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Biologia

Professora: Carol Guedes

Grupos sanguíneos e polialelia


Antígenos e anticorpos

O sangue é constituído por uma parte líquida denominada


plasma.

Nele estão mergulhadas as células ou fragmentos delas,


conhecidos como elementos figurados: hemácias, glóbulos
vermelhos ou eritrócitos; leucócitos ou glóbulos brancos; e
plaquetas.
Por centrifugação, é possível separar esses componentes do sangue.
Desse processo, obtém-se um líquido claro (o plasma) e um depósito de
células.

O plasma representa cerca de 55% do sangue e nele há várias


proteínas. entre elas, o fibrinogênio, que participa do processo de
coagulação do sangue.

O plasma sem o fibrinogênio recebe o nome de soro. As hemácias são


os elementos figurados mais numerosos.
Cada ser vivo possui um grupo de proteínas diferente de qualquer outro
ser.

Assim, quando, por exemplo, uma bactéria ou um organismo estranho


penetra no corpo, suas proteínas não são reconhecidas (antígenos) e
inicia-se a produção de proteínas chamadas anticorpos, que neutralizam
os antígenos.

Os anticorpos são específicos: para cada tipo de antígeno é produzido


apenas um tipo de anticorpo, com forma complementar a do antígeno.
Sistema ABO de grupos sanguíneos
Nos seres humanos existem os seguintes tipos básicos de sangue
em relação ao sistema ABO: grupo A, grupo B, grupo AB e grupo O.

Nas hemácias humanas podem existir dois tipos de proteínas: o


aglutinogênio A e o aglutinogênio B. De acordo com a presença ou não dessas
hemácias, o sangue é assim classificado:

• Grupo A – possui somente o aglutinogênio A;


• Grupo B – possui somente o aglutinogênio B;
• Grupo AB – possui somente o aglutinogênio A e B;
• Grupo O – não possui aglutinogênios.
No plasma sanguíneo humano podem existir duas proteínas, chamadas aglutininas: aglutinina
anti-A e aglutinina anti-B.

Se uma pessoa possui aglutinogênio A, não pode ter aglutinina anti-A, da mesma maneira, se
possui aglutinogênio B, não pode ter aglutinina anti-B.
Caso contrário, ocorrem reações que provocam a aglutinação ou o
agrupamento de hemácias, o que pode entupir vasos sanguíneos e comprometer a
circulação do sangue no organismo. Esse processo pode levar a pessoa à morte.

Grupo sanguíneo Aglutinogênio Aglutinina


A A anti-B
B B anti-A
AB AeB Não possui
O Não possui anti-A e anti-B
Grupos sanguíneos do sistema ABO e seus respectivos antígenos,
aglutininas e genótipos
• O alelo A ou IA condiciona a formação do aglutinogênio A; o alelo B ou IB
condiciona a formação do aglutinogênio B;

• o alelo O ou i (ou Io) não forma essas substâncias (a letra I vem de


isoaglutinacão, que é a aglutinação ocorrida na transfusão de sangue de
indivíduos da mesma espécie).

• Os alelos IA e IB são dominantes em relação a i.

• Por isso pessoas de genótipos IAIA e IAi apresentam o aglutinogênio A, e


pessoas de genótipos IBIB e IBi, o aglutinogênio B. Os indivíduos ii não
possuem nem um nem outro aglutinogênio.

• Entre os alelos IA e IB há codominância; assim, cada um fornece o seu efeito e


aparecem as duas substâncias.
• Além dos aglutinogênios nas hemácias, podem ser encontrados no
plasma anticorpos contra esses aglutinogênios, chamados aglutininas
ou isoglutininas (do grego isos = igual).

• O termo aglutinina é usado para indicar que esses anticorpos


provocam a aglutinação das hemácias.

• Desse modo, os anticorpos impedem que as hemácias se espalhem


no organismo, auxiliando no processo de fagocitose pelos glóbulos
brancos.
A formação dos anticorpos começa logo após o nascimento por causa
da contaminação natural por bactérias que possuem polissacarídeos
semelhantes aos aglutinogênios A e B.

 Assim, o organismo de uma criança do grupo A produz aglutininas anti-B e o de uma


criança do grupo B produz aglutinina anti-A.

 O organismo de crianças do grupo O forma as duas aglutininas, uma vez que os dois
antígenos bacterianos (A e B) são estranhos ao seu patrimônio químico.

 Já́ o organismo de crianças do grupo AB (com os dois antígenos) não estranha a


presença dos antígenos bacterianos e não forma aglutininas contra eles.
Teste para determinar o grupo sanguíneo
São necessárias duas gotas de sangue: a uma delas adiciona-se uma gota de
soro com aglutinina anti-A e à outra, soro anti-B. Assim, pode-se ver quando há
aglutinação das hemácias.
 Se elas tiverem os dois aglutinogênios (sangue AB), a aglutinação ocorrerá nas
duas misturas, ou seja, onde houver soro anti-A (portador de aglutinina anti-A) e
soro anti-B (portador de aglutinina anti-B).

 Se nas hemácias houver apenas aglutinogênio A (sangue A), ocorrerá


aglutinação somente no soro anti-A.

