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A história do antigo Egito

A história do antigo Egito com seus 4 mil anos de duração é a mais longa experiência humana de civilização, A
cultura egípcia tinha um caráter essencialmente prático e atingiu níveis admiráveis. Os monumentos construídos
com margens de erro diminutas resistiram ao passar dos séculos. Os egípcios inventaram um sistema de escrita,
cultivaram a terra, extraíram minérios, foram mestres em artesanato, atingiram elevados conceitos filosóficos e
morais. Mas como se desenrolava o dia-a-dia desse povo? Como eram suas cidades e suas casas? De que maneira
eram educados? Como se alimentavam? Que conhecimentos tinham de medicina e de outras ciências? Como as
mulheres tinham os seus bebês? Estas e muitas outras perguntas você verá respondidas nesta página. Seja benvindo,
aumente seus conhecimentos e divirta-se.

A AGRICULTURA
A agricultura no Egito dependia da irrigação com aproveitamento e controle do fenômeno natural das cheias anuais
do Nilo. Tal atividade nos é bastante conhecida, pois diversas cenas que a representam nos foram deixadas nas
pinturas e relevos murais das tumbas. Os camponeses formavam a maioria absoluta da população e, portanto, a base
da mão-de-obra do antigo Egito. A religião penetrava em todos os aspectos do cotidiano egípcio e na agricultura não
poderia ser diferente. Todo ano os sacerdotes realizavam cerimônias que deveriam garantir a chegada da inundação.
O faraó, por sua vez, agradecia solenemente a colheita abundante às divindades adequadas.

A ALIMENTAÇÃO
Os egípcios gostavam de comer bem, mas não nos deixaram nenhum manual de culinária entre seus papiros.
Através das representações das pinturas e relevos, algumas informações puderam ser obtidas pelos egiptólogos, não
apenas quanto aos alimentos consumidos, mas também quanto a sua preparação. Carne de gado ou de galináceos,
peixes, legumes e frutas faziam parte das refeições daquele tempo. Os pães tinham presença marcante na mesa e
entre as bebidas a cerveja era a preferida. Usando facas, colheres e garfos, ou simplesmente comendo com as mãos,
os egípcios tinham uma alimentação rica e saudável.

OS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Em suas tentativas de domesticar animais os egípcios procuraram amansar antílopes, gruas, pelicanos e até a
abominável hiena. Entretanto, antes do período histórico os habitantes do vale do Nilo já sabiam domesticar animais
como o boi, o carneiro, a cabra e o cão. Este último auxiliava na caça e na guarda dos rebanhos. No período
histórico, asnos, porcos, gansos e patos também eram domesticados e os animais pertenciam sobretudo aos templos.
As galinhas, porém, eram deconhecidas, o camelo só era conhecido dos habitantes do Delta Oriental e o cavalo só
foi introduzido no Egito com a chegada dos Hicsos, por volta de 1640 a.C.

AS ARTES E OS OFÍCIOS
Os antigos egípcios não encaravam a arte pela própria arte. Todos – fossem eles arquitetos, escultores ou pintores –
consideravam-se funcionários ou artesãos que produziam artefatos destinados a alguma função: religiosa, funerária
ou de qualquer outro tipo. Toda a arte existente girava em torno dos deuses, do faraó e de sua corte. Quanto aos
ofícios, havia oficinas de todas as espécies por toda parte. Os artífices trabalhavam o barro, a pedra, a madeira e os
metais. Era obrigação do artista conhecer todos os atributos reais e divinos, bem como a mitologia e a liturgia, o que
certamente não era tarefa fácil.
OS BANQUETES
A música e a dança faziam parte do cotidiano do povo egípcio. Eles gostavam de vida social e de festas. Os mais
abastados reuniam parentes e amigos em animados banquetes. Em tais ocasiões havia músicos, dançarinos,
acrobatas e cantores profissionais de ambos os sexos para animar e distrair os convidados. Comida e bebida não
faltavam. Taças de ouro e de prata e as mais lindas baixelas de alabastro e de cerâmica pintada eram postas em
função. A sala da recepção era decorada com flores. Pequenos cones de perfume colocados sobre as cabeças dos
convivas exalavam aromas raros. Harpas, flautas e gaitas inundavam o ambiente de melodia. Todos se propunham a
passar um dia feliz.

O CASAMENTO
O casamento entre os egípcios não dependia da lei. Bastava a concordância do casal envolvido. Na realidade eram
firmados contratos entre as partes para garantir sobretudo a situação da mulher nos casos de divórcio, mas não havia
leis que impussessem o estabelecimento do contrato em si mesmo. –Eu te faço minha mulher., dizia o noivo. A
noiva respondia: –Fizeste-me tua mulher. Com essa forma consagrada pelo uso ficava selada a união. Apesar de
toda a religiosidade do povo egípcio, nada existia de parecido a uma benção nupcial no templo. Com o necessário
consentimento do pai da noiva, o que selava a união era a coabitação: a moça saía da casa dos pais e ia viver na do
marido.

