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RISCOS DOS

INVESTIMENTOS
GILBERTO KLOECKNER

TRILHA I
RISCOS DOS
INVESTIMENTOS
APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO

Muito bem-vindos a Disciplina Análise de Investimentos. Meu nome é Gilberto de Oliveira


Kloeckner e vou estar com vocês ao longo de todas essas trilhas. Inicialmente nós vamos falar
de Rentabilidade, Risco e Liquidez.
Depois nós vamos falar de Risco de Liquidez, Risco de Liquidação, Risco Legal, Risco de Crédito,
Risco de Contraparte, Risco Soberano.
Depois vamos nos aprofundar um pouco mais em Risco de Mercado, vamos trabalhar com
Risco Sistemático e Não Sistemático. Em seguida Gestão e Mensuração de Risco, trabalhando
com Value at Risk que é um modelo de mensuração de Risco muito utilizado pelos bancos,
pelos fundos e pelas corretoras. Vamos trabalhar com Stress Test e Stop Loss, ou seja, o que é
Stop Loss? É interromper as perdas.
Na sequência Gestão e Mensuração de Risco e Retorno, Índice de Sharpe, Índice de Treynor e
Beta, são medidas de risco e retorno muito utilizadas no mercado de capitais.
E finalmente Duration de Macaulay e Modified Duration.
A minha formação básica é engenharia e administração e eu tenho depois pós-graduaçõa na
área financeira, mestrado e doutorado.

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RISCOS DOS
INVESTIMENTOS
PRINCIPAIS FATORES DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

TRILHA 01

Vamos agora para os conteúdos e nosso primeiro ponto será:


1. Principais Fatores de Análise de Investimentos que são: Rentabilidade, Risco (Segurança),
Liquidez.
Vocês têm sempre quando se trata de investimento procurar adequar os objetivos dos
investidores aos produtos de investimento, então imagine o seguinte:

Cada um deles tem objetivos de investimentos completamente diferentes, o casal e o recém-


formado eles podem pensar em investimentos de prazo mais longo, investimento que vão se
valorizar e investimentos que tem risco maior. Já o aposentado com 70 anos está muito mais
preocupado com segurança e renda.
Entre esses dois extremos nós temos diversos níveis de objetivos diferentes de investimento,
alguns vão procurar uma Rentabilidade média e uma segurança média para um prazo médio e
outros vão procurar prazos mais longos de investimento enquanto que os últimos vão procurar
prazos mais curtos de investimento e com renda fixa mais ou menos segura. Então essas são as
diversas possibilidades, não são todas que temos aqui obviamente, mas temos aqui diversas
possibilidades de investidores com objetivos diferentes.

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O primeiro ponto que vamos falar será Rentabilidade. E depois vamos cobrir alguns assuntos
como Rentabilidade Absoluta e Rentabilidade Relativa, vamos falar de Rentabilidade Bruta
e Rentabilidade Líquida, Rentabilidade Observada e Rentabilidade Esperada, Rentabilidade
Nominal e Rentabilidade Real.
Inicialmente então: O que é Rentabilidade?

Rentabilidade é o que é rentável, que produz renda e pode ser um título, uma ação que pague
dividendos, um pedaço de terra que alugo, que arrendo, está aí o próprio nome, todos esses
são produtos que proporcionam uma Rentabilidade.
Também podemos chamar Rentabilidade de um benefício econômico que se obtém pela
aplicação de um capital e em economia/finanças nós investimos um capital para a obtenção de
juros. Neste caso, os juros são a Rentabilidade do próprio investimento, um sinônimo que se usa
costumeiramente para Rentabilidade é retorno. Só que retorno é expresso em porcentagem,
então o retorno de um investimento é obtido pela divisão da Rentabilidade deste investimento
(juros) pelo capital investido, sendo expresso em percentagem, é o benefício que o ativo
proporciona dividida pelo capital investido.