 Se apresentarem apenas aglutinogênio B (sangue B), ocorrerá aglutinação


somente no soro anti-B.

 Se não houver aglutinação em nenhuma das misturas, as hemácias não


possuem esses aglutinogênios e o sangue é do tipo O.
Fator Rh

A existência de uma substância denominada fator Rh no sangue é outro critério


de classificação sanguínea.

Diz-se, então, que quem possui essa substância no sangue é Rh positivo (cerca
de 85% dos seres humanos); quem não a possui é Rh negativo.

.
Embora vários alelos estejam envolvidos na herança do fator Rh, para
efeito de incompatibilidade de grupos sanguíneos podemos considerar
apenas um par de alelos: D (dominante, faz aparecer esse antígeno) e d
(recessivo).

Ao contrario dos antígenos do sistema ABO, o antígeno Rh não é


encontrado em bactérias e, a principio, um indivíduo negativo não possui
anticorpos no plasma.

Em geral, os indivíduos Rh- produzem anticorpos correspondentes


quando recebem hemácias com o antígeno Rh, o que pode ocorrer durante
a gravidez, no parto ou em transfusões.
Transfusões

Uma das principais razões pelas quais o sangue é testado para o tipo
sanguíneo é a necessidade de transfusão.
A transfusão sanguínea é feita quando um paciente perde muito
sangue e seu organismo não é capaz de repor sozinho o que foi
perdido. Transfusões também podem ser parte do tratamento de
algumas doenças.
Eritroblastose fetal
• Doença hemolítica do recém-nascido (DHRN) pode ocorrer em filhos de
mãe Rh– e pai Rh+.
• Se o filho for Rh–, terá́ o mesmo padrão da mãe e não haverá́
incompatibilidade entre eles.

• Se for Rh+, alguns dias antes do nascimento e principalmente durante o


parto, uma parte do sangue do feto escapa para o organismo materno,
que é estimulado a produzir anticorpo anti-Rh.

• Como essa produção não é imediata, o primeiro filho nascerá livre de


problemas. Entretanto, em uma possível segunda gestação, os anticorpos
maternos, já́ concentrados no sangue, atravessam a placenta e podem
provocar aglutinação das hemácias do feto, que serão fagocitadas e
destruídas.
• Nesse caso, ao nascer, a criança apresenta anemia e icterícia: a
hemoglobina da hemácia destruída é transformada em bilirrubina
(pigmento amarelo), substância que em quantidade excessiva se deposita
nos tecidos e dá coloração amarelada a pele.

• Além disso, pode se depositar no cérebro da criança e provocar surdez e


deficiência mental.

• A destruição das hemácias do feto e do recém-nascido leva os órgãos


produtores de sangue a lançar na circulação hemácias ainda jovens – os
eritroblastos –, daí o nome da doença.
Prevenção
 Para prevenir a eritroblastose fetal, até três dias após o parto da primeira criança
Rh+ (ou entre a 28ª e a 30a semana de gestação), a mãe Rh– deve receber uma
aplicação de anticorpos anti-Rh.

 Provenientes do plasma de pessoas Rh– sensibilizadas, esses anticorpos


destroem as hemácias Rh+ deixadas pelo feto no sangue da mãe, o que impede
o desencadeamento da produção de anticorpos maternos.

 Com o tempo, esses anticorpos são eliminados. Como o sistema imune da


mulher não foi sensibilizado, ela fica livre para uma nova gravidez.

 Se, novamente, a criança for Rh+, não haverá́ problema, pois será́ como se
fosse o primeiro filho. No entanto, o tratamento tem de ser repetido para prevenir
acidentes na gravidez seguinte,
Polialelia

Alelos múltiplos em coelhos

Os genes podem sofrer diversas mutações ao longo do tempo e originar


vários alelos.
Assim, um alelo original A, chamado selvagem, por ser o primeiro a
aparecer na natureza, pode sofrer duas, três ou mais mutações diferentes e
originar uma serie de múltiplos alelos que influenciam o mesmo caráter.
Esse fenômeno é chamado polialelia (do grego polys = muitos).
A cor da pelagem dos coelhos é um exemplo clássico de polialelia.

Ela é influenciada por quatro alelos. O alelo C condiciona pelagem selvagem, que é mais
comum na natureza: pelo marrom-escuro com uma faixa amarela próximo à extremidade, o que
dá um tom castanho à pelagem.

O alelo C sofreu mutações e produziu mais três alelos:

• o alelo cch para chinchila (o pelo, cinza-prateado, é semelhante ao das chinchilas, um roedor);
• o alelo ch para himalaia (pelo branco, com patas, focinho, rabo e orelhas pretos; essa variedade
teria, supostamente, surgido nas cordilheiras do Himalaia, na Á sia);
• o alelo c (ou ca) para albino (pelo totalmente branco).
Esses alelos apresentam dominância na ordem citada: C domina todos os outros alelos; cch
domina ch e c; ch domina c. Essa ordem de dominância de um alelo sobre outro pode ser
esquematizada assim:

C < cch < ch < c

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