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Simbolização em miniatura e o

princípio ‘dia-ano’ de interpretação


profética *
Alberto R. Timm, Ph.D.
Professor de Teologia Histórica no Unasp, Campus Engenheiro Coelho, e diretor do Centro de
Pesquisas Ellen G. White - Brasil

R esumo : Este artigo sugere que o sim como dias simbólicos que representam
conceito da “simbolização em miniatura” o mesmo número de anos literais. Assim,
pode ser utilizado como um critério básico por exemplo, as 70 semanas de Daniel
para distinguir entre os períodos de tempo 9:24-27 são normalmente interpretadas
profético aos quais o princípio dia-ano como 490 anos; os 1.260 dias de Apocalip-
deve ser aplicado e os períodos aos quais se 11:3 e 12:6 (cf. Dn 7:25; Ap 11:2; 12:14;
ele não se aplica. Após considerar como 13:5) como 1.260 anos; os 1.290 dias de
quatro eruditos historicistas do século 19 Daniel 12:11 como 1.290 anos; os 1.335
definiram esse conceito, o autor o utiliza dias de Daniel 12:12 como 1.335 anos; e
na interpretação das profecias de Números as 2.300 tardes e manhãs de Daniel 8:141 
14:34 e Ezequiel 4:7, bem como de várias como 2.300 anos.2 
outras nos livros de Daniel e Apocalipse.
Vários críticos, porém, têm acusado a
Abstract: This article suggests the escola historicista de aplicar inconsisten-
concept of “miniature symbolization” can temente o princípio hermenêutico dia-ano
be used as a basic criterion to distinguish a algumas profecias específicas da Bíblia
between the prophetic time-periods to whi- e não a outras. Em 1842, Moses Stuart,
ch the year-day principle should be applied professor no Seminário Teológico Andover,
and those periods to which that principle is em Massachusetts, indagou ironicamente
not applicable. After considering how four por que os historicistas não usavam o seu
nineteenth-century historicist scholars defi- princípio dia-ano para interpretar também
ned that concept, the author applies it to the os 120 anos de Gênesis 6:3 como “43.920
prophecies of Numbers 14:34 and Ezekiel anos”; os “quarenta dias e quarenta noites”
4:6, as well as to several others ons in the de Gênesis 7:4 como “quarenta anos”; os
books of Daniel and Revelation. 400 anos de Gênesis 15:13 como “144.000
anos”; os sete anos de abundância e os sete
Introdução de fome de Gênesis 41:25-36 como “2.529
anos de cada um sucessivamente”.3 
Um componente hermenêutico básico
da escola historicista de interpretação Os historicistas têm geralmente res-
profética é o assim chamado “princípio pondido que essas críticas falham por des-
dia-ano”. Os que advogam esse princípio conhecer a distinção hermenêutica básica
hermenêutico argumentam que os períodos entre as profecias clássicas (escritas em lin-
de tempo proféticos interligados às profe- guagem literal) e as profecias apocalípticas
cias apocalípticas das Escrituras devem ser (apresentadas em linguagem simbólica).
interpretados não como dias literais, mas Urias Smith argumentou que “dentro da

* Este artigo é uma versão ligeiramente revisada e atualizada do texto publicado originalmente em inglês
com o título “Miniaure Symbolization and the Year-Day Principle of Prophetic Interpretation”, em Andrews
University Seminary Studies, vol. 42, n.° 1 (primavera de 2004), 149-167. Tradução de Rita de Cácia T. Soares,
com revisões do autor. Publicado com permissão.

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profecia simbólica” “o tempo não é literal, das profecias simbólicas, cujos símbolos
mas também simbólico”, onde um dia “re- representam entidades mais amplas do que
presenta um ano” (cf. Nm 14:34; Ez 4:7).4  os próprios símbolos empregados.
William H. Shea demonstrou, primeiro,
que o cumprimento final de cada profecia Frederic Thruston
apocalíptica se estende além “do contexto
histórico imediato ao profeta” para um Em 1812, Frederic Thruston aplicou
mais distante “fim do tempo quando o o princípio da “simetria simbólica” para
reino eterno de Deus será estabelecido”; interpretar o elemento de tempo profético
e, segundo, que “a magnitude dos eventos expresso “em miniatura” em Apocalipse
envolvidos” em cada uma dessas profecias 11:3-4. Ele explicou que
requer o princípio dia-ano “para acomodar uma profecia simbólica é uma imagem;
o seu cumprimento” à extensão de tempo e todos os objetos, sendo visíveis de uma
provida pela própria profecia.5  só vez, encontram-se em miniatura. Os
No entanto, parece que ao histori- tempos devem estar, portanto, também em
cismo contemporâneo faltam respostas miniatura, como dias que representam anos.
convincentes às seguintes questões: Por A besta, uma imagem em miniatura de um
que Números 14:34 e Ezequiel 4:5-7 império, jamais poderia ser considerada,
deveriam ser usados como princípios her- com qualquer propriedade corresponden-
menêuticos para interpretar os elementos te, como vivendo 1.260 anos. Os tempos
de tempo das profecias apocalípticas de proféticos se encontram desse modo em
Daniel e Apocalipse?6  Não seria tal uso miniatura; e o império idólatra que pre-
simplesmente outro exemplo do, assim valeceu por 1.260 anos é representado
chamado, método “texto prova”? Por que pela besta que viveu 1.260 dias. Isto está
o princípio dia-ano é aplicado à expressão baseado no mesmo princípio de simetria
“um tempo, dois tempos e metade de um simbólica, que requer que cada palavra,
tempo” de Daniel 7:25, onde a palavra em uma representação simbólica, seja
“tempo” é tomada como um sinônimo de simbolicamente compreendida.9 
“ano” (cf. Dn 4:16, 23, 25, 32; 11:13 [lit.,
“ao cabo de tempos, isto é, anos”]),7  e por George Bush
que o mesmo princípio não é aplicado ao
igualmente apocalíptico período dos “mil Em 1843, George Bush, professor de
anos” de Apocalipse 20:1-10?8  Hebraico e Literatura Oriental na Universi-
dade da Cidade de Nova Iorque, ampliou o
O presente artigo apresenta uma breve conceito de “simbolização em miniatura.”10 
investigação do conceito de “simbolização Ele definiu esse conceito nos seguintes
em miniatura” na literatura protestante termos:
do século 19. Esse conceito pode prover
subsídios hermenêuticos úteis ao processo As Escrituras apresentam-nos duas
de responder essas questões de um ponto classes distintas de predições – a literal e
de vista historicista. Apenas as extensões a simbólica. Quando um evento ou série
dos vários períodos de tempo profético são de eventos, de caráter histórico, é histo-
consideradas, sem nenhuma tentativa de ricamente predito, olhamos naturalmente
estabelecer os pontos inicial e final de cada para a predição a ser feita em termos mais
período. claros, simples e literais. Nenhuma razão
pode então ser determinada para designar
Simbolização em miniatura na lite- os períodos de tempo de maneira mística
ou figurativa. ... Mas o caso é totalmente
ratura protestante do século 19
oposto em relação às profecias simbólicas.
Alguns eruditos historicistas do século ... Os profetas têm freqüentemente, sob
19 argumentavam que o princípio dia- inspiração divina, adotado o sistema de
ano de interpretação profética deve ser representação hieroglífica, no qual um úni-
aplicado apenas aos elementos de tempo co homem representa uma comunidade, e
uma besta selvagem, um extensivo império.

