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- O sistema hipotálamo-hipofisário compõe o sistema de regulação

neuroendócrina.

- As conexões entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, dentre outras vias,


ocorre principalmente pelo eixo hipotálamo-hipofisário.

- O controle neural ocorre através de neurotransmissores, já a regulação


endócrina ocorre por hormônios ou neurohormônios.

- Hormônios adenohipofisários respondem a fatores de estimulação/inibição


hipotalâmico.

- Hormônios da neurohipófise são sintetizados pelos próprios neurônios que


chegam a neurohipófise.

- O controle da secreção dos hormônios hipotalâmicos hipofisários é regulada por


alças de feedback: longas (onde os órgãos endócrinos respondem com secreção
hormonal contra-regulando a secreção central), curtas (a hipófise contra-regula o
hipotálamo) e ultra-curtas (onde o hipotálamo contra-regula o próprio
hipotálamo).

- A glândula hipofisária pesa cerca de 0,5-2g dividida em adenohipófise,


neurohipófise e parte intermédia.

- Origem embriológica: a adenohipófise origina-se da bolsa de Rathke sendo


uma invaginação da faringe. A neuro-hipófise é uma proliferação do hipotálamo
(rica em células da glia).

- Tipos celulares da adeno-hipófise:

- Células Somatotróficas: correspondem a 30-40% das células – produtoras de


GH.

- Células Corticotróficas: correspondem a 20% das células - produtores de


ACTH.

- Células Lactotróficas: produtoras de prolactina.

- Células Gonadotróficas: produtoras de FSH e LH.

- Células Tireotróficas: produtoras de TSH.

- Tipos celulares da neuro-hipófise:

- Células neuronais secretoras de ADH – controlam a diurese.

- Células neuronais secretoras de Ocitocina – promovem a contração uterina e o


reflexo de ejeção do leite.

- A produção de hormônios neuro-hipofisários é realizada pelo hipotálamo –


núcleo supra-óptico e núcleo paraventricular. As neurofisinas carregam estes
hormônios para a neuro-hipófise sendo então secretados para a circulação
sangüínea.

- Na adeno-hipófise fatores hipotalâmicos atingem a hipófise anterior através do


sistema porta hipotalâmico-hipofisário.

- O hipotálamo possui diversos núcleos cerebrais que regulam a homeostasia


corporal através de complexas conexões com outros centros cerebrais incluindo o
tronco encefálico, complexo amigdalóide, núcleo accúmbens, área septal, sistema
límbico e córtex cerebral.
Aferências Hipotalâmicas: aferências somáticas e viscerais, aferências visuais,
olfato (cursando pelo feixe prosencefálico), aferências auditivas, fibras córtico-
hipotalâmicas (lobo frontal), fibras hipocampo-hipotalâmicas, fibras amígdalo-
hipotalâmicas (corpo amigdalóide para o hipotálamo), fibras tálamo-hipotalâmicas
e fibras tegmentares (vindas do mesencéfalo).

Eferências Hipotalâmicas: fibras descendentes para o tronco encefálico e para


medula espinhal (descem via formação reticular ativadora ascendente). O
hipotálamo conecta-se com núcleos dos pares de nervos cranianos III, VII, IX e
X. O hipotálamo conecta-se também via trato mamilo-talâmico (núcleos
anteriores do tálamo). O trato mamilo-tegmentar origina-se nos corpos
mamilares terminando sobre o tegmento do mesencéfalo, nas células da
formação reticular. Por fim, há diversas vias do hipotálamo conectando-se ao
sistema límbico.

RESUMO: o hipotálamo pode ser resumido da seguinte forma – conecta-se com o


sistema límbico sendo responsável pelo comportamento emocional ligando-se ao
hipocampo, corpo amigdalóide e área septal. Há conexão com a área pré-frontal,
conexões viscerais (eferência: simpático e parassimpático // aferência: núcleo do
tracto solitário), conexões com a hipófise (somente eferencia) além de conexões
monoaminérgicas (noradrenalina, serotonina e adrenalina).

