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Pinho Calistenia
REDUÇÃO DE GORDURA
PORQUE NÃO DEU CERTO E COMO CONSEGUIR
INTRODUÇÃO
Diante da epidemia de obesidade e a constante exposição de “corpos ideais” nas mídias
sociais, revistas e filmes (contraste que acaba potencializando ainda mais a insatisfação da
maioria da população com a própria imagem) é comum a popularização de dietas que
induzem o corpo a redução de peso, porém são extremamente prejudiciais à saúde no
médio e longo prazo. A maioria dessas dietas surgem e somem depois de alguns anos. Fad
Diets é o termo em inglês dado a estas dietas que aparecem e se popularizam rapidamente,
sendo seguidas por muitos, por conta da falta de conhecimento sobre os danos a longo
prazo que podem causar. Mas, como a principal estratégia destas dietas é uma redução
drástica na ingestão de calorias e/ou determinados macronutrientes, não se consegue
levá-las por muito tempo.
Levante a mão quem já ouviu falar da dieta da sopa? Do suco? Do chá? Dieta Dukan (da
proteína)? Dietas terrivelmente restritivas e definitivamente não saudáveis, onde o
indivíduo se priva de calorias, fibras, micro e macronutrientes, sente-se cansado, tonto e
sem energia constantemente, o que acaba limitando a intensidade de atividade física ou
em alguns casos até se proibindo. No caso da dieta Dukan, o sistema digestivo sofre
grande estresse por conta da interrupção abrupta do consumo de carboidratos e,
consequentemente, de fibra (contida apenas em alimentos de origem vegetal),
principalmente na primeira fase (chamada de fase de “Ataque”) o que faz com que se passe
de 5 a 10 dias sem evacuar. Durante esta fase da dieta a prática de atividade física é
contraindicado pelo próprio criador da dieta.
Estas dietas não são sugeridas por profissionais nutricionista ou médicos nutrólogos.
Quem decide segui-las geralmente viu uma matéria em alguma revista, programa de TV, ou
ouviram falar por algum amigo que conhece alguém que conseguiu perder peso rápido em
um curto período.
Importante ressaltar que este conceito da “Pílula Mágica”, algo que vai te dar resultados
rápidos e sem esforço, é algo antigo, tendo sua prática iniciada nos anos 60, utilizada para
vender produtos, equipamentos, suplementos ou propagar métodos fraudulentos. Estas
dietas se tornam populares muito rápido, afinal elas oferecem o que todo mundo está em
busca: uma maneira FÁCIL E RÁPIDA de resolver um problema COMPLEXO e que levará
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tempo para ser resolvido. Em se tratando de fitness, não existem atalhos. Você vai
entender melhor ao longo das próximas páginas.
Como consequência deste agressivo corte na quantidade de calorias consumidas, muitos
conseguem perder peso (mais adiante vou explicar o porquê), e com esse peso boa parte
da massa muscular vai junto (uma vez que não se indica realizar um treino de resistência
adequado, que serviria para estimular e preservar massa magra). Pelo caráter restritivo
destas dietas, não é possível segui-las por muito tempo, por conta da extrema privação que
vai afetar não apenas sua musculatura, mas também sua digestão, o funcionamento de
glândulas, seu cérebro (que precisa de energia para funcionar eficientemente), o que pode
afetar o seu humor, concentração, e consequentemente sua performance no trabalho e/ou
estudos.
Neste livro eu compartilho boa parte do que eu aprendi em 4 anos estudando Educação
Física na Universidade Federal do Ceará, 2 anos estudando Fitness and Health na George
Brown College em Toronto no Canadá, minha experiência com centenas de clientes que
tenho ajudado nos últimos anos através do meu serviço de consultoria personalizada,
meus clientes de personal training na academia onde trabalho no Canadá (Body By
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Chosen), além das minhas pesquisas e experiências pessoais. Toda a informação que você
vai encontrar aqui reflete o consenso da ciência sobre alimentação, atividade física e saúde.
E não baseado em um “novo estudo” realizado com participantes extremamente não
saudáveis e com alto risco de adquirir doenças crônicas. Este tipo de estudo (na maioria
das vezes recente, que contradiz o consenso da literatura) não é utilizado como material
didático em uma instituição de ensino superior respeitada (ou pelo menos não deveria
ser). Se você procurar bem vai encontrar estudos que sugerem as mais absurdas teorias.
Informações baseadas em tais fontes são geralmente encontradas em blogs fitness,
revistas de fofoca ou posts em mídias sociais, escritos por pessoas sem conhecimento
teórico aprofundado sobre o assunto ou com conhecimento limitado, sem capacidade de
julgar a qualidade e confiabilidade dos estudos, ou “especialistas” interessados em
propagar sua nova dieta, suplemento ou “método milagroso” para se conseguir de maneira
fácil e rápida, algo que demanda esforço e tempo para ser conquistado.
Vou te dizer algo que talvez você não tenha visto em nenhum outro lugar: É POSSÍVEL
PERDER GORDURA SEGUINDO QUALQUER DIETA.
Exatamente isso que você ouviu. Se seu interesse é apenas reduzir seu percentual de
gordura, e você quer fazer isso o mais rápido possível, mesmo que isso signifique sacrificar
massa magra e/ou colocar em risco sua saúde à longo prazo, talvez este livro não seja para
você. Mas se você quiser aprender como conseguir isso da maneira mais eficiente possível,
sem sacrificar massa muscular ou desempenho no treino durante o processo,
aproveitando a vida, estando sempre em sua melhor forma física, envelhecendo com
saúde, seguindo uma dieta sustentável e um estilo de vida ativo que você será capaz de
levar pelo resto da sua vida, sem precisar seguir uma dieta maluca e restritiva, este livro foi
escrito especialmente para você. Se você quer aproveitar o melhor que a vida tem a
oferecer, não apenas mês que vem (porque afinal você tem que caber no seu vestido de
casamento), mas porque você quer chegar aos seus 50 anos fazendo 20 barras e 50 flexões
de uma vez só, com um core forte, sem dores na coluna, acordando cheio de energia todos
os dias. Se você quer chegar aos seus 80 anos forte e independente, sem precisar de
ninguém para carregar suas compras ou te ajudar a subir escadas. Se você quer chegar aos
100 anos sem estar praticamente morando em um hospital de tantas visitas (como
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infelizmente vivem a maioria dos nosso idosos brasileiros), sem preocupar seus filhos e
netos o tempo todo por conta do delicado estado de saúde. Este livro é para você.
Você aprendeu a se alimentar da maneira que se alimenta hoje. E pode ser difícil quebrar
certos hábitos alimentares. Muita gente acha que gosta de fastfood, refrigerante, por outro
lado não gosta de frutas e vegetais. Isto foi um longo processo que foi ensinado durante
seus primeiros anos de vida.
Por exemplo: sua primeira refeição foi colocada na sua boca por alguém que escolheu por
você. A primeira vez que você comeu mingau de maisena, tenho certeza que não foi
preparado por você. Quando tomou seu primeiro nescau com leite e duas colheres de
açúcar pela primeira vez também não. Primeira vez que tomou refrigerante em casa, te
garanto que não foi você quem foi ao supermercado, pagou a conta, trouxe para casa e
colocou na geladeira. A maioria da comida que você acha que ama foi introduzida a você
pelos seus pais. E eles só podem dar o que têm. Eles não podem te educar sobre o que é
comida saudável (o que eu costumo chamar de comida de verdade) se eles não têm a
menor noção do que isso quer dizer. Ou seja, seus pais não podem te dar algo que não os
foi dado. Não podem te educar sobre um assunto sobre o qual são ignorantes. Não tenho
dúvida de que eles querem o seu melhor, mas quando se trata de alimentação e atividade
física eles não sabem nem o que é melhor para eles mesmos. Não é surpresa que em
qualquer lar brasileiro com um adulto acima dos 40 existe uma grande probabilidade de
alguém já ter desenvolvido um problema crônico de saúde por consequências de seus
maus hábitos alimentares e sedentarismo.
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Com este livro eu quero te mostrar de maneira simples e prática como fazer as melhores
escolhas e ainda aproveitar e ser feliz com o que você come. Não se tornando escravo de
suas compulsões alimentares.
Ao final da leitura deste livro você vai ter conhecimento teórico sobre a ciência por trás da
redução de percentual de gordura, para que você não caia em golpes de suplementos ou
equipamentos oferecendo soluções milagrosas. Além disso você vai ser capaz de traçar
objetivos realistas, atingíveis e sustentáveis que vão te levar em direção ao percentual de
gordura que você pretende ter. Sem pílulas mágicas, sem promessa de resultados sem
sacrifícios, e com garantia de resultados. Se você seguir as 3 dicas fundamentais
(alimentação, treinamento de resistência e atividades complementares) todos os dias, não
tenho nenhuma dúvida de que você vai ter uma vida mais saudável e estar satisfeito com
sua forma física muito em breve. Aproveite a leitura.
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O conceito sobre redução de percentual de gordura é relativamente simples. Por simples
eu não quero dizer fácil. Simples, porque o mecanismo de consumo de gordura
subcutânea (acumulada sob a pele) pelo nosso corpo é algo simples de se entender.
Todavia, a aglomeração de seres humanos em comunidades e o consequente avanço da
sociedade acabou tornando nosso estilo de vida bem diferente de como era até bem
pouco tempo atrás.
Imagine como era a vida antes da invenção do automóvel. Apesar de utilizarem cavalos
como meios de locomoção, as pessoas se locomoviam principalmente caminhando. Não
existia automatização, tudo era feito manualmente. Até as atividades mais simples e
ordinárias, como por exemplo limpar a casa, lavar roupas, exigiam uma certa demanda
energética do corpo humano para que fossem executadas. Como no caso de cortar lenha
para cozinhar o almoço. Até 20 anos atrás não existia água encanada na vila que minha avó
morava no interior do Ceará. E hoje o fornecimento de água é feito duas vezes por semana.
Para ter água para casa eram necessárias longas caminhadas com um balde de água na
cabeça. Atividade que, mais uma vez, requer um certo gasto energético do corpo.
Resultado disso, minha avó, hoje com quase 90 anos de idade, nunca esteve em
sobrepeso.
Pode parecer demasiado simples e, apesar de estar na moda entre influencers e
celebridades fitness falar que o que importa são os macronutrientes e não calorias, ou
qualquer outro argumento utilizado para vender produtos ou serviços, o consenso na
ciência sobre atividade física, alimentação e saúde ainda é de que o acúmulo de gordura é
ocasionado por conta de uma ingestão de calorias superior ao gasto, também conhecido
como superávit calórico.
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A figura acima demonstra o nível de importância de determinados fatores da alimentação
para saúde e performance. Na base estão os fatores que mais impactam e no topo os que
menos impactam. Como você pode ver, balanço calórico representa o fator de maior
importância (cerca de 60%). Ingerindo mais calorias do que gastando pode trazer sérias
consequências de saúde no futuro. Quanto mais alto o Índice de Massa Corpórea maior o
risco de se desenvolver alguma doença crônica. As doenças que mais matam (problemas
cardiovasculares, câncer e diabetes) estão diretamente relacionadas com sobrepeso.
Em seguida vêm a distribuição dos macronutrientes. Hoje no Brasil se popularizou a dieta
flexível, que reconhece a importância do primeiro fator (balanço calórico) para
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performance e resultados, porém ignora a importância do segundo fator (fonte das
calorias). Porém, segundo o Dr Mike Israetel a proporção de macronutrientes representa
menos de 15% da importancia. Contanto que você ingira a quantidade mínima de proteína
(estudos apontam para algo entre 1-2 gramas por peso corporal, dependendo dos
objetivos, peso corporal, experiência com atividade física do indivíduo) os demais
macronutrientes podem variar. Observando-se a mínima ingestão de fibra recomendada
(25 gramas por dia) e de carboidrato para dar energia ao treino, e a origem da gordura
(cortar completamente gordura trans e reduzir ao máximo gordura saturada) os resultados
não serão comprometidos e a saúde estará em boas mãos.
Cada movimento que seu corpo produz requer energia para ser realizado. Por menor que
seja. Enquanto você está vivo, mesmo que dormindo, existem uma quantidade
inimaginável de coisas acontecendo que acabam por consumir energia. Por exemplo: cada
contração cardíaca para bombear sangue para todo o seu corpo, sua digestão digestão,
reações químicas, quando você vira para o lado oposto da cama para encontrar uma
posição mais confortável. Tudo isso consome energia. Algumas atividades mais do que
outras, e esta energia é fornecida através da sua alimentação, podendo ser acumulada
caso você consuma mais do que seu corpo é capaz de gastar.
Imagine seu consumo e gasto calórico diário como a movimentação da sua conta
poupança. O dinheiro guardado na poupança representa a gordura. E suas despesas
diárias seriam seu gasto calórico. Digamos que você ficou desempregado, mas felizmente
tem dinheiro suficiente na conta para viver pelos próximos 6 meses sem precisar trabalhar.
Se você escolher ter um estilo de vida mais simples, essa poupança pode durar por até um
ano. Porém se você mantiver o mesmo estilo de vida mais agitado, saindo para baladas
todo fim de semana, comer fora em todas as refeições, andar de carro o tempo todo em
vez de utilizar o transporte público, esta poupança pode ser completamente dilapidada em
dois meses (um terço do tempo).
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Ainda não entendeu? Deixe-me explicar melhor.
Digamos que você seja um jovem estudante de engenharia, no seu último ano de
universidade. Você não tem muito dinheiro, vai para todo lugar de bicicleta, faz natação na
piscina da universidade ao fim do dia após suas aulas, joga futebol no fim de semana, e
três vezes por semana tenta ir na academia da faculdade para treinar. Almoça todo dia no
restaurante universitário e leva duas bananas para comer entre as aulas caso sinta fome.
Aparentemente você é bem ativo (realizando mais de 6 horas de atividade física semanais,
sem contar o tempo de locomoção na sua bicicleta).
Um ano depois você se formou e passou numa seleção disputadíssima para trainee de
uma empresa de engenharia. Primeiro ano você chega mais cedo e fica até mais tarde para
mostrar que trabalha duro, o que te faz parar com a natação, treinando musculação
apenas três vezes por semana. Após um ano você já tem dinheiro suficiente para financiar
um carro (em 60 prestações) e deixa finalmente o tormento de utilizar o transporte público
em uma cidade louca como São Paulo, e não tem mais tempo a perder andando de
bicicleta. Você sai de casa muito cedo e chega muito tarde, e não tem tempo para fazer seu
almoço e levar para o trabalho, e acaba comendo no fast food mais próximo. De três vezes
por semana você reduz sua frequência de treino para duas vezes. E após mais um ano você
abandona de vez e resolve focar no trabalho. Após 5 anos de trabalho você ganhou 18
quilos. E não sabe como isso aconteceu.
É justamente isso que acontece com a maioria dos jovens adultos assim que começam a
ser financeiramente ativos. O trabalho e as responsabilidades acabam por consumir a
maior parte do tempo destas pessoas e elas não são capazes de manter a mesma
frequência de atividade física que tinham quando mais jovens.
A energia pode ser armazenada no corpo através do glicogênio, que são grandes cadeias
de glicose acumuladas nos músculos ou fígado. Moléculas de glicose necessitam de água
para manter sua estrutura, o que faz com que seu acúmulo seja limitado em questão de
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espaço. Caso contrário seus músculos e fígado inflariam conforme você não fosse
utilizando estas reservas. Depois que todo o estoque de glicogênio muscular e hepático
está cheio toda a energia em excesso (não importa a origem) vai passar por um processo
que vai transformá-la em uma forma de energia que pode ser estocada ilimitadamente:
gordura. A gordura não necessita de água ou qualquer outra molécula para ser
armazenada, e sua área de distribuição é toda a superfície da pele. Diferente do que muita
gente acredita, a gordura é distribuída embaixo da pele (subcutânea), em todo o seu corpo.
Pessoas diferentes acumulam mais gordura em determinadas partes do corpo,
dependendo de vários fatores. Homens geralmente acumulam na região abdominal e
mulheres na região do quadril. Portanto, para perder aquela barriguinha, onde ela mais
incomoda, você vai ter que reduzir a gordura distribuída em toda a superfície da pele. Ela
se acumula exatamente entre a pele e o músculo, impedindo que este músculo seja visto.
Sinto muito dizer, mas o último lugar que você vai perder gordura é justamente naquele
lugar onde você mais acumula naturalmente.
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O gráfico acima mostra o que determina o gasto calórico do corpo humano e uma
estimativa de percentual para cada fator.
2 – Atividade física;
Diferentemente do que muita gente acredita, não é a atividade física responsável pela a
maior parte de calorias gastas, e sim o gasto metabólico basal.
Gasto metabólico basal em resumo é a energia necessária para manter seu corpo
funcionando. Mesmo quando você está dormindo existe muita coisa acontecendo no seu
corpo: você se movimenta para trocar de posição, respira, seu coração continua
bombeando sangue para o corpo todo, você está digerindo aquele sanduíche que comeu
antes de dormir, etc. Para que cada uma destas coisas aconteça é necessário energia. E
esta energia é gerada através de calorias. Imagine um carro ligado o tempo todo. Mesmo
parado (em ponto morto – neutro) ele ainda está consumindo combustível, só não estará
consumindo mais do que quando em movimento.
Mesmo que uma pessoa tente induzir um estado de gasto calórico extremamente baixo,
não se mexendo, controlando a respiração e se mantendo calmo para desacelerar os
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batimentos cardíacos, ela ainda estará gastando 70% da energia adquirida através da
alimentação (calorias) simplesmente por estar vivo.
Um dos principais fatores que tem ocasionado a epidemia de obesidade que assola o
mundo hoje foi a popularização de alimentos altamente processados e convenientes,
porém densos em calorias, associado a um estilo de vida onde tudo foi criado para gerar
menos movimento e, consequentemente, menor gasto calórico pelo corpo humano. O
controle remoto da tv para te poupar de se levantar e ir trocar de canal na própria TV, o
carro para locomoção, o elevador para evitar o esforço desnecessário de subir escadas, etc.
Obviamente todas estas invenções tornaram o mundo mais eficiente, em teoria nos
permitindo tempo livre para focar em outras coisas, porém isso também contribuiu para
tornar o ser humano moderno mais sedentário.
Um ser humano médio para ser considerado ativo deve gastar pelo menos 150 minutos
realizando alguma atividade física por semana. Isso corresponde a 25 minutos por dia, 6
vezes por semana. Não é à toa que a atividade física apenas corresponde a cerca de 20%
do gasto calórico diário de um ser humano. Enquanto seu corpo continua a realizar suas
atividades normais continuando a consumir calorias ao longo das outras 23 horas e 35
minutos do dia.
Efeito térmico do alimento é o gasto energético necessário para digerir o alimento
ingerido e distribuir macro e micronutrientes para todo o corpo. Isso é algo que vem sendo
muito falado no Brasil. Muitos especialistas (alguns sem nenhum conhecimento teórico ou
formação acadêmica) falam que calorias não importam muito, o que importa é a
proporção dos macronutrientes (gordura, carboidrato e proteína) que se ingere. Porém
isso não é completamente verdade.
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Obviamente a demanda calórica do organismo ao digerir uma fatia de melão vai ser
diferente da demanda para digerir bacon. Mas isso não quer dizer que se você comer mais
bacon e menos melão vai fazer com que se gaste mais calorias. 100 gramas de bacon têm
em torno de 550 calorias, enquanto 1 kg de melão tem 360 calorias. Você deve levar em
consideração nessa equação a quantidade de calorias daquele alimento. A não ser que seja
alface, o gasto calórico para digerir e alocar todos o macro e micronutrientes daquele
alimento (efeito térmico do alimento) nunca vai superar a quantidade de calorias
adquiridas com sua ingestão. Os especialistas acabam dizendo uma verdade, mas
ocultando o restante da verdade. Já ouvi youtuber falando que 2000 calorias de bacon era
melhor do que 2000 calorias de frutas, e isso iria ter um efeito diferente no organismo.
Primeiro: 400 gramas de bacon já dariam bem mais de 2000 calorias (quantidade
geralmente recomendada de consumo diário para um ser humano médio) enquanto você
teria que comer 5 melões e meio para obter 1980 calorias. E porque razão alguém gastaria
o dia comendo apenas um alimento, não é verdade? Estas comparações nem sempre são
realistas. O argumento pode ser forte, mas não tem aplicabilidade no mundo real.
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Quão difícil é perder gordura?
Não?
Mas eu vou falar assim mesmo. Juro que vai ser simples. :)
Cada grama de um macronutriente corresponde a um valor energético, ou seja,
uma quantidade de calorias.
Apesar de o álcool não ser considerado alimento e não ser estocado em forma de
gordura ele tem calorias. Ele não vai ser estocado em forma de gordura, porém vai
ter prioridade de gasto energético, ou seja, você também não vai utilizar tanto
outro substrato energético como fonte de energia até que as calorias do álcool
sejam utilizadas.
90% das células do seu corpo preferem glicose como fonte de energia, e algumas
se alimentam quase que exclusivamente de glicose como o cérebro (na falta de
glicose serão consumidos corpos cetônicos). Não vou aqui me aprofundar sobre os
macronutrientes, até porque não existem estudos suficientes para provar que a
proporção de macronutrientes vai interferir de maneira diferente no ganho ou
redução de gordura subcutânea. Para que uma dieta, mesmo contando
macronutrientes resulte em redução de percentual de gordura ainda assim terá
que garantir um déficit calórico.
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Imagine João, engenheiro, trabalho em horário comercial em um escritório,
sentado a maior parte do tempo (cerca de 7 horas), sedentário, 45 anos, 1.75 m, 95
kg e 32% de gordura corporal. Trabalha das 8 às 18, tem duas filhas (uma de 8 anos
e outra de 12 meses). Quando chega em casa precisa gastar um tempo com a
família. Depois que coloca as filhas para dormir vai trabalhar em um projeto
pessoal que pensa em abrir ano que vem, uma empresa de consultoria de projetos.
Isso acaba consumindo todas suas noites (das 21 às 23) e os fins de semana.
Nenhum tempo acaba sobrando para João preparar suas próprias refeições ou se
exercitar. O escritório que trabalha é localizado em um shopping e ele acaba indo
almoçar na praça de alimentação todos os dias. Duas vezes por semana acaba não
resistindo a tentação de um Whopper triplo com batata grande e um corpo de 700
ml de coca-cola. Uma vez por mês, em um sábado se encontra com os colegas do
trabalho para jogar futebol. Esta é a única prática de atividade física de João. E
ainda acaba ficando a maior parte do tempo como goleiro, porque não aguenta
correr muito depois da primeira partida.
Em uma primeira avaliação não precisa ser especialista para perceber que João está
precisando melhorar em vários aspectos. Não tenho medo de dizer que o estilo de
vida de João é uma combinação perigosa que resultará em uma doença crônica que
irá tornar sua velhice bem difícil e sofrida. Sem falar do sofrimento da família. Isso
quem diz não sou eu. Com um IMC acima de 31 João está na categoria Obeso nível
1, o que quer dizer que ele tem um alto risco de desenvolver doenças cardíacas,
diabetes, AVC, hipertensão. Isso segundo a Organização Mundial de Saúde. Se
observar países desenvolvidos do extremo oriente como Cingapura, Japão e Hong
Kong, um IMC acima de 30 é categorizado como Obesidade nível 2 (extremamente
obeso).
