compensação na categoria de acordo de que "[...] muito embora as testemunhas do caso em testilha tenham
prorrogação de jornada a partir de Janeiro de 2019, no sentido de sido contraditadas e a ora Recorrente tenha alertado do interesse
que efetivariam 7 (sete) dias seguidos de trabalho por 5 (cinco) dias em comum, a MM. Juíza singular, optou por ignorar um direito
consecutivos de folga, para que pudessem passar mais tempo com básico desta Reclamada, que se viu prejudicada diante dos
suas esposas e familiares [...]" (fls. 1553). depoimentos combinados realizados no caso em epígrafe [...]" (fls.
devidamente discriminado no contracheque, como demonstram as Em que pese a insatisfação demonstrada pela reclamada, não há,
no caso concreto, que se falar em parcialidade da Juíza (fls. 161). Refere, ainda, que possui regime de compensação.
sentenciante e, tampouco, em parcialidade de testemunhas, Conforme relatado, o Juízo de base decidiu acolher a inépcia da
cabendo considerar que, nos termos da súmula 357, do TST, em inicial, em relação ao pedido de intervalo intrajornada, para extinguir
plena vigência, "Não torna suspeita a testemunha o simples fato de o feito, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, I, do
estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador." CPC/2015. No mais, decidiu nos seguintes termos:
reconhecer que cada litigante, nos casos em que há repetição de Ambas as testemunhas da reclamada (Matheus e Ricardo)
demandas contra o mesmo empregador, defende interesse próprio confirmaram que o trabalhador laborava em regime de 10 a 15 dias
e não do colega, restando certo que, em tais condições, eventual de trabalho com 4 a 5 dias de descanso. Enquanto a primeira
inexoravelmente, a extinção da espécie probatória em realce que, 7h30min a 12h e de 13h a 17h, a segunda testemunha da
não raro, se produz mediante declarações prestadas por pessoas reclamada Ricardo afirmou que o horário era de 6h30min a 17h.
que trabalham ou trabalharam para o mesmo empregador e que, ao Nenhuma dessas jornadas coincide com aquela alegada na defesa
fim e ao cabo, conhecem os fatos inerentes aos respectivos como sendo a correta, mas ambas resultam em horas extras diárias
Não custa lembrar que, no caso concreto, a magistrada Além disso, apesar de possuir mais de 20 empregados, a
sentenciante acolheu a contradita da primeira testemunha do autor, reclamada não apresentou nos autos controle de jornada idôneo,
decidindo ouvi-la como mero informante, sob o fundamento de que mesmo tendo sido provado que realizava tal controle,
"[...] restou comprovada troca de favores entre a testemunha e o especialmente por GPS. Ademais, registros de GPS não se revelam
reclamante, na medida em que ela afirmou expressa e claramente meio idôneo de controle de jornada pelo empregador. A verdade é
que os dois estavam "se ajudando" na busca dos seus direitos e que inexistia controle idôneo da jornada de trabalho, ao arrepio da
outro [...]" (fls. 1464). Assim, a reclamada não se desincumbiu do ônus de provar a
Afora o exposto, consta na ata de audiência que a parte reclamante jornada declinada na defesa, que era encargo seu, por ser fato
declinou da oitiva das demais testemunhas (fls. 1464). obstativo do direito do autor e por possuir notoriamente mais de 20
Assim, não há que se falar em cerceamento de defesa por ofensa empregados, consoante art. 74, §2º, da CLT e Súm. 338 do TST.
aos princípios do contraditório e da ampla defesa, como pretende a Assim, a reclamada não se desincumbiu de provar a jornada
Preliminar rejeitada. a jornada aduzida na inicial, cujo horário foi, inclusive, confirmado
O autor narra, na inicial, que laborava durante dez dias seguidos em Portanto, nos limites do pedido de dos fatos aduzidos na inicial, o
diversas cidades do Nordeste, cumprindo jornada de trabalho de 5h obreiro laborava em jornada de 5h a 20h, com 30min de intervalo
às 20h, com 30 minutos de intervalo, sem receber remuneração intrajornada, de terça a domingo, totalizando 184 horas extras por
pelas horas extras. mês, a serem pagas com adicional de 50%, mais reflexos. Não há
Em oposição, a reclamada nega o labor extraordinário, aduzindo falar em prejuízo ao RSR, pois esse era gozado na segunda-feira.
que o autor tinha jornada "[...] de 6x1 tendo como padrão das Além disso, essa jornada resultava em prejuízo ao intervalo
8:00hs às 12:00hs e das 13:00hs às 17:00hs, sempre com 1hs para interjornada, o qual era suprimido em 2h por dia, resultando em
refeição e descanso [...]" e que "[...] sempre pagou as eventuais 57h30min, as quais devem ser indenizadas, com acréscimo de
horas extras cumpridas pelo Reclamante durante todo o pacto 50%, sem reflexo em demais verbas.
laboral [...]" (fls. 160). Ressalta que a jornada convencionada de 7 Ademais, considero verdadeiro o salário indicado pela reclamada
dias seguidos por 5 dias de folga era relativa à função diversa R$1.065,76, consoante registro de empregado (ID. 3d7eb2b).
daquela exercida pelo demandante. Sustenta que o registro de GPS Pelo exposto, julgo procedentes os pleitos autorais, para
"[...] comprova a hora de chegada do Reclamante ao estoque da condenar a reclamada, referente ao contrato de vigorou de 06/09
empresa, seu intervalo para refeição e descanso, bem como o /2018 a 10/02/2020 (projetando-se até 14/03/2020, em razão do
encerramento de sua jornada quando retorna ao alojamento [...]" aviso prévio de 33 dias), ao pagamento de: a) 184 horas extras
mensais (com adicional de 50%), além de reflexos em aviso prévio, "O rastreamento via satélite, diferentemente do tacógrafo, viabiliza o
férias+1 /3, 13º salário, RSR e FGTS (8%+40%); b) 57h30min, a controle da jornada de trabalho do empregado motorista, porquanto
título de intervalo interjornada suprimido, as quais devem ser se realiza mediante aparelho que capta sinais de GPS e permite a
indenizadas, com acréscimo de 50%, sem reflexo em demais transmissão de dados, como a localização exata do veículo, o
[...]" (fls. 1487-1488) Ante o exposto, afasta-se a validade dos registros constantes do
Embora seja compreensível a insatisfação que impeliu a reclamada GPS como instrumento apto a comprovar a jornada de trabalho de
a oferecer o presente recurso ordinário, forçoso reconhecer, em empregados que não exerçam funções de motorista, mantendo a
sentido inverso, que razão alguma lhe assiste, eis que, em verdade, condenação imposta à reclamada pelos mesmos fundamentos
a Juíza sentenciante decidiu a causa com estrita observância da adotados na sentença recorrida.
Ora, cabia à reclamada provar a jornada por ela defendida, bem Considerando que cabia à reclamada, a teor do art. 818, II, da CLT,
como o pagamento das horas extras prestadas, consoante art. 74, provar que cumpria a lei e pagava o adicional de periculosidade ao
§2º, da CLT, e Súmula 338 do TST, eis que contava com mais 20 trabalhador, mediante recibo discriminativo (contracheque), o que
empregados. não foi comprovado nos autos, já que nenhum elemento probatório
Contudo, no caso concreto, a ré se absteve de apresentar os confirma que o reclamante tivesse efetivo acesso aos
controles de ponto dos empregados, não logrando provar, como lhe contracheques discriminados, o Juízo singular deferiu o pagamento
competia, que seus colaboradores prestassem serviços com de adicional de periculosidade de 30%, durante todo o contrato,
observância da jornada descrita na contestação, razão pela qual com reflexo em aviso prévio (33 dias), FGTS (8%+40%), férias+1/3
decidido na origem, valendo ressaltar que tal presunção não foi A decisão, mais uma vez, merece ser confirmada, cuidando-se que
elidida por prova em contrário, já que as testemunhas patronais, a mera disponibilização dos contracheques em meio eletrônico ou
como bem observou a julgadora de base, não confirmaram a internético não resolve a questão alusiva à falta de comprovação do
jornada alegada pela empregadora. pagamento da verba em questão, eis que ainda vige o regramento
Cumpre lembrar, ainda, que o GPS, embora seja eficiente meio de previsto no art. 464, da CLT, segundo o qual "O pagamento do
controle do trabalho prestado por empregado que exerce as salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo
atribuições ou funções de motorista, como se extrai do fundamento empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão
constante do recurso, não serve para controlar a jornada de digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo."
empregado que apenas usa o veículo como meio de transporte, Na verdade, cabia à reclamada provar que cumpria as obrigações
restando certo que, neste último caso, não há qualquer vínculo derivadas do contrato de trabalho, dentre as quais o pagamento do
entre o meio de transporte e a prestação laboral. adicional de periculosidade, eis que o reclamante demonstrou,
Assim, considerando que o reclamante exercia as funções de satisfatoriamente, que trabalhava sob condições adversas, sem
"emendador de cabo de fibra ótica" (fls. 239), não pode ter a jornada receber a contrapartida referida no art. 193, da CLT.
de trabalho regulada ou fiscalizada por intermédio do GPS, sendo Assim, cabe ao empregador, em geral, ao pretender comprovar o
razoável concluir que a empresa reclamada deveria ter adotado pagamento de salários ou de qualquer verba aos respectivos
outros instrumentos de controle da jornada laboral. empregados, observar as condições inerentes ao quadro funcional,
Destaca-se, por oportuno, que o entendimento esposado pela inclusive quanto à acessibilidade aos meios eletrônicos, que deve
Ministra Katia Arruda, referido no recurso (fls. 1551), restou ser ampla, fácil e irrestrita.
expresso em processo cujo autor (reclamante) exercia as Todavia, conforme consignado na decisão recorrida, "[...] inexiste
atribuições de motorista, mostrando-se inaplicável ao caso concreto prova por parte da empresa de que haja efetiva disponibilização de
e a outros em que os reclamantes exerçam outras atividades, assim acesso eletrônico aos contracheques. Nem no contrato de trabalho
considerados quaisquer trabalhadores que utilizam os veículos nem na CTPS há a indicação de que o reclamante receberia
somente como meio de locomoção e não como instrumento de adicional de periculosidade, embora incontroverso nos autos que
Confira-se, a propósito, o excerto transcrito pela própria recorrente, Nesse contexto, sendo certo que o autor não tinha efetivo acesso
231-236 não se prestam a comprovar o pagamento do adicional em TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
questão, visto se tratar de documento elaborado unilateralmente. unanimidade, conhecer do recurso ordinário, rejeitar a preliminar de
Cuidando-se de ação ajuizada após o início de vigência da Lei advocatícios sucumbenciais, observado o percentual de 15%,
nº13.467/2017, forçoso reconhecer que são devidos os honorários incidente sobre as verbas que foram julgadas improcedentes,
advocatícios sucumbenciais pela parte reclamante, observado o mantendo-se suspensa a exigibilidade, por força da declaração de
percentual de 15%, que deve incidir sobre as parcelas abrangidas inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
que foram julgadas improcedentes, vedada, no entanto, a juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
exigibilidade imediata, cabendo à empresa reclamada comprovar, despesa", decorrente do julgamento, pelo Pleno deste Egrégio TRT
para fins de execução da verba em questão, que o reclamante, da 7a. Região, do processo nº 0080026-04.2019.5.07.0000, na
desconsiderados os créditos obtidos neste processo, ostenta sessão plenária ocorrida no dia 8.11.2019. Participaram do
condições para arcar com o respectivo pagamento. julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto
Considera-se, para fins de suspensão da execução, a norma (Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia
prevista no art. 791-A, da CLT, bem como a declaração de (Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco
inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
despesa", decorrente do julgamento, pelo Pleno deste Egrégio TRT 01 de setembro de 2021.
ajuizada após 11/11/2017, faz-se aplicável o novo regramento CESAR DE ALMEIDA MARINHO
trazido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) acerca dos Servidor de Secretaria
Intimado(s)/Citado(s):
Recurso ordinário conhecido; preliminar de cerceamento de defesa - JOAO BATISTA DO NASCIMENTO
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
PROCESSO nº 0000209-55.2019.5.07.0010 (RORSum) assim considerado o desenvolvido entre 22:00h às 05:00h do dia
RECORRENTE: SEGURO SERVICE LTDA, SEGURO SERVICOS seguinte, fica assegurado o adicional noturno na base de 21%
LTDA - EPP (vinte e um por cento), calculados sobre o valor da hora normal.".
RECORRIDO: JOAO BATISTA DO NASCIMENTO, ALA Outrossim, os documentos aptos à demonstração da regularidade
RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA trabalho havido entre o autor e a segunda reclamada (TRCT e
RECURSO ORDINÁRIO. HORAS EXTRAS. JORNADA as cifras de R$ 1.437,43 e R$ 393,97 a título rescisório
NOTURNA. REDUÇÃO FICTA. Considerando que a hora ficta concernentemente ao contrato de trabalho havido entre o laborista e
noturna corresponde a 52min30seg da hora normal de trabalho nos a segunda ré, bem assim que, na origem, restou comandada a
termos do parágrafo primeiro do art. 73, da CLT, bem assim que o dedução apenas do primeiro deles (R$ 1.437,43), merece retoque a
horário de labor cumprido pelo reclamante era das 21hs às 6hs, decisão para se determinar que, nos cálculos que vierem a liquidar
com 2hs de intervalo, de segunda à sábado, são devidas, como a sentença, seja efetivada a dedução também do segundo (R$ R$
extras, as horas trabalhadas além da 44ª semanal. Sentença 393,97). Sentença parcialmente reformada, no tópico.
trabalho cuidadoso e imparcial. Ademais, considerando que o Juiz, Recurso ordinário em processo sujeito ao rito sumaríssimo.
para o desempenho de suas atividades, não carece, Dispensado o relatório circunstanciado, "ex vi" do disposto no art.
Na vertente hipótese, não há qualquer prova apta a afastar a Considerando as informações constantes da certidão à fl. 476,
conclusão assentada no laudo pericial, razão por que deve ser conheço do recurso ordinário, ratificando o despacho de
mantida a decisão de origem. Sentença ratificada, no particular. admissibilidade exarado pelo Juízo "A Quo"; conheço, por igual, das
VERBAS RESCISÓRIAS. BASE DE CÁLCULO. ALEGATIVA DE contrarrazões do reclamante, vez que apresentadas no prazo legal.
aos cálculos das verbas rescisórias fixada na sentença reprochada DAS HORAS EXTRAS
está correta, porquanto, de acordo com a cláusula terceira da Na decisão de primeira instância às fls. 386/409, a MM. Juíza Titular
Convenção Coletiva de Trabalho da categoria obreira de 2018, o da 10ª Vara do Trabalho de Fortaleza-CE, DRA. IVÂNIA SILVA
piso salarial do Zelador corresponde a R$ 1.014,24. Ademais, ARAÚJO, após considerar que a reclamada não comprovou possuir
conforme disposto na cláusula oitava do instrumento normativo em menos de dez empregados, entendeu que deve incidir, na hipótese,
o disposto na Súmula 338, do TST quanto à presunção relativa de insalubridade, limites de tolerância aos agentes agressivos, meios
veracidade da jornada de trabalho declinada na petição inicial; de proteção e tempo máximo do empregado a tais agentes.
reconheceu, outrossim, com base na prova oral produzida pelo A Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho e Emprego
reclamante, que a jornada de labor por este cumprida era de 21hs aprovou as Normas Regulamentadoras que estabelecem as regras
às 6hs, de segunda à sábado, com 2hs de intervalo para refeição e de segurança e medicina do trabalho.
descanso. Em razão disso, deferiu o pedido de horas extras (no Já o Anexo 14 da Norma Regulamentadora em realce, que elenca
limite de 170 horas), assim consideradas as excedentes da 44ª as atividades que envolvem agentes biológicos, estabelece o
semanal, que deverão ser apuradas com observância da variação adicional de insalubridade máximo para os seguintes trabalhos ou
salarial percebida pelo autor relativamente aos dois vínculos de operações permanentes com:
emprego distintamente mantidos com a primeira e segunda "- pacientes em isolamento por doenças infecto-contagiosas, bem
reclamadas, bem como o adicional normativo (70%) e o divisor 220. como objetos de seu uso, não previamente esterilizados;
Não se conformando, a primeira e segunda reclamadas - carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e
apresentaram recurso ordinário às fls. 460/471, no qual aduzem que dejeções de animais portadores de doenças infecto-contagiosas
merece reforma a decisão, vez que, conforme a jornada de labor (carbunculose, brucelose, tuberculose);
pessoal, tem-se que eram trabalhadas apenas 7hs diárias, - lixo urbano (coleta e industrialização)." (Meus destaques)
Além da presunção relativa que se instalou nos autos quanto à reclamante, dos assistentes técnicos da reclamada Seguro Serviços
veracidade da jornada de trabalho apontada na preambular em Ltda EPP (Sra. Fábio Roberto de Sousa Baima, Técnico de
decorrência da não apresentação, pelas reclamadas solidárias, dos Segurança do Trabalho e Bruno Viana Ribeiro, engenheiro de
registros de ponto do recorrido, a testemunha obreira também a segurança do trabalho), e do encarregado operacional do Shopping
confirmou, tendo-se com isso que o horário de labor cumprido pelo Central, Sr. José Vlademir Gomes Freire Filho, o "Expert" deixa
reclamante era das 21hs às 6hs, de segunda à sábado, com 2hs de claro que os levantamentos das informações foram obtidos através
Considerando que a hora ficta noturna corresponde a 52min30seg acompanharam todo o desenrolar do exame técnico.
da hora normal de trabalho nos termos do parágrafo primeiro do art. Esclareceu, ademais, o Profissional Designado, que na atividade de
73, da CLT, são devidas, como extras, as horas trabalhadas além higienização de banheiro público, tem-se contato com o mesmo
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE ressaltando, neste aspecto, que os EPI's não são capazes de
Nas razões recursais, as apelantes insurgem-se contra a neutralizar os efeitos dos agentes biológicos, posto que, no Anexo
condenação solidária de ambas ao pagamento de adicional de 14 da NR 15, a insalubridade é mensurada pela atividade
insalubridade no percentual de 40%, alegando, para fins de reforma desenvolvida, não tendo limites de tolerância.
biológicos, quando eventualmente ocorria, era neutralizada pelo uso Ao responder os quesitos de nº 10 e 11 formulados pela ré Seguro
de EPI's; nos termos do Anexo 14 da NR 15, é indevido o adicional Serviços Ltda - EPP, manifestou o Sr. Perito que a exposição do
de periculosidade quando não há contato permanente do autor a agentes insalubres de dava de forma habitual e permanente
trabalhador com agentes insalubres; e em seu laudo, o perito deixou (fl. 250).
de considerar que a limpeza de banheiros era eventual, sendo Por fim, desfechou a investigação nos seguintes termos:
realizada em horário noturno por meio de rodízio e sem fluxo de "IX. CONCLUSÃO
A teor do disposto no art. 190, da CLT, cabe ao Ministério do Anexo 14 é de nosso parecer que EXISTEM CONDIÇÕES
Trabalho aprovar o quadro de atividades e operações insalubres e TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE com adicional de 40% sobre o
Insta pontuar que, embora o Julgador não esteja vinculado ao percebido pelo autor a título rescisório.
remate pericial, podendo formar seu convencimento de maneira Contrapondo-se, a primeira e segunda reclamadas argumentam que
livre, sem prejuízo da necessária e imprescindível fundamentação, as verbas rescisórias concedidas foram corretamente pagas, bem
conforme bem esclarece o art. 479, do CPC, não há espaço para se assim que o salário a ser considerado para fins de cálculos de tais
deixar de acolher esse tipo de prova quando se observa que o parcelas deve ser R$ 1.014,54, acrescido do adicional noturno no
Ademais, considerando que o Juiz, para o desempenho de suas Quanto à remuneração que deve servir de arrimo aos cálculos das
atividades, não carece, necessariamente, de profundos verbas rescisórias concedidas, está correto o "decisum', porquanto,
conhecimentos de engenharia ou de qualquer outra ciência, deve de acordo com a cláusula terceira da Convenção Coletiva de
considerar, como fonte para alicerçar suas decisões, os laudos Trabalho da categoria obreira de 2018 (fls. 58 e seguintes), o piso
periciais especialmente preparados por pessoas que detenham salarial do Zelador corresponde a R$ 1.014,24. Ademais, conforme
formação própria e autorização legal, somente podendo rejeitá-los, disposto na cláusula oitava do instrumento normativo em relevo,
em decisão igualmente fundamentada, quando verificar a presença "Para os empregados que trabalhem em horário noturno, assim
de defeitos ou vícios relevantes e insanáveis que, não raro, quando considerado o desenvolvido entre 22:00h às 05:00h do dia seguinte,
presentes, se tornam perceptíveis mesmo por pessoas sem fica assegurado o adicional noturno na base de 21% (vinte e um
formação técnica. por cento), calculados sobre o valor da hora normal." (Meus
conclusão assentada no laudo pericial, Afora isso, os documentos aptos à demonstração da regularidade
Ao lume do exposto, nego provimento ao recurso, no aspecto. da quitação das verbas rescisórias concernentes ao contrato de
DAS VERBAS RESCISÓRIAS trabalho havido entre o autor e a segunda reclamada (TRCT e
Na decisão originária, a julgadora singular afastou a unicidade respectivo comprovante de pagamento) não foram juntados aos
vínculos de emprego anotados na CTPS do autor Desse modo, inexistem razões para reforma do julgado
do TRCT às fls. 23/24. Na decisão reprochada, houve determinação para que o valor
Em relação ao segundo (01.02.2018 a 01.04.2018, com a reconhecido na petição inicial como efetivamente percebido pelo
reclamada Seguro Service Ltda, reconheceu, a julgadora "a quo", a autor a título de verbas rescisórias (1.437,43) fosse deduzido.
dispensa imotivada do reclamante em 01.04.2018 por força da Contudo, merece reforma a decisão, neste ponto, vez que, como se
projeção do aviso prévio. Em razão disso, condenou a primeira ré a extrai da preambular, quanto ao segundo contrato de trabalho, o
anotar a baixa na CTPS obreira. reclamante admite ter percebido não somente a cifra de R$
Por outro lado, ante à ausência do TRCT demonstrativo da quitação 1.437,43 no dia 06.01.2018, mas também a de R$ 393,97 em
das verbas rescisórias e da forma de dispensa e, ainda, do valor 09.04.2018 (fl. 6).
salarial ali reconhecido de R$ 1.227,56 (piso normativo de R$ Ao lume do exposto, dou provimento ao recurso para determinar
1.014,57 e adicional noturno de 21%), a magistrada de origem que, nos cálculos que vierem a liquidar a sentença, seja efetivada a
concedeu ao reclamante as seguintes verbas: dedução do valor de R$ 393,97 também já percebido pelo obreiro a
"salário retido março/2018(piso mais 21%); saldo de salário(1 dia); título rescisório.
aviso prévio(30 dias), na forma do artigo 487 paragrafo primeiro da Sentença reforma, no particular.
CLT, Lei 12.506 /11 e artigo 7º, inciso XXI da CF; 13º salário
artigos 146/147 da CLT); FGTS sobre salário retido, saldo de Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido.
condenado." DISPOSITIVO
unanimidade, conhecer do recurso ordinário e lhe dar parcial Os embargos de declaração, nos termos da legislação específica,
provimento para determinar que, nos cálculos que vierem a liquidar são vocacionados para o saneamento de contradições, de omissões
a sentença, seja efetivada a dedução do valor de R$ 393,97 já ou de obscuridades, admitindo efeitos modificativos nos casos em
percebido pelo obreiro a título rescisório. Participaram do que se reconheça a presença de algum dos vícios em referência,
julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto bem como nas hipóteses em que tenha ocorrido efetivo e "manifesto
(Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso", tal
(Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco como previsto no art. 897-A, da Consolidação das Leis do Trabalho.
José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a Assim, não merecem provimento os embargos de declaração por
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, via dos quais o embargante objetiva, precipuamente, o reexame de
01 de setembro de 2021. questões já decididas, não sendo demasiado esclarecer que tal
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA ser analisado pela Instância Superior. Acórdão embargado
Relator mantido.
Processo Nº ROT-0000769-15.2020.5.07.0025
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
Conforme se vê da peça de fls. 364/370, o reclamante opôs
RECORRENTE MUNICIPIO DE CRATEUS
ADVOGADO EMANOELL YGOR COUTINHO DE embargos de declaração, alegando omissão no acórdão embargado
CASTRO(OAB: 25708/CE)
quanto ao reconhecimento do direito às promoções relacionadas ao
RECORRIDO GHDSON OLAVO LEITAO
ADVOGADO MAGIDIEL PEDROSA cargo de guarda civil municipal efetivamente exercido a partir de 04
MACHADO(OAB: 15487/CE)
de janeiro de 2010.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO Desnecessária a manifestação da parte contrária.
Intimado(s)/Citado(s):
- GHDSON OLAVO LEITAO
FUNDAMENTAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
ADMISSIBILIDADE
JUSTIÇA DO
Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
PROCESSO nº 0000769-15.2020.5.07.0025 (ROT) prazo legal, conheço dos embargos de declaração, esclarecendo
EMBARGANTE: GHDSON OLAVO LEITAO que, neste caso específico, não se faz necessária a intimação da
EMBARGADO:MUNICIPIO DE CRATEUS parte adversa para a apresentação de impugnação, eis que não há
RELATOR: DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA razões justificadoras dos efeitos modificativos.
intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 embargos de declaração, sendo relevante destacar, desde logo,
(cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual que o embargante, apesar da ênfase que caracteriza seus
acolhimento implique a modificação da decisão embargada". argumentos, não cuidou, propriamente, de demonstrar a presença
Conforme relatado, a parte embargante alega omissão no acórdão forças, em verdade, no intuito de ver reformulado o entendimento
embargado quanto ao reconhecimento do direito às promoções expresso pelo Órgão Julgador quando do julgamento do recurso
relacionadas ao cargo de guarda civil municipal efetivamente ordinário interposto pelo ente municipal.
Relata que "ao conceder provimento ao R.O interposto pelo vislumbráveis, no exame de embargos de declaração, nos termos
Município recorrente e julgar improcedente os pedidos arraigados do art. 897-A, da CLT, pressupõem, indiscutivelmente, a presença
na preludial, reformando a sentença monocrática sob o manto de de "omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no
que HOUVERA UM EQUÍVOCO POR OCASIÃO DA exame dos pressupostos extrínsecos do recurso", condição que,
CONSIGNAÇÃO DA DATA DE ADMISSÃO COMO GUARDA CIVIL como já se registrou, não resta caracterizada no caso concreto.
MUNICIPAL, POIS NA EXORDIAL CONTA QUE O RECLAMANTE Implacavelmente, os argumentos trazidos à baila revelam a nítida
FORA ADMITIDO NO DIA 01 DE SETEMBRO DE 2007 COMO intenção da parte em rediscutir o mérito da decisão, externando seu
G.C.M, NO ENTANDO, NESTA DATA, EXERCIA A FUNÇÃO DE inconformismo com a conclusão recursal que lhe foi desfavorável, o
AGENTE ADMINISTRATIVO, TENDO SIDO LOTADO COMO que não se amolda às situações que autorizam a interposição de
JANEIRO DE 2010, COMO MUITO BEM FORA ESCLARECIDO NO No caso em tela não se verifica a ocorrência do ponto omisso
ACÓRDÃO EM APREÇO, DIRIMINDO A CONTROVERSIA DE denunciado, merecendo destaque o seguinte excerto da decisão
DATAS CONSTANTES NA PROEMIAL. DATA VENIA EXA., A embargada que, por si só, demonstra a correção do julgado
DISCREPÂNCIA DE DATAS ACIMA EXPOSTAS, O ACÓRDÃO referenciado que explicitou, de forma clara e fundamentada as
FORA OMISSO AO NÃO PROMOVER O REENQUADRAMENTO razões da reforma da sentença para o indeferimento do pleito de
TOMANDO POR PARÂMETRO A ADMISSÃO DO RECORRIDO reenquadramento do autor, em estrita observância aos fatos e
COMO GUARDA CIVIL MUNICIPAL OCORRIDA NO DIA 04 DE provas colacionados aos autos. Senão vejamos:
PREMISSA, O RECLAMANTE COMO FORA LOTADO NO DIA 04 O reclamante relata, na inicial, que "trabalha para o Município de
DE JANEIRO DE 2010 COMO GUARDA CIVIL MUNICIPAL NÍVEL Crateús-CE desde 01 de setembro de 2007, consoante se vislumbra
II, DEVERIA TER SIDO NOMEADO PARA A FUNÇÃO DE pela CTPS em anexo, tendo sido aprovado em concurso publico."
GUARDA CIVIL MUNICIPAL DE NÍVEL I NO DIA 04 DE JANEIRO Prossegue relatando que "trabalha, portanto, há, aproximadamente,
2012; BEM COMO, DEVERIA TER SIDO NOMEADO PARA O 13 (treze) anos, 2 (dois) meses e 24 (vinte e quatro) dias,
EXERCÍCIO DA FUNÇÃO DE SUBINSPETOR NO DIA 04 DE exercendo a função de Agente de Guarda Civil Municipal em
JANEIRO DE 2015, HAJA VISTA QUE AS NORMAS CONTIDAS Crateús-CE, [...]" (grifos no original)
NA LEI 392/2015 DE 13 DE JANEIRO DE 2015, NÃO PODEM Prossegue relatando que o regramento em vigor na época da sua
RETROAGIR PARA ALCANÇAR O RECLAMANTE, POSTO QUE admissão, qual seja, a Lei 575/2006, de 16 de março de 2006,
JÁ HAVIA ADQUIRIDO O DIREITO CONFORME AS NORMAS previa 2(dois) anos de efetivo exercício na função de Guarda Civil
CONTIDAS NA LEI 575/2006 DE 16 DE MARÇO DE 2006, POIS O Municipal de Nível II para haver promoção para o de nível I, bem
ENTENDIMENTO DOMINANDO NO STJ E STF É QUE NÃO HÁ como 3(três) anos de efetivo exercício na função de Guarda Civil
DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO, CONTUDO Municipal de Nível I para haver promoção para o nível de
SALVAGUARDA O DIREITO ADQUIRIDO SOB LEGISLAÇÃO subinspetor e, por fim, 4(quatro) anos para a promoção de
ANTERIOR, TRATANDO-SE DE DIREITO ADQUIRIDO POR Subinspetor à Inspetor, devendo, neste último caso, haver
FORÇA DE LEI." (destaques no original) comprovação do ensino médio completo, consoante o disposto nos
Sem prejuízo do respeito devido ao entendimento esposado pelo arts.13, 14 e 15 do Capítulo II da referida lei.
embargante que, de resto, se concede, indistintamente, a todos os Defende que, desse modo, "[...] deveria ter sido nomeado para a
jurisdicionados, forçoso reconhecer que o Acórdão embargado, em função de GUARDA CIVIL MUNICIPAL DE NÍVEL I no dia 01 DE
verdade, não merece os reproches alinhados nos vertentes SETEMBRO 2009; bem como, deveria ter sido nomeado para o
exercício da função de SUBINSPETOR no dia 01 DE SETEMBRO um, deverá ter no mínimo 2 (dois) anos de efetivo serviço I,
DE 2012, haja vista que as normas contidas na lei 392/2015 de 13 restado na Guarda Civil Municipal de Crateús na graduação de
de janeiro de 2015, não podem retroagir para alcançar o Guarda de nível dois.
reclamante, posto que já havia adquirido o direito conforme as Art.14 - O Guarda de nível um para ter acesso à graduação de
normas contidas na lei 575/2006 de 16 de março de 2006 [...]". Subinspetor deverá ter no mínimo 3 (três) anos de efetivo
O Juízo a quo, considerando que foram observados os critérios serviço prestado na Guarda Civil Municipal de Crateús na
estipulados pela legislação de regência, concluiu que o autor graduação da Guarda de nível I.
adquiriu o direito à promoção ao cargo de SUBINSPETOR em 01 de Art.15 - O Subinspetor para ter acesso à graduação de Inspetor,
setembro de 2012, razão pela qual faz jus ao reenquadramento e ao deverá ter no mínimo 4(quatro) anos de efetivo serviço
pagamento das diferenças remuneratórias do período imprescrito. prestado na Guarda Civil Municipal de Crateús na graduação de
Pontuou, a julgadora de primeiro grau, "[...] que a inércia da Subinspetor e possuir o ensino médio completo.
promoção do servidor não pode ser óbice à ascensão funcional [...]". Em complemento, os arts 6º e 7º da lei em referência, dispõem que,
O Município recorrente busca a reforma da sentença aduzindo, em tanto a promoção por antiguidade, quanto a promoção por
síntese, que, de acordo com a legislação municipal vigente e merecimento, estão condicionadas a avaliação pelo comandante da
aplicável ao caso concreto, o autor não teria direito às promoções corporação e junta disciplinar consultiva (fl. 44).
buscadas. Argumenta, de igual modo, que a Lei nº 575, de 16 de Compulsando-se os autos, observa-se, consoante CTPS acostada à
março de 2006, estabelecia o sistema e as condições que regulam fl.31, que o reclamante foi admitido no cargo de agente
as promoções dos Guarda Civis Municipais de Crateús, administrativo, no dia 01 de setembro de 2007. Outrossim, consta
determinando no artigo 4º, que as promoções deveriam ser à fl. 28 a Ficha de Acompanhamento Individual, documento também
efetivadas nos percentuais máximos de 40% (quarenta por cento) apresentado pelo próprio autor, através do qual resta demonstrada
do efetivo total para agentes de 1ª classe, 04% (quatro por cento) a admissão do demandante em 04 de janeiro de 2010, no cargo
do efetivo total para subinspetor e 02% (dois por cento) do efetivo de guarda civil municipal - graduação: guarda de nível II.
total para inspetor, devendo, ainda, o candidato ser submetido à Ora, diante da patente contradição entre os documentos encimados
Junta Disciplinar para aferição dos requisitos contidos nos arts. 6º e e os fatos narrados na exordial em que o autor afirma
7º, ressaltando, ademais, que, de acordo com o art. 10, para "ter categoricamente que "trabalha para o Município de Crateús-CE
acesso nas promoções nos quadros de graduados da Guarda Civil desde 01 de setembro de 2007, consoante se vislumbra pela
Municipal de Crateús, é necessário que o guarda tenha interstício CTPS em anexo, tendo sido aprovado em concurso publico."
necessário e esteja classificado no mínimo no Comportamento [...] "trabalha, portanto, há, aproximadamente, 13 (treze) anos, 2
"Bom". Acrescenta que o ente público municipal não pode ser (dois) meses e 24 (vinte e quatro) dias, exercendo a função de
substituído pelo Poder Judiciário para conceder a ascensão Agente de Guarda Civil Municipal em Crateús-CE, [...]" (grifou-
perseguida, haja vista estar condicionada ao cumprimento dos se), necessária uma investigação mais cautelosa para o deslinde da
empregador, sob pena de ofensa ao princípio da separação dos Analisando-se os autos do processo 0000597-44.2018.5.07.0025
poderes (Súmula vinculante 37). em que o autor busca seu reenquadramento com base na Lei nº
Analisa-se. 392, de 13 de janeiro de 2015, consta da inicial que "O Autor foi
Com efeito, não resta dúvida de que conforme estabelecem os arts. admitido através de concurso público nos quadros do
12 a 15 da citada Lei 575/2006, a promoção dos Guardas Civis município de Crateús para o cargo de Guarda Civil Municipal
Municipais pressupõe o atendimento de dois requisitos: 1) interstício aos 04 de janeiro de 2010 onde labora até a presente data com
mínimo; 2) comportamento "bom". Confira-se: graduação de Guarda Civil Municipal de Nível II [...]"(grifou-se)
Art. 12 - Para ter acesso às promoções nos quadros de graduados efetivamente o autor, admitido em 01 de setembro de 2007, na
da Guarda Civil Municipal de Crateús, é necessário que o guarda função de agente administrativo, foi investido no cargo de Guarda
tenha interstício necessário e esteja no mínimo no Civil Municipal apenas na data de 04 de janeiro de 2010, mediante
Art.13 - O Guarda de nível dois para ter acesso a Guarda de nível e edital de convocação em 04 de dezembro de 2009. Transcreve-se
a seguir o teor das "anotações gerais" constantes da CTPS do ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
"O servidor foi nomeado por ato do chefe do Poder Executivo, Dr. unanimidade, conhecer dos embargos de declaração e negar-lhes
José Almir Claudino Sales, conforme Portaria nº 124.31.08/07, provimento. Participaram do julgamento os
publicada em 31.08.07 para exercer o cargo de Agente Desembargadores,Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José
Administrativo, em cargo criado pela Lei nº 590/06 de 1º de junho de Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente,
2006. Crateús, 1º de setembro de 2007." (ass. Francisco Duarte ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente
"O servidor passa a exercer a função de Agente da Guarda Civil Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
no Setor de Recursos Humanos desta Prefeitura Municipal. O DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
Crateús-Ce, 04 de Janeiro de 2010." (ass. Francisco Aldo dos FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021.
Nesse contexto, não assiste ao reclamante o direito às promoções CESAR DE ALMEIDA MARINHO
buscadas (relativas aos anos de 2009 e 2012), visto que a Lei nº Servidor de Secretaria
declaração.
embargos declaratórios.
PROCESSO nº 0000209-55.2019.5.07.0010 (RORSum)
LTDA - EPP
RECURSO ORDINÁRIO. HORAS EXTRAS. JORNADA as cifras de R$ 1.437,43 e R$ 393,97 a título rescisório
NOTURNA. REDUÇÃO FICTA. Considerando que a hora ficta concernentemente ao contrato de trabalho havido entre o laborista e
noturna corresponde a 52min30seg da hora normal de trabalho nos a segunda ré, bem assim que, na origem, restou comandada a
termos do parágrafo primeiro do art. 73, da CLT, bem assim que o dedução apenas do primeiro deles (R$ 1.437,43), merece retoque a
horário de labor cumprido pelo reclamante era das 21hs às 6hs, decisão para se determinar que, nos cálculos que vierem a liquidar
com 2hs de intervalo, de segunda à sábado, são devidas, como a sentença, seja efetivada a dedução também do segundo (R$ R$
extras, as horas trabalhadas além da 44ª semanal. Sentença 393,97). Sentença parcialmente reformada, no tópico.
trabalho cuidadoso e imparcial. Ademais, considerando que o Juiz, Recurso ordinário em processo sujeito ao rito sumaríssimo.
para o desempenho de suas atividades, não carece, Dispensado o relatório circunstanciado, "ex vi" do disposto no art.
Na vertente hipótese, não há qualquer prova apta a afastar a Considerando as informações constantes da certidão à fl. 476,
conclusão assentada no laudo pericial, razão por que deve ser conheço do recurso ordinário, ratificando o despacho de
mantida a decisão de origem. Sentença ratificada, no particular. admissibilidade exarado pelo Juízo "A Quo"; conheço, por igual, das
VERBAS RESCISÓRIAS. BASE DE CÁLCULO. ALEGATIVA DE contrarrazões do reclamante, vez que apresentadas no prazo legal.
aos cálculos das verbas rescisórias fixada na sentença reprochada DAS HORAS EXTRAS
está correta, porquanto, de acordo com a cláusula terceira da Na decisão de primeira instância às fls. 386/409, a MM. Juíza Titular
Convenção Coletiva de Trabalho da categoria obreira de 2018, o da 10ª Vara do Trabalho de Fortaleza-CE, DRA. IVÂNIA SILVA
piso salarial do Zelador corresponde a R$ 1.014,24. Ademais, ARAÚJO, após considerar que a reclamada não comprovou possuir
conforme disposto na cláusula oitava do instrumento normativo em menos de dez empregados, entendeu que deve incidir, na hipótese,
relevo, "Para os empregados que trabalhem em horário noturno, o disposto na Súmula 338, do TST quanto à presunção relativa de
assim considerado o desenvolvido entre 22:00h às 05:00h do dia veracidade da jornada de trabalho declinada na petição inicial;
seguinte, fica assegurado o adicional noturno na base de 21% reconheceu, outrossim, com base na prova oral produzida pelo
(vinte e um por cento), calculados sobre o valor da hora normal.". reclamante, que a jornada de labor por este cumprida era de 21hs
Outrossim, os documentos aptos à demonstração da regularidade às 6hs, de segunda à sábado, com 2hs de intervalo para refeição e
da quitação das verbas rescisórias concernente ao contrato de descanso. Em razão disso, deferiu o pedido de horas extras (no
trabalho havido entre o autor e a segunda reclamada (TRCT e limite de 170 horas), assim consideradas as excedentes da 44ª
respectivo comprovante de pagamento) não foram juntados aos semanal, que deverão ser apuradas com observância da variação
salarial percebida pelo autor relativamente aos dois vínculos de operações permanentes com:
emprego distintamente mantidos com a primeira e segunda "- pacientes em isolamento por doenças infecto-contagiosas, bem
reclamadas, bem como o adicional normativo (70%) e o divisor 220. como objetos de seu uso, não previamente esterilizados;
Não se conformando, a primeira e segunda reclamadas - carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e
apresentaram recurso ordinário às fls. 460/471, no qual aduzem que dejeções de animais portadores de doenças infecto-contagiosas
merece reforma a decisão, vez que, conforme a jornada de labor (carbunculose, brucelose, tuberculose);
pessoal, tem-se que eram trabalhadas apenas 7hs diárias, - lixo urbano (coleta e industrialização)." (Meus destaques)
Além da presunção relativa que se instalou nos autos quanto à reclamante, dos assistentes técnicos da reclamada Seguro Serviços
veracidade da jornada de trabalho apontada na preambular em Ltda EPP (Sra. Fábio Roberto de Sousa Baima, Técnico de
decorrência da não apresentação, pelas reclamadas solidárias, dos Segurança do Trabalho e Bruno Viana Ribeiro, engenheiro de
registros de ponto do recorrido, a testemunha obreira também a segurança do trabalho), e do encarregado operacional do Shopping
confirmou, tendo-se com isso que o horário de labor cumprido pelo Central, Sr. José Vlademir Gomes Freire Filho, o "Expert" deixa
reclamante era das 21hs às 6hs, de segunda à sábado, com 2hs de claro que os levantamentos das informações foram obtidos através
Considerando que a hora ficta noturna corresponde a 52min30seg acompanharam todo o desenrolar do exame técnico.
da hora normal de trabalho nos termos do parágrafo primeiro do art. Esclareceu, ademais, o Profissional Designado, que na atividade de
73, da CLT, são devidas, como extras, as horas trabalhadas além higienização de banheiro público, tem-se contato com o mesmo
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE ressaltando, neste aspecto, que os EPI's não são capazes de
Nas razões recursais, as apelantes insurgem-se contra a neutralizar os efeitos dos agentes biológicos, posto que, no Anexo
condenação solidária de ambas ao pagamento de adicional de 14 da NR 15, a insalubridade é mensurada pela atividade
insalubridade no percentual de 40%, alegando, para fins de reforma desenvolvida, não tendo limites de tolerância.
biológicos, quando eventualmente ocorria, era neutralizada pelo uso Ao responder os quesitos de nº 10 e 11 formulados pela ré Seguro
de EPI's; nos termos do Anexo 14 da NR 15, é indevido o adicional Serviços Ltda - EPP, manifestou o Sr. Perito que a exposição do
de periculosidade quando não há contato permanente do autor a agentes insalubres de dava de forma habitual e permanente
trabalhador com agentes insalubres; e em seu laudo, o perito deixou (fl. 250).
de considerar que a limpeza de banheiros era eventual, sendo Por fim, desfechou a investigação nos seguintes termos:
realizada em horário noturno por meio de rodízio e sem fluxo de "IX. CONCLUSÃO
A teor do disposto no art. 190, da CLT, cabe ao Ministério do Anexo 14 é de nosso parecer que EXISTEM CONDIÇÕES
Trabalho aprovar o quadro de atividades e operações insalubres e TÉCNICAS DE INSALUBRIDADE com adicional de 40% sobre o
insalubridade, limites de tolerância aos agentes agressivos, meios Insta pontuar que, embora o Julgador não esteja vinculado ao
de proteção e tempo máximo do empregado a tais agentes. remate pericial, podendo formar seu convencimento de maneira
A Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho e Emprego livre, sem prejuízo da necessária e imprescindível fundamentação,
aprovou as Normas Regulamentadoras que estabelecem as regras conforme bem esclarece o art. 479, do CPC, não há espaço para se
de segurança e medicina do trabalho. deixar de acolher esse tipo de prova quando se observa que o
Já o Anexo 14 da Norma Regulamentadora em realce, que elenca "Expert", a par do preparo técnico, promoveu um trabalho cuidadoso
adicional de insalubridade máximo para os seguintes trabalhos ou Ademais, considerando que o Juiz, para o desempenho de suas
atividades, não carece, necessariamente, de profundos verbas rescisórias concedidas, está correto o "decisum', porquanto,
conhecimentos de engenharia ou de qualquer outra ciência, deve de acordo com a cláusula terceira da Convenção Coletiva de
considerar, como fonte para alicerçar suas decisões, os laudos Trabalho da categoria obreira de 2018 (fls. 58 e seguintes), o piso
periciais especialmente preparados por pessoas que detenham salarial do Zelador corresponde a R$ 1.014,24. Ademais, conforme
formação própria e autorização legal, somente podendo rejeitá-los, disposto na cláusula oitava do instrumento normativo em relevo,
em decisão igualmente fundamentada, quando verificar a presença "Para os empregados que trabalhem em horário noturno, assim
de defeitos ou vícios relevantes e insanáveis que, não raro, quando considerado o desenvolvido entre 22:00h às 05:00h do dia seguinte,
presentes, se tornam perceptíveis mesmo por pessoas sem fica assegurado o adicional noturno na base de 21% (vinte e um
formação técnica. por cento), calculados sobre o valor da hora normal." (Meus
conclusão assentada no laudo pericial, Afora isso, os documentos aptos à demonstração da regularidade
Ao lume do exposto, nego provimento ao recurso, no aspecto. da quitação das verbas rescisórias concernentes ao contrato de
DAS VERBAS RESCISÓRIAS trabalho havido entre o autor e a segunda reclamada (TRCT e
Na decisão originária, a julgadora singular afastou a unicidade respectivo comprovante de pagamento) não foram juntados aos
vínculos de emprego anotados na CTPS do autor Desse modo, inexistem razões para reforma do julgado
do TRCT às fls. 23/24. Na decisão reprochada, houve determinação para que o valor
Em relação ao segundo (01.02.2018 a 01.04.2018, com a reconhecido na petição inicial como efetivamente percebido pelo
reclamada Seguro Service Ltda, reconheceu, a julgadora "a quo", a autor a título de verbas rescisórias (1.437,43) fosse deduzido.
dispensa imotivada do reclamante em 01.04.2018 por força da Contudo, merece reforma a decisão, neste ponto, vez que, como se
projeção do aviso prévio. Em razão disso, condenou a primeira ré a extrai da preambular, quanto ao segundo contrato de trabalho, o
anotar a baixa na CTPS obreira. reclamante admite ter percebido não somente a cifra de R$
Por outro lado, ante à ausência do TRCT demonstrativo da quitação 1.437,43 no dia 06.01.2018, mas também a de R$ 393,97 em
das verbas rescisórias e da forma de dispensa e, ainda, do valor 09.04.2018 (fl. 6).
salarial ali reconhecido de R$ 1.227,56 (piso normativo de R$ Ao lume do exposto, dou provimento ao recurso para determinar
1.014,57 e adicional noturno de 21%), a magistrada de origem que, nos cálculos que vierem a liquidar a sentença, seja efetivada a
concedeu ao reclamante as seguintes verbas: dedução do valor de R$ 393,97 também já percebido pelo obreiro a
"salário retido março/2018(piso mais 21%); saldo de salário(1 dia); título rescisório.
aviso prévio(30 dias), na forma do artigo 487 paragrafo primeiro da Sentença reforma, no particular.
CLT, Lei 12.506 /11 e artigo 7º, inciso XXI da CF; 13º salário
artigos 146/147 da CLT); FGTS sobre salário retido, saldo de Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido.
condenado." DISPOSITIVO
as verbas rescisórias concedidas foram corretamente pagas, bem ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
assim que o salário a ser considerado para fins de cálculos de tais TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
parcelas deve ser R$ 1.014,54, acrescido do adicional noturno no unanimidade, conhecer do recurso ordinário e lhe dar parcial
importe de R$ 213.02. provimento para determinar que, nos cálculos que vierem a liquidar
Razão não lhes assiste. a sentença, seja efetivada a dedução do valor de R$ 393,97 já
Quanto à remuneração que deve servir de arrimo aos cálculos das percebido pelo obreiro a título rescisório. Participaram do
julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto ocorrido efetivo e "manifesto equívoco no exame dos pressupostos
(Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia extrínsecos do recurso", tal como previsto no art. 897-A, da
(Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco Consolidação das Leis do Trabalho. Não se verificando quaisquer
José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a das referidas hipóteses, impõe-se o desprovimento do apelo.
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, Acórdão embargado mantido. CARÁTER MERAMENTE
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA declaração, impõe-se a aplicação da multa prevista no art. 1.026,
Servidor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000891-07.2020.5.07.0032
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
RELATÓRIO
RECORRENTE EVANILDO DA COSTA
ALBUQUERQUE
ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB:
20084/CE)
RECORRIDO M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E Trata-se de embargos de declaração por via dos quais postula a
COMERCIO DE ALIMENTOS
ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA reclamada, M DIAS BRANCO S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE
PEREIRA(OAB: 10587/CE)
ALIMENTOS, o esclarecimento de omissões que reputa existentes
- EVANILDO DA COSTA ALBUQUERQUE Alega, a embargante, que não houve manifestação do Tribunal no
admissibilidade, impõe-se o conhecimento dos embargos de Destaca-se, outrossim, que, a teor do disposto no art. 200, V, da
declaração, esclarecendo que, neste caso específico, não se faz CLT, compreende-se na competência do Ministério do Trabalho
necessária a intimação da parte adversa para a apresentação de estabelecer disposições complementares referentes às
impugnação, eis que não há razões justificadoras do efeito medidas de segurança e medicina do trabalho, não havendo se
modificativo pretendido pelo embargante. cogitar, por essa forma, de extrapolação dos limites do poder
Ressalta-se, a propósito, que a intimação da parte adversa, para regulamentar do Ministério do Trabalho e Emprego quanto ao
fins de apresentação de impugnação aos embargos declaratórios, disposto no Anexo 3 da NR 15 em relação às pausas térmicas,
apenas se justifica nos casos em que se faça necessária a ou de violação ao art. 5º, II, da CF/1988 e ao art. 22, I, da
modificação da decisão embargada. CF/1988, cabendo ressaltar, ademais, que aludidas pausas
Nesse sentido, dispõe o art. 1.023, do CPC/2015, que "[...] § 2º O implicam em medida que busca resguardar a saúde, higiene e
de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual Desse modo, a cumulação de adicional de insalubridade com o
acolhimento implique a modificação da decisão embargada". pagamento de horas extras decorrentes da ausência de concessão
MÉRITO das referidas pausas térmicas não implica, de modo algum, em "bis
Em que pese o inconformismo demonstrado pela parte embargante, in idem", como se argumenta na defesa e em contrarrazões, posto
forçoso reconhecer que razão alguma lhe assiste, devendo o que, ao tempo em que as horas extras tem gênese na não
acórdão ser mantido na forma como proferido originalmente. concessão de intervalo térmico, o adicional de insalubridade advém
No caso concreto, não se vislumbra a ocorrência das omissões da exposição do empregado ao agente físico calor acima dos limites
apontadas pela embargante, merecendo destaque o seguinte de tolerância, tratando-se, em verdade, de parcelas cujas naturezas
excerto da decisão embargada que, por si só, demonstra a devida jurídicas são completamente diversas.
manifestação do Colegiado sobre os pontos supostamente omissos, Ademais, essa linha de raciocínio leva à conclusão de que a
Conforme relatado, o Juízo de base julgou improcedente a necessidade de concessão dos intervalos em questão.
pretensão autoral de condenação do réu ao pagamento de horas Nesse sentido, calha trazer à colação julgados de cada uma das
aduz, em suma, que merece reforma a decisão de origem, vez que [...]
a exposição do empregado a calor excessivo gera a este o direito Nesse panorama, impõe-se o provimento do recurso, no aspecto,
às pausas térmicas estabelecidas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria mas apenas de forma parcial, para condenar o recorrido, nos
nº 3.214/1978, cuja inobservância enseja o pagamento de horas termos do art. 71, § 4º, da CLT, de aplicação analógica, ao
suplementares nos termos do parágrafo quarto do art. 71, da CLT, pagamento de: 45 minutos, como extras, a cada 15 minutos
não se confundindo, aludidas horas, com o pagamento de adicional laborados, em uma hora corrida, no interregno entre 23/11/2015
A tese recursal encontra-se em total harmonia com a Ora, o trecho acima transcrito deixa claro que a Turma ancorou a
conclusão pelo cabimento das horas extras decorrentes da reprimenda prevista no art. 1.026, § 2º, do CPC.
supressão do intervalo térmico em diversos precedentes do C. TST, Desse modo, de serem improvidos os embargos declaratórios,
de acordo com os quais a pausa prevista no Quadro 1, do Anexo 3, condenando-se a demandada-embargante na multa de 2% (dois por
da NR 15, são de observância obrigatória, ensejando, a ausência de cento) sobre o valor atualizado da causa, prevista no art. 1.026, §
concessão, o pagamento de horas extras, nos termos do art. 71, § 2º, do CPC, em favor do embargado.
segurança e medicina do trabalho, não havendo se cogitar, por essa ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
forma, de extrapolação dos limites do poder regulamentar do TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Ministério do Trabalho e Emprego quanto ao disposto no Anexo 3 unanimidade, conhecer dos embargos de declaração e negar-lhes
da NR 15 em relação às pausas térmicas, ou de violação ao art. 5º, provimento, condenando a reclamada-embargante na multa de 2%
II, da CF/1988 e ao art. 22, I, da CF/1988, cabendo ressaltar, (dois por cento) sobre o valor atualizado da causa, prevista no art.
ademais, que aludidas pausas implicam em medida que busca 1.026, § 2º, do CPC, em favor do embargado. Participaram do
resguardar a saúde, higiene e segurança do empregado [...]". julgamento os Desembargadores,Plauto Carneiro Porto
Ademais, não há que se falar em omissão quanto à exclusão, pela (Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia
Portaria nº 1.359, de 09 de dezembro de 2019, do Quadro 1, do (Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco
Anexo 3, da NR 15, que previa os períodos de intervalo de José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
descanso térmico, na medida em que, conforme destacado acima, a Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
exclusão do Quadro 1, de modo que totalmente despicienda a DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
Importa ressaltar, finalmente, tendo em vista o texto acima FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021.
objetivos, não padecendo de qualquer defeito que mereça reparo CESAR DE ALMEIDA MARINHO
pela via estreita dos embargos de declaração, não sendo Servidor de Secretaria
referentes à hora extra e aos descontos indevidos, sem que isso RELATÓRIO
implique, no entanto, menosprezo pelo exame apurado do direito e
que mereceram o aval do Colegiado. Sentença mantida, no Trata-se de recurso ordinário (fls. 312/333), por via do qual a
particular. reclamada MAIS SERVIÇOS LTDA postula a reforma da sentença
ABRANGÊNCIA DA CCT. FORNECIMENTO DE CAFÉ DA de fls. 242/261, proferida pela MM. Juíza Titular da 16ª Vara do
MANHÃ. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA NORMA Trabalho de Fortaleza/Ce, Dra. ALDENORA MARIA DE SOUZA
COLETIVA. NÃO INCIDÊNCIA. Restando demonstrado que a SIQUEIRA.
convenção coletiva que se aplica à categoria do reclamante não Dispensado o relatório circunstanciado em virtude da regra
constante do art. 895, §1º, inciso IV, da CLT. Quanto ao mais, conheço das contrarrazões apresentadas pela
de fl. 386.
FUNDAMENTAÇÃO MÉRITO
Destaco, inicialmente, que os limites da lide foram estabelecidos porquanto os registros de ponto trazidos aos autos com a defesa
pelo confronto entre os pedidos formulados na peça de introdução e demonstram a inexistência de trabalho extraordinário por parte do
os argumentos expendidos pela defesa em oposição a tais pedidos, laborista, destacando, outrossim, que incumbia ao autor produzir
sendo defeso ao Juiz deixar de os observar. prova inequívoca do fato constitutivo de seu direito, o que não
Noutra perspectiva, uma vez delimitada a lide, é defeso às partes, ocorreu. Aduz, ainda, que eventuais horas extraordinárias prestadas
em sede recursal, inovar em suas teses fixadas na inicial e na foram devidamente recompensadas, no curso do contrato de
defesa, contraditório e devido processo legal, haja vista que, a teor Ao exame.
do disposto no parágrafo primeiro do art. 1.013, do CPC No que tange às horas suplementares, a inidoneidade dos controles
subsidiariamente utilizado, as questões a serem devolvidas ao Juízo de horário constitui ônus de prova do empregado quando tais
"ad quem" devem limitar-se àquelas que foram suscitadas e documentos se apresentam em conformidade com o disposto no
discutidas no processo, não cabendo ao Tribunal, por essa forma, parágrafo segundo do art. 74, da CLT. A ausência de prova cabal,
conhecer de questões fáticas ou jurídicas postas nos autos somente nesse sentido, impõe a conclusão de validade dos aludidos
em grau recursal, sob pena de supressão de instância e documentos, confirmando a jornada neles consignada.
malferimento ao devido processo legal e ampla defesa. Entrementes, na peça de entrada, o reclamante argumentou que
Na hipótese sob análise, a recorrente, em suas razões de apelo, trabalhava de 7h às 17h, com uma hora de intervalo, de segunda a
alega que o reclamante não se enquadra na CCT entabulada entre sexta, folgando aos sábados e domingos. Destacou, outrossim, que
o SINDICATO DAS EMP DE ASSEIO E CONS DO ESTADO DO assinava controle de frequência, sendo-lhe devida uma hora extra
E CONSERVACAO anexa ao ID 27e36f3, mas somente na CCT de Os horários de trabalho, contidos nos controles de ponto
ID 0bfc891, cujas abrangências são diferentes. apresentados com a defesa (id d2a7bb8 e seguintes), encontram-se
Encimada tese jurídica, em que pese não tenha sido apresentada manuscritos. Todavia, observa-se que aludidos documentos
na defesa, situa-se como questão de ordem pública, que pode ser apresentam horários inflexíveis, sem qualquer variação de minutos
conhecida de ofício pelo julgador. relativamente aos horários de início e fim de jornada, bem como de
Assim, atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de período intervalar, fato que, por si, atrai a incidência do disposto no
admissibilidade, como demonstram a certidão e o despacho de item III da Súmula 338, do TST, segundo a qual, "Os cartões de
362/363, impõe-se o conhecimento do recurso ordinário. ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são
Cumpre esclarecer, desde logo, que os pleitos relativos à inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova,
responsabilidade subsidiária do segundo reclamado, bem como à relativo às horas extras, que passa a ser do empregador,
unicidade contratual, não devem ser conhecidos, eis que prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir".
formulados em sede de contrarrazões, que, indubitavelmente, não Afora os referidos controles de ponto, os quais, como visto, não se
constitui o meio próprio para o fim colimado. mostram aptos a traduzir a realidade da relação de emprego entre
Com efeito, as contrarrazões, como indica a terminologia, se as partes quanto à jornada efetivamente cumprida pelo obreiro, não
destinam única e exclusivamente, ao combate das pretensões há qualquer outro meio de prova, nos presentes autos, a corroborar
veiculadas no recurso, cabendo à parte adversa, caso tenha algum a versão articulada pela defesa, nesse aspecto.
pedido a formular, em face da decisão recorrida, oferecer o recurso Uma vez constatado que os controles de horário de trabalho
Ante o exposto, impossível conhecer dos pedidos encimados, por efetivamente cumprida pelo autor, bem como que o autor realizava
inadequação da via eleita. 45 (quarenta e cinco) horas semanais de trabalho, impõe-se o não
provimento do recurso ordinário, devendo a decisão de primeira reclamante, eis que, conforme cláusula segunda, incide sobre
instância ser mantida, nos exatos termos em que proferida. profissionais que desempenham função de "Limpeza pública e
DOS DESCONTOS INDEVIDOS privada, Coleta de resíduos sólidos de qualquer natureza e seu
Quanto aos descontos indevidos, sustenta a recorrente que "o transporte, pinturas de meio fio de Ruas e Avenidas, com
recorrido cometeu inúmeras faltas injustificadas, conforme folha de abrangência territorial em CE." Não é o caso do reclamante.
ponto, anexada aos autos, razão pela qual foi efetuado o referido Por outro lado, a CCT acostada ao ID 0bfc891 possui abrangência
desconto" e que "os demais descontos, referentes à Vale sobre os "Empregados em Empresas de Asseio e Conservação e
Transporte, Vale Refeição, Cesta Básica e Assistência Terceirização de Mão de Obra, com abrangência territorial em CE" e
Odontológica, são decorrentes dos depósitos antecipados das dispõe, na cláusula terceira, acerca dos pisos salariais tanto do
referidas verbas, conforme se comprova dos extratos em anexo". zelador (1ª faixa salarial), quanto do auxiliar de serviço educacional
Ocorre que os demonstrativos de crédito acostados aos autos, às (5ª faixa salarial), restando claro que, durante toda a contratação, o
fls. 197-202, não fazem prova de valores antecipados ao reclamante autor esteve acobertado por esta norma convencional, tanto que
indevidamente, até porque houve prestação de serviços durante o foram estes os salários pagos ao laborista (contracheques - ID
justifica a devolução constante do TRCT de fls. 160/161. Assim, não há que se falar em pagamento relativo à ausência de
Igualmente, não restaram demonstradas as faltas injustificadas que fornecimento de café da manhã, haja vista que a convenção coletiva
deram causa ao desconto de R$ 730,90 do TRCT, haja vista a que se aplica à categoria do empregado não prevê tal obrigação por
invalidade dos cartões de ponto anexos pela reclamada, por parte do empregador. Por conseguinte, afasta-se a aplicação de
apresentarem horários de entrada e de saída britânicos, consoante multa por descumprimento da norma convencional, visto que
recurso de que as verbas rescisórias restaram, corretamente, Impõe-se, portanto, a reforma da sentença recorrida, para excluir da
adimplidas, haja vista que sequer houve pagamento, em razão dos condenação a obrigação de pagar café da manhã, bem como multa
descontos indevidos. Por igual, não há qualquer valor a ser por descumprimento da CCT de ID 27e36f3, por esta não possuir
compensado/deduzido, em razão das faltas cometidas, eis que não abrangência sobre as categorias às quais o autor pertenceu.
Ante o exposto, nega-se provimento ao apelo, neste aspecto, Requer a reclamada a exclusão da multa prevista no art. 477 da
mantendo-se inalterada a sentença recorrida, por seus próprios CLT, aduzindo que efetuou a rescisão do contrato de trabalho
DA ABRANGÊNCIA DA CCT. OBRIGAÇÃO DE FORNECER decorrência dos corretos descontos efetuados nos TRCT´s do autor,
CAFÉ DA MANHÃ E MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA suas verbas rescisórias foram zeradas, não havendo que se falar no
validade da norma coletiva anexa aos autos pelo reclamante- A magistrada de primeiro grau condenou a reclamada no
recorrido, passa-se à análise acerca da aplicabilidade das normas pagamento da multa do art. 477 da CLT, dispondo que "Faz jus o
coletivas que dormitam nos autos sob os IDs 27e36f3 e 0bfc891. reclamante, por outro lado, à multa do art. 477 celetista, haja vista
Impõe-se ressaltar que, no presente caso, o reclamante relatou, em que as verbas rescisórias não foram quitadas no prazo legal."
sede inicial, que foi contratado pela primeira reclamada para prestar Observa-se, no entanto, do TRCT de fls. 160/161, que a quitação
serviços ao Município de Fortaleza, em 27/02/2020, como monitor das verbas foi dada dentro do prazo previsto no art. 477, §6º, da
de acesso escolar. Manteve-se nesta função até 03/06/2020, CLT. Observa-se, ainda, que sequer houve insurgência sobre tal
feita, como zelador, cargo que exerceu até 30/07/2020 e restou A rescisão do segundo contrato de trabalho, mantido entre os
dispensado sem justa causa. litigantes entre 09/06/2020 e 30/07/2020, ocorreu em 6 de agosto de
Observa-se, portanto, da análise dos próprios instrumentos 2020 e, em razão dos descontos efetuados à época, o pagamento
coletivos acostados pelo autor, que a CCT anexa ao ID 27e36f3 não das verbas rescisórias restou prejudicado.
abrange nenhuma das duas categorias a que pertenceu o Assim, considerando que a atual e notória jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho é no sentido de que eventuais indicação constitui encargo da parte recorrente, exigência formal
diferenças rescisórias reconhecidas em juízo não implicam na intransponível ao conhecimento do recurso de revista. Agravo de
incidência da multa do art. 477, §8º, CLT, desde que as verbas instrumento a que se nega provimento. II - RECURSO DE REVISTA
rescisórias incontroversas sejam pagas dentro do prazo legal (art. DO RECLAMANTE. LEI N° 13.014/2014. VALE-ALIMENTAÇÃO.
477, §6º, CLT), impõe-se indeferir o pleito. NATUREZA INDENIZATÓRIA. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA.
Veja-se jurisprudência do TST: Hipótese de vale-alimentação instituído por norma coletiva que
"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEI previu a natureza jurídica indenizatória, com registro pelo Tribunal
N° 13.015/2014. ACÚMULO DE FUNÇÃO. O Tribunal Regional Regional de que a norma coletiva apenas previu a mesma natureza
manteve o indeferimento de diferenças salariais por acúmulo de jurídica do benefício do PAT ao benefício convencional. O
função, porque o reclamante, como eletricista, atuou também como entendimento desta Corte Superior, consubstanciado na Orientação
almoxarife e encanador apenas esporadicamente, quando faltava Jurisprudencial 413 da SBDI-1, é no seguinte sentido: "OJ-SDI1-413
algum colega de serviço. Nesse contexto, verifica-se que não houve AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. ALTERAÇÃO DA NATUREZA
ofensa ao art. 468 da CLT, porque o desempenho de funções JURÍDICA. NORMA COLETIVA OU ADESÃO AO PAT. (DEJT
concomitantes foi apenas eventual, quando um profissional da área divulgado em 14, 15 e 16.02.2012). A pactuação em norma coletiva
faltava. Agravo de instrumento a que se nega provimento. MULTA conferindo caráter indenizatório à verba ' auxílio-alimentação' ou a
DO ART. 477, § 8°, DA CLT. No que tange à multa do art. 477, adesão posterior do empregador ao Programa de Alimentação do
§8º, da CLT, a jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido Trabalhador -- PAT -- não altera a natureza salarial da parcela,
de que o reconhecimento judicial de diferenças pleiteadas não instituída anteriormente , para aqueles empregados que,
tem o condão de ensejar o pagamento da multa em comento, habitualmente, já percebiam o benefício, a teor das Súmulas nos
sendo devida apenas quando as verbas rescisórias forem 51, I, e 241 do TST". Além disso, a Súmula 241 do TST dispõe que
quitadas fora do prazo previsto no § 6º do mesmo dispositivo "o vale para refeição, fornecido por força do contrato de trabalho,
legal. Óbice da Súmula 333 do TST e do art. 896, § 7°, da CLT. tem caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para
Agravo de instrumento a que se nega provimento. HORAS todos os efeitos legais". Na hipótese dos autos, entretanto, não se
EXTRAS. O Tribunal Regional manteve o indeferimento de extrai do acórdão que o reclamante tivesse recebido o vale antes da
diferenças de horas extras, porque o reclamante confessou que norma coletiva que conferiu natureza jurídica indenizatória à parcela
recebeu todas as horas extras. As alegações recursais desafiam a ou antes de eventual adesão da reclamada ao PAT. Assim, diante
matéria fática perfeitamente delineada pelo Tribunal Regional, de tais premissas, insuscetíveis de reexame nesta seara recursal,
insuscetível de revisão nesta seara recursal extraordinária, nos incide o óbice da Súmula 126 do TST. Inviável, portanto, a análise
termos da Súmula 126 do TST. Agravo de instrumento a que se das violações, contrariedades e da divergência jurisprudencial
nega provimento. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. VALOR remanescente apontadas. Recurso de revista não conhecido" (ARR-
ARBITRADO. Os arestos transcritos são inespecíficos, porque não 1715-36.2013.5.09.0652, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena
trazem a premissa fática que deu origem a indenização por danos Mallmann, DEJT 13/11/2020) - grifou-se.
morais, tratando de seu arbitramento de forma genérica. Óbice da "MULTA DO ART. 477 DA CLT. PAGAMENTO A MENOR DAS
Súmula 296, I, do TST. Agravo de instrumento a que se nega VERBAS RESCISÓRIAS. RECONHECIMENTO JUDICIAL DAS
provimento. MULTA CONVENCIONAL. DESCONTOS DIFERENÇAS 1- A multa prevista no § 8º do art. 477da CLT é
PREVIDENCIÁRIOS. ART. 896, § 1°-A, I, DA CLT. TRANSCRIÇÃO sanção imposta ao empregador que não paga as parcelas
ILEGÍVEL. O juízo de admissibilidade regional não analisou o rescisórias constantes do instrumento de rescisão no prazo a
recurso à luz dos requisitos do art. 896, § 1º-A, introduzidos pela Lei que alude o § 6º do referido dispositivo legal, de modo que não
13.015/2014. Esclareço, por oportuno, que o juízo a quo não vincula há previsão de sua incidência para a situação de pagamento
o juízo ad quem , que tem ampla liberdade para analisar todos os incorreto ou insuficiente, como ocorre no caso dos autos. 2- O
pressupostos extrínsecos e intrínsecos do apelo. Na hipótese, entendimento desta Corte Superior é de que o pagamento a menor
verifico que, em recurso de revista, a parte recorrente não das verbas rescisórias, em decorrência de diferenças reconhecidas
preencheu o requisito do prequestionamento da controvérsia objeto em juízo, não enseja a aplicação da multa do art. 477 da CLT, que
do apelo, nos termos do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (incluído pela Lei somente deve incidir quando ultrapassado o prazo para o
nº 13.015/2014), na medida em que efetua a transcrição ilegível do pagamento previsto no § 6º do dispositivo de lei em análise. 3-
acórdão regional. Conforme entende esta Corte Superior, tal Agravo a que se nega provimento." (Ag-ED-ARR-82800-
36.2012.5.17.0012, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes observado, quanto à cobrança dos honorários advocatícios, o
Arruda, DEJT 15/05/2020) - grifou-se. disposto no parágrafo 4º, do art. 791-A, da CLT.
Pelas razões expostas, de se reformar a sentença recorrida, para Importa-nos esclarecer, todavia, que no julgamento proferido no dia
excluir da condenação a multa do art. 477, §8º, da CLT, por terem 8.11.2019, nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº
sido reconhecidas em juízo somente diferenças de verbas 0080026-04.2019.5.07.0000, o Pleno deste Tribunal decidiu rejeitar
Observo que a presente ação foi ajuizada no dia 08/10/2020, expressão contida no §4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
quando já vigentes as alterações oriundas da reforma Trabalhista pela Lei n. 13.467/2017: "desde que não tenha obtido em juízo,
(Lei nº 13.467/2017), sendo uma delas o acréscimo do art. 791-A, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
que autoriza a condenação em honorários advocatícios pela simples despesa", fixando o seguinte entendimento:
Do mesmo modo, ao ser sucumbente em parte dos pedidos CONSTITUCIONALIDADE. A previsão de sucumbência recíproca,
exordiais, são devidos honorários sucumbenciais também pela parte no bojo do §3º do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº
reclamante, nos exatos termos da novel legislação vigente, que 13.467/2017, não ofende a Constituição Federal de 1988,
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão venda a compensação de honorários, consoante seu art. 85, §14. A
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% Súmula nº 306 do STJ, que compreendia pela compensação de
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o honorários sucumbenciais, encontra sua aplicabilidade restrita à
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico vigência do CPC de 1973. Inconstitucionalidade rejeitada.
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFÍCIO
Conforme razões expendidas nos tópicos anteriores, este Relator SUPORTAR A DESPESA. §4º DO ART. 791-A DA CLT. REDAÇÃO
reformou a sentença prolatada pela Magistrada a quo e excluiu da CONFERIDA PELA LEI 13.467/2017. ACESSO À JUSTIÇA.
por descumprimento da CCT e do art. 477 da CLT, pelo que incide, novel regra inserta no § 4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
no caso, o disposto no art. 791-A, §4º, da CLT, cujo teor é o pela Lei n. 13.467/2017, permissiva de utilização dos créditos
[...] § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não honorários advocatícios sucumbenciais, mesmo que beneficiário da
tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos justiça gratuita, ofende garantias fundamentais consagradas nos
capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua arts. 1º, III (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade),
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e XXXV (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e
somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes gratuita), todos da Constituição Federal de 1988.
ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor Inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, despesa", que ora se reconhece. Incidente parcialmente acolhido.
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. (DEJT: Data de publicação: 21.11.2019)
Reforma-se a decisão, nesse tocante, para incluir na condenação o Assim, nos termos do art. 791-A, § 4º, da CLT, "Vencido o
pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais pela parte beneficiário da justiça gratuita, [...], as obrigações decorrentes de
reclamante, à razão de 15% (quinze por cento) sobre o valor sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade",
atribuído aos pedidos rejeitados, inclusive pagamento de café da isto é, a execução da referida verba somente poderá ser
manhã, multa por descumprimento da CCT e do art. 477 da processada se, no biênio subsequente ao trânsito em julgado da
CLT, esclarecendo, todavia, que, uma vez ajuizada a presente ação decisão, o credor demonstrar que efetivamente deixou de existir a
trabalhista quando já vigente a Lei da Reforma Trabalhista, deve ser condição de insuficiência de recursos ou, ainda, que houve
CONCLUSÃO DO VOTO
Intimado(s)/Citado(s):
- COSAMPA SERVICOS ELETRICOS LTDA
Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido, para,
por descumprimento da CCT e do art. 477 da CLT, mantendo-se PROCESSO nº 0000697-88.2020.5.07.0005 (ROT)
sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos do §4º do art. RECORRENTE: COSAMPA SERVICOS ELETRICOS LTDA
791-A, da CLT. RECORRIDA: UNIÃO FEDERAL (AGU)
provimento, para, reformando a sentença recorrida, excluir da RECURSO ORDINÁRIO. PRELIMINAR. NEGATIVA DE
condenação a obrigação de pagar café da manhã, bem como multa PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NULIDADE DE SENTENÇA
por descumprimento da CCT, além da multa do art. 477 da CLT; INEXISTENTE. O juiz é o condutor do processo, cabendo-lhe velar
incluir na base de cálculo dos honorários advocatícios pela celeridade das causas, sendo-lhe facultado indeferir diligências
sucumbenciais devidos pela parte reclamante, os valores relativos inúteis, e produção de provas desnecessárias, a teor dos artigos
ao café da manhã, multa por descumprimento da CCT e multa do 765, da CLT e 139, do CPC de 2015. Não se vislumbra nenhum
art. 477 da CLT, mantendo-se sob condição suspensiva de prejuízo à recorrente e, portanto, não há nulidade a declarar.
exigibilidade, nos termos do §4º do art. 791-A, da CLT. Valor da Preliminar rejeitada. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS
condenação mantido, para fins recursais. Participaram do ELÉTRICOS. COTA DE APRENDIZES. ART. 429 DA CLT.
julgamento os Desembargadores Plauto Carneiro Porto FUNÇÃO DE ELETRICISTA. EXCLUSÃO DA BASE DE
(Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia CÁLCULO. IMPOSSIBILIDADE. De acordo com o art. 429 da CLT,
(Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco a obrigatoriedade de contratação de número de aprendizes
José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, máximo, dos trabalhadores existentes em seu quadro, cujas
01 de setembro de 2021. funções demandem formação profissional, estende-se a
previstas nos dispositivos legais que regulam a matéria, já que A UNIÃO apresentou as contrarrazões de fls. 281-291,
apenas estão excluídas da base de cálculo as funções que exigem tempestivamente, conforme certidão de fl. 292.
habilitação de nível técnico ou superior e cargos de direção, A Procuradoria Regional do Trabalho, por meio do parecer de fls.
confiança ou gerência, bem como os empregados que executam 295-301, opinou pelo conhecimento e desprovimento do recurso
serviços sob o regime de trabalho temporário, hipóteses não ordinário interposto pela parte autora.
ADMISSIBILIDADE
contrarrazões.
Trata-se de ação declaratória, por meio da qual a parte autora, PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA
COSAMPA SERVICOS ELETRICOS LTDA., pretende que a função A empresa autora interpôs recurso ordinário aduzindo preliminar de
de eletricitário seja excluída da base de cálculo do número de nulidade da sentença, aduzindo, para tal, que o Juiz sentenciante
aprendizes a serem contratados, por ser incompatível com a não analisou a prova documental carreada aos autos, bem como
A Exma. Juíza Substituta JORGEANA LOPES DE LIMA, em texto da lei, mas omitiu-se quanto a prestação jurisdicional ao caso
sentença de fls. 245-249, julgou improcedentes as pretensões Compulsando os presentes autos, verifico que não assiste razão à
percentual de 10% do valor da causa. Relevante destacar que compete ao magistrado apreciar livremente
Inconformada, a empresa requerente interpôs o recurso ordinário de as provas produzidas nos autos, bem como indeferir as diligências
Em suas razões de apelo, sustenta que o julgador de origem artigo 370 do CPC/2015.
incorreu em equívoco ao analisar os argumentos apresentados pela Não é ocioso lembrar, ademais, que o juiz é o condutor do
autora, pelo que a decisão proferida deve ser anulada por negativa processo, cabendo-lhe velar pela celeridade das causas, sendo-lhe
de prestação jurisdicional. No mérito, argumenta que a legislação facultado indeferir diligências inúteis e produção de provas
pertinente exige que a cota de aprendizes seja calculada com base desnecessárias, a teor dos artigos 765 da CLT e 139 do CPC/2015.
no número de empregados exercentes de funções que demandem Formada a convicção a partir de elementos que colocam o feito em
formação profissional, as quais são fixadas pela Classificação condições de ser decidido, despicienda a produção de outras
Brasileira de Ocupações - CBO, mas que "o menor aprendiz não provas.
pode ser submetido a laborar na realidade que se encontra hoje o Preliminar rejeitada.
setor de eletricidade, uma vez que, como descrito na CBO, a função MÉRITO
de eletricitário exige a formação técnica". Conforme relatado, a requerente pretende a declaração de que a
Por fim, sustenta que "conforme listagem de empregados já função de eletricista seja excluída da base de cálculo do número de
anexada aos autos, a Requerente não detém em seus quadros de aprendizes a serem por ela contratados, por ser incompatível com a
exigência legal que a Peticionante segue estritamente., mas sim Sobre o tema, a CLT dispõe o seguinte:
findar uma dissonância legal criada pelo entendimento diverso da Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho
SRTE". Pleiteia, ainda, a reversão da obrigatoriedade de arcar com especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o
os honorários advocatícios, em caso de procedência dos pleitos da empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze)
aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível Observa-se, igualmente, que devem ser incluídas na base de
com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o cálculo todas as funções que demandem formação profissional,
aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a independentemente de serem proibidas para menores de dezoito
Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são nº 5.598/2005) estabelece que, para a definição das funções que
obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços demandem formação profissional, deverá ser considerada a
Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho,
cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos daí porque não prospera o argumento de que a necessidade de
trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções formação profissional deve ser determinada de acordo com as
demandem formação profissional. normas instituídas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Por outro lado, o Decreto nº 9.579/2018, que consolida atos Nacional, dentre aquelas que efetivamente demandam a realização
normativos editados pelo Poder Executivo Federal, tratando, dentre de um curso formal de qualificação profissional.
outras, sobre a temática do aprendiz (Decreto nº 5.598/2005), Ademais, a função de eletricista consta na Classificação Brasileira
Art. 52. Para a definição das funções que demandem formação formação profissional, nos seguintes termos:
de Ocupações do Ministério do Trabalho. Para o exercício dessas ocupações requer-se ensino fundamental
§ 1º Ficam excluídas da definição a que se refere o caput as concluído e curso básico de qualificação profissional de duzentas a
funções que demandem, para o seu exercício, habilitação quatrocentas horas/aula, ministrado em escolas especializadas na
profissional de nível técnico ou superior, ou, ainda, as funções área de eletroeletrônica. o pleno desempenho das atividades ocorre
que estejam caracterizadas como cargos de direção, de entre um e dois anos de experiência profissional. a(s)
gerência ou de confiança, nos termos do disposto no inciso II ocupação(ões) elencada(s) nesta família ocupacional demanda
do caput e no parágrafo único do art. 62 e no § 2º do art. 224 da formação profissional para efeitos do cálculo do número de
CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943. aprendizes a serem contratados pelos estabelecimentos nos
§ 2º Deverão ser incluídas na base de cálculo todas as funções que termos do artigo 429 da consolidação das leis do trabalho - clt,
demandem formação profissional, independentemente de serem exceto os casos previstos no art. 10 do decreto 5.598/2005.
proibidas para menores de dezoito anos. Por conseguinte, não resta dúvida de que a função de eletricista
Art. 54. Ficam excluídos da base de cálculo de que trata o caput do efeito de cálculo do número de aprendizes a serem contratados pela
art. 51 os empregados que executem os serviços prestados sob o empresa, sendo de se ressaltar que tal atividade não está
regime de trabalho temporário, instituído pela Lei nº 6.019, de 3 enquadrada em quaisquer das exceções previstas nos dispositivos
de janeiro de 1973, e os aprendizes já contratados. legais que regulam a matéria, já que apenas estão excluídas da
Art. 56. Ficam dispensadas da contratação de aprendizes: ou superior e cargos de direção, confiança ou gerência, bem como
I - as microempresas e as empresas de pequeno porte; e os empregados que executam serviços sob o regime de trabalho
II - as entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo a temporário, hipóteses não verificadas na espécie.
educação profissional. O fato de a função em referência, por ser perigosa, ser vedada ao
De tais dispositivos, depreende-se que a obrigatoriedade de aprendiz (art. 67 do ECA), não obsta a sua inclusão na base de
contratação de número de aprendizes equivalente a cinco por cento, cálculo da quantidade de aprendizes a serem contratados, na
no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores medida em que, de acordo com o art. 52, § 2º, do Decreto nº
existentes em seu quadro, cujas funções demandem formação 9.579/2018 (art. 10, § 2º, do Decreto nº 5.598/2005), "Deverão ser
profissional, estende-se a estabelecimentos de qualquer natureza, incluídas na base de cálculo todas as funções que demandem
estando dispensadas apenas as microempresas, as empresas de formação profissional, independentemente de serem proibidas para
pequeno porte e as entidades sem fins lucrativos que tenham por menores de dezoito anos". Isso porque há, na empresa, outros
cargos e funções nos quais os aprendizes podem ser alocados. profissional específica, regulada na Lei 9.503/97, que institui o
A responsabilidade inerente à função de eletricista e a exigência de Código de Trânsito Brasileiro, em vista do que entende-se que as
maior experiência, com necessidade de habilitação específica em funções referidas inserem-se na exceção do artigo art. 10, § 1º, do
cursos de formação, igualmente, não justificam a sua exclusão da Decreto 5.598/05", bem como considerou o serviço de transporte
base de cálculo da cota de aprendizes, tendo em visa que os rodoviário de cargas como atividade perigosa. II - Não obstante,
normativos acima transcritos não fazem ressalva nesse sentido, consoante a Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, as
sendo relevante destacar que a empresa pode contratar os jovens e funções de motorista de caminhão e operador de empilhadeira
alocar em funções que não demandem contato com energia demandam formação profissional, conforme exigido pelo art. 429,
elétrica, já que a legislação pertinente obriga a contratação de "caput", da CLT. III - A jurisprudência deste Tribunal tem firme
aprendizes de acordo com o número total de trabalhadores, cujas entendimento no sentido de que se incluem na base de cálculo para
funções demandem formação profissional, mas, na verdade, não há aferição do número de aprendizes a serem contratados as funções
determinação de que eles, necessariamente, sejam lotados, de que demandam formação profissional, ainda que exijam habilitação
forma proporcional, em todas as funções que exigem formação específica nos termos do Código Nacional de Trânsito, a qual não
profissional existentes no estabelecimento, sendo possível, se confunde com a habilitação técnica ou superior referida no § 1º
portanto, que a própria empresa defina quais funções serão do art. 10 do Decreto nº 5.598/2005. Recurso de revista conhecido e
Nesse sentido, também é o entendimento dos Tribunais Regionais Oliveira da Costa, Publicação DEJT 31/03/2017)
APRENDIZES. BASE DE CÁLCULO. De acordo com a Mantida a decisão recorrida, resta prejudicado o pedido de
Classificação Brasileira de Ocupações, todas as profissões que, por condenação da parte recorrida em honorários advocatícios
sua natureza demandem formação profissional, ainda que proibidas sucumbenciais, nos termos do art. 791-A da CLT.
contexto, o critério é legal e objetivo, não cabendo avaliação Recurso ordinário conhecido; rejeitada a preliminar de nulidade da
subjetiva, seja por parte do empregador, seja por parte do agente sentença (por negativa da prestação jurisdicional) e, no mérito,
As atividades insalubres e perigosas, proibidas para menores de 18 unanimidade, conhecer do recurso ordinário; rejeitar a preliminar de
anos, por força de comando constitucional (art. 7º, XXXIII), desde nulidade da sentença (por negativa da prestação jurisdicional) e, no
que demandem formação profissional, são incluídas sim na base de mérito, negar-lhe provimento. Participaram do julgamento os
cálculo da cota de contratação de aprendizes. (TRT-1 - RO: Desembargadores Plauto Carneiro Porto (Presidente), Maria José
01003033020165010027 RJ, Relator: ANTONIO CARLOS DE Girão e Durval César de Vasconcelos Maia (Relator). Presente,
AZEVEDO RODRIGUES, Data de Julgamento: 31/07/2018, Nona ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente
RECURSO DE REVISTA. BASE DE CÁLCULO PARA AFERIÇÃO Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
CESAR DE ALMEIDA MARINHO de maiores pesquisas fáticas para dar suporte à formalização do
Servidor de Secretaria acórdão. Em sendo assim, como ocorre no caso concreto, em que a
parte reclamante, dos valores relativos ao café da manhã, multa por conhecida de ofício pelo julgador.
descumprimento da CCT e multa do art. 477 da CLT, mantendo-se Assim, atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos do §4º do art. admissibilidade, como demonstram a certidão e o despacho de
791-A, da CLT. Sentença reformada, no aspecto. 362/363, impõe-se o conhecimento do recurso ordinário.
Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido. Cumpre esclarecer, desde logo, que os pleitos relativos à
Trata-se de recurso ordinário (fls. 312/333), por via do qual a destinam única e exclusivamente, ao combate das pretensões
reclamada MAIS SERVIÇOS LTDA postula a reforma da sentença veiculadas no recurso, cabendo à parte adversa, caso tenha algum
de fls. 242/261, proferida pela MM. Juíza Titular da 16ª Vara do pedido a formular, em face da decisão recorrida, oferecer o recurso
constante do art. 895, §1º, inciso IV, da CLT. Quanto ao mais, conheço das contrarrazões apresentadas pela
de fl. 386.
FUNDAMENTAÇÃO MÉRITO
Destaco, inicialmente, que os limites da lide foram estabelecidos porquanto os registros de ponto trazidos aos autos com a defesa
pelo confronto entre os pedidos formulados na peça de introdução e demonstram a inexistência de trabalho extraordinário por parte do
os argumentos expendidos pela defesa em oposição a tais pedidos, laborista, destacando, outrossim, que incumbia ao autor produzir
sendo defeso ao Juiz deixar de os observar. prova inequívoca do fato constitutivo de seu direito, o que não
Noutra perspectiva, uma vez delimitada a lide, é defeso às partes, ocorreu. Aduz, ainda, que eventuais horas extraordinárias prestadas
em sede recursal, inovar em suas teses fixadas na inicial e na foram devidamente recompensadas, no curso do contrato de
defesa, contraditório e devido processo legal, haja vista que, a teor Ao exame.
do disposto no parágrafo primeiro do art. 1.013, do CPC No que tange às horas suplementares, a inidoneidade dos controles
subsidiariamente utilizado, as questões a serem devolvidas ao Juízo de horário constitui ônus de prova do empregado quando tais
"ad quem" devem limitar-se àquelas que foram suscitadas e documentos se apresentam em conformidade com o disposto no
discutidas no processo, não cabendo ao Tribunal, por essa forma, parágrafo segundo do art. 74, da CLT. A ausência de prova cabal,
conhecer de questões fáticas ou jurídicas postas nos autos somente nesse sentido, impõe a conclusão de validade dos aludidos
em grau recursal, sob pena de supressão de instância e documentos, confirmando a jornada neles consignada.
malferimento ao devido processo legal e ampla defesa. Entrementes, na peça de entrada, o reclamante argumentou que
Na hipótese sob análise, a recorrente, em suas razões de apelo, trabalhava de 7h às 17h, com uma hora de intervalo, de segunda a
alega que o reclamante não se enquadra na CCT entabulada entre sexta, folgando aos sábados e domingos. Destacou, outrossim, que
o SINDICATO DAS EMP DE ASSEIO E CONS DO ESTADO DO assinava controle de frequência, sendo-lhe devida uma hora extra
E CONSERVACAO anexa ao ID 27e36f3, mas somente na CCT de Os horários de trabalho, contidos nos controles de ponto
ID 0bfc891, cujas abrangências são diferentes. apresentados com a defesa (id d2a7bb8 e seguintes), encontram-se
Encimada tese jurídica, em que pese não tenha sido apresentada manuscritos. Todavia, observa-se que aludidos documentos
na defesa, situa-se como questão de ordem pública, que pode ser apresentam horários inflexíveis, sem qualquer variação de minutos
relativamente aos horários de início e fim de jornada, bem como de CAFÉ DA MANHÃ E MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA
período intervalar, fato que, por si, atrai a incidência do disposto no NORMA COLETIVA.
item III da Súmula 338, do TST, segundo a qual, "Os cartões de Ultrapassada a questão da inovação recursal relativa ao tópico de
ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são validade da norma coletiva anexa aos autos pelo reclamante-
inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, recorrido, passa-se à análise acerca da aplicabilidade das normas
relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, coletivas que dormitam nos autos sob os IDs 27e36f3 e 0bfc891.
prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir". Impõe-se ressaltar que, no presente caso, o reclamante relatou, em
Afora os referidos controles de ponto, os quais, como visto, não se sede inicial, que foi contratado pela primeira reclamada para prestar
mostram aptos a traduzir a realidade da relação de emprego entre serviços ao Município de Fortaleza, em 27/02/2020, como monitor
as partes quanto à jornada efetivamente cumprida pelo obreiro, não de acesso escolar. Manteve-se nesta função até 03/06/2020,
há qualquer outro meio de prova, nos presentes autos, a corroborar quando pediu demissão e foi imediatamente recontratado, desta
a versão articulada pela defesa, nesse aspecto. feita, como zelador, cargo que exerceu até 30/07/2020 e restou
Uma vez constatado que os controles de horário de trabalho dispensado sem justa causa.
trazidos à colação são inservíveis para comprovar a jornada Observa-se, portanto, da análise dos próprios instrumentos
efetivamente cumprida pelo autor, bem como que o autor realizava coletivos acostados pelo autor, que a CCT anexa ao ID 27e36f3 não
45 (quarenta e cinco) horas semanais de trabalho, impõe-se o não abrange nenhuma das duas categorias a que pertenceu o
provimento do recurso ordinário, devendo a decisão de primeira reclamante, eis que, conforme cláusula segunda, incide sobre
instância ser mantida, nos exatos termos em que proferida. profissionais que desempenham função de "Limpeza pública e
DOS DESCONTOS INDEVIDOS privada, Coleta de resíduos sólidos de qualquer natureza e seu
Quanto aos descontos indevidos, sustenta a recorrente que "o transporte, pinturas de meio fio de Ruas e Avenidas, com
recorrido cometeu inúmeras faltas injustificadas, conforme folha de abrangência territorial em CE." Não é o caso do reclamante.
ponto, anexada aos autos, razão pela qual foi efetuado o referido Por outro lado, a CCT acostada ao ID 0bfc891 possui abrangência
desconto" e que "os demais descontos, referentes à Vale sobre os "Empregados em Empresas de Asseio e Conservação e
Transporte, Vale Refeição, Cesta Básica e Assistência Terceirização de Mão de Obra, com abrangência territorial em CE" e
Odontológica, são decorrentes dos depósitos antecipados das dispõe, na cláusula terceira, acerca dos pisos salariais tanto do
referidas verbas, conforme se comprova dos extratos em anexo". zelador (1ª faixa salarial), quanto do auxiliar de serviço educacional
Ocorre que os demonstrativos de crédito acostados aos autos, às (5ª faixa salarial), restando claro que, durante toda a contratação, o
fls. 197-202, não fazem prova de valores antecipados ao reclamante autor esteve acobertado por esta norma convencional, tanto que
indevidamente, até porque houve prestação de serviços durante o foram estes os salários pagos ao laborista (contracheques - ID
justifica a devolução constante do TRCT de fls. 160/161. Assim, não há que se falar em pagamento relativo à ausência de
Igualmente, não restaram demonstradas as faltas injustificadas que fornecimento de café da manhã, haja vista que a convenção coletiva
deram causa ao desconto de R$ 730,90 do TRCT, haja vista a que se aplica à categoria do empregado não prevê tal obrigação por
invalidade dos cartões de ponto anexos pela reclamada, por parte do empregador. Por conseguinte, afasta-se a aplicação de
apresentarem horários de entrada e de saída britânicos, consoante multa por descumprimento da norma convencional, visto que
recurso de que as verbas rescisórias restaram, corretamente, Impõe-se, portanto, a reforma da sentença recorrida, para excluir da
adimplidas, haja vista que sequer houve pagamento, em razão dos condenação a obrigação de pagar café da manhã, bem como multa
descontos indevidos. Por igual, não há qualquer valor a ser por descumprimento da CCT de ID 27e36f3, por esta não possuir
compensado/deduzido, em razão das faltas cometidas, eis que não abrangência sobre as categorias às quais o autor pertenceu.
Ante o exposto, nega-se provimento ao apelo, neste aspecto, Requer a reclamada a exclusão da multa prevista no art. 477 da
mantendo-se inalterada a sentença recorrida, por seus próprios CLT, aduzindo que efetuou a rescisão do contrato de trabalho
DA ABRANGÊNCIA DA CCT. OBRIGAÇÃO DE FORNECER decorrência dos corretos descontos efetuados nos TRCT´s do autor,
suas verbas rescisórias foram zeradas, não havendo que se falar no ARBITRADO. Os arestos transcritos são inespecíficos, porque não
pagamento de nenhuma verba" (fl. 329). trazem a premissa fática que deu origem a indenização por danos
A magistrada de primeiro grau condenou a reclamada no Súmula 296, I, do TST. Agravo de instrumento a que se nega
pagamento da multa do art. 477 da CLT, dispondo que "Faz jus o provimento. MULTA CONVENCIONAL. DESCONTOS
reclamante, por outro lado, à multa do art. 477 celetista, haja vista PREVIDENCIÁRIOS. ART. 896, § 1°-A, I, DA CLT. TRANSCRIÇÃO
que as verbas rescisórias não foram quitadas no prazo legal." ILEGÍVEL. O juízo de admissibilidade regional não analisou o
Observa-se, no entanto, do TRCT de fls. 160/161, que a quitação recurso à luz dos requisitos do art. 896, § 1º-A, introduzidos pela Lei
das verbas foi dada dentro do prazo previsto no art. 477, §6º, da 13.015/2014. Esclareço, por oportuno, que o juízo a quo não vincula
CLT. Observa-se, ainda, que sequer houve insurgência sobre tal o juízo ad quem , que tem ampla liberdade para analisar todos os
A rescisão do segundo contrato de trabalho, mantido entre os verifico que, em recurso de revista, a parte recorrente não
litigantes entre 09/06/2020 e 30/07/2020, ocorreu em 6 de agosto de preencheu o requisito do prequestionamento da controvérsia objeto
2020 e, em razão dos descontos efetuados à época, o pagamento do apelo, nos termos do art. 896, § 1º-A, I, da CLT (incluído pela Lei
das verbas rescisórias restou prejudicado. nº 13.015/2014), na medida em que efetua a transcrição ilegível do
Assim, considerando que a atual e notória jurisprudência do acórdão regional. Conforme entende esta Corte Superior, tal
Tribunal Superior do Trabalho é no sentido de que eventuais indicação constitui encargo da parte recorrente, exigência formal
diferenças rescisórias reconhecidas em juízo não implicam na intransponível ao conhecimento do recurso de revista. Agravo de
incidência da multa do art. 477, §8º, CLT, desde que as verbas instrumento a que se nega provimento. II - RECURSO DE REVISTA
rescisórias incontroversas sejam pagas dentro do prazo legal (art. DO RECLAMANTE. LEI N° 13.014/2014. VALE-ALIMENTAÇÃO.
477, §6º, CLT), impõe-se indeferir o pleito. NATUREZA INDENIZATÓRIA. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA.
Veja-se jurisprudência do TST: Hipótese de vale-alimentação instituído por norma coletiva que
"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEI previu a natureza jurídica indenizatória, com registro pelo Tribunal
N° 13.015/2014. ACÚMULO DE FUNÇÃO. O Tribunal Regional Regional de que a norma coletiva apenas previu a mesma natureza
manteve o indeferimento de diferenças salariais por acúmulo de jurídica do benefício do PAT ao benefício convencional. O
função, porque o reclamante, como eletricista, atuou também como entendimento desta Corte Superior, consubstanciado na Orientação
almoxarife e encanador apenas esporadicamente, quando faltava Jurisprudencial 413 da SBDI-1, é no seguinte sentido: "OJ-SDI1-413
algum colega de serviço. Nesse contexto, verifica-se que não houve AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. ALTERAÇÃO DA NATUREZA
ofensa ao art. 468 da CLT, porque o desempenho de funções JURÍDICA. NORMA COLETIVA OU ADESÃO AO PAT. (DEJT
concomitantes foi apenas eventual, quando um profissional da área divulgado em 14, 15 e 16.02.2012). A pactuação em norma coletiva
faltava. Agravo de instrumento a que se nega provimento. MULTA conferindo caráter indenizatório à verba ' auxílio-alimentação' ou a
DO ART. 477, § 8°, DA CLT. No que tange à multa do art. 477, adesão posterior do empregador ao Programa de Alimentação do
§8º, da CLT, a jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido Trabalhador -- PAT -- não altera a natureza salarial da parcela,
de que o reconhecimento judicial de diferenças pleiteadas não instituída anteriormente , para aqueles empregados que,
tem o condão de ensejar o pagamento da multa em comento, habitualmente, já percebiam o benefício, a teor das Súmulas nos
sendo devida apenas quando as verbas rescisórias forem 51, I, e 241 do TST". Além disso, a Súmula 241 do TST dispõe que
quitadas fora do prazo previsto no § 6º do mesmo dispositivo "o vale para refeição, fornecido por força do contrato de trabalho,
legal. Óbice da Súmula 333 do TST e do art. 896, § 7°, da CLT. tem caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para
Agravo de instrumento a que se nega provimento. HORAS todos os efeitos legais". Na hipótese dos autos, entretanto, não se
EXTRAS. O Tribunal Regional manteve o indeferimento de extrai do acórdão que o reclamante tivesse recebido o vale antes da
diferenças de horas extras, porque o reclamante confessou que norma coletiva que conferiu natureza jurídica indenizatória à parcela
recebeu todas as horas extras. As alegações recursais desafiam a ou antes de eventual adesão da reclamada ao PAT. Assim, diante
matéria fática perfeitamente delineada pelo Tribunal Regional, de tais premissas, insuscetíveis de reexame nesta seara recursal,
insuscetível de revisão nesta seara recursal extraordinária, nos incide o óbice da Súmula 126 do TST. Inviável, portanto, a análise
termos da Súmula 126 do TST. Agravo de instrumento a que se das violações, contrariedades e da divergência jurisprudencial
nega provimento. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. VALOR remanescente apontadas. Recurso de revista não conhecido" (ARR-
1715-36.2013.5.09.0652, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena [...] § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não
Mallmann, DEJT 13/11/2020) - grifou-se. tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
"MULTA DO ART. 477 DA CLT. PAGAMENTO A MENOR DAS capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
VERBAS RESCISÓRIAS. RECONHECIMENTO JUDICIAL DAS sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e
DIFERENÇAS 1- A multa prevista no § 8º do art. 477da CLT é somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes
sanção imposta ao empregador que não paga as parcelas ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor
rescisórias constantes do instrumento de rescisão no prazo a demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
que alude o § 6º do referido dispositivo legal, de modo que não recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
há previsão de sua incidência para a situação de pagamento passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
incorreto ou insuficiente, como ocorre no caso dos autos. 2- O Reforma-se a decisão, nesse tocante, para incluir na condenação o
entendimento desta Corte Superior é de que o pagamento a menor pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais pela parte
das verbas rescisórias, em decorrência de diferenças reconhecidas reclamante, à razão de 15% (quinze por cento) sobre o valor
em juízo, não enseja a aplicação da multa do art. 477 da CLT, que atribuído aos pedidos rejeitados, inclusive pagamento de café da
somente deve incidir quando ultrapassado o prazo para o manhã, multa por descumprimento da CCT e do art. 477 da
pagamento previsto no § 6º do dispositivo de lei em análise. 3- CLT, esclarecendo, todavia, que, uma vez ajuizada a presente ação
Agravo a que se nega provimento." (Ag-ED-ARR-82800- trabalhista quando já vigente a Lei da Reforma Trabalhista, deve ser
36.2012.5.17.0012, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes observado, quanto à cobrança dos honorários advocatícios, o
Arruda, DEJT 15/05/2020) - grifou-se. disposto no parágrafo 4º, do art. 791-A, da CLT.
Pelas razões expostas, de se reformar a sentença recorrida, para Importa-nos esclarecer, todavia, que no julgamento proferido no dia
excluir da condenação a multa do art. 477, §8º, da CLT, por terem 8.11.2019, nos autos da Arguição de Inconstitucionalidade nº
sido reconhecidas em juízo somente diferenças de verbas 0080026-04.2019.5.07.0000, o Pleno deste Tribunal decidiu rejeitar
Observo que a presente ação foi ajuizada no dia 08/10/2020, expressão contida no §4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
quando já vigentes as alterações oriundas da reforma Trabalhista pela Lei n. 13.467/2017: "desde que não tenha obtido em juízo,
(Lei nº 13.467/2017), sendo uma delas o acréscimo do art. 791-A, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
que autoriza a condenação em honorários advocatícios pela simples despesa", fixando o seguinte entendimento:
Do mesmo modo, ao ser sucumbente em parte dos pedidos CONSTITUCIONALIDADE. A previsão de sucumbência recíproca,
exordiais, são devidos honorários sucumbenciais também pela parte no bojo do §3º do art. 791-A da CLT, introduzido pela Lei nº
reclamante, nos exatos termos da novel legislação vigente, que 13.467/2017, não ofende a Constituição Federal de 1988,
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão venda a compensação de honorários, consoante seu art. 85, §14. A
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% Súmula nº 306 do STJ, que compreendia pela compensação de
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o honorários sucumbenciais, encontra sua aplicabilidade restrita à
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico vigência do CPC de 1973. Inconstitucionalidade rejeitada.
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. BENEFÍCIO
Conforme razões expendidas nos tópicos anteriores, este Relator SUPORTAR A DESPESA. §4º DO ART. 791-A DA CLT. REDAÇÃO
reformou a sentença prolatada pela Magistrada a quo e excluiu da CONFERIDA PELA LEI 13.467/2017. ACESSO À JUSTIÇA.
por descumprimento da CCT e do art. 477 da CLT, pelo que incide, novel regra inserta no § 4º do art. 791-A, da CLT, com redação dada
no caso, o disposto no art. 791-A, §4º, da CLT, cujo teor é o pela Lei n. 13.467/2017, permissiva de utilização dos créditos
honorários advocatícios sucumbenciais, mesmo que beneficiário da (Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia
justiça gratuita, ofende garantias fundamentais consagradas nos (Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco
arts. 1º, III (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade), José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a
XXXV (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza,
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
Intimado(s)/Citado(s):
Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido, para, - M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E COMERCIO DE
ALIMENTOS
reformando a sentença recorrida, excluir da condenação a
COMERCIO DE ALIMENTOS
DISPOSITIVO
EMBARGADO: EVANILDO DA COSTA ALBUQUERQUE
Embargos de declaração conhecidos e não providos. Multa admissibilidade, impõe-se o conhecimento dos embargos de
aplicada à embargante. declaração, esclarecendo que, neste caso específico, não se faz
Trata-se de embargos de declaração por via dos quais postula a modificação da decisão embargada.
reclamada, M DIAS BRANCO S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE Nesse sentido, dispõe o art. 1.023, do CPC/2015, que "[...] § 2º O
ALIMENTOS, o esclarecimento de omissões que reputa existentes juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo
no acórdão embargado. de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual
Alega, a embargante, que não houve manifestação do Tribunal no acolhimento implique a modificação da decisão embargada".
que indique ser devido o pagamento do adicional de horas extras Em que pese o inconformismo demonstrado pela parte embargante,
decorrentes da supressão de intervalo térmico[...]". Sustenta que forçoso reconhecer que razão alguma lhe assiste, devendo o
"[...] houve apenas a explanação sobre a possibilidade de acumular acórdão ser mantido na forma como proferido originalmente.
os adicionais, sendo o entendimento desta Turma de que não se No caso concreto, não se vislumbra a ocorrência das omissões
caracteriza o "bis in idem". Todavia, mesmo diante da possibilidade apontadas pela embargante, merecendo destaque o seguinte
de cumulação, a questão a ser analisada vai além, pois trata da excerto da decisão embargada que, por si só, demonstra a devida
legalidade ou não do pagamento de horas extras em face da não manifestação do Colegiado sobre os pontos supostamente omissos,
Afirma que "[...] não houve a menção em acórdão referente ao Conforme relatado, o Juízo de base julgou improcedente a
objetivo e natureza da NR 15 do Ministério do Trabalho, qual seja, a pretensão autoral de condenação do réu ao pagamento de horas
de apenas e tão somente estabelecer medidas atenuantes dos extras decorrentes da não concessão de intervalo térmico.
efeitos da insalubridade pelo calor, levando em consideração duas Contrapondo-se, o reclamante interpôs recurso ordinário, no qual
variáveis, o tempo de exposição ao calor e a intensidade do aduz, em suma, que merece reforma a decisão de origem, vez que
trabalho (leve, moderada e pesada) [...]". Refere, ainda, que há a exposição do empregado a calor excessivo gera a este o direito
omissão quanto à exclusão, pela Portaria nº 1.359, de 09 de às pausas térmicas estabelecidas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria
dezembro de 2019, do Quadro 1, do Anexo 3, da NR 15, que previa nº 3.214/1978, cuja inobservância enseja o pagamento de horas
os períodos de intervalo de descanso térmico. suplementares nos termos do parágrafo quarto do art. 71, da CLT,
Ao final, requer o provimento dos embargos declaratórios "[...] para não se confundindo, aludidas horas, com o pagamento de adicional
que, sejam sanadas a omissões supra, bem como seja conferido os de insalubridade, por possuírem naturezas distintas.
Com efeito, a Corte Máxima Trabalhista, através de decisões supressão do intervalo térmico em diversos precedentes do C. TST,
proferidas por suas oito Turmas, firmou entendimento no de acordo com os quais a pausa prevista no Quadro 1, do Anexo 3,
sentido de que o trabalho desempenhado com exposição ao da NR 15, são de observância obrigatória, ensejando, a ausência de
calor além dos limites de tolerância confere ao empregado o concessão, o pagamento de horas extras, nos termos do art. 71, §
direito aos intervalos para recomposições térmicas, conforme 4º, da CLT, o que é suficiente para refutar o argumento de
estabelecido na Portaria nº 3.214/1978, em seu Anexo 3, da NR "inexistência de previsão normativa que indique ser devido o
15, cuja observância é obrigatória, ensejando, a ausência de pagamento do adicional de horas extras decorrentes da supressão
concessão, o pagamento de horas extras nos termos do art. 71, de intervalo térmico".
§ 4º, da CLT. Destacou-se, outrossim, que "[...] a teor do disposto no art. 200, V,
Destaca-se, outrossim, que, a teor do disposto no art. 200, V, da da CLT, compreende-se na competência do Ministério do Trabalho
CLT, compreende-se na competência do Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares referentes às medidas de
estabelecer disposições complementares referentes às segurança e medicina do trabalho, não havendo se cogitar, por essa
medidas de segurança e medicina do trabalho, não havendo se forma, de extrapolação dos limites do poder regulamentar do
cogitar, por essa forma, de extrapolação dos limites do poder Ministério do Trabalho e Emprego quanto ao disposto no Anexo 3
regulamentar do Ministério do Trabalho e Emprego quanto ao da NR 15 em relação às pausas térmicas, ou de violação ao art. 5º,
disposto no Anexo 3 da NR 15 em relação às pausas térmicas, II, da CF/1988 e ao art. 22, I, da CF/1988, cabendo ressaltar,
ou de violação ao art. 5º, II, da CF/1988 e ao art. 22, I, da ademais, que aludidas pausas implicam em medida que busca
CF/1988, cabendo ressaltar, ademais, que aludidas pausas resguardar a saúde, higiene e segurança do empregado [...]".
implicam em medida que busca resguardar a saúde, higiene e Ademais, não há que se falar em omissão quanto à exclusão, pela
Desse modo, a cumulação de adicional de insalubridade com o Anexo 3, da NR 15, que previa os períodos de intervalo de
pagamento de horas extras decorrentes da ausência de concessão descanso térmico, na medida em que, conforme destacado acima, a
das referidas pausas térmicas não implica, de modo algum, em "bis condenação circunscreveu-se ao interregno entre 23/11/2015
in idem", como se argumenta na defesa e em contrarrazões, posto (período imprescrito) a 21/10/2019, portanto, anterior à alegada
que, ao tempo em que as horas extras tem gênese na não exclusão do Quadro 1, de modo que totalmente despicienda a
da exposição do empregado ao agente físico calor acima dos limites Importa ressaltar, finalmente, tendo em vista o texto acima
de tolerância, tratando-se, em verdade, de parcelas cujas naturezas transcrito, que o Acórdão embargado adotou fundamentos claros e
jurídicas são completamente diversas. objetivos, não padecendo de qualquer defeito que mereça reparo
Ademais, essa linha de raciocínio leva à conclusão de que a pela via estreita dos embargos de declaração, não sendo
exposição ao agente insalubre não é neutralizada pelas pausas, de desarrazoado presumir, no entanto, que o embargante, em
modo que o pagamento do adicional de insalubridade não afasta a apresentando recurso para a Superior Instância, possa lograr êxito
Nesse sentido, calha trazer à colação julgados de cada uma das Assim, por tudo que restou exposto no Acórdão embargado, forçoso
oito turmas negar provimento aos vertentes embargos de declaração, visto que
do TST, verbis: não restaram configuradas quaisquer das situações previstas nos
Nesse panorama, impõe-se o provimento do recurso, no aspecto, A, da Consolidação das Leis do Trabalho, não havendo dúvidas de
mas apenas de forma parcial, para condenar o recorrido, nos que a insatisfação demonstrada pela embargante tem relação direta
termos do art. 71, § 4º, da CLT, de aplicação analógica, ao com o mérito da causa que somente poderá ser reexaminado em
pagamento de: 45 minutos, como extras, a cada 15 minutos sede de recurso para a Instância Superior, face à previsão do art.
laborados, em uma hora corrida, no interregno entre 23/11/2015 505 do CPC/2015, de acordo com o qual "Nenhum juiz decidirá
(período imprescrito) a 21/10/2019. novamente as questões já decididas relativas à mesma lide [...]".
Ora, o trecho acima transcrito deixa claro que a Turma ancorou a expediente manifestamente protelatório a ensejar a aplicação da
conclusão pelo cabimento das horas extras decorrentes da reprimenda prevista no art. 1.026, § 2º, do CPC.
cento) sobre o valor atualizado da causa, prevista no art. 1.026, § RECORRENTE: EZENTIS - SERVICOS, ENGENHARIA E
EMENTA
DISPOSITIVO
unanimidade, conhecer dos embargos de declaração e negar-lhes ALEGATIVA DE DESERÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Uma vez que
(dois por cento) sobre o valor atualizado da causa, prevista no art. preceituado no parágrafo primeiro do art. 3º, do Conjunto
1.026, § 2º, do CPC, em favor do embargado. Participaram do TST.CSJT.CGGJT nº 01, de 16.10.2019, foi substituído por depósito
julgamento os Desembargadores,Plauto Carneiro Porto recursal dentro do prazo estabelecido para esta finalidade, não há
(Presidente), Maria José Girão e Durval César de Vasconcelos Maia se cogitar de deserção. Preliminar rejeitada.
(Relator). Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco RECURSO ORDINÁRIO. JUSTA CAUSA. CONVOLAÇÃO PARA
José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do julgamento a DISPENSA IMOTIVADA. O manejo da pena máxima ao trabalhador
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, deve ser feito com extrema cautela, restringindo-se aos casos de
DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA inconteste dos fatos que lhe deram causa, tendo em vista as
TESTEMUNHO. AUSÊNCIA DE PROVAS. NÃO POSTERIORMENTE À LEI Nº 11.941/2009. SÚMULA 368, ITEM V,
CARACTERIZAÇÃO. A prestação de falso testemunho é conduta DO TST. De acordo com o entendimento firmado na Súmula 368,
tipificada como crime nos termos do art. 342, do Código Penal item V, do TST, "Para o labor realizado a partir de 5.3.2009,
Brasileiro e, como tal, não pode ser presumida, mas considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias
inequivocamente provada, sob pena de comprometimento do direito decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados
de defesa das partes. Inexistindo, nos autos, qualquer meio de em juízo a data da efetiva prestação dos serviços. Sobre as
prova apta a testificar a falsidade das informações prestadas pelas contribuições previdenciárias não recolhidas a partir da prestação
testemunhas do reclamante, não há se falar em imprestabilidade dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados os créditos
dos depoimentos colhidos e de expedição de ofício ao Ministério previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de
Público para apuração de crime de falso testemunho. Sentença citação para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o
mantida, no tópico. BÔNUS DE 2018. AUSÊNCIA DE PROVA DO limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/96)". Sentença
a demonstrar o efetivo pagamento da verba bônus do exercício de Preliminar de não conhecimento do apelo da reclamada por
2018, deve ser confirmada a decisão de primeiro grau, no aspecto. deserção (suscitada pelo reclamante em sede de
Sentença mantida, no particular. ÍNDICES APLICÁVEIS À contrarrazões) rejeitada. Recurso ordinário conhecido e não
atualização dos créditos trabalhistas, bem como do valor A MM. Juíza em exercício juntamente à 18ª Vara do Trabalho de
correspondente aos depósitos recursais, na Justiça do Trabalho, Fortaleza-CE, DRA. TACIANA ORLOVICIN GONCALVES PITA, nos
"até que sobrevenha solução legislativa", deve ser apurada termos da sentença às fls. 277/299, após discorrer sobre as razões
mediante a incidência dos "mesmos índices de correção monetária formadoras de sua convicção, julgou procedente em parte a
que vigentes para as condenações cíveis em geral, "à exceção das reclamatória para convolar a dispensa do autor por justa causa em
dívidas da Fazenda Pública"; que "Em relação à fase extrajudicial, demissão imotivada, condenando a empresa EZENTIS BRASIL S.A.
ou seja, a que antecede o ajuizamento das ações trabalhistas, a pagar a STEMILSON PONTES DE MENESES as seguintes
deverá ser utilizado como indexador o IPCA-E; que "Em relação à parcelas:
fase judicial, a atualização dos débitos judiciais deve ser efetuada "- saldo de salário (11 dias), aviso prévio indenizado (33 dias),
pela taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia observada sua projeção para todos os fins, 13º salário integral de
- SELIC, considerando que ela incide como juros moratórios dos 2019, férias proporcionais + 1/3 (5/12) e multa de 40% sobre o
tributos federais; que "A incidência de juros moratórios com base na FGTS depositado e ora deferido. Deverá ser deduzido o valor de R$
variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação de 10.133,33, já pago a título de verbas rescisórias;
outros índices de atualização monetária, cumulação que - FGTS referente aos meses de novembro e dezembro de 2019;
representaria bis in idem", estabelecendo, ademais, regras de - bônus de operação no valor de R$ 2.533,78;
modulação. Assim, considerando que, na decisão recorrida, há - dobra das férias do período aquisitivo 2018/2019 + 1/3; e
determinação no sentido de que sobre as verbas concedidas devem - multa da CLT, art. 477, § 8º, equivalente a um salário-base da
incidir correção monetária e juros de mora, a serem apurados por parte autora (R$ 12.000,00)."
estabelecidos nas decisões proferidas nas Ações Declaratórias de "- a reclamada ao pagamento de honorários ao patrono do
Constitucionalidade 58 e 59, deve ser confirmada a decisão. reclamante, ora fixados em 5% sobre o valor que resultar da
PREVIDENCIÁRIA. JUROS E MULTA. MOMENTO DE "- o autor ao pagamento de honorários advocatícios, em favor dos
patronos da reclamada, no percentual de 5% sobre a soma dos ocasionar diversos prejuízos à empresa recorrente, como por
pedidos julgados totalmente improcedentes (multa do art. 467 da exemplo; a) pagamento de horas extras aos seus próprios
CLT e indenização por danos morais), no importe de R$ 1.663,35, empregados que tiverem que "cobrir" as vagas daqueles que forem
observado o disposto no Incidente de Arguição de irregularmente deslocados para atuação junto à "Fatura B"; b) perda
Inconstitucionalidade (processo nº 0080026.04.2019.5.01.0000), no de nota de avaliação junto ao cliente, em razão do não atendimento
qual restou reconhecido a inconstitucionalidade da expressão da "Fatura A", com possibilidade, inclusive, de multa contratual; c)
"desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro pagamento de diárias e hospedagens, diárias de viagem, entre
processo, créditos capazes de suportar a despesa ", inserta no §4º outros, aos seus próprios empregados que forem indevidamente
Estabeleceu, outrossim, a julgadora singular, que "Sobre as verbas equipamentos próprios da empresa para atendimento da "Fatura B".
deferidas nesta sentença incidem correção monetária e juros de Alude a recorrente, que " a despeito da ciência das normas da
mora, os quais serão apurados por ocasião da liquidação da empresa e dos prejuízos que poderia acarretar à Reclamada, foi
sentença, com observância dos parâmetros estabelecidos na apurado por meio de auditoria externa e sigilosa que o Recorrido,
decisão proferidas nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade assim como suas duas testemunhas (demitidas pelo mesmo
Opostos embargos de declaração pela reclamada, foram estes Fatura A para atender à Fatura B, sem que houvesse excedente de
conhecidos e, no mérito, julgados procedentes para sanar a pessoal próprio para tanto, ou seja, com sobreposição de serviços."
omissão e o erro material apontados, bem assim para prestar os (fl. 393)
esclarecimentos consignados na fundamentação do "decisum" (fls. Assegura, mais, a sociedade anônima apelante, que a conduta do
Os embargos de declaração apresentados pelo reclamante foram, por meio de documentos como também através dos depoimentos
por igual, conhecidos e providos para sanar a obscuridade colhidos das testemunhas empresariais, destacando, no aspecto,
apontada, bem como para prestar os esclarecimentos constantes da que a penalidade aplicada condiz com a falta grave cometida, razão
fundamentação da sentença (fls. 381/384). por que entende que deve ser afastada da condenação todas as
Externando seu inconformismo, a reclamada interpôs recurso verbas inerentes à dispensa imotivada.
ordinário às fls. 389/401, no qual aduz que merece reforma a Pontifica, além disso, ser indevida a dobra de férias, posto que,
decisão de primeira instância, porquanto, diversamente do que se como faz prova o documento de id 617a21f, houve regular fruição
entendeu na origem, a falta grave cometida pelo recorrido autoriza a pelo recorrido.
sua dispensa por justa causa nos termos do art. 482, da CLT. Manifesta, também, que, em seus respectivos depoimentos, as
Prosseguindo em seu arrazoado, a apelante alega que possui dois testemunhas autorais, Cleydson Augusto Evangelista de Carvalho e
procedimentos de contratação de clientes, a saber: Sebastião Cordeiro Belmiro da Silva, faltaram com a verdade,
1 - a) "Fatura A" para atendimento de serviços permanentes de possuindo, ambas, interesse na causa, vez que: a obra que
manutenção e prevenção de redes, situação em que os próprios culminou com a dispensa por justa causa do recorrido não foi
trabalhadores da empresa permanecem integralmente à disposição unicamente aquela realizada na cidade de Zé Doca-MA, tendo
do cliente; b) "Fatura B" para atendimento de serviços específicos, a apurado a auditoria realizada o descumprimento das normas
serem realizados pelos empregados da empresa cliente, exceto empresariais em diversos contratos geridos pelo reclamante, e não
quando se trata de serviços emergenciais, situação em que as pelo Sr. Luciano Gaboardi, que somente dirigiu-se à localidade para
atividades podem ser realizadas por seus próprios empregados atuar como fiscal com vistas a acompanhar a auditoria; indicaram
quando houver excedente de pessoal. como responsável pela "Fatura B" o Sr. Reginaldo Razze, o que não
2 - Avaliado se o atendimento da "Fatura B" pode ser empreendido corresponde à realidade. Por tais motivos, requer a expedição de
por seus próprios empregados (caso haja excedente de pessoal), ofício ao Ministério Público para apuração de crime de falso
de Compras, não sendo permitida a modificação do destacamento Defende, outrossim, a reclamada/apelante, que, no que tange ao
3 - A designação de empregados que trabalham na "Fatura A" para aludida parcela é devido aos empregados que permanecessem com
atendimento da "Fatura B", quando não excedente de pessoal, pode contratos de trabalho ativos até 31.12.2019. Desse modo, não tem
jus o reclamante ao pagamento da aludida verba por ter sido parágrafo primeiro do art. 3º, do Conjunto TST.CSJT.CGGJT nº 01,
2018 foi quitado na rescisão do contrato entre os litigantes. Em razão disso, tendo em vista a determinação contida no
Destaca, mais, que na decisão de primeira instância, estabeleceu- parágrafo único do art. 932, do CPC/2015, de aplicação supletiva e
se que as parcelas concedidas deverão ser atualizadas por índice subsidiária no processo do trabalho, nos termos estabelecidos nos
futuro a ser fixado na fase de execução do julgado, todavia, nos artigos 769, da CLT e 15, do CPC, concedi à recorrente o prazo de
termos do art. 879, da CLT, o índice correto a ser utilizado é a TR, o 5 (cinco) dias para que apresentasse, nos autos, apólice de seguro
que desde já busca ser reconhecido nesta instância "Ad Quem"; garantia sem inclusão de cláusula que autorize a rescisão do
sucessivamente, requer a "limitação da incidência do IPCA-E contrato, sob pena de não conhecimento do recurso.
somente até a data do ajuizamento da ação e pela aplicação da Em manifestação às fls. 448/449, a reclamada argumentou que nas
Taxa Selic, a partir de então, nos termos do art. 406 do Código Civil, condições especiais do contrato de seguro contém cláusula que
sem a incidência de qualquer percentual a título de juros, uma vez impossibilitava sua rescisão, requerendo, na oportunidade, o
que estes já se encontram englobados no percentual definido pelo processamento do apelo ou a concessão de prazo para substituição
Banco Central." (fl. 398) da garantia ofertada por depósito recursal, caso assim não se
"somente haverá incidência de juros de mora se os valores não Ao examinar a questão, verifiquei a existência de conflito entre as
forem recolhidos após a notificação da Recorrente para o cláusulas contratuais apontadas pela recorrente (gerais e
pagamento de crédito previdenciário que tem como origem o crédito especiais), capazes de gerar incerteza e insegurança quanto ao
trabalhista, uma vez que somente após a notificação do devedor adimplemento do crédito trabalhista.
para o pagamento é que o mesmo poderá ser considerado em Por este motivo, concedi à apelante o prazo de 5 (cinco) dias para
mora." (fl. 400) que substituísse o seguro garantia por depósito recursal, o que
Devidamente notificado, o reclamante apresentou contrarrazões às restou prontamente atendido, como se observa às fls. 457 e
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, Desse modo, uma vez que o seguro garantia apresentado em
visto que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no desacordo ao quanto preceituado no parágrafo primeiro do art. 3º,
art. 109, do Regimento Interno deste Regional. do Conjunto TST.CSJT.CGGJT nº 01, de 16.10.2019, foi substituído
É o breve relatório. por depósito recursal dentro do prazo estabelecido para esta
Preliminar rejeitada.
I - ADMISSIBILIDADE
admissibilidade exarado pelo juízo "a quo"; conheço, por igual, das
PRELIMINAR ARGUIDA EM CONTRARRAZÕES. SEGURO contrarrazões, vez que ofertadas no prazo legal.
Em contrarrazões, o reclamante suscita o não conhecimento do Na contestação, informa-se que a reclamada EZENTIS -
apelo por deserto, argumentando, para este fim, que o seguro SERVIÇOS, ENGENHARIA E INSTALAÇÃO DE COMUNICAÇÕES
garantia juntado aos autos pela reclamada contém irregularidades. S.A. foi incorporada pela EZENTIS BRASIL S.A, motivo pelo qual
Conforme se vê do despacho às fls. 444/445, quando da análise Na sentença de origem, determinou-se a retificação da autuação
dos pressupostos recursais, observei que, no item 15 das condições dos autos, para que nele passasse a constar no polo passivo a
gerais do seguro garantia às fls. 402 e seguintes, alberga-se a empresa EZENTIS BRASIL S.A.
possibilidade de rescisão total ou parcial do contrato, seja por Entretanto, o sistema de cadastro no PJE é vinculado à Receita
iniciativa do segurado ou da seguradora, com concordância Federal do Brasil e o CNPJ indicado na contestação
recíproca, o que vai de encontro ao quanto estabelecido no (05.823.631/0001-24), segundo dados da RFB, pertence à empresa
EZENTIS ENERGIA S.A. resilitória. O furto famélico pode ser bem tomado como exemplo
Em razão disso, não há como se proceder à retificação dos autos disso." (in ""Tratado de Direito Material do Trabalho". São Paulo:
junto ao sistema PJE, cabendo esclarecer, todavia, que o fato não LTR, 2007, p. 561)
interfere na permanência da sociedade EZENTIS BRASIL S.A. no Quanto ao mau procedimento, na lição de Maurício Godinho
Conforme relatado, a apelante afirma que, através de auditoria laborativo ou as obrigações contratuais do obreiro. A amplitude
externa e sigilosa, apurou-se que o recorrido infringiu as normas desse termo jurídico é manifesta, mostrando a plasticidade da
empresariais relativamente aos procedimentos de contratação de tipificação de infrações seguida pela CLT. Tal amplitude autoriza
clientes desviando empregados que se ativavam no modo "Fatura enquadrar-se como mau procedimento condutas extremamente
A" para atendimento de clientes do modo "Fatura B", sem que diferenciadas, tais como dirigir o veículo da empresa sem
houvesse, para este fim, excedente de pessoal próprio, habilitação ou sem autorização; [...]." (in "Curso de Direito, Editora
acarretando, com tal proceder, prejuízos à empresa. Defende se LTR: São Paulo, 2008, p. 1194) "
tratar de falta grave cometida pelo recorrido que autoriza a sua Para que seja possível a aplicação da penalidade máxima ao
dispensa por justa causa nos termos do art. 482, da CLT. empregado, devem ser observados os requisitos que dizem respeito
O manejo da pena máxima ao trabalhador deve ser feito com entre a falta e a pena aplicada; a proporcionalidade entre elas; a
extrema cautela, restringindo-se aos casos de real gravidade que imediatidade da punição; a ausência de perdão tácito; a
justifiquem a punição maior. Seu reconhecimento somente se singularidade da punição; a inalteração da punição; e a ausência de
legitima mediante prova robusta e inconteste dos fatos que lhe discriminação.
sobrevirá para a vida pessoal e profissional do trabalhador, O reclamante foi contratado para o exercício da função de Gerente
dificultará a recolocação do obreiro no mercado de trabalho, Segundo os termos da defesa e do recurso, a recorrente adota dois
despojando-o de sua fonte de subsistência, incumbindo ao tipos de procedimento de contratação de clientes denominados
empregador o ônus de comprovar a ocorrência de motivo "Fatura A" e Fatura B": no primeiro deles, os próprios empregados
suficientemente grave para a legitimação da despedida por justa da reclamada atendem os serviços permanentes de manutenção e
causa, a teor do art. 818, II, da Consolidação das Leis do Trabalho, prevenção de redes; no segundo, atende-se serviços específicos, a
c/c o art. 373, inciso II, do CPC/2015. serem realizados pelos empregados da empresa cliente, exceto
Na situação específica dos autos, em que se está atribuindo ao quando se trata de serviços emergenciais, situação em que as
reclamante atos de improbidade e mau procedimento, além de atividades podem ser realizadas pelos próprios empregados da
indisciplina e insubordinação, deve-se lançar mão de redobrada apelante quando houver excedente de pessoal.
cautela na análise dos fatos. Afirma-se, outrossim, que a designação de empregados que
Na expressão de José Augusto Rodrigues Pinto, a improbidade trabalham no modo "Fatura A" para o modo "Fatura B" pode
"Trata-se da falta de maior intensidade, pois compromete, como acarretar diversos prejuízos à recorrente, como pagamento de
nenhuma outra, a estrutura fiduciária do contrato individual de horas extras aos trabalhadores que "cobrirem" as ausências
emprego. Pelos reflexos extremamente negativos que seu daqueles que foram irregularmente deslocados, hospedagens,
reconhecimento projeta na vida pessoal do empregado, a diárias, etc, além de perda de nota de avaliação junto ao cliente, em
orientação doutrinária e jurisprudencial é muito cuidadosa em exigir razão do não atendimento da "Fatura A", com possibilidade,
prova extreme de dúvida do fato constitutivo da justa causa para inclusive, de multa contratual.
declará-la. A dispensa por justa causa do reclamante teve como assento o fato
Por outro lado, as circunstâncias que cercam cada caso concreto deste ter descumprido os procedimentos supra ao destacar
poderão levar à recusa da despedida, sob esse fundamento, empregados da "Fatura A" para atender cliente do modo "Fatura B",
mesmo havendo evidência da conduta ímproba do empregado, sem que houvesse excedente de pessoal próprio para este fim,
quando atenuada por fatores que tornam despropositada a reação situação essa que, no dizer da apelante, teria sido apurada por
auditoria externa e independente. mesmo é repassado para a cliente VIVO, e com o aval desta inicia-
Foram ouvidas duas testemunhas patronais. se o trabalho de recuperação, sendo que neste momento é a
Eis os depoimentos colhidos: própria reclamada quem decide se o serviço será feito com mão de
"que trabalhou diretamente com o reclamante nos meses de agosto, obra própria ou se será necessária a contratação de uma terceira
setembro e outubro de 2019, exercendo naquela ocasião a função empresa para realização dos mesmos; que o gerente de fatura B,
de coordenador de fatura - D; que o depoente era subordinado ao função exercida pelo reclamante, é quem efetivamente decide
reclamante; que o depoente acompanhou a auditoria que se utilizará mão de obra própria ou se haverá contratação de
realizou uma inspeção que concluiu que o reclamante teria uma terceira empresa; que na obra realizada no Estado do
praticado ato de improbidade; que em outubro de 2019 o Maranhão, havia contratação de uma empresa terceirizada para
depoente acompanhou um auditor responsável pela auditoria realização dos serviços, não havendo consequentemente prestação
acima reportada numa obra localizada no Estado do Maranhão, de mão de obra de funcionários da própria reclamada; que na
tendo naquela ocasião sido constatado que a reclamada teria auditoria realizada fora constatada a utilização de mão de obra de 4
contratado uma terceira empresa para realizar os serviços, e funcionários da própria reclamada, o que não deveria ocorrer, já
que tal serviço estava sendo realizado por dois funcionários da que, repitase, naquela obra deveria ser utilizada apenas mão de
terceira empresa contratada e por 4 funcionários do próprio obra de terceiros; que além dessa auditoria específica relatada
reclamado; que na região Nordeste a reclamada possui dois tipos acima, o auditor constatou que em outras obras também realizadas
de contratos com empresas clientes, sendo que um deles é utilizada no Estado do Maranhão houve aproveitamento de mão de obra da
mão de obra da própria reclamada (contrato fatura A), já que se faz própria reclamada, quando deveria ter sido utilizada mão de obra de
necessária a presença constante e integral dos funcionários para terceiros, apenas; que o reclamante era o responsável por toda a
fins de manutenção e prevenção dos serviços; que no outro contrato região Norte/Nordeste; que não sabe informar se o reclamante
que a reclamada mantém com empresas clientes na dita região justificou o motivo de usar mão de obra da própria reclamada,
Nordeste (contrato fatura - B), não é utilizada mão de obra da quando na verdade deveria ter utilizado mão de obra de terceira
própria reclamada, mas sim de outras empresas por ela empresa; que o auditor constatou que a utilização de mão de obra
contratadas; que a reclamada possui um contrato com a empresa da própria reclamada em obra que deveria ter sido feita apenas com
VIVO para acompanhar o funcionamento de cabeamento que vai do mão de obra de terceira empresa, acarretou prejuízos à reclamada
Estado do Pará ao Estado do ceará, sendo que o objeto deste na medida em que, ao ser utilizada mão de obra própria, aqueles
contrato é a averiguação e acompanhamento desse cabeamento funcionários deixaram de fazer os serviços que efetivamente
por parte de funcionários da própria reclamada; que, na prática, os deveriam ter sido feitos, no caso, observação e acompanhamento
funcionários da reclamada percorrem diariamente os trechos onde de todo o cabeamento de internet da empresa VIVO no trecho
passam os cabos da VIVO para fins de saber se os mesmos estão compreendido entre o Pará e o Ceará, e que isto acarretou,
em perfeita ordem; que, por exemplo, caso esteja sendo realizada consequentemente pagamento de hora extra a funcionários que
uma obra de asfaltamento de um determinado trecho em que tiveram que trabalhar a mais, justamente para suprir a vaga dos
existem cabos da VIVO, os funcionários da reclamada tem a função funcionários que foram irregularmente deslocados; que em
de orientar aquelas pessoas que estão realizando o asfaltamento, nenhum momento a auditoria informou para o depoente que o
que por ali existem cabos de internet, e que por isso precisam ser reclamante teria experimentado vantagem irregular sobre a
observados para que não venham a ser danificados; que toda essa reclamada; que a auditoria constatou que a utilização incorreta de
forma de execução de tarefas é feita no modo contrato fatura A; funcionários da própria reclamada acarretou prejuízos financeiros à
que, ao inspecionar um determinado trecho que passam cabos da mesma. Perguntas da advogada da reclamada; que mensalmente a
VIVO, caso funcionários da reclamada detectem algum tipo de VIVO, como cliente da reclamada, analisa o trabalho executado por
avaria, e constatando que se faz necessária a troca de cabos para esta, atribuindo-lhe notas de desempenho, sendo que a nota A traz
fins de melhoria do serviço de internet, é feito um levantamento bônus a reclamada e as demais notas podem trazer penalidades
relativo ao quanto será necessário para gastos com cabos e todos pecuniárias, chegando até mesmo ao caso extremo de rompimento
os insumos também necessários para a recuperação do trecho; que do contrato, caso seja atribuída nota E; que o reclamante soube por
esse trabalho de levantamento para fins de apurar o quanto será meio de funcionários da reclamada que trabalham nas
gasto na recuperação dos cabos e feito pelos funcionários da dependências da VIVO, que as obras executadas no Maranhão
reclamada no modo contrato fatura A; que após o valor detectado, o estavam sendo avaliadas pela VIVO com letra E; que, independente
de a mão de obra ser executada por funcionários da própria empresa na utilização de pessoal próprio quando ocorria a
reclamada ou por empresas contratadas por ela, o valor a ser pago contratação de empresas para efetuar o objeto do contrato,
pela VIVO será o mesmo; que caso a reclamada realize o serviço ressaltando que poderia inclusive acarretar prejuízos tais como
com mão de obra própria, certamente lucrará mais do que pagamento de diárias de hotéis, diárias e horas extras dos
contratando mão de obra terceirizada; que além do reclamante, o colaboradores, bem como a utilização de equipamentos próprios;
gerente de contrato fatura A (SEBASTIÃO BELMIRO), que que o procedimento feito pelo reclamante causava impactos junto
trabalhava na mesma região do reclamante, também foi demitido aos clientes, como a não recuperação dos reparos em tempo hábil,
por justa causa, além de um coordenador de contrato fatura A importando em multa e diminuição de nota para a reclamada; que
(CLAYDSON AUGUSTO); que a auditoria constatou que a empresa esse procedimento poderia acarretar o alcance de uma bonificação
contratada pela reclamada para realização dos serviços no melhor para o reclamante com base no acúmulo de contrato e
Maranhão não estava utilizando mão de obra 100% própria para a faturamento; que a fatura A refere-se ao contrato fechado feito entre
execução dos serviços, justamente porque estava havendo a reclamada e a empresa Vivo com valor fixo e a fatura B ocorre
utilização de mão de obra da própria reclamada; que a empresa quando a contratada subcontrata uma parceira para fazer um
contratada pela reclamada deveria disponibilizar, por ela própria a serviço com o valor pré-definido a depender do tamanho da obra;
quantidade de funcionários a ser utilizados para execução dos que na fatura A o contrato poderia ser executado por empregados
serviços contratados, sendo que na obra do Maranhão, foram regidos pela CLT ou empregados contratados por 30 dias e na
constatados apenas 2 funcionários desta empresa contratada e 4 da fatura B é feito um contrato por demanda ou obra, ressaltando que
reclamada; que o coordenador do contrato fatura A foi quem fez o os funcionários são diferentes dos empregados e dos contratados
levantamento de toda obra realizada no Maranhão; que não sabe por 30 dias para não ocorrer a sobreposição; que NCE significa
por qual motivo os gerentes fatura A e B permitiram o uso de mão "necessidade de compra emergencial" sem necessidade de licitação
de obra da própria reclamada na obra do Maranhão; que não tem para efetuar a compra, onde ocorre a negociação direta com a
conhecimento que o reclamante e o outro gerente afastados tenham subcontratada desde que obedecidos determinados parâmetros;
sido expostos a comentários negativos no ambiente da reclamada. que no processo de investigação em face do reclamante foi
Perguntas do advogado do reclamante; que não há regras detectado que em várias obras foi utilizado NCE; que era o gerente
escritas quanto à forma de utilização de mão de obra utilizada quem fazia a designação do pessoal quando da contratação da
para execução de serviços contratados, ou seja, se o serviço fatura A ou B, destacando que o gerente respondia diretamente
será feito 100% com obra da reclamada ou 100% com obra de ao gerente senior ou diretor; que as subcontratadas envolvidas no
uma empresa contratada pela reclamada; que conheceu o senhor procedimento irregular eram as empresas Videonet e Claudio
Cláudio Meneses, tendo este se apresentado ao depoente como Menezes; que não presenciou a dispensa do reclamante,
proprietário da empresa CN TELECON; que sabe que o senhor destacando que o Sr. Van Der Laam executou a dispensa; que o
CLÁUDIO MENESES realizou serviços relativos a contratos fatura A reclamante não foi ouvido na investigação, mas o Sr. Van Der
e B; que não sabe informar a quem o reclamante se reportava Laam o ouviu no momento da dispensa, ressaltando ainda que era
para prestar contas com a reclamada; que não sabe informar se uma investigação sigilosa; que não sabe informar qualquer ato
a reclamada chegou a ser penalizada pecuniariamente pela ilícito praticado pelo reclamante; que, indagado se considera que
VIVO; que não sabe informar se ao reclamante foi oportunizada o ato praticado pelo reclamante foi ilícito, disse que entende que o
possibilidade de defesa no processo de auditoria" (Depoimento reclamante praticou ato em desacordo com as normas da empresa;
do Sr. Luciano Gaboardi Costa, primeira testemunha da reclamada, que essa norma consta do portal SGS da empresa, ressaltando que
fls. 230/232, meus destaques) todos os empregados têm conhecimento; que em razão do
"que o depoente trabalhou com o reclamante por cerca de 5 dias procedimento feito pelo reclamante a empresa sofreu prejuízos,
quando fez a transição de um projeto; que o reclamante foi como pagamento de diárias de hotéis, de dias trabalhados, de horas
dispensado por ter descumprido normas da empresa; que extras e de combustível; que não houve penalidade aplicada pela
acompanhou a investigação de denúncias de colaboradores da Vivo à reclamada; que as empresas Videonet e Claudio Menezes
empresa quanto à subcontratação de obras pelo reclamante, prestavam serviços tanto pela fatura A quanto pela fatura B; que em
pelo Sr. Sebastião Belmiro e pelo Sr. Augusto; que ao invés de algumas situações a reclamada utilizava empregados próprios
utilizar pessoal da contratada estavam usando pessoal próprio para na fatura B, tais como em situações em que há excedente de
a execução das obras; que não há qualquer vantagem para a mão de obra em um determinado lugar; que o procedimento feito
pelo reclamante que culminou com a justa causa não era situação normas ou orientação formal para que acontecesse a contratação
de emergência." (Depoimento do Sr. Reginaldo Razzi, segunda pela fatura A ou B; que a empresa Videonet é uma terceirizada e
testemunha da reclamada, fls. 241/242, meus destaques) pode ser contratada pela fatura A ou B; que é procedimento
De ambos os depoimentos colhidos, tem-se como certo que ao comum a fatura B ser executada por empregados próprios,
gerente da "Fatura B", função desempenhada pelo recorrido, desde que haja controle de atividades para não ocorra
incumbe decidir pela utilização de mão de obra da própria sobreposição de pagamentos; que não sabe informar se no
empregadora ou da empresa terceirizada. Lado outro, de acordo procedimento em que houve a dispensa do reclamante houve
com os termos expostos na defesa e nas razões recursais, após sobreposição de pagamentos; que no caso do reclamante
estimativa quanto ao atendimento da "Fatura B" poder ser realizado utilizar empregados próprios para executar a fatura B deveria
pelos próprios colaboradores da reclamada ou por empregados da informar o gerente senior; que também foram dispensados por
empresa terceirizada, a contratação é aprovada pelo justa causa, além do reclamante, em razão do procedimento que
Departamento de Compras da sociedade anônima apelante, o que culminou na investigação, os funcionários Sebastião Belmiro e
certamente ocorreu, na hipótese, vez que os serviços de Augusto; que a dispensa desses empregados não passou pelo
atendimento foram concretamente realizados, aliás, sequer alega-se depoente, destacando que sequer teve a oportunidade de avaliá-
o contrário. Ora, se as contratações foram aprovadas pelo los; que não há funcionários dedicados para os seguimentos da
departamento em realce, de forma transversa também foram fatura A e da fatura B; que os funcionários que laboram na
consentidas pela diretoria da ré. fatura A são utilizados na fatura B para aproveitamento da
Dos depoimentos colhidos das três testemunhas do autor, extrai-se são utilizados os empregados que laboram na fatura A na
que o deslocamento dos empregados que prestavam serviços no fatura B em caso de excedente ou crise; que tal procedimento
modo "Fatura A" para atendimento no modo "Fatura B" tratava-se não acarreta prejuízo para a empresa desde que o empregado
de procedimento comum, desde que não acarretasse sobreposição não deixe de executar sua função na fatura A para executar na
de pagamentos e, quanto ao aspecto, como já destacado na fatura B; que o depoente não teve conhecimento da auditoria
origem, não há qualquer elemento, nos autos "que demonstre a falta sigilosa; que não sabe informar se estava sendo investigado na
de controle, por parte do autor, na utilização desse procedimento, investigação sigilosa; que o depoente deixou de ser diretor em
bem como documentos que comprovem os efetivos prejuízos dezembro de 2019." (Depoimento do Sr. Tarcílio José Arruda
suportados pela reclamada." Araújo, primeira testemunha do reclamante, fl. 243, meus
Veja-se: destaques)
"que não participou do procedimento investigatório para averiguar a "que a obra que culminou na justa causa foi emergencial pois a
justa causa aplicada ao reclamante, destacando que não houve prefeitura da cidade de Zé Doca/MA cortou os cabos das
uma auditoria formal, tendo conhecimento somente após a decisão operadoras de telecomunicações por estarem em local
tomada; que o reclamante, do conhecimento do depoente, não impróprio (praça); que o depoente fez o levantamento da obra
praticou qualquer conduta ilícita; que, pelo conhecimento do por uma planilha e enviou para o setor da reclamada para
depoente, a reclamada não sofreu qualquer prejuízo por aprovação; que a obra foi aprovada pelo Sr. Reginaldo Razze e
qualquer ato praticado pelo reclamante; que não tem enviada para o setor de compras; que a obra foi acompanhada
conhecimento se a Vivo por conta do trabalho do reclamante pelo Sr. Luciano Gaboardi; que a obra foi paga pelo cliente
penalizou a reclamada; que não existe processo de um cliente Vivo, tendo dado lucro para a reclamada; que após a sua
avaliar individualmente os funcionários da reclamada, destacando dispensa por justa causa o depoente continuou prestando serviços
que há a avaliação pelo projeto como um todo e que não havia nada para a reclamada através da empresa Videonet, onde laborou de
que desabonasse o reclamante; que antes da dispensa do 01/01/2020 a 30/06/2020; que o contrato em decorrência dessa
reclamante havia uma possibilidade de promoção; que tanto os obra emergencial foi feito por meio de fatura B, destacando que
empregados como os terceirizados podem executar fatura A ou o gerente desta operação foi o reclamante; que a designação
B, sendo um procedimento comum; que tal procedimento é do pessoal para laborar na execução da obra, fatura B, foi feita
incentivado pela reclamada pois a execução da fatura B por pelo Sr. Luciano Gaboardi, fiscal da fatura B, que iria assumir a
funcionários próprios consegue dar uma rentabilidade melhor região do Maranhão em decorrência do excesso de serviços do
para a reclamada; que até a sua saída da reclamada não havia depoente; que fez uma reunião no dia 23 com todos os
colaboradores tendo a obra se iniciado no dia 24 com a desmobilização (desligando funcionários)". (fl. 245, destaquei)
coordenação do Sr. Luciano Gaboardi; que não sabia que existia Desse modo, uma vez não demonstrado pela ré o efetivo gozo das
uma investigação em curso para analisar tal procedimento." férias do período 2018/2019 pelo reclamante, bem assim que a
(Depoimento do Sr. Cleydson Augusto Evangelista de Carvalho, testemunha autoral confirmou a alegação exposta na preambular
segunda testemunha do reclamante, fl. 244, meus destaques) quanto à não fruição de tais férias, deve ser confirmada a decisão
"que sua última função era gerente de contrato; que foi demitido por recorrida, na qual se condenou a ré ao pagamento da dobra
procedimento de auditoria; que existia elogio dos clientes pelo Conforme relatado, a recorrente alega que, em seus respectivos
trabalho do reclamante executado na gestão dos contratos em depoimentos, as testemunhas autorais, Cleydson Augusto
geral (tanto da fatura A quanto da fatura B) pois o mesmo Evangelista de Carvalho e Sebastião Cordeiro Belmiro da Silva,
estava conseguindo entregar a obra apesar das dificuldades faltaram com a verdade, possuindo, ambas, interesse na causa, vez
enfrentadas; que não houve qualquer penalização da Vivo em que: a obra que culminou com a dispensa por justa causa do
face da empresa reclamada quando da gestão dos contratos recorrido não foi unicamente aquela realizada na cidade de Zé Doca
pelo reclamante; que todas as funções recebem bônus em -MA, tendo apurado a auditoria realizada o descumprimento das
decorrência dos resultados dos contratos (PLR); (...) que não sabe normas empresariais em diversos contratos geridos pelo
informar quais obras foram objeto de investigação; que durante o reclamante, e não pelo Sr. Luciano Gaboardi, que somente dirigiu-
contrato do reclamante não houve qualquer penalidade da Vivo em se à localidade para atuar como fiscal com vistas a acompanhar a
face da reclamada na fatura A; que na região em que laborava o auditoria; indicaram como responsável pela "Fatura B" o Sr.
reclamante o gerente da fatura A era o depoente e o reclamante Reginaldo Razze, o que não corresponde à realidade. Por tais
assumiu o lugar do Sr. Reginaldo Razze por 3 meses na fatura B." motivos, requer a expedição de ofício ao Ministério Público para
(Depoimento do Sr. Sebastião Cordeiro Belmiro da Silva, terceira apuração de crime de falso testemunho.
Ao lume do exposto, uma vez que a reclamada não se desincumbiu Não restou evidenciado, nestes autos, que as testemunhas ouvidas
do ônus que sobre ela recaia de comprovar as faltas graves a rogo do autor tenham interesse no resultado do julgamento da
imputadas ao reclamante (improbidade, mau procedimento, lide, cabendo destacar que a ausência de isenção de ânimo não
indisciplina e insubordinação), deve ser mantida a decisão de pode ser presumida, devendo ser cabalmente provada.
primeira instância, na qual se convolou a rescisão da Ademais, o simples fato de a terceira testemunha do autor, Sr.
contratualidade entre as partes por justa causa obreira para Sebastião Cordeiro Belmiro da Silva, ter ajuizado reclamação
DAS FÉRIAS Por fim, incumbe lembrar que a prestação de falso testemunho é
Insiste a recorrente ser indevida a dobra de férias concedidas na conduta tipificada como crime nos termos do art. 342, do Código
instância de base, posto que, como faz prova o documento de id Penal Brasileiro e, como tal, não pode ser presumida, mas
617a21f, houve regular fruição pelo recorrido. inequivocamente provada, sob pena de comprometimento do direito
Sem razão. de defesa das partes, cabendo destacar, neste aspecto, que os
Na petição inicial, alega-se que o reclamante recebeu o valor das conteúdos dos documentos às fls. 252/263 não se prestam a tal
Com efeito, os documentos às fls.109/110 comprovam o pagamento Desse modo, inexistindo, nos autos, qualquer meio de prova apta a
das férias do período aquisitivo 09.07.2018 a 07.07.2019, mas não testificar a alegada falsidade das informações prestadas pelas
Noutro bordo, a assertiva exordial restou confirmada pela terceira dos depoimentos colhidos e de expedição de ofício ao Ministério
testemunha do reclamante que, em seu depoimento, informou que Público para apuração de crime de falso testemunho.
"o reclamante continuou trabalhando nas férias, sabendo Sentença mantida, no particular.
planilha do RH, encontrou o reclamante fazendo Argumenta a apelante que a política empresarial prevê que o
pagamento do bônus é devido aos empregados que permanecerem SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator,
com contratos de trabalho ativos até 31.12.019, de modo que o vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo
reclamante não tem jus ao recebimento da referida verba por ter Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou os
sido dispensado no dia 12.11.2019. Afirma, outrossim, que o bônus efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são reputados
de 2018 foi quitado na rescisão do contrato entre os litigantes. válidos e nãoA ensejarão qualquer rediscussão (na ação em curso
Primeiramente, cumpre registrar que, na petição inicial, não se pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro
busca a condenação da ré ao pagamento do bônus do ano de 2019, índice), no tempo e modo oportunos (de forma extrajudicial ou
Ademais, no TRCT às fls. 107/108, não consta a quitação de mês, assim como devem ser mantidas e executadas as
Desse modo, ante a ausência de prova nos autos a demonstrar o adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o
efetivo pagamento da verba bônus, deve ser confirmada a sentença IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os processos em
Apregoa a recorrente que, na decisão de primeira instância, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma
estabeleceu-se que as parcelas concedidas deverão ser atualizadas retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de
por índice futuro a ser fixado na fase de execução do julgado, alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em
todavia, nos termos do art. 879, da CLT, o índice correto a ser interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e
utilizado é a TR, o que desde já busca ser reconhecido nesta 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii) igualmente, ao acórdão
instância "Ad Quem"; sucessivamente, requer a "limitação da formalizado pelo Supremo sobre a questão dever-se-á aplicar
incidência do IPCA-E somente até a data do ajuizamento da ação e eficácia erga omnes e efeito vinculante, no sentido de atingir
pela aplicação da Taxa Selic, a partir de então, nos termos do art. aqueles feitos já transitados em julgado desde que sem
406 do Código Civil, sem a incidência de qualquer percentual a qualquer manifestação expressa quanto aos índices de
título de juros, uma vez que estes já se encontram englobados no correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou simples
percentual definido pelo Banco Central." (fl. 398) consideração de seguir os critérios legais), vencidos os Ministros
O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18.12.2020, ao julgar, efeitos da decisão. Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente).
em definitivo, o mérito das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867 Presidiu o julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente).
e 6021, decidiu que a atualização dos créditos trabalhistas, bem Plenário, 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência -
do Trabalho, "até que sobrevenha solução legislativa", deve ser [...] (grifou-se)"
apurada mediante a incidência dos "mesmos índices de correção Acerca de tal decisão, é certo, ainda, que, em 7.4.2021, o acórdão
monetária que vigentes para as condenações cíveis em geral", foi publicado, e contém a seguinte ementa:
O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a ação, DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES
para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 879, § 7º, DECLARATÓRIAS DE CONSTITUCIONALIDADE. ÍNDICES DE
e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de CORREÇÃO DOS DEPÓSITOS RECURSAIS E DOS DÉBITOS
2017, no sentido de considerar que à atualização dos créditos JUDICIAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ART. 879, §7º, E ART.
decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos 899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13. 467, DE
recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser 2017. ART. 39, CAPUT E §1º, DA LEI 8.177 DE 1991. POLÍTICA
aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos DE CORREÇÃO MONETÁRIA E TABELAMENTO DE JUROS.
índices de correção monetária e de juros que vigentes para as INSTITUCIONALIZAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO
condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E POLÍTICA DE DESINDEXAÇÃO DA ECONOMIA. TR COMO
INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES DO STF. APELO judiciais na Justiça do Trabalho os mesmos índices de correção
INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES DECLARATÓRIAS DE cíveis em geral (art. 406 do Código Civil), à exceção das dívidas da
CONSTITUCIONALIDADE JULGADAS PARCIALMENTE Fazenda Pública que possui regramento específico (art. 1º-F da Lei
PROCEDENTES, PARA CONFERIR INTERPRETAÇÃO 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009), com a
CONFORME À CONSTITUIÇÃO AO ART. 879, §7º, E AO ART. exegese conferida por esta Corte na ADI 4.357, ADI 4.425, ADI
899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13.467, DE 5.348 e no RE 870.947-RG (tema 810).
1. A exigência quanto à configuração de controvérsia judicial ou de ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como
controvérsia jurídica para conhecimento das Ações Declaratórias de indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro
Constitucionalidade (ADC) associa-se não só à ameaça ao princípio de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E
da presunção de constitucionalidade - esta independe de um mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como
número quantitativamente relevante de decisões de um e de outro indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além
lado -, mas também, e sobretudo, à invalidação prévia de uma da indexação, serão aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei
2. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema Especial de
art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela incide como
11.960/2009, decidindo que a TR seria insuficiente para a juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95; 84
atualização monetária das dívidas do Poder Público, pois sua da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da Lei 9.430/96;
utilização violaria o direito de propriedade. Em relação aos débitos e 30 da Lei 10.522/02). A incidência de juros moratórios com base
de natureza tributária, a quantificação dos juros moratórios segundo na variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação
o índice de remuneração da caderneta de poupança foi reputada de outros índices de atualização monetária, cumulação que
processual privada (ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 5.348 e RE 870.947- 8. A fim de garantir segurança jurídica e isonomia na aplicação do
3. A indevida utilização do IPCA-E pela jurisprudência do Tribunal dos efeitos da decisão: (i) são reputados válidos e não ensejarão
Superior do Trabalho (TST) tornou-se confusa ao ponto de se qualquer rediscussão, em ação em curso ou em nova demanda,
imaginar que, diante da inaplicabilidade da TR, o uso daquele índice incluindo ação rescisória, todos os pagamentos realizados utilizando
seria a única consequência possível. A solução da Corte Superior a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo
Trabalhista, todavia, lastreia-se em uma indevida equiparação da oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos
natureza do crédito trabalhista com o crédito assumido em face da judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser
Fazenda Pública, o qual está submetido a regime jurídico próprio da mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que
Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo,
4. A aplicação da TR na Justiça do Trabalho demanda análise processos em curso que estejam sobrestados na fase de
específica, a partir das normas em vigor para a relação trabalhista. conhecimento, independentemente de estarem com ou sem
A partir da análise das repercussões econômicas da aplicação da sentença, inclusive na fase recursal, devem ter aplicação, de forma
lei, verifica-se que a TR se mostra inadequada, pelo menos no retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de
contexto da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), como índice alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em
de atualização dos débitos trabalhistas. interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e
5. Confere-se interpretação conforme à Constituição ao art. 879, 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC.
§7º, e ao art. 899, §4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467, de 9. Os parâmetros fixados neste julgamento aplicam-se aos
2017, definindo-se que, até que sobrevenha solução legislativa, processos, ainda que transitados em julgado, em que a sentença
deverão ser aplicados à atualização dos créditos decorrentes de não tenha consignado manifestação expressa quanto aos índices
condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas de correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou
simples consideração de seguir os critérios legais). citação para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o
10. Ação Declaratória de Constitucionalidade e Ações Diretas de limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/1996)".
Inconstitucionalidade julgadas parcialmente procedentes. No mesmo sentido, cito precedente deste Regional:
[...] (ADC 58, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. JUROS DE MORA. ART. 43,
em 18/12/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-063 DIVULG 06- DA LEI Nº 8.212/91 E ART. 276, DO DECRETO Nº 3.048/99. A
Com efeito, colhe-se do acórdão publicado em 7.4.2021 as entendimento lastreado na jurisprudência majoritária do c. TST no
principais diretrizes no sentido de que: - o crédito assumido em face sentido de aplicar o comando inserto no art. 43, § 2º e 3º, da Lei nº
da Fazenda Pública está submetido a regime jurídico próprio da Lei 8.212/91, o qual fixa que o fato gerador da contribuição
9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009; - previdenciária corresponde ao mês da competência, bem como
"Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o estabelece que os acréscimos legais moratórios devem incidir
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como desde a data da efetiva prestação de serviço pelo empregado,
indexador o IPCA-E; - "Em relação à fase judicial, a atualização dos desde que esta seja posterior a 05.03.2009, marco temporal
débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema resultante da aplicação dos princípios da anterioridade nonagesimal
Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela (art. 150, III, a, c/c o art. 195, § 6º, da CF/88) e da irretroatividade
incide como juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei das leis (art. 5ºXXXVI). Por conseguinte, a "ratio decidendi" dos
9.065/95; 84 da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da precedentes que alicerçam a Súmula nº 5 deste Regional deve ser
Lei 9.430/96; e 30 da Lei 10.522/02); - "A incidência de juros restrita aos casos em que a prestação de serviço ocorreu em data
moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser anterior à vigência da Medida Provisória nº 449/2008 (05.03.2009),
cumulada com a aplicação de outros índices de atualização a qual acrescentou parágrafos ao referido art. 43 da Lei 8.212/91.
monetária, cumulação que representaria bis in idem". (RO - 0000053-06.2016.5.07.0032, 3ª Turma, Relator: Des. José
Assim, considerando que, na decisão recorrida, houve Antônio Parente da Silva, Data do Julgamento: 19/10/2017, Data da
determinação no sentido de que sobre as verbas concedidas devem Assinatura: 15/03/2018, Fonte: PJE-JT). (grifou-se)
incidir correção monetária e juros de mora, a serem apurados por Desse modo, no presente caso, em que a condenação envolve
ocasião da liquidação do julgado, com observância dos parâmetros período de labor que vai de julho/2018 a novembro/2019, lapso
estabelecidos nas decisões proferidas nas Ações Declaratórias de ulterior, portanto, a 05/03/2009, considera-se fato gerador das
Constitucionalidade 58 e 59, deve ser confirmada a decisão. contribuições previdenciárias a data da efetiva prestação dos
GERADOR.
forem recolhidos após a notificação da Recorrente para o Preliminar de não conhecimento do apelo da reclamada por
pagamento de crédito previdenciário que tem como origem o crédito deserção (suscitada pelo reclamante em sede de contrarrazões)
trabalhista, uma vez que somente após a notificação do devedor rejeitada. Recurso ordinário conhecido e não provido.
mora." DISPOSITIVO
Sem razão.
créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados em juízo a data TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
da efetiva prestação dos serviços. Sobre as contribuições unanimidade, rejeitar a preliminar de não conhecimento do apelo da
previdenciárias não recolhidas a partir da prestação dos serviços reclamada por deserção (suscitada pelo reclamante em sede de
incidem juros de mora e, uma vez apurados os créditos contrarrazões); conhecer do recurso ordinário e negar-lhe
previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores,
Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, 01 de setembro de 2021. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. PRELIMINAR DE
CESAR DE ALMEIDA MARINHO 1988. Provado, nos autos, que o reclamante, de fato e de direito,
norma prevista no art. 37, IX, da CF/1988. Neste caso, temos uma
PODER JUDICIÁRIO situação em que a empresa recorrida, mesmo fundada em edital
JUSTIÇA DO específico, ultrapassou os limites de duração do contrato, para fins
dotada de personalidade jurídica de direito privado, que atua em A Exma. Juíza MILENA MOREIRA DE SOUSA, Titular da 6ª Vara
regime de concorrência quanto aos serviços de transporte público. do Trabalho de Fortaleza, nos termos da sentença de fls. 443/450,
Assim, não goza das prerrogativas inerentes à Fazenda Pública. rejeitou as preliminares de incompetência material da Justiça do
PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE ARGUIDA EM inépcia da inicial; acolheu a preliminar de iliquidez do pedido de
CONTRARRAZÕES PELA RECLAMADA. ARGUMENTO "reflexos das diferenças salariais sobre o adicional de
REFUTADO. PRELIMINAR REJEITADA. Demonstrado, nas periculosidade, adicional noturno, horas extras, repouso semanal
contrarrazões, que a parte recorrida não encontrou qualquer remunerado e demais verbas não especificadas", extinguindo-os,
dificuldade formal para impugnar as pretensões formuladas no sem resolução de mérito. Decidiu, no que toca ao mérito da lide,
recurso ofertado pelo reclamante, impõe-se a rejeição da preliminar julgar parcialmente procedentes os pedidos formulados na petição
de ausência de dialeticidade que, nos termos da súmula 422, III, do inicial para, ao final, condenar a empresa reclamada, Companhia
TST, apenas se caracteriza, nos Tribunais Regionais do Trabalho, Cearense de Transportes Metropolitanos - Metrofor, a pagar ao
"em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos reclamante, Alex de Oliveira Araújo, "diferenças entre os salários
fundamentos da sentença." No caso concreto, o recorrente pagos e os que são devidos com a aplicação dos reajustes
apresenta motivação razoável para fins de impugnação da estabelecidos nos acordos coletivos de 2018 e 2019, inclusive o
sentença, não havendo que se falar em ausência de dialeticidade. retroativo a 2017, bem como seus reflexos sobre os 13º salários,
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. REAJUSTE reflexos são devidos em parcelas vencidas e vincendas, até a
SALARIAL. ACT DE 2016 E POSTERIORES A 2019. O efetiva incorporação dos reajustes na folha de pagamento do autor."
reclamante, admitido em 15/05/2017, tem direito, a partir da data de Decidiu, ademais, a juíza sentenciante reconhecer "[...] que o
sua admissão, ao reajuste salarial previsto no ACT de 2016, no contrato de trabalho firmado entre os litigantes passou a vigorar por
percentual de 10,67% (Cláusula 4ª), como também, enquanto se prazo indeterminado. Entretanto, considerando a natureza jurídica
mantiver ativo o contrato de trabalho firmado entre o reclamante e a da reclamada, tal conversão é somente admitida para fins
reclamada, hão de prevalecer as normas em vigor, em tese, rescisórios, não havendo que se falar na permanência do
aplicáveis aos demais empregados da empresa, haja vista se tratar, reclamante no emprego indefinidamente, sem a realização de
in casu, da indeclinável incidência do princípio da isonomia salarial. concurso público. Condenou, ainda, as partes em honorários
Sentença reformada, no aspecto. VALE CULTURA. advocatícios sucumbenciais, "fixados em 10% do valor da
IMPOSSIBILIDADE LEGAL DE CONVERSÃO EM DINHEIRO. condenação, os quais são devidos na proporção de 50% para
INDEFERIMENTO DO PEDIDO. Merece confirmação a decisão o(s)advogado(s) do autor e 50% para o(s) da reclamada, vedada a
judicial mediante a qual restou indeferido o pedido de conversão do compensação.", determinando a suspensão da exigibilidade da
"vale cultura" em pecúnia, considerando-se que tal procedimento, a parcela devida pelo autor.
par de legalmente vedado, desvirtua a finalidade do benefício, de Os embargos de declaração opostos pela empresa reclamada
inegável objetivo sócio-cultural. Sentença mantida, no particular. foram julgados improcedentes, conforme sentença de fl. 467.
Recurso ordinário da reclamada conhecido; mantida a rejeição Inconformado, interpôs o reclamante o recurso ordinário de ID
à preliminar de incompetência absoluta da Justiça do Trabalho 4034e88 (fls. 470/491), postulando, em resumo, se acresçam à
Preliminar de não conhecimento do recurso ordinário do decorrentes dos acordos coletivos de 2016 e posteriores a 2019;
reclamante (suscitada em sede de contrarrazões pela considera o reclamante que a correção salarial deve ser "[...] feita
reclamada) rejeitada. Recurso ordinário do reclamante com base nos índices previstos nos Acordos Coletivos da categoria,
conhecido e provido em parte. incluindo o ACT/2016 com índice de 10,67%, que corrigiu o salário
ainda, o reclamante se acrescentem à condenação os valores uma vez que este não veio a ser aprovado em concurso para
pertinentes ao "Vale Cultura, previsto no Acordo Coletivo de 2018 ingresso em emprego público." (fl. 525)
da categoria, no valor mensal de R$ 50,00". Argumenta, ainda, a reclamada que não é cabível aplicar-se a
Igualmente inconformada, interpôs a Companhia reclamada o ultratividade das normas coletivas, que o reclamante, em havendo
recurso ordinário de ID 8490f28 (fls. 492/539) por via do qual insiste reversão do julgado, deve ser condenado ao pagamento de
em que a Justiça do Trabalho não detém competência para honorários advocatícios, aduzindo que eventual condenação deve
conhecer dos pedidos formulados na vertente demanda, eis que se ser objeto de execução via requisição de pequeno valor (RPV) ou
relacionam a contrato de natureza administrativa firmado à luz do mediante precatório. (fl. 538)
disposto no art 37, IX, da Constituição Federal de 1988. Regularmente notificada, ofertou a reclamada as contrarrazões de
Segundo a reclamada, conforme excerto de págs. 499, fls. 550/566, alçando preliminar de ausência de dialeticidade para
"Dúvidas não mais subsistem, portanto, de que a Justiça do requerer, ao final, que o recurso interposto pelo reclamante não seja
Trabalho não possui competência para processar e julgar ações que conhecido; o reclamante, por seu turno, apresentou as
envolvam a administração pública direta ou indireta e seus contrarrazões de fls. 567/604, por via das quais impugna as
servidores, tanto os detentores de cargo público, como aqueles que pretensões formuladas no recurso patronal.
detêm empregos públicos (com ingresso mediante contrato Inexigível a intervenção do Ministério Público do Trabalho, eis que
temporário, por concurso ou estabilizados), como é o caso do os recursos ordinários a ser analisados envolvem interesses
da CF/88."
vinculada à Lei Estadual 16.206 que previu o percentual de reajuste Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos de
aplicável aos empregados públicos temporários, sendo irrelevante, admissibilidade, como atestam as certidões de fls. 546 e 606, impõe
portanto, a identidade de função e nomenclatura dos cargos." (fl. -se o conhecimento dos recursos e das respectivas contrarrazões,
Considera a recorrente que se apresenta da dialeticidade a que se refere o art. 1010, do CPC/2015, sendo
"Inconteste, dessa forma, que o regime jurídico de contratação razoável concluir que o reclamante ofertou fundamentos, de fato e
temporária é especial, de maneira que as pessoas contratadas de direito, que propiciam perfeita compreensão das questões
submetem-se a regime jurídico-administrativo e têm seu vínculo Ademais, é fato que a reclamada, apesar da questão preliminar
laboral regido por lei em sentido formal, e não por Acordo Coletivo. alçada em desfavor da admissibilidade do recurso autoral,
Assim, os salários dos empregados temporários, devem ser apresentou extensas contrarrazões ao referido apelo, por via das
regulamentados por lei própria, inclusive, no que tange aos quais impugnou, pontualmente, as pretensões deduzidas pelo
reajustes e revisões, não havendo que se falar em equiparação, ou reclamante, restando certo que a dialeticidade se fez presente no
pode informar que houve uma violação ao princípio da isonomia, Com efeito, nada obstante o entendimento esposado nas
pois o fundamento legal do enquadramento dos servidores contrarrazões, a reclamada teve ciência precisa das pretensões
temporários são as leis complementares nº 164 e165." (fl. 513) constantes do recurso autoral que, sem dúvida, vieram à tona
Tece a recorrente outras considerações e, ao final, pede a reforma justamente pelo fato de a juíza, na sentença recorrida, ter se
da sentença a fim de que se julguem improcedentes os pedidos manifestado em sentido oposto aos interesses da parte recorrente.
formulados na exordial, impugnando, ainda, a sentença quanto à Preliminar de ausência de dialeticidade do recurso do reclamante
temporário para por prazo indeterminado (para fins rescisórios), "[...] PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
Alega a reclamada que falece competência à Justiça do Trabalho judicial, por meio da arguição de inconstitucionalidade, suscitada
para conhecer da presente demanda, arguindo, para esse fim, que perante o Supremo Tribunal Federal, através da ADI 2135-MC, no
"O contrato de trabalho do empregado público temporário é que resultou a suspensão, cautelarmente, da eficácia da redação
celebrado mediante interesse público excepcional, configurando, trazida pela referida Emenda Constitucional.
assim, a natureza administrativa do contrato, sendo de competência Posteriormente, com a Emenda Constitucional nº 45 de 2004, que
da justiça comum o processamento e julgamento do presente feito". deu nova redação ao artigo 114 da Carta Federal, dispondo em seu
Analisando a questão, considerou a magistrada sentenciante que, in inciso I que a Justiça do Trabalho possuía competência para
casu, "[...] o que houve foi a contratação do reclamante por uma processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho,
sociedade de economia e sob a égide da CLT, como se verifica no abrangidos os entes de direito público externo e da administração
contrato trabalho juntado aos autos. Ora, a empresa estatal, quando pública direta e indireta dos Municípios, Distrito Federal, Estados e
contrata trabalhador sob o regime celetista, independente de ser União, no entanto, restou decidido através de liminar do STF, com
temporário, equipara-se ao empregador particular, o que atrai a efeitos erga omnes, em face da ADIN 3395-DF, a suspensão de
competência desta Justiça Especializada." qualquer interpretação da novel redação do art. 114, da
Data venia de entendimentos em sentido contrário, forçoso Constituição Federal, tendente a incluir, na competência desta
reconhecer que razão assiste à magistrada sentenciante, mormente Justiça Especializada, os dissídios envolvendo servidores públicos.
porque não se há de confundir a contratação temporária de Todavia, diversa é a situação dos autos, em que se verificou vínculo
empregados, com adoção do sistema celetista (art. 443, §1º, da de natureza jurídica contratual trabalhista, em que a parte
CLT) com a contratação destinada a "atender a necessidade contratante é integrante da Administração Pública Indireta, restando
temporária de excepcional interesse público" estabelecida no art. seus empregados submetidos às normas da CLT, de modo que
37, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, até porque os insere-se na competência material da Justiça do Trabalho, nos
serviços que justificaram a formação do contrato com o reclamante termos do art. 114, I da CF/88.
se referem à atividade-fim e permanente da Companhia Cearense Ademais, é incontroverso que o reclamante fora submetido a
de Transportes Metropolitanos - Metrofor, não se caracterizando processo seletivo simplificado, conforme Edital nº 02/2016 (ID.
como prestações temporárias ou excepcionais. c5a01ef), restando expressamente definido na LC 165/2016, que
Demais disso, como se assentou no Acórdão pertinente ao dispôs sobre a contratação por tempo determinado para atender à
08/07/2020, sendo Relatora a Desembargadora Maria Roseli Cearense de Transportes Metropolitanos - Metrofor, em seu § 8º,
Mendes Alencar, "[...] segundo entendimento prevalecente no que "Aos profissionais contratados, nos termos desta Lei
âmbito do Supremo Tribunal Federal, a competência é fixada pela Complementar, aplica-se o disposto na Consolidação das Leis
natureza da relação jurídica mantida entre os litigantes, e não em Trabalhistas - CLT" (ID. 61d3ad9 - Pág. 1), tendo sua Carteira de
face da causa de pedir ou dos pedidos." Trabalho e Previdência Social (CTPS) devidamente anotada (ID.
Colhem-se, do mesmo Acórdão, prolatado à unanimidade dos 28ed92d - Pág. 3), restando reconhecida a natureza trabalhista do
Membros do Órgão Julgador, os seguintes fundamentos que, por vínculo mantido com o reclamante.
sua relevância, peço venia para reproduzir, verbis: Portanto, não há se falar em aplicação do decidido na ADI 3395,
"Com efeito, efetivamente ao longo dos anos desenvolveram-se as porquanto a hipótese ali definida alcança "o Poder Público e seus
mais variadas discussões, de ordens doutrinárias e jurisprudenciais, servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária
julgar as ações promovidas pelos servidores públicos contra os Diante do exposto, outra solução não se apresenta que não seja a
entes públicos contratantes. Tais discussões tiveram início a partir ratificação da sentença no que concerne à rejeição da preliminar de
do advento da Constituição Federal de 1988 que estabeleceu incompetência da Justiça do Trabalho para conhecer, processar a
Com a edição da Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/1998, que Resolvidas as questões preliminares, segue-se, em separado, o
previa disposição legal quanto à extinção do preceito constitucional exame meritório de cada recurso, iniciando-se pelo apelo da
que instituiu regime jurídico único e, por conseguinte, permitia a reclamada em virtude do caráter de prejudicialidade que exerce
contratação de servidores sob a égide estatutária, celetista e outros, sobre as pretensões do reclamante.
DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA 4.1 - O METROFOR concederá aos seus empregados, reajuste
Adotam-se, com todas as vênias, quanto ao exame meritório do salarial no percentual de 10,67% (dez vírgula sessenta e sete por
constante do Acórdão pertinente ao processo nº 0001197- 4.2 - Todos os reflexos financeiros decorrentes do reajuste salarial
06.20195.07.0001, antes referido, eis que se trata de tema comum, serão aplicados, também, nas demais verbas remuneratórias dos
já apreciado pela colenda Primeira Turma, restando decidido, por empregados, não atingidas por outras disposições legais."
caso, as regras de direito administrativo. 4.1 - O METROFOR reajustará o salário dos seus empregados com
A apelante repisa a tese de impossibilidade de os salários dos Consumidor - INPC/2017, a partir de 01 de janeiro de 2018.
empregados temporários serem reajustados consoante os 4.1.1 - O METROFOR concederá ainda aos seus empregados, à
percentuais previstos nos Acordos Coletivos de Trabalho firmados, título de quitação do reajuste salarial do ano de 2017, reajuste
aplicáveis aos empregados de carreira da Metrofor. salarial no percentual de 6,52% (seis vírgula cinquenta e dois por
Argumenta, em suma, que "os salários dos empregados centos), a partir de 01 de janeiro de 2018.
temporários, devem ser regulamentados por lei própria, inclusive, no 4.1.2 - Fica acordado que o pagamento, referente aos reajustes
que tange aos reajustes e revisões, não havendo que se falar em acima especificados, será efetuado até o 5ºdia útil do mês de
estatal. Não se pode informar que houve uma violação ao princípio (...)"
da isonomia, pois o fundamento legal do enquadramento dos Como visto, as normas coletivas transcritas preceituam que a
servidores temporários são as leis complementares nº 164 e165". reclamada reajustará os salários de seus empregados, sem que
O Magistrado sentenciante, ao argumento de que as "cláusulas das haja, na cláusula específica, qualquer exceção quanto a sua
normas coletivas são aplicáveis a todos os empregados da incidência, donde se conclui que alcança, por certo, tanto os
reclamada, sem distinção entre os empregados contratados por salários dos empregados efetivos quanto os dos contratados de
nem poderia haver tal distinção por violação ao princípio da Não prospera a imprecação recursal de aplicação do percentual de
isonomia e ao artigo 461 da CLT)", deferiu ao reclamante o direito reajuste definido da Lei nº 16.206/2017, porquanto, como bem
de ter seus salários reajustados conforme percentuais dispostos nos pontuou o Magistrado de origem, a referida lei "não se aplica ao
respectivos Acordos Coletivos de Trabalho. reclamante porque ele não foi contratado para trabalhar em
Ao exame do conteúdo probatório, conclui-se que a sentença não Autarquia, Fundação Pública e/ou diretamente para o Estado do
Com efeito, consoante fundamentação esposada no tópico retro, Administração exorbitado sua atribuição e legislado sobre Direito do
não há se concluir que os empregados temporários da reclamada Trabalho ao dispor índice de reajustes diversos para os
é entidade integrante da Administração Pública Indireta, em que os Outrossim, ainda que aludida legislação restasse aplicável aos
seus empregados efetivos se submetem às normas celetistas, empregados temporários da Metrofor, o fato de haver norma mais
assim se sujeitando também os empregados contratados benéfica ao contrato de trabalho - como o reajuste firmado no
temporariamente, restando inerente a relação de trabalho, no acordo coletivo -, conforme princípio trabalhista, atrai a sua
(ID. 04bc62e - Pág. 2) e ACT/2018 (ID. e44a076 - Pág. 2): Em relação à arguida dedução/compensação de valores quitados a
"ACORDO COLETIVO 2016 igual título, de se consignar que a decisão primeva já determinou "a
Por tais razões, de se confirmar a sentença, que condenou a efetiva tutela ao direito de livre e igualitário acesso aos quadros da
reclamada no pagamento das "diferenças salariais decorrentes dos Administração Pública, prevendo a necessidade de concurso
reajustes salariais não concedidos (reajuste de 10,67% a partir de público de provas ou de provas e títulos para a investidura tanto em
janeiro de 2017 e os reajustes de 2,95%, a partir de 01.01.2018; e cargos quanto em empregos públicos." (fl. 525)
de 6,52%, também a partir de 01.01.2018, conforme cláusula 04 da Em que pese a insatisfação demonstrada no apelo ordinário,
norma coletiva de 2018); e repercussões das diferenças salariais importa ratificar a decisão recorrida, eis que a "conversão"
nas férias mais 1/3, 13º salários e nos depósitos do FGTS". contratual determinada pela juíza sentenciante tem caráter limitado,
Nega-se provimento, no particular." dirigida apenas aos "fins rescisórios", não se tratando, portanto, de
No caso concreto, considerou a MM. Juíza sentenciante, Dra. providência violadora da norma constitucional acima referenciada.
Milena Moreira de Sousa, da 6ª Vara do Trabalho de Fortaleza, Neste caso, temos uma situação em que a empresa recorrida,
tomando por base o princípio da isonomia, que mesmo fundada em edital específico, ultrapassou os limites de
"Ocorre que os empregados temporários da reclamada não se duração do contrato, para fins de manutenção do prazo
sujeitam ao regime jurídico-administrativo, pois a METROFOR é determinado, que deve comportar, no máximo, duas prorrogações,
entidade da Administração Pública Indireta, motivo por que seus violando, assim, a regra estabelecida no art. 451, da CLT.
empregados se submetem às normas celetistas, mesmo os Importa ressaltar que a sentença, neste ponto, tem natureza
contratados temporariamente, como já exposto quando da analise manifestamente declaratória e, assim, não alberga a condenação da
da preliminar de incompetência da Justiça do Trabalho. Além disso, reclamada ao pagamento de aviso prévio ou de multa sobre os
inaplicável o reajuste previsto na Lei Estadual nº. 16.206/2017, uma depósitos do FGTS. Veja-se:
vez que alcança somente os salários dos servidores civis do Poder "DO AVISO PRÉVIO, DA INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DO
Executivo, autarquias, fundações públicas e dos militares do SEGURO-DESEMPREGO E DA MULTA DE 40% SOBRE O FGTS.
Estado, não abrangendo, portanto, empregados das sociedades de Indefiro, pois o contrato de trabalho ainda está em vigor." (fl. 446)
Esse o quadro, importa ratificar a decisão recorrida no que concerne DA VEDAÇÃO DE ULTRATIVIDADE DAS NORMAS COLETIVAS
à condenação da reclamada na obrigação de pagar ao reclamante Argumenta a reclamada que "[...] na remota hipótese de deferimento
as "diferenças entre os salários pagos e os que são devidos com a dos pleitos autorais quanto aos reajustes salariais perquiridos, estes
aplicação dos reajustes estabelecidos nos acordos coletivos de devem limitar-se tão somente ao ano de 2018, de maneira que a
2018 e 2019, inclusive o retroativo a 2017, bem como seus reflexos aplicabilidade pleiteada pelo autor referente aos anos de 2016 e
sobre os 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional e posteriores a 2019 encontra óbice legal, haja vista que o parágrafo
Recurso improvido neste ponto, considerando-se, em arremate, ultratividade dos instrumentos coletivos, nos termos já expostos."
que, no caso concreto, não há falar em equívoco na interpretação Cabe ressaltar que não se aplica a vedação de ultratividade das
do princípio da isonomia e, tampouco, em violação à regra prevista normas coletivas aos reajustes previstos em acordos ou em
no art. 114, do Código Civil Brasileiro, visto que as normas coletivas convenções coletivas de trabalho, haja vista que, em cada caso, a
de trabalho, sobretudo no que concerne a reajustes salariais, devem atualização salarial depende de previsão específica no instrumento,
ser aplicadas de acordo com sua literalidade, eis que não se trata restando certo que, uma vez concedido o aumento de salário, não
de negócio jurídico benéfico, mas de pacto que, ao fim e ao cabo, se pode falar em sua redução, eis que se trata de procedimento que
resulta de acordo de vontades. fere gravemente a regra estabelecida no art. 7º, inciso VI, da
Insurge-se a empresa reclamada contra a sentença recorrida, no Importa destacar, ainda, que os reajustes relativos aos anos de
que tange ao reconhecimento de que o contrato de trabalho por 2016 e posteriores a 2019 constituem objeto do recurso do
prazo determinado, no caso concreto, seja convertido para "contrato reclamante, cuidando-se de pedido a ser analisado em momento
Explica a recorrente que o contrato por prazo determinado, no caso Sentença mantida quanto à concessão dos reajustes salariais de
concreto, tem arrimo no Edital 02/2016, aduzindo que a conversão 2018 e de 2019, inclusive o retroativo a 2017.
para contrato sem prazo (indeterminado) "[...] vai de encontro ao art. REGIME DE EXECUÇÃO.
37 da Constituição Federal que surgiu com o propósito de promover Postula a Companhia recorrente seja aplicada à execução dos
valores devidos ao reclamante o sistema de precatórios ou de constitucional ou de interpretação final do Supremo Tribunal Federal
requisições de pequeno valor, visto que "[...] tem como principal que, expressamente, estenda o benefício para além dos limites
tendo, sem dúvida alguma, o seu capital integralizado Ratifica-se, pois, o entendimento sentencial, assim concebido:
exclusivamente por entes estatais, além de executar serviço "A reclamada é sociedade de economia mista, dotada de
público, inobstante sua constituição de pessoa jurídica de direito personalidade jurídica de direito privado, que atua em regime de
Conforme já se decidiu nos autos do processo que nos serve de goza das prerrogativas inerentes à Fazenda Pública.
Confira-se, portanto, o que restou assentado no Acórdão relativo ao DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar, antes referido, dos honorários advocatícios sucumbenciais, requerendo, após tecer
"O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 599.628-RG à verba em questão seja descontado dos haveres devidos ao
(Rel. Min. AYRES BRITTO, Rel. p/ acórdão Min. JOAQUIM indigitado trabalhador.
BARBOSA, Rel. Atual. Min. MIN. ROBERTO BARROSO, DJe de O exame da sentença deixa evidenciado que o juiz condenou
17/10/2011), Tema 253 da Tabela de Repercussão Geral, em que ambas as partes ao pagamento de honorários sucumbenciais,
se discutiu a aplicabilidade do regime de precatórios às entidades restando assentado que o valor devido pelo reclamante deve
da Administração Indireta prestadoras de serviços públicos permanecer sob condição suspensiva de exigibilidade.
essenciais, firmou o entendimento de que "os privilégios da A decisão não merece reproches, eis que se coaduna com a regra
Fazenda Pública são inextensíveis às sociedades de economia estabelecida no art. 791-A, §4º, da CLT, com redação dada pela Lei
mista que executam atividades em regime de concorrência ou que nº13.467/2017, encontrando, ademais, ajustada ao entendimento
tenham como objetivo distribuir lucros aos seus acionistas". firmado pelo colendo Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região,
Nesse contexto, o c. TST decidiu "que a execução deve ser expresso nos autos do processo nº 0080026-04.20169.5.07.0000,
realizada pelo regime de precatórios quando se trata de sociedade em que restou decidida a inconstitucionalidade da expressão "desde
de economia mista que realiza atividade típica de estado, com que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo,
capital majoritariamente público, em regime não concorrencial, e créditos capazes de suportar a despesa."
sem o objetivo de distribuição de lucros e dividendos". (RO-64- Assim, forçoso manter intacta a decisão também quanto à
32.2017.5.13.0000, Relator Ministro Alexandre Agra Belmonte, suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios
qual, em que pese prestar serviço público de utilidade pública, é REAJUSTES SALARIAIS DECORRENTES DOS ACT's DE 2016 E
serviços de transporte público oferecidos no Estado do Ceará. Busca o reclamante, conforme relatado, a reforma da sentença, no
Logo, não há que se lhe estender as prerrogativas inerentes à que tange aos reajustes salariais previstos nos acordos coletivos de
Fazenda Pública, encontrando-se, portanto, sujeita ao regime trabalho, argumentando que o Juízo a quo olvidou de deferir os
jurídico próprio das empresas privadas, nos moldes do art. 173, § pedidos relativos aos ACT's de 2016 e posteriores a 2019.
1º, II, da CF/88, não havendo se falar em regime de execução Aduz o recorrente, quanto ao tema, que
próprio de precatórios." O juízo a quo DEFERIU o pedido relativo ao reajuste salarial, para
Embora adotando o entendimento supra mencionado, não é demais que estes fossem feitos em consonância com os Acordos Coletivos
acrescer que o Regime de Precatórios e de Requisições de da categoria, mas limitou a aplicação da correção salarial aos
Pequeno Valor (RPV's) deve observar as normas estabelecidas no ACT's dos anos de 2017 a 2019, excluindo o reajuste previsto
art. 100, da Constituição Federal de 1988, somente admissível no ACT-2016, bem como os posteriores a 2019, que venham a
quanto a entidades da Administração Indireta, que não se incluem entrar em vigor durante a vigência do contrato de trabalho do
no conceito de Fazenda Pública, em face de disposição reclamante, argumentando, quanto ao ACT/2016, que o reclamante
ainda não havia sido contratado quando de sua entrada em vigor, e, no ato de expiração do referido instrumento de negociação coletiva.
em relação à ACT's posteriores a 2019, ignorando que a É que o prazo prescricional para a busca de direitos trabalhistas
condenação se refere à aplicação dos mesmos reajustes previstos sonegados é, conforme o art. 7º, XXIX da Constituição Federal, bem
para os empregados de carreira da empresa reclamada enquanto como o art. 11 da Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, de 5
durar o contrato de trabalho do reclamante e não apenas aos anos (cinco) anos," [...] Portanto, a simples expiração de um Acordo
de 2017 a 2019." Coletivo de Trabalho não é motivo para que os direitos ali previstos,
Conforme asseverou a magistrada de origem, as cláusulas das e sonegados ao empregado, expirem junto com ele, podendo sim,
normas coletivas são aplicáveis a todos os empregados da serem cobrados no Poder Judiciário, conforme previsão
reclamada sem distinção entre os empregados contratados de constitucional e legal. Em relação à segunda premissa adotada na
forma temporária e os com contrato por prazo indeterminado, sob sentença, a de que a legislação proíbe a conversão em pecúnia do
pena de violação ao princípio da isonomia e art. 461, da CLT. benefício requerido, há de se destacar que o que a lei proíbe é que
Desse modo, não merece reprimenda o entendimento do juízo a o empregador converta o benefício do Vale Cultura em pecúnia,
quo quanto ao direito do reclamante a receber os mesmos reajustes uma vez que estaria descaracterizando-o. Quanto à uma possível
salariais concedidos aos trabalhadores contratados por prazo extensão dessa proibição ao Poder Judiciário, conforme previsto na
Assim, o reclamante, admitido em 15/05/2017, tem direito, a partir dispõe de ampla autonomia para, como forma de punição ao
da data de sua admissão, ao reajuste salarial previsto no ACT de violador e compensação ao lesado, converter qualquer benefício
2016, no percentual de 10,67% (previsto na Cláusula 4ª), como sonegado em valores pecuniários, [...]" (grifos no original)
também, enquanto se mantiver ativo o contrato de trabalho firmado A propósito do tema, colhe-se da sentença recorrida a informação a
vigor, em tese, aplicáveis aos demais empregados da empresa, "Ocorre que não é possível exigir o cumprimento da obrigação no
haja vista se tratar, in casu, da indeclinável incidência do princípio presente momento, pois o ACT de 2018 já expirou. Ademais, a
Impõe-se, pois, acrescer à condenação a obrigação de a reclamada artigo 8º, §3º, da Lei nº. 12.761/2012. Portanto, indefiro o pedido."
pagar as diferenças salariais em decorrência do reajuste de 10,67% Não houve, no caso concreto, tempo para que a empresa
a partir de maio de 2017 (data de admissão do autor), conforme reclamada cumprisse a regra constante da cláusula normativa
previsto no ACT de 2016 (fls. 329 e seguintes), bem assim os acima referida, mormente porque o Acordo Coletivo somente foi
reajustes posteriores a 2019 (se houver), e, assim, sucessivamente, assinado em 18 de dezembro de 2018, 19 dias antes de findar sua
observados os instrumentos coletivos que sejam, efetivamente, vigência, e, ainda, porque o vale cultura, por disposição legal, bem
firmados entre a empresa e a representação da categoria como por questão de lógica, de coerência e de finalidade, não se há
salários, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS, nos Sentença mantida, no aspecto.
conforme determinado pela magistrada sentenciante. Recurso ordinário da reclamada conhecido; mantida a rejeição à
Objetiva, ainda, o reclamante a reforma da sentença quanto ao Rejeitada a preliminar de não conhecimento do recurso ordinário do
indeferimento do pedido de condenação da reclamada ao reclamante (suscitada em sede de contrarrazões pela reclamada);
pagamento do vale cultura previsto no acordo coletivo de trabalho recurso ordinário do reclamante conhecido e provido em parte.
que o fato de um Acordo ou Convenção Coletiva ter expirado não ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 1ª TURMA DO
faz com que os direitos ali previstos simplesmente sejam prescritos TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
exceção quanto a sua incidência, de se concluir que o reajuste percentual de 10,67% (Cláusula 4ª), como também, enquanto se
respectivo alcança, por certo, tanto os salários dos empregados mantiver ativo o contrato de trabalho firmado entre o reclamante e a
efetivos quanto os dos contratados de forma temporária. Sentença reclamada, hão de prevalecer as normas em vigor, em tese,
mantida, no tópico. aplicáveis aos demais empregados da empresa, haja vista se tratar,
CONVERSÃO DO CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO EM in casu, da indeclinável incidência do princípio da isonomia salarial.
CONTRATO SEM PRAZO PARA FINS RESCISÓRIOS. Sentença reformada, no aspecto. VALE CULTURA.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO À NORMA PREVISTA NO ART. 37, IMPOSSIBILIDADE LEGAL DE CONVERSÃO EM DINHEIRO.
INCISO NONO DA CF/1988. Em que pese a insatisfação INDEFERIMENTO DO PEDIDO. Merece confirmação a decisão
demonstrada no apelo ordinário, importa ratificar a decisão judicial mediante a qual restou indeferido o pedido de conversão do
recorrida, eis que a "conversão" contratual determinada pela juíza "vale cultura" em pecúnia, considerando-se que tal procedimento, a
sentenciante tem caráter limitado, dirigida apenas aos "fins par de legalmente vedado, desvirtua a finalidade do benefício, de
rescisórios", não se tratando, portanto, de providência violadora da inegável objetivo sócio-cultural. Sentença mantida, no particular.
norma prevista no art. 37, IX, da CF/1988. Neste caso, temos uma Recurso ordinário da reclamada conhecido; mantida a rejeição
situação em que a empresa recorrida, mesmo fundada em edital à preliminar de incompetência absoluta da Justiça do Trabalho
específico, ultrapassou os limites de duração do contrato, para fins e, no mérito, apelo improvido.
de manutenção do prazo determinado, que deve comportar, no Preliminar de não conhecimento do recurso ordinário do
máximo, duas prorrogações, violando, assim, a regra estabelecida reclamante (suscitada em sede de contrarrazões pela
no art. 451, da CLT. Importa ressaltar que a sentença, neste ponto, reclamada) rejeitada. Recurso ordinário do reclamante
tem natureza manifestamente declaratória e, assim, não alberga a conhecido e provido em parte.
dotada de personalidade jurídica de direito privado, que atua em A Exma. Juíza MILENA MOREIRA DE SOUSA, Titular da 6ª Vara
regime de concorrência quanto aos serviços de transporte público. do Trabalho de Fortaleza, nos termos da sentença de fls. 443/450,
Assim, não goza das prerrogativas inerentes à Fazenda Pública. rejeitou as preliminares de incompetência material da Justiça do
PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE DIALETICIDADE ARGUIDA EM inépcia da inicial; acolheu a preliminar de iliquidez do pedido de
CONTRARRAZÕES PELA RECLAMADA. ARGUMENTO "reflexos das diferenças salariais sobre o adicional de
REFUTADO. PRELIMINAR REJEITADA. Demonstrado, nas periculosidade, adicional noturno, horas extras, repouso semanal
contrarrazões, que a parte recorrida não encontrou qualquer remunerado e demais verbas não especificadas", extinguindo-os,
dificuldade formal para impugnar as pretensões formuladas no sem resolução de mérito. Decidiu, no que toca ao mérito da lide,
recurso ofertado pelo reclamante, impõe-se a rejeição da preliminar julgar parcialmente procedentes os pedidos formulados na petição
de ausência de dialeticidade que, nos termos da súmula 422, III, do inicial para, ao final, condenar a empresa reclamada, Companhia
TST, apenas se caracteriza, nos Tribunais Regionais do Trabalho, Cearense de Transportes Metropolitanos - Metrofor, a pagar ao
"em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos reclamante, Alex de Oliveira Araújo, "diferenças entre os salários
fundamentos da sentença." No caso concreto, o recorrente pagos e os que são devidos com a aplicação dos reajustes
apresenta motivação razoável para fins de impugnação da estabelecidos nos acordos coletivos de 2018 e 2019, inclusive o
sentença, não havendo que se falar em ausência de dialeticidade. retroativo a 2017, bem como seus reflexos sobre os 13º salários,
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. REAJUSTE reflexos são devidos em parcelas vencidas e vincendas, até a
SALARIAL. ACT DE 2016 E POSTERIORES A 2019. O efetiva incorporação dos reajustes na folha de pagamento do autor."
reclamante, admitido em 15/05/2017, tem direito, a partir da data de Decidiu, ademais, a juíza sentenciante reconhecer "[...] que o
sua admissão, ao reajuste salarial previsto no ACT de 2016, no contrato de trabalho firmado entre os litigantes passou a vigorar por
prazo indeterminado. Entretanto, considerando a natureza jurídica vinculada à Lei Estadual 16.206 que previu o percentual de reajuste
da reclamada, tal conversão é somente admitida para fins aplicável aos empregados públicos temporários, sendo irrelevante,
rescisórios, não havendo que se falar na permanência do portanto, a identidade de função e nomenclatura dos cargos." (fl.
concurso público. Condenou, ainda, as partes em honorários Considera a recorrente que se apresenta
advocatícios sucumbenciais, "fixados em 10% do valor da "Inconteste, dessa forma, que o regime jurídico de contratação
condenação, os quais são devidos na proporção de 50% para temporária é especial, de maneira que as pessoas contratadas
o(s)advogado(s) do autor e 50% para o(s) da reclamada, vedada a temporariamente com fundamento no art. 37, inciso IX, da CF,
compensação.", determinando a suspensão da exigibilidade da submetem-se a regime jurídico-administrativo e têm seu vínculo
parcela devida pelo autor. laboral regido por lei em sentido formal, e não por Acordo Coletivo.
Os embargos de declaração opostos pela empresa reclamada Assim, os salários dos empregados temporários, devem ser
foram julgados improcedentes, conforme sentença de fl. 467. regulamentados por lei própria, inclusive, no que tange aos
Inconformado, interpôs o reclamante o recurso ordinário de ID reajustes e revisões, não havendo que se falar em equiparação, ou
4034e88 (fls. 470/491), postulando, em resumo, se acresçam à sujeição ao regime jurídico dos empregados da estatal. Não se
condenação, já imposta à reclamada, os reajustes de salário pode informar que houve uma violação ao princípio da isonomia,
decorrentes dos acordos coletivos de 2016 e posteriores a 2019; pois o fundamento legal do enquadramento dos servidores
considera o reclamante que a correção salarial deve ser "[...] feita temporários são as leis complementares nº 164 e165." (fl. 513)
com base nos índices previstos nos Acordos Coletivos da categoria, Tece a recorrente outras considerações e, ao final, pede a reforma
incluindo o ACT/2016 com índice de 10,67%, que corrigiu o salário da sentença a fim de que se julguem improcedentes os pedidos
do cargo/emprego do reclamante antes de sua posse, bem como os formulados na exordial, impugnando, ainda, a sentença quanto à
que vierem a ser assinados e passem a vigorar durante a vigência ordem de conversão do contrato de trabalho do reclamante, de
do contrato de trabalho do reclamante (2020, 2021, etc.)" Pede, temporário para por prazo indeterminado (para fins rescisórios), "[...]
ainda, o reclamante se acrescentem à condenação os valores uma vez que este não veio a ser aprovado em concurso para
pertinentes ao "Vale Cultura, previsto no Acordo Coletivo de 2018 ingresso em emprego público." (fl. 525)
da categoria, no valor mensal de R$ 50,00". Argumenta, ainda, a reclamada que não é cabível aplicar-se a
Igualmente inconformada, interpôs a Companhia reclamada o ultratividade das normas coletivas, que o reclamante, em havendo
recurso ordinário de ID 8490f28 (fls. 492/539) por via do qual insiste reversão do julgado, deve ser condenado ao pagamento de
em que a Justiça do Trabalho não detém competência para honorários advocatícios, aduzindo que eventual condenação deve
conhecer dos pedidos formulados na vertente demanda, eis que se ser objeto de execução via requisição de pequeno valor (RPV) ou
relacionam a contrato de natureza administrativa firmado à luz do mediante precatório. (fl. 538)
disposto no art 37, IX, da Constituição Federal de 1988. Regularmente notificada, ofertou a reclamada as contrarrazões de
Segundo a reclamada, conforme excerto de págs. 499, fls. 550/566, alçando preliminar de ausência de dialeticidade para
"Dúvidas não mais subsistem, portanto, de que a Justiça do requerer, ao final, que o recurso interposto pelo reclamante não seja
Trabalho não possui competência para processar e julgar ações que conhecido; o reclamante, por seu turno, apresentou as
envolvam a administração pública direta ou indireta e seus contrarrazões de fls. 567/604, por via das quais impugna as
servidores, tanto os detentores de cargo público, como aqueles que pretensões formuladas no recurso patronal.
detêm empregos públicos (com ingresso mediante contrato Inexigível a intervenção do Ministério Público do Trabalho, eis que
temporário, por concurso ou estabilizados), como é o caso do os recursos ordinários a ser analisados envolvem interesses
da CF/88."
admissibilidade, como atestam as certidões de fls. 546 e 606, impõe Demais disso, como se assentou no Acórdão pertinente ao
-se o conhecimento dos recursos e das respectivas contrarrazões, processo nº 0001197-06.20195.07.0001, Primeira Turma, de
destacando-se que, no caso concreto, não há violação ao princípio 08/07/2020, sendo Relatora a Desembargadora Maria Roseli
da dialeticidade a que se refere o art. 1010, do CPC/2015, sendo Mendes Alencar, "[...] segundo entendimento prevalecente no
razoável concluir que o reclamante ofertou fundamentos, de fato e âmbito do Supremo Tribunal Federal, a competência é fixada pela
de direito, que propiciam perfeita compreensão das questões natureza da relação jurídica mantida entre os litigantes, e não em
Ademais, é fato que a reclamada, apesar da questão preliminar Colhem-se, do mesmo Acórdão, prolatado à unanimidade dos
alçada em desfavor da admissibilidade do recurso autoral, Membros do Órgão Julgador, os seguintes fundamentos que, por
apresentou extensas contrarrazões ao referido apelo, por via das sua relevância, peço venia para reproduzir, verbis:
quais impugnou, pontualmente, as pretensões deduzidas pelo "Com efeito, efetivamente ao longo dos anos desenvolveram-se as
reclamante, restando certo que a dialeticidade se fez presente no mais variadas discussões, de ordens doutrinárias e jurisprudenciais,
Com efeito, nada obstante o entendimento esposado nas julgar as ações promovidas pelos servidores públicos contra os
contrarrazões, a reclamada teve ciência precisa das pretensões entes públicos contratantes. Tais discussões tiveram início a partir
constantes do recurso autoral que, sem dúvida, vieram à tona do advento da Constituição Federal de 1988 que estabeleceu
justamente pelo fato de a juíza, na sentença recorrida, ter se regime jurídico único para os servidores públicos.
manifestado em sentido oposto aos interesses da parte recorrente. Com a edição da Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/1998, que
Preliminar de ausência de dialeticidade do recurso do reclamante previa disposição legal quanto à extinção do preceito constitucional
PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO contratação de servidores sob a égide estatutária, celetista e outros,
Alega a reclamada que falece competência à Justiça do Trabalho judicial, por meio da arguição de inconstitucionalidade, suscitada
para conhecer da presente demanda, arguindo, para esse fim, que perante o Supremo Tribunal Federal, através da ADI 2135-MC, no
"O contrato de trabalho do empregado público temporário é que resultou a suspensão, cautelarmente, da eficácia da redação
celebrado mediante interesse público excepcional, configurando, trazida pela referida Emenda Constitucional.
assim, a natureza administrativa do contrato, sendo de competência Posteriormente, com a Emenda Constitucional nº 45 de 2004, que
da justiça comum o processamento e julgamento do presente feito". deu nova redação ao artigo 114 da Carta Federal, dispondo em seu
Analisando a questão, considerou a magistrada sentenciante que, in inciso I que a Justiça do Trabalho possuía competência para
casu, "[...] o que houve foi a contratação do reclamante por uma processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho,
sociedade de economia e sob a égide da CLT, como se verifica no abrangidos os entes de direito público externo e da administração
contrato trabalho juntado aos autos. Ora, a empresa estatal, quando pública direta e indireta dos Municípios, Distrito Federal, Estados e
contrata trabalhador sob o regime celetista, independente de ser União, no entanto, restou decidido através de liminar do STF, com
temporário, equipara-se ao empregador particular, o que atrai a efeitos erga omnes, em face da ADIN 3395-DF, a suspensão de
competência desta Justiça Especializada." qualquer interpretação da novel redação do art. 114, da
Data venia de entendimentos em sentido contrário, forçoso Constituição Federal, tendente a incluir, na competência desta
reconhecer que razão assiste à magistrada sentenciante, mormente Justiça Especializada, os dissídios envolvendo servidores públicos.
porque não se há de confundir a contratação temporária de Todavia, diversa é a situação dos autos, em que se verificou vínculo
empregados, com adoção do sistema celetista (art. 443, §1º, da de natureza jurídica contratual trabalhista, em que a parte
CLT) com a contratação destinada a "atender a necessidade contratante é integrante da Administração Pública Indireta, restando
temporária de excepcional interesse público" estabelecida no art. seus empregados submetidos às normas da CLT, de modo que
37, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, até porque os insere-se na competência material da Justiça do Trabalho, nos
serviços que justificaram a formação do contrato com o reclamante termos do art. 114, I da CF/88.
se referem à atividade-fim e permanente da Companhia Cearense Ademais, é incontroverso que o reclamante fora submetido a
de Transportes Metropolitanos - Metrofor, não se caracterizando processo seletivo simplificado, conforme Edital nº 02/2016 (ID.
c5a01ef), restando expressamente definido na LC 165/2016, que normas coletivas são aplicáveis a todos os empregados da
dispôs sobre a contratação por tempo determinado para atender à reclamada, sem distinção entre os empregados contratados por
necessidade de excepcional interesse público da Companhia prazo indeterminado e os contratados por prazo determinado (e
Cearense de Transportes Metropolitanos - Metrofor, em seu § 8º, nem poderia haver tal distinção por violação ao princípio da
que "Aos profissionais contratados, nos termos desta Lei isonomia e ao artigo 461 da CLT)", deferiu ao reclamante o direito
Complementar, aplica-se o disposto na Consolidação das Leis de ter seus salários reajustados conforme percentuais dispostos nos
Trabalhistas - CLT" (ID. 61d3ad9 - Pág. 1), tendo sua Carteira de respectivos Acordos Coletivos de Trabalho.