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A Composição da Rentabilidade de um Investimento é feita de duas formas e a primeira delas é


a valorização do ativo, essa valorização do ativo é chamada de ganho de capital. Eu tenho um
título público que se valoriza ao longo do tempo, eu tenho uma ação que se valoriza ao longo
do tempo e quando isso ocorre eu tenho um ganho de capital, mas pode ocorrer o inverso
também. O título público pode se desvalorizar, assim como uma ação pode se desvalorizar
também, então isso faz parte do investimento. E juros e dividendos que é o outro vetor de
composição da nossa Rentabilidade. Então os juros pagos geralmente pelos títulos e dividendos
pagos normalmente pelas ações apesar de nós termos a figura no Brasil de juros sobre capital
próprio que são pagos pelas empresas que são quase confundidos com dividendos, mas tem
uma pequena diferença. A somas desses dois nos fornece o que chamamos de Rentabilidade
total do investimento.
E como é que se calcula a taxa de retorno ou o retorno de um investimento?

Um exemplo, vamos supor que eu tenha uma ação no início de um período no valor de R$
10,00 e depois de um determinado tempo eu vendi essa ação pelo valor de R$ 12,00. E ao
longo desse tempo eu recebi R$ 1,00 de dividendos. Então, qual foi a minha Rentabilidade? A
minha taxa de retorno desse investimento?

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Taxa de retorno =
= (12-10) +1/10
= 2+1 /10 *100
= 30%
Nesse exemplo eu tive 30% de Rentabilidade, então eu sempre tenho que levar em consideração
o ganho de capital mais o fluxo de caixa que esse investimento proporcionou. Eu poderia ter
tido justamente o contrário aqui, eu poderia ter tido uma perda de capital, então nesse caso eu
teria que levar isso em consideração também.
Vamos imaginar que o meu preço inicial tivesse sido R$ 10,00 e o preço ao final R$ 9,00,
quando eu vendi o ativo, quando eu vendi a ação foi de R$ 9,00 e vamos supor que tivemos um
pagamento de dividendos de R$ 2,00, então temos aqui:
Taxa de retorno =
= (9-10) + 2/10
= -1+2/10*100
= 1/10*100
= 10%
Então essa é a forma mais comumente utilizada para se calcular o retorno de um investimento
ou a taxa de retorno de um investimento.
Diferença entre Rentabilidade Absoluta e Rentabilidade Relativa.

Isso é uma informação de Rentabilidade Absoluta, não faz comparação com absolutamente
nada.
A Rentabilidade Relativa é sempre feita em comparação a um outro ativo que é considerado o
benchmark, o ativo referência para a comparação.

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Então já estamos fazendo uma comparação, não importa o quanto a Ibovespa rendeu nesse
período eu só sei que meu Fundo rendeu 12,5% a mais que a Ibovespa.
No outro exemplo o CDI é o Certificado de Depósito Interfinanceiro que é, vamos dizer assim,
o certificado, é o título que lastreia o empréstimo entre instituições financeiras, no passado
se chamava Certificado de Depósito Interbancário, mas com o tempo foi permitido ser feito
com as várias instituições financeiras então passou a ser chamado de Certificado de Depósito
Interfinanceiro, a sigla permanece a mesma, então ele é usado como referência para fins
de retorno de investimento, nesse caso aqui eu estou relacionando o rendimento do meu
investimento com o rendimento de Certificado de Depósito Interfinanceiro.
Essa é a diferença básica entre Rentabilidade Absoluta e Rentabilidade Relativa.
Outro tipo de Rentabilidade que podemos encontrar é:

Quando vamos tratar de investimento, e aqui eu faço a pergunta:

Quando vamos comparar investimentos sempre temos que utilizar a Rentabilidade Líquida
porque alguns investimentos são isentos de tributação, no caso da caderneta de poupança
para a pessoa física, as letras de câmbio de agronegócio, esses são títulos que não possuem
tributação. Então quando vamos fazer a comparação com investimentos que são tributados a
Rentabilidade Bruta desses investimentos que são tributados são maiores quando comparados
com a Rentabilidade de rendimentos que não tem tributação, que são isentas de tributação,
então para fins de nós equalizarmos os rendimentos é importante que sempre se trabalhe com
a Rentabilidade Líquida após a aplicação da taxa de IR ou IOF se for o caso.

