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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DE

FAMÍLIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PROCESSO Nº XXX

JOÃO ROBERTO DA NÓBREGA, através de seu


procurador judicial, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
com fundamento no art. 297 do Código Civil, apresentar sua

CONTESTAÇÃO

Na AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS, que


lhe move RAMON DA NÓBREGA, já devidamente qualificado, em razão dos
fatos e fundamentos jurídicos a seguir declinados:

I) DOS FATOS:

O requerente ingressou com AÇÃO DE


EXONERAÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA, sustentando em síntese: a)
que o requerido é filho do autor; b) que outrora lhe foi imposta obrigação
alimentar no valor de R$ 700,00 (Setecentos Reais) ; c) que o requerido já
atingiu a maioridade ; d) que não necessita mais da ajuda do autor.

Todavia, o pedido inicial não merece


acolhimento, tendo em vista: 

a.-) que embora tenha atingido a maioridade, o


requerido ainda continua a depender financeiramente do autor, razão pela qual
espera que seja mantida a obrigação alimentar. 
b.-) que ao contrário do que se afirmou na exordial,
o requerido não exerce qualquer atividade laboral no momento.

c.-) que ao contrário do que informou o autor, o


requerido é estudante do Curso Superior de Direito, em uma Universidade
particular e falta um pouco menos de para sua formatura.

e.-) que além da despesa com as mensalidades, o


requerido também tem gastos com alimentação e deslocamento.

 Por tais razões, espera o requerido que o pedido


inicial seja indeferido, tendo em vista a patente necessidade dos alimentos
prestados pelo autor.

 II.- DO DIREITO

Inicialmente, cabe destacar que a Súmula 358 do


STJ, fixou o entendimento de que “o cancelamento de pensão alimentícia do
filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante
contraditório, ainda que nos próprios autos”. Desse modo, resta claro que a
exoneração da obrigação alimentar não é automática. 

Nesse sentido:

“EMENTA - AGRAVO DE INSTRUMENTO -


EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS - EXONERAÇÃO
CONCEDIDA EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA -
IMPOSSIBILIDADE - NECESSIDADE DE DILAÇÃO
PROBATÓRIA - MAIORIDADE QUE POR SI SÓ
NÃO EXONERA O DEVER DE PRESTAR
ALIMENTOS - DESPROVIMENTO.”

(TJPR - 12ª C.Cível - AI - 1148148-2 - Curitiba - 


Rel.: João Domingos Kuster Puppi - Unânime -  - J.
28.05.2014).

De outro lado, é forçoso registrar que a obrigação


alimentar está fundada no binômio “NECESSIDADE X POSSIBILIDADE”,
onde se abstrai que “os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada” (§1º, art.
1.694, CCB).

Além disso, a obrigação alimentar deve persistir,


mesmo com o atingimento da maioridade, se a parte que recebe alimentos
deles necessitar para o custeio de seus estudos. Nesse caso, a norma que
autoriza a prestação de auxílio na formação intelectual é a do art. 1.694, caput,
ao estabelecer que “podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir
uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível
com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação”.

Nesse contexto, a IV Jornada de Direito Civil, do


Conselho da Justiça Federal (CJF), aprovou o Enunciado nº 344 sobre o
tema, a saber: “A obrigação alimentar originada do poder familiar,
especialmente para atender às necessidades educacionais, pode não cessar
com a maioridade”.

Nesse sentido, o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


PARANÁ tem, reiteradamente, decidido: 

APELANTE: G.F.G.R.OAPELADO: A.R.ORELATOR:


JUIZ FRANCISCO CARDOZO OLIVEIRA
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE
ALIMENTOS - REVELIA - RELATIVIZAÇÃO -
MAIORIDADE CIVIL - IMPOSSIBILIDADE DE
EXONERAÇÃO - PERMANÊNCIA DA
NECESSIDADE DE ALIMENTOS - FREQUÊNCIA
EM CURSO DE ENSINO SUPERIOR -
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1694 DO CÓDIGO
CIVIL - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

(TJPR - 12ª C.Cível - AC - 1174354-3 - Guaíra - 


Rel.: Francisco Cardozo Oliveira - Unânime -  - J.
11.03.2015).

E, ainda:
EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. ANTECIPAÇÃO
DE TUTELA.REDUÇÃO DO PENSIONAMENTO
PARA O VALOR DE UM (01) SALÁRIO MÍNIMO
NACIONAL. INSURGÊNCIA. PRELIMINAR DE
INTEMPESTIVIDADE REJEITADA. APLICAÇÃO DO
ART. 240, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. ADVENTO DA MAIORIDADE
CIVIL QUE NÃO GERA A EXTINÇÃO
AUTOMÁTICA DA OBRIGAÇÃO. ALIMENTADO
QUE COMPROVA FREQUÊNCIA A CURSO
SUPERIOR. ALIMENTANTE QUE DETÉM BOA
CONDIÇÃO FINANCEIRA. NECESSIDADE DE
MAJORAÇÃO. VALOR EQUIVALENTE A
NOVENCENTOS REAIS QUE, NESTE MOMENTO,
AFIGURA-SE ADEQUADO E SUFICIENTE PARA
PROMOVER TAL DESPESA. OBSERVÂNCIA AO
TRINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE-
PROPORCIONALIDADE. ORIENTAÇÃO DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E
PRECEDENTE DESTA CORTE. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.

(TJPR - 12ª C.Cível - AI - 1260113-5 - Curitiba - 


Rel.: Luiz Cezar Nicolau - Unânime -  - J.
28.01.2015).

Finalmente, resta demonstrado que o requerido


possui a necessidade em continuar a receber os alimentos, pois está cursando
ensino superior de Direito e, por conta disso, suas despesas são elevadas, pois
compreendem mensalidades, deslocamentos, alimentação, livros, e materiais,
etc.

III.) DA JUSTIÇA GRATUITA

O requerido é pessoa pobre/necessitado, não têm


condições de demandar em Juízo sem prejuízo de seu sustento próprio. Assim,
nos termos da lei 7.115/86 e Lei 1.060/50, faz jus à assistência judiciária
gratuita para todos os fins, além das já consagrada no princípio do acesso à
justiça, faz jus também, dado ao seu estado à gratuidade nos valores das
perícias, isenção de custas, caso sucumbente, enfim, tudo que desde já
expressamente requer a Vossa Excelência, a concessão do benefício da
assistência judiciária gratuita, na forma do art. 4º, da Lei nº 1.060/50.
IV.) DOS PEDIDOS

Pelo exposto, REQUER-SE de Vossa Excelência se


digne em:

A.-) CONCEDER à requerida os benefícios da


assistência judiciária gratuita, na forma do art. 4º, da Lei nº 1.060/50.

B.-) JULGAR improcedentes os pedidos declinados


pelo autor na petição inicial, na forma do art. 269, I do CPC;

C.-) AUTORIZAR a produção de todas as provas em


direito permitidas, na forma do art. 332 do CPC.

D.-) CONDENAR o autor ao pagamento de custas


processuais e honorários advocatícios, em observância ao princípio da
causalidade.

Nestes Termos,

Pede-se Deferimento.

Rio de Janeiro, 05 de Novembro de 2020.

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