Trabalho e Previdência Social (CTPS) devidamente anotada (ID. Ao exame do conteúdo probatório, conclui-se que a sentença não
vínculo mantido com o reclamante. Com efeito, consoante fundamentação esposada no tópico retro,
Portanto, não há se falar em aplicação do decidido na ADI 3395, não há se concluir que os empregados temporários da reclamada
porquanto a hipótese ali definida alcança "o Poder Público e seus se sujeitam à relação jurídico-administrativo, porquanto a promovida
servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária é entidade integrante da Administração Pública Indireta, em que os
Diante do exposto, outra solução não se apresenta que não seja a assim se sujeitando também os empregados contratados
ratificação da sentença no que concerne à rejeição da preliminar de temporariamente, restando inerente a relação de trabalho, no
julgar a vertente lide. Em relação aos reajustes salariais, restou definido nos ACT/2016
Resolvidas as questões preliminares, segue-se, em separado, o (ID. 04bc62e - Pág. 2) e ACT/2018 (ID. e44a076 - Pág. 2):
exame meritório de cada recurso, iniciando-se pelo apelo da "ACORDO COLETIVO 2016
DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA 4.1 - O METROFOR concederá aos seus empregados, reajuste
Adotam-se, com todas as vênias, quanto ao exame meritório do salarial no percentual de 10,67% (dez vírgula sessenta e sete por
constante do Acórdão pertinente ao processo nº 0001197- 4.2 - Todos os reflexos financeiros decorrentes do reajuste salarial
06.20195.07.0001, antes referido, eis que se trata de tema comum, serão aplicados, também, nas demais verbas remuneratórias dos
já apreciado pela colenda Primeira Turma, restando decidido, por empregados, não atingidas por outras disposições legais."
caso, as regras de direito administrativo. 4.1 - O METROFOR reajustará o salário dos seus empregados com
A apelante repisa a tese de impossibilidade de os salários dos Consumidor - INPC/2017, a partir de 01 de janeiro de 2018.
empregados temporários serem reajustados consoante os 4.1.1 - O METROFOR concederá ainda aos seus empregados, à
percentuais previstos nos Acordos Coletivos de Trabalho firmados, título de quitação do reajuste salarial do ano de 2017, reajuste
aplicáveis aos empregados de carreira da Metrofor. salarial no percentual de 6,52% (seis vírgula cinquenta e dois por
Argumenta, em suma, que "os salários dos empregados centos), a partir de 01 de janeiro de 2018.
temporários, devem ser regulamentados por lei própria, inclusive, no 4.1.2 - Fica acordado que o pagamento, referente aos reajustes
que tange aos reajustes e revisões, não havendo que se falar em acima especificados, será efetuado até o 5ºdia útil do mês de
estatal. Não se pode informar que houve uma violação ao princípio (...)"
da isonomia, pois o fundamento legal do enquadramento dos Como visto, as normas coletivas transcritas preceituam que a
servidores temporários são as leis complementares nº 164 e165". reclamada reajustará os salários de seus empregados, sem que
O Magistrado sentenciante, ao argumento de que as "cláusulas das haja, na cláusula específica, qualquer exceção quanto a sua
incidência, donde se conclui que alcança, por certo, tanto os as "diferenças entre os salários pagos e os que são devidos com a
salários dos empregados efetivos quanto os dos contratados de aplicação dos reajustes estabelecidos nos acordos coletivos de
forma temporária. 2018 e 2019, inclusive o retroativo a 2017, bem como seus reflexos
Não prospera a imprecação recursal de aplicação do percentual de sobre os 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional e
pontuou o Magistrado de origem, a referida lei "não se aplica ao Recurso improvido neste ponto, considerando-se, em arremate,
reclamante porque ele não foi contratado para trabalhar em que, no caso concreto, não há falar em equívoco na interpretação
Autarquia, Fundação Pública e/ou diretamente para o Estado do do princípio da isonomia e, tampouco, em violação à regra prevista
Ceará, mas em sociedade de economia mista, tendo a no art. 114, do Código Civil Brasileiro, visto que as normas coletivas
Administração exorbitado sua atribuição e legislado sobre Direito do de trabalho, sobretudo no que concerne a reajustes salariais, devem
Trabalho ao dispor índice de reajustes diversos para os ser aplicadas de acordo com sua literalidade, eis que não se trata
empregados celetistas da reclamada". de negócio jurídico benéfico, mas de pacto que, ao fim e ao cabo,
Outrossim, ainda que aludida legislação restasse aplicável aos resulta de acordo de vontades.
empregados temporários da Metrofor, o fato de haver norma mais DA CONVERSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
benéfica ao contrato de trabalho - como o reajuste firmado no Insurge-se a empresa reclamada contra a sentença recorrida, no
acordo coletivo -, conforme princípio trabalhista, atrai a sua que tange ao reconhecimento de que o contrato de trabalho por
aplicação, em detrimento da norma menos vantajosa ao prazo determinado, no caso concreto, seja convertido para "contrato
Em relação à arguida dedução/compensação de valores quitados a Explica a recorrente que o contrato por prazo determinado, no caso
igual título, de se consignar que a decisão primeva já determinou "a concreto, tem arrimo no Edital 02/2016, aduzindo que a conversão
dedução dos reajustes espontaneamente pagos pela empresa (por para contrato sem prazo (indeterminado) "[...] vai de encontro ao art.
exemplo, o reajuste de 2% a partir de 01.01.2017)". 37 da Constituição Federal que surgiu com o propósito de promover
Por tais razões, de se confirmar a sentença, que condenou a efetiva tutela ao direito de livre e igualitário acesso aos quadros da
reclamada no pagamento das "diferenças salariais decorrentes dos Administração Pública, prevendo a necessidade de concurso
reajustes salariais não concedidos (reajuste de 10,67% a partir de público de provas ou de provas e títulos para a investidura tanto em
janeiro de 2017 e os reajustes de 2,95%, a partir de 01.01.2018; e cargos quanto em empregos públicos." (fl. 525)
de 6,52%, também a partir de 01.01.2018, conforme cláusula 04 da Em que pese a insatisfação demonstrada no apelo ordinário,
norma coletiva de 2018); e repercussões das diferenças salariais importa ratificar a decisão recorrida, eis que a "conversão"
nas férias mais 1/3, 13º salários e nos depósitos do FGTS". contratual determinada pela juíza sentenciante tem caráter limitado,
Nega-se provimento, no particular." dirigida apenas aos "fins rescisórios", não se tratando, portanto, de
No caso concreto, considerou a MM. Juíza sentenciante, Dra. providência violadora da norma constitucional acima referenciada.
Milena Moreira de Sousa, da 6ª Vara do Trabalho de Fortaleza, Neste caso, temos uma situação em que a empresa recorrida,
tomando por base o princípio da isonomia, que mesmo fundada em edital específico, ultrapassou os limites de
"Ocorre que os empregados temporários da reclamada não se duração do contrato, para fins de manutenção do prazo
sujeitam ao regime jurídico-administrativo, pois a METROFOR é determinado, que deve comportar, no máximo, duas prorrogações,
entidade da Administração Pública Indireta, motivo por que seus violando, assim, a regra estabelecida no art. 451, da CLT.
empregados se submetem às normas celetistas, mesmo os Importa ressaltar que a sentença, neste ponto, tem natureza
contratados temporariamente, como já exposto quando da analise manifestamente declaratória e, assim, não alberga a condenação da
da preliminar de incompetência da Justiça do Trabalho. Além disso, reclamada ao pagamento de aviso prévio ou de multa sobre os
inaplicável o reajuste previsto na Lei Estadual nº. 16.206/2017, uma depósitos do FGTS. Veja-se:
vez que alcança somente os salários dos servidores civis do Poder "DO AVISO PRÉVIO, DA INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DO
Executivo, autarquias, fundações públicas e dos militares do SEGURO-DESEMPREGO E DA MULTA DE 40% SOBRE O FGTS.
Estado, não abrangendo, portanto, empregados das sociedades de Indefiro, pois o contrato de trabalho ainda está em vigor." (fl. 446)
Esse o quadro, importa ratificar a decisão recorrida no que concerne DA VEDAÇÃO DE ULTRATIVIDADE DAS NORMAS COLETIVAS
à condenação da reclamada na obrigação de pagar ao reclamante Argumenta a reclamada que "[...] na remota hipótese de deferimento
dos pleitos autorais quanto aos reajustes salariais perquiridos, estes realizada pelo regime de precatórios quando se trata de sociedade
devem limitar-se tão somente ao ano de 2018, de maneira que a de economia mista que realiza atividade típica de estado, com
aplicabilidade pleiteada pelo autor referente aos anos de 2016 e capital majoritariamente público, em regime não concorrencial, e
posteriores a 2019 encontra óbice legal, haja vista que o parágrafo sem o objetivo de distribuição de lucros e dividendos". (RO-64-
3º do artigo 614 da Lei 13.467/2017 veda expressamente a 32.2017.5.13.0000, Relator Ministro Alexandre Agra Belmonte,
ultratividade dos instrumentos coletivos, nos termos já expostos." Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, DEJT
normas coletivas aos reajustes previstos em acordos ou em Deveras, a reclamada se trata de sociedade de economia mista, a
convenções coletivas de trabalho, haja vista que, em cada caso, a qual, em que pese prestar serviço público de utilidade pública, é
atualização salarial depende de previsão específica no instrumento, inconteste o seu caráter concorrencial, competindo com os demais
restando certo que, uma vez concedido o aumento de salário, não serviços de transporte público oferecidos no Estado do Ceará.
se pode falar em sua redução, eis que se trata de procedimento que Logo, não há que se lhe estender as prerrogativas inerentes à
fere gravemente a regra estabelecida no art. 7º, inciso VI, da Fazenda Pública, encontrando-se, portanto, sujeita ao regime
Constituição Federal de 1988. jurídico próprio das empresas privadas, nos moldes do art. 173, §
Importa destacar, ainda, que os reajustes relativos aos anos de 1º, II, da CF/88, não havendo se falar em regime de execução
reclamante, cuidando-se de pedido a ser analisado em momento Embora adotando o entendimento supra mencionado, não é demais
Sentença mantida quanto à concessão dos reajustes salariais de Pequeno Valor (RPV's) deve observar as normas estabelecidas no
2018 e de 2019, inclusive o retroativo a 2017. art. 100, da Constituição Federal de 1988, somente admissível
Postula a Companhia recorrente seja aplicada à execução dos no conceito de Fazenda Pública, em face de disposição
valores devidos ao reclamante o sistema de precatórios ou de constitucional ou de interpretação final do Supremo Tribunal Federal
requisições de pequeno valor, visto que "[...] tem como principal que, expressamente, estenda o benefício para além dos limites
tendo, sem dúvida alguma, o seu capital integralizado Ratifica-se, pois, o entendimento sentencial, assim concebido:
exclusivamente por entes estatais, além de executar serviço "A reclamada é sociedade de economia mista, dotada de
público, inobstante sua constituição de pessoa jurídica de direito personalidade jurídica de direito privado, que atua em regime de
Conforme já se decidiu nos autos do processo que nos serve de goza das prerrogativas inerentes à Fazenda Pública.
Confira-se, portanto, o que restou assentado no Acórdão relativo ao DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar, antes referido, dos honorários advocatícios sucumbenciais, requerendo, após tecer
"O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 599.628-RG à verba em questão seja descontado dos haveres devidos ao
(Rel. Min. AYRES BRITTO, Rel. p/ acórdão Min. JOAQUIM indigitado trabalhador.
BARBOSA, Rel. Atual. Min. MIN. ROBERTO BARROSO, DJe de O exame da sentença deixa evidenciado que o juiz condenou
17/10/2011), Tema 253 da Tabela de Repercussão Geral, em que ambas as partes ao pagamento de honorários sucumbenciais,
se discutiu a aplicabilidade do regime de precatórios às entidades restando assentado que o valor devido pelo reclamante deve
da Administração Indireta prestadoras de serviços públicos permanecer sob condição suspensiva de exigibilidade.
essenciais, firmou o entendimento de que "os privilégios da A decisão não merece reproches, eis que se coaduna com a regra
Fazenda Pública são inextensíveis às sociedades de economia estabelecida no art. 791-A, §4º, da CLT, com redação dada pela Lei
mista que executam atividades em regime de concorrência ou que nº13.467/2017, encontrando, ademais, ajustada ao entendimento
tenham como objetivo distribuir lucros aos seus acionistas". firmado pelo colendo Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região,
Nesse contexto, o c. TST decidiu "que a execução deve ser expresso nos autos do processo nº 0080026-04.20169.5.07.0000,
em que restou decidida a inconstitucionalidade da expressão "desde pagar as diferenças salariais em decorrência do reajuste de 10,67%
que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, a partir de maio de 2017 (data de admissão do autor), conforme
créditos capazes de suportar a despesa." previsto no ACT de 2016 (fls. 329 e seguintes), bem assim os
Assim, forçoso manter intacta a decisão também quanto à reajustes posteriores a 2019 (se houver), e, assim, sucessivamente,
suspensão da exigibilidade dos honorários advocatícios observados os instrumentos coletivos que sejam, efetivamente,
Sentença mantida, igualmente, neste ponto. profissional, sindicato ou equivalente, com os reflexos sobre os 13º
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE salários, férias acrescidas do terço constitucional e FGTS, nos
REAJUSTES SALARIAIS DECORRENTES DOS ACT's DE 2016 E termos deferidos na instância primeva. As diferenças e reflexos são
Busca o reclamante, conforme relatado, a reforma da sentença, no incorporação dos reajustes na folha de pagamento do autor,
que tange aos reajustes salariais previstos nos acordos coletivos de conforme determinado pela magistrada sentenciante.
trabalho, argumentando que o Juízo a quo olvidou de deferir os Recurso provido, no particular.
Aduz o recorrente, quanto ao tema, que Objetiva, ainda, o reclamante a reforma da sentença quanto ao
O juízo a quo DEFERIU o pedido relativo ao reajuste salarial, para indeferimento do pedido de condenação da reclamada ao
que estes fossem feitos em consonância com os Acordos Coletivos pagamento do vale cultura previsto no acordo coletivo de trabalho
da categoria, mas limitou a aplicação da correção salarial aos de 2018, aduzindo que o entendimento adotado na origem se
ACT's dos anos de 2017 a 2019, excluindo o reajuste previsto baseou em duas premissas equivocadas: "[...] Em relação à
no ACT-2016, bem como os posteriores a 2019, que venham a primeira premissa, a de que o ACT/2018 expirou, há de se observar
entrar em vigor durante a vigência do contrato de trabalho do que o fato de um Acordo ou Convenção Coletiva ter expirado não
reclamante, argumentando, quanto ao ACT/2016, que o reclamante faz com que os direitos ali previstos simplesmente sejam prescritos
ainda não havia sido contratado quando de sua entrada em vigor, e, no ato de expiração do referido instrumento de negociação coletiva.
em relação à ACT's posteriores a 2019, ignorando que a É que o prazo prescricional para a busca de direitos trabalhistas
condenação se refere à aplicação dos mesmos reajustes previstos sonegados é, conforme o art. 7º, XXIX da Constituição Federal, bem
para os empregados de carreira da empresa reclamada enquanto como o art. 11 da Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, de 5
durar o contrato de trabalho do reclamante e não apenas aos anos (cinco) anos," [...] Portanto, a simples expiração de um Acordo
de 2017 a 2019." Coletivo de Trabalho não é motivo para que os direitos ali previstos,
Conforme asseverou a magistrada de origem, as cláusulas das e sonegados ao empregado, expirem junto com ele, podendo sim,
normas coletivas são aplicáveis a todos os empregados da serem cobrados no Poder Judiciário, conforme previsão
reclamada sem distinção entre os empregados contratados de constitucional e legal. Em relação à segunda premissa adotada na
forma temporária e os com contrato por prazo indeterminado, sob sentença, a de que a legislação proíbe a conversão em pecúnia do
pena de violação ao princípio da isonomia e art. 461, da CLT. benefício requerido, há de se destacar que o que a lei proíbe é que
Desse modo, não merece reprimenda o entendimento do juízo a o empregador converta o benefício do Vale Cultura em pecúnia,
quo quanto ao direito do reclamante a receber os mesmos reajustes uma vez que estaria descaracterizando-o. Quanto à uma possível
salariais concedidos aos trabalhadores contratados por prazo extensão dessa proibição ao Poder Judiciário, conforme previsto na
Assim, o reclamante, admitido em 15/05/2017, tem direito, a partir dispõe de ampla autonomia para, como forma de punição ao
da data de sua admissão, ao reajuste salarial previsto no ACT de violador e compensação ao lesado, converter qualquer benefício
2016, no percentual de 10,67% (previsto na Cláusula 4ª), como sonegado em valores pecuniários, [...]" (grifos no original)
também, enquanto se mantiver ativo o contrato de trabalho firmado A propósito do tema, colhe-se da sentença recorrida a informação a
vigor, em tese, aplicáveis aos demais empregados da empresa, "Ocorre que não é possível exigir o cumprimento da obrigação no
haja vista se tratar, in casu, da indeclinável incidência do princípio presente momento, pois o ACT de 2018 já expirou. Ademais, a
Impõe-se, pois, acrescer à condenação a obrigação de a reclamada artigo 8º, §3º, da Lei nº. 12.761/2012. Portanto, indefiro o pedido."
Não houve, no caso concreto, tempo para que a empresa Presente, ainda, o Procurador do Trabalho, Francisco José Parente
reclamada cumprisse a regra constante da cláusula normativa Vasconcelos Júnior. Não participaram do julgamento as
acima referida, mormente porque o Acordo Coletivo somente foi Desembargadoras Maria José Girão (Impedimento) e Maria Roseli
assinado em 18 de dezembro de 2018, 19 dias antes de findar sua Mendes Alencar (Férias). Fortaleza, 01 de setembro de 2021.
como por questão de lógica, de coerência e de finalidade, não se há DURVAL CESAR DE VASCONCELOS MAIA
Servidor de Secretaria
RECURSO ORDINÁRIO. JUSTA CAUSA. CONVOLAÇÃO PARA AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE Nºs 5867 e
DISPENSA IMOTIVADA. O manejo da pena máxima ao trabalhador 6021. O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18.12.2020, com
deve ser feito com extrema cautela, restringindo-se aos casos de acórdão publicado em 7.4.2021, ao julgar, em definitivo, o mérito
real gravidade que justifiquem a punição maior. Seu das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867 e 6021, decidiu que a
reconhecimento somente se legitima mediante prova robusta e atualização dos créditos trabalhistas, bem como do valor
inconteste dos fatos que lhe deram causa, tendo em vista as correspondente aos depósitos recursais, na Justiça do Trabalho,
consequências nefastas que sobrevirá para a vida pessoal e "até que sobrevenha solução legislativa", deve ser apurada
profissional do trabalhador, notadamente porque, na hipótese de mediante a incidência dos "mesmos índices de correção monetária
seu reconhecimento, dificultará a recolocação do obreiro no que vigentes para as condenações cíveis em geral, "à exceção das
mercado de trabalho, despojando-o de sua fonte de subsistência, dívidas da Fazenda Pública"; que "Em relação à fase extrajudicial,
incumbindo ao empregador o ônus de comprovar a ocorrência de ou seja, a que antecede o ajuizamento das ações trabalhistas,
motivo suficientemente grave para a legitimação da despedida por deverá ser utilizado como indexador o IPCA-E; que "Em relação à
justa causa, a teor do art. 818, II, da CLT, c/c o art. 373, inciso II, do fase judicial, a atualização dos débitos judiciais deve ser efetuada
CPC/2015. Na situação específica dos autos, em que se está pela taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia
atribuindo ao reclamante atos de improbidade, entre outros, deve-se - SELIC, considerando que ela incide como juros moratórios dos
lançar mão de redobrada cautela na análise dos fatos. Sendo tributos federais; que "A incidência de juros moratórios com base na
assim, uma vez que a reclamada não se desincumbiu do ônus que variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação de
sobre ela recaia de comprovar a falta grave imputada ao outros índices de atualização monetária, cumulação que
reclamante, deve ser mantida a decisão de primeira instância, na representaria bis in idem", estabelecendo, ademais, regras de
qual se convolou a rescisão da contratualidade entre as partes por modulação. Assim, considerando que, na decisão recorrida, há
justa causa obreira para dispensa imotivada. Sentença mantida, determinação no sentido de que sobre as verbas concedidas devem
no tópico. FÉRIAS PAGAS E NÃO USUFRUÍDAS. DOBRA incidir correção monetária e juros de mora, a serem apurados por
DEVIDA. Uma vez não demonstrado pela reclamada o efetivo gozo ocasião da liquidação do julgado, com observância dos parâmetros
das férias do período 2018/2019 pelo reclamante, bem assim que a estabelecidos nas decisões proferidas nas Ações Declaratórias de
testemunha autoral confirmou a alegação exposta na preambular Constitucionalidade 58 e 59, deve ser confirmada a decisão.
quanto à não fruição de tais férias, deve ser confirmada a decisão Sentença ratificada, no aspecto. CONTRIBUIÇÃO
TESTEMUNHO. AUSÊNCIA DE PROVAS. NÃO POSTERIORMENTE À LEI Nº 11.941/2009. SÚMULA 368, ITEM V,
CARACTERIZAÇÃO. A prestação de falso testemunho é conduta DO TST. De acordo com o entendimento firmado na Súmula 368,
tipificada como crime nos termos do art. 342, do Código Penal item V, do TST, "Para o labor realizado a partir de 5.3.2009,
Brasileiro e, como tal, não pode ser presumida, mas considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias
inequivocamente provada, sob pena de comprometimento do direito decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados
de defesa das partes. Inexistindo, nos autos, qualquer meio de em juízo a data da efetiva prestação dos serviços. Sobre as
prova apta a testificar a falsidade das informações prestadas pelas contribuições previdenciárias não recolhidas a partir da prestação
testemunhas do reclamante, não há se falar em imprestabilidade dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados os créditos
dos depoimentos colhidos e de expedição de ofício ao Ministério previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de
Público para apuração de crime de falso testemunho. Sentença citação para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o
mantida, no tópico. BÔNUS DE 2018. AUSÊNCIA DE PROVA DO limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/96)". Sentença
a demonstrar o efetivo pagamento da verba bônus do exercício de Preliminar de não conhecimento do apelo da reclamada por
2018, deve ser confirmada a decisão de primeiro grau, no aspecto. deserção (suscitada pelo reclamante em sede de
Sentença mantida, no particular. ÍNDICES APLICÁVEIS À contrarrazões) rejeitada. Recurso ordinário conhecido e não
328/333).
A MM. Juíza em exercício juntamente à 18ª Vara do Trabalho de fundamentação da sentença (fls. 381/384).
Fortaleza-CE, DRA. TACIANA ORLOVICIN GONCALVES PITA, nos Externando seu inconformismo, a reclamada interpôs recurso
termos da sentença às fls. 277/299, após discorrer sobre as razões ordinário às fls. 389/401, no qual aduz que merece reforma a
formadoras de sua convicção, julgou procedente em parte a decisão de primeira instância, porquanto, diversamente do que se
reclamatória para convolar a dispensa do autor por justa causa em entendeu na origem, a falta grave cometida pelo recorrido autoriza a
demissão imotivada, condenando a empresa EZENTIS BRASIL S.A. sua dispensa por justa causa nos termos do art. 482, da CLT.
a pagar a STEMILSON PONTES DE MENESES as seguintes Prosseguindo em seu arrazoado, a apelante alega que possui dois
"- saldo de salário (11 dias), aviso prévio indenizado (33 dias), 1 - a) "Fatura A" para atendimento de serviços permanentes de
observada sua projeção para todos os fins, 13º salário integral de manutenção e prevenção de redes, situação em que os próprios
2019, férias proporcionais + 1/3 (5/12) e multa de 40% sobre o trabalhadores da empresa permanecem integralmente à disposição
FGTS depositado e ora deferido. Deverá ser deduzido o valor de R$ do cliente; b) "Fatura B" para atendimento de serviços específicos, a
10.133,33, já pago a título de verbas rescisórias; serem realizados pelos empregados da empresa cliente, exceto
- FGTS referente aos meses de novembro e dezembro de 2019; quando se trata de serviços emergenciais, situação em que as
- bônus de operação no valor de R$ 2.533,78; atividades podem ser realizadas por seus próprios empregados
- dobra das férias do período aquisitivo 2018/2019 + 1/3; e quando houver excedente de pessoal.
- multa da CLT, art. 477, § 8º, equivalente a um salário-base da 2 - Avaliado se o atendimento da "Fatura B" pode ser empreendido
parte autora (R$ 12.000,00)." por seus próprios empregados (caso haja excedente de pessoal),
"- a reclamada ao pagamento de honorários ao patrono do de Compras, não sendo permitida a modificação do destacamento
"- o autor ao pagamento de honorários advocatícios, em favor dos atendimento da "Fatura B", quando não excedente de pessoal, pode
patronos da reclamada, no percentual de 5% sobre a soma dos ocasionar diversos prejuízos à empresa recorrente, como por
pedidos julgados totalmente improcedentes (multa do art. 467 da exemplo; a) pagamento de horas extras aos seus próprios
CLT e indenização por danos morais), no importe de R$ 1.663,35, empregados que tiverem que "cobrir" as vagas daqueles que forem
observado o disposto no Incidente de Arguição de irregularmente deslocados para atuação junto à "Fatura B"; b) perda
Inconstitucionalidade (processo nº 0080026.04.2019.5.01.0000), no de nota de avaliação junto ao cliente, em razão do não atendimento
qual restou reconhecido a inconstitucionalidade da expressão da "Fatura A", com possibilidade, inclusive, de multa contratual; c)
"desde que não tenha obtido em Juízo, ainda que em outro pagamento de diárias e hospedagens, diárias de viagem, entre
processo, créditos capazes de suportar a despesa ", inserta no §4º outros, aos seus próprios empregados que forem indevidamente
Estabeleceu, outrossim, a julgadora singular, que "Sobre as verbas equipamentos próprios da empresa para atendimento da "Fatura B".
deferidas nesta sentença incidem correção monetária e juros de Alude a recorrente, que " a despeito da ciência das normas da
mora, os quais serão apurados por ocasião da liquidação da empresa e dos prejuízos que poderia acarretar à Reclamada, foi
sentença, com observância dos parâmetros estabelecidos na apurado por meio de auditoria externa e sigilosa que o Recorrido,
decisão proferidas nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade assim como suas duas testemunhas (demitidas pelo mesmo
Opostos embargos de declaração pela reclamada, foram estes Fatura A para atender à Fatura B, sem que houvesse excedente de
conhecidos e, no mérito, julgados procedentes para sanar a pessoal próprio para tanto, ou seja, com sobreposição de serviços."
omissão e o erro material apontados, bem assim para prestar os (fl. 393)
esclarecimentos consignados na fundamentação do "decisum" (fls. Assegura, mais, a sociedade anônima apelante, que a conduta do
reclamante se encontra cabalmente demonstrada nos autos, tanto para o pagamento é que o mesmo poderá ser considerado em
por meio de documentos como também através dos depoimentos mora." (fl. 400)
colhidos das testemunhas empresariais, destacando, no aspecto, Devidamente notificado, o reclamante apresentou contrarrazões às
que a penalidade aplicada condiz com a falta grave cometida, razão fls. 424/441.
por que entende que deve ser afastada da condenação todas as Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,
verbas inerentes à dispensa imotivada. visto que não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no
Pontifica, além disso, ser indevida a dobra de férias, posto que, art. 109, do Regimento Interno deste Regional.
como faz prova o documento de id 617a21f, houve regular fruição É o breve relatório.
pelo recorrido.
unicamente aquela realizada na cidade de Zé Doca-MA, tendo PRELIMINAR ARGUIDA EM CONTRARRAZÕES. SEGURO
apurado a auditoria realizada o descumprimento das normas GARANTIA. ALEGAÇÃO DE IRREGULARIDADES. NÃO
pelo Sr. Luciano Gaboardi, que somente dirigiu-se à localidade para Em contrarrazões, o reclamante suscita o não conhecimento do
atuar como fiscal com vistas a acompanhar a auditoria; indicaram apelo por deserto, argumentando, para este fim, que o seguro
como responsável pela "Fatura B" o Sr. Reginaldo Razze, o que não garantia juntado aos autos pela reclamada contém irregularidades.
ofício ao Ministério Público para apuração de crime de falso Conforme se vê do despacho às fls. 444/445, quando da análise
Defende, outrossim, a reclamada/apelante, que, no que tange ao gerais do seguro garantia às fls. 402 e seguintes, alberga-se a
bônus de 2019, a política da empresa prevê que o pagamento da possibilidade de rescisão total ou parcial do contrato, seja por
aludida parcela é devido aos empregados que permanecessem com iniciativa do segurado ou da seguradora, com concordância
contratos de trabalho ativos até 31.12.2019. Desse modo, não tem recíproca, o que vai de encontro ao quanto estabelecido no
jus o reclamante ao pagamento da aludida verba por ter sido parágrafo primeiro do art. 3º, do Conjunto TST.CSJT.CGGJT nº 01,
2018 foi quitado na rescisão do contrato entre os litigantes. Em razão disso, tendo em vista a determinação contida no
Destaca, mais, que na decisão de primeira instância, estabeleceu- parágrafo único do art. 932, do CPC/2015, de aplicação supletiva e
se que as parcelas concedidas deverão ser atualizadas por índice subsidiária no processo do trabalho, nos termos estabelecidos nos
futuro a ser fixado na fase de execução do julgado, todavia, nos artigos 769, da CLT e 15, do CPC, concedi à recorrente o prazo de
termos do art. 879, da CLT, o índice correto a ser utilizado é a TR, o 5 (cinco) dias para que apresentasse, nos autos, apólice de seguro
que desde já busca ser reconhecido nesta instância "Ad Quem"; garantia sem inclusão de cláusula que autorize a rescisão do
sucessivamente, requer a "limitação da incidência do IPCA-E contrato, sob pena de não conhecimento do recurso.
somente até a data do ajuizamento da ação e pela aplicação da Em manifestação às fls. 448/449, a reclamada argumentou que nas
Taxa Selic, a partir de então, nos termos do art. 406 do Código Civil, condições especiais do contrato de seguro contém cláusula que
sem a incidência de qualquer percentual a título de juros, uma vez impossibilitava sua rescisão, requerendo, na oportunidade, o
que estes já se encontram englobados no percentual definido pelo processamento do apelo ou a concessão de prazo para substituição
Banco Central." (fl. 398) da garantia ofertada por depósito recursal, caso assim não se
"somente haverá incidência de juros de mora se os valores não Ao examinar a questão, verifiquei a existência de conflito entre as
forem recolhidos após a notificação da Recorrente para o cláusulas contratuais apontadas pela recorrente (gerais e
pagamento de crédito previdenciário que tem como origem o crédito especiais), capazes de gerar incerteza e insegurança quanto ao
trabalhista, uma vez que somente após a notificação do devedor adimplemento do crédito trabalhista.
Por este motivo, concedi à apelante o prazo de 5 (cinco) dias para justifiquem a punição maior. Seu reconhecimento somente se
que substituísse o seguro garantia por depósito recursal, o que legitima mediante prova robusta e inconteste dos fatos que lhe
restou prontamente atendido, como se observa às fls. 457 e deram causa, tendo em vista as consequências nefastas que
Desse modo, uma vez que o seguro garantia apresentado em notadamente porque, na hipótese de seu reconhecimento,
desacordo ao quanto preceituado no parágrafo primeiro do art. 3º, dificultará a recolocação do obreiro no mercado de trabalho,
do Conjunto TST.CSJT.CGGJT nº 01, de 16.10.2019, foi substituído despojando-o de sua fonte de subsistência, incumbindo ao
por depósito recursal dentro do prazo estabelecido para esta empregador o ônus de comprovar a ocorrência de motivo
finalidade, não há se cogitar de deserção. suficientemente grave para a legitimação da despedida por justa
Preliminar rejeitada. causa, a teor do art. 818, II, da Consolidação das Leis do Trabalho,
Considerando as informações constantes da certidão à fl. 420, Na situação específica dos autos, em que se está atribuindo ao
conheço do recurso ordinário, ratificando o despacho de reclamante atos de improbidade e mau procedimento, além de
admissibilidade exarado pelo juízo "a quo"; conheço, por igual, das indisciplina e insubordinação, deve-se lançar mão de redobrada
contrarrazões, vez que ofertadas no prazo legal. cautela na análise dos fatos.
Na contestação, informa-se que a reclamada EZENTIS - nenhuma outra, a estrutura fiduciária do contrato individual de
SERVIÇOS, ENGENHARIA E INSTALAÇÃO DE COMUNICAÇÕES emprego. Pelos reflexos extremamente negativos que seu
S.A. foi incorporada pela EZENTIS BRASIL S.A, motivo pelo qual reconhecimento projeta na vida pessoal do empregado, a
postulou-se a retificação do passivo da ação. orientação doutrinária e jurisprudencial é muito cuidadosa em exigir
Na sentença de origem, determinou-se a retificação da autuação prova extreme de dúvida do fato constitutivo da justa causa para
dos autos, para que nele passasse a constar no polo passivo a declará-la.
empresa EZENTIS BRASIL S.A. Por outro lado, as circunstâncias que cercam cada caso concreto
Entretanto, o sistema de cadastro no PJE é vinculado à Receita poderão levar à recusa da despedida, sob esse fundamento,
Federal do Brasil e o CNPJ indicado na contestação mesmo havendo evidência da conduta ímproba do empregado,
(05.823.631/0001-24), segundo dados da RFB, pertence à empresa quando atenuada por fatores que tornam despropositada a reação
EZENTIS ENERGIA S.A. resilitória. O furto famélico pode ser bem tomado como exemplo
Em razão disso, não há como se proceder à retificação dos autos disso." (in ""Tratado de Direito Material do Trabalho". São Paulo:
junto ao sistema PJE, cabendo esclarecer, todavia, que o fato não LTR, 2007, p. 561)
interfere na permanência da sociedade EZENTIS BRASIL S.A. no Quanto ao mau procedimento, na lição de Maurício Godinho
Conforme relatado, a apelante afirma que, através de auditoria laborativo ou as obrigações contratuais do obreiro. A amplitude
externa e sigilosa, apurou-se que o recorrido infringiu as normas desse termo jurídico é manifesta, mostrando a plasticidade da
empresariais relativamente aos procedimentos de contratação de tipificação de infrações seguida pela CLT. Tal amplitude autoriza
clientes desviando empregados que se ativavam no modo "Fatura enquadrar-se como mau procedimento condutas extremamente
A" para atendimento de clientes do modo "Fatura B", sem que diferenciadas, tais como dirigir o veículo da empresa sem
houvesse, para este fim, excedente de pessoal próprio, habilitação ou sem autorização; [...]." (in "Curso de Direito, Editora
acarretando, com tal proceder, prejuízos à empresa. Defende se LTR: São Paulo, 2008, p. 1194) "
tratar de falta grave cometida pelo recorrido que autoriza a sua Para que seja possível a aplicação da penalidade máxima ao
dispensa por justa causa nos termos do art. 482, da CLT. empregado, devem ser observados os requisitos que dizem respeito
O manejo da pena máxima ao trabalhador deve ser feito com entre a falta e a pena aplicada; a proporcionalidade entre elas; a
extrema cautela, restringindo-se aos casos de real gravidade que imediatidade da punição; a ausência de perdão tácito; a
singularidade da punição; a inalteração da punição; e a ausência de fins de manutenção e prevenção dos serviços; que no outro contrato
Pois bem. Nordeste (contrato fatura - B), não é utilizada mão de obra da
O reclamante foi contratado para o exercício da função de Gerente própria reclamada, mas sim de outras empresas por ela
Segundo os termos da defesa e do recurso, a recorrente adota dois VIVO para acompanhar o funcionamento de cabeamento que vai do
tipos de procedimento de contratação de clientes denominados Estado do Pará ao Estado do ceará, sendo que o objeto deste
"Fatura A" e Fatura B": no primeiro deles, os próprios empregados contrato é a averiguação e acompanhamento desse cabeamento
da reclamada atendem os serviços permanentes de manutenção e por parte de funcionários da própria reclamada; que, na prática, os
prevenção de redes; no segundo, atende-se serviços específicos, a funcionários da reclamada percorrem diariamente os trechos onde
serem realizados pelos empregados da empresa cliente, exceto passam os cabos da VIVO para fins de saber se os mesmos estão
quando se trata de serviços emergenciais, situação em que as em perfeita ordem; que, por exemplo, caso esteja sendo realizada
atividades podem ser realizadas pelos próprios empregados da uma obra de asfaltamento de um determinado trecho em que
apelante quando houver excedente de pessoal. existem cabos da VIVO, os funcionários da reclamada tem a função
Afirma-se, outrossim, que a designação de empregados que de orientar aquelas pessoas que estão realizando o asfaltamento,
trabalham no modo "Fatura A" para o modo "Fatura B" pode que por ali existem cabos de internet, e que por isso precisam ser
acarretar diversos prejuízos à recorrente, como pagamento de observados para que não venham a ser danificados; que toda essa
horas extras aos trabalhadores que "cobrirem" as ausências forma de execução de tarefas é feita no modo contrato fatura A;
daqueles que foram irregularmente deslocados, hospedagens, que, ao inspecionar um determinado trecho que passam cabos da
diárias, etc, além de perda de nota de avaliação junto ao cliente, em VIVO, caso funcionários da reclamada detectem algum tipo de
razão do não atendimento da "Fatura A", com possibilidade, avaria, e constatando que se faz necessária a troca de cabos para
A dispensa por justa causa do reclamante teve como assento o fato relativo ao quanto será necessário para gastos com cabos e todos
deste ter descumprido os procedimentos supra ao destacar os insumos também necessários para a recuperação do trecho; que
empregados da "Fatura A" para atender cliente do modo "Fatura B", esse trabalho de levantamento para fins de apurar o quanto será
sem que houvesse excedente de pessoal próprio para este fim, gasto na recuperação dos cabos e feito pelos funcionários da
situação essa que, no dizer da apelante, teria sido apurada por reclamada no modo contrato fatura A; que após o valor detectado, o
auditoria externa e independente. mesmo é repassado para a cliente VIVO, e com o aval desta inicia-
Foram ouvidas duas testemunhas patronais. se o trabalho de recuperação, sendo que neste momento é a
Eis os depoimentos colhidos: própria reclamada quem decide se o serviço será feito com mão de
"que trabalhou diretamente com o reclamante nos meses de agosto, obra própria ou se será necessária a contratação de uma terceira
setembro e outubro de 2019, exercendo naquela ocasião a função empresa para realização dos mesmos; que o gerente de fatura B,
de coordenador de fatura - D; que o depoente era subordinado ao função exercida pelo reclamante, é quem efetivamente decide
reclamante; que o depoente acompanhou a auditoria que se utilizará mão de obra própria ou se haverá contratação de
realizou uma inspeção que concluiu que o reclamante teria uma terceira empresa; que na obra realizada no Estado do
praticado ato de improbidade; que em outubro de 2019 o Maranhão, havia contratação de uma empresa terceirizada para
depoente acompanhou um auditor responsável pela auditoria realização dos serviços, não havendo consequentemente prestação
acima reportada numa obra localizada no Estado do Maranhão, de mão de obra de funcionários da própria reclamada; que na
tendo naquela ocasião sido constatado que a reclamada teria auditoria realizada fora constatada a utilização de mão de obra de 4
contratado uma terceira empresa para realizar os serviços, e funcionários da própria reclamada, o que não deveria ocorrer, já
que tal serviço estava sendo realizado por dois funcionários da que, repitase, naquela obra deveria ser utilizada apenas mão de
terceira empresa contratada e por 4 funcionários do próprio obra de terceiros; que além dessa auditoria específica relatada
reclamado; que na região Nordeste a reclamada possui dois tipos acima, o auditor constatou que em outras obras também realizadas
de contratos com empresas clientes, sendo que um deles é utilizada no Estado do Maranhão houve aproveitamento de mão de obra da
mão de obra da própria reclamada (contrato fatura A), já que se faz própria reclamada, quando deveria ter sido utilizada mão de obra de
necessária a presença constante e integral dos funcionários para terceiros, apenas; que o reclamante era o responsável por toda a
região Norte/Nordeste; que não sabe informar se o reclamante por qual motivo os gerentes fatura A e B permitiram o uso de mão
justificou o motivo de usar mão de obra da própria reclamada, de obra da própria reclamada na obra do Maranhão; que não tem
quando na verdade deveria ter utilizado mão de obra de terceira conhecimento que o reclamante e o outro gerente afastados tenham
empresa; que o auditor constatou que a utilização de mão de obra sido expostos a comentários negativos no ambiente da reclamada.
da própria reclamada em obra que deveria ter sido feita apenas com Perguntas do advogado do reclamante; que não há regras
mão de obra de terceira empresa, acarretou prejuízos à reclamada escritas quanto à forma de utilização de mão de obra utilizada
na medida em que, ao ser utilizada mão de obra própria, aqueles para execução de serviços contratados, ou seja, se o serviço
funcionários deixaram de fazer os serviços que efetivamente será feito 100% com obra da reclamada ou 100% com obra de
deveriam ter sido feitos, no caso, observação e acompanhamento uma empresa contratada pela reclamada; que conheceu o senhor
de todo o cabeamento de internet da empresa VIVO no trecho Cláudio Meneses, tendo este se apresentado ao depoente como
compreendido entre o Pará e o Ceará, e que isto acarretou, proprietário da empresa CN TELECON; que sabe que o senhor
consequentemente pagamento de hora extra a funcionários que CLÁUDIO MENESES realizou serviços relativos a contratos fatura A
tiveram que trabalhar a mais, justamente para suprir a vaga dos e B; que não sabe informar a quem o reclamante se reportava
funcionários que foram irregularmente deslocados; que em para prestar contas com a reclamada; que não sabe informar se
nenhum momento a auditoria informou para o depoente que o a reclamada chegou a ser penalizada pecuniariamente pela
reclamante teria experimentado vantagem irregular sobre a VIVO; que não sabe informar se ao reclamante foi oportunizada
reclamada; que a auditoria constatou que a utilização incorreta de possibilidade de defesa no processo de auditoria" (Depoimento
funcionários da própria reclamada acarretou prejuízos financeiros à do Sr. Luciano Gaboardi Costa, primeira testemunha da reclamada,
mesma. Perguntas da advogada da reclamada; que mensalmente a fls. 230/232, meus destaques)
VIVO, como cliente da reclamada, analisa o trabalho executado por "que o depoente trabalhou com o reclamante por cerca de 5 dias
esta, atribuindo-lhe notas de desempenho, sendo que a nota A traz quando fez a transição de um projeto; que o reclamante foi
bônus a reclamada e as demais notas podem trazer penalidades dispensado por ter descumprido normas da empresa; que
pecuniárias, chegando até mesmo ao caso extremo de rompimento acompanhou a investigação de denúncias de colaboradores da
do contrato, caso seja atribuída nota E; que o reclamante soube por empresa quanto à subcontratação de obras pelo reclamante,
meio de funcionários da reclamada que trabalham nas pelo Sr. Sebastião Belmiro e pelo Sr. Augusto; que ao invés de
dependências da VIVO, que as obras executadas no Maranhão utilizar pessoal da contratada estavam usando pessoal próprio para
estavam sendo avaliadas pela VIVO com letra E; que, independente a execução das obras; que não há qualquer vantagem para a
de a mão de obra ser executada por funcionários da própria empresa na utilização de pessoal próprio quando ocorria a
reclamada ou por empresas contratadas por ela, o valor a ser pago contratação de empresas para efetuar o objeto do contrato,
pela VIVO será o mesmo; que caso a reclamada realize o serviço ressaltando que poderia inclusive acarretar prejuízos tais como
com mão de obra própria, certamente lucrará mais do que pagamento de diárias de hotéis, diárias e horas extras dos
contratando mão de obra terceirizada; que além do reclamante, o colaboradores, bem como a utilização de equipamentos próprios;
gerente de contrato fatura A (SEBASTIÃO BELMIRO), que que o procedimento feito pelo reclamante causava impactos junto
trabalhava na mesma região do reclamante, também foi demitido aos clientes, como a não recuperação dos reparos em tempo hábil,
por justa causa, além de um coordenador de contrato fatura A importando em multa e diminuição de nota para a reclamada; que
(CLAYDSON AUGUSTO); que a auditoria constatou que a empresa esse procedimento poderia acarretar o alcance de uma bonificação
contratada pela reclamada para realização dos serviços no melhor para o reclamante com base no acúmulo de contrato e
Maranhão não estava utilizando mão de obra 100% própria para a faturamento; que a fatura A refere-se ao contrato fechado feito entre
execução dos serviços, justamente porque estava havendo a reclamada e a empresa Vivo com valor fixo e a fatura B ocorre
utilização de mão de obra da própria reclamada; que a empresa quando a contratada subcontrata uma parceira para fazer um
contratada pela reclamada deveria disponibilizar, por ela própria a serviço com o valor pré-definido a depender do tamanho da obra;
quantidade de funcionários a ser utilizados para execução dos que na fatura A o contrato poderia ser executado por empregados
serviços contratados, sendo que na obra do Maranhão, foram regidos pela CLT ou empregados contratados por 30 dias e na
constatados apenas 2 funcionários desta empresa contratada e 4 da fatura B é feito um contrato por demanda ou obra, ressaltando que
reclamada; que o coordenador do contrato fatura A foi quem fez o os funcionários são diferentes dos empregados e dos contratados
levantamento de toda obra realizada no Maranhão; que não sabe por 30 dias para não ocorrer a sobreposição; que NCE significa
"necessidade de compra emergencial" sem necessidade de licitação que o deslocamento dos empregados que prestavam serviços no
para efetuar a compra, onde ocorre a negociação direta com a modo "Fatura A" para atendimento no modo "Fatura B" tratava-se
subcontratada desde que obedecidos determinados parâmetros; de procedimento comum, desde que não acarretasse sobreposição
que no processo de investigação em face do reclamante foi de pagamentos e, quanto ao aspecto, como já destacado na
detectado que em várias obras foi utilizado NCE; que era o gerente origem, não há qualquer elemento, nos autos "que demonstre a falta
quem fazia a designação do pessoal quando da contratação da de controle, por parte do autor, na utilização desse procedimento,
fatura A ou B, destacando que o gerente respondia diretamente bem como documentos que comprovem os efetivos prejuízos
Menezes; que não presenciou a dispensa do reclamante, "que não participou do procedimento investigatório para averiguar a
destacando que o Sr. Van Der Laam executou a dispensa; que o justa causa aplicada ao reclamante, destacando que não houve
reclamante não foi ouvido na investigação, mas o Sr. Van Der uma auditoria formal, tendo conhecimento somente após a decisão
Laam o ouviu no momento da dispensa, ressaltando ainda que era tomada; que o reclamante, do conhecimento do depoente, não
uma investigação sigilosa; que não sabe informar qualquer ato praticou qualquer conduta ilícita; que, pelo conhecimento do
ilícito praticado pelo reclamante; que, indagado se considera que depoente, a reclamada não sofreu qualquer prejuízo por
o ato praticado pelo reclamante foi ilícito, disse que entende que o qualquer ato praticado pelo reclamante; que não tem
reclamante praticou ato em desacordo com as normas da empresa; conhecimento se a Vivo por conta do trabalho do reclamante
que essa norma consta do portal SGS da empresa, ressaltando que penalizou a reclamada; que não existe processo de um cliente
todos os empregados têm conhecimento; que em razão do avaliar individualmente os funcionários da reclamada, destacando
procedimento feito pelo reclamante a empresa sofreu prejuízos, que há a avaliação pelo projeto como um todo e que não havia nada
como pagamento de diárias de hotéis, de dias trabalhados, de horas que desabonasse o reclamante; que antes da dispensa do
extras e de combustível; que não houve penalidade aplicada pela reclamante havia uma possibilidade de promoção; que tanto os
Vivo à reclamada; que as empresas Videonet e Claudio Menezes empregados como os terceirizados podem executar fatura A ou
prestavam serviços tanto pela fatura A quanto pela fatura B; que em B, sendo um procedimento comum; que tal procedimento é
algumas situações a reclamada utilizava empregados próprios incentivado pela reclamada pois a execução da fatura B por
na fatura B, tais como em situações em que há excedente de funcionários próprios consegue dar uma rentabilidade melhor
mão de obra em um determinado lugar; que o procedimento feito para a reclamada; que até a sua saída da reclamada não havia
pelo reclamante que culminou com a justa causa não era situação normas ou orientação formal para que acontecesse a contratação
de emergência." (Depoimento do Sr. Reginaldo Razzi, segunda pela fatura A ou B; que a empresa Videonet é uma terceirizada e
testemunha da reclamada, fls. 241/242, meus destaques) pode ser contratada pela fatura A ou B; que é procedimento
De ambos os depoimentos colhidos, tem-se como certo que ao comum a fatura B ser executada por empregados próprios,
gerente da "Fatura B", função desempenhada pelo recorrido, desde que haja controle de atividades para não ocorra
incumbe decidir pela utilização de mão de obra da própria sobreposição de pagamentos; que não sabe informar se no
empregadora ou da empresa terceirizada. Lado outro, de acordo procedimento em que houve a dispensa do reclamante houve
com os termos expostos na defesa e nas razões recursais, após sobreposição de pagamentos; que no caso do reclamante
estimativa quanto ao atendimento da "Fatura B" poder ser realizado utilizar empregados próprios para executar a fatura B deveria
pelos próprios colaboradores da reclamada ou por empregados da informar o gerente senior; que também foram dispensados por
empresa terceirizada, a contratação é aprovada pelo justa causa, além do reclamante, em razão do procedimento que
Departamento de Compras da sociedade anônima apelante, o que culminou na investigação, os funcionários Sebastião Belmiro e
certamente ocorreu, na hipótese, vez que os serviços de Augusto; que a dispensa desses empregados não passou pelo
atendimento foram concretamente realizados, aliás, sequer alega-se depoente, destacando que sequer teve a oportunidade de avaliá-
o contrário. Ora, se as contratações foram aprovadas pelo los; que não há funcionários dedicados para os seguimentos da
departamento em realce, de forma transversa também foram fatura A e da fatura B; que os funcionários que laboram na
consentidas pela diretoria da ré. fatura A são utilizados na fatura B para aproveitamento da
Dos depoimentos colhidos das três testemunhas do autor, extrai-se são utilizados os empregados que laboram na fatura A na
fatura B em caso de excedente ou crise; que tal procedimento reclamante o gerente da fatura A era o depoente e o reclamante
não acarreta prejuízo para a empresa desde que o empregado assumiu o lugar do Sr. Reginaldo Razze por 3 meses na fatura B."
não deixe de executar sua função na fatura A para executar na (Depoimento do Sr. Sebastião Cordeiro Belmiro da Silva, terceira
fatura B; que o depoente não teve conhecimento da auditoria testemunha do reclamante, fl. 245, meus destaques)
sigilosa; que não sabe informar se estava sendo investigado na Ao lume do exposto, uma vez que a reclamada não se desincumbiu
investigação sigilosa; que o depoente deixou de ser diretor em do ônus que sobre ela recaia de comprovar as faltas graves
dezembro de 2019." (Depoimento do Sr. Tarcílio José Arruda imputadas ao reclamante (improbidade, mau procedimento,
Araújo, primeira testemunha do reclamante, fl. 243, meus indisciplina e insubordinação), deve ser mantida a decisão de
"que a obra que culminou na justa causa foi emergencial pois a contratualidade entre as partes por justa causa obreira para
por uma planilha e enviou para o setor da reclamada para Insiste a recorrente ser indevida a dobra de férias concedidas na
aprovação; que a obra foi aprovada pelo Sr. Reginaldo Razze e instância de base, posto que, como faz prova o documento de id
enviada para o setor de compras; que a obra foi acompanhada 617a21f, houve regular fruição pelo recorrido.
pelo Sr. Luciano Gaboardi; que a obra foi paga pelo cliente Sem razão.
Vivo, tendo dado lucro para a reclamada; que após a sua Na petição inicial, alega-se que o reclamante recebeu o valor das
dispensa por justa causa o depoente continuou prestando serviços férias 2018/2019, contudo, não as usufruiu.
para a reclamada através da empresa Videonet, onde laborou de Com efeito, os documentos às fls.109/110 comprovam o pagamento
01/01/2020 a 30/06/2020; que o contrato em decorrência dessa das férias do período aquisitivo 09.07.2018 a 07.07.2019, mas não
obra emergencial foi feito por meio de fatura B, destacando que testificam o efetivo gozo.
o gerente desta operação foi o reclamante; que a designação Noutro bordo, a assertiva exordial restou confirmada pela terceira
do pessoal para laborar na execução da obra, fatura B, foi feita testemunha do reclamante que, em seu depoimento, informou que
pelo Sr. Luciano Gaboardi, fiscal da fatura B, que iria assumir a "o reclamante continuou trabalhando nas férias, sabendo
região do Maranhão em decorrência do excesso de serviços do prestar essa informação pois, em que pese constar as férias da
depoente; que fez uma reunião no dia 23 com todos os planilha do RH, encontrou o reclamante fazendo
colaboradores tendo a obra se iniciado no dia 24 com a desmobilização (desligando funcionários)". (fl. 245, destaquei)
coordenação do Sr. Luciano Gaboardi; que não sabia que existia Desse modo, uma vez não demonstrado pela ré o efetivo gozo das
uma investigação em curso para analisar tal procedimento." férias do período 2018/2019 pelo reclamante, bem assim que a
(Depoimento do Sr. Cleydson Augusto Evangelista de Carvalho, testemunha autoral confirmou a alegação exposta na preambular
segunda testemunha do reclamante, fl. 244, meus destaques) quanto à não fruição de tais férias, deve ser confirmada a decisão
"que sua última função era gerente de contrato; que foi demitido por recorrida, na qual se condenou a ré ao pagamento da dobra
procedimento de auditoria; que existia elogio dos clientes pelo Conforme relatado, a recorrente alega que, em seus respectivos
trabalho do reclamante executado na gestão dos contratos em depoimentos, as testemunhas autorais, Cleydson Augusto
geral (tanto da fatura A quanto da fatura B) pois o mesmo Evangelista de Carvalho e Sebastião Cordeiro Belmiro da Silva,
estava conseguindo entregar a obra apesar das dificuldades faltaram com a verdade, possuindo, ambas, interesse na causa, vez
enfrentadas; que não houve qualquer penalização da Vivo em que: a obra que culminou com a dispensa por justa causa do
face da empresa reclamada quando da gestão dos contratos recorrido não foi unicamente aquela realizada na cidade de Zé Doca
pelo reclamante; que todas as funções recebem bônus em -MA, tendo apurado a auditoria realizada o descumprimento das
decorrência dos resultados dos contratos (PLR); (...) que não sabe normas empresariais em diversos contratos geridos pelo
informar quais obras foram objeto de investigação; que durante o reclamante, e não pelo Sr. Luciano Gaboardi, que somente dirigiu-
contrato do reclamante não houve qualquer penalidade da Vivo em se à localidade para atuar como fiscal com vistas a acompanhar a
face da reclamada na fatura A; que na região em que laborava o auditoria; indicaram como responsável pela "Fatura B" o Sr.
Reginaldo Razze, o que não corresponde à realidade. Por tais utilizado é a TR, o que desde já busca ser reconhecido nesta
motivos, requer a expedição de ofício ao Ministério Público para instância "Ad Quem"; sucessivamente, requer a "limitação da
apuração de crime de falso testemunho. incidência do IPCA-E somente até a data do ajuizamento da ação e
Sem razão. pela aplicação da Taxa Selic, a partir de então, nos termos do art.
Não restou evidenciado, nestes autos, que as testemunhas ouvidas 406 do Código Civil, sem a incidência de qualquer percentual a
a rogo do autor tenham interesse no resultado do julgamento da título de juros, uma vez que estes já se encontram englobados no
lide, cabendo destacar que a ausência de isenção de ânimo não percentual definido pelo Banco Central." (fl. 398)
Ademais, o simples fato de a terceira testemunha do autor, Sr. O Supremo Tribunal Federal, em decisão de 18.12.2020, ao julgar,
Sebastião Cordeiro Belmiro da Silva, ter ajuizado reclamação em definitivo, o mérito das ADCs de nºs 58 e 59 e ADIs de nºs 5867
trabalhista em face da empresa reclamada, nos termos da Súmula e 6021, decidiu que a atualização dos créditos trabalhistas, bem
357, do TST, não a torna suspeita. como do valor correspondente aos depósitos recursais, na Justiça
Por fim, incumbe lembrar que a prestação de falso testemunho é do Trabalho, "até que sobrevenha solução legislativa", deve ser
conduta tipificada como crime nos termos do art. 342, do Código apurada mediante a incidência dos "mesmos índices de correção
Penal Brasileiro e, como tal, não pode ser presumida, mas monetária que vigentes para as condenações cíveis em geral",
inequivocamente provada, sob pena de comprometimento do direito estabelecendo, ademais, regras de modulação. Confira-se:
conteúdos dos documentos às fls. 252/263 não se prestam a tal O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a ação,
Desse modo, inexistindo, nos autos, qualquer meio de prova apta a e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467 de
testificar a alegada falsidade das informações prestadas pelas 2017, no sentido de considerar que à atualização dos créditos
testemunhas do reclamante, não há se falar em imprestabilidade decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos
dos depoimentos colhidos e de expedição de ofício ao Ministério recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser
Público para apuração de crime de falso testemunho. aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos
Sentença mantida, no particular. índices de correção monetária e de juros que vigentes para as
Argumenta a apelante que a política empresarial prevê que o na fase pré-judicial e, a partir da citação, a incidência da taxa
pagamento do bônus é devido aos empregados que permanecerem SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos do voto do Relator,
com contratos de trabalho ativos até 31.12.019, de modo que o vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo
reclamante não tem jus ao recebimento da referida verba por ter Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, por maioria, modulou os
sido dispensado no dia 12.11.2019. Afirma, outrossim, que o bônus efeitos da decisão, ao entendimento de que (i) são reputados
de 2018 foi quitado na rescisão do contrato entre os litigantes. válidos e nãoA ensejarão qualquer rediscussão (na ação em curso
Primeiramente, cumpre registrar que, na petição inicial, não se pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro
busca a condenação da ré ao pagamento do bônus do ano de 2019, índice), no tempo e modo oportunos (de forma extrajudicial ou
Ademais, no TRCT às fls. 107/108, não consta a quitação de mês, assim como devem ser mantidas e executadas as
Desse modo, ante a ausência de prova nos autos a demonstrar o adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o
efetivo pagamento da verba bônus, deve ser confirmada a sentença IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os processos em
Apregoa a recorrente que, na decisão de primeira instância, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma
estabeleceu-se que as parcelas concedidas deverão ser atualizadas retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de
por índice futuro a ser fixado na fase de execução do julgado, alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em
todavia, nos termos do art. 879, da CLT, o índice correto a ser interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e
14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii) igualmente, ao acórdão atualização monetária das dívidas do Poder Público, pois sua
formalizado pelo Supremo sobre a questão dever-se-á aplicar utilização violaria o direito de propriedade. Em relação aos débitos
eficácia erga omnes e efeito vinculante, no sentido de atingir de natureza tributária, a quantificação dos juros moratórios segundo
aqueles feitos já transitados em julgado desde que sem o índice de remuneração da caderneta de poupança foi reputada
qualquer manifestação expressa quanto aos índices de ofensiva à isonomia, pela discriminação em detrimento da parte
correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou simples processual privada (ADI 4.357, ADI 4.425, ADI 5.348 e RE 870.947-
Alexandre de Moraes e Marco Aurélio, que não modulavam os 3. A indevida utilização do IPCA-E pela jurisprudência do Tribunal
efeitos da decisão. Impedido o Ministro Luiz Fux (Presidente). Superior do Trabalho (TST) tornou-se confusa ao ponto de se
Presidiu o julgamento a Ministra Rosa Weber (Vice-Presidente). imaginar que, diante da inaplicabilidade da TR, o uso daquele índice
Plenário, 18.12.2020 (Sessão realizada por videoconferência - seria a única consequência possível. A solução da Corte Superior
Acerca de tal decisão, é certo, ainda, que, em 7.4.2021, o acórdão Fazenda Pública, o qual está submetido a regime jurídico próprio da
foi publicado, e contém a seguinte ementa: Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei
"[...] 11.960/2009.
DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. AÇÕES 4. A aplicação da TR na Justiça do Trabalho demanda análise
DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES específica, a partir das normas em vigor para a relação trabalhista.
CORREÇÃO DOS DEPÓSITOS RECURSAIS E DOS DÉBITOS lei, verifica-se que a TR se mostra inadequada, pelo menos no
JUDICIAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ART. 879, §7º, E ART. contexto da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), como índice
899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13. 467, DE de atualização dos débitos trabalhistas.
2017. ART. 39, CAPUT E §1º, DA LEI 8.177 DE 1991. POLÍTICA 5. Confere-se interpretação conforme à Constituição ao art. 879,
DE CORREÇÃO MONETÁRIA E TABELAMENTO DE JUROS. §7º, e ao art. 899, §4º, da CLT, na redação dada pela Lei 13.467, de
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO 2017, definindo-se que, até que sobrevenha solução legislativa,
POLÍTICA DE DESINDEXAÇÃO DA ECONOMIA. TR COMO deverão ser aplicados à atualização dos créditos decorrentes de
ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. condenação judicial e à correção dos depósitos recursais em contas
INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES DO STF. APELO judiciais na Justiça do Trabalho os mesmos índices de correção
INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES DECLARATÓRIAS DE cíveis em geral (art. 406 do Código Civil), à exceção das dívidas da
CONSTITUCIONALIDADE JULGADAS PARCIALMENTE Fazenda Pública que possui regramento específico (art. 1º-F da Lei
PROCEDENTES, PARA CONFERIR INTERPRETAÇÃO 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009), com a
CONFORME À CONSTITUIÇÃO AO ART. 879, §7º, E AO ART. exegese conferida por esta Corte na ADI 4.357, ADI 4.425, ADI
899, §4º, DA CLT, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 13.467, DE 5.348 e no RE 870.947-RG (tema 810).
1. A exigência quanto à configuração de controvérsia judicial ou de ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como
controvérsia jurídica para conhecimento das Ações Declaratórias de indexador o IPCA-E acumulado no período de janeiro a dezembro
Constitucionalidade (ADC) associa-se não só à ameaça ao princípio de 2000. A partir de janeiro de 2001, deverá ser utilizado o IPCA-E
da presunção de constitucionalidade - esta independe de um mensal (IPCA-15/IBGE), em razão da extinção da UFIR como
número quantitativamente relevante de decisões de um e de outro indexador, nos termos do art. 29, § 3º, da MP 1.973-67/2000. Além
lado -, mas também, e sobretudo, à invalidação prévia de uma da indexação, serão aplicados os juros legais (art. 39, caput, da Lei
2. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema Especial de
art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela incide como
11.960/2009, decidindo que a TR seria insuficiente para a juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95; 84
da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da Lei 9.430/96; cumulada com a aplicação de outros índices de atualização
e 30 da Lei 10.522/02). A incidência de juros moratórios com base monetária, cumulação que representaria bis in idem".
na variação da taxa SELIC não pode ser cumulada com a aplicação Assim, considerando que, na decisão recorrida, houve
de outros índices de atualização monetária, cumulação que determinação no sentido de que sobre as verbas concedidas devem
representaria bis in idem. incidir correção monetária e juros de mora, a serem apurados por
8. A fim de garantir segurança jurídica e isonomia na aplicação do ocasião da liquidação do julgado, com observância dos parâmetros
novo entendimento, fixam-se os seguintes marcos para modulação estabelecidos nas decisões proferidas nas Ações Declaratórias de
dos efeitos da decisão: (i) são reputados válidos e não ensejarão Constitucionalidade 58 e 59, deve ser confirmada a decisão.
incluindo ação rescisória, todos os pagamentos realizados utilizando DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. JUROS E MULTA. FATO
oportunos (de forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos Afirma a apelante que, em relação às contribuições previdenciárias,
judiciais) e os juros de mora de 1% ao mês, assim como devem ser "somente haverá incidência de juros de mora se os valores não
mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que forem recolhidos após a notificação da Recorrente para o
expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, pagamento de crédito previdenciário que tem como origem o crédito
a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os trabalhista, uma vez que somente após a notificação do devedor
processos em curso que estejam sobrestados na fase de para o pagamento é que o mesmo poderá ser considerado em
sentença, inclusive na fase recursal, devem ter aplicação, de forma Sem razão.
retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de De acordo com o entendimento assentado na Súmula 368, item V,
alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em do TST, "Para o labor realizado a partir de 5.3.2009, considera-se
interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e fato gerador das contribuições previdenciárias decorrentes de
14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC. créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados em juízo a data
9. Os parâmetros fixados neste julgamento aplicam-se aos da efetiva prestação dos serviços. Sobre as contribuições
processos, ainda que transitados em julgado, em que a sentença previdenciárias não recolhidas a partir da prestação dos serviços
não tenha consignado manifestação expressa quanto aos índices incidem juros de mora e, uma vez apurados os créditos
de correção monetária e taxa de juros (omissão expressa ou previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de
simples consideração de seguir os critérios legais). citação para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o
10. Ação Declaratória de Constitucionalidade e Ações Diretas de limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/1996)".
Inconstitucionalidade julgadas parcialmente procedentes. No mesmo sentido, cito precedente deste Regional:
[...] (ADC 58, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. JUROS DE MORA. ART. 43,
em 18/12/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-063 DIVULG 06- DA LEI Nº 8.212/91 E ART. 276, DO DECRETO Nº 3.048/99. A
Com efeito, colhe-se do acórdão publicado em 7.4.2021 as entendimento lastreado na jurisprudência majoritária do c. TST no
principais diretrizes no sentido de que: - o crédito assumido em face sentido de aplicar o comando inserto no art. 43, § 2º e 3º, da Lei nº
da Fazenda Pública está submetido a regime jurídico próprio da Lei 8.212/91, o qual fixa que o fato gerador da contribuição
9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009; - previdenciária corresponde ao mês da competência, bem como
"Em relação à fase extrajudicial, ou seja, a que antecede o estabelece que os acréscimos legais moratórios devem incidir
ajuizamento das ações trabalhistas, deverá ser utilizado como desde a data da efetiva prestação de serviço pelo empregado,
indexador o IPCA-E; - "Em relação à fase judicial, a atualização dos desde que esta seja posterior a 05.03.2009, marco temporal
débitos judiciais deve ser efetuada pela taxa referencial do Sistema resultante da aplicação dos princípios da anterioridade nonagesimal
Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, considerando que ela (art. 150, III, a, c/c o art. 195, § 6º, da CF/88) e da irretroatividade
incide como juros moratórios dos tributos federais (arts. 13 da Lei das leis (art. 5ºXXXVI). Por conseguinte, a "ratio decidendi" dos
9.065/95; 84 da Lei 8.981/95; 39, § 4º, da Lei 9.250/95; 61, § 3º, da precedentes que alicerçam a Súmula nº 5 deste Regional deve ser
Lei 9.430/96; e 30 da Lei 10.522/02); - "A incidência de juros restrita aos casos em que a prestação de serviço ocorreu em data
moratórios com base na variação da taxa SELIC não pode ser anterior à vigência da Medida Provisória nº 449/2008 (05.03.2009),
Desembargadores Plauto Carneiro Porto (Suspeição) e Maria Roseli EMBARGANTE: INSTITUTO PRAXIS DE EDUCACAO, CULTURA
Servidor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000493-84.2020.5.07.0024
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INSTITUTO PRAXIS DE
Relator MARIA JOSE GIRAO
RECORRENTE IVAN JAKOV COSTA OLIVEIRA EDUCAÇÃO, CULTURA E AÇÃO SOCIAL. OMISSÃO
ADVOGADO ROBERTO REBOUCAS DE INEXISTENTE. As argumentações do reclamado demonstram tão
SOUSA(OAB: 34625/CE)
ADVOGADO JOAO VIANEY NOGUEIRA somente inconformismo com a decisão em segundo grau. No
MARTINS(OAB: 15721/CE)
entanto, esta via processual não é adequada para a revisão de
decisões judiciais. Quando a argumentação dos embargos não se portanto faz jus à isenção prevista no art. 195 §7º da Constituição
insere em quaisquer dos pressupostos, nos termos dos arts. 897-A Federal, nos termos da Lei nº 12.101/2009, o que torna a cobrança
da CLT e 1.022 do CPC, forçoso o improvimento. MULTA POR de contribuição social uma afronta direta e literal à Constituição
EFEITO PROTELATÓRIO. Os embargos detêm cunho protelatório Federal, motivo pelo qual pode ser sanado a qualquer momento, de
e com vistas a impedir que sejam utilizados por mera conduta oficio pelo juízo ou a requerimento, devendo portanto ser retirado a
processual, aplica-se a multa prescrita no §2º do art. 1.026 do CPC cobrança de contribuição social da presente demanda."
em 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa. Embargos Não se vislumbra omissão. Na realidade o embargante almeja
RELATÓRIO dos pressupostos, nos termos dos arts. 897-A da CLT e 1.022 do
Trata-se de embargos de declaração ID. 04d2cda interpostos pelo pelo reclamado detêm cunho protelatório e com vistas a impedir que
INSTITUTO PRAXIS DE EDUCAÇÃO, CULTURA E AÇÃO SOCIAL sejam utilizados por mera conduta processual, aplica-se a multa
contra acórdão ID. 4c647a4 que negou provimento ao recurso prescrita no §2º do art. 1.026 do CPC em 1% (um por cento) sobre o
É o relatório.
CONCLUSÃO DO VOTO
ADMISSIBILIDADE
embargos declaratórios.
A interposição dos embargos declaratórios encontra-se disciplinada TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
nos arts. 897-A da CLT e 1.022 do CPC e visa sanar omissão, unanimidade, conhecer dos embargos de declaração e, no mérito,
contradição e/ou obscuridade, bem como corrigir erro material. negar-lhes provimento, com aplicação da multa de 1% (um por
O embargante, alegando existência de omissão, aduz que "precisa cento) sobre o valor atualizado da causa. Participaram do
ser esclarecido quanto alteração na estrutura administrativa do julgamento os Desembargadores,Plauto Carneiro Porto
Instituto Práxis, ora embargante, pois, considerando que o (Presidente), Maria José Girão (Relatora) e Durval César de
interventor não atua em nome próprio, mas em nome da instituição Vasconcelos Maia. Presente, ainda, o Procurador do Trabalho,
que interveio, porém efetuou contrato diretamente com a Francisco José Parente Vasconcelos Júnior. Não participou do
reclamante, comprova-se que agiu em nome próprio julgamento a Desembargadora Maria Roseli Mendes Alencar
dirimida na primeira instância, juízo competente para a liquidação MARIA JOSE GIRAO
"Por fim, devemos destacar que nos cálculos liquidatórios FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
de valores referente a contribuição social, ocorre que o Instituto CESAR DE ALMEIDA MARINHO
Processo Nº ROT-0000493-84.2020.5.07.0024
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INSTITUTO PRAXIS DE
Relator MARIA JOSE GIRAO
RECORRENTE IVAN JAKOV COSTA OLIVEIRA EDUCAÇÃO, CULTURA E AÇÃO SOCIAL. OMISSÃO
ADVOGADO ROBERTO REBOUCAS DE INEXISTENTE. As argumentações do reclamado demonstram tão
SOUSA(OAB: 34625/CE)
ADVOGADO JOAO VIANEY NOGUEIRA somente inconformismo com a decisão em segundo grau. No
MARTINS(OAB: 15721/CE)
entanto, esta via processual não é adequada para a revisão de
ADVOGADO BRUNO RAFAEL GOMES
SILVA(OAB: 26189/CE) decisões judiciais. Quando a argumentação dos embargos não se
ADVOGADO FRANCISCO SOUSA SANTOS(OAB:
24168/CE) insere em quaisquer dos pressupostos, nos termos dos arts. 897-A
ADVOGADO NATALIA MENDONCA PORTO da CLT e 1.022 do CPC, forçoso o improvimento. MULTA POR
SOARES(OAB: 38920/CE)
ADVOGADO ANDERSON HERBERT ALVES EFEITO PROTELATÓRIO. Os embargos detêm cunho protelatório
MARQUES(OAB: 39169/CE)
e com vistas a impedir que sejam utilizados por mera conduta
RECORRENTE INSTITUTO PRAXIS DE EDUCACAO,
CULTURA E ACAO SOCIAL processual, aplica-se a multa prescrita no §2º do art. 1.026 do CPC
ADVOGADO ANTONIO GLAUCO FONSECA MOTA
FILHO(OAB: 31154/CE) em 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa. Embargos
RECORRIDO INSTITUTO PRAXIS DE EDUCACAO, conhecidos e improvidos.
CULTURA E ACAO SOCIAL
ADVOGADO ANTONIO GLAUCO FONSECA MOTA
FILHO(OAB: 31154/CE)
RECORRIDO MUNICIPIO DE
SOBRAL/PREFEITURA MUNICIPAL RELATÓRIO
ADVOGADO RAFAELY MARINA VASCONCELOS
DE AQUINO(OAB: 25523/CE)
RECORRIDO IVAN JAKOV COSTA OLIVEIRA
ADVOGADO ROBERTO REBOUCAS DE
SOUSA(OAB: 34625/CE) Trata-se de embargos de declaração ID. 04d2cda interpostos pelo
ADVOGADO JOAO VIANEY NOGUEIRA INSTITUTO PRAXIS DE EDUCAÇÃO, CULTURA E AÇÃO SOCIAL
MARTINS(OAB: 15721/CE)
ADVOGADO BRUNO RAFAEL GOMES contra acórdão ID. 4c647a4 que negou provimento ao recurso
SILVA(OAB: 26189/CE)
ordinário do embargante.
ADVOGADO FRANCISCO SOUSA SANTOS(OAB:
24168/CE) Desnecessárias contrarrazões.
ADVOGADO NATALIA MENDONCA PORTO
SOARES(OAB: 38920/CE) É o relatório.
ADVOGADO ANDERSON HERBERT ALVES
MARQUES(OAB: 39169/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
FUNDAMENTAÇÃO
Intimado(s)/Citado(s):
- INSTITUTO PRAXIS DE EDUCACAO, CULTURA E ACAO
SOCIAL
ADMISSIBILIDADE
embargos declaratórios.
PODER JUDICIÁRIO
MÉRITO
JUSTIÇA DO
A interposição dos embargos declaratórios encontra-se disciplinada
PROCESSO nº 0000493-84.2020.5.07.0024 (ROT) contradição e/ou obscuridade, bem como corrigir erro material.
EMBARGANTE: INSTITUTO PRAXIS DE EDUCACAO, CULTURA O embargante, alegando existência de omissão, aduz que "precisa
EMBARGADOS: IVAN JAKOV COSTA OLIVEIRA E MUNICIPIO Instituto Práxis, ora embargante, pois, considerando que o
DE SOBRAL/PREFEITURA MUNICIPAL interventor não atua em nome próprio, mas em nome da instituição
RELATORA: MARIA JOSE GIRAO que interveio, porém efetuou contrato diretamente com a
EMENTA Acresce ainda inovação recursal sobre questão que deve ser
do julgado:
"Por fim, devemos destacar que nos cálculos liquidatórios FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
de valores referente a contribuição social, ocorre que o Instituto CESAR DE ALMEIDA MARINHO
Processo Nº ROT-0001198-82.2020.5.07.0024
Intimado(s)/Citado(s): Complemento Processo Eletrônico - PJE
- CAIXA ECONOMICA FEDERAL Relator MARIA JOSE GIRAO
- MARIA FERREIRA CHAVES MARTINS Revisor MARIA JOSE GIRAO
- MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO RECORRENTE MUNICIPIO DE MASSAPE
- MUNICIPIO DE MUCAMBO RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
RECORRIDO MARIA NECI REINALDO DA SILVA
Processo Nº ROT-0001137-27.2020.5.07.0024 ADVOGADO PALOMA MOURAO MACEDO FEIJAO
Complemento Processo Eletrônico - PJE CAVALCANTE(OAB: 25092/CE)
Relator MARIA JOSE GIRAO CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
Revisor MARIA JOSE GIRAO TRABALHO
RECORRENTE FRANCISCO DAS CHAGAS
VASCONCELOS Intimado(s)/Citado(s):
ADVOGADO PALOMA MOURAO MACEDO FEIJAO - CAIXA ECONOMICA FEDERAL
CAVALCANTE(OAB: 25092/CE)
- MARIA NECI REINALDO DA SILVA
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
- MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO
RECORRIDO MUNICIPIO DE MASSAPE
- MUNICIPIO DE MASSAPE
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
Processo Nº ROT-0001571-98.2020.5.07.0029
Complemento Processo Eletrônico - PJE
Intimado(s)/Citado(s):
Relator MARIA JOSE GIRAO
- CAIXA ECONOMICA FEDERAL
Revisor MARIA JOSE GIRAO
- FRANCISCO DAS CHAGAS VASCONCELOS
RECORRENTE MISMEILANDIA FURTADO DE
- MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO OLIVEIRA
- MUNICIPIO DE MASSAPE ADVOGADO EZIO GUIMARAES AZEVEDO(OAB:
17427/CE)
Processo Nº ROT-0001145-04.2020.5.07.0024 RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL
Complemento Processo Eletrônico - PJE RECORRIDO MUNICIPIO DE GRACA
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS ADVOGADO RAIMUNDO DE ALCANTARA
MAIA AZEVEDO JUNIOR(OAB: 33237/CE)
Revisor DURVAL CESAR DE VASCONCELOS CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
MAIA TRABALHO
RECORRENTE MUNICIPIO DE MUCAMBO
ADVOGADO TIAGO FRAGOSO VIEIRA(OAB: Intimado(s)/Citado(s):
15111/CE)
- CAIXA ECONOMICA FEDERAL
Intimado(s)/Citado(s):
Processo Nº RORSum-0000174-04.2020.5.07.0029
- DEBORA DE JESUS NASCIMENTO Complemento Processo Eletrônico - PJE
- MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
- MUNICIPIO DE BARBALHA MAIA
Revisor DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
Processo Nº ROT-0000058-70.2021.5.07.0026
Complemento Processo Eletrônico - PJE RECORRENTE MXM SERVICOS E LOCACOES
EIRELI
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA ADVOGADO ERICA VERISSIMO MARTINS(OAB:
26844/CE)
Revisor DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA ADVOGADO GAUDENIO SANTIAGO DO
CARMO(OAB: 20944/CE)
RECORRENTE FRANCISCO EDIVAN DE LIRA
RECORRIDO SERGISNANDO MARTINS DE
ADVOGADO ORLANDO SILVA DA SILVEIRA(OAB: SOUZA
11920-B/CE)
ADVOGADO ARTHUR MULLER CARVALHO
RECORRIDO SERVIS SEGURANCA LTDA PORTELA(OAB: 19298/CE)
ADVOGADO MANUEL LUIS DA ROCHA
NETO(OAB: 7479/CE)
Intimado(s)/Citado(s):
- MXM SERVICOS E LOCACOES EIRELI
Intimado(s)/Citado(s):
- SERGISNANDO MARTINS DE SOUZA
- FRANCISCO EDIVAN DE LIRA
- SERVIS SEGURANCA LTDA
Processo Nº ROT-0000252-67.2021.5.07.0027
Complemento Processo Eletrônico - PJE
Processo Nº ROT-0000084-75.2020.5.07.0035
Intimado(s)/Citado(s): Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO JOSE JUSTINO DA SILVA - FRANCISCO NOGUEIRA MAIA JUNIOR
- VIACAO PRINCESA DOS INHAMUNS LTDA - PROJEART INDUSTRIA DE ESTRUTURAS METALICAS LTDA
Processo Nº RORSum-0001000-14.2020.5.07.0002
Complemento Processo Eletrônico - PJE Intimado(s)/Citado(s):
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS - BSPAR INCORPORACOES S/A
MAIA - J SIMOES ENGENHARIA LTDA
Revisor DURVAL CESAR DE VASCONCELOS - ONTIME CONSTRUCOES E SERVICOS EM PINTURA LTDA
MAIA
- RIVANIO VIANA MONTEIRO
RECORRENTE COMPANHIA NACIONAL DE
ABASTECIMENTO CONAB
ADVOGADO LEONARDO ARAÚJO LOPES Processo Nº ROT-0001278-31.2019.5.07.0008
VIEIRA(OAB: 26363/CE) Complemento Processo Eletrônico - PJE
ADVOGADO ROBERTO SILVEIRA MOURA(OAB: Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
11941/CE) MAIA
RECORRENTE FRANCISCO LUCIVALDO PONTES Revisor DURVAL CESAR DE VASCONCELOS
MAIA
ADVOGADO ROBERTO GOMES FERREIRA(OAB:
11723/DF) RECORRENTE BANCO DO BRASIL SA
RECORRIDO COMPANHIA NACIONAL DE ADVOGADO RAFAEL LIMA DE ANDRADE(OAB:
ABASTECIMENTO CONAB 592-B/SE)
ADVOGADO LEONARDO ARAÚJO LOPES ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA
VIEIRA(OAB: 26363/CE) RAMOS JUNIOR(OAB: 4445/PI)
ADVOGADO ROBERTO SILVEIRA MOURA(OAB: ADVOGADO ALINE SANTOS DA SILVA(OAB:
11941/CE) 39921-B/CE)
RECORRIDO FRANCISCO LUCIVALDO PONTES RECORRENTE JOSE LUCIO DE CARVALHO
ADVOGADO ROBERTO GOMES FERREIRA(OAB: ADVOGADO MAIRA CAMARA VELOSO DE
11723/DF) MAUPEOU(OAB: 39273/CE)
ADVOGADO LUCAS PEREIRA MITRE(OAB:
Intimado(s)/Citado(s): 38421/CE)
ADVOGADO ANA CAROLINA MEIRELES ROCHA
- COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO CONAB DANTAS(OAB: 21674/CE)
- FRANCISCO LUCIVALDO PONTES ADVOGADO ANATOLE NOGUEIRA SOUSA
GABRIELE(OAB: 22578/CE)
Processo Nº ROT-0001205-59.2019.5.07.0008 ADVOGADO Carlos Antonio Chagas(OAB: 6560/CE)
Complemento Processo Eletrônico - PJE RECORRIDO BANCO DO BRASIL SA
Relator DURVAL CESAR DE VASCONCELOS ADVOGADO RAFAEL LIMA DE ANDRADE(OAB:
MAIA 592-B/SE)
Revisor DURVAL CESAR DE VASCONCELOS ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA
MAIA RAMOS JUNIOR(OAB: 4445/PI)
RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE ADVOGADO ALINE SANTOS DA SILVA(OAB:
CORREIOS E TELEGRAFOS 39921-B/CE)
RECORRIDO IDELBERTO DA SILVA ARAUJO RECORRIDO JOSE LUCIO DE CARVALHO
ADVOGADO TICIANO CORDEIRO AGUIAR(OAB: ADVOGADO MAIRA CAMARA VELOSO DE
19255/CE) MAUPEOU(OAB: 39273/CE)
ADVOGADO SAMIA MARIA RIBEIRO LEITAO(OAB: ADVOGADO LUCAS PEREIRA MITRE(OAB:
7585/CE) 38421/CE)
ADVOGADO Marcos Martins dos Santos Neto(OAB: ADVOGADO ANA CAROLINA MEIRELES ROCHA
20087-A/CE) DANTAS(OAB: 21674/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO ADVOGADO ANATOLE NOGUEIRA SOUSA
TRABALHO GABRIELE(OAB: 22578/CE)
ADVOGADO Carlos Antonio Chagas(OAB: 6560/CE)
Intimado(s)/Citado(s):
- EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS Intimado(s)/Citado(s):
- IDELBERTO DA SILVA ARAUJO - BANCO DO BRASIL SA
- MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO - JOSE LUCIO DE CARVALHO
Processo Nº RORSum-0000366-33.2021.5.07.0018
Intimado(s)/Citado(s): Complemento Processo Eletrônico - PJE
- FRANCISCO JOSE PONTE DE AGUIAR Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
- TELEMAR NORTE LESTE S/A. - EM RECUPERACAO Revisor MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
JUDICIAL
RECORRENTE TAVARES & NOBRE
SUPERMERCADOS LTDA
Os processos constantes desta pauta que não forem julgados na ADVOGADO EDUARDO CÉSAR SOUSA
ARAGÃO(OAB: 14750/CE)
sessão a que se referem ficam automaticamente adiados para as
RECORRIDO CELINA MARIA DOS SANTOS
próximas que se seguirem, independentemente de nova publicação. ANDRADE
Pauta de Julgamento ADVOGADO CAROLINA SERRA(OAB: 16309-
Pauta da Ordinária Virtual de Julgamento do(a) 1ª Turma do dia A/CE)
15/09/2021 às 09:00
Processo Nº RORSum-0000245-78.2021.5.07.0026 Intimado(s)/Citado(s):
Complemento Processo Eletrônico - PJE - CELINA MARIA DOS SANTOS ANDRADE
Relator MARIA JOSE GIRAO - TAVARES & NOBRE SUPERMERCADOS LTDA
Revisor MARIA JOSE GIRAO
RECORRENTE CLEITON MEDEIROS DA FONSECA Processo Nº RORSum-0000399-93.2021.5.07.0027
ADVOGADO GILIANO SILVA DE SOUSA(OAB: Complemento Processo Eletrônico - PJE
5927/RN) Relator PLAUTO CARNEIRO PORTO
RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DO Revisor PLAUTO CARNEIRO PORTO
CEARA
RECORRENTE PASSAREDO TRANSPORTES
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB: AEREOS LTDA
5864/CE)
ADVOGADO MARCELO AZEVEDO
RECORRENTE ENDICON ENGENHARIA DE KAIRALLA(OAB: 143415/SP)
INSTALACOES E CONSTRUCOES
LTDA RECORRIDO CARLOS BRENO RODRIGUES DOS
SANTOS
ADVOGADO ANDRE AZEREDO FONTOURA(OAB:
24486/PA) ADVOGADO PEDRO HENRIQUE SARAIVA
BELTRAO(OAB: 42958/CE)
RECORRIDO CLEITON MEDEIROS DA FONSECA
ADVOGADO GILIANO SILVA DE SOUSA(OAB:
5927/RN) Intimado(s)/Citado(s):
RECORRIDO COMPANHIA ENERGETICA DO - CARLOS BRENO RODRIGUES DOS SANTOS
CEARA - PASSAREDO TRANSPORTES AEREOS LTDA
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
5864/CE)
Processo Nº RORSum-0000539-49.2020.5.07.0032
RECORRIDO ENDICON ENGENHARIA DE
INSTALACOES E CONSTRUCOES Complemento Processo Eletrônico - PJE
LTDA Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
ADVOGADO ANDRE AZEREDO FONTOURA(OAB: Revisor MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
24486/PA)
RECORRENTE FARMACIA DO TRABALHADOR DO
BRASIL CEARA LTDA.
Intimado(s)/Citado(s): ADVOGADO JOSE TELES BEZERRA
JUNIOR(OAB: 25238/CE)
- CLEITON MEDEIROS DA FONSECA
RECORRENTE SABRYNA MAYARA RODRIGUES DE
- COMPANHIA ENERGETICA DO CEARA FREITAS PAZ
- ENDICON ENGENHARIA DE INSTALACOES E ADVOGADO FRANCISCA JANAINA MUNIZ
CONSTRUCOES LTDA NOGUEIRA(OAB: 27708/CE)
RECORRIDO FARMACIA DO TRABALHADOR DO
Processo Nº RORSum-0000288-68.2018.5.07.0010 BRASIL CEARA LTDA.
Complemento Processo Eletrônico - PJE ADVOGADO JOSE TELES BEZERRA
Relator MARIA ROSELI MENDES ALENCAR JUNIOR(OAB: 25238/CE)
Revisor MARIA ROSELI MENDES ALENCAR RECORRIDO SABRYNA MAYARA RODRIGUES DE
FREITAS PAZ
RECORRENTE ROBERTA UCHOA DE SOUZA
ADVOGADO FRANCISCA JANAINA MUNIZ
ADVOGADO ROBERTO RIVELINO NOGUEIRA(OAB: 27708/CE)
CAVALCANTE(OAB: 33252/CE)
Intimado(s)/Citado(s):
SESSÃO ORDINÁRIA PRESENCIAL DA 1ª TURMA DO DIA Orgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes Alencar
Orgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes Alencar ADVOGADO - NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES
RECORRENTE - BEACH PARK HOTEIS E TURISMO S/A RECORRIDO - DENISE SANTOS RANGEL
ADVOGADO - RAPHAEL AYRES DE MOURA CHAVES ADVOGADO - RONALDO MARCIO SOARES BRITO
ADVOGADO - Rafaela Ibiapina Farias Maia Relator: MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
ADVOGADO - CARLOS ADOLFO FERREIRA NOGUEIRA Orgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes Alencar
Polo Ativo:
Orgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes Alencar Polo Passivo:
RECORRENTE - JACINTO MENEZES DA SILVA JUNIOR ADVOGADO - NAIRA MARIA FARIAS MARTINS
RECORRIDO - MSC MALTA SEAFARERS COMPANY LIMITED Orgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes Alencar
Orgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes Alencar Polo Passivo:
RECORRENTE - AUTO VIACAO METROPOLITANA LTDA ADVOGADO - ANA CLARICE RIBEIRO MACEDO
Relator: MARIA ROSELI MENDES ALENCAR ADVOGADO - MANUEL LUIS DA ROCHA NETO
Orgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes Alencar Polo Passivo:
ADVOGADO - JOSE AURELIO SILVA JUNIOR ADVOGADO - MANUEL LUIS DA ROCHA NETO
ADVOGADO - RONALDO MARCIO SOARES BRITO ADVOGADO - Antonio Marcos de Meneses Alves
Ordem: 1
Polo Ativo:
Polo Passivo:
EMENTA
RECORRIDO - CAIXA ECONOMICA FEDERAL
Ordem: 1
JUSTA CAUSA. DESÍDIA. IMPOSSIBILIDADE DE DUPLA
Número do Processo: 0000972-77.2020.5.07.0024 - ROT
PUNIÇÃO PELO MESMO FATO. NÃO COMPROVAÇÃO DE
Relator: MARIA ROSELI MENDES ALENCAR
NOVA FALTA SUFICIENTE A CARACTERIZAR JUSTA CAUSA.
Orgão Julgador: Gab. Des. Maria Roseli Mendes Alencar
A justa causa ensejadora da rescisão contratual deve ser provada
Polo Ativo:
de forma cabal e robusta, tendo em vista o princípio da continuidade
RECORRENTE - CID RODRIGUES DE SOUSA
da relação empregatícia, notadamente, a fim de se evitar os
prejuízos que podem advir para o empregado. Não se "2.2. DA REVERSÃO DA JUSTA CAUSA APLICADA
desincumbindo o empregador de tal ônus, de se manter a sentença Ab initio, cumpre-se reconhecer a existência de relação
recorrida que não reconheceu a justa dispensa. Faltas pretéritas, já empregatícia entre as partes no período de 14/07/16 a 13/11/19. O
punidas não ensejam a justa causa, sob pena de "bis in idem". cerne da questão, então, está em se perquirir acerca da validade ou
Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamada, VLI In casu, a justa causa aplicada ao reclamante foi o mau
MULTIMODAL S.A, em face da decisão proferida pelo MM. Juízo procedimento, o qual se caracteriza como uma figura ampla, que
da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante que julgou está presente quando "for infringido o dever social do empregado de
parcialmente procedentes os pedidos veiculados ena exordial, boa conduta, regras que devem ser observadas pelo homem
determinando a reversão da justa causa aplicada ao autor (ID comum no trato com o outro, polidez, paciência e educação" (Volia
Em seu arrazoado, a reclamada pugna pela reforma da decisão de Segundo as lições de Alice Monteiro de Barros, configura-se tal
origem para que seja reconhecida a demissão por justa causa modalidade de justa causa "pelo comportamento incorreto do
aplicada ao obreiro. Impugna, ainda, os cálculos do Juízo no que se empregado, traduzido pela prática de atos que firam a discrição
refere à proporcionalidade do período de estabilidade e ao valor da pessoal, as regras do bom viver, o respeito, o decoro, ou quando a
Contrarrazões do reclamante sob ID 82e8665. capazes de ofender a dignidade de alguém, prejudicando as boas
23/10 /08).
1. ADMISSIBILIDADE não foi devidamente comprovada nos autos, por nenhum meio de
Preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos, merecem prova. Deveras, na defesa, alega a reclamada, de forma genérica,
conhecimento os apelos. que "ao final do vínculo, o Autor interpelou o seu superior direto, Sr.
2.1. DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA. tendo todo este histórico culminando na sua dispensa por justa
Insurge-se, a reclamada contra a sentença de origem que julgou causa" (id 922cc8d, p. 6).
parcialmente procedentes os pedidos formulados na Reclamação Ora, como se depreende do acima exposto, o que culminou na
Trabalhista, revertendo a dispensa por justa causa aplicada ao autor rescisão contratual por justa causa não foram as faltas anteriores,
Em suas razões recursais, a demandada aduz que a despedida do mais sim o fato de ter o obreiro 'interpelado' seu superior direto. O
reclamante foi motivada pelas constantes faltas ao serviço ao longo que consta do comunicado de dispensa não são as faltas ao
do liame empregatício. Aduz, ainda, que o incorreto enquadramento trabalho e sim o enquadramento do autor no art. 482, b, da CLT
em uma das alíneas do art. 482 da CLT não invalida a aplicação da (mau procedimento). Todavia, não há qualquer prova nos autos do
justa causa. alegado mau procedimento cometido pelo autor, com relação ao
Sobre a matéria, consignou a sentença vergastada, "in verbis": seu superior hierárquico, nem sequer a data em que tal fato
supostamente aconteceu, não tendo a acionada juntado, sequer, o "Comunicamos que a partir de 13/11/2019 seu Contrato de Trabalho
boletim de ocorrência mencionado em sua contestação. estará rescindido por justa causa, de acordo com o art. 482, alínea
Reitero que este Juízo reconhece, pela análise da defesa e das 'b'.
provas carreadas pela reclamada, que o autor tinha um histórico de Solicitamos comparecer ao setor médico do PECEM, para os
faltas e atrasos ao trabalho, bem como já descumpriu regras da procedimentos do seu exame demissional.
empresa, mas não foram esses os motivos pelos quais fora ele Fica determinado que V.Sª, deverá proceder a entrega da CTPS,
dispensado por justa causa. Na verdade, a reclamada já aplicou identidade funcional e cartões do plano de saúde, bem como de
penalidades de advertência e suspensão ao obreiro, por algumas qualquer outros equipamentos e bens da empresa sob sua
das faltas cometidas anteriormente. responsabilidade, para que o mesmo proceda os cálculos de
do reclamante, não se pode, apenas por tal razão, reconhecer a Solicitamos seu comparecimento ao sindicato SETTAPORT,
justa causa a ele imputada, sendo necessário comprovar a falta que localizado à Rua Marcolina Sampaio, s/n° - sala 11 - PECÉM/CE, no
ensejou a aplicação da pena máxima, o que não ocorreu no caso dia 25/11/2019 ás 09:00 horas, para homologação e quitação da
Veja que a reclamada alega que a rescisão se deu por mau O descumprimento do prazo acima previsto, caracterizará a mora
procedimento, aduzindo que "ao final do vínculo, o Autor interpelou do empregado prevista no art. 477, parágrafo 8° IN FINE do texto
o seu superior direto, Sr. Yuri, fato que levou o mesmo a registrar consolidado.
boletim de ocorrência, tendo todo este histórico culminando na sua O não comparecimento ao local, data e horário ora estabelecido,
dispensa por justa causa" (id 922cc8d, p. 6). Repito: a suposta implicará na consignação do pagamento em juízo."
'interpelação' ao superior hierárquico, mencionada de forma Como se vê, a reclamada sequer informou ao autor, no comunicado
genérica apenas na defesa e sem qualquer respaldo probatório, não de dispensa, o fato ensejador da justa causa aplicada. Contudo,
pode ensejar a ruptura contratual por falta grave. Da mesma forma, segundo a teoria dos motivos determinantes, deve haver relação
não há como considerar o histórico de faltas do autor, porquanto no entre a falta e a punição, sendo a infração cometida pelo
entender deste Juízo, é destituída de respaldo jurídico a pretensão empregado a causa e a justa causa, o efeito. O empregador deve
de dispensa por justa causa pelo 'conjunto da obra', sendo comunicar com precisão o motivo da ruptura contratual e a falta que
necessária a demonstração cabal da nova infração cometida pelo a ocasionou para que o empregado a conheça e tenha a garantia de
obreiro, a qual fora apontada como causa da ruptura contratual. que não seja modificada posteriormente. Como bem esclarece o
O TRT da 3ª Região já advertira que "ao empregador não se TRT da 1ª Região, "uma vez identificada a falta que ensejou a pena
permite dispensar o empregado apenas pelo 'conjunto da obra', sem máxima, o empregador não pode a substituir por outra" (RO 101501
comprovar que o obreiro tenha incorrido em nova violação aos seus -10.2016.5.01.0284 - 15/12/18).
deveres funcionais" (RO 12228-10.2016.5..03.0043 - 10/9/2019). Da Assim, após detido análise dos presentes autos, entende esta
mesma forma, o TRT da 4ª Região: Julgadora que a reclamada não se desvencilhou de seu encargo
"Assim, não pode o empregador, "pelo conjunto da obra", dispensar probatório, eis que se descurou de demonstrar a ocorrência da falta
motivadamente o empregado nem por infrações já penalizadas, apontada como causadora da rescisão por justo motivo.
nem por infrações antigas, ocorridas meses antes, somando e Lembro que a justa causa, como fator ensejador da dispensa, deve
misturando-as, mas sim penalizar uma a uma as infrações, ser robustamente comprovada pelo empregador, por se tratar de
conforme sua gravidade, progredindo da penalidade mais branda penalidade máxima a ser imputada ao empregado, maculando sua
ate a mais grave, salvo se ocorrida situação de gravidade tal que já vida profissional e ocasionando-lhe graves prejuízos. O poder
ensejaria de imediato a aplicação da justa causa" (RO 21916- disciplinar conferido ao empregador permite-lhe punir o empregado
37.2017.5.04.003 - 05/2/2019). que comete falta e, para exercitar o seu direito potestativo, deverá
Ademais, vejo que na comunicação de dispensa sequer foi avaliar a conduta do empregado, investigar os fatos relacionados,
apontada a falta especifica cometida pelo reclamante, sendo feita coligindo as provas possíveis, tendo em conta que lhe compete o
mera referência genérica a alínea b, do art. 482 da CLT, sem encargo probatório.
indicação da conduta enquadrável em tal tipo, a qual foi Ante o exposto, considerando que o motivo da dispensa por justa
mencionada, tão somente, na peça contestatória. Com efeito, assim causa apontado na defesa não restou comprovado nos autos, não
consta na comunicação da rescisão enviada ao reclamante: havendo provas de qualquer conduta que possa ser capitulada
como mau procedimento, fundamento indicado na carta de dispensa conforme consignado em sentença, considerando a
apresentada ao autor, entendo que a reversão da justa causa proporcionalidade dos meses em questão e, no caso multa do
aplicada é medida que se impõe. FGTS, o valor real dos depósitos fundiários efetivados.
jurídicos fundamentos.
princípio da continuidade da relação de emprego, regente do Direito Voto por conhecer do recurso ordinário e lhe dar parcial provimento
No caso vertente, a causa motivadora da demissão do reclamante juízo, apenas no que diz respeito ao período de estabilidade e à
imputada pela empresa demandada foi a capitulada no art.482, multa de 40% do FGTS, levando-se em conta o período de
alínea 'b', da CLT, qual seja, "incontinência de conduta ou mau 13/11/2019 a 18/01/2021, conforme consignado em sentença,
Compulsando os autos, observa-se que a falta imputada ao obreiro, caso multa do FGTS, o valor real dos depósitos fundiários
como justificadora da dispensa por justa causa não foi comprovada efetivados, de acordo com extrato anexado aos autos (ID a3e07df ).
Ocorre que não há prova nos autos de tal conduta, tampouco houve
causadora da rescisão por justo motivo, deve ser mantida a decisão TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
de origem que determinou a reversão da justa causa aplicada. unanimidade,conhecer do recurso ordinário e lhe dar parcial
Outrossim, afastada a justa causa apontada pelo empregador e provimento para determinar que os cálculos sejam feitos pela
reconhecida a ruptura contratual imotivada, devidas as verbas contadoria do juízo, apenas no que diz respeito ao período de
rescisórias inerentes à essa espécie de cessação do pacto laboral, estabilidade e à multa de 40% do FGTS, levando-se em conta o
Quanto aos cálculos, tendo em vista que não houve apresentação e, no caso multa do FGTS, o valor real dos depósitos fundiários
de memória de cálculos pelo calculista do Juízo, de modo a efetivados, de acordo com extrato anexado aos autos (ID a3e07df ).
possibilitar a sua análise, determina-se que seja apresentada Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença
planilha pela contadoria do Vara de origem, apenas no que diz Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda
respeito ao período de estabilidade e à multa de 40% do FGTS, Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do
RELATÓRIO
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA Trata-se de recurso ordinário interposto pela reclamada, VLI
FORTALEZA/CE, 02 de setembro de 2021. da Única Vara do Trabalho de São Gonçalo do Amarante que julgou
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO determinando a reversão da justa causa aplicada ao autor (ID
Intimado(s)/Citado(s):
- CLAUDIO TADEU VIEIRA JUNIOR
JUSTIÇA DO
1. ADMISSIBILIDADE
2. MÉRITO
imediatidade, uma gravidade tal que inviabilize a continuidade do dispensado por justa causa. Na verdade, a reclamada já aplicou
vínculo empregatício, já que consiste na forma mais odiosa de penalidades de advertência e suspensão ao obreiro, por algumas
rompimento contratual, traduzindo-se numa mácula indelével na das faltas cometidas anteriormente.
vida profissional do trabalhador, além de alijá-lo de uma série de Ainda que comprovadamente desidiosa a vida pregressa funcional
direitos garantidos pela legislação trabalhista. do reclamante, não se pode, apenas por tal razão, reconhecer a
In casu, a justa causa aplicada ao reclamante foi o mau justa causa a ele imputada, sendo necessário comprovar a falta que
procedimento, o qual se caracteriza como uma figura ampla, que ensejou a aplicação da pena máxima, o que não ocorreu no caso
está presente quando "for infringido o dever social do empregado de dos autos.
boa conduta, regras que devem ser observadas pelo homem Veja que a reclamada alega que a rescisão se deu por mau
comum no trato com o outro, polidez, paciência e educação" (Volia procedimento, aduzindo que "ao final do vínculo, o Autor interpelou
Bonfim Cassar, Direito do Trabalho, 9ª ed.). o seu superior direto, Sr. Yuri, fato que levou o mesmo a registrar
Segundo as lições de Alice Monteiro de Barros, configura-se tal boletim de ocorrência, tendo todo este histórico culminando na sua
modalidade de justa causa "pelo comportamento incorreto do dispensa por justa causa" (id 922cc8d, p. 6). Repito: a suposta
empregado, traduzido pela prática de atos que firam a discrição 'interpelação' ao superior hierárquico, mencionada de forma
pessoal, as regras do bom viver, o respeito, o decoro, ou quando a genérica apenas na defesa e sem qualquer respaldo probatório, não
conduta do obreiro configurar impolidez ou falta de compostura pode ensejar a ruptura contratual por falta grave. Da mesma forma,
capazes de ofender a dignidade de alguém, prejudicando as boas não há como considerar o histórico de faltas do autor, porquanto no
condições no ambiente de trabalho" (TRT 3ª R - RO 01948-2007 - entender deste Juízo, é destituída de respaldo jurídico a pretensão
23/10 /08). de dispensa por justa causa pelo 'conjunto da obra', sendo
A imputação de justa causa ao empregado, como fator ensejador de necessária a demonstração cabal da nova infração cometida pelo
sua dispensa, deve ser robustamente comprovada pelo obreiro, a qual fora apontada como causa da ruptura contratual.
empregador, somente devendo ser declarada em situações O TRT da 3ª Região já advertira que "ao empregador não se
extremas, que impeçam a continuidade da relação de emprego. permite dispensar o empregado apenas pelo 'conjunto da obra', sem
Na hipótese em exame, inobstante o histórico do reclamante comprovar que o obreiro tenha incorrido em nova violação aos seus
apontar para o mau procedimento e desídia no curso do contrato de deveres funcionais" (RO 12228-10.2016.5..03.0043 - 10/9/2019). Da
trabalho, a falta imputada como ensejadora da justa causa aplicada mesma forma, o TRT da 4ª Região:
não foi devidamente comprovada nos autos, por nenhum meio de "Assim, não pode o empregador, "pelo conjunto da obra", dispensar
prova. Deveras, na defesa, alega a reclamada, de forma genérica, motivadamente o empregado nem por infrações já penalizadas,
que "ao final do vínculo, o Autor interpelou o seu superior direto, Sr. nem por infrações antigas, ocorridas meses antes, somando e
Yuri, fato que levou o mesmo a registrar boletim de ocorrência, misturando-as, mas sim penalizar uma a uma as infrações,
tendo todo este histórico culminando na sua dispensa por justa conforme sua gravidade, progredindo da penalidade mais branda
causa" (id 922cc8d, p. 6). ate a mais grave, salvo se ocorrida situação de gravidade tal que já
Ora, como se depreende do acima exposto, o que culminou na ensejaria de imediato a aplicação da justa causa" (RO 21916-
rescisão contratual por justa causa não foram as faltas anteriores, 37.2017.5.04.003 - 05/2/2019).
mais sim o fato de ter o obreiro 'interpelado' seu superior direto. O Ademais, vejo que na comunicação de dispensa sequer foi
que consta do comunicado de dispensa não são as faltas ao apontada a falta especifica cometida pelo reclamante, sendo feita
trabalho e sim o enquadramento do autor no art. 482, b, da CLT mera referência genérica a alínea b, do art. 482 da CLT, sem
(mau procedimento). Todavia, não há qualquer prova nos autos do indicação da conduta enquadrável em tal tipo, a qual foi
alegado mau procedimento cometido pelo autor, com relação ao mencionada, tão somente, na peça contestatória. Com efeito, assim
seu superior hierárquico, nem sequer a data em que tal fato consta na comunicação da rescisão enviada ao reclamante:
supostamente aconteceu, não tendo a acionada juntado, sequer, o "Comunicamos que a partir de 13/11/2019 seu Contrato de Trabalho
boletim de ocorrência mencionado em sua contestação. estará rescindido por justa causa, de acordo com o art. 482, alínea
Reitero que este Juízo reconhece, pela análise da defesa e das 'b'.
provas carreadas pela reclamada, que o autor tinha um histórico de Solicitamos comparecer ao setor médico do PECEM, para os
faltas e atrasos ao trabalho, bem como já descumpriu regras da procedimentos do seu exame demissional.
empresa, mas não foram esses os motivos pelos quais fora ele Fica determinado que V.Sª, deverá proceder a entrega da CTPS,
identidade funcional e cartões do plano de saúde, bem como de empregador, a quem compete demonstrar, de forma robusta, o ato
qualquer outros equipamentos e bens da empresa sob sua faltoso, cercado dos requisitos de gravidade, atualidade e
responsabilidade, para que o mesmo proceda os cálculos de determinância, tendo em vista que a despedida vai de encontro ao
localizado à Rua Marcolina Sampaio, s/n° - sala 11 - PECÉM/CE, no No caso vertente, a causa motivadora da demissão do reclamante
dia 25/11/2019 ás 09:00 horas, para homologação e quitação da imputada pela empresa demandada foi a capitulada no art.482,
Rescisão Contratual. alínea 'b', da CLT, qual seja, "incontinência de conduta ou mau
do empregado prevista no art. 477, parágrafo 8° IN FINE do texto Compulsando os autos, observa-se que a falta imputada ao obreiro,
consolidado. como justificadora da dispensa por justa causa não foi comprovada
O não comparecimento ao local, data e horário ora estabelecido, por nenhum meio de prova. A recorrente alega que, ao fim do
implicará na consignação do pagamento em juízo." vínculo, o autor "interpelou" seu superior, o qual registrou um
Como se vê, a reclamada sequer informou ao autor, no comunicado boletim de ocorrência, culminando na dispensa por justa causa.
de dispensa, o fato ensejador da justa causa aplicada. Contudo, Ocorre que não há prova nos autos de tal conduta, tampouco houve
segundo a teoria dos motivos determinantes, deve haver relação anexação do referido BO.
entre a falta e a punição, sendo a infração cometida pelo Importa, ainda, destacar que as faltas anteriores cometidas pelo
empregado a causa e a justa causa, o efeito. O empregador deve empregado já haviam sido punidas pelo empregador, não podendo
comunicar com precisão o motivo da ruptura contratual e a falta que servir de substrato para a despedida do obreiro, pela ausência de
a ocasionou para que o empregado a conheça e tenha a garantia de imediatidade e sob pena de duplicidade da punição.
que não seja modificada posteriormente. Como bem esclarece o Com efeito, um dos requisitos reconhecidos pela doutrina e
TRT da 1ª Região, "uma vez identificada a falta que ensejou a pena jurisprudência trabalhistas para a aplicação de penalidades segundo
máxima, o empregador não pode a substituir por outra" (RO 101501 o poder disciplinar do empregador é o "non bis in idem". Logo, se o
-10.2016.5.01.0284 - 15/12/18). empregado já foi punido por uma determinada falta, não poderá o
Assim, após detido análise dos presentes autos, entende esta empregador arrepender-se e aplicar-lhe outra punição, mais
Julgadora que a reclamada não se desvencilhou de seu encargo rigorosa, sob pena de a segunda ser anulada.
probatório, eis que se descurou de demonstrar a ocorrência da falta Portanto, à míngua de comprovação da falta apontada como
apontada como causadora da rescisão por justo motivo. causadora da rescisão por justo motivo, deve ser mantida a decisão
Lembro que a justa causa, como fator ensejador da dispensa, deve de origem que determinou a reversão da justa causa aplicada.
ser robustamente comprovada pelo empregador, por se tratar de Outrossim, afastada a justa causa apontada pelo empregador e
penalidade máxima a ser imputada ao empregado, maculando sua reconhecida a ruptura contratual imotivada, devidas as verbas
vida profissional e ocasionando-lhe graves prejuízos. O poder rescisórias inerentes à essa espécie de cessação do pacto laboral,
disciplinar conferido ao empregador permite-lhe punir o empregado conforme estabelecido na sentença de origem.
que comete falta e, para exercitar o seu direito potestativo, deverá 2.2. DOS CÁLCULOS
avaliar a conduta do empregado, investigar os fatos relacionados, Quanto aos cálculos, tendo em vista que não houve apresentação
coligindo as provas possíveis, tendo em conta que lhe compete o de memória de cálculos pelo calculista do Juízo, de modo a
Ante o exposto, considerando que o motivo da dispensa por justa planilha pela contadoria do Vara de origem, apenas no que diz
causa apontado na defesa não restou comprovado nos autos, não respeito ao período de estabilidade e à multa de 40% do FGTS,
havendo provas de qualquer conduta que possa ser capitulada levando-se em conta o período de 13/11/2019 a 18/01/2021,
como mau procedimento, fundamento indicado na carta de dispensa conforme consignado em sentença, considerando a
apresentada ao autor, entendo que a reversão da justa causa proporcionalidade dos meses em questão e, no caso multa do
aplicada é medida que se impõe. FGTS, o valor real dos depósitos fundiários efetivados.
jurídicos fundamentos.
Voto por conhecer do recurso ordinário e lhe dar parcial provimento ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
para determinar que os cálculos sejam feitos pela contadoria do Diretor de Secretaria
Intimado(s)/Citado(s):
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO - JOSE OCELIO DA SILVA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
àquelas obrigações, relativamente ao período em que se beneficiou tempestividade, regular representação processual e preparo
do trabalho prestado pelo reclamante, consoante Súmula nº 331, IV, recursal. Presentes também os pressupostos intrínsecos -
decorrente da prestação laboral, excetuadas apenas as obrigações 2.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
Trata-se de recurso ordinário interposto pela segunda reclamada, sendo totalmente descabida a responsabilização ora vergastada.
PRODIEL BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS Assim, pede que seja afastada a sua responsabilidade subsidiária
LTDA., em face da sentença proferida pelo MM. Juízo da Única pelo pagamento das verbas deferidas.
Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte (Id 25199d9) que julgou Acerca da matéria, consignou a sentença de origem, "in verbis":
procedentes os pedidos veiculados na exordial para condenar a ''A segunda reclamada insurge-se contra sua responsabilização
primeira reclamada, YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI- subsidiária pelo inadimplemento dos pleitos deferidos na sentença,
ME, e, de forma subsidiária, a segunda reclamada, PRODIEL alegando ser incabível a sua condenação pelo fato de não ser o
BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA, ao empregadora da reclamante, somente tendo firmado contrato de
pagamento das parcelas: a) saldo de salário de 12 dias e aviso natureza civil com a primeira reclamada.
proporcional (2018); d) FGTS(8%+40%) de todo o contrato de Sobre a responsabilidade do tomador de serviços, a Lei 6.019/74
trabalho e sobre verbas rescisórias objeto da sentença, deduzidos (com redação dada pelas Lei 13.423/2017 e 13467/2017), dispõe:
Em seu arrazoado (Id7c2097f), a promovida defende a ausência de pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que
responsabilidade subsidiária alegando não haver figurado como ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
tomadora de serviços em regime de terceirização, mas tendo previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de
celebrado apenas contrato cível com a 1ª reclamada, o que 24 de julho de 1991. (grifamos)
impossibilitaria a aplicação do entendimento contido na Súmula nº Assim, em se tratando de ente privado na qualidade de tomador de
331 do TST. Sustenta, de outro lado, que a responsabilidade serviços, sua responsabilidade subsidiária decorre pura e
subsidiária só pode ser aplicada quando a terceirização de forma simplesmente de ter usufruído do labor do trabalhador terceirizado,
ilícita.depois de esgotados os bens das empresas que terceirizam, sendo desnecessária a configuração de culpa in vigilando e in
com base no artigo 10-A da CLT. Persegue a reforma da sentença eligendo. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência,
Contrarrazões apresentadas pela parte adversa (Id -a5210de). RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PRIVADO. A
Assim, são incabíveis, no presente caso, as alegações de ausência Outrossim, consta, dos autos, o contrato celebrado entrePRODIEL
de culpa por parte da segunda reclamada. BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA. e a
Em verdade, o contrato firmado entre as reclamadas é de YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI - ME, cujo objeto é o
subempreitada (Id. 95061e6), devendo a segunda reclamada seguinte: "o presente instrumento tem por objeto a execução de
(empreiteira) responder pelo haveres trabalhistas da primeira serviços e/ou obras, sem qualquer tipo de exclusividade de acordo
Nos termos do art. 455 da CLT, tanto o subempreiteiro quanto o dentro das melhores técnicas e boas práticas de Engenharia (...)".
empreiteiro respondem pelas verbas trabalhistas dos empregados Nesse contexto, depreende-se que a 2ª reclamada terceirizou para
TST é de que essa responsabilidade do empreiteiro é subsidiária, Portanto, provada a condição de tomadora de serviços da empresa
consoante ensina Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do recorrente, passa-se a examinar a questão atinente à
Trabalho, 2017, p. 563): responsabilidade subsidiária quanto aos créditos devidos aos
imputada ao empreiteiro principal como solidária. Por força dessa Nesse contexto, resta evidenciado que a empresa recorrente figurou
interpretação (responsabilidade solidária criada por lei: arts. 896, como tomadora dos serviços e responsável subsidiária pelas verbas
CCB/1916, e 455, CLT), consideravam desnecessária a prova de devidas ao trabalhador relativamente ao período em que se
fraude ou insolvência do subempreiteiro para acionarse o beneficiou dos seus serviços, consoante determina o art. 5ª-A, § 5º,
empreiteiro principal. Hoje, contudo, a partir da uniformização da Lei nº 6.019/74, acrescido pela Lei nº 13.429/17, confira-se:
jurisprudencial sedimentada pela Súmula 331, IV, da TST, engloba- "Art. 5º-A . Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra
se também a situação-tipo aventada pelo art. 455 da CLT, no contrato com empresa de prestação de serviços determinados e
casos de subempreitada. A responsabilidade subsidiária em exame, § 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas
como se sabe, é também automática, exigindo simples obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a
inadimplemento do devedor principal (Súmula n. 331, IV, TST). Isso prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
significa ser desnecessário realizar-se prova de fraude ou previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de
principal.
Cumpre frisar que o que se busca, no presente caso, não é o Como é cediço, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
reconhecimento do vínculo de emprego da reclamante com a 2ª veio a se orientar no sentido da responsabilidade subsidiária do
reclamada, mas tão somente a responsabilização subsidiária. tomador de serviços quando, em um legítimo contrato de prestação
Logo, numa interpretação conforme, tanto à Constituição, como à de serviços, resta provado o inadimplemento da empresa
unidade emanada do complexo jurídico-normativo vigente, contratada com os haveres de seus empregados, delimitando-se
evidencia-se a plena aplicação, à tomadora dos serviços, a uma responsabilidade indireta daquele que, embora não seja o
responsabilidade subsidiária contida na Súmula nº 331, V, do TST. empregador direto, tenha se beneficiado da atividade obreira.
Logo, fica claro que a segunda reclamada usufruiu do trabalho da Veja-se, a propósito, o item IV da Súmula n° 331 do colendo TST, in
verbas dos trabalhadores de cujo trabalho tirou proveito. "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
Assim, reconheço a responsabilidade subsidiária da segunda empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de
Não merece reforma a sentença. Na verdade, a Súmula nº 331 do TST é fruto da interpretação dos
Inicialmente, verifica-se que restou demonstrada nos autos a efetiva preceitos legislativos acerca da responsabilidade trabalhista do
prestação de serviços pelos reclamantes em benefício da segunda tomador de serviços, à luz de princípios constitucionais e do direito
Com efeito, tal enunciado coaduna-se com a ordem constitucional "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
fundamentada no valor do trabalho, amparado, pois, no art. 1º, III e ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art. exclusivamente moral, comete ato ilícito."
7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III, "Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
todos da Constituição Federal de 1988. Conforme disciplina o art. 8º outrem, fica obrigado a repará-lo."
da CLT, "As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na Portanto, ao lado da proteção constitucional ao trabalho e aos
falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o direitos básicos do trabalhador (art. 7º e art. 170), a
caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros responsabilidade subsidiária do tomador se assenta na denominada
princípios e normas gerais de direito". culpa "in eligendo", decorrente da má escolha do contratante, ou da
Nesse sentido, já se pronunciou o c. TST, "verbis": culpa "in vigilando" pela ausência de fiscalização do regular
"VII. Ao apontar violação do art. 5º, II, da Constituição da República, cumprimento de todos os encargos trabalhistas assumidos pela
subsidiária -não tem qualquer respaldo constitucional, No caso concreto, inexiste nos autos elementos demonstrativos do
principalmente levando-se em consideração o violado princípio da acompanhamento, pela recorrente, do cumprimento das obrigações
reserva legal-. Entretanto, a Súmula nº 331 do TST é fruto da trabalhistas pela empresa contratada (primeira reclamada), a
interpretação de toda a legislação que disciplina a responsabilidade corroborar a culpa "in vigilando" da tomadora dos serviços.
trabalhista do tomador de serviços na terceirização e expressa a Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização
jurisprudência consolidada desta Corte a respeito da matéria. do contrato competia à reclamada, por possuir melhor aptidão, "in
Portanto, ao resolver a controvérsia com base na Súmula nº 331 do casu", para a produção da prova, ônus do qual não se desincumbiu.
TST, o Tribunal Regional decidiu com amparo no art. 8º da CLT, em Destarte, uma vez reconhecida a responsabilidade subsidiária, a
que se reconhece expressamente a jurisprudência como fonte de recorrente responde pelas verbas deferidas e não adimplidas pelo
direito. VIII. Recurso de revista de que não se conhece." (TST- RR - devedor principal, vinculadas ao contrato de trabalho, conforme
Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT Registre-se, ainda, que, ao contrário do que defende a recorrente, o
Sobre a questão, importa, ainda, destacar a lição de Maurício pressupõe o exaurimento da execução perante a devedora
Godinho Delgado, "in verbis": principal, mas, somente, que os atos executórios se iniciem em face
"Nesse quadro, seja por analogia com preceitos próprios ao Direito dela, sendo possível ser redirecionada imediatamente contra o
do Trabalho (art. 16, Lei nº 6019/74; art. 2º, CLT, que trata da devedor subsidiário, quando constatada a ausência de bens para a
assunção dos riscos por aquele que toma trabalho subordinado, não célere satisfação da quitação da dívida.
-eventual, pessoal e oneroso; art. 8º, que dispõe sobre a integração Isso porque a responsabilidade subsidiária tem por desiderato
jurídica), seja por analogia com preceitos inerentes ao próprio exatamente solucionar a execução com celeridade e economia
Direito Comum (arts. 159 e 160, I, in fine, CCB/1916 ou arts. 186 e processual, sempre que frustrada sua solução perante a devedora
187, CCB/02, por exemplo), seja em face da prevalência na ordem principal, ante a necessidade de rápida satisfação do crédito
jurídica do valor-trabalho e, por conseqüência, dos créditos trabalhista, cuja natureza é alimentar.
trabalhistas (ilustrativamente, Constituição da República: art. 1º, III e Nesse sentido, colhem-se diversas jurisprudências dos tribunais
IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art. pátrios, "ad litteram":
7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III), o "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ESGOTAMENTO DA
fato é que a jurisprudência também não poderia deixar de pesquisar EXECUÇÃO FRENTE AO DEVEDOR PRINCIPAL.
por remédios jurídicos hábeis a conferirem eficácia jurídica e social NECESSIDADE. Não há que se exigir do trabalhador a obrigação
aos direitos laborais oriundos da terceirização." (DELGADO, de se esgotar todos os caminhos possíveis na busca de bens do
Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo: devedor principal, para que, somente após verta suas intenções de
Registre-se, outrossim, que a responsabilidade subsidiária do Isso porque tal caminho atribuiria ao hipossuficiente tarefa árdua e
tomador de serviços tem amparo na responsabilidade civil subjetiva, implicaria numa protelação indefinida da execução. Não bastasse
prevista nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que prescrevem: isso, certo é que a responsabilidade subsidiária gera a obrigação do
co-responsável em pagar o débito exequendo pela simples ex-sócios da executada principal, se há responsável subsidiária
inadimplência do devedor principal. A justificativa tem amparo na expressamente fixada no pólo passivo da ação, que deve responder
natureza alimentar do crédito trabalhista que requer a celeridade e pelos débitos em favor do obreiro na falta da devida satisfação pela
efetividade na sua satisfação (CF/88, art.5º, LXXVIII), garantindo devedora principal, mormente se levado em conta que o crédito
eficiência na entrega da prestação jurisdicional. No caso em tela, trabalhista possui caráter alimentar, não havendo, ao contrário do
ficou evidenciada a insolvência das devedoras principais, sendo alegado, nenhuma violação a dispositivos constitucionais." (TRT 2ª
plenamente cabível o direcionamento da execução em face da R.; RO 0002195-91.2012.5.02.0442; Ac. 2014/0969521; Décima
devedora subsidiária. Recurso não provido." (TRT 2ª R.; AP Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Manoel Ariano; DJESP 07/11/2014)
Relª Desª Fed. Ivani Contini Bramante; DJESP 27/02/2015) (grifo Ressalte-se, por oportuno, que a SBDI-1 do c. TST reafirmou a tese
SECUNDÁRIA. POSSIBILIDADE. O direcionamento da execução APLICAÇÃO DA OJ 191 DA SbDI-1 LIMITADA À PESSOA FÍSICA
pagamento do débito pela devedora principal, porque seus bens são I) A exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária por
insuficientes. Essa providência atende ao princípio protetor do obrigação trabalhista a que se refere a Orientação Jurisprudencial
trabalhador e à celeridade processual, sem esquecer que o n.º 191 da SDI-1 do TST não se restringe à pessoa física ou micro e
responsável subsidiário, ao arcar com o ônus da condenação, sub- pequenas empresas, compreende igualmente empresas de médio e
roga-se nos direitos do credor. Nesse diapasão, desnecessário grande porte e entes públicos;
esgotar a execução contra a devedora principal, pois o II) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas
inadimplemento dela em relação ao débito trabalhista, porque não prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por
tem patrimônio para solver o débito exequendo, não impossibilita o aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o
direcionamento da execução contra o patrimônio da devedora dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e,
subsidiária." (TRT 12ª R.; AP 0000025-36.2013.5.12.0054; Sexta portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro;
Câmara; Relª Juíza Lília Leonor Abreu; DOESC 13/02/2015)(grifo III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação
BENEFÍCIO DE ORDEM. ADA. CONSTRUTORA. dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e
Responsabilidade benefício de a finalidade da condenação pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade
subsidiária é garantir ao credor o recebimento de seu crédito, caso econômica vinculada ao objeto contratado";
não adimplido pela devedora principal. A responsabilidade IV) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se
subsidiária é aplicável quando ocorre o inadimplemento da houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por
obrigação, na forma da Súmula nº 331 do TST. Não significa que o empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o
credor e o juízo tenham que esgotar as possibilidades de dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em
recebimento da devedora para, só então, seguir contra a outra face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in eligendo."
fato de a responsabilidade não ser solidária, mas subsidiária, só Recurso improvido no ponto.
autoriza um benefício de ordem em favor da recorrente, que 2.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO
possibilita a execução contra o devedor principal em primeiro lugar. Insta consignar que a vertente reclamação trabalhista foi ajuizada
Essa prerrogativa só lhe é favorável na medida em que este último em 8/6/2021, quando já vigente a nova disposição celetista acerca
indica bens passíveis de penhora, observando-se que a execução dos honorários advocatícios sucumbenciais, devendo ser aplicado o
se processa "no interesse do credor" (CPC, art.612) e pelo princípio disposto no art.791-A da CLT, mantido o percentual fixado em
da celeridade processual. Com efeito, não se pode impor ao sentença (15%), considerados os parâmetros estabelecidos no §2º
trabalhador que busque a satisfação do crédito junto aos sócios ou do mesmo dispositivo legal, notadamente a natureza e a
DISPOSITIVO
Intimado(s)/Citado(s):
- PRODIEL BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS
LTDA.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Trata-se de recurso ordinário interposto pela segunda reclamada, sendo totalmente descabida a responsabilização ora vergastada.
PRODIEL BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS Assim, pede que seja afastada a sua responsabilidade subsidiária
LTDA., em face da sentença proferida pelo MM. Juízo da Única pelo pagamento das verbas deferidas.
Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte (Id 25199d9) que julgou Acerca da matéria, consignou a sentença de origem, "in verbis":
procedentes os pedidos veiculados na exordial para condenar a ''A segunda reclamada insurge-se contra sua responsabilização
primeira reclamada, YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI- subsidiária pelo inadimplemento dos pleitos deferidos na sentença,
ME, e, de forma subsidiária, a segunda reclamada, PRODIEL alegando ser incabível a sua condenação pelo fato de não ser o
BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA, ao empregadora da reclamante, somente tendo firmado contrato de
pagamento das parcelas: a) saldo de salário de 12 dias e aviso natureza civil com a primeira reclamada.
proporcional (2018); d) FGTS(8%+40%) de todo o contrato de Sobre a responsabilidade do tomador de serviços, a Lei 6.019/74
trabalho e sobre verbas rescisórias objeto da sentença, deduzidos (com redação dada pelas Lei 13.423/2017 e 13467/2017), dispõe:
Em seu arrazoado (Id7c2097f), a promovida defende a ausência de pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que
responsabilidade subsidiária alegando não haver figurado como ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
tomadora de serviços em regime de terceirização, mas tendo previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de
celebrado apenas contrato cível com a 1ª reclamada, o que 24 de julho de 1991. (grifamos)
impossibilitaria a aplicação do entendimento contido na Súmula nº Assim, em se tratando de ente privado na qualidade de tomador de
331 do TST. Sustenta, de outro lado, que a responsabilidade serviços, sua responsabilidade subsidiária decorre pura e
subsidiária só pode ser aplicada quando a terceirização de forma simplesmente de ter usufruído do labor do trabalhador terceirizado,
ilícita.depois de esgotados os bens das empresas que terceirizam, sendo desnecessária a configuração de culpa in vigilando e in
com base no artigo 10-A da CLT. Persegue a reforma da sentença eligendo. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência,
Contrarrazões apresentadas pela parte adversa (Id -a5210de). RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PRIVADO. A
recursal. Presentes também os pressupostos intrínsecos - Assim, são incabíveis, no presente caso, as alegações de ausência
2.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE (empreiteira) responder pelo haveres trabalhistas da primeira
Insurge-se, a segunda reclamada, contra a sentença de origem que Nos termos do art. 455 da CLT, tanto o subempreiteiro quanto o
a condenou de forma subsidiária ao pagamento das verbas empreiteiro respondem pelas verbas trabalhistas dos empregados
trabalhistas deferidas aos reclamantes. contratados pelo primeiro. O entendimento majoritário no âmbito do
Defende a inaplicabilidade da Súmula nº 331, do TST, alegando que TST é de que essa responsabilidade do empreiteiro é subsidiária,
os Recorridos jamais lhe prestaram serviços de forma subordinada, consoante ensina Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do
Trabalho, 2017, p. 563): responsabilidade subsidiária quanto aos créditos devidos aos
imputada ao empreiteiro principal como solidária. Por força dessa Nesse contexto, resta evidenciado que a empresa recorrente figurou
interpretação (responsabilidade solidária criada por lei: arts. 896, como tomadora dos serviços e responsável subsidiária pelas verbas
CCB/1916, e 455, CLT), consideravam desnecessária a prova de devidas ao trabalhador relativamente ao período em que se
fraude ou insolvência do subempreiteiro para acionarse o beneficiou dos seus serviços, consoante determina o art. 5ª-A, § 5º,
empreiteiro principal. Hoje, contudo, a partir da uniformização da Lei nº 6.019/74, acrescido pela Lei nº 13.429/17, confira-se:
jurisprudencial sedimentada pela Súmula 331, IV, da TST, engloba- "Art. 5º-A . Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra
se também a situação-tipo aventada pelo art. 455 da CLT, no contrato com empresa de prestação de serviços determinados e
casos de subempreitada. A responsabilidade subsidiária em exame, § 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas
como se sabe, é também automática, exigindo simples obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a
inadimplemento do devedor principal (Súmula n. 331, IV, TST). Isso prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
significa ser desnecessário realizar-se prova de fraude ou previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de
principal.
Cumpre frisar que o que se busca, no presente caso, não é o Como é cediço, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
reconhecimento do vínculo de emprego da reclamante com a 2ª veio a se orientar no sentido da responsabilidade subsidiária do
reclamada, mas tão somente a responsabilização subsidiária. tomador de serviços quando, em um legítimo contrato de prestação
Logo, numa interpretação conforme, tanto à Constituição, como à de serviços, resta provado o inadimplemento da empresa
unidade emanada do complexo jurídico-normativo vigente, contratada com os haveres de seus empregados, delimitando-se
evidencia-se a plena aplicação, à tomadora dos serviços, a uma responsabilidade indireta daquele que, embora não seja o
responsabilidade subsidiária contida na Súmula nº 331, V, do TST. empregador direto, tenha se beneficiado da atividade obreira.
Logo, fica claro que a segunda reclamada usufruiu do trabalho da Veja-se, a propósito, o item IV da Súmula n° 331 do colendo TST, in
verbas dos trabalhadores de cujo trabalho tirou proveito. "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
Assim, reconheço a responsabilidade subsidiária da segunda empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de
Não merece reforma a sentença. Na verdade, a Súmula nº 331 do TST é fruto da interpretação dos
Inicialmente, verifica-se que restou demonstrada nos autos a efetiva preceitos legislativos acerca da responsabilidade trabalhista do
prestação de serviços pelos reclamantes em benefício da segunda tomador de serviços, à luz de princípios constitucionais e do direito
Outrossim, consta, dos autos, o contrato celebrado entrePRODIEL fundamentada no valor do trabalho, amparado, pois, no art. 1º, III e
BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA. e a IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art.
YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI - ME, cujo objeto é o 7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III,
seguinte: "o presente instrumento tem por objeto a execução de todos da Constituição Federal de 1988. Conforme disciplina o art. 8º
serviços e/ou obras, sem qualquer tipo de exclusividade de acordo da CLT, "As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na
com a especificação contida no Termo de Especificação - anexo I, falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o
dentro das melhores técnicas e boas práticas de Engenharia (...)". caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros
Nesse contexto, depreende-se que a 2ª reclamada terceirizou para princípios e normas gerais de direito".
Portanto, provada a condição de tomadora de serviços da empresa "VII. Ao apontar violação do art. 5º, II, da Constituição da República,
recorrente, passa-se a examinar a questão atinente à a Recorrente alega que a imputação de responsabilidade
subsidiária -não tem qualquer respaldo constitucional, No caso concreto, inexiste nos autos elementos demonstrativos do
principalmente levando-se em consideração o violado princípio da acompanhamento, pela recorrente, do cumprimento das obrigações
reserva legal-. Entretanto, a Súmula nº 331 do TST é fruto da trabalhistas pela empresa contratada (primeira reclamada), a
interpretação de toda a legislação que disciplina a responsabilidade corroborar a culpa "in vigilando" da tomadora dos serviços.
trabalhista do tomador de serviços na terceirização e expressa a Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização
jurisprudência consolidada desta Corte a respeito da matéria. do contrato competia à reclamada, por possuir melhor aptidão, "in
Portanto, ao resolver a controvérsia com base na Súmula nº 331 do casu", para a produção da prova, ônus do qual não se desincumbiu.
TST, o Tribunal Regional decidiu com amparo no art. 8º da CLT, em Destarte, uma vez reconhecida a responsabilidade subsidiária, a
que se reconhece expressamente a jurisprudência como fonte de recorrente responde pelas verbas deferidas e não adimplidas pelo
direito. VIII. Recurso de revista de que não se conhece." (TST- RR - devedor principal, vinculadas ao contrato de trabalho, conforme
Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT Registre-se, ainda, que, ao contrário do que defende a recorrente, o
Sobre a questão, importa, ainda, destacar a lição de Maurício pressupõe o exaurimento da execução perante a devedora
Godinho Delgado, "in verbis": principal, mas, somente, que os atos executórios se iniciem em face
"Nesse quadro, seja por analogia com preceitos próprios ao Direito dela, sendo possível ser redirecionada imediatamente contra o
do Trabalho (art. 16, Lei nº 6019/74; art. 2º, CLT, que trata da devedor subsidiário, quando constatada a ausência de bens para a
assunção dos riscos por aquele que toma trabalho subordinado, não célere satisfação da quitação da dívida.
-eventual, pessoal e oneroso; art. 8º, que dispõe sobre a integração Isso porque a responsabilidade subsidiária tem por desiderato
jurídica), seja por analogia com preceitos inerentes ao próprio exatamente solucionar a execução com celeridade e economia
Direito Comum (arts. 159 e 160, I, in fine, CCB/1916 ou arts. 186 e processual, sempre que frustrada sua solução perante a devedora
187, CCB/02, por exemplo), seja em face da prevalência na ordem principal, ante a necessidade de rápida satisfação do crédito
jurídica do valor-trabalho e, por conseqüência, dos créditos trabalhista, cuja natureza é alimentar.
trabalhistas (ilustrativamente, Constituição da República: art. 1º, III e Nesse sentido, colhem-se diversas jurisprudências dos tribunais
IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art. pátrios, "ad litteram":
7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III), o "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ESGOTAMENTO DA
fato é que a jurisprudência também não poderia deixar de pesquisar EXECUÇÃO FRENTE AO DEVEDOR PRINCIPAL.
por remédios jurídicos hábeis a conferirem eficácia jurídica e social NECESSIDADE. Não há que se exigir do trabalhador a obrigação
aos direitos laborais oriundos da terceirização." (DELGADO, de se esgotar todos os caminhos possíveis na busca de bens do
Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo: devedor principal, para que, somente após verta suas intenções de
Registre-se, outrossim, que a responsabilidade subsidiária do Isso porque tal caminho atribuiria ao hipossuficiente tarefa árdua e
tomador de serviços tem amparo na responsabilidade civil subjetiva, implicaria numa protelação indefinida da execução. Não bastasse
prevista nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que prescrevem: isso, certo é que a responsabilidade subsidiária gera a obrigação do
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência co-responsável em pagar o débito exequendo pela simples
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que inadimplência do devedor principal. A justificativa tem amparo na
exclusivamente moral, comete ato ilícito." natureza alimentar do crédito trabalhista que requer a celeridade e
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a efetividade na sua satisfação (CF/88, art.5º, LXXVIII), garantindo
outrem, fica obrigado a repará-lo." eficiência na entrega da prestação jurisdicional. No caso em tela,
Portanto, ao lado da proteção constitucional ao trabalho e aos ficou evidenciada a insolvência das devedoras principais, sendo
direitos básicos do trabalhador (art. 7º e art. 170), a plenamente cabível o direcionamento da execução em face da
responsabilidade subsidiária do tomador se assenta na denominada devedora subsidiária. Recurso não provido." (TRT 2ª R.; AP
culpa "in eligendo", decorrente da má escolha do contratante, ou da 0192400-89.2009.5.02.0084; Ac. 2015/0089192; Quarta Turma;
culpa "in vigilando" pela ausência de fiscalização do regular Relª Desª Fed. Ivani Contini Bramante; DJESP 27/02/2015) (grifo
SECUNDÁRIA. POSSIBILIDADE. O direcionamento da execução APLICAÇÃO DA OJ 191 DA SbDI-1 LIMITADA À PESSOA FÍSICA
pagamento do débito pela devedora principal, porque seus bens são I) A exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária por
insuficientes. Essa providência atende ao princípio protetor do obrigação trabalhista a que se refere a Orientação Jurisprudencial
trabalhador e à celeridade processual, sem esquecer que o n.º 191 da SDI-1 do TST não se restringe à pessoa física ou micro e
responsável subsidiário, ao arcar com o ônus da condenação, sub- pequenas empresas, compreende igualmente empresas de médio e
roga-se nos direitos do credor. Nesse diapasão, desnecessário grande porte e entes públicos;
esgotar a execução contra a devedora principal, pois o II) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas
inadimplemento dela em relação ao débito trabalhista, porque não prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por
tem patrimônio para solver o débito exequendo, não impossibilita o aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o
direcionamento da execução contra o patrimônio da devedora dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e,
subsidiária." (TRT 12ª R.; AP 0000025-36.2013.5.12.0054; Sexta portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro;
Câmara; Relª Juíza Lília Leonor Abreu; DOESC 13/02/2015)(grifo III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação
BENEFÍCIO DE ORDEM. ADA. CONSTRUTORA. dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e
Responsabilidade benefício de a finalidade da condenação pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade
subsidiária é garantir ao credor o recebimento de seu crédito, caso econômica vinculada ao objeto contratado";
não adimplido pela devedora principal. A responsabilidade IV) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se
subsidiária é aplicável quando ocorre o inadimplemento da houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por
obrigação, na forma da Súmula nº 331 do TST. Não significa que o empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o
credor e o juízo tenham que esgotar as possibilidades de dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em
recebimento da devedora para, só então, seguir contra a outra face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in eligendo."
fato de a responsabilidade não ser solidária, mas subsidiária, só Recurso improvido no ponto.
autoriza um benefício de ordem em favor da recorrente, que 2.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO
possibilita a execução contra o devedor principal em primeiro lugar. Insta consignar que a vertente reclamação trabalhista foi ajuizada
Essa prerrogativa só lhe é favorável na medida em que este último em 8/6/2021, quando já vigente a nova disposição celetista acerca
indica bens passíveis de penhora, observando-se que a execução dos honorários advocatícios sucumbenciais, devendo ser aplicado o
se processa "no interesse do credor" (CPC, art.612) e pelo princípio disposto no art.791-A da CLT, mantido o percentual fixado em
da celeridade processual. Com efeito, não se pode impor ao sentença (15%), considerados os parâmetros estabelecidos no §2º
trabalhador que busque a satisfação do crédito junto aos sócios ou do mesmo dispositivo legal, notadamente a natureza e a
ex-sócios da executada principal, se há responsável subsidiária importância da causa bem como o trabalho realizado pelo advogado
expressamente fixada no pólo passivo da ação, que deve responder e o tempo exigido para o seu serviço.
Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Manoel Ariano; DJESP 07/11/2014) CONCLUSÃO DO VOTO
(grifo nosso)
formulada no aludido verbete jurisprudencial com o julgamento do Conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe provimento.
DISPOSITIVO
Intimado(s)/Citado(s):
- JOSE ARI CAVALCANTE
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Em seu arrazoado (Id7c2097f), a promovida defende a ausência de pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que
responsabilidade subsidiária alegando não haver figurado como ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
tomadora de serviços em regime de terceirização, mas tendo previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de
celebrado apenas contrato cível com a 1ª reclamada, o que 24 de julho de 1991. (grifamos)
impossibilitaria a aplicação do entendimento contido na Súmula nº Assim, em se tratando de ente privado na qualidade de tomador de
331 do TST. Sustenta, de outro lado, que a responsabilidade serviços, sua responsabilidade subsidiária decorre pura e
subsidiária só pode ser aplicada quando a terceirização de forma simplesmente de ter usufruído do labor do trabalhador terceirizado,
ilícita.depois de esgotados os bens das empresas que terceirizam, sendo desnecessária a configuração de culpa in vigilando e in
com base no artigo 10-A da CLT. Persegue a reforma da sentença eligendo. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência,
Contrarrazões apresentadas pela parte adversa (Id -a5210de). RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PRIVADO. A
recursal. Presentes também os pressupostos intrínsecos - Assim, são incabíveis, no presente caso, as alegações de ausência
2.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE (empreiteira) responder pelo haveres trabalhistas da primeira
Insurge-se, a segunda reclamada, contra a sentença de origem que Nos termos do art. 455 da CLT, tanto o subempreiteiro quanto o
a condenou de forma subsidiária ao pagamento das verbas empreiteiro respondem pelas verbas trabalhistas dos empregados
trabalhistas deferidas aos reclamantes. contratados pelo primeiro. O entendimento majoritário no âmbito do
Defende a inaplicabilidade da Súmula nº 331, do TST, alegando que TST é de que essa responsabilidade do empreiteiro é subsidiária,
os Recorridos jamais lhe prestaram serviços de forma subordinada, consoante ensina Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do
Assim, pede que seja afastada a sua responsabilidade subsidiária A doutrina e jurisprudência tendiam a considerar a responsabilidade
pelo pagamento das verbas deferidas. imputada ao empreiteiro principal como solidária. Por força dessa
Acerca da matéria, consignou a sentença de origem, "in verbis": interpretação (responsabilidade solidária criada por lei: arts. 896,
''A segunda reclamada insurge-se contra sua responsabilização CCB/1916, e 455, CLT), consideravam desnecessária a prova de
subsidiária pelo inadimplemento dos pleitos deferidos na sentença, fraude ou insolvência do subempreiteiro para acionarse o
alegando ser incabível a sua condenação pelo fato de não ser o empreiteiro principal. Hoje, contudo, a partir da uniformização
empregadora da reclamante, somente tendo firmado contrato de jurisprudencial sedimentada pela Súmula 331, IV, da TST, engloba-
natureza civil com a primeira reclamada. se também a situação-tipo aventada pelo art. 455 da CLT, no
Sobre a responsabilidade do tomador de serviços, a Lei 6.019/74 como subsidiária a responsabilidade do empreiteiro principal, em
(com redação dada pelas Lei 13.423/2017 e 13467/2017), dispõe: casos de subempreitada. A responsabilidade subsidiária em exame,
como se sabe, é também automática, exigindo simples obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a
inadimplemento do devedor principal (Súmula n. 331, IV, TST). Isso prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
significa ser desnecessário realizar-se prova de fraude ou previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de
principal.
Cumpre frisar que o que se busca, no presente caso, não é o Como é cediço, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
reconhecimento do vínculo de emprego da reclamante com a 2ª veio a se orientar no sentido da responsabilidade subsidiária do
reclamada, mas tão somente a responsabilização subsidiária. tomador de serviços quando, em um legítimo contrato de prestação
Logo, numa interpretação conforme, tanto à Constituição, como à de serviços, resta provado o inadimplemento da empresa
unidade emanada do complexo jurídico-normativo vigente, contratada com os haveres de seus empregados, delimitando-se
evidencia-se a plena aplicação, à tomadora dos serviços, a uma responsabilidade indireta daquele que, embora não seja o
responsabilidade subsidiária contida na Súmula nº 331, V, do TST. empregador direto, tenha se beneficiado da atividade obreira.
Logo, fica claro que a segunda reclamada usufruiu do trabalho da Veja-se, a propósito, o item IV da Súmula n° 331 do colendo TST, in
verbas dos trabalhadores de cujo trabalho tirou proveito. "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
Assim, reconheço a responsabilidade subsidiária da segunda empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de
Não merece reforma a sentença. Na verdade, a Súmula nº 331 do TST é fruto da interpretação dos
Inicialmente, verifica-se que restou demonstrada nos autos a efetiva preceitos legislativos acerca da responsabilidade trabalhista do
prestação de serviços pelos reclamantes em benefício da segunda tomador de serviços, à luz de princípios constitucionais e do direito
Outrossim, consta, dos autos, o contrato celebrado entrePRODIEL fundamentada no valor do trabalho, amparado, pois, no art. 1º, III e
BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA. e a IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art.
YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI - ME, cujo objeto é o 7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III,
seguinte: "o presente instrumento tem por objeto a execução de todos da Constituição Federal de 1988. Conforme disciplina o art. 8º
serviços e/ou obras, sem qualquer tipo de exclusividade de acordo da CLT, "As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na
com a especificação contida no Termo de Especificação - anexo I, falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o
dentro das melhores técnicas e boas práticas de Engenharia (...)". caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros
Nesse contexto, depreende-se que a 2ª reclamada terceirizou para princípios e normas gerais de direito".
Portanto, provada a condição de tomadora de serviços da empresa "VII. Ao apontar violação do art. 5º, II, da Constituição da República,
recorrente, passa-se a examinar a questão atinente à a Recorrente alega que a imputação de responsabilidade
responsabilidade subsidiária quanto aos créditos devidos aos subsidiária -não tem qualquer respaldo constitucional,
Nesse contexto, resta evidenciado que a empresa recorrente figurou reserva legal-. Entretanto, a Súmula nº 331 do TST é fruto da
como tomadora dos serviços e responsável subsidiária pelas verbas interpretação de toda a legislação que disciplina a responsabilidade
devidas ao trabalhador relativamente ao período em que se trabalhista do tomador de serviços na terceirização e expressa a
beneficiou dos seus serviços, consoante determina o art. 5ª-A, § 5º, jurisprudência consolidada desta Corte a respeito da matéria.
da Lei nº 6.019/74, acrescido pela Lei nº 13.429/17, confira-se: Portanto, ao resolver a controvérsia com base na Súmula nº 331 do
"Art. 5º-A . Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra TST, o Tribunal Regional decidiu com amparo no art. 8º da CLT, em
contrato com empresa de prestação de serviços determinados e que se reconhece expressamente a jurisprudência como fonte de
§ 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
Sobre a questão, importa, ainda, destacar a lição de Maurício pressupõe o exaurimento da execução perante a devedora
Godinho Delgado, "in verbis": principal, mas, somente, que os atos executórios se iniciem em face
"Nesse quadro, seja por analogia com preceitos próprios ao Direito dela, sendo possível ser redirecionada imediatamente contra o
do Trabalho (art. 16, Lei nº 6019/74; art. 2º, CLT, que trata da devedor subsidiário, quando constatada a ausência de bens para a
assunção dos riscos por aquele que toma trabalho subordinado, não célere satisfação da quitação da dívida.
-eventual, pessoal e oneroso; art. 8º, que dispõe sobre a integração Isso porque a responsabilidade subsidiária tem por desiderato
jurídica), seja por analogia com preceitos inerentes ao próprio exatamente solucionar a execução com celeridade e economia
Direito Comum (arts. 159 e 160, I, in fine, CCB/1916 ou arts. 186 e processual, sempre que frustrada sua solução perante a devedora
187, CCB/02, por exemplo), seja em face da prevalência na ordem principal, ante a necessidade de rápida satisfação do crédito
jurídica do valor-trabalho e, por conseqüência, dos créditos trabalhista, cuja natureza é alimentar.
trabalhistas (ilustrativamente, Constituição da República: art. 1º, III e Nesse sentido, colhem-se diversas jurisprudências dos tribunais
IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art. pátrios, "ad litteram":
7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III), o "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ESGOTAMENTO DA
fato é que a jurisprudência também não poderia deixar de pesquisar EXECUÇÃO FRENTE AO DEVEDOR PRINCIPAL.
por remédios jurídicos hábeis a conferirem eficácia jurídica e social NECESSIDADE. Não há que se exigir do trabalhador a obrigação
aos direitos laborais oriundos da terceirização." (DELGADO, de se esgotar todos os caminhos possíveis na busca de bens do
Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo: devedor principal, para que, somente após verta suas intenções de
Registre-se, outrossim, que a responsabilidade subsidiária do Isso porque tal caminho atribuiria ao hipossuficiente tarefa árdua e
tomador de serviços tem amparo na responsabilidade civil subjetiva, implicaria numa protelação indefinida da execução. Não bastasse
prevista nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que prescrevem: isso, certo é que a responsabilidade subsidiária gera a obrigação do
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência co-responsável em pagar o débito exequendo pela simples
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que inadimplência do devedor principal. A justificativa tem amparo na
exclusivamente moral, comete ato ilícito." natureza alimentar do crédito trabalhista que requer a celeridade e
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a efetividade na sua satisfação (CF/88, art.5º, LXXVIII), garantindo
outrem, fica obrigado a repará-lo." eficiência na entrega da prestação jurisdicional. No caso em tela,
Portanto, ao lado da proteção constitucional ao trabalho e aos ficou evidenciada a insolvência das devedoras principais, sendo
direitos básicos do trabalhador (art. 7º e art. 170), a plenamente cabível o direcionamento da execução em face da
responsabilidade subsidiária do tomador se assenta na denominada devedora subsidiária. Recurso não provido." (TRT 2ª R.; AP
culpa "in eligendo", decorrente da má escolha do contratante, ou da 0192400-89.2009.5.02.0084; Ac. 2015/0089192; Quarta Turma;
culpa "in vigilando" pela ausência de fiscalização do regular Relª Desª Fed. Ivani Contini Bramante; DJESP 27/02/2015) (grifo
No caso concreto, inexiste nos autos elementos demonstrativos do PATRIMÔNIO DEVEDORA PRINCIPAL. REDIRECIONAMENTO
acompanhamento, pela recorrente, do cumprimento das obrigações DA EXECUÇÃO CONTRA O PATRIMÔNIO DA DEVEDORA
trabalhistas pela empresa contratada (primeira reclamada), a SECUNDÁRIA. POSSIBILIDADE. O direcionamento da execução
corroborar a culpa "in vigilando" da tomadora dos serviços. contra o patrimônio da devedora subsidiária pressupõe o não
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização pagamento do débito pela devedora principal, porque seus bens são
do contrato competia à reclamada, por possuir melhor aptidão, "in insuficientes. Essa providência atende ao princípio protetor do
casu", para a produção da prova, ônus do qual não se desincumbiu. trabalhador e à celeridade processual, sem esquecer que o
Destarte, uma vez reconhecida a responsabilidade subsidiária, a responsável subsidiário, ao arcar com o ônus da condenação, sub-
recorrente responde pelas verbas deferidas e não adimplidas pelo roga-se nos direitos do credor. Nesse diapasão, desnecessário
devedor principal, vinculadas ao contrato de trabalho, conforme esgotar a execução contra a devedora principal, pois o
entendeu a decisão vergastada. inadimplemento dela em relação ao débito trabalhista, porque não
Registre-se, ainda, que, ao contrário do que defende a recorrente, o tem patrimônio para solver o débito exequendo, não impossibilita o
direcionamento da execução contra o patrimônio da devedora dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e,
subsidiária." (TRT 12ª R.; AP 0000025-36.2013.5.12.0054; Sexta portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro;
Câmara; Relª Juíza Lília Leonor Abreu; DOESC 13/02/2015)(grifo III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação
BENEFÍCIO DE ORDEM. ADA. CONSTRUTORA. dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e
Responsabilidade benefício de a finalidade da condenação pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade
subsidiária é garantir ao credor o recebimento de seu crédito, caso econômica vinculada ao objeto contratado";
não adimplido pela devedora principal. A responsabilidade IV) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se
subsidiária é aplicável quando ocorre o inadimplemento da houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por
obrigação, na forma da Súmula nº 331 do TST. Não significa que o empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o
credor e o juízo tenham que esgotar as possibilidades de dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em
recebimento da devedora para, só então, seguir contra a outra face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in eligendo."
fato de a responsabilidade não ser solidária, mas subsidiária, só Recurso improvido no ponto.
autoriza um benefício de ordem em favor da recorrente, que 2.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO
possibilita a execução contra o devedor principal em primeiro lugar. Insta consignar que a vertente reclamação trabalhista foi ajuizada
Essa prerrogativa só lhe é favorável na medida em que este último em 8/6/2021, quando já vigente a nova disposição celetista acerca
indica bens passíveis de penhora, observando-se que a execução dos honorários advocatícios sucumbenciais, devendo ser aplicado o
se processa "no interesse do credor" (CPC, art.612) e pelo princípio disposto no art.791-A da CLT, mantido o percentual fixado em
da celeridade processual. Com efeito, não se pode impor ao sentença (15%), considerados os parâmetros estabelecidos no §2º
trabalhador que busque a satisfação do crédito junto aos sócios ou do mesmo dispositivo legal, notadamente a natureza e a
ex-sócios da executada principal, se há responsável subsidiária importância da causa bem como o trabalho realizado pelo advogado
expressamente fixada no pólo passivo da ação, que deve responder e o tempo exigido para o seu serviço.
Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Manoel Ariano; DJESP 07/11/2014) CONCLUSÃO DO VOTO
(grifo nosso)
formulada no aludido verbete jurisprudencial com o julgamento do Conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe provimento.
prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. do trabalho prestado pelo reclamante, consoante Súmula nº 331, IV,
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO abrangência da responsabilidade subsidiária da empresa tomadora
Contrarrazões apresentadas pela parte adversa (Id -a5210de). RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PRIVADO. A
recursal. Presentes também os pressupostos intrínsecos - Assim, são incabíveis, no presente caso, as alegações de ausência
2.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE (empreiteira) responder pelo haveres trabalhistas da primeira
Insurge-se, a segunda reclamada, contra a sentença de origem que Nos termos do art. 455 da CLT, tanto o subempreiteiro quanto o
a condenou de forma subsidiária ao pagamento das verbas empreiteiro respondem pelas verbas trabalhistas dos empregados
trabalhistas deferidas aos reclamantes. contratados pelo primeiro. O entendimento majoritário no âmbito do
Defende a inaplicabilidade da Súmula nº 331, do TST, alegando que TST é de que essa responsabilidade do empreiteiro é subsidiária,
os Recorridos jamais lhe prestaram serviços de forma subordinada, consoante ensina Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do
Assim, pede que seja afastada a sua responsabilidade subsidiária A doutrina e jurisprudência tendiam a considerar a responsabilidade
pelo pagamento das verbas deferidas. imputada ao empreiteiro principal como solidária. Por força dessa
Acerca da matéria, consignou a sentença de origem, "in verbis": interpretação (responsabilidade solidária criada por lei: arts. 896,
''A segunda reclamada insurge-se contra sua responsabilização CCB/1916, e 455, CLT), consideravam desnecessária a prova de
subsidiária pelo inadimplemento dos pleitos deferidos na sentença, fraude ou insolvência do subempreiteiro para acionarse o
alegando ser incabível a sua condenação pelo fato de não ser o empreiteiro principal. Hoje, contudo, a partir da uniformização
empregadora da reclamante, somente tendo firmado contrato de jurisprudencial sedimentada pela Súmula 331, IV, da TST, engloba-
natureza civil com a primeira reclamada. se também a situação-tipo aventada pelo art. 455 da CLT, no
Sobre a responsabilidade do tomador de serviços, a Lei 6.019/74 como subsidiária a responsabilidade do empreiteiro principal, em
(com redação dada pelas Lei 13.423/2017 e 13467/2017), dispõe: casos de subempreitada. A responsabilidade subsidiária em exame,
§ 5o A empresa contratante é subsidiariamente responsável inadimplemento do devedor principal (Súmula n. 331, IV, TST). Isso
pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que significa ser desnecessário realizar-se prova de fraude ou
ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições insolvência do subempreiteiro para acionar-se o empreiteiro
24 de julho de 1991. (grifamos) Cumpre frisar que o que se busca, no presente caso, não é o
Assim, em se tratando de ente privado na qualidade de tomador de reconhecimento do vínculo de emprego da reclamante com a 2ª
serviços, sua responsabilidade subsidiária decorre pura e reclamada, mas tão somente a responsabilização subsidiária.
simplesmente de ter usufruído do labor do trabalhador terceirizado, Logo, numa interpretação conforme, tanto à Constituição, como à
sendo desnecessária a configuração de culpa in vigilando e in unidade emanada do complexo jurídico-normativo vigente,
eligendo. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência, evidencia-se a plena aplicação, à tomadora dos serviços, a
Logo, fica claro que a segunda reclamada usufruiu do trabalho da Veja-se, a propósito, o item IV da Súmula n° 331 do colendo TST, in
verbas dos trabalhadores de cujo trabalho tirou proveito. "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
Assim, reconheço a responsabilidade subsidiária da segunda empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de
Não merece reforma a sentença. Na verdade, a Súmula nº 331 do TST é fruto da interpretação dos
Inicialmente, verifica-se que restou demonstrada nos autos a efetiva preceitos legislativos acerca da responsabilidade trabalhista do
prestação de serviços pelos reclamantes em benefício da segunda tomador de serviços, à luz de princípios constitucionais e do direito
Outrossim, consta, dos autos, o contrato celebrado entrePRODIEL fundamentada no valor do trabalho, amparado, pois, no art. 1º, III e
BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA. e a IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art.
YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI - ME, cujo objeto é o 7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III,
seguinte: "o presente instrumento tem por objeto a execução de todos da Constituição Federal de 1988. Conforme disciplina o art. 8º
serviços e/ou obras, sem qualquer tipo de exclusividade de acordo da CLT, "As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na
com a especificação contida no Termo de Especificação - anexo I, falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o
dentro das melhores técnicas e boas práticas de Engenharia (...)". caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros
Nesse contexto, depreende-se que a 2ª reclamada terceirizou para princípios e normas gerais de direito".
Portanto, provada a condição de tomadora de serviços da empresa "VII. Ao apontar violação do art. 5º, II, da Constituição da República,
recorrente, passa-se a examinar a questão atinente à a Recorrente alega que a imputação de responsabilidade
responsabilidade subsidiária quanto aos créditos devidos aos subsidiária -não tem qualquer respaldo constitucional,
Nesse contexto, resta evidenciado que a empresa recorrente figurou reserva legal-. Entretanto, a Súmula nº 331 do TST é fruto da
como tomadora dos serviços e responsável subsidiária pelas verbas interpretação de toda a legislação que disciplina a responsabilidade
devidas ao trabalhador relativamente ao período em que se trabalhista do tomador de serviços na terceirização e expressa a
beneficiou dos seus serviços, consoante determina o art. 5ª-A, § 5º, jurisprudência consolidada desta Corte a respeito da matéria.
da Lei nº 6.019/74, acrescido pela Lei nº 13.429/17, confira-se: Portanto, ao resolver a controvérsia com base na Súmula nº 331 do
"Art. 5º-A . Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra TST, o Tribunal Regional decidiu com amparo no art. 8º da CLT, em
contrato com empresa de prestação de serviços determinados e que se reconhece expressamente a jurisprudência como fonte de
§ 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições Sobre a questão, importa, ainda, destacar a lição de Maurício
previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de Godinho Delgado, "in verbis":
24 de julho de 1991." "Nesse quadro, seja por analogia com preceitos próprios ao Direito
do Trabalho (art. 16, Lei nº 6019/74; art. 2º, CLT, que trata da
Como é cediço, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho assunção dos riscos por aquele que toma trabalho subordinado, não
veio a se orientar no sentido da responsabilidade subsidiária do -eventual, pessoal e oneroso; art. 8º, que dispõe sobre a integração
tomador de serviços quando, em um legítimo contrato de prestação jurídica), seja por analogia com preceitos inerentes ao próprio
de serviços, resta provado o inadimplemento da empresa Direito Comum (arts. 159 e 160, I, in fine, CCB/1916 ou arts. 186 e
contratada com os haveres de seus empregados, delimitando-se 187, CCB/02, por exemplo), seja em face da prevalência na ordem
uma responsabilidade indireta daquele que, embora não seja o jurídica do valor-trabalho e, por conseqüência, dos créditos
empregador direto, tenha se beneficiado da atividade obreira. trabalhistas (ilustrativamente, Constituição da República: art. 1º, III e
IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art. pátrios, "ad litteram":
7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III), o "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ESGOTAMENTO DA
fato é que a jurisprudência também não poderia deixar de pesquisar EXECUÇÃO FRENTE AO DEVEDOR PRINCIPAL.
por remédios jurídicos hábeis a conferirem eficácia jurídica e social NECESSIDADE. Não há que se exigir do trabalhador a obrigação
aos direitos laborais oriundos da terceirização." (DELGADO, de se esgotar todos os caminhos possíveis na busca de bens do
Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo: devedor principal, para que, somente após verta suas intenções de
Registre-se, outrossim, que a responsabilidade subsidiária do Isso porque tal caminho atribuiria ao hipossuficiente tarefa árdua e
tomador de serviços tem amparo na responsabilidade civil subjetiva, implicaria numa protelação indefinida da execução. Não bastasse
prevista nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que prescrevem: isso, certo é que a responsabilidade subsidiária gera a obrigação do
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência co-responsável em pagar o débito exequendo pela simples
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que inadimplência do devedor principal. A justificativa tem amparo na
exclusivamente moral, comete ato ilícito." natureza alimentar do crédito trabalhista que requer a celeridade e
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a efetividade na sua satisfação (CF/88, art.5º, LXXVIII), garantindo
outrem, fica obrigado a repará-lo." eficiência na entrega da prestação jurisdicional. No caso em tela,
Portanto, ao lado da proteção constitucional ao trabalho e aos ficou evidenciada a insolvência das devedoras principais, sendo
direitos básicos do trabalhador (art. 7º e art. 170), a plenamente cabível o direcionamento da execução em face da
responsabilidade subsidiária do tomador se assenta na denominada devedora subsidiária. Recurso não provido." (TRT 2ª R.; AP
culpa "in eligendo", decorrente da má escolha do contratante, ou da 0192400-89.2009.5.02.0084; Ac. 2015/0089192; Quarta Turma;
culpa "in vigilando" pela ausência de fiscalização do regular Relª Desª Fed. Ivani Contini Bramante; DJESP 27/02/2015) (grifo
No caso concreto, inexiste nos autos elementos demonstrativos do PATRIMÔNIO DEVEDORA PRINCIPAL. REDIRECIONAMENTO
acompanhamento, pela recorrente, do cumprimento das obrigações DA EXECUÇÃO CONTRA O PATRIMÔNIO DA DEVEDORA
trabalhistas pela empresa contratada (primeira reclamada), a SECUNDÁRIA. POSSIBILIDADE. O direcionamento da execução
corroborar a culpa "in vigilando" da tomadora dos serviços. contra o patrimônio da devedora subsidiária pressupõe o não
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização pagamento do débito pela devedora principal, porque seus bens são
do contrato competia à reclamada, por possuir melhor aptidão, "in insuficientes. Essa providência atende ao princípio protetor do
casu", para a produção da prova, ônus do qual não se desincumbiu. trabalhador e à celeridade processual, sem esquecer que o
Destarte, uma vez reconhecida a responsabilidade subsidiária, a responsável subsidiário, ao arcar com o ônus da condenação, sub-
recorrente responde pelas verbas deferidas e não adimplidas pelo roga-se nos direitos do credor. Nesse diapasão, desnecessário
devedor principal, vinculadas ao contrato de trabalho, conforme esgotar a execução contra a devedora principal, pois o
entendeu a decisão vergastada. inadimplemento dela em relação ao débito trabalhista, porque não
Registre-se, ainda, que, ao contrário do que defende a recorrente, o tem patrimônio para solver o débito exequendo, não impossibilita o
processamento executivo contra o responsável subsidiário não direcionamento da execução contra o patrimônio da devedora
pressupõe o exaurimento da execução perante a devedora subsidiária." (TRT 12ª R.; AP 0000025-36.2013.5.12.0054; Sexta
principal, mas, somente, que os atos executórios se iniciem em face Câmara; Relª Juíza Lília Leonor Abreu; DOESC 13/02/2015)(grifo
devedor subsidiário, quando constatada a ausência de bens para a "EMPREITADA. CONSTRUTORA. RESPONSABILIDADE
Isso porque a responsabilidade subsidiária tem por desiderato Responsabilidade benefício de a finalidade da condenação
exatamente solucionar a execução com celeridade e economia subsidiária é garantir ao credor o recebimento de seu crédito, caso
processual, sempre que frustrada sua solução perante a devedora não adimplido pela devedora principal. A responsabilidade
principal, ante a necessidade de rápida satisfação do crédito subsidiária é aplicável quando ocorre o inadimplemento da
trabalhista, cuja natureza é alimentar. obrigação, na forma da Súmula nº 331 do TST. Não significa que o
Nesse sentido, colhem-se diversas jurisprudências dos tribunais credor e o juízo tenham que esgotar as possibilidades de
recebimento da devedora para, só então, seguir contra a outra face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in eligendo."
fato de a responsabilidade não ser solidária, mas subsidiária, só Recurso improvido no ponto.
autoriza um benefício de ordem em favor da recorrente, que 2.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO
possibilita a execução contra o devedor principal em primeiro lugar. Insta consignar que a vertente reclamação trabalhista foi ajuizada
Essa prerrogativa só lhe é favorável na medida em que este último em 8/6/2021, quando já vigente a nova disposição celetista acerca
indica bens passíveis de penhora, observando-se que a execução dos honorários advocatícios sucumbenciais, devendo ser aplicado o
se processa "no interesse do credor" (CPC, art.612) e pelo princípio disposto no art.791-A da CLT, mantido o percentual fixado em
da celeridade processual. Com efeito, não se pode impor ao sentença (15%), considerados os parâmetros estabelecidos no §2º
trabalhador que busque a satisfação do crédito junto aos sócios ou do mesmo dispositivo legal, notadamente a natureza e a
ex-sócios da executada principal, se há responsável subsidiária importância da causa bem como o trabalho realizado pelo advogado
expressamente fixada no pólo passivo da ação, que deve responder e o tempo exigido para o seu serviço.
Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Manoel Ariano; DJESP 07/11/2014) CONCLUSÃO DO VOTO
(grifo nosso)
formulada no aludido verbete jurisprudencial com o julgamento do Conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe provimento.
prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe
portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro; provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores
III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da
Jurisprudencial n.º 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do representante do Ministério Público do Trabalho.
dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e Fortaleza, 12 de agosto de 2021
houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO abrangência da responsabilidade subsidiária da empresa tomadora
É O RELATÓRIO.
EMENTA
responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal -
àquelas obrigações, relativamente ao período em que se beneficiou tempestividade, regular representação processual e preparo
do trabalho prestado pelo reclamante, consoante Súmula nº 331, IV, recursal. Presentes também os pressupostos intrínsecos -
2.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE (empreiteira) responder pelo haveres trabalhistas da primeira
Insurge-se, a segunda reclamada, contra a sentença de origem que Nos termos do art. 455 da CLT, tanto o subempreiteiro quanto o
a condenou de forma subsidiária ao pagamento das verbas empreiteiro respondem pelas verbas trabalhistas dos empregados
trabalhistas deferidas aos reclamantes. contratados pelo primeiro. O entendimento majoritário no âmbito do
Defende a inaplicabilidade da Súmula nº 331, do TST, alegando que TST é de que essa responsabilidade do empreiteiro é subsidiária,
os Recorridos jamais lhe prestaram serviços de forma subordinada, consoante ensina Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do
Assim, pede que seja afastada a sua responsabilidade subsidiária A doutrina e jurisprudência tendiam a considerar a responsabilidade
pelo pagamento das verbas deferidas. imputada ao empreiteiro principal como solidária. Por força dessa
Acerca da matéria, consignou a sentença de origem, "in verbis": interpretação (responsabilidade solidária criada por lei: arts. 896,
''A segunda reclamada insurge-se contra sua responsabilização CCB/1916, e 455, CLT), consideravam desnecessária a prova de
subsidiária pelo inadimplemento dos pleitos deferidos na sentença, fraude ou insolvência do subempreiteiro para acionarse o
alegando ser incabível a sua condenação pelo fato de não ser o empreiteiro principal. Hoje, contudo, a partir da uniformização
empregadora da reclamante, somente tendo firmado contrato de jurisprudencial sedimentada pela Súmula 331, IV, da TST, engloba-
natureza civil com a primeira reclamada. se também a situação-tipo aventada pelo art. 455 da CLT, no
Sobre a responsabilidade do tomador de serviços, a Lei 6.019/74 como subsidiária a responsabilidade do empreiteiro principal, em
(com redação dada pelas Lei 13.423/2017 e 13467/2017), dispõe: casos de subempreitada. A responsabilidade subsidiária em exame,
§ 5o A empresa contratante é subsidiariamente responsável inadimplemento do devedor principal (Súmula n. 331, IV, TST). Isso
pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que significa ser desnecessário realizar-se prova de fraude ou
ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições insolvência do subempreiteiro para acionar-se o empreiteiro
24 de julho de 1991. (grifamos) Cumpre frisar que o que se busca, no presente caso, não é o
Assim, em se tratando de ente privado na qualidade de tomador de reconhecimento do vínculo de emprego da reclamante com a 2ª
serviços, sua responsabilidade subsidiária decorre pura e reclamada, mas tão somente a responsabilização subsidiária.
simplesmente de ter usufruído do labor do trabalhador terceirizado, Logo, numa interpretação conforme, tanto à Constituição, como à
sendo desnecessária a configuração de culpa in vigilando e in unidade emanada do complexo jurídico-normativo vigente,
eligendo. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência, evidencia-se a plena aplicação, à tomadora dos serviços, a
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PRIVADO. A Logo, fica claro que a segunda reclamada usufruiu do trabalho da
responsabilidade da empresa tomadora de serviços - na qualidade reclamante, sendo justo que responda pelo inadimplemento das
de ente privado - decorre do simples fato de ter se beneficiado verbas dos trabalhadores de cujo trabalho tirou proveito.
com a força de trabalho de um empregado, por meio de Assim, reconheço a responsabilidade subsidiária da segunda
10015225520165020082 SP, Relator: WILMA GOMES DA SILVA Inicialmente, verifica-se que restou demonstrada nos autos a efetiva
HERNANDES, 11ª Turma - Cadeira 1, Data de Publicação: prestação de serviços pelos reclamantes em benefício da segunda
Assim, são incabíveis, no presente caso, as alegações de ausência Outrossim, consta, dos autos, o contrato celebrado entrePRODIEL
BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA. e a IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art.
YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI - ME, cujo objeto é o 7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III,
seguinte: "o presente instrumento tem por objeto a execução de todos da Constituição Federal de 1988. Conforme disciplina o art. 8º
serviços e/ou obras, sem qualquer tipo de exclusividade de acordo da CLT, "As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na
com a especificação contida no Termo de Especificação - anexo I, falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o
dentro das melhores técnicas e boas práticas de Engenharia (...)". caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros
Nesse contexto, depreende-se que a 2ª reclamada terceirizou para princípios e normas gerais de direito".
Portanto, provada a condição de tomadora de serviços da empresa "VII. Ao apontar violação do art. 5º, II, da Constituição da República,
recorrente, passa-se a examinar a questão atinente à a Recorrente alega que a imputação de responsabilidade
responsabilidade subsidiária quanto aos créditos devidos aos subsidiária -não tem qualquer respaldo constitucional,
Nesse contexto, resta evidenciado que a empresa recorrente figurou reserva legal-. Entretanto, a Súmula nº 331 do TST é fruto da
como tomadora dos serviços e responsável subsidiária pelas verbas interpretação de toda a legislação que disciplina a responsabilidade
devidas ao trabalhador relativamente ao período em que se trabalhista do tomador de serviços na terceirização e expressa a
beneficiou dos seus serviços, consoante determina o art. 5ª-A, § 5º, jurisprudência consolidada desta Corte a respeito da matéria.
da Lei nº 6.019/74, acrescido pela Lei nº 13.429/17, confira-se: Portanto, ao resolver a controvérsia com base na Súmula nº 331 do
"Art. 5º-A . Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra TST, o Tribunal Regional decidiu com amparo no art. 8º da CLT, em
contrato com empresa de prestação de serviços determinados e que se reconhece expressamente a jurisprudência como fonte de
§ 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições Sobre a questão, importa, ainda, destacar a lição de Maurício
previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de Godinho Delgado, "in verbis":
24 de julho de 1991." "Nesse quadro, seja por analogia com preceitos próprios ao Direito
do Trabalho (art. 16, Lei nº 6019/74; art. 2º, CLT, que trata da
Como é cediço, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho assunção dos riscos por aquele que toma trabalho subordinado, não
veio a se orientar no sentido da responsabilidade subsidiária do -eventual, pessoal e oneroso; art. 8º, que dispõe sobre a integração
tomador de serviços quando, em um legítimo contrato de prestação jurídica), seja por analogia com preceitos inerentes ao próprio
de serviços, resta provado o inadimplemento da empresa Direito Comum (arts. 159 e 160, I, in fine, CCB/1916 ou arts. 186 e
contratada com os haveres de seus empregados, delimitando-se 187, CCB/02, por exemplo), seja em face da prevalência na ordem
uma responsabilidade indireta daquele que, embora não seja o jurídica do valor-trabalho e, por conseqüência, dos créditos
empregador direto, tenha se beneficiado da atividade obreira. trabalhistas (ilustrativamente, Constituição da República: art. 1º, III e
Veja-se, a propósito, o item IV da Súmula n° 331 do colendo TST, in IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art.
verbis: 7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III), o
"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do fato é que a jurisprudência também não poderia deixar de pesquisar
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de por remédios jurídicos hábeis a conferirem eficácia jurídica e social
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da aos direitos laborais oriundos da terceirização." (DELGADO,
relação processual e conste também do título executivo judicial." Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo:
Na verdade, a Súmula nº 331 do TST é fruto da interpretação dos LTr, 2005, p. 467)
preceitos legislativos acerca da responsabilidade trabalhista do Registre-se, outrossim, que a responsabilidade subsidiária do
tomador de serviços, à luz de princípios constitucionais e do direito tomador de serviços tem amparo na responsabilidade civil subjetiva,
laboral. prevista nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que prescrevem:
Com efeito, tal enunciado coaduna-se com a ordem constitucional "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
fundamentada no valor do trabalho, amparado, pois, no art. 1º, III e ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito." natureza alimentar do crédito trabalhista que requer a celeridade e
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a efetividade na sua satisfação (CF/88, art.5º, LXXVIII), garantindo
outrem, fica obrigado a repará-lo." eficiência na entrega da prestação jurisdicional. No caso em tela,
Portanto, ao lado da proteção constitucional ao trabalho e aos ficou evidenciada a insolvência das devedoras principais, sendo
direitos básicos do trabalhador (art. 7º e art. 170), a plenamente cabível o direcionamento da execução em face da
responsabilidade subsidiária do tomador se assenta na denominada devedora subsidiária. Recurso não provido." (TRT 2ª R.; AP
culpa "in eligendo", decorrente da má escolha do contratante, ou da 0192400-89.2009.5.02.0084; Ac. 2015/0089192; Quarta Turma;
culpa "in vigilando" pela ausência de fiscalização do regular Relª Desª Fed. Ivani Contini Bramante; DJESP 27/02/2015) (grifo
No caso concreto, inexiste nos autos elementos demonstrativos do PATRIMÔNIO DEVEDORA PRINCIPAL. REDIRECIONAMENTO
acompanhamento, pela recorrente, do cumprimento das obrigações DA EXECUÇÃO CONTRA O PATRIMÔNIO DA DEVEDORA
trabalhistas pela empresa contratada (primeira reclamada), a SECUNDÁRIA. POSSIBILIDADE. O direcionamento da execução
corroborar a culpa "in vigilando" da tomadora dos serviços. contra o patrimônio da devedora subsidiária pressupõe o não
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização pagamento do débito pela devedora principal, porque seus bens são
do contrato competia à reclamada, por possuir melhor aptidão, "in insuficientes. Essa providência atende ao princípio protetor do
casu", para a produção da prova, ônus do qual não se desincumbiu. trabalhador e à celeridade processual, sem esquecer que o
Destarte, uma vez reconhecida a responsabilidade subsidiária, a responsável subsidiário, ao arcar com o ônus da condenação, sub-
recorrente responde pelas verbas deferidas e não adimplidas pelo roga-se nos direitos do credor. Nesse diapasão, desnecessário
devedor principal, vinculadas ao contrato de trabalho, conforme esgotar a execução contra a devedora principal, pois o
entendeu a decisão vergastada. inadimplemento dela em relação ao débito trabalhista, porque não
Registre-se, ainda, que, ao contrário do que defende a recorrente, o tem patrimônio para solver o débito exequendo, não impossibilita o
processamento executivo contra o responsável subsidiário não direcionamento da execução contra o patrimônio da devedora
pressupõe o exaurimento da execução perante a devedora subsidiária." (TRT 12ª R.; AP 0000025-36.2013.5.12.0054; Sexta
principal, mas, somente, que os atos executórios se iniciem em face Câmara; Relª Juíza Lília Leonor Abreu; DOESC 13/02/2015)(grifo
devedor subsidiário, quando constatada a ausência de bens para a "EMPREITADA. CONSTRUTORA. RESPONSABILIDADE
Isso porque a responsabilidade subsidiária tem por desiderato Responsabilidade benefício de a finalidade da condenação
exatamente solucionar a execução com celeridade e economia subsidiária é garantir ao credor o recebimento de seu crédito, caso
processual, sempre que frustrada sua solução perante a devedora não adimplido pela devedora principal. A responsabilidade
principal, ante a necessidade de rápida satisfação do crédito subsidiária é aplicável quando ocorre o inadimplemento da
trabalhista, cuja natureza é alimentar. obrigação, na forma da Súmula nº 331 do TST. Não significa que o
Nesse sentido, colhem-se diversas jurisprudências dos tribunais credor e o juízo tenham que esgotar as possibilidades de
pátrios, "ad litteram": recebimento da devedora para, só então, seguir contra a outra
"RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ESGOTAMENTO DA responsável. Ambas são devedoras e respondem pelo débito. O
EXECUÇÃO FRENTE AO DEVEDOR PRINCIPAL. fato de a responsabilidade não ser solidária, mas subsidiária, só
NECESSIDADE. Não há que se exigir do trabalhador a obrigação autoriza um benefício de ordem em favor da recorrente, que
de se esgotar todos os caminhos possíveis na busca de bens do possibilita a execução contra o devedor principal em primeiro lugar.
devedor principal, para que, somente após verta suas intenções de Essa prerrogativa só lhe é favorável na medida em que este último
percebimento do crédito sobre o patrimônio do devedor-subsidiário. indica bens passíveis de penhora, observando-se que a execução
Isso porque tal caminho atribuiria ao hipossuficiente tarefa árdua e se processa "no interesse do credor" (CPC, art.612) e pelo princípio
implicaria numa protelação indefinida da execução. Não bastasse da celeridade processual. Com efeito, não se pode impor ao
isso, certo é que a responsabilidade subsidiária gera a obrigação do trabalhador que busque a satisfação do crédito junto aos sócios ou
co-responsável em pagar o débito exequendo pela simples ex-sócios da executada principal, se há responsável subsidiária
inadimplência do devedor principal. A justificativa tem amparo na expressamente fixada no pólo passivo da ação, que deve responder
Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Manoel Ariano; DJESP 07/11/2014) CONCLUSÃO DO VOTO
(grifo nosso)
formulada no aludido verbete jurisprudencial com o julgamento do Conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe provimento.
prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe
portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro; provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores
III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da
Jurisprudencial n.º 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do representante do Ministério Público do Trabalho.
dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e Fortaleza, 12 de agosto de 2021
houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
É O RELATÓRIO.
EMENTA
responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal -
àquelas obrigações, relativamente ao período em que se beneficiou tempestividade, regular representação processual e preparo
do trabalho prestado pelo reclamante, consoante Súmula nº 331, IV, recursal. Presentes também os pressupostos intrínsecos -
decorrente da prestação laboral, excetuadas apenas as obrigações 2.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
Trata-se de recurso ordinário interposto pela segunda reclamada, sendo totalmente descabida a responsabilização ora vergastada.
PRODIEL BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS Assim, pede que seja afastada a sua responsabilidade subsidiária
pelo pagamento das verbas deferidas. imputada ao empreiteiro principal como solidária. Por força dessa
Acerca da matéria, consignou a sentença de origem, "in verbis": interpretação (responsabilidade solidária criada por lei: arts. 896,
''A segunda reclamada insurge-se contra sua responsabilização CCB/1916, e 455, CLT), consideravam desnecessária a prova de
subsidiária pelo inadimplemento dos pleitos deferidos na sentença, fraude ou insolvência do subempreiteiro para acionarse o
alegando ser incabível a sua condenação pelo fato de não ser o empreiteiro principal. Hoje, contudo, a partir da uniformização
empregadora da reclamante, somente tendo firmado contrato de jurisprudencial sedimentada pela Súmula 331, IV, da TST, engloba-
natureza civil com a primeira reclamada. se também a situação-tipo aventada pelo art. 455 da CLT, no
Sobre a responsabilidade do tomador de serviços, a Lei 6.019/74 como subsidiária a responsabilidade do empreiteiro principal, em
(com redação dada pelas Lei 13.423/2017 e 13467/2017), dispõe: casos de subempreitada. A responsabilidade subsidiária em exame,
§ 5o A empresa contratante é subsidiariamente responsável inadimplemento do devedor principal (Súmula n. 331, IV, TST). Isso
pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que significa ser desnecessário realizar-se prova de fraude ou
ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições insolvência do subempreiteiro para acionar-se o empreiteiro
24 de julho de 1991. (grifamos) Cumpre frisar que o que se busca, no presente caso, não é o
Assim, em se tratando de ente privado na qualidade de tomador de reconhecimento do vínculo de emprego da reclamante com a 2ª
serviços, sua responsabilidade subsidiária decorre pura e reclamada, mas tão somente a responsabilização subsidiária.
simplesmente de ter usufruído do labor do trabalhador terceirizado, Logo, numa interpretação conforme, tanto à Constituição, como à
sendo desnecessária a configuração de culpa in vigilando e in unidade emanada do complexo jurídico-normativo vigente,
eligendo. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência, evidencia-se a plena aplicação, à tomadora dos serviços, a
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PRIVADO. A Logo, fica claro que a segunda reclamada usufruiu do trabalho da
responsabilidade da empresa tomadora de serviços - na qualidade reclamante, sendo justo que responda pelo inadimplemento das
de ente privado - decorre do simples fato de ter se beneficiado verbas dos trabalhadores de cujo trabalho tirou proveito.
com a força de trabalho de um empregado, por meio de Assim, reconheço a responsabilidade subsidiária da segunda
10015225520165020082 SP, Relator: WILMA GOMES DA SILVA Inicialmente, verifica-se que restou demonstrada nos autos a efetiva
HERNANDES, 11ª Turma - Cadeira 1, Data de Publicação: prestação de serviços pelos reclamantes em benefício da segunda
Assim, são incabíveis, no presente caso, as alegações de ausência Outrossim, consta, dos autos, o contrato celebrado entrePRODIEL
de culpa por parte da segunda reclamada. BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA. e a
Em verdade, o contrato firmado entre as reclamadas é de YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI - ME, cujo objeto é o
subempreitada (Id. 95061e6), devendo a segunda reclamada seguinte: "o presente instrumento tem por objeto a execução de
(empreiteira) responder pelo haveres trabalhistas da primeira serviços e/ou obras, sem qualquer tipo de exclusividade de acordo
Nos termos do art. 455 da CLT, tanto o subempreiteiro quanto o dentro das melhores técnicas e boas práticas de Engenharia (...)".
empreiteiro respondem pelas verbas trabalhistas dos empregados Nesse contexto, depreende-se que a 2ª reclamada terceirizou para
TST é de que essa responsabilidade do empreiteiro é subsidiária, Portanto, provada a condição de tomadora de serviços da empresa
consoante ensina Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do recorrente, passa-se a examinar a questão atinente à
Trabalho, 2017, p. 563): responsabilidade subsidiária quanto aos créditos devidos aos
Nesse contexto, resta evidenciado que a empresa recorrente figurou reserva legal-. Entretanto, a Súmula nº 331 do TST é fruto da
como tomadora dos serviços e responsável subsidiária pelas verbas interpretação de toda a legislação que disciplina a responsabilidade
devidas ao trabalhador relativamente ao período em que se trabalhista do tomador de serviços na terceirização e expressa a
beneficiou dos seus serviços, consoante determina o art. 5ª-A, § 5º, jurisprudência consolidada desta Corte a respeito da matéria.
da Lei nº 6.019/74, acrescido pela Lei nº 13.429/17, confira-se: Portanto, ao resolver a controvérsia com base na Súmula nº 331 do
"Art. 5º-A . Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra TST, o Tribunal Regional decidiu com amparo no art. 8º da CLT, em
contrato com empresa de prestação de serviços determinados e que se reconhece expressamente a jurisprudência como fonte de
§ 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições Sobre a questão, importa, ainda, destacar a lição de Maurício
previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de Godinho Delgado, "in verbis":
24 de julho de 1991." "Nesse quadro, seja por analogia com preceitos próprios ao Direito
do Trabalho (art. 16, Lei nº 6019/74; art. 2º, CLT, que trata da
Como é cediço, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho assunção dos riscos por aquele que toma trabalho subordinado, não
veio a se orientar no sentido da responsabilidade subsidiária do -eventual, pessoal e oneroso; art. 8º, que dispõe sobre a integração
tomador de serviços quando, em um legítimo contrato de prestação jurídica), seja por analogia com preceitos inerentes ao próprio
de serviços, resta provado o inadimplemento da empresa Direito Comum (arts. 159 e 160, I, in fine, CCB/1916 ou arts. 186 e
contratada com os haveres de seus empregados, delimitando-se 187, CCB/02, por exemplo), seja em face da prevalência na ordem
uma responsabilidade indireta daquele que, embora não seja o jurídica do valor-trabalho e, por conseqüência, dos créditos
empregador direto, tenha se beneficiado da atividade obreira. trabalhistas (ilustrativamente, Constituição da República: art. 1º, III e
Veja-se, a propósito, o item IV da Súmula n° 331 do colendo TST, in IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art.
verbis: 7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III), o
"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do fato é que a jurisprudência também não poderia deixar de pesquisar
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de por remédios jurídicos hábeis a conferirem eficácia jurídica e social
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da aos direitos laborais oriundos da terceirização." (DELGADO,
relação processual e conste também do título executivo judicial." Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo:
Na verdade, a Súmula nº 331 do TST é fruto da interpretação dos LTr, 2005, p. 467)
preceitos legislativos acerca da responsabilidade trabalhista do Registre-se, outrossim, que a responsabilidade subsidiária do
tomador de serviços, à luz de princípios constitucionais e do direito tomador de serviços tem amparo na responsabilidade civil subjetiva,
laboral. prevista nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que prescrevem:
Com efeito, tal enunciado coaduna-se com a ordem constitucional "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
fundamentada no valor do trabalho, amparado, pois, no art. 1º, III e ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art. exclusivamente moral, comete ato ilícito."
7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III, "Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
todos da Constituição Federal de 1988. Conforme disciplina o art. 8º outrem, fica obrigado a repará-lo."
da CLT, "As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na Portanto, ao lado da proteção constitucional ao trabalho e aos
falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o direitos básicos do trabalhador (art. 7º e art. 170), a
caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros responsabilidade subsidiária do tomador se assenta na denominada
princípios e normas gerais de direito". culpa "in eligendo", decorrente da má escolha do contratante, ou da
Nesse sentido, já se pronunciou o c. TST, "verbis": culpa "in vigilando" pela ausência de fiscalização do regular
"VII. Ao apontar violação do art. 5º, II, da Constituição da República, cumprimento de todos os encargos trabalhistas assumidos pela
subsidiária -não tem qualquer respaldo constitucional, No caso concreto, inexiste nos autos elementos demonstrativos do
principalmente levando-se em consideração o violado princípio da acompanhamento, pela recorrente, do cumprimento das obrigações
trabalhistas pela empresa contratada (primeira reclamada), a SECUNDÁRIA. POSSIBILIDADE. O direcionamento da execução
corroborar a culpa "in vigilando" da tomadora dos serviços. contra o patrimônio da devedora subsidiária pressupõe o não
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização pagamento do débito pela devedora principal, porque seus bens são
do contrato competia à reclamada, por possuir melhor aptidão, "in insuficientes. Essa providência atende ao princípio protetor do
casu", para a produção da prova, ônus do qual não se desincumbiu. trabalhador e à celeridade processual, sem esquecer que o
Destarte, uma vez reconhecida a responsabilidade subsidiária, a responsável subsidiário, ao arcar com o ônus da condenação, sub-
recorrente responde pelas verbas deferidas e não adimplidas pelo roga-se nos direitos do credor. Nesse diapasão, desnecessário
devedor principal, vinculadas ao contrato de trabalho, conforme esgotar a execução contra a devedora principal, pois o
entendeu a decisão vergastada. inadimplemento dela em relação ao débito trabalhista, porque não
Registre-se, ainda, que, ao contrário do que defende a recorrente, o tem patrimônio para solver o débito exequendo, não impossibilita o
processamento executivo contra o responsável subsidiário não direcionamento da execução contra o patrimônio da devedora
pressupõe o exaurimento da execução perante a devedora subsidiária." (TRT 12ª R.; AP 0000025-36.2013.5.12.0054; Sexta
principal, mas, somente, que os atos executórios se iniciem em face Câmara; Relª Juíza Lília Leonor Abreu; DOESC 13/02/2015)(grifo
devedor subsidiário, quando constatada a ausência de bens para a "EMPREITADA. CONSTRUTORA. RESPONSABILIDADE
Isso porque a responsabilidade subsidiária tem por desiderato Responsabilidade benefício de a finalidade da condenação
exatamente solucionar a execução com celeridade e economia subsidiária é garantir ao credor o recebimento de seu crédito, caso
processual, sempre que frustrada sua solução perante a devedora não adimplido pela devedora principal. A responsabilidade
principal, ante a necessidade de rápida satisfação do crédito subsidiária é aplicável quando ocorre o inadimplemento da
trabalhista, cuja natureza é alimentar. obrigação, na forma da Súmula nº 331 do TST. Não significa que o
Nesse sentido, colhem-se diversas jurisprudências dos tribunais credor e o juízo tenham que esgotar as possibilidades de
pátrios, "ad litteram": recebimento da devedora para, só então, seguir contra a outra
"RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ESGOTAMENTO DA responsável. Ambas são devedoras e respondem pelo débito. O
EXECUÇÃO FRENTE AO DEVEDOR PRINCIPAL. fato de a responsabilidade não ser solidária, mas subsidiária, só
NECESSIDADE. Não há que se exigir do trabalhador a obrigação autoriza um benefício de ordem em favor da recorrente, que
de se esgotar todos os caminhos possíveis na busca de bens do possibilita a execução contra o devedor principal em primeiro lugar.
devedor principal, para que, somente após verta suas intenções de Essa prerrogativa só lhe é favorável na medida em que este último
percebimento do crédito sobre o patrimônio do devedor-subsidiário. indica bens passíveis de penhora, observando-se que a execução
Isso porque tal caminho atribuiria ao hipossuficiente tarefa árdua e se processa "no interesse do credor" (CPC, art.612) e pelo princípio
implicaria numa protelação indefinida da execução. Não bastasse da celeridade processual. Com efeito, não se pode impor ao
isso, certo é que a responsabilidade subsidiária gera a obrigação do trabalhador que busque a satisfação do crédito junto aos sócios ou
co-responsável em pagar o débito exequendo pela simples ex-sócios da executada principal, se há responsável subsidiária
inadimplência do devedor principal. A justificativa tem amparo na expressamente fixada no pólo passivo da ação, que deve responder
natureza alimentar do crédito trabalhista que requer a celeridade e pelos débitos em favor do obreiro na falta da devida satisfação pela
efetividade na sua satisfação (CF/88, art.5º, LXXVIII), garantindo devedora principal, mormente se levado em conta que o crédito
eficiência na entrega da prestação jurisdicional. No caso em tela, trabalhista possui caráter alimentar, não havendo, ao contrário do
ficou evidenciada a insolvência das devedoras principais, sendo alegado, nenhuma violação a dispositivos constitucionais." (TRT 2ª
plenamente cabível o direcionamento da execução em face da R.; RO 0002195-91.2012.5.02.0442; Ac. 2014/0969521; Décima
devedora subsidiária. Recurso não provido." (TRT 2ª R.; AP Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Manoel Ariano; DJESP 07/11/2014)
Relª Desª Fed. Ivani Contini Bramante; DJESP 27/02/2015) (grifo Ressalte-se, por oportuno, que a SBDI-1 do c. TST reafirmou a tese
prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, unanimidade, conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe
portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro; provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores
III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da
Jurisprudencial n.º 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do representante do Ministério Público do Trabalho.
dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e Fortaleza, 12 de agosto de 2021
houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
DISPOSITIVO
Intimado(s)/Citado(s):
É O RELATÓRIO.
EMENTA
FUNDAMENTAÇÃO
RECURSO ORDINÁRIO. TOMADOR DE SERVIÇOS.
ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições insolvência do subempreiteiro para acionar-se o empreiteiro
24 de julho de 1991. (grifamos) Cumpre frisar que o que se busca, no presente caso, não é o
Assim, em se tratando de ente privado na qualidade de tomador de reconhecimento do vínculo de emprego da reclamante com a 2ª
serviços, sua responsabilidade subsidiária decorre pura e reclamada, mas tão somente a responsabilização subsidiária.
simplesmente de ter usufruído do labor do trabalhador terceirizado, Logo, numa interpretação conforme, tanto à Constituição, como à
sendo desnecessária a configuração de culpa in vigilando e in unidade emanada do complexo jurídico-normativo vigente,
eligendo. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência, evidencia-se a plena aplicação, à tomadora dos serviços, a
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PRIVADO. A Logo, fica claro que a segunda reclamada usufruiu do trabalho da
responsabilidade da empresa tomadora de serviços - na qualidade reclamante, sendo justo que responda pelo inadimplemento das
de ente privado - decorre do simples fato de ter se beneficiado verbas dos trabalhadores de cujo trabalho tirou proveito.
com a força de trabalho de um empregado, por meio de Assim, reconheço a responsabilidade subsidiária da segunda
10015225520165020082 SP, Relator: WILMA GOMES DA SILVA Inicialmente, verifica-se que restou demonstrada nos autos a efetiva
HERNANDES, 11ª Turma - Cadeira 1, Data de Publicação: prestação de serviços pelos reclamantes em benefício da segunda
Assim, são incabíveis, no presente caso, as alegações de ausência Outrossim, consta, dos autos, o contrato celebrado entrePRODIEL
de culpa por parte da segunda reclamada. BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA. e a
Em verdade, o contrato firmado entre as reclamadas é de YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI - ME, cujo objeto é o
subempreitada (Id. 95061e6), devendo a segunda reclamada seguinte: "o presente instrumento tem por objeto a execução de
(empreiteira) responder pelo haveres trabalhistas da primeira serviços e/ou obras, sem qualquer tipo de exclusividade de acordo
Nos termos do art. 455 da CLT, tanto o subempreiteiro quanto o dentro das melhores técnicas e boas práticas de Engenharia (...)".
empreiteiro respondem pelas verbas trabalhistas dos empregados Nesse contexto, depreende-se que a 2ª reclamada terceirizou para
TST é de que essa responsabilidade do empreiteiro é subsidiária, Portanto, provada a condição de tomadora de serviços da empresa
consoante ensina Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do recorrente, passa-se a examinar a questão atinente à
Trabalho, 2017, p. 563): responsabilidade subsidiária quanto aos créditos devidos aos
imputada ao empreiteiro principal como solidária. Por força dessa Nesse contexto, resta evidenciado que a empresa recorrente figurou
interpretação (responsabilidade solidária criada por lei: arts. 896, como tomadora dos serviços e responsável subsidiária pelas verbas
CCB/1916, e 455, CLT), consideravam desnecessária a prova de devidas ao trabalhador relativamente ao período em que se
fraude ou insolvência do subempreiteiro para acionarse o beneficiou dos seus serviços, consoante determina o art. 5ª-A, § 5º,
empreiteiro principal. Hoje, contudo, a partir da uniformização da Lei nº 6.019/74, acrescido pela Lei nº 13.429/17, confira-se:
jurisprudencial sedimentada pela Súmula 331, IV, da TST, engloba- "Art. 5º-A . Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra
se também a situação-tipo aventada pelo art. 455 da CLT, no contrato com empresa de prestação de serviços determinados e
casos de subempreitada. A responsabilidade subsidiária em exame, § 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas
como se sabe, é também automática, exigindo simples obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a
inadimplemento do devedor principal (Súmula n. 331, IV, TST). Isso prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
significa ser desnecessário realizar-se prova de fraude ou previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de
24 de julho de 1991." "Nesse quadro, seja por analogia com preceitos próprios ao Direito
do Trabalho (art. 16, Lei nº 6019/74; art. 2º, CLT, que trata da
Como é cediço, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho assunção dos riscos por aquele que toma trabalho subordinado, não
veio a se orientar no sentido da responsabilidade subsidiária do -eventual, pessoal e oneroso; art. 8º, que dispõe sobre a integração
tomador de serviços quando, em um legítimo contrato de prestação jurídica), seja por analogia com preceitos inerentes ao próprio
de serviços, resta provado o inadimplemento da empresa Direito Comum (arts. 159 e 160, I, in fine, CCB/1916 ou arts. 186 e
contratada com os haveres de seus empregados, delimitando-se 187, CCB/02, por exemplo), seja em face da prevalência na ordem
uma responsabilidade indireta daquele que, embora não seja o jurídica do valor-trabalho e, por conseqüência, dos créditos
empregador direto, tenha se beneficiado da atividade obreira. trabalhistas (ilustrativamente, Constituição da República: art. 1º, III e
Veja-se, a propósito, o item IV da Súmula n° 331 do colendo TST, in IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art.
verbis: 7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III), o
"O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do fato é que a jurisprudência também não poderia deixar de pesquisar
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de por remédios jurídicos hábeis a conferirem eficácia jurídica e social
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da aos direitos laborais oriundos da terceirização." (DELGADO,
relação processual e conste também do título executivo judicial." Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo:
Na verdade, a Súmula nº 331 do TST é fruto da interpretação dos LTr, 2005, p. 467)
preceitos legislativos acerca da responsabilidade trabalhista do Registre-se, outrossim, que a responsabilidade subsidiária do
tomador de serviços, à luz de princípios constitucionais e do direito tomador de serviços tem amparo na responsabilidade civil subjetiva,
laboral. prevista nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que prescrevem:
Com efeito, tal enunciado coaduna-se com a ordem constitucional "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
fundamentada no valor do trabalho, amparado, pois, no art. 1º, III e ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art. exclusivamente moral, comete ato ilícito."
7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III, "Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
todos da Constituição Federal de 1988. Conforme disciplina o art. 8º outrem, fica obrigado a repará-lo."
da CLT, "As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na Portanto, ao lado da proteção constitucional ao trabalho e aos
falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o direitos básicos do trabalhador (art. 7º e art. 170), a
caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros responsabilidade subsidiária do tomador se assenta na denominada
princípios e normas gerais de direito". culpa "in eligendo", decorrente da má escolha do contratante, ou da
Nesse sentido, já se pronunciou o c. TST, "verbis": culpa "in vigilando" pela ausência de fiscalização do regular
"VII. Ao apontar violação do art. 5º, II, da Constituição da República, cumprimento de todos os encargos trabalhistas assumidos pela
subsidiária -não tem qualquer respaldo constitucional, No caso concreto, inexiste nos autos elementos demonstrativos do
principalmente levando-se em consideração o violado princípio da acompanhamento, pela recorrente, do cumprimento das obrigações
reserva legal-. Entretanto, a Súmula nº 331 do TST é fruto da trabalhistas pela empresa contratada (primeira reclamada), a
interpretação de toda a legislação que disciplina a responsabilidade corroborar a culpa "in vigilando" da tomadora dos serviços.
trabalhista do tomador de serviços na terceirização e expressa a Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização
jurisprudência consolidada desta Corte a respeito da matéria. do contrato competia à reclamada, por possuir melhor aptidão, "in
Portanto, ao resolver a controvérsia com base na Súmula nº 331 do casu", para a produção da prova, ônus do qual não se desincumbiu.