É um cálculo bastante simples, como esse investimento em CDB está sendo pelo prazo de
10 meses a taxa de IR nesse período acima de 6 meses e inferior a 1 ano é de 20%, sobre o
rendimento.

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Então nós teríamos a seguinte conta:
100.000,00*8%
= 8.000,00
Essa seria a minha Rentabilidade Bruta, R$ 8.000,00.
Agora temos que aplicar a alíquota de IR de 20% que é utilizada para aplicações de renda fixa
entre 6 e 12 meses.
= 8.000,00*20%
= 1.600,00
Então a minha Rentabilidade fixa fica:
= 8.000,00 – 1.600,00
= 6.400,00
Então a minha Rentabilidade Líquida fica em R$ 6.400,00. O rendimento que eu tive nesse
período cai de 8% para um rendimento bruto, ele cai para 6,4% de rendimento líquido, essa é a
grande diferença.
Nós temos que cuidar muito quando se faz aplicações, sempre olhar para o lado da tributação
porque se nós fizermos um investimento por um prazo mais longo a tributação tende a ser
menor, se fizermos um investimento com um prazo mais curto a tributação tende a ser maior.
O objetivo do Governo é tentar fazer com que o investidor fique mais tempo com o dinheiro
aplicado e com isso se tem um benefício de tributação que é a redução, tem uma escala
regressiva de tributação.

São dois pontos bastante importantes, a Rentabilidade Observada é vista olhando o passado, é
calculada em cima de dados que já ocorreram e a Rentabilidade Esperada é sempre trabalhada
em cima de expectativas, ela é calculada em cima de expectativas.
Quando olhamos para o passado temos um determinado valor e quando olhamos para o
futuro podemos ter um valor, uma expectativa de investimento ou de retorno do investimento
completamente diferente. E é bastante comum termos essa pergunta:

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E a resposta é não, muitas vezes vocês tem uma proposta de investimento onde o agente ou
o corretor mostra para vocês um desempenho passado de um determinado Fundo e vocês
imediatamente pensam que aquele rendimento passado pode ser reproduzido no futuro,
e normalmente não é a regra, isso pode ocorrer que no futuro o rendimento seja um pouco
diferente ou às vezes até bem diferente do que o rendimento encontrado no passado.
Algumas instituições financeiras podem trabalhar Fundos menores e se dedicar ao trabalho, a
operação de Fundos menores proporcionando bons rendimentos e utilizar isso como fator de
venda. E quando colocamos o dinheiro naquele Fundo, podemos não ter o mesmo resultado
que nos foi vendido, vamos dizer assim, quando fizeram a captação do nosso dinheiro para
esse Fundo específico. Então temos sempre que olhar o seguinte: Uma empresa que teve
sempre uma boa Rentabilidade no passado, ela terá uma boa Rentabilidade no futuro? Não
necessariamente. Um Fundo que teve uma boa Rentabilidade no passado, terá uma boa
Rentabilidade no futuro? Também não necessariamente. Por que isso ocorre? Muitas vezes
uma empresa pode mudar o seu corpo de diretivo, uma empresa pode ter sido prejudicada por
mudanças no mercado, uma empresa que é exportadora de carne de gado ou uma empresa
que é exportadora de frango, vamos supor que exista uma restrição no mercado Europeu, no
mercado Chinês que impeça a continuidade dessas importações ou provoque uma redução na
continuidade dessas importações, isso vai provocar uma queda no valor da ação substancial.
Então, um outro problema, um Fundo, por exemplo, que está sendo administrado, que está
sendo gerido por uma determinada equipe, por um determinado corpo de gestores, essa equipe
é trocada e entra uma outra equipe no lugar, com características completamente diferentes,
isso pode provocar também uma redução da Rentabilidade. Eventualmente pode provocar até
uma melhoria na própria Rentabilidade, mas nem sempre a Rentabilidade observada é garantia
de Rentabilidade esperada.
Em economia trabalhamos sempre com expectativas, os investimentos são realizados com
base em expectativa, eu tenho uma expectativa que a ação da Petrobras vai me dar um bom
rendimento no futuro, eu tenho uma expectativa que os juros pagos por uma determinado título
possam ser acrescidos no futuro, mas nem sempre essas expectativas, não necessariamente,
essas expectativas vão se concretizar ao longo do tempo.