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Conseqüentemente, uma vez que a exposi- um tipo é uma representação real, e um
ção mística da comunidade ou império está símbolo uma representação irreal ou ideal,
em miniatura, a adequação simbólica exige de um objeto real. No tipo, os espias, que
que os períodos cronológicos interligados eram pessoas reais, representavam a nação
sejam também dispostos em miniatura.11  com um todo [Nm 13:1-16]; e os quarenta
dias gastos em espiar a terra, um período
Bush também argumenta que
real, representavam o tempo real de per-
o grande princípio pelo qual o costume manência no deserto [Nm 13:25; 14:33,
de se empregar um dia por um ano deve 34]. Nas visões de Daniel ou de São João
ser resolvido é o da simbolização em mi- a besta de dez chifres [Dn 7:7, 19, 20, 23,
niatura. Como os eventos são dessa forma 24; Ap 13:1-8], ou a mulher vestida de sol
economicamente reduzidos, os períodos [Ap 12:1, 2], imagens irreais, represen-
devem ser reduzidos na mesma proporção tam um império, ou a Igreja de Cristo; e
relativa. Qual é essa proporção, nós não 1.260 dias [Dn 7:25; Ap 11:3; 12:6], ou 42
podemos determinar com certeza sem al- meses [Ap 11:2; 13:5], um período irreal
guma informação prévia a respeito da taxa sugerido gramaticalmente, representam o
ou escala de redução. Mas a probabilidade verdadeiro período designado, composto de
é que essa escala seja na proporção de um muitos anos. A analogia, portanto, contida
dia, ou rotação menor da terra ao redor do nessa história das Escrituras [Nm 14:34] é
seu eixo, por um ano, ou translação maior precisa e completa. Provê a nós, dos lábios
da terra ao redor do sol.12  do próprio Deus onisciente, uma escala
Grande parte do artigo de Bush, “Pro- distinta, pela qual podemos interpretar
phetic Designations of Time”, do qual essas cada período profético que traz consigo as
citações foram extraídas, foi republicada marcas internas de caráter sugestivo, como
por José V. Himes no periódico milerita uma representação em miniatura de algum
The Advent Herald and Signs of the Times período mais extenso.17 
Reporter (6 de março de 1844). Himes
descreveu o artigo como um “argumento E. B. Elliott
triunfante que comprova que os dias pro- Em 1847, E. B. Elliott forneceu úteis
féticos são símbolos de anos”.13  subsídios adicionais a respeito do conceito
de simbolização em miniatura. Elliott, ex-
T. R. Birks vigário de Tuxford e membro do Trinity
Uma das exposições mais exaustivas do College, Cambridge, declarou que “o tem-
princípio dia-ano no século 19 foi a obra po simbólico de prosperidade da besta tinha
First Elements of Sacred Prophecy (1843), provavelmente a intenção de representar
de T. R. Birks.14  Birks, membro do Trinity um período de tempo bem mais extenso,
College, Cambridge, sugeriu que Deus como o do império simbolizado”.18  Ele ar-
usou o princípio simbólico dia-ano “para gumentou também que, “se um dia significa
manter a Igreja numa contínua e viva ex- um ano em uma visão em miniaturização
pectativa do retorno do Senhor”, a despeito simbólica [Ez 4:5-7], parece razoável assim
do fato da “longa tardança” daquele even- interpretar todas as demais” visões.19 
to ter sido “profeticamente anunciada”, Enquanto outros historicistas aplicavam
porque foi anunciada “de tal maneira que o princípio dia-ano apenas àquelas visões
sua verdadeira extensão não pudesse ser simbólicas nas quais o símbolo personifica-
compreendida até que seu cumprimento do fosse uma pessoa ou um animal, Elliott
parecesse próximo a ocorrer”.15  acreditava que o princípio deveria ser
também aplicado a outras visões nas quais
Discutindo o assim chamado “uso siste- “a mesma proporção de escala cronológica
mático da MINIATURA em simbolização (se é que posso chamá-lo assim) entre o
hieroglífica”16  como relacionada a Núme- símbolo personificado e a nação simboli-
ros 14:34, Birks distinguiu entre a minia- zada é observada”, como em Isaías 54:4
tura em tipo e a miniatura em símbolo. Ele e 6; Jeremias 2:2; 48:11; Ezequiel 23:3; e
argumenta que

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Oséias 2:15,20  onde uma pessoa simboliza Números e Ezequiel
a Israel ou um único período de vida de um
A expressão “cada dia representando um
ser humano simboliza o período da história
ano” aparece no livro de Números (14:34)
nacional de Israel.
no episódio histórico dos doze espias
Elliot afirma também que escolhidos das doze tribos de Israel para
mesmo onde o símbolo personificado espiarem “a terra de Canaã” antes da sua
não é uma pessoa ou animal, pode possuir, conquista (13:1-25). Depois de “quarenta
no entanto, sua própria escala de tempo, dias” de investigação, os espias retornaram
apropriada às mudanças descritas figura- ao seu acampamento (13:25). O relatório
tivamente na imagem ou poema; e, sendo negativo de dez deles (13:26-33; cf. 14:6-9)
esse o caso, isso é observado e aplicado, por levou “toda a congregação” de Israel a
exemplo, em personificações sob a figura rebelar-se contra Moisés e Arão e “contra
de uma flor ou de uma árvore longeva em o Senhor”, a ponto de decidirem apedrejar
seu estágio de crescimento e declínio. Mes- os dois espias, Josué e Calebe, que não
mo em simbolizações por objetos comple- concordaram com aquele relatório (14:1-
tamente inanimados, a mesma observação 10). Então “a glória do Senhor” apareceu
da adequada escala de tempo poderá ser fre- em juízo a todos os israelitas (14:10-12).
qüentemente vista; como nas simbolizações Depois de Moisés interceder com Deus
feitas por Horácio sobre a nação romana, pelo povo rebelde a fim de preservá-los de
e suas guerras civis, sob a forma de uma serem completamente destruídos (14:13-
embarcação, sacudida por uma tempestade, 19), Deus anunciou a seguinte sentença:
retornando ao porto — “O navis referent, vossos filhos serão pastores neste de-
&c”; onde a curta tempestade representa serto por quarenta anos e levarão sobre si
as longas comoções civis.21  as vossas infidelidades, até que o vosso
As definições acima mencionadas do cadáver se consuma neste deserto. Segundo
conceito de simbolização em miniatura o número dos dias em que espiastes a terra,
provêem alguns princípios básicos para o quarenta dias, cada dia representando um
estudo de passagens das Escrituras, às quais ano, levareis sobre vós as vossas iniqüida-
os historicistas aplicam o princípio dia-ano. des quarenta anos e tereis experiência do
A seção seguinte considera brevemente meu desagrado (Nm 14:33, 34).
como esse conceito pode ser identificado O episódio sob consideração apresenta
em tais passagens. uma relação tipológica paralela entre os
espias e as tribos, e entre os dias e os anos.
O Conceito da Simbolização em Crucial nesta narrativa são as entidades
Miniatura em Passagens Bíblicas microcósmicas (doze espias e quarenta
Específicas dias) representando realidades macrocós-
micas mais amplas (doze tribos e quarenta
Os historicistas têm normalmente consi- anos). De acordo com Birks, “temos,
derado as expressões “cada dia representa então, dos lábios do próprio Deus, a clara
um ano” (Nm 14:34) e “cada dia por um relação estabelecida nesse notável exemplo
ano” (Ez 4:7) como as chaves herme- de profecia cronológica, que enquanto os
nêuticas para os elementos de tempo que espias representam a nação, um dia deveria
aparecem em várias passagens em Daniel representar um ano.”22 
e no Apocalipse. A discussão que se segue
tenta mostrar como a presença de uma Enquanto em Números 14:34 a ex-
simbolização em miniatura em Números pressão “cada dia representando um
14 e Ezequiel 4, por um lado, e em algu- ano” ocorre em um cenário histórico, em
mas profecias apocalípticas de Daniel e Ezequiel 4:7 a expressão “cada dia por um
Apocalipse, por outro lado, provêem uma ano” aparece em uma profecia simbólica.
correlação temática básica entre essas ex- Como Números 13 e 14 envolve uma
pressões e aquelas profecias. tipologia em miniatura, assim Ezequiel
4 retrata uma representação simbólica
em miniatura. Vários pequenos símbolos