AS CIDADES
As casas e palácios do Egito antigo eram construídas de tijolo e, ao contrário dos templos que eram construídos em
pedra, não resistiram ao passar dos séculos. Apenas duas cidades foram razoavelmente preservadas: Hetep-Sanusrit
e Akhetaton. Ambas surgiram de forma planejada por ordem dos faraós, mas tiveram curta existência e foram
abandonadas bruscamente. A primeira não chegou a durar um século e a outra se manteve apenas por um período
um pouco maior do que o reinado de Akhenaton. De qualquer maneira, permitiram que os arqueólogos estudassem
detalhes da vida cotidiana na zona urbana.

AS CIÊNCIAS
O povo egípcio era prático por excelência. Assim, toda a sua ciência era empírica e voltada para a solução dos
problemas do dia-a-dia. A matemática, por exemplo, procurava encontrar soluções para a medição das terras ou para
o traçado dos planos das pirâmides e templos. A medicina, que teve como patrono o sábio Imhotep, foi uma das
ciências que se desenvolveu bastante, principalmente em função do tratamento que era dado aos cadáveres para
preservá-los intactos. A religião, como em diversos outros setores da vida egípcia, também sempre interferiu e
contaminou os aspectos científicos com a magia. Os conhecimentos científicos concentravam-se nas mãos de
poucos: cortesãos, sacerdotes, funcionários e escribas.

AS CRIANÇAS
A ternura pela criança é um traço constante e encantador da civilização egípcia ao longo de toda a sua história. A
arte egípcia sempre usou como tema a infância e todo o mundo que a envolve. Também não faltam textos evocando
as alegrias desse período da vida e outros lembrando que a missão dos pais traz mais satisfações do que dissabores.
Os filhos eram altamente desejados pelos egípcios até porque, práticos como eram, viam neles o instrumento da
preservação dos ritos do culto funerário, que eram indispensáveis para a continuidade da vida após a morte. Assim,
o desejo de ter filhos, principalmente um varão, era geral e resultava em famílias numerosas.
A EDUCAÇÃO
A escola faz geralmente parte do templo. Os estudos começavam cedo. Sabe-se de personalidades que foram
enviadas para a escola com apenas cinco anos de idade. Essa, porém, não era a regra geral. Contudo, quando os
rapazes deixavam de andar completamente nus já estava próximo o dia em que tomariam o caminho da escola.
Aqueles que seguiriam a carreira militar eram tirados muito cedo do convívio dos pais, mas o regime das escolas era
geralmente o externato. O estudante levava num cesto um pouco de pão e uma bilha de cerveja que a mãe lhe
preparava todas as manhas. Nas suas idas e vindas para a escola brigavam e brincavam com seus companheiros
como o fazem as crianças de hoje.

OS ENTERROS
Os egípcios enterravam seus mortos na banda ocidental do rio Nilo, pois lá — acreditava-se — o sol iniciava sua
jornada noturna através do mundo dos mortos. Assim, no deserto ocidental instalaram-se imensas necrópoles, nas
quais as pirâmides, os templos mortuários e os túmulos abertos em plena rocha eram edificados e mantidos por
aqueles com posses suficientes para arcar com os altos custos destes empreendimentos. Parentes, amigos e um
enorme contingente de carpideiras levavam o morto até sua última morada, por terra e atravessando o rio em barcas,
e o cortejo terminava com cerimônias que podiam incluir até mesmo um banquete funerário.

AS HABITAÇÕES
Tumbas e templos construídos em pedra para toda a eternidade, mas casas de tijolo para durar apenas uma vida.
Essa parece ser a filosofia de construção dos antigos egípcios. Para as residências dos homens procurava-se
empregar os materiais mais facilmente disponíveis, principalmente tijolos crus. Até mesmo os palácios reais eram
construídos desta forma. Tais materiais não resistiram ao tempo e casas particulares e palácios foram arruinados
quase que totalmente. Apesar disso os arqueólogos conseguiram obter algumas indicações precisas de como se vivia
no interior das residências. Uma casa confortável e acolhedora era o objetivo da maioria dos indivíduos. Para os
mais abastados, a opulência também era uma meta a ser alcançada.

A HIGIENE
Sendo um povo muito asseado, os antigos egípcios cuidavam bastante de sua higiene pessoal e de suas vestimentas.
Lavavam-se várias vezes ao dia, seja logo quando se levantavam pela manhã, seja antes e após as principais
refeições. Limpar as unhas dos pés, lavar a boca e cuidar dos cabelos, também faziam parte das ocupações
cotidianas com o corpo. A maquiagem ocupava uma parte considerável de tais ocupações, tanto para as mulheres
quanto para os homens. Os cosméticos, os ornatos para a cabeça e os adereços tinham papel marcante na aparência
da mulher egípcia. Todos se vestiam, geralmente, com roupas de linho que se apresentavam sempre limpas e em
perfeito estado de conservação.