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Isso é um erro bastante comum porque as pessoas acabam pegando a Rentabilidade Nominal
e achando que aquele rendimento é fruto de um processo de investimento e que ele pode ser
gasto totalmente, ele pode ser utilizado para consumo, mas isso não é verdade porque dentro
daquele rendimento tem uma parcela de inflação. Vamos dizer assim, que é uma reposição do
poder aquisitivo e essa reposição do poder aquisitivo está simplesmente corrigindo o meu valor
do investimento, então eu não posso pegar aqueles juros que eu recebi, aquele rendimento
que eu recebi e utilizá-lo para consumo.
E com o é que eu posso fazer para saber qual é a minha taxa real, qual foi o rendimento real,
aquilo que eu posso gastar efetivamente para consumo depois de retirado do rendimento a
parcela de inflação que corrige o poder aquisitivo da minha aplicação, como é que eu faço isso?
Através desta fórmula:

Através dessa equação conhecida como fórmula de Fischer, Fischer foi um economista
americano que viveu no final do século XIX e no início do século XX nos Estados Unidos e ele
apresentou essa fórmula.
Vamos pegar este exemplo:

Quanto é que eu posso realmente dispor sem prejudicar o poder aquisitivo da minha aplicação
inicial?
Rendimento nominal = 9,2%
Inflação = 5%
Qual foi o rendimento real? Vamos entrar na fórmula.
(1 + 0,092) = (1 + 0,05) * (1 + taxa real)
1+ taxa real = 1 + 0,092 / 1 + 0,05
1+ taxa real = 1,04
taxa real = 1,04 – 1
taxa real = 0,04 ou 4%
Então de um rendimento de 9,2% e com uma inflação no período de 5% eu posso dispor
se eu não quiser prejudicar o valor inicialmente, não ter uma perda de poder aquisitivo no
valor inicialmente investido eu posso utilizar 4% desses rendimentos. Então se eu investir
R$ 100.000,00 e o rendimento foi de R$ 9.200,00 eu tenho que deixar R$ 5.000,00, 5% para
reposição do poder aquisitivo e os outros 4% eu posso utilizar para o meu consumo. Essa é a
diferença entra a Rentabilidade Nominal e a Rentabilidade Real.

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Normalmente a pessoa pensa que risco está associado a perda, é verdade, sempre pensamos
que o investimento arriscado é aquele que pode nos causar uma perda de patrimônio, mas
um investimento arriscado também pode nos provocar um aumento substancial do nosso
patrimônio. O risco vale para os dois sentidos, sempre olhamos para o lado da perda, mas
temos que olhar também que um investimento arriscado, por exemplo, investimento em ações
normalmente conhecido como investimento arriscado, ele sempre pode provocar perdas, mas
pode provocar ganhos substanciais. Por exemplo, quem comprou Magazine Luiza há uns dois
ou três anos atrás hoje que se multiplicou para mais de cem vezes esse investimento ao longo
de dois a três anos, entender isso como investimento arriscado no sentido especifico do termo,
sim, mas claro que a pessoa que fez esse investimento deve estar completamente feliz nesse
momento porque teve uma multiplicação de seu patrimônio de forma bastante expressiva.