TST, o Tribunal Regional decidiu com amparo no art. 8º da CLT, em Destarte, uma vez reconhecida a responsabilidade subsidiária, a
que se reconhece expressamente a jurisprudência como fonte de recorrente responde pelas verbas deferidas e não adimplidas pelo
direito. VIII. Recurso de revista de que não se conhece." (TST- RR - devedor principal, vinculadas ao contrato de trabalho, conforme
Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT Registre-se, ainda, que, ao contrário do que defende a recorrente, o
Sobre a questão, importa, ainda, destacar a lição de Maurício pressupõe o exaurimento da execução perante a devedora
Godinho Delgado, "in verbis": principal, mas, somente, que os atos executórios se iniciem em face
devedor subsidiário, quando constatada a ausência de bens para a "EMPREITADA. CONSTRUTORA. RESPONSABILIDADE
Isso porque a responsabilidade subsidiária tem por desiderato Responsabilidade benefício de a finalidade da condenação
exatamente solucionar a execução com celeridade e economia subsidiária é garantir ao credor o recebimento de seu crédito, caso
processual, sempre que frustrada sua solução perante a devedora não adimplido pela devedora principal. A responsabilidade
principal, ante a necessidade de rápida satisfação do crédito subsidiária é aplicável quando ocorre o inadimplemento da
trabalhista, cuja natureza é alimentar. obrigação, na forma da Súmula nº 331 do TST. Não significa que o
Nesse sentido, colhem-se diversas jurisprudências dos tribunais credor e o juízo tenham que esgotar as possibilidades de
pátrios, "ad litteram": recebimento da devedora para, só então, seguir contra a outra
"RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ESGOTAMENTO DA responsável. Ambas são devedoras e respondem pelo débito. O
EXECUÇÃO FRENTE AO DEVEDOR PRINCIPAL. fato de a responsabilidade não ser solidária, mas subsidiária, só
NECESSIDADE. Não há que se exigir do trabalhador a obrigação autoriza um benefício de ordem em favor da recorrente, que
de se esgotar todos os caminhos possíveis na busca de bens do possibilita a execução contra o devedor principal em primeiro lugar.
devedor principal, para que, somente após verta suas intenções de Essa prerrogativa só lhe é favorável na medida em que este último
percebimento do crédito sobre o patrimônio do devedor-subsidiário. indica bens passíveis de penhora, observando-se que a execução
Isso porque tal caminho atribuiria ao hipossuficiente tarefa árdua e se processa "no interesse do credor" (CPC, art.612) e pelo princípio
implicaria numa protelação indefinida da execução. Não bastasse da celeridade processual. Com efeito, não se pode impor ao
isso, certo é que a responsabilidade subsidiária gera a obrigação do trabalhador que busque a satisfação do crédito junto aos sócios ou
co-responsável em pagar o débito exequendo pela simples ex-sócios da executada principal, se há responsável subsidiária
inadimplência do devedor principal. A justificativa tem amparo na expressamente fixada no pólo passivo da ação, que deve responder
natureza alimentar do crédito trabalhista que requer a celeridade e pelos débitos em favor do obreiro na falta da devida satisfação pela
efetividade na sua satisfação (CF/88, art.5º, LXXVIII), garantindo devedora principal, mormente se levado em conta que o crédito
eficiência na entrega da prestação jurisdicional. No caso em tela, trabalhista possui caráter alimentar, não havendo, ao contrário do
ficou evidenciada a insolvência das devedoras principais, sendo alegado, nenhuma violação a dispositivos constitucionais." (TRT 2ª
plenamente cabível o direcionamento da execução em face da R.; RO 0002195-91.2012.5.02.0442; Ac. 2014/0969521; Décima
devedora subsidiária. Recurso não provido." (TRT 2ª R.; AP Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Manoel Ariano; DJESP 07/11/2014)
Relª Desª Fed. Ivani Contini Bramante; DJESP 27/02/2015) (grifo Ressalte-se, por oportuno, que a SBDI-1 do c. TST reafirmou a tese
SECUNDÁRIA. POSSIBILIDADE. O direcionamento da execução APLICAÇÃO DA OJ 191 DA SbDI-1 LIMITADA À PESSOA FÍSICA
pagamento do débito pela devedora principal, porque seus bens são I) A exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária por
insuficientes. Essa providência atende ao princípio protetor do obrigação trabalhista a que se refere a Orientação Jurisprudencial
trabalhador e à celeridade processual, sem esquecer que o n.º 191 da SDI-1 do TST não se restringe à pessoa física ou micro e
responsável subsidiário, ao arcar com o ônus da condenação, sub- pequenas empresas, compreende igualmente empresas de médio e
roga-se nos direitos do credor. Nesse diapasão, desnecessário grande porte e entes públicos;
esgotar a execução contra a devedora principal, pois o II) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas
inadimplemento dela em relação ao débito trabalhista, porque não prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por
tem patrimônio para solver o débito exequendo, não impossibilita o aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o
direcionamento da execução contra o patrimônio da devedora dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e,
subsidiária." (TRT 12ª R.; AP 0000025-36.2013.5.12.0054; Sexta portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro;
Câmara; Relª Juíza Lília Leonor Abreu; DOESC 13/02/2015)(grifo III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação
Jurisprudencial n.º 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do representante do Ministério Público do Trabalho.
dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e Fortaleza, 12 de agosto de 2021
houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
DISPOSITIVO
Intimado(s)/Citado(s):
- PAULO HENRIQUE MAIA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade recursal -
àquelas obrigações, relativamente ao período em que se beneficiou tempestividade, regular representação processual e preparo
do trabalho prestado pelo reclamante, consoante Súmula nº 331, IV, recursal. Presentes também os pressupostos intrínsecos -
decorrente da prestação laboral, excetuadas apenas as obrigações 2.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
Trata-se de recurso ordinário interposto pela segunda reclamada, sendo totalmente descabida a responsabilização ora vergastada.
PRODIEL BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS Assim, pede que seja afastada a sua responsabilidade subsidiária
LTDA., em face da sentença proferida pelo MM. Juízo da Única pelo pagamento das verbas deferidas.
Vara do Trabalho de Limoeiro do Norte (Id 25199d9) que julgou Acerca da matéria, consignou a sentença de origem, "in verbis":
procedentes os pedidos veiculados na exordial para condenar a ''A segunda reclamada insurge-se contra sua responsabilização
primeira reclamada, YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI- subsidiária pelo inadimplemento dos pleitos deferidos na sentença,
ME, e, de forma subsidiária, a segunda reclamada, PRODIEL alegando ser incabível a sua condenação pelo fato de não ser o
BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA, ao empregadora da reclamante, somente tendo firmado contrato de
pagamento das parcelas: a) saldo de salário de 12 dias e aviso natureza civil com a primeira reclamada.
proporcional (2018); d) FGTS(8%+40%) de todo o contrato de Sobre a responsabilidade do tomador de serviços, a Lei 6.019/74
trabalho e sobre verbas rescisórias objeto da sentença, deduzidos (com redação dada pelas Lei 13.423/2017 e 13467/2017), dispõe:
Em seu arrazoado (Id7c2097f), a promovida defende a ausência de pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que
responsabilidade subsidiária alegando não haver figurado como ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
tomadora de serviços em regime de terceirização, mas tendo previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de
celebrado apenas contrato cível com a 1ª reclamada, o que 24 de julho de 1991. (grifamos)
impossibilitaria a aplicação do entendimento contido na Súmula nº Assim, em se tratando de ente privado na qualidade de tomador de
331 do TST. Sustenta, de outro lado, que a responsabilidade serviços, sua responsabilidade subsidiária decorre pura e
subsidiária só pode ser aplicada quando a terceirização de forma simplesmente de ter usufruído do labor do trabalhador terceirizado,
ilícita.depois de esgotados os bens das empresas que terceirizam, sendo desnecessária a configuração de culpa in vigilando e in
com base no artigo 10-A da CLT. Persegue a reforma da sentença eligendo. Nesse sentido, tem se posicionado a jurisprudência,
Contrarrazões apresentadas pela parte adversa (Id -a5210de). RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PRIVADO. A
com a força de trabalho de um empregado, por meio de Assim, reconheço a responsabilidade subsidiária da segunda
10015225520165020082 SP, Relator: WILMA GOMES DA SILVA Inicialmente, verifica-se que restou demonstrada nos autos a efetiva
HERNANDES, 11ª Turma - Cadeira 1, Data de Publicação: prestação de serviços pelos reclamantes em benefício da segunda
Assim, são incabíveis, no presente caso, as alegações de ausência Outrossim, consta, dos autos, o contrato celebrado entrePRODIEL
de culpa por parte da segunda reclamada. BRASIL PROJETOS DE INSTALACOES ELETRICAS LTDA. e a
Em verdade, o contrato firmado entre as reclamadas é de YARID CONSTRUCAO E LOCACAO EIRELI - ME, cujo objeto é o
subempreitada (Id. 95061e6), devendo a segunda reclamada seguinte: "o presente instrumento tem por objeto a execução de
(empreiteira) responder pelo haveres trabalhistas da primeira serviços e/ou obras, sem qualquer tipo de exclusividade de acordo
Nos termos do art. 455 da CLT, tanto o subempreiteiro quanto o dentro das melhores técnicas e boas práticas de Engenharia (...)".
empreiteiro respondem pelas verbas trabalhistas dos empregados Nesse contexto, depreende-se que a 2ª reclamada terceirizou para
TST é de que essa responsabilidade do empreiteiro é subsidiária, Portanto, provada a condição de tomadora de serviços da empresa
consoante ensina Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do recorrente, passa-se a examinar a questão atinente à
Trabalho, 2017, p. 563): responsabilidade subsidiária quanto aos créditos devidos aos
imputada ao empreiteiro principal como solidária. Por força dessa Nesse contexto, resta evidenciado que a empresa recorrente figurou
interpretação (responsabilidade solidária criada por lei: arts. 896, como tomadora dos serviços e responsável subsidiária pelas verbas
CCB/1916, e 455, CLT), consideravam desnecessária a prova de devidas ao trabalhador relativamente ao período em que se
fraude ou insolvência do subempreiteiro para acionarse o beneficiou dos seus serviços, consoante determina o art. 5ª-A, § 5º,
empreiteiro principal. Hoje, contudo, a partir da uniformização da Lei nº 6.019/74, acrescido pela Lei nº 13.429/17, confira-se:
jurisprudencial sedimentada pela Súmula 331, IV, da TST, engloba- "Art. 5º-A . Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra
se também a situação-tipo aventada pelo art. 455 da CLT, no contrato com empresa de prestação de serviços determinados e
casos de subempreitada. A responsabilidade subsidiária em exame, § 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas
como se sabe, é também automática, exigindo simples obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a
inadimplemento do devedor principal (Súmula n. 331, IV, TST). Isso prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
significa ser desnecessário realizar-se prova de fraude ou previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de
principal.
Cumpre frisar que o que se busca, no presente caso, não é o Como é cediço, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
reconhecimento do vínculo de emprego da reclamante com a 2ª veio a se orientar no sentido da responsabilidade subsidiária do
reclamada, mas tão somente a responsabilização subsidiária. tomador de serviços quando, em um legítimo contrato de prestação
Logo, numa interpretação conforme, tanto à Constituição, como à de serviços, resta provado o inadimplemento da empresa
unidade emanada do complexo jurídico-normativo vigente, contratada com os haveres de seus empregados, delimitando-se
evidencia-se a plena aplicação, à tomadora dos serviços, a uma responsabilidade indireta daquele que, embora não seja o
responsabilidade subsidiária contida na Súmula nº 331, V, do TST. empregador direto, tenha se beneficiado da atividade obreira.
Logo, fica claro que a segunda reclamada usufruiu do trabalho da Veja-se, a propósito, o item IV da Súmula n° 331 do colendo TST, in
verbas dos trabalhadores de cujo trabalho tirou proveito. "O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de por remédios jurídicos hábeis a conferirem eficácia jurídica e social
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da aos direitos laborais oriundos da terceirização." (DELGADO,
relação processual e conste também do título executivo judicial." Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo:
Na verdade, a Súmula nº 331 do TST é fruto da interpretação dos LTr, 2005, p. 467)
preceitos legislativos acerca da responsabilidade trabalhista do Registre-se, outrossim, que a responsabilidade subsidiária do
tomador de serviços, à luz de princípios constitucionais e do direito tomador de serviços tem amparo na responsabilidade civil subjetiva,
laboral. prevista nos arts. 186 e 927 do Código Civil, que prescrevem:
Com efeito, tal enunciado coaduna-se com a ordem constitucional "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
fundamentada no valor do trabalho, amparado, pois, no art. 1º, III e ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art. exclusivamente moral, comete ato ilícito."
7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III, "Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
todos da Constituição Federal de 1988. Conforme disciplina o art. 8º outrem, fica obrigado a repará-lo."
da CLT, "As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na Portanto, ao lado da proteção constitucional ao trabalho e aos
falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o direitos básicos do trabalhador (art. 7º e art. 170), a
caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros responsabilidade subsidiária do tomador se assenta na denominada
princípios e normas gerais de direito". culpa "in eligendo", decorrente da má escolha do contratante, ou da
Nesse sentido, já se pronunciou o c. TST, "verbis": culpa "in vigilando" pela ausência de fiscalização do regular
"VII. Ao apontar violação do art. 5º, II, da Constituição da República, cumprimento de todos os encargos trabalhistas assumidos pela
subsidiária -não tem qualquer respaldo constitucional, No caso concreto, inexiste nos autos elementos demonstrativos do
principalmente levando-se em consideração o violado princípio da acompanhamento, pela recorrente, do cumprimento das obrigações
reserva legal-. Entretanto, a Súmula nº 331 do TST é fruto da trabalhistas pela empresa contratada (primeira reclamada), a
interpretação de toda a legislação que disciplina a responsabilidade corroborar a culpa "in vigilando" da tomadora dos serviços.
trabalhista do tomador de serviços na terceirização e expressa a Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização
jurisprudência consolidada desta Corte a respeito da matéria. do contrato competia à reclamada, por possuir melhor aptidão, "in
Portanto, ao resolver a controvérsia com base na Súmula nº 331 do casu", para a produção da prova, ônus do qual não se desincumbiu.
TST, o Tribunal Regional decidiu com amparo no art. 8º da CLT, em Destarte, uma vez reconhecida a responsabilidade subsidiária, a
que se reconhece expressamente a jurisprudência como fonte de recorrente responde pelas verbas deferidas e não adimplidas pelo
direito. VIII. Recurso de revista de que não se conhece." (TST- RR - devedor principal, vinculadas ao contrato de trabalho, conforme
Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT Registre-se, ainda, que, ao contrário do que defende a recorrente, o
Sobre a questão, importa, ainda, destacar a lição de Maurício pressupõe o exaurimento da execução perante a devedora
Godinho Delgado, "in verbis": principal, mas, somente, que os atos executórios se iniciem em face
"Nesse quadro, seja por analogia com preceitos próprios ao Direito dela, sendo possível ser redirecionada imediatamente contra o
do Trabalho (art. 16, Lei nº 6019/74; art. 2º, CLT, que trata da devedor subsidiário, quando constatada a ausência de bens para a
assunção dos riscos por aquele que toma trabalho subordinado, não célere satisfação da quitação da dívida.
-eventual, pessoal e oneroso; art. 8º, que dispõe sobre a integração Isso porque a responsabilidade subsidiária tem por desiderato
jurídica), seja por analogia com preceitos inerentes ao próprio exatamente solucionar a execução com celeridade e economia
Direito Comum (arts. 159 e 160, I, in fine, CCB/1916 ou arts. 186 e processual, sempre que frustrada sua solução perante a devedora
187, CCB/02, por exemplo), seja em face da prevalência na ordem principal, ante a necessidade de rápida satisfação do crédito
jurídica do valor-trabalho e, por conseqüência, dos créditos trabalhista, cuja natureza é alimentar.
trabalhistas (ilustrativamente, Constituição da República: art. 1º, III e Nesse sentido, colhem-se diversas jurisprudências dos tribunais
IV; art. 3º, I, in fine, e III, ab initio, e IV, ab initio; art. 4º, II; art. 6º, art. pátrios, "ad litteram":
7º, caput, in fine; art. 7º, VI, VII, X; art. 100, ab initio; art. 170, III), o "RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ESGOTAMENTO DA
fato é que a jurisprudência também não poderia deixar de pesquisar EXECUÇÃO FRENTE AO DEVEDOR PRINCIPAL.
NECESSIDADE. Não há que se exigir do trabalhador a obrigação autoriza um benefício de ordem em favor da recorrente, que
de se esgotar todos os caminhos possíveis na busca de bens do possibilita a execução contra o devedor principal em primeiro lugar.
devedor principal, para que, somente após verta suas intenções de Essa prerrogativa só lhe é favorável na medida em que este último
percebimento do crédito sobre o patrimônio do devedor-subsidiário. indica bens passíveis de penhora, observando-se que a execução
Isso porque tal caminho atribuiria ao hipossuficiente tarefa árdua e se processa "no interesse do credor" (CPC, art.612) e pelo princípio
implicaria numa protelação indefinida da execução. Não bastasse da celeridade processual. Com efeito, não se pode impor ao
isso, certo é que a responsabilidade subsidiária gera a obrigação do trabalhador que busque a satisfação do crédito junto aos sócios ou
co-responsável em pagar o débito exequendo pela simples ex-sócios da executada principal, se há responsável subsidiária
inadimplência do devedor principal. A justificativa tem amparo na expressamente fixada no pólo passivo da ação, que deve responder
natureza alimentar do crédito trabalhista que requer a celeridade e pelos débitos em favor do obreiro na falta da devida satisfação pela
efetividade na sua satisfação (CF/88, art.5º, LXXVIII), garantindo devedora principal, mormente se levado em conta que o crédito
eficiência na entrega da prestação jurisdicional. No caso em tela, trabalhista possui caráter alimentar, não havendo, ao contrário do
ficou evidenciada a insolvência das devedoras principais, sendo alegado, nenhuma violação a dispositivos constitucionais." (TRT 2ª
plenamente cabível o direcionamento da execução em face da R.; RO 0002195-91.2012.5.02.0442; Ac. 2014/0969521; Décima
devedora subsidiária. Recurso não provido." (TRT 2ª R.; AP Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Manoel Ariano; DJESP 07/11/2014)
Relª Desª Fed. Ivani Contini Bramante; DJESP 27/02/2015) (grifo Ressalte-se, por oportuno, que a SBDI-1 do c. TST reafirmou a tese
SECUNDÁRIA. POSSIBILIDADE. O direcionamento da execução APLICAÇÃO DA OJ 191 DA SbDI-1 LIMITADA À PESSOA FÍSICA
pagamento do débito pela devedora principal, porque seus bens são I) A exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária por
insuficientes. Essa providência atende ao princípio protetor do obrigação trabalhista a que se refere a Orientação Jurisprudencial
trabalhador e à celeridade processual, sem esquecer que o n.º 191 da SDI-1 do TST não se restringe à pessoa física ou micro e
responsável subsidiário, ao arcar com o ônus da condenação, sub- pequenas empresas, compreende igualmente empresas de médio e
roga-se nos direitos do credor. Nesse diapasão, desnecessário grande porte e entes públicos;
esgotar a execução contra a devedora principal, pois o II) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas
inadimplemento dela em relação ao débito trabalhista, porque não prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por
tem patrimônio para solver o débito exequendo, não impossibilita o aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o
direcionamento da execução contra o patrimônio da devedora dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e,
subsidiária." (TRT 12ª R.; AP 0000025-36.2013.5.12.0054; Sexta portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro;
Câmara; Relª Juíza Lília Leonor Abreu; DOESC 13/02/2015)(grifo III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação
BENEFÍCIO DE ORDEM. ADA. CONSTRUTORA. dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e
Responsabilidade benefício de a finalidade da condenação pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade
subsidiária é garantir ao credor o recebimento de seu crédito, caso econômica vinculada ao objeto contratado";
não adimplido pela devedora principal. A responsabilidade IV) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se
subsidiária é aplicável quando ocorre o inadimplemento da houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por
obrigação, na forma da Súmula nº 331 do TST. Não significa que o empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o
credor e o juízo tenham que esgotar as possibilidades de dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em
recebimento da devedora para, só então, seguir contra a outra face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in eligendo."
fato de a responsabilidade não ser solidária, mas subsidiária, só Recurso improvido no ponto.
JUSTIÇA DO
Relator
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
Diretor de Secretaria O acórdão impugnado bem discorreu acerca das razões que
conduziram ao reconhecimento do vínculo de emprego entre a obscuro acerca do enquadramento da autora como bancária.
enquadramento como bancária. Embargos improvidos, neste ponto. O acórdão findou suficientemente claro acerca do reconhecimento
OMISSÃO. JUNTADA DO VOTO VENCIDO. SANEAMENTO. do vínculo empregatício com o Banco Bradesco S/A e a inserção da
Verificada a ausência de juntada do voto vencedor, deve-se sanear trabalhadora na categoria dos bancários.
a omissão. Razões do voto vencido que passam a integrar o Primeiramente, restou evidenciado que o vínculo se deu
julgado. Transcrição. Embargos providos neste capítulo. diretamente com a instituição bancária, razão pela qual, na
PARCELAS TRABALHISTAS DEVIDAS. EFEITO INFRINGENTE. "- Do vínculo de emprego com o Banco Bradesco S/A - categoria
atacado, impõe-se o saneamento do vício. Deferimento de parcelas Primeiramente, embora o disposto na Lei nº 4.594/94 vede aos
trabalhistas. Esclarecimentos. Embargos parcialmente providos. corretores o emprego em empresa de seguros, nada obsta a
4.594/94:
Cuida-se de Embargos de Declaração em Recurso Ordinário oposto b) serem sócios, administradores, procuradores, despachantes ou
por ambas as partes contra o acórdão id nº ab9cf9b, que julgou empregados de emprêsa de seguros.
parcialmente provimento o recurso ordinário da parte reclamante. Parágrafo único. O impedimento previsto neste artigo é extensivo
A parte reclamada aponta omissão acerca do enquadramento da aos sócios e diretores de emprêsa de corretagem."
autora como bancária e ausência de transcrição do voto vencido. Ora, referido dispositivo deve ser interpretado de forma sistêmica
Por sua vez, a parte reclamante suscita várias omissões no acórdão com o art. 9ª da CLT, segundo o qual "Serão nulos de pleno direito
embargado acerca das verbas requeridas na inicial, uma vez os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
reconhecimento o vínculo de emprego e enquadramento da autora aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação".
Contraminuta apresentada pela parte reclamada ao id nº f42a06b. julgado do c. TST, "in verbis":
I. DOS EMBARGOS DA PARTE RECLAMADA concretizador de direitos sociais e individuais fundamentais do ser
I.1. DA ADMISSIBILIDADE humano (art. 7º,CF). Volta-se a construir uma sociedade livre, justa
Uma vez preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de e solidária (art. 3º, I, CF), erradicando a pobreza e a marginalização
admissibilidade, merecem conhecimento os embargos de e reduzindo as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, IV, CF).
I.2. DO MÉRITO DOS EMBARGOS emprego (art. 1º, IV, art 170, caput e VIII, CF) e veículo mais
A parte demanda alega que o acórdão impugnado restou omisso e econômica (Preâmbulo da Constituição), o Direito do Trabalho não
parassubordinação e a informalidade. Registre-se que a Uma vez que a reclamante trabalhava na agência do banco
subordinação enfatizada pela CLT (arts. 2º e 3º) não se BRADESCO, sob ordens de seus gerentes, inegável que o vínculo
circunscreve à dimensão tradicional, subjetiva, com profundas, deve ocorrer diretamente com a instituição financeira, bem como
intensas e irreprimíveis ordens do tomador ao obreiro. Pode a reconhecida a categoria da autora como bancária, dado que
subordinação ser do tipo objetivo, em face da realização, pelo presentes os requisitos do art. 3º da CLT.
trabalhador, dos objetivos sociais da empresa. Ou pode ser Essa a conclusão que se alcança do depoimento do preposto da
simplesmente do tipo estrutural, harmonizando-se o obreiro à parte reclamada (ID. 32d1ecf - Pág. 1), "ipsis litteris":
organização, dinâmica e cultura do empreendimento que lhe capta "Depoimento pessoal do(a) preposto(a) do(a) reclamado(a) BANCO
os serviços. Presente qualquer das dimensões da subordinação BRADESCO S.A., já qualificado(a) nos autos. Às perguntas do(a)
(subjetiva, objetiva ou estrutural), considera-se configurado esse advogado(a) do(a) reclamante respondeu: que trabalha no
elemento fático-jurídico da relação de emprego. Ademais, a reclamado como gerente administrativo; que o banco fornece um
vedação contida no art. 17 da Lei 4594/64 - de que o corretor de espaço dentro da agência para os corretores trabalharem; que a
seguros seja empregado de empresa seguradora - só se legitima se última agência em que a reclamante trabalhou foi Fortaleza Centro;
resguardada a sua autonomia na condução dos negócios de que não sabe informar as demais agências trabalhadas pela
corretagem, não sendo este o quadro fático delineado no acórdão reclamante; que a reclamante fazia comercialização de produtos
regional, que, ao revés, consigna que o serviço desenvolvido pela da segunda reclamada como seguros, títulos de capitalização e
Reclamante era dentro da agência do Banco Bradesco, sob sua previdência; que atualmente os consórcios são vendidos pelo
subordinação. Recurso de revista conhecido e provido no aspecto. gerentes da agência; que anteriormente quem vendia os consórcios
(TST- RR - 1580-69.2013.5.03.0012 , Relator Ministro: Mauricio era a segunda reclamada, por meio dos corretores; que atualmente
Godinho Delgado, Data de Julgamento: 18/03/2015, 3ª Turma, Data a previdência é comercializada pelo gerente do banco; que não
de Publicação: DEJT 30/04/2015) sabe dizer quando os consórcios e previdência passaram a ser
Frise-se, ademais, que as vedações previstas nos arts. 17 da Lei n° comercializados pela primeira reclamada; que seguro prestamista é
4.594/64 e 9º do Decreto nº 56.903/65 (vedação aos corretores de seguro ligado a operações de crédito; que não sabe dizer o que é
assumirem posição de empregado de empresas de seguros ou seguro primeira proteção; que o seguro prestamista é oferecido pelo
capitalização) têm por escopo assegurar a autonomia destes gerente da agência no momento da negociação da operação de
profissionais frente às sociedades seguradoras, de modo a crédito; que o bancário não recebe comissões pela venda dos
possibilitar independência funcional, mormente na defesa dos produtos comercializados pela segunda reclamada; que a segunda
interesses dos clientes consumidores. Diante disso, os referidos reclamada não oferece prêmios pela venda de seus produtos a
dispositivos legais jamais poderiam ser manejados para camuflar funcionários da primeira reclamada; que não sabe dizer se os
verdadeira relação de emprego, uma vez que desvirtuaria até funcionários da primeira reclamada participam das campanhas
mesmo o fim para o qual foram editados. Dentre os princípios que lançadas pela segunda reclamada; que o POBJ é um programa
norteiam o direito do trabalho, temos o da primazia da realidade. para medir os resultados da agência; que os produtos vendidos pela
Segundo esse princípio, o julgador deve investigar a prática reclamante influenciam no resultado da agência e entram no cálculo
concreta efetivada ao longo da prestação de serviços, independente do POBJ; que não sabe dizer se é o corretor que faz a portabilidade
da vontade eventualmente manifestada pelas partes na respectiva de planos e resgate de previdência; que o Banco Central exige a
relação jurídica. A prática habitual tem o condão de alterar o certificação Anbima para os funcionários que trabalham com
contrato inicialmente pactuado, gerando direitos e obrigações novos investimento; que o banco não conta com linha telefonica exclusiva
Importa, assim, examinar a situação fática verificada nos autos, a transferidas para os setores competentes; que para os corretores
fim de perceber se se está diante de um legítimo contrato de são transferidas as ligações em que a pessoa pede para falar com o
corretagem de seguro ou de um típico contrato de emprego. corretor; que não sabe precisar quais os dias em que a reclamante
Atinente a configuração do vínculo na categoria bancário, como é comparecia na agência; que a reclamante tinha autonomia para
cediço, para a caracterização do contrato de trabalho faz-se mister determinar seu próprio horário de trabalho. Nada mais disse."
sejam: pessoalidade, não-eventualidade, remuneração e No mesmo sentido aponta a testemunha do reclamante, que
esclareceu em seu depoimento, "in verbis": cursos fornecidos pelo banco por meio da intranet; que em tais
"Primeira testemunha da reclamante: [...]; que a reclamante fazia cursos o banco abordava assuntos sobre os produtos da segunda
serviços bancários, como venda de produtos e atendimento a reclamada; que a reclamante comercializava cartões da primeira
clientes; que a reclamante vendia previdência, cartões, consórcio, reclamada; que o depoente não conhece cartões Bradesco Vida e
seguros e outros produtos; que o depoente trabalhava de 8h às 17h, Previdência; que não havia identificação na mesa ou acima da
com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira; que a mesa da reclamante com o nome Bradesco Vida e Previdência ou
reclamante chegava no mesmo horário que o depoente, às 8h, Bradesco Seguros; que o depoente realizava atividades na agência
almoçava na copa da agência, entre 15 e 30 minutos, e quando o inteira; que no crachá de nenhum funcionário constava o nome
depoente ia embora a reclamante continuava na agência; que a "Banco Bradesco"; que o logotipo que constava no crachá era o
reclamante comparecia diariamente na agência; que a reclamante mesmo da Organização Bradesco; que no crachá da reclamante
trabalhava internamente e quando havia visitas acontecia no não constava o número de inscrição Susep; que nos últimos cinco
máximo uma vez por semana; que tinha contato visual com a anos acredita que a agência contou com telefonista apenas por um
reclamante; que quando a reclamante fazia visitas se ausentava da ano, um ano e pouco; que o código de ética que o depoente assinou
agência por trinta minutos a duas horas, que não se ausentava o dia era do Banco Bradesco S/A; que não sabe dizer qual código de
inteiro; que trabalhou com a reclamante de 2012 até a data da saída ética a reclamante assinou; que a reclamante e o depoente não
do depoente; que a reclamante trabalhava junto com os demais participavam de comitê de crédito; que o funcionário que solicita um
funcionários da primeira reclamada, e não em ambiente separado; crédito para um cliente não precisa participar do comitê, pois o
que a reclamante utilizava login e senha do sistema da primeira sistema é que aprova o valor; que não existe comitê de crédito para
reclamada; que quando o depoente saiu havia 04 corretores na isso; que os cursos treinet é da Organização Bradesco; que os
agência, mas a agência chegou a ter 08 corretores; que os funcionários e corretores têm acesso aos cursos treinet, sendo que
corretores realizavam as mesmas funções; que não havia para os corretores o curso muda de nome, mas possui a mesma
direcionamento das ligações telefônicas da agência e a reclamante programação. Nada mais disse."
poderia atender qualquer telefonema que caísse em sua mesa; que Não se trata de corretor de seguros autônomo que labora em
o corretor, quando atendia ao telefone, identificava com o nome empresa desse ramo econômico, mas de empregado que trabalho
"Bradesco", com os demais funcionários da primeira reclamada; que dentro das instalações do banco, vendendo produtos pertencentes à
a reclamante fazia os mesmos atendimentos que o depoente, como instituição financeira, integrando-se, desse modo, à sua estrutura
de cheques devolvidos, orientação a clientes; que quando o cliente Nesse sentido, importa destacar jurisprudência do c. TST,
quisesse resgatar a previdência todos os funcionários da primeira examinando caso similar, em que era réu igualmente o banco
reclamada, bem como a reclamante deveriam fazer o procedimento Bradesco, "in verbis":
de retenção, que seria oferecer benefícios como empréstimos, para "EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007 CORRETOR
que a pessoa não resgatasse a previdência; que a reclamante DE SEGUROS. VÍNCULO DE EMPREGO RECONHECIDO.
utilizava crachá com o logotipo do Bradesco, sem menção ao ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIO. Discute-se na hipótese o
Bradesco Vida e Previdência; que a reclamante vendia cartão de enquadramento do reclamante como bancário. Segundo se extrai
crédito.; que o depoente vendia os mesmos produtos e realizava as da decisão proferida pela Turma, o Regional, a partir das provas
mesmas funções que a reclamante; que a reclamante se reportava carreadas aos autos, afastou a tese da defesa de que o autor
ao gerente e à equipe gerencial da agência; que a reclamante laborava de forma autônoma prestando serviços de corretagem, na
participava de todas as reuniões de todos os funcionários da forma da Lei nº 4.594/64 para o grupo econômico formado pelos
primeira reclamada, sem distinção; que a reclamante tinha que reclamados e reconheceu o vínculo de emprego do reclamante com
cumprir metas e passar planilhas diárias das metas para os a Bradesco Vida e Previdência S/A. Em ato contínuo foi
gerentes; que quando foi admitido na primeira reclamada foi reconhecida a condição de bancário do reclamante, contra o que se
obrigado a assinar o código de ética; que a reclamante não poderia insurgem os embargantes neste apelo. De acordo com a narrativa
vender produtos de outras seguradora dentro da agência; que a fática descrita na decisão embargada, segundo registros constantes
reclamante se reportava ao gerente da agência em relação a faltas do acórdão regional, o reclamante trabalhava para a marca
e atraso; que quando a reclamante faltava os funcionários que Bradesco e cuidava dos interesses sociais do Banco Bradesco S.A.,
estavam na agência absorviam suas atividades; que treinet são angariando-lhe clientela, dando início ao procedimento de abertura
de contas, auxiliando clientes nos caixas eletrônicos, discutindo coletivamente, a questão versada nos presentes autos. Vejamos
metas com bancários em reuniões, visitando correntistas, excerto da petição inicial, "in verbis":
cumprindo horários determinados em agências bancárias e se "Os elementos de convicção reunidos no inquérito civil revelam que
submetendo à fiscalização do gerente da agência para a qual fora o BANCO BRADESCOS/A, e as demais rés, empresas do grupo
designado. A par disso, o Regional asseverou que o autor exercia econômico Bradesco, utilizam-se de instrumentos contratuais
atividades tipicamente bancárias. A Súmula nº 374 desta Corte diversos para não reconhecer o vínculo empregatício existente entre
preconiza que o empregado integrante de categoria profissional o grupo econômico e os trabalhadores que executam serviços de
diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador venda de seguros e previdência privada em suas dependências,
vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não atraindo a aplicação do art. 9o da Consolidação das Leis do
foi representada por órgão de classe de sua categoria. Nesse Trabalho, que diz:
reclamante, não há falar em contrariedade à Súmula nº 374 do Deve ser salientado, inicialmente, que todos os corretores executam
Tribunal Superior do Trabalho. Por outro lado, a divergência as suas atividades dentro das agências dos próprios bancos,
jurisprudencial não está demonstrada. O primeiro aresto consigna a trabalhando com exclusividade ao próprio grupo Bradesco,sendo
tese de que, uma vez verificada a existência dos requisitos para o subordinados à gerência da própria agência, bem como aos
reconhecimento da relação de emprego com a seguradora, e não supervisores das próprias Rés.
no caso destes autos, a condição de bancário está pautada na Tal situação é bem explicada pela depoente de fl. 284 do Inquérito
constatação de que o reclamante desempenhava atividades típicas Civil Público, que afirma: 'que comercializa seguros na agência
de bancário, desenvolvendo seu labor em prol do Banco reclamado. Cinelândia do Banco Bradesco; que não tem CTPS assinada, tendo
O segundo aresto não examina enquadramento bancário, mas um contrato com uma terceirizada que coloca os corretores dentro
apenas reconhecimento de vínculo com o Banco Bradesco S/A, das agências; que tal contrato, indispensável para o exercício das
hipótese distinta da destes autos. O terceiro aresto consigna tese de funções, consta que não há vínculo empregatício; que está nessa
que o simples fato de haver grupo econômico entre os reclamados agência há 06 (seis) meses, sendo que no Banco Bradesco trabalha
não conduz ao enquadramento dos empregados das empresas há quase 1O (dez) anos, sendo 08 (oito) anos ininterruptos, sempre
controladas na categoria profissional relativa aos empregados da exercendo as mesmas funções e na mesma situação; que cumpre
empresa controladora do grupo. Não há discussão acerca do horário das09:00 às 17:00 horas, sendo esse horário controlado
reconhecimento do vínculo empregatício, tampouco há identidade pelo supervisor da terceirizada REMAKE, além dos gerentes do
com as premissas fáticas e jurídicas que ensejaram o Banco; que há subordinação com todos os gerentes do Banco,
enquadramento do reclamante como bancário nesta ação. Por fim, devendo dar a eles satisfação do horário e das vendas do seguro;
o quarto aresto é convergente com a decisão ora embargada, na que há uma meta estipulada pela direção do banco de vendas de
medida em que consigna o entendimento de que o fato de ter sido seguro, que é cobrada do gerente da agência; que não tem férias,
reconhecido que o reclamante não era empregado do banco 13o salário, recebendo somente percentual sobre as vendas
Bradesco, mas do Bradesco Vida e Previdência, não afasta, por si realizadas dentro da agência; que é pago por crédito em conta
só, a possibilidade de ser enquadrado como bancário, pois isso mensalmente,se conseguir alguma venda; que não há nenhuma
decorre das atividades por ele exercidas. E, no caso destes autos, forma de recibo; que as terceirizadas não dão recibo de pagamento,
foi, exatamente, em razão das atividades exercidas pelo reclamante nem mesmo para declaração de imposto de renda; que há também
que a instância ordinária reconheceu a sua condição de bancário. nas agências, além dos corretores de seguro, aqueles que vendem
Nesse contexto, incide o disposto na Súmula nº 296, item I, do Previdência Privada; que quanto a estes, são criadas empresas no
Tribunal Superior do Trabalho, diante da inespecificidade dos nome do corretor para eles trabalharem nas agências, subordinados
arestos citados para o cotejo de teses. Embargos não conhecidos." à Bradesco Previdência; que quem chega atrasado, quanto ao
(TST; E-RR 0618300-68.2007.5.09.0024; Subseção I Especializada pessoal da Previdência, é punido com uma suspensão de um ou
em Dissídios Individuais; Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta; dois dias, não ganhando nada nesses dias.'
DEJT 27/04/2018; Pág. 78) Ou seja, todos os trabalhadores que vendem seguros e previdência
Em reforço ao quanto exposto na acima, calha trazer a lume a privada dentro das agências do Banco Bradesco S.A. não têm
existência de ACP julgada pelo TRT da 1ª Região,que dirimiu, garantido os direitos sociais básicos constitucionalmente garantidos
no artigo 7o, apesar de existir claramente a subordinação jurídica e referida acima caso descumprida a decisão (folhas 1542/1543).
a inserção dos trabalhadores na atividade-fim das empresas, Na decisão de embargos de declaração esclareceu que:
Trabalho, o que, por si só, já demonstraria a ilegalidade da situação. O cumprimento da tutela antecipada não traz qualquer dificuldade.
Diante do exposto, requer o Ministério Público do Trabalho sejam os subterfúgios para mascarar a relação de emprego sob pena de
réus, liminarmente, condenados a: multa diária, como está claro na sentença. A situação dos que já
a) registrar todos os contratos de trabalho de trabalhadores prestam serviços depende do trânsito em julgado da sentença, de
admitidos direta ou indiretamente para prestar serviços de forma modo que o provimento antecipatório é parcial e se limita a futuras
pessoal e subordinada nas agências do Banco Bradesco S.A. para admissões fraudulentas de empregados. É evidente que o juiz não
angariação de clientes e vendas de apólices de seguros em geral e irá verificar se a determinação foi cumprida, porém se provado o
planos de previdência privada;" (ACP 0142400-69.2003.5.01.0037 - descumprimento dessa determinação a multa será aplicada, como
PROSSEGUIMENTO. Demonstrado que os executados insistem em Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade,
descumprir comando judicial determinado em sede de tutela CONHECER do agravo de petição e, no mérito, DAR-LHE
antecipada, a execução provisória de astreintes deve prosseguir, PROVIMENTO para determinar o prosseguimento da execução
com o intuito de inibir o devedor a prosseguir na transgressão do provisória, nos termos do voto da Exma. Desembargadora do
[...] REGIÃO)
Trata-se de execução provisória de astreintes fixadas na sentença Desse modo, evidente o vínculo empregatício entre as partes,
proferida nos autos da Ação Civil Pública. A sentença de folhas Banco Bradesco S/A, enquadrada na categoria dos bancários,
1535/1543 estabeleceu que: sendo devidas as verbas trabalhistas que lhe são correlatas."
Acolho parcialmente a pretensão para determinar às empresas excertos transcritos acima, que a autora laborava no interior da
BANCO BRADESCO S.A., BRADESCO SAÚDE S/A, BRADESCO agência bancária, atendia clientes e comercializava produtos da
abstenham de contratar empregados para a prestação de serviços Desse modo, sobressaiu evidente não só a ausência de autonomia,
diretos e subordinados por intermédio de qualquer empresa criada mas sua condição de bancária.
ou utilizada para tal fim, ou de qualquer outra prestadora de serviço Omissão não configurada. Embargos improvidos.
Para que não pairem dúvidas, a vedação diz respeito à contração Noutro ponto, a parte reclamada alega omissão acerca da ausência
de empregados, tal como conceituado no art. 3º da CLT, impondo- de juntada do voto vencido da então Relatora do processo.
Defiro parcialmente a antecipação do provimento final para ALBUQUERQUE, razão pela qual se impõe o saneamento do vício
SAÚDE S/A, BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO VIDA E Segue, desse modo, o referido voto, na parte em que vencido, "in
de qualquer empresa criada ou utilizada para tal fim, ou de qualquer "CORRETOR DE SEGUROS. NEGATIVA DE VÍNCULO
outra prestadora de serviço ou corretora para tal fim, ou de qualquer EMPREGATÍCIO. ALEGAÇÃO DE PRESTAÇÃO AUTÔNOMA DE
prestadora de serviço ou corretora, aplicando-se a multa diária SERVIÇOS. ÔNUS DA EMPRESA. Uma vez admitida a prestação
de serviços, é do reclamado o ônus de provar que o autor para si abril de 1996, mas somente constituiu sua empresa em julho
laborava na condição de autônomo, pois fato impeditivo do alegado, daquele ano. Assim, está claro que a empresa utilizou-se da prática
a teor do art. 333, inciso II, do CPC, do qual não se desvencilhou a nefasta da pejotização, fraudando a relação de emprego, razão pela
contento. Nítida e ostensiva a fraude ao contrato de emprego qual a condição de pessoa jurídica deve ser afastada, com base no
perpetrada pelas reclamadas. O reconhecimento do vínculo com a artigo 9º da CLT. Em face do exposto, estão presentes os requisitos
Bradesco Vida e Previdência se impõe, à luz do art. 9º da CLT e necessários para a caracterização da relação empregatícia entre as
com respaldo no princípio da primazia da realidade do contrato de partes, nos termos do artigo 3º da CLT.
trabalho Não ignoro que o artigo 17 da Lei nº. 4.594/1964 proíbe o vínculo de
No mérito, a recorrente aduz concorrerem em prol da tese da autônomo, que exerce sua atividade de forma livre e para diversas
existência de vínculo empregatício entre si e as reclamadas todos empresas e sem pessoalidade. O comando tem por objetivo
os requisitos fático-jurídicos que caracterizam a relação de assegurar a autonomia dos corretores em face das seguradoras, de
Cumpre consignar que restou incontroverso que as reclamadas dispositivo sob comento não pode servir de fundamento para
integram o mesmo grupo econômico. Portanto, de acordo com o camuflar verdadeira relação de emprego, principalmente
artigo 2º, §2º, da CLT, são solidariamente responsáveis pelo considerando que o Direito do Trabalho norteia-se pelo princípio da
adimplemento dos créditos porventura deferidos. Primazia da Realidade. Prevalece o contrato-realidade em face do
A reclamante alega que foi contratada pela segunda reclamado, ou ajuste formal.
seja, pelo Bradesco Vida e Previdência, em abril de 1996, como Considerando o exposto, declaro que a reclamante foi empregada
corretora de seguros de rede, para vender produtos do Bradesco do grupo reclamado, desde 01.04.1996, percebendo salário no valor
Seguros S/A, Bradesco Vida e Previdência, Bradesco Consórcios e de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta reais). Assim,
Bradesco Cartões, atuando sempre dentro das agências do Banco considero que houve demissão imotivada em 14.10.2017, em
Bradesco S/A. Afirma que era empregada, pois estava diretamente consonância com a inicial. Portanto, condeno o reclamado Bradesco
subordinada aos prepostos do Banco Bradesco, Bradesco Vida e Vida e Previdência, que foi a empresa que, de acordo com a inicial,
Restou como fato incontroverso que a prestação dos serviços se CTPS da autora, que esta foi admitida em 01.04.1996, para exercer
dava de maneira onerosa. A testemunha ouvida a rogo da a função de corretora, com salário mensal de R$ 5.350,00, e
reclamante afirmou que esta cumpria jornada de trabalho fixa, demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, observada a
comparecendo diariamente na agência bancária; e que ela projeção do aviso prévio de 90 dias.
reportava-se ao gerente da agência quando havia atrasos ou faltas Como já exposto, a reclamante foi admitida pela reclamada
ao serviço, o que evidencia a pessoalidade e não-eventualidade na Bradesco Vida e Previdência. Não é possível reconhecer a
prestação dos serviços. Ainda segundo a prova oral, a autora tinha existência de vínculo empregatício apenas com o Banco Bradesco
que cumprir metas, sendo convocada para participar de todas as S/A, haja vista que, sendo os reclamados integrantes de um mesmo
reuniões destinadas aos funcionários da primeira reclamada, além grupo econômico, este é o empregador único, pois não há prova de
de ter de elaborar as planilhas de produção individual destinadas terem sido firmados contratos de trabalho simultâneos com cada
aos gerentes da reclamada. Essas circunstâncias deixam claro que uma das empresas do grupo. Nesse sentido dispõe a súmula nº.
as atividades não eram exercidas com autonomia, mas de maneira 129 do TST. Assim, como houve apenas um contrato, cabe ao real
É certo que a reclamante admitiu, em depoimento pessoal, que CTPS. Ressalto ainda que embora o grupo econômico figure como
prestava serviços por meio de pessoa jurídica e que tem inscrição empregador único, o enquadramento sindical, conforme dispõe o
na SUSEP desde julho de 1996. Entretanto, o preposto do Bradesco artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade econômica
Vida e Previdência disse que, que não existe diferença prática nas desenvolvida pelo empregador considerado na acepção restrita do
funções exercidas pelo corretor pessoa física e pessoa jurídica. termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência não é banco,
Essa é justamente a situação da reclamante, pois esta autora mas uma seguradora, impossível o enquadramento sindical da
prestava serviços ao Bradesco Previdência e Seguros S/A desde autora na categoria dos bancários. Em face do exposto, julgo
improcedente o pedido de enquadramento da reclamante como Quanto ao aviso prévio indenizado, não está previsto na convenção
bancária e, por consequência, os pedidos de quitação das parcelas coletiva de 2017, ano da rescisão. A cláusula 33ª apenas dispensa
estipuladas nas convenções coletivas da referida categoria, quais os empregados demitidos, ou que pedissem demissão, de qualquer
sejam: reajuste salarial; piso da categoria; salário após 90 dias da ônus do aviso, bem como exonera as empresas do pagamento dos
admissão; aviso prévio proporcional previsto na cláusula 50ª da dias não trabalhados, nos casos de obtenção de novo emprego.
CCT de 2016/2018; participação nos lucros, inclusive diferenças Julgo improcedentes, por fim, "todos os [demais] direitos legais e
pela integração do 13º salário e das horas extras; vale-cultura; multa normativos da categoria dos securitários", pois não foram
convenções; ressarcimento das despesas com cursos de A reclamante pleiteia que lhe sejam assegurados os "direitos legais
qualificação e ou requalificação profissional; auxílio-refeição; auxílio e normativos" dos empregados do primeiro e segundo reclamados.
cesta alimentação; auxílio creche e babá; 13ª cesta alimentação e Ocorre que não especificou quais seriam esses direitos. Além disso,
folga assiduidade. ao fundamentar seu pedido no artigo 460 da CLT, deixou claro que
Consoante asseverado, não obstante o grupo econômico figure pretende equiparação salarial, mas não indicou paradigma e nem
como empregador único, o enquadramento sindical, conforme apresentou qualquer diferença remuneratória. Portanto, julgo a
dispõe o artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade pretensão correspondente improcedente.
econômica desenvolvida pelo empregador considerado na acepção A reclamante narra ter constituído sua pessoa jurídica em 1996,
restrita do termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência, que como já exposto. Portanto, todas as despesas necessárias para a
contratou a reclamante, não é banco, mas uma seguradora, a constituição da empresa, especialmente o alegado gasto inicial de
autora pertence à categoria dos securitários. Dessarte, faz jus aos R$1.800,00, estão há muito inequivocamente abrangidas pela
benefícios previstos nas convenções coletivas da categoria. prescrição. Sob outro enfoque, não há provas de que, na época não
Considerando que a tese da defesa é a de que as parcelas não são prescrita, a reclamante tenha alterado a constituição, modelo, forma
devidas porque inexistia vínculo de emprego, o que já restou de atuação, estrutura e funcionamento da empresa. As ditas
superado, concluo que não houve o adimplemento. Assim, condeno modificações sequer foram especificadas. Igualmente não restaram
os reclamados ao pagamento das seguintes verbas, nos limites dos provados os gastos com cartão de visita, nem com o contador,
pedidos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, 2013, tampouco os débitos para com a Receita Federal. Portanto, julgo
2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula 12ª improcedente o pedido.
das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale-transporte Sucessivamente, alega a reclamante que, quando havia
(cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); inadimplência dos clientes ou cancelamento posterior do plano
indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); multa por vendido, o empregador retinha a comissão devida, parcial ou até
descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, integralmente. Afirma também que se os clientes trocassem o
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017) e participação nos lucros de 2012, produto, ficassem inadimplentes ou cancelassem suas apólices, os
2013 , 2014, 2015, 2016 e 2017. O auxílio-refeição possui natureza corretores ficavam impossibilitados, por seis meses, de receberem
indenizatória, conforme o §6º, da cláusula 11ª, das convenções as comissões. Essa restrição era chamada de "código reservado".
coletivas do período não prescrito. Julgo improcedentes, porém, os Informa ainda que, a partir de novembro de 2016, os reclamados,
pedidos de reajuste salarial e de remuneração mista, pois a autora injustificadamente, deixaram de pagar as comissões pelas vendas
recebia apenas por comissões, de acordo com a petição inicial. de consórcios, planos de previdência privada e, posteriormente, de
Julgo improcedente, outrossim, o ressarcimento de despesas com cartões de crédito. Aduz que ao longo do contrato de trabalho, os
requalificação profissional, pois nos termos da cláusula 16ª da percentuais de comissões de todos os produtos foram sendo
convenção coletiva de 2017, só seria devido se o estabelecimento reduzidos e que os reclamados adotavam, como prática, o confisco
do empregador houvesse fechado, encerrado suas atividades. Julgo das comissões após a 60ª parcela quitada pelo cliente,
improcedente o pedido de assistência médica hospitalar (plano de independentemente do produto e da continuidade dos pagamentos
saúde), uma vez que, nos termos da cláusula 22ª da CCT de 2017, posteriores. O grupo empregador, em sua defesa, não negou os
os empregadores somente ficavam obrigados a arcar com os planos fatos descritos na inicial, razão pela qual os tenho como verídicos.
de saúde até 90 dias após a demissão dos funcionários que Afirmou apenas que nem a lei e nem as normas coletivas definem
contavam com mais de 10 anos de serviço, período já expirado. os critérios de pagamento das comissões, bem com que não cabe
ao Poder Judiciário adentrar em assuntos dessa natureza. Ocorre autora. Acrescento que esta trabalhava predominantemente de
que, de acordo com o artigo 466, caput, da CLT, o pagamento das maneira interna, nas agências do Banco Bradesco, como admitido
comissões é exigível após ultimada a transação, ou seja, quando pelo preposto deste. Portanto, a reclamante prestava 1h30min extra
ocorre a aceitação, pela empresa, com o fechamento do negócio por dia de trabalho, uma vez que, sendo securitária e, não,
intermediado pelo vendedor. Acrescento que, nos termos do artigo bancária, estava sujeita à jornada de oito horas diárias e 44
2º da CLT, cabe à empregadora o risco da atividade econômica, semanais. Como o salário da empregada era composto
não podendo atribuir à empregada o encargo por toda intercorrência exclusivamente por comissões, tem-se que estas continuaram
relacionada ao ajuste entabulado com o cliente, à exceção da sendo pagas durante a sobrejornada. Assim, resta devido apenas o
comprovada insolvência deste último. Portanto, os reclamados não adicional de 50%. Nesse sentido, inclusive, dispõe a súmula nº. 340
poderiam deixar de pagar as comissões por conta da inadimplência do TST. Em face do exposto e não havendo sequer alegação de
dos clientes, ou do cancelamento posterior do plano vendido, bem que tenha havido a quitação, condeno os reclamados ao pagamento
como não poderiam retê-las por seis meses em casos de troca de do adicional de 50% sobre a 1h30min extra por dia de trabalho.
produtos, inadimplência ou cancelamento de apólices pelos clientes. Condeno-os também ao pagamento, nos limites do pedido, de uma
Tampouco poderiam deixar de pagar as comissões após a quitação hora de intervalo intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do
da 60ª parcela pelo cliente. Além disso, a redução dos percentuais e adicional de 50%. Não se aplica ao intervalo o entendimento
a supressão injustificada da comissão pela venda de consórcios, firmado na súmula nº. 340 do TST, pois a pausa para alimentação e
planos de previdência privada e cartões de crédito implicaram repouso não é computada na duração do trabalho. Dada a natureza
alterações contratuais lesivas, o que é vedado pelo artigo 468 da salarial do adicional de horas extras e dos intervalos, defiro seus
CLT. Isso posto, condeno os reclamados ao pagamento, nos limites reflexos sobre repouso semanal remunerado (o qual não inclui o
dos pedidos, das comissões não recebidas, no valor de R$ 500,00 sábado e nem feriados, como já exposto no tópico anterior),
por mês, inclusive as referentes ao "código reservado", estas na FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, 13º salário e
importância mensal de R$ 300,00 mensais (totalizando R$ 800,00), aviso prévio. Indefiro os reflexos sobre as "demais verbas
valores que reputo corretos porque não foram impugnados remuneratórias", pois não foram especificadas. Indefiro a integração
especificamente. Condeno-os também ao adimplemento, nos limites das horas extras no cômputo de eventuais gratificações, pois a
dos pedidos, das comissões decorrentes das vendas, a partir de autora recebia apenas por comissões. Os reflexos do repouso
novembro de 2016, de consórcios e planos de previdência privada. semanal, majorado pela integração das horas extras deferidas, não
Defiro ainda as diferenças entre as comissões pagas e as que são repercutem no cálculo das demais parcelas salariais, sob pena de
devidas com base nos percentuais em vigor no dia 14/10/2012, pagamento em dobro. Nesse sentido, inclusive, dispõe a OJ nº 394
quando começou o período não prescrito. Condeno os reclamados da SBDI-1 do TST. Quanto ao divisor, deve ser aplicado o de 220,
a restituírem as comissões devidas à reclamante após a quitação, já que a reclamante estava sujeita à jornada de oito horas diárias.
pelos clientes, da 60ª parcela dos produtos adquiridos. Dada a Ainda apreciando o tópico da jornada de trabalho,a reclamante
natureza salarial das comissões, defiro seus reflexos sobre 13º alega que não lhe era concedido o intervalo previsto no artigo 384
salário, FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, da CLT. Os reclamados, em defesa conjunta, afirmam que o citado
adicional de horas extras (como será explicitado no tópico seguinte) dispositivo consolidado não foi recepcionado pela Constituição
e repouso semanal remunerado. Este não inclui o sábado, que é dia Federal de 1988. Subsidiariamente, defendem que o seu
útil não trabalhado, conforme aplicação analógica da súmula nº. 113 descumprimento implica mera infração administrativa. Isso posto,
do TST, e nem feriados, pois estes não ocorrem semanalmente e esclareço que o artigo 384 da CLT determina a concessão de um
nem estão atrelados ao cumprimento de determinado número de intervalo de 15 minutos antes do início da jornada extraordinária da
dias ou horas trabalhadas por semana. Julgo improcedentes, mulher. Trata-se de medida de proteção da trabalhadora e justifica-
outrossim, também os reflexos sobre as "demais verbas contratuais se pelas desigualdades fisiológicas existentes entre os sexos, bem
e legais", pois não foram especificadas. como pelo fato de tradicionalmente as empregadas acumularem o
A reclamante afirmou, depoimento pessoal, que trabalhava das expediente de trabalho com os afazeres domésticos. Acrescento
08h00min às 18h00min, com 30 minutos de intervalo, de segunda a que o fato de o Supremo Tribunal Federal ter anulado o julgamento
sexta-feira. Considero verdadeira a jornada narrada em audiência, do RE nº. 658.312/SC, no qual havia sido reconhecida a
uma vez que os reclamados não apresentaram os cartões de ponto. compatibilidade do artigo 384 da CLT com a Constituição Federal,
Tampouco foi apresentada outra prova do horário de trabalho da não implica óbice ao deferimento do pleito porque não foi firmada
tese contrária, estando o processo pendente de julgamento. reclamados. Dentre os e-mails e mensagens de "Whatsapp"
Portanto, é compatível com a Constituição Federal. Como o juntados aos autos, deveras há diversas cobranças; mas estas,
intervalo sob comento é medida de higiene, saúde e segurança da porém, não são direcionadas especificamente à reclamante, senão
trabalhadora, assim como os intervalos intrajornada previstos no a conjunto de trabalhadores da reclamada. Acrescento não haver
artigo 71 da CLT, deve receber o mesmo tratamento jurídico. Assim, prova de ofensas nas reuniões e áudio conferências, nem de que a
o descumprimento do artigo 384 consolidado implica afronta ao autora fosse coagida a patrocinar festas e nem de que tivesse seu
artigo 7º, XXII, da Constituição Federal e, não, mera infração nome incluído no mural dos piores vendedores. As testemunhas, de
administrativa. Com fulcro na aplicação analógica do artigo 71, §4º, seu turno, nada esclareceram acerca do suposto o assédio descrito
da CLT e tendo em vista que todo o período de vínculo é anterior à na inicial. Portanto, julgo improcedente o pedido.
Lei nº. 13.467/2017, que revogou o dispositivo sob análise, condeno Quanto ao pedido de compensação de danos morais decorrentes
o reclamado ao pagamento, com adicional de 50%, do intervalo de de ausência de assinatura da CTPS da reclamante, julgo-o
15 minutos por dia de trabalho em que foram prestadas horas improcedente pois não há prova de que a reclamante tenha sofrido
extras. Como a parcela deferida tinha natureza salarial, defiro seus qualquer prejuízo por conta da falta de assinatura da CTPS,
reflexos sobre os descansos semanais remunerados, 13º salários, omissão, que, por si só, não implica ofensa a quaisquer dos direitos
Indefiro, porém, os reflexos sobre abonos e gratificações Adiante, alega a reclamante que nunca lhe foi disponibilizado, nem
semestrais, uma vez que a autora recebia apenas comissões. a seus dependentes, os planos de saúde e odontológico da
Indefiro os reflexos sobre as horas extras, pois foi deferido apenas o empresa. Os reclamados afirmam que a autora não fazia jus aos
adicional de 50%, o qual tem por base de cálculo a média das benefícios porque era corretora autônoma, tese, porém, já
Passando à apreciação do pedido de verbas rescisórias, tenho, disponibilizava planos de saúde e odontológico aos seus
como já exposto, que a reclamante foi admitida em 01.04.1996, funcionários e dependentes, mas que a reclamante foi excluída por
para exercer a função de corretora, com salário mensal de R$ ser tratada como prestadora de serviços autônoma, o que não
5.350,00, e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, condizia com a realidade. Portanto, condeno os reclamados ao
observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Isso posto e tendo pagamento, nos limites do pedido, de indenização equivalente às
em vista que a tese da defesa, de que não havia vínculo de despesas com saúde, inclusive odontológicas, da reclamante, seu
emprego, restou superada, condeno os reclamados ao pagamento marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena Moura e Emanuelly
das seguintes parcelas, nos limites dos pedidos: aviso prévio Nobre Macena Moura), durante o período não prescrito.
indenizado de 90 dias; 13º salários integrais de 2012, 2013, 2014, Prosseguindo, a recorrente postulou o pagamento de indenização
2015, 2016, 2017; férias em dobro dos períodos aquisitivos de pela ausência de concessão de licença maternidade em seu prol,
2011/2012, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016 e por ocasião do nascimento de sua segunda filha nos idos de 2013.
simples de 2016/2017 e proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas As reclamadas contestaram o pedido em questão unicamente
acrescidas do terço constitucional; FGTS+40% de todo o período de alegando que a reclamante não era empregada da empresa, tese
vínculo e indenização substitutiva do seguro-desemprego. que, como visto, restou superada acima. Nesse contexto, julgo o
Passo à análise do pedido de compensação por danos morais e pedido em referência procedente, condenando as reclamadas a
materiais formulados pela recorrente. pagarem à reclamante indenização pela não concessão da licença
Alega a reclamante que era obrigada a cumprir metas acima das rogada, no valor correspondente a seis vezes a remuneração
condições normais, sendo cobrada pessoalmente ou por e-mail. mensal devida à reclamante no mês de abril de 2013.
Afirma também que, caso não atingisse as metas, era tachada, nas Quanto ao pedido de ressarcimento de honorários advocatícios
reuniões ou em áudio conferências, de incompetente e incapaz, contratuais e demais despesas do processo, este não merece
bem como tinha seu nome inserido no mural dos piores vendedores. prosperar, pois se trata de relação alheia aos reclamados, tendo
Aduz que era coagida a patrocinar festas para a agência e a dar sido estipulados exclusivamente entre a reclamante e seus
brindes e prêmios para os gerentes. Informa que era obrigada a procuradores, não estando inseridos, portanto, nos ônus
participar de grupo no aplicativo de mensagens instantâneas processuais do empregador. O contrato de honorários somente
"Whatsapp", no qual recebia críticas, cobranças e ameaças a produz efeitos entre as partes contratantes, não podendo ser oposto
qualquer hora do dia e da noite, por parte dos prepostos dos aos reclamados. Ademais, a contratação decorreu da vontade
exclusiva da reclamante, não havendo dano a ser indenizado. Sob constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por
outro enfoque, não vislumbro qualquer despesa da reclamante com dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o
o processo, tais como indenização de viagem, remuneração de adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais
assistente técnico ou diária de testemunha. As custas serão pagas remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional,
ao final pelos reclamados, vencidos parcialmente. Portanto, julgo aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º
improcedente o pedido. salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em
Julgo igualmente improcedente o pedido de aplicação às dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013,
reclamadas da multa prevista no artigo 467 da CLT, pois todas as 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e
parcelas requeridas restaram controvertidas. Por outro lado, tendo proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço
em vista o inadimplemento, até a presente data, das parcelas constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo;
rescisórias, sem que a mora tenha decorrido de culpa da indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização
reclamante, julgo procedente o pedido de condenação das equivalente às despesas com saúde, inclusive odontológicas, da
reclamadas na multa do artigo 477, §8º, da CLT, nos limites do reclamante, seu marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena
Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso ordinário, para, prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença
reformando a sentença, julgar parcialmente procedente a a presente maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes
reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de
BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, 2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado
BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta
DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora,
CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta
em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018,
seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a
reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros
mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º,
12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale- da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a
transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até
e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); 25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal
multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum,
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas, poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data.
no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é
reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais; devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos
comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016, serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já
de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias
comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o
em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e
reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das
produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário, horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais
FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas
horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50% pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o
sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00.
intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%; Voto por conhecer do recurso ordinário, para, no mérito, dar-lhe
reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso parcial provimento; julgando parcialmente procedente a a presente
semanal remunerado, FGTS+40%, férias acrescidas do terço reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados
BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, 2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado
BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta
DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora,
CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta
em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018,
seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a
reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros
mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º,
12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale- da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a
transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até
e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); 25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal
multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum,
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas, poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data.
no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é
reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais; devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos
comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016, serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já
de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias
comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o
em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e
reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das
produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário, horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais
FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas
horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50% pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o
sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00."
intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%; Embargos providos, neste ponto.
reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso II. DOS EMBARGOS DA PARTE RECLAMANTE
constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por Uma vez preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de
dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o admissibilidade, merecem conhecimento os embargos de
adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais declaração da parte reclamante.
remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional, II.2. DO MÉRITO DOS EMBARGOS
aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º I.2.1. DA OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. CONSIDERAÇÃO DO
salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em PERÍODO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO
dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013, A parte autora afirma que o acórdão reconheceu o vínculo vinculo
2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e de emprego, entre a Reclamante e a Primeira Reclamada, no
proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço período de 01/04/1996 a 12/01/2018 (termo final já com a projeção
constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo; do aviso prévio proporcional), mas só deferiu verbas normativas no
indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização período de 2012 a 2017, em descompasso com o art. 487, §1º, da
Moura e Emanuelly Nobre Macena Moura), durante o período não Sem razão a parte reclamante, ora embargante, por quanto o
prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença trabalhador teve seu contrato estendido até 12/01/2018 por força do
maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes aviso prévio indenizado, sendo que as normas coletivas então
a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de vigentes devem ser aplicadas, quando devidas, até a cessação do
E o acórdão não rezou o contrário, uma vez que não limitou o Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale Cultura e Folga
pagamento das verbas convencionais até 2017. Consignou, tão Assiduidade, nos termos do pedido inicial.
somente, que aplicar-se-iam as normas celebradas até 2017, Igualmente, uma vez reconhecido o vínculo com a instituição
mesmo pelo fato que o contrato de trabalho tem sua rescisão financeira e seu enquadramento como bancária, a reclamante faz
durante a primeira quinzena de janeiro de 2018. Confira-se: jus ao Piso da Categoria, previsto nas CCTs acostadas aos autos,
"ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA nos períodos em que se observar que seu salário findou inferior
DO TRABALHO DA SÉTIMA REGIÃO por unanimidade, conhecer Embargos providos, neste capítulo.
do recurso e, no mérito, por maioria dar-lhe parcial provimento para I.2.3. DA OMISSÃO. DIFERENÇAS DE COMISSÕES
reconhecer o vínculo de emprego entre a reclamante e o primeiro Em seus embargos, a parte autora aduz que não restou apreciado
reclamado, Banco Bradesco S.A., e condenar solidariamente os pelo acórdão a questão da redução das comissões pagas durante o
ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à Na vestibular a parte alegou que houve redução do percentual do
reclamante, MARIA CLEONICE NOBRE MACENA, após o trânsito seu comissionamento, que era de 100% da primeira contribuição
em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às paga pelo cliente, 30% da segunda, 20% da terceira e 10% da
seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição quarta. Em seu apelo ordinário a parte reforçou referido pedido.
reconhecida na sentença e deduzida a importância já quitada A questão, de fato, restou omissa no julgamento impugnado, a
quanto aos mesmos títulos: i) auxílio-refeição (cláusula 11ª das exigir seu saneamento.
CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); ii) auxílio cesta Tem-se, de fato, por verossímil as alegações da trabalhadora, de
alimentação (cláusula 12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, que houve redução no percentual de suas comissões, alteração
2016 e 2017); iii) vale-transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, lesiva do contrato de trabalho, nos termos do art. 468 da CLT.
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); iv) indenização adicional (cláusula Embargos providos, neste ponto, para incluir na condenação o
30ª da CCT de 2017); v) multa por descumprimento das pagamento das diferenças salariais referentes à redução unilateral
convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, das comissões dos produtos comercializados, durante o período
2016 e 2017); vi) participação nos lucros de 2012, 2013, 2014, imprescrito, com sua integração ao salário para todos os efeitos
2015, 2016 e 2017;" legais, em especial, reflexos para o pagamento das diferenças de
O que se deferiu à reclamante, repise-se, foi o pagamento das horas extras, 13º salários, férias + 1/3, aviso, FGTS + 40% e demais
verbas previstas nas CCTS firmadas até o ano de 2017 e não que verbas rescisórias, contratuais, legais e convencionais de natureza
consignou que os direitos ali previstos não deveriam ser I.2.4. DA OMISSÃO. DAS DESPESAS PARA CONSTITUIÇÃO DE
De todo modo, importa destacar que a Convenção Coletiva de Igualmente o julgado deixou de se manifestar acerca do pedido de
Trabalho firmada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores dano material quanto às despesas para criação da pessoa jurídica
do Ramo Financeiro e acostada ao ID. c5c2a8f - Pág. 2 consigna utilizada para prestação de serviços à parte reclamada.
2018, pelo que aplicável ao pacto laboral até seu encerramento. Com efeito, a parte reclamante não demonstrou documentalmente
Embargos acolhidos tão somente para prestar esclarecimentos. as despesas que alega haver efetuado. Ademais, como a relação
I.2.2. DA OMISSÃO. OUTRAS VERBAS PREVISTAS EM CCT entre as partes iniciou-se em 1996, divisa-se a prescrição referente
em CCT, requeridas na inicial e não relacionadas no acórdão. Omissão sanada, sem efeito infringente.
De fato, o acórdão findou omisso, vez que se mostram devidas as HORAS EXTRAS
demais verbas convencionais devidas ao bancário, durante o Em verdade, na fundamentação do acórdão constou o divisor de
período imprescrito, observada a vigência da CCT e quando fizer 220, enquanto que no dispositivo consignou-se o divisor de 180,
razão pela qual resta evidente a contradição. efetivo pagamento das verbas rescisórias pelas Reclamadas e sem
No caso, reconhecida a condição de bancária da reclamante, deve- limitação de valores, requerendo que a data da resilição contratual
se aplicar o divisor de 180 (cento e oitenta). seja a data da propositura da ação, quando as Reclamadas terão
Embargos providos neste ponto. ciência de demanda ajuizada contra elas ou do último dia da
I.2.6. DA OMISSÃO. MÉDIA DE COMISSÕES. INTEGRAÇÃO prestação de serviço, em face da postura de despedimento sumário
A embargante suscita omissão acerca da integração das comissões após a ciência do fato, conforme se asseverou no item 'IV' da
razão da diminuição do percentual das comissões, resta claro que O reclamado descumpriu diversas cláusulas das convenções
seus valores, uma vez apurados, devem integrar a remuneração da coletivas dos bancários, pugna a Reclamante pela condenação do
bancária para todos os fins. reclamado da multa normativa, nos termos e valores ali descritos.
Há alegação de omissão acerca dos pedidos de multa da Cláusula Diante dos fundamentos expostos, requer a Reclamante:
55ª da CCT 2016-2016 e esclarecimento acerca da multa prevista z) Pagamento das multas previstas nas cláusulas 52ª (prazo para
na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018. homologação de rescisão contratual) e 55ª (multa normativa) da
Acerca da multa normativa, o acórdão consignou o seguinte: CCT, por descumprimento das normas coletivas dos bancários, nos
"Em razão do reconhecimento do vínculo empregatícios, restam termos e valores ali indicados, conforme termos e parâmetros da
convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, Referidas cláusula convencionais assim dispõem:
Analisa-se. CONTRATUAL
Na inicial a parte requereu multas previstas na Cláusula 52ª e 55ª Quando exigida pela lei, o banco se apresentará presenta o órgão
da CCT 2016-2018 da categoria dos bancários. competente, para a homologação da rescisão contratual dos
Todavia, o julgado deixou de se manifestar acerca da multa empregados e pagamento das parcelas decorrentes, até o primeiro
disposta na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, bem como não dia útil imediato ao término do contrato, ou dentro de dez dias
prestou maiores esclarecimentos acerca do cumprimento da contados da data da notificação da demissão, quando da ausência
penalidade imposta na Cláusula 52ª da mesma convenção. de aviso prévio, de sua indenização ou da dispensa do seu
Passa-se ao saneamento do vício constatado. cumprimento. Fica ressalvada a hipótese de abandono de emprego.
"G. Da Multa Prevista na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018 - Prazo Se excedido o prazo, o banco, até sua apresentação para
para Homologação de Rescisão Contratual - (norma de homologação, pagará ao ex-empregado importância igual a que
coletivas da categoria consoante supre fundamentado. Diante disso, Cláusula 55 - MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA CONVENÇÃO
rescisórias, resultando, portanto, em atraso do pagamento pelo Se violada qualquer cláusula desta Convenção, ficará o infrator
reclamado, motivo pelo qual, se entende devido o pagamento da obrigado a pagar a multa no valor de R$ 35,29 (trinta e cinco reais
multa prevista na cláusula 52ª, parágrafo primeiro da CCT 2016- e vinte e nove centavos), a favor do empregado, que será devida ,
2018, que assim dispõe: por ação, quando da execução da decisão judicial que tenha
primeiro da cláusula 52ª da CCT 2016/2018, que trata do 'PRAZO Parágrafo Único
PARA HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL', no valor Em 1º.09.2017 o valor previsto nesta cláusula será reajustado pelo
da remuneração total da obreira (comissionista mista), até a data do INPC/IBGE acumulado de setembro de 2016 a agosto de 2017
acrescido de aumento real de 1% (um por cento)." (destacamos) Nada obstante, a partir de dezembro de 2020, "decisum habemus":
- Multa da Cláusula 55ª da CCT 2016-2018 dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo
Frente ao reconhecimento do vínculo de emprego e enquadramento Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas
da autora como bancária, impõe-se o deferimento da multa prevista é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão,
na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, no valor de R$ 35,29 (trinta e especialmente para equacionar aspectos omissos ou dúbios do
cinco reais e vinte e nove centavos), corrigida pelo INPC/IBGE a julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões
partir de 01/09/2017, acrescido de 1% (um por cento). principais desde logo se colocaram:
- Multa da Cláusula 52ª da CCT 2016-2018 (a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga
Em relação a esta última penalidade, merece correção a omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja
condenação consignada no acórdão impugnado, porquanto se suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente
refere tão somente à CCT 2016-2018, uma vez que diz respeito ao razoável, com a competente remuneração do capital?
prazo para homologação da rescisão contratual, que ocorreu uma (b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa
única vez. corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante
Assim, observando-se o descumprimento da cláusula convencional, da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive
impõe-se o deferimento do pagamento da multa prevista na retroativamente), terá de haver alguma devolução?
Cláusula 52ª da CCT de 2016-2018, equivalente à última (c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em
I.2.8. DA OMISSÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic?
No tocante à correção monetária, o acórdão tão somente fez atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória
referência às decisões do STF no bojo das ADCs 58 e 59, restando (i.e., em se tratando de coisa ainda não soberanamente julgada,
omisso acerca dos efetivos parâmetros de correção monetária e antes do biênio posterior à data do trânsito), será cabível o
juros moratórios. respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao
direito econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação (e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos
De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor
um fator de correção monetária adequado, especialmente para e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e
créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da
relativa da capacidade de compra da moeda, mas, ao revés, a CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV,
variação das taxas de juros apuradas nas operações de do CPC/2015, como ainda, "per analogiam", o próprio art. 600 da
empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça
federais como garantia. Mas a distorção exsurgiu ainda mais social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem
gritante; ao assim decidir, alcançando o art. 883 da CLT (que nunca responder como segue.
esteve em causa), a decisão afastou a incidência dos juros de mora A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na
à base de 12% a.a. (mesmo porque a Selic já "embute" juros); e, orientação de seu público (v., p. exemplo,
desse modo, tornou o crédito trabalhista um dos mais "baratos" do https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/indicepreco, acesso em
mercado (conquanto essencialmente alimentar), favorecendo 26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente
sensivelmente a posição jurídica do devedor trabalhista. Os para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no
números bem o demonstram: para 2010, p. ex., a Selic acumulada decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente
totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta
IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode
acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a -se assentar que, para os casos em que a disputa da correção
12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister:
com juros (1%) chega a 15,86%. (i) determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de monetária aos padrões de mercado e, quanto aos efeitos pretéritos,
então (inclusive), como entendeu o C. STF; determinarmos a aplicação da taxa Selic, em substituição à TR e
(ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a aos juros legais, para calibrar, de forma adequada, razoável e
correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. proporcional, a consequência deste julgamento."
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, Frente ao acima destacado, impõe-se suprir omissão para: (i)
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive)
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então
responder por uma indenização suplementar até esse limite, (inclusive), como entendeu o C. STF; (ii) se se demonstrar, em sede
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior à
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando-
os efeitos, na própria Selic); e se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de
(iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização
processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art.
devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao 404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência -se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão
(IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, "embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se
art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e
Insta, ademais, destacar que na ADC 58 o Ministro Gilmar Mendes já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito
bem destacou acerca da observância do disposto no Código Civil, principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e
"in verbis": Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93,
"Embora, como dito, o STF nunca tenha declarado a IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
inconstitucionalidade da TR per se, reconheço que o entendimento abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
submetido a regime jurídico próprio da Lei 9.494/1997, com as Conhecer dos embargos de ambas as partes e dar-lhes parcial
Direito e seu intérprete não podem fechar os olhos para a realidade, DISPOSITIVO
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando-
da parte reclamada e lhe dar parcial provimento para, sanando se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de
omissão, acostar o voto vencido, nos termos da fundamentação. liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização
Conhecer dos embargos de declaração da parte reclamante e por suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art.
maioria lhes dar parcial provimento, com a concessão de efeito 404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
infringente, para, sanando omissões, contradições e prestando -se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão
a) pronunciar a prescrição quinquenal em relação ao pagamento de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo para
das despesas com a constituição da pessoa jurídica utilizada para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e já
prestação de serviços ao banco empregador; fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito
b) deferir o pagamento, durante o período imprescrito, observadas principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e
as normas coletivas e sua vigência, das parcelas: 13ª Cesta Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93,
Alimentação, Auxílio-Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
Cultura e Folga Assiduidade, nos termos do pedido inicial; abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
c) garantir, durante o período imprescrito, o Piso da Categoria em Valores a serem apurados em ulterior liquidação de sentença.
que se enquadra a reclamante, previsto nas normas coletivas dos Mantido o valor da condenação fixado no acórdão embargado.
bancários, nos períodos em que se observar que sua remuneração Vencido o Desembargador Francisco Tarcisio Guedes Lima Verde
findou inferior àquele patamar mínimo; Junior que divergia apenas em relação ao item "i" do voto.
d) deferir o pagamento das diferenças salariais referentes à redução Participaram do julgamento os Desembargadores José Antonio
unilateral do percentual das comissões dos produtos Parente da Silva (presidente), Francisco Tarcisio Guedes Lima
comercializados, durante o período imprescrito, com sua integração Verde Junior e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente
ao salário para todos os efeitos legais, em especial, reflexos para o ainda representante do Ministério Público do Trabalho.
pagamento das diferenças de horas extras, 13º salários, férias + Fortaleza, 05 de agosto de 2021
fins de cálculo;
f) determinar que o valor da remuneração da reclamante, inclusive JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
para fins de anotação em CTPS, deverá ser obtido a partir da média Relator
h) deferir o pagamento da multa prevista na Cláusula 52ª da CCT Voto do(a) Des(a). FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA
de 2016-2018, equivalente à última remuneração da reclamante, VERDE JUNIOR / Gab. Des. Francisco Tarcísio Guedes Lima
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de VOTO DE DIVERGÊNCIA PARCIAL
então (inclusive), como entendeu o C. STF; se se demonstrar, em Divirjo, EM PARTE, mas apenas, em relação ao item "i", que
JUSTIÇA DO
por ambas as partes contra o acórdão id nº ab9cf9b, que julgou empregados de emprêsa de seguros.
parcialmente provimento o recurso ordinário da parte reclamante. Parágrafo único. O impedimento previsto neste artigo é extensivo
A parte reclamada aponta omissão acerca do enquadramento da aos sócios e diretores de emprêsa de corretagem."
autora como bancária e ausência de transcrição do voto vencido. Ora, referido dispositivo deve ser interpretado de forma sistêmica
Por sua vez, a parte reclamante suscita várias omissões no acórdão com o art. 9ª da CLT, segundo o qual "Serão nulos de pleno direito
embargado acerca das verbas requeridas na inicial, uma vez os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
reconhecimento o vínculo de emprego e enquadramento da autora aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação".
Contraminuta apresentada pela parte reclamada ao id nº f42a06b. julgado do c. TST, "in verbis":
I. DOS EMBARGOS DA PARTE RECLAMADA concretizador de direitos sociais e individuais fundamentais do ser
I.1. DA ADMISSIBILIDADE humano (art. 7º,CF). Volta-se a construir uma sociedade livre, justa
Uma vez preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de e solidária (art. 3º, I, CF), erradicando a pobreza e a marginalização
admissibilidade, merecem conhecimento os embargos de e reduzindo as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, IV, CF).
I.2. DO MÉRITO DOS EMBARGOS emprego (art. 1º, IV, art 170, caput e VIII, CF) e veículo mais
A parte demanda alega que o acórdão impugnado restou omisso e econômica (Preâmbulo da Constituição), o Direito do Trabalho não
obscuro acerca do enquadramento da autora como bancária. absorve fórmulas diversas de precarização do labor, como a
O acórdão findou suficientemente claro acerca do reconhecimento subordinação enfatizada pela CLT (arts. 2º e 3º) não se
do vínculo empregatício com o Banco Bradesco S/A e a inserção da circunscreve à dimensão tradicional, subjetiva, com profundas,
trabalhadora na categoria dos bancários. intensas e irreprimíveis ordens do tomador ao obreiro. Pode a
Primeiramente, restou evidenciado que o vínculo se deu subordinação ser do tipo objetivo, em face da realização, pelo
diretamente com a instituição bancária, razão pela qual, na trabalhador, dos objetivos sociais da empresa. Ou pode ser
sequência, se reconheceu a reclamante como integrante da simplesmente do tipo estrutural, harmonizando-se o obreiro à
categoria dos bancários, "in vebis": organização, dinâmica e cultura do empreendimento que lhe capta
"- Do vínculo de emprego com o Banco Bradesco S/A - categoria os serviços. Presente qualquer das dimensões da subordinação
Primeiramente, embora o disposto na Lei nº 4.594/94 vede aos elemento fático-jurídico da relação de emprego. Ademais, a
corretores o emprego em empresa de seguros, nada obsta a vedação contida no art. 17 da Lei 4594/64 - de que o corretor de
configuração do liame empregatício acaso verificada a presença seguros seja empregado de empresa seguradora - só se legitima se
dos elementos caracterizados dessa espécie contratual, encartados resguardada a sua autonomia na condução dos negócios de
no art. 3º da CLT. Vejamos o que dispõe referido art. 17 da Lei nº corretagem, não sendo este o quadro fático delineado no acórdão
"Art . 17. É vedado aos corretores e aos prepostos: Reclamante era dentro da agência do Banco Bradesco, sob sua
a) aceitarem ou exercerem empregos de pessoa jurídica de direito subordinação. Recurso de revista conhecido e provido no aspecto.
b) serem sócios, administradores, procuradores, despachantes ou Godinho Delgado, Data de Julgamento: 18/03/2015, 3ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 30/04/2015) sabe dizer quando os consórcios e previdência passaram a ser
Frise-se, ademais, que as vedações previstas nos arts. 17 da Lei n° comercializados pela primeira reclamada; que seguro prestamista é
4.594/64 e 9º do Decreto nº 56.903/65 (vedação aos corretores de seguro ligado a operações de crédito; que não sabe dizer o que é
assumirem posição de empregado de empresas de seguros ou seguro primeira proteção; que o seguro prestamista é oferecido pelo
capitalização) têm por escopo assegurar a autonomia destes gerente da agência no momento da negociação da operação de
profissionais frente às sociedades seguradoras, de modo a crédito; que o bancário não recebe comissões pela venda dos
possibilitar independência funcional, mormente na defesa dos produtos comercializados pela segunda reclamada; que a segunda
interesses dos clientes consumidores. Diante disso, os referidos reclamada não oferece prêmios pela venda de seus produtos a
dispositivos legais jamais poderiam ser manejados para camuflar funcionários da primeira reclamada; que não sabe dizer se os
verdadeira relação de emprego, uma vez que desvirtuaria até funcionários da primeira reclamada participam das campanhas
mesmo o fim para o qual foram editados. Dentre os princípios que lançadas pela segunda reclamada; que o POBJ é um programa
norteiam o direito do trabalho, temos o da primazia da realidade. para medir os resultados da agência; que os produtos vendidos pela
Segundo esse princípio, o julgador deve investigar a prática reclamante influenciam no resultado da agência e entram no cálculo
concreta efetivada ao longo da prestação de serviços, independente do POBJ; que não sabe dizer se é o corretor que faz a portabilidade
da vontade eventualmente manifestada pelas partes na respectiva de planos e resgate de previdência; que o Banco Central exige a
relação jurídica. A prática habitual tem o condão de alterar o certificação Anbima para os funcionários que trabalham com
contrato inicialmente pactuado, gerando direitos e obrigações novos investimento; que o banco não conta com linha telefonica exclusiva
Importa, assim, examinar a situação fática verificada nos autos, a transferidas para os setores competentes; que para os corretores
fim de perceber se se está diante de um legítimo contrato de são transferidas as ligações em que a pessoa pede para falar com o
corretagem de seguro ou de um típico contrato de emprego. corretor; que não sabe precisar quais os dias em que a reclamante
Atinente a configuração do vínculo na categoria bancário, como é comparecia na agência; que a reclamante tinha autonomia para
cediço, para a caracterização do contrato de trabalho faz-se mister determinar seu próprio horário de trabalho. Nada mais disse."
sejam: pessoalidade, não-eventualidade, remuneração e No mesmo sentido aponta a testemunha do reclamante, que
Uma vez que a reclamante trabalhava na agência do banco "Primeira testemunha da reclamante: [...]; que a reclamante fazia
BRADESCO, sob ordens de seus gerentes, inegável que o vínculo serviços bancários, como venda de produtos e atendimento a
deve ocorrer diretamente com a instituição financeira, bem como clientes; que a reclamante vendia previdência, cartões, consórcio,
reconhecida a categoria da autora como bancária, dado que seguros e outros produtos; que o depoente trabalhava de 8h às 17h,
presentes os requisitos do art. 3º da CLT. com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira; que a
Essa a conclusão que se alcança do depoimento do preposto da reclamante chegava no mesmo horário que o depoente, às 8h,
parte reclamada (ID. 32d1ecf - Pág. 1), "ipsis litteris": almoçava na copa da agência, entre 15 e 30 minutos, e quando o
"Depoimento pessoal do(a) preposto(a) do(a) reclamado(a) BANCO depoente ia embora a reclamante continuava na agência; que a
BRADESCO S.A., já qualificado(a) nos autos. Às perguntas do(a) reclamante comparecia diariamente na agência; que a reclamante
advogado(a) do(a) reclamante respondeu: que trabalha no trabalhava internamente e quando havia visitas acontecia no
reclamado como gerente administrativo; que o banco fornece um máximo uma vez por semana; que tinha contato visual com a
espaço dentro da agência para os corretores trabalharem; que a reclamante; que quando a reclamante fazia visitas se ausentava da
última agência em que a reclamante trabalhou foi Fortaleza Centro; agência por trinta minutos a duas horas, que não se ausentava o dia
que não sabe informar as demais agências trabalhadas pela inteiro; que trabalhou com a reclamante de 2012 até a data da saída
reclamante; que a reclamante fazia comercialização de produtos do depoente; que a reclamante trabalhava junto com os demais
da segunda reclamada como seguros, títulos de capitalização e funcionários da primeira reclamada, e não em ambiente separado;
previdência; que atualmente os consórcios são vendidos pelo que a reclamante utilizava login e senha do sistema da primeira
gerentes da agência; que anteriormente quem vendia os consórcios reclamada; que quando o depoente saiu havia 04 corretores na
era a segunda reclamada, por meio dos corretores; que atualmente agência, mas a agência chegou a ter 08 corretores; que os
a previdência é comercializada pelo gerente do banco; que não corretores realizavam as mesmas funções; que não havia
direcionamento das ligações telefônicas da agência e a reclamante programação. Nada mais disse."
poderia atender qualquer telefonema que caísse em sua mesa; que Não se trata de corretor de seguros autônomo que labora em
o corretor, quando atendia ao telefone, identificava com o nome empresa desse ramo econômico, mas de empregado que trabalho
"Bradesco", com os demais funcionários da primeira reclamada; que dentro das instalações do banco, vendendo produtos pertencentes à
a reclamante fazia os mesmos atendimentos que o depoente, como instituição financeira, integrando-se, desse modo, à sua estrutura
de cheques devolvidos, orientação a clientes; que quando o cliente Nesse sentido, importa destacar jurisprudência do c. TST,
quisesse resgatar a previdência todos os funcionários da primeira examinando caso similar, em que era réu igualmente o banco
reclamada, bem como a reclamante deveriam fazer o procedimento Bradesco, "in verbis":
de retenção, que seria oferecer benefícios como empréstimos, para "EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007 CORRETOR
que a pessoa não resgatasse a previdência; que a reclamante DE SEGUROS. VÍNCULO DE EMPREGO RECONHECIDO.
utilizava crachá com o logotipo do Bradesco, sem menção ao ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIO. Discute-se na hipótese o
Bradesco Vida e Previdência; que a reclamante vendia cartão de enquadramento do reclamante como bancário. Segundo se extrai
crédito.; que o depoente vendia os mesmos produtos e realizava as da decisão proferida pela Turma, o Regional, a partir das provas
mesmas funções que a reclamante; que a reclamante se reportava carreadas aos autos, afastou a tese da defesa de que o autor
ao gerente e à equipe gerencial da agência; que a reclamante laborava de forma autônoma prestando serviços de corretagem, na
participava de todas as reuniões de todos os funcionários da forma da Lei nº 4.594/64 para o grupo econômico formado pelos
primeira reclamada, sem distinção; que a reclamante tinha que reclamados e reconheceu o vínculo de emprego do reclamante com
cumprir metas e passar planilhas diárias das metas para os a Bradesco Vida e Previdência S/A. Em ato contínuo foi
gerentes; que quando foi admitido na primeira reclamada foi reconhecida a condição de bancário do reclamante, contra o que se
obrigado a assinar o código de ética; que a reclamante não poderia insurgem os embargantes neste apelo. De acordo com a narrativa
vender produtos de outras seguradora dentro da agência; que a fática descrita na decisão embargada, segundo registros constantes
reclamante se reportava ao gerente da agência em relação a faltas do acórdão regional, o reclamante trabalhava para a marca
e atraso; que quando a reclamante faltava os funcionários que Bradesco e cuidava dos interesses sociais do Banco Bradesco S.A.,
estavam na agência absorviam suas atividades; que treinet são angariando-lhe clientela, dando início ao procedimento de abertura
cursos fornecidos pelo banco por meio da intranet; que em tais de contas, auxiliando clientes nos caixas eletrônicos, discutindo
cursos o banco abordava assuntos sobre os produtos da segunda metas com bancários em reuniões, visitando correntistas,
reclamada; que a reclamante comercializava cartões da primeira cumprindo horários determinados em agências bancárias e se
reclamada; que o depoente não conhece cartões Bradesco Vida e submetendo à fiscalização do gerente da agência para a qual fora
Previdência; que não havia identificação na mesa ou acima da designado. A par disso, o Regional asseverou que o autor exercia
mesa da reclamante com o nome Bradesco Vida e Previdência ou atividades tipicamente bancárias. A Súmula nº 374 desta Corte
Bradesco Seguros; que o depoente realizava atividades na agência preconiza que o empregado integrante de categoria profissional
inteira; que no crachá de nenhum funcionário constava o nome diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador
"Banco Bradesco"; que o logotipo que constava no crachá era o vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não
mesmo da Organização Bradesco; que no crachá da reclamante foi representada por órgão de classe de sua categoria. Nesse
não constava o número de inscrição Susep; que nos últimos cinco contexto, uma vez reconhecida a condição de bancário do
anos acredita que a agência contou com telefonista apenas por um reclamante, não há falar em contrariedade à Súmula nº 374 do
ano, um ano e pouco; que o código de ética que o depoente assinou Tribunal Superior do Trabalho. Por outro lado, a divergência
era do Banco Bradesco S/A; que não sabe dizer qual código de jurisprudencial não está demonstrada. O primeiro aresto consigna a
ética a reclamante assinou; que a reclamante e o depoente não tese de que, uma vez verificada a existência dos requisitos para o
participavam de comitê de crédito; que o funcionário que solicita um reconhecimento da relação de emprego com a seguradora, e não
crédito para um cliente não precisa participar do comitê, pois o com o banco, afasta-se o enquadramento como bancário. Todavia,
sistema é que aprova o valor; que não existe comitê de crédito para no caso destes autos, a condição de bancário está pautada na
isso; que os cursos treinet é da Organização Bradesco; que os constatação de que o reclamante desempenhava atividades típicas
funcionários e corretores têm acesso aos cursos treinet, sendo que de bancário, desenvolvendo seu labor em prol do Banco reclamado.
para os corretores o curso muda de nome, mas possui a mesma O segundo aresto não examina enquadramento bancário, mas
apenas reconhecimento de vínculo com o Banco Bradesco S/A, das agências; que tal contrato, indispensável para o exercício das
hipótese distinta da destes autos. O terceiro aresto consigna tese de funções, consta que não há vínculo empregatício; que está nessa
que o simples fato de haver grupo econômico entre os reclamados agência há 06 (seis) meses, sendo que no Banco Bradesco trabalha
não conduz ao enquadramento dos empregados das empresas há quase 1O (dez) anos, sendo 08 (oito) anos ininterruptos, sempre
controladas na categoria profissional relativa aos empregados da exercendo as mesmas funções e na mesma situação; que cumpre
empresa controladora do grupo. Não há discussão acerca do horário das09:00 às 17:00 horas, sendo esse horário controlado
reconhecimento do vínculo empregatício, tampouco há identidade pelo supervisor da terceirizada REMAKE, além dos gerentes do
com as premissas fáticas e jurídicas que ensejaram o Banco; que há subordinação com todos os gerentes do Banco,
enquadramento do reclamante como bancário nesta ação. Por fim, devendo dar a eles satisfação do horário e das vendas do seguro;
o quarto aresto é convergente com a decisão ora embargada, na que há uma meta estipulada pela direção do banco de vendas de
medida em que consigna o entendimento de que o fato de ter sido seguro, que é cobrada do gerente da agência; que não tem férias,
reconhecido que o reclamante não era empregado do banco 13o salário, recebendo somente percentual sobre as vendas
Bradesco, mas do Bradesco Vida e Previdência, não afasta, por si realizadas dentro da agência; que é pago por crédito em conta
só, a possibilidade de ser enquadrado como bancário, pois isso mensalmente,se conseguir alguma venda; que não há nenhuma
decorre das atividades por ele exercidas. E, no caso destes autos, forma de recibo; que as terceirizadas não dão recibo de pagamento,
foi, exatamente, em razão das atividades exercidas pelo reclamante nem mesmo para declaração de imposto de renda; que há também
que a instância ordinária reconheceu a sua condição de bancário. nas agências, além dos corretores de seguro, aqueles que vendem
Nesse contexto, incide o disposto na Súmula nº 296, item I, do Previdência Privada; que quanto a estes, são criadas empresas no
Tribunal Superior do Trabalho, diante da inespecificidade dos nome do corretor para eles trabalharem nas agências, subordinados
arestos citados para o cotejo de teses. Embargos não conhecidos." à Bradesco Previdência; que quem chega atrasado, quanto ao
(TST; E-RR 0618300-68.2007.5.09.0024; Subseção I Especializada pessoal da Previdência, é punido com uma suspensão de um ou
em Dissídios Individuais; Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta; dois dias, não ganhando nada nesses dias.'
DEJT 27/04/2018; Pág. 78) Ou seja, todos os trabalhadores que vendem seguros e previdência
Em reforço ao quanto exposto na acima, calha trazer a lume a privada dentro das agências do Banco Bradesco S.A. não têm
existência de ACP julgada pelo TRT da 1ª Região,que dirimiu, garantido os direitos sociais básicos constitucionalmente garantidos
coletivamente, a questão versada nos presentes autos. Vejamos no artigo 7o, apesar de existir claramente a subordinação jurídica e
excerto da petição inicial, "in verbis": a inserção dos trabalhadores na atividade-fim das empresas,
"Os elementos de convicção reunidos no inquérito civil revelam que atraindo a aplicação do enunciado no 331 do e. Tribunal Superior do
o BANCO BRADESCOS/A, e as demais rés, empresas do grupo Trabalho, o que, por si só, já demonstraria a ilegalidade da situação.
diversos para não reconhecer o vínculo empregatício existente entre Diante do exposto, requer o Ministério Público do Trabalho sejam os
venda de seguros e previdência privada em suas dependências, a) registrar todos os contratos de trabalho de trabalhadores
atraindo a aplicação do art. 9o da Consolidação das Leis do admitidos direta ou indiretamente para prestar serviços de forma
Trabalho, que diz: pessoal e subordinada nas agências do Banco Bradesco S.A. para
Deve ser salientado, inicialmente, que todos os corretores executam planos de previdência privada;" (ACP 0142400-69.2003.5.01.0037 -
as suas atividades dentro das agências dos próprios bancos, TRT DA 1ª REGIÃO)
trabalhando com exclusividade ao próprio grupo Bradesco,sendo Para melhor esclarecimento, colhe-se acórdão em sede de Agravo
subordinados à gerência da própria agência, bem como aos de Petição na fase executória da referida ACP, assim vazado:
Tal situação é bem explicada pela depoente de fl. 284 do Inquérito descumprir comando judicial determinado em sede de tutela
Civil Público, que afirma: 'que comercializa seguros na agência antecipada, a execução provisória de astreintes deve prosseguir,
Cinelândia do Banco Bradesco; que não tem CTPS assinada, tendo com o intuito de inibir o devedor a prosseguir na transgressão do
um contrato com uma terceirizada que coloca os corretores dentro comando judicial.
[...] REGIÃO)
Trata-se de execução provisória de astreintes fixadas na sentença Desse modo, evidente o vínculo empregatício entre as partes,
proferida nos autos da Ação Civil Pública. A sentença de folhas Banco Bradesco S/A, enquadrada na categoria dos bancários,
1535/1543 estabeleceu que: sendo devidas as verbas trabalhistas que lhe são correlatas."
Acolho parcialmente a pretensão para determinar às empresas excertos transcritos acima, que a autora laborava no interior da
BANCO BRADESCO S.A., BRADESCO SAÚDE S/A, BRADESCO agência bancária, atendia clientes e comercializava produtos da
abstenham de contratar empregados para a prestação de serviços Desse modo, sobressaiu evidente não só a ausência de autonomia,
diretos e subordinados por intermédio de qualquer empresa criada mas sua condição de bancária.
ou utilizada para tal fim, ou de qualquer outra prestadora de serviço Omissão não configurada. Embargos improvidos.
Para que não pairem dúvidas, a vedação diz respeito à contração Noutro ponto, a parte reclamada alega omissão acerca da ausência
de empregados, tal como conceituado no art. 3º da CLT, impondo- de juntada do voto vencido da então Relatora do processo.
Defiro parcialmente a antecipação do provimento final para ALBUQUERQUE, razão pela qual se impõe o saneamento do vício
SAÚDE S/A, BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO VIDA E Segue, desse modo, o referido voto, na parte em que vencido, "in
de qualquer empresa criada ou utilizada para tal fim, ou de qualquer "CORRETOR DE SEGUROS. NEGATIVA DE VÍNCULO
outra prestadora de serviço ou corretora para tal fim, ou de qualquer EMPREGATÍCIO. ALEGAÇÃO DE PRESTAÇÃO AUTÔNOMA DE
prestadora de serviço ou corretora, aplicando-se a multa diária SERVIÇOS. ÔNUS DA EMPRESA. Uma vez admitida a prestação
referida acima caso descumprida a decisão (folhas 1542/1543). de serviços, é do reclamado o ônus de provar que o autor para si
Na decisão de embargos de declaração esclareceu que: laborava na condição de autônomo, pois fato impeditivo do alegado,
(...) a teor do art. 333, inciso II, do CPC, do qual não se desvencilhou a
O cumprimento da tutela antecipada não traz qualquer dificuldade. contento. Nítida e ostensiva a fraude ao contrato de emprego
As reclamadas devem se abster de contratar empregado usando perpetrada pelas reclamadas. O reconhecimento do vínculo com a
subterfúgios para mascarar a relação de emprego sob pena de Bradesco Vida e Previdência se impõe, à luz do art. 9º da CLT e
multa diária, como está claro na sentença. A situação dos que já com respaldo no princípio da primazia da realidade do contrato de
irá verificar se a determinação foi cumprida, porém se provado o No mérito, a recorrente aduz concorrerem em prol da tese da
descumprimento dessa determinação a multa será aplicada, como existência de vínculo empregatício entre si e as reclamadas todos
ocorre em qualquer obrigação de fazer com cominação de multa os requisitos fático-jurídicos que caracterizam a relação de
ACORDAM os Desembargadores que compõem a 6ª Turma do integram o mesmo grupo econômico. Portanto, de acordo com o
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, artigo 2º, §2º, da CLT, são solidariamente responsáveis pelo
CONHECER do agravo de petição e, no mérito, DAR-LHE adimplemento dos créditos porventura deferidos.
PROVIMENTO para determinar o prosseguimento da execução A reclamante alega que foi contratada pela segunda reclamado, ou
provisória, nos termos do voto da Exma. Desembargadora do seja, pelo Bradesco Vida e Previdência, em abril de 1996, como
Trabalho Relatora." (ACP 0142400-69.2003.5.01.0037 - TRT DA 1ª corretora de seguros de rede, para vender produtos do Bradesco
Seguros S/A, Bradesco Vida e Previdência, Bradesco Consórcios e de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta reais). Assim,
Bradesco Cartões, atuando sempre dentro das agências do Banco considero que houve demissão imotivada em 14.10.2017, em
Bradesco S/A. Afirma que era empregada, pois estava diretamente consonância com a inicial. Portanto, condeno o reclamado Bradesco
subordinada aos prepostos do Banco Bradesco, Bradesco Vida e Vida e Previdência, que foi a empresa que, de acordo com a inicial,
Restou como fato incontroverso que a prestação dos serviços se CTPS da autora, que esta foi admitida em 01.04.1996, para exercer
dava de maneira onerosa. A testemunha ouvida a rogo da a função de corretora, com salário mensal de R$ 5.350,00, e
reclamante afirmou que esta cumpria jornada de trabalho fixa, demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, observada a
comparecendo diariamente na agência bancária; e que ela projeção do aviso prévio de 90 dias.
reportava-se ao gerente da agência quando havia atrasos ou faltas Como já exposto, a reclamante foi admitida pela reclamada
ao serviço, o que evidencia a pessoalidade e não-eventualidade na Bradesco Vida e Previdência. Não é possível reconhecer a
prestação dos serviços. Ainda segundo a prova oral, a autora tinha existência de vínculo empregatício apenas com o Banco Bradesco
que cumprir metas, sendo convocada para participar de todas as S/A, haja vista que, sendo os reclamados integrantes de um mesmo
reuniões destinadas aos funcionários da primeira reclamada, além grupo econômico, este é o empregador único, pois não há prova de
de ter de elaborar as planilhas de produção individual destinadas terem sido firmados contratos de trabalho simultâneos com cada
aos gerentes da reclamada. Essas circunstâncias deixam claro que uma das empresas do grupo. Nesse sentido dispõe a súmula nº.
as atividades não eram exercidas com autonomia, mas de maneira 129 do TST. Assim, como houve apenas um contrato, cabe ao real
É certo que a reclamante admitiu, em depoimento pessoal, que CTPS. Ressalto ainda que embora o grupo econômico figure como
prestava serviços por meio de pessoa jurídica e que tem inscrição empregador único, o enquadramento sindical, conforme dispõe o
na SUSEP desde julho de 1996. Entretanto, o preposto do Bradesco artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade econômica
Vida e Previdência disse que, que não existe diferença prática nas desenvolvida pelo empregador considerado na acepção restrita do
funções exercidas pelo corretor pessoa física e pessoa jurídica. termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência não é banco,
Essa é justamente a situação da reclamante, pois esta autora mas uma seguradora, impossível o enquadramento sindical da
prestava serviços ao Bradesco Previdência e Seguros S/A desde autora na categoria dos bancários. Em face do exposto, julgo
abril de 1996, mas somente constituiu sua empresa em julho improcedente o pedido de enquadramento da reclamante como
daquele ano. Assim, está claro que a empresa utilizou-se da prática bancária e, por consequência, os pedidos de quitação das parcelas
nefasta da pejotização, fraudando a relação de emprego, razão pela estipuladas nas convenções coletivas da referida categoria, quais
qual a condição de pessoa jurídica deve ser afastada, com base no sejam: reajuste salarial; piso da categoria; salário após 90 dias da
artigo 9º da CLT. Em face do exposto, estão presentes os requisitos admissão; aviso prévio proporcional previsto na cláusula 50ª da
necessários para a caracterização da relação empregatícia entre as CCT de 2016/2018; participação nos lucros, inclusive diferenças
partes, nos termos do artigo 3º da CLT. pela integração do 13º salário e das horas extras; vale-cultura; multa
Não ignoro que o artigo 17 da Lei nº. 4.594/1964 proíbe o vínculo de prevista na cláusula 52ª da convenção de 2016/2018, por atraso na
emprego entre o corretor e a empresa de seguros. Contudo, essa homologação da rescisão; multa por descumprimento das
vedação refere-se à hipótese do verdadeiro corretor de seguro, convenções; ressarcimento das despesas com cursos de
autônomo, que exerce sua atividade de forma livre e para diversas qualificação e ou requalificação profissional; auxílio-refeição; auxílio
empresas e sem pessoalidade. O comando tem por objetivo cesta alimentação; auxílio creche e babá; 13ª cesta alimentação e
modo a possibilitar a independência funcional daqueles. Assim, o Consoante asseverado, não obstante o grupo econômico figure
dispositivo sob comento não pode servir de fundamento para como empregador único, o enquadramento sindical, conforme
camuflar verdadeira relação de emprego, principalmente dispõe o artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade
considerando que o Direito do Trabalho norteia-se pelo princípio da econômica desenvolvida pelo empregador considerado na acepção
Primazia da Realidade. Prevalece o contrato-realidade em face do restrita do termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência, que
Considerando o exposto, declaro que a reclamante foi empregada autora pertence à categoria dos securitários. Dessarte, faz jus aos
do grupo reclamado, desde 01.04.1996, percebendo salário no valor benefícios previstos nas convenções coletivas da categoria.
Considerando que a tese da defesa é a de que as parcelas não são prescrita, a reclamante tenha alterado a constituição, modelo, forma
devidas porque inexistia vínculo de emprego, o que já restou de atuação, estrutura e funcionamento da empresa. As ditas
superado, concluo que não houve o adimplemento. Assim, condeno modificações sequer foram especificadas. Igualmente não restaram
os reclamados ao pagamento das seguintes verbas, nos limites dos provados os gastos com cartão de visita, nem com o contador,
pedidos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, 2013, tampouco os débitos para com a Receita Federal. Portanto, julgo
2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula 12ª improcedente o pedido.
das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale-transporte Sucessivamente, alega a reclamante que, quando havia
(cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); inadimplência dos clientes ou cancelamento posterior do plano
indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); multa por vendido, o empregador retinha a comissão devida, parcial ou até
descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, integralmente. Afirma também que se os clientes trocassem o
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017) e participação nos lucros de 2012, produto, ficassem inadimplentes ou cancelassem suas apólices, os
2013 , 2014, 2015, 2016 e 2017. O auxílio-refeição possui natureza corretores ficavam impossibilitados, por seis meses, de receberem
indenizatória, conforme o §6º, da cláusula 11ª, das convenções as comissões. Essa restrição era chamada de "código reservado".
coletivas do período não prescrito. Julgo improcedentes, porém, os Informa ainda que, a partir de novembro de 2016, os reclamados,
pedidos de reajuste salarial e de remuneração mista, pois a autora injustificadamente, deixaram de pagar as comissões pelas vendas
recebia apenas por comissões, de acordo com a petição inicial. de consórcios, planos de previdência privada e, posteriormente, de
Julgo improcedente, outrossim, o ressarcimento de despesas com cartões de crédito. Aduz que ao longo do contrato de trabalho, os
requalificação profissional, pois nos termos da cláusula 16ª da percentuais de comissões de todos os produtos foram sendo
convenção coletiva de 2017, só seria devido se o estabelecimento reduzidos e que os reclamados adotavam, como prática, o confisco
do empregador houvesse fechado, encerrado suas atividades. Julgo das comissões após a 60ª parcela quitada pelo cliente,
improcedente o pedido de assistência médica hospitalar (plano de independentemente do produto e da continuidade dos pagamentos
saúde), uma vez que, nos termos da cláusula 22ª da CCT de 2017, posteriores. O grupo empregador, em sua defesa, não negou os
os empregadores somente ficavam obrigados a arcar com os planos fatos descritos na inicial, razão pela qual os tenho como verídicos.
de saúde até 90 dias após a demissão dos funcionários que Afirmou apenas que nem a lei e nem as normas coletivas definem
contavam com mais de 10 anos de serviço, período já expirado. os critérios de pagamento das comissões, bem com que não cabe
Quanto ao aviso prévio indenizado, não está previsto na convenção ao Poder Judiciário adentrar em assuntos dessa natureza. Ocorre
coletiva de 2017, ano da rescisão. A cláusula 33ª apenas dispensa que, de acordo com o artigo 466, caput, da CLT, o pagamento das
os empregados demitidos, ou que pedissem demissão, de qualquer comissões é exigível após ultimada a transação, ou seja, quando
ônus do aviso, bem como exonera as empresas do pagamento dos ocorre a aceitação, pela empresa, com o fechamento do negócio
dias não trabalhados, nos casos de obtenção de novo emprego. intermediado pelo vendedor. Acrescento que, nos termos do artigo
Julgo improcedentes, por fim, "todos os [demais] direitos legais e 2º da CLT, cabe à empregadora o risco da atividade econômica,
normativos da categoria dos securitários", pois não foram não podendo atribuir à empregada o encargo por toda intercorrência
A reclamante pleiteia que lhe sejam assegurados os "direitos legais poderiam deixar de pagar as comissões por conta da inadimplência
e normativos" dos empregados do primeiro e segundo reclamados. dos clientes, ou do cancelamento posterior do plano vendido, bem
Ocorre que não especificou quais seriam esses direitos. Além disso, como não poderiam retê-las por seis meses em casos de troca de
ao fundamentar seu pedido no artigo 460 da CLT, deixou claro que produtos, inadimplência ou cancelamento de apólices pelos clientes.
pretende equiparação salarial, mas não indicou paradigma e nem Tampouco poderiam deixar de pagar as comissões após a quitação
apresentou qualquer diferença remuneratória. Portanto, julgo a da 60ª parcela pelo cliente. Além disso, a redução dos percentuais e
A reclamante narra ter constituído sua pessoa jurídica em 1996, planos de previdência privada e cartões de crédito implicaram
como já exposto. Portanto, todas as despesas necessárias para a alterações contratuais lesivas, o que é vedado pelo artigo 468 da
constituição da empresa, especialmente o alegado gasto inicial de CLT. Isso posto, condeno os reclamados ao pagamento, nos limites
R$1.800,00, estão há muito inequivocamente abrangidas pela dos pedidos, das comissões não recebidas, no valor de R$ 500,00
prescrição. Sob outro enfoque, não há provas de que, na época não por mês, inclusive as referentes ao "código reservado", estas na
importância mensal de R$ 300,00 mensais (totalizando R$ 800,00), aviso prévio. Indefiro os reflexos sobre as "demais verbas
valores que reputo corretos porque não foram impugnados remuneratórias", pois não foram especificadas. Indefiro a integração
especificamente. Condeno-os também ao adimplemento, nos limites das horas extras no cômputo de eventuais gratificações, pois a
dos pedidos, das comissões decorrentes das vendas, a partir de autora recebia apenas por comissões. Os reflexos do repouso
novembro de 2016, de consórcios e planos de previdência privada. semanal, majorado pela integração das horas extras deferidas, não
Defiro ainda as diferenças entre as comissões pagas e as que são repercutem no cálculo das demais parcelas salariais, sob pena de
devidas com base nos percentuais em vigor no dia 14/10/2012, pagamento em dobro. Nesse sentido, inclusive, dispõe a OJ nº 394
quando começou o período não prescrito. Condeno os reclamados da SBDI-1 do TST. Quanto ao divisor, deve ser aplicado o de 220,
a restituírem as comissões devidas à reclamante após a quitação, já que a reclamante estava sujeita à jornada de oito horas diárias.
pelos clientes, da 60ª parcela dos produtos adquiridos. Dada a Ainda apreciando o tópico da jornada de trabalho,a reclamante
natureza salarial das comissões, defiro seus reflexos sobre 13º alega que não lhe era concedido o intervalo previsto no artigo 384
salário, FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, da CLT. Os reclamados, em defesa conjunta, afirmam que o citado
adicional de horas extras (como será explicitado no tópico seguinte) dispositivo consolidado não foi recepcionado pela Constituição
e repouso semanal remunerado. Este não inclui o sábado, que é dia Federal de 1988. Subsidiariamente, defendem que o seu
útil não trabalhado, conforme aplicação analógica da súmula nº. 113 descumprimento implica mera infração administrativa. Isso posto,
do TST, e nem feriados, pois estes não ocorrem semanalmente e esclareço que o artigo 384 da CLT determina a concessão de um
nem estão atrelados ao cumprimento de determinado número de intervalo de 15 minutos antes do início da jornada extraordinária da
dias ou horas trabalhadas por semana. Julgo improcedentes, mulher. Trata-se de medida de proteção da trabalhadora e justifica-
outrossim, também os reflexos sobre as "demais verbas contratuais se pelas desigualdades fisiológicas existentes entre os sexos, bem
e legais", pois não foram especificadas. como pelo fato de tradicionalmente as empregadas acumularem o
A reclamante afirmou, depoimento pessoal, que trabalhava das expediente de trabalho com os afazeres domésticos. Acrescento
08h00min às 18h00min, com 30 minutos de intervalo, de segunda a que o fato de o Supremo Tribunal Federal ter anulado o julgamento
sexta-feira. Considero verdadeira a jornada narrada em audiência, do RE nº. 658.312/SC, no qual havia sido reconhecida a
uma vez que os reclamados não apresentaram os cartões de ponto. compatibilidade do artigo 384 da CLT com a Constituição Federal,
Tampouco foi apresentada outra prova do horário de trabalho da não implica óbice ao deferimento do pleito porque não foi firmada
autora. Acrescento que esta trabalhava predominantemente de tese contrária, estando o processo pendente de julgamento.
maneira interna, nas agências do Banco Bradesco, como admitido Portanto, é compatível com a Constituição Federal. Como o
pelo preposto deste. Portanto, a reclamante prestava 1h30min extra intervalo sob comento é medida de higiene, saúde e segurança da
por dia de trabalho, uma vez que, sendo securitária e, não, trabalhadora, assim como os intervalos intrajornada previstos no
bancária, estava sujeita à jornada de oito horas diárias e 44 artigo 71 da CLT, deve receber o mesmo tratamento jurídico. Assim,
semanais. Como o salário da empregada era composto o descumprimento do artigo 384 consolidado implica afronta ao
exclusivamente por comissões, tem-se que estas continuaram artigo 7º, XXII, da Constituição Federal e, não, mera infração
sendo pagas durante a sobrejornada. Assim, resta devido apenas o administrativa. Com fulcro na aplicação analógica do artigo 71, §4º,
adicional de 50%. Nesse sentido, inclusive, dispõe a súmula nº. 340 da CLT e tendo em vista que todo o período de vínculo é anterior à
do TST. Em face do exposto e não havendo sequer alegação de Lei nº. 13.467/2017, que revogou o dispositivo sob análise, condeno
que tenha havido a quitação, condeno os reclamados ao pagamento o reclamado ao pagamento, com adicional de 50%, do intervalo de
do adicional de 50% sobre a 1h30min extra por dia de trabalho. 15 minutos por dia de trabalho em que foram prestadas horas
Condeno-os também ao pagamento, nos limites do pedido, de uma extras. Como a parcela deferida tinha natureza salarial, defiro seus
hora de intervalo intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do reflexos sobre os descansos semanais remunerados, 13º salários,
adicional de 50%. Não se aplica ao intervalo o entendimento férias acrescidas do terço constitucional; aviso prévio e FGTS+40%.
firmado na súmula nº. 340 do TST, pois a pausa para alimentação e Indefiro, porém, os reflexos sobre abonos e gratificações
repouso não é computada na duração do trabalho. Dada a natureza semestrais, uma vez que a autora recebia apenas comissões.
salarial do adicional de horas extras e dos intervalos, defiro seus Indefiro os reflexos sobre as horas extras, pois foi deferido apenas o
reflexos sobre repouso semanal remunerado (o qual não inclui o adicional de 50%, o qual tem por base de cálculo a média das
FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, 13º salário e Passando à apreciação do pedido de verbas rescisórias, tenho,
como já exposto, que a reclamante foi admitida em 01.04.1996, funcionários e dependentes, mas que a reclamante foi excluída por
para exercer a função de corretora, com salário mensal de R$ ser tratada como prestadora de serviços autônoma, o que não
5.350,00, e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, condizia com a realidade. Portanto, condeno os reclamados ao
observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Isso posto e tendo pagamento, nos limites do pedido, de indenização equivalente às
em vista que a tese da defesa, de que não havia vínculo de despesas com saúde, inclusive odontológicas, da reclamante, seu
emprego, restou superada, condeno os reclamados ao pagamento marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena Moura e Emanuelly
das seguintes parcelas, nos limites dos pedidos: aviso prévio Nobre Macena Moura), durante o período não prescrito.
indenizado de 90 dias; 13º salários integrais de 2012, 2013, 2014, Prosseguindo, a recorrente postulou o pagamento de indenização
2015, 2016, 2017; férias em dobro dos períodos aquisitivos de pela ausência de concessão de licença maternidade em seu prol,
2011/2012, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016 e por ocasião do nascimento de sua segunda filha nos idos de 2013.
simples de 2016/2017 e proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas As reclamadas contestaram o pedido em questão unicamente
acrescidas do terço constitucional; FGTS+40% de todo o período de alegando que a reclamante não era empregada da empresa, tese
vínculo e indenização substitutiva do seguro-desemprego. que, como visto, restou superada acima. Nesse contexto, julgo o
Passo à análise do pedido de compensação por danos morais e pedido em referência procedente, condenando as reclamadas a
materiais formulados pela recorrente. pagarem à reclamante indenização pela não concessão da licença
Alega a reclamante que era obrigada a cumprir metas acima das rogada, no valor correspondente a seis vezes a remuneração
condições normais, sendo cobrada pessoalmente ou por e-mail. mensal devida à reclamante no mês de abril de 2013.
Afirma também que, caso não atingisse as metas, era tachada, nas Quanto ao pedido de ressarcimento de honorários advocatícios
reuniões ou em áudio conferências, de incompetente e incapaz, contratuais e demais despesas do processo, este não merece
bem como tinha seu nome inserido no mural dos piores vendedores. prosperar, pois se trata de relação alheia aos reclamados, tendo
Aduz que era coagida a patrocinar festas para a agência e a dar sido estipulados exclusivamente entre a reclamante e seus
brindes e prêmios para os gerentes. Informa que era obrigada a procuradores, não estando inseridos, portanto, nos ônus
participar de grupo no aplicativo de mensagens instantâneas processuais do empregador. O contrato de honorários somente
"Whatsapp", no qual recebia críticas, cobranças e ameaças a produz efeitos entre as partes contratantes, não podendo ser oposto
qualquer hora do dia e da noite, por parte dos prepostos dos aos reclamados. Ademais, a contratação decorreu da vontade
reclamados. Dentre os e-mails e mensagens de "Whatsapp" exclusiva da reclamante, não havendo dano a ser indenizado. Sob
juntados aos autos, deveras há diversas cobranças; mas estas, outro enfoque, não vislumbro qualquer despesa da reclamante com
porém, não são direcionadas especificamente à reclamante, senão o processo, tais como indenização de viagem, remuneração de
a conjunto de trabalhadores da reclamada. Acrescento não haver assistente técnico ou diária de testemunha. As custas serão pagas
prova de ofensas nas reuniões e áudio conferências, nem de que a ao final pelos reclamados, vencidos parcialmente. Portanto, julgo
autora fosse coagida a patrocinar festas e nem de que tivesse seu improcedente o pedido.
nome incluído no mural dos piores vendedores. As testemunhas, de Julgo igualmente improcedente o pedido de aplicação às
seu turno, nada esclareceram acerca do suposto o assédio descrito reclamadas da multa prevista no artigo 467 da CLT, pois todas as
na inicial. Portanto, julgo improcedente o pedido. parcelas requeridas restaram controvertidas. Por outro lado, tendo
Quanto ao pedido de compensação de danos morais decorrentes em vista o inadimplemento, até a presente data, das parcelas
de ausência de assinatura da CTPS da reclamante, julgo-o rescisórias, sem que a mora tenha decorrido de culpa da
improcedente pois não há prova de que a reclamante tenha sofrido reclamante, julgo procedente o pedido de condenação das
qualquer prejuízo por conta da falta de assinatura da CTPS, reclamadas na multa do artigo 477, §8º, da CLT, nos limites do
omissão, que, por si só, não implica ofensa a quaisquer dos direitos pedido.
Adiante, alega a reclamante que nunca lhe foi disponibilizado, nem reformando a sentença, julgar parcialmente procedente a a presente
a seus dependentes, os planos de saúde e odontológico da reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados
empresa. Os reclamados afirmam que a autora não fazia jus aos BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A,
benefícios porque era corretora autônoma, tese, porém, já BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA
superada. Assim, considero verdadeiro que o empregador DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA
disponibilizava planos de saúde e odontológico aos seus CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito
em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018,
seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a
reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros
mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º,
12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale- da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a
transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até
e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); 25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal
multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum,
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas, poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data.
no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é
reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais; devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos
comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016, serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já
de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias
comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o
em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e
reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das
produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário, horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais
FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas
horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50% pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o
sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00.
intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%; Voto por conhecer do recurso ordinário, para, no mérito, dar-lhe
reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso parcial provimento; julgando parcialmente procedente a a presente
semanal remunerado, FGTS+40%, férias acrescidas do terço reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados
constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A,
dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA
adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA
remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional, CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito
aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às
salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição
dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013, reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos
2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012,
proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula
constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo; 12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale-
indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016
equivalente às despesas com saúde, inclusive odontológicas, da e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017);
reclamante, seu marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs
Moura e Emanuelly Nobre Macena Moura), durante o período não de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros
prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas,
maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código
a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais;
2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016,
Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as
foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora, comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais
com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à
reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das
produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário, horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais
FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas
horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50% pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o
sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00."
intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%; Embargos providos, neste ponto.
reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso II. DOS EMBARGOS DA PARTE RECLAMANTE
constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por Uma vez preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de
dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o admissibilidade, merecem conhecimento os embargos de
adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais declaração da parte reclamante.
remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional, II.2. DO MÉRITO DOS EMBARGOS
aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º I.2.1. DA OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. CONSIDERAÇÃO DO
salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em PERÍODO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO
dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013, A parte autora afirma que o acórdão reconheceu o vínculo vinculo
2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e de emprego, entre a Reclamante e a Primeira Reclamada, no
proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço período de 01/04/1996 a 12/01/2018 (termo final já com a projeção
constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo; do aviso prévio proporcional), mas só deferiu verbas normativas no
indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização período de 2012 a 2017, em descompasso com o art. 487, §1º, da
Moura e Emanuelly Nobre Macena Moura), durante o período não Sem razão a parte reclamante, ora embargante, por quanto o
prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença trabalhador teve seu contrato estendido até 12/01/2018 por força do
maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes aviso prévio indenizado, sendo que as normas coletivas então
a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de vigentes devem ser aplicadas, quando devidas, até a cessação do
2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado pacto laboral.
Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta E o acórdão não rezou o contrário, uma vez que não limitou o
foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora, pagamento das verbas convencionais até 2017. Consignou, tão
com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta somente, que aplicar-se-iam as normas celebradas até 2017,
reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, mesmo pelo fato que o contrato de trabalho tem sua rescisão
observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a durante a primeira quinzena de janeiro de 2018. Confira-se:
reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros "ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA
de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente TERCEIRA TURMA DE JULGAMENTO DO TRIBUNAL REGIONAL
reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º, DO TRABALHO DA SÉTIMA REGIÃO por unanimidade, conhecer
da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a do recurso e, no mérito, por maioria dar-lhe parcial provimento para
aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até reconhecer o vínculo de emprego entre a reclamante e o primeiro
25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal reclamado, Banco Bradesco S.A., e condenar solidariamente os
no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum, reclamados BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E
manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de PREVIDÊNCIA S/A, BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO
poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data. ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à
Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é reclamante, MARIA CLEONICE NOBRE MACENA, após o trânsito
devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às
serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição
pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias reconhecida na sentença e deduzida a importância já quitada
e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o quanto aos mesmos títulos: i) auxílio-refeição (cláusula 11ª das
descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); ii) auxílio cesta
alimentação (cláusula 12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, que houve redução no percentual de suas comissões, alteração
2016 e 2017); iii) vale-transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, lesiva do contrato de trabalho, nos termos do art. 468 da CLT.
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); iv) indenização adicional (cláusula Embargos providos, neste ponto, para incluir na condenação o
30ª da CCT de 2017); v) multa por descumprimento das pagamento das diferenças salariais referentes à redução unilateral
convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, das comissões dos produtos comercializados, durante o período
2016 e 2017); vi) participação nos lucros de 2012, 2013, 2014, imprescrito, com sua integração ao salário para todos os efeitos
2015, 2016 e 2017;" legais, em especial, reflexos para o pagamento das diferenças de
O que se deferiu à reclamante, repise-se, foi o pagamento das horas extras, 13º salários, férias + 1/3, aviso, FGTS + 40% e demais
verbas previstas nas CCTS firmadas até o ano de 2017 e não que verbas rescisórias, contratuais, legais e convencionais de natureza
consignou que os direitos ali previstos não deveriam ser I.2.4. DA OMISSÃO. DAS DESPESAS PARA CONSTITUIÇÃO DE
De todo modo, importa destacar que a Convenção Coletiva de Igualmente o julgado deixou de se manifestar acerca do pedido de
Trabalho firmada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores dano material quanto às despesas para criação da pessoa jurídica
do Ramo Financeiro e acostada ao ID. c5c2a8f - Pág. 2 consigna utilizada para prestação de serviços à parte reclamada.
2018, pelo que aplicável ao pacto laboral até seu encerramento. Com efeito, a parte reclamante não demonstrou documentalmente
Embargos acolhidos tão somente para prestar esclarecimentos. as despesas que alega haver efetuado. Ademais, como a relação
I.2.2. DA OMISSÃO. OUTRAS VERBAS PREVISTAS EM CCT entre as partes iniciou-se em 1996, divisa-se a prescrição referente
em CCT, requeridas na inicial e não relacionadas no acórdão. Omissão sanada, sem efeito infringente.
De fato, o acórdão findou omisso, vez que se mostram devidas as HORAS EXTRAS
demais verbas convencionais devidas ao bancário, durante o Em verdade, na fundamentação do acórdão constou o divisor de
período imprescrito, observada a vigência da CCT e quando fizer 220, enquanto que no dispositivo consignou-se o divisor de 180,
jus a trabalhadora, as parcelas: 13ª Cesta Alimentação, Auxílio- razão pela qual resta evidente a contradição.
Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale Cultura e Folga No caso, reconhecida a condição de bancária da reclamante, deve-
Assiduidade, nos termos do pedido inicial. se aplicar o divisor de 180 (cento e oitenta).
Igualmente, uma vez reconhecido o vínculo com a instituição Embargos providos neste ponto.
financeira e seu enquadramento como bancária, a reclamante faz I.2.6. DA OMISSÃO. MÉDIA DE COMISSÕES. INTEGRAÇÃO
jus ao Piso da Categoria, previsto nas CCTs acostadas aos autos, A embargante suscita omissão acerca da integração das comissões
nos períodos em que se observar que seu salário findou inferior no salário, para fins de reflexos.
Embargos providos, neste capítulo. Com efeito, uma vez reconhecida a redução salarial da autora, em
I.2.3. DA OMISSÃO. DIFERENÇAS DE COMISSÕES razão da diminuição do percentual das comissões, resta claro que
Em seus embargos, a parte autora aduz que não restou apreciado seus valores, uma vez apurados, devem integrar a remuneração da
pelo acórdão a questão da redução das comissões pagas durante o bancária para todos os fins.
Na vestibular a parte alegou que houve redução do percentual do Há alegação de omissão acerca dos pedidos de multa da Cláusula
seu comissionamento, que era de 100% da primeira contribuição 55ª da CCT 2016-2016 e esclarecimento acerca da multa prevista
paga pelo cliente, 30% da segunda, 20% da terceira e 10% da na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018.
quarta. Em seu apelo ordinário a parte reforçou referido pedido. Acerca da multa normativa, o acórdão consignou o seguinte:
A questão, de fato, restou omissa no julgamento impugnado, a "Em razão do reconhecimento do vínculo empregatícios, restam
exigir seu saneamento. devidos à reclamante: [...] multa por descumprimento das
Tem-se, de fato, por verossímil as alegações da trabalhadora, de convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015,
Analisa-se. CONTRATUAL
Na inicial a parte requereu multas previstas na Cláusula 52ª e 55ª Quando exigida pela lei, o banco se apresentará presenta o órgão
da CCT 2016-2018 da categoria dos bancários. competente, para a homologação da rescisão contratual dos
Todavia, o julgado deixou de se manifestar acerca da multa empregados e pagamento das parcelas decorrentes, até o primeiro
disposta na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, bem como não dia útil imediato ao término do contrato, ou dentro de dez dias
prestou maiores esclarecimentos acerca do cumprimento da contados da data da notificação da demissão, quando da ausência
penalidade imposta na Cláusula 52ª da mesma convenção. de aviso prévio, de sua indenização ou da dispensa do seu
Passa-se ao saneamento do vício constatado. cumprimento. Fica ressalvada a hipótese de abandono de emprego.
"G. Da Multa Prevista na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018 - Prazo Se excedido o prazo, o banco, até sua apresentação para
para Homologação de Rescisão Contratual - (norma de homologação, pagará ao ex-empregado importância igual a que
coletivas da categoria consoante supre fundamentado. Diante disso, Cláusula 55 - MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA CONVENÇÃO
rescisórias, resultando, portanto, em atraso do pagamento pelo Se violada qualquer cláusula desta Convenção, ficará o infrator
reclamado, motivo pelo qual, se entende devido o pagamento da obrigado a pagar a multa no valor de R$ 35,29 (trinta e cinco reais
multa prevista na cláusula 52ª, parágrafo primeiro da CCT 2016- e vinte e nove centavos), a favor do empregado, que será devida ,
2018, que assim dispõe: por ação, quando da execução da decisão judicial que tenha
primeiro da cláusula 52ª da CCT 2016/2018, que trata do 'PRAZO Parágrafo Único
PARA HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL', no valor Em 1º.09.2017 o valor previsto nesta cláusula será reajustado pelo
da remuneração total da obreira (comissionista mista), até a data do INPC/IBGE acumulado de setembro de 2016 a agosto de 2017
efetivo pagamento das verbas rescisórias pelas Reclamadas e sem acrescido de aumento real de 1% (um por cento)." (destacamos)
limitação de valores, requerendo que a data da resilição contratual - Multa da Cláusula 55ª da CCT 2016-2018
seja a data da propositura da ação, quando as Reclamadas terão Frente ao reconhecimento do vínculo de emprego e enquadramento
ciência de demanda ajuizada contra elas ou do último dia da da autora como bancária, impõe-se o deferimento da multa prevista
prestação de serviço, em face da postura de despedimento sumário na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, no valor de R$ 35,29 (trinta e
após a ciência do fato, conforme se asseverou no item 'IV' da cinco reais e vinte e nove centavos), corrigida pelo INPC/IBGE a
H. Da Multa Normativa (cláusula 55ª da CCT 2016-2018) - (norma - Multa da Cláusula 52ª da CCT 2016-2018
O reclamado descumpriu diversas cláusulas das convenções condenação consignada no acórdão impugnado, porquanto se
coletivas dos bancários, pugna a Reclamante pela condenação do refere tão somente à CCT 2016-2018, uma vez que diz respeito ao
reclamado da multa normativa, nos termos e valores ali descritos. prazo para homologação da rescisão contratual, que ocorreu uma
Diante dos fundamentos expostos, requer a Reclamante: impõe-se o deferimento do pagamento da multa prevista na
z) Pagamento das multas previstas nas cláusulas 52ª (prazo para Cláusula 52ª da CCT de 2016-2018, equivalente à última
CCT, por descumprimento das normas coletivas dos bancários, nos I.2.8. DA OMISSÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE
Referidas cláusula convencionais assim dispõem: referência às decisões do STF no bojo das ADCs 58 e 59, restando
omisso acerca dos efetivos parâmetros de correção monetária e antes do biênio posterior à data do trânsito), será cabível o
juros moratórios. respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao
direito econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação (e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos
De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor
um fator de correção monetária adequado, especialmente para e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e
créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da
relativa da capacidade de compra da moeda, mas, ao revés, a CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV,
variação das taxas de juros apuradas nas operações de do CPC/2015, como ainda, "per analogiam", o próprio art. 600 da
empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça
federais como garantia. Mas a distorção exsurgiu ainda mais social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem
gritante; ao assim decidir, alcançando o art. 883 da CLT (que nunca responder como segue.
esteve em causa), a decisão afastou a incidência dos juros de mora A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na
à base de 12% a.a. (mesmo porque a Selic já "embute" juros); e, orientação de seu público (v., p. exemplo,
desse modo, tornou o crédito trabalhista um dos mais "baratos" do https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/indicepreco, acesso em
mercado (conquanto essencialmente alimentar), favorecendo 26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente
sensivelmente a posição jurídica do devedor trabalhista. Os para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no
números bem o demonstram: para 2010, p. ex., a Selic acumulada decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente
totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta
IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode
acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a -se assentar que, para os casos em que a disputa da correção
12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister:
com juros (1%) chega a 15,86%. (i) determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação
Nada obstante, a partir de dezembro de 2020, "decisum habemus": (exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de
dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo então (inclusive), como entendeu o C. STF;
Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a
é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão, correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
especialmente para equacionar aspectos omissos ou dúbios do (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
principais desde logo se colocaram: citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
(a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga responder por uma indenização suplementar até esse limite,
omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
razoável, com a competente remuneração do capital? integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
(b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa os efeitos, na própria Selic); e
corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante (iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do
da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente
retroativamente), terá de haver alguma devolução? devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao
(c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência
que não se tenha adotado na sentença ou no acórdão qualquer (IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB,
índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic? art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
(d) para os casos de trânsito em julgado do capítulo relativo à abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória Insta, ademais, destacar que na ADC 58 o Ministro Gilmar Mendes
(i.e., em se tratando de coisa ainda não soberanamente julgada, bem destacou acerca da observância do disposto no Código Civil,
"in verbis": Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93,
"Embora, como dito, o STF nunca tenha declarado a IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
inconstitucionalidade da TR per se, reconheço que o entendimento abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
submetido a regime jurídico próprio da Lei 9.494/1997, com as Conhecer dos embargos de ambas as partes e dar-lhes parcial
Direito e seu intérprete não podem fechar os olhos para a realidade, DISPOSITIVO
monetária aos padrões de mercado e, quanto aos efeitos pretéritos, TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
determinarmos a aplicação da taxa Selic, em substituição à TR e REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração
aos juros legais, para calibrar, de forma adequada, razoável e da parte reclamada e lhe dar parcial provimento para, sanando
proporcional, a consequência deste julgamento." omissão, acostar o voto vencido, nos termos da fundamentação.
Frente ao acima destacado, impõe-se suprir omissão para: (i) Conhecer dos embargos de declaração da parte reclamante e por
determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive) maioria lhes dar parcial provimento, com a concessão de efeito
e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então infringente, para, sanando omissões, contradições e prestando
de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior à a) pronunciar a prescrição quinquenal em relação ao pagamento
atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer das despesas com a constituição da pessoa jurídica utilizada para
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando- prestação de serviços ao banco empregador;
se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de b) deferir o pagamento, durante o período imprescrito, observadas
liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização as normas coletivas e sua vigência, das parcelas: 13ª Cesta
suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art. Alimentação, Auxílio-Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale
404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo Cultura e Folga Assiduidade, nos termos do pedido inicial;
-se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão c) garantir, durante o período imprescrito, o Piso da Categoria em
"embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se que se enquadra a reclamante, previsto nas normas coletivas dos
tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo bancários, nos períodos em que se observar que sua remuneração
para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e findou inferior àquele patamar mínimo;
já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito d) deferir o pagamento das diferenças salariais referentes à redução
principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e unilateral do percentual das comissões dos produtos
comercializados, durante o período imprescrito, com sua integração Verde Junior e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente
ao salário para todos os efeitos legais, em especial, reflexos para o ainda representante do Ministério Público do Trabalho.
pagamento das diferenças de horas extras, 13º salários, férias + Fortaleza, 05 de agosto de 2021
fins de cálculo;
f) determinar que o valor da remuneração da reclamante, inclusive JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
para fins de anotação em CTPS, deverá ser obtido a partir da média Relator
h) deferir o pagamento da multa prevista na Cláusula 52ª da CCT Voto do(a) Des(a). FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA
de 2016-2018, equivalente à última remuneração da reclamante, VERDE JUNIOR / Gab. Des. Francisco Tarcísio Guedes Lima
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de VOTO DE DIVERGÊNCIA PARCIAL
então (inclusive), como entendeu o C. STF; se se demonstrar, em Divirjo, EM PARTE, mas apenas, em relação ao item "i", que
à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer "se se demonstrar, em sede de liquidação de sentença, que a
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando- correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art. citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo responder por uma indenização suplementar até esse limite,
-se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
"embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e se se tratar Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo para integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e já os efeitos, na própria Selic); e se se tratar de devedor contumaz,
fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito que sabidamente se vale do processo para atrasar ou sonegar
principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de qualquer
Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito principal corrigido
IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais segundo as novas regras de regência (IPCA-E e Selic), "ex officio" e
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, IX), uma multa
Valores a serem apurados em ulterior liquidação de sentença. cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi" do art.
Mantido o valor da condenação fixado no acórdão embargado. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT)."
Participaram do julgamento os Desembargadores José Antonio É que, ao meu ver, tal decisão implica em afronta à decisão do STF,
Parente da Silva (presidente), Francisco Tarcisio Guedes Lima concedendo atualização por critérios que a decisão não pretendeu
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
Diretor de Secretaria O acórdão impugnado bem discorreu acerca das razões que
Intimado(s)/Citado(s):
- BRADESCO ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS LTDA.
FUNDAMENTAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
I. DOS EMBARGOS DA PARTE RECLAMADA
JUSTIÇA DO
I.1. DA ADMISSIBILIDADE
I.2. DO MÉRITO DOS EMBARGOS emprego (art. 1º, IV, art 170, caput e VIII, CF) e veículo mais
A parte demanda alega que o acórdão impugnado restou omisso e econômica (Preâmbulo da Constituição), o Direito do Trabalho não
obscuro acerca do enquadramento da autora como bancária. absorve fórmulas diversas de precarização do labor, como a
O acórdão findou suficientemente claro acerca do reconhecimento subordinação enfatizada pela CLT (arts. 2º e 3º) não se
do vínculo empregatício com o Banco Bradesco S/A e a inserção da circunscreve à dimensão tradicional, subjetiva, com profundas,
trabalhadora na categoria dos bancários. intensas e irreprimíveis ordens do tomador ao obreiro. Pode a
Primeiramente, restou evidenciado que o vínculo se deu subordinação ser do tipo objetivo, em face da realização, pelo
diretamente com a instituição bancária, razão pela qual, na trabalhador, dos objetivos sociais da empresa. Ou pode ser
sequência, se reconheceu a reclamante como integrante da simplesmente do tipo estrutural, harmonizando-se o obreiro à
categoria dos bancários, "in vebis": organização, dinâmica e cultura do empreendimento que lhe capta
"- Do vínculo de emprego com o Banco Bradesco S/A - categoria os serviços. Presente qualquer das dimensões da subordinação
Primeiramente, embora o disposto na Lei nº 4.594/94 vede aos elemento fático-jurídico da relação de emprego. Ademais, a
corretores o emprego em empresa de seguros, nada obsta a vedação contida no art. 17 da Lei 4594/64 - de que o corretor de
configuração do liame empregatício acaso verificada a presença seguros seja empregado de empresa seguradora - só se legitima se
dos elementos caracterizados dessa espécie contratual, encartados resguardada a sua autonomia na condução dos negócios de
no art. 3º da CLT. Vejamos o que dispõe referido art. 17 da Lei nº corretagem, não sendo este o quadro fático delineado no acórdão
"Art . 17. É vedado aos corretores e aos prepostos: Reclamante era dentro da agência do Banco Bradesco, sob sua
a) aceitarem ou exercerem empregos de pessoa jurídica de direito subordinação. Recurso de revista conhecido e provido no aspecto.
b) serem sócios, administradores, procuradores, despachantes ou Godinho Delgado, Data de Julgamento: 18/03/2015, 3ª Turma, Data
Parágrafo único. O impedimento previsto neste artigo é extensivo Frise-se, ademais, que as vedações previstas nos arts. 17 da Lei n°
aos sócios e diretores de emprêsa de corretagem." 4.594/64 e 9º do Decreto nº 56.903/65 (vedação aos corretores de
Ora, referido dispositivo deve ser interpretado de forma sistêmica assumirem posição de empregado de empresas de seguros ou
com o art. 9ª da CLT, segundo o qual "Serão nulos de pleno direito capitalização) têm por escopo assegurar a autonomia destes
os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a profissionais frente às sociedades seguradoras, de modo a
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação". possibilitar independência funcional, mormente na defesa dos
Aplicação do princípio da primazia da realidade. Nesse sentido interesses dos clientes consumidores. Diante disso, os referidos
julgado do c. TST, "in verbis": dispositivos legais jamais poderiam ser manejados para camuflar
"[...]. 2. DADOS FÁTICOS CONSTANTES DO ACÓRDÃO verdadeira relação de emprego, uma vez que desvirtuaria até
REGIONAL DEMONSTRANDO A EXISTÊNCIA DE VÍNCULO DE mesmo o fim para o qual foram editados. Dentre os princípios que
EMPREGO. PRESENÇA DA SUBORDINAÇÃO OBJETIVA E norteiam o direito do trabalho, temos o da primazia da realidade.
SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL. CORRETORA DE SEGUROS. Segundo esse princípio, o julgador deve investigar a prática
Afastamento das noções de parassubordinação e de informalidade. concreta efetivada ao longo da prestação de serviços, independente
O Direito do Trabalho, classicamente e em sua matriz constitucional da vontade eventualmente manifestada pelas partes na respectiva
de 1988, é ramo jurídico de inclusão social e econômica, relação jurídica. A prática habitual tem o condão de alterar o
concretizador de direitos sociais e individuais fundamentais do ser contrato inicialmente pactuado, gerando direitos e obrigações novos
humano (art. 7º,CF). Volta-se a construir uma sociedade livre, justa às partes contratantes.
e solidária (art. 3º, I, CF), erradicando a pobreza e a marginalização Importa, assim, examinar a situação fática verificada nos autos, a
e reduzindo as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, IV, CF). fim de perceber se se está diante de um legítimo contrato de
corretagem de seguro ou de um típico contrato de emprego. corretor; que não sabe precisar quais os dias em que a reclamante
Atinente a configuração do vínculo na categoria bancário, como é comparecia na agência; que a reclamante tinha autonomia para
cediço, para a caracterização do contrato de trabalho faz-se mister determinar seu próprio horário de trabalho. Nada mais disse."
sejam: pessoalidade, não-eventualidade, remuneração e No mesmo sentido aponta a testemunha do reclamante, que
Uma vez que a reclamante trabalhava na agência do banco "Primeira testemunha da reclamante: [...]; que a reclamante fazia
BRADESCO, sob ordens de seus gerentes, inegável que o vínculo serviços bancários, como venda de produtos e atendimento a
deve ocorrer diretamente com a instituição financeira, bem como clientes; que a reclamante vendia previdência, cartões, consórcio,
reconhecida a categoria da autora como bancária, dado que seguros e outros produtos; que o depoente trabalhava de 8h às 17h,
presentes os requisitos do art. 3º da CLT. com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira; que a
Essa a conclusão que se alcança do depoimento do preposto da reclamante chegava no mesmo horário que o depoente, às 8h,
parte reclamada (ID. 32d1ecf - Pág. 1), "ipsis litteris": almoçava na copa da agência, entre 15 e 30 minutos, e quando o
"Depoimento pessoal do(a) preposto(a) do(a) reclamado(a) BANCO depoente ia embora a reclamante continuava na agência; que a
BRADESCO S.A., já qualificado(a) nos autos. Às perguntas do(a) reclamante comparecia diariamente na agência; que a reclamante
advogado(a) do(a) reclamante respondeu: que trabalha no trabalhava internamente e quando havia visitas acontecia no
reclamado como gerente administrativo; que o banco fornece um máximo uma vez por semana; que tinha contato visual com a
espaço dentro da agência para os corretores trabalharem; que a reclamante; que quando a reclamante fazia visitas se ausentava da
última agência em que a reclamante trabalhou foi Fortaleza Centro; agência por trinta minutos a duas horas, que não se ausentava o dia
que não sabe informar as demais agências trabalhadas pela inteiro; que trabalhou com a reclamante de 2012 até a data da saída
reclamante; que a reclamante fazia comercialização de produtos do depoente; que a reclamante trabalhava junto com os demais
da segunda reclamada como seguros, títulos de capitalização e funcionários da primeira reclamada, e não em ambiente separado;
previdência; que atualmente os consórcios são vendidos pelo que a reclamante utilizava login e senha do sistema da primeira
gerentes da agência; que anteriormente quem vendia os consórcios reclamada; que quando o depoente saiu havia 04 corretores na
era a segunda reclamada, por meio dos corretores; que atualmente agência, mas a agência chegou a ter 08 corretores; que os
a previdência é comercializada pelo gerente do banco; que não corretores realizavam as mesmas funções; que não havia
sabe dizer quando os consórcios e previdência passaram a ser direcionamento das ligações telefônicas da agência e a reclamante
comercializados pela primeira reclamada; que seguro prestamista é poderia atender qualquer telefonema que caísse em sua mesa; que
seguro ligado a operações de crédito; que não sabe dizer o que é o corretor, quando atendia ao telefone, identificava com o nome
seguro primeira proteção; que o seguro prestamista é oferecido pelo "Bradesco", com os demais funcionários da primeira reclamada; que
gerente da agência no momento da negociação da operação de a reclamante fazia os mesmos atendimentos que o depoente, como
crédito; que o bancário não recebe comissões pela venda dos solicitações de abertura de contas, triagem de documentos, entrega
produtos comercializados pela segunda reclamada; que a segunda de cheques devolvidos, orientação a clientes; que quando o cliente
reclamada não oferece prêmios pela venda de seus produtos a quisesse resgatar a previdência todos os funcionários da primeira
funcionários da primeira reclamada; que não sabe dizer se os reclamada, bem como a reclamante deveriam fazer o procedimento
funcionários da primeira reclamada participam das campanhas de retenção, que seria oferecer benefícios como empréstimos, para
lançadas pela segunda reclamada; que o POBJ é um programa que a pessoa não resgatasse a previdência; que a reclamante
para medir os resultados da agência; que os produtos vendidos pela utilizava crachá com o logotipo do Bradesco, sem menção ao
reclamante influenciam no resultado da agência e entram no cálculo Bradesco Vida e Previdência; que a reclamante vendia cartão de
do POBJ; que não sabe dizer se é o corretor que faz a portabilidade crédito.; que o depoente vendia os mesmos produtos e realizava as
de planos e resgate de previdência; que o Banco Central exige a mesmas funções que a reclamante; que a reclamante se reportava
certificação Anbima para os funcionários que trabalham com ao gerente e à equipe gerencial da agência; que a reclamante
investimento; que o banco não conta com linha telefonica exclusiva participava de todas as reuniões de todos os funcionários da
para os corretores; que as ligações caem na retaguarda e são primeira reclamada, sem distinção; que a reclamante tinha que
transferidas para os setores competentes; que para os corretores cumprir metas e passar planilhas diárias das metas para os
são transferidas as ligações em que a pessoa pede para falar com o gerentes; que quando foi admitido na primeira reclamada foi
obrigado a assinar o código de ética; que a reclamante não poderia insurgem os embargantes neste apelo. De acordo com a narrativa
vender produtos de outras seguradora dentro da agência; que a fática descrita na decisão embargada, segundo registros constantes
reclamante se reportava ao gerente da agência em relação a faltas do acórdão regional, o reclamante trabalhava para a marca
e atraso; que quando a reclamante faltava os funcionários que Bradesco e cuidava dos interesses sociais do Banco Bradesco S.A.,
estavam na agência absorviam suas atividades; que treinet são angariando-lhe clientela, dando início ao procedimento de abertura
cursos fornecidos pelo banco por meio da intranet; que em tais de contas, auxiliando clientes nos caixas eletrônicos, discutindo
cursos o banco abordava assuntos sobre os produtos da segunda metas com bancários em reuniões, visitando correntistas,
reclamada; que a reclamante comercializava cartões da primeira cumprindo horários determinados em agências bancárias e se
reclamada; que o depoente não conhece cartões Bradesco Vida e submetendo à fiscalização do gerente da agência para a qual fora
Previdência; que não havia identificação na mesa ou acima da designado. A par disso, o Regional asseverou que o autor exercia
mesa da reclamante com o nome Bradesco Vida e Previdência ou atividades tipicamente bancárias. A Súmula nº 374 desta Corte
Bradesco Seguros; que o depoente realizava atividades na agência preconiza que o empregado integrante de categoria profissional
inteira; que no crachá de nenhum funcionário constava o nome diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador
"Banco Bradesco"; que o logotipo que constava no crachá era o vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não
mesmo da Organização Bradesco; que no crachá da reclamante foi representada por órgão de classe de sua categoria. Nesse
não constava o número de inscrição Susep; que nos últimos cinco contexto, uma vez reconhecida a condição de bancário do
anos acredita que a agência contou com telefonista apenas por um reclamante, não há falar em contrariedade à Súmula nº 374 do
ano, um ano e pouco; que o código de ética que o depoente assinou Tribunal Superior do Trabalho. Por outro lado, a divergência
era do Banco Bradesco S/A; que não sabe dizer qual código de jurisprudencial não está demonstrada. O primeiro aresto consigna a
ética a reclamante assinou; que a reclamante e o depoente não tese de que, uma vez verificada a existência dos requisitos para o
participavam de comitê de crédito; que o funcionário que solicita um reconhecimento da relação de emprego com a seguradora, e não
crédito para um cliente não precisa participar do comitê, pois o com o banco, afasta-se o enquadramento como bancário. Todavia,
sistema é que aprova o valor; que não existe comitê de crédito para no caso destes autos, a condição de bancário está pautada na
isso; que os cursos treinet é da Organização Bradesco; que os constatação de que o reclamante desempenhava atividades típicas
funcionários e corretores têm acesso aos cursos treinet, sendo que de bancário, desenvolvendo seu labor em prol do Banco reclamado.
para os corretores o curso muda de nome, mas possui a mesma O segundo aresto não examina enquadramento bancário, mas
programação. Nada mais disse." apenas reconhecimento de vínculo com o Banco Bradesco S/A,
Não se trata de corretor de seguros autônomo que labora em hipótese distinta da destes autos. O terceiro aresto consigna tese de
empresa desse ramo econômico, mas de empregado que trabalho que o simples fato de haver grupo econômico entre os reclamados
dentro das instalações do banco, vendendo produtos pertencentes à não conduz ao enquadramento dos empregados das empresas
instituição financeira, integrando-se, desse modo, à sua estrutura controladas na categoria profissional relativa aos empregados da
Nesse sentido, importa destacar jurisprudência do c. TST, reconhecimento do vínculo empregatício, tampouco há identidade
examinando caso similar, em que era réu igualmente o banco com as premissas fáticas e jurídicas que ensejaram o
Bradesco, "in verbis": enquadramento do reclamante como bancário nesta ação. Por fim,
"EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007 CORRETOR o quarto aresto é convergente com a decisão ora embargada, na
DE SEGUROS. VÍNCULO DE EMPREGO RECONHECIDO. medida em que consigna o entendimento de que o fato de ter sido
ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIO. Discute-se na hipótese o reconhecido que o reclamante não era empregado do banco
enquadramento do reclamante como bancário. Segundo se extrai Bradesco, mas do Bradesco Vida e Previdência, não afasta, por si
da decisão proferida pela Turma, o Regional, a partir das provas só, a possibilidade de ser enquadrado como bancário, pois isso
carreadas aos autos, afastou a tese da defesa de que o autor decorre das atividades por ele exercidas. E, no caso destes autos,
laborava de forma autônoma prestando serviços de corretagem, na foi, exatamente, em razão das atividades exercidas pelo reclamante
forma da Lei nº 4.594/64 para o grupo econômico formado pelos que a instância ordinária reconheceu a sua condição de bancário.
reclamados e reconheceu o vínculo de emprego do reclamante com Nesse contexto, incide o disposto na Súmula nº 296, item I, do
a Bradesco Vida e Previdência S/A. Em ato contínuo foi Tribunal Superior do Trabalho, diante da inespecificidade dos
reconhecida a condição de bancário do reclamante, contra o que se arestos citados para o cotejo de teses. Embargos não conhecidos."
(TST; E-RR 0618300-68.2007.5.09.0024; Subseção I Especializada pessoal da Previdência, é punido com uma suspensão de um ou
em Dissídios Individuais; Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta; dois dias, não ganhando nada nesses dias.'
DEJT 27/04/2018; Pág. 78) Ou seja, todos os trabalhadores que vendem seguros e previdência
Em reforço ao quanto exposto na acima, calha trazer a lume a privada dentro das agências do Banco Bradesco S.A. não têm
existência de ACP julgada pelo TRT da 1ª Região,que dirimiu, garantido os direitos sociais básicos constitucionalmente garantidos
coletivamente, a questão versada nos presentes autos. Vejamos no artigo 7o, apesar de existir claramente a subordinação jurídica e
excerto da petição inicial, "in verbis": a inserção dos trabalhadores na atividade-fim das empresas,
"Os elementos de convicção reunidos no inquérito civil revelam que atraindo a aplicação do enunciado no 331 do e. Tribunal Superior do
o BANCO BRADESCOS/A, e as demais rés, empresas do grupo Trabalho, o que, por si só, já demonstraria a ilegalidade da situação.
diversos para não reconhecer o vínculo empregatício existente entre Diante do exposto, requer o Ministério Público do Trabalho sejam os
venda de seguros e previdência privada em suas dependências, a) registrar todos os contratos de trabalho de trabalhadores
atraindo a aplicação do art. 9o da Consolidação das Leis do admitidos direta ou indiretamente para prestar serviços de forma
Trabalho, que diz: pessoal e subordinada nas agências do Banco Bradesco S.A. para
Deve ser salientado, inicialmente, que todos os corretores executam planos de previdência privada;" (ACP 0142400-69.2003.5.01.0037 -
as suas atividades dentro das agências dos próprios bancos, TRT DA 1ª REGIÃO)
trabalhando com exclusividade ao próprio grupo Bradesco,sendo Para melhor esclarecimento, colhe-se acórdão em sede de Agravo
subordinados à gerência da própria agência, bem como aos de Petição na fase executória da referida ACP, assim vazado:
Tal situação é bem explicada pela depoente de fl. 284 do Inquérito descumprir comando judicial determinado em sede de tutela
Civil Público, que afirma: 'que comercializa seguros na agência antecipada, a execução provisória de astreintes deve prosseguir,
Cinelândia do Banco Bradesco; que não tem CTPS assinada, tendo com o intuito de inibir o devedor a prosseguir na transgressão do
um contrato com uma terceirizada que coloca os corretores dentro comando judicial.
das agências; que tal contrato, indispensável para o exercício das [...]
funções, consta que não há vínculo empregatício; que está nessa Trata-se de execução provisória de astreintes fixadas na sentença
agência há 06 (seis) meses, sendo que no Banco Bradesco trabalha proferida nos autos da Ação Civil Pública. A sentença de folhas
há quase 1O (dez) anos, sendo 08 (oito) anos ininterruptos, sempre 1535/1543 estabeleceu que:
horário das09:00 às 17:00 horas, sendo esse horário controlado Acolho parcialmente a pretensão para determinar às empresas
pelo supervisor da terceirizada REMAKE, além dos gerentes do BANCO BRADESCO S.A., BRADESCO SAÚDE S/A, BRADESCO
Banco; que há subordinação com todos os gerentes do Banco, SEGUROS S/A e BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S.A que se
devendo dar a eles satisfação do horário e das vendas do seguro; abstenham de contratar empregados para a prestação de serviços
que há uma meta estipulada pela direção do banco de vendas de diretos e subordinados por intermédio de qualquer empresa criada
seguro, que é cobrada do gerente da agência; que não tem férias, ou utilizada para tal fim, ou de qualquer outra prestadora de serviço
realizadas dentro da agência; que é pago por crédito em conta Para que não pairem dúvidas, a vedação diz respeito à contração
mensalmente,se conseguir alguma venda; que não há nenhuma de empregados, tal como conceituado no art. 3º da CLT, impondo-
forma de recibo; que as terceirizadas não dão recibo de pagamento, se multa diária de R$1.000,00 por dia e por empregado encontrado
nem mesmo para declaração de imposto de renda; que há também em situação ilegal.
nas agências, além dos corretores de seguro, aqueles que vendem (...)
Previdência Privada; que quanto a estes, são criadas empresas no Defiro parcialmente a antecipação do provimento final para
nome do corretor para eles trabalharem nas agências, subordinados determinar às empresas BANCO BRADESCO S.A., BRADESCO
à Bradesco Previdência; que quem chega atrasado, quanto ao SAÚDE S/A, BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO VIDA E
de qualquer empresa criada ou utilizada para tal fim, ou de qualquer "CORRETOR DE SEGUROS. NEGATIVA DE VÍNCULO
outra prestadora de serviço ou corretora para tal fim, ou de qualquer EMPREGATÍCIO. ALEGAÇÃO DE PRESTAÇÃO AUTÔNOMA DE
prestadora de serviço ou corretora, aplicando-se a multa diária SERVIÇOS. ÔNUS DA EMPRESA. Uma vez admitida a prestação
referida acima caso descumprida a decisão (folhas 1542/1543). de serviços, é do reclamado o ônus de provar que o autor para si
Na decisão de embargos de declaração esclareceu que: laborava na condição de autônomo, pois fato impeditivo do alegado,
(...) a teor do art. 333, inciso II, do CPC, do qual não se desvencilhou a
O cumprimento da tutela antecipada não traz qualquer dificuldade. contento. Nítida e ostensiva a fraude ao contrato de emprego
As reclamadas devem se abster de contratar empregado usando perpetrada pelas reclamadas. O reconhecimento do vínculo com a
subterfúgios para mascarar a relação de emprego sob pena de Bradesco Vida e Previdência se impõe, à luz do art. 9º da CLT e
multa diária, como está claro na sentença. A situação dos que já com respaldo no princípio da primazia da realidade do contrato de
irá verificar se a determinação foi cumprida, porém se provado o No mérito, a recorrente aduz concorrerem em prol da tese da
descumprimento dessa determinação a multa será aplicada, como existência de vínculo empregatício entre si e as reclamadas todos
ocorre em qualquer obrigação de fazer com cominação de multa os requisitos fático-jurídicos que caracterizam a relação de
ACORDAM os Desembargadores que compõem a 6ª Turma do integram o mesmo grupo econômico. Portanto, de acordo com o
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, artigo 2º, §2º, da CLT, são solidariamente responsáveis pelo
CONHECER do agravo de petição e, no mérito, DAR-LHE adimplemento dos créditos porventura deferidos.
PROVIMENTO para determinar o prosseguimento da execução A reclamante alega que foi contratada pela segunda reclamado, ou
provisória, nos termos do voto da Exma. Desembargadora do seja, pelo Bradesco Vida e Previdência, em abril de 1996, como
Trabalho Relatora." (ACP 0142400-69.2003.5.01.0037 - TRT DA 1ª corretora de seguros de rede, para vender produtos do Bradesco
Desse modo, evidente o vínculo empregatício entre as partes, Bradesco Cartões, atuando sempre dentro das agências do Banco
Banco Bradesco S/A, enquadrada na categoria dos bancários, Bradesco S/A. Afirma que era empregada, pois estava diretamente
sendo devidas as verbas trabalhistas que lhe são correlatas." subordinada aos prepostos do Banco Bradesco, Bradesco Vida e
Restou evidenciado da prova oral colhida nos autos, consoante Previdência e Bradesco Seguros.
excertos transcritos acima, que a autora laborava no interior da Restou como fato incontroverso que a prestação dos serviços se
agência bancária, atendia clientes e comercializava produtos da dava de maneira onerosa. A testemunha ouvida a rogo da
instituição bancária. reclamante afirmou que esta cumpria jornada de trabalho fixa,
Desse modo, sobressaiu evidente não só a ausência de autonomia, comparecendo diariamente na agência bancária; e que ela
mas sua condição de bancária. reportava-se ao gerente da agência quando havia atrasos ou faltas
Omissão não configurada. Embargos improvidos. ao serviço, o que evidencia a pessoalidade e não-eventualidade na
I.2.2. DA OMISSÃO VOTO VENCIDO DA RELATORA prestação dos serviços. Ainda segundo a prova oral, a autora tinha
Noutro ponto, a parte reclamada alega omissão acerca da ausência que cumprir metas, sendo convocada para participar de todas as
de juntada do voto vencido da então Relatora do processo. reuniões destinadas aos funcionários da primeira reclamada, além
De fato, divisa-se a falta de juntada do voto vencido da aos gerentes da reclamada. Essas circunstâncias deixam claro que
Desembargadora FERNANDA MARIA UCHOA DE as atividades não eram exercidas com autonomia, mas de maneira
Segue, desse modo, o referido voto, na parte em que vencido, "in prestava serviços por meio de pessoa jurídica e que tem inscrição
na SUSEP desde julho de 1996. Entretanto, o preposto do Bradesco artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade econômica
Vida e Previdência disse que, que não existe diferença prática nas desenvolvida pelo empregador considerado na acepção restrita do
funções exercidas pelo corretor pessoa física e pessoa jurídica. termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência não é banco,
Essa é justamente a situação da reclamante, pois esta autora mas uma seguradora, impossível o enquadramento sindical da
prestava serviços ao Bradesco Previdência e Seguros S/A desde autora na categoria dos bancários. Em face do exposto, julgo
abril de 1996, mas somente constituiu sua empresa em julho improcedente o pedido de enquadramento da reclamante como
daquele ano. Assim, está claro que a empresa utilizou-se da prática bancária e, por consequência, os pedidos de quitação das parcelas
nefasta da pejotização, fraudando a relação de emprego, razão pela estipuladas nas convenções coletivas da referida categoria, quais
qual a condição de pessoa jurídica deve ser afastada, com base no sejam: reajuste salarial; piso da categoria; salário após 90 dias da
artigo 9º da CLT. Em face do exposto, estão presentes os requisitos admissão; aviso prévio proporcional previsto na cláusula 50ª da
necessários para a caracterização da relação empregatícia entre as CCT de 2016/2018; participação nos lucros, inclusive diferenças
partes, nos termos do artigo 3º da CLT. pela integração do 13º salário e das horas extras; vale-cultura; multa
Não ignoro que o artigo 17 da Lei nº. 4.594/1964 proíbe o vínculo de prevista na cláusula 52ª da convenção de 2016/2018, por atraso na
emprego entre o corretor e a empresa de seguros. Contudo, essa homologação da rescisão; multa por descumprimento das
vedação refere-se à hipótese do verdadeiro corretor de seguro, convenções; ressarcimento das despesas com cursos de
autônomo, que exerce sua atividade de forma livre e para diversas qualificação e ou requalificação profissional; auxílio-refeição; auxílio
empresas e sem pessoalidade. O comando tem por objetivo cesta alimentação; auxílio creche e babá; 13ª cesta alimentação e
modo a possibilitar a independência funcional daqueles. Assim, o Consoante asseverado, não obstante o grupo econômico figure
dispositivo sob comento não pode servir de fundamento para como empregador único, o enquadramento sindical, conforme
camuflar verdadeira relação de emprego, principalmente dispõe o artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade
considerando que o Direito do Trabalho norteia-se pelo princípio da econômica desenvolvida pelo empregador considerado na acepção
Primazia da Realidade. Prevalece o contrato-realidade em face do restrita do termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência, que
Considerando o exposto, declaro que a reclamante foi empregada autora pertence à categoria dos securitários. Dessarte, faz jus aos
do grupo reclamado, desde 01.04.1996, percebendo salário no valor benefícios previstos nas convenções coletivas da categoria.
de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta reais). Assim, Considerando que a tese da defesa é a de que as parcelas não são
considero que houve demissão imotivada em 14.10.2017, em devidas porque inexistia vínculo de emprego, o que já restou
consonância com a inicial. Portanto, condeno o reclamado Bradesco superado, concluo que não houve o adimplemento. Assim, condeno
Vida e Previdência, que foi a empresa que, de acordo com a inicial, os reclamados ao pagamento das seguintes verbas, nos limites dos
formalmente contratou a reclamante, como já exposto, a anotar, na pedidos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, 2013,
CTPS da autora, que esta foi admitida em 01.04.1996, para exercer 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula 12ª
a função de corretora, com salário mensal de R$ 5.350,00, e das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale-transporte
demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, observada a (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017);
projeção do aviso prévio de 90 dias. indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); multa por
Como já exposto, a reclamante foi admitida pela reclamada descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012,
Bradesco Vida e Previdência. Não é possível reconhecer a 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017) e participação nos lucros de 2012,
existência de vínculo empregatício apenas com o Banco Bradesco 2013 , 2014, 2015, 2016 e 2017. O auxílio-refeição possui natureza
S/A, haja vista que, sendo os reclamados integrantes de um mesmo indenizatória, conforme o §6º, da cláusula 11ª, das convenções
grupo econômico, este é o empregador único, pois não há prova de coletivas do período não prescrito. Julgo improcedentes, porém, os
terem sido firmados contratos de trabalho simultâneos com cada pedidos de reajuste salarial e de remuneração mista, pois a autora
uma das empresas do grupo. Nesse sentido dispõe a súmula nº. recebia apenas por comissões, de acordo com a petição inicial.
129 do TST. Assim, como houve apenas um contrato, cabe ao real Julgo improcedente, outrossim, o ressarcimento de despesas com
empregador, no caso o Bradesco Vida e Previdência anotar a requalificação profissional, pois nos termos da cláusula 16ª da
CTPS. Ressalto ainda que embora o grupo econômico figure como convenção coletiva de 2017, só seria devido se o estabelecimento
empregador único, o enquadramento sindical, conforme dispõe o do empregador houvesse fechado, encerrado suas atividades. Julgo
improcedente o pedido de assistência médica hospitalar (plano de independentemente do produto e da continuidade dos pagamentos
saúde), uma vez que, nos termos da cláusula 22ª da CCT de 2017, posteriores. O grupo empregador, em sua defesa, não negou os
os empregadores somente ficavam obrigados a arcar com os planos fatos descritos na inicial, razão pela qual os tenho como verídicos.
de saúde até 90 dias após a demissão dos funcionários que Afirmou apenas que nem a lei e nem as normas coletivas definem
contavam com mais de 10 anos de serviço, período já expirado. os critérios de pagamento das comissões, bem com que não cabe
Quanto ao aviso prévio indenizado, não está previsto na convenção ao Poder Judiciário adentrar em assuntos dessa natureza. Ocorre
coletiva de 2017, ano da rescisão. A cláusula 33ª apenas dispensa que, de acordo com o artigo 466, caput, da CLT, o pagamento das
os empregados demitidos, ou que pedissem demissão, de qualquer comissões é exigível após ultimada a transação, ou seja, quando
ônus do aviso, bem como exonera as empresas do pagamento dos ocorre a aceitação, pela empresa, com o fechamento do negócio
dias não trabalhados, nos casos de obtenção de novo emprego. intermediado pelo vendedor. Acrescento que, nos termos do artigo
Julgo improcedentes, por fim, "todos os [demais] direitos legais e 2º da CLT, cabe à empregadora o risco da atividade econômica,
normativos da categoria dos securitários", pois não foram não podendo atribuir à empregada o encargo por toda intercorrência
A reclamante pleiteia que lhe sejam assegurados os "direitos legais poderiam deixar de pagar as comissões por conta da inadimplência
e normativos" dos empregados do primeiro e segundo reclamados. dos clientes, ou do cancelamento posterior do plano vendido, bem
Ocorre que não especificou quais seriam esses direitos. Além disso, como não poderiam retê-las por seis meses em casos de troca de
ao fundamentar seu pedido no artigo 460 da CLT, deixou claro que produtos, inadimplência ou cancelamento de apólices pelos clientes.
pretende equiparação salarial, mas não indicou paradigma e nem Tampouco poderiam deixar de pagar as comissões após a quitação
apresentou qualquer diferença remuneratória. Portanto, julgo a da 60ª parcela pelo cliente. Além disso, a redução dos percentuais e
A reclamante narra ter constituído sua pessoa jurídica em 1996, planos de previdência privada e cartões de crédito implicaram
como já exposto. Portanto, todas as despesas necessárias para a alterações contratuais lesivas, o que é vedado pelo artigo 468 da
constituição da empresa, especialmente o alegado gasto inicial de CLT. Isso posto, condeno os reclamados ao pagamento, nos limites
R$1.800,00, estão há muito inequivocamente abrangidas pela dos pedidos, das comissões não recebidas, no valor de R$ 500,00
prescrição. Sob outro enfoque, não há provas de que, na época não por mês, inclusive as referentes ao "código reservado", estas na
prescrita, a reclamante tenha alterado a constituição, modelo, forma importância mensal de R$ 300,00 mensais (totalizando R$ 800,00),
de atuação, estrutura e funcionamento da empresa. As ditas valores que reputo corretos porque não foram impugnados
modificações sequer foram especificadas. Igualmente não restaram especificamente. Condeno-os também ao adimplemento, nos limites
provados os gastos com cartão de visita, nem com o contador, dos pedidos, das comissões decorrentes das vendas, a partir de
tampouco os débitos para com a Receita Federal. Portanto, julgo novembro de 2016, de consórcios e planos de previdência privada.
improcedente o pedido. Defiro ainda as diferenças entre as comissões pagas e as que são
Sucessivamente, alega a reclamante que, quando havia devidas com base nos percentuais em vigor no dia 14/10/2012,
inadimplência dos clientes ou cancelamento posterior do plano quando começou o período não prescrito. Condeno os reclamados
vendido, o empregador retinha a comissão devida, parcial ou até a restituírem as comissões devidas à reclamante após a quitação,
integralmente. Afirma também que se os clientes trocassem o pelos clientes, da 60ª parcela dos produtos adquiridos. Dada a
produto, ficassem inadimplentes ou cancelassem suas apólices, os natureza salarial das comissões, defiro seus reflexos sobre 13º
corretores ficavam impossibilitados, por seis meses, de receberem salário, FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional,
as comissões. Essa restrição era chamada de "código reservado". adicional de horas extras (como será explicitado no tópico seguinte)
Informa ainda que, a partir de novembro de 2016, os reclamados, e repouso semanal remunerado. Este não inclui o sábado, que é dia
injustificadamente, deixaram de pagar as comissões pelas vendas útil não trabalhado, conforme aplicação analógica da súmula nº. 113
de consórcios, planos de previdência privada e, posteriormente, de do TST, e nem feriados, pois estes não ocorrem semanalmente e
cartões de crédito. Aduz que ao longo do contrato de trabalho, os nem estão atrelados ao cumprimento de determinado número de
percentuais de comissões de todos os produtos foram sendo dias ou horas trabalhadas por semana. Julgo improcedentes,
reduzidos e que os reclamados adotavam, como prática, o confisco outrossim, também os reflexos sobre as "demais verbas contratuais
das comissões após a 60ª parcela quitada pelo cliente, e legais", pois não foram especificadas.
A reclamante afirmou, depoimento pessoal, que trabalhava das expediente de trabalho com os afazeres domésticos. Acrescento
08h00min às 18h00min, com 30 minutos de intervalo, de segunda a que o fato de o Supremo Tribunal Federal ter anulado o julgamento
sexta-feira. Considero verdadeira a jornada narrada em audiência, do RE nº. 658.312/SC, no qual havia sido reconhecida a
uma vez que os reclamados não apresentaram os cartões de ponto. compatibilidade do artigo 384 da CLT com a Constituição Federal,
Tampouco foi apresentada outra prova do horário de trabalho da não implica óbice ao deferimento do pleito porque não foi firmada
autora. Acrescento que esta trabalhava predominantemente de tese contrária, estando o processo pendente de julgamento.
maneira interna, nas agências do Banco Bradesco, como admitido Portanto, é compatível com a Constituição Federal. Como o
pelo preposto deste. Portanto, a reclamante prestava 1h30min extra intervalo sob comento é medida de higiene, saúde e segurança da
por dia de trabalho, uma vez que, sendo securitária e, não, trabalhadora, assim como os intervalos intrajornada previstos no
bancária, estava sujeita à jornada de oito horas diárias e 44 artigo 71 da CLT, deve receber o mesmo tratamento jurídico. Assim,
semanais. Como o salário da empregada era composto o descumprimento do artigo 384 consolidado implica afronta ao
exclusivamente por comissões, tem-se que estas continuaram artigo 7º, XXII, da Constituição Federal e, não, mera infração
sendo pagas durante a sobrejornada. Assim, resta devido apenas o administrativa. Com fulcro na aplicação analógica do artigo 71, §4º,
adicional de 50%. Nesse sentido, inclusive, dispõe a súmula nº. 340 da CLT e tendo em vista que todo o período de vínculo é anterior à
do TST. Em face do exposto e não havendo sequer alegação de Lei nº. 13.467/2017, que revogou o dispositivo sob análise, condeno
que tenha havido a quitação, condeno os reclamados ao pagamento o reclamado ao pagamento, com adicional de 50%, do intervalo de
do adicional de 50% sobre a 1h30min extra por dia de trabalho. 15 minutos por dia de trabalho em que foram prestadas horas
Condeno-os também ao pagamento, nos limites do pedido, de uma extras. Como a parcela deferida tinha natureza salarial, defiro seus
hora de intervalo intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do reflexos sobre os descansos semanais remunerados, 13º salários,
adicional de 50%. Não se aplica ao intervalo o entendimento férias acrescidas do terço constitucional; aviso prévio e FGTS+40%.
firmado na súmula nº. 340 do TST, pois a pausa para alimentação e Indefiro, porém, os reflexos sobre abonos e gratificações
repouso não é computada na duração do trabalho. Dada a natureza semestrais, uma vez que a autora recebia apenas comissões.
salarial do adicional de horas extras e dos intervalos, defiro seus Indefiro os reflexos sobre as horas extras, pois foi deferido apenas o
reflexos sobre repouso semanal remunerado (o qual não inclui o adicional de 50%, o qual tem por base de cálculo a média das
FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, 13º salário e Passando à apreciação do pedido de verbas rescisórias, tenho,
aviso prévio. Indefiro os reflexos sobre as "demais verbas como já exposto, que a reclamante foi admitida em 01.04.1996,
remuneratórias", pois não foram especificadas. Indefiro a integração para exercer a função de corretora, com salário mensal de R$
das horas extras no cômputo de eventuais gratificações, pois a 5.350,00, e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018,
autora recebia apenas por comissões. Os reflexos do repouso observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Isso posto e tendo
semanal, majorado pela integração das horas extras deferidas, não em vista que a tese da defesa, de que não havia vínculo de
repercutem no cálculo das demais parcelas salariais, sob pena de emprego, restou superada, condeno os reclamados ao pagamento
pagamento em dobro. Nesse sentido, inclusive, dispõe a OJ nº 394 das seguintes parcelas, nos limites dos pedidos: aviso prévio
da SBDI-1 do TST. Quanto ao divisor, deve ser aplicado o de 220, indenizado de 90 dias; 13º salários integrais de 2012, 2013, 2014,
já que a reclamante estava sujeita à jornada de oito horas diárias. 2015, 2016, 2017; férias em dobro dos períodos aquisitivos de
Ainda apreciando o tópico da jornada de trabalho,a reclamante 2011/2012, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016 e
alega que não lhe era concedido o intervalo previsto no artigo 384 simples de 2016/2017 e proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas
da CLT. Os reclamados, em defesa conjunta, afirmam que o citado acrescidas do terço constitucional; FGTS+40% de todo o período de
dispositivo consolidado não foi recepcionado pela Constituição vínculo e indenização substitutiva do seguro-desemprego.
Federal de 1988. Subsidiariamente, defendem que o seu Passo à análise do pedido de compensação por danos morais e
descumprimento implica mera infração administrativa. Isso posto, materiais formulados pela recorrente.
esclareço que o artigo 384 da CLT determina a concessão de um Alega a reclamante que era obrigada a cumprir metas acima das
intervalo de 15 minutos antes do início da jornada extraordinária da condições normais, sendo cobrada pessoalmente ou por e-mail.
mulher. Trata-se de medida de proteção da trabalhadora e justifica- Afirma também que, caso não atingisse as metas, era tachada, nas
se pelas desigualdades fisiológicas existentes entre os sexos, bem reuniões ou em áudio conferências, de incompetente e incapaz,
como pelo fato de tradicionalmente as empregadas acumularem o bem como tinha seu nome inserido no mural dos piores vendedores.
Aduz que era coagida a patrocinar festas para a agência e a dar sido estipulados exclusivamente entre a reclamante e seus
brindes e prêmios para os gerentes. Informa que era obrigada a procuradores, não estando inseridos, portanto, nos ônus
participar de grupo no aplicativo de mensagens instantâneas processuais do empregador. O contrato de honorários somente
"Whatsapp", no qual recebia críticas, cobranças e ameaças a produz efeitos entre as partes contratantes, não podendo ser oposto
qualquer hora do dia e da noite, por parte dos prepostos dos aos reclamados. Ademais, a contratação decorreu da vontade
reclamados. Dentre os e-mails e mensagens de "Whatsapp" exclusiva da reclamante, não havendo dano a ser indenizado. Sob
juntados aos autos, deveras há diversas cobranças; mas estas, outro enfoque, não vislumbro qualquer despesa da reclamante com
porém, não são direcionadas especificamente à reclamante, senão o processo, tais como indenização de viagem, remuneração de
a conjunto de trabalhadores da reclamada. Acrescento não haver assistente técnico ou diária de testemunha. As custas serão pagas
prova de ofensas nas reuniões e áudio conferências, nem de que a ao final pelos reclamados, vencidos parcialmente. Portanto, julgo
autora fosse coagida a patrocinar festas e nem de que tivesse seu improcedente o pedido.
nome incluído no mural dos piores vendedores. As testemunhas, de Julgo igualmente improcedente o pedido de aplicação às
seu turno, nada esclareceram acerca do suposto o assédio descrito reclamadas da multa prevista no artigo 467 da CLT, pois todas as
na inicial. Portanto, julgo improcedente o pedido. parcelas requeridas restaram controvertidas. Por outro lado, tendo
Quanto ao pedido de compensação de danos morais decorrentes em vista o inadimplemento, até a presente data, das parcelas
de ausência de assinatura da CTPS da reclamante, julgo-o rescisórias, sem que a mora tenha decorrido de culpa da
improcedente pois não há prova de que a reclamante tenha sofrido reclamante, julgo procedente o pedido de condenação das
qualquer prejuízo por conta da falta de assinatura da CTPS, reclamadas na multa do artigo 477, §8º, da CLT, nos limites do
omissão, que, por si só, não implica ofensa a quaisquer dos direitos pedido.
Adiante, alega a reclamante que nunca lhe foi disponibilizado, nem reformando a sentença, julgar parcialmente procedente a a presente
a seus dependentes, os planos de saúde e odontológico da reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados
empresa. Os reclamados afirmam que a autora não fazia jus aos BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A,
benefícios porque era corretora autônoma, tese, porém, já BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA
superada. Assim, considero verdadeiro que o empregador DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA
disponibilizava planos de saúde e odontológico aos seus CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito
funcionários e dependentes, mas que a reclamante foi excluída por em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às
ser tratada como prestadora de serviços autônoma, o que não seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição
condizia com a realidade. Portanto, condeno os reclamados ao reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos
pagamento, nos limites do pedido, de indenização equivalente às mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012,
despesas com saúde, inclusive odontológicas, da reclamante, seu 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula
marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena Moura e Emanuelly 12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale-
Nobre Macena Moura), durante o período não prescrito. transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016
Prosseguindo, a recorrente postulou o pagamento de indenização e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017);
pela ausência de concessão de licença maternidade em seu prol, multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs
por ocasião do nascimento de sua segunda filha nos idos de 2013. de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros
As reclamadas contestaram o pedido em questão unicamente de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas,
alegando que a reclamante não era empregada da empresa, tese no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código
que, como visto, restou superada acima. Nesse contexto, julgo o reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais;
pedido em referência procedente, condenando as reclamadas a comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016,
pagarem à reclamante indenização pela não concessão da licença de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as
rogada, no valor correspondente a seis vezes a remuneração comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais
mensal devida à reclamante no mês de abril de 2013. em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à
Quanto ao pedido de ressarcimento de honorários advocatícios reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos
contratuais e demais despesas do processo, este não merece produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário,
prosperar, pois se trata de relação alheia aos reclamados, tendo FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de
horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50% pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o
sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00.
intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%; Voto por conhecer do recurso ordinário, para, no mérito, dar-lhe
reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso parcial provimento; julgando parcialmente procedente a a presente
semanal remunerado, FGTS+40%, férias acrescidas do terço reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados
constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A,
dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA
adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA
remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional, CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito
aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às
salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição
dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013, reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos
2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012,
proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula
constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo; 12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale-
indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016
equivalente às despesas com saúde, inclusive odontológicas, da e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017);
reclamante, seu marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs
Moura e Emanuelly Nobre Macena Moura), durante o período não de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros
prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas,
maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código
a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais;
2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016,
Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as
foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora, comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais
com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à
reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos
observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário,
reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de
de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50%
reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º, sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo
da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%;
aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso
25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal semanal remunerado, FGTS+40%, férias acrescidas do terço
no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum, constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por
manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o
poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data. adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais
Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional,
devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º
serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em
pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013,
e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e
descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço
os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo;
horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização
parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas equivalente às despesas com saúde, inclusive odontológicas, da
Moura e Emanuelly Nobre Macena Moura), durante o período não Sem razão a parte reclamante, ora embargante, por quanto o
prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença trabalhador teve seu contrato estendido até 12/01/2018 por força do
maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes aviso prévio indenizado, sendo que as normas coletivas então
a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de vigentes devem ser aplicadas, quando devidas, até a cessação do
2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado pacto laboral.
Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta E o acórdão não rezou o contrário, uma vez que não limitou o
foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora, pagamento das verbas convencionais até 2017. Consignou, tão
com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta somente, que aplicar-se-iam as normas celebradas até 2017,
reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, mesmo pelo fato que o contrato de trabalho tem sua rescisão
observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a durante a primeira quinzena de janeiro de 2018. Confira-se:
reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros "ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA
de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente TERCEIRA TURMA DE JULGAMENTO DO TRIBUNAL REGIONAL
reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º, DO TRABALHO DA SÉTIMA REGIÃO por unanimidade, conhecer
da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a do recurso e, no mérito, por maioria dar-lhe parcial provimento para
aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até reconhecer o vínculo de emprego entre a reclamante e o primeiro
25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal reclamado, Banco Bradesco S.A., e condenar solidariamente os
no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum, reclamados BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E
manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de PREVIDÊNCIA S/A, BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO
poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data. ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à
Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é reclamante, MARIA CLEONICE NOBRE MACENA, após o trânsito
devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às
serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição
pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias reconhecida na sentença e deduzida a importância já quitada
e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o quanto aos mesmos títulos: i) auxílio-refeição (cláusula 11ª das
descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); ii) auxílio cesta
os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das alimentação (cláusula 12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015,
horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais 2016 e 2017); iii) vale-transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012,
parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); iv) indenização adicional (cláusula
pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o 30ª da CCT de 2017); v) multa por descumprimento das
valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00." convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015,
Embargos providos, neste ponto. 2016 e 2017); vi) participação nos lucros de 2012, 2013, 2014,
Uma vez preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de verbas previstas nas CCTS firmadas até o ano de 2017 e não que
admissibilidade, merecem conhecimento os embargos de seus efeitos financeiros se dariam até 2017. Ou seja, nada se
declaração da parte reclamante. consignou que os direitos ali previstos não deveriam ser
II.2. DO MÉRITO DOS EMBARGOS considerados até o final do pacto laboral, em 12/01/2018.
I.2.1. DA OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. CONSIDERAÇÃO DO De todo modo, importa destacar que a Convenção Coletiva de
PERÍODO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO Trabalho firmada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores
A parte autora afirma que o acórdão reconheceu o vínculo vinculo do Ramo Financeiro e acostada ao ID. c5c2a8f - Pág. 2 consigna
de emprego, entre a Reclamante e a Primeira Reclamada, no vigência de 2 anos, de 1º de setembro de 2016 a 31 de agosto de
período de 01/04/1996 a 12/01/2018 (termo final já com a projeção 2018, pelo que aplicável ao pacto laboral até seu encerramento.
do aviso prévio proporcional), mas só deferiu verbas normativas no Embargos acolhidos tão somente para prestar esclarecimentos.
período de 2012 a 2017, em descompasso com o art. 487, §1º, da I.2.2. DA OMISSÃO. OUTRAS VERBAS PREVISTAS EM CCT
em CCT, requeridas na inicial e não relacionadas no acórdão. Omissão sanada, sem efeito infringente.
De fato, o acórdão findou omisso, vez que se mostram devidas as HORAS EXTRAS
demais verbas convencionais devidas ao bancário, durante o Em verdade, na fundamentação do acórdão constou o divisor de
período imprescrito, observada a vigência da CCT e quando fizer 220, enquanto que no dispositivo consignou-se o divisor de 180,
jus a trabalhadora, as parcelas: 13ª Cesta Alimentação, Auxílio- razão pela qual resta evidente a contradição.
Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale Cultura e Folga No caso, reconhecida a condição de bancária da reclamante, deve-
Assiduidade, nos termos do pedido inicial. se aplicar o divisor de 180 (cento e oitenta).
Igualmente, uma vez reconhecido o vínculo com a instituição Embargos providos neste ponto.
financeira e seu enquadramento como bancária, a reclamante faz I.2.6. DA OMISSÃO. MÉDIA DE COMISSÕES. INTEGRAÇÃO
jus ao Piso da Categoria, previsto nas CCTs acostadas aos autos, A embargante suscita omissão acerca da integração das comissões
nos períodos em que se observar que seu salário findou inferior no salário, para fins de reflexos.
Embargos providos, neste capítulo. Com efeito, uma vez reconhecida a redução salarial da autora, em
I.2.3. DA OMISSÃO. DIFERENÇAS DE COMISSÕES razão da diminuição do percentual das comissões, resta claro que
Em seus embargos, a parte autora aduz que não restou apreciado seus valores, uma vez apurados, devem integrar a remuneração da
pelo acórdão a questão da redução das comissões pagas durante o bancária para todos os fins.
Na vestibular a parte alegou que houve redução do percentual do Há alegação de omissão acerca dos pedidos de multa da Cláusula
seu comissionamento, que era de 100% da primeira contribuição 55ª da CCT 2016-2016 e esclarecimento acerca da multa prevista
paga pelo cliente, 30% da segunda, 20% da terceira e 10% da na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018.
quarta. Em seu apelo ordinário a parte reforçou referido pedido. Acerca da multa normativa, o acórdão consignou o seguinte:
A questão, de fato, restou omissa no julgamento impugnado, a "Em razão do reconhecimento do vínculo empregatícios, restam
exigir seu saneamento. devidos à reclamante: [...] multa por descumprimento das
Tem-se, de fato, por verossímil as alegações da trabalhadora, de convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015,
que houve redução no percentual de suas comissões, alteração 2016 e 2017); [...]." (destacamos)
Embargos providos, neste ponto, para incluir na condenação o Na inicial a parte requereu multas previstas na Cláusula 52ª e 55ª
pagamento das diferenças salariais referentes à redução unilateral da CCT 2016-2018 da categoria dos bancários.
das comissões dos produtos comercializados, durante o período Todavia, o julgado deixou de se manifestar acerca da multa
imprescrito, com sua integração ao salário para todos os efeitos disposta na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, bem como não
legais, em especial, reflexos para o pagamento das diferenças de prestou maiores esclarecimentos acerca do cumprimento da
horas extras, 13º salários, férias + 1/3, aviso, FGTS + 40% e demais penalidade imposta na Cláusula 52ª da mesma convenção.
verbas rescisórias, contratuais, legais e convencionais de natureza Passa-se ao saneamento do vício constatado.
I.2.4. DA OMISSÃO. DAS DESPESAS PARA CONSTITUIÇÃO DE "G. Da Multa Prevista na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018 - Prazo
dano material quanto às despesas para criação da pessoa jurídica O reclamado deixou de cumprir diversas cláusulas das convenções
utilizada para prestação de serviços à parte reclamada. coletivas da categoria consoante supre fundamentado. Diante disso,
Com efeito, a parte reclamante não demonstrou documentalmente rescisórias, resultando, portanto, em atraso do pagamento pelo
as despesas que alega haver efetuado. Ademais, como a relação reclamado, motivo pelo qual, se entende devido o pagamento da
entre as partes iniciou-se em 1996, divisa-se a prescrição referente multa prevista na cláusula 52ª, parágrafo primeiro da CCT 2016-
primeiro da cláusula 52ª da CCT 2016/2018, que trata do 'PRAZO Parágrafo Único
PARA HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL', no valor Em 1º.09.2017 o valor previsto nesta cláusula será reajustado pelo
da remuneração total da obreira (comissionista mista), até a data do INPC/IBGE acumulado de setembro de 2016 a agosto de 2017
efetivo pagamento das verbas rescisórias pelas Reclamadas e sem acrescido de aumento real de 1% (um por cento)." (destacamos)
limitação de valores, requerendo que a data da resilição contratual - Multa da Cláusula 55ª da CCT 2016-2018
seja a data da propositura da ação, quando as Reclamadas terão Frente ao reconhecimento do vínculo de emprego e enquadramento
ciência de demanda ajuizada contra elas ou do último dia da da autora como bancária, impõe-se o deferimento da multa prevista
prestação de serviço, em face da postura de despedimento sumário na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, no valor de R$ 35,29 (trinta e
após a ciência do fato, conforme se asseverou no item 'IV' da cinco reais e vinte e nove centavos), corrigida pelo INPC/IBGE a
H. Da Multa Normativa (cláusula 55ª da CCT 2016-2018) - (norma - Multa da Cláusula 52ª da CCT 2016-2018
O reclamado descumpriu diversas cláusulas das convenções condenação consignada no acórdão impugnado, porquanto se
coletivas dos bancários, pugna a Reclamante pela condenação do refere tão somente à CCT 2016-2018, uma vez que diz respeito ao
reclamado da multa normativa, nos termos e valores ali descritos. prazo para homologação da rescisão contratual, que ocorreu uma
Diante dos fundamentos expostos, requer a Reclamante: impõe-se o deferimento do pagamento da multa prevista na
z) Pagamento das multas previstas nas cláusulas 52ª (prazo para Cláusula 52ª da CCT de 2016-2018, equivalente à última
CCT, por descumprimento das normas coletivas dos bancários, nos I.2.8. DA OMISSÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE
Referidas cláusula convencionais assim dispõem: referência às decisões do STF no bojo das ADCs 58 e 59, restando
"Cláusula 52 - PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO omisso acerca dos efetivos parâmetros de correção monetária e
competente, para a homologação da rescisão contratual dos De fato, a correção monetária é questão de ordem pública e de
empregados e pagamento das parcelas decorrentes, até o primeiro direito econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação
dia útil imediato ao término do contrato, ou dentro de dez dias independente, inclusive, de pedido das partes.
contados da data da notificação da demissão, quando da ausência De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos
de aviso prévio, de sua indenização ou da dispensa do seu um fator de correção monetária adequado, especialmente para
cumprimento. Fica ressalvada a hipótese de abandono de emprego. créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda
Se excedido o prazo, o banco, até sua apresentação para variação das taxas de juros apuradas nas operações de
homologação, pagará ao ex-empregado importância igual a que empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos
este receberia se vigorasse o contrato de trabalho. federais como garantia. Mas a distorção exsurgiu ainda mais
[...] gritante; ao assim decidir, alcançando o art. 883 da CLT (que nunca
Cláusula 55 - MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA CONVENÇÃO esteve em causa), a decisão afastou a incidência dos juros de mora
Se violada qualquer cláusula desta Convenção, ficará o infrator desse modo, tornou o crédito trabalhista um dos mais "baratos" do
obrigado a pagar a multa no valor de R$ 35,29 (trinta e cinco reais mercado (conquanto essencialmente alimentar), favorecendo
e vinte e nove centavos), a favor do empregado, que será devida , sensivelmente a posição jurídica do devedor trabalhista. Os
por ação, quando da execução da decisão judicial que tenha números bem o demonstram: para 2010, p. ex., a Selic acumulada
totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta
IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode
acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a -se assentar que, para os casos em que a disputa da correção
12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister:
com juros (1%) chega a 15,86%. (i) determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação
Nada obstante, a partir de dezembro de 2020, "decisum habemus": (exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de
dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo então (inclusive), como entendeu o C. STF;
Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a
é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão, correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
especialmente para equacionar aspectos omissos ou dúbios do (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
principais desde logo se colocaram: citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
(a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga responder por uma indenização suplementar até esse limite,
omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
razoável, com a competente remuneração do capital? integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
(b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa os efeitos, na própria Selic); e
corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante (iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do
da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente
retroativamente), terá de haver alguma devolução? devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao
(c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência
que não se tenha adotado na sentença ou no acórdão qualquer (IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB,
índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic? art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
(d) para os casos de trânsito em julgado do capítulo relativo à abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória Insta, ademais, destacar que na ADC 58 o Ministro Gilmar Mendes
(i.e., em se tratando de coisa ainda não soberanamente julgada, bem destacou acerca da observância do disposto no Código Civil,
respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao "Embora, como dito, o STF nunca tenha declarado a
menos no interregno endoprocessual), sob a hipótese do art. 966, inconstitucionalidade da TR per se, reconheço que o entendimento
(e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos utilização da TR como índice de correção monetária. (...) Essa
em face de ente público? indevida utilização do IPCA-E pela jurisprudência do TST tornou-se
À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor confusa ao ponto de se imaginar que, diante da inaplicabilidade da
e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e TR, o uso daquele índice seria a única consequência possível. A
legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da solução da Corte Superior Trabalhista, todavia, lastreia-se em uma
CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV, indevida equiparação da natureza do crédito trabalhista com o
do CPC/2015, como ainda, "per analogiam", o próprio art. 600 da crédito assumido em face da Fazenda Pública, o qual está
CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça submetido a regime jurídico próprio da Lei 9.494/1997, com as
social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. (...) Portanto, para os
responder como segue. críticos - de que estaríamos diante de institutos jurídicos diversos e
A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na inconfundíveis (correção monetária e juros) -, respondo que o
orientação de seu público (v., p. exemplo, Direito e seu intérprete não podem fechar os olhos para a realidade,
26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente Tribunal Federal, que sempre tratou a condição inflacionária do país
para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no na análise da taxa de juros e vice-versa. (...) Sendo assim,
decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente posiciono-me pela necessidade de conferirmos interpretação
monetária aos padrões de mercado e, quanto aos efeitos pretéritos, TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª
determinarmos a aplicação da taxa Selic, em substituição à TR e REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração
aos juros legais, para calibrar, de forma adequada, razoável e da parte reclamada e lhe dar parcial provimento para, sanando
proporcional, a consequência deste julgamento." omissão, acostar o voto vencido, nos termos da fundamentação.
Frente ao acima destacado, impõe-se suprir omissão para: (i) Conhecer dos embargos de declaração da parte reclamante e por
determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive) maioria lhes dar parcial provimento, com a concessão de efeito
e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então infringente, para, sanando omissões, contradições e prestando
de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior à a) pronunciar a prescrição quinquenal em relação ao pagamento
atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer das despesas com a constituição da pessoa jurídica utilizada para
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando- prestação de serviços ao banco empregador;
se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de b) deferir o pagamento, durante o período imprescrito, observadas
liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização as normas coletivas e sua vigência, das parcelas: 13ª Cesta
suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art. Alimentação, Auxílio-Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale
404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo Cultura e Folga Assiduidade, nos termos do pedido inicial;
-se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão c) garantir, durante o período imprescrito, o Piso da Categoria em
"embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se que se enquadra a reclamante, previsto nas normas coletivas dos
tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo bancários, nos períodos em que se observar que sua remuneração
para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e findou inferior àquele patamar mínimo;
já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito d) deferir o pagamento das diferenças salariais referentes à redução
principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e unilateral do percentual das comissões dos produtos
Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, comercializados, durante o período imprescrito, com sua integração
IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais ao salário para todos os efeitos legais, em especial, reflexos para o
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). pagamento das diferenças de horas extras, 13º salários, férias +
fins de cálculo;
CONCLUSÃO DO VOTO para fins de anotação em CTPS, deverá ser obtido a partir da média
Conhecer dos embargos de ambas as partes e dar-lhes parcial produtos comercializados, consoante item "d" deste dispositivo;
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de VOTO DE DIVERGÊNCIA PARCIAL
então (inclusive), como entendeu o C. STF; se se demonstrar, em Divirjo, EM PARTE, mas apenas, em relação ao item "i", que
à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer "se se demonstrar, em sede de liquidação de sentença, que a
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando- correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art. citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo responder por uma indenização suplementar até esse limite,
-se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
"embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e se se tratar Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo para integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e já os efeitos, na própria Selic); e se se tratar de devedor contumaz,
fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito que sabidamente se vale do processo para atrasar ou sonegar
principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de qualquer
Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito principal corrigido
IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais segundo as novas regras de regência (IPCA-E e Selic), "ex officio" e
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, IX), uma multa
Valores a serem apurados em ulterior liquidação de sentença. cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi" do art.
Mantido o valor da condenação fixado no acórdão embargado. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT)."
Participaram do julgamento os Desembargadores José Antonio É que, ao meu ver, tal decisão implica em afronta à decisão do STF,
Parente da Silva (presidente), Francisco Tarcisio Guedes Lima concedendo atualização por critérios que a decisão não pretendeu
Verde Junior e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente conceder, até afastou.
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001829-85.2017.5.07.0006
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA RECORRENTE BRADESCO ADMINISTRADORA DE
CONSORCIOS LTDA.
Relator ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
RECORRENTE BRADESCO SEGUROS S/A
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
VOTOS
RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
RECORRENTE MARIA JAQUELINE DE SOUSA VALE
ADVOGADO MARCELO FEITOSA FREITAS
MOURAO CAMPELO(OAB: 32500/CE)
ADVOGADO CARLOS HENRIQUE DA ROCHA
Voto do(a) Des(a). FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA CRUZ(OAB: 5496/CE)
ADVOGADO RAIMUNDO FEITOSA CARVALHO
VERDE JUNIOR / Gab. Des. Francisco Tarcísio Guedes Lima GOMES(OAB: 13398/CE)
Verde Junior ADVOGADO CHRISTIANNA LÚCIA GONDIM
SOARES LOPES(OAB: 5945/CE)
Intimado(s)/Citado(s):
- BANCO BRADESCO S.A.
FUNDAMENTAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
I. DOS EMBARGOS DA PARTE RECLAMADA
JUSTIÇA DO
I.1. DA ADMISSIBILIDADE
O acórdão impugnado bem discorreu acerca das razões que A parte demanda alega que o acórdão impugnado restou omisso e
conduziram ao reconhecimento do vínculo de emprego entre a obscuro acerca do enquadramento da autora como bancária.
enquadramento como bancária. Embargos improvidos, neste ponto. O acórdão findou suficientemente claro acerca do reconhecimento
OMISSÃO. JUNTADA DO VOTO VENCIDO. SANEAMENTO. do vínculo empregatício com o Banco Bradesco S/A e a inserção da
Verificada a ausência de juntada do voto vencedor, deve-se sanear trabalhadora na categoria dos bancários.
a omissão. Razões do voto vencido que passam a integrar o Primeiramente, restou evidenciado que o vínculo se deu
julgado. Transcrição. Embargos providos neste capítulo. diretamente com a instituição bancária, razão pela qual, na
PARCELAS TRABALHISTAS DEVIDAS. EFEITO INFRINGENTE. "- Do vínculo de emprego com o Banco Bradesco S/A - categoria
atacado, impõe-se o saneamento do vício. Deferimento de parcelas Primeiramente, embora o disposto na Lei nº 4.594/94 vede aos
trabalhistas. Esclarecimentos. Embargos parcialmente providos. corretores o emprego em empresa de seguros, nada obsta a
no art. 3º da CLT. Vejamos o que dispõe referido art. 17 da Lei nº corretagem, não sendo este o quadro fático delineado no acórdão
"Art . 17. É vedado aos corretores e aos prepostos: Reclamante era dentro da agência do Banco Bradesco, sob sua
a) aceitarem ou exercerem empregos de pessoa jurídica de direito subordinação. Recurso de revista conhecido e provido no aspecto.
b) serem sócios, administradores, procuradores, despachantes ou Godinho Delgado, Data de Julgamento: 18/03/2015, 3ª Turma, Data
Parágrafo único. O impedimento previsto neste artigo é extensivo Frise-se, ademais, que as vedações previstas nos arts. 17 da Lei n°
aos sócios e diretores de emprêsa de corretagem." 4.594/64 e 9º do Decreto nº 56.903/65 (vedação aos corretores de
Ora, referido dispositivo deve ser interpretado de forma sistêmica assumirem posição de empregado de empresas de seguros ou
com o art. 9ª da CLT, segundo o qual "Serão nulos de pleno direito capitalização) têm por escopo assegurar a autonomia destes
os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a profissionais frente às sociedades seguradoras, de modo a
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação". possibilitar independência funcional, mormente na defesa dos
Aplicação do princípio da primazia da realidade. Nesse sentido interesses dos clientes consumidores. Diante disso, os referidos
julgado do c. TST, "in verbis": dispositivos legais jamais poderiam ser manejados para camuflar
"[...]. 2. DADOS FÁTICOS CONSTANTES DO ACÓRDÃO verdadeira relação de emprego, uma vez que desvirtuaria até
REGIONAL DEMONSTRANDO A EXISTÊNCIA DE VÍNCULO DE mesmo o fim para o qual foram editados. Dentre os princípios que
EMPREGO. PRESENÇA DA SUBORDINAÇÃO OBJETIVA E norteiam o direito do trabalho, temos o da primazia da realidade.
SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL. CORRETORA DE SEGUROS. Segundo esse princípio, o julgador deve investigar a prática
Afastamento das noções de parassubordinação e de informalidade. concreta efetivada ao longo da prestação de serviços, independente
O Direito do Trabalho, classicamente e em sua matriz constitucional da vontade eventualmente manifestada pelas partes na respectiva
de 1988, é ramo jurídico de inclusão social e econômica, relação jurídica. A prática habitual tem o condão de alterar o
concretizador de direitos sociais e individuais fundamentais do ser contrato inicialmente pactuado, gerando direitos e obrigações novos
humano (art. 7º,CF). Volta-se a construir uma sociedade livre, justa às partes contratantes.
e solidária (art. 3º, I, CF), erradicando a pobreza e a marginalização Importa, assim, examinar a situação fática verificada nos autos, a
e reduzindo as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, IV, CF). fim de perceber se se está diante de um legítimo contrato de
Instrumento maior de valorização do trabalho e especialmente do corretagem de seguro ou de um típico contrato de emprego.
emprego (art. 1º, IV, art 170, caput e VIII, CF) e veículo mais Atinente a configuração do vínculo na categoria bancário, como é
pronunciado de garantia de segurança, bem-estar, cediço, para a caracterização do contrato de trabalho faz-se mister
desenvolvimento, igualdade e justiça às pessoas na sociedade a conjugação dos pressupostos previstos no art. 3º da CLT, quais
econômica (Preâmbulo da Constituição), o Direito do Trabalho não sejam: pessoalidade, não-eventualidade, remuneração e
parassubordinação e a informalidade. Registre-se que a Uma vez que a reclamante trabalhava na agência do banco
subordinação enfatizada pela CLT (arts. 2º e 3º) não se BRADESCO, sob ordens de seus gerentes, inegável que o vínculo
circunscreve à dimensão tradicional, subjetiva, com profundas, deve ocorrer diretamente com a instituição financeira, bem como
intensas e irreprimíveis ordens do tomador ao obreiro. Pode a reconhecida a categoria da autora como bancária, dado que
subordinação ser do tipo objetivo, em face da realização, pelo presentes os requisitos do art. 3º da CLT.
trabalhador, dos objetivos sociais da empresa. Ou pode ser Essa a conclusão que se alcança do depoimento do preposto da
simplesmente do tipo estrutural, harmonizando-se o obreiro à parte reclamada (ID. 32d1ecf - Pág. 1), "ipsis litteris":
organização, dinâmica e cultura do empreendimento que lhe capta "Depoimento pessoal do(a) preposto(a) do(a) reclamado(a) BANCO
os serviços. Presente qualquer das dimensões da subordinação BRADESCO S.A., já qualificado(a) nos autos. Às perguntas do(a)
(subjetiva, objetiva ou estrutural), considera-se configurado esse advogado(a) do(a) reclamante respondeu: que trabalha no
elemento fático-jurídico da relação de emprego. Ademais, a reclamado como gerente administrativo; que o banco fornece um
vedação contida no art. 17 da Lei 4594/64 - de que o corretor de espaço dentro da agência para os corretores trabalharem; que a
seguros seja empregado de empresa seguradora - só se legitima se última agência em que a reclamante trabalhou foi Fortaleza Centro;
resguardada a sua autonomia na condução dos negócios de que não sabe informar as demais agências trabalhadas pela
reclamante; que a reclamante fazia comercialização de produtos do depoente; que a reclamante trabalhava junto com os demais
da segunda reclamada como seguros, títulos de capitalização e funcionários da primeira reclamada, e não em ambiente separado;
previdência; que atualmente os consórcios são vendidos pelo que a reclamante utilizava login e senha do sistema da primeira
gerentes da agência; que anteriormente quem vendia os consórcios reclamada; que quando o depoente saiu havia 04 corretores na
era a segunda reclamada, por meio dos corretores; que atualmente agência, mas a agência chegou a ter 08 corretores; que os
a previdência é comercializada pelo gerente do banco; que não corretores realizavam as mesmas funções; que não havia
sabe dizer quando os consórcios e previdência passaram a ser direcionamento das ligações telefônicas da agência e a reclamante
comercializados pela primeira reclamada; que seguro prestamista é poderia atender qualquer telefonema que caísse em sua mesa; que
seguro ligado a operações de crédito; que não sabe dizer o que é o corretor, quando atendia ao telefone, identificava com o nome
seguro primeira proteção; que o seguro prestamista é oferecido pelo "Bradesco", com os demais funcionários da primeira reclamada; que
gerente da agência no momento da negociação da operação de a reclamante fazia os mesmos atendimentos que o depoente, como
crédito; que o bancário não recebe comissões pela venda dos solicitações de abertura de contas, triagem de documentos, entrega
produtos comercializados pela segunda reclamada; que a segunda de cheques devolvidos, orientação a clientes; que quando o cliente
reclamada não oferece prêmios pela venda de seus produtos a quisesse resgatar a previdência todos os funcionários da primeira
funcionários da primeira reclamada; que não sabe dizer se os reclamada, bem como a reclamante deveriam fazer o procedimento
funcionários da primeira reclamada participam das campanhas de retenção, que seria oferecer benefícios como empréstimos, para
lançadas pela segunda reclamada; que o POBJ é um programa que a pessoa não resgatasse a previdência; que a reclamante
para medir os resultados da agência; que os produtos vendidos pela utilizava crachá com o logotipo do Bradesco, sem menção ao
reclamante influenciam no resultado da agência e entram no cálculo Bradesco Vida e Previdência; que a reclamante vendia cartão de
do POBJ; que não sabe dizer se é o corretor que faz a portabilidade crédito.; que o depoente vendia os mesmos produtos e realizava as
de planos e resgate de previdência; que o Banco Central exige a mesmas funções que a reclamante; que a reclamante se reportava
certificação Anbima para os funcionários que trabalham com ao gerente e à equipe gerencial da agência; que a reclamante
investimento; que o banco não conta com linha telefonica exclusiva participava de todas as reuniões de todos os funcionários da
para os corretores; que as ligações caem na retaguarda e são primeira reclamada, sem distinção; que a reclamante tinha que
transferidas para os setores competentes; que para os corretores cumprir metas e passar planilhas diárias das metas para os
são transferidas as ligações em que a pessoa pede para falar com o gerentes; que quando foi admitido na primeira reclamada foi
corretor; que não sabe precisar quais os dias em que a reclamante obrigado a assinar o código de ética; que a reclamante não poderia
comparecia na agência; que a reclamante tinha autonomia para vender produtos de outras seguradora dentro da agência; que a
determinar seu próprio horário de trabalho. Nada mais disse." reclamante se reportava ao gerente da agência em relação a faltas
No mesmo sentido aponta a testemunha do reclamante, que estavam na agência absorviam suas atividades; que treinet são
esclareceu em seu depoimento, "in verbis": cursos fornecidos pelo banco por meio da intranet; que em tais
"Primeira testemunha da reclamante: [...]; que a reclamante fazia cursos o banco abordava assuntos sobre os produtos da segunda
serviços bancários, como venda de produtos e atendimento a reclamada; que a reclamante comercializava cartões da primeira
clientes; que a reclamante vendia previdência, cartões, consórcio, reclamada; que o depoente não conhece cartões Bradesco Vida e
seguros e outros produtos; que o depoente trabalhava de 8h às 17h, Previdência; que não havia identificação na mesa ou acima da
com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira; que a mesa da reclamante com o nome Bradesco Vida e Previdência ou
reclamante chegava no mesmo horário que o depoente, às 8h, Bradesco Seguros; que o depoente realizava atividades na agência
almoçava na copa da agência, entre 15 e 30 minutos, e quando o inteira; que no crachá de nenhum funcionário constava o nome
depoente ia embora a reclamante continuava na agência; que a "Banco Bradesco"; que o logotipo que constava no crachá era o
reclamante comparecia diariamente na agência; que a reclamante mesmo da Organização Bradesco; que no crachá da reclamante
trabalhava internamente e quando havia visitas acontecia no não constava o número de inscrição Susep; que nos últimos cinco
máximo uma vez por semana; que tinha contato visual com a anos acredita que a agência contou com telefonista apenas por um
reclamante; que quando a reclamante fazia visitas se ausentava da ano, um ano e pouco; que o código de ética que o depoente assinou
agência por trinta minutos a duas horas, que não se ausentava o dia era do Banco Bradesco S/A; que não sabe dizer qual código de
inteiro; que trabalhou com a reclamante de 2012 até a data da saída ética a reclamante assinou; que a reclamante e o depoente não
participavam de comitê de crédito; que o funcionário que solicita um reconhecimento da relação de emprego com a seguradora, e não
crédito para um cliente não precisa participar do comitê, pois o com o banco, afasta-se o enquadramento como bancário. Todavia,
sistema é que aprova o valor; que não existe comitê de crédito para no caso destes autos, a condição de bancário está pautada na
isso; que os cursos treinet é da Organização Bradesco; que os constatação de que o reclamante desempenhava atividades típicas
funcionários e corretores têm acesso aos cursos treinet, sendo que de bancário, desenvolvendo seu labor em prol do Banco reclamado.
para os corretores o curso muda de nome, mas possui a mesma O segundo aresto não examina enquadramento bancário, mas
programação. Nada mais disse." apenas reconhecimento de vínculo com o Banco Bradesco S/A,
Não se trata de corretor de seguros autônomo que labora em hipótese distinta da destes autos. O terceiro aresto consigna tese de
empresa desse ramo econômico, mas de empregado que trabalho que o simples fato de haver grupo econômico entre os reclamados
dentro das instalações do banco, vendendo produtos pertencentes à não conduz ao enquadramento dos empregados das empresas
instituição financeira, integrando-se, desse modo, à sua estrutura controladas na categoria profissional relativa aos empregados da
Nesse sentido, importa destacar jurisprudência do c. TST, reconhecimento do vínculo empregatício, tampouco há identidade
examinando caso similar, em que era réu igualmente o banco com as premissas fáticas e jurídicas que ensejaram o
Bradesco, "in verbis": enquadramento do reclamante como bancário nesta ação. Por fim,
"EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007 CORRETOR o quarto aresto é convergente com a decisão ora embargada, na
DE SEGUROS. VÍNCULO DE EMPREGO RECONHECIDO. medida em que consigna o entendimento de que o fato de ter sido
ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIO. Discute-se na hipótese o reconhecido que o reclamante não era empregado do banco
enquadramento do reclamante como bancário. Segundo se extrai Bradesco, mas do Bradesco Vida e Previdência, não afasta, por si
da decisão proferida pela Turma, o Regional, a partir das provas só, a possibilidade de ser enquadrado como bancário, pois isso
carreadas aos autos, afastou a tese da defesa de que o autor decorre das atividades por ele exercidas. E, no caso destes autos,
laborava de forma autônoma prestando serviços de corretagem, na foi, exatamente, em razão das atividades exercidas pelo reclamante
forma da Lei nº 4.594/64 para o grupo econômico formado pelos que a instância ordinária reconheceu a sua condição de bancário.
reclamados e reconheceu o vínculo de emprego do reclamante com Nesse contexto, incide o disposto na Súmula nº 296, item I, do
a Bradesco Vida e Previdência S/A. Em ato contínuo foi Tribunal Superior do Trabalho, diante da inespecificidade dos
reconhecida a condição de bancário do reclamante, contra o que se arestos citados para o cotejo de teses. Embargos não conhecidos."
insurgem os embargantes neste apelo. De acordo com a narrativa (TST; E-RR 0618300-68.2007.5.09.0024; Subseção I Especializada
fática descrita na decisão embargada, segundo registros constantes em Dissídios Individuais; Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta;
do acórdão regional, o reclamante trabalhava para a marca DEJT 27/04/2018; Pág. 78)
Bradesco e cuidava dos interesses sociais do Banco Bradesco S.A., Em reforço ao quanto exposto na acima, calha trazer a lume a
angariando-lhe clientela, dando início ao procedimento de abertura existência de ACP julgada pelo TRT da 1ª Região,que dirimiu,
de contas, auxiliando clientes nos caixas eletrônicos, discutindo coletivamente, a questão versada nos presentes autos. Vejamos
metas com bancários em reuniões, visitando correntistas, excerto da petição inicial, "in verbis":
cumprindo horários determinados em agências bancárias e se "Os elementos de convicção reunidos no inquérito civil revelam que
submetendo à fiscalização do gerente da agência para a qual fora o BANCO BRADESCOS/A, e as demais rés, empresas do grupo
designado. A par disso, o Regional asseverou que o autor exercia econômico Bradesco, utilizam-se de instrumentos contratuais
atividades tipicamente bancárias. A Súmula nº 374 desta Corte diversos para não reconhecer o vínculo empregatício existente entre
preconiza que o empregado integrante de categoria profissional o grupo econômico e os trabalhadores que executam serviços de
diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador venda de seguros e previdência privada em suas dependências,
vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não atraindo a aplicação do art. 9o da Consolidação das Leis do
foi representada por órgão de classe de sua categoria. Nesse Trabalho, que diz:
reclamante, não há falar em contrariedade à Súmula nº 374 do Deve ser salientado, inicialmente, que todos os corretores executam
Tribunal Superior do Trabalho. Por outro lado, a divergência as suas atividades dentro das agências dos próprios bancos,
jurisprudencial não está demonstrada. O primeiro aresto consigna a trabalhando com exclusividade ao próprio grupo Bradesco,sendo
tese de que, uma vez verificada a existência dos requisitos para o subordinados à gerência da própria agência, bem como aos
Tal situação é bem explicada pela depoente de fl. 284 do Inquérito descumprir comando judicial determinado em sede de tutela
Civil Público, que afirma: 'que comercializa seguros na agência antecipada, a execução provisória de astreintes deve prosseguir,
Cinelândia do Banco Bradesco; que não tem CTPS assinada, tendo com o intuito de inibir o devedor a prosseguir na transgressão do
um contrato com uma terceirizada que coloca os corretores dentro comando judicial.
das agências; que tal contrato, indispensável para o exercício das [...]
funções, consta que não há vínculo empregatício; que está nessa Trata-se de execução provisória de astreintes fixadas na sentença
agência há 06 (seis) meses, sendo que no Banco Bradesco trabalha proferida nos autos da Ação Civil Pública. A sentença de folhas
há quase 1O (dez) anos, sendo 08 (oito) anos ininterruptos, sempre 1535/1543 estabeleceu que:
horário das09:00 às 17:00 horas, sendo esse horário controlado Acolho parcialmente a pretensão para determinar às empresas
pelo supervisor da terceirizada REMAKE, além dos gerentes do BANCO BRADESCO S.A., BRADESCO SAÚDE S/A, BRADESCO
Banco; que há subordinação com todos os gerentes do Banco, SEGUROS S/A e BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S.A que se
devendo dar a eles satisfação do horário e das vendas do seguro; abstenham de contratar empregados para a prestação de serviços
que há uma meta estipulada pela direção do banco de vendas de diretos e subordinados por intermédio de qualquer empresa criada
seguro, que é cobrada do gerente da agência; que não tem férias, ou utilizada para tal fim, ou de qualquer outra prestadora de serviço
realizadas dentro da agência; que é pago por crédito em conta Para que não pairem dúvidas, a vedação diz respeito à contração
mensalmente,se conseguir alguma venda; que não há nenhuma de empregados, tal como conceituado no art. 3º da CLT, impondo-
forma de recibo; que as terceirizadas não dão recibo de pagamento, se multa diária de R$1.000,00 por dia e por empregado encontrado
nem mesmo para declaração de imposto de renda; que há também em situação ilegal.
nas agências, além dos corretores de seguro, aqueles que vendem (...)
Previdência Privada; que quanto a estes, são criadas empresas no Defiro parcialmente a antecipação do provimento final para
nome do corretor para eles trabalharem nas agências, subordinados determinar às empresas BANCO BRADESCO S.A., BRADESCO
à Bradesco Previdência; que quem chega atrasado, quanto ao SAÚDE S/A, BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO VIDA E
pessoal da Previdência, é punido com uma suspensão de um ou PREVIDÊNCIA S.A que se abstenham de contratar empregados
dois dias, não ganhando nada nesses dias.' para a prestação de serviços diretos e subordinados por intermédio
Ou seja, todos os trabalhadores que vendem seguros e previdência de qualquer empresa criada ou utilizada para tal fim, ou de qualquer
privada dentro das agências do Banco Bradesco S.A. não têm outra prestadora de serviço ou corretora para tal fim, ou de qualquer
garantido os direitos sociais básicos constitucionalmente garantidos prestadora de serviço ou corretora, aplicando-se a multa diária
no artigo 7o, apesar de existir claramente a subordinação jurídica e referida acima caso descumprida a decisão (folhas 1542/1543).
a inserção dos trabalhadores na atividade-fim das empresas, Na decisão de embargos de declaração esclareceu que:
Trabalho, o que, por si só, já demonstraria a ilegalidade da situação. O cumprimento da tutela antecipada não traz qualquer dificuldade.
Diante do exposto, requer o Ministério Público do Trabalho sejam os subterfúgios para mascarar a relação de emprego sob pena de
réus, liminarmente, condenados a: multa diária, como está claro na sentença. A situação dos que já
a) registrar todos os contratos de trabalho de trabalhadores prestam serviços depende do trânsito em julgado da sentença, de
admitidos direta ou indiretamente para prestar serviços de forma modo que o provimento antecipatório é parcial e se limita a futuras
pessoal e subordinada nas agências do Banco Bradesco S.A. para admissões fraudulentas de empregados. É evidente que o juiz não
angariação de clientes e vendas de apólices de seguros em geral e irá verificar se a determinação foi cumprida, porém se provado o
planos de previdência privada;" (ACP 0142400-69.2003.5.01.0037 - descumprimento dessa determinação a multa será aplicada, como
ACORDAM os Desembargadores que compõem a 6ª Turma do integram o mesmo grupo econômico. Portanto, de acordo com o
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, artigo 2º, §2º, da CLT, são solidariamente responsáveis pelo
CONHECER do agravo de petição e, no mérito, DAR-LHE adimplemento dos créditos porventura deferidos.
PROVIMENTO para determinar o prosseguimento da execução A reclamante alega que foi contratada pela segunda reclamado, ou
provisória, nos termos do voto da Exma. Desembargadora do seja, pelo Bradesco Vida e Previdência, em abril de 1996, como
Trabalho Relatora." (ACP 0142400-69.2003.5.01.0037 - TRT DA 1ª corretora de seguros de rede, para vender produtos do Bradesco
Desse modo, evidente o vínculo empregatício entre as partes, Bradesco Cartões, atuando sempre dentro das agências do Banco
Banco Bradesco S/A, enquadrada na categoria dos bancários, Bradesco S/A. Afirma que era empregada, pois estava diretamente
sendo devidas as verbas trabalhistas que lhe são correlatas." subordinada aos prepostos do Banco Bradesco, Bradesco Vida e
Restou evidenciado da prova oral colhida nos autos, consoante Previdência e Bradesco Seguros.
excertos transcritos acima, que a autora laborava no interior da Restou como fato incontroverso que a prestação dos serviços se
agência bancária, atendia clientes e comercializava produtos da dava de maneira onerosa. A testemunha ouvida a rogo da
instituição bancária. reclamante afirmou que esta cumpria jornada de trabalho fixa,
Desse modo, sobressaiu evidente não só a ausência de autonomia, comparecendo diariamente na agência bancária; e que ela
mas sua condição de bancária. reportava-se ao gerente da agência quando havia atrasos ou faltas
Omissão não configurada. Embargos improvidos. ao serviço, o que evidencia a pessoalidade e não-eventualidade na
I.2.2. DA OMISSÃO VOTO VENCIDO DA RELATORA prestação dos serviços. Ainda segundo a prova oral, a autora tinha
Noutro ponto, a parte reclamada alega omissão acerca da ausência que cumprir metas, sendo convocada para participar de todas as
de juntada do voto vencido da então Relatora do processo. reuniões destinadas aos funcionários da primeira reclamada, além
De fato, divisa-se a falta de juntada do voto vencido da aos gerentes da reclamada. Essas circunstâncias deixam claro que
Desembargadora FERNANDA MARIA UCHOA DE as atividades não eram exercidas com autonomia, mas de maneira
Segue, desse modo, o referido voto, na parte em que vencido, "in prestava serviços por meio de pessoa jurídica e que tem inscrição
VOTO VENCIDO Vida e Previdência disse que, que não existe diferença prática nas
"CORRETOR DE SEGUROS. NEGATIVA DE VÍNCULO funções exercidas pelo corretor pessoa física e pessoa jurídica.
EMPREGATÍCIO. ALEGAÇÃO DE PRESTAÇÃO AUTÔNOMA DE Essa é justamente a situação da reclamante, pois esta autora
SERVIÇOS. ÔNUS DA EMPRESA. Uma vez admitida a prestação prestava serviços ao Bradesco Previdência e Seguros S/A desde
de serviços, é do reclamado o ônus de provar que o autor para si abril de 1996, mas somente constituiu sua empresa em julho
laborava na condição de autônomo, pois fato impeditivo do alegado, daquele ano. Assim, está claro que a empresa utilizou-se da prática
a teor do art. 333, inciso II, do CPC, do qual não se desvencilhou a nefasta da pejotização, fraudando a relação de emprego, razão pela
contento. Nítida e ostensiva a fraude ao contrato de emprego qual a condição de pessoa jurídica deve ser afastada, com base no
perpetrada pelas reclamadas. O reconhecimento do vínculo com a artigo 9º da CLT. Em face do exposto, estão presentes os requisitos
Bradesco Vida e Previdência se impõe, à luz do art. 9º da CLT e necessários para a caracterização da relação empregatícia entre as
com respaldo no princípio da primazia da realidade do contrato de partes, nos termos do artigo 3º da CLT.
trabalho Não ignoro que o artigo 17 da Lei nº. 4.594/1964 proíbe o vínculo de
No mérito, a recorrente aduz concorrerem em prol da tese da autônomo, que exerce sua atividade de forma livre e para diversas
existência de vínculo empregatício entre si e as reclamadas todos empresas e sem pessoalidade. O comando tem por objetivo
os requisitos fático-jurídicos que caracterizam a relação de assegurar a autonomia dos corretores em face das seguradoras, de
Cumpre consignar que restou incontroverso que as reclamadas dispositivo sob comento não pode servir de fundamento para
camuflar verdadeira relação de emprego, principalmente dispõe o artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade
considerando que o Direito do Trabalho norteia-se pelo princípio da econômica desenvolvida pelo empregador considerado na acepção
Primazia da Realidade. Prevalece o contrato-realidade em face do restrita do termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência, que
Considerando o exposto, declaro que a reclamante foi empregada autora pertence à categoria dos securitários. Dessarte, faz jus aos
do grupo reclamado, desde 01.04.1996, percebendo salário no valor benefícios previstos nas convenções coletivas da categoria.
de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta reais). Assim, Considerando que a tese da defesa é a de que as parcelas não são
considero que houve demissão imotivada em 14.10.2017, em devidas porque inexistia vínculo de emprego, o que já restou
consonância com a inicial. Portanto, condeno o reclamado Bradesco superado, concluo que não houve o adimplemento. Assim, condeno
Vida e Previdência, que foi a empresa que, de acordo com a inicial, os reclamados ao pagamento das seguintes verbas, nos limites dos
formalmente contratou a reclamante, como já exposto, a anotar, na pedidos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, 2013,
CTPS da autora, que esta foi admitida em 01.04.1996, para exercer 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula 12ª
a função de corretora, com salário mensal de R$ 5.350,00, e das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale-transporte
demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, observada a (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017);
projeção do aviso prévio de 90 dias. indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); multa por
Como já exposto, a reclamante foi admitida pela reclamada descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012,
Bradesco Vida e Previdência. Não é possível reconhecer a 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017) e participação nos lucros de 2012,
existência de vínculo empregatício apenas com o Banco Bradesco 2013 , 2014, 2015, 2016 e 2017. O auxílio-refeição possui natureza
S/A, haja vista que, sendo os reclamados integrantes de um mesmo indenizatória, conforme o §6º, da cláusula 11ª, das convenções
grupo econômico, este é o empregador único, pois não há prova de coletivas do período não prescrito. Julgo improcedentes, porém, os
terem sido firmados contratos de trabalho simultâneos com cada pedidos de reajuste salarial e de remuneração mista, pois a autora
uma das empresas do grupo. Nesse sentido dispõe a súmula nº. recebia apenas por comissões, de acordo com a petição inicial.
129 do TST. Assim, como houve apenas um contrato, cabe ao real Julgo improcedente, outrossim, o ressarcimento de despesas com
empregador, no caso o Bradesco Vida e Previdência anotar a requalificação profissional, pois nos termos da cláusula 16ª da
CTPS. Ressalto ainda que embora o grupo econômico figure como convenção coletiva de 2017, só seria devido se o estabelecimento
empregador único, o enquadramento sindical, conforme dispõe o do empregador houvesse fechado, encerrado suas atividades. Julgo
artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade econômica improcedente o pedido de assistência médica hospitalar (plano de
desenvolvida pelo empregador considerado na acepção restrita do saúde), uma vez que, nos termos da cláusula 22ª da CCT de 2017,
termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência não é banco, os empregadores somente ficavam obrigados a arcar com os planos
mas uma seguradora, impossível o enquadramento sindical da de saúde até 90 dias após a demissão dos funcionários que
autora na categoria dos bancários. Em face do exposto, julgo contavam com mais de 10 anos de serviço, período já expirado.
improcedente o pedido de enquadramento da reclamante como Quanto ao aviso prévio indenizado, não está previsto na convenção
bancária e, por consequência, os pedidos de quitação das parcelas coletiva de 2017, ano da rescisão. A cláusula 33ª apenas dispensa
estipuladas nas convenções coletivas da referida categoria, quais os empregados demitidos, ou que pedissem demissão, de qualquer
sejam: reajuste salarial; piso da categoria; salário após 90 dias da ônus do aviso, bem como exonera as empresas do pagamento dos
admissão; aviso prévio proporcional previsto na cláusula 50ª da dias não trabalhados, nos casos de obtenção de novo emprego.
CCT de 2016/2018; participação nos lucros, inclusive diferenças Julgo improcedentes, por fim, "todos os [demais] direitos legais e
pela integração do 13º salário e das horas extras; vale-cultura; multa normativos da categoria dos securitários", pois não foram
convenções; ressarcimento das despesas com cursos de A reclamante pleiteia que lhe sejam assegurados os "direitos legais
qualificação e ou requalificação profissional; auxílio-refeição; auxílio e normativos" dos empregados do primeiro e segundo reclamados.
cesta alimentação; auxílio creche e babá; 13ª cesta alimentação e Ocorre que não especificou quais seriam esses direitos. Além disso,
folga assiduidade. ao fundamentar seu pedido no artigo 460 da CLT, deixou claro que
Consoante asseverado, não obstante o grupo econômico figure pretende equiparação salarial, mas não indicou paradigma e nem
como empregador único, o enquadramento sindical, conforme apresentou qualquer diferença remuneratória. Portanto, julgo a
A reclamante narra ter constituído sua pessoa jurídica em 1996, planos de previdência privada e cartões de crédito implicaram
como já exposto. Portanto, todas as despesas necessárias para a alterações contratuais lesivas, o que é vedado pelo artigo 468 da
constituição da empresa, especialmente o alegado gasto inicial de CLT. Isso posto, condeno os reclamados ao pagamento, nos limites
R$1.800,00, estão há muito inequivocamente abrangidas pela dos pedidos, das comissões não recebidas, no valor de R$ 500,00
prescrição. Sob outro enfoque, não há provas de que, na época não por mês, inclusive as referentes ao "código reservado", estas na
prescrita, a reclamante tenha alterado a constituição, modelo, forma importância mensal de R$ 300,00 mensais (totalizando R$ 800,00),
de atuação, estrutura e funcionamento da empresa. As ditas valores que reputo corretos porque não foram impugnados
modificações sequer foram especificadas. Igualmente não restaram especificamente. Condeno-os também ao adimplemento, nos limites
provados os gastos com cartão de visita, nem com o contador, dos pedidos, das comissões decorrentes das vendas, a partir de
tampouco os débitos para com a Receita Federal. Portanto, julgo novembro de 2016, de consórcios e planos de previdência privada.
improcedente o pedido. Defiro ainda as diferenças entre as comissões pagas e as que são
Sucessivamente, alega a reclamante que, quando havia devidas com base nos percentuais em vigor no dia 14/10/2012,
inadimplência dos clientes ou cancelamento posterior do plano quando começou o período não prescrito. Condeno os reclamados
vendido, o empregador retinha a comissão devida, parcial ou até a restituírem as comissões devidas à reclamante após a quitação,
integralmente. Afirma também que se os clientes trocassem o pelos clientes, da 60ª parcela dos produtos adquiridos. Dada a
produto, ficassem inadimplentes ou cancelassem suas apólices, os natureza salarial das comissões, defiro seus reflexos sobre 13º
corretores ficavam impossibilitados, por seis meses, de receberem salário, FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional,
as comissões. Essa restrição era chamada de "código reservado". adicional de horas extras (como será explicitado no tópico seguinte)
Informa ainda que, a partir de novembro de 2016, os reclamados, e repouso semanal remunerado. Este não inclui o sábado, que é dia
injustificadamente, deixaram de pagar as comissões pelas vendas útil não trabalhado, conforme aplicação analógica da súmula nº. 113
de consórcios, planos de previdência privada e, posteriormente, de do TST, e nem feriados, pois estes não ocorrem semanalmente e
cartões de crédito. Aduz que ao longo do contrato de trabalho, os nem estão atrelados ao cumprimento de determinado número de
percentuais de comissões de todos os produtos foram sendo dias ou horas trabalhadas por semana. Julgo improcedentes,
reduzidos e que os reclamados adotavam, como prática, o confisco outrossim, também os reflexos sobre as "demais verbas contratuais
das comissões após a 60ª parcela quitada pelo cliente, e legais", pois não foram especificadas.
independentemente do produto e da continuidade dos pagamentos A reclamante afirmou, depoimento pessoal, que trabalhava das
posteriores. O grupo empregador, em sua defesa, não negou os 08h00min às 18h00min, com 30 minutos de intervalo, de segunda a
fatos descritos na inicial, razão pela qual os tenho como verídicos. sexta-feira. Considero verdadeira a jornada narrada em audiência,
Afirmou apenas que nem a lei e nem as normas coletivas definem uma vez que os reclamados não apresentaram os cartões de ponto.
os critérios de pagamento das comissões, bem com que não cabe Tampouco foi apresentada outra prova do horário de trabalho da
ao Poder Judiciário adentrar em assuntos dessa natureza. Ocorre autora. Acrescento que esta trabalhava predominantemente de
que, de acordo com o artigo 466, caput, da CLT, o pagamento das maneira interna, nas agências do Banco Bradesco, como admitido
comissões é exigível após ultimada a transação, ou seja, quando pelo preposto deste. Portanto, a reclamante prestava 1h30min extra
ocorre a aceitação, pela empresa, com o fechamento do negócio por dia de trabalho, uma vez que, sendo securitária e, não,
intermediado pelo vendedor. Acrescento que, nos termos do artigo bancária, estava sujeita à jornada de oito horas diárias e 44
2º da CLT, cabe à empregadora o risco da atividade econômica, semanais. Como o salário da empregada era composto
não podendo atribuir à empregada o encargo por toda intercorrência exclusivamente por comissões, tem-se que estas continuaram
relacionada ao ajuste entabulado com o cliente, à exceção da sendo pagas durante a sobrejornada. Assim, resta devido apenas o
comprovada insolvência deste último. Portanto, os reclamados não adicional de 50%. Nesse sentido, inclusive, dispõe a súmula nº. 340
poderiam deixar de pagar as comissões por conta da inadimplência do TST. Em face do exposto e não havendo sequer alegação de
dos clientes, ou do cancelamento posterior do plano vendido, bem que tenha havido a quitação, condeno os reclamados ao pagamento
como não poderiam retê-las por seis meses em casos de troca de do adicional de 50% sobre a 1h30min extra por dia de trabalho.
produtos, inadimplência ou cancelamento de apólices pelos clientes. Condeno-os também ao pagamento, nos limites do pedido, de uma
Tampouco poderiam deixar de pagar as comissões após a quitação hora de intervalo intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do
da 60ª parcela pelo cliente. Além disso, a redução dos percentuais e adicional de 50%. Não se aplica ao intervalo o entendimento
firmado na súmula nº. 340 do TST, pois a pausa para alimentação e Indefiro, porém, os reflexos sobre abonos e gratificações
repouso não é computada na duração do trabalho. Dada a natureza semestrais, uma vez que a autora recebia apenas comissões.
salarial do adicional de horas extras e dos intervalos, defiro seus Indefiro os reflexos sobre as horas extras, pois foi deferido apenas o
reflexos sobre repouso semanal remunerado (o qual não inclui o adicional de 50%, o qual tem por base de cálculo a média das
FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, 13º salário e Passando à apreciação do pedido de verbas rescisórias, tenho,
aviso prévio. Indefiro os reflexos sobre as "demais verbas como já exposto, que a reclamante foi admitida em 01.04.1996,
remuneratórias", pois não foram especificadas. Indefiro a integração para exercer a função de corretora, com salário mensal de R$
das horas extras no cômputo de eventuais gratificações, pois a 5.350,00, e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018,
autora recebia apenas por comissões. Os reflexos do repouso observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Isso posto e tendo
semanal, majorado pela integração das horas extras deferidas, não em vista que a tese da defesa, de que não havia vínculo de
repercutem no cálculo das demais parcelas salariais, sob pena de emprego, restou superada, condeno os reclamados ao pagamento
pagamento em dobro. Nesse sentido, inclusive, dispõe a OJ nº 394 das seguintes parcelas, nos limites dos pedidos: aviso prévio
da SBDI-1 do TST. Quanto ao divisor, deve ser aplicado o de 220, indenizado de 90 dias; 13º salários integrais de 2012, 2013, 2014,
já que a reclamante estava sujeita à jornada de oito horas diárias. 2015, 2016, 2017; férias em dobro dos períodos aquisitivos de
Ainda apreciando o tópico da jornada de trabalho,a reclamante 2011/2012, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016 e
alega que não lhe era concedido o intervalo previsto no artigo 384 simples de 2016/2017 e proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas
da CLT. Os reclamados, em defesa conjunta, afirmam que o citado acrescidas do terço constitucional; FGTS+40% de todo o período de
dispositivo consolidado não foi recepcionado pela Constituição vínculo e indenização substitutiva do seguro-desemprego.
Federal de 1988. Subsidiariamente, defendem que o seu Passo à análise do pedido de compensação por danos morais e
descumprimento implica mera infração administrativa. Isso posto, materiais formulados pela recorrente.
esclareço que o artigo 384 da CLT determina a concessão de um Alega a reclamante que era obrigada a cumprir metas acima das
intervalo de 15 minutos antes do início da jornada extraordinária da condições normais, sendo cobrada pessoalmente ou por e-mail.
mulher. Trata-se de medida de proteção da trabalhadora e justifica- Afirma também que, caso não atingisse as metas, era tachada, nas
se pelas desigualdades fisiológicas existentes entre os sexos, bem reuniões ou em áudio conferências, de incompetente e incapaz,
como pelo fato de tradicionalmente as empregadas acumularem o bem como tinha seu nome inserido no mural dos piores vendedores.
expediente de trabalho com os afazeres domésticos. Acrescento Aduz que era coagida a patrocinar festas para a agência e a dar
que o fato de o Supremo Tribunal Federal ter anulado o julgamento brindes e prêmios para os gerentes. Informa que era obrigada a
do RE nº. 658.312/SC, no qual havia sido reconhecida a participar de grupo no aplicativo de mensagens instantâneas
compatibilidade do artigo 384 da CLT com a Constituição Federal, "Whatsapp", no qual recebia críticas, cobranças e ameaças a
não implica óbice ao deferimento do pleito porque não foi firmada qualquer hora do dia e da noite, por parte dos prepostos dos
tese contrária, estando o processo pendente de julgamento. reclamados. Dentre os e-mails e mensagens de "Whatsapp"
Portanto, é compatível com a Constituição Federal. Como o juntados aos autos, deveras há diversas cobranças; mas estas,
intervalo sob comento é medida de higiene, saúde e segurança da porém, não são direcionadas especificamente à reclamante, senão
trabalhadora, assim como os intervalos intrajornada previstos no a conjunto de trabalhadores da reclamada. Acrescento não haver
artigo 71 da CLT, deve receber o mesmo tratamento jurídico. Assim, prova de ofensas nas reuniões e áudio conferências, nem de que a
o descumprimento do artigo 384 consolidado implica afronta ao autora fosse coagida a patrocinar festas e nem de que tivesse seu
artigo 7º, XXII, da Constituição Federal e, não, mera infração nome incluído no mural dos piores vendedores. As testemunhas, de
administrativa. Com fulcro na aplicação analógica do artigo 71, §4º, seu turno, nada esclareceram acerca do suposto o assédio descrito
da CLT e tendo em vista que todo o período de vínculo é anterior à na inicial. Portanto, julgo improcedente o pedido.
Lei nº. 13.467/2017, que revogou o dispositivo sob análise, condeno Quanto ao pedido de compensação de danos morais decorrentes
o reclamado ao pagamento, com adicional de 50%, do intervalo de de ausência de assinatura da CTPS da reclamante, julgo-o
15 minutos por dia de trabalho em que foram prestadas horas improcedente pois não há prova de que a reclamante tenha sofrido
extras. Como a parcela deferida tinha natureza salarial, defiro seus qualquer prejuízo por conta da falta de assinatura da CTPS,
reflexos sobre os descansos semanais remunerados, 13º salários, omissão, que, por si só, não implica ofensa a quaisquer dos direitos
Adiante, alega a reclamante que nunca lhe foi disponibilizado, nem reformando a sentença, julgar parcialmente procedente a a presente
a seus dependentes, os planos de saúde e odontológico da reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados
empresa. Os reclamados afirmam que a autora não fazia jus aos BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A,
benefícios porque era corretora autônoma, tese, porém, já BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA
superada. Assim, considero verdadeiro que o empregador DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA
disponibilizava planos de saúde e odontológico aos seus CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito
funcionários e dependentes, mas que a reclamante foi excluída por em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às
ser tratada como prestadora de serviços autônoma, o que não seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição
condizia com a realidade. Portanto, condeno os reclamados ao reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos
pagamento, nos limites do pedido, de indenização equivalente às mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012,
despesas com saúde, inclusive odontológicas, da reclamante, seu 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula
marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena Moura e Emanuelly 12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale-
Nobre Macena Moura), durante o período não prescrito. transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016
Prosseguindo, a recorrente postulou o pagamento de indenização e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017);
pela ausência de concessão de licença maternidade em seu prol, multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs
por ocasião do nascimento de sua segunda filha nos idos de 2013. de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros
As reclamadas contestaram o pedido em questão unicamente de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas,
alegando que a reclamante não era empregada da empresa, tese no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código
que, como visto, restou superada acima. Nesse contexto, julgo o reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais;
pedido em referência procedente, condenando as reclamadas a comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016,
pagarem à reclamante indenização pela não concessão da licença de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as
rogada, no valor correspondente a seis vezes a remuneração comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais
mensal devida à reclamante no mês de abril de 2013. em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à
Quanto ao pedido de ressarcimento de honorários advocatícios reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos
contratuais e demais despesas do processo, este não merece produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário,
prosperar, pois se trata de relação alheia aos reclamados, tendo FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de
sido estipulados exclusivamente entre a reclamante e seus horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50%
procuradores, não estando inseridos, portanto, nos ônus sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo
processuais do empregador. O contrato de honorários somente intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%;
produz efeitos entre as partes contratantes, não podendo ser oposto reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso
aos reclamados. Ademais, a contratação decorreu da vontade semanal remunerado, FGTS+40%, férias acrescidas do terço
exclusiva da reclamante, não havendo dano a ser indenizado. Sob constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por
outro enfoque, não vislumbro qualquer despesa da reclamante com dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o
o processo, tais como indenização de viagem, remuneração de adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais
assistente técnico ou diária de testemunha. As custas serão pagas remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional,
ao final pelos reclamados, vencidos parcialmente. Portanto, julgo aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º
improcedente o pedido. salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em
Julgo igualmente improcedente o pedido de aplicação às dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013,
reclamadas da multa prevista no artigo 467 da CLT, pois todas as 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e
parcelas requeridas restaram controvertidas. Por outro lado, tendo proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço
em vista o inadimplemento, até a presente data, das parcelas constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo;
rescisórias, sem que a mora tenha decorrido de culpa da indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização
reclamante, julgo procedente o pedido de condenação das equivalente às despesas com saúde, inclusive odontológicas, da
reclamadas na multa do artigo 477, §8º, da CLT, nos limites do reclamante, seu marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena
Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso ordinário, para, prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença
maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código
a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais;
2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016,
Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as
foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora, comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais
com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à
reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos
observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário,
reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de
de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50%
reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º, sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo
da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%;
aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso
25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal semanal remunerado, FGTS+40%, férias acrescidas do terço
no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum, constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por
manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o
poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data. adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais
Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional,
devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º
serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em
pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013,
e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e
descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço
os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo;
horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização
parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas equivalente às despesas com saúde, inclusive odontológicas, da
pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o reclamante, seu marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena
valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00. Moura e Emanuelly Nobre Macena Moura), durante o período não
Voto por conhecer do recurso ordinário, para, no mérito, dar-lhe prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença
parcial provimento; julgando parcialmente procedente a a presente maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes
reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de
BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, 2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado
BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta
DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora,
CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta
em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018,
seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a
reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros
mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º,
12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale- da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a
transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até
e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); 25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal
multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum,
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas, poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data.
Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é reclamante, MARIA CLEONICE NOBRE MACENA, após o trânsito
devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às
serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição
pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias reconhecida na sentença e deduzida a importância já quitada
e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o quanto aos mesmos títulos: i) auxílio-refeição (cláusula 11ª das
descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); ii) auxílio cesta
os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das alimentação (cláusula 12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015,
horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais 2016 e 2017); iii) vale-transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012,
parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); iv) indenização adicional (cláusula
pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o 30ª da CCT de 2017); v) multa por descumprimento das
valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00." convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015,
Embargos providos, neste ponto. 2016 e 2017); vi) participação nos lucros de 2012, 2013, 2014,
Uma vez preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de verbas previstas nas CCTS firmadas até o ano de 2017 e não que
admissibilidade, merecem conhecimento os embargos de seus efeitos financeiros se dariam até 2017. Ou seja, nada se
declaração da parte reclamante. consignou que os direitos ali previstos não deveriam ser
II.2. DO MÉRITO DOS EMBARGOS considerados até o final do pacto laboral, em 12/01/2018.
I.2.1. DA OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. CONSIDERAÇÃO DO De todo modo, importa destacar que a Convenção Coletiva de
PERÍODO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO Trabalho firmada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores
A parte autora afirma que o acórdão reconheceu o vínculo vinculo do Ramo Financeiro e acostada ao ID. c5c2a8f - Pág. 2 consigna
de emprego, entre a Reclamante e a Primeira Reclamada, no vigência de 2 anos, de 1º de setembro de 2016 a 31 de agosto de
período de 01/04/1996 a 12/01/2018 (termo final já com a projeção 2018, pelo que aplicável ao pacto laboral até seu encerramento.
do aviso prévio proporcional), mas só deferiu verbas normativas no Embargos acolhidos tão somente para prestar esclarecimentos.
período de 2012 a 2017, em descompasso com o art. 487, §1º, da I.2.2. DA OMISSÃO. OUTRAS VERBAS PREVISTAS EM CCT
trabalhador teve seu contrato estendido até 12/01/2018 por força do De fato, o acórdão findou omisso, vez que se mostram devidas as
aviso prévio indenizado, sendo que as normas coletivas então demais verbas convencionais devidas ao bancário, durante o
vigentes devem ser aplicadas, quando devidas, até a cessação do período imprescrito, observada a vigência da CCT e quando fizer
E o acórdão não rezou o contrário, uma vez que não limitou o Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale Cultura e Folga
pagamento das verbas convencionais até 2017. Consignou, tão Assiduidade, nos termos do pedido inicial.
somente, que aplicar-se-iam as normas celebradas até 2017, Igualmente, uma vez reconhecido o vínculo com a instituição
mesmo pelo fato que o contrato de trabalho tem sua rescisão financeira e seu enquadramento como bancária, a reclamante faz
durante a primeira quinzena de janeiro de 2018. Confira-se: jus ao Piso da Categoria, previsto nas CCTs acostadas aos autos,
"ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA nos períodos em que se observar que seu salário findou inferior
DO TRABALHO DA SÉTIMA REGIÃO por unanimidade, conhecer Embargos providos, neste capítulo.
do recurso e, no mérito, por maioria dar-lhe parcial provimento para I.2.3. DA OMISSÃO. DIFERENÇAS DE COMISSÕES
reconhecer o vínculo de emprego entre a reclamante e o primeiro Em seus embargos, a parte autora aduz que não restou apreciado
reclamado, Banco Bradesco S.A., e condenar solidariamente os pelo acórdão a questão da redução das comissões pagas durante o
ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à Na vestibular a parte alegou que houve redução do percentual do
seu comissionamento, que era de 100% da primeira contribuição 55ª da CCT 2016-2016 e esclarecimento acerca da multa prevista
paga pelo cliente, 30% da segunda, 20% da terceira e 10% da na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018.
quarta. Em seu apelo ordinário a parte reforçou referido pedido. Acerca da multa normativa, o acórdão consignou o seguinte:
A questão, de fato, restou omissa no julgamento impugnado, a "Em razão do reconhecimento do vínculo empregatícios, restam
exigir seu saneamento. devidos à reclamante: [...] multa por descumprimento das
Tem-se, de fato, por verossímil as alegações da trabalhadora, de convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015,
que houve redução no percentual de suas comissões, alteração 2016 e 2017); [...]." (destacamos)
Embargos providos, neste ponto, para incluir na condenação o Na inicial a parte requereu multas previstas na Cláusula 52ª e 55ª
pagamento das diferenças salariais referentes à redução unilateral da CCT 2016-2018 da categoria dos bancários.
das comissões dos produtos comercializados, durante o período Todavia, o julgado deixou de se manifestar acerca da multa
imprescrito, com sua integração ao salário para todos os efeitos disposta na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, bem como não
legais, em especial, reflexos para o pagamento das diferenças de prestou maiores esclarecimentos acerca do cumprimento da
horas extras, 13º salários, férias + 1/3, aviso, FGTS + 40% e demais penalidade imposta na Cláusula 52ª da mesma convenção.
verbas rescisórias, contratuais, legais e convencionais de natureza Passa-se ao saneamento do vício constatado.
I.2.4. DA OMISSÃO. DAS DESPESAS PARA CONSTITUIÇÃO DE "G. Da Multa Prevista na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018 - Prazo
dano material quanto às despesas para criação da pessoa jurídica O reclamado deixou de cumprir diversas cláusulas das convenções
utilizada para prestação de serviços à parte reclamada. coletivas da categoria consoante supre fundamentado. Diante disso,
Com efeito, a parte reclamante não demonstrou documentalmente rescisórias, resultando, portanto, em atraso do pagamento pelo
as despesas que alega haver efetuado. Ademais, como a relação reclamado, motivo pelo qual, se entende devido o pagamento da
entre as partes iniciou-se em 1996, divisa-se a prescrição referente multa prevista na cláusula 52ª, parágrafo primeiro da CCT 2016-
I.2.5. DO ERRO MATERIAL. CONTRADIÇÃO. DIVISOR DAS Assim, deve a Reclamada pagar a multa prevista no parágrafo
HORAS EXTRAS primeiro da cláusula 52ª da CCT 2016/2018, que trata do 'PRAZO
Em verdade, na fundamentação do acórdão constou o divisor de PARA HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL', no valor
220, enquanto que no dispositivo consignou-se o divisor de 180, da remuneração total da obreira (comissionista mista), até a data do
razão pela qual resta evidente a contradição. efetivo pagamento das verbas rescisórias pelas Reclamadas e sem
No caso, reconhecida a condição de bancária da reclamante, deve- limitação de valores, requerendo que a data da resilição contratual
se aplicar o divisor de 180 (cento e oitenta). seja a data da propositura da ação, quando as Reclamadas terão
Embargos providos neste ponto. ciência de demanda ajuizada contra elas ou do último dia da
I.2.6. DA OMISSÃO. MÉDIA DE COMISSÕES. INTEGRAÇÃO prestação de serviço, em face da postura de despedimento sumário
A embargante suscita omissão acerca da integração das comissões após a ciência do fato, conforme se asseverou no item 'IV' da
razão da diminuição do percentual das comissões, resta claro que O reclamado descumpriu diversas cláusulas das convenções
seus valores, uma vez apurados, devem integrar a remuneração da coletivas dos bancários, pugna a Reclamante pela condenação do
bancária para todos os fins. reclamado da multa normativa, nos termos e valores ali descritos.
Há alegação de omissão acerca dos pedidos de multa da Cláusula Diante dos fundamentos expostos, requer a Reclamante:
z) Pagamento das multas previstas nas cláusulas 52ª (prazo para Cláusula 52ª da CCT de 2016-2018, equivalente à última
CCT, por descumprimento das normas coletivas dos bancários, nos I.2.8. DA OMISSÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE
Referidas cláusula convencionais assim dispõem: referência às decisões do STF no bojo das ADCs 58 e 59, restando
"Cláusula 52 - PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO omisso acerca dos efetivos parâmetros de correção monetária e
competente, para a homologação da rescisão contratual dos De fato, a correção monetária é questão de ordem pública e de
empregados e pagamento das parcelas decorrentes, até o primeiro direito econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação
dia útil imediato ao término do contrato, ou dentro de dez dias independente, inclusive, de pedido das partes.
contados da data da notificação da demissão, quando da ausência De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos
de aviso prévio, de sua indenização ou da dispensa do seu um fator de correção monetária adequado, especialmente para
cumprimento. Fica ressalvada a hipótese de abandono de emprego. créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda
Se excedido o prazo, o banco, até sua apresentação para variação das taxas de juros apuradas nas operações de
homologação, pagará ao ex-empregado importância igual a que empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos
este receberia se vigorasse o contrato de trabalho. federais como garantia. Mas a distorção exsurgiu ainda mais
[...] gritante; ao assim decidir, alcançando o art. 883 da CLT (que nunca
Cláusula 55 - MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA CONVENÇÃO esteve em causa), a decisão afastou a incidência dos juros de mora
Se violada qualquer cláusula desta Convenção, ficará o infrator desse modo, tornou o crédito trabalhista um dos mais "baratos" do
obrigado a pagar a multa no valor de R$ 35,29 (trinta e cinco reais mercado (conquanto essencialmente alimentar), favorecendo
e vinte e nove centavos), a favor do empregado, que será devida , sensivelmente a posição jurídica do devedor trabalhista. Os
por ação, quando da execução da decisão judicial que tenha números bem o demonstram: para 2010, p. ex., a Selic acumulada
reconhecido a infração, qualquer que seja o número de empregados totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o
participantes. IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic
Parágrafo Único acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a
Em 1º.09.2017 o valor previsto nesta cláusula será reajustado pelo 12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E
INPC/IBGE acumulado de setembro de 2016 a agosto de 2017 com juros (1%) chega a 15,86%.
acrescido de aumento real de 1% (um por cento)." (destacamos) Nada obstante, a partir de dezembro de 2020, "decisum habemus":
- Multa da Cláusula 55ª da CCT 2016-2018 dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo
Frente ao reconhecimento do vínculo de emprego e enquadramento Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas
da autora como bancária, impõe-se o deferimento da multa prevista é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão,
na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, no valor de R$ 35,29 (trinta e especialmente para equacionar aspectos omissos ou dúbios do
cinco reais e vinte e nove centavos), corrigida pelo INPC/IBGE a julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões
partir de 01/09/2017, acrescido de 1% (um por cento). principais desde logo se colocaram:
- Multa da Cláusula 52ª da CCT 2016-2018 (a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga
Em relação a esta última penalidade, merece correção a omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja
condenação consignada no acórdão impugnado, porquanto se suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente
refere tão somente à CCT 2016-2018, uma vez que diz respeito ao razoável, com a competente remuneração do capital?
prazo para homologação da rescisão contratual, que ocorreu uma (b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa
única vez. corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante
Assim, observando-se o descumprimento da cláusula convencional, da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive
impõe-se o deferimento do pagamento da multa prevista na retroativamente), terá de haver alguma devolução?
(c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência
que não se tenha adotado na sentença ou no acórdão qualquer (IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB,
índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic? art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
(d) para os casos de trânsito em julgado do capítulo relativo à abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória Insta, ademais, destacar que na ADC 58 o Ministro Gilmar Mendes
(i.e., em se tratando de coisa ainda não soberanamente julgada, bem destacou acerca da observância do disposto no Código Civil,
respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao "Embora, como dito, o STF nunca tenha declarado a
menos no interregno endoprocessual), sob a hipótese do art. 966, inconstitucionalidade da TR per se, reconheço que o entendimento
(e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos utilização da TR como índice de correção monetária. (...) Essa
em face de ente público? indevida utilização do IPCA-E pela jurisprudência do TST tornou-se
À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor confusa ao ponto de se imaginar que, diante da inaplicabilidade da
e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e TR, o uso daquele índice seria a única consequência possível. A
legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da solução da Corte Superior Trabalhista, todavia, lastreia-se em uma
CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV, indevida equiparação da natureza do crédito trabalhista com o
do CPC/2015, como ainda, "per analogiam", o próprio art. 600 da crédito assumido em face da Fazenda Pública, o qual está
CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça submetido a regime jurídico próprio da Lei 9.494/1997, com as
social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem alterações promovidas pela Lei 11.960/2009. (...) Portanto, para os
responder como segue. críticos - de que estaríamos diante de institutos jurídicos diversos e
A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na inconfundíveis (correção monetária e juros) -, respondo que o
orientação de seu público (v., p. exemplo, Direito e seu intérprete não podem fechar os olhos para a realidade,
26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente Tribunal Federal, que sempre tratou a condição inflacionária do país
para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no na análise da taxa de juros e vice-versa. (...) Sendo assim,
decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente posiciono-me pela necessidade de conferirmos interpretação
considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta conforme à Constituição dos dispositivos impugnados nestas ações,
ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode determinando que o débito trabalhista seja atualizado de acordo
-se assentar que, para os casos em que a disputa da correção com os mesmos critérios das condenações cíveis em geral. Além
monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister: disso, entendo que devemos realizar apelo ao Legislador para que
(i) determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação corrija futuramente a questão, equalizando os juros e a correção
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de monetária aos padrões de mercado e, quanto aos efeitos pretéritos,
então (inclusive), como entendeu o C. STF; determinarmos a aplicação da taxa Selic, em substituição à TR e
(ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a aos juros legais, para calibrar, de forma adequada, razoável e
correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. proporcional, a consequência deste julgamento."
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, Frente ao acima destacado, impõe-se suprir omissão para: (i)
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive)
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então
responder por uma indenização suplementar até esse limite, (inclusive), como entendeu o C. STF; (ii) se se demonstrar, em sede
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior à
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando-
os efeitos, na própria Selic); e se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de
(iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização
processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art.
devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao 404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
-se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão c) garantir, durante o período imprescrito, o Piso da Categoria em
"embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se que se enquadra a reclamante, previsto nas normas coletivas dos
tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo bancários, nos períodos em que se observar que sua remuneração
para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e findou inferior àquele patamar mínimo;
já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito d) deferir o pagamento das diferenças salariais referentes à redução
principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e unilateral do percentual das comissões dos produtos
Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, comercializados, durante o período imprescrito, com sua integração
IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais ao salário para todos os efeitos legais, em especial, reflexos para o
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). pagamento das diferenças de horas extras, 13º salários, férias +
fins de cálculo;
CONCLUSÃO DO VOTO para fins de anotação em CTPS, deverá ser obtido a partir da média
Conhecer dos embargos de ambas as partes e dar-lhes parcial produtos comercializados, consoante item "d" deste dispositivo;
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 3ª sede de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando-
da parte reclamada e lhe dar parcial provimento para, sanando se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de
omissão, acostar o voto vencido, nos termos da fundamentação. liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização
Conhecer dos embargos de declaração da parte reclamante e por suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art.
maioria lhes dar parcial provimento, com a concessão de efeito 404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
infringente, para, sanando omissões, contradições e prestando -se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão
a) pronunciar a prescrição quinquenal em relação ao pagamento de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo para
das despesas com a constituição da pessoa jurídica utilizada para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e já
prestação de serviços ao banco empregador; fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito
b) deferir o pagamento, durante o período imprescrito, observadas principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e
as normas coletivas e sua vigência, das parcelas: 13ª Cesta Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93,
Alimentação, Auxílio-Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
Cultura e Folga Assiduidade, nos termos do pedido inicial; abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
Valores a serem apurados em ulterior liquidação de sentença. cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi" do art.
Mantido o valor da condenação fixado no acórdão embargado. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT)."
Participaram do julgamento os Desembargadores José Antonio É que, ao meu ver, tal decisão implica em afronta à decisão do STF,
Parente da Silva (presidente), Francisco Tarcisio Guedes Lima concedendo atualização por critérios que a decisão não pretendeu
Verde Junior e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente conceder, até afastou.
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001829-85.2017.5.07.0006
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA RECORRENTE BRADESCO ADMINISTRADORA DE
CONSORCIOS LTDA.
Relator ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
RECORRENTE BRADESCO SEGUROS S/A
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
VOTOS
RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
RECORRENTE MARIA JAQUELINE DE SOUSA VALE
ADVOGADO MARCELO FEITOSA FREITAS
MOURAO CAMPELO(OAB: 32500/CE)
ADVOGADO CARLOS HENRIQUE DA ROCHA
Voto do(a) Des(a). FRANCISCO TARCISIO GUEDES LIMA CRUZ(OAB: 5496/CE)
ADVOGADO RAIMUNDO FEITOSA CARVALHO
VERDE JUNIOR / Gab. Des. Francisco Tarcísio Guedes Lima GOMES(OAB: 13398/CE)
Verde Junior ADVOGADO CHRISTIANNA LÚCIA GONDIM
SOARES LOPES(OAB: 5945/CE)
ADVOGADO PAULO CESAR MUNIZ FILHO(OAB:
32532/BA)
RECORRENTE BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA
S.A.
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
VOTO DE DIVERGÊNCIA PARCIAL JUNIOR(OAB: 9075/CE)
Divirjo, EM PARTE, mas apenas, em relação ao item "i", que RECORRIDO MARIA JAQUELINE DE SOUSA VALE
ADVOGADO CARLOS HENRIQUE DA ROCHA
estabelece: CRUZ(OAB: 5496/CE)
"se se demonstrar, em sede de liquidação de sentença, que a ADVOGADO PAULO CESAR MUNIZ FILHO(OAB:
32532/BA)
correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. RECORRIDO BRADESCO SEGUROS S/A
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a RECORRIDO BRADESCO ADMINISTRADORA DE
CONSORCIOS LTDA.
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
responder por uma indenização suplementar até esse limite, JUNIOR(OAB: 9075/CE)
RECORRIDO BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código S.A.
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
os efeitos, na própria Selic); e se se tratar de devedor contumaz, ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
que sabidamente se vale do processo para atrasar ou sonegar CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de qualquer
PODER JUDICIÁRIO
I. DOS EMBARGOS DA PARTE RECLAMADA
JUSTIÇA DO
I.1. DA ADMISSIBILIDADE
O acórdão impugnado bem discorreu acerca das razões que A parte demanda alega que o acórdão impugnado restou omisso e
conduziram ao reconhecimento do vínculo de emprego entre a obscuro acerca do enquadramento da autora como bancária.
enquadramento como bancária. Embargos improvidos, neste ponto. O acórdão findou suficientemente claro acerca do reconhecimento
OMISSÃO. JUNTADA DO VOTO VENCIDO. SANEAMENTO. do vínculo empregatício com o Banco Bradesco S/A e a inserção da
Verificada a ausência de juntada do voto vencedor, deve-se sanear trabalhadora na categoria dos bancários.
a omissão. Razões do voto vencido que passam a integrar o Primeiramente, restou evidenciado que o vínculo se deu
julgado. Transcrição. Embargos providos neste capítulo. diretamente com a instituição bancária, razão pela qual, na
PARCELAS TRABALHISTAS DEVIDAS. EFEITO INFRINGENTE. "- Do vínculo de emprego com o Banco Bradesco S/A - categoria
atacado, impõe-se o saneamento do vício. Deferimento de parcelas Primeiramente, embora o disposto na Lei nº 4.594/94 vede aos
trabalhistas. Esclarecimentos. Embargos parcialmente providos. corretores o emprego em empresa de seguros, nada obsta a
4.594/94:
Cuida-se de Embargos de Declaração em Recurso Ordinário oposto b) serem sócios, administradores, procuradores, despachantes ou
por ambas as partes contra o acórdão id nº ab9cf9b, que julgou empregados de emprêsa de seguros.
parcialmente provimento o recurso ordinário da parte reclamante. Parágrafo único. O impedimento previsto neste artigo é extensivo
A parte reclamada aponta omissão acerca do enquadramento da aos sócios e diretores de emprêsa de corretagem."
autora como bancária e ausência de transcrição do voto vencido. Ora, referido dispositivo deve ser interpretado de forma sistêmica
Por sua vez, a parte reclamante suscita várias omissões no acórdão com o art. 9ª da CLT, segundo o qual "Serão nulos de pleno direito
embargado acerca das verbas requeridas na inicial, uma vez os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
reconhecimento o vínculo de emprego e enquadramento da autora aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação".
Contraminuta apresentada pela parte reclamada ao id nº f42a06b. julgado do c. TST, "in verbis":
O Direito do Trabalho, classicamente e em sua matriz constitucional da vontade eventualmente manifestada pelas partes na respectiva
de 1988, é ramo jurídico de inclusão social e econômica, relação jurídica. A prática habitual tem o condão de alterar o
concretizador de direitos sociais e individuais fundamentais do ser contrato inicialmente pactuado, gerando direitos e obrigações novos
humano (art. 7º,CF). Volta-se a construir uma sociedade livre, justa às partes contratantes.
e solidária (art. 3º, I, CF), erradicando a pobreza e a marginalização Importa, assim, examinar a situação fática verificada nos autos, a
e reduzindo as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, IV, CF). fim de perceber se se está diante de um legítimo contrato de
Instrumento maior de valorização do trabalho e especialmente do corretagem de seguro ou de um típico contrato de emprego.
emprego (art. 1º, IV, art 170, caput e VIII, CF) e veículo mais Atinente a configuração do vínculo na categoria bancário, como é
pronunciado de garantia de segurança, bem-estar, cediço, para a caracterização do contrato de trabalho faz-se mister
desenvolvimento, igualdade e justiça às pessoas na sociedade a conjugação dos pressupostos previstos no art. 3º da CLT, quais
econômica (Preâmbulo da Constituição), o Direito do Trabalho não sejam: pessoalidade, não-eventualidade, remuneração e
parassubordinação e a informalidade. Registre-se que a Uma vez que a reclamante trabalhava na agência do banco
subordinação enfatizada pela CLT (arts. 2º e 3º) não se BRADESCO, sob ordens de seus gerentes, inegável que o vínculo
circunscreve à dimensão tradicional, subjetiva, com profundas, deve ocorrer diretamente com a instituição financeira, bem como
intensas e irreprimíveis ordens do tomador ao obreiro. Pode a reconhecida a categoria da autora como bancária, dado que
subordinação ser do tipo objetivo, em face da realização, pelo presentes os requisitos do art. 3º da CLT.
trabalhador, dos objetivos sociais da empresa. Ou pode ser Essa a conclusão que se alcança do depoimento do preposto da
simplesmente do tipo estrutural, harmonizando-se o obreiro à parte reclamada (ID. 32d1ecf - Pág. 1), "ipsis litteris":
organização, dinâmica e cultura do empreendimento que lhe capta "Depoimento pessoal do(a) preposto(a) do(a) reclamado(a) BANCO
os serviços. Presente qualquer das dimensões da subordinação BRADESCO S.A., já qualificado(a) nos autos. Às perguntas do(a)
(subjetiva, objetiva ou estrutural), considera-se configurado esse advogado(a) do(a) reclamante respondeu: que trabalha no
elemento fático-jurídico da relação de emprego. Ademais, a reclamado como gerente administrativo; que o banco fornece um
vedação contida no art. 17 da Lei 4594/64 - de que o corretor de espaço dentro da agência para os corretores trabalharem; que a
seguros seja empregado de empresa seguradora - só se legitima se última agência em que a reclamante trabalhou foi Fortaleza Centro;
resguardada a sua autonomia na condução dos negócios de que não sabe informar as demais agências trabalhadas pela
corretagem, não sendo este o quadro fático delineado no acórdão reclamante; que a reclamante fazia comercialização de produtos
regional, que, ao revés, consigna que o serviço desenvolvido pela da segunda reclamada como seguros, títulos de capitalização e
Reclamante era dentro da agência do Banco Bradesco, sob sua previdência; que atualmente os consórcios são vendidos pelo
subordinação. Recurso de revista conhecido e provido no aspecto. gerentes da agência; que anteriormente quem vendia os consórcios
(TST- RR - 1580-69.2013.5.03.0012 , Relator Ministro: Mauricio era a segunda reclamada, por meio dos corretores; que atualmente
Godinho Delgado, Data de Julgamento: 18/03/2015, 3ª Turma, Data a previdência é comercializada pelo gerente do banco; que não
de Publicação: DEJT 30/04/2015) sabe dizer quando os consórcios e previdência passaram a ser
Frise-se, ademais, que as vedações previstas nos arts. 17 da Lei n° comercializados pela primeira reclamada; que seguro prestamista é
4.594/64 e 9º do Decreto nº 56.903/65 (vedação aos corretores de seguro ligado a operações de crédito; que não sabe dizer o que é
assumirem posição de empregado de empresas de seguros ou seguro primeira proteção; que o seguro prestamista é oferecido pelo
capitalização) têm por escopo assegurar a autonomia destes gerente da agência no momento da negociação da operação de
profissionais frente às sociedades seguradoras, de modo a crédito; que o bancário não recebe comissões pela venda dos
possibilitar independência funcional, mormente na defesa dos produtos comercializados pela segunda reclamada; que a segunda
interesses dos clientes consumidores. Diante disso, os referidos reclamada não oferece prêmios pela venda de seus produtos a
dispositivos legais jamais poderiam ser manejados para camuflar funcionários da primeira reclamada; que não sabe dizer se os
verdadeira relação de emprego, uma vez que desvirtuaria até funcionários da primeira reclamada participam das campanhas
mesmo o fim para o qual foram editados. Dentre os princípios que lançadas pela segunda reclamada; que o POBJ é um programa
norteiam o direito do trabalho, temos o da primazia da realidade. para medir os resultados da agência; que os produtos vendidos pela
Segundo esse princípio, o julgador deve investigar a prática reclamante influenciam no resultado da agência e entram no cálculo
concreta efetivada ao longo da prestação de serviços, independente do POBJ; que não sabe dizer se é o corretor que faz a portabilidade
de planos e resgate de previdência; que o Banco Central exige a mesmas funções que a reclamante; que a reclamante se reportava
certificação Anbima para os funcionários que trabalham com ao gerente e à equipe gerencial da agência; que a reclamante
investimento; que o banco não conta com linha telefonica exclusiva participava de todas as reuniões de todos os funcionários da
para os corretores; que as ligações caem na retaguarda e são primeira reclamada, sem distinção; que a reclamante tinha que
transferidas para os setores competentes; que para os corretores cumprir metas e passar planilhas diárias das metas para os
são transferidas as ligações em que a pessoa pede para falar com o gerentes; que quando foi admitido na primeira reclamada foi
corretor; que não sabe precisar quais os dias em que a reclamante obrigado a assinar o código de ética; que a reclamante não poderia
comparecia na agência; que a reclamante tinha autonomia para vender produtos de outras seguradora dentro da agência; que a
determinar seu próprio horário de trabalho. Nada mais disse." reclamante se reportava ao gerente da agência em relação a faltas
No mesmo sentido aponta a testemunha do reclamante, que estavam na agência absorviam suas atividades; que treinet são
esclareceu em seu depoimento, "in verbis": cursos fornecidos pelo banco por meio da intranet; que em tais
"Primeira testemunha da reclamante: [...]; que a reclamante fazia cursos o banco abordava assuntos sobre os produtos da segunda
serviços bancários, como venda de produtos e atendimento a reclamada; que a reclamante comercializava cartões da primeira
clientes; que a reclamante vendia previdência, cartões, consórcio, reclamada; que o depoente não conhece cartões Bradesco Vida e
seguros e outros produtos; que o depoente trabalhava de 8h às 17h, Previdência; que não havia identificação na mesa ou acima da
com uma hora de intervalo, de segunda a sexta-feira; que a mesa da reclamante com o nome Bradesco Vida e Previdência ou
reclamante chegava no mesmo horário que o depoente, às 8h, Bradesco Seguros; que o depoente realizava atividades na agência
almoçava na copa da agência, entre 15 e 30 minutos, e quando o inteira; que no crachá de nenhum funcionário constava o nome
depoente ia embora a reclamante continuava na agência; que a "Banco Bradesco"; que o logotipo que constava no crachá era o
reclamante comparecia diariamente na agência; que a reclamante mesmo da Organização Bradesco; que no crachá da reclamante
trabalhava internamente e quando havia visitas acontecia no não constava o número de inscrição Susep; que nos últimos cinco
máximo uma vez por semana; que tinha contato visual com a anos acredita que a agência contou com telefonista apenas por um
reclamante; que quando a reclamante fazia visitas se ausentava da ano, um ano e pouco; que o código de ética que o depoente assinou
agência por trinta minutos a duas horas, que não se ausentava o dia era do Banco Bradesco S/A; que não sabe dizer qual código de
inteiro; que trabalhou com a reclamante de 2012 até a data da saída ética a reclamante assinou; que a reclamante e o depoente não
do depoente; que a reclamante trabalhava junto com os demais participavam de comitê de crédito; que o funcionário que solicita um
funcionários da primeira reclamada, e não em ambiente separado; crédito para um cliente não precisa participar do comitê, pois o
que a reclamante utilizava login e senha do sistema da primeira sistema é que aprova o valor; que não existe comitê de crédito para
reclamada; que quando o depoente saiu havia 04 corretores na isso; que os cursos treinet é da Organização Bradesco; que os
agência, mas a agência chegou a ter 08 corretores; que os funcionários e corretores têm acesso aos cursos treinet, sendo que
corretores realizavam as mesmas funções; que não havia para os corretores o curso muda de nome, mas possui a mesma
direcionamento das ligações telefônicas da agência e a reclamante programação. Nada mais disse."
poderia atender qualquer telefonema que caísse em sua mesa; que Não se trata de corretor de seguros autônomo que labora em
o corretor, quando atendia ao telefone, identificava com o nome empresa desse ramo econômico, mas de empregado que trabalho
"Bradesco", com os demais funcionários da primeira reclamada; que dentro das instalações do banco, vendendo produtos pertencentes à
a reclamante fazia os mesmos atendimentos que o depoente, como instituição financeira, integrando-se, desse modo, à sua estrutura
de cheques devolvidos, orientação a clientes; que quando o cliente Nesse sentido, importa destacar jurisprudência do c. TST,
quisesse resgatar a previdência todos os funcionários da primeira examinando caso similar, em que era réu igualmente o banco
reclamada, bem como a reclamante deveriam fazer o procedimento Bradesco, "in verbis":
de retenção, que seria oferecer benefícios como empréstimos, para "EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007 CORRETOR
que a pessoa não resgatasse a previdência; que a reclamante DE SEGUROS. VÍNCULO DE EMPREGO RECONHECIDO.
utilizava crachá com o logotipo do Bradesco, sem menção ao ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIO. Discute-se na hipótese o
Bradesco Vida e Previdência; que a reclamante vendia cartão de enquadramento do reclamante como bancário. Segundo se extrai
crédito.; que o depoente vendia os mesmos produtos e realizava as da decisão proferida pela Turma, o Regional, a partir das provas
carreadas aos autos, afastou a tese da defesa de que o autor decorre das atividades por ele exercidas. E, no caso destes autos,
laborava de forma autônoma prestando serviços de corretagem, na foi, exatamente, em razão das atividades exercidas pelo reclamante
forma da Lei nº 4.594/64 para o grupo econômico formado pelos que a instância ordinária reconheceu a sua condição de bancário.
reclamados e reconheceu o vínculo de emprego do reclamante com Nesse contexto, incide o disposto na Súmula nº 296, item I, do
a Bradesco Vida e Previdência S/A. Em ato contínuo foi Tribunal Superior do Trabalho, diante da inespecificidade dos
reconhecida a condição de bancário do reclamante, contra o que se arestos citados para o cotejo de teses. Embargos não conhecidos."
insurgem os embargantes neste apelo. De acordo com a narrativa (TST; E-RR 0618300-68.2007.5.09.0024; Subseção I Especializada
fática descrita na decisão embargada, segundo registros constantes em Dissídios Individuais; Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta;
do acórdão regional, o reclamante trabalhava para a marca DEJT 27/04/2018; Pág. 78)
Bradesco e cuidava dos interesses sociais do Banco Bradesco S.A., Em reforço ao quanto exposto na acima, calha trazer a lume a
angariando-lhe clientela, dando início ao procedimento de abertura existência de ACP julgada pelo TRT da 1ª Região,que dirimiu,
de contas, auxiliando clientes nos caixas eletrônicos, discutindo coletivamente, a questão versada nos presentes autos. Vejamos
metas com bancários em reuniões, visitando correntistas, excerto da petição inicial, "in verbis":
cumprindo horários determinados em agências bancárias e se "Os elementos de convicção reunidos no inquérito civil revelam que
submetendo à fiscalização do gerente da agência para a qual fora o BANCO BRADESCOS/A, e as demais rés, empresas do grupo
designado. A par disso, o Regional asseverou que o autor exercia econômico Bradesco, utilizam-se de instrumentos contratuais
atividades tipicamente bancárias. A Súmula nº 374 desta Corte diversos para não reconhecer o vínculo empregatício existente entre
preconiza que o empregado integrante de categoria profissional o grupo econômico e os trabalhadores que executam serviços de
diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador venda de seguros e previdência privada em suas dependências,
vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não atraindo a aplicação do art. 9o da Consolidação das Leis do
foi representada por órgão de classe de sua categoria. Nesse Trabalho, que diz:
reclamante, não há falar em contrariedade à Súmula nº 374 do Deve ser salientado, inicialmente, que todos os corretores executam
Tribunal Superior do Trabalho. Por outro lado, a divergência as suas atividades dentro das agências dos próprios bancos,
jurisprudencial não está demonstrada. O primeiro aresto consigna a trabalhando com exclusividade ao próprio grupo Bradesco,sendo
tese de que, uma vez verificada a existência dos requisitos para o subordinados à gerência da própria agência, bem como aos
reconhecimento da relação de emprego com a seguradora, e não supervisores das próprias Rés.
no caso destes autos, a condição de bancário está pautada na Tal situação é bem explicada pela depoente de fl. 284 do Inquérito
constatação de que o reclamante desempenhava atividades típicas Civil Público, que afirma: 'que comercializa seguros na agência
de bancário, desenvolvendo seu labor em prol do Banco reclamado. Cinelândia do Banco Bradesco; que não tem CTPS assinada, tendo
O segundo aresto não examina enquadramento bancário, mas um contrato com uma terceirizada que coloca os corretores dentro
apenas reconhecimento de vínculo com o Banco Bradesco S/A, das agências; que tal contrato, indispensável para o exercício das
hipótese distinta da destes autos. O terceiro aresto consigna tese de funções, consta que não há vínculo empregatício; que está nessa
que o simples fato de haver grupo econômico entre os reclamados agência há 06 (seis) meses, sendo que no Banco Bradesco trabalha
não conduz ao enquadramento dos empregados das empresas há quase 1O (dez) anos, sendo 08 (oito) anos ininterruptos, sempre
controladas na categoria profissional relativa aos empregados da exercendo as mesmas funções e na mesma situação; que cumpre
empresa controladora do grupo. Não há discussão acerca do horário das09:00 às 17:00 horas, sendo esse horário controlado
reconhecimento do vínculo empregatício, tampouco há identidade pelo supervisor da terceirizada REMAKE, além dos gerentes do
com as premissas fáticas e jurídicas que ensejaram o Banco; que há subordinação com todos os gerentes do Banco,
enquadramento do reclamante como bancário nesta ação. Por fim, devendo dar a eles satisfação do horário e das vendas do seguro;
o quarto aresto é convergente com a decisão ora embargada, na que há uma meta estipulada pela direção do banco de vendas de
medida em que consigna o entendimento de que o fato de ter sido seguro, que é cobrada do gerente da agência; que não tem férias,
reconhecido que o reclamante não era empregado do banco 13o salário, recebendo somente percentual sobre as vendas
Bradesco, mas do Bradesco Vida e Previdência, não afasta, por si realizadas dentro da agência; que é pago por crédito em conta
só, a possibilidade de ser enquadrado como bancário, pois isso mensalmente,se conseguir alguma venda; que não há nenhuma
forma de recibo; que as terceirizadas não dão recibo de pagamento, se multa diária de R$1.000,00 por dia e por empregado encontrado
nem mesmo para declaração de imposto de renda; que há também em situação ilegal.
nas agências, além dos corretores de seguro, aqueles que vendem (...)
Previdência Privada; que quanto a estes, são criadas empresas no Defiro parcialmente a antecipação do provimento final para
nome do corretor para eles trabalharem nas agências, subordinados determinar às empresas BANCO BRADESCO S.A., BRADESCO
à Bradesco Previdência; que quem chega atrasado, quanto ao SAÚDE S/A, BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO VIDA E
pessoal da Previdência, é punido com uma suspensão de um ou PREVIDÊNCIA S.A que se abstenham de contratar empregados
dois dias, não ganhando nada nesses dias.' para a prestação de serviços diretos e subordinados por intermédio
Ou seja, todos os trabalhadores que vendem seguros e previdência de qualquer empresa criada ou utilizada para tal fim, ou de qualquer
privada dentro das agências do Banco Bradesco S.A. não têm outra prestadora de serviço ou corretora para tal fim, ou de qualquer
garantido os direitos sociais básicos constitucionalmente garantidos prestadora de serviço ou corretora, aplicando-se a multa diária
no artigo 7o, apesar de existir claramente a subordinação jurídica e referida acima caso descumprida a decisão (folhas 1542/1543).
a inserção dos trabalhadores na atividade-fim das empresas, Na decisão de embargos de declaração esclareceu que:
Trabalho, o que, por si só, já demonstraria a ilegalidade da situação. O cumprimento da tutela antecipada não traz qualquer dificuldade.
Diante do exposto, requer o Ministério Público do Trabalho sejam os subterfúgios para mascarar a relação de emprego sob pena de
réus, liminarmente, condenados a: multa diária, como está claro na sentença. A situação dos que já
a) registrar todos os contratos de trabalho de trabalhadores prestam serviços depende do trânsito em julgado da sentença, de
admitidos direta ou indiretamente para prestar serviços de forma modo que o provimento antecipatório é parcial e se limita a futuras
pessoal e subordinada nas agências do Banco Bradesco S.A. para admissões fraudulentas de empregados. É evidente que o juiz não
angariação de clientes e vendas de apólices de seguros em geral e irá verificar se a determinação foi cumprida, porém se provado o
planos de previdência privada;" (ACP 0142400-69.2003.5.01.0037 - descumprimento dessa determinação a multa será aplicada, como
PROSSEGUIMENTO. Demonstrado que os executados insistem em Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade,
descumprir comando judicial determinado em sede de tutela CONHECER do agravo de petição e, no mérito, DAR-LHE
antecipada, a execução provisória de astreintes deve prosseguir, PROVIMENTO para determinar o prosseguimento da execução
com o intuito de inibir o devedor a prosseguir na transgressão do provisória, nos termos do voto da Exma. Desembargadora do
[...] REGIÃO)
Trata-se de execução provisória de astreintes fixadas na sentença Desse modo, evidente o vínculo empregatício entre as partes,
proferida nos autos da Ação Civil Pública. A sentença de folhas Banco Bradesco S/A, enquadrada na categoria dos bancários,
1535/1543 estabeleceu que: sendo devidas as verbas trabalhistas que lhe são correlatas."
Acolho parcialmente a pretensão para determinar às empresas excertos transcritos acima, que a autora laborava no interior da
BANCO BRADESCO S.A., BRADESCO SAÚDE S/A, BRADESCO agência bancária, atendia clientes e comercializava produtos da
abstenham de contratar empregados para a prestação de serviços Desse modo, sobressaiu evidente não só a ausência de autonomia,
diretos e subordinados por intermédio de qualquer empresa criada mas sua condição de bancária.
ou utilizada para tal fim, ou de qualquer outra prestadora de serviço Omissão não configurada. Embargos improvidos.
Para que não pairem dúvidas, a vedação diz respeito à contração Noutro ponto, a parte reclamada alega omissão acerca da ausência
de empregados, tal como conceituado no art. 3º da CLT, impondo- de juntada do voto vencido da então Relatora do processo.
De fato, divisa-se a falta de juntada do voto vencido da aos gerentes da reclamada. Essas circunstâncias deixam claro que
Desembargadora FERNANDA MARIA UCHOA DE as atividades não eram exercidas com autonomia, mas de maneira
Segue, desse modo, o referido voto, na parte em que vencido, "in prestava serviços por meio de pessoa jurídica e que tem inscrição
VOTO VENCIDO Vida e Previdência disse que, que não existe diferença prática nas
"CORRETOR DE SEGUROS. NEGATIVA DE VÍNCULO funções exercidas pelo corretor pessoa física e pessoa jurídica.
EMPREGATÍCIO. ALEGAÇÃO DE PRESTAÇÃO AUTÔNOMA DE Essa é justamente a situação da reclamante, pois esta autora
SERVIÇOS. ÔNUS DA EMPRESA. Uma vez admitida a prestação prestava serviços ao Bradesco Previdência e Seguros S/A desde
de serviços, é do reclamado o ônus de provar que o autor para si abril de 1996, mas somente constituiu sua empresa em julho
laborava na condição de autônomo, pois fato impeditivo do alegado, daquele ano. Assim, está claro que a empresa utilizou-se da prática
a teor do art. 333, inciso II, do CPC, do qual não se desvencilhou a nefasta da pejotização, fraudando a relação de emprego, razão pela
contento. Nítida e ostensiva a fraude ao contrato de emprego qual a condição de pessoa jurídica deve ser afastada, com base no
perpetrada pelas reclamadas. O reconhecimento do vínculo com a artigo 9º da CLT. Em face do exposto, estão presentes os requisitos
Bradesco Vida e Previdência se impõe, à luz do art. 9º da CLT e necessários para a caracterização da relação empregatícia entre as
com respaldo no princípio da primazia da realidade do contrato de partes, nos termos do artigo 3º da CLT.
trabalho Não ignoro que o artigo 17 da Lei nº. 4.594/1964 proíbe o vínculo de
No mérito, a recorrente aduz concorrerem em prol da tese da autônomo, que exerce sua atividade de forma livre e para diversas
existência de vínculo empregatício entre si e as reclamadas todos empresas e sem pessoalidade. O comando tem por objetivo
os requisitos fático-jurídicos que caracterizam a relação de assegurar a autonomia dos corretores em face das seguradoras, de
Cumpre consignar que restou incontroverso que as reclamadas dispositivo sob comento não pode servir de fundamento para
integram o mesmo grupo econômico. Portanto, de acordo com o camuflar verdadeira relação de emprego, principalmente
artigo 2º, §2º, da CLT, são solidariamente responsáveis pelo considerando que o Direito do Trabalho norteia-se pelo princípio da
adimplemento dos créditos porventura deferidos. Primazia da Realidade. Prevalece o contrato-realidade em face do
A reclamante alega que foi contratada pela segunda reclamado, ou ajuste formal.
seja, pelo Bradesco Vida e Previdência, em abril de 1996, como Considerando o exposto, declaro que a reclamante foi empregada
corretora de seguros de rede, para vender produtos do Bradesco do grupo reclamado, desde 01.04.1996, percebendo salário no valor
Seguros S/A, Bradesco Vida e Previdência, Bradesco Consórcios e de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta reais). Assim,
Bradesco Cartões, atuando sempre dentro das agências do Banco considero que houve demissão imotivada em 14.10.2017, em
Bradesco S/A. Afirma que era empregada, pois estava diretamente consonância com a inicial. Portanto, condeno o reclamado Bradesco
subordinada aos prepostos do Banco Bradesco, Bradesco Vida e Vida e Previdência, que foi a empresa que, de acordo com a inicial,
Restou como fato incontroverso que a prestação dos serviços se CTPS da autora, que esta foi admitida em 01.04.1996, para exercer
dava de maneira onerosa. A testemunha ouvida a rogo da a função de corretora, com salário mensal de R$ 5.350,00, e
reclamante afirmou que esta cumpria jornada de trabalho fixa, demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, observada a
comparecendo diariamente na agência bancária; e que ela projeção do aviso prévio de 90 dias.
reportava-se ao gerente da agência quando havia atrasos ou faltas Como já exposto, a reclamante foi admitida pela reclamada
ao serviço, o que evidencia a pessoalidade e não-eventualidade na Bradesco Vida e Previdência. Não é possível reconhecer a
prestação dos serviços. Ainda segundo a prova oral, a autora tinha existência de vínculo empregatício apenas com o Banco Bradesco
que cumprir metas, sendo convocada para participar de todas as S/A, haja vista que, sendo os reclamados integrantes de um mesmo
reuniões destinadas aos funcionários da primeira reclamada, além grupo econômico, este é o empregador único, pois não há prova de
terem sido firmados contratos de trabalho simultâneos com cada pedidos de reajuste salarial e de remuneração mista, pois a autora
uma das empresas do grupo. Nesse sentido dispõe a súmula nº. recebia apenas por comissões, de acordo com a petição inicial.
129 do TST. Assim, como houve apenas um contrato, cabe ao real Julgo improcedente, outrossim, o ressarcimento de despesas com
empregador, no caso o Bradesco Vida e Previdência anotar a requalificação profissional, pois nos termos da cláusula 16ª da
CTPS. Ressalto ainda que embora o grupo econômico figure como convenção coletiva de 2017, só seria devido se o estabelecimento
empregador único, o enquadramento sindical, conforme dispõe o do empregador houvesse fechado, encerrado suas atividades. Julgo
artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade econômica improcedente o pedido de assistência médica hospitalar (plano de
desenvolvida pelo empregador considerado na acepção restrita do saúde), uma vez que, nos termos da cláusula 22ª da CCT de 2017,
termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência não é banco, os empregadores somente ficavam obrigados a arcar com os planos
mas uma seguradora, impossível o enquadramento sindical da de saúde até 90 dias após a demissão dos funcionários que
autora na categoria dos bancários. Em face do exposto, julgo contavam com mais de 10 anos de serviço, período já expirado.
improcedente o pedido de enquadramento da reclamante como Quanto ao aviso prévio indenizado, não está previsto na convenção
bancária e, por consequência, os pedidos de quitação das parcelas coletiva de 2017, ano da rescisão. A cláusula 33ª apenas dispensa
estipuladas nas convenções coletivas da referida categoria, quais os empregados demitidos, ou que pedissem demissão, de qualquer
sejam: reajuste salarial; piso da categoria; salário após 90 dias da ônus do aviso, bem como exonera as empresas do pagamento dos
admissão; aviso prévio proporcional previsto na cláusula 50ª da dias não trabalhados, nos casos de obtenção de novo emprego.
CCT de 2016/2018; participação nos lucros, inclusive diferenças Julgo improcedentes, por fim, "todos os [demais] direitos legais e
pela integração do 13º salário e das horas extras; vale-cultura; multa normativos da categoria dos securitários", pois não foram
convenções; ressarcimento das despesas com cursos de A reclamante pleiteia que lhe sejam assegurados os "direitos legais
qualificação e ou requalificação profissional; auxílio-refeição; auxílio e normativos" dos empregados do primeiro e segundo reclamados.
cesta alimentação; auxílio creche e babá; 13ª cesta alimentação e Ocorre que não especificou quais seriam esses direitos. Além disso,
folga assiduidade. ao fundamentar seu pedido no artigo 460 da CLT, deixou claro que
Consoante asseverado, não obstante o grupo econômico figure pretende equiparação salarial, mas não indicou paradigma e nem
como empregador único, o enquadramento sindical, conforme apresentou qualquer diferença remuneratória. Portanto, julgo a
dispõe o artigo 511 da CLT, é definido a partir da atividade pretensão correspondente improcedente.
econômica desenvolvida pelo empregador considerado na acepção A reclamante narra ter constituído sua pessoa jurídica em 1996,
restrita do termo. Assim, como o Bradesco Vida e Previdência, que como já exposto. Portanto, todas as despesas necessárias para a
contratou a reclamante, não é banco, mas uma seguradora, a constituição da empresa, especialmente o alegado gasto inicial de
autora pertence à categoria dos securitários. Dessarte, faz jus aos R$1.800,00, estão há muito inequivocamente abrangidas pela
benefícios previstos nas convenções coletivas da categoria. prescrição. Sob outro enfoque, não há provas de que, na época não
Considerando que a tese da defesa é a de que as parcelas não são prescrita, a reclamante tenha alterado a constituição, modelo, forma
devidas porque inexistia vínculo de emprego, o que já restou de atuação, estrutura e funcionamento da empresa. As ditas
superado, concluo que não houve o adimplemento. Assim, condeno modificações sequer foram especificadas. Igualmente não restaram
os reclamados ao pagamento das seguintes verbas, nos limites dos provados os gastos com cartão de visita, nem com o contador,
pedidos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, 2013, tampouco os débitos para com a Receita Federal. Portanto, julgo
2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula 12ª improcedente o pedido.
das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale-transporte Sucessivamente, alega a reclamante que, quando havia
(cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); inadimplência dos clientes ou cancelamento posterior do plano
indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); multa por vendido, o empregador retinha a comissão devida, parcial ou até
descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, integralmente. Afirma também que se os clientes trocassem o
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017) e participação nos lucros de 2012, produto, ficassem inadimplentes ou cancelassem suas apólices, os
2013 , 2014, 2015, 2016 e 2017. O auxílio-refeição possui natureza corretores ficavam impossibilitados, por seis meses, de receberem
indenizatória, conforme o §6º, da cláusula 11ª, das convenções as comissões. Essa restrição era chamada de "código reservado".
coletivas do período não prescrito. Julgo improcedentes, porém, os Informa ainda que, a partir de novembro de 2016, os reclamados,
injustificadamente, deixaram de pagar as comissões pelas vendas útil não trabalhado, conforme aplicação analógica da súmula nº. 113
de consórcios, planos de previdência privada e, posteriormente, de do TST, e nem feriados, pois estes não ocorrem semanalmente e
cartões de crédito. Aduz que ao longo do contrato de trabalho, os nem estão atrelados ao cumprimento de determinado número de
percentuais de comissões de todos os produtos foram sendo dias ou horas trabalhadas por semana. Julgo improcedentes,
reduzidos e que os reclamados adotavam, como prática, o confisco outrossim, também os reflexos sobre as "demais verbas contratuais
das comissões após a 60ª parcela quitada pelo cliente, e legais", pois não foram especificadas.
independentemente do produto e da continuidade dos pagamentos A reclamante afirmou, depoimento pessoal, que trabalhava das
posteriores. O grupo empregador, em sua defesa, não negou os 08h00min às 18h00min, com 30 minutos de intervalo, de segunda a
fatos descritos na inicial, razão pela qual os tenho como verídicos. sexta-feira. Considero verdadeira a jornada narrada em audiência,
Afirmou apenas que nem a lei e nem as normas coletivas definem uma vez que os reclamados não apresentaram os cartões de ponto.
os critérios de pagamento das comissões, bem com que não cabe Tampouco foi apresentada outra prova do horário de trabalho da
ao Poder Judiciário adentrar em assuntos dessa natureza. Ocorre autora. Acrescento que esta trabalhava predominantemente de
que, de acordo com o artigo 466, caput, da CLT, o pagamento das maneira interna, nas agências do Banco Bradesco, como admitido
comissões é exigível após ultimada a transação, ou seja, quando pelo preposto deste. Portanto, a reclamante prestava 1h30min extra
ocorre a aceitação, pela empresa, com o fechamento do negócio por dia de trabalho, uma vez que, sendo securitária e, não,
intermediado pelo vendedor. Acrescento que, nos termos do artigo bancária, estava sujeita à jornada de oito horas diárias e 44
2º da CLT, cabe à empregadora o risco da atividade econômica, semanais. Como o salário da empregada era composto
não podendo atribuir à empregada o encargo por toda intercorrência exclusivamente por comissões, tem-se que estas continuaram
relacionada ao ajuste entabulado com o cliente, à exceção da sendo pagas durante a sobrejornada. Assim, resta devido apenas o
comprovada insolvência deste último. Portanto, os reclamados não adicional de 50%. Nesse sentido, inclusive, dispõe a súmula nº. 340
poderiam deixar de pagar as comissões por conta da inadimplência do TST. Em face do exposto e não havendo sequer alegação de
dos clientes, ou do cancelamento posterior do plano vendido, bem que tenha havido a quitação, condeno os reclamados ao pagamento
como não poderiam retê-las por seis meses em casos de troca de do adicional de 50% sobre a 1h30min extra por dia de trabalho.
produtos, inadimplência ou cancelamento de apólices pelos clientes. Condeno-os também ao pagamento, nos limites do pedido, de uma
Tampouco poderiam deixar de pagar as comissões após a quitação hora de intervalo intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do
da 60ª parcela pelo cliente. Além disso, a redução dos percentuais e adicional de 50%. Não se aplica ao intervalo o entendimento
a supressão injustificada da comissão pela venda de consórcios, firmado na súmula nº. 340 do TST, pois a pausa para alimentação e
planos de previdência privada e cartões de crédito implicaram repouso não é computada na duração do trabalho. Dada a natureza
alterações contratuais lesivas, o que é vedado pelo artigo 468 da salarial do adicional de horas extras e dos intervalos, defiro seus
CLT. Isso posto, condeno os reclamados ao pagamento, nos limites reflexos sobre repouso semanal remunerado (o qual não inclui o
dos pedidos, das comissões não recebidas, no valor de R$ 500,00 sábado e nem feriados, como já exposto no tópico anterior),
por mês, inclusive as referentes ao "código reservado", estas na FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, 13º salário e
importância mensal de R$ 300,00 mensais (totalizando R$ 800,00), aviso prévio. Indefiro os reflexos sobre as "demais verbas
valores que reputo corretos porque não foram impugnados remuneratórias", pois não foram especificadas. Indefiro a integração
especificamente. Condeno-os também ao adimplemento, nos limites das horas extras no cômputo de eventuais gratificações, pois a
dos pedidos, das comissões decorrentes das vendas, a partir de autora recebia apenas por comissões. Os reflexos do repouso
novembro de 2016, de consórcios e planos de previdência privada. semanal, majorado pela integração das horas extras deferidas, não
Defiro ainda as diferenças entre as comissões pagas e as que são repercutem no cálculo das demais parcelas salariais, sob pena de
devidas com base nos percentuais em vigor no dia 14/10/2012, pagamento em dobro. Nesse sentido, inclusive, dispõe a OJ nº 394
quando começou o período não prescrito. Condeno os reclamados da SBDI-1 do TST. Quanto ao divisor, deve ser aplicado o de 220,
a restituírem as comissões devidas à reclamante após a quitação, já que a reclamante estava sujeita à jornada de oito horas diárias.
pelos clientes, da 60ª parcela dos produtos adquiridos. Dada a Ainda apreciando o tópico da jornada de trabalho,a reclamante
natureza salarial das comissões, defiro seus reflexos sobre 13º alega que não lhe era concedido o intervalo previsto no artigo 384
salário, FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, da CLT. Os reclamados, em defesa conjunta, afirmam que o citado
adicional de horas extras (como será explicitado no tópico seguinte) dispositivo consolidado não foi recepcionado pela Constituição
e repouso semanal remunerado. Este não inclui o sábado, que é dia Federal de 1988. Subsidiariamente, defendem que o seu
descumprimento implica mera infração administrativa. Isso posto, materiais formulados pela recorrente.
esclareço que o artigo 384 da CLT determina a concessão de um Alega a reclamante que era obrigada a cumprir metas acima das
intervalo de 15 minutos antes do início da jornada extraordinária da condições normais, sendo cobrada pessoalmente ou por e-mail.
mulher. Trata-se de medida de proteção da trabalhadora e justifica- Afirma também que, caso não atingisse as metas, era tachada, nas
se pelas desigualdades fisiológicas existentes entre os sexos, bem reuniões ou em áudio conferências, de incompetente e incapaz,
como pelo fato de tradicionalmente as empregadas acumularem o bem como tinha seu nome inserido no mural dos piores vendedores.
expediente de trabalho com os afazeres domésticos. Acrescento Aduz que era coagida a patrocinar festas para a agência e a dar
que o fato de o Supremo Tribunal Federal ter anulado o julgamento brindes e prêmios para os gerentes. Informa que era obrigada a
do RE nº. 658.312/SC, no qual havia sido reconhecida a participar de grupo no aplicativo de mensagens instantâneas
compatibilidade do artigo 384 da CLT com a Constituição Federal, "Whatsapp", no qual recebia críticas, cobranças e ameaças a
não implica óbice ao deferimento do pleito porque não foi firmada qualquer hora do dia e da noite, por parte dos prepostos dos
tese contrária, estando o processo pendente de julgamento. reclamados. Dentre os e-mails e mensagens de "Whatsapp"
Portanto, é compatível com a Constituição Federal. Como o juntados aos autos, deveras há diversas cobranças; mas estas,
intervalo sob comento é medida de higiene, saúde e segurança da porém, não são direcionadas especificamente à reclamante, senão
trabalhadora, assim como os intervalos intrajornada previstos no a conjunto de trabalhadores da reclamada. Acrescento não haver
artigo 71 da CLT, deve receber o mesmo tratamento jurídico. Assim, prova de ofensas nas reuniões e áudio conferências, nem de que a
o descumprimento do artigo 384 consolidado implica afronta ao autora fosse coagida a patrocinar festas e nem de que tivesse seu
artigo 7º, XXII, da Constituição Federal e, não, mera infração nome incluído no mural dos piores vendedores. As testemunhas, de
administrativa. Com fulcro na aplicação analógica do artigo 71, §4º, seu turno, nada esclareceram acerca do suposto o assédio descrito
da CLT e tendo em vista que todo o período de vínculo é anterior à na inicial. Portanto, julgo improcedente o pedido.
Lei nº. 13.467/2017, que revogou o dispositivo sob análise, condeno Quanto ao pedido de compensação de danos morais decorrentes
o reclamado ao pagamento, com adicional de 50%, do intervalo de de ausência de assinatura da CTPS da reclamante, julgo-o
15 minutos por dia de trabalho em que foram prestadas horas improcedente pois não há prova de que a reclamante tenha sofrido
extras. Como a parcela deferida tinha natureza salarial, defiro seus qualquer prejuízo por conta da falta de assinatura da CTPS,
reflexos sobre os descansos semanais remunerados, 13º salários, omissão, que, por si só, não implica ofensa a quaisquer dos direitos
Indefiro, porém, os reflexos sobre abonos e gratificações Adiante, alega a reclamante que nunca lhe foi disponibilizado, nem
semestrais, uma vez que a autora recebia apenas comissões. a seus dependentes, os planos de saúde e odontológico da
Indefiro os reflexos sobre as horas extras, pois foi deferido apenas o empresa. Os reclamados afirmam que a autora não fazia jus aos
adicional de 50%, o qual tem por base de cálculo a média das benefícios porque era corretora autônoma, tese, porém, já
Passando à apreciação do pedido de verbas rescisórias, tenho, disponibilizava planos de saúde e odontológico aos seus
como já exposto, que a reclamante foi admitida em 01.04.1996, funcionários e dependentes, mas que a reclamante foi excluída por
para exercer a função de corretora, com salário mensal de R$ ser tratada como prestadora de serviços autônoma, o que não
5.350,00, e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018, condizia com a realidade. Portanto, condeno os reclamados ao
observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Isso posto e tendo pagamento, nos limites do pedido, de indenização equivalente às
em vista que a tese da defesa, de que não havia vínculo de despesas com saúde, inclusive odontológicas, da reclamante, seu
emprego, restou superada, condeno os reclamados ao pagamento marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena Moura e Emanuelly
das seguintes parcelas, nos limites dos pedidos: aviso prévio Nobre Macena Moura), durante o período não prescrito.
indenizado de 90 dias; 13º salários integrais de 2012, 2013, 2014, Prosseguindo, a recorrente postulou o pagamento de indenização
2015, 2016, 2017; férias em dobro dos períodos aquisitivos de pela ausência de concessão de licença maternidade em seu prol,
2011/2012, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016 e por ocasião do nascimento de sua segunda filha nos idos de 2013.
simples de 2016/2017 e proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas As reclamadas contestaram o pedido em questão unicamente
acrescidas do terço constitucional; FGTS+40% de todo o período de alegando que a reclamante não era empregada da empresa, tese
vínculo e indenização substitutiva do seguro-desemprego. que, como visto, restou superada acima. Nesse contexto, julgo o
Passo à análise do pedido de compensação por danos morais e pedido em referência procedente, condenando as reclamadas a
pagarem à reclamante indenização pela não concessão da licença de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as
rogada, no valor correspondente a seis vezes a remuneração comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais
mensal devida à reclamante no mês de abril de 2013. em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à
Quanto ao pedido de ressarcimento de honorários advocatícios reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos
contratuais e demais despesas do processo, este não merece produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário,
prosperar, pois se trata de relação alheia aos reclamados, tendo FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de
sido estipulados exclusivamente entre a reclamante e seus horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50%
procuradores, não estando inseridos, portanto, nos ônus sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo
processuais do empregador. O contrato de honorários somente intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%;
produz efeitos entre as partes contratantes, não podendo ser oposto reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso
aos reclamados. Ademais, a contratação decorreu da vontade semanal remunerado, FGTS+40%, férias acrescidas do terço
exclusiva da reclamante, não havendo dano a ser indenizado. Sob constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por
outro enfoque, não vislumbro qualquer despesa da reclamante com dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o
o processo, tais como indenização de viagem, remuneração de adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais
assistente técnico ou diária de testemunha. As custas serão pagas remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional,
ao final pelos reclamados, vencidos parcialmente. Portanto, julgo aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º
improcedente o pedido. salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em
Julgo igualmente improcedente o pedido de aplicação às dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013,
reclamadas da multa prevista no artigo 467 da CLT, pois todas as 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e
parcelas requeridas restaram controvertidas. Por outro lado, tendo proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço
em vista o inadimplemento, até a presente data, das parcelas constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo;
rescisórias, sem que a mora tenha decorrido de culpa da indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização
reclamante, julgo procedente o pedido de condenação das equivalente às despesas com saúde, inclusive odontológicas, da
reclamadas na multa do artigo 477, §8º, da CLT, nos limites do reclamante, seu marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena
Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso ordinário, para, prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença
reformando a sentença, julgar parcialmente procedente a a presente maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes
reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de
BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, 2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado
BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta
DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora,
CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta
em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018,
seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a
reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros
mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º,
12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale- da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a
transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até
e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); 25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal
multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum,
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas, poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data.
no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é
reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais; devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos
comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016, serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já
pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias dobro dos períodos aquisitivos de 2011/2012, 2012/2013,
e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o 2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016, simples de 2016/2017 e
descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e proporcionais (9/12) de 2017/2018, todas acrescidas do terço
os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das constitucional; FGTS+40% de todo o período de vínculo;
horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais indenização substitutiva do seguro-desemprego; indenização
parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas equivalente às despesas com saúde, inclusive odontológicas, da
pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o reclamante, seu marido e filhas (Fernanda Clara Nobre Macena
valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00. Moura e Emanuelly Nobre Macena Moura), durante o período não
Voto por conhecer do recurso ordinário, para, no mérito, dar-lhe prescrito; indenização pela ausência de concessão de licença
parcial provimento; julgando parcialmente procedente a a presente maternidade à reclamante, em valor correspondente em seis vezes
reclamação trabalhista, condenando solidariamente os reclamados a remuneração mensal devida à reclamante no mês de abril de
BANCO BRADESCO S/A, BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, 2013; multa do artigo 477, §8º, da CLT. Condeno o reclamado
BRADESCO SEGUROS S/A e BRADESCO ADMINISTRADORA Bradesco Vida e Previdência a anotar, na CTPS da autora, que esta
DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à reclamante, MARIA foi admitida em 01/04/1996, para exercer a função de corretora,
CLEONICE NOBRE MACENA, no prazo de 48 horas após o trânsito com salário mensal de R$ 5.350,00 (cinco mil trezentos e cinquenta
em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às reais), e demitida sem justa causa na data de 12/01/2018,
seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição observada a projeção do aviso prévio de 90 dias. Declaro que a
reconhecida e deduzida a importância já quitada quanto aos reclamante pertencia à categoria profissional dos securitários. Juros
mesmos títulos: auxílio-refeição (cláusula 11ª das CCTs de 2012, de 1% ao mês, devidos a partir do ajuizamento da presente
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); auxílio cesta alimentação (cláusula reclamação trabalhista, conforme os artigos 883 da CLT e 39, §1º,
12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); vale- da Lei nº. 8.177/1991. Quanto à correção monetária, determino a
transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 aplicação do índice TR somente para os créditos devidos até
e 2017); indenização adicional (cláusula 30ª da CCT de 2017); 25/03/2015, marco temporal firmado pelo Supremo Tribunal Federal
multa por descumprimento das convenções (cláusula 52ª das CCTs no julgamento da ADI 4.425 para, modulando os efeitos do decisum,
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); participação nos lucros manter o índice oficial de remuneração básica da caderneta de
de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017; comissões não recebidas, poupança (TR) aos precatórios expedidos ou pagos até esta data.
no valor de R$500,00 por mês; comissões referentes ao "código Após, a correção deve ser realizada pelo IPCA-E. A correção é
reservado", estas na importância mensal de R$300,00 mensais; devida a partir do 1º dia do mês subsequente ao da prestação dos
comissões decorrentes das vendas, a partir de novembro de 2016, serviços, data de vencimento do débito inadimplido, entendimento já
de consórcios e planos de previdência privada; diferenças entre as pacificado na súmula nº. 381 do TST. Contribuições previdenciárias
comissões pagas e as que são devidas com base nos percentuais e fiscais considerando os seguintes parâmetros: divisor de 220; o
em vigor no dia 14/10/2012; restituição das comissões devidas à descanso semanal remunerado não inclui sábados e nem feriados e
reclamante após a quitação, pelos clientes, da 60ª parcela dos os reflexos do repouso semanal, majorado pela integração das
produtos adquiridos; reflexos das comissões sobre 13º salário, horas extras deferidas, não repercutem no cálculo das demais
FGTS+40%, férias acrescidas do terço constitucional, adicional de parcelas salariais. Custas da reclamação trabalhista suportadas
horas extras e repouso semanal remunerado; adicional de 50% pelos reclamados, no importe de R$1.000,00, calculadas sobre o
sobre a 1h30min extra por dia de trabalho; uma hora de intervalo valor da condenação, ora arbitrado em R$50.000,00."
intrajornada parcialmente suprimido, acrescida do adicional de 50%; Embargos providos, neste ponto.
reflexos do adicional de horas extras e dos intervalos sobre repouso II. DOS EMBARGOS DA PARTE RECLAMANTE
constitucional, 13º salário e aviso prévio; intervalo de 15 minutos por Uma vez preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de
dia de trabalho em que foram prestadas horas extras, com o admissibilidade, merecem conhecimento os embargos de
adicional de 50% e seus reflexos sobre os descansos semanais declaração da parte reclamante.
remunerados, 13º salários, férias acrescidas do terço constitucional, II.2. DO MÉRITO DOS EMBARGOS
aviso prévio e FGTS+40%; aviso prévio indenizado de 90 dias; 13º I.2.1. DA OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. CONSIDERAÇÃO DO
salários integrais de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017; férias em PERÍODO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO
A parte autora afirma que o acórdão reconheceu o vínculo vinculo do Ramo Financeiro e acostada ao ID. c5c2a8f - Pág. 2 consigna
de emprego, entre a Reclamante e a Primeira Reclamada, no vigência de 2 anos, de 1º de setembro de 2016 a 31 de agosto de
período de 01/04/1996 a 12/01/2018 (termo final já com a projeção 2018, pelo que aplicável ao pacto laboral até seu encerramento.
do aviso prévio proporcional), mas só deferiu verbas normativas no Embargos acolhidos tão somente para prestar esclarecimentos.
período de 2012 a 2017, em descompasso com o art. 487, §1º, da I.2.2. DA OMISSÃO. OUTRAS VERBAS PREVISTAS EM CCT
trabalhador teve seu contrato estendido até 12/01/2018 por força do De fato, o acórdão findou omisso, vez que se mostram devidas as
aviso prévio indenizado, sendo que as normas coletivas então demais verbas convencionais devidas ao bancário, durante o
vigentes devem ser aplicadas, quando devidas, até a cessação do período imprescrito, observada a vigência da CCT e quando fizer
E o acórdão não rezou o contrário, uma vez que não limitou o Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale Cultura e Folga
pagamento das verbas convencionais até 2017. Consignou, tão Assiduidade, nos termos do pedido inicial.
somente, que aplicar-se-iam as normas celebradas até 2017, Igualmente, uma vez reconhecido o vínculo com a instituição
mesmo pelo fato que o contrato de trabalho tem sua rescisão financeira e seu enquadramento como bancária, a reclamante faz
durante a primeira quinzena de janeiro de 2018. Confira-se: jus ao Piso da Categoria, previsto nas CCTs acostadas aos autos,
"ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA nos períodos em que se observar que seu salário findou inferior
DO TRABALHO DA SÉTIMA REGIÃO por unanimidade, conhecer Embargos providos, neste capítulo.
do recurso e, no mérito, por maioria dar-lhe parcial provimento para I.2.3. DA OMISSÃO. DIFERENÇAS DE COMISSÕES
reconhecer o vínculo de emprego entre a reclamante e o primeiro Em seus embargos, a parte autora aduz que não restou apreciado
reclamado, Banco Bradesco S.A., e condenar solidariamente os pelo acórdão a questão da redução das comissões pagas durante o
ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS LTDA, a pagarem à Na vestibular a parte alegou que houve redução do percentual do
reclamante, MARIA CLEONICE NOBRE MACENA, após o trânsito seu comissionamento, que era de 100% da primeira contribuição
em julgado e liquidação deste acórdão, a importância referente às paga pelo cliente, 30% da segunda, 20% da terceira e 10% da
seguintes parcelas, nos limites dos pedidos, observada a prescrição quarta. Em seu apelo ordinário a parte reforçou referido pedido.
reconhecida na sentença e deduzida a importância já quitada A questão, de fato, restou omissa no julgamento impugnado, a
quanto aos mesmos títulos: i) auxílio-refeição (cláusula 11ª das exigir seu saneamento.
CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); ii) auxílio cesta Tem-se, de fato, por verossímil as alegações da trabalhadora, de
alimentação (cláusula 12ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, que houve redução no percentual de suas comissões, alteração
2016 e 2017); iii) vale-transporte (cláusula 18ª das CCTs de 2012, lesiva do contrato de trabalho, nos termos do art. 468 da CLT.
2013, 2014, 2015, 2016 e 2017); iv) indenização adicional (cláusula Embargos providos, neste ponto, para incluir na condenação o
30ª da CCT de 2017); v) multa por descumprimento das pagamento das diferenças salariais referentes à redução unilateral
convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, das comissões dos produtos comercializados, durante o período
2016 e 2017); vi) participação nos lucros de 2012, 2013, 2014, imprescrito, com sua integração ao salário para todos os efeitos
2015, 2016 e 2017;" legais, em especial, reflexos para o pagamento das diferenças de
O que se deferiu à reclamante, repise-se, foi o pagamento das horas extras, 13º salários, férias + 1/3, aviso, FGTS + 40% e demais
verbas previstas nas CCTS firmadas até o ano de 2017 e não que verbas rescisórias, contratuais, legais e convencionais de natureza
consignou que os direitos ali previstos não deveriam ser I.2.4. DA OMISSÃO. DAS DESPESAS PARA CONSTITUIÇÃO DE
De todo modo, importa destacar que a Convenção Coletiva de Igualmente o julgado deixou de se manifestar acerca do pedido de
Trabalho firmada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores dano material quanto às despesas para criação da pessoa jurídica
utilizada para prestação de serviços à parte reclamada. coletivas da categoria consoante supre fundamentado. Diante disso,
Com efeito, a parte reclamante não demonstrou documentalmente rescisórias, resultando, portanto, em atraso do pagamento pelo
as despesas que alega haver efetuado. Ademais, como a relação reclamado, motivo pelo qual, se entende devido o pagamento da
entre as partes iniciou-se em 1996, divisa-se a prescrição referente multa prevista na cláusula 52ª, parágrafo primeiro da CCT 2016-
I.2.5. DO ERRO MATERIAL. CONTRADIÇÃO. DIVISOR DAS Assim, deve a Reclamada pagar a multa prevista no parágrafo
HORAS EXTRAS primeiro da cláusula 52ª da CCT 2016/2018, que trata do 'PRAZO
Em verdade, na fundamentação do acórdão constou o divisor de PARA HOMOLOGAÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL', no valor
220, enquanto que no dispositivo consignou-se o divisor de 180, da remuneração total da obreira (comissionista mista), até a data do
razão pela qual resta evidente a contradição. efetivo pagamento das verbas rescisórias pelas Reclamadas e sem
No caso, reconhecida a condição de bancária da reclamante, deve- limitação de valores, requerendo que a data da resilição contratual
se aplicar o divisor de 180 (cento e oitenta). seja a data da propositura da ação, quando as Reclamadas terão
Embargos providos neste ponto. ciência de demanda ajuizada contra elas ou do último dia da
I.2.6. DA OMISSÃO. MÉDIA DE COMISSÕES. INTEGRAÇÃO prestação de serviço, em face da postura de despedimento sumário
A embargante suscita omissão acerca da integração das comissões após a ciência do fato, conforme se asseverou no item 'IV' da
razão da diminuição do percentual das comissões, resta claro que O reclamado descumpriu diversas cláusulas das convenções
seus valores, uma vez apurados, devem integrar a remuneração da coletivas dos bancários, pugna a Reclamante pela condenação do
bancária para todos os fins. reclamado da multa normativa, nos termos e valores ali descritos.
Há alegação de omissão acerca dos pedidos de multa da Cláusula Diante dos fundamentos expostos, requer a Reclamante:
55ª da CCT 2016-2016 e esclarecimento acerca da multa prevista z) Pagamento das multas previstas nas cláusulas 52ª (prazo para
na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018. homologação de rescisão contratual) e 55ª (multa normativa) da
Acerca da multa normativa, o acórdão consignou o seguinte: CCT, por descumprimento das normas coletivas dos bancários, nos
"Em razão do reconhecimento do vínculo empregatícios, restam termos e valores ali indicados, conforme termos e parâmetros da
convenções (cláusula 52ª das CCTs de 2012, 2013, 2014, 2015, Referidas cláusula convencionais assim dispõem:
Analisa-se. CONTRATUAL
Na inicial a parte requereu multas previstas na Cláusula 52ª e 55ª Quando exigida pela lei, o banco se apresentará presenta o órgão
da CCT 2016-2018 da categoria dos bancários. competente, para a homologação da rescisão contratual dos
Todavia, o julgado deixou de se manifestar acerca da multa empregados e pagamento das parcelas decorrentes, até o primeiro
disposta na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, bem como não dia útil imediato ao término do contrato, ou dentro de dez dias
prestou maiores esclarecimentos acerca do cumprimento da contados da data da notificação da demissão, quando da ausência
penalidade imposta na Cláusula 52ª da mesma convenção. de aviso prévio, de sua indenização ou da dispensa do seu
Passa-se ao saneamento do vício constatado. cumprimento. Fica ressalvada a hipótese de abandono de emprego.
"G. Da Multa Prevista na Cláusula 52ª da CCT 2016-2018 - Prazo Se excedido o prazo, o banco, até sua apresentação para
para Homologação de Rescisão Contratual - (norma de homologação, pagará ao ex-empregado importância igual a que
Cláusula 55 - MULTA POR DESCUMPRIMENTO DA CONVENÇÃO esteve em causa), a decisão afastou a incidência dos juros de mora
Se violada qualquer cláusula desta Convenção, ficará o infrator desse modo, tornou o crédito trabalhista um dos mais "baratos" do
obrigado a pagar a multa no valor de R$ 35,29 (trinta e cinco reais mercado (conquanto essencialmente alimentar), favorecendo
e vinte e nove centavos), a favor do empregado, que será devida , sensivelmente a posição jurídica do devedor trabalhista. Os
por ação, quando da execução da decisão judicial que tenha números bem o demonstram: para 2010, p. ex., a Selic acumulada
reconhecido a infração, qualquer que seja o número de empregados totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o
participantes. IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic
Parágrafo Único acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a
Em 1º.09.2017 o valor previsto nesta cláusula será reajustado pelo 12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E
INPC/IBGE acumulado de setembro de 2016 a agosto de 2017 com juros (1%) chega a 15,86%.
acrescido de aumento real de 1% (um por cento)." (destacamos) Nada obstante, a partir de dezembro de 2020, "decisum habemus":
- Multa da Cláusula 55ª da CCT 2016-2018 dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo
Frente ao reconhecimento do vínculo de emprego e enquadramento Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas
da autora como bancária, impõe-se o deferimento da multa prevista é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão,
na Cláusula 55ª da CCT 2016-2018, no valor de R$ 35,29 (trinta e especialmente para equacionar aspectos omissos ou dúbios do
cinco reais e vinte e nove centavos), corrigida pelo INPC/IBGE a julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões
partir de 01/09/2017, acrescido de 1% (um por cento). principais desde logo se colocaram:
- Multa da Cláusula 52ª da CCT 2016-2018 (a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga
Em relação a esta última penalidade, merece correção a omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja
condenação consignada no acórdão impugnado, porquanto se suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente
refere tão somente à CCT 2016-2018, uma vez que diz respeito ao razoável, com a competente remuneração do capital?
prazo para homologação da rescisão contratual, que ocorreu uma (b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa
única vez. corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante
Assim, observando-se o descumprimento da cláusula convencional, da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive
impõe-se o deferimento do pagamento da multa prevista na retroativamente), terá de haver alguma devolução?
Cláusula 52ª da CCT de 2016-2018, equivalente à última (c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em
I.2.8. DA OMISSÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic?
No tocante à correção monetária, o acórdão tão somente fez atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória
referência às decisões do STF no bojo das ADCs 58 e 59, restando (i.e., em se tratando de coisa ainda não soberanamente julgada,
omisso acerca dos efetivos parâmetros de correção monetária e antes do biênio posterior à data do trânsito), será cabível o
juros moratórios. respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao
direito econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação (e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos
De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor
um fator de correção monetária adequado, especialmente para e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e
créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da
relativa da capacidade de compra da moeda, mas, ao revés, a CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV,
variação das taxas de juros apuradas nas operações de do CPC/2015, como ainda, "per analogiam", o próprio art. 600 da
empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça
federais como garantia. Mas a distorção exsurgiu ainda mais social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem
gritante; ao assim decidir, alcançando o art. 883 da CLT (que nunca responder como segue.
A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na inconfundíveis (correção monetária e juros) -, respondo que o
orientação de seu público (v., p. exemplo, Direito e seu intérprete não podem fechar os olhos para a realidade,
26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente Tribunal Federal, que sempre tratou a condição inflacionária do país
para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no na análise da taxa de juros e vice-versa. (...) Sendo assim,
decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente posiciono-me pela necessidade de conferirmos interpretação
considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta conforme à Constituição dos dispositivos impugnados nestas ações,
ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode determinando que o débito trabalhista seja atualizado de acordo
-se assentar que, para os casos em que a disputa da correção com os mesmos critérios das condenações cíveis em geral. Além
monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister: disso, entendo que devemos realizar apelo ao Legislador para que
(i) determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação corrija futuramente a questão, equalizando os juros e a correção
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de monetária aos padrões de mercado e, quanto aos efeitos pretéritos,
então (inclusive), como entendeu o C. STF; determinarmos a aplicação da taxa Selic, em substituição à TR e
(ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a aos juros legais, para calibrar, de forma adequada, razoável e
correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. proporcional, a consequência deste julgamento."
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, Frente ao acima destacado, impõe-se suprir omissão para: (i)
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive)
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então
responder por uma indenização suplementar até esse limite, (inclusive), como entendeu o C. STF; (ii) se se demonstrar, em sede
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior à
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando-
os efeitos, na própria Selic); e se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de
(iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização
processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art.
devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao 404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência -se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão
(IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, "embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se
art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e
Insta, ademais, destacar que na ADC 58 o Ministro Gilmar Mendes já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito
bem destacou acerca da observância do disposto no Código Civil, principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e
"in verbis": Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93,
"Embora, como dito, o STF nunca tenha declarado a IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
inconstitucionalidade da TR per se, reconheço que o entendimento abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
submetido a regime jurídico próprio da Lei 9.494/1997, com as Conhecer dos embargos de ambas as partes e dar-lhes parcial
ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA 3ª sede de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior
TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer
REGIÃO, por unanimidade, conhecer dos embargos de declaração dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando-
da parte reclamada e lhe dar parcial provimento para, sanando se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de
omissão, acostar o voto vencido, nos termos da fundamentação. liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização
Conhecer dos embargos de declaração da parte reclamante e por suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art.
maioria lhes dar parcial provimento, com a concessão de efeito 404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
infringente, para, sanando omissões, contradições e prestando -se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão
a) pronunciar a prescrição quinquenal em relação ao pagamento de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo para
das despesas com a constituição da pessoa jurídica utilizada para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e já
prestação de serviços ao banco empregador; fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito
b) deferir o pagamento, durante o período imprescrito, observadas principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e
as normas coletivas e sua vigência, das parcelas: 13ª Cesta Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93,
Alimentação, Auxílio-Creche/Babá, Requalificação Profissional, Vale IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
Cultura e Folga Assiduidade, nos termos do pedido inicial; abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
c) garantir, durante o período imprescrito, o Piso da Categoria em Valores a serem apurados em ulterior liquidação de sentença.
que se enquadra a reclamante, previsto nas normas coletivas dos Mantido o valor da condenação fixado no acórdão embargado.
bancários, nos períodos em que se observar que sua remuneração Vencido o Desembargador Francisco Tarcisio Guedes Lima Verde
findou inferior àquele patamar mínimo; Junior que divergia apenas em relação ao item "i" do voto.
d) deferir o pagamento das diferenças salariais referentes à redução Participaram do julgamento os Desembargadores José Antonio
unilateral do percentual das comissões dos produtos Parente da Silva (presidente), Francisco Tarcisio Guedes Lima
comercializados, durante o período imprescrito, com sua integração Verde Junior e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente
ao salário para todos os efeitos legais, em especial, reflexos para o ainda representante do Ministério Público do Trabalho.
pagamento das diferenças de horas extras, 13º salários, férias + Fortaleza, 05 de agosto de 2021
fins de cálculo;
f) determinar que o valor da remuneração da reclamante, inclusive JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
para fins de anotação em CTPS, deverá ser obtido a partir da média Relator
VERDE JUNIOR / Gab. Des. Francisco Tarcísio Guedes Lima PODER JUDICIÁRIO
1
VOTO DE DIVERGÊNCIA PARCIAL
estabelece:
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
1. ADMISSIBILIDADE.
a atividade de revendedora autônoma era exercida sem qualquer conjunto probatório revelou que a relação havida entre as partes
resquício de subordinação, consoante demonstrado pela prova oral revestiu-se dos elementos caracterizadores da relação de emprego,
colhida nos autos. Defende a inaplicabilidade da teoria da consoante disposições contidas no art. 3º da CLT, razão pela qual
subordinação estrutural à espécie. merece ser mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos, "in
Ao exame. verbis":
Na sistemática processual trabalhista, quando se nega a existência "Ao admitir a prestação de serviços, mas atribuir natureza diversa
de qualquer prestação de trabalho, a prova do vínculo de emprego da empregatícia, acabou a reclamada atraindo o ônus da prova, por
incumbe exclusivamente à parte autora, por ser fato constitutivo de se tratar de fato obstativo do direito da reclamante, a teor do que
seu direito (art. 818, I, da CLT). dispõe o art. 818 da CLT c/c o art. 373, I do CPC.
Por outro lado, admitida a prestação de serviços, ainda que Para que reste configurado o vínculo de emprego, necessária a
dissociados da relação empregatícia, incumbe à parte adversa a presença de 5(cinco) elementos, chamados pela doutrina mais
prova de se tratar, efetivamente, de labor autônomo, ou diversa abalizada como elementos fático-jurídicos da relação de emprego,
situação, porquanto constitui fato impeditivo ao reconhecimento da quais sejam, que a prestação de serviços seja realizada por pessoa
relação empregatícia, presumindo-se, caso não se desonere do física, com pessoalidade, onerosidade, subordinação e não
encargo processual, tratar-se de relação de emprego (art. 818, II, da eventualidade. A falta de um desses elementos já é suficiente para
No caso vertente, a reclamada, em sua defesa, confirmou a Assim, é corolário lógico afirmar que só a partir da conjugação de
prestação de serviços pela reclamante, embora de modo autônomo, todos os pressupostos legais estar-se-ia diante da relação de
sem lograr demonstrar a ausência de subordinação na prestação do emprego - tipo legal próprio e específico -que não se confunde com
trabalho. Despicienda a alegação de inexistência de exclusividade qualquer outra modalidade de relação de trabalho não albergada
por não se tratar de elemento essencial para a configuração do pelo manto protetor da legislação trabalhista.
Com efeito, a despeito da formalização de contrato de prestação de no terreno dos fatos, a existência dos elementos que a informam,
serviços autônomos, a relação de emprego é um contrato realidade, notadamente a subordinação. Este é o único elemento hábil, por
sendo mais relevante aquilo que emana dos fatos do que de vezes, a configurar a existência da relação de emprego, pois tanto o
documentos. Dessarte, somente no exame do caso concreto é que trabalho autônomo quanto o regido pela CLT podem exibir os
será divisada a verdadeira índole da relação entre as partes, sendo demais elementos. Assim, prevalecendo em matéria de relação de
que a efetiva condição de trabalhador autônomo - ou não - se fará emprego a realidade fática, incumbe analisar os elementos
dentro dos contornos nos quais se deu a prestação dos serviços. constantes do processo.
Ao que se vê, no caso vertente, não se trata de uma relação A testemunha Analany Magalhães Bezerra, ouvida a convite da
adquiridos da ré. Evidencia-se que a Executiva de Vendas da Avon "que trabalha para a reclamada desde 2012, na função de gerente
funcionava como um verdadeiro elo entre a reclamada e as de setor; que trabalha viajando para as cidades de Pacajus,
revendedoras autônomas de seus produtos, arregimentando-as e Horizonte, Chorozinho e Ocara; que não possui subordinados; que
dando-lhes suporte, de modo a ampliar as vendas e otimizar os realiza viagens para ministrar reuniões de lançamentos de produtos
lucros da reclamada, inserindo-se, pois, na dinâmica empresarial da para as revendedoras, além de visitaras revendedoras para saber
ré, estando intimamente relacionadas a sua atividade fim, tratando- como estão as vendas; que as executivas de vendas são
se, de nítido caso de subordinação estrutural. De acordo com a revendedoras executivas e podem trabalhar livremente, no horário e
doutrina do ilustre Ministro Maurício Godinho Delgado: nos dias que quiserem; que as revendedoras executivas não
"(...) estrutural é, pois, a subordinação que se manifesta pela possuem metas a cumprir; que as revendedoras executivas
inserção do trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços, possuem objetivos a serem alcançados, quais sejam novos
independentemente de receber ou não suas ordens diretas, mas cadastros e vendas da equipe; que caso não alcancem os objetivos,
acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e há impacto nas comissões recebidas; que caso a revendedora
funcionamento". (DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do executiva não realize nenhuma venda ou novo cadastro, ainda
Trabalho. 9ª ed. São Paulo: Ltr, 2010). assim recebe valores por campanha, já que a equipe realiza
Nessa senda, como bem observou a sentença de origem, o vendas. Às perguntas formuladas pelo(a) procurador(a) da
reclamada respondeu: que conhece a reclamante; que a existência de subordinação na prestação de serviços das executivas
reclamante, além da Avon, vendia semi jóias e era líder da Mais de vendas, seja pela existência de metas a cumprir, como a
Amiga, que é um catálogo que vende produtos semelhantes ao da obrigatoriedade de realizar novos cadastramentos, seja pelo fato da
Avon; que a reclamante faltava a várias reuniões de campanha, e já referida testemunha informar primeiramente que exerce a função de
no final da prestação de serviços, a reclamante passou a vender gerente de setor, mas não possui subordinados e mais na frente
iogurtes e acabou desaparecendo do programa; que a Avon envia afirma ser gerente da reclamante, ou seja, das executivas de
transportadora; que se o consumidor final não pagar determinado Percebe-se, portanto, que a Sra. Analany era quem monitorava a
produto, o prejuízo final é da revendedora; que é comum que as prestação de serviços das executivas de vendas, ainda que através
executivas de vendas realizem vendas de outros produtos, como de grupo de whatsapp, informando acercados lançamentos,
por exemplo da Natura, Boticário e Tupperware; que uma das promovendo reuniões presenciais, incentivando a venda de
executivas de Pacajus, Sra Aparecida, inclusive trabalha no cartório; produtos da reclamada, tudo com o intuito de que as executivas
que a própria revendedora executiva é quem arca com os custos de repassassem tais informações para as revendedoras da respectiva
deslocamentos; que as executivas podem se fazer substituir por equipe, o que demonstra que a prestação de serviços das
outras pessoas nas reuniões e inclusive a reclamante já enviou sua executivas é imprescindível ao encadeamento das vendas dos
irmã, Sra Camila, em seu lugar; que as executivas não possuem produtos da Avon.
obrigatoriedade de se reportarem a alguém, podendo viajar e Como se não bastasse, a testemunha Srª Laiane Silva do Santos,
trabalhar no dia e hora que quiserem. Às perguntas formuladas ouvida a convite da reclamante, afirmou:
pelo(a) procurador(a) do reclamante respondeu: que conhece a Sra "que trabalhou para a reclamada no período de 2016 a final de2017,
Laiane Silva dos Santos, que era revendedora executiva, sendo que na função de executiva de vendas; que quando começou a trabalhar
o contrato era em nome do seu esposo, Sr. José Lucas, já que a para a reclamada, a reclamante já se encontrava trabalhando, na
Sra Laiane possuía restrições no SPC; que isso não era comum função de executiva de vendas: que as executivas de vendas
acontecer; que era permitido algumas exceções; que a Sra Laiane possuem metas a cumprir, quais sejam cadastros de novas
Silva exercia a mesma função da reclamante; que o Sr. José Lucas revendedoras, limite de vendas e vendas pessoais; que, caso não
trabalhava juntamente com a Sra Laiane; que não se recorda se a cumprisse essas metas, havia redução o salário e caso houvesse o
reclamante trabalhou no mesmo período que a Sra Laiane; que não cumprimento reiterado de metas, havia o descadastramento;
mesmo que a Sra Laiane trabalhasse em período diverso da que a depoente não poderia se fazer substituir por outra pessoa;
reclamante, as atribuições das duas eram iguais; que a depoente que havia reuniões quinzenais de lançamento de produtos; que
era a gerente da reclamante, ou seja, das revendedoras executivas havia obrigatoriedade das executivas de vendas participarem
da Avon; que tanto a revendedora como a revendedora executiva dessas reuniões; que caso não participassem das reuniões,
realizam vendas dos catálogos da Avon, no entanto a revendedora recebiam advertência verbal da gerente, Sra Ana Alane Magalhães;
executiva apóia uma equipe de revendedoras da Avon; que a que a Sra Ana Alane era quem fiscalizava a rotina e o horário de
reclamante possuía uma equipe de aproximadamente sessenta trabalho da depoente; que a gerente estabelecia um horário para
revendedoras; que o número de revendedoras na equipe dependia que as executivas saíssem para realizar prospecção de clientes e
do nível da executiva no programa; que havia um grupo de pedia para que enviassem fotos dos locais em que estavam, bem
Whatsapp em que participavam gerente e executiva de vendas; que como dos relatórios de cadastros realizados; que somente recebia
o objetivo do grupo de whatsapp é informar lançamentos, remuneração a base de comissões; que mesmo que não realizasse
funcionalidade de produtos, apoiar e incentivar as vendas; que o nenhuma venda e nenhum novo cadastro, ainda assim recebia
objetivo das reuniões presenciais era encantar as revendedoras, já valores mensais, já que as revendedoras da equipe da depoente
que lá elas tinham contato com os produtos, podendo sentir cheiro e geravam um lucro para a mesma; que esse valor era de
textura dos mesmos; que por ter uma relação muito próxima com a aproximadamente R$1.500,00 por mês.(grifos acrescidos).
reclamante, já viu catálogos da Mais Amiga na residência da Da análise do depoimento acima transcrito percebe-se a existência
reclamante e produtos de outras empresas; que não possui fotos ou de todos os elementos fático jurídicos caracterizadores da relação
documentos físicos que pudessem comprovar a referida venda, no empregatícia, especialmente a subordinação jurídica. Com efeito, a
entanto possui testemunhas que podem comprovar. E nada mais" referida testemunha foi categórica ao confirmar que as executivas
Através do depoimento acima transcrito é possível verificar a de vendas possuem metas a cumprir, realizando o cadastro de
novas revendedoras, que tinham metas de vendas e que caso não para o cadastro, em razão de possuir restrições em seu nome.
cumprissem essas metas, havia redução do salário e o Presente, igualmente, a não-eventualidade visto que além de ter
descadastramento, bem como que as executivas não poderiam se restado, incontroversa a prestação de serviços, havia necessidade
fazer substituir por outra pessoa na realização dos serviços. permanente daquela mão de obra pela reclamada, tendo em vista
Verifica-se, através da prova oral produzida, que a autora possuía que as atividades que a reclamante exercia se relacionavam
uma equipe de revendedoras, recebia pedidos das mesmas, diretamente com a atividade fim da reclamada (comercialização de
tinha que cumprir metas da empresa, sob pena, inclusive, de A subordinação também se encontra configurada, conforme já
acompanhadas pela gerente da reclamada, Sra. Analany, o que Ressalte-se que mesmo que a autora não estivesse diariamente
demonstra a subordinação jurídica e o exercício do poder disciplinar sujeita às ordens da reclamada, o que não é o caso dos autos, a
da reclamada sobre as trabalhadoras contratadas como executivas subordinação jurídica, na moderna concepção, decorre da
Tem-se, portanto, que a reclamante era um elo essencial entre a organização empresarial do beneficiário dos serviços, enquanto
gerente e as revendedoras, o que evidencia verdadeira atividade necessária à continuidade do próprio empreendimento.
subordinação estrutural, estando inserida na dinâmica da empresa Os padrões conceituais básicos do trabalho subordinado
acionada, acatando sua organização e funcionamento. apresentaram evoluções significativas, fruto da própria dinâmica da
Assim é que, ainda que se admitisse que a reclamante não tivesse realidade social, traduzindo-se na integração da atividade do
jornada fixa a cumprir, restou claro que a obreira integrava o prestador à atividade do empregador, tornando-se aquela de vital
processo e a dinâmica estrutural de funcionamento da cadeia de importância para o desenvolvimento técnico, econômico e
Pode-se constatar, dessa forma, que as funções exercidas pela jurídica não se configura apenas quando há intensas e constantes
Reclamante se enquadravam na atividade-fim, habitual, necessária ordens sobre o empregado, podendo restar caracterizada em razão
e permanente da Reclamada, sendo estaquem dirigia e assalariava da própria natureza do serviço prestado (subordinação estrutural).
Depreende-se que a reclamante era subordinada à reclamada, normal da empresa, haverá, sem dúvida, trabalho subordinado.
sendo seu serviço prestado de maneira onerosa, com pessoalidade Maurício Godinho Delgado discorre sobre essa novel visão da
se uma pessoa presta serviços não-eventuais, onerosos, pessoais e "A subordinação objetiva, ao invés de se manifestar pela
subordinados a outrem, como restou evidenciado no caso em intensidade de comandos empresariais sobre o trabalhador
apreço, não há, na ordem jurídica vigente, como exonerar esse (conceito clássico), desponta da simples integração da atividade
tomador da responsabilidade pela relação de trabalho estabelecida. laborativa obreira nos fins da empresa. Com isso, reduz-se a
À luz dos elementos probatórios anteriormente analisados, pode-se relevância da intensidade das ordens, substituindo o critério pela
afirmar que a reclamada utilizou-se diretamente da mão de obra da idéia de integração aos objetivos empresariais (...). Estrutural é,
autora para execução da sua atividade econômica, estando pois, a subordinação que se manifesta pela inserção do trabalhador
presentes todos os elementos necessários para a caracterização de na dinâmica do tomador de serviços, independentemente de
vínculo empregatício, nos moldes dos arts. 2º e 3º da CLT. receber (ou não) suas ordens diretas, mas acolhendo,
O requisito da onerosidade se encontra consubstanciado pelo estruturalmente, sua dinâmica de organização e funcionamento"
recebimento de comissões, as quais representam típica (Direitos Fundamentais na Relação de Trabalho,LTr, v. 70, nº 6, p.
pessoalidade, na medida em que era a reclamante quem prestava No caso dos autos, restou comprovado que tanto a reclamante
os serviços de executiva de vendas e geria uma equipe, ainda que recebia ordens da reclamada, como a atividade da autora constituía
tenha utilizado o nome de seu esposo para o cadastro durante um necessidade permanente da empresa acionada, porquanto utilizada
tempo. Tanto é assim que a própria senhora Analany admite que a como meio de concretizar seus objetivos econômicos. É que sendo
Sra. Laiane Silva Santos também utilizou o nome de seu esposo a reclamada uma empresa que explora a atividade de vendas de
varejo, resta evidente que a função descrita pela reclamante conforme dispõe o art. 3º da CLT. Precedentes. Recurso desprovido
(executiva de vendas) se encontra necessariamente inserida dentro (TRT 17, RO 0000735-66.2016.5.17.0101, Claudio Armando Couce
Ademais, convém esclarecer que o fato da reclamante exercer ou VÍNCULO DE EMPREGO. EXECUTIVA DE VENDAS.
não suas atividades não com exclusividade, por si só, não AVON.CARACTERIZAÇÃO. As funções desempenhadas pela
descaracteriza o vínculo empregatício. autora revelam que, como executiva de vendas, ela era o elo de
Ora, é cediço que a exclusividade não é requisito do contrato de ligação entre os gerentes da empresa e as revendedoras
trabalho, podendo a obreira, visando sua subsistência, ter mais de pertencentes à sua equipe, atuando como longa manus da
um emprego, sem que isso afaste a pretensão de reconhecimento empregadora. Estava, portanto, inserida na dinâmica empresarial,
do vínculo com o empregador questionado, na forma dos artigos138 prestando serviços relacionados à atividade fim da ré e atendendo a
Em outras palavras, basta que a pessoa preste serviços não- configurando-se a relação empregatícia (TRT 3, RO 0011567-
eventuais, onerosos, pessoais e subordinados a outrem, para que 40.2016.5.03.0040, Quarta Turma, Relatora: Paula Oliveira Cantelli,
relação de emprego em tal situação significaria premiar a reclamada Desta feita, diante das provas dos autos, conclui-se que o trabalho
que contratou trabalhadora sem observância dos requisitos legais, prestado pela autora, como executiva de vendas, inseria-se na
isentando-a de qualquer encargo trabalhista e retirando da obreira estrutura empresarial da reclamada, não tendo esta logrado êxito
seus direitos laborais, mesmo tendo emprestado sua força de em comprovar a natureza autônoma do serviço prestado pela
Convém ressaltar que são inúmeros os casos análogos contra a Assim, reconhece-se o liame empregatício entre as partes durante o
reclamada, sobre os quais os Tribunais vêm proferido reiteradas período de01/02/2018 a 31/05/2019.
decisões reconhecendo o vínculo empregatício entre as executivas Por ser a empregada comissionista pura, para fins de cálculo da sua
de vendas e a AVON. Vejamos: remuneração, deverá ser observada a média mensal registrada nos
CONTRATO DE COMERCIALIZAÇÃO - FRAUDE À RELAÇÃODE "extratos dos ganhos do programa" juntados aos autos, assegurado
EMPERGO. EXECUTIVA DE VENDAS DA AVON.CONTRATO DE o salário mínimo vigente como base de cálculo nos meses em que a
COMERCIALIZAÇÃO. ORDEM PÚBLICASOCIAL. VÍNCULO reclamante não atingiu o mínimo legal, respeitada a
se de modo tácito ou expresso, desde que presentes a 3. DAS VERBAS RESCISÓRIAS - DAS ANOTAÇÕES NA CTPS -
do labor. No caso dos autos, encontram-se presentes a Ao negar a existência do vínculo empregatício, a reclamada
pessoalidade, habitualidade, e a subordinação, estando correta a assumiu o risco de não apresentar prova da quitação das verbas
sentença que julgou procedente o pedido (TRT1, RO 0001081- postuladas ou de qualquer fato que justificasse o não pagamento
68.2012.5.01.0241, Publicação: 22/05/2015, Relatora: Dra. das mesmas. Aplica-se, inclusive, o disposto na Súmula nº 212 do
Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva) C. TST para considerar imotivada a dispensa da reclamante.
EXECUTIVA DE VENDAS DA AVON. VÍNCULO DE Ademais, é cediço que o ônus de provar o pagamento das verbas
EMPREGO.CONFIGURAÇÃO. Pela presença dos pressupostos devidas aos empregados, inclusive dos salários mensais, é do
caracterizadores de uma relação de emprego previstos no art. 3ºda empregador, mediante apresentação dos respectivos recibos.
CLT, é imperioso o reconhecimento dessa espécie de vínculo entre Assim, tendo restado reconhecido o vínculo empregatício entre as
a Executiva de Vendas e a AVON. ( TRT 4, RO 0021289- partes e não havendo provas de pagamento, julgam-se procedentes
AVON. CARACTERIZAÇÃO. Do conjunto probatório reunido nos b) 13º salário proporcional de 2018 (11/12);
autos, extrai-se que o labor prestado pela reclamante, no exercício c) 13º salário proporcional de 2019 (6/12);
da função executiva de vendas, deu-se com pessoalidade, d) Férias + 1/3 de 2018/2019;e) férias proporcionais + 1/3 (5/12).
onerosidade, de forma não eventual e sob subordinação, estando, Diante do reconhecimento do liame empregatício entre as partes e
assim, caracterizados os requisitos da relação de emprego, tendo sido constatado que a reclamada deixou de realizar as
anotações na CTPS da autora, julga-se procedente a obrigação de pagamento também nos casos de reversão judicial em favor da
fazer consistente em proceder às anotações na CTPS da dispensa meramente arbitrária, de dispensa por justa causa ou
reclamante, devendo a reclamada, após o trânsito em julgado da alegado pedido de demissão, uma vez que, nestes casos, o ato
sentença, ser intimada para, no prazo de 48horas, fazer as empresarial judicialmente anulado provocou grave prejuízo ao
anotações devidas, a fim de consignar o seguinte: data de admissão empregado, suprimindo-lhe as verbas mais amplas da dispensa
- 01/02/2018; função - executiva de vendas; remuneração - injusta. Agravo de instrumento desprovido."(TST- AIRR - 1513-
comissionista puro e data da extinção do vínculo empregatício - 03.2012.5.02.0066 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
01/07/2019, ante a projeção do aviso prévio indenizado (OJ 82 da Data de Julgamento: 31/08/2016, 3ª Turma, Data de Publicação:
Na anotação, a empregadora não poderá fazer constar nenhuma "[...]. LEI N.º 13.015/14. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º,
referência a esta ação, sob pena de multa no valor de R$ 5.000,00 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. RELAÇÃO DE
(cinco mil reais), com esteio artigo 537 do CPC." EMPREGO CONTROVERTIDA. VERBAS RECONHECIDAS
Mantido, outrossim, o prazo de anotação da CTPS, após o trânsito JUDICIALMENTE. 1. O § 8º do artigo 477 consolidado é expresso
em julgado da sentença, no lapso de 48 horas para o cumprimento ao impor ao empregador a obrigação de pagar multa pelo não
da obrigação de fazer, sob pena de causar prejuízo ao trabalhador adimplemento da obrigação de quitar as parcelas constantes do
na busca de novos postos de trabalho. instrumento de rescisão no prazo legal, excepcionada apenas a
2.2. DA MULTA DO ART.477 DA CLT. mora. Num tal contexto, a existência de controvérsia a respeito da
A reclamada defende a inaplicabilidade da multa prevista no art.477, modalidade de ruptura do vínculo de emprego, por si só, não tem o
§8º, da CLT, quando o vínculo de emprego é reconhecido em juízo. condão de afastar a incidência da multa, porquanto não se pode
No tocante à multa prevista no art. 477 da Consolidação das Leis do reconhecimento judicial de situação fática preexistente. 2. Nesse
Trabalho, entende-se que é devida quando o empregador pague a sentido dispõe a Súmula n.º 462 deste Tribunal Superior: "A
destempo as verbas da rescisão, quer se trate de vínculo já circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida apenas
formalizado, quer se trate de vínculo reconhecido apenas em em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista
processo trabalhista,já que o artigo 477 da CLT não faz qualquer no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas
A única exceção contida no artigo 477, §8º, da Consolidação das pagamento das verbas rescisórias". 3. Revelando a decisão
Leis do Trabalho é a hipótese em que ficar comprovado que o recorrida sintonia com a jurisprudência pacífica do Tribunal Superior
trabalhador deu causa à mora na quitação dos seus direitos ou, do Trabalho, não se habilita a conhecimento o Recurso de Revista,
ainda, quando se buscam somente diferenças vencimentais. Calha nos termos do artigo 896, § 7º, da Consolidação das Leis do
transcrever, sobre a matéria, precedentes do c. TST, "in verbis": Trabalho. 4. Agravo de Instrumento não provido." (TST - ARR - 332-
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. 1. REVERSÃO Ministro: Lelio Bentes Corrêa, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT
HORAS EXTRAS E REFLEXOS. MATÉRIAS FÁTICAS. SÚMULA 2.3. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
126/TST. 3. MULTA DO ART. 477 DA CLT. REVERSÃO DO TIPO A reclamada aduz que, havendo a procedência parcial, a
SEGURO DESEMPREGO. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. honorários de sucumbência aos patronos da recorrente, nos termos
MESMO TRIBUNAL. INSERVÍVEL. OJ 111/SBDI-1/TST. ÓBICE No ponto, consignou a sentença de origem, "verbis":
ESTRITAMENTE PROCESSUAL. A multa do art. 477, § 8º, da CLT "Uma vez que a ação trabalhista foi ajuizada após a vigência da Lei
é devida desde que o empregador pague a destempo as verbas da 13.467/17, a fase postulatória já era regida pela nova legislação,
rescisão, quer se trate de vínculo já formalizado, quer se trate de tornando plenamente aplicável a sistemática dos honorários
vínculo reconhecido apenas em processo trabalhista. Cabe o advocatícios, inclusive o critério de sucumbência recíproca previsto
Assim, considerando os critérios previstos no art. 791-A, parágrafo justiça gratuita ao reclamante.
quo":
pontos. Primeiramente por não ter esta Magistrada se manifestado Conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento, mantendo a
sobre o pedido de condenação da reclamante no pagamento dos sentença de origem por seus próprios e jurídicos fundamentos.
Ocorre que a multa prevista no art. 467 da CLT pode ser aplicada DISPOSITIVO
No caso dos autos, a parte autora sucumbiu em parte mínima do TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
seu pedido inicial (multa do art.467 da CLT), não havendo falar em unanimidade,conhecer do recurso ordinário e negar-lhe provimento,
condenação da reclamante ao pagamento de honorários mantendo a sentença de origem por seus próprios e jurídicos
advocatícios sucumbenciais, consoante art. 86, parágrafo único, do fundamentos. Participaram do julgamento os Desembargadores
2.4. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
No caso dos autos, verifica-se que a reclamante logrou comprovar representante do Ministério Público do Trabalho.
sua situação de hipossuficiência econômica por meio da declaração Fortaleza, 12 de agosto de 2021
procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira. ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
Parágrafo único - O dispositivo neste artigo não se aplica para fins Diretor de Secretaria
VÍNCULO EMPREGATÍCIO. AVON. EXECUTIVA DE VENDAS. encargo processual, tratar-se de relação de emprego (art. 818, II, da
procedimento sumaríssimo (art.852-I da CLT). Com efeito, a despeito da formalização de contrato de prestação de
1. ADMISSIBILIDADE. dentro dos contornos nos quais se deu a prestação dos serviços.
Recurso tempestivo, representação regular, custas recolhidas e Ao que se vê, no caso vertente, não se trata de uma relação
depósito recursal substituído por seguro garantia judicial, art. 899, § meramente comercial, consistente na revenda de produtos
11, da CLT). Preenchidos, ainda, os pressupostos intrínsecos de adquiridos da ré. Evidencia-se que a Executiva de Vendas da Avon
admissibilidade recursal, merece conhecimento. funcionava como um verdadeiro elo entre a reclamada e as
Insurge-se, a reclamada, contra a sentença proferida pelo MM. lucros da reclamada, inserindo-se, pois, na dinâmica empresarial da
Juízo da Única Vara do Trabalho de Pacajus (Id ae456b1), ré, estando intimamente relacionadas a sua atividade fim, tratando-
complementada pela decisão de embargos de declaração (Id se, de nítido caso de subordinação estrutural. De acordo com a
904f179), que julgou parcialmente procedentes os pedidos doutrina do ilustre Ministro Maurício Godinho Delgado:
formulados na peça inicial, reconhecendo a relação de emprego "(...) estrutural é, pois, a subordinação que se manifesta pela
Em suas razões recursais (Id 5457e9b), a demandada sustenta independentemente de receber ou não suas ordens diretas, mas
pertencer à parte autora o ônus da prova da relação de emprego acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e
funcionamento". (DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do executiva não realize nenhuma venda ou novo cadastro, ainda
Trabalho. 9ª ed. São Paulo: Ltr, 2010). assim recebe valores por campanha, já que a equipe realiza
Nessa senda, como bem observou a sentença de origem, o vendas. Às perguntas formuladas pelo(a) procurador(a) da
conjunto probatório revelou que a relação havida entre as partes reclamada respondeu: que conhece a reclamante; que a
revestiu-se dos elementos caracterizadores da relação de emprego, reclamante, além da Avon, vendia semi jóias e era líder da Mais
consoante disposições contidas no art. 3º da CLT, razão pela qual Amiga, que é um catálogo que vende produtos semelhantes ao da
merece ser mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos, "in Avon; que a reclamante faltava a várias reuniões de campanha, e já
"Ao admitir a prestação de serviços, mas atribuir natureza diversa iogurtes e acabou desaparecendo do programa; que a Avon envia
da empregatícia, acabou a reclamada atraindo o ônus da prova, por os produtos para a casa das revendedoras através de
se tratar de fato obstativo do direito da reclamante, a teor do que transportadora; que se o consumidor final não pagar determinado
dispõe o art. 818 da CLT c/c o art. 373, I do CPC. produto, o prejuízo final é da revendedora; que é comum que as
Para que reste configurado o vínculo de emprego, necessária a executivas de vendas realizem vendas de outros produtos, como
presença de 5(cinco) elementos, chamados pela doutrina mais por exemplo da Natura, Boticário e Tupperware; que uma das
abalizada como elementos fático-jurídicos da relação de emprego, executivas de Pacajus, Sra Aparecida, inclusive trabalha no cartório;
quais sejam, que a prestação de serviços seja realizada por pessoa que a própria revendedora executiva é quem arca com os custos de
física, com pessoalidade, onerosidade, subordinação e não deslocamentos; que as executivas podem se fazer substituir por
eventualidade. A falta de um desses elementos já é suficiente para outras pessoas nas reuniões e inclusive a reclamante já enviou sua
não ver reconhecido o vínculo de emprego. irmã, Sra Camila, em seu lugar; que as executivas não possuem
Assim, é corolário lógico afirmar que só a partir da conjugação de obrigatoriedade de se reportarem a alguém, podendo viajar e
todos os pressupostos legais estar-se-ia diante da relação de trabalhar no dia e hora que quiserem. Às perguntas formuladas
emprego - tipo legal próprio e específico -que não se confunde com pelo(a) procurador(a) do reclamante respondeu: que conhece a Sra
qualquer outra modalidade de relação de trabalho não albergada Laiane Silva dos Santos, que era revendedora executiva, sendo que
pelo manto protetor da legislação trabalhista. o contrato era em nome do seu esposo, Sr. José Lucas, já que a
Para a caracterização da relação de emprego, impõe-se perquirir, Sra Laiane possuía restrições no SPC; que isso não era comum
no terreno dos fatos, a existência dos elementos que a informam, acontecer; que era permitido algumas exceções; que a Sra Laiane
notadamente a subordinação. Este é o único elemento hábil, por Silva exercia a mesma função da reclamante; que o Sr. José Lucas
vezes, a configurar a existência da relação de emprego, pois tanto o trabalhava juntamente com a Sra Laiane; que não se recorda se a
trabalho autônomo quanto o regido pela CLT podem exibir os reclamante trabalhou no mesmo período que a Sra Laiane; que
demais elementos. Assim, prevalecendo em matéria de relação de mesmo que a Sra Laiane trabalhasse em período diverso da
emprego a realidade fática, incumbe analisar os elementos reclamante, as atribuições das duas eram iguais; que a depoente
A testemunha Analany Magalhães Bezerra, ouvida a convite da da Avon; que tanto a revendedora como a revendedora executiva
"que trabalha para a reclamada desde 2012, na função de gerente executiva apóia uma equipe de revendedoras da Avon; que a
de setor; que trabalha viajando para as cidades de Pacajus, reclamante possuía uma equipe de aproximadamente sessenta
Horizonte, Chorozinho e Ocara; que não possui subordinados; que revendedoras; que o número de revendedoras na equipe dependia
realiza viagens para ministrar reuniões de lançamentos de produtos do nível da executiva no programa; que havia um grupo de
para as revendedoras, além de visitaras revendedoras para saber Whatsapp em que participavam gerente e executiva de vendas; que
como estão as vendas; que as executivas de vendas são o objetivo do grupo de whatsapp é informar lançamentos,
revendedoras executivas e podem trabalhar livremente, no horário e funcionalidade de produtos, apoiar e incentivar as vendas; que o
nos dias que quiserem; que as revendedoras executivas não objetivo das reuniões presenciais era encantar as revendedoras, já
possuem metas a cumprir; que as revendedoras executivas que lá elas tinham contato com os produtos, podendo sentir cheiro e
possuem objetivos a serem alcançados, quais sejam novos textura dos mesmos; que por ter uma relação muito próxima com a
cadastros e vendas da equipe; que caso não alcancem os objetivos, reclamante, já viu catálogos da Mais Amiga na residência da
há impacto nas comissões recebidas; que caso a revendedora reclamante e produtos de outras empresas; que não possui fotos ou
documentos físicos que pudessem comprovar a referida venda, no empregatícia, especialmente a subordinação jurídica. Com efeito, a
entanto possui testemunhas que podem comprovar. E nada mais" referida testemunha foi categórica ao confirmar que as executivas
Através do depoimento acima transcrito é possível verificar a de vendas possuem metas a cumprir, realizando o cadastro de
existência de subordinação na prestação de serviços das executivas novas revendedoras, que tinham metas de vendas e que caso não
de vendas, seja pela existência de metas a cumprir, como a cumprissem essas metas, havia redução do salário e o
obrigatoriedade de realizar novos cadastramentos, seja pelo fato da descadastramento, bem como que as executivas não poderiam se
referida testemunha informar primeiramente que exerce a função de fazer substituir por outra pessoa na realização dos serviços.
gerente de setor, mas não possui subordinados e mais na frente Verifica-se, através da prova oral produzida, que a autora possuía
afirma ser gerente da reclamante, ou seja, das executivas de uma equipe de revendedoras, recebia pedidos das mesmas,
Percebe-se, portanto, que a Sra. Analany era quem monitorava a tinha que cumprir metas da empresa, sob pena, inclusive, de
prestação de serviços das executivas de vendas, ainda que através "descadastramento", metas estas que eram repassadas e
de grupo de whatsapp, informando acercados lançamentos, acompanhadas pela gerente da reclamada, Sra. Analany, o que
promovendo reuniões presenciais, incentivando a venda de demonstra a subordinação jurídica e o exercício do poder disciplinar
produtos da reclamada, tudo com o intuito de que as executivas da reclamada sobre as trabalhadoras contratadas como executivas
equipe, o que demonstra que a prestação de serviços das Tem-se, portanto, que a reclamante era um elo essencial entre a
executivas é imprescindível ao encadeamento das vendas dos gerente e as revendedoras, o que evidencia verdadeira
Como se não bastasse, a testemunha Srª Laiane Silva do Santos, acionada, acatando sua organização e funcionamento.
ouvida a convite da reclamante, afirmou: Assim é que, ainda que se admitisse que a reclamante não tivesse
"que trabalhou para a reclamada no período de 2016 a final de2017, jornada fixa a cumprir, restou claro que a obreira integrava o
na função de executiva de vendas; que quando começou a trabalhar processo e a dinâmica estrutural de funcionamento da cadeia de
para a reclamada, a reclamante já se encontrava trabalhando, na vendas da reclamada, sendo esta beneficiária direta e contínua do
possuem metas a cumprir, quais sejam cadastros de novas Pode-se constatar, dessa forma, que as funções exercidas pela
revendedoras, limite de vendas e vendas pessoais; que, caso não Reclamante se enquadravam na atividade-fim, habitual, necessária
cumprisse essas metas, havia redução o salário e caso houvesse o e permanente da Reclamada, sendo estaquem dirigia e assalariava
que a depoente não poderia se fazer substituir por outra pessoa; Depreende-se que a reclamante era subordinada à reclamada,
que havia reuniões quinzenais de lançamento de produtos; que sendo seu serviço prestado de maneira onerosa, com pessoalidade
havia obrigatoriedade das executivas de vendas participarem e continuidade, orientada pela gerente da empresa acionada. Ora,
dessas reuniões; que caso não participassem das reuniões, se uma pessoa presta serviços não-eventuais, onerosos, pessoais e
recebiam advertência verbal da gerente, Sra Ana Alane Magalhães; subordinados a outrem, como restou evidenciado no caso em
que a Sra Ana Alane era quem fiscalizava a rotina e o horário de apreço, não há, na ordem jurídica vigente, como exonerar esse
trabalho da depoente; que a gerente estabelecia um horário para tomador da responsabilidade pela relação de trabalho estabelecida.
que as executivas saíssem para realizar prospecção de clientes e À luz dos elementos probatórios anteriormente analisados, pode-se
pedia para que enviassem fotos dos locais em que estavam, bem afirmar que a reclamada utilizou-se diretamente da mão de obra da
como dos relatórios de cadastros realizados; que somente recebia autora para execução da sua atividade econômica, estando
remuneração a base de comissões; que mesmo que não realizasse presentes todos os elementos necessários para a caracterização de
nenhuma venda e nenhum novo cadastro, ainda assim recebia vínculo empregatício, nos moldes dos arts. 2º e 3º da CLT.
valores mensais, já que as revendedoras da equipe da depoente O requisito da onerosidade se encontra consubstanciado pelo
geravam um lucro para a mesma; que esse valor era de recebimento de comissões, as quais representam típica
aproximadamente R$1.500,00 por mês.(grifos acrescidos). contraprestação salarial. Entende-se configurada, também, a
Da análise do depoimento acima transcrito percebe-se a existência pessoalidade, na medida em que era a reclamante quem prestava
de todos os elementos fático jurídicos caracterizadores da relação os serviços de executiva de vendas e geria uma equipe, ainda que
tenha utilizado o nome de seu esposo para o cadastro durante um necessidade permanente da empresa acionada, porquanto utilizada
tempo. Tanto é assim que a própria senhora Analany admite que a como meio de concretizar seus objetivos econômicos. É que sendo
Sra. Laiane Silva Santos também utilizou o nome de seu esposo a reclamada uma empresa que explora a atividade de vendas de
para o cadastro, em razão de possuir restrições em seu nome. varejo, resta evidente que a função descrita pela reclamante
Presente, igualmente, a não-eventualidade visto que além de ter (executiva de vendas) se encontra necessariamente inserida dentro
permanente daquela mão de obra pela reclamada, tendo em vista Ademais, convém esclarecer que o fato da reclamante exercer ou
que as atividades que a reclamante exercia se relacionavam não suas atividades não com exclusividade, por si só, não
A subordinação também se encontra configurada, conforme já trabalho, podendo a obreira, visando sua subsistência, ter mais de
Ressalte-se que mesmo que a autora não estivesse diariamente do vínculo com o empregador questionado, na forma dos artigos138
sujeita às ordens da reclamada, o que não é o caso dos autos, a e 414 da CLT.
subordinação jurídica, na moderna concepção, decorre da Em outras palavras, basta que a pessoa preste serviços não-
integração da atividade desempenhada pelo trabalhador à eventuais, onerosos, pessoais e subordinados a outrem, para que
organização empresarial do beneficiário dos serviços, enquanto seja caracterizada a relação empregatícia. Negar a existência da
atividade necessária à continuidade do próprio empreendimento. relação de emprego em tal situação significaria premiar a reclamada
Os padrões conceituais básicos do trabalho subordinado que contratou trabalhadora sem observância dos requisitos legais,
apresentaram evoluções significativas, fruto da própria dinâmica da isentando-a de qualquer encargo trabalhista e retirando da obreira
realidade social, traduzindo-se na integração da atividade do seus direitos laborais, mesmo tendo emprestado sua força de
prestador à atividade do empregador, tornando-se aquela de vital trabalho na atividade fim da empresa reclamada.
importância para o desenvolvimento técnico, econômico e Convém ressaltar que são inúmeros os casos análogos contra a
Na visão doutrinária e jurisprudencial hodierna, a subordinação decisões reconhecendo o vínculo empregatício entre as executivas
jurídica não se configura apenas quando há intensas e constantes de vendas e a AVON. Vejamos:
ordens sobre o empregado, podendo restar caracterizada em razão CONTRATO DE COMERCIALIZAÇÃO - FRAUDE À RELAÇÃODE
da própria natureza do serviço prestado (subordinação estrutural). EMPERGO. EXECUTIVA DE VENDAS DA AVON.CONTRATO DE
Na medida em que a tarefa do empregado compõe a dinâmica COMERCIALIZAÇÃO. ORDEM PÚBLICASOCIAL. VÍNCULO
normal da empresa, haverá, sem dúvida, trabalho subordinado. EMPREGATÍCIO CONFIGURADA. A relação de emprego constitui-
Maurício Godinho Delgado discorre sobre essa novel visão da se de modo tácito ou expresso, desde que presentes a
"A subordinação objetiva, ao invés de se manifestar pela do labor. No caso dos autos, encontram-se presentes a
intensidade de comandos empresariais sobre o trabalhador pessoalidade, habitualidade, e a subordinação, estando correta a
(conceito clássico), desponta da simples integração da atividade sentença que julgou procedente o pedido (TRT1, RO 0001081-
laborativa obreira nos fins da empresa. Com isso, reduz-se a 68.2012.5.01.0241, Publicação: 22/05/2015, Relatora: Dra.
relevância da intensidade das ordens, substituindo o critério pela Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva)
idéia de integração aos objetivos empresariais (...). Estrutural é, EXECUTIVA DE VENDAS DA AVON. VÍNCULO DE
pois, a subordinação que se manifesta pela inserção do trabalhador EMPREGO.CONFIGURAÇÃO. Pela presença dos pressupostos
na dinâmica do tomador de serviços, independentemente de caracterizadores de uma relação de emprego previstos no art. 3ºda
receber (ou não) suas ordens diretas, mas acolhendo, CLT, é imperioso o reconhecimento dessa espécie de vínculo entre
estruturalmente, sua dinâmica de organização e funcionamento" a Executiva de Vendas e a AVON. ( TRT 4, RO 0021289-
No caso dos autos, restou comprovado que tanto a reclamante AVON. CARACTERIZAÇÃO. Do conjunto probatório reunido nos
recebia ordens da reclamada, como a atividade da autora constituía autos, extrai-se que o labor prestado pela reclamante, no exercício
da função executiva de vendas, deu-se com pessoalidade, d) Férias + 1/3 de 2018/2019;e) férias proporcionais + 1/3 (5/12).
onerosidade, de forma não eventual e sob subordinação, estando, Diante do reconhecimento do liame empregatício entre as partes e
assim, caracterizados os requisitos da relação de emprego, tendo sido constatado que a reclamada deixou de realizar as
conforme dispõe o art. 3º da CLT. Precedentes. Recurso desprovido anotações na CTPS da autora, julga-se procedente a obrigação de
(TRT 17, RO 0000735-66.2016.5.17.0101, Claudio Armando Couce fazer consistente em proceder às anotações na CTPS da
VÍNCULO DE EMPREGO. EXECUTIVA DE VENDAS. sentença, ser intimada para, no prazo de 48horas, fazer as
AVON.CARACTERIZAÇÃO. As funções desempenhadas pela anotações devidas, a fim de consignar o seguinte: data de admissão
autora revelam que, como executiva de vendas, ela era o elo de - 01/02/2018; função - executiva de vendas; remuneração -
ligação entre os gerentes da empresa e as revendedoras comissionista puro e data da extinção do vínculo empregatício -
pertencentes à sua equipe, atuando como longa manus da 01/07/2019, ante a projeção do aviso prévio indenizado (OJ 82 da
prestando serviços relacionados à atividade fim da ré e atendendo a Na anotação, a empregadora não poderá fazer constar nenhuma
todos os requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT, referência a esta ação, sob pena de multa no valor de R$ 5.000,00
configurando-se a relação empregatícia (TRT 3, RO 0011567- (cinco mil reais), com esteio artigo 537 do CPC."
40.2016.5.03.0040, Quarta Turma, Relatora: Paula Oliveira Cantelli, Mantido, outrossim, o prazo de anotação da CTPS, após o trânsito
Desta feita, diante das provas dos autos, conclui-se que o trabalho da obrigação de fazer, sob pena de causar prejuízo ao trabalhador
prestado pela autora, como executiva de vendas, inseria-se na na busca de novos postos de trabalho.
estrutura empresarial da reclamada, não tendo esta logrado êxito Nada a modificar.
em comprovar a natureza autônoma do serviço prestado pela 2.2. DA MULTA DO ART.477 DA CLT.
Assim, reconhece-se o liame empregatício entre as partes durante o §8º, da CLT, quando o vínculo de emprego é reconhecido em juízo.
Por ser a empregada comissionista pura, para fins de cálculo da sua No tocante à multa prevista no art. 477 da Consolidação das Leis do
remuneração, deverá ser observada a média mensal registrada nos Trabalho, entende-se que é devida quando o empregador pague a
"extratos dos ganhos do programa" juntados aos autos, assegurado destempo as verbas da rescisão, quer se trate de vínculo já
o salário mínimo vigente como base de cálculo nos meses em que a formalizado, quer se trate de vínculo reconhecido apenas em
reclamante não atingiu o mínimo legal, respeitada a processo trabalhista,já que o artigo 477 da CLT não faz qualquer
3. DAS VERBAS RESCISÓRIAS - DAS ANOTAÇÕES NA CTPS - A única exceção contida no artigo 477, §8º, da Consolidação das
Ao negar a existência do vínculo empregatício, a reclamada trabalhador deu causa à mora na quitação dos seus direitos ou,
assumiu o risco de não apresentar prova da quitação das verbas ainda, quando se buscam somente diferenças vencimentais. Calha
postuladas ou de qualquer fato que justificasse o não pagamento transcrever, sobre a matéria, precedentes do c. TST, "in verbis":
das mesmas. Aplica-se, inclusive, o disposto na Súmula nº 212 do "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
C. TST para considerar imotivada a dispensa da reclamante. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. 1. REVERSÃO
Ademais, é cediço que o ônus de provar o pagamento das verbas DO PEDIDO DE DEMISSÃO EM DISPENSA SEM JUSTA CAUSA.
devidas aos empregados, inclusive dos salários mensais, é do CONSTATAÇÃO DE COAÇÃO NO PEDIDO DE DEMISSÃO. 2.
empregador, mediante apresentação dos respectivos recibos. HORAS EXTRAS E REFLEXOS. MATÉRIAS FÁTICAS. SÚMULA
Assim, tendo restado reconhecido o vínculo empregatício entre as 126/TST. 3. MULTA DO ART. 477 DA CLT. REVERSÃO DO TIPO
partes e não havendo provas de pagamento, julgam-se procedentes DE RESCISÃO CONTRATUAL EM JUÍZO. POSSIBILIDADE. 4.
b) 13º salário proporcional de 2018 (11/12); MESMO TRIBUNAL. INSERVÍVEL. OJ 111/SBDI-1/TST. ÓBICE
c) 13º salário proporcional de 2019 (6/12); ESTRITAMENTE PROCESSUAL. A multa do art. 477, § 8º, da CLT
é devida desde que o empregador pague a destempo as verbas da 13.467/17, a fase postulatória já era regida pela nova legislação,
rescisão, quer se trate de vínculo já formalizado, quer se trate de tornando plenamente aplicável a sistemática dos honorários
vínculo reconhecido apenas em processo trabalhista. Cabe o advocatícios, inclusive o critério de sucumbência recíproca previsto
pagamento também nos casos de reversão judicial em favor da no art. 791-A,§3º da CLT.
dispensa meramente arbitrária, de dispensa por justa causa ou Assim, considerando os critérios previstos no art. 791-A, parágrafo
alegado pedido de demissão, uma vez que, nestes casos, o ato 2º da CLT, condena-se a reclamada a pagar ao advogado da parte
empresarial judicialmente anulado provocou grave prejuízo ao reclamante a título de honorários advocatícios, 10% (dez por cento)
empregado, suprimindo-lhe as verbas mais amplas da dispensa sobre o valor da liquidação da sentença."
injusta. Agravo de instrumento desprovido."(TST- AIRR - 1513- Em sede de embargos de declaração, esclareceu, ainda, o Juízo "a
Data de Julgamento: 31/08/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: "In casu, aduz o embargante que o julgado foi omisso em vários
DEJT 02/09/2016) pontos. Primeiramente por não ter esta Magistrada se manifestado
"[...]. LEI N.º 13.015/14. MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, § 8º, sobre o pedido de condenação da reclamante no pagamento dos
DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. RELAÇÃO DE honorários sucumbenciais, os quais deveria incidir sobre o
JUDICIALMENTE. 1. O § 8º do artigo 477 consolidado é expresso Ocorre que a multa prevista no art. 467 da CLT pode ser aplicada
ao impor ao empregador a obrigação de pagar multa pelo não de ofício e a sua incidência ou não somente pode ser analisada
adimplemento da obrigação de quitar as parcelas constantes do após a apresentação da contestação pela reclamada, não havendo
instrumento de rescisão no prazo legal, excepcionada apenas a falar, portanto, em incidência de honorários sucumbenciais em favor
hipótese de o trabalhador, comprovadamente, ter dado ensejo à da demandada quando do seu indeferimento, já que tal parcela
mora. Num tal contexto, a existência de controvérsia a respeito da sequer pode ser liquidada na petição inicial."
modalidade de ruptura do vínculo de emprego, por si só, não tem o Merece ser mantida a decisão.
condão de afastar a incidência da multa, porquanto não se pode Inicialmente, quanto aos honorários advocatícios de sucumbência,
cogitar em culpa do empregado, uma vez que se trata do deve ser aplicado o disposto no art.791-A da CLT, tendo em vista o
reconhecimento judicial de situação fática preexistente. 2. Nesse ajuizamento da reclamação trabalhista em 23/12/2019.
sentido dispõe a Súmula n.º 462 deste Tribunal Superior: "A No caso dos autos, a parte autora sucumbiu em parte mínima do
circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecida apenas seu pedido inicial (multa do art.467 da CLT), não havendo falar em
em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista condenação da reclamante ao pagamento de honorários
no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas advocatícios sucumbenciais, consoante art. 86, parágrafo único, do
pagamento das verbas rescisórias". 3. Revelando a decisão 2.4. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA.
recorrida sintonia com a jurisprudência pacífica do Tribunal Superior No caso dos autos, verifica-se que a reclamante logrou comprovar
do Trabalho, não se habilita a conhecimento o Recurso de Revista, sua situação de hipossuficiência econômica por meio da declaração
nos termos do artigo 896, § 7º, da Consolidação das Leis do de pobreza apresentada nos autos (Id 742351b), firmada pela
Trabalho. 4. Agravo de Instrumento não provido." (TST - ARR - 332- própria interessada, a qual se reveste de presunção de veracidade,
12.2015.5.03.0105 Data de Julgamento: 11/10/2017, Relator consoante disposto no art.1º da Lei nº 7.115, de 29/08/83, confira-
2.3. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. antecedentes, quando firmada pelo próprio interessado ou por
A reclamada aduz que, havendo a procedência parcial, a procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira.
reclamante/recorrida deverá ser condenada ao pagamento de Parágrafo único - O dispositivo neste artigo não se aplica para fins
honorários de sucumbência aos patronos da recorrente, nos termos de prova em processo penal."
do art. 791-A, § 4º, da CLT. Aplicável ao Processo do Trabalho, outrossim, o art.99, §3º, do CPC
No ponto, consignou a sentença de origem, "verbis": subsidiário, que estabelece: "Presume-se verdadeira a alegação de
"Uma vez que a ação trabalhista foi ajuizada após a vigência da Lei insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural."
Intimado(s)/Citado(s):
DISPOSITIVO
- FIORI INDUSTRIA E COMERCIO DE CONFECCOES LTDA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
1. DA ADMISSIBILIDADE.
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
A reclamada, FIORI INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECÇÕES
Diretor de Secretaria
LTDA, postula, inicialmente, a concessão dos benefícios da justiça
colacionada aos autos sob ID. 850f1d3. da CLT. 2 - Nos termos da Súmula nº 388 do TST, a massa falida
Defere-se, pois, o benefício da justiça gratuita à recorrente, vez que não se sujeita às multas previstas nos arts. 467 e 477, § 8º, da CLT.
a decretação da falência atesta a debilidade econômica da pessoa Todavia, o entendimento deste Tribunal Superior é de que as
jurídica, atraindo também o entendimento constante da Súmula nº referidas multas são devidas quando a rescisão contratual
"DESERÇÃO. MASSA FALIDA. EMPRESA EM LIQUIDAÇÃO. rescisão contratual ocorreu em fevereiro de 2014 e a decretação da
Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de falência em março de 2015. Portanto, o reclamante tem direito ao
pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse pagamento das multas em epígrafe. 4 - Agravo de instrumento a
privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação que se nega provimento. [...]." (TST- ARR - 3018-
Recursos ordinários tempestivos, regularidade de representação de Julgamento: 06/09/2017, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
intrínsecos de admissibilidade recursal: legitimidade, interesse "MASSA FALIDA. CONTRATO DE TRABALHO EXTINTO DEPOIS
recursal e cabimento, merecem conhecimento os apelos. DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º,
2. DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DA CLT. DEVIDA. Dispõe a Súmula nº 388 do TST que - a massa
2.1. DAS MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT. 8º do art. 477, ambos da CLT-. Contudo, o citado entendimento
Em seu arrazoado, a reclamada aduz a impossibilidade da somente se aplica às hipóteses em que a decretação de
aplicação das multas previstas nos arts.467 e 477, §8º, da CLT, ao falência ocorre antes da rescisão contratual, pois, nessa
argumento de que as normas trabalhistas que determinam prazo de situação, a empresa não pode movimentar livremente suas
pagamento para pagamento das verbas rescisórias entram em finanças, havendo nítida restrição à sua disponibilidade
antinomia com as normas falimentares quanto ao adimplemento dos patrimonial. No caso dos autos, o Regional consignou,
débitos trabalhistas no Juízo Universal. expressamente, que o reclamante foi contratado em 27/9/1999 e
No caso concreto, o contrato de trabalho da reclamante vigorou de rescisão contratual ocorreu depois da decretação de falência da
09/05/2011 a 11/05/2020, como demonstram os documentos recorrente, situação que se enquadra na hipótese de aplicação do
É ponto incontroverso, ainda, que a decretação da falência da Regional, ao condenar a reclamada ao pagamento das multas
reclamada ocorreu após a rescisão do contrato de trabalho da previstas nos citados dispositivos, contrariou a citada súmula, bem
autora, a partir da convolação da recuperação judicial, em como divergiu da jurisprudência com relação ao marco temporal
Nesse contexto, é assente que o procedimento de recuperação 1504100-76.2007.5.09.0009, Relator Ministro: José Roberto Freire
judicial da reclamada não tem o condão de a eximir de suas Pimenta, Data de Julgamento: 13/08/2014, 2ª Turma, Data de
parcelas rescisórias, tendo em vista que tal regime não implica [...] MASSA FALIDA. CONTRATO DE TRABALHO EXTINTO
necessariamente o encerramento das suas atividades nem a ANTES DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA. MULTA DO ARTIGO
impede de ter a administração de seu patrimônio. 477, § 8º, DA CLT. Extinto o contrato de trabalho antes da
Outrossim, tem-se que a jurisprudência predominante no âmbito do decretação da falência, devida a multa do artigo 477 da CLT,
c. TST é a de que o entendimento contido na sua Súmula nº 388 uma vez que as restrições à disponibilidade patrimonial da
(de que a massa falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e empresa decorrentes do processo falimentar não existiam
nem à multa do § 8º do art. 477, ambos da CLT) somente tem àquela época. Precedentes. Recurso de revista não conhecido.
aplicação quando a falência é anterior à fluência do prazo para [...].(TST-: RR - 560-91.2010.5.12.0046 Data de Julgamento:
pagamento das verbas trabalhistas devidas ao empregado. Confira- 16/05/2012, Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, 3ª
"[...] FALÊNCIA. MULTAS PREVISTAS NOS ARTS. 467 E 477, § Desse modo, irretocável a decisão de origem sobre a matéria.
8º, DA CLT. 1 - Foram atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, Recurso improvido, no tópico.
2.2. DAS VERBAS RESCISÓRIAS. BASE DE CÁLCULO. tenha sido albergado todo o mês de março/2020. Indeferido, pois, o
A reclamada sustenta que a base de cálculo das verbas rescisórias pedido de restituição."
deve ser o valor salarial constante no TRCT, que seria o último Deve ser mantida a decisão por seus próprios fundamentos.
salário percebido pela obreira. Com efeito, não há suporte probatório para se concluir pelo alegado
Acerca da matéria, consignou a sentença de origem, "verbis": desconto indevido do plano de saúde, ônus que pertencia à parte
fatos formulados na petição inicial em relação ao período da relação Conforme documento de Id b8f66e7, referente ao recibo de férias
de emprego, salário, despedida sem justa causa e ausência de gozado pela reclamante no período de 04/03/2020 a 02/04/2020,
pagamento das verbas rescisórias. verifica-se o desconto do valor de R$277,70 a título de "ASSIST
utilizada remuneração equivocada no TRCT de id d578f49, Portanto, verificado que o desconto do plano de saúde foi efetivado
pugnando pela retificação dos valores. Analisando o contracheque no curso do contrato de trabalho da reclamante, e não havendo
de id, referente ao mês de fevereiro/2020, constado que a correta demonstração de que o término do fornecimento dos serviços do
remuneração da reclamante é R$ 3.453,05, composto de salário de plano de saúde tenha se operado anteriormente à rescisão do
R$3.352,48 + anuênio de R$ 100,57, conforme indicado na petição contrato de trabalho, descabe falar em ressarcimento.
Portanto, a base de cálculo das verbas rescisórias deve Conceder o benefício da justiça gratuita à reclamada, conhecer dos
corresponder ao valor da remuneração obreira composta pela soma recursos ordinários, e, no mérito, negar-lhes provimento, mantendo
do salário base, das verbas fixas de natureza salarial e da média a sentença de origem por seus próprios fundamentos.
desconto, mas tão-somente o aviso de fls.22, onde conta que a ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
autora esteve em gozo de férias no período de 04/03/2020 a TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
02/04/2020. Desse modo, considerando que, nos termos do art.145 unanimidade,conceder o benefício da justiça gratuita à reclamada,
da CLT, a férias deverão ser pagas 48h antes do início do usufruto, conhecer dos recursos ordinários, e, no mérito, negar-lhes
tenho como correto o desconto efetuado pela empresa, provimento, mantendo a sentença de origem por seus próprios
considerando que o aludido desconto se refere à mensalidade de fundamentos. Participaram do julgamento os Desembargadores
plano de saúde do mês de março/2020, quitado juntamente com as Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da
férias, por ser esta a remuneração do mês, nada havendo a ser Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
restituído à obreira. Ressalto, por oportuno, que não há nos autos representante do Ministério Público do Trabalho.
Relator FUNDAMENTAÇÃO
Sem razão.
18/05/2021(ID. 850f1d3).
parcelas rescisórias, tendo em vista que tal regime não implica [...] MASSA FALIDA. CONTRATO DE TRABALHO EXTINTO
necessariamente o encerramento das suas atividades nem a ANTES DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA. MULTA DO ARTIGO
impede de ter a administração de seu patrimônio. 477, § 8º, DA CLT. Extinto o contrato de trabalho antes da
Outrossim, tem-se que a jurisprudência predominante no âmbito do decretação da falência, devida a multa do artigo 477 da CLT,
c. TST é a de que o entendimento contido na sua Súmula nº 388 uma vez que as restrições à disponibilidade patrimonial da
(de que a massa falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e empresa decorrentes do processo falimentar não existiam
nem à multa do § 8º do art. 477, ambos da CLT) somente tem àquela época. Precedentes. Recurso de revista não conhecido.
aplicação quando a falência é anterior à fluência do prazo para [...].(TST-: RR - 560-91.2010.5.12.0046 Data de Julgamento:
pagamento das verbas trabalhistas devidas ao empregado. Confira- 16/05/2012, Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, 3ª
"[...] FALÊNCIA. MULTAS PREVISTAS NOS ARTS. 467 E 477, § Desse modo, irretocável a decisão de origem sobre a matéria.
8º, DA CLT. 1 - Foram atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, Recurso improvido, no tópico.
da CLT. 2 - Nos termos da Súmula nº 388 do TST, a massa falida 2.2. DAS VERBAS RESCISÓRIAS. BASE DE CÁLCULO.
não se sujeita às multas previstas nos arts. 467 e 477, § 8º, da CLT. A reclamada sustenta que a base de cálculo das verbas rescisórias
Todavia, o entendimento deste Tribunal Superior é de que as deve ser o valor salarial constante no TRCT, que seria o último
referidas multas são devidas quando a rescisão contratual salário percebido pela obreira.
ocorrer antes da decretação da falência. Julgados. 3 - No caso, a Acerca da matéria, consignou a sentença de origem, "verbis":
rescisão contratual ocorreu em fevereiro de 2014 e a decretação da "MÉRITO: inicialmente, destaco que não há controvérsia sobre os
falência em março de 2015. Portanto, o reclamante tem direito ao fatos formulados na petição inicial em relação ao período da relação
pagamento das multas em epígrafe. 4 - Agravo de instrumento a de emprego, salário, despedida sem justa causa e ausência de
que se nega provimento. [...]." (TST- ARR - 3018- pagamento das verbas rescisórias.
04.2014.5.05.0251, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, Data A defesa da reclamada, em suma, ateve-se a sustentar que foi
de Julgamento: 06/09/2017, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT utilizada remuneração equivocada no TRCT de id d578f49,
"MASSA FALIDA. CONTRATO DE TRABALHO EXTINTO DEPOIS de id, referente ao mês de fevereiro/2020, constado que a correta
DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, remuneração da reclamante é R$ 3.453,05, composto de salário de
DA CLT. DEVIDA. Dispõe a Súmula nº 388 do TST que - a massa R$3.352,48 + anuênio de R$ 100,57, conforme indicado na petição
falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § inicial, pelo que rejeito a postulação da empresa."
8º do art. 477, ambos da CLT-. Contudo, o citado entendimento Deve ser mantida a sentença.
somente se aplica às hipóteses em que a decretação de Com efeito, o documento de Id cc100ea, referente ao recibo de
falência ocorre antes da rescisão contratual, pois, nessa salário da reclamante da competência do mês de fevereiro de 2020,
situação, a empresa não pode movimentar livremente suas comprova que a remuneração da obreira era composta do salário-
finanças, havendo nítida restrição à sua disponibilidade base (R$3.352,48) mais o pagamento de triênio (R$100,57).
patrimonial. No caso dos autos, o Regional consignou, Portanto, a base de cálculo das verbas rescisórias deve
expressamente, que o reclamante foi contratado em 27/9/1999 e corresponder ao valor da remuneração obreira composta pela soma
que a falência foi decretada anteriormente, em 26/2/1997, ou seja, a do salário base, das verbas fixas de natureza salarial e da média
rescisão contratual ocorreu depois da decretação de falência da das parcelas variáveis, no caso concreto, salário-base e triênio,
recorrente, situação que se enquadra na hipótese de aplicação do conforme entendeu a sentença de primeira instância.
previstas nos citados dispositivos, contrariou a citada súmula, bem DO DESCONTO DO PLANO DE SAÚDE.
como divergiu da jurisprudência com relação ao marco temporal A reclamante postula o ressarcimento do valor descontado no
apontado. Recurso de revista conhecido e provido. [...]." (TST- RR - recibo de férias a título de plano de saúde, aduzindo que já havia
1504100-76.2007.5.09.0009, Relator Ministro: José Roberto Freire rescindido o contrato com a operadora do referido plano.
Pimenta, Data de Julgamento: 13/08/2014, 2ª Turma, Data de No tópico, entendeu o magistrado de origem, "verbis":
desconto, mas tão-somente o aviso de fls.22, onde conta que a ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
autora esteve em gozo de férias no período de 04/03/2020 a TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
02/04/2020. Desse modo, considerando que, nos termos do art.145 unanimidade,conceder o benefício da justiça gratuita à reclamada,
da CLT, a férias deverão ser pagas 48h antes do início do usufruto, conhecer dos recursos ordinários, e, no mérito, negar-lhes
tenho como correto o desconto efetuado pela empresa, provimento, mantendo a sentença de origem por seus próprios
considerando que o aludido desconto se refere à mensalidade de fundamentos. Participaram do julgamento os Desembargadores
plano de saúde do mês de março/2020, quitado juntamente com as Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da
férias, por ser esta a remuneração do mês, nada havendo a ser Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
restituído à obreira. Ressalto, por oportuno, que não há nos autos representante do Ministério Público do Trabalho.
pedido de restituição."
Deve ser mantida a decisão por seus próprios fundamentos. JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Com efeito, não há suporte probatório para se concluir pelo alegado Relator
desconto indevido do plano de saúde, ônus que pertencia à parte FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
autora.
Conforme documento de Id b8f66e7, referente ao recibo de férias ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
Intimado(s)/Citado(s):
- FRVB SINDEAUX RESTAURANTES LTDA
Conceder o benefício da justiça gratuita à reclamada, conhecer dos
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
EMENTA
do art. 818, I, da CLT e art. 373, I, do CPC. Inexistindo prova nos Recurso tempestivo, representação regular e preparo dispensado.
autos quanto à efetiva entrega do documento físico pelo reclamante, Todavia, se divisa inovação recursal quanto ao pagamento da multa
tampouco da retenção ou extravio da CTPS obreira, restam prevista no art.47 da CLT, eis que o pleito formulado no recurso não
indevidas a aplicação de penalidade prevista na CLT e a reparação restou submetido ao crivo do Juízo de origem.
indenizatória por danos morais. 2. MULTA ART. 477, §8º DA CLT. Outrossim, revela-se inovatória a pretensão de indenização por
PAGAMENTO INTEMPESTIVO. Restando provado que o danos morais com suporte na alegação de indução à erro pelo
pagamento das verbas rescisórias se deu de forma intempestiva, empregador quanto ao salário e os benefícios do novo emprego. No
devida será a condenação da reclamada ao pagamento da multa ponto, verifica-se na exordial que o pleito de indenização por danos
prevista no art. 477, §8º, da CLT. RECURSO CONHECIDO E morais teve como causa de pedir fática "o ato ilícito praticado pela
PARCIALMENTE PROVIDO. empresa reclamada em reter por mais de 48 (quarenta e oito) horas
Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante contra a Conhecimento parcial para análise das demais matérias.
Fortaleza (Id 75840e3) que julgou parcialmente procedentes os 2.1. DO EXTRAVIO DA CTPS. ÔNUS DA PROVA. MULTA E
pagamento de 13º salário proporcional ref. 2019 (01/12) e ref. 2020 O reclamante defende que, inobstante a negativa de recebimento
(04/12); férias proporcionais (05/12), acrescidas do terço da CTPS obreira pelo empregador, o ônus da prova pertencia à
constitucional; FGTS do período trabalhado; multa de 40% do demandada. Refere que a reclamada confessou tacitamente o
FGTS; com a dedução do montante de R$1.910,00. recebimento de tal documento conforme printsde conversas por
sentença no tocante à aplicação das multas previstas nos artigos 52 Requer, assim, a condenação da reclamada ao pagamento das
e 53 da CLT, decorrentes do extravio e da retenção da CTPS multas previstas nos arts. 52 e 53 da CLT, além de indenização por
obreira pelo empregador. Sustenta pertencer à reclamada o ônus da danos morais decorrentes de extravio e retenção da CTPS obreira.
prova quanto ao recebimento e devolução da CTPS. Requer, ainda, Acerca da matéria, o Juízo de origem entendeu que o reclamante
a condenação da empresa ao pagamento da multa prevista no não logrou êxito em demonstrar que entregou a CTPS na
art.47 da CLT. Alega o pagamento intempestivo e em valor inferior reclamada, indeferindo os pedidos concernentes à multa pelo
das verbas rescisórias, pelo que pugna pela aplicação da multa extravio da CTPS e à indenização por danos morais.
pela retenção e pelo extravio da CTPS do reclamante, requerendo a Inicialmente, extrai-se da contestação a tese de defesa no sentido
condenação da Reclamada no pagamento de indenização no valor de que o autor não entregou à empresa reclamada o documento
de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Ao final, insurge-se contra a físico indigitado, mas tão-somente a CTPS virtual, nos seguintes
da sucumbência recíproca. "No que pertine aos fatos pretensamente ensejadores do dano
Contrarrazões apresentadas pela reclamada (Id cdaf30f). moral pleiteado, retenção e extravio da CTPS do obreiro, a
FUNDAMENTAÇÃO que o próprio obreiro remeteu cópia de sua CTPS virtual par a
Nesse contexto, ao revés do que defende o recorrente, competia ao Recurso provido no ponto.
autor a comprovação da entrega do documento físico à empresa 2.3. DOS DANOS MORAIS.
diante da negativa da reclamada, tendo em vista tratar-se de fato O recorrente alega "lesão à dignidade do Reclamante com relação
constitutivo do direito alegado, nos moldes do art. 818, I, da CLT e aos atos ilícitos praticados pela empresa reclamada, por reter a
art. 373, I, do CPC, ônus do qual não se desincumbiu a contento. CTPS do reclamante por mais de 48 (quarenta e oito) horas (e
Com efeito, a parte reclamada colacionou com a defesa print de extravia-la); e por levar o Autor à erro quanto ao salário que iria
conversa com o autor verificando-se, da referida imagem, o envio receber e os benefícios deste novo emprego, levando-o à erro."
da Carteira de Trabalho Digital pelo reclamante, não havendo como Não prospera.
presumir a entrega do documento físico como quer o recorrente. Consoante já esposado, não há prova, nos autos, do alegado
Demais disso, não há clara menção à entrega da CTPS pelo extravio da CTPS obreira, restando indevida a reparação
reclamante na conversa de Whatsapp apontada na peça recursal. indenizatória por danos morais.
Dessarte, inexistindo prova nos autos quanto à efetiva entrega do Outrossim, a insurgência quanto aos danos morais decorrentes da
documento físico pelo reclamante, tampouco da retenção ou alegada indução ao erro sequer ultrapassou a fase de
extravio da CTPS obreira, restam indevidas a aplicação de admissibilidade por consubstanciar inovação recursal.
penalidade prevista na CLT e a reparação indenizatória por danos 2.4. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
art. 29 da CLT, o ônus de provar o recebimento e a devolução da Em relação ao §3º do art. 791-A da CLT, não se observa, "prima
CTPS do trabalhador é do empregador. Entretanto, diante da facie", qualquer indicativo de inconstitucionalidade acerca da
negativa da reclamada acerca dos fatos, o ônus da prova quanto à condenação ao pagamento de honorários advocatícios quando, em
entrega e desvio da CTPS cabia ao reclamante, nos moldes do art. caso de procedência parcial do pedido, houver sucumbência
818 da CLT e art. 373, I, do CPC, ônus do qual não se recíproca. Eis o dispositivo em destaque:
desincumbiu."(TRT12 - ROT - 0001470-12.2017.5.12.0002, "Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
ROBERTO LUIZ GUGLIELMETTO, 3ª Câmara, Data de Assinatura: devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
02/05/2019) (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
Recurso improvido no ponto. valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
2.2. DA MULTA DO ART.477 DA CLT. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
O reclamante alega o pagamento intempestivo das verbas da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
pagamento da multa prevista no parágrafo 8º, do art. 477 da CLT. § 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
Inicialmente, verifica-se na peça exordial a alegação de que "O honorários. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)"
Reclamante não recebeu as verbas rescisórias no prazo do Nesse sentido, em razão da sucumbência parcial, a sentença de
parágrafo 6º, do art. 477 da CLT, sendo devida, portanto, a origem condenou a parte reclamante ao pagamento de honorários
indenização prevista no parágrafo 8º do mesmo dispositivo legal, advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atribuído aos
Conforme restou comprovado nos autos, o reclamante foi demitido execução somente ocorrerá caso o credor da verba demonstre que
no dia 01/05/2020, sendo assinado o recibo de rescisão em deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
11/05/2020 (Id 022cea3). Observa-se, contudo, que o pagamento justificou a concessão da gratuidade, não sendo realizada a
das verbas rescisórias somente foi realizado em 12/05/2021, execução pelo simples fato de o sucumbente ter obtido verbas no
previsto no art. 477, §6º da CLT. Sobre a questão, o Pleno deste Tribunal, no bojo da Arguição de
Destarte, demonstrado que a reclamada não pagou as parcelas Inconstitucionalidade nº 0080026-04.2019.5.07.0000, declarou a
rescisórias no prazo legal, devida a condenação da empresa inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por ofensa às
promovida ao pagamento da multa do § 8º do art. 477 da CLT. garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III (dignidade da
pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV (acesso à Justiça) TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita), todos da Constituição unanimidade,conhecer parcialmente do recurso ordinário e, no
Federal de 1988, não se podendo, desse modo, determinar o mérito, dar-lhe parcial provimento para condenar a reclamada ao
pagamento de honorários de sucumbência em desfavor do pagamento da multa prevista no art.477, §8º, da CLT, bem para
trabalhador beneficiário da justiça gratuita, de imediato, declarada a determinar a suspensão de exigibilidade dos honorários
inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em advocatícios de sucumbência devidos pela parte autora que
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a somente poderão ser executados se, nos dois anos subsequentes
Nessa senda, determina-se a suspensão de exigibilidade dos demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
honorários advocatícios de sucumbência devidos pela parte autora recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
que somente poderão ser executados se, nos dois anos passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o Custas processuais de R$38,00 (trinta e oito reais), calculadas
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência sobre o novo valor arbitrado para a condenação, de R$1.900,00 (mil
de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- e novecentos reais). Participaram do julgamento os
se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José
CONCLUSÃO DO VOTO
Conhecer parcialmente do recurso ordinário e, no mérito, dar-lhe JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
multa prevista no art.477, §8º, da CLT, bem para determinar a FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
sucumbência devidos pela parte autora que somente poderão ser ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
executados se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado Diretor de Secretaria
Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO MIKAELRINSON NOBREGA MACHADO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA É O RELATÓRIO.
do art. 818, I, da CLT e art. 373, I, do CPC. Inexistindo prova nos Recurso tempestivo, representação regular e preparo dispensado.
autos quanto à efetiva entrega do documento físico pelo reclamante, Todavia, se divisa inovação recursal quanto ao pagamento da multa
tampouco da retenção ou extravio da CTPS obreira, restam prevista no art.47 da CLT, eis que o pleito formulado no recurso não
indevidas a aplicação de penalidade prevista na CLT e a reparação restou submetido ao crivo do Juízo de origem.
indenizatória por danos morais. 2. MULTA ART. 477, §8º DA CLT. Outrossim, revela-se inovatória a pretensão de indenização por
PAGAMENTO INTEMPESTIVO. Restando provado que o danos morais com suporte na alegação de indução à erro pelo
pagamento das verbas rescisórias se deu de forma intempestiva, empregador quanto ao salário e os benefícios do novo emprego. No
devida será a condenação da reclamada ao pagamento da multa ponto, verifica-se na exordial que o pleito de indenização por danos
prevista no art. 477, §8º, da CLT. RECURSO CONHECIDO E morais teve como causa de pedir fática "o ato ilícito praticado pela
PARCIALMENTE PROVIDO. empresa reclamada em reter por mais de 48 (quarenta e oito) horas
Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante contra a Conhecimento parcial para análise das demais matérias.
Fortaleza (Id 75840e3) que julgou parcialmente procedentes os 2.1. DO EXTRAVIO DA CTPS. ÔNUS DA PROVA. MULTA E
pagamento de 13º salário proporcional ref. 2019 (01/12) e ref. 2020 O reclamante defende que, inobstante a negativa de recebimento
(04/12); férias proporcionais (05/12), acrescidas do terço da CTPS obreira pelo empregador, o ônus da prova pertencia à
constitucional; FGTS do período trabalhado; multa de 40% do demandada. Refere que a reclamada confessou tacitamente o
FGTS; com a dedução do montante de R$1.910,00. recebimento de tal documento conforme printsde conversas por
sentença no tocante à aplicação das multas previstas nos artigos 52 Requer, assim, a condenação da reclamada ao pagamento das
e 53 da CLT, decorrentes do extravio e da retenção da CTPS multas previstas nos arts. 52 e 53 da CLT, além de indenização por
obreira pelo empregador. Sustenta pertencer à reclamada o ônus da danos morais decorrentes de extravio e retenção da CTPS obreira.
prova quanto ao recebimento e devolução da CTPS. Requer, ainda, Acerca da matéria, o Juízo de origem entendeu que o reclamante
a condenação da empresa ao pagamento da multa prevista no não logrou êxito em demonstrar que entregou a CTPS na
art.47 da CLT. Alega o pagamento intempestivo e em valor inferior reclamada, indeferindo os pedidos concernentes à multa pelo
das verbas rescisórias, pelo que pugna pela aplicação da multa extravio da CTPS e à indenização por danos morais.
pela retenção e pelo extravio da CTPS do reclamante, requerendo a Inicialmente, extrai-se da contestação a tese de defesa no sentido
condenação da Reclamada no pagamento de indenização no valor de que o autor não entregou à empresa reclamada o documento
de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Ao final, insurge-se contra a físico indigitado, mas tão-somente a CTPS virtual, nos seguintes
da sucumbência recíproca. "No que pertine aos fatos pretensamente ensejadores do dano
Contrarrazões apresentadas pela reclamada (Id cdaf30f). moral pleiteado, retenção e extravio da CTPS do obreiro, a
Reclamada refuta expressamente a ocorrência dos referidos fatos, das verbas rescisórias somente foi realizado em 12/05/2021,
não tendo o Reclamante sequer entregou a CTPS em forma física à conforme depósito em conta (Id 1a8a845), ou seja, fora do prazo
administração da empresa Reclamada. Destaque-se, neste ponto, previsto no art. 477, §6º da CLT.
que o próprio obreiro remeteu cópia de sua CTPS virtual par a Destarte, demonstrado que a reclamada não pagou as parcelas
empresa demandada, comprovando a ausência de entrega do rescisórias no prazo legal, devida a condenação da empresa
documento físico." (Id dfaf47d) promovida ao pagamento da multa do § 8º do art. 477 da CLT.
Nesse contexto, ao revés do que defende o recorrente, competia ao Recurso provido no ponto.
autor a comprovação da entrega do documento físico à empresa 2.3. DOS DANOS MORAIS.
diante da negativa da reclamada, tendo em vista tratar-se de fato O recorrente alega "lesão à dignidade do Reclamante com relação
constitutivo do direito alegado, nos moldes do art. 818, I, da CLT e aos atos ilícitos praticados pela empresa reclamada, por reter a
art. 373, I, do CPC, ônus do qual não se desincumbiu a contento. CTPS do reclamante por mais de 48 (quarenta e oito) horas (e
Com efeito, a parte reclamada colacionou com a defesa print de extravia-la); e por levar o Autor à erro quanto ao salário que iria
conversa com o autor verificando-se, da referida imagem, o envio receber e os benefícios deste novo emprego, levando-o à erro."
da Carteira de Trabalho Digital pelo reclamante, não havendo como Não prospera.
presumir a entrega do documento físico como quer o recorrente. Consoante já esposado, não há prova, nos autos, do alegado
Demais disso, não há clara menção à entrega da CTPS pelo extravio da CTPS obreira, restando indevida a reparação
reclamante na conversa de Whatsapp apontada na peça recursal. indenizatória por danos morais.
Dessarte, inexistindo prova nos autos quanto à efetiva entrega do Outrossim, a insurgência quanto aos danos morais decorrentes da
documento físico pelo reclamante, tampouco da retenção ou alegada indução ao erro sequer ultrapassou a fase de
extravio da CTPS obreira, restam indevidas a aplicação de admissibilidade por consubstanciar inovação recursal.
penalidade prevista na CLT e a reparação indenizatória por danos 2.4. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
art. 29 da CLT, o ônus de provar o recebimento e a devolução da Em relação ao §3º do art. 791-A da CLT, não se observa, "prima
CTPS do trabalhador é do empregador. Entretanto, diante da facie", qualquer indicativo de inconstitucionalidade acerca da
negativa da reclamada acerca dos fatos, o ônus da prova quanto à condenação ao pagamento de honorários advocatícios quando, em
entrega e desvio da CTPS cabia ao reclamante, nos moldes do art. caso de procedência parcial do pedido, houver sucumbência
818 da CLT e art. 373, I, do CPC, ônus do qual não se recíproca. Eis o dispositivo em destaque:
desincumbiu."(TRT12 - ROT - 0001470-12.2017.5.12.0002, "Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
ROBERTO LUIZ GUGLIELMETTO, 3ª Câmara, Data de Assinatura: devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
02/05/2019) (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
Recurso improvido no ponto. valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
2.2. DA MULTA DO ART.477 DA CLT. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
O reclamante alega o pagamento intempestivo das verbas da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
pagamento da multa prevista no parágrafo 8º, do art. 477 da CLT. § 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
Inicialmente, verifica-se na peça exordial a alegação de que "O honorários. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)"
Reclamante não recebeu as verbas rescisórias no prazo do Nesse sentido, em razão da sucumbência parcial, a sentença de
parágrafo 6º, do art. 477 da CLT, sendo devida, portanto, a origem condenou a parte reclamante ao pagamento de honorários
indenização prevista no parágrafo 8º do mesmo dispositivo legal, advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atribuído aos
Conforme restou comprovado nos autos, o reclamante foi demitido execução somente ocorrerá caso o credor da verba demonstre que
no dia 01/05/2020, sendo assinado o recibo de rescisão em deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
11/05/2020 (Id 022cea3). Observa-se, contudo, que o pagamento justificou a concessão da gratuidade, não sendo realizada a
processo."
garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III (dignidade da ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV (acesso à Justiça) TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita), todos da Constituição unanimidade,conhecer parcialmente do recurso ordinário e, no
Federal de 1988, não se podendo, desse modo, determinar o mérito, dar-lhe parcial provimento para condenar a reclamada ao
pagamento de honorários de sucumbência em desfavor do pagamento da multa prevista no art.477, §8º, da CLT, bem para
trabalhador beneficiário da justiça gratuita, de imediato, declarada a determinar a suspensão de exigibilidade dos honorários
inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em advocatícios de sucumbência devidos pela parte autora que
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a somente poderão ser executados se, nos dois anos subsequentes
Nessa senda, determina-se a suspensão de exigibilidade dos demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
honorários advocatícios de sucumbência devidos pela parte autora recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
que somente poderão ser executados se, nos dois anos passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o Custas processuais de R$38,00 (trinta e oito reais), calculadas
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência sobre o novo valor arbitrado para a condenação, de R$1.900,00 (mil
de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- e novecentos reais). Participaram do julgamento os
se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José
CONCLUSÃO DO VOTO
Conhecer parcialmente do recurso ordinário e, no mérito, dar-lhe JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
multa prevista no art.477, §8º, da CLT, bem para determinar a FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
sucumbência devidos pela parte autora que somente poderão ser ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
executados se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado Diretor de Secretaria
- ALVARO CESAR GOMES DE SOUZA O recorrente pugna pela aplicação do artigo 71, §1, da Lei 8666/93
obrigações legais e contratuais assumidas pela empresa prestadora "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
Com efeito, a Lei nº 8.666/83, em seus arts. 58, inciso III, e 67, exclusivamente moral, comete ato ilícito.
caput, e §1º, impõe responsabilidades ao ente público contratante, Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos administrativos, Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de
como se verifica dos seus termos, "verbis": medidas atinentes à regularização do contrato configura a
Art. 58. "O regime jurídico dos contratos administrativos instituído denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas
Art. 67. "A execução do contrato deverá ser acompanhada e (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) -
fiscalizada por um representante da Administração especialmente Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
determinando o que for necessário à regularização das faltas ou fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
A aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de Licitações obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista, Registre-se que não há falar em inovação legislativa por parte do c.
como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe: TST, com ofensa ao Princípio da Legalidade (art.5º, II, da CF/88), à
"Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de Separação dos Poderes da República, ou à competência privativa
acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, da União para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I, CF/88),
respondendo cada uma pelas conseqüências de sua inexecução pois não houve, a rigor, usurpação de competência legislativa, com
Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim,"verbis ": a solidificação de interpretação conferida ao art. 71 da Lei de
"[...], a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além Licitações, pelo c. TST, após inúmeras decisões em casos
aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto No caso concreto, como bem esclarecido no comando sentencial,
contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da houve fiscalização por parte do tomador de serviços, porém esta
empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob ocorreu de maneira falha, pois mesmo ciente da rescisão do ora
pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de reclamante não aplicou as sanções cabível a 1ª reclamada
habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo."(apud prestador de serviços. reproduz-se os termos sentenciais no tocante
Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo In casu, pelos documentos anexados pela 2ª acionada observa-se
Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do que ela não cumpriu, proficuamente, o seu dever de fiscalizar o
A responsabilidade subsidiária do ente público tomador de serviços empresa contratada, malgrado tivesse ciência de seu dever, como
encontra amparo, ainda, na teoria da responsabilidade civil se pode aferir pelo documento por ela apresentado (id e55d096),
subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, do Código Civil, que intitulado "carta de cobrança acumulada", no qual a 2ª ré enumera
as obrigações que deveriam ser regularizadas pela empresa determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
prescreve que "a não comprovação de suas obrigações sociais e §2º As decisões e providências que ultrapassarem a competência
trabalhistas, inclusive contribuições previdenciárias (INSS), do representante deverão ser solicitadas a seus superiores em
depósitos do FGTS e verbas rescisórias, em relação aos tempo hábil para a adoção das medidas convenientes".
empregados alocados ao objeto deste CONTRATO são passiveis Veja que eventual constatação de descumprimento de obrigações
de não liberação dos RM's, conforme CLÁUSULAS trabalhistas por parte da empresa contratada constitui motivo para a
No citado documento não é listada qualquer irregularidade quanto à II, acima transcrito, em conjunto com o disposto nos arts. 78, II, VII e
rescisão do contrato laboral do reclamante, a qual, portanto, não foi VIII, e 79, I, todos da Lei n° 8.666/93, in verbis:
devidamente fiscalizada pela 2ª reclamada, mesmo diante do Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
indica que o autor estava sendo desligado. II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações,
reclamante (cujo TRCT data de 05/06/20 - id 1893725). Desse VII - o desatendimento das determinações regulares da autoridade
modo, a tomadora deveria ter fiscalizado ou ao menos exigido a designada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim
A meu ver, a 2ª reclamada tinha conhecimento do contrato de VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas
trabalho do reclamante e da prestação de serviços em seu benefício na forma do § 1ºdo art. 67 desta Lei;
das obrigações trabalhistas quando da rescisão do contrato do Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
obreiro, conquanto possuísse plenas condições de fiscalizar o I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos
devido pagamento das verbas rescisórias do autor. casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior".