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são mencionados em Ezequiel 4 e 5 para Mas em ambos os casos o princípio her-
ilustrar a futura destruição de Jerusalém. Já menêutico, provido pelo próprio texto
em 4:1-3, o profeta Ezequiel é ordenado a para interpretar os elementos de tempo
tomar um “tijolo” e gravar nele a cidade envolvidos, é o de um dia por um ano. Isso
de Jerusalém, rodeada por um cerco. A levou vários historicistas do século 19 a
representação era um modelo em miniatura acreditar que o princípio dia-ano deveria
da cidade cercada por exércitos inimigos ser usado apenas em relação às profecias
antes de sua destruição. Mas nos versos de tempo nas quais ocorrem uma seme-
4-8 o próprio profeta torna-se um símbolo lhante simbolização em miniatura.
em miniatura, primeiro, da casa de Israel A discussão procura agora verificar
e, depois, da casa de Judá. Nesses versos como esse princípio pode ser aplicado
lemos o seguinte: consistentemente às profecias apocalípticas
Deita-te também sobre o teu lado de tempo em Daniel e Apocalipse.
esquerdo e põe a iniqüidade da casa de
Israel sobre ele; conforme o número dos Daniel
dias que te deitares sobre ele, levarás Crucial para a compreensão da validade
sobre ti a iniqüidade dela. Porque eu te do conceito de simbolização em miniatura
dei os anos da sua iniqüidade, segundo como uma ferramenta hermenêutica na
o número dos dias, trezentos e noventa interpretação de profecias apocalípticas
dias; e levarás sobre ti a iniqüidade da é a tarefa de identificar precisamente as
casa de Israel. Quando tiveres cumprido passagens das Escrituras nas quais esse
estes dias, deitar-te-ás sobre o teu lado conceito ocorre associado com algum pe-
direito e levarás sobre ti a iniqüidade da ríodo de tempo profético. Em relação ao
casa de Judá. Quarenta dias te dei, cada livro de Daniel, a presente discussão con-
dia por um ano. Voltarás, pois, o rosto siderará como esse conceito é aplicável aos
para o cerco de Jerusalém, com o braço seguintes períodos de tempo normalmente
descoberto, e profetizarás contra ela. Eis interpretados pelos historicistas em uma
que te prenderei com cordas; assim não te perspectiva dia-ano: (1) “um tempo, dois
voltarás de um lado para o outro, até que tempos e metade de um tempo” (Dn 7:25);
cumpras os dias do teu cerco. (2) 2.300 “tardes de manhãs” (Dn 8:14); (3)
Novamente vemos um microcosmo (o “setenta semanas” com suas subdivisões
próprio profeta) representando um macro- (Dn 9:24-27); (4) “um tempo, dois tempos
cosmo (primeiro Israel e depois Judá). O e metade de um tempo” (Dn 12:7); e (5)
ato de Ezequiel deitando-se sobre seu lado 1.290 dias e 1.335 dias (Dn 12:11, 12).24 
esquerdo por 390 dias foi compreendido Na profecia apocalíptica de Daniel 7,
por Bush como uma miniatura hieroglífi- todas as principais entidades são represen-
ca de Israel; um homem, por uma nação. tadas em uma clara simbolização em minia-
Como o homem representava a nação em tura. De acordo com a tradição historicista
miniatura, assim os 390 dias representavam protestante, o “leão” com “asas de águia”
o período de 390 anos em miniatura. De (v. 4) representa o Império Babilônico; o
modo semelhante, o ato de ele deitar-se por “urso” (v. 5) refere-se ao Império Medo-
quarenta dias no lado direito simbolizava Persa; o “leopardo” com “quatro cabeças”
a prevista iniqüidade de Judá pelo período (v. 6) descreve o Império Grego; o “quarto
de quarenta anos.23  animal” com “dez chifres” (v. 7) é uma
As considerações anteriores confirma- alusão ao Império Romano; e o “chifre”
ram o fato de que os períodos de tempo pequeno (v. 8) é o símbolo da Roma papal.
mencionados em Números 13 e 14 e Como as entidades (“animais” e “chifres”)
Ezequiel 4 ocorrem dentro do contexto da visão representam poderes políticos
específico de simbolização em miniatura. (impérios) maiores, assim o elemento de
Enquanto em Números o contexto é de tempo simbólico envolvido representa um
uma tipologia em miniatura, em Ezequiel período de tempo mais extenso. Há prati-
ocorre uma simbolização em miniatura. camente um consenso entre os historicistas

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de que “um tempo, dois tempos e metade profético são mencionados na parte final do
de um tempo”, durante os quais os santos livro de Daniel (12:4-13): (1) “um tempo,
seriam oprimidos pelo pequeno chifre (v. dois tempos e metade de um tempo” (v.
25), equivale a 1.260 anos literais.25  7); (2) “mil duzentos e noventa dias” (v.
11); e (3) “mil trezentos e trinta e cinco
De forma semelhante, em Daniel 8 são
dias” (v. 12). Alguém pode ser tentado a
usados dois diferentes animais como sím-
não aplicar o princípio dia-ano àqueles
bolos em miniatura de grandes impérios.
períodos de tempo, pelo fato de nenhuma
O “carneiro” com “dois chifres” (vv. 3, 4)
simbolização em miniatura ser encontrada
é identificado pelo próprio texto como um
naquela parte específica do livro. Mas esse
símbolo da Medo-Pérsia (v. 20); e o “bode”
argumento não pode ser aceito quando
com “um chifre notável entre os olhos” (vv.
olhamos além do contexto específico, em
5-8), como uma representação do Império
direção ao escopo profético mais amplo do
Grego (v. 21). Outra vez as atividades de
livro. Na realidade, “um tempo, dois tem-
contrafação por parte do “chifre pequeno”
pos e metade de um tempo” (v. 7) parece ser
são mencionados (vv. 9-12), que seriam
apenas um eco do mesmo período de tempo
revertidas apenas no final do período sim-
mencionado anteriormente em Daniel 7:25.
bólico de 2.300 “tardes e manhãs” (vv. 13,
Se a simbolização em miniatura encontrada
14).26  Como as entidades mencionadas
em Daniel 7 requer que o período de tempo
(“animais” e “chifres”) são símbolos de
em 7:25 seja compreendido como 1.260
grandes e duradouros impérios, assim o ele-
anos, então, para sermos consistentes, o
mento de tempo (2.300 “tardes e manhãs”)
mesmo período em 12:7 também precisa
é visto como representando 2.300 anos.27 
ser interpretado como 1.260 anos.
Daniel 9:24-27 menciona o período
A alusão em Daniel 12:11 ao “diário” e à
profético das “setenta semanas”, subdivi-
“abominação desoladora” conecta os 1.290 e
didas em “sete semanas”, “sessenta e duas
1.335 dias não apenas ao conteúdo da visão
semanas” e “uma semana”. O conteúdo da
de Daniel 11 (ver v. 31), mas também às
passagem por si só, isolada do contexto de
2.300 tardes e manhãs de Daniel 8:14 (ver
Daniel 8, foi escrito em aparente linguagem
8:13; 9:27). O mesmo poder apóstata que
concreta, sem envolver uma clara simboli-
estabeleceria a “abominação desoladora” em
zação em miniatura. Mas, reconhecendo-se
lugar do “diário” é descrito em Daniel 7 e
que Daniel 9:24-27 é um apêndice poste-
8 como o “chifre pequeno”, e em Daniel 11
rior que explica a visão das 2.300 tardes e
como o “rei do Norte”. Essas recorrências
manhãs de Daniel 8:14 (cf. 8:26, 27; 9:20-
confirmam que os 1.290 dias e os 1.335
23), pode-se concluir corretamente que
dias de Daniel 12:11 e 12 compartilham a
as setenta semanas e suas subdivisões de
mesma natureza profético-apocalíptica de
tempo menores têm de ser compreendidas
“um tempo, dois tempos e metade de um
também dentro do contexto da simboliza-
tempo” de Daniel 7:25 e das 2.300 “tardes
ção em miniatura de Daniel 8. Evidências
e manhãs” de Daniel 8:14.
lingüísticas indicam que as setenta semanas
foram na verdade “cortadas” (heb. nehak) A tentativa de isolar o conteúdo de Da-
do período maior de 2.300 dias-anos e, des- niel 12:4-13 da cadeia profética de Daniel
se modo, devem ser interpretadas como 490 11 não é endossada pela estrutura literária
anos.28  Se não entendidas como 490 anos, do livro de Daniel. Shea explica que na
as setenta semanas tornam-se sem sentido porção profética do livro de Daniel cada
como profecia messiânica. Tão evidente é período profético (70 semanas; 1.260,
o princípio dia-ano em Daniel 9:24-27 que 1.290, 1.335, e 2.300 dias) aparece como
essa passagem, junto com Números 14:34 um apêndice calibrador do corpo básico
e Ezequiel 4:5-7, são consideradas pelos da respectiva profecia ao qual está rela-
historicistas como as chaves hermenêuticas cionado. Por exemplo, a visão do capítulo
para interpretar os períodos de tempo de 7 é descrita nos versos 1-14, mas o tempo
outras profecias simbólicas.29  relacionado a ela aparece apenas no ver-
so 25. No capítulo 8, o corpo da visão é
Três significativos períodos de tempo