A teoria econômica se baseia em dois princípios fundamentais, que quanto maior a


Rentabilidade do investimento, mais o investidor fica satisfeito, ou seja, o investidor vai procurar
o maior investimento possível, mas em compensação ele quer correr o menor risco possível.
Então são coisas mais ou menos contraditórias, porque investimentos muito arriscados tendem
a dar uma Rentabilidade maior, investimentos poucos arriscados tendem a ser menor.
Muitas vezes as pessoas são atraídas por investimentos que prometem grande Rentabilidade
não se dando conta que existe um risco embutido muito grande nesse próprio investimento,
basta ver os diversos casos que temos tido recentemente sobre pirâmides financeiras que
prometem rendimentos altíssimos e que trazem embutidos em si um risco bastante grande que
acabam provocando as vezes perda de patrimônio de pessoas que muitas vezes trabalharam
arduamente para conseguir aquele dinheiro e colocar nessa aplicação. Não existe, e eu posso
afirmar isso, que não existe investimento de altíssima Rentabilidade com risco extremamente
baixo, existe uma proporcionalidade entre risco e retorno, então se a pessoa não quer correr
risco ela vai ter que se contentar com retorno baixo. Quem não quer correr risco vai para a
caderneta de poupança, quem quiser buscar uma Rentabilidade maior tem que buscar
investimentos que tenham maior risco, mas existem limites para isso, não podemos deixar que
a ganância ultrapasse ou bloquei a visão das pessoas para esse fato, quando a Rentabilidade
prometida é muito alta existe um componente de risco fortíssimo dentro desse componente,
cuidado sempre com isso.

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Vamos dar uma olhada aqui em termos de risco e Rentabilidade, vamos pegar esse exemplo,
aqui temos dois investimentos que tem o mesmo retorno esperado, mas possuem riscos
diferentes.
Veja este aqui:

Esse primeiro exemplo ele tem 20% de chance de render 8% em um determinado período, 60%
de chances de render 10% e 20% de chances de render 12%.

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Esse segundo investimento é mais arriscado porque a possibilidade de conseguir retorno é mais
ampla, a gama é mais ampla, eu tenho 10% de chances de obter 6%, eu tenho 20% de chances de
obter 8%, eu tenho 40% de chances de obter um retorno de 10%, 20% de chances de um retorno
de 12% e finalmente 10% de chances em obter um retorno de 14%. Se vocês calcularem o retorno
esperado desses dois investimentos vocês vão verificar que eles têm a mesma possibilidade de
retorno esperado, porém os riscos, como eu tenho maior amplitude nas possibilidades de retorno
no exemplo dois, esse investimento tende a ser mais arriscado que o primeiro.
Vamos fazer o cálculo do primeiro exemplo:
0,2 * 8% = 1,6
0,6 * 10% = 6
0,2 * 12% = 2,4
O que vamos fazer aqui é o que se chama de média ponderada e a soma desses resultados
vai me dar 10%, então o retorno esperado é encontrado multiplicando a probabilidade pelo
retorno.
No segundo caso vamos fazer a mesma conta:
0,1 * 6% = 0,6
0,2 * 8% = 1,6
0,4 * 10% = 4
0,2 * 12% = 2,4
0,1 * 14% = 1,4
Somando isso temos 10%. Ambos investimentos me proporcionam 10% de retorno, só que o
segundo exemplo como tem uma possibilidade de retorno mais ampla, ele é mais arriscado
que o primeiro exemplo. No primeiro exemplo o pior retorno será 8% e o meu maior retorno
será 12% e no segundo exemplo o meu pior retorno será de 6% e o melhor retorno será de
14%. Sempre dentro daquele conceito básico que o risco é tanto para o lado ruim quanto para
o lado bom, não temos um investimento arriscado que seja somente arriscado para o lado
ruim, não, no momento em que ele é um investimento arriscado ele pode proporcionar tanto
surpresas positivas quanto negativas.
Agora um outro exemplo:

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De mesmo risco e retorno esperado diferente, então temos aqui:

Temos aqui 20% de chances de ter um retorno de 8%, 60% de chances de ter um retorno de
10% e 20% de chances de ter um retorno de 12%.

