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GENÉTICA 2016
Arlindo Ugulino Netto.
Polialelia ocorre quando existem três ou mais tipos de alelos diversos para o mesmo locus cromossômico. Isso
gera um gene que sofre diversas mutações, produzindo vários genes alelos (série de alelos) . Exemplos: Cor da
pelagem em coelhos. Nos coelhos, temos uma série de 4 genes alelos : C ( aguti ou selvagem ) , Cch ( chinchila ) , Ch (
himalaia ) e Ca ( albino ), dominantes um sobre o outro, respectivamente, da esquerda para a direita. Nessa forma de
existência dos genes, em alelos múltiplos, alguns têm dominância sobre outros. Como no exemplo dos coelhos, o gene
C é dominante sobre todos os outros três, o Cch dominante em relação ao himalaia e ao albino, porém recessivo perante
o aguti, e assim sucessivamente.
Alelos são formas que um gene pode apresentar e que determina características diferentes. Um conjunto de três
ou mais alelos pertencente a um mesmo gene, ocorrendo de dois a dois em um organismo diploide, é denominado alelos
múltiplos. Os alelos múltiplos são responsáveis pela herança genética no sistema ABO, Rh e MN.
SISTEMA ABO
O Sistema ABO foi o primeiro dos grupos sanguíneos descobertos (1900, 1901) no início do século XX em
1900), pelo cientista austríaco Karl Landsteiner. Fazendo reagir amostras de sangue de diversas pessoas, ele isolou os
glóbulos vermelhos (hemácias) e fez diferentes combinações entre plasma e hemácias, tendo como resultado a
presença de aglutinação dos glóbulos em alguns casos, e sua ausência em outros. Assim, Landsteiner classificou os
seres humanos em três grupos sanguíneos: A, B e O, e explicou por que algumas pessoas morriam depois de
transfusões de sangue e outras não. Em 1902, seus colaboradores von Decastello e Sturli encontraram e descreveram o
grupo AB, mais raro. Em 1930 Landsteiner ganhou o Prêmio Nobel por seu trabalho.
Por análise desse sistema, as hemácias humanas podem apresentar na membrana as substâncias
A B
aglutinógenos ou aglutinogênios (antígeno), sintetizadas pelos alelos I (A) ou I (B) sendo: aglutinógeno A ou
aglutinógeno B; ou a coexistência dos dois tipos e também a substância química aglutinina (anticorpo) contida no
plasma: Anti-A, Anti-B ou ausência dessas (no grupo AB).
A B
Na relação alélica existente, o alelo i é recessivo aos seus alelos I e I . Assim, quando em um indivíduo é
encontrado homozigose do alelo recessivo i (O), esse pertencerá ao grupo O (genótipo ii).
A B
Caso sejam encontrados em heterozigose os alelos I e I , ambos manifestam seu caráter dominante, e o
A B
indivíduo será do grupo sanguíneo AB (genótipo I I ).
Um indivíduo pertencerá ao grupo sanguíneo A, se enquadrado em duas situações: quando em homozigose
A A A A
dominante I I , ou em heterozigose do alelo dominante I com o recessivo i, apresentando genótipo I i. Da mesma
B B B
forma para o grupo sanguíneo B: quando em homozigose dominante I I , ou em heterozigose do alelo dominante I com
B
o recessivo i, apresentando genótipo I i.
O quadro abaixo, resumidamente, esquematiza as possibilidades entre os alelos para determinação do sistema
ABO.
Tipo sanguíneo Genótipo Estrutura Aglutinogênio Aglutinina
Do glicocálix (na membrana das (no plasma)
hemácias)
R – Glc – Gal – GalNac – Gal -
A A A
A I I ou I GalNac A Anti-B
i |
Fuc
R – Glc – Gal – GalNac – Gal - Gal
B B B
B I I ou I | B Anti-A
i Fuc
R – Glc – Gal – GalNac – Gal -
GalNac
A B
AB I I | AB -
Fuc
R – Glc – Gal – GalNac – Gal - Gal
|
Fuc
R – Glc – Gal – GalNac – Gal
O ii | - Anti-A e Anti-
Fuc B
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OBS : Todos esses alelos estão localizados no cromossomo 9.