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Acima citei que 1 grama de gordura corresponde a 9 calorias. Portanto 30400
gramas de gordura (30.4 kg) correspondem a 273600 calorias (30400 gramas X 9
calorias por grama de gordura). Vamos imaginar uma situação extrema e
hipotética, se João simplesmente parasse de comer e apenas ingerisse água (zero
caloria) pelos próximos dias, quanto tempo duraria para viver até que atingisse
uma quantidade saudável de percentual de gordura (para indivíduos do sexo
masculino algo entre 11 e 20 é considerado o ideal em termos de saúde)? João teria
que reduzir 12% do seu percentual de gordura para atingir esses 20% (mínimo
considerado saudável), o que são 19 kg, correspondente a 171000 calorias.
Obviamente João não poderia realizar atividade física durante este período já que
não teria energia suficiente para realizar atividade física sem comprometer sua
saúde, sendo portanto, o gasto metabólico basal seu único consumo calórico.
Para calcular o gasto calórico basal deve-se levar em consideração sexo, peso,
idade e altura do indivíduo, e mesmo assim este valor não vai ser 100% preciso,
porém existem algumas calculadoras na internet que já aplicam este cálculo e dão
uma ideia aproximada do seu gasto calórico basal (basta buscar “Basal Metabolic
Rate Calculator”). Baseado nesse cálculo, o gasto metabólico basal de João é de
1900 calorias por dia. Neste caso, João passaria exatos 90 dias (3 meses) sem
ingerir nada além de água para sair dos 32% para 20% de gordura corporal.
Obviamente esta é uma situação hipotética. Haveriam sérias implicações de saúde
em prolongar tanto um jejum. Mas isso serve para te dar uma ideia do quão difícil é
perder gordura. Principalmente quando o indivíduo está muito acima do peso (IMC
muito acima de 30 em indivíduos sedentários).
1 - Pelo fato da molécula de gordura acumular tanta energia (mais do que
carboidrato e proteína); e
2 - Pelo fato de nosso corpo ser tão eficiente em questão de utilização de energia.
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Sem contar também que quando se perde peso muito rápido, nosso organismo
entra em uma espécie de estado de sobrevivência (survival mode) e faz com que
nosso metabolismo desacelere, em uma tentativa de prolongar a vida. Ele é tão
eficiente que vai notar a queda brusca no consumo energético e fazer com que o
corpo consuma menos energia. Mais ou menos como quando seu celular entra em
método econômico quando a bateria está inferior a 20%, cortando alguns gastos
que não são essenciais para o bom uso do aparelho, como a claridade da tela. Isto
também acarretaria perda de massa magra no processo. A estrutura muscular é
bastante complexa e tem uma demanda metabólica muito maior para ser mantida,
portanto seu corpo passaria a se livrar da quantidade de massa muscular
desnecessária (já que nenhuma atividade física está sendo realizada para justificar
a manutenção desta massa magra) como forma de reduzir ainda mais o gasto
metabólico basal.
Talvez você já tenha ouvido sobre técnicas e produtos para fazer seu corpo
queimar mais gordura. Termogênicos e treinamento aeróbico são algumas dessas
maneiras divulgadas e interpretadas erroneamente. Vou falar um pouco sobre
ambos.
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indivíduo à morte por hipertermia, como o caso do DNP (2,4-Dinitrifenol). Não é à
toa que muitos suplementos termogênicos são proibidos no Brasil.
O que ninguém fala é que este aumento da temperatura corporal, e consequente
aumento do metabolismo basal, é responsável por uma quantidade quase que
insignificante calorias, não mais de 150 calorias por dia (ou seja, dois biscoitos
recheados). Portanto, se você tomar este suplemento e não estiver em um déficit
calórico isso não resultará em consumo significativo de gordura.
Aeróbicos são amplamente divulgados como a melhor estratégia para se reduzir
percentual de gordura, porém as informações são geralmente sensacionalistas e na
maioria das vezes incompletas. Vou tentar explicar de maneira simples como
funciona o consumo energético dependendo da intensidade da atividade, já que a
quantidade total de calorias e a origem desta energia gerada vai depender
diretamente da intensidade e duração da atividade.
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Glicose é uma fonte de energia intermediária, ela é capaz de gerar uma contração
forte (não tanto quanto a fosfocreatina), pelo fato de estar estocada na
musculatura, através do glicogênio muscular (grandes cadeias de glicose estocadas
no músculo), portanto de fácil acesso, porém com uma capacidade de estocagem
limitada, por necessitarem de água para se ligarem e por estarem armazenadas na
própria musculatura.
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geração de energia, e quanto mais intensa a atividade menos gordura será
utilizada.
Isso é algo que confunde muita gente. Principalmente em máquinas de aeróbico,
como elíptico e esteiras, eles têm uma faixa de intensidade chamada “Zona de
queima de gordura” e as pessoas erroneamente ficam em uma intensidade baixa,
crendo que desta maneira estarão queimando mais gordura do que outras fontes
de energia. O que não deixa de ser verdade.
O que acontece é que estando em uma zona de intensidade baixa esta pessoa
estará gastando bem menos calorias do que poderia se estivesse em alta
intensidade, e se ela não estiver em um déficit calórico, toda a energia adquirida
através da alimentação (calorias) será estocada novamente em forma de gordura.
O que acaba por ser contra produtivo.
Como você pode observar no gráfico as fontes energéticas se sobrepõem, o que
significa que você jamais estará deixando de utilizar glicose e gordura como fonte
de energia para qualquer atividade. A não ser que você queime todo o estoque de
glicogênio do seu corpo, o que apenas aconteceria em uma atividade bem longa, já
que o glicogênio disponível é responsável por cerca de 3000 calorias. Se uma
corrida leve de 30 minutos queima em média 200 calorias, se você utilizasse apenas
seu glicogênio como fonte de energia (o que não é possível – você também estará
utilizando gordura durante a atividade) seriam necessárias 7 horas e meia
ininterruptas de corrida, por dia.
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minutos, dependendo da intensidade você pode gastar em média 600 calorias, 75%
delas oriundas de glicose, e ainda trabalhar sua musculatura. O que seria mais
eficiente em termos de gasto energético?
Quando você pensa em redução de percentual de gordura, você não quer apenas
perder gordura, você quer também manter sua massa muscular. E sua musculatura
só vai se desenvolver se for trabalhada. Quando você faz um aeróbico (como
corrida e bicicleta) você está utilizando predominantemente seus membros
inferiores, portanto se você é um homem e quer redução de percentual de gordura
através de corrida, fique ciente que sua musculatura dos membros superiores não
será eficientemente desenvolvida com esta atividade. Não estou dizendo para você
para de correr. Absolutamente não. Se você gosta não há motivo para parar. Minha
intenção é mostrar todos os detalhes e assim te ajudar a escolher de maneira
inteligente. Se seu objetivo é redução de gordura quanto mais atividade física
melhor, desta maneira você estará consumindo mais calorias. Porém você não
deve levar em consideração apenas calorias gastas na atividade. Para que a conta
fique completa você deve incluir a quantidade de calorias consumidas através da
alimentação.
Quanto maior a intensidade, mais calorias serão gastas e menos tempo será
utilizado na atividade. Esta estratégia, do meu ponto de vista, é a melhor maneira
de tornar seu treino tempo eficiente. Como já disse, quanto mais baixa a
intensidade maior é o percentual de gordura que está sendo utilizado. Por
exemplo, quando você vai levantar uma caixa pesada do chão e colocar em uma
prateleira. Essa energia deve estar disponível imediatamente. Portanto, não será
gordura a principal fonte. Seu corpo não pode esperar o longo processo que é
utilizar a gordura como fonte de energia. Será o glicogênio, porque está disponível
ali mesmo no músculo. Por outro lado, quando você está dormindo, não está
realizando nenhum movimento brusco. Ou seja, esta energia pode ser levada aos
poucos, lentamente para seu coração bombear sangue para seu corpo, seus
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pulmões funcionarem, etc. Logo, a maior parte da energia consumida para isso é
baixíssima. E não esqueça que a molécula de gordura tem muita energia (9 calorias
por grama). Isso não quer dizer que se você apenas dormir irá queimar gordura a
ponto de ficar trincado.
A maioria das pessoas são muito ocupadas e a principal razão de não se
exercitarem é a falta de tempo. Portanto, pense bem na hora de escolher a sua
atividade. Ao final do dia o que vai ser fundamental é o balanço calórico – calorias
adquiridas (através da alimentação) versus calorias consumidas (através de
movimento).
Balanço calórico
Durante muito tempo se acreditou que o horário que você come é algo
extremamente importante. Nos anos 80 e 90 acreditava-se que deveríamos comer
a cada 3 horas e que o café-da-manhã é a refeição mais importante. Porém muitas
pesquisas foram realizadas sobre o assunto, e o consenso na literatura sobre
alimentação, atividade física e saúde é de que o balanço calórico vai determinar o
acúmulo ou o consumo de energia armazenada no corpo, constituindo assim o
fator mais importante para saúde e performance. Depois vem a composição, ou
seja, qual a fonte destas calorias. Em seguida, representando menos de 15% da
importância vêm a proporção de macronutrientes (carboidrato, proteína e
gordura). Desde que se observe o mínimo de proteína e o mínimo de fibra, o
restante pode variar. Horário das refeições, suplementação e hidratação
representam menos de 10% da contribuição da alimentação para saúde e
performance.
23
Em poucas palavras, se você ingerir mais do que gasta, você vai acumular. E se
você gastar mais do que ingeriu, vai consumir o estoque. Simples assim. Existem
algumas pesquisas controversas realizadas na maior parte em indivíduos
extremamente obesos e não saudáveis que apontam para a distribuição dos
macronutrientes como sendo mais importante para ganho ou perda de peso,
porém até o momento tudo o que encontrei sobre o assunto são estudos que não
controlam 100% das calorias consumidas pelo indivíduo. Contando com o relato
dos pesquisados, onde há grande probabilidade de imprecisão. Se você encontrar
alguma pesquisa que não tenha sido realizada em indivíduos com alto risco para
doenças crônicas e que tenha fornecido e contado todas as calorias ingeridas e
gastas pelo indivíduo, por favor me envie por email (final do ebook).
24
Imagine como se fosse uma conta bancária. Se você tem uma poupança (que é sua
gordura) e você gastou mais do que ganhou mês passado, você vai precisar
recorrer a sua poupança para pagar pelo que não conseguiu pagar com o seu
salário. Por outro lado, se este mês você acabou ganhando mais dinheiro (entenda
como calorias) e não gastou tanto, o que sobrou do seu salário você vai colocar
novamente na poupança (e adicionar ao que você já tinha acumulado).
A teoria de que comer de 3 em três horas é o ideal, também não necessariamente
vai trazer benefícios em termos de redução de percentual de gordura. Talvez com
relação a distribuição de proteína ao longo dia. Comendo a cada 3 horas você vai
ter em média 6 a 7 refeições ao dia. O que é mais fácil, estar em superávit calórico
ingerindo 6 refeições ou apenas 3? Por isso o jejum intermitente (que vou falar
adiante) é tão eficiente. Não por ser milagroso e ter benefícios além de balanço
calórico, mas por possibilitar que o indivíduo consuma menos calorias ao longo do
dia, ao mesmo tempo que sacia sua fome em cada refeição.
Nosso organismo funciona de maneira similar, em termos de consumo e gasto
energético. Tendo apenas 3 refeições ao dia, vai te permitir gastar mais tempo com
o que realmente interessa (trabalhar, estudar, etc.), em vez de parar de fazer o que
está fazendo e ter uma refeição a cada 3 horas. Mesmo comendo relativamente
pouco nestas 6 refeições, é mais provável que se encerre o dia em superávit
calórico do que em déficit. Por outro lado, quando se faz apenas poucas refeições
25
ao longo do dia você pode se satisfazer, consumindo um maior volume de comida,
podendo permanecer mais tempo sem sentir fome.
Superávit calórico é o consumo de calorias superior ao gasto. Se ao fim do dia
mais calorias foram consumidas do que gastas, este excesso será estocado. Isso
acontece principalmente em forma de gordura. Por isso esta epidemia de
obesidade no mundo todo, as pessoas estão cada vez mais ocupadas e menos
fisicamente ativas (gastando assim menos calorias), e sem tempo para planejarem
o que comer, o que as leva a escolha mais conveniente e mais saborosa,
geralmente alimentos processados e fast food que são muito densos em calorias e
pobres em nutrientes. Este baixo gasto de calorias nas atividades diárias e
consumo de alimentos extremamente calóricos resulta em um superávit calórico
constante, que acaba resultando em um acúmulo de gordura ao longo do tempo. E
quando mais peso o indivíduo ganha, mais difícil fica se exercitar, o que acaba
resultando em problemas articulares e doenças crônicas mais tarde que acabam
impossibilitando-as de realizar atividades de alta intensidade, limitando assim o
gasto calórico a atividades de baixa intensidade e baixo gasto energético. O que
acaba por criar um ciclo vicioso difícil de se interromper.
Não importa o que você ouviu por aí. O gasto calórico vai ser o principal fator para
ganho ou perda de gordura. Pelo menos este é o consenso da ciência sobre
atividade física, alimentação e saúde.
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Se você levar em consideração apenas isso: perda ou ganho de gordura
subcutânea. A gordura também se acumular na sua cavidade abdominal, e este é o
pior tipo de gordura. A chamada gordura visceral. É possível ter um percentual de
gordura baixo e não ser saudável. Leve em consideração de que comida
não-saudável e processada é muito mais calórica e pobre em nutrientes do que
comida saudável e não-processada.
Como na pirâmide mostrada acima, balanço calórico e composição do alimento
representam cerca de 75% do impacto em performance e saúde, ou seja, se você
garantir que está em déficit e adquirir cerca de 80% das suas calorias diárias de
fontes saudáveis não-processadas, estará garantindo a maior parte dos resultados.
Comida processada é qualquer alimento manipulado pelo homem. Algo foi
adicionar e/ou algo foi retirado. Seja para fazer ter um sabor, cheiro e cor mais
atraente para o consumidor ou para durar mais tempo nas prateleiras. Exemplos
de comida processada são aquelas com uma lista de ingredientes. Se tiver mais do
que um ingrediente (além de água) é considerado processado.
Alimentos não-processados são aqueles conforme vêm da natureza, cujo único
ingrediente é apenas o próprio alimento. Uma banana é uma banana, batata é
batata, feijão é feijão. Se o produto é simplesmente embalado, mas o único
ingrediente é apenas um e ele mantém todos os componentes do produto original,
este produto pode ser considerado minimamente processado. Por exemplo: muitas
pastas de amendoim têm como único ingrediente amendoim. Tudo foi mantido:
fibra, óleos, etc. Por isso, na hora de escolher comida processada, tente escolher a
minimamente processada ou com a menor lista de ingredientes, e com nomes
menos complicados. Alguns produtos químicos com nomes complicados são
adicionados para melhorar sabor, cor e aroma. Portanto, se você não consegue ler
o ingrediente, provavelmente não vai fazer bem para você.
Comida de verdade é geralmente rica em fibra (um carboidrato com vários
benefícios para a digestão, absorção de colesterol, além de não ser absorvido pelo
27
organismo – portanto sem calorias) e baixo em calorias. Frutas e vegetais além de
rico em fibras têm em sua composição cerca de 90% de água. O que promove
maior saciedade. Já alimentos processados têm a fibra e água retirados no
processo de fabricação, para aumentar o prazo de vencimento, e têm alta
densidade calórica.
Resumindo, o mais importante não é a frequência com que você come (quantas
vezes por dia) e sim O QUANTO (balanço calórico) e O QUE (composição) se come.
Comer comida não-saudável pode trazer consequências negativas à saúde no
futuro, e o consumo em grande quantidade de calorias vai acumular o excesso de
energia em forma de gordura.
Comida não é como um veneno, algo que vai te causar um problema de saúde
imediatamente. Você pode ser um jovem, que come porcaria e acredita que nada
28
vai acontecer. Enquanto se é jovem o corpo é forte o suficiente para combater os
danos causados por maus hábitos alimentares e falta de atividade física.
Alimentação é algo que vai resultar em problemas de saúde em 20, 30 ou mais
anos de hábitos alimentares não-saudáveis. Não é à toa que as doenças que mais
matam no Brasil e no mundo (problemas cardiovasculares, câncer e diabetes) estão
ligados diretamente à estilo de vida – hábitos alimentares e atividade física.
Antigamente, as doenças que mais matavam eram doenças contagiosas, ou seja,
transmitidas de pessoa a pessoa através de contato físico ou pelo ar. Com o avanço
da tecnologia e o desenvolvimento da ciência, a grande maioria dessas doenças
foram erradicadas. Porém você dificilmente vai encontrar uma família que não
tenha um caso de morte por problemas cardiovasculares.
Sem dúvida fator genético conta, mas pense comigo, é possível encontrar em
praticamente todas as famílias alguém com algum problema cardiovascular, na
grande maioria causados por maus hábitos alimentares e falta de atividade física.
Portanto podemos afirmar que isto está nos genes de todos nós.
Obviamente calorias é o que vai contar em termos de redução de percentual de
gordura, mas as fontes destas calorias vão ser determinantes na sua saúde e
qualidade de vida, não apenas hoje, mas em 20 ou 30 anos. Alimentação saudável e
prática de atividade física regular irá proporcionar uma velhice mais independente
e livre de dores e sofrimento. Todos nós queremos viver mais, mas olhe para os
idosos na sua família e observe bem: é assim que você quer viver seus últimos
anos? Lidando com uma doença crônica por 10, 20, 30 anos antes de partir? Entre
idas e vindas do hospital? Tomando remédios e sendo submetido a cirurgia e/ou
tratamentos de saúde extremamente invasivos? Não precisa ser assim. No entanto
você precisa começar a pensar nisso agora.
29
O risco das dietas da moda (Fad diets)
Desde meados do século 20 até agora a aparência física tem sido uma grande
preocupação dos seres humanos, principalmente em grandes cidades, onde o fluxo
de informação e a possibilidade de interações sociais são maiores do que em
cidades pequenas. Como a maioria das pessoas está muito ocupada estudando e
trabalhando, levando adiante seus projetos pessoais, nem todo mundo reserva
tempo para praticar atividade física e pensar sobre alimentação. Os que iniciam a
prática de atividade física e incluem hábitos alimentares saudáveis já estão
investindo tempo nessa prática e acabam não investindo tempo para ler o
suficiente sobre o assunto, não o suficiente para tomar a melhor decisão.
Nesse impasse, onde a população em geral quer informações fáceis, resumidas e
traduzidas para leigos, e os cientistas que não estão tão preocupados em tornar
este conhecimento menos científico, surgem “especialistas” nem sempre
bem-intencionados que se voluntariam a “traduzir” este conhecimento de uma
maneira entendível. O problema é que alimentação, atividade física e saúde são
conceitos complexos e é possível encontrar estudos produzidos capazes de
“provar” teorias absurdas. É fácil ver verdades distorcidas, ocultas e conclusões
viesadas, tendendo a endossar a informação divulgada por estes “especialistas”. O
30
que sempre deve ser buscado é o consenso. Alimentação e atividade física é algo
extremamente complexo e ao mesmo tempo relativamente novo no mundo da
pesquisa científica. Portanto, o que a maioria dos artigos produzidos sobre o
assunto falam é o que deve ser recomendado por profissionais, porém não é
possível controlar o que estes profissionais sugerem. O que acaba os motivando a
ir para o lado que os proporcionará mais lucro.
A razão pela qual estas táticas de convencimento funcionam é porque elas
oferecem o que as pessoas querem: uma maneira fácil e rápida para corrigir um
problema complexo e que leva tempo para corrigir.
Já existiram dietas do chá, da proteína, da sopa. Nos anos 80, período onde se
produziu mais pesquisas sobre os riscos do alto consumo de gordura saturada (o
que ainda é apontado como o principal fator que contribui com o surgimento de
doenças cardíacas, apesar das controversas discussões sobre o assunto nas mídias
sociais), acabaram por demonizar a gordura. Sem uma maior preocupação em se
fazer distinção entre fontes de gordura. Abacate é uma fonte de gordura. Gordura
vegetal hidrogenada também. Castanha é uma fonte de gordura. Carne processada
também. Se aproveitando disso, a indústria alimentícia acabou investindo
31
massivamente em estratégias de marketing em torno disso, fazendo propagando
de seus alimentos “com baixo teor de gordura”, mas omitindo a alta concentração
de sódio, ou açúcar refinado adicionado, ou outro fator também nocivo à saúde.
Apesar de em excesso a gordura (especialmente a poli e mono saturada) ser capaz
de levar o indivíduo à problemas de saúde no futuro com aterosclerose
(entupimento de artérias), é um componente necessário para o corpo humano,
principalmente na manutenção de um funcionamento hormonal saudável.
Hoje em dia se escolheu um novo alvo: o carboidrato. Por conta da explosão de
casos de diabetes. Porém quando falam sobre carboidrato, não se aprofundam
tanto na categoria deste carboidrato. Um biscoito recheado é (contém em sua
composição) carboidrato, assim como uma banana ou uma batata. Porém você
deve saber a diferença entre um biscoito recheado e uma banana. Banana tem
fibra. Biscoito não. Banana é rica em micronutrientes. Biscoito é vazio em
nutrientes. Biscoito recheado tem uma série de aromatizantes e produtos químicos
artificiais para alterar sua cor e sabor. Banana não. Mais de 85% da banana é água.
Gordura vegetal hidrogenada está presente na grande maioria dos biscoitos
industrializados. No entanto, quando vemos matérias falando sobre carboidratos,
geralmente vemos que se colocam ambos, carboidratos processados e
não-processados, em um mesmo saco. Confundindo ainda mais a cabeça da
população em geral. Claro que se você contar as gramas de carboidrato na tabela
nutricional de um biscoito recheado de em uma banana, e se em ambos a
quantidade for a mesma, ambos irão fornecer a mesma quantidade de energia
(oriunda de carboidrato). E se possuírem a mesma quantidade total de calorias,
terão a mesma influência no ganho ou perda de peso. Porém a maneira com que
seu corpo metaboliza o restante do alimento, e os micronutrientes e minerais
contidos em ambos são aspectos que devem ser levados em consideração.
Principalmente se saúde está acima de sabor na ordem de importância na hora de
escolher um alimento.
32
Se alguém disser que 5 gramas de açúcar em um biscoito recheado e 5 gramas de
açúcar de uma banana terão o mesmo efeito em termos de ganho de peso, esta
informação pode ser considerada verídica. E ainda mais, se disser que 5 gramas de
carboidrato em um biscoito vai ser menos calórico do que 10 gramas de
carboidrato de uma banana, será igualmente verdade. Lembra quando falamos do
valor energético de cada macronutriente? Carboidrato terá sempre o mesmo valor
energético por grama (4 calorias). Assim como os outro macronutrientes (gordura e
proteína), independente da origem.