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relatado nos versos de 1-12, mas o tempo período pode ser facilmente acomodado
aparece somente no verso 14. De maneira dentro do período de vida do rei Nabucodo-
similar, os períodos de tempo proféticos nosor. Nenhum espaço é deixado dentro do
relacionados à visão do capítulo 11 são texto para uma interpretação dia-ano desse
mencionados apenas no capítulo 12.30  As- período profético que o estenderia além
sim, se aplicarmos o princípio dia-ano aos dos sete anos. Apenas uma reinterpretação
períodos de tempo proféticos de Daniel 7 alegórica das entidades básicas do sonho
e 8, deveremos também aplicá-lo aos pe- (“árvore” ou “Nabucodonosor”) pode favo-
ríodos de tempo de Daniel 12, pois todos recer qualquer outro cumprimento artificial
esses períodos de tempo estão de alguma não contemplado pelo próprio texto.
maneira inter-relacionados, e a descrição
A promessa profética de que Jerusalém
de cada visão aponta apenas para um único
seria restaurada após “setenta anos” de
cumprimento do período de tempo proféti-
cativeiro na Babilônia (Dn 9:2) foi extraída
co a ela relacionado.
de Jeremias 29:10. Referências ao mesmo
Os períodos de tempo simbólicos men- período de tempo são encontradas também
cionados acima são interpretados por meio em Jeremias 25:11 e 12, e em 2 Crônicas
do princípio hermenêutico de dia-ano em 36:21. Lendo o respectivo contexto literário
razão da relação direta ou indireta com um de cada uma dessas passagens, podemos
contexto específico de simbolização em facilmente perceber que não apenas em
miniatura. Mas no livro de Daniel existem Daniel 9:1-19 e Jeremias 29:1-32, mas
também alguns outros períodos de tempo também em Jeremias 25:1-14 e 2 Crôni-
proféticos aos quais esse princípio de inter- cas 36:17-21, as narrativas são sempre
pretação não pode ser aplicado por causa de expressas em uma linguagem literal, sem
sua natureza histórica, que não conta com nenhuma simbolização em miniatura ou
nenhum ponto de referência relacionado à qualquer outro tipo de simbolismo. Portan-
simbolização em miniatura. Atenção será to, os “setenta anos” de Daniel 9:2 devem
dada aos “sete tempos” de Daniel 4:16, 23, ser entendidos como sendo um período de
25 e 32; os “setenta anos” de Daniel 9:2; e tempo literal.
às “três semanas” de Daniel 10:2.
Similarmente, as “três semanas” de
Os “sete tempos” da punição de Na- Daniel 10:2-3 ocorrem em um contexto
bucodonosor por seu orgulho (Dn 4:16, literário diferente das “setenta semanas”
23, 25, 32) foram erroneamente entendi- de Daniel 9. Nessa passagem, o profeta
dos por alguns historicistas do século 19 refere-se a sua própria experiência concreta
como sendo 2.520 anos (7 x 360 dias = de prantear “por três semanas” abstendo-
2.520 dias-anos).31  Não resta dúvida de se de manjares, carne e vinho. Não existe
que os “sete tempos” são mencionados nada simbólico nesses versos, e todas as
dentro do sonho profético e simbólico de ações ocorreram no período do “terceiro
Nabucodonosor de uma “árvore” grande e ano de Ciro” (10:1), não existindo dessa
frutífera que permaneceria derribada por forma nenhuma base para se interpretar o
“sete tempos” (vv. 8-18). A interpretação período de tempo como algo mais do que
de Daniel para o sonho (vv. 19-27) e seu três semanas comuns e literais.
real cumprimento (vv. 28-37) corroboram
As considerações prévias das ocorrên-
o fato de que nenhuma simbolização em
cias de simbolização em miniature no livro
miniatura está envolvida nesse incidente.
de Daniel nos permitem sugerir que o prin-
No sonho profético, a árvore representava
cípio dia-ano parece aplicável nesse livro às
apenas uma pessoa (Nabucodonosor) com
“setenta semanas” com suas subdivisões de
a qual foi cumprido o sonho (vv. 20-22,
tempo (9:24-27); a “um tempo, dois tempos
28). Os “sete tempos” proféticos (v. 16)
e metade de um tempo” (7:25; 12:7); aos
foram interpretados por Daniel como “sete
1.290 dias (12:11); aos 1.335 dias (12:12);
tempos” (vv. 23, 25) e realmente cumpridos
e às 2.300 “tardes e manhãs” (8:14). Por
como apenas “sete tempos” (v. 32). Com-
contraste, a ausência de tal forma de sim-
preendido como sete anos literais32 , esse
bolização em relação aos “sete tempos”