SUBGRUPOS A & B
Os grupos A e B podem ser divididos em subgrupos classificados a partir da resistência de cada um deles à
A1 A2 A3 A4
ação do anticorpo respectivo. O grupo A pode ser dividido em A 1 (I ), A2 (I ), A3 (I ) e A4 (I ) e o grupo B em B1 e B2.
Em termos de dominância genética tem-se:
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A1 A2 A3 A4 B
{( I > I > I > I ) = I } > i
Isso significa que A1 é dominante à A2, que é dominante sobre A3 e que é dominante sobre A4. Todos esses
subgrupos são co-dominantes à B, e todos estes, dominantes sobre o gene i.
ser complementada pelo uso de hemácias conhecidas A1 e A2, o que auxilia na diferenciação destes dois
subgrupos e na solução das principais discrepâncias ABO.
Caso as provas direta e reversa apresentem resultados de alguma maneira contraditórios (discrepância ABO),
deverão ser feitas investigações adicionais para determinação de sua causa, antes da liberação definitiva do
resultado do exame.
CARÁTER SECRETOR
Foi demonstrado que os antígenos do sistema ABO podem ser encontrados em outros líquidos orgânicos, sob a
forma álcool-solúvel (glicolipídica) ou hidrossolúvel (glicoproteica). Uma alta proporção dos seres humanos apresenta
estes antígenos na saliva, secreção lacrimal, plasma sanguíneo e esperma. Estes indivíduos são ditos secretores dos
antígenos ABO. Schiff e Sasaki (1932) determinaram que o fenótipo secretor é dominante em relação ao não secretor,
sendo os dois fenótipos determinados pelos genes autossômicoa Se (dominante) e se (recessivo).
Indivíduos de composição genética SeSe (Homozigoto dominante) e Sese (heterozigoto) são secretores e
indivíduos sese (Homozigoto recessivo), não secretores. Desde os trabalhos de Gardas e Koscielak (1971) sabe-se
também que, nos indivíduos secretores, os antígenos são apresentados nas hemácias sob as formas glicolipídica e
glicoproteica, ao passo em que, nos indivíduos não secretores, apenas aparecem na forma glicolipídica. Essas
descobertas se revestiram de importância na medicina legal - por exemplo, para investigações de estupros -, e em
estudos genético-antropológicos, bem como em algumas particularidades em hemoterapia.
FATOR RH
O fator Rh é um dos dois grupos de antígenos eritrocitários de maior importância
clínica, estando envolvido nas reações transfusionais hemolíticas e na Doença Hemolítica do
Recém-Nascido (DHRN ou Eritroblastose fetal). Sua deterninação, juntamente com a dos
antígenos pertencentes ao sistema ABO, no procedimento laboratorial denominado Tipagem
sanguínea (ABO e Rh) - ou simplesmente tipagem sanguínea - é obrigatória antes de qualquer
transfusão sanguínea.
Levin e Stone (1939) relataram o caso de um feto natimorto gerado por uma mulher
que posteriormente manifestou reação hemolítica transfusional ao receber sangue de seu
marido (compatível quanto ao sistema ABO, o único então conhecido). Landsteiner e Wiener
(1940) descreveram um anticorpo produzido no soro de coelhos e cobaias, pela imunização
com hemácias de Macacus rhesus, que era capaz de aglutinar as hemácias de 85% das
amostras obtidas de um grupo de caucasoides americanos. Wiener e Peters (1940)
aproximaram as duas observações, determinando tratar-se do mesmo antígeno. O anticorpo
produzido no sangue da cobaia foi denominado de anti-Rh. Os indivíduos que apresentavam o
+
fator Rh passaram a ser designados Rh , o que geneticamente acreditava-se corresponder
-
aos genótipos RR ou Rr. Os indivíduos que não apresentam o fator Rh foram designados Rh e
apresentavam o genótipo rr, sendo considerados geneticamente recessivos.
Os antígenos do sistema Rh são de natureza glicoproteica, de grande variabilidade.
Com o avançar das pesquisas, o sistema se revelou na prática bem mais complexo do que a
tipificação simplesmente em Rh Positivo e Rh negativo. Hoje, conhecem-se mais de 40
antígenos diferentes pertencentes a este sistema.
Fator Rh+: RR, Rr (85%). Possui o fator Rh e não produzem anticorpos Rh.