Não se pode olvidar ser dever do tomador, à luz do que dispõem os Segundo o princípio da aptidão para a prova, o ônus de demonstrar
arts. 58, III, e 67, da Lei nº 8.666/93, durante toda a execução do a existência de fiscalização e ilidir a culpa in é do Ente tomador de
contrato e no seu encerramento, velar pelo cumprimento das serviços. vigilando De fato, a relação contratual envolvendo a
obrigações trabalhistas por parte do prestador, uma vez que o valor Administração Pública e a empresa por ela contratada para a
repassado aos mesmos para a execução do pacto contempla, por prestação de serviços não é de pleno conhecimento do trabalhador,
óbvio, o custo dos encargos trabalhistas referentes aos empregados o qual, em regra, não tem nenhum acesso aos documentos
colocados à sua disposição. Transcrevo os citados dispositivos administrativos. Como bem destacado pelo TST, "o ônus da prova
legais: recai sobre o tomador dos serviços, o qual, como visto, tem
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído obrigação legal de fiscalizar a execução do contrato (arts. 58, III, e
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a 67 da Lei nº 8.666/93). Logo, incumbia ao segundo reclamado
(...) pretensão da reclamante, nos termos do art. 373, II, do NCPC "
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I (TST - 8ª T - AIRR 240-44.2017.5.10.0016 - 29/03/2019).
do art. 79 desta Lei; In casu, a 2ª acionada não se desvencilhou a contento de tal ônus
III - fiscalizar-lhes a execução. probatório, pois, como narrado, tinha conhecimento do contrato de
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizou o pagamento das verbas rescisórias. Não se olvide que
fiscalizada por um representante da Administração especialmente houve ajuste para pagamento parcelado da rescisão (o que por si
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e só não é permitido) e, mesmo assim, a 1ª ré descumpriu o
§1º O representante da Administração anotará em registro próprio Ademais, no documento apresentado pela 2ª ré, no qual se objetiva
todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, demonstrar a fiscalização das obrigações trabalhistas da contrante
trabalho do reclamante e nem ao pagamento irregular das suas Do mesmo modo, através da CTPS de id 5d54957, vê-se que o
verbas rescisórias, o que demonstra culpa na fiscalização por parte autor foi contratado como inspetor de pintura, com data de
Ressalte-se, ainda, que a 2ª ré tinha meios de fiscalizar o devido indicados. Além disso, consta em sua CTPS, ao id 2d448fc,
cumprimento das obrigações trabalhistas do autor, porquanto, anotação referente ao pagamento de adicional de embarque, o qual
conforme documentos anexados ao id 61d7ce2, tinha ela acesso à também consta em diversos contracheques (por exemplo, id's
lista nominal de empregados da 1ª acionada que estavam ativos ce22ece, c819261, 1fc7faa, 221ef11, efce6df e 895df6b).
(trabalhando para a 2ª ré) e que estavam em desligamento Diante de todos esses elementos, tem-se por ratificada a narrativa
(processo de rescisão), além dos seus respectivos contracheques. do autor, de que prestava serviços em benefício da 2ª reclamada
Vide, por exemplo, os documentos de id's d05d8d1, c819261, durante todo o seu contrato de trabalho com a 1ª ré. (...)
1fc7faa, 7d11457, 221ef11, 6a28b18 e 9e8239c. Desta feita, após todo o exposto, reconhece-se a responsabilidade
cumprimento do contrato e seu encerramento, causou prejuízos ao (PETROBRAS), pelas verbas ora deferidas, aplicando-se ao caso a
acionante, devendo responder subsidiariamente pelas verbas a ele Súmula nº 331, V, do C. TST.
devidas e inadimplidas pelo empregador, conforme artigos 186 e Assim, tem-se que a 2ª reclamada recaiu sobre culpa "in vigilando",
927 do Código Civil. o que atrai o dever de indenizar insculpido nos artigos 186 e 927,
A responsabilidade do tomador, in casu, é subsidiária, com gênese caput, do CC, de maneira subsidiária.
no direito civil (culpa in vigilando - art. 8º da CLT), porquanto, ao Registre-se que a observância de todos os preceitos da Lei nº
optar pela contratação de serviços, o contratante tem o dever de ser 8.666/93 e suas regulamentações devem ser formalmente
diligente não apenas nos critérios de escolha da empresa, mas registradas pela Administração, formando prova pré-constituída.
também na fiscalização do correto cumprimento das obrigações Consequentemente, no processo judicial, ela assume o dever de
contratuais pela contratada. (...) trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a prova,
Frise-se que a obrigação de fiscalizar persiste durante todo o previsto no art. 818, §1º, da CLT. Entendimento contrário resultaria
contrato e também no seu encerramento, alcançando as verbas em atribuir ao empregado a chamada "prova diabólica".
rescisórias não quitadas, não sendo facultado ao contratante optar Nesse sentido, a recente jurisprudência do c.TST, confira-se:
A 2ª reclamada alega, ainda, que o autor não comprovou que DO TST CONVÊNIO. ENTE PÚBLICO RESPONSABILIDADE
prestou serviço exclusivo à PETROBRAS, razão pela qual não SUBSIDIÁRIA. FISCALIZAÇÃO NÃO DEMONSTRADA. ÔNUS DA
poderia ser responsabilizada pelas verbas rescisórias. Já o PROVA. Na hipótese de haver sido formado convênio ou termo de
reclamante narra que trabalhou exclusivamente para a 2ª ré, parceria, a jurisprudência desta Corte Superior entende que a
durante todo o contrato, exercendo a função de inspetor de pintura responsabilidade civil do ente público pelas verbas trabalhistas
Observa-se que a relação de empregados de id 841e74f - fl.1, luz das diretrizes consubstanciadas na da Súmula 331 do TST. No
apresentada pela própria tomadora, traz o nome do reclamante que diz respeito à responsabilidade subsidiária, em recente decisão,
como inspetor de pintura (2ª linha). no julgamento dos embargos de declaração nos autos do RE-
Aos id's ce22ece e c819261, constam contracheques do autor, com 760931/DF, o Supremo Tribunal Federal reafirmou sua
a indicação "Plataforma 163 CE", além do pagamento do adicional jurisprudência acerca da responsabilidade da Administração Pública
de embarque, o que indica o seu local de trabalho. quanto ao pagamento de verbas trabalhistas devidas a empregados
Ao id d05d8d1, a 2ª ré apresenta a relação nominal de empregados que a ela prestam serviços de maneira terceirizada. Em suma, em
referentes ao contrato com a 1ª empresa (contrato nº um primeiro momento, a Corte Constitucional ratificou a
5325.0106939.18.2 - Vide id e44b1c2), com o nome do autor entre constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei 8.666/93, na linha do que
tais colaboradores e data de admissão em 25/04/19, constando já havia decidido na ADC 16. Em um segundo instante, fixou-se a
também o registro de status "ativo" em relação ao nome do mesmo. tese no sentido de que "o inadimplemento dos encargos trabalhistas
Ademais, conforme documento de id 6a28b18, o reclamante foi dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao
desligado apenas em 04/05/20, projetando o aviso prévio para 06 Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento,
seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, licitatória, da ADC nº 16 do STF ou da Súmula 331 do TST, mas
da Lei nº 8.666/93". Aqui, deixou-se evidente que o inadimplemento sim, em verdade, no correto cumprimento destes dispositivos,
da empresa terceirizada não autoriza, por si só, o redirecionamento considerando que tais, preveem a responsabilidade da
da responsabilidade à Administração Pública. Com efeito, embora administração pública sobre os créditos trabalhistas inadimplidos
seja possível a responsabilização do ente púbico, não é o pelos prestadores serviços, quando ausente ou irregular a
inadimplemento o seu pressuposto único. Aliás, a equilibrada fiscalização por parte do contratante decorrente da conduta culposa
decisão do Supremo Tribunal Federal deixou claro que a expressão por parte deste.
"automaticamente" contida na tese teve como objetivo possibilitar Assim, mantém-se o comando sentencial no sentido de recair sobre
ao trabalhador a responsabilização do ente público, "dependendo a segunda reclamada a responsabilidade subsidiária pelas verbas
fiscalizar os contratos administrativos firmados sob os efeitos da 2.1.2. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
estrita legalidade" (voto do Min. Edson Fachin, redator do acórdão Requer pela condenação da parte reclamante ao pagamento dos
do ED-RE760931/DF). Portanto, ficou decidido no julgamento do honorários advocatícios ao patrono da reclamada, ressaltando que
recurso extraordinário (e reafirmado no julgamento dos embargos os referidos honorários poderão ser quitados através de créditos
de declaração) que é possível responsabilizar a Administração que tenha a receber em outro processo.
Pública pelo pagamento das verbas trabalhistas devidas a Sentença que não merece reparo.
empregados das empresas terceirizadas, de maneira subsidiária, Ocorre que o judicante já deferiu honorários sucumbenciais em
quando constatada a omissão na sua atuação, que é obrigatória, favor do advogado da parte ré, no percentual de 5% (cinco por
sendo vedada a presunção de culpa. Sendo assim, diferentemente cento) sobre o valor total dos pedidos não deferidos na decisão.
da posição que esta 2ª Turma vinha adotando (com ressalva de Assim, ausente interesse recursal neste particular ao recorrente.
entendimento pessoal de seus integrantes) - por entender que o Prossigo no que diz respeito à possibilidade de compensação da
Supremo Tribunal Federal havia também firmado entendimento no verba honorária com outros créditos que o reclamante venha a
sentido de que seria do trabalhador o ônus da prova da omissão na receber em outro processo.
fiscalização pelo ente da Administração Pública -, o Supremo A Constituição Federal ao mesmo passo que condecora a
Tribunal não firmou tese processual acerca da distribuição do onus advocacia como função essencial à Justiça em seu art. 133,
probandi. Neste sentido, as regras de distribuição do ônus da prova também garante à sociedade o acesso à Justiça e a gratuidade
continuam a observar os dispositivos infraconstitucionais que as desta como direitos fundamentais prescritos em seu art. 5º, incisos
regulam, a exemplo dos arts. 373 do CPC/2015 e 818 da CLT. Dito XXXV e LXXIV.
isso, é a Administração Pública quem tem a aptidão para a prova da A Justiça Gratuita também possui respaldo celetista no art. 790, §3º,
fiscalização do contrato administrativo de prestação de serviços bem como os honorários sucumbênciais no referido art. 791-A. De
(aspecto subjetivo do ônus da prova), obrigação que decorre da destacar ainda que tanto os créditos advocatícios quanto os créditos
própria Lei de Licitações (arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/93), na linha trabalhistas possuem natureza alimentar.
do que definiu o Supremo Tribunal Federal. Assim, nos casos em Este Egrégio, tribunal sopesando ditos princípios, na decisão de
que não há prova de fiscalização, deve o julgador decidir Arguição de Inconstitucionalidade nº 0080026-04.2019.5.07.0000,
contrariamente à parte que tinha o ônus probatório e dele não se declarou a inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por
desincumbiu: é a própria adoção da distribuição do ônus da prova ofensa às garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III
como regra de julgamento (aspecto objetivo do ônus da prova). No (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV
caso, o Tribunal Regional considerou que não foi comprovada a (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita),
fiscalização pelo ente público, julgando procedente o pedido de todos da Constituição Federal de 1988, não se podendo, desse
responsabilização subsidiária da Administração Pública. Decisão modo, determinar o pagamento de honorários de sucumbência em
em harmonia com o entendimento consolidado na Súmula 331, V, desfavor do trabalhador, de imediato. Declarada a
do TST. Precedentes. Recurso de revista não conhecido." (TST- RR inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
-102110-45.2017.5.01.0223, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
Destarte, não há de ser falar em inobservância ao art. 71 da lei Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita
ao reclamante, deve ser mantida a sentença que determinou a cota parte da prestadora de serviços é abrangida pela
suspensão de exigibilidade dos honorários advocatícios de responsabilidade subsidiária. Recurso de revista não conhecido.
sucumbência devidos pela parte autora. Ressalta-se ainda que INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO
respectivo fundamento não confere demérito a função da advocacia, PREVIDENCIÁRIA RELATIVA AO PERÍODO DO VÍNCULO DE
pois como sentenciado, ocorreu a condenação da parte sucumbente TRABALHO RECONHECIDO EM JUÍZO. A competência da Justiça
em honorários advocatícios, entretanto a cobrança imediata destes do Trabalho, no tocante à execução das contribuições
encontra-se suspensa, sendo esta ainda possível caso o patrono previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia
credor venha a comprovar a suficiência financeira da parte vencida que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, os quais
no período de dois anos. integrem o salário de contribuição. Exegese dos artigos 114, VIII, e
Recurso não provido neste ponto. 195, I, a, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e
Busca pela exclusão da sua responsabilidade pelos recolhimentos serviços está em plena consonância com o item IV da Súmula 331
previdenciários, defendendo que a súmula 331 do TST somente desta Corte. Recurso de revista não conhecido. INTERVALO
atribui responsabilidade subsidiária do ente público quanto às INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. EFEITOS. A decisão
obrigações trabalhistas, o que não abarca as contribuições recorrida está em plena consonância com a jurisprudência pacífica
Não assiste razão ao recorrente. revista não conhecido. (TST - RR: 8757220105150067, Relator:
Ocorre que, nos termos do inciso VI da Súmula 331 do Tribunal Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 10/05/2017,
Superior do Trabalho - TST, a responsabilidade subsidiária 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017)
referentes ao período da prestação laboral, o que inclui, como 2.1.4. DO BENEFÍCIO DE ORDEM
consequente, a contribuição previdenciária relativa ao período da Pede o recorrente, na eventualidade de ser mantida sua
respectiva prestação dos serviços. responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas, pela
RECURSO ORDINÁRIO DA TOMADORA DE SERVIÇOS. empresa empregadora, e seus sócios, pelos créditos que por
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. ventura possam ser concedidos ao recorrido e, somente após a
administração pública, abrange todas as verbas decorrentes da Diante da responsabilidade subsidiária consignado pelo juízo
condenação, conforme item VI da Súmula nº 331 do C. TST, o que singular, cumpre entender que, por ter o responsável subsidiário
também alcança as contribuições previdenciárias e fiscais devidas participado da relação jurídica processual e figurado no título
sobre as parcelas salariais deferidas na sentença. Recurso executivo judicial, o seu chamamento à fase de execução do
Ordinário improvido. (Processo: RO - 0000953-55.2015.5.06.0192, julgado fica condicionado apenas à frustração da execução em face
Redator: Maria do Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento: da empresa devedora principal, não sendo exigível que antes se
03/08/2017, Primeira Turma, Data da assinatura: 07/08/2017) (TRT- desconsidere sua personalidade jurídica para atingimento do
6 - RO: 00009535520155060192, Data de Julgamento: 03/08/2017, patrimônio de seus sócios, ficando esta providência para momento
RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. incidência da execução sobre os bens da parte recorrente deverão
responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas 2.1.4. DA MULTA DO ARTIGO 477, §8, DA CLT
as verbas decorrentes da condenação, referentes ao período da Busca o recorrente que a multa prevista no artigo 477 da CLT incida
prestação laboral. Assim, a contribuição previdenciária referente à somente na base do salário do autor, e não na base da verba
Sentença que deve ser mantida. relação à base de cálculo da multa prevista no artigo 477 da CLT, o
A pretensão do recorrente não encontra respaldo legal e "salário" a que se refere o § 8º do mencionado dispositivo legal deve
jurisprudencial, de modo que o §8 do artigo 477, da CLT, assim ser interpretado como sendo a remuneração do trabalhador, ou
dispõe: "A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o seja, o conjunto de todas as parcelas de natureza salarial, e não
infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao apenas o seu salário básico, consoante a antiga redação do artigo
pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao 457, § 1º, da CLT, no sentido de que "integram o salário não só a
seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, importância fixa estipulada, como também as comissões,
salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e
(Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989). abonos pagos pelo empregador", sendo certo que esse
Enquanto o artigo 458 da CLT descreve o que corresponde ao entendimento está em conformidade com a jurisprudência
salário: "Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no majoritária do TST sobre a matéria. Recurso improvido, no
salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, particular. (Processo: RO - 0002031-54.2017.5.06.0341, Redator:
vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força Milton Gouveia da Silva Filho, Data de julgamento: 07/03/2018,
do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Segunda Turma, Data da assinatura: 07/03/2018) (TRT-6 - RO:
Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas 00020315420175060341, Data de Julgamento: 07/03/2018,
Seguindo o disposto em tais artigos, conforme entendimentos a RECURSO DA RECLAMADA. MULTA DO ARTIGO 477, DA CLT.
seguir colacionados da Tribunal Superior do Trabalho e dos BASE DE CÁLCULO. A multa do § 8º, do artigo 477, da CLT, incide
Tribunais Regionais de Trabalho, tem-se entendido que a multa sobre o complexo remuneratório do empregado, e não apenas
prevista no artigo 477, §8, da CLT deve incidir sobre a soma das sobre o salário básico. (TRT-1 - RO: 01011225620185010007 RJ,
parcelas de natureza salarial percebidas pelo obreiro e não apenas Relator: ANA MARIA SOARES DE MORAES, Data de Julgamento:
sobre o seu salário básico. Eis os precedentes: 04/05/2021, Primeira Turma, Data de Publicação: 22/05/2021) (G.N)
DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A multa prevista no art. 477, § 8º, da 2.1.4. DA INCIDÊNCIA DE JUROS NO CÁLCULO DA COTA
parcelas de natureza salariais que o empregado recebe, e não Irresigna-se contra a incidência da taxa SELIC e multa nas
sobre o salário básico . Precedentes. Recurso de revista conhecido contribuições previdenciárias, "pois, até o momento, não houve
e provido . (TST - RR: 643320145200003, Relator: Maria Helena determinação para que o executado efetuasse qualquer
Mallmann, Data de Julgamento: 15/04/2015, 5ª Turma, Data de recolhimento pertinente, além do que também não houve qualquer
AGRAVO DE PETIÇÃO. EXECUÇÃO DO TÍTULO JUDICIAL. 1. Ressalta que "o fato gerador da contribuição previdenciária a ser
CORREÇÃO MONETÁRIA. A aplicação da correção monetária a executada de ofício pelo Juiz, na Justiça do Trabalho, é o
partir do mês subsequente ao da prestação de serviço encontra-se pagamento ou o crédito feito pelo empregador ao trabalhador no
expressamente fixada no título executivo e, por conseguinte, curso do processo do trabalho, em decorrência da sentença
albergada pelo manto da coisa julgada, não sendo cabível proferida ou do acordo homologado. É o momento do pagamento
alterações ou inovações na decisão exequenda em sede de que surge a obrigação previdenciária, até então inexistente". Assim,
execução, a teor do art. 879, § 1º, da CLT. 2. MULTA DO ART. 477 afirma que ainda não houve ocorrência do fato gerador, ausente,
DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da multa prevista pois, recolhimento atraso.
no art. 477, § 8º, da CLT não corresponde, simplesmente, ao salário Alega pela "inconstitucionalidade, bem como a ilegalidade, da
base do exequente, mas abrange todas as parcelas de natureza metodologia de cálculo inserida pela Lei n. 11.941/09, que alterou o
salarial, conforme a disposição dos artigos 457, § 1º, e 458 da CLT. art. 43 da Lei n. 8.212/91, passando a considerar o fato gerador da
Agravo de petição conhecido e improvido. (TRT-7 - AP: contribuição previdenciária na data da prestação do serviço (art. 43,
00004837820125070005, Relator: CLAUDIO SOARES PIRES, Data § 2º), e que ainda mandou que a apuração seja efetuada com os
de Julgamento: 25/11/2019, Data de Publicação: 26/11/2019) (G.N) acréscimos legais moratórios vigentes relativamente a cada uma
Sem razão o recorrente. aplicável a nova redação do art. 43, § 2.º, da Lei n.º 8.212/1991 a
Acerca da matéria, entende o Tribunal Superior do Trabalho que a partir de 5/3/2009, porque, caso contrário, estar-se-ia conferindo
definição da prestação do serviço como o fato gerador da aplicação retroativa à Lei n.º 11.941, de 28 de maio de 2009
contribuição previdenciária tem efeito nas prestações laborais (conversão da MP n.º 449, de 4 de dezembro de 2008). Recurso de
ocorridas a partir da vigência da Medida Provisória nº 449/08, Revista conhecido e parcialmente provido."(TST-RR-596-
convertida na Lei 11.941/2009, que revogou a regra inserta no art. 10.2013.5.06.0010, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data
276, caput, do Decreto n.º 3.048/1999, ante os termos do art. 2.º, § de Julgamento: 30/03/2016, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 13.015/2014. CONTRIBUIÇÕES "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA E DA MULTA. Cinge-se a razoabilidade da tese de afronta ao artigo 195, I, "a", da CF,
controvérsia a apreciar o fato gerador da contribuição recomendável o processamento do recurso de revista para exame
previdenciária, de forma a se determinar o momento oportuno de da matéria veiculada em suas razões. Agravo provido. RECURSO
incidência dos juros de mora. A matéria deve ser apreciada à luz da DE REVISTA. EXECUÇÃO. NULIDADE DA DECISÃO REGIONAL
Lei n.º 8.212/1991 e do Decreto n.º 3.048/1999. O caput do art. 276 POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Há de se
do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º mostrar omissa a decisão, mesmo após a provocação da
3.048/1999, estipula que o prazo para o recolhimento das manifestação por intermédio de embargos declaratórios, para que
contribuições previdenciárias resultantes de decisão judicial é o dia reste demonstrada a negativa de prestação jurisdicional ensejadora
dois do mês seguinte ao da liquidação da sentença. Com base do conhecimento do recurso de revista. Recurso de revista não
nesse dispositivo, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido conhecido. RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIÇÃO
de que o fato gerador da obrigação previdenciária, quando o direito PREVIDENCIÁRIA. FATO GERADOR. APLICAÇÃO DA LEI Nº
pagamento é consequência lógica, sendo esse, portanto, o Medida Provisória nº 449, de 03.12.2008, convertida na Lei nº
momento a partir do qual se deve determinar a incidência dos juros 11.941, de 27.5.2009, entrou em vigor no dia 04.12.2008. Portanto,
de mora e da multa. Todavia, com a edição da Lei n.º 11.941/2009, somente a partir desta data existe a possibilidade de ser
que alterou a redação do art. 43, § 2.º, da Lei n.º 8.212/1991 considerada a data da prestação do serviço como o fato gerador
prevendo que se considera "ocorrido o fato gerador das das contribuições sociais - § 2º do art. 43 da Lei nº 8.212/91,
contribuições sociais na data da prestação do serviço", deve ser incluído pelo referido Diploma Legal. Diante da impossibilidade de
conferida nova interpretação à questão referente ao fato gerador da se aplicar a Lei nº 11.941/2009 ao presente caso, resta estabelecer
contribuição previdenciária. Realmente, verifica-se que o referido o momento em que se podem exigir juros de mora relacionados às
preceito legal, por prever especificamente qual deve ser o fato contribuições previdenciárias, incidentes sobre as parcelas salariais
gerador da contribuição previdenciária decorrente da prestação de reconhecidas por decisão judicial, ou seja, a determinação de seu
serviços, acabou por revogar a regra inserta no art. 276, caput, do fato gerador. Nos casos de contribuições previdenciárias
Decreto n.º 3.048/1999, ante os termos do art. 2.º, § 1.º, da Lei de decorrentes de sentença trabalhista, o termo inicial dos juros verifica
Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Entretanto, como o art. -se no dia dois do mês seguinte ao do efetivo pagamento do débito,
43, § 2.º, da Lei n.º 8.212/91 promoveu uma majoração do encargo a teor artigo 276 do Decreto nº 3.048/99. Assim, somente haverá
previdenciário, a mencionada alteração legislativa somente deve ser incidência de juros se não for quitada a contribuição previdenciária a
observada depois de decorridos noventa dias da entrada em vigor partir do dia dois do mês seguinte ao da liquidação da sentença,
da Lei n.º 11.941/2009. De fato, nos moldes do art. 150, III, "a", c/c o porquanto somente a partir daí é que haverá mora. Recurso de
art. 195, § 6.º, da Constituição Federal, a instituição ou modificação revista conhecido e provido." (TST-RR-62500-87.2002.5.01.0064,
da contribuição previdenciária, que implique a sua majoração, deve Relator Desembargador Convocado: Gilmar Cavalieri, Data de
observar o princípio da anterioridade nonagesimal, ou seja, somente Julgamento: 03/12/2014, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
terá aplicação após decorridos noventa dias da edição da respectiva 12/12/2014) (grifo nosso)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. sua especificidade, com aplicação de juros de mora a partir da
EXECUÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. FATO efetiva prestação laboral, ou seja, com base no regime de
vem se consolidando no sentido de considerar a data da prestação Apelo negado neste quesito.
somente em relação às prestações laborais ocorridas a partir de 2.2. DO RECURSO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE
4/3/2009, noventa dias após a vigência da Medida Provisória nº 2.2.1. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Precedentes. 2. Na Pugna, em suma, pela majoração dos honorários advocatícios, de
hipótese em que o contrato de emprego encerrou-se antes de 5% (cinco por cento) para 15% (quinze por cento) do valor da
Justiça do Trabalho, considera-se como fato gerador das Razão lhe assiste em parte.
contribuições previdenciárias a data do efetivo pagamento, incidindo O art. 791-A da CLT estabelece o piso e teto dos honorários
juros de mora e multa a partir do dia 2 do mês subsequente à advocatícios na justiça laboral, assim como os parâmetros para a
que se conhece e a que se nega provimento." (TST-AIRR-163800- Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
70.2006.5.01.0511, Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
Julgamento: 01/10/2014, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
17/10/2014) (grifo nosso) valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
Tal entendimento também é acolhido nesta côrte: obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
JUROS DE MORA E MULTA. TERMO INICIAL DA INCIDÊNCIA. § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POSTERIOR à ENTRADA em VIGOR profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a
DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/2009. NOVA REDAÇÃO DO importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o
ART. 43 DA LEI Nº 8.212/91. SÚMULA Nº 05 DESTE TRIBUNAL. tempo exigido para o seu serviço.
sedimentou o entendimento de que o fato gerador da contribuição No plano fático, o juízo de primeiro grau arbitrou os honorários em
social, para fins de incidência dos juros e multa moratórios sobre o favor do patrono da parte reclamante em 5% (cinco por cento) do
crédito previdenciário decorrente de condenação trabalhista, seria, valor da condenação. Dita decisão merece reforma, tendo em vista
para todos os casos, o pagamento dos haveres constantes do título que a parte reclamante foi sucumbente em menor parte dos seus
judicial. Todavia, tal posicionamento não mais prevalece ante os pedidos manejados na exordial, sendo equivocado aplicar-lhe o piso
Superior do Trabalho, que, uniformizando sua própria A ser assim, modifica-se a sentença neste particular para majorar
jurisprudência, concluiu no julgamento da Ação nº E-RR-1125- os honorários do causídico reclamante para o percentual de 10%
em que a prestação de serviço se deu após a vigência da alteração Apelo provido em parte.
ALVES FILHO, Data de Julgamento: 07/10/2020, Seção Conhecer dos recursos, negar provimento ao da reclamada e dar
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
RELATÓRIO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por BRASILEIRO S A PETROBRAS e Recurso Adesivo interposto por
unanimidade, conhecer dos recursos, negar provimento ao da ALVARO CESAR GOMES DE SOUZA, ambos contra sentença de
reclamada e dar parcial provimento ao do reclamante para majorar Id. 5db3c3f, que julgou parcialmente procedentes os pedidos
do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho Pugna o primeiro recorrente, em suma, pela reforma da decisão em
(presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria relação aos seguintes temas: aplicação do artigo 71, §1, da Lei
Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério 8666/93; responsabilidade subsidiária; pronunciamento do STF na
da cota previdenciária.
Processo Nº RORSum-0000605-08.2020.5.07.0039
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE ALVARO CESAR GOMES DE SOUZA
ADVOGADO ANTONIO EDILSON MOURAO(OAB:
15310/CE) FUNDAMENTAÇÃO
RECORRENTE PETROLEO BRASILEIRO S A
PETROBRAS
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE)
1. ADMISSIBILIDADE
RECORRIDO G&E MANUTENCAO E SERVICOS
LTDA Preenchidos os pressupostos objetivos e subjetivos do (s)
ADVOGADO JOSE NAERTON SOARES
NERI(OAB: 3207/RN) recurso(s), merece conhecimento.
ADVOGADO FERNANDA GERTY BASTOS 2. MÉRITO
PINTO(OAB: 23326/BA)
RECORRIDO PETROLEO BRASILEIRO S A 2.1. DO RECURSO INTERPOSTO PELA RECLAMADA:
PETROBRAS
PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS.
ADVOGADO ROSELINE RABELO DE JESUS
MORAIS(OAB: 500/SE) 2.1.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE - DA
RECORRIDO ALVARO CESAR GOMES DE SOUZA
APLICABILIDADE DO ARTIGO 71, §1, DA LEI 8666/93 E DO
ADVOGADO ANTONIO EDILSON MOURAO(OAB:
15310/CE) PRONUNCIAMENTO DO STF NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE
CONSTITUCIONALIDADE Nº 16/DF.
Intimado(s)/Citado(s):
O recorrente pugna pela aplicação do artigo 71, §1, da Lei 8666/93
- PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS
ao caso, tendo em vista ser norma de natureza ampla, oponível ao
regime geral de licitações, ainda quando a Petrobrás resolva optar estabelecendo a obrigação da Administração Pública de
pelo procedimento simplificado. Salienta ainda que houve prova da acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos administrativos,
fiscalização e zelo quanto às obrigações contratuais e legais pela como se verifica dos seus termos, "verbis":
reclamada em questão, afastando sua responsabilidade. Art. 58. "O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
Defende pela inviabilidade de responsabilizar subsidiariamente o por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
ente por débitos trabalhistas das suas prestadoras de serviços, de prerrogativa de:
outras garantias de cumprimento de obrigações, especialmente com Art. 67. "A execução do contrato deverá ser acompanhada e
terceiros". Assevera que a imputação de sua responsabilidade pelos fiscalizada por um representante da Administração especialmente
débitos trabalhistas violaria o disposto no art. 37, XXI, da designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
Constituição Federal, o qual concretiza, no campo das licitações, os subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e isonomia § 1º O representante da Administração anotará em registro próprio
Aduz ser imprescindível, para imputar qualquer responsabilidade à determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
seu direito, demonstrando alguma omissão específica por parte da A aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de Licitações
Petrobrás, que atraísse a responsabilidade subsidiária da mesma. pressupõe o cumprimento de todas as obrigações assumidas pelo
Por fim, destaca que a decisão proferida pelo Colendo Supremo ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista,
Tribunal Federal na Ação Direta de Constitucionalidade nº 16 como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe:
estabeleceu que o mero inadimplemento das obrigações "Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
trabalhistas pela prestadora de serviços não implica na acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
transferência da responsabilidade para a Administração Pública, respondendo cada uma pelas conseqüências de sua inexecução
contrato terceirizado. Entende que os pedidos do reclamante Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim,"verbis ":
afrontam diretamente tal declaração na ADC feita pelo Plenário do "[...], a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além
STF, que possui força vinculante. do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os
Em suma, inexistindo qualquer conduta culposa do recorrente, já aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto
que comprovado nos autos que a Petrobrás exigia da contratada o contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da
cumprimento da legislação laboral, especialmente no que atine às empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob
normas de saúde e segurança do trabalho, pugna que somente a pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de
primeira reclamada G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA seja habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo."(apud
Em verdade, a responsabilidade subsidiária do ente público, em Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do
face do que dispõe o art.71, §1º, da Lei nº 8.666/93, declarado Trabalho. p.211.)
constitucional pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da A responsabilidade subsidiária do ente público tomador de serviços
ADC 16, emergirá sempre que restar caracterizada conduta culposa encontra amparo, ainda, na teoria da responsabilidade civil
no cumprimento de suas obrigações previstas na Lei de Licitações, subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, do Código Civil, que
obrigações legais e contratuais assumidas pela empresa prestadora "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
Com efeito, a Lei nº 8.666/83, em seus arts. 58, inciso III, e 67, exclusivamente moral, comete ato ilícito.
caput, e §1º, impõe responsabilidades ao ente público contratante, Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo." empregados alocados ao objeto deste CONTRATO são passiveis
Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de de não liberação dos RM's, conforme CLÁUSULAS
denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando No citado documento não é listada qualquer irregularidade quanto à
a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas rescisão do contrato laboral do reclamante, a qual, portanto, não foi
Nesse sentido, foi inserido o item V à redação da Súmula 331 do documento de id 6a28b18, apresentado por ela própria, o qual
"CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE Observe-se, ainda, que a prefalada "carta de cobrança acumulada"
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - é datada de 10/08/20, ou seja, após a rescisão do pacto laboral do
Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 reclamante (cujo TRCT data de 05/06/20 - id 1893725). Desse
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta modo, a tomadora deveria ter fiscalizado ou ao menos exigido a
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, regularização do pagamento das verbas rescisórias do autor.
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das A meu ver, a 2ª reclamada tinha conhecimento do contrato de
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na trabalho do reclamante e da prestação de serviços em seu benefício
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da próprio, mas não fiscalizou, corretamente, o regular cumprimento
prestadora de serviço como empregadora. A aludida das obrigações trabalhistas quando da rescisão do contrato do
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obreiro, conquanto possuísse plenas condições de fiscalizar o
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente devido pagamento das verbas rescisórias do autor.
contratada." Não se pode olvidar ser dever do tomador, à luz do que dispõem os
Registre-se que não há falar em inovação legislativa por parte do c. arts. 58, III, e 67, da Lei nº 8.666/93, durante toda a execução do
TST, com ofensa ao Princípio da Legalidade (art.5º, II, da CF/88), à contrato e no seu encerramento, velar pelo cumprimento das
Separação dos Poderes da República, ou à competência privativa obrigações trabalhistas por parte do prestador, uma vez que o valor
da União para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I, CF/88), repassado aos mesmos para a execução do pacto contempla, por
pois não houve, a rigor, usurpação de competência legislativa, com óbvio, o custo dos encargos trabalhistas referentes aos empregados
criação de norma jurisprudencial "contra legem", mas, tão-somente, colocados à sua disposição. Transcrevo os citados dispositivos
Licitações, pelo c. TST, após inúmeras decisões em casos "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
ocorreu de maneira falha, pois mesmo ciente da rescisão do ora II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I
In casu, pelos documentos anexados pela 2ª acionada observa-se Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e
que ela não cumpriu, proficuamente, o seu dever de fiscalizar o fiscalizada por um representante da Administração especialmente
cumprimento de todas as obrigações trabalhistas por parte da designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
empresa contratada, malgrado tivesse ciência de seu dever, como subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
se pode aferir pelo documento por ela apresentado (id e55d096), §1º O representante da Administração anotará em registro próprio
intitulado "carta de cobrança acumulada", no qual a 2ª ré enumera todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato,
as obrigações que deveriam ser regularizadas pela empresa determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
prescreve que "a não comprovação de suas obrigações sociais e §2º As decisões e providências que ultrapassarem a competência
trabalhistas, inclusive contribuições previdenciárias (INSS), do representante deverão ser solicitadas a seus superiores em
depósitos do FGTS e verbas rescisórias, em relação aos tempo hábil para a adoção das medidas convenientes".
Veja que eventual constatação de descumprimento de obrigações cumprimento das obrigações trabalhistas do autor, porquanto,
trabalhistas por parte da empresa contratada constitui motivo para a conforme documentos anexados ao id 61d7ce2, tinha ela acesso à
rescisão unilateral do contrato administrativo, nos termos do art. 58, lista nominal de empregados da 1ª acionada que estavam ativos
II, acima transcrito, em conjunto com o disposto nos arts. 78, II, VII e (trabalhando para a 2ª ré) e que estavam em desligamento
VIII, e 79, I, todos da Lei n° 8.666/93, in verbis: (processo de rescisão), além dos seus respectivos contracheques.
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: Vide, por exemplo, os documentos de id's d05d8d1, c819261,
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, A 2ª reclamada, ao deixar de fiscalizar adequadamente o regular
VII - o desatendimento das determinações regulares da autoridade devidas e inadimplidas pelo empregador, conforme artigos 186 e
designada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim 927 do Código Civil.
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas no direito civil (culpa in vigilando - art. 8º da CLT), porquanto, ao
na forma do § 1ºdo art. 67 desta Lei; optar pela contratação de serviços, o contratante tem o dever de ser
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: também na fiscalização do correto cumprimento das obrigações
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos contratuais pela contratada. (...)
casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior". Frise-se que a obrigação de fiscalizar persiste durante todo o
Segundo o princípio da aptidão para a prova, o ônus de demonstrar contrato e também no seu encerramento, alcançando as verbas
a existência de fiscalização e ilidir a culpa in é do Ente tomador de rescisórias não quitadas, não sendo facultado ao contratante optar
serviços. vigilando De fato, a relação contratual envolvendo a em que momento deve atuar.
Administração Pública e a empresa por ela contratada para a A 2ª reclamada alega, ainda, que o autor não comprovou que
prestação de serviços não é de pleno conhecimento do trabalhador, prestou serviço exclusivo à PETROBRAS, razão pela qual não
o qual, em regra, não tem nenhum acesso aos documentos poderia ser responsabilizada pelas verbas rescisórias. Já o
administrativos. Como bem destacado pelo TST, "o ônus da prova reclamante narra que trabalhou exclusivamente para a 2ª ré,
recai sobre o tomador dos serviços, o qual, como visto, tem durante todo o contrato, exercendo a função de inspetor de pintura
67 da Lei nº 8.666/93). Logo, incumbia ao segundo reclamado Observa-se que a relação de empregados de id 841e74f - fl.1,
provar a existência de fiscalização efetiva, bem como desconstituir a apresentada pela própria tomadora, traz o nome do reclamante
pretensão da reclamante, nos termos do art. 373, II, do NCPC " como inspetor de pintura (2ª linha).
(TST - 8ª T - AIRR 240-44.2017.5.10.0016 - 29/03/2019). Aos id's ce22ece e c819261, constam contracheques do autor, com
In casu, a 2ª acionada não se desvencilhou a contento de tal ônus a indicação "Plataforma 163 CE", além do pagamento do adicional
probatório, pois, como narrado, tinha conhecimento do contrato de de embarque, o que indica o seu local de trabalho.
trabalho do reclamante, inclusive do seu desligamento, mas não Ao id d05d8d1, a 2ª ré apresenta a relação nominal de empregados
fiscalizou o pagamento das verbas rescisórias. Não se olvide que referentes ao contrato com a 1ª empresa (contrato nº
houve ajuste para pagamento parcelado da rescisão (o que por si 5325.0106939.18.2 - Vide id e44b1c2), com o nome do autor entre
só não é permitido) e, mesmo assim, a 1ª ré descumpriu o tais colaboradores e data de admissão em 25/04/19, constando
Ademais, no documento apresentado pela 2ª ré, no qual se objetiva Ademais, conforme documento de id 6a28b18, o reclamante foi
demonstrar a fiscalização das obrigações trabalhistas da contrante desligado apenas em 04/05/20, projetando o aviso prévio para 06
trabalho do reclamante e nem ao pagamento irregular das suas Do mesmo modo, através da CTPS de id 5d54957, vê-se que o
verbas rescisórias, o que demonstra culpa na fiscalização por parte autor foi contratado como inspetor de pintura, com data de
Ressalte-se, ainda, que a 2ª ré tinha meios de fiscalizar o devido indicados. Além disso, consta em sua CTPS, ao id 2d448fc,
anotação referente ao pagamento de adicional de embarque, o qual inadimplemento o seu pressuposto único. Aliás, a equilibrada
também consta em diversos contracheques (por exemplo, id's decisão do Supremo Tribunal Federal deixou claro que a expressão
ce22ece, c819261, 1fc7faa, 221ef11, efce6df e 895df6b). "automaticamente" contida na tese teve como objetivo possibilitar
Diante de todos esses elementos, tem-se por ratificada a narrativa ao trabalhador a responsabilização do ente público, "dependendo
do autor, de que prestava serviços em benefício da 2ª reclamada de comprovação de culpa in eligendo ou culpa in vigilando, o que
durante todo o seu contrato de trabalho com a 1ª ré. (...) decorre da inarredável obrigação da administração pública de
Desta feita, após todo o exposto, reconhece-se a responsabilidade fiscalizar os contratos administrativos firmados sob os efeitos da
subsidiária da 2ª reclamada, Petróleo Brasileiro S /A estrita legalidade" (voto do Min. Edson Fachin, redator do acórdão
(PETROBRAS), pelas verbas ora deferidas, aplicando-se ao caso a do ED-RE760931/DF). Portanto, ficou decidido no julgamento do
Assim, tem-se que a 2ª reclamada recaiu sobre culpa "in vigilando", de declaração) que é possível responsabilizar a Administração
o que atrai o dever de indenizar insculpido nos artigos 186 e 927, Pública pelo pagamento das verbas trabalhistas devidas a
caput, do CC, de maneira subsidiária. empregados das empresas terceirizadas, de maneira subsidiária,
Registre-se que a observância de todos os preceitos da Lei nº quando constatada a omissão na sua atuação, que é obrigatória,
8.666/93 e suas regulamentações devem ser formalmente sendo vedada a presunção de culpa. Sendo assim, diferentemente
registradas pela Administração, formando prova pré-constituída. da posição que esta 2ª Turma vinha adotando (com ressalva de
Consequentemente, no processo judicial, ela assume o dever de entendimento pessoal de seus integrantes) - por entender que o
trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a prova, Supremo Tribunal Federal havia também firmado entendimento no
previsto no art. 818, §1º, da CLT. Entendimento contrário resultaria sentido de que seria do trabalhador o ônus da prova da omissão na
em atribuir ao empregado a chamada "prova diabólica". fiscalização pelo ente da Administração Pública -, o Supremo
Nesse sentido, a recente jurisprudência do c.TST, confira-se: Tribunal não firmou tese processual acerca da distribuição do onus
"RECURSO DE REVISTA. LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. IN 40 probandi. Neste sentido, as regras de distribuição do ônus da prova
DO TST CONVÊNIO. ENTE PÚBLICO RESPONSABILIDADE continuam a observar os dispositivos infraconstitucionais que as
SUBSIDIÁRIA. FISCALIZAÇÃO NÃO DEMONSTRADA. ÔNUS DA regulam, a exemplo dos arts. 373 do CPC/2015 e 818 da CLT. Dito
PROVA. Na hipótese de haver sido formado convênio ou termo de isso, é a Administração Pública quem tem a aptidão para a prova da
parceria, a jurisprudência desta Corte Superior entende que a fiscalização do contrato administrativo de prestação de serviços
responsabilidade civil do ente público pelas verbas trabalhistas (aspecto subjetivo do ônus da prova), obrigação que decorre da
inadimplidas pelo empregador conveniado ou parceiro é verificada à própria Lei de Licitações (arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/93), na linha
luz das diretrizes consubstanciadas na da Súmula 331 do TST. No do que definiu o Supremo Tribunal Federal. Assim, nos casos em
que diz respeito à responsabilidade subsidiária, em recente decisão, que não há prova de fiscalização, deve o julgador decidir
no julgamento dos embargos de declaração nos autos do RE- contrariamente à parte que tinha o ônus probatório e dele não se
760931/DF, o Supremo Tribunal Federal reafirmou sua desincumbiu: é a própria adoção da distribuição do ônus da prova
jurisprudência acerca da responsabilidade da Administração Pública como regra de julgamento (aspecto objetivo do ônus da prova). No
quanto ao pagamento de verbas trabalhistas devidas a empregados caso, o Tribunal Regional considerou que não foi comprovada a
que a ela prestam serviços de maneira terceirizada. Em suma, em fiscalização pelo ente público, julgando procedente o pedido de
um primeiro momento, a Corte Constitucional ratificou a responsabilização subsidiária da Administração Pública. Decisão
constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei 8.666/93, na linha do que em harmonia com o entendimento consolidado na Súmula 331, V,
já havia decidido na ADC 16. Em um segundo instante, fixou-se a do TST. Precedentes. Recurso de revista não conhecido." (TST- RR
tese no sentido de que "o inadimplemento dos encargos trabalhistas -102110-45.2017.5.01.0223, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria
dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Helena Mallmann, DEJT 26/02/2021). (g.n.)
Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, Destarte, não há de ser falar em inobservância ao art. 71 da lei
seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, licitatória, da ADC nº 16 do STF ou da Súmula 331 do TST, mas
da Lei nº 8.666/93". Aqui, deixou-se evidente que o inadimplemento sim, em verdade, no correto cumprimento destes dispositivos,
da empresa terceirizada não autoriza, por si só, o redirecionamento considerando que tais, preveem a responsabilidade da
da responsabilidade à Administração Pública. Com efeito, embora administração pública sobre os créditos trabalhistas inadimplidos
seja possível a responsabilização do ente púbico, não é o pelos prestadores serviços, quando ausente ou irregular a
fiscalização por parte do contratante decorrente da conduta culposa em honorários advocatícios, entretanto a cobrança imediata destes
por parte deste. encontra-se suspensa, sendo esta ainda possível caso o patrono
Assim, mantém-se o comando sentencial no sentido de recair sobre credor venha a comprovar a suficiência financeira da parte vencida
honorários advocatícios ao patrono da reclamada, ressaltando que Busca pela exclusão da sua responsabilidade pelos recolhimentos
os referidos honorários poderão ser quitados através de créditos previdenciários, defendendo que a súmula 331 do TST somente
que tenha a receber em outro processo. atribui responsabilidade subsidiária do ente público quanto às
Sentença que não merece reparo. obrigações trabalhistas, o que não abarca as contribuições
favor do advogado da parte ré, no percentual de 5% (cinco por Não assiste razão ao recorrente.
cento) sobre o valor total dos pedidos não deferidos na decisão. Ocorre que, nos termos do inciso VI da Súmula 331 do Tribunal
Assim, ausente interesse recursal neste particular ao recorrente. Superior do Trabalho - TST, a responsabilidade subsidiária
Prossigo no que diz respeito à possibilidade de compensação da cominada abrange todas as verbas decorrentes da condenação,
verba honorária com outros créditos que o reclamante venha a referentes ao período da prestação laboral, o que inclui, como
A Constituição Federal ao mesmo passo que condecora a respectiva prestação dos serviços.
advocacia como função essencial à Justiça em seu art. 133, Neste contexto:
também garante à sociedade o acesso à Justiça e a gratuidade RECURSO ORDINÁRIO DA TOMADORA DE SERVIÇOS.
desta como direitos fundamentais prescritos em seu art. 5º, incisos RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA.
A Justiça Gratuita também possui respaldo celetista no art. 790, §3º, subsidiária da tomadora de serviços, ainda que ente da
bem como os honorários sucumbênciais no referido art. 791-A. De administração pública, abrange todas as verbas decorrentes da
destacar ainda que tanto os créditos advocatícios quanto os créditos condenação, conforme item VI da Súmula nº 331 do C. TST, o que
trabalhistas possuem natureza alimentar. também alcança as contribuições previdenciárias e fiscais devidas
Este Egrégio, tribunal sopesando ditos princípios, na decisão de sobre as parcelas salariais deferidas na sentença. Recurso
declarou a inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por Redator: Maria do Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento:
ofensa às garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III 03/08/2017, Primeira Turma, Data da assinatura: 07/08/2017) (TRT-
(dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV 6 - RO: 00009535520155060192, Data de Julgamento: 03/08/2017,
inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em 331, VI, do TST, pacificou o entendimento de que a
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas
Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita prestação laboral. Assim, a contribuição previdenciária referente à
ao reclamante, deve ser mantida a sentença que determinou a cota parte da prestadora de serviços é abrangida pela
suspensão de exigibilidade dos honorários advocatícios de responsabilidade subsidiária. Recurso de revista não conhecido.
sucumbência devidos pela parte autora. Ressalta-se ainda que INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO
respectivo fundamento não confere demérito a função da advocacia, PREVIDENCIÁRIA RELATIVA AO PERÍODO DO VÍNCULO DE
pois como sentenciado, ocorreu a condenação da parte sucumbente TRABALHO RECONHECIDO EM JUÍZO. A competência da Justiça
do Trabalho, no tocante à execução das contribuições infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao
previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao
que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, os quais seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN,
integrem o salário de contribuição. Exegese dos artigos 114, VIII, e salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
195, I, a, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989).
provido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE Enquanto o artigo 458 da CLT descreve o que corresponde ao
SERVIÇOS. SÚMULA 331 DO TST. Tratando-se de terceirização salário: "Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no
lícita de serviços, a responsabilização subsidiária do tomador de salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação,
serviços está em plena consonância com o item IV da Súmula 331 vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força
desta Corte. Recurso de revista não conhecido. INTERVALO do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado.
INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. EFEITOS. A decisão Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas
desta Corte, consubstanciada na Súmula 437, I e III. Recurso de Seguindo o disposto em tais artigos, conforme entendimentos a
revista não conhecido. (TST - RR: 8757220105150067, Relator: seguir colacionados da Tribunal Superior do Trabalho e dos
Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 10/05/2017, Tribunais Regionais de Trabalho, tem-se entendido que a multa
6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017) prevista no artigo 477, §8, da CLT deve incidir sobre a soma das
Recurso não provido. parcelas de natureza salarial percebidas pelo obreiro e não apenas
responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas, pela RECURSO DE REVISTA. MULTA PREVISTA NO ART. 477, § 8º,
concessão do benefício da ordem, de modo que "responde a DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A multa prevista no art. 477, § 8º, da
empresa empregadora, e seus sócios, pelos créditos que por CLT, deve incidir sobre a remuneração, considerando todas as
ventura possam ser concedidos ao recorrido e, somente após a parcelas de natureza salariais que o empregado recebe, e não
efetiva comprovação da inexistência de bens desses, venha sobre o salário básico . Precedentes. Recurso de revista conhecido
responder a ora recorrente". e provido . (TST - RR: 643320145200003, Relator: Maria Helena
Diante da responsabilidade subsidiária consignado pelo juízo Mallmann, Data de Julgamento: 15/04/2015, 5ª Turma, Data de
singular, cumpre entender que, por ter o responsável subsidiário Publicação: DEJT 30/04/2015) (G.N)
participado da relação jurídica processual e figurado no título AGRAVO DE PETIÇÃO. EXECUÇÃO DO TÍTULO JUDICIAL. 1.
executivo judicial, o seu chamamento à fase de execução do CORREÇÃO MONETÁRIA. A aplicação da correção monetária a
julgado fica condicionado apenas à frustração da execução em face partir do mês subsequente ao da prestação de serviço encontra-se
da empresa devedora principal, não sendo exigível que antes se expressamente fixada no título executivo e, por conseguinte,
desconsidere sua personalidade jurídica para atingimento do albergada pelo manto da coisa julgada, não sendo cabível
patrimônio de seus sócios, ficando esta providência para momento alterações ou inovações na decisão exequenda em sede de
oportuno, conforme providencias do exequente. execução, a teor do art. 879, § 1º, da CLT. 2. MULTA DO ART. 477
Ademais, ressalta-se que as eventuais insurgências quanto à DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da multa prevista
incidência da execução sobre os bens da parte recorrente deverão no art. 477, § 8º, da CLT não corresponde, simplesmente, ao salário
ser levadas ao juízo executório. base do exequente, mas abrange todas as parcelas de natureza
Recurso improvido. salarial, conforme a disposição dos artigos 457, § 1º, e 458 da CLT.
2.1.4. DA MULTA DO ARTIGO 477, §8, DA CLT Agravo de petição conhecido e improvido. (TRT-7 - AP:
Busca o recorrente que a multa prevista no artigo 477 da CLT incida 00004837820125070005, Relator: CLAUDIO SOARES PIRES, Data
somente na base do salário do autor, e não na base da verba de Julgamento: 25/11/2019, Data de Publicação: 26/11/2019) (G.N)
Sentença que deve ser mantida. relação à base de cálculo da multa prevista no artigo 477 da CLT, o
A pretensão do recorrente não encontra respaldo legal e "salário" a que se refere o § 8º do mencionado dispositivo legal deve
jurisprudencial, de modo que o §8 do artigo 477, da CLT, assim ser interpretado como sendo a remuneração do trabalhador, ou
dispõe: "A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o seja, o conjunto de todas as parcelas de natureza salarial, e não
apenas o seu salário básico, consoante a antiga redação do artigo ocorridas a partir da vigência da Medida Provisória nº 449/08,
457, § 1º, da CLT, no sentido de que "integram o salário não só a convertida na Lei 11.941/2009, que revogou a regra inserta no art.
importância fixa estipulada, como também as comissões, 276, caput, do Decreto n.º 3.048/1999, ante os termos do art. 2.º, §
percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e 1.º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Confira-se:
abonos pagos pelo empregador", sendo certo que esse "[...] RECURSO DE REVISTA DA UNIÃO. APELO INTERPOSTO
entendimento está em conformidade com a jurisprudência SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 13.015/2014. CONTRIBUIÇÕES
majoritária do TST sobre a matéria. Recurso improvido, no PREVIDENCIÁRIAS. FATO GERADOR. MOMENTO DE
particular. (Processo: RO - 0002031-54.2017.5.06.0341, Redator: INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA E DA MULTA. Cinge-se a
Milton Gouveia da Silva Filho, Data de julgamento: 07/03/2018, controvérsia a apreciar o fato gerador da contribuição
Segunda Turma, Data da assinatura: 07/03/2018) (TRT-6 - RO: previdenciária, de forma a se determinar o momento oportuno de
00020315420175060341, Data de Julgamento: 07/03/2018, incidência dos juros de mora. A matéria deve ser apreciada à luz da
Segunda Turma) (G.N) Lei n.º 8.212/1991 e do Decreto n.º 3.048/1999. O caput do art. 276
RECURSO DA RECLAMADA. MULTA DO ARTIGO 477, DA CLT. do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º
BASE DE CÁLCULO. A multa do § 8º, do artigo 477, da CLT, incide 3.048/1999, estipula que o prazo para o recolhimento das
sobre o complexo remuneratório do empregado, e não apenas contribuições previdenciárias resultantes de decisão judicial é o dia
sobre o salário básico. (TRT-1 - RO: 01011225620185010007 RJ, dois do mês seguinte ao da liquidação da sentença. Com base
Relator: ANA MARIA SOARES DE MORAES, Data de Julgamento: nesse dispositivo, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido
04/05/2021, Primeira Turma, Data de Publicação: 22/05/2021) (G.N) de que o fato gerador da obrigação previdenciária, quando o direito
2.1.4. DA INCIDÊNCIA DE JUROS NO CÁLCULO DA COTA momento a partir do qual se deve determinar a incidência dos juros
Irresigna-se contra a incidência da taxa SELIC e multa nas que alterou a redação do art. 43, § 2.º, da Lei n.º 8.212/1991
contribuições previdenciárias, "pois, até o momento, não houve prevendo que se considera "ocorrido o fato gerador das
determinação para que o executado efetuasse qualquer contribuições sociais na data da prestação do serviço", deve ser
recolhimento pertinente, além do que também não houve qualquer conferida nova interpretação à questão referente ao fato gerador da
Ressalta que "o fato gerador da contribuição previdenciária a ser preceito legal, por prever especificamente qual deve ser o fato
executada de ofício pelo Juiz, na Justiça do Trabalho, é o gerador da contribuição previdenciária decorrente da prestação de
pagamento ou o crédito feito pelo empregador ao trabalhador no serviços, acabou por revogar a regra inserta no art. 276, caput, do
curso do processo do trabalho, em decorrência da sentença Decreto n.º 3.048/1999, ante os termos do art. 2.º, § 1.º, da Lei de
proferida ou do acordo homologado. É o momento do pagamento Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Entretanto, como o art.
que surge a obrigação previdenciária, até então inexistente". Assim, 43, § 2.º, da Lei n.º 8.212/91 promoveu uma majoração do encargo
afirma que ainda não houve ocorrência do fato gerador, ausente, previdenciário, a mencionada alteração legislativa somente deve ser
pois, recolhimento atraso. observada depois de decorridos noventa dias da entrada em vigor
Alega pela "inconstitucionalidade, bem como a ilegalidade, da da Lei n.º 11.941/2009. De fato, nos moldes do art. 150, III, "a", c/c o
metodologia de cálculo inserida pela Lei n. 11.941/09, que alterou o art. 195, § 6.º, da Constituição Federal, a instituição ou modificação
art. 43 da Lei n. 8.212/91, passando a considerar o fato gerador da da contribuição previdenciária, que implique a sua majoração, deve
contribuição previdenciária na data da prestação do serviço (art. 43, observar o princípio da anterioridade nonagesimal, ou seja, somente
§ 2º), e que ainda mandou que a apuração seja efetuada com os terá aplicação após decorridos noventa dias da edição da respectiva
acréscimos legais moratórios vigentes relativamente a cada uma lei que a institua ou a modifique. Assim, no caso dos autos, como o
Sem razão o recorrente. aplicável a nova redação do art. 43, § 2.º, da Lei n.º 8.212/1991 a
Acerca da matéria, entende o Tribunal Superior do Trabalho que a partir de 5/3/2009, porque, caso contrário, estar-se-ia conferindo
definição da prestação do serviço como o fato gerador da aplicação retroativa à Lei n.º 11.941, de 28 de maio de 2009
contribuição previdenciária tem efeito nas prestações laborais (conversão da MP n.º 449, de 4 de dezembro de 2008). Recurso de
Revista conhecido e parcialmente provido."(TST-RR-596- somente em relação às prestações laborais ocorridas a partir de
10.2013.5.06.0010, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data 4/3/2009, noventa dias após a vigência da Medida Provisória nº
de Julgamento: 30/03/2016, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Precedentes. 2. Na
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. Justiça do Trabalho, considera-se como fato gerador das
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. FATO GERADOR. Ante a contribuições previdenciárias a data do efetivo pagamento, incidindo
razoabilidade da tese de afronta ao artigo 195, I, "a", da CF, juros de mora e multa a partir do dia 2 do mês subsequente à
recomendável o processamento do recurso de revista para exame intimação da liquidação da sentença. 3. Agravo de instrumento de
da matéria veiculada em suas razões. Agravo provido. RECURSO que se conhece e a que se nega provimento." (TST-AIRR-163800-
DE REVISTA. EXECUÇÃO. NULIDADE DA DECISÃO REGIONAL 70.2006.5.01.0511, Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de
POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Há de se Julgamento: 01/10/2014, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
manifestação por intermédio de embargos declaratórios, para que Tal entendimento também é acolhido nesta côrte:
reste demonstrada a negativa de prestação jurisdicional ensejadora AGRAVO DE PETIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
do conhecimento do recurso de revista. Recurso de revista não JUROS DE MORA E MULTA. TERMO INICIAL DA INCIDÊNCIA.
PREVIDENCIÁRIA. FATO GERADOR. APLICAÇÃO DA LEI Nº DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/2009. NOVA REDAÇÃO DO
11.941/2009 A CASOS PRETÉRITOS. IMPOSSIBILIDADE. A ART. 43 DA LEI Nº 8.212/91. SÚMULA Nº 05 DESTE TRIBUNAL.
Medida Provisória nº 449, de 03.12.2008, convertida na Lei nº SUPERAÇÃO. A Súmula deste Tribunal acima epigrafada
11.941, de 27.5.2009, entrou em vigor no dia 04.12.2008. Portanto, sedimentou o entendimento de que o fato gerador da contribuição
somente a partir desta data existe a possibilidade de ser social, para fins de incidência dos juros e multa moratórios sobre o
considerada a data da prestação do serviço como o fato gerador crédito previdenciário decorrente de condenação trabalhista, seria,
das contribuições sociais - § 2º do art. 43 da Lei nº 8.212/91, para todos os casos, o pagamento dos haveres constantes do título
incluído pelo referido Diploma Legal. Diante da impossibilidade de judicial. Todavia, tal posicionamento não mais prevalece ante os
se aplicar a Lei nº 11.941/2009 ao presente caso, resta estabelecer novos contornos conferidos à questão pelo Colendo Tribunal
o momento em que se podem exigir juros de mora relacionados às Superior do Trabalho, que, uniformizando sua própria
contribuições previdenciárias, incidentes sobre as parcelas salariais jurisprudência, concluiu no julgamento da Ação nº E-RR-1125-
reconhecidas por decisão judicial, ou seja, a determinação de seu 36.2010.5.06.0171 (DEJT de 15.12.2015) que, para as situações
fato gerador. Nos casos de contribuições previdenciárias em que a prestação de serviço se deu após a vigência da alteração
decorrentes de sentença trabalhista, o termo inicial dos juros verifica legislativa promovida na Lei nº 8.212/1991 pela Medida Provisória
-se no dia dois do mês seguinte ao do efetivo pagamento do débito, nº 449/08, convertida na Lei nº 11.941/09, ou seja, 05.03.2009,
a teor artigo 276 do Decreto nº 3.048/99. Assim, somente haverá considera-se como fato gerador das contribuições previdenciárias a
incidência de juros se não for quitada a contribuição previdenciária a prestação de serviço, devendo os juros de mora incidirem a partir de
partir do dia dois do mês seguinte ao da liquidação da sentença, então - regime de competência. Agravo conhecido e desprovido.
porquanto somente a partir daí é que haverá mora. Recurso de (TRT-7 - AP: 00012554620145070013, Relator: CLOVIS VALENCA
revista conhecido e provido." (TST-RR-62500-87.2002.5.01.0064, ALVES FILHO, Data de Julgamento: 07/10/2020, Seção
Relator Desembargador Convocado: Gilmar Cavalieri, Data de Especializada II, Data de Publicação: 07/10/2020)
Julgamento: 03/12/2014, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT No caso concreto, verificado o período contratual do reclamante é
12/12/2014) (grifo nosso) posterior ao referido marco temporal (05.03.2009), deve-se adotar o
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. sua especificidade, com aplicação de juros de mora a partir da
EXECUÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. FATO efetiva prestação laboral, ou seja, com base no regime de
vem se consolidando no sentido de considerar a data da prestação Apelo negado neste quesito.
5% (cinco por cento) para 15% (quinze por cento) do valor da ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
Razão lhe assiste em parte. unanimidade, conhecer dos recursos, negar provimento ao da
O art. 791-A da CLT estabelece o piso e teto dos honorários reclamada e dar parcial provimento ao do reclamante para majorar
advocatícios na justiça laboral, assim como os parâmetros para a os honorários advocatícios do reclamante para 10%. Participaram
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Público do Trabalho.
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico Fortaleza, 12 de agosto de 2021
da causa.
importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
favor do patrono da parte reclamante em 5% (cinco por cento) do ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
valor da condenação. Dita decisão merece reforma, tendo em vista Diretor de Secretaria
Intimado(s)/Citado(s):
- G&E MANUTENCAO E SERVICOS LTDA
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Cuida-se de Recurso Ordinário interposto por PETROLEO estabelecidas no edital, nada mais pode ser exigido no tocante a
BRASILEIRO S A PETROBRAS e Recurso Adesivo interposto por outras garantias de cumprimento de obrigações, especialmente com
ALVARO CESAR GOMES DE SOUZA, ambos contra sentença de terceiros". Assevera que a imputação de sua responsabilidade pelos
Id. 5db3c3f, que julgou parcialmente procedentes os pedidos débitos trabalhistas violaria o disposto no art. 37, XXI, da
Pugna o primeiro recorrente, em suma, pela reforma da decisão em princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e isonomia
relação aos seguintes temas: aplicação do artigo 71, §1, da Lei (arts. 5º e 37, caput).
8666/93; responsabilidade subsidiária; pronunciamento do STF na Aduz ser imprescindível, para imputar qualquer responsabilidade à
Ação Declaratória de Constitucionalidade Nº 16/DF; honorários Administração Pública, o exame da culpa do administrador,
advocatícios; multa do artigo 477, CLT; recolhimentos afirmando que cabe ao reclamante comprovar fato constitutivo do
previdenciários; benefício de ordem; incidência de juros no cálculo seu direito, demonstrando alguma omissão específica por parte da
O segundo recorrente se insurge apenas no que diz respeito à Por fim, destaca que a decisão proferida pelo Colendo Supremo
fixação dos honorários advocatícios, buscando pela majoração para Tribunal Federal na Ação Direta de Constitucionalidade nº 16
o percentual de 15% (quinze por cento). estabeleceu que o mero inadimplemento das obrigações
Contrarrazões de ALVARO CESAR GOMES DE SOUZA acostadas trabalhistas pela prestadora de serviços não implica na
Contrarrazões da PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS devendo ser discutida deliberada deficiência na fiscalização do
acostadas sob ID. 479bd15. contrato terceirizado. Entende que os pedidos do reclamante
2.1. DO RECURSO INTERPOSTO PELA RECLAMADA: constitucional pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da
PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS. ADC 16, emergirá sempre que restar caracterizada conduta culposa
2.1.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE - DA no cumprimento de suas obrigações previstas na Lei de Licitações,
APLICABILIDADE DO ARTIGO 71, §1, DA LEI 8666/93 E DO especialmente quanto ao seu dever de fiscalizar o cumprimento das
PRONUNCIAMENTO DO STF NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE obrigações legais e contratuais assumidas pela empresa prestadora
O recorrente pugna pela aplicação do artigo 71, §1, da Lei 8666/93 Com efeito, a Lei nº 8.666/83, em seus arts. 58, inciso III, e 67,
ao caso, tendo em vista ser norma de natureza ampla, oponível ao caput, e §1º, impõe responsabilidades ao ente público contratante,
regime geral de licitações, ainda quando a Petrobrás resolva optar estabelecendo a obrigação da Administração Pública de
pelo procedimento simplificado. Salienta ainda que houve prova da acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos administrativos,
fiscalização e zelo quanto às obrigações contratuais e legais pela como se verifica dos seus termos, "verbis":
reclamada em questão, afastando sua responsabilidade. Art. 58. "O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
Defende pela inviabilidade de responsabilizar subsidiariamente o por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
Art. 67. "A execução do contrato deverá ser acompanhada e (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) -
fiscalizada por um representante da Administração especialmente Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
determinando o que for necessário à regularização das faltas ou fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
A aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de Licitações obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista, Registre-se que não há falar em inovação legislativa por parte do c.
como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe: TST, com ofensa ao Princípio da Legalidade (art.5º, II, da CF/88), à
"Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de Separação dos Poderes da República, ou à competência privativa
acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, da União para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I, CF/88),
respondendo cada uma pelas conseqüências de sua inexecução pois não houve, a rigor, usurpação de competência legislativa, com
Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim,"verbis ": a solidificação de interpretação conferida ao art. 71 da Lei de
"[...], a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além Licitações, pelo c. TST, após inúmeras decisões em casos
aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto No caso concreto, como bem esclarecido no comando sentencial,
contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da houve fiscalização por parte do tomador de serviços, porém esta
empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob ocorreu de maneira falha, pois mesmo ciente da rescisão do ora
pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de reclamante não aplicou as sanções cabível a 1ª reclamada
habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo."(apud prestador de serviços. reproduz-se os termos sentenciais no tocante
Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo In casu, pelos documentos anexados pela 2ª acionada observa-se
Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do que ela não cumpriu, proficuamente, o seu dever de fiscalizar o
A responsabilidade subsidiária do ente público tomador de serviços empresa contratada, malgrado tivesse ciência de seu dever, como
encontra amparo, ainda, na teoria da responsabilidade civil se pode aferir pelo documento por ela apresentado (id e55d096),
subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, do Código Civil, que intitulado "carta de cobrança acumulada", no qual a 2ª ré enumera
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência contratada (1ª demandada), a quem o documento é dirigido, e
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que prescreve que "a não comprovação de suas obrigações sociais e
exclusivamente moral, comete ato ilícito. trabalhistas, inclusive contribuições previdenciárias (INSS),
Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a depósitos do FGTS e verbas rescisórias, em relação aos
outrem, fica obrigado a repará-lo." empregados alocados ao objeto deste CONTRATO são passiveis
Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de de não liberação dos RM's, conforme CLÁUSULAS
denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando No citado documento não é listada qualquer irregularidade quanto à
a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas rescisão do contrato laboral do reclamante, a qual, portanto, não foi
devidamente fiscalizada pela 2ª reclamada, mesmo diante do Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
indica que o autor estava sendo desligado. II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações,
reclamante (cujo TRCT data de 05/06/20 - id 1893725). Desse VII - o desatendimento das determinações regulares da autoridade
modo, a tomadora deveria ter fiscalizado ou ao menos exigido a designada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim
A meu ver, a 2ª reclamada tinha conhecimento do contrato de VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas
trabalho do reclamante e da prestação de serviços em seu benefício na forma do § 1ºdo art. 67 desta Lei;
das obrigações trabalhistas quando da rescisão do contrato do Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
obreiro, conquanto possuísse plenas condições de fiscalizar o I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos
devido pagamento das verbas rescisórias do autor. casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior".
Não se pode olvidar ser dever do tomador, à luz do que dispõem os Segundo o princípio da aptidão para a prova, o ônus de demonstrar
arts. 58, III, e 67, da Lei nº 8.666/93, durante toda a execução do a existência de fiscalização e ilidir a culpa in é do Ente tomador de
contrato e no seu encerramento, velar pelo cumprimento das serviços. vigilando De fato, a relação contratual envolvendo a
obrigações trabalhistas por parte do prestador, uma vez que o valor Administração Pública e a empresa por ela contratada para a
repassado aos mesmos para a execução do pacto contempla, por prestação de serviços não é de pleno conhecimento do trabalhador,
óbvio, o custo dos encargos trabalhistas referentes aos empregados o qual, em regra, não tem nenhum acesso aos documentos
colocados à sua disposição. Transcrevo os citados dispositivos administrativos. Como bem destacado pelo TST, "o ônus da prova
legais: recai sobre o tomador dos serviços, o qual, como visto, tem
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído obrigação legal de fiscalizar a execução do contrato (arts. 58, III, e
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a 67 da Lei nº 8.666/93). Logo, incumbia ao segundo reclamado
(...) pretensão da reclamante, nos termos do art. 373, II, do NCPC "
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I (TST - 8ª T - AIRR 240-44.2017.5.10.0016 - 29/03/2019).
do art. 79 desta Lei; In casu, a 2ª acionada não se desvencilhou a contento de tal ônus
III - fiscalizar-lhes a execução. probatório, pois, como narrado, tinha conhecimento do contrato de
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizou o pagamento das verbas rescisórias. Não se olvide que
fiscalizada por um representante da Administração especialmente houve ajuste para pagamento parcelado da rescisão (o que por si
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e só não é permitido) e, mesmo assim, a 1ª ré descumpriu o
§1º O representante da Administração anotará em registro próprio Ademais, no documento apresentado pela 2ª ré, no qual se objetiva
todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, demonstrar a fiscalização das obrigações trabalhistas da contrante
determinando o que for necessário à regularização das faltas ou (carta de cobrança acumulada), não há menção ao contrato de
§2º As decisões e providências que ultrapassarem a competência verbas rescisórias, o que demonstra culpa na fiscalização por parte
tempo hábil para a adoção das medidas convenientes". Ressalte-se, ainda, que a 2ª ré tinha meios de fiscalizar o devido
Veja que eventual constatação de descumprimento de obrigações cumprimento das obrigações trabalhistas do autor, porquanto,
trabalhistas por parte da empresa contratada constitui motivo para a conforme documentos anexados ao id 61d7ce2, tinha ela acesso à
rescisão unilateral do contrato administrativo, nos termos do art. 58, lista nominal de empregados da 1ª acionada que estavam ativos
II, acima transcrito, em conjunto com o disposto nos arts. 78, II, VII e (trabalhando para a 2ª ré) e que estavam em desligamento
VIII, e 79, I, todos da Lei n° 8.666/93, in verbis: (processo de rescisão), além dos seus respectivos contracheques.
Vide, por exemplo, os documentos de id's d05d8d1, c819261, durante todo o seu contrato de trabalho com a 1ª ré. (...)
1fc7faa, 7d11457, 221ef11, 6a28b18 e 9e8239c. Desta feita, após todo o exposto, reconhece-se a responsabilidade
cumprimento do contrato e seu encerramento, causou prejuízos ao (PETROBRAS), pelas verbas ora deferidas, aplicando-se ao caso a
acionante, devendo responder subsidiariamente pelas verbas a ele Súmula nº 331, V, do C. TST.
devidas e inadimplidas pelo empregador, conforme artigos 186 e Assim, tem-se que a 2ª reclamada recaiu sobre culpa "in vigilando",
927 do Código Civil. o que atrai o dever de indenizar insculpido nos artigos 186 e 927,
A responsabilidade do tomador, in casu, é subsidiária, com gênese caput, do CC, de maneira subsidiária.
no direito civil (culpa in vigilando - art. 8º da CLT), porquanto, ao Registre-se que a observância de todos os preceitos da Lei nº
optar pela contratação de serviços, o contratante tem o dever de ser 8.666/93 e suas regulamentações devem ser formalmente
diligente não apenas nos critérios de escolha da empresa, mas registradas pela Administração, formando prova pré-constituída.
também na fiscalização do correto cumprimento das obrigações Consequentemente, no processo judicial, ela assume o dever de
contratuais pela contratada. (...) trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a prova,
Frise-se que a obrigação de fiscalizar persiste durante todo o previsto no art. 818, §1º, da CLT. Entendimento contrário resultaria
contrato e também no seu encerramento, alcançando as verbas em atribuir ao empregado a chamada "prova diabólica".
rescisórias não quitadas, não sendo facultado ao contratante optar Nesse sentido, a recente jurisprudência do c.TST, confira-se:
A 2ª reclamada alega, ainda, que o autor não comprovou que DO TST CONVÊNIO. ENTE PÚBLICO RESPONSABILIDADE
prestou serviço exclusivo à PETROBRAS, razão pela qual não SUBSIDIÁRIA. FISCALIZAÇÃO NÃO DEMONSTRADA. ÔNUS DA
poderia ser responsabilizada pelas verbas rescisórias. Já o PROVA. Na hipótese de haver sido formado convênio ou termo de
reclamante narra que trabalhou exclusivamente para a 2ª ré, parceria, a jurisprudência desta Corte Superior entende que a
durante todo o contrato, exercendo a função de inspetor de pintura responsabilidade civil do ente público pelas verbas trabalhistas
Observa-se que a relação de empregados de id 841e74f - fl.1, luz das diretrizes consubstanciadas na da Súmula 331 do TST. No
apresentada pela própria tomadora, traz o nome do reclamante que diz respeito à responsabilidade subsidiária, em recente decisão,
como inspetor de pintura (2ª linha). no julgamento dos embargos de declaração nos autos do RE-
Aos id's ce22ece e c819261, constam contracheques do autor, com 760931/DF, o Supremo Tribunal Federal reafirmou sua
a indicação "Plataforma 163 CE", além do pagamento do adicional jurisprudência acerca da responsabilidade da Administração Pública
de embarque, o que indica o seu local de trabalho. quanto ao pagamento de verbas trabalhistas devidas a empregados
Ao id d05d8d1, a 2ª ré apresenta a relação nominal de empregados que a ela prestam serviços de maneira terceirizada. Em suma, em
referentes ao contrato com a 1ª empresa (contrato nº um primeiro momento, a Corte Constitucional ratificou a
5325.0106939.18.2 - Vide id e44b1c2), com o nome do autor entre constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei 8.666/93, na linha do que
tais colaboradores e data de admissão em 25/04/19, constando já havia decidido na ADC 16. Em um segundo instante, fixou-se a
também o registro de status "ativo" em relação ao nome do mesmo. tese no sentido de que "o inadimplemento dos encargos trabalhistas
Ademais, conforme documento de id 6a28b18, o reclamante foi dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao
desligado apenas em 04/05/20, projetando o aviso prévio para 06 Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento,
/06/20. seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º,
Do mesmo modo, através da CTPS de id 5d54957, vê-se que o da Lei nº 8.666/93". Aqui, deixou-se evidente que o inadimplemento
autor foi contratado como inspetor de pintura, com data de da empresa terceirizada não autoriza, por si só, o redirecionamento
admissão e saída conforme consta nos documentos supra da responsabilidade à Administração Pública. Com efeito, embora
indicados. Além disso, consta em sua CTPS, ao id 2d448fc, seja possível a responsabilização do ente púbico, não é o
anotação referente ao pagamento de adicional de embarque, o qual inadimplemento o seu pressuposto único. Aliás, a equilibrada
também consta em diversos contracheques (por exemplo, id's decisão do Supremo Tribunal Federal deixou claro que a expressão
ce22ece, c819261, 1fc7faa, 221ef11, efce6df e 895df6b). "automaticamente" contida na tese teve como objetivo possibilitar
Diante de todos esses elementos, tem-se por ratificada a narrativa ao trabalhador a responsabilização do ente público, "dependendo
do autor, de que prestava serviços em benefício da 2ª reclamada de comprovação de culpa in eligendo ou culpa in vigilando, o que
fiscalizar os contratos administrativos firmados sob os efeitos da 2.1.2. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
estrita legalidade" (voto do Min. Edson Fachin, redator do acórdão Requer pela condenação da parte reclamante ao pagamento dos
do ED-RE760931/DF). Portanto, ficou decidido no julgamento do honorários advocatícios ao patrono da reclamada, ressaltando que
recurso extraordinário (e reafirmado no julgamento dos embargos os referidos honorários poderão ser quitados através de créditos
de declaração) que é possível responsabilizar a Administração que tenha a receber em outro processo.
Pública pelo pagamento das verbas trabalhistas devidas a Sentença que não merece reparo.
empregados das empresas terceirizadas, de maneira subsidiária, Ocorre que o judicante já deferiu honorários sucumbenciais em
quando constatada a omissão na sua atuação, que é obrigatória, favor do advogado da parte ré, no percentual de 5% (cinco por
sendo vedada a presunção de culpa. Sendo assim, diferentemente cento) sobre o valor total dos pedidos não deferidos na decisão.
da posição que esta 2ª Turma vinha adotando (com ressalva de Assim, ausente interesse recursal neste particular ao recorrente.
entendimento pessoal de seus integrantes) - por entender que o Prossigo no que diz respeito à possibilidade de compensação da
Supremo Tribunal Federal havia também firmado entendimento no verba honorária com outros créditos que o reclamante venha a
sentido de que seria do trabalhador o ônus da prova da omissão na receber em outro processo.
fiscalização pelo ente da Administração Pública -, o Supremo A Constituição Federal ao mesmo passo que condecora a
Tribunal não firmou tese processual acerca da distribuição do onus advocacia como função essencial à Justiça em seu art. 133,
probandi. Neste sentido, as regras de distribuição do ônus da prova também garante à sociedade o acesso à Justiça e a gratuidade
continuam a observar os dispositivos infraconstitucionais que as desta como direitos fundamentais prescritos em seu art. 5º, incisos
regulam, a exemplo dos arts. 373 do CPC/2015 e 818 da CLT. Dito XXXV e LXXIV.
isso, é a Administração Pública quem tem a aptidão para a prova da A Justiça Gratuita também possui respaldo celetista no art. 790, §3º,
fiscalização do contrato administrativo de prestação de serviços bem como os honorários sucumbênciais no referido art. 791-A. De
(aspecto subjetivo do ônus da prova), obrigação que decorre da destacar ainda que tanto os créditos advocatícios quanto os créditos
própria Lei de Licitações (arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/93), na linha trabalhistas possuem natureza alimentar.
do que definiu o Supremo Tribunal Federal. Assim, nos casos em Este Egrégio, tribunal sopesando ditos princípios, na decisão de
que não há prova de fiscalização, deve o julgador decidir Arguição de Inconstitucionalidade nº 0080026-04.2019.5.07.0000,
contrariamente à parte que tinha o ônus probatório e dele não se declarou a inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por
desincumbiu: é a própria adoção da distribuição do ônus da prova ofensa às garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III
como regra de julgamento (aspecto objetivo do ônus da prova). No (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV
caso, o Tribunal Regional considerou que não foi comprovada a (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita),
fiscalização pelo ente público, julgando procedente o pedido de todos da Constituição Federal de 1988, não se podendo, desse
responsabilização subsidiária da Administração Pública. Decisão modo, determinar o pagamento de honorários de sucumbência em
em harmonia com o entendimento consolidado na Súmula 331, V, desfavor do trabalhador, de imediato. Declarada a
do TST. Precedentes. Recurso de revista não conhecido." (TST- RR inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
-102110-45.2017.5.01.0223, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
Destarte, não há de ser falar em inobservância ao art. 71 da lei Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita
licitatória, da ADC nº 16 do STF ou da Súmula 331 do TST, mas ao reclamante, deve ser mantida a sentença que determinou a
sim, em verdade, no correto cumprimento destes dispositivos, suspensão de exigibilidade dos honorários advocatícios de
considerando que tais, preveem a responsabilidade da sucumbência devidos pela parte autora. Ressalta-se ainda que
administração pública sobre os créditos trabalhistas inadimplidos respectivo fundamento não confere demérito a função da advocacia,
pelos prestadores serviços, quando ausente ou irregular a pois como sentenciado, ocorreu a condenação da parte sucumbente
fiscalização por parte do contratante decorrente da conduta culposa em honorários advocatícios, entretanto a cobrança imediata destes
por parte deste. encontra-se suspensa, sendo esta ainda possível caso o patrono
Assim, mantém-se o comando sentencial no sentido de recair sobre credor venha a comprovar a suficiência financeira da parte vencida
Busca pela exclusão da sua responsabilidade pelos recolhimentos serviços está em plena consonância com o item IV da Súmula 331
previdenciários, defendendo que a súmula 331 do TST somente desta Corte. Recurso de revista não conhecido. INTERVALO
atribui responsabilidade subsidiária do ente público quanto às INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. EFEITOS. A decisão
obrigações trabalhistas, o que não abarca as contribuições recorrida está em plena consonância com a jurisprudência pacífica
Não assiste razão ao recorrente. revista não conhecido. (TST - RR: 8757220105150067, Relator:
Ocorre que, nos termos do inciso VI da Súmula 331 do Tribunal Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 10/05/2017,
Superior do Trabalho - TST, a responsabilidade subsidiária 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017)
referentes ao período da prestação laboral, o que inclui, como 2.1.4. DO BENEFÍCIO DE ORDEM
consequente, a contribuição previdenciária relativa ao período da Pede o recorrente, na eventualidade de ser mantida sua
respectiva prestação dos serviços. responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas, pela
RECURSO ORDINÁRIO DA TOMADORA DE SERVIÇOS. empresa empregadora, e seus sócios, pelos créditos que por
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. ventura possam ser concedidos ao recorrido e, somente após a
administração pública, abrange todas as verbas decorrentes da Diante da responsabilidade subsidiária consignado pelo juízo
condenação, conforme item VI da Súmula nº 331 do C. TST, o que singular, cumpre entender que, por ter o responsável subsidiário
também alcança as contribuições previdenciárias e fiscais devidas participado da relação jurídica processual e figurado no título
sobre as parcelas salariais deferidas na sentença. Recurso executivo judicial, o seu chamamento à fase de execução do
Ordinário improvido. (Processo: RO - 0000953-55.2015.5.06.0192, julgado fica condicionado apenas à frustração da execução em face
Redator: Maria do Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento: da empresa devedora principal, não sendo exigível que antes se
03/08/2017, Primeira Turma, Data da assinatura: 07/08/2017) (TRT- desconsidere sua personalidade jurídica para atingimento do
6 - RO: 00009535520155060192, Data de Julgamento: 03/08/2017, patrimônio de seus sócios, ficando esta providência para momento
RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. incidência da execução sobre os bens da parte recorrente deverão
responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas 2.1.4. DA MULTA DO ARTIGO 477, §8, DA CLT
as verbas decorrentes da condenação, referentes ao período da Busca o recorrente que a multa prevista no artigo 477 da CLT incida
prestação laboral. Assim, a contribuição previdenciária referente à somente na base do salário do autor, e não na base da verba
responsabilidade subsidiária. Recurso de revista não conhecido. Sentença que deve ser mantida.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO A pretensão do recorrente não encontra respaldo legal e
PREVIDENCIÁRIA RELATIVA AO PERÍODO DO VÍNCULO DE jurisprudencial, de modo que o §8 do artigo 477, da CLT, assim
TRABALHO RECONHECIDO EM JUÍZO. A competência da Justiça dispõe: "A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o
do Trabalho, no tocante à execução das contribuições infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao
previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao
que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, os quais seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN,
integrem o salário de contribuição. Exegese dos artigos 114, VIII, e salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
195, I, a, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989).
Enquanto o artigo 458 da CLT descreve o que corresponde ao entendimento está em conformidade com a jurisprudência
salário: "Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no majoritária do TST sobre a matéria. Recurso improvido, no
salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, particular. (Processo: RO - 0002031-54.2017.5.06.0341, Redator:
vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força Milton Gouveia da Silva Filho, Data de julgamento: 07/03/2018,
do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Segunda Turma, Data da assinatura: 07/03/2018) (TRT-6 - RO:
Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas 00020315420175060341, Data de Julgamento: 07/03/2018,
Seguindo o disposto em tais artigos, conforme entendimentos a RECURSO DA RECLAMADA. MULTA DO ARTIGO 477, DA CLT.
seguir colacionados da Tribunal Superior do Trabalho e dos BASE DE CÁLCULO. A multa do § 8º, do artigo 477, da CLT, incide
Tribunais Regionais de Trabalho, tem-se entendido que a multa sobre o complexo remuneratório do empregado, e não apenas
prevista no artigo 477, §8, da CLT deve incidir sobre a soma das sobre o salário básico. (TRT-1 - RO: 01011225620185010007 RJ,
parcelas de natureza salarial percebidas pelo obreiro e não apenas Relator: ANA MARIA SOARES DE MORAES, Data de Julgamento:
sobre o seu salário básico. Eis os precedentes: 04/05/2021, Primeira Turma, Data de Publicação: 22/05/2021) (G.N)
DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A multa prevista no art. 477, § 8º, da 2.1.4. DA INCIDÊNCIA DE JUROS NO CÁLCULO DA COTA
parcelas de natureza salariais que o empregado recebe, e não Irresigna-se contra a incidência da taxa SELIC e multa nas
sobre o salário básico . Precedentes. Recurso de revista conhecido contribuições previdenciárias, "pois, até o momento, não houve
e provido . (TST - RR: 643320145200003, Relator: Maria Helena determinação para que o executado efetuasse qualquer
Mallmann, Data de Julgamento: 15/04/2015, 5ª Turma, Data de recolhimento pertinente, além do que também não houve qualquer
AGRAVO DE PETIÇÃO. EXECUÇÃO DO TÍTULO JUDICIAL. 1. Ressalta que "o fato gerador da contribuição previdenciária a ser
CORREÇÃO MONETÁRIA. A aplicação da correção monetária a executada de ofício pelo Juiz, na Justiça do Trabalho, é o
partir do mês subsequente ao da prestação de serviço encontra-se pagamento ou o crédito feito pelo empregador ao trabalhador no
expressamente fixada no título executivo e, por conseguinte, curso do processo do trabalho, em decorrência da sentença
albergada pelo manto da coisa julgada, não sendo cabível proferida ou do acordo homologado. É o momento do pagamento
alterações ou inovações na decisão exequenda em sede de que surge a obrigação previdenciária, até então inexistente". Assim,
execução, a teor do art. 879, § 1º, da CLT. 2. MULTA DO ART. 477 afirma que ainda não houve ocorrência do fato gerador, ausente,
DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da multa prevista pois, recolhimento atraso.
no art. 477, § 8º, da CLT não corresponde, simplesmente, ao salário Alega pela "inconstitucionalidade, bem como a ilegalidade, da
base do exequente, mas abrange todas as parcelas de natureza metodologia de cálculo inserida pela Lei n. 11.941/09, que alterou o
salarial, conforme a disposição dos artigos 457, § 1º, e 458 da CLT. art. 43 da Lei n. 8.212/91, passando a considerar o fato gerador da
Agravo de petição conhecido e improvido. (TRT-7 - AP: contribuição previdenciária na data da prestação do serviço (art. 43,
00004837820125070005, Relator: CLAUDIO SOARES PIRES, Data § 2º), e que ainda mandou que a apuração seja efetuada com os
de Julgamento: 25/11/2019, Data de Publicação: 26/11/2019) (G.N) acréscimos legais moratórios vigentes relativamente a cada uma
relação à base de cálculo da multa prevista no artigo 477 da CLT, o Sem razão o recorrente.
"salário" a que se refere o § 8º do mencionado dispositivo legal deve Acerca da matéria, entende o Tribunal Superior do Trabalho que a
ser interpretado como sendo a remuneração do trabalhador, ou definição da prestação do serviço como o fato gerador da
seja, o conjunto de todas as parcelas de natureza salarial, e não contribuição previdenciária tem efeito nas prestações laborais
apenas o seu salário básico, consoante a antiga redação do artigo ocorridas a partir da vigência da Medida Provisória nº 449/08,
457, § 1º, da CLT, no sentido de que "integram o salário não só a convertida na Lei 11.941/2009, que revogou a regra inserta no art.
importância fixa estipulada, como também as comissões, 276, caput, do Decreto n.º 3.048/1999, ante os termos do art. 2.º, §
percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e 1.º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Confira-se:
abonos pagos pelo empregador", sendo certo que esse "[...] RECURSO DE REVISTA DA UNIÃO. APELO INTERPOSTO
SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 13.015/2014. CONTRIBUIÇÕES "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA E DA MULTA. Cinge-se a razoabilidade da tese de afronta ao artigo 195, I, "a", da CF,
controvérsia a apreciar o fato gerador da contribuição recomendável o processamento do recurso de revista para exame
previdenciária, de forma a se determinar o momento oportuno de da matéria veiculada em suas razões. Agravo provido. RECURSO
incidência dos juros de mora. A matéria deve ser apreciada à luz da DE REVISTA. EXECUÇÃO. NULIDADE DA DECISÃO REGIONAL
Lei n.º 8.212/1991 e do Decreto n.º 3.048/1999. O caput do art. 276 POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Há de se
do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º mostrar omissa a decisão, mesmo após a provocação da
3.048/1999, estipula que o prazo para o recolhimento das manifestação por intermédio de embargos declaratórios, para que
contribuições previdenciárias resultantes de decisão judicial é o dia reste demonstrada a negativa de prestação jurisdicional ensejadora
dois do mês seguinte ao da liquidação da sentença. Com base do conhecimento do recurso de revista. Recurso de revista não
nesse dispositivo, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido conhecido. RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIÇÃO
de que o fato gerador da obrigação previdenciária, quando o direito PREVIDENCIÁRIA. FATO GERADOR. APLICAÇÃO DA LEI Nº
pagamento é consequência lógica, sendo esse, portanto, o Medida Provisória nº 449, de 03.12.2008, convertida na Lei nº
momento a partir do qual se deve determinar a incidência dos juros 11.941, de 27.5.2009, entrou em vigor no dia 04.12.2008. Portanto,
de mora e da multa. Todavia, com a edição da Lei n.º 11.941/2009, somente a partir desta data existe a possibilidade de ser
que alterou a redação do art. 43, § 2.º, da Lei n.º 8.212/1991 considerada a data da prestação do serviço como o fato gerador
prevendo que se considera "ocorrido o fato gerador das das contribuições sociais - § 2º do art. 43 da Lei nº 8.212/91,
contribuições sociais na data da prestação do serviço", deve ser incluído pelo referido Diploma Legal. Diante da impossibilidade de
conferida nova interpretação à questão referente ao fato gerador da se aplicar a Lei nº 11.941/2009 ao presente caso, resta estabelecer
contribuição previdenciária. Realmente, verifica-se que o referido o momento em que se podem exigir juros de mora relacionados às
preceito legal, por prever especificamente qual deve ser o fato contribuições previdenciárias, incidentes sobre as parcelas salariais
gerador da contribuição previdenciária decorrente da prestação de reconhecidas por decisão judicial, ou seja, a determinação de seu
serviços, acabou por revogar a regra inserta no art. 276, caput, do fato gerador. Nos casos de contribuições previdenciárias
Decreto n.º 3.048/1999, ante os termos do art. 2.º, § 1.º, da Lei de decorrentes de sentença trabalhista, o termo inicial dos juros verifica
Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Entretanto, como o art. -se no dia dois do mês seguinte ao do efetivo pagamento do débito,
43, § 2.º, da Lei n.º 8.212/91 promoveu uma majoração do encargo a teor artigo 276 do Decreto nº 3.048/99. Assim, somente haverá
previdenciário, a mencionada alteração legislativa somente deve ser incidência de juros se não for quitada a contribuição previdenciária a
observada depois de decorridos noventa dias da entrada em vigor partir do dia dois do mês seguinte ao da liquidação da sentença,
da Lei n.º 11.941/2009. De fato, nos moldes do art. 150, III, "a", c/c o porquanto somente a partir daí é que haverá mora. Recurso de
art. 195, § 6.º, da Constituição Federal, a instituição ou modificação revista conhecido e provido." (TST-RR-62500-87.2002.5.01.0064,
da contribuição previdenciária, que implique a sua majoração, deve Relator Desembargador Convocado: Gilmar Cavalieri, Data de
observar o princípio da anterioridade nonagesimal, ou seja, somente Julgamento: 03/12/2014, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
terá aplicação após decorridos noventa dias da edição da respectiva 12/12/2014) (grifo nosso)
vínculo de emprego se deu no período de 1.º/12/2008 a 3/12/2012, "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
aplicável a nova redação do art. 43, § 2.º, da Lei n.º 8.212/1991 a EXECUÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. FATO
partir de 5/3/2009, porque, caso contrário, estar-se-ia conferindo GERADOR 1.A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
aplicação retroativa à Lei n.º 11.941, de 28 de maio de 2009 vem se consolidando no sentido de considerar a data da prestação
(conversão da MP n.º 449, de 4 de dezembro de 2008). Recurso de do serviço como o fato gerador da contribuição previdenciária, mas
Revista conhecido e parcialmente provido."(TST-RR-596- somente em relação às prestações laborais ocorridas a partir de
10.2013.5.06.0010, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data 4/3/2009, noventa dias após a vigência da Medida Provisória nº
de Julgamento: 30/03/2016, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Precedentes. 2. Na
Justiça do Trabalho, considera-se como fato gerador das Razão lhe assiste em parte.
contribuições previdenciárias a data do efetivo pagamento, incidindo O art. 791-A da CLT estabelece o piso e teto dos honorários
juros de mora e multa a partir do dia 2 do mês subsequente à advocatícios na justiça laboral, assim como os parâmetros para a
que se conhece e a que se nega provimento." (TST-AIRR-163800- Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
70.2006.5.01.0511, Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
Julgamento: 01/10/2014, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
17/10/2014) (grifo nosso) valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
Tal entendimento também é acolhido nesta côrte: obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
JUROS DE MORA E MULTA. TERMO INICIAL DA INCIDÊNCIA. § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POSTERIOR à ENTRADA em VIGOR profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a
DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/2009. NOVA REDAÇÃO DO importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o
ART. 43 DA LEI Nº 8.212/91. SÚMULA Nº 05 DESTE TRIBUNAL. tempo exigido para o seu serviço.
sedimentou o entendimento de que o fato gerador da contribuição No plano fático, o juízo de primeiro grau arbitrou os honorários em
social, para fins de incidência dos juros e multa moratórios sobre o favor do patrono da parte reclamante em 5% (cinco por cento) do
crédito previdenciário decorrente de condenação trabalhista, seria, valor da condenação. Dita decisão merece reforma, tendo em vista
para todos os casos, o pagamento dos haveres constantes do título que a parte reclamante foi sucumbente em menor parte dos seus
judicial. Todavia, tal posicionamento não mais prevalece ante os pedidos manejados na exordial, sendo equivocado aplicar-lhe o piso
Superior do Trabalho, que, uniformizando sua própria A ser assim, modifica-se a sentença neste particular para majorar
jurisprudência, concluiu no julgamento da Ação nº E-RR-1125- os honorários do causídico reclamante para o percentual de 10%
em que a prestação de serviço se deu após a vigência da alteração Apelo provido em parte.
ALVES FILHO, Data de Julgamento: 07/10/2020, Seção Conhecer dos recursos, negar provimento ao da reclamada e dar
competência.
5% (cinco por cento) para 15% (quinze por cento) do valor da ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
unanimidade, conhecer dos recursos, negar provimento ao da PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. EMENTA DISPENSADA.
manejados na exordial.
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA relação aos seguintes temas: aplicação do artigo 71, §1, da Lei
CONSTITUCIONALIDADE Nº 16/DF.
PODER JUDICIÁRIO O recorrente pugna pela aplicação do artigo 71, §1, da Lei 8666/93
Defende pela inviabilidade de responsabilizar subsidiariamente o por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
ente por débitos trabalhistas das suas prestadoras de serviços, de prerrogativa de:
outras garantias de cumprimento de obrigações, especialmente com Art. 67. "A execução do contrato deverá ser acompanhada e
terceiros". Assevera que a imputação de sua responsabilidade pelos fiscalizada por um representante da Administração especialmente
débitos trabalhistas violaria o disposto no art. 37, XXI, da designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
Constituição Federal, o qual concretiza, no campo das licitações, os subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e isonomia § 1º O representante da Administração anotará em registro próprio
Aduz ser imprescindível, para imputar qualquer responsabilidade à determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
seu direito, demonstrando alguma omissão específica por parte da A aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de Licitações
Petrobrás, que atraísse a responsabilidade subsidiária da mesma. pressupõe o cumprimento de todas as obrigações assumidas pelo
Por fim, destaca que a decisão proferida pelo Colendo Supremo ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista,
Tribunal Federal na Ação Direta de Constitucionalidade nº 16 como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe:
estabeleceu que o mero inadimplemento das obrigações "Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
trabalhistas pela prestadora de serviços não implica na acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
transferência da responsabilidade para a Administração Pública, respondendo cada uma pelas conseqüências de sua inexecução
contrato terceirizado. Entende que os pedidos do reclamante Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim,"verbis ":
afrontam diretamente tal declaração na ADC feita pelo Plenário do "[...], a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além
STF, que possui força vinculante. do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os
Em suma, inexistindo qualquer conduta culposa do recorrente, já aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto
que comprovado nos autos que a Petrobrás exigia da contratada o contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da
cumprimento da legislação laboral, especialmente no que atine às empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob
normas de saúde e segurança do trabalho, pugna que somente a pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de
primeira reclamada G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA seja habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo."(apud
Em verdade, a responsabilidade subsidiária do ente público, em Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do
face do que dispõe o art.71, §1º, da Lei nº 8.666/93, declarado Trabalho. p.211.)
constitucional pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da A responsabilidade subsidiária do ente público tomador de serviços
ADC 16, emergirá sempre que restar caracterizada conduta culposa encontra amparo, ainda, na teoria da responsabilidade civil
no cumprimento de suas obrigações previstas na Lei de Licitações, subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, do Código Civil, que
obrigações legais e contratuais assumidas pela empresa prestadora "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
Com efeito, a Lei nº 8.666/83, em seus arts. 58, inciso III, e 67, exclusivamente moral, comete ato ilícito.
caput, e §1º, impõe responsabilidades ao ente público contratante, Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos administrativos, Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de
como se verifica dos seus termos, "verbis": medidas atinentes à regularização do contrato configura a
Art. 58. "O regime jurídico dos contratos administrativos instituído denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando
a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas relaciona com o pagamento das verbas rescisórias.
Nesse sentido, foi inserido o item V à redação da Súmula 331 do de fiscalizar o devido pagamento das verbas rescisórias do autor,
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - In casu, a 2ª acionada não se desvencilhou a contento de tal ônus
Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 probatório, pois, como narrado, tinha conhecimento do contrato de
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta trabalho do reclamante, inclusive do seu desligamento (id 5896d47),
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, mas não fiscalizou o pagamento das verbas rescisórias. Não se
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das olvide que houve ajuste para pagamento parcelado da rescisão (o
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na que por si só não é permitido) e, mesmo assim, a 1ª ré descumpriu
prestadora de serviço como empregadora. A aludida A 2ª ré, ao deixar de fiscalizar adequadamente o regular
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das cumprimento do contrato e seu encerramento, causou prejuízos ao
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente acionante, devendo responder subsidiariamente pelas verbas a ele
Registre-se que não há falar em inovação legislativa por parte do c. 927 do Código Civil.
Separação dos Poderes da República, ou à competência privativa Frise-se que a obrigação de fiscalizar persiste durante todo o
da União para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I, CF/88), contrato e também no seu encerramento, alcançando as verbas
pois não houve, a rigor, usurpação de competência legislativa, com rescisórias não quitadas, não sendo facultado ao contratante optar
criação de norma jurisprudencial "contra legem", mas, tão-somente, em que momento deve atuar.
a solidificação de interpretação conferida ao art. 71 da Lei de A 2ª reclamada alega, ainda, que o autor não comprovou que
Licitações, pelo c. TST, após inúmeras decisões em casos prestou serviço exclusivo à PETROBRAS, razão pela qual não
No caso concreto, como bem esclarecido no comando sentencial, reclamante narra que laborou em caráter exclusivo para a 2ª ré,
houve fiscalização por parte do tomador de serviços, porém esta mourejando embarcado mensalmente, executando os serviços nas
ocorreu de maneira falha, pois mesmo ciente da rescisão do ora plataformas em alto mar.
reclamante não aplicou as sanções cabível a 1ª reclamada As relações de empregados constantes nos autos (id´s 7cc931f,
prestador de serviços. reproduz-se os termos sentenciais no tocante 067da10 e 7670ed5) trazem o nome do acionante como exercente
à análise probatória da culpa in vigilando em apreço: da função de pintor industrial, admitido em 02/08/18, relacionando-o
''In casu, dos documentos constantes dos id´s 7cc931f, 067da10 e ao contrato nº 5325.0106.939.18.2, o qual, conforme documento de
7670ed5, verifica-se que o reclamante consta na relação de id e44b1c2 dos autos nº 605-08.2020.5.07.0039, tem por
empregados da 1ª ré, que laboravam na 2ª acionada, na obra 163- contratante a 2ª ré e como objeto a prestação de serviços de
CE (contrato nº325.0106939.18.2), sendo que na relação de id manutenção de pintura industrial nas plataformas do Ativo de
7670ed5, referente ao mês de fevereiro/20, consta com o status Produção Mar da UO-RNCE.
"ativo". Já na relação de maio/20 (id 5896d47), na coluna "Condição O documento de id 5896d47 inclui o autor na lista de empregados
Atual", o autor está com o status de "em desligamento (calculado)". da "PLATAFORMA 163 CE", indicando a data da sua dispensa
reclamante e da prestação de serviços em seu benefício, mas não Através da CTPS obreira (id 4b0b3f6), vê-se que o reclamante fora
fiscalizou, proficuamente, o regular cumprimento das obrigações contratado como pintor industrial, com data de admissão e saída
trabalhistas quando da rescisão do contrato do obreiro. conforme constam nos documentos supra citados. Além disso,
Dentre os demais documentos apresentados, vê-se que a 2ª ré consta na CTPS a anotação referente ao pagamento de adicional
juntou apenas alguns comprovantes de transferência feitos pela 1ª de confinamento (embarque), o qual também está previsto no
reclamada ao reclamante, referentes aos meses de março e abril/20 contracheque apresentado pela 1ª acionada (id 0babd7f), que
(id's b3c958f - fl. 304 e 505301e - fl.539), nenhum dos quais se também traz a indicação de que o obreiro laborava na "Plataforma
Diante de todos esses elementos, tem-se por ratificada a narrativa SUBSIDIÁRIA. FISCALIZAÇÃO NÃO DEMONSTRADA. ÔNUS DA
do autor, de que prestava serviços em benefício da 2ª reclamada PROVA. Na hipótese de haver sido formado convênio ou termo de
durante todo o seu contrato de trabalho com a 1ª ré. parceria, a jurisprudência desta Corte Superior entende que a
A 2ª reclamada aduz, outrossim, que, o pagamento de adicional de responsabilidade civil do ente público pelas verbas trabalhistas
embarque é obrigação exclusiva do empregador, no caso, a 1ª ré, e inadimplidas pelo empregador conveniado ou parceiro é verificada à
que são indevidas as multas dos arts. 467 e 477 da CLT, por não ter luz das diretrizes consubstanciadas na da Súmula 331 do TST. No
havido prova de intempestividade na quitação da integralidade das que diz respeito à responsabilidade subsidiária, em recente decisão,
verbas rescisórias e porque a responsabilidade subsidiária recairia no julgamento dos embargos de declaração nos autos do RE-
apenas sobre os créditos trabalhistas e não sobre multas de índole 760931/DF, o Supremo Tribunal Federal reafirmou sua
Pois bem. Vê-se que o pagamento das verbas rescisórias fora do quanto ao pagamento de verbas trabalhistas devidas a empregados
prazo previsto no art. 477, § 6º, da CLT resta incontroverso nos que a ela prestam serviços de maneira terceirizada. Em suma, em
autos, diante do termo de parcelamento das verbas rescisórias um primeiro momento, a Corte Constitucional ratificou a
constante do id 039cf69, o qual não possui chancela legal. Portanto, constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei 8.666/93, na linha do que
a multa do § 8º, do prefalado artigo, é medida que se impõe, assim já havia decidido na ADC 16. Em um segundo instante, fixou-se a
como a penalidade prevista no art. 467/CLT, já que a 1ª reclamada, tese no sentido de que "o inadimplemento dos encargos trabalhistas
em sua contestação, reconheceu como devida parte das verbas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao
rescisórias vindicadas e, ainda assim, não as pagou ao trabalhador Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento,
à data do comparecimento à Justiça do Trabalho. seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º,
Quanto à responsabilização do tomador pelo pagamento das da Lei nº 8.666/93". Aqui, deixou-se evidente que o inadimplemento
aludidas multas, assim como pelo pagamento do adicional de da empresa terceirizada não autoriza, por si só, o redirecionamento
embarque, frise-se que o devedor subsidiário é responsabilizado por da responsabilidade à Administração Pública. Com efeito, embora
todas as obrigações que, originalmente, cabem ao devedor seja possível a responsabilização do ente púbico, não é o
principal, não se tratando de obrigação personalíssima, uma vez inadimplemento o seu pressuposto único. Aliás, a equilibrada
que a condenação subsidiária se faz pelo equivalente em dinheiro. decisão do Supremo Tribunal Federal deixou claro que a expressão
Ademais, a 2ª ré poderia ter consignado os valores em discussão, "automaticamente" contida na tese teve como objetivo possibilitar
adimplindo a obrigação na condição de terceiro interessado, para ao trabalhador a responsabilização do ente público, "dependendo
posterior regresso em face da devedora primitiva. de comprovação de culpa in eligendo ou culpa in vigilando, o que
Isso posto, resta devido, inclusive pela responsável subsidiária, o decorre da inarredável obrigação da administração pública de
pagamento das multas dos arts. 467 e 477/CLT, assim como a fiscalizar os contratos administrativos firmados sob os efeitos da
integração do adicional de embarque na remuneração do obreiro, estrita legalidade" (voto do Min. Edson Fachin, redator do acórdão
para fins de cálculo das verbas rescisórias.'' do ED-RE760931/DF). Portanto, ficou decidido no julgamento do
Assim, tem-se que a 2ª reclamada recaiu sobre culpa "in vigilando", de declaração) que é possível responsabilizar a Administração
o que atrai o dever de indenizar insculpido nos artigos 186 e 927, Pública pelo pagamento das verbas trabalhistas devidas a
caput, do CC, de maneira subsidiária. empregados das empresas terceirizadas, de maneira subsidiária,
Registre-se que a observância de todos os preceitos da Lei nº quando constatada a omissão na sua atuação, que é obrigatória,
8.666/93 e suas regulamentações devem ser formalmente sendo vedada a presunção de culpa. Sendo assim, diferentemente
registradas pela Administração, formando prova pré-constituída. da posição que esta 2ª Turma vinha adotando (com ressalva de
Consequentemente, no processo judicial, ela assume o dever de entendimento pessoal de seus integrantes) - por entender que o
trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a prova, Supremo Tribunal Federal havia também firmado entendimento no
previsto no art. 818, §1º, da CLT. Entendimento contrário resultaria sentido de que seria do trabalhador o ônus da prova da omissão na
em atribuir ao empregado a chamada "prova diabólica". fiscalização pelo ente da Administração Pública -, o Supremo
Nesse sentido, a recente jurisprudência do c.TST, confira-se: Tribunal não firmou tese processual acerca da distribuição do onus
"RECURSO DE REVISTA. LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. IN 40 probandi. Neste sentido, as regras de distribuição do ônus da prova
continuam a observar os dispositivos infraconstitucionais que as desta como direitos fundamentais prescritos em seu art. 5º, incisos
regulam, a exemplo dos arts. 373 do CPC/2015 e 818 da CLT. Dito XXXV e LXXIV.
isso, é a Administração Pública quem tem a aptidão para a prova da A Justiça Gratuita também possui respaldo celetista no art. 790, §3º,
fiscalização do contrato administrativo de prestação de serviços bem como os honorários sucumbênciais no referido art. 791-A. De
(aspecto subjetivo do ônus da prova), obrigação que decorre da destacar ainda que tanto os créditos advocatícios quanto os créditos
própria Lei de Licitações (arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/93), na linha trabalhistas possuem natureza alimentar.
do que definiu o Supremo Tribunal Federal. Assim, nos casos em Este Egrégio, tribunal sopesando ditos princípios, na decisão de
que não há prova de fiscalização, deve o julgador decidir Arguição de Inconstitucionalidade nº 0080026-04.2019.5.07.0000,
contrariamente à parte que tinha o ônus probatório e dele não se declarou a inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por
desincumbiu: é a própria adoção da distribuição do ônus da prova ofensa às garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III
como regra de julgamento (aspecto objetivo do ônus da prova). No (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV
caso, o Tribunal Regional considerou que não foi comprovada a (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita),
fiscalização pelo ente público, julgando procedente o pedido de todos da Constituição Federal de 1988, não se podendo, desse
responsabilização subsidiária da Administração Pública. Decisão modo, determinar o pagamento de honorários de sucumbência em
em harmonia com o entendimento consolidado na Súmula 331, V, desfavor do trabalhador, de imediato. Declarada a
do TST. Precedentes. Recurso de revista não conhecido." (TST- RR inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
-102110-45.2017.5.01.0223, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
Destarte, não há de ser falar em inobservância ao art. 71 da lei Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita
licitatória, da ADC nº 16 do STF ou da Súmula 331 do TST, mas ao reclamante, deve ser mantida a sentença que determinou a
sim, em verdade, no correto cumprimento destes dispositivos, suspensão de exigibilidade dos honorários advocatícios de
considerando que tais, preveem a responsabilidade da sucumbência devidos pela parte autora. Ressalta-se ainda que
administração pública sobre os créditos trabalhistas inadimplidos respectivo fundamento não confere demérito a função da advocacia,
pelos prestadores serviços, quando ausente ou irregular a pois como sentenciado, ocorreu a condenação da parte sucumbente
fiscalização por parte do contratante decorrente da conduta culposa em honorários advocatícios, entretanto a cobrança imediata destes
por parte deste. encontra-se suspensa, sendo esta ainda possível caso o patrono
Assim, mantém-se o comando sentencial no sentido de recair sobre credor venha a comprovar a suficiência financeira da parte vencida
Requer pela condenação da parte reclamante ao pagamento dos Busca pela exclusão da sua responsabilidade pelos recolhimentos
honorários advocatícios ao patrono da reclamada, ressaltando que previdenciários, defendendo que a súmula 331 do TST somente
os referidos honorários poderão ser quitados através de créditos atribui responsabilidade subsidiária do ente público quanto às
que tenha a receber em outro processo. obrigações trabalhistas, o que não abarca as contribuições
Ocorre que o judicante já deferiu honorários sucumbenciais em Não assiste razão ao recorrente.
favor do advogado da parte ré, no percentual de 5% (cinco por Ocorre que, nos termos do inciso VI da Súmula 331 do Tribunal
cento) sobre o valor total dos pedidos não deferidos na decisão. Superior do Trabalho - TST, a responsabilidade subsidiária
Assim, ausente interesse recursal neste particular ao recorrente. cominada abrange todas as verbas decorrentes da condenação,
Prossigo no que diz respeito à possibilidade de compensação da referentes ao período da prestação laboral, o que inclui, como
verba honorária com outros créditos que o reclamante venha a consequente, a contribuição previdenciária relativa ao período da
advocacia como função essencial à Justiça em seu art. 133, RECURSO ORDINÁRIO DA TOMADORA DE SERVIÇOS.
administração pública, abrange todas as verbas decorrentes da Diante da responsabilidade subsidiária consignado pelo juízo
condenação, conforme item VI da Súmula nº 331 do C. TST, o que singular, cumpre entender que, por ter o responsável subsidiário
também alcança as contribuições previdenciárias e fiscais devidas participado da relação jurídica processual e figurado no título
sobre as parcelas salariais deferidas na sentença. Recurso executivo judicial, o seu chamamento à fase de execução do
Ordinário improvido. (Processo: RO - 0000953-55.2015.5.06.0192, julgado fica condicionado apenas à frustração da execução em face
Redator: Maria do Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento: da empresa devedora principal, não sendo exigível que antes se
03/08/2017, Primeira Turma, Data da assinatura: 07/08/2017) (TRT- desconsidere sua personalidade jurídica para atingimento do
6 - RO: 00009535520155060192, Data de Julgamento: 03/08/2017, patrimônio de seus sócios, ficando esta providência para momento
RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. incidência da execução sobre os bens da parte recorrente deverão
responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas 2.1.4. DA MULTA DO ARTIGO 477, §8, DA CLT
as verbas decorrentes da condenação, referentes ao período da Busca o recorrente que a multa prevista no artigo 477 da CLT incida
prestação laboral. Assim, a contribuição previdenciária referente à somente na base do salário do autor, e não na base da verba
responsabilidade subsidiária. Recurso de revista não conhecido. Sentença que deve ser mantida.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO A pretensão do recorrente não encontra respaldo legal e
PREVIDENCIÁRIA RELATIVA AO PERÍODO DO VÍNCULO DE jurisprudencial, de modo que o §8 do artigo 477, da CLT, assim
TRABALHO RECONHECIDO EM JUÍZO. A competência da Justiça dispõe: "A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o
do Trabalho, no tocante à execução das contribuições infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao
previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao
que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, os quais seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN,
integrem o salário de contribuição. Exegese dos artigos 114, VIII, e salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
195, I, a, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989).
provido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE Enquanto o artigo 458 da CLT descreve o que corresponde ao
SERVIÇOS. SÚMULA 331 DO TST. Tratando-se de terceirização salário: "Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no
lícita de serviços, a responsabilização subsidiária do tomador de salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação,
serviços está em plena consonância com o item IV da Súmula 331 vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força
desta Corte. Recurso de revista não conhecido. INTERVALO do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado.
INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. EFEITOS. A decisão Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas
desta Corte, consubstanciada na Súmula 437, I e III. Recurso de Seguindo o disposto em tais artigos, conforme entendimentos a
revista não conhecido. (TST - RR: 8757220105150067, Relator: seguir colacionados da Tribunal Superior do Trabalho e dos
Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 10/05/2017, Tribunais Regionais de Trabalho, tem-se entendido que a multa
6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017) prevista no artigo 477, §8, da CLT deve incidir sobre a soma das
Recurso não provido. parcelas de natureza salarial percebidas pelo obreiro e não apenas
Pede o recorrente, na eventualidade de ser mantida sua RECURSO DE REVISTA. MULTA PREVISTA NO ART. 477, § 8º,
responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas, pela DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A multa prevista no art. 477, § 8º, da
concessão do benefício da ordem, de modo que "responde a CLT, deve incidir sobre a remuneração, considerando todas as
empresa empregadora, e seus sócios, pelos créditos que por parcelas de natureza salariais que o empregado recebe, e não
ventura possam ser concedidos ao recorrido e, somente após a sobre o salário básico . Precedentes. Recurso de revista conhecido
e provido . (TST - RR: 643320145200003, Relator: Maria Helena Razão lhe assiste em parte.
Mallmann, Data de Julgamento: 15/04/2015, 5ª Turma, Data de O art. 791-A da CLT estabelece o piso e teto dos honorários
Publicação: DEJT 30/04/2015) (G.N) advocatícios na justiça laboral, assim como os parâmetros para a
CORREÇÃO MONETÁRIA. A aplicação da correção monetária a Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
partir do mês subsequente ao da prestação de serviço encontra-se devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
expressamente fixada no título executivo e, por conseguinte, (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
albergada pelo manto da coisa julgada, não sendo cabível valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
alterações ou inovações na decisão exequenda em sede de obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
execução, a teor do art. 879, § 1º, da CLT. 2. MULTA DO ART. 477 da causa.
DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da multa prevista § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do
no art. 477, § 8º, da CLT não corresponde, simplesmente, ao salário profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a
base do exequente, mas abrange todas as parcelas de natureza importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o
salarial, conforme a disposição dos artigos 457, § 1º, e 458 da CLT. tempo exigido para o seu serviço.
Agravo de petição conhecido e improvido. (TRT-7 - AP: No plano fático, o juízo de primeiro grau arbitrou os honorários em
00004837820125070005, Relator: CLAUDIO SOARES PIRES, Data favor do patrono da parte reclamante em 5% (cinco por cento) do
de Julgamento: 25/11/2019, Data de Publicação: 26/11/2019) (G.N) valor da condenação. Dita decisão merece reforma, tendo em vista
MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. BASE DE CÁLCULO. Em que a parte reclamante foi sucumbente em menor parte dos seus
relação à base de cálculo da multa prevista no artigo 477 da CLT, o pedidos manejados na exordial, sendo equivocado aplicar-lhe o piso
apenas o seu salário básico, consoante a antiga redação do artigo CONCLUSÃO DO VOTO
percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e Conhecer dos recursos ordinários e, no mérito, negar provimento ao
abonos pagos pelo empregador", sendo certo que esse da reclamada e dar parcial provimento ao do reclamante para
entendimento está em conformidade com a jurisprudência majorar os honorários advocatícios do reclamante para 10%.
04/05/2021, Primeira Turma, Data de Publicação: 22/05/2021) (G.N) ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
3. DO RECURSO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE unanimidade, conhecer dos recursos ordinários e, no mérito, negar
Pugna, em suma, pela majoração dos honorários advocatícios, de reclamante para majorar os honorários advocatícios do reclamante
5% (cinco por cento) para 15% (quinze por cento) do valor da para 10%. Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis
Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda Trata-se de Recurso Ordinário interposto por PETROLEO
representante do Ministério Público do Trabalho. BRASILEIRO S A PETROBRAS e Recurso Adesivo interposto por
Fortaleza, 12 de agosto de 2021 RAIMUNDO JORGE DOS SANTOS, ambos contra sentença de Id.
manejados na exordial.
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA relação aos seguintes temas: aplicação do artigo 71, §1, da Lei
CONSTITUCIONALIDADE Nº 16/DF.
PODER JUDICIÁRIO O recorrente pugna pela aplicação do artigo 71, §1, da Lei 8666/93
terceiros". Assevera que a imputação de sua responsabilidade pelos fiscalizada por um representante da Administração especialmente
débitos trabalhistas violaria o disposto no art. 37, XXI, da designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
Constituição Federal, o qual concretiza, no campo das licitações, os subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e isonomia § 1º O representante da Administração anotará em registro próprio
Aduz ser imprescindível, para imputar qualquer responsabilidade à determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
seu direito, demonstrando alguma omissão específica por parte da A aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de Licitações
Petrobrás, que atraísse a responsabilidade subsidiária da mesma. pressupõe o cumprimento de todas as obrigações assumidas pelo
Por fim, destaca que a decisão proferida pelo Colendo Supremo ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista,
Tribunal Federal na Ação Direta de Constitucionalidade nº 16 como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe:
estabeleceu que o mero inadimplemento das obrigações "Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
trabalhistas pela prestadora de serviços não implica na acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
transferência da responsabilidade para a Administração Pública, respondendo cada uma pelas conseqüências de sua inexecução
contrato terceirizado. Entende que os pedidos do reclamante Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim,"verbis ":
afrontam diretamente tal declaração na ADC feita pelo Plenário do "[...], a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além
STF, que possui força vinculante. do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os
Em suma, inexistindo qualquer conduta culposa do recorrente, já aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto
que comprovado nos autos que a Petrobrás exigia da contratada o contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da
cumprimento da legislação laboral, especialmente no que atine às empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob
normas de saúde e segurança do trabalho, pugna que somente a pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de
primeira reclamada G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA seja habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo."(apud
Em verdade, a responsabilidade subsidiária do ente público, em Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do
face do que dispõe o art.71, §1º, da Lei nº 8.666/93, declarado Trabalho. p.211.)
constitucional pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da A responsabilidade subsidiária do ente público tomador de serviços
ADC 16, emergirá sempre que restar caracterizada conduta culposa encontra amparo, ainda, na teoria da responsabilidade civil
no cumprimento de suas obrigações previstas na Lei de Licitações, subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, do Código Civil, que
obrigações legais e contratuais assumidas pela empresa prestadora "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
Com efeito, a Lei nº 8.666/83, em seus arts. 58, inciso III, e 67, exclusivamente moral, comete ato ilícito.
caput, e §1º, impõe responsabilidades ao ente público contratante, Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos administrativos, Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de
como se verifica dos seus termos, "verbis": medidas atinentes à regularização do contrato configura a
Art. 58. "O regime jurídico dos contratos administrativos instituído denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas
Art. 67. "A execução do contrato deverá ser acompanhada e (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) -
Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 probatório, pois, como narrado, tinha conhecimento do contrato de
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta trabalho do reclamante, inclusive do seu desligamento (id 5896d47),
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, mas não fiscalizou o pagamento das verbas rescisórias. Não se
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das olvide que houve ajuste para pagamento parcelado da rescisão (o
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na que por si só não é permitido) e, mesmo assim, a 1ª ré descumpriu
prestadora de serviço como empregadora. A aludida A 2ª ré, ao deixar de fiscalizar adequadamente o regular
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das cumprimento do contrato e seu encerramento, causou prejuízos ao
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente acionante, devendo responder subsidiariamente pelas verbas a ele
Registre-se que não há falar em inovação legislativa por parte do c. 927 do Código Civil.
Separação dos Poderes da República, ou à competência privativa Frise-se que a obrigação de fiscalizar persiste durante todo o
da União para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I, CF/88), contrato e também no seu encerramento, alcançando as verbas
pois não houve, a rigor, usurpação de competência legislativa, com rescisórias não quitadas, não sendo facultado ao contratante optar
criação de norma jurisprudencial "contra legem", mas, tão-somente, em que momento deve atuar.
a solidificação de interpretação conferida ao art. 71 da Lei de A 2ª reclamada alega, ainda, que o autor não comprovou que
Licitações, pelo c. TST, após inúmeras decisões em casos prestou serviço exclusivo à PETROBRAS, razão pela qual não
No caso concreto, como bem esclarecido no comando sentencial, reclamante narra que laborou em caráter exclusivo para a 2ª ré,
houve fiscalização por parte do tomador de serviços, porém esta mourejando embarcado mensalmente, executando os serviços nas
ocorreu de maneira falha, pois mesmo ciente da rescisão do ora plataformas em alto mar.
reclamante não aplicou as sanções cabível a 1ª reclamada As relações de empregados constantes nos autos (id´s 7cc931f,
prestador de serviços. reproduz-se os termos sentenciais no tocante 067da10 e 7670ed5) trazem o nome do acionante como exercente
à análise probatória da culpa in vigilando em apreço: da função de pintor industrial, admitido em 02/08/18, relacionando-o
''In casu, dos documentos constantes dos id´s 7cc931f, 067da10 e ao contrato nº 5325.0106.939.18.2, o qual, conforme documento de
7670ed5, verifica-se que o reclamante consta na relação de id e44b1c2 dos autos nº 605-08.2020.5.07.0039, tem por
empregados da 1ª ré, que laboravam na 2ª acionada, na obra 163- contratante a 2ª ré e como objeto a prestação de serviços de
CE (contrato nº325.0106939.18.2), sendo que na relação de id manutenção de pintura industrial nas plataformas do Ativo de
7670ed5, referente ao mês de fevereiro/20, consta com o status Produção Mar da UO-RNCE.
"ativo". Já na relação de maio/20 (id 5896d47), na coluna "Condição O documento de id 5896d47 inclui o autor na lista de empregados
Atual", o autor está com o status de "em desligamento (calculado)". da "PLATAFORMA 163 CE", indicando a data da sua dispensa
reclamante e da prestação de serviços em seu benefício, mas não Através da CTPS obreira (id 4b0b3f6), vê-se que o reclamante fora
fiscalizou, proficuamente, o regular cumprimento das obrigações contratado como pintor industrial, com data de admissão e saída
trabalhistas quando da rescisão do contrato do obreiro. conforme constam nos documentos supra citados. Além disso,
Dentre os demais documentos apresentados, vê-se que a 2ª ré consta na CTPS a anotação referente ao pagamento de adicional
juntou apenas alguns comprovantes de transferência feitos pela 1ª de confinamento (embarque), o qual também está previsto no
reclamada ao reclamante, referentes aos meses de março e abril/20 contracheque apresentado pela 1ª acionada (id 0babd7f), que
(id's b3c958f - fl. 304 e 505301e - fl.539), nenhum dos quais se também traz a indicação de que o obreiro laborava na "Plataforma
Desse modo, tem-se que a 2ª acionada detinha plenas condições Diante de todos esses elementos, tem-se por ratificada a narrativa
de fiscalizar o devido pagamento das verbas rescisórias do autor, do autor, de que prestava serviços em benefício da 2ª reclamada
mas não o fez. durante todo o seu contrato de trabalho com a 1ª ré.
In casu, a 2ª acionada não se desvencilhou a contento de tal ônus embarque é obrigação exclusiva do empregador, no caso, a 1ª ré, e
que são indevidas as multas dos arts. 467 e 477 da CLT, por não ter luz das diretrizes consubstanciadas na da Súmula 331 do TST. No
havido prova de intempestividade na quitação da integralidade das que diz respeito à responsabilidade subsidiária, em recente decisão,
verbas rescisórias e porque a responsabilidade subsidiária recairia no julgamento dos embargos de declaração nos autos do RE-
apenas sobre os créditos trabalhistas e não sobre multas de índole 760931/DF, o Supremo Tribunal Federal reafirmou sua
Pois bem. Vê-se que o pagamento das verbas rescisórias fora do quanto ao pagamento de verbas trabalhistas devidas a empregados
prazo previsto no art. 477, § 6º, da CLT resta incontroverso nos que a ela prestam serviços de maneira terceirizada. Em suma, em
autos, diante do termo de parcelamento das verbas rescisórias um primeiro momento, a Corte Constitucional ratificou a
constante do id 039cf69, o qual não possui chancela legal. Portanto, constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei 8.666/93, na linha do que
a multa do § 8º, do prefalado artigo, é medida que se impõe, assim já havia decidido na ADC 16. Em um segundo instante, fixou-se a
como a penalidade prevista no art. 467/CLT, já que a 1ª reclamada, tese no sentido de que "o inadimplemento dos encargos trabalhistas
em sua contestação, reconheceu como devida parte das verbas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao
rescisórias vindicadas e, ainda assim, não as pagou ao trabalhador Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento,
à data do comparecimento à Justiça do Trabalho. seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º,
Quanto à responsabilização do tomador pelo pagamento das da Lei nº 8.666/93". Aqui, deixou-se evidente que o inadimplemento
aludidas multas, assim como pelo pagamento do adicional de da empresa terceirizada não autoriza, por si só, o redirecionamento
embarque, frise-se que o devedor subsidiário é responsabilizado por da responsabilidade à Administração Pública. Com efeito, embora
todas as obrigações que, originalmente, cabem ao devedor seja possível a responsabilização do ente púbico, não é o
principal, não se tratando de obrigação personalíssima, uma vez inadimplemento o seu pressuposto único. Aliás, a equilibrada
que a condenação subsidiária se faz pelo equivalente em dinheiro. decisão do Supremo Tribunal Federal deixou claro que a expressão
Ademais, a 2ª ré poderia ter consignado os valores em discussão, "automaticamente" contida na tese teve como objetivo possibilitar
adimplindo a obrigação na condição de terceiro interessado, para ao trabalhador a responsabilização do ente público, "dependendo
posterior regresso em face da devedora primitiva. de comprovação de culpa in eligendo ou culpa in vigilando, o que
Isso posto, resta devido, inclusive pela responsável subsidiária, o decorre da inarredável obrigação da administração pública de
pagamento das multas dos arts. 467 e 477/CLT, assim como a fiscalizar os contratos administrativos firmados sob os efeitos da
integração do adicional de embarque na remuneração do obreiro, estrita legalidade" (voto do Min. Edson Fachin, redator do acórdão
para fins de cálculo das verbas rescisórias.'' do ED-RE760931/DF). Portanto, ficou decidido no julgamento do
Assim, tem-se que a 2ª reclamada recaiu sobre culpa "in vigilando", de declaração) que é possível responsabilizar a Administração
o que atrai o dever de indenizar insculpido nos artigos 186 e 927, Pública pelo pagamento das verbas trabalhistas devidas a
caput, do CC, de maneira subsidiária. empregados das empresas terceirizadas, de maneira subsidiária,
Registre-se que a observância de todos os preceitos da Lei nº quando constatada a omissão na sua atuação, que é obrigatória,
8.666/93 e suas regulamentações devem ser formalmente sendo vedada a presunção de culpa. Sendo assim, diferentemente
registradas pela Administração, formando prova pré-constituída. da posição que esta 2ª Turma vinha adotando (com ressalva de
Consequentemente, no processo judicial, ela assume o dever de entendimento pessoal de seus integrantes) - por entender que o
trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a prova, Supremo Tribunal Federal havia também firmado entendimento no
previsto no art. 818, §1º, da CLT. Entendimento contrário resultaria sentido de que seria do trabalhador o ônus da prova da omissão na
em atribuir ao empregado a chamada "prova diabólica". fiscalização pelo ente da Administração Pública -, o Supremo
Nesse sentido, a recente jurisprudência do c.TST, confira-se: Tribunal não firmou tese processual acerca da distribuição do onus
"RECURSO DE REVISTA. LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. IN 40 probandi. Neste sentido, as regras de distribuição do ônus da prova
DO TST CONVÊNIO. ENTE PÚBLICO RESPONSABILIDADE continuam a observar os dispositivos infraconstitucionais que as
SUBSIDIÁRIA. FISCALIZAÇÃO NÃO DEMONSTRADA. ÔNUS DA regulam, a exemplo dos arts. 373 do CPC/2015 e 818 da CLT. Dito
PROVA. Na hipótese de haver sido formado convênio ou termo de isso, é a Administração Pública quem tem a aptidão para a prova da
parceria, a jurisprudência desta Corte Superior entende que a fiscalização do contrato administrativo de prestação de serviços
responsabilidade civil do ente público pelas verbas trabalhistas (aspecto subjetivo do ônus da prova), obrigação que decorre da
inadimplidas pelo empregador conveniado ou parceiro é verificada à própria Lei de Licitações (arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/93), na linha
do que definiu o Supremo Tribunal Federal. Assim, nos casos em Este Egrégio, tribunal sopesando ditos princípios, na decisão de
que não há prova de fiscalização, deve o julgador decidir Arguição de Inconstitucionalidade nº 0080026-04.2019.5.07.0000,
contrariamente à parte que tinha o ônus probatório e dele não se declarou a inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por
desincumbiu: é a própria adoção da distribuição do ônus da prova ofensa às garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III
como regra de julgamento (aspecto objetivo do ônus da prova). No (dignidade da pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV
caso, o Tribunal Regional considerou que não foi comprovada a (acesso à Justiça) LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita),
fiscalização pelo ente público, julgando procedente o pedido de todos da Constituição Federal de 1988, não se podendo, desse
responsabilização subsidiária da Administração Pública. Decisão modo, determinar o pagamento de honorários de sucumbência em
em harmonia com o entendimento consolidado na Súmula 331, V, desfavor do trabalhador, de imediato. Declarada a
do TST. Precedentes. Recurso de revista não conhecido." (TST- RR inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
-102110-45.2017.5.01.0223, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
Destarte, não há de ser falar em inobservância ao art. 71 da lei Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita
licitatória, da ADC nº 16 do STF ou da Súmula 331 do TST, mas ao reclamante, deve ser mantida a sentença que determinou a
sim, em verdade, no correto cumprimento destes dispositivos, suspensão de exigibilidade dos honorários advocatícios de
considerando que tais, preveem a responsabilidade da sucumbência devidos pela parte autora. Ressalta-se ainda que
administração pública sobre os créditos trabalhistas inadimplidos respectivo fundamento não confere demérito a função da advocacia,
pelos prestadores serviços, quando ausente ou irregular a pois como sentenciado, ocorreu a condenação da parte sucumbente
fiscalização por parte do contratante decorrente da conduta culposa em honorários advocatícios, entretanto a cobrança imediata destes
por parte deste. encontra-se suspensa, sendo esta ainda possível caso o patrono
Assim, mantém-se o comando sentencial no sentido de recair sobre credor venha a comprovar a suficiência financeira da parte vencida
Requer pela condenação da parte reclamante ao pagamento dos Busca pela exclusão da sua responsabilidade pelos recolhimentos
honorários advocatícios ao patrono da reclamada, ressaltando que previdenciários, defendendo que a súmula 331 do TST somente
os referidos honorários poderão ser quitados através de créditos atribui responsabilidade subsidiária do ente público quanto às
que tenha a receber em outro processo. obrigações trabalhistas, o que não abarca as contribuições
Ocorre que o judicante já deferiu honorários sucumbenciais em Não assiste razão ao recorrente.
favor do advogado da parte ré, no percentual de 5% (cinco por Ocorre que, nos termos do inciso VI da Súmula 331 do Tribunal
cento) sobre o valor total dos pedidos não deferidos na decisão. Superior do Trabalho - TST, a responsabilidade subsidiária
Assim, ausente interesse recursal neste particular ao recorrente. cominada abrange todas as verbas decorrentes da condenação,
Prossigo no que diz respeito à possibilidade de compensação da referentes ao período da prestação laboral, o que inclui, como
verba honorária com outros créditos que o reclamante venha a consequente, a contribuição previdenciária relativa ao período da
advocacia como função essencial à Justiça em seu art. 133, RECURSO ORDINÁRIO DA TOMADORA DE SERVIÇOS.
desta como direitos fundamentais prescritos em seu art. 5º, incisos CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. A responsabilidade
A Justiça Gratuita também possui respaldo celetista no art. 790, §3º, administração pública, abrange todas as verbas decorrentes da
bem como os honorários sucumbênciais no referido art. 791-A. De condenação, conforme item VI da Súmula nº 331 do C. TST, o que
destacar ainda que tanto os créditos advocatícios quanto os créditos também alcança as contribuições previdenciárias e fiscais devidas
trabalhistas possuem natureza alimentar. sobre as parcelas salariais deferidas na sentença. Recurso
Ordinário improvido. (Processo: RO - 0000953-55.2015.5.06.0192, julgado fica condicionado apenas à frustração da execução em face
Redator: Maria do Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento: da empresa devedora principal, não sendo exigível que antes se
03/08/2017, Primeira Turma, Data da assinatura: 07/08/2017) (TRT- desconsidere sua personalidade jurídica para atingimento do
6 - RO: 00009535520155060192, Data de Julgamento: 03/08/2017, patrimônio de seus sócios, ficando esta providência para momento
RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. incidência da execução sobre os bens da parte recorrente deverão
responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas 2.1.4. DA MULTA DO ARTIGO 477, §8, DA CLT
as verbas decorrentes da condenação, referentes ao período da Busca o recorrente que a multa prevista no artigo 477 da CLT incida
prestação laboral. Assim, a contribuição previdenciária referente à somente na base do salário do autor, e não na base da verba
responsabilidade subsidiária. Recurso de revista não conhecido. Sentença que deve ser mantida.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO A pretensão do recorrente não encontra respaldo legal e
PREVIDENCIÁRIA RELATIVA AO PERÍODO DO VÍNCULO DE jurisprudencial, de modo que o §8 do artigo 477, da CLT, assim
TRABALHO RECONHECIDO EM JUÍZO. A competência da Justiça dispõe: "A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o
do Trabalho, no tocante à execução das contribuições infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao
previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao
que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, os quais seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN,
integrem o salário de contribuição. Exegese dos artigos 114, VIII, e salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
195, I, a, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e (Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989).
provido. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE Enquanto o artigo 458 da CLT descreve o que corresponde ao
SERVIÇOS. SÚMULA 331 DO TST. Tratando-se de terceirização salário: "Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no
lícita de serviços, a responsabilização subsidiária do tomador de salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação,
serviços está em plena consonância com o item IV da Súmula 331 vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força
desta Corte. Recurso de revista não conhecido. INTERVALO do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado.
INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. EFEITOS. A decisão Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas
desta Corte, consubstanciada na Súmula 437, I e III. Recurso de Seguindo o disposto em tais artigos, conforme entendimentos a
revista não conhecido. (TST - RR: 8757220105150067, Relator: seguir colacionados da Tribunal Superior do Trabalho e dos
Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 10/05/2017, Tribunais Regionais de Trabalho, tem-se entendido que a multa
6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017) prevista no artigo 477, §8, da CLT deve incidir sobre a soma das
Recurso não provido. parcelas de natureza salarial percebidas pelo obreiro e não apenas
Pede o recorrente, na eventualidade de ser mantida sua RECURSO DE REVISTA. MULTA PREVISTA NO ART. 477, § 8º,
responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas, pela DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A multa prevista no art. 477, § 8º, da
concessão do benefício da ordem, de modo que "responde a CLT, deve incidir sobre a remuneração, considerando todas as
empresa empregadora, e seus sócios, pelos créditos que por parcelas de natureza salariais que o empregado recebe, e não
ventura possam ser concedidos ao recorrido e, somente após a sobre o salário básico . Precedentes. Recurso de revista conhecido
efetiva comprovação da inexistência de bens desses, venha e provido . (TST - RR: 643320145200003, Relator: Maria Helena
Diante da responsabilidade subsidiária consignado pelo juízo Publicação: DEJT 30/04/2015) (G.N)
singular, cumpre entender que, por ter o responsável subsidiário AGRAVO DE PETIÇÃO. EXECUÇÃO DO TÍTULO JUDICIAL. 1.
participado da relação jurídica processual e figurado no título CORREÇÃO MONETÁRIA. A aplicação da correção monetária a
executivo judicial, o seu chamamento à fase de execução do partir do mês subsequente ao da prestação de serviço encontra-se
expressamente fixada no título executivo e, por conseguinte, (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
albergada pelo manto da coisa julgada, não sendo cabível valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
alterações ou inovações na decisão exequenda em sede de obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
execução, a teor do art. 879, § 1º, da CLT. 2. MULTA DO ART. 477 da causa.
DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da multa prevista § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do
no art. 477, § 8º, da CLT não corresponde, simplesmente, ao salário profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a
base do exequente, mas abrange todas as parcelas de natureza importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o
salarial, conforme a disposição dos artigos 457, § 1º, e 458 da CLT. tempo exigido para o seu serviço.
Agravo de petição conhecido e improvido. (TRT-7 - AP: No plano fático, o juízo de primeiro grau arbitrou os honorários em
00004837820125070005, Relator: CLAUDIO SOARES PIRES, Data favor do patrono da parte reclamante em 5% (cinco por cento) do
de Julgamento: 25/11/2019, Data de Publicação: 26/11/2019) (G.N) valor da condenação. Dita decisão merece reforma, tendo em vista
MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. BASE DE CÁLCULO. Em que a parte reclamante foi sucumbente em menor parte dos seus
relação à base de cálculo da multa prevista no artigo 477 da CLT, o pedidos manejados na exordial, sendo equivocado aplicar-lhe o piso
apenas o seu salário básico, consoante a antiga redação do artigo CONCLUSÃO DO VOTO
percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e Conhecer dos recursos ordinários e, no mérito, negar provimento ao
abonos pagos pelo empregador", sendo certo que esse da reclamada e dar parcial provimento ao do reclamante para
entendimento está em conformidade com a jurisprudência majorar os honorários advocatícios do reclamante para 10%.
04/05/2021, Primeira Turma, Data de Publicação: 22/05/2021) (G.N) ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
3. DO RECURSO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE unanimidade, conhecer dos recursos ordinários e, no mérito, negar
Pugna, em suma, pela majoração dos honorários advocatícios, de reclamante para majorar os honorários advocatícios do reclamante
5% (cinco por cento) para 15% (quinze por cento) do valor da para 10%. Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis
Razão lhe assiste em parte. Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
O art. 791-A da CLT estabelece o piso e teto dos honorários representante do Ministério Público do Trabalho.
advocatícios na justiça laboral, assim como os parâmetros para a Fortaleza, 12 de agosto de 2021
Relator depósito recursal conforme previsto no art. 99, parágrafo 7º, e 932,
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. parágrafo único, todos do CPC/2015, por metade e custas
processuais.
Diretor de Secretaria
Processo Nº AIRO-0000635-89.2019.5.07.0035
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
AGRAVANTE AGAPE CONSTRUCOES & FUNDAMENTAÇÃO
INCORPORACAO LTDA - EPP
ADVOGADO MARCELO FRANKLIN GONDIM(OAB:
21045/CE)
AGRAVADO MUNICIPIO DE BEBERIBE -
PREFEITURA MUNICIPAL 1. ADMISSIBILIDADE
AGRAVADO RAIMUNDO ROGERIO DA SILVA
Embargos de declaração tempestivos e representações regulares.
ADVOGADO NEWTON VASCONCELOS MATOS
TEIXEIRA(OAB: 18681/CE) Pressupostos objetivos presentes. Merece conhecimento.
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO 2. MÉRITO
procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC
Ocorre que o embargante foi intimado em despacho sob ID unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe
024518e, para efetuar o recolhimento das custas processuais e provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores
pagamento do depósito recursal, porém assim não procedeu, vindo Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da
a discutir acerca da concessão da justiça gratuita, o que, como Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
visto, restou indeferida por esta Corte. Ainda que a empresa de representante do Ministério Público do Trabalho.
pequena porte tenha direito ao pagamento do depósito recursal Fortaleza, 12 de agosto de 2021
eventuais vícios constatados no julgado impugnado, mais JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
determinado tema/ponto suscitado pelas partes nas razões ou FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
sobre determinado tema) e contradição (pronunciamentos ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
divergentes entre partes do próprio acórdão), além de erro material. Diretor de Secretaria
Intimado(s)/Citado(s):
- G&E MANUTENCAO E SERVICOS LTDA
DISPOSITIVO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
Trata-se de Recurso Ordinário interposto por PETROLEO terceiros". Assevera que a imputação de sua responsabilidade pelos
BRASILEIRO S A PETROBRAS e Recurso Adesivo interposto por débitos trabalhistas violaria o disposto no art. 37, XXI, da
RAIMUNDO JORGE DOS SANTOS, ambos contra sentença de Id. Constituição Federal, o qual concretiza, no campo das licitações, os
5db3c3f, que julgou parcialmente procedentes os pedidos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e isonomia
Pugna o primeiro recorrente, em suma, pela reforma da decisão em Aduz ser imprescindível, para imputar qualquer responsabilidade à
relação aos seguintes temas: aplicação do artigo 71, §1, da Lei Administração Pública, o exame da culpa do administrador,
8666/93; responsabilidade subsidiária; pronunciamento do STF na afirmando que cabe ao reclamante comprovar fato constitutivo do
Ação Declaratória de Constitucionalidade Nº 16/DF; honorários seu direito, demonstrando alguma omissão específica por parte da
advocatícios; multa do artigo 477, CLT; recolhimentos Petrobrás, que atraísse a responsabilidade subsidiária da mesma.
previdenciários; benefício de ordem. Por fim, destaca que a decisão proferida pelo Colendo Supremo
O segundo recorrente se insurge apenas no que diz respeito à Tribunal Federal na Ação Direta de Constitucionalidade nº 16
fixação dos honorários advocatícios, buscando pela majoração para estabeleceu que o mero inadimplemento das obrigações
o percentual de 15% (quinze por cento). trabalhistas pela prestadora de serviços não implica na
Contrarrazões acostadas pelo reclamante sob ID. de0d7e2 e pela transferência da responsabilidade para a Administração Pública,
reclamada sob ID. 1b0f0e0. devendo ser discutida deliberada deficiência na fiscalização do
1. ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS primeira reclamada G&E MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA seja
pressupostos intrínsecos de admissibilidade recursal, merecem Em verdade, a responsabilidade subsidiária do ente público, em
conhecimento os apelos. face do que dispõe o art.71, §1º, da Lei nº 8.666/93, declarado
2. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA - PETROBRAS. constitucional pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da
2.1 MÉRITO. ADC 16, emergirá sempre que restar caracterizada conduta culposa
2.1.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE - DA no cumprimento de suas obrigações previstas na Lei de Licitações,
APLICABILIDADE DO ARTIGO 71, §1, DA LEI 8666/93 E DO especialmente quanto ao seu dever de fiscalizar o cumprimento das
PRONUNCIAMENTO DO STF NA AÇÃO DECLARATÓRIA DE obrigações legais e contratuais assumidas pela empresa prestadora
O recorrente pugna pela aplicação do artigo 71, §1, da Lei 8666/93 Com efeito, a Lei nº 8.666/83, em seus arts. 58, inciso III, e 67,
ao caso, tendo em vista ser norma de natureza ampla, oponível ao caput, e §1º, impõe responsabilidades ao ente público contratante,
regime geral de licitações, ainda quando a Petrobrás resolva optar estabelecendo a obrigação da Administração Pública de
pelo procedimento simplificado. Salienta ainda que houve prova da acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos administrativos,
fiscalização e zelo quanto às obrigações contratuais e legais pela como se verifica dos seus termos, "verbis":
reclamada em questão, afastando sua responsabilidade. Art. 58. "O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
Defende pela inviabilidade de responsabilizar subsidiariamente o por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
ente por débitos trabalhistas das suas prestadoras de serviços, de prerrogativa de:
Art. 67. "A execução do contrato deverá ser acompanhada e (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) -
fiscalizada por um representante da Administração especialmente Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
determinando o que for necessário à regularização das faltas ou fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
A aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de Licitações obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista, Registre-se que não há falar em inovação legislativa por parte do c.
como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe: TST, com ofensa ao Princípio da Legalidade (art.5º, II, da CF/88), à
"Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de Separação dos Poderes da República, ou à competência privativa
acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, da União para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I, CF/88),
respondendo cada uma pelas conseqüências de sua inexecução pois não houve, a rigor, usurpação de competência legislativa, com
Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim,"verbis ": a solidificação de interpretação conferida ao art. 71 da Lei de
"[...], a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além Licitações, pelo c. TST, após inúmeras decisões em casos
aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto No caso concreto, como bem esclarecido no comando sentencial,
contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da houve fiscalização por parte do tomador de serviços, porém esta
empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob ocorreu de maneira falha, pois mesmo ciente da rescisão do ora
pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de reclamante não aplicou as sanções cabível a 1ª reclamada
habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo."(apud prestador de serviços. reproduz-se os termos sentenciais no tocante
Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo ''In casu, dos documentos constantes dos id´s 7cc931f, 067da10 e
Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do 7670ed5, verifica-se que o reclamante consta na relação de
A responsabilidade subsidiária do ente público tomador de serviços CE (contrato nº325.0106939.18.2), sendo que na relação de id
encontra amparo, ainda, na teoria da responsabilidade civil 7670ed5, referente ao mês de fevereiro/20, consta com o status
subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, do Código Civil, que "ativo". Já na relação de maio/20 (id 5896d47), na coluna "Condição
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência Ora, a 2ª reclamada tinha conhecimento do contrato de trabalho do
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que reclamante e da prestação de serviços em seu benefício, mas não
exclusivamente moral, comete ato ilícito. fiscalizou, proficuamente, o regular cumprimento das obrigações
Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a trabalhistas quando da rescisão do contrato do obreiro.
outrem, fica obrigado a repará-lo." Dentre os demais documentos apresentados, vê-se que a 2ª ré
Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de juntou apenas alguns comprovantes de transferência feitos pela 1ª
medidas atinentes à regularização do contrato configura a reclamada ao reclamante, referentes aos meses de março e abril/20
denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando (id's b3c958f - fl. 304 e 505301e - fl.539), nenhum dos quais se
a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas relaciona com o pagamento das verbas rescisórias.
de fiscalizar o devido pagamento das verbas rescisórias do autor, do autor, de que prestava serviços em benefício da 2ª reclamada
mas não o fez. durante todo o seu contrato de trabalho com a 1ª ré.
In casu, a 2ª acionada não se desvencilhou a contento de tal ônus embarque é obrigação exclusiva do empregador, no caso, a 1ª ré, e
probatório, pois, como narrado, tinha conhecimento do contrato de que são indevidas as multas dos arts. 467 e 477 da CLT, por não ter
trabalho do reclamante, inclusive do seu desligamento (id 5896d47), havido prova de intempestividade na quitação da integralidade das
mas não fiscalizou o pagamento das verbas rescisórias. Não se verbas rescisórias e porque a responsabilidade subsidiária recairia
olvide que houve ajuste para pagamento parcelado da rescisão (o apenas sobre os créditos trabalhistas e não sobre multas de índole
o acordado. Pois bem. Vê-se que o pagamento das verbas rescisórias fora do
A 2ª ré, ao deixar de fiscalizar adequadamente o regular prazo previsto no art. 477, § 6º, da CLT resta incontroverso nos
cumprimento do contrato e seu encerramento, causou prejuízos ao autos, diante do termo de parcelamento das verbas rescisórias
acionante, devendo responder subsidiariamente pelas verbas a ele constante do id 039cf69, o qual não possui chancela legal. Portanto,
devidas e inadimplidas pelo empregador, conforme artigos 186 e a multa do § 8º, do prefalado artigo, é medida que se impõe, assim
927 do Código Civil. como a penalidade prevista no art. 467/CLT, já que a 1ª reclamada,
Frise-se que a obrigação de fiscalizar persiste durante todo o rescisórias vindicadas e, ainda assim, não as pagou ao trabalhador
contrato e também no seu encerramento, alcançando as verbas à data do comparecimento à Justiça do Trabalho.
rescisórias não quitadas, não sendo facultado ao contratante optar Quanto à responsabilização do tomador pelo pagamento das
em que momento deve atuar. aludidas multas, assim como pelo pagamento do adicional de
A 2ª reclamada alega, ainda, que o autor não comprovou que embarque, frise-se que o devedor subsidiário é responsabilizado por
prestou serviço exclusivo à PETROBRAS, razão pela qual não todas as obrigações que, originalmente, cabem ao devedor
poderia ser responsabilizada pelas verbas rescisórias. Já o principal, não se tratando de obrigação personalíssima, uma vez
reclamante narra que laborou em caráter exclusivo para a 2ª ré, que a condenação subsidiária se faz pelo equivalente em dinheiro.
mourejando embarcado mensalmente, executando os serviços nas Ademais, a 2ª ré poderia ter consignado os valores em discussão,
As relações de empregados constantes nos autos (id´s 7cc931f, posterior regresso em face da devedora primitiva.
067da10 e 7670ed5) trazem o nome do acionante como exercente Isso posto, resta devido, inclusive pela responsável subsidiária, o
da função de pintor industrial, admitido em 02/08/18, relacionando-o pagamento das multas dos arts. 467 e 477/CLT, assim como a
ao contrato nº 5325.0106.939.18.2, o qual, conforme documento de integração do adicional de embarque na remuneração do obreiro,
id e44b1c2 dos autos nº 605-08.2020.5.07.0039, tem por para fins de cálculo das verbas rescisórias.''
manutenção de pintura industrial nas plataformas do Ativo de Assim, tem-se que a 2ª reclamada recaiu sobre culpa "in vigilando",
Produção Mar da UO-RNCE. o que atrai o dever de indenizar insculpido nos artigos 186 e 927,
O documento de id 5896d47 inclui o autor na lista de empregados caput, do CC, de maneira subsidiária.
da "PLATAFORMA 163 CE", indicando a data da sua dispensa Registre-se que a observância de todos os preceitos da Lei nº
Através da CTPS obreira (id 4b0b3f6), vê-se que o reclamante fora registradas pela Administração, formando prova pré-constituída.
contratado como pintor industrial, com data de admissão e saída Consequentemente, no processo judicial, ela assume o dever de
conforme constam nos documentos supra citados. Além disso, trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a prova,
consta na CTPS a anotação referente ao pagamento de adicional previsto no art. 818, §1º, da CLT. Entendimento contrário resultaria
de confinamento (embarque), o qual também está previsto no em atribuir ao empregado a chamada "prova diabólica".
contracheque apresentado pela 1ª acionada (id 0babd7f), que Nesse sentido, a recente jurisprudência do c.TST, confira-se:
também traz a indicação de que o obreiro laborava na "Plataforma "RECURSO DE REVISTA. LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. IN 40
Diante de todos esses elementos, tem-se por ratificada a narrativa SUBSIDIÁRIA. FISCALIZAÇÃO NÃO DEMONSTRADA. ÔNUS DA
PROVA. Na hipótese de haver sido formado convênio ou termo de isso, é a Administração Pública quem tem a aptidão para a prova da
parceria, a jurisprudência desta Corte Superior entende que a fiscalização do contrato administrativo de prestação de serviços
responsabilidade civil do ente público pelas verbas trabalhistas (aspecto subjetivo do ônus da prova), obrigação que decorre da
inadimplidas pelo empregador conveniado ou parceiro é verificada à própria Lei de Licitações (arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/93), na linha
luz das diretrizes consubstanciadas na da Súmula 331 do TST. No do que definiu o Supremo Tribunal Federal. Assim, nos casos em
que diz respeito à responsabilidade subsidiária, em recente decisão, que não há prova de fiscalização, deve o julgador decidir
no julgamento dos embargos de declaração nos autos do RE- contrariamente à parte que tinha o ônus probatório e dele não se
760931/DF, o Supremo Tribunal Federal reafirmou sua desincumbiu: é a própria adoção da distribuição do ônus da prova
jurisprudência acerca da responsabilidade da Administração Pública como regra de julgamento (aspecto objetivo do ônus da prova). No
quanto ao pagamento de verbas trabalhistas devidas a empregados caso, o Tribunal Regional considerou que não foi comprovada a
que a ela prestam serviços de maneira terceirizada. Em suma, em fiscalização pelo ente público, julgando procedente o pedido de
um primeiro momento, a Corte Constitucional ratificou a responsabilização subsidiária da Administração Pública. Decisão
constitucionalidade do art. 71, §1º, da Lei 8.666/93, na linha do que em harmonia com o entendimento consolidado na Súmula 331, V,
já havia decidido na ADC 16. Em um segundo instante, fixou-se a do TST. Precedentes. Recurso de revista não conhecido." (TST- RR
tese no sentido de que "o inadimplemento dos encargos trabalhistas -102110-45.2017.5.01.0223, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria
dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Helena Mallmann, DEJT 26/02/2021). (g.n.)
Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, Destarte, não há de ser falar em inobservância ao art. 71 da lei
seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, licitatória, da ADC nº 16 do STF ou da Súmula 331 do TST, mas
da Lei nº 8.666/93". Aqui, deixou-se evidente que o inadimplemento sim, em verdade, no correto cumprimento destes dispositivos,
da empresa terceirizada não autoriza, por si só, o redirecionamento considerando que tais, preveem a responsabilidade da
da responsabilidade à Administração Pública. Com efeito, embora administração pública sobre os créditos trabalhistas inadimplidos
seja possível a responsabilização do ente púbico, não é o pelos prestadores serviços, quando ausente ou irregular a
inadimplemento o seu pressuposto único. Aliás, a equilibrada fiscalização por parte do contratante decorrente da conduta culposa
decisão do Supremo Tribunal Federal deixou claro que a expressão por parte deste.
"automaticamente" contida na tese teve como objetivo possibilitar Assim, mantém-se o comando sentencial no sentido de recair sobre
ao trabalhador a responsabilização do ente público, "dependendo a segunda reclamada a responsabilidade subsidiária pelas verbas
fiscalizar os contratos administrativos firmados sob os efeitos da 2.1.2. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
estrita legalidade" (voto do Min. Edson Fachin, redator do acórdão Requer pela condenação da parte reclamante ao pagamento dos
do ED-RE760931/DF). Portanto, ficou decidido no julgamento do honorários advocatícios ao patrono da reclamada, ressaltando que
recurso extraordinário (e reafirmado no julgamento dos embargos os referidos honorários poderão ser quitados através de créditos
de declaração) que é possível responsabilizar a Administração que tenha a receber em outro processo.
Pública pelo pagamento das verbas trabalhistas devidas a Sentença que não merece reparo.
empregados das empresas terceirizadas, de maneira subsidiária, Ocorre que o judicante já deferiu honorários sucumbenciais em
quando constatada a omissão na sua atuação, que é obrigatória, favor do advogado da parte ré, no percentual de 5% (cinco por
sendo vedada a presunção de culpa. Sendo assim, diferentemente cento) sobre o valor total dos pedidos não deferidos na decisão.
da posição que esta 2ª Turma vinha adotando (com ressalva de Assim, ausente interesse recursal neste particular ao recorrente.
entendimento pessoal de seus integrantes) - por entender que o Prossigo no que diz respeito à possibilidade de compensação da
Supremo Tribunal Federal havia também firmado entendimento no verba honorária com outros créditos que o reclamante venha a
sentido de que seria do trabalhador o ônus da prova da omissão na receber em outro processo.
fiscalização pelo ente da Administração Pública -, o Supremo A Constituição Federal ao mesmo passo que condecora a
Tribunal não firmou tese processual acerca da distribuição do onus advocacia como função essencial à Justiça em seu art. 133,
probandi. Neste sentido, as regras de distribuição do ônus da prova também garante à sociedade o acesso à Justiça e a gratuidade
continuam a observar os dispositivos infraconstitucionais que as desta como direitos fundamentais prescritos em seu art. 5º, incisos
regulam, a exemplo dos arts. 373 do CPC/2015 e 818 da CLT. Dito XXXV e LXXIV.
A Justiça Gratuita também possui respaldo celetista no art. 790, §3º, administração pública, abrange todas as verbas decorrentes da
bem como os honorários sucumbênciais no referido art. 791-A. De condenação, conforme item VI da Súmula nº 331 do C. TST, o que
destacar ainda que tanto os créditos advocatícios quanto os créditos também alcança as contribuições previdenciárias e fiscais devidas
trabalhistas possuem natureza alimentar. sobre as parcelas salariais deferidas na sentença. Recurso
Este Egrégio, tribunal sopesando ditos princípios, na decisão de Ordinário improvido. (Processo: RO - 0000953-55.2015.5.06.0192,
Arguição de Inconstitucionalidade nº 0080026-04.2019.5.07.0000, Redator: Maria do Socorro Silva Emerenciano, Data de julgamento:
declarou a inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por 03/08/2017, Primeira Turma, Data da assinatura: 07/08/2017) (TRT-
ofensa às garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III 6 - RO: 00009535520155060192, Data de Julgamento: 03/08/2017,
todos da Constituição Federal de 1988, não se podendo, desse RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.
desfavor do trabalhador, de imediato. Declarada a 331, VI, do TST, pacificou o entendimento de que a
inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a as verbas decorrentes da condenação, referentes ao período da
Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita cota parte da prestadora de serviços é abrangida pela
ao reclamante, deve ser mantida a sentença que determinou a responsabilidade subsidiária. Recurso de revista não conhecido.
sucumbência devidos pela parte autora. Ressalta-se ainda que PREVIDENCIÁRIA RELATIVA AO PERÍODO DO VÍNCULO DE
respectivo fundamento não confere demérito a função da advocacia, TRABALHO RECONHECIDO EM JUÍZO. A competência da Justiça
pois como sentenciado, ocorreu a condenação da parte sucumbente do Trabalho, no tocante à execução das contribuições
em honorários advocatícios, entretanto a cobrança imediata destes previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia
encontra-se suspensa, sendo esta ainda possível caso o patrono que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, os quais
credor venha a comprovar a suficiência financeira da parte vencida integrem o salário de contribuição. Exegese dos artigos 114, VIII, e
Busca pela exclusão da sua responsabilidade pelos recolhimentos serviços está em plena consonância com o item IV da Súmula 331
previdenciários, defendendo que a súmula 331 do TST somente desta Corte. Recurso de revista não conhecido. INTERVALO
atribui responsabilidade subsidiária do ente público quanto às INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. EFEITOS. A decisão
obrigações trabalhistas, o que não abarca as contribuições recorrida está em plena consonância com a jurisprudência pacífica
Não assiste razão ao recorrente. revista não conhecido. (TST - RR: 8757220105150067, Relator:
Ocorre que, nos termos do inciso VI da Súmula 331 do Tribunal Augusto César Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 10/05/2017,
Superior do Trabalho - TST, a responsabilidade subsidiária 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017)
referentes ao período da prestação laboral, o que inclui, como 2.1.4. DO BENEFÍCIO DE ORDEM
consequente, a contribuição previdenciária relativa ao período da Pede o recorrente, na eventualidade de ser mantida sua
respectiva prestação dos serviços. responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas, pela
RECURSO ORDINÁRIO DA TOMADORA DE SERVIÇOS. empresa empregadora, e seus sócios, pelos créditos que por
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ABRANGÊNCIA. ventura possam ser concedidos ao recorrido e, somente após a
Diante da responsabilidade subsidiária consignado pelo juízo Publicação: DEJT 30/04/2015) (G.N)
singular, cumpre entender que, por ter o responsável subsidiário AGRAVO DE PETIÇÃO. EXECUÇÃO DO TÍTULO JUDICIAL. 1.
participado da relação jurídica processual e figurado no título CORREÇÃO MONETÁRIA. A aplicação da correção monetária a
executivo judicial, o seu chamamento à fase de execução do partir do mês subsequente ao da prestação de serviço encontra-se
julgado fica condicionado apenas à frustração da execução em face expressamente fixada no título executivo e, por conseguinte,
da empresa devedora principal, não sendo exigível que antes se albergada pelo manto da coisa julgada, não sendo cabível
desconsidere sua personalidade jurídica para atingimento do alterações ou inovações na decisão exequenda em sede de
patrimônio de seus sócios, ficando esta providência para momento execução, a teor do art. 879, § 1º, da CLT. 2. MULTA DO ART. 477
oportuno, conforme providencias do exequente. DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da multa prevista
Ademais, ressalta-se que as eventuais insurgências quanto à no art. 477, § 8º, da CLT não corresponde, simplesmente, ao salário
incidência da execução sobre os bens da parte recorrente deverão base do exequente, mas abrange todas as parcelas de natureza
ser levadas ao juízo executório. salarial, conforme a disposição dos artigos 457, § 1º, e 458 da CLT.
2.1.4. DA MULTA DO ARTIGO 477, §8, DA CLT 00004837820125070005, Relator: CLAUDIO SOARES PIRES, Data
Busca o recorrente que a multa prevista no artigo 477 da CLT incida de Julgamento: 25/11/2019, Data de Publicação: 26/11/2019) (G.N)
somente na base do salário do autor, e não na base da verba MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. BASE DE CÁLCULO. Em
Sentença que deve ser mantida. "salário" a que se refere o § 8º do mencionado dispositivo legal deve
A pretensão do recorrente não encontra respaldo legal e ser interpretado como sendo a remuneração do trabalhador, ou
jurisprudencial, de modo que o §8 do artigo 477, da CLT, assim seja, o conjunto de todas as parcelas de natureza salarial, e não
dispõe: "A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o apenas o seu salário básico, consoante a antiga redação do artigo
infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao 457, § 1º, da CLT, no sentido de que "integram o salário não só a
pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao importância fixa estipulada, como também as comissões,
seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e
salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. abonos pagos pelo empregador", sendo certo que esse
(Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989). entendimento está em conformidade com a jurisprudência
Enquanto o artigo 458 da CLT descreve o que corresponde ao majoritária do TST sobre a matéria. Recurso improvido, no
salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, Milton Gouveia da Silva Filho, Data de julgamento: 07/03/2018,
vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força Segunda Turma, Data da assinatura: 07/03/2018) (TRT-6 - RO:
Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas Segunda Turma) (G.N)
Seguindo o disposto em tais artigos, conforme entendimentos a BASE DE CÁLCULO. A multa do § 8º, do artigo 477, da CLT, incide
seguir colacionados da Tribunal Superior do Trabalho e dos sobre o complexo remuneratório do empregado, e não apenas
Tribunais Regionais de Trabalho, tem-se entendido que a multa sobre o salário básico. (TRT-1 - RO: 01011225620185010007 RJ,
prevista no artigo 477, §8, da CLT deve incidir sobre a soma das Relator: ANA MARIA SOARES DE MORAES, Data de Julgamento:
parcelas de natureza salarial percebidas pelo obreiro e não apenas 04/05/2021, Primeira Turma, Data de Publicação: 22/05/2021) (G.N)
RECURSO DE REVISTA. MULTA PREVISTA NO ART. 477, § 8º, 3. DO RECURSO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE
DA CLT. BASE DE CÁLCULO. A multa prevista no art. 477, § 8º, da 3.1. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
CLT, deve incidir sobre a remuneração, considerando todas as Pugna, em suma, pela majoração dos honorários advocatícios, de
parcelas de natureza salariais que o empregado recebe, e não 5% (cinco por cento) para 15% (quinze por cento) do valor da
e provido . (TST - RR: 643320145200003, Relator: Maria Helena Razão lhe assiste em parte.
Mallmann, Data de Julgamento: 15/04/2015, 5ª Turma, Data de O art. 791-A da CLT estabelece o piso e teto dos honorários
advocatícios na justiça laboral, assim como os parâmetros para a Fortaleza, 12 de agosto de 2021
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
da causa.
§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
Intimado(s)/Citado(s):
CONCLUSÃO DO VOTO
- RAIMUNDO ROGERIO DA SILVA
EMENTA
DISPOSITIVO
Agravo de Instrumento, indeferindo a justiça gratuita e, que alega o agravante, não constam do processo documentos
consequentemente, negando seguimento ao recurso ordinário por comprobatórios de sua insuficiência financeira, razão pela qual nega
existência de omissões no julgado: i) quanto a possibilidade de Ocorre que o embargante foi intimado em despacho sob ID
depósito recursal conforme previsto no art. 99, parágrafo 7º, e 932, 024518e, para efetuar o recolhimento das custas processuais e
parágrafo único, todos do CPC/2015, por metade e custas pagamento do depósito recursal, porém assim não procedeu, vindo
É o relatório. visto, restou indeferida por esta Corte. Ainda que a empresa de
Embargos de declaração tempestivos e representações regulares. determinado tema/ponto suscitado pelas partes nas razões ou
Pressupostos objetivos presentes. Merece conhecimento. contrarrazões recursais), obscuridade (pronunciamento ambíguo
O reclamado aduz a existência de omissões no acórdão regional divergentes entre partes do próprio acórdão), além de erro material.
(Id. d15888e) por não ter se pronunciado acerca de oportunização Inexiste qualquer lacuna a ser preenchida em sede de embargos de
para que a empresa demandada, sendo uma empresa de Pequeno declaração acerca da temática, cujos fundamentos restaram
Porte (EPP), efetuasse o recolhimento pela metade, nos moldes do suficientes na decisão embargada.
art. 899, parágrafo 9º, da CLT. Resta cediço que a rediscussão de matéria já apreciada não se
De efeito, o acórdão pronunciou-se pelo improvimento do agravo de legalmente vocacionados para aclarar o obscuro, suprir a omissão
instrumento, indeferindo a justiça gratuita diante da ausência de ou eliminar a contradição que eventualmente possam existir na
comprovação da impossibilidade financeira da empresa. Eis o teor decisão embargada, mesmo porque é vedado ao julgador conhecer
"Cumpre salientar que, nos termos do art. 99 do CPC, a parte pode Não acolhidos, pois, os embargos declaratórios do reclamado.
agravante (Súmula 463, TST) nos esclarece que ao se tratar de CONCLUSÃO DO VOTO
despesas processuais, ônus do qual não se desincumbiu o Conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC
provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores Trata-se de embargos de declaração interpostos pela parte
Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da reclamada, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E
Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda TELÉGRAFOS, em face do acórdão proferido pela 3ª Turma desta
representante do Ministério Público do Trabalho. Corte (Id ef0be21) que deu provimento ao recurso ordinário do
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA omissão e de contradição no julgado acerca de aspectos fático-
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. dos riscos da atividade da ECT e outras semelhantes no mesmo
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO pericial; (III) fundamentos da condenação; e (IV) equipamentos de
Intimado(s)/Citado(s):
- MARCOS ANTONIO FELIX DE ABREU 1. ADMISSIBILIDADE.
2. MÉRITO.
PODER JUDICIÁRIO
A embargante aponta a existência de contradição e omissão no
JUSTIÇA DO
julgado regional acerca da aplicação da teoria do risco ao
entendimento, objetivo que não se compadece com a via estreita as sequelas resultantes são totalmente compatíveis com a profissão
Ora, resta cediço que a contradição apta ao saneamento dos Ainda que a parte reclamante tenha suportado bem a ofensa, houve
embargos é a decorrente da própria intelecção do texto, conforme ofensa moral no sentido de ter havido perturbação na relação
leciona José Frederico Marques: "A contradição se configura psíquica, na tranquilidade, sentimentos e afetos da parte reclamante
segmentos do acórdão" (in Manual de Direito Processual Civil, O quantum doloris (corresponde à valoração do sofrimento físico e
p.191/192), o que não se observa no acórdão objurgado. psíquico vivenciado pela parte reclamante durante o período de
Outrossim, descabe falar em omissão quanto à questão atinente à dados temporários - entre a data do evento e a cura ou
responsabilidade civil do empregador, havendo o acórdão consolidação das lesões - numa escala de 1 a 7 graus de gravidade
embargado consignado expressamente que "a atividade exercida crescente) é estimável em 2/7, tendo em conta a ansiedade e medo
pelo trabalhador em agência dos Correios que atuava como Banco por sua vida."
Postal ou correspondente bancário envolve risco especial Presentes, portanto, o evento danoso e o nexo causal, há de ser
decorrente do manuseio de numerário, ainda que em montante reconhecida a responsabilidade civil da reclamada por esta
inferior ao praticado nas agências bancárias, atraindo a ação de Instância Recursal, independentemente da verificação da culpa do
meliantes e, portanto, com potencialidade lesiva maior à integridade empregador em face do risco objetivo em potencial inerente à
física e psíquica do empregado em relação aos demais membros da atividade desenvolvida pela ECT como correspondente bancário.
Verifica-se, ainda, que o julgado regional se manifestou acerca da habitar a esfera da honra subjetiva, carece de comprovação do
prova pericial produzida nos autos, registrando que a condenação prejuízo sofrido pelo reclamante, sendo satisfatória, para efeito de
compensatória do dano moral carece de comprovação do prejuízo reparação, a demonstração de seu fato gerador, suficiente a gerar a
"Outrossim, o laudo médico elaborado por perito nomeado pelo Também não se verifica omissão no acórdão no tocante aos
Juízo (ID. 5fc928e) concluiu pela existência de nexo causal direto e parâmetros para a fixação do valor da indenização por danos
pela incapacidade total temporária do reclamante, nos seguintes morais, mas o simples inconformismo da parte com a decisão
Há a existência de fatores contributivos laborais, quais sejam: stress Em verdade, havendo tese explícita sobre todas as questões
agudo por situação de violência no local de trabalho, com indigitadas no recurso, descabe falar em omissão da decisão
percepção de risco à sua vida. embargada, restando cediço que o possível acerto ou desacerto do
Há relação causal do labor como fator desencadeante da lesão. somente pode ser atacado através do apelo próprio, descabendo a
A natureza da exposição ao risco foi clara e identificável. revisão da tese esposada no recurso ordinário pela via dos
ao período durante o qual a parte reclamante, em virtude das lesões Conhecer dos embargos de declaração e negar-lhes provimento.
Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamada,
Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS- ECT,
representante do Ministério Público do Trabalho. contra a sentença proferida pelo MM. Juízo da 7ª Vara do Trabalho
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA valor de R$1.025,03 (mil e vinte e cinco reais e três centavos).
1. DA ADMISSIBILIDADE.
EMENTA
Procedendo à análise dos pressupostos de admissibilidade recursal,
fato''.
Outrossim, o § 4º do mesmo dispositivo legal prevê que, ''salvo se ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
sentenças proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o unanimidade, não conhecer do recurso ordinário. Participaram do
parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário julgamento os Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho
mínimo à data do ajuizamento da ação.'' (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria
No caso, o valor atribuído à causa na petição inicial, de R$ 1.178,78 Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério
(mil cento e setenta e oito reais e setenta e oito centavos), revela-se Público do Trabalho.
inferior a duas vezes o salário mínimo vigente à época do Fortaleza, 12 de agosto de 2021
constitucional, o que não se divisa na hipótese dos autos. JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
gratificação de férias com esteio em cláusulas normativas previstas FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
O Juízo de origem, ao analisar a questão, entendeu que ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
CONCLUSÃO DO VOTO
EMENTA
Não conhecer do recurso ordinário.
nos autos prova cabal acerca do labor extraordinário alegado na Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, merece
reclamante o exercício das funções de supervisor de vendas e de 2.1. DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - NULIDADE DA SENTENÇA
assistente técnico, indevido é o adicional vindicado. Aduz o reclamante que o Juízo de origem o considerou litigante de
5. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE INDEVIDO. Restando má-fé sem fundamentar sua decisão. Destarte, pugna pela nulidade
demonstrado pelo laudo pericial que o autor não laborava com da sentença.
6. COMISSÕES. RECEBIMENTO COMPROVADO. Havendo prova litigância de má-fé, na medida em que este apenas exercitou o seu
nos autos de que o reclamante recebia comissões, devidas são as direito constitucional de livre acesso ao Poder Judiciário (artigo 5º,
diferenças das verbas pagas durante o contrato de trabalho e das incisos XXXIV e XXXV, da CF), demandando em juízo o que lhe
RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E PARCIALMENTE Destaque-se que a improcedência dos pedidos, por si só, não
PROVIDO. denota má-fé do autor. Ademais, a má-fé, para ser acolhida, deve
Trata-se de recurso ordinário interposto por FRANCISCO JOSÉ DE autor ao pagamento da multa por litigância de má-fé de 1% sobre o
LIMA SIQUEIRA JÚNIOR contra a sentença (ID. c0a0fb2), que valor da causa.
julgou improcedentes os pedidos formulados em face de M. C. 2.2. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
Em seu arrazoado (ID. 5786d66), o reclamante pugna pela nulidade Postula o recorrente os benefícios da justiça gratuita.
da sentença, sob o argumento de que o Juízo de origem o Da sentença, observa-se que a d. magistrada indeferiu o pedido de
considerou litigante de má-fé sem fundamentar sua decisão. gratuidade da justiça, por considerar o autor litigante de má-fé.
Outrossim, insurge-se contra o indeferimento do pedido de No tópico anterior, reformou-se a decisão de primeiro grau em face
benefícios da justiça gratuita, bem como em face da declaração de da não configuração da litigância de má-fé, portanto não cabe o
inépcia dos pedidos anteriores a 01/03/2018. Ademais, alega o indeferimento do pedido dos benefícios da justiça gratuita.
seguinte: a) labor de duas horas extras por dia, durante todo o Ademais, estão presentes os requisitos necessários para a
salário fixo "por fora"; c) acúmulo das funções de supervisor de Com efeito, a presunção objetiva de insuficiência econômica fixada
vendas e assistente técnico; d) direito ao adicional de pela Reforma Trabalhista a partir de um patamar salarial não obsta
periculosidade pelo trabalho com instalações elétricas; que o empregado, que perceba além desse valor legalmente
e)indenização por danos morais, por ter sido vítima de estabelecido e que não tenha condições de arcar com os custos da
xingamentos, ameaças e calúnias; e f) direito à multa do art. 477 da movimentação da máquina judiciária, venha postular o direito
CLT e aos honorários advocatícios. constitucionalmente garantido no art. 5º, inciso LXXIV, da CF.
Contrarrazões apresentadas sob ID. b39e995. Em verdade, a Lei nº 13.467/17 incluiu o § 4º ao art. 790 da CLT,
dispondo expressamente que "O benefício da justiça gratuita será Acertada a decisão supra.
concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o Da análise da petição inicial, verifica-se que o reclamante vindicou
pagamento das custas do processo". verbas anteriores a 01/03/2018, ou seja, de período anterior à data
Reza, ainda, o art. 1º da Lei nº 7.115, de 29/08/83, que a declaração da sua contratação pelo reclamado, que, aliás, está registrada na
de pobreza, firmada pelo interessado ou por seu procurador, CTPS (ID. ab20e3a). No entanto, não formulou pedido de
reveste-se de presunção de veracidade, senão veja-se: reconhecimento de labor antes da referida data.
"Art. 1º - A declaração destinada a fazer prova de vida, residência, Portanto, mantém-se a sentença, que declarou a inépcia parcial da
pobreza, dependência econômica, homonímia ou bons petição inicial, por falta de causa de pedir.
procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira. 3.1. DAS HORAS EXTRAS
Parágrafo único - O dispositivo neste artigo não se aplica para fins Requer o autor a condenação do réu ao pagamento de horas
de prova em processo penal." extras, alegando que laborou 02 (duas) horas extras por dia,
Aplicável, outrossim, ao Processo do Trabalho o art. 99, § 3º, do durante todo o contrato de trabalho. Afirma que havia fiscalização
CPC subsidiário, que estabelece: "Presume-se verdadeira a da jornada de trabalho, pois tinha que retornar à empresa ao
alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa terminar a prestação de serviços e existia livro de ponto. Sustenta,
natural." ainda, que "A prova dos autos é farta no sentido de comprovar que
No caso vertente, o reclamante colacionou a declaração de o autor trabalhou em jornada suplementar durante todo o pacto
hipossuficiência econômica (ID. 85190d9), não havendo nos autos laboral, participando de inúmeras reuniões em condomínios, a
elemento capaz de infirmar a veracidade das suas afirmações. mando da empresa reclamada - jamais no intuito de angariar
Desta feita, reformar-se a sentença, para conceder ao autor os possíveis novos clientes para qualquer outra empresa".
2.3. DA INÉPCIA DOS PEDIDOS ANTERIORES A 01/03/2018 Inicialmente, registre-se que o autor não especificou, na exordial, o
Insurge-se o recorrente contra a decisão de primeira instância, que horário de trabalho, vindo a fazê-lo somente por ocasião do seu
acolheu a preliminar de inépcia e extinguiu a reclamação trabalhista, depoimento em juízo, ou seja, após a apresentação da contestação.
sem resolução do mérito, quanto aos pedidos anteriores a Ademais, a testemunha do autor nada informou acerca da sua
01/03/2018, nos termos do art. 330, I, § 1º, I, do CPC. jornada de trabalho, e nem poderia, visto que se trata do síndico do
Afirma que são identificáveis os elementos necessários ao Condomínio Maxion Residence, para o qual a empresa ré prestou
julgamento da lide e ao contraditório, razão pela qual a petição serviços. Outrossim, o depoente não soube precisar quantas vezes
inicial deve ter seguimento e seja julgada procedente. o reclamante prestou serviços no citado condomínio, tendo afirmado
O Juízo "a quo" acolheu a preliminar de inépcia parcial, sob o Quanto às fotos acostadas aos autos pelo demandante, não se
fundamento de que não há causa de pedir quanto aos pedidos prestam para demonstrar o labor extraordinário, porquanto várias
anteriores a 01/03/2018, senão veja-se: são anteriores à sua admissão na empresa demandada, algumas
"A ré pretende o reconhecimento da inépcia da exordial uma vez mostram o obreiro apenas com crachá, e outras sem uniforme e
período anterior, considerando que admissão ocorreu em Já a testemunha apresentada pelo réu, não obstante tenha
01/03/2018, como reconhece o próprio autor. confirmado a existência de livro de ponto, asseverou "que o
De fato, o rol de pedido da exordial abrange questões que envolvem reclamante poderia chegar mais tarde, pois seu horário era flexível;
relação fática anterior à contratação. Não havendo pedido de que às vezes o reclamante chegava mais tarde porque trabalhava
reconhecimento de vínculo anterior, necessário reconhecer a no dia anterior até mais tarde ou porque passou em algum cliente
Assim, acolho a preliminar de inépcia para julgar extinta a Destarte, mantém-se a sentença e adota-se seus exatos termos
reclamação trabalhista, sem resolução do mérito, quanto aos como fundamentos de decidir, utilizando, para tanto, da técnica da
pedidos de férias com 1/3 e 13º salário do período de 01/03/2017 a motivação "per relationem", reconhecida pelo Pretório Excelso como
28/02/2018 e demais pretensões relacionadas ao período anterior a plenamente compatível com o texto da Constituição (AI 738.982/PR,
01/03/2018, nos termos do art.330, I, §1º, I, do CPC." Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA - AI 809.147/ES, Rel. Min. CÁRMEN
LÚCIA - AI 814.640/RS, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - conhecimento da administração; que o depoente muitas vezes
ARE 662.029/SE, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 54.513/DF, presenciou o serviço do reclamante; que o condomínio tem 16
Rel. Min. MOREIRA ALVES - MS 28.989-MC/PR, Rel. Min. CELSO elevadores e 20 anos de uso, não sabendo precisar quantas vezes
DE MELLO - RE 37.879/MG, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI - RE os técnicos eram chamados, tinha dias que eram chamados várias
49.074/MA, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI). "In verbis": vezes; que outros técnicos compareceram no condomínio, como o
"Alega o autor que no desempenho da função de supervisor, Sr. Chaguinha, testemunha que está aguardando na sala de espera;
participava de reuniões condominiais e nelas ficava até às 23h a que tinha também o técnico de nome Marcos e outros, não sabendo
serviço da reclamada. Segundo aduz, tinha carga horária diária em precisar os nomes".
2 (duas) horas a mais de sua duração diária de trabalho. A testemunha da ré disse, ademais, que o autor possuía
A ré, em defesa, diz que todos os empregados laboram de 7h30 às jornada flexível e que quando o empregado trabalha de forma
17h30, de segunda a quinta, e sexta de 7h30 às 16h30, sempre externa, não precisa comparecer na empresa, como se vê:
com 1 hora de intervalo intrajornada. Aduz que o autor laborava "que atualmente a depoente trabalha interna e externamente,
externamente, e que nas esporádicas vezes que comparecia às dividido de forma igual; que quando trabalha externamente não
reuniões condominiais para oferecer e vender os produtos e precisa comparecer à reclamada, mas a depoente costuma
chegando bem mais tarde ao trabalho. E mesmo que assim não fosse. O próprio autor reconheceu que é
A defesa sustenta que o autor não faz jus às horas extras em razão sócio da empresa ELEVARTEC, concorrente da reclamada, que
do exercício de atividade externa, enquadrada na norma atualmente supervisiona os elevadores do Condomínio Maxion
excepcional do art. 62, I da CLT. Residence, o que leva a crer que o comparecimento do empregado
Tratando-se de dispositivo que restringe direitos do trabalhador, sua naquele local poderia ser tanto para a prestação de serviços à ré,
interpretação deve ser restritiva, conforme regra básica de quanto em uma tentativa de negociação e captação de clientes para
exercício de atividade externa, por se tratar de fato impeditivo ao É o que se extrai do seguinte depoimento:
direito do autor (art.818 CLT c/c 373, II CPC). "que é sócio de forma informal da empresa ELEVARTEC,
A previsão constante naquele dispositivo é meramente relativa, de concorrente da reclamada e de todas as empresas que prestam
modo que, uma vez comprovado o controle, ainda que indireto, dos serviço de manutenção de elevadores na reclamada; (...) que o
horários de trabalho, afasta-se a previsão da CLT neste particular. Condomínio Maxion Residence, como outros clientes da reclamada,
No caso dos autos, verifico que de fato o autor exercia atividade deixaram a ré para ser clientes do depoente na empresa Elevartec;
era a jornada de trabalho ordinariamente exercida. Também as fotos juntadas pelo autor não são suficientes para
Também a testemunha do autor não trouxe argumentos a configuração do labor extraordinário, pois muitas dizem
capazes de desmistificar os argumentos da ré, não respeito a período anterior ao vínculo de emprego na ré
conseguindo precisar a frequência do comparecimento do (págs.126, 128, 118, 117, 116, 129, 130 e 131) e, outras, apenas
autor fora do seu horário de trabalho, como se vê: está o autor com o crachá, ou mesmos em uniforme ou
elevador é normal, não sabendo dizer onde ficam as partes Segundo a testemunha da ré, de nome BEATRIZ DE OLIVEIRA
elétricas; que não era comum o reclamante participar de reuniões RODRIGUES, o horário do setor comercial é flexível e os
do condomínio; que por algumas vezes o reclamante chegou no empregados recebiam pelas horas extraordinárias, como se vê do
condomínio por volta das 18h e o elevador estava sem funcionar, seu depoimento:
tendo o autor resolvido o problema; que o reclamante fazia um "que o horário do setor comercial é flexível, pois participam de
trabalho para o elevador voltar a funcionar, mas não sabe dizer se reuniões, mas o horário seria o mesmo, de 7h30min às 17h/18h;
era algum tipo de manutenção técnicas; que o depoente não que algumas vezes extrapolavam o horário, em razão das reuniões;
prestava atenção, não sabendo dizer se o reclamante levava que tinha livro de ponto, mas as horas extras não eram registradas;
ferramentas ou EPIs para realizar o trabalho; que a regra do que geralmente recebiam pagamento pelas horas extras; que o
condomínio é que qualquer serviço técnico passe pelo reclamante poderia chegar mais tarde, pois seu horário era flexível;
que às vezes o reclamante chegava mais tarde porque trabalhava contudo não demonstrou a alegada média de R$ 5.239,00 (cinco
no dia anterior até mais tarde ou porque passou em algum cliente mil, duzentos e trinta e nove reais), pois as planilhas, acostadas aos
antes de comparecer à reclamada; que não sabe dizer como era a autos (ID's. db16e40 e 37d7216), tratam-se de documentos
Também as fotos de folhas 120 e 121 do PDF não são suficientes. Com efeito, a testemunha do reclamado afirmou que recebe salário
O depoimento da testemunha da ré esclarece que eventualmente o fixo mais comissões, acrescentando que esta verba é paga
empregado poderia prestar serviços de forma extraordinária, mas o "mediante transferência bancária e não constam no contracheque".
próprio autor não foi capaz de comprovar a quantidade de vezes e a Realmente, da análise dos extratos bancários acostados aos autos,
frequência de vezes em que isso acontecia, o que se extrai da verifica-se depósitos efetuados pelo reclamado na conta do
Uma vez não comprovado o trabalho em período extraordinário, 4.721,46 referente a comissões.
rejeito o pedido do autor." Apenas por amor ao debate, destaca-se que não foram incluídos no
Apelo improvido no ponto. cálculo das comissões os valores destacados pelo Recorrente que
3.2. DAS COMISSÕES não tinham identificação da empresa, nem depósitos feitos pelo
Sustenta o recorrente que recebia salário fixo de R$ 4.000,00, mais próprio favorecido, tendo em vista não ser possível comprovar a
"Inicialmente, o autor anexou todos os documentos condizentes Nesse contexto, reputa-se que o autor percebia comissões na
com o pagamento de remuneração "por fora" do salário. As média de R$ 4.721,46, as quais não foram computadas no cálculo
planilhas de IDs db16e40 e 37d7216 foram feitas unilateralmente das verbas trabalhistas auferidas durante todo o contrato de
pelo simples motivo de não ter fornecido a empresa reclamada trabalho, nem das verbas rescisórias.
quaisquer outros meios hábeis para tal mister. Portanto,considerando o período contratual de 01/03/2018 a
Todos os dados foram fornecidos com base em valores recebidos 26/03/2019, o obreiro faz jus às diferenças de férias integrais
pelo autor. A própria parte reclamada aquiesce com a alegação do simples (2018/2019) + 1/3, 13º salário proporcional de 2018 (10/12)
autor, informando o valor de R$ 4.721,46. eFGTS mensal, bem como às diferenças de verbas rescisórias
(...) (aviso prévio, saldo de salário, férias (2/12) +1/3, 13º salário (4/12) e
Diante desta fácil análise e em confronto aos extratos bancários que FGTS + 40%).
englobam o período de fevereiro/2018 a fevereiro/2019 do As verbas deferidas deverão ser apuradas em liquidação por
reclamante, percebe-se fidedignamente que o reclamante deveria cálculos com base em R$ 6.621,46 (salário fixo de R$ 1.900,00,
receber a integralização das comissões para com o seu salário. acrescido da média das comissões no valor de R$ 4.721,46).
Como já dito anteriormente, a própria reclamada, através do Cumpre esclarecer que se está deferindo apenas as diferenças de
testemunho de sua única testemunha, atesta para os devidos fins verbas pagas durante o contrato de trabalho e de verbas
que havia o pagamento de comissões, feitas "por fora" do salário, rescisórias, portanto não deve ser descontado o valor de R$
tendo o autor informado em sua peça inicial a média de valores 5.845,00, recebido pelo autor por ocasião da rescisão contratual.
Quanto ao salário fixo, não há prova nos autos de que o reclamante acúmulo das funções de supervisor de vendas e assistente técnico.
recebia R$ 4.000,00 por mês. Com efeito, a maioria das fotos juntadas por ele são anteriores ao
função que o autor ocupava, declarou que percebe salário fixo de Ademais, o depoimento da testemunha do autor não serve para
Outrossim, consta, na CTPS do autor, o salário de R$ 1.900,00. condomínio, que utilizava os serviços da empresa ré. Outrossim, o
Destarte, na ausência de prova em sentido contrário, considera-se depoente, embora tenha declarado que "o reclamante fazia um
que o reclamante percebia salário fixo mensal de R$ 1.900,00 (um trabalho para o elevador voltar a funcionar", em seguida afirmou
mil e novecentos reais). "mas não sabe dizer se era algum tipo de manutenção técnicas
Na verdade, o reclamante provou o recebimento de comissões, De outra banda, a testemunha do reclamado afirmou "que o
reclamante nunca foi encaminhado para realizar os serviços precisar o desempenho de tal funções pelo autor.
técnicos; que encaminhava técnicos de rota e atendimentos de Uma vez que as fotos, os vídeos e as provas testemunhais não
chamado; que para a depoente nunca chegou solicitação para demonstram que o reclamante exercia funções sobrepostas àquela
que o reclamante fosse em um atendimento técnico". para o qual foi contratado/ uma vez inexistir previsão convencional
Do exposto, depreende-se que o conjunto probatório dos autos não neste sentido; reconheço como verdadeiros os fatos da defesa para
corrobora a tese de acúmulo de funções. rejeitar o pedido do autor de adicional por acúmulo de
"Pretende o reclamante o reconhecimento do acúmulo da função de Aduz o recorrente que faz jus ao adicional de periculosidade, pois
Supervisor de Vendas com a função de Assistente Técnico pois, logrou provar o trabalho com instalações elétricas.
segundo alega, foi contratado para supervisionar as vendas, Razão não lhe assiste.
coordenar e implementar campanhas promocionais e não prestar De efeito, o perito, nomeado pelo juízo, analisou os autos e as
assistência técnica e outras tarefas específicas do técnico em atividades desempenhadas pelo reclamante, visitou um dos clientes
elevadores. Pretende também o adicional de periculosidade de do reclamado, onde o obreiro prestou serviços, e aplicou o direito
A ré, em sua defesa, alega que de todas as fotos juntadas pelo condições perigosas. Veja-se:
autor, "as únicas que o mesmo aparece com "a mão na massa" "1.2 DADOS COLETADOS
supostamente exercendo função de técnico Fls. 128 e Fls. 130, No dia 17de Dezembro de 2019, as 08h00min, este perito
CONSTAM A DATA DE 07/12/2017, além do fato do reclamante compareceu ao local a ser periciado, o Condomínio Maxion
não estar usando a farda da reclamada. Quanto às demais fotos, Residence. Segundo o Colhido:
NENHUMA caracteriza que o autor esteja exercendo a função de - O Reclamante trabalhava como supervisor de vendas, realizando
técnico pretendida. E as fotos de Fls. 116 a 119, 122, 128 a 131, visitas em diversos condomínios, clientes da Reclamada;
CONSTA DATA DE PERÍODO QUE O RECLAMANTE NÃO - Reclamante alega que antes de celebrado contrato, o mesmo
LABORAVA PARA A RECLAMADA". realizava "inspeção técnica" para definir a natureza do contrato e
A uma porque as imagens juntadas pela parte autora não são - Em tal inspeção técnica, Reclamante adentrava a sala de
capazes de demonstrar o dito acúmulo, pois demonstram apenas a máquinas dos condomínios, onde se encontram motores e quadros
presença do reclamante naquele local de trabalho, possivelmente elétricos de operadores, além do poço do elevador, onde o mesmo
supervisionando o trabalho dos técnicos - da mesma forma o vídeo inspecionava a parte superior do elevador e a parte inferior do poço;
juntado no link fornecido pelo "dropbox", que sequer mostra o - Reclamante não realizava instalação ou reparo de equipamentos,
A duas porque é preciso considerar, que nos tempos atuais, as - A Reclamada possui técnicos de manutenção, pertencentes a
relações de trabalho são dinâmicas e os contratos de trabalho são outra carreira de trabalho;
multifuncionais, sendo o acúmulo de função admitido apenas nos 1.3 RESULTADOS OBTIDOS
casos em que haja previsão convencional a respeito, hipótese em Analisando os dados coletados e utilizando os preceitos concedidas
que a própria norma estipula um acréscimo salarial devido ao no anexo 4 da NR16, conclui-se que o trabalhador NÃO SE
empregado. Contudo, não é esta a hipótese dos autos. ENCONTRAVA em condições de PERICULOSIDADE POR
Ademais, é possível extrair da prova oral, pelo depoimento da ATIVIDADES COM ELETRICIDADE, pois as atividades analisadas
testemunha da reclamada, que no período de março de 2018 a são de caráter eventual e ainda por si insuficientes para caracterizar
segundo ela, "o reclamante nunca foi encaminhado para realizar os Baseados nos dados coletados, nos autos do e no conteúdo da
A testemunha do autor, de nome JESUS NUNES DA SILVA, na portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso parecer que o
condição de síndico do Condomínio Maxion, não foi capaz de obreiro NÃO SE ENCONTRAVA EM CONDIÇÕES DE
INSALUBRIDADE OU PERICULOSIDADE, pois os riscos compatível com o texto da Constituição (AI 738.982/PR, Rel. Min.
apresentados não se enquadram para a caracterização de JOAQUIM BARBOSA - AI 809.147/ES, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA -
insalubridade ou periculosidade, portanto não ensejando o adicional AI 814.640/RS, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - ARE
É bem verdade que o Juízo não está adstrito à conclusão do laudo Min. MOREIRA ALVES - MS 28.989-MC/PR, Rel. Min. CELSO DE
pericial, podendo formar seu convencimento com base em outros MELLO - RE 37.879/MG, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI - RE
elementos e fatos provados nos autos, tendo em vista o princípio do 49.074/MA, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI). "In verbis":
livre convencimento e persuasão racional, insculpidos nos 371 e "Pretende o autor a condenação da ré ao pagamento de danos
479, do CPC/2015. Todavia, essa não é a hipótese dos autos "sub extrapatrimoniais pois, segundo ele, fora tratado com indiferença e
examine", visto que não há provas para elidir o laudo pericial. fora alvo de xingamentos, ameaças e calúnias por parte de uma das
Desta feita, mantém-se a sentença e adota-se seus fundamentos sócias da empresa, Sra. Tércia, esposa do Sr. Marcelo ambos
como complemento das razões de decidir supra, "in verbis": sócios proprietárias da empresa reclamada. O autor junta prints de
"Quanto ao adicional de periculosidade, além de não estar conversas de no ID ba06836 e "whatsapp" seguintes.
demonstrado que o autor executava atividades de técnico, o parecer Segundo o autor, o reclamante foi excluído do grupo de conversas
técnico pericial, ID b7b6c20, concluiu pela inexistência de condições por aplicativo do trabalho pela Sra. Tércia, uma vez que essa
de periculosidade: afirmou que o reclamante era criança, logo não poderia estar no
Baseados nos dados coletados, nos autos do e no conteúdo da valor de 50 salários mínimos.
Portaria Ministerial 3.214/78, (energia elétrica) e NR16 anexos 4 da A ré, em defesa, aduz que é comum desentendimentos em âmbito
portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso parecer que o laboral e que o autor apresenta apenas 2 palavras para subsidiar o
obreiro NÃO SE ENCONTRAVA EM CONDIÇÕES DE pleito, quais sejam: "apresentado" e "criança", não havendo como
INSALUBRIDADE OU PERICULOSIDADE,pois os riscos prosperar um pedido de indenização com fulcro nessas alegações.
apresentados não se enquadram para a caracterização de Acrescenta, ainda, que o autor não juntou aos autos todo o contexto
insalubridade ou periculosidade, portanto não ensejando o adicional da conversa e que o próprio reclamante "PEDE DESCULPAS PELA
Não bastasse, ressalto que o reclamante apresentou impugnação DIZ QUE ACABOU "EXPLODINDO" DEVIDO A PROBLEMAS COM
Ressalto que o laudo técnico foi elaborado por Perito de confiança Nos termos do art. 5º, X da Constituição Federal, há possibilidade
do juízo e analisou especificamente as condições de trabalho da de indenização por dano moral, na medida em que dispõe serem
Assim, julgo improcedente o pedido de adicional de insalubridade e pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
Apelo improvido no ponto. Assim, o dano moral consiste em lesão a honra, intimidade,
3.5. DOS DANOS MORAIS dignidade e a imagem, causando transtornos de ordem emocional e
Afirma o recorrente que sofreu xingamentos, ameaças e calúnias, prejudicando aspectos da vida comum.
razão pela qual é devida a indenização por danos morais. Tratando-se de dano moral, a indenização é"in re ipsa", ou seja,
Com efeito, a reclamante não provou as ofensas alegadas. conduta ofensiva, analisada sob a ótica do homem médio, seja
A testemunha apresentada por ele nada mencionou sobre essa capaz de afrontar direitos personalíssimos do ofendido.
questão, e nem poderia, visto que não trabalhou na empresa ré. Verifica-se, da análise do caso concreto, que o autor não
Quanto aos prints do whatsapp, não mostram xingamentos, comprovou os fatos narrados na petição inicial, ônus que lhe
ameaças e calúnias. competia ante a negativa da defesa, a teor dos artigos 818 da CLT
Juízo monocrático, adota-se seus exatos termos como fundamentos Ainda que assim não fosse, o fato descrito na inicial e as conversas
de decidir, utilizando, para tanto, da técnica da motivação "per juntas não são suficientes, segundo o ponto de vista desta
relationem", reconhecida pelo Pretório Excelso como plenamente magistrada, capaz de gerar o direito à compensação postulada.
Não foi demonstrado o dito sofrimento, as ameaças e agressões ou SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. BASE DE CÁLCULO. A forma de
qualquer outra lesão à honra, imagem, vida privada ou intimidade. apuração dos honorários advocatícios de sucumbência recíproca
A própria testemunha do réu afirmou que apesar dos deve considerar sempre o valor da condenação, com rateio
reclamante de forma a constrangê-lo, como se vê: Assim, impõe-se condenar a parte reclamada ao pagamento de
"que a relação da Sra. Tércia com o reclamante era profissional; honorários advocatícios no percentual de 10% (dez por cento) sobre
que havia alguns desgastes, em razão dos prazos dos serviços a fração de 1/6 (um sexto) do valor da condenação.
dados para os clientes; que a depoente trabalhava na coordenação Devidos honorários recíprocos, pela parte reclamante, no importe
com a Sra. Tércia; que o depoente fechava orçamentos com os de 10% (dez por cento), observada a proporção de 5/6 (cinco
clientes e quando chegava para a depoente e a Sra. Tércia as sextos) sobre o valor da condenação, determinando-se a suspensão
mesmas acompanhavam o prazo que estava no papel, mas os de exigibilidade dos honorários advocatícios de sucumbência
clientes ligavam antes do prazo para solicitar o serviço, por terem devidos pela parte autora que somente poderão ser executados se,
acordado de forma diferente com o reclamante; que os clientes mais nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que
diziam era que não tinham sido informados sobre o prazo; que isso as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação
gerava um desgaste com o reclamante; que nunca presenciou a de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
Sra. Tércia se dirigir ao reclamante de forma a constrangê-lo; que gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
Assim sendo, improcedente o pedido de compensação dos danos Com efeito, o Pleno deste Tribunal, no bojo da Arguição de
morais postulados, por ausência de provas suficientes para tanto." Inconstitucionalidade nº 0080026-04.2019.5.07.0000, declarou a
Recurso não provido nesse tocante. inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por ofensa às
3.6. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III (dignidade da
Pugna o recorrente pela multa do § 8º do art. 477, da CLT, pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV (acesso à Justiça)
alegando que não recebeu, no prazo legal, todas as verbas a ele LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita), todos da Constituição
Em verdade, a multa prevista no dispositivo legal sobredito é devida trabalhador beneficiário da justiça gratuita, de imediato, declarada a
quando o empregador descumpre os prazos alusivos ao pagamento inconstitucionalidade da expressão "desde que não tenha obtido em
dos haveres rescisórios, não cabendo quando se trata de diferença juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
advocatícios sucumbenciais, inclusive no tocante à verificação da VOTO por conhecer do recurso ordinário; afastar a litigância de má-
sucumbência parcial dos pedidos, de acordo com o § 3º do art. 791- fé do reclamante e excluir a sua condenação ao pagamento da
Devidos, portanto, honorários advocatícios à parte reclamante, nos benefícios da justiça gratuita; e, no mérito, dar parcial provimento ao
termos do art. 791-A da CLT. Todavia, referida verba deverá ser apelo, para condenar o reclamado a pagar ao reclamante as
paga com observância da sucumbência recíproca, uma vez que diferenças de férias integrais simples (2018/2019) + 1/3, 13º salário
ambas as partes restaram vencidas. proporcional de 2018 (10/12) e FGTS mensal, bem como às
A base de cálculo para apuração dos honorários advocatícios de diferenças de verbas rescisórias (aviso prévio, saldo de salário,
sucumbência recíproca deverá ser o valor da condenação, férias (2/12) +1/3, 13º salário (4/12) e FGTS + 40%). As verbas
conforme enunciado nº 105/2018 aprovado na 3ª Jornada de Direito deferidas deverão ser apuradas em liquidação por cálculos com
Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região, "in verbis": base em R$ 6.621,46 (salário fixo de R$ 1.900,00, acrescido da
"ENUNCIADO Nº 105/2018. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. média das comissões no valor de R$ 4.721,46) e considerando o
período contratual de 01/03/2018 a 26/03/2019. 10% (dez por cento), observada a proporção de 5/6 (cinco sextos)
Condena-se o reclamado ao pagamento de honorários advocatícios sobre o valor da condenação, determinando-se a suspensão de
no percentual de 10% (dez por cento) sobre a fração de 1/6 (um exigibilidade dos honorários advocatícios de sucumbência devidos
sexto) do valor da condenação. pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois
Devidos honorários recíprocos pela parte reclamante no importe de anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
10% (dez por cento), observada a proporção de 5/6 (cinco sextos) certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
sobre o valor da condenação, determinando-se a suspensão de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
exigibilidade dos honorários advocatícios de sucumbência devidos extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois Custas processuais pelo reclamado no valor de R$ 400,00,
anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as calculadas sobre o valor da condenação ora arbitrado em R$
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de 20.000,00. Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
Custas processuais pelo reclamado no valor de R$ 400,00, representante do Ministério Público do Trabalho.
20.000,00.