Aqui temos as mesmas probabilidades só que para retornos diferentes, 20% de ter um retorno
de 10%, 60% de chances de ter um retorno de 12% e 20% de chances de ter um retorno de 14%.
Fazendo esse mesmo cálculo que eu fiz, da mesma forma, o retorno no primeiro exemplo é de 10%
e no segundo é de 12%. Vejam bem que o risco é exatamente igual, porém o retorno é diferente.
Um investidor racional o que ele vai preferir? Mesmo risco, retornos diferentes, vai preferir o
segundo investimento.
O investidor racional quando tiver o mesmo retorno e riscos diferentes vai preferir o
investimento com risco menor.
Então essa é a linha mestra para análise de investimentos onde se contempla risco e retorno.
O investidor vai sempre procurar minimizar o seu risco e maximizar o seu retorno. É claro que
existe um número de investidores muito limitado e pequeno que preferem correr risco, gostam
de correr risco e alguns até pagam para correr risco, como no caso do sujeito que vai em um
cassino. Quando o sujeito vai a um cassino ele paga, o retorno esperado de quem entra em
um cassino é negativo, senão o cassino não iria viver, as pessoas que entram em um cassino
elas acabam deixando em média 10%, 15% ou 20% do valor que elas levaram lá para dentro.
Então a pessoa sabendo disso e apesar disso ela entra no cassino e ainda joga, ela está indo
de encontro aos princípios de análise de investimento, porque ela está pagando para correr
risco, mas na grande maioria dos casos, dentro da economia real e dentro dos casos normais
na economia nós temos que o investidor procura redução de risco e maximização de retorno.

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Bom, se nós particionarmos, ao invés de trabalharmos com 3 possibilidades de retorno, nós


trabalharmos com mais possibilidades, colocarmos a nossa previsão de forma mais refinada,
nós podemos chegar em uma situação em que nós tenhamos para cada ponto, por exemplo,
para cada ponto percentual, ou para cada meio ponto percentual de possibilidade de retorno,
nós tenhamos uma probabilidade de ocorrência, conforme temos na última figura, vamos estar
fazendo uma análise de investimento mais acurada, uma análise de investimento mais precisa.
E nós temos dentro da economia uma figura geométrica, uma curva que nos proporciona uma
distribuição contínua dessas diversas possibilidades.
Na figura acima temos uma gama de possibilidades associadas a retornos bastante grandes,
mas nós podemos substituir, isso seria uma forma discreta, pois nós temos valores específicos
para cada possibilidade de retorno nós temos associada uma probabilidade, mas nós podemos
fazer isso de uma forma contínua utilizando uma curva que se chama de curva de Gauss ou a
Distribuição Normal.

Essa Distribuição Normal que estamos vendo agora, estou apenas introduzindo, mas ela será
utilizada mais adiante quando nós fizermos as trilhas posteriores principalmente quando
trabalharmos com Var, vamos utilizar essa distribuição porque ela nos mostra de uma forma
mais simplificada e mais contínua o que nós já vimos.
Então, quais são as características dessa Distribuição Normal que é chamada de Curva Normal
ou Curva de Gauss?

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Tendo a média e o desvio padrão eu consigo desenhar essa curva.
O que vem a ser o desvio padrão? O desvio padrão é a amplitude, quanto mais aberta essa
curva, maior é o seu desvio padrão, quanto mais fechada a curva, menor é o seu desvio padrão.
A média divide a área sobre a curva em duas áreas absolutamente iguais e o terceiro ponto
é que essa curva é assintótica nos dois sentidos, isso significa que ela jamais toca o eixo do
x, então ela é uma extensão, ela é infinita nos dois sentidos. Essa é a característica básica da
Curva de Gauss. Nós vamos utilizar isso mais adiante, mas ela já fica apresentada.