- 39 -
(4:16, 23, 25, 32), aos “setenta anos” (9:2) Duas vezes em Apocalipse 9:5 e 10
e às “três semanas“ (10:2-3) implica que aparece a referência a “cinco meses”, du-
esses períodos de tempo específicos de- rante os quais os “homens que não têm o
vam ser tomados literalmente como sendo selo de Deus sobre a fronte” deveriam ser
sete anos, setenta anos e “três semanas”, atormentados (v. 4). Toda a narrativa da
respectivamente. quinta “trombeta” (vv. 1-12), na qual tais
referências aparecem, está repleta de enti-
A abordagem se volta agora para o
dades simbólicas, como “uma estrela”, “o
livro do Apocalipse, com atenção especial
poço do abismo”, e exóticos “gafanhotos”
para a presença de períodos de tempo
de guerra. Os intérpretes que consideram
proféticos no contexto de simbolizações
a presença de entidades simbólicas como
em miniatura.
razão suficiente para justificar o uso do
princípio dia-ano não hesitarão em con-
O Apocalipse siderar os “cinco meses” como sendo 150
A discussão a respeito do conceito de anos literais. Mas olhando além da presença
simbolização em miniatura no livro do de tais simbolismos, em direção a uma real
Apocalipse se centraliza principalmente simbolização em miniatura, tornamo-nos
nos seguintes períodos proféticos: “dez mais uma vez dependentes do cumprimento
dias” (Ap 2:10); “cinco meses” (Ap 9:5, histórico mais amplo dessa trombeta para
10); “a hora, o dia, o mês e o ano” (Ap justificar a aplicação do princípio dia-ano.
9:15); 42 “meses” e 1.260 “dias” (Ap 11:2, Se a trombeta é vista como uma represen-
3); “três dias e meio” (Ap 11:9, 11); 1.260 tação em miniatura de um período da igreja
“dias” (Ap 12:6); “um tempo, tempos e cristã — por exemplo, da “ascensão” do
metade de um tempo” (Ap 12:14); e 42 Império Otomano em 1299 d.C. à “queda”
“meses” (Ap 13:5).33 do Império Bizantino em 1449 d.C.37 —
então os “cinco meses” podem apenas ser
O período de “dez dias” mencionado considerados como sendo 150 anos.
em Apocalipse 2:10 ocorre dentro de um
contexto literário que não é claramente Em Apocalipse 9:15 ocorre a expressão
simbólico (ver vv. 8-11). Mas, de acordo “a hora, o dia, o mês e o ano”, no final de
com o conceito de simbolização em mi- cujo período os “quatro anjos” matariam “a
niatura, não é apenas a presença de alguns terça parte dos homens”.38  Esse período de
símbolos que justifica o uso do princípio tempo aparece dentro da descrição da sexta
dia-ano. O ponto real em discussão é se trombeta (vv. 13-21), na qual são utilizadas
a principal entidade envolvida (a “igreja expressões simbólicas como o “grande rio
em Esmirna”) pode ser considerada um Eufrates”, “cavalos” com cabeças como
símbolo (como em Ez 4) ou um tipo (como de leões, “boca[s]” de onde saíam “fogo,
em Nm 13-14) de uma realidade corpora- fumaça e enxofre”, e “cavaleiros” tendo
tiva maior. Isso significa que se a “igreja “couraças cor de fogo, de jacinto e de enxo-
de Esmirna” for considerada apenas uma fre”. Como no caso dos “cinco meses” (vv.
referência à comunidade cristã do primeiro 5, 10), assim “a hora o dia, o mês e o ano”
século naquela cidade específica,34  então os só podem ser vistos como 391 anos e 15
“dez dias” deveriam ser tomados apenas dias se essa trombeta for considerada uma
como dez dias literais. Mas se a igreja for descrição em miniatura da igreja cristã, por
entendida como um símbolo em miniatura exemplo, desde de a “queda” do Império
da igreja cristã entre “aproximadamente Bizantino em 1449 d.C. até a queda do
o fim do primeiro século (cerca do ano Império Otomano em 1840 d.C.39 
100 d.C.)” e “aproximadamente o ano 313 Os 42 “meses” e os 1.260 “dias” men-
d.C., quando Constantino passou a apoiar cionados em Apocalipse 11:2 e 3 (ver
a causa da igreja”,35  então os “dez dias” também 13:5; 12:6) são reconhecidos
devem ser considerados uma simbolização como sinônimos, não apenas um do outro,
em miniatura de uma período maior, mais mas também de “um tempo, dois tempos e
provavelmente dez anos literais.36  metade de um tempo” derivados de Daniel

- 40 -
7:25 (ver também Dn 12:7; Ap 12:14).40  igreja de Deus,45  confirma a já estabelecida
Isso implica, por si só, que a simbolização interpretação de dia-ano de cada um desses
em miniatura pela qual a visão de Daniel períodos como sendo de 1.260 anos.
7 é apresentada requer o uso do princípio
O período profético das 42 semanas
dia-ano na interpretação não apenas de “um
reaparece em Apocalipse 13:5 como o pe-
tempo, dois tempos e metade de um tempo”
ríodo em que a “besta” com “sete cabeças”
em Daniel 7:25, mas também de todos os
e “dez chifres” (v. 1; cf. 12:3) exerceria a
outros períodos de tempo correlatos. No
“grande autoridade” que lhe seria dada pelo
entanto, além do contexto profético de
dragão (v. 2). Aqui em Apocalipse 13:1-8,
simbolização em miniatura de Daniel 7, o
o “chifre pequeno” de Daniel 7 e 8 reapa-
próprio conteúdo de Apocalipse 11:3-12,
rece sob o símbolo da “besta”, como uma
no qual os 42 meses e os 1.260 dias são
representação em miniatura da Roma papal.
mencionados, encontra-se focalizado nos
A natureza dessa visão simbólica também
eventos históricos relacionados às “duas
corrobora os 1.260 anos de perseguições
testemunhas”, também chamadas de “as
religiosas.
duas oliveiras” e “os dois candeeiros”
(v. 4). A despeito da difundida tendência No livro do Apocalipse, os períodos
de se reduzir as duas testemunhas a dois de tempo de “três dias e meio” (11:9, 11);
profetas literais (como Moisés e Elias),41  “dez dias” (2:10); “cinco meses” (9:5, 10);
alguns autores argumentam em favor de “a hora, o dia, o mês e o ano” (9:15); “um
uma compreensão corporativa mais ampla tempo, tempos e metade de um tempo”
dessas testemunhas.42  Kenneth A. Strand (12:14); 42 “meses” (11:2; 13:5); e 1.260
e Ekkehardt Müller argumentam que elas “dias” (11:3; 12:6) ocorrem todos dentro do
representam, em realidade, o testemunho contexto de uma simbolização em miniatu-
profético mais amplo envolvendo a “pa- ra. Para todos esses períodos de tempo, o
lavra de Deus” (a mensagem profética do princípio dia-ano de interpretação profética
Antigo Testamento) e o “testemunho de parece aplicável. Mas o que poderia ser dito
Jesus Cristo” (o testemunho apostólico do sobre esse assunto a respeito dos 1.000 anos
Novo Testamento).43  Isso confirma a noção de Apocalipse 20? Se o princípio dia-ano
já estabelecida de que os 42 meses e os for aplicado a todos esses períodos, não
1.260 dias de Apocalipse 11:2 e 3 devam seria inconsistente não aplicá-lo também
der compreendidos da perspectiva de dia- aos 1.000 anos?
ano como sendo 1.260 anos. Se o único critério para se aplicar o
Dentro da mesma perícope de Apocalipse princípio dia-ano é a presença de um dado
11:3-12, existem também duas referências a período de tempo dentro de uma narrativa
um período de “três dias e meio” (vv. 9, 11). apocalíptica, então não haveria uma razão
Se considerarmos as “duas testemunhas” convincente para não interpretar os 1.000
como uma representação em miniatura dos anos de Apocalipse 20 como 360.000 anos.
testemunhos proféticos mais amplos do A tentativa de considerar a palavra “anos”
Antigo e do Novo Testamento, podemos (vv. 2-7) isoladamente como um obstáculo
facilmente concluir que os “três dias e meio” para o princípio dia-ano parece não ser
representam três anos e meio.44  convincente, porque em outros lugares
tal princípio é aplicado a essa palavra.
Em Apocalipse 12, os períodos de Já na expressão “um tempo, dois tempos
tempo de 1.260 dias (v. 6) e “um tempo, e metade de um tempo” (Dn 7:25; 12:7;
tempos e metade de um tempo” (v. 14) Ap 12:14) a palavra “tempo” é tida como
são sinonimamente identificados como o “ano” e multiplicada por 360, o número de
período durante o qual a “mulher” apo- dias de um ano nos tempos bíblicos. O ano
calíptica encontraria refúgio “no deserto” lunar bíblico normal incluía doze meses
(vv. 6, 14), fugindo do “dragão” satânico de 29 ou 30 dias cada um, com um mês
“com sete cabeças” e “dez chifres” (v. 3). A adicional acrescentado quando necessário
presença de uma “mulher” simbólica, como para sincronizar com o ano solar (cerca de
uma representação em miniatura da fiel sete vezes em nove anos). Que o idealizado