Por isso se deve buscar a informação completa e não a mais conveniente e/ou
convincente. O muitos Gurus online e influencers fitness esquecem de falar é que
dois biscoitos recheados são em média 120 calorias, enquanto a mesma
quantidade de calorias seriam duas bananas médias. Daí você pensa: o que é mais
rápido de se comer, duas bananas ou dois biscoitos recheados? O que irá ocupar
mais espaço no estômago? O que vai me deixar satisfeito por mais tempo? E se
você for realmente inteligente pode se perguntar “e quanto aos outros
componentes do alimento (como fibras, minerais, antioxidantes, micronutrientes)?
Qual destes dois alimentos vai me trazer mais benefícios?”
Desta maneira, um argumento omitindo verdades pode convencer muita gente. E
realmente convence. Como nunca se viu antes, existem “especialistas” que cortam
e recomendam que se corte qualquer consumo de frutas da alimentação. Algo
jamais imaginável. Em toda a literatura científica sobre alimentação e saúde não
existe um estudo sequer realizado em indivíduos saudáveis que relaciona o
consumo de frutas com o desenvolvimento de qualquer problema crônico ou
não-crônico de saúde, muito menos com ganho de peso e obesidade. Pelo
contrário, o consenso na literatura é de que quanto mais alto o consumo de frutas
melhor a saúde do indivíduo e menor risco de obesidade e problemas decorrentes
disso. Isso porque frutas, apesar de terem em sua composição na maior parte
açúcares simples (como glicose), são também muito ricos em fibras (um
33
carboidrato que não é absorvido pelo organismo) e baixo em calorias. Isso é a
combinação perfeita para se ingerir um grande volume de comida sem riscos de
superávit calórico.
Minha intenção com este livro é te oferece conhecimento suficiente para que você
possa decidir por você mesmo o que funciona ou não. Tudo o que contradiz o
consenso da ciência sobre o assunto não é totalmente verdade e/ou não é
saudável. Lembre-se sempre que quando te oferecerem uma solução rápida para
redução de gordura, ouça com cuidado o que está sendo oferecido. Lembre-se que
não existe “pílula mágica”, mas existe uma maneira de tornar este processo mais
agradável e menos frustrante.
Macronutrientes
Nosso corpo é uma máquina muito inteligente. Ele vai dar um fim a todo e
qualquer macronutriente (energia/caloria) em excesso. Não importa o que este
macronutriente seja. Durante muito tempo se demonizou a gordura. Hoje o vilão é
o carboidrato. Ao redor da proteína se criou uma ilusão de que quanto mais
melhor. O que definitivamente não é verdade. Não do ponto de vista científico.
Por conta de a proteína ser o que constitui, não apenas nossos músculos, mas
também órgãos, se acredita que quanto mais proteína mais massa muscular. O que
é um erro comum de associação. Assim como relacionar treino e hipertrofia e
acreditar que treinar todo dia o mesmo grupo muscular por 3 horas resultará em
ganho de massa muscular.
Para que hipertrofia (aumento de massa muscular) seja promovida é necessário
um estímulo através de atividade física (treinamento de resistência). Este estímulo
deve ser maior do que sua musculatura está recebendo. Precisa haver uma
sobrecarga progressiva, o que significa que a musculatura deve ser estimulada por
uma carga (peso corporal ou carga externa manipulável) mantendo média à alta
intensidade e volume adequado (entre o mínimo necessário e o máximo
34
recuperável), e isso precisa ser constante, ou seja, não haverá resultado
significativo se realizado apenas uma vez na semana. É necessário que se realize
com determinada frequência.
Esta atividade de resistência gera um certo estresse no corpo, criando microlesões
na musculatura (por isso a necessidade de descanso), o que torna essencial a
divisão de treino, para dar tempo para a musculatura trabalhada se recuperar. O
tecido muscular, por ser bastante vascularizado se recupera muito rápido.
Diferentemente de tecidos como tendões (que ligam músculos e ossos), fáscia e
ligamentos (que ligam ossos e ossos), que por serem pouco vascularizados,
necessitam de longos períodos de recuperação e abstenção da atividade. Quando
essas microlesões acontecem, logo em seguida leucócitos (células brancas) agem
para recuperar o tecido afetado. Após esta recuperação o tecido muscular torna-se
mais forte, podendo crescer em volume (caso o substrato energético e a
quantidade de proteínas suficiente para promover hipertrofia).
Tudo isso para explicar o porquê de a proteína ter recebido toda esta atenção. Em
teoria, pode-se pensar: “minha musculatura é composta por aminoácidos, logo
quanto mais proteína (grandes cadeias de aminoácidos) consumida na alimentação
mais rápido este processo de aumento de massa muscular”. Não necessariamente.
Como já expliquei, para que a musculatura possa se desenvolver é necessário o
estímulo/treino. E este treino deve ser específico para o objetivo em questão:
ganho de massa muscular.
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Por exemplo, andar de bicicleta algumas vezes por semana não vai ser uma
atividade eficiente, se sua intenção é ganhar massa muscular nos membros
superiores. Acho que nem preciso explicar porque.
Você pode ingerir 100% da sua alimentação de proteína (o que ocasionaria
problemas renais sérios), mas se seu treino não for adequado você não verá
resultados em questão de hipertrofia. Sem contar que a não ingestão de
carboidratos limitaria seu desempenho no treino consideravelmente, impedindo
seu progresso. E a não ingestão de gordura afetaria o bom funcionamento
hormonal. A indústria alimentícia e de suplementos se aproveitaram disso para
fazer propaganda de seus produtos, mostrando o conteúdo que mais interessa ao
público: proteína. Da mesma maneira que as empresas de óleo vegetal colocavam
nos rótulos “sem colesterol”, mesmo sabendo que nenhum óleo vegetal contém
colesterol (que é algo presente apenas em gordura animal). A mesma coisa
aconteceu durante a década de 80 e 90 ao se fazer propaganda de produtos “sem
gordura”, mas com concentração alta de açúcar refinado, alta densidade calórica e
adição de produtos prejudiciais à saúde para alterar sabor, aroma e cor.
36
A quantidade de proteína mínima necessária para cada indivíduo vai depender de
diversos fatores, como idade, sexo, peso, altura, níveis de atividade física, etc. Não
existe nenhum benefício associado com o consumo acima destes níveis mínimos. O
corpo humano é muito eficiente em termos de administração de energia. Toda
energia que estiver em excesso será transformada em uma fonte de energia que
vai poder ser armazenada. Uma vez que o glicogênio muscular e hepático estiver
estocado, todo o excesso de calorias será convertido na única fonte de energia que
pode ser ilimitadamente estocada: gordura subcutânea. Existe inclusive um
processo no qual a proteína em excesso é convertida em glicogênio muscular. Este
processo é chamado de gliconeogênese. Neste processo de transformação de
aminoácidos (ou outro não-açúcar) em glicogênio, faz-se necessário a retirada do
composto NH3 (amônia), que é uma substância tóxica para o organismo humano.
Esse processo acontece em maior parte no fígado e uma menor parte nos rins.
Uma dieta alta em proteína por um prolongado período pode trazer riscos de
problemas hepáticos e até falha renal.
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Carboidrato acaba sendo a maior parte recomendada por conta de ser a fonte de
energia preferida para cerca de 90% das células do corpo humano, algumas se
alimentando exclusivamente deste substrato energético. Obviamente esta é uma
recomendação e caso você decida fazer uma mudança drástica nesta distribuição
talvez não sinta efeitos negativos imediatamente. Como já comentei, os resultados
negativos de uma alimentação inadequada não acontecem imediatamente, nem
são frutos de uma refeição não saudável apenas. Os problemas crônicos de saúde
relacionados a estilo de vida (alimentação e atividade física) são fruto de anos e
anos de maus hábitos alimentares e sedentarismo. É difícil se preocupar
seriamente com isso hoje, já que os efeitos não são percebidos fisicamente.
Geralmente quando se sente algo, já é tarde demais e infelizmente o maior dano já
foi causado. Mas com a informação correta é possível ter uma vida saudável e livre
de dor não apenas agora, mas até os mais de 100 anos.
Veja abaixo uma tabela sobre a composição de uma alimentação saudável de
acordo com a Escola de Medicina de Harvard (Harvard Medical School), que
recomenda, não apenas a distribuição de macronutrientes, mas também as fontes
a serem consumidas e as que devem ser evitados.
No caso de proteínas, evitar carnes processadas como presunto, bacon e outros
frios. Nas gorduras, dar preferência a óleos vegetais e limitar gordura saturada
(como manteiga) e gordura trans. Faz recomendações também acerca do consumo
de água e inclusão de prática de atividade física diária.
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Quantidade de proteína
Em uma pesquisa publicada na American Physiological Society (“Avaliação de
requisitos de proteína para atletas de força”), atletas de força foram aleatoriamente
submetidos a 3 diferentes quantidades de ingestão de proteína diária. Grupo 1 de
baixa proteína, ingerindo 0.86 gramas de proteína por kg de peso corporal. Grupo 2
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de média proteína, ingerindo 1.4 gramas de proteína por peso corporal. Grupo 3
alta proteína, ingerindo 2.4 gramas de proteína por peso corporal. Vamos aos
resultados.
- O grupo 1 (baixa proteína) não forneceu proteína adequada e resultou em um
estado de acomodação, onde os indivíduos atingiram um platô e não conseguiram
progredir tanto quanto os indivíduos dos outros grupos.
- O alto consumo de proteína do grupo 3 (alta ingestão de proteína) não resultou
em aumento de síntese proteica (whole body protein synthesis) em comparação
com grupo 2 (média ingestão de proteína). Porém a dieta do grupo 3 resultou em
um aumento significativo na oxidação de leucina, ocasionando sobrecarga de
nutriente (com consequências negativas de saúde), até mesmo para indivíduos
ativos.
- Os resultados também indicaram que a ingestão de proteína de ambos grupos 2 e
3 causariam uma sobrecarga de nutrientes em indivíduos médios (não praticantes
de atividade de força). Em resumo, requisitos de proteína para indivíduos
praticando atividade de força são maiores do que para indivíduos sedentários e
estão acima das recomendações atuais no Canadá e Estados Unidos de ingestão
diária de proteína para indivíduos jovens e saudáveis do sexo masculino. Ou seja,
não houve nenhum benefício em termos de ganho de força e massa muscular
(síntese protéica) para a ingestão superior a 1.4 gramas de proteína por peso
corporal, para atletas de atividade de força.
Vamos aos cálculos. Digamos que você tenha 70 kg de massa corporal. Para ter a
quantidade ideal para ganho de massa muscular e força sem correr risco de
sobrecarga de nutriente, seria 98 g. Isso é facilmente atingido sem necessidade de
suplementos. Se você não tiver um déficit calórico alto. Se mantiver um déficit
calórico entre 10 e 20% de suas calorias totais consumidas, ainda assim seria muito
fácil bater estas 98 gramas de proteína. Lembre-se de que todo alimento não
processado (e maioria dos processados) contém proteína. Do contrário do que
40
muita gente acredita, proteína não está presente apenas em carnes. Ao somar tudo
o que se come (não apenas carnes, laticínios e ovos) em um dia será muito fácil se
manter acima dos valores mínimos.
A indústria alimentícia e de suplementos não estão interessadas em te dar o
produto de melhor qualidade, muito menos preocupados com sua saúde. Também
não poderão vender algo que irá prejudicar sua saúde de imediato (órgãos de
fiscalização como a ANVISA existem para fiscalizar isso), porém elas irão fazer de
tudo para fazer o público acreditar que há a necessidade do consumo de
suplementos para se obter resultados, seja ele perder gordura ou ganhar massa
muscular. É muito fácil terceirizar a responsabilidade, tomar uma pílula mágica,
encontrar um atalho. Porém você deve buscar conhecimento nas fontes corretas, e
se preparar para aceitar ou não uma sugestão, e ser capaz de julgar se aquilo
realmente vai te ajudar ou se apenas querem te convencer a comprar um produto
ou suplemento, mostrando como propaganda um usuário de esteroides
anabolizantes. O conhecimento vai ser capaz de te ajudar a filtrar o que realmente
funciona ou não. O que vai te ajudar a ter uma vida melhor e mais saudável ou
colocar sua saúde em risco.
41
Revisão – Capítulo 1
1 – Qual o pré-requisito fundamental para a perda de gordura (sem isto não há
redução de gordura)?
c) Déficit calórico
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3 – Quais os 2 principais componentes do gasto calórico de um indivíduo (por
ordem de importância)?
43
Respostas
1. c)
2. b) e d)
3. e)
4. e)
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Capítulo 2. Sugestões/Ferramentas
Neste capítulo cataloguei sugestões que, se seguidas, te levarão a não apenas obter um
percentual de gordura baixo e saudável, mas também te possibilitarão mantê-lo pelo resto
da sua vida de maneira relativamente fácil (uma vez que o hábito e disciplina são
construídos). Ferramentas que podem ser utilizadas a seu favor para alcançar este
objetivo. Algumas destas ferramentas são bastante populares e muita gente acaba tendo
um entendimento errôneo de como e por que funcionam. Muitas pessoas acabam
desistindo por estarem focando no aspecto errado e por vezes falhando por esperarem
resultados milagrosos ou irrealistas: rápidos e fáceis.
Este mal-entendido é causado pela propagação de informação por “experts”, geralmente
nas mídias sociais, interessados em convencer as pessoas a comprarem algo. Todos estes
métodos que irei listar mais adiante funcionam, e são comprovados cientificamente, mas
algumas verdades quando omitidas acabam criando expectativas que não serão satisfeitas.
As pessoas se fascinam por explicações complicadas. Amam quando alguém sugere este
novo superalimento que vai te fazer emagrecer, sem necessidade de nenhuma mudança
de estilo de vida. Todos amam quando ouvem sobre a nova dieta que promete
“transformar seu corpo em uma máquina de queimar gordura”; o suplemento que vai te
fazer “ganhar massa muscular mais rápido”, sem necessidade de mudança no seu treino e
alimentação. É isso que vende: dar para as pessoas o que elas querem, em detrimento do
que elas precisam. Todos estão buscando uma maneira mais fácil de fazer tudo na vida:
maneira mais fácil e rápida de ganhar dinheiro; maneira mais fácil de entrar em forma;
maneira mais fácil de se aprender algo complicado (como um novo idioma). Na busca
desta “maneira mais fácil” é possível se encontrar uma melhor maneira, porém no que se
refere a redução de gordura não há segredos a serem revelados.
Aqui te fornecerei informações que te possibilitarão otimizar seus resultados em termos de
redução de percentual de gordura e melhoria de saúde e qualidade de vida. Existem
maneiras mais rápidas, mas que não necessariamente serão as mais saudáveis. Minha
intenção com este livro foi criar algo completo sobre fatores envolvendo a queima de
gordura, expondo as verdades e mitos. Isso não quer dizer que você vai conseguir isso
rápido e sem esforço. O quanto vai demorar vai depender de vários fatores, principalmente
da quantidade de peso a se perder. Se você precisa perder apenas entre 1 e 5% do seu
45
peso corporal você poderá alcançar isso em 30 dias (como foi o meu caso), porém se você
precisar perder mais, isso pode levar mais tempo. Mas se você iniciar com objetivos
realistas e atingíveis, isso pode desencadear um processo constante, que te levará a
conquistar uma composição corporal (proporção entre gordura e massa magra) que você
nunca imaginou ser capaz de conquistar.
A chave para se adquirir resultados é conhecimento aliado a uma prática. Você precisa
entender o PORQUÊ e o COMO. Neste capítulo vou te falar em mais profundidade o que
você não vai encontrar por aí sobre Jejum Intermitente, Aeróbico, HIIT e outras ferramentas
que podem te garantir excelentes resultados.
Jejum intermitente se popularizou no Brasil em 2016, com promessas muito além de
apenas déficit calórico. Muita gente fala em benefícios como regulação hormonal e
potencialização da queima de gordura. Como jejum intermitente ainda é algo
relativamente novo (popularizado apenas na última década) não existem pesquisas
suficiente para provar estes argumentos. Porém do decorrer das próximas páginas você
terá acesso à informação que realmente é comprovada e o que faz do jejum intermitente
uma ferramenta tão eficiente na conquista e manutenção de um percentual de gordura
baixo e saudável.
O QUE?
Exatamente isso o que você leu. Diferentemente do que a maioria acredita jejum
intermitente não é uma dieta. Ele não dita um determinado regime alimentar, ou seja, que
tipo específico de alimentos deve ser ingerido ou evitados. Não faz sugestão de restrição
de macronutrientes. Ele simplesmente sugere um período do dia em que se deve
alimentar, seguido de um período de jejum. Exatamente como o próprio nome sugere
(jejum: não comer; intermitente: não constante).
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Basicamente o jejum intermitente sugere uma janela de tempo em que você vai se
alimentar, passando todo o restante em jejum. Inicialmente seu corpo precisa se adaptar,
por isso é sugerido que se inicie com uma janela maior de tempo de alimentação. Por
exemplo, em uma janela de 10 horas de jejum você pode se alimentar por 14 horas de
jejum. Ou seja, você escolheria 10 horas do dia em que se alimentaria e 14 em que
permaneceria ingerindo apenas líquidos não calóricos, como água, café e chá. Digamos
que você pule o café-da-manhã e tenha sua primeira refeição ao meio dia. Sua última
refeição seria no máximo às 10 horas. Com o passar do tempo seu organismo se ajustaria
e você poderia reduzir esta janela para 8 horas. Empurrando sua primeira refeição para as
2 horas da tarde, e deixar sua última para as 22 horas. Após um tempo você pode até
estreitar ainda mais esta janela para 6 horas. Tendo sua primeira refeição às 2 da tarde e
antecipando sua última para as 8 horas da noite. Algumas pessoas relatam ter maiores
resultados quanto mais curta é esta janela.
Este período do dia em que se irá alimentar pode variar de indivíduo para indivíduo.
Mulheres geralmente sentem dificuldade em estreitar esta janela para menos de 8 horas.
Por questões hormonais e pelo fato de mulheres serem estimuladas desde cedo a comer
em menor quantidade, vindo a se sentir com fome poucas horas após uma refeição. Isso
acaba tornando difícil ingerir grande volume de alimento em uma única refeição.
Jejum intermitente é uma excelente opção caso você goste de ter refeições grandes. Isso
vai te permitir saciar completamente sua fome, ao mesmo tempo que a quantidade de
calorias ingeridas em uma única refeição te mantenha sem fome pelas próximas 4 a 6
horas. Algumas pessoas chegam a ter uma única refeição ao dia.
Imagine dois indivíduos: um come a cada 3 horas, totalizando 7 refeições ao longo do dia;
outro faz jejum intermitente, tendo somente duas grandes refeições, uma às 2 da tarde e
outra 22 horas. Quem você acha que vai ter mais facilidade de estar em déficit calórico ao
final do dia? Não precisa ser um gênio para sugerir que a pessoa seguindo um jejum
intermitente estará mais propício a ingerir menos calorias, e assim manter-se em déficit
47
calórico. Novamente, isso não quer dizer necessariamente que ela estará em déficit
calórico. Isso também vai depender do que esta pessoa come e de como se exercita.
Vamos ao método.
Faça uma transição para jejum intermitente que você seja capaz de levar a longo prazo.
Não faça de imediato uma janela muito estreita (6 horas de alimentação por 18 de jejum).
Comece com 12 por 12. Faça sua primeira refeição em um horário e a última em pelo
menos 12 horas depois. Esse método não é tão difícil, supondo que você terá 8 horas de
sono, você apenas não se alimentará em apenas 4 horas em que você estiver acordado.
Você pode alocar estas 4 horas para o horário que quiser. Pode escolher não comer nas
primeiras quatro horas após se acordar ou ter sua última refeição 4 horas antes de dormir.
Outra coisa importante é escolher o horário de jejum e segui-lo todos os dias.
Aos poucos tente reduzir esta janela em que você se alimenta de 12 para 10. Depois tente
reduzir de 10 para 8. E se você sentir que consegue, pode até reduzir de 8 para 6. Eu
particularmente gosto desta janela de 8 horas. Marco o horário da minha primeira refeição
(geralmente entre 2 e 4 horas da tarde) e deixo para ter minha última em no máximo 8
horas. Isso me permite comer bastante na minha primeira e última refeições. Se sentir
fome entre uma e outra (o que dificilmente acontece) tenho uma refeição leve entre elas,
geralmente algumas porções de frutas (geralmente 2 bananas ou abacates).
48
Tente manter rigorosamente este protocolo. Lembre-se sempre que o que te garantirá
resultados não é o que você faz dia sim dia não, e sim o que você faz consistentemente
todos os dias. Mantenha uma rotina. Se você deixar para fazer um dia sim um dia não, você
pode compensar as calorias que você não consumiu no dia anterior no seguinte, e assim
dar um passo para frente na direção dos seus objetivos em um dia e um passo para trás no
dia seguinte.
Como disse anteriormente, o mais importante não é que horas você come nem com que
frequência, o mais importante é o quanto você come (quantidade total de calorias em um
dia) e o que você come (qual a fonte destas calorias). Se você fizer o jejum intermitente e
estiver comendo comida processada e fast food em toda refeição, há uma grande
probabilidade de você encerrar o dia em superávit calórico (o que dependerá também do
seu nível de atividade física neste dia), mesmo que tendo uma menor probabilidade do que
alguém se alimentando da mesma maneira, mas sem fazer o jejum intermitente.
Lembra quando eu falei sobre comida processada e não processada (o que eu chamo de
comida de verdade)? Comida processada é menos nutritiva (baixa densidade de
micronutrientes e mais densa em calorias). Pensando nisso, minha recomendação é de que
se mantenha ao máximo possível uma ingestão de comida não processada (100% seria o
ideal) e o mínimo de comida processada.
A indústria alimentícia não está aí para trazer o que é melhor e mais nutritivo para os
consumidores. Ela está neste negócio para gerar lucro. E para isso ela é capaz de tudo,
pagar propagandas milionárias, contratar atletas para endossar o produto dizendo que é
saudável, adicionar produtos nocivos à saúde (alguns deles carcinogênicos) simplesmente
para tornar o sabor mais agradável e durar mais tempo nas prateleiras. Ou, como é prática
comum, destacar algo benéfico, mas ocultar algo que é nocivo à saúde de acordo com sua
conveniência.
Por exemplo: quando a gordura era demonizada, havia propaganda de produtos sem
gordura, porém nada era falado sobre a quantidade de açúcar refinado adicionado ao
produto. Depois quando o grande vilão era o colesterol, a indústria alimentícia se
49
aproveitou disso para colocar nos rótulos dos óleos vegetais a frase “SEM COLESTEROL”,
mesmo que nenhum óleo vegetal tenha colesterol. Colesterol é algo que apenas existe em
gordura animal. Os órgãos fiscalizadores tardiamente perceberam isto e obrigaram todas
as empresas produtoras de óleo vegetal a colocarem logo após a declaração “sem
colesterol” o seguinte complemento “como todo óleo vegetal”.
50
ou se quiser uma maneira mais fácil, não coma industrializados/processados. Isto te
poupará o trabalho de decifrar as informações contidas na tabela nutricional. Para gerar
lucro a indústria alimentícia é capaz de tudo.
Inicie um protocolo de jejum que você consiga manter todos os dias. Comece com uma
janela maior e após se adaptar tente reduzir esta janela ao máximo, sem comprometer a
sustentabilidade deste jejum. Se você estiver se sentindo muito fraco e sem energia
comendo apenas dentro de uma janela de 6 horas, tente manter pelo menos as 8 horas.