Ora, vocês vão entrar em um investimento e uma coisa importante é saber se esse investimento
tem liquidez, vamos voltar para a primeira parte da aula que vimos aqui, onde tínhamos
diversos e diferentes tipos de investidores, normalmente o pessoal que está na extremidade, o
pessoal mais velho está mais preocupado que os ativos tenham liquidez, o pessoal que ficava
na parte de cima, recém formado, casal jovem talvez a liquidez não fosse o principal problema
deles, eles poderiam comprar um investimento, fazer um investimento que tivesse uma liquidez
pequena, mas com uma promessa de retorno bastante elevada.
Então a liquidez é a facilidade com que um ativo pode ser convertido em dinheiro, existem
alguns investimentos onde essa possibilidade é pequena e temos que controlar isso, temos
que estar sempre, vamos dizer assim, preocupado que no momento em que eu entro em uma
aplicação qual é a possibilidade que eu tenho de transformar essa aplicação em dinheiro. Por
exemplo, imóveis, dependendo da época em que a economia está vocês têm uma facilidade de
transação de compra e venda de imóveis, mas tem épocas em que o mercado imobiliário está
completamente parado e o que acontece é que na medida que vocês têm uma necessidade
muito grande de transformar aquele imóvel em dinheiro, vocês acaba tendo que baixar o preço
e acaba perdendo dinheiro na operação.

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Vamos dar uma olhada aqui em diferentes níveis de liquidez, vamos pegar essas ações aqui.
Veja o seguinte, essa fotografia tirada de um momento de pregão nos mostra que a Vale até
aquele instante tinha tido 18.970 negócios, Petrobras PN tinha tido até aquele momento
45.249 e o Itaú ON tinha tido apenas 869 negócios, claro que 869 é uma quantidade grande
de negócios, mas claramente o banco Itaú ON tem muito menos liquidez do que, por exemplo,
Petrobras PN, se um Fundo possui um volume muito grande dessas ações em sua carteira
e ele precisa transformar isso em dinheiro rapidamente, ele vai ter que forçosamente, se o
volume for substancial e representar um volume muito grande do que é negociado diariamente
dessa ação do mercado, ele pode ter que baixar o preço e terá perda do seu patrimônio em
função dessa necessidade de negociação rápida. Então, vocês tem ativos com diversos níveis de
liquidez e tem sempre que controlar isso, se um Fundo que vocês tem o dinheiro aplicado e ele
tem o valor muito grande aplicado em um ativo de baixa liquidez, no momento em que houver
uma corrida a esse Fundo pedindo a realização das cotas, ou seja, os cotistas vão sacar as cotas
do Fundo, pode provocar uma perda de patrimônio bastante grande porque o Fundo vai se ver
obrigado a vender esses ativos de baixa liquidez para poder atender o resgate das cotas.

No nosso exemplo anterior das cotações para a Vale a diferença entre a oferta de compra e a
oferta de venda é de R$ 0,01, então quanto maior a liquidez mais ficará próxima a oferta de
compra e a oferta de venda. Quanto menor a liquidez mais esse spread vai se alargar.
Estamos falando aqui em ações, mas isso se aplica também a títulos públicos, títulos privados.

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Eu tenho alternativas de investimentos, eu vou fazer a avaliação em termos de retorno, risco
e liquidez de acordo com os meus objetivos, se eu estou procurando renda, se eu estou
procurando valorização do investimento, se eu tenho uma premência por liquidez ou se eu não
tenho uma necessidade de liquidez, tenho que levar tudo isso em consideração e a partir daí
decidir pelo meu investimento.
Ok, pessoal! Acabamos a trilha 1, agora você escolhe em qual certificação você quer aplicar
esse conteúdo.

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