- 41 -
ano “profético” possui 360 dias proféticos apenas como 1.000 anos literais.
é confirmado pelo uso dos termos três
Alguns leitores do Apocalipse poderiam
anos e meio, 1.260 dias, e 42 meses, como
indagar a respeito da “meia hora” de “si-
designações sinônimas do mesmo período
lêncio no céu” quando o Cordeiro (Cristo)
(Ap 11:2, 3; 12:6, 14; 13:5; cf. Dn 7:25;
abre o sétimo selo (Ap 8:1). Se o “livro” (ou
12:7). Não mais convincente é o argumento
“rolo” [RSV, NIV]) selado em Apocalipse
de que um “ano” pode ser interpretado de
546  e cada um dos “sete selos” (6:1-17;
uma perspectiva de dia-ano apenas quando
8:1-5) são considerados simbolizações em
designado pelo termo simbólico “tempo”.
miniatura de realidades históricas mais
Se esse fosse o caso, então sérios proble-
amplas, então essa “meia hora” deveria ser
mas seriam criados em relação à expressão
considerada um tempo simbólico, repre-
apocalíptica “a hora, o dia, o mês e o ano”
sentando cerca de uma semana de tempo
(Ap 9:15), na qual as palavras “dia” e “ano”
literal.47  No entanto, se considerarmos
são usadas na mesma expressão de tempo
Apocalipse 10:6 (“já não haverá demora
simbólica. Nesse caso, deveria o princípio
[grego krónos]”) como implicando que
dia-ano ser usado porque a palavra “dia” é
nenhuma profecia de tempo simbólico se
mencionada ou ele não deveria ser usado
estenderia além do cumprimento das 2.300
porque o termo “ano” também está pre-
“tardes e manhãs” de Daniel 8:14 em 1844
sente? Mas se a noção de simbolização
d.C.,48  então não apenas a “meia hora” de
em miniatura é um princípio hermenêutico
Apocalipse 8:1 mas também os 1.000 anos
válido para interpretação profética, então a
de Apocalipse 20:1-10 deveriam ser en-
natureza dos 1.000 anos pode ser definida
tendidos como períodos de tempo literais,
mais facilmente se considerarmos a pre-
aos quais o princípio dia-ano não deve ser
sença ou ausência de uma simbolização
aplicado. Mas essa é uma discussão que
em miniatura naquele contexto.
se estende além do propósito do presente
Ao lermos Apocalipse 20:1-10, onde os estudo.
1.000 anos são mencionados seis vezes, po-
demos notar que muitos símbolos apocalíp- Conclusão
ticos são mencionados, como o “abismo”,
“uma grande corrente”, “tronos”, a “besta” Em muitas profecias apocalípticas, tanto
e “sua imagem”, “Gogue e Magogue” e “o a entidade principal como o elemento de
falso profeta”. Mas parece evidente que o tempo envolvidos foram reduzidos (zoo-
tom geral dessa narrativa apocalíptica não med down) a uma escala microcósmica
pode ser considerada uma verdadeira sim- simbólica, que pode ser melhor compre-
bolização em miniatura. Primeiro, a “besta” endida ao serem eles ampliados (zoomed
e “sua imagem”, que foram os principais up) ao seu cumprimento macrocósmico.
protagonistas em miniatura em Apocalipse O tema da simbolização em miniatura
13, são mencionados em Apocalipse 20 provê uma correlação temática básica en-
apenas de maneira tangencial (vv. 4, 10). tre Números 14:34 e Ezequiel 4:7, de um
A figura predominante em toda a narrativa lado, e os elementos simbólicos de tempo
é o “dragão”, também chamado de “antiga de Daniel e Apocalipse, do outro. A pre-
serpente” (v. 2). Enquanto a “besta” e a “sua sença desse tema justifica a transferência
imagem” deram a Apocalipse 13 um tom do princípio de “cada dia por um ano” de
de simbolização em miniatura, a presença Números 14:34 e Ezequiel 4:5-7 às visões
do “dragão” em Apocalipse 20 não confere apocalípticas nas quais os períodos de
o mesmo sentido. Isso se deve ao fato de tempo envolvidos aparecem inseridos em
que no livro do Apocalipse o “dragão” um similar contexto de simbolização em
não é uma simbolização em miniatura de miniatura. Esse paralelismo de miniatura
uma entidade ou comunidade maior, mas simbólica enriquece o princípio dia-ano
a designação de um ser espiritual chamado com um sentido que vai bem além do sim-
“Diabo” e “Satanás” (20:2; cf. 12:9). Por ples método “texto-prova”.
essa razão, parece mais consistente con-
siderar os 1.000 anos de Apocalipse 20 A presença de simbolizações em mi-

- 42 -
niatura no livro de Daniel permite que o em Ap 13:1-8) ou em passagens subseqüen-
princípio dia-ano seja aplicado às “setenta tes que expliquem esses símbolos (como
semanas” com suas subdivisões de tempo as 2.300 “tardes e manhãs” em Dn 8:14 e
(9:24-27); a “um tempo, dois tempos e me- as 70 “semanas” em Dn 9:24-27). Quinto,
tade de um tempo” (7:25; 12:7); aos 1.290 um período de tempo profético previamente
“dias” (12:11); aos 1.335 “dias” (12:12); e definido como sendo de natureza simbólica
às 2.300 “tardes e manhãs” (8:14). Mas a não perde essa natureza quando menciona-
ausência de tais simbolizações em relação do em contextos nos quais a simbolização
aos “sete tempos” (4:16, 23, 25, 32), aos “se- em miniatura não seja tão clara (como em
tenta anos” (9:2), e às “três semanas” (10:2) “um tempo, dois tempos e metade de um
indicam que esses períodos de tempo devem tempo” de Dn 7:25 que reaparece em 12:7
ser compreendidos como sendo literais. e em Ap 12:14).
No livro do Apocalipse, os períodos A relevância do princípio dia-ano de
de tempo de “três dias e meio” (11:9, 11); interpretação profética não depende ape-
“dez dias” (2:10); “cinco meses” (9:5, 10); nas do conceito de simbolização em mi-
“a hora, o dia, o mês e o ano” (9:15); “um niatura. Ao invés disso, abalizados estudos
tempo, tempos e metade de um tempo” eruditos das Escrituras têm demonstrado a
(12:14); 42 “meses” (11:2; 13:5); 1.260 necessidade interna (exegética) e externa
“dias” (11:3; 12:6); e talvez mesmo a (histórica) de uma interpretação dia-ano de
“metade de uma hora” (8:1), ocorrem todos alguns períodos apocalípticos de tempo.49 
dentro no contexto de uma simbolização Mas estou particularmente convencido de
em miniatura. Parece evidente que o prin- que o conceito de simbolização em minia-
cípio dia-ano é aplicável a esses períodos, tura pode fortalecer a consistência interna
mas não aos 1.000 anos de Apocalipse 20, desse princípio de interpretação profética.
onde não ocorre qualquer simbolização em Além disso, também provê respostas con-
miniatura. vincentes a questões cruciais relacionadas
ao critério a ser utilizado na definição de
Um estudo comparativo dessas pas-
quando ou não o princípio dia-ano deveria
sagens leva a conclusões adicionais mais
ser usado.
específicas. Primeiro, uma simbolização
profética em miniatura pode envolver en- O presente artigo proveu apenas uma
tidades como símbolos (como visto em Ez limitada visão geral de como o conceito
4) e tipos (como em Nm 13-14). Segundo, a da simbolização em miniatura pode ser
presença de simbolização em miniatura re- aplicado consistentemente aos principais
quer que a entidade principal ou entidades períodos de tempo simbólico de Daniel e
principais envolvidas representem poderes Apocalipse. Os conceitos preliminares aqui
corporativos maiores (como o “chifre pe- apresentados devem ser aperfeiçoados e
queno” em Dn 7 e a “besta” de dez chifres aprofundados em futuras investigações des-
em Ap 13). Terceiro, alusões tangenciais se tema relevante para uma compreensão
a símbolos em miniatura não substituem historicista das profecias bíblicas.
a falta de características em miniatura da
entidade ou entidades principais (como no
caso do “dragão” em Ap 20). Quarto, um
período de tempo profético é de natureza
simbólica e deve ser interpretado de uma
perspectiva de dia-ano todas as vezes que
aparece envolvido por símbolos em minia-
tura (como os 1.260 “dias” e os 42 “meses”