Muita gente não consegue ingerir um volume grande de alimento de uma vez só.
Tente reduzir a quantidade de refeições para 2 ou 3 durante o dia. Muita gente se adapta
bem em fazer apenas 2 grandes refeições ao dia. Mas caso você precise, tente ingerir algo
baixo em calorias entre estas refeições. Seu corpo deve se adaptar a isso dentro de poucas
semanas.
Escolha bem a fonte destas calorias. Faça pelo menos 80% de suas calorias diárias serem
de fontes não processadas. Isso vai garantir que você fique mais satisfeito e aos poucos
pare de ficar obcecado com fastfood ou doces. Vai parecer difícil no início, mas você vai
notar a diferença na sua digestão e em como você se sente. Sua recuperação após o treino
e seu desempenho serão bem melhores se você der o combustível correto para o seu
corpo.
Se você é alguém muito ocupado e quer ser mais produtivo, essa maneira de se alimentar
também irá se adequar muito bem ao seu estilo de vida. Você não vai mais precisar
interromper o que está fazendo a cada três horas para comer. Você vai ter duas refeições
grandes, o que te possibilitará saciar seu apetite sem se preocupar em comer pouco e ficar
51
com fome após as refeições, deixando mais tempo livre para focar no seu trabalho e/ou
estudos.
Mesmo que você treine pela manhã e resolva pular o café da manhã isso não afetará seu
desempenho no treino. Como dito anteriormente, quanto mais intensa a atividade maior
será a utilização do glicogênio muscular como fonte de energia. Portanto, se você tiver uma
refeição grande a noite antes de dormir, seu glicogênio muscular estará estocado em
quantidade suficiente para permitir que você tenha um treino intenso mesmo pela manhã.
Se você tiver se sentindo fraco mesmo assim, é porque a quantidade de calorias e/ou
carboidrato ingerido na noite anterior não foi suficiente. Vá ajustando até encontrar uma
maneira que funcione para você e tente manter uma rotina de alimentação constante,
comendo mais ou menos nos mesmos horários, na mesma quantidade e treinando nos
mesmos horários. Isso te possibilitará uma maior aderência ao seu plano de treino e
alimentação, e assim ser capaz de manter-se consistente ao longo do tempo.
Você pode dizer que não quer ser aquele chato que rejeita tomar refrigerante nas festas da
empresa ou recusa comer bolo nas festas de aniversário. Ou você talvez não queira abrir
mão de comer sua batata Rufles no intervalo do trabalho ou aquele meio pacote de Oreo
no meio da tarde. Talvez seus amigos, família ou companheiro não entendam de início sua
decisão. E isso é totalmente normal. As pessoas tendem a criticar o que não entendem. E
por vezes até agem defensivamente como se sua escolha fosse uma crítica às escolhas
52
pessoais delas. Mas tenho certeza que depois que elas verem seus resultados irão te
perguntar o que você fez para conseguir. E para passar essa fase e ter força de vontade
para rejeitar certas coisas que te oferecem ou te pressionam a fazer (geralmente algo que
você não deveria fazer, como comer porcaria, pular um dia de treino, não seguir o jejum)
você deveria se perguntar antes: isso vai me levar em direção ao meu objetivo? ou vai
apenas me afastar dele? Desenhe um plano de alimentação e atividade física, coloque na
cabeça que vai ser difícil nas primeiras semanas (assim como é difícil criar novos hábitos e
abandonar maus hábitos). Permaneça disciplinado, isso vai te recompensar mais a frente.
Se você fazer o que todo mundo está fazendo, se alimentar como todo mundo se alimenta,
treinar como todo mundo treina, você só vai ter o que todo mundo tem. E tenho certeza
que você não vê pessoas satisfeitas com a própria aparência, vivendo de maneira saudável
e felizes ao seu redor o tempo todo. Seja esta pessoa, inspirando e ajudando as pessoas ao
seu redor a fazerem o mesmo.
Se o treinamento aeróbico (digamos uma corrida de 45 minuto) consumir 75% de gordura
como forma de energia para esta atividade, porém gastar apenas 300 calorias, não será tão
eficiente em termos de queima de calorias do que um treino de calistenia de 45 minutos
consumindo apenas 20% proveniente de gordura, mas consumindo um total de 600
calorias. Quero tornar este conceito o mais simples e acessível possível. Se precisar leia
novamente o início deste parágrafo.
Nesta sessão quero falar sobre as diferentes formas de atividade física e seus benefícios,
principalmente para a manutenção de um percentual de gordura saudável. Se você gosta
53
de aeróbico constante de baixa intensidade (como corrida, ciclismo, caminhada) não há
motivo para deixar de fazê-lo. Minha intenção aqui é apenas jogar um pouco de luz sobre
um assunto que é muitas vezes divulgado de maneira incompleta e trazer conhecimento
suficiente, para que você não gaste seu tempo fazendo uma atividade que você não gosta
desnecessariamente.
Aqui vou falar sobre alguns tipos de treinamento e como organizar sua rotina da maneira
mais sustentável possível, algo que você consiga fazer não apenas até conquistar seu
objetivo de percentual de gordura, mas que você consiga levar para sua vida toda.
Dividirei este capítulo entre as diferentes modalidades de treinamento: treinamento
aeróbico, HIIT (high intensity interval-training), treinamento de resistência ou resistido
(resistance training), atividades do dia-a-dia e lazer (esportes e recreação). Explicando sobre
a verdade completa e os mitos e riscos associados a cada atividade.
1.1 - Aeróbico
Treinamento aeróbico é uma atividade onde a energia gerada acontece na presença de
oxigênio. Não irei me aprofundar nos termos ou nas minúcias desta atividade. Basta saber
que esta é uma atividade onde se consegue manter por maior duração do que atividade
anaeróbica (sem a presença de oxigênio). A atividade anaeróbica consome mais glicose
(através do glicogênio acumulado no músculo) que é uma fonte limitada de energia, porém
de rápido acesso. A fonte principal da atividade aeróbica é a gordura. Este substrato
energético está acumulado em maior abundância do que outras fontes de energia (gordura
subcutânea – acumulada abaixo da pele), porém não está disponível facilmente. A gordura
necessita de tempo para ser quebrada no tecido adiposo e ser utilizada pela musculatura
que está se movimentando. Por isso a atividade aeróbia utiliza também glicose como fonte
de energia (mas em menor proporção), justamente para manter a atividade até que
gordura seja disponibilizada em uma forma que a musculatura possa utilizar.
Atividade aeróbica é uma atividade de baixa a média intensidade. Caso se eleve o nível de
intensidade o glicogênio muscular acabará sendo a principal fonte de energia, e a atividade
somente seria mantida enquanto a musculatura não alcançar a fadiga (estado em que os
subprodutos metabólicos das contrações se acumulam em maior velocidade que a
circulação é capaz de coletar) e enquanto existirem reservas de glicogênio disponíveis.
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Como você pode perceber no gráfico abaixo, quanto mais longa a atividade (e quanto mais
baixa a intensidade) mais ela vai confiar na via oxidativa, consumindo gordura como forma
de energia. Quanto mais curta (e mais intensa) mais glicose será utilizada.
Quanto mais longa e mais baixa a intensidade da atividade mais gordura
(proporcionalmente) será consumir, em termos percentuais. Pense comigo, quanto mais
baixa a intensidade maior a capacidade de se prolongar esta atividade. Porém menos
intensidade significa também menos calorias gastas.
Por exemplo: você consegue caminhar por mais tempo do que você consegue correr.
55
necessário um certo tempo de descanso para que sua musculatura se recupere e parte das
reservas energéticas sejam novamente sintetizadas e estejam disponíveis para uma
próxima série.
Como dito anteriormente, o principal fator para que haja redução do percentual de
gordura é o balanço calórico negativo, também conhecido como déficit calórico. Se isso não
acontecer (se o indivíduo estiver em superávit calórico constante) a atividade aeróbica irá
consumir parte desta gordura acumulada, mas não em um ritmo mais rápido do que ela se
acumulará.
O corpo humano é uma máquina muito eficiente (você já deve estar cansado de ouvir isso).
Ele não vai produzir massa muscular sem um estímulo que justifique. Massa muscular tem
uma demanda metabólica muito maior (consome mais energia) do que tecido adiposo,
portanto seu corpo não vai fazer algo contra produtivo, a não ser que haja um estímulo
que mostre que esta massa muscular é realmente necessária. Da mesma maneira ele vai
acumular toda a energia que estiver sendo consumida mais rápido do que o corpo é capaz
de gastar. Do ponto de vista do corpo, esta energia pode ser necessária no futuro. Por
outro lado, se energia suficiente para manter o funcionamento do corpo não for adquirida
através da alimentação, seu corpo vai acabar consumindo as reservas que já estão
armazenadas no tecido adiposo. Se isto se mantiver constante, essa gordura será aos
poucos dilapidada (a não ser que se volte a um superávit). Isso vai acontecer independente
da atividade que se faça. Seja ela aeróbica, anaeróbica, intensa, moderada. É possível se
perder gordura até estando completamente sedentário, desde que se observe
meticulosamente a quantidade de calorias gastas e consumidas, garantindo que haja
déficit. Esta não é a maneira mais saudável de se reduzir gordura, porém é possível.
Mesmo que, na atividade aeróbica, um maior percentual das calorias gastas para esta
atividade seja oriunda de gordura, isso não quer dizer, necessariamente, que o indivíduo
que pratica corrida todos os dias terá um percentual de gordura baixo. A esta altura do
livro você já deve entender o porquê disso.
Atividade aeróbica tem muitos benefícios cardiovasculares, porém é perfeitamente possível
ter um coração saudável sem nunca ter feito nenhuma atividade aeróbica. Ela por si só
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também não vai ser capaz de reverter os danos cardiovasculares causados por uma
alimentação inadequada, tabagismo, altos níveis de stress, alcoolismo, obesidade, etc.
Se você gosta de correr ou ciclismo ou qualquer outra atividade aeróbica não há razão para
deixar de fazer, mas se você as pratica apenas com objetivo de reduzir seu percentual de
gordura e odeia fazer estas atividades, pare agora mesmo. Não há razão nenhuma para
continuar fazendo algo que você absolutamente odeia apenas para conseguir algo que
pode ser conquistado mais rapidamente de maneiras mais agradáveis.
Treine pesado, mas não esqueça de treinar de maneira inteligente. Minha intenção com
este livro é te mostrar uma maneira sustentável de não apenas conquistar um percentual
de gordura que te agrade, mas principalmente mantê-lo a longo prazo. E isso só vai
acontecer se você implementar mudanças que você se veja fazendo por toda a vida. Caso
contrário haverá uma maior probabilidade de se voltar para o estado inicial, se um dia
conquistar resultados de maneiras mais sacrificantes.
Esta é uma das maiores dúvidas de quem pratica uma atividade de resistência, como a
musculação e calistenia, e deseja combinar com treinamento aeróbico. A resposta é
DEPENDE.
Depende do que?
1 – Horário da atividade
Se você realizar sua atividade aeróbia antes do seu treino de resistência isso pode interferir
em seus resultados, dependendo da duração do aeróbico. Não por um anular o outro. Mas
pelo fato de que a fonte de energia principal para gerar as fortes contrações musculares do
seu treino de calistenia e/ou musculação está estocado de maneira limitada (glicogênio
muscular). Se você realizar uma corrida leve de 10 a 15 minutos apenas para aquecer antes
de seu treino isso não irá afetar diretamente seu treino, muito pelo contrário, este aeróbico
irá manter seu sangue fluindo para todo o corpo, preparando assim a musculatura que
será trabalhada na atividade intensa que está vindo pela frente. Porém se você quer fazer
57
seu treino de preparação para aquela corrida de rua (digamos 10 km) que você pretende
participar no fim do ano, isso vai acabar utilizando boa parte do glicogênio muscular
estocado, o que ocasionará uma falta de energia no seu treino, comprometendo
diretamente sua performance. A performance no treino é fundamental para que se ganhe
massa muscular. Sem sobrecarga progressiva não há progresso, em termos de força e
hipertrofia.
Portanto, se você deseja fazer uma combinação de treinamento de resistência e
treinamento aeróbico, eu recomendaria ou após o treino (porém isso irá afetar seu
desempenho no treinamento aeróbico, pelas mesmas razões citadas no parágrafo
anterior), ou em horários e/ou dias intercalados. Se você for realizar no mesmo dia, dê um
intervalo de pelo menos 8 horas entre as atividades.
2 – Intensidade da atividade
Se seu objetivo é melhorar sua performance na corrida, isso irá afetar ou pelo menos
limitar seu desempenho no treinamento de resistência. Existem tipos diferentes de fibras
musculares, dependendo da atividade certas fibras serão priorizadas. Não quero me
aprofundar no assunto aqui para não acabar confundindo conceitos. Mas se você tiver
interesse pode pesquisar sobre isso em qualquer livro de fisiologia do exercício.
Fibras tipo I são fibras de contração lenta: fibras menores, mais vascularizadas e portanto
mais resistentes a fadiga, adaptadas para eficiência utilizando gordura como fonte de
energia (já que utilizam oxigênio no processo) como fonte de energia, oferece contrações
musculares constantes, sendo ativadas lentamente e resistentes a fadiga. Estas são as
fibras mais utilizadas numa atividade de endurance, como maratona. Por isso maratonistas
geralmente são leves e magros.
Fibras tipo II são fibras maiores, de contração rápida, utilizando principalmente
fosfocreatina e glicose como fonte de energia. São menos vascularizadas e, portanto, não
tão resistentes à fadiga como as fibras tipo I.
Conforme você treina uma determinada modalidade esportiva, seu corpo vai tender a se
adaptar e se desenvolver da maneira mais eficiente para a atividade priorizada. Por isso a
58
diferença em termos de volume muscular entre atletas de tiro (sprints – provas curtas de
atletismo) e maratonistas.
Conforme você trabalha uma determinada modalidade seu corpo vai dar prioridade e
desenvolver as fibras musculares predominantemente utilizadas para tal atividade em
detrimentos do outro tipo de fibra. Por isso atletas de uma certa modalidade tendem a ter
um corpo relativamente parecido.
HIIT, que traduzido é treinamento Intervalado de Alta Intensidade, é um tipo de
treinamento que se tornou bastante popular através de “especialistas” em perda de peso
que propagaram o HIIT na América do Norte em meados dos anos 2000. Estes especialistas
utilizavam o termo “after burn effect” como o principal propagador desta modalidade.
Esse After burn effect, que traduzido quer dizer “efeito de queima posterior” (eu sei que
soa muito estranho, mas foi o melhor que pude), para fazer referência a um gasto calórico
mesmo após a atividade ser finalizada, é algo que realmente existe, porém foi propagado
de maneira errônea, omitindo alguns detalhes importantes, tendenciosamente para
vender produtos e programas de treinamento, que muito provavelmente não irão entregar
59
os resultados que prometem. O termo que a ciência do treinamento chama este “After
burn effect” é Excess post-exercise oxygen consumption (consumo de oxigênio pós
exercício).
Vou explicar da maneira mais simples possível. Como o próprio nome sugere, HIIT é um
treinamento de alta intensidade intervalado. Ou seja, exercícios de alta intensidade são
realizados por um curto período (geralmente de 10 a 60 segundos), seguidos de um
intervalo de descanso ainda mais curto, que pode também ser uma atividade leve realizada
neste período entre os exercícios. Esta atividade tem uma duração curta, justamente
porque é uma atividade intensa que utiliza como principal fonte de energia glicose.
Durando um total de 2 a 20 minutos. Mais do que isso seria considerado uma atividade
não intensa o suficiente para induzir estes EPOC (Excess post-exercise oxygen
consumption).
O argumento do HIIT é bem apelativo. Por isso você vê vários especialistas fazendo
propaganda dessa forma de treinamento. E com razão. É algo real, com mais do que
suficiente comprovação científica e fácil de explicar. Porém a maioria deles omitem um fato
importante e crucial: a quantidade de calorias gastas após a atividade é literalmente
insignificante.
60
na atividade). Só para você ter uma ideia do quão insignificante é isto, uma única fatia de
pão de forma branco tem em média 200 calorias. Cerca de 10 vezes mais do que o que
seria gasto durante o decorrer do dia por conta da sessão de HIIT realizada. Um biscoito
recheado tem em média 60 calorias. Uma banana média tem cerca de 90. Um melão
inteiro tem por volta de 250 calorias. Ou seja, o HIIT não é uma pílula mágica que vai te
transformar em uma máquina de queimar gordura sem fazer nada, como te prometem por
aí. Esta quantidade de calorias gastas no período pós-treino é tão baixa porque este
restabelecimento dos níveis normais de oxigênio acontece a nível celular.
Não me entenda mal, eu absolutamente recomendo o HIIT como forma de acelerar o
processo de redução do percentual de gordura. Porém meu compromisso maior é em te
passar uma informação completa, para que a partir de então você escolha o que mais se
adequa aos seus objetivos, nível fitness e estilo de vida. O HIIt será apenas uma ferramenta
que se alinhará com outros aspectos da sua vida (treino, alimentação, descanso, estilo de
vida, etc) e resultará em um corpo forte e com uma composição saudável.
Um dos principais fatores é que ele é tempo-eficiente. Hoje uma das maiores barreiras
para que as pessoas sejam mais ativas é falta de TEMPO. Todo mundo está muito ocupado
estudando, trabalhando, cuidando de suas famílias. Nem todo mundo pode reservar
tempo suficiente para correr por 1 hora todos os dias. Através do HIIT você pode gastar em
10 minutos o que gastaria em 45 minutos em um aeróbico constante de baixa intensidade,
como a corrida ou andar de bicicleta. E o motivo novamente não é pelo EPOC (queima de
24 horas) e sim pela atividade em si. Esta é uma atividade de alta intensidade, gerando
contrações mais fortes e com um descanso curto, o que acaba consumindo uma
quantidade mais significativa de energia.
Como já disse, seu corpo apenas vai começar a queimar as reservas de energia
(acumuladas em forma de gordura) uma vez que as calorias provenientes da alimentação
forem consumidas.
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Pensando nisso, você pode reduzir seu percentual de gordura de duas maneiras.
Pode parecer a mesma coisa. O que quero dizer é que você pode escolher alimentos
menos densos em calorias, para, desta maneira, ingerir menos calorias do que gasta, ou
adicionar mais atividade física ao seu dia. Ou pode incluir ambos, o que será ainda melhor.
O HIIT é uma maneira eficiente de se adicionar atividade física sem gastar muito tempo,
sem que se perceba conflito entre gasto calórico e desempenho no treino de resistência
(focado em fortalecimento muscular e hipertrofia). Por ser de curta duração este
treinamento não vai te deixar dolorido no dia seguinte, nem desgastar tanto a musculatura
trabalhada. O ideal é que no seu treino de HIIT se englobe exercícios que trabalhem o
corpo inteiro. Focando em exercícios compostos (multiarticulares), trabalhando
principalmente grandes grupos musculares. Quanto mais músculos são trabalhados maior
o gasto calórico.
Aqui está uma sugestão de HIIT de 4 minutos que você pode fazer em qualquer lugar.
HIIT – 4 Minutos
Você vai realizar cada um dos exercícios por 20 segundos, intercalados com 10 segundos
de descanso.
Descanse 10 segundos
Descanse 10 segundos
Descanse 10 segundos
62
Descanse 10 segundos
Cada round levará 2 minutos para ser concluído. Portanto 2 rounds totalizarão 4 minutos.
Como você pode perceber, neste circuito você estará movimentando todos os maiores
grupos musculares do seu corpo. E quanto maior o grupo muscular trabalhado, mais
calorias serão gastas.
As possibilidades são infinitas. Eu recomendo que se escolha o período em que se estará
realizando os movimentos entre 20 e 60 segundos. E o período de descanso entre 10 e 30
segundos. É importante que o período de atividade seja maior que o período de descanso,
em pelo menos o dobro.
Por exemplo: se o período de movimento for 30 segundos, o intervalo de descanso será
não mais que 15 segundos. Quanto maior o período de atividade e menor o intervalo de
descanso mais intensa será a atividade, e você não será capaz de levar por muito tempo.
Esta é justamente a intenção do HIIT, tornar o circuito uma atividade tão intensa que você
não consiga levar por mais de 20 minutos. Você não precisa se preocupar em contar
repetições, tente apenas focar em manter o ritmo durante o período de realização dos
exercícios. Não comece tentando fazer o máximo de repetições de maneira muito rápida
se você não vai conseguir manter no próximo round. Lembre-se de que esta atividade é
por tempo e não por número de repetições. Ao longo do tempo você pode melhorar seu
desempenho e fazer mais rápido.
63
Você pode também incluir alguns exercícios leves para o período de descanso. Por
exemplo, em vez de descansar você pode segurar em prancha. Ou você pode fazer sprints
com intervalos de corrida leve entre eles. Por exemplo: você corre o máximo que puder por
30 segundos e faz uma corrida leve por 15 segundos, um após o outro sem parar
completamente, a não ser que chegue ao final das séries escolhidas. Repetindo isso por
cerca de 5 a 6 ciclos consecutivos você terá um HIIT de menos de 5 minutos que resultará
em um gasto de 150-250 calorias. Escolha uma maneira e tente melhorar seu desempenho
com o passar do tempo. Seja reduzindo o tempo de descanso, aumentando o tempo de
execução dos exercícios ou aumentando o número de rounds.
Eu recomendo que se realize os circuitos HIIT em horários diferentes do treino de
resistência (calistenia ou musculação) ou ao final do treino principal. Se você realizar antes,
suas reservas de energia não estarão as mesmas e seu desempenho no treino pode ser
comprometido, e para que haja progresso você deve sempre comparar seu treino atual
com o da semana e/ou mês anterior e ser capaz de ver progresso, seja em termos de
volume ou intensidade de treino (para mais detalhes sobre estes dois componentes
fundamentais do treino você pode adquirir o Guia Prático de Calistenia ou visite o site
pinhocalistenia.com).
Quando se tem como objetivo a redução de percentual de gordura o treinamento de
resistência, por incrível que pareça, deve ser um dos componentes principais do treino.
Todos querem ter um corpo definido, mas quando o percentual de gordura é reduzido e
não se tem musculatura por baixo da gordura subcutânea pode ser que o objetivo estético
não seja completamente alcançado ao final do processo de cutting.
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Já falamos que o déficit calórico (mais calorias gastas do que consumidas) é o principal
fator e pré-requisito fundamental para que haja redução do percentual de gordura.
Portanto, redução de percentual de gordura pode ser alcançado mesmo sem atividade
física, mesmo que esta não seja a maneira mais indicada e definitivamente não a mais
saudável. Porém é possível. Partindo deste pressuposto, alguém interessado em reduzir
seu percentual de gordura pode muito bem conseguir este constante déficit calórico
suficiente para consumir suas reservas de gordura subcutânea a ponto de chegar a um
percentual de gordura bem baixo (entre 10 e 14%). Ou mesmo reduzindo esse percentual
de gordura realizando atividades que apenas utilizam certos grupos musculares,
negligenciando outros. De ambas maneiras este percentual de gordura baixo não
necessariamente irá proporcionar um corpo belo esteticamente, e provavelmente não vai
parecer saudável.