Relator
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000871-16.2020.5.07.0032
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE VALDIR ASSUNCAO PINHEIRO
ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB:
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO 20084/CE)
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por RECORRIDO M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO DE ALIMENTOS
unanimidade, conhecer do recurso ordinário; afastar a litigância de ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA
PEREIRA(OAB: 10587/CE)
má-fé do reclamante e excluir a sua condenação ao pagamento da
Condena-se o reclamado ao pagamento de honorários advocatícios HORAS EXTRAS. INTERVALOS TÉRMICOS. CALOR
no percentual de 10% (dez por cento) sobre a fração de 1/6 (um EXCESSIVO. SUPRESSÃO. A jurisprudência pacífica do c.TST é
sexto) do valor da condenação. no sentido de que as disposições fixadas pela NR n.º 15 do MTE
Devidos honorários recíprocos pela parte reclamante no importe de garantem aos trabalhadores expostos ao calor excessivo não
apenas o direito aos intervalos, mas também que tais períodos de o pedido de indenização/hora extras por descumprimento de
descanso sejam considerados tempo de serviço para todos os pausa/intervalo previsto no quadro 1, anexo 3, da Norma
efeitos legais. Dessarte, a inobservância dos intervalos térmicos Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE.
previstos na NR-15, Anexo 3, quadro 1, enseja o pagamento do O recorrente defende que "o trabalho realizado com exposição ao
período correspondente como labor extra, nos moldes previstos no calor excessivo gera o direito às pausas previstas na Portaria nº
art. 71, § 4.º, da CLT, aplicado analogicamente. RECURSO 3.214/78, em seu Anexo 3 da NR n° 15, a título de recuperação
ORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. térmica, cuja inobservância enseja o pagamento como hora
RELATÓRIO aos arts. 7º, XXII, e 225, "caput", da Constituição Federal; arts. 178
Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamante 3.214/78 e flagrante divergência jurisprudencial.
de Maracanaú (Id. 4155458) que julgou improcedentes os pedidos Acerca da matéria, o magistrado sentenciante entendeu que, já
formulados pelo autor em face da reclamada, M DIAS BRANCO tendo sido deferido o adicional de insalubridade em razão do
S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS. trabalho em ambiente insalubre por calor, o acréscimo de
Em seu arrazoado (Id 8991ccc), o reclamante persegue a reforma indenização/horas extras pela não concessão das pausas/intervalos
da sentença de origem para que seja reconhecido o direito do previstos no Anexo 3, da Norma Regulamentadora nº 15, do TEM,
trabalhador às horas extras decorrentes da inobservância do caracterizaria manifesto "bis in idem". Registrou, ademais, que a
intervalo para recuperação térmica no caso de exposição ao calor norma regulamentadora em referência apenas estipula um critério
excessivo, conforme quadro 1 do anexo 3 da NR-15 da Portaria de aferição do agente calor sem criar nova espécie de intervalo ou
3.215/78 do MTE. Postula, ainda, a retificação do PPP, PPRA, pausa na jornada de trabalho dos obreiros. Confira-se:
PGR, PCMAT, PCMSO e LTCAT do autor pela empresa para "No caso em análise, o reclamante postulou o recebimento de horas
constar a exposição do trabalhador ao agente nocivo calor. Ao final, extras que seriam devidas por descansos (intervalos) não
requer a declaração de inconstitucionalidade da regra contida no § concedidos, decorrentes do que dispõe o quadro 1, anexo 3, da
4º do art. 791-A da CLT, afastando-se, ainda, a condenação da Norma Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE.
parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios Argumentou que o laudo pericial de IDe8d6d reconheceu o labor
sucumbenciais. Pugna pela condenação da reclamada ao em ambiente insalubre, caracterizado pelo agente físico "calor", em
pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. temperatura superior aos limites elencados na referida NR 15.
Contrarrazões apresentadas pela parte reclamada (Id 4878e14). Sustentou, ainda, que a própria NR 15, anexo 3, quadro 1 garante-
correspondente adicional.
Recurso tempestivo, representação regular, custas dispensadas. que já tendo sido deferido o adicional de insalubridade em razão do
Preenchidos, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade, trabalho em ambiente insalubre por calor, o acréscimo de
merece conhecimento o apelo. indenização/horas extras pela não concessão das pausas/intervalos
2.1. HORAS EXTRAS. INTERVALO TÉRMICO. CALOR caracterizaria manifesto bis in idem.
Insurge-se, o reclamante, contra a sentença de origem que indeferiu decorrentes da não concessão do intervalo mencionado no quadro
1, anexo 3, da Norma Regulamentadora nº 15 teriam o mesmo fato razoável aceitar que quando o agente insalubre é o calor o tempo
gerador, qual seja, o trabalho em condições superiores aos limites de labor contínuo seja apenas de 45 minutos para 15 minutos de
de tolerância para exposição ao calor. descanso, 30 minutos de trabalho contínuo para 15 minutos de
Nesse sentido, temos uma Súmula do TRT 18ª Região: descanso ou 15 minutos de trabalho contínuo para 45 minutos de
PAUSAS PREVISTAS NO QUADRO 1 DOANEXO 3 DA NR-15. Não obstante a exposição ao calor acima de limites de tolerância
NÃO CONCESSÃO. DIREITO ÀSHORAS EXTRAS acarrete ao trabalhador alterações nos batimentos cardíacos e
CORRESPONDENTES. A não concessão ou a concessão parcial aumento da temperatura corporal, trazendo riscos físicos a longo
das pausas previstas no Quadro 1 do Anexo 3 da NR-15, do prazo, além do desequilíbrio hídrico, não menos nefastos são os
Ministério do Trabalho e Emprego, não enseja o pagamento do efeitos do frio em excesso ao obreiro ou a exposição à variação
período correspondente como labor extraordinário, porquanto térmica constante (típica de quem precisa entrar em câmaras frias).
insalubre calor acima dos limites de tolerância" (RA nº 098/2016 - A exposição do trabalhador ao agente insalubre frio, abaixo dos
DEJT: 29.08.2016, 30.08.2016,31.08.2016). limites de tolerância, pode causar hipotermia, doenças respiratórias,
Não fosse isso, há de se salientar que a indicação do quadro 1, vasoconstrição, lesões de pele, e, em último caso, até levar o
descanso no próprio local de trabalho), estabelece não a existência Nessa senda, se não podemos dizer que a exposição do
de pausas/intervalos a cada ciclo temporal de trabalho contínuo, trabalhador ao calor é pior que a exposição do mesmo ao frio,
mas sim critérios a serem utilizados para a aferição do agente físico jamais seria válida a conclusão que, enquanto o labor contínuo de
calor e seu limite de tolerância. uma hora e quarenta minutos em ambiente insalubre por frio geraria
Acrescente-se, ainda, que em 09 de dezembro de 2019, a Portaria ao trabalhador o direito de vinte minutos de descanso, quinze
SEPRT n.º 1.359, alterou o anexo N.º 3, da NR-15, alterando minutos de labor em ambiente insalubre por calor seria suficiente
inteiramente o quadro 1, excluiu dos critérios de aferição os minutos para garantir ao obreiro trinta minutos de descanso.
de descanso, passando a utilizar como novo critério o limite de Por derradeiro, diga-se que a interpretação equivocada na NR 15 -
exposição ocupacional ao calor, aferidos pela sobrecarga térmica permitindo 45 minutos de descanso ao trabalhador que cumprisse
através do índice IBUTG e pela taxa metabólica, conforme apenas 15 minutos de trabalho contínuo -tornaria verdadeiramente
atividades do quadro 2 (o qual também não fala em tempo de inviável a continuidade da atividade econômica de diversas
Ressalte-se, aqui, que a exclusão de toda e qualquer expressão Diante de todo o exposto, indefere-se o pedido de recebimento de
"descanso" do quadro 1 (pela atualização da norma através da indenização/hora extras por alegado descumprimento de
Portaria SEPRT n.º 1.359/2019) tornou patente que a norma pausa/intervalo previsto no quadro 1, anexo 3, da Norma
de descanso, apenas estipulava um critério de aferição do agente Inicialmente, deve ser enfrentada a questão acerca da existência ou
calor e jamais dava gênese a nova espécie de intervalo ou pausa na não de previsão legal para concessão de intervalo para recuperação
jornada de trabalho dos obreiros. térmica em caso de exposição ao calor acima dos limites de
E mais: assevere-se que não se pode jamais afirmar que um tolerância, a gerar o direito às horas extras decorrentes da
ambiente laboral insalubre pela presença do agente físico calor supressão do intervalo.
possui condições mais adversas ao trabalhador que o ambiente Consoante tese recursal, o direito do trabalhador à pausa indigitada
laboral insalubre pela presença do agente frio. teria sido estabelecido no Anexo 3, Quadro 1, da NR-15.
Ora, se a Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 253, A Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho, que trata
dispõe que para os empregados que trabalham no interior das das atividades e operações insalubres, prevê os limites de
câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do tolerância para a exposição do trabalhador ao calor, em seu Anexo
ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 3, estabelecendo pausas para o regime de trabalho intermitente em
1(uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será função do índice de temperatura obtido e o tipo de atividade, se
assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso, leve, moderada ou pesada, conforme "Quadro 1".
computado esse intervalo como de trabalho efetivo, seria pouco Consta, ainda, no item 2 do mencionado Quadro, que "Os períodos
de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os RECUPERAÇÃO TÉRMICA. CALOR EXCESSIVO. ANEXO 3 DA
Ora, de acordo com art. 200, V, da CLT, é da competência do controvérsia diz respeito ao direito ao pagamento de horas extras
Ministério do Trabalho (atual Secretaria Especial de Previdência e decorrentes da supressão do intervalo para recuperação térmica
Trabalho) estabelecer disposições complementares referentes à (Anexo 3 da NR-15), em razão da exposição a calor acima dos
segurança e medicina do trabalho, "in verbis": limites de tolerância. A concessão do intervalo para recuperação
"Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições térmica constitui medida de higiene, saúde e segurança do
complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em trabalhador, que não se confunde com o direito ao adicional de
vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, insalubridade. Assim, a supressão do intervalo previsto na norma
especialmente sobre: [...] regulamentadora enseja o seu pagamento como horas extras,
V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, conforme a disposição contida nos artigos 71, §4º, e 253 da CLT.
sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de Nesse contexto, não afastados os fundamentos da decisão
água potável, alojamento profilaxia de endemias." agravada, nenhum reparo merece a decisão. Ademais, constatado o
Nessa senda, a jurisprudência pacífica do c.TST é no sentido de caráter manifestamente inadmissível do agravo, impõe-se a
que as disposições fixadas pela NR n.º 15 do MTE garantem aos cominação da multa prevista no artigo 1.021, §4º, do CPC/2015, no
trabalhadores expostos ao calor excessivo não apenas o direito aos percentual de 5% sobre o valor da causa (R$ 54.189,22), o que
intervalos, mas também que tais períodos de descanso sejam perfaz o montante de R$ 2.709,46 (dois mil e setecentos e nove
considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. Confira- reais e quarenta e seis centavos), a ser devidamente atualizado,
se: nos termos do referido dispositivo legal. Agravo não provido, com
"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA aplicação de multa a ser revertida ao Reclamante" (TST- Ag-RR-
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467, DE 2017. INTERVALO PARA 256-22.2019.5.13.0023, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar
REGIONAL EM CONFORMIDADE COM A ITERATIVA Dessarte, a inobservância dos intervalos térmicos previstos na NR-
JURISPRUDÊNCIA DO TST. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. 15, Anexo 3, quadro 1, enseja o pagamento do período
Incontroverso nos autos que o reclamante prestava serviços em correspondente como labor extra, nos moldes previstos no art. 71, §
condições insalubres, devido ao calor excessivo, e que os intervalos 4.º, da CLT, aplicado analogicamente.
para recuperação térmica, estabelecidos no Anexo 3 da NR-15 da No caso concreto, verifica-se do laudo pericial utilizado como prova
Portaria 3.214/78 do MTE, não lhe eram conferidos. Desse modo, emprestada (Id e8d6d1c), que, em medição da temperatura do local
ao condenar a reclamada ao pagamento do intervalo térmico de trabalho do reclamante no exercício da função de auxiliar de
suprimido, de 45 minutos por hora trabalhada, como extra, o produção (Setor Masseira), o documento técnico registrou a
Tribunal Regional decidiu em consonância com a jurisprudência variação entre 30,5 IBUTG (Masseira ponto 1) e 29,84 IBUTG (prox.
desta Corte. É que o TST, com ressalva deste Relator, firmou o Tombador- ponto 2).
entendimento de que as pausas previstas no Quadro 1 do Anexo 3 Considerando a realização de atividades diferentes em locais
da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego, quando não diferentes, a taxa metabólica média ponderada "M" encontrada pelo
concedidas, devem ser pagas como extras. Precedentes de todas expert, conforme cálculo elaborado no laudo, foi de 230,66 KCAL/H,
as Turmas. Nesse contexto, incide o óbice da Súmula nº 333 do e o IBUTG calculado foi de 29,846.
TST como obstáculo ao prosseguimento do recurso e, por Quanto ao limite máximo de tolerância para exposição ao calor em
consectário lógico, evidencia-se a ausência de transcendência do regime de trabalho intermitente, assentou o laudo pericial que
recurso, em qualquer das suas modalidades. Considerando a "Seguindo o QUADRO Nº 2, na NR-15 ANEXO III, a taxa 230,66
improcedência do recurso, aplica-se à parte agravante a multa KCAL/H corresponde a MÁXIMO IBUTG a 28.5.", e concluiu que "O
prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo não provido, com IBUTG obtido foi de29,846 e está ACIMA do limite de tolerância da
imposição de multa e determinação de baixa dos autos à origem" NR-15 ANEXO III."
(TST- Ag-RR-226-73.2019.5.06.0413, 5ª Turma, Relator Ministro Por sua vez, a reclamada não logrou comprovar a concessão de
Breno Medeiros, DEJT 26/02/2021). intervalos com a finalidade legal de recuperação térmica ao
"AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA reclamante, consoante ônus que lhe competia.
VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. INTERVALO PARA Portanto, demonstrada a execução de trabalho em temperatura
acima do limite máximo de tolerância sem a concessão do intervalo especificado sobre a jornada do trabalho enquanto aquele decorre
previsto na NR-15, Anexo III, quadro 1, faz jus o reclamante ao de regulamentação ministerial a assegurar ambiente de trabalho
percebimento do período correspondente como hora extraordinária. salubre. Assim, um não substitui o outro, não sendo cabível a
ambiente de IBUTG obtido de 29,84, resta assegurado ao Dessarte, impende dar provimento ao apelo do reclamante para
reclamante um intervalo de 45 minutos para cada 15 minutos condenar a empresa reclamada ao pagamento, como horas extras
trabalhados, consoante fixado no quadro 1. (adicional de 50%), do período de 45 minutos para cada 15 minutos
De ressaltar que, por uma hermenêutica constitucional racional, em de trabalho, considerando a jornada de 8 horas diárias, de segunda
defesa do bem-estar do ser humano e garantir a este um ambiente à sexta-feira, observados os limites da exordial.
de trabalho salubre não há de se fazer distinção entre a previsão São devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º salário e
celetista que estabelece intervalos de recuperação térmica aos FGTS, apenas no período contratual anterior à vigência da Lei
expostos ao frio excessivo (frigoríficos) e aos que se expõem ao nº13.467/17, de13/2/2017 a 10/11/2017, conforme art.71, caput e
calor excessivo, uma vez que o foco da norma é de garantir um §4º, da CLT, e o entendimento consubstanciado na Súmula nº437
local de trabalho salubre independente do agente nocivo, seja do TST, prevalente na sistemática trabalhista vigente à época,
Registre-se, outrossim, que o intervalo para recuperação térmica "INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E
não se confunde com o direito ao pagamento do adicional de ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das
insalubridade. O referido adicional é devido em razão da exposição Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-
do empregado ao calor, enquanto as horas extras decorrentes da 1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
ausência de concessão do intervalo são pagas quando as pausas I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a
para a recuperação térmica não são devidamente concedidas. Por concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
possuírem naturezas jurídicas distintas, é possível a cumulação do alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento
pagamento das verbas, sem configuração de bis in idem. Nesse total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido,
sentido, a jurisprudência do c.TST: com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. EXPOSIÇÃO A cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.
CALOR EXCESSIVO. INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho
PORTARIA MT N.º 3215/78. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do
CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. O trabalho realizado além dos trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e
níveis de tolerância ao calor gera o direito não apenas ao adicional art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva.
de insalubridade, nos termos da OJ 173/SBDI1 do TST, como III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da
também a intervalos para recuperação térmica previstos pelo CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de
Ministério do Trabalho, conforme autoriza o art. 200, V, da CLT. Tal 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o
cumulação não configura "bis in idem", visto que o adicional de intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação,
insalubridade decorre da exposição do empregado ao agente repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais.
insalubre que a reclamada não cuidou de neutralizar (calor), ao IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de
passo que o pagamento das pausas é devido porquanto elas não trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma
foram observadas pela empresa no respectivo período. São verbas hora, obrigando o empregador a remunerar o período para
distintas, devidas a títulos distintos. Agravo de instrumento descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do
desprovido." (TST-AIRR-10691-92.2014.5.18.0281, Data de respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da
3.ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/8/2016.) Recurso provido parcialmente no tópico.
Também não há de se confundir o intervalo de recuperação térmica 2.2. DA RETIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS ADMINISTRATIVOS.
com o intervalo intrajornada ordinário previsto no art. 71, §4º da No tocante ao pedido de retificação do Perfil Profissiográfico
CLT, pois este decorre da duração do trabalho em capítulo celetista Previdenciário - PPP, é cediço, nos termos dos §§ 3º e 4º do art. 58,
da Lei 8.213/91, com a redação que lhe foi conferida pela Lei não podendo especificar se um ambiente é insalubre ou não."
9.528/97, que o empregador tem a obrigação de elaborar laudo Mantida a sentença que indeferiu o pleito autoral no ponto.
técnico de condições ambientais do trabalho, expedido por médico 2.3. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, e a elaborar, Verificado o ajuizamento da reclamação trabalhista em 20/11/2020,
com fundamento em tal laudo, o perfil profissiográfico abrangendo aplica-se a nova disposição celetista acerca dos honorários
as atividades desenvolvidas pelo trabalhador. Nada obstante, não advocatícios sucumbenciais, inclusive no tocante à verificação da
se extrai da legislação a obrigação do empregador de enquadrar o sucumbência parcial dos pedidos, de acordo com o § 3º do art. 791-
conceito jurídico de 'insalubridade'. Registre-se que, em relação ao §3º do art. 791-A da CLT, não se
No caso concreto, verifica-se constar no perfil profissiográfico observa, "prima facie", qualquer indicativo de inconstitucionalidade
previdenciário do reclamante (Id. - 774a7fb) informação das acerca da condenação ao pagamento de honorários advocatícios
condições do ambiente de trabalho quanto ao calor, com o registro quando, em caso de procedência parcial do pedido, houver
da medição obtida no momento da sua confecção, nada havendo sucumbência recíproca. Eis o dispositivo em destaque:
para ser deferido no ponto. "Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Dessarte, acerca do pedido de retificação do PPP e demais devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
documentos administrativos, deve ser mantida a sentença de (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
origem, "in verbis": valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
"Quanto ao pleito de retificação do Perfil Profissiográfico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
Previdenciário (PPP), PPRA, LTCAT e PCMAT, diga-se que a da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
271, explicita que "o PPP constitui-se em um documento histórico- § 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
laboral do trabalhador que deve conter os dados administrativos da de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
empresa e do trabalhador, registros ambientais, resultados de honorários. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)"
monitoração biológica e a identificação dos responsáveis pelas No caso concreto, considerando a reforma parcial da sentença,
Em outras palavras, cabe ao empregador prestar informações sobre percentual de 10% (dez por cento), tendo em vista o grau de zelo
o local onde era exercida a atividade, indicando os fatores de dos profissionais, a natureza e a importância da causa, bem como o
agressividade atuantes e o grau de intensidade dos agentes físicos. trabalho realizado pelos advogados, conforme critérios
Ainda, assim, a legislação não torna obrigatória que a reclamada estabelecidos no novel art. 791-A, §2º, da CLT, confira-se:
indique no PPP que o trabalhador laborava em ambiente insalubre. "Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Por sua vez, o Programa de Prevenção de Risco Ambientais devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(PPRA) elenca a descrição de ações, iniciativas, projetos, técnicas e (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
práticas que têm por finalidade tornar o ambiente de trabalho mais valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
seguro para todos os trabalhadores de uma empresa. obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde ou integridade § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará:
física dentro do ambiente de trabalho, não pode indicar que um I - o grau de zelo do profissional;
Por fim, o Programa de Condições e meio Ambiente de Trabalho na III - a natureza e a importância da causa;
Indústria de Construção (PCMAT), o qual é regulamentado pela IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
1978, estabelece procedimentos de ordem administrativa, de Quanto à base de cálculo para apuração dos honorários
planejamento e de organização, que objetivam a implantação de advocatícios de sucumbência recíproca, deve ser considerado o
medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos valor da condenação, com rateio proporcional, conforme enunciado
processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho, também nº105/2018 aprovado na 3ª Jornada de Direito Material e
Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região, "in verbis": e FGTS, apenas no período contratual anterior à vigência da Lei
BASE DE CÁLCULO. no percentual de 10% (dez por cento) a incidir sobre 50% do
A forma de apuração dos honorários advocatícios de sucumbência montante da liquidação. Ao patrono da parte reclamada, o
recíproca deve considerar sempre o valor da condenação, com percentual de 10% (dez por cento) deverá incidir sobre 50% do
Assim, considerando, de um lado, a procedência do pedido das exigibilidade dos honorários advocatícios de sucumbência devidos
horas extras referentes ao tempo de intervalos térmicos suprimidos, pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois
e, de outro, a sucumbência quanto ao pleito de retificação do PPP e anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
demais documentos, a proporcionalidade do rateio em favor do certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
patrono da parte reclamante será equivalente a 50% sobre o insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
montante da liquidação. Por sua vez, o rateio proporcional em favor extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
do patrono da parte reclamada será equivalente a 50% sobre o O crédito trabalhista deverá ser atualizado pelo índice IPCA-E na
montante da liquidação. fase pré-judicial, e pela taxa SELIC a partir da citação, conforme
Nada obstante, o Pleno deste Tribunal, no bojo da Arguição de decisão do STF(ADIn 5.867/DF, ADIn 6.021/DF, ADC 58/DF, ADC
inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por ofensa às Contribuições previdenciárias a serem recolhidas com observância
garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III (dignidade da do disposto no art. 276, § 4º, do Decreto nº 3.048/99, que
pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV (acesso à Justiça) regulamenta a Lei nº 8.212/91, autorizado o empregador a proceder
LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita), todos da Constituição com a retenção da cota atribuída ao empregado, conforme alíquotas
Federal de 1988, não se podendo, desse modo, determinar o definidas em lei. Indenizatórias as verbas descritas no art. 28, §9º,
pagamento de honorários de sucumbência em desfavor do da Lei nº 8.212/91, salariais as demais, para fins de contribuição
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em Imposto de renda a ser retido e recolhido pelo empregador,
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa". consoante art. 46 da Lei nº 8.541/1992 e Provimento nº 01/1996 da
Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita CGJT, sempre observadas as faixas de isenção. Observância ao
ao reclamante, determina-se a suspensão de exigibilidade dos entendimento contido na OJ n.º 400 da SBDI-1 do TST.
honorários advocatícios de sucumbência devidos pela parte autora Liquidação por cálculos.
que somente poderão ser executados se, nos dois anos Custas invertidas, no valor de R$700,00 (setecentos reais),
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o calculadas sobre o valor de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais),
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência arbitrado para fins de condenação, a cargo da reclamada.
DISPOSITIVO
CONCLUSÃO DO VOTO
da exordial. Devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º salário TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO por
parcial provimento para condenar a reclamada ao pagamento de JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
limites da exordial. Devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
VINCULANTE. APLICABILIDADE DO IPCA-E E SELIC. O MM. Juízo da 7ª Vara do Trabalho de Fortaleza julgou
POSSIBILIDADE DE ADEQUAÇÃO NA LIQUIDAÇÃO. O STF, no parcialmente procedentes formulados por IRISMAR ROQUE DA
bojo da ADC 58, fixou tese vinculante no sentido de considerar que SILVA, para condenar o primeiro reclamado - INSTITUTO
à atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial e à COMPARTILHA - e, subsidiariamente, a segunda reclamada -
correção dos depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - ao pagamento das
Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução seguintes parcelas: a) FGTS sobre salários de novembro e
legislativa, os mesmos índices de correção monetária e de juros que dezembro de 2015, e sobre gratificação natalina de 2015; b)
vigentes para as condenações cíveis em geral, quais sejam a indenização a título de vale-transporte referente ao mês de
incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação, a novembro de 2015; e c) honorários advocatícios de 15% sobre o
incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil). A se adotarem montante condenatório (ID.9d52146).
as diretrizes das próprias instituições financeiras na orientação de Irresignada, a segunda reclamada - Universidade Federal do Ceará
seu público, o critério ideal de atualização monetária, notadamente - interpôs recurso ordinário (ID. cde10ae), suscitando preliminares
para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no de ilegitimidade passiva e inadequação da via eleita. No mérito,
decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente rebateu a sua condenação de forma subsidiária, alegando que a
considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta responsabilidade pelo pagamento dos encargos trabalhistas é
ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode imputável somente à empresa contratada, não sendo transferida à
-se assentar que, para os casos em que a disputa da correção Administração Pública. Outrossim, arguiu violação ao art. 37, § 6º
monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister: (i) da CF. Refutou os honorários advocatícios e vale-transporte.
determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive) A reclamante interpôs recurso adesivo (ID.98bb628), afirmando que
e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então faz jus ao auxílio-alimentação dos meses de novembro e dezembro
(inclusive), como entendeu o C. STF; (ii) se se demonstrar, em sede de 2015, bem como à diferença do vale transporte de dezembro de
atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer Contrarrazões apresentadas pela UFC sob ID. 38bc934.
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando- No parecer de ID.920e6a8, o Ministério Público do Trabalho
se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de recomendou a aplicação do entendimento constante da ADC-16 e
suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art. É O RELATÓRIO.
404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito 1. RECURSO ORDINÁRIO DA UFC
Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, Recurso tempestivo, representação regular e preparo inexigível.
IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais Preenchidos os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). admissibilidade recursal, merece conhecimento o apelo.
pagamento de vale alimentação, comprovadamente pago com base A legitimidade é auferida in abstrato, à luz da teoria da asserção.
em prova documental. RECURSO ADESIVO IMPROVIDO. Assim, apontada a UFC como tomadora dos serviços, sua
inadequação da via eleita, tendo em vista que a reclamatória a autora, posto que não se submeteu a concurso público. Sustenta,
trabalhista não se presta para a exigência de salários de ainda, que o § 1º, do art. 71, da Lei nº 8.666/93, foi declarado
empregados declaradamente participantes de movimento grevista. constitucional pelo Supremo Tribunal Federal e, por isso, não pode
(...)Registre-se que o dissídio de greve necessário para disciplinar ser responsabilizada pelo cumprimento de obrigações trabalhistas
as relações obrigacionais fora ajuizado pela UFC e tramita no da prestadora de serviços. Acrescenta, também, que apenas
Tribunal Regional do Trabalho da 7ª região, sendo certo que haveria manteve contrato administrativo com a empregadora da
de ser nessa ação coletiva que a questão salarial deveria ser demandante, não tendo concorrido com qualquer espécie de culpa
Razão não lhe assiste. À luz da legislação aplicável à espécie e do quadro probante
Com efeito, não há se falar em inadequação da via eleita, visto que produzido nos autos, extrai-se que a universidade reclamada deve
a reclamante não está pleiteando os salários do período do responder subsidiariamente pelo pagamento das verbas deferidas
movimento paredista, mas salários e 13º salário do ano de 2015, neste julgado.
dentre outros. A matéria ora submetida a exame já foi objeto de apreciação por
Assim, mantém-se a sentença por seu próprios fundamentos, "in este Juízo quando do julgamento da ação cautelar nº 00001685-
"A autarquia reclamada, em preliminar, sustenta que o pedido de responsabilidade subsidiária da UFC pelos fundamentos abaixo
grevista não pode ser objeto de postulação em reclamação "Deveras, as provas colhidas nos autos demonstram que a
trabalhista, inexistindo, por isso, o interesse de agir, na modalidade Universidade Federal do Ceará e a Sameac/Instituto Compartilha
de inadequação da via eleita. mantiveram, por vários anos, desde a década de 1960, contratos
Com efeito, a pretensão deduzida em juízo pela reclamante reclamantes/substituídos para trabalharem no complexo hospitalar
novembro e dezembro, e 13º salário, todos do ano de 2015, sob o É inquestionável, portanto, que a real beneficiária da mão de obra
argumento de que a empregadora, no caso o Instituto Compartilha, dos autores era a UFC e não sua empregadora, posto que se trata,
reconheceu a dívida, tendo inclusive juntado a respectiva folha de como já exposto em tópicos anteriores, de entidade que sequer
pagamento nos autos da ação cautelar nº 0001685- possui patrimônio próprio ou meios para arcar com despesas
Portanto, o objeto da ação não envolve discussão acerca do direito Os recursos financeiros para pagamento de salários e verbas
à percepção de salário relativo aos dias do movimento paredista, rescisórias dos empregados do Instituto Compartilha foram todos
mas pagamento de verba reconhecida como devida pela repassados pela tomadora dos serviços. Registre-se, inclusive, que
Portanto, o interesse processual da parte reclamante é evidente, final coube à Universidade, conforme já exposto anteriormente
dado o inadimplemento da empregadora quanto ao pagamento dos quanto ao teor do Ofício nº 675/2015-GR. Ali, a instituição de ensino
Por isso, rejeita-se a preliminar." verbas rescisórias dos empregados que seriam dispensados.
1.3.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA UFC ineligendo e/ou in vigilando deve responder de forma subsidiária
No ponto, o Exmo. Juiz prolator assim decidiu a questão da pelos créditos trabalhistas não adimplidos pela empresa prestadora
'A reclamante pleiteia a responsabilização subsidiária da das autarquias, das fundações públicas, das sociedades de
Universidade Federal do Ceará - UFC, por ser a tomadora dos economia mista e das empresas públicas. Tal entendimento reflete
serviços, conforme entendimento sintetizado na Súmula nº 331, do a jurisprudência sedimentada na Corte Superior Trabalhista, através
que não existe nem pode existir qualquer relação de emprego com A culpa da instituição de ensino superior demandada é in
eligendo flagrante, posto que firmou, por mais de 40 (quarenta) COMPATIBILIDADE COM O ART. 71 DA LEI DE LICITAÇÕES -
anos, contrato de prestação de serviços com entidade privada INCIDÊNCIA DOS ARTS. 159 DO CCB/1916, 186 E 927, CAPUT,
desprovida de qualquer patrimônio, cuja existência e DO CCB/2002. A mera inadimplência da empresa terceirizante
subsistência sempre dependeu da renovação dos citados quanto às verbas trabalhistas e previdenciárias devidas ao
contratos. Ou seja, mesmo sabendo que a Sameac/Instituto trabalhador terceirizado não transfere a responsabilidade por tais
Compartilha não possui recursos financeiros e patrimônio verbas para a entidade estatal tomadora de serviços, a teor do
suficientes para arcar com o pagamento das despesas disposto no art. 71 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações), cuja
decorrentes das rescisões contratuais de seus empregados, constitucionalidade foi declarada pelo Supremo Tribunal Federal na
persistiu em renovar os contratos administrativos, apesar dos ADC nº 16-DF. Entretanto, a interpretação sistemática desse
diversos questionamentos feitos pelo Tribunal de Contas da dispositivo, em conjunto com os demais preceitos que regem a
União. matéria (arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/93; 159 do CCB/1916, 186 e
Aliás, conforme exposto no ofício acima citado, a Universidade 927,caput, do CCB/2002, observados os respectivos períodos de
confessa e reconhece ser a responsável pelo pagamento dos vigência), revela que a norma nele inscrita, ao isentar a
créditos trabalhistas dos empregados do Instituto Compartilha, Administração Pública das obrigações trabalhistas decorrentes dos
comprometendo-se a honrar tal obrigação. contratos de prestação de serviços por ela celebrados, não alcança
Não há nos autos qualquer prova de que a Universidade fiscalizava os casos em que o ente público tomador não cumpre sua obrigação
o cumprimento das obrigações trabalhistas a cargo do instituto de fiscalizar a execução do contrato pelo prestador. Nesse quadro,
contratado, o que configura a culpain vigilando. Os contratos a inadimplência da obrigação fiscalizatória da entidade estatal
beiravam eram celebrados ao arrepio da lei, o que culminou, tomadora de serviços no tocante ao preciso cumprimento das
inclusive, em ajuizamento de ação civil coletiva pelo Ministério obrigações trabalhistas e previdenciárias da empresa prestadora de
Público Federal, cujo objeto é justamente o encerramento de tais serviços gera sua responsabilidade subsidiária, em face de sua
O disposto na Lei nº 8.666/93, art. 71, § 1º, afasta apenas sua sobre qualquer pessoa física ou jurídica que, por ato ou omissão
responsabilização direta ou solidária, principalmente quando culposos, cause prejuízos a alguém. Evidenciando-se essa culpain
interpretado sistematicamente com as normas de proteção ao vigilando nos autos, incide a responsabilidade subsidiária, de
trabalhador e com o princípio da moralidade, que deve nortear a natureza subjetiva, prevista nos preceitos legais especificados.
administração pública (art. 37, caput, CF/88). Do contrário, estar-se- Agravo de instrumento desprovido". (TST - 6ª. T - AIRR - 260487-
ia privilegiando os maus administradores, em detrimento dos 40.2010.5.05.0000, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
O reconhecimento da constitucionalidade do art. 71, § 1°, da Lei n° Improspera a alegativa da reclamada de afronta ao disposto no art.
8.666/93, pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento da 37,II, da Lex Fundamentalis, posto que os reclamantes em nenhum
ADC 16/DF, não se constitui em óbice para o reconhecimento da momento postulam o reconhecimento da existência de relação de
responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, já que o emprego com o tomador dos serviços, mas apenas sua
deferimento do pedido baseia-se nos princípios da proteção ao responsabilização, pelos fundamentos já expendidos.
hipossuficiente e na responsabilidade subjetiva civil por ato de A responsabilidade do tomador dos serviços, neste caso, abrange
terceiro, além do disposto nos arts. 1°, III e IV, 37,caput, 170, 173, todas as parcelas devidas aos empregados, inclusive aquelas de
193 e 195, § 3º, da Constituição Federal; arts. 8º, parágrafo único, natureza indenizatória e cominatória, já que concorreu com culpa (in
9º e 455, da CLT; art. 29, IV, 58, III e 67 da Lei nº 8.666/93; e arts. vigilando) para o descumprimento da legislação trabalhista."
186 e 927,caput, do Código Civil Brasileiro. Os fundamentos acima expostos se amoldam perfeitamente à
Este o entendimento trilhado pela atual jurisprudência do C.TST: situação fática da autora, que era empregada do Instituto
VIGILANDO NO QUE TANGE AO CUMPRIMENTO DA Diante do exposto, e tendo em vista que a reclamante colocou
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA POR PARTE sua força de trabalho à disposição da Universidade Federal do
DA EMPRESA TERCEIRIZANTE CONTRATADA - Ceará - UFC, através de contrato de trabalho celebrado com a
Sameac/Instituto Compartilha, deve a tomadora dos serviços da ação regressiva que couber contra o obrigado principal. Reza a
Outrossim, é certo que a Universidade Federal do Ceará - UFC LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à
e o Instituto Compartilha já depositaram nos autos da ação redação)- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
pagamento de créditos dos empregados e ex-empregados do V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
Instituto Compartilha. Contudo, não se pode aferir, ainda, se tal respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
valor é suficiente para quitar todos os créditos trabalhistas dos caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
empregados que ainda se encontram em atividade. Por isso, a obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
responsabilidade subsidiária abarca os valores que porventura fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
No caso "sub examine", é incontroverso que a reclamante foi responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
contratada pelo INSTITUTO COMPARTILHA/SAMEAC, na função obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, desde 01/07/1990. Ressalte-se que a referida súmula tem como referência o próprio
Na verdade, a responsabilidade subsidiária do ente público tomador artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que, ao vedar a transferência da
de serviços encontra amparo na teoria da responsabilidade civil responsabilidade pelos encargos aos entes públicos, parte da
subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, "caput", do Código Civil, que premissa de que houve cautela da Administração Pública em
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência bem como em fiscalizar o cumprimento das obrigações contratuais
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que e legais da contratada como empregadora.
exclusivamente moral, comete ato ilícito." Portanto, a responsabilidade subsidiária do ente público não viola o
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, o qual, em decisão recente
outrem, fica obrigado a repará-lo." proferida na ADC 16 pelo Supremo Tribunal Federal, foi declarado
Administração Pública, cabe a esta a obrigação de acompanhar e Com efeito, a interpretação sistemática do art. 71, § 1º, da Lei nº
fiscalizar a execução dos contratos administrativos de prestação de 8.666/93, com os dispositivos legais acima citados, revela que a
serviços, conforme dispõe expressamente o artigo 67 da Lei nº norma ali assentada, ao isentar o ente público das obrigações
Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de ele celebrados, não alcança as hipóteses em que o mesmo não
medidas atinentes à regularização do contrato configura a cumpre a sua obrigação de fiscalizar a execução do contrato pelo
denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando prestador dos serviços.
a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas Nos termos da própria Lei nº 8.666/93, o ente público tem o dever
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização habilitação em licitação (art. 27, III, c/c art. 31); a habilitação
do contrato competia ao ente da Administração Pública, por possuir preliminar (art. 51); o contrato e suas cláusulas (arts. 54 e 55) e
melhor aptidão, "in casu", para a produção da prova. eventual prestação de garantia (art. 56), tudo em termos formais
Entender de outra forma, isto é, que caberia ao trabalhador (art. 61); o cumprimento do contrato (arts. 67 e 68); hipóteses de
comprovar a omissão do ente público, seria atribuir-lhe ônus inexecução (art. 77); e os motivos para eventual rescisão do
probatório diabólico, vez que a prova a ser produzida é de fato contrato (art. 78).
Portanto, a conduta culposa "in vigilando" autoriza atribuir à poder-dever de fiscalizar o cumprimento oportuno e integral de
recorrente o dever de garantir, de forma subsidiária, o cumprimento todas as obrigações assumidas pelo contratado, dentre elas,
dos encargos trabalhistas, conforme a orientação contida na obviamente, as que decorrem da observância das normas
Súmula nº 331 do Colendo TST, em seu novel item V, sem prejuízo trabalhistas em relação aos trabalhadores que prestarem serviços
como terceirizados seus (empregados do contratado). dever de trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a
são as disposições contidas na Instrução Normativa 02/2008 do No caso dos autos, há de se destacar que não foram adotadas
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), com as medidas ou qualquer meio capaz de atestar a eficiência da
órgãos federais e de caráter orientador e supletivo aos órgãos Assim sendo, o ente público tomador dos serviços nada colacionou
Nos artigos 31 e seguintes, a IN 02/2008 versa sobre o fiscalização e a adoção das medidas imprescindíveis à garantia do
acompanhamento e a fiscalização dos contratos de terceirização, cumprimento dos direitos laborais dos trabalhadores terceirizados,
determinando expressamente a exigência da comprovação do como lhe permite o art. 58, III e IV, da Lei de Licitações.
cumprimento das obrigações trabalhistas mês a mês, "verbis": Resta, pois, plenamente evidenciada a culpa in vigilando da
"Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e recorrente decorrente da falha na fiscalização do cumprimento da
fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam legislação trabalhista pela empresa prestadora de serviços, razão
a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso: pela qual impende confirmar a responsabilidade subsidiária da UFC
§ 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e O caso aqui, como visto, não é de aplicação da Súmula 363 do
sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos colendo TST, mas da Súmula 331 daquela Corte Superior
trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes Trabalhista, que versa sobre responsabilização do tomador
I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis direitos trabalhistas e rescisórios pela empresa prestadora de mão
a) Recolhimento da contribuição previdenciária estabelecida para o a Administração Pública, de pessoa admitida sem concurso público,
empregador e de seus empregados, conforme dispõe o artigo 195, nos exatos termos do art. 37, II, da CF, mas apenas de
§ 3º, da Constituição Federal, sob pena de rescisão contratual. responsabilização trabalhista subsidiária de ente público.
b) recolhimento do FGTS, referente ao mês anterior; 1.3.2. DO VALE TRANSPORTE DO MÊS DE NOVEMBRO DE
mês anterior;
d) fornecimento de vale-transporte e auxílio alimentação quando Ao contrário do alegado pela recorrente, o extrato acostado aos
cabível; autos pelo SINDIÔNIBUS (id. dfd93a3) não mostra o crédito do vale
f) concessão de férias e correspondente pagamento do adicional de Acertada, pois, a sentença, assim fundamentada:
férias, na forma da Lei; "A reclamante alega, ainda, que também não recebeu os créditos
g) realização de exames admissionais e demissionais periódicos, referentes a vale-transporte dos meses de novembro e dezembro
h) eventuais cursos de treinamento e reciclagem; A empregadora contestou o pedido alegando que o crédito foi pago.
i) encaminhamento das informações trabalhistas exigidas pela Em resposta a ofício emitido por este Juízo, o Sindiônibus forneceu
legislação, tais como a RAIS e a CAGED; o extrato do valor creditado em favor da parte autora a título de vale
j) cumprimento das obrigações contidas em convenção coletiva, -transporte, contudo, apenas no que se refere ao mês de dezembro
k) cumprimento das demais obrigações dispostas na CLT em Relativamente ao mês de novembro de 2015, não há nos autos
relação aos empregados vinculados ao contrato." qualquer comprovação de que o valor do benefício foi
preceitos da Lei nº 8666/93 e suas regulamentações devem ser Portanto, condenam-se os reclamados no pagamento de
formalmente registradas pela Administração, formando prova pré- indenização a título de vale-transporte, no valor de R$ 297,00
constituída. Consequentemente, no processo judicial, ela assume o (duzentos e noventa e sete reais), referente ao mês de novembro
O montante será atualizado na fase de liquidação." econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação independe,
Acerca da matéria, consignou a decisão de origem, "verbis": De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos
''A reclamante encontra-se assistida por sua entidade de classe e um fator de correção monetária adequado, especialmente para
declarou nos autos seu estado de hipossuficiência. créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda
Assim, considerando que restaram preenchidos os requisitos relativa da capacidade de compra da moeda, mas, ao revés, a
cumulativos exigidos pelo art. 14, da Lei nº 5.584/70 e em variação das taxas de juros apuradas nas operações de
conformidade com o entendimento jurisprudencial cristalizado nas empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos
Súmulas nº 219 e 329, do colendo TST, e Súmula nº 02, do Egrégio federais como garantia. Mas a distorção exsurgiu ainda mais
TRT da 7ªRegião, condeno os reclamados no pagamento de gritante; ao assim decidir, alcançando o art. 883 da CLT (que nunca
honorários advocatícios sucumbenciais, ora fixados em 15% (quinze esteve em causa), a decisão afastou a incidência dos juros de mora
por cento) do montante condenatório, observada a responsabilidade à base de 12% a.a. (mesmo porque a Selic já "embute" juros); e,
subsidiária da Universidade Federal do Ceará - UFC." desse modo, tornou o crédito trabalhista um dos mais "baratos" do
Ressalta-se, de início, que a presente ação foi ajuizada no dia mercado (conquanto essencialmente alimentar), favorecendo
25/04/2016, antes, portanto, da entrada em vigor da Lei sensivelmente a posição jurídica do devedor trabalhista. Os
Pois bem, consoante o entendimento jurisprudencial cristalizado nas totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o
Súmulas 219 e 329 do TST, a condenação ao pagamento de IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic
honorários advocatícios não decorria da mera sucumbência, acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a
exigindo-se do empregado que fosse beneficiário da justiça gratuita 12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E
e que estivesse assistido pelo sindicato da sua categoria com juros (1%) chega a 15,86%.
Assim, merece ser mantida a sentença, haja vista o preenchimento dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo
dos requisitos mencionados. Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas
1.3.4. DOS JUROS DE MORA é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão,
Aduz a recorrente que "o art. 39, § 1º, da Lei nº 8.177/1991, NÃO especialmente para equacionar aspectos omissos ou dúbios do
MAIS SE APLICA ÀS CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões
PÚBLICA, prevalecendo o disposto no art. 1º -F, da Lei nº 9.494/97, principais desde logo se colocaram:
com a alteração decorrente da Lei 11.960/2009". (a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga
Sem razão. omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja
No caso em tela, o ente público foi condenado subsidiariamente suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente
pelas obrigações trabalhistas devidas pelo empregador, restando razoável, com a competente remuneração do capital?
inaplicável, portanto, a limitação dos juros prevista no art. 1º-F da (b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa
Lei nº 9.494/97. corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante
Nessa senda, a Orientação Jurisprudencial nº 382 da SBDI-1/TST, da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive
"JUROS DE MORA. ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494, DE 10.09.1997. (c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em
INAPLICABILIDADE À FAZENDA PÚBLICA QUANDO que não se tenha adotado na sentença ou no acórdão qualquer
CONDENADA SUBSIDIARIAMENTE. (DEJT divulgado em 19, 20 e índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic?
22.04.2010). A Fazenda Pública, quando condenada (d) para os casos de trânsito em julgado do capítulo relativo à
subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas devidas pela atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória
empregadora principal, não se beneficia da limitação dos juros, (i.e., em se tratando de coisa ainda não soberanamente julgada,
prevista no art. 1º-F da Lei nº 9.494, de 10.09.1997." antes do biênio posterior à data do trânsito), será cabível o
Destarte, recurso improvido, no tópico. respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao
1.3.5. DA CORREÇÃO MONETÁRIA menos no interregno endoprocessual), sob a hipótese do art. 966,
(e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos 2.2.1. DO VALE ALIMENTAÇÃO DE NOVEMBRO E DEZEMBRO
À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor Sustenta o recorrente que os documentos IDsa03e878-Pág. 5 e
e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e 4f5f9fb-Pág. 5 não são hábeis para comprovar o percebimento do
legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da auxílio alimentação.
CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV, Analisa-se.
do CPC/2015, como ainda, "per analogiam", o próprio art. 600 da A sentença foi proferida nos seguintes fundamentos:
CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça ''A reclamante alega que não lhe foram concedidos os vales-
social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem alimentação referentes aos meses de novembro e dezembro de
A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na Os reclamados contestaram o pedido alegando que tal benefício foi
https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/indicepreco, acesso em Por se tratar de fato extintivo do direito perseguido pela parte
26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente autora, incumbia aos reclamados a prova de suas alegações.
para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no E de tal encargo se desoneraram a contento.
decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente Realmente, a Universidade Federal do Ceará juntou aos autos os
considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta comprovantes de crédito dos valores referentes a auxílio-
ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode alimentação dos meses de novembro e dezembro de 2015 em favor
-se assentar que, para os casos em que a disputa da correção da autora, conforme se verifica dos documentos de IDs a03e878 -
(i) determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação Registre-se que os citados documentos apontam a data do
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de respectivo crédito. Não há nos autos qualquer prova de que os
então (inclusive), como entendeu o C. STF; valores não foram disponibilizados no cartão da reclamante.
(ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a Diante do exposto, a documentação citada é suficiente para
correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. comprovar o cumprimento da obrigação da empregadora.
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, Improcede, por isso, o pedido."
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a Portanto, confrontando-se os extratos de pagamento e relatório do
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor Ticket adunados aos autos sob ID's. ID. a59a44a - Pág. 5,a03e878
responder por uma indenização suplementar até esse limite, - Pág. 5 e 4f5f9fb- Pág. 5, verifica-se que o vale alimentação foi
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código devidamente quitado, ônus probante do qual se desincumbiram os
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in reclamados, nos termos do artigo 373, I, do CPC e 818 da CLT.
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos Assim, escorreita a decisão.
(iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do 2.2.2. DA DIFERENÇA DO VALOR REFERENTE AO VALE
processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente TRANSPORTE DE DEZEMBRO DE 2015
devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao Pugna a recorrente pela diferença do vale transporte referente ao
crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência mês de dezembro de 2015, alegando que o documento de ID nº
(IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, dfd93a3 não comprova o pagamento do valor correto do vale
art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais transporte, que é de R$ 297,00 por mês.
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
2. RECURSO ADESIVO DA RECLAMANTE Com efeito, o vale transporte de R$ 100,80, consignado no extrato
2.1. ADMISSIBILIDADE acostado aos autos sob ID. dfd93a3, refere-se aos dias do mês de
Tempestivo, regular a representação e de preparo inexigível, de se dezembro/2015 que a reclamante, efetivamente, deslocou-se para o
Mantida, pois, a sentença. e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então
CONCLUSÃO DO VOTO atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando-
VOTO por conhecer dos recursos ordinário e adesivo, rejeitar as liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização
preliminares de ilegitimidade passiva e inadequação da via eleita. suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art.
No mérito, dar parcial provimento ao recurso da reclamada para: (i) 404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive) -se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão
e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então "embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se
(inclusive), como entendeu o C. STF; (ii) se se demonstrar, em sede tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo
de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior à para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e
atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando- principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e
se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93,
liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art. abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo Ademais, negar provimento ao apelo da reclamante. Participaram
-se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho
"embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria
tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério
já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito Fortaleza, 12 de agosto de 2021
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000861-66.2020.5.07.0033
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO DE ALIMENTOS
ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA
PEREIRA(OAB: 10587/CE)
RECORRIDO ANTONIO BARBOZA CAZUZA
ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB:
20084/CE)
2. MÉRITO
recebimento de horas extras, uma vez que possuem naturezas AO CALOR. QUADRO 1 DO ANEXO III DA NR-15 DA PORTARIA
diferentes. O adicional de insalubridade se dá pelo fato do 3.215/78 DO MTE. PAGAMENTO COMO HORAS EXTRAS.
empregado estar exposto a agente insalubre, no caso o calor Consoante a jurisprudência pacífica desta Corte Superior, a não
excessivo. Por sua vez, as horas extras se dão pelo fato do observância dos intervalos para recuperação térmica, previstos no
intervalo de recuperação térmica ter sido suprimido, salientando quadro 1 do Anexo III da NR-15 da Portaria 3.215/78 do MTE,
ainda que o referidos é considerado tempo à disposição ao resulta no pagamento de horas extras correspondentes ao referido
empregador por entendimento análogo ao da norma prevista no período, conforme exegese aplicada em relação aos intervalos
arts. 71, § 4º, e 253 da CLT e também por previsão no anexo II da previstos nos arts. 71, § 4º, e 253 da CLT. Precedentes. Recurso de
Abaixo, citam-se jurisprudência do TST, deste Regional e de outros Relator: Alexandre De Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento:
DAS LEIS N.os 13.015/2014 E 13.467/2017. INTERVALO PARA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTER
RECUPERAÇÃO TÉRMICA. PAGAMENTO COMO HORAS TANTUM. NR 15, MTE, QUADRO 1, ANEXO III. INOVAÇÃO DE
EXTRAS. Considerando a competência do MTE para fixar TESE. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de recurso
disposições complementares referentes à segurança e medicina do ordinário que busca a modificação do julgado monocrático quanto a
trabalho e aquelas fixadas pela NR n.º 15, Anexo 3, Quadro I, da questões não alegadas na defesa, haja vista configurar-se a
Portaria MT n.º 3.215/78 do MTE, que garantem aos trabalhadores hipótese em inovação recursal, o que impede o conhecimento do
expostos ao calor excessivo, não apenas o direito aos intervalos, apelo por este Colegiado de Segundo Grau, sob pena de
mas que tais períodos de descanso sejam considerados tempo de caracterização de supressão de instância. Recurso ordinário
serviço para todos os efeitos legais, sua inobservância enseja o conhecido, exceto quanto ao tema "Inconstitucionalidade do Quadro
pagamento do período correspondente como labor extra , nos 1, Anexo III, NR 15, do MTE". MÉRITO. HORAS EXTRAS. NÃO
moldes previstos no art. 71, § 4.º, da CLT, aplicado analogicamente. CONCESSÃO DE INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA.
Precedentes. Recurso de Revista conhecido e provido." (TST- RR- ATIVIDADE INSALUBRE. DEVIDAS. Comprovado, na forma do
13238-83.2016.5.18.0201 , Relator Ministro: Luiz José Dezena da laudo pericial específico, e prova testemunhal, a não concessão de
Silva, Data de Julgamento: 06/02/2019, 1ª Turma, Data de intervalo previsto no quadro 1, do anexo III, da NR 15, do MTE,
Publicação: DEJT 08/02/2019) forçoso manter a decisão que reconheceu ao reclamante o direito
RECURSO DE REVISTA REGIDO PELAS LEIS 13.015/2014 E às horas extras. Sentença recorrida mantida, no particular.
HORAS EXTRAS. EXPOSIÇÃO A CALOR EXCESSIVO. sucumbência recíproca, não há como fugir da obrigação de
TÉRMICA PREVISTO NO ANEXO 3 DA NR 15 DA PORTARIA advocatícios sucumbenciais, devendo ser observado, quanto ao
3.214/78. No caso, tendo sido constatada a exposição do beneficiário da justiça gratuita, a regra prevista no art. 791-A, §º4º,
empregado a calor excessivo, nos termos do Anexo 3 da NR-15 da da Consolidação das Leis do Trabalho, para fins da execução
Portaria 3.214/78, a inobservância dos intervalos para recuperação pertinente à verba em questão. Sentença recorrida reformada, no
térmica, previstos na referida norma regulamentadora, enseja o aspecto. (...) (TRT 7.ª Região; Processo: 0000875-
pagamento de horas extras correspondentes, sendo certo que a 53.2020.5.07.0032; Data: 15-04-2021; Órgão Julgador: Gab. Des.
cumulação com o pagamento do adicional de insalubridade não Durval Cesar de Vasconcelos Maia - 1ª Turma; Relator(a): DURVAL
configura bis in idem, por possuírem naturezas distintas. CESAR DE VASCONCELOS MAIA)
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido" (TST - RR: INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA. CALOR
121696820165150146, Relator: Delaíde Miranda Arantes, Data de EXCESSIVO. ANEXO 3 DA NR-15. Anexo 3 da NR 15 dispõe
Julgamento: 26/06/2019, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT acerca do intervalo para recuperação térmica depois de exposição
RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO de exposição, estabelecendo expressamente que "os períodos de
SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014. INTERVALO PARA descanso serão considerados tempo de serviço para todos os
RECUPERAÇÃO TÉRMICA. NÃO CONCESSÃO. EXPOSIÇÃO efeitos legais". Dessa maneira, a supressão do intervalo previsto na
norma regulamentadora enseja o respectivo pagamento como horas profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a
extras, conforme o art. 253 da CLT e com aplicação analógica do importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o
art. 71, § 4º, do mesmo diploma. Recurso ordinário a que se nega tempo exigido para o seu serviço.
provimento. (TRT-6 - RO: 00002709520195060412, Redator: No plano fático, o juízo de primeiro grau arbitrou os honorários em
Solange Moura de Andrade, Data de julgamento: 30/06/2020, favor da parte reclamante em 10% (dez por cento) do valor da
Segunda Turma, Data da assinatura: 01/07/2020) condenação. Dita decisão não merece reforma, tendo em vista que
INTERVALO POR EXPOSIÇÃO AO CALOR EXCESSIVO. não foi totalmente improcedente os pedidos da parte autora, assim
DEVIDO. A concessão de intervalo para recuperação térmica, equivocado seria lhe aplicar o piso dos honorários. Consigna-se, por
estabelecido na NR-15, constitui medida que objetiva a assegurar a fim, que nas contrarrazões do recurso ordinário o patrono da
higiene, saúde e segurança do trabalhador. Logo, não se confunde reclamante atuou no sentido de colacionar decisões de todas as
com o direito ao adicional de insalubridade, razão pela qual a Turmas do TST, bem como de outros tribunais.
supressão de referido intervalo enseja o pagamento como horas A ser assim, mantém-se os honorários do causídico reclamante nos
DE ARAUJO DUARTE NIEVES GONZALEZ, 3ª Câmara, Data de Improvido o apelo neste ponto.
calor excessivo, uma vez que o foco da norma é de garantir um Voto por conhecer parcialmente do recurso ordinário e, no mérito,
parte autora ao montante de 5%, baseando-se no artigo 791, § 2º ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
O art. 791-A da CLT estabelece o piso e teto dos honorários mérito, negar-lhe provimento. Participaram do julgamento os
advocatícios na justiça laboral, assim como os parâmetros para a Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José
arbitração destes. Cita-se: Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque.
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão Presente ainda representante do Ministério Público do Trabalho.
da causa.
§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. intervalo para recuperação térmica no caso de exposição ao calor
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO 3.215/78 do MTE. Postula, ainda, a retificação do PPP, PPRA,
Diretor de Secretaria PGR, PCMAT, PCMSO e LTCAT do autor pela empresa para
Intimado(s)/Citado(s): É O RELATÓRIO.
FUNDAMENTAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
1. DA ADMISSIBILIDADE.
2. DO MÉRITO.
HORAS EXTRAS. INTERVALOS TÉRMICOS. CALOR
2.1. HORAS EXTRAS. INTERVALO TÉRMICO. CALOR
EXCESSIVO. SUPRESSÃO. A jurisprudência pacífica do c.TST é
EXCESSIVO.
no sentido de que as disposições fixadas pela NR n.º 15 do MTE
Insurge-se, o reclamante, contra a sentença de origem que indeferiu
garantem aos trabalhadores expostos ao calor excessivo não
o pedido de indenização/hora extras por descumprimento de
apenas o direito aos intervalos, mas também que tais períodos de
pausa/intervalo previsto no quadro 1, anexo 3, da Norma
descanso sejam considerados tempo de serviço para todos os
Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE.
efeitos legais. Dessarte, a inobservância dos intervalos térmicos
O recorrente defende que "o trabalho realizado com exposição ao
previstos na NR-15, Anexo 3, quadro 1, enseja o pagamento do
calor excessivo gera o direito às pausas previstas na Portaria nº
período correspondente como labor extra, nos moldes previstos no
3.214/78, em seu Anexo 3 da NR n° 15, a título de recuperação
art. 71, § 4.º, da CLT, aplicado analogicamente. RECURSO
térmica, cuja inobservância enseja o pagamento como hora
ORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO.
extraordinária e não se confunde com o pagamento do adicional de
aos arts. 7º, XXII, e 225, "caput", da Constituição Federal; arts. 178
RELATÓRIO
e 200 da CLT, a exegese aplicada em relação aos intervalos dos
caracterizaria manifesto "bis in idem". Registrou, ademais, que a calor e seu limite de tolerância.
norma regulamentadora em referência apenas estipula um critério Acrescente-se, ainda, que em 09 de dezembro de 2019, a Portaria
de aferição do agente calor sem criar nova espécie de intervalo ou SEPRT n.º 1.359, alterou o anexo N.º 3, da NR-15, alterando
pausa na jornada de trabalho dos obreiros. Confira-se: inteiramente o quadro 1, excluiu dos critérios de aferição os minutos
"No caso em análise, o reclamante postulou o recebimento de horas de descanso, passando a utilizar como novo critério o limite de
extras que seriam devidas por descansos (intervalos) não exposição ocupacional ao calor, aferidos pela sobrecarga térmica
concedidos, decorrentes do que dispõe o quadro 1, anexo 3, da através do índice IBUTG e pela taxa metabólica, conforme
Norma Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE. atividades do quadro 2 (o qual também não fala em tempo de
em ambiente insalubre, caracterizado pelo agente físico "calor", em Ressalte-se, aqui, que a exclusão de toda e qualquer expressão
temperatura superior aos limites elencados na referida NR 15. "descanso" do quadro 1 (pela atualização da norma através da
Sustentou, ainda, que a própria NR 15, anexo 3, quadro 1 garante- Portaria SEPRT n.º 1.359/2019) tornou patente que a norma
lhe o descanso de 45 (quarenta e cinco) minutos após 15(quinze) regulamentadora em referência, ao tratar anteriormente de períodos
minutos de labor em tais condições insalubres. de descanso, apenas estipulava um critério de aferição do agente
De fato, o referido laudo pericial produzido nos autos do processo n. calor e jamais dava gênese a nova espécie de intervalo ou pausa na
ambiente insalubre pela presença do agente físico calor, E mais: assevere-se que não se pode jamais afirmar que um
circunstância que determinou, naquele processo, o deferimento do ambiente laboral insalubre pela presença do agente físico calor
Analisando-se a questão das horas extras pretendidas, assinale-se laboral insalubre pela presença do agente frio.
que já tendo sido deferido o adicional de insalubridade em razão do Ora, se a Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 253,
trabalho em ambiente insalubre por calor, o acréscimo de dispõe que para os empregados que trabalham no interior das
indenização/horas extras pela não concessão das pausas/intervalos câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do
previstos no Anexo 3, da Norma Regulamentadora nº 15, do MTE ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de
caracterizaria manifesto bis in idem. 1(uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será
É que tanto o adicional de insalubridade como as horas extras assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso,
decorrentes da não concessão do intervalo mencionado no quadro computado esse intervalo como de trabalho efetivo, seria pouco
1, anexo 3, da Norma Regulamentadora nº 15 teriam o mesmo fato razoável aceitar que quando o agente insalubre é o calor o tempo
gerador, qual seja, o trabalho em condições superiores aos limites de labor contínuo seja apenas de 45 minutos para 15 minutos de
de tolerância para exposição ao calor. descanso, 30 minutos de trabalho contínuo para 15 minutos de
Nesse sentido, temos uma Súmula do TRT 18ª Região: descanso ou 15 minutos de trabalho contínuo para 45 minutos de
PAUSAS PREVISTAS NO QUADRO 1 DOANEXO 3 DA NR-15. Não obstante a exposição ao calor acima de limites de tolerância
NÃO CONCESSÃO. DIREITO ÀSHORAS EXTRAS acarrete ao trabalhador alterações nos batimentos cardíacos e
CORRESPONDENTES. A não concessão ou a concessão parcial aumento da temperatura corporal, trazendo riscos físicos a longo
das pausas previstas no Quadro 1 do Anexo 3 da NR-15, do prazo, além do desequilíbrio hídrico, não menos nefastos são os
Ministério do Trabalho e Emprego, não enseja o pagamento do efeitos do frio em excesso ao obreiro ou a exposição à variação
período correspondente como labor extraordinário, porquanto térmica constante (típica de quem precisa entrar em câmaras frias).
insalubre calor acima dos limites de tolerância" (RA nº 098/2016 - A exposição do trabalhador ao agente insalubre frio, abaixo dos
DEJT: 29.08.2016, 30.08.2016,31.08.2016). limites de tolerância, pode causar hipotermia, doenças respiratórias,
Não fosse isso, há de se salientar que a indicação do quadro 1, vasoconstrição, lesões de pele, e, em último caso, até levar o
descanso no próprio local de trabalho), estabelece não a existência Nessa senda, se não podemos dizer que a exposição do
de pausas/intervalos a cada ciclo temporal de trabalho contínuo, trabalhador ao calor é pior que a exposição do mesmo ao frio,
mas sim critérios a serem utilizados para a aferição do agente físico jamais seria válida a conclusão que, enquanto o labor contínuo de
uma hora e quarenta minutos em ambiente insalubre por frio geraria "AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA
ao trabalhador o direito de vinte minutos de descanso, quinze VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467, DE 2017. INTERVALO PARA
minutos de labor em ambiente insalubre por calor seria suficiente RECUPERAÇÃO TÉRMICA. HORAS EXTRAS. ACÓRDÃO
para garantir ao obreiro trinta minutos de descanso. REGIONAL EM CONFORMIDADE COM A ITERATIVA
Por derradeiro, diga-se que a interpretação equivocada na NR 15 - JURISPRUDÊNCIA DO TST. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA.
permitindo 45 minutos de descanso ao trabalhador que cumprisse Incontroverso nos autos que o reclamante prestava serviços em
apenas 15 minutos de trabalho contínuo -tornaria verdadeiramente condições insalubres, devido ao calor excessivo, e que os intervalos
inviável a continuidade da atividade econômica de diversas para recuperação térmica, estabelecidos no Anexo 3 da NR-15 da
empresas estabelecidas em território nacional. Portaria 3.214/78 do MTE, não lhe eram conferidos. Desse modo,
Diante de todo o exposto, indefere-se o pedido de recebimento de ao condenar a reclamada ao pagamento do intervalo térmico
indenização/hora extras por alegado descumprimento de suprimido, de 45 minutos por hora trabalhada, como extra, o
pausa/intervalo previsto no quadro 1, anexo 3, da Norma Tribunal Regional decidiu em consonância com a jurisprudência
Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE." desta Corte. É que o TST, com ressalva deste Relator, firmou o
Inicialmente, deve ser enfrentada a questão acerca da existência ou entendimento de que as pausas previstas no Quadro 1 do Anexo 3
não de previsão legal para concessão de intervalo para recuperação da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego, quando não
térmica em caso de exposição ao calor acima dos limites de concedidas, devem ser pagas como extras. Precedentes de todas
tolerância, a gerar o direito às horas extras decorrentes da as Turmas. Nesse contexto, incide o óbice da Súmula nº 333 do
Consoante tese recursal, o direito do trabalhador à pausa indigitada consectário lógico, evidencia-se a ausência de transcendência do
teria sido estabelecido no Anexo 3, Quadro 1, da NR-15. recurso, em qualquer das suas modalidades. Considerando a
A Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho, que trata improcedência do recurso, aplica-se à parte agravante a multa
das atividades e operações insalubres, prevê os limites de prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo não provido, com
tolerância para a exposição do trabalhador ao calor, em seu Anexo imposição de multa e determinação de baixa dos autos à origem"
3, estabelecendo pausas para o regime de trabalho intermitente em (TST- Ag-RR-226-73.2019.5.06.0413, 5ª Turma, Relator Ministro
função do índice de temperatura obtido e o tipo de atividade, se Breno Medeiros, DEJT 26/02/2021).
leve, moderada ou pesada, conforme "Quadro 1". "AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA
Consta, ainda, no item 2 do mencionado Quadro, que "Os períodos VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. INTERVALO PARA
de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os RECUPERAÇÃO TÉRMICA. CALOR EXCESSIVO. ANEXO 3 DA
Ora, de acordo com art. 200, V, da CLT, é da competência do controvérsia diz respeito ao direito ao pagamento de horas extras
Ministério do Trabalho (atual Secretaria Especial de Previdência e decorrentes da supressão do intervalo para recuperação térmica
Trabalho) estabelecer disposições complementares referentes à (Anexo 3 da NR-15), em razão da exposição a calor acima dos
segurança e medicina do trabalho, "in verbis": limites de tolerância. A concessão do intervalo para recuperação
"Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições térmica constitui medida de higiene, saúde e segurança do
complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em trabalhador, que não se confunde com o direito ao adicional de
vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, insalubridade. Assim, a supressão do intervalo previsto na norma
especialmente sobre: [...] regulamentadora enseja o seu pagamento como horas extras,
V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, conforme a disposição contida nos artigos 71, §4º, e 253 da CLT.
sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de Nesse contexto, não afastados os fundamentos da decisão
água potável, alojamento profilaxia de endemias." agravada, nenhum reparo merece a decisão. Ademais, constatado o
Nessa senda, a jurisprudência pacífica do c.TST é no sentido de caráter manifestamente inadmissível do agravo, impõe-se a
que as disposições fixadas pela NR n.º 15 do MTE garantem aos cominação da multa prevista no artigo 1.021, §4º, do CPC/2015, no
trabalhadores expostos ao calor excessivo não apenas o direito aos percentual de 5% sobre o valor da causa (R$ 54.189,22), o que
intervalos, mas também que tais períodos de descanso sejam perfaz o montante de R$ 2.709,46 (dois mil e setecentos e nove
considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. Confira- reais e quarenta e seis centavos), a ser devidamente atualizado,
se: nos termos do referido dispositivo legal. Agravo não provido, com
aplicação de multa a ser revertida ao Reclamante" (TST- Ag-RR- ausência de concessão do intervalo são pagas quando as pausas
256-22.2019.5.13.0023, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar para a recuperação térmica não são devidamente concedidas. Por
Dessarte, a inobservância dos intervalos térmicos previstos na NR- pagamento das verbas, sem configuração de bis in idem. Nesse
correspondente como labor extra, nos moldes previstos no art. 71, § "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
4.º, da CLT, aplicado analogicamente. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. EXPOSIÇÃO A
No caso concreto, verifica-se do laudo pericial utilizado como prova CALOR EXCESSIVO. INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO
emprestada (Id e8d6d1c), que, em medição da temperatura do local TÉRMICA. PREVISÃO NO QUADRO I DO ANEXO 3 DA NR 15 DA
de trabalho do reclamante no exercício da função de auxiliar de PORTARIA MT N.º 3215/78. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
produção (Setor Masseira), o documento técnico registrou a CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. O trabalho realizado além dos
variação entre 30,5 IBUTG (Masseira ponto 1) e 29,84 IBUTG (prox. níveis de tolerância ao calor gera o direito não apenas ao adicional
Considerando a realização de atividades diferentes em locais também a intervalos para recuperação térmica previstos pelo
diferentes, a taxa metabólica média ponderada "M" encontrada pelo Ministério do Trabalho, conforme autoriza o art. 200, V, da CLT. Tal
expert, conforme cálculo elaborado no laudo, foi de 230,66 KCAL/H, cumulação não configura "bis in idem", visto que o adicional de
Quanto ao limite máximo de tolerância para exposição ao calor em insalubre que a reclamada não cuidou de neutralizar (calor), ao
regime de trabalho intermitente, assentou o laudo pericial que passo que o pagamento das pausas é devido porquanto elas não
"Seguindo o QUADRO Nº 2, na NR-15 ANEXO III, a taxa 230,66 foram observadas pela empresa no respectivo período. São verbas
KCAL/H corresponde a MÁXIMO IBUTG a 28.5.", e concluiu que "O distintas, devidas a títulos distintos. Agravo de instrumento
IBUTG obtido foi de29,846 e está ACIMA do limite de tolerância da desprovido." (TST-AIRR-10691-92.2014.5.18.0281, Data de
NR-15 ANEXO III." Julgamento: 10/8/2016, Relator: Ministro Mauricio Godinho Delgado,
Por sua vez, a reclamada não logrou comprovar a concessão de 3.ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/8/2016.)
intervalos com a finalidade legal de recuperação térmica ao Também não há de se confundir o intervalo de recuperação térmica
reclamante, consoante ônus que lhe competia. com o intervalo intrajornada ordinário previsto no art. 71, §4º da
Portanto, demonstrada a execução de trabalho em temperatura CLT, pois este decorre da duração do trabalho em capítulo celetista
acima do limite máximo de tolerância sem a concessão do intervalo especificado sobre a jornada do trabalho enquanto aquele decorre
previsto na NR-15, Anexo III, quadro 1, faz jus o reclamante ao de regulamentação ministerial a assegurar ambiente de trabalho
percebimento do período correspondente como hora extraordinária. salubre. Assim, um não substitui o outro, não sendo cabível a
ambiente de IBUTG obtido de 29,84, resta assegurado ao Dessarte, impende dar provimento ao apelo do reclamante para
reclamante um intervalo de 45 minutos para cada 15 minutos condenar a empresa reclamada ao pagamento, como horas extras
trabalhados, consoante fixado no quadro 1. (adicional de 50%), do período de 45 minutos para cada 15 minutos
De ressaltar que, por uma hermenêutica constitucional racional, em de trabalho, considerando a jornada de 8 horas diárias, de segunda
defesa do bem-estar do ser humano e garantir a este um ambiente à sexta-feira, observados os limites da exordial.
de trabalho salubre não há de se fazer distinção entre a previsão São devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º salário e
celetista que estabelece intervalos de recuperação térmica aos FGTS, apenas no período contratual anterior à vigência da Lei
expostos ao frio excessivo (frigoríficos) e aos que se expõem ao nº13.467/17, de13/2/2017 a 10/11/2017, conforme art.71, caput e
calor excessivo, uma vez que o foco da norma é de garantir um §4º, da CLT, e o entendimento consubstanciado na Súmula nº437
local de trabalho salubre independente do agente nocivo, seja do TST, prevalente na sistemática trabalhista vigente à época,
Registre-se, outrossim, que o intervalo para recuperação térmica "INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E
não se confunde com o direito ao pagamento do adicional de ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das
insalubridade. O referido adicional é devido em razão da exposição Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-
do empregado ao calor, enquanto as horas extras decorrentes da 1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a Instrução Normativa INSS/PRES n. 45 de 06/08/2010, em seu art.
concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e 271, explicita que "o PPP constitui-se em um documento histórico-
alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento laboral do trabalhador que deve conter os dados administrativos da
total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, empresa e do trabalhador, registros ambientais, resultados de
com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração monitoração biológica e a identificação dos responsáveis pelas
cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. Em outras palavras, cabe ao empregador prestar informações sobre
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho o local onde era exercida a atividade, indicando os fatores de
contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada agressividade atuantes e o grau de intensidade dos agentes físicos.
porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do Ainda, assim, a legislação não torna obrigatória que a reclamada
trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e indique no PPP que o trabalhador laborava em ambiente insalubre.
art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. Por sua vez, o Programa de Prevenção de Risco Ambientais
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da (PPRA) elenca a descrição de ações, iniciativas, projetos, técnicas e
CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de práticas que têm por finalidade tornar o ambiente de trabalho mais
1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o seguro para todos os trabalhadores de uma empresa.
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, Já o Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho
repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. (LTCAT), apesar de identificar a existência de agentes nocivos
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde ou integridade
trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma física dentro do ambiente de trabalho, não pode indicar que um
hora, obrigando o empregador a remunerar o período para determinado ambiente laboral é insalubre ou periculoso.
descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do Por fim, o Programa de Condições e meio Ambiente de Trabalho na
respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da Indústria de Construção (PCMAT), o qual é regulamentado pela
No tocante ao pedido de retificação do Perfil Profissiográfico medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos
Previdenciário - PPP, é cediço, nos termos dos §§ 3º e 4º do art. 58, processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho, também
da Lei 8.213/91, com a redação que lhe foi conferida pela Lei não podendo especificar se um ambiente é insalubre ou não."
9.528/97, que o empregador tem a obrigação de elaborar laudo Mantida a sentença que indeferiu o pleito autoral no ponto.
técnico de condições ambientais do trabalho, expedido por médico 2.3. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, e a elaborar, Verificado o ajuizamento da reclamação trabalhista em 20/11/2020,
com fundamento em tal laudo, o perfil profissiográfico abrangendo aplica-se a nova disposição celetista acerca dos honorários
as atividades desenvolvidas pelo trabalhador. Nada obstante, não advocatícios sucumbenciais, inclusive no tocante à verificação da
se extrai da legislação a obrigação do empregador de enquadrar o sucumbência parcial dos pedidos, de acordo com o § 3º do art. 791-
conceito jurídico de 'insalubridade'. Registre-se que, em relação ao §3º do art. 791-A da CLT, não se
No caso concreto, verifica-se constar no perfil profissiográfico observa, "prima facie", qualquer indicativo de inconstitucionalidade
previdenciário do reclamante (Id. - 774a7fb) informação das acerca da condenação ao pagamento de honorários advocatícios
condições do ambiente de trabalho quanto ao calor, com o registro quando, em caso de procedência parcial do pedido, houver
da medição obtida no momento da sua confecção, nada havendo sucumbência recíproca. Eis o dispositivo em destaque:
para ser deferido no ponto. "Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Dessarte, acerca do pedido de retificação do PPP e demais devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
documentos administrativos, deve ser mantida a sentença de (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
origem, "in verbis": valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
"Quanto ao pleito de retificação do Perfil Profissiográfico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
Previdenciário (PPP), PPRA, LTCAT e PCMAT, diga-se que a da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita), todos da Constituição
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os Federal de 1988, não se podendo, desse modo, determinar o
honorários. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)" pagamento de honorários de sucumbência em desfavor do
No caso concreto, considerando a reforma parcial da sentença, trabalhador, de imediato. Declarada a inconstitucionalidade da
arbitra-se os honorários advocatícios, devidos pelas partes, no expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
percentual de 10% (dez por cento), tendo em vista o grau de zelo outro processo, créditos capazes de suportar a despesa".
dos profissionais, a natureza e a importância da causa, bem como o Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita
trabalho realizado pelos advogados, conforme critérios ao reclamante, determina-se a suspensão de exigibilidade dos
estabelecidos no novel art. 791-A, §2º, da CLT, confira-se: honorários advocatícios de sucumbência devidos pela parte autora
"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão que somente poderão ser executados se, nos dois anos
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
da causa.
§ 1o [...]
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o Conhecer do recurso ordinário, e, no mérito, dar-lhe parcial
Quanto à base de cálculo para apuração dos honorários extras decorrentes da supressão dos intervalos térmicos de 45
advocatícios de sucumbência recíproca, deve ser considerado o minutos para cada 15 minutos de trabalho, considerando a jornada
valor da condenação, com rateio proporcional, conforme enunciado de 8 horas diárias, de segunda à sexta-feira, observados os limites
nº105/2018 aprovado na 3ª Jornada de Direito Material e da exordial. Devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º salário
Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região, "in verbis": e FGTS, apenas no período contratual anterior à vigência da Lei
BASE DE CÁLCULO. no percentual de 10% (dez por cento) a incidir sobre 50% do
A forma de apuração dos honorários advocatícios de sucumbência montante da liquidação. Ao patrono da parte reclamada, o
recíproca deve considerar sempre o valor da condenação, com percentual de 10% (dez por cento) deverá incidir sobre 50% do
Assim, considerando, de um lado, a procedência do pedido das exigibilidade dos honorários advocatícios de sucumbência devidos
horas extras referentes ao tempo de intervalos térmicos suprimidos, pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois
e, de outro, a sucumbência quanto ao pleito de retificação do PPP e anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
demais documentos, a proporcionalidade do rateio em favor do certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
patrono da parte reclamante será equivalente a 50% sobre o insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
montante da liquidação. Por sua vez, o rateio proporcional em favor extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
do patrono da parte reclamada será equivalente a 50% sobre o O crédito trabalhista deverá ser atualizado pelo índice IPCA-E na
montante da liquidação. fase pré-judicial, e pela taxa SELIC a partir da citação, conforme
Nada obstante, o Pleno deste Tribunal, no bojo da Arguição de decisão do STF(ADIn 5.867/DF, ADIn 6.021/DF, ADC 58/DF, ADC
inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por ofensa às Contribuições previdenciárias a serem recolhidas com observância
garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III (dignidade da do disposto no art. 276, § 4º, do Decreto nº 3.048/99, que
regulamenta a Lei nº 8.212/91, autorizado o empregador a proceder O crédito trabalhista deverá ser atualizado pelo índice IPCA-E na
com a retenção da cota atribuída ao empregado, conforme alíquotas fase pré-judicial, e pela taxa SELIC a partir da citação, conforme
definidas em lei. Indenizatórias as verbas descritas no art. 28, §9º, decisão do STF(ADIn 5.867/DF, ADIn 6.021/DF, ADC 58/DF, ADC
Imposto de renda a ser retido e recolhido pelo empregador, do disposto no art. 276, § 4º, do Decreto nº 3.048/99, que
consoante art. 46 da Lei nº 8.541/1992 e Provimento nº 01/1996 da regulamenta a Lei nº 8.212/91, autorizado o empregador a proceder
CGJT, sempre observadas as faixas de isenção. Observância ao com a retenção da cota atribuída ao empregado, conforme alíquotas
entendimento contido na OJ n.º 400 da SBDI-1 do TST. definidas em lei. Indenizatórias as verbas descritas no art. 28, §9º,
Liquidação por cálculos. da Lei nº 8.212/91, salariais as demais, para fins de contribuição
calculadas sobre o valor de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais), Imposto de renda a ser retido e recolhido pelo empregador,
arbitrado para fins de condenação, a cargo da reclamada. consoante art. 46 da Lei nº 8.541/1992 e Provimento nº 01/1996 da
parcial provimento para condenar a reclamada ao pagamento de JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
limites da exordial. Devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
É O RELATÓRIO.
MUNICÍPIO DE CRATEÚS. COMPETÊNCIA MATERIAL DA
Desta forma, o reconhecimento da competência desta Justiça em sentença versam sobre parcela nunca antes recebida pelo (a)
Laboral não vai de encontro ao julgamento preferido pelo STF na reclamante, nada havendo a compensar.
ADI nº 3.395-6, tendo em vista que referida decisão não proíbe Indevida a multa do art. 467, porquanto controvertida a matéria
expressamente a formação de vínculo empregatício entre a objeto da prefacial pela parte reclamada."
Administração Pública e seus servidores. Tal posicionamento é no Merece ser mantida a sentença de origem.
sentido de ser da Justiça Estadual a competência para apreciar as Com efeito, não há prova nos autos de que o trabalhador gozava de
causas instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele folga compensatória pelo labor prestado aos domingos. Antes,
vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter restou incontroverso que a jornada de trabalho do reclamante era
jurídico-administrativo, o que não ocorre no caso em tela. praticada de segunda a domingo, das 18 às 22 horas.
Assim, enquanto regido o autor pelo regime celetista, tem-se por A tese de defesa é no sentido da compensação pelo pagamento de
competente esta Justiça Especializada para conhecer, processar e salário correspondente a 44 horas semanais, enquanto o labor
julgar a demanda. efetivo era de 28 horas semanais, requerendo que "os valores
3.1. DO TRABALHO AOS DOMINGOS. PAGAMENTO EM domingo trabalhado, por ser a melhor medida de justiça."
Insurge-se, o Município de Crateús, contra a condenação ao confunde com o direito do trabalhador ao gozo da folga
pagamento em dobro dos domingos laborados pelo reclamante. correspondente ao domingo trabalhado, visto não atender à
Sustenta que "o reclamante deveria trabalhar 44 horas semanais, Constituição Federal, em seu art.7º, inciso XV, que assegura aos
porém, só trabalha 28 horas semanais, ficando 16 horas a ser trabalhadores o direito ao "repouso semanal remunerado,
requerido para pagamento em dobro, deverá está incluído na Portanto, correta a condenação do demandado ao pagamento em
compensação das horas que deveria trabalhar." dobro concernente aos dias de domingo trabalhados, nos termos da
"Incontroverso nos autos que o(a) autor(a), concursado(a) do ''O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado,
Município de Crateús e sujeito ao regime celetista exercendo a deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao
O ente público reclamado não comprovou a existência de folga Improcede a alegação de litigância de má-fé pelo fato de o
semanal ao reclamante. reclamante ter se utilizado da faculdade processual que lhe confere
Ademais, a prova oral corroborou a tese da prefacial, consoante o ordenamento jurídico, para deduzir em juízo pretensão que
relatos a seguir transcritos: entendia fazer jus. Tal procedimento corresponde ao regular
(...) "que sua pessoa e o Sr. Marcos Rodrigues possuem uma exercício do direito de ação, constitucionalmente protegido.
jornada de 4h por dia, de domingo a domingo; que não recebem o 3.3. DA COMPENSAÇÃO.
pagamento dos domingos laborados;(...)"(Testemunha Sr. Francisco Consoante entendeu o magistrado de origem, nada há para ser
das Chagas Carlos Leitão). compensado uma vez que o título deferido em sentença versa sobre
Assim, restando provado que o reclamante labora aos domingos, parcela nunca antes recebida pelo reclamante.
sem folga compensatória semanal, faz jus ao pagamento em dobro 3.4. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS.
dos domingos trabalhados pelo período contratual vigente entre Indevido o pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais ao
29/03/2019 a 11/12/2020, considerando os limites do pedido, patrono do reclamado, uma vez que não houve sucumbência do
"O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, Registre-se que a sucumbência recíproca deve ser entendida como
deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao o indeferimento de parte dos pedidos principais formulados pelo
repouso semanal" autor, sendo que, no caso vertente, apenas a multa do art.467 da
Indefiro o pedido de compensação, uma vez que o título deferido CLT foi indeferida pelo Juízo, penalidade de ordem processual, que,
PODER JUDICIÁRIO
DISPOSITIVO
JUSTIÇA DO
EMENTA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666/93,
TRIBUNAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO por unanimidade, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações
conhecer parcialmente do recurso ordinário do reclamado, rejeitar a contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A
preliminar de incompetência absoluta em razão da matéria, e, no aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
mérito, negar-lhe provimento. Participaram do julgamento os obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José contratada. Entendimento da Súmula 331, V, do c. TST. Verifica-se,
Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. no caso concreto, a omissão do ente público tomador dos serviços
Presente ainda representante do Ministério Público do Trabalho. quanto ao poder-dever de fiscalizar as obrigações contratuais da
Fortaleza, 12 de agosto de 2021 empresa prestadora de serviços, com a adoção das medidas
Relator bojo da ADC 58, fixou tese vinculante no sentido de considerar que
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO Trabalho deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução
seu público, o critério ideal de atualização monetária, notadamente - interpôs recurso ordinário (ID. cde10ae), suscitando preliminares
para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no de ilegitimidade passiva e inadequação da via eleita. No mérito,
decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente rebateu a sua condenação de forma subsidiária, alegando que a
considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta responsabilidade pelo pagamento dos encargos trabalhistas é
ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode imputável somente à empresa contratada, não sendo transferida à
-se assentar que, para os casos em que a disputa da correção Administração Pública. Outrossim, arguiu violação ao art. 37, § 6º
monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister: (i) da CF. Refutou os honorários advocatícios e vale-transporte.
determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive) A reclamante interpôs recurso adesivo (ID.98bb628), afirmando que
e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então faz jus ao auxílio-alimentação dos meses de novembro e dezembro
(inclusive), como entendeu o C. STF; (ii) se se demonstrar, em sede de 2015, bem como à diferença do vale transporte de dezembro de
atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer Contrarrazões apresentadas pela UFC sob ID. 38bc934.
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando- No parecer de ID.920e6a8, o Ministério Público do Trabalho
se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de recomendou a aplicação do entendimento constante da ADC-16 e
suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art. É O RELATÓRIO.
404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito 1. RECURSO ORDINÁRIO DA UFC
Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, Recurso tempestivo, representação regular e preparo inexigível.
IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais Preenchidos os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). admissibilidade recursal, merece conhecimento o apelo.
pagamento de vale alimentação, comprovadamente pago com base A legitimidade é auferida in abstrato, à luz da teoria da asserção.
em prova documental. RECURSO ADESIVO IMPROVIDO. Assim, apontada a UFC como tomadora dos serviços, sua
O MM. Juízo da 7ª Vara do Trabalho de Fortaleza julgou inadequação da via eleita, tendo em vista que a reclamatória
parcialmente procedentes formulados por IRISMAR ROQUE DA trabalhista não se presta para a exigência de salários de
SILVA, para condenar o primeiro reclamado - INSTITUTO empregados declaradamente participantes de movimento grevista.
COMPARTILHA - e, subsidiariamente, a segunda reclamada - (...)Registre-se que o dissídio de greve necessário para disciplinar
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - ao pagamento das as relações obrigacionais fora ajuizado pela UFC e tramita no
seguintes parcelas: a) FGTS sobre salários de novembro e Tribunal Regional do Trabalho da 7ª região, sendo certo que haveria
dezembro de 2015, e sobre gratificação natalina de 2015; b) de ser nessa ação coletiva que a questão salarial deveria ser
novembro de 2015; e c) honorários advocatícios de 15% sobre o Razão não lhe assiste.
montante condenatório (ID.9d52146). Com efeito, não há se falar em inadequação da via eleita, visto que
Irresignada, a segunda reclamada - Universidade Federal do Ceará a reclamante não está pleiteando os salários do período do
movimento paredista, mas salários e 13º salário do ano de 2015, neste julgado.
dentre outros. A matéria ora submetida a exame já foi objeto de apreciação por
Assim, mantém-se a sentença por seu próprios fundamentos, "in este Juízo quando do julgamento da ação cautelar nº 00001685-
"A autarquia reclamada, em preliminar, sustenta que o pedido de responsabilidade subsidiária da UFC pelos fundamentos abaixo
grevista não pode ser objeto de postulação em reclamação "Deveras, as provas colhidas nos autos demonstram que a
trabalhista, inexistindo, por isso, o interesse de agir, na modalidade Universidade Federal do Ceará e a Sameac/Instituto Compartilha
de inadequação da via eleita. mantiveram, por vários anos, desde a década de 1960, contratos
Com efeito, a pretensão deduzida em juízo pela reclamante reclamantes/substituídos para trabalharem no complexo hospitalar
novembro e dezembro, e 13º salário, todos do ano de 2015, sob o É inquestionável, portanto, que a real beneficiária da mão de obra
argumento de que a empregadora, no caso o Instituto Compartilha, dos autores era a UFC e não sua empregadora, posto que se trata,
reconheceu a dívida, tendo inclusive juntado a respectiva folha de como já exposto em tópicos anteriores, de entidade que sequer
pagamento nos autos da ação cautelar nº 0001685- possui patrimônio próprio ou meios para arcar com despesas
Portanto, o objeto da ação não envolve discussão acerca do direito Os recursos financeiros para pagamento de salários e verbas
à percepção de salário relativo aos dias do movimento paredista, rescisórias dos empregados do Instituto Compartilha foram todos
mas pagamento de verba reconhecida como devida pela repassados pela tomadora dos serviços. Registre-se, inclusive, que
Portanto, o interesse processual da parte reclamante é evidente, final coube à Universidade, conforme já exposto anteriormente
dado o inadimplemento da empregadora quanto ao pagamento dos quanto ao teor do Ofício nº 675/2015-GR. Ali, a instituição de ensino
Por isso, rejeita-se a preliminar." verbas rescisórias dos empregados que seriam dispensados.
1.3.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA UFC ineligendo e/ou in vigilando deve responder de forma subsidiária
No ponto, o Exmo. Juiz prolator assim decidiu a questão da pelos créditos trabalhistas não adimplidos pela empresa prestadora
'A reclamante pleiteia a responsabilização subsidiária da das autarquias, das fundações públicas, das sociedades de
Universidade Federal do Ceará - UFC, por ser a tomadora dos economia mista e das empresas públicas. Tal entendimento reflete
serviços, conforme entendimento sintetizado na Súmula nº 331, do a jurisprudência sedimentada na Corte Superior Trabalhista, através
que não existe nem pode existir qualquer relação de emprego com A culpa da instituição de ensino superior demandada é in
a autora, posto que não se submeteu a concurso público. Sustenta, eligendo flagrante, posto que firmou, por mais de 40 (quarenta)
ainda, que o § 1º, do art. 71, da Lei nº 8.666/93, foi declarado anos, contrato de prestação de serviços com entidade privada
constitucional pelo Supremo Tribunal Federal e, por isso, não pode desprovida de qualquer patrimônio, cuja existência e
ser responsabilizada pelo cumprimento de obrigações trabalhistas subsistência sempre dependeu da renovação dos citados
da prestadora de serviços. Acrescenta, também, que apenas contratos. Ou seja, mesmo sabendo que a Sameac/Instituto
manteve contrato administrativo com a empregadora da Compartilha não possui recursos financeiros e patrimônio
demandante, não tendo concorrido com qualquer espécie de culpa suficientes para arcar com o pagamento das despesas
pelos possíveis descumprimentos de obrigações trabalhistas. decorrentes das rescisões contratuais de seus empregados,
À luz da legislação aplicável à espécie e do quadro probante persistiu em renovar os contratos administrativos, apesar dos
produzido nos autos, extrai-se que a universidade reclamada deve diversos questionamentos feitos pelo Tribunal de Contas da
Aliás, conforme exposto no ofício acima citado, a Universidade 927,caput, do CCB/2002, observados os respectivos períodos de
confessa e reconhece ser a responsável pelo pagamento dos vigência), revela que a norma nele inscrita, ao isentar a
créditos trabalhistas dos empregados do Instituto Compartilha, Administração Pública das obrigações trabalhistas decorrentes dos
comprometendo-se a honrar tal obrigação. contratos de prestação de serviços por ela celebrados, não alcança
Não há nos autos qualquer prova de que a Universidade fiscalizava os casos em que o ente público tomador não cumpre sua obrigação
o cumprimento das obrigações trabalhistas a cargo do instituto de fiscalizar a execução do contrato pelo prestador. Nesse quadro,
contratado, o que configura a culpain vigilando. Os contratos a inadimplência da obrigação fiscalizatória da entidade estatal
beiravam eram celebrados ao arrepio da lei, o que culminou, tomadora de serviços no tocante ao preciso cumprimento das
inclusive, em ajuizamento de ação civil coletiva pelo Ministério obrigações trabalhistas e previdenciárias da empresa prestadora de
Público Federal, cujo objeto é justamente o encerramento de tais serviços gera sua responsabilidade subsidiária, em face de sua
O disposto na Lei nº 8.666/93, art. 71, § 1º, afasta apenas sua sobre qualquer pessoa física ou jurídica que, por ato ou omissão
responsabilização direta ou solidária, principalmente quando culposos, cause prejuízos a alguém. Evidenciando-se essa culpain
interpretado sistematicamente com as normas de proteção ao vigilando nos autos, incide a responsabilidade subsidiária, de
trabalhador e com o princípio da moralidade, que deve nortear a natureza subjetiva, prevista nos preceitos legais especificados.
administração pública (art. 37, caput, CF/88). Do contrário, estar-se- Agravo de instrumento desprovido". (TST - 6ª. T - AIRR - 260487-
ia privilegiando os maus administradores, em detrimento dos 40.2010.5.05.0000, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado,
O reconhecimento da constitucionalidade do art. 71, § 1°, da Lei n° Improspera a alegativa da reclamada de afronta ao disposto no art.
8.666/93, pelo Supremo Tribunal Federal quando do julgamento da 37,II, da Lex Fundamentalis, posto que os reclamantes em nenhum
ADC 16/DF, não se constitui em óbice para o reconhecimento da momento postulam o reconhecimento da existência de relação de
responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, já que o emprego com o tomador dos serviços, mas apenas sua
deferimento do pedido baseia-se nos princípios da proteção ao responsabilização, pelos fundamentos já expendidos.
hipossuficiente e na responsabilidade subjetiva civil por ato de A responsabilidade do tomador dos serviços, neste caso, abrange
terceiro, além do disposto nos arts. 1°, III e IV, 37,caput, 170, 173, todas as parcelas devidas aos empregados, inclusive aquelas de
193 e 195, § 3º, da Constituição Federal; arts. 8º, parágrafo único, natureza indenizatória e cominatória, já que concorreu com culpa (in
9º e 455, da CLT; art. 29, IV, 58, III e 67 da Lei nº 8.666/93; e arts. vigilando) para o descumprimento da legislação trabalhista."
186 e 927,caput, do Código Civil Brasileiro. Os fundamentos acima expostos se amoldam perfeitamente à
Este o entendimento trilhado pela atual jurisprudência do C.TST: situação fática da autora, que era empregada do Instituto
VIGILANDO NO QUE TANGE AO CUMPRIMENTO DA Diante do exposto, e tendo em vista que a reclamante colocou
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA POR PARTE sua força de trabalho à disposição da Universidade Federal do
DA EMPRESA TERCEIRIZANTE CONTRATADA - Ceará - UFC, através de contrato de trabalho celebrado com a
COMPATIBILIDADE COM O ART. 71 DA LEI DE LICITAÇÕES - Sameac/Instituto Compartilha, deve a tomadora dos serviços
INCIDÊNCIA DOS ARTS. 159 DO CCB/1916, 186 E 927, CAPUT, responder, DE FORMA SUBSIDIÁRIA, pelo cumprimento das
quanto às verbas trabalhistas e previdenciárias devidas ao Outrossim, é certo que a Universidade Federal do Ceará - UFC
trabalhador terceirizado não transfere a responsabilidade por tais e o Instituto Compartilha já depositaram nos autos da ação
verbas para a entidade estatal tomadora de serviços, a teor do cautelar nº 0001685-79.2015.5.07.0007 valores destinados ao
disposto no art. 71 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações), cuja pagamento de créditos dos empregados e ex-empregados do
constitucionalidade foi declarada pelo Supremo Tribunal Federal na Instituto Compartilha. Contudo, não se pode aferir, ainda, se tal
ADC nº 16-DF. Entretanto, a interpretação sistemática desse valor é suficiente para quitar todos os créditos trabalhistas dos
dispositivo, em conjunto com os demais preceitos que regem a empregados que ainda se encontram em atividade. Por isso, a
matéria (arts. 58, III, e 67 da Lei 8.666/93; 159 do CCB/1916, 186 e responsabilidade subsidiária abarca os valores que porventura
No caso "sub examine", é incontroverso que a reclamante foi responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
contratada pelo INSTITUTO COMPARTILHA/SAMEAC, na função obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, desde 01/07/1990. Ressalte-se que a referida súmula tem como referência o próprio
Na verdade, a responsabilidade subsidiária do ente público tomador artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que, ao vedar a transferência da
de serviços encontra amparo na teoria da responsabilidade civil responsabilidade pelos encargos aos entes públicos, parte da
subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, "caput", do Código Civil, que premissa de que houve cautela da Administração Pública em
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência bem como em fiscalizar o cumprimento das obrigações contratuais
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que e legais da contratada como empregadora.
exclusivamente moral, comete ato ilícito." Portanto, a responsabilidade subsidiária do ente público não viola o
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, o qual, em decisão recente
outrem, fica obrigado a repará-lo." proferida na ADC 16 pelo Supremo Tribunal Federal, foi declarado
Administração Pública, cabe a esta a obrigação de acompanhar e Com efeito, a interpretação sistemática do art. 71, § 1º, da Lei nº
fiscalizar a execução dos contratos administrativos de prestação de 8.666/93, com os dispositivos legais acima citados, revela que a
serviços, conforme dispõe expressamente o artigo 67 da Lei nº norma ali assentada, ao isentar o ente público das obrigações
Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de ele celebrados, não alcança as hipóteses em que o mesmo não
medidas atinentes à regularização do contrato configura a cumpre a sua obrigação de fiscalizar a execução do contrato pelo
denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando prestador dos serviços.
a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas Nos termos da própria Lei nº 8.666/93, o ente público tem o dever
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização habilitação em licitação (art. 27, III, c/c art. 31); a habilitação
do contrato competia ao ente da Administração Pública, por possuir preliminar (art. 51); o contrato e suas cláusulas (arts. 54 e 55) e
melhor aptidão, "in casu", para a produção da prova. eventual prestação de garantia (art. 56), tudo em termos formais
Entender de outra forma, isto é, que caberia ao trabalhador (art. 61); o cumprimento do contrato (arts. 67 e 68); hipóteses de
comprovar a omissão do ente público, seria atribuir-lhe ônus inexecução (art. 77); e os motivos para eventual rescisão do
probatório diabólico, vez que a prova a ser produzida é de fato contrato (art. 78).
Portanto, a conduta culposa "in vigilando" autoriza atribuir à poder-dever de fiscalizar o cumprimento oportuno e integral de
recorrente o dever de garantir, de forma subsidiária, o cumprimento todas as obrigações assumidas pelo contratado, dentre elas,
dos encargos trabalhistas, conforme a orientação contida na obviamente, as que decorrem da observância das normas
Súmula nº 331 do Colendo TST, em seu novel item V, sem prejuízo trabalhistas em relação aos trabalhadores que prestarem serviços
da ação regressiva que couber contra o obrigado principal. Reza a como terceirizados seus (empregados do contratado).
"SUM. 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. são as disposições contidas na Instrução Normativa 02/2008 do
LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), com as
redação)- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 modificações da IN 03/2009, de caráter vinculativo a todos os
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, Nos artigos 31 e seguintes, a IN 02/2008 versa sobre o
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das acompanhamento e a fiscalização dos contratos de terceirização,
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na determinando expressamente a exigência da comprovação do
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da cumprimento das obrigações trabalhistas mês a mês, "verbis":
"Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e recorrente decorrente da falha na fiscalização do cumprimento da
fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam legislação trabalhista pela empresa prestadora de serviços, razão
a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso: pela qual impende confirmar a responsabilidade subsidiária da UFC
§ 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e O caso aqui, como visto, não é de aplicação da Súmula 363 do
sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos colendo TST, mas da Súmula 331 daquela Corte Superior
trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes Trabalhista, que versa sobre responsabilização do tomador
I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis direitos trabalhistas e rescisórios pela empresa prestadora de mão
a) Recolhimento da contribuição previdenciária estabelecida para o a Administração Pública, de pessoa admitida sem concurso público,
empregador e de seus empregados, conforme dispõe o artigo 195, nos exatos termos do art. 37, II, da CF, mas apenas de
§ 3º, da Constituição Federal, sob pena de rescisão contratual. responsabilização trabalhista subsidiária de ente público.
b) recolhimento do FGTS, referente ao mês anterior; 1.3.2. DO VALE TRANSPORTE DO MÊS DE NOVEMBRO DE
mês anterior;
d) fornecimento de vale-transporte e auxílio alimentação quando Ao contrário do alegado pela recorrente, o extrato acostado aos
cabível; autos pelo SINDIÔNIBUS (id. dfd93a3) não mostra o crédito do vale
f) concessão de férias e correspondente pagamento do adicional de Acertada, pois, a sentença, assim fundamentada:
férias, na forma da Lei; "A reclamante alega, ainda, que também não recebeu os créditos
g) realização de exames admissionais e demissionais periódicos, referentes a vale-transporte dos meses de novembro e dezembro
h) eventuais cursos de treinamento e reciclagem; A empregadora contestou o pedido alegando que o crédito foi pago.
i) encaminhamento das informações trabalhistas exigidas pela Em resposta a ofício emitido por este Juízo, o Sindiônibus forneceu
legislação, tais como a RAIS e a CAGED; o extrato do valor creditado em favor da parte autora a título de vale
j) cumprimento das obrigações contidas em convenção coletiva, -transporte, contudo, apenas no que se refere ao mês de dezembro
k) cumprimento das demais obrigações dispostas na CLT em Relativamente ao mês de novembro de 2015, não há nos autos
relação aos empregados vinculados ao contrato." qualquer comprovação de que o valor do benefício foi
preceitos da Lei nº 8666/93 e suas regulamentações devem ser Portanto, condenam-se os reclamados no pagamento de
formalmente registradas pela Administração, formando prova pré- indenização a título de vale-transporte, no valor de R$ 297,00
constituída. Consequentemente, no processo judicial, ela assume o (duzentos e noventa e sete reais), referente ao mês de novembro
dever de trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a de 2015, conforme pedido.
No caso dos autos, há de se destacar que não foram adotadas 1.3.3. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
medidas ou qualquer meio capaz de atestar a eficiência da Acerca da matéria, consignou a decisão de origem, "verbis":
Assim sendo, o ente público tomador dos serviços nada colacionou declarou nos autos seu estado de hipossuficiência.
aos autos que demonstrasse o efetivo acompanhamento, a Assim, considerando que restaram preenchidos os requisitos
fiscalização e a adoção das medidas imprescindíveis à garantia do cumulativos exigidos pelo art. 14, da Lei nº 5.584/70 e em
cumprimento dos direitos laborais dos trabalhadores terceirizados, conformidade com o entendimento jurisprudencial cristalizado nas
como lhe permite o art. 58, III e IV, da Lei de Licitações. Súmulas nº 219 e 329, do colendo TST, e Súmula nº 02, do Egrégio
Resta, pois, plenamente evidenciada a culpa in vigilando da TRT da 7ªRegião, condeno os reclamados no pagamento de
honorários advocatícios sucumbenciais, ora fixados em 15% (quinze esteve em causa), a decisão afastou a incidência dos juros de mora
por cento) do montante condenatório, observada a responsabilidade à base de 12% a.a. (mesmo porque a Selic já "embute" juros); e,
subsidiária da Universidade Federal do Ceará - UFC." desse modo, tornou o crédito trabalhista um dos mais "baratos" do
Ressalta-se, de início, que a presente ação foi ajuizada no dia mercado (conquanto essencialmente alimentar), favorecendo
25/04/2016, antes, portanto, da entrada em vigor da Lei sensivelmente a posição jurídica do devedor trabalhista. Os
Pois bem, consoante o entendimento jurisprudencial cristalizado nas totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o
Súmulas 219 e 329 do TST, a condenação ao pagamento de IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic
honorários advocatícios não decorria da mera sucumbência, acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a
exigindo-se do empregado que fosse beneficiário da justiça gratuita 12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E
e que estivesse assistido pelo sindicato da sua categoria com juros (1%) chega a 15,86%.
Assim, merece ser mantida a sentença, haja vista o preenchimento dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo
dos requisitos mencionados. Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas
1.3.4. DOS JUROS DE MORA é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão,
Aduz a recorrente que "o art. 39, § 1º, da Lei nº 8.177/1991, NÃO especialmente para equacionar aspectos omissos ou dúbios do
MAIS SE APLICA ÀS CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões
PÚBLICA, prevalecendo o disposto no art. 1º -F, da Lei nº 9.494/97, principais desde logo se colocaram:
com a alteração decorrente da Lei 11.960/2009". (a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga
Sem razão. omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja
No caso em tela, o ente público foi condenado subsidiariamente suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente
pelas obrigações trabalhistas devidas pelo empregador, restando razoável, com a competente remuneração do capital?
inaplicável, portanto, a limitação dos juros prevista no art. 1º-F da (b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa
Lei nº 9.494/97. corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante
Nessa senda, a Orientação Jurisprudencial nº 382 da SBDI-1/TST, da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive
"JUROS DE MORA. ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494, DE 10.09.1997. (c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em
INAPLICABILIDADE À FAZENDA PÚBLICA QUANDO que não se tenha adotado na sentença ou no acórdão qualquer
CONDENADA SUBSIDIARIAMENTE. (DEJT divulgado em 19, 20 e índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic?
22.04.2010). A Fazenda Pública, quando condenada (d) para os casos de trânsito em julgado do capítulo relativo à
subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas devidas pela atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória
empregadora principal, não se beneficia da limitação dos juros, (i.e., em se tratando de coisa ainda não soberanamente julgada,
prevista no art. 1º-F da Lei nº 9.494, de 10.09.1997." antes do biênio posterior à data do trânsito), será cabível o
Destarte, recurso improvido, no tópico. respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao
1.3.5. DA CORREÇÃO MONETÁRIA menos no interregno endoprocessual), sob a hipótese do art. 966,
econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação independe, (e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos
De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor
um fator de correção monetária adequado, especialmente para e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e
créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da
relativa da capacidade de compra da moeda, mas, ao revés, a CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV,
variação das taxas de juros apuradas nas operações de do CPC/2015, como ainda, "per analogiam", o próprio art. 600 da
empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça
federais como garantia. Mas a distorção exsurgiu ainda mais social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem
gritante; ao assim decidir, alcançando o art. 883 da CLT (que nunca responder como segue.
A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na Os reclamados contestaram o pedido alegando que tal benefício foi
https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/indicepreco, acesso em Por se tratar de fato extintivo do direito perseguido pela parte
26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente autora, incumbia aos reclamados a prova de suas alegações.
para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no E de tal encargo se desoneraram a contento.
decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente Realmente, a Universidade Federal do Ceará juntou aos autos os
considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta comprovantes de crédito dos valores referentes a auxílio-
ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode alimentação dos meses de novembro e dezembro de 2015 em favor
-se assentar que, para os casos em que a disputa da correção da autora, conforme se verifica dos documentos de IDs a03e878 -
(i) determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação Registre-se que os citados documentos apontam a data do
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de respectivo crédito. Não há nos autos qualquer prova de que os
então (inclusive), como entendeu o C. STF; valores não foram disponibilizados no cartão da reclamante.
(ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a Diante do exposto, a documentação citada é suficiente para
correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. comprovar o cumprimento da obrigação da empregadora.
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, Improcede, por isso, o pedido."
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a Portanto, confrontando-se os extratos de pagamento e relatório do
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor Ticket adunados aos autos sob ID's. ID. a59a44a - Pág. 5,a03e878
responder por uma indenização suplementar até esse limite, - Pág. 5 e 4f5f9fb- Pág. 5, verifica-se que o vale alimentação foi
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código devidamente quitado, ônus probante do qual se desincumbiram os
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in reclamados, nos termos do artigo 373, I, do CPC e 818 da CLT.
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos Assim, escorreita a decisão.
(iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do 2.2.2. DA DIFERENÇA DO VALOR REFERENTE AO VALE
processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente TRANSPORTE DE DEZEMBRO DE 2015
devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao Pugna a recorrente pela diferença do vale transporte referente ao
crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência mês de dezembro de 2015, alegando que o documento de ID nº
(IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, dfd93a3 não comprova o pagamento do valor correto do vale
art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais transporte, que é de R$ 297,00 por mês.
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
2. RECURSO ADESIVO DA RECLAMANTE Com efeito, o vale transporte de R$ 100,80, consignado no extrato
2.1. ADMISSIBILIDADE acostado aos autos sob ID. dfd93a3, refere-se aos dias do mês de
Tempestivo, regular a representação e de preparo inexigível, de se dezembro/2015 que a reclamante, efetivamente, deslocou-se para o
DE 2015
auxílio alimentação.
A sentença foi proferida nos seguintes fundamentos: preliminares de ilegitimidade passiva e inadequação da via eleita.
''A reclamante alega que não lhe foram concedidos os vales- No mérito, dar parcial provimento ao recurso da reclamada para: (i)
alimentação referentes aos meses de novembro e dezembro de determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive)
(inclusive), como entendeu o C. STF; (ii) se se demonstrar, em sede tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo
de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior à para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e
atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando- principal corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e
se esse mesmo interregno (entre a citação e a própria conta de Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93,
liquidação), caberá ao devedor responder por uma indenização IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art. abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo Ademais, negar provimento ao apelo da reclamante. Participaram
-se a "restitutio in integrum" (já que os juros de mora estarão do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho
"embutidos", para todos os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria
tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do processo Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério
já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito Fortaleza, 12 de agosto de 2021
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Diretor de Secretaria
Processo Nº RORSum-0000872-13.2020.5.07.0028
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DO
CEARA
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
5864/CE)
RECORRIDO JOSE HENRIQUE JORGE GARCIA
ADVOGADO RIKALINE PATRICIO DE
OLIVEIRA(OAB: 42546/CE)
RECORRIDO IVSON DE ARAUJO BANDEIRA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO EIRELI
ADVOGADO KELMA CARVALHO DE FARIA(OAB:
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por 1053-B/PE)
unanimidade, conhecer dos recursos ordinário e adesivo, rejeitar as ADVOGADO Silvio Emanuel Victor da Silva(OAB:
9952-D/PE)
preliminares de ilegitimidade passiva e inadequação da via eleita. ADVOGADO ALEXANDRE CÉSAR FIGUEIREDO
SILVA(OAB: 14123/PE)
No mérito, dar parcial provimento ao recurso da reclamada para: (i)
ADVOGADO FREDERICO CARNEIRO LEAL DIAS
determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação (exclusive) PEREIRA(OAB: 25241/PE)
ADVOGADO EDUARDO JORGE AMORIM DO
e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de então SOUTO(OAB: 34528/PE)
(inclusive), como entendeu o C. STF; (ii) se se demonstrar, em sede
Intimado(s)/Citado(s):
de Iiquidação de sentença, que a correção pela Selic é inferior à
- JOSE HENRIQUE JORGE GARCIA
atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. (juros mínimos para qualquer
dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, art. 161, §1o), considerando-
suplementar até esse limite, inclusive "ex officio", nos termos do art. JUSTIÇA DO
404, par. único, do Código Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
RELATÓRIO em seus arts. 58, inciso III, e 67, "caput" e § 1º, impõe
Dispensado da elaboração do relatório, a teor do artigo 852-I da execução dos contratos administrativos, como se verifica dos seus
prerrogativa de:
FUNDAMENTAÇÃO (...)
(...).
admissibilidade, merece conhecimento o apelo. designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
Pugna a recorrente a COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARA pela §1º O representante da Administração anotará em registro próprio
declaração da sua ilegitimidade passiva, alegando a inexistência de todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato,
vínculo empregatício entre ela e o recorrido. determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
teoria da asserção, adotada pelo nosso sistema legal para a Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de
verificação das condições da ação, é aferida com fulcro nas medidas atinentes à regularização do contrato configura a
afirmações da peça vestibular, ou seja, a legitimidade das partes é a denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando
pertinência subjetiva da ação que deve ser analisada em abstrato, a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas
De par com isso, extrai-se, da peça inicial, que o autor busca a Licitações, declarado constitucional pelo STF, na ADC nº 16,
responsabilização subsidiária da empresa recorrente como pressupõe o cumprimento de todas as obrigações assumidas pelo
tomadora e beneficiária dos serviços prestados pelo obreiro, com ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista,
fundamento na Súmula 331 do TST. Nesse sentido é que a como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe:
insurgência preliminar da segunda reclamada mais se amolda com "Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
o próprio mérito da lide. acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
Legitimidade, portanto, que se reconhece, rejeitando-se a preliminar respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução
3. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA ENEL Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim, 'verbis':
A respeito da responsabilidade subsidiária da Companhia "(...), a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além
Energética do Ceará, ente da Administração Pública Indireta, do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os
importa ressaltar que encontra amparo na teoria da aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto
responsabilidade civil subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da
do Código Civil, que prescrevem: empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de
habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo." (apud demonstrar a prova da qualificação econômico-financeira para
Súmula n.331, IV e V, do TST: a Responsabilidade da habilitação em licitação (art. 27, III, c/c art. 31); a habilitação
Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo preliminar (art. 51); o contrato e suas cláusulas (arts. 54 e 55) e
Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do eventual prestação de garantia (art. 56), tudo em termos formais
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização inexecução (art. 77); e os motivos para eventual rescisão do
vista que o ordenamento jurídico expressamente lhe impõe essa Os artigos mencionados impõem à Administração contratante o
obrigação. Portanto, a conduta culposa 'in vigilando' autoriza atribuir poder-dever de fiscalizar o cumprimento oportuno e integral de
ao ente público o dever de garantir, de forma subsidiária, o todas as obrigações assumidas pelo contratado, dentre elas,
cumprimento dos encargos trabalhistas, conforme a orientação obviamente, as que decorrem da observância das normas
contida na Súmula nº 331 do Colendo TST, em seu novel item V, trabalhistas em relação aos trabalhadores que prestarem serviços
sem prejuízo da ação regressiva que couber contra o obrigado como terceirizados seus (empregados do contratado).
principal. Reza a mencionada jurisprudência: Na mesma linha, a exigir da Administração um padrão fiscalizatório,
"SUM. 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. são as disposições contidas na Instrução Normativa 02/2008 do
LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), com as
redação)- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 modificações da IN 03/2009, de caráter vinculativo a todos os
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, Nos artigos 31 e seguintes, a IN 02/2008 versa sobre o
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das acompanhamento e a fiscalização dos contratos de terceirização,
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na determinando expressamente a exigência da comprovação do
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da cumprimento das obrigações trabalhistas mês a mês, 'verbis':
prestadora de serviço como empregadora. A aludida "Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso:
contratada." (...)
Ressalte-se, outrossim, que a referida súmula tem como referência § 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e
o próprio artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que, ao vedar a sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos
transferência da responsabilidade pelos encargos aos entes trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes
Pública em contratar apenas empresas idôneas para prestação de I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do
contratuais e legais da contratada como empregadora. Portanto, a a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá
responsabilidade subsidiária do ente público não viola o art. 71, § apresentar a seguinte documentação:
1º, da Lei nº 8.666/1993, o qual, em decisão recente proferida na 1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou
ADC 16 pelo Supremo Tribunal Federal, foi declarado função, horário do posto de trabalho, números da carteira de
Com efeito, a interpretação sistemática do art. 71, § 1º, da Lei nº (CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos
8.666/93, com os dispositivos legais acima citados, revela que a serviços, quando for o caso;
norma ali assentada, ao isentar o ente público das obrigações 2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos
trabalhistas decorrentes dos contratos de prestação de serviços por empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela execução
ele celebrados, não alcança as hipóteses em que o mesmo não dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela
Nos termos da própria Lei 8.666/93, o ente público tem o dever de que prestarão os serviços;
b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos Realmente, pelo princípio da aptidão para aprova, é do ente da
serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos Administração Pública Direta ou Indireta o ônus da prova da
seguintes documentos, quando não for possível a verificação da fiscalização do contrato firmado com a prestadora de serviços
regularidade dos mesmos no Sistema de Cadastro de Fornecedores Ademais, há de se destacar que não foram adotadas medidas
1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social; serviços, a imposição das sanções administrativas cabíveis, o
2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da bloqueio dos valores previstos no contrato de prestação de serviços
3. certidões que comprovem a regularidade perante as Fazendas prestação de serviços, ou qualquer meio capaz de atestar a
4. Certidão de Regularidade do FGTS - CRF; e Assim sendo, o ente público tomador dos serviços nada colacionou
5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT; aos autos que demonstrasse o efetivo acompanhamento, a
c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos fiscalização e a adoção das medidas imprescindíveis à garantia do
1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a lhe permite o art. 58, III e IV, da Lei de Licitações, sendo imperioso
critério da Administração contratante; reconhecer a sua responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos
2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da créditos decorrentes da presente ação.
prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou Destarte, recurso improvido.
entidade contratante;
por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho, Voto por conhecer do recurso ordinário, afastar a preliminar de
relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer ilegitimidade passiva suscitada e lhe negar provimento.
empregado; e
4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados." TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Necessário pontuar também que a observância de todos os unanimidade,conhecer do recurso ordinário, afastar a preliminar de
preceitos da Lei 8666/93 e suas regulamentações devem ser ilegitimidade passiva suscitada e lhe negar provimento. Participaram
formalmente registradas pela Administração, formando prova pré- do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho
constituída. Consequentemente, no processo judicial, ela assume o (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria
dever de trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. nos autos de que o reclamante recebia comissões, devidas são as
PROVIDO.
Processo Nº ROT-0000858-17.2019.5.07.0011
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE FRANCISCO JOSE DE LIMA
SIQUEIRA JUNIOR
ADVOGADO RUDÁ BEZERRA DE RELATÓRIO
CARVALHO(OAB: 20502/CE)
RECORRIDO M. C. SIQUEIRA TECNOLOGIA EM
ELEVADORES LTDA - ME
ADVOGADO LUCAS MOREIRA DOS
SANTOS(OAB: 27273/CE) Trata-se de recurso ordinário interposto por FRANCISCO JOSÉ DE
PERITO DANIEL NUNES OLIVEIRA LIMA SIQUEIRA JÚNIOR contra a sentença (ID. c0a0fb2), que
EMENTA seguinte: a) labor de duas horas extras por dia, durante todo o
CARACTERIZADA. Verificado que o autor apenas exercitou o seu periculosidade pelo trabalho com instalações elétricas;
direito constitucional de livre acesso ao Poder Judiciário (artigo 5º, e)indenização por danos morais, por ter sido vítima de
incisos XXXIV e XXXV, da CF), demandando em juízo o que xingamentos, ameaças e calúnias; e f) direito à multa do art. 477 da
entendia lhe ser devido, afasta-se a litigância de má-fé declarada na CLT e aos honorários advocatícios.
sentença e exclui-se a condenação ao pagamento da multa de 1% Contrarrazões apresentadas sob ID. b39e995.
nos autos prova cabal acerca do labor extraordinário alegado na Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, merece
2.1. DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - NULIDADE DA SENTENÇA Parágrafo único - O dispositivo neste artigo não se aplica para fins
Aduz o reclamante que o Juízo de origem o considerou litigante de de prova em processo penal."
má-fé sem fundamentar sua decisão. Destarte, pugna pela nulidade Aplicável, outrossim, ao Processo do Trabalho o art. 99, § 3º, do
litigância de má-fé, na medida em que este apenas exercitou o seu No caso vertente, o reclamante colacionou a declaração de
direito constitucional de livre acesso ao Poder Judiciário (artigo 5º, hipossuficiência econômica (ID. 85190d9), não havendo nos autos
incisos XXXIV e XXXV, da CF), demandando em juízo o que lhe elemento capaz de infirmar a veracidade das suas afirmações.
Destaque-se que a improcedência dos pedidos, por si só, não benefícios da justiça gratuita.
denota má-fé do autor. Ademais, a má-fé, para ser acolhida, deve 2.3. DA INÉPCIA DOS PEDIDOS ANTERIORES A 01/03/2018
ser cabalmente provada, o que não ocorreu nos presentes autos. Insurge-se o recorrente contra a decisão de primeira instância, que
Todavia, o caso não é de nulidade da sentença, mas de exclusão acolheu a preliminar de inépcia e extinguiu a reclamação trabalhista,
da multa por litigância de má-fé. sem resolução do mérito, quanto aos pedidos anteriores a
Assim, não configurada nenhuma das hipóteses do art. 80, do 01/03/2018, nos termos do art. 330, I, § 1º, I, do CPC.
CPC/2015, reforma-se a sentença, para excluir a condenação do Afirma que são identificáveis os elementos necessários ao
autor ao pagamento da multa por litigância de má-fé de 1% sobre o julgamento da lide e ao contraditório, razão pela qual a petição
Postula o recorrente os benefícios da justiça gratuita. fundamento de que não há causa de pedir quanto aos pedidos
Da sentença, observa-se que a d. magistrada indeferiu o pedido de anteriores a 01/03/2018, senão veja-se:
gratuidade da justiça, por considerar o autor litigante de má-fé. "A ré pretende o reconhecimento da inépcia da exordial uma vez
No tópico anterior, reformou-se a decisão de primeiro grau em face que o reclamante relata fatos de um período, mas pleiteia verbas de
da não configuração da litigância de má-fé, portanto não cabe o período anterior, considerando que admissão ocorreu em
indeferimento do pedido dos benefícios da justiça gratuita. 01/03/2018, como reconhece o próprio autor.
Ademais, estão presentes os requisitos necessários para a De fato, o rol de pedido da exordial abrange questões que envolvem
concessão do benefício em comento. relação fática anterior à contratação. Não havendo pedido de
Com efeito, a presunção objetiva de insuficiência econômica fixada reconhecimento de vínculo anterior, necessário reconhecer a
pela Reforma Trabalhista a partir de um patamar salarial não obsta ausência de causa de pedir dos mesmos.
que o empregado, que perceba além desse valor legalmente Assim, acolho a preliminar de inépcia para julgar extinta a
estabelecido e que não tenha condições de arcar com os custos da reclamação trabalhista, sem resolução do mérito, quanto aos
movimentação da máquina judiciária, venha postular o direito pedidos de férias com 1/3 e 13º salário do período de 01/03/2017 a
constitucionalmente garantido no art. 5º, inciso LXXIV, da CF. 28/02/2018 e demais pretensões relacionadas ao período anterior a
Em verdade, a Lei nº 13.467/17 incluiu o § 4º ao art. 790 da CLT, 01/03/2018, nos termos do art.330, I, §1º, I, do CPC."
dispondo expressamente que "O benefício da justiça gratuita será Acertada a decisão supra.
concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o Da análise da petição inicial, verifica-se que o reclamante vindicou
pagamento das custas do processo". verbas anteriores a 01/03/2018, ou seja, de período anterior à data
Reza, ainda, o art. 1º da Lei nº 7.115, de 29/08/83, que a declaração da sua contratação pelo reclamado, que, aliás, está registrada na
de pobreza, firmada pelo interessado ou por seu procurador, CTPS (ID. ab20e3a). No entanto, não formulou pedido de
reveste-se de presunção de veracidade, senão veja-se: reconhecimento de labor antes da referida data.
"Art. 1º - A declaração destinada a fazer prova de vida, residência, Portanto, mantém-se a sentença, que declarou a inépcia parcial da
pobreza, dependência econômica, homonímia ou bons petição inicial, por falta de causa de pedir.
procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se verdadeira. 3.1. DAS HORAS EXTRAS
Requer o autor a condenação do réu ao pagamento de horas 17h30, de segunda a quinta, e sexta de 7h30 às 16h30, sempre
extras, alegando que laborou 02 (duas) horas extras por dia, com 1 hora de intervalo intrajornada. Aduz que o autor laborava
durante todo o contrato de trabalho. Afirma que havia fiscalização externamente, e que nas esporádicas vezes que comparecia às
da jornada de trabalho, pois tinha que retornar à empresa ao reuniões condominiais para oferecer e vender os produtos e
terminar a prestação de serviços e existia livro de ponto. Sustenta, serviços da empresa, o mesmo descontava no dia seguinte,
ainda, que "A prova dos autos é farta no sentido de comprovar que chegando bem mais tarde ao trabalho.
o autor trabalhou em jornada suplementar durante todo o pacto A defesa sustenta que o autor não faz jus às horas extras em razão
laboral, participando de inúmeras reuniões em condomínios, a do exercício de atividade externa, enquadrada na norma
mando da empresa reclamada - jamais no intuito de angariar excepcional do art. 62, I da CLT.
possíveis novos clientes para qualquer outra empresa". Tratando-se de dispositivo que restringe direitos do trabalhador, sua
Inicialmente, registre-se que o autor não especificou, na exordial, o hermenêutica, ficando a cargo do empregador a prova quanto ao
horário de trabalho, vindo a fazê-lo somente por ocasião do seu exercício de atividade externa, por se tratar de fato impeditivo ao
depoimento em juízo, ou seja, após a apresentação da contestação. direito do autor (art.818 CLT c/c 373, II CPC).
Ademais, a testemunha do autor nada informou acerca da sua A previsão constante naquele dispositivo é meramente relativa, de
jornada de trabalho, e nem poderia, visto que se trata do síndico do modo que, uma vez comprovado o controle, ainda que indireto, dos
Condomínio Maxion Residence, para o qual a empresa ré prestou horários de trabalho, afasta-se a previsão da CLT neste particular.
serviços. Outrossim, o depoente não soube precisar quantas vezes No caso dos autos, verifico que de fato o autor exercia atividade
que "outros técnicos compareceram no condomínio". Da exordial, observo que o reclamante sequer mencionou qual
Quanto às fotos acostadas aos autos pelo demandante, não se era a jornada de trabalho ordinariamente exercida.
prestam para demonstrar o labor extraordinário, porquanto várias Também a testemunha do autor não trouxe argumentos
são anteriores à sua admissão na empresa demandada, algumas capazes de desmistificar os argumentos da ré, não
mostram o obreiro apenas com crachá, e outras sem uniforme e conseguindo precisar a frequência do comparecimento do
Já a testemunha apresentada pelo réu, não obstante tenha "o depoente não entende da parte elétrica; que no condomínio o
confirmado a existência de livro de ponto, asseverou "que o elevador é normal, não sabendo dizer onde ficam as partes
reclamante poderia chegar mais tarde, pois seu horário era flexível; elétricas; que não era comum o reclamante participar de reuniões
que às vezes o reclamante chegava mais tarde porque trabalhava do condomínio; que por algumas vezes o reclamante chegou no
no dia anterior até mais tarde ou porque passou em algum cliente condomínio por volta das 18h e o elevador estava sem funcionar,
antes de comparecer à reclamada". tendo o autor resolvido o problema; que o reclamante fazia um
Destarte, mantém-se a sentença e adota-se seus exatos termos trabalho para o elevador voltar a funcionar, mas não sabe dizer se
como fundamentos de decidir, utilizando, para tanto, da técnica da era algum tipo de manutenção técnicas; que o depoente não
motivação "per relationem", reconhecida pelo Pretório Excelso como prestava atenção, não sabendo dizer se o reclamante levava
plenamente compatível com o texto da Constituição (AI 738.982/PR, ferramentas ou EPIs para realizar o trabalho; que a regra do
Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA - AI 809.147/ES, Rel. Min. CÁRMEN condomínio é que qualquer serviço técnico passe pelo
LÚCIA - AI 814.640/RS, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - conhecimento da administração; que o depoente muitas vezes
ARE 662.029/SE, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 54.513/DF, presenciou o serviço do reclamante; que o condomínio tem 16
Rel. Min. MOREIRA ALVES - MS 28.989-MC/PR, Rel. Min. CELSO elevadores e 20 anos de uso, não sabendo precisar quantas vezes
DE MELLO - RE 37.879/MG, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI - RE os técnicos eram chamados, tinha dias que eram chamados várias
49.074/MA, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI). "In verbis": vezes; que outros técnicos compareceram no condomínio, como o
"Alega o autor que no desempenho da função de supervisor, Sr. Chaguinha, testemunha que está aguardando na sala de espera;
participava de reuniões condominiais e nelas ficava até às 23h a que tinha também o técnico de nome Marcos e outros, não sabendo
serviço da reclamada. Segundo aduz, tinha carga horária diária em precisar os nomes".
2 (duas) horas a mais de sua duração diária de trabalho. A testemunha da ré disse, ademais, que o autor possuía
A ré, em defesa, diz que todos os empregados laboram de 7h30 às jornada flexível e que quando o empregado trabalha de forma
externa, não precisa comparecer na empresa, como se vê: Uma vez não comprovado o trabalho em período extraordinário,
dividido de forma igual; que quando trabalha externamente não Apelo improvido no ponto.
E mesmo que assim não fosse. O próprio autor reconheceu que é comissões de R$ 5.239,00 (média), argumentando o seguinte:
sócio da empresa ELEVARTEC, concorrente da reclamada, que "Inicialmente, o autor anexou todos os documentos condizentes
atualmente supervisiona os elevadores do Condomínio Maxion com o pagamento de remuneração "por fora" do salário. As
Residence, o que leva a crer que o comparecimento do empregado planilhas de IDs db16e40 e 37d7216 foram feitas unilateralmente
naquele local poderia ser tanto para a prestação de serviços à ré, pelo simples motivo de não ter fornecido a empresa reclamada
quanto em uma tentativa de negociação e captação de clientes para quaisquer outros meios hábeis para tal mister.
a empresa da qual é sócio. Todos os dados foram fornecidos com base em valores recebidos
É o que se extrai do seguinte depoimento: pelo autor. A própria parte reclamada aquiesce com a alegação do
"que é sócio de forma informal da empresa ELEVARTEC, autor, informando o valor de R$ 4.721,46.
serviço de manutenção de elevadores na reclamada; (...) que o Diante desta fácil análise e em confronto aos extratos bancários que
Condomínio Maxion Residence, como outros clientes da reclamada, englobam o período de fevereiro/2018 a fevereiro/2019 do
deixaram a ré para ser clientes do depoente na empresa Elevartec; reclamante, percebe-se fidedignamente que o reclamante deveria
que esclarece que os clientes procuraram o depoente para contratar receber a integralização das comissões para com o seu salário.
Também as fotos juntadas pelo autor não são suficientes para testemunho de sua única testemunha, atesta para os devidos fins
a configuração do labor extraordinário, pois muitas dizem que havia o pagamento de comissões, feitas "por fora" do salário,
respeito a período anterior ao vínculo de emprego na ré tendo o autor informado em sua peça inicial a média de valores
(págs.126, 128, 118, 117, 116, 129, 130 e 131) e, outras, apenas recebidos mensalmente."
identificação. Quanto ao salário fixo, não há prova nos autos de que o reclamante
Segundo a testemunha da ré, de nome BEATRIZ DE OLIVEIRA recebia R$ 4.000,00 por mês.
RODRIGUES, o horário do setor comercial é flexível e os Na verdade, a testemunha, que trabalha na empresa ré na mesma
empregados recebiam pelas horas extraordinárias, como se vê do função que o autor ocupava, declarou que percebe salário fixo de
"que o horário do setor comercial é flexível, pois participam de Outrossim, consta, na CTPS do autor, o salário de R$ 1.900,00.
reuniões, mas o horário seria o mesmo, de 7h30min às 17h/18h; Destarte, na ausência de prova em sentido contrário, considera-se
que algumas vezes extrapolavam o horário, em razão das reuniões; que o reclamante percebia salário fixo mensal de R$ 1.900,00 (um
que tinha livro de ponto, mas as horas extras não eram registradas; mil e novecentos reais).
que geralmente recebiam pagamento pelas horas extras; que o No tocante às comissões, merece parcial provimento o apelo.
reclamante poderia chegar mais tarde, pois seu horário era flexível; Na verdade, o reclamante provou o recebimento de comissões,
que às vezes o reclamante chegava mais tarde porque trabalhava contudo não demonstrou a alegada média de R$ 5.239,00 (cinco
no dia anterior até mais tarde ou porque passou em algum cliente mil, duzentos e trinta e nove reais), pois as planilhas, acostadas aos
antes de comparecer à reclamada; que não sabe dizer como era a autos (ID's. db16e40 e 37d7216), tratam-se de documentos
Também as fotos de folhas 120 e 121 do PDF não são suficientes. Com efeito, a testemunha do reclamado afirmou que recebe salário
O depoimento da testemunha da ré esclarece que eventualmente o fixo mais comissões, acrescentando que esta verba é paga
empregado poderia prestar serviços de forma extraordinária, mas o "mediante transferência bancária e não constam no contracheque".
próprio autor não foi capaz de comprovar a quantidade de vezes e a Realmente, da análise dos extratos bancários acostados aos autos,
frequência de vezes em que isso acontecia, o que se extrai da verifica-se depósitos efetuados pelo reclamado na conta do
4.721,46 referente a comissões. Supervisor de Vendas com a função de Assistente Técnico pois,
Apenas por amor ao debate, destaca-se que não foram incluídos no segundo alega, foi contratado para supervisionar as vendas,
cálculo das comissões os valores destacados pelo Recorrente que coordenar e implementar campanhas promocionais e não prestar
não tinham identificação da empresa, nem depósitos feitos pelo assistência técnica e outras tarefas específicas do técnico em
próprio favorecido, tendo em vista não ser possível comprovar a elevadores. Pretende também o adicional de periculosidade de
Nesse contexto, reputa-se que o autor percebia comissões na A ré, em sua defesa, alega que de todas as fotos juntadas pelo
média de R$ 4.721,46, as quais não foram computadas no cálculo autor, "as únicas que o mesmo aparece com "a mão na massa"
das verbas trabalhistas auferidas durante todo o contrato de supostamente exercendo função de técnico Fls. 128 e Fls. 130,
trabalho, nem das verbas rescisórias. CONSTAM A DATA DE 07/12/2017, além do fato do reclamante
Portanto,considerando o período contratual de 01/03/2018 a não estar usando a farda da reclamada. Quanto às demais fotos,
26/03/2019, o obreiro faz jus às diferenças de férias integrais NENHUMA caracteriza que o autor esteja exercendo a função de
simples (2018/2019) + 1/3, 13º salário proporcional de 2018 (10/12) técnico pretendida. E as fotos de Fls. 116 a 119, 122, 128 a 131,
eFGTS mensal, bem como às diferenças de verbas rescisórias CONSTA DATA DE PERÍODO QUE O RECLAMANTE NÃO
(aviso prévio, saldo de salário, férias (2/12) +1/3, 13º salário (4/12) e LABORAVA PARA A RECLAMADA".
As verbas deferidas deverão ser apuradas em liquidação por A uma porque as imagens juntadas pela parte autora não são
cálculos com base em R$ 6.621,46 (salário fixo de R$ 1.900,00, capazes de demonstrar o dito acúmulo, pois demonstram apenas a
acrescido da média das comissões no valor de R$ 4.721,46). presença do reclamante naquele local de trabalho, possivelmente
Cumpre esclarecer que se está deferindo apenas as diferenças de supervisionando o trabalho dos técnicos - da mesma forma o vídeo
verbas pagas durante o contrato de trabalho e de verbas juntado no link fornecido pelo "dropbox", que sequer mostra o
5.845,00, recebido pelo autor por ocasião da rescisão contratual. A duas porque é preciso considerar, que nos tempos atuais, as
3.3. DO ACÚMULO DE FUNÇÕES relações de trabalho são dinâmicas e os contratos de trabalho são
Compulsando os autos, verifica-se que o recorrente não provou o multifuncionais, sendo o acúmulo de função admitido apenas nos
acúmulo das funções de supervisor de vendas e assistente técnico. casos em que haja previsão convencional a respeito, hipótese em
Com efeito, a maioria das fotos juntadas por ele são anteriores ao que a própria norma estipula um acréscimo salarial devido ao
início do contrato de trabalho. empregado. Contudo, não é esta a hipótese dos autos.
Ademais, o depoimento da testemunha do autor não serve para Ademais, é possível extrair da prova oral, pelo depoimento da
demonstrar o acúmulo de funções, pois se trata do síndico de um testemunha da reclamada, que no período de março de 2018 a
condomínio, que utilizava os serviços da empresa ré. Outrossim, o março de 2019, era a testemunha BEATRIZ quem encaminhava os
depoente, embora tenha declarado que "o reclamante fazia um técnicos aos condomínios após as solicitações de serviços e,
trabalho para o elevador voltar a funcionar", em seguida afirmou segundo ela, "o reclamante nunca foi encaminhado para realizar os
"mas não sabe dizer se era algum tipo de manutenção técnicas serviços técnicos".
De outra banda, a testemunha do reclamado afirmou "que o condição de síndico do Condomínio Maxion, não foi capaz de
reclamante nunca foi encaminhado para realizar os serviços precisar o desempenho de tal funções pelo autor.
técnicos; que encaminhava técnicos de rota e atendimentos de Uma vez que as fotos, os vídeos e as provas testemunhais não
chamado; que para a depoente nunca chegou solicitação para demonstram que o reclamante exercia funções sobrepostas àquela
que o reclamante fosse em um atendimento técnico". para o qual foi contratado/ uma vez inexistir previsão convencional
Do exposto, depreende-se que o conjunto probatório dos autos não neste sentido; reconheço como verdadeiros os fatos da defesa para
corrobora a tese de acúmulo de funções. rejeitar o pedido do autor de adicional por acúmulo de
"Pretende o reclamante o reconhecimento do acúmulo da função de Aduz o recorrente que faz jus ao adicional de periculosidade, pois
logrou provar o trabalho com instalações elétricas. Desta feita, mantém-se a sentença e adota-se seus fundamentos
Razão não lhe assiste. como complemento das razões de decidir supra, "in verbis":
De efeito, o perito, nomeado pelo juízo, analisou os autos e as "Quanto ao adicional de periculosidade, além de não estar
atividades desempenhadas pelo reclamante, visitou um dos clientes demonstrado que o autor executava atividades de técnico, o parecer
do reclamado, onde o obreiro prestou serviços, e aplicou o direito técnico pericial, ID b7b6c20, concluiu pela inexistência de condições
"1.2 DADOS COLETADOS Baseados nos dados coletados, nos autos do e no conteúdo da
No dia 17de Dezembro de 2019, as 08h00min, este perito Portaria Ministerial 3.214/78, (energia elétrica) e NR16 anexos 4 da
compareceu ao local a ser periciado, o Condomínio Maxion portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso parecer que o
visitas em diversos condomínios, clientes da Reclamada; apresentados não se enquadram para a caracterização de
- Reclamante alega que antes de celebrado contrato, o mesmo insalubridade ou periculosidade, portanto não ensejando o adicional
abrangência de escopo de serviços prestados; Não bastasse, ressalto que o reclamante apresentou impugnação
- Em tal inspeção técnica, Reclamante adentrava a sala de intempestiva acerca do laudo pericial.
máquinas dos condomínios, onde se encontram motores e quadros Ressalto que o laudo técnico foi elaborado por Perito de confiança
elétricos de operadores, além do poço do elevador, onde o mesmo do juízo e analisou especificamente as condições de trabalho da
- Reclamante não realizava instalação ou reparo de equipamentos, Assim, julgo improcedente o pedido de adicional de insalubridade e
sendo sua "inspeção técnica" de caráter meramente visual; reflexos e demais pedidos correlatos."
1.3 RESULTADOS OBTIDOS Afirma o recorrente que sofreu xingamentos, ameaças e calúnias,
Analisando os dados coletados e utilizando os preceitos concedidas razão pela qual é devida a indenização por danos morais.
ENCONTRAVA em condições de PERICULOSIDADE POR Com efeito, a reclamante não provou as ofensas alegadas.
ATIVIDADES COM ELETRICIDADE, pois as atividades analisadas A testemunha apresentada por ele nada mencionou sobre essa
são de caráter eventual e ainda por si insuficientes para caracterizar questão, e nem poderia, visto que não trabalhou na empresa ré.
Baseados nos dados coletados, nos autos do e no conteúdo da Destarte, compreendendo assistir razão à sentença proferida pelo
Portaria Ministerial 3.214/78, NR16 anexos 4 (energia elétrica) e da Juízo monocrático, adota-se seus exatos termos como fundamentos
portaria MTE Nº 1.885 de 02.12.2013 e é de nosso parecer que o de decidir, utilizando, para tanto, da técnica da motivação "per
obreiro NÃO SE ENCONTRAVA EM CONDIÇÕES DE relationem", reconhecida pelo Pretório Excelso como plenamente
INSALUBRIDADE OU PERICULOSIDADE, pois os riscos compatível com o texto da Constituição (AI 738.982/PR, Rel. Min.
apresentados não se enquadram para a caracterização de JOAQUIM BARBOSA - AI 809.147/ES, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA -
insalubridade ou periculosidade, portanto não ensejando o adicional AI 814.640/RS, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI - ARE
É bem verdade que o Juízo não está adstrito à conclusão do laudo Min. MOREIRA ALVES - MS 28.989-MC/PR, Rel. Min. CELSO DE
pericial, podendo formar seu convencimento com base em outros MELLO - RE 37.879/MG, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI - RE
elementos e fatos provados nos autos, tendo em vista o princípio do 49.074/MA, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI). "In verbis":
livre convencimento e persuasão racional, insculpidos nos 371 e "Pretende o autor a condenação da ré ao pagamento de danos
479, do CPC/2015. Todavia, essa não é a hipótese dos autos "sub extrapatrimoniais pois, segundo ele, fora tratado com indiferença e
examine", visto que não há provas para elidir o laudo pericial. fora alvo de xingamentos, ameaças e calúnias por parte de uma das
sócias da empresa, Sra. Tércia, esposa do Sr. Marcelo ambos mesmas acompanhavam o prazo que estava no papel, mas os
sócios proprietárias da empresa reclamada. O autor junta prints de clientes ligavam antes do prazo para solicitar o serviço, por terem
conversas de no ID ba06836 e "whatsapp" seguintes. acordado de forma diferente com o reclamante; que os clientes mais
Segundo o autor, o reclamante foi excluído do grupo de conversas diziam era que não tinham sido informados sobre o prazo; que isso
por aplicativo do trabalho pela Sra. Tércia, uma vez que essa gerava um desgaste com o reclamante; que nunca presenciou a
afirmou que o reclamante era criança, logo não poderia estar no Sra. Tércia se dirigir ao reclamante de forma a constrangê-lo; que
grupo com os demais funcionários, pleiteia o pagamento de dano no havia apenas o desgaste do trabalho já mencionado".
valor de 50 salários mínimos. Assim sendo, improcedente o pedido de compensação dos danos
A ré, em defesa, aduz que é comum desentendimentos em âmbito morais postulados, por ausência de provas suficientes para tanto."
laboral e que o autor apresenta apenas 2 palavras para subsidiar o Recurso não provido nesse tocante.
pleito, quais sejam: "apresentado" e "criança", não havendo como 3.6. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT
prosperar um pedido de indenização com fulcro nessas alegações. Pugna o recorrente pela multa do § 8º do art. 477, da CLT,
Acrescenta, ainda, que o autor não juntou aos autos todo o contexto alegando que não recebeu, no prazo legal, todas as verbas a ele
FORMA GROSSEIRA QUE TRATOU A SRA. TERCIA, BEM COMO Não merece amparo o apelo.
DIZ QUE ACABOU "EXPLODINDO" DEVIDO A PROBLEMAS COM Em verdade, a multa prevista no dispositivo legal sobredito é devida
Nos termos do art. 5º, X da Constituição Federal, há possibilidade dos haveres rescisórios, não cabendo quando se trata de diferença
de indenização por dano moral, na medida em que dispõe serem de verbas rescisórias, como no presente caso.
"invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das Desse modo, mantém-se a sentença, que negou o pedido da multa
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou prevista no § 8º, do art. 477, da CLT.
Assim, o dano moral consiste em lesão a honra, intimidade, Verificado o ajuizamento da reclamação trabalhista em 06/08/2019,
dignidade e a imagem, causando transtornos de ordem emocional e aplica-se a nova disposição celetista acerca dos honorários
Tratando-se de dano moral, a indenização é"in re ipsa", ou seja, sucumbência parcial dos pedidos, de acordo com o § 3º do art. 791-
conduta ofensiva, analisada sob a ótica do homem médio, seja Devidos, portanto, honorários advocatícios à parte reclamante, nos
capaz de afrontar direitos personalíssimos do ofendido. termos do art. 791-A da CLT. Todavia, referida verba deverá ser
Verifica-se, da análise do caso concreto, que o autor não paga com observância da sucumbência recíproca, uma vez que
comprovou os fatos narrados na petição inicial, ônus que lhe ambas as partes restaram vencidas.
competia ante a negativa da defesa, a teor dos artigos 818 da CLT A base de cálculo para apuração dos honorários advocatícios de
Ainda que assim não fosse, o fato descrito na inicial e as conversas conforme enunciado nº 105/2018 aprovado na 3ª Jornada de Direito
juntas não são suficientes, segundo o ponto de vista desta Material e Processual do Trabalho do TRT da 7ª Região, "in verbis":
magistrada, capaz de gerar o direito à compensação postulada. "ENUNCIADO Nº 105/2018. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Não foi demonstrado o dito sofrimento, as ameaças e agressões ou SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. BASE DE CÁLCULO. A forma de
qualquer outra lesão à honra, imagem, vida privada ou intimidade. apuração dos honorários advocatícios de sucumbência recíproca
A própria testemunha do réu afirmou que apesar dos deve considerar sempre o valor da condenação, com rateio
reclamante de forma a constrangê-lo, como se vê: Assim, impõe-se condenar a parte reclamada ao pagamento de
"que a relação da Sra. Tércia com o reclamante era profissional; honorários advocatícios no percentual de 10% (dez por cento) sobre
que havia alguns desgastes, em razão dos prazos dos serviços a fração de 1/6 (um sexto) do valor da condenação.
dados para os clientes; que a depoente trabalhava na coordenação Devidos honorários recíprocos, pela parte reclamante, no importe
com a Sra. Tércia; que o depoente fechava orçamentos com os de 10% (dez por cento), observada a proporção de 5/6 (cinco
clientes e quando chegava para a depoente e a Sra. Tércia as sextos) sobre o valor da condenação, determinando-se a suspensão
de exigibilidade dos honorários advocatícios de sucumbência certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
devidos pela parte autora que somente poderão ser executados se, insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação Custas processuais pelo reclamado no valor de R$ 400,00,
de insuficiência de recursos que justificou a concessão de calculadas sobre o valor da condenação ora arbitrado em R$
beneficiário.
juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
VOTO por conhecer do recurso ordinário; afastar a litigância de má- diferenças de férias integrais simples (2018/2019) + 1/3, 13º salário
fé do reclamante e excluir a sua condenação ao pagamento da proporcional de 2018 (10/12) e FGTS mensal, bem como às
multa de 1% sobre o valor da causa; conceder ao autor os diferenças de verbas rescisórias (aviso prévio, saldo de salário,
benefícios da justiça gratuita; e, no mérito, dar parcial provimento ao férias (2/12) +1/3, 13º salário (4/12) e FGTS + 40%). As verbas
apelo, para condenar o reclamado a pagar ao reclamante as deferidas deverão ser apuradas em liquidação por cálculos com
diferenças de férias integrais simples (2018/2019) + 1/3, 13º salário base em R$ 6.621,46 (salário fixo de R$ 1.900,00, acrescido da
proporcional de 2018 (10/12) e FGTS mensal, bem como às média das comissões no valor de R$ 4.721,46) e considerando o
diferenças de verbas rescisórias (aviso prévio, saldo de salário, período contratual de 01/03/2018 a 26/03/2019.
férias (2/12) +1/3, 13º salário (4/12) e FGTS + 40%). As verbas Condena-se o reclamado ao pagamento de honorários advocatícios
deferidas deverão ser apuradas em liquidação por cálculos com no percentual de 10% (dez por cento) sobre a fração de 1/6 (um
média das comissões no valor de R$ 4.721,46) e considerando o Devidos honorários recíprocos pela parte reclamante no importe de
período contratual de 01/03/2018 a 26/03/2019. 10% (dez por cento), observada a proporção de 5/6 (cinco sextos)
Condena-se o reclamado ao pagamento de honorários advocatícios sobre o valor da condenação, determinando-se a suspensão de
no percentual de 10% (dez por cento) sobre a fração de 1/6 (um exigibilidade dos honorários advocatícios de sucumbência devidos
sexto) do valor da condenação. pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois
Devidos honorários recíprocos pela parte reclamante no importe de anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
10% (dez por cento), observada a proporção de 5/6 (cinco sextos) certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
sobre o valor da condenação, determinando-se a suspensão de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
exigibilidade dos honorários advocatícios de sucumbência devidos extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois Custas processuais pelo reclamado no valor de R$ 400,00,
anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as calculadas sobre o valor da condenação ora arbitrado em R$
representante do Ministério Público do Trabalho. Cuida-se de Recurso Ordinário interposto por M. DIAS BRANCO
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA aos seguintes temas: Inconstitucionalidade Incidenter Tantum do
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0000861-66.2020.5.07.0033
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE M DIAS BRANCO S.A. INDUSTRIA E FUNDAMENTAÇÃO
COMERCIO DE ALIMENTOS
ADVOGADO GLADSON WESLEY MOTA
PEREIRA(OAB: 10587/CE)
RECORRIDO ANTONIO BARBOZA CAZUZA
ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB: 1. ADMISSIBILIDADE
20084/CE)
Destaco, inicialmente, que os limites da lide foram estabelecidos
- ANTONIO BARBOZA CAZUZA os argumentos expendidos pela defesa em oposição a tais pedidos.
"Inconstitucionalidade do Quadro 1, Anexo III, NR 15, do MTE". pagamento do período correspondente como labor extra , nos
2.1. Das Horas Extras de Recuperação Térmica Precedentes. Recurso de Revista conhecido e provido." (TST- RR-
O recorrente alega que as horas extras por supressão do intervalo 13238-83.2016.5.18.0201 , Relator Ministro: Luiz José Dezena da
de recuperação são indevidas, uma vez que a condenação a esta Silva, Data de Julgamento: 06/02/2019, 1ª Turma, Data de
verba causaria bis in idem, considerando que o recorrido já teve a Publicação: DEJT 08/02/2019)
verba adicional de insalubridade deferida nos autos da ação nº RECURSO DE REVISTA REGIDO PELAS LEIS 13.015/2014 E
Afirma que os intervalos de recuperação térmica não são HORAS EXTRAS. EXPOSIÇÃO A CALOR EXCESSIVO.
obrigatórios e que sua eventual condenação não implicaria no INOBSERVÂNCIA DO INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO
Aduz ainda que o trabalho do reclamante não era intermitente, mas 3.214/78. No caso, tendo sido constatada a exposição do
na realidade contínuo, além do que este gozava de intervalos para empregado a calor excessivo, nos termos do Anexo 3 da NR-15 da
alimentação, beber água e etc, de modo que estes devem ser Portaria 3.214/78, a inobservância dos intervalos para recuperação
deduzidos para fim de condenação em horas extras. térmica, previstos na referida norma regulamentadora, enseja o
Sem razão o recorrente. pagamento de horas extras correspondentes, sendo certo que a
Como cediço, o intervalo para recuperação térmica possui respaldo cumulação com o pagamento do adicional de insalubridade não
no quadro I do anexo III da Norma Reguladora 15 do antigo configura bis in idem, por possuírem naturezas distintas.
Ministério do Trabalho e possui como finalidade regulamentar o Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido" (TST - RR:
tempo de exposição do empregado em calor excessivo, de maneira 121696820165150146, Relator: Delaíde Miranda Arantes, Data de
a garantir um ambiente de trabalho minimamente saudável. Julgamento: 26/06/2019, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
O Tribunal Superior do Trabalho já firmou entendimento de que a SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014. INTERVALO PARA
percepção ao adicional de insalubridade não afasta o direito ao RECUPERAÇÃO TÉRMICA. NÃO CONCESSÃO. EXPOSIÇÃO
recebimento de horas extras, uma vez que possuem naturezas AO CALOR. QUADRO 1 DO ANEXO III DA NR-15 DA PORTARIA
diferentes. O adicional de insalubridade se dá pelo fato do 3.215/78 DO MTE. PAGAMENTO COMO HORAS EXTRAS.
empregado estar exposto a agente insalubre, no caso o calor Consoante a jurisprudência pacífica desta Corte Superior, a não
excessivo. Por sua vez, as horas extras se dão pelo fato do observância dos intervalos para recuperação térmica, previstos no
intervalo de recuperação térmica ter sido suprimido, salientando quadro 1 do Anexo III da NR-15 da Portaria 3.215/78 do MTE,
ainda que o referidos é considerado tempo à disposição ao resulta no pagamento de horas extras correspondentes ao referido
empregador por entendimento análogo ao da norma prevista no período, conforme exegese aplicada em relação aos intervalos
arts. 71, § 4º, e 253 da CLT e também por previsão no anexo II da previstos nos arts. 71, § 4º, e 253 da CLT. Precedentes. Recurso de
Abaixo, citam-se jurisprudência do TST, deste Regional e de outros Relator: Alexandre De Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento:
DAS LEIS N.os 13.015/2014 E 13.467/2017. INTERVALO PARA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTER
RECUPERAÇÃO TÉRMICA. PAGAMENTO COMO HORAS TANTUM. NR 15, MTE, QUADRO 1, ANEXO III. INOVAÇÃO DE
EXTRAS. Considerando a competência do MTE para fixar TESE. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de recurso
disposições complementares referentes à segurança e medicina do ordinário que busca a modificação do julgado monocrático quanto a
trabalho e aquelas fixadas pela NR n.º 15, Anexo 3, Quadro I, da questões não alegadas na defesa, haja vista configurar-se a
Portaria MT n.º 3.215/78 do MTE, que garantem aos trabalhadores hipótese em inovação recursal, o que impede o conhecimento do
expostos ao calor excessivo, não apenas o direito aos intervalos, apelo por este Colegiado de Segundo Grau, sob pena de
mas que tais períodos de descanso sejam considerados tempo de caracterização de supressão de instância. Recurso ordinário
serviço para todos os efeitos legais, sua inobservância enseja o conhecido, exceto quanto ao tema "Inconstitucionalidade do Quadro
1, Anexo III, NR 15, do MTE". MÉRITO. HORAS EXTRAS. NÃO local de trabalho salubre independente do agente nocivo, seja
ATIVIDADE INSALUBRE. DEVIDAS. Comprovado, na forma do Também não há de se confundir o intervalo de recuperação térmica
laudo pericial específico, e prova testemunhal, a não concessão de com o intervalo intrajornada ordinário previsto no art. 71, §4º da
intervalo previsto no quadro 1, do anexo III, da NR 15, do MTE, CLT, pois aquele decorre da duração do trabalho em capítulo
forçoso manter a decisão que reconheceu ao reclamante o direito celetista especificado sobre a jornada do trabalho e este decorre de
às horas extras. Sentença recorrida mantida, no particular. regulamentação ministerial a assegurar ambiente de trabalho
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. Constatada a salutar. Assim, um não substitui o outro e então não é cabível
condenar ambos os litigantes ao pagamento de honorários Neste ponto, nega-se provimento ao apelo.
advocatícios sucumbenciais, devendo ser observado, quanto ao 2.2. Dos Honorários Advocatícios
beneficiário da justiça gratuita, a regra prevista no art. 791-A, §º4º, A recorrente busca pela minoração dos honorários advocatícios da
da Consolidação das Leis do Trabalho, para fins da execução parte autora ao montante de 5%, baseando-se no artigo 791, § 2º
aspecto. (...) (TRT 7.ª Região; Processo: 0000875- Inexiste razão à recorrente.
53.2020.5.07.0032; Data: 15-04-2021; Órgão Julgador: Gab. Des. O art. 791-A da CLT estabelece o piso e teto dos honorários
Durval Cesar de Vasconcelos Maia - 1ª Turma; Relator(a): DURVAL advocatícios na justiça laboral, assim como os parâmetros para a
INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA. CALOR Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
EXCESSIVO. ANEXO 3 DA NR-15. Anexo 3 da NR 15 dispõe devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
acerca do intervalo para recuperação térmica depois de exposição (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
ao calor, com índices variáveis de acordo com a atividade e o grau valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
de exposição, estabelecendo expressamente que "os períodos de obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
efeitos legais". Dessa maneira, a supressão do intervalo previsto na § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do
norma regulamentadora enseja o respectivo pagamento como horas profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a
extras, conforme o art. 253 da CLT e com aplicação analógica do importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o
art. 71, § 4º, do mesmo diploma. Recurso ordinário a que se nega tempo exigido para o seu serviço.
provimento. (TRT-6 - RO: 00002709520195060412, Redator: No plano fático, o juízo de primeiro grau arbitrou os honorários em
Solange Moura de Andrade, Data de julgamento: 30/06/2020, favor da parte reclamante em 10% (dez por cento) do valor da
Segunda Turma, Data da assinatura: 01/07/2020) condenação. Dita decisão não merece reforma, tendo em vista que
INTERVALO POR EXPOSIÇÃO AO CALOR EXCESSIVO. não foi totalmente improcedente os pedidos da parte autora, assim
DEVIDO. A concessão de intervalo para recuperação térmica, equivocado seria lhe aplicar o piso dos honorários. Consigna-se, por
estabelecido na NR-15, constitui medida que objetiva a assegurar a fim, que nas contrarrazões do recurso ordinário o patrono da
higiene, saúde e segurança do trabalhador. Logo, não se confunde reclamante atuou no sentido de colacionar decisões de todas as
com o direito ao adicional de insalubridade, razão pela qual a Turmas do TST, bem como de outros tribunais.
supressão de referido intervalo enseja o pagamento como horas A ser assim, mantém-se os honorários do causídico reclamante nos
DE ARAUJO DUARTE NIEVES GONZALEZ, 3ª Câmara, Data de Improvido o apelo neste ponto.
calor excessivo, uma vez que o foco da norma é de garantir um Voto por conhecer parcialmente do recurso ordinário e, no mérito,
Presente ainda representante do Ministério Público do Trabalho. Trata-se de Recurso Ordinário interposto pela parte reclamante em
Fortaleza, 12 de agosto de 2021 face da sentença proferida pela Única Vara do Trabalho de Tianguá,
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA reclamado individualizou e parcelou os valores de FGTS devidos,
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO NICODEMOS FABRÍCIO MAIA, pronuncia-se pelo conhecimento e
É o relatório.
Processo Nº ROT-0001505-21.2020.5.07.0029
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE MARIA DE LOURDES DE OLIVEIRA
ADVOGADO EZIO GUIMARAES AZEVEDO(OAB:
17427/CE)
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL FUNDAMENTAÇÃO
RECORRIDO MUNICIPIO DE CHAVAL
ADVOGADO MILTON JORGE TEIXEIRA(OAB:
34224/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO 1. ADMISSIBILIDADE
extinto, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do CONCLUSÃO DO VOTO
CPC.
pretenda unicamente uma providência judicial declaratória, Voto por conhecer do recurso ordinário e lhe negar provimento.
FGTS DE SEUS SERVIDORES." Acrescenta que o ente público ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
Com efeito, nenhuma data foi informada a respeito da unanimidade,conhecer do recurso ordinário e lhe negar provimento.
individualização mencionada, ou mesmo se tal procedimento se Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença
refere a um acordo extrajudicial, ou uma ação propriamente dita. Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda
Contudo, ainda que se admitisse a efetiva existência de um Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do
FGTS, em ação coletiva, a interrupção da prescrição bienal para as Fortaleza, 12 de agosto de 2021
estatutário ocorreu em 20/11/2001, com a publicação da Lei nº JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
período em que laborou no regime celetista resta fulminada pela ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
prescrição uma vez que a reclamação trabalhista foi ajuizada Diretor de Secretaria
prerrogativa de:
(...)
FUNDAMENTAÇÃO
III - fiscalizar-lhes a execução;
(...).
ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista, contratuais e legais da contratada como empregadora. Portanto, a
como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe: responsabilidade subsidiária do ente público não viola o art. 71, §
"Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de 1º, da Lei nº 8.666/1993, o qual, em decisão recente proferida na
acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, ADC 16 pelo Supremo Tribunal Federal, foi declarado
total ou parcial." Com efeito, a interpretação sistemática do art. 71, § 1º, da Lei nº
Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim, 'verbis': 8.666/93, com os dispositivos legais acima citados, revela que a
"(...), a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além norma ali assentada, ao isentar o ente público das obrigações
do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os trabalhistas decorrentes dos contratos de prestação de serviços por
aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto ele celebrados, não alcança as hipóteses em que o mesmo não
contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da cumpre a sua obrigação de fiscalizar a execução do contrato pelo
empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob prestador dos serviços.
pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de Nos termos da própria Lei 8.666/93, o ente público tem o dever de
habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo." (apud demonstrar a prova da qualificação econômico-financeira para
Súmula n.331, IV e V, do TST: a Responsabilidade da habilitação em licitação (art. 27, III, c/c art. 31); a habilitação
Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo preliminar (art. 51); o contrato e suas cláusulas (arts. 54 e 55) e
Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do eventual prestação de garantia (art. 56), tudo em termos formais
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização inexecução (art. 77); e os motivos para eventual rescisão do
vista que o ordenamento jurídico expressamente lhe impõe essa Os artigos mencionados impõem à Administração contratante o
obrigação. Portanto, a conduta culposa 'in vigilando' autoriza atribuir poder-dever de fiscalizar o cumprimento oportuno e integral de
ao ente público o dever de garantir, de forma subsidiária, o todas as obrigações assumidas pelo contratado, dentre elas,
cumprimento dos encargos trabalhistas, conforme a orientação obviamente, as que decorrem da observância das normas
contida na Súmula nº 331 do Colendo TST, em seu novel item V, trabalhistas em relação aos trabalhadores que prestarem serviços
sem prejuízo da ação regressiva que couber contra o obrigado como terceirizados seus (empregados do contratado).
principal. Reza a mencionada jurisprudência: Na mesma linha, a exigir da Administração um padrão fiscalizatório,
"SUM. 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. são as disposições contidas na Instrução Normativa 02/2008 do
LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), com as
redação)- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 modificações da IN 03/2009, de caráter vinculativo a todos os
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, Nos artigos 31 e seguintes, a IN 02/2008 versa sobre o
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das acompanhamento e a fiscalização dos contratos de terceirização,
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na determinando expressamente a exigência da comprovação do
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da cumprimento das obrigações trabalhistas mês a mês, 'verbis':
prestadora de serviço como empregadora. A aludida "Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso:
contratada." (...)
Ressalte-se, outrossim, que a referida súmula tem como referência § 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e
o próprio artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que, ao vedar a sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos
transferência da responsabilidade pelos encargos aos entes trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes
Pública em contratar apenas empresas idôneas para prestação de I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do
a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá prestadores de serviço, devidamente homologados, quando exigível
1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou 2. guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS,
identidade (RG) e da inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas 3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas
(CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos individuais do FGTS de cada empregado dispensado; e
serviços, quando for o caso; 4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados."
2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos Necessário pontuar também que a observância de todos os
empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela execução preceitos da Lei 8666/93 e suas regulamentações devem ser
dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela formalmente registradas pela Administração, formando prova pré-
3. exames médicos admissionais dos empregados da contratada dever de trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a
b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos Realmente, pelo princípio da aptidão para aprova, é do ente da
serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos Administração Pública Direta ou Indireta o ônus da prova da
seguintes documentos, quando não for possível a verificação da fiscalização do contrato firmado com a prestadora de serviços
regularidade dos mesmos no Sistema de Cadastro de Fornecedores Ademais, há de se destacar que não foram adotadas medidas
1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social; serviços, a imposição das sanções administrativas cabíveis, o
2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da bloqueio dos valores previstos no contrato de prestação de serviços
3. certidões que comprovem a regularidade perante as Fazendas prestação de serviços, ou qualquer meio capaz de atestar a
4. Certidão de Regularidade do FGTS - CRF; e Assim sendo, o ente público tomador dos serviços nada colacionou
5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT; aos autos que demonstrasse o efetivo acompanhamento, a
c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos fiscalização e a adoção das medidas imprescindíveis à garantia do
1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a lhe permite o art. 58, III e IV, da Lei de Licitações, sendo imperioso
critério da Administração contratante; reconhecer a sua responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos
2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da créditos decorrentes da presente ação.
prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou Destarte, recurso improvido.
entidade contratante;
por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho, Voto por conhecer do recurso ordinário, afastar a preliminar de
relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer ilegitimidade passiva suscitada e lhe negar provimento.
empregado; e
Intimado(s)/Citado(s):
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
- MARIA ZILANI FERREIRA OLIVEIRA
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Público do Trabalho.
EMENTA
Fortaleza, 12 de agosto de 2021
empregatício tenha sido reconhecido em Juízo, a teor da Súmula do art. 477 da CLT.
462 do TST. Outrossim, insurgiu-se contra o índice de correção 1.2.2. DA CORREÇÃO MONETÁRIA
Os reclamados também interpuseram recurso ordinário (ID. econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação
5930140), aduzindo que, nos cálculos do adicional de insalubridade, independente, inclusive, de pedido das partes.
foram considerados períodos distintos daqueles estabelecidos na De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos
sentença. Afirmaram, ainda, que é indevida a aplicação de juros, um fator de correção monetária adequado, especialmente para
assim como de multa, sobre as contribuições previdenciárias. créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda
Contrarrazões apresentadas pelos reclamados (ID. e393565) e pela relativa da capacidade de compra da moeda, mas, ao revés, a
reclamante (ID. c516991). variação das taxas de juros apuradas nas operações de
1.1. ADMISSIBILIDADE números bem o demonstram: para 2010, p. ex., a Selic acumulada
Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo dispensado. totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o
Presentes, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade: IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic
legitimidade, interesse recursal e cabimento. acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a
Merece conhecimento o recurso ordinário. 12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E
1.2.1. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT Nada obstante, a partir de dezembro de 2020, "decisum habemus":
Pugna a recorrente pela multa do § 8º do art. 477, da CLT, dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo
alegando que é devida, embora o vínculo empregatício tenha sido Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas
reconhecido em Juízo, a teor da Súmula 462 do TST. é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão,
Com efeito, uma vez reconhecido o vínculo de emprego por prazo julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões
indeterminado, ainda que em juízo, cabe ao empregador efetuar o principais desde logo se colocaram:
pagamento das verbas rescisórias no prazo legal previsto no art. (a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga
477, § 6º, da CLT. omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja
A existência de controvérsia acerca da relação jurídica mantida suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente
entre as partes não mais se mostra obstativa da condenação ao razoável, com a competente remuneração do capital?
pagamento da multa do art. 477, § 8º, da CLT. (b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa
Essa a exata compreensão da Súmula nº 462 do TST, que vaticina: corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante
"SUM-462 MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. INCIDÊNCIA. da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive
Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016. A (c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em
circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecido apenas que não se tenha adotado na sentença ou no acórdão qualquer
em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic?
no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas (d) para os casos de trânsito em julgado do capítulo relativo à
quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora no atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória
pagamento das verbas rescisórias." (i.e., em se tratando de coisa ainda não soberanamente julgada,
Assim, reforma-se a sentença, para incluir na condenação a multa antes do biênio posterior à data do trânsito), será cabível o
respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao Presentes, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade:
menos no interregno endoprocessual), sob a hipótese do art. 966, legitimidade, interesse recursal e cabimento.
(e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos 2.2. MÉRITO
À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor DOS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO
e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e Aduzem os recorrentes que, nos cálculos do adicional de
legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da insalubridade, foram considerados períodos distintos daqueles
CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV, estabelecidos na sentença.
CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça Na sentença de ID. e0872a1, o Juízo de origem condenou os
social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem reclamados ao pagamento do adicional de insalubridade da
A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na 20% sobre o salário mínimo das épocas próprias, nos períodos de
orientação de seu público (v., p. exemplo, 31/3/2014 a 30/11/2014, 18/3/2015 a 25/10/2015, 26/2/2016 a
https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/indicepreco, acesso em 28/10/2016 e 7/2/2017 a 6/9/2017, com reflexos sobre 13º salário,
26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente férias, FGTS e horas extras."
para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no Da planilha de ID. b78982f, verifica-se que os cálculos excederam
decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente os períodos supra, porquanto foram considerados os seguintes
considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta períodos: 31/03/2014 a 31/12/2014; 01/01/2015 a 31/12/2015;
ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode 01/01/2016 a 31/12/2016; 01/01/2017 a 06/09/2017.
-se assentar que, para os casos em que a disputa da correção Desta feita, determina-se que sejam refeitos os cálculos, a fim de
monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister: excluir os excessos, observando, para isso, os parâmetros da
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de 2.2.2. DA INCIDÊNCIA DE JUROS E MULTA SOBRE AS
(ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a Sustentam os recorrentes que é indevida a aplicação de juros,
correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. assim como de multa, sobre as contribuições previdenciárias.
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, Argumenta o que segue:
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a "Outrossim, aplica o Calculista do MM. Juízo a quo juros sobre as
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor contribuições previdenciárias, o que resta indevido, pois, não deve
responder por uma indenização suplementar até esse limite, haver incidência de juros SELIC.
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código Tal critério visa penalizar as Recorrentes indevidamente, pois, até o
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in momento, não houve determinação para que o se efetuasse
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos qualquer recolhimento pertinente, além do que também não houve
(iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do Relativamente, o fato gerador das contribuições sociais decorrentes
processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente de sentença é o pagamento do salário contribuição, que, no
devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao presente caso, ocorrerá com o pagamento do crédito da
crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência Reclamante, sendo que somente caberá a incidência de juros e
(IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, multa a partir deste prazo legal.
art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais (...)
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). Ainda, entende-se que a multa não é aplicável, seja pelo
2. RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS entendimento que somente se aplica aos débitos previdenciários
2.1. ADMISSIBILIDADE decorrentes de não recolhimento nas épocas próprias das parcelas
Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo realizado. sob sua incidência, extra esfera trabalhista; seja pelo entendimento
que, mesmo na esfera trabalhista, a possibilidade da aplicabilidade 97.2012.5.02.0009, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro,
da multa somente teria ensejo após a liquidação definitiva, o que Data de Julgamento: 21/09/2017, Subseção I Especializada em
nos levaria a decisão final dos cálculos, o que somente ocorreria Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017)
após a possibilidade do art. 884, § 3º da CLT e seus consectários "RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA.
Na planilha de cálculos elaborada pela Contadoria do Juízo (ID. VÍNCULO DE EMPREGO ANTERIOR À MP 449/09. 1. O Colegiado
b78982f), encontra-se o tópico "Critério da Atualização e Turmário, no tópico, não conheceu do recurso de revista da
Fundamentação Legal", no qual está consignado o seguinte: "4. reclamada. Afastou as alegações no sentido de que o Tribunal de
Contribuições sociais sobre 'salários devidos vencidos antes de origem, ao considerar a data da prestação de serviços como o fato
05/03/2009' sem acréscimo de juros e multa, conforme Art. 276, gerador da contribuição previdenciária, violou o art. 195, I, "a", da
caput do Decreto nº 3.048/99. Contribuições sociais sobre 'salários CLT, ao registro de que o referido dispositivo "não disciplina
devidos vencidos a partir de 05/03/2009' com acréscimo de juros especificamente a matéria discutida nos presentes autos (fato
desde a prestação do serviço e sem acréscimos de multa." gerador da incidência dos acréscimos legais sobre as contribuições
Realmente, nos casos em que a prestação de serviço ocorrer antes previdenciárias decorrentes de decisão judicial)". 2. Decisão
de 05.03.2009, deve-se aplicar o disposto no art. 276 do Decreto recorrida contrária à jurisprudência desta Subseção, que, em sua
3.048/99, ou seja, a incidência dos acréscimos legais moratórios composição completa, ao julgamento do E-ED-RR-3800-
será devida quando não promovido o recolhimento da contribuição 88.2005.5.17.0101, firmou entendimento no sentido de que, em
previdenciária até o dia dois do mês seguinte ao da liquidação da hipóteses como a dos autos, em que o vínculo de emprego é
sentença. O fato gerador das contribuições previdenciárias, nessa anterior à MP 449/09, "somente serão devidos juros e multa
situação, é o efetivo pagamento das verbas trabalhistas. moratória se não quitada a contribuição previdenciária até o dia dois
Já em relação ao período posterior a 05.03.2009, o fato gerador das do mês seguinte ao da liquidação da sentença que determinou a
momento em que o empregador deveria cooperar para com o empregado. Tal entendimento fundamenta-se na interpretação
financiamento da seguridade social, consoante art. 195, I da conjunta das disposições dos artigos 195, I, a, da Constituição
CRFB/88. Esse o comando inserto no art. 43, §§ 2º e 3º, da Lei nº Federal, 43 da Lei no 8.212/91, em sua antiga redação, e 276,
8.212/91, incluídos pela Medida Provisória nº 449/2008, caput, do Decreto no 3.048/99". Recurso de embargos conhecido e
Nesse sentido, o entendimento do c. Tribunal Superior do Trabalho, Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 26/02/2015,
como demonstram os arestos a seguir transcritos: Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. JUROS DE MORA. RECLAMADA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.o
NA LEI Nº 11.941/2009, QUE ALTEROU O DISPOSTO NO Atendidos os ditames do art. 896, § 1.o-A, da CLT e caracterizado o
ARTIGO 43 DA LEI No 8.212/1991. Inviável o processamento do dissenso pretoriano, na forma do § 8.o do referido dispositivo
recurso de embargos quando evidenciada a conformidade do consolidado, dou provimento ao Agravo de Instrumento,
acórdão turmário com a jurisprudência deste Tribunal, que, em determinando o processamento do Recurso de Revista. Agravo de
composição plena, firmou o entendimento de que os juros Instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA DA
incidentes sobre as contribuições previdenciárias relativas à RECLAMADA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.o
prestação de serviços ocorrida após 04/03/2009 devem ser 13.015/2014. ESTABILIDADE. MEMBRO DA CIPA. OFERTA DE
1125-36.2010.5.06.0171, Rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, DEJT entendimento desta Corte que havendo inobservância do direito à
de 15/12/2015). Inteligência do artigo 894, § 2o, da CLT. Agravo estabilidade por parte do empregador, o empregado prejudicado
regimental a que se nega provimento." (TST-AgR-E-RR-283- poderá requerer apenas a indenização substitutiva, não sendo ele
obrigado a postular reintegração. Por corolário, a recusa em de 4 de dezembro de 2008). Recurso de Revista conhecido e
justificativas, não elide o direito à percepção daquela indenização Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 30/03/2016,
por todo o período estabilitário, tal como decidiu a Corte de origem. 4a Turma, Data de Publicação: DEJT 01/04/2016)
Recurso de Revista conhecido e não provido. RECURSO DE Nesse contexto, não há se falar em incorreção nos cálculos
REVISTA DA UNIÃO. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI elaborados pela Contadoria Judicial, visto que estão conforme a
N.o 13.015/2014. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FATO jurisprudência do c. TST e a legislação atinente à matéria.
O caput do art. 276 do Regulamento da Previdência Social, VOTO POR conhecer dos recursos ordinários.
aprovado pelo Decreto n.o 3.048/1999, estipula que o prazo para o No mérito, dar provimento ao apelo da reclamante, para: a) incluir
recolhimento das contribuições previdenciárias resultantes de na condenação a multa do § 8º do art. 477, da CLT; e b) determinar
decisão judicial é o dia dois do mês seguinte ao da liquidação da que se faça a correção monetária da seguinte forma: (i) pelo IPCA-
sentença. Com base nesse dispositivo, a jurisprudência desta Corte E até a data da citação (exclusive) e a subsequente atualização
firmou-se no sentido de que o fato gerador da obrigação com a taxa Selic a partir de então (inclusive), como entendeu o C.
previdenciária, quando o direito é reconhecido judicialmente, é a STF; (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que
liquidação do julgado - do que o pagamento é consequência lógica, a correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
sendo esse, portanto, o momento a partir do qual se deve (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
determinar a incidência dos juros de mora e da multa. Todavia, com art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
a edição da Lei n.o 11.941/2009, que alterou a redação do art. 43, § citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
2.o, da Lei n.o 8.212/1991 prevendo que se considera "ocorrido o responder por uma indenização suplementar até esse limite,
fato gerador das contribuições sociais na data da prestação do inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
serviço", deve ser conferida nova interpretação à questão referente Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
ao fato gerador da contribuição previdenciária. Realmente, verifica- integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
se que o referido preceito legal, por prever especificamente qual os efeitos, na própria Selic); e (iii)se se tratar de devedor contumaz,
deve ser o fato gerador da contribuição previdenciária decorrente da que sabidamente se vale do processo para atrasar ou sonegar
prestação de serviços, acabou por revogar a regra inserta no art. direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de qualquer
276, caput, do Decreto n.o 3.048/1999, ante os termos do art. 2.o, § dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito principal corrigido
1.o, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. segundo as novas regras de regência (IPCA-E e Selic), "ex officio" e
Entretanto, como o art. 43, § 2.o, da Lei n.o 8.212/91 promoveu uma sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, IX), uma multa
majoração do encargo previdenciário, a mencionada alteração cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi" do art.
legislativa somente deve ser observada depois de decorridos 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
noventa dias da entrada em vigor da Lei n.o 11.941/2009. De fato, Ademais, dar parcial provimento ao apelo dos reclamados, para
nos moldes do art. 150, III, "a", c/c o art. 195, § 6.o, da Constituição determinar que sejam refeitos os cálculos da planilha de ID.
Federal, a instituição ou modificação da contribuição previdenciária, b78982f, a fim de excluir os excessos em relação ao adicional de
que implique a sua majoração, deve observar o princípio da insalubridade, observando, para isso, os períodos estabelecidos na
Diretor de Secretaria
Processo Nº RORSum-0000872-13.2020.5.07.0028
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE COMPANHIA ENERGETICA DO
CEARA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB:
5864/CE)
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO por
RECORRIDO JOSE HENRIQUE JORGE GARCIA
unanimidade, conhecer dos recursos ordinários. ADVOGADO RIKALINE PATRICIO DE
OLIVEIRA(OAB: 42546/CE)
No mérito, dar provimento ao apelo da reclamante, para: a) incluir
RECORRIDO IVSON DE ARAUJO BANDEIRA
na condenação a multa do § 8º do art. 477, da CLT; e b) determinar EIRELI
ADVOGADO KELMA CARVALHO DE FARIA(OAB:
que se faça a correção monetária da seguinte forma: (i) pelo IPCA- 1053-B/PE)
E até a data da citação (exclusive) e a subsequente atualização ADVOGADO Silvio Emanuel Victor da Silva(OAB:
9952-D/PE)
com a taxa Selic a partir de então (inclusive), como entendeu o C. ADVOGADO ALEXANDRE CÉSAR FIGUEIREDO
SILVA(OAB: 14123/PE)
STF; (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que
ADVOGADO FREDERICO CARNEIRO LEAL DIAS
a correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. PEREIRA(OAB: 25241/PE)
ADVOGADO EDUARDO JORGE AMORIM DO
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, SOUTO(OAB: 34528/PE)
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
Intimado(s)/Citado(s):
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
- IVSON DE ARAUJO BANDEIRA EIRELI
responder por uma indenização suplementar até esse limite,
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos PODER JUDICIÁRIO
FUNDAMENTAÇÃO
Pugna a recorrente a COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARA pela §1º O representante da Administração anotará em registro próprio
declaração da sua ilegitimidade passiva, alegando a inexistência de todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato,
vínculo empregatício entre ela e o recorrido. determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
teoria da asserção, adotada pelo nosso sistema legal para a Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de
verificação das condições da ação, é aferida com fulcro nas medidas atinentes à regularização do contrato configura a
afirmações da peça vestibular, ou seja, a legitimidade das partes é a denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando
pertinência subjetiva da ação que deve ser analisada em abstrato, a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas
De par com isso, extrai-se, da peça inicial, que o autor busca a Licitações, declarado constitucional pelo STF, na ADC nº 16,
responsabilização subsidiária da empresa recorrente como pressupõe o cumprimento de todas as obrigações assumidas pelo
tomadora e beneficiária dos serviços prestados pelo obreiro, com ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista,
fundamento na Súmula 331 do TST. Nesse sentido é que a como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe:
insurgência preliminar da segunda reclamada mais se amolda com "Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
o próprio mérito da lide. acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
Legitimidade, portanto, que se reconhece, rejeitando-se a preliminar respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução
3. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA ENEL Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim, 'verbis':
A respeito da responsabilidade subsidiária da Companhia "(...), a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além
Energética do Ceará, ente da Administração Pública Indireta, do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os
importa ressaltar que encontra amparo na teoria da aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto
responsabilidade civil subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da
do Código Civil, que prescrevem: empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo." (apud
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo
outrem, fica obrigado a repará-lo." Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do
em seus arts. 58, inciso III, e 67, "caput" e § 1º, impõe Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização
responsabilidades ao ente público contratante, estabelecendo a do contrato competia ao ente da Administração Pública, tendo em
obrigação da Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a vista que o ordenamento jurídico expressamente lhe impõe essa
execução dos contratos administrativos, como se verifica dos seus obrigação. Portanto, a conduta culposa 'in vigilando' autoriza atribuir
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído cumprimento dos encargos trabalhistas, conforme a orientação
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a contida na Súmula nº 331 do Colendo TST, em seu novel item V,
prerrogativa de: sem prejuízo da ação regressiva que couber contra o obrigado
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e redação)- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das acompanhamento e a fiscalização dos contratos de terceirização,
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na determinando expressamente a exigência da comprovação do
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da cumprimento das obrigações trabalhistas mês a mês, 'verbis':
prestadora de serviço como empregadora. A aludida "Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso:
contratada." (...)
Ressalte-se, outrossim, que a referida súmula tem como referência § 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e
o próprio artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que, ao vedar a sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos
transferência da responsabilidade pelos encargos aos entes trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes
Pública em contratar apenas empresas idôneas para prestação de I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do
contratuais e legais da contratada como empregadora. Portanto, a a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá
responsabilidade subsidiária do ente público não viola o art. 71, § apresentar a seguinte documentação:
1º, da Lei nº 8.666/1993, o qual, em decisão recente proferida na 1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou
ADC 16 pelo Supremo Tribunal Federal, foi declarado função, horário do posto de trabalho, números da carteira de
Com efeito, a interpretação sistemática do art. 71, § 1º, da Lei nº (CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos
8.666/93, com os dispositivos legais acima citados, revela que a serviços, quando for o caso;
norma ali assentada, ao isentar o ente público das obrigações 2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos
trabalhistas decorrentes dos contratos de prestação de serviços por empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela execução
ele celebrados, não alcança as hipóteses em que o mesmo não dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela
Nos termos da própria Lei 8.666/93, o ente público tem o dever de que prestarão os serviços;
demonstrar a prova da qualificação econômico-financeira para b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos
habilitação em licitação (art. 27, III, c/c art. 31); a habilitação serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos
preliminar (art. 51); o contrato e suas cláusulas (arts. 54 e 55) e seguintes documentos, quando não for possível a verificação da
eventual prestação de garantia (art. 56), tudo em termos formais regularidade dos mesmos no Sistema de Cadastro de Fornecedores
inexecução (art. 77); e os motivos para eventual rescisão do 1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social;
contrato (art. 78). 2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da
poder-dever de fiscalizar o cumprimento oportuno e integral de 3. certidões que comprovem a regularidade perante as Fazendas
todas as obrigações assumidas pelo contratado, dentre elas, Estadual, Distrital e Municipal do domicílio ou sede do contratado;
obviamente, as que decorrem da observância das normas 4. Certidão de Regularidade do FGTS - CRF; e
trabalhistas em relação aos trabalhadores que prestarem serviços 5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT;
como terceirizados seus (empregados do contratado). c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos
são as disposições contidas na Instrução Normativa 02/2008 do 1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a
modificações da IN 03/2009, de caráter vinculativo a todos os 2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da
órgãos federais e de caráter orientador e supletivo aos órgãos prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou
Nos artigos 31 e seguintes, a IN 02/2008 versa sobre o 3. cópia dos contracheques dos empregados relativos a qualquer
por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho, Voto por conhecer do recurso ordinário, afastar a preliminar de
relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer ilegitimidade passiva suscitada e lhe negar provimento.
empregado; e
4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados." TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Necessário pontuar também que a observância de todos os unanimidade,conhecer do recurso ordinário, afastar a preliminar de
preceitos da Lei 8666/93 e suas regulamentações devem ser ilegitimidade passiva suscitada e lhe negar provimento. Participaram
formalmente registradas pela Administração, formando prova pré- do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho
constituída. Consequentemente, no processo judicial, ela assume o (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria
dever de trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério
Realmente, pelo princípio da aptidão para aprova, é do ente da Fortaleza, 12 de agosto de 2021
serviços, a imposição das sanções administrativas cabíveis, o JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
para garantia dos débitos trabalhistas, a rescisão do contrato de FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
Assim sendo, o ente público tomador dos serviços nada colacionou Diretor de Secretaria
EMENTA
FUNDAMENTAÇÃO
pagamento das verbas rescisórias no prazo legal previsto no art. 1.1. ADMISSIBILIDADE
477, § 6º, da CLT, conforme Súmula nº 462 do TST. RECURSO Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo dispensado.
PROVIDO. Presentes, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade:
RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS. 1. CÁLCULO DO legitimidade, interesse recursal e cabimento.
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. EXCESSO. Constatando Merece conhecimento o recurso ordinário.
equívoco na planilha elaborada pela contadoria do Juízo, determina- 1.2. MÉRITO
se que sejam refeitos os cálculos, a fim de excluir os excessos em 1.2.1. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT
relação ao adicional de insalubridade, observando, para isso, os Pugna a recorrente pela multa do § 8º do art. 477, da CLT,
períodos estabelecidos na sentença. 2. JUROS E MULTA SOBRE alegando que é devida, embora o vínculo empregatício tenha sido
A CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. APLICAÇÃO CONFORME reconhecido em Juízo, a teor da Súmula 462 do TST.
JURISPRUDÊNCIA E LEGISLAÇÃO. Não há se falar em Merece guarida o apelo.
incorreção nos cálculos elaborados pela Contadoria Judicial no Com efeito, uma vez reconhecido o vínculo de emprego por prazo
tocante à incidência de juros e multa sobre a contribuição indeterminado, ainda que em juízo, cabe ao empregador efetuar o
previdenciária, visto que observadas a jurisprudência do c. TST e a pagamento das verbas rescisórias no prazo legal previsto no art.
477, § 6º, da CLT. omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja
A existência de controvérsia acerca da relação jurídica mantida suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente
entre as partes não mais se mostra obstativa da condenação ao razoável, com a competente remuneração do capital?
pagamento da multa do art. 477, § 8º, da CLT. (b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa
Essa a exata compreensão da Súmula nº 462 do TST, que vaticina: corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante
"SUM-462 MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. INCIDÊNCIA. da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive
Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016. A (c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em
circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecido apenas que não se tenha adotado na sentença ou no acórdão qualquer
em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic?
no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas (d) para os casos de trânsito em julgado do capítulo relativo à
quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora no atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória
pagamento das verbas rescisórias." (i.e., em se tratando de coisa ainda não soberanamente julgada,
Assim, reforma-se a sentença, para incluir na condenação a multa antes do biênio posterior à data do trânsito), será cabível o
do art. 477 da CLT. respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao
1.2.2. DA CORREÇÃO MONETÁRIA menos no interregno endoprocessual), sob a hipótese do art. 966,
econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação (e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos
De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor
um fator de correção monetária adequado, especialmente para e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e
créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da
relativa da capacidade de compra da moeda, mas, ao revés, a CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV,
variação das taxas de juros apuradas nas operações de do CPC/2015, como ainda, "per analogiam", o próprio art. 600 da
empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça
federais como garantia. Mas a distorção exsurgiu ainda mais social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem
gritante; ao assim decidir, alcançando o art. 883 da CLT (que nunca responder como segue.
esteve em causa), a decisão afastou a incidência dos juros de mora A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na
à base de 12% a.a. (mesmo porque a Selic já "embute" juros); e, orientação de seu público (v., p. exemplo,
desse modo, tornou o crédito trabalhista um dos mais "baratos" do https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/indicepreco, acesso em
mercado (conquanto essencialmente alimentar), favorecendo 26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente
sensivelmente a posição jurídica do devedor trabalhista. Os para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no
números bem o demonstram: para 2010, p. ex., a Selic acumulada decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente
totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta
IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode
acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a -se assentar que, para os casos em que a disputa da correção
12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister:
com juros (1%) chega a 15,86%. (i) determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação
Nada obstante, a partir de dezembro de 2020, "decisum habemus": (exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de
dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo então (inclusive), como entendeu o C. STF;
Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a
é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão, correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
especialmente para equacionar aspectos omissos ou dúbios do (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
principais desde logo se colocaram: citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
(a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga responder por uma indenização suplementar até esse limite,
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código Tal critério visa penalizar as Recorrentes indevidamente, pois, até o
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in momento, não houve determinação para que o se efetuasse
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos qualquer recolhimento pertinente, além do que também não houve
(iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do Relativamente, o fato gerador das contribuições sociais decorrentes
processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente de sentença é o pagamento do salário contribuição, que, no
devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao presente caso, ocorrerá com o pagamento do crédito da
crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência Reclamante, sendo que somente caberá a incidência de juros e
(IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, multa a partir deste prazo legal.
art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais (...)
abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). Ainda, entende-se que a multa não é aplicável, seja pelo
2. RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS entendimento que somente se aplica aos débitos previdenciários
2.1. ADMISSIBILIDADE decorrentes de não recolhimento nas épocas próprias das parcelas
Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo realizado. sob sua incidência, extra esfera trabalhista; seja pelo entendimento
Presentes, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade: que, mesmo na esfera trabalhista, a possibilidade da aplicabilidade
legitimidade, interesse recursal e cabimento. da multa somente teria ensejo após a liquidação definitiva, o que
Merece conhecimento o recurso ordinário. nos levaria a decisão final dos cálculos, o que somente ocorreria
Aduzem os recorrentes que, nos cálculos do adicional de Na planilha de cálculos elaborada pela Contadoria do Juízo (ID.
insalubridade, foram considerados períodos distintos daqueles b78982f), encontra-se o tópico "Critério da Atualização e
Na sentença de ID. e0872a1, o Juízo de origem condenou os 05/03/2009' sem acréscimo de juros e multa, conforme Art. 276,
reclamados ao pagamento do adicional de insalubridade da caput do Decreto nº 3.048/99. Contribuições sociais sobre 'salários
seguinte forma: "a) adicional de insalubridade, no percentual de devidos vencidos a partir de 05/03/2009' com acréscimo de juros
20% sobre o salário mínimo das épocas próprias, nos períodos de desde a prestação do serviço e sem acréscimos de multa."
31/3/2014 a 30/11/2014, 18/3/2015 a 25/10/2015, 26/2/2016 a Realmente, nos casos em que a prestação de serviço ocorrer antes
28/10/2016 e 7/2/2017 a 6/9/2017, com reflexos sobre 13º salário, de 05.03.2009, deve-se aplicar o disposto no art. 276 do Decreto
férias, FGTS e horas extras." 3.048/99, ou seja, a incidência dos acréscimos legais moratórios
Da planilha de ID. b78982f, verifica-se que os cálculos excederam será devida quando não promovido o recolhimento da contribuição
os períodos supra, porquanto foram considerados os seguintes previdenciária até o dia dois do mês seguinte ao da liquidação da
períodos: 31/03/2014 a 31/12/2014; 01/01/2015 a 31/12/2015; sentença. O fato gerador das contribuições previdenciárias, nessa
01/01/2016 a 31/12/2016; 01/01/2017 a 06/09/2017. situação, é o efetivo pagamento das verbas trabalhistas.
Desta feita, determina-se que sejam refeitos os cálculos, a fim de Já em relação ao período posterior a 05.03.2009, o fato gerador das
excluir os excessos, observando, para isso, os parâmetros da contribuições previdenciárias é a efetiva prestação de serviço,
2.2.2. DA INCIDÊNCIA DE JUROS E MULTA SOBRE AS financiamento da seguridade social, consoante art. 195, I da
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS CRFB/88. Esse o comando inserto no art. 43, §§ 2º e 3º, da Lei nº
Sustentam os recorrentes que é indevida a aplicação de juros, 8.212/91, incluídos pela Medida Provisória nº 449/2008,
assim como de multa, sobre as contribuições previdenciárias. posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009.
"Outrossim, aplica o Calculista do MM. Juízo a quo juros sobre as como demonstram os arestos a seguir transcritos:
contribuições previdenciárias, o que resta indevido, pois, não deve "AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS EM RECURSO DE
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. JUROS DE MORA. RECLAMADA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.o
NA LEI Nº 11.941/2009, QUE ALTEROU O DISPOSTO NO Atendidos os ditames do art. 896, § 1.o-A, da CLT e caracterizado o
ARTIGO 43 DA LEI No 8.212/1991. Inviável o processamento do dissenso pretoriano, na forma do § 8.o do referido dispositivo
recurso de embargos quando evidenciada a conformidade do consolidado, dou provimento ao Agravo de Instrumento,
acórdão turmário com a jurisprudência deste Tribunal, que, em determinando o processamento do Recurso de Revista. Agravo de
composição plena, firmou o entendimento de que os juros Instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA DA
incidentes sobre as contribuições previdenciárias relativas à RECLAMADA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.o
prestação de serviços ocorrida após 04/03/2009 devem ser 13.015/2014. ESTABILIDADE. MEMBRO DA CIPA. OFERTA DE
1125-36.2010.5.06.0171, Rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, DEJT entendimento desta Corte que havendo inobservância do direito à
de 15/12/2015). Inteligência do artigo 894, § 2o, da CLT. Agravo estabilidade por parte do empregador, o empregado prejudicado
regimental a que se nega provimento." (TST-AgR-E-RR-283- poderá requerer apenas a indenização substitutiva, não sendo ele
97.2012.5.02.0009, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, obrigado a postular reintegração. Por corolário, a recusa em
Data de Julgamento: 21/09/2017, Subseção I Especializada em retornar ao emprego, mormente com a apresentação de
Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017) justificativas, não elide o direito à percepção daquela indenização
"RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. por todo o período estabilitário, tal como decidiu a Corte de origem.
INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI 11.496/2007. Recurso de Revista conhecido e não provido. RECURSO DE
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FATO GERADOR. REVISTA DA UNIÃO. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI
VÍNCULO DE EMPREGO ANTERIOR À MP 449/09. 1. O Colegiado N.o 13.015/2014. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FATO
Turmário, no tópico, não conheceu do recurso de revista da GERADOR. MOMENTO DE INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA
reclamada. Afastou as alegações no sentido de que o Tribunal de E DA MULTA. Cinge-se a controvérsia a apreciar o fato gerador da
origem, ao considerar a data da prestação de serviços como o fato contribuição previdenciária, de forma a se determinar o momento
gerador da contribuição previdenciária, violou o art. 195, I, "a", da oportuno de incidência dos juros de mora. A matéria deve ser
CLT, ao registro de que o referido dispositivo "não disciplina apreciada à luz da Lei n.o 8.212/1991 e do Decreto n.o 3.048/1999.
especificamente a matéria discutida nos presentes autos (fato O caput do art. 276 do Regulamento da Previdência Social,
gerador da incidência dos acréscimos legais sobre as contribuições aprovado pelo Decreto n.o 3.048/1999, estipula que o prazo para o
previdenciárias decorrentes de decisão judicial)". 2. Decisão recolhimento das contribuições previdenciárias resultantes de
recorrida contrária à jurisprudência desta Subseção, que, em sua decisão judicial é o dia dois do mês seguinte ao da liquidação da
composição completa, ao julgamento do E-ED-RR-3800- sentença. Com base nesse dispositivo, a jurisprudência desta Corte
88.2005.5.17.0101, firmou entendimento no sentido de que, em firmou-se no sentido de que o fato gerador da obrigação
hipóteses como a dos autos, em que o vínculo de emprego é previdenciária, quando o direito é reconhecido judicialmente, é a
anterior à MP 449/09, "somente serão devidos juros e multa liquidação do julgado - do que o pagamento é consequência lógica,
moratória se não quitada a contribuição previdenciária até o dia dois sendo esse, portanto, o momento a partir do qual se deve
do mês seguinte ao da liquidação da sentença que determinou a determinar a incidência dos juros de mora e da multa. Todavia, com
obrigatoriedade do pagamento de verbas trabalhistas ao a edição da Lei n.o 11.941/2009, que alterou a redação do art. 43, §
empregado. Tal entendimento fundamenta-se na interpretação 2.o, da Lei n.o 8.212/1991 prevendo que se considera "ocorrido o
conjunta das disposições dos artigos 195, I, a, da Constituição fato gerador das contribuições sociais na data da prestação do
Federal, 43 da Lei no 8.212/91, em sua antiga redação, e 276, serviço", deve ser conferida nova interpretação à questão referente
caput, do Decreto no 3.048/99". Recurso de embargos conhecido e ao fato gerador da contribuição previdenciária. Realmente, verifica-
provido." (TST-E-RR-4600-08.2009.5.03.0142, Relator Ministro: se que o referido preceito legal, por prever especificamente qual
Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 26/02/2015, deve ser o fato gerador da contribuição previdenciária decorrente da
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de prestação de serviços, acabou por revogar a regra inserta no art.
Publicação: DEJT 06/03/2015) 276, caput, do Decreto n.o 3.048/1999, ante os termos do art. 2.o, §
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA 1.o, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
Entretanto, como o art. 43, § 2.o, da Lei n.o 8.212/91 promoveu uma sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, IX), uma multa
majoração do encargo previdenciário, a mencionada alteração cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi" do art.
legislativa somente deve ser observada depois de decorridos 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
noventa dias da entrada em vigor da Lei n.o 11.941/2009. De fato, Ademais, dar parcial provimento ao apelo dos reclamados, para
nos moldes do art. 150, III, "a", c/c o art. 195, § 6.o, da Constituição determinar que sejam refeitos os cálculos da planilha de ID.
Federal, a instituição ou modificação da contribuição previdenciária, b78982f, a fim de excluir os excessos em relação ao adicional de
que implique a sua majoração, deve observar o princípio da insalubridade, observando, para isso, os períodos estabelecidos na
elaborados pela Contadoria Judicial, visto que estão conforme a ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
jurisprudência do c. TST e a legislação atinente à matéria. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO por
VOTO POR conhecer dos recursos ordinários. com a taxa Selic a partir de então (inclusive), como entendeu o C.
No mérito, dar provimento ao apelo da reclamante, para: a) incluir STF; (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que
na condenação a multa do § 8º do art. 477, da CLT; e b) determinar a correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
que se faça a correção monetária da seguinte forma: (i) pelo IPCA- (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
E até a data da citação (exclusive) e a subsequente atualização art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
com a taxa Selic a partir de então (inclusive), como entendeu o C. citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
STF; (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que responder por uma indenização suplementar até esse limite,
a correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se tratar de devedor
responder por uma indenização suplementar até esse limite, contumaz, que sabidamente se vale do processo para atrasar ou
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito principal
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e Selic), "ex
os efeitos, na própria Selic); e (iii)se se tratar de devedor contumaz, officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, IX), uma
que sabidamente se vale do processo para atrasar ou sonegar multa cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi"
direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de qualquer do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito principal corrigido Ademais, dar parcial provimento ao apelo dos reclamados, para
segundo as novas regras de regência (IPCA-E e Selic), "ex officio" e determinar que sejam refeitos os cálculos da planilha de ID.
Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamante
representante do Ministério Público do Trabalho. contra a sentença proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho
Fortaleza, 12 de agosto de 2021 de Maracanaú (Id a8e7257) que julgou improcedentes os pedidos
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA da sentença de origem para que seja reconhecido o direito do
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. intervalo para recuperação térmica no caso de exposição ao calor
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO 3.215/78 do MTE. Postula, ainda, a retificação do PPP, PPRA,
Diretor de Secretaria PGR, PCMAT, PCMSO e LTCAT do autor pela empresa para
Intimado(s)/Citado(s): É O RELATÓRIO.
FUNDAMENTAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
1. DA ADMISSIBILIDADE.
2. DO MÉRITO.
HORAS EXTRAS. INTERVALOS TÉRMICOS. CALOR 2.1. HORAS EXTRAS. INTERVALO TÉRMICO. CALOR
EXCESSIVO. SUPRESSÃO. A jurisprudência pacífica do c.TST é EXCESSIVO.
no sentido de que as disposições fixadas pela NR n.º 15 do MTE Insurge-se, o reclamante, contra a sentença de origem que indeferiu
garantem aos trabalhadores expostos ao calor excessivo não o pedido de indenização/hora extras por descumprimento de
apenas o direito aos intervalos, mas também que tais períodos de pausa/intervalo previsto no quadro 1, anexo 3, da Norma
descanso sejam considerados tempo de serviço para todos os Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE.
efeitos legais. Dessarte, a inobservância dos intervalos térmicos O recorrente defende que "o trabalho realizado com exposição ao
previstos na NR-15, Anexo 3, quadro 1, enseja o pagamento do calor excessivo gera o direito às pausas previstas na Portaria nº
período correspondente como labor extra, nos moldes previstos no 3.214/78, em seu Anexo 3 da NR n° 15, a título de recuperação
art. 71, § 4.º, da CLT, aplicado analogicamente. RECURSO térmica, cuja inobservância enseja o pagamento como hora
ORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. extraordinária e não se confunde com o pagamento do adicional de
aos arts. 7º, XXII, e 225, "caput", da Constituição Federal; arts. 178 período correspondente como labor extraordinário, porquanto
e 200 da CLT, a exegese aplicada em relação aos intervalos dos apenas caracteriza esteve o empregado exposto ao agente
artigos 71, § 4º e 253 da CLT, o Anexo 3 da NR-15 da Portaria insalubre calor acima dos limites de tolerância" (RA nº 098/2016 -
Acerca da matéria, o magistrado sentenciante entendeu que, já Não fosse isso, há de se salientar que a indicação do quadro 1,
tendo sido deferido o adicional de insalubridade em razão do anexo N.º 3, da NR-15 (regime de trabalho intermitente com
trabalho em ambiente insalubre por calor, o acréscimo de descanso no próprio local de trabalho), estabelece não a existência
indenização/horas extras pela não concessão das pausas/intervalos de pausas/intervalos a cada ciclo temporal de trabalho contínuo,
previstos no Anexo 3, da Norma Regulamentadora nº 15, do TEM, mas sim critérios a serem utilizados para a aferição do agente físico
caracterizaria manifesto "bis in idem". Registrou, ademais, que a calor e seu limite de tolerância.
norma regulamentadora em referência apenas estipula um critério Acrescente-se, ainda, que em 09 de dezembro de 2019, a Portaria
de aferição do agente calor sem criar nova espécie de intervalo ou SEPRT n.º 1.359, alterou o anexo N.º 3, da NR-15, alterando
pausa na jornada de trabalho dos obreiros. Confira-se: inteiramente o quadro 1, excluiu dos critérios de aferição os minutos
"No caso em análise, o reclamante postulou o recebimento de horas de descanso, passando a utilizar como novo critério o limite de
extras que seriam devidas por descansos (intervalos) não exposição ocupacional ao calor, aferidos pela sobrecarga térmica
concedidos, decorrentes do que dispõe o quadro 1, anexo 3, da através do índice IBUTG e pela taxa metabólica, conforme
Norma Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE. atividades do quadro 2 (o qual também não fala em tempo de
em ambiente insalubre, caracterizado pelo agente físico "calor", em Ressalte-se, aqui, que a exclusão de toda e qualquer expressão
temperatura superior aos limites elencados na referida NR 15. "descanso" do quadro 1 (pela atualização da norma através da
Sustentou, ainda, que a própria NR 15, anexo 3, quadro 1 garante- Portaria SEPRT n.º 1.359/2019) tornou patente que a norma
lhe o descanso de 45 (quarenta e cinco) minutos após 15(quinze) regulamentadora em referência, ao tratar anteriormente de períodos
minutos de labor em tais condições insalubres. de descanso, apenas estipulava um critério de aferição do agente
De fato, o referido laudo pericial produzido nos autos do processo n. calor e jamais dava gênese a nova espécie de intervalo ou pausa na
ambiente insalubre pela presença do agente físico calor, E mais: assevere-se que não se pode jamais afirmar que um
circunstância que determinou, naquele processo, o deferimento do ambiente laboral insalubre pela presença do agente físico calor
Analisando-se a questão das horas extras pretendidas, assinale-se laboral insalubre pela presença do agente frio.
que já tendo sido deferido o adicional de insalubridade em razão do Ora, se a Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 253,
trabalho em ambiente insalubre por calor, o acréscimo de dispõe que para os empregados que trabalham no interior das
indenização/horas extras pela não concessão das pausas/intervalos câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do
previstos no Anexo 3, da Norma Regulamentadora nº 15, do MTE ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de
caracterizaria manifesto bis in idem. 1(uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será
É que tanto o adicional de insalubridade como as horas extras assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso,
decorrentes da não concessão do intervalo mencionado no quadro computado esse intervalo como de trabalho efetivo, seria pouco
1, anexo 3, da Norma Regulamentadora nº 15 teriam o mesmo fato razoável aceitar que quando o agente insalubre é o calor o tempo
gerador, qual seja, o trabalho em condições superiores aos limites de labor contínuo seja apenas de 45 minutos para 15 minutos de
de tolerância para exposição ao calor. descanso, 30 minutos de trabalho contínuo para 15 minutos de
Nesse sentido, temos uma Súmula do TRT 18ª Região: descanso ou 15 minutos de trabalho contínuo para 45 minutos de
PAUSAS PREVISTAS NO QUADRO 1 DOANEXO 3 DA NR-15. Não obstante a exposição ao calor acima de limites de tolerância
NÃO CONCESSÃO. DIREITO ÀSHORAS EXTRAS acarrete ao trabalhador alterações nos batimentos cardíacos e
CORRESPONDENTES. A não concessão ou a concessão parcial aumento da temperatura corporal, trazendo riscos físicos a longo
das pausas previstas no Quadro 1 do Anexo 3 da NR-15, do prazo, além do desequilíbrio hídrico, não menos nefastos são os
Ministério do Trabalho e Emprego, não enseja o pagamento do efeitos do frio em excesso ao obreiro ou a exposição à variação
térmica constante (típica de quem precisa entrar em câmaras frias). especialmente sobre: [...]