- 43 -
Referências são literais” (ed. rev. [Washington, DC: Review and
Herald, 1980], 7:880).
1
Todas as referências bíblicas sem indicação de  9
Frederic Thruston, England Safe and Trium-
uma versão específica foram extraídas da tradução phant; or, Researches into the Apocalyptic Little
de João Ferreira de Almeida – Versão Revista e Book, and Prophecies, Connected and Synchroni-
Atualizada, 2.ª edição. cal (Londres: Coventry, 1812), 1:145 (ênfase no
 2
A mais exaustiva abordagem do desenvol- original).
vimento histórico do historicismo é encontrado  10
George Bush, “Prophetic Designations of
em LeRoy E. Froom, The Prophetic Faith of Our Time”, The Hierophant; or Monthly Expositor of
Fathers: The Historical Development of Prophetic Sacred Symbols and Prophecy 11 (abril de 1843):
Interpretation, 4 vols. (Washington, DC: Review and 241-253.
Herald, 1946-1954). Elucidativas exposições acadê-  11
Ibid., 244-245 (ênfase no original).
micas do princípio historicista “dia-ano” podem ser  12
Ibid., 246 (ênfase no original).
encontradas em William H. Shea, Selected Studies  13
George Bush, “Prophetic Designations of
on Prophetic Interpretation, Daniel and Revelation Time,” The Advent Herald, and Signs of the Times
Committee Series, vol. 1 (Silver Spring, MD: Bibli- Reporter, 6 de março de 1844, 33-35. Um pequeno
cal Research Institute of the General Conference of excerto desse artigo apareceu também em P. Gerard
Seventh-dDay Adventists, 1982), 1:56-93; idem, Damsteegt, Foundations of the Seventh-day Ad-
Daniel 7-12: Prophecies of the End Time (Boise, ID: ventist Message and Mission (Grand Rapids, MI:
Pacific Press, 1996), 40-45, 55-60, 214-223. Eerdmans, 1977), 72, n. 114.
3
M[oses] Stuart, Hints on the Interpretation of  14
T. R. Birks, First Elements of Sacred Prophecy:
Prophecy (Andover, MA: Allan, Morrill and War- Including an Examination of Several Recent Exposi-
dwell, 1842), 81-82. tions, and of the Year-day Theory (Londres: William
4
Uriah Smith, Thoughts, Critical and Practical, Edward Painter, 1843), 308-419.
on the Books of Daniel and the Revelation (Battle  15
Ibid., 311, 375, 416.
Creek, MI: Review and Herald, 1885), 144, ver  16
Ibid., 375 (ênfase no original). Birks (ibid.,
também p. 202, n. 338) também menciona que George S. Faber, em
5
Shea, Selected Studies, 59-61. uma obra intitulada “Provincial Letters,” fala sobre
6
W[illia]m Miller declara: “A regra bíblica para “o uso simbólico da MINIATURA em simbolizações
calcular um dia por um ano é encontrada em Números hieroglíficas” em sua sucinta mas elucidativa defesa
14:34, e Ezequiel 4:7, bem como no cumprimento da teoria do dia-ano. Infelizmente, não pude localizar
das setenta semanas de Daniel” (Evidences from qualquer cópia remanescente dessa obra.
Scripture and History of the Second Coming of Christ  17
Ibid., 339.
about the Year A.D. 1843, and the Personal Reign  18
E. B. Elliott, Horæ Apocalypticæ; ou, A Com-
of 1000 Years [Brandon, VT: Vermont Telegraph mentary on the Apocalypse, Critical and Historical,
Office, 1833], 11). 3.ª ed. (Londres: Seeley, Burnside, and Seeley, 1847),
 7
William H. Shea declara: Em Daniel 4, “um 3:224 (ênfase no original).
‘tempo’ refere-se a um ano. Sete ‘tempos’ passariam  19
Ibid., 227, n. 4 (ênfase no original).
sobre Nabucodonozor até que ele recuperasse a sani-  20
Ibid., 224, n. 1.
dade (4:16, 23, 25, 32). O ‘tempo, tempos e metade  21
Ibid. (ênfase no original).
de um tempo’ de Daniel 7:25 equivalem, então, a três  22
Birks, 338-339.
anos e meio proféticos. Cada ano é composto de 360  23
Bush, Hierophant, 246 (ênfase no original).
dias, correspondendo a um total de 360 dias, perfa-  24
Cf. Birks, 319-324.
zendo um total de 1.260 dias. O princípio de um dia  25
Ver Froom, The Prophetic Faith of Our Fa-
por um ano nos dá 1.260 anos literais (ver Ez 4:7; Nm thers, vols. 1-4, passim (referências no “Index” de
14:34)” (Daniel 1-7: Prophecy as History, 176). cada volume).
 8
Com relação à interpretação dos “mil anos” de  26
O original hebraico de Daniel 8:14 menciona,
Apocalipse 20:1-10, o Seventh-day Adventist Bible em realidade, 2.300 “tardes e manhãs.” Para um es-
Commentary comenta apenas: “Alguns comenta- tudo adicional dessa expressão, ver S. J. Schwantes,
ristas consideram esse período [‘mil anos’] como “‘Ereb Boqer of Dan 8:14 Re-examined,” AUSS 16
um tempo profético, ou seja, 360.000 anos literais, (1978): 375-385.
baseando sua interpretação no fato de esses versos  27
Ver Froom, The Prophetic Faith of Our Fa-
serem simbólicos, e de que desse modo o período thers, vols. 1-4, passim (referências no “Index” de
de tempo deve ser interpretado simbolicamente. cada volume); Samuel Nuñez, The Vision of Daniel
Outros afirmam que a profecia contém uma mistura 8: Interpretations from 1700 to [1900], Andrews
de elementos literais, e desse modo não é neces- University Seminary Doctoral Dissertation Series,
sário entender a expressão como simbólica. Esse vol. 14 (Berrien Springs, MI: Andrews University
comentário assume a posição de que os mil anos Press, 1987); Alberto R. Timm, The Sanctuary and

