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7. FORÇAS INTERNAS
As forças internas têm a função de manter unidas as diversas partes de um corpo. Estas
forças não afetam o equilíbrio externo do corpo já que elas atuam sempre aos pares (ação e
reação).
Para resolver problemas com forças internas basta lembrar-se desta observação:
Quando um corpo rígido está em equilíbrio, cada uma das suas partes também deve estar em
equilíbrio isoladamente.
Para exemplificar o trabalho com forças internas vamos considerar a estrutura
representada na Fig. (7.1a).
1 1
D
D T
C E F
1
C E F
P
B
1
2 kN
7
Ax
60o
G A Ay
a) b)
A Fig. (7.1b) apresenta o diagrama de corpo livre da estrutura. Considerando-se este diagrama
e que o objeto suspenso pesa 2 kN, pode-se escrever as equações de equilíbrio abaixo
corpo. Neste problema apenas com as equações de equilíbrio externo obteve-se os valores das
reações. É importante ressaltar que nem sempre isto ocorre.
D
T Cy
Cx C E Ex Cx
Cy Ey P B Bx
By
Ex
By
Ey
B
Bx
Ax
Ay
Figura 7.2 – Diagramas de corpo livre de cada uma das partes da estrutura.
Considerando que a estrutura está em equilíbrio, pode-se afirmar que cada uma das partes que
a formam também estão em equilíbrio. Logo, pode-se escrever um conjunto de equações de
equilíbrio para cada um das partes ilustradas na Fig. (7.2).
Barra horizontal
∑ FX = 0 → E x − C x = 0 → E x = C x (4)
∑ FY = 0 → E y − C y − 2 = 0 → C y = E y − 2 (5)
∑ M C = 0 → − 2 ⋅ 2 + E y ⋅ 1 = 0 → E y = 4 kN → C y = 2 kN (6)
Barra Vertical
∑ FX = 0 → B x − E x = 0 → B x = E x (10)
∑ FY = 0 → B y − E y = 0 → B y = E y (11)
∑M B = 0 → 1 ⋅ E x − 1 ⋅ E y = 0 → E x = E y (12)
2 2
FBE = 4 + 4 = 5,6 kN na direção da barra.
Sempre que tivermos uma barra bi-rotulada com as forças agindo apenas nas rótulas,
estas forças terão resultante obrigatoriamente com a orientação da barra. Este resultado pode
ser demonstrado de modo genérico fazendo-se
R
Pelo teorema de Varignon tem-se
Ax
sen( β − α ) = 0
l
Este resultado pode ser aplicado de modo direto nos problemas. Por exemplo, no
exercício ilustrado na Fig. (7.1), a barra BE poderia ter sua influência representada por uma
força FBE que tem a direção da barra.
P ∑ FX = 0 → H A = H B (1)
1
a
c ∑ FY = 0 → V B = P (2)
∑M B = 0
3
HB B → −b⋅P + a⋅H A = 0
Pb
VB HA =
a
Para determinar as forças que atuam em cada uma das barras vai-se romper as articulações e representar
um diagrama de corpo livre para cada uma das barras. Como todas as barras que formam o corpo são bi-
rotuladas e têm cargas apenas nas articulações, vai-se empregar o resultado anteriormente demonstrado. Logo
cada uma das barras vai ser substituída por uma força.
2
∑ FX = 0
Pb b
HA → − + F3 = 0 (1)
A b C a c
P c
F1 F3 F3 = P
a
∑ FY = 0
a a c
→ F1 − P + F3 = 0 → F1 = P − ⋅ P → F1 = 0 (2)
c c a
∑ FX = 0
HA b b b
A F2 → − HA + HB − F3 + F2 = 0 → F2 = F3 → F2 = P
c c a
A barra número 1 não sofre ação de nenhuma força segundo a orientação desta barra.
F3
HB B
VB
Máquinas simples são mecanismos projetados para transmitir e/ou modificar forças.