Você deve ter aquele amigo ou aquela amiga que emagreceu em uma dieta restritiva (da
sopa, por exemplo), e conseguiu perder muito peso em questão de semanas. Digamos que
ele(a) não incluiu treinamento de resistência para preservar e/ou construir massa
muscular. Neste processo de redução de peso, ambos gordura e músculo foram
consumidos. E todos queremos, como resultado da perda de peso, redução de percentual
de gordura e consequente definição muscular. Ninguém tem por objetivo perder massa
magra neste processo. Isto é óbvio. Porém nosso corpo é muito inteligente, massa
muscular é algo que demanda energia, mais do que outros tecidos. Uma vez que seu corpo
percebe uma redução brusca e constante na quantidade de energia (através de calorias)
fornecida para o corpo, ele vai entrar em um processo para economizar o máximo de
energia possível. Se ele perceber que está recebendo pouca energia, e há algo que
consome muita energia (como massa magra – músculos) que não está sendo utilizada (não
há razão para se manter grande volume muscular) seu corpo vai automaticamente se livrar
dela aos poucos. Até que os níveis de energia e atividade muscular sejam estabelecidos.
Outro exemplo, é aquele cara que começou a correr todos os dias com a intenção de
perder peso. Digamos que ele consiga, através de dieta e corrida, perder bastante peso.
Cerca de 15 kg em 2 meses. Sua única atividade física é corrida. Sem dúvida ele vai reduzir
seu percentual de gordura. Porém a única musculatura que estará sendo utilizada de
maneira significativa são seus membros inferiores. Ao final desses 2 meses ele vai ter um
percentual de gordura mais baixo, porém parte da sua musculatura e volume,
65
principalmente nos membros superiores também serão sacrificados. E isso sem dúvida é
algo que ninguém quer.
Alguns processos de cutting acabam gerando um efeito mais impressionante em
bodybuilders profissionais do que em pessoas sem tanta experiência em treinamento de
resistência. Isso acaba criando nos indivíduos iniciantes na musculação expectativas irreais
que dificilmente serão alcançadas ao final do cutting. Alguns bodybuilders ganham muito
peso no processo de bulking (ganho de peso) e acabam ficando, como consequência, com
um percentual de gordura bastante algo (acima dos 25%), vindo a perder toda a definição
muscular. Na fase de cutting, algumas semanas antes da competição, estes bodybuilders
entram em um processo de cutting agressivo, chegando a perder todo o peso que
ganharam em matéria de 5 a 10 semanas. Isso acaba dando um efeito de transformação
impressionante, mesmo que venha a sacrificar um pouco da massa magra, o efeito visual
vai ser incrível.
Muitos indivíduos sem tanta experiência de treino acabam criando expectativas irreais
para o cutting, o que acaba frustrando-as ao final, simplesmente pelo fato de não terem
volume muscular similar ao destes bodybuilders. Se você não tem um volume muscular
considerável, não é indicado iniciar um processo de cutting de perda acima de 1 kg por
semana. A não ser que você seja bem acima do peso (IMC acima de 27). Se você for o falso
66
magro ou o magro com bastante gordura acumulada na região abdominal (também
conhecido como skinny fat), você deve priorizar o que você mais deseja e ajustar suas
expectativas à sua decisão. Se você decidir por reduzir seu percentual de gordura, mas não
está satisfeito com seu volume muscular, fique ciente de que você não vai ter tanto volume
muscular ao final do cutting. Mas faça um plano e trabalhe de maneira inteligente. Inclua
atividade de resistência para que não perca ainda mais massa magra. Tente limitar essa
redução de peso à no máximo 1 kg por semana. Esta é a maneira recomendada para que
se emagreça de maneira saudável, sem grandes privações, nem redução significativa nos
níveis de energia, que podem interferir diretamente no seu desempenho no treinamento
de resistência.
Exatamente isso que você ouviu. Apesar de ser comum o argumento de “dificuldade em
perder peso” ou genética, o processo de consumo de gordura é um processo simples.
Porém, isso não quer dizer que seja fácil. Alimentação envolve muito mais do que
imaginamos quando observando apenas a superfície. É necessário tem um entendimento
mais profundo do ponto de vista fisiológico e psicológico sobre cada indivíduo e suas
dificuldades. Muita gente vem de um lar onde alimentação é tida como algo que
simplesmente tem que agradar o paladar. Saúde talvez não seja um elemento importante
na hora de escolher o que a família vai comer. E mesmo que muita gente acredite que
tenha acesso a informação, este conhecimento é baseado no “que me disseram”. O que
acaba criando vários mitos e mau entendidos, como o dos riscos da deficiência de proteína,
da necessidade de se tomar suplemento de vitamina C, dentre outros.
Um homem adulto com cerca de 70 Kg, por exemplo, precisa de algo entre 75 e 90 mg de
vitamina C por dia. Uma única goiaba tem cerca de 377 mg; um kiwi tem 164 mg; uma
laranja tem 90 mg; ou seja, é muito fácil atingir as necessidades diárias de vitamina C. Se
você consome pelo menos uma porção de fruta ao dia, você provavelmente terá o
suficiente. A não ser que seja alguém que não come nenhuma fruta, ninguém precisa
suplementar vitamina C. Estes e outros erros são comuns entre famílias que apenas
67
entendem alimentação de maneira superficial, através do que ouviram alguém falar, ou do
que veem na TV.
Você pode ver em um rótulo de um pão integral utilizando os seguintes gatilhos mentais
para te convencer a escolher este produto.
RICO EM FIBRAS
BAIXO EM GORDURA
Primeiro, os dois primeiros pontos se referem a mesma coisa: fibra. A fibra ajuda o
organismo a se livrar do colesterol, que é o principal fator de risco de aterosclerose
(entupimento das artérias), o que acaba ocasionando vários tipos de doenças circulatórias,
como trombose, AVC, ataques cardíacos, angina, etc. Uma fatia de pão integral tem em
média menos de 2 g de fibra. Enquanto apenas uma banana média tem mais de 3 gramas.
A quantidade mínima recomendada de fibra por dia é 25 gramas. O que é facilmente
atingível se você ingerir vegetais (frutas, legumes, nozes, sementes) ao longo do dia. Só
para ter uma ideia, minha ingestão de fibra gira em torno de 80 a 100 gramas por dia.
68
Mesmo sendo considerado baixo em calorias se comparado com uma fatia de pão branco
(cerca de 220 calorias), esta fatia de pão integral ainda tem como principal ingrediente o
trigo, que é algo bastante denso em calorias e com baixa densidade nutricional. Por
exemplo: se você tiver como café da manhã duas fatias de pão integral (2 x 100 = 200
calorias), 2 colher de manteiga - uma para cada fatia (220 calorias) e um copo de 300 ml de
leite (200 calorias), isso vai somar um total de 620 calorias. Trigo é algo que deve ser
mantido ao mínimo, se não completamente eliminado, se sua intenção é perder peso.
Tudo o que mais gostamos de comer é feito de trigo (bolos, pães, pizza, massas, biscoitos,
etc.). Trigo é algo muito conveniente para a indústria alimentícia, já que tem um tempo de
prateleira (shelf life) muito longo, ou seja, por ser processada para se retirar todos os
componentes que a fazem estragar rápido, produtos de trigo tem um prazo de validade
bem maior do que outros vegetais frescos.
Muitas vezes o que se vê em um rótulo de um produto não é necessariamente verdade. Ou
contém simplesmente a verdade conveniente para quem vende o produto, enquanto
outros fatores importantes são omitidos no rótulo. Produtos que colocam no rótulo “baixo
em gordura” têm uma quantidade de açúcar adicionado relativamente grande, o que o
torna muito calórico. Produtos que falam “zero açúcar adicionado” geralmente tem uma
quantidade consideravelmente grande de gordura. Quando se fala em zero calorias,
geralmente são altamente processados e adicionados vários adoçantes sintéticos, alguns
comprovadamente carcinogênicos. Em resumo, não acredite nos que se vê primeiro nos
rótulos. Vá para a tabela nutricional e veja a quantidade de calorias, proporção de macro e
micronutrientes, gordura (fique atento com relação a quantidade de gordura saturada e
trans), açúcar adicionado e fibras, principalmente. Depois veja a lista de ingredientes.
Quanto menos ingredientes, menos processado foi aquele produto. Quanto menos
complicados os nomes, melhor para sua saúde a longo prazo.
Por este e outros motivos recomendo uma alimentação o menos processado possível.
Assim você vai garantir que seu corpo estará recebendo calorias das melhores fontes, com
menor densidade calórica e maior densidade nutricional. É muito fácil ficar em superávit
calórico ao fim do dia, com todos os produtos saborosos que aprendemos a gostar, e
muitas vezes criamos um vício e uma compulsão alimentar por alguns deles.
69
Se você estiver lutando para perder peso, você pode começar por cortar alimentos
processados (como biscoitos, bolos, massas, pizza, pães) ou pelo menos limitando seu
consumo a apenas alguns dias ou determinada quantidade na semana. Cortar ou reduzir
também refrigerante é uma excelente ideia. Porém se você apenas reduzir a quantidade,
mas continuar comendo todo esse lixo que só vai te distanciar cada vez mais dos seus
objetivos, só vai servir para te deixar com fome e ainda assim não perder o peso que se
pretende.
Não pense em apenas reduzir a quantidade de alimentos que você já come. Pense em
cortar ou limitar o consumo de alimentos que não se alinham com seu objetivo. Bem como
incluir e aprender a gostar de alimentos que não faziam parte da sua dieta, mas que vão te
proporcionar benefícios.
Para que haja perda de peso (e consequente redução de percentual de gordura) se faz
necessário apenas reduzir a quantidade de calorias que se consome, abaixo dos níveis de
gasto calórico. Não me canso de enfatizar o déficit calórico, porque este é um método
comprovado. Se for bem planejado, este déficit calórico pode ser agradável. Não
interferindo nos seus níveis de energia, nem te deixando se sentir com fome o tempo todo.
A recomendação é que se perda no máximo 1 kg por semana. Se isso for feito incluindo um
treinamento de resistência eficiente, pode ser acompanhado de manutenção da massa
magra. Dando um efeito estético bem mais agradável do que perdendo ambos gordura e
massa muscular.
Ganhar massa muscular, por outro lado, é um processo lento e demorado. Segundo a
maioria das pesquisas relacionadas com o treinamento de resistência, um ser humano
médio sem o uso de drogas, é capaz de ganhar cerca de 2 libras (ou cerca de 900 gramas)
de massa muscular por mês. Para que isso aconteça o indivíduo deve seguir um regime de
treinamento e alimentação adequados. Se estiver apenas treinando adequadamente para
maximizar hipertrofia, e não estando em um leve superávit calórico capaz de suprir as
demandas energéticas e de proteína para que se ganhe volume muscular, o objetivo de
ganho de massa muscular vai ser limitado. Da mesma maneira se o indivíduo tiver em um
alto superávit calórico, o ganho de gordura pode ser além do esperado.
Este ganho de massa muscular não vai ser constante ao longo do tempo. Quanto mais
tempo de prática e avançado for nos treinos, mais lentamente perceberá aumento de
70
volume muscular. Ou seja, mais esforço vai demandar para que se vejam resultados em
termos de hipertrofia. A razão de ser um processo tão difícil é justamente pela alta
eficiência do nosso organismo. Como já dito, massa magra tem uma demanda metabólica
alta, consumindo mais energia do que os demais tecidos. Por isso é necessária uma
justificativa para este aumento de volume muscular. É como se você trabalhasse duro
suficiente no treino, para convencer o seu corpo de que você precisa ter aquele volume
muscular por que você precisa levantar mais peso ou fazer exercícios mais avançados. Por
isso que quando bodybuilders param de treinar e tomar esteroides anabolizantes sua
musculatura voltará ao que era antes, conforme o tempo for passando. Seu corpo não vai
carregar nada de maneira desnecessária. Como foi o que aconteceu com o bodybuilder
Jordaniando Mustafa Mohammad, que logo após parar de treinar e de tomar anabolizantes
por 3 anos, voltou a ter a musculatura normal de um ser humano da sua idade.
Pensando nisso, você precisa sempre ter em mente que um processo de cutting
bem-sucedido vai depender diretamente de como você treina. Tenha sempre em mente
que você precisa se manter em um déficit calórico, não tão baixo que você venha a
consumir massa magra e se sentir sem energia e com fome o tempo todo, bem como
71
associar isto com um treinamento de resistência que maximize a manutenção de sua
massa muscular. Minha recomendação é algo entre 10-20% de déficit. Por exemplo, se
você tem um gasto calórico diário de 3000 calorias (2200 de gasto metabólico basal e 800
de atividade física), o ideal seria que você ficasse em um déficit de cerca de 300 a 600
calorías por dia, ou seja, ingerindo de 2400 a 2700 calorias. Isso vai garantir uma redução
de cerca de 1 kg por semana. Até que você alcance o percentual de gordura que te deixe
satisfeito. Isso tornará o processo mais sustentável. O ditado “a pressa é inimiga da
perfeição” é verdade neste caso. Muita gente tem pressa em ver resultados e acaba
sacrificando algo muito importante como massa muscular no processo, que é algo tão
difícil de conquistar. Além de tornar este processo tão desagradável que muitos acabam
não sendo capazes de manter a rotina de dieta por um longo período e voltando à forma
física inicial, por conta do sacrifício exigido. Se bem planejado, o cutting pode trazer
resultados impressionantes, mas paciência e disciplina são fatores fundamentais neste
processo.
Também conhecido como treinamento resistido, esta é uma forma de treinamento que
visa estimular a musculatura através de uma carga. Esta carga pode ser externa, como
pesos, ou seu próprio peso corporal. Diferentemente do que muita gente acredita, esta
resistência a que este tipo de treinamento se refere é a resistência exercida por
determinada carga, forçando a musculatura a movimentá-la na direção oposta que esta
carga tende a mover. Por exemplo: quando você carrega uma mala de 5 kg, levantando-a
do chão e andando, você está impedindo que ele encoste no chão (óbvio, não?). A
tendência natural (graças à ação da gravidade) deste objeto é ir para baixo. Da mesma
maneira quando você faz repetições no supino. Você está controlando o peso até tocar no
seu peito e trazendo-o para cima novamente.
Existem várias modalidades diferentes de treinamento de resistência. A escolha da
atividade vai depender de seus objetivos, nível fitness, preferências pessoais, etc. Vamos
falar agora sobre alguns destes objetivos e as diferenças entre quantidade de repetições e
72
tempo de descanso. Depois falaremos sobre as diferentes modalidades de treinamento de
resistência e que objetivo seria mais indicado para cada atividade.
Power é determinado pela contração muscular realizada pelo menor período de tempo.
Para trabalhar este componente fitness faz-se necessário uma máxima contração, capaz de
gerar o máximo energia no mais curto espaço de tempo. Exemplos de atividades que
exigem power são algumas provas do atletismo onde se realiza uma única repetição. O
atleta capaz de gerar a maior quantidade de energia será o vencedor.
Alguns exemplos são: arremesso de peso, salto em altura, tiro de 50 metros, dentre outros.
O tiro de 50 metros tem como record 5.56 segundos. Ou seja, esta é uma prova que requer
um máximo de contrações pelo mais curto período. Geralmente estas atividades
necessitam um período maior de descanso entre tentativas. Isto acontece por conta de ser
a fosfocreativa (ATP-CP) o principal combustível destas contrações. Este substrato
energético é estocado em pequenas quantidades na musculatura para ser utilizado em
atividades de máxima intensidade. Só para ter uma ideia do quão limitado é este substrato
energético, ele se esgota nos primeiros 5-10 segundos de atividade. Logo após as reservas
de ATP-CP são esgotadas, a musculatura passa a utilizar o próximo substrato energético
em ordem de prioridade, a glicose. Acumulada em grandes cadeias chamadas de
glicogênio muscular, este substrato energético está estocado no musculo (e também no
fígado), porém ele se liga a moléculas de água, portanto necessita ser separado. A gordura
por sua vez, vai ser um processo ainda mais lento, já que ela está acumulada sob a pele, e
necessitará ser quebrada e levada a musculatura que está sendo trabalhada. O que vai
levar ainda mais tempo. Portanto esta é a ordem de prioridade de uso de substrato
energético. Primeiro ATP-CP, depois glicose e então gordura. Lembrando sempre que estas
fontes irão de certa forma se sobrepor. Você estará utilizando todas até que uma delas seja
completamente esgotada. O estoque de glicogênio muscular é algo entre 2 e 3 mil calorias,
73
sem contar o glicogênio hepático que será liberado uma vez que o glicogênio muscular for
sendo esgotado. Basta lembrar do gráfico.
Quanto mais alta a intensidade mais ATP-CP será necessário, após alguns segundos não vai
ser possível manter capacidade máxima. Por isso um atleta de salto em altura não tentará
dois saltos consecutivos sem um tempo de descanso significativamente longo entre as
tentativas (pelo menos 4 minutos). Isso se dá pelo fato de a fosfocreatina levar cerca de 30
segundos para ter 50% de seu estoque ressintetizado e cerca de 4 minutos para ser
completamente re-estocada na musculatura. Por isso seria contra produtivo realizar duas
repetições “máximas” consecutivas, se sua intenção é competir em níveis de elite. Não seria
possível conseguir na segunda tentativa uma contração mais explosiva do que a primeira.
Se conseguir é porque na primeira não foi gerado tanta potência (ou power) quanto
realmente sua musculatura seria capaz.
Se você pretende incluir atividades de força explosiva (power) no seu treino, você precisa
estar atento à alguns aspectos do treino. Tempo de descanso deve ser longo. Número de
séries baixo e número de repetições ainda mais baixos. Deve ser realizado no início do
treino, que é o momento em que se tem mais energia e sua musculatura não está
fadigada.
Power
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Número de repetições 1
2 - Força
Força é um dos conceitos fundamentais da mecânica. Tanto na física como na atividade
física o conceito de força é o mesmo. Força é uma grandeza que tem a capacidade de
vencer a inércia (tendência natural a se manter no mesmo estado – parado ou em
movimento) de um corpo. O conceito de força na atividade física é a ação de mover a maior
carga (peso) contra a ação da gravidade.
75
Power é determinado pela contração muscular realizada pelo menor período de tempo.
Para trabalhar este componente fitness faz-se necessário uma máxima contração, capaz de
gerar o máximo energia no mais curto espaço de tempo. Exemplos de atividades que
exigem power são algumas provas do atletismo onde se realiza uma única repetição. O
atleta capaz de gerar a maior quantidade de energia será o vencedor.
Alguns exemplos são: arremesso de peso, salto em altura, tiro de 50 metros, dentre outros.
O tiro de 50 metros tem como record 5.56 segundos. Ou seja, esta é uma prova que requer
um máximo de contrações pelo mais curto período. Geralmente estas atividades
necessitam um período maior de descanso entre tentativas. Isto acontece por conta de ser
a fosfocreativa (ATP-CP) o principal combustível destas contrações. Este substrato
energético é estocado em pequenas quantidades na musculatura para ser utilizado em
atividades de máxima intensidade. Só para ter uma ideia do quão limitado é este substrato
energético, ele se esgota nos primeiros 5-10 segundos de atividade. Logo após as reservas
de ATP-CP são esgotadas, a musculatura passa a utilizar o próximo substrato energético
em ordem de prioridade, a glicose. Acumulada em grandes cadeias chamadas de
glicogênio muscular, este substrato energético está estocado no musculo (e também no
fígado), porém ele se liga a moléculas de água, portanto necessita ser separado. A gordura
por sua vez, vai ser um processo ainda mais lento, já que ela está acumulada sob a pele, e
necessitará ser quebrada e levada a musculatura que está sendo trabalhada. O que vai
levar ainda mais tempo. Portanto esta é a ordem de prioridade de uso de substrato
energético. Primeiro ATP-CP, depois glicose e então gordura. Lembrando sempre que estas
fontes irão de certa forma se sobrepor. Você estará utilizando todas até que uma delas seja
completamente esgotada. O estoque de glicogênio muscular é algo entre 2 e 3 mil calorias,
sem contar o glicogênio hepático que será liberado uma vez que o glicogênio muscular for
sendo esgotado. Basta lembrar do gráfico.
76
Por exemplo: se você quer saber qual o seu 1RM no supino. Porém não sabe que carga
iniciar. Tente utilizar a carga que você geralmente faz no seu treino, esta vai ser uma
maneira segura de se estimar 1RM. Digamos que você coloque 30 kg de cada lado, que
totalizará 80 kg (30kg x 2 anilhas + 20 kg peso da barra padrão). Se você conseguir realizar
7 repetições, falhando na oitava, isso significa que 7 repetições é equivalente a 80% do seu
1RM (basta consultar a tabela). Daí basta fazer o cálculo.
Power lifters treinam numa gama baixa de repetições com carga alta. O que quer dizer
baixo volume e alta intensidade. Eles fazem isso para simular sua capacidade máxima para
quando competirem conseguirem realizar uma repetição máxima sem grandes riscos.
Intensidade e volume são inversamente proporcionais. Quanto mais alta a intensidade,
mais baixo o volume. E maior o risco de lesões. Não é um método indicado para iniciantes
ou pessoas com algum histórico de lesões musculares ou articulares.
A principal fonte de energia para este tipo de atividade é o glicogênio muscular. A
fosfocreatina sendo a primeira fonte energética e o glicogênio muscular dando suporte as
contrações seguintes.
Este princípio de força pode ser incluído no treino de calistenia também. Seja através da
adição de peso ao próprio corpo ou na realização de movimento mais avançados (como
77
barras com apenas um braço). Você pode aplicar o mesmo conceito de 1RM caso você
tenha um cinto ou um colete de pesos que você possa utilizar para adicionar peso aos seus
exercícios. Se você não tiver um cinto de pesos, ainda assim é possível trabalhar força. Por
exemplo, barras utilizando apenas um braço. Este é um exercício muito avançado,
geralmente sendo necessário alguns anos de prática para que se possa realizá-lo de
maneira segura. Mesmo praticantes avançados de calistenia conseguem fazer não mais do
que 5 repetições consecutivas. Este exercício tem um grande risco de lesões associados.
Pelo fato de praticamente todo o seu peso corporal está sendo sustentado em parte por
um músculo muito pequeno como o bíceps. É muito comum casos de lesão no tendão do
bíceps na inserção no rádio (osso do antebraço) quando se inicia o treinamento para a
barra com apenas um braço sem o devido processo de fortalecimento dos tendões e
músculos. Tendões têm uma menor circulação do que a musculatura, levando mais tempo
para se recuperar de lesões do que o músculo.
Se você pretende incluir treinamento de força ao seu programa de treino, você deve levar
em consideração o volume, intensidade e tempo de descanso apropriados. Como esta é
uma atividade de alta intensidade, seu corpo vai levar mais tempo para se recuperar antes
da próxima série. Para que se mantenha a mesma performance na série seguinte o
descanso deverá ser de média duração. O número de repetições continuará baixo,
podendo ir até 6 repetições, o que tornará seu treino mais seguro. Deixe a tentativa de
1RM apenas para o período de competição ou periodicamente uma vez por mês ou a cada
dois meses, se seu interesse é participar de competições de força.
Força
78
3 – Hipertrofia
Esta é a principal razão pela qual as pessoas iniciam um treinamento de resistência. E
trabalhando outros componentes fitness como power, força e endurance muscular (que
falarei mais adiante) você também está estimulando aumento de volume muscular.