- 44 -
the Three Angels’ Messages: Integrating Factors in também concordam com essa posição.”
the Development of Seventh-day Adventist Doctrines,  33
Cf. Birks, 321-324.
Adventist Theological Society Dissertation Series,  34
Uma descrição esclarecedora de Esmirna é
vol. 5 (Berrien Springs, MI: Adventist Theological provida em Faith Cimok, A Guide to the Seven Chur-
Society, 1995), 19-36, 64-79, 151-174. ches (Istanbul, Turquia: A Turizm Yayinlari, 1998),
 28
Para um estudo mais detalhado sobre o sig- 54-61. Ver também W. M. Ramsay, The Letters to
nificado e a interpretação das “setenta semanas” de the Seven Churches of Asia and Their Place in the
Daniel 9:24-27, ver Gerhard F. Hasel, “The Seventy Plan of the Apocalypse (Grand Rapids, MI: Baker,
Weeks of Daniel 9:24-27,” suplemento da Ministry, 1963), 251-280.
maio de 1976; William H. Shea, “The Relationship  35
Seventh-day Adventist Bible Commentary,
between the Prophecies of Daniel 8 and Daniel 9,” 7:746.
em The Sanctuary and the Atonement: Biblical,  36
Ver ibid., 747-748.
Historical, and Theological Studies, ed. Arnold V.  37
J[osiah] Litch, The Probability of the Second
Wallenkampf e W. Richard Lesher (Washington, DC: Coming of Christ about A.D. 1843 (Boston: David
Biblical Research Institute of the General Conference H. Ela, 1838), 153-157. Cf. Damsteegt, 26-29.
of Seventh-Day Adventists, 1981), 228-250; Jacques  38
Alguns autores parecem favorecer mais a
B. Doukhan, “The Seventy Weeks of Daniel 9: Exe- noção de que a expressão “a hora, o dia, o mês e o
getical Study,” em ibid., 251-276; William H. Shea, ano” devem ser compreendida como um momento
“The Prophecy of Daniel 9:24-27,” em The Seventy específico no tempo, ao invés de um período de
Weeks, Leviticus, and the Nature of Prophecy, Daniel tempo. Ver, por exemplo, R. H. Charles, A Critical
and Revelation Committee Series, vol. 3, ed. Frank and Exegetical Commentary on the Revelation of
B. Holbrook (Washington, DC: Biblical Research St. John (Edinburgh: T. & T. Clark, 1985), 1:252; J.
Institute of the General Conference of Seventh-Day Massyngberde Ford, Revelation, AB 38 (New York:
Adventists, 1986), 105-108; Clifford Goldstein, 1844 Doubleday, 1975), 153-154; G. K. Beale, The Book
Made Simple (Boise, ID: Pacific Press, 1988), 43-55; of Revelation: A Commentary on the Greek Text,
Jacques B. Doukhan, Daniel: The Vision of the End, NIGTC (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1999), 508.
ed. rev. (Berrien Springs, MI: Andrews University Porém, os historicistas tendem a ver essa expressão
Press, 1989), 31-44, 172, n. 65; Brempong Owusu- como aludindo a um período de tempo real.
Antwi, The Chronology of Dan 9:24-27, Adventist  39
Litch, 157-158. Cf. Damsteegt, 26-29.
Theological Society Dissertation Series, vol. 2  40
Cf. David E. Aune, que afirma: “O período
(Berrien Springs, MI: Adventist Theological Socie- de quarenta e dois meses (também mencionado
ty, 1995); Jacques B. Doukhan, Secrets of Daniel: em Apocalipse 13:5, que é o período durante o
Wisdom and Dreams of a Jewish Prince in Exile (Ha- qual a besta exerceria autoridade...) é um número
gerstown, MD: Review and Herald, 2000), 135-156; apocalíptico simbólico para um período de tempo
Juarez R. de Oliveira, Chronological Studies Related divinamente restrito (freqüentemente um período
to Daniel 8:14 and 9:24-27 (Engenheiro Coelho, SP: limitado de tribulação escatológica), derivada em
Imprensa Universitária Adventista, 2004). última instância de Daniel 7:25; 12:7. Quarenta e
 29
Ver n. 6, acima. dois meses é o equivalente a três anos e meio, um
 30
Shea, Daniel 7-12, 217-218. Ver também idem, período de tempo que o autor expressa de forma
“Time Prophecies of Daniel 12 and Revelation 12- diferente em outra passagem como 1.260 dias (11:3;
13”, em Symposium on Revelation: Introductory and 12:6) e como ‘um tempo, tempos e metade de um
Exegetical Studies – Book 1, Daniel and Revelation tempo’ (12:14). Ele usa o número três e meio para
Committee Series, vol. 6, ed. Frank B. Holbrook o número de dias entre a morte e ascensão das duas
(Silver Springs, MD: Biblical Research Institute of testemunhas (11:9, 11)” (Revelation 6-16, WBC
the General Conference of Seventh-day Adventists, 52B [Nashville, TN: Thomas Nelson, 1998], 609).
1992), 327-360; Doukan, Secrets of Daniel, 186- Para exposições mileritas e adventistas do sétimo
189. dia sobre o inter-relacionamento das profecias de
 31
Ver, por exemplo, Elliott, 227-228, n. 4. Essa tempo, ver, por exemplo, William Miller, Evidence
interpretação é mantida ainda hoje pelas Testemu- from Scripture and History of the Second Coming of
nhas de Jeová. Christ, about the Year 1843: Exhibited in a Course
 32
Cf. Seventh-day Adventist Bible Commentary, of Lectures (Boston: Joshua V. Himes, 1842), 78, 96,
4:790: “A maior parte dos intérpretes antigos e mo- 112, 215-216; Josiah Litch, Prophetic Expositions; or
dernos explica o aramaico ‘iddan, ‘tempo’, nesse tex- A Connected View of the Testimony of the Prophets
to (também nos vv. 23, 25, 32; caps. 7:25; 12:7 [esse Concerning the Kingdom of God and the Time of
último texto não é em aramaico e sim em hebraico]) Its Establishment (Boston: Joshua V. Himes, 1842),
significando ‘ano’. O texto da LXX traz ‘sete anos’. 1:92-93; Seventh-day Adventist Bible Commentary,
Entre os expositores mais antigos a apoiarem essa 4:833-834; C. Mervyn Maxwell, God Cares: The
visão estão Josefo (Antiguidades x. 10.6), Jerônimo, Message of Revelation (Boise, ID: Pacific Press,
Rashi, Ibn Ezra, e Jephet. Expositores mais modernos 1985), 2:326; Shea, “Time Prophecies of Daniel 12

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and Revelation 12-13”, 327-360.  44
Seventh-day Adventist Bible Commentary,
 41
Uma lista parcial de diferentes indivíduos que 7:803.
foram considerados como sendo as “duas testemu-  45
Ibid., 807.
nhas” é provida em Massyngberde Ford, 177-178.  46
O significado desse “livro” selado é discutido
 42
Ver, por exemplo, Seventh-day Adventist Bible em Ranko Stefanovic, The Background and Meaning
Commentary, 7:801; Kenneth A. Strand, “The Two of the Sealed Book of Revelation 5, Andrews Univer-
Witnesses of Rev 11:3-12”, AUSS 19 (1981): 127- sity Seminary Dissertation Series, vol. 22 (Berrien
135; Beale, 572-579; Ekkehardt Müller, “The Two Springs, MI: Andrews University Press, 1996); idem,
Witnesses of Revelation 11”, Journal of the Adventist Revelation of Jesus Christ: Commentary on the
Theological Society 13/2 (outono de 2002): 30-45. Book of Revelation (Berrien Springs, MI: Andrews
 43
Strand, 127-135; Muller, 30-45. Cf. Ellen G. University Press, 2002), 195-212.
White, que afirma: “Relativamente às duas teste-  47
Ver, por exemplo, Joseph Bates, Second Advent
munhas, declara mais o profeta: ‘Estas são as duas Way Marks and High Heaps, or a Connected View, of
oliveiras, e os dois castiçais que estão diante do Deus the Fulfillment of Prophecy, by God’s Peculiar Peo-
de toda a Terra.’ ‘Tua palavra’, diz o salmista, ‘é ple, from the Year 1840 to 1847 (New Bedford, MA:
lâmpada para meus pés, e luz para o meu caminho.’ Benjamin Lindsey, 1847), 43; E[lon] Everts, “The
As duas testemunhas representam as Escrituras do Seventh Seal”, Advent Review and Sabbath Herald,
Velho e do Novo Testamentos. Ambos são impor- 15 de janeiro de 1857, 85; Uriah Smith, Thoughts,
tantes testemunhas quanto à origem e perpetuidade Critical and Practical on the Book of Revelation
da lei de Deus. Ambos são também testemunhas do (Battle Creek, MI: Steam Press of the Seventh-
plano da salvação. Os tipos, sacrifícios e profecias day Adventist Publishing Association, 1865), 139;
do Velho Testamento apontam para um Salvador por Seventh-day Adventist Bible Commentary, 7:787.
vir. Os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento Cf. Ellen G. White, A Sketch of the Christian Ex-
falam acerca de um Salvador que veio exatamente da perience and Views (Saratoga Springs, NY: James
maneira predita pelos tipos e profecias” (O Grande White, 1851), 11-12.
Conflito e Entre Cristo e Satanás [Tatuí, SP: Casa  48
Ver Seventh-day Adventist Bible Commentary,
Publicadora Brasileira, 2001], 267. 7:798, 971.
 49
Ver Shea, Selected Studies, 25-93.

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