Estas máquinas podem ser simples ferramentas, como por exemplo uma alavanca ou um
alicate, ou podem ter um mecanismo mais complexo como, por exemplo, o de uma
retroescavadeira.
Problemas que envolvem máquinas são resolvidos rompendo-se as articulações que
unem as diversas partes da máquina ou seja aplicam-se os mesmos procedimentos anteriores.
No entanto, neste tipo de problema, as equações de equilíbrio externo geralmente não levam a
resultados práticos.
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Análise de um alicate comum. Um alicate, Fig. (7.3), é uma ferramenta útil para
apertar, manipular e esmagar objetos (arames, pregos, parafusos). O seu princípio de
funcionamento é baseado na “regra” da alavanca, ou seja, aplica-se uma força P, de menor
intensidade, a uma distância b de um ponto de apoio com o objetivo de obter uma força Q, de
maior intensidade, a uma distância a do ponto de apoio. Para que o alicate cumpra a sua
função é necessário que o giro em torno do ponto de apoio, que é a articulação representada
na Fig. (7.3), seja livre e que a distância b seja maior que a distância a. Esta última conclusão
é obtida matematicamente escrevendo-se as equações de equilíbrio para o problema.
Q
Q
Q
Q
Em primeiro lugar, vamos identificar as forças que atuam no problema. Tem-se duas
forças ativas externas P aplicadas pela pessoa que usa o alicate. Esta força P gera duas forças
Q reativas, que são as forças que vão pressionar o objeto. Deste conjunto de forças tem-se
como resultado um sistema de forças auto-equilibrado. Neste caso, as equações de equilíbrio
externo não servem para resolver o problema.
Um diagrama de corpo livre mais próximo da realidade deveria representar as forças Q
com um ângulo em relação a vertical, de modo que elas fossem normais à lâmina de corte.
Esta força seria, então, decomposta numa componente vertical Q1 e numa componente
horizontal Q2. Para que o objeto não seja expulso do alicate, quando este é pressionado, deve-
se considerar o atrito existente entre o objeto e a lâmina de corte. Neste caso, tem-se uma
força FA paralela à lâmina de corte, que pode ser decomposta numa componente horizontal
FA2 e numa componente vertical FA1. A componente FA2 deve equilibrar Q2 e a componente
FA1 atua favorecendo o esmagamento do objeto. É importante ressaltar que as forças Q2, FA2 e
FA1 são de pequeno valor já que o ângulo com relação a vertical deve ser pequeno. Além
disso, estas forças são variáveis a medida que se pressiona o objeto com o alicate. A Fig. (7.4)
faz uma ilustração do diagrama de corpo livre do objeto com estas considerações.
Representou-se as forças de atrito num detalhe para que a ilustração ficasse mais clara.
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FA1 FA
FA2
Q Q1
FA2 Q2
Q2
FA2
Q Q1
Figura 7.4 – Diagrama de corpo livre do objeto considerando a forma real de aplicação das
forças.
Como o alicate resulta num sistema de forças auto-equilibrado, deve-se romper a sua
articulação e analisar apenas uma das partes para se obter uma relação entre as forças de
entrada e saída. Rompendo-se a articulação, deve-se acrescentar duas forças internas que
representam o seu funcionamento. A Fig. (7.5) apresenta o diagrama de corpo livre de uma
das partes.
Ax
Q Ay
∑ FX = 0 → Ax = 0
∑ FY = 0 → Ay = P + Q
∑M A = 0
b
→ − b ⋅ P + a ⋅Q = 0 → Q = P
a
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Das equações de equilíbrio pode-se concluir que o pino não exerce força na direção
horizontal. Este resultado é válido mesmo considerando o modo de aplicação da força Q
ilustrado na Fig. (7.5). O pino deve resistir a soma das forças de entrada e saída. A relação b/a
é o fator de multiplicação da ferramenta (um termo mais genérico seria função de
transformação da máquina). Deste resultado nota-se que se o objetivo é Q > P então deve-se
ter b > a. Para ilustrar melhor este resultado, vamos considerar as dimensões de um alicate
encontrado no comércio; a = 2 cm (objeto posicionado no centro da lâmina de corte) e b = 13
cm (posição mais comum de uso do alicate). Neste caso, tem-se um fator de multiplicação de
6,5 vezes.