Lembre-se de que seu corpo vai se adaptar a qualquer novo estímulo que você o submeta.
Por exemplo, se você atualmente é completamente sedentário, qualquer atividade que
você faça com certa frequência ao longo do tempo, por mínima que seja, vai resultar em
uma adaptação muscular. Porém está atividade vai estagnar uma vez que você não
permaneça progredindo. No entanto, existe uma maneira de se otimizar o ganho de massa
muscular.
Para que se trabalhe hipertrofia é necessário trabalhar em um volume médio de
repetições. Para isso você vai precisar utilizar o peso o peso adequado para ficar na gama
ideal de repetições. Os dois componentes fitness citados anteriormente (power e força)
tem como objetivo performance, ou seja, são geralmente utilizados por competidores ou
indivíduos que desejam gerar o máximo de resultado, como levantar a maior carga ou
saltar o mais alto possível. Quando se tem por objetivo performance, estética fica em
segundo plano. Obviamente trabalhando isto vai-se estar trabalhando também aumento
de massa muscular, porém este não é o foco principal. Atletas de salto, por exemplo,
precisam ser leves. Como precisam impulsionar o próprio peso corporal para saltar sobre
um determinado obstáculo, seria contra produtivo tentar ganhar muito peso. Eles precisam
ter um percentual de gordura baixo, mas controlando seu peso corporal.
79
Se seu objetivo é performance atlética e competir em alto nível em alguns esportes, seu
regime de treinamento precisa ser bastante específico para maximizar seus resultados.
Porém aparência física não será uma prioridade. Em vários esportes olímpicos você vai
encontrar atletas com físicos invejáveis, porém este é um resultado natural da modalidade
que praticam e fatores genéticos do próprio indivíduo. O foco desses atletas está em
melhorar sua performance na sua modalidade esportiva, a aparência física que resultar da
prática deste esporte será apenas uma consequência do intenso regime de treinamento
que seguem.
Como dito anteriormente, após os 30 anos de idade o corpo humano entra em um
processo de degeneração natural. Não há nada que você faça para parar este processo,
80
mas você pode fazer muito para desacelerar este processo o máximo possível. Seu corpo
ainda se adaptará ao estímulo do treino. Talvez não com a mesma velocidade de antes.
Mas independente da idade que você inicie sua prática, você sempre vai poder melhorar
sua composição corporal e consequentemente sua saúde e qualidade de vida.
Duas pessoas podem ter mesma altura e peso, e podem ter forma física e qualidade de
vida completamente diferente. Da mesma maneira, uma mesma pessoa pode ter um
determinado peso, e dois anos depois de treino e alimentação saudável, pode ter o mesmo
peso e ter uma aparência física e estado de saúde completamente diferente.
Não, este processo não é o famoso “transformar gordura em músculos”. Até porque ele
não existe, a não ser no título de vídeos vendendo produtos fraudulentos na internet.
Gordura é gordura e músculo é músculo. Você vai poder ganhar ou perder qualquer um
dos dois. E isso vai depender de suas escolhas.
Vou exemplificar o fato de duas pessoas diferentes para que se possa ter uma ideia mais
clara sobre a importância da composição corporal.
João trabalha em um escritório todos os dias sentado. Tem dois filhos e um projeto de
trabalho pessoal que consome todo seu tempo extra. Ele acaba não tendo tempo para se
exercitar nem para fazer sua própria comida. Por falta de tempo acaba almoçando todo dia
na praça de alimentação do shopping onde trabalha. Geralmente um combo de
hambúrguer, fritas e 500 ml de coca cola. João tem um metabolismo acelerado por isso
não tem tendência a ganhar peso.
Medidas
Altura 1.65
Peso 65 Kg
81
Carlos é engenheiro, trabalha no escritório da empresa. Tem também sua própria empresa
de consultoria, onde trabalha a noite e aos fins de semana, e tem uma filha recém-nascida.
Não preciso nem dizer que Carlos é um cara muito ocupado. Porém Carlos reserva o
domingo à noite para preparar todas suas refeições para levar para o trabalho durante a
semana. Como não toma café da manhã (apenas uma xícara de café preto), precisa levar
apenas um container de comida para o escritório. Tem sua segunda e última refeição duas
horas antes de dormir. Três vezes por semana treina por 45 minutos. Segunda, Quinta e
Sábado tem um treino pesado de calistenia às 6 horas da manhã, antes de ir trabalhar.
Outros três dias por semana faz um HIIT de 5-10 minutos antes de ir para o trabalho, só
para garantir que estará em um leve déficit calórico. No caminho do trabalho Carlos
sempre coloca no bluetooth do carro seu podcast favorito sobre treino, alimentação e
self-improvement (Pinho Calistenia PODCAST 😊 no Spotify e Apple Podcast), para saber o
que há de mais novo e prático sobre como se manter em forma e saudável a longo prazo.
Medidas
Altura 1.65
Peso 65 Kg
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Analisando ambos indivíduos, pode-se perceber que ambos têm mesmo peso e altura,
porém diferentes percentuais de gordura. Isso também pode ser percebido através da
medida de circunferência abdominal. A diferença destes indivíduos está na composição
corporal, que é a proporção de massa magra e gordura. Existem outros fatores que
influenciam neste peso como densidade óssea, peso de água, órgãos, etc.
Pensando nisso o objetivo que a maioria tem de perder peso, deveria ser subentendido
como perder gordura. Quando se perde peso utilizando apenas dietas restritivas, parte da
massa magra será sacrificada no processo. O que não resultará em uma aparência
saudável ao fim do cutting. O objetivo de qualquer pessoa ao perder peso, deveria ser
perder o máximo de gordura e o mínimo de massa muscular. Isto vai proporcionar ao final
um efeito estético e de saúde muito mais positivo.
Seu objetivo deveria ser trabalhar para maximizar ganho de massa magra e tentar reduzir
seu percentual de gordura para níveis saudáveis. Isto vai resultar em um corpo muito mais
belo e saudável. Mas afinal qual o percentual de gordura ideal?
Apesar de muitas pessoas pretenderem ter um percentual de gordura muito baixo, nem
sempre isso é algo saudável. O percentual de gordura saudável vai variar de acordo com a
idade, sexo e altura.
83
Estas são as recomendações de percentual de gordura saudáveis para homens e mulheres
de acordo com a Organização Mundial de Saúde, que é a maior autoridade do mundo
sobre saúde. Isto também pode levar em consideração a altura do indivíduo. De acordo
com a tabela, uma gama de percentual de gordura saudável para homens seria entre 10 e
20% (podendo variar de acordo com a idade e altura) e entre 20 a 30% para mulheres.
Mulheres precisam de um percentual de gordura mais alto para manter um bom
funcionamento hormonal. É comum em atletas de alto desempenho do sexo feminino que
acabam tendo um percentual de gordura muito baixo (entre 8 e 12%) uma interrupção no
ciclo menstrual. Mulheres com percentual de gordura muito baixo (principalmente por
razões estéticas) acabam tendo mais dificuldade para engravidar do que mulheres com
percentual de gordura recomendado pela OMS.
Para que se maximize o ganho de massa muscular é necessário não apenas dar um
estímulo adequado (progressivo e constante), mas também dar um volume adequado de
treino. Para obter ganho de massa muscular de maneira ótima, sua musculatura vai
trabalhar em uma gama média de repetições e séries, mas com uma intensidade específica
(não menos que 65%).
É comum ver bodybuilders tendo um regime de treino de 6 vezes por semana, mantendo
uma carga relativamente baixa e um alto número de repetições e séries. Isto se dá por que
o objetivo destes atletas não é simplesmente levantar peso no máximo de suas
capacidades, e sim levantar o máximo de peso por um determinado número de repetições.
Este maior volume de treino vai geram maior “dano” muscular, que ao ser restaurado, vai
requerer uma maior síntese proteica e consequente aumento de volume muscular.
Estes atletas também visam em seu treinamento focar em músculos específico, para
compensar alguma dificuldade que tenham em ganhar massa muscular. Por exemplo,
84
alguns tem dificuldade de ganhar peito, mas facilidade de ganhar bíceps e tríceps. Neste
caso o atleta pode escolher focar em exercícios uniarticulares que trabalhem apenas
peitoral (como chest fly/voador ou peck deck) em vez de fazer movimentos compostos (que
utilizam mais de uma articulação) onde acabariam trabalhando também tríceps, como o
supino, na tentativa de isolar o peitoral. Isso é possível com pesos, porém um pouco mais
complicado com calistenia. Pelo fato de calistenia trabalhar com peso corporal, a maioria
dos movimentos são multiarticulares e estarão trabalhando mais de um músculo ao
mesmo tempo.
Hipertrofia
85
Endurance Muscular
Este último componente fitness pode ser o foco de alguém que quer sempre realizar mais
repetições de um mesmo exercício. Por exemplo, alguém tentando bater um record no
Guiness Book de mais flexões, ou mais barras, ou mais muscle ups, etc. Endurance
muscular é a capacidade de realizar o máximo de contrações possíveis sem atingir fadiga.
Esta fadiga acontece quando a musculatura, através do trabalho, consome oxigênio em
uma velocidade maior do que o sistema cardiorrespiratório é capaz de suprir. Outro fator
importante é o acúmulo de ácido lático. O ácido lático é produzido naturalmente como
subproduto resultante da conversão de energia para contrações musculares. Quanto mais
intensa maior a produção. Quando o acúmulo de ácido lático supera a capacidade de do
sistema cardiovascular de remoção, a capacidade de trabalho da musculatura é reduzida, e
em muito em breve interrompida completamente. Com o treinamento adequado é possível
aumentar a eficiência do corpo humano na remoção de ácido lático. Porém é necessário
ter um treino focado especificamente em endurance muscular.
Como power e força, endurance muscular também estimula o ganho de massa muscular,
porém não tão eficiente quanto o volume médio de um treinamento focado em hipertrofia.
Um treino focado em endurance muscular vai ter uma gama alta de repetições e séries,
curto descanso e pouca variação de exercícios.
86
pelo sistema cardiorrespiratório. Se a intensidade for aumentada acima da capacidade do
atleta, o oxigênio vai ser consumido em maior quantidade do que o sistema circulatório é
capaz de fornecer. E consequentemente a performance será comprometida. Da mesma
maneira se a intensidade for aumentada o acúmulo de ácido lático vai superar a
capacidade de remoção do sistema circulatório, o que ocasionará uma redução ou
interrupção da atividade.
Quando se trabalha com foco em endurance aeróbio, não se foca em grupos musculares
nem amplitude de movimento. O foco é em performance, e isso se traduz em encontrar
um ritmo e amplitude de movimento que se consiga manter por toda a distância da prova.
Nem muito curto (que acabe gerando mais repetições de passadas desnecessariamente)
nem muito longo (que se acabe desperdiçando energia e pare de utilizar a via oxidativa
(que converte gordura em energia para a atividade). Ao longo do tempo de treino, e
seguindo um programa de treinamento específico, será possível “ensinar” seu corpo a
trabalhar de forma mais eficiente, fornecendo mais oxigênio e removendo mais ácido lático
ao longo do tempo de treino. Isso irá induzir adaptações no seu sistema circulatório,
aumentando a dilatação dos vasos sanguíneos, aumentando o débito cardíaco e volume
sistólico, ou seja, bombeando um volume maior de sangue em cada batimento cardíaco.
Aumentando assim a eficiência do sistema cardiorrespiratório e permitindo que se
aumente a intensidade ao longo do tempo de treinamento, para que se alcance um melhor
desempenho em competições.
Quando se treina com foco em endurance muscular, você está trabalhando os mesmos
princípios (melhorar a eficiência do sistema circulatório em fornecer oxigênio e remover
ácido lático), porém com um foco em contração muscular e amplitude de movimento.
Aumentando este número de repetições será também aumentada a velocidade de
contração (tanto na fase concêntrica como excêntrica do movimento), para tornar ainda
mais eficiente do ponto de vista de tempo e consumo energético. O tempo de descanso
entre as séries também será reduzido. Isto estimulará uma adaptação do seu corpo a
realizar mais contrações ao longo do tempo de treino. A principal fonte de energia para
este tipo de treinamento é o glicogênio muscular, porém estará também consumindo
gordura e fosfocreatina.
87
Se você pretende aumentar o número de repetições em um determinado exercício para
uma competição, é necessário ter um foco em endurance. Desenhar um programa de
treinamento com foco em power, força e hipertrofia será contra produtivo. Nunca esqueça
que para que se alcancem resultados específicos é necessário ter um treinamento
específico. Este é o primeiro princípio científico do treinamento (de acordo com livro
Scientific Principles of Strength Training, PhD Mike Israetel)
Endurance
Resumindo
Seu foco durante o cutting deve ser, obviamente, redução de percentual de gordura, mas
também maximizar seu treino de resistência para garantir a manutenção da massa magra.
Portanto, mais importante do que treino aeróbico é o treinamento de resistência. Perder
peso, como dito anteriormente, é possível até mesmo sendo sedentário, mesmo não sendo
o ideal para saúde. A esta altura de sua leitura você deve saber disso. Seu foco deve ser
principalmente em composição corporal (proporção de massa magra e gordura
subcutânea), fazendo com que a maior parte desse peso perdido seja em forma de
gordura. Para que isso aconteça, você não pode se apressar em perder peso rápido. Pense
em se manter em um déficit de 10 a 20% e perder no máximo 1 kg por semana. Esta é uma
maneira sustentável e saudável de se perder peso.
Vivemos em um mundo onde todos buscam por uma pílula mágica, porém todo atalho tem
seus custos. Você pode perder 10 kg em um mês. Porém isso terá algumas consequências,
como se sentir fraco e sem energia, perder massa magra no processo, até problemas mais
graves de saúde como deficiência em micronutrientes que podem gerar problemas
crônicos de saúde. O segredo é disciplina e paciência. Você deve dar o seu melhor no seu
treino, mas nada vai acontecer em uma semana de treino. Nem em um regime de
88
treinamento de uma vez por semana. Sugiro uma frequência de treinamento de resistência
de pelo menos 3 x por semana. Dividindo seu treino. Apenas uma vez por dia é o
suficiente. Tente dar o seu melhor no treino. Mesmo que você apenas tenha 45 minutos
disponível para isso. Se fizer isto, mesmo que queira não conseguirá trabalhar os mesmos
grupos musculares no dia seguinte. Se você tiver realizando o mesmo treino todos os dias,
com a mesma intensidade e volume, este treinamento não está adequado para gerar
adaptação da sua musculatura.
Para que um treino seja eficiente, do ponto de vista da adaptação muscular, é necessário
que seja intenso. Este treino vai gerar microlesões que seu corpo vai levar certo tempo
para regenerar. Ou seja, se você treinar hoje, amanhã seu corpo estará se recuperando, e
você vai se sentir dolorido. Se realizar um treino durante este período você não permitirá
que sua musculatura se recupere, e não será capaz de manter a mesma performance. E se
não houver progresso no treino, não haverá adaptação neuromuscular. Resultando em
estagnação. Lembre-se que este processo de treino e consequente adaptação muscular é
uma maneira de convencer sua musculatura a crescer e/ou se tornar mais forte através de
um estímulo que justifique a adaptação. Se o estímulo não for progressivo e constante ao
mesmo tempo, nenhuma adaptação será percebida, em termos de ganho de força e/ou
massa muscular.
Se você gosta de realizar algum aeróbico, isso vai ser contabilizado como gasto calórico (o
que é algo positivo se seu objetivo é redução de seu percentual de gordura). Mas como dito
no capítulo sobre aeróbico, não há razão para fazer algo que você não gosta se é possível
conseguir de outra maneira. A maioria das pessoas sedentárias têm receio de iniciar uma
atividade física e fazer demais. As lesões que tanto temem são resultadas principalmente
de fazer demais muito cedo, ou seja, quando alguém vem de completo sedentarismo e não
respeita o processo de fortalecimento muscular ou não se atenta com relação à forma e
execução dos exercícios. Porém se respeitados seus limites e progredindo
consistentemente existem infinitamente mais benefícios em se fazer atividade física do que
em se manter sedentário. Não se esqueça que o sedentarismo e sobrepeso são as maiores
causas de lesões e doenças crônica. Quanto mais atividade física melhor, mas é necessário
ter um entendimento um pouco mais profundo sobre seus objetivos, para que se possa
89
estabelecer um plano específico, realista e com prazo determinado, para que se
maximizem os resultados e aderência ao programa de treinamento.
1.3 - Esportes
A maioria de nós praticou alguma modalidade esportiva quando criança. Muito
provavelmente futebol fez parte da sua infância. Esporte é uma maneira divertida de se
exercitar. O praticante acaba perdendo a noção do tempo, e as vezes da sua própria
capacidade física. É comum ver homens de meia idade se lesionarem gravemente nas
famosas peladas de fim de semana. Embora sejam ainda habilidosos no esporte, não tem a
mesma preparação física que um dia tiveram. Já presenciei em “rachas” torções, ossos
quebrados e até ataque cardíaco durante partidas. Isso prova mais uma vez que o que
você não usa você perde (do inglês “if you don’t use it, you’ll lose it”). Nossa musculatura
esquelética é projetada especialmente para gerar movimento. Se não dermos a nosso
corpo a quantidade de atividade física suficiente e com a frequência adequada para
mantê-lo forte e saudável, ele vai se tornar mais e mais fraco, se deteriorando com o
passar do tempo.
Defina sua prioridade. Esporte é algo que você leva a sério e quer se tornar praticante de
nível competitivo? Se a resposta é sim, o esporte será sua atividade principal, nela deverá
estar o foco da sua preparação física. Todas as outras atividades (aeróbico, treinamento de
resistência, flexibilidade, etc.) deverão girar em torno e oferecer suporte à modalidade
esportiva. Lembre-se que o princípio mais importante no treinamento de qualquer
modalidade/atividade é a ESPECIFICIDADE.
Quando treinando calistenia e/ou musculação, você precisa ter em mente sempre o dia
seguinte. Se acabou de iniciar seus treinos e pratica futebol no dia seguinte, talvez não seja
uma boa ideia treinar membros inferiores hoje. Amanhã você pode estar muito dolorido e
90
não render o máximo da sua capacidade no seu treino de futebol. Se você for goleiro e está
iniciando seus treinos de calistenia, talvez não seja uma boa treinar peito e tríceps no dia
anterior ao treino principal de futebol.
Analise seus dias de treino, que tipo de treinamento específico você tem na sua
modalidade esportiva (fortalecimento, agilidade, simulação de jogo, condicionamento, etc.).
E a partir daí elabore uma rotina de treino com dias e horários específicos para encaixar
seu treino. Por exemplo: se você treina futebol segunda, quarta e sexta, você pode muito
bem fazer um treino terça e quinta (de membros superiores – podendo dividir em
empurrar e puxar – para mais detalhes baixe o Guia de Calistenia) e sexta a noite, logo
após o treino de futebol, você pode realizar seu treino de pernas. Assim você terá sábado,
domingo e parte da segunda para se recuperar, o que será tempo suficiente para você
voltar ainda mais forte para o treino de futebol na segunda.
Se seu objetivo é redução de percentual de gordura o esporte vai ser uma excelente
ferramenta. Esporte é algo divertido, você consegue praticar por horas e horas sem
perceber. E como já dito, quanto mais calorias gastas maior a possibilidade de se estar em
déficit. Porém se as calorias consumidas superarem estas calorias gastas isto não vai
acontecer. Quando o foco é redução de percentual de gordura, quanto mais atividade física
melhor. Existe um mito de que se exercitar demais não faz bem para a saúde, no entanto
não é isso que a literatura sobre atividade física e saúde aponta. Quanto mais atividade
física melhor. Obviamente se seu objetivo é construção de massa muscular e força existirá
um limite para este esforço físico, e o treino vai demandar um período de descanso para
que a musculatura se recupere, mas isso não quer dizer que durante este período de
descanso você ficará completamente sedentário. Nos dias que você está dolorido e
91
resolver dar um tempo de descanso do treino de resistência, você pode fazer outras
atividades. Isso vai acelerar ainda mais o processo de redução de percentual de gordura.
Se você é um praticante de artes marciais sabe o quanto força e condicionamento são
importantes. Como atleta, você precisa ter movimentos rápido e explosivos, mas também
precisa aguentar firme até o fim do último round. A maioria dos atletas de artes marciais
praticam principalmente treino com o peso corporal. Muitas das aulas de artes marciais
incluem uma parte de fortalecimento envolvendo principalmente flexões e abdominais.
Você pode assistir online treinamento de boxeadores e lutadores de MMA. Seus treinos
envolvem fortalecimento do core, flexões e aeróbicos com uma mistura de agilidade, como
pular corda.
A maneira como você organiza sua rotina de treinamento vai depender, da mesma
maneira que no esporte, da sua prioridade. Por que você pratica artes marciais? Você
pretende competir e ganhar a vida com isso ou faz apenas por diversão? Descobrindo sua
prioridade você vai poder formular uma agenda semanal de treino.
Digamos que você almeje ser um lutador profissional de Jiu-jitsu. Leve em consideração
seu regime de treinamento. Digamos que você treina de segunda a sexta. Você precisa
estar flexível e forte ao mesmo tempo para ter um bom desempenho nesta arte marcial,
bem como ter excelente mobilidade. Portanto, todos estes aspectos do treino devem fazer
parte do seu programa de treinamento. Durante a semana, no contraturno do seu treino
de Jiu-Jitsu (com pelo menos 8 horas de intervalo entre atividades) você pode fazer treinos
de flexibilidade, mobilidade, condicionamento e um treinamento de resistência leve de
membros superiores. Como você vai dividir isso vai depender da sua conveniência e
preferencias pessoais. Durante a semana faça um treino leve de membros superiores, e
um mais intenso de membros superiores. No fim de semana, que você não treina Jiu-Jitsu
você pode fazer um treino de puxar (costas e bíceps) e um de empurrar (peito e tríceps)
bem intensos com duração entre 45 e 90 minutos. Desta maneira o desgaste muscular
causado pelo treinamento de resistência não vai interferir na sua performance nos treinos
de artes marciais.
92
Já se você for um praticante recreativo de alguma arte marcial, você pode treinar apenas 2
ou 3 vezes por semana, e alocar seu treinamento de resistência no dia de descanso do
treino de artes marciais. Da mesma maneira que no treinamento esportivo, tente não
treinar com menos de 8 horas de intervalo entre as atividades.
Como estas atividades não tem um caráter competitivo na maioria dos casos, elas podem
ser realizadas em conjunto com atividade de resistência. No entanto, caso você seja um
profissional e tenha um regime de treinamento rigoroso e cansativo (como é o caso do
ballet), não há razão para negligenciar o treinamento de resistência. Se sua prioridade é a
atividade, seu corpo vai de certa forma se adaptar a esta atividade. Por isso você vê o corpo
de bailarinas seguindo um certo padrão. O mesmo acontece com nadadores competitivos
e maratonistas. Você pode trabalhar e estimular sua massa magra, porém haverá algumas
consequências caso você ganhe um determinado volume muscular. Por exemplo, minha
esposa é praticante de ashtanga yoga, uma modalidade bem intensa e longa. Ela
geralmente prática duas horas por dia, 6 vezes por semana. Esta atividade exige bastante
mobilidade e flexibilidade, bem como um relativamente baixo volume muscular (se
comparado com atividades que exigem força) para se conseguir manter certas posturas.