1. Controle do sistema nervoso autônomo: hipotálamo anterior


correlaciona-se com o sistema nervoso parassimpático; hipotálamo
posterior correlaciona-se como sistema nervoso simpático.
2. Controle da temperatura: feita pelos termorreceptores periféricos e pelo
hipotálamo anterior. O hipotálamo anterior é responsável pela perda de
calor (lesões neste centro desencadeiam hipertermia – febre central). Já o
hipotálamo posterior é o responsável pela conservação do calor (lesões
neste centro causam hipotermia).
3. Comportamento emocional: a área pré-frontal e o sistema límbico são os
responsáveis por estes comportamentos.
4. Regulação do sono: a parte posterior do hipotálamo relaciona-se com o
sistema reticular ativador ascendente (sistema “on-off” do sistema
nervoso). Lesões neste centro causam encefalite letárgica.
5. Regulação da Ingestão de Alimentos: o hipotálamo lateral é o responsável
pela obtenção de alimento – sensação de fome. Já o hipotálamo
ventromedial é o responsável pela perda de fome, centro anoréxico. Lesões
no hipotálamo lateral originam inanição enquanto que lesão no hipotálamo
ventromedial desencadeia obesidade central.
6. Ingestão de água: realizada pelo hipotálamo lateral (centro da sede).
7. Regulação da diurese: regulada pelos núcleos supra-ópticos (secretor de
ADH) e núcleos paraventriculares.
8. Ritmos circadianos: parece que o núcleo supra-quiasmático é o
responsável pela regulação das secreções hormonais, que por sua vez,
seguem os ritmos circadianos. Genes relógios mostram-se os responsáveis
pelo “time” destas secreções.
9. Regulação hipotálamo-hipofisária: o hipotálamo conecta-se a neuro-
hipófise via eminência média (região infundibular) através de axônios que
partem dos núcleos hipotalâmicos (supra-óptico e paraventricular)
conduzindo secreções através de neurofisinas para a neuro-hipófise. Estas
neurofisinas dão uma característica hiperintensa em imagens de
ressonância magnética ponderadas em T1. A perda da hiperintensidade da
neuro-hipófise é sugestiva de diabetes insípidus.
Hipófise

Como já observado o hipotálamo conecta-se com a pituitária ou hipófise por duas


vias distintas: conecta-se a hipófise posterior ou neurohipófise por vias neurais e
com a hipófise anterior ou adenohipófise por via vascular (sistema vaso porta
hipotálamo-hipofisário).

A conexão com a neuro-hipófise ocorre por axônios que partem dos núcleos
hipotalâmicos (supra-óptico e paraventricular) levando, através de carregadores
denominados neurofisinas, suas secreções. O núcleo supra-óptico é produtor,
predominantemente, de ADH (vasopressina ou hormônio anti-diurético); o núcleo
paraventricular, predominantemente, produz ocitocina (responsável por
contrações uterinas e reflexos de ejeção do leite). Vale destacar que ambos os
núcleos produzem os dois hormônios só que em menor intensidade.

O sistema porta hipofisário é responsável por conduzir as secreções de fatores


estimuladores, ditos liberadores ou até mesmo inibidores das células hipofisárias.
O sistema hipofisário é formado em cada lado da artéria hipofisária superior
(ramo da artéria carótida interna). Quanto aos hormônios liberados pelo
hipotálamo que atuam na hipófise podemos destacar esquematicamente:

1. Hormônio liberador do hormônio do crescimento – GHRH – atuam nas células


somatotróficas hipofisárias estimulando a liberação de GH (hormônio do
crescimento).

2. Hormônio inibidor do hormônio do crescimento – GHIH (somatostatina) –


atuam nas células somatotróficas hipofisárias inibindo a liberação de GH.

3. Hormônio liberador de prolactina (PRH) – atuam nas células lactotróficas da


hipófise estimulando a liberação de prolactina (PRL).

4. Hormônio inibidor da prolactrina (PIH ou Dopamina) – atuam nas células


lactotróficas da hipófise inibindo a liberação de prolactina.

5. Hormônio liberador de corticotrofinas (CRH) – atuam nas células


adrenocorticotróficas da hipófise estimulando a liberação de ACTH.

6. Hormônio liberador de tireotrofinas (TRH) – atuam nas células tireotróficas e


lactotróficas da hipófise estimulando tanto a liberação de TSH como de PRL.

7. Hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) – atuam nas células


gonadotróficas da hipófise estimulando a liberação de FSH (hormônio folículo-
estimulante) e LH (hormônio luteinizante).

Hormônio do Crescimento – GH

- Sinônimo: somatotrofina – promove aumento das células (hipertrofia) bem


como hiperplasia.

- Aumento da síntese protéica.

- Conserva carboidratos e consome ácidos graxos (às vezes levando a cetose).

- Hipermetabolismo.

- Glicogênese.

- Responsável pelo diabetes hipofisário: inicialmente a glicose sangüínea cai


(tentativa de armazená-la) mas quando o sistema de armazenamento satura a
glicemia aumenta (insensibilidade a ação da insulina).

- O GH promove a secreção da insulina: efeito diabetogênico – lesão das células


beta por hiperestimulação do GH.

- Ausência de insulina promove a diminuição do GH devido a hiperglicemia.

- Os ossos longos crescem em comprimento via cartilagem epifisária: há


produção local de IGF-1.

- Após o desaparecimento dessa cartilagem o GH estimula osteoblastos do


periósteo, o osso crescerá em largura.
Efeito do GH e do IGF-1

- O GH ativa os hepatócitos promovendo a síntese de IGF-1.

- A meia-vida plasmática do GH é curta, já do IGF-1 é bem mais longa, sendo


liberado lentamente pelos tecidos.

