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O CONCEITO DE PESSOA
A busca pela definição do que é o ser humano e por compreender seu papel dentro da
sociedade, além de ser uma tarefa complexa, passa por constante ressignificação. Uma vez que
partimos da nossa própria perspectiva atual ao tentar entender as relações humanas durante a
história, assim também fizeram os indivíduos de outras épocas. Por isso, além de estarmos
vivenciando a construção da história que será contada no futuro, estamos incessantemente
reavaliando e reinterpretando as questões do passado.
Foi na construção do que chamamos de Idade Moderna, passando pelo Renascimento, que
procurou-se uma mudança nos modelos de vida e civilização, permeando-se a modernização que
elevaria a humanidade. Aqui se inicia o embate Ciência x Religião, e se consolida a definição
científica do ser humano, em detrimento da visão religiosa do humano como submisso a Deus.
Neste contexto, marcada pela Revolução Industrial, se inicia a transição para a Idade
Contemporânea, que traz ideais de liberdade e igualdade, a democracia, e fortalecimento de teorias
coletivistas. Porém, aumenta o individualismo e competitividade entre grupos sociais e países.
Neste momento, o valor financeiro ganha protagonismo e a liberdade pessoal depende dele,
consolidando a ideia de que para ser é preciso ter.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, a Declaração Universal dos Direitos Humanos surge
propondo a universalização do conceito de pessoa humana e respeito à pluralidade cultural,
trazendo à tona a luta por direitos de grupos sociais excluídos, em um processo que perdura até os
dias de hoje. Neste período também, acontece a globalização da economia capitalista, construída
justamente em cima dessa divisão da sociedade em classes, limitando as classes mais baixas e
minorias a uma posição que os torna reféns do sistema, enfraquecendo também a luta por direitos,
visto que isto garante a posição de dominância daqueles que detém o capital.
Considerando então, que o sistema tem suas fundações na desigualdade social, é difícil que
se chegue a um acordo sobre a universalidade do humano e a necessidade de respeito as diferenças
culturais. Em meio a isso, surge o fenômeno da pós-verdade, em que o indivíduo, ao se deparar com
uma verdade que não lhe convém ou que não compreende, encontra conforto ao aceitar uma
inverdade tangível, também aceita por um grupo de pessoas, ao qual ele se identifica. Misturando a
necessidade de entender com a vontade de estar certo, acaba relativizando a verdade quando
encontra o discurso emocional que diz aquilo que ele queria ouvir.
Por fim, nos encontramos no contexto histórico da modernidade líquida, em que o sistema
acaba exigindo das pessoas uma adequação às necessidades de consumo, tal qual um produto, uma
mercadoria, afetando assim as relações entre pessoas, uma vez que ser é definido pelas qualidades
que se oferece ao mercado de trabalho, e não pelas qualidades que se oferece em relações sociais.
Turma: DGMUS2101CXSA0S