93
Não é à toa que a maioria dos praticantes de ashtanga yoga são bem magros e atléticos.
Praticantes com mais volume muscular ficam limitados, não progredindo tanto quanto
poderiam se tivessem menor volume muscular.
O maratonista trabalha movendo seu próprio peso corporal por 42 KM. Se um atleta está
no nível competitivo, cada segundo importa. Portanto, não faz sentido carregar uma
quantidade alta de massa muscular, se esta vai apenas deixar o atleta mais lento e limitar
sua performance. Daí a importância da especificidade. Para que se alcancem objetivos
específicos, é necessário que se trace um plano específico que se estabeleça prioridades.
Se você é praticante de alguma dança, ou qualquer outra atividade recreativa e não tenha
como intenção seguir carreira profissional (o que acredito ser a maioria dos leitores deste
livro) ganhar massa magra e perder gordura vai ser sempre vantajoso. Tanto do ponto de
vista de saúde como estético.
Se esta atividade recreativa ultrapassa mais de uma hora de constante movimento, o
treinamento de resistência pode ser intercalado em dias diferentes e/ou com pelo menos 8
horas de intervalo entre as atividades (como no caso da prática esportiva e de artes
marciais).
94
Revisão – Capítulo 2
1 – Que atividade é melhor para perda de gordura (se respeitado o déficit calórico)
b) HIIT. Por causa do after burn effect, que faz seu corpo continuar consumindo gordura
mesmo 48 horas depois da atividade
a) Mudança na composição corporal (garantir que a maior parte do peso perdido foi de
gordura)
95
3 – Treinar em Jejum vai te prejudicar?
b) Não. Contanto que as reservas de energia (glicogênio muscular) estejam estocadas em
quantidade suficiente
c) Não. Mesmo que você venha de um jejum de 15 dias ingerindo apenas água
96
Respostas
1- d)
2- a)
3- b)
4- d)
5- e)
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Capítulo 3. Barreiras
Nos capítulos anteriores foram mostrados a ciência por trás da queima de gordura,
envolvendo os pilares fundamentais do aspecto físico: atividade física e alimentação. Neste
capítulo vamos falar sobre os fatores psicológicos e as principais barreiras que
encontradas por quem deseja perder gordura. Estes fatores são extremamente
importantes (tão importantes quanto os fatores físicos) e, se não combatidos da maneira
adequada, podem prejudicar sua saúde física e mental.
Não é novidade que muitas pessoas compensam desequilíbrios emocionais com o prazer
que alguns alimentos podem proporcionar. Esta compulsão alimentar está geralmente
ligada a sentimentos negativos experienciados pelo indivíduo. Isto pode ser desencadeado
por diferentes emoções: tristeza, tédio, ansiedade, solidão, frustração, raiva, etc.
É da natureza humana buscar prazer e fugir da dor. Por isso a maioria das pessoas evita
atividade física: porque o processo de adaptação do seu corpo é desconfortável e doloroso.
Isso faz com que busquemos prazer a qualquer curso e instantâneos (a espera também é
uma forma de dor). Gratificações instantâneas e efêmeras soam mais atraentes do que
conquistas significativas a longo prazo. A espera em si já pode ser considerada uma dor.
Ou seja, preferimos sentir prazeres efêmeros agora, do que trabalhar para merecer um
prazer mais duradouro em um futuro não tão próximo. Isto se potencializa ainda mais com
a geração de Millennials (nascidos entre meados de 80 e início dos anos 2000), que
nasceram na era da informação e expansão tecnológica. Os avanços tecnológicos durante
este período aceleraram exponencialmente a cada ano, tornando todo o mundo
conectado, mudando com rapidez nunca vista, tornando toda nova descoberta efêmera.
Isto deu ao ser humano, já com propensões à busca por gratificações instantâneas, uma
quantidade ilimitada de maneiras de satisfazer este vício por gratificações instantâneas, em
detrimento de gratificações duradouras. O uso de mídias sociais é uma grande prova disso.
Aplicativos como Instagram e Facebook se tornaram parte fundamental do dia-a-dia da
maioria das pessoas. Mesmo sabendo que 30 minutos ao fim do dia seria suficiente para
98
checar e responder as mensagens pessoais e comentários, a maioria de nós checa estes
aplicativos pelo menos uma vez a cada hora, esperando ter mais um comentário ou “like”
na última foto postada. As mídias sociais também tornam disponível e “viralizam” as coisas
que mais impressionam. E quando o assunto é fitness não há espaço para nada menos do
que perfeição.
Não é novidade que a comida é capaz de despertar diferentes sensações. Por isso a
indústria alimentícia investe tanto para tentar encontrar a perfeita combinação de sabores
que vai transformar aquela pessoa que prova pela primeira vez seus produtos em um
consumidor fiel. Na maioria das vezes o que agrada nosso paladar não faz bem para nosso
corpo. Estes alimentos são extremamente densos em calorias e pobres em nutrientes.
Serão absorvidos rapidamente pelo nosso corpo, dando aquela sensação de prazer
instantânea, mas que serão absorvidas rapidamente. Após este pico de prazer, a sensação
anterior volta a ser o foco novamente. Com o passar do tempo, o acúmulo de gordura
desencadeado pelo alto consumo de produtos processados deliciosos regularmente vai
tornar estes indivíduos ainda mais insatisfeitos com seu corpo.
A maioria das decisões que tomamos durante o dia é consequência de hábitos que
construímos. Estes hábitos são rituais que nos pegamos fazendo sem sequer pensarmos.
Por exemplo: pegar o celular e checar as redes sociais assim que acorda; comer aquele
cookie depois do almoço; tomar aquele sorvete antes de dormir; assistir à sua série
favorita comendo batata rufles. Quanto mais vezes você repete esse ritual mais se criam
caminhos neurais (neuro-paths) que serão fortalecidos, e consequente padrões de
comportamento que se tornarão cada vez mais difíceis de se interromper. E fazemos a
maioria destas coisas sem sequer pensarmos a nível de consciência.
A junção desta aversão à dor, do ideal de corpo propagado nas mídias sociais e a busca por
prazeres imediatos e efêmeros acaba sendo a combinação perfeita para tornar as pessoas
99
cada vez mais viciadas em comportamentos e hábitos destrutivos, criando um círculo
vicioso difícil de se interromper. Difícil, mas não impossível.
Lembre-se sempre de que quanto mais tempo este comportamento é seguido
ininterruptamente, mais difícil será quebrar o ciclo. Se você se vê tomando um copo de
coca cola em todas as refeições, pense em quantos dias você faz isso por semana e há
quanto tempo você vem repetindo este comportamento. Imagine que você vem fazendo
isto no intervalo do trabalhado desde que começou a trabalhar nesta empresa dentro de
um shopping há 5 anos atrás. Se você tentar simplesmente cortar bruscamente este
comportamento, há uma grande possibilidade de falhar. Uma sugestão é reduzir a
quantidade que se repete este hábito. Por exemplo: em vez de tomar coca cola no almoço
de segunda a sexta, tome apenas segunda, quarta e sexta. Terça e quinta substitua este
refrigerante por água com gás (o sabor não é o mesmo, mas te lembrará a sensação). Com
o passar das semanas tente reduzir cada vez mais, até você não estar tomando nenhum
copo por semana. Te garanto que depois de 3 meses sem tomar refrigerante o sabor vai
ser estranho quando provar novamente.
O tédio é um fator para a manutenção de hábitos alimentares não saudáveis. Se você se vê
assistindo sua série favorita toda noite e sempre conferindo o que tem na geladeira para
comer enquanto assiste, tente substituir este hábito de assistir sua série toda noite por
outro hábito, como ler um livro, treinar ou sair para correr pelo menos uma vez por
semana. E da mesma maneira que no exemplo anterior, tente ir substituindo aquele hábito
destrutivo por este novo hábito.
Esta compulsão alimentar pode também ser originada por irregularidades hormonais ou
mutações genéticas. Influências culturais, sociais e situações traumáticas, como histórico
de abuso sexual podem aumentar o risco de compulsões alimentares. O que nos leva ao
próximo fator.
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Você com certeza não lembra da primeira carne que colocou na boca. Nem do primeiro
copo de leite de vaca. Sabe porquê? Por que não foi você quem escolheu.
Seus pais escolheram por você. Quando você era criança (muitos até a vida adulta) tenho
certeza que você não ia para o supermercado e escolhia o que iria comer. As crianças
comem de acordo com a preferência de seus pais. O mesmo aconteceu com seus pais
quando criança. Seus avós criaram e alimentaram seus pais de acordo com o que comiam.
Por isso para a maioria das pessoas que moram em pequenas cidades e/ou acima dos 40
anos acreditam ser impossível se viver sem nenhum produto de origem animal. Por vezes
até jovens, universitários em grandes cidades pensam assim. Sabe porquê? Porque nada
disso é ensinado onde estas pessoas buscam informações. Para ser bem sincero o
conteúdo em português é bem escasso e difícil de encontrar. Até mesmo profissionais de
nutrição, nutrólogos e profissionais de educação física são na grande maioria ignorantes
quando o assunto é dieta vegetariana estrita (também conhecido como dieta vegana).
101
pais achavam que estes alimentos (altamente calóricos, cheios de açúcar refinado e toda
espécie de aromatizantes, corantes e sabores artificiais) eram saudáveis. Não preciso
mencionar que nada disso é saudável, apesar dos “benefícios” propagados nos rótulos
destes produtos.
Não sei se esta informação já está sendo divulgada no Brasil, mas na América do Norte e
Europa já é de conhecimento público os malefícios do consumo de laticínios. Milhares de
pesquisas foram realizadas nas últimas duas décadas provando que o excesso laticínios
está diretamente relacionado com aumento no risco de doenças crônicas que mais matam
hoje (doenças cardiovasculares, diabetes e câncer). Os países que tem um Guia Alimentar
(Food Guide) recomendam redução drástica na quantidade de laticínios na dieta. A mesma
coisa feita com a carne vermelha. Em 2015 a Organização Mundial de Saúde (a maior
autoridade do mundo em saúde) declarou, em um documento baseado em mais de 700
estudos relacionando o consumo de carne processada e saúde, que carne processada é
tão carcinogênico quanto o cigarro. Recomendando a redução inclusive do consumo de
carne vermelha da alimentação. Carne processada é qualquer carne adicionada de nitritos
ou qualquer outro processo para tornar a carne mais durável. Carne crua não dura mais do
que alguns dias sem entrar em processo de decomposição, mesmo congelada. Algumas
carnes processadas, como mortadela, bacon e pepperoni duram meses até mesmo fora da
geladeira. Você pode ser alguém que se alimenta desta maneira e não pretende mudar
nunca, e talvez esteja cansado desse papo chato, mas te prometo que minha intenção
neste capítulo não é dizer que você está errado e eu estou certo. Apenas utilizei estes
exemplos para te mostrar que nem sempre o que fomos ensinados a gostar ou o que
acreditamos gostar, é realmente o melhor para nossa saúde e para nosso corpo.
Prova disso são as diferenças culturais que influenciam a alimentação das pessoas. Como
na índia, onde a vaca é um animal sagrado e em algumas províncias é proibido se comer
carne de gado. Já na china é normal se comer carne de cachorro, enquanto que aqui no
mundo ocidental isto é motivo para se horrorizar. Isto tudo para mostrar que na maioria
das vezes o que achamos que foi uma escolha entre tudo o que existe, foi apenas uma
escolha entre o pouco que nos foi apresentado.
Como assim?
102
Seus pais te alimentaram, desde o primeiro alimento que você colocou na boca até talvez o
início da sua adolescência. Todo o paladar e gosto pela comida foi baseado no que lhe foi
dado diariamente. Ou seja, esta “liberdade de escolha” foi restrita às opções que lhe foram
apresentadas. Levando em consideração praticamente apenas o sabor destes alimentos.
Quando se é criança não se percebe ainda o benefício (ou malefício) dos alimentos. A não
ser que seus pais tenham uma alimentação muito variada. Porém isto não é o caso da
maioria dos lares brasileiros. O almoço dos brasileiros se resume a feijão, arroz, salada (ou
seja, alface e tomate) e alguma porção de “proteína” (frango, carne vermelha ou peixe). E
algum líquido (suco ou refrigerante) para empurrar a comida goela abaixo e compensar a
rápida mastigação. Este padrão se repete em outras refeições.
Outro fator é que o trigo está presente em tudo o que mais aprendemos a gostar. Pães,
bolos, pizzas, massas, salgadinhos, biscoitos, etc. Daí você diz novamente que escolheu
gostar disso. No entanto pense na conveniência da indústria alimentícia que produz estes
produtos, o quão conveniente é para eles produzir estes alimentos? Uma cadeia de fast
food pode armazenar sacos e sacos de pães por vários dias, esperando o estoque baixar
para então comprar mais. Imagine se isso aconteceria com abacates. Se você consome
abacate todos os dias (como eu) sabe que quando o abacate está maduro e no ponto para
103
ser consumido ele não espera. Deve ser consumido naquele momento. Um dia antes está
duro, um dia depois está estragado. Um biscoito recheado tem um prazo de validade
superior a um ano a contar da data de fabricação. E a maioria destes produtos com trigo
como o principal ingrediente é adicionado gordura vegetal hidrogenada que é algo que
você deveria banir da sua alimentação.
A indústria alimentícia não está interessada na sua saúde. Ela está interessada em gerar
lucro, e para isso ela vai fazer de tudo para vender seus produtos com o máximo de
eficiência, buscando o produto mais barato, que dure mais nas prateleiras, com o sabor
mais viciante. Todos estes fatores fazem do trigo algo que não se alinha com seu objetivo
de reduzir gordura corporal. É algo altamente calórico, vazio em nutrientes, que vai ser
rapidamente absorvido pelo seu organismo, dando aquele pico de prazer, mas trazendo o
rapidamente para baixo novamente, te deixando novamente com fome em pouco tempo.
Resumindo, nosso estilo de vida corrido, onde ninguém tem tempo para se exercitar
associado com abundância de comida processada e gostosa por um preço baixo é a
combinação perfeita para termos não apenas uma epidemia de obesidade, mas também
de todas as doenças crônicas relacionadas com estilo de vida (doenças cardiovasculares,
câncer e diabetes), que são também as que mais matam.
Quando me mudei para Fortaleza aos 15 anos, vindo de uma cidade pequena com menos
de 7 mil habitantes do interior do Ceará, percebi também o quanto a pressão social
influencia o comportamento dos adolescentes. Talvez mais do que em qualquer outro
estágio da vida. O adolescente quer ser legal, quer ser admirado e respeitado pelos colegas
104
e pelas meninas (no meu caso). Não dá para arriscar ser alvo de chacota e ficar marcado
para sempre como “aquele cara que fez aquilo”, ou que não comeu aquilo, ou que levou o
fora daquela garota, ou qualquer outra coisa que parece ser grande coisa quando somos
adolescentes. Enfim, quando fui para Fortaleza não conhecia absolutamente ninguém da
minha idade. Os adolescentes mais populares e legais levavam dinheiro para lanchar na
escola. Adivinha os produtos mais populares na única lanchonete da escola? Exatamente.
Coxinhas, pasteis, bolos, lasanhas, esfirras, pizza. O que todos estes alimentos têm em
comum? São fritos mergulhado em óleo, tem como principal ingrediente trigo, segundo
ingrediente principal queijo e altamente calóricos. Uma simples coxinha pode chegar a 750
calorias. Sem contar a latinha de coca cola que sempre a acompanha. Provavelmente você
se identifique com isso. Eu nunca levei dinheiro para a escola, e dizia que não estava com
fome, mas confesso que invejava meus amigos que comiam aquela fatia de pizza todo
intervalo.
Nesta época da vida você quer ser incluído no grupo, e não excluído. Portanto você não
arriscará fazer nada diferente, que o grupo não faz. É um risco muito grande de se tornar
o alvo de piadas.
Um pouco mais tarde, você já é um jovem, acabou de entrar universidade e tem que
participar das atividades sociais com outros jovens da sua idade. Estas atividades sociais
incluem festas, churrasco e álcool. E por vezes algumas outras drogas ilícitas (já que álcool
e cafeína são drogas lícitas). Em algum momento, por mais autocontrole que você tenha,
você vai ceder à alguma pressão durante este período. Você não tem experiência suficiente
para dizer se gosta ou não de algo que você ainda não provou. Na maioria das vezes você
acaba cedendo. Por mais que você não goste de beber, você vai dizer que quer “beber até
cair”, para ser o cara que mais bebe do grupo. Se você por algum motivo decide tomar uma
decisão de não comer algo, imediatamente vem aquela enxurrada de perguntas, e piadas.
“Deixa de ser fresco, toma essa coca cola”, “deixa de mimimi de ter pena de animal, come
essa carne”, etc. Se você treina você vai ser estimulado a tomar toda espécie de porcaria
que chamam de suplementos. Creatina, proteína em pó (protein powder), albumina,
pré-treino, pós-treino, termogênico, BCAA, dentre centenas de outros que te dizem que
você tem que tomar, caso contrário não vai ver resultados. Pergunte para quem lhe
oferece estes produtos de onde o suplemento indicado vem? Qual o principal ingrediente?
De onde ele é extraído? 99% destas pessoas não vão saber te responder. Mesmo sendo o
105
“instrutor” da academia que te ofereceu. Sabe porquê? Por que estas pessoas são a pior
fonte de conselho quando o assunto é alimentação.
Sempre pense sobre a autoridade lou nível de informação que a pessoa que te dá um
conselho tem sobre determinado assunto.
- Você não pode perguntar para seu tio que é funcionário público desde os 20 anos sobre
como iniciar seu próprio negócio. Apesar de ele ser muito bom no que faz, ele não tem
nenhum conhecimento quando se trata de empreendedorismo
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Minha mãe até hoje me aconselha a não treinar “tanto” sempre que vê um vídeo meu no
YouTube. Diz que isso pode me prejudicar. Usa alguns exemplos pessoais, como o fato de
ter alguns rompimentos de vasos nos pés por conta de ter pulado muita corda quando
criança. Eu geralmente digo para ela que estes vasos se romperam por que ela parou de
pular depois de adulta. As pessoas estão sofrendo de problemas cardíacos e diabetes não
por excesso de atividade física, mas pelo oposto. A atividade física e uma alimentação
saudável (não processada e rica em fibras) vai melhorar todas estas condições de saúde.
Depois dos 28 anos de idade finalmente tomei uma decisão de verdade no que diz respeito
a minha alimentação. Parei de ser governado pelo meu paladar. Antes eu comia o que
agradava minha língua, hoje eu penso duas vezes sobre o efeito deste alimento no meu
corpo. Ele vai fazer meu corpo funcionar melhor ou pior? Não se engane, tudo o que você
come vai ter um efeito no seu organismo. Melhorar ou piorar sua digestão. Melhorar ou
piorar sua saúde cardiovascular. Melhorar ou piorar sua pele. Aumentar ou reduzir seus
níveis de energia. Melhorar ou piorar sua aparência física.
Por isso, da próxima vez que estiver com aquela vontade irresistível de comer naquele
rodízio de pizza, pense duas vezes e se pergunte: quem está no controle? Eu escolho o que
como, ou a comida que como me domina? Eu escolho não tomar cerveja mesmo quando
todos estão bebendo ou vou tomar um copo após o outro compulsivamente e me
arrepender no dia seguinte? Eu quem decido tomar água em vez de coca cola ou não
consigo me conter quando alguém abre uma latinha do meu lado?
Não estou dizendo para cortar completamente, mas pense mais profundamente sobre o
que você come e o que aprendeu a gostar. Foi uma decisão pessoal e consciente? Ou foi
fruto do seu ambiente, sua cultura, sua família? Foi motivado por uma pressão social ou
não?
Dados do Governo Canadense declararam em pesquisa realizada em 2017 que crianças
com pais obesos têm mais de duas vezes mais chance de obesidade do que filhos de pais
não obesos. Outro estudo realizado no Reino Unido mostra que filhos de ambos pais
obesos tem dificuldade de aprendizado (slow learner). mais chances de apresentar baixa
habilidade social (social skills), tendo mais dificuldade na resolução de conflitos (problem
107
resolution). O que prova que como seu corpo funciona vai influenciar diretamente outras
áreas da vida: profissional, social, educacional, etc.
Quanto mais cedo você se tornar independente em questão de buscar informações e
escolher verdadeiramente o que é melhor para você, mais você vai se libertar da influência
negativa do ambiente ao seu redor. É possível manter uma vida social sem precisar ficar
alcoolizado em toda festa social, sem precisar se entupir de carne e passar os próximos
dois ou dez dias sem ir ao banheiro. Se informe, mas analise sempre a fonte desta
informação. Ela é realmente qualificada para passar este tipo de conteúdo? Existe algum
interesse por trás da informação compartilhada? Quais são as fontes? Estas fontes são
confiáveis? Estas são perguntas que você precisa se fazer antes de seguir o conselho ou
recomendação de alguém. Se alguém te oferecer “conselho” sem que você pergunte a
opinião desta pessoa primeiro, é muito provável que ela esteja apenas buscando validação
de sua opinião. A menor preocupação dela é seu bem-estar, ou o dela própria.
É muito fácil encontrar alguém vivendo no piloto automático dizer que tem dificuldade de
perder peso. Piloto automático é geralmente alguém que está vivendo sua vida seguindo
rotinas sem se perguntar muitos “porquês”. Ela está muito ocupada trabalhando,
estudando, saindo com os amigos, viajando, para pesquisar sobre alimentação ou se
exercitar regularmente. O principal método destas pessoas quando dizem que querem
“perder gordura” é comer menos dos mesmos alimentos. Elas continuam sedentárias, ou
adicionaram uma atividade que queima uma quantidade insignificante de calorias
comparado com seus objetivos. Por exemplo: elas estão 20 kg acima do peso e fazem 30
minutos de caminhada 3 vezes por semana. Cada caminhada gasta cerca de 80 calorias.
Elas acreditam também que basta trocar um alimento pela versão “saudável” do mesmo
alimento. Trocam pão de forma normal (220 calorias por fatia) por pão de forma integral
(150 calorias por fatia). Trocam o refrigerante por coca zero, com o mesmo sabor e
sensação viciantes. Trocam biscoitos por sua versão integral. Ou seja, trocam todo o lixo
processado altamente calórico, por lixo processado um pouco menos calórico. E adicionam
atividades que consomem uma quantidade insignificante de calorias. Lembra de quando
falamos da quantidade de energia contida em cada macronutriente? Gordura é densa em
108
energia. São 9 calorias por grama de gordura. Para que alguém perca 10 kg (ou 10000
gramas) é necessário criar um déficit de 90.000. Não é apenas o que você gasta. É o
resultado do que você consome menos o que você gasta. Ou seja, esta é uma longa
jornada, que vai exigir não apenas substituir o lixo processado por outro tipo de alimento
processado. Vai ser necessário cortar ou limitar todo e qualquer alimento que não se
alinhe com seu objetivo. Não confie nos rótulos. O setor de marketing das empresas de
alimentos vai fazer de tudo para te convencer a comprar seus produtos. Eles são experts
em exaltar o que os convém (por mínimo que seja seu benefício) e omitir o que te faria
deixar de comprar aquele produto.