Fator Rh-: rr (15%). Não possui o fator Rh e produzem anticorpos Rh.
O soro anti-D é usado para determinar o fator Rh (ver figura ao lado). O sangue que
não reage ao soro anti-D, é Rh-. O que reage, é Rh+.
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As crianças nascidas de uma segunda gravidez nestes casos, apresentam eritroblastos (eritrócitos imaturos)
com uma maior concentração de hemácias, que tem uma vida útil bem menor (causando icterícia nuclear, devido ao
acúmulo de bilirrubina no cérebro), e com uma menor capacidade de transportar O 2, causando hipóxia em vários tecidos.
Esses fatores causam à criança surdez, problemas mentais, anemia, insuficiencia hepática.
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OBS : A eritroblastose pode acontecer logo na primeira gravidez se a mãe Rh- tiver recebido uma transfusão de sangue
inadivertida, ou se ela cometeu um aborto desconhecido até por ela, e se tornou sensibilizada.
A destruição das hemácias leva à anemia profunda, e o recém-nascido adquire icterícia (pele amarelada), devido
ao acúmulo de bilirrubina, produzida no fígado a partir de hemoglobina das hemácias destruídas. Em resposta à anemia,
são produzidas e lançadas no sangue hemácias imaturas, chamadas de eritroblastos. A doença é chamada de
eritroblastose Fetal pelo fato de haver eritroblastos em circulação ou doença hemolítica do recém-nascido.
Se o grau de sensibilização da mãe é pequeno, os problemas se manifestam apenas após a criança nascer.
Nesse caso, costuma-se substituir todo o sangue da criança por sangue Rh-. Com isso, os anticorpos presentes no
organismo não terão hemácias para aglutinar. Como as hemácias têm em média três meses de vida, as hemácias
transferidas vão sendo gradualmente substituídas por outras fabricadas pela própria criança. Quando o processo de
substituição total ocorrer, já não haverá mais anticorpos da mãe na circulação do filho.
O tratamento é feito logo após uma mulher Rh- dar à luz a um filho Rh+ (até 3 dias depois). Injeta-se nela um a
quantidade de anticorpos anti-Rh (imunoglobulina anti-D / anti Rhogan), imunoglobulina, cuja a função é destruir
rapidamente as hemácias fetais Rh+ que penetram na circulação da mãe durante o parto, antes que elas sensibilizem a
mulher, para que não haja problemas nas futuras gestações.
É possível tratar a criança com uma transfusão total de sangue, retirando o sangue Rh+ e aplicando o sangue
Rh-. Logicamente, depois de 3 meses, o sangue da criança volta a ser Rh+ devida a formação de sangue na medula.
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OBS : Casais com incompatibilidade ABO (marido não pode doar sangue para a mulher) e incompatibildiade Rh
geralmente, seus filhos não desenvolvem eritroblastose. Isso acontece pois anticorpos presentes no sangue da mãe
destróem hemácias do filho que atravessam a barreia placentária.
Rh NULO
O fator RH é um sistema de antígenos (substâncias que provocam a formação de anticorpos) presente nas
hemácias (glóbulos vermelhos do sangue). Uma pessoa que seja do tipo Rh nulo apresenta uma raríssima mutação
genética (em torno de 1 caso para cada 100.000 pessoas) que faz com que o indivíduo não produza na superfície das
hemácias nenhuma proteína do sistema Rh. Isso é bem diferente de ser Rh negativo, que é quando a pessoa não possui
apenas uma das proteínas do sistema RH. Esta característica está presente em 15% da população.
O indivíduo que possui fator RH nulo pode receber sangue de doadores com fator RH diferente apenas uma vez.
Esse contato faz com que se desenvolvam anticorpos contra os antígenos do sistema RH (também é comum que isso
aconteça durante a gestação). A partir daí, essas pessoas só podem receber sangue de indivíduos RH nulo.
SISTEMA MN
O Sistema sanguíneo MN ocorre em humanos e envolve a presença de antígenos M e/ou N nas hemácias. M e
N são os alelos adotados nesse sistema, que podem ser M ou N, já que não há dominância ou recessividade (herança
codominante).
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Tipo MN: L L
M N
Tipo N: L L
N N