A 200 mm B
150 mm
Dx
D E Ex
C 1 kN
1 kN
2 kN
300 mm
D E
2 kN
250 mm
1 kN ∑ FX = 0 → C x = D x
∑ FY = 0 → C y − 1 + 1 = 0 → C y = 0
B
2 2 2 2
1 kN R D = D x + D y = 0,75 + 1 = 1,25 kN
Dx
1
θ = arctan = 53,1°
0,75
2) Encontrar as forças reativas externas e as forças internas atuantes nas conexões dos
componentes da empilhadeira representada na Fig. (7.7), sabendo que o peso a ser
levantado é de 5 kN.
A
B
C
1m
5 kN
1,5 m 0,5 m
Solução: A Fig (7.8) apresenta o diagrama de corpo livre da empilhadeira. Nota-se que neste caso as equações
externas podem ser úteis na solução do problema. É importante ressaltar que a roda representada no ponto D tem
reação apenas na direção x. Os vínculos representados pelos pontos A, B e C são articulações. As reações dos
pontos C e B não são representadas neste diagrama porque elas são forças internas neste caso.
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A
B
5 kN ∑ Fx = 0 → Dx = Ax
E
∑ Fy = 0 → Ay = 5 kN
D ∑ M A = 0 → 1 ⋅ Dx + 2 ⋅ 5 = 0
Dx = 10 kN e Ax = 10 kN
Para responder as demais questões do exercício deve-se romper a empilhadeira nas suas articulações.
∑ Fx = 0 → B x = E x
5 kN
∑ Fy = 0 → B y = 5 kN
∑ M B = 0 → − 5 ⋅ 0,5 + 1 ⋅ E x = 0 → E x = 2,5 kN
Bx = 2,5 kN
∑ Fx = 0 → 10 + 2,5 − C x = 0 → C x = 12,5 kN
∑ M C = 0 → − 5 ⋅ 0,75 − 2,5 ⋅ 0,5 − 0,75Fc + 10 ⋅ 0,5 = 0
C
∑ Fy = 0 → C y + Fc − 5 = 0 → C y = 5 kN
A força nula no cilíndro hidráulico indica que este somente é necessário para colocar o
braço da empilhadeira numa determinada posição, mas não para mantê-lo nesta posição.
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3) Calcule o valor da força que comprime o objeto M na prensa representada na Fig. (7.9).
Considere que a força P é aplicada perpendicularmente a barra AF, que tem um eixo fixo
em F. Na posição representada no esquema, o tirante BC é perpendicular a FB e divide o
ângulo ECD em duas partes iguais.
P
A
α
B
C
AF= 1000 mm
α FB = 100 mm
F P = 200 N
α =110
D
Solução: Verifica-se novamente que as equações de equilíbrio externo não colaboram na solução do problema. O
procedimento adotado, então, é romper as articulações que ligam as
partes da prensa. Inicialmente representa-se, ao lado, o diagrama de
P
corpo livre da alavanca. Como BC é um tirante, a força nele tem a
A mesma direção do tirante ou seja By é igual a zero. Considerando-se as
equações de equilíbrio da alavanca pode-se escrever
Fx
Fy
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P
A
2000 N 2000 N B
C
α
F
D
A força de 2000 N aplicada pelo tirante na rótula C, deve ser equilibrada pelas forças que atuam nas barras CE e
DC. Como estas barras são birotuladas, e as forças atuam apenas nas rótulas, sabe-se que as forças nas rótulas
têm obrigatoriamente a direção da barra. Logo, pode-se representar o esquema a seguir.
FCE
∑ Fy = 0 → − FCE cosα + FCD cosα = 0 → FCE = FCD
2000 N
Este resultado também pode ser obtido diretamente pela simetria do problema.
FCD