- Regulação da concentração de GH: dentre os efeitos estimuladores devemos


citar a hipoglicemia (ITT), inanição, exercício extenuante, estresse, agonistas
alpha adrenérgicos, estradiol e testosterona. Os estágio II e III do sono também
desencadeiam a liberação de GH. Os inibidores da secreção de GH incluem:
somatostatina (GHIH), hiperglicemia, obesidade, gravidez, agonistas beta
adrenérgicos e senescência. A curto prazo o maior regulador do GH é a
hipoglicemia, a longo prazo é a inanição.

Anormalidades da secreção do GH

- Panhipopituitarismo: diminuição da secreção de todos os hormônios da adeno-


hipófise.

- Nanismo: resultado do pan-hipopituitarismo, cursando com baixa estatura,


atraso da puberdade e obesidade.

- Gigantismo: excesso de GH na fase pediátrica – geralmente associado a um


tumor produtor de GH situado na adenohipófise.

- Acromegalia: excesso de GH na fase adulta – há crescimento ósseo em largura,


sendo observado em mãos, pés e nas mandíbulas.
Prolactina

- Os estímulos à liberação de prolactina incluem: gravidez, estradiol,


amamentação, sono, estresse, antagonistas dopaminérgicos, TRH e insuficiência
adrenal.

- A dopamina é o agente que inibe a liberação de prolactina enquanto que o TRH


é o fator de liberação da prolactina.

- A diminuição da prolactina resulta na concentração diminuída de FSH e LH,


cursando clinicamente com hipogonadismo, infertilidade, osteopenia, obesidade,
galactorréia e amenorréia.

Neurohipófise

- Composta por células gliais.

- Não produzem hormônios, apenas secretam.

- O núcleo supra-óptico e o núcleo paraventricular liberam ocitocina e ADH


(hormônio anti-diurético).

- ADH: na ausência deste hormônio os dutos coletores são quase que


impermeáveis à água. Enquanto que na presença de ADH há inclusão de canais
de aquaporinas nos túbulos contorcidos distais, resultando numa maior
reabsorção de água e aumento da volemia com queda da osmolaridade.

- O ADH possui um potente efeito vasoconstritor com aumento abrupto da


pressão arterial.

- A osmolaridade é detectada por osmorreceptores hipotalâmicos.

- A permeabilidade a água é dada pela atuação do ADH sobre o receptor V2,


acoplado ao AMPc.

- A constrição vascular causada pelo ADH é resultado da sua atuação sobre os


receptores V1, acoplados a fosfolipase C.

- A osmolaridade é calculada pela seguinte relação: 2(Sódio + Potássio) +


glicose/18 + Uréia/6.

- O valor normal da osmolaridade sérica deverá ficar em torno de 300mOsm/L. O


aumento da osmolaridade aumentará a secreção de ADH.

Diabetes Insípidus

- Deficiência de ADH.

- DI Central: falência da hipófise posterior com necessidade de utilização de


DDAVP.

- DI Nefrogênico: insensibilidade dos receptores renais ao ADH – utilizar


diuréticos tiazídicos.

- SIADH: síndrome da secreção inapropriada de ADH – ocorre devido a ventilação


artificial e insuficiência cardíaca. Freqüente após neurocirurgia hipofisária – se
houver uma secção de haste ou lesão da neuro-hipófise ocorrerá SIADH cursando
com: uma fase inicial de diabetes insípidus com necessidade de reposição com
DDAVP; uma segunda fase onde as reservas de ADH são liberadas com aumento
da secreção de ADH e diminuição da osmolaridade (hiponatremia – necessário a
utilização de diuréticos), seguida por uma terceira fase onde haverá um Diabetes
Insípidus permanente.

Ocitocina

- Responsável pela contração uterina vigorosa e pelo reflexo de ejeção do leite.

- Os estímulos à secreção de ocitocina incluem: amamentação, visão, odor e som


de criança, orgasmo.

- Dentre os fatores que inibem a secreção de ocitocina encontra-se as endorfinas.


Mecanismos Relacionados ao Estresse – Eixo Hipotálamo-Hipofisário-Adrenal
Órgãos Circunventriculares

Os órgãos circunventriculares são áreas do cérebro desprovidas de barreira


hematoencefálica – nestas regiões há vasos fenestrados – regiões: órgão vascular
da lâmina terminal, órgão subfornicial, eminência mediana (zona de liberação de
fatores de inibição e ativação dos hormônios hipofisários), neurohipófise e a área
póstrema – associado a neurônios com projeções para o hipotálamo e outras
estruturas viscerais. Estes órgãos também possuem células que podem liberar
prostaglandinas (PGE2). A pineal também é considerada um órgão
circunventricular que libera melatonina.
Barreira Hematoencefálica
As figuras acima destacam a presença da barreira hematoencefálica em quase
todo o cérebro evitando que substâncias ou agentes tóxicos lesionem o sensível
complexo neuronal.

Histologicamente a barreira hematoencefálica é composta por capilares revestidos


por células endoteliais que estão fortemente unidas por “tigh junctions” ou
junções estreitas, por onde apenas moléculas muito pequenas ou seletas,
possuem a capacidade de chegar aos neurônios.

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