A MATERNIDADE
Logo após o casamento a jovem egípcia passava a exercer as suas funções de dona-de-casa e era importante que
concebesse filhos o mais rapidamente possível. Assim, ela esperava com impaciência os primeiros sintomas de
gravidez, pois seria uma calamidade se fosse estéril e tivesse que apelar para procedimentos de magia. Antes disso,
porém, consultaria o médico que ela esperava pudesse lhe ministrar drogas para contornar o problema. Durante a
gravidez a jovem invocava todo tipo de proteção aos deuses e coletâneas de encantamentos mágicos foram redigidos
para proteção da mãe e do recém-nascido.
Escrita
Durante quase quatro mil anos, os hieróglifos reinaram soberanos a sombra dos faraós. Os escribas,
intelectuais do Antigo Egito que conheciam seus segredos, eram respeitados: não pagavam impostos e exerciam
autoridade equiparável á de ministro. Mas a glória um dia acabou. No século IV, varridos pelo poder do
cristianismo que se expandia por toda parte, os escribas desapareceram com o que ainda restava da velha cultura
egípcia, levando consigo as chaves que decifravam a escritura sagrada. Estas só foram encontradas 1500 anos
depois, por um humilde professor francês Jean-François Chapollion (1790-1832).
Houve quem acreditasse que os hieróglifos eram uma esfinge que numca seria decifrada. Por volta de 1600,
o jesuíta alemão Athanasius Kircher tentou, mas desistiu. Os hieróglifos, parecidos com fotogramas de desenho
animado do século XX, eram mais complexos do que se podia imaginar. Durante milhares de anos, cada sinal
representava um objeto: havia partes do corpo humano, plantas, animais, edifícios, barcos, utensílios de trabalho,
profissões, armas. Com o tempo, esses desenhos foram substituídos por figuras mais simplificadas ou por símbolos
gráficos.
Para representar sentimentos, como ódio ou amor, ou ações como amar e sofrer, os egípcios desenhavam
objetos cujas palavras que os designavam tinham sons semelhantes aos das palavras que os hieroglifos se referiam a
algo concreto, havia um sinal vertical ao lado de cada figura. Se referentes a algo abstrato, havia o desenho de um
rolo de papiro. Se correspondessem a determinada pessoa, os hieroglífos traziam sempre a imagem de uma figura
feminina ou masculina, mostravam um pequeno sol. Para completar a confusão, os hieroglífos podiam ser escritos
da direita para a esquerda ou vice-versa a ordem certa, em cada caso, dependia da direção dos olhos das figuras
humanas ou dos pássaros representados.
Entender sinais são complicados só não era mais difícil do que descobrir o mistério das pirâmides. Por isso,
Champollion teve que contar com uma pequena ajuda. Em 1779, os exércitos de Napoleão trouxeram do Egito a
pedra da Roseta um pedaço de basalto negro onde estava gravado um texto em grego, hieroglifos e demótico. Está
última forma era uma escrita egípcia mais simplificada, empregada nos papiros administrativos e literários. Na
versão grega, o texto era um decreto baixado por Ptolomeu V em 196 a.C. Os dois outros poderiam ser traduções.
Em 1807, Champollion aceitou o desafio. A partir dos nomes próprios do texto grego, ele comparou os outros dois
textos até descobrir certas semelhanças.
Nome de Ptolomeu
Quatorze anos depois, o professor dispunha de algumas chaves para entender o enigma: enfim, a pedra da Roseta e
as inscrições de outros monumentos egípcios já não continuam mais em segredo.

Escribas
Não existe no Egito profissão mais bem sucedida e sem esforço do que a do escriba. Eles sendo altos
funcionários a serviço do faraó, tinham como dever, anotar o que acontecia nos campos, contar os grãos, registrar as
cheias do Nilo, calcular os impostos que os camponeses deveriam pagar, escrever contratos, atas judiciais, cartas,
além de registrar os outros produtos que entravam no armazém. Mas não para por aí. Alguns sacerdotes também
sabiam escrever e receitar fórmulas mágicas.
O principal material utilizado pelos escribas era o papiro, acompanhado de pincéis, paletas, tinteiros e um
pilão. Quando eles iam escrever esmagavam os pigmentos no pilão e depois transferiam a tinta para o tinteiro, que
tinha duas cavidades: Uma para tinta vermelha e outra para a tinta preta. Os pincéis eram umidecidos com água que
ficava numa bolsa de couro. Algumas paletas tinham caráter espiritual para os escribas, sendo guardadas em seus
túmulos.
A técnica da escrita era passada de pai para filho, mas está podia ser ensinada para qualquer um até no
Antigo Império. A partir do Médio Império apareceram as Casas da Vida, que funcionavam como escolas. Logo
cedo se ingressava nessas escolas. Era muito fácil encontrar crianças de 3 e 4 anos copiando frases. O estudo se
prolongava até os 12 anos de idade. Os materiais usados por eles nessas escolas eram geralmente pedaços de
calcário ou cerâmica (óstracas) e madeira coberta por gesso. O papiro era muito caro, sendo usado somente por
escribas profissionais. Além da escrita, eles tinham que conhecer as leis, saber calcular impostos e ter noções de
aritmética.
Os escribas possuíam um pictograma próprio, representado pela paleta. Lê-se sech (escrever), e faz parte das
palavras relacionadas com arquivos, impostos e tributos.

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