A exposição do trabalhador ao agente insalubre frio, abaixo dos sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de
limites de tolerância, pode causar hipotermia, doenças respiratórias, água potável, alojamento profilaxia de endemias."
vasoconstrição, lesões de pele, e, em último caso, até levar o Nessa senda, a jurisprudência pacífica do c.TST é no sentido de
obreiro a óbito. que as disposições fixadas pela NR n.º 15 do MTE garantem aos
Nessa senda, se não podemos dizer que a exposição do trabalhadores expostos ao calor excessivo não apenas o direito aos
trabalhador ao calor é pior que a exposição do mesmo ao frio, intervalos, mas também que tais períodos de descanso sejam
jamais seria válida a conclusão que, enquanto o labor contínuo de considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. Confira-
uma hora e quarenta minutos em ambiente insalubre por frio geraria se:
ao trabalhador o direito de vinte minutos de descanso, quinze "AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA
minutos de labor em ambiente insalubre por calor seria suficiente VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467, DE 2017. INTERVALO PARA
para garantir ao obreiro trinta minutos de descanso. RECUPERAÇÃO TÉRMICA. HORAS EXTRAS. ACÓRDÃO
Por derradeiro, diga-se que a interpretação equivocada na NR 15 - REGIONAL EM CONFORMIDADE COM A ITERATIVA
permitindo 45 minutos de descanso ao trabalhador que cumprisse JURISPRUDÊNCIA DO TST. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA.
apenas 15 minutos de trabalho contínuo -tornaria verdadeiramente Incontroverso nos autos que o reclamante prestava serviços em
inviável a continuidade da atividade econômica de diversas condições insalubres, devido ao calor excessivo, e que os intervalos
empresas estabelecidas em território nacional. para recuperação térmica, estabelecidos no Anexo 3 da NR-15 da
Diante de todo o exposto, indefere-se o pedido de recebimento de Portaria 3.214/78 do MTE, não lhe eram conferidos. Desse modo,
indenização/hora extras por alegado descumprimento de ao condenar a reclamada ao pagamento do intervalo térmico
pausa/intervalo previsto no quadro 1, anexo 3, da Norma suprimido, de 45 minutos por hora trabalhada, como extra, o
Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE." Tribunal Regional decidiu em consonância com a jurisprudência
Ao exame. desta Corte. É que o TST, com ressalva deste Relator, firmou o
Inicialmente, deve ser enfrentada a questão acerca da existência ou entendimento de que as pausas previstas no Quadro 1 do Anexo 3
não de previsão legal para concessão de intervalo para recuperação da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego, quando não
térmica em caso de exposição ao calor acima dos limites de concedidas, devem ser pagas como extras. Precedentes de todas
tolerância, a gerar o direito às horas extras decorrentes da as Turmas. Nesse contexto, incide o óbice da Súmula nº 333 do
Consoante tese recursal, o direito do trabalhador à pausa indigitada consectário lógico, evidencia-se a ausência de transcendência do
teria sido estabelecido no Anexo 3, Quadro 1, da NR-15. recurso, em qualquer das suas modalidades. Considerando a
A Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho, que trata improcedência do recurso, aplica-se à parte agravante a multa
das atividades e operações insalubres, prevê os limites de prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo não provido, com
tolerância para a exposição do trabalhador ao calor, em seu Anexo imposição de multa e determinação de baixa dos autos à origem"
3, estabelecendo pausas para o regime de trabalho intermitente em (TST- Ag-RR-226-73.2019.5.06.0413, 5ª Turma, Relator Ministro
função do índice de temperatura obtido e o tipo de atividade, se Breno Medeiros, DEJT 26/02/2021).
leve, moderada ou pesada, conforme "Quadro 1". "AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA
Consta, ainda, no item 2 do mencionado Quadro, que "Os períodos VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. INTERVALO PARA
de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os RECUPERAÇÃO TÉRMICA. CALOR EXCESSIVO. ANEXO 3 DA
Ora, de acordo com art. 200, V, da CLT, é da competência do controvérsia diz respeito ao direito ao pagamento de horas extras
Ministério do Trabalho (atual Secretaria Especial de Previdência e decorrentes da supressão do intervalo para recuperação térmica
Trabalho) estabelecer disposições complementares referentes à (Anexo 3 da NR-15), em razão da exposição a calor acima dos
segurança e medicina do trabalho, "in verbis": limites de tolerância. A concessão do intervalo para recuperação
"Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições térmica constitui medida de higiene, saúde e segurança do
complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em trabalhador, que não se confunde com o direito ao adicional de
vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, insalubridade. Assim, a supressão do intervalo previsto na norma
regulamentadora enseja o seu pagamento como horas extras, de trabalho salubre não há de se fazer distinção entre a previsão
conforme a disposição contida nos artigos 71, §4º, e 253 da CLT. celetista que estabelece intervalos de recuperação térmica aos
Nesse contexto, não afastados os fundamentos da decisão expostos ao frio excessivo (frigoríficos) e aos que se expõem ao
agravada, nenhum reparo merece a decisão. Ademais, constatado o calor excessivo, uma vez que o foco da norma é de garantir um
caráter manifestamente inadmissível do agravo, impõe-se a local de trabalho salubre independente do agente nocivo, seja
cominação da multa prevista no artigo 1.021, §4º, do CPC/2015, no excesso frio ou de calor.
percentual de 5% sobre o valor da causa (R$ 54.189,22), o que Registre-se, outrossim, que o intervalo para recuperação térmica
perfaz o montante de R$ 2.709,46 (dois mil e setecentos e nove não se confunde com o direito ao pagamento do adicional de
reais e quarenta e seis centavos), a ser devidamente atualizado, insalubridade. O referido adicional é devido em razão da exposição
nos termos do referido dispositivo legal. Agravo não provido, com do empregado ao calor, enquanto as horas extras decorrentes da
aplicação de multa a ser revertida ao Reclamante" (TST- Ag-RR- ausência de concessão do intervalo são pagas quando as pausas
256-22.2019.5.13.0023, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar para a recuperação térmica não são devidamente concedidas. Por
Dessarte, a inobservância dos intervalos térmicos previstos na NR- pagamento das verbas, sem configuração de bis in idem. Nesse
correspondente como labor extra, nos moldes previstos no art. 71, § "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
4.º, da CLT, aplicado analogicamente. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. EXPOSIÇÃO A
No caso concreto, verifica-se do laudo pericial utilizado como prova CALOR EXCESSIVO. INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO
emprestada (Id ae63299), que, em medição da temperatura do local TÉRMICA. PREVISÃO NO QUADRO I DO ANEXO 3 DA NR 15 DA
de trabalho do reclamante no exercício da função de auxiliar de PORTARIA MT N.º 3215/78. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
produção (Setor Masseira), o documento técnico registrou a CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. O trabalho realizado além dos
variação entre 30,2 IBUTG (Masseira ponto 1) e 29,6 IBUTG (prox. níveis de tolerância ao calor gera o direito não apenas ao adicional
Considerando a realização de atividades diferentes em locais também a intervalos para recuperação térmica previstos pelo
diferentes, a taxa metabólica média ponderada "M" encontrada pelo Ministério do Trabalho, conforme autoriza o art. 200, V, da CLT. Tal
expert, conforme cálculo elaborado no laudo, foi de 233,33 KCAL/H, cumulação não configura "bis in idem", visto que o adicional de
Quanto ao limite máximo de tolerância para exposição ao calor em insalubre que a reclamada não cuidou de neutralizar (calor), ao
regime de trabalho intermitente, assentou o laudo pericial que passo que o pagamento das pausas é devido porquanto elas não
"Seguindo o QUADRO Nº 2, na NR-15 ANEXO III, a taxa 233,33 foram observadas pela empresa no respectivo período. São verbas
KCAL/H corresponde a MÁXIMO IBUTG a 28.5.", e concluiu que "O distintas, devidas a títulos distintos. Agravo de instrumento
IBUTG obtido foi de 30.1 e está ACIMA do limite de tolerância da desprovido." (TST-AIRR-10691-92.2014.5.18.0281, Data de
NR-15 ANEXO III." Julgamento: 10/8/2016, Relator: Ministro Mauricio Godinho Delgado,
Por sua vez, a reclamada não logrou comprovar a concessão de 3.ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/8/2016.)
intervalos com a finalidade legal de recuperação térmica ao Também não há de se confundir o intervalo de recuperação térmica
reclamante, consoante ônus que lhe competia. com o intervalo intrajornada ordinário previsto no art. 71, §4º da
Portanto, demonstrada a execução de trabalho em temperatura CLT, pois este decorre da duração do trabalho em capítulo celetista
acima do limite máximo de tolerância sem a concessão do intervalo especificado sobre a jornada do trabalho enquanto aquele decorre
previsto na NR-15, Anexo III, quadro 1, faz jus o reclamante ao de regulamentação ministerial a assegurar ambiente de trabalho
percebimento do período correspondente como hora extraordinária. salubre. Assim, um não substitui o outro, não sendo cabível a
ambiente de IBUTG obtido de 30.1, resta assegurado ao reclamante Dessarte, impende dar provimento ao apelo do reclamante para
um intervalo de 45 minutos para cada 15 minutos trabalhados, condenar a empresa reclamada ao pagamento, como horas extras
consoante fixado no quadro 1. (adicional de 50%), do período de 45 minutos para cada 15 minutos
De ressaltar que, por uma hermenêutica constitucional racional, em de trabalho, considerando a jornada de 8 horas diárias, de segunda
defesa do bem-estar do ser humano e garantir a este um ambiente à sexta-feira, observados os limites da exordial.
São devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º salário e No caso concreto, verifica-se constar no perfil profissiográfico
FGTS, apenas no período contratual anterior à vigência da Lei previdenciário do reclamante (Id. c0334a2) informação das
nº13.467/17, de 04/07/2016 a 10/11/2017, conforme art.71, caput e condições do ambiente de trabalho quanto ao calor, com o registro
§4º, da CLT, e o entendimento consubstanciado na Súmula nº437 da medição obtida no momento da sua confecção, nada havendo
do TST, prevalente na sistemática trabalhista vigente à época, para ser deferido no ponto.
"INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E documentos administrativos, deve ser mantida a sentença de
Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI- "Quanto ao pleito de retificação do Perfil Profissiográfico
1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 Previdenciário (PPP), PPRA, LTCAT e PCMAT, diga-se que a
I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a Instrução Normativa INSS/PRES n. 45 de 06/08/2010, em seu art.
concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e 271, explicita que "o PPP constitui-se em um documento histórico-
alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento laboral do trabalhador que deve conter os dados administrativos da
total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, empresa e do trabalhador, registros ambientais, resultados de
com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração monitoração biológica e a identificação dos responsáveis pelas
cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. Em outras palavras, cabe ao empregador prestar informações sobre
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho o local onde era exercida a atividade, indicando os fatores de
contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada agressividade atuantes e o grau de intensidade dos agentes físicos.
porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do Ainda, assim, a legislação não torna obrigatória que a reclamada
trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e indique no PPP que o trabalhador laborava em ambiente insalubre.
art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. Por sua vez, o Programa de Prevenção de Risco Ambientais
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da (PPRA) elenca a descrição de ações, iniciativas, projetos, técnicas e
CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de práticas que têm por finalidade tornar o ambiente de trabalho mais
1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o seguro para todos os trabalhadores de uma empresa.
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, Já o Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho
repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. (LTCAT), apesar de identificar a existência de agentes nocivos
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde ou integridade
trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma física dentro do ambiente de trabalho, não pode indicar que um
hora, obrigando o empregador a remunerar o período para determinado ambiente laboral é insalubre ou periculoso.
descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do Por fim, o Programa de Condições e meio Ambiente de Trabalho na
respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da Indústria de Construção (PCMAT), o qual é regulamentado pela
No tocante ao pedido de retificação do Perfil Profissiográfico medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos
Previdenciário - PPP, é cediço, nos termos dos §§ 3º e 4º do art. 58, processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho, também
da Lei 8.213/91, com a redação que lhe foi conferida pela Lei não podendo especificar se um ambiente é insalubre ou não."
9.528/97, que o empregador tem a obrigação de elaborar laudo Mantida a sentença que indeferiu o pleito autoral no ponto.
técnico de condições ambientais do trabalho, expedido por médico 2.3. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, e a elaborar, Verificado o ajuizamento da reclamação trabalhista em 23/11/2020,
com fundamento em tal laudo, o perfil profissiográfico abrangendo aplica-se a nova disposição celetista acerca dos honorários
as atividades desenvolvidas pelo trabalhador. Nada obstante, não advocatícios sucumbenciais, inclusive no tocante à verificação da
se extrai da legislação a obrigação do empregador de enquadrar o sucumbência parcial dos pedidos, de acordo com o § 3º do art. 791-
conceito jurídico de 'insalubridade'. Registre-se que, em relação ao §3º do art. 791-A da CLT, não se
observa, "prima facie", qualquer indicativo de inconstitucionalidade e, de outro, a sucumbência quanto ao pleito de retificação do PPP e
acerca da condenação ao pagamento de honorários advocatícios demais documentos, a proporcionalidade do rateio em favor do
quando, em caso de procedência parcial do pedido, houver patrono da parte reclamante será equivalente a 50% sobre o
sucumbência recíproca. Eis o dispositivo em destaque: montante da liquidação. Por sua vez, o rateio proporcional em favor
"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão do patrono da parte reclamada será equivalente a 50% sobre o
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o Nada obstante, o Pleno deste Tribunal, no bojo da Arguição de
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico Inconstitucionalidade nº 0080026-04.2019.5.07.0000, declarou a
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por ofensa às
da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III (dignidade da
§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita), todos da Constituição
de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os Federal de 1988, não se podendo, desse modo, determinar o
honorários. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)" pagamento de honorários de sucumbência em desfavor do
No caso concreto, considerando a reforma parcial da sentença, trabalhador, de imediato. Declarada a inconstitucionalidade da
arbitra-se os honorários advocatícios, devidos pelas partes, no expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
percentual de 10% (dez por cento), tendo em vista o grau de zelo outro processo, créditos capazes de suportar a despesa".
dos profissionais, a natureza e a importância da causa, bem como o Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita
trabalho realizado pelos advogados, conforme critérios ao reclamante, determina-se a suspensão de exigibilidade dos
estabelecidos no novel art. 791-A, §2º, da CLT, confira-se: honorários advocatícios de sucumbência devidos pela parte autora
"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão que somente poderão ser executados se, nos dois anos
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
da causa.
§ 1o [...]
III - a natureza e a importância da causa; Conhecer do recurso ordinário, e, no mérito, dar-lhe parcial
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o provimento para condenar a reclamada ao pagamento de horas
Quanto à base de cálculo para apuração dos honorários minutos para cada 15 minutos de trabalho, considerando a jornada
advocatícios de sucumbência recíproca, deve ser considerado o de 8 horas diárias, de segunda à sexta-feira, observados os limites
valor da condenação, com rateio proporcional, conforme enunciado da exordial. Devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º salário
nº105/2018 aprovado na 3ª Jornada de Direito Material e e FGTS, apenas no período contratual anterior à vigência da Lei
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. no percentual de 10% (dez por cento) a incidir sobre 50% do
A forma de apuração dos honorários advocatícios de sucumbência percentual de 10% (dez por cento) deverá incidir sobre 50% do
recíproca deve considerar sempre o valor da condenação, com montante da liquidação, determinando-se, contudo, a suspensão de
Assim, considerando, de um lado, a procedência do pedido das pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois
horas extras referentes ao tempo de intervalos térmicos suprimidos, anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de montante da liquidação. Ao patrono da parte reclamada, o
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, percentual de 10% (dez por cento) deverá incidir sobre 50% do
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. montante da liquidação, determinando-se, contudo, a suspensão de
O crédito trabalhista deverá ser atualizado pelo índice IPCA-E na exigibilidade dos honorários advocatícios de sucumbência devidos
fase pré-judicial, e pela taxa SELIC a partir da citação, conforme pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois
decisão do STF(ADIn 5.867/DF, ADIn 6.021/DF, ADC 58/DF, ADC anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
Contribuições previdenciárias a serem recolhidas com observância insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
do disposto no art. 276, § 4º, do Decreto nº 3.048/99, que extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
regulamenta a Lei nº 8.212/91, autorizado o empregador a proceder O crédito trabalhista deverá ser atualizado pelo índice IPCA-E na
com a retenção da cota atribuída ao empregado, conforme alíquotas fase pré-judicial, e pela taxa SELIC a partir da citação, conforme
definidas em lei. Indenizatórias as verbas descritas no art. 28, §9º, decisão do STF(ADIn 5.867/DF, ADIn 6.021/DF, ADC 58/DF, ADC
Imposto de renda a ser retido e recolhido pelo empregador, do disposto no art. 276, § 4º, do Decreto nº 3.048/99, que
consoante art. 46 da Lei nº 8.541/1992 e Provimento nº 01/1996 da regulamenta a Lei nº 8.212/91, autorizado o empregador a proceder
CGJT, sempre observadas as faixas de isenção. Observância ao com a retenção da cota atribuída ao empregado, conforme alíquotas
entendimento contido na OJ n.º 400 da SBDI-1 do TST. definidas em lei. Indenizatórias as verbas descritas no art. 28, §9º,
Liquidação por cálculos. da Lei nº 8.212/91, salariais as demais, para fins de contribuição
calculadas sobre o valor de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais), Imposto de renda a ser retido e recolhido pelo empregador,
arbitrado para fins de condenação, a cargo da reclamada. consoante art. 46 da Lei nº 8.541/1992 e Provimento nº 01/1996 da
horas extras decorrentes da supressão dos intervalos térmicos de FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
jornada de 8 horas diárias, de segunda à sexta-feira, observados os ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
limites da exordial. Devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º Diretor de Secretaria
FUNDAMENTAÇÃO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
1. DA ADMISSIBILIDADE.
2. DO MÉRITO.
HORAS EXTRAS. INTERVALOS TÉRMICOS. CALOR 2.1. HORAS EXTRAS. INTERVALO TÉRMICO. CALOR
EXCESSIVO. SUPRESSÃO. A jurisprudência pacífica do c.TST é EXCESSIVO.
no sentido de que as disposições fixadas pela NR n.º 15 do MTE Insurge-se, o reclamante, contra a sentença de origem que indeferiu
garantem aos trabalhadores expostos ao calor excessivo não o pedido de indenização/hora extras por descumprimento de
apenas o direito aos intervalos, mas também que tais períodos de pausa/intervalo previsto no quadro 1, anexo 3, da Norma
descanso sejam considerados tempo de serviço para todos os Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE.
efeitos legais. Dessarte, a inobservância dos intervalos térmicos O recorrente defende que "o trabalho realizado com exposição ao
previstos na NR-15, Anexo 3, quadro 1, enseja o pagamento do calor excessivo gera o direito às pausas previstas na Portaria nº
período correspondente como labor extra, nos moldes previstos no 3.214/78, em seu Anexo 3 da NR n° 15, a título de recuperação
art. 71, § 4.º, da CLT, aplicado analogicamente. RECURSO térmica, cuja inobservância enseja o pagamento como hora
ORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. extraordinária e não se confunde com o pagamento do adicional de
aos arts. 7º, XXII, e 225, "caput", da Constituição Federal; arts. 178
RELATÓRIO e 200 da CLT, a exegese aplicada em relação aos intervalos dos
Sustentou, ainda, que a própria NR 15, anexo 3, quadro 1 garante- Portaria SEPRT n.º 1.359/2019) tornou patente que a norma
lhe o descanso de 45 (quarenta e cinco) minutos após 15(quinze) regulamentadora em referência, ao tratar anteriormente de períodos
minutos de labor em tais condições insalubres. de descanso, apenas estipulava um critério de aferição do agente
De fato, o referido laudo pericial produzido nos autos do processo n. calor e jamais dava gênese a nova espécie de intervalo ou pausa na
ambiente insalubre pela presença do agente físico calor, E mais: assevere-se que não se pode jamais afirmar que um
circunstância que determinou, naquele processo, o deferimento do ambiente laboral insalubre pela presença do agente físico calor
Analisando-se a questão das horas extras pretendidas, assinale-se laboral insalubre pela presença do agente frio.
que já tendo sido deferido o adicional de insalubridade em razão do Ora, se a Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 253,
trabalho em ambiente insalubre por calor, o acréscimo de dispõe que para os empregados que trabalham no interior das
indenização/horas extras pela não concessão das pausas/intervalos câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do
previstos no Anexo 3, da Norma Regulamentadora nº 15, do MTE ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de
caracterizaria manifesto bis in idem. 1(uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será
É que tanto o adicional de insalubridade como as horas extras assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso,
decorrentes da não concessão do intervalo mencionado no quadro computado esse intervalo como de trabalho efetivo, seria pouco
1, anexo 3, da Norma Regulamentadora nº 15 teriam o mesmo fato razoável aceitar que quando o agente insalubre é o calor o tempo
gerador, qual seja, o trabalho em condições superiores aos limites de labor contínuo seja apenas de 45 minutos para 15 minutos de
de tolerância para exposição ao calor. descanso, 30 minutos de trabalho contínuo para 15 minutos de
Nesse sentido, temos uma Súmula do TRT 18ª Região: descanso ou 15 minutos de trabalho contínuo para 45 minutos de
PAUSAS PREVISTAS NO QUADRO 1 DOANEXO 3 DA NR-15. Não obstante a exposição ao calor acima de limites de tolerância
NÃO CONCESSÃO. DIREITO ÀSHORAS EXTRAS acarrete ao trabalhador alterações nos batimentos cardíacos e
CORRESPONDENTES. A não concessão ou a concessão parcial aumento da temperatura corporal, trazendo riscos físicos a longo
das pausas previstas no Quadro 1 do Anexo 3 da NR-15, do prazo, além do desequilíbrio hídrico, não menos nefastos são os
Ministério do Trabalho e Emprego, não enseja o pagamento do efeitos do frio em excesso ao obreiro ou a exposição à variação
período correspondente como labor extraordinário, porquanto térmica constante (típica de quem precisa entrar em câmaras frias).
insalubre calor acima dos limites de tolerância" (RA nº 098/2016 - A exposição do trabalhador ao agente insalubre frio, abaixo dos
DEJT: 29.08.2016, 30.08.2016,31.08.2016). limites de tolerância, pode causar hipotermia, doenças respiratórias,
Não fosse isso, há de se salientar que a indicação do quadro 1, vasoconstrição, lesões de pele, e, em último caso, até levar o
descanso no próprio local de trabalho), estabelece não a existência Nessa senda, se não podemos dizer que a exposição do
de pausas/intervalos a cada ciclo temporal de trabalho contínuo, trabalhador ao calor é pior que a exposição do mesmo ao frio,
mas sim critérios a serem utilizados para a aferição do agente físico jamais seria válida a conclusão que, enquanto o labor contínuo de
calor e seu limite de tolerância. uma hora e quarenta minutos em ambiente insalubre por frio geraria
Acrescente-se, ainda, que em 09 de dezembro de 2019, a Portaria ao trabalhador o direito de vinte minutos de descanso, quinze
SEPRT n.º 1.359, alterou o anexo N.º 3, da NR-15, alterando minutos de labor em ambiente insalubre por calor seria suficiente
inteiramente o quadro 1, excluiu dos critérios de aferição os minutos para garantir ao obreiro trinta minutos de descanso.
de descanso, passando a utilizar como novo critério o limite de Por derradeiro, diga-se que a interpretação equivocada na NR 15 -
exposição ocupacional ao calor, aferidos pela sobrecarga térmica permitindo 45 minutos de descanso ao trabalhador que cumprisse
através do índice IBUTG e pela taxa metabólica, conforme apenas 15 minutos de trabalho contínuo -tornaria verdadeiramente
atividades do quadro 2 (o qual também não fala em tempo de inviável a continuidade da atividade econômica de diversas
Ressalte-se, aqui, que a exclusão de toda e qualquer expressão Diante de todo o exposto, indefere-se o pedido de recebimento de
"descanso" do quadro 1 (pela atualização da norma através da indenização/hora extras por alegado descumprimento de
pausa/intervalo previsto no quadro 1, anexo 3, da Norma suprimido, de 45 minutos por hora trabalhada, como extra, o
Regulamentadora nº 15 (NR 15) do MTE." Tribunal Regional decidiu em consonância com a jurisprudência
Ao exame. desta Corte. É que o TST, com ressalva deste Relator, firmou o
Inicialmente, deve ser enfrentada a questão acerca da existência ou entendimento de que as pausas previstas no Quadro 1 do Anexo 3
não de previsão legal para concessão de intervalo para recuperação da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego, quando não
térmica em caso de exposição ao calor acima dos limites de concedidas, devem ser pagas como extras. Precedentes de todas
tolerância, a gerar o direito às horas extras decorrentes da as Turmas. Nesse contexto, incide o óbice da Súmula nº 333 do
Consoante tese recursal, o direito do trabalhador à pausa indigitada consectário lógico, evidencia-se a ausência de transcendência do
teria sido estabelecido no Anexo 3, Quadro 1, da NR-15. recurso, em qualquer das suas modalidades. Considerando a
A Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho, que trata improcedência do recurso, aplica-se à parte agravante a multa
das atividades e operações insalubres, prevê os limites de prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo não provido, com
tolerância para a exposição do trabalhador ao calor, em seu Anexo imposição de multa e determinação de baixa dos autos à origem"
3, estabelecendo pausas para o regime de trabalho intermitente em (TST- Ag-RR-226-73.2019.5.06.0413, 5ª Turma, Relator Ministro
função do índice de temperatura obtido e o tipo de atividade, se Breno Medeiros, DEJT 26/02/2021).
leve, moderada ou pesada, conforme "Quadro 1". "AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA
Consta, ainda, no item 2 do mencionado Quadro, que "Os períodos VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. INTERVALO PARA
de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os RECUPERAÇÃO TÉRMICA. CALOR EXCESSIVO. ANEXO 3 DA
Ora, de acordo com art. 200, V, da CLT, é da competência do controvérsia diz respeito ao direito ao pagamento de horas extras
Ministério do Trabalho (atual Secretaria Especial de Previdência e decorrentes da supressão do intervalo para recuperação térmica
Trabalho) estabelecer disposições complementares referentes à (Anexo 3 da NR-15), em razão da exposição a calor acima dos
segurança e medicina do trabalho, "in verbis": limites de tolerância. A concessão do intervalo para recuperação
"Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições térmica constitui medida de higiene, saúde e segurança do
complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em trabalhador, que não se confunde com o direito ao adicional de
vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, insalubridade. Assim, a supressão do intervalo previsto na norma
especialmente sobre: [...] regulamentadora enseja o seu pagamento como horas extras,
V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, conforme a disposição contida nos artigos 71, §4º, e 253 da CLT.
sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de Nesse contexto, não afastados os fundamentos da decisão
água potável, alojamento profilaxia de endemias." agravada, nenhum reparo merece a decisão. Ademais, constatado o
Nessa senda, a jurisprudência pacífica do c.TST é no sentido de caráter manifestamente inadmissível do agravo, impõe-se a
que as disposições fixadas pela NR n.º 15 do MTE garantem aos cominação da multa prevista no artigo 1.021, §4º, do CPC/2015, no
trabalhadores expostos ao calor excessivo não apenas o direito aos percentual de 5% sobre o valor da causa (R$ 54.189,22), o que
intervalos, mas também que tais períodos de descanso sejam perfaz o montante de R$ 2.709,46 (dois mil e setecentos e nove
considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. Confira- reais e quarenta e seis centavos), a ser devidamente atualizado,
se: nos termos do referido dispositivo legal. Agravo não provido, com
"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA aplicação de multa a ser revertida ao Reclamante" (TST- Ag-RR-
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467, DE 2017. INTERVALO PARA 256-22.2019.5.13.0023, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar
REGIONAL EM CONFORMIDADE COM A ITERATIVA Dessarte, a inobservância dos intervalos térmicos previstos na NR-
JURISPRUDÊNCIA DO TST. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. 15, Anexo 3, quadro 1, enseja o pagamento do período
Incontroverso nos autos que o reclamante prestava serviços em correspondente como labor extra, nos moldes previstos no art. 71, §
condições insalubres, devido ao calor excessivo, e que os intervalos 4.º, da CLT, aplicado analogicamente.
para recuperação térmica, estabelecidos no Anexo 3 da NR-15 da No caso concreto, verifica-se do laudo pericial utilizado como prova
Portaria 3.214/78 do MTE, não lhe eram conferidos. Desse modo, emprestada (Id ae63299), que, em medição da temperatura do local
ao condenar a reclamada ao pagamento do intervalo térmico de trabalho do reclamante no exercício da função de auxiliar de
produção (Setor Masseira), o documento técnico registrou a CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. O trabalho realizado além dos
variação entre 30,2 IBUTG (Masseira ponto 1) e 29,6 IBUTG (prox. níveis de tolerância ao calor gera o direito não apenas ao adicional
Considerando a realização de atividades diferentes em locais também a intervalos para recuperação térmica previstos pelo
diferentes, a taxa metabólica média ponderada "M" encontrada pelo Ministério do Trabalho, conforme autoriza o art. 200, V, da CLT. Tal
expert, conforme cálculo elaborado no laudo, foi de 233,33 KCAL/H, cumulação não configura "bis in idem", visto que o adicional de
Quanto ao limite máximo de tolerância para exposição ao calor em insalubre que a reclamada não cuidou de neutralizar (calor), ao
regime de trabalho intermitente, assentou o laudo pericial que passo que o pagamento das pausas é devido porquanto elas não
"Seguindo o QUADRO Nº 2, na NR-15 ANEXO III, a taxa 233,33 foram observadas pela empresa no respectivo período. São verbas
KCAL/H corresponde a MÁXIMO IBUTG a 28.5.", e concluiu que "O distintas, devidas a títulos distintos. Agravo de instrumento
IBUTG obtido foi de 30.1 e está ACIMA do limite de tolerância da desprovido." (TST-AIRR-10691-92.2014.5.18.0281, Data de
NR-15 ANEXO III." Julgamento: 10/8/2016, Relator: Ministro Mauricio Godinho Delgado,
Por sua vez, a reclamada não logrou comprovar a concessão de 3.ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/8/2016.)
intervalos com a finalidade legal de recuperação térmica ao Também não há de se confundir o intervalo de recuperação térmica
reclamante, consoante ônus que lhe competia. com o intervalo intrajornada ordinário previsto no art. 71, §4º da
Portanto, demonstrada a execução de trabalho em temperatura CLT, pois este decorre da duração do trabalho em capítulo celetista
acima do limite máximo de tolerância sem a concessão do intervalo especificado sobre a jornada do trabalho enquanto aquele decorre
previsto na NR-15, Anexo III, quadro 1, faz jus o reclamante ao de regulamentação ministerial a assegurar ambiente de trabalho
percebimento do período correspondente como hora extraordinária. salubre. Assim, um não substitui o outro, não sendo cabível a
ambiente de IBUTG obtido de 30.1, resta assegurado ao reclamante Dessarte, impende dar provimento ao apelo do reclamante para
um intervalo de 45 minutos para cada 15 minutos trabalhados, condenar a empresa reclamada ao pagamento, como horas extras
consoante fixado no quadro 1. (adicional de 50%), do período de 45 minutos para cada 15 minutos
De ressaltar que, por uma hermenêutica constitucional racional, em de trabalho, considerando a jornada de 8 horas diárias, de segunda
defesa do bem-estar do ser humano e garantir a este um ambiente à sexta-feira, observados os limites da exordial.
de trabalho salubre não há de se fazer distinção entre a previsão São devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º salário e
celetista que estabelece intervalos de recuperação térmica aos FGTS, apenas no período contratual anterior à vigência da Lei
expostos ao frio excessivo (frigoríficos) e aos que se expõem ao nº13.467/17, de 04/07/2016 a 10/11/2017, conforme art.71, caput e
calor excessivo, uma vez que o foco da norma é de garantir um §4º, da CLT, e o entendimento consubstanciado na Súmula nº437
local de trabalho salubre independente do agente nocivo, seja do TST, prevalente na sistemática trabalhista vigente à época,
Registre-se, outrossim, que o intervalo para recuperação térmica "INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E
não se confunde com o direito ao pagamento do adicional de ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das
insalubridade. O referido adicional é devido em razão da exposição Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-
do empregado ao calor, enquanto as horas extras decorrentes da 1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
ausência de concessão do intervalo são pagas quando as pausas I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a
para a recuperação térmica não são devidamente concedidas. Por concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
possuírem naturezas jurídicas distintas, é possível a cumulação do alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento
pagamento das verbas, sem configuração de bis in idem. Nesse total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido,
sentido, a jurisprudência do c.TST: com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. EXPOSIÇÃO A cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.
CALOR EXCESSIVO. INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho
PORTARIA MT N.º 3215/78. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do
trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e indique no PPP que o trabalhador laborava em ambiente insalubre.
art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. Por sua vez, o Programa de Prevenção de Risco Ambientais
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da (PPRA) elenca a descrição de ações, iniciativas, projetos, técnicas e
CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de práticas que têm por finalidade tornar o ambiente de trabalho mais
1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o seguro para todos os trabalhadores de uma empresa.
intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, Já o Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho
repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. (LTCAT), apesar de identificar a existência de agentes nocivos
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde ou integridade
trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma física dentro do ambiente de trabalho, não pode indicar que um
hora, obrigando o empregador a remunerar o período para determinado ambiente laboral é insalubre ou periculoso.
descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do Por fim, o Programa de Condições e meio Ambiente de Trabalho na
respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da Indústria de Construção (PCMAT), o qual é regulamentado pela
No tocante ao pedido de retificação do Perfil Profissiográfico medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos
Previdenciário - PPP, é cediço, nos termos dos §§ 3º e 4º do art. 58, processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho, também
da Lei 8.213/91, com a redação que lhe foi conferida pela Lei não podendo especificar se um ambiente é insalubre ou não."
9.528/97, que o empregador tem a obrigação de elaborar laudo Mantida a sentença que indeferiu o pleito autoral no ponto.
técnico de condições ambientais do trabalho, expedido por médico 2.3. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, e a elaborar, Verificado o ajuizamento da reclamação trabalhista em 23/11/2020,
com fundamento em tal laudo, o perfil profissiográfico abrangendo aplica-se a nova disposição celetista acerca dos honorários
as atividades desenvolvidas pelo trabalhador. Nada obstante, não advocatícios sucumbenciais, inclusive no tocante à verificação da
se extrai da legislação a obrigação do empregador de enquadrar o sucumbência parcial dos pedidos, de acordo com o § 3º do art. 791-
conceito jurídico de 'insalubridade'. Registre-se que, em relação ao §3º do art. 791-A da CLT, não se
No caso concreto, verifica-se constar no perfil profissiográfico observa, "prima facie", qualquer indicativo de inconstitucionalidade
previdenciário do reclamante (Id. c0334a2) informação das acerca da condenação ao pagamento de honorários advocatícios
condições do ambiente de trabalho quanto ao calor, com o registro quando, em caso de procedência parcial do pedido, houver
da medição obtida no momento da sua confecção, nada havendo sucumbência recíproca. Eis o dispositivo em destaque:
para ser deferido no ponto. "Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
Dessarte, acerca do pedido de retificação do PPP e demais devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
documentos administrativos, deve ser mantida a sentença de (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
origem, "in verbis": valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
"Quanto ao pleito de retificação do Perfil Profissiográfico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
Previdenciário (PPP), PPRA, LTCAT e PCMAT, diga-se que a da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
271, explicita que "o PPP constitui-se em um documento histórico- § 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
laboral do trabalhador que deve conter os dados administrativos da de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
empresa e do trabalhador, registros ambientais, resultados de honorários. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)"
monitoração biológica e a identificação dos responsáveis pelas No caso concreto, considerando a reforma parcial da sentença,
Em outras palavras, cabe ao empregador prestar informações sobre percentual de 10% (dez por cento), tendo em vista o grau de zelo
o local onde era exercida a atividade, indicando os fatores de dos profissionais, a natureza e a importância da causa, bem como o
agressividade atuantes e o grau de intensidade dos agentes físicos. trabalho realizado pelos advogados, conforme critérios
Ainda, assim, a legislação não torna obrigatória que a reclamada estabelecidos no novel art. 791-A, §2º, da CLT, confira-se:
"Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão que somente poderão ser executados se, nos dois anos
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
da causa.
§ 1o [...]
III - a natureza e a importância da causa; Conhecer do recurso ordinário, e, no mérito, dar-lhe parcial
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o provimento para condenar a reclamada ao pagamento de horas
Quanto à base de cálculo para apuração dos honorários minutos para cada 15 minutos de trabalho, considerando a jornada
advocatícios de sucumbência recíproca, deve ser considerado o de 8 horas diárias, de segunda à sexta-feira, observados os limites
valor da condenação, com rateio proporcional, conforme enunciado da exordial. Devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º salário
nº105/2018 aprovado na 3ª Jornada de Direito Material e e FGTS, apenas no período contratual anterior à vigência da Lei
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. no percentual de 10% (dez por cento) a incidir sobre 50% do
A forma de apuração dos honorários advocatícios de sucumbência percentual de 10% (dez por cento) deverá incidir sobre 50% do
recíproca deve considerar sempre o valor da condenação, com montante da liquidação, determinando-se, contudo, a suspensão de
Assim, considerando, de um lado, a procedência do pedido das pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois
horas extras referentes ao tempo de intervalos térmicos suprimidos, anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
e, de outro, a sucumbência quanto ao pleito de retificação do PPP e certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
demais documentos, a proporcionalidade do rateio em favor do insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
patrono da parte reclamante será equivalente a 50% sobre o extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
montante da liquidação. Por sua vez, o rateio proporcional em favor O crédito trabalhista deverá ser atualizado pelo índice IPCA-E na
do patrono da parte reclamada será equivalente a 50% sobre o fase pré-judicial, e pela taxa SELIC a partir da citação, conforme
montante da liquidação. decisão do STF(ADIn 5.867/DF, ADIn 6.021/DF, ADC 58/DF, ADC
inconstitucionalidade do §4º do art. 791-A da CLT, por ofensa às do disposto no art. 276, § 4º, do Decreto nº 3.048/99, que
garantias fundamentais consagradas nos arts. 1º, III (dignidade da regulamenta a Lei nº 8.212/91, autorizado o empregador a proceder
pessoa humana), 5º, caput (igualdade), XXXV (acesso à Justiça) com a retenção da cota atribuída ao empregado, conforme alíquotas
LXXIV (assistência jurídica integral e gratuita), todos da Constituição definidas em lei. Indenizatórias as verbas descritas no art. 28, §9º,
Federal de 1988, não se podendo, desse modo, determinar o da Lei nº 8.212/91, salariais as demais, para fins de contribuição
trabalhador, de imediato. Declarada a inconstitucionalidade da Imposto de renda a ser retido e recolhido pelo empregador,
expressão "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em consoante art. 46 da Lei nº 8.541/1992 e Provimento nº 01/1996 da
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa". CGJT, sempre observadas as faixas de isenção. Observância ao
Dessarte, verificada a concessão dos benefícios da justiça gratuita entendimento contido na OJ n.º 400 da SBDI-1 do TST.
honorários advocatícios de sucumbência devidos pela parte autora Custas invertidas, no valor de R$700,00 (setecentos reais),
calculadas sobre o valor de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais), Imposto de renda a ser retido e recolhido pelo empregador,
arbitrado para fins de condenação, a cargo da reclamada. consoante art. 46 da Lei nº 8.541/1992 e Provimento nº 01/1996 da
horas extras decorrentes da supressão dos intervalos térmicos de FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
jornada de 8 horas diárias, de segunda à sexta-feira, observados os ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
limites da exordial. Devidos, ainda, os reflexos legais em férias, 13º Diretor de Secretaria
pela parte autora que somente poderão ser executados se, nos dois Intimado(s)/Citado(s):
- MARIA SOUZA VASCONCELOS
anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
do auxiliar de serviços gerais aos agentes biológicos nas entendido que este produziria efeitos anteriores à data da sua
instalações sanitárias na coleta de lixo de indeterminado número de elaboração, abarcando todo o período laboral posterior a 06 de
pessoas, sendo devido o adicional de insalubridade no percentual fevereiro de 2015. Neste ponto, destaca que a decisão de primeira
de 40% sobre o salário mínimo. Aplicação da Súmula 448, II, do instância foi contraditória, ao considerar o laudo apresentado pelo
c.TST. Recurso ordinário conhecido e improvido. município como válido somente até 01 (um) ano após sua
Cuida-se de Recurso Ordinário interposto por MUNICIPIO DE inexistência de insalubridade no desempenho das atividades
TIANGUA contra sentença de Id. c93ef24, que julgou procedentes rotineiras dos auxiliares de serviços gerais.
os pedidos manejados na exordial. Alternativamente, busca que "o LTCAT produzido unilateralmente
Pugna o recorrente, em suma, pela reforma da decisão em relação pelo SISMUT, em agosto de 2018, somente produza efeitos a partir
aos seguintes temas: adicional de insalubridade. dessa data, não abarcando época pretérita, haja vista a existência
Contrarrazões acostadas sob Id. e0f2d7b. de LTCAT produzido pelo Município de Tianguá, em 2014, que
Parecer do Ministério Público do Trabalho sob ID dca4ddf, concluiu pela inexistência de insalubridade no desempenho das
manifestando-se pelo improvimento do apelo. atividades rotineiras dos auxiliares de serviços gerais".
É o relatório. Por fim, defende que a atividade insalubre deve estar prevista na
Neste último ponto, explica que " são 02 (duas) as razões para a
Preenchidos os pressupostos objetivos e subjetivos do recurso, industrialização do lixo urbano, conforme previsto no Anexo XIV da
Aduz o recorrente que o Laudo Técnico de Condições Ambientais de escritórios, tendo em vista que o uso se restringir aos servidores
de Trabalho - LTCAT acostado nos autos pelo reclamante está da repartição. Assim, não há que se falar em exercício de atividade
eivado de vícios formais e materiais, sobretudo porque não foi que gere o pagamento do adicional de insalubridade, muito menos
produzido pelo Município de Tianguá, bem como sequer houve a no grau máximo (40%)".
sua participação, mas sim feito unilateralmente pelo SISMUT Sem razão o recorrente.
Ademais, afirma que tal laudo não cumpriu com as formalidades Inicialmente, da análise do Laudo Técnico das Condições
necessárias, "tais como: a) elaboração pela empresa (ou Ambientais do Trabalho- LTCAT colacionado pela parte reclamante
equiparado - Município de Tianguá); b) avaliação ambiental (Id 6c7fd21), verifica-se que a elaboração do documento resultou do
acompanhada de relatório fotográfico que registre a condição de consenso entre o Sindicato dos Servidores Públicos do Município de
trabalho do servidor público; c) processo licitatório para escolha do Tianguá- SISMUT e o Município de Tianguá, consoante termo
profissional habilitado para sua elaboração (ou sua respectiva firmado entre as partes e subscrito pelo Secretário de
permissivos de inexigibilidade de licitação); d) procedimento Extrai-se, outrossim, que as partes concordaram com a escolha do
administrativo para publicizar a elaboração do respectivo laudo etc". médico Dr. Roger Catunda Rocha (CREMEC 6353) e do assistente
Ressalta que o laudo em discussão foi elaborado unilateralmente técnico Edno Soares de Almeida Sousa (CREA-CE 45.759) para
em agosto de 2018, tendo o magistrado de origem indevidamente analisar as condições ambientais de trabalho em diversos setores
Nesse contexto, visto que o aludido LTCAT foi elaborado em "16.2.10. CONCLUSÃO
conjunto pelas partes, rejeita-se a alegação da invalidade do - Considerando que na identificação e no enquadramento de mais
documento pela parte que lhe deu causa, sob pena de ferimento de um fator de insalubridade, será considerado o de grau mais
dos princípios da lealdade e da boa-fé nas relações contratuais. elevado para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a
No tocante à vigência do LTCAT apresentado com a exordial, percepção cumulativa - NR - Norma Regulamentadora 15, item
por iniciativa exclusiva do Município de Tianguá (limitado ao período - Considerando que dentre os fatores de insalubridade considerados
de 07/02/2014 a 06/02/2015), não possuindo data de validade. para esse cargo auxiliar de serviços gerais prevalece a exposição a
trabalho por todo o lapso imprescrito, à míngua de prova de - Considerando que para eliminar os efeitos das exposições a esses
modificações estruturais/sanitárias relevantes no local de trabalho agentes biológicos não existe proteção coletiva nem individual
diferenciado que viessem a reduzir ou eliminar a insalubridade - Concluímos, finalmente, que para esse cargo auxiliar de serviços
detectada, não havendo falar em limitação da condenação. gerais com as respectivas exposições aos agentes biológicos nas
Com efeito, verifica-se que a reclamante desempenha o cargo de instalações sanitárias na coleta de lixo de indeterminado número de
auxiliar de serviços gerais desde 03/06/2002, consoante CTPS (Id pessoas e confrontando com a legislação trabalhista pertinente e
18b5c3e, fl. 04), cujas atribuições envolve a limpeza de banheiros atualizada, CABE PAGAMENTO DE ADICIONAL DE
de locais de grande circulação, com exposição a agentes biológicos, INSALUBRIDADE DE GRAU MÁXIMO PARA O CARGO AUXILIAR
conforme consignado no LTCAT, confira-se: DE SERVIÇOS GERAIS, nos termos da Súmula 448/2014 do TST
"16.2. PERFIL DO POSTO DE TRABALHO E DO CARGO com os precedentes julgados desse assunto, no valor de 40% sobre
- Cargo analisado: auxiliar de serviços gerais. Destarte, restando comprovado que a reclamante laborava em
16.2.1. DESCRIÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO exposição a agentes biológicos nas instalações sanitárias na coleta
Circular em todos os ambientes. de lixo de indeterminado número de pessoas, sem proteção coletiva
Diversos setores da prefeitura (escolas, PSF, Centro Administrativo, nem individual eficientes para eliminar os efeitos das exposições a
Ação Social). Todos com grande circulação de pessoas. esses agentes biológicos, reputa-se devido o adicional de
Zelar pelo patrimônio dos órgãos do município limpando e lavando 448, II, do TST, confira-se:
os banheiros e varrendo o estabelecimento, coletar os sacos dos "ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA
recipientes de depósitos de lixo com resíduos diversos para serem NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO
Assim, nada obstante a determinação legal da caracterização da SANITÁRIAS. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da
insalubridade e/ou periculosidade mediante perícia (art. 195/CLT), SBDI-1 com nova redação do item II) - Res. 194/2014, DEJT
resta despicienda a produção da aludida prova, no caso concreto, divulgado em 21, 22 e 23.05.2014.
tendo em vista que o Laudo Técnico de Condições Ambientais do I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo
Trabalho - LTCAT, elaborado por médico do trabalho escolhido pelo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional,
Município de Tianguá, atesta a exposição do auxiliar de serviços sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação
gerais aos agentes biológicos nas instalações sanitárias na coleta oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho.
Ressalte-se que a insalubridade verificada nas atividades coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não
relacionadas no Anexo 14 da NR-15, que envolvem agentes se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o
biológicos, é caracterizada pela avaliação qualitativa, bastando a pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo,
constatação do exercício da atividade elencada no rol, tal como a incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº
Nesse contexto, o documento técnico concluiu pela existência de Deve ser mantida, portanto, a sentença de origem acerca do
Intimado(s)/Citado(s):
O MM. Juízo da 16ª Vara do Trabalho de Fortaleza julgou Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016. A
parcialmente procedentes os pedidos da reclamante, para condenar circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecido apenas
os reclamados ao pagamento das verbas constantes da sentença em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista
de e0872a1. no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas
A reclamante interpôs recurso ordinário (ID. 6eac3c7), pedindo a quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora no
condenação dos reclamados ao pagamento da multa do § 8º do art. pagamento das verbas rescisórias."
477, da CLT, sob o argumento de que é devida, embora o vínculo Assim, reforma-se a sentença, para incluir na condenação a multa
empregatício tenha sido reconhecido em Juízo, a teor da Súmula do art. 477 da CLT.
462 do TST. Outrossim, insurgiu-se contra o índice de correção 1.2.2. DA CORREÇÃO MONETÁRIA
Os reclamados também interpuseram recurso ordinário (ID. econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação
5930140), aduzindo que, nos cálculos do adicional de insalubridade, independente, inclusive, de pedido das partes.
foram considerados períodos distintos daqueles estabelecidos na De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos
sentença. Afirmaram, ainda, que é indevida a aplicação de juros, um fator de correção monetária adequado, especialmente para
assim como de multa, sobre as contribuições previdenciárias. créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda
Contrarrazões apresentadas pelos reclamados (ID. e393565) e pela relativa da capacidade de compra da moeda, mas, ao revés, a
reclamante (ID. c516991). variação das taxas de juros apuradas nas operações de
1.1. ADMISSIBILIDADE números bem o demonstram: para 2010, p. ex., a Selic acumulada
Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo dispensado. totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o
Presentes, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade: IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic
legitimidade, interesse recursal e cabimento. acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a
Merece conhecimento o recurso ordinário. 12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E
1.2.1. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT Nada obstante, a partir de dezembro de 2020, "decisum habemus":
Pugna a recorrente pela multa do § 8º do art. 477, da CLT, dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo
alegando que é devida, embora o vínculo empregatício tenha sido Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas
reconhecido em Juízo, a teor da Súmula 462 do TST. é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão,
Com efeito, uma vez reconhecido o vínculo de emprego por prazo julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões
indeterminado, ainda que em juízo, cabe ao empregador efetuar o principais desde logo se colocaram:
pagamento das verbas rescisórias no prazo legal previsto no art. (a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga
omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
razoável, com a competente remuneração do capital? integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
(b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa os efeitos, na própria Selic); e
corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante (iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do
da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente
retroativamente), terá de haver alguma devolução? devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao
(c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência
que não se tenha adotado na sentença ou no acórdão qualquer (IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB,
índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic? art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
(d) para os casos de trânsito em julgado do capítulo relativo à abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória 2. RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS
antes do biênio posterior à data do trânsito), será cabível o Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo realizado.
respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao Presentes, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade:
menos no interregno endoprocessual), sob a hipótese do art. 966, legitimidade, interesse recursal e cabimento.
(e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos 2.2. MÉRITO
À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor DOS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO
e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e Aduzem os recorrentes que, nos cálculos do adicional de
legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da insalubridade, foram considerados períodos distintos daqueles
CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV, estabelecidos na sentença.
CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça Na sentença de ID. e0872a1, o Juízo de origem condenou os
social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem reclamados ao pagamento do adicional de insalubridade da
A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na 20% sobre o salário mínimo das épocas próprias, nos períodos de
orientação de seu público (v., p. exemplo, 31/3/2014 a 30/11/2014, 18/3/2015 a 25/10/2015, 26/2/2016 a
https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/indicepreco, acesso em 28/10/2016 e 7/2/2017 a 6/9/2017, com reflexos sobre 13º salário,
26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente férias, FGTS e horas extras."
para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no Da planilha de ID. b78982f, verifica-se que os cálculos excederam
decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente os períodos supra, porquanto foram considerados os seguintes
considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta períodos: 31/03/2014 a 31/12/2014; 01/01/2015 a 31/12/2015;
ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode 01/01/2016 a 31/12/2016; 01/01/2017 a 06/09/2017.
-se assentar que, para os casos em que a disputa da correção Desta feita, determina-se que sejam refeitos os cálculos, a fim de
monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister: excluir os excessos, observando, para isso, os parâmetros da
(exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de 2.2.2. DA INCIDÊNCIA DE JUROS E MULTA SOBRE AS
(ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a Sustentam os recorrentes que é indevida a aplicação de juros,
correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. assim como de multa, sobre as contribuições previdenciárias.
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, Argumenta o que segue:
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a "Outrossim, aplica o Calculista do MM. Juízo a quo juros sobre as
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor contribuições previdenciárias, o que resta indevido, pois, não deve
responder por uma indenização suplementar até esse limite, haver incidência de juros SELIC.
Tal critério visa penalizar as Recorrentes indevidamente, pois, até o CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. JUROS DE MORA.
momento, não houve determinação para que o se efetuasse PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POSTERIOR AO INÍCIO DA
qualquer recolhimento pertinente, além do que também não houve EFICÁCIA DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/2008, CONVERTIDA
Relativamente, o fato gerador das contribuições sociais decorrentes ARTIGO 43 DA LEI No 8.212/1991. Inviável o processamento do
de sentença é o pagamento do salário contribuição, que, no recurso de embargos quando evidenciada a conformidade do
presente caso, ocorrerá com o pagamento do crédito da acórdão turmário com a jurisprudência deste Tribunal, que, em
Reclamante, sendo que somente caberá a incidência de juros e composição plena, firmou o entendimento de que os juros
multa a partir deste prazo legal. incidentes sobre as contribuições previdenciárias relativas à
Ainda, entende-se que a multa não é aplicável, seja pelo apurados em observância ao regime de competência (TST-E-RR-
entendimento que somente se aplica aos débitos previdenciários 1125-36.2010.5.06.0171, Rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, DEJT
decorrentes de não recolhimento nas épocas próprias das parcelas de 15/12/2015). Inteligência do artigo 894, § 2o, da CLT. Agravo
sob sua incidência, extra esfera trabalhista; seja pelo entendimento regimental a que se nega provimento." (TST-AgR-E-RR-283-
que, mesmo na esfera trabalhista, a possibilidade da aplicabilidade 97.2012.5.02.0009, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro,
da multa somente teria ensejo após a liquidação definitiva, o que Data de Julgamento: 21/09/2017, Subseção I Especializada em
nos levaria a decisão final dos cálculos, o que somente ocorreria Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017)
após a possibilidade do art. 884, § 3º da CLT e seus consectários "RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA.
Na planilha de cálculos elaborada pela Contadoria do Juízo (ID. VÍNCULO DE EMPREGO ANTERIOR À MP 449/09. 1. O Colegiado
b78982f), encontra-se o tópico "Critério da Atualização e Turmário, no tópico, não conheceu do recurso de revista da
Fundamentação Legal", no qual está consignado o seguinte: "4. reclamada. Afastou as alegações no sentido de que o Tribunal de
Contribuições sociais sobre 'salários devidos vencidos antes de origem, ao considerar a data da prestação de serviços como o fato
05/03/2009' sem acréscimo de juros e multa, conforme Art. 276, gerador da contribuição previdenciária, violou o art. 195, I, "a", da
caput do Decreto nº 3.048/99. Contribuições sociais sobre 'salários CLT, ao registro de que o referido dispositivo "não disciplina
devidos vencidos a partir de 05/03/2009' com acréscimo de juros especificamente a matéria discutida nos presentes autos (fato
desde a prestação do serviço e sem acréscimos de multa." gerador da incidência dos acréscimos legais sobre as contribuições
Realmente, nos casos em que a prestação de serviço ocorrer antes previdenciárias decorrentes de decisão judicial)". 2. Decisão
de 05.03.2009, deve-se aplicar o disposto no art. 276 do Decreto recorrida contrária à jurisprudência desta Subseção, que, em sua
3.048/99, ou seja, a incidência dos acréscimos legais moratórios composição completa, ao julgamento do E-ED-RR-3800-
será devida quando não promovido o recolhimento da contribuição 88.2005.5.17.0101, firmou entendimento no sentido de que, em
previdenciária até o dia dois do mês seguinte ao da liquidação da hipóteses como a dos autos, em que o vínculo de emprego é
sentença. O fato gerador das contribuições previdenciárias, nessa anterior à MP 449/09, "somente serão devidos juros e multa
situação, é o efetivo pagamento das verbas trabalhistas. moratória se não quitada a contribuição previdenciária até o dia dois
Já em relação ao período posterior a 05.03.2009, o fato gerador das do mês seguinte ao da liquidação da sentença que determinou a
momento em que o empregador deveria cooperar para com o empregado. Tal entendimento fundamenta-se na interpretação
financiamento da seguridade social, consoante art. 195, I da conjunta das disposições dos artigos 195, I, a, da Constituição
CRFB/88. Esse o comando inserto no art. 43, §§ 2º e 3º, da Lei nº Federal, 43 da Lei no 8.212/91, em sua antiga redação, e 276,
8.212/91, incluídos pela Medida Provisória nº 449/2008, caput, do Decreto no 3.048/99". Recurso de embargos conhecido e
Nesse sentido, o entendimento do c. Tribunal Superior do Trabalho, Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 26/02/2015,
como demonstram os arestos a seguir transcritos: Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
RECLAMADA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.o Entretanto, como o art. 43, § 2.o, da Lei n.o 8.212/91 promoveu uma
13.015/2014. ESTABILIDADE. MEMBRO DA CIPA. OFERTA DE majoração do encargo previdenciário, a mencionada alteração
REINTEGRAÇÃO. RECUSA. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. legislativa somente deve ser observada depois de decorridos
Atendidos os ditames do art. 896, § 1.o-A, da CLT e caracterizado o noventa dias da entrada em vigor da Lei n.o 11.941/2009. De fato,
dissenso pretoriano, na forma do § 8.o do referido dispositivo nos moldes do art. 150, III, "a", c/c o art. 195, § 6.o, da Constituição
consolidado, dou provimento ao Agravo de Instrumento, Federal, a instituição ou modificação da contribuição previdenciária,
determinando o processamento do Recurso de Revista. Agravo de que implique a sua majoração, deve observar o princípio da
Instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA DA anterioridade nonagesimal, ou seja, somente terá aplicação após
RECLAMADA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.o decorridos noventa dias da edição da respectiva lei que a institua ou
13.015/2014. ESTABILIDADE. MEMBRO DA CIPA. OFERTA DE a modifique. Assim, no caso dos autos, como o vínculo de emprego
REINTEGRAÇÃO. RECUSA. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. É se deu no período de 1.o/12/2008 a 3/12/2012, aplicável a nova
entendimento desta Corte que havendo inobservância do direito à redação do art. 43, § 2.o, da Lei n.o 8.212/1991 a partir de 5/3/2009,
estabilidade por parte do empregador, o empregado prejudicado porque, caso contrário, estar-se-ia conferindo aplicação retroativa à
poderá requerer apenas a indenização substitutiva, não sendo ele Lei n.o 11.941, de 28 de maio de 2009 (conversão da MP n.o 449,
obrigado a postular reintegração. Por corolário, a recusa em de 4 de dezembro de 2008). Recurso de Revista conhecido e
justificativas, não elide o direito à percepção daquela indenização Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 30/03/2016,
por todo o período estabilitário, tal como decidiu a Corte de origem. 4a Turma, Data de Publicação: DEJT 01/04/2016)
Recurso de Revista conhecido e não provido. RECURSO DE Nesse contexto, não há se falar em incorreção nos cálculos
REVISTA DA UNIÃO. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI elaborados pela Contadoria Judicial, visto que estão conforme a
N.o 13.015/2014. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FATO jurisprudência do c. TST e a legislação atinente à matéria.
O caput do art. 276 do Regulamento da Previdência Social, VOTO POR conhecer dos recursos ordinários.
aprovado pelo Decreto n.o 3.048/1999, estipula que o prazo para o No mérito, dar provimento ao apelo da reclamante, para: a) incluir
recolhimento das contribuições previdenciárias resultantes de na condenação a multa do § 8º do art. 477, da CLT; e b) determinar
decisão judicial é o dia dois do mês seguinte ao da liquidação da que se faça a correção monetária da seguinte forma: (i) pelo IPCA-
sentença. Com base nesse dispositivo, a jurisprudência desta Corte E até a data da citação (exclusive) e a subsequente atualização
firmou-se no sentido de que o fato gerador da obrigação com a taxa Selic a partir de então (inclusive), como entendeu o C.
previdenciária, quando o direito é reconhecido judicialmente, é a STF; (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que
liquidação do julgado - do que o pagamento é consequência lógica, a correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
sendo esse, portanto, o momento a partir do qual se deve (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
determinar a incidência dos juros de mora e da multa. Todavia, com art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
a edição da Lei n.o 11.941/2009, que alterou a redação do art. 43, § citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
2.o, da Lei n.o 8.212/1991 prevendo que se considera "ocorrido o responder por uma indenização suplementar até esse limite,
fato gerador das contribuições sociais na data da prestação do inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
serviço", deve ser conferida nova interpretação à questão referente Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
ao fato gerador da contribuição previdenciária. Realmente, verifica- integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
se que o referido preceito legal, por prever especificamente qual os efeitos, na própria Selic); e (iii)se se tratar de devedor contumaz,
deve ser o fato gerador da contribuição previdenciária decorrente da que sabidamente se vale do processo para atrasar ou sonegar
prestação de serviços, acabou por revogar a regra inserta no art. direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de qualquer
276, caput, do Decreto n.o 3.048/1999, ante os termos do art. 2.o, § dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito principal corrigido
1.o, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. segundo as novas regras de regência (IPCA-E e Selic), "ex officio" e
sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, IX), uma multa b78982f, a fim de excluir os excessos em relação ao adicional de
cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi" do art. insalubridade, observando, para isso, os períodos estabelecidos na
139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). sentença. Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis
Ademais, dar parcial provimento ao apelo dos reclamados, para Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e
determinar que sejam refeitos os cálculos da planilha de ID. Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
b78982f, a fim de excluir os excessos em relação ao adicional de representante do Ministério Público do Trabalho.
sentença.
Relator
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001507-35.2017.5.07.0016
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO por RECORRENTE MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
LIMITED,
unanimidade, conhecer dos recursos ordinários. ADVOGADO IGOR DE JESUS PELIZARO(OAB:
271394/SP)
No mérito, dar provimento ao apelo da reclamante, para: a) incluir
ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA
na condenação a multa do § 8º do art. 477, da CLT; e b) determinar RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
RECORRENTE MSC CRUISES S.A.
que se faça a correção monetária da seguinte forma: (i) pelo IPCA-
ADVOGADO IGOR DE JESUS PELIZARO(OAB:
E até a data da citação (exclusive) e a subsequente atualização 271394/SP)
ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA
com a taxa Selic a partir de então (inclusive), como entendeu o C. RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
STF; (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que RECORRENTE MARIA ZILANI FERREIRA OLIVEIRA
ADVOGADO MARIA CLARA FREITAS DE
a correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. MENDONCA(OAB: 22543/CE)
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, ADVOGADO JOSE HILTON SILVEIRA DE
LUCENA(OAB: 8223/PB)
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a RECORRIDO MSC CRUISES S.A.
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor ADVOGADO IGOR DE JESUS PELIZARO(OAB:
271394/SP)
responder por uma indenização suplementar até esse limite, ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA
RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
RECORRIDO MARIA ZILANI FERREIRA OLIVEIRA
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in ADVOGADO MARIA CLARA FREITAS DE
MENDONCA(OAB: 22543/CE)
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
ADVOGADO JOSE HILTON SILVEIRA DE
os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se tratar de devedor LUCENA(OAB: 8223/PB)
RECORRIDO MSC MALTA SEAFARERS COMPANY
contumaz, que sabidamente se vale do processo para atrasar ou LIMITED,
sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de ADVOGADO IGOR DE JESUS PELIZARO(OAB:
271394/SP)
qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito principal ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA
RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e Selic), "ex
RECORRIDO MSC CRUZEIROS DO BRASIL LTDA.
officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, IX), uma ADVOGADO ANDRE DE ALMEIDA
RODRIGUES(OAB: 74489/MG)
multa cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi"
EMENTA
FUNDAMENTAÇÃO
pagamento das verbas rescisórias no prazo legal previsto no art. 1.1. ADMISSIBILIDADE
477, § 6º, da CLT, conforme Súmula nº 462 do TST. RECURSO Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo dispensado.
se que sejam refeitos os cálculos, a fim de excluir os excessos em 1.2.1. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT
relação ao adicional de insalubridade, observando, para isso, os Pugna a recorrente pela multa do § 8º do art. 477, da CLT,
períodos estabelecidos na sentença. 2. JUROS E MULTA SOBRE alegando que é devida, embora o vínculo empregatício tenha sido
A CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. APLICAÇÃO CONFORME reconhecido em Juízo, a teor da Súmula 462 do TST.
incorreção nos cálculos elaborados pela Contadoria Judicial no Com efeito, uma vez reconhecido o vínculo de emprego por prazo
tocante à incidência de juros e multa sobre a contribuição indeterminado, ainda que em juízo, cabe ao empregador efetuar o
previdenciária, visto que observadas a jurisprudência do c. TST e a pagamento das verbas rescisórias no prazo legal previsto no art.
O MM. Juízo da 16ª Vara do Trabalho de Fortaleza julgou Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016. A
parcialmente procedentes os pedidos da reclamante, para condenar circunstância de a relação de emprego ter sido reconhecido apenas
os reclamados ao pagamento das verbas constantes da sentença em juízo não tem o condão de afastar a incidência da multa prevista
de e0872a1. no art. 477, §8º, da CLT. A referida multa não será devida apenas
A reclamante interpôs recurso ordinário (ID. 6eac3c7), pedindo a quando, comprovadamente, o empregado der causa à mora no
condenação dos reclamados ao pagamento da multa do § 8º do art. pagamento das verbas rescisórias."
477, da CLT, sob o argumento de que é devida, embora o vínculo Assim, reforma-se a sentença, para incluir na condenação a multa
empregatício tenha sido reconhecido em Juízo, a teor da Súmula do art. 477 da CLT.
462 do TST. Outrossim, insurgiu-se contra o índice de correção 1.2.2. DA CORREÇÃO MONETÁRIA
Os reclamados também interpuseram recurso ordinário (ID. econômico decorrente de norma cogente, cuja aplicação
5930140), aduzindo que, nos cálculos do adicional de insalubridade, independente, inclusive, de pedido das partes.
foram considerados períodos distintos daqueles estabelecidos na De nossa parte, compreendemos que a Selic pode ser tudo, menos
sentença. Afirmaram, ainda, que é indevida a aplicação de juros, um fator de correção monetária adequado, especialmente para
créditos trabalhistas; ela não mede variação de preços ou perda legais de regência da matéria (e.g., artigos 1o, IV, e 5o, LXXVIII, da
relativa da capacidade de compra da moeda, mas, ao revés, a CRFB, artigos 404, 406 e 407 do CC e artigos 1o, 4o, 6o e 139, IV,
variação das taxas de juros apuradas nas operações de do CPC/2015, como ainda, "per analogiam", o próprio art. 600 da
empréstimos de instituições financeiras que utilizam títulos públicos CLT), com o valor maior imbricado nesse contexto (o da justiça
federais como garantia. Mas a distorção exsurgiu ainda mais social) e com o estado de fato narrado supra, entendo por bem
gritante; ao assim decidir, alcançando o art. 883 da CLT (que nunca responder como segue.
esteve em causa), a decisão afastou a incidência dos juros de mora A se adotarem as diretrizes das próprias instituições financeiras na
à base de 12% a.a. (mesmo porque a Selic já "embute" juros); e, orientação de seu público (v., p. exemplo,
desse modo, tornou o crédito trabalhista um dos mais "baratos" do https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/indicepreco, acesso em
mercado (conquanto essencialmente alimentar), favorecendo 26/12/2020), o critério ideal de atualização monetária, notadamente
sensivelmente a posição jurídica do devedor trabalhista. Os para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no
números bem o demonstram: para 2010, p. ex., a Selic acumulada decurso do tempo, deveria ser o IPCA-E, que efetivamente
totaliza 9,37%, enquanto a TR com juros (1%) chega a 12,68% e o considera a variação de preços ao consumidor em uma ampla cesta
IPCA-E com juros (1%) chega a 17,79%. Para 2018, a Selic ideal de produtos e serviços. Então, partindo-se desse padrão, pode
acumulada soma 6,39%, enquanto a TR com juros (1%) chega a -se assentar que, para os casos em que a disputa da correção
12,0% (apenas de juros, porque a TR "zerou" em 2018) e o IPCA-E monetária ainda segue em fase de conhecimento, é mister:
com juros (1%) chega a 15,86%. (i) determinar a correção pelo IPCA-E até a data da citação
Nada obstante, a partir de dezembro de 2020, "decisum habemus": (exclusive) e a subsequente atualização com a taxa Selic a partir de
dada a vinculatividade "erga omnes" da decisão prolatada pelo então (inclusive), como entendeu o C. STF;
Excelso Pretório, já não é possível desviar-se literalmente dela. Mas (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que a
é possível e necessário, por outro lado, interpretar a decisão, correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
especialmente para equacionar aspectos omissos ou dúbios do (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
julgado (CPC, art. 489, §3o). E, nessa alheta, cinco questões art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
principais desde logo se colocaram: citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
(a) há alternativa caso o novo critério de atualização imponível "erga responder por uma indenização suplementar até esse limite,
omnes" (= IPCA-E até a citação e Selic a partir de então) não seja inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
suficiente sequer para uma atualização monetária minimamente Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
razoável, com a competente remuneração do capital? integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
(b) nos processos em que houve a liberação da parte incontroversa os efeitos, na própria Selic); e
corrigida pela TR + 1% a.m. totalizando mais que o valor resultante (iii) se se tratar de devedor contumaz, que sabidamente se vale do
da novel atualização pela Selic (que agora se impõe, inclusive processo para atrasar ou sonegar direitos trabalhistas judicialmente
retroativamente), terá de haver alguma devolução? devidos e já fora de qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao
(c) nos processos transitados em julgado sem sobrestamento, em crédito principal corrigido segundo as novas regras de regência
que não se tenha adotado na sentença ou no acórdão qualquer (IPCA-E e Selic), "ex officio" e sob a devida fundamentação (CRFB,
índice oficial de atualização, aplica-se agora a Selic? art. 93, IX), uma multa cominatória apta a induzir quitações mais
(d) para os casos de trânsito em julgado do capítulo relativo à abreviadas, "ex vi" do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
atualização monetária, se acaso ainda couber a ação rescisória 2. RECURSO ORDINÁRIO DOS RECLAMADOS
antes do biênio posterior à data do trânsito), será cabível o Recurso tempestivo. Representação regular. Preparo realizado.
respectivo manejo para a substituição do IPCA-E pela Selic (ao Presentes, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade:
menos no interregno endoprocessual), sob a hipótese do art. 966, legitimidade, interesse recursal e cabimento.
(e) como corrigir, a partir de agora, os créditos trabalhistas havidos 2.2. MÉRITO
À luz da Teoria Tridimensional do Direito (= Direito como fato, valor DOS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO
e norma), compondo com as normas-princípios constitucionais e Aduzem os recorrentes que, nos cálculos do adicional de
insalubridade, foram considerados períodos distintos daqueles b78982f), encontra-se o tópico "Critério da Atualização e
Na sentença de ID. e0872a1, o Juízo de origem condenou os 05/03/2009' sem acréscimo de juros e multa, conforme Art. 276,
reclamados ao pagamento do adicional de insalubridade da caput do Decreto nº 3.048/99. Contribuições sociais sobre 'salários
seguinte forma: "a) adicional de insalubridade, no percentual de devidos vencidos a partir de 05/03/2009' com acréscimo de juros
20% sobre o salário mínimo das épocas próprias, nos períodos de desde a prestação do serviço e sem acréscimos de multa."
31/3/2014 a 30/11/2014, 18/3/2015 a 25/10/2015, 26/2/2016 a Realmente, nos casos em que a prestação de serviço ocorrer antes
28/10/2016 e 7/2/2017 a 6/9/2017, com reflexos sobre 13º salário, de 05.03.2009, deve-se aplicar o disposto no art. 276 do Decreto
férias, FGTS e horas extras." 3.048/99, ou seja, a incidência dos acréscimos legais moratórios
Da planilha de ID. b78982f, verifica-se que os cálculos excederam será devida quando não promovido o recolhimento da contribuição
os períodos supra, porquanto foram considerados os seguintes previdenciária até o dia dois do mês seguinte ao da liquidação da
períodos: 31/03/2014 a 31/12/2014; 01/01/2015 a 31/12/2015; sentença. O fato gerador das contribuições previdenciárias, nessa
01/01/2016 a 31/12/2016; 01/01/2017 a 06/09/2017. situação, é o efetivo pagamento das verbas trabalhistas.
Desta feita, determina-se que sejam refeitos os cálculos, a fim de Já em relação ao período posterior a 05.03.2009, o fato gerador das
excluir os excessos, observando, para isso, os parâmetros da contribuições previdenciárias é a efetiva prestação de serviço,
2.2.2. DA INCIDÊNCIA DE JUROS E MULTA SOBRE AS financiamento da seguridade social, consoante art. 195, I da
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS CRFB/88. Esse o comando inserto no art. 43, §§ 2º e 3º, da Lei nº
Sustentam os recorrentes que é indevida a aplicação de juros, 8.212/91, incluídos pela Medida Provisória nº 449/2008,
assim como de multa, sobre as contribuições previdenciárias. posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009.
"Outrossim, aplica o Calculista do MM. Juízo a quo juros sobre as como demonstram os arestos a seguir transcritos:
contribuições previdenciárias, o que resta indevido, pois, não deve "AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS EM RECURSO DE
Tal critério visa penalizar as Recorrentes indevidamente, pois, até o CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. JUROS DE MORA.
momento, não houve determinação para que o se efetuasse PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POSTERIOR AO INÍCIO DA
qualquer recolhimento pertinente, além do que também não houve EFICÁCIA DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/2008, CONVERTIDA
Relativamente, o fato gerador das contribuições sociais decorrentes ARTIGO 43 DA LEI No 8.212/1991. Inviável o processamento do
de sentença é o pagamento do salário contribuição, que, no recurso de embargos quando evidenciada a conformidade do
presente caso, ocorrerá com o pagamento do crédito da acórdão turmário com a jurisprudência deste Tribunal, que, em
Reclamante, sendo que somente caberá a incidência de juros e composição plena, firmou o entendimento de que os juros
multa a partir deste prazo legal. incidentes sobre as contribuições previdenciárias relativas à
Ainda, entende-se que a multa não é aplicável, seja pelo apurados em observância ao regime de competência (TST-E-RR-
entendimento que somente se aplica aos débitos previdenciários 1125-36.2010.5.06.0171, Rel. Min. Alexandre Agra Belmonte, DEJT
decorrentes de não recolhimento nas épocas próprias das parcelas de 15/12/2015). Inteligência do artigo 894, § 2o, da CLT. Agravo
sob sua incidência, extra esfera trabalhista; seja pelo entendimento regimental a que se nega provimento." (TST-AgR-E-RR-283-
que, mesmo na esfera trabalhista, a possibilidade da aplicabilidade 97.2012.5.02.0009, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro,
da multa somente teria ensejo após a liquidação definitiva, o que Data de Julgamento: 21/09/2017, Subseção I Especializada em
nos levaria a decisão final dos cálculos, o que somente ocorreria Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017)
após a possibilidade do art. 884, § 3º da CLT e seus consectários "RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA.
Na planilha de cálculos elaborada pela Contadoria do Juízo (ID. VÍNCULO DE EMPREGO ANTERIOR À MP 449/09. 1. O Colegiado
Turmário, no tópico, não conheceu do recurso de revista da GERADOR. MOMENTO DE INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA
reclamada. Afastou as alegações no sentido de que o Tribunal de E DA MULTA. Cinge-se a controvérsia a apreciar o fato gerador da
origem, ao considerar a data da prestação de serviços como o fato contribuição previdenciária, de forma a se determinar o momento
gerador da contribuição previdenciária, violou o art. 195, I, "a", da oportuno de incidência dos juros de mora. A matéria deve ser
CLT, ao registro de que o referido dispositivo "não disciplina apreciada à luz da Lei n.o 8.212/1991 e do Decreto n.o 3.048/1999.
especificamente a matéria discutida nos presentes autos (fato O caput do art. 276 do Regulamento da Previdência Social,
gerador da incidência dos acréscimos legais sobre as contribuições aprovado pelo Decreto n.o 3.048/1999, estipula que o prazo para o
previdenciárias decorrentes de decisão judicial)". 2. Decisão recolhimento das contribuições previdenciárias resultantes de
recorrida contrária à jurisprudência desta Subseção, que, em sua decisão judicial é o dia dois do mês seguinte ao da liquidação da
composição completa, ao julgamento do E-ED-RR-3800- sentença. Com base nesse dispositivo, a jurisprudência desta Corte
88.2005.5.17.0101, firmou entendimento no sentido de que, em firmou-se no sentido de que o fato gerador da obrigação
hipóteses como a dos autos, em que o vínculo de emprego é previdenciária, quando o direito é reconhecido judicialmente, é a
anterior à MP 449/09, "somente serão devidos juros e multa liquidação do julgado - do que o pagamento é consequência lógica,
moratória se não quitada a contribuição previdenciária até o dia dois sendo esse, portanto, o momento a partir do qual se deve
do mês seguinte ao da liquidação da sentença que determinou a determinar a incidência dos juros de mora e da multa. Todavia, com
obrigatoriedade do pagamento de verbas trabalhistas ao a edição da Lei n.o 11.941/2009, que alterou a redação do art. 43, §
empregado. Tal entendimento fundamenta-se na interpretação 2.o, da Lei n.o 8.212/1991 prevendo que se considera "ocorrido o
conjunta das disposições dos artigos 195, I, a, da Constituição fato gerador das contribuições sociais na data da prestação do
Federal, 43 da Lei no 8.212/91, em sua antiga redação, e 276, serviço", deve ser conferida nova interpretação à questão referente
caput, do Decreto no 3.048/99". Recurso de embargos conhecido e ao fato gerador da contribuição previdenciária. Realmente, verifica-
provido." (TST-E-RR-4600-08.2009.5.03.0142, Relator Ministro: se que o referido preceito legal, por prever especificamente qual
Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 26/02/2015, deve ser o fato gerador da contribuição previdenciária decorrente da
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de prestação de serviços, acabou por revogar a regra inserta no art.
Publicação: DEJT 06/03/2015) 276, caput, do Decreto n.o 3.048/1999, ante os termos do art. 2.o, §
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA 1.o, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
RECLAMADA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.o Entretanto, como o art. 43, § 2.o, da Lei n.o 8.212/91 promoveu uma
13.015/2014. ESTABILIDADE. MEMBRO DA CIPA. OFERTA DE majoração do encargo previdenciário, a mencionada alteração
REINTEGRAÇÃO. RECUSA. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. legislativa somente deve ser observada depois de decorridos
Atendidos os ditames do art. 896, § 1.o-A, da CLT e caracterizado o noventa dias da entrada em vigor da Lei n.o 11.941/2009. De fato,
dissenso pretoriano, na forma do § 8.o do referido dispositivo nos moldes do art. 150, III, "a", c/c o art. 195, § 6.o, da Constituição
consolidado, dou provimento ao Agravo de Instrumento, Federal, a instituição ou modificação da contribuição previdenciária,
determinando o processamento do Recurso de Revista. Agravo de que implique a sua majoração, deve observar o princípio da
Instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA DA anterioridade nonagesimal, ou seja, somente terá aplicação após
RECLAMADA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.o decorridos noventa dias da edição da respectiva lei que a institua ou
13.015/2014. ESTABILIDADE. MEMBRO DA CIPA. OFERTA DE a modifique. Assim, no caso dos autos, como o vínculo de emprego
REINTEGRAÇÃO. RECUSA. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. É se deu no período de 1.o/12/2008 a 3/12/2012, aplicável a nova
entendimento desta Corte que havendo inobservância do direito à redação do art. 43, § 2.o, da Lei n.o 8.212/1991 a partir de 5/3/2009,
estabilidade por parte do empregador, o empregado prejudicado porque, caso contrário, estar-se-ia conferindo aplicação retroativa à
poderá requerer apenas a indenização substitutiva, não sendo ele Lei n.o 11.941, de 28 de maio de 2009 (conversão da MP n.o 449,
obrigado a postular reintegração. Por corolário, a recusa em de 4 de dezembro de 2008). Recurso de Revista conhecido e
justificativas, não elide o direito à percepção daquela indenização Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 30/03/2016,
por todo o período estabilitário, tal como decidiu a Corte de origem. 4a Turma, Data de Publicação: DEJT 01/04/2016)
Recurso de Revista conhecido e não provido. RECURSO DE Nesse contexto, não há se falar em incorreção nos cálculos
REVISTA DA UNIÃO. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI elaborados pela Contadoria Judicial, visto que estão conforme a
N.o 13.015/2014. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. FATO jurisprudência do c. TST e a legislação atinente à matéria.
VOTO POR conhecer dos recursos ordinários. com a taxa Selic a partir de então (inclusive), como entendeu o C.
No mérito, dar provimento ao apelo da reclamante, para: a) incluir STF; (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que
na condenação a multa do § 8º do art. 477, da CLT; e b) determinar a correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m.
que se faça a correção monetária da seguinte forma: (i) pelo IPCA- (juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN,
E até a data da citação (exclusive) e a subsequente atualização art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a
com a taxa Selic a partir de então (inclusive), como entendeu o C. citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor
STF; (ii) se se demonstrar, em sede de Iiquidação de sentença, que responder por uma indenização suplementar até esse limite,
a correção pela Selic é inferior à atualização pelo IPCA-E + 1% a.m. inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código
(juros mínimos para qualquer dívida civil, ut CC, art. 406, c.c. CTN, Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in
art. 161, §1o), considerando-se esse mesmo interregno (entre a integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos
citação e a própria conta de liquidação), caberá ao devedor os efeitos, na própria Selic); e (iii) se se tratar de devedor
responder por uma indenização suplementar até esse limite, contumaz, que sabidamente se vale do processo para atrasar ou
inclusive "ex officio", nos termos do art. 404, par. único, do Código sonegar direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de
Civil (c.c. art. 8o, §1o, da CLT), provendo-se a "restitutio in qualquer dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito principal
integrum" (já que os juros de mora estarão "embutidos", para todos corrigido segundo as novas regras de regência (IPCA-E e Selic), "ex
os efeitos, na própria Selic); e (iii)se se tratar de devedor contumaz, officio" e sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, IX), uma
que sabidamente se vale do processo para atrasar ou sonegar multa cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi"
direitos trabalhistas judicialmente devidos e já fora de qualquer do art. 139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT).
dúvida razoável, cumprirá acrescer ao crédito principal corrigido Ademais, dar parcial provimento ao apelo dos reclamados, para
segundo as novas regras de regência (IPCA-E e Selic), "ex officio" e determinar que sejam refeitos os cálculos da planilha de ID.
sob a devida fundamentação (CRFB, art. 93, IX), uma multa b78982f, a fim de excluir os excessos em relação ao adicional de
cominatória apta a induzir quitações mais abreviadas, "ex vi" do art. insalubridade, observando, para isso, os períodos estabelecidos na
139, IV, do CPC (c.c. art. 769 da CLT). sentença. Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis
Ademais, dar parcial provimento ao apelo dos reclamados, para Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e
determinar que sejam refeitos os cálculos da planilha de ID. Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
b78982f, a fim de excluir os excessos em relação ao adicional de representante do Ministério Público do Trabalho.
sentença.
Relator
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001484-67.2019.5.07.0033
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE VICUNHA TEXTIL S/A.
ADVOGADO JANCILENE MARIA AZEVEDO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO BESSA(OAB: 37691/CE)
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO por
parcelas:
Em suas razões de recurso ordinário, a reclamada alega a ausência mesmo usando palmilhas de silicone.".
de ação ou omissão por parte da empresa a ensejar a lesão Aliás, este Juízo deferiu o pedido para a realização de perícia
alegada pelo reclamante, aduzindo haver comprovado o técnica para análise da ergonomia do local de trabalho, cujo o laudo
cumprimento das suas obrigações para proporcionar um sadio pericial foi concluído sob os seguintes termos:
ambiente de trabalho. Defende, outrossim, a necessidade de "A perícia realizada no local de desempenho das atividades do
comprovação da existência do dano moral pelo autor. Requer, de Reclamante teve a seguinte conclusão: Em relação ao posto de
outra via, a redução do valor arbitrado a título de indenização por trabalho, possui altura incompatível com o tipo de trabalho, com
Sobre a questão, o Juízo de origem entendeu comprovada, nos características dimensionadas para posicionamento e
autos, a concausa entre a patologia e as atividades exercidas na movimentação de materiais. As condições de trabalho não
reclamada pelo autor, bem como o inadimplemento do empregador atendem as especificações da NR 17 no que diz respeito à
quanto à obrigação de adotar medidas necessárias para que o altura e a área de trabalho." (destaque nosso)
trabalho seja prestado em condições saudáveis. Consignou a Se a empresa tivesse se desincumbido de seu dever legal (art. 168,
sentença vergastada, "in verbis": III, da CLT), assumindo os riscos do empreendimento e sua função
"O reclamante requer o pagamento de indenização por danos social (art. 421 e 422 do CC/02 c/c art. 8º da CLT), com o
materiais e morais decorrente da doença ocupacional adquirida em tratamento idôneo a seus empregados, no presente caso, através
função do labor prestado para a reclamada. de verificação das condições de trabalho, não estaria hoje
A reclamada impugna especificamente a pretensão. respondendo à presente reclamatória trabalhista. Conforme prevê o
A perícia médica foi realizada, que resultou no laudo pericial, o qual art. 942 do CC/02, os bens do responsável pela OFENSA ou
elucida o histórico médico e profissional do reclamante, contendo VIOLAÇÃO DO DIREITO DE OUTREM FICAM SUJEITOS À
conclusão pela existência de nexo concausal entre a doença e o REPARAÇÃO do DANO CAUSADO.
labor exercido, nos seguintes termos: A cláusula geral da função social do contrato tem magnitude
"O periciado foi e ainda é portador de fascite plantar e esporão constitucional e não apenas civilística, logo se estende de forma
de calcâneo bilateral. Existe nexo de concausa entre estas plena ao ramo jus trabalhista. A função social do contrato é
doenças e seu trabalho na reclamada. Houve, e ainda Não decorrência lógica do princípio constitucional dos valores da
recomendamos seu retorno ao trabalho, há incapacidade laboral solidariedade e da construção de uma sociedade mais justa (art. 3º,
temporária. após a alta do INSS, na mesma função que exercia na I, da CF), decorre também da necessidade da propriedade privada
reclamada. Poderá exercer outra função diferente, que não exercer sua função social (art. 5º, XXIII e art. 170, III, da CF), bem
sobrecarregue os pés. O periciado também foi portador de pé como no fundamento da República Federativa do Brasil, baseado
plano, insuficiência do tendão tibial posterior e deformidade de no valor social da livre iniciativa, que deve se compatibilizar com a
Haglund. Foi operado e não tem mais estas doenças. Existe função social do Contrato, seja o comercial, seja o contrato de
nexo de concausa entre estas doenças e seu trabalho na trabalho. Como leciona o ilustre mestre Nelson Nery:
reclamada. Houve, e ainda há incapacidade laboral temporária. "o contrato tem de ser entendido não apenas como as pretensões
Não recomendamos seu retorno ao trabalho, após a alta do INSS, individuais dos contratantes, mas como verdadeiro instrumento de
na mesma função que exercia na reclamada. Poderá exercer outra convívio social e de preservação dos interesses da coletividade.
função diferente, que não sobrecarregue os pés. Existe dano Interessa a toda a sociedade, na medida em que os standards
estético leve." (destaques nossos) contratuais são paradigmáticos para outras situações
Portanto, o laudo pericial concluiu que as doenças apresentadas assemelhadas. Tudo o que ocorre relativamente a um contrato terá,
pelo reclamante no decorrer do pacto laboral, apesar da inexistência forçosamente, repercussão em outros casos que digam respeito ao
de uma causa determinada para elas, foram agravadas enquanto mesmo tipo de contrato. Essa é apenas uma das conseqüências da
laborava para a reclamada, conforme se percebe no seguinte trecho nova socialidade do contrato. Além de útil, o contrato tem de ser
da discussão constante do laudo médico: "Porém podemos afirmar também justo (NERY, Nelson. "Código Civil Comentado". São
que o trabalho contribuiu com o agravamento destas doenças. Paulo: 4ª ed., pg. 412)".
Como já foi dito, ele trabalhava em pé, e realizava muito o A reclamada, no caso dos autos, além de violar os princípios da
movimento de ficar na ponta dos pés, devido a sua altura. Ele usava probidade e da boa-fé na execução do contrato de trabalho,
botas, que não são adequadas para quem tem estas doenças, também violou os princípios trabalhistas da proteção e da
continuidade da relação trabalhista; ou seja, tais violações se deram O impedimento produzido pela reclamada (falta de cumprimento do
por parte da empresa. seu dever de zelar pela saúde dos seus empregados, com
A responsabilidade do empregador por indenizações referentes a adequação do ambiente de trabalho) atentou contra o direito
lesões de cunho moral e material decorrentes de acidente de fundamental ao trabalho, assegurado pelo art. 6º da Carta Magna
trabalho é do tipo subjetiva, como regra nos termos do art. 7º, que, além de permitir a sobrevivência do trabalhador, garante-lhe a
XXVIII da CF e, excepcionalmente, objetiva quando a atividade dignidade de se encontrar inserido na sociedade capitalista por
pode ser considerada de risco, conforme art. 927, § único do CC/02 meio de sua energia de trabalho, conferindo-lhe uma posição dentro
ou por lesões ao meio ambiente do trabalho na forma do art. 225 da dacomunidade em que vive de forma a se implementar o valor
A Constituição Federal em seu art. 7º, XXVIII, assegurou aos do art. 1º da CF, em seu inciso IV.
trabalhadores indenização em caso de dolo ou culpa do O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana encontra
empregador decorrente de acidente de trabalho. irradiação em todos os campos do direito, sendo patente que na
A responsabilidade subjetiva da reclamada decorre de sua seara trabalhista existe solo fértil para que sua utilização seja
negligência durante o contrato de trabalho com relação à função fomentada, seja porque o direito do trabalho trata de uma relação
desempenhada pelo reclamante, o que produziu agravamento da privada entre contratantes com força desigual, seja porque o
lesão por não se observar a conduta que os particulares trabalho revela ser, para a maioria dos cidadãos, a única forma de
(principalmente as pessoas jurídicas, que devem velar por sua inserção na sociedade e de viabilização de sua sobrevivência de
função social em todos os contratos que pactuarem, seja no mundo forma digna.
comercial, tributário ou trabalhista) devem adotar acerca dos direitos Desta forma, restam presentes todos os elementos da
fundamentais em sua dimensão objetiva, qual seja a de não praticar responsabilidade civil (a lesão/dano, a conduta omissiva da
atos que atentem contra os valores sociais e trabalhistas protegidos reclamada e o nexo de concausalidade entre a doença e as
Constata-se também verdadeiro reconhecimento de uma eficácia reparação equivalente à extensão do dano sofrido, nos termos dos
negativa a todos os direitos fundamentais, inclusive os de segunda arts. 944 do CC/02 c/c art. 8º da CLT.
dimensão, como o ora analisado, no sentido de se vedar qualquer Logo, patente a lesão de cunho extrapatrimonial na esfera particular
prática abusiva que produza lesão aos valores - trabalho, saúde e do reclamante, seja porque atingida sua honra pelo fato da empresa
dignidade do trabalhador - consagrados constitucionalmente. simplesmente ter se omitido diante da situação, gerando o dano em
A reclamada não apresentou qualquer excludente de sua análise, seja porque óbvia a angústia pela qual passa o reclamante,
responsabilidade, sendo que o laudo pericial médico foi conclusivo sabendo de sua atual limitação para o trabalho que exercia na
em denotar relação de NEXO CONCAUSAL entre as doenças e a empresa, constatando a incerteza da possibilidade de manter o
atividade laboral executada pelo reclamante. padrão de dignidade equivalente ao período em que estava com
Também restou claro que, conforme o laudo pericial técnico, a sua capacidade laboral total, traduzindo a indenização por dano
empresa não adotou as regras de ergonomia previstas na NR-17 do moral um lenitivo para a sua dor física e sua angústia pela incerteza
agravamento das doenças que acometem a parte reclamante. Reitere-se que a indenização por dano moral decorre da conduta
Com efeito, o próprio preposto da empresa, em audiência, negligente ou imprudente da reclamada, a qual teria a obrigação de
confirmou que as atividades laborais do reclamante eram realizadas garantir um meio ambiente de trabalho saudável e de reduzir os
em pé, que ele não revezava as atividades e que não havia riscos inerentes ao trabalho, por meio da obediência às normas de
assentos para descanso dos funcionários (ata de audiência ID. saúde, higiene e segurança.
7D7c1b9). Por todo o exposto, ocorrida a lesão de cunho imaterial por afronta
Assim, resta patente a ocorrência de agressão a direitos da esfera ao valor social do trabalho e presentes o nexo concausal e a
extrapatrimonial do reclamante, já que o evento em questão conduta ilícita do empregador, impõe-se a indenização por dano
maculou o jurídico do trabalhador status que perde sua dignidade moral pretendida pelo reclamante no valor de R$5.000,00 (cinco mil
ao não mais se encontrar totalmente apto para o mesmo labor que reais), arbitrado com observância dos critérios e dos parâmetros
exercia, eis que considerado o trabalho, por nossa sociedade, como previstos no art. 223-G, "caput" e §1º da CLT, considerando a lesão
valor fundamental, nos termos do art. 1º, III e IV da CF/88. de natureza leve, valor este compatível com a extensão do dano,
com a compensação da vítima pelo sofrimento suportado, com as Outrossim, a perícia médica requerida pelo Juízo da instrução
condições econômicas das partes, observando-se ainda o caráter concluiu pela existência das doenças especificadas acima,
equipara a doença ocupacional, encontra assento constitucional, "O periciado também foi, e ainda é portador de fascite plantar e
conforme se verifica do art.5º, incisos V e X, e, especialmente, do esporão de calcâneo, bilateral. Da mesma forma que as doenças
art.7º, XXVIII, que reza: anteriores, não existe uma causa determinada para estas doenças.
"Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de Também como foi dito acima, não podemos afirmar com certeza
outros que visem à melhoria de sua condição social: que o trabalho na reclamada foi a única causa para estas doenças.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do Ele realizava caminhadas. Porém podemos afirmar que o trabalho
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, contribuiu com o agravamento destas doenças. Como já foi dito, ele
quando incorrer em dolo ou culpa;" trabalhava em pé, e realizava muito o movimento de ficar na ponta
Outrossim, na legislação infraconstitucional, o núcleo da dos pés, devido a sua altura. Ele usava botas, que não são
responsabilidade civil pode ser identificado nos arts. 186, 187 e 927, adequadas para quem tem estas doenças, mesmo usando
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência após a alta do INSS, na mesma função que exercia na reclamada,
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que trabalhando em pé, e realizando movimentos frequentes na ponta
exclusivamente moral, comete ato ilícito." dos pés. Poderá trabalhar sentado."
"Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao O juízo determinou, ainda, a realização de perícia técnica (ID
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim 923c08f), a qual constatou que a atividade desempenhada pelo
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes." obreiro era realizada com braços acima da linha do ombro e
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a necessidade de elevação dos pés, visto que a máquina que operava
outrem, fica obrigado a repará-lo. era incompatível com a sua altura, o que demonstra a existência de
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, irregularidades ergonômicas no ambiente de trabalho, ferindo o
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou disposto na NR 17. Veja-se a conclusão alcançada pelo laudo
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem." "A perícia realizada no local de desempenho das atividades do
Das normas transcritas, extrai-se que, para que reste configurada a Reclamante teve a seguinte conclusão:
responsabilidade indenizatória do empregador, é essencial a Em relação ao posto de trabalho, possui altura incompatível com o
conjugação dos seguintes pressupostos: dano, liame de tipo de trabalho, com difícil alcance e visualização pela Reclamante,
causalidade e culpa empresarial, sendo irrelevante este último pela estatura e características dimensionadas para posicionamento
requisito "quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor e movimentação de materiais. As condições de trabalho não
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de atendem as especificações da NR 17 no que diz respeito à altura e
No presente caso, o autor relatou ter adquirido doença ocupacional Não merece prosperar o argumento da recorrente de que o laudo
em razão da atividade desenvolvida na empresa reclamada como técnico é inválido por ter sido elaborado sem que o maquinário
ajudante de produção, com movimentos executados em pé, estivesse funcionando, visto que, no momento da perícia, houve
necessitando estar, a maior parte do tempo, em ponta de pé e de simulações dos movimentos do reclamante, sempre com a
braços esticados, de forma repetitiva, não tendo o empregador supervisão e ratificação do supervisor da unidade. Vejamos trecho
A existência da lesão se constata dos laudos e exames médicos "7.Não existia movimentação (andar) do paradigma nas atividades
colacionados com a exordial, confirmada por perícia médica oficial, realizadas? Qual a definição ergonômica e suas consequências
em 16/04/2020, que atestou ser o reclamante portador de fascite para atividades "EXCLUSIVAMENTE em pé" e com movimentação?
plantar e esporão de calcâneo bilateral, com "incapacidade laboral Quais os riscos ergonômicos para cada tipo dessas atividades?
V está completamente parada. A atividade foi analisada com as "17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em
explanações dos participantes da perícia e simulação do pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem
Reclamante, sendo ratificado pelo supervisor da unidade. Vide proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização
detalhamento completo da atividade no laudo pericial. e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:
8.De acordo com avaliação pericial qual a classificação postural a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis
para a atividade realizada pelo reclamante, boa postura, com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao
intermediária, postura ruim ou altíssima exigência? Justifique sua campo de trabalho e com a altura do assento;
resposta com as respectivas definições. b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo
altura do ombro, em curto espaço de tempo devido ao grande c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento
numero de maçarocas nos 4 filatórios, que continham 1056 fusos e movimentação adequados dos segmentos corporais."
9.Qual a definição de pausa curtíssima ou pausa de média de adequadas para eliminar ou reduzir os riscos inerentes ao trabalho,
duração? Qual dessas pausas o reclamante tinha na sua atividade? por meios de normas de saúde, higiene e segurança, cumprindo e
A pausa caracterizada evita o acúmulo dos fatores de fadiga? fazendo cumprir as regras de segurança e medicina do trabalho e
Resposta: Não haviam pausas na atividade. precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou
Na lição de Sebastião Geraldo de Oliveira, "Deve-se verificar se o doenças ocupacionais, a teor dos arts. 7º, inciso XXII, da CF/88, e
trabalho atuou como fator contributivo do acidente ou doença 157, incisos I e II, da CLT.
ocupacional; se atuou como fator desencadeante ou agravante de Quanto ao argumento da reclamada a respeito do laudo do INSS,
doenças preexistentes ou, ainda, se provocou a precocidade de que teria descartado o nexo concausal entre a doença e o labor,
doenças comuns, mesmo daquelas de cunho degenerativo ou tem-se que em que pese o valor do documento emitido pela
inerente a grupo etário."(Indenizações por Acidente do Trabalho ou autarquia federal, resta evidente que o laudo oficial, produzido em
Doença Ocupacional, 6ª ed., São Paulo: LTr, 2011. p. 56) juízo, deve prevalecer, visto que produzido sob o crivo do
No mesmo sentido, a jurisprudência do TRT da 4ª Região, "verbis": contraditório, com todas as garantias inerentes ao devido processo
"Doença ocupacional. Concausa. Danos morais e materiais. Mesmo legal, por perito designado pelo Juízo, equidistante das partes,
sendo possível atribuir outras causas à doença (hérnia de disco), sendo mais preciso e confiável para esclarecer os fatos.
não há como deixar de enquadrá-la como doença profissional, uma Ressalte-se que inexistem provas que desabonem as conclusões
vez que o nexo causal relativo às doenças ocupacionais pode alcançadas pelos peritos designados pelo Juízo.
funcionar como elemento de agravamento, sem que Apena a título de esclarecimento, calha frisar que ainda que a
necessariamente constitua o único elemento gerador da patologia, doença do reclamante fosse degenerativa, o que não restou
em especial diante do conceito de concausa. A configuração do comprovado nos autos, razão não assistiria à recorrente.
acidente de trabalho não exige que o componente laboral seja único Explica-se.
e exclusivo, havendo responsabilidade da empresa mesmo na A doença degenerativa caracteriza-se como hipótese excludente do
hipótese de concausa. (...)"(TRT 4ª Região. 3ª Turma. RO 00916- conceito de doença do trabalho, a teor do art. 20, §1º, "a", da Lei nº
2006-101-04-00-6, Rel.:Maria Helena Mallmann, DJ 04 fev. 2009.) 8.213/91, porquanto, normalmente, independe do fator laboral e
Impende reconhecer, portanto, no mesmo sentido do parecer pode surgir ainda que o trabalhador esteja desempregado ou
nos autos, que a atividade laboral desempenhada pelo autor atuou Entretanto, o desempenho de atividade laboral em determinadas
como concausa sobre o desencadeamento das doenças condições pode atuar como causa contributiva para agravar ou
relacionadas aos pés do reclamante. mesmo provocar a precocidade da doença de cunho degenerativo,
A conduta culposa do empregador reside no fato de não haver caracterizando-se como doença do trabalho, segundo a teoria das
adotado providências necessárias para evitar o dano suportado pelo concausas adotada pela legislação pátria no art. 21, I, da Lei nº
autor, em inobservância às normas específicas de proteção do 8.213/91. Conforme esclarece o médico do trabalho Primo
previstas na Norma Regulamentadora 17, confira-se: "O processo degenerativo pode ser de natureza biomecânica,
microtraumática ou mesmo macrotraumática. O câncer ocupacional período da limitação decorrente do infortúnio laboral e do abalo,
também é doença degenerativa, causada por agentes cancerígenos ainda que momentâneo, na sua integridade psicobiofísica. Como
ocupacionais, alguns deles listados na NR-15. A própria surdez leciona Sebastião Geraldo de Oliveira, "verbis":
ocupacional é um processo degenerativo das células nervosas do "Mesmo nas hipóteses de acidente do trabalho que tenha gerado
órgão de Corti. Provada sua relação direta com a atividade apenas incapacidade temporária, pode ser cabível o deferimento da
laborativa, deve o processo degenerativo ser caracterizado como reparação dos danos morais, quando presentes os pressupostos da
doença do trabalho." (apud OLIVEIRA, Sebastião Geraldo. responsabilidade civil. Segundo Carlos Roberto Gonçalves, a
Indenizações por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional. 6ª expressão constante do art.949 do Código Civil além de algum outro
Ed. São Paulo: LTr, 2011. p.54.) prejuízo que o ofendido prove haver sofrido permite que a vítima
Nessa senda, mesmo que fosse degenerativa a doença do obreiro, pleiteie, também, reparação por dano moral." (Indenizações por
tal circunstância não lograria afastar a contribuição do fator laboral Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional. 6ª ed. LTr, São
desfavoráveis de trabalho. Sobre a fixação do valor da indenização por danos morais, no que
Destarte, constatada a presença simultânea dos pressupostos da se refere ao argumento utilizado pela recorrente quanto à
responsabilidade civil do empregador, faz jus o reclamante à observância dos requisitos previstos no art. 223-G, acrescido à CLT
indenização por dano moral decorrente de doença ocupacional, pela Lei nº 13.467/2017, adoto os bem lançados fundamentos do
direito justificado por dois fundamentos essenciais: "a vítima não MM. Juiz de 1º grau, "ipsis litteris":
pode ser deixada ao desamparo, nem os lesantes impunes", como "Por todo o exposto, ocorrida a lesão de cunho imaterial por afronta
ensina Sebastião Geraldo de Oliveira. Complementa o jurista: ao valor social do trabalho e presentes o nexo concausal e a
"Esses dois fundamentos repercutem seriamente na harmonia da conduta ilícita do empregador, impõe-se a indenização por dano
convivência social, porque a vítima desamparada é tomada de moral pretendida pelo reclamante no valor de R$5.000,00 (cinco mil
revolta e pode cultivar o desejo de vindita; por outro lado, a reais), arbitrado com observância dos critérios e dos parâmetros
impunidade dos causadores do dano acaba estimulando a previstos no art. 223-G, "caput" e §1º da CLT, considerando a lesão
ocorrência de novas lesões."(Indenizações por Acidente do de natureza leve, valor este compatível com a extensão do dano,
Trabalho ou Doença Ocupacional, 6ª ed., São Paulo: LTr, 2011. com a compensação da vítima pelo sofrimento suportado, com as
condenação compensatória do dano moral decorrente de acidente Assim, fica ao prudente arbítrio do julgador determinar o valor da
de trabalho, por habitar a esfera da honra subjetiva, carece de indenização, observando a situação social, política e econômica das
comprovação do prejuízo sofrido pelo reclamante, sendo partes envolvidas, a extensão do dano, bem como o grau de dolo ou
gerador, suficiente a gerar a responsabilidade do agressor. Nesse Ainda, o arbitramento do 'quantum' indenizatório não deve ser
sentido, a doutrina de Sérgio Cavalieri: excessivo a ponto de causar enriquecimento da parte que o recebe
"O dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade e empobrecimento da parte condenada ao pagamento. Por outro
do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só lado, não pode ser ínfimo a ponto de se mostrar irrisório para o
justifica a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao reclamante ou não ser substancial para a parte reclamada.
lesado. Em outras palavras, o dano moral existe 'in re ipsa'; deriva Destarte, considerando as particularidades do caso concreto,
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada mormente a extensão da lesão sofrida pelo reclamante,
a ofensa, 'ipso facto' está demonstrado o dano moral à guisa de ponderando, ainda, sobre o reconhecimento do nexo concausal e o
uma presunção natural, uma presunção 'hominis' ou 'facti', que grau de culpa da reclamada, considera-se que o valor fixado pelo
decorre das regras da experiência comum." (apud OLIVEIRA, Juízo de primeira instância (R$ 5.000,00) atende aos princípios
Sebastião Geraldo, Indenizações por Acidente do Trabalho ou balizadores da razoabilidade e da proporcionalidade, sendo apto a
Doença Ocupacional. 6ª ed.. São Paulo: LTr, 2011. p.234.) conferir compensação pelo dano sofrido pelo demandante, sem
De efeito, ainda que a lesão tenha gerado apenas incapacidade incidir em enriquecimento ilícito, logrando alcançar, ainda, o
parcial e por tempo determinado, a indenização por dano moral desestímulo da repetição do ato ilícito pela empresa reclamada.
subsiste em vista dos sofrimentos suportados pelo obreiro no Recurso improvido, no ponto.
2.2. DOS DANOS MATERIAIS procedente o pedido de pagamento de uma pensão mensal,
No tocante à indenização por danos materiais, estabelecem os conforme art. 950 do CC/02. O reclamante, portanto, faz jus à
arts.949 e 950 do CCB, "verbis": pensão mensal desde a data do afastamento previdenciário
"Art. 949. "No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor (24/04/2017) até completar 73 anos de idade - expectativa de vida
indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros conforme tabela IBGE - conforme os seguintes parâmetros: a
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro pensão consistirá em um valor mensal correspondente a 100% da
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido." última remuneração devida à época do afastamento (R$ 1.019,20),
Art. 950. "Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não nos limites do pedido."
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do Levando-se em consideração que o obreiro restou impossibilitado
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá de exercer as mesmas atividades exercidas anteriormente ao
pensão correspondente à importância do trabalho para que se evento danoso, tendo sua capacidade de trabalho sido reduzida, e
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. não anulada. Considerando, também, que o preceito contido no art.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a 950 do CCB, determina que a pensão mensal deve corresponder à
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez." importância do trabalho para a qual se inabilitou, entende-se
Sendo o dano material aquele que resulta em prejuízo financeiro razoável que o pensionamento mensal do reclamante deve ser no
efetivo ao atingir patrimônio presente (dano emergente) e/ou futuro valor equivalente a 20% de sua remuneração, considerando-se o
(lucros cessantes) da vítima, avaliável monetariamente, afigura-se último salário recebido, com as atualizações posteriores para os que
imprescindível sua comprovação nos autos, a fim de se apurar o exercem a mesma função (ajudante de produção) à época do
Isso porque a finalidade da indenização aludida consiste na O autor faz jus ao pensionamento mensal desde a data do
compensação do lesado, para obter a recomposição integral do seu afastamento previdenciário (24/04/2017) até a data em que
patrimônio anterior ao evento, a teor do princípio da "restitutio in completaria 73 anos de idade - expectativa de vida conforme tabela
integrum" ou da restauração do "status quo ante". IBGE e, não até os 65 anos de idade, como quer a recorrente.
No caso dos autos, tendo sido constatada a redução da capacidade Nesse sentido, colaciona-se o seguinte aresto, "in verbis":
de trabalho do reclamante, é cabível a indenização por danos "RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. PENSÃO MENSAL.
O perito concluiu o seguinte: CÓDIGO CIVIL. Versa a controvérsia sobre o alcance do art. 950 do
"O periciado foi e ainda é portador de fascite plantar e esporão de CCB, para efeitos de fixação do valor devido a título de indenização
calcâneo bilateral. Existe nexo de concausa entre estas doenças e por dano material decorrente de moléstia profissional,
seu trabalho na reclamada. Houve, e ainda há incapacidade laboral consubstanciada em pensão mensal. Nos termos do art. 950 do
temporária. Não recomendamos seu retorno ao trabalho, após a alta Código Civil: "Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não
do INSS, na mesma função que exercia na reclamada. Poderá possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
exercer outra função diferente, que não sobrecarregue os pés." capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
O magistrado sentenciante decidiu acerca da presente questão da tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
"O laudo pericial médico concluiu que houve e ainda há inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu". Tal preceito encerra
incapacidade laboral temporária para oexercício das funções que o duas hipóteses com soluções jurídicas diversas. A primeira
reclamante exercia na empresa, tanto que um possível retorno ao contempla situação em que a lesão sofrida pela vítima é de tal
labor apenas poderá ocorrer em funções que não sobrecarreguem monta, que a impede de exercer aquele ofício ou aquela profissão
Com base em tal parecer técnico, forçoso concluir que o percentual corresponder à importância do trabalho para o qual se inabilitou. Na
de redução da capacidade laborativa corresponde a 100%, já que o segunda, há, apenas, redução da capacidade de trabalho, hipótese
reclamante está totalmente, ainda de forma temporária, inabilitado em que o valor da pensão deverá ser proporcional, relativo,
para o exercício das funções que exercia anteriormente. portanto, à depreciação de que sofreu a vítima. No caso concreto, o
Desta feita, ante a incapacidade temporária para o trabalho, julgo Tribunal Regional dá conta de que a Reclamante apresenta
incapacidade parcial e temporária para o trabalho, e de que, com adotando-se como referencial objetivo a Res. CSJT nº 66/2010, à
base na tabela da SUSEP, a redução corresponderia a 25% da sua luz dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade,
capacidade laborativa. Dessarte, levando-se em consideração as imperiosa a redução do arbitramento dos honorários periciais para o
premissas fáticas delineadas pelo Regional e o preceito contido no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).
art. 950 do CCB, que determina que a pensão mensal deve Recurso provido, no tópico.
corresponder à importância do trabalho para que se inabilitou e 2.4. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
ser paga até o fim da convalescença, afigura-se acertada a Tendo em vista que não houve sucumbência por parte do
decisão regional que fixou a pensão mensal no valor de 25% da reclamante, não há se falar em condenação ao pagamento de
remuneração da Reclamante, até a sua completa recuperação. honorários advocatícios aos patronos da reclamada.
Acrescente-se, ainda, que inexiste qualquer amparo legal para a 2.5. IMPOSTO DE RENDA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
fixação da pensão mensal no percentual de 5% do salário mínimo, A verba deferida ostenta caráter indenizatório, razão pela qual não
tal como postulado pela ora Recorrente. Recurso de Revista não sujeito a recolhimento previdenciário e fiscal
conhecido." (TST - RR: 7607920115090068, Relator: Maria de Assis Juros e correção monetária na forma da Súmula 200/TST,
Destarte, dá-se parcial provimento ao apelo, no ponto, para se 2.6. DOS JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA
determinar a redução de pensionamento mensal ao autor para 20% A reclamada defende que "se deve aplicar ao caso o que dispõe o
sobre o valor de sua última remuneração. art. 9º, § 4º da Lei nº. 6.830/80, o qual disciplina que somente o
2.3. DOS HONORÁRIOS PERICIAIS. depósito em dinheiro, na forma do art. 32, faz cessar a
Requer a recorrente a redução dos valores arbitrados a título de responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora. Desta
honorários periciais, com fundamento no art. 790-B da CLT forma, uma vez realizada a integral garantia da execução, não há
A esse respeito dispõe o referido dispositivo: falar em aplicação de juros moratórios a partir desta ocorrência até
"Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários o dia em que a parte autora tiver liberado seu crédito.
ainda que beneficiária da justiça gratuita. (Redação dada pela Lei nº O cômputo dos juros de mora segue os ditames do art. 883, da
§ 1o Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá "Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não
respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em
Reza a Resolução nº 66/2010 do CSJT, que trata do pagamento de período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o
perícias nos processos em que beneficiário da Justiça Gratuita é seu efetivo pagamento.
"Art. 3º Em caso de concessão do benefício da justiça gratuita, o Justiça do Trabalho ou decorrentes dos acordos feitos em
valor dos honorários periciais, observado o limite de R$ 1.000,00 reclamatória trabalhista, quando não cumpridos nas condições
(hum mil reais), será fixado pelo juiz, atendidos: I - a complexidade homologadas ou constantes do termo de conciliação, serão
da matéria; II - o grau de zelo profissional; III - o lugar e o tempo acrescidos, nos juros de mora previstos no caput juros de um por
exigidos para a prestação do serviço; IV - as peculiaridades cento ao mês, contados do ajuizamento da reclamatória e aplicados
regionais. Parágrafo único. A fixação dos honorários periciais, em pro rata die, ainda que não explicitados na sentença ou no termo de
valor maior do que o limite estabelecido neste artigo, deverá ser conciliação."
A despeito de a hipótese em tela não ser de sucumbência de parte garantia do juízo não impede a incidência de juros e correção
beneficiária da justiça gratuita, é recomendável que o valor monetária por não consubstanciar efetivo pagamento do débito,
Nesta senda, em que pese a excelência dos trabalhos técnicos "[...]. DEPÓSITO RECURSAL.GARANTIA DO JUÍZO. INCIDÊNCIA
realizados, merecedores de prestígio pela Justiça do Trabalho, DOS JUROS DE MORA E CORREÇÂO MONETÁRIA. Sustentam
violação dos arts. 9º, IV, da Lei n° 6.830/80 e 5º, II, da Constituição
juízo não obsta a incidência de juros de mora e correção monetária, ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
porquanto não efetivado o pagamento do débito, com a sua devida TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
disponibilização ao credor. Nesse contexto, resta superada a tese unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada, e, no
recursal de que o termo final seria a data em que realizado o mérito, dar-lhe parcial provimento para se determinar:
depósito recursal. Precedentes específicos. Recurso de revista não a) a redução de pensionamento mensal do autor para 20% sobre o
conhecido." (TST - RR: 799006420095060021, Relator: Alexandre valor de sua última remuneração;
de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 15/04/2015, 3ª b) a redução do arbitramento dos honorários periciais para o valor
Quanto à correção monetária, aplicar-se-á o disposto na Súmula c) quanto à correção monetária, a aplicação do disposto na Súmula
381 do TST, ou seja, em se tratando de dívida com vencimento 381 do TST. No que tange aos danos morais, mantém-se a
mensal, o índice será o do primeiro dia do mês subsequente ao da determinação da sentença de origem, de aplicação da Súm. Nº 439
No que tange aos danos morais, mantém-se a determinação da Tudo conforme a fundamentação.
sentença de origem, de aplicação da Súm. Nº 439 do c. TST. Custas processuais minoradas para R$ 2.600,00, calculadas sobre
Recurso parcialmente provido, no ponto. o novo valor arbitrado para a condenação, de R$ 130.000,00
381 do TST. No que tange aos danos morais, mantém-se a ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
do c. TST.
Processo Nº ROT-0001484-67.2019.5.07.0033
Tudo conforme a fundamentação. Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Custas processuais minoradas para R$ 2.600,00, calculadas sobre RECORRENTE VICUNHA TEXTIL S/A.
ADVOGADO JANCILENE MARIA AZEVEDO
o novo valor arbitrado para a condenação, de R$ 130.000,00 BESSA(OAB: 37691/CE)
ADVOGADO MARIA ROSANGELA BEZERRA DA
SILVEIRA FREIRE(OAB: 38703/CE)
RECORRIDO ANTONIO FRANCISCO CONSERVA
DA SILVA
ADVOGADO LIVIA FRANÇA FARIAS(OAB:
DISPOSITIVO 20084/CE)
Intimado(s)/Citado(s):
- ANTONIO FRANCISCO CONSERVA DA SILVA
parcelas:
1. RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. DOENÇA completar 73 anos de idade - expectativa de vida conforme tabela
OCUPACIONAL. NEXO CONCAUSAL. O desempenho de IBGE - conforme os seguintes parâmetros: a pensão consistirá em
atividade laboral em determinadas condições pode atuar como um valor mensal correspondente a 100% da última remuneração
causa contributiva para agravar ou mesmo provocar a precocidade devida à época do afastamento (R$ 1.019,20), nos limites do
da doença de cunho degenerativo, caracterizando-se como doença pedido, podendo ser reduzida ou cessada caso comprovado pela
do trabalho, segundo a teoria das concausas adotada pela reclamada o restabelecimento da capacidade laborativa plena do
demonstrado, através da perícia, que as atividades do reclamante Aduz a recorrente/reclamada, em suma, que não houve culpa ou
contribuíram para o agravamento da doença, há de se manter a dolo a resultar em doença ocupacional, bem como que não existe
decisão de primeiro grau, que condenou a empresa reclamada ao nexo causal ou concausal entre a patologia e o exercício do labor,
pagamento de indenização por danos morais.Constatada a afirmando sua natureza degenerativa, inexistindo fundamento
presença simultânea dos pressupostos da responsabilidade civil do jurídico que justifique condenação em reparação por danos morais e
empregador, faz jus o reclamante à indenização por dano moral materiais, notadamente no valor condenado, cuja redução pugna
decorrente de acidente de trabalho, ainda que a lesão tenha gerado subsidiariamente. Acerca da condenação ao pagamento de
apenas incapacidade temporária. O valor arbitrado em primeira honorários periciais, requer a minoração do valor arbitrado em
sobre o valor de sua última remuneração. Preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos necessários
3. HONORÁRIOS PERICIAIS. REDUÇÃO. Havendo o valor à admissibilidade do recurso da reclamada, o apelo merece
outra via, a redução do valor arbitrado a título de indenização por trabalho, possui altura incompatível com o tipo de trabalho, com
Sobre a questão, o Juízo de origem entendeu comprovada, nos características dimensionadas para posicionamento e
autos, a concausa entre a patologia e as atividades exercidas na movimentação de materiais. As condições de trabalho não
reclamada pelo autor, bem como o inadimplemento do empregador atendem as especificações da NR 17 no que diz respeito à
quanto à obrigação de adotar medidas necessárias para que o altura e a área de trabalho." (destaque nosso)
trabalho seja prestado em condições saudáveis. Consignou a Se a empresa tivesse se desincumbido de seu dever legal (art. 168,
sentença vergastada, "in verbis": III, da CLT), assumindo os riscos do empreendimento e sua função
"O reclamante requer o pagamento de indenização por danos social (art. 421 e 422 do CC/02 c/c art. 8º da CLT), com o
materiais e morais decorrente da doença ocupacional adquirida em tratamento idôneo a seus empregados, no presente caso, através
função do labor prestado para a reclamada. de verificação das condições de trabalho, não estaria hoje
A reclamada impugna especificamente a pretensão. respondendo à presente reclamatória trabalhista. Conforme prevê o
A perícia médica foi realizada, que resultou no laudo pericial, o qual art. 942 do CC/02, os bens do responsável pela OFENSA ou
elucida o histórico médico e profissional do reclamante, contendo VIOLAÇÃO DO DIREITO DE OUTREM FICAM SUJEITOS À
conclusão pela existência de nexo concausal entre a doença e o REPARAÇÃO do DANO CAUSADO.
labor exercido, nos seguintes termos: A cláusula geral da função social do contrato tem magnitude
"O periciado foi e ainda é portador de fascite plantar e esporão constitucional e não apenas civilística, logo se estende de forma
de calcâneo bilateral. Existe nexo de concausa entre estas plena ao ramo jus trabalhista. A função social do contrato é
doenças e seu trabalho na reclamada. Houve, e ainda Não decorrência lógica do princípio constitucional dos valores da
recomendamos seu retorno ao trabalho, há incapacidade laboral solidariedade e da construção de uma sociedade mais justa (art. 3º,
temporária. após a alta do INSS, na mesma função que exercia na I, da CF), decorre também da necessidade da propriedade privada
reclamada. Poderá exercer outra função diferente, que não exercer sua função social (art. 5º, XXIII e art. 170, III, da CF), bem
sobrecarregue os pés. O periciado também foi portador de pé como no fundamento da República Federativa do Brasil, baseado
plano, insuficiência do tendão tibial posterior e deformidade de no valor social da livre iniciativa, que deve se compatibilizar com a
Haglund. Foi operado e não tem mais estas doenças. Existe função social do Contrato, seja o comercial, seja o contrato de
nexo de concausa entre estas doenças e seu trabalho na trabalho. Como leciona o ilustre mestre Nelson Nery:
reclamada. Houve, e ainda há incapacidade laboral temporária. "o contrato tem de ser entendido não apenas como as pretensões
Não recomendamos seu retorno ao trabalho, após a alta do INSS, individuais dos contratantes, mas como verdadeiro instrumento de
na mesma função que exercia na reclamada. Poderá exercer outra convívio social e de preservação dos interesses da coletividade.
função diferente, que não sobrecarregue os pés. Existe dano Interessa a toda a sociedade, na medida em que os standards
estético leve." (destaques nossos) contratuais são paradigmáticos para outras situações
Portanto, o laudo pericial concluiu que as doenças apresentadas assemelhadas. Tudo o que ocorre relativamente a um contrato terá,
pelo reclamante no decorrer do pacto laboral, apesar da inexistência forçosamente, repercussão em outros casos que digam respeito ao
de uma causa determinada para elas, foram agravadas enquanto mesmo tipo de contrato. Essa é apenas uma das conseqüências da
laborava para a reclamada, conforme se percebe no seguinte trecho nova socialidade do contrato. Além de útil, o contrato tem de ser
da discussão constante do laudo médico: "Porém podemos afirmar também justo (NERY, Nelson. "Código Civil Comentado". São
que o trabalho contribuiu com o agravamento destas doenças. Paulo: 4ª ed., pg. 412)".
Como já foi dito, ele trabalhava em pé, e realizava muito o A reclamada, no caso dos autos, além de violar os princípios da
movimento de ficar na ponta dos pés, devido a sua altura. Ele usava probidade e da boa-fé na execução do contrato de trabalho,
botas, que não são adequadas para quem tem estas doenças, também violou os princípios trabalhistas da proteção e da
mesmo usando palmilhas de silicone.". continuidade da relação trabalhista; ou seja, tais violações se deram
Aliás, este Juízo deferiu o pedido para a realização de perícia por parte da empresa.
técnica para análise da ergonomia do local de trabalho, cujo o laudo A responsabilidade do empregador por indenizações referentes a
pericial foi concluído sob os seguintes termos: lesões de cunho moral e material decorrentes de acidente de
"A perícia realizada no local de desempenho das atividades do trabalho é do tipo subjetiva, como regra nos termos do art. 7º,
Reclamante teve a seguinte conclusão: Em relação ao posto de XXVIII da CF e, excepcionalmente, objetiva quando a atividade
pode ser considerada de risco, conforme art. 927, § único do CC/02 meio de sua energia de trabalho, conferindo-lhe uma posição dentro
ou por lesões ao meio ambiente do trabalho na forma do art. 225 da dacomunidade em que vive de forma a se implementar o valor
A Constituição Federal em seu art. 7º, XXVIII, assegurou aos do art. 1º da CF, em seu inciso IV.
trabalhadores indenização em caso de dolo ou culpa do O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana encontra
empregador decorrente de acidente de trabalho. irradiação em todos os campos do direito, sendo patente que na
A responsabilidade subjetiva da reclamada decorre de sua seara trabalhista existe solo fértil para que sua utilização seja
negligência durante o contrato de trabalho com relação à função fomentada, seja porque o direito do trabalho trata de uma relação
desempenhada pelo reclamante, o que produziu agravamento da privada entre contratantes com força desigual, seja porque o
lesão por não se observar a conduta que os particulares trabalho revela ser, para a maioria dos cidadãos, a única forma de
(principalmente as pessoas jurídicas, que devem velar por sua inserção na sociedade e de viabilização de sua sobrevivência de
função social em todos os contratos que pactuarem, seja no mundo forma digna.
comercial, tributário ou trabalhista) devem adotar acerca dos direitos Desta forma, restam presentes todos os elementos da
fundamentais em sua dimensão objetiva, qual seja a de não praticar responsabilidade civil (a lesão/dano, a conduta omissiva da
atos que atentem contra os valores sociais e trabalhistas protegidos reclamada e o nexo de concausalidade entre a doença e as
Constata-se também verdadeiro reconhecimento de uma eficácia reparação equivalente à extensão do dano sofrido, nos termos dos
negativa a todos os direitos fundamentais, inclusive os de segunda arts. 944 do CC/02 c/c art. 8º da CLT.
dimensão, como o ora analisado, no sentido de se vedar qualquer Logo, patente a lesão de cunho extrapatrimonial na esfera particular
prática abusiva que produza lesão aos valores - trabalho, saúde e do reclamante, seja porque atingida sua honra pelo fato da empresa
dignidade do trabalhador - consagrados constitucionalmente. simplesmente ter se omitido diante da situação, gerando o dano em
A reclamada não apresentou qualquer excludente de sua análise, seja porque óbvia a angústia pela qual passa o reclamante,
responsabilidade, sendo que o laudo pericial médico foi conclusivo sabendo de sua atual limitação para o trabalho que exercia na
em denotar relação de NEXO CONCAUSAL entre as doenças e a empresa, constatando a incerteza da possibilidade de manter o
atividade laboral executada pelo reclamante. padrão de dignidade equivalente ao período em que estava com
Também restou claro que, conforme o laudo pericial técnico, a sua capacidade laboral total, traduzindo a indenização por dano
empresa não adotou as regras de ergonomia previstas na NR-17 do moral um lenitivo para a sua dor física e sua angústia pela incerteza
agravamento das doenças que acometem a parte reclamante. Reitere-se que a indenização por dano moral decorre da conduta
Com efeito, o próprio preposto da empresa, em audiência, negligente ou imprudente da reclamada, a qual teria a obrigação de
confirmou que as atividades laborais do reclamante eram realizadas garantir um meio ambiente de trabalho saudável e de reduzir os
em pé, que ele não revezava as atividades e que não havia riscos inerentes ao trabalho, por meio da obediência às normas de
assentos para descanso dos funcionários (ata de audiência ID. saúde, higiene e segurança.
7D7c1b9). Por todo o exposto, ocorrida a lesão de cunho imaterial por afronta
Assim, resta patente a ocorrência de agressão a direitos da esfera ao valor social do trabalho e presentes o nexo concausal e a
extrapatrimonial do reclamante, já que o evento em questão conduta ilícita do empregador, impõe-se a indenização por dano
maculou o jurídico do trabalhador status que perde sua dignidade moral pretendida pelo reclamante no valor de R$5.000,00 (cinco mil
ao não mais se encontrar totalmente apto para o mesmo labor que reais), arbitrado com observância dos critérios e dos parâmetros
exercia, eis que considerado o trabalho, por nossa sociedade, como previstos no art. 223-G, "caput" e §1º da CLT, considerando a lesão
valor fundamental, nos termos do art. 1º, III e IV da CF/88. de natureza leve, valor este compatível com a extensão do dano,
O impedimento produzido pela reclamada (falta de cumprimento do com a compensação da vítima pelo sofrimento suportado, com as
seu dever de zelar pela saúde dos seus empregados, com condições econômicas das partes, observando-se ainda o caráter
que, além de permitir a sobrevivência do trabalhador, garante-lhe a A indenização decorrente de acidente de trabalho, ao qual se
dignidade de se encontrar inserido na sociedade capitalista por equipara a doença ocupacional, encontra assento constitucional,
conforme se verifica do art.5º, incisos V e X, e, especialmente, do esporão de calcâneo, bilateral. Da mesma forma que as doenças
art.7º, XXVIII, que reza: anteriores, não existe uma causa determinada para estas doenças.
"Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de Também como foi dito acima, não podemos afirmar com certeza
outros que visem à melhoria de sua condição social: que o trabalho na reclamada foi a única causa para estas doenças.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do Ele realizava caminhadas. Porém podemos afirmar que o trabalho
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, contribuiu com o agravamento destas doenças. Como já foi dito, ele
quando incorrer em dolo ou culpa;" trabalhava em pé, e realizava muito o movimento de ficar na ponta
Outrossim, na legislação infraconstitucional, o núcleo da dos pés, devido a sua altura. Ele usava botas, que não são
responsabilidade civil pode ser identificado nos arts. 186, 187 e 927, adequadas para quem tem estas doenças, mesmo usando
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência após a alta do INSS, na mesma função que exercia na reclamada,
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que trabalhando em pé, e realizando movimentos frequentes na ponta
exclusivamente moral, comete ato ilícito." dos pés. Poderá trabalhar sentado."
"Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao O juízo determinou, ainda, a realização de perícia técnica (ID
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim 923c08f), a qual constatou que a atividade desempenhada pelo
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes." obreiro era realizada com braços acima da linha do ombro e
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a necessidade de elevação dos pés, visto que a máquina que operava
outrem, fica obrigado a repará-lo. era incompatível com a sua altura, o que demonstra a existência de
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, irregularidades ergonômicas no ambiente de trabalho, ferindo o
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou disposto na NR 17. Veja-se a conclusão alcançada pelo laudo
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem." "A perícia realizada no local de desempenho das atividades do
Das normas transcritas, extrai-se que, para que reste configurada a Reclamante teve a seguinte conclusão:
responsabilidade indenizatória do empregador, é essencial a Em relação ao posto de trabalho, possui altura incompatível com o
conjugação dos seguintes pressupostos: dano, liame de tipo de trabalho, com difícil alcance e visualização pela Reclamante,
causalidade e culpa empresarial, sendo irrelevante este último pela estatura e características dimensionadas para posicionamento
requisito "quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor e movimentação de materiais. As condições de trabalho não
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de atendem as especificações da NR 17 no que diz respeito à altura e
No presente caso, o autor relatou ter adquirido doença ocupacional Não merece prosperar o argumento da recorrente de que o laudo
em razão da atividade desenvolvida na empresa reclamada como técnico é inválido por ter sido elaborado sem que o maquinário
ajudante de produção, com movimentos executados em pé, estivesse funcionando, visto que, no momento da perícia, houve
necessitando estar, a maior parte do tempo, em ponta de pé e de simulações dos movimentos do reclamante, sempre com a
braços esticados, de forma repetitiva, não tendo o empregador supervisão e ratificação do supervisor da unidade. Vejamos trecho
A existência da lesão se constata dos laudos e exames médicos "7.Não existia movimentação (andar) do paradigma nas atividades
colacionados com a exordial, confirmada por perícia médica oficial, realizadas? Qual a definição ergonômica e suas consequências
em 16/04/2020, que atestou ser o reclamante portador de fascite para atividades "EXCLUSIVAMENTE em pé" e com movimentação?
plantar e esporão de calcâneo bilateral, com "incapacidade laboral Quais os riscos ergonômicos para cada tipo dessas atividades?
Outrossim, a perícia médica requerida pelo Juízo da instrução V está completamente parada. A atividade foi analisada com as
concluiu pela existência das doenças especificadas acima, explanações dos participantes da perícia e simulação do
consignando que o trabalho desenvolvido na reclamada contribuiu Reclamante, sendo ratificado pelo supervisor da unidade. Vide
para o agravamento das enfermidades, nos seguintes termos (ID detalhamento completo da atividade no laudo pericial.
"O periciado também foi, e ainda é portador de fascite plantar e para a atividade realizada pelo reclamante, boa postura,
intermediária, postura ruim ou altíssima exigência? Justifique sua campo de trabalho e com a altura do assento;
resposta com as respectivas definições. b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo
altura do ombro, em curto espaço de tempo devido ao grande c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento
numero de maçarocas nos 4 filatórios, que continham 1056 fusos e movimentação adequados dos segmentos corporais."
9.Qual a definição de pausa curtíssima ou pausa de média de adequadas para eliminar ou reduzir os riscos inerentes ao trabalho,
duração? Qual dessas pausas o reclamante tinha na sua atividade? por meios de normas de saúde, higiene e segurança, cumprindo e
A pausa caracterizada evita o acúmulo dos fatores de fadiga? fazendo cumprir as regras de segurança e medicina do trabalho e
Resposta: Não haviam pausas na atividade. precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou
Na lição de Sebastião Geraldo de Oliveira, "Deve-se verificar se o doenças ocupacionais, a teor dos arts. 7º, inciso XXII, da CF/88, e
trabalho atuou como fator contributivo do acidente ou doença 157, incisos I e II, da CLT.
ocupacional; se atuou como fator desencadeante ou agravante de Quanto ao argumento da reclamada a respeito do laudo do INSS,
doenças preexistentes ou, ainda, se provocou a precocidade de que teria descartado o nexo concausal entre a doença e o labor,
doenças comuns, mesmo daquelas de cunho degenerativo ou tem-se que em que pese o valor do documento emitido pela
inerente a grupo etário."(Indenizações por Acidente do Trabalho ou autarquia federal, resta evidente que o laudo oficial, produzido em
Doença Ocupacional, 6ª ed., São Paulo: LTr, 2011. p. 56) juízo, deve prevalecer, visto que produzido sob o crivo do
No mesmo sentido, a jurisprudência do TRT da 4ª Região, "verbis": contraditório, com todas as garantias inerentes ao devido processo
"Doença ocupacional. Concausa. Danos morais e materiais. Mesmo legal, por perito designado pelo Juízo, equidistante das partes,
sendo possível atribuir outras causas à doença (hérnia de disco), sendo mais preciso e confiável para esclarecer os fatos.
não há como deixar de enquadrá-la como doença profissional, uma Ressalte-se que inexistem provas que desabonem as conclusões
vez que o nexo causal relativo às doenças ocupacionais pode alcançadas pelos peritos designados pelo Juízo.
funcionar como elemento de agravamento, sem que Apena a título de esclarecimento, calha frisar que ainda que a
necessariamente constitua o único elemento gerador da patologia, doença do reclamante fosse degenerativa, o que não restou
em especial diante do conceito de concausa. A configuração do comprovado nos autos, razão não assistiria à recorrente.
acidente de trabalho não exige que o componente laboral seja único Explica-se.
e exclusivo, havendo responsabilidade da empresa mesmo na A doença degenerativa caracteriza-se como hipótese excludente do
hipótese de concausa. (...)"(TRT 4ª Região. 3ª Turma. RO 00916- conceito de doença do trabalho, a teor do art. 20, §1º, "a", da Lei nº
2006-101-04-00-6, Rel.:Maria Helena Mallmann, DJ 04 fev. 2009.) 8.213/91, porquanto, normalmente, independe do fator laboral e
Impende reconhecer, portanto, no mesmo sentido do parecer pode surgir ainda que o trabalhador esteja desempregado ou
nos autos, que a atividade laboral desempenhada pelo autor atuou Entretanto, o desempenho de atividade laboral em determinadas
como concausa sobre o desencadeamento das doenças condições pode atuar como causa contributiva para agravar ou
relacionadas aos pés do reclamante. mesmo provocar a precocidade da doença de cunho degenerativo,
A conduta culposa do empregador reside no fato de não haver caracterizando-se como doença do trabalho, segundo a teoria das
adotado providências necessárias para evitar o dano suportado pelo concausas adotada pela legislação pátria no art. 21, I, da Lei nº
autor, em inobservância às normas específicas de proteção do 8.213/91. Conforme esclarece o médico do trabalho Primo
previstas na Norma Regulamentadora 17, confira-se: "O processo degenerativo pode ser de natureza biomecânica,
"17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em microtraumática ou mesmo macrotraumática. O câncer ocupacional
pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem também é doença degenerativa, causada por agentes cancerígenos
proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização ocupacionais, alguns deles listados na NR-15. A própria surdez
e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: ocupacional é um processo degenerativo das células nervosas do
a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis órgão de Corti. Provada sua relação direta com a atividade
com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao laborativa, deve o processo degenerativo ser caracterizado como
doença do trabalho." (apud OLIVEIRA, Sebastião Geraldo. responsabilidade civil. Segundo Carlos Roberto Gonçalves, a
Indenizações por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional. 6ª expressão constante do art.949 do Código Civil além de algum outro
Ed. São Paulo: LTr, 2011. p.54.) prejuízo que o ofendido prove haver sofrido permite que a vítima
Nessa senda, mesmo que fosse degenerativa a doença do obreiro, pleiteie, também, reparação por dano moral." (Indenizações por
tal circunstância não lograria afastar a contribuição do fator laboral Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional. 6ª ed. LTr, São
desfavoráveis de trabalho. Sobre a fixação do valor da indenização por danos morais, no que
Destarte, constatada a presença simultânea dos pressupostos da se refere ao argumento utilizado pela recorrente quanto à
responsabilidade civil do empregador, faz jus o reclamante à observância dos requisitos previstos no art. 223-G, acrescido à CLT
indenização por dano moral decorrente de doença ocupacional, pela Lei nº 13.467/2017, adoto os bem lançados fundamentos do
direito justificado por dois fundamentos essenciais: "a vítima não MM. Juiz de 1º grau, "ipsis litteris":
pode ser deixada ao desamparo, nem os lesantes impunes", como "Por todo o exposto, ocorrida a lesão de cunho imaterial por afronta
ensina Sebastião Geraldo de Oliveira. Complementa o jurista: ao valor social do trabalho e presentes o nexo concausal e a
"Esses dois fundamentos repercutem seriamente na harmonia da conduta ilícita do empregador, impõe-se a indenização por dano
convivência social, porque a vítima desamparada é tomada de moral pretendida pelo reclamante no valor de R$5.000,00 (cinco mil
revolta e pode cultivar o desejo de vindita; por outro lado, a reais), arbitrado com observância dos critérios e dos parâmetros
impunidade dos causadores do dano acaba estimulando a previstos no art. 223-G, "caput" e §1º da CLT, considerando a lesão
ocorrência de novas lesões."(Indenizações por Acidente do de natureza leve, valor este compatível com a extensão do dano,
Trabalho ou Doença Ocupacional, 6ª ed., São Paulo: LTr, 2011. com a compensação da vítima pelo sofrimento suportado, com as
condenação compensatória do dano moral decorrente de acidente Assim, fica ao prudente arbítrio do julgador determinar o valor da
de trabalho, por habitar a esfera da honra subjetiva, carece de indenização, observando a situação social, política e econômica das
comprovação do prejuízo sofrido pelo reclamante, sendo partes envolvidas, a extensão do dano, bem como o grau de dolo ou
gerador, suficiente a gerar a responsabilidade do agressor. Nesse Ainda, o arbitramento do 'quantum' indenizatório não deve ser
sentido, a doutrina de Sérgio Cavalieri: excessivo a ponto de causar enriquecimento da parte que o recebe
"O dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade e empobrecimento da parte condenada ao pagamento. Por outro
do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só lado, não pode ser ínfimo a ponto de se mostrar irrisório para o
justifica a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao reclamante ou não ser substancial para a parte reclamada.
lesado. Em outras palavras, o dano moral existe 'in re ipsa'; deriva Destarte, considerando as particularidades do caso concreto,
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada mormente a extensão da lesão sofrida pelo reclamante,
a ofensa, 'ipso facto' está demonstrado o dano moral à guisa de ponderando, ainda, sobre o reconhecimento do nexo concausal e o
uma presunção natural, uma presunção 'hominis' ou 'facti', que grau de culpa da reclamada, considera-se que o valor fixado pelo
decorre das regras da experiência comum." (apud OLIVEIRA, Juízo de primeira instância (R$ 5.000,00) atende aos princípios
Sebastião Geraldo, Indenizações por Acidente do Trabalho ou balizadores da razoabilidade e da proporcionalidade, sendo apto a
Doença Ocupacional. 6ª ed.. São Paulo: LTr, 2011. p.234.) conferir compensação pelo dano sofrido pelo demandante, sem
De efeito, ainda que a lesão tenha gerado apenas incapacidade incidir em enriquecimento ilícito, logrando alcançar, ainda, o
parcial e por tempo determinado, a indenização por dano moral desestímulo da repetição do ato ilícito pela empresa reclamada.
subsiste em vista dos sofrimentos suportados pelo obreiro no Recurso improvido, no ponto.
período da limitação decorrente do infortúnio laboral e do abalo, 2.2. DOS DANOS MATERIAIS
ainda que momentâneo, na sua integridade psicobiofísica. Como No tocante à indenização por danos materiais, estabelecem os
"Mesmo nas hipóteses de acidente do trabalho que tenha gerado "Art. 949. "No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor
apenas incapacidade temporária, pode ser cabível o deferimento da indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros
reparação dos danos morais, quando presentes os pressupostos da cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido." última remuneração devida à época do afastamento (R$ 1.019,20),
Art. 950. "Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não nos limites do pedido."
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do Levando-se em consideração que o obreiro restou impossibilitado
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá de exercer as mesmas atividades exercidas anteriormente ao
pensão correspondente à importância do trabalho para que se evento danoso, tendo sua capacidade de trabalho sido reduzida, e
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. não anulada. Considerando, também, que o preceito contido no art.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a 950 do CCB, determina que a pensão mensal deve corresponder à
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez." importância do trabalho para a qual se inabilitou, entende-se
Sendo o dano material aquele que resulta em prejuízo financeiro razoável que o pensionamento mensal do reclamante deve ser no
efetivo ao atingir patrimônio presente (dano emergente) e/ou futuro valor equivalente a 20% de sua remuneração, considerando-se o
(lucros cessantes) da vítima, avaliável monetariamente, afigura-se último salário recebido, com as atualizações posteriores para os que
imprescindível sua comprovação nos autos, a fim de se apurar o exercem a mesma função (ajudante de produção) à época do
Isso porque a finalidade da indenização aludida consiste na O autor faz jus ao pensionamento mensal desde a data do
compensação do lesado, para obter a recomposição integral do seu afastamento previdenciário (24/04/2017) até a data em que
patrimônio anterior ao evento, a teor do princípio da "restitutio in completaria 73 anos de idade - expectativa de vida conforme tabela
integrum" ou da restauração do "status quo ante". IBGE e, não até os 65 anos de idade, como quer a recorrente.
No caso dos autos, tendo sido constatada a redução da capacidade Nesse sentido, colaciona-se o seguinte aresto, "in verbis":
de trabalho do reclamante, é cabível a indenização por danos "RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. PENSÃO MENSAL.
O perito concluiu o seguinte: CÓDIGO CIVIL. Versa a controvérsia sobre o alcance do art. 950 do
"O periciado foi e ainda é portador de fascite plantar e esporão de CCB, para efeitos de fixação do valor devido a título de indenização
calcâneo bilateral. Existe nexo de concausa entre estas doenças e por dano material decorrente de moléstia profissional,
seu trabalho na reclamada. Houve, e ainda há incapacidade laboral consubstanciada em pensão mensal. Nos termos do art. 950 do
temporária. Não recomendamos seu retorno ao trabalho, após a alta Código Civil: "Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não
do INSS, na mesma função que exercia na reclamada. Poderá possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
exercer outra função diferente, que não sobrecarregue os pés." capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
O magistrado sentenciante decidiu acerca da presente questão da tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
"O laudo pericial médico concluiu que houve e ainda há inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu". Tal preceito encerra
incapacidade laboral temporária para oexercício das funções que o duas hipóteses com soluções jurídicas diversas. A primeira
reclamante exercia na empresa, tanto que um possível retorno ao contempla situação em que a lesão sofrida pela vítima é de tal
labor apenas poderá ocorrer em funções que não sobrecarreguem monta, que a impede de exercer aquele ofício ou aquela profissão
Com base em tal parecer técnico, forçoso concluir que o percentual corresponder à importância do trabalho para o qual se inabilitou. Na
de redução da capacidade laborativa corresponde a 100%, já que o segunda, há, apenas, redução da capacidade de trabalho, hipótese
reclamante está totalmente, ainda de forma temporária, inabilitado em que o valor da pensão deverá ser proporcional, relativo,
para o exercício das funções que exercia anteriormente. portanto, à depreciação de que sofreu a vítima. No caso concreto, o
Desta feita, ante a incapacidade temporária para o trabalho, julgo Tribunal Regional dá conta de que a Reclamante apresenta
procedente o pedido de pagamento de uma pensão mensal, incapacidade parcial e temporária para o trabalho, e de que, com
conforme art. 950 do CC/02. O reclamante, portanto, faz jus à base na tabela da SUSEP, a redução corresponderia a 25% da sua
pensão mensal desde a data do afastamento previdenciário capacidade laborativa. Dessarte, levando-se em consideração as
(24/04/2017) até completar 73 anos de idade - expectativa de vida premissas fáticas delineadas pelo Regional e o preceito contido no
conforme tabela IBGE - conforme os seguintes parâmetros: a art. 950 do CCB, que determina que a pensão mensal deve
pensão consistirá em um valor mensal correspondente a 100% da corresponder à importância do trabalho para que se inabilitou e
ser paga até o fim da convalescença, afigura-se acertada a Tendo em vista que não houve sucumbência por parte do
decisão regional que fixou a pensão mensal no valor de 25% da reclamante, não há se falar em condenação ao pagamento de
remuneração da Reclamante, até a sua completa recuperação. honorários advocatícios aos patronos da reclamada.
Acrescente-se, ainda, que inexiste qualquer amparo legal para a 2.5. IMPOSTO DE RENDA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
fixação da pensão mensal no percentual de 5% do salário mínimo, A verba deferida ostenta caráter indenizatório, razão pela qual não
tal como postulado pela ora Recorrente. Recurso de Revista não sujeito a recolhimento previdenciário e fiscal
conhecido." (TST - RR: 7607920115090068, Relator: Maria de Assis Juros e correção monetária na forma da Súmula 200/TST,
Destarte, dá-se parcial provimento ao apelo, no ponto, para se 2.6. DOS JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA
determinar a redução de pensionamento mensal ao autor para 20% A reclamada defende que "se deve aplicar ao caso o que dispõe o
sobre o valor de sua última remuneração. art. 9º, § 4º da Lei nº. 6.830/80, o qual disciplina que somente o
2.3. DOS HONORÁRIOS PERICIAIS. depósito em dinheiro, na forma do art. 32, faz cessar a
Requer a recorrente a redução dos valores arbitrados a título de responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora. Desta
honorários periciais, com fundamento no art. 790-B da CLT forma, uma vez realizada a integral garantia da execução, não há
A esse respeito dispõe o referido dispositivo: falar em aplicação de juros moratórios a partir desta ocorrência até
"Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários o dia em que a parte autora tiver liberado seu crédito.
ainda que beneficiária da justiça gratuita. (Redação dada pela Lei nº O cômputo dos juros de mora segue os ditames do art. 883, da
§ 1o Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá "Art. 39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não
respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da satisfeitos pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em
Reza a Resolução nº 66/2010 do CSJT, que trata do pagamento de período compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o
perícias nos processos em que beneficiário da Justiça Gratuita é seu efetivo pagamento.
"Art. 3º Em caso de concessão do benefício da justiça gratuita, o Justiça do Trabalho ou decorrentes dos acordos feitos em
valor dos honorários periciais, observado o limite de R$ 1.000,00 reclamatória trabalhista, quando não cumpridos nas condições
(hum mil reais), será fixado pelo juiz, atendidos: I - a complexidade homologadas ou constantes do termo de conciliação, serão
da matéria; II - o grau de zelo profissional; III - o lugar e o tempo acrescidos, nos juros de mora previstos no caput juros de um por
exigidos para a prestação do serviço; IV - as peculiaridades cento ao mês, contados do ajuizamento da reclamatória e aplicados
regionais. Parágrafo único. A fixação dos honorários periciais, em pro rata die, ainda que não explicitados na sentença ou no termo de
valor maior do que o limite estabelecido neste artigo, deverá ser conciliação."
A despeito de a hipótese em tela não ser de sucumbência de parte garantia do juízo não impede a incidência de juros e correção
beneficiária da justiça gratuita, é recomendável que o valor monetária por não consubstanciar efetivo pagamento do débito,
Nesta senda, em que pese a excelência dos trabalhos técnicos "[...]. DEPÓSITO RECURSAL.GARANTIA DO JUÍZO. INCIDÊNCIA
realizados, merecedores de prestígio pela Justiça do Trabalho, DOS JUROS DE MORA E CORREÇÂO MONETÁRIA. Sustentam
adotando-se como referencial objetivo a Res. CSJT nº 66/2010, à as empresas que o depósito para garantia do juízo desonera o
luz dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, devedor dos juros de mora e da correção monetária. Indicam
imperiosa a redução do arbitramento dos honorários periciais para o violação dos arts. 9º, IV, da Lei n° 6.830/80 e 5º, II, da Constituição
valor de R$ 1.000,00 (um mil reais). Federal. Transcrevem um aresto para confronto de teses. Esta
Recurso provido, no tópico. Corte vem pacificando o entendimento de que a mera garantia do
2.4. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS juízo não obsta a incidência de juros de mora e correção monetária,
porquanto não efetivado o pagamento do débito, com a sua devida TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
disponibilização ao credor. Nesse contexto, resta superada a tese unanimidade, conhecer do recurso ordinário da reclamada, e, no
recursal de que o termo final seria a data em que realizado o mérito, dar-lhe parcial provimento para se determinar:
depósito recursal. Precedentes específicos. Recurso de revista não a) a redução de pensionamento mensal do autor para 20% sobre o
conhecido." (TST - RR: 799006420095060021, Relator: Alexandre valor de sua última remuneração;
de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 15/04/2015, 3ª b) a redução do arbitramento dos honorários periciais para o valor
Quanto à correção monetária, aplicar-se-á o disposto na Súmula c) quanto à correção monetária, a aplicação do disposto na Súmula
381 do TST, ou seja, em se tratando de dívida com vencimento 381 do TST. No que tange aos danos morais, mantém-se a
mensal, o índice será o do primeiro dia do mês subsequente ao da determinação da sentença de origem, de aplicação da Súm. Nº 439
No que tange aos danos morais, mantém-se a determinação da Tudo conforme a fundamentação.
sentença de origem, de aplicação da Súm. Nº 439 do c. TST. Custas processuais minoradas para R$ 2.600,00, calculadas sobre
Recurso parcialmente provido, no ponto. o novo valor arbitrado para a condenação, de R$ 130.000,00
381 do TST. No que tange aos danos morais, mantém-se a ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
do c. TST.
Processo Nº ROT-0001292-52.2018.5.07.0007
Tudo conforme a fundamentação. Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Custas processuais minoradas para R$ 2.600,00, calculadas sobre RECORRENTE SINDICATO DOS TRABALHADORES
EM EMPRESAS DO RAMO
o novo valor arbitrado para a condenação, de R$ 130.000,00 FINANCEIRO NO ESTADO DO
CEARA
ADVOGADO MARCOS D AVILA MELO
FERNANDES(OAB: 446-A/SE)
ADVOGADO THIAGO D AVILA MELO
FERNANDES(OAB: 155/SE)
RECORRIDO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL
DISPOSITIVO SA
ADVOGADO MARIA ROSANGELA CHAVES
BRAGA(OAB: 20675/CE)
ADVOGADO PLINIO REBOUCAS DE
MOURA(OAB: 18453/BA)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO
TRABALHO
Intimado(s)/Citado(s):
- SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DO
RAMO FINANCEIRO NO ESTADO DO CEARA
CPC).
EMENTA No caso, a parte embargante não aponta qualquer vício intrínseco
da sentença:
FUNDAMENTAÇÃO "Vistos etc. (...) Adota-se a conclusão de que, diferentemente da
postuladas. Destarte, deve-se concluir que os fatos e fundamentos 1. A SBDI-1 desta Corte, examinando situação similar envolvendo a
acima relatados impedem a concessão das promoções requeridas Empresa de Correios e Telégrafos - ECT, em sessão do dia
e, por consequência, impossibilita o deferimento dos demais 8/11/2012, quando do julgamento do processo TST-E-RR- 51-
pedidos formulados na inicial. Prejudicada a preliminar de 16.2011.5.24.0007, reputou válida a exigência contida no Plano de
incompetência absoluta da Justiça do Trabalho quanto às Cargos e Salários da referida empresa pública, no que condiciona à
duplo grau de jurisdição, defiro ao reclamante os benefícios da desempenho o direito do empregado às promoções horizontais por
gratuidade processual, pois de pleno direito. 4. POSTO ISTO, merecimento. Concluiu, na ocasião, tratar-se de uma condição
JULGO IMPROCEDENTE a presente Reclamação Trabalhista, simplesmente potestativa e, portanto, lícita, porquanto dependente
com fulcro na fundamentação supra aduzida. (...)" não apenas da vontade da ECT, mas também da ocorrência de
Em processos como os que hora se analisa, é cediço que, no fator externo, referente à aferição de lucratividade do período
período de 1999 a 2011, foram concedidas tanto promoções por anterior à promoção.
merecimento decorrentes do PCS/89, quanto promoções por força 2. Tal entendimento também se aplica à ora embargada - Caixa
de acordos coletivos de trabalho. Econômica Federal (CEF) -, porquanto a sua norma interna, de
Assim, reputa-se improcedente a pretensão obreira, vez que as igual modo, exige a realização de avaliações de desempenho pela
promoções conferidas por acordos coletivos de trabalho possuem a empregadora para a concessão das promoções por merecimento.
mesma natureza e finalidade das promoções por merecimento 3. Diversamente do que se verifica em relação à promoção por
decorrentes das avaliações de desempenho (PCS/89), sob pena de antiguidade, que tem como critério de avaliação um elemento
Aliás, as promoções previstas em norma coletiva da reclamada, na horizontal por merecimento revela alto grau de subjetividade,
infinidade de processos ja analisados sobre o tema, mostram-se porquanto dependente da aferição de desempenho funcional dos
mais vantajosas para os empregados, porquanto são concedidas a empregados, cuja análise compete exclusivamente ao empregador.
todos independentemente do resultado da avaliação de Vale ressaltar, ainda, que o fato de o empregado obter nível
Nesse sentido, colhe-se aresto do c. Tribunal Superior do Trabalho: si só, o direito à progressão em exame, porquanto tal situação
"DIFERENÇAS SALARIAIS. PROMOÇÕES POR MERECIMENTO apenas lhe garante a participação no processo seletivo com os
PREVISTAS NO PCS/89. CONCESSÃO DE PROMOÇÕES POR demais empregados, cujo resultado, sim, ampara, efetivamente, o
NORMA COLETIVA. Ainda que o recebimento das promoções por direito às promoções por merecimento.
merecimento derive de negociação coletiva (CF , art. 7º , XXVI), 4. Registre-se, ainda, que eventual omissão da reclamada quanto à
inexiste modificação da sua natureza jurídica, não havendo, realização das avaliações de desempenho previstas em seu Plano
portanto, razão plausível para que aquelas sejam pagas novamente. de Cargos e Salários - hipótese dos autos - não tem o condão de
O deferimento da mesma rubrica, mesmo prevista em normas tornar implementada a condição para fins de concessão da
distintas, acarreta o pagamento bis in idem, e, portanto, promoção, nos termos do artigo 129 do Código Civil, mormente
enriquecimento ilícito. Recurso de revista conhecido e provido." porque, como dito, ainda existe a necessidade de submissão do
(ARR 10571020115040009, Rel. Augusto César Leite de Carvalho, empregado à concorrência com os demais do respectivo setor.
Por outro lado, impende ressaltar que não pode o Judiciário se 6. Recurso de embargos conhecido e não provido." (Processo: E-
substituir ao empregador, que deixou de efetuar a avaliação RR - 2476-76.2012.5.03.0003 Data de Julgamento: 18/09/2014,
funcional do empregado, e, subjetivamente, conceder-lhe a Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Subseção I
ascensão no seu quadro de carreira. Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
"RECURSO DE EMBARGOS. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DA improcedentes os pedidos constantes da petição inicial. (...)"
LEI Nº 11.496/2007. CEF. PROMOÇÃO POR MERECIMENTO. Resta, assim, demonstrada a inexistência de vícios no julgado
DESEMPENHO. AUSÊNCIA. NÃO PROVIMENTO. A questão dos autos - repise-se - foi exaustivamente explicitada,
Intimado(s)/Citado(s):
VOTO por conhecer dos embargos declaratórios para lhes negar PODER JUDICIÁRIO
provimento. JUSTIÇA DO
EMENTA
DISPOSITIVO
improvidos.
Diretor de Secretaria
FUNDAMENTAÇÃO
Processo Nº ROT-0001292-52.2018.5.07.0007
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE SINDICATO DOS TRABALHADORES
EM EMPRESAS DO RAMO 1. ADMISSIBILIDADE
FINANCEIRO NO ESTADO DO
CEARA Os presentes embargos de declaração foram apresentados no
ADVOGADO MARCOS D AVILA MELO
FERNANDES(OAB: 446-A/SE) prazo legal e subscritos por advogado habilitado.
ADVOGADO THIAGO D AVILA MELO Merece, pois, conhecimento.
FERNANDES(OAB: 155/SE)
RECORRIDO BANCO DO NORDESTE DO BRASIL 2. MÉRITO
SA
Pretende a embargante sejam sanados supostos vícios do julgado,
consistentes na ausência de "enfrentamento dos aspectos fático- de direito, e não direito adquirido às promoções. No caso dos autos,
probatórios". a própria autora admitiu que desde 2001 deixou de ser avaliada.
Sem razão. Resta também demonstrada sua adesão ao novo plano de cargos e
Os embargos de declaração se prestam a sanar eventuais vícios salários da empresa no ano de 2008, consoante documentação
constatados no julgado impugnado, mais especificamente omissão trazida pela pelo empregador às fls. 527 dos autos, quando, para
(ausência de pronunciamento sobre determinado tema/ponto realizar a adesão, realizou transação com a CEF, dando quitação
suscitado pelas partes nas razões ou contrarrazões recursais), de direitos relativos ao PCS anterior, inclusive as promoções ora
obscuridade (pronunciamento ambíguo sobre determinado tema) e postuladas. Destarte, deve-se concluir que os fatos e fundamentos
contradição (pronunciamentos divergentes entre partes do próprio acima relatados impedem a concessão das promoções requeridas
acórdão), além de erro material (arts. 897-A da CLT e 1.022 do e, por consequência, impossibilita o deferimento dos demais
No caso, a parte embargante não aponta qualquer vício intrínseco incompetência absoluta da Justiça do Trabalho quanto às
ao acórdão proferido por este Colegiado, pretendendo, na verdade, contribuições para a previdência complementar. Considerado o
o reexame de fatos e provas, o que não se coaduna com a duplo grau de jurisdição, defiro ao reclamante os benefícios da
finalidade processual dos embargos declaratórios. gratuidade processual, pois de pleno direito. 4. POSTO ISTO,
Como se vê da decisão embargada, este Colegiado se manifestou JULGO IMPROCEDENTE a presente Reclamação Trabalhista,
clara e expressamente sobre o direito do autor às horas extras, com fulcro na fundamentação supra aduzida. (...)"
tendo sido analisados todos os elementos fático-probatórios Em processos como os que hora se analisa, é cediço que, no
constantes dos autos, nos seguintes termos: período de 1999 a 2011, foram concedidas tanto promoções por
Insurge-se a recorrente contra a decisão de primeiro grau, aduzindo de acordos coletivos de trabalho.
que a omissão da recorrida em realizar avaliações de desempenho, Assim, reputa-se improcedente a pretensão obreira, vez que as
a fim de conceder as promoções por merecimento, leva ao promoções conferidas por acordos coletivos de trabalho possuem a
reconhecimento da implementação da condição. Afirma, ademais, mesma natureza e finalidade das promoções por merecimento
que as promoções concedidas por força de acordo coletivo de decorrentes das avaliações de desempenho (PCS/89), sob pena de
Na petição inicial, a reclamante afirmou que, a partir do ano de mais vantajosas para os empregados, porquanto são concedidas a
merecimento, que são garantidas pelo PCS/89. Nesse sentido, colhe-se aresto do c. Tribunal Superior do Trabalho:
Analisando a lide, o douto Juízo 'a quo' decidiu que a ausência das "DIFERENÇAS SALARIAIS. PROMOÇÕES POR MERECIMENTO
avaliações de desempenho não gerou prejuízo à reclamante, pois PREVISTAS NO PCS/89. CONCESSÃO DE PROMOÇÕES POR
as promoções por merecimento foram concedidas mediante acordo NORMA COLETIVA. Ainda que o recebimento das promoções por
coletivo de trabalho. Transcrevem-se, por oportuno, os fundamentos merecimento derive de negociação coletiva (CF , art. 7º , XXVI),
"Vistos etc. (...) Adota-se a conclusão de que, diferentemente da portanto, razão plausível para que aquelas sejam pagas novamente.
progressão por antiguidade, na progressão por mérito, a apuração é O deferimento da mesma rubrica, mesmo prevista em normas
eminentemente subjetiva e fundamenta-se na aferição do distintas, acarreta o pagamento bis in idem, e, portanto,
desempenho funcional, de modo que, mesmo omisso, a reclamada, enriquecimento ilícito. Recurso de revista conhecido e provido."
no tocante à avaliação, ainda assim, não poderá considerar (ARR 10571020115040009, Rel. Augusto César Leite de Carvalho,
de obter avaliação suficiente à concessão da progressão Por outro lado, impende ressaltar que não pode o Judiciário se
perseguida, não sendo dado ao Poder Judiciário substituir o substituir ao empregador, que deixou de efetuar a avaliação
empregador nessa análise, tendo os empregados mera expectativa funcional do empregado, e, subjetivamente, conceder-lhe a
ascensão no seu quadro de carreira. Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
"RECURSO DE EMBARGOS. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DA improcedentes os pedidos constantes da petição inicial. (...)"
LEI Nº 11.496/2007. CEF. PROMOÇÃO POR MERECIMENTO. Resta, assim, demonstrada a inexistência de vícios no julgado
DESEMPENHO. AUSÊNCIA. NÃO PROVIMENTO. A questão dos autos - repise-se - foi exaustivamente explicitada,
1. A SBDI-1 desta Corte, examinando situação similar envolvendo a devendo a parte, em não se conformando com o decidido, discutir a
Empresa de Correios e Telégrafos - ECT, em sessão do dia matéria em sede outra que não a dos embargos.
simplesmente potestativa e, portanto, lícita, porquanto dependente VOTO por conhecer dos embargos declaratórios para lhes negar
anterior à promoção.
empregados, cuja análise compete exclusivamente ao empregador. ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA TERCEIRA TURMA
Vale ressaltar, ainda, que o fato de o empregado obter nível DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
satisfatório em sua avaliação de desempenho não lhe assegura, por unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios, para lhes
si só, o direito à progressão em exame, porquanto tal situação negar provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores
apenas lhe garante a participação no processo seletivo com os Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da
demais empregados, cujo resultado, sim, ampara, efetivamente, o Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda
4. Registre-se, ainda, que eventual omissão da reclamada quanto à Fortaleza, 12 de agosto de 2021
promoção, nos termos do artigo 129 do Código Civil, mormente JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
6. Recurso de embargos conhecido e não provido." (Processo: E- ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
Processo Nº ROT-0001187-44.2020.5.07.0027
Irresignado, o Município reclamado interpôs recurso ordinário (Id-
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE INSTITUTO MEDICO DE GESTAO a03de38), suscitando a inexistência de responsabilidade
INTEGRADA
subsidiária. No mérito, alegou que não se configura, no presente
ADVOGADO LAZARO BERNARDES SANTOS DE
ALMEIDA(OAB: 31354/BA) feito, a culpa in vigilando e in eligendo.
RECORRENTE MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO
NORTE O INSTITUTO MÉDICO DE GESTAO INTEGRADA - IMEGI
ADVOGADO WILLIAM MARDEN PEREIRA apresenta recurso adesivo sob Id.fec356d, pedindo os benefícios da
MACHADO(OAB: 11405/CE)
RECORRIDO ADRIANA GONCALVES DA SILVA assistência judiciária gratuita por se tratar de entidade filantrópica.
ADVOGADO ELIAS DA SILVA FELIX(OAB: No mérito, relata inexiste responsabilidade subsidiária ou solidária
42798/CE)
CUSTOS LEGIS MINISTERIO PUBLICO DO do IMEGI.
TRABALHO
Contrarrazões apresentadas pela parte autora sob Ids 11c8be8 e -
Intimado(s)/Citado(s): 31fb4d4.
- ADRIANA GONCALVES DA SILVA O Ministério Público do Trabalho emitiu parecer Id:47b5104,
É o relatório.
EMENTA
Ao exame.
exclusivamente moral, comete ato ilícito." pressupõe o cumprimento de todas as obrigações assumidas pelo
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista,
outrem, fica obrigado a repará-lo." como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe:
Os contratos de prestação de serviços, nominados de convênio ou "Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
de gestão, por exemplo, nada mais caracterizam do que a acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
terceirização da mão de obra. No caso, a reclamante contratada respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução
pela primeira reclamada, prestou serviços nas escolas do município, total ou parcial."
exercendo a função de merendeira e, em consequência, em Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim, 'verbis':
benefício deste ente público. Aliás, os contratos mantidos entre os "(...), a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além
reclamados, em tese, não são irregulares, mas isso não implica do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os
afastar a responsabilidade de quaisquer delas frente aos direitos do aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto
Assim, a previsão constitucional e legal de possibilidade de empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob
participação complementar na manutenção e implementação de pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de
ações vinculadas à gestão da educação e saúde por parte, habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo." (apud
inclusive, de entidades privadas, em nada altera o raciocínio ora Súmula n.331, IV e V, do TST: a Responsabilidade da
empregado relativo à responsabilidade do real tomador e Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo
beneficiário da mão de obra. Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do
em seus arts. 58, inciso III, e 67, "caput" e § 1º, impõe Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização
responsabilidades ao ente público contratante, estabelecendo a do contrato competia ao ente da Administração Pública, tendo em
obrigação da Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a vista que o ordenamento jurídico expressamente lhe impõe essa
execução dos contratos administrativos, como se verifica dos seus obrigação. Portanto, a conduta culposa 'in vigilando' autoriza atribuir
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído cumprimento dos encargos trabalhistas, conforme a orientação
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a contida na Súmula nº 331 do Colendo TST, em seu novel item V,
prerrogativa de: sem prejuízo da ação regressiva que couber contra o obrigado
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e redação)- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
§1º O representante da Administração anotará em registro próprio caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
determinando o que for necessário à regularização das faltas ou fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da
Em assim sendo, a inexistência de fiscalização ou a não adoção de obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando Ressalte-se, outrossim, que a referida súmula tem como referência
a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas o próprio artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que, ao vedar a
Na verdade, a aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de públicos, parte da premissa de que houve cautela da Administração
Licitações, declarado constitucional pelo STF, na ADC nº 16, Pública em contratar apenas empresas idôneas para prestação de
contratuais e legais da contratada como empregadora. Portanto, a a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá
responsabilidade subsidiária do ente público não viola o art. 71, § apresentar a seguinte documentação:
1º, da Lei nº 8.666/1993, o qual, em decisão recente proferida na 1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou
ADC 16 pelo Supremo Tribunal Federal, foi declarado função, horário do posto de trabalho, números da carteira de
Com efeito, a interpretação sistemática do art. 71, § 1º, da Lei nº (CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos
8.666/93, com os dispositivos legais acima citados, revela que a serviços, quando for o caso;
norma ali assentada, ao isentar o ente público das obrigações 2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos
trabalhistas decorrentes dos contratos de prestação de serviços por empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela execução
ele celebrados, não alcança as hipóteses em que o mesmo não dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela
Nos termos da própria Lei 8.666/93, o ente público tem o dever de que prestarão os serviços;
demonstrar a prova da qualificação econômico-financeira para b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos
habilitação em licitação (art. 27, III, c/c art. 31); a habilitação serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos
preliminar (art. 51); o contrato e suas cláusulas (arts. 54 e 55) e seguintes documentos, quando não for possível a verificação da
eventual prestação de garantia (art. 56), tudo em termos formais regularidade dos mesmos no Sistema de Cadastro de Fornecedores
inexecução (art. 77); e os motivos para eventual rescisão do 1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social;
contrato (art. 78). 2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da
poder-dever de fiscalizar o cumprimento oportuno e integral de 3. certidões que comprovem a regularidade perante as Fazendas
todas as obrigações assumidas pelo contratado, dentre elas, Estadual, Distrital e Municipal do domicílio ou sede do contratado;
obviamente, as que decorrem da observância das normas 4. Certidão de Regularidade do FGTS - CRF; e
trabalhistas em relação aos trabalhadores que prestarem serviços 5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT;
como terceirizados seus (empregados do contratado). c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos
são as disposições contidas na Instrução Normativa 02/2008 do 1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a
modificações da IN 03/2009, de caráter vinculativo a todos os 2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da
órgãos federais e de caráter orientador e supletivo aos órgãos prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou
Nos artigos 31 e seguintes, a IN 02/2008 versa sobre o 3. cópia dos contracheques dos empregados relativos a qualquer
acompanhamento e a fiscalização dos contratos de terceirização, mês da prestação dos serviços ou, ainda, quando necessário, cópia
cumprimento das obrigações trabalhistas mês a mês, 'verbis': 4. comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale-
"Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e transporte, vale alimentação, entre outros), a que estiver obrigada
fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho,
a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso: relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer
(...) empregado; e
§ 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e 5. comprovantes de realização de eventuais cursos de treinamento
sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos e reciclagem que forem exigidos por lei ou pelo contrato;
trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes d) entrega da documentação abaixo relacionada, quando da
I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do dos serviços, no prazo definido no contrato:
1. termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados considerou o INSTITUTO MEDICO DE GESTAO INTEGRADA
prestadores de serviço, devidamente homologados, quando exigível instituição filantrópica, isentando-o do depósito recursal, conforme
pelo sindicato da categoria; o teor do art. 899, "§ 10, que diz: "São isentos do depósito recursal
2. guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS, os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as
3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas Com efeito, cabia ao recorrente efetuar o pagamento das custas
individuais do FGTS de cada empregado dispensado; e processuais no prazo que lhe fora concedido.
4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados." Compulsando, porém, os presentes autos, verifica-se que o
Necessário pontuar também que a observância de todos os recorrente anexou apenas extratos bancários a sua manifestação
preceitos da Lei 8666/93 e suas regulamentações devem ser de Id. 0c970e5. Considerando, portanto, que o recorrente, não
formalmente registradas pela Administração, formando prova pré- logrou provar o estado de miserabilidade que, em tese, poderia
constituída. Consequentemente, no processo judicial, ela assume o ensejar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita à pessoa
dever de trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a jurídica, deixando transcorrer o prazo legal sem efetuar o
Administração Pública Direta e Indireta o ônus da prova da Destarte, não merece conhecimento o presente recurso.
eficiência da fiscalização.
No presente caso, o ente público consta apenas uma advertência à Conhecer do recurso ordinário do ente público e não conhecer do
empresa, após constatação de irregularidades, não tendo juntado recurso do primeiro reclamado por deserto. No mérito, negar-lhe
arts. 467 e 477, § 8º, da CLT, porquanto a Súmula 331, do c. TST, ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
não prevê qualquer limitação de verbas a serem pagas pelo TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
Desta feita, nega-se provimento ao presente apelo. conhecer do recurso do primeiro reclamado, por deserto. No mérito,
Consoante decisão exarada sob Id b86d2f0, este Relator Presente ainda representante do Ministério Público do Trabalho.
RELATÓRIO
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO GESTAO INTEGRADA, de forma principal, e o MUNICÍPIO DE
É o relatório.
EMENTA
trabalhistas com fulcro no art. 71, §1º da Lei nº 8.666/93. Além §1º O representante da Administração anotará em registro próprio
disso, alega que não se configura, no presente feito, a culpa in todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato,
vigilando e in eligendo, uma vez que o reclamante não se determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
Cumpre ressaltar que a responsabilidade subsidiária do ente público medidas atinentes à regularização do contrato configura a
tomador de serviços encontra amparo na teoria da responsabilidade denominada culpa "in vigilando" da Administração Pública, gerando
civil subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, do Código Civil, a responsabilidade subsidiária pelos créditos trabalhistas
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência Na verdade, a aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que Licitações, declarado constitucional pelo STF, na ADC nº 16,
exclusivamente moral, comete ato ilícito." pressupõe o cumprimento de todas as obrigações assumidas pelo
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista,
outrem, fica obrigado a repará-lo." como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe:
Os contratos de prestação de serviços, nominados de convênio ou "Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
de gestão, por exemplo, nada mais caracterizam do que a acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
terceirização da mão de obra. No caso, a reclamante contratada respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução
pela primeira reclamada, prestou serviços nas escolas do município, total ou parcial."
exercendo a função de merendeira e, em consequência, em Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim, 'verbis':
benefício deste ente público. Aliás, os contratos mantidos entre os "(...), a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além
reclamados, em tese, não são irregulares, mas isso não implica do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os
afastar a responsabilidade de quaisquer delas frente aos direitos do aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto
Assim, a previsão constitucional e legal de possibilidade de empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob
participação complementar na manutenção e implementação de pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de
ações vinculadas à gestão da educação e saúde por parte, habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo." (apud
inclusive, de entidades privadas, em nada altera o raciocínio ora Súmula n.331, IV e V, do TST: a Responsabilidade da
empregado relativo à responsabilidade do real tomador e Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo
beneficiário da mão de obra. Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do
em seus arts. 58, inciso III, e 67, "caput" e § 1º, impõe Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização
responsabilidades ao ente público contratante, estabelecendo a do contrato competia ao ente da Administração Pública, tendo em
obrigação da Administração Pública de acompanhar e fiscalizar a vista que o ordenamento jurídico expressamente lhe impõe essa
execução dos contratos administrativos, como se verifica dos seus obrigação. Portanto, a conduta culposa 'in vigilando' autoriza atribuir
"Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído cumprimento dos encargos trabalhistas, conforme a orientação
por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a contida na Súmula nº 331 do Colendo TST, em seu novel item V,
prerrogativa de: sem prejuízo da ação regressiva que couber contra o obrigado
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e redação)- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta
subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV,
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das acompanhamento e a fiscalização dos contratos de terceirização,
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na determinando expressamente a exigência da comprovação do
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da cumprimento das obrigações trabalhistas mês a mês, 'verbis':
prestadora de serviço como empregadora. A aludida "Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso:
contratada." (...)
Ressalte-se, outrossim, que a referida súmula tem como referência § 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e
o próprio artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que, ao vedar a sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos
transferência da responsabilidade pelos encargos aos entes trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes
Pública em contratar apenas empresas idôneas para prestação de I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do
contratuais e legais da contratada como empregadora. Portanto, a a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá
responsabilidade subsidiária do ente público não viola o art. 71, § apresentar a seguinte documentação:
1º, da Lei nº 8.666/1993, o qual, em decisão recente proferida na 1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou
ADC 16 pelo Supremo Tribunal Federal, foi declarado função, horário do posto de trabalho, números da carteira de
Com efeito, a interpretação sistemática do art. 71, § 1º, da Lei nº (CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos
8.666/93, com os dispositivos legais acima citados, revela que a serviços, quando for o caso;
norma ali assentada, ao isentar o ente público das obrigações 2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos
trabalhistas decorrentes dos contratos de prestação de serviços por empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela execução
ele celebrados, não alcança as hipóteses em que o mesmo não dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela
Nos termos da própria Lei 8.666/93, o ente público tem o dever de que prestarão os serviços;
demonstrar a prova da qualificação econômico-financeira para b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos
habilitação em licitação (art. 27, III, c/c art. 31); a habilitação serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos
preliminar (art. 51); o contrato e suas cláusulas (arts. 54 e 55) e seguintes documentos, quando não for possível a verificação da
eventual prestação de garantia (art. 56), tudo em termos formais regularidade dos mesmos no Sistema de Cadastro de Fornecedores
inexecução (art. 77); e os motivos para eventual rescisão do 1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social;
contrato (art. 78). 2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da
poder-dever de fiscalizar o cumprimento oportuno e integral de 3. certidões que comprovem a regularidade perante as Fazendas
todas as obrigações assumidas pelo contratado, dentre elas, Estadual, Distrital e Municipal do domicílio ou sede do contratado;
obviamente, as que decorrem da observância das normas 4. Certidão de Regularidade do FGTS - CRF; e
trabalhistas em relação aos trabalhadores que prestarem serviços 5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT;
como terceirizados seus (empregados do contratado). c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos
são as disposições contidas na Instrução Normativa 02/2008 do 1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a
modificações da IN 03/2009, de caráter vinculativo a todos os 2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da
órgãos federais e de caráter orientador e supletivo aos órgãos prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou
Nos artigos 31 e seguintes, a IN 02/2008 versa sobre o 3. cópia dos contracheques dos empregados relativos a qualquer
mês da prestação dos serviços ou, ainda, quando necessário, cópia lhe permite o art. 58, III e IV, da Lei de Licitações.
transporte, vale alimentação, entre outros), a que estiver obrigada NORTE pelas parcelas devidas à reclamante, inclusive multas dos
por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho, arts. 467 e 477, § 8º, da CLT, porquanto a Súmula 331, do c. TST,
relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer não prevê qualquer limitação de verbas a serem pagas pelo
5. comprovantes de realização de eventuais cursos de treinamento Desta feita, nega-se provimento ao presente apelo.
e reciclagem que forem exigidos por lei ou pelo contrato; RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO IMGI
dos serviços, no prazo definido no contrato: Consoante decisão exarada sob Id b86d2f0, este Relator
1. termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados considerou o INSTITUTO MEDICO DE GESTAO INTEGRADA
prestadores de serviço, devidamente homologados, quando exigível instituição filantrópica, isentando-o do depósito recursal, conforme
pelo sindicato da categoria; o teor do art. 899, "§ 10, que diz: "São isentos do depósito recursal
2. guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS, os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as
3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas Com efeito, cabia ao recorrente efetuar o pagamento das custas
individuais do FGTS de cada empregado dispensado; e processuais no prazo que lhe fora concedido.
4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados." Compulsando, porém, os presentes autos, verifica-se que o
Necessário pontuar também que a observância de todos os recorrente anexou apenas extratos bancários a sua manifestação
preceitos da Lei 8666/93 e suas regulamentações devem ser de Id. 0c970e5. Considerando, portanto, que o recorrente, não
formalmente registradas pela Administração, formando prova pré- logrou provar o estado de miserabilidade que, em tese, poderia
constituída. Consequentemente, no processo judicial, ela assume o ensejar o deferimento dos benefícios da justiça gratuita à pessoa
dever de trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a jurídica, deixando transcorrer o prazo legal sem efetuar o
Administração Pública Direta e Indireta o ônus da prova da Destarte, não merece conhecimento o presente recurso.
eficiência da fiscalização.
No presente caso, o ente público consta apenas uma advertência à Conhecer do recurso ordinário do ente público e não conhecer do
empresa, após constatação de irregularidades, não tendo juntado recurso do primeiro reclamado por deserto. No mérito, negar-lhe
parcialmente providos.
Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Cuida-se de Embargos de Declaração oposto contra acórdão de ID.
Presente ainda representante do Ministério Público do Trabalho. Alega a parte embargante, em suma, omissão nos seguintes
É o relatório.
Relator FUNDAMENTAÇÃO
Por sua vez, o Banco do Brasil aduziu, em sua defesa, que o auxílio
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REEXAME. OMISSÃO. 1992, aderiu ao Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT,
EXISTÊNCIA. Presente omissão no julgado, imperiosa a nos termos da Lei Nº 6.321/76. Outrossim, o recorrente afirmou que,
Da análise da prova documental constante nos presentes autos, Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, tem-se que o Banco do
verifica-se que o Banco do Brasil já dispunha de programa de Brasil instituiu o auxílio-alimentação em data bem anterior à
alimentação antes de 1984, conforme redação do Aviso Circular nº indigitada na peça de defesa, havendo sido reconhecido, em
84/282, de 28.08.1984, cláusula sétima, "in verbis": diversos julgados, o pagamento da parcela em decorrência de
"O Banco do Brasil S.A. se compromete a desenvolver esforços no norma interna desde a década de 1970 (conforme Processos nºs
exigências da legislação vigente sobre a matéria, recebendo para Impende consignar, ainda, que o c. TST, no julgamento do Dissídio
isso sugestões dos órgãos sindicais." Coletivo nº 38/89.2, extirpou a previsão clausular que dispunha
Da simples leitura do normativo, não se logra alcançar o sentido que acerca do caráter indenizatório do auxílio-alimentação previsto no
quer imprimir o reclamado de que, antes do acordo coletivo de Acordo Coletivo de Trabalho vigente a partir de 01/09/1989, o que
1987/1988, o programa de alimentação se restringia à instalação de afasta, de pronto, a alegação da defesa de que a autora nunca
restaurantes, sendo certo apenas que tal programa abrangia tal percebeu tal parcela sob a natureza salarial. Confira-se:
Não se mostra razoável conceber que o Banco do Brasil tenha O Banco fornecerá a seus empregados, a título de ajuda-
criado um programa de alimentação apenas para oferecer alimentação, 1(hum) tiquet no valor de NCz$ 15,00 (quinze
restaurantes com alimentos a preços mais justos a seus cruzados novos), reajustável mensalmente pelo ICV, para cada dia
empregados. útil.
Ademais, o reclamado, ao alegar que o "Programa de §1º- De caráter indenizatório e de natureza não salarial.
Alimentação, nos seus primeiros anos da década de 1980, se O tiquet será utilizado para ressarcimento de despesas com
constituía apenas e tão somente da existência de restaurantes aquisição de alimentos em restaurantes, lanchonetes, mercearias e
custeados pelo reclamado para utilização pelos seus supermercados, na forma da regulamentação a ser expedida pelo
aptidão para a prova, atraiu para si o ônus de provar os contornos §2º- Quando utilizado restaurante mantido pelo Banco, a cada tiquet
desse programa na sua origem. Note-se que não há comprovação corresponderá uma refeição."
de que a reclamante utilizava a suposta alimentação fornecida pelo Deferida parcialmente a cláusula, excluindo do seu parágrafo
banco mediante pagamento. primeiro as expressões "de caráter indenizatório e de natureza não
Ressalte-se, ainda, que o reclamado não trouxe aos autos qualquer salarial."
documento apto a provar a ausência de pagamento do auxílio- Ante os fundamentos citados, entende-se que o referido
Ainda que os contracheques tivessem sido juntados aos autos, Cuida-se, portanto, de direito adquirido da reclamante, admitida pelo
entende-se que o fato de o valor a título de auxílio-alimentação não Banco do Brasil em outubro de 1986, ou seja, antes da edição do
constar nos referidos documentos seria insuficiente para comprovar Acordo Coletivo de Trabalho em 1987, que atribuiu caráter
que o benefício não era concedido por outra forma (vales ou indenizatório ao auxílio alimentação, e, também, da adesão da
tíquetes), confirmando, por outro lado, o descumprimento pelo aludida empresa ao Programa de Alimentação ao Trabalhador -
empregador quanto à repercussão da parcela de natureza salarial PAT (1992), não havendo qualquer ofensa ao art. 7º, XXVI, da CF,
Portanto, não logrou o reclamado comprovar a tese obstativa do A propósito, a matéria em discussão encontra-se pacificada no
direito da autora. Incidente, pois, o entendimento do c. TST âmbito do c. TST, com a edição da Orientação Jurisprudencial nº
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O vale para refeição, fornecido JURÍDICA. NORMA COLETIVA OU ADESÃO AO PAT. (DEJT
por força do contrato de trabalho, tem caráter salarial, divulgado em 14, 15 e 16.02.2012)
integrando a remuneração do empregado, para todos os efeitos A pactuação em norma coletiva conferindo caráter indenizatório à
verba "auxílio-alimentação" ou a adesão posterior do empregador Vale registrar que o Juízo não está obrigado a debater todos os
ao Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT - não altera a temas trazidos à baila pelas partes. Incumbe ao Órgão Julgador
natureza salarial da parcela, instituída anteriormente, para aqueles apreciar os argumentos e as provas apresentados no feito sobre os
empregados que, habitualmente, já percebiam o benefício, a teor fatos relativos à causa com o fito de nortear o seu convencimento,
das Súmulas n. 51, I, e 241 do TST." decidindo de maneira fundamentada e balizado no princípio da
9 deste Sodalício, "verbis": Embargos Declaratórios conhecidos e providos apenas para prestar
ADMITIDO POSTERIORMENTE
albergado pela Constituição Federal, art. 7º, inciso XXVI." Conhecer dos embargos declaratórios e, no mérito, dar-lhes parcial
De se esclarecer que o termo "auxílio-alimentação", ora utilizado, provimento, para prestar esclarecimentos, sem efeitos modificativos.
refeição" e a "cesta-alimentação".
O banco reclamado, em seus embargos de declaração, aponta TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
omissão no julgado, em relação a competência; prescrição do unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios e, no mérito,
FGTS; distinção de verbas; auxílio alimentação em PLR e dar-lhes parcial provimento, para prestar esclarecimentos, sem
Com razão em parte o embargante. Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José
Em relação à distinção de verbas e auxílio alimentação em PLR, Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque.
temos que o tema foi analisado conforme corte acima transcrito, Presente ainda representante do Ministério Público do Trabalho.
tanto.
Em relação à prescrição do FGTS, houve manifestação no sentido JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
sentença, eis que consta declaração do reclamante que atende aos ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
Processo Nº ROT-0001164-75.2018.5.07.0025
declaração.
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE BANCO DO BRASIL SA 2. MÉRITO
ADVOGADO RAFAEL LIMA DE ANDRADE(OAB: 2.1. DAS OMISSÕES APONTADAS
592-B/SE)
ADVOGADO MARIO BARBOSA MACIEL(OAB:
25677/CE)
Na fração de interesse, o acórdão embargado negou provimento ao
ADVOGADO ANTONIO DE PADUA DE SOUSA
RAMOS JUNIOR(OAB: 4445/PI) recurso do reclamado, sob os seguintes fundamentos:
RECORRIDO ANTONIO HELDER CARNEIRO
"(...)
ADVOGADO FRANCISCO SALAS MELO MACEDO
CAVALCANTE(OAB: 16226/CE) Do exame dos presentes autos, constata-se que a decisão acima
ADVOGADO SILAS OLIVEIRA CAVALCANTE(OAB:
25763/CE) transcrita não merece reforma.
Por sua vez, o Banco do Brasil aduziu, em sua defesa, que o auxílio
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REEXAME. OMISSÃO. 1992, aderiu ao Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT,
EXISTÊNCIA. Presente omissão no julgado, imperiosa a nos termos da Lei Nº 6.321/76. Outrossim, o recorrente afirmou que,
ainda que sem efeitos modificativos, para completa entrega da fornecimento de restaurante a preços populares.
prestação jurisdicional. Embargos de Declaração conhecidos e Da análise da prova documental constante nos presentes autos,
Cuida-se de Embargos de Declaração oposto contra acórdão de ID. exigências da legislação vigente sobre a matéria, recebendo para
Alega a parte embargante, em suma, omissão nos seguintes Da simples leitura do normativo, não se logra alcançar o sentido que
pontos: competência; prescrição do FGTS; distinção de verbas; quer imprimir o reclamado de que, antes do acordo coletivo de
auxílio alimentação em PLR; e Gratuidade Judiciária. 1987/1988, o programa de alimentação se restringia à instalação de
Manifestação apresentada pela embargada sob ID. 6f49e6d. restaurantes, sendo certo apenas que tal programa abrangia tal
empregados.
Atendidos os pressupostos recursais, CONHEÇO dos embargos de custeados pelo reclamado para utilização pelos seus
aptidão para a prova, atraiu para si o ônus de provar os contornos §2º- Quando utilizado restaurante mantido pelo Banco, a cada tiquet
desse programa na sua origem. Note-se que não há comprovação corresponderá uma refeição."
de que a reclamante utilizava a suposta alimentação fornecida pelo Deferida parcialmente a cláusula, excluindo do seu parágrafo
banco mediante pagamento. primeiro as expressões "de caráter indenizatório e de natureza não
Ressalte-se, ainda, que o reclamado não trouxe aos autos qualquer salarial."
documento apto a provar a ausência de pagamento do auxílio- Ante os fundamentos citados, entende-se que o referido
Ainda que os contracheques tivessem sido juntados aos autos, Cuida-se, portanto, de direito adquirido da reclamante, admitida pelo
entende-se que o fato de o valor a título de auxílio-alimentação não Banco do Brasil em outubro de 1986, ou seja, antes da edição do
constar nos referidos documentos seria insuficiente para comprovar Acordo Coletivo de Trabalho em 1987, que atribuiu caráter
que o benefício não era concedido por outra forma (vales ou indenizatório ao auxílio alimentação, e, também, da adesão da
tíquetes), confirmando, por outro lado, o descumprimento pelo aludida empresa ao Programa de Alimentação ao Trabalhador -
empregador quanto à repercussão da parcela de natureza salarial PAT (1992), não havendo qualquer ofensa ao art. 7º, XXVI, da CF,
Portanto, não logrou o reclamado comprovar a tese obstativa do A propósito, a matéria em discussão encontra-se pacificada no
direito da autora. Incidente, pois, o entendimento do c. TST âmbito do c. TST, com a edição da Orientação Jurisprudencial nº
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O vale para refeição, fornecido JURÍDICA. NORMA COLETIVA OU ADESÃO AO PAT. (DEJT
por força do contrato de trabalho, tem caráter salarial, divulgado em 14, 15 e 16.02.2012)
integrando a remuneração do empregado, para todos os efeitos A pactuação em norma coletiva conferindo caráter indenizatório à
Ademais, considerando os precedentes jurisprudenciais deste ao Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT - não altera a
Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região, tem-se que o Banco do natureza salarial da parcela, instituída anteriormente, para aqueles
Brasil instituiu o auxílio-alimentação em data bem anterior à empregados que, habitualmente, já percebiam o benefício, a teor
indigitada na peça de defesa, havendo sido reconhecido, em das Súmulas n. 51, I, e 241 do TST."
diversos julgados, o pagamento da parcela em decorrência de No mesmo sentido, o entendimento consubstanciado na Súmula nº
norma interna desde a década de 1970 (conforme Processos nºs 9 deste Sodalício, "verbis":
Coletivo nº 38/89.2, extirpou a previsão clausular que dispunha É válido o dispositivo de norma coletiva que altera a natureza
acerca do caráter indenizatório do auxílio-alimentação previsto no jurídica do auxílio-alimentação, imprimindo-lhe caráter indenizatório,
Acordo Coletivo de Trabalho vigente a partir de 01/09/1989, o que para os empregados admitidos posteriormente a sua pactuação.
afasta, de pronto, a alegação da defesa de que a autora nunca Aplicação do Princípio da Autonomia da Vontade Coletiva,
percebeu tal parcela sob a natureza salarial. Confira-se: albergado pela Constituição Federal, art. 7º, inciso XXVI."
"CLÁUSULA VIGÉSIMA- PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO- Pedido: De se esclarecer que o termo "auxílio-alimentação", ora utilizado,
O Banco fornecerá a seus empregados, a título de ajuda- abrange, como gênero, toda parcela paga ao empregado de forma
alimentação, 1(hum) tiquet no valor de NCz$ 15,00 (quinze habitual, em pecúnia ou não, para o custeio de suas despesas com
cruzados novos), reajustável mensalmente pelo ICV, para cada dia alimentação, como contraprestação pelos dias efetivamente
O tiquet será utilizado para ressarcimento de despesas com Dessarte, a data de implementação do sub-tipo de contraprestação
aquisição de alimentos em restaurantes, lanchonetes, mercearias e paga à obreira para custeio de despesas com alimentação, no caso
supermercados, na forma da regulamentação a ser expedida pelo a "cesta alimentação", a partir do Acordo Coletivo 2001/2002, revela
O banco reclamado, em seus embargos de declaração, aponta TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
omissão no julgado, em relação a competência; prescrição do unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios e, no mérito,
FGTS; distinção de verbas; auxílio alimentação em PLR e dar-lhes parcial provimento, para prestar esclarecimentos, sem
Com razão em parte o embargante. Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José
Em relação à distinção de verbas e auxílio alimentação em PLR, Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque.
temos que o tema foi analisado conforme corte acima transcrito, Presente ainda representante do Ministério Público do Trabalho.
tanto.
Em relação à prescrição do FGTS, houve manifestação no sentido JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
sentença, eis que consta declaração do reclamante que atende aos ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
JUSTIÇA DO
relaciona-se com o risco assumido pela reclamada, não havendo O recurso ordinário da reclamada foi apresentado tempestivamente,
como concluir pelo rompimento do nexo causal por ato exclusivo de com representação processual regular e preparo recursal, sendo
terceiro uma vez constatada a conexidade do acidente com o aplicável o disposto no art899, §9º, da CLT, quanto ao valor do
exercício do trabalho. 3. PLANO DE SAÚDE. CUSTEIO PELO depósito recursal, por se tratar de microempresa (Id 736e261).
o direito do reclamante ao custeio do valor do plano no percentual 2.1. DAS DIFERENÇAS SALARIAL. PISO SALARIAL POR
de 60,37% pelo empregador, consoante cláusula 13ª do Acordo FUNÇÃO. ACT 2018/2019.
Coletivo de Trabalho, competia à empresa demandada a prova de Insurge-se, a empresa reclamada, contra a condenação ao
que o cancelamento do plano de saúde decorreu de iniciativa do pagamento de diferenças salariais decorrentes do piso salarial por
empregado, não logrando se desincumbir do seu encargo função estabelecido no Acordo Coletivo de Trabalho 2018/2019.
probatório. RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO. Argumenta que "Muito embora o magistrado tenha entendido que a
a sentença proferida pelo MM. Juízo da 14ª Vara do Trabalho de Acerca da matéria, entendeu o Juízo de origem, "in verbis":
Fortaleza (Id b5b0f43) que julgou parcialmente procedentes os "Pretende o reclamante pagamento de diferenças salariais
pedidos veiculados na exordial para condenar a promovida ao decorrente de reajuste salarial pactuado através de Acordo Coletivo
pagamento de: diferença salarial, com reflexos em FGTS + 40%; firmado com reclamada (cláusula 3ª - id 968f951) no qual foi
diferença de verbas rescisórias; indenização por danos morais, no estabelecido piso salarial de R$ 1.304,80 para categoria.
valor de R$ 25.000,00; e ressarcimento de plano de saúde, no A reclamada, em sua defesa, alega que o Acordo Coletivo fixou
percentual de 60,37% das despesas do período de dez/18 a salário de R$ 1.034,00 e que efetuou a implantação a partir do mês
diferenças salariais decorrentes de piso salarial previsto em Acordo Analisando o Acordo Coletivo da Categoria, verifico que foi
Coletivo de Trabalho ao argumento de que o reclamante jamais estabelecido como piso salarial para função exercida pelo
exerceu as funções de "Técnico ADSL I" ou "TécnMultifuncional", empregado na empresa o valor de R$ 1.304,80 (fls. 55).
alegando o encargo probatório da parte autora quanto à função Contudo, os contracheques anexados aos autos indicam
efetivamente exercida na reclamada. Sustenta que o acidente de pagamento de salário base no valor de R$ 1.013,28 mesmo após a
trabalho sofrido pelo autor decorreu de culpa exclusiva de terceiro data do Acordo Coletivo (id b927a1a - página 120).
pelo que seria indevida a indenização por danos morais deferida em No TRCT de id 41ef970, verifica-se que a remuneração utilizada
sentença. Requer, de forma subsidiária, a redução do quantum para cálculo das parcelas rescisórias foi de R$ 1.531,80, composta
indenizatório, com base no art.944 do CCB. Alega que o de salário base (R$ 1.013,28), adicional de periculosidade (R$
cancelamento do plano de saúde se deu a pedido do empregado. 303,98) e média de produtividade (R$ 214,42), conforme
consta o valor de R$ 33,78 que equivale a 1/30 do salário de R$ referente ao Controle de Serviço da empresa, datado de janeiro de
1.013,28. No campo 69 - aviso prévio de 33 dias, consta o valor de 2019, registra o nome do reclamante como técnico de reparo
R$ 1.684,99 referente a remuneração de R$ 1.531,80. residencial. Some-se à prova documental a declaração prestada
O TRCT complementar de id f3ef1af é inválido para comprovar o pela primeira testemunha do reclamante, FRANCISCO RAUL
pagamento das diferenças rescisórias, pois calculadas com salário ALVES MOREIRA, que asseverou que "o reclamante foi contratado
inferior ao devido, além de não constar assinatura do trabalhador e em junho de 2017 para exercer a função de vendedor, contudo,
Desta forma, diferente do alegado pela reclamada, não houve A par disso, a primeira testemunha do reclamado, EDSON AGUIAR
implantação do reajuste salarial estabelecido na CCT. RODRIGUES, asseverou o exercício de função diversa ao registro
Sendo assim, condeno a reclamada ao pagamento de diferença formal, ao afirmar "que permaneceu a algum tempo exercendo a
salarial, no valor mensal de R$ 291,52 a partir de 01/08/2018, com função de supervisor sem que tal alteração contratual fosse anotada
reflexos em FGTS + 40%. em sua CTPS; [...]", o que reforça o convencimento acerca da
Condeno, ainda, a reclamada ao pagamento das diferenças das prática da empresa em ativar o empregado em função diversa da
parcelas rescisórias discriminadas no TRCT, observando o salário contratada sem a devida anotação da alteração.
Na peça inicial, o reclamante postulou diferenças salariais reclamante ocupava a função de "TECNICO EM MANUTENCAO
decorrentes da inobservância ao valor do reajuste salarial previsto DE EQUIPAMENTOS DE IN" (Id d627c5a).
na cláusula terceira do Acordo Coletivo de Trabalho 2018/2019 do Entende-se, pois, suficientemente comprovado, nos autos, que o
SINDICATO TRAB.EMPRESA TELECOOPERAD MESAS TELEF reclamante exerceu, na prática, o cargo de técnico de rede, pelo
EST CEARA-SINTELL, afirmando que o salário deveria ter passado que, em aplicação do princípio da primazia da realidade, impende
de R$1.013,28 para R$1.304,80 (hum mil, trezentos e quatro reais e ser mantida a sentença de origem quanto às diferenças salariais
oitenta centavos), a partir de 01 de agosto de 2018. decorrentes do reajuste salarial previsto em norma coletiva.
Quanto à função exercida na empresa, o autor asseverou que "Logo Recurso improvido no tópico.
entre o primeiro e o segundo mês de trabalho, o Reclamante 2.2. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACIDENTE DE
recebeu uma proposta para ser transferido ao setor técnico, onde TRABALHO. CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO.
primeiro figurou como auxiliar, e logo passou a exercer atividades A recorrente sustenta ser indevida a condenação ao pagamento de
Da análise da norma coletiva indigitada pelo autor (Id 968f951), aduzindo a ocorrência de fato exclusivo de terceiro a romper o nexo
extrai-se que o piso salarial pretendido pelo reclamante (R$ causal entre o dano sofrido pela vítima e a suposta conduta do
2018 para os cargos de "TEC ADSL I" e de "TEC Consignou a sentença vergastada no tópico, "in verbis":
Consoante registro na CTPS do obreiro (Id dd52a17), verifica-se responsabilidade pelo dano moral causado, regra geral, segue os
que o reclamante foi admitido pela empresa demandada em princípios da responsabilidade subjetiva prevista no Código Civil,
01/09/2017 para o exercício da função de "AUXILIAR TÉCNICO", sendo que apenas em algumas situações peculiares aplica-se a
passando a exercer, a partir de 01/09/2018, a função de teoria da responsabilidade objetiva ou do risco criado.
"INSPETOR DE VIABILIDADE". Os contracheques colacionados No caso concreto, contudo, a responsabilidade da empresa deve
aos autos registram o cargo de "AUXILIAR DE ESTOQUE" na seguir a teoria objetiva, e não a subjetiva, por implicar a atividade
competência de agosto/2018, e de "INSPETOR DE VIABILIDADE", desenvolvida pela reclamada, por si só, em risco, atraindo a
a partir da competência de setembro/2018 (Id b927a1a). aplicação do parágrafo único do art. 927 do Código Civil, como
Nesse contexto, competia ao reclamante comprovar, nos autos, o exceção à regra geral contida no inciso XXVIII, do art. 7º, da
constitutivo do direito postulado, encargo do qual logrou se No presente feito, pois, cabia à reclamada o ônus de prova no que
Com efeito, o documento de Id 7b5fef3, juntado com a inicial, reclamante, bem como, quanto à inexistência de nexo de
causalidade entre as atividades desenvolvidas por este e o acidente 7º, inciso XXVIII, da CF/88 (responsabilidade subjetiva), o que se
sofrido pelo autor ou, por fim, comprovar a inexistência de qualquer admite por mero amor argumentativo, restariam evidenciados os
dano por parte do Reclamante. três (3) elementos inerentes à responsabilidade civil do empregador
Conforme depreende-se do conjunto probatório, em especial, pelo (dano, nexo causal e culpa), razão pela qual se mostra devida
teor das conclusões exaradas no laudo pericial fora reconhecida indenização pretendida pelos danos morais.
incapacidade laborativa parcial e definitiva (dano) e estabelecido Portanto, na trilha do que dispõe o art. 223-G, da CLT,
nexo de causalidade entre a lesão decorrente do acidente e o labor considerando-se a natureza do bem jurídico tutelado (I), a
desenvolvido na reclamada (item 16 do laudo pericial - id 7e63f18) o intensidade da humilhação suportada (II), a possibilidade de
que, por si só, mostra-se suficiente para responsabilizar a superação física ou psicológica (III) e os reflexos pessoais/sociais
reclamada pelo dano. da prática ilícita (IV), as condições em que este fora praticado (VI), o
Porém, a empresa alega que o acidente foi ocasionado por um inquestionável dolo do ofensor (VII) e a situação econômica e social
terceiro, logo, por não ter causado o dano não poderia ser das partes ofensora e ofendida (XI), já que a atividade desenvolvida
Contudo, a culpa da reclamada resta demonstrada pela não prática de ilícito de natureza gravíssima (art.223-G, §1º, IV da CLT).
observância das normas de saúde e segurança do trabalho (art.7º, Nestes moldes, considerando que o valor pretendido na exordial a
inciso XXII, da CF/88), no que concerne a entrega e fiscalização de título de indenização por danos morais é inferior àquele que seria
uso de equipamento de segurança necessários para objeto de apuração acaso adotado os parâmetros da tarifação
desenvolvimento do labor. contida no inciso III do §1º, do art. 223-G da CLT (de
Conforme se depreende do depoimento da primeira testemunha do constitucionalidade duvidosa), deixa-se de lado tal discussão, para
obreiro, este "não recebeu linha de vida", salientando ainda que o fim de condenar a Reclamada no pagamento de indenização por
"sabe disso pois era o responsável pela entrega dos EPIs" danos morais, no importe de R$ 25.0000, face à induvidosa
Não obstante, mesmo que houvesse a comprovação da entrega dos condenar a Reclamada no pagamento de R$ 25.000,00 (vinte e
equipamentos de segurança, é incontroverso que, no momento do cinco mil reais) a título de indenização por danos morais."
acidente, o autor não utilizava linha de vida, o que evidencia que a Merece ser mantida a decisão.
reclamada era omissa na fiscalização do uso dos equipamentos Extrai-se do conjunto probatório constante nos autos que o
contribuindo para ocorrência de acidentes. reclamante sofreu acidente de trabalho típico, em 24/10/2017,
Sendo assim, no caso em tela, em que pese o dano tenha decorrido havendo fraturado a vértebra lombar em queda de altura, consoante
de um acidente de trânsito provocado por ato de terceiro, não se Comunicação de Acidente de Trabalho emitida pelo empregador (Id
Conclui-se, portanto, que o fato de terceiro ter provocado o acidente pelo autor, "in verbis":
é meramente conexo ao risco que a estava constantemente "Autor relata que no dia 24 de outubro de 2017, por volta das 17:00h
submetido o empregado em prestar serviços sem os necessários estava fazendo a travessia de um cabo, na ultima caixa do dia. Que
equipamentos de segurança, não sendo suficiente para ruptura do um caminhão atingiu o cabo. O autor estava a sete metros e de
nexo causal da responsabilidade objetiva da reclamada pelo dano altura e foi arrastado pelo caminhão. Que caiu no chão fraturando a
O risco da atividade laboral deve ser suportado pelo empregador, ambulância que estava passando pelo local. Foi levado para o
recaindo sobre este o dever de zelar pela integridade física de seu hospital de cascavel e sendo medicado, e encaminhado para o IJF.
empregado, através da obediência às normas de segurança. Que ficou 9 dias internado. [...]."