Sem dúvida existem diferenças de metabolismo dependendo de idade, peso, altura, nível
de atividade física. Distúrbios hormonais podem desacelerar o metabolismo. Conforme
envelhecemos nosso metabolismo desacelera. Após os 30 anos, nosso gasto metabólico
basal reduz em média 100 calorias a cada década. Ou seja, o processo vai se tornar um
pouco mais difícil conforme você envelhece. Por isso é fácil ver pessoas piorarem de forma
física e saúde após os 30. Que geralmente é a época em que casamos e nos tornamos
economicamente ativos. Muita gente culpa o casamento por ganharem peso. Nesta época
também levamos mais a sério nossa vida financeira, focando principalmente na carreira,
em detrimento de todas as outras coisas, incluindo tempo com a família, atividade física e
alimentação. Todos estes fatores contribuem para ganho de peso (em quase sua totalidade
em forma de gordura) e consequente redução de qualidade de vida e saúde.
Muitos culpam a vida familiar, trabalho, falta de tempo, genética ruim. O que quer que as
faça tirar a responsabilidade de si mesmo. O fato que é verdade para todo mundo é que
em déficit calórico seu corpo vai consumir a energia que está acumulada no seu corpo, e a
única maneira que nosso corpo sabe armazenar energia de maneira ilimitada é em forma
de gordura. E daí se você tem o que você chama de genética ruim, ou casou, ou esta sem
tempo, ou está envelhecendo (e quem não está?). Isso tudo vai tornar seu metabolismo
mais lento, ou seja, vai fazer seu gasto metabólico basal consumir menos calorias. Mas isso
não vai variar tanto quanto você imagina de pessoa para pessoa. O fato que muitos
desconhecem é que quanto menos ativo e mais porcaria se come, maiores são as chances
de se ganhar peso. Quanto mais pesados mais difícil será se locomover. Além disso a
gordura vai se acumular de maneira ilimitada se você estiver em superávit calórico
(ingerindo mais calorias do que gastando). Excesso de atividades (trabalho e/ou estudos),
109
abundância de alimentos saborosos densos em calorias, mas vazios em nutrientes, falta de
atividade física são a combinação perfeita para ganho de peso contínuo e redução da
mobilidade. O que acaba criando um ciclo difícil de se interromper.
No próximo capítulo disponibilizo um plano de ação que você pode utilizar para te guiar
nessa jornada. Neste livro eu te ofereço conhecimento. E após ler isso tudo você deve ter
percebido que é bem mais simples do que você imaginava. Todas as tentativas de se
complicar um conceito simples acabaram por se provar que não exercem grande influência
quando se trata de ganho ou perda de peso e saúde. No final das contas o que vai ser
crucial é o balanço calórico. Se ingerir mais do que gasta, vai ganhar. Se gastar mais do que
consome, vai consumir as reservas acumuladas de energia e, consequentemente, perder
peso.
Pare de culpar sua “genética ruim”. É uma longa jornada. Se você precisa perder muito
peso, pense sobre quanto tempo levou para você conseguir este sobrepeso. Ninguém
ganha 10 kg em um mês. E apesar de algumas pessoas perderem 10 kg em um mês, os
benefícios não compensam sacrifício para seu corpo e saúde. Toda mudança deve ser
sustentável. A ideia de dietas que a maioria tem hoje em dia foi completamente deturpada.
A maioria quer fazer uma dieta para caber em um vestido em 3 semanas antes do
casamento. É algo para alcançar um objetivo. Não interessa quanto tempo seja necessário.
Alguns estão dispostos a sacrificar tudo. Porém o processo é tão sacrificante que ninguém
consegue manter aquilo por muito tempo. O que acaba fazendo com que voltem ao estado
anterior, ou até pior (o famoso efeito sanfona).
Meu pai sempre me dizia quando eu estava comendo muito “cuidado meu filho, você é de
família de gente gorda”, como se isso nossa família tivesse uma propensão “natural” e
genética para engordar. Meu pai é obeso, bem como minha avó e a maioria dos meus tios.
A maioria deles também lida com algum problema cardiovascular, e alguns até tomar
remédios para manter a pressão arterial sob controle. Tanto meu avô paterno quanto meu
avô materno morreram por consequência de problemas cardíacos. Um dele de um ataque
110
cardíaco, e teve uma morte instantânea enquanto estava em cima de seu cavalo. Isso tudo
faz com que o fatores genéticos sejam sempre culpados por situações das quais temos
mais controle do que admitimos.
É mais fácil culpar uma genética ruim do que trabalhar duro para mudar esta situação. É
mais fácil culpar a genética da família e se vitimizar, convencendo-se de que não há nada
que se possa ser feito. Porém o fim dessa vitimização é dor e sofrimento. E se você já deu o
veredito de que não tem jeito, quem sou eu para te convencer do contrário.
A grande maioria das doenças crônicas que tanto fazem sofrer milhões de brasileiros todos
os anos são relacionadas diretamente a estilo de vida (hábitos alimentares e níveis de
atividade física). Problemas cardiovasculares assolam mais de 50% dos brasileiros acima de
40 anos. Portanto, podemos dizer que isso está nos genes de todos nós. E tudo o que você
escolhe comer vai te ajudar a reverter ou contribuir para que isso se repita e continue se
propagando de geração à geração. Você tem mais poder sobre sua saúde e aparência física
do que você imagina. Quanto mais cedo você começar a trabalhar em melhorar seus
hábitos alimentares e rotina de atividade física mais cedo você vai colher os resultados.
111
A maioria das pessoas desistem por estabelecerem objetivos da maneira errada. Algumas
estabelecem objetivos muito pequenos que acabam não fazendo nenhuma diferença, e
outras estabelecem objetivos tão altos que se frustram por não alcançarem, por conta da
quantidade de tempo e esforço necessário.
Neste capítulo você vai aprender de maneira prática como estabelecer, alcançar e garantir
resultados constantes ao longo da sua vida. Isso vai se traduzir em melhoria da autoestima,
112
qualidade de vida, saúde física e mental, melhor desempenho no trabalho e/ou estudos,
melhores relacionamentos e independência na velhice.
O conceito de objetivos inteligentes é um acrônimo da palavra em inglês SMART
(inteligente), dando critérios para guiar o estabelecimento de objetivos.
S – Specific (Específico)
M–M
easurable (Mensurável)
A – Achievable (Atingível)
T–T
ime-bound (Com prazo determinado)
Para que um objetivo seja considerado inteligente (smart) é necessário seguir todos estes
critérios. Caso contrário existe grande probabilidade de não ser atingido.
1 – JOÃO INDECISOSVALDO
O objetivo de João não é ESPECÍFICO suficiente. Ele poderia dizer quantos kg quer perder.
Por não ser específico este objetivo também não é MENSURÁVEL. Também não se pode
dizer que é ATINGÍVEL. Se João perdesse 500g estaria satisfeito? Provavelmente não. As
razões que levaram João a querer perder peso vão dizer se o objetivo é RELEVANTE ou não.
Por fim, também não há um PRAZO estabelecido para se alcançar o objetivo.
2 – PEDRO MAROBIUDO
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O Objetivo de Pedro é mensurável, mas como o objetivo de João, não é específico
suficiente para que se possa traçar o progresso. Não há um tempo determinado, portanto
não há como se planejar baseado em um objetivo tão vago. Além disso este objetivo é
bastante ganancioso. Lembre que o processo de ganho de massa muscular é lento e
demorado. Demanda dedicação, disciplina e consistência. E ainda assim há um limite de
ganho. A maioria dos estudos relacionados a hipertrofia apontam que o máximo de
capacidade de um praticante de treinamento de resistência natural (sem utilização e
drogas) é 2 lbs ou 900 gramas. Ou seja, este objetivo levaria no mínimo 2 anos de
constante progresso e disciplina, sem contar que quanto mais avançado mais essa curva
de progresso tende a se estabilizar, ou seja, quanto mais tempo de treino e mais avançado
o indivíduo mais esforço terá que fazer para ver melhorias e menor será os ganhos ao
longo dos anos.
3 – MARIA CONFUZILDA
Objetivo: Quero fica mais bonita, em dois meses. Para isso vou comer melhor e me
exercitar mais.
Maria além de ter seu objetivo movido apenas pela vaidade, está também bastante
confusa. “Ficar mais bonita” é algo muito subjetivo, portanto não mensurável. O termo
“comer melhor” é muito vago. Para minha avó comer melhor é tomar um copo de leite de
vaca não pasteurizado toda manhã, comer muito e ser levemente obeso. Se “exercitar
mais”, como todos os outros aspectos do objetivo de Maria, é muito vago. Se ela é
completamente sedentária, fazer 15 minutos de caminhada (o que resultaria em um gasto
calórico de umas 75 calorias – ou um biscoito cream cracker) já poderia ser considerado “se
exercitar mais”.
4 – DÉBORA SONHADORA
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em tão pouco tempo ela teria que estar em um déficit calórico diário de 3750 calorias. Ou
seja, mesmo se ela não comesse nada e fizesse várias horas de atividade física por dia (o
que seria impossível por não ter nenhuma caloria entrando). Além de ser algo impossível, a
tentativa colocaria a saúde de Débora em sérios riscos.
5 – JOSE ALCANCEIRO
Objetivo: Perder 8 kg em 3 meses, e assim reduzir meu percentual de gordura de 22 para
14. Para conseguir isso eu vou treinar calistenia por uma hora por dia, 4 vezes por semana
e natação 2 vezes por semana. Além disso vou substituir refrigerante por água em todas as
refeições, comer fora apenas aos fins de semana e levar meu próprio almoço para o
trabalho em vez de comprar no restaurante da esquina.
O objetivo de José é específico suficiente para que se planeje e alcance de maneira
sustentável. Mensurável, ou seja, ele é capaz de traçar este progresso no decorrer dos 3
meses. Atingível, ele vai precisar perder cerca de 600 gramas por semana, o que vai tornar
este processo menos sofrido. O prazo de 3 meses é um ótimo período para se estabelece
um microciclo. Após o fim dos três meses novos objetivos devem ser estabelecidos o que
demandará algum ajuste ao plano anterior estabelecido. Jose estabeleceu objetivos
específicos com relação a treino e alimentação.
Nas próximas páginas te mostrarei como elaborar um plano que te levará a resultados.
Fazer este plano funcionar demandará esforço e foco, mas que, se obedecido, te levará a
alcançar seus objetivos, e te permitirão estabelecer novos e maiores objetivos, e assim
caminhar para sempre estar em melhor forma física e saúde.
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Nome:
Data de Início:
Data Final:
2 – Performance (ex: 10 barras, correr 10 km, fazer 20 flexões tocando o peito no chão, etc.)
_______________________________________________________________________________________________
Quantos Kg por mês (ganhar/perder): _ __ Kg *Calcule: Peso atual menos Objetivo de peso
Plano Alimentar (que mudanças serão implementadas – ex: reduzir pela metade a
quantidade de trigo; tomar refrigerante apenas aos fins de semana; fazer jejum
intermitente; comer pelo menos 4 porções de frutas por dia, etc.)
Ação 1 –
Ação 2 –
Ação 3 -
Plano de Atividade física (ex: treinar musculação de segunda a sexta antes de ir trabalhar;
usar as escadas em vez do elevador; descer duas paradas antes do trabalho e ir
caminhando; fazer artes marciais 2 vezes por semana, etc.)
116
Pelo menos 2 ações.
Ação 1 –
Ação 2 –
1- ____ 2-____ 3-___ 4-___ 5-___ 6-___ 7- ___ 8-___ 9-___ 10-___ 11- ____ 12-____ 13- ____
Progresso mensal:
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Preencheu seu nome? Colocou seu peso? Data inicial (amanhã)? E a data final (três meses
depois)?
Digamos que você esteja atualmente com 85 kg e 1.60 de altura. Mesmo que você ache
que precisa chegar aos 65 kg, divida este objetivo em microciclos ao longo do tempo.
Inicialmente você tem 12.8 semanas em 3 meses. Portanto seu objetivo deve ser 12.8 kg
em 3 meses. O que te deixaria com 72.2 kg.
118
Para que você alcance isso você precisa medir seu progresso ao longo do tempo. Toda
quarta pela manhã, após ir ao banheiro e antes da primeira refeição, se pese e anote na
sua ficha o peso. Assim você vai saber se está no caminho certo. Mas muito cuidado: não
caia na tentação de ficar se pesando todos os dias. Isso cria um ciclo vicioso de auto
sabotagem, que apenas te distanciarão do seu objetivo. Guarde a balança no armário,
longe da sua vista, e apenas toque nela quanto for se pesar toda quarta pela manhã (ou o
dia que você estabeleceu.
Seja muito cuidadoso em todos os aspectos que foram tocados nesta folha de instruções.
Nada foi escrito por acaso. Resumindo os pontos que você deverá fazer, passo-a-passo.
3 – Coloque a data de início para AMANHÃ. Não espere por segunda, não espere por um
tempo perfeito. A vida nunca vai ser mais fácil, esta é a verdade. Você que deve se tornar
mais forte. Forte não apenas fisicamente, mas mentalmente. Você precisa provar para seu
corpo que você quem está no controle, e não sua vontade de ficar deixado no sofá
assistindo Netflix, ou seu vício por sorvete, ou a coca-cola em toda refeição, ou qualquer
outra coisa. Você tem mais controle sobre sua vida do que você imagina, então comece a
agir a partir de agora. O primeiro passo para convencer a si mesmo que você é capaz de
mudar começar AGORA. Coloque a data inicial para amanhã e a final para 3 meses a contar
de amanhã.
4 – Coloque seus objetivos. Um relacionado a peso. Calcule baseado nas semanas que você
tem a frente e tente manter um limite de 1 kg por semana. Isso é bastante importante. Este
período precisa ser o menos desagradável possível. Volte ao capítulo sobre alimentação e
veja o que você pode fazer para continuar ingerindo um volume de alimento sem precisa
se sentir com fome o tempo todo. Corte ou reduza alimentos mais calóricos e processados
(trigo, refrigerantes, fastfood, biscoitos, sorvetes, etc.). Estabeleça também um objetivo de
performance. Isso vai te ajudar a seguir sempre buscando progredir no treino. Enquanto
houver progresso no treino haverá adaptação do corpo ao estímulo.
119
5 – Preencha seu peso atual e calcule e preencha a meta de peso para o fim dos três
meses. Calcule o quanto de peso perder por semana (lembre-se de estabelecer no máximo
1 kg por semana não importa o quão acima do peso você esteja) e multiplique pelo
número de semanas em 3 meses (o que dará no máximo 12.8 kg), e assim reduza esse
número do seu peso atual.
6 – Estabeleça no mínimo 3 ações específicas que você seguirá todos os dias na sua
alimentação para tornar este objetivo possível. Volte para o capítulo sobre alimentação e
veja que substituições podem ser feitas e que hábitos podem ser cultivados. Lembrando
que estas ações devem ser diárias. Se você puder colocar isso em um lugar visível em casa
(como na porta da geladeira) onde você possa ler todos os dias quando for decidir o que
comer.
7 – Estabeleça no mínimo 2 ações relacionadas à atividade física, especificando tempo de
duração, frequência (quantas vezes por semana). Lembre-se de ser realista. Não coloque
que vai malhar por 2 horas por dias 6 vezes por semana se você não tem este tempo
disponível. Esta escolha deve ser sustentável, ou seja, algo que você se veja fazendo pelo
resto de sua vida. Se escolher um tipo de treinamento de resistência coloque uma
frequência de 3-6 vezes por semana. Se tiver tempo disponível coloque uma outra
atividade paralela (como corrida, HIIT, futebol, dança, etc.), ou se não tiver tempo torne-se
mais ativo nas suas atividades do dia-a-dia, como usar mais as escadas todos os dias, ou
caminhar para o trabalho, etc.
8 – Trace seu progresso sempre ao final de cada semana e ao final de cada mês. Em uma
semana a contar a partir de amanhã lembre-se de se pesar pela manhã, depois de ir ao
banheiro e antes da primeira refeição.
Preencher este plano de ação não vai levar mais do que 10 minutos, portanto não deixe
para depois. Comece a tomar ações concretas na direção dos seus objetivos AGORA.
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CONCLUSÃO
Existem vários pontos para se levar em consideração quando se tem como plano perder
peso. Em primeiro lugar o foco de perder peso deve ser perder gordura. Muita gente perde
peso, mas parte deste peso é proveniente de massa magra. Seu foco deve ser mudança na
composição corporal. Ou seja, perder gordura e preservar ao máximo sua massa magra
possível. Além dessa ser a maneira mais saudável é também a que te proporcionará uma
melhor aparência física. Porque, sejamos honestos, aparência também importa. Todos
queremos ficar mais atraentes e nos sentirmos mais bonitos. Isto vai ter um impacto
positivo em nossos níveis de autoestima e confiança, o que pode ser transferido para
outras áreas da vida: relações pessoais, desempenho nos estudos e trabalho, etc.
Nos primeiros capítulos você aprendeu que o pré-requisito fundamental para que haja
redução de percentual de gordura é o déficit calórico. Apesar da propagação de supostos
suplementos, dietas e alimentos para acelerar este processo, nenhum deles funcionará se
este princípio não for respeitado. Simples assim: mais calorias sendo consumidas do que
sendo gastas, você estará em superávit calórico, e seu corpo vai armazenar este excesso de
energia; mais calorias sendo gastas do que sendo consumidas, você estará em déficit
calórico, e seu corpo vai utilizar suas reservas (geralmente em forma de gordura) como
fonte de energia, já que a alimentação não proveu calorias suficientes.
Não necessariamente “comer menos”. Se você ajustar sua alimentação de forma
inteligente, trocando principalmente produtos processados, vazios em nutrientes e
altamente calóricos por alimentos naturais, ricos em fibras e micronutrientes e com baixa
densidade calórica, você vai ser capaz de ingerir até um volume maior de comida e reduzir
drasticamente seu consumo total de calorias.
Como você já sabe, seu gasto calórico diário é determinado principalmente por 2 fatores:
gasto metabólico basal e atividade física. Seu gasto metabólico basal é algo que você não
121
vai poder controlar diretamente. Portanto seu foco deve ser em aumentar seus níveis de
atividade física. Isto não está relacionado apenas com esportes e atividades fitness, mas
também com atividades do dia-a-dia como jardinagem, afazeres domésticos, subir e descer
escadas, caminhar, etc.
Quando se escolhe uma atividade física, deve-se levar em consideração também seus
benefícios para sua musculatura. Os músculos esqueléticos foram desenhados
especialmente para gerar movimento. Se não estimulados da maneira e com a frequência
adequados ele vai se tornar cada vez mais fraco. Se você quer emagrecer garantindo que a
quase totalidade desse peso perdido será de gordura, você precisa estar seguindo também
um plano de treinamento de resistência, que irá trabalhar e preservar esta massa magra
no período do cutting.
Apesar de existirem inúmeras atividades e dietas que supostamente aceleram este
processo, tente olhá-las com certo ceticismo e pense nos fatos e não espere resultados
milagrosos pelo simples fato de estar seguindo um certo regime alimentar (como o jejum
intermitente) ou estar realizando determinada atividade (como o HIIT). Vários destes
recursos poderão ser utilizados para maximizar seus resultados, mas nenhum deles será
algo milagroso, que vai te poupar do esforço pessoal para conquistar finalmente o
percentual de gordura que você pretende ter. Percentual este que não vai apenas te deixar
mais belo fisicamente, mas também te proporcionará uma composição corporal saudável,
minimizando os riscos de se desenvolver qualquer doença crônica.
Falamos também sobre os fatores externos associados com o sucesso de seguir este plano.
Ele depende não apenas de suas decisões, mas da compreensão de problemas mais
profundos relacionados aos hábitos alimentares e de atividade física que construímos ao
longo de nossas vidas. A genética, tão acusada com principal fator impedindo as pessoas
122
de ter uma vida feliz e saudável, é geralmente o último fator que deveria ser culpado. Não
se torne uma vítima das circunstâncias. Você tem mais controle sobre sua vida, saúde e
forma física do que você imagina. Portanto, pare de desperdiçar energia culpando a
pobreza, sua criação, a falta de tempo, sua genética, o que quer que seja, e concentre esta
energia em mudar o que você não gosta na sua vida. Só você tem este poder e, acima de
tudo, responsabilidade. Se você pensa em sua família, cuidar de seus filhos, seus pais e das
pessoas ao seu redor, pense em você. Se você não estiver bem e/ou ficar limitado por
alguma condição de saúde aos 50 anos não vai poder ajudá-los tanto quanto poderia se
fosse forte, saudável, confiante e com uma autoestima inabalável. E pode acabar sendo a
pessoa que vai precisar de cuidados.
Seu corpo foi feito para ser forte, ágil e livre de dores. Não aceite o contrário. Uma vez me
disseram que em 30 anos, todas as pessoas morrerão por consequência de alguma forma
de câncer. Se esta pessoa morrer de câncer, pelo menos ela vai poder bater no peito no
leito de morte e ter a alegria de “provar” para todo mundo que estava certa. Eu não aceito
isso, e você também não deveria. Não estou dizendo que estas doenças são culpa das
pessoas que às adquirem, mas a maior parte das doenças que mais matam hoje em dia
são provocadas por hábitos não saudáveis que as pessoas levam ao longo de décadas.
Comida não é um veneno que você toma e imediatamente morre. Enquanto se é jovem e
seu corpo é forte o suficiente para combater todos estes hábitos destrutivos que você não
sente. Porém os sintomas vão se manifestar quando estamos na meia idade. Olhe na sua
família, todas as pessoas acima dos 50 anos. Infelizmente alguns ou muitos deles lidam
com algum problema crônico de saúde que os limita de alguma maneira. Algo que os
obriga a tomar medicamentos todos os dias, que os faz recorrer a cirurgias e/ou
tratamentos extremamente invasivos e desconfortáveis, que limitam sua capacidade física
de se movimentar e locomover. Infelizmente é esse o retrato da velhice no Brasil. Você
talvez não possa mudar a situação do seu avô e seu pai, afinal apenas eles têm este poder.
Mas você pode fazer isso por você, e poupar sua família do sofrimento que é perder
alguém querido antes do tempo. Se você se importa com sua família, você deveria primar
pela sua saúde e boa forma física. Fazendo isso você vai inspirar as gerações depois de
você e contribuir para encerrar de uma vez por todas este ciclo de doença, sofrimento e
morte.
123
Não apenas leia este livro, tome atitude e estabeleça um plano para conseguir o que você
quer. Não importa as desculpas que você fala para os outros ou tenta se convencer o
tempo todo, a dura verdade é que ninguém dá a mínima. Todo mundo tem seus
problemas e não vai te dar o que você quer só porque você sofreu em algum momento da
sua vida. Todos nós sofremos em algum momento. Uns mais do que os outros. Mas este
nível de sofrimento não interessa. Não estamos em uma competição onde quem sofre
mais ganha. Não é o sofrimento e as dificuldades que vão fazer de você alguém melhor,
mas sim sua capacidade de agir e superar estas dificuldades.
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Muito obrigado por investir seu tempo na leitura deste livro. Isto significa muito para mim.
Pinho Junior
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