No entanto, como visto a reclamada, além de expor seus O caso vertente enseja, com efeito, a aplicação da responsabilidade
empregados a riscos, ainda pretende imputar a terceiros a civil objetiva do empregador decorrente do exercício de atividade de
responsabilidade por um acidente do qual ela assumiu o risco risco, nos termos do art.927, parágrafo único, do Código Civil, não
quando permitiu trabalho sem o equipamento necessário. havendo de se cogitar acerca da existência de dolo ou culpa da
Na hipótese dos autos, ainda que se adotasse a regra geral do art. empresa demandada.
Com efeito, a atividade exercida pelo trabalhador em altura possui reclamada, não havendo como concluir pelo rompimento do nexo
potencialidade lesiva maior à integridade física do empregado causal por ato exclusivo de terceiro uma vez constatada a
implicando ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros conexidade do acidente com o exercício do trabalho.
Registre-se que a Constituição Federal, não obstante albergue a reclamada no tocante ao cumprimento das normas de segurança e
responsabilidade subjetiva do empregador (art. 7º, XXVIII), também da fiscalização da atividade laboral, havendo sido verificado, nos
recepcionou a teoria da responsabilidade objetiva, porquanto a autos, que no momento do acidente, o autor não utilizava linha de
parte final do "caput" do citado art. 7º deixa claro que os direitos dos vida, conforme asseverado pela testemunha do autor:
trabalhadores ali indicados são apenas exemplificativos, ao "[...]; que sabe que o reclamante recebeu os seguintes EPIs:
estabelecer: "São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além capacete, talabarte, óculos e botas; que o reclamante não recebeu
de outros que visem à melhoria de sua condição social". Na linha de vida; que o depoente sabe disso pois era o responsável
realidade, a Constituição Federal assim dispôs para permitir a pela entrega dos EPIs; [...]."
ampliação dos direitos existentes ou o acréscimo de outros que Patente a culpa do empregador em descuidar da obrigação legal de
visem à melhoria da condição social do trabalhador. proporcionar condição e ambiente de trabalho seguro apto a reduzir
Ora, não há dúvidas de que a adoção da responsabilidade objetiva os riscos inerentes ao desempenho das atividades, o que resultou
em que, além de estimular o empregador a aperfeiçoar as cautelas Ressalte-se que a condenação compensatória do dano moral, por
de segurança e da saúde dos trabalhadores, garante-lhes a habitar a esfera da honra subjetiva, carece de comprovação do
reparação devida sem o ônus de provar a conduta culposa ou prejuízo sofrido pelo reclamante, sendo satisfatória, para efeito de
dolosa daquele, o que muitas vezes não se torna possível. reparação, a demonstração de seu fato gerador, suficiente a gerar a
Sobre a questão, o STF, ao apreciar o Tema de Repercussão Geral responsabilidade do agressor. Nesse sentido, a doutrina de Sérgio
por danos decorrentes de acidentes de trabalho"), fixou "O dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade
recentemente a seguinte tese jurídica (ata de julgamento publicada do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só
"O artigo 927, parágrafo único, do Código Civil é compatível com o lesado. Em outras palavras, o dano moral existe 'in re ipsa'; deriva
artigo 7º, XXVIII, da Constituição Federal, sendo constitucional a inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada
responsabilização objetiva do empregador por danos decorrentes a ofensa, 'ipso facto' está demonstrado o dano moral à guisa de
de acidentes de trabalho, nos casos especificados em lei, ou uma presunção natural, uma presunção 'hominis' ou 'facti', que
quando a atividade normalmente desenvolvida, por sua natureza, decorre das regras da experiência comum." (apud OLIVEIRA,
apresentar exposição habitual a risco especial, com potencialidade Sebastião Geraldo, Indenizações por Acidente do Trabalho ou
lesiva e implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais Doença Ocupacional. 6ª ed.. São Paulo: LTr, 2011. p.234.)
No caso, resta incontroverso que o reclamante foi vítima de temporária ou permanente, a indenização por dano moral subsiste
acidente de trabalho, consoante CAT (Id d627c5a), percebendo em vista dos sofrimentos suportados pelo obreiro no período da
benefício previdenciário no período de 09/11/2017 até 15/05/2018, limitação decorrente do infortúnio laboral e do abalo, ainda que
na espécie 91, sendo portador de sequela de fratura de L1. momentâneo, na sua integridade psicobiofísica. Como leciona
Outrossim, o laudo médico elaborado por perito nomeado pelo Juízo Sebastião Geraldo de Oliveira, "verbis":
(Id 7e63f18) concluiu pela existência de nexo causal direto e pela "Mesmo nas hipóteses de acidente do trabalho que tenha gerado
redução da capacidade laboral parcial e permanente do reclamante. apenas incapacidade temporária, pode ser cabível o deferimento da
Presentes, portanto, o evento danoso e o nexo causal, há de ser reparação dos danos morais, quando presentes os pressupostos da
reconhecida a responsabilidade civil da reclamada por esta responsabilidade civil. Segundo Carlos Roberto Gonçalves, a
Instância Recursal, independentemente da verificação da culpa do expressão constante do art.949 do Código Civil além de algum outro
empregador em face do risco objetivo em potencial inerente à prejuízo que o ofendido prove haver sofrido permite que a vítima
atividade desenvolvida pela empresa reclamada. pleiteie, também, reparação por dano moral." (Indenizações por
Com efeito, o acidente relaciona-se com o risco assumido pela Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional. 6ª ed. LTr, São
Paulo:2011. p.335-337.) Assim, concluo que o plano de saúde foi encerrado por
Sobre a fixação do valor da indenização por danos morais, cediço determinação da reclamada.
que a indenização não repara a dor moral, pois esta não pode ser Contudo, os exames médicos que constam nos autos, indicam que
avaliada em dinheiro, mas, apenas, tutela um bem não-patrimonial o reclamante realizou consultas e procedimentos através do plano
violado, substituindo um bem jurídico por outro. de saúde Unimed no curso ano de 2018 (id 8a5c080, 5a387c8,
Para tanto, cabe ao julgador considerar vários elementos, entre 3c67ec6 e 7408685) o que vai de encontro à afirmação do autor que
eles, o grau da culpa e de entendimento do ofensor, a extensão do teve descontos, sem concessão de plano de saúde neste período.
dano causado ao ofendido e a situação econômica de cada parte, Corroborando a afirmação da reclamada de que o cancelamento
de modo a que a indenização não sirva de enriquecimento sem ocorreu em outubro de 2018, o contracheque do mês de
causa para o ofendido, mas tenha caráter punitivo e educacional novembro/18 registra reembolso no plano de saúde no valor de
para o ofensor, evitando que novos casos ocorram. Logo, é certo R$(fls. 274).
que tais elementos podem, pelo menos, basilar um valor Comprovada a concessão de assistência médica e o cancelamento
natureza do bem jurídico tutelado (integridade física), a extensão e Ademais, não logrando êxito a reclamada em comprovar
a duração dos efeitos da lesão (redução da capacidade laboral de cancelamento voluntário plano de saúde pelo autor, havendo
forma permanente), reputa-se razoável e proporcional o "quantum" cláusula expressa no Acordo para oferecimento de plano saúde e
indenizatório arbitrado em sentença, de R$25.000,00 (vinte e cinco tendo o reclamante comprovado despesas com plano de saúde
mil reais), valor apto a conferir compensação pelo dano sofrido pelo entre dezembro/18 e abril/19, julgo procedente o pedido para
demandante, sem incidir em enriquecimento ilícito, logrando condenar a reclamada a ressarcir as despesas com assistência
alcançar, ainda, o efeito pedagógico da medida. médica, no percentual fixado na Acordo (60,37%), no período entre
A recorrente se insurge contra a sentença de origem que a houve deferimento do pedido do autor quanto à devolução dos
condenou ao ressarcimento de despesas com plano de saúde, no descontos de plano de saúde efetuados no contracheque do
percentual de 60,37%, do período de dezembro de 2018 a abril de empregado, mas a condenação ao ressarcimento das despesas
Alega inexistir prova, nos autos, de que o encerramento do plano de dezembro/2018 a abril/2019, no percentual de 60,37%, com fulcro
saúde tenha se dado de forma unilateral pela reclamada, aduzindo no acordo coletivo de trabalho.
competir ao autor o fato constitutivo do seu direito. Ora, consoante tese de defesa, "O Sr. Oscar Nunes solicitou sua
No tópico, entendeu a sentença vergastada, "in verbis": inclusão no plano de saúde empresarial em novembro de 2017,
"Afirma o autor que aderiu ao Plano de Saúde fornecido pela permanecendo no plano até o mês de outubro de 2018 quando, por
reclamada, conforme previsão na Cláusula 13ª do Acordo Coletivo iniciativa própria, solicitou o cancelamento deste."
e, que, após o acidente de trabalho, a reclamada cancelou o plano Nessa senda, resta incontroverso, nos autos, o cancelamento do
de saúde do obreiro, entretanto, continuou efetuando os descontos plano de saúde do autor pela empresa, bem como o direito do
Alega que, em decorrência do cancelamento, contratou plano de pelo empregador, consoante cláusula 13ª do Acordo Coletivo de
saúde privado, portanto, requerer que a reclamada seja compelida a Trabalho (Id 968f951), de sorte que o fato constitutivo do direito do
descontos referentes ao plano de saúde não concedido. Por sua vez, ao alegar que o cancelamento do plano de saúde
A reclamada, por sua vez, afirma que o cancelamento ocorreu a decorreu de iniciativa do empregado, competia à empresa
pedido do reclamante e que fez a devolução do desconto prévio de demandada a prova do fato obstativo do direito do autor, não
plano saúde do mês subsequente ao cancelamento. logrando se desincumbir do seu encargo probatório, razão pela qual
A reclamada não anexou, aos autos, comprovante de pedido de impende ser mantida a condenação proferida em primeira instância.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
CONCLUSÃO DO VOTO
EMENTA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO exercício de atividade de risco, nos termos do art.927, parágrafo
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por único, do Código Civil, não havendo de se cogitar acerca da
unanimidade,conhecer do recurso ordinário, e, no mérito, negar-lhe existência de dolo ou culpa da empresa demandada. O acidente
provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores relaciona-se com o risco assumido pela reclamada, não havendo
Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da como concluir pelo rompimento do nexo causal por ato exclusivo de
Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda terceiro uma vez constatada a conexidade do acidente com o
representante do Ministério Público do Trabalho. exercício do trabalho. 3. PLANO DE SAÚDE. CUSTEIO PELO
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA de 60,37% pelo empregador, consoante cláusula 13ª do Acordo
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO probatório. RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0001161-22.2019.5.07.0014
RELATÓRIO
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE S&T PARTICIPACOES LTDA - ME
ADVOGADO DANILO CARNEIRO TEIXEIRA(OAB:
43330/CE)
ADVOGADO RAFAEL SALDANHA PESSOA(OAB: Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamada contra
23951/CE)
a sentença proferida pelo MM. Juízo da 14ª Vara do Trabalho de
RECORRIDO OSCAR NUNES DE FIGUEIREDO
ADVOGADO KÁTIA IZABEL QUEIROZ DE Fortaleza (Id b5b0f43) que julgou parcialmente procedentes os
FREITAS(OAB: 21201/CE)
pedidos veiculados na exordial para condenar a promovida ao
diferenças salariais decorrentes de piso salarial previsto em Acordo Analisando o Acordo Coletivo da Categoria, verifico que foi
Coletivo de Trabalho ao argumento de que o reclamante jamais estabelecido como piso salarial para função exercida pelo
exerceu as funções de "Técnico ADSL I" ou "TécnMultifuncional", empregado na empresa o valor de R$ 1.304,80 (fls. 55).
alegando o encargo probatório da parte autora quanto à função Contudo, os contracheques anexados aos autos indicam
efetivamente exercida na reclamada. Sustenta que o acidente de pagamento de salário base no valor de R$ 1.013,28 mesmo após a
trabalho sofrido pelo autor decorreu de culpa exclusiva de terceiro data do Acordo Coletivo (id b927a1a - página 120).
pelo que seria indevida a indenização por danos morais deferida em No TRCT de id 41ef970, verifica-se que a remuneração utilizada
sentença. Requer, de forma subsidiária, a redução do quantum para cálculo das parcelas rescisórias foi de R$ 1.531,80, composta
indenizatório, com base no art.944 do CCB. Alega que o de salário base (R$ 1.013,28), adicional de periculosidade (R$
cancelamento do plano de saúde se deu a pedido do empregado. 303,98) e média de produtividade (R$ 214,42), conforme
com representação processual regular e preparo recursal, sendo Desta forma, diferente do alegado pela reclamada, não houve
aplicável o disposto no art899, §9º, da CLT, quanto ao valor do implantação do reajuste salarial estabelecido na CCT.
depósito recursal, por se tratar de microempresa (Id 736e261). Sendo assim, condeno a reclamada ao pagamento de diferença
Observados, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade salarial, no valor mensal de R$ 291,52 a partir de 01/08/2018, com
2.1. DAS DIFERENÇAS SALARIAL. PISO SALARIAL POR parcelas rescisórias discriminadas no TRCT, observando o salário
pagamento de diferenças salariais decorrentes do piso salarial por Na peça inicial, o reclamante postulou diferenças salariais
função estabelecido no Acordo Coletivo de Trabalho 2018/2019. decorrentes da inobservância ao valor do reajuste salarial previsto
Argumenta que "Muito embora o magistrado tenha entendido que a na cláusula terceira do Acordo Coletivo de Trabalho 2018/2019 do
função exercida pelo empregado faria jus ao piso salarial de R$ SINDICATO TRAB.EMPRESA TELECOOPERAD MESAS TELEF
1.304,80 (mil trezentos e quatro reais e oitenta centavos), não há EST CEARA-SINTELL, afirmando que o salário deveria ter passado
nos autos sequer indícios de que o Recorrido exercia a função de de R$1.013,28 para R$1.304,80 (hum mil, trezentos e quatro reais e
"Técnico ADSLI" ou "Técnico Multifuncional", os únicos cargos a oitenta centavos), a partir de 01 de agosto de 2018.
serem agraciados com esta remuneração no Acordo Coletivo de Quanto à função exercida na empresa, o autor asseverou que "Logo
Acerca da matéria, entendeu o Juízo de origem, "in verbis": recebeu uma proposta para ser transferido ao setor técnico, onde
"Pretende o reclamante pagamento de diferenças salariais primeiro figurou como auxiliar, e logo passou a exercer atividades
firmado com reclamada (cláusula 3ª - id 968f951) no qual foi Da análise da norma coletiva indigitada pelo autor (Id 968f951),
estabelecido piso salarial de R$ 1.304,80 para categoria. extrai-se que o piso salarial pretendido pelo reclamante (R$
A reclamada, em sua defesa, alega que o Acordo Coletivo fixou 1.304,80) foi estabelecido para ser pago a partir de 1º de agosto de
salário de R$ 1.034,00 e que efetuou a implantação a partir do mês 2018 para os cargos de "TEC ADSL I" e de "TEC
Consoante registro na CTPS do obreiro (Id dd52a17), verifica-se responsabilidade pelo dano moral causado, regra geral, segue os
que o reclamante foi admitido pela empresa demandada em princípios da responsabilidade subjetiva prevista no Código Civil,
01/09/2017 para o exercício da função de "AUXILIAR TÉCNICO", sendo que apenas em algumas situações peculiares aplica-se a
passando a exercer, a partir de 01/09/2018, a função de teoria da responsabilidade objetiva ou do risco criado.
"INSPETOR DE VIABILIDADE". Os contracheques colacionados No caso concreto, contudo, a responsabilidade da empresa deve
aos autos registram o cargo de "AUXILIAR DE ESTOQUE" na seguir a teoria objetiva, e não a subjetiva, por implicar a atividade
competência de agosto/2018, e de "INSPETOR DE VIABILIDADE", desenvolvida pela reclamada, por si só, em risco, atraindo a
a partir da competência de setembro/2018 (Id b927a1a). aplicação do parágrafo único do art. 927 do Código Civil, como
Nesse contexto, competia ao reclamante comprovar, nos autos, o exceção à regra geral contida no inciso XXVIII, do art. 7º, da
constitutivo do direito postulado, encargo do qual logrou se No presente feito, pois, cabia à reclamada o ônus de prova no que
Com efeito, o documento de Id 7b5fef3, juntado com a inicial, reclamante, bem como, quanto à inexistência de nexo de
referente ao Controle de Serviço da empresa, datado de janeiro de causalidade entre as atividades desenvolvidas por este e o acidente
2019, registra o nome do reclamante como técnico de reparo sofrido pelo autor ou, por fim, comprovar a inexistência de qualquer
residencial. Some-se à prova documental a declaração prestada dano por parte do Reclamante.
pela primeira testemunha do reclamante, FRANCISCO RAUL Conforme depreende-se do conjunto probatório, em especial, pelo
ALVES MOREIRA, que asseverou que "o reclamante foi contratado teor das conclusões exaradas no laudo pericial fora reconhecida
em junho de 2017 para exercer a função de vendedor, contudo, incapacidade laborativa parcial e definitiva (dano) e estabelecido
após cerca de 30 dias passou a exercer a função de técnico; [...]." nexo de causalidade entre a lesão decorrente do acidente e o labor
A par disso, a primeira testemunha do reclamado, EDSON AGUIAR desenvolvido na reclamada (item 16 do laudo pericial - id 7e63f18) o
RODRIGUES, asseverou o exercício de função diversa ao registro que, por si só, mostra-se suficiente para responsabilizar a
formal, ao afirmar "que permaneceu a algum tempo exercendo a reclamada pelo dano.
função de supervisor sem que tal alteração contratual fosse anotada Porém, a empresa alega que o acidente foi ocasionado por um
em sua CTPS; [...]", o que reforça o convencimento acerca da terceiro, logo, por não ter causado o dano não poderia ser
contratada sem a devida anotação da alteração. Contudo, a culpa da reclamada resta demonstrada pela não
Outrossim, segundo informações prestadas pelo próprio observância das normas de saúde e segurança do trabalho (art.7º,
empregador na Comunicação de Acidente de Trabalho- CAT, o inciso XXII, da CF/88), no que concerne a entrega e fiscalização de
reclamante ocupava a função de "TECNICO EM MANUTENCAO uso de equipamento de segurança necessários para
Entende-se, pois, suficientemente comprovado, nos autos, que o Conforme se depreende do depoimento da primeira testemunha do
reclamante exerceu, na prática, o cargo de técnico de rede, pelo obreiro, este "não recebeu linha de vida", salientando ainda que
que, em aplicação do princípio da primazia da realidade, impende "sabe disso pois era o responsável pela entrega dos EPIs"
ser mantida a sentença de origem quanto às diferenças salariais comprovando, portanto, a empresa não fornecia os equipamentos
Recurso improvido no tópico. Não obstante, mesmo que houvesse a comprovação da entrega dos
2.2. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACIDENTE DE equipamentos de segurança, é incontroverso que, no momento do
TRABALHO. CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO. acidente, o autor não utilizava linha de vida, o que evidencia que a
A recorrente sustenta ser indevida a condenação ao pagamento de reclamada era omissa na fiscalização do uso dos equipamentos
indenização por danos morais decorrentes de acidente de trabalho contribuindo para ocorrência de acidentes.
aduzindo a ocorrência de fato exclusivo de terceiro a romper o nexo Sendo assim, no caso em tela, em que pese o dano tenha decorrido
causal entre o dano sofrido pela vítima e a suposta conduta do de um acidente de trânsito provocado por ato de terceiro, não se
Conclui-se, portanto, que o fato de terceiro ter provocado o acidente pelo autor, "in verbis":
é meramente conexo ao risco que a estava constantemente "Autor relata que no dia 24 de outubro de 2017, por volta das 17:00h
submetido o empregado em prestar serviços sem os necessários estava fazendo a travessia de um cabo, na ultima caixa do dia. Que
equipamentos de segurança, não sendo suficiente para ruptura do um caminhão atingiu o cabo. O autor estava a sete metros e de
nexo causal da responsabilidade objetiva da reclamada pelo dano altura e foi arrastado pelo caminhão. Que caiu no chão fraturando a
O risco da atividade laboral deve ser suportado pelo empregador, ambulância que estava passando pelo local. Foi levado para o
recaindo sobre este o dever de zelar pela integridade física de seu hospital de cascavel e sendo medicado, e encaminhado para o IJF.
empregado, através da obediência às normas de segurança. Que ficou 9 dias internado. [...]."
No entanto, como visto a reclamada, além de expor seus O caso vertente enseja, com efeito, a aplicação da responsabilidade
empregados a riscos, ainda pretende imputar a terceiros a civil objetiva do empregador decorrente do exercício de atividade de
responsabilidade por um acidente do qual ela assumiu o risco risco, nos termos do art.927, parágrafo único, do Código Civil, não
quando permitiu trabalho sem o equipamento necessário. havendo de se cogitar acerca da existência de dolo ou culpa da
Na hipótese dos autos, ainda que se adotasse a regra geral do art. empresa demandada.
7º, inciso XXVIII, da CF/88 (responsabilidade subjetiva), o que se Com efeito, a atividade exercida pelo trabalhador em altura possui
admite por mero amor argumentativo, restariam evidenciados os potencialidade lesiva maior à integridade física do empregado
três (3) elementos inerentes à responsabilidade civil do empregador implicando ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros
(dano, nexo causal e culpa), razão pela qual se mostra devida da coletividade.
indenização pretendida pelos danos morais. Registre-se que a Constituição Federal, não obstante albergue a
Portanto, na trilha do que dispõe o art. 223-G, da CLT, responsabilidade subjetiva do empregador (art. 7º, XXVIII), também
considerando-se a natureza do bem jurídico tutelado (I), a recepcionou a teoria da responsabilidade objetiva, porquanto a
intensidade da humilhação suportada (II), a possibilidade de parte final do "caput" do citado art. 7º deixa claro que os direitos dos
superação física ou psicológica (III) e os reflexos pessoais/sociais trabalhadores ali indicados são apenas exemplificativos, ao
da prática ilícita (IV), as condições em que este fora praticado (VI), o estabelecer: "São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
inquestionável dolo do ofensor (VII) e a situação econômica e social de outros que visem à melhoria de sua condição social". Na
das partes ofensora e ofendida (XI), já que a atividade desenvolvida realidade, a Constituição Federal assim dispôs para permitir a
na reclamada provocou adoecimento da autora, resta evidenciada a ampliação dos direitos existentes ou o acréscimo de outros que
prática de ilícito de natureza gravíssima (art.223-G, §1º, IV da CLT). visem à melhoria da condição social do trabalhador.
Nestes moldes, considerando que o valor pretendido na exordial a Ora, não há dúvidas de que a adoção da responsabilidade objetiva
título de indenização por danos morais é inferior àquele que seria acarreta a melhoria da condição social do trabalhador, na medida
objeto de apuração acaso adotado os parâmetros da tarifação em que, além de estimular o empregador a aperfeiçoar as cautelas
contida no inciso III do §1º, do art. 223-G da CLT (de de segurança e da saúde dos trabalhadores, garante-lhes a
constitucionalidade duvidosa), deixa-se de lado tal discussão, para reparação devida sem o ônus de provar a conduta culposa ou
o fim de condenar a Reclamada no pagamento de indenização por dolosa daquele, o que muitas vezes não se torna possível.
danos morais, no importe de R$ 25.0000, face à induvidosa Sobre a questão, o STF, ao apreciar o Tema de Repercussão Geral
Diante do exposto, julga-se procedente o pedido, para o fim de por danos decorrentes de acidentes de trabalho"), fixou
condenar a Reclamada no pagamento de R$ 25.000,00 (vinte e recentemente a seguinte tese jurídica (ata de julgamento publicada
cinco mil reais) a título de indenização por danos morais." no DJE, em 20/3/2020):
Merece ser mantida a decisão. "O artigo 927, parágrafo único, do Código Civil é compatível com o
Extrai-se do conjunto probatório constante nos autos que o artigo 7º, XXVIII, da Constituição Federal, sendo constitucional a
reclamante sofreu acidente de trabalho típico, em 24/10/2017, responsabilização objetiva do empregador por danos decorrentes
havendo fraturado a vértebra lombar em queda de altura, consoante de acidentes de trabalho, nos casos especificados em lei, ou
Comunicação de Acidente de Trabalho emitida pelo empregador (Id quando a atividade normalmente desenvolvida, por sua natureza,
O laudo pericial registrou a dinâmica do acidente conforme relatado lesiva e implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais
No caso, resta incontroverso que o reclamante foi vítima de temporária ou permanente, a indenização por dano moral subsiste
acidente de trabalho, consoante CAT (Id d627c5a), percebendo em vista dos sofrimentos suportados pelo obreiro no período da
benefício previdenciário no período de 09/11/2017 até 15/05/2018, limitação decorrente do infortúnio laboral e do abalo, ainda que
na espécie 91, sendo portador de sequela de fratura de L1. momentâneo, na sua integridade psicobiofísica. Como leciona
Outrossim, o laudo médico elaborado por perito nomeado pelo Juízo Sebastião Geraldo de Oliveira, "verbis":
(Id 7e63f18) concluiu pela existência de nexo causal direto e pela "Mesmo nas hipóteses de acidente do trabalho que tenha gerado
redução da capacidade laboral parcial e permanente do reclamante. apenas incapacidade temporária, pode ser cabível o deferimento da
Presentes, portanto, o evento danoso e o nexo causal, há de ser reparação dos danos morais, quando presentes os pressupostos da
reconhecida a responsabilidade civil da reclamada por esta responsabilidade civil. Segundo Carlos Roberto Gonçalves, a
Instância Recursal, independentemente da verificação da culpa do expressão constante do art.949 do Código Civil além de algum outro
empregador em face do risco objetivo em potencial inerente à prejuízo que o ofendido prove haver sofrido permite que a vítima
atividade desenvolvida pela empresa reclamada. pleiteie, também, reparação por dano moral." (Indenizações por
Com efeito, o acidente relaciona-se com o risco assumido pela Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional. 6ª ed. LTr, São
reclamada, não havendo como concluir pelo rompimento do nexo Paulo:2011. p.335-337.)
causal por ato exclusivo de terceiro uma vez constatada a Sobre a fixação do valor da indenização por danos morais, cediço
conexidade do acidente com o exercício do trabalho. que a indenização não repara a dor moral, pois esta não pode ser
Por outra senda, importa registrar a negligência da empresa avaliada em dinheiro, mas, apenas, tutela um bem não-patrimonial
reclamada no tocante ao cumprimento das normas de segurança e violado, substituindo um bem jurídico por outro.
da fiscalização da atividade laboral, havendo sido verificado, nos Para tanto, cabe ao julgador considerar vários elementos, entre
autos, que no momento do acidente, o autor não utilizava linha de eles, o grau da culpa e de entendimento do ofensor, a extensão do
vida, conforme asseverado pela testemunha do autor: dano causado ao ofendido e a situação econômica de cada parte,
"[...]; que sabe que o reclamante recebeu os seguintes EPIs: de modo a que a indenização não sirva de enriquecimento sem
capacete, talabarte, óculos e botas; que o reclamante não recebeu causa para o ofendido, mas tenha caráter punitivo e educacional
linha de vida; que o depoente sabe disso pois era o responsável para o ofensor, evitando que novos casos ocorram. Logo, é certo
pela entrega dos EPIs; [...]." que tais elementos podem, pelo menos, basilar um valor
proporcionar condição e ambiente de trabalho seguro apto a reduzir Considerando as particularidades do caso concreto, notadamente a
os riscos inerentes ao desempenho das atividades, o que resultou natureza do bem jurídico tutelado (integridade física), a extensão e
Ressalte-se que a condenação compensatória do dano moral, por forma permanente), reputa-se razoável e proporcional o "quantum"
habitar a esfera da honra subjetiva, carece de comprovação do indenizatório arbitrado em sentença, de R$25.000,00 (vinte e cinco
prejuízo sofrido pelo reclamante, sendo satisfatória, para efeito de mil reais), valor apto a conferir compensação pelo dano sofrido pelo
reparação, a demonstração de seu fato gerador, suficiente a gerar a demandante, sem incidir em enriquecimento ilícito, logrando
responsabilidade do agressor. Nesse sentido, a doutrina de Sérgio alcançar, ainda, o efeito pedagógico da medida.
"O dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade 2.3. DO CANCELAMENTO DO PLANO DE SAÚDE.
justifica a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao A recorrente se insurge contra a sentença de origem que a
lesado. Em outras palavras, o dano moral existe 'in re ipsa'; deriva condenou ao ressarcimento de despesas com plano de saúde, no
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada percentual de 60,37%, do período de dezembro de 2018 a abril de
uma presunção natural, uma presunção 'hominis' ou 'facti', que Alega inexistir prova, nos autos, de que o encerramento do plano de
decorre das regras da experiência comum." (apud OLIVEIRA, saúde tenha se dado de forma unilateral pela reclamada, aduzindo
Sebastião Geraldo, Indenizações por Acidente do Trabalho ou competir ao autor o fato constitutivo do seu direito.
Doença Ocupacional. 6ª ed.. São Paulo: LTr, 2011. p.234.) No tópico, entendeu a sentença vergastada, "in verbis":
"Afirma o autor que aderiu ao Plano de Saúde fornecido pela permanecendo no plano até o mês de outubro de 2018 quando, por
reclamada, conforme previsão na Cláusula 13ª do Acordo Coletivo iniciativa própria, solicitou o cancelamento deste."
e, que, após o acidente de trabalho, a reclamada cancelou o plano Nessa senda, resta incontroverso, nos autos, o cancelamento do
de saúde do obreiro, entretanto, continuou efetuando os descontos plano de saúde do autor pela empresa, bem como o direito do
Alega que, em decorrência do cancelamento, contratou plano de pelo empregador, consoante cláusula 13ª do Acordo Coletivo de
saúde privado, portanto, requerer que a reclamada seja compelida a Trabalho (Id 968f951), de sorte que o fato constitutivo do direito do
descontos referentes ao plano de saúde não concedido. Por sua vez, ao alegar que o cancelamento do plano de saúde
A reclamada, por sua vez, afirma que o cancelamento ocorreu a decorreu de iniciativa do empregado, competia à empresa
pedido do reclamante e que fez a devolução do desconto prévio de demandada a prova do fato obstativo do direito do autor, não
plano saúde do mês subsequente ao cancelamento. logrando se desincumbir do seu encargo probatório, razão pela qual
A reclamada não anexou, aos autos, comprovante de pedido de impende ser mantida a condenação proferida em primeira instância.
determinação da reclamada.
Contudo, os exames médicos que constam nos autos, indicam que CONCLUSÃO DO VOTO
3c67ec6 e 7408685) o que vai de encontro à afirmação do autor que Conhecer do recurso ordinário, e, no mérito, negar-lhe provimento.
R$(fls. 274).
tendo o reclamante comprovado despesas com plano de saúde ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
entre dezembro/18 e abril/19, julgo procedente o pedido para TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
condenar a reclamada a ressarcir as despesas com assistência unanimidade,conhecer do recurso ordinário, e, no mérito, negar-lhe
médica, no percentual fixado na Acordo (60,37%), no período entre provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores
dezembro/18 e abril/19, que corresponde ao período da vigência do Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da
De início, extrai-se que, ao revés do que alega a recorrente, não representante do Ministério Público do Trabalho.
houve deferimento do pedido do autor quanto à devolução dos Fortaleza, 12 de agosto de 2021
dezembro/2018 a abril/2019, no percentual de 60,37%, com fulcro JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Ora, consoante tese de defesa, "O Sr. Oscar Nunes solicitou sua FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO ocorrida, de acordo com os arts. 818, II, da CLT c/c e art. 373, II, do
PODER JUDICIÁRIO vendo e o reclamante e em seguida perguntou "a senhora vai ficar
do valor de R$ 1.075,37 (hum mil e setenta e cinco reais e trinta e pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e
sete centavos), para R$ 1.150,00 (hum mil cento e cinquenta juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da
Oportuno destacar que dentro do sistema salarial brasileiro, a A jurisprudência pátria também é pacífica neste sentido:
gorjeta compõe a remuneração do empregado, nos termos do art. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. Na forma estabelecida no art.
Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para incidem, em qualquer caso, desde o ajuizamento da ação. (TRT12 -
todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente AP - 0000605-36.2017.5.12.0051 , Rel. JOSE ERNESTO MANZI ,
pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que 3ª Câmara , Data de Assinatura: 24/09/2020) (TRT-12 - AP:
receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) (Vide Lei 00006053620175120051 SC, Relator: JOSE ERNESTO MANZI,
nº 13.419, de 2017) Data de Julgamento: 23/09/2020, Gab. Des. Jos Ernesto Manzi)
No caso em apreço, conforme os recebidos de pagamento EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. JUROS DE MORA.
apresentados pelo reclamado (ID.2faf9f), o autor recebia desde o TERMO INICIAL. O momento de incidência dos juros de mora é o
início do vínculo trabalhista uma média de R$ 300,00 mensais a ajuizamento da reclamação trabalhista, consoante determinam os
títulos de gorjetas. artigos 883 da CLT e 39, § 1º, da Lei nº 8.177/91. Precedentes.
Como exposto anteriormente, as gorjetas integram a remuneração Embargos de declaração acolhidos para sanar omissão. (TST - ED:
do empregado, não podendo ser suprimidas de forma unilateral pelo 1094006020025030004, Relator: Emmanoel Pereira, Data de
empregador, sendo tal integração para todos os fins, exceto cálculo Julgamento: 17/03/2010, 5ª Turma, Data de Publicação:
remunerado art. 457, caput da CLT e da súmula 354 do TST. AGRAVO DE PETIÇÃO. DOS JUROS DE MORA. TERMO INICIAL.
Destarte, se o empregador opta por não cobrar a taxa de serviço A interpretação sistemática dos arts. 883 da CLT e § 1º do 39 da Lei
dos seus clientes, cabe a ele, assegurar tal remuneração para os nº 8.177/91 conduz à conclusão de que são devidos juros de mora
seus funcionários, sob risco de afrontar ao princípio da sobre os débitos trabalhistas reconhecidos em juízo desde o
Portanto, considera-se o reajuste realizado pela reclamada e reputa não prospera a tese patronal, razão pelo que nega-se provimento
-se o pagamento das gorjetas ao reclamante do período de julho de ao recurso, no particular. Agravo conhecido e improvido. (...) (TRT-7
2020 até dezembro de 2020, no valor de R$ 225,37 relativo aos 5 - AP: 00003728220175070017 CE, Relator: CLOVIS VALENCA
meses, em que foram suprimidas. ALVES FILHO, Data de Julgamento: 24/03/2021, Seção
2.3. DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA: MARCO INICIAL Portanto, a sentença adversada merece reparo neste tocante.
Busca a recorrente que "os juros de mora sejam contados apenas a Recurso provido.
pelo artigo 459, da CLT para o pagamento de parcelas salariais, CONCLUSÃO DO VOTO
De fato, o art. 39 da Lei nº 8.177/91 prevê a incidência da correção Conhecer o recurso e, no mérito, dar provimento para firmar a
monetária e de juros de 1% ao mês no período compreendido entre incidência de juros e correção desde o ajuizamento da ação.
desídia.
É o relatório.
Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Preenchidos os pressupostos objetivos e subjetivos do recurso,
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA grave cometida pelo empregado, produzida por meio de conduta
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO ocorrida, de acordo com os arts. 818, II, da CLT c/c e art. 373, II, do
PODER JUDICIÁRIO vendo e o reclamante e em seguida perguntou "a senhora vai ficar
frágil tal afirmação. -se o pagamento das gorjetas ao reclamante do período de julho de
Nesta premissa, fica mantida a sentença. 2020 até dezembro de 2020, no valor de R$ 225,37 relativo aos 5
O autor narra que sua remuneração era composta pelo salário fixo Neste ponto, a sentença permanece.
de R$1.045,00 mais gorjetas equivalente a uma média mensal de 2.3. DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA: MARCO INICIAL
R$300,00. Afirma que a partir de julho de 2020, sem qualquer aviso Busca a recorrente que "os juros de mora sejam contados apenas a
prévio, a reclamada deixou de pagar tal valor ao obreiro, razão pela partir da data do ajuizamento da ação, como prescrito em Lei. Em
qual o mesmo, requer o pagamento dos valores não pagos. relação à correção monetária, que seja calculada da forma
Em contrapartida, a reclamada aponta que devido a pandemia determinada no artigo 39 da Lei 8.177/91, isto é, a partir do quinto
COVID-19, suas atividades foram interrompidas durante vários dia útil do mês seguinte ao vencido, já que é este o prazo previsto
meses. E no momento em que voltou a funcionar, em torno do final pelo artigo 459, da CLT para o pagamento de parcelas salariais,
de Julho de 2020, com o horário reduzido, em busca de tornar-se igualmente referendado pelo Precedente 124/801 do TST".
mais atrativa para o público tendo em vista sua recuperação Razão lhe assiste.
econômica diante da crise financeira que atingia o setor comercial. De fato, o art. 39 da Lei nº 8.177/91 prevê a incidência da correção
Comunicou a todos os seus funcionários que deixaria de cobrar os monetária e de juros de 1% ao mês no período compreendido entre
10% na comanda dos seus clientes, deixando a critério deles, o a data de vencimento da obrigação e o seu "efetivo pagamento".
pagamento ou não das mesmas. Autorizando aos colaboradores a Sobre o termo inicial para incidência dos juros de mora, a CLT em
receberem gorjetas espontâneas. seu art. 883 afirma expressamente que nas reclamações
Além do mais, relata o representante da reclamada: "para que os trabalhistas os juros de mora contam a partir do ajuizamento.
efeitos destas decisões não impactassem na remuneração dos seus Art. 883, CLT: Não pagando o executado, nem garantindo a
funcionários, a recorrente, reajustou o salário dos mesmos saindo execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao
do valor de R$ 1.075,37 (hum mil e setenta e cinco reais e trinta e pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e
sete centavos), para R$ 1.150,00 (hum mil cento e cinquenta juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da
Oportuno destacar que dentro do sistema salarial brasileiro, a A jurisprudência pátria também é pacífica neste sentido:
gorjeta compõe a remuneração do empregado, nos termos do art. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. Na forma estabelecida no art.
Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para incidem, em qualquer caso, desde o ajuizamento da ação. (TRT12 -
todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente AP - 0000605-36.2017.5.12.0051 , Rel. JOSE ERNESTO MANZI ,
pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que 3ª Câmara , Data de Assinatura: 24/09/2020) (TRT-12 - AP:
receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) (Vide Lei 00006053620175120051 SC, Relator: JOSE ERNESTO MANZI,
nº 13.419, de 2017) Data de Julgamento: 23/09/2020, Gab. Des. Jos Ernesto Manzi)
No caso em apreço, conforme os recebidos de pagamento EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. JUROS DE MORA.
apresentados pelo reclamado (ID.2faf9f), o autor recebia desde o TERMO INICIAL. O momento de incidência dos juros de mora é o
início do vínculo trabalhista uma média de R$ 300,00 mensais a ajuizamento da reclamação trabalhista, consoante determinam os
títulos de gorjetas. artigos 883 da CLT e 39, § 1º, da Lei nº 8.177/91. Precedentes.
Como exposto anteriormente, as gorjetas integram a remuneração Embargos de declaração acolhidos para sanar omissão. (TST - ED:
do empregado, não podendo ser suprimidas de forma unilateral pelo 1094006020025030004, Relator: Emmanoel Pereira, Data de
empregador, sendo tal integração para todos os fins, exceto cálculo Julgamento: 17/03/2010, 5ª Turma, Data de Publicação:
remunerado art. 457, caput da CLT e da súmula 354 do TST. AGRAVO DE PETIÇÃO. DOS JUROS DE MORA. TERMO INICIAL.
Destarte, se o empregador opta por não cobrar a taxa de serviço A interpretação sistemática dos arts. 883 da CLT e § 1º do 39 da Lei
dos seus clientes, cabe a ele, assegurar tal remuneração para os nº 8.177/91 conduz à conclusão de que são devidos juros de mora
seus funcionários, sob risco de afrontar ao princípio da sobre os débitos trabalhistas reconhecidos em juízo desde o
Portanto, considera-se o reajuste realizado pela reclamada e reputa não prospera a tese patronal, razão pelo que nega-se provimento
Intimado(s)/Citado(s):
- IMIFARMA PRODUTOS FARMACEUTICOS E COSMETICOS
SA
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Conhecer o recurso e, no mérito, dar provimento para firmar a
DISPOSITIVO
RITO SUMARÍSSIMO. EMENTA DISPENSADA.
RELATÓRIO
2. MÉRITO
o mesmo empregador, de modo que a execução cumulativa de função compatível com sua condição.
tarefas, numa mesma jornada, para um único empregador, desde Temos prova escrita anexada aos autos que é denominada contrato
que compatíveis, não justifica a exigência de pagamento de de trabalho. Tal prova encontra-se as f. 84 clausula 3º. Referida
remuneração distinta para cada atribuição do empregado, como clausula evidencia que o empregado/autor se comprometeu com as
pretende o recorrente. A propósito, estabelece a norma do funções de motorista e demais funções que lhe forem relatadas.
parágrafo único do art. 456 da CLT que: Então houve um comprometimento do autor não só com as funções
"À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, de motoristas, mas com outras que possam se desencadeadas no
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer exercício de sua função, o que é o caso da carga e descarga Das
serviço compatível com a sua condição pessoal." mercadorias que ele mesmo transporta.
Ademais, as atividades de motorista e ajudante de carga e descarga Assim, o fato de carregar e descarregar, mesmo com auxilio do
daqueles produtos que são transportados são compatíveis com a ajudante, mercadorias da empresa que ele mesmo transporta como
condição pessoal do obreiro, podendo ser exercidas no mesmo motorista não redunda em qualquer alteração no formado do
Mantém-se, pois, a sentença de origem, pelos seus próprios e Ao contrário, faz parte do dever de cuidado do funcionário zelar não
"1 - DO ACÚMULO DE FUNÇÃO garantir que ela chegue em perfeitas condições ao consumidor final
na função MOTORISTA, sendo que realizava a função de carga e Nesse sentido destaco os seguintes julgados:
descarga de mercadoria de forma concomitante, em total acúmulo ACÚMULO DE FUNÇÃO. MOTORISTA. AJUDANTE DE CARGA E
A antítese apresentada pela reclamada, por sua vez, não nega o entende-se que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço
fato de o empregado realizar tarefas relacionadas carga e descarga, compatível com a sua condição pessoal e dentro da mesma jornada
bem como separação de mercadoria. Todavia, estas atividades de trabalho. Inteligência do art. 456, parágrafo único, da CLT. 2. O
estão inseridas dentro da dinâmica laboral do motorista. Para exercício, pelo motorista, da função e ajudante de carga e descarga,
corroborar descreve, f. 71, quais seriam as atividade de motorista e de forma eventual, não implica no direito a diferenças salariais.
dentre elas está, transportar e coletar produtos. Que, ademais, a Recurso do autor não provido. (TRT-24 00249217020175240022,
empresa disponibilizava sempre um ajudante para o motorista para Relator: LEONARDO ELY, Data de Julgamento: 13/05/2020, 2ª
Restou evidenciado que o autor fazia sim serviço de carga e ACRÉSCIMO SALARIAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Constatando-
descarga de mercadoria, de forma concomitante com a de se que as atividades efetivamente exercidas são correlatas à função
motorista. Assim afirmo porque, tanto na contestação como a contratada, à míngua de previsão legal, contratual ou normativa em
testemunhas do autor e do réu confirmam esse fato. sentido contrário, não faz jus o trabalhador ao pagamento de
O que nos resta saber é se a atribuição de motorista e de carga e adicional por acúmulo de função, nos exatos termos do art. 456,
descarga de mercadorias pode ser considerada acúmulo ou se parágrafo único, da CLT. (TRT-15 - ROT: 00119796620185150007
pode ser considerada como funções correlatas ao cargo assumido. 0011979- 66.2018.5.15.0007, Relator: LUIZ ANTONIO LAZARIM, 9ª
Vejamos o que dispõe o art. 456 da CLT sobre o assunto: Câmara, Data de Publicação: 28/09/2020).
Art. 456 CLT. A prova do contrato individual do trabalho será feita Desta forma, não verifico acúmulo de funções, pelo que indefiro o
instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos em 2.2. DA JUSTA CAUSA
direito. (Vide Decreto-Lei nº 926, de 1969) Insurge-se o recorrente contra a decisão de origem que reconheceu
Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa e correta a justa causa por embriaguez em serviço aplicada pela
tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e empresa recorrida, julgando improcedente os pedidos da exordial.
qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal. Sustenta que a justa causa deve ser provada, o que não ocorreu no
Pelo dispositivo, na ausência de prova ou clausula expressa caso. Pugna, assim, pela reversão da demissão por justa causa por
entender-se-á que o empregado se obrigou a toda e qualquer demissão sem justa causa.
Ao exame que não sabe informar a placa do carro; que não deram nenhum
Como é cediço, a falta grave do obreiro deve ser provada de forma papel ao autor; que eles viram alguma irregularidade no baú; que
cabal e robusta pelo empregador, sem qualquer espaço para disse à empresa que havia sido autuado, mas estava disposto a
dúvida, tendo em vista os prejuízos que o reconhecimento da justa pagar a multa; que avisou à em presa no outro dia quando foi
causa acarreta ao empregado no contexto familiar e profissional. chamado para conversar; que que se comprometeu a pagar a multa
No caso vertente, conforme verificado em sentença, a reclamada caso a irregularidade fosse culpa do reclamante; que nunca chegou
logrou se desincumbir a contento do seu encargo processual, na empresa alcoolizado; que chegou à empresa no mesmo dia em
constando nos autos provas suficientes a demonstrar a falta grave que foi autuado; que quando chegou à noite falou para o
praticada pelo empregado a ensejar sua demissão por justa causa. encarregado que o baú do caminhão estava irregular; que então
De efeito, a multa aplicada pela polícia federal, documento dotado sabia porque tinha sido autuado"
de fé pública, ocorreu no mesmo dia, horário e local em que o Das informações prestadas pelo autor verificamos que o dia que
reclamante confessa haver sido parado. A própria testemunha do consta do documento que se refere à autuação (f. 86) se assemelha
autor confirma que o acompanhava no momento da autuação, não com o dia que ele foi parado e autuado pela PRF; que o órgão que
sabendo afirmar se o mesmo foi submetido ao teste do bafômetro. autuou o autor foi o mesmo que preencheu a multa constante de
Ademais, o Juízo ainda fez uma tentativa de esclarecer a situação, f.86; que o horário e o local também se assemelha ao constante na
do auto de infração, entretanto, houve protestos por parte do autor Logo, resta evidente que tal multa desencadeada por um auto de
contra a produção de uma prova que poderia lhe ser favorável, o infração, foi sim realizado contra a pessoa do autor no desempenho
Assim, reputa-se configurado o ato que culminou na dispensa por A própria testemunha do autor afirma que estava com o autor no dia
justa causa do obreiro, conforme sentença: em que foi autuado e que apesar de não ter visto ele bebendo, não
"3 - DA REVERSÃO DA JUSTA CAUSA APLICADA sabe se o autor fez o teste do bafômetro e tampouco como foi a
A tese da parte autora é a de que foi dispensado sob a justificativa conversa com o policial, haja vista que ficou no carro.
de estar dirigindo alcoolizado. Que no dia 24/08/2018 foi parado Assim, são muitas evidencias que levam a crer que, de fato, a
com o carro da empresa em uma blitz da PRF e feito o bafômetro. infração registrada no dia 24/08/2019, no carro da empresa deve ter
Que foi realizado um auto de infração, mas não sabia o motivo do sim sido provocada pela atuação do empregado autor.
auto e foi liberado para continuar a dirigir e não Todavia, o autor nega que estivesse alcoolizado.
apreenderam a CNH. Que no dia 03/09/2018 foi demitido por justa Pois bem, aqui temos um auto de infração da PRF, logo documento
causa com base no autor de infração. Mas afirma que não estava dotado de fé pública. Neste documento não há dúvidas de sua
alcoolizado. Ademais, a demora da empresa em aplicar a leitura que a autuação se deveu por direção perigosa - dirigir
A antítese oportunizada pela empresa assevera que há um auto de Então cabe ao autor provar que não estava, o que não o fez.
infração emitido pela autoridade policial indicando que o reclamante A sua testemunha apesar de dizer que nunca viu o autor bebendo e
dirigia sob o efeito de álcool. Que o autor somente entregou a cópia que no dia especifico não viu o autor ingerindo álcool; no meio do
do auto de infração no dia 03/09/2019, logo não há perdão tácito. depoimento volta atras e diz que na frente dele o autor não bebia,
Da prova documental acostada a autos temos sim uma multa só se fosse na casa dele ou outro lugar. Assim, permanece a
aplicada pela PRF que consta que a infração resultou de direção duvida!!!
sob efeito de álcool (f. 86). No documento não consta a informação Diante disto, não se desincumbiu o autor de comprovar que não
do condutor, mas consta o autor de infração, o horário, o local e a estava dirigindo alcoolizado.
Ao ser perguntado o autor respondeu que: "(...) que foi parado pela autuação advinda da PRF agiu nos mais estrito limite da lei e de seu
Polícia Rodoviária Federal, mas não lembra o dia, lembra apenas ius variandi.
que era pela manhã; que acredita que foi por volta de 24/08/2018 ou O fato de não ter colacionado aos autos o auto de infração não é
antes disso, acreditando que foi no meio do mês; que acredita que capaz de afastar a justa causa. Isto porque há a multa anexada
foi parado pela polícia por volta de 9 da manhã que foi parado na (que traz a evidência da causa da autuação - direção alcoolizada),
BR-116; que não lembra a placa do carro que estava usando no dia; com o numero do auto de infração, com hora da autuação, com o
próprio autor. E neste mesmo dia o autor confessa que foi autuado. JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Assim, repito, caberia ao autor provar que os fatos são inverídicos, FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
Este juízo ainda tentou converter em diligência e requerer junto ao ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
órgão da DPF o auto de infração para ser anexado aos autos, mas Diretor de Secretaria
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Voto por conhecer do recurso ordinário e lhe negar provimento.
EMENTA
DISPOSITIVO
RITO SUMARÍSSIMO. EMENTA DISPENSADA.
RELATÓRIO
conhecimento os apelos.
2. MÉRITO
Insurge-se o recorrente contra a decisão de origem, que julgou Art. 456 CLT. A prova do contrato individual do trabalho será feita
improcedente a pretensão autoral referente ao pagamento de pelas anotações constantes da carteira profissional ou por
adicional por acúmulo de funções. instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos em
Alega, em síntese, haver desempenhado, simultaneamente, as direito. (Vide Decreto-Lei nº 926, de 1969)
atribuições do cargo de motorista de caminhão e ajudante de carga Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa e
e descarga, as quais não são correlatas. tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e
Registre-se, de início, que não há previsão, no ordenamento jurídico Pelo dispositivo, na ausência de prova ou clausula expressa
trabalhista para a contraprestação de várias funções realizadas para entender-se-á que o empregado se obrigou a toda e qualquer
o mesmo empregador, de modo que a execução cumulativa de função compatível com sua condição.
tarefas, numa mesma jornada, para um único empregador, desde Temos prova escrita anexada aos autos que é denominada contrato
que compatíveis, não justifica a exigência de pagamento de de trabalho. Tal prova encontra-se as f. 84 clausula 3º. Referida
remuneração distinta para cada atribuição do empregado, como clausula evidencia que o empregado/autor se comprometeu com as
pretende o recorrente. A propósito, estabelece a norma do funções de motorista e demais funções que lhe forem relatadas.
parágrafo único do art. 456 da CLT que: Então houve um comprometimento do autor não só com as funções
"À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, de motoristas, mas com outras que possam se desencadeadas no
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer exercício de sua função, o que é o caso da carga e descarga Das
serviço compatível com a sua condição pessoal." mercadorias que ele mesmo transporta.
Ademais, as atividades de motorista e ajudante de carga e descarga Assim, o fato de carregar e descarregar, mesmo com auxilio do
daqueles produtos que são transportados são compatíveis com a ajudante, mercadorias da empresa que ele mesmo transporta como
condição pessoal do obreiro, podendo ser exercidas no mesmo motorista não redunda em qualquer alteração no formado do
Mantém-se, pois, a sentença de origem, pelos seus próprios e Ao contrário, faz parte do dever de cuidado do funcionário zelar não
"1 - DO ACÚMULO DE FUNÇÃO garantir que ela chegue em perfeitas condições ao consumidor final
na função MOTORISTA, sendo que realizava a função de carga e Nesse sentido destaco os seguintes julgados:
descarga de mercadoria de forma concomitante, em total acúmulo ACÚMULO DE FUNÇÃO. MOTORISTA. AJUDANTE DE CARGA E
A antítese apresentada pela reclamada, por sua vez, não nega o entende-se que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço
fato de o empregado realizar tarefas relacionadas carga e descarga, compatível com a sua condição pessoal e dentro da mesma jornada
bem como separação de mercadoria. Todavia, estas atividades de trabalho. Inteligência do art. 456, parágrafo único, da CLT. 2. O
estão inseridas dentro da dinâmica laboral do motorista. Para exercício, pelo motorista, da função e ajudante de carga e descarga,
corroborar descreve, f. 71, quais seriam as atividade de motorista e de forma eventual, não implica no direito a diferenças salariais.
dentre elas está, transportar e coletar produtos. Que, ademais, a Recurso do autor não provido. (TRT-24 00249217020175240022,
empresa disponibilizava sempre um ajudante para o motorista para Relator: LEONARDO ELY, Data de Julgamento: 13/05/2020, 2ª
Restou evidenciado que o autor fazia sim serviço de carga e ACRÉSCIMO SALARIAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Constatando-
descarga de mercadoria, de forma concomitante com a de se que as atividades efetivamente exercidas são correlatas à função
motorista. Assim afirmo porque, tanto na contestação como a contratada, à míngua de previsão legal, contratual ou normativa em
testemunhas do autor e do réu confirmam esse fato. sentido contrário, não faz jus o trabalhador ao pagamento de
O que nos resta saber é se a atribuição de motorista e de carga e adicional por acúmulo de função, nos exatos termos do art. 456,
descarga de mercadorias pode ser considerada acúmulo ou se parágrafo único, da CLT. (TRT-15 - ROT: 00119796620185150007
pode ser considerada como funções correlatas ao cargo assumido. 0011979- 66.2018.5.15.0007, Relator: LUIZ ANTONIO LAZARIM, 9ª
Vejamos o que dispõe o art. 456 da CLT sobre o assunto: Câmara, Data de Publicação: 28/09/2020).
Desta forma, não verifico acúmulo de funções, pelo que indefiro o sob efeito de álcool (f. 86). No documento não consta a informação
Insurge-se o recorrente contra a decisão de origem que reconheceu Ao ser perguntado o autor respondeu que: "(...) que foi parado pela
correta a justa causa por embriaguez em serviço aplicada pela Polícia Rodoviária Federal, mas não lembra o dia, lembra apenas
empresa recorrida, julgando improcedente os pedidos da exordial. que era pela manhã; que acredita que foi por volta de 24/08/2018 ou
Sustenta que a justa causa deve ser provada, o que não ocorreu no antes disso, acreditando que foi no meio do mês; que acredita que
caso. Pugna, assim, pela reversão da demissão por justa causa por foi parado pela polícia por volta de 9 da manhã que foi parado na
demissão sem justa causa. BR-116; que não lembra a placa do carro que estava usando no dia;
Ao exame que não sabe informar a placa do carro; que não deram nenhum
Como é cediço, a falta grave do obreiro deve ser provada de forma papel ao autor; que eles viram alguma irregularidade no baú; que
cabal e robusta pelo empregador, sem qualquer espaço para disse à empresa que havia sido autuado, mas estava disposto a
dúvida, tendo em vista os prejuízos que o reconhecimento da justa pagar a multa; que avisou à em presa no outro dia quando foi
causa acarreta ao empregado no contexto familiar e profissional. chamado para conversar; que que se comprometeu a pagar a multa
No caso vertente, conforme verificado em sentença, a reclamada caso a irregularidade fosse culpa do reclamante; que nunca chegou
logrou se desincumbir a contento do seu encargo processual, na empresa alcoolizado; que chegou à empresa no mesmo dia em
constando nos autos provas suficientes a demonstrar a falta grave que foi autuado; que quando chegou à noite falou para o
praticada pelo empregado a ensejar sua demissão por justa causa. encarregado que o baú do caminhão estava irregular; que então
De efeito, a multa aplicada pela polícia federal, documento dotado sabia porque tinha sido autuado"
de fé pública, ocorreu no mesmo dia, horário e local em que o Das informações prestadas pelo autor verificamos que o dia que
reclamante confessa haver sido parado. A própria testemunha do consta do documento que se refere à autuação (f. 86) se assemelha
autor confirma que o acompanhava no momento da autuação, não com o dia que ele foi parado e autuado pela PRF; que o órgão que
sabendo afirmar se o mesmo foi submetido ao teste do bafômetro. autuou o autor foi o mesmo que preencheu a multa constante de
Ademais, o Juízo ainda fez uma tentativa de esclarecer a situação, f.86; que o horário e o local também se assemelha ao constante na
do auto de infração, entretanto, houve protestos por parte do autor Logo, resta evidente que tal multa desencadeada por um auto de
contra a produção de uma prova que poderia lhe ser favorável, o infração, foi sim realizado contra a pessoa do autor no desempenho
Assim, reputa-se configurado o ato que culminou na dispensa por A própria testemunha do autor afirma que estava com o autor no dia
justa causa do obreiro, conforme sentença: em que foi autuado e que apesar de não ter visto ele bebendo, não
"3 - DA REVERSÃO DA JUSTA CAUSA APLICADA sabe se o autor fez o teste do bafômetro e tampouco como foi a
A tese da parte autora é a de que foi dispensado sob a justificativa conversa com o policial, haja vista que ficou no carro.
de estar dirigindo alcoolizado. Que no dia 24/08/2018 foi parado Assim, são muitas evidencias que levam a crer que, de fato, a
com o carro da empresa em uma blitz da PRF e feito o bafômetro. infração registrada no dia 24/08/2019, no carro da empresa deve ter
Que foi realizado um auto de infração, mas não sabia o motivo do sim sido provocada pela atuação do empregado autor.
auto e foi liberado para continuar a dirigir e não Todavia, o autor nega que estivesse alcoolizado.
apreenderam a CNH. Que no dia 03/09/2018 foi demitido por justa Pois bem, aqui temos um auto de infração da PRF, logo documento
causa com base no autor de infração. Mas afirma que não estava dotado de fé pública. Neste documento não há dúvidas de sua
alcoolizado. Ademais, a demora da empresa em aplicar a leitura que a autuação se deveu por direção perigosa - dirigir
A antítese oportunizada pela empresa assevera que há um auto de Então cabe ao autor provar que não estava, o que não o fez.
infração emitido pela autoridade policial indicando que o reclamante A sua testemunha apesar de dizer que nunca viu o autor bebendo e
dirigia sob o efeito de álcool. Que o autor somente entregou a cópia que no dia especifico não viu o autor ingerindo álcool; no meio do
do auto de infração no dia 03/09/2019, logo não há perdão tácito. depoimento volta atras e diz que na frente dele o autor não bebia,
Da prova documental acostada a autos temos sim uma multa só se fosse na casa dele ou outro lugar. Assim, permanece a
aplicada pela PRF que consta que a infração resultou de direção duvida!!!
Diante disto, não se desincumbiu o autor de comprovar que não unanimidade,conhecer do recurso ordinário e lhe negar provimento.
À empresa ao demitir com base na situação referendada pela Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda
autuação advinda da PRF agiu nos mais estrito limite da lei e de seu Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do
O fato de não ter colacionado aos autos o auto de infração não é Fortaleza, 12 de agosto de 2021
próprio autor. E neste mesmo dia o autor confessa que foi autuado. JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Assim, repito, caberia ao autor provar que os fatos são inverídicos, FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
Este juízo ainda tentou converter em diligência e requerer junto ao ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
órgão da DPF o auto de infração para ser anexado aos autos, mas Diretor de Secretaria
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
EMENTA
DOCUMENTAL. COMPROVAÇÃO. A análise da prova documental Recurso ordinário da parte reclamada apresentado de forma
colhida nos autos permite concluir com segurança acerca das horas tempestiva, representação regular, custas e depósito recursal
extras laboradas pelo reclamante e não pagas pela empresa recolhidos (complementação: Id edce352, Id c362152).
recorrente, em simples cotejo do controle de jornada do obreiro com Preenchidos, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade
a sua ficha financeira. Mantida a decisão de origem que condenou a recursal, merece conhecimento.
empresa reclamada ao pagamento das horas extras com base nos 2. DA PRELIMINAR. NULIDADE DA SENTENÇA. SUSPEIÇÃO
reclamante.
Trata-se de recurso ordinário interposto pela parte reclamada, Extrai-se da ata de audiência (Id f324891) que o reclamante
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ, contra a sentença apresentou duas testemunhas em Juízo, tendo sido contraditada a
proferida pelo MM. Juízo da 10ª Vara do Trabalho de Fortaleza (Id primeira testemunha, Sr(a). FRANCISCO KLEBER DE OLIVEIRA
135c65a), que condenou a demandada ao pagamento de horas CASTELO BRANCO, sob a alegação de que "o mesmo entrou com
extras decorrentes dos horários efetivamente anotados nos ação contra reclamada, com os mesmos pedidos, patrocinada pelo
registros de ponto, e reflexos em férias +1/3, 13º salário, aviso mesmo advogado e tem interesse no resultado deste processo,
prévio e FGTS, bem como à multa do artigo 477, §8º, da CLT. inclusive com recurso ordinários em curso."
Retornados os autos à origem, a decisão restou complementada O Juízo da instrução indeferiu a contradita levantada pela parte
pela sentença de Id 17877ec que condenou a demandada ao reclamada, com base na súmula 357 do TST.
pagamento de FGTS não depositado. Deve ser mantido o entendimento de primeira instância.
Em suas razões recursais (Id 6c9266e), a reclamada aduz, As hipóteses legais de suspeição de testemunha estão previstas no
preliminarmente, a nulidade da sentença por cerceamento do direito art. 829 da Consolidação das Leis do Trabalho, bem como no art.
de defesa em razão do indeferimento da contradita da testemunha 447, §3º, do Código de Processo Civil. Confira-se:
do autor formulada pela promovida. No mérito, alega o "Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil,
adimplemento das parcelas de FGTS, e a ausência de impugnação amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará
específica dos documentos acostados pela defesa. Acrescenta compromisso, e seu depoimento valerá como simples informação."
haver efetuado o parcelamento de valores de FGTS do obreiro "Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas,
perante a CEF. No tocante às horas extras deferidas pela sentença, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
realizava a devida compensação de jornada. Aduz a inversão do I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
ônus probatório em razão da juntada dos controles de ponto pela II - o que tiver interesse no litígio."
empresa reclamada. Impugna o valor do salário base fixado na Por se tratar de hipótese legal de limitação do direito ao
sentença para fins de cálculo das horas extras. Ao final, requer que contraditório e à ampla defesa, o deferimento de contradita de
o arbitramento dos honorários sucumbenciais seja fixado no testemunha deve amparar-se em prova robusta da existência de
A parte reclamante apresentou contrarrazões ao apelo (Id a07cbe2). Com efeito, pertine à situação vertida o entendimento expresso na
SUSPEIÇÃO. Não torna suspeita a testemunha o simples fato de Merece ser mantida a decisão.
estar litigando ou de haver litigado contra o mesmo empregador. " Inicialmente, segundo a diretriz traçada pela Súmula 461 do TST,
Dessarte, o fato de o reclamante estar litigando contra a mesma constitui encargo do empregador a prova da regularidade dos
demandada não é suficiente para o acolhimento da contradita, depósitos do FGTS de todo o pacto laboral.
porque não se pode presumir a troca de favores, sendo necessária No caso concreto, o extrato analítico da conta vinculada do autor
a existência de prova objetiva nesse sentido, de tal forma que possa colacionado pelo demandante (Id 603d2cb) demonstra a
comprometer o ânimo de dizer a verdade, em perjúrio, sujeitando o irregularidade dos depósitos fundiários do reclamante relativamente
Registre-se, ainda, que o entendimento firmado na sentença de em ausência de impugnação especificada quanto ao fato.
origem não restou amparado nas declarações prestadas pela No tocante ao alegado parcelamento dos valores do FGTS junto à
testemunha do autor. Antes, em valoração probatória, o Julgador Caixa Econômica Federal, é assente o entendimento do c.TST no
fundamentou a decisão quanto às horas extras na prova sentido de que o acordo para parcelamento do FGTS firmado entre
documental constante nos autos (registros de ponto). a empresa e o órgão gestor não retira do empregado o direito ao
Descabe falar, pois, em violação ao devido processo legal e ao recolhimento das parcelas não depositadas no curso do pacto
amplo direito de defesa às partes no processo (ampla defesa e laboral, ainda que vigente o contrato de trabalho e
contraditório), não havendo nulidade a ser declarada. independentemente da configuração de hipótese legal de saque do
A promovida alega haver depositado regularmente os valores De se destacar, outrossim, inexistir, nos autos, qualquer
devidos ao reclamante a título de FGTS. Aduz restar incontroversa comprovação de que a empresa promovida tenha efetuado
a indigitada quitação em razão da ausência de impugnação integralmente os depósitos do FGTS na conta vinculada da parte
específica pela parte reclamante. reclamante, ônus que competia ao demandado por se tratar de fato
Acrescenta que "em atendimento às suas obrigações contratuais, a extintivo do direito da parte autora, conforme art.818, II, da CLT, e
perante a CAIXA, porém sempre adimplindo tais parcelas, agindo Recurso improvido no ponto.
esta recorrente em total conduta de boa-fé a fim de que nenhum 3.2. DAS HORAS EXTRAS.
prejuízo fosse causado ao recorrido." Alega, o reclamado, que as horas extraordinárias, quando
Acerca da matéria, consignou o Juízo de origem, "in verbis": eventualmente prestadas, eram devidamente quitadas ou
"Em complementação ao julgado de ID 135c65a, observado o compensadas, inexistindo diferenças, seja de valores, seja de
acórdão de ID 9d0e0a5 e a emenda à inicial de ID9008975, este percentual incidente. Acrescenta que competia ao autor o ônus da
Juízo passa a apreciar o pedido relativo ao FGTS. prova quanto a eventuais diferenças, sustentando que "O obreiro
A parte Reclamante pretende a condenação da parte Acionada no não realizou apuração das horas extraordinárias, as quais
pagamento do FGTS não depositado do vínculo, o que restou eventualmente teria direito, então, em virtude da preclusão operada
refutado pela parte Acionada, a qual alegou devido recolhimento e não competia ao Juízo suprir a omissão."
A parte Reclamante acostou os extratos analíticos de IDs cc15e5b e A análise da prova documental colhida nos autos permite concluir
603d2cb - Pág. 5/7, os quais demonstram a inexistência de com segurança acerca das horas extras laboradas pelo reclamante
depósitos em parte do vínculo. e não pagas pela empresa recorrente, em simples cotejo do
A parte Demandada alegou parcelamento dos valores não controle de jornada do obreiro (Id e4a70ea) com a sua ficha
depositados, contudo, nada comprovou acerca da efetiva quitação financeira (Id 7cd256a), de forma que entendeu acertadamente o
do parcelamento e da reversão dos valores à conta vinculada da magistrado de origem pela condenação da empresa reclamada ao
parte Autora, diante do que, condena-se a parte Acionada no pagamento das horas extras com base nos registros de ponto
extrato analítico da conta vinculada (ID 603d2cb - Pág. 5/7) e a Veja-se, exemplificativamente, a jornada de trabalho praticada no
variação salarial, conforme fichas financeiras." mês de março de 2015, com reiterada prorrogação da jornada diária
e semanal consoante se observa no período de 09/03/2015 (SEG) a As fichas financeiras demonstram pagamento de horas extras
47 horas semanais. Nada obstante, não se extrai da ficha financeira Apesar de ter sido narrada jornada fixa na inicial, a parte
do autor o correspondente pagamento do labor extraordinário. Reclamante confessou que tinha jornada variável.
Registre-se que, no tocante à aferição da prova processual, o A primeira testemunha que a parte Demandante apresentou afirmou
ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio do livre "que o depoente trabalhava das 7h às 16hs; que trabalhava no
convencimento motivado (art.371, CPC, e arts. 765 e 832, CLT), mesmo setor do reclamante; que o reclamante trabalhava de 7h às
pelo qual o juiz forma sua convicção apreciando livremente o valor 11:30/12hs e de 13:30hrs que o depoente saia as 16h e o
das provas dos autos, expondo as razões do seu convencimento, o reclamante continuava nas suas atribuições; que a orientação do
que restou regularmente observado nos autos. RH era para registrar o ponto da jornada estabelecida pela empresa
Assim, não há falar em preclusão quando as provas foram e não da hora realmente trabalhada; que trabalhavam em média 2 a
apresentadas tempestivamente, competindo ao julgador a sua 3 domingos por ano, de 7H às 15h e aos sábados trabalhavam em
No caso concreto, analisado o conjunto fático-probatório referente à A segunda testemunha que a parte Demandante conduziu afirmou
jornada de trabalho do autor de forma minuciosa e exauriente pelo "(...)que trabalhou no mesmo ambiente (setor) do reclamante, por
magistrado sentenciante, compreende-se pela manutenção da uns três meses de abril de 2017 até julho de 2017 no qual depoente
motivação da sentença de origem, adotando seus exatos termos cumpria jornada das 13hs às 22hrs, com intervalo de 1 hora, de
como fundamentos de decidir, utilizando, para tanto, da técnica da segunda a sexta, e alguns sabados (das 8 às 12hrs); que nesses 3
motivação "per relationem", conforme abaixo transcrito: meses o reclamante trabalhava das 14/15hs até as 22hrs, de
"A parte Autora alegou jornada, no período imprescrito, de 8h às segunda a sexta, com 1 hora de intervalo, e alguns sabados (2 a 3
12h e de 16h às 22h, de segunda a sexta e, aos sábados, de 8h às por mês) das 8 às 12; que o reclamante dizia que também
16h, sem exercer cargo de confiança, ao que pretende a trabalhava pela manhã das 8 às 12, mas depoente não visualizava
condenação da Reclamada no pagamento das horas extras, no porque só chegava às 13hs(...) que o depoente registrava o horario
(item 3.2 da inicial). Verifica-se, deste modo, que as testemunhas não ratificaram a
A Reclamada refutou o pleito e alegou jornada de 07h às 16h, com jornada alegada na exordial, qual seja, de 8h às 12h e de 16h às
uma hora de intervalo, aduzindo que as horas extras acaso 22h, de segunda a sexta e, aos sábados, de 8h às 16.
realizadas foram quitadas ou compensadas. Em depoimento, o Autor impugnou o registro de ponto alegando que
A parte Demandada acostou as fichas financeiras de fls.102/114, não era verídico, contudo, não produziu prova robusta que
bem como o controle de jornada de fls.213/348, observado o afastasse os registros, tendo em vista a prova oral produzida.
período imprescrito. Isto posto, reconheço como válidos o horários existentes nos
Quanto aos registros de ponto, há que se observar que, na inicial, a registros de ponto, o qual, de qualquer sorte, comprovou a jornada
parte Reclamante afirmou que "(...)A partir do segundo semestre extraordinária alegada.
de 2014 (...) passou a trabalhar das 8h às 22h (tendo evento ou A testemunha apresentada pela Acionada afirmou "(...)que
não), o que ficou inviável para o mesmo que conversou com seu eventualmente alguns funcionários trabalhavam aos sábados de 7h
das 16h às 22h, o que lhe foi deferido. Ocorrendo jornada aos Deste modo, diante da prova produzida nos autos, defiro em parte o
sábados, das 8h às 16h e, às vezes, aos domingos devido à pleito de horas extras, adotando os horários efetivamente anotados
realização de eventos. Durante esse período o reclamante nos registros de ponto, devendo ser observada a variação salarial, a
registrava a sua jornada de trabalho de 10h diárias em ponto jornada semanal superior a 44 horas, bem como o adicional legal
eletrônico, apesar de o RH da empresa reclamada orientá-lo a (incisos XIII e XVI do artigo 7º da CF/88) e o divisor 220, no limite
Analisando os registros do período imprescrito, verifica-se que Deferem-se, ainda, os reflexos em férias + 1/3, 13º salário, aviso
restou ratificado ter havido prorrogação da jornada em montante prévio e FGTS, pela habitualidade.
superior a oito horas, de segunda a sexta, bem como o trabalho em Determino que no primeiro semestre de 2018, seja excluída uma
parte Autora de que "(...) lecionou um semestre, no período 2018.1, parte reclamada ao pagamento de honorários sucumbenciais, fixado
sendo uma aula por semana, para a reclamada, de 19h às 20hrs, pela sentença no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor
momentos em que saia do seu trabalho administrativo para ministra- que resultar da liquidação da sentença (OJ 348 SBDI-1), porquanto
la e recebia o pagamento da hora aula". observados os critérios elencados no § 2º, do art.791-A, da CLT.
da causa.
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda
honorários.
suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
reclamante.
mesmo advogado e tem interesse no resultado deste processo, específica pela parte reclamante.
inclusive com recurso ordinários em curso." Acrescenta que "em atendimento às suas obrigações contratuais, a
O Juízo da instrução indeferiu a contradita levantada pela parte reclamada efetuou parcelamento de valores de FGTS do obreiro
reclamada, com base na súmula 357 do TST. perante a CAIXA, porém sempre adimplindo tais parcelas, agindo
Deve ser mantido o entendimento de primeira instância. esta recorrente em total conduta de boa-fé a fim de que nenhum
As hipóteses legais de suspeição de testemunha estão previstas no prejuízo fosse causado ao recorrido."
art. 829 da Consolidação das Leis do Trabalho, bem como no art. Acerca da matéria, consignou o Juízo de origem, "in verbis":
447, §3º, do Código de Processo Civil. Confira-se: "Em complementação ao julgado de ID 135c65a, observado o
"Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, acórdão de ID 9d0e0a5 e a emenda à inicial de ID9008975, este
amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará Juízo passa a apreciar o pedido relativo ao FGTS.
compromisso, e seu depoimento valerá como simples informação." A parte Reclamante pretende a condenação da parte Acionada no
"Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, pagamento do FGTS não depositado do vínculo, o que restou
exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. refutado pela parte Acionada, a qual alegou devido recolhimento e
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo; 603d2cb - Pág. 5/7, os quais demonstram a inexistência de
Por se tratar de hipótese legal de limitação do direito ao A parte Demandada alegou parcelamento dos valores não
contraditório e à ampla defesa, o deferimento de contradita de depositados, contudo, nada comprovou acerca da efetiva quitação
testemunha deve amparar-se em prova robusta da existência de do parcelamento e da reversão dos valores à conta vinculada da
Com efeito, pertine à situação vertida o entendimento expresso na pagamento do FGTS não depositado do vínculo, observado o
Súmula nº 357 do TST, que assim estabelece: extrato analítico da conta vinculada (ID 603d2cb - Pág. 5/7) e a
"TESTEMUNHA. AÇÃO CONTRA A MESMA RECLAMADA. variação salarial, conforme fichas financeiras."
SUSPEIÇÃO. Não torna suspeita a testemunha o simples fato de Merece ser mantida a decisão.
estar litigando ou de haver litigado contra o mesmo empregador. " Inicialmente, segundo a diretriz traçada pela Súmula 461 do TST,
Dessarte, o fato de o reclamante estar litigando contra a mesma constitui encargo do empregador a prova da regularidade dos
demandada não é suficiente para o acolhimento da contradita, depósitos do FGTS de todo o pacto laboral.
porque não se pode presumir a troca de favores, sendo necessária No caso concreto, o extrato analítico da conta vinculada do autor
a existência de prova objetiva nesse sentido, de tal forma que possa colacionado pelo demandante (Id 603d2cb) demonstra a
comprometer o ânimo de dizer a verdade, em perjúrio, sujeitando o irregularidade dos depósitos fundiários do reclamante relativamente
Registre-se, ainda, que o entendimento firmado na sentença de em ausência de impugnação especificada quanto ao fato.
origem não restou amparado nas declarações prestadas pela No tocante ao alegado parcelamento dos valores do FGTS junto à
testemunha do autor. Antes, em valoração probatória, o Julgador Caixa Econômica Federal, é assente o entendimento do c.TST no
fundamentou a decisão quanto às horas extras na prova sentido de que o acordo para parcelamento do FGTS firmado entre
documental constante nos autos (registros de ponto). a empresa e o órgão gestor não retira do empregado o direito ao
Descabe falar, pois, em violação ao devido processo legal e ao recolhimento das parcelas não depositadas no curso do pacto
amplo direito de defesa às partes no processo (ampla defesa e laboral, ainda que vigente o contrato de trabalho e
contraditório), não havendo nulidade a ser declarada. independentemente da configuração de hipótese legal de saque do
A promovida alega haver depositado regularmente os valores De se destacar, outrossim, inexistir, nos autos, qualquer
devidos ao reclamante a título de FGTS. Aduz restar incontroversa comprovação de que a empresa promovida tenha efetuado
a indigitada quitação em razão da ausência de impugnação integralmente os depósitos do FGTS na conta vinculada da parte
reclamante, ônus que competia ao demandado por se tratar de fato condenação da Reclamada no pagamento das horas extras, no
extintivo do direito da parte autora, conforme art.818, II, da CLT, e montante de 14 horas extras por semana e reflexos decorrentes
Recurso improvido no ponto. A Reclamada refutou o pleito e alegou jornada de 07h às 16h, com
3.2. DAS HORAS EXTRAS. uma hora de intervalo, aduzindo que as horas extras acaso
Alega, o reclamado, que as horas extraordinárias, quando realizadas foram quitadas ou compensadas.
eventualmente prestadas, eram devidamente quitadas ou A parte Demandada acostou as fichas financeiras de fls.102/114,
compensadas, inexistindo diferenças, seja de valores, seja de bem como o controle de jornada de fls.213/348, observado o
prova quanto a eventuais diferenças, sustentando que "O obreiro Quanto aos registros de ponto, há que se observar que, na inicial, a
não realizou apuração das horas extraordinárias, as quais parte Reclamante afirmou que "(...)A partir do segundo semestre
eventualmente teria direito, então, em virtude da preclusão operada de 2014 (...) passou a trabalhar das 8h às 22h (tendo evento ou
não competia ao Juízo suprir a omissão." não), o que ficou inviável para o mesmo que conversou com seu
Sem razão. supervisor e solicitou que ele pudesse trabalhar das 8h às 12h e
A análise da prova documental colhida nos autos permite concluir das 16h às 22h, o que lhe foi deferido. Ocorrendo jornada aos
com segurança acerca das horas extras laboradas pelo reclamante sábados, das 8h às 16h e, às vezes, aos domingos devido à
e não pagas pela empresa recorrente, em simples cotejo do realização de eventos. Durante esse período o reclamante
controle de jornada do obreiro (Id e4a70ea) com a sua ficha registrava a sua jornada de trabalho de 10h diárias em ponto
financeira (Id 7cd256a), de forma que entendeu acertadamente o eletrônico, apesar de o RH da empresa reclamada orientá-lo a
magistrado de origem pela condenação da empresa reclamada ao registrar só as 8h por dia estabelecidas em Lei(...)".(grifado)
pagamento das horas extras com base nos registros de ponto Analisando os registros do período imprescrito, verifica-se que
constantes nos autos. restou ratificado ter havido prorrogação da jornada em montante
Veja-se, exemplificativamente, a jornada de trabalho praticada no superior a oito horas, de segunda a sexta, bem como o trabalho em
mês de março de 2015, com reiterada prorrogação da jornada diária alguns sábados.
e semanal consoante se observa no período de 09/03/2015 (SEG) a As fichas financeiras demonstram pagamento de horas extras
47 horas semanais. Nada obstante, não se extrai da ficha financeira Apesar de ter sido narrada jornada fixa na inicial, a parte
do autor o correspondente pagamento do labor extraordinário. Reclamante confessou que tinha jornada variável.
Registre-se que, no tocante à aferição da prova processual, o A primeira testemunha que a parte Demandante apresentou afirmou
ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio do livre "que o depoente trabalhava das 7h às 16hs; que trabalhava no
convencimento motivado (art.371, CPC, e arts. 765 e 832, CLT), mesmo setor do reclamante; que o reclamante trabalhava de 7h às
pelo qual o juiz forma sua convicção apreciando livremente o valor 11:30/12hs e de 13:30hrs que o depoente saia as 16h e o
das provas dos autos, expondo as razões do seu convencimento, o reclamante continuava nas suas atribuições; que a orientação do
que restou regularmente observado nos autos. RH era para registrar o ponto da jornada estabelecida pela empresa
Assim, não há falar em preclusão quando as provas foram e não da hora realmente trabalhada; que trabalhavam em média 2 a
apresentadas tempestivamente, competindo ao julgador a sua 3 domingos por ano, de 7H às 15h e aos sábados trabalhavam em
No caso concreto, analisado o conjunto fático-probatório referente à A segunda testemunha que a parte Demandante conduziu afirmou
jornada de trabalho do autor de forma minuciosa e exauriente pelo "(...)que trabalhou no mesmo ambiente (setor) do reclamante, por
magistrado sentenciante, compreende-se pela manutenção da uns três meses de abril de 2017 até julho de 2017 no qual depoente
motivação da sentença de origem, adotando seus exatos termos cumpria jornada das 13hs às 22hrs, com intervalo de 1 hora, de
como fundamentos de decidir, utilizando, para tanto, da técnica da segunda a sexta, e alguns sabados (das 8 às 12hrs); que nesses 3
motivação "per relationem", conforme abaixo transcrito: meses o reclamante trabalhava das 14/15hs até as 22hrs, de
"A parte Autora alegou jornada, no período imprescrito, de 8h às segunda a sexta, com 1 hora de intervalo, e alguns sabados (2 a 3
12h e de 16h às 22h, de segunda a sexta e, aos sábados, de 8h às por mês) das 8 às 12; que o reclamante dizia que também
16h, sem exercer cargo de confiança, ao que pretende a trabalhava pela manhã das 8 às 12, mas depoente não visualizava
porque só chegava às 13hs(...) que o depoente registrava o horario substituída pelo sindicato de sua categoria.
Verifica-se, deste modo, que as testemunhas não ratificaram a I - o grau de zelo do profissional;
jornada alegada na exordial, qual seja, de 8h às 12h e de 16h às II - o lugar de prestação do serviço;
22h, de segunda a sexta e, aos sábados, de 8h às 16. III - a natureza e a importância da causa;
Em depoimento, o Autor impugnou o registro de ponto alegando que IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o
não era verídico, contudo, não produziu prova robusta que seu serviço.
afastasse os registros, tendo em vista a prova oral produzida. § 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários
Isto posto, reconheço como válidos o horários existentes nos de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os
extraordinária alegada. § 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha
A testemunha apresentada pela Acionada afirmou "(...)que obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de
eventualmente alguns funcionários trabalhavam aos sábados de 7h suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
Deste modo, diante da prova produzida nos autos, defiro em parte o poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito
pleito de horas extras, adotando os horários efetivamente anotados em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que
nos registros de ponto, devendo ser observada a variação salarial, a deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que
jornada semanal superior a 44 horas, bem como o adicional legal justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse
(incisos XIII e XVI do artigo 7º da CF/88) e o divisor 220, no limite prazo, tais obrigações do beneficiário.
Deferem-se, ainda, os reflexos em férias + 1/3, 13º salário, aviso No caso dos autos, não houve sucumbência da parte autora pelo
prévio e FGTS, pela habitualidade. que descabe falar em condenação do reclamante ao pagamento de
Determino que no primeiro semestre de 2018, seja excluída uma honorários advocatícios sucumbenciais.
hora da contagem semanal total, tendo em vista a confissão da Nada a reformar no tópico, devendo ser mantida a condenação da
parte Autora de que "(...) lecionou um semestre, no período 2018.1, parte reclamada ao pagamento de honorários sucumbenciais, fixado
sendo uma aula por semana, para a reclamada, de 19h às 20hrs, pela sentença no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor
momentos em que saia do seu trabalho administrativo para ministra- que resultar da liquidação da sentença (OJ 348 SBDI-1), porquanto
la e recebia o pagamento da hora aula". observados os critérios elencados no § 2º, do art.791-A, da CLT.
da causa.
nulidade da sentença e, no mérito, negar-lhe provimento. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIMENTO. Não se
Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença conhece do apelo cujos argumentos não consubstanciam quaisquer
Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda das hipóteses passíveis de integração mediante embargos de
Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do declaração. O cabimento de embargos de declaração é adstrito às
Ministério Público do Trabalho. hipóteses previstas no art. 897-A da CLT, c/c o art. 1.022 do NCPC.
Relator
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO SOCIAL -IAPS contra a decisão,
Intimado(s)/Citado(s):
- INSTITUTO DE ASSISTENCIA E PROTECAO SOCIAL
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
Desembargadores José Antonio Parente da Silva (presidente), EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIMENTO. Não se
Francisco Tarcisio Guedes Lima Verde Junior e Fernanda Maria conhece do apelo cujos argumentos não consubstanciam quaisquer
Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério das hipóteses passíveis de integração mediante embargos de
Fortaleza, 05 de agosto de 2021 hipóteses previstas no art. 897-A da CLT, c/c o art. 1.022 do NCPC.
Relator
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO SOCIAL -IAPS contra a decisão,
Público do Trabalho.
FUNDAMENTAÇÃO
O embargante não aponta qualquer desses vícios, apenas se ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
reclamado.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO
EMENTA
face do acórdão de ID.d59162e, que indeferiu seu pedido de resolver eventuais dificuldades; (...) que o depoente tinha poderes
diferença salarial por acúmulo de funções. para sancionar os trabalhadores do setor de mercearia, bem como a
Aduz o embargante que houve equívoco na apreciação das provas, empregados de outros setores, podendo iniciar os processos de
funções arguido (ID. da54246). A testemunha, por sua vez, declarou "que o reclamante cuidava do
Manifestação da parte embargada sob ID. 8b22463. setor de mercearia, responsável pela venda de alimentos; que não
Os presentes embargos de declaração foram apresentados no seção de mercearia, a qual era inferior, hierarquicamente, à função
prazo legal e subscritos por advogado habilitado. Merecem, pois, de gerente adjunto de loja, estando aquele subordinado a este.
Pretende o embargante ver sanado suposto vício no acórdão para o mesmo empregador, dentro da mesma jornada de trabalho.
regional, aduzindo que houve equívoco na apreciação das provas, Portanto, salvo ajuste em contrário, a execução cumulativa de
que foram produzidas com o fito de demonstrar o acúmulo de tarefas numa mesma jornada, desde que compatíveis, não justifica
Na verdade, este Colegiado, após detida análise dos fatos e provas A propósito, estabelece a norma do parágrafo único do art. 456, da
inexistência do alegado acúmulo de função, nos seguintes termos: "A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito,
"Alega o recorrente que, de julho de 2016 até o final do contrato, serviço compatível com a sua condição pessoal."
acumulou sua função de gerente de área adjunto com a de gerente Nesse contexto, depreende-se que as atividades desempenhadas
de área mercearia, razão pela qual faz jus ao adicional de 1/3 sobre pelo reclamante eram compatíveis com a sua condição pessoal,
sua remuneração e aos reflexos. visto que não extrapolavam sua capacidade profissional, nem as
Por ser fato constitutivo do seu direito, cabia ao autor a prova do a organização dos produtos da loja, a coordenação das atividades
alegado, nos termos dos arts. 818, da CLT e 373, I, do CPC/2015. dos empregados da mercearia e o gerenciamento do trabalho dos
Com efeito, o próprio reclamante afirmou, em seu depoimento, que, Assim, reputa-se não caracterizado o acúmulo de funções alegado
como gerente adjunto, tinha a atribuição de dar suporte a todos os pelo reclamante e, em consequência, mantém-se a sentença de
gerentes da loja em que trabalhava. origem, que indeferiu o pedido vindicado na exordial, alicerçando-se
Aduziu, ainda, o autor o seguinte: "(...) que, como gerente, o à técnica da motivação referenciada ("per relationem"), uma vez que
depoente tinha como atribuições: atender demandas do gerente ou a matéria foi equacionada de forma clara pelo juiz sentenciante e
com o Diretor, realizar escala de trabalho dos empregados do setor Com efeito, o Supremo Tribunal Federal já consolidou o
de mercearia, repassar atribuições para os empregados da entendimento de que se tem por cumprida a exigência
mercearia, gerenciar o trabalho dos promotores, cuidar de questões constitucional da fundamentação das decisões (artigo 93, IX, CF),
atinentes à exposição dos produtos, cuidar da aposição de preços, quando o Poder Judiciário adota, como razões de decidir, os
exposição e validade dos produtos; que, em relação aos demais fundamentos de peça processual existente nos autos, tal qual
setores da loja, o depoente tinha como atribuição comparecer para sentença de órgão de primeira instância ou parecer lançado pelo
Ministério Público. Em suma, é pacificado na jurisprudência do extensão de suas atribuições de gerente para um dos setores que
Pretório Excelso a constitucionalidade da denominada técnica de não possuía comando, o que não importa em acúmulo funcional,
motivação por referência ou por remissão ("per relationem"). Nesse mas em manifesto exercício de poder diretivo do empregador,
sentido: AI 791.292 QO-RG (STF, Plenário, Relator Gilmar Mendes, inserido dentro de seu jus variandi ordinário, prerrogativa que lhe
julgado em 23/06/2010, DJE 13/08/2010) e AI 738.982 AgR (STF, 2ª permite definir, dentro de limites razoáveis, as tarefas a serem
Turma, Relator Joaquim Barbosa, julgado em 29/05/2012, DJe desempenhadas por seus empregados.
19/06/2012). "In verbis": Desse modo, não havendo confirmação pela prova testemunhal, da
Alega o reclamante que de junho de 2016 até o final do contrato de de que o autor teria passado a acumular suas atribuições primárias
trabalho, exerceu a função de gerente de área adjunto. Entretanto, com aquelas desempenhadas pelo referido gerente, entende este
na realidade, por determinação da empresa, cumulou a função de juízo pela inexistência do acúmulo funcional alegado, razão pela
gerente de área mercearia, sem receber o correspondente qual indefere-se a diferença de 1/3 pretendida na exordial."
pagamento, razão pela qual propugnou pelo pagamento de 1/3 da Apelo improvido nesse tocante."
Em sua defesa, a reclamada aduziu que não houve acúmulo de O embargante, em verdade, utiliza o presente recurso a fim de
função, sendo certo que o reclamante desempenhou suas rediscutir matéria já apreciada, que não se compadece com a via
atribuições de modo compatível com o cargo ocupado, tendo sido, estreita dos embargos de declaração, legalmente vocacionados
inclusive, promovido durante o contrato de trabalho. para aclarar o obscuro, suprir a omissão ou eliminar a contradição
Diante da defesa apresentada, tem-se que o reclamante conservou que eventualmente possam existir no julgado embargado.
consigo o ônus da prova, nos moldes do art. 818, da CLT c/c art. A questão dos autos - repise-se - foi exaustivamente explicitada,
Analisando a prova, verifico que o reclamante, em seu depoimento matéria em sede outra que não a dos embargos declaratórios.
pessoal, sustentou que, na qualidade de gerente adjunto, tinha que Impende ressaltar que a oposição dos embargos de declaração, a
dar suporte a todos os gerentes da loja em que trabalhava, inclusive título de prequestionamento, constitui espécie de recurso de
ao Sr. Rodrigo, o qual, na época, era responsável pelos setores de fundamentação vinculada, cujas hipóteses de cabimento encontram
mercearia e hard line. Disse o reclamante, ademais, que como o Sr. -se taxativamente previstas em lei num rol "numerus clausus", de
Rodrigo estava 'sufocado', pois passou a acumular dois setores, modo que somente são admissíveis quando houver obscuridade,
dentre eles o setor de mercearia. contradição ou omissão em questão sobre a qual deveria a Turma
Segundo o depoimento do reclamante, em consonância com o pronunciar-se, consoante prescreve o art. 897-A, da CLT, o que não
descrito na inicial, o mesmo, na qualidade de gerente adjunto, dava se verifica no presente caso.
apenas suporte aos demais gerentes, tendo o Sr. Rodrigo como Embargos improvidos.
Depreende-se, pois, que tal setor tinha um gerente anterior, qual CONCLUSÃO DO VOTO
Entretanto, o depoimento da única testemunha ouvida no processo VOTO por conhecer dos embargos declaratórios e, no mérito, negar
exercido por outro gerente, ao menos não foi isso que disse a
Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério Trata-se de embargos de declaração opostos pelo reclamante em
Relator
FUNDAMENTAÇÃO
Diretor de Secretaria
1. ADMISSIBILIDADE
Processo Nº ROT-0000238-14.2019.5.07.0008
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA Os presentes embargos de declaração foram apresentados no
RECORRENTE FRANCISCO CARLOS NASCIMENTO prazo legal e subscritos por advogado habilitado. Merecem, pois,
ADVOGADO FILIPE DE PADUA REBOUCAS
CRISOSTOMO DE ANDRADE(OAB: conhecimento.
39701/CE)
2. MÉRITO
ADVOGADO MAYRA LIMA PEQUENO(OAB:
40802/CE) Pretende o embargante ver sanado suposto vício no acórdão
ADVOGADO ADRIANA FRANCA DA SILVA(OAB:
45454/PE) regional, aduzindo que houve equívoco na apreciação das provas,
RECORRIDO WAL MART BRASIL LTDA que foram produzidas com o fito de demonstrar o acúmulo de
ADVOGADO CARLA ELISANGELA FERREIRA
ALVES TEIXEIRA(OAB: 18855/PE) função arguido.
ADVOGADO ANDRE LUIS TORRES Sem razão.
PESSOA(OAB: 19503/BA)
Na verdade, este Colegiado, após detida análise dos fatos e provas
Intimado(s)/Citado(s): constantes dos autos, formou o seu convencimento acerca da
- WAL MART BRASIL LTDA inexistência do alegado acúmulo de função, nos seguintes termos:
PODER JUDICIÁRIO acumulou sua função de gerente de área adjunto com a de gerente
JUSTIÇA DO de área mercearia, razão pela qual faz jus ao adicional de 1/3 sobre
Ao exame.
EMENTA
Por ser fato constitutivo do seu direito, cabia ao autor a prova do
gerentes da loja em que trabalhava. origem, que indeferiu o pedido vindicado na exordial, alicerçando-se
Aduziu, ainda, o autor o seguinte: "(...) que, como gerente, o à técnica da motivação referenciada ("per relationem"), uma vez que
depoente tinha como atribuições: atender demandas do gerente ou a matéria foi equacionada de forma clara pelo juiz sentenciante e
com o Diretor, realizar escala de trabalho dos empregados do setor Com efeito, o Supremo Tribunal Federal já consolidou o
de mercearia, repassar atribuições para os empregados da entendimento de que se tem por cumprida a exigência
mercearia, gerenciar o trabalho dos promotores, cuidar de questões constitucional da fundamentação das decisões (artigo 93, IX, CF),
atinentes à exposição dos produtos, cuidar da aposição de preços, quando o Poder Judiciário adota, como razões de decidir, os
exposição e validade dos produtos; que, em relação aos demais fundamentos de peça processual existente nos autos, tal qual
setores da loja, o depoente tinha como atribuição comparecer para sentença de órgão de primeira instância ou parecer lançado pelo
resolver eventuais dificuldades; (...) que o depoente tinha poderes Ministério Público. Em suma, é pacificado na jurisprudência do
para sancionar os trabalhadores do setor de mercearia, bem como a Pretório Excelso a constitucionalidade da denominada técnica de
empregados de outros setores, podendo iniciar os processos de motivação por referência ou por remissão ("per relationem"). Nesse
demissão e contratação;" sentido: AI 791.292 QO-RG (STF, Plenário, Relator Gilmar Mendes,
A testemunha, por sua vez, declarou "que o reclamante cuidava do julgado em 23/06/2010, DJE 13/08/2010) e AI 738.982 AgR (STF, 2ª
setor de mercearia, responsável pela venda de alimentos; que não Turma, Relator Joaquim Barbosa, julgado em 29/05/2012, DJe
havia gerente no setor de mercearia antes do reclamante assumir 19/06/2012). "In verbis":
tal atribuição; (...) que o reclamante substituía outros gerentes que "Acúmulo Funcional
porventura viessem a faltar". Alega o reclamante que de junho de 2016 até o final do contrato de
Como se vê, a testemunha autoral confirmou a tese da defesa de trabalho, exerceu a função de gerente de área adjunto. Entretanto,
que não havia gerente de área de mercearia, sendo o gerente na realidade, por determinação da empresa, cumulou a função de
adjunto responsável por todos os setores da loja. gerente de área mercearia, sem receber o correspondente
Outrossim, observa-se que existia a função de encarregado da pagamento, razão pela qual propugnou pelo pagamento de 1/3 da
seção de mercearia, a qual era inferior, hierarquicamente, à função remuneração a título de acúmulo funcional.
de gerente adjunto de loja, estando aquele subordinado a este. Em sua defesa, a reclamada aduziu que não houve acúmulo de
Impende registrar que não há previsão, no ordenamento jurídico função, sendo certo que o reclamante desempenhou suas
trabalhista, para a contraprestação de várias funções realizadas atribuições de modo compatível com o cargo ocupado, tendo sido,
para o mesmo empregador, dentro da mesma jornada de trabalho. inclusive, promovido durante o contrato de trabalho.
Portanto, salvo ajuste em contrário, a execução cumulativa de Diante da defesa apresentada, tem-se que o reclamante conservou
tarefas numa mesma jornada, desde que compatíveis, não justifica consigo o ônus da prova, nos moldes do art. 818, da CLT c/c art.
A propósito, estabelece a norma do parágrafo único do art. 456, da pessoal, sustentou que, na qualidade de gerente adjunto, tinha que
CLT, que: dar suporte a todos os gerentes da loja em que trabalhava, inclusive
"A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, ao Sr. Rodrigo, o qual, na época, era responsável pelos setores de
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer mercearia e hard line. Disse o reclamante, ademais, que como o Sr.
serviço compatível com a sua condição pessoal." Rodrigo estava 'sufocado', pois passou a acumular dois setores,
Nesse contexto, depreende-se que as atividades desempenhadas dentre eles o setor de mercearia.
pelo reclamante eram compatíveis com a sua condição pessoal, Segundo o depoimento do reclamante, em consonância com o
visto que não extrapolavam sua capacidade profissional, nem as descrito na inicial, o mesmo, na qualidade de gerente adjunto, dava
atribuições do cargo de gerente adjunto, que incluem, dentre outras, apenas suporte aos demais gerentes, tendo o Sr. Rodrigo como
a organização dos produtos da loja, a coordenação das atividades sendo aquele responsável pelo setor de mercearia que, de acordo
dos empregados da mercearia e o gerenciamento do trabalho dos com o autor, teria sido alvo da cumulação.
promotores. Depreende-se, pois, que tal setor tinha um gerente anterior, qual
Assim, reputa-se não caracterizado o acúmulo de funções alegado seja, o Sr. Rodrigo, passando para a responsabilidade do
pelo reclamante e, em consequência, mantém-se a sentença de reclamante, fato este que teria ensejado a pretendida acumulação.
Entretanto, o depoimento da única testemunha ouvida no processo VOTO por conhecer dos embargos declaratórios e, no mérito, negar
exercido por outro gerente, ao menos não foi isso que disse a
inserido dentro de seu jus variandi ordinário, prerrogativa que lhe ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
permite definir, dentro de limites razoáveis, as tarefas a serem TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
desempenhadas por seus empregados. unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios e, no mérito,
Desse modo, não havendo confirmação pela prova testemunhal, da negar-lhes provimento. Participaram do julgamento os
versão do reclamante de que havia gerente no setor de mercearia e Desembargadores José Antonio Parente da Silva (presidente),
de que o autor teria passado a acumular suas atribuições primárias Francisco Tarcisio Guedes Lima Verde Junior e Fernanda Maria
com aquelas desempenhadas pelo referido gerente, entende este Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do Ministério
juízo pela inexistência do acúmulo funcional alegado, razão pela Público do Trabalho.
estreita dos embargos de declaração, legalmente vocacionados JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
devendo a parte, em não se conformando com o decidido, discutir a ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
matéria em sede outra que não a dos embargos declaratórios. Diretor de Secretaria
demais verbas.
JUSTIÇA DO
EMENTA
CONCLUSÃO DO VOTO
RELATÓRIO
EMENTA
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. liquidatória, na esteira do art. 879 da CLT. Embargos declaratórios
conhecidos e improvidos.
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0002061-19.2017.5.07.0032
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA RELATÓRIO
RECORRENTE BRADESCO SEGUROS S/A
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
RECORRENTE BRADESCO ADMINISTRADORA DE Cuida-se de Embargos de Declaração em Recurso Ordinário oposto
CONSORCIOS LTDA.
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES pela reclamante contra acórdão que julgou improvido o recurso
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
ordinário da reclamada e parcialmente provido o seu recurso.
RECORRENTE BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA
S.A. Aduz, em suma, omissão quanto à definição da média de
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE) comissões recebidas pela reclamante.
RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A. É o relatório.
ADVOGADO RAFAEL ARAGAO BARBOSA(OAB:
20456/CE)
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
RECORRENTE ANA PAULA PEREIRA BATISTA
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB: FUNDAMENTAÇÃO
5864/CE)
ADVOGADO PAULO CESAR MUNIZ FILHO(OAB:
32532/BA)
RECORRIDO BRADESCO ADMINISTRADORA DE
CONSORCIOS LTDA. 1. DA ADMISSIBILIDADE
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE) Uma vez preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de
RECORRIDO BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA admissibilidade, merecem conhecimento os embargos de
S.A.
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES declaração da parte reclamante.
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
2. DO MÉRITO
RECORRIDO BRADESCO SEGUROS S/A
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES Sem razão.
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
De efeito, a definição da média de remunerações, quando efetivada,
RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO RAFAEL ARAGAO BARBOSA(OAB: representa mero arbitramento de decisão, objetivando a resolução
20456/CE)
de caso em que inexiste base para cálculos.
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE) No presente feito, há material probatório apto à elaboração de
RECORRIDO ANA PAULA PEREIRA BATISTA
cálculos em sede de liquidação, não sendo hipótese de processo de
ADVOGADO PAULO CESAR MUNIZ FILHO(OAB:
32532/BA) obrigatoriedade de sentença líquida.
demais verbas.
PODER JUDICIÁRIO
Embargos improvidos.
JUSTIÇA DO
PODER JUDICIÁRIO
CONCLUSÃO DO VOTO
JUSTIÇA DO
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 2ª TURMA DO Anexo I, e NR 15, Anexo VIII). Recurso ordinário conhecido e
Fortaleza, 12 de agosto de 2021 Trata-se de recurso ordinário interposto pelo Município de Tianguá
JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA implantação do referido percentual em sua remuneração mensal,
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. referentes ao adicional de insalubridade desde 08.11.2015 até sua
efetiva implantação.
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO Em seu arrazoado (Id 2552930), o promovido aduz, em síntese, a
É O RELATÓRIO.
O Município de Tianguá interpôs recurso ordinário de forma "16.9. PERFIL DO POSTO DE TRABALHO E DO CARGO
Preenchidos, ainda, os pressupostos intrínsecos de admissibilidade - Cargo analisado: motorista de carro pesado (categoria D/ ônibus
Insurge-se o Município de Tianguá contra a decisão de origem que Nas estradas das zonas urbanas, rurais, rodoviárias, etc.
percentual de 20% sobre o salário mínimo, bem como à 16.9.2. GRÁFICO DAS TAREFAS
implantação na remuneração da parte autora, com os reflexos Conduzir e vistoriar ônibus e micro-ônibus de transporte coletivo de
legais, e ao pagamento dos valores retroativos desde 08/11/2015 passageiros urbanos, rurais, metropolitanos e rodoviários de longas
até sua efetiva implantação. distâncias; verificam itinerários de viagens; controlar o embarque e
Pugna pela reforma da sentença, aduzindo a invalidade do LTCAT desembarque de passageiros e os orientar quanto a itinerários,
juntado com a exordial por conter vícios formais e materiais. pontos de embarque e desembarque e procedimentos no interior do
Sustenta, ainda, que o reclamante, no desempenho das suas veículo. Executar procedimentos para garantir segurança e o
atividades, não tem contato com agentes químicos, físicos ou conforto dos passageiros. Habilitar-se periodicamente para conduzir
biológicos. ônibus.
Inicialmente, da análise do Laudo Técnico das Condições - Exposição a vibração: VMB Vibração em Mãos e Braços e VCI
Ambientais do Trabalho - LTCAT colacionado pela parte reclamante Vibração de Corpo Inteiro
(Id e61e849), verifica-se que a elaboração do documento resultou Metodologia: constatação de profissionais dirigindo veículos com
do consenso entre o Sindicato dos Servidores Públicos do Município exposição a vibrações mecânicas provenientes do motor/estrutura
de Tianguá - SISMUT e o Município de Tianguá, consoante termo do veículo e das oscilações desse veículo decorrentes de desníveis
firmado entre as partes e subscrito por representante do ente de estradas e de outras vias públicas e dos momentos de
médico Dr. Roger Catunda Rocha (CREMEC 6353) e do assistente - Exposição a poeiras minerais.
técnico Edno Soares de Almeida Sousa (CREA-CE 45.759) para Metodologia: conjunto visível da presença de aerossol em
analisar as condições ambientais de trabalho em diversos setores suspensão gerada no solo e que adentra no interior do carro
da Prefeitura. pesado.
Nesse contexto, visto que o aludido LTCAT foi elaborado em - Exposição a agentes biológicos - micro-organismos.
conjunto pelas partes, rejeita-se a alegação de invalidade do Metodologia: presença de micro-organismos no interior do carro
documento, sob pena de ferimento dos princípios da lealdade e da pesado e no contato cutâneo com materiais e exposição a fluidos
No tocante à vigência do LTCAT apresentado com a exordial, Assim, nada obstante a determinação legal da caracterização da
observa-se tratar de documento mais recente do que o laudo insalubridade e/ou periculosidade mediante perícia (art. 195/CLT),
realizado por iniciativa exclusiva do Município de Tianguá (limitado resta despicienda a produção da aludida prova no caso concreto,
ao período de 07/02/2014 a 06/02/2015), não possuindo aquele tendo em vista que o Laudo Técnico de Condições Ambientais do
data de validade. Dessarte, cabível o reconhecimento das Trabalho - LTCAT, elaborado por médico do trabalho escolhido pelo
condições ambientais de trabalho por todo o lapso imprescrito, à Município de Tianguá, atesta a exposição do motorista de carro
míngua de prova de modificações estruturais/sanitárias relevantes pesado a vibrações, poeiras minerais e agente biológico, como
O referido documento técnico concluiu pela existência de Desnecessária, portanto, a realização de prova pericial para
insalubridade em grau médio, nos seguintes termos: averiguar situação já confirmada por meio de documento elaborado
- Considerando que na identificação e no enquadramento de mais Diga-se que este é inclusive o atual do C. TST, bem como o atual
de um fator de insalubridade, será considerado o de grau mais entendimento do E. TRT-7 Região, senão vejamos:
elevado para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a AGRAVO DE INSTRUMENTO DA EMPRESA . RECURSO DE
percepção cumulativa - NR - Norma Regulamentadora 15, item REVISTA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PERÍCIA. PCMSO,
- Considerando que dentre os fatores de insalubridade RR-2932-70.2013.5.08.0126: não é absoluta a regra do art. 195 da
NORMATIZADOS, considerados para esse cargomotorista de CLT, que deve ser aplicado em consonância com o art. 427 do
carro pesado (categoria D / ônibus e micro-ônibus) prevalece a CPC/1973 (correspondente ao art. 464 do CPC/2015), ante o qual o
exposição à vibração das NRs 9, Anexo I e 15, Anexo 8; juiz pode dispensar o laudo pericial quando houver prova
- Considerando que o trabalhador exposto à vibração tem a regra do art.195 da CLT, que a OJ nº 278 da SBDI-1 do TST
afetado o seu conforto, podendo reduzir a sua produtividade e previu não ser exigível a perícia quando não for possível sua
ter transtornos diários nas funções fisiológicas; realização, como em caso de fechamento da empresa, podendo o
- Concluímos, finalmente, que para esse cargo motorista de julgador utilizar-se de outros meios de prova. Não se está aqui
carro pesado (categoria D / ônibus e micro-ônibus) com as firmando a tese de que a juntada de PCMSO, PPRA e LTCAT,
respectivas exposições às vibrações confrontando com a legislação documentos elaborados pelo empregador, afaste a necessidade da
trabalhista pertinente, CABE PAGAMENTO DE ADICIONAL DE perícia em todo e qualquer caso, mas, sim, que o PCMSO, o PPRA
INSALUBRIDADE DE GRAU MÁXIMO PARA O MOTORISTA DE e o LTCAT podem ser aceitos como meio de prova quando o
CARRO PESADO (CATEGORIA D / ÔNIBUS E MICRO-ÔNIBUS), julgador entender nas instâncias ordinárias que seja suficiente para
nos termos dos arts. 189 e 190 da CLT, combinada com as NRs 9, formar a sua convicção no caso concreto. 2 - Dada a relevância da
Anexo I e 15, Anexo 8 e 15, quadro dos graus de insalubridade, no matéria, cita-se a tese proposta pelo Ministro Augusto César Leite
valor de 20% sobre o salário-mínimo." de Carvalho na Sexta Turma do TST na Sessão de Julgamento de
Destarte, restando comprovado que o reclamante laborava em 7/10/2015, ora acolhida: A interpretação gramatical do art. 195 da
exposição a agentes insalubres, reputa-se devido o adicional de CLT não deixa dúvidas quanto à necessidade de realização de
insalubridade, conforme decisão de origem assim fundamentada: perícia para a comprovação de insalubridade e periculosidade,
"Inexiste nos autos controvérsia quanto ao fato do Reclamante sendo que tal dispositivo não prevê nenhuma exceção (...). Ocorre
exercer o cargo de Motorista categoria "d" - carro pesado. que o referido dispositivo foi elaborado em 1977, quando ainda não
O Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho - LTCAT havia obrigatoriedade de o empregador acompanhar a evolução do
(anexado juntamente com a petição inicial), por seu turno, comprova quadro de saúde de seus empregados, relativamente a agravos
que o ocupante do aludido cargo tem direito ao adicional de causados pelo trabalho, bem como mapear os riscos ambientais
insalubridade no percentual de 20%. O aludido LCAT foi elaborado presentes nos ambientes laborais. Tal imposição somente veio a
em conjunto pelas partes, conforme convênio em anexo ao mesmo. ocorrer em 1978, com a advento das Normas Regulamentadoras 7
Diga-se que o LCAT apresentado pelo reclamado em sua (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO) e
contestação é mais antigo do que o apresentado na exordial. 9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA), ambas
Ademais, a vigência do aludido documento, apresentado em do MTE (Portaria 3.214/78), com base na sua competência em
contestação, exauriu-se em 06.02.2015, enquanto que o LCAT estabelecer normas relativas à prevenção de doenças e acidentes
apresentado pelo reclamante foi elaborado em agosto de 2018, sem de trabalho (arts. 7º, XII, da CF; 155 e 200 da CLT). Atualmente é
O artigo 370 do Novo Código de Processo Civil autoriza o prévio dos riscos envolvidos para os seus trabalhadores; b) avaliar
indeferimento das diligências inúteis ou meramente protelatórias: tais riscos; c) implementar medidas de controle; d) monitorar a
Art. 370. (omissis) exposição dos riscos; e) realizar avaliação quantitativa para
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as dimensionar a exposição; f) verificar se o resultado das avaliações
quantitativas da exposição dos trabalhadores excedem os limites Assim, julgo PROCEDENTE o pedido de pagamento do adicional de
previstos na NR 15 (insalubridade). Nesse sentido os seguintes insalubridade em percentual de 20%. Caso o Município já efetue o
itens da NR 9 do MTE:(...) Assim, à luz de tais requisitos, ao pagamento do adicional de insalubridade em percentual inferior, o
contrário do que acontecia quando da entrada em vigor do art. 195 valor da implantação, bem como o pagamento das diferenças,
da CLT, o empregador já possui o dever de ter o prévio deverá limitar-se à diferença de percentual."
conhecimento dos riscos ambientais aos quais os seus empregados Recurso improvido.
Assim, havendo normas que obrigam o empregador a ter prévia VOTO por conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe
Ao que nos parece não, pois o art. 427 do CPC permite que a prova
nos autos (...). A partir de tais documentos juntados nos autos, que
em atividade insalubre, e com fundamento no art. 427 do CPC, a ACORDAM OS DESEMBARGADORES INTEGRANTES DA
perícia se torna desnecessária (...) . 3 - Agravo de instrumento a TERCEIRA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
que se nega provimento (TST - AIRR:18602620135080101, Data de DA 7ª REGIÃO, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário e,
Julgamento: 15/03/2017, Data de Publicação: DEJT 24/04/2017). no mérito, negar-lhe provimento. Participaram do julgamento os
PROCESSO nº 0001200-71.2019.5.07.0029 (ROT) RECORRENTE: Desembargadores Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José
MUNICÍPIO DE TIANGUA RECORRIDO: MARIA DA GRACA Antonio Parente da Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque.
MOITA SOUZA REDATORA: DES. REGINA GLÁUCIA Presente ainda representante do Ministério Público do Trabalho.
A realização de estudo por profissional competente, a pedido JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
agente insalubre (e seu grau), aliada à inexistência de provas FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
adicional, tornando-se desnecessária a averiguação por prova ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
(grifo nosso).
Processo Nº ROT-0002061-19.2017.5.07.0032
Destarte, considero desnecessária a realização de exame pericial Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
para a constatação da existência e o grau de insalubridade no RECORRENTE BRADESCO SEGUROS S/A
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
ambiente de trabalho da reclamante, uma vez que tais fatos já JUNIOR(OAB: 9075/CE)
foram analisados quando da elaboração do LTCAT.
demais verbas.
JUSTIÇA DO
EMENTA
CONCLUSÃO DO VOTO
RELATÓRIO
EMENTA
conhecidos e improvidos.
ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0002061-19.2017.5.07.0032
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA RELATÓRIO
RECORRENTE BRADESCO SEGUROS S/A
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
RECORRENTE BRADESCO ADMINISTRADORA DE Cuida-se de Embargos de Declaração em Recurso Ordinário oposto
CONSORCIOS LTDA.
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES pela reclamante contra acórdão que julgou improvido o recurso
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
ordinário da reclamada e parcialmente provido o seu recurso.
RECORRENTE BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA
S.A. Aduz, em suma, omissão quanto à definição da média de
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE) comissões recebidas pela reclamante.
RECORRENTE BANCO BRADESCO S.A. É o relatório.
ADVOGADO RAFAEL ARAGAO BARBOSA(OAB:
20456/CE)
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
RECORRENTE ANA PAULA PEREIRA BATISTA
ADVOGADO ANTONIO CLETO GOMES(OAB: FUNDAMENTAÇÃO
5864/CE)
ADVOGADO PAULO CESAR MUNIZ FILHO(OAB:
32532/BA)
RECORRIDO BRADESCO ADMINISTRADORA DE
CONSORCIOS LTDA. 1. DA ADMISSIBILIDADE
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE) Uma vez preenchidos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos de
RECORRIDO BRADESCO VIDA E PREVIDENCIA admissibilidade, merecem conhecimento os embargos de
S.A.
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES declaração da parte reclamante.
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
2. DO MÉRITO
RECORRIDO BRADESCO SEGUROS S/A
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES Sem razão.
JUNIOR(OAB: 9075/CE)
De efeito, a definição da média de remunerações, quando efetivada,
RECORRIDO BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO RAFAEL ARAGAO BARBOSA(OAB: representa mero arbitramento de decisão, objetivando a resolução
20456/CE)
de caso em que inexiste base para cálculos.
ADVOGADO FRANCISCO SAMPAIO DE MENEZES
JUNIOR(OAB: 9075/CE) No presente feito, há material probatório apto à elaboração de
RECORRIDO ANA PAULA PEREIRA BATISTA
cálculos em sede de liquidação, não sendo hipótese de processo de
FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021. liquidatória, na esteira do art. 879 da CLT. Embargos declaratórios
conhecidos e improvidos.
Diretor de Secretaria
Processo Nº ROT-0002061-19.2017.5.07.0032
RELATÓRIO
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE BRADESCO SEGUROS S/A
Aduz, em suma, omissão quanto à definição da média de TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
1. DA ADMISSIBILIDADE
Sem razão.
De efeito, a definição da média de remunerações, quando efetivada, ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
Intimado(s)/Citado(s):
- FRANCISCO MARCELO ARAUJO DE SOUSA
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
Conhecer dos embargos e negar-lhes provimento.
JUSTIÇA DO
DISPOSITIVO EMENTA
os benefícios da justiça gratuita, cabia ao recorrente realizar o reclamado IDESC em face da r. sentença de ID 2edf309, proferida
preparo recursal no prazo que lhe fora concedido pelo relator (art. pelo MM. Juízo da 9ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que,
99, § 7º, do CPC, e OJ nº 269, item II, da SBDI-1/TST), como não o absolvendo o Estado do Ceará, julgou parcialmente procedentes os
fez, reputa-se deserto o apelo. Recurso Ordinário não conhecido pedidos veiculados na reclamação trabalhista ajuizada por
II. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. Em seu arrazoado (ID. 51f7e0b), o reclamante pugna pela reforma
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. da sentença no que tange à responsabilidade subsidiária do Estado
TERCEIRIZAÇÃO. SÚMULA Nº 331/TST. Os entes integrantes da do Ceará e pela aplicação do índice IPCA-E como fator de correção
Administração Pública direta e indireta respondem monetária a ser utilizado nos cálculos de liquidação do presente
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações O reclamado IDESC, por sua vez, em seu recurso ordinário (ID
da Lei nº 8.666/93, especialmente na fiscalização do cumprimento 9113116), requereu os benefícios da justiça gratuita, com a
das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como dispensa do preparo recursal, sob o argumento de que se trata de
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela Conforme decisão de ID 6188206, este relator indeferiu o aludido
empresa regularmente contratada. Entendimento da Súmula 331, V, pedido e determinou a intimação do recorrente para comprovar o
do c. TST. Verifica-se, no caso concreto, a omissão do ente público recolhimento do preparo no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de
obrigações contratuais da empresa prestadora de serviços, com a Notificado para efetuar o preparo recursal (ID 422e54c), o
Responsabilidade subsidiária que se declara. CORREÇÃO Parecer do Ministério Público do Trabalho sob ID 81d3c79, que se
MONETÁRIA. APLICAÇÃO DO IPCA-E E DA SELIC. DECISÃO manifestou pelo conhecimento e desprovimentoao recurso ordinário
DO STF NO JULGAMENTO DAS ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e do reclamante quanto à responsabilidade subsidiária da
juros vigentes para as condenações cíveis em geral (art. 406 do 1.1. DAS RAZÕES DE ADMISSIBILIDADE.
Código Civil). Os efeitos da decisão foram modulados. Assim, De acordo com a decisão de ID 6188206, este Relator indeferiu o
estando o feito em fase de conhecimento, as verbas deferidas pedido de gratuidade da justiça formulado pela empresa reclamada
deverão ser atualizadas pelo IPCA-E (fase pré-judicial) e pela taxa no presente apelo, determinando a sua notificação para efetuar o
SELIC (a partir da citação). Recurso ordinário conhecido e preparo do recurso ordinário no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena
"Vistos e examinados,
Cuida-se de recursos ordinários interpostos pelo reclamante e pelo gratuita, com base no balanço patrimonial (ID 4182f8c), notas
Dispõe o art. 899, § 10°, da CLT: "São isentos do depósito recursal econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que
os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art.
Para comprovação da condição de entidade filantrópica faz-se II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é
necessária que a recorrente comprove: Declaração de Utilidade necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
Pública (federal, estadual ou municipal) e o de Entidade Beneficente arcar com as despesas do processo."
de Assistência Social, adquirido no Conselho Nacional de Tal entendimento foi absorvido, ainda, pela Reforma Trabalhista
Assistência Social (CNAS), previsto na Lei n. 12.101/2009. implementada pela Lei nº 13.467/2017, vigente a partir de
Da prova dos autos, constata-se que a recorrente possui natureza 11/11/2017, que incluiu o § 4º ao art. 790 da CLT, dispondo
jurídica de associação privada (ID e472a4c). Consta também expressamente que "O benefício da justiça gratuita será concedido
registro no 4º Ofício de Notas do Estado do Ceará como entidade à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento
sem fins lucrativos (9cbf816), além do certificado no Ministério da das custas do processo.
Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Com efeito, a recorrente não comprovou a condição de entidade
judiciária à pessoa jurídica no Direito Processual do Trabalho, o Contudo, não logrou se desincumbir do ônus de provar a sua
entendimento inicialmente consolidado foi no sentido de que dificuldade financeira, conforme lhe cumpria, haja vista que os
somente eram devidos aos trabalhadores, pessoas físicas, e não dados do balanço patrimonial do ano de 2016, extrai-se um ativo
aos empregadores, à exegese do art. 14 da Lei nº 5.584/70. Empós, suficiente para afastar a presunção de insuficiência.
passou-se a admitir a extensão do referido benefício às empresas Nesse passo, deve ser mantida a sentença, verbis:
individuais, por se confundirem com a figura do proprietário. "GRATUIDADE DA JUSTIÇA - Pessoa Jurídica
Por derradeiro, o c. TST, evoluindo sua compreensão sobre a A reclamada pleiteia o benefício da gratuidade judiciária. Sem
matéria, sinalizou a possibilidade de concessão à pessoa jurídica, razão. Embora seja possível o deferimento da gratuidade judiciária
desde que efetivamente comprovada a sua insuficiência financeira, às pessoas jurídicas, há necessidade de demonstração cabal da
não bastando a mera alegação feita pelo advogado da parte, hipossuficiência econômica, o que não foi comprovado nos autos,
inclusive em relação aos Entes Sindicais, consoante julgado abaixo não se prestando os balanços financeiros anexados, fls. 128/138, a
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. recebeu milhões de reais do Estado para a execução de serviços
DESERÇÃO. SINDICATO. NÃO RECOLHIMENTO DAS CUSTAS junto às casas de detenção, não se aplicando ao caso o teor da
PROCESSUAIS. JUSTIÇA GRATUITA. INDEFERIMENTO. A Súmula 463 do C. TST. Ademais, ainda que se deferisse em favor
decisão regional está em conformidade com a jurisprudência atual e da reclamada a gratuidade judiciária, esta não implicaria na
benefício da gratuidade da Justiça às pessoas jurídicas, entre as depósito recursal, sendo este o entendimento abalizado do C. TST
quais se inclui o sindicato, quando não provada cabalmente a por sua reiterada jurisprudência:
Agravo de instrumento a que se nega provimento." (TST- AIRR Desta forma, por tudo quanto acima fundamentado, indefiro à
1167-03.2010.5.12.0015, Rel. Min. Pedro Paulo Manus, Dje reclamada o benefício da gratuidade da Justiça, assim como a
Nessa senda, foi editada a Súmula nº 463 do TST, confira-se: Considerando que a parte reclamada não comprova a condição de
"ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO entidade filantrópica (art.899, §10º, CLT,), nem comprova a
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com insuficiência de recursos para pagamento do preparo recursal e
alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT custas processuais (art. 790, §4º e 899, § 1º, CLT), indefiro o pedido
divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado formulado pela recorrente e fixo prazo para realização do preparo,
com fulcro no art. 99, § 7º, do CPC, e entendimento em seus arts. 58, inciso III, e 67, "caput" e § 1º, impõe
consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 269, item II, da responsabilidades ao ente público contratante, estabelecendo a
"JUSTIÇA GRATUITA. REQUERIMENTO DE ISENÇÃO DE execução dos contratos administrativos, como se verifica dos seus
item II em decorrência do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
tempo ou grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o III - fiscalizar-lhes a execução;
II - Indeferido o requerimento de justiça gratuita formulado na fase Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e
recursal, cumpre ao relator fixar prazo para que o recorrente efetue fiscalizada por um representante da Administração especialmente
o preparo (art. 99, § 7º, do CPC de 2015)". designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
Notifique-se, pois, a empresa recorrente (IDESC) para recolhimento subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
do preparo do recurso ordinário (art. 899, § 1º, CLT), no prazo de 5 §1º O representante da Administração anotará em registro próprio
(cinco) dias, sob pena de deserção. todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato,
Decorrido o prazo, retornem conclusos os autos." determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
Destarte, impositivo é o não conhecimento do recurso interposto, medidas atinentes à regularização do contrato configura a
Preenchidos os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de Na verdade, a aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de
admissibilidade, merece conhecimento o apelo. Licitações, declarado constitucional pelo STF, na ADC nº 16,
2.2.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO DO ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista,
A respeito da responsabilidade subsidiária do Estado do Ceará, "Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
importa ressaltar que encontra amparo na teoria da acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
responsabilidade civil subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput, respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim, 'verbis':
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que "(...), a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além
exclusivamente moral, comete ato ilícito." do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os
"Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto
outrem, fica obrigado a repará-lo." contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da
Os contratos de prestação de serviços, nominados de convênio ou empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob
de gestão, por exemplo, nada mais caracterizam do que pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de
terceirização da mão de obra. No caso, o reclamante contratado habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo." (apud
pelo primeiro reclamado, prestou serviços no Centro Sócio Súmula n.331, IV e V, do TST: a Responsabilidade da
Educativo do Passaré e, em consequência, em benefício deste ente Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo
público, exercendo o cargo de instrutor educacional. Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização inexecução (art. 77); e os motivos para eventual rescisão do
vista que o ordenamento jurídico expressamente lhe impõe essa Os artigos mencionados impõem à Administração contratante o
obrigação. Portanto, a conduta culposa 'in vigilando' autoriza atribuir poder-dever de fiscalizar o cumprimento oportuno e integral de
ao ente público o dever de garantir, de forma subsidiária, o todas as obrigações assumidas pelo contratado, dentre elas,
cumprimento dos encargos trabalhistas, conforme a orientação obviamente, as que decorrem da observância das normas
contida na Súmula nº 331 do Colendo TST, em seu novel item V, trabalhistas em relação aos trabalhadores que prestarem serviços
sem prejuízo da ação regressiva que couber contra o obrigado como terceirizados seus (empregados do contratado).
principal. Reza a mencionada jurisprudência: Na mesma linha, a exigir da Administração um padrão fiscalizatório,
"SUM. 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. são as disposições contidas na Instrução Normativa 02/2008 do
LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), com as
redação)- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 modificações da IN 03/2009, de caráter vinculativo a todos os
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, Nos artigos 31 e seguintes, a IN 02/2008 versa sobre o
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das acompanhamento e a fiscalização dos contratos de terceirização,
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na determinando expressamente a exigência da comprovação do
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da cumprimento das obrigações trabalhistas mês a mês, 'verbis':
prestadora de serviço como empregadora. A aludida "Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso:
contratada." (...)
Ressalte-se, outrossim, que a referida súmula tem como referência § 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e
o próprio artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que, ao vedar a sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos
transferência da responsabilidade pelos encargos aos entes trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes
Pública em contratar apenas empresas idôneas para prestação de I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do
contratuais e legais da contratada como empregadora. Portanto, a a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá
responsabilidade subsidiária do ente público não viola o art. 71, § apresentar a seguinte documentação:
1º, da Lei nº 8.666/1993, o qual, em decisão recente proferida na 1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou
ADC 16 pelo Supremo Tribunal Federal, foi declarado função, horário do posto de trabalho, números da carteira de
Com efeito, a interpretação sistemática do art. 71, § 1º, da Lei nº (CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos
8.666/93, com os dispositivos legais acima citados, revela que a serviços, quando for o caso;
norma ali assentada, ao isentar o ente público das obrigações 2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos
trabalhistas decorrentes dos contratos de prestação de serviços por empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela execução
ele celebrados, não alcança as hipóteses em que o mesmo não dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela
Nos termos da própria Lei 8.666/93, o ente público tem o dever de que prestarão os serviços;
demonstrar a prova da qualificação econômico-financeira para b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos
habilitação em licitação (art. 27, III, c/c art. 31); a habilitação serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos
preliminar (art. 51); o contrato e suas cláusulas (arts. 54 e 55) e seguintes documentos, quando não for possível a verificação da
eventual prestação de garantia (art. 56), tudo em termos formais regularidade dos mesmos no Sistema de Cadastro de Fornecedores
1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social; serviços, a imposição das sanções administrativas cabíveis, o
2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da bloqueio dos valores previstos no contrato de prestação de serviços
3. certidões que comprovem a regularidade perante as Fazendas prestação de serviços, ou qualquer meio capaz de atestar a
4. Certidão de Regularidade do FGTS - CRF; e Assim sendo, o ente público tomador dos serviços nada colacionou
5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT; aos autos que demonstrasse o efetivo acompanhamento, a
c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos fiscalização e a adoção das medidas imprescindíveis à garantia do
1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a lhe permite o art. 58, III e IV, da Lei de Licitações, sendo imperioso
critério da Administração contratante; reconhecer a sua responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos
2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da créditos decorrentes da presente ação.
prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou Destarte, recurso provido, no ponto, para declarar a
3. cópia dos contracheques dos empregados relativos a qualquer dos créditos decorrentes da presente ação.
mês da prestação dos serviços ou, ainda, quando necessário, cópia 2.2.2. DA CORREÇÃO MONETÁRIA
4. comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale- ADIs 5867 e 6021, em 18/12/2020, o Supremo Tribunal Federal
transporte, vale alimentação, entre outros), a que estiver obrigada decidiu que é inconstitucional a aplicação da TR para a correção
por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho, monetária de débitos trabalhistas e de depósitos recursais no
relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer âmbito da Justiça do Trabalho.
5. comprovantes de realização de eventuais cursos de treinamento questão, o STF determinou a aplicação do Índice Nacional de Preço
e reciclagem que forem exigidos por lei ou pelo contrato; ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), na fase pré-judicial, e da
d) entrega da documentação abaixo relacionada, quando da taxa Selic, a partir da citação do réu para apresentar defesa, os
extinção ou rescisão do contrato, após o último mês de prestação mesmos índices de correção monetária e de juros vigentes para as
dos serviços, no prazo definido no contrato: condenações cíveis em geral (art. 406 do Código Civil). Ressalte-se
1. termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados que os efeitos da decisão foram modulados.
prestadores de serviço, devidamente homologados, quando exigível Confira-se o teor da decisão do Supremo Tribunal Federal, "in
2. guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS, "Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a
referentes às rescisões contratuais; ação, para conferir interpretação conforme à Constituição ao art.
3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas 879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei
individuais do FGTS de cada empregado dispensado; e 13.467 de 2017, no sentido de considerar que à atualização dos
4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados." créditos decorrentes de condenação judicial e à correção dos
Necessário pontuar também que a observância de todos os depósitos recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho
preceitos da Lei 8666/93 e suas regulamentações devem ser deverão ser aplicados, até que sobrevenha solução legislativa,
formalmente registradas pela Administração, formando prova pré- os mesmos índices de correção monetária e de juros que
constituída. Consequentemente, no processo judicial, ela assume o vigentes para as condenações cíveis em geral, quais sejam a
dever de trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação,
prova. a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos
Realmente, pelo princípio da aptidão para aprova, é do ente da do voto do Relator, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa
Administração Pública Direta e Indireta o ônus da prova da Weber, Ricardo Lewandowski e o Ministro Marco Aurélio, que,
fiscalização do contrato firmado com a prestadora de serviços preliminarmente, julgava extinta a ação, sem apreciação da matéria
Ademais, há de se destacar que não foram adotadas medidas de fundo, ante a ilegitimidade ativa da requerente, e, vencido,
como, por exemplo, a notificação da empresa prestadora de acompanhava, no mérito, o voto divergente do Ministro Edson
Fachin. Por fim, por maioria, o Tribunal modulou os efeitos da taxa SELIC a partir da citação, conforme fundamentação.
sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial unanimidade,não conhecer do recurso ordinário do IDESC, por
fundado em interpretação contrária ao posicionamento do STF deserto e conhecer do recurso ordinário do reclamante e lhe dar
(art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii) parcial provimento para:
igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a a) declarar a responsabilidade subsidiária do Estado do Ceará pelo
questão dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito pagamento dos créditos decorrentes da presente ação;
vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados b) determinar a aplicação do índice IPCA-E na fase pré-judicial, e da
em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa taxa SELIC a partir da citação, conforme fundamentação.
quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença
(omissão expressa ou simples consideração de seguir os Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda
critérios legais), vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do
Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da decisão. Impedido Ministério Público do Trabalho.
o Ministro Luiz Fux (Presidente). Presidiu o julgamento a Ministra Fortaleza, 12 de agosto de 2021
Assim, estando o presente feito em fase de conhecimento, deve ser JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Diretor de Secretaria
CONCLUSÃO DO VOTO
Processo Nº ROT-0001878-20.2017.5.07.0009
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
RECORRENTE FRANCISCO MARCELO ARAUJO DE
SOUSA
Voto por não conhecer do recurso ordinário do IDESC, por deserto ADVOGADO YURI COSTA FREIRE(OAB:
27524/CE)
e conhecer do recurso ordinário do reclamante e lhe dar parcial
RECORRIDO IDES - INSTITUTO DE
provimento para: DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA
CIDADANIA
a) declarar a responsabilidade subsidiária do Estado do Ceará pelo ADVOGADO LUIS NARCISO COELHO DE
OLIVEIRA(OAB: 20967-A/CE)
pagamento dos créditos decorrentes da presente ação;
RECORRIDO ESTADO DO CEARA
b) determinar a aplicação do índice IPCA-E na fase pré-judicial, e da
EMENTA
RELATÓRIO
I. RECURSO ORDINÁRIO DO PRIMEIRO RECLAMADO. NÃO
AUSÊNCIA DO PREPARO RECURSAL. DESERÇÃO. Indeferidos Cuida-se de recursos ordinários interpostos pelo reclamante e pelo
os benefícios da justiça gratuita, cabia ao recorrente realizar o reclamado IDESC em face da r. sentença de ID 2edf309, proferida
preparo recursal no prazo que lhe fora concedido pelo relator (art. pelo MM. Juízo da 9ª Vara do Trabalho de Fortaleza, que,
99, § 7º, do CPC, e OJ nº 269, item II, da SBDI-1/TST), como não o absolvendo o Estado do Ceará, julgou parcialmente procedentes os
fez, reputa-se deserto o apelo. Recurso Ordinário não conhecido pedidos veiculados na reclamação trabalhista ajuizada por
por deserto. FRANCISCO MARCELO ARAUJO DE SOUSA.
II. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. Em seu arrazoado (ID. 51f7e0b), o reclamante pugna pela reforma
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. da sentença no que tange à responsabilidade subsidiária do Estado
TERCEIRIZAÇÃO. SÚMULA Nº 331/TST. Os entes integrantes da do Ceará e pela aplicação do índice IPCA-E como fator de correção
Administração Pública direta e indireta respondem monetária a ser utilizado nos cálculos de liquidação do presente
subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso julgado.
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações O reclamado IDESC, por sua vez, em seu recurso ordinário (ID
da Lei nº 8.666/93, especialmente na fiscalização do cumprimento 9113116), requereu os benefícios da justiça gratuita, com a
das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como dispensa do preparo recursal, sob o argumento de que se trata de
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero entidade filantrópica.
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela Conforme decisão de ID 6188206, este relator indeferiu o aludido
empresa regularmente contratada. Entendimento da Súmula 331, V, pedido e determinou a intimação do recorrente para comprovar o
do c. TST. Verifica-se, no caso concreto, a omissão do ente público recolhimento do preparo no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de
tomador dos serviços quanto ao poder-dever de fiscalizar as deserção.
obrigações contratuais da empresa prestadora de serviços, com a Notificado para efetuar o preparo recursal (ID 422e54c), o
adoção das medidas imprescindíveis à garantia do cumprimento recorrente quedou-se inerte.
dos direitos laborais dos trabalhadores terceirizados. Sem contrarrazões.
Responsabilidade subsidiária que se declara. CORREÇÃO Parecer do Ministério Público do Trabalho sob ID 81d3c79, que se
MONETÁRIA. APLICAÇÃO DO IPCA-E E DA SELIC. DECISÃO manifestou pelo conhecimento e desprovimentoao recurso ordinário
DO STF NO JULGAMENTO DAS ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e do reclamante quanto à responsabilidade subsidiária da
6021. No julgamento conjunto das ADCs 58 e 59 e ADIs 5867 e administração.
6021, em 18/12/2020, o Supremo Tribunal Federal decidiu que é É o relatório.
inconstitucional a aplicação da TR para a correção monetária de
FUNDAMENTAÇÃO colacionado:
1.1. DAS RAZÕES DE ADMISSIBILIDADE. decisão regional está em conformidade com a jurisprudência atual e
De acordo com a decisão de ID 6188206, este Relator indeferiu o iterativa desta Corte Superior, no sentido de ser inaplicável o
pedido de gratuidade da justiça formulado pela empresa reclamada benefício da gratuidade da Justiça às pessoas jurídicas, entre as
no presente apelo, determinando a sua notificação para efetuar o quais se inclui o sindicato, quando não provada cabalmente a
preparo do recurso ordinário no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena impossibilidade de pagamento das custas a que fora condenado.
de deserção, nos seguintes termos: Agravo de instrumento a que se nega provimento." (TST- AIRR
gratuidade da justiça para dispensa das custas processuais, com Nessa senda, foi editada a Súmula nº 463 do TST, confira-se:
fulcro no art. 5º, LXXIV, da CF. Aduz se tratar de entidade "ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO
filantrópica, sendo isenta do recolhimento do depósito recursal, na (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1, com
forma do art. 899, §10°, da CLT. Pleiteia seja deferida a justiça alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT
gratuita, com base no balanço patrimonial (ID 4182f8c), notas divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado
Dispõe o art. 899, § 10°, da CLT: "São isentos do depósito recursal econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que
os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art.
Para comprovação da condição de entidade filantrópica faz-se II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é
necessária que a recorrente comprove: Declaração de Utilidade necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte
Pública (federal, estadual ou municipal) e o de Entidade Beneficente arcar com as despesas do processo."
de Assistência Social, adquirido no Conselho Nacional de Tal entendimento foi absorvido, ainda, pela Reforma Trabalhista
Assistência Social (CNAS), previsto na Lei n. 12.101/2009. implementada pela Lei nº 13.467/2017, vigente a partir de
Da prova dos autos, constata-se que a recorrente possui natureza 11/11/2017, que incluiu o § 4º ao art. 790 da CLT, dispondo
jurídica de associação privada (ID e472a4c). Consta também expressamente que "O benefício da justiça gratuita será concedido
registro no 4º Ofício de Notas do Estado do Ceará como entidade à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento
sem fins lucrativos (9cbf816), além do certificado no Ministério da das custas do processo.
Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Com efeito, a recorrente não comprovou a condição de entidade
judiciária à pessoa jurídica no Direito Processual do Trabalho, o Contudo, não logrou se desincumbir do ônus de provar a sua
entendimento inicialmente consolidado foi no sentido de que dificuldade financeira, conforme lhe cumpria, haja vista que os
somente eram devidos aos trabalhadores, pessoas físicas, e não dados do balanço patrimonial do ano de 2016, extrai-se um ativo
aos empregadores, à exegese do art. 14 da Lei nº 5.584/70. Empós, suficiente para afastar a presunção de insuficiência.
passou-se a admitir a extensão do referido benefício às empresas Nesse passo, deve ser mantida a sentença, verbis:
individuais, por se confundirem com a figura do proprietário. "GRATUIDADE DA JUSTIÇA - Pessoa Jurídica
Por derradeiro, o c. TST, evoluindo sua compreensão sobre a A reclamada pleiteia o benefício da gratuidade judiciária. Sem
matéria, sinalizou a possibilidade de concessão à pessoa jurídica, razão. Embora seja possível o deferimento da gratuidade judiciária
desde que efetivamente comprovada a sua insuficiência financeira, às pessoas jurídicas, há necessidade de demonstração cabal da
não bastando a mera alegação feita pelo advogado da parte, hipossuficiência econômica, o que não foi comprovado nos autos,
inclusive em relação aos Entes Sindicais, consoante julgado abaixo não se prestando os balanços financeiros anexados, fls. 128/138, a
recebeu milhões de reais do Estado para a execução de serviços A respeito da responsabilidade subsidiária do Estado do Ceará,
junto às casas de detenção, não se aplicando ao caso o teor da importa ressaltar que encontra amparo na teoria da
Súmula 463 do C. TST. Ademais, ainda que se deferisse em favor responsabilidade civil subjetiva, adotada nos arts. 186 e 927, caput,
da reclamada a gratuidade judiciária, esta não implicaria na do Código Civil, que prescrevem:
dispensa do "Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
depósito recursal, sendo este o entendimento abalizado do C. TST ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
(...) "Art 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
Desta forma, por tudo quanto acima fundamentado, indefiro à outrem, fica obrigado a repará-lo."
reclamada o benefício da gratuidade da Justiça, assim como a Os contratos de prestação de serviços, nominados de convênio ou
dispensa da realização dos depósitos recursais necessários.'' de gestão, por exemplo, nada mais caracterizam do que
Considerando que a parte reclamada não comprova a condição de terceirização da mão de obra. No caso, o reclamante contratado
entidade filantrópica (art.899, §10º, CLT,), nem comprova a pelo primeiro reclamado, prestou serviços no Centro Sócio
insuficiência de recursos para pagamento do preparo recursal e Educativo do Passaré e, em consequência, em benefício deste ente
custas processuais (art. 790, §4º e 899, § 1º, CLT), indefiro o pedido público, exercendo o cargo de instrutor educacional.
formulado pela recorrente e fixo prazo para realização do preparo, No que diz respeito à terceirização de serviços, a Lei nº 8.666/83,
com fulcro no art. 99, § 7º, do CPC, e entendimento em seus arts. 58, inciso III, e 67, "caput" e § 1º, impõe
consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 269, item II, da responsabilidades ao ente público contratante, estabelecendo a
"JUSTIÇA GRATUITA. REQUERIMENTO DE ISENÇÃO DE execução dos contratos administrativos, como se verifica dos seus
item II em decorrência do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT "Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído
divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
tempo ou grau de jurisdição, desde que, na fase recursal, seja o III - fiscalizar-lhes a execução;
II - Indeferido o requerimento de justiça gratuita formulado na fase Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e
recursal, cumpre ao relator fixar prazo para que o recorrente efetue fiscalizada por um representante da Administração especialmente
o preparo (art. 99, § 7º, do CPC de 2015)". designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e
Notifique-se, pois, a empresa recorrente (IDESC) para recolhimento subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
do preparo do recurso ordinário (art. 899, § 1º, CLT), no prazo de 5 §1º O representante da Administração anotará em registro próprio
(cinco) dias, sob pena de deserção. todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato,
Decorrido o prazo, retornem conclusos os autos." determinando o que for necessário à regularização das faltas ou
Destarte, impositivo é o não conhecimento do recurso interposto, medidas atinentes à regularização do contrato configura a
Preenchidos os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de Na verdade, a aplicação do disposto no art. 71, § 1º, da Lei de
admissibilidade, merece conhecimento o apelo. Licitações, declarado constitucional pelo STF, na ADC nº 16,
2.2.1. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ESTADO DO ente público e pelo contratado, incluídas as de natureza trabalhista,
como se extrai do art. 66, da mesma lei, que dispõe: responsabilidade subsidiária do ente público não viola o art. 71, §
"Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de 1º, da Lei nº 8.666/1993, o qual, em decisão recente proferida na
acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, ADC 16 pelo Supremo Tribunal Federal, foi declarado
total ou parcial." Com efeito, a interpretação sistemática do art. 71, § 1º, da Lei nº
Nessa senda, a acertada lição de Helder Santos Amorim, 'verbis': 8.666/93, com os dispositivos legais acima citados, revela que a
"(...), a execução contratual, no modelo da Lei n.8.666/93, vai além norma ali assentada, ao isentar o ente público das obrigações
do cumprimento de seu estrito objeto, para abranger todos os trabalhistas decorrentes dos contratos de prestação de serviços por
aspectos que constituam premissa à satisfação deste objeto ele celebrados, não alcança as hipóteses em que o mesmo não
contratual, tal como o cumprimento das obrigações trabalhistas da cumpre a sua obrigação de fiscalizar a execução do contrato pelo
empresa contratada (cujos custos integram o preço do serviço), sob prestador dos serviços.
pena de violação direta da proposta vencedora, das condições de Nos termos da própria Lei 8.666/93, o ente público tem o dever de
habilitação e, portanto, do próprio contrato administrativo." (apud demonstrar a prova da qualificação econômico-financeira para
Súmula n.331, IV e V, do TST: a Responsabilidade da habilitação em licitação (art. 27, III, c/c art. 31); a habilitação
Administração Pública nas Terceirizações e a Decisão do Supremo preliminar (art. 51); o contrato e suas cláusulas (arts. 54 e 55) e
Tribunal Federal na ADC n.16-DF. O que há de novo em Direito do eventual prestação de garantia (art. 56), tudo em termos formais
Registre-se que o encargo probatório quanto à efetiva fiscalização inexecução (art. 77); e os motivos para eventual rescisão do
vista que o ordenamento jurídico expressamente lhe impõe essa Os artigos mencionados impõem à Administração contratante o
obrigação. Portanto, a conduta culposa 'in vigilando' autoriza atribuir poder-dever de fiscalizar o cumprimento oportuno e integral de
ao ente público o dever de garantir, de forma subsidiária, o todas as obrigações assumidas pelo contratado, dentre elas,
cumprimento dos encargos trabalhistas, conforme a orientação obviamente, as que decorrem da observância das normas
contida na Súmula nº 331 do Colendo TST, em seu novel item V, trabalhistas em relação aos trabalhadores que prestarem serviços
sem prejuízo da ação regressiva que couber contra o obrigado como terceirizados seus (empregados do contratado).
principal. Reza a mencionada jurisprudência: Na mesma linha, a exigir da Administração um padrão fiscalizatório,
"SUM. 331. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. são as disposições contidas na Instrução Normativa 02/2008 do
LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), com as
redação)- Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 modificações da IN 03/2009, de caráter vinculativo a todos os
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, Nos artigos 31 e seguintes, a IN 02/2008 versa sobre o
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das acompanhamento e a fiscalização dos contratos de terceirização,
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na determinando expressamente a exigência da comprovação do
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da cumprimento das obrigações trabalhistas mês a mês, 'verbis':
prestadora de serviço como empregadora. A aludida "Art. 34. A execução dos contratos deverá ser acompanhada e
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso:
contratada." (...)
Ressalte-se, outrossim, que a referida súmula tem como referência § 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e
o próprio artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, que, ao vedar a sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos
transferência da responsabilidade pelos encargos aos entes trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes
Pública em contratar apenas empresas idôneas para prestação de I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do
contratuais e legais da contratada como empregadora. Portanto, a a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá
1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou 2. guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS,
identidade (RG) e da inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas 3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas
(CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos individuais do FGTS de cada empregado dispensado; e
serviços, quando for o caso; 4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados."
2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos Necessário pontuar também que a observância de todos os
empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela execução preceitos da Lei 8666/93 e suas regulamentações devem ser
dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela formalmente registradas pela Administração, formando prova pré-
3. exames médicos admissionais dos empregados da contratada dever de trazer a referida prova, ante o princípio da aptidão para a
b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos Realmente, pelo princípio da aptidão para aprova, é do ente da
serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos Administração Pública Direta e Indireta o ônus da prova da
seguintes documentos, quando não for possível a verificação da fiscalização do contrato firmado com a prestadora de serviços
regularidade dos mesmos no Sistema de Cadastro de Fornecedores Ademais, há de se destacar que não foram adotadas medidas
1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social; serviços, a imposição das sanções administrativas cabíveis, o
2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da bloqueio dos valores previstos no contrato de prestação de serviços
3. certidões que comprovem a regularidade perante as Fazendas prestação de serviços, ou qualquer meio capaz de atestar a
4. Certidão de Regularidade do FGTS - CRF; e Assim sendo, o ente público tomador dos serviços nada colacionou
5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT; aos autos que demonstrasse o efetivo acompanhamento, a
c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos fiscalização e a adoção das medidas imprescindíveis à garantia do
1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a lhe permite o art. 58, III e IV, da Lei de Licitações, sendo imperioso
critério da Administração contratante; reconhecer a sua responsabilidade subsidiária pelo pagamento dos
2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da créditos decorrentes da presente ação.
prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou Destarte, recurso provido, no ponto, para declarar a
3. cópia dos contracheques dos empregados relativos a qualquer dos créditos decorrentes da presente ação.
mês da prestação dos serviços ou, ainda, quando necessário, cópia 2.2.2. DA CORREÇÃO MONETÁRIA
4. comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale- ADIs 5867 e 6021, em 18/12/2020, o Supremo Tribunal Federal
transporte, vale alimentação, entre outros), a que estiver obrigada decidiu que é inconstitucional a aplicação da TR para a correção
por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho, monetária de débitos trabalhistas e de depósitos recursais no
relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer âmbito da Justiça do Trabalho.
5. comprovantes de realização de eventuais cursos de treinamento questão, o STF determinou a aplicação do Índice Nacional de Preço
e reciclagem que forem exigidos por lei ou pelo contrato; ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), na fase pré-judicial, e da
d) entrega da documentação abaixo relacionada, quando da taxa Selic, a partir da citação do réu para apresentar defesa, os
extinção ou rescisão do contrato, após o último mês de prestação mesmos índices de correção monetária e de juros vigentes para as
dos serviços, no prazo definido no contrato: condenações cíveis em geral (art. 406 do Código Civil). Ressalte-se
1. termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados que os efeitos da decisão foram modulados.
prestadores de serviço, devidamente homologados, quando exigível Confira-se o teor da decisão do Supremo Tribunal Federal, "in
"Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a videoconferência em 18/12/20 - resolução 672/20 - STF) (g.n.)
ação, para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. Assim, estando o presente feito em fase de conhecimento, deve ser
879, § 7º, e ao art. 899, § 4º, da CLT, na redação dada pela Lei aplicado o índice IPCA-E na fase pré-judicial, e a taxa SELIC a
13.467 de 2017, no sentido de considerar que à atualização dos partir da citação, conforme decisão do STF.
a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil), nos termos Voto por não conhecer do recurso ordinário do IDESC, por deserto
do voto do Relator, vencidos os Ministros Edson Fachin, Rosa e conhecer do recurso ordinário do reclamante e lhe dar parcial
preliminarmente, julgava extinta a ação, sem apreciação da matéria a) declarar a responsabilidade subsidiária do Estado do Ceará pelo
de fundo, ante a ilegitimidade ativa da requerente, e, vencido, pagamento dos créditos decorrentes da presente ação;
acompanhava, no mérito, o voto divergente do Ministro Edson b) determinar a aplicação do índice IPCA-E na fase pré-judicial, e da
Fachin. Por fim, por maioria, o Tribunal modulou os efeitos da taxa SELIC a partir da citação, conforme fundamentação.
sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA 3ª TURMA DO
de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por
sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial unanimidade,não conhecer do recurso ordinário do IDESC, por
fundado em interpretação contrária ao posicionamento do STF deserto e conhecer do recurso ordinário do reclamante e lhe dar
(art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC) e (iii) parcial provimento para:
igualmente, ao acórdão formalizado pelo Supremo sobre a a) declarar a responsabilidade subsidiária do Estado do Ceará pelo
questão dever-se-á aplicar eficácia erga omnes e efeito pagamento dos créditos decorrentes da presente ação;
vinculante, no sentido de atingir aqueles feitos já transitados b) determinar a aplicação do índice IPCA-E na fase pré-judicial, e da
em julgado desde que sem qualquer manifestação expressa taxa SELIC a partir da citação, conforme fundamentação.
quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença
(omissão expressa ou simples consideração de seguir os Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda
critérios legais), vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do
Marco Aurélio, que não modulavam os efeitos da decisão. Impedido Ministério Público do Trabalho.
o Ministro Luiz Fux (Presidente). Presidiu o julgamento a Ministra Fortaleza, 12 de agosto de 2021
Relator
Diretor de Secretaria Trata-se de recurso ordinário interposto pelo Banco Bradesco contra
CF/88.
concreto, seja pela aplicação da Súmula 294 (ato de alteração podendo ficar candidatos para chamada posterior."
contratual), seja pela Súmula 275 (caso de reenquadramento), ou Dessarte, a viabilidade da concessão das promoções por
pela Súmula 382 (mudança de regime jurídico), todas do C. TST. merecimento, em razão da sua natureza subjetiva e seletiva,
Nada obstante, a questão alusiva à prescrição incidente no caso submete-se à discricionariedade do empregador e à aprovação do
concreto, se total ou parcial, já restou dirimida por este Regional, trabalhador no concurso interno, se ofertado, não se
prescrição total e determinou o retorno dos autos à Vara de origem Sem falar que os cargos possuem atribuições distintas, razão pela
para a análise do mérito, não podendo ser reapreciada no mesmo qual não se poderia proceder a promoção pretérita da bancária sem
processo por esta Corte, operando-se a preclusão 'pro judicato'. que ela efetivamente tenha desempenhado as funções do cargo
De efeito, havendo o processo retornado ao segundo grau de almejado ao longo desse período.
jurisdição em virtude de novo recurso ordinário, o Tribunal Regional Destaque-se, outrossim, que, se a empresa não realizou os
não poderá rever as questões já dirimidas, em decorrência da concursos, seleções, ou avaliações de desempenho dos seus
preclusão "pro judicato", à exegese do disposto nos arts.836, da empregados, não é possível se considerar implementadas as
CLT, e 505, caput, do CPC subsidiário. condições necessárias às promoções por merecimento, no caso,
''Art. 836 da CLT. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho progressão vertical, nem se cogitar de aplicação do entendimento
conhecer de questões já decididas, excetuados os casos previsto no art. 129 do CC, subsidiário.
expressamente previstos neste Título e a ação rescisória [...]. Nesse contexto, entende-se que o Judiciário não pode se substituir
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas ao empregador, que deixou de efetuar a avaliação funcional do
relativas à mesma lide, salvo: I - se, tratando-se de relação jurídica empregado, e, subjetivamente, conceder-lhe a ascensão no seu
direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi No mesmo sentido, o entendimento pacificado na 1ª Seção de
estatuído na sentença; II - nos demais casos prescritos em lei." Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, conforme
Não se conhece, pois. acórdãos abaixo transcritos, de que a promoção por merecimento
3.1. DAS PROMOÇÕES POR ANTIGUIDADE E MERECIMENTO. deve estar restrita aos critérios estabelecidos no PCS, o que torna a
implantado no Acordo Coletivo de Trabalho firmado pelo BEC e pelo "PROMOÇÃO POR MERECIMENTO. DELIBERAÇÃO DA
Sindicato da categoria profissional, compreende dois tipos de DIRETORIA. REQUISITO NECESSÁRIO. Adoção do entendimento
progressão na carreira: a progressão horizontal, em que o perfilhado por esta Subseção, em sua composição plena, na sessão
empregado ascende em níveis (A, B, C, D, E, etc.) dentro do realizada no último dia 8/11/2012, no julgamento do processo E-RR-
mesmo cargo (AUX. SERV. GERAIS, ESCRITURÁRIO, etc.), e a 51.16.2011.56.24.0007, no sentido de que em se tratando de
progressão vertical, em que o empregado migra de um cargo para progressão pelo critério merecimento deve ocorrer o preenchimento
outro (ESCRITURÁRIO para TÉCNICO BANCÁRIO). dos requisitos exigidos no PCCS, inclusive a deliberação da
Quanto à progressão vertical, em ascensão de um cargo para outro diretoria da empresa e a existência de lucro, não bastando a
superior e com atribuições diversas, verifica-se que o PCS de 1995 existência de avaliação funcional satisfatória do reclamante para o
do extinto BEC prevê a necessária submissão do empregado a deferimento do benefício. Diante disso, essa Subseção I
processo seletivo (concurso interno ou externo), "in verbis": Especializada em Dissídios Individuais vem decidindo
O acesso aos cargos sempre se dará via processo seletivo, Jurisprudência Transitória 71 da SBDI-1 do TST em relação à
cujas regras dependerão das especificidades de cada cargo, progressão horizontal por merecimento, por entender que o
através de concursos internos ou externos amplamente requisito da deliberação da diretoria se faz necessário. Precedentes.
O número de vagas ofertadas no processo seletivo deverá ser o Julgamento: 18/11/2015, Relatora Ministra: Delaíde Miranda
necessário para suprir as necessidades imediatas do BEC, não Arantes, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 27/11/2015)
"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA CEF EM FACE DE porquanto já ocupava o último nível do referido cargo, ou seja, o
13.015/2014. DIFERENÇAS SALARIAIS. PROMOÇÕES POR Destarte, reforma-se a sentença, que reconheceu o direito da
está vinculado ao atendimento de critério de natureza subjetiva, ESPECIALIZADO NÍVEL N, bem às diferenças salariais decorrentes
qual seja, a submissão do trabalhador à avaliação de desempenho das mudanças de níveis e reflexos.
a ser realizada pelo empregador, fato este que impossibilita a Cumpre esclarecer que não há condenação da reclamante ao
concessão do benefício de forma automática. Com ressalva de pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, porquanto a
entendimento pessoal, por disciplina judiciária, adoto o reclamação foi ajuizada antes da data em que entrou em vigor a Lei
entendimento pacífico da SBDI-1 desta Corte, no sentido de que, nº 13.467/2017, a qual incluiu o art. 791-A na CLT.
Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data de VOTO por conhecer do recurso ordinário e, no mérito, dar-lhe
"PROMOÇÕES POR MERECIMENTO. AUSÊNCIA DE pleito autoral. Custas invertidas e dispensadas em razão do
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO. Esta Corte firmou o entendimento deferimento dos benefícios da justiça gratuita à reclamante.
DEJT 20/11/2015)
Conforme leciona Fredie Didier Jr., entende-se por "overruling" a unanimidade,conhecer do recurso ordinário e, no mérito, dar-lhe
técnica através da qual um precedente perde a sua força vinculante provimento para, reformando a sentença, julgar improcedente o
e é substituído por outro precedente. Esse o caso da Súmula nº 08 pleito autoral. Custas invertidas e dispensadas em razão do
deste Tribunal em relação ao entendimento consagrado pela SDBI- deferimento dos benefícios da justiça gratuita à reclamante.
1 do TST, que tem por escopo exatamente uniformizar a Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença
jurisprudência nacional. Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda
Nesse contexto, não cabe a ascensão da reclamante do cargo de Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do
cargo).
Registra-se, por oportuno, que nem às progressões horizontais JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
Diretor de Secretaria Trata-se de recurso ordinário interposto pelo Banco Bradesco contra
CF/88.
concreto, se total ou parcial, já restou dirimida por este Regional, trabalhador no concurso interno, se ofertado, não se
prescrição total e determinou o retorno dos autos à Vara de origem Sem falar que os cargos possuem atribuições distintas, razão pela
para a análise do mérito, não podendo ser reapreciada no mesmo qual não se poderia proceder a promoção pretérita da bancária sem
processo por esta Corte, operando-se a preclusão 'pro judicato'. que ela efetivamente tenha desempenhado as funções do cargo
De efeito, havendo o processo retornado ao segundo grau de almejado ao longo desse período.
jurisdição em virtude de novo recurso ordinário, o Tribunal Regional Destaque-se, outrossim, que, se a empresa não realizou os
não poderá rever as questões já dirimidas, em decorrência da concursos, seleções, ou avaliações de desempenho dos seus
preclusão "pro judicato", à exegese do disposto nos arts.836, da empregados, não é possível se considerar implementadas as
CLT, e 505, caput, do CPC subsidiário. condições necessárias às promoções por merecimento, no caso,
''Art. 836 da CLT. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho progressão vertical, nem se cogitar de aplicação do entendimento
conhecer de questões já decididas, excetuados os casos previsto no art. 129 do CC, subsidiário.
expressamente previstos neste Título e a ação rescisória [...]. Nesse contexto, entende-se que o Judiciário não pode se substituir
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas ao empregador, que deixou de efetuar a avaliação funcional do
relativas à mesma lide, salvo: I - se, tratando-se de relação jurídica empregado, e, subjetivamente, conceder-lhe a ascensão no seu
direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi No mesmo sentido, o entendimento pacificado na 1ª Seção de
estatuído na sentença; II - nos demais casos prescritos em lei." Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, conforme
Não se conhece, pois. acórdãos abaixo transcritos, de que a promoção por merecimento
3.1. DAS PROMOÇÕES POR ANTIGUIDADE E MERECIMENTO. deve estar restrita aos critérios estabelecidos no PCS, o que torna a
implantado no Acordo Coletivo de Trabalho firmado pelo BEC e pelo "PROMOÇÃO POR MERECIMENTO. DELIBERAÇÃO DA
Sindicato da categoria profissional, compreende dois tipos de DIRETORIA. REQUISITO NECESSÁRIO. Adoção do entendimento
progressão na carreira: a progressão horizontal, em que o perfilhado por esta Subseção, em sua composição plena, na sessão
empregado ascende em níveis (A, B, C, D, E, etc.) dentro do realizada no último dia 8/11/2012, no julgamento do processo E-RR-
mesmo cargo (AUX. SERV. GERAIS, ESCRITURÁRIO, etc.), e a 51.16.2011.56.24.0007, no sentido de que em se tratando de
progressão vertical, em que o empregado migra de um cargo para progressão pelo critério merecimento deve ocorrer o preenchimento
outro (ESCRITURÁRIO para TÉCNICO BANCÁRIO). dos requisitos exigidos no PCCS, inclusive a deliberação da
Quanto à progressão vertical, em ascensão de um cargo para outro diretoria da empresa e a existência de lucro, não bastando a
superior e com atribuições diversas, verifica-se que o PCS de 1995 existência de avaliação funcional satisfatória do reclamante para o
do extinto BEC prevê a necessária submissão do empregado a deferimento do benefício. Diante disso, essa Subseção I
processo seletivo (concurso interno ou externo), "in verbis": Especializada em Dissídios Individuais vem decidindo
O acesso aos cargos sempre se dará via processo seletivo, Jurisprudência Transitória 71 da SBDI-1 do TST em relação à
cujas regras dependerão das especificidades de cada cargo, progressão horizontal por merecimento, por entender que o
através de concursos internos ou externos amplamente requisito da deliberação da diretoria se faz necessário. Precedentes.
O número de vagas ofertadas no processo seletivo deverá ser o Julgamento: 18/11/2015, Relatora Ministra: Delaíde Miranda
necessário para suprir as necessidades imediatas do BEC, não Arantes, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 27/11/2015)
podendo ficar candidatos para chamada posterior." "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA CEF EM FACE DE
Dessarte, a viabilidade da concessão das promoções por DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
merecimento, em razão da sua natureza subjetiva e seletiva, 13.015/2014. DIFERENÇAS SALARIAIS. PROMOÇÕES POR
está vinculado ao atendimento de critério de natureza subjetiva, ESPECIALIZADO NÍVEL N, bem às diferenças salariais decorrentes
qual seja, a submissão do trabalhador à avaliação de desempenho das mudanças de níveis e reflexos.
a ser realizada pelo empregador, fato este que impossibilita a Cumpre esclarecer que não há condenação da reclamante ao
concessão do benefício de forma automática. Com ressalva de pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, porquanto a
entendimento pessoal, por disciplina judiciária, adoto o reclamação foi ajuizada antes da data em que entrou em vigor a Lei
entendimento pacífico da SBDI-1 desta Corte, no sentido de que, nº 13.467/2017, a qual incluiu o art. 791-A na CLT.
Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data de VOTO por conhecer do recurso ordinário e, no mérito, dar-lhe
"PROMOÇÕES POR MERECIMENTO. AUSÊNCIA DE pleito autoral. Custas invertidas e dispensadas em razão do
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO. Esta Corte firmou o entendimento deferimento dos benefícios da justiça gratuita à reclamante.
DEJT 20/11/2015)
Conforme leciona Fredie Didier Jr., entende-se por "overruling" a unanimidade,conhecer do recurso ordinário e, no mérito, dar-lhe
técnica através da qual um precedente perde a sua força vinculante provimento para, reformando a sentença, julgar improcedente o
e é substituído por outro precedente. Esse o caso da Súmula nº 08 pleito autoral. Custas invertidas e dispensadas em razão do
deste Tribunal em relação ao entendimento consagrado pela SDBI- deferimento dos benefícios da justiça gratuita à reclamante.
1 do TST, que tem por escopo exatamente uniformizar a Participaram do julgamento os Desembargadores Clóvis Valença
jurisprudência nacional. Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da Silva e Fernanda
Nesse contexto, não cabe a ascensão da reclamante do cargo de Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda representante do
cargo).
Registra-se, por oportuno, que nem às progressões horizontais JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
porquanto já ocupava o último nível do referido cargo, ou seja, o FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
NÍVEL N.
Destarte, reforma-se a sentença, que reconheceu o direito da ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
Processo Nº ROT-0001794-28.2017.5.07.0006
Relator JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA 1. ADMISSIBILIDADE
RECORRENTE ANA CLICIA HOLANDA CRISPIM Os presentes embargos de declaração foram apresentados no
ALENCAR
ADVOGADO ANA VIRGINIA PORTO DE prazo legal e subscritos por advogado habilitado.
FREITAS(OAB: 9708/CE)
Merece, pois, conhecimento.
ADVOGADO JOAO VIANEY NOGUEIRA
MARTINS(OAB: 15721/CE) 2. MÉRITO
ADVOGADO PATRICIO WILIAM ALMEIDA
VIEIRA(OAB: 7737/CE) Pretende a embargante sejam sanados supostos vícios do julgado,
ADVOGADO Carlos Antonio Chagas(OAB: 6560/CE) consistentes na ausência de "enfrentamento dos aspectos fático-
ADVOGADO ANATOLE NOGUEIRA SOUSA
GABRIELE(OAB: 22578/CE) probatórios".
ADVOGADO ROBERTA UCHOA DE SOUZA(OAB: Sem razão.
9349/CE)
RECORRIDO CAIXA ECONOMICA FEDERAL Os embargos de declaração se prestam a sanar eventuais vícios
da sentença:
eminentemente subjetiva e fundamenta-se na aferição do distintas, acarreta o pagamento bis in idem, e, portanto,
desempenho funcional, de modo que, mesmo omisso, a reclamada, enriquecimento ilícito. Recurso de revista conhecido e provido."
no tocante à avaliação, ainda assim, não poderá considerar (ARR 10571020115040009, Rel. Augusto César Leite de Carvalho,
de obter avaliação suficiente à concessão da progressão Por outro lado, impende ressaltar que não pode o Judiciário se
perseguida, não sendo dado ao Poder Judiciário substituir o substituir ao empregador, que deixou de efetuar a avaliação
empregador nessa análise, tendo os empregados mera expectativa funcional do empregado, e, subjetivamente, conceder-lhe a
de direito, e não direito adquirido às promoções. No caso dos autos, ascensão no seu quadro de carreira.
a própria autora admitiu que desde 2001 deixou de ser avaliada. Sobre o tema, assim tem decidido a SBDI-1 do c. Tribunal Superior
salários da empresa no ano de 2008, consoante documentação "RECURSO DE EMBARGOS. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DA
trazida pela pelo empregador às fls. 527 dos autos, quando, para LEI Nº 11.496/2007. CEF. PROMOÇÃO POR MERECIMENTO.
realizar a adesão, realizou transação com a CEF, dando quitação PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS. AVALIAÇÃO DE
de direitos relativos ao PCS anterior, inclusive as promoções ora DESEMPENHO. AUSÊNCIA. NÃO PROVIMENTO.
postuladas. Destarte, deve-se concluir que os fatos e fundamentos 1. A SBDI-1 desta Corte, examinando situação similar envolvendo a
acima relatados impedem a concessão das promoções requeridas Empresa de Correios e Telégrafos - ECT, em sessão do dia
e, por consequência, impossibilita o deferimento dos demais 8/11/2012, quando do julgamento do processo TST-E-RR- 51-
pedidos formulados na inicial. Prejudicada a preliminar de 16.2011.5.24.0007, reputou válida a exigência contida no Plano de
incompetência absoluta da Justiça do Trabalho quanto às Cargos e Salários da referida empresa pública, no que condiciona à
duplo grau de jurisdição, defiro ao reclamante os benefícios da desempenho o direito do empregado às promoções horizontais por
gratuidade processual, pois de pleno direito. 4. POSTO ISTO, merecimento. Concluiu, na ocasião, tratar-se de uma condição
JULGO IMPROCEDENTE a presente Reclamação Trabalhista, simplesmente potestativa e, portanto, lícita, porquanto dependente
com fulcro na fundamentação supra aduzida. (...)" não apenas da vontade da ECT, mas também da ocorrência de
Em processos como os que hora se analisa, é cediço que, no fator externo, referente à aferição de lucratividade do período
período de 1999 a 2011, foram concedidas tanto promoções por anterior à promoção.
merecimento decorrentes do PCS/89, quanto promoções por força 2. Tal entendimento também se aplica à ora embargada - Caixa
de acordos coletivos de trabalho. Econômica Federal (CEF) -, porquanto a sua norma interna, de
Assim, reputa-se improcedente a pretensão obreira, vez que as igual modo, exige a realização de avaliações de desempenho pela
promoções conferidas por acordos coletivos de trabalho possuem a empregadora para a concessão das promoções por merecimento.
mesma natureza e finalidade das promoções por merecimento 3. Diversamente do que se verifica em relação à promoção por
decorrentes das avaliações de desempenho (PCS/89), sob pena de antiguidade, que tem como critério de avaliação um elemento
Aliás, as promoções previstas em norma coletiva da reclamada, na horizontal por merecimento revela alto grau de subjetividade,
infinidade de processos ja analisados sobre o tema, mostram-se porquanto dependente da aferição de desempenho funcional dos
mais vantajosas para os empregados, porquanto são concedidas a empregados, cuja análise compete exclusivamente ao empregador.
todos independentemente do resultado da avaliação de Vale ressaltar, ainda, que o fato de o empregado obter nível
Nesse sentido, colhe-se aresto do c. Tribunal Superior do Trabalho: si só, o direito à progressão em exame, porquanto tal situação
"DIFERENÇAS SALARIAIS. PROMOÇÕES POR MERECIMENTO apenas lhe garante a participação no processo seletivo com os
PREVISTAS NO PCS/89. CONCESSÃO DE PROMOÇÕES POR demais empregados, cujo resultado, sim, ampara, efetivamente, o
NORMA COLETIVA. Ainda que o recebimento das promoções por direito às promoções por merecimento.
merecimento derive de negociação coletiva (CF , art. 7º , XXVI), 4. Registre-se, ainda, que eventual omissão da reclamada quanto à
inexiste modificação da sua natureza jurídica, não havendo, realização das avaliações de desempenho previstas em seu Plano
portanto, razão plausível para que aquelas sejam pagas novamente. de Cargos e Salários - hipótese dos autos - não tem o condão de
O deferimento da mesma rubrica, mesmo prevista em normas tornar implementada a condição para fins de concessão da
porque, como dito, ainda existe a necessidade de submissão do FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
5. Precedentes desta Subseção nesse sentido. ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
provimento. EMENTA
ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA TERCEIRA TURMA da carga horária em 200h/mês da professora da rede municipal que
DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por teve sua carga horária reduzida para 100h/mês, com respectiva
unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios, para lhes redução salarial, ainda que esta tenha sido a carga prevista no
negar provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores edital do concurso, tendo em conta o longo tempo em que foi
Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da mantida a carga horária mais benéfica, e ausência de fundamento
Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda razoável para tal alteração, a exemplo da prevista na OJ nº 244 da
representante do Ministério Público do Trabalho. SDI-1. Recurso Ordinário do Município conhecido e improvido.
RELATÓRIO
Trata-se de Recurso Ordinário interposto pelo município de Missão 30/11/2016 a sua jornada de trabalho foi unilateralmente reduzida
Velha contra decisão proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do para 100h (cem horas) mensais, entendendo o autor que essa
Trabalho da Região do Cariri (ID. 01eb87d) que julgou procedentes alteração contratual viola o disposto no art. 468 da CLT e o inciso IV
os pedidos formulados pela autora, para determinar "o retorno da do art. 7.º da Constituição Federal, que veda a redução salarial,
autora à jornada de 200 horas mensais e efetuar o pagamento das razão pela qual requer deste Juízo a declaração da sua nulidade.
diferenças salariais, a partir de 01/12/2016 até 30/11/2020, bem O Município reclamado, por seu turno, apesar de devidamente
como as que se vencerem no curso do processo até que sejam notificado, não apresentou contestação.
definitivamente incorporadas as diferenças, com os reflexos sobre Não se olvida que a competência para organizar o serviço público é
os depósitos do FGTS (este a ser depositado na conta vinculada), do Ente que presta referido serviço, encontrando tal organização
observada a evolução salarial descrita na peça de ingresso e nos limite nos preceitos constitucionais. Decorre disso que não só
contracheques acostados aos autos, conforme postulado." compete como deve o Município réu organizar a forma como o
Em suas razões recursais (ID. 600ae20), o Município de Missão trabalho deva se desenvolver, de modo a se alcançar excelência na
Velha, defende a possibilidade do retorno da servidora pública à prestação do serviço público, detendo a Administração Pública o
jornada inicialmente contratada, sem que se possa falar em poder de modificar a relação inicialmente estabelecida com os
Contrarrazões da recorrida sob ID cf84010. sua remuneração, gera violação ao inciso XV, do art. 37, da CF/88,
O Ministério Público do Trabalho, em parecer da Procuradora por implicar em redução salarial, na medida em que o valor
GEÓRGIA MARIA DA SILVEIRA ARAGÃO (ID. 97c5455), pronuncia correspondente ao salário-hora sofreu inegável decréscimo, sendo
-se pelo improvimento do apelo e confirmação da sentença. certo que o texto constitucional veda não só a redução nominal de
irredutibilidade.
Em seu arrazoado, o Município de Missão Velha defende a REDE PÚBLICA. AUMENTO DA JORNADA DE TRABALHO SEM
contratada, sem que se possa falar em alteração unilateral lesiva, DESRESPEITO AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA . 1. O
com base no decreto municipal nº 001/2017 e na OJ nº308/TST-SDI assunto IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS corresponde ao
-I. Aduz ainda que a ampliação da carga horária viola o princípio da Tema nº 514 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal
legalidade, previsto no art. 37, X, da CF/88. do Supremo Tribunal Federal na internet e está assim descrito:
Acerca da matéria, consignou a decisão de origem, "in verbis": "aumento da carga horária de servidores públicos, por meio de
"A reclamante aduz na peça vestibular que foi admitida pelo norma estadual, sem a devida contraprestação remuneratória". 2.
reclamado em 25/04/1994, após aprovação em concurso público, Conforme a reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
para exercer o cargo de Professor nível II e exercer uma jornada de não tem o servidor público direito adquirido a regime jurídico
trabalho de 100h (cem horas) mensais. Informa que, a partir de remuneratório, exceto se da alteração legal decorrer redução de
fevereiro de 2013, mediante consenso com o requerido, a sua carga seus rendimentos, que é a hipótese dos autos. 3. A violação da
horária de trabalho foi aumentada para 40h (quarenta horas) garantia da irredutibilidade de vencimentos pressupõe a
semanais, correspondendo a 200h (duzentas horas) mensais com o redução direta dos estipêndios funcionais pela diminuição pura
e simples do valor nominal do total da remuneração ou pelo posteriormente (após a admissão) desde que feita mediante a
decréscimo do valor do salário-hora, seja pela redução da retribuição equivalente e por mútuo consentimento das partes,
jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova mostra-se válida, incorporando-se ao contrato de trabalho para
carga horária, seja pelo aumento da jornada de trabalho sem a todos os efeitos legais (princípio da aderência das cláusulas
divergência, nos autos, quanto ao fato de que os odontologistas da A autora teve acréscimo na jornada e por isso recebeu a
rede pública vinham exercendo jornada de trabalho de 20 horas contraprestação equivalente e mesmo que cumprindo jornada
semanais, em respeito às regras que incidiam quando das suas superior à prevista no Edital, a condição lhe foi mais favorável, tanto
respectivas investiduras, tendo sido compelidos, pelo Decreto que postula a reversão da alteração promovida em fevereiro de
semanais sem acréscimo remuneratório e, ainda, sob pena de virem Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
a sofrer as sanções previstas na Lei estadual nº 6.174/70. 5. No respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim
caso, houve inegável redução de vencimentos, tendo em vista desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
a ausência de previsão de pagamento pelo aumento da carga empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
horária de trabalho, o que se mostra inadmissível, em razão do garantia. Aplicação do artigo 468, da CLT.
disposto no art. 37, inciso XV, da Constituição Federal. 6. Sendo assim, depreende-se que em qualquer alteração contratual
Recurso extraordinário provido para se declarar a parcial tem que coexistir duas circunstâncias: o consentimento do
inconstitucionalidade do § 1º do art. 1º do Decreto estadual nº empregado e que não resulte prejuízo ao mesmo. Registre-se que o
4.345, de 14 de fevereiro de 2005, do Estado do Paraná, sem prejuízo a que alude a norma pode ser direto ou indireto. Mesmo em
redução do texto, e, diante da necessidade de que sejam uma situação de consentimento do empregado, se resultar prejuízo,
apreciados os demais pleitos formulados na exordial, para se tal alteração é ilegal. E isso se justifica porque o empregado na
determinar que nova sentença seja prolatada após a produção de qualidade de hipossuficiente sofre pressões de toda ordem. O jus
provas que foi requerida pelas partes. 7. Reafirmada a variandi do empregador é de ordem limitada, ainda que seja a
ampliação de jornada de trabalho sem alteração da remuneração do Dessa forma, atraindo para as referidas relações jurídicas os
servidor consiste em violação da regra constitucional da preceitos trabalhistas envolvidos, notadamente o art. 468 da CLT,
irredutibilidade de vencimentos; ii) no caso concreto, o § 1º do art. ainda que se pondere a vinculação do contrato ao edital do certame,
1º do Decreto estadual nº 4.345, de 14 de fevereiro de 2005, do deve-se ter em conta que se cuida de situação jurídica que
Estado do Paraná não se aplica aos servidores elencados em seu perdurou por certo período de tempo (entre fevereiro/2013 a
caput que, antes de sua edição, estavam legitimamente submetidos novembro/2016). Com efeito, desde fevereiro de 2013,
a carga horária semanal inferior a quarenta horas (STF - ARE posteriormente à sua admissão até novembro de 2016 a autora
660010 - Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI - Tribunal Pleno - laborou em jornada superior, ou seja, por mais de 03 (três) anos, de
Ademais, o contrato de trabalho celebrado com os Entes Públicos, trabalho é medida mais benéfica à autora.
mesmo quando regidos pela CLT, devem obedecer às normas Não se cogita da aplicação da OJ nº 244 do TST, a qual aduz que a
constantes no edital que regulou o respectivo concurso público. redução da carga horária do professor, em virtude da diminuição do
É incontroverso nos autos que houve majoração na carga horária do número de alunos, não constitui alteração contratual, uma vez que
reclamante de 100h (cem horas) para 200h (duzentas horas) não implica redução do valor da hora-aula, visto que não houve a
mensais a partir de 01/02/2013. Também não existe dissenso redução do percentual de alunos, mas apenas alteração unilateral
quanto ao fato de que o reclamante foi contratada, após a sua da jornada de trabalho que estava submetido o reclamante.
aprovação em concurso público, para trabalhar no regime de 100h A ponderação existente, no caso concreto, entre o princípio da
(cem horas) mensais, uma vez que tais fatos foram afirmados pelo vinculação ao edital e o princípio da aderência das cláusulas
As normas que regem o contrato de trabalho celebrado com os que ocorreu a alteração, pende para a dignidade da empregada
Entes Públicos, mesmo quando regidos pela CLT, são as vigentes à pública e a manutenção da carga horária em 200 horas mensais, o
época da contratação. No entanto, qualquer alteração promovida que não seria o caso se a alteração de carga horária ocorresse de
forma eventual e fundamentada, fatos não observados nos CONTRATADOS DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL A CONCURSO
Portanto, faz jus à autora ao retorno da jornada de 200 horas CONTRATUAL LESIVA. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO
mensais e pagamento das diferenças salariais, a partir de a EDITAL. PONDERAÇÃO CONSTITUCIONAL. DIMINUIÇÃO DE
partir de 01/12/2016 até 30/11/2020, bem como as que se CARGA HORÁRIA DE PROFESSORES CELETISTAS DA REDE
vencerem no curso do processo até que sejam definitivamente MUNICIPAL SEM DEMONSTRAÇÃO DA DIMINUIÇÃO DE
incorporadas as diferenças, com os reflexos sobre os ALUNOS. A ponderação entre o princípio da vinculação ao edital e
depósitos do FGTS (este a ser depositado na conta vinculada), o princípio da aderência das cláusulas benéficas trabalhistas ao
conforme postulado, observando-se a evolução salarial contrato, em razão do longo tempo em que permearam os contratos
descrita na peça de ingresso e nos contracheques acostados de trabalho, pendem, extreme de dúvidas, para a dignidade dos
Deve ser mantida a sentença, no tópico. dos professores da rede municipal que tiveram suas cargas horárias
No caso vertente, a reclamante foi admitida aos quadros do reduzidas para 100h/mês, com respectiva redução salarial, ainda
Município de Missão Velha em 1994 para o exercício da função de que esta tenha sido a carga prevista no edital do concurso, tendo
professora, mediante concurso público, havendo laborado, de em conta o longo tempo em que foi mantida a carga horária mais
maneira incontroversa, em jornada de 200 horas-aulas mensal por benéfica, e ausência de fundamento razoável para tal alteração, a
período superior a três anos, constituindo alteração contratual exemplo da prevista na OJ nº 244 da SDI-1. Recurso Ordinário
Neste quadro, e atraindo para as referidas relações jurídicas os 05.2015.5.07.0027. Redator(a): Silva, Jose Antonio Parente da.
preceitos trabalhistas envolvidos, notadamente o art. 468 da CLT, Órgão Julgador:3ª Turma. Incluído/Julgado em: 19 mai. 2016.
ainda que se pondere a vinculação dos contratos ao edital do Publicado em: 30 mai. 2016.)
certame, deve-se ter em conta que se cuida de situações jurídicas "RECURSO ORDINÁRIO. (...) 2 - PROFESSOR. REDUÇÃO DA
que perduraram por longo tempo, de sorte que a aderência da CARGA HORÁRIA DE TRABALHO. A redução da carga horária de
jornada de 200h mensais ao contrato de trabalho é medida trabalho, por ato unilateral do município empregador, por desaguar
imperiosa, mormente por não ser o caso de aplicação do na consequente diminuição do salário, é vedada pelo Direito do
entendimento sedimentado na OJ nº 244, in verbis: Trabalho, seja em função do princípio geral da inalterabilidade
''PROFESSOR. REDUÇÃO DA CARGA HORÁRIA. contratual lesiva, assegurado no art. 468 da CLT, seja em
A redução da carga horária do professor, em virtude da diminuição insculpido no art. 7º, VI, da CF/88. Recurso conhecido e
do número de alunos, não constitui alteração contratual, uma vez improvido.Acórdão. (Processo:0001334-45.2017.5.07.0037.
que não implica redução do valor da hora-aula.'' Redator(a): Pires, Claudio Soares. Órgão Julgador:2ª Turma.
Frise-se que o Município não demonstrou situação administrativa- Incluído/Julgado em: 13 mai. 2019. Publicado em: 13 mai. 2019.)
econômica hábil a fundamentar o decréscimo das horas/aula. "RECURSO ORDINÁRIO. (...) MÉRITO. PROFESSOR. CARGA
Por tais razões, não há de se falar em afronta ao art. 37, X, da HORÁRIA DE TRABALHO. REDUÇÃO. AUSÊNCIA DA
A ponderação, no caso concreto, entre o princípio da vinculação ao IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 468, DA CLT E ART. 7º,
edital e o princípio da aderência das cláusulas benéficas INCISO IV, DA CF/88. A redução da carga horária de professor, por
trabalhistas ao contrato, em razão do longo tempo em que ato unilateral do Município, sem a correspondente diminuição do
permearam os contratos de trabalho, pendem, indene de dúvidas, número de alunos, constitui alteração lesiva do contrato de trabalho,
para a dignidade dos empregados públicos e a manutenção da implicando violação do art. 468, da CLT e art. 7º, inciso IV, da
carga horária em 200h/mês. Hipótese contrária poderia ser CF/88. Sentença mantida. Recurso ordinário conhecido; preliminar
considerada caso a alteração de carga horária ocorresse de forma rejeitada; apelo desprovido."Acórdão. (Processo:0000259-
eventual e fundamentada, o que não se observa no caso vertente. 61.2018.5.07.0028. Redator(a): Maia, Durval César de Vasconcelos.
Sobre o assunto, precedentes desta Corte em casos análogos ao Órgão Julgador:1ª Turma. Incluído/Julgado em: 20 fev. 2019.
"RECURSO ORDINÁRIO. PROVA DA SUBMISSÃO DOS "RECURSO ORDINÁRIO. (...) CARGA HORÁRIA DE
PROFESSOR. REDUÇÃO. UNILATERAL. VIOLAÇÃO ARTIGO 468 JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
professor, imposta unilateralmente pelo Município, sem se fundar na FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
no artigo 468 da CLT e artigo 7º, IV, da CF/88. HONORÁRIOS ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
Intimado(s)/Citado(s):
- LUZIA CRUZ SAMPAIO
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
Voto por conhecer do recurso ordinário, e, no mérito, negar-lhe
JUSTIÇA DO
provimento
EMENTA
DISPOSITIVO
RECURSO ORDINÁRIO.ALTERAÇÃO CONTRATUAL LESIVA.
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 7ª REGIÃO, por da carga horária em 200h/mês da professora da rede municipal que
unanimidade,conhecer do recurso ordinário, e, no mérito, negar-lhe teve sua carga horária reduzida para 100h/mês, com respectiva
provimento. Participaram do julgamento os Desembargadores redução salarial, ainda que esta tenha sido a carga prevista no
Clóvis Valença Alves Filho (presidente), José Antonio Parente da edital do concurso, tendo em conta o longo tempo em que foi
Silva e Fernanda Maria Uchôa de Albuquerque. Presente ainda mantida a carga horária mais benéfica, e ausência de fundamento
representante do Ministério Público do Trabalho. razoável para tal alteração, a exemplo da prevista na OJ nº 244 da
RELATÓRIO
Trata-se de Recurso Ordinário interposto pelo município de Missão 30/11/2016 a sua jornada de trabalho foi unilateralmente reduzida
Velha contra decisão proferida pelo MM. Juízo da 1ª Vara do para 100h (cem horas) mensais, entendendo o autor que essa
Trabalho da Região do Cariri (ID. 01eb87d) que julgou procedentes alteração contratual viola o disposto no art. 468 da CLT e o inciso IV
os pedidos formulados pela autora, para determinar "o retorno da do art. 7.º da Constituição Federal, que veda a redução salarial,
autora à jornada de 200 horas mensais e efetuar o pagamento das razão pela qual requer deste Juízo a declaração da sua nulidade.
diferenças salariais, a partir de 01/12/2016 até 30/11/2020, bem O Município reclamado, por seu turno, apesar de devidamente
como as que se vencerem no curso do processo até que sejam notificado, não apresentou contestação.
definitivamente incorporadas as diferenças, com os reflexos sobre Não se olvida que a competência para organizar o serviço público é
os depósitos do FGTS (este a ser depositado na conta vinculada), do Ente que presta referido serviço, encontrando tal organização
observada a evolução salarial descrita na peça de ingresso e nos limite nos preceitos constitucionais. Decorre disso que não só
contracheques acostados aos autos, conforme postulado." compete como deve o Município réu organizar a forma como o
Em suas razões recursais (ID. 600ae20), o Município de Missão trabalho deva se desenvolver, de modo a se alcançar excelência na
Velha, defende a possibilidade do retorno da servidora pública à prestação do serviço público, detendo a Administração Pública o
jornada inicialmente contratada, sem que se possa falar em poder de modificar a relação inicialmente estabelecida com os
Contrarrazões da recorrida sob ID cf84010. sua remuneração, gera violação ao inciso XV, do art. 37, da CF/88,
O Ministério Público do Trabalho, em parecer da Procuradora por implicar em redução salarial, na medida em que o valor
GEÓRGIA MARIA DA SILVEIRA ARAGÃO (ID. 97c5455), pronuncia correspondente ao salário-hora sofreu inegável decréscimo, sendo
-se pelo improvimento do apelo e confirmação da sentença. certo que o texto constitucional veda não só a redução nominal de
irredutibilidade.
Em seu arrazoado, o Município de Missão Velha defende a REDE PÚBLICA. AUMENTO DA JORNADA DE TRABALHO SEM
contratada, sem que se possa falar em alteração unilateral lesiva, DESRESPEITO AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA . 1. O
com base no decreto municipal nº 001/2017 e na OJ nº308/TST-SDI assunto IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS corresponde ao
-I. Aduz ainda que a ampliação da carga horária viola o princípio da Tema nº 514 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal
legalidade, previsto no art. 37, X, da CF/88. do Supremo Tribunal Federal na internet e está assim descrito:
Acerca da matéria, consignou a decisão de origem, "in verbis": "aumento da carga horária de servidores públicos, por meio de
"A reclamante aduz na peça vestibular que foi admitida pelo norma estadual, sem a devida contraprestação remuneratória". 2.
reclamado em 25/04/1994, após aprovação em concurso público, Conforme a reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
para exercer o cargo de Professor nível II e exercer uma jornada de não tem o servidor público direito adquirido a regime jurídico
trabalho de 100h (cem horas) mensais. Informa que, a partir de remuneratório, exceto se da alteração legal decorrer redução de
fevereiro de 2013, mediante consenso com o requerido, a sua carga seus rendimentos, que é a hipótese dos autos. 3. A violação da
horária de trabalho foi aumentada para 40h (quarenta horas) garantia da irredutibilidade de vencimentos pressupõe a
redução direta dos estipêndios funcionais pela diminuição pura época da contratação. No entanto, qualquer alteração promovida
e simples do valor nominal do total da remuneração ou pelo posteriormente (após a admissão) desde que feita mediante a
decréscimo do valor do salário-hora, seja pela redução da retribuição equivalente e por mútuo consentimento das partes,
jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova mostra-se válida, incorporando-se ao contrato de trabalho para
carga horária, seja pelo aumento da jornada de trabalho sem a todos os efeitos legais (princípio da aderência das cláusulas
divergência, nos autos, quanto ao fato de que os odontologistas da A autora teve acréscimo na jornada e por isso recebeu a
rede pública vinham exercendo jornada de trabalho de 20 horas contraprestação equivalente e mesmo que cumprindo jornada
semanais, em respeito às regras que incidiam quando das suas superior à prevista no Edital, a condição lhe foi mais favorável, tanto
respectivas investiduras, tendo sido compelidos, pelo Decreto que postula a reversão da alteração promovida em fevereiro de
semanais sem acréscimo remuneratório e, ainda, sob pena de virem Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
a sofrer as sanções previstas na Lei estadual nº 6.174/70. 5. No respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim
caso, houve inegável redução de vencimentos, tendo em vista desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
a ausência de previsão de pagamento pelo aumento da carga empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
horária de trabalho, o que se mostra inadmissível, em razão do garantia. Aplicação do artigo 468, da CLT.
disposto no art. 37, inciso XV, da Constituição Federal. 6. Sendo assim, depreende-se que em qualquer alteração contratual
Recurso extraordinário provido para se declarar a parcial tem que coexistir duas circunstâncias: o consentimento do
inconstitucionalidade do § 1º do art. 1º do Decreto estadual nº empregado e que não resulte prejuízo ao mesmo. Registre-se que o
4.345, de 14 de fevereiro de 2005, do Estado do Paraná, sem prejuízo a que alude a norma pode ser direto ou indireto. Mesmo em
redução do texto, e, diante da necessidade de que sejam uma situação de consentimento do empregado, se resultar prejuízo,
apreciados os demais pleitos formulados na exordial, para se tal alteração é ilegal. E isso se justifica porque o empregado na
determinar que nova sentença seja prolatada após a produção de qualidade de hipossuficiente sofre pressões de toda ordem. O jus
provas que foi requerida pelas partes. 7. Reafirmada a variandi do empregador é de ordem limitada, ainda que seja a
ampliação de jornada de trabalho sem alteração da remuneração do Dessa forma, atraindo para as referidas relações jurídicas os
servidor consiste em violação da regra constitucional da preceitos trabalhistas envolvidos, notadamente o art. 468 da CLT,
irredutibilidade de vencimentos; ii) no caso concreto, o § 1º do art. ainda que se pondere a vinculação do contrato ao edital do certame,
1º do Decreto estadual nº 4.345, de 14 de fevereiro de 2005, do deve-se ter em conta que se cuida de situação jurídica que
Estado do Paraná não se aplica aos servidores elencados em seu perdurou por certo período de tempo (entre fevereiro/2013 a
caput que, antes de sua edição, estavam legitimamente submetidos novembro/2016). Com efeito, desde fevereiro de 2013,
a carga horária semanal inferior a quarenta horas (STF - ARE posteriormente à sua admissão até novembro de 2016 a autora
660010 - Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI - Tribunal Pleno - laborou em jornada superior, ou seja, por mais de 03 (três) anos, de
Ademais, o contrato de trabalho celebrado com os Entes Públicos, trabalho é medida mais benéfica à autora.
mesmo quando regidos pela CLT, devem obedecer às normas Não se cogita da aplicação da OJ nº 244 do TST, a qual aduz que a
constantes no edital que regulou o respectivo concurso público. redução da carga horária do professor, em virtude da diminuição do
É incontroverso nos autos que houve majoração na carga horária do número de alunos, não constitui alteração contratual, uma vez que
reclamante de 100h (cem horas) para 200h (duzentas horas) não implica redução do valor da hora-aula, visto que não houve a
mensais a partir de 01/02/2013. Também não existe dissenso redução do percentual de alunos, mas apenas alteração unilateral
quanto ao fato de que o reclamante foi contratada, após a sua da jornada de trabalho que estava submetido o reclamante.
aprovação em concurso público, para trabalhar no regime de 100h A ponderação existente, no caso concreto, entre o princípio da
(cem horas) mensais, uma vez que tais fatos foram afirmados pelo vinculação ao edital e o princípio da aderência das cláusulas
As normas que regem o contrato de trabalho celebrado com os que ocorreu a alteração, pende para a dignidade da empregada
Entes Públicos, mesmo quando regidos pela CLT, são as vigentes à pública e a manutenção da carga horária em 200 horas mensais, o
que não seria o caso se a alteração de carga horária ocorresse de "RECURSO ORDINÁRIO. PROVA DA SUBMISSÃO DOS
forma eventual e fundamentada, fatos não observados nos CONTRATADOS DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL A CONCURSO
Portanto, faz jus à autora ao retorno da jornada de 200 horas CONTRATUAL LESIVA. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO
mensais e pagamento das diferenças salariais, a partir de a EDITAL. PONDERAÇÃO CONSTITUCIONAL. DIMINUIÇÃO DE
partir de 01/12/2016 até 30/11/2020, bem como as que se CARGA HORÁRIA DE PROFESSORES CELETISTAS DA REDE
vencerem no curso do processo até que sejam definitivamente MUNICIPAL SEM DEMONSTRAÇÃO DA DIMINUIÇÃO DE
incorporadas as diferenças, com os reflexos sobre os ALUNOS. A ponderação entre o princípio da vinculação ao edital e
depósitos do FGTS (este a ser depositado na conta vinculada), o princípio da aderência das cláusulas benéficas trabalhistas ao
conforme postulado, observando-se a evolução salarial contrato, em razão do longo tempo em que permearam os contratos
descrita na peça de ingresso e nos contracheques acostados de trabalho, pendem, extreme de dúvidas, para a dignidade dos
Deve ser mantida a sentença, no tópico. dos professores da rede municipal que tiveram suas cargas horárias
No caso vertente, a reclamante foi admitida aos quadros do reduzidas para 100h/mês, com respectiva redução salarial, ainda
Município de Missão Velha em 1994 para o exercício da função de que esta tenha sido a carga prevista no edital do concurso, tendo
professora, mediante concurso público, havendo laborado, de em conta o longo tempo em que foi mantida a carga horária mais
maneira incontroversa, em jornada de 200 horas-aulas mensal por benéfica, e ausência de fundamento razoável para tal alteração, a
período superior a três anos, constituindo alteração contratual exemplo da prevista na OJ nº 244 da SDI-1. Recurso Ordinário
Neste quadro, e atraindo para as referidas relações jurídicas os 05.2015.5.07.0027. Redator(a): Silva, Jose Antonio Parente da.
preceitos trabalhistas envolvidos, notadamente o art. 468 da CLT, Órgão Julgador:3ª Turma. Incluído/Julgado em: 19 mai. 2016.
ainda que se pondere a vinculação dos contratos ao edital do Publicado em: 30 mai. 2016.)
certame, deve-se ter em conta que se cuida de situações jurídicas "RECURSO ORDINÁRIO. (...) 2 - PROFESSOR. REDUÇÃO DA
que perduraram por longo tempo, de sorte que a aderência da CARGA HORÁRIA DE TRABALHO. A redução da carga horária de
jornada de 200h mensais ao contrato de trabalho é medida trabalho, por ato unilateral do município empregador, por desaguar
imperiosa, mormente por não ser o caso de aplicação do na consequente diminuição do salário, é vedada pelo Direito do
entendimento sedimentado na OJ nº 244, in verbis: Trabalho, seja em função do princípio geral da inalterabilidade
''PROFESSOR. REDUÇÃO DA CARGA HORÁRIA. contratual lesiva, assegurado no art. 468 da CLT, seja em
A redução da carga horária do professor, em virtude da diminuição insculpido no art. 7º, VI, da CF/88. Recurso conhecido e
do número de alunos, não constitui alteração contratual, uma vez improvido.Acórdão. (Processo:0001334-45.2017.5.07.0037.
que não implica redução do valor da hora-aula.'' Redator(a): Pires, Claudio Soares. Órgão Julgador:2ª Turma.
Frise-se que o Município não demonstrou situação administrativa- Incluído/Julgado em: 13 mai. 2019. Publicado em: 13 mai. 2019.)
econômica hábil a fundamentar o decréscimo das horas/aula. "RECURSO ORDINÁRIO. (...) MÉRITO. PROFESSOR. CARGA
Por tais razões, não há de se falar em afronta ao art. 37, X, da HORÁRIA DE TRABALHO. REDUÇÃO. AUSÊNCIA DA
A ponderação, no caso concreto, entre o princípio da vinculação ao IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 468, DA CLT E ART. 7º,
edital e o princípio da aderência das cláusulas benéficas INCISO IV, DA CF/88. A redução da carga horária de professor, por
trabalhistas ao contrato, em razão do longo tempo em que ato unilateral do Município, sem a correspondente diminuição do
permearam os contratos de trabalho, pendem, indene de dúvidas, número de alunos, constitui alteração lesiva do contrato de trabalho,
para a dignidade dos empregados públicos e a manutenção da implicando violação do art. 468, da CLT e art. 7º, inciso IV, da
carga horária em 200h/mês. Hipótese contrária poderia ser CF/88. Sentença mantida. Recurso ordinário conhecido; preliminar
considerada caso a alteração de carga horária ocorresse de forma rejeitada; apelo desprovido."Acórdão. (Processo:0000259-
eventual e fundamentada, o que não se observa no caso vertente. 61.2018.5.07.0028. Redator(a): Maia, Durval César de Vasconcelos.
Sobre o assunto, precedentes desta Corte em casos análogos ao Órgão Julgador:1ª Turma. Incluído/Julgado em: 20 fev. 2019.
PROFESSOR. REDUÇÃO. UNILATERAL. VIOLAÇÃO ARTIGO 468 JOSE ANTONIO PARENTE DA SILVA
professor, imposta unilateralmente pelo Município, sem se fundar na FORTALEZA/CE, 03 de setembro de 2021.
no artigo 468 da CLT e artigo 7º, IV, da CF/88. HONORÁRIOS ANA KARINA NOBRE DE MIRANDA LEITAO
CONCLUSÃO DO VOTO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO
provimento
Ementa dispensada, nos termos do art. 852-I da CLT.
DISPOSITIVO
merece conhecimento.
2. MÉRITO
2.1. HORAS EXTRAS - INTERVALO DE RECUPERAÇÃO RECURSO DE REVISTA REGIDO PELAS LEIS 13.015/2014 E
Requer a reclamante a condenação da parte reclamada em horas HORAS EXTRAS. EXPOSIÇÃO A CALOR EXCESSIVO.
em decorrência da não concessão do intervalo para recuperação INOBSERVÂNCIA DO INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO
térmica previsto a Portaria nº 3.214/78, em seu Anexo 3 da NR n° TÉRMICA PREVISTO NO ANEXO 3 DA NR 15 DA PORTARIA
15, alegando ainda que respectiva verba não se confunde com o 3.214/78. No caso, tendo sido constatada a exposição do
Assiste razão à reclamante Portaria 3.214/78, a inobservância dos intervalos para recuperação
O intervalo para recuperação térmica possui respaldo no quadro I térmica, previstos na referida norma regulamentadora, enseja o
do anexo III da Norma Reguladora 15 do antigo Ministério do pagamento de horas extras correspondentes, sendo certo que a
Trabalho e possui como finalidade regulamentar o tempo de cumulação com o pagamento do adicional de insalubridade não
exposição do empregado em calor excessivo, de maneira a garantir configura bis in idem, por possuírem naturezas distintas.
um ambiente de trabalho minimamente saudável. Representa, Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido" (TST - RR:
então, verdadeira norma em defesa à segurança e à saúde da 121696820165150146, Relator: Delaíde Miranda Arantes, Data de
percepção ao adicional de insalubridade não afasta o direito ao RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO
recebimento de horas extras, uma vez que possuem naturezas SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014. INTERVALO PARA
diferentes. O adicional de insalubridade se dá pelo fato do RECUPERAÇÃO TÉRMICA. NÃO CONCESSÃO. EXPOSIÇÃO AO
empregado estar exposto a agente insalubre, no caso o calor CALOR. QUADRO 1 DO ANEXO III DA NR-15 DA PORTARIA
excessivo. Por sua vez, as horas extras se dão pelo fato do 3.215/78 DO MTE. PAGAMENTO COMO HORAS EXTRAS.
intervalo de recuperação térmica ter sido suprimido, salientando Consoante a jurisprudência pacífica desta Corte Superior, a não
ainda que o referido é considerado tempo à disposição ao observância dos intervalos para recuperação térmica, previstos no
empregador por entendimento análogo ao da norma prevista no quadro 1 do Anexo III da NR-15 da Portaria 3.215/78 do MTE,
arts. 71, § 4º, e 253 da CLT e também por previsão no anexo II da resulta no pagamento de horas extras correspondentes ao referido
2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço previstos nos arts. 71, § 4º, e 253 da CLT. Precedentes. Recurso de
para todos os efeitos legais. revista conhecido e provido. (TST - RR: 13875920175230076,
Abaixo, citam-se jurisprudência do TST, do TRT7 e de outros Relator: Alexandre De Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento:
DAS LEIS N.os 13.015/2014 E 13.467/2017. INTERVALO PARA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INCIDENTER
RECUPERAÇÃO TÉRMICA. PAGAMENTO COMO HORAS TANTUM. NR 15, MTE, QUADRO 1, ANEXO III. INOVAÇÃO DE
EXTRAS. Considerando a competência do MTE para fixar TESE. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de recurso
disposições complementares referentes à segurança e medicina do ordinário que busca a modificação do julgado monocrático quanto a
trabalho e aquelas fixadas pela NR n.º 15, Anexo 3, Quadro I, da questões não alegadas na defesa, haja vista configurar-se a
Portaria MT n.º 3.215/78 do MTE, que garantem aos trabalhadores hipótese em inovação recursal, o que impede o conhecimento do
expostos ao calor excessivo, não apenas o direito aos intervalos, apelo por este Colegiado de Segundo Grau, sob pena de
mas que tais períodos de descanso sejam considerados tempo de caracterização de supressão de instância. Recurso ordinário
serviço para todos os efeitos legais, sua inobservância enseja o conhecido, exceto quanto ao tema "Inconstitucionalidade do Quadro
pagamento do período correspondente como labor extra , nos 1, Anexo III, NR 15, do MTE". MÉRITO. HORAS EXTRAS. NÃO
moldes previstos no art. 71, § 4.º, da CLT, aplicado analogicamente. CONCESSÃO DE INTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA.